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TRIBUNAL MARÍTIMO

PROCESSO Nº 29.641/15
ACÓRDÃO

L/M “FRANCISCANA”. Colisão com uma laje sob a ponte rodoviária


sobre o rio Três Forquilhas (BR-101), com danos materiais e pessoais.
Descumprimento nas normas da Autoridade Marítima, NORMAM
11/DPC (em especial o item 0211, letras “e” e “i”) e, em consequência, a
NORMAM 17/DPC, deixando de sinalizar o bloco de concreto
submerso, da antiga ponte que não foi retirado, ficando como um
obstáculo no canal de navegação, pondo em risco a segurança da
navegação, as embarcações, vidas e fazendas de bordo, e o meio
ambiente. Condenação.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos


Trata-se de analisar a colisão ocorrida cerca das 15h do dia 22 de janeiro
de 2014, da L/M “FRANCISCANA” (nº de inscrição 442M2001014201, casco de
alumínio, de 5m de comprimento, ano de construção 1998, motor de 74 HP, classificada
para esporte e recreio, navegação interior, com capacidade para 1 tripulante e 3
passageiros), conduzida por seu proprietário, Benoni Francisco Duarte, ARA – Arrais
Amador, com 50 anos de idade, que se chocou com um bloco de concreto submerso, da
base de sustentação da antiga ponte sobre o rio Três Forquilhas, na BR-101, que estava
sem sinalização, no município de Três Forquilhas, RS, com danos materiais e lesões
corporais no condutor e em um passageiro, mas sem registro de danos ambientais.
No Inquérito instaurado pela Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul
foram ouvidas três testemunhas e anexados os documentos de praxe.
No Laudo de Exame Pericial, fls. 79 a 85, realizado no dia 28 de janeiro
de 2014, com Relatório Fotográfico às fls. 86 a 98, consta que a embarcação se
encontrava com um rombo no casco, na parte de vante, para-brisas quebrado e volante
amassado; os quatro ocupantes da embarcação foram arremessados para fora, com
escoriações, sendo que dois saíram a nado até a margem e outros dois se agarraram no
pilar da ponte até serem resgatados pelo Corpo de Bombeiros; o menor Petrus ficou com
um corte contuso na perna direita, abaixo do joelho, e o Sr. Benoni ficou com escoriações
na face, braços e pernas, sendo conduzidos para o hospital por viatura da SAMU.
Os Peritos apresentaram a seguinte sequência de acontecimentos: no dia
22 de janeiro de 2014, cerca das 15h, a lancha foi colocada da água; cerca das 15h30min,
a embarcação navegava com 1 (um) tripulante e 3 (três) passageiros no rio Três

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Forquilhas, vindo da lagoa Itapeva; cerca das 16h colidiu com o bloco de concreto
(sapata) da antiga ponte (BR-101), arremessando os ocupantes n’água; às 16h02min o
Corpo de Bombeiros do município de Terra de Areia, RS, recebeu uma chamada e se
dirigiu para o local do acidente, prestou socorro e encaminhou as vítimas ao hospital;
cerca das 17h30min a equipe do Corpo de Bombeiro retornou ao quartel, após prestar
socorro às vítimas que tiveram escoriações. Não houve vítimas fatais. Cerca das 19h a
AgTramandai foi informada, por telefone, sobre o acidente e a Equipe de Inspeção Naval
foi acionada; cerca das 19h30min a equipe de Inspeção Naval saiu da AgTramandai com
destino ao local do acidente da navegação, chegando ao local cerca da 20h30min,
tomando conhecimento do acidente e colhendo informações; cerca das 21h a equipe de
Inspeção Naval retornou a AgTramandai, chegando cerca das 22h. No dia 23, cerca das
8h, a equipe de Inspeção Naval retornou ao local do acidente para auxiliar na retirada da
embarcação, que se iniciou cerca das 10h e foi concluída cerca das 11h45min, retornando
para a AgTramandai, onde chegou cerca das 14h.
Os Peritos consideraram que o fator material contribuiu, pois no vão livre
do retângulo de navegação e o canal de navegação estavam com obstrução à navegação e
sem nenhuma sinalização náutica visual, comprometendo a segurança da navegação e a
salvaguarda da vida humana. Os Peritos concluíram que a causa determinante do acidente
em pauta foi a negligência do órgão interessado na construção da ponte rodoviária sobre
o rio Três Forquilhas (BR-101), uma vez que deixou de atender aos parâmetros
estabelecidos na NORMAM 11/DPC quando da elaboração do projeto, para
estabelecimento do vão livre do retângulo de navegação e o estabelecido na NORMAM
17/DPC quanto à indicação do canal de navegação por sinalização náutica visual,
comprometendo a segurança da navegação e a preservação da normalidade do tráfego
aquaviário existente, bem como da prevenção da poluição hídrica e, sobretudo, da
salvaguarda da vida humana.
O Encarregado do IAFN, fls. 99 a 105, depois de resumir os depoimentos
e o Laudo de Exame Pericial, considerou que não há evidências de que o fator humano
tenha contribuído, mas que o fator material contribuiu, embora não tenha sido o fator
determinante do acidente, pois, durante as diligências realizadas pelos Peritos e conforme
o depoimento do proprietário e de testemunha, ficou constatado que a embarcação se
encontrava em estado regular de conservação, era equipado com motor EVINRUDE de
75 HP, potência maior que a recomendada pelo fabricante da embarcação; e que o fator
operacional contribuiu, haja vista que o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), órgão responsável pela execução do projeto e fiscalização da
construção da ponte rodoviária sobre o rio Três Forquilhas (BR-101), foi negligente ao

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deixar de solicitar o parecer da Marinha do Brasil na elaboração do projeto, conforme
preconizado na NORMAM 11/DPC (Normas da Autoridade Marítima para obras,
dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob, sobre e às margens das águas sob jurisdição
nacional), e principalmente ao não observar o estabelecido na NORMAM 17/DHN
(Normas da Autoridade Marítima para Auxílios à Navegação), quando deixou de indicar
o obstáculo no canal de navegação por sinalização náutica visual, acrescido à
imprudência por parte do condutor do bote, Benoni Francisco Duarte, ao empreender
velocidade incompatível com a manobra de passagem sob a ponte. Que, em consequência
do acidente, tiveram ferimentos leves o condutor e os passageiros, bem como provocou a
entrada de água pelo rompimento do casco (colisão), resultando no naufrágio da lancha,
sem registro de poluição hídrica.
Apontou como possível responsável direto pelo acidente o Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que concorreu de modo culposo neste
caso, pois sendo aquele órgão o responsável pelo projeto, execução e conclusão da obra,
assim como a sua fiscalização, não observou o estabelecido na NORMAM 17/DHN,
quando deixou de indicar ou mandar indicar por sinalização náutica visual o bloco de
concreto como obstáculo no canal de navegação, sendo este fator determinante para a
ocorrência do acidente; e que o condutor empregava velocidade de navegação
incompatível para o local, não sendo esse fato determinante para o que o acidente
ocorresse, mas contribuinte para a gravidade do seu resultado.
O Indiciado, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT), apresentou Defesa Prévia, fls. 124 e 125, alegando em síntese que não houve
descumprimento da NORMAM 11/DPC, pois naquele local não há tráfego sistemático de
embarcações, ou seja, não apresentava características para navegação comercial e,
portanto, sem a necessidade de demarcação de vão livre e também de retângulo
navegável, por isto não houve consulta à Capitania dos Portos e, da mesma forma, na
elaboração do projeto da nova OAE – Obras de Arte Especiais, pelo DNIT e, pelos
mesmos motivos, não houve o descumprimento da NORMAM 17/DPB, para auxílio à
navegação.
Alegou, também, que os blocos da antiga ponte também não foram
retirados por questões ambientais e, obviamente, pelas dificuldades inerentes à
profundidade de sua ancoragem, mas que as referidas obras tiveram o acompanhamento
das equipes de licenciamento ambiental do IBAMA e gerenciamento dos serviços por
firma especializada; e que durante a execução da nova ponte o nível da água não
apresentou grandes oscilações e os blocos eram perfeitamente visíveis.

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Teceu considerações acerca da embarcação envolvida no acidente, de
casco de alumínio com motor de 75 HP, inadequado, com potência três vezes a
recomendável, com nome marcado no costado diferente do que consta no TIEM,
deixando dúvidas quanto a existência ou não de libração do bote para navegação pela
Capitania dos Portos; com velocidade de 30 km/h, muito elevada para o tipo de
embarcação; que o bloco estava ao nível da água e, provavelmente, com mais cuidado,
atenção e baixa velocidade, o tripulante poderia ter se desviado; a embarcação estava sem
equipamentos mínimos de navegação, nem forma de acomodar tripulante e
acompanhantes, “sem dispor, no mínimo, de um ecobatímetro para detecção da
profundidade do rio e de obstáculos existentes, de velocímetro e de material de
salvatagem”.
Finalizou alegando que os acidentes náuticos não são muito diferentes
dos acidentes rodoviários e as causas normalmente estão relacionados à impudência e ou
inexperiência dos condutores, no caso em tela ele era experiente, mas é preciso levar em
conta sua imprudência pela velocidade empreendida e descuido na travessia, além da
negligência em função das condições de manutenção e da falta de equipamentos mínimos
de navegação e de liberação de sua embarcação; que todos estes fatores potencializaram a
possibilidade da ocorrência de acidentes, mesmo que o bloco estivesse devidamente
sinalizado; que “Barco não tem freio, sendo imprescindível todo o cuidado, atenção e
baixa velocidade quando se navega em travessias conhecidamente obstaculizadas”.
A D. Procuradoria, fls. 133 a 138, representou em face de Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), pessoa jurídica de direito público, na
qualidade de órgão responsável pela administração da ponte rodoviária sobre o rio Três
Forquilhas (BR-101), e de Benoni Francisco Duarte, Arrais Amador – ARA, na qualidade
de proprietário e condutor da L/M “FRANCISCANA”, ambos com fulcro no art. 14, letra
“a” (colisão e naufrágio) e art. 15, letra “e” (exposição a risco), ambos da Lei nº
2.180/54, fundamentando.
Em síntese, considerou que o primeiro Representado, DNIT, não
observou o estabelecido na NORMAM 17/DPC (Normas da Autoridade Marítima para
Auxílios à Navegação), quando deixou de indicar ou mandar indicar por sinalização
náutica visual o bloco de concreto como obstáculo no canal de navegação,
comprometendo a segurança da navegação e a salvaguarda da vida humana, sendo este o
fator preponderante para a ocorrência da colisão em pauta; quanto ao segundo
Representado, agiu com imprudência ao trafegar com velocidade incompatível ao tráfego
no local, inobservando critério de segurança quanto à navegação em canais estreitos e
embaixo de ponte com velocidade reduzida, colocando em risco a segurança do tráfego

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aquaviário, a incolumidade de sua embarcação e as vidas das pessoas ali presentes,
culminando no choque mecânico, com lesões no próprio e nos demais passageiros a
bordo de sua embarcação, requerendo a condenação de ambos.
Citados, os Representados que não constam do rol de culpados neste E.
Tribunal apresentaram Defesas por I. Advogados regularmente constituídos.
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), na
qualidade de órgão responsável pela administração da ponte rodoviária sobre o rio Três
Forquilhas (BR-101), fls. 150 a 156, com fotografias, fls. 157 e 158, apresentou a tese de
culpa exclusiva do condutor da lancha que estaria em alta velocidade, assumindo o risco
da colisão, ou até de dolo eventual.
Não concordando com o Encarregado do IAFN que responsabilizou o
DNIT pelo acidente em pauta, alegou que “ao contrário do que consta na Perícia, foi
colocada a sinalização, conforme prova em fotografias (sem data de quando teriam sido
colocadas), mas que, infelizmente, como é comum em nosso pais, vândalos retiram as
placas de sinalização”.
“Por falar em placas de sinalização, as mesmas são colocadas em um dia
e no seguinte são furtadas ou então vandalizadas, esta é uma realidade do nosso País, seja
em terra ou na água, infelizmente! Neste contesto, se em visita ao local não viram os
peritos os aludidos objetos, é manifesto, pois, que mais uma vez ocorreu este tipo de
procedimento em nossa obra de arte especial (ponte) em comento, é o que tudo leva a
crer”.
Apresentou doutrina acerca da Teoria da Responsabilidade Objetiva do
Estado e alegou que “não obrou de nenhuma maneira para que ocorresse o evento
danoso, como também não houve omissão de sua parte, posto que o acidente teve como
causa o excesso de velocidade imprimida à embarcação”.
Finalizou requerendo a improcedência da representação.
Benoni Francisco Duarte, Arrais Amador – ARA, proprietário e condutor
da L/M “FRANCISCANA”, fls. 176 a 179, em síntese, iniciou sua defesa ressaltando o
teor das acusações que lhes foram apresentadas: por ter pretensamente navegado em
velocidade superior à permitida e por ter dotado sua embarcação com um motor com
potência superior ao indicado pelo fabricante.
Alegou que a citada velocidade excessiva não corresponde aos fatos, pois
foi com base na declaração do próprio condutor que declarou “a velocidade empreendida
por sua embarcação era de uns trinta quilômetros por hora”, o que em velocidade náutica
significa cerca de 16 (nós), declaração dada na Capitania ainda sob forte emoção.

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Quanto ao fato de ter dotado a embarcação com motorização mais
potente do que a indicada pelo fabricante alegou que comprou a embarcação já com
motor de 75 HP e a embarcação foi vistoriada pelo órgão competente da Capitania dos
Portos, que nada constatou de irregular, tanto que houve a sua liberação sem qualquer
exigência ou determinação de alteração de suas características.
Alegou que a única e exclusiva responsável pelo acidente foi o 1º
Representado DNIT que, através de seus prepostos, deixou de cumprir com a obrigação
de prover sinalização em rios, sob uma rodovia federal e sobre um rio; que foi o
pilar/sapata submerso o causador do acidente, posto que um elemento estranho ao rio que
se encontrava sem sinalização própria e, pasmem, justamente no canal de navegação, em
meio ao vão central da ponte.
Alegou que as pretensas acusações contra o Representado não procedem,
pois estava navegando de acordo com as normas de navegação, requerendo a
improcedência da Representação em face do 2º Representado.
Aberta a Instrução, fl. 181 (publicado no e-DTM nº 54, de 10/05/17) a
PEM, fl. 182 verso, declarou que se louvava nas provas dos autos e, para os
Representados, fl. 183 (publicado no e-DTM nº 67, de 30/05/17), o 1º Representado,
DNIT, fls. 198 e 199, declarou que não tinha mais provas a apresentar e o 2º
Representado deixou decorrer o prazo sem apresentar provas, conforme Certidão de fl.
194.
Encerrada a Instrução, fl. 194 (publicado no e-DTM nº 191, de
18/10/17), a PEM, fl. 195 verso, reiterou os termos de sua exordial e que sustentaria em
plenário, e, para os Representados, fl. 200 (publicado no e-DTM nº 169, de 16/11/17), em
Alegações Finais, o 1º Representado, DNIT, fl. 216, reforçou sua tese de defesa e o 2º
Representado deixou decorrer o prazo sem se manifestar, conforme Certidão de fl. 214.
É o Relatório.
Decide-se:
De tudo o que consta nos presentes autos, temos que a D. Procuradoria
representou em face de Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT),
pessoa jurídica de direito público, na qualidade de órgão responsável pela administração
da ponte rodoviária sobre o rio Três Forquilhas (BR-101), por não ter observado o
estabelecido na NORMAM 17/DPC (Normas da Autoridade Marítima para Auxílios à
Navegação), quando deixou de indicar ou mandar indicar por sinalização náutica visual o
bloco de concreto como obstáculo no canal de navegação, comprometendo a segurança
da navegação e a salvaguarda da vida humana, sendo este o fator preponderante para a
ocorrência da colisão em pauta; e, também, Benoni Francisco Duarte, Arrais Amador –

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ARA, na qualidade de proprietário e condutor da L/M “FRANCISCANA”, por trafegar
com velocidade incompatível ao tráfego no local, inobservando critério de segurança
quanto à navegação em canais estreitos e embaixo de ponte com velocidade reduzida,
ambos com fulcro no art. 14, letra “a” (colisão e naufrágio) e art. 15, letra “e” (exposição
a risco), ambos da Lei nº 2.180/54, fundamentando.
Citados, os Representados, que não constam do rol de culpados neste E.
Tribunal, apresentaram Defesas por I. Advogados regularmente constituídos.
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)
apresentou a tese de culpa exclusiva do condutor da lancha que estaria em alta
velocidade, assumindo o risco da colisão, ou até de dolo eventual, e não concordou com
as conclusões do Encarregado do IAFN, alegando que “não descumpriu as normas, mas,
infelizmente, como é comum em nosso pais, vândalos retiram as placas de sinalização,
que são colocadas em um dia e no seguinte são furtadas ou então vandalizadas”.
Benoni Francisco Duarte, Arrais Amador – ARA, proprietário e condutor
da L/M “FRANCISCANA”, apresentou a tese de culpa exclusiva do DNIT e que não
procedem as acusações em face deste representado; não trafegou em excesso de
velocidade e já comprou a embarcação dotada do motor de 75 HP, passando por vistoria
da autoridade competente sem ressalvas.
Devem ser aceitas, parcialmente, as acusações da PEM, para
responsabilizar apenas o 1º Representado DNIT e acolher em parte a tese da Defesa do 2º
Representado para exculpá-lo do que foi acusado pela PEM.
Os Peritos atestaram que a ponte não tinha sinalização náutica, deixando
de cumprir o estabelecido na NORMAM 11/DPC e na NORMAM 17/DPC, não
submetendo ao agente da Autoridade Marítima o projeto de alteração da construção da
ponte rodoviária sobre o rio Três Forquilhas, na BR-101 (em especial, na NORMAM
11/DPC, item 0211 e letras “e” e “i” e a NORMAM 17/DPC).
NORMAM 11/DPC:
“0211 - CONSTRUÇÃO DE PONTES RODOVIÁRIAS OU
SIMILARES SOBRE ÁGUAS. O interessado na construção de pontes rodoviárias ou
similares sobre águas deverá apresentar à CP/DL/AG com jurisdição sobre o local da
obra, duas vias originais dos seguintes documentos:
e) Memorial descritivo, contendo a descrição detalhada da obra,
especificando obrigatoriamente as dimensões do retângulo de navegação, isto é, as
distâncias entre os pilares de sustentação e as alturas dos vãos navegáveis para a maior
lâmina d'água prevista no local, bem como a descrição do sistema de proteção desses

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pilares contra colisões, a sua capacidade de absorção de impacto e os parâmetros
considerados no cálculo;
i) Projeto da sinalização náutica da ponte, conforme preconizado nas
Normas da Autoridade Marítima para Auxílios à Navegação (NORMAM 17/DHN), a ser
elaborado após a aprovação da obra”.
A Equipe de Inspeção Naval tomou conhecimento do acidente no mesmo
dia do ocorrido e se deslocou para o local para colher informações e constatar os fatos,
atestando que a embarcação se encontrava em bom estado de conservação e não tinha
qualquer avaria que a levasse a colidir com o bloco de concreto submerso, que não estava
sinalizado.
Nos depoimentos consta que a embarcação passou sob a ponte cerca das
15h do dia 22 de janeiro de 2014 com velocidade reduzida, que o condutor estimou em
30 km/h, e não há nos autos informação acerca de velocidade máxima a ser empregada na
área.
Na embarcação consta uma placa do fabricante, fl. 95, com a informação
de motor de 50 HP, mas a L/M “FRANCISCANA” estava dotada de um motor de popa
de 75 HP, conforme fotos de fl. 96; no Título de Inscrição de Embarcação, fl. 37, conta
motor de 75 HP e no Relatório de Embarcação Miúda, fl. 42, consta no histórico desta
embarcação: “AVERBAÇÃO DO MOTOR EVIRUDE, 75HP, NR 05240281 E
MUDANÇA DO CONSTRUTOR PARA SPECTROMAR, ACD PROT NR 902 EM
05/07/2011”, ou seja, confirma a tese da Defesa de que a embarcação já foi adquirida
pelo 2º Representado com um motor de 75 HP e este estava devidamente averbado na
documentação na Capitania, desde 2011, não apresentando qualquer irregularidade a ser
imputada ao 2º Representado.
Nas fotos de fls. 86 a 91 ficou provado que não existia nenhuma
sinalização que um navegante pudesse ser minimamente alertado acerca da existência de
uma laje submersa, a pouca profundidade, exatamente sob o vão central da ponte, com
largura de 8 metros, se tornando um obstáculo à navegação local.
Na Defesa Prévia do 1º Representado, DNIT, fls. 124 e 125, consta que
“tiveram o acompanhamento de equipes de licenciamento ambiental do IBAMA e
gerenciamento dos serviços por empresa especializada” e que “Os blocos de fundação da
ponte antiga não foram retirados por questões ambientais e, obviamente, pelas
dificuldades inerentes à profundidade de sua ancoragem”.
Alegou, ainda que “Como naquele local não há trafego sistemático de
embarcação, ou seja, não apresentava características para navegação comercial e,

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portanto, sem a necessidade de demarcação de vão livre e também de retângulo
navegável, não houve consulta à Capitania dos Portos”.
Na fl. 98 consta uma pequena placa, pendurada sob o vão central, apenas
por um dos lados da ponte, colocada depois do acidente em pauta com a seguinte
informação: “ATENÇÃO LAJE SUBMERSA”, o que, por óbvio também não atende o
mínimo requerido pelas normas.
O DNIT, em sua Defesa Prévia, admite que não cumpriu o determinado
na NORMAM 11/DPC e, por conseguinte, também não cumpriu o previsto na
NORMAM 17/DPC.
Já na Defesa, fls. 150 a 156, de modo diverso do apresentado em sua
Defesa Prévia, alegou que havia placas de sinalização, mas que “são colocadas em um
dia e no seguinte são furtadas”, por isso nada foi encontrado no dia pelos Peritos.
Foram juntadas seis fotos de uma faina de instalação de uma placa
listrada amarelo e preto abaixo do vão central, também só por um dos lados da ponte e
sem data de quando foi colocada, mas que também não atende às normas.
Por todo o exposto, ficou fartamente provada a responsabilidade da 1º
Representado, DNIT, órgão responsável pela administração da ponte rodoviária sobre o
rio Três Forquilhas, na BR-101, por não ter observado o estabelecido nas Normas da
Autoridade Marítima.
Quanto ao 2º Representado, não há nos autos a indicação de qual seria a
velocidade que deveria transitar sob a referida ponte, nem sobre limitação da potência do
motor de popa (documentos de inscrição da embarcação na Capitania com registros
anteriores ao acidente constando motor de 75 HP), devendo ser exculpado do que foi
acusado pela PEM.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a)
quanto à natureza e extensão do acidente e do fato da navegação: colisão da L/M
“FRANCISCANA” com uma laje sob a ponte rodoviária sobre o rio Três Forquilhas
(BR-101), com danos materiais e pessoais, mas sem registro de danos ambientais; b)
quanto à causa determinante: descumprimento nas normas da Autoridade Marítima,
NORMAM 11/DPC (em especial o item 0211, letras “e” e “i”) e, em consequência, a
NORMAM 17/DPC, deixando de sinalizar o bloco de concreto submerso, da antiga ponte
que não foi retirado, ficando como um obstáculo no canal de navegação, pondo em risco
a segurança da navegação, as embarcações, vidas e fazendas de bordo, e o meio
ambiente; e c) decisão: julgar o acidente e o fato da navegação, tipificados no art. 14,
letra “a” (colisão) e no art. 15, letra “e” (exposição a risco), ambos da Lei nº 2.180/54,

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como decorrentes de negligência do 1º Representado, Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), pessoa jurídica de direito público, na qualidade de
órgão responsável pela administração da ponte rodoviária sobre o rio Três Forquilhas
(BR-101), acolhendo, em parte, os termos da Representação da D. Procuradoria Especial
da Marinha, e, considerando as circunstâncias e consequências, com fulcro nos artigos
58, 121, incisos I e VII, 124, inciso IX, e 127, todos os artigos da Lei nº 2.180/54,
aplicar-lhe a pena de multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), cumulativamente com a
pena de repreensão. Custas processuais na forma da Lei. Exculpar o 2º Representado,
Benoni Francisco Duarte, Arrais Amador, condutor e proprietário da L/M
“FRANCISCANA”, por não ter ficado provado o que lhe foi acusado na exordial da
PEM.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 27 de junho de 2019.

FERNANDO ALVES LADEIRAS


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.

Rio de Janeiro, RJ, em 13 de setembro de 2019.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Capitão-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA
MARINHA
Dados: 2019.10.02 10:50:12 -03'00'

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