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Eu vou seguir meu percurso individual para falar da experiência deste cartel.

O
texto da Psicose é a letra em torno da qual nos reunimos e construimos uma
linguagem que dê conta da experiência clínica angustiante do encontro real com a
demanda. Nesta instituição - o cartel, passou a existir um ponto de referência no
tempo e no espaço com o encontro entre outros pautados na leitura corrente e na
associação livre. A transferência de trabalho nos coloca em contato com a
produção em curso dos discursos individuais, com intervenções, cortes,
interpretações feitas naturalmente por quem se sentir tocado na escuta.

Individualmente, a questão que me vem aparecendo nesse trabalho tem sido a


respeito da localização imaginária do Eu na clínica, servindo de ponto de
observação nos diferentes casos. A psicose e o autismo, como estruturações
linguísticas sem uma comunicação ampla com a cultura, contam com a presença
física do analista que permite o anteparo para algum suporte de imagem corporal
funcionar como uma reserva histórica do sujeito. Nesses casos, o psicanalista
serve como suporte deste Eu na relação, que não poderá ser tão consistente que
assuma a personificação do Grande Outro, mas que também não suma ou se
esvazie por completo como no acompanhamento das neuroses. Já na histeria e
na neurose obsessiva o Eu vem representado e agarrado aos fatos narrados em
análise. O efeito de interpretação vem introduzir dúvidas e abrir caminho para
pensarmos este Eu como uma forma de alienação do sujeito que fala. O sujeito
que fala em forma de lapsos, sintomas, sonhos, angústia, deixa de falar nas
fixações do Eu. Para isso remontamos a estrutura da transferência segundo Lacan
(Seminário 1, capítulo IV, O Eu e o Outro) como um além da resistência. “Vemos
num certo porto dessa resistência, produzir-se o que Freud chama a transferência,
quer dizer aqui, a atualização da pessoa do analista”. O analista então precisa ser
aceito como um outro que ouve e que nesta escuta desperta a transferência ao
ouvir além do que está sendo dito.

Lacan nos ajuda a situar o Eu como um elemento do campo do imaginário com


importância fundamental para os processos psíquicos concernentes às relações
em geral. O Eu como instância ocorre a partir de um marco mitológico do
encontro com o espelho, momento que fornece uma imagem, a que o sujeito se
identifica, unificadora de todos os gozos vividos entre ele e seu Outro, fonte de
saciedade. No Seminário 1, capítulo X (Os dois narcisismos), Lacan lembrará que
“o outro tem para o homem valor cativante pela antecipação que representa a
imagem unitária tal como é percebida, seja no espelho, seja em toda realidade do
semelhante.” No mesmo capítulo ele ainda diz que “é preciso distinguir as funções
do eu - por um lado desempenham para o homem como para outros animais um
papel na estruturação da realidade; por outro lado devem no homem passar por
essa alienação fundamental que constitui a imagem refletida de si mesmo”.
Antonio Quinet, aborda a questão da imagem em Os Outros em Lacan da seguinte
forma: “Constituído pela imagem do outro, o Eu está para sempre alienado a seu
outro-ideal, que o neurótico sempre encontra entre seus camaradas. O outro é
igual e rival.” Ele completa: “O eu e o outro entram numa luta pelo reconhecimento
mútuo e recíproco; trata-se de uma luta para que um reconheça o outro.” Ainda
sobre a introdução imaginária do sujeito, Maria Rita Kehl (O Tempo e o Cão)
escreve: "As imagens, por sua própria condição, se oferecem como resposta ao
enigma do inconsciente pela via da produção de sentido, que é a mesma via da
produção de identificações. Dessa forma, o movimento errático do desejo cede
lugar ao gozo promovido pelo encontro com a imagem que encobre a falta de
objeto.” Ou seja, a imagem aliena o desejo em um gozo.

No trabalho de análise as imagens - do Eu, do outro, suas relações - são ditas


com palavras, ou seja, operando a tentativa de passagem do ideal da imagem
para um possível da linguagem, diferença que Freud expõe entre eu-ideal e ideal-
do-eu. Porém, o analista também se aliena com as promessas do Super-Eu que
exige sucesso, uma vida feliz, casamento harmônico, paz de espírito, também
imagens que servem como suporte mas não como sentido da história narrada.
Assim, é possível perceber o quanto pode ser agradável e paralisante para o
Sujeito em análise a presença desse analista que entende tudo de sua história,
que gosta de saber dos desdobramentos dos fatos. O outro encarnado no analista
permite a fala porque interroga, mas também permite o conforto de uma imagem.
Daí um dos sentidos do divã que retira da cena a imagem cativante do analista,
segundo Lacan.

Minha questão chega portanto à participação real do analista, uma vez que
imageticamente nos captamos em enredos, e situamos nossa atuação no campo
simbólico, buscando então que esta seja significante. O quanto ouvir do Eu
permite apoios ou desvios no trabalho de entender sobre o desejo? O sujeito,
efeito do discurso, ocorre na representação de um significante a outro significante
e não na relação de completude do significante a um significado. A relação de um
significante a outro significante é também a relação que permite um sujeito
representar para o analista algo real em si, o seu desejo, uma verdade que se
sustente no tempo. É por uma relação de amor que um sujeito-significante se
relaciona a outro sujeito-significante, que aceita-o como provocador de discurso.
Ao invés de concluir questões abertas e simples, as torna mais complexas, o que
não acontece sem busca de significado. Assumimos que a direção do tratamento
em análise visa que a presença do analista venha a ser simplesmente mais um
significante, enxuto da ornamentação imaginária.

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