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Prof.

Beatriz Bronislava Lipinski

Física Geral I - Notas de Aula

Curitiba, Pr
2008

Tel: (41) 8419 5313 e-mail: bblipinski@gmail.com


UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Física G e E I Engenharia Eletrotécnica e Engenharia Eletrônica Turno CH
1o semstre 2008 Prof. Beatriz Bronislava Lipinski 1o período N 72 h/h
Dia Conteúdos
1 11/fev 2 h/a Apresentação da disciplina
2 14/fev 2 h/a Grandezas e Unidades Físicas, Conversão de Unidades
3 18/fev 2 h/a Teoria da propagação de erros
4 21/fev 2 h/a Teoria da propagação de erros
5 25/fev 2 h/a Teoria da propagação de erros - experimento em sala
6 28/fev 2 h/a Gráficos
7 3/mar 2 h/a Gráficos trabalho em sala
8 6/mar 2 h/a Exercícios Avaliativos 1
9 10/mar 2 h/a Prática de laboratório - Paquímetro, micrômetro e balança de precisão - G1 - R1
10 13/mar 2 h/a Prática de laboratório - Paquímetro, micrômetro e balança de precisão - G2 - R1
11 17/mar 2 h/a Movimento retilíneo unidimensional com velocidade constante
12 20/mar 2 h/a Movimento retilíneo unidimensional com velocidade variável
13 24/mar 2 h/a Prática de laboratório - MRU e MRUV - G1 - R2
14 27/mar 2 h/a Prática de laboratório - MRU e MRUV - G2 - R2
15 31/mar 2 h/a Exercícios Avaliativos 2
16 3/abr 2 h/a Prova Bim 1 conteúdos das aulas 1 a 15
17 7/abr 2 h/a Divulgação do resultado primeiro bimestre
18 10/abr 2 h/a Vetores
19 14/abr 2 h/a Movimentos no plano e no espaço - movimentos retilíneos
20 17/abr 2 h/a Movimentos no plano e no espaço - lançamento de projéteis
21 24/abr 2 h/a Movimentos no plano e no espaço - movimento circular uniforme
22 28/abr 2 h/a Prática de laboratório - Movimento no plano (lançamento horizontal) - G1 - R3
23 5/mai 2 h/a Prática de laboratório - Movimento no plano (lançamento horizontal) - G2 - R3
24 8/mai 2 h/a Força e movimento
25 12/mai 2 h/a Leis de Newton e aplicações
26 15/mai 2 h/a Atrito e suas propriedades
27 19/mai 2 h/a Atrito e suas propriedades
28 26/mai 2 h/a Exercícios Avaliativos 3
29 29/mai 2 h/a Trabalho e energia, formas de energia, energia mecânica
30 2/jun 2 h/a Trabalho realizado por forças variáveis, potência mecânica
31 5/jun 2 h/a Conservação da energia mecânica, forças conservativas e dissipativas
32 9/jun 2 h/a Trabalho realizado por forças de atrito
33 12/jun 2 h/a Exercícios Avaliativos 4
34 16/jun 2 h/a Prova Bim 2 conteúdos das aulas 17 a 33
35 19/jun 2 h/a Divulgação do resultado segundo bimestre
36 23/jun 2 h/a 2a chamada conteúdo relativo à prova que perdeu. Data única para as 2 provas
37 26/jun 2 h/a Divulgação do resultado segunda chamada
38 30/jun 2 h/a Exame Final todo o conteúdo cobrado nas duas provas bimestrais
39 3/jul 2 h/a Divulgação do resultado final
Exercícios Avaliativos EA peso 1
total: 78 h/a Relatórios R peso 3
Provas Bimestrais PB peso 6
1o bimestre B1 [(EA1 + EA2) / 2] + [(R1 + R2) / 2] + [PB1]
2o bimestre B2 [(EA3 + EA4) / 2] + [R3] + [PB2]
Composição MS >= 7 aprovado
Média
de Notas MS (B1 + B2) / 2 4,0 <= MS < 7,0 exame
Semestral
MS < 4 reprovado
MF >= 5 aprovado
Média Final MF (MS + EF) / 2
MF < 5 reprovado
Bibliografia recomendada
1) Sears & Zemansky, by Young & Freedman. Física 1 Vol.1. 10a edição - Addison Wesley Editor
2) Halliday & Resnick. Fundamentos da Física . Vol.1. 7a edição - LTC Editora
3) Notas de aula e listas de exercícios fornecidos pelo professor
Prof. Beatriz Bronislava Lipinski
Universidade Tuiuti do Paraná

Capítulo 1

Introdução

Como resolver problemas de Física:

1ª ETAPA: LER O PROBLEMA: É preciso saber ler, quer dizer, ser capaz de imaginar a cena
que o enunciado descreve. Nem sempre entendemos tudo o que está escrito, mas podemos estar aten-
tos aos detalhes para "visualizar"corretamente o que se está dizendo.

2ª ETAPA: FAZER UM ESQUEMA: Fazer um esquema ou desenho simples da situação ajuda


a visualizá-la e a resolvê-la. Procure indicar em seus esquemas informações básicas como o sentido
e os valores envolvidos. Preste atenção que uma frase como "dar ré", que indica o sentido do movi-
mento do objeto em questão.

3ª ETAPA: MONTE AS EQUAÇÕES E FAÇA AS CONTAS: Uma equação só faz sentido se


você sabe o que ela significa. Sabemos que é possível resolver a nossa questão porque há a conser-
vação da quantidade movimento total de um sistema. Quer dizer, a soma das quantidades de movi-
mento antes e depois do choque deverá ter o mesmo valor. Com isso, você consegue montar as contas.

4ª ETAPA: INTERPRETE OS VALORES. (A ETAPA MAIS IMPORTANTE!) Muito bem,


você achou um número! Mas ainda não resolveu o problema. Não queremos saber somente o número,
mas também o que aconteceu. O número deve nos dizer isso. Olhando para ele você deve ser capaz
de chegar a alguma conclusão. DESCONFIE DOS NÚMEROS!!! Existe uma coisa que se chama
erro nas contas, que pode nos levar a resultados errados. Pense bem no que o número está lhe dizendo
e avalie se é uma coisa razoável. Se achar que há um erro, confira suas contas e o seu raciocínio.
Se o número insistir em lhe dizer coisas absurdas, considere a possibilidade de que aquilo que você
esperava não ser realmente o que acontece na prática.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 1: Introdução

Relatório de uma experiência:

Como deve ser o relatório de uma experiência?


O relatório de uma experiência é uma descrição organizada do experimento, direcionada pelos obje-
tivos, questões e procedimentos propostos, bem como pela metodologia empregada durante a ativi-
dade.

No relatório deve conter essencialmente: os resultados das medidas, forma de obtê-las, método
empregado, tabelas, gráficos, desenho ou esboço do arranjo experimental, análise dos resultados obti-
dos, discussão das questões propostas, conclusões do trabalho e finalmente as bibliografia consul-
tadas.Além disso, o relatório deverá ter uma boa apresentação,que poderá ser em folha de papel
almaço (escrito com letra legível) ou impresso. Para o relato do trabalho realizado em laboratório
costuma-se organizar o conteúdo nas seguintes partes:

Titulo: Em geral é o tema principal de estudo, expresso com poucas palavras, dando a idéia geral
do trabalho ou do tema estudado.

Objetivos: Descreve-se aqui a finalidade da experiência, em geral, o que se pretende fazer.

Material: Faz-se uma listagem descrevendo o material empregado.

Fundamentação teórica: Neste segmento é feita uma descrição do fenômeno estudado, relacio-
nando os principais conceitos envolvidos, para a compreensão dos procedimentos descritos a seguir.
Pode-se fazer aqui, uma breve apresentação teórica do problema estudado.

Procedimento experimental e montagem: É a descrição do método experimental. Deve-se re-


sponder perguntas do tipo: como, por quê, com o quê? foram feitas as medidas. Ainda deve conter
um desenho ou esquema da montagem experimental usada, indicando os tipos de instrumentos de
medida e a sensibilidade dos mesmos, bem como a descrição do método de medida.

Resultados e análise de dados: Aqui deverão ser apresentados as medidas, usando tabela de
dados e gráficos. Deve-se indicar os cálculos necessários, bem como considerações sobre os erros en-
volvidos nas medidas. Apresenta-se a metodologia aplicada no tratamento dos dados experimentais,
que possivelmente geram outras tabelas ou gráficos.
Conclusões: Discute-se os resultados obtidos e o método empregado para atingir os objetivos pro-
postos. Faz-se a comparação com outros resultados obtidos com métodos idênticos e diferentes,
conforme o caso. A conclusão é o ponto de discussão sobre a validade da comparação entre os re-
sultados experimentais obtidos com aqueles previstos pelos modelos teóricos. E o resumo do que se
aprendeu ou concluiu com o experimento.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 1: Introdução

OBS: Em muitos casos pode-se inserir o item discussão dos resultados entre os itens resultados
e conclusões, principalmente quando deseja-se detalhar comparações de medidas, discutir sobre a
influência da metodologia empregada, comparar resultados com de outros trabalhos ...
Referências Bibliográficas: Lista dos materiais impressos utilizados como apoio para a confecção do
relatório. Cada item deve conter: título, autor, editora e ano ou número de edição (no caso de artigos,
deverá conter título do periódico, volume, número, página e ano de publicação).

Para efeito de avaliação, a pontuação do relatório obedecerá aproximadamente os seguintes critérios:


Apresentação: 1 conceito; Fundamentação teórica: 2 conceitos, Procedimento experimental e mon-
tagem: 1 conceito; Resultados e análise de dados: 3 conceitos e Conclusão: 3 conceitos.

OS RELATÓRIOS SÃO INDIVIDUAIS E NÃO DEVEM TER MAIS QUE QUATRO FO-
LHAS!!

Os relatórios devem ser entregues em no máximo uma semana após a coleta de dados.

Bibliografia recomendada:
- P. Lucie, Física Básica, vol I e II, Ed Campus, RJ. (1979).
- Brown T. B. Advanced Undergraduate Experiments in Physics, The Taylor Manual, Ed Addison-
Wesley (1964).
- White M. S. Manning K. V. e Weber R. L. Pratical Physics, Mc Graw-Hill, NY. (1955).
- Resnick R., Halliday D. e Walker J. Fundamentos de Física, vol 1,2,3 e 4, LTC, SP, (1979), 7ª Ed.
-Tippler, T. Física, vol 1, 2 e 3 Ed, LTC, (1995).
- Sutton R. M. Demonstration Experiments in Physics, Mc. Graw-Hill (1938).
- Watson W. Práticas de Física, Ed. Labor. Buenos Aires (1939).
- Wiedemann, E. Práticas de Física, Ed. Gustavo Gilli, Barcelona (1932).
- Westphal W. H. Práticas de Física, Ed. Labor, Barcelona, (1943).
-Schneider e Ham, Experimental Physics for Colleges, Mac-Millan Company, NY. (I960).
- Schaefer C. e Bergmann, Práticas Fundamentales de Física, Ed Labor, Barcelona (1946).
- Worsnop B. C. e Flint, H. T. Curso Superior de Física Práctica, Tomo I e II, Ed. Universidade de
Buenos Aires (1964).
- Goldemberg, J. Física Geral e Experimental, vol I e II, Ed. Nacional, (1970).
-Hennies, E. C. Guimarães, W. O. N. e Roversi, J. A . Problemas Experimentais de Física, Ed. Uni-
camp, (1988).
- Sears, Zemansky, Young e Freedman, Fisica, vol 1, 10ª Ed, LTC, SP, (1988).

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 1: Introdução

As divisões da Física:

A Física estuda vários tipos de fenômenos da Natureza. Para facilitar o seu estudo costuma-se
dividi-la. Até o início do século as principais partes da Física eram: a Mecânica, a Termodinâmica e
o Eletromagnetismo.
No século XX, a partir de grandes descobertas, surgiram novos ramos, entre eles: Física Atômica
e Nuclear, Mecânica Quântica e Relatividade. Os novos conceitos introduzidos neste século provo-
caram uma verdadeira revolução na Física. Hoje é comum também dividir a Física em Clássica (antes
de 1900) e Moderna (após 1900).
O quadro a seguir mostra algumas perguntas que podem surgir no nosso dia-a-dia, e identifica
qual o ramo da Física que trata de respondê-las.
Por razões didáticas, cada uma dessas grandes áreas, mostradas nesta tabela, divide-se em várias
sub-áreas, que serão mostradas nos momentos oportunos.

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Capítulo 2

Medidas e Grandezas Físicas

Grandezas Físicas:

Tudo aquilo que pode ser medido é dito uma Grandeza Física. Assim, o peso, a massa, o tempo
são grandezas físicas. Ao contrário, visto que não podem ser medidos, o amor e a alegria não são
grandezas físicas.
Mas, afinal de contas, o que é medir?
O ato de medir é comparar é comparar as propriedades mensuráveis de um objeto ou evento
com padrões pré-estabelecidos para estas propriedades. Por exemplo, o comprimento de um objeto
qualquer só pode ser definido se comparado com um dos vários padrões de medida de comprimento,
como o metro, o pé ou a milha. Estes padrões de medidas recebem o nome de Unidade Física. Então
o metro, o pé e a milha são unidades de comprimento. Assim, cada grandeza física deve ser expressa
acompanhada de sua unidade física.
A ciência que trata dos padrões de medida é a Metrologia, que estabelece padrões mundiais de
medidas para todas as grandezas físicas, sob aspectos teóricos e práticos, para quaisquer campos
da ciência e da tecnologia. Entre os vários sistemas de unidades, os mais utilizados são o CGS
(centímetro-grama-segundo) e o SI (Sistema Internacional - metro-quilograma-segundo).
Para expressar quantitativamente uma Lei Física necessitamos de um conjunto de grandezas físi-
cas e de um sistema de unidades. Do mesmo modo, para medir uma grandeza física é necessário
definir a priori a unidade na qual esta grandeza será medida. Existe uma enorme quantidade de
grandezas físicas, mas apenas algumas são consideradas fundamentais, sendo as demais derivadas
delas. Tempo (segundo), espaço (metro), massa (quilograma) e carga elétrica (coulomb) são exem-
plos de unidades fundamentais. Velocidade (metro por segundo), aceleração (metro por segundo
ao quadrado) e força (quilograma vezes metro por segundo ao quadrado) são exemplos de unidades
derivadas.
Por razões históricas, o tempo foi a primeira quantidade a ser mensurada. Este conceito surge
a partir da duração do dia, da presença da luminosidade do Sol; e a sua ausência: a noite. Com a
evolução da humanidade e com os deslocamentos das comunidades surge o conceito de distância, de
comprimento, de temperatura e etc. A partir da necessidade de quantificar as mercadorias para troca

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

surge o conceito de peso, e mais tarde a noção de massa. Outras grandezas surgem com o avançar
da tecnologia e o desenvolvimento do método científico tais como pressão, intensidade luminosa,
potência, carga elétrica, corrente elétrica, campo eletromagnético, calor específico, entropia e etc.
De certo modo, cada cultura tecnológica autônoma desenvolveu um próprio sistema de unidades.
Mas a interação entre as sociedades, de certo modo impôs que existisse uma uniformização para que
as trocas acontecessem de modo transparente e inteligível pata as partes. A Inglaterra medieval era
praticamente isolada comercialmente do resto da Europa e isso contribuiu para que lá se estabelecesse
um sistema de unidades diferente do restante: polegada, pé, milha, libra e etc.
A tabela abaixo mostra as sete grandezas ditas Grandezas Fundamentais ou Primárias, acompa-
nhadas de suas unidades. Unidades para quaisquer outras grandezas físicas podem ser construídas a
partir destas sete unidades. Estas são ditas Grandezas Derivadas ou Secundárias.

Análise dimensional:

A unidade de uma grandeza física determina uma dimensão. Por exemplo: dimensão de força,
dimensão de comprimento, dimensão de tempo, dimensão de massa. E cada dimensão é expressa
pela sua unidade, independente do sistema de unidades escolhido. Por exemplo: newton é dimensão
de força, metro é dimensão de comprimento, dia é dimensão de tempo, grama é dimensão de massa,
etc.
A análise dimensional de uma grandeza secunária é feita a partir das dimensões das sete grandezas
primárias. Neste curso trabalharemos apenas com grandezas da grande área da Mecânica. Tais
grandezas são derivadas das grandezas primárias tempo, comprimento e massa:

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

Assim, a dimensão de força é dada por:

v 1x x
F = ma ⇒ m ⇒ m ⇒ m 2,
t tt t
L
[F ] = M ⇒ M LT −2 ,
T2
m
Unidade no SI : F = kg × m × s−2 ⇒ kg × ⇒ N (newton).
s2

A dimensão de energia é dada por:

Como nos dois exemplos acima, muitas outras unidades compostas recebem nomes especiais, em
geral homenageando algum cientista que tenha contribuído com a evolução da ciência que envolve a
grandeza em questão, como Isaac Newton e James Prescott Joule.
A análise dimensional é única para cada grandeza, independente do sistema de unidades adotado.
Assim, esta é uma forma eficaz de comprovar a veracidade das euqações matemáticas que regem uma
Lei Física.

Prefixos numéricos:

Em muitos problemas de Física nos deparamos com


números muito pequenos ou muito grandes. Por exem-
plo: a dimensão aproximada do raio de um átomo é
0, 00000000529 m, ou a distância média da Terra ao sol é de
aproximadamente 150000000 m. Podemos expressar esses
valores utilizando prefixos numéricos como o pico (10−12 ) e
o Giga (109 ), respectivamente. Assim, a dimensão aproxi-
mada do raio de um átomo é 5, 26 × 10−12 m ⇒ 5, 29 pm
e a distância média da Terra ao sol é de aproximadamente
0, 15 × 109 m ⇒ 0, 15 Gm. A tabela ao lado mostra vários
preficos com seus respectivos símbolos e valores.
Outros exemplos:
a) 0, 000000154 =
b) 15870000000 =
c) 8750000000000000 =

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Conversão de unidades:

Unidades de tempo:

Unidades de comprimento:

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

Unidades de massa:

Unidades de área:

Unidades de volume:

Teoria de erros em medidas físicas:

Apesar de ser um evento corriqueiro em nosso dia-à-dia, fazer uma medida não é um ato simples.
Além de conhecer a grandeza física e suas unidades, é preciso também conhecer o instrumento de
medida, além de tomar muitos cuidados.
Na maioria das vezes no nosso cotidiano, não precisamos de medidas muito precisas. Às vezes,
basta saber a ordem de grandeza da medida, se está na casa dos 10 ou das 100 unidades. Mas imag-
ine, se o torneiro mecânico, que fabricou uma pequena peça do seu automóvel, não tivesse feito boas
medidas durante a fabricação desta peça? Desastre!!! Este é um exemplo em que as medidas real-
izadas devem ter a maior precisão possível. Mas como se estabelce a maior precisão possível para
uma medida?
A resposta a esta pergunta é simples: prá começar, temos que levar em conta que a medida é
feita por um equipamento de medida, que não é perfeito. TODO EQUIPAMENTO DE MEDIDA
OFERECE UM ERRO DE MEDIDA, QUE CHAMAMOS INCERTEZA DO INSTRUMENTO DE

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

MEDIDA. Também devemos levar em conta que quem opera o instrumento de medida é um ser hu-
mano, que está passível de cometer erros. ESTES SÃO DITOS ERROS GROSSEIROS. Juntando
a consequência de cada um destes erros, estabelece-se uma determinada incerteza final na medida.
Cada um destes erros se propaga através do processo de medidas indiretas e, quando esta incerteza é
da mesma ordem que a própria medida, esta medida é insatisfatória e precisa ser refeita!

Medidas diretas:

É a medida que necessita apenas de um instrumento de medida e um operador para ser realizada.
Ao final do processo já se tem a medida requerida. POr exemplo: a medida do comprimento de uma
caixa de fósforos. Para realizá-la utiliza-se apenas um régua graduada ou um paquímetro.
O erro embutido numa medida direta é dado apenas pela incerteza do instrumento, a menso que
haja algum erro grosseiro de execução da medida. A incerteza de um instrumento de medida é
dada pela metade da sua precisão. A precisão de um instrumento é a menor divisão da sua
escala. Por exemplo: a menor divisão da escala de uma régua escolar é 1 mm. Então a sua precisão
é 1 mm e a sua incerteza é 0, 5 mm.
Uma medida direta pode ser feita de duas formas:
1. Mede-se a grandeza uma única vez. Então, o resultado da aferição é dada por

X = x ± δx,

na qual x é a medida e δx é a incerteza do instrumento de medida.

2. Mede-se a mesma grandeza N vezes, sob as mesmas condições. O resultado da aferição é dado
por:
X = xm ± ∆x,

na qual xm é a média aritmética de todas as medidas:

N
X xi
xm = e
i=1 N

∆x é a incerteza final, dada pela soma da incerteza do instrumento δx e a flutuação da média, δf dada
por:
N
X |xm − xi |
δf = .
i=1 N
Então,
∆x = δx + δf.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

Outra forma de avaliar a flutuação da média é pelo cálculo do desvio padrão, σ:

N
(xm − xi )2
σ2 =
X
,
i=1 N

neste caso, a incerteza final é dada por:

∆x = δx + σ.

Quando conhecemos a incerteza final de uma medida, podemos expressar o erro em forma per-
centual, chamado erro relativo, δ:
∆x
δ= × 100.
xm
A margem de erro relativo aceitável para qualquer medida é em torno de 15% do valor de xm .
Quando o erro relativo é maior que isso, a medida pode ser insatisfatória, dependendo das condições
de aferição e/ou do problema tratado.

Medidas indiretas:

Uma medida indireta é aquela que necessita de cálculos utilizando medidas diretas, levando em
conta as suas incertezas. Por exemplo: o volume de uma caixa de fósforos. Primeiro fazemos três
medidas diretas: o comprimento, a largura e a espessura da caixa, depois fazemos a operação de mul-
tiplicação entre estas três medidas. Cada uma destas medidas diretas carrega consigo uma incerteza;
ao multiplicarmos os três valores, essas incertezas se propagarão.
A incerteza de uma medida indireta é sempre maior que a maior incerteza das medidas diretas
envolvidas no cálculo e depende das operações matemáticas embutidas neste cálculo.
Considere que u seja uma medida indireta e x e y sejam medidas diretas. Então, xm e ym são seus
valores médios.

Adição: u = x + y então: u ± ∆U = (xm + ym ) ± (∆x + ∆y) .

Subtração: u = x − y então: u ± ∆U = (xm − ym ) ± (∆x + ∆y) .

Multiplicação: u = x × y então: u ± ∆U = (xm × ym ) ± (xm × ∆y + ym × ∆x) .

 
x xm 1
Divisão: u= y
então: u ± ∆U = ym
± 2 (xm
ym
× ∆y + ym × ∆x) .

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Exercício prático:

Tragam uma caixa de fósforos. Organizem-se em equipes de seis alunos. Cada integrante da
equipe deve fazer uma medida do comprimento c, da largura l e da espessura e da caixa, utilizando
uma régua escolar comum. As medidas devem ser representadas em milímetros. Completem a tabela
e encontrem os valores pedidos, com a devida propagação de erros.
a) Completem a tabela:

b) Encontre a área maior da caixa, A e sua incerteza, ∆A ⇒ A ± ∆A.


c) Encontre o volume da caixa, V e sua incerteza, ∆V ⇒ V ± ∆V .
d) Encontra a razão x = el e sua incerteza ∆x ⇒ x ± ∆x.
e) Encontre a soma s = e + c e sua incerteza ∆s ⇒ s ± ∆s.
f) Encontre a diferença d = l − e e sua incerteza ∆d ⇒ d ± ∆d.
g) Os valores encontrados nos ítens anteriores são valores absolutos ou médios? Explique!

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Construção de gráficos:

Um gráfico de caráter científico deve ser feito sempre em papel milimetrado ou com o auxílio de
softwares de representação de dados.
1- Defina o espaço disponível no papel milimetrado para os eixos horizontal, ∆x e vertical, ∆y.
2- Identifique as variáveis (grandezas físicas) que serão plotadas. A variável independente, gx
deve ficar no eixo horizontal e a variável dependente, gy , no eixo vertical.
3- Calcule as escalas para os dois eixos:
∆x
Ex = ∆g x
cm/[gx ] e
∆y
Ey = ∆gy cm/[gy ]

4- Organize a tabela:

As colunas 1 e 3 formam o espaço das grandezas físicas e as colunas 2 e 4 formam o espaço


geométrico que vai representar o espaço das grandezas físicas.
Exemplo: Faça o gráfico da massa pelo volume de um objeto, utilizando a tabela de dados abaixo.
Suponha que você dispõe de meia folha de papel milimetrado (14 cm de comprimento e 10 cm de
altura).

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

Exercício: Faça o gráfico do deslocamento pelo tempo de um objeto que se move com acelera-
ção não-nula, utilizando a tabela de dados abaixo. Suponha que você dispõe de meia folha de papel
milimetrado (14 cm de comprimento e 10 cm de altura).

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

Exercícios Avaliativos 1
1) Quantos milímetros quadrados estão contidos em um quilômetro quadrado?

2) Quantos metros quadrados contém uma quadra de esportes com 100 m de lado?

3) Uma caixa de água mede 50 cm × 50 cm de área e tem 50 cm de altura. Qual o seu volume?
Quantas garrafas de guaraná, de 333 ml cada uma, podem ser enchidas com a água desta caixa?
Dado: 1 m3 = 1000 l.

4) Um alqueire paulista são 24200 m2 . Uma chácara retangular tem um alqueire e mede 100 m
de frente. Quanto ela mede de fundo?

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

Prática de Laboratório 1
Paquímetro, Micrômetro e Balança de Precisão
Introdução
O paquimetro (craveira ou calibre) e o micrômetro (ou Palmer) são dois instrumentos que fornecem
medidas de comprimento, espessuras, diâmetros, com precisão da ordem de centésimos de milimetro,
e são usados para se obter medidas precisas.

O paquimetro
É um instrumento que serve para medir comprimentos, diâmetros de fios, diâmetros externos e
internos de tubos, etc. Ele consiste de uma régua metálica graduada, terminada por uma espera fixa,
ao longo da qual desliza um cursor móvel, onde está gravada uma escala auxiliar chamada nõnio,
possuindo também um parafuso que permite fixar o nônio à régua principal.
A escala principal e o nônio são construídos com precisão, e tem qualidade suficiente para medir
frações bastante pequenas da sua menor divisão (em geral milímetro). É preciso então um modo
de determinar essas frações de divisão. Uma maneira seria fazer marcas a. distâncias menores,
compativeis com a qualidade da escala. Porém as marcas seriam tão próximas que o olho humano
não seria capaz de distinguí-las. O nônio é usado para determinar essas frações, como explicado mais
adiante.
Quando as duas esperas se tocam, o zero do nônio deve coincidir com o zero da escala principal.

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Princípio de funcionamento do Nônio


O nônio ou vernier é um dispositivo que permite efetuar a leitura da fração da menor divisão de
uma régua ou qualquer escala graduada à qual está adaptada. Sua invenção é atribuida a Pedro Nunes
(português), bem como a Pierre Vernier (francês).
O nônio, ou vernier, é constituído de uma pequena escala que se move
ao longo de outra régua (régua principal) e cujas divisões têm um valor
conhecido (1 mm ou 1 grau, por exemplo). As divisões do nônio possuem
tamanho diferente daquelas da escala principal, porém, relacionam-se entre
si de maneira simples. Na figura de cima, o nônio possui n = 10 divisões
que correspondem em comprimento a n−1 = 9 divisões da escala principal.
Na figura de baixo, o nônio está deslocado de uma certa distância, para a
direita. Observa-se que o zero do nônio está entre as divisões 1 e 2 da escala
principal. A distância entre o zero do nônio e a marca 1 na escala principal é dada pela divisão do
nônio cujo traço coincide com um traço da escala principal. Nesta figura, a sétima divisão do nônio
coincide com uma (a oitava) divisão da escala principal, o que significa que a distância que o nônio
foi deslocado é 1, 7.
Na figura ao lado, o zero do nônio está entre a 2a e a 3a marcas da escala
principal, e a 5a marca do nônio coincide com uma da escala principal. A
leitura será então: 2, 0 divisões (lidas na escala principal até a marca zero
1
do nônio) mais 0, 5 da divisão (5a divisão lida no nônio × 10 ; ou seja: 2, 5
divisões.
Os exemplos citados, ilustram um nônio de precisão 1/10. No entanto. muitos instrumentos são
fabricados de modo que suas precisões sejam diferentes de desta. Note que nos exemplos acima a
precisão é 0, 1 mm. mas a incerteza na medida será de 0, 05 mm. ou seja. a metade da precisão.

Prática com paquímetro


1) Determine a precisão do paquímetro fornecido ao grupo.
2) Qual será a incerteza nas medidas que efetuará com o paquímetro a seguir?
3) Utilize a balança de precisão e meça a massa da peça fornecida.
4) Qual a precisão da balança?
5) Qual a incerteza na medida da massa?
6) Represente o valor da massa na forma explicita.
7) Meça com o paquímetro, pelo menos três vezes, as dimensões necessárias para o cálculo do vol-
ume. Represente o volume da peça na forma explícita.
8) Determine a densidade da peça na forma explícita, utilizando a teoria de propagação de erros.

Micrômetro ou Palmer
O micrômetro é um instrumento de precisão que consiste basicamente de um parafuso micrométrico
preso a uma estrutura em forma de U, capaz de mover-se ao longo de seu eixo.
O objeto a ser medido é colocado entre a espera fixa P e a extremidade móvel do parafuso mi-

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

crométrico P’ conforme a figura abaixo. Uma escala é gravada no braço fixo (escala principal ou
geratriz) através do qual gira o parafuso e este, por sua vez é solidário ao tambor, possuindo uma
escala circular.
Nos tipos mais comuns de micrômetrosa escala principal é gravada em milímetros. O passo é de
0, 50 mm e a escada do tambor possui 50 divisões, ou seja, sua precisão é de 0,50
50
= 0, 01 mm (duas
voltas do tambor produzem um deslocamento de 1 mm no parafuso).

Leitura
Para efetuar uma leitura, verifica-se inicialmente qual a última divisão da escala principal (gera-
triz), na parte superior, que é deixada descoberta pelo tambor (LO). Na escala principal (geratriz), a
parte inferior serve para indicar se o tambor já deu uma volta e, deve-se portanto, somar 50 divisões
àquela lida no tambor. Caso a marca inferior não esteja descoberta faz-se somente a leitura do tambor,
veja os exemplo abaixo.

Prática com micrômetro


Com um pacote de tiras de papel faça 10 me-
didas (explícitas) da espessura de um conjunto de
folhas. Para isto use um micrômetro. Faça um grá-
fico da espessura versus nº de folhas e determine
os parãmetros da melhor reta que passa pelos pon-
tos. Inicialmente faça um ajuste “visual” da reta
e obtenha os coeficientes angular e linear da reta
traçada.

19
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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 2: Medidas e Grandezas Físicas

20
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Universidade Tuiuti do Paraná

Capítulo 3

Cinemática escalar

O estudo dos movimentos:

Um movimento só pode ser caracterizado em relação a um dado referencial. Um corpo, que está
em repouso do ponto de vista de um observador parado na superfície da Terra, pode estar em movi-
mento para um observador que se move na superfície da Terra com uma determinada aceleração. O
primeiro observador é definido como um referencial inercial, enquanto que o segundo define um re-
ferencial não-inercial.

Definições:

⇒ Referencial inercial: sistema de referência que com aceleração nula em relação ao movimento
analisado. Então, um referencial inercial é aquele que está em repouso em relação à Terra, ou
que está em movimento retilíneo uniforme, em relação a um ponto fixo na superfície da Terra.

⇒ Referencial não-inercial: Sistema de referência acelerado em relação a um ponto fixo na super-


fície da Terra.

Sendo assim, todo e qualquer movimento é relativo: vai depender das condições do observador.
Considere o exemplo de um passageiro dentro de um trem em movimento. Para o maquinista, o
passgeiro que está sentado na sua poltrona está em repouso, para um observador parado na plataforma
da estação, este mesmo passageiro está em movimento, acompanhando o movimento do trem.
Então, a existência do movimento fica condicionada à variação da posição entre o observador e o
corpo analisado. Se a posição relativa entre o observador e o objeto analisado varia, há movimento,
se a posição permanece constante, o corpo está em repouso em relação ao observador.
Em conclusão, um corpo pode estar em movimento em relação a um dado referencial fixo na
superfície da Terra e, ao mesmo tempo, estar em repouso em relação a outro observador. O tipo de
movimento também depende das condições do referencial adotado. Um objeto pode, por exemplo,
descrever uma trajetória retilínea em relação a um dado referencial, enquanto que para um observador
em outro referencial, a trajetória pode ser curvilínea.
Um corpo pode se encontrar em três tipos de movimento:

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

1 - translação: variação da posição do centro de massa do corpo em relação a referencial;


2 - rotação: movimento giratório em torno do eixo de simetria do corpo, caracterizado pela vari-
ação de posição de um ponto da borda do corpo em relação ao referencial.
3 - oscilação: movimento em torno de uma posição de equilíbrio do corpo, caracterizado pela vari-
ação de posição do centro de massa do corpo entre um valor mínimo e um valor máximo (amplitude)
em relação ao referencial.
Na maioria das situações de movimento, podemos considerar que os corpos estudos são corpos
rígidos e podem ser considerados comopartículas. Assim, podemos negligenciar os seus possíveis
movimentos de rotação e oscilação, importando-se apenas com o movimento de translação (salvo
exceções).

Definições:

⇒ Corpo rígido: situação idealizada para corpos que não sofrem qualquer tipo de deformação
permanente (plasticidade) ou temporária (elasticidade).

⇒ Partícula: é considerada como partícula qualquer corpo cujas dimensões possam ser desprezíveis
em relação à trajetória do seu movimento. Um corpo só pode ser considerado uma partícula se
todas as suas partes se movem com a mesma velocidade e aceleração, na mesma direção e no
mesmo sentido, descrevendo a mesma trajetória. Ou seja, se o objeto como um topo se move
junto com o seu centro de massa, realizando o mesmo movimento.

Os movimentos de translação de uma partícula podem ser unidimensionais (sobre uma reta in-
finita), bidimensionais (sobre um plano infinito) ou tridimensionais (no espaó infinito). Um movi-
mento unidimensional é necessariamente retilíneo, mas os movimentos no plano e no espaço podem
ter trajetórias curvilíneas. Por essa razão, os movimentos no plano e no espaço devem ser tratados
vetorialmente, enquanto que para o movimento unidimensional, o tratamento vetorial pode ser dis-
pensado, desde que se tenha cuidado com os sentidos do movimento: se a partícula se move para o
sentido positivo ou negativo do sistema de referência.

Movimentos unidimensionais

Movimento Retilíneo e Uniforme - MRU

Características:

1- a partícula percorre distâncias iguais em intervalos de tempos iguais.


2- a velocidade é constante, a aceleração é nula.
3- é descrito pela função linear escalar, x = x0 + v∆t,
na qual x é a posição final do corpo e x0 é a posição sua inicial, v é a sua velocidade constante e
∆t = t − t0 é o intervalo de tempo gasto para a realização do movimento.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

Velocidade média

Se fizermos ∆x = x − x0 na função acima, como sendo a diferença entre a posição final e inicial
do movimento, podemos escrever:

∆x deslocamento
vm = = .
∆t tempo gasto

Esta definição é válida para movimentos uniformes e acelerados em uma, duas ou três dimensões.
para movimentos em uma dimensão, sobre uma linha reta, o deslocamento é igual à trajetória (dis-
tância percorrida). Porém, para movimentos no plano ou no espaço, o deslocamento é diferente da
trajetória, então há uma diferença entre os conceitos de velocidade e velocidade média para movi-
mentos com velocidade variável.
No MRU, a velocidade é sempre constante, então v = vm . Note que a velociade média é definida
pela razão entre duas variações, ou seja: a velocidade média é a taxa de variação da posição em
relação ao tempo. Então, a posição e o tempo são grandezas ditas taxas relacionadas, com o tempo
sendo a variável independente e a posição, a variável dependente. Então: x = f (t), o que significa
que, quando uma partícula está em movimento em relação a um dado referencial, a variação temporal
provoca uma variação na posição da partícula. No MRU está variação é proporcionalmente linear.
Considere uma partícula se movendo do ponto A para o
ponto B, segundo a figura ao lado. Trata-se de um MRU, pois
o gráfixo x × t é linear. O coeficiente angular desta reta,

cateto oposto x − x0 ∆x
tgθ = = = = vm .
cateto adjacente t − t0 ∆t

A partir desta interpretação geométrica,podemos chegar ao


conceito de velocidade instantânea, vi , que é o valor da veloci-
dade em cada instante de tempo t. Para determinar a velocidade
num determinado instante de tempo, devemos colocar o ponto
B o mais próximo possível do ponto A. Por consequência, o valr de t estará tão próximo de t0 que
∆t → 0. Este é o conceito de limite. Então:

x − x0 ∆x
vi = lim vm = lim = lim ,
t→t0 t→t0 t − t0 ∆t→0 ∆t

∆x
vi = lim = derivada de x em relação a t, então:
∆t→0 ∆t

dx
vi = ,
dt
lê-se derivada de x em relação a t.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

Regras de derivação:

d(xn )
(3.1) = nxn−1 ,
dt

d(un )
!
du
(3.2) = (nun−1 ), u = u(x),
dt dt
!
d(cos u) du
(3.3) = (− sin u), u = u(x),
dt dt
!
d(sin u) du
(3.4) = (cos u), u = u(x),
dt dt

d(xn ± xm )
(3.5) = nxn−1 ± mxm−1 ,
dt

d(un ± wm )
! !
du dw
(3.6) = nun−1 ± mwm−1 .
dt dt dt

Exemplos:

1 - Você dirige seu carro a 88 km/h. Que distância você percorre duranto o segundo em que você
se distrai olhando um acidente à margem da estrada?

2 - uma partícula se move segundo a função x = 4 + 5t. Responda:

a. qual é a posição inicial da partícula?

b. qual é a velocidade da partícula?

c. este é um MRU? Explique:

3 - Com base na tabela, responda:

x(m) 0 15 30 45 60 75 90
t(s) 0 3 6 9 12 15 18

a. o movimento é uniforme? explique!

b. qual é o valor da veocidade?

c. faça o gráfico x × t.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

Movimento Retilíneo e Uniformemente Variado - MRUV

Características:

1- a velocidade varia.
2- a aceleração é diferente de zero.
3- o movimento é descrito pela função quadrática x = x0 + v0 ∆t + a2m ∆t,
na qual v0 é a velocidade inicial do movimento e am é a sua aceleração média.
4- como a aceleração é constante no MRUV, a velocidade varia proporcionalmente linear com o
tempo: em intervalos de tempos iguais, a velocidade sofre o mesmo acréscimo. Então o gráfico v × t
é uma reta.
5- a dependência da posição como tempo é quadrática quando a =constante. Então, neste caso, o
gráfico x × t é uma parábola.
6- a velocidade, quando a =constante é dada pela função v = v0 + a∆t. Então:

∆v
am = .
∆t

dv d2 x
ai = = 2,
dt dt
lê-se derivada de v em relação a t e derivada segunda de x em relação a t, que é uma derivada de
segunda ordem: derivada da derivada de x em relação a t.

O conceito de aceleração média é válido para qualquer tipo de movmento, com aceleração cons-
tante ou variável. Para o MRUV, a aceleração é sempre a mesma, portanto: ai = am = a para
qualquer instante de tempo. Então, para este tipo de movimento, a aceleração não depende do tempo.
Em movimentos acelerados com aceleração variável, a aceleração depende do tmepo. As funções
acima deixam de ser válidas, permanecendo somente a definição de acleração média.

Queda Livre

É um caso particular de MRUV, no qual a aceleração é dada pela aceleração da gravidade,


g = 9, 8 m/s2 ao nível do mar. O movimento é vertical em relação à superfície da Terra, desde
que os efeitos da resistência do arsejam desprezíveis.

Exemplos:

1 - Uma partícula se move segundo a função x = 4 + 5∆t + 6(∆t)2 . Responda:

a. qual é a posição inicial da partícula?

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Prof. Beatriz Bronislava Lipinski Física Geral I - Notas de Aula
Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

b. qual é a velocidade inicial da partícula?

c. qual é a aceleração da partícula?

d. determine a função v(t) da partícula

2 - Uma partícula s emove segundo a função x = 4t + 6t2 + 2t3 . Escreva as funções v(t) e a(t).
Este é um MRUV? Explique!

Exercícios Avaliativos 2
1 - Deduza a função de Torricelli. Especifique as condições em que ela pode ser utilizada. Justi-
fique!

2 - O velocímetro de um carro mede a velocidade média ou a velocidade instantânea no carro?


Explique!

3 - Um elétron com velocidade de 1, 5×105 m/s entra numa região com 1, 2/cm de comprimento,
onde é eletricamente acelerado e, emerge desta região com velocidade de 5, 8 × 106 m/s. Qual foi
a sua aceleração? A título de curiosidade: este é o processo que ocorre nos canhões de elétrons dos
tubos catódicos, utilizados em receptores de televisão e terminais de vídeo.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

Prática de Laboratório 2
MRU e MRUV
Primeira parte: MRU

Material utilizado:

Conjunto Bosak/MMECL para o estudo de movimento retilíneo uniforme.


- 5 sensores de tempo, posicionados estrategicamente sobre uma régua graduada em cm.
- cronômetro digital Muccillo, com capacidade para medir quatro intervalos de tempo.
- fonte de alimentação Sissa 6/12 VCC5.
- gerador de fluxo de ar Delapieve.

Montagem:

Faça um desenho esquemático detalhado do kit experimental montado.

Procedimento:

Siga passo-a-passo:
1 - Retire os carros do trilho.
2 - Ligue cronômetro digital.
3 - Verifique se os sensores estão todos ligados.
4 - Zere os cronômetros.
5 - Ligue a bomba de ar.
6 - Coloque um carro na extremidade inicial da régua.
7 - Simultaneamente, imponha uma pequena força sobre o carro o cronômetro.
8 - Anote os quatro intervalos de tempo dos cronômetros e as posições dos seus respectivos sensores,
completando a tabela abaixo:

Fundamentação teórica:

Faça uma breve pesquisa sobre o movimento retilíneo uniforme, incluindo o seu equacionamento
matemático.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

Análise dos dados:

Faça todos os itens:


1 - Faça o gráfico x(cm) × t(s).
2 - Utilizando os dados coletados, armazenados na tabela acima, calcule os valores de velocidade para
cada um dos quatro pontos e faça o gráfico v(cm/s) × t(s). Depois encontre o seu valor médio!
3 - Calcule o coeficiente angular da reta x(cm) × t(s). Qual é o seu significado físico?

Discussão:

A resposta para todos estes itens devem estar no seu texto!


1 - O que é um corpo rígido? E uma partícula? O carro utilizado no experimento pode ser considerado
como um corpo rígido? E como uma partícula?
2 - Qual é o significado físico do coeficiente angular da reta x(cm) × t(s)?
3 - Compare o valor obtido para o coeficiente angular da x(cm) × t(s) com o valor de vm obtido a
partir da tabela. Qual foi o erro relativo entre os dois valores?
4 - Explique possíveis as causas deste erro relativo.

Conclusões:

Cuidado com o que se coloca neste item. As conclusões são sobre o experimento e seus resulta-
dos, nada tem a ver com a contribuição para o seu crescimento acadêmico ou pessoal!
1 - Escreva as suas conclusões relativas a este experimento.
2 - Classifique o experimento como satisfatório ou insatisfatório, segundo as suas conclusões. Justi-
fique! Caso o experimento seja considerado insatisfatório, aponte as causas e sugira ações que possam
melhorar os resultados obtidos.

Referências Bibliográficas:

Segunda parte: MRUV - Queda livre

Material utilizado:

Conjunto Bosak/MMECL para o estudo de movimento de queda livre.


- 5 sensores de tempo, posicionados estrategicamente sobre uma régua graduada em cm.
- bobina magnética para sustentação inicial e disparo da esfera de metal.
- cronômetro digital Muccillo, com capacidade para medir quatro intervalos de tempo.
- fonte de alimentação Sissa 6/12 VCC5.
- circuito de abertura e fechamento automático da bobina magnética.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

Montagem:

Faça um desenho esquemático detalhado do kit experimental montado.

Procedimento:

Siga passo-a-passo:
1 - Ligue a fonte de alimentação em 6V .
2 - Ligue cronômetro digital.
3 - Verifique se os sensores estão todos ligados.
4 - Zere os cronômetros.
5 - Encoste a esfera de metal no suporte da bobina magnética.
6 - Pressione a chave do circuito abre/fecha da bobina magnética para baixo ou para cima. A esfera
ficará presa ao suporte da bobina através de um campo magnético.
7 - Simultaneamente, solte a chave do circuito abre/fecha da bobina magnética e dispare o cronômetro.
8 - Anote os quatro intervalos de tempo dos cronômetros e as posições dos seus respectivos sensores,
completando a tabela abaixo:

Fundamentação teórica:

Faça uma breve pesquisa sobre o movimento de queda livre, incluindo o seu equacionamento
matemático.

Análise dos dados:

Faça todos os itens:


1 - Faça o gráfico y(cm) × t(s) e linearize-o. Dica: eleve o tempo ao quadrado!
2 - Utilizando os dados coletados, armazenados na tabela acima, calcule os valores de velocidade para
cada um dos quatro pontos e faça o gráfico v(cm/s) × t(s). Utilize o valor de g = 978, 76 cm/s2 .
3 - Calcule o coeficiente angular da reta y(cm) × t2 (s2 ).

Discussão:

A resposta para todos estes itens devem estar no seu texto!


1 - O que é um corpo rígido? E um partícula? A esfera utilizada no experimento pode ser considerada

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 3: Cinemática escalar

como um corpo rígido? E como uma partícula?


2 - Quais os tipos de movimentos envolvidos no experimento?
3 - Qual é o significado físico do coeficiente angular da reta y(cm) × t2 (s2 )
4 - Compare o valor obtido para o coeficiente angular da reta y(cm) × t2 (s2 ) com o valor de g local
(g = 978, 76 cm/s2 ). Qual foi o erro relativo entre o experimento e o valor real?
5 - Explique possíveis as causas deste erro relativo.

Conclusões:

Cuidado com o que se coloca neste item. As conclusões são sobre o experimento e seus resulta-
dos, nada tem a ver com a contribuição para o seu crescimento acadêmico ou pessoal!
1 - Escreva as suas conclusões relativas a este experimento.
2 - Classifique o experimento como satisfatório ou insatisfatório, segundo as suas conclusões. Justi-
fique! Caso o experimento seja considerado insatisfatório, aponte as causas e sugira ações que possam
melhorar os resultados obtidos.

Referências Bibliográficas:

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Capítulo 4

Cinemática vetorial

Todo movimento deve ser analisado em relação a um dado referencial. Em geral, utilizamos
referenciais cartesianos de duas dimensões, se o movimento for no plano ou de três dimensões, se
o movimento for no espaço. As grandezas físicas envolvidas na análise de movimentos são veto-
riais. Quando o movimento acontece em uma dimensão, podemos desprezar o tratamento vetorial,
como fizemos no capítulo anterior. Porém, para movimentos que acontecem no plano ou no espaço,
é necessário avaliar as direções e sentidos das grandezas físicas que caracterizam o movimento. É
necessário aplicar o tratamento vetorial.

Vetores:

Vetores são entes geométricos, utilizados na Física para caracterizar quaisquer grandezas que
necessitam de direção e sentido para ficarem bem caracterizada: as grandezas físicas vetoriais, como
força, velocidade e aceleração. Assim, uma grandeza vetorial só fica completamente caracterizada
se conhecermos o seu módulo, a sua direção e o seu sentido, sendo as duas últimas características,
tomadas em relação a um referencial. Aqui, utilizaremos como referencial, sistemas de coordenadas
cartesianas de duas e três dimensões.
A representação geométrica de um vetor é feita através de um segmento de reta orientado, que
liga dois pontos: onde ele inicia, dito origem do vetor e onde ele termina, dito extremidade do vetor.

Definição: O vetor no plano:

Um vetor no plano tem duas coordenadas, que representam a sua projeção sobre os eixos co-
ordenados, x e y. Na figura abaixo, as coordenadas do vetor ~v , com origem no ponto A(ax , ay ) e
extremidade no ponto B(bx , by ), são (bx − ax ) na direção x e (by − ay ) na direção y. A direção e o
sentido do vetor ~v são dados pelo ângulo θ, que indica o quadrante para onde o vetor ~v se encontra e
aponta. O módulo de ~v , denotado por |~v | = v, vale a distância do segmento de reta que liga os pontos
A e B:

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

q
|~v | = v = (bx − ax )2 + (by − ay )2 ,

a direção e o sentido do vetor ~v são dados por:

by − ay
tan θ = .
b x − ax

Um vetor pode ser transladado para qualquer outra região do plano, desde que mantidos a sua
direção, o seu sentido e o seu módulo. Assim, podemos colocar o vetor ~v na origem do sistema de
coordenadas, de forma que a origem de ~v coincida com a origem do sistema, como mostra a figura
abaixo:

Nesta situação, o módulo, a direção e o sentido de ~v são dados por:


q vy
|~v | = v = vx2 + vy2 e tan θ = .
vx

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Definição: Versores e base ortonormal:

O versor de um vetor ~v , denotado por v̂, é um vetor unitário, ou seja: de módulo 1, que indica a
direção de ~v . Assim:

~v
v̂ = .
|~v |

Versores ortogonais formam uma base ortonormal: con-


junto de vetores normalizados (de módulo 1) que são ortogonais
entre si. Se colocarmos versores nas direções x e y do sistema
de coordenadas bidimensional, estes serão versores ortogonais
entre si e formam a base ortonormal, que transforma o sistema
de coordenadas cartesianas bidimensional em um espaço veto-
rial cartesiano de duas dimensões. Assim, qualquer vetor neste
espçao pode ser escrito como uma soma vetorial de dois vetores
nas direções x e y. Chamamos a estes versores de î na direção
do eixo x e ĵ na direção do eixo y, como mostra a figura ao lado.

Definição: Soma vetorial:

~
Vetores podem ser somados de duas formas: geométrica e algebricamente. Considere o vetor A,
~ cujas coordenadas são bx na
cujas coordenadas são ax na direção x e ay na direção y e o vetor B,
direção x e by na direção y, como mostra a figura (a) abaixo.

~ pode ser obtido algebricamente, somando as componentes de A


O vetor soma, S, ~eB
~ nas duas
direções:

~=A
S ~+B
~ = [(ax + bx ), (ay + by )] = (sx , sy ) .

A soma geométrica é mostrada na figura (b), na qual foi utilizada a regra do polígono. Na figura
(c), está a mesma soma geométrica, utilizando a regra do paralelograma.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

A regra do polígono pode ser utilizada para somar geometricamente muitos vetores de uma só vez.
Consiste em colocar a origem do segundo vetor na extremidade do primeiro, a origem do terceiro na
extremidade do segundo e assim por diante. O vetor soma é o vetor fecha o polígono, com origem na
origem do primeiro e extremidade na extremidade do último vetor somado. Faça um exemplo com o
professor!

A regra do paralelograma soma somente dois vetores. Consiste em construir um paralelograma,


utilizando segmentos de retas orientados paralelaos aos vetores somados, mantendo-se os módulos e
sentidos. O vetor soma é a diagonal do paralelograma que liga o encontro das origens ao encontro
das extremidades dos dois vetores somados. Faça um exemplo com o professor!

Definição: Multiplicação de vetor por escalar:

Qualquer vetor ~v pode ser multiplicado por um escalar (um número real), k. A direção e o sentido
do vetor são mantidos, mas o módulo de ~v fica k vezes maior, se k > 1 ou k vezes menor se 0 < k < 1.
Se k < 0, o sentido do vetor fica invertido. Faça um exemplo com o professor!

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Prof. Beatriz Bronislava Lipinski Física Geral I - Notas de Aula
Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Conhecidas as formas de somar vetores e de multiplicar ve-


tores por escalares e conhecida a base ortonormal (î, ĵ), que
determina as direções x e y do espaço vetorial bidimensional,
podemos escrever qualquer vetor ~v neste espaço como a soma
de dois vetores: um na direção x, vx î e outro vy î, como mostra
a figura ao lado. Então:
~v = vx î + vy ĵ ,

na qual vx é dito componente de ~v na direção x, vy é dito componente de ~v na direção y e θ é dito


ângulo diretor de ~v e são dados por:

vx = v cos θ ,

vy = v sin θ ,
vy
tan θ =
vx
q
v = |~v | = vx2 + vy2 .

Definição: Vetor oposto:

O vetor oposto ao vetor ~v = vx î + vy ĵ é o vetor −~v = −(vx î + vy ĵ) = −vx î − vy ĵ. Geometrica-
mente, o vetor oposto, −~v , tem sentido oposto ao sentido de ~v , como mostra a figura.

Definição: Subtração de vetores:

A subtração de vetores nada mais é que a soma de um vetor com o oposto do outro. Considere os
~ = ax î + ay ĵ e B
vetores A ~ = bx î + by ĵ:

~−B
A ~ =A
~ + (−B)
~ = [(ax î + ay ĵ) + (−bx î − by ĵ)] = [(ax − bx )î + (ay − by )ĵ] .

Para fazer a subtração geométrica pode-se utilizar tanto a regra do paralelograma como a regra do
polígono. Faça exemplos com o professor!

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Prof. Beatriz Bronislava Lipinski Física Geral I - Notas de Aula
Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Definição: Multiplicação entre vetores:

Produto escalar ou interno:

~ = ax î + ay ĵ e B
O produto escalar ou interno entre dois vetores A ~ = bx î + by ĵ, que formam um
ângulo α entre si, é definido como:

~·B
A ~ = AB cos α ,

~·B
A ~ = ax b x + ay b y .

Importante: O resultado de um produto escalar ou interno é um escalar (um número real).

Definição: O vetor no espaço:

O espaço vetorial tridimensional é representado por um sistema de coordenadas cartesianas tridi-


mensional, como mostra a figura. A base ortonormal para um espaço vetorial tridimensional é dado
pelos versores î, ĵ e k̂, que definem a orientação dos eixos x, y e z.

O módulo de ~v é dado por:


q
|~v | = v = vx2 + vy2 + vz2 .

A soma, a multiplicação por um escalar K, o vetor oposto, a subtração e o produto interno entre
dois vetores no espaço, A~ = ax î + ay ĵ + az k̂ e B
~ = bx î + by ĵ + bz k̂, que formam um ângulo α entre
si, são dados por:

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

~+B
A ~ = (ax + bx )î + (ay + by )ĵ + (az + bz )k̂ ,

~ = K(ax î + ay ĵ + az k̂) = Kax î + Kay ĵ + Kaz k̂ ,


KA
~ = −(bx î + by ĵ + bz k̂) = −bx î − by ĵ − bz k̂ ,
−B
~−B
A ~ =A
~ + (−B)
~ = (ax − bx )î + (ay − by )ĵ + (az − bz )k̂ ,

~·B
A ~ = AB cos α ,

~·B
A ~ = ax bx + ay by + az bz sendo:
q q
~ =
A = |A| a2x + a2y + a2z ~ =
e B = |B| b2x + b2y + b2z os módulos de ~
A ~
e B.

Produto vetorial ou externo:

~ = ax î + ay ĵ + az k̂ e B
O produto vetorial ou externo entre dois vetores A ~ = bx î + by ĵ + bz k̂, que
formam um ângulo α entre si, é definido como:

~ × B|
|A ~ = AB sin α ,

î ĵ k̂
~×B
A ~ = ax ay az
bx by bz

Importante: O resultado de um produto vetorial ou externo é um vetor ortogonal ao plano definido


~ e B,
pelos vetores A ~ como mostra a figura.

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Observações:

~·B
1) A ~ =B
~ · A,
~ mas A
~×B
~ = −B
~ × A.
~

~+B
2) A ~ =B
~ + A,
~ mas A
~−B
~ = −(B
~ − A).
~

~ · B)
3) K(A ~ = KA
~ · B.
~

~ + B)
4) K(A ~ = KA
~ + K B.
~

5) î · î = ĵ · ĵ = k̂ · k̂ = 1.

6) î · ĵ = ĵ · k̂ = k̂ · î = 0.

î × ĵ = k̂ mas ĵ × î = −k̂
7) ĵ × k̂ = î mas k̂ × ĵ = −î.
k̂ × î = ĵ mas î × k̂ = −ĵ

8) î × î = ĵ × ĵ = k̂ × k̂ = 0.

Exercícios:
1) Dados os vetores ~u = 5î − 2ĵ + 3k̂ e ~v = −2î + 4ĵ − 6k̂, encontre:

a) ~u + ~v

b) ~u − ~v

c) ~v − ~u

d) 4~u + 2~v

e) |~u|

f) |~v |

g) ~u · ~v

h) θ entre ~u e ~v

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i) |~u × ~v |

j) ~u × ~v

l) ~v × ~u

m) û

n) v̂

2) Dados os vetores abaixo, faça as somas geoméricas:

~+B
a) A ~ +C
~ +D
~

~−B
b) A ~ +C
~ +D
~

~+B
c) A ~ −C
~ +D
~

~+B
d) A ~ +C
~ −D
~

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

O movimento no plano:

Definição: Vetor posição

Considere o sistema de coordenadas cartesianas bidimensional, com origem no ponto O, e um


ponto P1 , representando a posição de um ponto material em movimento no plano, no instante t1 .
Então no instante t1 , o móvel ocupa a posição P1 no plano xy. O vetor posição do móvel neste
instante é escrito como ~r1 = x1 î + y1 ĵ, na qual î é o versor na direção x e ĵ é o versor na direção y.
Geometricamente, o vetor posição ~r é o segmento de reta orientado que liga a origem o sistema de

coordenadas ao ponto P1 . O módulo do vetor posição ~r1 é dado por |~r1 | = x2 + y 2 .

Se o móvel está em movimento sobre o plano xy, a cada instante de tempo ele ocupará uma
posição diferente e o vetor posição mudará. Por exemplo, para o instante t2 , o móvel ocupa a posição
do ponto P2 , como mostra a figura. Assim, o plano xy pode ser definido como o espaço vetorial de
todas as posições ocupadas pelo móvel a cada instante de tempo. Portanto, o plano xy é dito espaço
de fase do movimento e descreve a própria trajetória do móvel. Perceba que, enquanto o tempo passa,
tanto a posição sobre o eixo x quanto a posição sobre o eixo y variam. Portanto, tanto x quanto y são
funções do tempo e podem ser escritas como: x = f1 (t) e y = f2 (t). Assim, o vetor posição para
qualquer instante de tempo pode ser escrito como ~r = f1 (t)î + f2 (t)ĵ.

Definição: Movimento retilíneo no plano

Um movimento é dito retilíneo quando sua trajetória é uma reta. Ou seja: x e y devem variar com
o tempo na mesma proporção. Se x = f1 (t) e y = f2 (t) forem funções polinomiais, elas devem ter o
mesmo grau para que a trajetória seja retilínea. Para desenhar a trajetória de um móvel em movimento
no plano, basta encontrar a relação entre as suas coordenadas x e y.

Ilustração: Um objeto se move no plano segundo o vetor ~r = (2t2 + 1)î + (t2 − 1)ĵ. Desenhe
a sua trajetória no plano xy.

Solução: basta comparar o vetor posição dado com o vetor posição geral: ~r = xî + y ĵ comparada
com ~r = (2t2 + 1)î + (t2 − 1)ĵ, temos: x = 2t2 + 1 e y = t2 − 1. Eliminando o parâmetro t nestas
equações, temos: t2 = x−12
e t2 = y + 1. Então: x−1
2
= y + 1, isolando y, temos: y = x−32
. Fazendo

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

o gráfico desta função, obtemos o gráfico da figura:

Definição: Vetor deslocamento

A diferença de caminho em linha reta entre dois pon-


tos da trajetória é chamada de deslocamento. O vetor
deslocamento é dado pelo segmento de reta orientado que
liga os dois pontos. Na figura, dados os pontos P1 e P2 ,
com seus respectivos vetores posição, ~r1 e ~r2 , o vetor
deslocamento, ∆~r é dados por ∆~r = ~r2 − ~r1 . Como
~r1 = x1 î + y1 ĵ e ~r2 = x2 î + y2 ĵ, o vetor deslocamento
tem coordenadas ∆~r = (x q2
− x1 )î + (y2 − y1 )ĵ, cujo mó-
dulo é dado por |∆~r| = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2 .

Ilustração: Um móvel passa pelo ponto P1 (3, −4) no instante de tempo t1 . No instante de tempo
t2 ele ocupa a posição P2 (−2, 5). Determine o deslocamento ocorrido neste intervalo de tempo e o
vetor velocidade desde P1 até P2 .

Solução: Escrevemos os vetores posição ~r1 = 3î−4ĵ e ~r2 = −2î+5ĵ, então: ∆~r = ~r2 −~r1 : ∆~r =
(−2 − q3)î + (5 + 4). Portanto: ∆~r = −5î + 9ĵ. O deslocamento é dado por

|∆~r| = (−5)2 + (9)2 = 106 u.c.

Definição: Vetor velocidade média

É dado pela razão entre o vetor deslocamento entre dois pontos da trajetória e o intervalo de tempo
gasto para executar este movimento: ~vm = ∆~ r
∆t
, sendo ∆t = t2 − t1 .

Definição: Vetor velocidade instantânea

∆~
r
É dado pelo limite do vetor velocidade média quando ∆t → 0 : ~v = lim∆t→0 ∆t
. Este limite

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

d~
r
representa a derivada primeira do vetor posição em relação ao tempo: ~v = dt
.

Definição: Vetor aceleração média

É dado pela razão entre o vetor velocidade entre dois instantes de tempo e o intervalo de tempo
gasto para executar esta variação: ~am = ∆~
v
∆t
.

Definição: Vetor aceleração instantânea

É dado pelo limite do vetor aceleração média quando ∆t → 0 : ~a = lim∆t→0 ∆~ v


∆t
, sendo
∆v = v2 − v1 . Este limite representa a derivada primeira do vetor velocidade em relação ao tempo:
~a = d~v
dt
. Como ~v = d~r
dt
, a aceleração instantânea é dada pela segunda derivada do vetor posição em
2
relação ao tempo: ~a = ddt2~r .

Definição: Vetores velocidade e aceleração em coordenadas cartesianas

Se o vetor posição de um movimento no plano for dado pelo vetor ~r = xî + y ĵ:

dx dy
~v = î + ĵ, sendo ~v = vx î + vy ĵ,
dt dt
dvx dvy
~a = î + ĵ, sendo ~a = ax î + ay ĵ,
dt dt
d2 x d2 y
~a = î + ĵ.
dt2 dt2

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Ilustrações:

1) A posição de uma bola arremessada é dada por ~r = (1, 5 + 12t)î + (16t − 4, 9t2 )ĵ. Determine
o vetor velocidade e o vetor aceleração para qualquer instante de tempo t. Faça o esboço da trajetória
da bola e dos gráficos r × t, v × t e a × t.

2) Um carro avança para o leste com velocidade de 60 km/h. Após 5 s faz uma curva e passa a
avançar para o norte, ainda com velocidade de 60 km/h. Encontre a aceleração média do carro!

3) As coordenadas de uma partícula que se move no plano xy são dadas por x = 1 + 2t2 e
y = 2t + 1t3 . Encontre o vetor posição, o vetor velocidade e o vetor aceleração da partícula para o
instante de tempo t = 2 s.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Definição: Movimento de projéteis

O movimento de projéteis está dividido em dois: o movimento parabólico e o movimento oblíquo.


O movimento parabólico pode ser visualizado pelo evento físico de uma bola rolando sobre uma
mesa plana, com velocidade constante. Ao abandonar a mesa, a bola continua a se movimentar na
horizontal, por efeito de inércia, porém, neste momento ela também passa a estar sujeita à ação da
gravidade. O resultado da composição destes movimentos é uma trajetória parabólica, pois há uma
velocidade constante na horizontal e uma aceleração constante (a aceleração da gravidade) na vertical.
Os movimentos são independentes e podem ser tratados separadamente: uma queda livre na vertical
e um movimento retilíneo e uniforme na horizontal. Veja a figura

No gráfico da figura, o eixo y está invertido porque a aceleração da gravidade está para baixo.
Complete a figura segundo as explicações em sala de aula.
A velocidade inicial ~v0 , no momento em que a bola abandona a mesa, está na horizontal. Por-
tanto: ~v0 = v0x î + v0y ĵ, sendo v0x = v0 e v0y = 0. Então: ~v0 = v0x î. À medida que a aceleração da
gravidade começa a agir sobre a bola, o vetor velocidade resultante começa a mudar a sua direção,
descrevendo um ângulo θ com a horizontal. Por geometria básica: vx = v0x e vy = v0 senθ. Assim, o
vetor velocidade em qualquer instante de tempo fica escrito por: ~v = vx î+vy ĵ ou ~v = v0x î+v0 senθĵ.

Análise na direção horizontal:

Nesta direção, o movimento é retilíneo e uniforme, portanto é descrito pela equação:


x = x0 + v0x t. Se colocarmos a origem do sistema de referência na borda da mesa: x = v0 t.

Análise na direção vertical:

Nesta direção, o movimento é retilíneo uniformemente variado. A aceleração é a aceleração da


gravidade g ≈ 10 m/s2 . O movimento é descrito pela equação: y = y0 + v0y t + g2 t2 . Se colocarmos
a origem do sistema de referência na borda da mesa: y0 = 0 e, já sabemos que v0y = 0. Portanto:
y = g2 t2 , vy = gt e vy2 = 2gy.

O movimento oblíquo pode ser visualizado pelo evento físico de um tiro de meta. A bola sobre o
chão recebe a ação de uma força externa que faz um ângulo θ com a horizontal. Portanto, a velocidade

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

inicial v0 faz um ângulo θ com a horizontal. Este movimento também é uma composição de um
movimento retilíneo uniforme na horizontal e um lançamento vertical, seguido de uma queda livre na
vertical. O resultado da composição destes movimentos é uma trajetória parabólica completa, pois
há uma velocidade constante na horizontal e uma aceleração constante (a aceleração da gravidade)
na vertical. Os movimentos são independentes e podem ser tratados separadamente. Veja a figura
(complete-a figura segundo as explicações em sala de aula).

A velocidade inicial ~v0 é dada pelo vetor ~v0 = v0x î + v0y ĵ, sendo v0x = v0 cosθ e v0y = v0 senθ0 .
Análise na direção horizontal:

Nesta direção, o movimento é retilíneo e uniforme, portanto é descrito pela equação:


x = x0 + v0x t. Se colocarmos a origem do sistema de referência no ponto de lançamento da bola:
x = v0x t ou x = v0 cosθ t.

Análise na direção vertical:

Nesta direção, o movimento é retilíneo uniformemente variado. A aceleração é a aceleração da


gravidade g ≈ 10 m/s2 . O movimento é descrito pela equação: y = y0 + v0y t − g2 t2 . Se colocarmos
a origem do sistema de referência no ponto de lançamento da bola: y0 = 0, portanto: y = v0y t − g2 t2 ,
ou: y = v0 senθ t − g2 t2 , vy = v0 senθ − gt e vy2 = v02 sen2 θ − 2gy.
q
O vetor velocidade ~v é sempre tangente à trajetória e o seu módulo vale |~v | = vx2 + vy2 .

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Definição: Movimento circular uniforme

Este movimento é dito circular porque a sua trajetória é uma circunferência ou um arco de circun-
ferência, e é dito uniforme porque a sua velocidade escalar é constante. Neste ponto, devemos atentar
para a definição mais geral de aceleração: já sabemos que aceleração é a grandeza física responsável
pela variação da velocidade de uma partícula. Porém, temos a tendência de relacionar a vriação de
velocidade apenas com a variação do seu módulo, o que não é verdade. A velocidade é uma grandeza
vetorial, portanto possui três caracterísitcas: módulo, direção e sentido. Uma velocidade só pode ser
considerada constante quando as suas três caracterísitcas permanecem inalteradas. Então, é possível
existir um movimento no qual o módulo da velocidade permanece constante, poré, a sua direção ou
o seu sentido possam variar. Mesmo neste caso, a grandeza física que causa esta variação vetorial
continua sendo a aceleração. O movimento circular uniforme é o melhor exemplo destes tipos de
movimento. Aqui, o módulo da velocidade é sempre o mesmo, porém a sua direção e sentido estão
sempre variando, devido à presença de uma aceleração, a qual provoca estas mudanças de direção e
sentido ⇒ aceleração centrípeta, ~ac , que mantém a partícula na sua trajetória circular.

O vetor velocidade em qualquer movimento é sempre tangencial à sua trajetória e o vetor acelera-
ção, para movimentos curvilíneos, é sempre normal à trajetória, com sentido para dentro do centro de
curvatura. No movimento circular uniforme, a trajetória é uma circunferência, portanto a aceleração
centrípeta está sempre normal à circunferência e apontando para o seu centro (“centrípeta” significa
“o que busca o centro”).

Módulo de ~ac :

Observe as figuras abaixo. Nelas podemos concluir que a velocidade ~v é dada por duas compo-
nentes: ~v = vx î − vy ĵ, com vx = −v sin θ e vy = v cos θ.

Então: ~v = −v sin θî + v cos θĵ. Se analisarmos o vetor posição ~r, podemos observar que
~r = xp î + yp ĵ e que, xp = r cos θ e yp = r sin θ, então: sin θ = yrp e cos θ = xrp . Substituindo
   
no vetor velocidade, temos: ~v = −v yrp î + v xrp ĵ. Para encontrarmos o vetor aceleração devemos

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial
   
pegar a primeira derivada do vetor velocidade. Então: ~ac = dv
dt
= − vr dydtp î + vr dx
dt
p
ĵ. Observe que
dyp dxp
dt
= vy = v cos θ e que dt = vx = −v sin θ.
 2   2 
Substituindo, temos: ~ac = − vr cos θ î + − vr sin θ ĵ. O módulo desta aceleração é dado pela
raiz quadrada da soma do quadrado de suas componentes:
v
u !2 !2
u v2 v2
|~ac | = t
− cos θ + − sin θ ,
r r
v
u !2
u v2
|~ac | = t
− (cos2 θ + sin2 θ),
r
v !
v4
u
u
|~ac | = t (1),
r2

v2
.
ac =
r
O tempo que a partícula dela para dar uma volta completa sobre a circunferência é dito período, e
pode ser calculado pela equação horária do movimento: ∆x = vT , sendo ∆x = 2πr o comprimento
da circunferência. Portanto: T = 2πr
v
. É ainda possível definir a frequência (fr ) do movimento, que
v
é o número de voltas por unidade de tempo, ou seja: o inverso do período: fr = 2πr .

Ilustrações:

1) Um carro está com velocidade constante de 72 km/h quando entre numa meia circunferência
de raio de curvatura é 12 km. Determine a sua aceleração e o tempo que ele leva para percorrer a
curva.

2) Num carrossel, os passageiros giram sobre uma órbita circular de 5 m de raio, fazendo uma
volta completa em 4 s. Determine a aceleração do brinquedo.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Definição: Movimentos no espaço

Considere uma partícula movendo-se no espaço. Então a sua posição varia em três dimensões e o
seu vetor posição pode ser escrito como ~r = xî + y ĵ + z k̂, com x = x(t), y = y(t) e z = z(t).
As grandezas envolvidas nos movimentos no espaço são definidas da mesma forma: o vetor ve-
2
locidade é dado por ~v = d~ r
dt
e o vetor aceleração é dado por ~a = d~v
dt
= ddt2~r . O vetor velocidade é
sempre tangente à trajetória real e o vetor aceleração é sempre normal à trajetória real, apontando
para o centro da trajetória curvilínea.

Os módulo dos vetores posição, velocidade e aceleração são dados por: |~r| = r = x2 + y 2 + z 2 ,
q q
|~v | = v = vx2 + vy2 + vz2 e |~a| = a = a2x + a2y + a2z .

Ilustração:

1) Uma mosca voa pela sala segundo a equação ~r = [(3t2 − 2t)î + (5t + 2)ĵ + (−3t3 )k̂] cm.
Determine:
a) os vetores velocidade e aceleração para qualquer instante de tempo;
b) os vetores posição, velocidade e aceleração para t = 2 s;
c) os módulos dos vetores posição, velocidade e aceleração para t = 2 s.

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Exercícios:
1) Uma bola é lançada horizontalmente com velocidade inicial ~v0 = 2, 45 m/s. Determine a sua
posição e a sua velocidade após 0, 25 s de movimento.

2) Um goleiro cobra o tiro de meta impondo à bola uma velocidade de 49 m/s, com um ângulo
de direção de 53o .
Responda:
a) Quem são os vetores posição e velocidade da bola após 2 s de movimento?
b) Após 2 s de movimento, qual a distância da bola ao local de onde foi cobrado o tiro de meta?
c) Qual é a velocidade escalar da bola após 2 s de movimento?
d) Qual é o intante de tempo em que a bola atinge o ponto mais alto da sua trajetória?
e) A que distância do local de cobrança a bola irá cair, se não sofrer intervenções externas?

3) Um corpo cai em queda livre a partir do repouso. Calcule a sua posição após 4 s de queda.

4) Um objeto é lançado verticalmente para cima com velocidade de 10 m/s.


Determine:
a) a altura máxima atingida pelo objeto;
b) o tempo que ele leva para atingir a altura máxima;
c) o tempo de queda.

5) As equações espaciais do movimento de um submarino ao mar são dadas por x = t3 − 4t2 + 2t,
y = t2 − 2t − 1 e z = −t − 3, dados em m.
Determine:
a) os vetores posição, velocidade e aceleração para qualquer instante de tempo;
b) os vetores posição, velocidade e aceleração para t = 4 s;
c) os módulos dos vetores posição, velocidade e aceleração para t = 4 s.

6) Dada a equação vetorial da posição em função do tempo de uma partícula se movendo no


espaço, ~r = xî + y ĵ + z k̂ com x = x(t), y = y(t) e z = z(t), como podemos identificar se a trajetória
da partícula é retilínea ou não? Justifique!!

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

Prática de Laboratório 3
Movimento parabólico
Material utilizado:
- rampa de madeira
- esfera de metal
- papel carbono e papel sulfite e fita adesiva

Montagem:
Faça um desenho esquemático detalhado do kit experimental montado.

Procedimento:
1 - Prenda o sulfite sobre a mesa, utilizando a fita adesiva. Coloque o papel carbono sobre o papel
sulfite.
2 - Lance a esfera da altura mais alta, de forma que o primeiro contato com a mesa seja sobre o papel
carbono. A marca deixada pelo carbono no papel sulfite deve ser marcada como lançamento 1.
3 - Repita pelo menso três vezes o mesmo lançamento sempre a partir da mesma altura.
4 - Cuide para que a velocidade inicial, no início do lançamento seja sempre nula.
5 - Faça a tabela abaixo:
6 - Repita os procedimentos acima para a esfera de vidro e construa uma nova tabela.

Fundamentação teórica:

Faça uma breve pesquisa sobre o movimento parabólico, incluindo o seu equacionamento matemático.

Análise dos dados:


1 - Calcule o valor médio de x para as duas esferas.
2 - Calcule o valor médio da velocidade da esfera, quando esta deixa a rampa para as duas esferas.
3 - Determine o valor médio da energia cinética das esferas.

Discussão:
1 - O que é um corpo rígido? E um partícula? A esfera utilizada no experimento pode ser considerada
como um corpo rígido? E como uma partícula?
2 - Quais os tipos de movimentos envolvidos no experimento?

50
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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 4: Cinemática vetorial

3 - Compare os valores médios obtidos para as velocidades e para as energias cinéticas das duas
esferas. Meça as massas das duas esferas! As massas das esferas influenciam no resultado do experi-
mento?

Conclusões:
1 - Escreva as suas conclusões relativas a este experimento.
2 - Classifique o experimento como satisfatório ou insatisfatório, segundo as suas conclusões. Justi-
fique! Caso o experimento seja considerado insatisfatório, aponte as causas e sugira ações que possam
melhorar os resultados obtidos.

Referências Bibliográficas:

51
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Capítulo 5

Força e Movimento - Leis de Newton

Um corpo em movimento está sempre sujeito a uma força resultante não nula? Sabemos que para
colocar um corpo em movimento é necessário aplicar força sobre ele. E para mantê-lo em movimento,
é necessário continuar aplicando uma força?
Estas perguntas só tiveram respostas plausíveis com os estudos de Isaac Newton sobre força,
movimento e suas relações: Mecânica Newtoniana. Neste capítulo vamos estudar as Leis de Newton
e estabelecer a relação entre a força, movimento e equilíbrio.

Força e Movimento

A dinâmica é a parte da mecânica que se dedica ao estudo dos movimentos levando em conta as
suas causas: as forças. O problema básico da mecânica é aquele de determinar a posição e a veloci-
dade de uma partícula, uma vez conhecidas as forças que atuam sobre ela.

Primeira Lei de Newton

Existe na natureza uma tendência de não se alterar


o estado de movimento de um objeto, isto é, um ob-
jeto em repouso tende naturalmente a permanecer em
repouso. Um objeto com velocidade constante tende
a manter a sua velocidade constante. Essa tendên-
cia natural de tudo permanecer como está é conhecida
como inércia. No caso da Mecânica, essas obser-
vações a respeito do comportamento da natureza levou
Newton a enunciar a sua famosa Lei da Inércia, que
diz:

“Qualquer corpo em movimento retilíneo e uniforme (ou


em repouso) tende a manter-se em movimento retilíneo e

52
Prof. Beatriz Bronislava Lipinski Física Geral I - Notas de Aula
Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 5: Força e Movimento - Leis de Newton

uniforme (ou em repouso).”

A inércia pode ser pensada como uma propriedade inata da matéria. Trata-se de um poder de
resistir, mediante o qual cada corpo, no que depender de si, continua no seu estado presente, seja
de repouso seja em movimento retilíneo e uniforme. O exemplo mais simples, do ponto de vista da
observação da inércia dos corpos, é aquele dos passageiros num ônibus. Quando o veículo é brecado,
os passageiros tendem a manter-se no seu estado de movimento. Por isso, as pessoas "vão para a
frente"do ônibus quando este breca. Na realidade, a mudança do estado de movimento é apenas do
ônibus. Os passageiros simplesmente tendem a manter-se como estavam. Da inércia resultam os
ferimentos em acidentes no tráfego.

Segunda Lei de Newton

A segunda Llei de Newton é a Lei Fundamental da Mecânica.


A partir dela e através de métodos matemáticos, podemos fazer
previsões (velocidade e posição, por exemplo) sobre o movimento
dos corpos. Qualquer alteração da velocidade de uma partícula é
atribuída, sempre, a um agente denominado força. Basicamente, o
que produz mudanças na velocidade são forças que agem sobre a
partícula. Como a variação de velocidade indica a existência de ace-
leração, é de se esperar que haja uma relação entre a força e a aceleração. De fato, Sir Isaac Newton
percebeu que existe uma relação muito simples entre força e aceleração, isto é, a força é sempre
diretamente proporcional à aceleração que ela provoca: F~ = m~a onde m é a massa do corpo.
Esta relação simples entre força e aceleração é conhecida como a 2ª Lei de Newton. No enunciado
da Lei de Newton, o termo tanto pode representar uma única força, como a força que resulta da soma
de um conjunto de forças, então: F~r = m~a. Esta força resultante pode estar atuando sobre um
único corpo ou sobre um sistema com vários corpos, então, m representa a massa total do sistema:
Fr = mt~a.
A força rsultante F~r pode ser decomposta componentes ao longo dos eixos x, y e z:
F~r = Fx î + Fy ĵ + Fz k̂, na qual: Fx = max , Fy = may e Fz = maz , sendo ~a = ax î + ay ĵ + az k̂.

A froma mais correta de se definir a 2ª Lei de Newton é através do conceito da variação do


momento linear, ou quantidade de movimento: p~ = m∆~v .

F~r = m~a,
∆~v
F~r = m ,
∆t
∆~p d~p
F~r = ⇒ F~r = .
∆t dt

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 5: Força e Movimento - Leis de Newton

Terceira Lei de Newton

As forças resultam da interação de um corpo com outro corpo. POrtanto é de se esperar que se um
corpo A exerce uma força sobre um corpo B (chamada de ação), A também experimente uma força
(chamada de reação) que resulta da interação com B.
Newton percebeu não só que isso acontece sempre mas, indo mais longe, especificou as principais
características das forças que resultam da interação entre dois corpos. Essa questão foi objeto da sua
terceira lei, cujo enunciado é:

“Para toda força que surgir num corpo como resultado da interação com um segundo corpo, deve
surgir nesse segundo uma outra força, chamada de reação, cuja intensidade e direção são as mesmas
da primeira mas cujo sentido é o oposto da primeira.”

Desse modo, Newton se deu conta de três características importantes das forças de interação entre
dois objetos:

Em primeiro lugar, uma força nunca aparece sozinha. Elas aparecem aos pares (uma delas é
chamada de ação e a outra, de reação). Em segundo lugar, é importante observar que cada uma
dessas duas forças atua em objetos distintos. Finalmente, essas forças (aos pares) tem a mesma mag-
nitude mas diferem uma da outra pelo sentido: elas têm sentidos opostos uma em relação à outra.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 5: Força e Movimento - Leis de Newton

Independência das leis de Newton

À primeira vista pode parecer que se pode deduzir a primeira lei a partir da segunda. Na realidade,
na ausência de forças, o movimento de uma partícula é uma trajetória retilínea e o movimento é
uniforme e isso se pode deduzir da segunda lei. O enunciado da primeira lei procura definir um
conjunto de sistemas de referência ditos inerciais. Para qualquer um desses sistemas inerciais uma
partícula, não estando sob a ação de forças, tem um movimento retilíneo e uniforme. Isso, como
veremos depois, não é válido para sistemas não-inerciais. Uma vez definidos os sistemas inerciais,
podemos estabelecer, para esses sistemas, a relação entre força e aceleração (a segunda lei). As
equações de Newton podem ser escritas em coordenadas cartesianas, sob a forma mais geral como:

dpx d2 x
Fx = =m 2,
dt dt
dpy d2 y
Fy = =m 2,
dt dt
dpz d2 z
Fz = =m 2,
dt dt
F~r = Fx î + Fy ĵ + Fz k̂.

Determinando a posição de uma partícula

O problema central da mecânica se resume àquele de encontrar as soluções das equações de New-
ton. Trata-se de resolver, para o caso de se determinar a posição como função do tempo, um conjunto
de equações diferenciais de segunda ordem no tempo. A dificuldade principal está no fato dessas
equações estarem acopladas umas às outras.

As condições iniciais

A solução completa das equações de Newton requer que informações sobre a velocidade da
partícula e sua posição sejam conhecidas em algum instante de tempo anterior ao instante de tempo
considerado. Em geral admitimos que no instante de tempo t = 0 a posição e a velocidade da partícula
são conhecidas:

 ~r(t = 0) = ~r0
 ~v (t = 0) = ~v0

Assim, do ponto de vista matemático, o problema da mecânica se reduz a encontrar as soluções


para as equações de Newton dadas as condições iniciais. Isto é, se forem conhecidas a velocidade e
a posição da partícula no passado, podemos determiná-las no futuro, uma vez conhecidas as forças
agindo sobre ela.
Quando a aceleração vetorial de um corpo é nula, dizemos que ele está em equilíbrio. Sabemos,

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porém, que se a aceleração vetorial é nula podemos ter dois casos: velocidade nula ou movimento
retilíneo uniforme. No primeiro caso (velocidade nula), dizemos que o equilíbrio é estático e no se-
gundo (M.R.U.), dizemos que o equilíbrio é dinâmico.

Onde estão as forças?

Força gravitacional:

As coisas caem porque são atraídas pela Terra. Há uma força que puxa cada objeto para baixo
e que também é responsável por manter a atmosfera sobre a Terra e também por deixar a Lua e os
satélites artificiais em órbita. É a chamada força gravitacional. Essa força representa uma interação
existente entre a Terra e os objetos que estão sobre ela.

Forças de sustentação:

Para que as coisas não caiam é preciso segurá-las. Para levar a prancha o garotão faz força para
cima. Da mesma forma, a cadeira sustenta a moça, enquanto ela toma sol. Em cada um desses casos,
há duas forças opostas: a força da gravidade, que puxa a moça e a prancha para baixo, e uma força
para cima, de sustentação, que a mão do surfista faz na prancha e a cadeira faz na moça. Em geral,
ela é conhecida como força normal.

Densidade da água (e demais líquidos):

A água também pode sustentar coisas, impedindo que elas afundem. Essa interação da água com
os objetos se dá no sentido oposto ao da gravidade e é medida através de uma força que chamamos
de empuxo hidrostático. É por isso que nos sentimos mais leves quando estamos dentro da água. O
que sustenta balões no ar também é uma força de empuxo, igual à que observamos na água.

Densidade do ar (e demais gases):

Para se segurar no ar o pássaro bate asas e consegue com que o ar exerça uma força para cima,
suficientemente grande para vencer a força da gravidade. Da mesma forma, o movimento dos aviões
e o formato especial de suas asas acaba por criar uma força de sustentação. Essas forças também po-
dem ser chamadas de empuxo. Porém, trata-se de um empuxo dinâmico, ou seja, que depende de um
movimento para existir. As forças de empuxo estático que observamos na água ou no caso de balões,
não dependem de um movimento para surgir. As formas pelas quais os objetos interagem uns com
os outros são muito variadas. A interação das asas de um pássaro com o ar, que permite o vôo, por
exemplo, é diferente da interação entre uma raquete e uma bolinha de pingue-pongue, da interação
entre uma lixa e uma parede ou entre um ímã e um alfinete.

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Forças de atrito:

A diferença de rugosidade entre superfícies sólidas oferecem forças que se opõem ao movimento:
forças de cisalhamento.

Ilustrações:

1) A figura abaixo mostra um bloco (o bloco deslizante) de massa M = 3, 3 kg . Ele se move


livremente sem atrito, sobre uma fina camada de ar na superfície horizontal de uma mesa. O bloco
deslizante está preso a uma corda que passa em volta de uma polia de massa e atritos desprezíveis
e tem, na outra extremidade, um segundo bloco (o bloco suspenso) de massa m = 2, 1 kg. O bloco
suspenso, ao cair, acelera o bloco deslizante para a direita. Determine: a) a aceleração do bloco
deslizante; b) a acelerãção do bloco suspenso; c) a tensão na corda.

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2) A figura abaixo mostra um bloco de massa m = 15 kg suspenso por três cordas. Quais as
tensões nas cordas se θ1 = 28o e θ2 = 47o ?

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3) A figura abaixo mostra um bloco de massa m = 15 kg seguro por uma corda, sobre um plano
inclinado sem atrito. Se θ = 27o . Determine: a) a tensao na corda; b) a forca e exercida pelo plano
sobre o bloco; c) a aceleração do bloco.

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4) A figura ao lado mostra dois blocos ligados por uma corda, que passa por uma polia de massa
e atritos desprezíveis. Fazendo m = 1, 3 kg e M = 2, 8 kg. Determine a tensão na corda e o módulo
da aceleração (simultânea) dos dois blocos.

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Exercícios:
1) O filósofo grego Aristóteles (384 a.C.- 322 a.C.) afirmava aos seus discípulos: “Para manter
um corpo em movimento, é necessário a ação contínua de uma força sobre ele.” Esta proposição é
verdadeira ou falsa? Justifique!

2) É correto afirmar que os planetas mantêm seus movimentos orbitais por inércia? Justifique!

3) Um homem empurra um caixote para a direita, com velocidade constante, sobre uma superfície
horizontal. Desprezando-se a resistência do ar, o diagrama que melhor representa as forças que atuam
no caixote é:

4) Uma pessoa está empurrando um caixote. A força que essa pessoa exerce sobre o caixote é
igual e contrária à força que o caixote exerce sobre ela. Com relação a essa situação assinale a alter-
nativa correta:
(a) a pessoa poderá mover o caixote porque aplica a força sobre o caixote antes de ele poder anular
essa força.
(b) a pessoa poderá mover o caixote porque as forças citadas não atuam no mesmo corpo.
(c) a pessoa poderá mover o caixote se tiver uma massa maior do que a massa do caixote.
(c) a pessoa terá grande dificuldade para mover o caixote, pois nunca consegue exercer uma força
sobre ele maior do que a força que esse caixote exerce sobre ela.

5) O vento empurra a porta de um quarto e, ao movimentá-la, faz a maçaneta descrever um movi-


mento circular uniforme. durante esse movimento, pode-se afirmar que a força resultante que atua
sobre a maçaneta:
(a) é nula
(b) é perpendicular à direção de sua velocidade.
(c) tem a mesma direção de sua velocidade, mas com sentido contrário.
(d) tem a mesma direção e sentido de sua velocidade .

6) Um corpo de massa 5 Kg, inicialmente em repouso, sofre a ação de uma força constante de
30 N . Qual a velocidade do corpo (em m/s) depois de 5 s?
(a) 5 (b) 10 (c) 25 (d) 30 (e) 42

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7) A afirmativa errada é:
(a) Uma partícula está em "equilíbrio"quando está em "repouso"ou em "movimento retilíneo uni-
forme".
(b) A resultante das forças que agem sobre uma partícula em equilíbrio é nula.
(c) Quando um corpo cai para Terra, a Terra cai para o corpo.
(d) Quando um corpo está apoiado na superfície da Terra, e portanto, em contato com ela, as forças
que a Terra exerce sobre o corpo são: uma de ação à distância (o peso do corpo) e outra de contato
(força normal)
(e) quando um homem sobre patins empurra uma parede para frente, ele adquire um movimento para
trás e a parede continua em repouso, porque a força que o homem exerce sobre a parede é menor que
a força que a parede exerce sobre o homem.

8) Considere as seguintes situações:


I. Um carro, subindo uma rua de forte declive, em movimento retilíneo uniforme.
II. Um carro, percorrendo uma praça circular, com movimento uniforme.
III. Um menino, balançando-se em uma gangorra, ao atingir o ponto mais alto de sua trajetória.
Considerando essa informações, pode-se afirmar que é nula a resultante das forças em:
(a) I (b) III (c) I e III (d) II e III (e) I, II e III

9) Todas as alternativas contêm um par de forças de ação e reação, EXCETO:


(a) a força com que a Terra atrai um tijolo e a força com que o tijolo atrai a Terra.
(b) a força que uma pessoa, andando, empurra o chão para trás e a força com que o chão empurra a
pessoa para frente.
(c) a força com que um avião, empurra o ar para trás e a força com que o ar empurra o avião para
frente.
(d) a força com que um cavalo, puxa uma carroça e a força com que o carroça puxa o cavalo.
(e) o peso de um corpo colocado sobre uma mesa horizontal e a força normal da mesa sobre ele.

10) Uma força constante atuando sobre um certo corpo de massa M produziu uma aceleração de
4 m/s2 . Se a mesma força atuar sobre outro corpo de massa igual a M/2 , a nova aceleração será, em
m/s2 :
(a) 16 (b) 8 (c) 4 (d) 2 (e) 1

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Capítulo 6

Atrito e suas propriedades

Podemos perceber a existência da força de atrito e entender as suas características através de uma
experiência muito simples. Tomemos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madeira.
Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslocará. Isso, no entanto, não ocorre.
Quando a caixa ficar mais leve, à medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no
qual conseguiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa é devida ao surgimento da força
de atrito Fat entre o solo e a caixa.
Várias experiências como essa nos levam às seguintes pro-
priedades da força de atrito (direção, sentido e módulo):

Direção:
As forças de atrito resultantes do contato entre os dois corpos sólidos
são forças tangenciais à superfície de contato. No exemplo acima, a
direção da força de atrito é dada pela direção horizontal. Por exem-
plo, ela não aparecerá se você levantar a caixa.

Sentido:
A força de atrito tende sempre a se opor ao movimento relativo das superfícies em contato. Assim, o
sentido da força de atrito é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das superfícies.

Módulo:
Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns esclarecimentos: enquanto a força que empurra
a caixa for pequena, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empurra a caixa. Ela
anula o efeito da força aplicada.

Uma vez iniciado o movimento, o módulo da força de atrito é proporcional à força (de reação) do
plano N . Escrevemos:

Fat = µN.

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O coeficiente µ é conhecido como coeficiente de atrito. Como a força de atrito será tanto maior
quanto maior for µ , vê-se que ele expressa propriedades das superfícies em contato (da sua ru-
gosidade, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois coeficientes de atrito: um chamado
cinemático, µc e outro, estático, µe . Em geral, µe > µc , refletindo o fato de que a força de atrito é
ligeiramente maior quando o corpo está a ponto de se deslocar (atrito estático) do que quando ela está
em movimento (atrito cinemático).
O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação normal representa a observação de
que é mais fácil empurrar uma caixa à medida que a vamos esvaziando. Representa também por que
fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta sobre ela (ao aumentar o peso, N também
aumenta).
Podemos resumir o comportamento do módulo da força de atrito em função de uma força externa
aplicada a um corpo, a partir do gráfico ao lado.
Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada
ao corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de atrito
surge tão somente para impedir o movimento. Ou seja, ela
surge para anular a força aplicada. No entanto, isso vale até um
certo ponto. Quando o módulo da força aplicada for maior do
que Fate = µe N o corpo se desloca. Esse é o valor máximo
atingido pela força de atrito. Quando o corpo se desloca, a força
de atrito diminui, se mantém constante e o seu valor é Fatc =
µc N .

Origem da força de atrito

A força de atrito se origina, em última análise, de forças inter-


atômicas, ou seja, da força de interação entre os átomos. Quando
as superfícies estão em contato, criam-se pontos de aderência ou co-
lagem (ou ainda solda) entre as superfícies. É o resultado da força
atrativa entre os átomos próximos uns dos outros. Se as superfícies
forem muito rugosas, a força de atrito é grande porque a rugosidade
pode favorecer o aparecimento de vários pontos de aderência, como
mostra a figura abaixo.
Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra. Assim, a eliminação das imper-
feições (polindo as superfícies) diminui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida
que a superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumenta-se, no polimento, o número
de pontos de “solda”. Aumentamos o número de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas”
reduzem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto, pneus muito lisos (mas bem consti-
tuídos) são utilizados nos carros de corrida.

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Força de atrito no cotidiano

A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela que torna possível o movimento
da grande maioria dos objetos que se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos:

Movimento dos animais


Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para se movimentar. O que esses membros
fazem é comprimir o solo e forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito. Como
ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força de atrito surge nas patas ou pés impul-
sionando os animais ou o homem para frente.

Movimento dos veículos a motor


As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à queima de combustível do motor, são revestidas
por pneus. A função dos pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito (com o intuito
de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de corrida trocam freqüentemente os pneus). Os
pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás. O surgimento da força de atrito impulsiona
o veículo para frente. Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio anterior e a força de atrito
atua agora no sentido contrário ao do movimento do veículo como um todo.

Impedindo a derrapagem
A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o
deslizamento de uma superfície dos pneus sobre a outra (o as-
falto).

Superaquecimento por atrito


Uma estrela cadente, apesar do nome, não emite luz própria. Muitas
vezes são objetos do tamanho de um grão de areia que, ao en-
trar na atmosfera da Terra, se incendeia e se vaporiza pelo calor
intenso causado pelo atrito com o ar. A energia liberada é tão
grande que é possível enxergar a luminosidade a grandes distân-
cias.

Aquecimento por atrito


As naves espaciais são dotadas de estrutura adequada de materiais especiais para evitar a sua destru-
ição no reingresso na atmosfera. O atrito causa um calor excessivo, que poderia ser fatal para os
astronautas.

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Algumas aplicações práticas explorando a força de atrito

Ilustrações:

1) Um bloco de massa 60 kg está em repouso, apoiado sobre uma superfície horizontal áspera,
com a qual possui um coeficiente de atrito µ = 1, 20. Quanto vale a força de atrito exercida pela
superfície sobre o bloco.

2) Um armário de massa 50 kg está sendo empurrado por uma força de 10 N e não se move.
a) Faça o diagrama mostrando todas as forças que atuam no armário.
b) Quanto vale a força de atrito exercida pelo chão sobre o ele?

3) O bloco representado na figura abaixo pesa 200 N , e está submetido


a uma força vertical, para baixo, de 50 N . O coeficiente de atrito estático
vale 0, 40. Qual o valor da força F~ que faz o bloco ficar na iminência de se
mover?

4) Determine a aceleração do bloco do problema anterior, sabendo que o corpo é abandonado do


repouso no ponto A. Dados: g = 10 m/s2 , m = 6 kg, µ = 0, 6, sin θ = 0, 6 e cos θ = 0, 8.

5) O corpo A mostrado na figura é constituído de material homogê-


neo e tem massa de 2, 5 kg. Considerando-se que o coeficiente de atrito
estático entre a parede e o corpo A vale 0, 20 e que g = 10 m/s2 ,
calcule o valor mínimo da força para que o corpo fique em equi-
líbrio.

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Mais exercícios:

1) Uma força horizontal F~ de módulo 53 N empurra um


bloco de massa 2, 2 kg contra uma parede vertical. O coefi-
ciente de atrito estático entre o bloco e a parede é 0, 60 e o
dinâmico é 0, 40. Considere que inicialmente o bloco está em re-
pouso.
a) o bloco se moverá?
b) quanto vale a força que a parede exerce sobre o bloco?

2) Deseja-se determinar os coeficientes de atrito estático


e cinético entre uma caixa e uma prancha. Coloca-se,
então, a caixa sobre a prancha, que é levantada gradual-
mente, como mostra a figura. Quando o ângulo de incli-
o
nação é 28 , a caixa começa a deslizar descendo 2, 53 m
ao longo da prancha em 3, 92 s. Ache os coeficientes de
atrito.

3) Os dois blocos, m = 16 kg e M = 88 kg es-


tão livres para se moverem. O coeficiente de atrito es-
tático entre os blocos é µe = 0, 38, mas a superfície
abaixo de M é lisa, sem atrito. Qual é o módulo da
força mínima horizontal F~ necessária para segurar m contra
M?

4) Um bloco de 4, 4 kg é colocado sobre um outro de 5, 5 kg.


Para que o bloco de cima escorregue sobre o de baixo, mantido fixo,
uma força horizontal de 12 N deve ser aplicada ao bloco de cima. O
conjunto dos blocos é agora colocado sobre uma mesa horizontal sem
atrito. Encontre:
a) a força máxima horizontal F que pode ser aplicada ao bloco infe-
rior para que os blocos se movam juntos;
b) a aceleração resultante dos blocos;
c) o coeficiente de atrito estático entre os blocos.

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Exercícios Avaliativos 3:
1) Explique por que as rodas de um carro carregado derrapam menos do que quando ele está vazio.

2) Um corpo de peso 30 N é pressionado por uma força de 40 N contra uma superfície vertical,
conforme figura abaixo. Se o coeficiente de atrito estático entre o corpo e a superfície é 0, 8, qual será
a força de atrito exercida pela superfície sobre o corpo?

3) A é um bloco de 4, 4 kg e B é um bloco de 2, 6 kg. Os coefi-


cientes de atrito estático e atrito cinético entre A e a mesa são 0, 18 e
0, 15 respectivamente.
a) Determine a massa mínima de um bloco C que deve ser colocado
sobre A para impedi-lo de deslizar.
b) O bloco C é repentinamente retirado de cima de A. Qual é a ace-
leração de A?

4) O cabo de um escovão de massa m faz um ângulo θ com a


vertical. Seja µc o coeficiente de atrito cinético entre o escovão e o
assoalho e µe o coeficiente de atrito estático. Despreze a massa do
cabo.
a) Ache o módulo da força F~ , dirigida ao longo do cabo, necessária
para fazer com que o escovão deslize com velocidade uniforme sobre
o assoalho.
b) Mostre que se θ for menor do que um certo ângulo, θ0 , o escovão
não poderá deslizar sobre o assoalho, por maior que seja a força apli-
cada ao longo do cabo. Qual é o ângulo θ0 ?

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Capítulo 7

Energia e trabalho mecânico

Energia é uma grandeza escalar associada com o estado físico de um corpo ou de um sistema
de vários corpos. Esta definição não é muito abrangente, uma vez que o conceito de energia está
relacionado com, praticamente, todos os processos físicos na mecânica, na eletricidade, no eletro-
magnetismo, na mecânica quântica, na ciência de materiais, etc, etc, etc. Portanto, se faz conveniente
definir uma outra grandeza física, associada à energia, capaz de descrever o sistema e seu estado
físico. Esta grandeza é chamada trabalho e tem a mesma dimensão da energia: [J]. O trabalho
está essencialmente relacionado com a mudança do estado físico do sistema (ou do corpo). Assim,
podemos definir energia como a capacidade do sistema (ou do corpo) de realizar um trabalho.
Na mecânica, um corpo ou um sistema de corpos pode estar em dois estados físicos distintos:

1. estado potencial: a energia fica armazenada e o estado físico do sistema se mantém;

2. estado atual: a energia, antes armazenada, se transforma e o estado físico do sistema é alterado.

Em suma, a energia associada a um sistema pode ser transformada em outras formas de ener-
gia. Assim, presume-se que existem n formas de energia, cada uma de acordo com a fenomenologia
em questão. Por exemplo, num circuito elétrico podemos definir energia potencial elétrica; para
um corpo suspenso a uma determinada altura, podemos definir energia potencial gravitacional, etc.
Estas energias potenciais podem se transformar em energia relacionada ao movimento, dita energia
cinética, associada ao movimento dos elétrons num circuito, ou à queda livre do corpo suspenso. En-
tão, a energia cinética é um exemplo de estado atual do sistema, pois a energia que estava armazenda
transformou-se em uma energia capaz de modificar o estado do sistema, que antes estava em repouso.
A energia potencial gravitacional, Ug mais a energia cinética, K juntas, são ditas energia mecânica:

Em = Ug + K.

A energia potencial gravitacional está relacionada com a altura em que se encontra o sistema, em
relação ao solo e depende da massa total do sistema. Então:

Ug = mgh,

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 7: Energia e trabalho mecânico

e a energia cinética está relacionada com as propriedades dinâmicas do movimento do sistema e


também depende da sua massa:

mv 2
K= .
2

Outra forma de energia mecânica é a energia potencial elástica, associada à forçcas de restauração
do sistema, que depende das características elásticas do material que constitui o corpo ou sistema:

k∆x2
Ue = ,
2

na qual k é a constante elástica do material e ∆x é a deformação deste material devido à aplicação de


uma força externa.
Fica claro, então, que toda forma de energia está associada a uma força distinta.
O trabalho mecânico não depende dos estados intermediários entre o estado inicial e final. Por
exemplo, trabalho realizado pelo peso de um objeto em queda livre não depende da trajetória realizada
pelo objeto, assim como o trabalho realizado por uma força que move um corpo sobre um plano
qualquer, só depende das posições inicial e final do corpo. Ou seja, não importa qual seja o caminho
percorrido, o trabalho realizado para mover um sistema de um ponto a para um ponto b será sempre
o mesmo. Então, o trabalho mecânico só depende das posições final e inicial do sistema. Neste caso,
o sistema é dito conservativo, e a energia mecânica se conserva. Assim:

f i
Em = Ug + Ue + K = constante ⇒ Em = Em .

Em sistemas ditos dissipativos, a energia mecânica não se conserva, transformando-se em outras


formas de energia, como em energia térmica ou em energia sonora, por exemplo. Um exemplo clás-
sico de sistema dissipatico é um circuito elétrico, no qual a energia potencial elétrica se transforma
em energia cinética dos elétrons no fio condutor, que se transforma em energia térmica, causando um
aumento de temperatura no fio: O chamado Efeito Joule. É o que acontece nos nossos chuveiros,
ferros de passar, etc.

Trabalho realizado por uma força qualquer: O trabalho realizado para mover um corpo ou um
sistema de um ponto ao outro é dito trabalho mecânico, W e para deslocar um corpo no espaço, é
necessário aplicar sobre ele uma força, F~ . Então:

W = F~ · ∆~x.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 7: Energia e trabalho mecânico

Trabalho realizado por uma força constante:

Se olharmos o gráfico de F × x de uma força constante e com a


mesma direção e sentido do deslocamento que ela provoca sobre um ob-
jeto, vemos que W = A = F ∆x, na qual A é a área abaixo da curva
F × x.

Trabalho realizado por uma força variável:

A relação acima continua valendo para uma força variável: W = A. Para


uma força variável, a curva F × x desenha um triângulo, cuja área é dada
por:

(B + b)h (Ff − Fi )(xf − xi )


A= = = W,
2 2
1
W = (Ff xf − Ff xi + Fi xf − Fi xi ),
2
1
W = (maf xf − maf xi + mai xf − mai xi ),
2
1 vf vf vi vi
W = (m xf − m xi + m xf − m xi ),
2 t t t t
1
W = (mvf2 − mvf2 − mvf vi + mvf vi − mvi2 ),
2
1
W = (mvf2 − mvi2 ),
2
1 1
W = mvf2 − mvi2 ) ⇒ W = Kf − Ki .
2 2

Teorema do trabalho-energia cinética: W = ∆K.

Trabalho realizado por uma força restauradora:

Considere um sistema massa mola, cuja constante de elasticidade é k.


Quando a mola é comprimida, há uma energia potencial elástica, Ue , ar-
mazenada. Quando esta mola é solta, Ue se transforma em energia cinética.
Se desconsiderarmos todos os atritos, a energia mecânica neste sistema se
conserva e temos:

i f
Em = Ue e Em =K portanto: Uei = K f .

71
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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 7: Energia e trabalho mecânico

A força elástica não é uma força constante, ela varia linearmente com a deformação, como mostra
o gráfico. Da definição gráfica de trabalho, temos:

bh F ∆x 1
A= = ⇒ W = F ∆x,
2 2 2
1
pela lei de Hooke: F = −k∆x ⇒ W = − F (∆x)2 ,
2
note que este trabalho deve ser negativo, pois a força restauradora está em sentido contrário ao deslo-
camento, uma vez que ela tende a reestabelecer a posição de equilíbrio do sistema. Assim:

W = −∆Ue .

Trabalho realizado pela força peso: Considere um corpo de massa m, em


queda livre a partir do repouso:

W = F~ · ∆~x ⇒ W = F ∆x cos 0 ⇒ W = mg(h1 − h2 ),

W = mgh1 − mgh2 ⇒ W = Ug1 − Ug2 ⇒ W = −∆Ug .

Teorema do trabalho-energia potencial: W = −∆Ug e W = −∆Ue .

O rendimento de um trrabalho realizado pode ser mendido através da grandeza física potência
média:

W J
Pm = , cuja unidade é [W = 1 ].
∆t s

Ilustrações:

1) Um carregador empurra um bloco deslocando-o por 10 m sobre um plano horizontal, aplicando


uma força de 30 N paralela ao plano. Qual foi o trabalho realizado pelo carregador?

2) O mesmo carregador do exercício anterior resolver carregar o bloco ergendo-o em seus braços.
Ele se desloca com o bloco erguido por mais 10 m. Qual foi o trabalho realizado nesta situação?

3) Considere um bloco de massa m suspenso, como na figura. Se a corda


que suspende o bloco for cortada, determine a velocidade do bloco ao atingir o
chão.

4) Um garoto desce por um tobogan de 5 m de altura, cheio de ondulações. Deter-


mine o trabalho realizado pela força peso do garoto se a sua massa é 50 kg. Determine

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 7: Energia e trabalho mecânico

a velocidade do garoto ao chegar no final do tobogan. Desconsidere todos os atritos.

5) Agora, o garoto do exercício anterior pula verticalmente de um trampolin de altura 5 m para


uma piscina. Qual foi o trabalho realizado pela força peso? Determine a velocidade do garoto ao
atingir a água.

6) Um bloco de peso 800 N desce o plano inclinado da figura. A força


de atrito entre o bloco e o plano é 100 N . Se o deslocamento entre os pontos
A e B for 5 m, determine o trabalho realizado pela força resultante do sis-
tema.

7) Um bloco é empurrado com uma força que varia a cada ponto da trajetória, de acordo com o
gráfico da figura. Determine o trabalho realizado neste evento, sabendo que a força resultante tem a
mesma direção e sentido do deslocamento.

8) Um carro de massa 1500 kg varia a sua velocidade de 10 m/s para 20 m/s em 5 s. Determine:
a)o trabalho realizado neste evento;
b) a potência mínima do motor;
c) o deslocamento realizado;
d) a força média inferida ao motor.

9) Um carregador leva 40 s para deslocar um carrinho de massa 50 kg (carrinho + carga) de um


ponto A para um ponto B, realizando um trabalho de 10 kJ. Determine:
a) a variação de velocidade;
b) a aceleração média;
c) a força média;
d) a potência na realização deste evento.

10) Uma carga de tijolos de massa 420 kg deve ser levantada por um guindaste até uma altura de
120 m em 5 minutos. Qual deve ser a potência mínima do motor do guindaste para efetuar a operação?

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 7: Energia e trabalho mecânico

Exercícios:
Questão 1 - Um carro de massa 1500 kg varia a sua velocidade de 10 m/s para 20 m/s. Deter-
mine:
a) o trabalho realizado pelo motor do carro;
b) a potência do motor do carro;
c) o deslocamento realizado;
d) a força média inferida pelo motor.

Questão 2 - Um carregador leva 40 s para deslocar um carrinho de massa 50 kg (carrinho + carga)


de um ponto A para um ponto B, realizando um trabalho de 10 kJ. Determine:
a) a variação da velocidade entre os pontos A e B; b) a aceleração média no percuros realizado; c) a
força média durante o evento; d) a potência mecânica atingida no deslocamento.

Questão 3 - Uma carga de tijolos de massa 420 kg deve ser levantada por um guindaste até uma
altura de 120 m em no máximo 5 min. Qual deve ser a potência mínima que deve ser inferida ao
guindaste de modo que se cumpra a tarefa no prazo determinado?

Questão 4 - Um corpo de 5/kg cai de uma altura de 10 m a partir do repouso. Determine:


a) a velocidade do corpo ao chegar ao solo;
b) a energia cinética ao atingir o solo;
c) a energia potencial no momento inicial da queda;
d) a energia mecânica inicial do corpo;
e) e energia mecânica final do corpo.

Questão 5 - Uma mola (k = 750 N/m) é comprimida em 3, 2 cm, quando um bloco de massa
12 g é colocado na sua extremidade livre. Determine:
a) a velocidade que o bloco atinge depois que a mola é solta (despreze todos os atritos);
b) a energia cinética do bloco;
c) a energia potencial elástica da mola;
d) a energia mecânica inicial do sistema;
e) e energia mecânica final do sistema.

Questão 6 - Uma corrente é mantida sobre uma mesa sem


atrito, ficando um quarto do seu comprimento para fora da
mesa, como mostra a figura. O comprimento da corrente é
L e sua massa é m. Qual deve ser o trabalho realizado
para puxar a corrente, de modo que toda ela fique sobre a
mesa?

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 7: Energia e trabalho mecânico

Questão 7 - Uma haste de comprimento L = 2, 13 m, de massa desprezível, gira em um plano


vertical, apoiada num de seus extremos, como mostra a figura. A haste é afastada 35, 5o da sua posição
de equilíbrio e depois, é solta. Calcule a velocidade da bola, presa à extremidade livre da haste, ao
passar pela posição mais baixa da sua trajetória.

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Capítulo 8

Trabalho de forças resistivas

Forças resistivas determinam sistemas não-conservativos, ditos sistemas dissipativos. Nestes sis-
temas, a energia mecânica não se conserva. Parte dela é transformada em outras formas de energia,
associadas a fenômenos não-mecânicos como: energia térmica, elétrica, sonora, luminosa, etc.
Em eventos mecânicos que envolvem o contato entre duas superfícies diferentes, a força de atrito
está sempre presente. A força de atrito é uma força resistiva: ela oferece resistência ao movimento,
seja ele um movimento sobre uma superfície qualquer ou uma queda-livre. Nesta última, o próprio ar
oferece resistência ao movimento.
Como as forças de atrito são resistivas, o tra-
balho realizado por elas é sempre negativo, pois
está sempre oposta ao movimento. Observe a
figura:
O trabalho realizado pela força de atrito é
Wat = F~at · ∆~x = Fat ∆x cos θ, sendo θ = 180◦ .
Então:

Wat = −Fat ∆x.

O trabalho realizado pela força de impulsão do movimento é W = F~ · ∆~x = F ∆x cos θ, sendo


θ = 0◦ , temos:

W = F ∆x.

O trabalho total do sistema é W = WF − Wat ⇒ W = F ∆x − Fat ∆x, então:

W = (F − Fat )∆x,

W = FR ∆x,

FR = F − Fat .

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 8: Trabalho de forças resistivas

Ilustrações:

1. Um bloco de 40 kg desliza sobre um plano inclinado em 30◦ com a horizontal. O coeficiente


de atrito dinâmico entre o bloco e o plano é 0, 45. Se o bloco sofre um deslocamento de 80 cm sobre
o plano, determine:
a) o trabalho realizado pela força peso.
b) o trabalho realizado pela força de atrito entre o bloco e o plano.
c) o trabalho total realizado neste evento.

2. A massa de uma folha de papel ofício é aproximadamente 5, 1 g e sua área, 6, 7725 × 10−2 m2 .
a) Suponha que a folha está esticada e cai em queda livre de uma altura de 5 m, numa região que
oferece uma resistência do ar de aproximadamente 0, 05 N/m2 . Determine o trabalho realizado neste
evento.
b) Agora suponha que o folha foi amassada em forma de uma bola de raio desprezível em relação à
mesma altura de queda. Determine o trabalho realizado neste evento.

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Universidade Tuiuti do Paraná Capítulo 8: Trabalho de forças resistivas

Exercícios Avaliativos 4:
Questão 1 - A massa de uma placa de alumínio 6 kg, sua área é 4 m2 e sua espessura é 1 cm.
Suponha que a placa cai em queda livre de uma altura de 5 m, numa região que oferece uma resistên-
cia do ar de aproximadamente 0, 05 N/m2 . Determine o trabalho realizado neste evento se:
a) a placa cair em pé;
b) a placa cair deitada.

Questão 2 - A massa de uma placa de alumínio 6 kg, sua área é 4 m2 e sua espessura é 1 cm.
Suponha que a placa cai em queda livre de uma altura de 5 m, numa região que oferece uma resistên-
cia do ar de aproximadamente 0, 05 N/m2 . Determine o trabalho realizado neste evento se:
a) a placa cair em pé;
b) a placa cair deitada.

Questão 3 - Um bloco de 3, 5 kg é empurrado a partir do repouso por uma mola comprimida cuja
constante de mola é 640 N/m. Depois que a mola se encontra totalmente relaxada, o bloco viaja por
uma superfície horizontal com um coeficiente de atrito dinâmico de 0, 25, percorrendo uma distância
de 7, 8 m antes de parar.
a) Qual a energia mecânica dissipada pela força de atrito?
b) Qual a energia cinética máxima que o bloco assume?
c) De quanto foi comprimida a mola antes que o bloco fosse liberado?

Questão 4 - Uma pedra de peso P é jogada verticalmente para cima com velocidade inicial v0 .
Se uma força constante Far devido à resistência do ar age sobre a pedra durante todo o percurso,
a) mostre que a altura máxima atingida pela pedra é dada por

v02
h= Far ;
2g(1 + P
)

b) Mostre que a velocidade da pedra ao chegar ao solo é dada por


2
P − Far

v = v0 .
P + Far

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