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Série Reflexões #1

Cultura não é só arte. É gestão.


Artigo didático publicado no jornal Mais Notícias (Ribeirão Pires).

Se perguntarmos na rua para um cidadão mediano o que é Cultura, certamente ele


responderá que é Música, Dança ou Teatro. Esse raciocínio não está totalmente
errado, pois Cultura também se expressa, em sua dimensão simbólica, como Arte.
No entanto, entender a Cultura segundo o prisma exclusivo das Belas Artes é um
equívoco, especialmente quando se trata de gestão pública, ou seja, a forma como
o poder público municipal gerencia este setor. Mais do que linguagens artísticas,
Cultura é um conceito ainda em desenvolvimento, pois desde o século XVIII, quando
a Filosofia passou a se dedicar de forma mais profunda ao assunto, e desde o
surgimento da Antropologia em finais do século XIX, ainda se discute muito sobre o
que de fato ela significa. Uma coisa pelo menos é consensual: o ser humano difere
da Natureza porque tem a capacidade do pensamento, da linguagem, da ação
voluntária livre e do trabalho. Assim como o leão africano, o ser humano se alimenta
por uma necessidade orgânica e fisiológica; porém, diferente daquele animal,
consegue racionalizar diferentes formas de suprir essa necessidade. Essa variação
é cultural e eminentemente humana. Percebe-se, com o exemplo dado, que Cultura
é algo muito maior do que Arte. Deve ser entendida em pelo menos quatro
dimensões: antropológica, filosófica, simbólica e sociológica. Para o gestor público,
é importante esse discernimento, pois dele desejamos que se tenha uma visão
administrativa assentada na diversidade e riqueza das contribuições culturais. Isso
ocorre?

Infelizmente, e por via de regra, o gestor público administra o setor cultural sob dois
aspectos: 1) criando oficinas de arte que reduzem Cultura à noção estética e
contemplativa; 2) promovendo eventos de lazer, caracterizados mais pelo
entretenimento passageiro do que pela formação pedagógico-cultural. É menos
uma regra de governo e mais um costume. É uma “cultura”, cultura essa incrustada
na estrutura administrativa dos órgãos públicos e difícil de arrancar. Assim, para o
gestores culturais que atuam nas mais diversas frentes, lidando com toda sorte de
dificuldades orçamentárias, logísticas e políticas, a força de vontade (entenda-se
aqui paixão pela coisa) e o entendimento ontológico da palavra Cultura são
fundamentais para sua rotina de trabalho, planejamento, elaboração e aplicação de
políticas culturais eficazes, que tragam frutos para a Municipalidade, não apenas
para um governo que por força da lógica é transitório.

Como viram, o assunto é extenso e não pode ser esgotado em um artigo. Quem
sabe em um próximo encontro aqui neste jornal possamos debater um pouco mais.

Marcílio Duarte é gestor cultural especializado em Gestão de Projetos Culturais


(ECA/USP).

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