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Relação música e cérebro: implicações interdisciplinares entre

Neurociências e Educação Musical1

Thenille Braun Janzen2


Universidade Federal de Uberlândia

Resumo: Este relato de experiência apresenta o projeto de pesquisa desenvolvida como


trabalho de conclusão de curso na Universidade Federal de Uberlândia. A pesquisa, com
término em julho de 2007, propõe um estudo bibliográfico na temática “Neurociências e
Música”, cujo intuito é compreender o mapeamento dos processamentos cerebrais da
música e apontar as implicações das pesquisas neurocientíficas para a Educação
Musical. Espera-se com este trabalho, apresentar o campo das Neurociências aos
educadores e profissionais da área da música, divulgar as pesquisas empreendidas por
este campo de conhecimento e destacar da literatura a conexão entre as Neurociências e
a Educação Musical.
Palavras-chave: Neurociências; música; cérebro; implicações; Educação Musical.

Nos últimos anos, diversos estudos vêm sendo realizados no intuito de


conhecer e mapear as regiões cerebrais responsáveis pelo processamento do ritmo,
alturas, intervalos melódicos, emoção, cognição musical, motricidade, memória,
harmonia, emoção, performance, dentre outros. A ciência que tem se empenhado em
conhecer mais profundamente como o cérebro percebe, interpreta, apreende, identifica e
comanda a música denomina-se Neurociências.
Neurociências é um campo de conhecimento científico da área das Ciências
Biomédicas que têm buscado compreender o Sistema Nervoso nos seus distintos níveis.
O intuito dos estudos neurocientíficos, de modo geral, é entender o funcionamento do
Sistema Nervoso, identificar suas estruturas macroscópicas e microscópicas, bem como,
reconhecer e estudar as áreas específicas do cérebro responsáveis pelo controle e
mediação de funções relacionadas à cognição, aprendizagem, memória, intelecto,
personalidade, comportamento, e demais processamentos cerebrais, dentre os quais,
incluem-se os musicais.
Partindo de pesquisas interdisciplinares e utilizando-se de metodologias de
investigação baseadas nas modernas técnicas de imageamento cerebral, um dos

1
Trabalho apresentado no XVI Encontro Anual da ABEM e Congresso Regional da ISME na América
Latina – 2007.
2
Aluna do curso de graduação em Música da Universidade Federal de Uberlândia.
thenillebraun@yahoo.com.br
objetivos dos estudos neurocientíficos empreendidos com a música é conhecer como o
cérebro processa as informações musicais e desvendar os processos anátomo-
fisiológicos envolvidos na percepção, aprendizagem e cognição musical.
Os resultados destes estudos começam a refletir-se sobre a Educação Musical
na medida em que podem implicar diretamente sobre a prática pedagógico-musical
(HODGES, 1996-1997) (ILARI, 2003) (GARDNER, 1994) (FLOHR; HODGES, 2002).
Dessa forma, nos últimos anos, importantes discussões e estudos no campo da Educação
Musical estão sendo realizados como forma de integrar os resultados obtidos com a
realidade prática da música.
A partir do reconhecimento da importância das pesquisas desenvolvidas pelas
Neurociências para a prática pedagógico-musical e, da necessidade de divulgar estes
estudos aos profissionais da área da música, tem desenvolvido um trabalho de conclusão
de curso que pretende destacar as implicações dos estudos neurocientíficos para a
Educação Musical, sob orientação da professora Dra. Margarete Arroyo.
Este relato de experiências tem por objetivo apresentar o projeto de pesquisa e
parte da literatura que subsidia este trabalho. Finalmente, serão tecidas algumas
considerações.

O projeto de pesquisa

Este trabalho propõe um estudo na temática “Neurociências e Música” a partir


do problema “quais são as implicações das pesquisas desenvolvidas pelas
Neurociências, cujos objetos de estudos sejam a música, para a Educação Musical?”.
Os objetivos centrais para isso são compreender o mapeamento dos
processamentos cerebrais da música e apontar as implicações das pesquisas
neurocientíficas para a Educação Musical.
Como objetivos específicos desta pesquisa estão: apresentar as Neurociências
como campo de conhecimento; fazer um mapeamento dos principais Institutos de
pesquisa e Universidades envolvidas nas pesquisas nacionais e internacionais;
compreender o papel da neuromusicologia para as pesquisas neurocientíficas que
focalizam o processamento cerebral da música; e levantar as pesquisas no campo das
Neurociências que focalizam a música.
A metodologia utilizada é a pesquisa bibliografia, com abordagem qualitativa,
seguindo as etapas fundamentais de levantamento bibliográfico, estudo bibliográfico,
análise dos dados e discussão final. (GIL, 1994)
Portanto, a presente pesquisa parte do pressuposto de que os resultados obtidos
pelos estudos neurocientíficos com música têm apresentado importantes informações
para a prática musical, no entanto, estas investigações ainda não estão ao alcance de
grande parte dos profissionais envolvidos com a educação musical.
Autores como Donald Hodges (1996-1997) e Howard Gardner (1994) afirmam
que as pesquisas neuromusicais podem indicar estratégias pedagógicas e confirmar
práticas já estabelecidas para a aprendizagem e o ensino musicais.

(...) as pesquisas neuromusicais podem, a seu tempo, prover suporte


para várias noções curriculares (...) [fornecendo] estratégias
pedagógicas específicas solidamente fundamentadas pelas pesquisas
na neurociência cognitiva da música. (HODGES, 1996-1997, p. 46,
nossa tradução)

A partir de constatações como esta, o presente trabalho pretende destacar da


literatura as possíveis implicações dos estudos neurocientíficos para a Educação
Musical, servindo também como forma de divulgar as pesquisas empreendidas pelas
Neurociências com a música, de forma que, novas discussões sejam atreladas com a
finalidade de conectar os estudos científicos com a prática pedagógico-musical.

Revisão bibliográfica

A partir da problemática central desta pesquisa, a literatura consultada foi


organizada em quatro grandes eixos temáticos. O primeiro eixo refere-se à conceituação
e contextualização do campo das Neurociências (que abrangeu a literatura que trata de
neuroanatomia e fisiologia do cérebro, lateralidade, sistema auditivo). Um segundo eixo
temático destaca as pesquisas neurocientíficas com ou através da música, e o terceiro
assunto consultado faz referência aos estudos neurocientíficos e a educação de modo
geral. Enquanto isso, o quarto tema tratado é específico às Neurociências e Educação
Musical.
No levantamento bibliográfico realizado para elaboração do projeto de
pesquisa, foram consultados livros, anais e periódicos eletrônicos nacionais e
internacionais. Dentre a vasta literatura a respeito dos quatro eixos temáticos que
subsidiam este estudo, serão apresentados apenas alguns textos e artigos que tratam
especificamente das pesquisas neurocientíficas com música e que tratam da relação
Neurociências e Educação Musical.
Peretz e Zatorre (2005) fazem uma revisão de recentes pesquisas desenvolvidas
no intuito de entender o processamento cerebral da percepção musical, dentre os quais
se encontram estudos com a relação de notas e tempo, relação entre notas, relação do
tempo, memória, emoção, performance musical e treinamento. Neste artigo encontram-
se referências a aproximadamente 200 pesquisas desenvolvidas nos últimos anos. Este
número expressivo de investigações revela o grande interesse científico que a música
vem despertando, fato que não pode ser desconsiderado na atuação dos profissionais,
educadores e pesquisadores em música.
Emmanuel Bigand (2006) destaca algumas considerações sobre a anatomia do
cérebro partindo de pesquisas neurobiológicas que estudam o cérebro de músicos e não-
músicos. Com a ajuda de técnicas de imageamento cerebral, os pesquisadores puderam
observar como a anatomia e a funcionalidade do cérebro se modificam em pessoas que
possuem uma longa formação musical. Diversas outras pesquisas têm partido deste
princípio de estudo, o que tem permitido fazer um mapeamento dos processamentos dos
elementos musicais, como também, entender a plasticidade cerebral.
Rafael Garcia (2002) traz algumas pesquisas ligadas ao córtex auditivo. Dentre
os temas freqüentes de investigação estão: o caminho da freqüência até se tornar
música; a relação (ou não) da música com a linguagem; os hemisférios cerebrais
envolvidos no processamento da música; ouvido relativo e ouvido absoluto; e
plasticidade cerebral.
Márcia Kazue Kodama Higuchi (2005) foi outra autora consultada cujo
trabalho discute o processo de memorização. Baseando-se nas pesquisas em campos
como psicologia e neurociências, Higuchi procura meios mais produtivos para
desenvolver a memorização no aprendizado pianístico.
O artigo de Suzana Herculano-Houzel (2004) destaca pesquisas desenvolvidas
pelas neurociências que buscaram identificar as várias regiões do cérebro ativadas no
processamento de alturas, o comportamento do cérebro em relação a notas estranhas à
harmonia, bem como na identificação de timbres instrumentais.
Roberto Lent (2006) discute a neuroplasticidade em um estudo comparativo
com músicos precoces, músicos tardios e não-músicos. Sandrine Vieillard (2005)
investiga os parâmetros musicais de modo e andamento e verifica quais as propriedades
perceptivas necessárias para a avaliação emocional e o reconhecimento de melodias de
naturezas diferentes.
José Zula de Oliveira (2005) pesquisou a assimetria funcional dos hemisférios
cerebrais na percepção do timbre, intensidade ou altura, em contexto musical e buscou
compreender a superioridade hemisférica na percepção de freqüências de notas musicais
(altura).
Estas publicações apresentam focos de pesquisa neurocientíficas muito
estudadas ultimamente e que podem contribuir significativamente para a educação
musical.
Levitin (2005) afirma o seguinte:

eu acredito que o estudo da música tem uma importância central para


a ciência cognitiva porque a música está entre as atividades humanas
mais complexas, envolvendo percepção, memória, tempo,
agrupamento de objetos, atenção e (no caso da performance) perícia e
uma coordenação complexa da atividade motora. Consequentemente,
o estudo científico da música é potencialmente apto a responder
algumas questões fundamentais sobre a natureza do pensamento
humano e as relações entre experiência, mente, cérebro e genes.
(LEVITIN, 2005, p. 44)

John W. Flohr e Donald A. Hodges (2002) afirmam que este foco sobre a
música pelas Neurociências poderá auxiliar a Educação Musical na medida em que
permitirá conhecer sobre o processamento da música no cérebro. Hodges (1996-1997)
afirma também que as teorias cognitivas desenvolvidas através de pesquisas
neurocientíficas poderão ser úteis à educação musical, na medida em que, darão suporte
ao trabalho educacional apresentando caminhos ou confirmando as práticas atuais.
Pesquisadores brasileiros também têm se engajado na busca pela compreensão
do processamento cerebral da música. Dentre eles pode-se citar Beatriz Ilari (2003), que
discute resultados de pesquisas recentes sobre o desenvolvimento do cérebro e as
implicações destas na área da educação musical.
A partir da criação da Associação Brasileira de Cognição & Artes Musicais,
em 2004, tem sido feito um grande esforço em divulgar as pesquisas empreendidas
pelas Neurociências, tanto no Brasil como no mundo, como forma de discutir a relação
entre os resultados já obtidos e a prática pedagógico-musical, de modo a compreender a
aplicabilidade das pesquisas neurocientíficas para a educação musical.

Considerações finais

É fato que a relação da música com o cérebro tem interessado as


Neurociências, haja visto a grande quantidade e qualidade dos estudos desenvolvidos
em apenas alguns anos (PERETZ; ZATORRE, 2004) (FLOHR; HODGES, 2002). Estes
estudos têm se ocupado em entender as regiões envolvidas no processamento das
informações musicais provenientes do ritmo, harmonia, melodia, timbre, emoção,
performance, memória, cognição, aprendizagem, etc.
Um dos meios para o desenvolvimento destes estudos é através de imagem
cerebral. Isso quer dizer que existem modernas técnicas computadorizadas que
permitem o estudo do cérebro em atividade. Assim, em uma pesquisa, os neurocientistas
solicitam a pessoa que execute alguma determinada tarefa. Através desta atividade
obtém-se imagens das regiões do cérebro ativadas por aquele estímulo, como por
exemplo:
Fonte: GAAB; GASER; SCHLAUG, 2005.3

Com estas imagens do cérebro in vivo os pesquisadores têm mapeado as


regiões do cérebro ativadas durante a escuta musical, execução de algum instrumento,
performance ou através do treinamento musical.
A partir dos resultados obtidos os educadores musicais e músicos têm se
deparado com uma difícil tarefa: compreender a linguagem utilizada pelos
neurocientistas; conhecer o Sistema Nervoso, suas estruturas e funcionamento; e fazer a
ligação entre os resultados das pesquisas e a prática pedagógico-musical.
Segundo Flohr e Hodges (2002) a conexão entre as Neurociências e a
Educação Musical ainda está no início. No entanto, tendo em mente as significativas
descobertas dos estudos e a relevância das investigações neurocientíficas para a prática

3
A pesquisa trata sobre a plasticidade cerebral após o treinamento musical. Dessa forma, no quadro a são
mostrados neuroimagens do cérebro após cinco dias de treinamento de percepção de alturas (relação
memória e controle motor). Quadro b mostra a diferença da ativação cerebral antes de depois do treino, e
quadro c mostra o contraste entre o período pré e pós treino por outro ângulo.
pedagógica, alguns autores têm buscado apontar algumas implicações para a Educação
Musical.
O presente trabalho de conclusão de curso tem sido organizado de forma a
fornecer dados e bibliografias para futuras discussões. Sendo assim, o primeiro capítulo
da redação final conterá informações a respeito do campo das Neurociências abordando
a conceituação, constituição do campo científico, linhas de pesquisa, metodologias para
investigação (dando ênfase às técnicas modernas de imageamento cerebral), como
também, apresentando o estado deste campo no Brasil e no mundo. Como forma de
dimensionar a atuação das Neurociências serão apresentadas tabelas dos principais
Institutos e Centros de pesquisas nacionais e internacionais.
O segundo capítulo do trabalho apresentará o Sistema Nervoso de forma que o
leitor possua conhecimentos básicos a respeito da anatomia do sistema nervoso central e
periférico, conheça as principais estruturas e suas funções, abordando também, tópicos
específicos em especialização hemisférica e lateralidade, e sistema auditivo.
O terceiro capítulo tem a função de apresentar as principais pesquisas
desenvolvidas nos últimos anos nas Neurociências. Dessa forma, serão apresentados
estudos desenvolvidos em ritmo, altura, melodia, harmonia, emoção, plasticidade
neurológica, emoção, e outros, como forma de informar aos educadores musicais e
profissionais ligados a música das pesquisas desenvolvidas e os resultados já obtidos.
O quarto capítulo apontará as implicações dos estudos neurocientíficos para a
Educação Musical através da literatura consultada.
Dessa forma, espera-se apresentar um material que possa ser consultado e
suscite novas pesquisas e discussões.

Por meio dos esforços interdisciplinares de colegas em todos os níveis


de investigação, desde a função celular até a psicologia cognitiva, os
anos vindouros prometem nos fazer chegar mais perto do que nunca,
não apenas de esclarecer a natureza da mente musical, mas também,
talvez, de entendermos qual é a força que nos leva a fazê-lo.
(LEVITIN, 2005, p. 44)

Referências

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