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Comentários – Exercícios da aula 2

Se você prestou bem atenção, os três exercícios tratavam de colocá-lo frente


ao desafio da seleção: é impossível contar tudo, de qualquer história ou
qualquer biografia. Todo narrador escolhe fatos, dá ênfases, interpreta: por
isso a narrativa assume o matiz por ele eleito.
Na ciência histórica, por exemplo, isto é facilmente percebido: uma mesma
circunstância ou período pode ser contado por vários historiadores de
maneiras diferentes. Um deles, quem sabe, dê mais atenção à luta de classes
envolvidas; outro, para os aspectos culturais pertinentes; outro ainda, para o
que se fazia nos corredores e bastidores do palácio, etc. Enfim, o que fica é:
todo aquele que conta uma história tem de assumir um princípio de seleção,
que irá exercer sua força sobre o encadeamento dos fatos e experiências
julgados pertinentes ou indispensáveis para aquela história, compreendida
naqueles termos.
Numa autobiografia não é diferente: o narrador, que “se confunde” com o
personagem principal (eu narro – eu sou narrado) necessariamente articula
uma seleção de fatos que compõem, com o passar do tempo, a autoimagem
sem a qual não conseguimos agir no mundo. É o acúmulo de fatos escolhidos e
narrados pelo eu-narrador que gera a autoimagem (que é o que sabemos e
acreditamos sobre nós mesmos no momento presente). O problema dessa
autoimagem, fruto da seleção prévia, é sua possível rigidez: é comum as
pessoas “comporem” suas identidades na adolescência ou início da juventude
e não conseguirem revisá-las depois. A autoimagem se torna uma espécie de
ídolo que dificulta a apreensão de novos conteúdos biográficos e consequente
expansão vital. É só por isso que alguns passam muitos anos “sentindo-se o
mesmo”.
A grande questão aqui é: o que é realmente importante contar? O que não
pode ficar de fora, em hipótese alguma? Do contrário, não seria eu.
Por isso a “provocação” com o exercício do primeiro parágrafo da
autobiografia. Era para demonstrar o quanto esta seleção se faz necessária e o
quanto ela precisa ser consciente para gerar um primeiro parágrafo atraente
(Foster). Pense que um escritor, quando cria um primeiro parágrafo de
romance ou conto, já tem em mente o “argumento” da obra, onde a história
terminará, etc. Ele já sabe, de antemão, o que deve estar dito desde o início
para colocar o leitor em intimidade com a vida que ele quer comunicar da
primeira à última palavra de seu texto.
Assim, o princípio de seleção verdadeiro, autêntico e que consegue atender ao
que “importa para mim” não é conquistado sem uma visão do todo: sem a
mínima posse de argumento, arco biográfico, “fio da meada” que permeia e se
revela em todos os fatos da biografia.
Vejam só o ponto em que chegamos: para saber o que contar – que fatos
merecem entrar na narrativa, o que de fato é importante desde o primeiro
parágrafo da minha autobiografia (e que fala diretamente do meu eu substancial)
– é preciso ter uma noção do argumento (que é o “fio da meada” de uma vida,
um destino). Porém, para captar o argumento, é preciso ter fatos bem
narrados (eu narrativo), encadeados, para então neles enxergar as “repetições”,
“semelhanças”, “tendências”, “chamados”, que permitirão a visão de um
destino.
É este o paradoxo com o qual estamos lidando: o sentido aparece no acúmulo
narrativo, que é mais perfeito (autêntico, pessoal), quanto mais preenchido de
narrativas. Conte para entender, entenda para contar.
E assim aula 1 e aula 2 se conectam: como seres históricos, temos que narrar.
Começamos por onde? Por onde quisermos, intuirmos, etc. Importa contar. E
de tempos em tempos rever, identificar a seleção, compreender. No esforço
sincero do eu narrativo, tocar a intimidade do eu substancial.

***

Exercícios sobre a aula 3


1) Qual é o tema do conto “O nadador”? Qual foi o importe vital dele
para a sua vida?
2) Da hagiografia de São Longino – e levando em conta o que vimos até
aqui, no curso – o que chama a atenção?

Abraço e até terça-feira.

Prof. Tiago

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