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PRELECCÕES
DE
DIREITO PÁTRIO.
I
PRELECCÕES
6
DE
direito pátrio publico,
e particular,
OF FERECIDAS
AO sereníssimo SENHOR
D. J O A Õ
príncipe do brasil,
E COMPOSTAS
D d0r
ttT , n Rd^ * P°rt0 ' e Len« *****
Jtma de D,reil
° c Pátrio em a Univerfi-
dade de Coimbra.
COIMBRA:
NA REAL WR^ensa DA UNIVERSIDADE.
\< \S :\ a ' 3
;..
ihJéA) I XI
"
,..: ... - . 1 .«
• í
- :
-
S'ENHOK.
\ v. do
do feu officio, conforme os talentos, que lhes
2 :
* do
do , que V. A. R. nao fe de digna receber buma
PROLOGO.
T
ENDO fido nomeado no ultimo de Ju-
lho de 1739 , para reger a Cadeira de Direi-
ílra-
PROLOG O. VII
n
P^tico-Politico , e falto de íenfo lite-
J
aiio. mas eu, longe de penfar que efta dou-
a infringe aliberdade, e os direitos do
igual-
VIII PROLOGO.
correlativos.
hei
PROLOGO. xx
jC Ja me re orto
, P > e me fujeito á cenfura
os UIZe
" J s legítimos.
I N-
————
;
. > -• - ...
-•.—j
INDEX
DOS TÍTULOS, E CAPÍTULOS
que se contem nestas prelecções.
PARTE PRIMEIRA.
TITULO PRIMEIRO.
V->AP. I. Das Noções preliminares' - . pa*. z
CAP. II. Doprimeiro Código Portuguez. - - I
CAP. III. Do fegundo Co digo. - _
CAP. IV. Do terceiro e quarto Codiçro. - - -
CAP. V. Do ultimo Codigo. - - .
Qk
Lk.l\ ^ C0jlumesãaNa aõ
f >* da fua auSlorÍ
CAP. VIII. Das Leis fubfidiarias. ....
PARTE SEGUNDA.
TITULO PRIMEIRO.
TITULO Q^U A R T O.
Da Fórma, e modo do Governo Interno de Portugal.
TITULO Q_U I N T O.
Do Direito Infpeétivo.
In
\càs. ' JPecía5 f°b" as Pefoas Ecclefiafti-
^D° DM
°^ ln
^aõJ°bre ** coujas^da
*3*
TITULO SEXTO.
Do Direito da Policia.
rAP X!11Dos
CAP. IX. ' DoLuxo e
Vadios' bonomia'- I " ^3
TITULO SÉTIMO.
Do Direito Executivo.
CAP.
XIV I N D E X.
CAP. III. Do Direito de impor pena de morte. 160
CAP. IV. Do Direito de Aggraciar. - - - 179
CAP. V. Do Direito de julgar , e crear Magijlrados ,
e da fua divifaÕ. - - -- -- -- - 189
CAP. VI. Do Direito coaclivo. ----- 199
TITULO OITAVO.
TITULO NONO.
ERRATAS.
Pag. 49 not. s lin. 6 aqiiiefceraÓ lea-ft aquiefceo
Pag. 51 40 lin. 11 do - - de
£ag. 5+ not. jc lin. 5 DiíF. - - - Difc.
Pag. 78 not. x lin. 8 e a outros refponder, - e a outros o*
privilegio odiofo de irem refponder
Pag. 86 §. 79 lin. 2 Imperante - Império
Pag. 9. not. n lin. 19 examplincando - exemplificando-
rap/, ii-j §
1
i°3lin. 3 direitos - dilhiclos
Pag. 115 not. n lin. 3 virem deverem
Pag. nó not. p lin. 10 fe fe naõ - - fe naõ
Pag. 121 not. z lin. 2 §• 3 " . " " §• 1 r3 .
Pag. 131 not. y 1 n. 5 temporais corporais
Pag. 142 not. j lin. 1 o;d. lit. - - Ord. liv. 5, tito-
/
PR E-
.
'
.
'
/ •
PRELECCÕES
ò
DO
TITULO PRIME1RÕT
CAPITULO I.
§• I.
X Odos fabem, que o Direito Civil ou he Romano,,
ou Pátrio (<?) , e que em quafi todas as Nações da Euro-
pa, affim como em Portugal (£),íubiiftem eftas duas efpe-
cies de Direito. A autoridade porem do Direito Romano:
naõ he mais, que íublidiaria, e em fupplemento das Leis
Pa-
: : s ;
(a) Romano he aquelle , que fendo eftabelecido pelos Roma-
nos veio a reduzir-fe ultimamente á Compilaçaõ , que delle fez
Juftiniano , governando o Império Romano , chamado vulgar-
mente Direito Comrnum , por ter fido adoptado por quafi todas as
Nações , que fe eftabeleccraõ fobre as ruínas do Império Occi-
dental. Direito Civil Pátrio he aquelle , que cada huma das Na-
ções eílabelece para o feu governo.
(b) O Reino de Portugal , que principiou a go»ernar-fe pe-
las Leis , e coftumes dos Godos das Hefpanhas , aílim gerais ,
como particulares , ( como confta da Hiftoria do nolfo Direito )
veio pelo meio do feculo XIII a conhecer o Direito Civil Ro-
mano , depois que elle fe principiou a enfinar na Univerlidade
de Bolonha , como fe prova pela inílituiçaõ da Univerfidade em
Lisboa pelo fenhor Dom Diniz , na qual mandou enfinar o mcf-
mo Direito. Por efte conhecimento he muito provável, que o Di-
reito Romano tivefTe autoridade no foro Portuguez. Os noffos
Hiftoriadores querem, que o Senhor Dom Joaó I deffe autorida-
de de Lei ao Codigo de Juftiniano , que ( dizem) elle mandou
traduzir por Joaó das Regras ; porem a verdade defle fadto fc
faz fufpeitofa , porque Fernaó Lopes , hiftoriador coevo , e elo-
giador da eloquência de Joaó das Regras, o naõ refere.
Parte I. Titulo I. 3
Patiias , pela adopçaõ que delias fazem os Soberanos , e
nao por audloridade extrinfeca, e própria da Legislação
Romana , como veremos no Cap. VIII (c).
§. II.
_ Nas Leis próprias , e coftumes legítimos de cada Na-
çaõ he, >_m que coníifte o Direito proprio , e principal
t e cada huma; cujas Leis, e coftumes reduzidos a huma
A 2 união,
M Naõ ha duvida, que os Portuguezes, depois que os Romi-
cxpulfaraô os Carthaginezes das Hefpanhas, e principalmen-
,s da
P° «Itima vinda de Julio Cefar a ellas , no anno de 61
antes de Chnílo. em cujo tempo os Portuguezes fizeraÕ com elle
P zes na idade de Beja, ficaraõ fujeitos ao Império Romano, e
por confequencia ás fuás Leis. Refend. Antig. Lufit. Porem eftas
CAPITULO II.
§. III.
§. IV.
§ V.
CAPITULO III.
Bo fegundo Codigo.
5. VI.
§ VII.
•$. VII.
capitulo mr.
Do
Areeiro e quarto Codigo,
§. VIII.
j oa °ntrfr no numcr
o dos Codigos P0rtugue7.es i
?a U E itornc
Nunes ri'- T ~ c ° P » °luco Licenciado Duarte
das Lcis
Codi *» Extravagantes, pofteriores ao
8 1 a Uehno
baftin -° , " ' P°r a^oridade do Senhor Dom Se-
Collecca" H 3 ITCk LC1 dC 14 Feverciro de 1569 : 2.° a
3
Dom SebafK
Sebaíbao, ^ C PrOVÍfóes
- tmpreíTa no anno pofteriores
de ,570. do Senhor
B
Em
sr£
dei 2
ultima Compilação Ho 5 °' f°> ingerida nefta
formações c Ed '77 ** ^ ' pel° mcnos' tres R-
CS
outi-a em 1 -rj. *^ antes de ,5:4,
- foi a„tes de ;5;; i "(;521; e
s 4 ,r e
»p--
compilar í n ° " ' D°m Seba[lia5 n-
35 Extra
^fde cfta Época. ° ^ gantes
§. VIIII.
CAPITULO V.
Do ultimo Codigo*
§. X.
§. XX.
Africa , foi con lira rígido pelo medo das armas Caftelhanas a fe-
guir a forte de Filippe II , que foi jurado Rei de Portugal nas
Cortes de Tomar de 19 de Abril de 1581. Era eltc Rei fum-
mamente politico, e aíTim difpunha as coufas de Portugal, ufan-
do de huma affeâada afFabillidade , e enchendo os Portuguezes
privilégios , e liberdades , para lhes fazer fuave o jugo Ca-
ítelhano , como deo a conhecer feu filho Filippe III , e como
refere Ioaó Baptifta de Caftro, Mapas de Portugal. Segundo efte
mefmo efpirito , logo que fubio ao Throno fe propôs a fazer
hum novo, e defnecellario Codigo, porque naõ havia mais de 60
annos, que tinha fido promulgado o Codigo Manuelino , e as
Leis Extravagantes eitavaõ ja compiladas, á excepção das Fi-
lippinas ; porem Dom Filippe queria fazer efquecida a mefma
Legislaçag , ou Codigo , feito pelos Monarchas Portuguezes ,
para que o ufo delle naõ renovafTe continuadamente a fua anti-
ga liberdade ; e também fazer-fe amavel aos Ecclefiafticos , pe-
la Compilaçaõ das Leis Extravagantes , que mais favoreciaõ as
Aias liberdades. Ded. Chron. P. 2, Dem. 6 num. 89.
('") A Manuel, no liv. 1 tem 78 , e a Filip. loo. No 2 tem
aquella 50, e eíla 63. No 3 tem a Manuel. 93 , e a Filippini
98- No 4 tem aquella 82, e eíla 107. No 5 tem a Manuel.
'3 , e a I'ilip. 144, Na ordem dos tit. ha muita variaçaó , co-
mo fe vê combinados huns com outros. Baila por ora faber,
lue muitos titulos foraô accrefcentados , e outros fupprimidos,
Principalmente no liv. 1, fegundo forao erigidos , ou fupprimi-
os 0s
ícus obje&os.
12 Direito Publico Portucuez
gislaçaõ, pelo que pertence ao Direito Particular (//), hc
todo de equidade ; nella fe acha o que o Direito Roma-
no , entendido fegundo a glofa , tem de melhor»
§. XII.
afi em ^nter'Barbofa
anoel
>retes ou
- , que
Commentadores deftas Ord.,
efereveo Remiffóes a todosprincipi-
os tit.
e he
i6 Direito Publico Portuguez
CAPITULO VI.
XIIII.
§. XVI.
Entre o numero das Extravagantes devem entrar os
_ C Aflen-
r
( )
a a razaõ , porque femelhantes Collecções naõ fc nu-
entre os Codigos , nem tem auâoridade alguma , e fer-
vem umeamente para moítrar as Leis.
orcm
a(T
©m como a de 16 Pde Janeiro
todas, de
, ainda
18 delhe efcaparao
Abril, algumas
de 2 de Junho,;
e Julho , e 3 de Outubro de 1670 ; de 26 de Junho de
7
\ ^t28
5 1 eju
dC MarÇ
10 de 15 de Abril J de Maio 6 de ,inho
16,3 ;°de' 7 de Julho, 'de36 de Outubro,
• deJ 26 do'
1 f 110 1682 IÍC tic
dec tfi
i6 " ° '
99 » c outras mais. ^arço de 1690; de 7 de Outubro
i8 Direiío Publico PortDguez
Aliemos da Meza Grande da Cafa da Sapplicaçao , por
auítoridade da Ordenaçaõ liv. i cie. 5 §. 5 , Extrav. de 18
de Agoflo de 1769 §. 4.
CAPITULO VII.
§. XVII.
§. XVIII.
§. XVIIIJ.
C A P I T V L D VIII.
§
XI ' *x'
M A falta das Leis Patrias, e coftumes legitimos, fer-
VCln
"orma ftibfidiaria : i.°os primeiros princípios,
e conclufoes próximas de Direito Natural.- 2.0 o coftume
C 2 das
P em as acções dos fubditos , praticadas contra ellas , deixar de
^rpeccaminofas, eporilfo incapazes de conftituirem Direito,
PARTE SEGUNDA.
D O
DIREITO publico.
titulo primeiro.
CAPITULO ÚNICO.
T) § I.
X OR Direito Publico entendemos hum complexo dc
todas as Leis , que tem por objedo a confcrvaçaô da So-
ciedade Civil , coniiderada como peflòa moral (a)> e que
erve de norma a todos os membros da Sociedade (l>), o
qual '
cle(latIe
fificas i ^° Civil das
eni pela união comporta de amuitas
vontades formarpefloas
huma naturais ,e
pefloa mo-
»l , que por comprehender todas as naturais fe chama Publica,
d tanto aijtrelle Direito , que diz relaçaó a efta peifoa moral, fe
na ubhco a cauja objeiJiva » afiim como aquelle , que diz
e peito a cada pelíoa natural , fe chama Particular a caufu objt-
°-C'vem
'"(!) n° qui Ue
" aCacorrelaçaõ
"^a '^c'en,i hum e (Xitr
o feja
de oflicios, que Publico.
há entre os Ira-
§. III.
^ cr . ; 1'. 1 .,
T I-
24 Direito Publico Portucuez
TITULO SEGUNDO,
CAPITULO ÚNICO.
§. V.
TI-
Parte II. Titulo III. 25
—>êK-—
titulo terceiro.
CAPITULO I.
§. VIL
de doC°n^uencS ( os
'a al,sfórma, e Conííituiçaó dos Impérios, deperr-
r ^ ° ' k Conftituentes. Eíles paétos ou faõ expref-
1 acitos. tácitos faó aquelles, que fe deduzem preciíamcn-
e ca natureza dos Impérios ; expreílòs fórmaõ as Leis Funda-
mentais de cada Império, Per. App. Jur. Pub.Hifo.liv. 1 c. i.i,
c
2 cap. 6 q. 5,
Senllor
b a Tu
a ia ^o Campo de Qtírique
ÀíFonfb , Henriques
recebeo de, todo
anteso de entrar por
exercito na
amaçao oiitulo de Rei , denp.minando-fe- até entaó Principe
,C 13 <>rma < C eu ai 0
do ; ' '" ^ ^ Senhor Conde Dom Henrique;
W ftonfo \ II de Cafíella nao queria, que o Senhor Dom
Af-
26 Direito Publico Portuguez
Ourique(c), que tem por objedto a fórma do Império ,.e
as regras da fucçeiraõ..
§. VIII.
§. vim.
§. X.
§. XI.
§. XIII.
A Univerfidade de Coimbra efiava bem perfuadida
da auítoridade c exiftencia deftas Cortes , porque nellas
eftabeleceo o Direito da Senhora D. Catharina, como re-
fere Damiaõ Goneto. Hift. Chron. dos Papas, e Impera-
dores , pag. 232.
§. XIV.
A mcfma autoridade reconheceo o Senhor D. Pe-
dro II : i.° quando foraõ difpenfadas (h) para ajuftaroca-
samento da Senhora D. Izabel com o Duque dc Sabóia ,
que por fer eftrangeiro naõ podia íucceder no Reino,
nem cila fer Rainha na forma das rnefmas Cortes: „ Sit
„ ífta Lex in fempiternum, quod prima filia Régis acci-
„ piat maritum de Portugale, ut non veniat regnum ad
» extraneos ; & fi cafaverit cum Príncipe extraneo, non
» fit Regina, quia nunquam volumus nofirum Regnum
>> he for de Portugalenfibus : 2.0 quando forao derroga-
das nas Cortes de Lisboa (/') no Capitulo, que obfiava
uccefiao do filho do irmão do Rei : „ Si habeat fra-
V ta C US
"» it ex filius ejus ', fi non ^ Cum mortllus
^ ' fccerint eum Epifcopi ,"on
&c
Procur
" antes, & nobiles Curifc Régis.
E_ §. XV.
(f) Brand. Monarch. Lufit. liv. 10 cap. 14. Era opiniaÕ na-
es tempos , que as Cortes rinhaõ ceifado pelo interregno , e
e
'Çaõ do Senhor D. Joaó I.
W Hift. Geneal. da Çaz. Real. liv. 7 pag. 472.
[ Lei de 10 dc A
' bril de 1698 Col. 2 til. ico liv. 4-
34 Direito Publico Portuguez
§. XV.
§. XVI.
§. XVII.
§. XVIII.
E 2 §. XVIIII.
§. XVIIII,
Contra a fegunda febimos, que as Cortes de Lame-
go nao prohibem ablclutamente os cafamcntos das filhas
herdeiras com eítrangeiro , mas fó com a condição de
ficarem privadas da fucceíTaÕ do Reino: ,, Sit ifta Lex in
„ fempiternum, quod prima filia Régis accipiat inari-
„ rum de Portugale, ut non veniat Regnum ad extrane-
„ os ; & li cafaverit cum Príncipe extráneo, non fit Re-
„ gina. „ 2.° Que o mefmo João das Regras reprova as
Convenções do Senhor D. Fernando , pelas quais paffava
o Reino para o de Caílella (») , como contrarias ás Leis
Fundamentais da Monarchia (o).
§. XX.
§. XXI.
§. XXIII.
CAPITULO II.
$. XXV.
$. XXVI.
§. XXVII.
Contra efta fórma fe pôde difeorrer, que o poder le-
gislativo naõ parece ter fido proprio e privativo dos Mo-
F nar-
XXVIII.
§. XXVIIII.
§. XXXIL
e , ^ n.° Crnoria
l. ou Plano, que aprefentava, exhortando
m S
EUiidr °u "ar"Studo
os del
'e a todos
0 ue
os Bifpos , que traítaflem fe-
'^ ' 1 Ih" pareceire conveniente ao culto
di»
$5 Direito Publico Po rtuguez
§. XXXV.
CAPITULO III.
§. XXXVI.
§. XXXVIII.
§. XXXVIIII.
§. XXXX
O'2 C A-
^ ' ei,u'* 'n Apol. cap. ^6, Eybel de mut. indeb. liv. I.
Ca
P- 3» §• 9^ not. in fin.
^ (*) Os antigos depois de terem eleito os feus Monarchas , os
CAPITULO IV.
§. XXXXI.
§a' , e Caftella pela morte tios Reis. Paliados porem alguns tem-
P°s » c°tno pcnfaó alguns Hiftoriadores Hcfpanhoes, depois que
0
Reino de Leaó fe devolve» por fuccelfaõ , o que fuccedeo def-
ce
' Affonfo V , fe naõ ufou mais levantarem-fe os Reis fobre os
efeudos , mas em lugar defte rito fe pôs em ufo o da Acclama.
Vaõ , e de levantar-fe o Pendaó , ou Eftandarte Real 11a Corte ,
Cioades , e Villas principais dos Reinos. No Reino de Caftella
0
I rincipe das Afturias he , a quem compete indubitavelmente a
JuccelFaõ do Reino, e como tal , logo que nafee , he jurado , e
reconhecido Legitimo Succeífor pelos Eftados do Reino ; mas if-
ío naõ obftante ainda hoje fe conferva inalteravelmente o co-
ílume de fer acclamado folemnemente , como em confirmaçaô
da fé antecedentemente dada. Per. Appar. Jur. Pub. Hifp. liv.
2, cap. 2o, num. 28. Das Heípanhas paffoupara o nolTo Reino o
coílume d Acclamaçaó , de que hoje fe ufa , confervaódo femprs
a mefma
natureza , que a de Hefpanha.
Alem deftas ceremonias haviaõ outras muitas notáveis , que
raõ a Coroaçaõ dos Reis, e a Unçaõ fagrada feita pelos Bifpos.
3 CCr m a c a un
^ ;an°"' '
nas na
Çaõ
deduzida dos Reis de Ifrael , praticada
' ' peífoa d'ElRei Wamba 110 anno de 675 ,
ito^anus,que em 1"rança fe praticalíe com EIRei Pippino no
« nno c.c 752 , fe ficou continuando nas Hefpanhas; pois confia,
que Affonfo VII , V1II , c XI faraó «agidos. O mefmo Per.
cap. num 18. Em Portugal naõ confia , que algi im dos
e S ufaffe
s ' defta ceremonia. O Senhor Cardeal Rei impetrou da
Apoftolica htima Bulla para ferem ungidos os Reis de Por-
gal , mas naõ teve ufo. Os Hiftoriadores Hcfpanhoes referem ,
^ ic: eftes ritos foraõ Vnftituidos , para que os Povos como re-
Peito da Religião demonftrada na UnçaÔ, e Coroaçaõ pelos Bif-
pos ,
\
54 Direito Publico Portuguez
mento, c por iíTo inhabil para continuar no exercido do
fupremo poder , he fem duvida , que fe lhe devem efta-
belecer Regentes , e Tutores , para exercerem por elle os
Direitos Magcflaticos ( y).
§. XXXXII.
§. XXXXI1I.
§. XXXXIV.
CAPITULO V.
Dà Independência de Portugal.
§. xxxxv.
§. XXXXVI.
§. XXXXVII.
§. XXXXVIII.
§. XXXXIX.
(') Grot. Jur. bel. & pacis cap. 3 §. 12. Alem difto o Tioflo
Hiítoriador Joaõ Pinto Ribeiro difeorre, que Aflbnfo VI nao deo
Reino á Senhora D. Terefa com animo de o dividir das
1'cfpanhas , mas como aflignaçaõ de dote , a favor de huma fi-
la
> que, como mai» velha , havia de fucceder em todo o Impe.
r,
°. Ella com effeito o pertendeo , como diz o Padre Jofé Bar-
k°fa ; porem como fe duvidava fe ella era legitima , por fe ter
desfeito o matrimonio de feus Pais , pelo motivo de ferem paren-
tCS
e
' Urraca fua Irmam , como era confiantemente legitima ,
lhe oppôs , e por efFeito de huma amigavel compofiçaô fe
^onfervoU cada huma com os Eftados , que poiTuia, ficando a Se-
ía D
- Terefa com os dc Portugal.
157 Direito Publico Portuguez
nha outra autíloridade, que a declaratória do faiíto do
mcfmo Rei (/) : 4.0 nem a ordem, para a nomeaçaõ do
Arcebifpo de Braga, tinha outra força, que a de mera re-
commcndaçaõ (m).
§. L.
fao
§. LII.
§. LIV.
PARTE II. Titulo III. 65
§. LIV.
§. LV.
T I-
TITULO QJJ A R T O.
CAPITULO I.
§ LVIIII.
1VJL Oftrada a indcpcndencia de Portugal, a fórma, e
conllituiçaõ da Monarchia, e o modo, e titulo, porque
nella fuccedem os Monarchas ; pafTamos a tradar da fór-
ma, c modo do Governo Interno, e Economico da Mo-
narchia; ido hé, dos Direitos dos Suppremos Imperantes
para com feus vaflalos.
§. LX.
LXI.
72 Direito Publico Portuguez
§. LXI.
Eftcs Direitos em fi raefmo muito vaftos, e abundan-
tiífimos, fc podem commodamente reduzir a finco Capí-
tulos: Legislativo, Inspeítivo, Policiativo, Judiciativo, e
Executivo. Defies Direitos efienciais, e inabdicavcis da
Suprema Mageftade, ufaõ effe&ivamente os Monarchas
Pcrtuguezcs.
CAPITULO II.
Do Direito Legislativo.
§. LXIL
§. LXV.
Daqui vem, que as Leis, Cartas de Leis, e Alvarás
com força de Lei naõ admittem embargos de ob, e fubre-
pçaõ , nem o Juiz ex oíficioafíim as pôde declarar,- por-
que nellas fe naõ pôde achar o motivo do erro, e das falfa*
informações (oPelo contrario os Decretos , Provifões, e
Alva-
(m) Decreto he huma efpecie de Refcripto, que o Rei man-
da particularmente a algum Tribunal, Relaçao, ou Miniílro,
para certo e determinado negocio , e nelle fe a/ligna o Rei com-
firma.
(») Provifaó he também huma efpecie de Refcripto »paffaJo
pelos Tribunais a requerimento de partes , ou ex officio ; e (U6
de dous modos. Hum com particular , e exprefla auaoridade
do Rei, e fe diz feito por Confulta, v. g. as Cartas de perdão »
Ord. liv.i, tit.3, §. 8; Nov. Regim. do Defemb. do Paço §. 22-
Outro por jurifdicçaõ própria , que os Monarchas concedem aos
Tribunais. O formulário de hum e outro he principiarem pelo
nome do Monarcha v. g. D. Maria &c.
(0) Ded. Chron. Div. 12, §. 670..
PARTE II. Titulo IV. 75
Alvarás fimplices pódem fer embargados por obrepticios,
e lubrepticios; e o mefmo Juiz, aquém faÕ mandados pa-
ra a fua execução, deve remetter os embargos para o Tri-
bunal , donde proceder a Ordem ,e reprefentar-lhe ex of-
icio ameíma obrepçaõ (/>).
$. LXVI.
tit. 44, clles crearaõ eite Magiílrado maior, para vigiar fobre
as Provifões dos feus Tribunais, e fobye as Aias mefmas Leis. Ef-
te magiftrado he muito antigo: delle fe acha memoria no tem-
po do Senhor D. Affonfo Henriques em hum Diploma dfe 1129,
confervado no Cartorio do Convento de Tomar, pelo qual do-
ou aos Templários o Caftello de Soure.. O Senhor D. Affonfo V
lhe deo Regimento, que fe acha na fua Orden. liv. 1 tit. 2, que
paffoti para a Manuel, liv. 1 tit. 2. O Senhor D. Joaõ III lhe
deo novo Regimento na Lei de 1564. Efte rafgo dc prudência,
he bem femelhante ao de Filippe IVno Decreto de 24 dc Feve-
reiro de 1624, c de Filippe V de 7 de Fevereiro de 1715,.expe-
didos ao Supremo 1 ribunal de Caftella , em que lhe recõmendaõ-
os naõ deixem errar , e que até repliquem ás fuas injuítas deter-
minações.
(s} Para obrigarem as Leis he neceilario, que fejaó declaradas
aos fubditos( §.LXII),o que fe faz pela promulgaçaô. Em Por-
tugal fe cofiumaô fazer duas promulgações: a primeira he na
mefma Chancellaria pelo Chanceller Mór, logo no dia da data da
Lei, e em virtude defia promulgaçaô obriga na Côrte palTados
oitto dias e nas Províncias tres mezes, ainda que nellas fe naõ
promulguem, e contenhaôa claufula , que fejaõ promulgadas nas
Comarcas, Ord. 1. 1 tit. 2 §„ 10 ; porque prudentemente fe pre-
fume fer badante efte tempo para- chegar á noticia de todo o
Reino. A fegunda publicaçaõ he, a que fe faz nas Cabeças das
Comarcas , a cujos Corregedores faõ remettidos os traslados pelo
mefmo Chanceller ( a mefma Ord.), e também nas Cabeças dos
Termos, aonde por cofiume faõ remettidos os traslados pelos
zefpeóUros Corregedores.
P A R T F. II. Titulo IV. 77
que naõ fizerem exprefia menção da Lei , que derro-
gai) , de modo que confie, que os Legisladores forno
informados da Ordcnaçaõ, ou Lei que derrogaÕ, Ord.
liv. 2 tit. 44 (/).
§. LXVII.
TI-
> 6
Parte II. Titulo V. ^
TITULO quinto.
Do Direito Inspectivo.
CAPITULO I.
Da divifao das Pejfoas, * das Coufas.
§• LXVIII.
Ara os Supremos Imperantes exercerem o Direito de
legislar, affim como todos os Mágeftaticos , lhes he in-
djlpeníavelmeHte neceíTario o Direito de Infpecçaõ. Con-
e
r . Direito ^ autoridade, e obrigaça5 de vigiar , e
confiderar attentamente fobre todas as PeíToas , Coifas, e
egocios, comprehendidos nos recindlos do Eftado.
§* LXVIIII.
As PeíToas fe devem confiderar em duas accepções j
ica , c moral. Na primeira fe comprehende cada huma
bifpos,
8o Direito Publico Portucuez
bifpos, Bifpos, Presbíteros &c.; e eftas igualmente fe
fubdividem ein diverfas clafles. Todas eítas Pcíloas ou
faõ naturais , ou extrangeiras , aílim como Embaixado-
res, Núncios, Enviados, e outras peíToas particulares.
$. LXXI.
§. LXXIIII.
As coufas no fentido particular dividem-fe em Civiz ,
9 Ecclefiaíticas. Ecclefiaflicas faõ as dcftinadas para o
ufo, e minifterio da Igreja: Civiz faõ todas as outras, que
naõ tem efta applicaçaõ. Eílas fe dividem em publicas,
e particulares. As publicas fe dividem em communs, e
próprias da Cidade. Communs faõ aquellas , que naÕ
obílante ferem do Patrimonio Real o feu ufo he com-
mum a todos os Cidadãos, ulfingidi, affim como ruas
L pu-
Çaõ , clles viajavaõ pelas Comarcas do Reino , e nellas faziaó
Correição para obfervarem os procedimentos, c coftumes dos
feus vaíTalos, e lhes darem as neceífarias providencias; mas depo-
is que deraõ ao governo a forma, que hoje conferva, elles delega-
ia5 de certo modo em feus Miniftros efte Direito de Infpecçaõ ,
o que ju(lamente fc comprehende na JurifdicçaÓ de devaçarem ,
c na Correição dada aos Corregedores das Comarcas. O effeito
deftas devaças , fendo nellas comprehendidas as pefToas exemptas
da JurifdicçaÓ ordinaria , e que naô tem fuperior ordinário no
eino , he remetter as inefmas devaças ao Rei, ou dar-llie del-
as conta, para efte lhe dar as providenciasneceflarias; Ord. l.i »
58 §. 18 , e tit. 65 §. 26 , por effeito do Direito da Sobe-
a
nia, Ord. l.i. tit 9 §. 12 ; e fendo comprehendidas nellas pef-
oa
s dejurifdicçaó ordinaria, devem proceder contra cilas os mef-
mos
Miniftros , na fórma de feus Regimentos.
82 Direito Publico Portuguez
publicas, rios caudais (a). Próprias da Cidade faõ aquel-
las, cujo ufo he commum a todos, ut vniverfi; iflo he de
que nao pôde ufar cada hum a Teu arbítrio, mas que de-
vem fer diftribuidas em beneficio publico : tais faõ os
bens do Fifco (b) c os bens da Coroa , ou Erário (c) , e
proprios dos Concelhos (d). Bens particulares fa5 aquel-
les, que eítaõ no dominio particular das peíToas, ou fejaõ
morais, ou íificas ; em cujo numero entraõ os patrimo-
niais do Princepe, coníiderado como peíToa particular;
Martin. Pofit. de Jur. Civ. cap. 7.
C A-
CAPITULO II.
Da Injpecçao Jobre as Sociedades Civiz (e).
§. LXXV.
§. LXXVI.
O mefmo Direito exercerão iempre Cobre as focie-
dades familiares, nao fó regulando os Direitos de fuc-
çeííaõ entre pais, e filhos, e mais parentes mas regu-
lando os ferviços dos creados (o), os feus falarios' (p), e
preferevendo certas penas para os delidos familiares dos
mefmos creados (7), e em particular dos eferavos (r), e
as obrigações , a que pelos fados dos mefmos efta5 os ie-
nhores obrigados (/), e regulando o modo dc rcfiaicir o
damno, que receberem dos creados (/).
§. LXXVII.
O mefmo Direito exercem igualmente fobre as ou-
tras fociedades mais comportas, e publicas, pela delega-
çao nos feus Miniftros ; fobre as determinações das Cida-
des , e Villas ; a (fim como fobre as Pofturas das Cama-
ras, e Concelhos, que reprefentaÕ toda a fociedade (u).
Deite
(g) Ord. I.5 tit. 22. (b) Extrav. de 29 de Novembro dc 1775,
c de 6 de Outubro de 1784. (/) A mefina Extravag. de 1784.
(/) Ord. I.5 tit.38.(m) Ord. I.5 iit.25,e tit-38.(n)Ord. I.4 tit.çr.
efeg. [0) Ord. I.4 tit. 31 §. 12. (p) Ord. liv. 4 tit. 31, e tit. 34.
(?) Ord. 1. 5 tit. 24, c 37. (r) Ord. liv. 2 tit. 5 §. 6, e liv. 5
tit. 41. (/) Ord. I.5 tit. 86 §.5. (/] Ord. liv. 4 tit. 35.
(«) Ord. 1. 1 tit. 66 §. 29.
Parte II. Titulo V. 85
Defte mefmo Direito vem o coftume do Reino de fe
"ao poder erigir alguma Cidade , ou Villa , fem permif-
íaõ Regia , nem outra qualquer corporaçaõ , aílim como
Univeriidades , Collegios &c. (x).
CAPITULO III.
§. LXXVIII.
§. LXXXL
CAPITULO IV.
$. LXXXII.
A
%rcí3> de que falíamos, he aquella fociedade in-
da por Chrifto Senhor NoíTo , que dirigindo-fe uni-
camen-
§. LXXXIII.
§. LXXX1V.
§. LXXXV.
§. LXXXVII.
§. LXXXIX.
o 3r-ifpos
110 2 t a lla
, e Cabidos' do^ Reino;
chwnada Concordata
c como , qtiedeftinguio
fabiamente fez com
CAPITULO V.
f. xci.
OEgundo a noçaG de Igreja ( §. LXXXII ), e feu efta-
belccimcnto, he da noíTa crença , que Chrifto Senhor Nof-
N fo
(') Aífim o perfuadem, i.° as reiteradas queixas do Corpo
cclefiaflico , quetleraÕ occafiaõ ás Concordatas , que colligio
Gabriel Pereira de Caítro, liv. 2.° de Man. Reg.: 2.° o defpo-
1 mo de Soeiro Gomes Prior de S. Domingos , com que fe ar-
x jou a promulgar duas Leis annullatorias da Lei do Senhor D.
011 o II , qUe refíringio ás Igrejas a liberdade de adquirirem
v.ns dc raiz : 3.0 a animofidade, c atrevimento de D. Eítcvaõ
rcebifpo de Braga de excomungar por cite refpeito o mefmo
e
nhor. 4.0 a(Iim o perftiade finalmente o arrojo de Alexan-
fe
^"P° c'e Nicaftro , Colleâor Apoftolico, no tempo de Filip-
P® IV , que em obfervaiicia das Bulias de Urbano VIII de 1636
1638 declarou por públicos excomungados os Miniftros do
dc ^UC§. eXecu,a
'c R ec. ^emvem
107 , que
a
Ordenaçaõ liv.na2 2.»
incorporada , tit.parte
18. da
Vid. Pctiç.
Deduo*6
^-hronolog.
98 Direito Publico Portuguez
fo deixou á fua Igreja todos os poderes neceiTarios para a
lua perpetua duraçaõ. Eftes Direitos fe cofhimaõ reduzir
pelos DD. Catholicos a dous Capítulos, Miniiierio, e Re-
gimen.
§. XCII.
§. XCIIII.
§. XCVI.
§. XCVII.
Poíta a potencia deites abufos, eufurpaçaõ verificada
muitas vezes pela experiencia he certo que os Princepes,
poíta a inviolabilidade dos feus Direitos originários , e a
adjedicia obrigaçaõ de Protectores pela adopçaÔ do
Chrifiianifmo ( §. LXXXV ), tem autoridade de remo-
verem, e impedirem femelhantes abufos, e prejuízos co-
mo Imperadores (a), e Protectores ( §. LXXXVI ).
§. xcvur.
celTidadc para a confervaçafi da Igreja( §. XCIIII not. /). Em
confequencia os Miniítros da Igreja naõ podem prefcrever regras
difciplinares prejudiciais ao Eílado , fenaõ por abufo de júris-
tlicçaõ.
(I) A Igreja hc huma fociedade efpiritual ( §. LXXXII ),
por iiro a fua Jurifdicçaó , e os meios de a promover fó podem
ler efpirituais; Eyb. Jus. Eccl. l.i.demut. indep. cap.6, §.ior,
axiom. i, &feq. ;e todo o poder temporal hc fó privativo do
Império temporal. Id. Eyb. loc. cit. axiom. 4. Portanto os Mi-
niftros da Igreja abufaÓ do feu Direito, e infringem os Direitos
do Império , quando ufaó do poder temporal. Petr. de Mare. de
Cone. Iiv.3, cap.2, 11.10.
(m) \ id. Rieg. Jurisprud. Eccl. P. 4, §.633, &feq.
(«) Pc'r. de Mare. de Cone. Iiv.2, cap. 10, n. 1; Claud. Ef-
penf. apíid Fevret. 1. 1, cap.5. tit. r, pag.49 ibi: / /fi Principum
riihil intereji rerumfacrarum , cur de negotih EccUfmJlieis in Códi-
ce , 111 Ani. tot auguji£ leges , a!que conjiilutionei ; tot in nojlris,
ei/inium Chrijlianorum annalilus ediíla regia ?
Parte II. Titulo V. 103
§. XCVIII.
O meio ordinário, e commum dé ufarem deita âu&ori-
dade, he pelo Recurfo ao Princepc, e Placito Régio. Re-
curfo ao Princepc he huma efpecie de appellaçaÕ (0) , ou
elpirito da nofla legisiaçaõ, propriamente hum aggra-
Vo
(P)> que os vafiallos interpõem para o leu Princepe con-
tra as violências dos Juizes Ecclcíiafticos (q), ou feculares
( §.XCV n. h), para impetrarem a fua protecção (r). Pla-
cito
jurifdicçaó. Eyb. loc. cit. "§. m not. Pode fim dizer-íe . que
afiim como os abufos, e violências dos Princepes naó audtóri-
fa5 aos feus fiibditos para os obrigar a reformar eires abufos ,
nem para recorrerem ;i protecção dos Princepes eftranhos , tam-
bém parece , que os Princepes , como fubditos da Igreja, naó
podem reformar os abufos delia ; nem os fubditos do Princepe,
fendo fubditos da Igreja, podem recorrer á protecção dos feus
Princepes , que a refpeito da jurifdicçaó da Igreja faÓ como
Princepes eftranhos: porem a razaó de differença confifte emque
nem o fubdito da Igreja, como tal, recorre ao feu Princepe ; nein
efte como fubdito da Igreja protege o feu vaiTallo opprimido': mas
o Princepe procede no Recurfo corno Soberano temporal, e legi-
timo defenfor dos feus vaílullos ; cos fubditos da Igreja , fendo
também fubditos do Eftado , recorrem ao feu Soberano tempo-
ral , como feu Juiz legitimo, e legitimo defenfor de feus Direi-
tos , o que (e naó verifica na apparidade propofta.
(jj Vid. Van-Efpen de Promulg. Leg. Ecclef.; Eyb. Jus Eccl.
1.2, cap.2 §.no not. (<r); Ricg. Jurisprud. Eccl. Part.i §.447-
Efta autoridade fundada nos Direitos de Infpecçaó §. LXVIII >
e nos Officios de Protecção §. XCV not. (h), naÓ oftende a inde-
pendencia da Igreja ; porque ella naó fe extende a autorizar as
Leis Ecclefiafticas-, nem a impedir a promulgaçaõ , e auálorida-
de de outras Leis , que as prejudiciais , para o que a Igreja naó
tem
P a r t e II. Titulo V, 105
deftc mefmo Direito de Infpecçao fobre os Miniftros da
O Igre-
CAPITULO VI.
Do Recurfo á Coroa.
§. C.
%. CL
{c) Ord.1.1 , tit. 12 §. 5> e Ord. 1.2. tit. I (J. 14. Para fe
conhecer fe a Jurisdicçaõ lhe compete, ou naõ , fe devem obfer-
var as fcguintes regras. 1. Aos Juizes Eccleíiafticos, como tais ,
nao compete outra Jurisdicçaõ , que a efpiritual; porque eíla he
fó a própria da Igreja , de quem faõ Miniftros ( § LXXXII ).
2. A Jurisdicçaõ temporal, que exercem, he por delegaçaõ dó
Imperante Civil ; mas como eíla delegaçaõ naõ he plena , c
abíoluta , mas rcílriâa, e limitada , fegue-fe 3.0 que aos Juizes
Ecclefinllicos naõ compete mais Jurisdicçaõ temporal , que a
que elles provarem lhes he delegada.
(d) Ord. l.i, tit.9§.i2,& ibid. Col. ; Ord. 1.2, tit.ro; ou
feja a Jurisdicçaõ Ecclefiaftica , ou Civil , porque no abufo de
Cada huma delias fe commette notoria' violência.
(e) No primeiro cafo ; porque infringe a liberdade natural
de cada hum, e lhe faz notoria injuria aquelle, que fem legitima
auCloridade fe arroga a conhecer das fuas acções. No fegundo
calo ; porque naõ havendo Jurisdicçaõ, que auólorize eííeS
abufos , elles fe reduzem ao eftado de ferem commettidos fem
Jurisdicçaõ, e fem legitima audtoridade.
(/) Lei de 29 de Setembro de 1617; Col. 2 ao $. 12 da
Ord. l.i, tit.9 ; Decreto de 14 de Junho de 1744, §. 1 in fin.,
e dita Col. n. 14. A difficuldade eftá em fe conhecer quando ha
notoria opprelTaõ , c notoria violência. Para iílo fe conhecer lo
deve
Parte II. Titulo V. m
§. CII.
A falta de Jurisdicçaõ ou he cerra , ou duvidofa , af-
como o abufo. Quando he duvidofa a Jurisdição ,
°u o abufo delia, fó podem ufar defte Recurfo as peífo-
as feculares , e naõ as Eccleiiafticas (g): quando he cer-
ta
deve advertir , i.° que toda a violência , e toda a oppreflaõ , que
fe faz ao homem , provêm neceflariamente da infracçaõ da fua li-
berdade. Efta liberdade ou he natural , em quanto fe regula pe-
las Leis Naturais f.mplcfmente, o que ainda fuccede no Eftado
' cl,,an<'° as Leis Civiz naõ tem limitado a liberdade natu-
ral ; ou he civil , quando cila fe regula pelas Leis Civiz : donde
toda a violençia, que fe faz ao homem , nafeeda notoria tranf-
greilaõ, e infracçaõ das Leis Naturais, ou Pofitivas : 2.° que
os Min litros da Igreja fó podem como tais, e como Juizes, tranf-
gred.r citas Leis , julgando, ou proferindo fentença final , ou
interlocutom; logo toda a violençia, e ©ppreflàô commettida
pe os Juizes Ecclcfiafticos , fó pode fer por fentença notoria-
mente ntiha , e injufta. Eflabelecidos eftes principios , he fácil
e conhecer quando ha violençia , ou oppreflaõ noloria ; porque
ac amos decidido nas Leis Patrias , quando a fentença he noto-
amente nulla. i.o Quando he proferida por Juiz incompetente.-,
em citação de parte: 3.0 com fa[fa prova: 4.0 por pei-
ta, ou uborno: 5.o contra outra fentença paliada em julgado/
rr • I.3 tit. 75 , Extrav. de 3 de Novembro de 1768. He no-
t<"iamente injulta , quando he proferida contra Direito Pátrio,
ou feu fubfidiario exprelTo ; a mefma Extrav. §. 3.
§. CIV.
§. cv.
CAPITULO VII.
§. CVI.
L
120 Direito Publico Portuguez
CAPITULO VIII,
f. CVIII.
princ. ÍF. Nihil innovari appellalione interpofua; Ord. liv.3, tit. 83;
he certo , que o Juiz Ecclefiaftico faz notoria violência ao appel-
lante , executando a fentença appellaiia , antes de decidida aap-
pellaçaõ , e em co.nfequencia, que ao Princepe pertence a auto-
ridade de prohibir eíla execução ( §.XCV. not. /.>, e §. XCVI1I-)
(«) Matth. cap. 18 , f. 19- Nós diflemos, que a Igreja he
huma fociedade redoria defigual , porque nella há Império Sa-
grado ; Vid. Rieg. Jus. Eccl. P. 1 , 1511e P.4, §. 243; p°r
coníequencia devemos confiderar-lhe audoridade para caftig3'
os que offenderem , e violaiem as fuas Leis.
(atJ Rieg. loc. cit.
P A"R T E II. Titulo V. 121
filas até para annularem as Cenfuras , com notoria inju-
ftiça fulminadas Çz).
§. CIX.
CAPITULO IX.
§. CX.
P
A Or Inhibitorias Ecclefiafticas entendemos aquelles
Refcriptos Ecclefiafticos, pelos quais os Juizes da Igreja
mhibem os Juizes feculares, para conhecerem de certas
caufas mefmo temporais , pena de excomunhão. Nin-
guém duvida, que o Direito Judiciário he huma das
paited integrantes do Império Civil LXI,); aflim co-
tio, que a Igreja naõ prejudica aos Direitos do Império
(§• LXXXIV ) ,• e que fendo a Jurifdiçao da Igreja fó
Q_ efpiri-
(«) Id. Rieg. Part. 4> § 633'& feq. ; Eyb. Jus Eccl. liv. 2 ,
cap. 2, de Jur. Princip. in aft. F.cclef. §. 3 , not.
M Vid. Rieg. loc. cit. 635, & feq. ; Eyb. loc. citat.
(") Lei de 10 de Março de 1764.
ib) Decreto de xo de Março de 1764.
122 Direito Publico Portuguez
efpiritual ( §. LXXXIIJ, naõ tem alguma au&oridade pa-
ra julgar as caufas civiz.e temporais (c).
S.CXI.
§. CXII.
C A PITULO X. .
-D<z prohibiçao, que os Juizes Eclefiafiicos tem de execu-
tar as fuás fentenças contra as Peffoas leigas , /em ajuda
de traço fecular.
%. CXIII.
P Ara a execução de qualquer fentença he neceflario,
Ce
rtas caufas , fe lhes concedelle também a faculdade de exe-
cutar as fentenças. Para illuftraçaÓ delta matéria devemos faber,
que-os Romanos diflinguiaô a jurifdicçaó do mero, e mixto im-
pério. A jurifdicçaó, conforme Cujacio no Paratitlario ao Dige-
1 0 tit. de Jurifd. , e/l cagnitio jure Magjratus compctens: impé-
rio, conforme a L.3 de Jurisd., naõ he outra coufa mais do que
ormala potejlas. Divide-fe o império em mero, e mixto : mero ejl
potejias glaiiii ad aniniadvertendum in facitiorofos homir.es, fpeciali
lege comeffa, L. 3ff. de Juri/d. , L. 1 ff. de Offic. ejus , cu! mand.
jurijd. ; nnxto ejl módica coercitio, qua jurifdiílioni coharet ;
L.i , §. ult., L. ult. §,1, ff.de Offic. ejus, cui mand. jurifd.: don-
de fegundo a jurifdicçaó , que por Direito Romano competia a
cada Magiítrado, aflirn lhe competia o império mixto. A'quel-
. que tinha jurifdicçaó de julgar fimplefmente , competia-lhe
o império mixto para exercício da fua jurifdicçaó judiciam ; e
aquelle , a quem era concedida a jurifdicçaó executória , compe-
tia II.e o império mixto para a execução da fentença. Porto ido
naõ fe íegue , que por fer concedido aos Bifpos o privilegio de
con ecerem , e julgarem certas caufas contra os leigos , fe lhe
eva neceifariamente julgar concedida a faculdade de executa-
rem as luas fentenças. Õs mefmos Cânones reconhecem a falta
Jurifdicçaó executiva , em quanto ordenaú aos Juizes Eccle-
ia icos a imploraçaõ do auxilio publico, 011 do braço fecular
Para a exefcuçaô das fuas fentenças , quando os condemnados
naõ quizerem voluntariamente obedecer-lhes. Vid. Cap.14 °f~
fc- jud. o rd. , [Cap.i o de Jud.; Struc. , dc Brach.fecular.,
W Ord. liv-. 2, th. 1 , per totum.
116 Direito Publico Portuguez
dtoridade de munirem as fuás fentenças com penas tem-
porais (?;J, e a de terem Meirinhos, Alcaides, e cár-
ceres , lhe tem prohibido o direito executivo con-
tra os vailàllos feculares (o), naõ fó das caufas tempo-
rais
§. CXV.
CAPITULO XI.
§. CXVI.
§. CXVII.
Leis
(1) Ord. Iiv. 2, tit. 8. Os Juizes feculares fao as Relações
do Porto , e Lisboa no circuito de cinco legoas no refpeíiivo
diilri£lo, 011 em todo elle, excedendo a quantia de 30^0000 r.,e
çbi menor quantia todos os Juizes de vara branca competentes.
(/) Ord. Iiv. 1 , tit. 6 , §. 19.
(u) Ord. Iiv. 2, tit. 8, §. 1 , e 2.
PARTE II. Titulo V. 129
Leis (.v), jí fdzcndo-os caftigar coiu penas graves, e atro-
zes (z). E os mefmos Direitos reconhecerão fempre os
Ecclelíafticos pelo novo vinculo do juramento, que no
íauftiíTimo dia da Acclamaçaõ prefta o Eílado Ecclelia-
ftico.
§. CXVIII.
Pos na forma <!;i Lei 29 de Epifeop. and. ; fendo eivei, 011 fe-
cu ar
' > deviaò fer accufados perante o Juiz fecular ; ilto lie, na
Cidade perante o feu Prefeito , e nas Provindas perante o feu
Prcfidente , fendo degradados das Ordens pelo Bifpo, para a ex-
c
cuça5 das penas temporais. O mefmo Juftiniano na Nov. 123,
ca
pt 21, em que eftabeleceo mais geralmente o privilegio do foro
para todos os Clérigos, e Monges, lhes permittioappellaçaõ pa-
ra o Juízo Ordinário do lugar. Vltimamente o Imperador Fri-
dcrico, como fe refere 11a Anthentica Statuimns , confirmou
0
privilegio do foro em todos as catifas eiveis, e criminais.
Alem defte privilegio, e immunidade pelToal do foro, concede-
rão os Imperadores Romanos aos Eccleftafticos a immunidade
de todos os munus , e officios pefloais ; aflim o fizeraô Con-
ílantino Magno na Lei 2 , Valentino , Valente , e Graciano na
Lei 6, e Jufliniano na Lei 52 de Epifeop. tf Cleric., Nov. 125,
cap.5, e 6. Juftiniano porem na referida Novella cap. 5 exce-
ptuou unicamente as tutelas legitimas. Tlieodofio, e Valen-
tiniano na Lei 4 de facros. Eccl. exccptuaraó os Ecclefiaíticos,
que nao fizeifem ferviço á Igreja.Naõ eraõ da mefma forte exem-
Ptos dos munus reais , ou tributos , L. 3 de Efpifcop. tf Cie-
rC
' " L' IO> e 11 de facros. Eccl., L. 12 de annon. tribut. ,
L. unic. de Áaut. Tiber., c outras ; foraõ porem exemptos de al-
gum , L. 2, e 8 de Epifeop. tf Cleric., L. 5, e 22 de facr. Eccl.;
VVan-Efp. P.2, fe(T. 4, tit.4, cap.i; Rieg. P.3, pag. 531, §.907
& fcq. A invafaõ , que os Francos fizeraó nas Gallias , ena
Germania , os Lombardos na I tal ia , os Gregos no Illirico , c
os Sarracenos na Hefpanha , com que foraõ fupprimidas todas as
feollas publicas , ( Corinquius Tract. de Antiquit. Academ.;
ichacl a S. Jof. O rd, SS. Trinit. infingulari Tract. de Crit.
^rte' 1
« an
* 3>e 5 ' Fleuri Difc. 3. fobie a Hiltor. Ecclef.;
13- D í r, e r t o Publico Portuguez
viço, que c:n particular fazem a Igreja : a.° que por
iiío
Febrou. de Jlnt. F.ccl. tom. I , cap. 7 ) fez, que pelo meio do fe-
culo VIII fe ignoraffe a fonte delias exempçôes Ecclefiailicas .
que fe acluvaõ em ufo. Por eile motivo Iiidoro Mercador, perfua-
dido talvez, que eflas exempçôes provinhao deTradieçaõ Apoílo-
lica, ou para levantar a Igreja do abatimento, em que havia cabi-
do, como penfa ChriíUano Lupo, referido por Febronio loc, cit,
iorjou quatro falias Decretais em nome dos Papas dos primei-
ros feculos para eílabelecer efta immunidade.. Fleur. Difc.4, e 7.
E!la impoítura enganou por efpaço de 700 annos a todá a Chri-
ílandade , aflim como enganou aos Papas , aos Bifpos , e aos mef-
raos Concílios; deforte que todos fe julgavafi obrigados a fuf-
tentar elles Direitos , que fe perfuadiaó terera-lhe fulo tranfmit-
tidos pelos Apoiloíos. Nicolão I, no anno de 860, fez diílribuir
eíla Collecçaõ por todas as Igrejas, e a fez enfinar na Vniuerfi*
dac.e de Bolonha , e quiz que os Bifpos de França a confultalTem
11a catifa de Rolhado , Bifpo de SoiíToens. O Concilio de Rhcims
cm 992 a feguio na caufa de Arnaldo. Os feguintes Concilios fe
ferviaõ igualmente delta Collecçaó, Febronio loc. citat. Gracia-
no no feu Decreto, fabricado no anno de 1151 , naõ fó colliçio
;is mefmas Decretais , e os Cânones poíteriores deduzidos das
fuas maximas ; mns acrefcentou outro de novo a favor da im-
munidade dos Clérigos , Fleur. Difc. 7,n, 3. Efte Decreto foi
recebido em todo o Mundo Catholico, e he provável, que tam-
bém o foi em Portugal defde o tempo do Senhor D. Affonfo H •
e que delle faó as Decretais , de que pela palavra degredo fe fal-
ia nas Cortes de Coimbra de 1211, e he fem duvida aquelle de
que fe falia na Concordata do Senhor D. Affonfo, que Gabriel
Pereira attribuio ao terceiro do nome , fem reparar , que neHe
tempo ainda naõ havia o VI das Decretais, de que fe faz men-
ção no artigo 5, e 6 , EUe acabou de íolidar aquella impoftura •
Parte II. T i TU lo V. 1-33
'(To mcfmo na5 fuõ excmptos da íuprema Jurifdic-
çaõ
pela aiiSoridade intrinfeca dos Cânones , que nelle fe achayaõ
compilados , e muito niais pela autoridade extrinfeca, que lhe
<!eo Gregorio XIII. He verdade , que defde que os fabios inci-
tarão a Gregorio XIII a emendar o dito Decreto, elle foi
expurgado das falfas Decretais; porem o mcfmo S. Padre na6
expurgou os Cânones legitimos , que tinhaó fido eftabelecidos
n
os principios das mefmas Decretais ; nem emendou os abu-
f°s , que efles livros tinhaó introduzido na Igreja, como pondera
Febronio loc. cir., ficando por iíTo ainda depois da referida Col-
lecçaõ, e emenda, fubfiftindo muitos prejuízos introduzidos pe-
las íalfas Decretais. Efles prejuizos, vniverfalmente adoptados,
naÕ podiaó deixar de contaminar os piedofos efpiritos de nof-
fos Auguftos Princepes , os mais fabios , c mais illuflrados em
toda a (ciência do Governo. Affim o perfuade , 1.0 0 primeÍFO
catafhofe de Portugal da depofiçaÓ do Senhor D.Sancho II, por
autoridade Apoftolica: 2.° a renuncia, que o Senhor D. Af-
fonfo III fez cm Pariz , aos 8 de Setembro de 1245, dos feus
Direitos fobre os Ecclefiafticos : 3.0 a condefcendencia , que
fempre tiveraó com os Eccleliafticos , até o ponto de comporem
as controvertias fobre pontos de mera Jurifdicçaô temporal pe-
lo meio das Concordatas : 4.0 os diverfos lugares das noífas Or-
denações , em que fe diz , que os Ecclefiaflicos nao fa6 da Ju-
nfdicçaÓ dos Reis , e que efles conhecem de alguns fados da-
quelles, alias da fua Jurifdicçaô, naó como Juizes, mas como
Reis , e Senhores. AfTitn o perfuadem as differentes Bulias , que
os rioilos Princepes impetraraó para o conhecimento das caufas
eiveis , e crimes dos Minoriflas, aííim como a de Pio II em
1461 , pela qual concede ao Senhor D. Affonfo V , que os Jui-
zes feculares conhcceífem das" caufas eiveis , e crimes dos Mi-
noriflas: a de Leaõ X de 1516, pela qual concedeo ao Senhor D.
Ma-
134 Direito Publico Portuguez
çao (a): 3.° que podem ufar delles para o ferviço do Efta-
do, quando a neceffidade publica o pedir (/>).
C A-
CAPITULO VIII.
§. CXVIIII.
§. CXX.
§. CXXII.
Os noíTos Auguftos, a exemplo des primeiros Impe-
radores Chriftãos (/), tem fabiamente exercido os Direi-
tos
-$
TITULO SEXTO.
Do Direito da Policia.
CAPITULO I.
§. CXXIII.
fidios ,
imbra de 1211. O Senhor D. Diniz a reítringio ás acquifiçóes
for titnlo de compra , ou em pagamento de dividas, permittin-
« o-l c as acquiíiçõe. por doaçaõ. ou tcílameuto ; mas com a
clauiula de fe alienarem os bens aílim adquiridos dentro do an-
no e d,a Ord. Affonf. liv. 2, ti.. 14, e15 ; o que adoptou o
Senhor D. Manuel na fua Ord. liv. 2 , tit. 8 , qi!e paflou para
a Filip. l,v. 2, t.t. 18, corroborada pela Extrav. de 30 de Julho
de 1611. Mas feas noflas Leis mandaõ vender os bens nova-
mente adquiridos, ellas prohibem a alienaçaó dos outros fera li-
cença Regia, Ord. liv. 2. tit. 2+; fazendo do contrario cafo de
devaíTa, Ord. l.i , tit. 65 ,§. 62; concedem vários privilégios,
c immunidades aos bens legitimamente adquiridos, e pofluidos,
Ord. hj. 2, tit.21, & feq.; regulaÕ o modo, com que os Religi"
ofos podem contrahir dividas paflivas, Extrav. de 6 de Junho de
1776 , e ultimamente preferevem os meios de fe miniftrar o né-
celfano para a reedificaçaÓ dos Templos, e fuitentaçaÓ dos
Parochos, Ord. l.i, tit.3 , §.3 ; Reg. do Defemb. do Paço $.84»
c Ord. liv. 1 , tit. 62 §. 76, e 77.
Parte II. Titulo VI. 139
fiàios, que facilitem , e promovao a obfervancia das fuás
Leis (b). Os meios faõ principalmente a cultura das Di-
sciplinas, o augmento da Populaçaõ, a faude dos Povos,
0
Comercio , a Agricultura , as Manufacturas.
CAPITULO II.
§. CXXIV.
§. CXXV.
~ tri-
w Hei„«c j. N. &^nr,.2,cai,8i 5.l88. M„t.7„
L ' Ceftabelecido
tem a'!' rP? ' nas 258 ' Qilafi t0das
Republicas
as Vn
'verfidades
mais civi.ifadas , que
c pias , tem
dependido da audtoridade dos fe,!S refpeaivos Soberanos. Bento
Pereira na fua Academia liv. r Difp. *, q. , , f. ^ e f
cl n ' P'2Jurisprud.
P- I . S ioo, ; Rieg. ' DCm- 1' Eccl.
& E b JS Eccl
P. t,> -§.J'438.
- - ' 2
'
,0C cit
j j *<* - §" 436, e 437.; Eyb. loc. cit.; Mart.
217 ; He neC N & G liv 2 Ca 8
S loo
CO , n. 183.
o ' - - - - ' P- '
(>) O Senhor D. Diniz cm 1290 fundou em Lisboa hu-
ina Vniverfidade , cm que mandou enfinar os Direitos Civil, e
Canonico , porque a Grama ti ca , Filofia , c Theologia fe enfi-
navao nos Conventos , e Cathed.rais do Reino. Eíta Vniverfida-
de foi mudada pelo mefmo Senhor para Coimbra no anno de
»3o8, como diz. Brand. liv. 16, cap. 83, para nella fe enC-
narem
PARTE II. Titulo VI. 141
trinas fao prejudiciais ao Eftado, á Igreja , e aos bons co-
ftumes
CAPITULO III.
Da PopuIaçao.
§. CXXVI.
Ca
P- 4 • que a populaçaõ he muito útil em quanto naõ he ex-
ceffiva , mas proporcionada á Republica.
(J) Nada ha mais contrario á populaçaõ , c ao fcu fim , <lo
que os vagos , e incertos coitos , os temporários concubitos ,
e as promifcuas cohabitações de bigamia , e poligamia. Os va-
gos , e incertos , porque faõ prejudiciais á propagaçaõ , e educa-
ção : os temporários , porque impedem a educaçaõ : a bigamia ,
porque perturba a paz das familias: e a poligamia , porque
impede a propagaçaò , tudo contra o fim da populaçaõ.
[/) Os privilégios, que os Romanos concediaõ aos cidadãos,
<l"e tinhaõ tres filhos de legitimo Matrimonio , e as penas , que
Jmpunhaõ aos que chegavaõ fem filhos á idade de naõ os poderem
ter , antes da Lei Papia Popeia , e muito mais por eíla Lei ,
( Heinec. ad Leg. Jul. & Pap. Pop. tom. 3; id. Antiq. Rom.
tom. 4 , liv, 1 , tit. ii, §. 2 j foi o prudente meio de que elles
fe íervirao para promoverem eíla importantiflima fociedade , que
os Romanos tanto aborreciaõ , como pondera o mefmo Hein.
^ntiq. Rom. liv. 1, tit. 25.
(u) Por efte motivo as I.eis Romanas caíligaõ gravifiima-
íttente os crimes de fodomia , L.3. Cod. ad leg. Jul. de adult. ;
de bigamia , e poligamia , Nov. 117. c. 11 .junta L. 1. Cod. ad
'eg- Jul. de adult. , L. 7 , Cod. de repud., Heinec. Pandcdt,
P'7 > §. 187 ; os concubinatos na Novella Leonina 2. O mef-
mo
144 Direito Publico Portuguez
a liberdade dos vaflallos, para naõ ficar dependente do
arbitrio de cada hum a execução de hum adio o mais in-
tereflante ao ilfiado (*); e eílabelecer os meios para a edu-
caçaõ
mo tem feito os Imperadores íucceífivos ; Conft. Carolina ,
art. ii , e 16 ; Heinec. Elem. Júris Germ. L. i, tit.13, §.310
&c. feq. ; e o mcfmo tem praticado todas as Nações civilifa-
das como fe vê dos feus Codigos. Daqui vem igualmente o
Direito , que compete aos Princepes , para reftringirem aos feus
vaiTallos a liberdade da addiçaÕ do Eftado Ecclefiaftico, para re-
gularem , e abolirem as fociedades Religiofas pelo voto de ce-
libato, que lhes he annexo.
(*) Ninguém hoje duvida, que os Princepes tem a principal
au&oridade para preferever impedimentos impedientes , e diri-
mentes ao Matrimonio. Todos fabem , que a qualidade facra-
mental, com que Chriíto Senhor Noffo fantificou o contra£lo do
Matrimonio, naõ o exttahio da claflc primordial dos contraílos >
Cap. fin. de Prnturatorih. in VI; Sanch. de Matr. difp. n; e por
i(To ficou dependente da vontade dos contratantes , e em confe-
quencia fujeito á norma dos a£tos humanos: os aftos humanos ,
de que depende a utilidade do eftado, he certo, que eftaõ fujeitos
á vontade dos Princepes. E que aftos humanos mais intercíTantes
ao Eftado , que os cafamentos ? Deftes princípios deduzio toda
a Antiguidade , que os Princepes podem pôr impedimentos de-
rimentes ao Matrimonio , o que fizeraõ com cífeito naõ fó os
primeiros Imperadores Romanos, de que fe achaõ veftigios nos
fragmentos dos JCtos. ( vid. Mufcet. Diíl. de SpoUf. í3
trim. parent. in/ciis, vel invi/is, dub. 1, n. 29 ) mas os mefmos
Chriftaos , como fe vê principalmente da L. 1 Cod. 'de na!-
Vib.\ L. 5 de Epfcop. & Cleric.; L. 6 de Jud.; L. unic. àt
rnptu virg.; Nov. 134, cap.12, e Nov. Leon. 89, a cuja imi-
tação fizerao o mefmo muitos Princepes Catholicos, Rieg> J"'
risprud. Eccl. P. 4, §. 81 , c cuja autoridade naõ deviaõ fuften-
tar
Parte II. Titulo VI. 145
caçaõ dos pupillos, e infantes (2), c creaçaõ dos cxpo-
flos (y).
§. CXXVIII.
CAPITULO IV.
§. CXXIX.
CAPITULO V.
Da Agriailiurn
§. cxxx.
CAPITULO VI.
Das Manufacturas.
§. CXXXII.
CAPITULO VII.
Do Commercio.
§. CXXXIII.
CAPITULO VIII.
Do Luxo , e Economia.
§. CXXXIV.
CAPITULO IX.
Dos Vadios.
§. cxxxv.
T I-
TITULO SÉTIMO.
CAPITULO I.
Das partes integrantes do Direito Executivo.
§. CXXXVI.
CAPITULO II.
§. CXXXVII.
>-
{a) Os Direitos Mageftaticos feriaÕ imiteis nuô tendo os Im-
perantes auéloridade para os fazer executar ; porque o vinculo
da eonfciencia, que he infeparavel da obediencia devida aos So-
beranos , naó baila para promover a obfervancia das fuas Leis:
a pena efpiritual, a que eítaó íujeitos os feus tranfgreflores, naá
acautella os males , que nafeem da tranfgreffaó da Lei.
Parte II. Titulo VIT. 159
fionihus, & Jalus publica obtiticalur {b). Defta deíiniçaõ fe
ttioftra , que a pena he hum mal, que o Superior efiabc-
lcce contra o fubdico , que viola as fuás Leis, e commet-
te alguma acçao prejudicial á Sociedade, a íim de que
cila fe naÕ offenda (c).
§. CXXXVIII.
O Direito de impor penas he taõ efíencial para a
conftituiçaõ das Leis, que aquellas , cujo edi&o naõ he
munido com fancça5,ou pena , fe chamaõ imperfeitas; c
aquellas, que unicamente propõem prémios para promo-
ver a fua obfervancia, fe reduzem á claífe de Leis permif-
fivas (d). C A-
CAPITULO III.
§. CXXXIX.
§. CXL.
§. GXLI.
§. CXLIIII.
§. CXLV.
faõ
tade
§. CXLVI.
§. CXLVIL
§» CXLVIIL
§. CXLIX.
» ••• •- §- CLI.
§. CLII.
§. CLIIII.
5. CLV.
176 Direito Publico Portuguez
§. CLV.
§. CLVII.
1
Parte II. Titulo VII. 177
§. CLVI1I.
§. CLIX.
§. CLX.
CAPITULO IV.
Do Direito de Aggraciur.
§. CLXI.
§. CLXII.
§. CLXI1I,
$. CLX1III.
182 Direito Publico Portucuez
§. CLXIIII.
§. CLXV.
§. CLXVI.
PARTE II. Titulo VII. 183
§. CLXVI.
§. CLXVII.
§. CLXVIII.
§. CLXIX.
§. CLXX.
§. CLXXI.
§. CLXXII.
§. CLXXIIL
§. CLXXIIII. -
§. CLXXVI.
que
PARTE TI. Titulo VII. 187
que Deos fó lhescommina os caftigos, que elle dará a fe-
melhantes reos, Eftes caftigos declara Deos ferem os da
morte do idolatra: Sanguis ejus effundetur. Mas por quem ?
Manu cunclarum bejiiarum, manu bominis, manu fratris-, ifto
he, fegundoos Interpretes Hebraicos , manu otnnium vi-
'ventium. Coe. Dif. Proem. 3, Sedt. 2, §. 29.
§. CLXXVII.
§. CLXXVIII.
J. CLXXIX.
188 Direito Publico Portucuez
§. CLXXIX.
§. CLXXX.
f. CLXXXÍ.
PARTE II. Titulo "VII. 189
§. CLXXXI.
-ifí r>owqerino.-fadl/W' nfii j^pDsn , íoiibdul eob íi.lUZ-)
Ultimamente o exercício do Império naõ admitíe re-
gras particulares , c inalteráveis. A faude dos Povos he a
única norma, que deve regular o poder fupremo; fegun-
do efta he , que deve dirigi rufe o direito da aggraciaçao :
affim como fe dirigem todos os mais Dirciíos Magefta-
ticos; e por iflo efta quefta5, aíHm como a das penas de
morte , ferve unicamente de excitar o difeurfo , e de en-
cher o exercício polemico das Aulas.
CAPITULO V.
Do Direi lo dejulgar, e crear Magijlrados , e da fita
divifaÕ.
§• clxxxii.
§. CLXXXV.
.... v -t . :.I
Os Magiflrados da Juftiça íe dividem em Civiz , e
Criminais. Civiz faõ os que conhecem de todas as cau-i
ias, que nafeem de contratos, d'ultimas vontades, de
poíTe , e dominio &c. Criminais fao oã que conhecem de
todas as caufas , que nafeem de delidos. Os Magiftrados
da 1'azendá laõ os que tem a feu cuidado a arrecadaçao,
e adminiftraçaõ da Real Fazenda. Magiftrados Políticos,
e Economicos faõ os que particularmente (a) eftaõ encar-
regados da infpecçaõ fobre a educaçaõ civil, e feguran-
ça publica.
§. CLXXXVI.
$. CLXXXVII.
* - §
(g) Alçada he o mefmo , que Jurisdicçaó de julgar fem ap-
pellaçaõ , nem aggravo. A Extrav. de 26.de Junho de 1696,
Col. 1 á Ord. liv. 1 , tit. 6, num. i, angmentou as Alçadas ,
(que pelos refpc£livos Regimentos competiaõ até efle tempo 20S
Magi (Irados.
(b) Os Juizes de Fora , e Ordinários conhecem fó em pri-
meira Inftancia. A Côrte de Lisboa tem a adminiftraçaõ da Ju-
iliça para os cafos da primeira Inftamcia , devidida pelos Cor-
regedores do Civel da Cidade , e Juizes do Crime dos Bairros,
alem dos Magiftrados privativos.
(') Eí1e Magi (Irado he muito antigo , aífim como os Juizes
dos Refiduos , e os Contadores, que hoje fe achaÓ unidos aos
Provedores , como fe prova dos Artigos das Cortes do Reino. O
Senhor D. Manuel lhe deo Regimento a 27 de Setembro de
1514 , que a Ord. Manuel, mandou obfervar nos pontos, q»e
«aó eílaõ derrogados pelo tit. 35 do liv. 2 da meíma Ord.
Manuel.
(/} Nas Comarcas ha huma Junta eflábelecida para o lança-
mento , e arrecadaçao das Decimas , pela Lei de 18 de Agofto
de 20 de Setembro de 1762.
P a R T E II. TITULO VII. 1.93
§. CLXXXVIII.
$. CXCII.
§. ÇXCIIL
mento
Fernando, cuja prefidencia era deltributiva por
«anno de ,632 , em que Filippe IV a reduz.o a hum fó. O Se-
nhor D. Joaol V lhedeo nova forma, repondo-lhe os trez Ve-
dores com jurifdicções feparadas, cuja fórma durou até o tempo
da referida Lei de 1761. A Jurifdicçaó"deíte Tribunal até o anno
de 1761 era fó roluntaria, devendo dicidir-fo os cafos contendo-
jos na Cafa da SupphcaçaÓ, porém o Senhor D. Jofé na referida
Extravagante lhe concedeo a privativa, e executiva Jurifdicçaá
contenciofa.
(«) O Confelho Ultramarino foi erigido pelo Senhor D.
JoaÓ IV no anno de 1641 , até cujo tempo a JurifdicçaÓ Civel
pertencia ao Defembargo do Paço, e a da Fazenda ao Confe-
lho da Fazenda , e toda era fó voluntaria.
(*) Eftc Tribunal foi eftabelecido pelo Senhor D. Pedro II
em 1Ò95 - e o Senhor D. Jofé lhe deo novo Regimento cm ià
*le Janeiro de 1751.
P A R T E II. Titulo VII. 197
mento dos benefícios delias : a adminiftraçaõ , c arreca-
dação das Comendas, refgate dos cativos &c.; e fobre tu-
do a auctoridade de confultar a EIRei nos cafos , que en-
tender tocaõ i confcíencia do mefmo Rei, por hum De-
creto , de que faz menção Soufa de Caftel-branco no lu-
gar citado pag. 329 (z).
§. CXCIIII.
§. CXCV.
§. CXCVI.
§. CXCVII.
CAPITULO VI.
Do Direito coaftivo.
§. CXCIX.
§. CC.
TITULO OITAVO.
CAPITULO ÚNICO.
Do Direito de nu pôr Tributos, e lanhar Çolleãas.
§. CCI.
P Ara hum Soberano fatisfazer a todos 09 fins, de que
A.
temos traítado , he necelTario , que haja hum fundo fuf-
ficiente para a confervaçaõ das Armas no tempo da paz
e da guerra , para pagamento da Milícia , para os falari-
os dos Miniítros, e Oíficiais de Juftiça, para confervaçao*
das Eícollas publicas, e para o fuílento particular dos
Soberanos , que applicaõ todas as fuás fadigas , e negoci-
ações em beneficio do Eflado. NaÕ podendo cfte fundo
confiftir cm bens patrimoniais públicos', he neceflario,
que ellc fe conflitua pelo mutuo, c reciproco concurfo
de todos os Cidadãos, em cuja utilidade eiie redunda.
§. CCIL
Eíte mutuo concurfo deve fer regulado, fegundo as
ne-
cap. 2, § 3 , e como divida, e rigorofa obrigaçaô ; de forte»'
que os Noflos Monarchas fempre reconhecerão, que o direito de
fazer Soldados, e de crear Capitães era proprio da Monar-
chia , como fe vê da Ord- Affbnf. liv. 2. tit. 23 , que veio a for-
mar na nolía Ord. o tit. 26 , do liv. 2. Defde efte tempo foi »
Milicia tomando nova fórma , até que toda veio a fer eleita ,
e paga do Real Erário , a cujo pagamento fe deo nova forma pe-
las Extrav. de 21 dc Setembro de 1761, e de 24 de Fevereiro-
de 1764.
P A R T E II. Titulo IX. 201
neceílidades do Eítado ; e fe faz fegundc as difFcrentes
impoliçôes chamadas tributos ; c como a neceffidade do
Eilado fó pode conhecer-fe pelo Soberano , que a rege,
c governa, e os mofinos Tributos fe derigem para a necef-
furia execução dos Direitos do Império , he evidente,
que o I>ireito de impor Tributos , e lançar colleílas , he
próprio do Summo Império (a). Delle tem ulado fempre
os nolfos Monarchas (b).
TITULO NONO.
CAPITULO ÚNICO.
Dos Officios dos vajfallos para com o Summo Imperante.
FIM.
^ 4?
PRELECCÕES
5
D E
Direito pátrio
PARTICULAR.
'ZRÕ.30Zã-3;-Sl&
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o i a í A i ò t i:; íí i d
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PRELECCOES
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D E
DIREITO PÁTRIO PARTICULAR,
0FFEREC1DAS
AO SERENÍSSIMO SENHOR
D. J O A Õ
PRÍNCIPE DO BRASIL,
E COMPOSTAS
POR
FRANCISCO COELHO DE SOUZA E S. PAIO
Cavalleiro Profeffo na Ordem de Chrifto, Dcfembargador
da Relaçao do Porto , e Lente Proprietário de Hijio-
ria de Direito Romano e Pátrio em a Univerfi-
dade de Coimbra.
TERCEIRA PARTE.
Em que fe tradta do Livro fegundo das Ord. Filippinas
pelo methodo fynthetico compendiofo demonftrativo.
COIMBRA:
* A REAL IMPRENSA DA UNIVERSIDADE.
-
%Kovo£sva^o
«c-Hwae oMiae: /;• > ^ o A
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etniqqilH .fcnO 3tí. oliliugsl oiviJ ob «íiiríí f"í wp mjf ,
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^ t|J-; i.- • Ã
Senhor.
A BONDADE c Magnanimidade de
m
° benéfico recebimento; porque a Augujla Be-
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* nevo-
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PROLOGO.
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* 11 e
PROLOGO.
Ihante trabalho.
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PROLOGO. v
res
PROLOGO. VJI
tes Preleccôes:
3 a combinacaò
D do determina-
I N-
í? .0 ... o i •> & H
• • ^ t riu ,dí.
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INDEX
DOS TÍTULOS
Q^U E SE CONTEM
• '*" . - • > • •- -
xX
TIT; XXIIL Das cartas impetradas d' El Rei por
falfa ifformação, ou catada a verdade. - - _ 128
TH. XX XXIV. Qiiefe nao entenda derrogada por El Rei
Oidehacao,fe da fubjlanciã delia fe nau fizer exprejfa
rnen
^- ----------- 130
3 I T. X X X X V. Em que maneira os Senhores de terras uja-
Erra-
Erratas.
•
i\v» XvV,'-. " ... v> 'Ji .
•» « V : •« , vA. '.«VÃ $ 3
p p R
i
5c^5£^,yff>t5eP;fí^:5aj50,:,-a
PRELECCÕES
ó
D E
PARTE TERCEIRA.
D O
DIREITO PARTICULAR FORTUGUEZ.
• {
INTRODUCCAÔ.
P
JlL ASSAMOS a traélar do terceiro objeiíto das nof-
las lições, cujas prelecções regularemos pela ferie e
ordem dos Títulos das Ordenações Philippinas , como
lie determinado pelos Efiatutos deita Univeríidadc.
Omittimos porém o primeiro Livro, porque delle teremos
occafiaõ de t radar na quarta parte da nofla divifaõ , e
principiamos no Livro 2.°, em que fe tratfla princi-
palmente dos privilégios dos Eccleíiafticos, dos Grandes,
e outras peíToas do Reino , das Jurisdicções, dos Direi-
tos Reaes , da fucceflaõ dos bens da Coroa, e da Jurisdi—
Çaõ dos Donatarios delia.
A TI-
o. Direito Particular Portuguez
cr ^
T I T U L O I.
§. I.
c
O Egundo os Prmcipios de Dircico Publico, de que
traetamos na fegunda parte deitas prelecções ( Tit. V ,
Cap. XI e XII.;, he certo que os CIcrigos, Religiofos, e
mais pefíòas ecclefiafticas de qualquer hierarchia , e os
bens, ou coufas da Igreja, faõ igualmente fujeitos ao Im-
pério Civil, como as mais peíToas , e coufas feculares ; e
que as ífençoes reaes, e pefToaes , e o privilegio do Foro
F-ccleíiaitico, he hum mero beneficio dos Supremos Im-
perantes.
§. II.
§. IV.
§. V.
§. VI.
§. VII.
§. VIII.
§. X.
§. xir.
§. XIII.
B a §. XIV.
§. XIV.
§. XV.
TITULO II.
Como os Donat os de S. Joau , e os da Terceira Ordem de
S. Francifco, e os Irmãos de algumas Ordens refponderaa
perante as JuJliças d' El Rei. (a)
§. XVI.
§. XVII.
§. XIX.
TITULO IV.
adiando os moradores da Cafa d' El Rei de Ordens Meno-
res , ou Sacras, refponderao perante as Jufliças Jeculares.
§. XXII.
§. XXIII.
TITULO V.
Da Immunidade da Igreja [a).
§. XXIV.
§. XXV.
>-
§. XXVI.
§. XXVII.
§. XXVIII.
§. XXIX.
§. XXIX.
§. XXX.
§. XXXI.
frin-
(u) Suppóe-fe nefte §. que o adultério fe naõ prova , aliás ha-
veria contradição com a Ord. !. 5, tit. 38, na qual fe permute ,
ou tolera ao marido matar fua mulher , e o adultero , naõ fó
achandb-os em adultério , mas confhndo-lhe que o commette-
raõ, §. 1 do mefmo tit. ; e ainda chamar para erte effeito outras
peifoas , §. ult. dito tit. 38 , irto he com propofito , e delibe-
raçaÕ , fem por iíTò incorrer em pena alguma , e muito menos
da pnvaçaõ da immunidadc da Igreja ; donde a morte da mulher
neíte §. fe fuppõe feita com propofito de fazer mal á mulher,
e naÕ por vingar o adultério , que fe naõ prefume.
(-v) Como fe trata da captura dos delinquentes , bafta que efta
prova fe faça fummariíiimamente , conforme o fyftema dás nof-
las Lcs, Ord. I. 5, tit. 117, §.j2, e tit. 119, e tit. 126, §.11, •
12
» - • 1, e Ex.trav. de 20 de Outubro de 1763 , §. 2..
PARTE III. Titulo V. 29
§. XXXII.
§. XXXIIL
TITULO VI.
Como fe cumprirão os mandados dos Inqui/idores.
§. XXXIV.
Juris-
gum lugar perto donde eftiver a Igreja , cuja decifaÓ deve obfer-
var-fe. E porque feria grande opprelTaÔ eftar a juíliça guardan-
do o réo , em quanto fe decide cita duvida , o Juiz fecular pô-
de tirar o delinquente da Igreja para a cadêa , naõ como pre-
lo, mas para nella fer guardado.
(f) Mas Por,íue a brevidade, com que deve fer tirado, nao per-
mitte eíla audiência, e as noíTas leis emeafo de captura procedem
fem elIa , deferio-fe pelo §. 9 deíle titulo efta audiência para
depois que o delinquente for tirado da Igreja , e prefo na cadêa;
-em cujo tempo pode vir com os artigos de immunidade ; e da
fentença , que fobre elles fe proferir , pôde a parte appellar ; c
quando efta naõ appelle deve appellar o Juiz por parte da Ju^'"
ça, naõ cabendo a fentença em fua alçada , fegundo o crime
de que fe accufar , §. 9 In fin.
PA RT E III. T I TU L o VII. 31
TITULO VII.
Sfyie fe faça penhora nos bem dos Clérigos condemnados pelos
Juizes feculares.
$. XXXV.
§. XXXVI.
\
32 Di r eito Pa r ti cu t a r Port u g u ez
TITULO VIII.
Da ajuda do braço fecular.
§. XXXVII.
§. XXXVIII.
§. XXXIX.
§. XXXX.
§. XLr.
TITULO VIIII.
Dos ca/os mis li fori.
§. XXXXII.
u xxxxiv..
§. xxxxv.
§. XXXXV.
§. XXXXVI.
•§. XXXXVII.
3. xxxxvm.
TITULO X.
Dos excomungados appellantes.
§. XXXXIX.
\
42 Díretto Particular Portuguez
§. L.
§. LI.
TITULO XI.
§. LII.
§. LIV.
§. LV.
§. LVI.
das cafas para fua morada , ou outro ufo : 2.° das com-
pras dos outros bens de raiz (/) , ou moveis neceflarios
para a fua fuftentaçaõ , e dos feus contínuos familiares,
§.1:3.° das coufas que para feu ufo c neceíTidade vierem
ás Alfandegas , §. 2 (IJ: 4.0 das compras que para feu ufo ,
e dos feus familiares fizerem dos pannos de laa de fóra do
Reino, §. 3 [w).
§. LVIII.
§. LIX.
TITULO XII.
Dos Commendíiãores, e Cavalleiros da Ordem de N. S.
Jefits Chrijio , S. Tiago, e Aviz (a).
§. LX.
§. LXII.
§. LXIII.
TITULO XIII.
Dos que citao para Roma ; e dos que impetrai Benefícios de
homens vivos, ou os acceilao de Ejhangeiros , ou Procura-
ções (a).
§. LXIV.
vos {bj : 2.0 dos que citaõ para Roma em virtude deita
impetra : 3.0 dos que acceitaõ Benefícios a efirangeiros :
4.0 dos que acceitaõ procurações para requererem pelos
meímos eftrangciros , que obtiverem os Benefícios neftes
Reinos (f): 5.0 dos que impetraõ Juizes Apoftolicos
fora
em geral , quando as citações, de que nelle fc trada , faÕ unica-
mente as que fe fazem por occafiaÕ das impetras dos benefícios :
he defeituoía; porque nella fe nao compiehende a impetra de Jui-
zes Apoftolicos de fóra do Reino , de que também fe trada nefie
titulo.
(b) Os Fcclefiaflicos do Reino , principalmente os que efta-
vaõ em Roma, fabondo que , fegundo a regra da Chancellaria, os
Benefícios de jure vagos, pofto que de fado naÕ ertejaÓ , podiaÓ
impetrar-fe , Gonzal. á regra 8 da Chancellaria, Glof. 14, e 15;
clles humas vezes denunciavaõ qualquer Beneficiado do Reino ,
como pofluidor unicamente de fado ; outras vezes impetravaÓ
os mcfmos Benefícios para nelles fucceder, no cafo de vagar por
certo modo em particular,. ou em geral por qualquer manei-
ra. Obtendo a graça do Beneficio faziaÓ citar para Roma os
Beneficiados , com o pretexto de ferem intrufos nos Benefícios ,
e por fe acharem de jure vagos.- e fendo alguns dos Beneficia-
dos muito velhos , ou morriaô no caminho , ou em Roma ; e os
que viviaó eraõ affadigados pelos impetrantes , e lhes convinha
fazer quaefquer partidos para remirem fua vexaçaÕ ; e fe o naÓ
faziaõ , morrendo andando a demanda , ficavaÓ os Benefícios aos
que por malicia os faziaÓ citar ; por cujo motivo o Senhor D-
Manoel prohibio frmilhantes impetras , e as citações por vir-
tude delias, pela Lei de 10 de Dezembro de 1515. Leaõ part. 4»
tit. 12.
(cj 1'clos coft umes das Hcfpanhas, e de Portugal, naõ podia^
os eftrangeiros impetrar Benefícios nellas, Covarruv. cap. 35*
11.
PARTE III. Titulo XIII. 55
§. LXVII.
va i.° pelas palavras por efle mefmo feito ; 2.0 pela mefma rubrica
do titulo , na qual naõ fó fe fepara diftinâamente a impetra da
citaçaó , mas até eíla fe propõe em i.° lugar do que aquella , fe-
parando-a na pontuaçaõ ; 3.0 porque a citaçaó , de que fe traíla
neíle titulo, naõ he a refpeito do impetrante , mas a refpeito de
terceiro, que a fizer para Roma : comfirma-fe 1.= pela Ord. 1. r.
tit. 12, §.3. verf. E afjimfobrc fe haverem de guardar , e dar à ex-
ecuçao as nojfas Ord. que fallaõ dos que impelraõ em Roma Benefícios
dos noffos vuffallos, em cuja Ord. fe naõ acha veftigios de cita-
çaó para Roma ; 2.° pela razaó de paridade da Ord. 1. 2, tit. 43»
infn. ibi : A parte , que impetrar eflas Provifôes , ou que a s apre
fentar : prohibindo pois efta Ord. impetrar cartas d' El Rei p°f
falfa inforinaçaõ , pelo prejuizo que pode feguir-fe das mefmas
cartas , naõ obftante que eíle prejuizo fó pode feguir-fe depois
da aprefentaçaõ para a execução ; com tudo baila a impetra
para fe incorrer nas penas da Ord.
(/) I'er- dt Man. Rcg. cap. 61, n. 34 ; porque efte cafo naó
he expreflo neíla Ord. como lie neceífario para fer nella comprC*
liendido (princ. deite tit.verf.ultimo), fundamento que fc adoptou
no referido Alvará dc 1603.
PARTE III. Titulo XIII. 57
§. LXV1I.
§. LXX.
H TI-
58 D I R E I TO P A R T I C U L A R Po R T U G U EZ
TITULO XIV.
Dos que publieào inhibitorias fem licença d' El Rei.
§. LXXI.
f
J-' Endo-fc tradlado nos primeiros titulos das limita-
ções do foro das peíToas fecularcs, e eccleíiafticas , fe tra-
ria nefle titulo de obftar astergivcrfações, com que os Ec-
clefiaíticos pertendiaõ levar ao feu foro todas as caufas (a).
§. LXXII.
§. LXXIII.
§. LXXIV.
TITULO XV.
Dos que impetrao Provijoes contra as graças concedidas a El-
Rei , ou ã Rainha.
§. LXXV.
§. LXXVI.
TITULO XVI.
£>ue os Clérigos , e Ordens, e PeJJoas Ecclefiajiicas nao pojjáí
haver bens nos Reguengos.
§. LXXVII.
§. LXXVIII.
TITULO XVII.
E'u que Reguengos os Fidalgos ,e Cavalleiros podem haver bens.
§. LXXIX.
TITULO XVIII.
£hie as Igrejas, e Ordens nao comprem bens de raiz /em
licença d' El Rei.
§. LXXX.
§. LXXXI.
§. LXXXII.
§. LXXXIII.
§. LXXXIV.
§. LXXXVI.
§. LXXXVII.
algum bens da Coroa, Ord. 1.2, tíc. 35 , §. 10. nem 2.0 por
tit. que naõ feja o delegitima fucceíTaõ podem adquirir
bens nos Reguengos , ou que fejaõ tributários a Corôa
(§ 78) »§• 6 e 7 deite tit. , nem bens que fejaõ de peílòas
eccleííafticas , §. 5 deite tit. (q) ,os quaes podem pofíuir
fó por hum anno, contado do dia da morte do fenhor dei-
les,§. 7. inpr. (r), porto que fejaõ bens adquiridos/«-
tuitu Ecclefite, o mefmo §. 7, verf. ult. (s).
T I-
TITULO XIX.
^ue ninguém tome pojje dos Benefícios, qimido vagarem , [em
licença do Ordinário.
f. LXXXIX,
§. LXXXX.
§. LXXXXI.
( b) Nefte titulo fe figuraõ duas peffoas, que podem tomar pof-
fc : huma mais principal nas palavras : E o que for principal nt>
tomar dapoffe : e outra a contrario menos principal, efia fe coin-
prehende nas palavras: O que fizer o contrario feja degradado dous
annos pura a Africa , tfendo piaÕ feja açoutado : porque a mais
principal fe comprehcnde nas palavras feguintes : E o que for prin-
cipal: cuja duplicidade de pefíoas fe confirma pela differença das
, Penas i e Por confequencia no tomar da pofie fe podem confide-
rar duas peíToas : huma a que toma pofie para fi , mediata , ou
immediatamente ; e a outra a que toma pofie como Procurador.
[c) A pena do que forçofamente toma o alheio hc dc inorte»
paíTando de dez mil reis, Oíd. liv.5, tit. 61.
Paute III. Título XX. 75
$. LXXXXI.
TITULO XX.
Das efcripturas, que os Eferivães dos Vigários , Mofteiros ,
e Notarios Apojlolicos podem fazer-, e dos Jallarios que po-
dem levar.
§. LXXXXII.
§. LXXXXIII.
les,
Lisboa , que os feus Efcriváes afíiftiifem ás audiências , e for-
maíTem os pioceflòs delias ; porém o Senhor D. Diniz obteve
fentença contra elle , fundada , em que a creaçaõ de femelhantes
oíficioshe de direito Mageftatico;e efte foi o parecer dos Letrados
<!e Belonha, aquém o Senhor D. Diniz confultou. No tempo
do Senhor D.Joaõ I. pertenderaÕ todos o Ecclefiafticos efte mef-
mo ilireito , e que os Tabelliães feculares foffem excluidos das
fuás audiências ; porém o dito Senhor determinou , que fe ob-
fervafle o que fe tinha refolvido 110 tempo do Senhor D. Di-
niz ; permittindo-Ihe unicamente , que os Efcriváes ecclefiafti-
cos fizeilem os procefibs das audiências nos lugares onde hou-
refíe efte coftume, artig. 57 da Concord. do Senhor D. JoaC !•
Depois determinou o mefmo Senhor por huma Lei, que fe refere
na Ord. AlTonf. liv. 2, tit. 18 , que Tabelliães feculares , ou do
Rei foftem os que efcreveOem nas Audiências dos Prelados , ou
«le feus Vigários , todos os feitos , que nellas fe traftalTem , pai"3
informarem a El Rei , fe os Ecclefiafticos ufurpavaõ a fua j»r's'
diçaõ , ou faziaõ o que nao deviaò. O Senhor D. Joaó II. final"
mente concedeo a faculdade que elles pertendiaó.
Parte III. TITU LO XXI. 77
TITULO XXI.
Que os Fidalgos, e /eus Mordomos, nao poufem nas Igrejas, e
Mojleiros ; nem lhes tomem fuás coufas contra vontade
dos Abbades , e Jeus Religiofos..
§. LXXXXIV.
> 1c,
(l>) Além da nullidade das efcripturas , hc obrigado o Eícri-
Vaô , fendo leigo , a pagar dez cruzados ; e a parte leiga, que o
íonfentir , cinco-
\c) Os Philippiftas perverterão a ordem da Ord. Man. liv. 2 ,
,ir
' 10, fonte próxima defte titulo, fazendo do §. 1 daquella Ord.
0
principio defte titulo , e do principio do tit. daquella Ord. o
1. defte tit. ; e defta transpoíiça6 procede a obfcuridade, fc
a
taxa dos fallarios fe deve entender fó nas efcripturas , em que
a
° menos alguma das partes for leiga , ou em todas , ainda que
ar
nbas as partes fejaõ ecclefiaíticas ; quando pela Ord. Man. hc
c
Wo que procede ein todas,
W Hum dos direitos annexos ao Padroado he o de exigirem os
Padroeiros pobres alimentos da Igreja , de que faó Padroeiros ,
além
•7S Direito Particular Portuguez
TITULO XXII.
§>ite as Igrejas naofejaõ tributarias por efiarem nos Reguengos.
§. LXXXXV.
T I-
íntciramcnte as comedorias ; porém os Compiladores Man. no
liv. a, tit. ix, falvaraô daquella prohibiçaõ os direitos de come-
dorias , c apofentadorias , que cada hum tivefle ; o que paflTou
para o noffo tit. verf. ult.
(«) O Senhor D. Affonf. III. Ord. AíFonf. liv. 2, tit. 19, §. r,
ifentou da obrigaçao dos tributos, ou foros, as Igrejas, ou Tem-
plos, pelo que pertence ao aderno, em que eftaõ edificados , fe o
contrario naõ for determinado pelo fora! , ou por outro jufto ti-
l
ulo. Efla Lei paliou para a Ord. Man. liv. 2 , tit. 11, §, 1. O
Penhor D. JoaõlII. pela Lei de 8 de Junho de 1553, Leão
parte tit. 2 , L. 4 , declarou , que a excepção do foral fe naõ
er
>tendeffe nos aflentos das Igrejas , que foflem do feu Padroado ,
"em nos paflaes conjundos a elias , que hum lavrador lavraíTo
c
°mmuminentc em hum anno no tempo da lavoura com huma
Jl,nta de bois.
Ho Direito Particular P o r t b g i e z
TITULO XXIII.
Que os Prelados, e Fidalgos nao façaõ defezas em /nas ter-
ras em prejuízo das Igrejas (a).
§. LXXXXVI.
c
Ontem cite titulo tres partes ; na r.« (e prohibe póc
defezas (é) em fuas terras a quaefquer fenhores delias,
que feja em prejuízo das rendas, e bens das Igrejas, ou
Mofhuros, que nellas houver. Na 2.* parte , que forma o
§. i , fe determina que os Prelados naõ gravem as Igre-
jas , Morteiros, e homens delias, nem lhes demandem
mais do que por Direito devem haver. Na 3.3 parte fe
pro-
TITULO XXIV.
%<f fe mo pojja comprar, nem receber em penhor prata, e or-
namentos das Igrejas, ou Mofleiros ,/cm licença de EIRei.
§. LXXXXVII.
TITULO XXV.
Como fe entenderão os privilégios dados às Igrejas > e Moflei-
r°s, parafeus Lavradores, e Cafeiros.
§. LXXXXVIII.
o S Senhores
. Reis de Portugal, pela fua muita pie-
c ade, concederão as Igrejas certos privilégios para os feus
-ivradores, cafeiros, mancebos, e fervidores. A exten-
a
<" ,que as Igrejas, e Morteiros pertendiaõ fazer deites
privilégios, obrigou aos mefmos Senhores a declararem ,
que peffoas fe devem nelles entender comprehendidas j
cuja declaraçaõ faz o único objecto derte tit. (a).
§. LXXXXIX.
outro cafal, que naõ feja da Igreja , com tanto que dcllc
tire menor utilidade, que do caiai da Igreja : 2.°fe:is cafei-
ros íe entendem , os que continuadamente vivem nas fuas
quintas, e pelas lavouras delles faõ governados a maior
parte da fua vida, §. 1 deite tit. (c) : 3 ° feus mancebos , e
Servidores fe entendem os que fervem continuadamente ,
c a maior parte do anno os Moíleiros, e Igrejas, e faõ
por elles mantidos, e vertidos , §. 3 defte tit. (d) ; cuja
declaraçao foi extendida á Religião de Malta , pelo Alva-
rá de 9 de Julho de 1642, Colleçaõ i.a a efte titulo.
TITULO XXVI.
Dos Direitos Rcaes.
§. C.
§. cr.
§. CU.
§. cm.
§. CIV.
102,
Coroa ; e os annotados fó paíTaõ a fer deferiptos nos livros pio*
prios, quando verdadeiramente feadjudicaó á Coroa , como fuc-
cede nao vindo o rco defenderfe , Ord. 1. 5 , tit. 128 , in pr. >
verf. Certo.
( u ) Os povos muitas vezes offcreccraõ aos nolTos MonarchaS
donativos para os cafamentos dc feus filhos. Nas Cortes de Évo-
ra de 1490 offereceraó cem mil cruzados ao Senhor D. Joaó H«
para o cafamento do Príncipe com a Infanta de Caftella, Refeiid-
Chron. do dito Senhor , cap. 109. Nas Cortes de Torres NovaS
de 1525 offereceraó ao Senhor D. João III. cento e cincoents*
mil cruzados para o cafamento da Imperatriz, Cartorio da Ca-»
maia do Porto , liv. 1 das Chap. fl. 314. Porém eítes offereci-
roantos naõ encontrão o direito , que El-Rci tem para lançar pe-
didos , fendo-lhe nccelfarios.
PARTE III. Titulo XXVI. 9*
$. CV.
TITULO XXVII.
Dos foraes , e determinação que fobre elies fe tomou.
§. CVI.
§. evir.
(a) Hifl. Jur, Civ. LuJ. Pafch. Jofeph. Meli. cap. 5 , §. 39*
Todos fabem , que as terras conquiftadas eraõ pela maior parte
divididas pelos Fidalgos, Cavalleiros, e Concelhos das Cida-
des , e Villas , que ajudavaó a conquifta-las , ficando outras re*
fervadas para a Coroa , Brand. Mon. Luf. liv. 8, cap. ao: a al-
guns deftes pofTuidores davaõ , ou delegavaõ os Monarchns cer-
ta jurisdição com os títulos de Senhorios de terras ; eftes pe'°
dominio particular , e pela jurifdiçaó como Senhores , davao aos
moradores de fuas terras Foraes, ou Leis Municipaes, cujo prin-
cipal objeílo eraõ tributos , ou foros , que os moradores delias
.deviaõ pagar , além das penas que impunhaõ contra certos de-
lidos.
( b ) Depois deitas refpoítas mandou o dito Senhor a Fernan-
do de Pina , que fegundo a mcfma refpofta reformaflè , e or-
denafle os foraes do Reino , o que ellc fez compilando-os efl1
cinco liyros, conforme cada huma das cinco Províncias do Reino»
Parte III. Titulo XXVII.
§. CVIII.
§. CIX.
TITULO XXVIIÍ.
ghie as Alfandegas, Si/as, Terças, Minas, nao fe entenda
lerem dadas em algumas Doações.
§. CX.
§. CXI.
§. CXII.
TITULO XXIX.
Daí Relegos.
*. CXIII.
§. CXV.
TITULO XXX.
Que as herdades novamente adquiridas por El Rei nao fejat
havidas por Reguengos.
§. CXVI.
TITULO XXXI.
%/e os que tem herdades nos Reguengos , naõ gozem do pri-
vilegio de Reguengueiros, fe nao morarem nellas.
^ §. CXVII.
V^/ S privilégios dos bens Reguengueiros , 011 adqui-
ridos até o tempo do Senhor D. Pedro I. (b), coníiítiaõ
principalmente na ifençaõ que os fenhores, e pofiui-
dores dellcs gozava5 dos encargos, e da vizinhança
( §. 116 ). Para gozarem deftes privilégios hc neceílario
que os lavradores morem nos Reguengos (c).
N 2 ° TI-
TITULO XXXII.
Qhc os Almoxarifes u' El Rei, ou outros-, na o tomem coufa
alguma do IS avio que fe perder.
§. CXVIII.
TITULO XXXIII.
Das Jugadas.
§. CXXI.
§. CXXII.
§. CXXIV.
§. cxxv.
§. CXXVI.
x
Por privilegio particular faõ ifentos, i.° algumas Igrejas,
e Mofteiros , §. 8 in pr. : 2.° aquelles Clérigos de Ordens
Sacras , ou Beneficiados, aquém efta ifençaõ for concedida
§ 25, verí. ult. (m): 3.0 os Cavalleiros que tiverem Provifaõ
para ferem efeufos.
§. CXXVII.
§. CXXVIII.
§. CXXIX.
§. CXXX.
TITULO XXXIV.
/ Das Minas, e Metaes.
§. CXXXI.
$. CXXXIII.
§• cxxxiv.
(a ) Exceptua-fe a Província de Tras
nao podem bufcar fem efpecial mandado do Rei , pr. do tit.
verf. ult.
(b ) Para o Provedor dos metaes conceder efta licença he ne-
celTano , que o achador lhe faça certo por moftras ter defcuber-
to vieiros ; e obtida ella , deve o achador pagar ao dono da terra
o damno , que lhe caufar na fua terra , além de efperar que co-
lha os fru&os pendentes , §. 1.
( c ) Sem efta demarcaçao nao podem tirar-fe as minas apefar
de poíTe ímmcmorial cm contrario , poftoque as terras fejaó pró-
prias , falvo fendo-lhe feita mercê efpecial , §. 10.
PARTE III. Titulo XXXV. m
§. CXXXIV.
TITULO XXXV.
ZXz maneira qtie Je lerá na fucceffao dos bens da Coroa.
§. CXXXV.
§. CXXXVL
$. CXXXVII.
§. CXXXVIII.
„ deiros,
(g) O Senhor D. Duarte aos 8 de Abril dc 1434. fez hutiia
Lei chamada mental, §.17 defte tit., em que publicou, e defcrc-
veo a norma formada pelo Senhor D. Joaó I. na fua mente , c
por elle effedivamente praticada. Aos 30 do mefino mez fez ou-
tra Lei , ou variaá deciiões fobre varias duvidas , que fe move-
rão fobre a intelligencia da primeira Lei. Os Compiladores Man-
formaraõ da primeira Lei os primeiros dois £§. do tit. 17 d"
liv. 2, e o refto do tit. da fegunda Lei. Os Philippiftas copearaó
a Ord. Man. , accrefcentando ao §. 1 o verf. enaôatne!t ate
o fim do mefmo §. , aflim como todo o §. 2.
{b) Ord. 1. 2 , tit. 26 , §. 24.
Parte III. Titulo XXXV. 115
§. CXXXIX.
§. cxxxx.
§. CXXXXI.
I
n8 Direito Particular Portuguez
§. CXXXXIII.
§. CXXXXIV.
TITULO XXXVI.
Como pela verbal incorporação Je unem ã Coroa do Rein0
os bens confiscados.
$. cxxxxv.
§. CXXXXVL
TITULO XXXVII.
Das mulheres que tem cou/as da Corâa do Reino , e fe cajao
/em licença d' El Rei.
§. CXXXXVII.
§. CXXXXVIII.
§. CXXXXIX.
TITULO XXXVIII.
Em que tempo as Cartas de doafoes, e mercês devem pajfar
pela Chancellaria.
§. CL.
~ . 35 ) _
igem para os cafamentos dos fuccellores nos bens da Coroa a
licença regia, precedida pelos confentimentos dos pais ma®
hum comportamento honrado, e honefto das filhas , que nelles
podem fuccedcr , como exprella D. Filippe IV. na Extrav. dc
23 de Novembro de 1616-
( c) O Defembargo do Paço he o Tribunal , a quem fe acha
delegada a audoridade de conceder eftas licenças ; com a diífe-
rença , que ajuntando-fe o confentimento dos pais, ou tuto-
res , concede o Tribunal a licença fem confulta ; negando pO"
rém os pais , -ou tutores , os feus confentimentos , deve 0
Tribunal confultar o Rei , depois de ouvidas as razões da denc-
gaçaô , Extrav. de 23 de Novembro de 1616.
( d) Sendo menores de vinte e cinco annos ; aliás bailai
aprefentarem certidaâ de a terem pedido, Extrav. de 4 dc °utu~
bro de 1784, §. 6.
PARTE III. Titulo XXXVIII. 123
§. CLI.
§. CLII.
TITULO XXXIX.
£>uefe mo faça obra por Carta, ou Alvará d' El Rei, nem de
algum/eu ojjicial, fem fer pajjada pela Chancellaria (a).
$. CLIII.
TX Endo-fe traílado no titulo antecedente do tempo,
em que os Donatarios da Corôa devem aprefentar na
Chancellaria as cartas de doações ; nefte titulo fe deter-
mina em geral, que nenhuma Carta, e Alvará, ou Deíem-
bargo d' El Rei (b) y ou dos feus officiaes (e) , fe cumpra
fem
§. CLIV.
§. CLVL
TITULO XXXX.
ue as
\. coufas, cujo effeito ha de durar mais de hum anno »
pajfem por Carias, nao por Alvará.
§. CLVII.
§. CLVIII.
TITULO XXXXI.
$uefe mo faça obra por Portaria, que da parte d' El Rei
íe der [a).
§. CLIX.
TITULO XXXXII.
Como fe devem regifiar as Mercês, que El Rei faz.
§. CLX.
§. CLXII.
TITULO XXXXIII.
Das cartas impetradas d' El Rei por falfa informação,
ou calada a verdade.
§. CLXIII.
§. CLXIV.
§. CLXV.
TITULO XXXXIV.
Que fe nao entenda derrogada por El Rei Ordenaçao , Je da
JubJiancia delia Je nao fizer exprejfa menção.
§. CLXVII.
T I T V L O XXXXV.
JLm que maneira os fenhores de terras ufaráo da jurisdiçal >
que por El Rei lhe for dada.
§. CLXVIII.
f. CLX1X.
§. CLXXI.
§. CLXXII.
§. CLXXIII.
§. CLXX1V.
TITULO XXXXVI.
$$ue as pcjfoas que tem poder de dar os Officios os nao vendao,
nem levem dinheiro pelos dar.
§. CLXXV.
§. CLXXVI.
TITULO XXXXV1I.
Da Jurisdição dos Capitães dos lugares d' Africa.
§. CLXXVII.
TITULO XXXXVIIÍ.
Que os Prelados, c os Fidalgos nao foçai) novamente Coutos ,
nem Honras em feus herdamentos ; e como ncllas ufarao de
fitas jurisdições.
%. CLXXIX.
TSJ O titulo 45 fe traéta da jurisdição dos Senhores dc
terras ; nefte titulo íe traòta principalmente da jurisdição
dos Senhores das Honras , e Coutos (a).
S 2 §. CLXXX.
§. CLXXX.
$. CLXXXII.
TITULO XXXXIX.
Que os Prelados, e Fidalgos , e outras peffoas nao lancem pe-
didos em fuas terras , nem levem ferventias , nem apo-
Jentadorias , nem recebàõ coufa alguma.
§. CLXXXIV.
§. CLXXXV.
§. CLXXXVIL
TITULO L.
£>ue os Senhores de terras y nem outras peffoas, tiao tomem
mantimentos , carretas, nem bejlus ,/em autoridade de
JuJliça, contra vontade de feus donos.
§. CLXXXVIIK
§. CLXXXIX.
TITULO LI.
Dos *Thefoureiros, e Almoxarifes , que emprejlao fazenda d'Fl
Rei, ou a pagao contra feu Regimento , ou dão dinheiro o,
ganho (a).
§. CLXXXX.
§. CLXXXXI.
§. CLXXXXII.
TITULO LII.
Da ordem, que os Sacadores de El Rei terão nas execuções.
§. clxxxxiii.
3' '
(a) Sacadores faõ huns Officiaes de Juítiça , que fervem perante
os Almoxarifes, c outros Executores, cap. 117 do Regimento do»
Almoxarifes, deítinados para a cobrança das dividas reaes , oU
das que faõ privilegiadas como taes , quando lhe for mandado pe-
los Juizes Executores. Saó liuns executores do feito feni jurifdi-
çao, Ord. 1. 3, tit. 76 in pr. , e tit. 90 , e íimilhantes aos Execu-
tores , c Exaétores dos Romanos , vid. Per. in Cod. Iiv. 12 , tit.
59, 60 , e 61 ; e podem com adoridade do Juiz Executor , 01»
do Executor de direito , fazer penhoras , e arrematações , como
fe vê deite tit. Vid. Eílat. antigos da Univerf.dade, liv. 4, tit. 1*
Hoje porem , e principalmente depois da Lei de 25 de Agofto
de
'774. fe manda privativamente aífiftir ás arrematações o
Juiz Executor , §. 32 , 33.
(í) Os Porteiros, de que aqui fe tra£ta , fa6 Officiaes fimilhan-
tes aos Sacadores, pr. deite tit., c podem igualmente penho^
rar, e executar.
PARTE III. T itulo LII. 157
fa6.
15 3 Direito Particular Portuci/ez
§. CLXXXXVI.
§. CLXXXXVII.
§. CLXXXXVIII.
TITULO LIII.
Das execuções, que fe fazem nos que devem á Fazenda
d'El Rei.
$. CLXXXXIX.
§. CC.
§. CCI.
§. CCII.
§. CCIII.
§. ccv.
(j) Pelas Ord. da Fazenda, cap. 159, eraõ prcfos aquelles, ql,e
naó tinhaó bens, nem fiadores, para que a fazenda eítiveíTe fegu"
ra; mas depois da providentifiima Lei de 20 de Junho de 177+'
(j. 19 , e AíTento de 18 de Agoflo do mefmo anno , parece q11®
igualmente naó devem fer prefos aquelles , que fem dolo , °u
malicia naó tem por onde poflaó pagar.
(h) Pela referida Lei , e AíTento de 1774. he fem duvida , q,,c
o devedor , depois de extindios , e efgotados os feus cabedaes »
deve fer folto , porto que tenha de continuar a execuçaÓ conira
os íiudjres , e abonadores, ou focios.
PARTE III. Titulo LIII. 16-j
§. CCVI.
§. CCVIII.
TITULO LIV.
De como a El Rei fomente pertence apofentar alguém por ter
idade de fetenta. annos.
§. CCIX.
annos, Ord. 1. 4, tit. 13, §.5; porém eíla regra fe limita nas vendas,
ou arrematações feitas por autoridade de juftiça , quando, depois
da arremataçaõ, faõ requeridos os executados para pagarem a divi-
da dentro de oito dias , paliados os quacs ficaõ privados do benefi-
cio, ou acçaõ de lefaó, §. 7 dita Ord. ; nem de outra forte teriaó
effeito as execuções, pela incerteza em que ficavaõ os arrema-
tantes do feu domínio conferido publicamente pela juftiça.
(a) Ainda que todos os vaílallcs eftaõ obrigados a fervir i>s
encargos da Republica por huma obrigaçaó natural , refultada da
meíma Lei da aflbciaçaõ ; he certo, que a diftribuiçaô delias per-
tence ao Supremo Imperante ; porque nem todos podem , nem
devem fervir todos os encargos por motivos naturaes, epolíticos;
cujo conhecimento he do privativo direito Mageftatico , Infpe"
£tivo , e Politico ( II. P. deitas Preleções, §. 60). Vid. Per.
Cid. lib. 10, tit. 44, e 45.
(£) Os Romanos eftabeleceraó a idade de fetenta annos como
jufta excufaçaõ dos encargos públicos, como fe moftra da L. i°*
Cod»
PARTE III. T itulo LIV. 171
TITULO LV.
Das pejfoas que devem Jer havidas por naturaes dejles Reinos.
§. CCXI.
§. CCXII.
§. CCXIII.
TITULO LVI.
Em que modo , e tempo Je faz alguém vifinho para gozar do!
privilégios dos vifnibos.
§. CCXIV.
& ibi not. Donde naõ he de admirar , que também naô fuccedaó
na naturalidade do pai , dito §. 4 , feguem porém a naturalidade
da mãi ; porque he certa , e como tal reconhecida por Direito ,
Lei 4 in fin. , e L. 5 ff. de in jus vocand. , e dito §. 4 deíle tit-
e L. 24 de S/atu homin.
(e) O que procede fe o pai fahir do Reino, ou feus Domiru°s
por feu arbítrio , ou fem licença , pois o pai fe aufen/ou por f"a
vontade , §.3 , ou for delle defnaturalifado ; porque fendo man-
dado pelo Rei naó como defnaturalifado , ou indo , ou eftando
fóra do Reino , occupado no ferviço do Reino , naó deixa de cr
natural do Reino, o mefnio §. 3. Afiim como fe o pai for degra
dado para os Domínios do Reino , e o filho nafcer no lugar '
degredo, ou indo para elle, porque pelo degredo naô perde o pa
a naturalidade, dito dc Meli. tit. 2 , 12.
PARTE III. Titulo LVI. 177
§. CCXV.
§. CCXVI.
§. ccxviii.
TITULO LVII.
§hie o privilegio da exempçáo , dado ao morador da Iara t
§. CCXIX.
laó muda para outra terra com fua mulher , e família , e maior
Parte dos bens , com animo de nella morar , e com effeito nella
*ive quatro annos continuos.
(m) He alem da mudança necefíario, que cila fe faça com ani-
de ahi morar , ou contrahir domicilio , §. 1 ; o que fe pre-
sume fazendo-fe deferever por morador do lugar. E em confe-
rencia deíía mudança perde cs privilégios do lugar de donde fe
lr
>udar ; de forte que paliados quatro annos, tornando para elle,
*>aÓ he confiderado vifinho, fem neile morar quatro annos conti-
rl
' 'os , bem como fe nunca nelle tiveffe morado, dito §. 1.
182 Direito Particular Portuguez
(a) Vid. Cujac. Olf. lib. 15 , cap. 18. Eyb. Jus Eccl. tom.4-
Vib. 1, cap. 1, §. 246. Figuremos hum foral dado a huma Ter-
ra , ou Lugar , que obriga aos moradores delle a pagar jugada»
outava , portagem &c. ; e figuremos exemptos delia obrigaçaÓ
certa claífe de moradores , v. g. os Clérigos , Cavalleiros , e ex-
emptos em particular certos moradores por merecimentos , e ra-
zfies particulares : no primeiro cafo temos hum direito fingular »
011 hum privilegio , na accepçaó lata ; no fegundo hum rigorofa
privilegio na fua própria accepçaõ.
[b) O privilegio da exempçaõ dos tributos , ou de outros D»-
reitos Reaes , confere ao privilegiado , naó fó a liberdade dos
direitos , que era obrigado a pagar; mas como por efta liberdade
o privilegiado fe utilifa realmente dos reditos , que aliás devi»
pagar, pode fem duvida confiderar-fe também efle privilegio co-
mo huma doaçaô dos refpetivos reditos, cujo contraélo fe figur»
na impetra , e acceitaçaó do privilegio , e conceífaó do Impe-
rante.
(r) O direito fingular faz dependente a obrigaçaó da Lei ge-
ral do eftado hypoteiico das peíToas, v. g. do eftado de Clerig<"
ou Cavalleiro ( fupr. not. a); donde, porto erte citado, ceifa a Lel
a refpeito do privilegiado , bem como fe a obrigaçaõ dos direi-
tos lhe folie importa debaixo da condição , em quanto naó f°:'c
Clérigo ,011 Cavalleiro.
PARTE III. Titulo LV1I. 183
§. CCXXI.
§. CCXXII.
TITULO LVIII.
Dos privilégios concedidos aos Fidalgos para /eus lavradores ,
tnoradores, cafeiros, e arados.
§. CCXXIII.
§. CCXXV.
§. CCXXVI.
§. CCXXVIII.
§. CCXXX.
§. CCXXXI.
§. CCXXXII.
TITULO LX.
§>ue os Càvalleiros nao gozem dos privilégios da Cavallaria
Jem ferem confirmados , c terem cavallos, e armas.
§. CCXXX1V.
TITULO LXI.
Que os privilegiados tenbao lanças.
§. CCXXXVI.
TITULO LXII.
Do privilegio dos Moedeiros da Cidade de Lisboa.
§. CCXXXVII.
§. CCXXXV1II,
§. CCXXXIX.
TITULO LXIII.
Dos Privilégios dos Rendeiros d' El Rei.
§. CCXXXX.
§. CCXXXXI.
§. CCXXXXI1I.
FIM.
OBSERVAÇÕES
A' S
PRELECÇÕES
t
D B
DIREITO PÁTRIO, PUBLICO, E PARTICULAR
OFKERECIDAS
AO SENHOR
, D. JOÃO
príncipe reagente,
E COMPOSTAS
POR
LISBOA
NA IMPRESSÃO REGIA.
A ti N O M. DCCC.V.
Com licença do Dcsembaigo io Faço.
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SENHOR
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A
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f R. E FAAJ Ç & O.
B PRI-
PRIMEIRA PARTE.
§. i.
de Dezembro. Cs Regimentos de 18 , e 23
de Fevereiro cie i £04. Os Alvarás de 4 , de
5 , e de 15 de Janeiro, de 10 de Fevereiro,
de 18 de Aarço , de 3 , de 5- , e de n de
Jur.ho , de 26, c de 27 de Agosto, de 20
de Outubro, "de 18 de Novembro, de iz de
Rezembro. Os Regimentos de 1 2 de Dezem-
bro. As Leis de 23 de Abril , de 14, e 27
de Agosto de ióoj.
SEGUNDA PARTE.
§ Si-
e
Ag. 48. § 35". deve acerescentar-se tr
pela Ord. Affons. Liv. 3. Tit. 78. §. 1. , c11
que expressamente se dix , que os Monarcas
Portuguezes tem o Direito de legislar, ibi:
» Salvo se a MRei confirma de certi»
>» scieneia, porque elle he Lei animada
» sobre a terra , e póJe fazer Lei , c
3) re-
d Parte segunda das Prelecções. 3
§ 37-
„') .}«.:•.' - -
Pag. 49. not. ( t) Iinh. 5-. :=: e indepen-
dente ou só depois da morte de D. Af-
fonso VI. de Castella , em virtude do pacto
feito entre o Senhor Conde D. Henrique, e
seu Cunhado L>. Raymundo, em vida do dito
Senhor D. Affonso no anno de 1094. D. Air-
chery Specil. Tom. 3. pag. 4:8. da edição
de Paris de 1723.
§• 49-
•« O -cioq::-. oi i sul 107 . ir 3
Pag. 61. §. 49. Iinh. 10. t=: mulher he-
reditária tr deve ler-se :=: herdeira. =3
> • •" - - <" M . ÍZZ\ 1
§• 67.
§• 74-
§. 79.
i §• 86.
§• 96.
t . ' * . ^
Pag. 102. not. (I) linh. 6. em lugar de
í=: abu-
(, Observações
§. 103.
1
d Parte segunda das Prelecções. "f-
§• 133.
< jj.jiupas n slíibnoíijiítjhicí) v t -lf/
Pag. i?$. not. (( ) linh. 25-. t? Alfan-
degas S3 faltou c=: pelas cousas.
jíT .i .vivi .aiiaunud .biO. t ó^.v. ií oq ato
§. 143.
òup .'i'V'oc f> •. " •. x : ( Mu1 .
•-iijt Pag. 165--not. (n) linh. 14. ^ que cons-
titua os Direitos Magestaticos faltou p*
sobre os Direitos facultativos dos súbditos.
2C)ib < x;ib a , ortriG vi' íjo 0/ . 01; »f>
o ' ;i) §. 144.
-s^DUd : - íii... .. .í.i , na. • • • •* - , \ " '
Ibi not. (o) Os Direitos do homem»
cm ultima arialyse , se reduzem: a precepti-'
TOS, e permissivos , em quanto as Leis , de
que elles se derivão, ou obrigão precisamen-
te os homens , ou lhes facultao obrar , ou
deixar de obrar certas acções, porque nos de-
testamos ó impio Epicurismo. Entre os Di-
reitos preceptivos; he sem dúvida aquelle de
erxl
se unirem cm sociedade Civil , isto he,
porção considerável sujeitos á vontade de hum
„, com-
d Parte segunda das Prelecções. y
% Hf-
4 Parte segunda das Prelecções. 19
1
§. 4;
Pao;.
O 16".' not. (r)
v
' Os direitos Maoes-
o
taticos consistem na atithoridade , que o Im-
perante tem de regular a seu arbítrio as acções
dos súbditos , e os negocios da sociedade em
beneficio , e utilidade da mesma sociedade,
e dos mesmos súbditos ( 144). Esta aufho-
ridadc vem necessariamente de Deos , fonte
de todo o Poder , e Dominaçao ; como Se-
nhor, Creador , e Conservador dos homens ,
e do Universo ( §. 144 ) ; e por isso diz, o
Apostolo das Gentes na Epistola aos- Roman,
cap. 13- : Non est potestm , nisi a Deo. Hé
porém questão, se os Imperante*? recebem eS-
ta authoridade immediatamente de Deos , ou
do Povo, mediante o pacto social ? Nós di-
zemos com a universalidade dos Catholicos,
que os Imperantes recebem esta authoridade
directa, e immediatamente de Deos.
N. 1. Demonstra-se a verdade desta pro-
posição. Recebe o poder immediatamente de
Deos aquella pessoa , a quem Deos directa-
men-
io Observações
Argumento Primeiro.
1
4i Observações
obrem.
7o Observações
M „ lo
8o Observações
84 Observações
„ re-
86 Observações
§. 161.
§. 180.
TERCEIRA PARTE.:
t í\tl o':, oaiiM -jL is pb iaJ tAnuii -ioq
DIREITO PARTICULAR.
§. í'ò.
• - • -!> -^ZZuekt.q
P Ag. 9. linh. 7. t= Ou pelas ruas !=s deve
accrescentar-se cc> de Lisboa. =4 -k
zh «noa '8U3?. 3b _m - Í: :ov ;fa ioíjsv o énom
§ 14-
' i:'!'- r; efloèi:() ,
Pag. 11. not. (h) linh. 10. t= que o do-
mínio util he seu, e estas diversas circumstan-
cias fazem que a causa pertença a diversos
foros. — Nesta nota deve omittir-se a con-
clusão tz segue-se que. =5
cr! f nbiy huí irera , - ^
§. 31.
• > í;ic- .«D t c:. *, > (, ; lí-ij /nã-ií.n 'de . 1,
Pag. 26. not. ( p ) linh. 3. (=; pelas mes-
mas ;= lea-se pelas nossas, a
N §. 8#
Observações
———— ",l" ——
• §. 89.
N ii §. 102.
Observações
§• 22J.
F I M.
\
-
'
' ' 1
-
'
'