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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.610.614 - SP (2016/0170669-8)

RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : JOAO EDUARDO TOLOMEI
ADVOGADO : ADELMO MARTINS SILVA E OUTRO(S) - SP126066

DECISÃO

Trata-se de Recurso Especial, interposto pela FAZENDA NACIONAL, em


23/08/2010, com fundamento no art. 105, III, a, da CF/88, contra acórdão do Tribunal Regional
Federal da 3ª Região, assim ementado:

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO CAUTELAR. CARÁTER


SATISFATIVO. AÇÃO PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE PROPOSITURA. ARTS.
806 E 808 DO CPC. PERDA DE OBJETO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM
JULGAMENTO DE MÉRITO. ART. 267, VI, CPC. APELAÇÃO
PREJUDICADA" (fl. 282e).

O acórdão em questão foi objeto de Embargos de Declaração, rejeitados nos


seguintes termos:

"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REQUISITOS.


ART. 535, CPC. INOBSERVÂNCIA. PRECEDENTES. EMBARGOS
REJEITADOS.
1. Inexistindo no Acórdão embargado obscuridade, dúvida, contradição
ou omissão, ausentes os pressupostos de admissibilidade recursal.
2. Ferindo os Embargos questão meritória, revestindo-se, mais, de nítido
caráter infringente, não se subsumem aos requisitos alinhados na lei
processual. Precedentes (STF: AI-AgR-ED 600755/G0, Rel.Min.
Sepúlveda Pertence DJU 26.6.07; AI-AgR- ED 600657/PB, Rel.Min. Celso
de Mello, DJU 3.8.07; STJ: AgRg no REsp 984761, Rel.Min. JOSÉ
DELGADO).
3. A interposição dos declaratórios para fins de prequestionamento deve
observar os requisitos alinhados no art. 535 do Estatuto Processual Civil
(STJ: RESP n° 11.465-0, Rel.Min. Demócrito Reinaldo; EDcl nos EREsp
269353, Rel.Min. CASTRO FILHO; AgRg no REsp 984761, Rel.Min. JOSÉ
DELGADO).
4. Embargos rejeitados" (fl. 300e).

A recorrente alega ofensa aos arts. 267, VI, 535, II, 801, parágrafo único, 906 e
844, II, do CPC, sob os argumentos de que: a) "a União interpôs os competentes embargos
de declaração apontando a omissão. Contudo, deixou o v. acórdão de apreciar o fato de que

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se trata de cautelar de cunho satisfativo, conforme assente na doutrina e jurisprudência" (fl.
306e); b) "na hipótese dos autos, a União informou, claramente, na inicial, que objetivava ter
acesso à movimentação do investigado a partir do ano-base 1998, porque se avizinhava o
prazo decadencial para constituição do crédito tributário. Não restam dúvidas, portanto, que o
periculum in mora decorreu da necessidade de análise de extensa documentação, que não
havia sido apresentada pelo contribuinte espontaneamente à RFB, dentro do prazo de
decadência para realização do lançamento tributário. Exigir que a União propusesse a lide
principal (e.g., execução fiscal) dentro do prazo de 30 dias a contar da efetivação da medida
liminar é até mesmo, data venia, um contrassenso, pois a partir da apresentação dos
documentos foi necessário um longo trabalho de conferência, para promover-se a
constituição do crédito, o que não se encerra em 30 dias" (fl. 309e); c) "no que tange à
medida cautelar de exibição de documentos, a jurisprudência é assente quanto a seu caráter
satisfativo. E uma vez comprovado o periculum in mora e o fumus boni iuris, de rigor o
julgamento de sua procedência" (fl. 309e).
Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 314e).
Em relação ao art. 535 do CPC/73, deve-se ressaltar que o acórdão recorrido
não incorreu em qualquer vício, uma vez que o voto condutor do julgado apreciou,
fundamentadamente, todas as questões necessárias à solução da controvérsia, dando-lhes,
contudo, solução jurídica diversa da pretendida pela parte recorrente.
Vale ressaltar, ainda, que não se pode confundir decisão contrária ao interesse
da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. Nesse
sentido: STJ, AgRg no AREsp 408.492/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, DJe de 24/10/2013; STJ, AgRg no AREsp 406.332/MS, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 14/11/2013; STJ, AgRg no REsp
1.360.762/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 25/09/2013.
No mérito, com razão a recorrente.
O Tribunal de origem, para decidir a controvérsia dos autos, deixou consignado,
no que interessa:

"Cediço que o processo cautelar tem nítido caráter instrumental, visando


assegurar a eficácia da ação principal, à luz do disposto no art. 796 do
Código de Processo Civil, 'verbis':
'Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no
curso do processo principal e deste é sempre dependente.'
Dispõe, mais, o art. 806 do Estatuto Processual:
'Art. 806. Cabe à parte propor a ação no prazo de trinta (30) dias,
contados da data da efetivação da medida cautelar, quando esta
for concedida em procedimento preparatório.'
Discorrendo sobre a instrumentalidade da ação cautelar, leciona, com
acuidade, Humberto Theodoro Júnior, in 'Curso de Direito Processual
Civil', p. 330/331:

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'Assim, o principal tem por escopo a definitiva composição da lide,
enquanto o cautelar apenas visa afastar situações de perigo para
garantir o bom resultado daquela mesma composição da lide. Na
verdade, o processo principal busca tutelar o direito, no mais amplo
sentido, cabendo ao processo cautelar a missão de tutelar o
processo, de modo a garantir que o seu resultado seja eficaz, útil e
operante. Não se pode, evidentemente, entender o processo
cautelar senão ligado a um outro processo, posto que as medidas
preventivas não são satisfativas, mas apenas preservativas de
situações necessárias para que o processo principal alcance
resultado realmente útil. É instrumental a função cautelar, porque
não se liga à declaração de direito, nem promove a eventual
realização dele; e só atende, provisória e emergencialmente, a uma
necessidade de segurança, perante uma situação que se impõe
como relevante para a futura atuação jurisdicional definitiva. (...)'
Ainda acerca da dependência da ação cautelar em relação à ação
principal, a lição de Galeno Lacerda, in 'Comentários ao Código de
Processo Civil', p. 35:
'(...) É que, entre a ação cautelar e a principal existe um vínculo
lógico de continência, pois a situação de conflito (lide parcial), que
impõe a necessidade de segurança, emana do conflito maior (lide
total) que separa as partes. (...)'
A inércia do autor 'faz presumir a desnecessidade da cautelar', como
observa Ovídio Baptista (Do Processo Cautelar - Forense - 2a ed. - p.
190).
Transcrevo, mais, por oportuno, trecho da obra já citada de Humberto
Theodoro Júnior:
'Não cabe, porém, prosseguir na ação cautelar, como se a
cessação fosse apenas na medida cautelar. O processo cautelar,
por inteiro, se extingue por perda de objeto, já que, cessada a
medida, ela não poderá ser reavivada pela sentença final em
virtude da interdição contida no parágrafo único do art. 808'.
Ausente, mais, o 'periculum in mora', requisito essencial do processo
cautelar, vez que não se efetivou o alegado dano irreparável apesar do
lapso temporal decorrido desde o ajuizamento da presente cautelar,
impondo-se, neste passo, a sua extinção, nos termos do art. 267, VI do
CPC" (fls. 277/278e).

Entretanto, de acordo com o a jurisprudência do STJ, as medidas cautelares de


exibição de documentos têm cunho satisfativo, sendo desnecessária a propositura da ação
principal.
Nesse sentido, os seguintes julgados:

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"PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO DO TRIBUNAL A
QUO. INEXISTÊNCIA. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTOS. NATUREZA SATISFATIVA. HIPÓTESE EXCEPCIONAL.
DISPENSA DE PROPOSITURA DE POSTERIOR AÇÃO PRINCIPAL.
PRECEDENTES. FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL. REEXAME DA
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 07/STJ.
1. Cuidam os autos de ação cautelar de exibição de documentos ajuizada
por Antônia Maria Santana dos Santos contra o Estado da Bahia
objetivando ter acesso à documentação necessária (bilhete de seguro e
documento de propriedade do veículo - DUT) para pleitear indenização
pela morte de seu companheiro em consequência de acidente de
trânsito, ao conduzir veículo de propriedade do réu. Sentença julgou
procedente o pedido. Acórdão do TJBA negou provimento ao recurso de
apelação e também ao reexame necessário sob os seguintes
fundamentos: a) rejeitada a preliminar de falta de pressuposto
processual da ação cautelar, uma vez que são admitidas pela doutrina e
jurisprudência pátria as medidas cautelares de natureza satisfativa; b)
afastada a preliminar de carência de ação por falta de interesse
processual, por estar demonstrada a necessidade e utilidade do
provimento jurisdicional buscado pela autora; e c) quanto ao mérito, não
alcança êxito a irresignação do apelante, pois o Estado não negou a
existência do documento nem comprovou que o tivesse disponibilizado,
ou mesmo a impossibilidade de fazê-lo. Opostos embargos de
declaração, estes foram rejeitados. No recurso especial, o Estado alega,
preliminarmente, afronta ao art. 535, II, do CPC, e no mérito, aponta
violação do art. 267, incisos IV e VI, do CPC, defendendo que a ação
cautelar deve ser extinta sem julgamento do mérito porque não indicou a
futura ação principal que visa assegurar e também pela falta de interesse
de agir, uma vez que não houve negativa da Administração em exibir os
documentos pleiteados. Apresentadas contrarrazões pela parte autora.
Proferido juízo positivo de admissibilidade, subiram os autos a esta Corte.
2. Os fundamentos nos quais se suporta a decisão a quo são claros e
nítidos, percebendo-se que houve a apreciação de todos os pontos
pertinentes ao deslinde da causa, sendo desnecessária a indicação
expressa dos dispositivos legais aventados nos aclaratórios. Portanto,
repele-se a alegada infringência do art. 535, II, do CPC.
3. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça admite, em
hipóteses excepcionais, como no caso, as medidas cautelares com efeito
satisfativo, a dispensar a propositura de posterior ação principal.
Precedentes.
4. Quanto à alegação de falta de interesse processual em razão da
desnecessidade do provimento jurisdicional perseguido, uma vez que

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não teria havido negativa da Administração para exibir os documentos
requeridos, o apelo nobre não merece conhecimento, porquanto a
análise ensejaria o reexame do conjunto fático-probatório apreciado nos
autos, desiderato inviável nesta estreita via recursal. Incidência da
Súmula nº 07/STJ.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não-provido"
(STJ, REsp 809.385/BA, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA
TURMA, DJU de 31/08/2006, p. 244).

"PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE


DOCUMENTOS. NATUREZA SATISFATIVA. DISPENSA DO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO PRINCIPAL.
1. A matéria discutida nas razões do recurso especial foi debatida no
âmbito do acórdão recorrido, pelo que merece ser repelida a tese de
ausência de prequestionamento.
2. Entendimento desta Corte no sentido de que na medida cautelar de
cunho satisfativo é desnecessária a propositura da ação principal.
3. Agravo regimental não provido" (STJ, AgRg no REsp 1.161.459/RS,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de
01/09/2010).

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CAUTELAR.


EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. CHEQUES. INDICAÇÃO. INÉPCIA.
REEXAME. SÚMULA N. 7 STJ. AÇÃO PRINCIPAL. INDICAÇÃO.
CAUTELAR SATISFATIVA. DESNECESSIDADE. NÃO PROVIMENTO.
1. Concluindo as instâncias ordinárias que a petição inicial indicou
suficientemente os documentos que o autor pretende sejam exibidos,
possibilitando sua exata identificação, reexaminar a questão encontra o
óbice de que trata o verbete n. 7, da Súmula.
2. 'Em regra, as ações cautelares têm natureza acessória, ou seja, estão,
em tese, vinculadas a uma demanda principal, a ser proposta ou já em
curso. Ocorre que, em hipóteses excepcionais, a natureza satisfativa das
cautelares se impõe, como no caso vertente, em que a ação cautelar de
exibição de documentos exaure-se em si mesma, com a simples
apresentação dos documentos, inexistindo pretensão ao ajuizamento de
ação principal. Desta feita, nos casos em que a ação cautelar tem caráter
satisfativo, não há que se falar no indeferimento da petição inicial pela
inobservância do requisito contido no art. 801, III, do CPC, segundo o
qual 'o requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que
indicará a lide e seu fundamento'. (REsp 744.620/RS, Rel. Ministro
JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em 23/08/2005, DJ
12/09/2005, p. 344) 3. Agravo regimental a que se nega provimento"
(STJ, AgRg no Ag 1.418.187/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,

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QUARTA TURMA, DJe de 03/09/2012).

Nesse contexto, deve ser afastada a extinção da ação cautelar, determinada


pela Corte regional, para que se prossiga no exame da apelação do recorrido, como entender
de direito.
Ante o exposto, com fundamento no art. 255, § 4º, III, do RISTJ, dou parcial
provimento ao Recurso Especial para afastar a extinção da ação cautelar e determinar o
retorno dos autos ao Tribunal de origem a fim de que se prossiga no exame da apelação do
recorrido, como entender de direito.
I.
Brasília, 14 de junho de 2018.

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


Relatora

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