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DIREITO PENAL II

“A batida do martelo do juiz ao prolatar a


sentença, percutindo na madeira e deslocando
uma massa de ar causando ruído, representa
justamente a atuação da norma no mundo real
e concreto. É o abstrato, a idéia, invadindo o
mundo da matéria...”
Ivo Aguiar
Módulo I

Fato Típico: Conduta e


Resultado
FATO TÍPICO
• ELEMENTOS DO FATO TÍPICO:
– CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA
– RESULTADO
– NEXO DE CAUSALIDADE
– TIPICIDADE

EXEMPLO: “A esfaqueou B”, logo: A praticou a conduta esfaquear


(conduta); B morreu (resultado); B morreu em conseqüência das lesões
produzidas pelas facadas (nexo causal); todo esse acontecimento se
enquadra no artigo 121 do Código Penal (tipicidade).
CONDUTA
● Conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e
voluntária, voltada a uma finalidade.
● O pensamento não é relevante para o Direito Penal, ou seja, uma

pessoa não pode ser punida somente por pensar em praticar um


crime (cogitationis poenam nemo patitur).
● A ação é um comportamento positivo, é um fazer. A omissão é

uma abstenção de movimento, é um não fazer.


● A conduta é, portanto, a exteriorização de um pensamento por

meio de uma ação ou uma omissão.


CONDUTA X ATO
● A conduta não se confunde com o ato.

●Podem existir condutas ou fatos que se compõem de um único


ato, havendo uma coincidência entre ato e fato (crimes
unissubsistentes).

●Em contrapartida, existem fatos ou condutas compostas de


diversos atos (crimes plurissubsistentes).
• Conduta é gênero com duas espécies: ação (crimes comissivos) e omissão (crimes omissivos)

• Característica / Elementos

• 1 Humana: não são puníveis os fatos naturais e os praticados por animais.

• Pessoas jurídicas?
– Arts 225 § 3º CF e . 3º. § único lei 9605/98 – concurso necessário entre pessoa jurídica e
pessoa física que a compõe (STJ)

• 2 Exteriorização, atuação - aspecto mecânico


– Conduta é atuação no mundo exterior.
– manifestação no mundo exterior, conduta corporal externa
– movimento (ação) ou abstenção (omissão)

• art., 31 CP : crimes de mera suspeita (não há exteriorização, situação estática), o crime


reside no fato de a pessoa ser encontrada em determinada situação

• 3 aspecto psíquico- volitivo – aspecto finalístico

– consciência – vontade

– INCLUSIVE NO CRIME CULPOSO, NO QUAL A CONDUTA HUMANA É VOLUNTÁRIA MAS TAL


VOLUNTARIEDADE NÃO É VOLTADA A UM FIM ILÍCITO
TEORIAS DA CONDUTA
1). TEORIA CAUSALISTA DA AÇÃO

2). TEORIA FINALISTA DA AÇÃO

3). TEORIA SOCIAL


1). TEORIA CAUSALISTA DA AÇÃO
● Essa teoria foi exposta no tratado de Franz Von Liszt, sob influência da filosofia positivista
dominante em fins do século XIX. Suas idéias pretendiam incorporar as leis da natureza no
Direito Penal (daí ter também o nome naturalista).
● Para essa teoria, a ação é considerada um puro fator de causalidade (daí o nome causal), uma

simples produção do resultado, mediante o emprego de forças físicas.

●A conduta é simples exteriorização de movimento ou abstenção de comportamento,


desprovida de qualquer finalidade, sendo desnecessário para caracterização do crime saber se
houve dolo ou culpa, sendo necessário somente indagar quem foi o causador material.

• Conduta é o comportamento humano que produz modificação no mundo exterior.


– conduta → resultado ( causa- efeito / causalidade mecânica)

• a ação é acromática: sem qualquer conteúdo finalista.


– → dissocia o aspecto físico do aspecto psíquico não analisa qual o conteúdo da vontade
(finalidade).
– → a finalidade não é analisada na conduta, mas sim na culpabilidade.
TEORIA CAUSALISTA DA AÇÃO
●EXEMPLO: um sujeito conduz seu veículo com prudência na via pública e, sem que
possa prever, um suicida se joga na frente do veículo e, atingido por este, vem a
falecer. Para a teoria naturalista, o motorista, que não quis matar nem agiu com culpa,
cometeu homicídio, ficando a análise do dolo e da culpa para um momento posterior,
quando da aferição da culpabilidade.

● CRÍTICA: Hans Welzel criticou essa teoria, pois para ele não se pode considerar
apenas o aspecto material do delito, devendo-se também atentar-se para a natureza
do comportamento reprovável.
Para Welzel, a teoria naturalista só se preocupa com o aspecto causal, o que gera
dificuldades para explicar o delito omissivo (uma vez que o delito de omissão não pode
originar nenhuma causalidade). A teoria causal também não conseguia explicar a
doutrina da tentativa.
Ademais Não diferencia uma lesão dolosa de uma culposa, pois em ambas há o
resultado.
2). TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
● O conceito finalista da ação, que começou a ser elaborado no final da
década de 20 por Hans Welzel, constitui uma reação à teoria causal.
● Contestando a teoria causal, Welzel e outros doutrinadores do seu

tempo questionavam: por que o homicídio culposo tem pena inferior à


do homicídio doloso? Acreditava-se não ser possível que tal
diferenciação dependesse do resultado, que é sempre o mesmo: a
morte. Concluíram, então, que a diferença de tratamento legal não
depende da causa do resultado, mas sim da forma como foi praticada
a ação.
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
• EXEMPLO: um homem, vestido de bata branca, toca fisicamente em uma
moça despida. Observando esse acontecimento objetivamente, é possível
saber se o homem praticou uma conduta desonesta? Não, pois, conforme
sua vontade, pode ter praticado um exame médico ou uma ação desonesta
punível. Nesse caso, observando somente o resultado, é impossível saber se
houve crime ou mero exame clínico, sendo imprescindível descobrir qual
era a vontade do agente.
• Esta foi a conclusão a que chegaram: a finalidade é elemento
inseparável da conduta, ou seja, não existe conduta típica sem
vontade e finalidade. Para a teoria finalista, a vontade gera a
conduta.
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
● Parte da doutrina entende que nosso ordenamento legal filiou-se à
teoria finalista:
● O Código Penal, em seu artigo 18, reconhece que o crime deve
ser doloso ou culposo.
● No caso de o sujeito vir a matar alguém, sem dolo ou culpa,

como no exemplo do motorista, citado anteriormente, embora


tenha se produzido o resultado morte, não se pode falar em
crime.
•O finalismo retirou o dolo e a culpa da culpabilidade, trazendo-os
para o fato típico (conduta dolosa ou culposa). PORTANTO, para os
finalistas, sem dolo e culpa não há fato típico.
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
• Surgiu por volta de 1937, tendo como expoente Hans Welzel.
• Os adeptos desta teoria conceituam crime como fato típico e ilícito, isto em
sua acepção bipartida.
• Para os finalistas, o dolo e a culpa estão na conduta do agente, sendo que a
conduta integra o fato típico.
• O crime é fato e a culpabilidade recai sobre o sujeito e não sobre o fato, ou
seja, não há fato culpável, mas sim sujeito culpável.
• A doutrina majoritária entende que o Código Penal adotou a teoria finalista
da ação (conduta).
• Coerente com a reforma penal operada no ano de 1984, uma vez que, para o
Código Penal, a ausência de culpabilidade acarreta a isenção de pena
(subsistindo o crime, em todos os seus elementos, como típico e ilícito).
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO

• CRÍTICA: O finalismo, apesar de inovar, não explica o crime culposo,


principalmente a culpa inconsciente, pois, nem toda conduta é
direcionada a um fim previamente idealizado pelo agente.
– Não há como se imaginar a finalidade na conduta do agente que
age culposamente.
– O finalismo também não explica os atos automáticos e os atos
inconscientes.
DIFERENÇAS ENTRE A
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO
E A TEORIA CAUSALISTA DA AÇÃO

●A grande diferença entre as duas teorias reside


no fato de que para a teoria CAUSALISTA o dolo
e a culpa estão na CULPABILIDADE, enquanto
os FINALISTAS consideram a CONDUTA como
sendo dolosa ou culposa.
3). TEORIA SOCIAL
• Para essa teoria, defendida por Hans-Heinrich Jescheck, somente
haverá crime se a conduta do agente for socialmente inadequada.
• Para ele, o Direito Penal só deve cuidar daquelas condutas
voluntárias que produzam resultados típicos de relevância social.

• EXEMPLO: um jogador de futebol, durante o jogo, desfere um


pontapé no adversário para evitar que este marque um gol, não
comete crime, pois praticou um fato típico, mas socialmente
compreensível.
TEORIA SOCIAL
• CRÍTICA: o costume não pode revogar a lei. Ao julgador não é dado
legislar, mas somente aplicar as leis postas.
– O critério para eleger determinada conduta crime ou irrelevante
penal, de acordo com a nocividade social do comportamento,
deve ficar a cargo do legislador, detentor de mandato popular, e
não do juiz, de acordo com as regras jurídicas vigentes.
• Outro defeito dessa teoria reside na extensão do conceito de
relevância social.
CONDUTA HUMANA
É POSSÍVEL TER A PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO ATIVO
DE UM CRIME?
● A corrente que não admite a responsabilização penal da pessoa jurídica
adota a teoria da FICÇÃO, que tem raízes no Direito Romano e tomou
contornos definitivos através dos estudos produzidos por Savigny.
● Essa teoria consubstancia-se na expressão de uso comum no meio

jurídico “societas delinquere non potest”.


● Ressalta ter a pessoa jurídica existência abstrata, intangível e irreal, não

podendo delinqüir, por faltar-lhe vontade própria.


● Segundo essa teoria, a vontade da pessoa jurídica emana das pessoas

naturais que a dirigem ou administram, sendo estes os responsáveis


pelas ações ou omissões que possam ser enquadrados como fato típico.
CONDUTA HUMANA
É POSSÍVEL TER A PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO ATIVO
DE UM CRIME?
•A corrente que admite a responsabilização penal da pessoa jurídica
adota a teoria da REALIDADE, tem raízes no Direito Germânico e
ressalta ser a pessoa jurídica um ente real, cuja vontade não pode ser
tratada como a somatória das vontades de seus dirigentes ou
administradores.
•Os doutrinadores constitucionalistas, em sua grande maioria, não só
admitem como consagram a possibilidade de responsabilização penal
da pessoa jurídica, não havendo dúvidas, segundo eles, de que a
Constituição Federal estabeleceu tal modalidade de responsabilidade
penal (Arts 225 § 3º CF e . 3º. caput e § único lei 9605/98)
CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA
● Não há conduta sem VOLUNTARIEDADE.

● Importante destacar que VOLUNTARIEDADE não se confunde com VONTADE.

VOLUNTÁRIA é a conduta destinada a um fim, (lícito ou ilícito)


independentemente de haver VONTADE para a prática do crime.

EXEMPLO: “A” sabendo estar atrasado para um compromisso importantíssimo pega seu
carro e sai dirigindo a 150K/h. Por dirigir sem nenhuma prudência, “A” atropela e mata
“B”. Havia VOLUNTARIEDADE na conduta de “A” (para dirigir o carro, mas não havia
VONTADE para praticar o crime.

● Ou seja, toda CONDUTA VOLITIVA é também VOLUNTÁRIA.

● Mas nem toda CONDUTA VOLUNTÁRIA é necessariamente VOLITIVA.


CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA
CAUSAS EXCLUDENTES DA VOLUNTARIEDADE DE CONDUTA:
• COAÇÃO FÍSICA ABSOLUTA – Se o agente esta coagido física e absolutamente não há
em que se falar em voluntariedade. Não confundir a coação física absoluta com a
COAÇÃO IRRESISTÍVEL do artigo do artigo 22. A coação irresistível que é uma coação
moral, exclui apenas a culpabilidade.

• ESTADO DE INCONSCIÊNCIA – aqui, também o indivíduo é desprovido de


voluntariedade na sua conduta. Exemplo aceito pela jurisprudência: sonambulismo.

• ATO REFLEXO – Se o indivíduo, por exemplo, por uma descarga elétrica tem um ato
reflexo e nesse ato causa lesão corporal a outrem, não há que se falar em o crime,
pois, esse ato foi desprovido de voluntariedade e sem voluntariedade não há conduta,
sem conduta não há fato típico e sem fato típico não há crime.
• AUSÊNCIA DE CONDUTA – 4 HIPÓTESES
• ausência de conduta = ausência de um dos elementos que a compõe

• 1ª. ausência de vontade


– coação física irresistível
– atos reflexos = produto de excitação de um nervo, é reação motora produto de
excitação sensitiva. Ex. espirro, tosse.

• 2ª. ausência de consciência =


– Ex. sonambulismo, hipnose, qualquer estado de inconsciência.

• 3ª. ausência de atuação, exteriorização =


– Art. 31

• 4ª.caso fortuito

• Obs.: ações em curto circuito (atos instintivos)


– Ex. “tique - nervoso” - há vontade, portanto, há conduta.
ESPÉCIES DE CONDUTA
• Dentro da CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA
estudaremos as ESPÉCIES DE CONDUTA:

– CONDUTA COMISSIVA
– CONDUTA OMISSIVA
CONDUTA COMISSIVA
Os CRIMES COMISSIVOS são os CRIMES praticados por AÇÃO.
● Ação é o comportamento positivo, movimentação corpórea,

trata-se de um “FAZER”.
● Segundo o Professor Damásio de Jesus, a ação é a que se

manifesta por intermédio de um movimento corpóreo tendente


a uma finalidade.
•A maioria dos núcleos dos tipos se realiza em modos positivos
de agir, como matar (art.121), apropriar-se (art. 312), subtrair
(art. 155).
CONDUTA OMISSIVA
●Os CRIMES OMISSIVOS são aqueles praticados por OMISSÃO, a qual é um
comportamento negativo, falta de movimentação corpórea, trata-se de um “NÃO FAZER”.

●Embora não tendo produzido o resultado, o omitente responderá por ele quando a lei lhe
impuser o dever jurídico de agir.

●O CP adotou a teoria normativa → a omissão é um não fazer o que o agente tinha o


dever jurídico de realizar. O agente não realiza uma conduta que o direito exige e que lhe
era possível realizar.
– A omissão por si só não tem relevância jurídica - A norma lhe dá relevância
– A conduta exigida pela norma não foi realizada pelo agente (“ação esperada”)
– Cezar R. Bitencourt “Configura-se o crime omissivo quando o agente não faz o que
lhe é juridicamente ordenado.”

●Para que uma OMISSÃO seja relevante, o sujeito tem que ter a POSSIBILIDADE + o DEVER
de agir
CONDUTA OMISSIVA
• Há dois tipos de CRIMES OMISSIVOS:

– CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS


– CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS
● Também chamado CRIME OMISSIVO PURO.

A conduta negativa é descrita no preceito primário da lei penal.


● A OMISSÃO faz parte da essência do crime, sendo exteriorizada pelo núcleo do tipo.

● Nesse caso, o omitente responderá por sua própria conduta e não pelo resultado.

●Nesses crimes, a simples omissão é suficiente para a consumação, independente de qualquer


resultado. Não admite tentativa

• Exs.: arts. 135, 244, 269, 246, 319, 319-A, 320, 299 CP; 304 CTB, 13 Estatuto desarmamento

• Artigo 135 do Código Penal – Omissão de Socorro


Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida, ...
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS – ART. 13 § 2o.
● Também chamado CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO.
● O agente tem o dever jurídico de agir para evitar o resultado e, podendo,

não age. Assim, o agente não faz o que deveria ter feito.
● O tipo penal não descreve a omissão, ao contrário, descreve uma ação (

verbo núcleo do tipo = ação), sendo que o sujeito responde por que tinha o
dever jurídico de agir e evitar o resultado
● Há, portanto, a norma dizendo o que ele deveria fazer, passando a omissão a

ter relevância causal.

● Como conseqüência, o omitente não responde só pela omissão como


simples conduta, mas pelo resultado produzido, salvo se esse resultado não
lhe puder ser atribuído por dolo ou culpa.

●Os crimes omissivos impróprios consumam-se com a produção do resultado


naturalístico e admitem a tentativa, ao passo que os omissivos próprios não.
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS
Nos termos do artigo 13, § 2º (CP), são três as hipóteses de dever jurídico de agir:

●Dever legal: quando a lei impõe a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância


(exemplo: responderá por homicídio o policial militar que assistir a um jovem sendo
morto e, podendo evitar o resultado, nada faz).

●Dever do garantidor: hipótese do agente que, por lei, não tem nenhuma obrigação
de cuidado, proteção ou vigilância, no entanto assume essa obrigação (exemplo: uma
babá contratada para tomar conta de uma criança responderá pelo resultado caso
aconteça algo com ela).

●Ingerência dentro da norma: agente que, com seu comportamento anterior, criou o
risco para a produção do resultado (exemplo: se alguém empurra um cardíaco na
piscina, por brincadeira, deve socorrê-lo e impedir o resultado).
DOLO & CULPA
• O Direito Penal não poderia considerar crime o simples comportamento humano.
• Importa muito saber qual a atitude interna do homem quando se comporta de
modo a causar dano a um bem jurídico alheio.
● Agiu com vontade de realizar o tipo?

● Houve lesão porque o sujeito foi imprudente?

● O que ocorre na esfera do pensamento humano, no interior da consciência do


sujeito, no momento em que ele movimenta seu corpo ou abstém-se do
movimento que devia realizar?

• A resposta a essa indagação é imprescindível para se determinar a existência de


um crime.
» Fatos definidos como crimes serão:
➔ DOLOSOS

➔ CULPOSOS
TEORIA DO CRIME DOLOSO
• Localização na Teoria Geral do Crime – natureza jurídica

– Elemento subjetivo implícito no tipo – Teoria finalista da ação

– elemento subjetivo específico do tipo – finalidade específica cuja ausência ocasiona a


atipicidade do fato

• Ex.: 158, 159, 148, § 1o., IV, 155 (furto de uso = atípico),

• CONCEITO
– Flávio Augusto Monteiro de Barros:“Diz-se o crime doloso quando o agente quis a
conduta e o resultado, ou quando assumiu o risco de produzi-lo”.

• ELEMENTOS (consciência e vontade)


– Momento intelectivo = Consciência da conduta, nexo causal e produção do resultado
– Momento volitivo = vontade de realizar a conduta e produzir o resultado

• CARACTERÍSTICAS
– Atualidade ou concomitância à conduta típica
– Abrangência = dolo deve abranger todos os elementos constitutivos do tipo penal sob
pena de ser excluído por incidência de ERRO DE TIPO
Teorias do DOLO
1) Teoria da Vontade
• A teoria clássica, elaborada por Carrara, dizia que DOLO “é a intenção mais ou menos perfeita
de praticar um ato que se conhece contrário à lei”.

Age com DOLO = quem tem consciência do fato (previsão) e, ao mesmo tempo, a vontade de
realizá-lo.

• Em suma: Dolo é a previsão do resultado e a vontade de produzí-lo (art. 18, I, 1a. Parte)

•Exemplo: João tem consciência de que, se deixar cair uma pedra pesada, de aproximadamente
20 quilogramas, sobre a cabeça de Maria, sua mulher, que dorme, poderá matá-la. Desejoso de
ficar viúvo, já que não consegue viver com sua mulher e está apaixonado por Mariana, desfere,
contra sua mulher, o golpe violento com a pesada pedra, acabando por matá-la. Agiu, à toda
evidência, com dolo, com consciência de que, realizando aquele comportamento, causaria a
morte de Maria, e com vontade de produzir esse resultado.
Teorias do DOLO
2) Teoria da Representação
• Não é necessário que o agente tenha vontade de alcançar o resultado,
bastando que o preveja, que o represente.

• Exemplo: Quem, dirigindo seu veículo por uma avenida movimentada - avistando à
frente alguns transeuntes próximos da pista, que aparentam querer atravessá-la, e
prevendo a possibilidade de uma travessia e possível atropelamento, com seu veículo -
continua, apesar da previsão do atropelamento, no percurso, sem se deter, e acaba
por atropelar alguém, causando-lhe ferimentos, só por ter previsto a possibilidade do
resultado, só por tê-lo representado, só por isso, já teria agido com dolo.

•DOLO = seria a representação do resultado.


Teorias do DOLO
3) Teoria do Assentimento ou do Consentimento
Age com DOLO = quem tem consciência do fato (previsão) e, ao mesmo tempo,
consinta realizá-lo. (não exige que ele queira alcançar o resultado).

• Há dolo no caso do agente que não querendo produzir o resultado previsível,


assume o risco de produzi-lo (art. 18, I, 2a. Parte)

•Exemplo: João numa caçada, avistando um animal e próximo dele um homem,


desejando atingir a caça, prevê que, se errar o tiro, poderá atingir o homem a quem
não deseja matar. Fazendo a previsão, João, apesar disso, pensa: "não quero atingir o
homem, mas se o atingir, tudo bem, não posso fazer nada". Em seguida, atira e atinge
o homem, em vez da caça. Neste caso, para esta teoria, João agiu com dolo, porque,
apesar de não querer o resultado, aceitou-o, assumiu o risco de produzi-lo.
DOLO no Código Penal Brasileiro
• Código Penal brasileiro adotou duas teorias:
– da vontade e
– do assentimento

• Art. 18, I: "Diz-se o crime: I- doloso, quando o agente quis (DOLO DIRETO) o
resultado ou assumiu o risco (DOLO EVENTUAL) de produzi-lo.

• As duas atitudes internas devem ser consideradas como dolosas porque em


nenhum caso evita-se a conduta que o pode gerar o resultado lesivo. As duas
condutas provocam a lesão:

● No primeiro caso, se QUER o resultado

● No segundo caso, não se quer o resultado, mas PREVENDO o resultado, assume-se


O RISCO DE PRODUZI-LO.

ESPÉCIES
Dolo direito ou determinado
DE DOLO
– Alguns delitos somente aceitam esta espécie de dolo afastando a tipicidade se
houver “mero” dolo eventual. Exs.: 138, § 1o.; 157 2o., III, 339;

• Dolo indireto ou indeterminado


– Alternativo: Fernando Capez “ o agente não se importa em produzie este ou
aquele resultado”.

– Eventual: agente não quer produzir o resultado previsto, mas assume o risco de
produzi-lo. Ex.: racha, agressão a gestante, atirar contra muro do vizinho,
disparo com animus necandi contra 1 dos gêmeos siameses.
– Embriaguez ao volante com resultado morte ?

• Dolo de dano: consiste na vontade e consciencia de produzir uma lesão real ao


bem jurídico

• Dolo de perigo: consiste na vontade e consciencia de produzir uma ameaça ao bem


jurídico. Ex.: arts. 130 a 134 CP, estatuto do desarmamento, porte e tráfico drogas,
crimes de trânsito, e outros crimes de perigo concreto ou abstrato
ESPÉCIES DE DOLO
Dolo geral, erro sucessivo, aberratio causae

“A” com intenção “A” erroneamente


homicida esfaqueia “B” não morre supõe que “B” está
“B” morto

“A” supondo-o
“B” falece por
morto enterra “B”
asfixia em razão do
visando ocultar o
soterramento
“cadáver”
ESPÉCIES DE DOLO
• Dolo geral, erro sucessivo, aberratio causae

• Fernando Capez “o agente após realizar a conduta, supondo já ter


produzido o resultado, pratica o que entende ser exaurimento, e
nesse momento atinge a consumação”.

• Ex.: “A” esfaqueia a vítima e pensa que a matou. Ao tentar ocultar o


cadáver, jogando-o ao mar, vem efetivamente a mata-la por
afogamento. Haveria tentativa de homicídio (pelas facadas) em
concurso com homicídio culposo (foi praticar a ocultação de
cadáver e acabou matando), ou homicídio doloso?

• RESPONDERÁ POR HOMICÍDIO DOLOSO, PELO DOLO GERAL.


TEORIA DO CRIME CULPOSO
• LOCALIZAÇÃO NA TEORIA GERAL DO CRIME
• Elemento normativo da conduta expresso do tipo penal

• Normativo = juízo de valor, valoração = comparação entre a conduta prudente e com


discernimento do homem médio e a conduta do agente

• Cuidado objetivo necessário nas relações sociais = dever de diligência e cautela que é
socialmente imposto para evitar situações de perigo aos demais na condução das relações sociais.
é culposamente típica toda conduta que viola o dever objetivo de cuidado

• Inobservância de referido dever = tipicidade culposa revelando uma das 3 modalidades de crime
culposo: imprudência, negligência ou imperícia
– Tipo culposo = tipo penal aberto – preceito 1o. incompleto
• Conduta culposa não está definida detalhadamente, pois, imprudência, negligência e
imperícia são termos amplos
• Juízo de tipicidade é complementado por análise do operador de direito sobre a
ocorrência ou não de violação do dever objetivo de cuidado, para tanto, deve comparar a
conduta do agente com a conduta prudente e com discernimento do homem médio da
sociedade. Em suma, tipicidade culposa é complementada pela interpretação
comparativa do operador do direito

• Elemento expresso
– Princ. reserva legal arts. 5o. XXXIX CF e 1o. CP; Princ. da excepcionalidade do crime culposo
art. 18, § único CP
CULPA
Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir com elemento normativo
do tipo), pois sua existência decorre da comparação que se faz entre o
comportamento do agente no caso concreto e aquele previsto na norma, que seria o
ideal. Essa norma corresponde ao sentimento médio da sociedade sobre o que é
certo e o que é errado.

● São elementos do fato típico culposo:


● conduta voluntária;

● resultado naturalístico involuntário;

● nexo causal;

● tipicidade;

● previsibilidade objetiva

● ausência de previsão

(Exceção: na culpa consciente há previsão)


● quebra do dever objetivo de cuidado
TEORIA DO CRIME CULPOSO
• ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
• 1 Conduta voluntária
– Vontade do agente – finalidade lícita

• 2 Resultado involuntário
– Resultado desejado = dolo direto
– Resultado assumido = dolo eventual

• 3 Nexo causal
– Relação de causa e efeito entre conduta culposa e resultado naturalístico

• 4 Inobservância do cuidado objetivo necessário


– Imprudência: inobservância positiva. Prática de conduta sem as cautelas necessárias.
Damásio E. de Jesus “agente realiza uma conduta que a cautela indica que não deve ser
realizada”. Ex.: limpar arma municiada perto de outras pessoas
– Negligência: inobservância negativa do dever objetivo de cuidado, é a omissão sem
cautela. Damásio E. de Jesus “é a ausência de precaução em relação ao ato realizado”.
– Imperícia: pressupõe o exercício de uma atividade que requer conhecimentos técnicos e
específicos. É imperito aquele que, no exercício de função, desconhecia tais
conhecimentos.
• Flávio A.M. de Barros “é imperito aquele que, não obstante autorizado a atividade,
não dispõe dos conhecimentos teóricos ou práticos para desempenhá-la”
• ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO

• 5 Previsibilidade objetiva
– Possibilidade de antevisão do resultado
– Critério objetivo = juízo de valor entre o homem médio e o agente

• 6 Ausência de previsão subjetiva, exceto na culpa consciente


– A média da sociedade poderia prever a produção do resultado nas
mesmas condições em que o agente se encontrava, todavia, este
não previu
– Culpa = imprevisão do previsível

• 7 tipicidade
– Exs.: Art. 18, § único; 121 § 3o.; 129 § 6o.; 250 § 2o.; 267 § 2o.;
272 §2o.; 273 §2o
Modalidades de CULPA
• Imprudência
É a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado). É a prática de um fato
perigoso, ou seja, é uma ação descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.

• Negligência
É a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir.
Ocorre sempre antes da ação (exemplo: não verificar os freios do automóvel antes
de colocá-lo em movimento).

• Imperícia
É a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade.
Se a imperícia advier de pessoa que não exerce a arte ou profissão, haverá
imprudência ou negligência (exemplo: motorista sem habilitação).
Espécies de CULPA
• Presumida ou in re ipsa
– Culpa presumida pela mera inobservância de disposição regulamentar.
– Ex.: culpa pela mera direção sem habilitação, mesmo que não tenha sido imprudente, negligente ou
imperito
– Responsabilidade penal objetiva
– acusação deve provar a modalidade de culpa
• Modalidade de culpa é requisito obrigatório na denúncia, a qual deve ser corroborada durante
a instrução probatória

• Culpa consciente
• É aquela em que o agente prevê o resultado, mas acredita sinceramente que ele não ocorrerá. Agente
prevê o resultado,não quer e nem assume o risco de produzi-lo, pois crê em suas habilidades, todavia, é
imprudente na auto-análise (leviano em seu julgamento) e acaba por produzi-lo

• Não se pode confundir a culpa consciente com o dolo eventual. Tanto na culpa consciente quanto no
dolo eventual o agente prevê o resultado, entretanto na culpa consciente o agente não aceita o
resultado, não consente.

• Culpa inconsciente
É a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era previsível. Agente não prevê o previsível
pelo homem médio da sociedade
• ESPÉCIES DE CULPA

• Própria
– Agente não quer nem assume o risco de produzir o resultado

• Imprópria, por extensão, assimilação ou equiparação

– O agente quer produzir o resultado mas assim age porque incide em erro de
tipo vencível (inescusável)

– A vontade do agente está viciada e este é imprudente ao analisar as


circunstâncias fáticas. Se fosse mais prudente talvez não tivesse produzido o
resultado.

– É um crime doloso que se pune como culposo em razão da incidência do erro


TEORIA DO CRIME CULPOSO
• COMPENSAÇÃO DE CULPA
– Culpa do agente e também da vítima

– Em DP não há compensação de culpas

– Agente responde por crime culposo

– Não responderá se houver culpa exclusiva da vítima

• CONCORRÊNCIA
– Culpa concomitante de duas pessoas uma lesionando a outra

– Culpa e lesões recíprocas

– Ambos = crime culposo tendo o outro por vítima

• Ex.: dois motoristas agindo com imprudência causam lesões recíprocas


CRIME PRETERDOLOSO
• A conduta produz, culposamente, um resultado
mais grave que aquele inicialmente pretendido
pelo agente

• Dolo no antecedente menos grave e culpa no


consequente mais grave

• Exs.: arts. 127; 129 § 1º., II, § 2º. V, § 3º.; 133 §


1º., 2º.; 148 § 2º; 213 § 2º.; 250 c.c 258
QUESTÕES DA OAB
1) Para a configuração do crime culposo, além da tipicidade,
torna-se necessária a prática de conduta com:
a) observância de dever de cuidado que cause um resultado não
desejado e imprevisível.
b) inobservância do dever de cuidado que cause um resultado
não desejado e imprevisível.
c) inobservância do dever de cuidado que cause um resultado
cujo risco foi assumido pelo agente.
d) inobservância do dever de cuidado que cause um resultado
não desejado, mas previsível.
QUESTÕES DA OAB
2) Na culpa consciente, o agente:
a) prevê o resultado e, conscientemente, assume o risco de
produzi-lo.
b) prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que ele não
ocorra.
c) não quer o resultado, mas, com sua conduta, assume o risco
de produzi-lo.
d) não tem a previsão quanto ao resultado, mas,
conscientemente, considera-o previsível.
QUESTÕES para REFLEXÃO
caso 1
Francisco, bêbado, pegou seu carro e saiu dirigindo imprudentemente a 200 Km/h em companhia
de João.
Ao avistar Pedro no meio da rua, João disse: Francisco, você vai matar Pedro!!
Francisco respondeu: Estou longe dele, mas se matar, matei!!
Francisco matou Pedro.

caso 2
Francisco, bêbado, pegou seu carro e saiu dirigindo imprudentemente a 200 Km/h em companhia
de João.
Nem Francisco, nem João viram Pedro que estava atravessando a rua cautelosamente.
Francisco matou Pedro.

• Analise detalhadamente os casos em tela.


• Houve dolo ou culpa?
• No dois casos Francisco será punido da mesma maneira?
Explique, justifique e fundamente.
RESULTADO
Art. 13 (CP) - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa.

● O resultado é o segundo elemento do fato típico.

Há duas espécies de resultado:


1.Resultado jurídico: lesão ou ameaça de lesão relevante a um bem jurídico penalmente


protegido. Toda infração penal o produz. É a existência de uma lesão (ou ao menos, um
perigo de lesão) a um bem jurídico tutelado numa norma penal incriminadora.
● Crimes de dano

● Crimes de perigo

● Concreto (arts. 130 a 134 CP; arts. 308, 309, 311 CTB)

● abstrato ou presumido (arts. 28, 33 Lei 11434/06; arts.12, 14 e 16 Estatuto do

desarmamento; arts. 306, 310 CTB)

●2. resultado naturalístico: é a alteração do mundo exterior resultante da conduta


praticada. Nem toda infração penal o produz
RESULTADO NATURALÍSTICO
●É o RESULTADO EM SENTIDO ESTRITO = modificação que a conduta provoca no mundo natural, no
mundo concreto. Nem todos os crimes possuem resultado naturalístico, ou seja, nem todos os
delitos produzem alterações exteriores perceptíveis pelos sentidos. Por exemplo:
● Crimes omissivos próprios
● Crimes de mera conduta
● Crimes unissubsistentes praticados por gestos ou palavras
●De acordo com a existência ou não do resultado naturalístico, é possível classificar os crimes em
três espécies:
●Crimes materiais: tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico. A consumação ocorre
com a produção deste resultado. São crimes que somente se consumam com a produção do
resultado naturalístico.Ex.: 121, 122, 123, 129, 155, 157, 171, 213, 214
●Crimes formais tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, no entanto, a
consumação ocorre de forma antecipada já com a prática da conduta típica, a produção do
resultado naturlístico é mero exaurimento.Ex.: 158, 159, 218, 297, 298, 302, 304, 307, 317
●Crimes de mera conduta: o tipo não prevê a ocorrência de resultado naturalístico. Ex.: 150, 330;
arts. 28, 33 Lei 11343/06; arts. 12, 14, 16 Lei 10826/06.
Módulo II
Fato Típico: Nexo de
Causalidade e Tipicidade.
NEXO DE CAUSALIDADE
Art. 13 (CP) - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

● É o elo que se estabelece entre a CONDUTA e o RESULTADO.


●O nexo causal é uma relação ditada pelas leis da física, da causa e
efeito.
●Dizer que existe nexo causal é dizer que, por meio das leis da física, a
conduta provocou o resultado.
● Só pode ser punido por um resultado quem lhe deu causa .
●O que é CAUSA? Causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DE
ANTECEDENTES
●O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes
conhecida como teoria da conditio sine qua non.

●Para essa teoria, tudo que tenha contribuído, de qualquer modo, para
o resultado considera-se sua causa (artigo 13, caput, do CP).

●A lei atribui relevância causal a todos os antecedentes do resultado,


considerando que nenhum elemento de que depende a sua produção
pode ser excluído da linha de desdobramento causal.

●Tudo que retirado da cadeia de causa e efeito provocar a exclusão do


resultado considera-se sua causa (processo hipotético de eliminação).
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA E

ANTECEDENTES
Para se estabelecer se a conduta foi causa do resultado, basta aplicar o critério da
eliminação hipotética que consiste em fingir que uma conduta não foi praticada.

●Se a eliminação da conduta fizer com que desapareça o resultado é porque a conduta
causou o resultado. Se “apagando” a conduta, o resultado permanece, significa que aquela
não foi causa deste.

➔Pergunta-se: Diante da teoria da equivalência dos antecedentes, não poderia haver uma
responsabilização muito ampla, na medida em que são alcançados todos os fatos anteriores
ao crime? Nessa linha de raciocínio, não se chegaria a um regressus ad infinitum?

•Não. A teoria da equivalência dos antecedentes situa-se no plano exclusivamente físico,


resultante da aplicação da lei natural de causa e efeito. Conclui-se, então, que para o Direito
Penal é insuficiente o nexo meramente causal-natural, sendo imprescindível para a
existência do fato típico a presença do dolo ou da culpa (necessários para haver fato típico).
NEXO DE CAUSALIDADE
• Concausa

É uma causa que concorre paralelamente à conduta, contribuindo para a


produção do resultado.

A reforma penal de 1984 abandonou totalmente o conceito de concausa.

Como foi adotada a teoria da conditio sine qua non, não há por que fazer
diferenciação entre causa e concausa, tendo em vista que tudo o que
acontecer para a produção do resultado será considerado causa.
NEXO DE CAUSALIDADE
• Causas absolutamente independentes: Além de produzir sozinha o resultado, a
causa absolutamente independente tem uma origem completamente diversa da
conduta, ou seja, ocorreria ainda que a conduta nunca tivesse sido praticada Podem ser:

• Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o genro, com intenção de envenenar a


sogra, ministra arsênico no jantar da vítima. Ao terminar o jantar, a vítima morre.
Constata-se, então, que a causa da morte da vítima foi o envenenamento produzido pela
nora no café da manhã.

• Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta. Exemplo: durante o jantar, 4


assaltantes invadem a residência de uma pessoa que está sendo envenenada. Esta
pessoa reage ao assalto e é morta. Não há nexo causal.

• Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: após ser envenenada, mas ainda viva,
desprende-se o lustre sobre a cabeça da vítima, matando-a.

Observe-se que, nos exemplos citados, as causas rompem totalmente o nexo causal, razão pela qual o
agente só responderá pelos atos até então praticados.
• Em resumo:

• em todas as espécies supra citadas (causas


absolutamente independentes) verifica-se o
rompimento total do nexo causal, e o agente só
responde pelos atos praticados até o momento da
interferência daquela;

• o resultado produzido não tem nenhuma relação


coma conduta do agente, sendo assim, esta última,
conforme art. 13 caput , não pode ser considerada
causa do resultado.
NEXO DE CAUSALIDADE
• Causas relativamente independentes: A causa relativamente independente produz
por si só o resultado, contudo origina-se da conduta, ou seja, a causa apareceu por
conta da conduta e, inesperadamente, produziu o resultado. Podem ser:

● Preexistentes: atuam antes da conduta. Exemplo: o agente corta o braço da vítima, que
é hemofílica, e esta morre em decorrência da hemorragia. A hemofilia é causa
preexistente ao resultado. Existe nexo causal.

● Concomitantes: atuam ao mesmo tempo da conduta. Exemplo: o ladrão anuncia o


assalto apontando um estilete para a vítima, que desmaia e morre de infarto. Há nexo
causal.

● Supervenientes: atuam após a conduta. Exemplo: uma pessoa baleada no peito está
sendo levada ao hospital, quando a ambulância que a transporta capota, fazendo com
que a vítima morra em decorrência de ter sua cabeça esmagada. Supondo que o agente
teve dolo de matar, por qual crime ele deverá responder?
• Causas relativamente independentes

• As causas relativamente independentes não têm o condão de romper o nexo causal.

• No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal, o agente responderá pelo resultado.

• Na hipótese, porém, das supervenientes, embora exista nexo causal físico-naturalístico, o Código Penal, por expressa
disposição do artigo 13, § 1.°, excepcionando a regra geral, manda desconsiderá-lo, não respondendo o agente pelo
resultado, mas somente pela tentativa do crime.

Art. 13 (CP) - Superveniência de causa independente


§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

• Conseqüências das causas relativamente independentes SUPERVENIENTES

• EXCEÇÃO À TEORIA CONDITIO SINE QUA NON A QUAL CONFORME CAPEZ “DETERMINA A RUPTURA DO NEXO CAUSAL”;

• Fernando Capez: “na hipótese das supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, a lei, por expressa
disposição do art. 13 § 1º., que excepcionou a regra geral, manda desconsidera-lo, não respondendo o agente pelo
resultado, mas tão-somente por tentativa”;

• Damásio E. de Jesus: “suponha que A produza ferimentos em B que, levado a um hospital, venha a falecer
exclusivamente em conseqüência de lesões provocadas por um desabamento”.

– Há dois cursos causais: um que vai do comportamento do agente até os ferimentos iniciais da vítima e outro que
vai do desabamento (causa superveniente) até a morte de B. A responde pela prática dos atos anteriores.

Causalidade na Omissão
Não há nexo causal físico entre a omissão e o resultado. A omissão
não produz o resultado, não há causalidade física

– do nada, nada surge.


– “Não há relação de causa e efeito entre a omissão e o
resultado”

• O nexo causal é determinado pela norma


– NEXO NORMATIVO

– Damásio E. de Jesus “o agente responde pelo resultado não


porque o causou com a omissão, mas porque não o impediu
realizando a conduta a que estava obrigado (ação esperada)”.

• Importância :
– crimes omissivos impróprios – art. 13 § 2o.

– crimes omissivos próprios - não é elemento, já que não há


resultado naturalístico.
QUESTÕES DA OAB
1. No tema atinente à relação de causalidade, com o intuito de verificar se
uma ação constitui causa do resultado, devemos, mentalmente, excluí-la
da série causal. Caso, com sua exclusão, o resultado deixasse de acontecer,
é causa. Como se denomina doutrinariamente este evento?
a) Procedimento hipotético de eliminação.
b) Teoria do efeito causal temporal.
c) Relação omissiva exclusiva.
d) Evento de exclusão temporal do fato típico.
QUESTÃO para REFLEXÃO
Geraldo dispara um tiro de revólver contra Miguel, atingindo-lhe o tórax. Miguel é
socorrido por uma ambulância, onde desmaia. Ao chegar ao hospital é internado e
submetido a uma cirurgia para a retirada do projétil que se alojara no pulmão. Não
obstante todo cuidado tomado pela equipe médica, instala-se um processo infeccioso e
Miguel morre de infecção nos pulmões. Pergunta-se: Geraldo responderá pelo resultado
morte?
• Em relação a Geraldo
– Sua conduta é de ação ou de omissão?
– Sua conduta é dolosa ou culposa?
– Há resultado naturalístico?
– Há nexo de causalidade entre sua conduta e o resultado?
– Portanto, pelo que o sujeito irá responder?

TIPICIDADE
O tipo penal é o modelo descritivo da conduta contido na lei.

●Havera tipicidade penal nas hipóteses em que o fato praticado pelo agente se enquadrar (SUBSUNÇÃO)
no tipo penal. Em outras palavras tipicidade e a adequação do fato concreto a uma descrição legal de
crime

• Tipo legal penal: é o conjunto dos elementos descritivos de delito contidos na Lei penal, ou seja, e a
descrição legal de crime

• Fato típico : É o fato concretamente praticado na vida real que se amolda ao modelo legal de crime.

• Ausência de tipicidade
– Quando não há correspondência entre o comportamento da vida real e nenhum tipo legal.

– Flavio A, M de Barros “Quando conduta da vida não se encontra descrita em nenhum tipo legal.”

• Sem Tipicidade o fato é atípico e não há crime.

– Ex.: suicídio, prostituição, furto de uso, dano culposo, auto-lesão, incesto entre maiores, dano
em tubo placa de óvulo fertilizado in vitro
TIPICIDADE
• Diretriz dominante entre tipicidade e antijuricidade.

• Caráter indiciário de antijuridicidade: sendo o fato típico já há um indício de que


também é ilícito, salvo se for produzida prova em contrário
– Com a tipicidade presume-se a antijuridicidade do fato
– A adequação do fato ao tipo penal faz surgir um indício de que a conduta é
antijurídica. Tal presunção é relativa e cai se restar comprovada uma causa de
exclusão da ilicitude
• Ex.: art. 129 C.P. Se é típico, à primeira vista é também antijurídico, salvo se
comprovada a legítima defesa.

• CONCLUSÃO: há tipicidade penal sem antijuridicidade (art. 23 CP), o contrário é


impossível, assim não há ilicitude penal sem tipicidade penal por causa do princípio
da reserva legal

– Para que se considere um fato ilícito penal, primeiramente o mesmo deve estar
descrito em lei, assim, a tipicidade penal é antecedente lógico e necessário da
ilicitude penal (a tipicidade penal concretiza a ilicitude penal)
TIPICIDADE – ADEQUAÇÃO TÍPICA
• Tipicidade direta - adequação típica de subordinação imediata
• Tipicidade indireta - adequação típica de subordinação mediata, por extensão ou ampliada.

• 1.º) Subordinação imediata: o fato concretamente praticado se enquadra diretamente no


tipo penal incriminador sem o auxilio de qualquer outra norma penal
• Ex.: furto = 155; Lesão = 129; Homicídio = 121

• 2.º) Subordinação mediata ( ampliada, por extensão).


– A adequação da conduta da vida real ao tipo penal não ocorre diretamente, pelo
contrario, exige-se o concurso de outra norma penal. Combinação de 2 dispositivos
legais
– A complementação da tipicidade ocorre com o auxilio (concurso) de outro dispositivo
penal chamado de norma penal de extensão.
• Ex.: tentativa de homicídio
• (Art.14) c/c (art. 121)

• Três hipóteses (normas penais de extensão):

– Tentativa (art. 14): ampliação temporal que alcança o período anterior a consumação

– Participação (art. 29): ampliação pessoal que alcança condutas diferentes do verbo
núcleo do tipo

– Crimes omissivos impróprios (art. 13 § 2º.): - ampliação da conduta típica (verbo


núcleo) que passa a compreender a omissão
• TIPICIDADE MATERIAL:

• para que ocorra o fenômeno da tipicidade não basta que o fato concreto encontre
subsunção no tipo penal incriminador,(tipicidade formal) deve ainda haver lesão ou
ameaça de lesão relevante ao bem jurídico penalmente tutelado (principio da
ofensividade)

• TIPICIDADE CONGLOBANTE

• O Direito Penal não deve incriminar um comportamento que e incentivado, que e


permitido por outro ramo do direito

• Fernando Capez “ o fato típico pressupõe que a conduta esteja proibida pelo
ordenamento jurídico como um todo, globalmente considerado. Assim, quando algum
ramo do direito, civil, trabalhista, administrativo, processual ou qualquer outro, permitir
o comportamento, o fato será considerado atípico. O direito e um só e deve ser
considerado como um todo …”.

• Ex.: desforço imediato do direito civil na defesa da posse (art. 1210 § 1o. CC)
ITER CRIMINIS E O CRIME CONSUMADO
CRIME CONSUMADO é aquele em que foram realizados todos os elementos da definição legal. (ART. 14, I)

Iter criminis é o itinerário do crime.

A doutrina aponta quatro etapas diferentes no caminho do crime:

1 Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando, idealizando, planejando a prática do crime.

Nessa fase não há punição.

●2 Preparação: é a prática dos atos antecedentes necessários ao início da execução. Não existe fato típico
ainda, salvo se o ato preparatório constituir crime autônomo.
• Regra geral: impunível – não há início de execução nem ameaça ao bem jurídico – arts. 14, II e 31
• Exceções: punível – crime autônomo – opção do legislador
• Exs.: 253, 286, 288, 291 CP; arts. 28, § 1o., 33, § 1o., I, II, 34, 36 Lei 11343/06

●3 Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase, o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e
o crime já se torna punível.
●4 Consumação: quando todos os elementos do fato típico são realizados (art. 14 I).

●Exaurimento: são consequências que ocorrem após a consumação do delito. Podem ser penalmente
irrelevantes ou configurar uma circunstância que aumente a pena.
●Exs.: arts.317 § 2º.; 333 § único CP
• QUESTÃO para REFLEXÃO: MAS EM QUE CONSISTEM OS
ATOS EXECUTÓRIOS? COMO DIFERENCIAR ATOS
MARAMENTE PREPARATÓRIOS E IMPUNÍVEIS E O INÍCIO DA
FASE DE EXECUÇÃO?

• Há 3 critérios:

• 1 critério formal

• 2 critério material

• 3 critério objetivo-individual
CRIME CONSUMADO
• CONCEITO – art. 14, I– adequação total do fato concreto ao tipo penal

• CONSUMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES

• Crime material.
– Ex.: 121, 122, 123, 129, 155, 157, 171, 213, 214

• Crime formal.
– Ex.: 158, 159, 297, 298, 302, 304, 307, 317, 333

• Crime de mera conduta.


– Ex.: 150, 330; arts. 28, 33 Lei 11343/06; arts. 12, 14, 16 Lei 10826/06

• Crime culposo
– Ex.: 121, § 3o., 129 § 5o., 312 § 3o.

• Crime permanente.
– Ex.: 149, 159, crimes com os verbos transportar, guardar, ter em depósito,possuir, portar

• Crime habitual.
– Ex.: 229, 230, 282, 284

• Crime omissivo
– Próprio. Ex.: 135, 319, 319-A, 320, 150 (permanecer indevidamente)
– Impróprio ou comissivo por omissão (art. 13, § 2o.)
TENTATIVA
• CONCEITO
– Trata-se da execução iniciada de um crime, que não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente
– Há atos executórios
– Não há consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente

• NATUREZA JURÍDICA
– Causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3) – art. 14 § único
– Hipótese de ampliação temporal da figura típica causadora da adequação típica
de subordinação mediata ou indireta (norma de extensão)

• ELEMENTOS
– Prática de atos executórios – arts. 14, II e 31
– Interrupção do caminho do crime por circunstâncias alheias à vontade do
agente CAVA)

• ELEMENTO SUBJETIVO
– NÃO há dolo próprio no crime tentado
– Dolo idêntico ao do crime consumado
TENTATIVA
• FORMAS
– PERFEITA OU CRIME FALHO
• Realização total dos atos executórios, ou seja, agente
realiza o necessário à consumação do delito
• Crime é subjetivamente completo, mas objetivamente
incompleto
– IMPERFEITA
• Atos executórios são interrompidos por CAVA, ou seja,
agente não realiza os atos de execução necessários à
consumação
• Crime é subjetiva e objetivamente incompleto
– BRANCA OU INCRUENTA
• Apesar da intenção, o agente não lesiona o bem
jurídico
PUNIBILIDADE DA TENTATIVA
• Regra geral = Teoria Objetiva - Aplicação da Pena:

• A tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, reduzida de


1/ a 2/ . O critério para essa redução é a proximidade do momento
3 3
consumativo, ou seja, quanto mais próximo chegar da consumação, menor
será a redução.
– Art. 14, § único – menor perigo ou lesão ao bem jurídico
– Critério para redução da pena:
• Maior ou menor lesividade ao percorrer caminho do crime
• + próxima da consumação – redução de pena
• + distante da consumação + redução de pena

• Exceção = Teoria Subjetiva - Art. 14, § único:“salvo disposição em contrário”


– Pena = do delito consumado, pois, em ambos o agente tem o mesmo
dolo, ou seja, a mesma intenção do agente
– Delitos de atentado ou mero empreendimento - Exs.: Art. 352 CP; arts.
9, 11, 17, 18, 28 Lei 7170/83; art. 309 Lei 4737/65; art. 3o. Lei 4898/65;
art. 4o. Lei 1579/52 (CPI)
TENTATIVA
Infrações que NÃO Admitem Tentativa

• Crimes culposos
• Crimes preterdolosos
• Crimes omissivos próprios (exemplo: artigo 135 do Código Penal).
• Crimes unissubsistentes
• Contravenção penal (artigo 4.º do Decreto-lei n. 3.688/41).
• Delitos de atentado ou mero empreendimento
•São crimes em que a lei pune a tentativa como se fosse consumado o delito
(exemplo: artigo 352 do Código Penal).
• Crimes habituais
•Tais crimes exigem, para consumação, a reiteração de atos. Exs.: arts. 229; 230;
282 CP
• Crimes de resultado vinculado ou condicionado (artigo 122 do Código Penal)
• Crime continuado (art. 71 CP)
DESISTÊNCIA VOLUTÁRIA
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

● O agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua


consumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de execução.
● Não há que se falar em desistência voluntária em crime unissubsistente, visto que este é

composto de um único ato.

ELEMENTOS:
➢ IMPEDIMENTO DO RESULTADO

➢ VONTADE PRÓPRIA

➢ ANTES DE ESGOTADOS OS ATOS EXECUTÓRIOS

• Voluntária (sem coação física ou moral) ≠ espontânea (sincera)

– Ex.: dor de barriga; dor de dente; pedido ou súplica da vítima (poder de decisão ainda é
do agente)

• NÃO incide nos casos de disparo de alarme; gritos ou fuga da vítima; barulhos (tentativa)
ARREPENDIMENTO EFICAZ
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

●O agente termina a conduta típica, mas com nova conduta, voluntariamente, evita
que o resultado (consumação) ocorra. Ocorre depois de o agente esgotar os atos de
execução.

ELEMENTOS:
➢ IMPEDIMENTO DO RESULTADO

➢ VONTADE PRÓPRIA

➢ DEPOIS DE ESGOTADOS OS ATOS EXECUTÓRIOS

• Ex.: ministrar antídoto à vítima; após disparos condução da vítima ao hospital e


salvamento após procedimento cirúrgico

• Eficaz = êxito em impedir o resultado


– Caso contrário = crime consumado
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
ARREPENDIMENTO EFICAZ
●A desistência voluntária e o arrependimento não precisam ser
espontâneos, mas devem ser voluntários.

●Mesmo se a desistência ou o arrependimento forem sugeridos


por terceiros, subsistirão seus efeitos.

●Nesses dois casos, exclui-se a aplicação da pena por tentativa,


ou seja, o agente responderá somente pelos atos até então
praticados.
ART. 16 ARREPENDIMENTO POSTERIOR
• NATUREZA JURÍDICA

– Causa de diminuição de pena. É causa objetiva de diminuição de pena, portanto,


estende-se aos co-autores e partícipes condenados pelo mesmo fato.
– CRITÉRIO PARA REDUÇÃO DA PENA: Celeridade, presteza na restituição ou reparação do
dano, a qual deve sempre ser integral.

• REQUISITOS

– Ausência de violência física ou moral à pessoa seja o crime tentado, consumado, doloso
ou culposo
• Ex.: NÃO incide nos arts. 121,129,157,146,147,159

– Restituição ou reparação integral e completa do dano


• Se incompleta = art. 65, III, b CP

– Restituição pessoal e voluntária = sem coação, mas NÃO precisa ser espontânea, sincera
• Ex.: por conselho de 3º.

– Requisito temporal: até o recebimento da denúncia ou queixa-crime


• Se posterior = art. 65, III, b CP
• CRIME IMPOSSÍVEL

– Artigo 17 (CP), “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”

– Também chamada “quase crime” ou “crime impossível”, ocorre quando a consumação é impossível pela
ineficácia absoluta do meio (= meio empregado jamais poderia levar à consumação do crime) ou
impropriedade absoluta do objeto (= A pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta jamais poderia
ser alvo do crime.)

• TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE

• 1. TEORIA OBJETIVA MITIGADA, TEMPERADA OU INTERMEDIÁRIA: Não se pune o fato, pois, no caso
concreto, não há qualquer perigo ao bem jurídico seja pela ineficácia do meio empregado seja pela
impropriedade absoluta do objeto. A conseqüência do crime impossível é a atipicidade do fato.

• 2. TEORIA SUBJETIVA: Deve-se punir o fato como crime tentado, pois, o agente revela sua intenção em
produzir o resultado lesivo, ou seja, o agente, com a realização da conduta, exterioriza intenção
criminosa

• 3. TEORIA SINTOMÁTICA: Deve-se punir o fato como crime tentado, pois, o agente revela periculosidade
ao realizar a conduta
• 2 HIPÓTESES

• 1. IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO: Objeto material do crime não existe ou pela sua
situação torna impossível a consumação

• Exs.: manobras abortivas em não grávida; aborto e feto anencefálico (STF); disparos em cadáver;
infanticídio e feto natimorto; violação de sepultura sem restos mortais (crime impossível em
relação ao art. 210 CP)

• Haverá crime tentado se impropriedade for relativa e objeto possa ser ocasionalmente lesionado
(mínimo risco de lesão ao bem jurídico). Neste caso haverá TENTATIVA PUNÍVEL

– Ex.: metal no bolso desvia projétil; vítima vai ao banheiro, disparos no lado errado da cama
com vítima dormindo

• 2. INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO EMPREGADO: instrumento do crime inviabiliza sua


consumação

• Exs.: ministrar substância inócua pensando que é veneno; ministrar erroneamente substância não
abortiva à gestante; “disparar”, com intenção homicida, arma obsoleta ou desmuniciada

• Haverá crime tentado se ineficácia for relativa e possa ocasionalmente lesionar o bem jurídico).
Neste caso haverá TENTATIVA PUNÍVEL

– Ex.: arma municiada falha; ministrar quantidade insuficiente de veneno


QUESTÕES PARA REFLEXÃO
• 1. Em loja de departamentos equipada com sistemas de câmeras e
alarmes sonoros para evitar a evasão de produtos sem o devido
pagamento, bem como, com equipe de seguranças humanos, o
agente é surpreendido e detido ao tentar sair da loja com produtos
furtados. Neste caso, haverá tentativa de furto ou crime impossível,
pois, o sistema de segurança inviabiliza de toda a forma a
consumação do crime?

• 2. Agente agride mulher com a intenção de estuprá-la, mas antes da


realização de qualquer ato libidinoso é acometido de impotência
coeundi (impotência para a prática sexual). Neste caso, haverá
tentativa de estupro ou crime impossível?
Módulo III
Erro de Tipo
ERRO DE TIPO
Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.

• É o erro que incide sobre as elementares ou sobre as circunstâncias da figura típica da norma penal
incriminadora.

•Como nos ensina o doutrinador Damásio Evangelista de Jesus: “É o que faz o sujeito supor a ausência
de elemento ou circunstância da figura típica incriminadora ou a presença de requisitos da norma
permissiva.”

• CONSEQUÊNCIA JURÍDICA

– Exclusão do elemento subjetivo – dolo e se inevitável também do elemento normativo –


culpa

– O agente NÃO quer realizar o delito mas o faz por força do erro em que recai (o que o agente
quer? Ele realmente deseja matar uma pessoa? Há dolo de realizar o homicídio?)

– Descompasso entre o que realmente ocorreu e o que o agente queria realizar, sendo que, se
conhecesse a realidade não realizaria a conduta
ERRO DE TIPO
O erro de tipo subdivide-se em:

• Erro de tipo INCRIMINADOR


1. erro de tipo incriminador essencial:
1.1. erro escusável ou inevitável ou invencível,
1.2. erro inescusável ou evitável ou vencível.
2. erro de tipo incriminador acidental
2.1. erro sobre o objeto – error in objecto,
2.2. erro sobre a pessoa – error in persona,
2.3. erro sobre a execução – aberratio ictus,
2.4. resultado diferente do pretendido – aberratio criminis,
2.5. erro sucessivo ou dolo geral – aberratio causae.

• Erro de tipo PERMISSIVO


ERRO DE TIPO INCRIMINADOR
1. ERRO DE TIPO INCRIMINADOR ESSENCIAL

•Este erro de tipo versa diretamente sobre os fatos elementares e circunstanciais do tipo, isto é,
quando o erro do agente recai sobre os dados constitutivos do tipo.

•O erro de tipo incriminador essencial pode recair sobre o tipo fundamental, sobre uma causa
de aumento de pena, sobre uma circunstância agravante ou sobre uma qualificadora.

•Conceito: aquele que impede que o agente compreenda o caráter ilícito do fato que
esta praticando. Nestes casos, o agente, por causa do equivoco em que incide,
justificadamente não percebe que esta praticando um fato ilícito. O agente supõe que
esta praticando um fato licito mas na realidade pratica um ilícito. Pode incidir sobre
toda a figura delitiva (sobre suas elementares) ou sobre algumas circunstancias.

•Divide-se em:

•Inevitável, escusável

•Evitável, inescusável
1.1. ERRO ESCUSÁVEL (Inevitável ou Invencível)
Está previsto no CP - art. 20, caput, 1ª parte e § 1º, 1ª parte.

• É o erro desculpável, isto é, aquele cujas circunstâncias fazem presumir boa fé do agente,
justificando a prática do ato, que não se torna suspeito ou nulo. Erro em que qualquer
pessoa (media da sociedade) também incidiria desde que encontrando-se nas mesmas
condições em que o agente se encontrava

• Erro que não pode ser evitado pela normal diligência e cautela do homem médio

• Exclui o dolo e a culpa. Sem DOLO ou CULPA não há FATO TÍPICO.Sem FATO TÍPICO não há
CRIME,

• 1.2. ERRO INESCUSÁVEL (Evitável ou Vencível)

Está previsto no CP – art. 20, caput, 2ª parte e § 1º, 2ª parte.


Erro perceptível pelo homem médio da sociedade que se encontre nas mesmas condições em
que o agente se encontrava Erro que poderia ser evitado pela normal diligência da média da
sociedade, sendo assim, é produto da imprudência, negligência ou leviandade do autor que não
o percebeu. Ocorre quando o agente age de forma descuidada.
Exclui o dolo, mas, não afasta a culpa, respondendo o agente por crime culposo, quando
previsto em lei.
ERRO DE TIPO INCRIMINADOR
2. ERRO DE TIPO INCRIMINADOR ACIDENTAL

•Conceito incide sobre elementos secundários do tipo penal não impedindo que o agente
conheça o caráter ilícito do fato que pratica, desta feita, não exclui o dolo, pois, o agente tem
consciência do fato praticado.

•Conceitualmente, o erro de tipo incriminador acidental é aquele que vicia a vontade, mas não a
exclui. É o erro que incide sobre os dados acidentais do delito ou sobre a conduta de sua
execução.

• O erro de tipo incriminador acidental não exclui o dolo, pois, o agente atua com consciência da
ilicitude do fato que está praticando, e portanto, o agente responderá pelo crime.

2.1. erro sobre o objeto


2.2. erro sobre a pessoa – Art. 20, § 3º, CP
2.3. erro sobre a execução – Art. 73 do CP
2.4. resultado diferente do pretendido – art. 74 CP
2.5. erro sucessivo ou dolo geral -
ERRO SOBRE O OBJETO

• Acontece quando a conduta do agente recai sobre objeto (material), diverso


do que gostaria de atingir.
• É o caso de quem rouba bijuteria acreditando ser jóia ou, simplesmente,
quem rouba açúcar acreditando ser farinha.
• à luz do erro de tipo acidental sobre o objeto o agente praticou ato ilícito e
responderá, assim, normalmente pelo crime descrito no art. 155, caput, CP.
ERRO SOBRE A PESSOA - art. 20, § 3º.
• O agente pretende ofender uma pessoa, mas em razão de erro de representação ofende
outra, supondo que era a primeira. Há confusão por parte do agente, este confunde as
vítimas. Agente confunde a pessoa da vítima, supondo que um 3o. inocente é a vítima
desejada

– Ex.: quer atirar em Antonio (vítima virtual), mas atinge Pedro (vítima efetiva) em razão
de supor que Pedro era Antonio.
– Ex.: agente deseja matar o próprio pai mas o confunde com outra pessoa e mata um 3o.
qualquer (sósia)
– Ex.: agente deseja matar a própria esposa mas a confunde e mata um outra mulher
– Ex.: desja matar um estranho mas engana-se e alveja o próprio irmão

• CONSEQUÊNCIAS (art. 20, § 3o., 2a. parte)

– Não há exclusão do dolo e da tipicidade

– Agente responderá pelo delito como se este fosse praticado contra a vítima virtual
(desejada), considerando seu dolo e as características desta

– Não devem ser consideradas as características da vítima efetiva mas as da vítima virtual
ERRO SOBRE A EXECUÇÃO, DESVIO NO GOLPE, ABERRATIO ICTUS – ART. 73 CP
• Na hipótese do art. 73, o agente quer atingir uma pessoa (vítima virtual), todavia em razão de
desvio involuntário do golpe acaba por atingir terceiro (vítima efetiva). Neste caso o agente deve
responder por crime consumado considerando-se as características físicas ou pessoais da vítima
virtual, ou seja, responderá pelo delito como se o tivesse praticado contra esta.

• Por exemplo: O agente dispara contra uma pessoa, erra e acerta outra pessoa. O agente, devido à
má pontaria, levou esta outra pessoa a óbito. Houve um erro acidental na execução devido a má
pontaria do delinqüente.

• Não confundir com error in persona (art. 20 § 3º.), no qual há um erro de representação, uma
confusão mental. Na aberratio ictus (art. 73) o agente não confunde a figura das vítimas, não há
erro sobre a pessoa (art. 20 § 3º), portanto o agente sabe quem é a vítima contra quem quer
praticar o delito, mas erra na execução da conduta.

• Ex.: José quer matar João (vítima virtual ou visada). No entanto, José atira, erra e mata Carlos
(vítima efetiva). Conforme art. 73 José responde pelo crime como se fosse praticado contra a
vítima virtual.
• Ex.: Filho quer matar o próprio pai. Filho atira, erra e mata um terceiro desconhecido. Filho
responde pela morte do Terceiro com a agravante de matar ascendente (art. 61)
• Espécies de Aberractio Ictus

• 1ª) Com Unidade Simples ou Resultado Único: Neste caso somente a vítima efetiva é atingida, a vítima
virtual não → responderá pelo delito como se o tivesse praticado contra a vítima virtual.

• Ex.: pretende matar o próprio pai (vítima virtual), mas em razão de desvio no golpe atinge terceiro
(vítima efetiva) o qual não vem a falecer → responde por tentativa de homicídio doloso, com o
agravante do art. 61 - II - e.

• 2ª) Com Unidade Complexa ou Resultado Duplo: Neste caso o agente atinge as duas vítimas, a virtual e a
efetiva → resolve-se pela aplicação do concurso formal do artigo 70.

• COM BASE NOS ARTS. 70 E 73 SOLUCIONE AS SITUAÇÕES ABAIXO:

• 1ª hipótese - mata a vítima virtual e também o terceiro,

• 2ª hipótese - mata a vítima virtual e fere terceiro

• 3ª hipótese - fere a vítima virtual e fere terceiro,

• 4ª hipótese - deseja matar a virtual, mas somente a lesiona, e em razão de desvio no golpe mata terceiro
inocente,
• RESPOSTAS
• 1ª hipótese - mata a vítima virtual e também o terceiro, isto é, com uma só conduta realiza
dois crimes, um doloso contra a virtual e um culposo contra o terceiro → responde pelo
crime mais grave (homicídio doloso contra a virtual), aplicando-se o aumento de pena do
artigo 70.

• 2ª hipótese - mata a vítima virtual e fere terceiro, isto é, com uma só conduta realiza dois
crimes, um doloso contra a virtual e uma lesão corporal culposa contra o terceiro →
responde pelo crime mais grave (homicídio doloso contra a virtual), aplicando-se o aumento
de pena do artigo 70.

• 3ª hipótese - fere a vítima virtual e fere terceiro, isto é, com uma só conduta realiza dois
crimes → responderá por tentativa de homicídio contra a virtual, aplicando-se o aumento de
pena do artigo 70.

• 4ª hipótese - deseja matar a virtual, mas somente a lesiona, e em razão de desvio no golpe
mata terceiro inocente, isto é, com uma só conduta realiza dois crimes, tentativa de
homicídio doloso contra a vítima virtual e um homicídio culposo consumado contra terceiro,
o qual deve ser considerado como se vitimasse a virtual, ou seja, homicídio doloso
consumado → em conclusão responderá por homicídio DOLOSO consumado (considerando
as características da vítima virtual), aplicando-se o aumento de pena do artigo 70.
RESULTADO DIFERENTE DO PRETENDIDO - ABERRATIO CRIMINIS - art.
74 do CP
É uma espécie de desvio no golpe que envolve bens jurídicos diversos, ou seja, o agente quer atingir uma pessoa, mas
atinge uma coisa ou vice-versa. Ocorre quando o agente pratica o ato ilícito, porém, por erro ou por acidente, atinge um
resultado diferente do que pretendia, e sempre sobre bem jurídico diferente. Esta situação faz com que o agente responda
por culpa, desde que o fato esteja previsto como crime culposo. Ex.: O agente deseja atingir uma coisa, erra e atinge uma
pessoa,matando-a. Responde por homicídio culposo.

• Espécies de Aberractio criminis


• 1ª) Aberractio Criminis Com Unidade Simples ou Resultado Único.

• 1ª hipótese - quer atingir uma coisa, mas atinge uma pessoa → responde por crime contra a pessoa na forma culposa.

• 2ª hipótese - quer atingir uma pessoa, mas atinge uma coisa → não responderá por dano culposo, pois é fato atípico,
mas responderá por tentativa de crime contra a pessoa (tentativa branca). Responde pela tentativa, pois, atuou com
dolo em relacão à pessoa. Pode ser tentativa de 121 ou 129 CP, dependerá da prova da intenção.

• 2ª) Aberractio Criminis Com Unidade Complexa ou Resultado Duplo.

• COM BASE NOS ARTS. 70 E 74 SOLUCIONE AS SITUAÇÕES ABAIXO:


• 1ª hipótese - quer atingir uma pessoa o que efetivamente ocorre, mas também atinge uma coisa que não pretendia

• 2ª hipótese - quer atingir uma coisa o que efetivamente ocorre, mas também atinge uma pessoa que não pretendia
atingir
• RESPOSTAS
• 1ª hipótese - quer atingir uma pessoa o que efetivamente
ocorre, mas também atinge uma coisa que não pretendia
→ responde por crime doloso contra a pessoa (lesão
corporal consumada; tentativa de homicídio ou homicídio
consumado), não responderá por crime de dano, pois o
dano culposo é fato atípico.

• 2ª hipótese - quer atingir uma coisa o que efetivamente


ocorre, mas também atinge uma pessoa que não
pretendia atingir → Neste caso com uma conduta pratica
dois crimes, desta forma aplica-se a regra do concurso
formal, ou seja, aplica-se a pena do mais grave somando-se
a CAP (causa de aumento de pena) do art. 70.
Dolo geral, erro sucessivo, aberratio causae

• Aqui há um erro acidental com relação ao nexo causal. O agente


acaba por alcançar o resultado pretendido, porém, por uma causa
distinta daquela que havia planejado.

• Fernando Capez “o agente após realizar a conduta, supondo já ter


produzido o resultado, pratica o que entende ser exaurimento, e nesse
momento atinge a consumação”.

• Ex.: “A” esfaqueia a vítima e pensa que a matou. Ao tentar ocultar o


cadáver, jogando-o ao mar, vem efetivamente a matá-la por afogamento.
Haveria tentativa de homicídio (pelas facadas) em concurso com homicídio
culposo (foi praticar a ocultação de cadáver e acabou matando), ou
homicídio doloso?

• RESPONDERÁ POR HOMICÍDIO DOLOSO, PELO DOLO GERAL.


ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - Art. 20, § 2º, CP.
• Pode ser espontâneo ou provocado.

O “provocado” pode ser por determinação dolosa ou culposa.

➔A dolosa se dá quando o agente conscientemente induz outra pessoa a erro. Exemplo: B


quer matar C e, B (no caso o terceiro) dá uma pistola para A fazendo este crer que a arma
está descarregada. A dispara contra C, subtraindo-lhe a vida. B responderá por crime
doloso, enquanto A em face de seu erro, salvo se agiu com culpa, não responde pelo crime.

➔A culposa, por sua vez, se dá quando o agente, por culpa, leva outra pessoa a erro.
Exemplo: B, sem saber se a pistola está munida ou não, entrega a arma para A e o induz a
disparar contra C. Neste caso, A e B respondem por crime culposo, pois, agiram ambos com
imprudência. Se o erro for inevitável não se constitui crime, porém, se o erro for evitável,
responderá por crime culposo, havendo previsão legal.

•O “espontâneo” é o erro cometido pelo terceiro inocente. O sujeito incide em erro sem a
participação provocadora do terceiro.
Módulo IV
Concurso de Agentes
CONCURSO DE PESSOAS
● O crime pode ser praticado por uma ou mais pessoas. Não raro, o delito é produto da
concorrência de condutas referentes a dois ou mais sujeitos distintos.
● Quando isso ocorre estamos diante do concurso de pessoas ou co-delinqüência,

concurso de agentes, co-autoria, participação, co-participação ou concurso de


delinqüentes.

– crimes monossubjetivos ou de concurso eventual: podem se cometidos por um


ou mais agentes, como o homicídio, por exemplo;

– crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário: só podem ser praticados por


uma pluralidade de agentes, como o crime de associação criminosa (arts. 288
CP e 35 Lei 11343/06); de rixa (art. 137 CP); art. 3º. § único Lei 9605/98.
– Os crimes plurissubjetivos podem ser de condutas paralelas (artigo 288), de
condutas convergentes (artigo 235) ou de condutas contrapostas (artigo 137).
CONCURSO DE PESSOAS
REQUISITOS:

● 1 Pluralidade de agentes e de condutas.

● 2 Relevância causal de todas as condutas: todas as condutas devem ter concorrido para a
produção do resultado.

● 3. Liame subjetivo: deve haver unidade de desígnios. É pressuposto básico do concurso de


agentes que haja uma cooperação desejada e recíproca entre eles.
● É necessária a homogeneidade de elemento subjetivo (não se admite participação dolosa
em crime culposo e vice-versa).
● Observação: não se exige prévio acordo de vontades, mas apenas que uma vontade adira à
outra. Assim, por exemplo, a doméstica pode deixar a porta aberta para prejudicar a patroa
e um ladrão pode entrar na casa sem que saiba estar sendo ajudado.

● 4 Teoria monista ou unitária = Identidade de infração para todos os agentes, salvo exceções
pluralísticas.
CONCURSO DE PESSOAS
NATUREZ JURÍDICA:

1). Teoria unitária ou monista


Todos os co-autores e partícipes respondem por um único crime. É a teoria que foi adotada
como regra pelo Código Penal (artigo 29, caput).

2). Teoria dualista


Os co-autores respondem por um crime e os partícipes por outro. Não foi adotada pelo sistema
jurídico brasileiro.

3). Teoria pluralística


Cada um dos participantes responde por delito próprio, ou seja, cada partícipe será punido por
um crime diferente. Exs.: arts. 124 e 126; 317 e 333; 342 e 343

•Essa teoria foi adotada como exceção pelo Código Penal, pois se algum dos concorrentes quis
participar de crime menos grave deve ser aplicada a pena deste (artigo 29, § 2.º). Se o resultado
mais grave for previsível a pena será aumentada até a metade.

Concurso
PARTICIPANTES
de agentes
• AUTOR – 3 teorias
– Restritiva
– Ampliativa
– Domínio do fato

• CO-AUTOR
– Direto
– Funcional – divisão de tarefas

• PARTÍCIPE: Não executa o verbo núcleo do tipo e nem possui o domínio do fato -
Interpretação analógica – art. 29 “qualquer modo”

– Moral
• induzimento
• instigação
– promessa prévia de auxílio posterior ≠ 180 ≠ 348 CP

– Material – auxílio secundário


CONCURSO DE PESSOAS
Há três teorias sobre a AUTORIA:
Teoria Restritiva: autor é somente aquele que realiza o núcleo da figura típica, ou seja, é aquele
que pratica o verbo do tipo. Autor é quem mata, subtrai, seqüestra etc. Adota critério formal-
objetivo, pois se atém à descrição típica. Haverá co-autoria quando dois ou mais agentes, em
conjunto, realizarem o verbo do tipo.
Partícipe é aquele que, sem realizar o núcleo da ação típica, concorre de qualquer forma para a
consecução do crime.

Teoria Extensiva: não existe distinção entre co-autor e partícipe; todos são chamados de co-
autores, realizem o verbo ou concorram para a consecução do crime. Segue o critério material-
objetivo.

Teoria do Domínio do Fato: autores de um crime são todos os agentes que, mesmo sem praticar
o verbo, concorrem para a produção final do resultado, tendo o domínio completo de todas as
ações até o momento consumativo. O que importa não é se o agente pratica ou não o verbo,
mas se detém o controle dos fatos, podendo decidir sobre sua prática, interrupção e
circunstâncias, do início da execução até a produção do resultado. Adota um critério objetivo-
subjetivo.
CONCURSO DE PESSOAS
Natureza Jurídica da PARTICIPAÇÃO:
De acordo com a teoria da acessoriedade, a participação é uma conduta acessória à do
autor, tida por principal. Considerando que o tipo penal somente contém o núcleo e os
elementos da conduta principal, os atos do partícipe acabam não encontrando qualquer
enquadramento.

•Há quatros classes de acessoriedade:


● mínima: basta ao partícipe concorrer para um fato típico;

● limitada: deve concorrer para um fato típico e ilícito;

● extrema: o fato deve ser típico, ilícito e culpável;

● hiperacessoriedade: o fato deve ser típico, ilícito e culpável e o partícipe responderá ainda

pelas agravantes e atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal.

Nossa legislação adota a teoria da acessoriedade limitada. Tratando-se de comportamento acessório


e não havendo correspondência entre a conduta do partícipe e as elementares do tipo, faz-se
necessária uma norma de extensão que leve a participação até o tipo incriminador.
Essa norma é o artigo 29 do Código Penal.
CONCURSO DE AGENTES
• MOMENTO DA PARTICIPAÇÃO E EXCLUSÃO DA PARTICIPAÇÃO
POSTERIOR

• Durante o iter criminis até a consumação

• Se posterior

– Fato atípico

– Outro crime autônomo exs.: arts. 180, 348 CP


CONCURSO DE AGENTES
• PUNIBILIDADE
– Art. 29 – cada participante punido na medida de sua culpabilidade
– Fato é uno – teoria unitária ou monista
– Culpabilidade é individual – penas ≠s

• Art. 29, § 1o. – causa de diminuição de pena obrigatória


– Leve influência causal sobre o resultado
– Qto maior a proximidade ao verbo núcleo , menor a redução de
pena

• PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL - Art. 31 - casos de impunibilidade


– Não há início de execução

– Exceções: punição de atos preparatórios. Exs.: arts. 286, 288, 291


CP; art. 33 § 1o., 34 e 35 Lei 11343/06
Concurso de agentes
• participação dolosamente distinta ou desvios subjetivos entre os
participantes

• Autor comete crime + grave que o pretendido pelos co-autores ou


partícipes

• ART. 29, § 2o. – Se algum dos concorrentes quis participar de crime


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado
mais grave
CONCURSO DE AGENTES
• AUTORIA COLATERAL
– Agente desconhece a conduta dos outros agentes e todos visam o mesmo
resultado
– Inexistência de liame subjetivo, não há adesão de vontades
– Somente 1 deles produz o resultado
– Não há concurso de agentes por ausência de um de seus requisitos – liame
subjetivo
– 1 = crime consumado; demais = tentativa

• AUTORIA INCERTA
– Agente desconhece a conduta dos demais agentes sendo que todos visam o
mesmo resultado
– Não há concurso de agentes por inexistência de liame subjetivo
– Não se sabe quem produziu o resultado
– 3 soluções possíveis:
• Todos = crime consumado; injusto = alguns = tentativa
• Absolver todos; injusto – alguns, no mínimo, = tentativa
• Condenar todos por tentativa; justo = in dubio pro reo

CONCURSO
AUTORIA MEDIATA
DE AGENTES
• Autor intelectual (mediato) utiliza pessoa inculpável como executor do
crime (imediato)
– Não há concurso de pessoas
– Autor mediato = único responsável pelo delito

• Hipóteses
– Executor inimputável (menoridade, doença mental, embriaguez)

– Executor sob coação moral irresistível (art. 22)

– Executor sob obediência hierárquica (art. 22)

– Executor induzido pelo autor mediato em erro de tipo inevitável (art. 20


§ 2o.)
CONCURSO DE PESSOAS
• Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstâncias

• Dispõe o artigo 30 do Código Penal: “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de


caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.

• Podemos, portanto, extrair três regras:

1.ª) as circunstâncias subjetivas, também chamadas de circunstâncias de caráter pessoal, jamais


se comunicam;

2.ª) as circunstâncias objetivas, de caráter não-pessoal, podem comunicar-se, desde que o co-
autor ou partícipe delas tenha conhecimento;

3.ª) as elementares, pouco importando se subjetivas (de caráter pessoal) ou objetivas, sempre
se comunicam.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO
• 1. É POSSÍVEL CONCURSO DE AGENTES EM
CRIMES CULPOSOS?

• 2. É POSSÍVEL CONCURSO DE AGENTES EM


CRIMES OMISSIVOS?
QUESTÕES DA OAB
1) O instituto do arrependimento posterior é causa de:
a) exclusão de crime;
b) isenção de pena;
c) diminuição de pena;
d) concessão de "sursis";

2) Assinale a alternativa falsa.


a) O crime impossível é também conhecido como "quase crime".
b) Crime falho é o nome que se dá à tentativa perfeita ou acabada.
c) Crime exaurido é aquele que, apesar de todos os esforços do agente, não se
consuma por sua própria vontade.
d) Crime vago é o que tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica.
QUESTÕES DA OAB
3) Dos crimes abaixo, quais os que não admitem a modalidade da tentativa:
a) Os crimes omissivos puros.
b) Os crimes comissivos por omissão.
c) Os crimes formais.
d) Os crimes plurissubjetivos.

4) Em tema de concurso de pessoas,


a) comunicam-se as circunstâncias objetivas ainda que o partícipe delas não tivesse conhecimento.
b) responde pelo resultado quem, sem o dever de impedi-lo, mas podendo fazê-lo, se omitiu,
assentindo com sua produção.
c) no caso do infanticídio, a elementar estado puerperal jamais se comunica ao partícipe homem,
que será condenado, se for o caso, por crime de homicídio.
d) uma vez provado ausente o vínculo subjetivo entre os agentes, havendo incerteza quanto a
quem imputar o resultado lesivo, devem todos ser absolvidos se um deles utilizou meio
absolutamente impróprio para produzi-lo.
QUESTÕES DA OAB
5) Leia as proposições de I a V, escolhendo depois, dentre as alíneas "a" a "e", a única
alternativa completamente correta, partindo do seguinte fato concreto: "O médico
Doutor Mente Esquecida receitou uma injeção de 10 cm3 de determinada substância,
fazendo-o por descuido e evidente desatenção (estava com pressa de sair, porque iria a
uma festa), pois a dosagem máxima do medicamento prescrito seria 1 cm3. A
enfermeira Ivana Terrível percebeu o engano do médico, mas mesmo assim, como não
gostava do paciente, injetou as 10 cm3 e o doente morreu“:

I - O médico e a enfermeira são co-autores do crime.


II - A enfermeira é partícipe do crime do médico.
III - Inexistindo vínculo subjetivo entre eles, responderão por crimes culposos.
IV - O médico e a enfermeira responderão por crimes autônomos.
V - Responderão ambos por crimes dolosos(o médico, a titulo de dolo eventual, e a enfmeira, a titulo
de dolo direto).

a) Apenas as proposições I e V estão corretas.


b) Apenas as proposições II e V estão corretas.
c) Apenas as proposições II e III estão corretas.
d) Apenas a proposição IV está correta.
QUESTÕES para REFLEXÃO
1). O sujeito que desiste voluntariamente de uma conduta pode responder pela
tentativa deste crime?
Explique e justifique.

2). É possível arrependimento posterior de crime culposo?


Explique, justifique e fundamente.

3). Imagine que pai e mãe, de comum acordo, venham a matar uma criança por falta
de aleitamento. Como o caso será resolvido? Explique, justifique e fundamente.
Módulo V
Ilicitude
ILICITUDE
● CONCEITO

Alguns autores falam em “antijuricidade”. O termo não é correto uma vez que
o crime é um fato jurídico porque tem efeitos no mundo jurídico. Como pode
ser o crime jurídico e antijurídico ao mesmo tempo?

Assim, o correto é dizer que o crime é ilícito.


Ilicitude é a relação de antagonismo (de contrariedade) que se estabelece
entre uma conduta humana voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a
causar lesão ou expor a perigo de lesão um bem jurídico tutelado. A ilicitude
é a contradição entre um fato típico e a ordem jurídica.
• Antijuricidade formal e material

• Formal : conduta viola a Lei penal. É a contradição entre o fato e a Lei.


– Conceito formal de crime – crime = violação da Lei penal.

– confunde-se c/ tipicidade

• Material : conduta lesa ou ameaça de lesão o interesse protegido pela Lei


penal.

– Conceito material de crime- crime = lesão ou ameaça de lesão a um


bem penalmente protegido.

• ANTIJURICIDADE MATERIAL - PRINCÍPIO DA LESIVIDADE OU


OFENSIVIDADE

– É inerente à antijuridicidade a lesão ou ameaça de lesão a um interesse


penalmente protegido, acrescentando-se que somente haverá ilícito se
ferir bem jurídico de terceiro (Princípio da Alteridade).
• CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA LICITUDE.

• FUNDAMENTO LEGAL - O artigo 4º da LINDB que permite a utilização dos costumes e dos princípios
gerais do direito na interpretação da lei penal.

• Art. 23 CP - rol exemplificativo

– art. 23, III – exercício regular do direito em sentido amplo

– não vige a reserva legal para os tipos penais permissivos

– Art. 4.º LINDB →analogia, costumes, PGD.

• Exs.: remédio dado de pai a filho (exercício irregular de medicina); Furar orelha de menina recém
nascida (lesão corporal);

• CONSENTIMENTO DO OFENDIDO COMO CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE

– bem jurídico disponível (patrimônio, honra, integridade corporal na lesão leve, inviolabilidade
domiciliar ou de correspondência...)

– ofendido que consente deve ser capaz e maior de 18 anos

• Exceção: no caso de prática sexual o consentimento é válido a partir dos 14 anos


EXCLUDENTES DE ILICITUDE
● Toda vez que há um fato típico, em princípio, ele é ilícito, proibido. Porém, o Direito
Penal além de normas penais incriminadoras, traz também, normas penais não
incriminadoras, permissivas justificantes.
– Na presença de uma dessas normas, há o fato típico mas a ilicitude é afastada
uma vez que o legislados justificou tais condutas. Essas normas são
conhecidas como causas de exclusão da ilicitude.
● Em alguns momentos muito especiais, o legislador permitiu que o homem voltasse

seu comportamento contra bens juridicamente tutelados. Trata-se da única


possibilidade de autotutela no Direito Penal.
● O art. 23 traz para nós quatro possibilidades de exclusão da ilicitude:

● estado de necessidade (art. 24)

● legítima defesa (art. 25)

● estrito cumprimento do dever legal

● exercício regular de direito

➔ NÃO HÁ CRIME, UMA VEZ QUE O FATO É TÍPICO MAS NÃO É ILÍCITO.
• EXCESSO NAS CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
• Intensificação desnecessária ou descuidada da ação inicialmente justificada. 2 momentos:

– 1. O sujeito se encontra dentro dos limites da excludente justificando assim sua


conduta.

– 2. O sujeito ultrapassa esses limites seja com dolo seja com culpa.

• ESPÉCIES DE EXCESSO

• Doloso → o sujeito tem consciência e vontade de ultrapassar os limites da excludente, neste


caso responde por crime doloso considerando os atos praticados durante o excesso (CP - Art.
23 - Parágrafo único).

• Culposo ou Involuntário → o sujeito ultrapassa os limites da justificativa em razão de


imprudência ou negligência na análise das circunstâncias fáticas.

– É o excesso derivado de erro. Neste caso responde por crime culposo considerando os
atos praticados durante o excesso (CP - Art. 23 - Parágrafo único).

• Exculpante → o excesso decorre de profunda perturbação de ânimo do agente em razão de


situação extrema de medo, temor ou surpresa. Neste caso, conforme doutrina haverá
exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa.
1.Introdução
ESTADO DE NECESSIDADE
• O estado de necessidade está definido em nosso ordenamento jurídico por meio
do artigo 23, I, e conceituado no artigo 24, ambos do Código Penal Brasileiro.

2.Conceito

• Assim, como define o artigo 24, considera-se em estado de necessidade quem


pratica um ato criminoso para salvaguardar de perigo atual, direito próprio ou de
terceiro, cujo sacrifício em face das circunstâncias, não era razoável exigir-se.

• Portanto, é pacífico que existe o estado de necessidade quando alguém, para salvar
um bem jurídico próprio ou de terceiro exposto a perigo atual, sacrifica outro bem
jurídico.
ESTADO DE NECESSIDADE
• No estado de necessidade percebe-se claramente um conflito entre bens jurídicos em
perigo, sendo assim, o Estado permite que um seja sacrificado para salvaguarda do outro.
• Didaticamente é possível vislumbrar 2 momentos distintos:

1º. Situação de perigo ameaçadora de um interesse próprio ou alheio


2º. Prática de um ato que, proporcionalmente, para afastar o perigo sacrifica um interesse
alheio para salvaguarda daquele primeiro ameaçado

• Exemplos:
– 02 alpinistas sendo que a corda só sustenta 01
– violação de propriedade para apagar incêndio
– furto de automóvel para salvar vida
– furto famélico
– aborto para salvar vida da gestante
– 01 médico e 02 pacientes em risco de morte
– antropofagia.

• Natureza Jurídica do Estado de Necessidade


• Causa de exclusão da ilicitude → temos fato típico, porém lícito.
ESTADO DE NECESSIDADE
3.Requisitos:

1.atualidade do perigo: Atual deve ser entendido como o que está acontecendo. Trata-se de uma situação
presente. Assim, não se pode fazer valer do uso da excludente quando estiver o agente sob perigo tido
como incerto, passado ou ainda futuro, pela inexistência de uma probabilidade de ofensa ou lesão ao
bem jurídico em questão.

• Perigo causado por conduta humana, comportamento animal ou por força da natureza. Ex.: Invasão de
domicílio para escapar de agressão, de ataque de pit bull ou de tempestade.

• Perigo que ameaça direito próprio ou alheio


– Estado de necessidade próprio: para se salvar de perigo, lesiono bem de terceiro.
– Estado de necessidade de terceiro: lesiono bem de estranho para salvar outrem de perigo.

• Perigo não causado voluntariamente pelo agente que atua em estado de necessidade (involuntariedade
na causação do perigo)

– Não pode alegar estado de necessidade quem causou dolosamente o perigo seja por dolo seja por
culpa. Trata-se de posição das mais controversas. Contudo, o entendimento predominante em
nossas cortes se remete ao não reconhecimento da excludente somente quando incorreu o agente
em dolo na produção do perigo
• 2.inevitabilidade do perigo e inevitabilidade da lesão:

• Trata-se de questão fundamental para a existência do estado de necessidade a


inevitabilidade do perigo, assim como seja inevitável a lesão ao bem jurídico de
terceiro, sendo possível e admitida a fuga. O agente do fato necessário deve atuar
de forma a causar o menor estrago ou dano possível ao bem ou interesse de
terceiro, sob pena de agindo em excesso, seja culposo ou doloso, não sobrevir por
sobre a excludente em análise. Trata-se do denominado excesso punível, previsto
no parágrafo único do artigo 23 do CP.

• Deve ser inevitável – commudus dissenssus

• prática = último e único recurso disponível para se evitar a lesão.

• Para que a excludente seja acolhida se torna necessário que o agente não tenha
outro meio ao seu alcance senão lesionando o interesse de outrem.
ESTADO DE NECESSIDADE
3.Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado: Trata-se da importância do bem ameaçado em relação
ao que se sacrifica, ou seja, refere-se a um "confronto" de valoração entre ambos. No entanto, esta
comparação não deve ser feita sob rigor extremo de valoração dos bens em questão.
• É a idéia de proporcionalidade entre o fato necessitado como reação e a situação de perigo como
ação.
– Para proteger o patrimônio posso tirar uma vida? não.

• Sacrifício de bem de menor valor (patrimônio) para salvar bem de maior valor (vida)Estado de
necessidade que exclui a ilicitude - Estado de necessidade que exclui a ilicitude

• Sacrifício de bem de igual valor àquele salvo (vida x vida) (bem salvo e bem sacrificado tem igual
valor) - estado de necessidade que exclui a ilicitude

• Sacrifício de bem de maior valor (vida) para salvar bem de menor valor (patrimônio) - Estado de
necessidade não exclui a ilicitude, portanto haverá crime cuja pena será reduzida nos termos do
artigo 24 - § 2º e por força da aplicação do princípio da proporcionalidade da presença do risco
iminente.
– Art. 24 - § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços.

4.Conhecimento da situação justificadora da conduta: Por meio deste elemento, somente haverá a
situação excludente se o agente tinha consciência da situação de perigo e se agiu com a vontade
dirigida a salvaguardar o bem jurídico ameaçado
• FORMAS OU ESPÉCIES DE ESTADO DE NECESSIDADE

• Própria → o agente realiza o fato necessitado para salvar interesse próprio.

• De Terceiro → o agente realiza o fato necessitado para salvar interesse de outra pessoa física ou
jurídica.

• Real → é o descrito no artigo 24 do CP


– As duas espécies acima se encaixam nesta categoria

• Defensivo → o agente realiza o fato necessitado contra pessoa que causou a situação de perigo.

• A causa perigo a B → B furta carro de A e foge do perigo

• Agressivo → o agente realiza o fato necessitado contra terceiro inocente o qual não é o causador da
situação de perigo.

• A causa incêndio e coloca B em perigo → B invade patrimônio de C que nada tem com o
caso

• B não comete crime (direito penal) contra C, porém B vai ressarcir prejuízo (direito civil)
causado a C

• Putativo → só existe na mente do agente, ou seja, o agente pressupõe uma situação de perigo que
na realidade não existe. Portanto, o estado de necessidade putativo é produto de erro justificável na
análise da situação de perigo.
Exclusão do Estado de Necessidade
• Não pode alegar estado de necessidade o agente que tem o dever legal de enfrentar o
perigo, como preceitua o § 1º do artigo 24 do CP. São pessoas que em razão da função
ou ofício, tem o dever legal de enfrentar o perigo, não lhes sendo lícito sacrificar o bem
de terceiro para a defesa do seu próprio.
• No entanto, na análise desta exclusão, insurge uma questão fundamental, pois a lei fala
em dever legal. Está impossibilitado de alegar que se encontra em estado de
necessidade quem se acha sob dever jurídico?
• A doutrina, em sua ampla maioria, faz uma análise em sentido latu do termo dever
legal, abarcando assim, o conceito de dever jurídico. Essa opinião ganha força quando
analisada a Exposição de Motivos da Parte Geral do Código de 1940, que não foi
alterada pela Reforma de 1984, que dispõe: "A abnegação em face do perigo só é
exigível quando corresponde a um especial dever jurídico".

Causa de diminuição de pena = Nos termos do §2º do art. 24 do CP “embora seja razoável exigir-se o
sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.”
LEGÍTIMA DEFESA
• Ocorre LEGÍTIMA DEFESA quando o agente se defende de agressão injusta utilizando-se de
meios compatíveis com os do agressor. Alguns pontos devem ser observados, tais como o
excesso punível do agente.
• Princípios que devem ser seguidos: Proporcionalidade e Razoabilidade.

• A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude, ou seja, atuar em legítima defesa significa
praticar fato típico e lícito é, portanto uma norma penal permissiva.

• São requisitos:
a) agressão injusta, atual ou iminente;
b) direitos do agredido ou de terceiro, atacado ou ameaçado de dano pela agressão;
c) repulsa com os meios necessários;
d) uso moderado de tais meios;
e) conhecimento da agressão e da necessidade da defesa (vontade de defender-se).

A ausência de qualquer dos requisitos exclui a legítima defesa.


LEGÍTIMA DEFESA
A) Agressão injusta, atual ou iminente

Agressão é o ato que lesa ou ameaça um direito. Implica a idéia de violência. Mas nem
sempre, nos delitos omissivos não há violência, e mesmo em certos crimes comissivos, como
o furto com destreza, pode inexistir violência.

Deve a agressão ser atual ou iminente. Não existe legítima defesa contra agressão futura
nem contra a que já cessou.

Julio F. Mirabete “A reação deve ser imediata à agressão ou tentativa dela; a demora na
reação desfigura a descriminante”. Ex: vai para casa pegar arma e volta para acertar contas
com o agressor → não .

É compreensível a legítima defesa nos delitos permanentes, por exemplo, no seqüestro.

Deve também a agressão ser injusta, contra o direito, contra o que é lícito ou permitido.
Opondo-se ao que é ilícito, o defendente atua consoante o direito.

A reação do agredido é sempre preventiva: impede o início da ofensa ou sua continuidade,


que iria produzir maior lesão.
LEGÍTIMA DEFESA
B) Direitos do agredido ou de terceiro atacado ou ameaçado de dano pela agressão

Em relação ao titular do bem jurídico à agressão, há duas formas de legítima defesa:


I) própria, quando o autor da repulsa é o próprio titular do bem jurídico atacado ou
ameaçado;
II) de terceiro, quando a repulsa visa a defender interesse de terceiro.

Qualquer bem jurídico pode ser protegido através da ofensa legítima, não se
fazendo distinção entre bens pessoais ou impessoais (vida, honra, patrimônio,
etc.).

• Direito próprio ou de 3.º, inclusive da coletividade.


– Ex.: impedir ato obsceno em público, impedir pichação de bem público

• Honra? Adultério?
– leg. defesa = proporcionalidade.
– Ex.: injuria, difamação, calúnia (agressão) permite-se a reação física proporcional.
LEGÍTIMA DEFESA
C) Repulsa com os meios necessários
Meios necessários são aqueles que ao alcance do autor são indispensáveis a sua defesa e que
causam o menor dano ao agressor.

A medida da repulsa deve ser encontrada pela natureza da agressão em face do valor do bem
atacado ou ameaçado, circunstâncias em que se comporta o agente e os meios à sua disposição
para repelir o ataque. O meio escolhido deixará de ser necessário quando se encontrarem à sua
disposição outros meios menos lesivos. O sujeito que repele a agressão deve optar pelo meio
produtor do menor dano.

Damásio E. de Jesus “o sujeito que repele a agressão deve optar pelo meio produtor do menor
dano. Se não resta nenhuma alternativa, será necessário o meio empregado.”

D) Uso moderado de tais meios


Utilizar o meio que tenho em mãos até o exato momento que afastei o agressor
Moderação = não ultrapassa o necessário à repulsa de agressão.(Proporcionalidade)

O requisito da moderação na reação necessária é muito importante porque delimita o campo em


que pode ser exercida a excludente, sem que se possa falar em excesso.
Encontrado o meio necessário para repelir a injusta agressão, o sujeito deve agir com moderação.
LEGÍTIMA DEFESA
E) Elemento subjetivo da legítima defesa: conhecimento da situação de agressão e
da necessidade de defesa

A legítima defesa exige requisitos de ordem subjetiva: é preciso que o sujeito tenha
conhecimento da situação de agressão injusta e da necessidade da repulsa. Assim,
a repulsa legítima deve ser objetivamente necessária e subjetivamente conduzida
pela vontade de se defender. Como ensina Welzel, a ação de defesa é aquela
executada com o propósito de defender-se da agressão. Aquele que se defende
tem de conhecer a agressão atual e ter vontade de defesa. Trata-se da Teoria dos
elementos subjetivos de justificação

A falta de requisitos de ordem subjetiva leva à ilicitude da repulsa (fica excluída a


legítima defesa).
LEGÍTIMA DEFESA
Excesso

Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em vias de sofrê-la, em relação


ao meio usado o agente pode encontrar-se em três situações diferentes:
I) usa de um meio moderado e dentro do necessário para repelir à agressão;
II) de maneira consciente emprega um meio desnecessário ou usa
imoderadamente o meio necessário; e
III) após a reação justa (meio e moderação) por imprevidência ou
conscientemente continua desnecessariamente na ação.

No primeiro caso haverá necessariamente o reconhecimento da legítima defesa.


No segundo caso a legítima defesa fica afastada por estar excluído um dos seus
requisitos essenciais.
No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifica demasiada e
desnecessariamente a reação inicialmente justificada. O excesso poderá ser
doloso ou culposo. O agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
• EXCESSO NA LEGITIMA DEFESA

• Significa a intensificação desnecessária na conduta inicialmente


justificada.

• A legitima defesa admite 4 formas de excesso:

– já cessada a agressão injusta;

– emprego de meios desnecessários → hipótese em que o agente não utiliza o


meio menos vulnerante (lesivo) ao agressor;

– Falta de moderação no uso dos meios necessários;

– Derivado de erro = exculpante


• Espécies:
• Própria: ocorre quando o autor da repulsa é o titular do bem ameaçado ou lesionado pela
agressão.

• de 3.º: ocorre quando a repulsa a agressão visa defender interesse de 3.º

• Real art. 25 CP - AS DUAS ESPÉCIES ACIMA SE ENQUADRAM NA CATEGORIA DE LEGITIMA


DEFESA REAL, ISTO É, A AGRESSÃO EFETIVAMENTE EXISTE.

• Putativa : imaginária, decorre de erro. O agente supõe agir em legitima defesa, mas na
realidade não age.
– Ex.: supõe a agressão injusta que na realidade não ocorre. (Erro inicial)

• Sucessiva: legitima defesa contra o excesso. É a repulsa contra o excesso.


– A agride injustamente B
– B proporcionalmente repulsa a agressão agindo em leg. Defesa real contra A
– A foge
– B diante da fuga passa agredir injustamente A agindo em excesso
– A sentindo-se agredido repulsa a agressão agindo em legítima defesa sucessiva em face
de B

• QUESTÃO PARA REFLEXÃO: EM QUE CONSISTE A LEGÍTIMA DEFESA EXCULPANTE?


LEGÍTIMA DEFESA
Legítima Defesa X Estado de Necessidade

1) no estado de necessidade há conflito entre bens jurídicos; na legítima defesa há


ataque ou ameaça de lesão a um bem jurídico;

2) no estado de necessidade o bem jurídico é exposto a perigo; na legítima defesa o


interesse sofre uma agressão;

3) no estado de necessidade o perigo pode advir de conduta humana, força da


natureza ou de ataque de irracional; só há legítima defesa contra agressão humana;

4) no estado de necessidade o necessitado pode dirigir sua conduta contra terceiro


alheio ao fato; na legítima defesa o agredido deve dirigir seu comportamento
contra o agressor;

5) na legítima defesa a agressão deve ser injusta; no estado de necessidade pode


ocorrer à hipótese de duas pessoas, titulares de bens juridicamente protegidos,
causarem lesões recíprocas.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
• Estrito = rigorosa observância dos termos legais - dentro dos limites de proporcionalidade.
• Características:

– A lei impõe determinada obrigação

– A ação deve limitar-se ao cumprimento do dever legal, caso contrário ficará


caracterizado excesso.

• O dever moral e/ou religioso não exclui a ilicitude do fato, sendo assim haverá crime.
– Ex.: sacerdote que , s/ consentimento , entra em residência para pregar evangelho = 150
CP. não exclui a ilicitude, há crime.

• Exemplos:
– Prisão em flagrante por policial 301 302 CPP
– Cumprimento de mandado de busca e apreensão, mandado de despejo, mandado de
prisão, pelo Oficial de Justiça.
– A execução da pena de morte nos termos do art. 84, XIX, da CF 88.
– Artigo 163 CPP exumação de cadáver
– Artigo 240 § 1º., f CPP apreensão de cartas em busca domiciliar
– Artigo 41, § único da LEP – interceptação da correspondência do detento pelo diretor do
estabelecimento prisional.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
O art.23, parte final, do CP determina que não há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de
direito. Ex.: liberdade de censura prevista no art.142 do CP; direito de correção do pai em relação ao filho.

Desde que a conduta se enquadre no exercício de um direito, embora típica, não apresenta o caráter de
antijurídica. Exige-se também o requisito subjetivo: conhecimento de que o fato está sendo praticado no
exercício regular de um direito.

No exercício regular do direito o elemento chave está no "exercício regular", pelo que deverá atender aos
requisitos objetivos traçados pelo poder público. A excludente ficará afastada se houver uso irregular ou
abuso de direito e haverá excesso se for além do preconizado. O excesso poderá ser doloso ou culposo.

• Prisão em flagrante por particular – 310, 302 CPP


• Correção de filhos pelos pais
• Desforço imediato (reação física ao esbulho de posse)
• violência esportiva desde que haja à obediência irrestrita às regras do jogo, caso contrário, haverá excesso
punível
• art. 22, III, d Lei 11.101/05 (recuperação judicial) – possibilita ao administrador judicial, sob a fiscalização do
juiz e do Comitê, na falência, receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando ao mesmo
aquelas que não contenha assunto pertinente à massa;
• OFENDÍCULOS

• São instrumentos predispostos para defesa da pessoa ou


patrimônio.

– Exemplos: cerca elétrica, caco de vidro no muro, alarme, arame


farpado, cachorro, etc.

• exercício regular do direito - deve ser proporcional e


razoável.

– Exemplo: cerca elétrica com descarga suficiente para afastar o


invasor e não para lesioná-lo ou matá-lo; altura em que está
colocada a cerca elétrica,...
EXAME DA OAB
1) Sobre as causas excludentes da ilicitude, assinale a alternativa CORRETA:
a) Haverá estado de necessidade justificante ainda que o bem sacrificado seja mais
importante que o bem preservado;
b) Mesmo quem tem o dever legal de enfrentar o perigo pode agir em estado de
necessidade;
c) Somente lei em sentido formal pode fixar o dever que justifica o estrito
cumprimento do dever legal;
d) Ainda que possível a fuga, poderá haver legítima defesa.

2) São causas excludentes da ILICITUDE, EXCETO:


a) o exercicio regular do direito;
b) o aberratio criminis;
c) estrito cumprimento do dever legal;
d) a legítima defesa;
QUESTÕES para REFLEXÃO

1) Alguém, ao destruir a propriedade alheia para impedir a propagação de um


incêndio que pusesse em risco a vida de várias pessoas, agiria em estado de
necessidade defensivo?
Justifique.

2) Se, após o encerramento de uma luta de boxe, ainda no ambiente da disputa,


um dos lutadores desfechar um golpe na nuca de seu adversário, de forma anti-
esportiva e violando as regras do combate, causando-lhe a morte, ainda assim, tal
prática será tipificada como exercício regular de direito? Justifique.

3)Explique em que consistem as descriminantes putativas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal.vol.1, parte geral,16ª. ed. Saraiva. São Paulo,2012

• ESTEFAM,André. Direito Penal, vol.1, parte geral, 2ª. Ed. Saraiva. São Paulo, 2012

• _____________; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral, 2ª.
Ed. Saraiva. São Paulo, 2013.

• JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal,vol.1, parte geral, 31ª. ed.Saraiva.São Paulo, 2010

• MIRABETE, Julio Fabrini; MIRABETE,Renato. Manual de Direito Penal. Vol. 1, Parte Geral, 28ª. Ed.
Atlas. São Paulo, 2012

• MONTEIRO DE BARROS, Flávio Augusto. Direito Penal. Parte Geral, vo.1. Saraiva. São Paulo, 2011

• NUCCI,Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, parte geral : parte especial. Ed.RT. São Paulo,
2005

• ______________________.Código Penal Comentado. 6ª. Ed. ed. RT. São Paulo, 2005.

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