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Transcrição – Turma de Exercícios – Diurna (16/03/2010 a 29/04/2010)


FESUDEPERJ – Fundação Escola Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro

TURMA DE EXERCÍCIOS DIURNA


CONCURSO DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

AULA 01 – 16/03/2010 - PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA


PROFESSOR: PETRÚCIO MALAFAIA VICENTE
Para essa prova traçaremos algumas considerações, mas para isso, antes de
iniciarmos, gostaria que fizessem uma leitura superficial de todas as questões apresentadas e
durante a realização, vamos tecer alguns comentários. Leiam, para que possamos comentar e
fazer algumas observações sobre as questões tratadas.

ALGUMAS DICAS INICIAIS:

É bem provável que no dia da prova você receba um caderno de respostas e a banca
ainda terá que se reunir para confeccionar as perguntas. O aluno terá que aguardar essa
confecção no dia da prova (29/05/2010), a partir o horário de chegada, que está previsto para a
parte da manha, mas o aluno somente terá conhecimento das questões quase 5 (cinco) horas
depois. Será um atraso longo, pois, para essa prova o número dos inscritos já passou dos 3.000.

É provável que tenhamos questões mais elaboradas e práticas, sendo certo que o
aluno, na primeira prova, tem somente até 10 (dez) linhas para apresentar sua resposta. Se existe
um espaço de 10 linhas, isso não significa que você obrigatoriamente deve usar esse espaço todo,
pois há questões que quanto mais se escreve, mais se aumenta a chance de errar. Se faça
mentalmente a seguinte pergunta: eu acho que já respondi a proposta em 5 linhas? Se a resposta
for positiva, não é preciso que se escreva mais, deixe a sobra, não queira “encher lingüiça”, pois
o aluno pode enveredar por um caminho errado.

Outra coisa, não rasure o caderno de questões, não criem espaços que não existem,
não tracem linhas. Ademais, se na língua portuguesa foi criado o parágrafo, não comece a
responder colado na margem, use o parágrafo, pois, caso contrário, já se está violando a norma
portuguesa. Não existe isso economia. Seja articulado, use parágrafos, articulação das idéias,
separando-as para que haja a inconização da linguagem. A resposta tem que estar de forma
didaticamente apresentada e clara.

O concurso é, na primeira fase, sem consulta, mas nem por isso o aluno está
dispensado da fundamentação. Apresente uma fundamentação genérica, mas se a prova
possibilitar consulta, com certeza, essa fundamentação será mais específica. Vou lhes dar um
exemplo – questão: Pode o Defensor Público, na defesa das prerrogativas do Órgão, impetrar
Mandado de Segurança? Exemplo de resposta: De acordo com a determinação prevista na Lei
Orgânica Nacional, recentemente alterada, mas se o aluno não se recorda o artigo específico, não
tem problema, pois a prova é sem consulta. Apresente sempre a fundamentação genérica – aqui,
nesse caso, a Lei Orgânica, pois você deve apresentar a origem da sua resposta, que estará quase
sempre em alguma norma legal e jurisprudência (STJ, STF e TJ/RJ).

Caso o aluno for usa fundamentação baseada em súmulas dos Tribunais, mas não se
recorda de qual Tribunal ou o número da súmula, não tenha essa preocupação, coloque
“conforme entendimento dos tribunais”.

Após essas breves considerações, vamos às questões, mas façam da seguinte forma,
leiam, respondam em aproximadamente 1(um) minuto, antes de eu apresentar a solução:

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QUESTAO 01 – É constitucional o poder de requisição do Defensor Público do Estado de


Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro?

Essa é uma questão atual, recentemente decidida no Supremo, então, possivelmente é


uma questão que pode cair na prova, diante da seguinte manchete publicada: Supremo Tribunal
Federal declara inconstitucional o poder de requisição do Defensor Público. Assim, em cima
dessa manchete, desse julgado, pode ser que seja feita alguma questão.

STF julga prerrogativas dos defensores públicos do estado do Rio de


Janeiro

O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou parcialmente procedente


a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 230) em que o governo do
Rio de Janeiro questionava itens da Constituição estadual sobre
prerrogativas dos defensores públicos, como aposentadoria, estabilidade e
inamovibilidade. Como o caso chegou à Corte em 1990, alguns
dispositivos foram considerados prejudicados em razão de norma
superveniente sobre o assunto e para outros foi declarada a
inconstitucionalidade.

No início de seu voto, a relatora, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha,


chamou atenção para a circunstância de que, além das emendas à
Constituição Federal e estadual, também já sobreveio a Lei
Complementar 80, que organiza a Defensoria Pública da União, do
Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua
organização nos Estados, e a Lei Complementar 132, que alterou
dispositivos da Lei Complementar 80. Além disso, os dispositivos
sofreram modificações em relação à numeração original.

Em relação ao art. 178, inciso I, alínea “f”, que se refere à aposentadoria,


a relatora julgou prejudicado por perda superveniente do objeto em razão
da alteração da norma parâmetro, inclusive da norma estadual que
também já se adaptou ao art. 40 da Constituição Federal. Neste ponto,
todos acompanharam seu entendimento.

Em relação ao art. 178, inciso I, alínea “g”, que fixa a estabilidade dos
defensores a partir de dois anos, ela julgou prejudicado porque a
Constituição (norma de parâmetro) mudou, e agora esse prazo é de três
anos. Mas, a parte final, quando se fixa que o defensor “não perderá o
cargo, senão por sentença judicial transitada em julgado”, a relatora
julgou o pedido procedente por afronta ao art. 41, parágrafo 1º, inciso II,
da Constituição Federal, que estabelece que o servidor também pode
perder o cargo mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa.

Mas, após ponderações dos ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, a


ministra reajustou seu voto para declarar todo o dispositivo
inconstitucional, considerando que poderia prevalecer o preceito da
Constituição Estadual e os defensores públicos fluminenses poderiam
continuar a ter estabilidade após dois anos de atividade. Por unanimidade,
o item foi julgado procedente.

Quanto ao art. 178, inciso II, que se refere à inamovibilidade dos


defensores públicos, a relatora a princípio o considerou improcedente. O
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ministro Marco Aurélio votou pelo prejuízo porque o Plenário concluiu


em oportunidade anterior que a defensoria não teria inamovibilidade,
passou a ter com a emenda [constitucional]. Logo, o parâmetro de cotejo
foi modificado e o pedido está prejudicado. O ministro Dias Toffoli votou
no mesmo sentido e o Plenário decidiu por julgar prejudicado o
dispositivo, em razão da mudança de parâmetro. “Se julgarmos
improcedente a ação, nós vamos declarar que essa norma nasceu
constitucional e ela não nasceu constitucional”, concluiu Toffoli.

Já em relação ao art. 178, inciso IV, alínea “a”, que estabelece como
prerrogativa do defensor público poder requisitar
administrativamente de autoridade pública e dos seus agentes ou de
entidade particular certidões, exames, perícias, vistorias, diligências,
processos, documentos, informações, esclarecimentos, providências
necessárias ao exercício de suas atribuições, a ministra Cármen
Lúcia encaminhou a votação no sentido de julgar procedente apenas
a expressão “ou de entidade particular” e dar interpretação
conforme ao que ficaria em relação à autoridade pública.

Seguiu-se um debate sobre a interpretação conforme, com a preocupação


de não se criar um “superadvogado”, com “superpoderes”, o que
quebraria a igualdade com outros advogados, que precisam ter certos
pedidos deferidos pelo Judiciário. O ministro Carlos Ayres Britto
lembrou que, pela Constituição Federal, o Ministério Público pode
requisitar informações e documentos. Depois das ponderações, a ministra
Cármen Lúcia reajustou seu voto para declarar integralmente
inconstitucional o dispositivo.

Em relação ao art. 178, inciso IV, alínea “b”, que se refere à comunicação
pessoal e reservada com o preso, e alínea “c”, sobre livre trânsito aos
órgãos públicos, o Plenário julgou improcedentes ambos os pedidos,
considerando que estão de acordo com a Lei Complementar 80 e o
Estatuto dos Advogados.

JA/LF * Acompanhe o dia a dia do STF também pelo Twitter


(http://twitter.com/stf_oficial) Processos relacionados ADI 230
A maneira pela qual a informação foi passada pelo Supremo e da forma como ela foi
recebida aqui na Defensoria, essa informação veio com uma impressão abrangente e absolutista;
contudo, depois de devidamente analisada e examinada, percebemos que não deve ser vista dessa
forma. Assim ficou a impressão de que o Defensor não teria mais o poder de requisição, mas é
importante a análise do julgado, não só pela leitura, mas pelo vídeo e da discussão travada no
Plenário, para percebemos que o enfoque é outro.

EXPLICAÇÃO PARA A RESPOSTA:

Narrando fatos: Na Constituição do Estado do Rio de Janeiro que é de 1989, existe o


art. 178, IV, “a” no qual está previsto o poder de requisição. Em 1990 foi proposta a Ação Direta
de Constitucionalidade (ADI) de n° 230, mas em 1991 houve uma emenda que renumerou os
dispositivos aquilo que era 178 que passou a ser 181, pois houve uma revogação. A ADI foi
proposta em face da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, sob o argumento central de que
“o poder de requisição é matéria de processo” e assim sendo, somente quem pode dispor sobre
este assunto é a União Federal (art. 22, I da Constituição Federal), concluindo a petição inicial da
ADI pela inconstitucionalidade.

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No dia 01/02/2010, a Ministra Carmen Lúcia, levou ao Plenário a questão ao


Plenário, que declarou o dispositivo da Constituição Estadual inconstitucional, pois o estado não
pode legislar sobre esse tema, quem deve dispor sobre esse assunto é competência da União.

A Lei Complementar 80/94, que é a Lei Orgânica Nacional da Defensoria, que sofreu
várias alterações, no ano de 1994, no art. 128, X, trouxe o poder de requisição. Ora, isso em
concreto é a União dispondo da matéria.

Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do


Estado, dentre outras que a lei local estabelecer:

(...)

X - requisitar de autoridade pública ou de seus agentes exames, certidões,


perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações,
esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas
atribuições;

O que o STF disse foi que o estado não pode dispor da matéria, o que foi declarado
inconstitucional foi o dispositivo da CE/89, e não a LC 80/94. Assim, vejam a estrutura da LC
80/94. Olhando abaixo, o poder de requisição está localizado, no Título IV, numa lei da União
que dispõe norma geral para todas as Defensorias da União

TÍTULO I
Das Disposições Preliminares

TÍTULO II
Da Organização da Defensoria Pública da União

TÍTULO III
Da Organização da Defensoria Pública do Distrito Federal e Dos
Territórios

TÍTULO IV
Das Normas Gerais para a Organização da Defensoria Pública
dos Estados

TÍTULO V
Das Disposições Finais e Transitórias

Então, imagina a confusão que causa uma lida superficial na redação de um


Informativo do STF, o aluno ficaria confuso. Procurem assistir também os áudios dos julgados,
pois a questão da paridade das armas entre advogado e defensor ficou confusa pela redação dada
ao informativo, mas a discussão travada se deu sobre a Constituição Estadual.

Em uma pergunta como a nossa proposta para responder, seria pertinente mencionar
o julgado, pois quem vai examinar nem sempre está estudando, você aluno é quem deve estar
atualizado. Por isso eu sugiro, numa questão como essa, responder:

O STF recentemente declarou inconstitucional dispositivo da Constituição do


Estado do Rio de Janeiro que outorga sobre poder de requisição, sob o argumento de que
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tal tema é matéria de processo, que é de competência da União Federal, nos termos do art.
22, I da Constituição Federal.
Contudo, a União Federal, em 1994, deu iniciativa a um Projeto de Lei,
outorgando ao Defensor Publico o poder de requisição; logo, o Defensor Público tem o
poder de requisição, tanto que, no julgamento, o STF trouxe o dispositivo dessa lei nova à
baila no julgamento e o excluiu de seu exame, pois a ADI 230 diz respeito somente à norma
prevista na Constituição Estadual.
Assim sendo, o poder de requisição é constitucional, pois não fere o art. 22, I da
CF/88.

QUESTÃO 4 – Quais são as diferenças entre garantias e prerrogativas dos Defensores?

Existem dois clássicos institutos que durante muitos anos aparecem em provas, as
garantias e prerrogativas. Esses dois tópicos caem nas provas com freqüência, seja com
diferenças, exemplos ou questões concretas.

É importante para o estudo que seja catalogado separadamente o rol das garantias e o
rol das prerrogativas. Bem os conheça, pois quando a questão se apresentar, o aluno poder iniciar
a resposta assertivamente, registrando que conhece o instituto.

As garantias são preconizadas no art. 127 da Lei Complementar 80/94, ao passo que
as prerrogativas encontram previsão legal no art. 128 da mesma lei, sendo certo que o rol das
garantias não sofreu alteração recente, em contrapartida, a ADI 230 firmou posição diante de
uma controvérsia da qual falaremos adiante.

Art. 127. São garantias dos membros da Defensoria Pública do Estado,


sem prejuízo de outras que a lei estadual estabelecer:

I - a independência funcional no desempenho de suas atribuições;


II - a inamovibilidade;
III - a irredutibilidade de vencimentos;
IV - a estabilidade.

As prerrogativas estão no art. 128, da LC 80/94, alterada pela LC 132/2009, tendo


modificado os incisos I, VI e VIII:

Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do


Estado, dentre outras que a lei local estabelecer:

I - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição,


contandoselhe em dobro todos os prazos;

I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com


vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou
instância administrativa, contando-se-lhes em dobro todos os prazos;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

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II - não ser preso, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante,
caso em que a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público
Geral;

III - ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado Maior,


com direito a privacidade e, após sentença condenatória transitada em
julgado, ser recolhido em dependência separada, no estabelecimento em
que tiver de ser cumprida a pena;

IV - usar vestes talares e as insígnias privativas da Defensoria Pública;

V - (VETADO);

VI - comunicarse, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda


quando estes se acharem presos ou detidos, mesmo incomunicáveis;

VI – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos,


ainda quando estes se acharem presos ou detidos, mesmo
incomunicáveis, tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais,
prisionais e de internação coletiva, independentemente de prévio
agendamento; (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de
2009).

VII - ter vista pessoal dos processos fora dos cartórios e secretarias,
ressalvadas as vedações legais;

VIII - examinar, em qualquer repartição, autos de flagrante, inquérito e


processos;

VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de


flagrantes, inquéritos e processos, assegurada a obtenção de cópias e
podendo tomar apontamentos; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).

IX - manifestar-se em autos administrativos ou judiciais por meio de cota;

X - requisitar de autoridade pública ou de seus agentes exames, certidões,


perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações,
esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas
atribuições;

XI - representar a parte, em feito administrativo ou judicial,


independentemente de mandato, ressalvados os casos para os quais a lei
exija poderes especiais;

XII - deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente incabível


ou inconveniente aos interesses da parte sob seu patrocínio, comunicando
o fato ao Defensor Público Geral, com as razões de seu proceder;

XIII - ter o mesmo tratamento reservado aos Magistrados e demais


titulares dos cargos das funções essenciais à justiça;

XIV - ser ouvido como testemunha, em qualquer processo ou


procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com a
autoridade competente;

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XV - (VETADO);

XVI - (VETADO).

Parágrafo único. Quando, no curso de investigação policial, houver


indício de prática de infração penal por membro da Defensoria Pública do
Estado, a autoridade policial, civil ou militar, comunicará imediatamente
o fato ao Defensor Público Geral, que designará membro da Defensoria
Pública para acompanhar a apuração.

Vamos comentar o inciso VIII, por exemplo, naquilo que foi acrescentado pela
alteração legal, resolveu transformar em norma legal um tema que era controvertido, que chegou
a ter discussão, e o Supremo decidiu, inclusive, sumulando a matéria. O que existia no inciso
VIII gerou controvérsias, chegando ao Supremo, que decidindo sobre o tema elaborou o
Enunciado de Súmula Vinculante n° 14:

Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.

Data de Aprovação: Sessão Plenária de 02/02/2009 / Fonte de


Publicação: DJe nº 26, p. 1, em 9/2/2009. DOU de 9/2/2009, p. 1.

Referência Legislativa: Constituição Federal de 1988, art. 1º, III, art. 5º,
XXXIII, LIV e LV./ Código de Processo Penal de 1941, art. 9º e art. 10./
Lei 8906/1994, art. 6º, parágrafo único, e art. 7º, XIII e XIV.

Precedentes: HC 88520 - Publicação: DJe nº 165, em 19/12/2007 / HC


90232 - Publicação: DJ de 2/3/2007 / HC 88190 - Publicação: DJ de
6/10/2006/ HC 92331 - Publicação: DJe nº 142, em 1/8/2008/ HC 87827 -
Publicação: DJ de 23/6/2006/ HC 82354 - Publicação: DJ de 24/9/2004 /
HC 91684 - Publicação: DJe nº 71, em 17/4/2009.

Observação: Veja acórdão da PSV 1 (DJe nº 59/2009), que aprovou a


Súmula Vinculante 14.

Então, a LC 132/2009, transformou em norma aquilo que já tinha se tornado súmula


vinculante. O tema é sobre as prerrogativas é novo, não somente pelo fato de ter havido alteração
normativa, mas também pelo fato de ter transformado em norma matéria sumulada pelo
Supremo.

No rol das prerrogativas, percebe-se, com a análise do caput, que esse elenco é
meramente exemplificativo e examinando esse rol se verifica um clássico problema interno –
DEFENSOR PODE TER PORTE DE ARMA? Isso porque, sendo exemplificativo, sofre
complementação, principalmente pela Lei Orgânica Complementar Estadual.

Se formos verificar a Lei Orgânica da Magistratura e do MP, encontramos amparo


legal, no rol das prerrogativas deles, mas no caso da Defensoria há uma discussão, pois não
encontra previsão na LC 80/94 e a norma recente 132/09, também não dispõe. Assim, onde
estaria previsto o porte de arma de Defensor Público? Coloquem uma remissão no art. 128:
ver Lei Orgânica Estadual da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (LC 06/77) (baixar de
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br) no art. 87.
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Sobre esse assunto há controvérsia – 2 correntes: a questão não era discutida até o
surgimento do Estatuto do Desarmamento 10.826/2003, na qual a regra é o desarmamento –
vedação ao porte de arma – art. 6º, salvo (em dois núcleos de exceção) nas autoridades elencadas
no primeiro grupo, nas quais não constam nem o Defensor, nem Promotor, nem o Juiz. Já no
segundo grupo de exceções “ressalvada legislação própria” – Lei Orgânica Nacional, entra
Promotor e Juiz, mas não existe a previsão para Defensor, que somente tem previsão na Lei
Orgânica Estadual. Eis a controvérsia:

1ª CORRENTE: O DEFENSOR NÃO TEM PORTE: A regra do Estatuto é o


desarmamento, o Defensor Público não está inserido e nenhum dos rols de exceção, acrescido do
fato de que é vedado pelo legislador a lei ou autoridade estadual instituir o porte de arma. Para
esta corrente, a ressalva alcança somente a Lei Orgânica Nacional, não a Estadual.

2ª CORRENTE; O DEFENSOR TEM PORTE DE ARMA: A Lei Complementar


Estadual 06/77 concedeu o porte de arma, o Estatuto do Desarmamento, quando fez a previsão
de excepcionar legislação própria validou o porte de arma do Defensor Público quando previsto
na legislação estadual, no caso o Rio de Janeiro.

INIDICAÇÃO DE RESPOSTA DA QUESTÃO 4

Os institutos das garantias e das prerrogativas são diversos, sendo certo que as
garantias estão previstas no art. 127 da LC 80/94 e são constitucionais.

Art. 127. São garantias dos membros da Defensoria Pública do Estado,


sem prejuízo de outras que a lei estadual estabelecer:

I - a independência funcional no desempenho de suas atribuições;


II - a inamovibilidade;
III - a irredutibilidade de vencimentos;
IV - a estabilidade.
Quando se fala nesses institutos isso lhes remete à Constituição Federal,
principalmente quando se compara com o caput do art. 5ª da CF/88, isso porque o termo garantia
toma-se por base que tem lastro constitucional. Já o mesmo não ocorre quando tratamos das
prerrogativas, que possuem mera previsão legal.

Assim, a distinção começa pela origem: a garantia é constitucional, enquanto a


prerrogativa é legal. Ademais, se formos analisar as garantias pelas suas finalidades, verificamos
que essas tem como objetivo propiciar ao Defensor a liberdade no exercício de sua função, de
forma a não ficarem vinculados ou pressionados por agentes políticos. Então garantia é uma
proteção que a norma constitucional dá ao Defensor possa livremente agir de acordo com a
sua livre consciência.

As prerrogativas, previstas no art. 128, previstos em lei, foram criadas com o


objetivo de facilitar a atuação do Defensor Público, em razão do volume de assistidos. Então
para prestigiar o interesse do assistido, para que ele seja atendido, a norma dá prerrogativas ao
Defensor. Assim sendo, a prerrogativa é um privilégio legal, que a norma concede ao
Defensor, que não viola o princípio da igualdade com relação ao advogado (essa questão já
chegou ao Supremo).

A estrutura de uma Defensoria não pode ser comparada a uma estrutura de um


escritório de advocacia. Assim para que um Defensor possa atuar com as mesmas condições que

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um advogado, com paridade de armas, precisa dessas prerrogativas, facilidades, para poder
disputar com igualdade de condições.

QUESTÃO 5: Quais são as prerrogativas que sofreram alteração pela LC 132/2009?

Essas alterações foram pontuais, ocorreram no art. 128, com inserções nos incisos,
novidades:

I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos


com vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição
ou instância administrativa, contando-se-lhes em dobro todos os prazos;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

Essa inserção - mediante entrega dos autos com vista, - se justifica pelo art. 3ª,
inciso VI da LC 80/94 – objetivo da Defensoria Pública – garantir a ampla defesa e o
contraditório. Somente recebendo os autos com vista é se vai poder exercer totalmente essa
garantia. Se no processo houver violação à prerrogativa haverá nulidade.

A segunda alteração ocorreu no inciso VI:

VI – comunicar-se, pessoal e reservadamente, com seus assistidos, ainda


quando estes se acharem presos ou detidos, mesmo incomunicáveis,
tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de
internação coletiva, independentemente de prévio agendamento;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

A inserção “tendo livre ingresso em estabelecimentos policiais, prisionais e de


internação coletiva, independentemente de prévio agendamento”, tem como objetivo evitar
que o Defensor seja “barrado” pelos integrantes do sistema prisional e não consiga verificar as
reais condições do preso nas unidades carcerárias, isso porque se houver agendamento ou
demora na visita, frequentemente o ambiente é modificado propositalmente para ludibriar o
Defensor em sua vistoria.

Caso haja a proibição concreta de entrada do Defensor, requisita-se força policial


para entrar, o art. 28 da Constituição Estadual prevê – “constitui falta grave do servidor, impedir
ou dificultar o acesso”. Isso porque são os Direitos Humanos que estão em jogo, aqueles ligados
à pessoa humana, principalmente com relação ao preso.

Assim, se a ilegalidade persistir, impetra-se Mandado de Segurança, e chamar força


policial para verificar a existência de crime. A Defensoria (instituição) deve ser comunicada.

A última modificação se deu no inciso VIII:

VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de flagrantes,


inquéritos e processos, assegurada a obtenção de cópias e podendo
tomar apontamentos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de
2009).

A inserção foi “assegurada a obtenção de cópias e podendo tomar


apontamentos”. O inquérito tem como característica principal a sua sigilosidade. Assim quando
o Defensor quer examinar inquérito, a delegacia tenta impedir, no entanto, a Constituição
assegura ao Defensor o acesso ao inquérito, com base na ampla defesa e no contraditório. Diante
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da recusa, a medida judicial cabível é uma medica cautelar, normalmente de produção antecipada
de prova ou Mandado de Segurança.

O direito líquido e certo, comprovado de plano, no caso de Mandado de Segurança,


pode ser comprovado pela presença de um colega para presenciar o fato e servir como
testemunha, que fará um relato por escrito, que será até uma prova relativa, mas é um elemento
probatório de convicção para o juiz.

Vamos voltar à questão nº 2

QUESTÃO 2 – É privativa a competência dos notários para certificar a autenticidade de


documentos?
Os atos notariais registrais vêm previstos na Constituição Federal, no art. 236, e
regulamentando a Constituição, existe a Lei de Cartórios de n° 8.934/94, a qual diz que é
competência privativa certificar a autenticidade de documentos, ocorre que quando precisávamos
de cópias autenticadas, mandávamos para o cartório o assistido com um requerimento/oficio de
gratuidade e o tabelião tinha que ter esse trabalho e ainda arcar com o custo disso, era ele quem
pagava essa conta.

Nesse sentido, com o objetivo de conferir celeridade e economia surgiu a LC 80/94


alterada pela LC 132/09, no art. 108, parágrafo único, inciso, III, fazendo com que aquilo que era
competência privativa dos notários registradores, passasse a ser concorrente, mas somente
naqueles processos em que o Defensor está atuando. Assim, o próprio Defensor pode conferir o
documento com o original e lhe garantir a autenticidade.

Art. 108. Aos membros da Defensoria Pública do Estado incumbe,


sem prejuízo de outras atribuições estabelecidas pelas Constituições
Federal e Estadual, pela Lei Orgânica e por demais diplomas legais, a
orientação jurídica e a defesa dos seus assistidos, no âmbito judicial,
extrajudicial e administrativo. (Redação dada pela Lei Complementar nº
132, de 2009).

Parágrafo único. São, ainda, atribuições dos Defensores Públicos


Estaduais: (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

I – atender às partes e aos interessados; (Incluído pela Lei Complementar


nº 132, de 2009).

II – participar, com direito a voz e voto, dos Conselhos


Penitenciários; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

III – certificar a autenticidade de cópias de documentos necessários à


instrução de processo administrativo ou judicial, à vista da
apresentação dos originais; (Incluído pela Lei Complementar nº 132,
de 2009).

IV – atuar nos estabelecimentos prisionais, policiais, de internação e


naqueles reservados a adolescentes, visando ao atendimento jurídico
permanente dos presos provisórios, sentenciados, internados e
adolescentes, competindo à administração estadual reservar instalações
seguras e adequadas aos seus trabalhos, franquear acesso a todas as
dependências do estabelecimento independentemente de prévio
agendamento, fornecer apoio administrativo, prestar todas as informações
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solicitadas e assegurar o acesso à documentação dos assistidos, aos quais


não poderá, sob fundamento algum, negar o direito de entrevista com os
membros da Defensoria Pública do Estado. (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).

A Instituição da Defensoria atualmente tem investido cada vez no atendimento do


assistido, pois é importante que cada núcleo tenha uma estrutura para minimizar outros custos e
principalmente facilitar a vida do assistido.

QUESTÃO 3 – A busca de uma solução extrajudicial é um dever ou uma faculdade dos


Defensores Públicos?

Indico a vocês que procurem no site da Presidência, na Legislação por assuntos, em


outros temas, o 2º Pacto Federativo do Estado, em que você vai encontrar os objetivos da política
nacional (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Outros/IIpacto.htm), onde o maior objetivo é
melhorar a imagem do Poder Judiciário e principalmente incentivar a conciliação, a composição
de conflitos.

RESOLVEM:

Firmar o presente PACTO REPUBLICANO DE ESTADO POR UM


SISTEMA DE JUSTIÇA MAIS ACESSÍVEL, ÁGIL E EFETIVO,
com os seguintes objetivos:

I - acesso universal à Justiça, especialmente dos mais necessitados;

II - aprimoramento da prestação jurisdicional, mormente pela


efetividade do princípio constitucional da razoável duração do processo e
pela prevenção de conflitos;

III - aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições de Estado para


uma maior efetividade do sistema penal no combate à violência e
criminalidade, por meio de políticas de segurança pública combinadas
com ações sociais e proteção à dignidade da pessoa humana.

Para a consecução dos objetivos estabelecidos neste Pacto, assumem os


seguintes compromissos, sem prejuízo das respectivas competências
constitucionais relativamente à iniciativa e à tramitação das proposições
legislativas:

a) criar um Comitê Interinstitucional de Gestão do presente Pacto


Republicano de Estado por um Sistema de Justiça mais Acessível, Ágil e
Efetivo , com representantes indicados por cada signatário, tendo como
objetivo desenvolver e acompanhar as ações pactuadas;

b) conferir prioridade às proposições legislativas relacionadas aos temas


indicados no Anexo deste Pacto, dentre as quais destacam-se a
continuidade da Reforma Constitucional do Poder Judiciário e os temas
relacionados à concretização dos direitos fundamentais, à democratização
do acesso à Justiça, inclusive mediante o fortalecimento das Defensorias
Públicas, à efetividade da prestação jurisdicional e ao aperfeiçoamento
dos serviços públicos prestados à sociedade;

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c) incrementar medidas tendentes a assegurar maior efetividade ao


reconhecimento dos direitos, em especial a concessão e revisão de
benefícios previdenciários e assistenciais;

d) fortalecer a mediação e a conciliação, estimulando a resolução de


conflitos por meios autocompositivos, voltados à maior pacificação
social e menor judicialização;

e) ampliar a edição de súmulas administrativas e a constituição de


Câmaras de Conciliação;

f) celebrar termos de cooperação entre os Poderes com o objetivo de


intensificar ações de mutirão para monitoramento da execução penal e
das prisões provisórias, fortalecendo a assistência jurídica aos presos e
familiares e promovendo ações de capacitação e reinserção social;

g) incentivar a aplicação de penas alternativas;

h) integrar ações de proteção às crianças e adolescentes vítimas ou em


situação de risco e promover medidas de aprimoramento do Sistema de
Justiça em que se insere o menor em conflito com a lei;

i) aperfeiçoar a assistência e o Programa de Proteção à Vítima e à


Testemunha;

j) estruturar e apoiar as ações dos órgãos de controle interno e ouvidorias,


no âmbito das instituições do Sistema de Justiça, com o objetivo de
promover maior transparência e estimular a participação social;

k) melhorar a qualidade dos serviços prestados à sociedade,


possibilitando maior acesso e agilidade, mediante a informatização e
desenvolvimento de programas de qualificação dos agentes e servidores
do Sistema de Justiça;

l) fortalecer o exercício do direito fundamental à ampla defesa e da


advocacia;

m) viabilizar os recursos orçamentários necessários à implantação dos


programas e ações previstos neste Pacto;

E, assim, os signatários decidem comprometer-se com todos os seus


termos, dando-lhe ampla publicidade, no âmbito de cada um dos Poderes
por eles representados e zelando pelo seu cumprimento.

INDICAÇÃO PARA A RESPOSTA:

De acordo com a Lei Orgânica Estadual 06/77, art. 22, III, que diz “poderá o
Defensor Público tentar conciliar quando julgar conveniente”, ou seja, a função de conciliar tinha
um caráter facultativo; entretanto, essa tarefa é árdua, logo, era mais fácil na prática propor uma
ação.

A vantagem do acordo é evitar a ida ao Judiciário, pois leva mais tempo para termos
uma sentença do que para termos um acordo homologado. Ademais se obtém extrajudicialmente
aquilo que se pleitearia em juízo, mas esse pensamento não era assim.
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Contudo, no art. 4, II da LC 80/94 está escrito que é dever da Defensoria promover


prioritariamente a solução de litígio:

Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:

I – prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em


todos os graus; (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios,


visando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por
meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de
composição e administração de conflitos; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).

Uma vez obtida uma solução extrajudicial, este valerá como título executivo
extrajudicial (faça uma remissão desse inciso para o §4º) e se o acordo não foi cumprido, ação de
execução do acordo com uma menor judicialidade:

§ 4º O instrumento de transação, mediação ou conciliação


referendado pelo Defensor Público valerá como título executivo
extrajudicial, inclusive quando celebrado com a pessoa jurídica de
direito público. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

Assim sendo, a busca da solução extrajudicial pelo Defensor é um dever.

QUESTÃO 6 – Função típica e atípica quais são as diferenças?

Esse tema sempre bate recordes de aparição em provas e são sinônimos atribuição,
competências e incumbências. A estrutura é uma só e se divide em função por estatuto, que é a
função típica e aí nos deparamos com a figura do necessitado econômico, que não tem condições
de pagar custa, honorários, emolumentos, sem prejuízo de seu sustento ou de sua família.

De outro lado está o necessitado jurídico, que é uma função atípica (exceção), que
consiste naquela pessoa que tem necessidade jurídica, por ex. réu em processo criminal com
advogado e procuração nos autos, recursos financeiros, mas no dia da audiência o advogado não
comparece, o juiz chama o Defensor para a realização daquele ato em específico (princípio do
contraditório e ampla-defesa), mas ao final, esse réu terá que custear esse serviço conforme
tabela da OAB e arbitramento judicial.

QUESTÃO 7 – Como deve agir o Defensor e o assistido no caso de recusa de atuação por
parte do defensor?
Tal questão é uma novidade trazida pela LC 132/2009, alterando o artigo 4º, §8º da
LC 80/94 e art. 4-A, inciso III:

Art 4º

§ 8º Se o Defensor Público entender inexistir hipótese de atuação


institucional, dará imediata ciência ao Defensor Público-Geral, que
decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso, outro Defensor Público
para atuar. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
(...)

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Art. 4º-A. São direitos dos assistidos da Defensoria Pública, além


daqueles previstos na legislação estadual ou em atos normativos internos:
(Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
III – o direito de ter sua pretensão revista no caso de recusa de
atuação pelo Defensor Público; (Incluído pela Lei Complementar
nº 132, de 2009).
Antes dessa mudança, caso houvesse a recusa do Defensor, fosse pela inexistência de
direito ou pela falta da condição de hipossuficiência econômica, inconformado, não havia
solução. Assim, a recusa pode se dar pela falta de perfil do assistido ou pelo mérito da demanda
a ser proposta, sendo um ou outro, atualmente, discordando da recusa, há revisão da recusa, por
meio de um expediente feito pelo Defensor informando a recusa e os motivos, como se fosse um
reexame necessário do Defensor Geral, que recebe o comunicado pode manter a recusa ou
nomear outro Defensor para dar andamento.

Desse modo, no caso de recusa por parte do Defensor, a ele incumbe encaminhar a
revisão para o Defensor Geral e ao assistido incumbe acompanhar a revisão de tal recusa pelo
Defensor Geral. Caso o Defensor não encaminhe a revisão para o Defensor Geral, o assistido
deve consignar sua reclamação na Ouvidoria.

QUESTÃO 8 – Ao Defensor serão reservadas no Tribunal de Justiça instalações ao


atendimento dos necessitados?

A questão merece análise pelo art. 4º, XVII, §11º:

Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:


(...)

XVII – atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de


internação de adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob
quaisquer circunstâncias, o exercício pleno de seus direitos e garantias
fundamentais; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

(...)

§ 11. Os estabelecimentos a que se refere o inciso XVII do caput


reservarão instalações adequadas ao atendimento jurídico dos presos e
internos por parte dos Defensores Públicos, bem como a esses fornecerão
apoio administrativo, prestarão as informações solicitadas e assegurarão
acesso à documentação dos presos e internos, aos quais é assegurado o
direito de entrevista com os Defensores Públicos. (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).
O Defensor tem direito às instalações localizadas dentro dos estabelecimentos
prisionais e os previstos no inciso XVII, mas no Fórum não existe isso. Existe uma norma
Estadual que assegura esse direito aos Defensores, mas essa norma era cópia de uma norma
destinada ao MP, sendo que essa norma foi declarada inconstitucional, pois o MP é considerado
membro do Poder Executivo, o que fere a separação dos poderes. A questão é resolvida pelo
Tribunal com mandado de desocupação com força policial, não há nada que garanta a
possibilidade dessas instalações.

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QUESTÃO 9 – Para postular em juízo o Defensor tem que ter inscrição na OAB?

O entendimento da OAB era que o pressuposto para exercer a advocacia, praticar


atos privativos de advogado, era estar inscrito nos quadros da ordem, então deveria o concursado
da Defensoria prestar o exame da OAB; entretanto, o art. 4º, §6º atualmente resolve esse
problema:

§ 6º A capacidade postulatória do Defensor Público decorre


exclusivamente de sua nomeação e posse no cargo público. (Incluído
pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

Assim, a advocacia é gênero da qual são espécies a advocacia privada (capacidade


postulatória com inscrição na OAB) e advocacia pública (posse como Defensor).

QUESTÃO 10 – Qual a relação entre Direitos Humanos e direitos dos presos? Quais são as
atribuições da Defensoria Pública nos estabelecimentos prisionais?

Como eu já havia mencionado anteriormente, um dos objetivos do 2º Pacto


Republicano de Estado Por um Sistema de Justiça mais Acessível, ágil e Efetivo é cuidar dos
Direitos Humanos dos presos, bem como o art. 5º da CF/88 e Lei 7.210/84:

RESOLVEM:

Firmar o presente PACTO REPUBLICANO DE ESTADO POR UM


SISTEMA DE JUSTIÇA MAIS ACESSÍVEL, ÁGIL E EFETIVO,
com os seguintes objetivos:

(...)

III - aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições de Estado para


uma maior efetividade do sistema penal no combate à violência e
criminalidade, por meio de políticas de segurança pública combinadas
com ações sociais e proteção à dignidade da pessoa humana.

(...)

d) fortalecer a mediação e a conciliação, estimulando a resolução de


conflitos por meios autocompositivos, voltados à maior pacificação social
e menor judicialização;

e) ampliar a edição de súmulas administrativas e a constituição de


Câmaras de Conciliação;

f) celebrar termos de cooperação entre os Poderes com o objetivo de


intensificar ações de mutirão para monitoramento da execução penal e
das prisões provisórias, fortalecendo a assistência jurídica aos presos e
familiares e promovendo ações de capacitação e reinserção social;

g) incentivar a aplicação de penas alternativas;

h) integrar ações de proteção às crianças e adolescentes vítimas ou em


situação de risco e promover medidas de aprimoramento do Sistema de
Justiça em que se insere o menor em conflito com a lei;

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Transcrição – Turma de Exercícios – Diurna (16/03/2010 a 29/04/2010)
FESUDEPERJ – Fundação Escola Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro

i) aperfeiçoar a assistência e o Programa de Proteção à Vítima e à


Testemunha;

(...)

m) viabilizar os recursos orçamentários necessários à implantação dos


programas e ações previstos neste Pacto;

E, assim, os signatários decidem comprometer-se com todos os seus


termos, dando-lhe ampla publicidade, no âmbito de cada um dos Poderes
por eles representados e zelando pelo seu cumprimento.

Direitos Humanos estão na categoria de gênero, sendo os direitos dos presos diretos
das minorias (espécie), uma parcela do todo, sendo certo que é a Defensoria Pública a primeira a
promover as ações nesse sentido. O mesmo ocorre com os idosos, crianças, mulheres vítimas de
violência. Para melhor visualização, acompanhem o art. 108, parágrafo único, último inciso;

Art. 108. Aos membros da Defensoria Pública do Estado incumbe, sem


prejuízo de outras atribuições estabelecidas pelas Constituições Federal e
Estadual, pela Lei Orgânica e por demais diplomas legais, a orientação
jurídica e a defesa dos seus assistidos, no âmbito judicial, extrajudicial e
administrativo. (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

Parágrafo único. São, ainda, atribuições dos Defensores Públicos


Estaduais: (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).

(...)

IV – atuar nos estabelecimentos prisionais, policiais, de internação e


naqueles reservados a adolescentes, visando ao atendimento jurídico
permanente dos presos provisórios, sentenciados, internados e
adolescentes, competindo à administração estadual reservar instalações
seguras e adequadas aos seus trabalhos, franquear acesso a todas as
dependências do estabelecimento independentemente de prévio
agendamento, fornecer apoio administrativo, prestar todas as informações
solicitadas e assegurar o acesso à documentação dos assistidos, aos
quais não poderá, sob fundamento algum, negar o direito de entrevista
com os membros da Defensoria Pública do Estado. (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).

Uma observação final, que não tem a ver com esse assunto – saiu a súmula 421 do
STJ, que também é novidade e tema bem cotado por causa da jurisprudência do TJ/RJ:

Súmula 421 - Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria


Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual
pertença. DJe 11/03/2010

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