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Locke, no primeiro capítulo do Primeiro Tratado nega a tese defendida por Sir
Robert Filmer em que ele afirma que a legitimidade do absolutismo estaria
ligada ao direito divino dos reis com base no princípio da autoridade divina de
Adão, ou seja, Adão seria o primeiro pai e o primeiro rei da humanidade,
deixaria esse legado e sua descendência, e os monarcas seriam então
descendentes dessa linhagem e herdeiros legítimos da autoridade paterna de
Adão. Adão não tinha em qualquer hipótese ou por direito, ou por doação
divina, a autoridade sobre seus filhos e sobre o mundo, e se o teve, isso é
impossível de se estender e determinar até a atualidade. Locke, discordando
dessa ideia de Filmer, propõe a origem contratual dos governos. Filmer alega o
tempo todo que os homens não são naturalmente livres, e que desde o seu
nascimento estão submissos ao poder absoluto de seus pais até o fim da vida,
chamando isso de “autoridade paterna”, e Locke fala que existe uma falta de
argumentação para essa explicação. Filmer então continua alegando que,
existe um paradoxo em acreditar que a humanidade é naturalmente livre e ao
mesmo tempo aceitar a criação de Adão, pois sua criação estaria diretamente
ligada ao designo que Deus concedeu a ele, que seria a soberania sobre todos
os homens cessando a liberdade natural. Locke não via qualquer
impossibilidade em conceber a existência de Adão simultaneamente a
liberdade natural, a criação sem o designo não significa nada e mesmo que
significasse, só poderia representar um poder potencial. Locke justifica a ideia
de Adão ter poder sobre a terra afirmando que, esse direito existe sim, porém é
dada a todos homens que habitam na terra e não somente a Adão, e se
restringe apenas aos seres inferiores. Filmer alega que a paternidade é
suficiente para se ter poder total e absoluto sobre o filho gerado, Locke então
refuta dizendo que, existe o poder pela geração, porém é dada tanto ao pai
quanto a mãe e apenas numa determinada fase da vida, trazendo como
argumento o quarto mandamento da Bíblia que diz “Honrar pai e mãe”. Filmer
alega que a transferência de propriedade deve ser feita apenas ao primogênito,
Locke fala que na falta de cláusula expressa de transmissão nada deveria
passar de Adão para seus filhos, mas sim para Deus. Locke comenta os
dizeres de Filmer que, dentre todos os homens existem aqueles que devem ser
súditos e os que por serem os herdeiros legítimos devem ser reis. No entanto,
se reúnem todos os reis da Terra o mesmo principio deveria ser aplicável.
Todos reivindicariam tal direito, então ou a regra não é válida ou só existe um
rei verdadeiro. Quem seria ele? E é exatamente sobre isso que se trata o
ultimo capitulo, quem seria o herdeiro? O grande problema é quem é e quem
deve exerce-lo, e Filmer não faz isso, não esclarece quem é o herdeiro de
Adão, e muito menos esclarece o que se faz em casos de exceção como
quando da falta de herdeiro direito como por exemplo.
Locke, no Segundo Tratado do Governo Civil, fala que entendia por poder
político o direito de fazer leis, aplicando a pena de morte ou qualquer outra
pena menos severa dependendo do crime, afim de regular e preservar a
propriedade, e a comunidade aplicando suas forças para execução dessas leis
em prol do bem público. Locke fala que para entendermos esse poder político
devemos, primeiramente, entender os homens em seu estado de natureza, ou
seja, em um estado em que eles sejam absolutamente livres para fazerem suas
escolhas, sem nenhum tipo de subordinação estatal, um estado de igualdade.
Ele cita Richard Hooker, um defensor da igualdade natural dos homens, que
fala “Oferecer-lhe (ao próximo) algo que lhe repugne ao desejo deve
necessariamente afligi-lo em todos os sentidos tanto quanto a mim; de sorte
que, se pratico o mal, devo esperar por sofrimento...” 1. Locke fala que ainda
que fossem um estado de liberdade, não era um estado de permissividade, e o
estado da natureza seria regido por um direito natural que se impõe a todos, e
1
John Locke, em 1978, p. 35.
com esse direito a sociedade deve aprender que ninguém tem o direito de ferir
o outro ou lesar em sua liberdade e seus bens, e que a vitima tem direito de
buscar reparação a qualquer dano sofrido. Ele critica fortemente o absolutismo,
e apoia a ideia de que o homem deve ser subordinado a si mesmo e somente
com seu próprio consentimento podem tornar-se membros de uma sociedade
política. Locke reconhece que devemos declarar guerra aquele que nos
declaram, ou seja, a tentativa de dominação e escravidão é algo que provoca o
desejo ao estado de guerra pois no estado de natureza somos todos livres.
Para ele, a liberdade natural é viver sem nenhum superior na Terra, e ele
abominava qualquer tipo de escravidão, somente quando a pessoa perde o
direito total a vida.
CONCLUSÃO