Sei sulla pagina 1di 23

Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura

Mestrado integrado em Arquitectura


Recuperação do Património e Requalificação Urbana

Prof. Doutor Michael Mathias

Projeto de Recuperação Igreja Santa Efigênia

José Chitongua 38666

Laura Lima 45076

Maisa Sande 45098

Mateus Rocha 45089

Thaynara Machado 45070

Trícia Monteiro 45048

Ano lectivo 2019/2020


ÍNDICE

1 - Introdução - escolha do tema, localização do objecto/monumento 3

2 - História da Cidade de Ouro Preto e Barroco Mineiro 4

3 - Histórico Igreja De Santa Efigênia 4


3.1 - A Edificação 5
3.2 - Composição Estética da Fachada 6
3.3 - A Capela-mor 7
3.4 - A Nave 10

4 - O restauro 12
4.1 - Levantamento das Patologias 12
4.2 - Concepção Do Projeto De Restauração 12
4.3 - Patologias E Processo De Imunização 13
4.4 - Proposta De Intervenção 15
4.5 - Execução do restauro,problemas e desafios 18
4.6 - Procedimentos aplicados 19

5 - Considerações finais 21

6 - Lista de figuras 22

7 - Bibliografia 2​3

2
1 - Introdução - escolha do tema, localização do objecto/monumento

O presente trabalho é uma referência a uma das maiores obras do Barroco Mineiro1 situado na cidade
de Ouro Preto, em Minas Gerais, Brasil. ​Foi o primeiro movimento artístico com expressão no país,
ainda no período colonial, a partir da influência dos jesuítas portugueses. Ou seja, o barroco brasileiro
está diretamente relacionado com o português. Inicialmente, a arte barroca no Brasil era usada pelos
jesuítas como uma ferramenta no processo de catequização. Posteriormente, no entanto, passou a ser
vista como um "lembrete" do poder e importância da palavra de Deus.

A Igreja da Santa Efigênia conhecida anteriormente como Nossa Senhora do Rosário dos Pretos é o
nosso material de estudos e análises ao que tange a restauração, por ser um dos primeiros monumentos
a terem a interferência por parte do novo sistema de preservação dos sítios históricos, ainda na década
de 1930. Sua importância não só para a arte, mas também desde o início de sua construção em 1734,
quando por alguns fatores, inclusive, por ser uma das primeiras igrejas a ser composta e construídas
por negros, escravos ou alforriados e seu ouro, utilizado tanto para a construção, quanto a
ornamentação sendo retirado da mina de ouro da Encardideira.

Acontece que, para compreender o que acontece com todo o percurso de construção da igreja, dá-se-a
compreender que por demorar 50 anos para ser edificado muitos problemas relativos a restauração e a
conservação do estado original da igreja.

O IPHAN2, após ser estabelecido como órgão responsável inicia em 1938 os trabalhos para serem
restauradas, não só a construção, mas as obras e esculturas que estavam na igreja.

1
​Na pintura, escultura, arquitetura e artes decorativas, estilo, com elementos do alto Renascimento e do
Maneirismo e ligado à estética da Contrarreforma, nascido em Roma c. 1600 e cujas características básicas são o
dinamismo do movimento com o triunfo da linha curva e (esp. na escultura e pintura) a busca da captação das
reações emocionais humanas [sendo internacionalizado, o estilo ganhou traços específicos em cada país].

2
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é uma autarquia, criada no governo de Getúlio
Vargas em 1937, por meio da Lei nº 378, que visa e corresponde pela preservação e conservação do patrimônio
cultural brasileiro.

3
2 - História da Cidade de Ouro Preto e Barroco Mineiro

A cidade mineira de Ouro Preto, foi fundada em 1711, sendo uma fusão de diversos arrais3 fundados
por bandeirantes, que na época se caracterizavam por serem exploradores sertanistas que iam em
busca de riquezas minerais, sobretudo o ouro e a prata, além de indígenas que pudessem servir para a
escravidão, no interior do novo continente, e não só, mas também no restante da América do Sul, ou
assim como muito citada a América Espanhola, muito conhecida por ter estas fontes hulhas ainda no
século XVI.

Ouro Preto, está situado no chamado ciclo do ouro. Por sua localização estratégica estando no coração
do quadrilátero ferrífero, que se entende como a maior região extratora de minério de ferro do país
(60% da produção anual do país), segundo (FRANCISCO, 2014). Esta região foi descoberta no início
do século XVI, e gerou um dos primeiros povoamentos da região, e também um dos maiores do Brasil
colonial. Por este motivo a cidade, na época chegou a ser a mais populosa da América Latina, e
algumas décadas devido ao descobrimento das minas, multiplicou-se e chegou a ter mais habitantes do
que Nova York, contando com cerca de 40 mil pessoas em 1730, e décadas após, 80 mil. O que
convém mencionar é que naquele período a extensão da cidade compreendia outras cidades, que
foram sendo divididas com o tempo, mas se compreendiam como Ouro Preto ou Vila Rica: Mariana,
Congonhas, Ouro Branco e Itabirito.

A famosa e antiga Vila Rica, assim denominada por na altura ser um dos locais mais ricos,
principalmente por sua riquezas minerais singulares, denominadas ouro preto, justamente pelo fato de
estar em uma das características

Oficialmente, dados revelam que foram enviadas a Portugal cerca de 800 toneladas de ouro no século
XVIII, mas, algo que não está nestes dados oficiais foram a quantidade de ouro que circulou de
maneira ilegal, bem como o que permaneceu na colônia, como por exemplo o ouro empregado na
ornamentação das igrejas, e aqui é o fator que torna a cidade tão rica culturalmente, por esse
fenômenos as igrejas de Ouro Preto tem uma característica tão peculiar quanto seu ouro, elas são
únicas.

3 - Histórico Igreja De Santa Efigênia

A história da igreja de Santa Efigênia tem início no século XVIII com a irmandade do Rosário,
composta por negros, escravos ou alforriados, que inicialmente era abrigada na Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Conceição de Antônio Dias. Com o crescimento da cidade a comunidade decidiu por fazer
sua própria igreja, dedicada à Nossa Senhora do Rosário, mas que com o passar dos anos ficou
conhecida pelo nome de Santa Efigênia, outra padroeira da Igreja.

A Matriz de Santa Efigênia ou também conhecida por Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Alto da
Cruz do Padre, localizada na cidade de Ouro Preto, foi construída por seus fiéis no ano de 1733 e faz
parte de uma tradição popular até os dias atuais. Inserida no topo de um morro, a construção se
destaca, sendo vista por diversos pontos da cidade (figura 1).

3
Pequenas vilas ou lugarejos fundados no Brasil Colônia.

4
Figura 1 –​ Vista Igreja de Santa Efigênia​.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

Esse templo está ligado a história de “Chico Rei”, Francisco, um rei africano, aprisionado e vendido
para escravo com toda a sua tribo. A mulher e quase todos os filhos, morreram na travessia pelo
Atlântico. Ele e seu único filho sobrevivente foram levados a trabalhar nas minas de Ouro Preto.
Francisco conseguiu sua alforria, de seu filho e também para outros escravos sucessivamente, com o
tempo adquiriu riquezas e voltou ao seu posto de Rei Chico. Casou e fez sua nova mulher rainha. Era
muito devoto, tomou a imagem de santa Efigênia como padroeira e restabeleceu danças e costumes
africanos. Em janeiro, era realizada uma missa cantada e, logo em seguida, os fiéis saíam às ruas
dançando ao som de instrumentos africanos. Era o reinado do Rosário, uma comemoração religiosa
imitadas em todos os arraiais de Minas. Desde então o templo se tornou uma espécie de refúgio dos
negros escravos.

3.1 - A Edificação

A edificação da igreja foi arrematada por Antônio Coelho da Fonseca, iniciada em 1733,
prolongando-se até 1785, levando 52 anos para sua conclusão. Segundo historiador francês Germain
Bazin, esta foi a primeira igreja a tirar partido efetivo das novas possibilidades construtivas permitidas
pelo uso de alvenarias de pedra. Também aponta que a planta da igreja pode ser considerada uma
simplificação da planta tradicional, visando a obtenção de formas mais elegantes e funcionais (figura
2). Alguns aspectos são inovadores, como o recuo das torres em relação ao frontispício, os ângulos de
junção arredondados, o coroamento em forma de bulbo, cornija semicircular acima do óculo e a
decoração da portada, formada por um nicho, contendo a imagem de Nossa Senhora do Rosário,
atribuída ao escultor Aleijadinho. (AFONSO,2020)

A retirada dos corredores laterais ao longo da nave indicava um período de evolução da arquitetura
religiosa mineira, sendo necessário percorrer toda extensão da nave para então encontrar na
capela-mor o corredor de acesso à sacristia. Atribui-se a autoria da planta, a Manuel Francisco Lisboa,
pai do arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, porém essa afirmação não consta
nos registros da igreja.

5
Figura 2 – Planta Baixa da Igreja.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

O sistema construtivo da igreja é de alvenaria de pedra nas paredes externas, estrutura autônoma de
madeira e vedação de tijolo maciço nas paredes dos corredores laterais e tribunas, este último em
função de alterações decorrentes de sua evolução histórica, que provavelmente foi construída
originalmente de pau a pique, encontrada no consistório.

3.2 - Composição Estética da Fachada

No que se refere a composição de padrões estéticos nessa construção, temos alguns pontos que se
mostram importantes a serem destacados. No frontispício (parte frontal na fachada) a decoração é
marcada por um tímido e sóbrio trabalho em cantaria nicho abrigando a estátua de Nossa Senhora do
Rosário e um óculo trilobado que, segundo Germain Bazin, seria fruto de um arranjo posterior,
provavelmente da última etapa construtiva da igreja. Na fachada também encontramos relógios de
pedra, considerados os mais antigos em funcionamento de Minas Gerais.

Acima do nicho encontra-se o óculo modesto que é guarnecido pelo entablamento em semicírculo.
Apresenta ainda cruz central e torres pouco recuadas e chanfradas nos cantos (figura 3). Seu partido
arquitetônico apresenta planta típica dos setecentos envolvendo átrio, nave, capela-mor, corredores
laterais, sacristia e consistório.

6
Figura 3 – Fachada da Igreja.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

A decoração interna da Igreja iniciou-se em 1747 com Francisco Xavier de Brito trabalhando nas
obras de talha e Manuel Gomes da Rocha na parte estatuária.

3.3 - A Capela-mor

A capela-mor (figura 5) traz painéis pintados a óleo com representações de são Domingos e são
Francisco aos pés do Cristo crucificado. O teto apresenta uma pintura a qual destaca a presença de um
Papa negro (figura 6).

7
Figura 4 – Capela Mor.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

8
Figura 5 – Pinturas a Óleo.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

Na documentação da irmandade, datada de 1785, consta “erros” são figuras denunciadas como
indignas, o que havia ali na metade do século XVIII era muito mais explícito do que resta hoje,
deixando claro a abundante influência negra e da cultura africana em sua concepção. Também na
capela-mor encontramos dois painéis pintados em dois tons (figuras 7 e 8) por Manoel Rabelo de
Souza, retratando cenas da vida cotidiana da época.

Figura 6 – Pinturas a Óleo. Figura 7 – Pinturas a Óleo.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

9
3.4 - A Nave

A nave possui o teto com uma pintura à base de corantes vegetais (figura 9) e compõe-se de quatro
altares, sob a invocação de Santa Rita, Santo Antônio Noto, São Benedito e Nossa Senhora do Carmo;
nas paredes laterais encontramos dois púlpitos (figura 10). (AFONSO, 2020).

Figura 8 – Pintura no teto.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

Figura 9 – Nave da igreja.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

10
Os dois primeiros, caracterizam-se pela riqueza e profusão de detalhes. Já os dois altares próximos ao
arco-cruzeiro, assim como o altar-mor, revelam maior preocupação arquitetônica, evidenciando a
trama estrutural, organizada em função tribuna central. Destacam-se ainda dois magníficos painéis a
óleo representando São Domingos e São Francisco orando aos pés de Cristo, dispostos nas paredes da
capela-mor. (IPHAN).

Seu adro é formado por extensa escadaria em pedra cercada nas laterais por guarda corpo decorado
em cantaria (figura 11), que tem como característica principal a presença de esferas de pedra
marcando os patamares e a entrada. Possui grade à sua frente e na lateral esquerda.

Figura 10 – Escadaria na entrada.

Fonte: Prefeitura de Ouro Preto, 2011.

No decorrer do século XIX, a igreja passou por obras de reforma e restauração, algumas delas a
descaracterizaram, como a de 1894-1896 que consistiu na repintura da talha da capela-mor, de dois
quadros a óleo e de imagens de madeira. Também no corpo da igreja, as paredes, púlpitos, tapa vento
e teto receberam pintura a óleo branca. Na década de 60 deste século, foram realizadas obras de
restauração pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que consistiram na
remoção das repinturas sucessivas e recuperação da pintura original dos painéis laterais da capela-mor
e dos forros da capela-mor, corpo da igreja e sacristia. Quanto à talha a dos altares, a solução foi
eliminar a pintura nova, deixando uma espécie de decapê, visto que a pintura original não mais existia.

A Igreja Matriz de Santa Ifigênia foi tombada pelo IPHAN, registrada no livro de Belas Artes,
conforme nota-se na sua inscrição: 241, com datação de 8 de setembro de 1939.

4 - O restauro

4.1 - Levantamento das Patologias

Durante o processo de licitação de restauro da igreja, foram feitos alguns levantamentos para constar
quais os maiores problemas evidenciam maior necessidade de restauração, alguns deles foram:

11
• Degradação de parte da estrutura pelo apodrecimento através de infiltrações e ataque de insetos
xilófagos.

• Infiltrações na fachada dos fundos devido à presença de caixa d’água irregular;

• sujidade excessiva;

• Degradação do forro devido a telhas solta e sem amarração, ocasionando infiltrações;

• Danificação de toda a policromia de forro, arco cruzeiro, esquadrias, retábulos, etc.

• Perda excessiva de douramento, etc.

4.2 - Concepção Do Projeto De Restauração

A autoria do projeto de restauração é da arquiteta Vanessa Araújo Braide

CREA 58415/D-MG, realizado ano 2006.

Foram elaborados para a restauração da igreja os seguintes documentos:

• Projeto de restauração arquitetônica;

• Projeto dos elementos integrados;

• Memória descritiva;

• Caderno de especificações técnicas;

• Fichas fotográficas.

Um projeto de restauração como o da igreja Santa Efigênia, deveria ter um prazo de pelo menos 1 ano
para sua elaboração, pela complexidade e pelo tempo necessários de vistoria e ensaios dos seus
elementos construtivos. Um dos principais problemas encontrados na elaboração dos projetos descrito
pela arquiteta Vanessa Braide foi a dificuldade de acesso a todos os espaços da igreja. Não só pela
monumentalidade da edificação, fazendo-se necessária montagem de andaimes para o acesso a
cobertura, e elementos mais altos como o forro, arco cruzeiro, altares etc, como também pela grande
quantidade de objetos e móveis guardados no interior da igreja, inclusive nos forros e porão abaixo do
piso da nave. (FERREIRA, 2014)

4.3 - Patologias E Processo De Imunização

O projeto de imunização foi feito pelo Prof. Norivaldo dos Anjos Silva, realizado no ano 2006. A
Igreja de Santa Efigênia apresenta um problema grave de ataque de cupins, cupins de solo e de cupim
de madeira seca. Este não era um problema fácil de dar solução, porque grande parte da origem
destes ataques era alimentada constantemente pela presença tão próxima do Cemitério, ao lado da
igreja. Os insetos partem das covas e penetram pelo piso, estruturas de madeira e seguem até a
cobertura, (FERREIRA, 2014)

12
Durante a obra foram registrados vários caminhos e ataques dos insetos, o que prejudicou vários
elementos da igreja, sejam eles artísticos, de acabamento e estruturais. Para o tratamento destes
elementos foram realizadas as limpezas, abertura e desmontagem de peças para dar acesso aos mais
diversos locais. Foram aplicados descupinicidas em todas as madeiras da igreja (figuras 12, 13, 14).
Isto determinou a paralisação dos ataques. Mas a manutenção da igreja requer cuidados e revisões
constantes para que não ocorram novas infestações.

Figura 11 – Interior da igreja exibia presença de cupim de madeira seca e umidade proveniente
das janelas base dos esteios do paravento.

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

13
Figura 12 – Trono N. S. do Rosário, Cúpula e painéis laterais com a presença de cupim de
madeira seca e umidade (Cryptotermes brevis).

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

Figura 13 – Estrutura do telhado com a presença de cupim de madeira seca e umidade


(Cryptotermes brevis) em várias vigas remanescentes e fragilizadas.

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

14
4.4 - Proposta De Intervenção

A presença de insetos xilófagos é consequência do abandono que a igreja sofreu nas últimas décadas,
o péssimo estado de conservação da cobertura possibilitou a infiltração das águas da chuva em toda a
construção causando degradação dos forros, pisos e esquadrias. Em 2000 a estrutura de madeira da
cobertura e entalhamento foram recuperados, quando verificou-se melhoria significativa no aspecto
geral da igreja, no entanto a ausência de condutores de águas pluviais, principalmente no encontro das
paredes das fachadas laterais e torres ainda ocasionava umidade excessiva nas paredes e
consequentemente nos elementos internos de madeira. O beiral do telhado disposto junto às paredes,
causava infiltrações principalmente nas suas bases. Por sua vez o sistema de drenagem das águas
pluviais era insuficiente para coletar as águas do entorno da igreja e cemitério. (IPHAN).

As esquadrias e enquadramentos apresentam várias camadas de policromia, as cores atuais das


esquadrias e forros das tribunas e corredores laterais não são coerentes com o conjunto. Os seus
elementos integrados além de sofrerem a ação de agentes degradantes como a umidade e ataque de
insetos xilófagos sofreram intervenções inadequadas com perdas consideráveis da policromia.
(IPHAN).

A proposta de restauração da igreja de Santa Efigênia através da recuperação dos seus elementos
componentes pretende resgatar a leitura do conjunto perdida pela ação dos elementos degradantes.
Para as propostas foram realizadas visitas técnicas, prospecções e avaliada as intervenções anteriores,
considerando sempre os critérios internacionais de conservação e restauração. (IPHAN).

Todos os elementos construtivos devem ser recuperados, assim como solucionada a causa de sua
degradação. Para isso foi coerente elaborar um projeto específico de descupinização da igreja
realizado por profissional da área, apontando individualmente os insetos encontrados e o tratamento a
ser adotado com efeito residual, para que esses elementos fiquem protegidos por tempo considerável
da ação de novos insetos, (IPHAN) Toda a cantaria deve ser limpa (figura 15) e os elementos
integrados restaurados com projeto de restauração específico detalhado para cada bem. (IPHAN).

Figura 14 – A cantaria da escada e o adro da igreja e fachada apresentava muita sujidade, a


fachada apresentava manchas de infiltração de água sob as janelas.

​ Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

15
A caixa d’água localizada na fachada dos fundos da igreja (figura 16 e 17), interferindo em seu
aspecto visual e ocasionando infiltrações nas paredes deve ser removida. Assim como devem ser
refeitas as instalações sanitárias localizadas na lateral direita da igreja, com acesso a deficiente físico.
Os muros junto à igreja serão cortados para que não promovam a infiltração de águas de chuva no
local.

Figura 15 – Manchas de umidade em toda fachada.

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

Figura 16 – Caixa de d’água localizada na fachada dos fundos da igreja, interferindo em seu
aspecto visual e ocasionando infiltrações nas paredes foi removida.

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

16
Figura 17 – Degradação da pintura e forro devido a ação da chuva e insetos xilófagos.

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07.

Figura 18 –Degradação do taboado devido a ação de insetos xilófagos.

Fonte: Projeto de desinfestação e de imunização da Igreja Santa Efigênia, 2006/07​.

17
4.5 - Execução do restauro,problemas e desafios

O projeto de restauro e a obra da igreja, foi aprovado e fiscalizado por profissionais do IPHAN.

A instituição proponente do projeto foi o Museu de Arte Sacra do Carmo da Paróquia de Nossa
Senhora do Pilar, que acompanhou e fez a gestão das obras.

Os conceitos utilizados na área de conservação e restauração dizem respeito aos aspectos estéticos,
históricos, políticos e técnicos do acervo patrimonial. O projeto de restauro foi elaborado com as
principais recomendações para intervenções em obras desta natureza.

Para a execução da obra a captação de recursos foi realizada através do BNDES e Vale pela Lei de
Incentivo à cultura, sendo o Museu de Arte Sacra do Pilar. Conforme o IPHAN, a obra foi executada
pela empresa Projeto Hexágono Consultoria e Engenharia Ltda.

O projeto de restauro contou com o valor de R$ 992.000,00 para sua execução. No entanto, com a
falta de recurso ficaram faltando alguns serviços como a restauração da cantaria da escadaria.

Durante a execução da primeira etapa de restauração da Igreja de Santa Efigênia foram necessárias
intervenções que não estavam previstos, sendo indispensáveis para a realização dos serviços, com isso
foi necessário captar mais recursos para o término da obra, gerando assim um desgaste por parte da
comunidade e a Irmandade, pelo tempo em que ficou fechada.

Analisando os procedimentos do restauro, um dos grandes problemas enfrentados no início da obra,


foi o controle para guardar os móveis e imagens da Igreja, onde o responsável não realizou a
catalogação dos bens, e os mesmos foram espalhados em vários locais e até a presente data não
conseguiram resgatar a todos.

Outros aspectos negativos encontrados durante a execução da obra foram, roubo de ferramentas dos
funcionários da Hexágono na primeira fase da obra e na segunda, o roubo do cofre, projetos técnicos
inadequados e inacabados, com pouco detalhamento, acarretando assim, uma falha no planejamento
pautado inicialmente. Vários serviços não constavam no projeto, orçamentos inadequados, como
exemplo, a substituição de 70% da cimalha e mão francesa e a substituição da base do paravento, além
dos problemas ocorridos nos processos de aprovação para liberação dos projetos.

Um dos principais problemas encontrados na elaboração dos projetos descrito pela arquiteta
responsável, foi a dificuldade de acesso a todos os espaços da igreja. Não só pela monumentalidade da
edificação, fazendo-se necessária montagem de andaimes para o acesso a cobertura, e elementos mais
altos como o forro, arco cruzeiro, altares etc..., como também pela grande quantidade de objetos e
móveis guardados no interior da igreja, inclusive nos forros e porão abaixo do piso da nave.

Contudo, a comunidade ficou maravilhada com o resultado final da obra com todo douramento,
iluminação, sonorização e riqueza de detalhes.

18
Figura 19 e 20 - Inauguração da igreja.

Fonte: Deise Lustosa 05/2014

4.6 - Procedimentos aplicados

As obras de restauração foram realizadas com três frentes específicas, coordenadas por especialistas
de cada uma das áreas:

Área de engenharia florestal: acompanhada pelo engenheiro Florestal Norivaldo dos Anjos,
responsável pelo controle das térmitas presentes na edificação;

Equipe de conservadores/restauradores: acompanhada pela restauradora Carolina Proença Nardi,


responsável pela restauração dos elementos artísticos aplicados, forros, paredes,cimalhas, portas
retábulos, entre outros.

Equipe de obras civis: coordenada pela arquiteta Deise Lustosa, que realizaram toda a parte estrutural
da obra, dando também apoio às obras frentes, como a montagem dos andaimes, iluminações
provisórias e acessos às áreas.

A Igreja ficou praticamente interditada durante seis anos para a realização das obras de restauração e
conservação. Segundo Gisele Ferreira (2014) estas obras foram realizadas nas seguintes etapas:

• Revisão da cobertura com remoção das telhas, instalação de forro em chapa de alumínio como
guarda-pó, troca das telhas cerâmicas e amarração das mesmas;

• Restauração da porta de tapa-vento, com a troca da base das colunas das extremidades da porta,
revisão da estrutura da porta, desmontagem e remontagem dos painéis de revestimento da porta e
recuperação dos vidros decorativos. Restauração completa da pintura, com remoção das repinturas e
apresentação final;

• Restauração dos púlpitos laterais. Higienização da pedra de cantaria da bacia e restauração do


guarda-corpo em madeira. Remoção das repinturas e tratamento da pintura original;

19
• Higienização e restauro das portadas e elementos em pedra de cantaria da nave,

• Restauração do arco cruzeiro, incluído a tarja de anjos instalados acima do arco. Remoção dos
painéis, troca das madeiras deterioradas, restauração da pintura original e higienização da base das
colunas em pedra de cantaria;

• Restauração da estrutura das paredes interna da capela-mor com troca dos travamentos de madeira e a
recuperação da vedação das paredes;

•Restauração do piso da nave, com a substituição de todas as tábuas e barrotes deteriorados;

• Revisão da estrutura do piso do coro, com a troca dos barrotes deteriorados;

• Execução de novo piso no coro;

• Restauração das mãos-francesas de suporte do coro, bem como da estrutura do guarda-corpo, vedação
e suporte de madeira. Remoção das camadas de repintura, restauração da pintura original e
apresentação final;

• Restauração do forro do átrio, com o desmonte das tábuas, recuperação e troca das molduras
deterioradas, remoção das pinturas e restauração das mesmas e marmorizados originais;

• Restauração do forro decorativo da nave, com a troca das cambotas, tratamento das tábuas
deterioradas e restauração completa das pinturas decorativas. A pintura do forro encontrava-se bastante
prejudicada, devido a constante presença de chuva da cobertura, além de resquícios da remoção de
pintura realizada na obra anterior.

• Restauração da cimalha da nave e do arco cruzeiro, com o desmonte, substituição das mãos francesas
do suporte, restauração da estrutura de madeira e recomposição da cimalha;

• Higienização do porão abaixo da nave, com a remoção de entulhos e de materiais depositados;

• Dedetização e tratamento especializado de todas as partes de madeira para a paralisação dos ataques;

• Restauração completa da Capela- mor. – Incluindo os painéis laterais, revestimentos das paredes,
forro de madeira abobadado, guarda-corpos das tribunas, portas dos corredores laterais;

• Restauração do retábulo-mor. Com a remoção das camadas de repintura e inúmeras camadas de cera e
sujidades. Restauração do forro do camarim, do trono e painéis laterais e fundo;

• Restauração completa dos elementos da retábulo – sacrário, colunas, anjos, nichos, tarja, coroamento,
lambrequins e outros. Neste item foram trabalhados desde a estrutura do retábulo, os suportes de
madeira, a pintura e o douramento. Os elementos mais importantes foram redourados.

• Durante a desmontagem dos painéis do fundo do camarim, foi encontrada uma pintura sobre o reboco
da parede. Esta pintura foi higienizada e protegida, antes dos painéis serem remontados.

• Restauração dos quatro retábulos laterais e colaterais da nave - com a remoção das camadas de
repintura e inúmeras camadas de cera e sujidades.

• Restauração do forro do camarim, do trono e painéis laterais e fundo do camarim. Restauração


completa dos elementos da retábulo colunas, anjos, nichos, tarja, coroamento, lambrequins e outros.

20
Neste item foram trabalhados desde a estrutura do retábulo, os suportes de madeira, a pintura e o
douramento. Os elementos mais importantes foram redourados.

• Restauração dos forros dos corredores laterais – térreo e tribuna. Com a recuperação dos barrotes,
troca das peças de madeira deterioradas e repintura lisa.

• Restauração do forro da sala da Sacristia, com a recuperação da estrutura de madeira do forro e piso
da Sala do Consistório. Restauração das pinturas com a remoção das camadas de cera e o tratamento da
pintura decorativa e pintura.

• Restauração dos 03 retábulos da sala do Consistório, com a recuperação da estrutura de madeira,


restauração das pinturas com a remoção das camadas de cera e o tratamento da pintura decorativa e
pintura.· Recuperação dos ladrilhos hidráulicos do átrio, com a reutilização dos ladrilhos inteiros e a
escavação dos pisos laterais, com a introdução dos barrotes e tabuado de madeira.

5 - Considerações finais

O presente trabalho teve como objetivo estudar a Igreja da Santa Efigênia e seus processos de
restauro. Com os estudos e as observações que fizemos, podemos perceber a importância e a
complexidade de um processo de restauração. Após analisar o monumento, identificar os problemas e
suas causas, foi elaborado um plano para a execução do restauro. Durante a execução deste plano,
houveram alguns incidentes com roubo, perda de móveis e imagens, como também a dificuldade em
acessar certos compartimentos no interior da igreja. A obra de restauração e conservação durou em
média seis anos, e buscou solucionar, principalmente, os danos causados pelo tempo, por insetos e
infiltrações.

A obra de restauração não foi devidamente concluída devido a insuficiência de verba, para a execução
de todos os reparos e reformas necessárias, mesmo assim a população local ficou satisfeita com as
obras realizadas na Igreja da Santa Efigênia.

A partir do entendimento de conservação, preservação e restauração, foi que nos possibilitou a


oportunidade de perceber que devemos valorizar nossa história através do reconhecimento e da
valorização do nosso passado nos tornando profissionais mais qualificados. Como afirmou o famoso
arquiteto Frank Gehry “As cidades têm que ter ícones, bibliotecas, hospitais, museus. Dentro de cem
anos, as pessoas os verão e dirão: ‘O que é isso?’. E pensarão: É arte.”.

É conservando o nosso passado, que podemos entender quem fomos, quem somos e quem poderemos
nos tornar.

21
6 - Lista de figuras

Figura 1 – Vista Igreja de Santa Efigênia. 5

Figura 2 – Planta Baixa da Igreja. 6

Figura 3 – Fachada da Igreja. 7

Figura 4 – Capela Mor. 8

Figura 5 – Pinturas a Óleo. 9

Figura 6 – Pinturas a Óleo. ​ 9

Figura 7 – Pinturas a Óleo. 9

Figura 8 – Pintura no teto. 10

Figura 9 – Nave da igreja. 10

Figura 10 – Escadaria na entrada. 11

Figura 11 – Interior da igreja exibia presença de cupim de madeira seca e umidade proveniente
das janelas base dos esteios do paravento. 13

Figura 12 – Trono N. S. do Rosário, Cúpula e painéis laterais com a presença de cupim de


madeira seca e umidade (Cryptotermes brevis). 14

Figura 13 – Estrutura do telhado com a presença de cupim de madeira seca e umidade


(Cryptotermes brevis) em várias vigas remanescentes e fragilizadas. 14

Figura 14 – A cantaria da escada e o adro da igreja e fachada apresentava muita sujidade, a


fachada apresentava manchas de infiltração de água sob as janelas. 15

Figura 15 – Manchas de umidade em toda fachada. 16

Figura 16 – Caixa de d’água localizada na fachada dos fundos da igreja, interferindo em seu
aspecto visual e ocasionando infiltrações nas paredes foi removida. 16

Figura 17 – Degradação da pintura e forro devido a ação da chuva e insetos xilófagos. 17

Figura 18 –Degradação do taboado devido a ação de insetos xilófagos. 17

Figura 19 - Inauguração da igreja​. 19

Figura 20 - Inauguração da igreja. 19

22
7 - Bibliografia

BAZIN, Germain (1956). ​A Arquitetura Religiosa Barroca no Brasil. ​Minas Gerais: Record.

FERREIRA, Gisele de Fátima (2014). ​Restauração Da Igreja De Santa Efigênia: ​Aspectos Críticos.
Minas Gerais.

FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. "Quadrilátero Ferrífero"; ​Brasil Escola​. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/geografia/quadrilatero-ferrifero.htm>. Acesso em 07 de abril de 2020.

IPHAN. Página institucional. Disponível em:


<http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_belas.gif&Cod=1376>, Acesso em:
05 abril. 2020.

Igreja Matriz de Santa Efigênia. Ouro Preto. Disponível em:


<http://www.ouropreto.com.br/atrativos/religiosos/igrejas/igreja-de-santa-efigenia>, Acesso em: 05
abril. 2020.

Plano de Conservação, Valorização e Desenvolvimento de Ouro Preto e Mariana - Dossier de


Restauração OP/147 (Fundação João Pinheiro, Iepha-MG, Iphan, PMOP e PMM), 1973-1975, e Guia
dos Bens Tombados: Minas Gerais​.

23

Potrebbero piacerti anche