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Resumo: Esta tese busca identificar e analisar o pensamento pedagógico da burguesia

industrial brasileira, a partir das propostas da mais importante entidade político sindical dos
empresários - a Confederação Nacional da Indústria (CNI) - ao longo de seus 60 anos de
existência. Assim, primeiramente, o estudo almeja, a partir da história da entidade,
entender a CNI enquanto o moderno príncipe industrial, ou seja, como a mais importante
fração do partido ideológico (segundo o conceito gramsciano) da burguesia brasileira. Em
seguida, apoiado nos conceitos de padrão de acumulação fordista e de padrão de
acumulação flexível, o trabalho busca rastrear o pensamento pedagógico da CNI, a partir
das categorias Estado, trabalho, industrialização, educação e formação profissional, em
documentos produzidos por esta entidade. Finalmente, o estudo tem como objetivo
construir um quadro ordenado e articulado do pensamento pedagógico da CNI, revelando
suas continuidades, suas rupturas, suas contradições e seus paradoxos.

O presente livro toma como objetivo de análise o pensamento pedagógico dos industriais
brasileiros organizados na Confederação Nacional da Indústria. A CNI constitui-se, assim,
num verdadeiro partido ideológico que busca organizar o consenso de toda a sociedade
em torno da primazia do projeto de "moderno príncipe industrial". Com efeito, se a obra
paradigmática de Maquiavel sintetiza, no conceito de "príncipe", o conteúdo e o significado
da ação política, na sociedade moderna, esse papel será exercido pelo partido.
Este trabalho mostra que, desde sua fundação, em 1938, até o momento atual, a
confederação Nacional da Indústria empenhou-se em projetos pedagógicos que visam
confirmar o trabalhador às bases materiais, tecnológicas e organizacionais da produção.

Livro
O moderno príncipe industrial: o
pensamento pedagógico da Confederação
Nacional da Indústria
Publicado pela Autores Associados, de Campinas, em 1998.
Prefácio de Gaudêncio Frigotto.

"A hegemonia vem da fábrica". Com esta afirmação, Gramsci destaca a centralidade da
indústria no modo de produção capitalista e, por consequência, na sociedade burguesa
moderna que é, ainda hoje, a forma social dominante.
Partindo desta constatação, o livro toma como objeto de análise o pensamento pedagógico
dos industriais brasileiros organizados na Confederação Nacional da Indústria (CNI). A CNI
constitui-se, assim, num verdadeiro partido ideológico que busca organizar o consenso de
toda a sociedade em torno da primazia do projeto de "moderno príncipe industrial". Com
efeito, se a obra pragmática de Maquiavel sintetiza, no conceito de "príncipe", o conteúdo
e o significado da ação política, na sociedade moderna, esse papel será exercido pelo
partido político. Por isso, Gramsci considera o partido o moderno príncipe, cuja função se
amplia abarcando não apenas a ação estatal, mas também a reforma intelectual e moral
da sociedade, mediante a qual é cimentada, pela via do consenso, a hegemonia dos
grupos sociais dominantes. E como "toda relação de hegemonia é uma relação
pedagógica", o "moderno príncipe industrial" necessariamente precisou pensar a educação
elaborando, assim, um pensamento pedagógico próprio.
É, portanto, a concepção de educação da CNI, nas suas metamorfoses, ao longo de 60
anos de existência da entidade nacional dos empresários industriais, o objeto da obra.
Trata-se de um livro que, pela relevância e atualidade do tema e pela clareza e precisão
da análise, vem, sem dúvida, enriquecer não apenas a literatura educacional, mas a
cultura brasileira de modo geral. (Dermeval Saviani, texto de orelha do livro).

O livro, fruto da tese doutoral homônima, orientada por Saviani e aprovada em 1997, está
dividido em quatro capítulos, além da introdução:
O capítulo I, intitulado O moderno príncipe industrial: rumo à história da CNI, pretende
apresentar sucintamente um panorama histórico do órgão máximo de representação da
burguesia industrial desde 1938 até 1996, priorizando a constituição do Sistema CNI,
particularmente de sua tríade pedagógica (SENAI, SESI, IEL). Além de buscar demonstrar
a pertinência da designação moderno príncipe industrial dada à CNI, tentar-se-á com essa
"vista aérea" da história da entidade, um entrelaçamento com a história brasileira e
mundial, em suas grandes mudanças econômicas e principalmente políticas.
Os capítulos II e III buscarão apresentar e analisar, principalmente, as concepções de
trabalho, educação e formação profissional produzidas no interior da CNI, relacionando-as
às grandes mudanças na base econômico-material da produção da vida humana.
Assim, o capítulo II, CNI industrialista: a formação humana na aventura industrial,
buscará apresentar e analisar os conceitos supra, articulando-os aos momentos históricos
compreendidos cronologicamente entre o final da década de 1930 e fins da década de
1970, período marcado pela hegemonia do padrão fordista de acumulação.
O capítulo III, CNI competitivista: a formação humana na busca da competitividade,
dará prosseguimento à linha de análise iniciada no capítulo anterior, desenvolvendo-a,
porém, a partir do interior do padrão flexível de acumulação, e, cronologicamente, desde o
início da década de 1980.
O pensamento pedagógico industrial, capítulo conclusivo, pretende construir, a partir de
uma recapitulação dos capítulos anteriores, uma urdidura dos movimentos contraditórios
das noções de educação e formação profissional ao longo de quase 60 anos de existência
da CNI, pondo em destaque as continuidades e rupturas, as metamorfoses, enfim, do
pensamento pedagógico da burguesia industrial brasileira.
Os suspeitos usuais
Publicado em http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Noticia&Num=903, acesso
em 22/08/2014
Os suspeitos usuais
Professor da Faculdade de Educação da UFF José Rodrigues comenta matéria da Folha sobre as demandas
por força de trabalho na indústria.
Sem inovar, indústria patina e busca técnico
Érica Fraga (Folha de São Paulo, 10/08/2014)

Mais trabalhadores no chão de fábrica, mais técnicos e engenheiros, menos operadores de


máquinas, menos pesquisadores. Em crise nos últimos anos, a indústria tenta se modernizar e
melhorar a competitividade, mas esbarra em sua reduzida capacidade para investir. Isso se
refletiu nas mudanças na estrutura de emprego no setor.

As demissões de operadores dos mais variados tipos de máquinas superaram em muito as


contratações desse tipo de profissional entre 2007 e 2013. (Confira a matéria na íntegra aqui ).

ANÁLISE
Por José Rodrigues, professor da Faculdade de Educação da UFF, membro do
NiepMarx-UFF, pesquisador do CNPq, autor de O moderno príncipe industrial:
o pensamento pedagógico da CNI (Campinas: Autores Associados, 1997) e
Os empresários a educação superior (Campinas: Autores Associados, 2007),
organizador de A universidade brasileira rumo à Nova América (Niterói:
EdUFF, 2012), entre outros trabalhos. Contato: jrodrig@vm.uff.br.

Demandas explícitas e desejos inconfessos do empresariado e o papel de seus intelectuais


orgânicos
Diariamente, tomamos conhecimento de notícias sobre a relação entre
emprego, crescimento econômico, competitividade e educação, como esta
que agora brevemente tomamos em análise: Sem inovar, indústria patina e
busca técnico.

Embora a notícia tenha sido publicada faz pouco mais de 10 dias, nada de
novo no front da luta de classes (no campo educacional).

Na verdade, trata-se de mais uma amálgama de fatos, interpretações,


extrapolações e, principalmente, demandas explícitas dos empresários,
embrulhada em papel celofane (isso ainda existe?) do discurso científico
autorizado, produzido pelos intelectuais orgânicos do capital como que para
disfarçar desejos inconfessáveis.

Se o leitor achar estranho que se apense a respeitáveis intelectuais a locução


adjetiva "orgânicos do capital", basta consultar os sites das empresas, digo,
instituições às quais os economistas citados pela reportagem se vinculam,
além dos seus respectivos curricula vitae, para também o leitor desconfiar da
retidão das análises "científicas" professadas. Mas deixemos isso de lado.

A matéria em questão traz diversos aspectos que mereceriam ser abordados,


inclusive algumas dicotomias presentes ou aludidas na reportagem, tais
como, educação geral básica X formação profissional; curso técnico X curso
superior; graduação X curso superior de tecnologia; emprego X formação
profissional. Mas, dadas as circunstâncias, tratarei apenas de um aspecto.

Vejamos o que afirmou o economista Simon Schwartzman, sobre a


"integração entre empresas e escolas": "O ideal é que houvesse uma maior
aproximação entre empregadores e educadores na definição de currículos que
atendam à necessidade do setor privado."

Grosso modo, a citação resume as queixas, isto é, as demandas do


empresariado brasileiro (entenda-se: nada a ver com certidão de nascimento,
pendor patriótico, ou mesmo burguesia nacional, trata-se apenas de um
adjetivo que pretende explicitar que se trata de capitalistas que "operam" em
território nacional brasileiro).

Como já disse, tal queixa não é nova. Desde Adam Smith (autor de A riqueza
das nações, publicado em 1776), passando pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), pela maioria dos candidatos a qualquer cargo eletivo nesta
eleição que se aproxima, chegando ao velho senso comum, há uma
incessante procura pelos culpados, digo, suspeitos pelo baixo crescimento
econômico brasileiro, da baixa competitividade da empresa nacional (seja lá
de que nação se esteja tratando), do desemprego, dos baixos salários, da
desigualdade social. Enfim, procuram-se suspeitos por algumas das
manifestações fenomênicas resultantes da contradição estrutural da
exploração da força de trabalho.

Ora, os suspeitos usuais são os educadores, o sistema educacional, os


currículos escolares (da educação infantil aos cursos de doutoramento). O
crime lesa-economia perpetrado seria a manutenção da suposta distância
entre a escola e as "necessidades do setor privado".

Com efeito, desde a sua fundação em 1938, a CNI vem elaborando


sucessivamente propostas para a sociedade brasileira que podem ser
identificadas com metas econômico-sociais. A essas metas societárias
denominei télos (ver O moderno príncipe industrial). Em poucas palavras,
télos é uma imagem construída pelo discurso hegemônico com o propósito
de se tornar uma meta a ser perseguida pelo conjunto da sociedade.

A busca por se atingir este "lugar", ou télos, no futuro, acabaria por justificar,
no presente, todas as privações e todos os sacrifícios (coletivos e individuais)
impostos pela implementação das políticas que conduziriam a sociedade ao
tal fim projetado. Ao longo das décadas, a CNI produziu três télos: Nação
Industrializada, País Desenvolvido e Economia Competitiva.

Em síntese, a CNI - através da metamorfose teleológica - visa aglutinar


e exprimir os interesses da burguesia industrial e, com isso, colocar-se acima
dos diversos e antagônicos interesses presentes na sociedade. Assim, os
empresários industriais procuram, de fato, subordinar os interesses da classe
trabalhadora aos seus próprios.

E a educação, os educadores e os currículos escolares com isso?

Ora, o raciocínio, embora viciado em sua origem, é simples: atualmente, o


Brasil não seria uma Economia Competitiva por que sua população (isto é, os
trabalhadores) não é suficiente e/ou adequadamente escolarizada. Nesse
raciocínio, a educação seria um dos "gargalos" do crescimento econômico e
da baixa competitividade, o que redundaria em desemprego, baixos salários
e desigualdade social.

O que os empresários pretendem e que seus intelectuais formulam


"teoricamente" é a adequação funcional da escola, do sistema educacional,
dos currículos às demandas do capital.

De tempos em tempos, sob maior ou menor resistência da classe


trabalhadora, o Estado brasileiro acaba por tentar adequar funcionalmente a
educação aos interesses burgueses. Foi assim, por exemplo, na chamada
Reforma Capanema (na Era Vargas), na Reforma do Ensino no Regime Militar
(através da reforma universitária, em 1968, e do ensino profissionalizante
obrigatório, em 1971). Também foi assim na reforma da agora chamada
educação profissional de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e da re-
reforma de Lula, em 2004.

A matéria jornalística em questão apenas atualiza as demandas empresariais


e aponta as velhas soluções.

O que o empresariado e seus intelectuais orgânicos, de fato, desejam - mas


não ousam confessar - é ampliar crescente e permanentemente a acumulação
privada de riquezas através da exploração (extração e apropriação de mais-
valor) da classe trabalhadora.

Para a realização de tal desejo, precisam permanentemente (con)formar o


cidadão produtivo. Isto é, precisam, de um lado, conformar o trabalhador às
regras e crenças, aos usos e costumes, aos direitos e deveres, à moral
hegemônica da sociedade burguesa, enfim, conformar o trabalhador à
cidadania burguesa. E, de outro lado, precisam também de maneira
permanente formar, qualificar, profissionalizar, isto é, dotar a classe
trabalhadora de saberes, conhecimentos, habilidades e disposições subjetivas
para a inserção no processo de trabalho capitalista. A perspectiva de
(con)formação do cidadão produtivo flexível encontra-se literalmente inscrita
na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96, ver,
por exemplo, artigos 2º e 35).

Mas, se - após a realização das "necessárias" adequações funcionais da


educação às demandas dos empresários - as mazelas econômico-sociais
permanecerem? Se após mais uma reforma educacional, mais uma
reestruturação curricular, o desemprego, a baixa competitividade, a
desigualdade social resistirem?

Ora, bastará apontar novamente o dedo acusador para os suspeitos usuais e


proferir a sentença: "A educação precisa adequar seus cursos, currículos e
valores às necessidades da empresa privada!".

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