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Custo Social e Económico do Estado de Emergência no

Moto-Táxi na Cidade de Nampula -Moçambique


Carlos Luís Mafumissa

Licenciado e Mestrando em Administração Pública e Autárquica

Docente na Universidade Lúrio e IPET

Docente e Director Adjunto Pedagógico e Académico do ISGECOF –Delegação de


Nampula

Email: cmafumissa@yahoo.com

RESUMO

A actividade de Moto-táxi está inserido no sector informal que corresponde mais de 80% da
economia nacional1, onde os agentes económicos produzem, transaccionam ou vendem
sobretudo para a consumo doméstico e diário. Sendo assim, qualquer medida que implique a
paralisação ou redução da actividade de Moto-táxi (como Estado de emergência, que implicou
a paralisação e redução de actividade económica em alguns sectores) tem implicações sociais
e económicas imediata e a curto prazo. Neste contexto, neste artigo analisa o custo social e
económico que o Estado de emergência tem na actividade de Moto-táxi, partindo do
argumento central de que o Estado de emergência numa realidade económica como de
Moçambique, não pode significar apenas uma simples paralisação total ou parcial da
produção dos agentes económicos, deve ser acompanhado de medidas concretas de protecção
a economia. Do cruzamento da literatura e os dados colhidos nos agentes económicos de
Moto-táxi, chegou-se as seguintes conclusões: o Estado de emergência em Moçambique, do
ponto de vista económico, não foi acompanhado com medidas efectivas de protecção a
economia e agentes económicos, particularmente no sector informal e nem consulta pública
dos agentes económicos de Moto-táxi. No entanto, a paralisação ou redução da actividade de
Moto-táxi face ao Estado de emergência significa socialmente impedir ou restringir os jovens
sem emprego formal da sua única fonte de rendimento e dos 7 dependentes (crianças e
adultos) em média da fonte do sustento e sobrevivência familiar, aumentando os índices de
vulnerabilidade social em Moçambique. Do ponto de vista económico, o Estado de
emergência, significa uma perda financeira de mínimo de 200 meticais por dia para os
agentes de Moto-táxis, um valor elevado face renda diária de um cidadão moçambicano de
um 1 dólar por dia. Igualmente, os principais prejuízos económicos do Estado de emergência
têm sido a fome na família dos Mota-Táxis, devido a eliminação da sua única fonte de
sobrevivência, incumprimento de receita diária para os proprietários de Moto-táxi, e
incumprimento de pagamento de dívidas de aquisição de Moto-táxi.

Palavras-Chave: Custo Social; Custo Económico; e Moto-táxi.

1
Ver Francisco, A. & Paulo, M. (2006). Impacto da Economia Informal na Protecção Social, Pobreza e
Exclusão: A Dimensão Oculta da Informalidade em Moçambique. Maputo, Moçambique, p. 3.

1 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


INTRODUÇÃO
Os Estados enquanto república são geralmente na modernidade geridos a luz dos
princípios de direito democrático, onde desde o período o Estado Romano prevê a
figura jurídica de Estado de emergência ou de sítio, onde na perspectiva de
Lourinho (2010), ocorre a suspensão da ordem jurídica, prevista pela própria ordem
jurídica resulta num espaço apartado no qual não se garante a efectividade do
jurídico.

No contexto de Estado de emergência, o Estado actua como um Leviatã2 (um


monstro) que concentra autoritariamente todos os poderes e limita as liberdades
fundamentais dos cidadãos, em nome do interesse público superior e que
individualmente os cidadãos não conseguem assegurar para si próprios.

Neste sentido, a declaração de Estado de emergência no Estado de Direito


Democrático obedece uma série de protocolo e regras constitucionalmente
plasmados. No entanto, a Constituição de República de Moçambique (CRM), na
alínea “a”, artigo 160, atribui ao Presidente da República (RP) a competência de
“declarar a guerra e sua cessação, o estado de sitio ou de emergência”.

Em cumprimento deste desidrato legal, o Presidente da República, no uso das


competências atribuídas pela CRM, no artigo 160, alínea “a”, declarou através do
Decreto Presidencial n°11/2020 de 30 de Março, o Estado de emergência em todo
território nacional, pela primeira vez, desde a criação da República de Moçambique
em 1975, devido a calamidade pública da pandemia COVID-19.

Esse decreto presidencial deriva da necessidade de legitimar constitucionalmente


um conjunto de restrições de direitos, liberdades e garantias motivadas pela
pandemia de COVID 19, Abreu Advogados (2020).

2
Leviatã é nome que se atribui a um “monstro marinho” citado na bíblia em Jó 3.8 e Jó 40.25, na
qual o Filósofo Thomas Hobbes utiliza para descrever um Estado Absoluto que deteria consigo todo o
poder da sociedade, uma vez que a ele seria transferido o poder de todos os indivíduos com o fim de
ser-lhes garantida a paz e a defesa comum.

2 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


De acordo com Pedone (1986), as decisões governamentais, como o caso de Estado de
emergência, devem assegurar simultaneamente a racionalidade humana,
económica, social, cultural e religiosa, que nem sempre é possível, mas não é
impossível de se alcançar3.

No contexto como de Moçambique, onde as taxas de desemprego é alto (mais de


40%4), 80% da economia está mergulhada de informalidade, a pobreza urbana e
rural atinge mais de 50%5, esperava-se que Estado de emergência a ser decretado
pelo Governo de Moçambique não permitisse a paralisação completa da economia
moçambicana (das empresas, instituições públicas e privadas e do sector informal),
o que véu acontecer de forma geral.

Para materializar as orientações do Estado de emergência decretado pelo Presidente


da República de Moçambique, e ratificado pela Assembleia da República, o Conselho
de Ministro regulamentou, no âmbito do poder regular previsto no artigo 203, da
CRM, dentre várias medidas adoptadas “decretou inicialmente o encerramento total
da actividade de Moto-táxi em Moçambique, que mais tarde devido a pressão social,
recuou da medida para o funcionamento condicionado mediante adopção de medidas
preventivas, de modo a evitar propagação da pandemia de COVID-2019.

Neste cenário, o presente estudo pretende analisar o custo6 da declaração e vigência


do Estado de emergência em Moçambique nos agentes económicos de Moto-táxi na
Cidade de Nampula, através de levantamento de três (3) questões norteadoras,
nomeadamente: (i) Que impacto social o Estado de emergência tem na vida dos
Moto-táxis? (ii) Que custo económico o Estado de emergência em vigor tem na
actividade económica de Moto-táxi? e (iii) Que medidas de protecção a economia,

3
Para a profundar essa questão consulte Pedone, Luís (1986) Formulação, Implementação e
Avaliação de Políticas Públicas. Brasília, Brasil.
4
Segundo INE (2017). Resultados Finais do Censo 2017: IV recenseamento geral da população.
Maputo, Moçambique.
5 Dados do Inquérito aos Agregados Familiares sobre Orçamento Familiar de 2014/15, o Ministério

da Economia e Finanças, disponivel em http://opais.sapo.mz/indice-de-pobreza-disparou-em-


mocambique, acedido no dia 20 de Abril de 2020, as 8 horas e 20 minutos.
6
Na pesquisa, o termo custo refere o gasto relacionado com bem ou serviço empregado na produção
de outro bem ou serviço, Celso & Baptista (2007).

3 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


especialmente para os agentes económicos de Moto-táxi o Governo adoptou no
âmbito de Estado de emergência?

Neste sentido, o argumento do artigo sublinha que a declaração do Estado de


emergência, do ponto de vista económico e social, não pode significar apenas uma
simples paralisação total ou parcial da produção dos agentes económicos, deve ser
acompanhado de medidas concretas de protecção a economia, particularmente no
sector informal, onde agentes económicos dependem de vendas ou transacções
diárias para sua sobrevivência.

Para responder as questões levantadas nesta pesquisa e sustentar o argumento do


artigo, o mesmo esta estruturado, para além desta introdução, em mais quatro
secções. A segunda secção faz uma contextualização sobre as medidas de protecção a
economia que diversos países no mundo que tem adoptado no âmbito de Estado de
Emergência. A terceira secção, apresenta o caminho metodológico utilizado para a
concepção da pesquisa. A quarta secção discute o custo social do Estado de
emergência na actividade económica de Moto-táxi na Cidade de Nampula. A quarta
secção analisa o custo económico da declaração do Estado de emergência na
actividade económica de Moto-táxi na Cidade de Nampula. A quinta e última secção
apresentam-se as considerações finais e principais ilações tiradas da temática em
discussão na pesquisa.

ESTADO DE EMERGÊNCIA E MEDIDAS PROTECCIONISTA A ECONOMIA


NO MUNDO

Nesta secção faz uma breve apresentação de medidas de protecção a economia, que
alguns países no continente Americano, Europeu e Africano, têm adoptado no
âmbito do Estado de emergência, especialmente a área mais fragilizada da
economia, o sector informal, de modo a evitar ou reduzir o impacto social e
económico, pois o Estado de emergência significou em termos económicos a
paralisação ou redução da actividade económica nestes países, tal como no contexto
Moçambicano. Acredita que no final desta secção, possa nos permitir entender que
medidas concretas os países podem ou estão adoptar para proteger as economias, de

4 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


modo a evitar um colapso social e económico derivado das medidas adoptadas no
âmbito do Estado de emergência, em virtude do combate da pandemia de COVID-
19.

De forma global, o Estado de emergência implica a redução drástica dos direitos


civis dos cidadãos na sociedade e na vida económica, garantindo apenas o Estado os
direitos considerados pelas instituições e agências internacionais OMS, OIT, BM,
FMI, entre outros, de fundamentais tais como o direito a vida, a integridade pessoal,
direitos civis e de cidadania e liberdade de religião.

No entanto, a garantia destes direitos fundamentais passam pelos Estados garantir


durante a vigência do Estado de emergência, a protecção da actividade económica,
concretamente dos agentes económicos (empresas, instituições públicas, o sector
informal), de modo a evitar o colapso da economia.

No continente americano, por exemplo os EUA, decretou o Estado de emergência no


dia 13 de Março de 2020, devido a pandemia de COVID-19. Neste país, durante a
vigência do Estado de emergência, para além das medidas directas para o combate a
pandemia, o Estado americano criou mecanismos de protecção a economia, dos seus
agentes económicos, de modo a evitar a colapso económico e social das pessoas que
dependem de actividade económica para a sobrevivência.

Neste sentido, os EUA para proteger a economia nacional tomou a medida de


garantir o pagamento de licença remunerada a profissionais que tenham que se
afastar do trabalho por causa da pandemia de COVID-197.

Portanto, todos agentes económicos inserido no economia no sector formal e


informal poderá continuar a ter rendimento para garantir a sobrevivência na
sociedade, bem como na manutenção das suas actividade económica.

No velho continente (a Europa), por exemplo Portugal, tal como Moçambique,


adoptou o Estado de emergência, como mecanismo de fazer face a pandemia de
COVID-19. No entanto, a declaração e vigência do Estado de emergência implicou

7
Disponivel em https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/03/trump-declara-estado-de-emergencia-nos-eua-
devido-ao-coronavirus, acedido no dia 6 de Abril de 2020, as 6 e 30 minutos.

5 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


também a redução dos direitos civis dos cidadãos, mas também garantia da
protecção da economia, de modo a evitar o regresso a crise económica, e protecção
das famílias carenciadas.

No âmbito de Estado de emergência, a República Portuguesa adoptou medidas


concretas para empresas que implicou a paralisação da economia, mas também a
protecção dos agentes económicos, de modo a garantir a sobrevivência económica e
social, nomeadamente: (i) a adopção do regime de teletrabalho, independentemente
do vínculo laboral, sempre que as funções em causa o permitam; (ii) encerramento
de estabelecimentos que não prestem serviços essenciais ou forneçam bens de
primeira necessidade são obrigados a fechar portas, tais como todos os locais de
atividades de lazer e diversão, como bares, discotecas, zoos ou parques de diversões;
locais de atividades culturais, como auditórios, cinemas, teatros, bibliotecas,
galerias ou praças de touros; locais de atividades desportivas, como campos de
futebol, courts de ténis, ringues de patinagem ou ginásios e academias; termas,
casinos, salões de jogos, bares, esplanadas e restauração em geral; (iii) permissão da
actividade exclusivamente para efeitos de entrega ao domicílio ou disponibilização
dos bens à porta do estabelecimento, Lanca (2020);

Portanto, analisando as medidas concretas para as empresas em Portugal, abre


espaço para as empresas ou agentes económicos no geral continuar a desenvolver
minimamente a actividade económica em particular para o sector informal, através
de entrega ao domicílio, ou mesmo a solicitação de utilizados os instrumentos
electrónicos ao nível de domicílio, de modo a reduzir o impacto na vida económica e
social.

Estado de Emergência e Protecção da Economia em África

A necessidade de protecção da economia durante a vigência do Estado de


emergência, coloca-se em todas as economias, para evitar o colapso económico e
social durante o período em que durar a pandemia COVID-19, em especial nos
países africanos, onde a economia está mergulhada no sector informal, fazendo com
que os agentes económicos produzem para garantir a sobrevivência.

6 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


No entanto, a preocupação de protecção da economia e dos agentes económicos do
sector formal e informal é manifestada em alguns países africanos, embora a
magnitude e abrangência das medidas não serem iguais dos países desenvolvidos.

Em Angola, um dos países do PALOP, o Governo, decretou o estado de emergência,


que ao nível económico não significou a paralisação imediata de nenhuma
actividade económica no sector informal.

Neste âmbito, o Estado Angolano, no âmbito de Estado de emergência, adoptou as


seguintes medidas para a economia: (i) Os mercados públicos, formais e informais,
angolanos, devem comercializar apenas bens alimentares, produtos naturais e de
higiene durante o estado de emergência; (ii) proíbe a comercialização de “produtos
não essenciais”; (iii) desinfestação regular dos mercados; (iv) o encerramento de
todos os estabelecimentos comerciais privados, excepto os que comercializam bens
alimentares, bancos e serviços de pagamento, telecomunicações e serviços de
imprensa, rádio e televisão; (iv) a restauração para serviço externo, nomeadamente
“take-away” e entrega ao domicílio, bem como serviços de abastecimento de
combustível, de manutenção e reparação de veículos automóveis e agências
funerárias; (v) assegurar serviços de água e telecomunicações de forma gratuita.

Analisando as medidas adoptadas pelo Governo Angolano, existem medidas claras


para protecção da economia e os agentes económicos do sector informal na medida
em que o governo assume os custos de prevenção dos locais de mercado de comércio
informal, como por exemplo desinfestação dos mercados, não interditou nenhuma
actividade informal que acontece em locais localizados, bem como os comerciantes
informais como os ambulantes que o governo proibiu as suas actividades, estarão
isentos os pagamentos de água e telecomunicações, de modo a garantir a
sobrevivência desta classe social, que se assemelha aos Moto-táxis em Moçambique8.

8
Disponivel em https://www.rtp.pt/noticias/mundo/estado-de-emergencia-em-angola-determina-apenas-venda-de-
produtos-alimentares-e-de-higiene_n1216043, acedido no dia 4 Março de 2020, de 7 de Abril de 2020, as 7: 30
minutos.

7 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Na Região da SADC, a República de Malawi, tal como Moçambique, decretou o
Estado de emergência devido a pandemia de COVID-19, tendo apresentados
medidas concretas para fazer face a pandemia, mas também para a protecção da
economia, particularmente com incidência para os agentes económicos que actuam
no sector informal, nomeadamente: (i) redução dos preços de combustíveis, que tem
impacto no acesso bens da subsistência; (ii) abertura dos mercados de tabaco, de
modo a aumentar divisas estrangeiras para o país, em particular aos pequenos
produtores; (iii) os bancos comerciais devem oferecer uma moratória de três meses
sobre os pagamentos de juros dos empréstimos os pequenos e médias empresas; (iv)
os prestadores de serviços não essenciais e administração pública trabalham a
partir de casa; (v) redução da taxa de importação de bens e serviços em 10%9.

Portanto, a declaração do Estado de emergência no Malawi, não significou apenas a


paralisação ou limitação das actividades económicas para permitir o combate do
COVID-19, mas também foram acompanhadas de medidas concretas para proteger
a economia, em especial aos pequenos e médios agentes económicos, como por
exemplo a redução de preço de combustível o que tem efeito no transporte,
consequentemente nos bens alimentar para a população, aumento de mercado do
principal produto de exportação do país, o tabaco e a redução das taxas de
importação para facilitar a entrada de bens e serviços básicos para as camadas
desfavorecidas, incluindo os agentes económicos do sector informal que produzem
para o consumo geralmente.

Reflexão de Estado de Emergência e a Protecção de Economia em


Moçambique

Na arena económica, a grande questão que se colocava em Moçambique,


relativamente a declaração do Estado de emergência, era evitar a paralisação
completa e imediata da economia de Moçambique, devido as características do
sector informal em Moçambique que abarca 80% da economia nacional, que depende
sobretudo de vendas diárias para sua manutenção.

9
Disponivel em http://www.publico.pt/2020/04/05/mundo/noticiais/presidente-malawi, acedido no dia 7 de Abril de
2020, as 9 e 30 minutos.

8 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


No entanto, essa preocupação foi acautelada pelo Decreto Presidencial nᵒ11/2020, de
30 de Março que aprova o Estado de emergência em Moçambique onde foram
aprovadas as seguintes medidas na área económica: (i) encerramento de
estabelecimentos comerciais, de diversão e equiparados, ou reduzir a sua actividade
e laboração; (ii) fiscalização de preços de bens essenciais para a população, incluindo
os necessários para a prevenção e combate à pandemia; (iii) promoção e reorientação
do sector industrial para a produção de insumos necessários ao combate à
pandemia; (iv) adoptação de medidas de política fiscal e monetária sustentáveis,
para apoiar o sector privado a enfrentar o impacto económico da pandemia; (v)
introdução de rotatividade laboral ou outras modalidades em função das
especificidades da área de trabalho, assegurando contudo mecanismos de controlo
da efectividade.

Ainda para operacionalizar essas medidas presidenciais no âmbito do Estado de


emergência, o Conselho de Ministro, adoptou medidas administrativas,
complementares já avançadas no decreto presidencial, com impacto na economia,
nomeadamente: (vi) suspensão e emissão de documentos; (vii) os mercados
informais e formais continuam abertos das 06:00 até 17:00 horas; (viii) Proibição da
actividade económica de Moto-táxi e Táxi-Bicicleta; e (ix) redução da lotação dos
transporte público até 1/3 da capacidade de lotação.

Portanto, as medidas adoptado pelo Governo de Moçambique até ao presente


momento, não protegem aos agentes económicos, pois não existem nenhum incentivo
financeiro para que agente económico que decidir ficar em casa por causa do
COVID-19, particularmente aos do sector informal, como por exemplo EUA, onde o
Governo vai pagar aos trabalhadores particularmente dos sectores mais frágeis da
economia a remuneração dos seus colaboradores; igualmente essas medidas não
garantem a manutenção de pequenos negócios, em especial no sector informal, como
por exemplo no Malawi o governo decidiu descer o preço do combustível, reduzir a
taxa de importação como forma das empresas e pequenos negócios sobretudo evitar
entrar em falência.

9 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Também as medidas adoptadas pelo Governo não incentivam o desenvolvimento de
negócio, através de permissão de serviços de entrega ao domicilio tal como Portugal
adoptou, ou por exemplo através de cancelamento temporário ou adiantamento de
cobrança de empréstimos bancários para permitir que as empresas e o pequeno
negócio continuem a desenvolver suas actividades como pouco recursos financeiros
que dispõem neste momento da pandemia de COVID-19 como a República de
Malawi adoptou.

Finalmente, as medidas governamentais definidas no âmbito de Estado de


emergência não aliviam os agentes económicos, particularmente ao operar no sector
informal, pois os custos operacionais ou correntes (energia, água, telecomunicação,
entre outros) continua ser realizadas, no contexto de arrefecimento da economia
nacional e global, pois o Governo de Moçambique deveria fornecer aos agentes
económicos serviços básicos (água, energia e telecomunicações) durante a vigência
do Estado de emergência esses serviços de forma gratuita tal como a República de
Angola adoptou, de modo a reduzir o impacto económico do Estado de emergência,
que implicou a paralisação ou redução de actividade económica no país.

DESENHO METODOLÓGICO

Nesta secção está reservado a apresentação dos passos metódicos que se utilizou
para a concepção da pesquisa. Espera-se que no final seja compreendido, o tipo de
pesquisa usado, as técnicas de recolha de dados e técnica para análise dos dados
colhidos.

Para analisar os custos sociais e económicos que Estado de emergência (que


implicou a paralisação inicialmente e posteriormente funcionamento condicionado)
na actividade económica de Moto-táxi, adoptou-se uma abordagem qualitativa, que
consistiu em ouvir e registrar as opiniões e sentimentos dos agentes de Moto-táxi na
Cidade de Nampula, através do recursos de duas técnicas de recolha, concretamente
a pesquisa bibliográfica, consistiu na leitura e interpretação de literatura relevante
sobre o Estado de emergência e COVID-19, e a entrevista semiestruturada,

10 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


realizado através de um guião de entrevista, que foi aplicado a 15 Moto-Táxis na
Cidade de Nampula, concretamente na praça da Total, CFM e Praça de Gato Preto.

Após a recolha dos dados nos agentes económicos de Moto-táxi, o processamento dos
dados colhidos será feita com base no IBM SPSS Estatística 20, de modo a permitir
a sintetização da informação colhida e permitir o cruzamento de variáveis de análise
na pesquisa.

CUSTO SOCIAL DO ESTADO DE EMERGÊNCIA NA ACTIVIDADE


ECONÓMICA DE MOTO-TÁXI NA CIDADE DE NAMPULA

Nesta secção está reservado a apresentação do custo que a declaração do Estado de


emergência teve na vida social e económica dos Moto-Táxis na Cidade de Nampula,
com base nos dados recolhidos. Para tal, é abordado aqui três unidades de análise:
(i) A Eficácia da Medida do Governo de Moçambique na Actividade Económica de
Moto-Táxi em Moçambique; (ii) Dilema entre Preservação da Saúde e Garantia do
Sustento na Actividade de Moto-Táxi face a pandemia de COVID-19; e (iii)
Importância da Actividade de Moto-Táxi na Vida Social na Cidade de Nampula.

A Eficácia da Medida do Governo de Moçambique na Actividade


Económica de Moto-Táxi na Cidade de Nampula

Como já referido, em Moçambique decretou-se o Estado de emergência, devido a


pandemia COVID-19, onde para tal o governo definiu uma série de medidas
administrativas, onde do ponto de vista económico, significou: (i) inicialmente, a
paralisação de alguns de sector de actividade para fazer face a pandemia, como por
exemplo os estabelecimentos comerciais, de diversão e equiparados ; e (ii) a redução
ou funcionamento condicionado de algumas actividade económica, como por exemplo
actividade de transporte público, que deveria reduzir o número de passageiro para
1/3 de pessoas.

No entanto, actividade económica de Moto-táxi foi uma actividade económica que


Governo decretou a inicialmente a sua paralisação, de modo a evitar risco de

11 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


contaminação da pandemia de COVID-19. Entretanto, questões sobre a eficácia ou
sustentabilidade desta medida foi colocada, tendo em conta enquadra-se no sector
informal, onde boa parte dos seus agentes os produzem ou comercializam para
consumo doméstico e diário.

Neste sentido, para analisar a eficácia desta medida de paralisar actividade de


Moto-táxi, foi elaborado o gráfico 1, com base na percepção colhidas dos Moto-táxi
na Cidade de Nampula.

Gráfico 1 - Percepção dos Moto-Táxi sobre a medida do Governo na Cidade de


Nampula

Fonte: Autor (2020)

Os dados na sua globalidade ilustram que, cerca de 86.9% dos Moto-táxi afirmaram
que a medida de paralisação da actividade Moto-táxi adoptado inicialmente pelo
Governo foi não eficaz e 13.3% consideraram que a medida foi correcta, devido a
situação da pandemia do COVID-19.

No entanto, na opinião dos 86,9% dos Moto-táxi que responderam negativamente a


medida governamental, apontaram que o principal problema é facto de dependerem
exclusivamente da actividade de Moto-táxi para garantir a sua sobrevivência
própria e dos seus dependentes, ou seja, paralisar a actividade de Moto-táxi neste

12 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


momento significa para estes agentes económicos eliminar a única fonte de
produção de rendimento para garantir a sobrevivência nas comunidades onde
vivem, tal como provam os depoimentos dos participantes da pesquisa:

“A medida não foi correcta porque conto aqui mesmo para dar de comer
minha família”, Participante A (2020).

“Dependo de Taxi-Mota para sustentar a família, não tem emprego e nem


apoio de alimentação, Participante B (2020).

“O Governo proibiu sem dar algum beneficio para o povo, não tem emprego
por isso estou aqui”, Participante C (2020).

Ainda alguns Moto-táxis entrevistados apresentaram uma perspectiva diferente,


para justificar a sua discordância da decisão governamental de paralisação da sua
actividade, apontando que houve uma falta de abordagem democrática e consultiva
do governo na fixação desta medida administrativa, pois deveria ser antecedida por
uma consulta aos agentes económicos de Moto-táxi, de modo a saber as
consequenciais sociais (garantia de sustento) e económica (colapso da economia) e
adoptar as medidas alternativas para este segmento de mercado.

Portanto, a greve dos Moto-Táxis que aconteceu na Província de Nampula,


concretamente na Cidade de Nacala-Porto, é evidência e consequência da falta de
diálogo antes da aprovação e implementação da medida governamental de paralisar
a actividade de Moto-táxi.

Dilema Entre Preservação da Saúde e Garantia do Sustento na Actividade


de Moto-Táxi na Cidade Nampula

Uma dos grandes desafios na actividade económica de Moto-táxi em Moçambique,


desde a ocorrência dos primeiros casos da Pandemia de COVID-19, que culminou
com a declaração de Estado de emergência, reside no facto de encontrar mecanismos
que permitem o desenvolvimento da actividade, sem tornar um risco e fonte de
contaminação e propagação da pandemia de COVID-19.

Neste sentido, para perceber a importância que os Moto-táxi atribuem a


preservação da saúde face a pandemia de Coronavírus, foi-lhes colocada a seguinte
questão: Entre garantir a saúde para si e sua família ficando em casa e garantir o

13 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


sustento familiar desenvolvendo a actividade de moto-Táxi, o que é mais importante
para si neste momento? Tendo obtido a seguinte resposta dos entrevistados:

Gráfico 2 - Dilema entre Preservação da Saúde e Garantia do Sustento na


actividade de Moto-Táxi na Cidade Nampula

Fonte: Autor (2020)

Os dados acima, mostram de forma inequívoca que, dos Moto-táxis que


participaram na pesquisa, cerca de 86.67% consideram neste contexto de Estado de
emergência, a garantia do sustento familiar através de actividade de Moto-táxi,
correndo o risco de contaminação e a propagação da doença na Cidade e Província
de Nampula e no país no geral, é mais importante em relação a preservação da sua
saúde e da família, ficando em cada em casa (cerca de 6,667%), sem desenvolver
qualquer actividade económica desta natureza, tal como pode evidência pelas
citações abaixo:

14 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


“Que controla a saúde é Deus e alimentação quem controla são os homens,
por isso prefiro trabalhar”, Participantes D (2020).

“Se ficar em casa vou morrer de forme, em vez de morrer desta doença”
Participante E (2020).

“ Se não sair de casa para rua trabalhar, todos aqui vão morrer de forme,
Participante F (2020).

A luz dos dados colhidos, consubstanciadas pelos depoimentos dos Mota-táxis pode-
se afirmar categoricamente a preocupação pela garantia de sobrevivência através do
exercício de Táxi-Mota é extremamente superior em relação a preservação da saúde
face a pandemia de COVID-19, pois é importante para estes agentes económicos
garantir numa primeira instância bens alimentícios, de modo a evitar morte por
fome, só a posterior poderiam cuidar da sua saúde e da família contra a pandemia
de COVID-19.

Portanto, percebe-se que na visão dos Moto-táxis, a adesão de qualquer medida que
implique a paralisação de actividade de Táxi-Mota na Cidade de Nampula, somente
será possível se forem criadas mecanismos claros e concretos de garantia de bens e
serviços da primeira necessidade e de consumo imediato para estes agentes
económicos, caso contrário, outras medidas como por exemplo a sensibilização dos
Moto-táxi terão muitas dificuldades de penetrar no seio dos agentes do Moto-táxis e
ser implementado voluntariamente e devidamente.

Importância da Actividade de Moto-Táxi na Vida Social na Cidade de


Nampula.

Na economia informal do Mercado da Cidade de Nampula, a actividade económica


de Moto-táxi tem um papel relevante na inserção social e económica, de grupos
desfavorecidos na sociedade Moçambicana, na medida em que: (i) é exercido por
cidadãos jovens, de geralmente possui a idade de 18 à 30 anos; (ii) por cidadãos com
baixo nível de escolaridade, onde o nível de escolaridade dominante é o básico (10ª
classe); e (iii) por cidadãos que diversos factores não conseguiram ingressar no
mercado formal de trabalho, ou seja, não conseguiram ainda um emprego, por isso
mesmo durante a recolha de dados constatou-se a existência de jovens licenciados a
exercem essa actividade devido a falta de emprego.

15 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Deste modo, para análise mais profunda do grau de relevância que a actividade de
Moto-táxi tem na sociedade, levantou-se o questionamento se os agentes de Moto-
táxi dependem ou não exclusivamente desta actividade para garantir a sua
sobrevivência e dos seus dependentes, onde obtivesse o seguinte resultado:

Gráfico 3: Nível de Dependência da Actividade de Moto-Táxi

Fonte: Autor (2020)

Dos Moto-táxis que operam na Cidade de Nampula, participantes de pesquisa, cerca


de 80% que constitui a maior destes agentes económicos, afirmaram
categoricamente que dependem exclusivamente da actividade de Moto-táxi para
obter rendimento, ou seja, para além da actividade de Moto-táxi não têm outra
actividade de trabalho ou emprego, e cerca de 20% afirmou que tem outras
actividade para obtenção de rendimento para custear as suas despesas, geralmente
exercem actividade de segurança, ou são técnicos que trabalham a conta própria, e
dias livres exercem essa actividade como forma de diversificar as fontes de
rendimento para família. Portanto, fica evidente que paralisar a actividade de Moto-
táxi na actualidade significa tirar cerca de 80% de trabalho para jovens que
dependem unicamente desta actividade para a obtenção do rendimento para
garantir sua sobrevivência e dos seus dependentes.

16 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Ainda sobre o custo social, constatou-se que a actividade de Moto-táxi na Cidade de
Nampula é importante são só para a sobrevivência dos seus agentes, mas também
famílias, ou seja, de diversos dependentes, tal como ilustra a tabela 1 subsequente:

Tabela 1 – Número de dependentes por cada Moto-táxis

Report

Quantos pessoas dependem de si em casa?

Mean N Minimum Maximum % of Total Sum

7.33 15 3 18 100.0%

Fonte: Autor (2020)

Os dados acima evidenciam que, na Cidade de Nampula, em média 1 agente de


Moto-táxi está para um universo de 7 dependentes, que é número bastante elevado,
ou seja, paralisar actividade de Moto-táxi significa na realidade prática que em
média 7 pessoas estarão sem fonte de obtenção de renda para o sustento familiar.

Portanto, esses dependentes na prática, sem o rendimento diário da actividade de


Moto-táxi não conseguem sobreviver, pois geralmente são crianças e adulto em
idade activa vivendo na situação de desempregado e sem trabalho a conta própria.

Em relação a utilidade social do rendimento proveniente da actividade de Moto-táxi,


são apresentados a seguir no Gráfico 4:

Gráfico 4 – Utilidade social do rendimento da actividade de Moto-Táxi

17 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Fonte: autor (2020)

A partir dos dados patentes no Gráfico 4 acima, fica evidente que os Moto-táxis
utilizam os rendimentos proveniente diariamente desta actividade totalmente para
cobrir as despesas básicas tais como alimentação, educação, saúde, transporte, água
e energia. Portanto, ficar um dia sem desenvolver a actividade de Mota-táxi
corresponde para estes agentes económicos, ficar sem meios financeiros para
adquirir bens de subsistência familiar.

No entanto, essa visão da impossibilidade dos Moto-táxi não conseguirem cobrir as


despesas básicas sem o exercício da actividade económica de Moto-táxi, podem ser
comprovado pelos depoimentos abaixo:

“A partir desta actividade que levo minha família para hospital, as crianças
para escolas e dar comida minha família”, Participante H (2020);

“Como o Mota-táxi eu consigo pagar água, energia, tudo na minha casa,


Participante J (2020).

Portanto, a actividade económica de Moto-táxi tem papel social relevante, na


medida em que serve como a única fonte de rendimento para custear as despesas
básicas da família dos Moto-táxis, permitindo que essas famílias estejam
devidamente enquadrados na vida social, tendo as condições básicas de vida tais
como alimentação, saúde, energia, água, entre outros relevantes para sobrevivência
destes agentes económicos e suas famílias, reduzindo a vulnerabilidade social.

18 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


CUSTO ECONÓMICO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA NA ACTIVIDADE
DE MOTO-TÁXI NA CIDADE DE NAMPULA

Nesta secção faz-se uma apresentação, discussão e projecção do custo económico da


actividade de Moto-táxi, face a declaração e vigência de Estado de emergência (que
significou numa primeira instância a paralisação deste sector e posteriormente
funcionamento condicionado). Sendo assim, são abordados aqui três (3) conteúdos
específicos: (i) Efeito do Estado de emergência no Rendimento de Moto-Táxi; (ii)
Prejuízos Económicos na Actividade Moto-táxi face ao Estado de emergência; e (iii)
Medidas Governamentais para apoio a actividade de Moto-táxi face ao Estado de
emergência.

Rendimento de Actividade Económica de Moto-Táxi na Cidade de Nampula

De acordo com Silva (1971), o termo rendimento é aquilo que uma pessoa ou uma
colectividade (bancos, instituições de crédito, etc.) aufere ou recebe, seja em géneros
ou em dinheiro, como fruto de um capital investido (juros sobre um empréstimo ou
um crédito, dividendo sobre um capital) ou como sendo a remuneração de uma
actividade comercial, produtiva ou ainda laboral (o salário).

Portanto, entende-se aqui qualquer actividade desenvolvido deve advir rendimento


financeiro, de modo a cobrir os custos e despesas inerente a esse produção de bens
ou prestação de serviços, e actividade de Moto-táxi não é uma excepção.

Deste modo, para perceber o rendimento diário dos agentes económicos de Moto-
Táxi decorrente da sua actividade foi elaborado o gráfico 5 que se segue:

Gráfico 5 – Rendimento dos Moto-Táxis por dia

19 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Fonte: Autor (2020)

Apesar dos dados demonstrar certo equilíbrio nas respostas, a maior parte dos
agentes económicos de Moto-táxi afirmaram que durante um dia normal de
actividade, conseguem obter um rendimento líquido de 200 meticais, ou seja, final
do dia de trabalho de Moto-táxi após retirar as seus custos operacionais
(concretamente combustível, alimentação e taxas municipais diárias) conseguem
obter está renda.

Por um outro lado, número significativo de agentes de Moto-táxi equivalente a


33,33% afirmaram que o rendimento diário, após a retida dos custos operacionais,
tem sido normalmente 300 meticais, e ainda um número ínfimo de agentes de Moto-
táxi correspondeste a 13% afirmou que tem obtido a renda de 500 por dia. Salientar
que estes agentes de Moto-táxi que obtém essas rendas diárias (500.00 Meticais) são
aqueles que geralmente trabalham na zona cimento da Cidade de Nampula (como
por exemplo Moto-táxis que operam na praça da Total), onde poder de compra dos
cidadãos é pouco superior em relação a zona suburbana da cidade.

20 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


Portanto, paralisação da actividade de económica de Moto-táxi significou ou
significaria uma perda financeira de mínimo de 200 meticais por dia para os
agentes de Moto-Táxis, o que é elevado tendo em conta renda nacional de um
cidadão moçambicano é de abaixo de um 1 dólar por dia.

A partir da renda diária dos agentes económicos de Moto-táxi, efectuou-se a


projecção de rendimento mensal desta actividade, de modo a perceber que perdas
financeiras mensais do cumprimento de Estado de emergência tem tido nesta
actividade, através da fórmula subsequente:

Renda Mensal = Valor Mensal X Dias de Trabalho

Do cálculo realizado, foram obtidos os seguintes resultados relativamente aos


rendimentos mensais dos agentes de Moto-táxi:

Tabela 2: Projecção de perdas financeiras dos Moto-Táxis na Cidade de Nampula

Renda Diária Renda Renda Semestral Renda Anual


Mensal
200.00 MTS 6.000.00 MTS 36.000.00 MTS 73.000.00 MTS
Fonte: Autor (2020)

Com base nos rendimentos ganhos, a paralisação da actividade económica de Moto-


táxi como previsto inicialmente no âmbito das administrativas do Governo em
virtude do Estado de emergência em vigor em Moçambique, mensalmente cada
Moto-táxis teve uma perda financeira de 6.000.00 meticais, e se a proibição tivesse a
duração de um período de 6 meses (um semestre) devido a alastramento do Estado
de emergência, a perda financeira seria de 36.000.00 meticais por cada agente de
Mota-táxi, e finalmente se a paralisação da actividade fosse anual, cada Moto-táxi
no mínimo teriam uma perda financeira de 73.000.00 Meticais.

Analisando de forma global, estima-se que na Cidade de Nampula tenha cerca de


1500 Moto-táxis, a operar em cerca 33 parques de Mota-táxi espalhadas pela

21 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


cidade10. Portanto, uma análise macro da actividade económica de Moto-táxi, os
números das perdas financeiras fica mais avultada, tal como demonstra a tabela 3,
a seguir:

Tabela 3: Projecção Global de Perdas Financeiras dos Moto-Táxis na Cidade de


Nampula

Número Renda Diária Renda Mensal Renda Renda Anual


Total de Semestral
Moto-
Taxistas
1500.00MT 300.000.00MTS 9.000.000.00MTS 54.000.000.00MTS 109.500.000.00MTS

Fonte: autor (2020)

Tendo como referência os rendimentos gerados na actividade Moto-táxis e o número


total de Moto-táxis no operar no mercado da Cidade de Nampula, a Tabela 3
supracitado mostra que diariamente os agentes económicos de Moto-táxis apresenta
uma perda financeira de 300.000.00 Meticais com a paralisação desta actividade em
virtude do Estado de emergência. Já mensalmente as perdas financeiras chegaria a
um valor global de 9.000.000.00 Meticais, com a paralisação desta actividade
económica.

No entanto, semestralmente as perdas financeiras na actividade económica de


Moto-Táxis correspondem um valor global de 54.000.000.00 Meticais, e finalmente,
no período de ano, os prejuízos financeiros seriam num valor global de
109.500.000.00 Meticais.

Prejuízos Económicos na Actividade Moto-Táxi Face ao Estado de


Emergência na Cidade de Nampula

Na visão de Logullo (2017), perdas na economia correspondem gastos imprevistos e


que não trazem retorno algum para a empresa ou agentes económicos, como por
10
Informação disponibilizada por Victor Miguel, promotor e Presidente da Associação de Moto-Táxi na Cidade de
Nampula, criada em 2014, em virtude da desorganização que existia no sector e na criação de mecanismos para que
estes transportes contribuam para os cofres municipais, in www.dn.pt/lusa/associacaodemotataxinampula, acedido
no dia 15 de Abril de 2020.

22 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


exemplo, problemas de computadores, acidente de trabalho, produtos vencidos no
estoque.

Na actividade económica de Moto-táxi na Cidade de Nampula, os Moto-táxis


apontam com principais prejuízos económicos, os seguintes:

(i) 73 % Fome na família dos Mota-táxis;


(ii) 23% Não cumprimento de receita diária para os proprietários de Moto-
táxi;
(iii) 4% Cumprimento de pagamento de dívidas de aquisição de Moto-táxi;

Portanto, o principal prejuízo económico indicados pelos Moto-táxis da paralisação


desta actividade económica, tem sido a eliminação da principal fonte de alimentação
das famílias, tendo em que a maioria parte dos Moto-táxis tem sua fonte de
sobrevivência nesta actividade.

Medidas Governamentais para apoio a Actividade de Moto-Táxi Face ao


Estado de Emergência.

Uma das inquietações colocadas na sociedade Moçambicana é questão de protecção


da economia nacional durante a vigência do Estado de emergência, no sector de
informal, especialmente na actividade de Moto-táxi.

Neste âmbito, para a protecção desta actividade económica, os agentes económicos


de Moto-táxi apontam as seguintes medidas concretas para atenuar os efeitos do
Estado de emergência, que tem afectado negativamente na produção nesta
actividade, nomeadamente:

Tabela 4: Principais medidas para a protecção da actividade de Moto- Táxi na


Cidade de Nampula

№s Medidas para Protecção


01 Dar alimentação básica aos agentes económicos, de modo a fazer face a
paralisar a actividade de Moto-táxi face a pandemia de COVID-19.
02 Dar assistência medica e material de protecção ao COVID-19 para fazer face

23 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


a doença no caso funcionamento condicionado do Moto-Táxi.
03 Realizar consulta pública com os Moto-Táxis antes de paralisação da
actividade de Moto-Táxi, de modo estarem conciliados da acção.

Fonte: Autor (2020)

Portanto, por um lado, na visão dos agentes económicos de Moto-táxi na Cidade de


Nampula, uma eventual a paralisação desta actividade económica deve ser
acompanhada, com medidas proteccionistas do governo que garantam a subsistência
dos agentes económicos, como por exemplo a distribuição aos agentes económico de
Moto-táxi alimentação para assegurar a sua sobrevivência e dos seus dependentes.

Por outro lado, um eventual funcionamento condicionado de actividade Moto-táxi


em virtude das medidas de prevenção contra a pandemia de COVID-19, as
autoridades governamentais deve assegurar que os agentes de Moto-Táxi tenham
protecção mínima durante o exercício da sua actividade, através de disponibilização
de material de protecção contra COVID-19, nomeadamente mascara e produtos de
limpezas, pois os rendimentos produzidos diariamente são insuficientes para
adquirir esses materiais de protecção diariamente ou mensalmente, de acordo com
os preços praticados actualmente no mercado local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estado de emergência em Moçambique, decretado face a pandemia de COVID-19,


do ponto de vista económico, não foi acompanhado com medidas efectivas de
protecção a economia e agentes económicos, tal como aconteceu noutros países como
Angola, Malawi, Portugal e EUA, dai que maior índice de vulnerabilidade social e
económico dos agentes económicos, particularmente no sector informal.

A paralisação ou/e funcionamento condicionado da actividade Moto-táxi, tem um


custo social significativo, pois cerca de 80% dos agentes de Moto-táxi na Cidade de
Nampula dependem exclusivamente da actividade para obter rendimento, ou seja,

24 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


para além da actividade de Moto-táxis não têm outra actividade de trabalho ou
emprego.

Por isso mesmo, os agentes económicos de Moto-táxi consideram que a garantia do


sustento familiar através de actividade de Moto-táxi, é mais importante na prática
em relação a preservação da saúde própria e dos outros cidadãos, contra a pandemia
de COVID-19, deste modo, a decisão governamental de paralisação ou redução desta
actividade em Moçambique deve ser acompanhada imediatamente de medidas
concretas que ofereça alternativas para sobrevivência destes agentes económicos e
seus dependentes, o que não tem acontecido actualmente em Moçambique.

Na realidade prática da Cidade de Nampula, paralisar ou reduzir a actividade de


Moto-táxi não significa apenas socialmente retirar ou impedir a única fonte de
rendimento de jovens sem emprego, significa igualmente 7 pessoas dependentes
(crianças e adultos) estarão sem fonte de obtenção de renda para o sustento
familiar, aumentando os índices de vulnerabilidade social em Moçambique.

Economicamente, a paralisação ou funcionamento condicionado da actividade de


Mota-Táxi em virtude do Estado de emergência, significa uma perda financeira de
mínimo de 200 meticais por dia para os agentes de Moto-táxis, um valor elevado
face renda diária de um cidadão moçambicano de um 1 dólar por dia. De forma
global, diariamente os agentes económicos de Moto-Táxis apresentam uma perda
financeira de 300.000.00 Meticais por cada dia.

Com Estado de emergência, na actividade económica de Moto-Táxi na Cidade de


Nampula os principais prejuízos económicos têm sido a fome na família dos Mota-
Táxis; incumprimento de receita diária para os proprietários de Moto-táxi; e
incumprimento de pagamento de dívidas de aquisição de Moto-táxi. Dentre estes
prejuízos económico, a fome na família tem sido o principal pois o Estado de
emergência face ao COVID-19, gradualmente tem eliminado a única e principal
fonte de alimentação dos agentes de Moto-Táxis e dos seus dependentes.

Para os agentes económicos de Mota-táxi na Cidade de Nampula, o Estado de


emergência deveria ser acompanhado por duas medidas de protecção essa

25 Custo Social e Económico do Estado de Emergência no Moto-Táxi na Cidade de Nampula 2020


actividade, nomeadamente: (i) num cenário de paralisação total desta actividade, tal
como o Governo de Moçambique tinha decidido inicialmente, deve disponibilizar
produtos alimentares básicos de subsistência para Moto-táxi durante a paralisação;
e (ii) num cenário de funcionamento condicionado desta actividade, tal como
acontece actualmente, o Governo deve garantir todos os matérias de protecção aos
agentes económicos devido a incapacidade deste garantir a sua aquisição.

Acrescido a isso, qualquer medida para protecção da actividade de Moto-táxi, na


visão dos próprios agentes económicos de Moto-táxi deve ser acompanhado por
consulta pública sobre a viabilidade das medidas adoptadas.

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