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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

LINHA DE PESQUISA: PROCESSOS PSICOSSOCIAIS

MARIA THEODORA GAZZI MENDES

A INFÂNCIA FEMININA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

SOBRE CORPO

Petrolina

2020
MARIA THEODORA GAZZI MENDES

A INFÂNCIA FEMININA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE

CORPO

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do
Vale do São Francisco, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Psicologia.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Souza Silva Ribeiro

Petrolina

2020
Mendes, Maria Theodora Gazzi
M538i A infância feminina: representações sociais sobre corpo / Maria Theodora
Gazzi Mendes. – Petrolina – PE, 2020.

xii, 103 f. : il. ; 29 cm.


Dissertação (Mestrado em Piscologia) - Universidade Federal do Vale do São
Francisco, Campus Petrolina, Petrolina-PE 2020.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Souza Silva Ribeiro.
Banca Examinadora: Margaret Olinda de Souza Carvalho e Lira, Suzzana
Alice Lima Almeida.
1. Corpo - Aspectos sociais. 2. Representação social. 3. Adolescentes
(Meninas). 4. Crianças - Aspectos psicológicos. I. Título. II. Ribeiro, Marcelo de
Souza Silva. III. Universidade Federal do Vale do São Francisco.
CDD 155.418

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da Univasf


Bibliotecária: Ana Paula Lopes da Silva CRB-3/1269
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
COLEGIADO DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

FOLHA DE APROVAÇÃO

MARIA THEODORA GAZZI MENDES

A INFÂNCIA FEMININA: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE CORPO

Dissertação de mestrado apresentada como


requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Psicologia, pela Universidade
Federal do Vale do São Francisco.

Aprovada em: 13 de abril de 2020.

Banca Examinadora

Margaret Olinda de Souza Carvalho e Lira


Doutora em Enfermagem, Colegiado de Enfermagem/UNIVASF

________________________________________________
Suzzana Alice Lima Almeida
Doutora em Educação, Departamento de Educação - Campus VII Uneb

___________________________________________________
Marcelo Silva Souza Ribeiro
Doutor em Psicologia, Colegiado de Psicologia/ UNIVASF
A todas as crianças, principalmente as meninas, que
possam amar suas corporeidades, sempre.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço meu orientador, Prof Dr. Marcelo Ribeiro, que nessa jornada
de estudos sobre a infância, aceitou estar comigo nas investigações de representações e corpo;
Agradeço também às profas Dras Margaret Lira e Suzzana Almeida, que gentilmente
aceitaram participar de minha banca de avaliação;
Ao programa de pós-graduação em Psicologia da Univasf, por investir em educação ao
trazer uma formação em nível mestrado para o sertão pernambucano;
Agradeço à Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro (BA) e às escolas municipais,
que receberam com carinho e seriedade a proposta da pesquisa. Grata também às famílias e às
meninas participantes dessa pesquisa, sem vocês, a produção de conhecimento não teria sido
possibilitada;
Ao Marquinho, por ser companheiro desde o início da minha decisão.... por estar comigo
desde a seleção do mestrado, carregando Caetano de dois meses no sling para que eu pudesse
concluir a prova. Gratidão profunda, Xu, TJ. Ao meu filho Caetano, que mesmo passando
muitas noites em claro, ficando doente, sentindo minha falta no hotelzinho, me apresentou o
amor incondicional e fortaleceu minha identidade enquanto mãe-pesquisadora-docente.
Maternidade e ciência no nosso país é ato de resistência, filho;
À minha família, Pai, Mãe, Lê e Loro... de presença física rara nesses últimos anos, mas
sempre unidos, me apoiando nas minhas decisões de mudança e se fizeram importantes, mesmo
a quilômetros de distância... À Juliana, que me ajudou tanto com a casa quanto com Caetano
nesses dois anos e meio, ficando com ele quando estava doente para que eu não faltasse às aulas
ou orientações; ao Quintal de Brincar, hotelzinho que acolheu os cuidados do meu filho;
À colega de mestrado Emilly, pela ajuda nas transcrições e análises de categorias, foi
essencial;
Um agradecimento especial à amiga de convivência, de estudos, de tudo... Mel, grata
pelas revisões de texto, por ninar Caetano quando precisei. Você é incrível! Agradeço também
às amigas “quengas”, por estarem comigo nesse processo; em especial à Ju, por me ajudar a
pensar a infância com respeito e muito conhecimento;
Por fim agradeço pela prática de Yoga estar presente na minha vivência diária, por me
fazer experimentar minha corporeidade enquanto mulher, única;
Grata a todos que me acompanham e que, de uma forma ou de outra, contribuíram para
minhas reflexões.
“quero pedir desculpa a todas as mulheres
que descrevi como bonitas
antes de dizer inteligentes ou corajosas
fico triste por ter falado como se
algo tão simples como aquilo que nasceu com você
fosse seu maior orgulho quando seu
espírito já despedaçou montanhas
de agora em diante vou dizer coisas como
você é forte ou você é incrível
não porque eu não te ache bonita
mas porque você é muito mais do que isso”

― Rupi Kaur (2017, p. 218)


Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo conhecer as representações sociais sobre corpo para meninas
com idades entre 7 e 11 anos. Caracteriza-se como uma pesquisa exploratória de caráter
qualitativo, utilizando-se da Teoria das Representações Sociais para compreensão do
fenômeno. É posto que, o corpo feminino, no contexto sociocultural contemporâneo, é
permeado por constante pressão social em relação a um ideal de beleza. As mulheres, adultas e
adolescentes, encontram-se preocupadas com a idealização de um corpo magro e bonito,
estando elas mais predispostas as insatisfações e desejos de mudanças corporais, em
comparação aos homens em idades correspondentes. A mídia e o entorno social são
considerados como fatores influenciadores dessas tendências. Pesquisas apontam que as
representações sociais de corpo feminino abrangem conceitos como um corpo magro, mas com
contornos de seios e nádegas volumosos, além de cabelos compridos e lisos. Porém, poucos
estudos mostram a investigação e compreensão de representações sociais de corpo na infância
feminina, apontando para uma lacuna no conhecimento e sendo, portanto, o público definido
como participante desta pesquisa. Para a coleta de dados foram realizados grupos focais em 4
escolas municipais em Juazeiro/BA. Logo após o momento coletivo, uma voluntária de cada
grupo foi sorteada para uma entrevista individual, a fim de aprofundar as questões. O material
foi analisado através da técnica da análise de conteúdo e posteriormente foi utilizado o recurso
nuvem de palavras do software IRaMuTeQ. Encontrou-se um conceito de representação social
de corpo feminino caracterizado por jovialidade, partes volumosas (como seios e nádegas),
cabelos lisos e compridos e pele branca, quando associados ao conceito de beleza. Porém,
quando este conceito esteve associado a mulheres das redes de apoio, mães, tias e primas foram
citadas, associando beleza à amorosidade e importância afetiva. O corpo das meninas foi alvo
de apelidos depreciativos de sua imagem, realizados em sua maioria pelos meninos,
caracterizando essas situações como bullying. O uso de maquiagem e roupas bonitas foi
associado como representação de cuidados com o corpo feminino. O uso de mídias digitais,
principalmente redes sociais, foram citados como meios de encontro das meninas e de acesso
às mulheres mencionadas como sendo belas. Espera-se, com esses dados, encontrar suporte
para reflexões futuras sobre o ideal de beleza de corpo feminino na infância e a influência das
mídias digitais para tal, propondo ações educativas em diversos contextos, diminuindo a
discrepância de um ideal de beleza da realidade do corpo feminino.

Palavras chaves: Corpo; Representações sociais; Criança; Feminino.


Abstract

This research aimed to comprehend the body’s social representations for girls, aged between 7
and 11 years old. It is characterized as a qualitative exploratory research, using the Theory of
Social Representations to understand the phenomenon. It is well known that the female body,
in the contemporary socio-cultural context, is permeated by constant social pressure in relation
to an ideal of beauty. Women, adults and adolescents, are concerned with a slim and beautiful
body, being more predisposed to body dissatisfactions and desires for bodily changes,
compared to men at corresponding ages. The social environment and the media are considered
factors that influence these trends. Research shows that social representations of the female
body symbolize concepts such as a slim body, but with contours of voluminous breasts and
buttocks, in addition to long and straight hair. However, few studies show the investigation and
understanding of social representations of the body in female childhood, signalizing a
deficiency in knowledge and, therefore, being the public defined as a participant in this
research. For data collection, focus groups were held in 4 municipal schools in Juazeiro / BA.
Right after the collective moment, a volunteer from each group was drawn for an individual
interview, in order to deepen the questions. The material was analyzed using the content
analysis technique and later the word cloud resource of the IRaMuTeQ software was used. A
concept of social representation of the female body was found, characterized by joviality,
voluminous parts (such as breasts and buttocks), long straight hair and white skin, when
associated with the concept of beauty. However, when this concept was associated with women
in the social care, mothers, aunts and cousins were mentioned, associating beauty with love and
affective importance. The girls' bodies were the target of derogatory nicknames for their image,
mostly performed by boys, characterizing these situations as bullying. The use of makeup and
beautiful clothes was associated as a representation of care for the female body. The use of
digital media, especially social networks, was cited as a means of meeting girls and accessing
women mentioned as being beautiful. It is hoped, with this research, to find support for future
reflections on the ideal of beauty of the female body in childhood and the influence of digital
media for this, proposing educational actions in different contexts, reducing the discrepancy of
an ideal of beauty from the reality of the feminine body.

Key words: Body; Social Representation; Child; Feminine.


Lista de Figuras

Figura 1. Nuvem de palavras da categoria 5.2.1.1 Pares .................................................... 55


Figura 2. Nuvem de palavras da categoria 5.2.1.2 Outros olhares ..................................... 59
Figura 3. Nuvem de palavras da categoria 5.2.1.3 Resignação e conformidade ............... 60
Figura 4. Nuvem de palavras da categoria 5.2.2.1 Sentimentos em relação ao corpo ...... 63
Figura 5. Nuvem de palavras da categoria 5.2.2.2 Referenciais de beleza ........................ 65
Figura 6. Nuvem de palavras da categoria 5.2.2.3 Cuidados em relação ao corpo .......... 67
Figura 7. Cantora MC Melody ............................................................................................ 102
Figura 8. Atriz Larissa Manoela ......................................................................................... 102
Figura 9. Cantor MC Mirella .............................................................................................. 103
Figura 10. Nuvem de palavras da categoria 5.2.3.1 Padrão de atributos de beleza ......... 72
Figura 11. Nuvem de palavras da categoria 5.2.3.2 Mídias digitais e corpo ..................... 75
Figura 12. Nuvem de palavras da categoria 5.2.3.3 Imagens, metáforas e corpo feminino76

Lista de Tabelas

Tabela 1. Quantidade de participantes por escola e média de duração das coletas ....... 45
Tabela 2. Dados sociodemográficos das famílias das participantes ................................. 46
Tabela 3. Eixos temáticos e categorias de conteúdo ........................................................... 48
Sumário

1 Introdução............................................................................................................................ 13
2 Fundamentação teórica....................................................................................................... 17
2.1 A construção psicossocial do corpo...................................................................... 17
2.1.1 O corpo feminino...................................................................................... 18
2.1.2 Imagem corporal...................................................................................... 22
2.1.3 O corpo infantil........................................................................................ 26
2.2 Representações sociais......................................................................................... 27
2.2.1 O corpo nas representações sociais......................................................... 31
2.2.2 Representações sociais na infância.......................................................... 34
3 Objetivos............................................................................................................................... 37
3.1 Geral....................................................................................................................... 37
3.2 Específicos............................................................................................................. 37
4 Método.................................................................................................................................. 38
4.1 Delineamento de pesquisa.................................................................................... 38
4.2 Aspectos éticos....................................................................................................... 38
4.3 Participantes.......................................................................................................... 38
4.4 Descrevendo o cenário de coleta........................................................................... 39
4.5 Caracterizando os instrumentos.......................................................................... 40
4.6 Procedimento de coleta de dados.......................................................................... 41
4.7 Análise de dados.................................................................................................... 43
5 Apresentação de resultados e discussão.............................................................................. 45
5.1 Dados sociodemográficos...................................................................................... 46
5.2 Eixos temáticos...................................................................................................... 48
5.2.1 Olhares sobre o corpo........................................................................................ 49
5.2.1.1 Pares..................................................................................................... 49
5.2.1.2 Outros olhares....................................................................................... 55
5.2.1.3 Resignação e conformidade.................................................................. 59
5.2.2 Conceito de corpo............................................................................................... 60
5.2.2.1 Sentimentos em relação ao corpo.......................................................... 61
5.2.2.2 Referenciais de beleza........................................................................... 63
5.2.2.3 Cuidados em relação ao corpo.............................................................. 65
5.2.3 Imagem e identificações .................................................................................... 67
5.2.3.1 Padrão de atributos de beleza............................................................... 68
5.2.3.2 Mídias digitais e corpo.......................................................................... 72
5.2.3.3 Imagens, metáforas e corpo................................................................... 75
Considerações finais............................................................................................................... 77
Referências.............................................................................................................................. 80
Apêndice A – Carta de aceite da Secretaria Municipal de Educação................................. 88
Apêndice B – Questionário sociodemográfico...................................................................... 89
Apêndice C – Roteiro de entrevista semiestruturada........................................................... 90
Apêndice D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (grupo focal) ...................... 91
Apêndice E – Termo de Assentimento de Participação (grupo focal) ............................... 94
Apêndice F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (entrevista individual) ....... 96
Apêndice G – Termo de Assentimento de Participação (entrevista individual) ............... 99
Apêndice H – Lista de Substituições do Corpus Textual/IRaMuTeQ............................... 101
Anexo A – Fotos das celebridades mais mencionadas ....................................................... 102
13

1 Introdução

O presente estudo é fruto de uma pesquisa de mestrado da Universidade Federal


do Vale do São Francisco (UNIVASF), inserida na linha de pesquisa de processos
psicossociais. Neste contexto, a Teoria das Representações Sociais forma a
fundamentação teórica para a investigação desta dissertação.
Inicia-se este estudo propondo discutir o quanto as características corporais muitas
vezes são utilizadas como meio de nos identificarmos, como a altura, peso, cor dos
cabelos e tamanho do nariz. Ao nomearmos e adjetivarmos essas particularidades,
conseguimos reconhecer parte de nossa identidade. Desse modo, em convivência com um
grupo social, essas características atribuídas e partilhadas socialmente classificam e
identificam as pessoas como sendo feias/bonitas, magras/gordas, femininas/masculinas,
entre outras, e muitas vezes acabam por se tornar uma pressão social em busca de um
corpo aceito socialmente.
Alguns pensadores contemporâneos trazem reflexões sobre possibilidades de
influência no “eu corporal”. Sibila (2010) levanta a reflexão do termo “Eu Show” na
atualidade e polemiza sobre o desafio de termos um corpo contemporâneo, diante da
busca paradoxal entre uma satisfação pessoal e uma autoestima ligada à imagem de um
corpo perfeito. O termo proposto por ela reflete sobre valores atuais alinhados à exigência
contemporânea de uma boa forma corporal, solicitando do indivíduo autoestima positiva,
bem-estar, qualidade de vida, sucesso e alta performance, valores muitas vezes
encorajados para adaptar seu próprio corpo ao modelo ideal transmitido pela mídia.
Estudos indicam que mulheres tendem a sofrer maior pressão social em relação à
sua beleza do que homens, estando elas mais propícias a julgamentos através de
comparação, valores e práticas culturais, como aponta McKinley (2004). O contexto
social, e principalmente a exposição midiática a modelos de beleza, nutrem as
experiências corporais femininas e, por sua vez, são a principal influência de insatisfação
corporal das mulheres, por estarem elas mais vulneráveis à internalização de padrão
cultural de beleza socialmente aceito (Brown & Tiggemann, 2016). Essa influência pode
trazer experiências negativas de imagem corporal e consequentemente impactos a longo
prazo.
Adolescentes e crianças do gênero feminino já apresentam preocupações e
insatisfações com sua imagem corporal (Conti, Costa, Peres, & Toral, 2009; Smolak,
14

2004b). Esses estudos mostram que essa insatisfação precoce pode ser preditor de
distúrbios de imagem corporal e depressão na vida adulta.
Inicialmente proposto por Schilder (1950/1994) ¹, o conceito de imagem corporal
abrange mais do que uma simples percepção ou imaginação do corpo físico. A imagem
corporal é também fruto de experiências emocionais pessoais e da interação com outras
pessoas. Desse modo, ela é definida como sendo a representação que nosso corpo se
apresenta para nós.
A corporeidade humana é entendida como um fenômeno social e cultural, sendo
ela alvo de representações e imaginários sociais (Le Breton, 1953/2007) 1. Através dessa
perspectiva, a Teoria das Representações Sociais (TRS), desenvolvida por Moscovici
(1976/2015)¹, possibilita apurar um olhar para a realidade social que o sujeito vivencia,
compreendendo suas experiências a partir das suas relações. Esta então é a principal
referência teórica de análise desse estudo.
Neves, Cipriani, Meireles, Morgado e Ferreira (2017), ao realizar uma revisão de
literatura acerca da imagem corporal na infância, concluiu que grande parte das pesquisas
focam na avaliação da imagem corporal de crianças, e poucas investigam os outros
elementos relacionados a ela. Elementos estes que podem ser identificados e entendidos
sob a ótica das representações compartilhadas nesse grupo especifico, foco principal da
TRS.
Apesar de a escuta das crianças na produção acadêmica brasileira ter aumentado
na área da Psicologia, alguns grupos de crianças de determinadas regiões do Brasil
permanecem em minoria nas pesquisas, e uma delas é a região nordeste (Prado, 2017).
Este dado fortalece a importância da produção de pesquisas para esta região do país e,
mais especificamente, para este grupo social. Em levantamento bibliográfico para o corpo
teórico deste projeto, foi constatada a escassez de estudos que se utilizam da Teoria das
Representações Sociais como ponto de referência para analisar as investigações no
âmbito da corporeidade infantil (Mendes & Ribeiro, 2018). É entendendo a importância
da investigação desses aspectos na infância que se propõe o público de participantes dessa
pesquisa: meninas no intervalo de idade entre 7 e 11 anos.
Entendendo que a infância pode ser considerada uma fase peculiar de
desenvolvimento, é que o foco desta pesquisa se delimita: a investigação das
representações sociais (RS) sobre corpo para meninas. Há uma necessidade de abrir

1
A primeira data corresponde às obras originais dos autores e a segunda as edições consultadas.
15

espaço para que crianças de diversos contextos socioculturais, no caso específico deste
projeto, do semiárido brasileiro, tenham suas perspectivas consideradas. Assim, essa
investigação se faz necessária a fim de compreender essas questões e poder produzir
ferramentas de reflexão sobre as pressões sociais que afligem as meninas em relação aos
padrões de beleza de seus corpos.
Dessa maneira, esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. Após essa
introdução, segue-se o segundo capítulo, o qual apresenta a fundamentação teórica desta
pesquisa e está dividido em duas partes. A primeira parte discute sobre a construção
psicossocial do corpo, investigando na literatura e nas bases teóricas a maneira como o
corpo feminino é construído socialmente, a abordagem do conceito de imagem corporal
e a maneira de como essas construções são consideradas na infância. A segunda parte
apresenta a base teórica das representações sociais, investigando na literatura o
entrelaçamento das investigações das RS em relação ao corpo e suas considerações na
infância.
O terceiro capítulo elenca o objetivo geral desta pesquisa, que consiste em
compreender o conteúdo das representações sociais sobre o corpo feminino para meninas
no município de Juazeiro, Bahia. É também elencado os objetivos específicos: (1)
conhecer as representações sociais sobre o corpo para meninas com idades de 7 a 9 anos
e de 10 a 11 anos; (2) explorar o conceito de corpo na infância feminina; (3) identificar
influências que permeiam a satisfação corporal de meninas; (4) contrastar possíveis
diferenças de representações sociais que emergem dos dois grupos citados; (5)
caracterizar os grupos estudados com dados sociodemográficos.
O quarto capítulo contempla a descrição do método, abrangendo o delineamento
de pesquisa, as questões éticas, a caracterização dos participantes, do cenário de pesquisa
e os procedimentos utilizados para a coleta, bem como a descrição de como foi realizada
a análise dos dados.
O quinto capítulo apresenta os resultados e a discussão dos dados, que são
apresentados num mesmo corpo de texto.
Para concluir, o sexto capítulo traz as considerações finais, sintetizando os dados
levantados e o que mais preponderou na discussão dos dados. Outro aspecto discutido
nesse item são as limitações dessa pesquisa, as contribuições para a área e os possíveis
desdobramentos. Em seguida são elencadas as referências utilizadas e os apêndices
pertinentes.
16

Considerando o objetivo proposto, o presente estudo poderá contribuir para a


reflexão sobre como as meninas estão representando o corpo feminino, influenciadas por
seus pares ou por meios sociais e digitais que vivem. Esta reflexão pode ajudar a
sociedade, sejam profissionais da saúde ou da educação, ou mesmo os familiares que
convivem com meninas, a traçar maneiras educacionais de orientá-las em relação à
singularidade de seus corpos, impulsionando uma experiência positiva de imagem
corporal.
17

2 Fundamentação Teórica

2.1 A construção psicossocial do corpo

Propor-se a estudar o corpo é adentrar em um campo multifacetado de pesquisa,


que entrelaça interfaces entre os aspectos fisiológicos e anatômicos, sociais e individuais,
entre a biologia humana e a cultura que o abrange. Isto posto, um caminho escolhido de
suporte para a fundamentação teórica do entendimento corporal neste estudo é a
compreensão de sua construção psicossocial.
De acordo com Spink (1993), a concepção do termo psicossocial é a análise de
que o sujeito humano é constituído enquanto sujeito social, não sendo nem produto
determinado pelo meio nem um indivíduo separado dele. O sujeito é, portanto, fruto da
interação de suas produções mentais vindas de sua socialização em determinado contexto
e capaz de alterá-las, sendo este “nem produto de determinações sociais nem produtor
independente” (Spink, 1993, p. 304). De acordo com esta perspectiva, o sujeito é produto,
mas também produtor da realidade social no qual está inserido.
Considerando a perspectiva de Spink (1993), uma análise psicossocial da vida
cotidiana implica no entendimento da complexa relação entre os atores sociais e os
fenômenos que ocorrem no contexto em que vivem, que são característicos daquele
determinado cenário. Dessa forma, a Psicologia Social procura entender o fenômeno in
loco, sendo impossibilitada de se entender sem seus determinantes sociais.
O entendimento do corpo, pelo viés da construção psicossocial, remete a autores
que abordam o tema com a complexidade do qual ele se mostra. O antropólogo francês
David Le Breton (1953/2007) aprofunda os estudos desta abordagem quando propõe o
campo da sociologia do corpo, dedicando-se na compreensão da corporeidade enquanto
fenômeno social e cultural. O corpo, nesta perspectiva, é objeto de representações e
imaginários, sendo o intermédio na relação do indivíduo com o mundo.

Pela corporeidade, o homem faz do mundo a extensão de sua experiência;


transformando-o em tramas familiares e coerentes, disponíveis à ação e
permeáveis à compreensão. Emissor ou receptor, o corpo produz sentidos
continuamente e assim insere o homem, de forma ativa, no interior de dado espaço
individual e cultural. (Le Breton, 1953/2007, p. 8).

Le Breton (1953/2007) desenvolve a discussão partindo da referência de que o


corpo das pessoas é composto de simbolismos e elementos, são construídos de acordo
18

com uma interação cultural recebida dentro do seu círculo social, e que, dentro de uma
mesma comunidade, essas manifestações têm sentido quando relacionadas ao simbolismo
do seu grupo social de pertencimento. Através dessa interação constante com os outros é
que se propõe a compreensão de que a corporeidade seja socialmente construída.
Seguindo com discussão similar, o antropólogo Renato da Silva Queiroz e a
psicóloga Emma Otta (2000) discutem o tema da beleza e da estética no corpo do
brasileiro. Os autores propõem a discussão de que, sendo o corpo submetido às
imposições da natureza, devido à sua constituição originalmente biológica, coloca todos
os seres em uma mesma e única condição corporal, como por exemplo os reflexos
corporais ou as expressões faciais das emoções básicas (Queiroz & Otta, 2000, p.20).
Porém, é através da cultura na qual se está inserido, é que se manifestam as
heterogeneidades das representações e simbolismos vinculados ao corpo, como por
exemplo, os determinantes culturais que tais expressões emocionais se manifestam. “O
corpo é de fato apropriado e adestrado pela cultura, concebido socialmente, alterado
segundo crenças e ideias coletivamente estabelecidas.” (Queiroz & Otta, 2000, p. 31). À
vista disto, a concepção de corpo é afetada pela religião, classe social, grupo familiar e
vários outros fatores socioculturais no qual o indivíduo está imerso.

2.1.1 O corpo feminino

Indagar-se sobre as experiências que compõe o corpo é também questionar-se


sobre as particularidades que o corpo de uma mulher pode viver. Considerando a
argumentação de que o corpo é apropriado pela cultura a ele submetido, Queiroz e Otta
(2000) apresentam elementos que discutem sobre a beleza corporal feminina brasileira.
Mantendo um diálogo constante entre os condicionantes culturais e psicobiológicos da
condição corporal, os autores supracitados consideram elementos que possam contribuir
para a noção de beleza da mulher brasileira na idade adulta. Mesmo assumindo que a
distribuição de gordura corporal pode variar conforme o sexo, colaborando para o formato
específico do corpo feminino, Queiroz e Otta (2000) levantam a questão do quanto o
corpo feminino é possivelmente mais suscetível a mudanças conforme as expectativas
culturais, em comparação com o dos homens. As características femininas relacionadas a
atratividade e beleza podem assumir uma grande importância para a mulher, podendo
gerar uma insatisfação e um impacto negativo à sua autoestima quando não alcançadas.
19

Os autores concluem que os processos culturais são, em sua maioria, os principais


motivadores de padrões de estética e de beleza corporal. Mesmo que as variáveis
conceituais de concepção de beleza se alterem entre as culturas, sofrendo variações de
acordo com seu contexto, ainda assim são impactantes no que tange à satisfação corporal,
sobretudo, nas mulheres (Queiroz & Otta, 2000)
Naomi Wolf (1992), importante escritora sobre questões feministas, debate sobre
esse tema, chamando-o de “O Mito da Beleza”. A autora discute conceitualmente sobre
um entrave da contemporaneidade: de como mulheres prósperas e libertas continuam a
dar tanta importância a preocupações com sua aparência física, ao corpo e às roupas. Wolf
(1992) contrapõe o quanto, assumidamente, a beleza feminina não é um padrão universal
e nem imutável, porém à beleza é imposta um sistema determinado pela política e cultura
no qual a mulher está inserida, que se utiliza de características físicas para atribuir valores
de beleza àquelas que o possuem.

Em meio à maioria das mulheres que trabalham, têm sucesso, são atraentes e
controladas no mundo ocidental, existe uma subvida secreta que envenena nossa
liberdade: imersa em conceitos de beleza, ela é um escuro filão de ódio a nós
mesmas, obsessões com o físico, pânico de envelhecer e pavor de perder o
controle. (Wolf, 1992, p. 12).

A autora considera que, um determinado período sócio histórico, é o marco para


classificar quais são as qualidades de beleza para as mulheres, e que são estas qualidades
as que, provavelmente, irão nortear as condutas em relação ao alcance desse ideal. Wolf
(1992) afirma que o mito da beleza não é sobre a aparência em si, mas sobre o
comportamento para alcançá-lo. “E o que é mais instigante, a nossa identidade deve ter
como base a nossa ‘beleza’, de tal forma que permaneçamos vulneráveis à aprovação
externa, trazendo nosso amor-próprio, esse órgão sensível e vital, exposto à todos.”
(Wolf, 1992, p. 17).
A mesma afirmação apresenta Queiroz e Otta (2000), ao discutirem sobre a
responsabilidade que os processos culturais têm na definição do que são padrões estéticos
e do que seja uma beleza corporal, mesmo em diferentes contextos culturais. Os autores
debatem o quanto corpo da mulher é colocado como aspecto fundamental para a sua
atratividade, sendo então esperado delas que tenham preocupações com relação ao peso,
e com a satisfação com este, sendo esses aspectos determinantes para a satisfação de sua
autoimagem.
20

Tendo em vista as questões acima expostas, é pertinente a busca por entender o


motivo de as mulheres sofrerem maior pressão social em relação à sua beleza. Esse
interesse justifica o aumento de pesquisas sobre a insatisfação corporal em mulheres, que
indicam que elas são mais insatisfeitas com seu corpo do que os homens. Santos-Silva,
Nahas, de Sousa, Del Duca e Peres (2011) investigaram a predominância de insatisfação
corporal em uma amostra de 1.720 adultos (55,7% eram mulheres), em uma cidade no sul
do Brasil. Os dados indicam uma prevalência em homens (14,2%) de insatisfação por
desejarem ser mais pesados, ou terem mais massa corporal. Já a prevalência de
insatisfação em mulheres (66,6%) apontam para o desejo de estarem mais magras. Outro
estudo, na mesma região do país, encontrou em uma amostra feminina (257)
frequentadora de academia, um total de 21,4% com algum tipo de insatisfação corporal.
Dentre todas as participantes, 67,3% delas afirmaram que buscaram a prática de atividade
física por motivos estéticos e que 63,8% pensavam em fazer uma cirurgia plástica
(Medeiros, Caputo & Domingues, 2017).
Apesar das diferenças culturais, os mesmos achados são encontrados na literatura
em pesquisas estadunidenses e australianas: de que mulheres têm maior tendência a serem
insatisfeitas com seus corpos, sendo que é provável que a maior influência seja a pressão
midiática de um padrão de beleza feminino (Bedford & Johnson, 2006; Brown &
Tiggemann, 2016; Murnen & Smolak, 2009).
O avanço da internet nas últimas décadas possibilitou que diversas formas de
comunicação se desenvolvessem, e uma delas, são as redes sociais. A rede social
Facebook, lançada em fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg, propiciou novas formas
de comunicação, através do compartilhamento de fotos, mensagens instantâneas, notícias,
participação em grupos de interesse, entre outras ações
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Facebook recuperado em 07 de fevereiro de 2020). Foi
estimado que, em 2016, o Facebook tenha atingido a marca de 2 bilhões de usuários ativos
(https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/facebook-atinge-os-2-bilhoes-de-
usuarios.ghtml recuperado em 07 de fevereiro de 2020).
O impacto do uso dessa rede social no humor e na satisfação corporal de mulheres,
foi o objetivo da pesquisa de Fardouly, Diedrichsb, Vartaniana e Halliwellb (2015). Um
total de 112 mulheres, de 17 a 25 anos, estudantes de uma universidade do Reino Unido,
foram separadas em três condições experimentais. A primeira condição caracterizava-se
por uma exposição na timeline na conta do Facebook delas próprias, a segunda em um
site de uma revista on-line de modas e a terceira em um site de aparência neutra (controle).
21

Todas as exposições foram feitas individualmente e tiveram o mesmo tempo de duração


(10 minutos). As participantes responderam à um questionário antes e depois da
exposição, que pretendia avaliar o estado de humor delas e insatisfação corporal, e se essa
insatisfação corporal estava ligada com a tendência de comparar a aparência. As mulheres
que ficaram no Facebook apresentaram um humor mais negativo e maior insatisfação
corporal do que aquelas que estiveram expostas ao site neutro, e esses aspectos se
agravavam a medida que elas apresentavam alto índice de tendência a comparação. Esse
grupo de mulheres foi das que mais tiveram desejo de mudanças corporais relacionadas
a rosto, pele e cabelo. Em comparação ao site de modas, as mulheres também
apresentaram um grau de humor negativo maior em relação ao site neutro, mas a maior
preocupação delas foi com o peso e com a forma do corpo. Os pesquisadores supõem que
o Facebook é uma rede social capaz de incitar a tendência das mulheres a se compararem
em aparência, mas não apenas por esse fator, mas porque junto dela há a comparação do
status social e das experiências de vida por lá compartilhadas.
Outra rede social de compartilhamento de fotos e vídeos é o Instagram, lançado
em 2010 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Instagram recuperado em 08 de fevereiro de 2020)
e com cerca de 1 bilhão de usuários em 2016. Com um delineamento experimental similar
ao da pesquisa citada anteriormente, Brown e Tiggeman (2016) investigaram sobre o
impacto dessa rede social no humor e na insatisfação corporal de mulheres. Uma amostra
de 138 estudantes de graduação, de 18 a 30 anos, de uma universidade Australiana foram
divididas em três grupos: um grupo foi exposto à fotos de celebridades mulheres
atraentes, outro à imagens de mulheres desconhecidas consideradas atraentes e outro a
imagens de viagens, algumas contendo fotos de mulheres no cenário. Todas as imagens
eram de perfis do Instagram. Os resultados mostraram que a exposição a imagens de
celebridades e de mulheres desconhecidas aumentou o humor negativo e a insatisfação
corporal, em relação às imagens de viagem. Ademais, o fato de elas terem uma adoração
as celebridades também causa um efeito crescente na insatisfação corporal, deixando-as
mais vulnerável à esta condição, quando expostas às imagens. As pesquisadoras levantam
a discussão sobre a exposição excessiva a celebridades atraentes e imagens de colegas, e
o quanto isso pode ser prejudicial à imagem corporal das mulheres.
As pesquisas expostas acima expõe o quanto as mulheres acabam por serem mais
insatisfeitas com seus corpos, ou com aspectos relacionados a ele, sendo então alvo de
desejo de mudanças corporais. Aparentemente a midia e o entorno social e cultural são
fatores relevantes quando se fala de motivação para esses desejos e essas mudanças.
22

2.1.2 Imagem corporal

Propor a investigação do corpo feminino é também refletir sobre o conceito de


imagem corporal, que é central nas questões levantadas nas pesquisas mencionadas. O
significado de imagem corporal foi historicamente levantado por Paul Schilder
(1950/1994), que propôs a definição de que esta corresponderia à figuração que nosso
corpo tem em nossa mente, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para cada
indivíduo. O autor indica que esta figuração não se trata apenas de uma percepção dos
sentidos do corpo, mas que ela também está emaranhada de figurações e representações
mentais. Inovador para sua época, Schilder (1950/1994) considera aspectos para além do
corpo físico, entendendo a imagem corporal como uma representação, que integra os
níveis físico, emocional e mental, com respeito à percepção de seu corpo.

Este termo indica que não estamos tratando de uma mera sensação ou imaginação.
Existe uma apercepção6 do corpo. Indica também que, embora nos tenha chegado
através dos sentidos dos sentidos, não se trata de uma mera percepção. Existem
figurações e representações mentais envolvidas, mas não é uma mera
representação (Schilder, 1950/1994, p.11).

Schilder (1950/1994) propõe que a imagem corporal é influenciada por três


estruturas básicas, que se inter-relacionam constantemente: fisiológica (organização
anatomofisiológicas); libidinal (experiências emocionais); e sociológica (aprendizagem
de valores culturais e sociais). A estrutura fisiológica, de acordo com o autor, teria
influência de informações vindas da postura corporal, das impressões táteis e visuais ou
qualquer outra informação que possa vir do sistema fisiológico, como mudanças
hormonais, fome, dor, condições neurológicas etc. A estrutura libidinal comporia
influências dos sentimentos, emoções e estados de humor.
A estrutura sociológica, o autor atribui que as características e tendências de um
certo grupo social podem ser capazes de afetar a imagem corporal de seus atores sociais,
como por exemplo as vestimentas, as características corporais e os gestos. Essas
características estão imbricadas na comunicação social, e a percepção do corpo e do modo
como o outro expressa as emoções, passa a ser considerada tão importante quanto à
percepção do próprio corpo e da expressão emocional individual.

Vivenciamos as imagens corporais dos outros. A experiência da nossa imagem


corporal e a experiência dos corpos dos outros são intimamente interligadas.
23

Assim como nossas emoções e as ações são inseparáveis da imagem corporal, as


emoções e ações dos outros são inseparáveis de seus corpos. (Schilder, 1950/1994,
p. 15)

Imagem corporal é considerada por seus estudiosos como sendo um fenômeno


mutável e dinâmico ao longo da vida do indivíduo (Pruzinsky & Cash, 2004; Schilder,
1950/1994; Tavares, 2003). Maria Consolação da Cunha Tavares (2003) é uma
importante pesquisadora brasileira que busca aprofundar o conceito e a pesquisa na área.
A autora afirma que a imagem corporal compõe a individualidade das pessoas e salienta
a importância das experiências vivenciadas pelo indivíduo para a construção da imagem
e identidade corporal. Por ser um conceito em constante desenvolvimento, está presente
desde a primeira infância até à morte, sempre em transformação. Dessa maneira, a
maneira como cada indivíduo experiencia e conceitua seu próprio corpo é englobada na
sua imagem corporal.
Tavares (2003) dialoga com Schilder (1950/1994) ao buscar compreender como a
construção da imagem do outro está intimamente vinculada à construção da imagem
corporal de um indivíduo. Schilder (1950/1994) afirma que a imagem corporal ultrapassa
os limites do corpo, incorporando objetos externos (por exemplo, uns óculos) ou quando
algum aspecto corporal os propagando no espaço (por exemplo, as fezes), demonstrando
o quanto essas particularidades constituem nossa imagem corporal. Por consequência, “há
um intercâmbio contínuo entre imagem corporal nossa e dos outros (...) não há imagem
corporal coletiva, mas todos estruturam sua imagem em contato com os outros.” (Tavares,
2003, p. 74).
Pesquisadores de referência na área, Pruzinsky e Cash (2004) consideram que a
experiência da imagem corporal pode influenciar a qualidade de vida, pois afeta nossas
emoções, pensamentos e comportamentos diariamente. Por ser um fenômeno
multidimensional, os autores mencionam vários fatores que podem definir a imagem
corporal: a satisfação com o peso, a precisão da percepção do tamanho do corpo, a
satisfação corporal, satisfação com a aparência, avaliação desta, auto estima, preocupação
com o corpo, disforia e dimorfismo corporal, esquema corporal, distorção corporal e
percepção corporal. (Pruzinsky & Cash, 2004, p. 7). Mesmo considerando que vários
fatores elencados possam se entrelaçar e enriquecer a experiência corporal, os autores
consideram que as pesquisas que investigam esse conceito têm tido progresso.
Pesquisadores da imagem corporal consideram que o corpo também é um objeto
social e, portanto, sua representação tem influência do ambiente social em que vive. Cash
24

e Fleming (2004) discutem sobre o quanto as interações sociais são espelhos para nossas
atitudes, crenças e imagens que temos de nós mesmos, ajudando na internalização de uma
imagem corporal. Realizando um levantamento de literatura sobre das evidências da
influência social no desenvolvimento da imagem corporal, os autores apontam, por
exemplo, o quanto mulheres com disfunção de imagem corporal têm baixa autoestima
social e maior nível de ansiedade em situações sociais (Cash & Fleming, 2004, p. 279),
identificando a correlação entre imagem corporal e aspectos sociais.

O feedback social que contribui para a criação da imagem corporal não é uma “via
de mão única”, através do qual nós passivamente internalizamos as avaliações
refletidas dos outros. Em vez disso, as influências sociais na formação da imagem
corporal são mais recíprocas e interativas. Isso significa que, enquanto o feedback
social indubitavelmente configura nossa visão individual de nossa própria
aparência, essas crenças individuais e comportamentos podem também influenciar
a natureza social do feedback que recebemos. [tradução nossa] (Cash & Fleming,
2004, p. 278).

A literatura aponta que uma experiência positiva de imagem corporal pode estar
relacionada à autoestima global, e que uma experiência negativa pode ser preditor de
desenvolvimento de depressão e transtornos alimentares, principalmente em mulheres
(Burnettea, Kwitwskia, & Mazzeob, 2017; Smolak, 2004b). Apesar de não ser consenso
sobre o significado do que seria uma experiência negativa de imagem corporal, ela está
comumente associada à insatisfação corporal, seja de partes específicas do corpo, ou da
aparência em geral (Cash, 2004, p. 269). Porém, como afirma Cash (2004), a insatisfação
corporal analisada isoladamente não é suficiente para predizer uma experiência negativa
de imagem corporal, mas ela deve estar associada a consequências emocionais e
comportamentais, como por exemplo humor negativo, dietas restritivas, excesso de
atividade física ou mesmo transtornos alimentares.
Pesquisa brasileira realizada com 587 jovens universitários (47% mulheres)
realizada em Juiz de Fora/MG, procurou avaliar a relação entre checagem corporal,
atitude alimentar e insatisfação com a imagem corporal. Foram considerados como
comportamentos de checagem corporal fazer períodos de restrição alimentar, rituais de
pesagens, medidas e comparações de seu corpo com outros. Apesar de uma reduzida
parcela de indivíduos com alta frequência em checagem corporal (8,7% em mulheres e
1,93% em homens), houve diferença entre os gêneros. Os pesquisadores também
encontraram relação positiva entre realizar a checagem corporal e insatisfação corporal,
sendo com maior prevalência nas mulheres (17,4% delas declararam estar insatisfeitas
25

com o próprio corpo em comparação a 2,25% dos homens). Os autores também apontam
para o risco de transtornos alimentares futuros. (Carvalho, Filgueiras, Neves, Coelho &
Ferreira, 2013).
A preocupação com padrões corporais e beleza feminina também atinge meninas
adolescentes. Estudos mostram que adolescentes já idealizam um corpo magro e bonito,
e que elas têm maior insatisfação e desejo de mudanças corporais em relação aos meninos
da mesma idade (Conti et al., 2009; Passos, Gugelmin, Castro, & Carvalho, 2013;
Smolak, 2004b; Smolak, Levine, & Thompson, 2001).
Keery, Berg e Thompson (2004) conduziram um estudo na Flórida/EUA com 325
meninas, de 11 a 15 anos de idade. A pesquisa teve o objetivo de discutir sobre quais as
possíveis influências que predispõem no desenvolvimento de distúrbios alimentares e
experiências negativas de imagem corporal. Os autores indicam três possíveis fatores que
interferem na internalização de um ideal de corpo magro, e na constante comparação da
aparência dessas meninas com as outras: seus pares, os familiares e a mídia. Os pares e
os familiares foram sinalizados como sendo aqueles que influenciam realizando críticas
ou provocações, incentivos a dietas e comparações com outras meninas. A mídia
influencia contribuindo com normas de aparência e padrão de corpo, além de dietas e
práticas alimentares restritivas.
Brown e Tiggemann (2016) corroboram quando apontam que mulheres expostas
a fotos de modelos de corpo magro, sejam elas celebridades ou suas colegas, podem
aumentar os níveis de insatisfação corporal e humor deprimido, concluindo que a
constante exposição a celebridades atraentes e imagens de colegas pode ser prejudicial à
imagem corporal dessas mulheres. Keery et al (2004) e Smolak (2004a) sinalizam que os
familiares podem colaborar com essa comparação, ao incentivar dietas restritivas, ao
comparar o corpo das meninas com colegas ou ao mencionar sobre excesso corporal das
filhas às celebridades atraentes.
Pesquisadores têm tido a preocupação de explorar essas influências também na
infância. Davison, Markey e Birch (2003) realizaram um estudo longitudinal em meninas
com idades entre 5 e 9 anos de idade, na Pennsylvania/EUA, objetivando investigar sobre
suas preocupações com o peso e a insatisfação corporal ao longo do tempo. As autoras
encontram associações positivas entre preocupações com o peso, insatisfação corporal e
status de peso, à medida que a idade aumenta. As autoras apontam que as meninas mais
novas (5 anos) tendem a ter maior preocupação com o peso e as meninas mais velhas (9
anos) maior tendência a sentirem-se insatisfeitas com o corpo. A pesquisa alerta para
26

possíveis consequências para o desenvolvimento na infância dessas meninas, uma vez


que foi observado que preocupações com o peso precoce (5 a 7 anos) e insatisfação
corporal, foram associadas a comportamentos de restrição alimentar, atitudes alimentares
inadequadas e maior probabilidade de fazer dieta aos 9 anos de idade.
O que se pode verificar, com os resultados e as discussões das pesquisas descritas,
é que a insatisfação com a imagem corporal pode ser um indicativo para transtornos
alimentares para as mulheres. Percebe-se, através destes apontamentos, que a mídia, a
família e os pares são peças centrais na influência por um padrão estético, tanto em
meninas jovens adolescentes, como nas meninas mais novas.

2.1.3 O corpo infantil

O desenvolvimento do corpo na infância, pela perspectiva da construção


psicossocial, também é discutido por autores e pesquisadores de referência nessa área de
estudo.
Le Breton (1953/2007) debate sobre essa construção dos significados e
simbolismos sobre o corpo durante a infância. O autor argumenta o quanto a criança, na
relação com os outros, vai construindo, ao longo do seu desenvolvimento, os conceitos e
símbolos, que estão estruturados no seu grupo de pertencimento. “A criança cresce numa
família cujas características sociais podem ser variadas e que ocupa uma posição que lhe
é própria no jogo das variações que caracterizam a relação com o mundo da comunidade
social em que está inserida.” (Le Breton, 1953/2007, p. 8).
Wolf (1992), debatendo sobre o “mito da beleza”, polemiza sobre a educação das
meninas, do quanto essas aprendem que as histórias acontecem com a mulheres belas,
sejam elas interessantes ou não. E que são essas as mulheres mencionadas pelas meninas
quando elas pensam no mito, e que normalmente são aquelas expostas nas revistas de
modelo feminina, meio de influência midiático condizente à época.
Smolak (2004a, 2004b) faz um levantamento de literatura acerca do
desenvolvimento da imagem corporal em crianças, e conclui que meninas são mais
preocupadas do que meninos com seu peso corporal, pois elas parecem estar mais
propícias a efeitos da mídia e de seus pares na busca de um corpo socialmente dito como
perfeito, e que esses meios são os principais fatores socioculturais que influenciam o
desenvolvimento da imagem corporal. Na mesma perspectiva e visando examinar
preocupação com o peso e insatisfação corporal em meninas, Davison et al. (2003)
27

realizam um estudo longitudinal, acompanhando-as em seus intervalos de idade de cinco


a nove anos. As meninas que mostraram maior consistência, com o passar do tempo, em
relação à preocupação com o seu peso corporal e insatisfação, tendiam a apresentar
prováveis comportamentos de restrição alimentar aos nove anos de idade.
Outro relevante estudo conduzido por Davison et al. (2000) buscou investigar a
etiologia da insatisfação corporal e de preocupações com o peso em 191 meninas de 5
anos de idade. A pesquisa procurou realizar uma associação entre peso das meninas e as
preocupações com o peso e insatisfação corporais, tanto quanto em seus responsáveis
(mães e pais). Em relação ao peso, foram calculados os Índices de Massa Corporal (IMC)
em todos os participantes e os dados mostram relação positiva entre os altos índices de
IMC nos responsáveis e nas meninas. Os resultados indicam poucas meninas com
insatisfação corporal, porém 21% delas já demonstram preocupações com o peso. As
pesquisadoras encontraram o resultado alarmante de alta associação entre preocupação
com o peso das mães e preocupação com o peso das filhas, mostrando uma ligação forte
de influência entre mãe e filha para este fator.
Os achados da pesquisa supracitada sugerem que as meninas nessa idade já estão
suscetíveis ao discurso que está no entorno delas sobre preocupações com o peso e ideais
de magreza. Outro apontamento do estudo é de que a preocupação com o peso das
meninas não é influenciada diretamente por um IMC alto (haja vista que não houve
associação entre IMC e preocupação com o peso), sugerindo que a etiologia das
preocupações com o peso em meninas jovens pode estar ligada a avaliações subjetivas
sobre seu status de peso (insatisfação), em combinação com preocupações com o peso
expressas por suas mães.
Considerando a complexidade de fatores sociais que apontam como
influenciadores na vivência e no conceito de corpo que as meninas experienciam, é
necessário recorrer a um aporte teórico que possa dar suporte à leitura e ao entendimento
desse tema. Assim, a Teoria das Representações Sociais é um campo de estudo capaz de
oferecê-lo.

2.2 Representações Sociais

A Teoria das Representações Sociais (TRS) foi proposta pelo psicólogo social
Serge Moscovici (2015) e veicula a ideia de inseparabilidade entre indivíduo e o grupo
social do qual pertence. Assim, a realidade que permeia o sujeito e suas relações norteia
28

suas condutas e seus comportamentos. É então caracterizada por conceitos, afirmações e


explicações originadas no cotidiano e fruto das relações sociais. Desse modo, a
representação social (RS) pode ser compreendida como sendo aquele conhecimento
elaborado e partilhado sobre algo de relevância numa determinada sociedade, surgido no
comportamento e na comunicação entre as pessoas que compartilham desta realidade.
(Moscovici, 2015).
Moscovici (1978) inaugura sua teoria com o texto La psychanalyse, son image et
son public (1961/1976), publicado na França e traduzido para o Brasil dois anos depois.
De acordo com Jesuino (2014) o texto de Moscovici não tinha pretensões de julgar a
validade interna da teoria psicanalítica ou das escolas que a ensinavam, mas de entender
como o conhecimento era compartilhado e representado no cotidiano da sociedade
francesa.
Moscovici (1978) resgata o conceito de representação coletiva, proposto por
Émile Durkheim, repensando-o a partir de novas perspectivas. O termo “representação
coletiva” foi introduzido por Durkheim ao considerar que a sociedade seria um objeto de
estudo social, e que ela poderia influenciar os indivíduos, mas que as representações
individuais não poderiam influenciar essas representações (Jesuino, 2014; Moscovici,
1978, 2015). Assim, Moscovici propõe atualizar e ampliar o conceito para representação
social, buscando o papel da comunicação e da relação entre os sujeitos e a coletividade,
como geradores de representações:

Pessoas e grupos criam representações no decurso da comunicação e da


cooperação. Representações, obviamente, não são criadas por um indivíduo
isoladamente. Uma vez criadas, contudo, elas adquirem uma vida própria,
circulam, se encontram, se atraem e se repelem e dão oportunidade ao nascimento
de novas representações, enquanto velhas representações morrem. (Moscovici,
2015, p. 41).

A explicação acima é reafirmada por Jesuino (2014), ao caracterizar a maneira


como Moscovici propunha o entendimento das representações: complexa e dinâmica,
assim como a vida cotidiana da sociedade. Desse modo, pensamento individual e coletivo
caminham juntos. O autor ainda explica que o conceito de representação não é apenas o
efeito de reproduzir ou repetir algo (uma ideia, um conceito ou uma imagem), mas sim
reconstituí-lo e recolocá-lo, em uma nova roupagem (Jesuino, 2014).
A TRS busca entender como a construção de conhecimento ocorre a partir do
senso comum, e que por ele é compartilhado. Nesta teoria, o senso comum pode se
29

originar nas práticas sociais, e acabam dando sentido à realidade social, ajudando a
organizar as comunicações entre as pessoas e acabando por orientar as condutas dos atores
nele envolvidos. A TRS tem como central a premissa de que o sujeito é ativo nessa
construção, e que não há conhecimento que não seja construído socialmente, surgido das
interações cotidianas. (Trindade, Santos & Almeida, 2014).
O enfoque de conceito de representação social discutido nesta pesquisa é
embasado na abordagem processual defendida por Moscovici (1978) e Jodelet (2001). À
vista disto, a abordagem processual é um enfoque peculiar, pontuando o quanto as
representações sociais têm fundamentos na visão psicossocial do sujeito: por um lado
investiga o sujeito social com seu mundo interior e, de outro lado, resgata o sujeito
individual no mundo social. Dessa maneira, a importância na investigação do objeto de
estudo é atribuída ao processo em si. (Oliveira & Ornellas, 2014).

As representações são abordadas concomitantemente como produto e processos


de uma atividade de apropriação da realidade exterior ao pensamento, e de
elaboração psicológica e social dessa realidade. Interessa o processo de
pensamento dos produtos e conteúdos. (Jodelet, 2001, p. 22).

Desse modo, Moscovici (2015) busca explorar o fenômeno das RS através da vida
cotidiana. Conforme ele expõe: “existe uma necessidade contínua de reconstruir o ‘senso
comum’ ou a forma de compreensão que cria o substrato das imagens e sentidos”
(Moscovici, 2015, p. 48), diante da qual a sociedade funciona. E que este modo complexo
de funcionar é que dá origem às RS: elas são a especificidade daquele grupo social.
Assim, a finalidade de uma RS é de “tornar familiar algo não familiar, ou a própria não
familiaridade.” (Moscovici, 2015, p. 54). Portanto, a RS seria uma forma de
conhecimento, a maneira como atores sociais procuram entender o mundo em que vivem.
Jodelet (2001) afirma que se pode observar as representações sociais nas diversas
ocasiões, pois circulam nos discursos das pessoas, são veiculadas em palavras e imagens.
Elas são uma maneira de interpretar o mundo e da construção de uma realidade comum,
intermediando as relações entre as pessoas, organizando e orientando as condutas e as
comunicações sociais.

As representações sociais são entidades quase tangíveis. Elas circulam, cruzam-


se e se cristalizam incessantemente através de uma fala, um gesto, um encontro,
em nosso universo cotidiano. A maioria das relações sociais estabelecidas, os
objetos produzidos ou consumidos, as comunicações trocadas, delas estão
impregnados. As representações sociais correspondem, por um lado, à substância
30

simbólica que entra na elaboração e, por outro lado, à prática que produz a dita
substância. (Moscovici, 1978, p. 41).

Assim sendo, Moscovici (1978) afirma que representações sociais atuam através
de observações e de análise dessas observações, através da linguagem que utilizamos para
comunicá-las, formando então imagens e conceitos em representações.
A maneira como um conceito se torna uma RS é fundada, principalmente, por dois
processos significantes, propostos por Moscovici (2015): a ancoragem e a objetivação.
“A ancoragem corresponde exatamente à incorporação ou assimilação de novos
elementos de um objeto em um sistema de categorias familiares e funcionais aos
indivíduos, e que lhes estão facilmente disponíveis na memória.” (Trindade et al., 2014,
p. 146). Esse processo possibilita integrar ideias antes novas ou estranhas, trazendo-as
para uma categoria ou imagem já comum ao indivíduo, ancorando-o. Moscovici (2015)
afirma que ancorar é classificar e nomear, para que ideias deixem de ser estranhas e não
conhecidas, colocando-as em um conjunto de regras e comportamentos conhecidos.
“Quando classificamos uma pessoa como marxista, diabo marinho ou leitor do The
Times, nós o confinamos a um conjunto de limites linguísticos, espaciais e
comportamentais e a certos hábitos.” (Moscovici, 2015, p. 63).
Já a objetivação é o processo de tornar concreto aquele conceito que é abstrato,
transformando-o em imagem de algo. (Trindade et al., 2014). “Objetivar é descobrir a
qualidade icônica de uma ideia, ou ser impreciso; é reproduzir um conceito em uma
imagem. Comparar é já representar, encher o que está naturalmente vazio, com
substância.” (Moscovici, 2015, p. 71). A objetivação torna concreto e passível de
compreensão um conceito abstrato, quando o indivíduo se utiliza do seu sistema de
valores como referência, conforme sua cultura, normas e regras sociais. (Morera, Padilha,
Silva, & Sapag, 2015).

Uma representação é sempre aquilo que tem um significado para alguém. Esse
vínculo com o objeto está intrínseco dentro do nexo social e deve ser lido e
interpretado dentro desse marco, visto que a representação tem sempre um caráter
social e compreende os processos simbólicos das condutas e comportamentos
humanos. (Morera et al, 2015, p. 1158).

Entendendo então que as RS norteiam as práticas na vida cotidiana, uma


investigação das representações que o corpo tem na nossa sociedade contemporânea é
necessária, para o entendimento proposto neste estudo.
31

2.2.1 O corpo nas representações sociais

O corpo tem tido lugar de destaque nas pesquisas de representações sociais.


Denise Jodelet (1984/2017), importante pensadora e pesquisadora na área das RS, ressalta
que investigar o corpo é de grande importância para tornar compreensíveis as maneiras
coletivas de ver e de viver, apreendendo sobre os modelos de pensamento e de
comportamento relacionados ao corpo.
Jodelet (1984/2017) propõe discutir o quanto o corpo está constantemente
balançando entre os opostos público/privado. Esta particularidade confere ao tema a
constante questão entre representação individual/social, entre
representação/comportamento e da relação entre RS e mudança individual/social. Em seu
texto “as representações do corpo e suas transformações”, originalmente publicado em
1984, Jodelet apresenta uma série de levantamentos para ressaltar as maneiras de como o
corpo foi abordado nos últimos anos, e foi se transformando ao longo do tempo. Esses
levantamentos foram coletados em entrevistas realizadas longitudinalmente, com
intervalo de 15 anos entre elas, e discutiu aspectos como tabus, sexualidade, corpo público
e hábitos privados. A autora retrata o quanto esses dados mostram o alcance que a
transformação cultural pode exercer em relação ao corpo no decorrer dos anos.

A mudança cultural da relação com o corpo tem incidência direta sobre sua
representação. A forma segundo a qual os sujeitos se expressam, a estrutura do
campo de sua representação, a organização da experiência corporal subjetiva, a
escolha das categorias nocivas e normativas constitutivas de uma concepção do
corpo estão modificadas. (Jodelet, 1984/2017, p. 275)

A autora aponta para quatro abordagens que levam às RS do corpo (Jodelet,


1984/2017, p. 276). São elas:
1. Referencial subjetivo: relação que o ator social mantém com seu próprio
corpo. São as vivências corporais advindas da experiência direta do sujeito,
como caminhar, tomar sorvete, experiência da dor, amor, doença;
2. Relação com o meio ambiente: papel que se atribui ao corpo, a imagem que
o entorno confere ao sujeito. Diz mais sobre a referência social no qual o corpo
do sujeito é colocado, em relação às suas relações sociais;
3. Referencial social: ao corpo é atribuído informações através da comunicação
social, através de pares, profissionais, outras pessoas. Essas informações
ajudam a ampliar e aperfeiçoar as RS;
32

4. Conceitual e normativa: aqui são compreendidas as informações sobre o corpo


que o sujeito adquire em seus grupos sociais ou sistemas institucionais, como
escola, mídias, divulgação científica.
Diante desses entrelaçamentos é que os indivíduos se situam, seja no
compartilhamento social dos saberes e regras do corpo, seja na singularidade de sua
vivência. Buscar uma compreensão desse entrelaçamento é entender a RS que “inflete
profundamente a relação mantida com o corpo no nível do vivido e da conduta, ao mesmo
tempo em que carrega os delineamentos de um pensamento social.” (Jodelet, 1984/2017,
p. 292).
Le Breton (1953/2007) também dialoga nesse cruzamento constante entre
individual/social, ao entender que o corpo dá origem a significações e sistemas simbólicos
compartilhados. “O corpo é socialmente construído, tanto nas suas ações sobre a cena
coletiva quanto nas teorias que explicam seu funcionamento ou nas relações que mantém
com o homem que encarna.” (Le Breton, 1953/2007, p. 26)
Pesquisas que se propuseram a indagar sobre as RS do corpo em adolescentes e
em adultos, enfatizam a importância dessa investigação a fim de explorar a possibilidade
de se combater os abusos causados pela mídia e outras influências que podem dar origem
aos aspectos negativos das RS do corpo (Camargo, Goetz, Justo & Bousfield, 2011;
Passos et al., 2013; Secchi, Camargo & Bertoldo, 2009; Stenzel, Saha & Guareschi,
2006).
Um estudo orientado por Camargo et al. (2011) buscou compreender a maneira
que 235 estudantes universitários de Florianópolis/SC percebem a beleza e a saúde. Os
participantes desse estudo caracterizaram-se em 72,3% do sexo feminino e a média de
idade foi de 23 anos. Utilizando-se da TRS, os autores encontraram a saúde, a estética, o
movimento e a forma do corpo como sendo conceitos atribuídos às RS do corpo. Os
achados também indicam que o entendimento da beleza passa por um padrão estipulado
socialmente, através de regras e normas estabelecidas, independente de qual seja esse
padrão. Com relação à cirurgia plástica estética, 50% dos participantes mostraram-se
favoráveis ao procedimento e 34% declararam que pretendem realizar, sendo os mais
mencionados os implantes de silicone, a rinoplastia e lipoaspiração abdominal.
Outro estudo, conduzido pelo mesmo pesquisador (Camargo, Justo & Jodelet,
2010), buscou compreender as RS do corpo e as práticas a ele relacionadas. Neste estudo,
participaram 443 universitários de diversas localidades do estado de Santa Catarina, com
idade entre 18 e 58 anos, igualmente distribuídos entre homens e mulheres. Os resultados
33

desta pesquisa apontam uma diferença entre os sexos na satisfação corporal: apesar de
apenas 15% das mulheres estarem com IMC (Índice de Massa Corporal) acima do
considerado normal, a insatisfação corporal representava 41% delas. O estudo também
indica que as mulheres mais jovens sofrem mais pressão social para ter um corpo dentro
do esperado pelas normas, e que esse aspecto físico conta mais para essas jovens como
sendo fator de sucesso nas relações interpessoais.
Goetz, Camargo, Bertoldo e Justo (2008) investigaram qual a RS de corpo que
estaria sendo veiculadas em revistas impressas de saúde (Boa Forma, Estilo e Saúde),
entre os anos de 2005 e 2006. Dos 88 artigos retirados dessas revistas, duas grandes
categorias de análise foram encontradas: beleza e saúde. Dentro dessas duas categorias,
as revistas orientam suas matérias utilizando-se de duas vias. A primeira, bem prática, há
orientações que contemplam aspectos físicos de como alcançar uma estética e uma saúde
corporal, através de dietas, exercícios, etc. para conseguir a satisfação através da beleza.
A segunda via, mais subjetiva, veicula a representação do corpo como sendo um todo
físico-psíquico e que uma vida saudável é conquistada através de equilíbrio e bem-estar.
Passos (2011) realizou uma pesquisa com adolescentes de escolas públicas e
privadas do município do Rio de Janeiro (RJ). Utilizando-se de um caminho
metodológico similar a esta pesquisa (grupo focal e entrevista semiestruturada), a autora
buscou compreender as RS referentes ao corpo e às práticas alimentares dos adolescentes.
Ao corpo, os adolescentes associaram conceitos como beleza, saúde, sabedoria,
sensualidade e sucesso para arrumar emprego, mencionando mais especificamente
pernas, barriga e braços. Passos (2011) encontra divergência entre os padrões estéticos
mencionados pelas meninas e pelos meninos. As adolescentes meninas associaram beleza
com corpo magro e com curvas nas pernas, nádegas e seios. Já os adolescentes meninos
associaram a beleza ao corpo com músculos. Estes achados corroboram com outros
apontados pela literatura (Burnettea et al., 2017; Camargo et al., 2011; Secchi, 2006;
Smolak et al., 2001). A pesquisa não encontra divergência nas RS entre as diferenças
socioeconômicas, pois em ambas classes sociais o corpo magro é prestigiado, tanto pelas
meninas quanto pelos meninos sendo aquele divulgado pela mídia.
Conti et al. (2009) procuraram avaliar a satisfação corporal de 121 adolescentes
de 11 a 18 anos, de ambos os sexos, utilizando-se como aporte teórico a TRS. As
pesquisadoras encontraram que, entre as meninas, há uma idealização de um corpo magro
e, no discurso delas, permeavam ideias de desejo de diminuir ou aumentar áreas corporais.
Já entre os meninos, o ideal corporal estava veiculado a um corpo eutrófico, ou seja, um
34

peso adequado para a altura, e o desejo de mudança corporal estava em diminuir algumas
áreas e ganhar massa muscular. A ideia de satisfação corporal permeou apenas em 1,8%
das meninas e em 23,3% do discurso dos meninos.
Uma pesquisa realizada na cidade de Juazeiro do Norte/CE, teve o intuito de
compreender as representações sociais da estética corporal de 20 adolescentes, de 15 a 18
anos (Ribeiro, 2018). Os achados corroboram com as pesquisas mencionadas e
novamente encontra-se o ideal de corpo feminino como sendo aquele magro, com seios e
nádegas volumosos e cabelos lisos.
Apesar das pesquisas supracitadas indicarem que tanto homens quanto mulheres
parecem estar predispostos a insatisfações corporais, os dados apontam para uma
vulnerabilidade maior das mulheres e das meninas adolescentes em relação à satisfação
corporal perante às pressões sociais e ideais de beleza. É importante, neste momento,
focalizar então na busca pela RS na infância, particularmente na feminina, público alvo
participante desta dissertação.

2.2.2 Representações sociais na infância

As crianças nascem em um meio social já estruturado pelas RS, as quais permeiam


também as suas relações, práticas e identidades (Duveen, 1995). A criança é, portanto,
dialeticamente influenciada pela cultura em que vive e produtora dela. O autor ressalta
ainda a importância da interação das crianças, enquanto atores sociais, com seu entorno,
incluindo família, instituições, mídias, diferentes grupos sociais e todas as dimensões em
que vivem, sendo intermediada pelas RS.

Se examinarmos os processos através dos quais a criança incorpora as estruturas


do pensamento de sua comunidade e adquire assim um lugar como participante
competente e funcional nessa comunidade, eles nos apresentam um campo de
investigação que pode ser fonte de questões produtivas e contribuições
construtivas para a própria TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS. [grifo
do autor]. (Duveen, 1995, p. 261).

Duveen (1995), ao considerar a importância e lugar da criança na estruturação de


RS de seu entorno social, questiona-se sobre o momento em que a criança se torna um
ator social possível de atuação independente no mundo. O autor entende que o bebê
quando nasce é configurado enquanto objeto de representação sustentado pelos outros e
que, gradualmente, a criança internaliza as representações e passa então a atuar. Duveen
35

utiliza a representação de gênero para exemplificar esta questão: desde a gestação, a


criança é categorizada e incluída nas RS de identidades sociais específicas por seu grupo
social, seja para meninos ou para meninas, e que essas RS consequentemente guiam suas
ações e sua construção de identidade. Assim, Duveen ressalta o quanto as RS estão
atreladas com o processo de construção de identidade.
A despeito disto, é interessante retomar o desenvolvimento de imagem corporal
trazido por Schilder (1950/1994). O autor pontua que a maneira como as crianças
descobrem seus corpos tem importante influência das palavras e observações vindas dos
outros. Tavares (2003) também discute o ambiente social como influenciador no interesse
que a criança desenvolve pelo seu corpo. A autora traz o quanto as atitudes, observações
e conversas vindas, por exemplo, de pais e familiares, sobre o corpo instigam o interesse
da criança pelo seu próprio corpo.
Uma revisão de literatura, conduzida pelos pesquisadores Aim, Véronique,
Apostolidis e Dany (2017), fez um levantamento da produção existente no estudo das RS
em crianças e adolescentes, publicados em inglês ou francês. Nesta revisão foram
identificados na base de dados PsycINFO 60 artigos, publicados até setembro de 2016. O
público estritamente infantil (até 11 anos) foi identificado em 30% dos artigos, sendo
outros 28,3% exclusivamente adolescentes e o restante públicos mesclados. Dos locais de
investigação, 56,6% delas foram pesquisadas na Europa e apenas 6 estudos foram
realizados no Brasil. Dos objetivos mais pesquisados, a sua maioria (33,33%) buscou
compreender comportamentos de saúde e doença, violência e bullying; e 21,66% sobre
direitos humanos, sociedade e política. Os autores sugerem como contribuições a
importância das interações das crianças e adolescentes na criação de RS; a relevância de
estudar RS nesses públicos para o desenvolvimento da TRS; o quanto as RS se expressam
nas ações cotidianas das crianças; e a necessidade de realizar uma ligação entre a
Psicologia do Desenvolvimento e a TRS.
Em contraponto, um levantamento da produção brasileira que contemple o tema
das RS, infância e corpo, foi realizado na base de dados SciELO por Mendes e Ribeiro
(2018), entre os anos de 1999 e 2017. Dos 14 artigos que contemplaram os critérios, dois
caracterizaram-se por um delineamento teórico e 12 deles de delineamento empírico.
Dessas, 66,66% deles compunham amostras de adultos, 33,33% eram com o público
adolescente e nenhum contemplava o público infantil quando a investigação focasse as
RS e o corpo.
36

A quantidade de pesquisa com crianças, enquanto atores de produção, tem


aumentado significativamente na área das ciências sociais e humanas (Prado, 2017),
considerando que historicamente as crianças tinham seus direitos de fala silenciados. A
pesquisadora analisou 179 artigos de produção brasileira nessas áreas, no intervalo de 12
anos (2000 a 2012) e verificou um aumento de produção de pesquisas em 10% ao ano
com essa população. Porém, a distribuição brasileira dessa produção não é uniforme: a
região Sudeste soma 42,5% dessa produção e a região Nordeste, local de estudo da
presente dissertação, com apenas 17,9% (Prado, 2017).
Dessa forma, é notável a necessidade de se realizar pesquisas sobre as RS na
infância, conduzindo a criança enquanto protagonista do estudo, elemento ainda de pouco
destaque em uma cultura de pesquisa adultocêntrica. E, mais especificamente, o estudo
das representações sociais sobre o corpo em meninas, a fim de compreender a construção
social de um corpo feminino no contexto em que está inserido. Considerando a infância
(ECA, 1990), entre o nascimento até o início da adolescência (0-12 anos incompletos) e,
especificamente o início do período escolar referente ao ensino fundamental (a idade a
partir dos 6 anos), é que se faz o recorte das participantes deste estudo.
37

3 Objetivos

3.1 Geral

Compreender o conteúdo das Representações Sociais sobre corpo feminino para


meninas no município de Juazeiro, Bahia.

3.2 Específicos

1. Conhecer as representações sociais sobre corpo para meninas de 7 a 9 anos e de 10 a 11 anos;


2. Explorar o conceito de corpo na infância feminina;
3. Identificar influências que permeiam a satisfação corporal de meninas;
4. Contrastar possíveis diferenças de representações sociais que emergem dos dois
grupos citados;
5. Caracterizar os grupos estudados com dados sociodemográficos.
38

4 Método

4.1 Delineamento de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa exploratória, de caráter qualitativo fundamentado na


Teoria das Representações Sociais de Moscovici (2015). A pesquisa exploratória permite
um conhecimento mais completo e mais adequado da realidade que se propõe estudar.
Quando associada a métodos qualitativos, permite-se uma compreensão de um grupo
social, que será capaz de produzir informações aprofundadas e ilustrativas. A pesquisa
qualitativa possui estratégias de abordagem que são capazes de investigar um fenômeno
social culturalmente compartilhado, procurando apreender seu universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes (Flick, 2004).

4.2 Aspectos éticos

O estudo respeitou as Diretrizes e Normas de Pesquisa em Seres Humanos, através


da Resolução 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto foi
submetido ao comitê de ética em julho de 2018 e foi aprovado sob o número de CAAE
95550818.2.0000.5196. A pesquisa foi realizada no Município de Juazeiro/BA, cujo
termo de aceite da Secretaria Municipal de Educação deste município encontra-se no
Apêndice A.
Os resultados serão apresentados à Secretaria Municipal de Educação, bem como
à direção de cada escola, às famílias das crianças participantes e às próprias participantes.
A devolutiva será compartilhada mediante uma reunião diferente com cada instância, em
datas previamente acordadas entre as partes. Os dados desta pesquisa também serão
submetidos à publicação em periódico científico especializado, exemplar este ainda a
escolher.

4.3 Participantes

Participaram desta pesquisa meninas estudantes do ensino fundamental I de quatro


escolas municipais da rede pública de ensino do Município de Juazeiro/BA. Em três
escolas foram realizados dois grupos de crianças do gênero feminino, sendo o primeiro
grupo (Grupo 1 - G1) formado por meninas com idade entre 7 e 9 anos e o segundo grupo
39

(Grupo 2 - G2) com idade entre 10 e 11 anos. Na quarta escola ocorreu apenas um grupo
de meninas com idade referente ao G1, consequência da delimitação de público que esta
escola atendia. A divisão em dois grupos ocorreu com a intenção de agrupar as meninas
em idades próximas, respeitando estágios de desenvolvimento e possíveis interesses
caraterísticos de cada faixa etária. Por conseguinte, e retomando os objetivos específicos,
a divisão também teve o objetivo de compreender os possíveis contrastes das
representações sociais sobre o corpo no início e no fim da infância em período escolar.
Ao final de cada grupo realizado, uma menina foi sorteada para realizar uma
entrevista individual. Dessa forma, colaborou com esta pesquisa um total de 41 meninas,
sendo que destas 27 compunham o Grupo 1 e 14 compunham o Grupo 2.

4.4 Descrevendo o cenário de coleta

As quatro escolas participantes estão caracterizadas abaixo, de acordo com as


informações do Censo da Educação Básica realizado pelo Ideb (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica) de 2017 (http://portal.inep.gov.br/consulta-ideb
recuperado em 24 outubro de 2019).
A primeira escola, Escola 12, está localizada em zona urbana, distante cerca de 2
km do centro do município de Juazeiro. É a única escola participante desta pesquisa em
que os alunos permanecem em período integral. Possui um total de 148 alunos
matriculados. A estrutura da escola conta com seis salas de aula, 12 professores e 29
funcionários. O Ideb também elenca o INSE da escola (indicador de nível
socioeconômico), que tem por objetivo situar o conjunto dos alunos em estratos
socioeconômico (considerando renda familiar, nível de escolaridade dos pais e
contratação de serviços pela família). O INSE varia de grupo 1, para alunos com baixo
nível socioeconômico, até grupo 6, de alto nível socioeconômico. Os alunos da escola
Escola 1 estão caracterizados no grupo 4.
A segunda escola, Escola 2, localizada em zona urbana, a 850m do centro de
Juazeiro, funciona em 2 turnos, com período de estudo matutino ou vespertino. Possui
um total de 168 alunos. A estrutura da escola conta com 4 salas de aula, 8 docentes e 28
funcionários. Os alunos estão caracterizados no grupo 3 do INSE.

2
Os nomes das escolas foram supridos a fim de manter o sigilo destas.
40

A terceira escola, Escola 3, apesar de estar em uma localidade considerada zona


urbana, é um bairro afastado 7 km do centro do município. Funciona com turmas em
período matutino e vespertino, totalizando 410 alunos matriculados. A estrutura da escola
possui 8 salas de aulas, 13 professores e 23 funcionários. Seu público atendido está
caracterizado no grupo 2 do INSE.
A quarta e última escola, Escola 4, também localizada na zona urbana e distante
apenas 450m do centro de Juazeiro, conta com 246 alunos, distribuídos em turnos
matutinos e vespertinos. A estrutura da escola possui 6 salas de aula, 6 docentes e 26
funcionários. Seus alunos estão caracterizados no grupo 3 do INSE.

4.5 Caracterizando os instrumentos

Foram utilizados para a coleta de dados três instrumentos: questionário


sociodemográfico, grupo focal e entrevista semiestruturada.
O questionário sociodemográfico (Apêndice B) teve o intuito de caracterização da
amostra. As questões sondavam sobre a composição familiar (genitores e outros
familiares que coabitam); cor/raça da criança, de acordo com a indicação de
autodeclaração sugerida pelo CONCLA (Comissão Nacional de Classificação) do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); renda familiar; naturalidade da criança e
se esta tem acesso à internet.
A técnica de grupo focal foi escolhida por ser definida como uma possibilidade
de entrevista em grupo, sendo que a narrativa e a interação deste grupo sobre um tópico
específico são consideradas o próprio dado de pesquisa, conforme Trad (2009). De acordo
com esta autora, esta metodologia é eficaz para a compreensão de percepções, crenças e
atitudes sobre um tema. Importante salientar que no início de cada grupo focal foi também
utilizado o recurso de um desenho, como dispositivo suscitador de conteúdos e reflexões
acerca da temática do corpo. O detalhamento deste uso está descrito no item 4.6
“Procedimento de coleta de dados”.
A entrevista semiestruturada teve um roteiro previamente elaborado (Apêndice C)
e seu objetivo foi de aprofundar as questões que emergiram dos encontros do grupo focal.
Este mesmo roteiro de entrevista também norteou o grupo focal, para que facilitasse o
surgimento de elementos variados de discussão. O roteiro da entrevista e do grupo focal
levaram em consideração as orientações de construção de roteiros de entrevistas para
pesquisas em RS de Silva e Ferreira (2012) e os objetivos propostos nesta pesquisa. As
41

questões abordavam temas sobre o corpo a partir de vivências particulares e concretas,


mas também vivências e percepções gerais e abstratas sobre o tema proposto, para que
assim surgissem crenças, imagens e opiniões, elementos importantes na compreensão das
Representações Sociais. Também foram provocadas questões cotidianas sobre o corpo
das participantes, emergindo representações compartilhadas.
Os grupos focais foram gravados em vídeo com uma câmera digital marca Canon
modelo Power Shot SX20IS e as entrevistas foram áudio gravadas com um celular marca
Motorola G5S modelo XT1792. Estes dispositivos foram utilizados para garantir uma boa
qualidade de áudio, para que as transcrições fossem feitas com fidedignidade.
A seguir serão descritos os procedimentos e especificidades do processo de coleta,
considerando o contexto da pesquisa, os aspectos éticos e a aplicação dos instrumentos.

4.6 Procedimento da coleta de dados

A coleta de dados ocorreu entre os meses de novembro e dezembro de 2018, no


município de Juazeiro, BA. Juazeiro é uma cidade localizada na mesorregião do Vale do
São Francisco, sertão do nordeste brasileiro. Está distante 505 km da capital estadual,
Salvador. Em 2019, a população de Juazeiro foi estimada em 216.707 habitantes, de
acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018).
As escolas foram indicadas pela própria Secretaria Municipal de Educação do
município, pois é este o órgão que possui a relação das instituições de ensino que estão
abertas ao contato e à realização da pesquisa. A fim de proporcionar uma amostra variada,
em termos de localização geográfica e público atendido, foram então indicadas cinco
escolas de bairros diferentes da cidade. Após um contato inicial com a direção de cada
escola, para explicar sobre os objetivos da pesquisa, apenas uma delas não se mostrou
aberta para a realização de tal, sendo esta desconsiderada.
Para cada escola, foi primeiramente agendada uma reunião presencial entre a
pesquisadora e a direção, a fim de aproximar o contato e explicar detalhadamente os
objetivos e procedimentos. Sabendo da dificuldade de aproximação e comunicação de
muitas famílias com a escola, o critério de seleção para a composição dos grupos foi feito
por conveniência. A estratégia acordada e utilizada para esta composição foi feita
juntamente com os professores responsáveis, para que estes indicassem um total de 10
meninas para compor os grupos 1 e 2, por serem estes os profissionais que estão
42

diariamente em contato com essas alunas e terem a capacidade de sugerir uma amostra
da população em que o contato com a família fosse acessível.
Após a seleção, ocorreu a entrega dos Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido – Grupo Focal (TCLE – Grupo Focal – Apêndice D) para a direção de cada
escola, que foram então encaminhados aos responsáveis das estudantes, juntamente com
o questionário sociodemográfico. Diante da entrega dos TCLEs devidamente assinados,
uma data conveniente para cada escola e para a pesquisadora foi agendada para a
realização dos grupos focais.
Em cada escola foi formado um grupo do tipo G1 e um grupo do tipo G2, exceto
na escola 3, que atende apenas o público de idade até 9 anos. Nesta escola apenas o grupo
do tipo G1 foi formado. A caracterização de cada grupo e a quantidade de participantes
está descrito no item 5 “Apresentação dos resultados e discussão”.
Os encontros ocorreram em momentos separados e cada um deles teve uma
duração média de 55 minutos, realizados em salas disponibilizadas pela escola. Em três
escolas, os grupos ocorreram na sala de informática e, em uma das escolas, o grupo
ocorreu em uma sala de aula ampla que estava ociosa. Todas as salas eram equipadas com
ar condicionado e tiveram suas janelas e portas fechadas durante todo o encontro,
garantindo a privacidade e o sigilo do grupo. Para todos os grupos, no momento da coleta
de dados, as crianças foram reunidas e disponibilizadas em carteiras em formato de
círculo, com a finalidade de facilitar a interação entre todas. A pesquisadora expôs sobre
o tema a ser discutido e os objetivos. Logo após este momento, foi lido o Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido – Grupo Focal (TALE - Apêndice E) e ocorreu o
recolhimento da assinatura das crianças. Em seguida, as crianças foram convidadas a
realizar um desenho individual, após a seguinte orientação da pesquisadora: “Imaginem
uma menina da idade de vocês. Agora, gostaria que vocês desenhassem como é o corpo
desta menina”. Este momento teve como objetivo introduzir as crianças à reflexão sobre
o tema “corpo” e impulsionar a discussão. Após o término do desenho, as meninas foram
convidadas a compartilhar com o grupo as descrições e as reflexões que fizeram do
desenho. A média de tempo de execução do desenho e o início do compartilhamento das
reflexões foi de 18 minutos.
Após o início do compartilhamento das reflexões sobre o desenho, os grupos
tiveram conduções diferentes, devido às particularidades de conteúdo que emergiram de
cada um, demandando mais ou menos mediações da pesquisadora. As particularidades de
cada grupo estão descritas no item 5 “Apresentação dos resultados e discussão”. O
43

término de cada grupo foi identificado após tempo de saturação (em torno de 60 minutos
após o seu início) ou ao identificar saturação da temática. Após o término de cada grupo
focal, o convite para uma entrevista individual foi feito pela pesquisadora ao grupo.
Àquelas que se interessaram, foi realizado um sorteio, a fim de selecionar uma
participante para a entrevista individual. A esta participante foi enviado novo TCLE –
Entrevista (Apêndice F) aos seus responsáveis para a autorização dessa nova fase e um
outro dia foi agendado para esta entrevista. Para este segundo momento foi realizado uma
entrevista semiestruturada para aprofundar temas que surgiram no grupo. Foram ao todo
seis entrevistas (quatro entrevistas do tipo G1 e duas entrevistas do tipo G2), pois uma
criança não teve o TCLE – Entrevista assinado pelos responsáveis. Todas as crianças
novamente assinaram um novo Termo de Assentimento – Entrevista (Apêndice G). A
média de duração das entrevistas individuais foi de 17 minutos.

4.7 Análise de dados

Os dados provenientes do questionário sociodemográfico foram compilados em


uma tabela para melhor visualização destes. Esses dados foram utilizados para embasar
as discussões dos conteúdos que se seguem.
O conteúdo dos áudios dos grupos e das entrevistas foi transcrito literalmente em
programa Word – Microsoft Office 365, garantindo sua fidelidade ao conteúdo inicial.
Esse material foi interpretado de acordo com o método proposto por Bardin (1977)
de Análise de Conteúdo, modalidade Temática. Este método de análise possibilita focar
na comunicação como ponto principal para estudo, enquanto objeto de pesquisa.
Como parte do procedimento de análise, em março de 2019, uma emenda foi
submetida ao Comitê de Ética, solicitando a inclusão de Emily Ribeiro da Silva na equipe
de pesquisa, como assistente na transcrição das entrevistas e análise de dados. A
pesquisadora foi devidamente incluída na Plataforma Brasil e teve sua inclusão aceita,
cujo número do parecer é 3.181.682.
A partir desta etapa, o conteúdo foi submetido a uma pré análise, mediante a
leitura flutuante da pesquisadora e da pesquisadora assistente, individualmente. Em
seguida foram feitas as mesmas leituras, coletivamente, com a finalidade de explorar
exaustivamente o material coletado. Em reuniões com os pesquisadores da equipe,
incluindo o orientador da pesquisa, a discussão do conteúdo emergido foi compartilhada,
com o propósito de identificar as categorias de análise que garantissem a
44

representatividade do conteúdo. Estas categorias foram definidas a partir dos objetivos


específicos desta pesquisa, e então suas similaridades de conteúdo foram agrupadas em
Eixos Temáticos. Dessa forma, foi possível classificar e sistematizar o conteúdo trazido
pelas participantes em seus discursos, possibilitando compreender a variedade e a
frequência de temas trazidos para a discussão, que possibilitassem uma representatividade
e pertinência do conteúdo em relação aos objetivos da pesquisa.
Para complementar a análise, o conteúdo advindo dos grupos focais e das
entrevistas foram lançados no software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses
Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), desenvolvido por Pierre Ratinaud,
(2009/2014; apud Camargo & Justo, 2013), gerando um agrupamento em nuvem,
contribuindo visualmente para a análise do conteúdo levantada. A nuvem de palavras é
uma representação visual oriunda da frequência simples das palavras utilizadas no
discurso. Para a inserção desse corpus textual, o conteúdo das falas das participantes de
cada categoria foi separado a fim de que uma nuvem de palavras de conjunto fosse gerada.
Palavras que compunham similaridade em sua função foram substituídas com seus
sinônimos, como por exemplo, mainha, mamãe e mãe foram contabilizadas como “mãe”.
Esta lista de sinônimos encontra-se no Apêndice H.
A análise das transcrições dos grupos focais e das entrevistas foi realizada
conjuntamente, uma vez que os conteúdos desses dois momentos não são divergentes.
A interpretação e a discussão dos dados foram feitas com base no referencial
teórico da Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 2015), para compreender
questões relacionadas com o corpo e a infância.
45

5 Apresentação dos Resultados e Discussão

A apresentação dos resultados estará presente em dois itens: os dados


sociodemográficos das participantes e os Eixos Temáticos. Para tal, primeiramente é
importante mostrar a quantidade de participantes por grupo e por escola, assim como a
média de duração de tempo de cada momento da coleta de dados, para fins de ilustrar o
cenário, elencados na Tabela 1.

Tabela 1
Quantidade de participantes por escola e média de duração das coletas.
Quantidade de Duração do Entrevista Duração da
Participantes grupo (minutos) Individual entrevista
Escola
(minutos)
G1 G2 G1 G2 G1 G2 G1 G2
E1 3 7 55 75 1 1 12 10
E2 8 4 46 55 1 1 14:40 25:50
E3 10 - 42 - 1 - 21:47 -
E4 6 3 60 54 1 0 19:38 0

De acordo com os dados tabulados, é possível ilustrar que apenas uma escola (E3)
teve a quantidade de participantes no grupo focal planejada nesta pesquisa. As escolas
E1, E2 e E4 não tiveram adesão de todas as meninas e as gestoras das escolas atribuíram
a este fato a dificuldade usual que as famílias têm em dar retorno à instituição, mesmo
tendo sido explicado pela direção o motivo da pesquisa. As três gestoras das respetivas
escolas demonstraram padecer desta mesma situação quando há comunicados simples da
rotina escolar. Apenas na escola E4 a pesquisadora precisou fazer esclarecimentos
pessoalmente a três famílias, pois, após o convite para a pesquisa ter sido feita pela
gestora, essas famílias questionaram sobre o que iria ser conversado sobre o tema “corpo”.
Diante destas dúvidas, a pesquisadora agendou um dia para estar no momento da saída
do turno escolar das meninas, para conversar pessoalmente com os responsáveis e o tema
foi esclarecido.
A média de tempo de duração do grupo focal (55 minutos) é condizente ao
previsto para essa técnica, considerando as idades das participantes. A finalização dos
grupos foi constatada através da saturação do tema explorado e da identificação de sinais
de cansaço nas participantes, como por exemplo bocejos, necessidades de ir à toalete,
questionamentos se já podiam ser liberadas para o lanche e comentários de que estavam
46

com fome ou com sono. Da mesma forma, a média de duração das entrevistas individuais
(17 minutos) também é condizente com o tamanho do roteiro de entrevista e a idade das
participantes. A finalização destas entrevistas foi identificada através da saturação da
temática. Apenas as entrevistas da escola E1 tiveram um rendimento do tempo abaixo do
esperado. A pesquisadora atribui a este fato que essas participantes falavam pouco,
mesmo com o incentivo da pesquisadora em explorar as respostas. As mesmas
participantes, quando estavam nos respectivos grupos focais, foram identificadas como
aquelas que menos falaram.

5.1 Dados sociodemográficos das participantes

Os questionários sociodemográficos foram entregues, junto com o TCLE, pela


direção da escola às famílias, procedimento escolhido por elas para atingir maior adesão.
As famílias responderam em suas casas e retornaram o mesmo preenchido, junto com o
TCLE assinado, para a direção escolar. Do total de participantes (41 meninas), 33 famílias
retornaram o questionário respondido, somando 8 famílias que assinaram o TCLE mas
não devolveram o questionário. A pesquisadora, mesmo em contato posterior com a
direção da escola solicitando as informações, não conseguiu incluir essas informações
compiladas, devido à falta de retorno das gestoras.
A tabela 2 reúne os dados das famílias por escola e agrupa os resultados no seu
valor total, usando a porcentagem relativa à quantidade de questionários respondidos.

Tabela 2
Dados sociodemográficos das famílias das participantes.
E1 E2 E3 E4
Total %
G1 G2 G1 G2 G1 G1 G2
Pais Sim 1 1 4 3 6 1 3 19 57,5
casados Não 1 2 4 1 4 2 0 14 42,5
Preta/negra 1 1 0 1 0 0 0 3 9
Parda 1 2 4 1 9 3 3 23 69,8
Raça/cor Branca 0 0 4 1 1 0 0 6 18,2
criança Amarela 0 0 0 1 0 0 0 1 3
Indígena 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Até R$ 1000 2 3 5 1 8 2 3 24 72,7
47

Renda De R$ 1000
0 0 3 2 2 1 0 8 24,3
Familiar a R$ 2000
De R$ 2000
0 0 0 1 0 0 0 1 3
a R$ 5000
Juazeiro 2 3 5 4 5 1 3 23 69,8
Sr. Do
0 0 2 0 0 0 0 2 6
Bomfim
Natural de
Ouricuri 0 0 0 0 2 0 0 2 6
Outros 0 0 1 0 3 2 0 6 18,2
Tem Sim 2 2 7 2 8 2 3 26 78,8
internet em
casa não 0 1 1 2 2 1 0 7 21,2

Criança Sim 2 3 7 3 7 3 3 28 84,9


tem acesso
à internet? Não 0 0 1 1 3 0 0 5 15,1

Do total de 33 meninas, 19 delas estão em constituições familiares em que seus


responsáveis estão casados. Com relação à cor das participantes, 69,8% delas são
declaradas pelos responsáveis como sendo da cor parda. O perfil econômico das famílias
é de renda familiar até R$ 1000 (72,7%), condizente com os perfis dos índices
socioeconômicos mencionados pelo Ideb (2017) em relação à essas instituições. A
naturalidade das famílias é em sua maioria da própria cidade de Juazeiro (69,8%), sendo
2 famílias de Senhor do Bonfim (BA) e de Ouricuri (PE) e o restante (18,2 %) naturais
de outras cidades, como Sento Sé (BA), Simões Filho (BA), Campos Sales (CE),
Candeias (BA), Minas Gerais (cidade não informada) e Valente (BA). Exceto a menção
de Minas Gerais, as famílias possuem naturalidade nordestina do sertão do Vale do São
Francisco.
Do total de famílias que responderam o questionário, 26 delas tem internet em
casa, o que corresponde a 78,8 % das participantes. Além disso, 28 famílias afirmam que
suas filhas utilizam a internet. O relatório de Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios – PNAD TIC Contínua (IBGE, 2017), indica que o percentual de domicílios
que utilizam a internet subiu de 69,3% para 74,9%, do ano de 2016 para 2017 e que o
celular é o principal aparelho utilizado para esse acesso (98,7 %). O mesmo relatório
aponta que os jovens têm tido mais acesso à internet, mostrando que a faixa etária dos 10
aos 13 anos elevou 7,4% entre do ano de 2016 para 2017 (de 66,3% em 2016 para 71,2%
em 2017), faixa etária próxima a idade de composição das meninas desta pesquisa.
48

Os dados sociodemográficos contribuem para a caracterização das meninas


participantes deste estudo e alguns elementos se mostraram essenciais para a análise dos
resultados e serão retomados em momento pertinente.

5.2 Eixos Temáticos

O conteúdo textual das transcrições, após ser submetido ao processo da análise de


conteúdo proposto por Bardin (1977), foi agrupado por categorias, que posteriormente
foram agrupadas em eixos temáticos. A ilustração dos eixos temáticos e das respectivas
categorias estão elencados na tabela a seguir:

Tabela 3
Eixos temáticos e categorias de conteúdo.
Eixos Temáticos Categorias
1.1 Pares
1. Olhares sobre o corpo 1.2 Outros olhares
1.3 Resignação e conformidade
2.1 Sentimentos em relação ao corpo
2. Conceito de corpo 2.2 Referenciais de beleza
2.3 Cuidados com o corpo
3.1 Padrão de atributos de beleza
3. Imagens e identificações 3.2 Mídias digitais e corporeidade
3.3 Imagens, metáforas e corpo feminino

As categorias se relacionam com seus eixos temáticos e, muitas vezes, se


mesclam. Elas emergem do conteúdo vindo das falas das participantes3, tanto em situação
de grupo quanto em situação de entrevista individual. Antes de mais nada, é importante
ressaltar que, a despeito do objetivo específico desta pesquisa, de identificar possíveis
diferenças entre os grupos de idade das meninas (G1 e G2), não houve diferença
significativa de conteúdo emergido sobre as questões discutidas. Esta situação pode ser
evidenciada com a própria fala das meninas, pois em cada categoria identificada é
possível extrair uma fala ou um comentário de participantes de cada grupo de idade. A
seguir, a descrição e discussão de cada Eixo Temático e cada categoria:

3
Para fins de sigilo, foi utilizado apenas a abreviação da primeira letra do nome das participantes.
49

5.2.1 Olhares sobre o corpo

Este eixo temático contempla o conteúdo que emerge a partir da investigação


sobre as possíveis influências que permeiam a satisfação corporal das meninas. Para
apreender o conteúdo das RS, é importante ressaltar que elas devem ser compreendidas
na relação do indivíduo com seu grupo social (Moscovici, 2015), sendo importante
pontuar os olhares compartilhados entre o corpo das meninas e os grupos sociais que elas
permeiam. Le Breton, (1953/2007) realça a importância da relação com o outro na
formação da corporeidade, trazendo como relevante a influência dos pertencimentos
culturais e sociais na elaboração da relação com o corpo. (p. 65).

5.2.1.1 Pares

A categoria nomeada “pares” representa as influências que as meninas percebem


dos seus pares: tanto dos meninos quanto das meninas. É validado entre elas que são os
meninos, em sua maioria, que provocam situações de palavras depreciativas em relação
ao corpo feminino, como representam as falas a seguir:

(...) aí de quando eu chego na escola os meus próprios colegas me chamam de


feia. (E., G1 – E1).

Ficam me chamando de baixinha (...) aqui da escola, a maioria os meninos e o pior


é que é mais da minha turma. (M., G1 - E1).

Os meninos ficavam chamando ela de.... de... de.... como era? (...) chamavam ela
de carvãozinho. (M., G1 – E1).

(...) sempre os meninos falam dessa janelinha, que é para rir de boca fechada. (K.,
G1 – E2).

Daí os meninos ficavam me humilhando, que eu era feia e ridícula. Essas coisas.
Eu ficava chorando, ficava sem comer. (AC, G2 – E4).

Esta situação vivenciada pelas participantes pode ser caracterizada como situações
de bullying. De acordo com a Lei nº 13.185 de 2015, o bullying é o termo usado para
caracterizar atos sistemáticos de violência física ou psicológica, incluindo insultos,
humilhações e apelidos pejorativos. É identificado na fala delas que os meninos utilizam
de agressões verbais e apelidações em relação ao corpo das meninas, e essas apelidações
foram agrupadas em uma categoria no Eixo Temático 3 – Imagem e Identificações. Este
50

episódio somente não foi verbalizado pelas meninas na escola E3, embora as meninas da
mesma faixa etária das outras escolas tivessem relatado tais episódios.
Uma parceria entre o IBGE, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação
culminou no relatório da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE (2015). Este
relatório reúne dados sobre aspectos de saúde em geral dos escolares, em âmbito nacional,
e um dos aspectos examinados foi o bullying, incluído no item que investiga sobre
situações de violência. O relatório abrange a idade a partir de 13 anos até o ensino médio,
idade subsequente a das participantes deste estudo. Dados do PeNSE (2015), para a faixa
etária de 13 a 15 anos, apontam que 7,2% das meninas sentiram-se humilhadas,
intimidadas ou ofendidas nos 30 dias anteriores a pesquisa, em comparação a 7,6% dos
meninos. Juntando dados de ambos os sexos, o relato dos que se sentiram humilhados
pelas provocações dos colegas, apontam como principais motivos, a aparência do corpo
(15,6%) e aparência do rosto (10,9%).
Mattos e Jaeger (2015) buscaram identificar as relações de gênero e o bullying em
uma escola no sul do Brasil. Utilizando-se de uma amostra de 95 crianças do Ensino
Fundamental I, as pesquisadoras encontraram que 47,4% das vítimas alegam terem sido
agredidas verbalmente por ‘nomes feios’, através de insultos, apelidos ou deboches e que,
quando eram direcionados às meninas, se referiam à aparência. Os resultados também
apontam que quando ocorre a agressão verbal, seus protagonistas são, em sua maioria, os
meninos.
Uma análise similar foi realizada por Bandeira e Hutz (2012), buscando
compreender as implicações e as prevalências de diferenças de gênero no mesmo
fenômeno. Em uma amostra de 465 estudantes, com idades variadas entre nove e 18 anos,
60,9% dos meninos afirmaram já terem realizado bullying em pelo menos um colega, em
comparação a 54,7% das meninas. Entre as vítimas, 50% delas afirmam que os ataques
foram realizados por meninos, 31,2% tanto por meninos quanto por meninas e 18,8%
foram realizados por meninas.
As possíveis complicações a longo prazo dos efeitos do bullying sofridos na infância
já é objeto de estudo de pesquisadores. Uma revisão de literatura liderada por Wolke &
Lereya (2015) propõe agrupar os achados, tornando possível associar as implicações para
a saúde na vida adulta de pessoas que foram vítimas de bullying. Dentre as implicações,
estão em maior risco os problemas psicossomáticos (dores de cabeça, dores de estômago
ou problemas de sono), uma maior probabilidade de se tornar fumante e de desenvolver
transtornos de ansiedade ou depressão.
51

A mesma menina que fala sobre a humilhação dos meninos em relação a ser feia
e ridícula (AC, G2 – E4), mencionada no trecho anterior, completa sua fala na sequência:

Ai... teve um dia... (...) parece que eu durmi num dia e acordei bonita no dia
seguinte, porque foi rápido, eu criei um corpão. Deve ter sido por causa da minha
menstruação. Porque um dia criei esse corpão. Dai esses meninos hoje eu não
posso passar que eles ficam me chamando de maravilhosa. (AC, G2 – E4).

O mesmo corpo, antes visto pelos meninos como ‘feia e ridícula’, quando passa a se
tornar um corpo com mais características adultas, é um corpo desejado por eles. A média
de idade da menarca nas meninas brasileiras é aos 13 anos, de acordo com o IBGE
(https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5485, recuperado em 12 de dezembro de 2019). A relação
entre menarca, maturação sexual e imagem corporal em adolescentes brasileiras é assunto
pouco explorado, de acordo com Scherer, Martins, Pelegrini, Matheus e Petroski (2010).
A pesquisadora e sua equipe buscaram entender a possível relação com desejos de
mudança corporal, sinais de transtornos alimentares e menarca em 325 adolescentes do
sexo feminino, com idades entre 11 e 14 anos. A pesquisa aponta que a presença da
menarca e seu acontecimento em idades precoces pode surtir desejo de reduzir o peso
corporal nessas adolescentes, sugerindo que as transformações físicas pós-menarca
podem gerar sentimentos negativos em relação a imagem corporal.
Para a participante da pesquisa, a menarca traz transformações no seu corpo que
passam a despertar o interesse dos meninos, modificando seus olhares. O “corpão”
mencionado apresenta novas características físicas que são qualificadores femininos,
fazendo-a sentir bonita. Pode-se supor que sua preocupação está voltada para as
expectativas dos pares em relação à um corpo que possivelmente atenda aos padrões.
A questão sobre a primeira menstruação também surge no receio do olhar do outro,
exemplificado nas falas:

Eu não queria ter menstruação. (L., G2 – E2).

Eu tenho medo de a minha primeira vez ser na escola e manchar a calça toda! (I.,
G2 – E2).

(...) ou de ser no shopping, todo mundo olhando! (AK., G2 – E2).

Bretas, Tadine, Freitas e Goellner (2012) fazem uma investigação qualitativa sobre
o siginificado da menarca entre 17 adolescentes com idades entre 14 e 18 anos, indicando
52

que, para estas, a experiência foi relatada negativamente, relacionando sentimentos de


medo e angústia.
A menstrução, como sendo fenômeno fisiológico que é capaz de expor o corpo e
seus significados ao público, traz a discussão sobre o fenômeno público/privado corporal,
assim como quando as características físicas são utilizadas como meio de deboche e
depreciação de imagem. A fala de uma das meninas mostra o sentimento de medo dessa
exposição:

Eu já falei para ela (a mãe) que eu tinha medo de ser a minha primeira vez na
escola, daí ela falou assim que sempre que eu viesse eu trouxesse um casaco desses
para amarrar na cintura, porque assim, se manchar só atrás pelo menos o casaco
disfarça. (I., G2 – E2).

O corpo, entendido como ambiente privado e subjetivo, passa a apreender da


interação social elementos essenciais para sua representação. Sendo assim, as
experiências sociais tendem a modificar o sentido e o conteúdo das aquisições
individuais, tornando a questão público/privado do corpo uma indagação para as
representações sociais (Jodelet, 1984/2017). A autora traz como elemento essencial para
o estudo das representações sociais do corpo a dimensão social da experiência, momento
em que as informações colhidas pelo sujeito, baseadas na interação social direta (pares,
familiares, professores) e dos olhares dos outros, auxiliam a expandir e a aperfeiçoar as
representações já vivenciadas. Essas informações advém de grupos de convívio,
principalmente em sistemas institucionais em que vivem, no caso das participantes deste
estudo, a escola.
As meninas também relatam situações de influências de olhares entre elas, o próprio
grupo feminino. Essas situações foram identificadas como sendo de natureza rival, vinda
também de apelidações entre elas ou barganha em momentos de chantagem, mas também
de empatia e defesa do próprio grupo.
Em situações de aparente rivalidade, a natureza do conteúdo se associa às
características físicas, como exemplificado na fala: “não era só eu, como outras pessoas,
aí a gente estava chamando ela de Maria Machão” (G., G2 – E1). Esse tipo de apelidação
também surge em momentos de negociação em troca de não espalhar um segredo
previamente acordado, como ilustrado na fala:

Quando ela olhava na minha cara (...) ela falou bem assim “sua baleia”. Aí eu não
aguentei e chamei ela de cara de pimenta, ela começou a me apelidar (...) eu e ela
tinha feito um segredo, e ela disse pra irmã dela. Depois que ela contou pra irmã
53

dela, a irmã dela disse que se eu continuasse apelidando ela, ela ia ficar me
ameaçando, ia dizer pra diretora e ia fazer de tudo pra diretora me tirar da escola.
(BA., G2 – E2).

Nas investigações sobre diferenças e prevalências de gênero nos atos considerados


como bullying, Bandeira e Hutz (2012) também discutem essa diferença atitudinal entre
meninos e meninas no contexto da pesquisa, uma vez que as formas mais utilizadas pelas
meninas no ataque entre elas envolve uso de apelidos, fofocas e exclusão do grupo social
(Sharp & Smith, 1991, como citado por Bandeira & Hutz, 2012). Os achados de sua
pesquisa apontam que as meninas utilizaram mais mentiras e fofocas como forma de
bullying, e que os alvos das meninas são o próprio grupo de pares.
Uma investigação etnográfica em duas capitais brasileiras buscou entender a
relação de bullying especificamente entre as meninas (Guimarães & Cabral, 2019). As
pesquisadoras encontram como sendo a regulação do grupo social, a concorrência e a
proteção da amizade como sendo as principais questões produtoras de conflitos entre as
meninas.
Nas ocasiões dos grupos focais, foram identificados episódios de defesa do grupo,
como, por exemplo, aplausos diante de frases positivas sobre o próprio corpo e incentivos
a compartilhar as impressões conjuntamente. Além disso a empatia aparece em momentos
de dificuldade, como, por exemplo um choro compartilhado por uma situação difícil
relatada por uma participante no G2 da E1. Outras falas empáticas aparecem ilustradas a
seguir:

Aí eu peguei e parei e pensei que se me chamasse de Maria Machão eu não ia


gostar e que eu teria meus direitos, então eu parei de fazer essas coisas, porque eu
sabia que eu não ia gostar. (G., G2 – E1).

Mas você não deve se interessar, porque se você não é isso, você não é uma baleia,
você não tá na água, você tá aqui, de pé, como um ser humano numa escola. (G2
– E1).

Quando eu vejo que ela tá triste, eu percebo que ela tá triste porque ela é sempre
alegre, fica cantando, ai quando eu sei que ela tá triste porque não canta, fica
quietinha no lugar dela, eu já vou logo perguntar o que é, aí eu fico triste. (MS,
G2 – E1).

Essas falas surgem mais claramente nos grupos da escola E1. Pode-se pressupor
que deva ser o fato de que nesta escola a apelidação realizada pelos meninos surgiu com
mais frequência. Importante pontuar a identificação, nessas falas, do conceito
contemporâneo de sororidade. Palavra, esta, que ainda não consta no dicionário, carrega
54

em si a ótica da união e da aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo,


contradizendo a visão de que mulheres seriam rivais em suas relações.
https://plan.org.br/o-que-e-sororidade/ recuperado em 19 de abril de 2020). Um conceito
muito importante na luta feminista, pois está para além de empatia, mas sim do
reconhecimento do lugar de outra mulher, na sua posição de gênero e que luta contra
estruturas sociais machistas.
Duveen (1995) discute a estruturação das representações sociais em crianças e a
importância do pertencimento ao grupo social de pares na formação de identidade. A
criança, à medida que seu desenvolvimento ocorre, internaliza gradualmente as
representações já estruturadas em seu mundo, tornando-se ator social neste, gradualmente
adquirindo um sentido estável de si no mundo de significados coletivos. Desse modo, o
funcionamento do grupo de pares entre as próprias meninas as faz compartilhar essa
interlocução de experiências sociais, vivenciadas no ambiente escolar.
Nesta mesma escola (E1) surgiu no grupo G2 uma situação de comoção e apoio à
uma menina que aparentemente sofreu ciberbullying.

Um dia postei uma foto. Aí essa foto fez muito comentário. Um desses
comentários, um bem chato... assim... um dia eu viajei para Morro de São Paulo...
e na hora que eu cheguei lá eu tirei fotos.... muitas... e... muitas pessoas ficaram
criticando... (M., G2 – E1).

O compartilhamento dessa vivência, que já era conhecida por elas, causou


comoção nas participantes do grupo, ocasionando choro em praticamente todas as
meninas. A internet e, mais especificamente as redes sociais, são consideradas espaços
de compartilhamento social, característico da nossa contemporaneidade. A interface da
experiência direta e mediada pelo ciberespaço é uma relação importante para considerar
o possível surgimento de novas representações sociais (Mazzotti & Campos, 2014), e este
assunto será discutido com maior profundidade no item 5.2.3.2 “Mídias digitais e corpo”.
A figura 1 ilustra a nuvem de palavras, elaborada pelo software IRaMuTeQ,
daquelas mais usadas pelas meninas nesta categoria. É possível perceber a menção entre
os pares, com as palavras “ela, dela, amiga, minha e meninos”, como palavras centrais na
frequência. É possível que essas palavras demonstrem uma oposição de possíveis relações
de gênero, como discutidas acima, em relação ao corpo feminino. Aparece também a
palavra “não” vem em contextos de advérbios de negação, como nas frases “você não é
uma baleia”; “ela não aceita o jeito dela” ou “o que ela tem que eu não tenho”. Aqui
percebe-se a importância da palavra não para as participantes, demonstrando
55

empoderamento e não submissão aos aspectos colocados aos seus corpos. Os verbos que
indicam outrem em relação a elas está demonstrado nas palavras “caçoando, chamando,
apelidar, falando, ficavam”.

Figura 1. Nuvem de palavras da categoria 5.2.1.1 Pares.

5.2.1.2 Outros olhares

Nesta categoria, são consideradas as falas das participantes que incluem outros
olhares para si, como familiares (mãe e tia), profissionais da escola ou outras pessoas nos
ambientes sociais do qual circulam.
Os familiares são mencionados em contextos de auxílio e proteção de momentos
difíceis. Ocasionalmente essas pessoas foram identificadas como sendo uma figura
feminina (mãe e tia), como exemplificados nas falas a seguir:

Minha mãe já veio aqui reclamar e eles pararam um pouco. (M., G1 – E1).

Eu tenho uma tia que sabe de tudo meu, e ela não fala para minha mãe, e ela é
irmã da minha mãe e ela não conta. (I., G2 – E2).

Teve dias que até eu não queria mais vir para a escola... quando minha mãe foi me
chamar eu bem assim: “mãe eu não quero ir para a escola não...” eu ficava
inventando alguma coisa para não vir para a escola. (...) minha mãe veio aqui na
escola e falou com a diretora. (G., G2 – E1).

Quando se trata especificamente do assunto bullying, as crianças tendem a sofrem


em silêncio e, por se sentirem intimidadas, resistem em contar aos familiares e aos
professores sobre o que estão vivenciando. De acordo com Radford et al (2013, apud
Wolke & Lereya, 2015) até 50% das crianças que estão sofrendo bullying dizem que
56

raramente, ou nunca, contam aos responsáveis, enquanto que 35% não diriam ao
professor, por medo de represálias ou vergonha. Assim, o fato de as meninas
compartilharem no grupo focal sua busca por ajuda, pode ser considerada um ponto forte
de enfrentamento da situação vivenciada.
Em relação a busca por auxílio mencionada pelas meninas, houve um relato na
escola E1 sobre uma professora. Esta profissional é citada como aquela quem traz
conhecimento e proporciona um empoderamento em relação às dificuldades que as
meninas relatam, principalmente em relação ao bullying:

Dai quando tem aula da tia M., de cultura afro a gente conversa sobre os negros e
sobre cada tipo de cabelo, e ela foi se aceitando, se aceitando. E a maioria da
semana que tem aula ela vem de cabelo solto porque ela se aceita. E nem é todo
mundo que aceita seu cabelo. (...) O cabelo dela não é cacheado, é bem crespo,
bem afro mesmo. (G2 – E1).

A situação mencionada acima referia-se a uma colega, não presente no grupo, mas
que sofria apelidações e deboches em relação ao cabelo. De acordo com as meninas,
outros colegas da escola a chamavam de “cabelo de bombril”, causando vergonha e
desejos de alisar o cabelo nessa colega mencionada. Foi pontuado o quanto atualmente,
essa mesma menina, não aplica mais nenhum tipo de produto químico no próprio cabelo,
deixando-o crespo e solto.
A atuação de professores e familiares, tanto em estratégias antibullying quanto na
oportunidade de refletir sobre igualdade de gênero e na promoção de experiências
positivas de imagem corporal, é fator essencial para reduzir problemas dessa natureza em
ambientes escolares. (Burnettea et al., 2017; Bandeira & Hutz, 2012; Mattos & Jaeger,
2015).

Eu fico.... é.... querendo alisar meu cabelo porque vejo os outros alisando e quero
alisar também. Mas depois, quando a professora M.... deu assunto de cabelo
crespo... essas coisas de consciência negra, eu pensei que não quero mais alisar
meu cabelo. Agora tô querendo ter um cabelo cacheado e não consigo. (M.S., G2
– E1).

Ações como estas ganharam força através da lei 10.639/03, que estabelece
diretrizes para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Levando em
consideração que 69,8 % das participantes são declaradas como pardas e 9% como negras,
este tipo de ensino auxilia no reconhecimento de sua cultura e de seus costumes.
57

Fernandes e de Souza (2016) realizam uma análise teórica da supracitada lei na


importância da representação social do negro no Brasil. É discutido o quanto a
representação do negro é um seguimento complexo, enraizado em um processo histórico
que aprisiona a identidade do negro em representações que são atribuídas socialmente.
Essas representações são, em sua maioria, negativas e aprisionam o povo negro em
violências físicas e simbólicas, que dificultam o sentimento de pertencimento racial. As
autoras concluem apontando a escola como um espaço de educação essencial na formação
da identidade negra, sendo este um lugar de desconstrução de estereótipos e de ensino das
africanidades, essencial na narrativa coletiva e individual do corpo negro.
Nilma Lino Gomes (2008) descreve em seu livro “Sem perder a raiz: Corpo e
cabelo como símbolos da identidade negra” o quanto ações políticas são fundamentais
para a construção da identidade negra. A autora pontua que há um conflituoso processo
de rejeição/aceitação da identidade negra e suas características, consequência de um
processo construído histórico e socialmente. Sua pesquisa aponta que negros
constantemente convivem com o olhar social, que os compara com o padrão estético
branco e que, o reconhecimento e as mudanças estéticas, dentre elas, o cabelo crespo,
podem tornar possíveis o processo de aceitação da natureza do cabelo, mas que
inevitavelmente passam por um processo conflitivo de aceitação/rejeição.
Meninas negras encontram dificuldades e barreiras raciais quando assunto é
representatividade midiática. As meninas comumente encontram preconceito e racismo
ao longo de sua vida, por terem seus corpos características afrodescendentes e que podem
causar estereótipos. A mídia e o entorno social ainda estão impregnados de características
femininas de descendência branca em seus traços de beleza. (Gesser & Costa, 2018).
Outro item a ser citado nesta categoria é o olhar de “outros” em ambientes sociais.
Nessas falas aparece o conteúdo do medo de assédio, diante de um olhar masculino ao
corpo feminino, como ilustrado nas falas:

Um dia desses passou um homem e eu tava lá conversando com minha colega, ele
passou e ficou olhando para a gente, eu corri para dentro de casa e falei para minha
mãe, e ela disse que eu não ia sair de casa. (M., G2 – E4).

(...) bunda e coxa também. Me deixa assim... eu não posso ir pra canto nenhum.
Tem homem que para o carro para ficar olhando para mim. Daí teve uma vez que
tava eu e minhas colegas na rua, Y. e V., daí tava a gente sentada na esquina e
chegou um homem bêbado e falou “encosta na parede”, eu fiquei assustada e
chamei minha mãe. E ela bateu nele. (AC, G2 – E4).
58

Meu corpo minhas regras... porque tem gente que fica zombando o corpo das
meninas, das pessoas, tem gente que chega pegando na coxa da pessoa, na bunda
da pessoa, e assim... a pessoa não pode. Eu não deixo não. Minha prima não gosta
não, porque o menino já assediou ela, pegou no corpo dela. Ele já chegou pegando
no corpo dela, no peito dela, e ela falou “meu corpo minhas regras, se afaste de
mim”. Ele se afastou e ela denunciou dele. E já era um homem de 30 e poucos
anos e ela tem 15 anos. (T., G2 – E4).

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (2018), entre


os anos de 2011 e 2017 o Brasil notificou 25.691 casos de violência sexual contra crianças
entre 6 e 9 anos, sendo que desse montante 71,8% eram meninas. Um estudo realizado
com profissionais da área jurídica, buscou identificar as representações sociais acerca da
violência sexual contra crianças e adolescentes por parte destes profissionais. As
pesquisadoras encontraram os termos "violência", "trauma" e "tristeza" como conceitos
permeados na fala dos profissionais, que tendem a patologizar o agressor. O estudo pontua
a falta de discussão que os ambientes profissionais, e consequentemente as ações, sobre
os componentes culturais e sociais envolvidos nessa infeliz prática. (Pereira, Maciel, Silva
& Melo, 2019).
A figura 2 torna visível as palavras com maior frequência, nesta categoria, nos
dizeres das participantes. Nessa rede de outros olhares, a palavra “mãe” com alta
frequência é condizente aos contextos que as meninas trazem. A palavra “não” novamente
aparece em contextos de advérbio de negação, como nas frases “eu ainda não menstruo”,
“eu não falei com a minha mãe” ou “que não pode”, mas também em contextos de
antônimos, indicando uma afirmação de algo, como por exemplo nas frases “eu não me
importo” ou “não tá mais ligando”. A professora também aparece como uma pessoa
importante nessa rede de apoio.

Figura 2. Nuvem de palavras categoria 5.2.1.2 Outros olhares.


59

5.2.1.3 Resignação e Conformidade

Estar resignado é estar submisso à vontade de alguém ou mesmo ao destino4. Há


conteúdo na fala das meninas, em relação ao corpo, que remete à ideia de aceitação de si
sem oposição, sem questionamento, acatando à vontade de um ser superior, que
supostamente criou o próprio corpo e a ele deve-se condescendência.

Eu gosto muito do meu corpo, porque, se Deus me fez assim, eu tenho que aceitar
as características que ele botou em mim. (M., G2 – E1).

(...) quando alguém fica me apelidando, eu me pergunto “Deus, será que eu sou
bonita?” Ai... Como Deus não acha ninguém feio, eu me acho bonita, desse jeito
que ele me criou mesmo. (M, G1 – E1).

Ficam me chamando de gaga, porque eu sou isso... é... porque sou aquilo mas....
eu não pedi é... para nascer assim. É... foi Deus que me fez assim. Eu não tenho
culpa. (I, G2 – E1).

(...) mesmo assim eu gosto da minha barriga porque foi Deus que fez. (Y, G1 –
E3).

Se adore do jeito que você é! Se Deus fez você assim, você tem que aceitar (Y,
G2 – E4).

O fenômeno da religiosidade à luz da TRS é investigado por Borges, Santos e


Pinheiro (2015). Apesar de realizar sua pesquisa com adultos, pode-se supor que o mesmo
mecanismo de representação social encontrado pelos pesquisadores é utilizado pelas
crianças, uma vez que a religião aparece como representação para dar propósito às
questões pessoais e seus desafios, que no caso das participantes, seriam seus próprios
corpos. Esse recurso também se encadeia com a discussão que Jodelet (1984/2017)
apresenta acerca da representação social do corpo em adultos, uma vez que as pessoas se
utilizam de sistemas de valores e crenças de pertencimento de um grupo social que
compartilham para conceituar seu próprio corpo. Dessa forma, a autora provoca a
discussão associando o conceito de ancoragem no vivido, enquanto recurso pessoal para
não implicar numa relação conflituosa com o corpo.
Pode-se supor que as meninas, ao mencionarem Deus e seus recursos religiosos
como meio para aceitação do corpo, estão utilizando um mecanismo de ancoragem trazido
por Moscovici (2015). A ancoragem é um processo que procura transformar ideias

4
De acordo com significado retirado do dicionário on line de português, recuperado de
https://www.dicio.com.br/resignacao/ em 03 de fevereiro de 2020.
60

estranhas ou intrigantes às pessoas, encaixando-as em paradigmas já existentes e vividos


por elas, podendo então serem comunicadas e, então, representadas. Entende-se que a
religião é um sistema provavelmente compartilhado no grupo social em que as meninas
vivem, esse é um possível mecanismo para classificar e nomear o corpo como sendo
aquele aceitável, pois é dado por Deus e deve ser respeitado.
A palavra “Deus” é bem visível na figura 3, mostrando sua alta frequência,
juntamente com o verbo “fez” e do adjetivo “bonita”. Essas palavras representam a ideia
discutida nessa categoria, e comentadas pelas meninas, de que Deus a fez bonita, como
se fosse uma explicação para sua aceitação.

Figura 3. Nuvem de palavras categoria 5.2.1.3 Resignação e conformidade.

O eixo temático “Olhares sobre o corpo” desvenda o conteúdo do entorno social


das participantes e retoma a discussão proposta por Jodelet (1984/2017). A autora discute
sobre a abordagem de referencial social na análise das representações sociais sobre o
corpo. Baseada na interação social das participantes, as meninas abordam seus corpos
com base nos dados extraídos dos olhares dos outros, e nas observações dadas por eles,
como vimos nos fragmentos de falas e nas categorias analisadas.

5.2.2 Conceito de corpo

Este eixo temático contempla as respostas que se enquadram no objetivo desta


pesquisa em explorar o conceito de corpo na infância feminina. A formação de conceitos
é processo importante na TRS, pois é no percurso de entender como estes se formulam
em ideias compartilhadas, é que nascem as representações (Prado & Azevedo, 2011).
Deste eixo, foram identificadas três categorias:

5.2.2.1 Sentimentos em relação ao corpo


61

Ambiguidades surgem ao longo das entrevistas grupais e individuais, variações


entre amor próprio, não aceitação, tristeza, felicidade e angústia são relatadas. Alguns
desses sentimentos estão ilustrados nas frases abaixo:

Eu ficava com aquela angústia dentro do meu peito... dentro do meu corpo aquela
angústia... é por causa de que os outros ficavam mangando de mim. (G., G1 – E1).

Eu me sinto que... eu... que quando eu tô lá na minha casa meus primos ficam me
chamando de bonita aí quando eu chego na escola os meus próprios colegas me
chamam de feia (...) em casa me sinto feliz e na escola me sinto triste. (E., G1 –
E1).

Pesquisadores problematizam o quanto a beleza, para as mulheres, apresenta-se


como um aspecto importante a permear as suas relações sociais, tornando-se alvo de
preocupação a maneira como se apresenta ao outro, corroborando o quanto as mulheres
são mais suscetíveis às opiniões alheias (Camargo et al, 2011; McKinley, 2004). As falas
acima das participantes mostram essa fragilidade, como se as considerações alheias
norteassem seus sentimentos, para algumas meninas. Porém, falas de empoderamento de
si também surgem:

Ame-se, seja feliz do seu jeito. Gordo, magro, cabelo liso ou cacheado. Não
importa, ame-se. É... eu gosto do meu jeito de ser, gosto do meu cabelo, eu não se
importo do que os outros falam de mim, porque cada um tem o seu direito. (M.S.,
G2 – E1).

Eu gosto de minha barriga, eu já tenho peito, sabia? Bolinha, mas já tenho peito.
Eu gosto de minhas pernas, eu gosto de tudo. (D., G1 – E4).

O corpo é meu e vai ficar do jeito que eu quero, o problema é meu. Se a pessoa
tem um corpo e gosta dele, e a pessoa gosta desse jeito, o corpo é da pessoa e faz
o que ela quer dele. (I., G2 – E2).

Na fala dessa participante pode-se perceber elementos de empoderamento que têm


surgido com o movimento Body Positive [Positivar o Corpo – tradução nossa]. Esse
movimento nasceu nos EUA em 1996 através das ativistas Connie Cobczak e Elizabeth
Scott, com o objetivo de oportunizar debates sobre a necessidade de uma liberdade de
experiência corporal frente às sufocantes mensagens sociais que as pessoas recebem
(https://www.thebodypositive.org/, recuperado em 05 de janeiro de 2020). Elas, e os
colaboradores do movimento, almejam uma sociedade livre de julgamentos, comparações
62

ou críticas a qualquer tipo de corpo, incentivando o lema “Listen to your body, learn, and
thrive” [Ouça o seu corpo, aprenda e prospere - tradução nossa].
Uma das formas de avaliar a imagem corporal é utilizando-se do grau de satisfação
corporal que uma pessoa demonstra, sendo que as meninas estão mais dispostas a agir em
relação a insatisfação corporal (Smolak, 2004a e 2004b; Smolak et al., 2001). A pesquisa
de Conti et al. (2009) procurou identificar o grau de satisfação com o corpo de 121
adolescentes. Os achados indicam que, entre as meninas, o desejo de diminuir alguma
parte do corpo permeava 40,2% das participantes e o desejo de aumentar alguma parte do
corpo, 21,4%. No computo dos dados, 97,3% das meninas registraram, em sua pesquisa,
algum nível de insatisfação corporal. O destaque maior de mudança entre as jovens ficou
no aumento de seios, nádegas, pernas, coxas e altura. Esse discurso, também aparece nas
participantes quando apontam:

Eu gosto da minha bunda, da minha coxa.... mas eu queria crescer elas. (T, G1 –
E3).

Colocar mais bunda e que meu cabelo fosse mais liso, bem lisinho... eu prefiro...
tipo assim, eu gosto do meu cabelo, mas eu não sou muito fã dele. Tipo em dia de
chuva, eu lavo e ele começa a ficar meio inchado. Ai eu não gosto muito, queria
ele bem lisinho. (I., G2 – E2).

Eu queria mudar o cabelo e a unha. Eu também queria mudar que eu tivesse o


peito médio e a bunda larga. (L., G1 – E3).

Eu quero ter mais peito. Meu peito é pequeno. (D., G1 – E4).

O discurso surgido na fala das participantes em relação às partes do corpo que


desejariam mudar (cabelo, seios e nádegas) serão discutidos no item 5.2.3.1 Padrão de
atributos de beleza, por serem pertinentes à esta categoria.
Sentimentos de apreço e feição pelo corpo também estão vinculados à
funcionalidade das partes do corpo, como quando a participante diz “eu gosto da boca.
Porque às vezes quando eu estou com fome eu como com a boca, eu gosto da minha boca
porque posso comer.” (S., G1 – E3) ou “dos miolos! [referindo-se ao cérebro, ao
responder à pergunta do que gostava em seu corpo]. Ele fica com uma coisa assim...
pensando.... ajuda a pessoa a pensar quando precisa fazer alguma coisa!” (D., G1 – E4).
O conteúdo trazido pelas participantes é confluente com a reflexão que Jodelet
(1984/2017) faz sobre a importância das representações sociais na elaboração das
maneiras coletivas de viver o corpo. As representações permeiam os modelos de
63

pensamento das meninas e muitas vezes norteiam os desejos relacionados ao corpo, como
por exemplo as colocações sobre aumentar ou diminuir partes do corpo.
A figura 4 reflete as palavras frequentemente levantadas nas falas que constituem
essa categoria. O verbo “gosto” como central mostra a importância e destaque que “gostar
do corpo” tem para essas participantes. As partes do corpo mais mencionadas estão ao
redor, como “coxa”, “barriga”, “cabelo”, “corpo” e “bunda”.

Figura 4. Nuvem de palavras categoria 5.2.2.1 Sentimentos em relação ao corpo.

5.2.2.2 Referencias de beleza

Um dos objetivos da pesquisa foi identificar as representações sociais que


permeavam o conceito de corpo. Com este intuito, as meninas foram questionadas sobre
qual mulher, adolescente ou criança elas achavam bonita. Dessa questão, surgiram alguns
referenciais de beleza que partiram de figuras de pessoas famosas, mas também de
pessoas familiares e próximas, como prima e tia. Referências entre os pares também
foram mencionadas, utilizando-se não só atributos físicos, mas características de
personalidade e qualidades. Essas pessoas são identificadas, muitas vezes, pela
importância afetiva que ocupam na vida dessas meninas, como representa as falas a
seguir:

Ela é uma menina talentosa [referindo-se à amiga], tem muita sabedoria, muito
inteligente, ajuda as pessoas, ajuda os idosos, obedece, tem respeito pelas pessoas.
(A.R., G1 – E1)
64

Minha prima é uma pessoa muito importante para mim, quando ela chega lá eu
dou um abraço nela que eu queria abraçar ela para sempre. Nunca mais eu ia soltar.
(M.L., G1 – E2).

Minha tia (...) ela sempre que ela vai pra igreja ela bota uma roupa bem bonita.
Ela bota um macacão azul. Ela faz uma trança no cabelo. Aí ela bota um brinco e
só... e passa batom! (E., G1 – E1).

Minha mãe! É sério, minha mãe e minha tia. Minha mãe é gorda, mas ela é linda.
Eu acho minha mãe bem bonita, tem uns olhos verdes, cabelo preto e um rosto
lindo. Bem fofinha... mas ela não gosta não porque o povo fica tirando da cara
dela. (S., G2 – E4).

Eu gosto da minha mãe, ela é bonita e alegre. Ela está emagrecendo. Ela é branca,
tem um cabelo preto com as pontinhas loiras. (S., G1 – E3)

De acordo com Duveen (1995), as categorizações nas representações sociais de


gênero são construídas desde muito cedo nas crianças, fortalecendo o desenvolvimento
de identidades sociais por aqueles que estão no entorno da convivência da criança, e que
consequentemente irão auxiliar construção dessas representações.
Interessante pontuar a fala da participante S. (G2 – E4) ao se referir à sua mãe
como sendo “gorda, mas ela é bonita”. Ao utilizar-se de uma conjunção adversativa ela
faz uma equivalência a um conteúdo de contraste, denotando uma ideia de que uma pessoa
gorda não é bonita. Este ponto será aprofundado na discussão no item 5.2.3.1 Padrão de
atributos de beleza.
Outras mulheres mencionadas foram pessoas de destaque na atualidade nas mídias
digitais, como a atriz e cantora Larissa Manoela e as cantoras de funk Mc Mirella e Mc
Melody. As três são mencionadas sempre com os adjetivos “corpo perfeito”, “jovem” e
“cabelo comprido”. Esse conteúdo será explorado no item 5.2.3.1 Padrão de atributos de
beleza.
As menções de referenciais de beleza pontuadas pelas participantes podem fazer
luz ao conceito de objetivação teorizado por Moscovici (2015). Objetivação seria o
processo que faz conectar uma ideia ou um conceito abstrato e intelectual em realidade,
objetivando essa ideia para que apareça diante dos olhos, tornando-a em um delineamento
físico e acessível. O autor afirma que o processo de objetivação traz a descoberta de algo
abstrato para uma reprodução por meio de imagens, sendo possível uma comparação. No
o caso das participantes desta pesquisa, o conceito de uma mulher bonita encontra nas
referências próximas (mãe, tia, amiga ou prima) ou nas celebridades, a objetivação dessa
em representação.
65

A figura 5 ilustra a nuvem de palavras produzida a partir das falas das participantes
referentes a esta categoria. A palavra central “ela” traz em seu entorno os adjetivos
“bonita”, “importante”, “linda”. As pessoas de referência são “mãe”, “professora”,
“amiga” e “tia”. Interessante notar as palavras ao redor de “cabelo”, como “cacheado”,
“liso” e “comprido”.

Figura 5. Nuvem de palavras categoria 5.2.2.2 Referenciais de beleza.

5.2.2.3 Cuidados em relação ao corpo

O autocuidado feminino foi percebido através de ações de limpeza corporal,


cuidados específicos e também o embelezamento, como por exemplo a maquiagem.

Quando eu não tô doente, eu brinco (...) para cuidar do meu corpo bem, do meu
cabelo e dessas coisas, daquele jeito que eu falei, pentear direito, tomar remédio...
Imecap eu ainda não posso tomar, mas você já viu, né, no SBT falando? Imecap
Hair, deixa o cabelo sem caspa, mais liso, mais bonito. Daí eu não posso usar, mas
pra se cuidar bem eu tomo remédio para se prevenir mais. (L, G1 – E3).

Escovar os dentes direitinho, tomar banho todos os dias, escovar, pentear o cabelo,
deixar o cabelo amarradinho. Eu gosto de deixar amarradinho o meu cabelo e eu
penteio meu cabelo bem, eu também passo repelente. (K., G1 – E2).

Sempre que eu vou pra rua, que tá sol, eu boto protetor solar pra não ficar
queimada do sol. (E, G1 – E1).

A fala das participantes, ilustrada acima, demonstra preocupações imediatas com


o cuidado de não adoecer e não se queimar (do sol), mas também a brincadeira visto como
meio de cuidado. Um corpo doente não é capaz de brincar, dessa forma brincar é um
aspecto de saúde e consequentemente de cuidado.
66

Le Breton (1953/2007) retoma em sua discussão os aspectos que compõe o estudo


sobre a sociologia do corpo, e um deles são os tratamentos que as pessoas realizam no
corpo. Condutas de higiene enquanto rituais de limpeza ou de sujeira são muito
diversificadas de cultura para cultura, e inclusive de uma classe social para outra, em um
mesmo contexto sociocultural. O autor ainda pontua o quanto condutas de higiene nas
sociedades ocidentais são tão marcadas pelo domínio do modelo médico (Le Breton,
1953/2007, p. 57), identificadas nas meninas nas falas sobre vitaminas e medicalização.
Também discursando sobre as condutas e inscrições corporais, Le Breton discute
sobre o quanto a maquiagem pode ser uma marcação, social e cultural, na pele das
pessoas, assim como maneiras de tratar ou de mudar os cabelos (Le Breton, 1953/2007,
p. 59), identificado nas meninas quando mencionam a maquiagem como um processo de
cuidado corporal:

Eu visto as roupas (...) passo sombra e batom. (E, G1 – E1).

Agora só passo rímel e lápis. Lápis minha mãe não deixa mais porque no outro
dia que eu acordo fica tudo preto. Agora só passo um batonzinho simples e o
rímel mesmo. (M, G1 – E1)

Eu só boto brilho, um pouquinho de batom fraco... só isso (T., G1 – E3)

As pesquisadoras Felipe e Guizzo (2003) e os pesquisadores Silveira Netto, Brei


e Flores-Pereira (2010) buscam analisar discursos de mídia voltados para a infância. É
levantada a discussão, em ambas pesquisas, acerca das estratégias de marketing de roupas
e propagandas infantis que acabam por expor padrões de beleza e comportamentos
associados ao mundo adulto, causando uma forma de “adultização” de crianças. Tais
processos, discutidos pelas pesquisas, podem causar impactos na construção das
identidades de gênero e identidades sexuais das crianças. Na fala das participantes, pode-
se perceber esses elementos principalmente quando falam da maquiagem, normalmente
associada a mulher adulta, e o uso de vitaminas para melhorar a aparência.
Le Breton (1953/2007) discute o quanto a aparência corporal é um dos recursos
que as pessoas têm como modo de se apresentar ao público social, e também uma maneira
de se identificar como parte atuante desse grupo. Aqui, portanto, contemplam as maneiras
de se vestir, pentear, maquiar e cuidar. “O primeiro constituinte da aparência tem relação
com as modalidades simbólicas de organização sob a égide do pertencimento social e
cultural do ator. Elas são provisórias e amplamente dependentes dos efeitos de moda.”
(Le Breton, 1953/2007, p. 77). Assim, de acordo com o autor, o mercado das marcas de
67

roupas, cosméticos e afins estão sempre se renovando para formar um ramo de produtos
desejados por grupos sociais, para formar seu cartão de visitas. Wolf (1992) polemiza o
lugar da mulher nessa lógica do mercado de produtos de beleza. A autora sustenta a ideia
de que a mulher, por ser mantida socialmente em um lugar de insatisfação com seu
próprio corpo e sua aparência, será mantida refém constante desta lógica de consumo dos
produtos para embelezar (Wolf, 1992, p. 86).
A figura 6 ilustra a nuvem de palavras levantada nesta categoria. Pode-se perceber
a palavra “cabelo” como sendo central, rodeado por “banho”, “remédio” e “maquiagem”.

Figura 6. Nuvem de palavras da categoria 5.2.2.3 Cuidados em relação ao corpo.

Os conteúdos surgidos nas falas das participantes no eixo temático “Conceito de


corpo” expressam características que se assemelham com a abordagem trazida por Jodelet
(1984/2017). A autora, quando discute sobre representações sociais sobre o corpo,
menciona um referencial subjetivo de conceituar a si. Essas representações vêm de
experiências afetivas, como mencionadas pelas meninas por exemplo nos referencias de
beleza. Aqui encontram-se as representações que perpassam na vivência cotidiana de
sensações, experiências, papel que exerce frente aos outros.

5.2.3 Imagens e identificações

O presente e último eixo temático remete às imagens que, através das falas das
participantes, são configuradas e compartilhadas sobre o corpo. Esse compartilhamento
de imagens e ideais sobre um conceito dentro de um grupo, que normalmente se dá através
da interação e comunicação entre seus integrantes, é um fenômeno que pode trazer
68

coerência e consolidação de uma representação social sobre este conceito, para aquela
realidade específica (Moscovici, 2015).

5.2.3.1 Padrão de atributos de beleza

Ao serem questionadas, ou mesmo quando espontaneamente comentavam, sobre


as características que elas atribuem como sendo essenciais para uma mulher ser
considerada bonita, traços como magreza, cabelo liso e comprido, nádegas e seios
volumosos e coxa grande, foram constantemente mencionados.
A beleza de uma mulher associada a um corpo magro é corroborada na literatura
(Burnettea et al., 2017; Camargo et al., 2011; Conti et al., 2009; Passos et al., 2013;). Um
levantamento de 2014, realizado com adolescentes e mulheres de idades entre 10 e 24
anos, efetuado pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo (2014), revelou que, das
150 participantes, 77% delas apresentavam tendência a desenvolver algum tipo de
distúrbio alimentar. O mais interessante é que 85% delas concordam que a sociedade
impõe um padrão de beleza relacionado à magreza e, 46% delas acham que mulheres
magras são mais felizes.
O contraponto deste achado também é discutido na literatura, uma vez que a
beleza da mulher está associada a um corpo magro, considera-se que um corpo desviante
deste padrão, no caso o corpo gordo, é associado a feiura, a desvios de caráter ou maus
cuidados (Novaes & Vilhena, 2003; Goetz et al., 2008). Neste ponto é pertinente retomar
o conteúdo da fala da participante S. (G2 – E4), exposto no item 5.2.2.2 Referenciais de
beleza, ao se referir à sua mãe como sendo “gorda, mas ela é bonita”. Conteúdo similar
aparece na fala da participante G. (G2 – E1): “ela pode ser uma gorda, só que ela pode
ser uma boa pessoa.”
As celebridades mencionadas nesta categoria, assim como surgida em categoria
anterior (5.2.2.2 Referenciais de beleza), são constantemente referidas enquanto suas
características físicas e seu status social pelas participantes da pesquisa. Dessa forma,
uma foto ilustrativa de cada uma delas está presente no Anexo A e, suas menções estão
exemplificadas a seguir:

Quando você vê o corpo dela, você pensa que ela tem 15, 16, 17. Cabelo loiro...,
mas ela pintou, e é bem grande! Liso... e deixa ver... ela é branca, branca, branca.
E o rosto dela é... um formato de gente que é jovem, adolescente. [referindo-se à
cantora MC Melody – Figura 7]. (AK, G2 – E2).
69

Eu gosto da Larissa, ela é bonita, namora. Ela tem cabelo liso, comprido, tem uma
pele branca e cabelo preto e roxo. Ela é magra e é uma adolescente. Ela é
baixinha... tem cara de adulta [referindo-se à atriz Larissa Manoela - Figura 8]. (S,
G1 - E3).

Eu prefiro a MC Mirella [Figura 9]. Ela é cantora de funk também (...) ela tem um
cabelo preto, superliso, usa lente azul, mas acho que a cor dos olhos dela é
castanho claro. (...) O corpo dela é tipo perfeito. Ela não é nem tão gorda nem tão
magra (...) tem um peito muito grande, uma bunda muito grande... ela sabe dançar
tipo... muito. Ela tem várias tatuagens no corpo. (I, G2 – E2).

Neste ponto, é pertinente retomar para discussão o conteúdo trazido pelas


participantes no item 5.2.2.1 Sentimentos em relação ao corpo, ao falarem sobre as
possíveis vontades de mudar partes do corpo, e as mais mencionadas foram cabelo,
nádegas e seios. Essas partes do corpo, juntamente com a característica da beleza, são
mencionadas na literatura como sendo aquelas que compõe uma representação social de
beleza de corpo feminino (Camargo et al, 2011; Passos et al, 2013; Ribeiro, 2018; Secchi
et al, 2009).
O cabelo comprido e liso é pontuado como sendo uma referência de cabelo belo,
ilustrado também nas frases a seguir:

É porque a gente vê pessoas nas ruas com cabelo liso, e em outros lugares, aí a
gente fica assim (...) querendo alisar o cabelo. Porque tem gente que pensa que
cabelo cacheado, essas coisas, dá trabalho. Eu tenho uma amiga que o povo fica
chamando ela de cabelo de bombril. (G., G2 – E1).

Eu vejo várias pessoas com cabelo liso, que cabelo liso é bom, que cabelo crespo
é ruim (...) fico querendo alisar meu cabelo porque vejo os outros alisando e quero
alisar, a gente vê pessoas nas ruas com cabelo liso, e em outros lugares, aí a gente
fica assim... é... querendo alisar o cabelo. (L., G2 – E3).

Apesar das apelidações negativas se referirem ao cabelo que não é liso, o desejo
e a prática do alisamento do cabelo aparecem de maneira divergente ao longo das
entrevistas e das opiniões das meninas:

Teve uma vez que eu vim para a escola e meu cabelo tava pranchado, daí veio
uma menina pra cima de mim falar: ‘B., seu cabelo não é liso não!’ eu nem dei
ousadia para ela, para ela não encher meu saco, ai eu ficava num lugar e ela em
outro. E ela ficava toda hora falando que eu não tinha cabelo liso... (B.A., G2 –
E1).
70

Já eu quero um cabelo bem cacheado, eu olho para A.M. e falo... ‘meu deus, me
dê esse cabelo A.M, por favor’. Porque o cabelo dela é fofo, passa um pouco de
creme e fica black power. É lindo. (M., G2 – E4).

Neste momento, retoma-se a discussão de Gomes (2008, 2003) sobre o inevitável


conflito entre rejeição/aceitação de características da identidade negra, entre eles, o
cabelo. “Esse processo conflitivo é construído socialmente, vivido e aprendido no grupo,
na família” (Gomes, 2008, p. 124). A mesma autora argumenta o quanto o processo de
construção de identidade negra se desenvolve gradativamente, começando com as
primeiras relações no grupo social mais íntimo (família) e ramificando-se com
desdobramentos nas relações subsequentes do sujeito. (Gomes, 2003, p. 171). Sua
publicação (2003), com enfoque na formação de professores, expõe o quanto o corpo e o
cabelo crespo do negro são suportes essenciais para a construção da identidade, e que essa
questão deve estar pautada quando se discute escola, cultura, representação, relações
raciais e de gênero, no processo de formação de professores.
A situação vivenciada por B.A. (G2 – E1), exposta acima, é também discutida por
Gomes (2003). A autora menciona sobre as experiências negativas vivenciadas em
decorrência do cabelo crespo, em que, mesmo quando adolescentes negras experimentam
técnicas de alisamento, as meninas são vistas com estranhamento e hostilidade.

As mulheres negras continuam enfrentando um verdadeiro “patrulhamento


ideológico” em relação à sua estética. Alguns as desejam com o cabelo “crespo
natural”, considerado por um grupo como autêntica expressão da negritude; outros
querem-nas de tranças, por julgarem que esse penteado aproxima a mulher (e o
homem negro) de suas raízes africanas; outros, com o cabelo alisado, por
considerarem que tal penteado aproxima as mulheres negras do padrão estético
branco, visto socialmente como o mais belo. (Gomes, 2003, p. 176)

A autora constantemente propõe a discussão do quanto o cabelo é um elemento


de destaque no corpo e que, em qualquer grupo étnico e cultural, ele pode ter uma
simbologia diferente. Assim, mudanças nessa estética podem ser maneiras que o negro
encontra para se tornar socialmente mais próximo à padrões colocados como belos (no
caso, o cabelo liso), e que esta pode ser uma tática para diminuir os apelidos e
preconceitos em espaços sociais, sendo a escola um deles.
Uma pesquisa qualitativa conduzida por Oliveira e Santos (2014) buscou a
compreensão da representação social da identidade étnico-racial em 28 participantes,
entre 9 e 14 anos de idade, em uma escola na cidade de Amorgosa/BA. Os pesquisadores
observaram que a identidade negra é depreciada no contexto escolar, e as representações
71

sociais dos(as) alunos(as) negros(as) é de inferioridade e desvalorização da identidade


negra. O debate que os autores fomentam é de um refúgio que os alunos têm da cor, pois
muitos se autodeclaram como morenos, enquanto visivelmente apresentam traços
fenotípicos negros.
Quanto a esta observação, similarmente ocorreu na presente pesquisa. No
questionário sociodemográfico, 69,8% das meninas foram declaradas por seus
responsáveis como sendo pardas, 18,2% brancas, 9% negras e 3% amarela. A
pesquisadora notou, durante a compilação dos dados, que uma menina (3%) foi declarada
amarela, porém não havia nenhuma participante descendente de oriental, etnia que
contempla a cor “amarela”, saltando aos olhos para a questão da autodeclaração. Assim,
não sendo passível de “contagem”, uma percepção de que há mais participantes negras,
pelos traços fenotípicos observados, esse debate se faz pertinente.
A autodeclaração indicada pelo IBGE em relação a cor (branco, preto, pardo,
amarelo e indígena) é problematizada por pesquisadores (Gomes, 2003, 2008; Hooks,
2005; Schwarcz, 2012). As autoras confluem na mesma ideia quando debatem sobre o
conceito de raça, do ponto de vista da construção social, que acaba por colocar a
denominação de cor em um viés simplista e tendencioso, uma vez que a representação
valorada da cor branca é fruto de uma estrutura de classificação e hierarquização histórica.
Hooks (2005) discute em seu ensaio que há uma tendência a imitação da aparência do
branco dominante e que, frequentemente, indica um racismo interiorizado.
Schwarcz (2012) explora o conceito de mestiçagem no Brasil. Ao ponderar a
nomenclatura de autodeclaração de cores elencadas pelo IBGE, a autora afirma que a
experiência de “cor” no Brasil é vivida fisicamente, pois ao classificarem e nomearem
uma raça, há uma classificação, sobretudo da condição. E que esta condição é identificada
como estratificação social e econômica.

"Raça social" é a expressão encontrada por Vale e Silva para explicar esse uso
travesso da cor e para entender o "efeito branqueamento" existente no Brasil. Isto
é, as discrepâncias entre cor atribuída e cor autopercebida estariam relacionadas
com a própria situação socioeconômica dos indivíduos. (Schwarcz, 2012, p.49)

Por isto posto é que a autora questiona que os dados vindos do censo do IBGE são
dificilmente condizentes com a realidade, uma vez que a cor do brasileiro é categorizada
enquanto seu condicionante social, indicando classe, aspecto socioeconômico, regional e
estéticos. Dessa forma, Schwarcz polemiza o conceito de “moreno” e “pardo” como
72

sendo aqueles que se aproximam de um efeito “branqueamento” da cor da pele, como


saída de preconceito físico, simbólico, estrutural e histórico.
Importante pontuar que nenhuma das menções entre as celebridades são negras ou
pardas, como visível nas Figuras 7, 8 e 9 (Anexo A), quando relacionadas como
referenciais de beleza. É pertinente retomar a pesquisa de Brown e Tiggemann (2016)
sobre a influência de fotos de celebridades atraentes e de pares na experiência da imagem
corporal de mulheres, deixando-as vulneráveis à insatisfação corporal.
A figura 10 mostra as palavras mais encontradas na fala das participantes que se
referiam a esta categoria. Cabelo entra como aspecto central na aparência, assim como as
qualidades associadas a ele, como liso, crespo, cacheado.

Figura 10. Nuvem de palavras da categoria 5.2.3.1 Padrão de atributos de beleza.

5.2.3.2 Mídias digitais e corpo

Quando questionadas sobre o uso de internet, o entusiasmo em dizer sobre o uso


próprio foi evidente, em todos os grupos. De acordo com os dados sociodemográficos
levantados, 84,9% das meninas tem acesso à internet, conforme respondido pelos
responsáveis em questionário. Esse aspecto identificado corrobora com os dados citados
anteriormente sobre o uso de internet no Brasil, de acordo com o PNAD (2017). O acesso
à internet é feito através de smartphones, tablets e televisão, e o maior objetivo é a
utilização de redes sociais, dentre as mais mencionadas foram: WhatsApp, Facebook,
Messenger, Instagram e YouTube.
73

As redes sociais de troca de mensagens (Messenger e WhatsApp) foram


mencionadas como meios de conversar com as amigas, dar apoio em momentos difíceis
e compartilhar situações e segredos.

Nas redes sociais, que só uso o Insta... e o WhatsApp. O Instagram é uma das
minhas redes sociais que eu gosto de usar... Mas quando tem alguma mágoa que
vem em mim, que aconteceu comigo... falo com uma amiga que ela é bem... ela é
muito amiga minha... eu vou desabafar no WhatsApp com elas, eu fico falando e
elas ficam me ajudando, elas ficam conversando comigo me ajudando a desabafar.
E já no Instagram não tem como desabafar, porque se não eu vou compartilhar
minhas coisas para todo mundo e aí depois as pessoas podem sair contando sobre
mim. (G., G2 – E1).

Já o YouTube, plataforma de compartilhamento de vídeos, foi apontada como


recurso para assistir filmes, séries e acompanhar canais de Youtubers. Este é o nome dado
às pessoas que ficam famosas por compartilharem vídeos nesta plataforma. Um canal
mencionado foi o Planeta das Gêmeas, comandado pelas irmãs Melissa e Nicole. Ambas
de 10 anos de idade, moram na cidade do Rio de Janeiro e compartilham vídeos sobre a
rotina delas e de humor. Além disso elas possuem uma marca de roupas em loja física e
online. Seu canal tem cerca de 10 milhões de inscritos. Outra famosa mencionada é o
canal da Bela Bagunça, comandado por Isabela, de 11 anos de idade e com cerca de 9
milhões de inscritos, o conteúdo dos vídeos também passam por situações cotidianas de
uma menina dessa idade.
O Instagram, rede social de compartilhamento de fotos e vídeos curtos, foi
mencionado como local de busca por vídeos de interesses cotidianos, como receitas,
maquiagem, fazer slime (brinquedo de material viscoso) e acompanhar notícias de
pessoas famosas, como as cantoras mencionadas nas categorias anteriores.
Um relatório produzido pela EU Kids Online, organização que promove pesquisas
sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação, teve como objetivo mostrar os
indicadores do uso que crianças e adolescentes fazem da internet. (Sozio et al., 2015).
Através de pesquisas de comparação entre Brasil e mais sete países, entre 2013 e 2014,
mostra uma forte atuação de crianças e adolescentes brasileiros nas redes sociais. Os
dados apontam que 78% das crianças e adolescentes brasileiros que usam a internet já
tem perfil próprio nas redes sociais e que acessar essas redes e assistir vídeos são as
atividades mais citadas. Dessa forma, o YouTube é identificado como a plataforma de
maior acesso pelas crianças para ter acesso a esses vídeos.
74

Vale ressaltar, diante de todo exposto, que as mídias digitais são meios
influenciáveis nos padrões, satisfação e comportamentos corporais, principalmente em
mulheres e meninas. Assim, um fato recente vale discutir: no dia 18 de dezembro de 2019,
a MC Mirella (cantora citada entre as meninas como símbolo de referencial de beleza)
postou no Instagram uma foto, fazendo um sorteio de cirurgia plástica, segurando duas
próteses de silicone. Para participar, era necessário curtir a foto, seguir o perfil da cantora
e marcar um(a) amigo(a) por comentário. O ganhador poderia escolher entre prótese de
silicone, vibrolipo (técnica de lipoaspiração), abdominoplastia ou mastopexia (levantar
os seios). Em 5 dias, a foto já tinha quase 900 mil comentários. A postagem da cantora
foi censurada e retirada pelo Instagram em seguida.
(https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/12/21/influenciadoras-
sorteiam-cirurgia-plastica-no-instagram-e-geram-polemica.htm recuperado em 10 de
janeiro de 2020.)
O censo da cirurgia plástica no Brasil, publicado em 2018 pela Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (Fonseca & Ishida, 2018) mostra que 34,7% dos pacientes
que fizeram algum tipo de cirurgia plástica no ano de 2018 tem entre 19 e 35 anos e 36,3%
entre 36 a 50 anos 36,3%. O objetivo de reparação estética lidera o ranking das cirurgias,
somando 60,3%. Dentre os procedimentos não cirúrgicos, que são 49,9% deles, estão a
aplicação de toxina botulínica (95,7%) e preenchimentos (89,6%). Já entre os
procedimentos cirúrgicos estéticos estão o aumento de mama (18,8%), a lipoaspiração
(16,1%), a abdominoplastia (15,9%) e a mastopexia (11,3%). O levantamento não indica
o sexo dos pacientes que realizaram as cirurgias, mas levanta um dado interessante: 62%
dos médicos cirurgiões utilizam o Instagram como mídia social para divulgar seu trabalho
e 58,4% o Facebook.
Pode-se discutir o papel que as mídias sociais têm na comunicação e na
sustentação das RS, uma vez que estas estão no mundo cotidiano compartilhado pelas
pessoas, que circula na mídia e que irão compor as realidades cotidianas (Duveen, 1995)
e que servem como meio de se estabelecer as associações com as quais as pessoas fazem
seus laços sociais. Mazzotti e Campos (2014) propõe esse estudo ao contribuir com as
questões levantadas sobre a cibercultura e as RS. Os autores demonstram o impacto que
a cultura digital e as redes sociais têm nas condutas de indivíduos e grupos, sendo
importante refletir sobre esse fenômeno e a maneira como RS são atualmente
compartilhadas. As redes sociais são largamente utilizadas para interação e comunicação
social, sendo um eficaz meio de propagação rápida de ideias, o que torna dinâmico os
75

grupos sociais e seus laços. Dessa forma, as participações on line são significativas para
o compartilhamento e a construção das RS.
A Figura 11 mostra as redes sociais mais usadas pelas participantes, assim como
algumas ações realizadas nelas, como por exemplo assistir, uso, gosto. Além de mostrar
o conteúdo, como Kids Fun, Aventuras de Poliana, vídeos.

Figura 11. Nuvem de palavras da categoria 5.2.3.2 Mídias digitais e corpo.

5.2.3.3 Imagens, metáforas e corpo.

“Todas as minhas amigas são apelidadas, eu vou dizer só do que elas são
apelidadas” (K., G2 – E1). Essa é a frase que inicia uma série de nomes e apelidações que
as meninas sofrem. É relatado que a maioria deles são colocados pelos meninos. Nomes
como: Maria Machão, Olivia Palito, macumbeira, piolhenta, cabelo de bombril, baleia,
vaca, macaca, prostituta, dentuça, gaga, baixinha, testa de amolar facão, carvãozinho,
baleia fora d’água, carniça, pomba gira preta e cabelo de leão. As apelidações trazem
ofensas e imagens de características corporais dessas meninas. As participantes da
pesquisa mencionam tendência ao isolamento em face essa situação, como menciona M.
(G2 – E1): “aí ela ficava me chamando “vai testa de amola facão pra escola”. Aí eu fiquei
três dias isolada chorando, por causa disso.” Porém, ao mesmo tempo, um recurso de
defesa à esta situação, utilizando de um raciocínio concreto para tal: “(...) a testa dela não
é pedra pra ficar amolando facão.” (M., G2 – E1)
Apesar desse conteúdo sobre bullying ter sido amplamente discutido no item
5.2.1.1 Pares, é pertinente realizar alguns entrelaçamentos com a literatura acerca dessas
apelidações. Oliveira e Santos (2014) trazem como um dado de pesquisa que 33% da sua
amostra mencionam que os apelidos são direcionados ao cabelo negro, 17% à cabeça e
76

12% à cor. Gomes (2003, 2008) também afirma em suas pesquisas o quanto a pele negra
e o cabelo são alvo de preconceito, tornando a construção da identidade negra um
processo importante para ser discutido, principalmente em ambientes educacionais.
Para Moscovici “as imagens (...) são integradas no que chamei de padrão de
núcleo figurativo, um complexo de imagens que reproduzem visivelmente um complexo
de ideias.” (Moscovici, 2015, p.72). Assim sendo, pode-se supor que o processo de
objetivação poderia ocorrer, na medida em que os pares, diante do desejo de depreciar as
participantes em algum momento, utilizam-se de imagens para objetificar uma ideia, um
conceito.
O corpo, como demonstra a figura 12, é alvo dessa depreciação. Menções ao
formato do corpo (“magrela”, “palito de dente”, “olívia palito”, “baleia”) e à imagem do
corpo (“velha”, “anã”, “feia”) são constantemente utilizadas. Outros adjetivos utilizados
para depreciar as meninas, utilizando-se de características da identidade negra (“cabelo
de cobre”, “carvão”, “macumbeira”, “macaca”, “cabelo de bombril”, “preta”) são
constantes.

Figura 12. Nuvem de palavras da categoria 5.2.3.3 Imagens, metáforas e corpo.

Os sentidos dados no eixo “Imagens e identificações” se assemelham ao conceito


elucidado por Jodelet (1984/2017) sobre o referencial social na análise da representação
social de corpo. Sujeito especifica seu corpo como normativo através do entorno social.
A autora expõe o quanto a mídia é um grande veículo dessa normativa e esta análise está
clara nos conteúdos expostos nas categorias deste eixo temático.
77

Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo compreender as representações sociais


sobre corpo para meninas, com idades entre 7 e 11 anos. Para esta finalidade, foi realizada
uma investigação qualitativa para explorar o conceito de corpo por elas trazido,
identificando também as possíveis influências que permeiam a satisfação corporal. O
material foi interpretado à luz da Teoria das Representações Sociais.
Há representação social de corpos associados ao desprestigio, à adequação aos
padrões midiáticos, ao fatalismo, às relações de afeto com sinalizações de
empoderamento e sororidade.
Os dados encontrados revelam que três categorias temáticas perpassam os
discursos das meninas e, consequentemente, a maneira como representam o corpo: os
olhares sociais, os conceitos que o atravessam e as imagens que emergem ao pensarem
em corpo. Importante mencionar que não houve diferença no conteúdo trazido pelos dois
grupos diferentes das meninas, pois tanto o grupo configurado com idades de 7 a 9 anos
quanto o de 10 a 11 anos trouxeram conteúdos muito parecidos, indicando que a diferença
de idade não proporcionou diferença nas representações sociais.
Pode-se observar que os olhares que perpassam o corpo das meninas vêm do
círculo social que convivem, sejam eles de colegas meninos ou meninas, ou mesmo da
sua própria família ou de olhares sociais. As participantes da pesquisa mencionam
constantemente o olhar dos meninos para o corpo delas, permeado de provocações de
palavras pejorativas, que, em sua grande maioria, têm o objetivo de depreciar o corpo
físico delas. Essas situações podem ser caracterizadas como sendo um bullying e
corrobora os achados de Mattos e Jaeger (2015), que indicam que, em ocasiões como
bullying parte dos insultos direcionados às meninas se referem à aparência. Neste ponto,
as apelidações referidas às meninas configuram-se como imagens que compõe um núcleo
figurativo de objetivação de ideias, que acabam por compor as RS de corpo que
compartilham em seu grupo social (Moscovici, 2015).
Entre as próprias meninas, em sua maioria, suas colegas são mencionadas como
aquelas que as protegem dessas situações, utilizando-se de palavras de incentivo. Quando
familiares são mencionados nessa categoria, também aparecem em contexto de proteção
e auxílio nos momentos de dificuldades, assim como a afirmação de características da
identidade negra. Conjuntamente à associação de Deus enquanto ser criador de um corpo
78

perfeito é mencionado, como sendo indiscutível sua natureza por ser ele o gerador
onipotente.
Pode-se observar também que o conceito de corpo, mencionado pelas meninas, é
representado por sentimentos ambíguos, com momentos de aceitação do próprio corpo,
mas também momentos de tristeza. Partes do corpo como nádegas, coxa, peito e cabelo
foram as mais mencionadas como sendo aquelas que estavam passíveis de mudanças,
principalmente em desejo por aumentar essas partes. Essa representação social de corpo
feminino vinculado a essas características é também encontrada na literatura (Camargo
et al., 2011; Conti et al., 2009; Passos et al., 2013; Ribeiro, 2018).
Nesse contexto, as referências de beleza citadas pelas meninas como sendo as
mulheres ou figuras femininas que elas consideravam mais belas, estavam principalmente
entre familiares, utilizando-se de atributos de personalidade generosa ou de importância
afetiva. Mas quando se referiam celebridades, vinculavam com o padrão estético corporal
mencionado anteriormente: corpo perfeito e jovem, representado por seios fartos, nádegas
grandes, cabelo comprido e liso e pele branca. As famosas mais mencionadas foram as
cantoras Larissa Manoela, MC Melody e MC Mirella. Neste ponto é importante discutir
sobre a representatividade negra para essas meninas, considerando um total de
participantes de quase 79% de negras/pardas. O padrão mencionado por elas, entre as
celebridades, não contempla características da identidade negra, como cabelo e cor da
pele.
A representação social de cuidado do corpo feminino está associada para além de
um cuidado físico em relação à saúde, mas também ao cuidado com a aparência e ao
embelezamento. Maquiagem e roupas são mencionadas como práticas de cuidados, bem
voltados ao público feminino, associando uma aparência corporal de beleza com uma
pessoa bem cuidada. Importante pontuar que essas RS orientam as práticas das meninas,
através das ações de maquiarem-se e se preocuparem com roupas, sendo essas normas
implícitas no meio social que compartilham.
As redes sociais são amplamente utilizadas pelas participantes, principalmente
WhatsApp, Facebook, Messenger, Instagram e YouTube. As redes sociais entram como
uma maneira contemporânea de compartilhar e viver em grupo e precisam ser
consideradas como parte integrantes de representações sociais.
Pode-se concluir que as descobertas desta pesquisa podem apontar que as
participantes compartilham vários conceitos de representações sociais de corpo feminino,
79

como: corpo feminino magro, com partes avantajadas, cabelo comprido e liso e pele
branca.
Considerando a metodologia utilizada nesta pesquisa, constatou-se que a
utilização da entrevista individual como recurso para aprofundar os assuntos discutidos
poderia ser revisto, posto que o conteúdo que surgiu nestes momentos apenas reforçou o
trazido em situação de grupo, confirmando-o. Outra limitação metodológica foi a lacuna
de não ter perguntado, no questionário sociodemográfico, sobre a religião das
participantes. Haja vista que esse conteúdo aparece e inclusive forma-se enquanto
categoria, essa investigação teria sido pertinente.
Investigar um grupo social restrito, no sentido de localidade municipal e de
aspectos socioeconômicos, é considerado uma limitação da pesquisa enquanto discutir o
conteúdo das RS que surgiram, pois ele é relevante para este grupo específico. Fica a
indagação se outros grupos sociais, como cidades vizinhas, ou mesmo dentro da mesma
região com aspectos socioeconômicos discrepantes, emergiriam as mesmas RS, sendo
este um possível desdobramento da pesquisa.
Outro possível desdobramento da pesquisa seria a possibilidade de um estudo
multicêntrico, em diferentes cidades do país, juntamente com diferentes classes sociais,
buscando uma possibilidade para encontrar uma compreensão das representações sociais
de corpo para meninas em nível nacional. Outra oportunidade de estudo seria a
investigação de RS de corpo para os meninos.
Considerando a complexidade das representações sociais, é possível refletir, a
partir dos achados desta pesquisa, sobre como as meninas estão percebendo o corpo
feminino e como o estão representando. Esta reflexão contribui para assuntos relevantes
sobre corpo na infância, imagem corporal e representações sociais.
Por fim, como sugestão de conduta prática, esta pesquisa evidencia uma
necessidade e proporciona um estímulo para que os ambientes educacionais possam
investir na qualidade de educação corporal, principalmente para as meninas, no intuito de
que consigam encontrar beleza na diversidade e fomentar uma experiência corporal
positiva para as mulheres, menos dependentes de mídias sociais para estabelecer padrão
de beleza e com menos necessidade de achar que precisam de maquiagens e acessórios
para sentirem-se bonitas.
80

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Apêndice A – Carta de Aceite da Secretaria Municipal de Educação de


Juazeiro/BA
89

Apêndice B – Questionário sóciodemográfico

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Questionário Sóciodemográfico Data ____/____/____

Nome da mãe:________________________________ Data de Nascimento:


____/____/____
Nome do pai: ________________________________ Data de Nascimento:
____/____/____
( ) casados ( ) divorciados

Nome da criança: _____________________________ Data de Nascimento:


____/____/____
Raça/cor: ( ) Preta ( ) Parda ( ) Branca ( ) Amarela ( ) Indígena

Renda familiar:
( ) Até R$ 1.000 ( ) de R$ 2.000 até R$ 5.000
( ) de R$ 1.000 à R$ 2.000 ( )mais de R$ 5.000

Quantas pessoas moram na casa? _________________________________________


Quem são? ___________________________________________________________
Natural de qual cidade? _____________________Moram em Juazeiro há quanto
tempo? ___
Tem internet em casa? ( ) sim ( ) não A criança tem acesso? ( ) sim ( ) não
90

Apêndice C – Roteiro de entrevista semi estruturada

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Roteiro de Entrevista Semi Estruturada

Início (quebra gelo) – fale sobre sua rotina;


Como você se sente em relação ao seu corpo? (qual a parte do corpo que você mais
gosta e a que menos gosta)
Você está feliz com seu corpo? Faz alguma coisa para muda-lo?
Que tipo de corpo feminino você acha bonito?
Você acha que os meninos cuidam do corpo da mesma forma que as meninas?
Você usa internet? Tem conta em redes sociais? Quais? Você quem gerencia?
Como você imagina que os outros te vêm?
91

Apêndice D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – grupo focal

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – Grupo Focal

Título da Pesquisa: Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade


Escolar.

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes


Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com

Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro


Contato: (74)98819-3538 | E-mail: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br

1. Natureza da pesquisa: A(o) Sra.(Sr.) está sendo convidada(o) a autorizar


a participação de sua filha nesta pesquisa, que tem como finalidade compreender as
representações sociais sobre o corpo para meninas com idades de 7 e 11 anos.

2. Participantes da pesquisa: O público alvo deste estudo é formado por


crianças do sexo feminino que tenham idades entre 7 e 11 anos e que estejam matriculadas
no ensino fundamental da rede pública municipal de Juazeiro/BA.

3. Envolvimento na pesquisa: Ao participar deste estudo, a sua filha


participará de um grupo formado por até 10 meninas da mesma idade. A filha da(o)
Sra.(Sr.) tem liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar
participando em qualquer fase da pesquisa, sem que isto traga qualquer prejuízo para ela
ou para a(o) Sra.(Sr.). A(O) Sra.(Sr.) sempre que quiserem poderão pedir mais
informações sobre a pesquisa através do telefone da pesquisadora do projeto (87) 9 8128-
6482 e, se necessário, através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Vale do São Francisco (CEPUNIVASF), pelo número (87)
2101-6896. O Comitê de Ética da Univasf (CEP-UNIVASF) é um órgão colegiado
interdisciplinar e independente, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, que tem a
função de defender e proteger o bem-estar dos indivíduos que participam de pesquisas
científicas. A manifestação do aceite em participar do estudo pela sua filha será efetivada
pela assinatura por ela de um termo de assentimento à parte.

4. Sobre o grupo: A participação da sua filha ocorrerá em grupo de até 10


meninas da mesma idade, que acontecerá em ambiente escolar, em sala e horário
previamente combinados. O grupo terá duração de até 1 hora e meia e será conduzido
pela pesquisadora responsável. No momento do grupo as crianças serão convidadas a
realizar um desenho individual que expresse a frase: “Imaginem uma menina da idade de
vocês. Agora, gostaria que vocês desenhassem como é o corpo desta menina”. Após o
92

termino do desenho, as meninas serão convidadas a conversar, em grupo sobre o desenho


que realizaram. O grupo será vídeo gravado com o auxílio de aparelho eletrônico, para
garantir a observação de detalhes e para que se possa posteriormente ter a transcrição
realizada com fidedignidade. Estas imagens/áudios serão utilizadas apenas para este
estudo, salvaguardando-se o sigilo de suas informações.

5. Riscos e desconfortos: Os procedimentos adotados nessa pesquisa


obedecem aos critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução
nº. 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados
oferece riscos à sua dignidade. A pesquisadora foi treinada para evitar que a participação
de sua filha traga qualquer tipo de constrangimento. Ainda assim, durante a participação
no grupo, é possível que ela vivencie desconforto emocional, vergonha, sofrimento e
outras emoções que podem ser geradas pelo tema a ser discutido. Em se verificando o
desconforto, a pesquisadora responsável se responsabiliza em suspender imediatamente
o grupo e conduzirá a uma escuta clínica breve individualizada, pois tem formação e
capacitação em Psicologia (CRP 02/18367) para atender à esta situação. Conforme for o
caso, a criança poderá também ser encaminhada para um serviço especializado na rede
pública de saúde. Além disso, fica a participante livre para desistir de responder a
qualquer momento sem nenhuma obrigação de dar esclarecimentos a pesquisadora, sem
que isso acarrete em prejuízo.

6. Confidencialidade: Todas as informações coletadas neste estudo são


estritamente confidenciais. Somente a pesquisadora e seu orientador terão conhecimento
de sua identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo ao publicar os resultados
da pesquisa. Os resultados serão apresentados em forma de dissertação e poderão ser
transformados em artigos científico e submetidos a periódicos especializados,
independentemente dos resultados encontrados. Para tanto, a identificação das
participantes/voluntárias não será revelada em nenhuma hipótese, respeitando assim a
privacidade dos mesmos conforme as normas éticas. As informações e todos os papéis
utilizados na pesquisa ficarão arquivados com a pesquisadora por um período de cinco
anos, e após esse tempo serão destruídos.

7. Benefícios: Ao participar desta pesquisa, nem sua filha nem a(o) Sra.(Sr.)
terão algum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações
importantes sobre a construção social do corpo de meninas, de forma que o conhecimento
que será construído a partir desta pesquisa possa colaborar com o desenvolvimento
saudável e pleno das crianças na sua relação com o corpo. A pesquisadora se compromete
a divulgar os resultados obtidos, respeitando-se o sigilo das informações coletadas,
conforme previsto no item anterior.

8. Pagamento: a participação nesta pesquisa será de caráter voluntário, não


havendo despesas para a participação, bem como nada será pago por sua participação.
Ainda assim, caso a(o) Sra(Sr) ou sua filha tenha qualquer despesa ou prejuízo por conta
da participação, terá o direito de ressarcimento ou indenização.

Ressalta-se que este projeto somente será iniciado após aprovação do Comitê de
Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da UNIVASF. Além disso, este Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi elaborado em duas vias de igual teor, que
serão assinadas e rubricadas em todas as páginas. Uma das vias ficará com o(a) sernhor(a)
e a outra com o(s) pesquisador(es).
93

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para


autorizar a participação de sua filha nesta pesquisa.

Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, _____________________________________________________________,
após ter sido convenientemente esclarecido(a) sobre os objetivos desta investigação e
acerca dos procedimentos a serem adotados, de forma livre e esclarecida, manifesto o
meu consentimento quanto à participação da minha filha _________________________
_______________________na presente pesquisa.

Juazeiro, ______ de _________________ de 2018.

_________________________________________________________
Assinatura do responsável pela criança participante da pesquisa

_________________________________________________________
Nome da testemunha (quando aplicável na pesquisa)

_________________________________________________________ Polegar
Assinatura da testemunha (quando aplicável na pesquisa) Direito

_________________________________________________________
Assinatura do Pesquisador responsável

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes


Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com

Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro


Contato: (74)98819-3538 | E-mail: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br

Comitê de Ética em Pesquisa: CEP UNIVASF


Coordenadora: Luciana Duccini
Vice-Coordenador: Rodolfo Araújo da Silva
Telefone do Comitê: (87) 2101-6896 | E-mail: cep@univasf.edu.br
Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da Reitoria. Petrolina/PE.
Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às 12h e das 14h às 18h
.
94

Apêndice E – Termo de Assentimento de Participação– grupo focal

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Avenida José de Sá Maniçoba, s/n, Pavilhão de Laboratórios – 1º Andar Sala 2286
Campus Universitário – Centro – Petrolina/PE CEP 56.304-205. Telefone: (87) 2101 6793
Site: www.cpgpsi.univasf.edu.br – E-mail: cpgpsi@univasf.edu.br

TERMO DE ASSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO – Grupo Focal


Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes
Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com
Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro
Contato: (74)98819-3538 | E-mail: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br

Dados de Identificação da Participante da Pesquisa


Nome: _______________________________________________________________.
Data de Nascimento: ___/___/___

Você está sendo convidada como voluntária a participar da pesquisa


“Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade Escolar”. Este estudo tem
como objetivo compreender as representações sociais sobre o corpo para meninas com
idades de 7 e 11 anos

Este estudo é um Projeto de Pesquisa construído por Maria Theodora Gazzi


Mendes para o curso de Mestrado Acadêmico em Psicologia da Universidade Federal do
Vale do São Francisco (UNIVASF), mediante a orientação do Profª. Drª. Marcelo Silva
de Souza Ribeiro.

Queremos com este estudo conhecer a maneira como as meninas de 7 e 11 anos


representam o corpo. Para isso, queremos dar espaço para que você, criança, expresse-se
e fale sobre como é o corpo de uma menina da sua idade.

As crianças que irão participar dessa pesquisa têm a mesma idade que você e estão
matriculadas na rede regular de ensino do município de Juazeiro/BA. A pesquisa será
feita na escola em que estuda. Você e mais 9 coleguinhas serão convidadas a fazer um
desenho que mostre o que é o corpo para vocês. Logo depois disso, vamos sentar em
círculo e conversar sobre o desenho que vocês fizeram. Essas entrevistas serão
vídeogravadas para facilitar o armazenamento das informações, porém essas imagens não
serão mostradas a ninguém, além da pesquisadora responsável e do orientador.

Para participar deste estudo, o(a) seu(a) responsável deverá permitir e assinar uma
autorização. Você participa do estudo se quiser, e a recusa em participar não acarretará
qualquer castigo ou mudança na forma em que é tratada na escola, e nem pela
pesquisadora. Você receberá informações em qualquer situação que desejar e estará livre
para participar ou não participar, podendo desistir a qualquer momento se não desejar
mais fazer parte da pesquisa. Você não terá nenhuma despesa, nem receberá qualquer
pagamento/dinheiro. O seu responsável também poderá retirar a aceitação ou interromper
95

a sua participação a qualquer momento. Não falaremos a outras pessoas que você está
participando dessa pesquisa, e nem daremos informações que você nos der a estranhos.

Este estudo oferece risco/perigo mínimo, isto é, o mesmo risco/perigo existente


em atividades rotineiras como conversar, tomar banho, ouvir histórias, ler, brincar etc.
Caso aconteça alguma coisa de ruim pode procurar a pesquisadora responsável, que vai
lhe dar toda a atenção e cuidados necessários. Caso surja algum incômodo durante
qualquer etapa do estudo, será dada por terminada a atividade em grupo e a pesquisadora
se compromete a acolher a sua necessidade e encaminhar para um serviço especializado,
caso necessário.

Você poderá ver os resultados da pesquisa quando finalizada. As informações


conhecidas e os materiais utilizados na pesquisa ficarão guardados com a pesquisadora
responsável por um período de cinco anos. Os resultados da sua participação só serão
publicados com a sua permissão e a de seu responsável. Este termo de assentimento
encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pela
pesquisadora responsável, e a outra será fornecida a você. Os aspectos anteriormente
mencionados respeitam a Resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que trata
dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos

Se você tiver alguma dúvida, você pode perguntar.

Eu ______________________________________________________aceito
participar da pesquisa “Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade
Escolar”, que tem como finalidade compreender a construção social do corpo de
meninas. Entendi que serei filmado(a), mas que minhas imagens não serão mostradas a
outras pessoas, que só os pesquisadores terão acesso a elas, além de mim e do meu
responsável. Entendi também, que os resultados da pesquisa podem ser publicados,
porém, qualquer informação que possa me identificar deverá ser eliminada. Entendi que
posso dizer “sim” e participar, e muitas coisas boas acontecerem, mas que, a qualquer
momento, posso dizer “não” e desistir que ninguém vai ficar furioso, se alguma coisa não
me agradar.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus


responsáveis. Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar
da pesquisa.

Juazeiro, ____ de ______________ de 2018.

__________________________________ ____________________________________

Assinatura da criança Assinatura da pesquisadora

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com Reitoria. Petrolina/PE.
Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Contato: (74)98819-3538 | E-mail: 12h e das 14h às 18h.
marcelo.ribeiro@univasf.edu.br Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Comitê de Ética e m Pesquisa: CEP UNIVASF Reitoria. Petrolina/PE.
Coordenadora: Luciana Duccini Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Vice-Coordenador: Rodolfo Araújo da Silva 12h e das 14h às 18h.
Telefone do Comitê: (87) 2101-6896 | E-mail:
cep@univasf.edu.br
96

Apêndice F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – entrevista individual

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Avenida José de Sá Maniçoba, s/n, Pavilhão de Laboratórios – 1º Andar Sala 2286
Campus Universitário – Centro – Petrolina/PE CEP 56.304-205. Telefone: (87) 2101 6793
Site: www.cpgpsi.univasf.edu.br – E-mail: cpgpsi@univasf.edu.br

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – Entrevista


Individual

Título da Pesquisa: Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade


Escolar.

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes


Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com

Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro


Contato: (74)98819-3538 | E-mail: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br

1. Natureza da pesquisa: A(o) Sra.(Sr.) está sendo convidada(o) a autorizar


a participação de sua filha nesta pesquisa, que tem como finalidade compreender as
representações sociais do corpo de meninas com idades de 7 e 11 anos.

2. Participantes da pesquisa: O público alvo desta segunda etapa do estudo


é formado pelas crianças que participaram do grupo focal anterior e que, voluntariamente
se disponibilizaram para participar de uma entrevista semiestruturada individual com a
pesquisadora responsável.

3. Envolvimento na pesquisa: Ao participar desta etapa, a sua filha


participará de uma entrevista semiestruturada individual. A filha da(o) Sra.(Sr.) tem
liberdade de se recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em
qualquer fase da pesquisa, sem que isto traga qualquer prejuízo para ela ou para a(o)
Sra.(Sr.). A(O) Sra.(Sr.) sempre que quiserem poderão pedir mais informações sobre a
pesquisa através do telefone da pesquisadora do projeto (87) 9 8128-6482 e, se necessário,
através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Vale do
São Francisco (CEPUNIVASF), pelo número (87) 2101-6896. O Comitê de Ética da
Univasf (CEP-UNIVASF) é um órgão colegiado interdisciplinar e independente, de
caráter consultivo, deliberativo e educativo, que tem a função de defender e proteger o
bem-estar dos indivíduos que participam de pesquisas científicas. A manifestação do
aceite em participar do estudo pela sua filha será efetivada pela assinatura por ela de um
termo de assentimento à parte.

4. Sobre a entrevista: A entrevista acontecerá em ambiente escolar, em sala


e horário previamente combinados. Esta sala deve garantir um ambiente confortável e o
sigilo da conversa. Algumas perguntas que serão feitas pela pesquisadora estão incluídas
97

no roteiro da entrevista, porém outras perguntas podem acontecer no momento da


conversa e a criança está livre para decidir não responder. A entrevista abrangerá
perguntas sobre como a criança percebe seu corpo, a fim de aprofundar alguns temas
específicos que, com o grupo focal não foi suficiente compreender. O tempo de duração
da entrevista poderá variar de acordo com a disponibilidade da criança. É previsto um
tempo de duração de 1 hora, mas a criança pode se sentir à vontade para ultrapassar esse
tempo ou até mesmo encurtá-las. A entrevista terá seu áudio gravado com o auxílio de
aparelho eletrônico, para garantir a transcrição com fidedignidade. Este áudio será
utilizado apenas para este estudo pesquisador, salvaguardando-se o sigilo de suas
informações.

5. Riscos e desconfortos: Os procedimentos adotados nessa pesquisa


obedecem aos critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução
nº. 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados
oferece riscos à sua dignidade. A pesquisadora foi treinada para evitar que a participação
de sua filha traga qualquer tipo de constrangimento. Ainda assim, durante a participação
na entrevista, é possível que ela vivencie desconforto emocional, vergonha, sofrimento e
outras emoções que podem ser geradas pelas questões trazidas. Em se verificando o
desconforto, a pesquisadora responsável se responsabiliza em suspender imediatamente
a entrevista e conduzirá a uma escuta clínica breve individualizada, pois tem formação e
capacitação em Psicologia (CRP 02/18367) para atender à esta situação. Conforme for o
caso, a criança poderá também ser encaminhada para um serviço especializado na rede
pública de saúde. Além disso, fica a participante livre para desistir de responder a
qualquer momento sem nenhuma obrigação de dar esclarecimentos a pesquisadora, sem
que isso acarrete em prejuízo.

6. Confidencialidade: Todas as informações coletadas neste estudo são


estritamente confidenciais. Somente a pesquisadora e seu orientador terão conhecimento
de sua identidade e nos comprometemos a mantê-la em sigilo ao publicar os resultados
da pesquisa. Os resultados serão apresentados em forma de dissertação e poderão ser
transformados em artigos científico e submetidos a periódicos especializados,
independentemente dos resultados encontrados. Para tanto, a identificação das
participantes/voluntárias não será revelada em nenhuma hipótese, respeitando assim a
privacidade dos mesmos conforme as normas éticas. As informações e todos os papéis
utilizados na pesquisa ficarão arquivados com a pesquisadora por um período de cinco
anos, e após esse tempo serão destruídos.

7. Benefícios: Ao participar desta pesquisa, nem sua filha nem a(o) Sra.(Sr.)
terão algum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações
importantes sobre a construção social do corpo de meninas, de forma que o conhecimento
que será construído a partir desta pesquisa possa colaborar com o desenvolvimento
saudável e pleno das crianças na sua relação com o corpo. A pesquisadora se compromete
a divulgar os resultados obtidos, respeitando-se o sigilo das informações coletadas,
conforme previsto no item anterior.

8. Pagamento: a participação nesta pesquisa será de caráter voluntário, não


havendo despesas para a participação, bem como nada será pago por sua participação.
Ainda assim, caso a(o) Sra(Sr) ou sua filha tenha qualquer despesa ou prejuízo por conta
da participação, terá o direito de ressarcimento ou indenização.
98

Ressalta-se que este projeto somente será iniciado após aprovação do Comitê de
Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da UNIVASF. Além disso, este Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi elaborado em duas vias de igual teor, que
serão assinadas e rubricadas em todas as páginas. Uma das vias ficará com o(a) sernhor(a)
e a outra com o(s) pesquisador(es).

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para


autorizar a participação de sua filha nesta pesquisa.

Obs: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, _____________________________________________________________,
após ter sido convenientemente esclarecido(a) sobre os objetivos desta investigação e
acerca dos procedimentos a serem adotados, de forma livre e esclarecida, manifesto o
meu consentimento quanto à participação da minha filha _________________________
_______________________na presente pesquisa.

Juazeiro, ______ de _________________ de 2018.

_________________________________________________________
Assinatura do responsável pela criança participante da pesquisa

_________________________________________________________
Nome da testemunha (quando aplicável na pesquisa)

_________________________________________________________ Polegar
Assinatura da testemunha (quando aplicável na pesquisa) Direito

_________________________________________________________
Assinatura do Pesquisador responsável

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes


Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com

Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro


Contato: (74)98819-3538 | E-mail: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br

Comitê de Ética em Pesquisa: CEP UNIVASF


Coordenadora: Luciana Duccini
Vice-Coordenador: Rodolfo Araújo da Silva
Telefone do Comitê: (87) 2101-6896 | E-mail: cep@univasf.edu.br
Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da Reitoria. Petrolina/PE.
Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às 12h e das 14h às 18h.
99

Apêndice G – Termo de Assentimento de Participação – entrevista individual.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF


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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
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Campus Universitário – Centro – Petrolina/PE CEP 56.304-205. Telefone: (87) 2101 6793
Site: www.cpgpsi.univasf.edu.br – E-mail: cpgpsi@univasf.edu.br

TERMO DE ASSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO – Entrevista Individual

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes


Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com
Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro
Contato: (74)98819-3538 | E-mail: marcelo.ribeiro@univasf.edu.br
Dados de Identificação da Participante da Pesquisa
Nome: _______________________________________________________________.
Data de Nascimento: ___/___/___

Você está sendo convidada como voluntária a participar da pesquisa


“Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade Escolar”. Este estudo tem
como objetivo compreender as representações sociais de corpo para meninas do
município de Juazeiro/BA.

Este estudo é um Projeto de Pesquisa construído por Maria Theodora Gazzi


Mendes para o curso de Mestrado Acadêmico em Psicologia da Universidade Federal do
Vale do São Francisco (UNIVASF), mediante a orientação do Profª. Drª. Marcelo Silva
de Souza Ribeiro.

Queremos com este estudo conhecer a maneira como as meninas de 7 e 11 anos


representam o corpo. Para isso, queremos dar espaço para que você, criança, expresse-se
e fale sobre como é o corpo de uma menina da sua idade.

As crianças que irão participar dessa pesquisa têm a mesma idade que você e estão
matriculadas na rede regular de ensino do município de Juazeiro/BA. A pesquisa será
feita na escola em que estuda. Você está convidada a participar de uma entrevista
semiestruturada individual que abrangerá perguntas sobre como você percebe seu corpo,
a fim de aprofundar alguns temas específicos que, com o grupo focal não foi suficiente
compreender. Algumas perguntas que serão feitas pela pesquisadora estão incluídas no
roteiro da entrevista, porém outras perguntas podem acontecer no momento da conversa
e você está livre para decidir não responder. O tempo de duração da entrevista poderá
variar de acordo com a sua disponibilidade. É previsto um tempo de duração de 1 hora,
mas você pode se sentir à vontade para ultrapassar esse tempo ou até mesmo encurtá-lo.
A entrevista terá seu áudio gravado com o auxílio de aparelho eletrônico, para garantir a
transcrição com fidedignidade. Este áudio será utilizado apenas para este estudo
pesquisador, salvaguardando-se o sigilo de suas informações.

Para participar deste estudo, o(a) seu(a) responsável deverá permitir e assinar uma
autorização. Você participa do estudo se quiser, e a recusa em participar não acarretará
100

qualquer castigo ou mudança na forma em que é tratada na escola, e nem pela


pesquisadora. Você receberá informações em qualquer situação que desejar e estará livre
para participar ou não participar, podendo desistir a qualquer momento se não desejar
mais fazer parte da pesquisa. Você não terá nenhuma despesa, nem receberá qualquer
pagamento/dinheiro. O seu responsável também poderá retirar a aceitação ou interromper
a sua participação a qualquer momento. Não falaremos a outras pessoas que você está
participando dessa pesquisa, e nem daremos informações que você nos der a estranhos.

Este estudo oferece risco/perigo mínimo, isto é, o mesmo risco/perigo existente


em atividades rotineiras como conversar, tomar banho, ouvir histórias, ler, brincar etc.
Caso aconteça alguma coisa de ruim pode sinalizar para a pesquisadora responsável, que
vai lhe dar toda a atenção e cuidados necessários. Caso surja algum incômodo durante
qualquer etapa do estudo, será dada por terminada a entrevista e a pesquisadora se
compromete a acolher a sua necessidade e encaminhar para um serviço especializado,
caso necessário.

Você poderá ver os resultados da pesquisa quando finalizada. As informações


conhecidas e os materiais utilizados na pesquisa ficarão guardados com a pesquisadora
responsável por um período de 5 anos. Os resultados da sua participação só serão
publicados com a sua permissão e a de seu responsável. Este termo de assentimento
encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pela
pesquisadora responsável, e a outra será fornecida a você. Os aspectos anteriormente
mencionados respeitam a Resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que trata
dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos

Se você tiver alguma dúvida, você pode perguntar.

Eu ______________________________________________________aceito participar da
pesquisa “Representações Sociais do Corpo para Meninas em Idade Escolar”, que tem como finalidade
compreender a construção social do corpo de meninas. Entendi que terei a conversa gravada, mas que o
áudio não será mostrado a outras pessoas, que só os pesquisadores terão acesso a ele, além de mim e do
meu responsável. Entendi também, que os resultados da pesquisa podem ser publicados, porém, qualquer
informação que possa me identificar deverá ser eliminada. Entendi que posso dizer “sim” e participar, e
muitas coisas boas acontecerem, mas que, a qualquer momento, posso dizer “não” e desistir que ninguém
vai ficar furioso, se alguma coisa não me agradar.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis. Recebi uma
cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da pesquisa.

Juazeiro, ____ de ______________ de 2018.

___________________________ ___________________________

Assinatura da criança Assinatura da pesquisadora

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar:

Pesquisadora Responsável: Maria Theodora Gazzi Mendes Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Contato: (87) 9.8128-6482 | E-mail: theodora.maria@gmail.com Reitoria. Petrolina/PE.
Orientador: Marcelo Silva de Souza Ribeiro Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Contato: (74)98819-3538 | E-mail: 12h e das 14h às 18h.
marcelo.ribeiro@univasf.edu.br Endereço: Rua José de Sá Maniçoba, S/N, Prédio da
Comitê de Ética e m Pesquisa: CEP UNIVASF Reitoria. Petrolina/PE.
Coordenadora: Luciana Duccini Horário de Atendimento: Segunda à sexta-feira das 8h às
Vice-Coordenador: Rodolfo Araújo da Silva 12h e das 14h às 18h.
Telefone do Comitê: (87) 2101-6896 | E-mail:
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101

Apêndice H – Lista de Substituições Corpus Textual/IRaMuTeQ

Palavras em Substituído Substituído


diminutivo ou por Palavras similares por
aumentativo
Amarradinho Amarrado Brigona Briguenta
Baixinha Baixa Face Facebook
Batonzinho Batom Galega Loira
Branquinha Branca Insta Instagram
Bebezinho(a) Bebê Ligar Importar
Bonitinha Bonita Mainha/mamãe Mãe
Chatinha Chata Mangando, zoando, Caçoando
sarro
Clarinho Claro Painho/papai Pai
Coleguinhas Colegas Prancho, pranchar, Alisar
prancha
Criancinha Criança Tia (escola) Professora
Doidinha Doida Viado Gay
Filminho Filme Zap zap Whatsapp
Fofinha Fofa

Gordinha Gorda
Joguinhos Jogos Abreviações Substituído por
Lisinho Liso Botar/Botou Colocar/colocou
Magrinha Magra Pra Para
Mesinha Mesa Tava Estava
Menininha Menina Tô Estou
Moreninha Morena
Montão Monte
Pequenininha Pequena
Pelinho Pelo
Rosinha Rosa
Televisãozinha Televisão
Vestidinho/vestidão Vestido
102

Anexo A – Fotos das celebridades mais mencionadas

Figura 7. Cantora MC Melody.


Fonte: https://f5.folha.uol.com.br/musica/2019/01/familia-de-mc-melody-muda-foco-de-carreira-da-
cantora-apos-denuncias-no-ministerio-publico.shtml acessado em 10 de fevereiro de 2020.

Figura 8. Atriz Larissa Manoela.


Fonte: https://jr.jor.br/2019/10/19/larissa-manoela-estreia-turne-de-novo-album/ acessado em 10 de
fevereiro de 2020.
103

Figura 9. Cantora MC Mirella.

Fonte: https://diarioprime.com.br/tv-online/tvfamosos/em-1-minuto/mc-mirella-faz-comentario-
inusitado-sobre-uma-banana-veja-o-video/ acessado em 10 de fevereiro de 2020.

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