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SOBRE CORPO
Petrolina
2020
MARIA THEODORA GAZZI MENDES
CORPO
Petrolina
2020
Mendes, Maria Theodora Gazzi
M538i A infância feminina: representações sociais sobre corpo / Maria Theodora
Gazzi Mendes. – Petrolina – PE, 2020.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
________________________________________________
Suzzana Alice Lima Almeida
Doutora em Educação, Departamento de Educação - Campus VII Uneb
___________________________________________________
Marcelo Silva Souza Ribeiro
Doutor em Psicologia, Colegiado de Psicologia/ UNIVASF
A todas as crianças, principalmente as meninas, que
possam amar suas corporeidades, sempre.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço meu orientador, Prof Dr. Marcelo Ribeiro, que nessa jornada
de estudos sobre a infância, aceitou estar comigo nas investigações de representações e corpo;
Agradeço também às profas Dras Margaret Lira e Suzzana Almeida, que gentilmente
aceitaram participar de minha banca de avaliação;
Ao programa de pós-graduação em Psicologia da Univasf, por investir em educação ao
trazer uma formação em nível mestrado para o sertão pernambucano;
Agradeço à Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro (BA) e às escolas municipais,
que receberam com carinho e seriedade a proposta da pesquisa. Grata também às famílias e às
meninas participantes dessa pesquisa, sem vocês, a produção de conhecimento não teria sido
possibilitada;
Ao Marquinho, por ser companheiro desde o início da minha decisão.... por estar comigo
desde a seleção do mestrado, carregando Caetano de dois meses no sling para que eu pudesse
concluir a prova. Gratidão profunda, Xu, TJ. Ao meu filho Caetano, que mesmo passando
muitas noites em claro, ficando doente, sentindo minha falta no hotelzinho, me apresentou o
amor incondicional e fortaleceu minha identidade enquanto mãe-pesquisadora-docente.
Maternidade e ciência no nosso país é ato de resistência, filho;
À minha família, Pai, Mãe, Lê e Loro... de presença física rara nesses últimos anos, mas
sempre unidos, me apoiando nas minhas decisões de mudança e se fizeram importantes, mesmo
a quilômetros de distância... À Juliana, que me ajudou tanto com a casa quanto com Caetano
nesses dois anos e meio, ficando com ele quando estava doente para que eu não faltasse às aulas
ou orientações; ao Quintal de Brincar, hotelzinho que acolheu os cuidados do meu filho;
À colega de mestrado Emilly, pela ajuda nas transcrições e análises de categorias, foi
essencial;
Um agradecimento especial à amiga de convivência, de estudos, de tudo... Mel, grata
pelas revisões de texto, por ninar Caetano quando precisei. Você é incrível! Agradeço também
às amigas “quengas”, por estarem comigo nesse processo; em especial à Ju, por me ajudar a
pensar a infância com respeito e muito conhecimento;
Por fim agradeço pela prática de Yoga estar presente na minha vivência diária, por me
fazer experimentar minha corporeidade enquanto mulher, única;
Grata a todos que me acompanham e que, de uma forma ou de outra, contribuíram para
minhas reflexões.
“quero pedir desculpa a todas as mulheres
que descrevi como bonitas
antes de dizer inteligentes ou corajosas
fico triste por ter falado como se
algo tão simples como aquilo que nasceu com você
fosse seu maior orgulho quando seu
espírito já despedaçou montanhas
de agora em diante vou dizer coisas como
você é forte ou você é incrível
não porque eu não te ache bonita
mas porque você é muito mais do que isso”
Esta pesquisa teve como objetivo conhecer as representações sociais sobre corpo para meninas
com idades entre 7 e 11 anos. Caracteriza-se como uma pesquisa exploratória de caráter
qualitativo, utilizando-se da Teoria das Representações Sociais para compreensão do
fenômeno. É posto que, o corpo feminino, no contexto sociocultural contemporâneo, é
permeado por constante pressão social em relação a um ideal de beleza. As mulheres, adultas e
adolescentes, encontram-se preocupadas com a idealização de um corpo magro e bonito,
estando elas mais predispostas as insatisfações e desejos de mudanças corporais, em
comparação aos homens em idades correspondentes. A mídia e o entorno social são
considerados como fatores influenciadores dessas tendências. Pesquisas apontam que as
representações sociais de corpo feminino abrangem conceitos como um corpo magro, mas com
contornos de seios e nádegas volumosos, além de cabelos compridos e lisos. Porém, poucos
estudos mostram a investigação e compreensão de representações sociais de corpo na infância
feminina, apontando para uma lacuna no conhecimento e sendo, portanto, o público definido
como participante desta pesquisa. Para a coleta de dados foram realizados grupos focais em 4
escolas municipais em Juazeiro/BA. Logo após o momento coletivo, uma voluntária de cada
grupo foi sorteada para uma entrevista individual, a fim de aprofundar as questões. O material
foi analisado através da técnica da análise de conteúdo e posteriormente foi utilizado o recurso
nuvem de palavras do software IRaMuTeQ. Encontrou-se um conceito de representação social
de corpo feminino caracterizado por jovialidade, partes volumosas (como seios e nádegas),
cabelos lisos e compridos e pele branca, quando associados ao conceito de beleza. Porém,
quando este conceito esteve associado a mulheres das redes de apoio, mães, tias e primas foram
citadas, associando beleza à amorosidade e importância afetiva. O corpo das meninas foi alvo
de apelidos depreciativos de sua imagem, realizados em sua maioria pelos meninos,
caracterizando essas situações como bullying. O uso de maquiagem e roupas bonitas foi
associado como representação de cuidados com o corpo feminino. O uso de mídias digitais,
principalmente redes sociais, foram citados como meios de encontro das meninas e de acesso
às mulheres mencionadas como sendo belas. Espera-se, com esses dados, encontrar suporte
para reflexões futuras sobre o ideal de beleza de corpo feminino na infância e a influência das
mídias digitais para tal, propondo ações educativas em diversos contextos, diminuindo a
discrepância de um ideal de beleza da realidade do corpo feminino.
This research aimed to comprehend the body’s social representations for girls, aged between 7
and 11 years old. It is characterized as a qualitative exploratory research, using the Theory of
Social Representations to understand the phenomenon. It is well known that the female body,
in the contemporary socio-cultural context, is permeated by constant social pressure in relation
to an ideal of beauty. Women, adults and adolescents, are concerned with a slim and beautiful
body, being more predisposed to body dissatisfactions and desires for bodily changes,
compared to men at corresponding ages. The social environment and the media are considered
factors that influence these trends. Research shows that social representations of the female
body symbolize concepts such as a slim body, but with contours of voluminous breasts and
buttocks, in addition to long and straight hair. However, few studies show the investigation and
understanding of social representations of the body in female childhood, signalizing a
deficiency in knowledge and, therefore, being the public defined as a participant in this
research. For data collection, focus groups were held in 4 municipal schools in Juazeiro / BA.
Right after the collective moment, a volunteer from each group was drawn for an individual
interview, in order to deepen the questions. The material was analyzed using the content
analysis technique and later the word cloud resource of the IRaMuTeQ software was used. A
concept of social representation of the female body was found, characterized by joviality,
voluminous parts (such as breasts and buttocks), long straight hair and white skin, when
associated with the concept of beauty. However, when this concept was associated with women
in the social care, mothers, aunts and cousins were mentioned, associating beauty with love and
affective importance. The girls' bodies were the target of derogatory nicknames for their image,
mostly performed by boys, characterizing these situations as bullying. The use of makeup and
beautiful clothes was associated as a representation of care for the female body. The use of
digital media, especially social networks, was cited as a means of meeting girls and accessing
women mentioned as being beautiful. It is hoped, with this research, to find support for future
reflections on the ideal of beauty of the female body in childhood and the influence of digital
media for this, proposing educational actions in different contexts, reducing the discrepancy of
an ideal of beauty from the reality of the feminine body.
Lista de Tabelas
Tabela 1. Quantidade de participantes por escola e média de duração das coletas ....... 45
Tabela 2. Dados sociodemográficos das famílias das participantes ................................. 46
Tabela 3. Eixos temáticos e categorias de conteúdo ........................................................... 48
Sumário
1 Introdução............................................................................................................................ 13
2 Fundamentação teórica....................................................................................................... 17
2.1 A construção psicossocial do corpo...................................................................... 17
2.1.1 O corpo feminino...................................................................................... 18
2.1.2 Imagem corporal...................................................................................... 22
2.1.3 O corpo infantil........................................................................................ 26
2.2 Representações sociais......................................................................................... 27
2.2.1 O corpo nas representações sociais......................................................... 31
2.2.2 Representações sociais na infância.......................................................... 34
3 Objetivos............................................................................................................................... 37
3.1 Geral....................................................................................................................... 37
3.2 Específicos............................................................................................................. 37
4 Método.................................................................................................................................. 38
4.1 Delineamento de pesquisa.................................................................................... 38
4.2 Aspectos éticos....................................................................................................... 38
4.3 Participantes.......................................................................................................... 38
4.4 Descrevendo o cenário de coleta........................................................................... 39
4.5 Caracterizando os instrumentos.......................................................................... 40
4.6 Procedimento de coleta de dados.......................................................................... 41
4.7 Análise de dados.................................................................................................... 43
5 Apresentação de resultados e discussão.............................................................................. 45
5.1 Dados sociodemográficos...................................................................................... 46
5.2 Eixos temáticos...................................................................................................... 48
5.2.1 Olhares sobre o corpo........................................................................................ 49
5.2.1.1 Pares..................................................................................................... 49
5.2.1.2 Outros olhares....................................................................................... 55
5.2.1.3 Resignação e conformidade.................................................................. 59
5.2.2 Conceito de corpo............................................................................................... 60
5.2.2.1 Sentimentos em relação ao corpo.......................................................... 61
5.2.2.2 Referenciais de beleza........................................................................... 63
5.2.2.3 Cuidados em relação ao corpo.............................................................. 65
5.2.3 Imagem e identificações .................................................................................... 67
5.2.3.1 Padrão de atributos de beleza............................................................... 68
5.2.3.2 Mídias digitais e corpo.......................................................................... 72
5.2.3.3 Imagens, metáforas e corpo................................................................... 75
Considerações finais............................................................................................................... 77
Referências.............................................................................................................................. 80
Apêndice A – Carta de aceite da Secretaria Municipal de Educação................................. 88
Apêndice B – Questionário sociodemográfico...................................................................... 89
Apêndice C – Roteiro de entrevista semiestruturada........................................................... 90
Apêndice D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (grupo focal) ...................... 91
Apêndice E – Termo de Assentimento de Participação (grupo focal) ............................... 94
Apêndice F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (entrevista individual) ....... 96
Apêndice G – Termo de Assentimento de Participação (entrevista individual) ............... 99
Apêndice H – Lista de Substituições do Corpus Textual/IRaMuTeQ............................... 101
Anexo A – Fotos das celebridades mais mencionadas ....................................................... 102
13
1 Introdução
2004b). Esses estudos mostram que essa insatisfação precoce pode ser preditor de
distúrbios de imagem corporal e depressão na vida adulta.
Inicialmente proposto por Schilder (1950/1994) ¹, o conceito de imagem corporal
abrange mais do que uma simples percepção ou imaginação do corpo físico. A imagem
corporal é também fruto de experiências emocionais pessoais e da interação com outras
pessoas. Desse modo, ela é definida como sendo a representação que nosso corpo se
apresenta para nós.
A corporeidade humana é entendida como um fenômeno social e cultural, sendo
ela alvo de representações e imaginários sociais (Le Breton, 1953/2007) 1. Através dessa
perspectiva, a Teoria das Representações Sociais (TRS), desenvolvida por Moscovici
(1976/2015)¹, possibilita apurar um olhar para a realidade social que o sujeito vivencia,
compreendendo suas experiências a partir das suas relações. Esta então é a principal
referência teórica de análise desse estudo.
Neves, Cipriani, Meireles, Morgado e Ferreira (2017), ao realizar uma revisão de
literatura acerca da imagem corporal na infância, concluiu que grande parte das pesquisas
focam na avaliação da imagem corporal de crianças, e poucas investigam os outros
elementos relacionados a ela. Elementos estes que podem ser identificados e entendidos
sob a ótica das representações compartilhadas nesse grupo especifico, foco principal da
TRS.
Apesar de a escuta das crianças na produção acadêmica brasileira ter aumentado
na área da Psicologia, alguns grupos de crianças de determinadas regiões do Brasil
permanecem em minoria nas pesquisas, e uma delas é a região nordeste (Prado, 2017).
Este dado fortalece a importância da produção de pesquisas para esta região do país e,
mais especificamente, para este grupo social. Em levantamento bibliográfico para o corpo
teórico deste projeto, foi constatada a escassez de estudos que se utilizam da Teoria das
Representações Sociais como ponto de referência para analisar as investigações no
âmbito da corporeidade infantil (Mendes & Ribeiro, 2018). É entendendo a importância
da investigação desses aspectos na infância que se propõe o público de participantes dessa
pesquisa: meninas no intervalo de idade entre 7 e 11 anos.
Entendendo que a infância pode ser considerada uma fase peculiar de
desenvolvimento, é que o foco desta pesquisa se delimita: a investigação das
representações sociais (RS) sobre corpo para meninas. Há uma necessidade de abrir
1
A primeira data corresponde às obras originais dos autores e a segunda as edições consultadas.
15
espaço para que crianças de diversos contextos socioculturais, no caso específico deste
projeto, do semiárido brasileiro, tenham suas perspectivas consideradas. Assim, essa
investigação se faz necessária a fim de compreender essas questões e poder produzir
ferramentas de reflexão sobre as pressões sociais que afligem as meninas em relação aos
padrões de beleza de seus corpos.
Dessa maneira, esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. Após essa
introdução, segue-se o segundo capítulo, o qual apresenta a fundamentação teórica desta
pesquisa e está dividido em duas partes. A primeira parte discute sobre a construção
psicossocial do corpo, investigando na literatura e nas bases teóricas a maneira como o
corpo feminino é construído socialmente, a abordagem do conceito de imagem corporal
e a maneira de como essas construções são consideradas na infância. A segunda parte
apresenta a base teórica das representações sociais, investigando na literatura o
entrelaçamento das investigações das RS em relação ao corpo e suas considerações na
infância.
O terceiro capítulo elenca o objetivo geral desta pesquisa, que consiste em
compreender o conteúdo das representações sociais sobre o corpo feminino para meninas
no município de Juazeiro, Bahia. É também elencado os objetivos específicos: (1)
conhecer as representações sociais sobre o corpo para meninas com idades de 7 a 9 anos
e de 10 a 11 anos; (2) explorar o conceito de corpo na infância feminina; (3) identificar
influências que permeiam a satisfação corporal de meninas; (4) contrastar possíveis
diferenças de representações sociais que emergem dos dois grupos citados; (5)
caracterizar os grupos estudados com dados sociodemográficos.
O quarto capítulo contempla a descrição do método, abrangendo o delineamento
de pesquisa, as questões éticas, a caracterização dos participantes, do cenário de pesquisa
e os procedimentos utilizados para a coleta, bem como a descrição de como foi realizada
a análise dos dados.
O quinto capítulo apresenta os resultados e a discussão dos dados, que são
apresentados num mesmo corpo de texto.
Para concluir, o sexto capítulo traz as considerações finais, sintetizando os dados
levantados e o que mais preponderou na discussão dos dados. Outro aspecto discutido
nesse item são as limitações dessa pesquisa, as contribuições para a área e os possíveis
desdobramentos. Em seguida são elencadas as referências utilizadas e os apêndices
pertinentes.
16
2 Fundamentação Teórica
com uma interação cultural recebida dentro do seu círculo social, e que, dentro de uma
mesma comunidade, essas manifestações têm sentido quando relacionadas ao simbolismo
do seu grupo social de pertencimento. Através dessa interação constante com os outros é
que se propõe a compreensão de que a corporeidade seja socialmente construída.
Seguindo com discussão similar, o antropólogo Renato da Silva Queiroz e a
psicóloga Emma Otta (2000) discutem o tema da beleza e da estética no corpo do
brasileiro. Os autores propõem a discussão de que, sendo o corpo submetido às
imposições da natureza, devido à sua constituição originalmente biológica, coloca todos
os seres em uma mesma e única condição corporal, como por exemplo os reflexos
corporais ou as expressões faciais das emoções básicas (Queiroz & Otta, 2000, p.20).
Porém, é através da cultura na qual se está inserido, é que se manifestam as
heterogeneidades das representações e simbolismos vinculados ao corpo, como por
exemplo, os determinantes culturais que tais expressões emocionais se manifestam. “O
corpo é de fato apropriado e adestrado pela cultura, concebido socialmente, alterado
segundo crenças e ideias coletivamente estabelecidas.” (Queiroz & Otta, 2000, p. 31). À
vista disto, a concepção de corpo é afetada pela religião, classe social, grupo familiar e
vários outros fatores socioculturais no qual o indivíduo está imerso.
Em meio à maioria das mulheres que trabalham, têm sucesso, são atraentes e
controladas no mundo ocidental, existe uma subvida secreta que envenena nossa
liberdade: imersa em conceitos de beleza, ela é um escuro filão de ódio a nós
mesmas, obsessões com o físico, pânico de envelhecer e pavor de perder o
controle. (Wolf, 1992, p. 12).
Este termo indica que não estamos tratando de uma mera sensação ou imaginação.
Existe uma apercepção6 do corpo. Indica também que, embora nos tenha chegado
através dos sentidos dos sentidos, não se trata de uma mera percepção. Existem
figurações e representações mentais envolvidas, mas não é uma mera
representação (Schilder, 1950/1994, p.11).
e Fleming (2004) discutem sobre o quanto as interações sociais são espelhos para nossas
atitudes, crenças e imagens que temos de nós mesmos, ajudando na internalização de uma
imagem corporal. Realizando um levantamento de literatura sobre das evidências da
influência social no desenvolvimento da imagem corporal, os autores apontam, por
exemplo, o quanto mulheres com disfunção de imagem corporal têm baixa autoestima
social e maior nível de ansiedade em situações sociais (Cash & Fleming, 2004, p. 279),
identificando a correlação entre imagem corporal e aspectos sociais.
O feedback social que contribui para a criação da imagem corporal não é uma “via
de mão única”, através do qual nós passivamente internalizamos as avaliações
refletidas dos outros. Em vez disso, as influências sociais na formação da imagem
corporal são mais recíprocas e interativas. Isso significa que, enquanto o feedback
social indubitavelmente configura nossa visão individual de nossa própria
aparência, essas crenças individuais e comportamentos podem também influenciar
a natureza social do feedback que recebemos. [tradução nossa] (Cash & Fleming,
2004, p. 278).
A literatura aponta que uma experiência positiva de imagem corporal pode estar
relacionada à autoestima global, e que uma experiência negativa pode ser preditor de
desenvolvimento de depressão e transtornos alimentares, principalmente em mulheres
(Burnettea, Kwitwskia, & Mazzeob, 2017; Smolak, 2004b). Apesar de não ser consenso
sobre o significado do que seria uma experiência negativa de imagem corporal, ela está
comumente associada à insatisfação corporal, seja de partes específicas do corpo, ou da
aparência em geral (Cash, 2004, p. 269). Porém, como afirma Cash (2004), a insatisfação
corporal analisada isoladamente não é suficiente para predizer uma experiência negativa
de imagem corporal, mas ela deve estar associada a consequências emocionais e
comportamentais, como por exemplo humor negativo, dietas restritivas, excesso de
atividade física ou mesmo transtornos alimentares.
Pesquisa brasileira realizada com 587 jovens universitários (47% mulheres)
realizada em Juiz de Fora/MG, procurou avaliar a relação entre checagem corporal,
atitude alimentar e insatisfação com a imagem corporal. Foram considerados como
comportamentos de checagem corporal fazer períodos de restrição alimentar, rituais de
pesagens, medidas e comparações de seu corpo com outros. Apesar de uma reduzida
parcela de indivíduos com alta frequência em checagem corporal (8,7% em mulheres e
1,93% em homens), houve diferença entre os gêneros. Os pesquisadores também
encontraram relação positiva entre realizar a checagem corporal e insatisfação corporal,
sendo com maior prevalência nas mulheres (17,4% delas declararam estar insatisfeitas
25
com o próprio corpo em comparação a 2,25% dos homens). Os autores também apontam
para o risco de transtornos alimentares futuros. (Carvalho, Filgueiras, Neves, Coelho &
Ferreira, 2013).
A preocupação com padrões corporais e beleza feminina também atinge meninas
adolescentes. Estudos mostram que adolescentes já idealizam um corpo magro e bonito,
e que elas têm maior insatisfação e desejo de mudanças corporais em relação aos meninos
da mesma idade (Conti et al., 2009; Passos, Gugelmin, Castro, & Carvalho, 2013;
Smolak, 2004b; Smolak, Levine, & Thompson, 2001).
Keery, Berg e Thompson (2004) conduziram um estudo na Flórida/EUA com 325
meninas, de 11 a 15 anos de idade. A pesquisa teve o objetivo de discutir sobre quais as
possíveis influências que predispõem no desenvolvimento de distúrbios alimentares e
experiências negativas de imagem corporal. Os autores indicam três possíveis fatores que
interferem na internalização de um ideal de corpo magro, e na constante comparação da
aparência dessas meninas com as outras: seus pares, os familiares e a mídia. Os pares e
os familiares foram sinalizados como sendo aqueles que influenciam realizando críticas
ou provocações, incentivos a dietas e comparações com outras meninas. A mídia
influencia contribuindo com normas de aparência e padrão de corpo, além de dietas e
práticas alimentares restritivas.
Brown e Tiggemann (2016) corroboram quando apontam que mulheres expostas
a fotos de modelos de corpo magro, sejam elas celebridades ou suas colegas, podem
aumentar os níveis de insatisfação corporal e humor deprimido, concluindo que a
constante exposição a celebridades atraentes e imagens de colegas pode ser prejudicial à
imagem corporal dessas mulheres. Keery et al (2004) e Smolak (2004a) sinalizam que os
familiares podem colaborar com essa comparação, ao incentivar dietas restritivas, ao
comparar o corpo das meninas com colegas ou ao mencionar sobre excesso corporal das
filhas às celebridades atraentes.
Pesquisadores têm tido a preocupação de explorar essas influências também na
infância. Davison, Markey e Birch (2003) realizaram um estudo longitudinal em meninas
com idades entre 5 e 9 anos de idade, na Pennsylvania/EUA, objetivando investigar sobre
suas preocupações com o peso e a insatisfação corporal ao longo do tempo. As autoras
encontram associações positivas entre preocupações com o peso, insatisfação corporal e
status de peso, à medida que a idade aumenta. As autoras apontam que as meninas mais
novas (5 anos) tendem a ter maior preocupação com o peso e as meninas mais velhas (9
anos) maior tendência a sentirem-se insatisfeitas com o corpo. A pesquisa alerta para
26
A Teoria das Representações Sociais (TRS) foi proposta pelo psicólogo social
Serge Moscovici (2015) e veicula a ideia de inseparabilidade entre indivíduo e o grupo
social do qual pertence. Assim, a realidade que permeia o sujeito e suas relações norteia
28
originar nas práticas sociais, e acabam dando sentido à realidade social, ajudando a
organizar as comunicações entre as pessoas e acabando por orientar as condutas dos atores
nele envolvidos. A TRS tem como central a premissa de que o sujeito é ativo nessa
construção, e que não há conhecimento que não seja construído socialmente, surgido das
interações cotidianas. (Trindade, Santos & Almeida, 2014).
O enfoque de conceito de representação social discutido nesta pesquisa é
embasado na abordagem processual defendida por Moscovici (1978) e Jodelet (2001). À
vista disto, a abordagem processual é um enfoque peculiar, pontuando o quanto as
representações sociais têm fundamentos na visão psicossocial do sujeito: por um lado
investiga o sujeito social com seu mundo interior e, de outro lado, resgata o sujeito
individual no mundo social. Dessa maneira, a importância na investigação do objeto de
estudo é atribuída ao processo em si. (Oliveira & Ornellas, 2014).
Desse modo, Moscovici (2015) busca explorar o fenômeno das RS através da vida
cotidiana. Conforme ele expõe: “existe uma necessidade contínua de reconstruir o ‘senso
comum’ ou a forma de compreensão que cria o substrato das imagens e sentidos”
(Moscovici, 2015, p. 48), diante da qual a sociedade funciona. E que este modo complexo
de funcionar é que dá origem às RS: elas são a especificidade daquele grupo social.
Assim, a finalidade de uma RS é de “tornar familiar algo não familiar, ou a própria não
familiaridade.” (Moscovici, 2015, p. 54). Portanto, a RS seria uma forma de
conhecimento, a maneira como atores sociais procuram entender o mundo em que vivem.
Jodelet (2001) afirma que se pode observar as representações sociais nas diversas
ocasiões, pois circulam nos discursos das pessoas, são veiculadas em palavras e imagens.
Elas são uma maneira de interpretar o mundo e da construção de uma realidade comum,
intermediando as relações entre as pessoas, organizando e orientando as condutas e as
comunicações sociais.
simbólica que entra na elaboração e, por outro lado, à prática que produz a dita
substância. (Moscovici, 1978, p. 41).
Assim sendo, Moscovici (1978) afirma que representações sociais atuam através
de observações e de análise dessas observações, através da linguagem que utilizamos para
comunicá-las, formando então imagens e conceitos em representações.
A maneira como um conceito se torna uma RS é fundada, principalmente, por dois
processos significantes, propostos por Moscovici (2015): a ancoragem e a objetivação.
“A ancoragem corresponde exatamente à incorporação ou assimilação de novos
elementos de um objeto em um sistema de categorias familiares e funcionais aos
indivíduos, e que lhes estão facilmente disponíveis na memória.” (Trindade et al., 2014,
p. 146). Esse processo possibilita integrar ideias antes novas ou estranhas, trazendo-as
para uma categoria ou imagem já comum ao indivíduo, ancorando-o. Moscovici (2015)
afirma que ancorar é classificar e nomear, para que ideias deixem de ser estranhas e não
conhecidas, colocando-as em um conjunto de regras e comportamentos conhecidos.
“Quando classificamos uma pessoa como marxista, diabo marinho ou leitor do The
Times, nós o confinamos a um conjunto de limites linguísticos, espaciais e
comportamentais e a certos hábitos.” (Moscovici, 2015, p. 63).
Já a objetivação é o processo de tornar concreto aquele conceito que é abstrato,
transformando-o em imagem de algo. (Trindade et al., 2014). “Objetivar é descobrir a
qualidade icônica de uma ideia, ou ser impreciso; é reproduzir um conceito em uma
imagem. Comparar é já representar, encher o que está naturalmente vazio, com
substância.” (Moscovici, 2015, p. 71). A objetivação torna concreto e passível de
compreensão um conceito abstrato, quando o indivíduo se utiliza do seu sistema de
valores como referência, conforme sua cultura, normas e regras sociais. (Morera, Padilha,
Silva, & Sapag, 2015).
Uma representação é sempre aquilo que tem um significado para alguém. Esse
vínculo com o objeto está intrínseco dentro do nexo social e deve ser lido e
interpretado dentro desse marco, visto que a representação tem sempre um caráter
social e compreende os processos simbólicos das condutas e comportamentos
humanos. (Morera et al, 2015, p. 1158).
A mudança cultural da relação com o corpo tem incidência direta sobre sua
representação. A forma segundo a qual os sujeitos se expressam, a estrutura do
campo de sua representação, a organização da experiência corporal subjetiva, a
escolha das categorias nocivas e normativas constitutivas de uma concepção do
corpo estão modificadas. (Jodelet, 1984/2017, p. 275)
desta pesquisa apontam uma diferença entre os sexos na satisfação corporal: apesar de
apenas 15% das mulheres estarem com IMC (Índice de Massa Corporal) acima do
considerado normal, a insatisfação corporal representava 41% delas. O estudo também
indica que as mulheres mais jovens sofrem mais pressão social para ter um corpo dentro
do esperado pelas normas, e que esse aspecto físico conta mais para essas jovens como
sendo fator de sucesso nas relações interpessoais.
Goetz, Camargo, Bertoldo e Justo (2008) investigaram qual a RS de corpo que
estaria sendo veiculadas em revistas impressas de saúde (Boa Forma, Estilo e Saúde),
entre os anos de 2005 e 2006. Dos 88 artigos retirados dessas revistas, duas grandes
categorias de análise foram encontradas: beleza e saúde. Dentro dessas duas categorias,
as revistas orientam suas matérias utilizando-se de duas vias. A primeira, bem prática, há
orientações que contemplam aspectos físicos de como alcançar uma estética e uma saúde
corporal, através de dietas, exercícios, etc. para conseguir a satisfação através da beleza.
A segunda via, mais subjetiva, veicula a representação do corpo como sendo um todo
físico-psíquico e que uma vida saudável é conquistada através de equilíbrio e bem-estar.
Passos (2011) realizou uma pesquisa com adolescentes de escolas públicas e
privadas do município do Rio de Janeiro (RJ). Utilizando-se de um caminho
metodológico similar a esta pesquisa (grupo focal e entrevista semiestruturada), a autora
buscou compreender as RS referentes ao corpo e às práticas alimentares dos adolescentes.
Ao corpo, os adolescentes associaram conceitos como beleza, saúde, sabedoria,
sensualidade e sucesso para arrumar emprego, mencionando mais especificamente
pernas, barriga e braços. Passos (2011) encontra divergência entre os padrões estéticos
mencionados pelas meninas e pelos meninos. As adolescentes meninas associaram beleza
com corpo magro e com curvas nas pernas, nádegas e seios. Já os adolescentes meninos
associaram a beleza ao corpo com músculos. Estes achados corroboram com outros
apontados pela literatura (Burnettea et al., 2017; Camargo et al., 2011; Secchi, 2006;
Smolak et al., 2001). A pesquisa não encontra divergência nas RS entre as diferenças
socioeconômicas, pois em ambas classes sociais o corpo magro é prestigiado, tanto pelas
meninas quanto pelos meninos sendo aquele divulgado pela mídia.
Conti et al. (2009) procuraram avaliar a satisfação corporal de 121 adolescentes
de 11 a 18 anos, de ambos os sexos, utilizando-se como aporte teórico a TRS. As
pesquisadoras encontraram que, entre as meninas, há uma idealização de um corpo magro
e, no discurso delas, permeavam ideias de desejo de diminuir ou aumentar áreas corporais.
Já entre os meninos, o ideal corporal estava veiculado a um corpo eutrófico, ou seja, um
34
peso adequado para a altura, e o desejo de mudança corporal estava em diminuir algumas
áreas e ganhar massa muscular. A ideia de satisfação corporal permeou apenas em 1,8%
das meninas e em 23,3% do discurso dos meninos.
Uma pesquisa realizada na cidade de Juazeiro do Norte/CE, teve o intuito de
compreender as representações sociais da estética corporal de 20 adolescentes, de 15 a 18
anos (Ribeiro, 2018). Os achados corroboram com as pesquisas mencionadas e
novamente encontra-se o ideal de corpo feminino como sendo aquele magro, com seios e
nádegas volumosos e cabelos lisos.
Apesar das pesquisas supracitadas indicarem que tanto homens quanto mulheres
parecem estar predispostos a insatisfações corporais, os dados apontam para uma
vulnerabilidade maior das mulheres e das meninas adolescentes em relação à satisfação
corporal perante às pressões sociais e ideais de beleza. É importante, neste momento,
focalizar então na busca pela RS na infância, particularmente na feminina, público alvo
participante desta dissertação.
3 Objetivos
3.1 Geral
3.2 Específicos
4 Método
4.3 Participantes
(Grupo 2 - G2) com idade entre 10 e 11 anos. Na quarta escola ocorreu apenas um grupo
de meninas com idade referente ao G1, consequência da delimitação de público que esta
escola atendia. A divisão em dois grupos ocorreu com a intenção de agrupar as meninas
em idades próximas, respeitando estágios de desenvolvimento e possíveis interesses
caraterísticos de cada faixa etária. Por conseguinte, e retomando os objetivos específicos,
a divisão também teve o objetivo de compreender os possíveis contrastes das
representações sociais sobre o corpo no início e no fim da infância em período escolar.
Ao final de cada grupo realizado, uma menina foi sorteada para realizar uma
entrevista individual. Dessa forma, colaborou com esta pesquisa um total de 41 meninas,
sendo que destas 27 compunham o Grupo 1 e 14 compunham o Grupo 2.
2
Os nomes das escolas foram supridos a fim de manter o sigilo destas.
40
diariamente em contato com essas alunas e terem a capacidade de sugerir uma amostra
da população em que o contato com a família fosse acessível.
Após a seleção, ocorreu a entrega dos Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido – Grupo Focal (TCLE – Grupo Focal – Apêndice D) para a direção de cada
escola, que foram então encaminhados aos responsáveis das estudantes, juntamente com
o questionário sociodemográfico. Diante da entrega dos TCLEs devidamente assinados,
uma data conveniente para cada escola e para a pesquisadora foi agendada para a
realização dos grupos focais.
Em cada escola foi formado um grupo do tipo G1 e um grupo do tipo G2, exceto
na escola 3, que atende apenas o público de idade até 9 anos. Nesta escola apenas o grupo
do tipo G1 foi formado. A caracterização de cada grupo e a quantidade de participantes
está descrito no item 5 “Apresentação dos resultados e discussão”.
Os encontros ocorreram em momentos separados e cada um deles teve uma
duração média de 55 minutos, realizados em salas disponibilizadas pela escola. Em três
escolas, os grupos ocorreram na sala de informática e, em uma das escolas, o grupo
ocorreu em uma sala de aula ampla que estava ociosa. Todas as salas eram equipadas com
ar condicionado e tiveram suas janelas e portas fechadas durante todo o encontro,
garantindo a privacidade e o sigilo do grupo. Para todos os grupos, no momento da coleta
de dados, as crianças foram reunidas e disponibilizadas em carteiras em formato de
círculo, com a finalidade de facilitar a interação entre todas. A pesquisadora expôs sobre
o tema a ser discutido e os objetivos. Logo após este momento, foi lido o Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido – Grupo Focal (TALE - Apêndice E) e ocorreu o
recolhimento da assinatura das crianças. Em seguida, as crianças foram convidadas a
realizar um desenho individual, após a seguinte orientação da pesquisadora: “Imaginem
uma menina da idade de vocês. Agora, gostaria que vocês desenhassem como é o corpo
desta menina”. Este momento teve como objetivo introduzir as crianças à reflexão sobre
o tema “corpo” e impulsionar a discussão. Após o término do desenho, as meninas foram
convidadas a compartilhar com o grupo as descrições e as reflexões que fizeram do
desenho. A média de tempo de execução do desenho e o início do compartilhamento das
reflexões foi de 18 minutos.
Após o início do compartilhamento das reflexões sobre o desenho, os grupos
tiveram conduções diferentes, devido às particularidades de conteúdo que emergiram de
cada um, demandando mais ou menos mediações da pesquisadora. As particularidades de
cada grupo estão descritas no item 5 “Apresentação dos resultados e discussão”. O
43
término de cada grupo foi identificado após tempo de saturação (em torno de 60 minutos
após o seu início) ou ao identificar saturação da temática. Após o término de cada grupo
focal, o convite para uma entrevista individual foi feito pela pesquisadora ao grupo.
Àquelas que se interessaram, foi realizado um sorteio, a fim de selecionar uma
participante para a entrevista individual. A esta participante foi enviado novo TCLE –
Entrevista (Apêndice F) aos seus responsáveis para a autorização dessa nova fase e um
outro dia foi agendado para esta entrevista. Para este segundo momento foi realizado uma
entrevista semiestruturada para aprofundar temas que surgiram no grupo. Foram ao todo
seis entrevistas (quatro entrevistas do tipo G1 e duas entrevistas do tipo G2), pois uma
criança não teve o TCLE – Entrevista assinado pelos responsáveis. Todas as crianças
novamente assinaram um novo Termo de Assentimento – Entrevista (Apêndice G). A
média de duração das entrevistas individuais foi de 17 minutos.
Tabela 1
Quantidade de participantes por escola e média de duração das coletas.
Quantidade de Duração do Entrevista Duração da
Participantes grupo (minutos) Individual entrevista
Escola
(minutos)
G1 G2 G1 G2 G1 G2 G1 G2
E1 3 7 55 75 1 1 12 10
E2 8 4 46 55 1 1 14:40 25:50
E3 10 - 42 - 1 - 21:47 -
E4 6 3 60 54 1 0 19:38 0
De acordo com os dados tabulados, é possível ilustrar que apenas uma escola (E3)
teve a quantidade de participantes no grupo focal planejada nesta pesquisa. As escolas
E1, E2 e E4 não tiveram adesão de todas as meninas e as gestoras das escolas atribuíram
a este fato a dificuldade usual que as famílias têm em dar retorno à instituição, mesmo
tendo sido explicado pela direção o motivo da pesquisa. As três gestoras das respetivas
escolas demonstraram padecer desta mesma situação quando há comunicados simples da
rotina escolar. Apenas na escola E4 a pesquisadora precisou fazer esclarecimentos
pessoalmente a três famílias, pois, após o convite para a pesquisa ter sido feita pela
gestora, essas famílias questionaram sobre o que iria ser conversado sobre o tema “corpo”.
Diante destas dúvidas, a pesquisadora agendou um dia para estar no momento da saída
do turno escolar das meninas, para conversar pessoalmente com os responsáveis e o tema
foi esclarecido.
A média de tempo de duração do grupo focal (55 minutos) é condizente ao
previsto para essa técnica, considerando as idades das participantes. A finalização dos
grupos foi constatada através da saturação do tema explorado e da identificação de sinais
de cansaço nas participantes, como por exemplo bocejos, necessidades de ir à toalete,
questionamentos se já podiam ser liberadas para o lanche e comentários de que estavam
46
com fome ou com sono. Da mesma forma, a média de duração das entrevistas individuais
(17 minutos) também é condizente com o tamanho do roteiro de entrevista e a idade das
participantes. A finalização destas entrevistas foi identificada através da saturação da
temática. Apenas as entrevistas da escola E1 tiveram um rendimento do tempo abaixo do
esperado. A pesquisadora atribui a este fato que essas participantes falavam pouco,
mesmo com o incentivo da pesquisadora em explorar as respostas. As mesmas
participantes, quando estavam nos respectivos grupos focais, foram identificadas como
aquelas que menos falaram.
Tabela 2
Dados sociodemográficos das famílias das participantes.
E1 E2 E3 E4
Total %
G1 G2 G1 G2 G1 G1 G2
Pais Sim 1 1 4 3 6 1 3 19 57,5
casados Não 1 2 4 1 4 2 0 14 42,5
Preta/negra 1 1 0 1 0 0 0 3 9
Parda 1 2 4 1 9 3 3 23 69,8
Raça/cor Branca 0 0 4 1 1 0 0 6 18,2
criança Amarela 0 0 0 1 0 0 0 1 3
Indígena 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Até R$ 1000 2 3 5 1 8 2 3 24 72,7
47
Renda De R$ 1000
0 0 3 2 2 1 0 8 24,3
Familiar a R$ 2000
De R$ 2000
0 0 0 1 0 0 0 1 3
a R$ 5000
Juazeiro 2 3 5 4 5 1 3 23 69,8
Sr. Do
0 0 2 0 0 0 0 2 6
Bomfim
Natural de
Ouricuri 0 0 0 0 2 0 0 2 6
Outros 0 0 1 0 3 2 0 6 18,2
Tem Sim 2 2 7 2 8 2 3 26 78,8
internet em
casa não 0 1 1 2 2 1 0 7 21,2
Tabela 3
Eixos temáticos e categorias de conteúdo.
Eixos Temáticos Categorias
1.1 Pares
1. Olhares sobre o corpo 1.2 Outros olhares
1.3 Resignação e conformidade
2.1 Sentimentos em relação ao corpo
2. Conceito de corpo 2.2 Referenciais de beleza
2.3 Cuidados com o corpo
3.1 Padrão de atributos de beleza
3. Imagens e identificações 3.2 Mídias digitais e corporeidade
3.3 Imagens, metáforas e corpo feminino
3
Para fins de sigilo, foi utilizado apenas a abreviação da primeira letra do nome das participantes.
49
5.2.1.1 Pares
Os meninos ficavam chamando ela de.... de... de.... como era? (...) chamavam ela
de carvãozinho. (M., G1 – E1).
(...) sempre os meninos falam dessa janelinha, que é para rir de boca fechada. (K.,
G1 – E2).
Daí os meninos ficavam me humilhando, que eu era feia e ridícula. Essas coisas.
Eu ficava chorando, ficava sem comer. (AC, G2 – E4).
Esta situação vivenciada pelas participantes pode ser caracterizada como situações
de bullying. De acordo com a Lei nº 13.185 de 2015, o bullying é o termo usado para
caracterizar atos sistemáticos de violência física ou psicológica, incluindo insultos,
humilhações e apelidos pejorativos. É identificado na fala delas que os meninos utilizam
de agressões verbais e apelidações em relação ao corpo das meninas, e essas apelidações
foram agrupadas em uma categoria no Eixo Temático 3 – Imagem e Identificações. Este
50
episódio somente não foi verbalizado pelas meninas na escola E3, embora as meninas da
mesma faixa etária das outras escolas tivessem relatado tais episódios.
Uma parceria entre o IBGE, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação
culminou no relatório da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE (2015). Este
relatório reúne dados sobre aspectos de saúde em geral dos escolares, em âmbito nacional,
e um dos aspectos examinados foi o bullying, incluído no item que investiga sobre
situações de violência. O relatório abrange a idade a partir de 13 anos até o ensino médio,
idade subsequente a das participantes deste estudo. Dados do PeNSE (2015), para a faixa
etária de 13 a 15 anos, apontam que 7,2% das meninas sentiram-se humilhadas,
intimidadas ou ofendidas nos 30 dias anteriores a pesquisa, em comparação a 7,6% dos
meninos. Juntando dados de ambos os sexos, o relato dos que se sentiram humilhados
pelas provocações dos colegas, apontam como principais motivos, a aparência do corpo
(15,6%) e aparência do rosto (10,9%).
Mattos e Jaeger (2015) buscaram identificar as relações de gênero e o bullying em
uma escola no sul do Brasil. Utilizando-se de uma amostra de 95 crianças do Ensino
Fundamental I, as pesquisadoras encontraram que 47,4% das vítimas alegam terem sido
agredidas verbalmente por ‘nomes feios’, através de insultos, apelidos ou deboches e que,
quando eram direcionados às meninas, se referiam à aparência. Os resultados também
apontam que quando ocorre a agressão verbal, seus protagonistas são, em sua maioria, os
meninos.
Uma análise similar foi realizada por Bandeira e Hutz (2012), buscando
compreender as implicações e as prevalências de diferenças de gênero no mesmo
fenômeno. Em uma amostra de 465 estudantes, com idades variadas entre nove e 18 anos,
60,9% dos meninos afirmaram já terem realizado bullying em pelo menos um colega, em
comparação a 54,7% das meninas. Entre as vítimas, 50% delas afirmam que os ataques
foram realizados por meninos, 31,2% tanto por meninos quanto por meninas e 18,8%
foram realizados por meninas.
As possíveis complicações a longo prazo dos efeitos do bullying sofridos na infância
já é objeto de estudo de pesquisadores. Uma revisão de literatura liderada por Wolke &
Lereya (2015) propõe agrupar os achados, tornando possível associar as implicações para
a saúde na vida adulta de pessoas que foram vítimas de bullying. Dentre as implicações,
estão em maior risco os problemas psicossomáticos (dores de cabeça, dores de estômago
ou problemas de sono), uma maior probabilidade de se tornar fumante e de desenvolver
transtornos de ansiedade ou depressão.
51
A mesma menina que fala sobre a humilhação dos meninos em relação a ser feia
e ridícula (AC, G2 – E4), mencionada no trecho anterior, completa sua fala na sequência:
Ai... teve um dia... (...) parece que eu durmi num dia e acordei bonita no dia
seguinte, porque foi rápido, eu criei um corpão. Deve ter sido por causa da minha
menstruação. Porque um dia criei esse corpão. Dai esses meninos hoje eu não
posso passar que eles ficam me chamando de maravilhosa. (AC, G2 – E4).
O mesmo corpo, antes visto pelos meninos como ‘feia e ridícula’, quando passa a se
tornar um corpo com mais características adultas, é um corpo desejado por eles. A média
de idade da menarca nas meninas brasileiras é aos 13 anos, de acordo com o IBGE
(https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5485, recuperado em 12 de dezembro de 2019). A relação
entre menarca, maturação sexual e imagem corporal em adolescentes brasileiras é assunto
pouco explorado, de acordo com Scherer, Martins, Pelegrini, Matheus e Petroski (2010).
A pesquisadora e sua equipe buscaram entender a possível relação com desejos de
mudança corporal, sinais de transtornos alimentares e menarca em 325 adolescentes do
sexo feminino, com idades entre 11 e 14 anos. A pesquisa aponta que a presença da
menarca e seu acontecimento em idades precoces pode surtir desejo de reduzir o peso
corporal nessas adolescentes, sugerindo que as transformações físicas pós-menarca
podem gerar sentimentos negativos em relação a imagem corporal.
Para a participante da pesquisa, a menarca traz transformações no seu corpo que
passam a despertar o interesse dos meninos, modificando seus olhares. O “corpão”
mencionado apresenta novas características físicas que são qualificadores femininos,
fazendo-a sentir bonita. Pode-se supor que sua preocupação está voltada para as
expectativas dos pares em relação à um corpo que possivelmente atenda aos padrões.
A questão sobre a primeira menstruação também surge no receio do olhar do outro,
exemplificado nas falas:
Eu tenho medo de a minha primeira vez ser na escola e manchar a calça toda! (I.,
G2 – E2).
Bretas, Tadine, Freitas e Goellner (2012) fazem uma investigação qualitativa sobre
o siginificado da menarca entre 17 adolescentes com idades entre 14 e 18 anos, indicando
52
Eu já falei para ela (a mãe) que eu tinha medo de ser a minha primeira vez na
escola, daí ela falou assim que sempre que eu viesse eu trouxesse um casaco desses
para amarrar na cintura, porque assim, se manchar só atrás pelo menos o casaco
disfarça. (I., G2 – E2).
Quando ela olhava na minha cara (...) ela falou bem assim “sua baleia”. Aí eu não
aguentei e chamei ela de cara de pimenta, ela começou a me apelidar (...) eu e ela
tinha feito um segredo, e ela disse pra irmã dela. Depois que ela contou pra irmã
53
dela, a irmã dela disse que se eu continuasse apelidando ela, ela ia ficar me
ameaçando, ia dizer pra diretora e ia fazer de tudo pra diretora me tirar da escola.
(BA., G2 – E2).
Mas você não deve se interessar, porque se você não é isso, você não é uma baleia,
você não tá na água, você tá aqui, de pé, como um ser humano numa escola. (G2
– E1).
Quando eu vejo que ela tá triste, eu percebo que ela tá triste porque ela é sempre
alegre, fica cantando, ai quando eu sei que ela tá triste porque não canta, fica
quietinha no lugar dela, eu já vou logo perguntar o que é, aí eu fico triste. (MS,
G2 – E1).
Essas falas surgem mais claramente nos grupos da escola E1. Pode-se pressupor
que deva ser o fato de que nesta escola a apelidação realizada pelos meninos surgiu com
mais frequência. Importante pontuar a identificação, nessas falas, do conceito
contemporâneo de sororidade. Palavra, esta, que ainda não consta no dicionário, carrega
54
Um dia postei uma foto. Aí essa foto fez muito comentário. Um desses
comentários, um bem chato... assim... um dia eu viajei para Morro de São Paulo...
e na hora que eu cheguei lá eu tirei fotos.... muitas... e... muitas pessoas ficaram
criticando... (M., G2 – E1).
empoderamento e não submissão aos aspectos colocados aos seus corpos. Os verbos que
indicam outrem em relação a elas está demonstrado nas palavras “caçoando, chamando,
apelidar, falando, ficavam”.
Nesta categoria, são consideradas as falas das participantes que incluem outros
olhares para si, como familiares (mãe e tia), profissionais da escola ou outras pessoas nos
ambientes sociais do qual circulam.
Os familiares são mencionados em contextos de auxílio e proteção de momentos
difíceis. Ocasionalmente essas pessoas foram identificadas como sendo uma figura
feminina (mãe e tia), como exemplificados nas falas a seguir:
Minha mãe já veio aqui reclamar e eles pararam um pouco. (M., G1 – E1).
Eu tenho uma tia que sabe de tudo meu, e ela não fala para minha mãe, e ela é
irmã da minha mãe e ela não conta. (I., G2 – E2).
Teve dias que até eu não queria mais vir para a escola... quando minha mãe foi me
chamar eu bem assim: “mãe eu não quero ir para a escola não...” eu ficava
inventando alguma coisa para não vir para a escola. (...) minha mãe veio aqui na
escola e falou com a diretora. (G., G2 – E1).
raramente, ou nunca, contam aos responsáveis, enquanto que 35% não diriam ao
professor, por medo de represálias ou vergonha. Assim, o fato de as meninas
compartilharem no grupo focal sua busca por ajuda, pode ser considerada um ponto forte
de enfrentamento da situação vivenciada.
Em relação a busca por auxílio mencionada pelas meninas, houve um relato na
escola E1 sobre uma professora. Esta profissional é citada como aquela quem traz
conhecimento e proporciona um empoderamento em relação às dificuldades que as
meninas relatam, principalmente em relação ao bullying:
Dai quando tem aula da tia M., de cultura afro a gente conversa sobre os negros e
sobre cada tipo de cabelo, e ela foi se aceitando, se aceitando. E a maioria da
semana que tem aula ela vem de cabelo solto porque ela se aceita. E nem é todo
mundo que aceita seu cabelo. (...) O cabelo dela não é cacheado, é bem crespo,
bem afro mesmo. (G2 – E1).
A situação mencionada acima referia-se a uma colega, não presente no grupo, mas
que sofria apelidações e deboches em relação ao cabelo. De acordo com as meninas,
outros colegas da escola a chamavam de “cabelo de bombril”, causando vergonha e
desejos de alisar o cabelo nessa colega mencionada. Foi pontuado o quanto atualmente,
essa mesma menina, não aplica mais nenhum tipo de produto químico no próprio cabelo,
deixando-o crespo e solto.
A atuação de professores e familiares, tanto em estratégias antibullying quanto na
oportunidade de refletir sobre igualdade de gênero e na promoção de experiências
positivas de imagem corporal, é fator essencial para reduzir problemas dessa natureza em
ambientes escolares. (Burnettea et al., 2017; Bandeira & Hutz, 2012; Mattos & Jaeger,
2015).
Eu fico.... é.... querendo alisar meu cabelo porque vejo os outros alisando e quero
alisar também. Mas depois, quando a professora M.... deu assunto de cabelo
crespo... essas coisas de consciência negra, eu pensei que não quero mais alisar
meu cabelo. Agora tô querendo ter um cabelo cacheado e não consigo. (M.S., G2
– E1).
Ações como estas ganharam força através da lei 10.639/03, que estabelece
diretrizes para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Levando em
consideração que 69,8 % das participantes são declaradas como pardas e 9% como negras,
este tipo de ensino auxilia no reconhecimento de sua cultura e de seus costumes.
57
Um dia desses passou um homem e eu tava lá conversando com minha colega, ele
passou e ficou olhando para a gente, eu corri para dentro de casa e falei para minha
mãe, e ela disse que eu não ia sair de casa. (M., G2 – E4).
(...) bunda e coxa também. Me deixa assim... eu não posso ir pra canto nenhum.
Tem homem que para o carro para ficar olhando para mim. Daí teve uma vez que
tava eu e minhas colegas na rua, Y. e V., daí tava a gente sentada na esquina e
chegou um homem bêbado e falou “encosta na parede”, eu fiquei assustada e
chamei minha mãe. E ela bateu nele. (AC, G2 – E4).
58
Meu corpo minhas regras... porque tem gente que fica zombando o corpo das
meninas, das pessoas, tem gente que chega pegando na coxa da pessoa, na bunda
da pessoa, e assim... a pessoa não pode. Eu não deixo não. Minha prima não gosta
não, porque o menino já assediou ela, pegou no corpo dela. Ele já chegou pegando
no corpo dela, no peito dela, e ela falou “meu corpo minhas regras, se afaste de
mim”. Ele se afastou e ela denunciou dele. E já era um homem de 30 e poucos
anos e ela tem 15 anos. (T., G2 – E4).
Eu gosto muito do meu corpo, porque, se Deus me fez assim, eu tenho que aceitar
as características que ele botou em mim. (M., G2 – E1).
(...) quando alguém fica me apelidando, eu me pergunto “Deus, será que eu sou
bonita?” Ai... Como Deus não acha ninguém feio, eu me acho bonita, desse jeito
que ele me criou mesmo. (M, G1 – E1).
Ficam me chamando de gaga, porque eu sou isso... é... porque sou aquilo mas....
eu não pedi é... para nascer assim. É... foi Deus que me fez assim. Eu não tenho
culpa. (I, G2 – E1).
(...) mesmo assim eu gosto da minha barriga porque foi Deus que fez. (Y, G1 –
E3).
Se adore do jeito que você é! Se Deus fez você assim, você tem que aceitar (Y,
G2 – E4).
4
De acordo com significado retirado do dicionário on line de português, recuperado de
https://www.dicio.com.br/resignacao/ em 03 de fevereiro de 2020.
60
Eu ficava com aquela angústia dentro do meu peito... dentro do meu corpo aquela
angústia... é por causa de que os outros ficavam mangando de mim. (G., G1 – E1).
Eu me sinto que... eu... que quando eu tô lá na minha casa meus primos ficam me
chamando de bonita aí quando eu chego na escola os meus próprios colegas me
chamam de feia (...) em casa me sinto feliz e na escola me sinto triste. (E., G1 –
E1).
Ame-se, seja feliz do seu jeito. Gordo, magro, cabelo liso ou cacheado. Não
importa, ame-se. É... eu gosto do meu jeito de ser, gosto do meu cabelo, eu não se
importo do que os outros falam de mim, porque cada um tem o seu direito. (M.S.,
G2 – E1).
Eu gosto de minha barriga, eu já tenho peito, sabia? Bolinha, mas já tenho peito.
Eu gosto de minhas pernas, eu gosto de tudo. (D., G1 – E4).
O corpo é meu e vai ficar do jeito que eu quero, o problema é meu. Se a pessoa
tem um corpo e gosta dele, e a pessoa gosta desse jeito, o corpo é da pessoa e faz
o que ela quer dele. (I., G2 – E2).
ou críticas a qualquer tipo de corpo, incentivando o lema “Listen to your body, learn, and
thrive” [Ouça o seu corpo, aprenda e prospere - tradução nossa].
Uma das formas de avaliar a imagem corporal é utilizando-se do grau de satisfação
corporal que uma pessoa demonstra, sendo que as meninas estão mais dispostas a agir em
relação a insatisfação corporal (Smolak, 2004a e 2004b; Smolak et al., 2001). A pesquisa
de Conti et al. (2009) procurou identificar o grau de satisfação com o corpo de 121
adolescentes. Os achados indicam que, entre as meninas, o desejo de diminuir alguma
parte do corpo permeava 40,2% das participantes e o desejo de aumentar alguma parte do
corpo, 21,4%. No computo dos dados, 97,3% das meninas registraram, em sua pesquisa,
algum nível de insatisfação corporal. O destaque maior de mudança entre as jovens ficou
no aumento de seios, nádegas, pernas, coxas e altura. Esse discurso, também aparece nas
participantes quando apontam:
Eu gosto da minha bunda, da minha coxa.... mas eu queria crescer elas. (T, G1 –
E3).
Colocar mais bunda e que meu cabelo fosse mais liso, bem lisinho... eu prefiro...
tipo assim, eu gosto do meu cabelo, mas eu não sou muito fã dele. Tipo em dia de
chuva, eu lavo e ele começa a ficar meio inchado. Ai eu não gosto muito, queria
ele bem lisinho. (I., G2 – E2).
pensamento das meninas e muitas vezes norteiam os desejos relacionados ao corpo, como
por exemplo as colocações sobre aumentar ou diminuir partes do corpo.
A figura 4 reflete as palavras frequentemente levantadas nas falas que constituem
essa categoria. O verbo “gosto” como central mostra a importância e destaque que “gostar
do corpo” tem para essas participantes. As partes do corpo mais mencionadas estão ao
redor, como “coxa”, “barriga”, “cabelo”, “corpo” e “bunda”.
Ela é uma menina talentosa [referindo-se à amiga], tem muita sabedoria, muito
inteligente, ajuda as pessoas, ajuda os idosos, obedece, tem respeito pelas pessoas.
(A.R., G1 – E1)
64
Minha prima é uma pessoa muito importante para mim, quando ela chega lá eu
dou um abraço nela que eu queria abraçar ela para sempre. Nunca mais eu ia soltar.
(M.L., G1 – E2).
Minha tia (...) ela sempre que ela vai pra igreja ela bota uma roupa bem bonita.
Ela bota um macacão azul. Ela faz uma trança no cabelo. Aí ela bota um brinco e
só... e passa batom! (E., G1 – E1).
Minha mãe! É sério, minha mãe e minha tia. Minha mãe é gorda, mas ela é linda.
Eu acho minha mãe bem bonita, tem uns olhos verdes, cabelo preto e um rosto
lindo. Bem fofinha... mas ela não gosta não porque o povo fica tirando da cara
dela. (S., G2 – E4).
Eu gosto da minha mãe, ela é bonita e alegre. Ela está emagrecendo. Ela é branca,
tem um cabelo preto com as pontinhas loiras. (S., G1 – E3)
A figura 5 ilustra a nuvem de palavras produzida a partir das falas das participantes
referentes a esta categoria. A palavra central “ela” traz em seu entorno os adjetivos
“bonita”, “importante”, “linda”. As pessoas de referência são “mãe”, “professora”,
“amiga” e “tia”. Interessante notar as palavras ao redor de “cabelo”, como “cacheado”,
“liso” e “comprido”.
Quando eu não tô doente, eu brinco (...) para cuidar do meu corpo bem, do meu
cabelo e dessas coisas, daquele jeito que eu falei, pentear direito, tomar remédio...
Imecap eu ainda não posso tomar, mas você já viu, né, no SBT falando? Imecap
Hair, deixa o cabelo sem caspa, mais liso, mais bonito. Daí eu não posso usar, mas
pra se cuidar bem eu tomo remédio para se prevenir mais. (L, G1 – E3).
Escovar os dentes direitinho, tomar banho todos os dias, escovar, pentear o cabelo,
deixar o cabelo amarradinho. Eu gosto de deixar amarradinho o meu cabelo e eu
penteio meu cabelo bem, eu também passo repelente. (K., G1 – E2).
Sempre que eu vou pra rua, que tá sol, eu boto protetor solar pra não ficar
queimada do sol. (E, G1 – E1).
Agora só passo rímel e lápis. Lápis minha mãe não deixa mais porque no outro
dia que eu acordo fica tudo preto. Agora só passo um batonzinho simples e o
rímel mesmo. (M, G1 – E1)
roupas, cosméticos e afins estão sempre se renovando para formar um ramo de produtos
desejados por grupos sociais, para formar seu cartão de visitas. Wolf (1992) polemiza o
lugar da mulher nessa lógica do mercado de produtos de beleza. A autora sustenta a ideia
de que a mulher, por ser mantida socialmente em um lugar de insatisfação com seu
próprio corpo e sua aparência, será mantida refém constante desta lógica de consumo dos
produtos para embelezar (Wolf, 1992, p. 86).
A figura 6 ilustra a nuvem de palavras levantada nesta categoria. Pode-se perceber
a palavra “cabelo” como sendo central, rodeado por “banho”, “remédio” e “maquiagem”.
O presente e último eixo temático remete às imagens que, através das falas das
participantes, são configuradas e compartilhadas sobre o corpo. Esse compartilhamento
de imagens e ideais sobre um conceito dentro de um grupo, que normalmente se dá através
da interação e comunicação entre seus integrantes, é um fenômeno que pode trazer
68
coerência e consolidação de uma representação social sobre este conceito, para aquela
realidade específica (Moscovici, 2015).
Quando você vê o corpo dela, você pensa que ela tem 15, 16, 17. Cabelo loiro...,
mas ela pintou, e é bem grande! Liso... e deixa ver... ela é branca, branca, branca.
E o rosto dela é... um formato de gente que é jovem, adolescente. [referindo-se à
cantora MC Melody – Figura 7]. (AK, G2 – E2).
69
Eu gosto da Larissa, ela é bonita, namora. Ela tem cabelo liso, comprido, tem uma
pele branca e cabelo preto e roxo. Ela é magra e é uma adolescente. Ela é
baixinha... tem cara de adulta [referindo-se à atriz Larissa Manoela - Figura 8]. (S,
G1 - E3).
Eu prefiro a MC Mirella [Figura 9]. Ela é cantora de funk também (...) ela tem um
cabelo preto, superliso, usa lente azul, mas acho que a cor dos olhos dela é
castanho claro. (...) O corpo dela é tipo perfeito. Ela não é nem tão gorda nem tão
magra (...) tem um peito muito grande, uma bunda muito grande... ela sabe dançar
tipo... muito. Ela tem várias tatuagens no corpo. (I, G2 – E2).
É porque a gente vê pessoas nas ruas com cabelo liso, e em outros lugares, aí a
gente fica assim (...) querendo alisar o cabelo. Porque tem gente que pensa que
cabelo cacheado, essas coisas, dá trabalho. Eu tenho uma amiga que o povo fica
chamando ela de cabelo de bombril. (G., G2 – E1).
Eu vejo várias pessoas com cabelo liso, que cabelo liso é bom, que cabelo crespo
é ruim (...) fico querendo alisar meu cabelo porque vejo os outros alisando e quero
alisar, a gente vê pessoas nas ruas com cabelo liso, e em outros lugares, aí a gente
fica assim... é... querendo alisar o cabelo. (L., G2 – E3).
Apesar das apelidações negativas se referirem ao cabelo que não é liso, o desejo
e a prática do alisamento do cabelo aparecem de maneira divergente ao longo das
entrevistas e das opiniões das meninas:
Teve uma vez que eu vim para a escola e meu cabelo tava pranchado, daí veio
uma menina pra cima de mim falar: ‘B., seu cabelo não é liso não!’ eu nem dei
ousadia para ela, para ela não encher meu saco, ai eu ficava num lugar e ela em
outro. E ela ficava toda hora falando que eu não tinha cabelo liso... (B.A., G2 –
E1).
70
Já eu quero um cabelo bem cacheado, eu olho para A.M. e falo... ‘meu deus, me
dê esse cabelo A.M, por favor’. Porque o cabelo dela é fofo, passa um pouco de
creme e fica black power. É lindo. (M., G2 – E4).
"Raça social" é a expressão encontrada por Vale e Silva para explicar esse uso
travesso da cor e para entender o "efeito branqueamento" existente no Brasil. Isto
é, as discrepâncias entre cor atribuída e cor autopercebida estariam relacionadas
com a própria situação socioeconômica dos indivíduos. (Schwarcz, 2012, p.49)
Por isto posto é que a autora questiona que os dados vindos do censo do IBGE são
dificilmente condizentes com a realidade, uma vez que a cor do brasileiro é categorizada
enquanto seu condicionante social, indicando classe, aspecto socioeconômico, regional e
estéticos. Dessa forma, Schwarcz polemiza o conceito de “moreno” e “pardo” como
72
Nas redes sociais, que só uso o Insta... e o WhatsApp. O Instagram é uma das
minhas redes sociais que eu gosto de usar... Mas quando tem alguma mágoa que
vem em mim, que aconteceu comigo... falo com uma amiga que ela é bem... ela é
muito amiga minha... eu vou desabafar no WhatsApp com elas, eu fico falando e
elas ficam me ajudando, elas ficam conversando comigo me ajudando a desabafar.
E já no Instagram não tem como desabafar, porque se não eu vou compartilhar
minhas coisas para todo mundo e aí depois as pessoas podem sair contando sobre
mim. (G., G2 – E1).
Vale ressaltar, diante de todo exposto, que as mídias digitais são meios
influenciáveis nos padrões, satisfação e comportamentos corporais, principalmente em
mulheres e meninas. Assim, um fato recente vale discutir: no dia 18 de dezembro de 2019,
a MC Mirella (cantora citada entre as meninas como símbolo de referencial de beleza)
postou no Instagram uma foto, fazendo um sorteio de cirurgia plástica, segurando duas
próteses de silicone. Para participar, era necessário curtir a foto, seguir o perfil da cantora
e marcar um(a) amigo(a) por comentário. O ganhador poderia escolher entre prótese de
silicone, vibrolipo (técnica de lipoaspiração), abdominoplastia ou mastopexia (levantar
os seios). Em 5 dias, a foto já tinha quase 900 mil comentários. A postagem da cantora
foi censurada e retirada pelo Instagram em seguida.
(https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/12/21/influenciadoras-
sorteiam-cirurgia-plastica-no-instagram-e-geram-polemica.htm recuperado em 10 de
janeiro de 2020.)
O censo da cirurgia plástica no Brasil, publicado em 2018 pela Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (Fonseca & Ishida, 2018) mostra que 34,7% dos pacientes
que fizeram algum tipo de cirurgia plástica no ano de 2018 tem entre 19 e 35 anos e 36,3%
entre 36 a 50 anos 36,3%. O objetivo de reparação estética lidera o ranking das cirurgias,
somando 60,3%. Dentre os procedimentos não cirúrgicos, que são 49,9% deles, estão a
aplicação de toxina botulínica (95,7%) e preenchimentos (89,6%). Já entre os
procedimentos cirúrgicos estéticos estão o aumento de mama (18,8%), a lipoaspiração
(16,1%), a abdominoplastia (15,9%) e a mastopexia (11,3%). O levantamento não indica
o sexo dos pacientes que realizaram as cirurgias, mas levanta um dado interessante: 62%
dos médicos cirurgiões utilizam o Instagram como mídia social para divulgar seu trabalho
e 58,4% o Facebook.
Pode-se discutir o papel que as mídias sociais têm na comunicação e na
sustentação das RS, uma vez que estas estão no mundo cotidiano compartilhado pelas
pessoas, que circula na mídia e que irão compor as realidades cotidianas (Duveen, 1995)
e que servem como meio de se estabelecer as associações com as quais as pessoas fazem
seus laços sociais. Mazzotti e Campos (2014) propõe esse estudo ao contribuir com as
questões levantadas sobre a cibercultura e as RS. Os autores demonstram o impacto que
a cultura digital e as redes sociais têm nas condutas de indivíduos e grupos, sendo
importante refletir sobre esse fenômeno e a maneira como RS são atualmente
compartilhadas. As redes sociais são largamente utilizadas para interação e comunicação
social, sendo um eficaz meio de propagação rápida de ideias, o que torna dinâmico os
75
grupos sociais e seus laços. Dessa forma, as participações on line são significativas para
o compartilhamento e a construção das RS.
A Figura 11 mostra as redes sociais mais usadas pelas participantes, assim como
algumas ações realizadas nelas, como por exemplo assistir, uso, gosto. Além de mostrar
o conteúdo, como Kids Fun, Aventuras de Poliana, vídeos.
“Todas as minhas amigas são apelidadas, eu vou dizer só do que elas são
apelidadas” (K., G2 – E1). Essa é a frase que inicia uma série de nomes e apelidações que
as meninas sofrem. É relatado que a maioria deles são colocados pelos meninos. Nomes
como: Maria Machão, Olivia Palito, macumbeira, piolhenta, cabelo de bombril, baleia,
vaca, macaca, prostituta, dentuça, gaga, baixinha, testa de amolar facão, carvãozinho,
baleia fora d’água, carniça, pomba gira preta e cabelo de leão. As apelidações trazem
ofensas e imagens de características corporais dessas meninas. As participantes da
pesquisa mencionam tendência ao isolamento em face essa situação, como menciona M.
(G2 – E1): “aí ela ficava me chamando “vai testa de amola facão pra escola”. Aí eu fiquei
três dias isolada chorando, por causa disso.” Porém, ao mesmo tempo, um recurso de
defesa à esta situação, utilizando de um raciocínio concreto para tal: “(...) a testa dela não
é pedra pra ficar amolando facão.” (M., G2 – E1)
Apesar desse conteúdo sobre bullying ter sido amplamente discutido no item
5.2.1.1 Pares, é pertinente realizar alguns entrelaçamentos com a literatura acerca dessas
apelidações. Oliveira e Santos (2014) trazem como um dado de pesquisa que 33% da sua
amostra mencionam que os apelidos são direcionados ao cabelo negro, 17% à cabeça e
76
12% à cor. Gomes (2003, 2008) também afirma em suas pesquisas o quanto a pele negra
e o cabelo são alvo de preconceito, tornando a construção da identidade negra um
processo importante para ser discutido, principalmente em ambientes educacionais.
Para Moscovici “as imagens (...) são integradas no que chamei de padrão de
núcleo figurativo, um complexo de imagens que reproduzem visivelmente um complexo
de ideias.” (Moscovici, 2015, p.72). Assim sendo, pode-se supor que o processo de
objetivação poderia ocorrer, na medida em que os pares, diante do desejo de depreciar as
participantes em algum momento, utilizam-se de imagens para objetificar uma ideia, um
conceito.
O corpo, como demonstra a figura 12, é alvo dessa depreciação. Menções ao
formato do corpo (“magrela”, “palito de dente”, “olívia palito”, “baleia”) e à imagem do
corpo (“velha”, “anã”, “feia”) são constantemente utilizadas. Outros adjetivos utilizados
para depreciar as meninas, utilizando-se de características da identidade negra (“cabelo
de cobre”, “carvão”, “macumbeira”, “macaca”, “cabelo de bombril”, “preta”) são
constantes.
Considerações Finais
perfeito é mencionado, como sendo indiscutível sua natureza por ser ele o gerador
onipotente.
Pode-se observar também que o conceito de corpo, mencionado pelas meninas, é
representado por sentimentos ambíguos, com momentos de aceitação do próprio corpo,
mas também momentos de tristeza. Partes do corpo como nádegas, coxa, peito e cabelo
foram as mais mencionadas como sendo aquelas que estavam passíveis de mudanças,
principalmente em desejo por aumentar essas partes. Essa representação social de corpo
feminino vinculado a essas características é também encontrada na literatura (Camargo
et al., 2011; Conti et al., 2009; Passos et al., 2013; Ribeiro, 2018).
Nesse contexto, as referências de beleza citadas pelas meninas como sendo as
mulheres ou figuras femininas que elas consideravam mais belas, estavam principalmente
entre familiares, utilizando-se de atributos de personalidade generosa ou de importância
afetiva. Mas quando se referiam celebridades, vinculavam com o padrão estético corporal
mencionado anteriormente: corpo perfeito e jovem, representado por seios fartos, nádegas
grandes, cabelo comprido e liso e pele branca. As famosas mais mencionadas foram as
cantoras Larissa Manoela, MC Melody e MC Mirella. Neste ponto é importante discutir
sobre a representatividade negra para essas meninas, considerando um total de
participantes de quase 79% de negras/pardas. O padrão mencionado por elas, entre as
celebridades, não contempla características da identidade negra, como cabelo e cor da
pele.
A representação social de cuidado do corpo feminino está associada para além de
um cuidado físico em relação à saúde, mas também ao cuidado com a aparência e ao
embelezamento. Maquiagem e roupas são mencionadas como práticas de cuidados, bem
voltados ao público feminino, associando uma aparência corporal de beleza com uma
pessoa bem cuidada. Importante pontuar que essas RS orientam as práticas das meninas,
através das ações de maquiarem-se e se preocuparem com roupas, sendo essas normas
implícitas no meio social que compartilham.
As redes sociais são amplamente utilizadas pelas participantes, principalmente
WhatsApp, Facebook, Messenger, Instagram e YouTube. As redes sociais entram como
uma maneira contemporânea de compartilhar e viver em grupo e precisam ser
consideradas como parte integrantes de representações sociais.
Pode-se concluir que as descobertas desta pesquisa podem apontar que as
participantes compartilham vários conceitos de representações sociais de corpo feminino,
79
como: corpo feminino magro, com partes avantajadas, cabelo comprido e liso e pele
branca.
Considerando a metodologia utilizada nesta pesquisa, constatou-se que a
utilização da entrevista individual como recurso para aprofundar os assuntos discutidos
poderia ser revisto, posto que o conteúdo que surgiu nestes momentos apenas reforçou o
trazido em situação de grupo, confirmando-o. Outra limitação metodológica foi a lacuna
de não ter perguntado, no questionário sociodemográfico, sobre a religião das
participantes. Haja vista que esse conteúdo aparece e inclusive forma-se enquanto
categoria, essa investigação teria sido pertinente.
Investigar um grupo social restrito, no sentido de localidade municipal e de
aspectos socioeconômicos, é considerado uma limitação da pesquisa enquanto discutir o
conteúdo das RS que surgiram, pois ele é relevante para este grupo específico. Fica a
indagação se outros grupos sociais, como cidades vizinhas, ou mesmo dentro da mesma
região com aspectos socioeconômicos discrepantes, emergiriam as mesmas RS, sendo
este um possível desdobramento da pesquisa.
Outro possível desdobramento da pesquisa seria a possibilidade de um estudo
multicêntrico, em diferentes cidades do país, juntamente com diferentes classes sociais,
buscando uma possibilidade para encontrar uma compreensão das representações sociais
de corpo para meninas em nível nacional. Outra oportunidade de estudo seria a
investigação de RS de corpo para os meninos.
Considerando a complexidade das representações sociais, é possível refletir, a
partir dos achados desta pesquisa, sobre como as meninas estão percebendo o corpo
feminino e como o estão representando. Esta reflexão contribui para assuntos relevantes
sobre corpo na infância, imagem corporal e representações sociais.
Por fim, como sugestão de conduta prática, esta pesquisa evidencia uma
necessidade e proporciona um estímulo para que os ambientes educacionais possam
investir na qualidade de educação corporal, principalmente para as meninas, no intuito de
que consigam encontrar beleza na diversidade e fomentar uma experiência corporal
positiva para as mulheres, menos dependentes de mídias sociais para estabelecer padrão
de beleza e com menos necessidade de achar que precisam de maquiagens e acessórios
para sentirem-se bonitas.
80
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88
Renda familiar:
( ) Até R$ 1.000 ( ) de R$ 2.000 até R$ 5.000
( ) de R$ 1.000 à R$ 2.000 ( )mais de R$ 5.000
7. Benefícios: Ao participar desta pesquisa, nem sua filha nem a(o) Sra.(Sr.)
terão algum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações
importantes sobre a construção social do corpo de meninas, de forma que o conhecimento
que será construído a partir desta pesquisa possa colaborar com o desenvolvimento
saudável e pleno das crianças na sua relação com o corpo. A pesquisadora se compromete
a divulgar os resultados obtidos, respeitando-se o sigilo das informações coletadas,
conforme previsto no item anterior.
Ressalta-se que este projeto somente será iniciado após aprovação do Comitê de
Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da UNIVASF. Além disso, este Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi elaborado em duas vias de igual teor, que
serão assinadas e rubricadas em todas as páginas. Uma das vias ficará com o(a) sernhor(a)
e a outra com o(s) pesquisador(es).
93
Eu, _____________________________________________________________,
após ter sido convenientemente esclarecido(a) sobre os objetivos desta investigação e
acerca dos procedimentos a serem adotados, de forma livre e esclarecida, manifesto o
meu consentimento quanto à participação da minha filha _________________________
_______________________na presente pesquisa.
_________________________________________________________
Assinatura do responsável pela criança participante da pesquisa
_________________________________________________________
Nome da testemunha (quando aplicável na pesquisa)
_________________________________________________________ Polegar
Assinatura da testemunha (quando aplicável na pesquisa) Direito
_________________________________________________________
Assinatura do Pesquisador responsável
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:
As crianças que irão participar dessa pesquisa têm a mesma idade que você e estão
matriculadas na rede regular de ensino do município de Juazeiro/BA. A pesquisa será
feita na escola em que estuda. Você e mais 9 coleguinhas serão convidadas a fazer um
desenho que mostre o que é o corpo para vocês. Logo depois disso, vamos sentar em
círculo e conversar sobre o desenho que vocês fizeram. Essas entrevistas serão
vídeogravadas para facilitar o armazenamento das informações, porém essas imagens não
serão mostradas a ninguém, além da pesquisadora responsável e do orientador.
Para participar deste estudo, o(a) seu(a) responsável deverá permitir e assinar uma
autorização. Você participa do estudo se quiser, e a recusa em participar não acarretará
qualquer castigo ou mudança na forma em que é tratada na escola, e nem pela
pesquisadora. Você receberá informações em qualquer situação que desejar e estará livre
para participar ou não participar, podendo desistir a qualquer momento se não desejar
mais fazer parte da pesquisa. Você não terá nenhuma despesa, nem receberá qualquer
pagamento/dinheiro. O seu responsável também poderá retirar a aceitação ou interromper
95
a sua participação a qualquer momento. Não falaremos a outras pessoas que você está
participando dessa pesquisa, e nem daremos informações que você nos der a estranhos.
Eu ______________________________________________________aceito
participar da pesquisa “Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade
Escolar”, que tem como finalidade compreender a construção social do corpo de
meninas. Entendi que serei filmado(a), mas que minhas imagens não serão mostradas a
outras pessoas, que só os pesquisadores terão acesso a elas, além de mim e do meu
responsável. Entendi também, que os resultados da pesquisa podem ser publicados,
porém, qualquer informação que possa me identificar deverá ser eliminada. Entendi que
posso dizer “sim” e participar, e muitas coisas boas acontecerem, mas que, a qualquer
momento, posso dizer “não” e desistir que ninguém vai ficar furioso, se alguma coisa não
me agradar.
__________________________________ ____________________________________
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:
Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com Reitoria. Petrolina/PE.
Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Contato: (74)98819-3538 | E-mail: 12h e das 14h às 18h.
marcelo.ribeiro@univasf.edu.br Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Comitê de Ética e m Pesquisa: CEP UNIVASF Reitoria. Petrolina/PE.
Coordenadora: Luciana Duccini Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Vice-Coordenador: Rodolfo Araújo da Silva 12h e das 14h às 18h.
Telefone do Comitê: (87) 2101-6896 | E-mail:
cep@univasf.edu.br
96
7. Benefícios: Ao participar desta pesquisa, nem sua filha nem a(o) Sra.(Sr.)
terão algum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações
importantes sobre a construção social do corpo de meninas, de forma que o conhecimento
que será construído a partir desta pesquisa possa colaborar com o desenvolvimento
saudável e pleno das crianças na sua relação com o corpo. A pesquisadora se compromete
a divulgar os resultados obtidos, respeitando-se o sigilo das informações coletadas,
conforme previsto no item anterior.
Ressalta-se que este projeto somente será iniciado após aprovação do Comitê de
Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da UNIVASF. Além disso, este Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi elaborado em duas vias de igual teor, que
serão assinadas e rubricadas em todas as páginas. Uma das vias ficará com o(a) sernhor(a)
e a outra com o(s) pesquisador(es).
Eu, _____________________________________________________________,
após ter sido convenientemente esclarecido(a) sobre os objetivos desta investigação e
acerca dos procedimentos a serem adotados, de forma livre e esclarecida, manifesto o
meu consentimento quanto à participação da minha filha _________________________
_______________________na presente pesquisa.
_________________________________________________________
Assinatura do responsável pela criança participante da pesquisa
_________________________________________________________
Nome da testemunha (quando aplicável na pesquisa)
_________________________________________________________ Polegar
Assinatura da testemunha (quando aplicável na pesquisa) Direito
_________________________________________________________
Assinatura do Pesquisador responsável
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:
As crianças que irão participar dessa pesquisa têm a mesma idade que você e estão
matriculadas na rede regular de ensino do município de Juazeiro/BA. A pesquisa será
feita na escola em que estuda. Você está convidada a participar de uma entrevista
semiestruturada individual que abrangerá perguntas sobre como você percebe seu corpo,
a fim de aprofundar alguns temas específicos que, com o grupo focal não foi suficiente
compreender. Algumas perguntas que serão feitas pela pesquisadora estão incluídas no
roteiro da entrevista, porém outras perguntas podem acontecer no momento da conversa
e você está livre para decidir não responder. O tempo de duração da entrevista poderá
variar de acordo com a sua disponibilidade. É previsto um tempo de duração de 1 hora,
mas você pode se sentir à vontade para ultrapassar esse tempo ou até mesmo encurtá-lo.
A entrevista terá seu áudio gravado com o auxílio de aparelho eletrônico, para garantir a
transcrição com fidedignidade. Este áudio será utilizado apenas para este estudo
pesquisador, salvaguardando-se o sigilo de suas informações.
Para participar deste estudo, o(a) seu(a) responsável deverá permitir e assinar uma
autorização. Você participa do estudo se quiser, e a recusa em participar não acarretará
100
Eu ______________________________________________________aceito participar da
pesquisa “Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade Escolar”, que tem como finalidade
compreender a construção social do corpo de meninas. Entendi que terei a conversa gravada, mas que o
áudio não será mostrado a outras pessoas, que só os pesquisadores terão acesso a ele, além de mim e do
meu responsável. Entendi também, que os resultados da pesquisa podem ser publicados, porém, qualquer
informação que possa me identificar deverá ser eliminada. Entendi que posso dizer “sim” e participar, e
muitas coisas boas acontecerem, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não” e desistir que ninguém
vai ficar furioso, se alguma coisa não me agradar.
Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis. Recebi uma
cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da pesquisa.
___________________________ ___________________________
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:
Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com Reitoria. Petrolina/PE.
Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Contato: (74)98819-3538 | E-mail: 12h e das 14h às 18h.
marcelo.ribeiro@univasf.edu.br Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Comitê de Ética e m Pesquisa: CEP UNIVASF Reitoria. Petrolina/PE.
Coordenadora: Luciana Duccini Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Vice-Coordenador: Rodolfo Araújo da Silva 12h e das 14h às 18h.
Telefone do Comitê: (87) 2101-6896 | E-mail:
cep@univasf.edu.br
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Gordinha Gorda
Joguinhos Jogos Abreviações Substituído por
Lisinho Liso Botar/Botou Colocar/colocou
Magrinha Magra Pra Para
Mesinha Mesa Tava Estava
Menininha Menina Tô Estou
Moreninha Morena
Montão Monte
Pequenininha Pequena
Pelinho Pelo
Rosinha Rosa
Televisãozinha Televisão
Vestidinho/vestidão Vestido
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Fonte: https://diarioprime.com.br/tv-online/tvfamosos/em-1-minuto/mc-mirella-faz-comentario-
inusitado-sobre-uma-banana-veja-o-video/ acessado em 10 de fevereiro de 2020.