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Aula n.

º 74
20/04/2020

Módulo 6: o texto poético do Séc. XIX


Revisão das noções versificação (cf. SI, pp. 296 e 297):
O texto poético é organizado em estofes e, por norma, privilegia um
determinado esquema rimático.
Quando analisamos um texto poético, temos de ter em consideração:
a) composição: quanto à composição, temos de contar o número de estrofes
que o poema apesenta, assim como o número de versos por estrofe (cf.
quadras, quintilhas, sétimas, oitavas, nonas e décimas);
b) rima: - tipo de rima (rima emparelhada - aabb -, cruzada - abab - e
interpolada - abba -);
-quanto à classe morfológica, a rima pode ser rica (cf. variação de classes
morfológicas: nomes comuns, adjetivos qualificativos, advérbios e formas
verbais) ou pobre (cf. preferência pela mesma classe morfológica);
-relativamente ao som, a rima varia entre a consoante (cf. VC/CV/CVV/CVC) e
a toante (cf. V/VV);
c) métrica: a designação dos versos varia em conformidade com o número de
sílabas métricas que apresenta; contudo, as medidas mais recorrentes são:
-a redondilha menor (versos pentassílabos, 5 sílabas métricas);
-a redondilha maior (versos heptassílabos, 7 sílabas métricas);
-o verso decassílabo (10 sílabas métricas);
-o verso alexandrino (versos dodecassílabos, 12 sílabas métricas).
-quanto à acentuação, os versos podem ser proparoxítonos (esdrúxulas),
paroxítonos (graves) e oxítonas (agudas).

Antero de Quental:
Notas sobre o documentário visionado (cf. biobibliografia deste poeta):
O poeta Antero de Quental segue a corrente do realismo literário, encontrando
"pares" em Eça de Queirós (cf. Geração de 70 e Conferências do Casino).
Este encarava a poesia com uma missão revolucionária, conferindo dignidade
à poesia (que até então era desvalorizada e considerada uma arte menor). O
poeta Antero de Quental segue a corrente do realismo literário, encontrando
"pares" em Eça de Queirós (cf. Geração de 70 e Conferências do Casino).
Este encarava a poesia com uma missão revolucionária, conferindo dignidade
à poesia (que até então era desvalorizada e considerada uma arte menor).
Quental defendia a necessidade (urgente) de uma atualização cultural.
Na sua perspetiva, o Ideal era sinónimo de: desprezo das vaidades, amor
desinteressado, desdém do fútil, boa fé, grandeza, dignidade e humildade.
Assim, para este poeta, a poesia era a biografia de uma consciência.

Aula n.º 75
21/02/2020

A poesia de Antero de Quental:


Documentário da RTP Madeira: "Antero de Quental, a missão
revolucionária da poesia"
1 1.1- c) (cf. desafio aos poderes políticos, convencionais e culturais);
1.2- c);
1.3- d);
1.4- c).
"Antero: luzes e sombras" (pp. 238 e 239)
A nível formal/da sua estrutura externa:    
a) composição: poemas compostos por duas quadras e dois tercetos, o que
corresponde à forma do soneto;
b) rima: o esquema rimático mais recorrente é abba/abba/ccd/eed, portanto o
tipo de rima privilegiado é a interpolada, nas duas quadras, e a emparelhada,
nos tercetos; quanto às classes morfológicas, a rima é rica (cf. nomes comuns,
adjetivos qualificativos, verbos e advérbios de intensidade ou de negação);
relativamente ao som, a rima é, ainda, consoantes (cf.
CV/CVV/CVC/CCV/CCVV);
c) métrica: a medida métrica predominante é o verso decassílabo (dez sílabas
métricas) e, em relação à sua acentuação, é paroxítono ou oxítono (cf. grave
ou agudo).
Notas sobre o texto:
Um "poeta-filósofo ou um filósofo-poeta" (ll. 9 e 10);
O seu período vivencial e literário é marcado pela crise do romantismo e "pelo
surgimento da escola literária" (ll. 17 e 18);
Este poeta procura sempre "um futuro de Verdade e de Justiça universais" (ll. 9
e 30);
Existe uma dualidade anteriana na sua escrita poética: um "Antero luminoso",
racional, otimista, sonhador, esperançoso e utópico; e um "Antero noturno",
doentio, sombrio, neurótico, angustiado e desanimado (que encara a morte
como o escape/a salvação do seu sofrimento prolongado).
Com efeito, ao nível da estrutura interna, encontramos duas linhas temáticas
na escrita poética anteriana, a saber:
-angústia existencial (cf. o sofrimento intenso e atroz vivenciado pelo “eu”
poético, por não se identificar com o seu tempo e o seu meio envolventes; o
desprezo pela futilidade e pela vaidade excessivas; a revolta perante as
injustiças socioculturais e a falta de Razão; a solidão e a tristeza constantes; a
visão da morte como o escape/a salvação do seu “pathos” permanente);
- configurações do Ideal (cf. a esperança num mundo melhor, num futuro mais
“luminoso”; a permanência do sonho e do desejo de pertencer a uma
sociedade melhor - a utopia do “porvir” -; a (re)criação de um mundo perfeito,
no qual reina a igualdade, a Razão e, sobretudo, a felicidade).

Aula n.º 76
22/04/2020

Antero de Quental
Poema "A um poeta"
Análise da sua estrutura externa:
a) composição: o poema apresentado é composto por duas quadras e dois
tercetos, logo corresponde à forma do soneto;
b) rima: o esquema rimático privilegiado é abba/abba/ccd/eed, portanto a rima
é interpolada, nas quadras, e emparelhada, nos tercetos; quanto às classes de
palavras, a rima é rica (cf. variação de classes morfológicas, como adjetivos
qualificativos e nomes comuns); e, relação ao som/à sílaba tónica, a rima é,
ainda, consoante (cf. CV/CCV/CVV);
c) métrica:
E G A
"Tu,/que/dor/mes,/es/pí/ri/to/se/re/no (10)
Pos/to à/som/bra/dos/ce/dros/se/cu/la/res, (10)
Co/mo um/le/vi/ta à/som/bra/ dos/al/ta/res (10)
Lon/ge/da/lu/ta e/do/fra/gor/te/rre/no (10)
A nível métrico, encontramos o verso decassílabo e, quanto à sua acentuação,
paroxítono (cf. grave).
Análise da sua estrutura interna:
a) linha temática: predominante é a configuração do Ideal, uma vez que o "eu"
poético conversa com um "Tu" (v. 1) e pede-lhe para acordar e lutar por um
mundo melhor, como podemos comprovar nos vv. 12 e 14: "Ergue-te, pois,
soldado do Futuro,/[...] Sonhador, faze espada de combate!"
b) recursos expressivos:
* "Surge et ambula" (levanta-te e anda): intertextualidade bíblica (cf. milagre de
Lázaro);
* v. 1: apóstrofe ("Tu");
* v. 3: comparação;
* v. 5: dupla adjetivação ("alto e pleno");
* v. 10: anáfora ("são") e metáfora ("irmãos" = "canções");
* vv. 12 e 14: apóstrofe ("soldado do Futuro" e "Sonhador").
c) mensagem: o sujeito de enunciação faz um apelo a um outro poeta (cf. o
título do poema) para que lute em prol de um mundo melhor; ou seja, para que
utilize a sua melhor arma, a sua espada (que é, na verdade, a sua caneta e a
sua escrita), no sentido de guiar a sociedade na luta por uma realidade mais
justa, racional e próxima do tal "Ideal", dessa perfeição desejada.
Nota: em toda a composição poética, existe o predomínio da função de
linguagem apelativa/conotativa, como podemos corroborar com o recurso a
frases imperativas (cf. vv. 5, 9 e 12), ao pronome pessoa de 2.ª pessoa do
singular (cf. v. 1) e a utilização de verbos no modo imperativo (cf. "Acorda!" e
"Ergue-te", vv. 5 e 12).
Análise sintática (revisão): "Um mundo novo espera só um aceno..."
- "espera": verbo transitivo direto;
- "Um mundo": sujeito simples;
- "novo": complemento do nome;
- "só": modificador restritivo;
- "um aceno": complemento direto;
- "espera só um aceno": predicado.

Questões:
1- O sujeito poético parece dirigir-se a um outro poeta, conforme o título
do poema o atesta, apelando para que lute em defesa de um mundo melhor, de
um mundo que se quer mais justo e "puro". Do mesmo modo e de uma forma
mais geral, podemos afirmar que o "eu" lírico se dirige ao seu leitor futuro,
àquele que poderá ser o "soldado do Futuro" (v. 12), o qual lutará, igualmente,
por esse "Ideal" anteriano.

1.1- O destinatário do poema é-nos apresentado como um "espírito


sereno" (v. 1), que dorme à sombra dos grandes feitos do passado; comparado
a um "levita", um sacerdote (v. 3), cuja missão é a de doutrinar os "infiéis" e
guiá-los para o caminho do Bem; um "soldado do Futuro" e um "Sonhador",
que fará a diferença, no seu tempo e nos vindouros, pela sua atitude
irrepreensível e correta (cf. legado do exemplo).

Aula n.º 77
27/04/2020

Poema "Hino à Razão" (pp. 242 e 243)


Análise da estrutura externa:
a) composição: o poema apresentado é composto por duas quadras e dois
tercetos, correspondendo, portanto, à forma do soneto.
b) rima: o esquema rimático presente é abba/abba/ccd/eed, o que significa que
a rima é interpolada, nas quadras, e emparelhada, nos tercetos; quanto às
classes de palavras, a rima é rica, visto haver variação de classes
morfológicas, como os nomes comuns, os adjetivos qualificativos e os verbos;
e, relativamente ao som/à sílaba tónica, a rima é, ainda, consoante (cf.
CV/CCV/CVVC).
c) métrica:
E G A
"Ra/zão,/ir/mã/do A/mor/e/da/Jus/ti/ça, (10)
Mais/uma/vez/es/cu/ta/a/mi/nha/pre/ce. (10)
É a/voz/dum/co/ra/ção/que/te a/pe/te/ce, (10)
Du/ma al/ma/li/vre,/só/a/ti/sub/mi/ssa. (10)
A nível métrico, os versos são decassílabos e, quanto à sua acentuação,
paroxítonos (cf. graves).
Análise da estrutura interna:
a) linha temática: Nesta composição poética anteriana, a linha temática central
é a configuração do Ideal, uma vez que o sujeito poético se encontra a
dialogar, a conversar com a "Razão", algo abstrato, e a enumerar tudo aquilo
que já foi feito por si, como podemos corroborar nos seguintes versos: v. 1,
"Razão, irmã do Amor e da Justiça", vv. 7 e 8, "E é por ti que a virtude
prevalece/E a flor do heroísmo medra e viça."
b) recursos expressivos:
-v. 1: apóstrofe (cf. "Razão") e enumeração (cf. "do Amor e da Justiça");
-v. 4: antítese (cf. "livre"/"submissa");
-v. 6: enumeração ("astros", "sóis" e "mundos") e polissíndeto (cf. repetição
intencional da conjunção coordenada copulativa);
-vv. 7 e 8: anáfora (cf. E");
-vv. 9 e 12: anáfora ("Por ti").
c) mensagem: -"Hino" é sinónimo de cântico que homenageia uma nação;
símbolo de nação, de pátria e de identidade coletiva.
- A mensagem fulcral deste poema é o incentivo à ação racional e todos os
"filhos robustos" (v. 13) do nosso país, para que o nosso hino continue a ser
entoado com orgulho e as nossas ações sejam sempre em prol de um mundo
melhor.

Questões:
1- O poema pode ser dividido em duas partes lógicas, sendo que a
primeira quadra corresponde à primeira, na qual o "eu" de enunciação
apresenta o principal motivo para todos os grandes feitos da humanidade e
carateriza a Razão como "irmão do Amor e da Justiça"; as restantes três
estrofes cingem-se, então, à segunda parte, na medida quem eu o sujeito lírico
enumera tudo o que já foi feito em defesa da Razão, bem como motivado por
ela.
2- Ao longo do poema, percebemos que a personificação é um recurso
expressivo muito utilizado, como o podemos atestar logo no segundo verso
"Mais uma vez escuta a minha prece", na medida em que o sujeito poético
conversa (ou apela) com uma realidade abstrata, com algo que não nem visível
nem palpável.
3- O "eu" lírico carateriza a "Razão" como a "irmã do Amor e da Justiça"
(v. 1); "É a voz dum coração [...]" (v. 3); como um exemplo de "virtude" (v. 7),
"heroísmo" (v. 8) e "liberdade" (v. 10); é conselheira e um exemplo de coragem
(vv. 12 a 14).
4- No verso 4, deparamo-nos com uma antítese que opõe os adjetivos
qualificativos "livre" e "submissa", que pode ser explicada pelo facto de o
sujeito poética assumir que é uma "alma livre", porém sente-se preso e
submisso à "Razão"; ou seja, ele faz o que quer e assume as consequências
dos seus atos, no entanto age sempre de uma forma racional, privilegiando o
pensamento e a reflexão no seu quotidiano, pois só assim conseguirá realizar
grandes proezas como as que ficaram marcadas na nossa história nacional.

Aula n.º 78
28/04/2020

Poema "Hino à razão" (p.242)


(conclusão)
5. a) 5;
b) 2;
c) 1;
d) 6;
e) 4.
6- Revisão:
- Coesão frásica: SVO (sujeito+verbo+complementos);
- Coesão referencial (utilização de pronomes pessoais que se referem a um
nome utilizado anteriormente).
Aplicação:
- Coesão frásica: "Por ti, podem sofrer e não se abatem" (v. 12);
- Coesão referencial: "Tendo o teu nome escrito em seus escudos!" (v. 14)

Debate - principais caraterísticas (p. 243)


-Caráter persuasivo (cf. o objetivo máximo é convencer os outros);
-Linguagem centrada no destinatário/recetor, logo com uma função
apelativa/conotativa;
-Capacidade argumentativa dos intervenientes.

Visionamento de um excerto do programa da RTP "Prós e Contras" sobre


"A eutanásia: a hora da verdade"
a) a justiça: igualdade; respeito;
b) o tema do debate: a eutanásia;
c) os intervenientes, os respetivos papéis e as funções:
-Argumento contra a legalização da eutanásia: condenação do suicídio
assistido e defesa do aumento de cuidados paliativos.
-Argumento a favor da legalização da eutanásia: o respeito pela decisão
das pessoas, sendo que os cuidados paliativos nunca devem ser encarados
como uma alternativa à eutanásia.

A poesia de Antero de Quental:


Configurações do Ideal e angústia existencial (p. 244)
-Na escrita poética anteriana, existe "uma incessante inquietação espiritual, a
infinita procura de qualquer coisa capaz de conceder um sentido ou uma
finalidade à existência humana."
-Nos seus Sonetos, o "impulso dominante consiste na insatisfação perante um
real sentido como demasiado frustrante ou limitado, projetando o 'eu' num ideal
mais ou menos onírico ou imaginário onde tudo se realizaria na sua perfeição e
na sua plenitude."
-Para muitos estudiosos, a poesia anteriana apresenta duas tendências: uma
"apolínea", luminosa, e outra "dionisíaca", noturna, sombria e pessimista.
-Nos "sonetos apolíneos", "encontramos um Antero crente na luta por uma
sociedade melhor"; nos "sonetos dionisíacos", "um Antero desiludido,
descrente da luta, pessimista".
-A "existência de duas faces nos sonetos de Antero, a luminosa e a noturna,
correspondendo ao seu pensar/sentir em momentos de racionalidade otimista e
de luta ou de interiorização reflexiva e de depressão e inquietação filosófica e
desassossego."

Aula n.º 79
29/04/2020

Poema "Tormento do Ideal" (p. 245)


Análise da sua estrutura externa:
a) composição: o poema é composto por duas quadras e dois tercetos,
correspondendo, assim, à forma clássica do soneto.
b) o esquema rimático privilegiado é abba/abba/ccd/eed, portanto a rima é
interpolada, nas quadras, e emparelhada, nos tercetos; em relação às classes
de palavras, a rima é rica, uma vez que apresenta variação morfológica entre
nomes comuns, verbos e adjetivos qualificativos; e, no que concerne ao som/à
sílaba tónica, a rima é, igualmente, consoante (cf. CV/CCV/CCVC).
c) métrica:
                                           E   G     A
"Co/nhe/ci/a/Be/le/za/que/não/mo/rre (10)
E/fi/quei/tris/te./Co/mo/quem/da/se/rra (10)
Mais/al/ta/que ha/ja, o/lhan/do aos/pés/a/te/rra (10)
E o/mar,/vê/tu/do, a/mai/or/nau/ou/to/rre," (10)
A nível métrico, os versos são decassílabos e, quanto à sua acentuação,
paroxítonos.
Análise da sua estrutura interna:
a) linha temática: Nesta composição poética anteriana, encontramos a linha
temática da angústia existencial, na medida em que o "eu" poético se
apresenta como "triste" pelo facto de ter conhecido o mundo e ter-se
apercebido que este não passa de um lugar vazio, incompleto e sombrio, como
o podemos corroborar nos seguintes versos: vv. 1 e 2, "Conheci a Beleza que
não morre/E fiquei triste. [...]; v. 10, "Tropeço, em sombras, na matéria dura,"; e
v. 14, "Para sempre fiquei pálido e triste".
b) recursos expressivos:
-v. 1: metonímia de Vida ou de Mundo (cf. "Beleza");
-vv. 2 e 3: hipérbole (cf. "da serra/mais alta que haja");
-vv. 7 e 8: comparação entre o sujeito poético e uma simples e frágil nuvem
("bem como a nuvem que erra/Ao pôr do sol e sobre o mar discorre");
-v. 14: hipérbole e dupla adjetivação (cf. "Para sempre fiquei pálido e triste.").

Questões:

1. "Beleza"
a) "que não morre" (v. 1);
b) "ideia pura" (v. 9);
"o mundo e o que ele encerra"
c) "sombras" (v. 10);
d) "matéria dura" (v. 10);
e) "imperfeição" (v. 11);
f) "formas incompletas" (v. 13)
"consequências para o 'eu'":
g) "Assim eu vi o mundo e o que ele encerra/Perder a cor, [...]" (vv. 6 e 7);
h) "Para sempre fiquei pálido e triste." (v. 14).

1.1- Atendendo ao esquema anterior e à forma como o sujeito poético


define a "Beleza", que influencia diretamente na sua maneira de ver e encarar
o mundo, podemos afirmar que ele sabe, com exatidão, como deveria ser o
mundo Ideal, contudo, no seu dia a dia, somente encontra "formas
incompletas" e a imperfeição, facto que o deixa atormentado. Isto é, o "eu" de
enunciação criou o seu Ideal de mundo, de realidade, todavia nunca o
encontra, porque as "sombras" humanas são imperfeitas, logo permanece
neste tormento, nesta angústia por saber que poderíamos ser melhores e, por
conseguinte, transformar o mundo num sítio mais próximo da perfeição e
propício à felicidade.
Aula n.º 80
04/05/2020

Poema "Tormento do Ideal" (p. 245)


(conclusão)
2- Com efeito, as duas quadras desenvolvem-se a partir de uma
comparação entre o sujeito poético e uma simples nuvem, que "[...] erra/Ao pôr
do sol e sobre o mar discorre." (vv. 7 e 8), "[...] Como quem da serra/Mais alta
que haja, olhando aos pés a terra/E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre." (vv.
2 a 4).

Poema "O palácio da ventura" (p. 247)

Atividade de pré-leitura:

a) definição de "cavaleiro andante": homem que, montado no seu cavalo,


viajava de território em território, levando as notícias mais recentes à população
e praticando o bem, enquanto o fazia. Era, no fundo, um salvador dos
oprimidos e dos injustiçados, principalmente do povo e das donzelas em
apuros.

b) campo semântico de "cavaleiro andante": aventureiro, defensor, justiceiro,


corajoso, protetor, digno e humilde.

Análise da sua estrutura externa:


a) composição: o poema apresentado é composto por duas quadras e dois
tercetos, correspondendo, portanto, à forma clássica do soneto.
b) rima: o esquema rimático privilegiado é abab/abab/ccd/eed, logo a rima é
cruzada, nas quadras, e emparelhada, nos tercetos; quanto às classes de
palavras utilizadas, a rima é rica, visto apresentar uma variação de classes
morfológicas, como adjetivos qualificativos, nomes comuns, verbos, interjeição
e advérbio de intensidade; e, relativamente ao som/à sílaba tónica, a rima é
consoante (cf. CVC/CV/CCV/VVC/CVVC).

c) métrica:

E G A

"So/nho/que/sou/um/ca/va/lei/ro/an/dan/te (10)

Por/de/ser/tos,/por/sóis,/por/noi/te es/cu/ra (10)

Pa/la/din/no/do a/mor,/bus/co/a/ne/lan/te (10)

O/pa/lá/ci/o en/can/ta/do/da/Ven/tu/ra!" (10)

A nível métrico, encontramos os versos decassílabos, que, quanto à sua


acentuação, são, também, paroxítonos (cf. graves).

Análise da sua estrutura interna:

a) linha temática: nesta composição poética, deparamo-nos com a presença da


linha temática anteriana das configurações do Ideal, uma vez que, logo no
primeiro verso, o nosso "eu" poético afirma sonhar que é um "cavaleiro
andante", em busca do seu "palácio encantado da Ventura" (vv. 3 e 4); isto é, o
sujeito lírico assume-se (ou compara-se) com um "cavaleiro andante" pois, à
semelhança do que este fazia no passado, ele também quer tornar o mundo
num sítio melhor e mais justo, no seu presente, influenciando, logicamente, as
gerações futuras com o seu exemplo.

Aula n.º 81
05/05/2020

Poema "Palácio da ventura" (p. 247)

Questões:
1- Na verdade, o poema supramencionado apresenta uma estrutura
narrativa, uma vez que o sujeito poético se assume como um "cavaleiro
andante" (cf. protagonista desta viagem) que passa toda a sua vida, ou melhor
dedica toda a sua existência à procura do seu "palácio da ventura", do seu
porto de abrigo, do seu recanto para ser verdadeiramente feliz; no entanto,
quando o encontra, por fim, apercebe-se que lá não existe nada, apenas
"dor, /Silêncio e escuridão" (vv. 13 e 14).

2- A composição poética apresentada pode, de facto, ser dividida em


três momentos lógicos, a saber: os vv. 1 a 6 correspondem à primeira parte, à
introdução se preferirmos, na qual o "eu" poético se assume como um mero
"cavaleiro andante" que dedica a sua vida ao sonho de encontrar o seu "palácio
de ventura", apesar de se sentir "exausto e vacilante" (v. 5); a segunda parte
compreende os vv. 7 a 11 e podemos designá-la de desenvolvimento, visto que
o sujeito lírico descreve o momento em que finalmente o encontra, revelando-
se esperançoso e otimista; e os vv. 12 a 14 encerram, então, este poema,
servindo-lhe de conclusão e mostrando-nos que aquele "palácio" (quase)
encantado afinal não passava de mais um lugar vazio, onde somente reinava o
mesmo sofrimento e a mesma solidão que sempre acompanharam o "eu" de
enunciação.

2.1- Em cada um dos momentos desta composição, o sujeito poético


demonstra sentimentos diferentes. Assim:

-Nos vv. 1 a 6, ele sente-se confiante (cf. otimismo) e, simultaneamente,


desanimado (cf. exausto);

-Nos vv. 7 a 11, ele apresenta-se esperançoso e feliz;

-Nos vv. 12 a 14, ele está desiludido, dececionado e triste.

3- Com efeito, identificamos as temáticas da angústia existencial e das


configurações do Ideal neste poema anteriano, como o podemos corroborar,
respetivamente, nos vv. 5 e 6, 10, 13 e 14; 1 a 4, 7 e 8, 11 e 12.

4- Funções sintáticas:

-v. 11: vocativo;


-v. 12: complemento direto.

"Sonho que sou um cavaleiro andante" (v. 1) (oração subordinada substantiva


completiva)

-"Sonho": verbo transitivo direto;

-Sujeito nulo subentendido (cf. "eu);

-"que sou um cavaleiro andante": modificador restritivo do verbo;

-"Sonho que sou um cavaleiro andante": predicado.

"Abri-vos, portas d' ouro, ante meus ais!" (v. 11)

-"Abri": verbo transitivo direto;

-Sujeito nulo subentendido (cf. "vós");

-"- vos": complemento direto;

-"portas d’ouro": vocativo;

-"ante meus ais": modificador restritivo;

-"Abri-vos, [...] ante meus ais!": predicado.

Revisão coordenação/subordinação:

-v. 1 ("Sonho que"): oração subordinada substantiva completiva;

-v. 5 ("Mas"): oração coordenada adversativa;

-v. 9 ("e"): oração coordenada copulativa.

Aula n.º 82
06/05/2020

Poema "Na mão de Deus" (p. 248)

Análise da sua estrutura externa:

a) composição: o poema anteriano apresentado é composto por duas quadras


e dois tercetos, logo corresponde à forma clássica do soneto.
b) rima: o esquema rimático privilegiado nesta composição poética é
abba/abba/ccd/eed, portanto a rima é interpolada, nas duas quadras, e
emparelhada, nos dois tercetos; quanto às classes de palavras, a rima é rica,
visto haver variação morfológica, como é disso exemplo a utilização de nomes
comuns, adjetivos qualificativos, verbos e advérbios de modo; e, em relação ao
som/à sílaba tónica, a rima é consoante (cf. CVV/CCVV/CVC).

c) métrica:
E G A
"Na/mão/de/Deus,/na/su/a/mão/di/rei/ta, (10)
E G A
Des/can/sou/a/fi/nal/meu/co/ra/ção./ (10)
Do/pa/lá/ci/o en/can/ta/do/da I/lu/são/ (10)
Des/ci a/pa/sso e/pa/sso a/es/ca/da es/trei/ta." (10)
A nível métrico, encontramos os versos decassílabos, os quais, quanto à sua
acentuação, são paroxítonos e oxítonos (cf. palavras graves e agudas).
Análise da sua estrutura interna:
a) linha temática: neste poema anteriano, a linha temática central é, sem
dúvida, a configuração do Ideal, uma vez que o sujeito poético tece uma
espécie de apelo a Deus, para que este o liberte da sua dor em vida e
encaminhe-o para o seu descanso eterno, para a morte, acompanhando-o
nesta derradeira viagem pela mão, como podemos comprovar nos seguintes
versos: vv. 1 e 2, "Na mão de Deus [...]/Descansou afinal meu coração; vv. 13 e
14, "Dorme o teu sono, coração liberto,/Dorme na mão de Deus eternamente!".
b) recursos expressivos:
-v. 1: repetição expressiva ("mão");
-vv. 3 e 7: metonímia ("Ilusão", "Ideal" e "Paixão" = sonho, perfeição e
esperança);
-v. 5: comparação ("Como as flores mortais");
-v. 8: dupla adjetivação ("forma transitória e imperfeita");
-v. 9: comparação ("Como criança");
-v. 12: enumeração ("Selvas, mares, areias do deserto...");
-vv. 13 e 14: anáfora ("Dorme");
-v. 13: apóstrofe ("coração liberto").

Aula n.º 83
11/05/2020

Conclusão da análise do poema "Na mão de


Deus" (p. 248)

Questões:

1.1- Com o uso do advérbio "afinal", no v. 2, o "eu" poético demonstra a


sua satisfação, o seu alívio por, finalmente, ter encontrado um sítio onde pode
ter paz, sossego, amor e felicidade; note-se que esse lugar, ainda que não
exista uma referência geográfica específica, é maravilhoso, superior até ao
"palácio da ventura", uma vez que ele se encontra acompanhado por Deus (cf.
vv. 1 e 2).

1.2- A expressão "palácio encantado da Ilusão" pode ser interpretada


como uma metáfora de sonho, de paraíso, sendo que, no contexto em que é
utilizada, sublinha o desencanto e a aceitação do sujeito lírico, que já se
resignou (na primeira estrofe) com a sua inexistência.

1.3- As comparações estabelecidas nas últimas três estrofes, evidentes


nos vv. 5 e 9, remetem-nos para o campo da morte, quando o "eu" poético
menciona as "flores mortais"(.cf cerimónia fúnebre), depositando a sua
esperança do descanso eterno em Deus; assim como quando se compara a
uma criança, que está cansada de viajar, contudo mantém a sua ingenuidade,
a sua esperança e a sua pureza, por se encontrar protegida pela sua mãe (cf.
vv. 9 a 11).

1.4- Na verdade, existe uma relação semântica entre o título do poema e


o seu assunto, na medida em que o sujeito lírico mantém a sua fé em Deus
enquanto se encaminha para a sua morte, no sentido de acreditar que, ao lado
de Deus, encontrará, por fim, o descanso eterno.

Antero de Quental – síntese:

-na poesia anteriana, existem duas grandes linhas temáticas, a saber: a


angústia existencial e a configuração do Ideal.

Aula n.º 84
12/05/2020

Princípios da coerência textual (cf. SI, p. 312)

-princípio da relevância (cf. a apresentação de argumentos favoráveis e


contraditórias à tese/ao assunto inicial);

-princípio da não contradição (cf. todos os factos referidos são comprovativos


do assunto central);

-princípio da não tautologia (cf. evolução/progressão dos assuntos


apresentados).

Cesário verde

Documentário: "Cesário Verde: o contexto, a


vida e a obra" (RTP)

-Cesário Verde é um poeta realista (que privilegia a reprodução objetiva e


crítica da realidade) e impressionista (que tenta transfigurar o real na sua
poesia);
-A poesia cesariana carateriza-se pela:

-dualidade campo/cidade (cf. "locus amoenus"/"locus horrendus");

-dicotomia entre a mulher natural e a mulher fatal (cf. "mulher anjo"/"mulher


demónio");

-modernidade (cf. evolução da cidade; progresso);

-angústia generalizada;

-tédio;

-morte;

-decadência da sociedade do final do séc. XIX;

-tendência pessimista.

-Note-se que a decadência e o pessimismo são sentimentos, se assim os


podemos denominar, fundamentalmente históricos e comprovam o "desejo
absurdo de sofrer", presente no poema "O sentimento dum Ocidental".

-Na poesia cesariana, encontramos, frequentemente, o signo da:

-pluralidade;

-diversificação;

-fragmentação;

-dualidade.

-Na sua escrita poética, é, igualmente, notória uma evocação a Camões e ao


passado glorioso do povo português, com o intuito de instigar-nos a sermos
grandiosos outra vez; a (re)construirmos um mundo melhor, mais justo e mais
propício à felicidade generalizada.

-Neste sentido, podemos afirmar que existe uma influência do modernismo,


que se evidencia, particularmente, no saudosismo, no simbolismo e no
impressionismo.

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