AULA DE DIREITO PENAL II – PROFESSOR BRUNO CLEUDER
AULA 3
5. DOSIMETRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE (PPL)
5.1. Critério Trifásico (Nélson Hungria) Art. 68 do CP O Código Penal brasileiro adotou o sistema trifásico de dosimetria (cálculo) da pena. Quando chega na fase da sentença, depois que o juiz reconhece que houve crime e que não está extinta a punibilidade do agente, o juiz fixará a pena a partir de 3 (três) fases: 1ª FASE: PENA BASE (circunstâncias jurídicas art. 59 do CP) O juiz fixará a pena-base, considerando as circunstâncias judiciais (art. 59, CP), tomando como referências a pena simples ou qualificada. Art. 59, CP –‘’ O juiz, atendendo à (1) culpabilidade (grau de reprovação), aos (2) antecedentes, à (3) conduta social, à (4) personalidade do agente, aos (5) motivos, às (6) circunstâncias e (7) consequências do crime, bem como ao (8) comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime’’ Observações: O juiz deve partir da pena mínima cominada ao delito. Exemplo: Furto (art. 155 do CP), pena: 1 a 4 anos, então a pena mínima nesse caso será 1 ano, mas se o juiz quiser aumentar esse tempo, deverá fundamentar de acordo com as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do CP.
Inquéritos e ações penais em curso não poderão ser utilizados na
definição dos maus antecedentes criminais (Súmula nº 444 do STJ).
Maus antecedentes, só poderão usar condenações definitivas e que não
caracterizam a reincidência que é uma agravante, para evitar o bis in idem 2ª FASE: PENA INTERMEDIÁRIA (agravantes Arts. 61 e 62 e atenuantes Arts. 65 e 66, ambos do CP) 3ª FASE: PENA DEFINITIVA (causas atenuantes/causas de diminuição) OBSERVAÇÕES: 1. De maneira nenhuma na 1ª fase da pena, poderá ficar abaixo ou acima do mínimo legal, segundo jurisprudência do STF. 2. No que se refere ao tempo de duração dos maus antecedentes, há divergência dos Tribunais Superiores. Para o STJ, a reincidência é guiada pelo Princípio da Temporariedade (Art. 63, I e Art. 64). Já os maus antecedentes são guiados pelo Princípio da Perpetuidade, isto é, após o período depurador (Art. 64 do CP) o agente deixa de ser reincidente, mas fica com maus antecedentes para sempre. Entretanto, o STF discorda, aplicando o Princípio da Temporariedade tanto para a reincidência como para os maus antecedentes.
Podem constituir maus antecedentes:
1) Quando houver sentenças condenatórias transitadas em caso que uma delas será usada para fins de reincidência e a outra para fins de maus antecedentes. 2) Para o STJ, sentenças condenatórias transitadas em julgado que ultrapassem o período depurador (5 anos). 3) Condenação transitada em julgado anterior por crime militar próprio ou contravenção penal, se o fato posterior constituir um crime.