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José Mario de Carvalho Jr.

CREA-RS: 552877-D

A nova NR-12/2019: uma visão antecipada das


principais mudanças
José Mario de Carvalho Jr.
Engenheiro Mecânico - UFGRS
Mestre em Administração de Empresa - UFRGS

E-mail: jose.mario.carvalho.jr@gmail.com

Resumo
Este estudo faz uma comparação entre a nova versão - ainda não publicada - da NR-12 com a última
versão oficial de 2018. Observou-se que ajustes substanciais foram feitos no sentido de torná-la mais
objetiva aos seus usuários, sendo simplificada em alguns pontos e corrigidos erros históricos em outros.
Extrai-se da leitura comparativa entre as duas versões que não houve mudanças radicais no conteúdo,
premissa reforçada pelo fato de a diferença em quantidade de palavras entre o novo e o antigo texto é
menor que 4%. O novo tem cerca de 300 palavras a menos. Uma nova morfologia foi desenvolvida para
o documento que conta agora com um Sumário. Todos artigos, parágrafos, itens e subitens estão
indexados. Cortes profundos, apontados pelo mercado como certos, não aconteceram. O comitê
organizador demonstra que a tendência é harmonizar a norma com as diretrizes de Fabricação de
Máquinas e Equipamentos Europeias. Foi observado que o legislador gradativamente está passando a
responsabilidade para os projetistas de Sistemas de Segurança, dando-lhes mais autonomia e
flexibilidade para encontrar soluções mais seguras e mais econômicas. Nove itens deixaram de ser
prescritivos (mandatórios) e passaram a ser definidos pela Apreciação de Risco, contra três na versão
antiga. Temas polêmicos, não abordados em versões anteriores foram incluídos na nova versão, tais
como ligação em série de sensores e chaves de bloqueio interligados a uma única interface de
segurança; células robotizadas; e reconhecimento de soluções propostas pela ISO 13.849. Uma
limitação deste documento é que foi desenvolvido somente com o corpo principal da Norma. Uma
avaliação mais profunda dos doze anexos se faz necessária para referendar ou não as conclusões aqui
expostas. Outra limitação é que a versão avaliada não é ainda oficial. É provável que mais ajustes
ocorram, mas pelo nível de detalhamento que se encontra é pouco provável.

Keywords: Normas Regulamentadoras; NR-12; ISO 13849-1; Segurança de máquinas;

Dedicatória “O Sr. sabe! Se na outra empresa que eu trabalhava há cinco anos


como aprendiz de manutenção tivesse este cuidado cas máquina e
Sexta-feira, janeiro de 2014, véspera de Carnaval, seis horas da cos pião (sic) hoje eu seria mecânico e não limpador de
tarde. A família em casa, carro carregado, e eu atrasado para o fim maravalha” - e levantou a mãos.
de semana prolongado. Estava dentro de uma grande empresa na Na direita só o polegar e parte do indicador. Colocou a mão certa,
Serra Gaúcha captando fotos para ilustrar o Resumo Executivo de na hora errada ao ajudar um mecânico na manutenção de uma
um trabalho de Apreciações de Riscos realizado em mais de oitenta serra circular.
máquinas com o objetivo de atender as demandas da NR-12. Este documento é um trabalho voluntário que dedico ao Seu João
Distraído, não percebi a aproximação de um senhor com uma que só me mostrou com uma tristeza doída a responsabilidade que
vassoura na mão. Era o Seu João Sc****lli, responsável pela nós Engenheiros envolvidos com sistemas de segurança temos com
limpeza da fábrica ao final do expediente. o futuro de milhares de operadores; ajustadores; e mantenedores
“O que o Sr. faz aqui a está hora?” perguntou-me Seu João, com que todos os dias colocam suas mãos dentro de máquinas e
simplicidade no linguajar e curiosidade na mente, apoiado com as equipamentos.
duas mãos em seu instrumento de trabalho, uma vassoura de
piaçava.
“Estou concluindo um trabalho de Análise de Riscos” e continuei
explicando da forma mais didática possível que o adiantado da
hora me permitia. O Seu João entendeu. E comentou:

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Introdução A extensão da norma continua basicamente a mesma. O


número de palavras pouco mudou entre um documento e
Recentemente o Presidente da República afirmou que outro. Eram 10.126 na versão antiga, contra 9.765 na nova.
pretende rever todas as Normas Regulamentadoras (NRs) de
segurança e saúde do trabalho e com isso reduzir em 90% as QUANTIDADE DE PALAVRAS

diretrizes vigentes. Uma das prioridades, segundo a NOVA ANTIGA


presidência, é a NR-12 - Norma Regulamentadora - que 9.765 10.126
define referências técnicas, princípios fundamentais e
medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade Tabela 1: Quantidade de palavras.
física dos trabalhadores na utilização de máquinas e
equipamentos. Dado o baixo percentual de diferença pode-se inferir que o
conteúdo não deverá sofrer mudanças severas.
O objetivo deste estudo é realizar um comparativo entre a
versão vigente (VV) e a revisada (VR) que deve ser Por outro lado, pode-se afirmar que o texto sofreu uma
oficializada ainda no primeiro semestre deste ano. “limpeza”. Redundâncias foram eliminadas e alguns deslizes
no português foram banidos. A linguagem está mais leve;
Desde seu lançamento (1978), a NR-12 vem sofrendo
direta e menos impositiva. Na versão original o verbo
críticas por parte da indústria nacional quanto a sua eficácia.
“garantir” foi usado 37 vezes, contra 9 na nova versão. Em
Estas apreciações negativas se intensificam a partir de 2010,
alguns casos os redatores/legisladores optaram pela palavra
quando uma revisão completa e ampliada é publicada por
“resguardar”. A expressão “Eliminar a possibilidade de
meio de uma portaria do Ministério do Trabalho. Estas
burla” foi substituída por “dificultar a possibilidade de
insatisfações, tanto de fabricantes, quanto de usuários de
burla”. Os legisladores entenderam que nós - mortais
máquinas e equipamentos convergem para quatro focos:
Engenheiros - não temos varinha de condão para “eliminar”
a) dificuldades de interpretação do texto; todas possibilidades de burlas e “garantir” 100% que os
equipamentos estarão livres de riscos e falhas em sistemas de
b) dificuldades em encontrar soluções técnicas que não
segurança que gerem perigos aos usuários. Ou seja,
prejudiquem a operacionalidade dos equipamentos;
entenderam que nem sempre - ou nunca - seremos mais
c) Elevados custos envolvidos para que os espertos que o time de chão de fábrica que, se necessário for,
equipamentos e máquinas atendam a legislação; e sempre encontra uma forma de “by-passar” o sistema de
segurança. Esta mudança de atitude na redação vem ao
d) As especificações são mais rigorosas que as
encontro das tendências mundiais em segurança industrial:
Internacionais, impactando a competitividade dos
deixar de ser uma norma impositiva para ser mais
produtos nacionais.
probabilística. Voltaremos a este ponto nas discussões de
De 2010 até o momento, nove alterações foram realizadas mudanças conceituais mais abaixo.
para mitigar ou estancar as críticas acima descritas. Entre
todas, esta última – ainda por ser oficializada – será a mais A nova NR-12 avança no sentido de deixar de ser uma
profunda e abrangente. norma impositiva e regulatória, para, alinhada com a
Este documento, ainda que limitado, é uma tentativa de tendência mundial em segurança de máquinas, ser
apresentar as modificações previstas nesta nova revisão que mais probabilística.
se avizinha e quais impactos elas trarão às operações de
empresas industriais. Uma limitação do estudo é ter Hierarquia
analisado somente o corpo da norma, não discutindo as
mudanças que sofrerão os anexos. Entretanto, esta limitação As diretrizes europeias para sistemas de segurança de
não impacta no entendimento das mudanças, uma vez que os máquinas e equipamentos definem uma hierarquia quanto à
adendos são particularidades de assuntos restritos, todavia abrangência de normas técnicas, sendo a tipo A, mais
sempre orientados pelas diretrizes do texto principal. conceitual e abrangente, as que definem os aspectos padrão
de segurança para todos tipos de máquinas (ex.: ISO 12.100
Morfologia atualizada – Apreciação de Risco). Em seguida, passamos para normas
do tipo B, mais especificas e técnicas (ex.: ISO 13894-1
A primeira grande mudança é a reindexação completa da Safety of machinery – Safety-related parts of control systems
norma. Agora, os títulos estarão todos numerados, o que – Part 1: General principles for design) e sendo as tipo C
facilita uma pesquisa rápida. Artigos, itens, sub-itens, e aquelas que descrevem riscos significativos, riscos
alíneas foram renumerados. Foi incorporado um Sumário, específicos e medidas para reduzir esses riscos em máquinas
antes inexistente, dividido em Títulos e Anexos. É um especiais ou tipos de máquinas (ISO 23.125-1 – TORNOS).
avanço significativo, ainda que pese a falta de uma Lista de Se existir uma norma tipo C para um tipo de máquina em
Figuras. questão, ela terá prioridade sobre um padrão do tipo B ou A.

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Se existirem riscos adicionais que não são abordados na A definição de o que é uma máquina e o que é um
norma tipo C, ou se não houver uma norma tipo C especial equipamento não aparece nesta nova versão. Em nosso
para a máquina que está sendo planejada, a redução de risco entendimento é uma demanda por ser suprida. A NR-12 tem
de acordo com os padrões A e B devem ser seguidos. estas duas palavras em seu título, portanto deve haver uma
diferença entre as duas. A norma de diretrizes harmonizada
Tão somente baseado nos títulos dos anexos, sem entrar
de máquinas europeia define o que vem a ser uma máquina.
no mérito do conteúdo, observa-se que a morfologia dos
Bastaria adotar esta definição, e apresentar uma para
Anexos sofreu poucas mudanças. Entende-se que a
equipamento.
coexistência de anexos de aspectos gerais, típicos de uma
norma tipo A, (ex.: Anexo 2 – Conteúdo Programático da Uma novidade positiva na VR é que em casos de
Capacitação) e anexos para máquinas específicas, (ex.: ausências e/ou omissões está definido que técnicos devem se
Anexo V- Motosserras; Anexo VIII – Prensas e similares) guiar nas normas Europeias tipo C harmonizadas. Por
que facilmente se classificariam como normas tipo C, não faz exemplo, para tornos mecânicos existe uma norma de
sentido. Entendemos que o papel das NRs em geral e da NR- segurança tipo C: ABNT ISO 23125-1 MÁQUINAS
12 em particular é cumprir o papel, mutatis mutantis, de FERRAMENTAS – TORNOS – SEGURANÇA. Tema
normas tipo A. Mas por critério de coerência que se há controverso, parece agora, pacificado.
normas tipos C, entendemos, então, que deveria haver anexos
para outros tipos de equipamentos tais como, mas não 12.1.9.1.1 Entende-se por alternativas técnicas
existentes as previstas nesta NR e em seus Anexos,
limitados a Tornos, Fresas, Retíficas, Furadeiras e outras. bem como nas normas técnicas oficiais ou nas
Quem lida com a indústria manufatureira sabe que estas normas internacionais aplicáveis e, na ausência ou
máquinas são tão ou mais comuns que as máquinas que têm omissão destas, nas normas Europeias tipo C
harmonizadas (grifo nosso).
o privilégio de já possuírem anexos. Não há como negar,
entretanto, que talvez o critério do legislador tenha sido
ABNT NBR ISO 13.849-1
incluir equipamentos com grau mais elevado de gravidade,
onde, então, anexos específicos para injetoras e prensas, A norma ABNT NBR ISO 13.849-1 define os requisitos
façam sentido. de segurança e orientação sobre os princípios de projeto e
integração de partes de sistemas de comando relacionadas à
Modificações Conceituais segurança. A nova versão admite, na forma que está definido
no item 12.1.11, que máquinas e equipamentos projetados ou
Abrangência e escopo. adequados de acordo com a ISO 13.849, 1 e 2, atendem a
NR-12. Em nosso juízo um dos maiores avanços desta
Ainda que a expectativa de profundas mudanças fosse revisão. Ainda que possa parecer um contrassenso na ótica
esperada, pouco foi alterado no artigo que estabelece o do mercado, a inclusão da 13.1849-1 e 2 no corpo da NR,
escopo e seus limites para NR12. A eliminação de [todos os tornarão os projetos de segurança mais baratos e os
tipos], na primeira frase do primeiro artigo, abre uma nova equipamentos mais seguros. Em contrapartida, para se chegar
perspectiva para o que deve e o que não precisa ser adequado a uma solução mais barata, mais esforços de engenharia
de acordo com a norma. Uma segunda mudança se deu com a serão necessários. Por falta de critério objetivos, acaba-se por
liberação do uso das normas tipo C, certo modo, adotar a prática do “faz tudo CAT 4, por que não dá
preenchendo a lacuna apontada no capítulo anterior. diferença para a CAT 3”. Não é verdade. A ISO 13849 1 e 2
utilizada de forma correta prova isto.
12.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR e seus
anexos definem referências técnicas, princípios Para atingir os resultados acima apontados, sejam em
fundamentais e medidas de proteção para resguardar
a saúde e a integridade física dos trabalhadores e eficiência de custos, sejam em eficácia de segurança,
estabelece requisitos mínimos para a prevenção de mudanças internas deverão acontecer nas empresas.
acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto Primeiro, cada vez mais a NR-12 terá que se deslocar dos
e de utilização de máquinas e equipamentos [de
todos os tipos], ... e, na ausência ou omissão departamentos de SEMST e dos Departamentos de
destas, nas normas Europeias tipo C Manutenção1, para setores de Engenharia, onde será possível
harmonizadas. (grifo nosso) realizar projetos mais detalhados usando técnicas mais
precisas de cálculos de CATEGORIA projetada. Segundo,
Três novos tipos de exceções foram acrescentados aos três
estas transformações que se impõe exigirá dos fabricantes de
já existentes: ferramentas portáteis e transportáveis, ainda
componentes uma postura mais técnica, demonstrando por
que com força motriz elétrica; equipamentos certificados
meio de ensaios, testes e certificações de confiabilidade
pelo IMETRO; e equipamentos estáticos. A definição de
dados mais precisos e confiáveis para que os projetistas
equipamento estático está contida no glossário, entretanto
carece de objetividade. A sugestão seria apresentada
1
exemplos para este tipo de artefato. Um forno, por exemplo: Nossa experiência mostra que em torno de 80% das demanda por
é estático? E um silo? Pontos a serem esclarecidos. soluções em NR-12 chegam ao mercado por meio de um destes dois
setores.
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realizarem os cálculos que a NBR 13.849-1, na definição de a) Sistema de bimanual.


CAT e PL.
b) Monitoramento dos Sistemas de partida de parada.
Robôs c) Painel de comando em extra baixa tensão.

A revisão aqui discutida também avança no sentido de d) Proteção contra choques elétricos.
harmonizar as demandas por sistema de segurança de robôs, e) Redundância nos circuitos de segurança.
um item de muita discussão no meio industrial,
principalmente no que diz respeito a robôs colaborativos. O f) Definição da CATEGORIA requerida (ISO 13849-1
item 12.1.12 sugere que os projetos de segurança em ou NBR 14153-1).
instalações robotizadas sigam às prescrições das normas g) Necessidade de Rearme após incidência de falha no
ABNT ISO 10218-1, ABNT ISO 10218-2, da ISO/TS 15066 sistema de segurança.
e demais normas técnicas oficiais.
h) Critérios para elaboração de procedimentos de
Apreciação de Risco trabalho e segurança.

O autor defende ideia que a NR-12 deveria deixar de ser Redundância na parada e partida da principal fonte
determinística (faça A, e vc estará em compliance), e passar a de energia.
ter uma orientação mais alinhada com as diretrizes Europeia
que prescrevem processos para contribuir com soluções de O artigo 12.37 da versão antiga, trata da redundância nos
segurança (calcule o risco, encontre soluções A, B ou C, sistemas de paradas e partidas. Era, baseado em nossa
avalie os resultados e se forem estatisticamente seguro experiência profissional, aquele que mais divergências
dentro de determinados parâmetros, escolha o melhor, e gerava, quanto a sua aplicabilidade. O item prescrevia
siga em frente...). Não é por menos que os legisladores mandatoriamente que o circuito de potência deveria ser
diminuíram de 37 para 9 o uso da palavra “garantir”, já redundante por meio de uma das três opções sugeridas no
discutido anteriormente. Como na vida nada é 100% texto. Uma falha deste quesito era que, embora ele alertasse
garantido, não adianta abrir luta contra a ponta da faca. O para o fato que ele poderia ser aplicado se assim Apreciação
que temos que fazer é mitigar o risco por meio de soluções de Risco indicasse, não havia nenhuma consideração quanto
que reduzam a probabilidade de falhas. Quanto maior for o às alternativas possíveis. Por exemplo, se a Apreciação de
risco, maior deve ser a probabilidade da resistência à falha Risco apontasse para um risco CAT 2, qual seria a estrutura
dos sistemas de segurança que mitigam o risco. do circuito de comando adequada para este risco? (i.e.: com
ou sem redundância, com ou sem auto-monitoramento). O
A leitura atenta do novo texto indica a intenção do
item 12.37 não respondia este tipo de questão. O projetista
legislador em transferir identificação de riscos e suas
ficava sem uma diretriz. Na dúvida, colocava redundância e
remediações para as Apreciações de Risco (AR). Em última
monitoramento em tudo, encarecendo o projeto. Agora o
instância, deu mais flexibilidade ao engenheiro analista
item 12.4.14, substituto do 12.37, flexibiliza as alternativas
definir o que é e o que não é seguro. Mas não existe almoço
disponíveis ao projetista. Cabe destacar o novo texto:
de graça.
12.4.14 Se indicada pela apreciação de riscos a
necessidade de redundância dos dispositivos
O legislador deu mais responsáveis pela prevenção de partida inesperada
flexibilidade ao engenheiro ou pela função de parada relacionada à segurança,
conforme a categoria de segurança requerida, o
analista definir o que é e o que circuito elétrico da chave de partida de motores de
não é seguro. Mas não existe máquinas e equipamentos deve:
almoço de graça. Esta a) possuir estrutura redundante;
b) permitir que as falhas que comprometem a
flexibilização vem acompanhada função de segurança sejam monitoradas; e
de mais responsabilidade. c) ser adequadamente dimensionado de acordo
com o estabelecido pelas normas técnicas oficiais ou
pelas normas internacionais. (grifo nosso).
Esta flexibilização vem acompanhada de mais
responsabilidade. Vantagem para quem realmente está mais Em nosso entendimento, o item c) deveria ser mais
preocupado em gerar segurança e menos preocupado com as explícito e recomendar o uso ISO 13849-1, para definição do
multas e interdições impostas pela não observância da sistema redundante.2
Norma.
Sistemas de Segurança
No novo texto, o comitê revisor chama nove vezes a
responsabilidade para a Apreciação de Risco, contra 4 da 2
Como regra simplificada do previsto na ISO 13.849-1, sugerimos
versão anterior. Agora, as exigências, antes mandatórias, que redundância com dois canais monitorados para CAT 4;. Para CAT 3
passarão pelo o crivo de uma AR prévia são: redundância com no mínimo um canal monitorado. Mas sempre levando-se
em conta que outras variáveis influenciam nesta escolha
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O título “Sistemas de Segurança” da versão antiga se usar sem perda de CATEGORIA3. Porém pode-se afirmar,
manteve o enunciado. Aqui, salvo melhor juízo, o título do baseado na TR 24.119, que os fatores que afetam a
capítulo deveria ser “12.5 Proteções físicas Fixas e Móveis”, CATEGORIA de um sistema de controle de segurança com
pois conteúdo discorre primordialmente sobre soluções ligações em série de sensores e interlocks, são:
físicas para mitigação de risco, quer sejam móveis com
a. Frequência de abertura de proteções móveis (quanto
intertravamento, quer sejam fixas.
maior, menor a CAT)
Novamente, o conceito de transferência para o
b. Número de operadores que atuam no mesmo
profissional habilitado aparece neste capítulo, reforçando a
equipamento (quanto maior, menor a CAT).
ideia de que o sistema de segurança deve ser projetado pela
experiência dos profissionais da área, apoiados e guiados c. Quantidade de proteções em série. (quanto mais,
pelas normas vigentes. As definições e recomendações para menor a CAT)
proteções físicas fixa e móveis sofreram pequenas
d. Distância entre uma proteção e outra (quanto mais
modificações textuais sem impacto significativo. Foi
distantes, menor a CAT).
esclarecido com mais ênfase que proteção móvel é a aquela
que precisa ser aberta no mínimo uma vez por turno. e. Se as proteções são abertas simultaneamente (Se
sim, menor a CAT).
Ainda neste capítulo foi eliminado o antigo item 12.8 que
tratava de definições de componentes de segurança. Estaria Todas estas variáveis afetam o DC - Diagnóstico de
mais apropriado no glossário, o que, de certa forma, foi feito. Cobertura, um índice de 0 a 100%, medida da eficácia dos
diagnósticos, que pode ser determinada como a razão entre a
Ligações em série de componentes taxa de falhas perigosas detectadas e a taxa falhas perigosas
totais. Para aplicações CAT 2; 3 e 4 o DC mínimo
Uma novidade não esperada foi a inclusão de um necessário é 60%. Recomendamos o estudo ISO 13.849-1
parágrafo sobre a ligação elétrica em série de sensores e para entender o conceito e a metodologia de cálculo deste
chaves mecânicas em uma única interface de segurança índice.
(relé). Este tema causa muita discussão sobre qual a
CATEGORIA máxima atingida com esta forma de Parada de Emergência
interligação. Muito embora o tema tenha sido incorporado ao
texto, a solução definitiva fica definida pela ISO/TR 24.119: Dispositivos de parada de emergência ganharam um
capítulo próprio. Não há alterações substanciais neste ponto,
12.5.6.1 É permitida a ligação em série, na mesma
interface de segurança, de dispositivos de intertravamento exceto eliminação de eventuais redundâncias textuais tais
de diferentes proteções móveis, desde que observado o como “os equipamentos manuais não necessitam de botões
disposto na ISO/TR 24.119. de emergência”.
A ISO/TR 24.119 é um relatório técnico que ajuda na
interpretação da ISO 14.119. Esta, por sua vez, trata de Componentes pressurizados
intertravamento de proteções móveis e consequentemente a No trato com componentes pressurizados o legislador foi
ligação dos sensores e chaves eletromecânicas de conservador e poucas alterações foram feitas neste tópico.
travamento. Mais uma vez os organizadores da NR se Entretanto, uma alteração no item 12.84 (versão atual), que
posicionam em alinhamento com as tendências mundiais. versa sobre sistemas pressurizados com dois estágios, o
A interpretação deste Technical Report (TR – Relatório deixou mais detalhado. Este item é importante, à medida que
Técnico) não é simples e requer algumas avaliações pode ser um grande redutor de custos para quem possui
adicionais para chegar-se à conclusão se é possível, ou não, baterias de prensas pneumáticas, tal como ocorre na indústria
usar ligações em série para sensores e interlocks. A ISO calçadista. Recentemente, um cliente na indústria de artefatos
14.119 demonstra os cálculos necessários para, a partir do de borrachas economizou milhares de reais em um conjunto
número de chaves em série, determinar qual a PL máx. de doze prensas pelo simples fato de ter tido a expertise
atingível. Cabe salientar que a ligação em série para contatos necessária para fazer uso correto deste item em seus projetos.
NF e ligações em paralelo para contatos NA, ligadas em um A título de ilustração, reproduzimos o item 12.84 em sua
único Relé de Segurança jamais atigirão CATprojetada 4. A nova versão, agora 12.7.8:
causa raiz desta limitação é o Masking Fault: em ligações em
Para fins de aplicação desta NR, consideram-se
série, a falha de um canal de um sensor, não é detectada a seguras, não suficientes para provocar danos à
tempo para que não haja perda de segurança. Esta possível integridade física dos trabalhadores, a limitação da
perda de segurança não identificada a tempo é um item de força das partes móveis até 150 N (cento e cinquenta
Newtons), da pressão de contato até 50 N/cm2
exclusão para projetos atingirem CATprojetada 4. (cinquenta Newtons por centímetro quadrado) e da
Não cabe aqui detalhar todos os cálculos necessários para 3
Na TR há um guia rápido e simplificado que correlaciona quantidade de
chegar-se a uma conclusão de quantas chaves em série pode- sensores em série e CATEGORIA.
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energia até 10 J (dez Joules), exceto nos casos em Nos itens transportadores e aspectos ergonômicos,
que haja previsão de outros valores em normas
técnicas oficiais específicas
respectivamente itens 12.8 e 12.9 poucas mudanças foram
realizadas. No que se refere a ergonomia, o tópico foi
12.7.8.1 Em sistemas pneumáticos e hidráulicos sintetizado, indicando aos usuários se valerem da NR-17 –
que utilizam dois ou mais estágios com diferentes ERGONOMIA para estar em compliance com as NRs.
pressões como medida de proteção, a força exercida
no percurso inicial ou circuito de segurança - Vários detalhamentos de aspectos da NR-17 foram
aproximação - não pode ser suficiente para provocar eliminados, o que a nosso juízo contribuiu para a “limpeza”
danos à integridade física dos trabalhadores.-, a já mencionada
pressão de contato e a energia devem respeitar os
limites estabelecidos no item 12.7.8, exceto nos Foi criado o capítulo 12.19 Riscos Ambientais, onde a
casos em que haja previsão de outros valores em
normas técnicas oficiais específicas. grande mudança é encaminhar este assunto para a NR-09
PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS
Manutenção, manuais e capacitações AMBIENTAIS.

Os capítulos sobre manutenção, sinalização e manuais, Notas finais


agora identificados como 12.11; 12.12; e 12.13 sofreram
pequenos ajustes superficiais e não impactam diretamente na Para desapontamentos de muitos, a eliminação ou
operação das máquinas e equipamentos, tampouco aumentam enxugamento da NR-12 não veio. Nem poderia vir. Em se
ou diminuem os custos para manutenção dos procedimentos tratando de segurança e aversão ao risco, nunca se anda para
da norma. trás. Nenhum de nós ficaria confortável se a ANAC
diminuísse as exigências de segurança nos voos domésticos
Em procedimentos de trabalhos e segurança o único do Brasil. O mesmo acontece com a NR-12. Não há - e nem
tópico digno de nota é desoneração de registro das inspeções haverá - chance de ela ser eliminada do cenário nacional. O
diárias dos operadores de máquinas e equipamentos, que há, nas sucessivas alterações, é um esclarecimento de
inspeção está prevista agora no artigo 12.14.2 (antigo pontos obscuros os quais, à medida que os técnicos vão se
12.131). familiarizando com as novas tecnologias e as novas normas e
Em Projetos, fabricação, importação, venda, locação, diretrizes internacionais de segurança industrial, os itens da
leilão, cessão a qualquer tipo e exposição - item 12.15 - o NR vão sendo atualizados e esclarecidos.
comitê executivo da NR estabelece que os equipamentos Se tivesse que resumir em uma única frase as mudanças
fabricados a partir de 17 de dezembro de 2010 devem levar aqui apresentadas, afirmaria que tanto os legisladores, quanto
em conta aspectos intrínsecos de segurança durante toda a projetistas aprenderam muito sobre projetos de segurança
vida útil da máquina ou equipamento. Isto, salvo melhor confiáveis e isto está sendo gradativamente transferido para a
juízo, em nosso entendimento desonera toda e qualquer norma.
obrigação de que máquinas anteriores à 2010 estejam sujeitas
às demandas da NR-12. Mas é necessário uma discussão Este movimento de aprendizado mostra que a norma vem
mais ampla para este entendimento se consolidar. se tornando menos uma ferramenta fiscalizatória para ser um
instrumento orientativo das Boas Práticas Internacionais de
O novo item 12.15 desonera toda e qualquer Segurança. Como consequência – e não podia ser diferente –
obrigação de que máquinas fabricadas antes de 2010 transfere aos Engenheiros projetistas de segurança mais
estejam sujeitas às demandas da NR-12. autonomia e flexibilidade para projetarem e implantarem
sistemas de segurança em máquinas e equipamentos. Mas
como tudo na vida, não há almoço de graça, logo, se há mais
autonomia, há mais responsabilidade na escolha das soluções
corretas e suas consequências.
Inventário
É visível que os legisladores amadureceram tecnicamente
Por fim, mas não menos importante, novidades sobre um
e revogaram demandas da norma que não faziam sentido.
item que tanta dor de cabeça gerou nos departamentos de
Passaram a recomendar – e não mais exigir – que os analistas
SESMET e HSE: O inventário de máquinas e equipamentos.
encontrem soluções baseadas nos riscos efetivos
A partir da oficialização da nova versão será necessário
identificados pela ferramenta correta: Apreciação de Risco
somente relação atualizada de máquinas e equipamentos, a
conforme NBR 12.100.
qual deve estar disponível em meios eletrônicos pois pode
ser requisitada pelo auditor-fiscal a qualquer tempo. Estão Não podia ser diferente.
desoneradas todas as outras demandas sobre inventário.
Outro progresso incontestável foi a firmeza em estabelecer
que nas brechas da NR-12, cabe o uso das normas tipo C
Outros tópicos
Europeia. Um ato de humildade em reconhecer a NR-12 não
é o Bíblia de Segurança de máquinas e equipamentos.

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Um enorme progresso. [2] ISO 13.849-1 – Safety of machinery – Safety-related parts of


control systems – Part 1: General principles for design.
Por último, o avanço no sentido de usar cada vez mais a [3] ISO 13.849-2 – Safety of machinery – Safety-related parts of
ISO 13849-1 deve ser elogiável, ainda que isto envolva um control systems – Part 2: Validation.
custo razoável de aprendizado. Ela mete medo em muitos. [4] ABNT NBR ISO 12100:2013 Segurança de máquinas –
Mas quando se passa a usá-la, é visível que além de Princípios gerais de projeto – Apreciação e redução de riscos.
simplificar as soluções, o resultado no fim do dia é que ela [5] ABNT NBR 14153:2013 Segurança de máquinas – Partes de
favorece o uso de soluções mais econômicas. Há, sem sobra sistemas de comando relacionados à segurança – Princípios
gerais para projeto.
de dúvida que há um grande tradeoff entre treinar e
[6] ISO/TR 24119:2015 Safety of machinery – Evaluation of fault
implantar. masking serial connection of interlocking devices associated
with guards with potential free contacts
Hoje a nova versão NR-12 equivale uma estrada mais
[7] EN ISO 14119:2013, Safety of machinery – Interlocking
bem sinalizada e balizada com menos pardais. Isto não devices associated with guards – Principles for design and
nos autoriza a andar acima dos limites da rodovia. Se selection',
respeitarmos a sinalização, não haverá o porquê de
multas!
Bom para a Indústria Nacional. Bom para quem está
seriamente engajado em encontrar as melhores e mais
seguras soluções de sistemas de segurança para a indústria
nacional.
A Engenharia brasileira agradece.
Por fim, fica evidente que segurança de máquinas e
equipamentos não é um procedimento nem uma punição.
Empresas industriais terão que evoluir no sentido de entender
que não será mais o SEMST, tampouco a “Manutenção”
instalando algumas proteções fixas de tela amarela que irá
resolver a questão de compliance com a NR-12.
Em uma avaliação pessoal e muito particular, e portanto
tão somente responsabilidade do autor, esta versão pronta
para entrar em vigor, salvo melhor juízo, demonstra cada vez
mais que o Engenheiro de Segurança cuida de pessoas, e que
os Engenheiros Projetistas de Sistemas de Segurança
(Mecânica, elétrica, hidráulica, pneumática e automação)
serão os que implementarão as melhores, mais efetivas e
mais eficazes soluções de segurança.
A NR12 está deixando de ser um (ou, mais um) entrave a
ser cumprido à título de obrigação, para ser uma ferramenta
efetiva de aumento a segurança de máquinas e equipamentos.
Ótimo!
Afinal, no fim da jornada de trabalho o que todos
queremos é voltar íntegros para o aconchego de nossas
famílias.

Reconhecimento
As notas aqui observadas só terão validade após a efetiva
publicação oficial da versão prévia que tivemos acesso. O
uso das informações acima é de inteira responsabilidade do
leitor, não cabendo ao autor qualquer responsabilidade do
uso inadequado das observações aqui apontadas.

Referências
[1] NR-12 Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
7 © 2019,
José Mario de Carvalho Jr.

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