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Para que existe o Ministério Público?

30 de janeiro de 2019

Edmar Roberto Prandini1


edmarrp@yahoo.com.br

Nossa avaliação é de que o Ministério Público antes de qualquer outra coisa


deveria agir como sujeito de "advocacy", a saber, agente vocalizador de uma
pauta de discussão política sobre a natureza da estrutura administrativa do
governo, enquanto aliado da sociedade civil e dos cidadãos na luta pela
democratização do poder público no Estado. Nas palavras do sociólogo
português Boaventura de Sousa Santos, o Ministério Público como
"novíssimo movimento social", atua lutando pela ampliação do alcance do
conceito de democracia, para "democratizar a democracia". Nesta hipótese,
dadas as condições legalmente vigentes no país em favor do Ministério
Público, contaria a sociedade civil e a cidadania com um poderoso aliado,
tanto pelas potestade institucional adquirida após a redemocratização quanto
pela qualidade e profundidade da formação dos quadros do Ministério
Público, aptos a aportarem à luta democrática conteúdo, estratégia,
capacidade negocial e discernimento.

Mas, ao Ministério Público compete também a atribuição constitucional de


fiscalização e investigação para efetuar a acusação dos ilícitos e das
ilegalidades, apontando responsáveis e propugnando, se meramente
administrativos, termos de ajustamento de conduta, ou, se necessário, ante a
evasão dos espaços da legalidade, de ações instauradas junto ao Poder
1 Gestor Governamental na SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do
Estado de Mato Grosso
Judiciário para requerer a reversão dos ilícitos e a responsabilizações
daqueles que da lei tenham se afastado.

É importante que se resgate uma dimensão radicalmente revolucionária das


democracias constitucionais comparativamente aos governos ditatoriais,
oligárquicos, monárquicos ou imperiais: enquanto nestes impera o controle
dos governantes sobre os súditos, por vezes, com a permissão de deliberar
sobre sua vida ou morte, nos regimes de democracia constitucional, impera o
controle da sociedade sobre os governantes. Trata-se da chamada
"accountability". Naqueles, o governante controla; nestes, o governante é
submisso a formas legais, institucionais e políticas de controle. Naqueles, o
governante é soberano, exercendo, por vezes mediante tirania, sua
dominação; nestes, o povo é soberano, detém o controle, e emprega
servidores públicos para exercitarem o controle das autoridades governantes
cotidianamente. Dentre tais, servidores da soberania dos cidadãos para o
controle dos governantes, a democracia constitucional emprega o Ministério
Público, que não pode olvidar os motivos de sua instituição e a quem deve
subserviência.

Além disso, por vezes, o processo de concorrência eleitoral nas democracias


representativas, obnubila a perspectiva dos eleitos, que consideram a
hipótese de concentrarem maior poder do que aquele que o sistema
constitucional lhes concede, de modo que passam a atuar como se
pudessem subordinar a sociedade a seu controle ou tangenciar alternativas
para erodir os limites do controle. As práticas assim denominadas de
"coalizão política" prestam-se na maioria das vezes para sufocar as
divergências parlamentares independentemente do conteúdo das matérias
apresentados à discussão dos parlamentos; as tentativas de cooptação
mediante oferta de cargos de confiança; estes são dois dos muitos exemplos
possíveis de ardis empregados pelos governantes para minimizar os
controles políticos e institucionais impostos a eles pelos regimes de
democracia constitucional, sem precisar recorrer àqueles em que valores
monetários pactuam tais objetivos. Neste contexto, o Ministério Público
reveste-se da relevante tarefa de primeiro objetor ao desatino dos
governantes quando descontentes por sua obrigação de subordinação ao
regime de controle do poder regrado nas democracias constitucionais.

Texto publicado no Linkedin: https://bityli.com/yQGBR

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