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Inferno Mayoi
001
“Eu morreria alegremente só para ver Mayoi Hachikuji mais uma vez.” Seria surpreendente se eu dissesse que
esse pensamento tinha passado pela minha cabeça? A verdade da questão, contudo, é que isso não é nenhum
exagero. Houve um tempo em que eu pensei de verdade que, para ver essa garota animada mais uma vez, eu
alegremente jogaria tanto minha vida quanto minha imortalidade fora — o que, claro, levanta a questão do
por que eu nunca fiz simplesmente isso.
Isso porque, tanto quanto eu estava disposto a morrer — ou talvez mais fortemente do que isso —, eu também
sentia que queria viver, e que havia coisas que eu ainda tinha que realizar enquanto vivo. Esse sentimento
estava enraizado na presença da minha família e da minha amante, dos meus salvadores e dos meus amigos.
Claro, você poderia declarar que tentar calcular sentimentos humanos em termos de adição e subtração, ou até
mesmo proporção, é algo extraviado e indiscreto, e você estaria certo. Eu não seria capaz de discutir com isso.
Contudo, é tão verdade quanto que as pessoas — ou pelo menos, eu — não têm autodisciplina suficiente para
se sacrificarem por apenas um sentimento. Tanto quanto meu campo de visão é perdidamente estreito, e tanto
quanto eu sou inclinado a me lamentar e agonizar, eu também sou apenas facilmente distraído. Eu posso
facilmente voltar atrás na minha palavra, e distorcer minhas convicções sem pensar duas vezes. Aquele que
agarra tudo e perde tudo — esse sou eu. Esse é Koyomi Araragi.
“Eu não farei amigos, pois a minha força como um humano diminuirá.”
A maneira como essa frase parece quase nostálgica agora mostra o quão fraco eu me tornei. Eu me tornei fraco
como um humano. Perdidamente, desesperadamente fraco. E o mais fraco de tudo é que eu sequer odeio o
quão fraco me tornei — eu não consigo me levar a detestar o meu eu fraco. Quão tão covarde. Não posso dizer
que isso não me preocupa, mas eu posso firmemente declarar que isso é quem eu sou. Posso afirmar que esse
é Koyomi Araragi. Não sem vergonha — mas com vergonha, eu posso proclamar isso.
Mas tenho certeza de que há outros que podem aceitar o quão fraco eu me tornei. Deve haver alguém que me
considera, uma pessoa que continuou a sobreviver apesar do quão fraco fiquei, um pecador. Não sou alguém
que ignora que há alguém olhando para mim, que conseguiu sobreviver àquelas férias de primavera infernais
e continuou a viver, como se desejasse que eu simplesmente morresse. Por exemplo, tenho certeza de que uma
certa estudante transferida, aquela que sempre me encara com olhos puramente negros, diria isso:
“Francamente. Você é tão tolo, Araragi-senpai.”
Francamente. Isso está exatamente certo.
Somente a morte pode curar estupidez.
Mas então, se somente se precisa da morte para curá-la, talvez estupidez não seja uma doença tão grave, afinal.
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Inferno Mayoi
002
“H... Hachikuji?”
“Sim.”
“Hachikuji?”
“Sim. Sou eu.”
“Mayoi Hachikuji?”
“Sim, oi. Mayoi Hachikuji, você entendeu.”
“Alta Mayoi Hachikuji... O que isso significa? Você é uma Hachikuji de ordem mais alta que a Hachikuji que
eu conheço? Como um elfo alto em vez de um elfo normal?”
“Não, sou apenas a Hachikuji normal. A Hachikuji comum com a qual você está bem familiarizado... ‘Elfo
alto’? Acho que você pode estar preso numa década diferente.”
“Mayoi Hachikuji Z?”
“Não. Como eu disse, sou apenas Hachikuji, sem nenhuma afetação ou pretensão. Z? Bem, imagino que se
você levar em conta que este é o último volume, eu não sentiria nenhuma vergonha em ser comparada com
um certo Z-ton que libera um trilhão de graus de bolas de fogo.”
Você definitivamente deveria sentir vergonha por isso. Z-ton, sério? Não extrapole um personagem tão
influente a partir desse ‘Z’... Você ficaria pálida em comparação se ficasse lado-a-lado com ele. Mayoi
Hachikuji R?”
“Se o ‘R’ significa ‘Retorno’, então sim. Isso seria bem adequado.”
“...”
...
Não, espere um segundo. Não entre em pânico. Não chegue a nenhuma conclusão precipitada. Não posso agir
por impulso aqui. Houve algum ponto na minha vida em que agi por impulso e tudo terminou bem? Isso
sempre foi seguido por algo horrível, não foi? Assim que sou preenchido com falsas esperanças, isso sempre
vai ao encontro de uma vingança precipitada, certo? Embora eu tenha sensação de que a vingança precipitada
vem independente de se eu ajo por impulso ou não... (Que tipo de vida eu levei?) Mas de todo jeito, as pessoas
deveriam sempre se manter calmas diante de uma ocorrência sobrenatural.
Aqueles dias estão tão distantes agora que quase se parecem com algo saído de uma lenda, mas houve um
ponto em que Koyomi Araragi era considerado calmo e composto. Por que eu não chamo esse antigo Koyomi
Araragi e lido com esta situação de uma maneira tranquila e racional? Posso fazer isso. Esta é a minha
revanche. Eu vou me tornar o meu melhor eu.
Isso mesmo, eu preciso me lembrar. Exatamente em que situação eu estou mesmo? Se você vai participar de
uma situação cômica, a primeira coisa que você precisa entender é a situação na qual você foi colocado. Do
contrário, a história não pode ir a lugar nenhum.
Noutras palavras, aí vem a sua “recapitulação” padrão.
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Meu nome é Koyomi Araragi. Eu sou um João qualquer, uma simples Maria — somente um sênior do ensino
médio sem nome numa cidade providencial no Japão. Estou me preparando para fazer o exame de entrada
para a faculdade.
Isso mesmo. Hoje, 13 de março, nada mais é que o dia desse exame. Após apenas mal ter passado do Teste do
Centro Nacional, quase como escorregar por uma persiana que está se fechando no último segundo, hoje
deveria ter sido um ponto de virada na minha vida.
Contudo, se eu pensar em que tipo de pessoa eu era até recentemente, isso por si só é um pouco milagroso.
Por volta da mesma época no ano passado, em março do meu ano como júnior, eu nunca poderia ter imaginado
que faria o exame de entrada. Na verdade, havia uma séria questão quanto a se eu sequer seria capaz de me
graduar. Após eu ter, de alguma forma, conseguido rastejar pelo caminho até o Colegial Naoetsu, uma escola
focada em preparar os estudantes para os exames de faculdade, eu atingi o fundo do poço — sendo deixado
para trás, falhando e recebendo F após F como se fosse natural. Não era sequer um declínio estável, mas mais
uma queda direta. Uma descida perpendicular.
Era esse o feito do homem que “não entendia nada”, como Oikura Sodachi diria — mas, a qualquer custo, eu
senti que tinha cometido um erro ao longo do caminho da vida. Eu tinha sido descuidado demais. Afinal de
contas, se eu não tivesse forçado a minha sorte, se eu tivesse apenas sabido do meu lugar e escolhesse uma
escola que combinasse com as minhas habilidades acadêmicas, nada disso teria acontecido.
Tão importante quanto isto pode ser para este flashback, eu não quero especificamente discutir os detalhes de
como esses primeiros dois anos do ensino médio, constantemente praguejados por esses pensamentos, eram.
“Para detalhes, revise os capítulos anteriores.”
O que me fez desviar ainda mais longe dessa trilha de falhas — ou como uma representante de classe diligente
diria, esse “caminho da delinquência” — aconteceu durante março do ano passado. Eu consegui cair ainda
mais fundo do fundo do poço. Você tem que deixar isso comigo, a minha direção imprudente é uma vista a
ser testemunhada. Ou talvez o meu carro não tenha um volante?
Isso mesmo.
Eu conheci Tsubasa Hanekawa — a gata.
Eu conheci Shinobu Oshino — a vampira.
Eu conheci Hitagi Senjougahara — o caranguejo.
Eu conheci Mayoi Hachikuji — o caracol.
Eu conheci Suruga Kanbaru — a macaca.
Eu conheci Nadeko Sengoku — a cobra.
Após tudo isso, eu finalmente me tornei o estudante de mente voltada à faculdade que eu sou hoje. Eu me
tornei o eu que eu sou hoje. Pensando nisso, foi praticamente a reabilitação ideal para um delinquente do
ensino médio. A Hanekawa uma vez me disse, “Eu vou reabilitar você” — ou foi no fim das férias de
primavera, ou foi na cerimônia de abertura, talvez — e como você pode ver, ela pontuou um sucesso
retumbante. Essa é a representante de classe dentre as representantes de classe. A representante de classe
escolhida por Deus em si.
Claro, se eu desse todos os créditos pela minha reformação a Tsubasa Hanekawa, a própria Hanekawa
provavelmente seria aquela a ficar com mais raiva de mim. Meu salto dramático em habilidade acadêmica foi
graças ao cuidado devotado por Hitagi Senjougahara — (enquanto você poderia chamar isso de “tutoria” para
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a primeira metade do ano escolar, pela segunda metade, isso era certamente mais apropriadamente descrito
como “cuidado”), assim como a assistência de pessoas como a Shinobu e as minhas irmãzinhas, que me
ajudaram a limpar minhas bagunças quando as coisas se complicavam. Não sou tão cabeça dura para ignorar
tudo isso, nem meu campo de visão é tão estreito assim — ou eu gostaria de pensar dessa maneira. Embora,
quanto ao que se refere à Kanbaru, não parece que ela fez muito senão ficar no caminho dos meus estudos...
Mas acima de todo o resto, houve a situação com a Sengoku.
Durante o segundo encontro da Sengoku com uma cobra, a vez em que estraguei — a vez em que eu falhei
miseravelmente, com um “F” maiúsculo — eu fui capaz de continuar lutando sem cair no desespero somente
graças ao apoio de todos ao meu redor. Não posso me permitir me esquecer disso. Não fui capaz de realizar
nada no final — mas ainda assim, porque todo mundo estava ali para mim, evitei cometer o erro irreversível
de morrer. É por isso que estou aqui agora. É por isso que estou aqui, indo fazer o meu exame no dia 13 de
março.
... Hm?
Espera, ainda estou me esquecendo de algo importante — algo tão importante que, se eu não puder me lembrar
disso, posso também não me lembrar de qualquer coisa também. Isso mesmo, antes de ir ao terreno da minha
universidade de escolha — a universidade na qual a minha namorada, Hitagi Senjougahara, já foi aceita por
recomendação — eu tinha feito uma parada breve pelo caminho. Não era um desvio de uma única vez, mas
sim um lugar que eu estive visitando bem frequentemente ultimamente. Desde fevereiro, eu estive subindo
uma certa montanha quase todos os dias, como se isso fizesse parte da minha rotina diária.
Não é que eu tenha subitamente desenvolvido um interesse por caminhadas. Nessa época, meu corpo já tinha
passado por uma transformação em algo literalmente super-humano, o que manteria uma condição saudável
eu me importando com caminhadas ou não. Deixando esse tanto de lado, para assim evitar encarar essa
realidade — eu não estava caminhando, mas sim visitando o templo vazio no topo da pequena montanha na
minha cidade. Visitando o templo esquecido que tinha sido tão profundamente entrelaçado com os nossos
destinos.
O motivo pelo qual eu continuava a ir para o Templo Kita-Shirahebi era para cumprir uma promessa de
encontrar alguém lá. Pensando nisso agora, era um arranjo meio unilateral — mas o qual eu estive apoiando
por quase um mês no momento.
Certo. Isso nos leva a hoje. 13 de março, cedo de manhã.
A pessoa pela qual eu estava esperando nunca apareceu, mas havia mais alguém esperando por mim no terreno
do templo. Lá, fiquei cara-a-cara com Izuko Gaen, a cabeça dos especialistas...
“...”
E aí o quê? Como isso leva à Hachikuji? Onde Mayoi Hachikuji entra em cena? Fiz o meu melhor para me
lembrar de tudo, mas nada disso se amarra à situação atual. Esse resumo não resumiu tudo nem um pouco. Foi
a Gaen-san que eu acabei de ver, então por que a Hachikuji está aqui, de repente?
Eu olho para a garotinha diante dos meus olhos mais uma vez. Eu a encaro por cima, examinando-a de perto.
O cabelo dela está perfeitamente amarrado em marias-chiquinhas.
Ela é razoavelmente alta para uma estudante do quinto ano, mas ainda carrega uma mochila grande o suficiente
para parecer fora de lugar numa garota do seu tamanho. Ela está fingindo inocência, olhando para mim com
olhos grandes e brilhantes.
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Não tem erro. Não tem como eu poderia estar errado. Não importa de qual ângulo eu a olho, ela é
definitivamente Mayoi Hachikuji. Ela é a mesma criança perdida que eu encontrei naquele parque no dia 14
de maio do ano passado. Mesmo que eu pudesse confundir alguém de vista — bem, excluindo Tsubasa
Hanekawa — eu nunca poderia confundir ela com outra pessoa. Se ela tivesse uma gêmea, ou até mesmo um
clone, estou absolutamente confiante de que seria capaz de ver através disso.
“Hahaha. Noutras palavras, você poderia me pegar da minha primeira abertura na primeira temporada do
anime. Isso se parece bastante com o jogo ‘Onde Está Wally’.”
“...”
Uma piada meta assim não sairia da boca de ninguém além da própria Hachikuji também. Mas nesse caso,
isso é realmente ao que isso leva.
“... Heh.”
Puxa vida, eu me encontrei numa salmoura e tanto. Nesta situação, tenho certeza de que todo mundo espera
que Koyomi Araragi, diante de uma reunião inesperada com a sua amada Mayoi Hachikuji, uma garota que
ele não via há meses — ou mais especificamente, uma garota que ele pensou que nunca veria novamente —,
pulasse de alegria, se engasgasse com lágrimas de felicidade, tremesse de emoção, começasse a balbuciar
coisas sem sentido em deleite e corresse para abraçá-la.
Eu sei que todos estão esperando que eu faça jus a essas expectativas.
Aah, que esperanças pesadas eu estou carregando. Não acho que os meus ombros possam aguentar o peso.
Não, não, eu entendi, entendi mesmo. Eu entendo o sentimento. Você tem minhas simpatias mais sinceras. Eu
passei um longo tempo no negócio, e como o jogador-chave desse tipo, estou ciente da importância de um
certo fluxo de eventos. Há uma necessidade de coisas como rotinas e clichês. Então não tenha a ideia errada
— é só que, como eu disse antes, sou um sênior do ensino médio agora. E acima disso, sou um sênior do
ensino médio prestes a se graduar. Não posso mais ser levado às lágrimas por cada pequena coisa que acontece.
Eu simplesmente aceito fenômenos como fenômenos. Não sou mais tão emocionalmente volátil para reagir
com “!” ou “?!” ou até mesmo algo que abusa de elipses como “.........!” à cada volta.
Se esta fosse uma light novel antiga, este provavelmente é o momento em que eu subitamente começaria a
gritar numa fonte enorme com letras em negrito, mas este é o século 21 — além do mais, sou um disparate
precoce, então parece que também pode ser o 22. Noutras palavras, estou vivendo na era de Doraemon, não
do Astro Boy. Deixei minhas emoções no meu bolso 4D.
Então, se eu tivesse que colocar em palavras o que estou sentindo agora, seria, “Oh, veja, é a Hachikuji.”
Somente isso. Isso pode parecer frio de mim, mas é a verdade, então não há nada que eu possa fazer quanto a
isso. Não importa como alguém me veja, mentir é uma coisa que eu não faço.
Espera, mas, sério, não tenha a ideia errada. Não é que eu não esteja feliz em vê-la. Eu nunca disse isso. É
claro que estou feliz. Eu estou perfeitamente satisfeito. Ela era uma amiga, afinal de contas. Uma amiga, mais
ou menos. É, se me recordo, nós tivemos algumas horas razoavelmente divertidas juntos. Tipo, uh, beber suco
juntos? Eu realmente não me lembro disso tão bem. Oh, ela não costumava gaguejar o meu nome? Acho que
ouvi sobre isso uma vez. Esse tipo de papo-furado não parece muito divertido agora que me tornei um adulto,
mas sinto que eu realmente me divertia com isso na época. É.
Ainda assim, quando um amigo que você pensou que nunca veria novamente — noutras palavras, alguém que
você já categorizou como um “velho amigo” na sua mente — subitamente aparece novamente, é difícil saber
como reagir. Falando de modo geral. Apenas como um fato da vida.
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Eu nunca me transferi de escola antes, então eu não saberia muito disso, mas ouvi anedotas sobre ter uma festa
de despedida, apenas para as coisas ficarem esquisitas ao descobrir que a transferência foi atrasada. Isso é
exatamente como isto.
É como algo que você veria no último capítulo de um mangá para crianças: o personagem principal dá suas
despedidas a todo mundo quando ele tem que se mudar, mas acaba que ele apenas se mudou para a casa ao
lado, então a aventura deles continuará. Enquanto isso pode funcionar num mangá, se isso acontecesse na vida
real, você ficaria um pouco em choque. Os laços que você cortou antes seriam deixados pendurados.
Você poderia até mesmo dizer que é como se você acabasse de terminar de limpar o seu quarto, apenas para
encontrar que há um único pedaço de cartão no meio do chão — ou como se você desmontasse uma lapiseira
e a montasse novamente apenas para perceber que deixou um pedaço de chumbo faltando. Onde eu posso
jogar fora essa sensação esquisita? Essas metáforas realmente eram familiares.
Hachikuji, hein...? Espera, o nome dela era Hachikuji, certo? Não tenho certeza de se era Hachi ou Nana, e
não consigo me lembrar de se era Mayoi ou Koyoi, mas, bem, simplesmente vamos com “Mayoi Hachikuji”
por enquanto.
Aparentemente, quando as pessoas vão a uma reunião de classe e veem seus velhos amigos da escola primária
algumas vezes, a impressão delas será completamente diferente, e elas pensarão para si mesmas, “Eles não
costumavam ser assim.” Embora isto não seja exatamente o mesmo, eu .
Bem, eu me tornei um adulto agora, então não há nada para isso. Eu cresci. Eu fui forçado a passar por um
crescimento emocional extraordinário desde que parti caminhos com a Hachikuji em agosto, então sou uma
pessoa completamente diferente da que eu era na época. Eu sou uma pessoa completamente diferente da que
eu fui uma vez. Tenho quase certeza de que foi isso que aconteceu.
É por isso que algo parece estranho — ou eu deveria dizer, é por isso que esta reunião parece um pouco tensa,
por isso que me sinto um pouco rígido. Humanas são criaturas que crescem, então isso era algo inevitável.
Nós crescemos. Não temos escolha senão crescer. Ou melhor, seria perturbador se nós sempre
permanecêssemos os mesmos, não seria?
O inocente Koyomi Araragi, que se lançaria feito um foguete em direção à Hachikuji quando a visse andando
por uma rua, não existia mais. Essa versão infantilizada minha se foi. Vendo isso agora, não consigo entender
por que eu costumava fazer aquilo, ou o quê eu pensava que era tão divertido nisso. Correr em direção a uma
garota e escavá-la em um abraço à vista? Isso é simplesmente um ato criminoso. Eu mal consigo acreditar que
eu costumava ser esse tipo de cara, mas em certo sentido, esse cara não sou mais eu. Ele não é Koyomi Araragi.
Ele é um antigo Koyomi Araragi. Um homem como esse é melhor morto — e assim ele está.
Ele alcançou um final adequado.
E então, como o novo Koyomi Araragi, quando diante da Mayoi Hachikuji de dez anos de idade, que não
parece ter crescido nem um pouco desde que a vi pela última vez, não consigo evitar sentir uma aflição de
desapontamento junto com a alegria de sermos reunidos. Eu dificilmente poderia esperar que ela tivesse
amadurecido o mesmo tanto quanto eu, mas esperava que ela tivesse crescido um pouco na metade de um ano
que passamos separados. Se ela está esperando que eu interaja com ela da mesma maneira que eu costumava
fazer, temo que eu esteja perdido.
Ela provavelmente quer participar da mesma conversa fiada que nós costumávamos ter, mas agora que o meu
vocabulário está tão cheio de muitos termos filosóficos e técnicos, não posso fazer nada além de me preocupar
com que não seremos capazes de nos comunicar apropriadamente. Não sou confidente em que posso
emburrecer a conversa para um nível apropriado para alguém da idade dela. Mesmo que eu tentasse, como
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alguém cuja mente e alma ascenderam a um estágio nobre, o assunto de conversação mais deselegante no qual
consigo pensar é política. Como eu deveria emburrecer isso? Você poderia chamar isso de a tragédia de alguém
que alcançou a iluminação; eu não faço a menor ideia do que é considerado conhecimento comum hoje em
dia.
Mas, bem. Mesmo assim. (Aqui vem a parte pela qual todos vocês estiveram esperando.)
Se eu retornar a essas memórias distantes, eu realmente devo muito à Hachikuji. Se não fosse pela Hachikuji
— se eu não tivesse encontrado a Hachikuji — eu não estaria aqui agora. Eu não devo me esquecer das oito
virtudes Confucianistas: benevolência, justiça, cortesia, sabedoria, fidelidade, lealdade, piedade filiam e
serviço aos mais velhos. Dívidas têm que ser pagas, e é esperado mostrar gratidão àqueles que lhe ajudaram.
Em vez de desistir antes de tentar, como alguém que cresceu tanto como uma pessoa, é o meu dever fazer o
quer que eu consiga para me rebaixar ao nível dela. Se eu fiz minha cabeça, então aqui vamos nós.
Como uma cerimônia... Como uma iniciação, é hora de regressar aos meus anos de infância — sim, assim
como um tio entrando na brincadeira de casinha de sua sobrinha — e, transbordando de cuidado paternal,
realizar nossa velha rotina mais uma vez.
Mas esta realmente é a última vez.
Mantenho minhas expectativas baixas, ou melhor, não posso esperar por muito, mas imagino que posso ser
capaz de aprender algo disso... Umm, como isso funciona mesmo? Tenho apenas uma fraca memória de como
isso era feito, mas, bem, tenho certeza de que me lembrarei disso enquanto o fizer. Mesmo que tudo não volte
a mim, isso não deve ser um grande problema.
Tudo bem, então vamos direto ao ato principal.
Não preciso me aquecer.
Pronto, preparado...
!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!
"Hachikuji………!"
!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!!!?!
Eu salto em direção a ela. Eu salto em direção a ela com letras em negrito numa fonte enorme enquanto jogo
por aí vários “!!”s e “?!”s e abuso das elipses.
“Aghh!”
“Hachikuji! Hachikuji! Hachikuji!”
“Agghhhh! Agghhh!”
“O que cê tá fazendo aqui, o que te traz aqui?! Espera, não, eu não ligo pro motivo, tá tudo bem enquanto você
tiver aqui, oh, eu não tenho palavras pra tudo que tô sentindo agora, waaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!”
“Aaggghh! Aaaggghh! Aaaggghh!”
Hachikuji se debate contra mim. Eu a abraço fortemente com lágrimas de alegria em meus olhos.
“Oh, esta sensação ao toque, esta sensação de te segurar, o jeito que você se encaixa bem nos meus braços —
realmente é você, Hachikuji! Fui abençoado, tão abençoado! Quanto mais esfrego nossas bochechas juntas,
mais você é a Hachikuji! Quanto mais eu te lambo por todo lugar, mais você é a Hachikuji! Este é o sabor que
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diz que você é a Hachikuji! Estes globos oculares, estes lábios, a nuca deste pescoço, estas coxas, estes peitos,
estes membros superiores, este quadril, estas costelas, as costas destes joelhos, estes calcanhares — a textura
deles, o sabor deles, todos eles pertencem a Mayoi Hachikuji! Que suave, é quase como se todos eles tivessem
sido polidos com cera! Eu nunca vou te soltar de novo, eu não vou te deixar ir a nenhum lugar, eu não vou
deixar você fugir! Vou ficar bem assim, abraçando você bem perto até o dia em que eu morrer! Você tá
confinada nos meus braços pro resto da eternidade! Ah, droga, nossos corpos tão ficando no caminho do meu
abraço! Se a gente pelo menos pudesse apenas se dissolver em líquido e nos derreter um no outro! Tudo esteve
tão horrível desde que você se foi, eu tô no meu limite! Escute a todas as minhas reclamações, venha curar as
minhas feridas! Vamo lá, me deixa te tocar mais, me deixa te apertar mais, me deixa eu te lamber toda!”
“Aaagghh! Aaaggghh! Aaaggghh! Aaaggghh!”
“Ei! Para de se debater! Você tá deixando difícil pra gente ficar pelado!”
“Aaaggghh!... Grrr!”
Ela me mordeu. Ela me mordeu com cada onça de sua força de garotinha.
“Aghhh!”
É a minha vez de gritar agora. Após ter acabado de jurar que não a soltaria até o dia em que eu morresse, eu
imediatamente puxei meus braços de volta em dor — mas desta vez, são os dentes da Hachikuji que não se
soltam da minha mão.
Espera, esqueça-se de não soltar, ela vai arrancá-la fora com uma mordida! Cresceram presas nela ou algo
assim?!
“Grr! Grr, grr, grr, grr, grr!”
“Ao, ao, ao, ao, ao! O que cê tá fazendo, sua pirralha?!”
É claro, aquele que é doloroso de se olhar agora, e aquele que na verdade está fazendo algo ultrajante... é
ninguém mais do que eu.
Em todo caso, deixando de lado todos os pequenos detalhes e explicações... Após um pouco mais da metade
de um ano, parecia que eu me encontrei numa reunião inesperada com a minha melhor amiga, Mayoi
Hachikuji.
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Inferno Mayoi
003
Eu já mencionei isto, mas estou realmente feliz quanto a isso. Estou tão emocionado que nada mais importa
agora — mas ainda assim, algo não pareceria certo se ela saísse e dissesse, “A verdade é que eu nunca passei
para o outro lado naquela vez!” depois de todo esse tempo.
Por exemplo, há a explicação possível de que a Gaen-san, que nos aconselhou na época, tomou algumas
medidas para abrigar a Hachikuji. Tenho certeza de que é algo que ela poderia inventar na hora, mas no que
se refere aos especialistas, isso se parece mais com o tipo de coisa que o sempre perceptivo Oshino faria. É
difícil para eu imaginar a Gaen-san arranjando algo assim. Ela é definitivamente uma esquematizadora, e
quando eu penso em tudo que aconteceu após isso, não seria estranho se ela tivesse algum motivo ulterior em
relação à ascensão da Hachikuji — mas eu não consigo pensar nela como alguém que planejaria esse tipo de
surpresa. Você poderia dizer que ela é estrita demais, ou talvez realista demais... Pensando nisso, embora ela
possa ter sido a veterana dele na faculdade, ela é de um tipo completamente diferente do de Oshino, que é um
pouco romancista por baixo do seu exterior desleixado.
Então, se essa não é a resposta... O que está realmente acontecendo aqui?
Imagino que eu deveria interpretar isso como a Hachikuji tendo retornado do Céu para a Terra... Ainda assim,
enquanto eu tenho encontrado todo tipo de esquisitices durante o ano passado, eu nunca ouvi nenhuma vez
que seja possível para um fantasma que já passou para o outro lado retornar para o mundo real, então eu não
posso ter certeza disso. Afinal de contas, é chamado de “passar para o outro lado” porque é irreversível, porque
não tem como voltar de lá. Embora eu ache que seja possível retornar do sarcedócio à vida secular, e as pessoas
desejam boas-vindas aos espíritos dos seus ancestrais durante o Obon... Até mesmo a Senjougahara foi visitar
a casa dos avós dela durante o Obon, não foi?
Claro, tenho quase certeza de que não é essa época do ano... Mas apesar dos meus planos de ir à faculdade,
sou um estudante bem pobre, então poderia haver um evento anual acontecendo no Japão agora mesmo do
qual eu simplesmente não sei nada sobre.
Então, isso poderia estar realmente acontecendo? Eu poderia ser reunido com a Hachikuji dessa maneira?
Algo tão maravilhoso — tão conveniente — poderia estar realmente acontecendo comigo?
“...”
“Você parece estar em pensamento profundo, Araragi-san. Permita-me fazer uma aposta no que está se
passando pela sua cabeça neste momento... Quando você estava enlouquecendo antes, você mencionou que as
coisas têm estado terríveis desde que eu parti. Poderia ser que, após sofrer todas essas provações, você se
tornou algo como um misantropo na idade madura dos 18 anos?” pergunta Hachikuji, então ela adiciona,
“Claro, como uma fantasma — uma esquisitice — eu não conto como parte da humanidade, realmente.”
Hmm, julgando por esse comentário, pareceria que ela não tinha sido trazida de volta a vida, por fim das
contas. E aqui tinha estado eu considerando isso uma possibilidade, já que fui capaz de tocá-la.
Uma vez que a minha especulação caia em linha com a lógica de que as pessoas não podem voltar dos mortos,
sou capaz de reganhar minha compostura um pouco. Até mesmo algo tão óbvio assim parecia que poderia
estar em questão agora.
Dito isso, espere um segundo. Espera, espera... Eu realmente preciso pensar de volta. Deve haver um bocado
de coisas das quais eu ainda não me lembrei. Eu me recordei de todo o tipo de coisa, mas eu ainda não terminei
de ligar os pontos. A cena em que eu encontrei a Gaen-san e a cena atual com a Hachikuji ainda estão
completamente desconectadas. Mesmo deixando de lado o sonho bobo da Gaen-san ter mantido a Hachikuji
em custódia, agora é claro que ela teve uma mão nisso.
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“Isso não é bom, Araragi-san. Não importa o quanto demorou desde a data de lançamento, você não pode
simplesmente esquecer sobre algo assim acontecendo a você. Sério, quão flagrantemente gracioso.”
“...”
Ignorando essa afirmação descaradamente meta...
Se isto é uma parte de um dos esquemas da Gaen-san, não posso deixar me perder em felicidade agora. Eu
gostaria de me perder em felicidade, mas, infelizmente, não posso. Eu tenho que descobrir uma explicação
para isto.
Eu olho para o céu. O sol está bem além do horizonte. Enquanto sou afogado por esses raios de luz solar
ofuscantes, percebo que é tarde demais chegar a tempo para o início do exame. Chegar lá um pouco atrasado...
claramente não é uma opção a esta altura. Sem sequer me incomodar de checar a hora exata, posso dizer que
eu perdi o meu direito de fazer o teste. Isso não é uma simples ausência, mas uma abstenção. Fiz um
desperdício completo de todo o tempo que a Senjougahara e a Hanekawa gastaram me treinando. Pensando
nisso, sinto uma sensação de exaustão, ou talvez desapontamento... ou apenas o sentimento de que eu
realmente estraguei tudo.
O que me segura de no desespero é que, ao mesmo tempo, não consigo evitar sentir uma sensação de
inevitabilidade nisso.
Isso mesmo.
Desde que dividi caminhos com a Hachikuji... muitas coisas terríveis têm acontecido. O suficiente para me
tornar um misomaníaco, não um misantropo. O suficiente para que eu dificilmente consiga mais acreditar em
qualquer coisa. Graças a isso, tenho certeza de que o meu coração foi paralisado — entorpecido à dor,
entorpecido à tristeza. Parece que ainda tem restado em mim espírito o suficiente para sentir alegria, mas tenho
certeza de que, eventualmente, até mesmo isso acabará entorpecido pelo veneno do sofrimento. Eu fui
envenenado.
“Não sei, o que posso dizer...? Você tá certa. Depois que você partiu, o primeiro servo da Shinobu apareceu,
a Oikura voltou, teve o desastre com a Sengoku neste templo, o Kaiki e eu cruzamos caminhos, eu comecei a
me transformar num vampiro completo, e eu até mesmo forcei a Ononoki-chan a matar um dos seus
criadores... Oh, certo, isso também aconteceu aqui. Além do mais, falando neste templo, é aqui que a Kagenui-
san desapareceu também. Apenas foram muitas coisas terríveis, tudo de uma vez... Tudo se passou num flash,
e não é como se nada de bom tivesse acontecido também, mas foi uma metade de um ano cheia de experiências
das quais ninguém poderia aprender nada — ou mais como experiências que não fizeram nada além de causar
dano. Eu sempre descrevi aquelas duas semanas das férias de primavera como o inferno, mas o verdadeiro
inferno pode ter sido esses seis meses passados...”
E tudo isso começou quando a Hachikuji desapareceu. A minha vida desabou sobre si mesma, quase como
uma casa que expulsou um zashiki-warashi caindo em ruína. E enquanto eu não estou numa posição de ser
demandante, se eu fosse ver a Hachikuji de novo, queria ser alguém que pudesse estar orgulhoso em encará-
la. Eu queria encontrar ela sob circunstâncias diferentes. Eu queria encontrar ela como uma versão diferente
de mim mesmo.
“Você entendeu tudo errado, Araragi-san,” interceptou Hachikuji. “Você está errado, Araragi-san.”
“Huh... Sobre o quê?”
“Arasortudo-san.”
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“Se você olhar isso de certa maneira, já que a gente não se viu por metade de um ano, é natural que você possa
querer gaguejar de uma maneira que fosse apropriada seis meses atrás — mas, Hachikuji, eu acabei de te
contar o quão azarado eu tenho sido, então se você realmente tem que gaguejar o meu nome, não escolha algo
que soe tão positivo. Pelo menos me chame de Azarado-san. Além disso, o meu nome é Araragi.”
“Desculpe, eu gaguejei.”
“Não, você fez isso de propósito...”
“Eu gagueguei.”
“Não foi de propósito?!”
“Eu gaguejei-her-were-blur-fur-purr-sir-slurred.”
“Como você conseguiu dizer isso sem cometer um deslize?! Essa sua habilidade me deixou de língua travada!”
“Não estou tentando me tornar uma dubladora por nada.”
“Isso nunca foi estabelecido como um objetivo seu, foi? Não invente isso na hora.”
“Você entendeu errado, Araragi-san,” redeclara Hachikuji.
Nós dois temos a mania de fazer rodeios em nossas conversas.
“Você está errado.”
“Errado...? Sobre o quê? Cometi algum tipo de erro?”
Quero dizer, eu cometi um bocado de erros. Ainda assim, não é erro que eu desejo puder ter se reunido com a
Hachikuji como um homem diferente.
“Oh, não foi isso que eu quis dizer. Eu não estava comentando sobre os seus sentimentos ou emoções, mas só
apontando um erro factual... Para colocar isso plenamente em palavras, você está errado quanto a onde nós
estamos.”
“Onde nós estamos? O que você quer dizer...?”
“Você continuou mencionando ‘este templo’, mas este lugar não o Templo Kita-Shirahebi.”
“Hã?”
Nisso, dou uma olhada ao redor. Agora que ela menciona isso... Até agora, eu não estive olhando a nada além
da Hachikuji e do sol, mas agora que ela menciona nisso, nós não estamos no terreno do Templo Kita-
Shirahebi. Nós não estamos no topo de uma montanha.
Este... Este é o lugar em que eu encontrei Mayoi Hachikuji pela primeira vez. É o mesmo parque.
“Huh... O quê?”
Naturalmente, eu começo a entrar em pânico. Encontrar-me com a Hachikuji assim já é uma impossibilidade
suficiente, mas trocar de local sem qualquer memória disso é demais. Minha transportação do Templo Kita-
Shirahebi para este parque é o suficiente para me fazer perder a calma completamente. Eu perco todo pedaço
de compostura que eu tinha finalmente reganhado.
“O... O que tá acontecendo? Por que eu acordei num lugar totalmente diferente...? Hã? Alguém me carregou
pra cá enquanto eu tava dormindo?”
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Hachikuji...? Não, não poderia ter sido. Eu não sou um cara grande exatamente, mas eu ainda não sou pequeno
o suficiente para que uma estudante do primário me carregue para qualquer lugar. É uma distância
razoavelmente longa daqui para o parque — espera, quero dizer, do Templo Kita-Shirahebi para cá. Hachikuji
não poderia me mover por uma distância tão longa sozinha.
Mas se não foi a Hachikuji, então... Gaen-san? De jeito nenhum. Ela não parece ser do tipo que exerce esse
tipo de esforço físico. Nesse caso, isso só deixa a Ononoki-chan, a boneca que trabalha para ela? Ela
certamente tem a força para realizar isso. Ainda assim, eu não faço ideia do por que ela precisaria fazer isso.
“Por que a Ononoki-chan me carregaria pro Parque Namishiro...?”
“Isso está errado também, Araragi-san.”
“Hm? Tô completamente errado hoje... Você quer dizer que não foi a Ononoki-chan que me carregou pra cá?
Bem, você provavelmente tá certa...”
“Correto, não foi a Ononoki-chan. Além disso, este não é o ‘Parque Namishiro’.”
“? Oh, entendo. Isso mesmo, eu nunca descobri como pronunciar o nome deste parque... Hã? Espera,
Hachikuji, você sabe do quê este parque é realmente chamado? Se não é ‘Namishiro’, então o que é?
‘Rouhaku’?”
“Não é ‘Parque Rouhaku’ também.”
“?”
Não é “Parque Namishiro”, nem “Parque Rouhaku”? Então como se pronuncia isso? O nome deste parque...
Espera, não, isso não importa agora.
“Isso não é verdade. Importa muito. Mas antes que endereçamos esse ponto, Araragi-san, embora eles possam
parecer idênticos — noutras palavras, embora isto possa ser uma recreação dele — falando estritamente, este
não é o mesmo parque em que nos encontramos.”
“Hã?”
Isso apenas acrescenta à minha confusão. Qual exatamente é a verdade aqui? Pensando de volta, não é
incomum eu ser afetado de quase toda maneira pelas coisas que a Hachikuji diz, mas isto está num nível
completamente diferente. Eu não tenho ideia do que ela está tentando dizer. Se não é o Parque “Rouhaku”,
então onde é? O que na Terra está acontecendo agora?
“Araragi-san. Por favor, escute e fique calmo,” diz Hachikuji, no tom de um doutor experiente informando
seu paciente de que ele tem uma doença incurável. “Araragi-san, você provavelmente — não, você
definitivamente acredita que você retornou de onde você estava após ter passado para o outro lado, mas isso
não foi exatamente o que aconteceu.”
“O quê?”
“Eu não apareci diante de você. Você apareceu diante de mim.”
“Espera, o quê?”
“Deixe-me ser direta, Araragi-san. Eu queria que você lembrasse por si só, se possível... Mas, Araragi-san,
hoje, na manhã de 13 de março, você visitou o previamente mencionado Templo Kita-Shirahebi e ficou cara-
a-cara com Izuko Gaen-san.”
“E então, você foi assassinado,” declara Hachikuji. Ela declara a verdade.
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Quando ela diz isso, eu me lembro. No terreno daquele templo, na estrada do templo... Eu fui cortado em
pedaços pela Gaen-san. Eu fui assassinado.
“A solução é que você tem que morrer.”
Foi isso que ela disse.
“Se você morrer, tudo será resolvido. Tudo virá a um fim.”
Ela disse isso, e então me cortou aos pedaços usando a espada demoníaca “Kokorowatari”. Usando aquele
espada cortadora de esquisitices. Eu não sei por que a Gaen-san tinha aquela espada longa que a vampira
lendária empunhava — ou, se você rastrear de volta a sua origem, que o primeiro servo da vampira lendária
empunhava, mas independente disso.
Gaen-san me matou. Ela impiedosamente abateu Koyomi Araragi.
E se estou aqui como um resultado disso... hã?
Umm, eu ainda estou aqui após isso, então... Eu fui morto, mas fui trazido de volta à vida...? Eu fui trazido de
volta à vida, e então apareci diante da Hachikuji? Espera, não, então isso se torna a questão de onde a Hachikuji
estava em primeiro lugar. Isso não significa que, deixando de lado a pronunciação correta, este realmente é o
Parque “Rouhaku”?
“Você ficou tão perto de acertar, Araragi-san. Eu realmente teria gostado de esperar você alcançar a resposta
completa, mas se nós deixarmos o último volume ficar grosso demais, as pessoas vão pensar que nós não
sabemos quando parar. Então, pelo bem de manter a contagem de páginas baixa, me permita resolver as
coisas.”
“Considerando que ele já foi dividido em três volumes, é um pouco tarde demais pra isso... Mas se você tá
querendo resolver as coisas, por favor, faça isso. Não tô preocupado em descobrir a resposta por mim mesmo.”
“Essa não é uma atitude que alguém que faz os exames de faculdade deva ter.”
“Simplesmente desista das perguntas que você não consegue descobrir — essa é a melhor estratégia pra fazer
testes que existe.”
“Isso faz parecer mais uma batalha do que uma medida de conhecimento. Isso dificilmente é uma maneira de
medir-se uma ambição. Bem, imagino que o Teste do Centro será abandonado eventualmente, e eles vão achar
uma maneira melhor de acessar as habilidades acadêmicas de estudantes colegiais.”
“Não comece a falar sobre exames de faculdade. Comece a falar sobre a situação na qual eu tô.”
“Eu sinto muito por derramar sal nas suas feridas; contudo, você disse que as coisas têm estado horríveis para
você desde que dividimos caminhos, então eu acho uma pena de cortar o coração que as coisas ainda ficarão
horríveis para você mesmo após nós termos nos reunido. Após você ter se deparado com tragédia após
tragédia, o suficiente para chamar os últimos seis meses de o ‘verdadeiro inferno’ comparado com as suas
férias de primavera, sinto muito por ter que lhe encurralar ainda mais.”
“Ei, essa antecipação tá começando a me assustar...”
“Você deveria estar assustado. Afinal de contas, Araragi-san,” diz Hachikuji. “Este é o Inferno.”
“O quê?”
“Este é o mais baixo de todos os níveis do Inferno — o Inferno Avicii.”
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Inferno Mayoi
004
"Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh!"
Eu grito. Eu guincho com todas as minhas forças.
"Inferno?! Inferno?! O Inferno Avicii?!
"Sim, isso mesmo. O Inferno Avicii. É o Raurava que é o inferno 'gritante', então eu gostaria que você parasse
com isso. É um pouco barulhento."
"Você realmente esperou que eu não gritasse?! Eu sinto que pertenço ao inferno 'grandemente gritante' agora!"
"Como eu estive lhe dizendo, este é o Avicii. Você ficará encrencado se espalhar informações falsas."
"Você não tá ajudando!"
Inferno, sério...? E o Inferno Avicii, de todos os lugares!
A propósito, há uma curiosidade sobre os diferentes níveis do Inferno (fonte: Tsubasa Hanekawa).
Existe um conceito chamado de Os Oito Grandes Infernos — essencialmente, existem oito níveis de Inferno,
e quanto mais você descer neles, piores eles ficam. Do nível mais alto ao mais baixo, são eles: 1) Sañjīva, o
Inferno "ressuscitador"; 2) Kālasūtra, o Inferno do "fio negro"; 3) Samghāta, o Inferno "esmagador"; 4)
Raurava, o Inferno "gritante"; 5) Mahāraurava, o Inferno "grandemente gritante"; 6) Tapana, o Inferno
"ardente"; 7) Pratāpana, o Inferno "grandemente ardente"; e 8) Avicii, o Inferno "ininterrupto".
Existem outros Oito Infernos Frios em paralelo àqueles previamente mencionados, mas eu vou omitir essa
parte da explicação agora. O nível mais baixo dos Infernos, Avicii, é dito como sendo mais horrível que os
outros sete combinados — o Naraka final, o Inferno dos Infernos. Noutras palavras, entre todos os pecadores
que são enviados ao Inferno, apenas os piores dos piores acabam lá. Você poderia chamar isso de a educação
definitiva a ser encontrada no Inferno. Esse é o Avicii, em resumo.
"Ah, qual é! Eu não era exatamente alguém aprumado, e eu nunca pensei em mim mesmo como o tipo de cara
que poderia ir ao Paraíso, mas eu não mereço o nível mais baixo do Inferno! Se você tem que me mandar pra
aqui embaixo em algum lugar, pelo menos me deixe ao redor do Sañjīva! Isso quebra totalmente a suspensão
de descrença!"
"Bem, eu acho que a suspensão de descrença já foi partida uma vez que o Inferno entrou em cena."
Hachikuji parece estar num bom humor. Ela deve estar se divertindo me vendo surtar — que garota perversa.
Bem, eu já ouvi que quando as pessoas veem alguém mais entrando em pânico, é mais fácil para elas se
distanciarem e olhar a situação objetivamente...
"Não, sério, não enlouqueça demais só porque é o último livro. Inferno? Quê? O nosso universo sequer deveria
ter um Inferno; ou qualquer forma de uma vida após a morte?"
"Acho que é mais louco não existir nenhum Inferno em um mundo que tem esquisitices..."
"..."
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Shinobu disse algo assim para mim uma vez. "Se existem esquisitices, então pode existir viagens no tempo".
Pelo menos o Inferno faz mais sentido do que saltar por aí no tempo...
Ainda assim, é difícil negar que, hoje em dia, conceitos como o "Paraíso" e "Inferno" carregam um tom
sobrenatural, ou melhor, fantástico. Claro, isso pode se aplicar somente ao Japão, em que muitas crenças
religiosas se misturaram juntas...
"Embora eu imagino que esse tipo de coisa não seja incomum. Como um mundo em que mágica existe, mas
ninguém acredita em adivinhação. Isso é mais um problema com o equilíbrio do cenário e do funcionamento
do universo, mas também existem mundos em que animais falantes existem, mas as pessoas continuam a
comer carne."
"Quero dizer, eu entendo o que você tá tentando dizer aqui... Mas ainda assim, se você só aparecer e me contar
que eu tô no inferno, é um pouco difícil de acreditar. Afinal..."
"Você certamente gosta de se ater aos detalhes. Você não pode ser um pouco mais mente-aberta?"
Veja. Eu não vou ser enviado ao Inferno com uma mente aberta.
"Araragi-san, em vez de falar sem pensar e perder a sua cabeça em um pânico vergonhoso o tempo inteiro,
você precisa da habilidade de se adaptar a novas situações. Certo, assim como um personagem de Izuki
Kawahara."
"Não dê um exemplo tão específico."
"O quê, você é uma dessas pessoas que negam a existência de uma vida após a morte? E mesmo após morrer
de um modo tão exagerado também..."
"Não exatamente..."
Se eu parar para pensar nisso, não faz muito sentido negar a existência de uma vida após a morte após
reconhecer a existência de um "fantasma" como Mayoi Hachikuji, ou mesmo um "zumbi" como Yotsugi
Ononoki. Acho que eu deveria considrar isso como uma aceitação implícita.
Embora, quando o assunto é vampiros, pelo menos, ouvi falar que — falando estritamente — eles só vivem
sem morrer em vez de voltarem dos mortos, então isso não contradiz nada...
"Mas, não sei, se tem outra vida após a morte, isso meio que confunde as coisas..."
"Hm? O que isso confunde?"
"Bem, o sentido da vida, eu acho... Faz parecer que a sua vida é só um prelúdio do que vem a seguir.
Independente de se você acabará indo ao Paraíso ou ao Inferno, se existe mais vida após você morrer, existem
menos motivos pra você viver com tudo que tem... Isso meio que, sabe, enfraquece a severidade da vida e da
morte."
"E o que é tão ruim em enfraquecer a severidade da vida e da morte? Ou você é um fã de histórias escritas
pelo pessoal 'Eu sei que o mundo não é um mar de rosas, moleques, é por isso que tô escrevendo'?
"..."
Isso parece mais um tipo de história. Ou eu deveria dizer, essa é uma maneira de se colocar isso.
"Oh, mas existem muitas histórias assim. Sabe, em que os personagens são mortos por uma dúzia, e garotas
jovens sofrem, e as crianças são colocadas em um espremedor, e o mau puro descende sobre o mundo, e tudo
é cruel e injustificável, tudo isso para tornar a história mais 'realista'. Esse tipo de história."
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"Entendo o que você tá tentando dizer, mas o uso da palavra 'tipo' mostra um desdém tão óbvio que, pra ser
perfeitamente sincero, não me faz querer realmente discutir com você sobre isso..."
"É uma classificação científica."
"Errado."
"Meu ponto é que, em vez de escrever sobre a verdade desprezível, nós também poderíamos escrever uma
fantasia charmosa. Sonhar não faz mal."
"Sério, pare de citar o Izumi Kawahara nisso."
"Nunca é tarde demais. Nós podemos, também, aspirar por esse tipo de mundo."
"Não vai rolar!"
É tarde demais! Não podemos fazer isso em apenas um volume! Nós não poderíamos nem mesmo fazer isso
com mais cem volumes! Não importa o quanto lutemos, um mundo puro como esse está totalmente fora do
nosso alcance!
"Acho que você está certo. Talvez a distinção entre puro e impura jaz em se uma garotinha como eu é descrita
como uma 'colobockle' ou uma 'loli'."
"De jeito nenhum."
"Ainda assim, podemos começar trabalhando nisso pouco a pouco? As épocas estão somente ficando mais
duras."
"A gente já tá no fim, de qualquer jeito, então não tem sentido. Deixando isso de lado, vamos examinar o
problema de eu ser enviado ao Inferno. Vamos cavar essa discussão um pouco mais a fundo."
"Tragicamente, não existe nenhum Inferno além deste para se cavar..."
Ela está exatamente certa. Este é o nível mais baixo do Inferno. O próprio fundo — Avicii.
"Você disse 'tragicamente', mas eu diria 'ironicamente'. Em pensar que o 'A' em 'Araragi' significava 'Avicii'...
Nunca percebi que o prenúncio poderia ter sido armado tão longe em adiantamento, mas ele esteve desde o
dia em que eu nasci."
"Acho que você pode estar esticando um pouco aí..."
"Ouvi falar que o Avicii é cheio de chamas que se estendem até onde a vista alcança, então talvez as Irmãs de
Fogo contem como prenúncio também."
Hm?
Dito isso, este parque não parece particularmente envolto em chamas... A Hachikuji disse que ele era uma
"recriação" também. Por que haveria uma recriação do Paraque "Rouhaku" no Inferno Avicii? Que tipo de
pano de fundo este deveria ser?
... Não, isso não é tudo. Se este é o Inferno Avicii... há um grande problema que vem a mente.
"Um grande problema? Oh, você está se perguntando por que você foi enviado a um nível de Inferno tão
baixo, não está? Acho que você pode descobrir essa se pensar um pouco nisso."
Uh, como era mesmo? Deixe-me puxar isso da minha enciclopédia — fonte: Tsubasa Hanekawa — um pouco
mais.
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O Inferno Avicii é onde os pecadores mais hediondos vão, mas que pecados específicos podem te levar a ser
enviado para cá mesmo...? Não eram coisas do tipo matar os seus pais? Claro, eu me tornei um filho bem ruim
após ter entrado no colegial e comecei a cair na trilha do fracasso, mas eu certamente nunca matei os meus
pais, ou sequer pensei em fazer isso...
"Não isso. Pense nisso — você é um vampiro, não é?"
"Hm."
"Você foi e resgatou um vampiro. Você certamente tem muitos outros pecados pelos quais responder, mas
esse é aquele que lhe aterrisou aqui no Avicii. Você salvou um demônio. Claro que isso seria uma passagem
direta ao Inferno."
"Assim como Taro Urashima salvou uma tartaruga e foi levado para o Palácio do Deus Dragão, no fundo do
mar," diz Hachikuji, mas tenho quase certeza de que esse foi um cenário completamente diferente. Que
analogia horrível. "Isso não tem nada a ver com nada, mas é bem divertido trocar os gêneros da história e
imaginar o conto de Hanako Urashima. Ela teria um Deus Dragão alto e forte esperando por ela a suas mãos
e pés."
"Não cite algo que não tem nada a ver com nada. Qualé, 'Deus Dragão'? Ele parece um poço de energia."
Entendo, então foi a minha vampirifação...
Oh, certo, acho que matar um santo era outra maneira de ser enviado ao Avicii... Tão indireto quando posso
ter sido, eu estava envolvido nas mortes de Guillotine Cutter e Tadatsuru Teori, então eu terminar aqui pode
ser justificado por essa lógica também. Não que eu realmente queira pensar nisso dessa maneira...
"Putz. Não importa o motivo, ser enviado ao Inferno com certeza é depressivo. Parece uma destituição de tudo
que eu fiz com a minha vida..."
"Minhas condolências. Você verdadeiramente tem as minhas simpatias mais sinceras."
"..."
Espera, esqueça sobre se eu me sinto ou não depressivo agora. O grande problema que eu tinha não era sobre
qual foi o meu próprio pecado. Vamos parar de pensar sobre mim por um segundo.
Era sobre a Hachikuji. Era sobre Mayoi Hachikuji, a garotinha de pé diante de mim, a garotinha com a qual
eu havia acabado de me reunir. Chame-a de uma "loli" ou uma "colobockle", eu não ligo — mas o que ela
está fazendo num lugar como este?
Espera, o quê?
Não, sério, o que você está fazendo aqui?!
"'O quê', você pergunta?" Hachikuji, que tinha alegremente me assistido surtar, parece um pouco irritada
quando o assunto é voltado para ela mesma. Um pouco irritada, ou talvez apenas um pouco insolente.
"Bem, sabe, eu fui para o Inferno."
Mas ela sai bem disso com isso. Ela diz isso indiferentemente, sem nenhuma sombra de pesar em seu tom. E
ainda assim, essa era quase a declaração mais pesada na qual eu poderia pensar...
"Eu fui para o Inferno."
Isso é pesado pra caramba!
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consideração para os arrependimentos da criança que morreu. Não é como se a Hachikuji tivesse morrido
antes de seus pais porque ela queria. Ser forçada a empilhar pedras todos os dias é uma penalidade muito bruta
para isso... Mesmo que você pudesse considerar isso um tipo de pecado, o fato de que ela morreu deveria ser
considerado uma punição mais do que suficiente por si só.
"..."
"Hm? O que tem de errado, Araragi-san?"
"Bem, eu tava tremendo de raiva por conta da injustiça inacreditável disso tudo... mas pra perceber, apesar
disso, que tem algo mais de errado aqui é o meu trágico destino como um detetive mestre."
"Você não tem uma única qualidade de um detetive mestre. Toda vez em que um quebra-cabeça tinha sido
apresentado a você, alguém mais sempre tem achado a solução para o mistério para você."
Isso é bruto. Mas ela está exatamente certa.
"Então, o que você percebeu?"
"Eu ainda quero enfatizar as minhas preocupações quanto a você acabar no Inferno depois de toda aquela
despedida emocional, mas se eu generosamente, além de generosamente, conceder esse ponto e deixar isso de
lado por enquanto, esse ainda não é um pecado grave o suficiente pra deixar você aqui comigo no Avicii, é?
Você deveria tá empilhando pedras no leito de rio Sai no Kawara... certo?"
Eu não sei muito sobre isso eu mesmo, mas se eu alongar a minha memória ao seus limites e me lembrar do
que a Hanekawa disse, é assim que deveria funcionar. Sai no Kawara é o leito do Rio Sanzu e um lugar que
você poderia chamar de a entrada para a entrada do Inferno. As criançaças constroem torres de pedra em honra
aos seus pais, e cada vez que elas fazem isso, um demônio — um ogro, não um vampiro — vem e os destrói.
Claro, é um Inferno bem severo pelo qual fazer uma criança passar, mas o Jizo Bodhisattva as resgata antes
de ser tarde demais, então você poderia dizer que é um inferno sem um plano de resgate. Uma versão diluída
do Inferno. Quando comparado à crueldade do Sañjīva, em que as pessoas experimentam a tortura de serem
mortas por demônios do Inferno e trazidas de volta à vida de novo e de novo, é amenizado o suficiente para
ser igualada a uma mera repreensão.
Eu já suportei uma batalha de brutalmente morrer e reviver como um vampiro, então eu entendo isso nesse
sentido, Sañjīva pode ser um Inferno morno demais para o qual me atirar, mas não é estranho que Mayoi
Hachikuji, cujo único pecado é "morrer antes de seus pais", esteja aqui, no Inferno Avicii?
"Impressionante. Você é bem afiado, Araragi-san. Acabei de dizer que você não tem nenhuma das qualidades
de um detetive mestre, mas você pode realmente ser Sherlock Holmes renascido."
"Eu tô morto, no entanto."
Além disso, eu não sou tão afiado. Qualquer um poderia perceber isso após pensar um pouco nisso. Por
exemplo, tenho certeza de que a própria fonte do meu conhecimento, Tsubasa Hanekawa, perceberia isso no
momento em que ela viesse a ficar cara-a-cara com a Hachikuji.
Bem, acho que não teria como a Hanekawa acabar no Inferno, em primeiro lugar... Ou, espera, talvez eu não
devesse ter tanta certeza disso? Se a Hachikuji e eu fomos enviados para cá sem nenhum espaço para discussão,
é difícil dizer se ela mesma reservou um ingresso para o Paraíso após todas as coisas que ela fez como Black
Hanekawa.
"Talvez chamar aqui de Avicii foi só uma piada ruim sua, e meu pecado foi na verdade só ter morrido antes
dos meus pais, que nem você, então aqui realmente é o Sai no Kawara?"
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Claro, aqui é um parque, não o leito de um rio — mas com certeza também não parece ser um turbilhão de
chamas.
"Por favor, não tente rastejar seu caminho para fora de sua situação na primeira oportunidade que vê. Avicii é
o Inferno no qual você pertence."
"Quando você enfatiza isso tão fortemente, faz parecer que já era óbvio que eu iria pro Inferno..."
Eu era tão ruim assim? Não consigo imaginar uma conclusão tão depressiva para se chegar após 17 volumes.
"Sim, isso mesmo, Araragi-san," diz Hachikuji mais uma vez. "Eu sabia que era aqui você acabaria — vi isso
vindo antes do tempo. Era óbvio. Então eu fiz uma viagem de negócios para longe de Sai no Kawara, onde eu
deveria estar, para vir lhe pegar."
"M... me pegar?"
"Sim. É um pouco como uma recepção de boas-vindas. Eu estava até mesmo planejando lhe trazer uma
grinalda assim como um havaiano faria, mas eu desisti porque parecia ser trabalhoso demais."
"Foi um motivo psicológico desses que te parou?"
Bem, acho que eu não saberia que cara fazer se eu fosse recepcionado no Inferno com uma grinalda de flores.
Se ela me fizesse uma grinalda de lírios-da-aranha-vermelha, seria trabalhoso demais para eu vir com uma
reação.
"Eu consegui escapar explicando que um amigo estava ficando por perto, então eu estaria tirando um dia de
folga de empilhar pedras."
"Sai no Kawara é tão folgada assim?!"
"Nesses dias as pessoas começaram a surgir para uma visita casual durante suas experiências de quase-morte,
então se tornou em algo como um ponto turístico."
"Você não pode tá séria."
"Eu tenho um bocado de influência entre os demônios do Inferno. Eles me deixam sair em vista. Oh, opas,
este é o Inferno, então eu imagino que deveria dizer que eles me deixam sair em batida."
"Eu não tive aqui por tempo o suficiente pra pegar as piadas do Inferno, então, por favor, pare de fazer elas."
Eu não sei o quanto do que ela está dizendo é uma piada... mas a declaração de ela saber antes do tempo chama
a minha atenção. Claro, ela não poderia ter vindo me pegar se não soubesse antes que eu estava vindo... mas
ela realmente viu isso vindo?
"Sim", diz Hachikuji. "Embora, talvez não seja certo dizer que eu vi isso vindo — eu 'sabia' disso."
"Sabia?"
"Sim. Eu sabia que você seria morto pela Gaen-san e acabaria aqui embaixo."
"... Você... sabia disso tudo?"
"Não, mais especificamente, é a pessoa que me contou disso que sabia."
"A pessoa que sabe de tudo — aparentemente."
Mayoi Hachikuji diz isso como se estivesse retraçando memórias do passado.
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Inferno Mayoi
005
"Tudo bem, agora que todos os mistérios foram completamente explicados, nós devemos estar indo. Vamos,
Araragi-san."
"Hein? Vamos aonde...?"
Todos os mistérios certamente não foram explicados, e parece que os que foram explicados foram apenas
rapidamente checados, e sério, você provavelmente poderia ir tão longe a ponto de dizer que a maioria da
conversa até então foi só conversa-fiada sem sentido!
Eu gostaria de requisitar o estabelecimento de um Quartel General de Exposição.
"Bem, bem, eu posso lhe contar os detalhes pelo caminho. Nós não temos que sentar e falar por aqui neste
parque o dia todo. Isto não é uma trilha de comentários de um anime, então não há necessidade de ficarmos
sentados. Eu sou, fundamentalmente, uma criança, então ficar em um lugar por tempo demais vai contra a
minha natureza."
"Hah... Vejo que você ainda tá no mesmo e antigo espírito livre, completamente desimpedida pelas bordas
entre as mídias... Quero dizer, não que eu realmente ligue pra onde a gente conversa."
"É algo natural que nossas conversas aconteçam em movimento, sabe. Embora você tenha perdido as suas
duas bicicletas, você também pode vir caminhar comigo em uma jornada espiritual de vez em quando."
"..."
Sendo "de vez em quando" ou "pela primeira vez em um tempo", eu não tenho nenhum problema com essa
proposição por si mesma, e não é que nós não possamos caminhar e conversar ao mesmo tempo, então eu
realmente não me importo... mas para onde nós estamos indo exatamente?
"Oh, não, veja bem — parece que as coisas saíram um pouco dos trilhos, então nós vamos consertar isso. Esse
foi o papel que me foi atribuído."
"Papel?"
"Hehehe. Que reviravolta irônica do destino que eu, que uma vez levei uma vida de levar as pessoas à perdição,
estaria servindo como uma guia."
Após fazer essa afirmação confusa, Hachikuji começa a andar, sua mochila enorme balança de um lado para
o outro. Se você aceita a teoria de que este é o Inferno (uma maneira de se frasear que mostra que eu não sei
quando desistir, de mais de uma maneira), parece que essa garota trouxe sua amada mochila todo o caminho
consigo até o próximo mundo.
Bem, eu não gostaria particularmente de ver a Hachikuji vestindo uma mortalha de enterro, então não vou me
incomodar em fazer picuinhas quanto a isso. Além disso, eu ainda estou vestido no meu uniforme escolar
também.
Não há vestígios de ele ter sido fatiado em pedaços. Não há nenhum sinal restante de que a Gaen-san me
transformou em carne picada — mas em vez de atribuir essa "recuperação" à minha vampirificação ou à
invasão das minhas características vampíricas, eu provavelmente deveria assumir que isso simplesmente se
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deve a este ser o Inferno em que você é revivido após morrer... Levaria uma quantidade infernal de tempo e
esforço para trocar de roupa cada vez que você morresse.
"Hm... Pensando nisso, a Shinobu não acabou aqui comigo. Já que eu morri, isso não significa que ela deve
ter reganhado os poderes originais de vampira dela...?"
"Provavelmente. Creio que essa seja somente outra parte do plano de você-sabe-quem, no entanto."
"'Você-sabe-quem'?"
Enquanto eu sigo atrás da Hachikuji, ao caminharmos para fora do parque juntos, eu repito essa palavra a ela.
Mesmo após deixarmos o parque, somos recebidos pela mesma calçada, as mesmas árvores, a mesma rua, a
mesma faixa de pedestre e o mesmo semáforo que nós sempre víamos fora do parque. Noutras palavras, a
cidade parece exatamente a mesma de sempre.
Não que eu seja realmente familiar com a área em volta do Parque "Rouhaku" para dizer com certeza como
ela tipicamente se parece — mas, pelo menos, passa a impressão de que é uma cidade bem comum. Não parece
nem um pouco que estamos no inferno. Se qualquer coisa... talvez a falta completa de transeuntes pareça um
pouco estranha?
"... Se me lembro bem, você é sentenciado a passar 2000 anos caindo num poço de chamas na entrada do
Inferno Avicii. Poderia ser que todos os criminosos ainda estejam no meio da queda, então ninguém realmente
conseguiu passar pelo caminho para este Inferno ainda?"
Não, não pode ser isso — aqui estou eu enquanto conversamos. E de acordo com os resultados daquela
experiência de Newton, não tem como eu ter caído mais rápido que todo mundo também.
"Você vai entender em breve — eu vou lhe fazer entender. Não se preocupe, você poderia muito bem me
considerar como onisciente e onipotente no momento; aquela pessoa me contou quase tudo que se há para
saber, afinal. Para ser completamente sincera com você, eu até mesmo ouvi um breve quadro geral de tudo
que você esteve fazendo ultimamente."
"De novo... Quem é 'essa pessoa'?"
"Aquela personagem."
"Okay, agora você tá me dando vibrações de um 'chefão final'."
"Aquela peregrinadora."
"Agora você tá usando palavras de uma era diferente. Você tava se referindo a ela normalmente antes. Então
quem é ela? Essa pessoa sua que sabe de tudo..."
Espera. Isso por si só deveria deixar bem óbvio quem é. Se não é a Hanekawa, então tem que ser ela — tem
que ser a mesma pessoa que me partiu em pedaços, a cabeça dos especialistas, Izuko Gaen.
Mas como poderia a Hachikuji, que ascendeu — correção, foi para o Inferno — entrar em contato com a Gaen-
san?
"Eu sou onisciente e onipotente através de autoridade delegada."
"Tenho quase certeza de que você não pode chamar isso de 'onisciente e onipotente'. Você tá levando 'um
burro na pele de leão' pra um nível completamente novo aqui. Ei, Hachikuji, você esteve marchando em frente
bem confidentemente, mas você pode pelo menos me deixar saber aonde exatamente a gente tá indo? A casa
da sua mãe — provavelmente não é aonda você tá indo, certo?"
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"Correto. A minha mãe evidentemente ainda está viva e bem, veja só. A casa dela pode ter sumido agora, mas
parece que ela só se mudou para algum outro lugar. Ainda bem, de verdade."
"..."
"Se eu devo responder a sua pergunta lhe contando o que iremos fazer em vez de aonde estamos indo — é
meu trabalho lhe trazer de volta à vida, Araragi-san. Mais cedo eu disse que estamos indo 'corrigir o que saiu
dos trilhos', mas essa não foi a maneira mais certeira de se colocar isso em palavras. O que eu deveria ter dito
é que estamos indo 'alterar o que deu certo'", responde Hachikuji, apenas conseguindo complicar isso ainda
mais.
Eu não entendo nada disso.
Bem, pensando nisso, as coisas que eu não entendo tendem a superar em número as coisas que eu entendo
estes dias. Sou completamente jogado por aí pelos meus arredores, sempre sendo arrastado para as coisas...
Tenho certeza de que alguém mais engenhoso do que eu poderia ter lidado com essas situações mais
sutilmente, no entanto.
"Me trazer de volta à vida... hein? Eu posso voltar à vida?"
"Claro que pode. Qual é o sentido de continuar morto?"
"Mas a Gaen-san..."
"A solução é que você tem que morrer." Foi isso que ela disse.
Gaen-san disse isso, então eu percebi que ela deve estar certa. Claro, não era algo que eu poderia prontamente
aceitar, e eu não compreendia o raciocínio por trás disso tudo — eu ainda não sei o que a Gaen-san estava
realmente pensando, mas se foi esse o curso de ação que ela tomou, então não importa o quão prejudicial pode
ser para mim, posso ter certeza de que ela tinha as necessidades de muitos em mente. Eu posso acreditar nisso.
E assim, eu não pretendo rejeitar a "justiça" que ela realizou. Se a solução é que tenho que ser morto por ela,
então isso não pode ser tomado de volta.
"Minha nossa, recomponha-se, Araragi-san. O bom e mau disso é que isso foi tudo uma parte do plano daquela,
matar você e trazer de volta à vida incluídos."
"Me matar e me trazer de volta à vida...?"
Isso foi tudo parte do plano dela? Que tipo de plano improdutivo é esse? Isso é pior que um incendiário
incendiando a sua própria casa; é tão sem sentido quanto multiplicar por 2 e então dividir por 2 depois. Não
realiza nada além de me dar um susto.
Ela só queria provar a existência do Inferno? Por que ela precisaria fazer isso agora? Além disso, se ele existe,
a Gaen-san certamente já saberia disso... hm?
A Hachikuji acabou de dizer "daquela"? Não "aquela pessoa"?... Talvez seja eu que esteja fazendo picuinhas
quanto às palavras agora.
"Não é multiplicar por 2 e então dividir por 2."
Sem endereçar a minha questão interna, a Hachikuji continua tagalerando. Falar em movimento realmente
combina mais com ela, julgando pela maneira que ela está ficando mais e mais tagalera por minuto.
"Há subtração envolvida também."
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"Subtração?"
"Você entenderá isso bem em breve também."
"..."
Parece que ela está deixando de fora as partes mais importantes... Embora eu tenha certeza de que a Hachikuji
tem uma agenda a qual ela tem que seguir como a guia do meu tour, então eu não quero realmente pressioná-
la demais para as respostas também...
Ainda assim, após ser me dito que irei ser "trazido de volta à vida", não consigo evitar me sentir um pouco
desconcertado. Eu gastei todo esse tempo sendo varrido junto pelas circunstâncias e atirado pela corrente,
então eu não tinha pensado tão longe assim ainda — eu fiquei atrelado demais pensando na Hachikuji — mas
agora que eu fui informado de que posso "voltar à vida", estou tendo problemas em assimilar isso.
"Algo de errado, Araragi-san? Você irá voltar à vida. Você não está feliz?"
"Bem... Para ser perfeitamente sincero, eu não tinha pensado tão longe assim ainda... Eu ainda não aceitei
realmente o fato de que eu tô morto, pra começar, então é um pouco difícil pro pensamento de voltar à vida
entrar na minha cabeça..."
"Hahaha. O quê, isso novamente? Se você aceitar um universo em que as pessoas podem voltar dos mortos,
isso diminuirá o sentido da vida?"
"Não é isso..."
Ou é?
Não, não é.
Não é isso. É que, no fundo, havia uma parte de mim que sentia como se um peso tivesse sido retirado dos
meus ombros. Isso quase soa como uma fala saída direto de um mangá, mas, bem, sabe...
"Hmm. Imagino que posso entender isso. Você esteve lutando pela sua vida sem parar, afinal.
Surpreendentemente o suficiente, parece que apostadores em uma onda de vitórias inconscientemente desejam
suas próprias derrotas frequentemente. Será que é um desejo natural equilibrar uma vida inclinada à vitória?
Estou disposta à acreditar que esses sejam os seus sentimentos sinceros, em vez de uma tentativa lamentável
de soar descolado."
"Qual é a dessa atitude condescendente...?"
"Mas, infelizmente, eu duvido que essa pessoa seja generosa o suficiente para ceder a esses seus sentimentos
sinceros. Por aqui."
Hachikuji dá a volta numa esquina.
No momento que ela faz isso, o cenário muda. Ou melhor, nós acabamos bem onde deveríamos ter acabado
por volta da esquina — o que mudou, nesse caso, foi a cor do céu.
Era plena luz do dia até um segundo atrás. Agora, nós dois subitamente nos encontramos de pé em um cenário
noturno. Os postes, que não estavam servindo a nenhuma função a meros momentos atrás, estão
brilhantemente iluminando a rua à noite de maneira natural, como se estivessem assim por horas agora.
"...? O que aconteceu? Alguém lançou um Tick-Tock?"
"Será mesmo... Oh, céus, você vê isso, Araragi-san? Há alguém esparramado no chão bem ali."
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"Hm?"
Assim que eu mais ou menos aceito a transformação do céu — no Inferno, qualquer coisa acontece, eu acho
— eu olho na direção em que a Hachikuji apontou, e eu vejo que, de fato, certamente há uma pessoa escorada
a um poste, banhando-se em seu brilho como se fosse um holofote brilhando nela.
Não, não certamente — incertamente.
E não uma pessoa, mas um monstro.
Aquela que caiu ali — aquela encharcada em vermelho, deitada numa piscina de sangue — é uma vampira à
beira da morte, com todos os quatros membros cruelmente estripados de seu corpo. Uma vampira lendária,
deixada caída num estado horrível.
Não é ninguém mais que a própria vampira do sangue de aço, do sangue quente e do sangue frio: Kiss-Shot
Acerola-Orion Heart-Under-Blade.
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Inferno Mayoi
006
“Sh... Shinobu!”
Eu corro em direção a ela. Eu não tenho que parar para pensar sobre isso — no minuto que eu a vejo, eu
simplesmente começo a correr. Eu não tenho a compostura para considerar por que ela está aqui, ou por que
meu encontro fatídico com ela daquelas Férias de Primavera está sendo recriado neste Inferno — eu
simplesmente corro.
Correr em direção a ela... e depois fazer o quê? Agora que penso nisso, não faço ideia.
Independente disso, apesar disso, sem poupar um pensamento quanto ao que vem em seguida. Será que eu
perdi minha cabeça? Eu estava tão convencido de que me arrependia profundamente das ações que havia
tomado... Eu certamente não me esqueci da tragédia da qual fui testemunha após eu ter sido cativado pela
beleza dela e imprudentemente me apressado para salvá-la, me esqueci? Mas apesar disso, eu corro até ela —
ou, mais especificamente, eu tento correr até ela.
Nossos olhos se encontram.
Isto é, no momento em que eu penso que eles se encontram... Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade —
enquanto mostra um sorriso ainda mais aterrorizador do que o estado na qual ela foi deixada — desaparece.
Ela some.
No mesmo momento, como se tivesse ido embora junto com ela, a escuridão no céu se dissipa, e o cenário
que tinha espontaneamente mudado espontaneamente volta a ser como era antes. Essa estrada da meia-noite
aparatosa, quase como um cenário que foi preparado especialmente para ela, volta a ser uma velha rua normal.
“...”
Uma alucinação? Uma ilusão de ótica? Uma miragem?
Não, de jeito nenhum... Eu não alucinaria no Inferno. Quanto mais sobre o fantasma de uma vampira.
A possibilidade de que Gaen-san assassinou a Shinobu com a “Kokorowatari” após ter acabado comigo, e por
isso que ela estava naquela condição, passa pela minha mente... Mas se bem me lembro, não é possível para
uma vampira genuína acabar no Inferno. A não ser como um dos demônios do Inferno, talvez...
Então, qual foi a disso tudo agora?
“O seu corpo se moveu sozinho, Araragi-san?”
Hachikuji se apressa à frente para me alcançar após eu ter corrido sozinho. Ela não parece nada surpresa pelo
que acabou de acontecer — é quase como se ela tivesse visto isso vindo antes do tempo.
Ela viu mesmo isso vindo. Ou eu deveria dizer, ela sabia? Contaram a ela.
“Que estranho. Com o quanto você profundamente se arrependeu de ter salvado a Shinobu-san durante as
Férias de Primavera, por que você tentou repetir o mesmo curso de ação quando perante a mesma situação?”
“Bem... uh, quer dizer, não sei como explicar isso além do meu corpo se mover sozinho...”
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Hachikuji não parecia particularmente me criticar quando disse aquilo, mas eu instintivamente comecei a
tentar me justificar, apesar disso.
“B-bem, só porque eu corri até ela não significa necessariamente que eu iria salvar ela como eu fiz antes.
Nunca se sabe, eu poderia ter apenas corrido pra dar a ela o golpe final.”
“Essa é uma mentira óbvia o suficiente para que até mesmo uma criança veja através dela... Não se esqueça
de que este é o Inferno. Vá contando mentiras por aí e você pode ter sua língua arrancada.”
Hachikuji diz isso provocativamente enquanto caminha à frente de mim — e lidera o caminho. Afobado, eu a
sigo.
“... Bem, mesmo que você deixe a opção de retirá-la de sua miséria de lado...”
Talvez se eu tivesse feito aquilo, isso providenciaria alguma forma de salvação àquela vampira nobre com um
desejo de morte — e ainda assim, deixando essa opção de lado...
“Mesmo agora, eu penso no que teria acontecido se eu só tivesse ignorado a Shinobu naquela hora... Se eu só
tivesse corrido, assustado pela vista daquela beleza ensanguentada. Eu visiono isso nos meus sonhos.”
Eu nunca pensei que teria visionado isso no Inferno, no entanto.
Em vez de encontrar um Buda no Inferno, encontrei um demônio — bem literalmente.
“Agora que penso nisso, o primeiro servo da Shinobu tinha sido reunido nesta cidade como uma nuvem de
cinzas nesse ponto... Nunca se sabe — talvez bem quando a Shinobu estava prestes a ser morta por aqueles
três caçadores de vampiros, o guerreiro de armadura teria completado sua ressurreição e trazido de volta à
vida em resposta à crise de sua mestra. Se isso tivesse acontecido... talvez esses dois, que se separaram em
termos tão ruins, teriam finalmente tido a chance de se reconciliarem 400 anos depois.”
“Essa história sim parece boa demais para ser verdade.”
“É. E eu poderia ter sido aquele a parar essa esperança tola de se tornar realidade... Quando penso nisso assim,
é o suficiente pra me deixar louco.”
“Por aqui.”
É difícil dizer se a Hachikuji está realmente escutando o que estou dizendo — ou melhor, do que estou
reclamando — pela maneira que ela apenas continua seguindo em frente. Pela sua história de fundo, parece
que ela não se encaixa muito em interpretar o papel de uma guia. Já que ela vai me trazer de volta à vida, não
tenho escolha senão seguir atrás dela como um patinho bebê, mas se ela não pode me guiar junto um pouco
mais gentilmente, eu nunca vou ter um entendimento do que está acontecendo.
Como prova concreta do comportamento ruim dela como uma guia, o próximo lugar no qual ela coloca um pé
é um para o qual você nunca erroneamente vagaria enquanto passeia pela cidade: o interior do Colegial
Naoetsu. Não importa em que direção você ande, não tem como uma calçada poderia levar diretamente para
dentro do corredor de uma escola — não, sério, isso está ficando louco. Isso não pode ser explicado
simplesmente como “ter ficado perdido”.
Embora eu ache que as coisas já estivessem loucas o suficiente quando o dia mudou para a noite num instante...
“Então esta é a sua escola, não é...? Bem, para ser precisa, imagino que seja somente uma recriação dela.
Ainda assim, eu posso ter vagado por toda a nossa cidade, mas corredores escolares é um terreno um pouco
sagrado para mim. Esta é a primeira vez em que eu alguma vez coloquei um pé dentro de um colegial. Se um
dos professores me parar, podem gritar comigo.”
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“Eu acho que seria eu a ficar encrencado se um professor me visse levando uma garota de 10 anos de idade
por aí... Os exames seriam o menor dos meus problemas...”
Eu seria confrontado com uma investigação, em vez de um exame. Deus me livre.
Dito isto, não parece existir nenhum demônio aqui no Avicii, quanto mais outros pecadores, então eu duvido
altamente de que nos depararemos com algum professor... Ainda assim, me pergunto qual é o sentido de ter
um Inferno inabitado. Talvez eles tenham mudado o sistema, e agora o Avicii é um Inferno projetado para dar
aos pecadores um sabor da verdadeira solidão? Isso daria um Inferno razoavelmente desagradável, mas já que
a Hachikuji veio me pegar, já foi transformado em algo como um paraíso... Foi me dado um mentor em vez
de um atormentador, talvez.
“Mas por que o caminho levou direto à minha escola? Não consigo mais ver a rua pela qual a gente acabou de
vir também. Só tem os velhos corredores normais...”
“Um caminho pode levar a qualquer lugar, entende.”
“Hmm... Mas...”
“Oh, céus, Araragi-san. Há um pervertido vindo por aqui. Tome cuidado.”
“Um pervertido? Isso parece grave. Rápido, Hachikuji, fique dentro de mim — quero dizer, fique atrás de
mim!”
“Você acabou de dizer ‘fique dentro de mim’ na primeira vez.”
Nós nos refugiamos numa sala de aula próxima para evitar o pervertido que vem em nosso caminho, mas o
suposto “pervertido” que caminha pelo corredor vazio parece não ser ninguém mais além de mim. Koyomi
Araragi.
Nesse caso, ele dificilmente é um pervertido — ele é um cavalheiro bonito. A Hachikuji só estava vendo
coisas?
Enquanto pensamentos estúpidos do tipo passam pela minha cabeça, eu percebo outra pessoa caminhando ao
lado de “mim”. É Tsubasa Hanekawa — e a versão antiga dela, para começo. É Tsubasa Hanekawa, usando
óculos e uma trança.
O cabelo dela está amarrado em uma trança, em vez de duas, então é a versão muito, muito antiga dela. Na
realidade, Koyomi Araragi não caminhou lado-a-lado nenhuma vez com uma Tsubasa Hanekawa de uma
única trança pelos corredores do Colegial Naoetsu. Depois que as Férias de Primavera terminaram, Hanekawa
repartiu seu cabelo em duas tranças — e nos últimos dias, não só ela deixou de usar óculos e cortou seu cabelo,
mas seu cabelo está colorido em listras de tigre preto-e-branco. Mas independente disso, a Hanekawa é a
Hanekawa — não há erro disso.
... Mas, hmm, sabe...
Araragi-kun, você sempre faz uma cara tão boba assim quando fala com a Hanekawa...? Eu sempre pensei
que parecia mais dignificado, mas isso é o mais longe disso que se pode estar.
Enquanto penso nisso, perco os dois de vista. Eles podem ter entrado numa sala de aula para ter algum tipo de
reunião como presidente de classe e vice-presidente. Talvez uma reunião sobre o festival escolar ou algo
assim.
“Você poderia dizer que a sua vida descendeu em caos desde que salvou a Shinobu-san... mas o seu encontro
com a Hanekawa-san logo antes disso foi um ponto de virada tão grande quanto. Ela causou um impacto
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enorme na sua vida. O que você pensa disso?” Hachikuji pergunta, de repente. Foi tão do nada que me levou
um momento para entender onde ela estava tentando chegar — mas o que diabos? Noutras palavras, ela está
me perguntando se eu estaria melhor se nunca tivesse encontrado a Hanekawa?
“Se me recordo, a Hanekawa-san foi aquela que instigou seu encontro com a Shinobu-san... Além do mais,
você foi pessoalmente atirado no espremedor duas vezes pelas mãos da Black Hanekawa.”
“...”
“Se você não tivesse se tornado amigo da Hanekawa-san, você não teria sido envolvido em todos esses
problemas... ou, pelo menos, ninguém poderia lhe culpar se você pensasse nisso dessa maneira.”
“... Bem, não vou negar que passei por um bocado por causa da Hanekawa. Graças àquela garota que só sabe
o que sabe expor verdades que não precisavam ser expostas e se esquecer de verdades das quais não deveria
ter esquecido, a gente acabou passando por alguns atalhos perigosos e fazendo alguns desvios insondáveis...
Mas ainda assim.”
Se qualquer um além da Hachikuji tivesse citado isso, uma pergunta como essa poderia ter sido o suficiente
para me fazer me perder em raiva. Mas já que é a Hachikuji que está perguntando, sou capaz de respondê-la
de uma maneira incrivelmente calma e racional.
Sem me perder.
Sou capaz de respondê-la como eu.
“Ainda sou genuinamente grato por termos nos tornado amigos.”
“...”
“Acho que posso ver aonde essa nossa jornada espiritual tá indo... Então, o que vem por aí? A gente deveria
ir seguir esses dois?”
“Hmm... Não há realmente um curso definido que nós temos que seguir, mas nós podemos fazê-lo, imagino.
Por aqui. Se ligarmos isso à história de Alice no País das Maravilhas, eu seria o coelho segurando o relógio
de bolso.”
“País das Maravilhas, hein...?”
A essa altura, aqui realmente parece mais o País das Maravilhas do que o Inferno — embora eu não me lembre
do livro original tão bem, então eu posso estar equivocado nessa.
Ela disse que eles eram recriações. Parque “Rouhaku” — e Colegial Naoetsu.
Recriações e reconstituições.
É uma reconstituição de tudo desde as Férias de Primavera até este ponto — eu sigo atrás da Hachikuji e saio
da sala de aula, mas a dupla de Koyomi Araragi-kun e Tsubasa Hanekawa-san já desapareceu de vista sem
nenhum sinal de para onde eles foram.
Se quisermos os seguir, temos que subir as escadas. Não importa que tipo de reunião eles estejam planejando
ter, eles certamente a terão na nossa sala de aula, no terceiro andar — enquanto penso nisso, meu olhar passa
para por cima da escadaria.
E então.
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Eu vejo uma garota do colegial congelada em meio ao ar. A pose dela poderia passar a alguém a impressão de
que está voando pelo céu, mas aquela garota suspendida em movimento congelado é alguém que conheço
bem.
“Senjougahara...”
“Eu diria que você também teve a opção de não segurar a Senjougahara-san quando ela perdeu seu equilíbrio
aqui... Certamente não era uma decisão tão pressionada quanto escolher salvar ou não uma garota jovem e
bonita morrendo no chão do corredor ou o que você tem. Segurar alguém em queda livre põe você em uma
posição consideravelmente perigosa — e dependendo de como você a segura, pode acabar machucando a
outra pessoa também. Mesmo que você tivesse simplesmente saído do caminho, a Senjougahara-san não tinha
nenhum peso corporal naquele tempo, então ela provavelmente não teria sido machucada. Aparentemente,
animais particularmente leves e insetos não se machucam mesmo que caiam de uma grande altura — tipo
isso.”
“...”
“Mas, claro...”
“Eu a seguraria. Eu vou segurar a Senjougahara quando ela cair — em cada e toda vez.”
Ela me disse que é grata por ter sido eu que a segurou naquela hora — então eu me sinto da mesma maneira.
Sou realmente grato por ter sido aquele a segurá-la. Foi só uma coincidência, um produto do acaso — mas
nesse caso, não sou avertido a chamar essa coincidência de um ato do destino.
Eu até diria que é a minha chamada.
“... Hipoteticamente,” diz Hachikuji, sem qualquer peso particular em suas palavras, enquanto sobe pelas
escadas, passando por Senjougahara, que ainda está presa na sua pose em meio a sua queda excessivamente
esquisita — de queda suspendida. “Se você não tivesse segurado a Senjougahara-san nessa hora... Hmm,
imaginemos que, mesmo que ela tivesse sido levemente machucada, não fosse nada grave. E digamos que,
após isso, ela continuou a viver sua vida como esteve a vivendo — séria, afiada e segurada em seu orgulho.
Em pouco tempo, aquele vigarista viria a esta cidade, não viria?”
“O vigarista... Deishuu Kaiki.”
“Correto. O destino deles está interconectado — e talvez esse destino os levasse a uma confrontação. Você
evitou essa confrontação destinada deles quando ela estava prestes a se tornar realidade durante as Férias de
Verão... Mas se você não tivesse ficado no caminho — se não tivesse havido um namorado para se meter —
me pergunto o que teria acontecido.”
“O que você quer dizer com isso...?”
“Talvez eles pudessem voltar a ficar juntos. A Senjougahara-san tenta esconder isso, mas tenho certeza de que
você adivinhou que houve algo entre eles no passado,” diz Hachikuji.
Eu imito a Hachikuji e passo pela Senjougahara.
Mesmo que ela esteja completamente congelada, essa é uma posição terrivelmente precária na qual deixá-la,
então sinto que deveria reuni-la em meus braços e movê-la para algum outro lugar; mas não sei, tenho medo
de que, no momento em que eu a tocá-la, isso quebraria o equilíbrio dela...
“Se as coisas tivessem acontecido diferentemente, essas cinzas poderiam ter iniciado uma chama — quando
você pensa nisso dessa maneira, tanto a vida quanto o amor verdadeiramente têm uma vontade própria.”
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"Hmm. A vida realmente é difícil, se alguém com a mentalidade e físico da Kanbaru-san ainda pode sentir
que as coisas não estão dando certo. Nesse caso, tenho que me perguntar se existe alguém no mundo que
realmente sente que sua vida está indo exatamente de acordo com o que quer."
"Não sei... Se nos aprofundarmos demais aqui, esta discussão vai ficar um pouco pesada pra um estudante do
ensino médio como eu. Mas, pelo menos, eu diria que todo mundo tem algum tipo de estresse com o qual têm
de lidar."
Contudo, não posso negar que parte dessa conjetura é baseada no desejo invejoso de que até mesmo as pessoas
que se sobressaem têm que sofrer um pouco. Embora, claro, se alguém reclamasse sobre como "ah, caaara,
estou tendo tanto problemas salvando dez bilhões de ienes, isso é horrível, estou totalmente estressado", seria
realmente difícil simpatizar com essa pessoa...
"Embora, por essa lógica, alguém poderia considerar as suas preocupações como sendo relativamente triviais
também. Você esteve sendo absurdamente abençoado — ou devo dizer, você recebeu tratamentos
absurdamente especiais enquanto se esforçava para fazer seus exames."
"Bem, é. Não posso dizer nada quanto a isso."
"Você pode dar a isso alguma consideração apropriada quando estiver dentre o mundo dos vivos novamente.
Você terá bastante tempo para pensar nisso."
Enquanto diz isso, Hachikuji rodopia sobre a aterragem da escadaria, então começa a seguir para o próximo
andar — ou assim parecia, mas antes que eu percebesse, nós não estávamos mais subindo as escadas do
Colegial Naoetsu. Nós estávamos subitamente cercados por um novo cenário, numa escadaria enterrada
profundamente dentre uma montanha íngreme. É uma escadaria que, ultimamente, atravessei mais
frequentemente que as escadas da escola.
É o conjunto de escadas longamente sinuosas que leva ao Templo Kita-Shirahebi.
Isso é mais parecido com uma distorção do que uma teleportação — é como se o espaço ao nosso redor fosse
distorcido. É uma mudança de cena um pouco mais reminiscente de uma literatura fantástica genuína do que
de uma história mágica para jovens adultos — e isso nem mesmo me surpreende mais. Eu me tornei
entorpecido a isso... ou talvez seja mais certo dizer que me acostumei a isso.
É bem estranho dizer que me acostumei ao Inferno... mas de qualquer forma, me lembrei agora. Antes, em
Junho, eu passei por Nadeko Sengoku nessas mesmas escadas... Se nada disso tem algo a ver com o Espelho
Johari, parece possível que eu esteja apenas assistindo a minha vida passar pelos meus olhos após morrer pelas
mãos da Gaen-san.
Talvez eu esteja somente olhando de volta para tudo que eu fiz — e do que me arrependo.
... É, isso mesmo.
Em relação à Shinobu, em relação à Hanekawa, em relação à Senjougahara e, claro, em relação à Hachikuji,
eu sei que tomaria o mesmo curso de ação não importa quantas vezes eu seja confrontado pela mesma situação
— mas ainda não posso negar que desejo ter feito um trabalho melhor.
"Você fez um trabalho perfeitamente bom, Araragi-san. No meu caso, pelo menos."
"Ouvir você dizer isso me faz mesmo me sentir melhor — mas, no mínimo, eu falhei em relação à Sengoku."
"Verdade o bastante. E ter o seu arqui-inimigo, aquele vigarista, de todas as pessoas, ser aquele a limpar a sua
sujeira deve ter sido verdadeiramente humilhante."
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"É, e então..."
Começo a dizer enquanto continuo a subir as escadas — e então, como esperado, ou talvez como devesse ser,
Sengoku vem fazendo seu caminho escada abaixo do topo da montanha: uma pequena garota vestindo um
bolsa de cintura, com um chapéu completamente puxado para baixo sobre os seus olhos. Ela corre montanha
abaixo com pressa, como se estivesse fugindo de algo. E essa é uma maneira precisa de se descrever como ela
se sentia na época.
Ela estava fugindo.
Ela queria fugir.
... Claro, nesse ponto — não na recriação dele agora, mas na montanha de verdade, quando eu passei por
Nadeko Sengoku — eu ainda não tinha percebido quem ela era.
Eu não entendia pelo que ela estava passando
Se existe alguma coisa que eu "gostaria de ter feito melhor" em relação a Nadeko Sengoku, talvez fosse algo
a ver com isso...
"Será mesmo. Acho que você espera demais de si mesmo. Você não é onipotente, entende. Você deve entrar
em acordo com isso, tal como a Hanekawa-san fez."
"Se eu estivesse em qualquer lugar próximo do nível da Hanekawa, tenho certeza de que teria a humildade de
me rebaixar também — mas quando se é que nem eu, não se pode evitar demandar um pouco mais de si
mesmo."
"Sengoku-san tinha se envolvido em uma briga com seu amigo, não tinha?"
"É, foi isso que aconteceu... Embora a raiz do problema posse ter sido esses 'amuletos' que um certo vigarista
circulou para um lucro rápido..."
Não.
Os 'amuletos' em si não tiveram importância no longo prazo. A raiz do problema ia muito mais profundo do
que isso...
"Ainda tem a questão de se você pode chamar alguém que coloca uma cobra amaldiçoada em você de um
'amigo'. Eu me lembro de que o Oshino tinha algo a dizer sobre isso também. 'É por isso que não faço amigos',
ou algo do tipo."
"Isso certamente é alguma filosofia... Bem, a Sengoku-san pode ter errado, mas não dizem que os problemas
nos quais você entra durante o primário e o fundamental darão boas memórias quando você ficar mais velho?"
"Não tenho certeza disso. Eu diria que traumas da infância grudam em você o suficiente pra continuarem a te
arrastarem pra baixo mesmo após você se tornar um adulto. Quero dizer, não sou um adulto ainda, então não
posso dizer com certeza... Mas o jeito com que eu estraguei as coisas com a Oikura no primário e no
fundamental não é nada além de uma memória dolorosa pra mim agora."
"Oikura-san..."
"Oh... Isso mesmo. Foi depois de nós termos partido caminhos que a Oikura voltou pra escola. Você já ouviu
alguma coisa sobre ela? Sabe, 'daquela pessoa'."
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"Bem, sim, um pouco... Mas ela e eu nunca nos encontramos de verdade. É difícil ter um entendimento de
como ela realmente é através de um jogo glorificado de 'Telefone'. Eu sei o que sei, e esse é o fim disso," diz
Hachikuji.
Essa fala teria sido o argumento definitivo se a Hanekawa tivesse dito ela, mas, lamentavelmente, quando a
Hachikuji a diz, o conhecimento dela realmente se sai como superficial.
... Mas, espera, ela disse "Telefone"? Se ela realmente ouviu tudo isso diretamente da Gaen-san, não acho que
ela usaria uma metáfora como essa... Faz parecer como se houvesse alguém mais agindo como um
intermediário entre elas.
Estou lendo isso longe demais?
"Vindo a pensar nisso, você cresceu em um ambiente doméstico absurdamente único, Araragi-san. Eu ouvi
um pouco disso tudo também — sobre como os seus pais frequentemente providenciariam abrigo para crianças
desafortunadas, como você passou muitos dos seus dias de primário ao redor dessas crianças, coisas do tipo.
Talvez foi esse ambiente que deu luz ao senso forte de justiça que você e as Irmãs de Fogo compartilham."
"... Pensando nisso agora, a Sengoku pode ter sido alguém assim pra Tsukihi-chan também. Não que a
Sengoku tivesse quaisquer problemas em casa ou algo assim..."
"Você realmente acha que existe um família por aí que não tem nenhum problema mesmo? Somente alguém
que é parte de um lar sabe como ele é por dentro, afinal. Apesar de que, para que saiba, a sua relação com as
suas irmãs é bem desconcertante para uma organização de terceiros."
"Não leve uma organização terceira a investigar isso. Só deixe isso no 'terceiros'."
Enquanto conversamos, a Sengoku caminha bem depois de nós — sem parecer se importar conosco. Essa é
apenas uma recriação, então imagino que é inteiramente possível que ela simplesmente não consiga nos ver...
Hmm, quando isso realmente aconteceu, a Sengoku percebeu que eu estava ali? Não consigo me lembrar.
Mesmo se ela tivesse me reconhecido, não era uma situação em que ela facilmente poderia me chamar, e eu
estava com a Kanbaru no momento...
De todo jeito.
Perder minha chance de chamar a Sengoku aqui... é outra "repetição". Um pouco depois — no dia seguinte,
eu acho — em troca, acabei a seguindo após tê-la visto na livraria...
"... Bem, eu posso ter falhado, mas também realmente não consigo pensar num jeito melhor com qual eu
poderia ter lidado com isso. Eu não tava em nenhum perigo eu mesmo, mas ainda era um assunto bem urgente
com o qual se lidar."
"Verdade o bastante. Nós frequentemente pensamos em situações hipotéticas nas quais poderíamos 'recomeçar
nossas vidas', mas se isso realmente ocorresse, é provável que nós simplesmente acabássemos repetindo as
mesmas ações de novo e de novo. E aqui eu pensava que poderíamos ser capazes de nos envolvermos em um
desses loops temporais que são um furor ultimamente."
"Não, essa mania acabou agora..."
"As tendências circulam de volta. Esse sim é um loop de verdade. As pessoas frequentemente dizem que a
história se repete também."
"A gente passou todo esse tempo falando de mim, mas e quanto a você? Se fosse você — se você pudesse
recomeçar a sua vida, o que você iria querer fazer de jeito diferente?"
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"Hmm, me pergunto sobre isso. Imagino que, no passado, eu queria reparar a relação entre a minha mãe e o
meu pai. Contudo, quando penso nisso agora, não tenho certeza de que seria certo os juntar novamente após
terem falhado. É triste que eles tenham terminado por uma emoção passageira, mas seria um problema por si
só se eles voltassem a ficar juntos por outra emoção passageira."
"... Sabe, se a gente for pelo que você tá dizendo, não teria nenhum espaço pra se construir relações entre
pessoas em primeiro lugar."
"Como a filha deles, tenho mesmo que reclamar que, se eles iriam se divorciar, desejo que eles nunca tivessem
se casado em primeiro lugar — mas então imagino que eu não existiria. Bem, percebo que esse é um argumento
bem extremo."
"..."
"Imagino que, no fim das contas, as pessoas simplesmente têm que jogar com a mão que lhes foi dada. O
mesmo vale para você. Em cada e toda vez, você lutou com tudo que tinha — e então, mesmo quando você
olha para isso de volta agora, não importa quantas vezes você as repetisse, provavelmente apenas faria as
mesmas coisas de novo e de novo."
"Mesmo se você não tomou o curso de ação mais apropriado, você tomou o 'melhor'."
É isso que ela diz.
"Além disso... No que se refere à questão da Sengoku-san, acredito que houve um bocado de interferência
exterior. Houve abalos posteriores... Imagino que você poderia dizer."
"...? Interferência exterior? Abalos posteriores?"
"Certo, imagino que você não seria capaz de entender essa parte. Nesse caso, não se importe com isso. Eu
simplesmente quis dizer que, se você tenta fazer demais, há sempre uma represália."
"Ei, na verdade," comecei a perguntar, achando isso estranho, "Por que ainda estamos subindo esta montanha?
A gente acabou de passar pela Sengoku, que você disse ser a última, então a gente não fez tudo que deveria
nesta jornada espiritual? Não alcançamos a linha de chegada da peregrinação?"
"Não, não. Eu já lhe contei qual o objetivo da Peregrinação dos 89 Templos de Mayoi Hachikuji é: trazer-lhe
de volta à vida. Nós não podemos parar aqui — na verdade, seria correto dizer que tudo até agora tinha sido
apenas um desvio."
"Um desvio?"
"Você poderia até mesmo dizer que estávamos perdidos."
"..."
"Não precisa se preocupar. Isto tudo é um tipo de ritual necessário — embora eu imagine que seja mais uma
iniciação do que uma cerimônia."
"Quando você mencionou me trazer de volta à vida... Assumi que isso seria feito usando a espada que se opõe
à lâmina demônio, 'Kokorowatari', a espada curta 'Yumewatari'... Eu tava errado?"
A Gaen-san me cortou com a lâmina demônio, "Kokorowatari". É uma espada que mata esquisitices, uma vez
empunhada por um especialista em destroçá-las — uma espada que pode cortar coisas que não existem
naturalmente, coisas que não deveriam existir.
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A espada que fica em oposição a ela é a outra lâmina demônio, "Yumewatari". Se você tivesse que dar a ela
um apelido que combinasse, seria a "ressuscitadora de esquisitices". É a segunda lâmina demônio, uma com
o poder de "reviver" as esquisitices que foram mortas pela espada "Kokorowatari" — ou foi isso que ouvi da
Shinobu.
Hipoteticamente, se o verdadeiro objetivo da Gaen-san — se o sentido por trás do barbarismo não
característica dela era o de realmente "me matar e trazer de volta à vida"... Assumi que a única maneira que
ela poderia fazer isso seria usando a "ressuscitadora de esquisitices".
Claro, não tenho ideia de como a Gaen-san poderia colocar as suas mãos numa espada que foi supostamente
engolida pela "Escuridão" há centenas de anos... Mm, espera, alguém não mencionou algo sobre isso para
mim uma vez? Minha memória está um pouco nebulosa...
"Não, você está correto. Contudo, essa é a parte da cerimônia que tem de ser realizada na Terra — nós temos
nossa própria maneira de fazer as coisas aqui no Inferno."
"Você faz isso soar bem legal..."
Tudo que nós estamos fazendo é saindo para um passeio, no entanto.
Nós simplesmente estamos caminhando um ao lado do outro.
Caminhar com a Hachikuji assim me traz tantas memórias me deixa envolvida num tamanho estado de sonho
que isto dificilmente se parece com a realidade — embora eu esteja no Inferno, então claro que não se pareceria
com a realidade.
Ainda assim, não se parece com o Inferno também.
"De qualquer forma, não precisa se preocupar. Não há nenhuma provação pela qual você tenha que passar
para retornar à vida, nem nenhum obstáculo que você tenha que superar. Não há nenhuma pegada a isso como
'Você não pode olhar para trás' também. A sua ressurreição já está 100% garantida, então simplesmente relaxe
e se prepare para o que vem a seguir."
"..."
"Hm? O que foi? Essa é uma cara absurdamente terrível que você tem."
"Terrível...?"
Acho que você quis dizer "aborrecida".
Não, talvez "terrível" não seria totalmente errado — pelo menos, estou me sentindo bem terrível.
Por que, você pergunta? Porque enquanto subimos estas escadas para o Templo Kita-Shirahebi, a minha
memória começa a lentamente, vagamente se juntar novamente — e se conectar a manhã de 13 de março,
quando eu fui cortado em pedaços pela Gaen-san.
Sabendo disso, se segue que nós vamos subir as escadas por todo o caminho até o Templo Kita-Shirahebi,
onde a Gaen-san estará esperando por mim, e ela irá me cortar mais uma vez usando a espada demoníaca
"Yumewatari" para me reviver. Não estou exatamente animado quanto a ser cortado novamente. Estou um
pouco nervoso sobre essa suposta maneira de se fazer as coisas no Inferno.
"Vindo a pensar nisso," Hachikuji fala. "A Ononoki-san está bem?"
"Mm?"
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"Nós duas somos parentes, em certo sentido. Por conta disso, aquela pessoa teve o cuidado de falar muito
pouco dela, mas vendo que eu devo muito a ela após toda sua ajuda durante o incidente com a 'Escuridão', eu
esperava ser capaz de lhe perguntar sobre ela quando o visse."
"Ononoki-chan..."
Ah, é, isso mesmo.
A Hachikuji e a Ononoki-chan só tiveram a chance de interagirem durante os poucos dias do incidente da
"Escuridão", mas talvez porque seja natural formar laços no caminho juntos, ou talvez porque elas tiveram
algum tipo de entendimento mútuo como duas esquisitices da mesma geração, me recordo de que elas
pareciam se dar especialmente bem. Um contraste completo com a Shinobu e a Ononoki-chan, que estão
sempre pulando na garganta uma da outra.
... Claro, a Ononoki-chan é um pouco misteriosa, então mesmo que elas se "deem bem", ela ainda não é alguém
com a qual baixar a sua guarda. Na verdade, enquanto ela salvou a minha vida tantas vezes agora que eu tendo
a esquecer disso, quando nos encontramos pela primeira vez, éramos inimigos amargos. A Shinobu
provavelmente é aquela em direito aqui por não baixar a sua hostilidade.
Sou eu que sou louco por viver junto com ela, apesar de tudo isso — sou eu aquele que deveria ser chamado
de anormal. Sou eu aquele que deveria ser repreendido.
"É, ela tá indo bem — embora ela esteja morta, então eu não sei se 'bem' é realmente certo aqui. Ela ainda tá
firme e forte, de todo jeito." "Entendo. Como aquela que a apontou como minha sucessora, é um alívio ouvir
isso."
"A Ononoki-chan é a sua sucessora?"
"Sim. Oficialmente. Tenho certeza de que ela esteve participando de conversas-fiadas divertidas com você no
meu lugar," diz Hachikuji, não parece necessariamente que ela esteja brincando também. "Durante aquela
nossa jornada arriscada, pedi a ela para cuidar de você se qualquer coisa acontecesse a mim."
"Não fazia ideia de que vocês duas conversaram sobre algo assim..."
Não sei com certeza se a Ononoki-chan realmente levou essa conversa a sério, mas se ela realmente decidiu
acatar esse "pedido", então ela já fez mais para cumpri-lo do que a Hachikuji provavelmente poderia ter
imaginado. E não somente na fronte de conversa-fiada também.
"... Agora que penso nisso, a Ononoki-chan não tá inclusa no Tour dos 89 Templos, huh?"
"Por conta de restrições de tempo."
"É por causa das restrições de tempo?"
"Sim. Foi uma decisão difícil que a Hachikuji P teve de tomar. Tudo bem, a Ononoki-san consegue muitas
tomadas em close-up no anime, então tudo se equilibra."
"Essa aí não foi uma troca tão fechada..."
Troca fechada. Equilíbrio.
No minuto em que a palavra sai da minha boca, sou pego por ela. Não, em vez de ser pego por ela... Acho que
se pode dizer que finalmente ocorre a mim — isto é, o que estava na ponta da minha língua quando a Hachikuji
estava me contando tudo sobre isso de voltar à vida... Mesmo após terminarmos nosso tour, após ficar mais
próximo da minha ressurreição por um segundo, eu não podia processar isso e colocar isso na minha cabeça.
Mas assim que eu disse essa palavra, isso finalmente ficou claro para mim tão tarde na altura do campeonato.
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"..."
"Hachikuji, foi provavelmente errado você ter permanecido na Terra... Foi algo que você não devia ter feito.
Foi por isso que as leis da natureza entraram em jogo."
Através da "Escuridão".
"Foi por isso que a natureza retaliou contra você. Você quase acabou incapaz de ir para o Céu ou para o
Inferno, forçada a passar o resto da eternidade como um espírito vagante."
"Em vez disso, eu fui quase obliterada. Essa realmente passou perto."
Ela diz isso indiferentemente, mas realmente era algo sério — o suficiente para fazê-la se sentir endividada
com a Ononoki-chan com certeza.
"Oh, não, não. A parte a qual estou mais grata à Ononoki-san é pela vez em que ela me deixou ser carregada
nos ombros dela para que eu lhe beijasse."
"Tenha um pouco de tato, sim?!"
Eu estava fazendo o meu melhor para não citar isso! Nós não tivemos um acordo tácito de fingir que isso
nunca aconteceu?!
"Essa linha de raciocínio é meio... sabe. É como dizer que, em vez de conquistar algo, o caminho mais fácil
pro sucesso é simplesmente evitar o fracasso. É uma maneira muito japonesa de se pensar."
"..."
Bem, na verdade muitas pessoas pensam assim no estrangeiro também.
"Como um estudante lidando com exames que reduz pontos por respostas erradas, não é surpreendente que
você fosse tomado por essa ideologia, e não sou inteiramente contrária a essa maneira de pensar por si só
também. Contudo, se você fizer as coisas dessa maneira, nunca será capaz de conseguir o que você realmente
deseja."
"Você nunca conseguirá... o que realmente deseja?"
"Deixa tudo dependente da aprovação de outra pessoa. Você apenas será capaz de conseguir as coisas que as
pessoas lhe dão dessa maneira. Claro, isso não é necessariamente uma coisa ruim — mas para alguém como
você, que sempre deseja as coisas que estão fora do seu controle e fora do seu alcance, isso simplesmente não
funciona."
Você tem que cometer muitos erros. Você tem que falhar de novo e de novo. Você tem que recomeçar as
coisas e tentá-las de novo e de novo. Você tem que hesitar, tem que ficar frustrado. Você tem que aprender
por tentativa e erro. Você tem que aguentar uma enorme quantidade de criticismo, e no fim disso tudo...
"... Você só tem que ter sucesso, certo?"
"Bem... eu não tava realmente falando de mim mesmo especificamente, sabe. Ainda assim, você pode tá
certa... Não, é assim que deve ser."
"Se você simplesmente viver por 'consertar o errado', você pode começar a desejar por erros do mundo e das
pessoas ao seu redor sem notar. Se é a isso que isso lhe leva, é uma ideologia bem perigosa. Não posso aprová-
la."
"Hmm..."
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"Você acabou de dizer que não estava falando de si mesmo. Então de quem você estava falando?"
"..."
Não tenho certeza de como responder a isso.
Era daquelas heroínas da justiça, as Irmãs de Fogo? Não — elas não pensam o bastante em suas ações para
garantir esse tipo de discussão.
Então eu estava falando... do Oshino?
Eu queria falar sobre aquele homem que valoriza o equilíbrio, que age como um mediador entre o certo e o
errado, entre o bem e o mal, entre nós e eles... aquele homem que sempre dizia que as pessoas apenas têm que
se salvar por si mesmas?
Não.
Provavelmente, a pessoa a qual eu estava me referindo, aquela da qual eu queria falar... era ela.
Aquela estudante transferida. A sobrinha de Meme Oshino.
Ougi Oshino — eu queria falar sobre ela.
Por que o nome dela não tinha passado pela minha mente até agora? Por que eu não conseguia me lembrar
dela? É estranho — ela esteve sendo uma figura chave na última metade de ano da minha vida.
... A Ougi-chan é outra exceção nesta peregrinação? A Hachikuji não chegou a mencioná-la.
Bem, a posição da Ougi-chan em relação a mim é bem diferente da de Senjougahara e da de Hanekawa... Ela
age toda desprentesiosa, mas ela é bem persistente em sua abordagem comigo. Nesse sentido, ela pode estar
na mesma classe que a Kanbaru.
... A mesma classe que a Kanbaru?
Eu não tinha pensado nisso... mas agora entendo, então a Ougi-chan está na mesma categoria que a Kanbaru...
Ela se chamou de uma fã da Kanbaru, então tenho certeza de que ela ficaria feliz em ouvir isso.
Desejando ter uma discussão mais profunda sobre a Ougi-chan, tento pensar numa boa maneira de mencioná-
la, mas o tempo acaba antes que eu conseguia vir com alguma ideia boa.
As escadas chegam a um fim. Nós caminhamos pelo portão Torii do Templo Kita-Shirahebi.
Ao caminhar pelo portão Torii, o espaço ao nosso redor — não se distorce numa nova locação. O Templo
Kita-Shirahebi continua o mesmo de sempre.
Contudo, é o Templo Kita-Shirahebi de antes de ele ter sido reconstruído. Acabado e arruinado, apodrecendo,
seco, uma vista miserável — um templo esquecido que você nem saberia que era um templo a não ser que lhe
fosse dito.
Está quase no mesmo estado exato no qual ele estava quando eu vim aqui pela primeira vez com a Kanbaru
— a única diferença verdadeira é que não há nenhuma cobra crucificada nas árvores próximas. Já que a
Sengoku acabou de descer as escadas, o fato de que isso não foi copiado pode ser um erro no sistema, mas ver
várias cobras crucificadas não seria exatamente agradável, então estou bem grato que essa parte foi omitida.
Mas mesmo sem isso, eu fiquei acostumado a ver a versão reformada — recentemente construída do zero,
para ser mais preciso — do Templo Kita-Shirahebi, então vê-lo em sua forma arruinada e antiga ainda é o
suficiente para fazer o meu sangue curdle.
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Logo após eu ter relaxado um pouco por conversar com a Hachikuji, fico completamente tenso novamente. Já
que o portão não levou a um local novo ou a uma nova dimensão, isso deve significar que a última parada
nesta trilha desconcertante é de fato o Templo Kita-Shirahebi.
Nós vamos corrigir o que saiu dos trilhos.
Espera, não, a Hachikuji disse alguma coisa confusa sobre como nós vamos alterar o que deu certo, em vez
disso. Ela vai começar a me explicar isso em breve?
E então.
Adiante do caminho que leva ao templo, logo em frente da construção decadente — eu vejo alguém próximo
à caixa de oferendas.
Alguém está esperando por nós.
Essa pessoa é diferente da Shinobu e da Senjougahara, ou da Hanekawa ou da Sengoku, ou de qualquer um
que vimos até agora — ela está claramente nos encarando, esperando por nós.
Contudo, eu tinha esperado que haveria alguém no templo — ou eu simplesmente tive um pressentimento,
talvez.
Ou talvez fosse uma sensação de déjà vu.
Afinal de contas, no dia 13 de março, eu subi as mesmas escadas e fui cortado em pedaços pela Gaen-san, que
estava em espera no meu destino — mas, espera, talvez houvesse uma parte de mim que não esperasse
ninguém estando lá também.
Mês passado, eu vim aqui me encontrar com a Kagenui-san, assim como nós concordamos em fazer — mas
quando eu apareci no nosso local de encontro no Templo Kita-Shirahebi, fui completamente abandonado.
Yozuru Kagenui.
Aquela onmyoji violenta... ainda não se encontra em nenhum lugar.
Com a personalidade da Ononoki-chan sendo do jeito que é, ela não parece ter muito a dizer sobre o assunto
— claro, ela tecnicamente não tem uma personalidade, para começo — mas como aquele que foi deixado para
trás, e como aquele com a shikigami dela, Ononoki-chan, deixada sob meus cuidados, não consigo evitar ficar
um pouco preocupado com o bem-estar dela.
E é por esse motivo.
Independente de se este lugar é apenas um pano de fundo no Inferno, eu tive um pressentimento de que alguém
estaria esperando por mim no Templo Kita-Shirahebi, e o pressentimento de que ninguém estaria lá — embora
fosse claro que se eu tivesse ambos os pressentimentos, é óbvio que pelo menos um deles estaria correto.
Contudo.
Contudo, eu ainda fico surpreso pelo que eu vejo — não consigo evitar ficar chocado com a identidade da
pessoa esperando aqui.
Sobre essa caixa de oferendas quebrada e rachada que parece prestes a regurgitar seu conteúdo, senta-se
alguém que não é nem Izuko Gaen, nem Yozuru Kagenui.
É um especialista, assim como elas.
Mas um especialista que não é como elas.
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Inferno Mayoi
007
“O qu...”
Enquanto eu gaguejava isso, eu instintivamente recuei — o suficiente para que eu ficasse próximo de tropeçar
escada abaixo. Se eu me enrolasse com a Hachikuji e nós dois caíssemos juntos, isso poderia ter acabado com
nós dois trocando de corpo.
“O-o que você tá fazendo aqui...?”
Você deveria estar morto.
Ele deveria ter levado um golpe direto do “Unlimited Rule Book” de Yotsugi Ononoki, sofrido retribuição e
ido ao encontro de uma morte dramática, não deixando um pedaço de carne para trás — e assim eu fico
absolutamente sem palavras em surpresa ao vê-lo.
Mas quando penso nisso, é uma maneira estranha de se reagir. É uma reação exagerada.
Afinal de contas, este é o Inferno.
Falando dos mortos, eu mesmo estou morto. O fato de que há um homem morto aqui — o fato de que fui
reunido com ele após sua morte é perfeitamente natural.
Isso ainda deixa a questão de por que um especialista como ele acabaria no Avicii, mas eu imagino que, mesmo
que ele fosse um especialista, ele era um da variedade desviada, removido da rede de trabalho da Gaen-san...
Quando eu penso no que ele fez com a Kanbaru, Tsukihi e Karen, eu pessoalmente não consigo evitar sentir
que o Avicii é melhor do que ele merece.
Ainda assim, o que é isso?
Algo parece errado aqui.
A sensação inconfortável que eu tenho ao me reencontrar com ele é diferente da que eu tive quando eu me
encontrei com a Hachikuji no fundo do Inferno — mais do que algo parecer “estranho”, é mais como se eu
sentisse que tudo está se conectando(?) de uma forma estranha, como as peças de um quebra-cabeça reunidas
num formato que eu não esperava...
Ou não. No final, eu basicamente apenas não faço nenhuma ideia do que está acontecendo.
“Você não deveria fazer essa cara, Araragi-kun — embora seja bom ser expressivo. Aconteceu muito entre
nós dois, mas tudo isso é de quando nós estávamos vivos. Eu ficaria contente se você pudesse deixar o passado
no passado.”
Tadatsuru fala, parecendo completamente indiferente.
De alguma forma, acho que é isso que parece diferente de como eu me lembro dele... Nós fomos envolvidas
numa situação bem tensa antes, então é óbvio que a minha impressão dele agora seria um pouco diferente,
mas já que atualmente estamos no fundo do Inferno, eu diria que as circunstâncias atuais não estão exatamente
vazias de tensão também...
Por que ele está tão... Sim, é isso.
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Sobrenaturais, do qual também participava Yozuru Kagenui, assim como uma Izuko Gaen de idade
universitária, que provavelmente servia como a líder do grupo.
E então, enquanto eles ainda estavam na escola... eles criaram uma “boneca” chamada Yotsugi Ononoki.
Usando o cadáver de um humano que tinha vivido por cem anos, eles fizeram uma shikigami na forma de uma
garotinha. Então eu acho que houve uma discórdia por conta dos direitos de propriedade dela, particularmente
entre a Kagenui-san e o Tadatsuru?
Após isso, Tadatsuru cortou seus laços com a Gaen-san... e então, enquanto cada especialista continuou
seguindo por seus próprios caminhos, Tadatsuru sozinho se desviou numa direção completamente diferente
do resto...
Eu cruzei caminhos com ele ao mesmo tempo em que uma mudança tinha ocorrido no meu corpo — antes,
quando eu estava começando a me transformar num vampiro completo, sem isso não ter nenhuma relação com
a Shinobu...
E, ao final do nosso conflito, ele foi assassinado pela boneca que ele mesmo tinha criado. Podia-se dizer que
ele colheu o que plantou, mas aquela foi uma morte dramática demais para ser inteiramente atribuída ao carma.
Foi uma morte da qual eu tinha suspeitado que até mesmo um vampiro de meia-tigela não seria capaz de
retornar, um momento final quase em par com Danjo Matsunaga, e é por isso que foi tão desconcertante vê-
lo aqui... Acho que essa é como a versão do mundo real daquela fala que se vê frequentemente em mangás e
afins: “Vamos nos encontrar no Inferno!”.
Obviamente, não é muito divertida na vida real...
Contudo, isso não parece tão simplesmente quanto dois inimigos mortais se reunindo no Inferno. Se tudo isto
é parte do plano da Gaen-san, o que diabos está acontecendo aqui? Serei realmente capaz de engolir a
explicação que ele supostamente está prestes a me dar? Sei que estou batendo num cavalo morto aqui, mas eu
ainda nem engoli o fato de que eu fui para o Inferno.
Ainda estou um pouco relutante em falar com ele de perto, então deixo um pouco de espaço entre nós, parando
por volta de cinco passos de distância dele. Hachikuji faz o mesmo, e Tadatsuru parece aceitar isso.
“A Yotsugi”, ele começa a perguntar, “está bem? Eu realmente espero que ela não esteja chateada por me
matar.”
“... Você é um dos criadores dela, tenho certeza de que sabe. Ela não liga nem um pouco — ela só tá comendo
sorvete como se nada tivesse acontecido.”
“Tenho certeza. Claro, sou um dos criadores dela... um dos manufaturadores dela, então sei bem disso. Em
vez de preocupação, apenas considere isso o amor de um parente — irei sempre me preocupar, mesmo quando
não é necessário. Ninguém informou as circunstâncias a ela, afinal,” diz Tadatsuru.
As circunstâncias?
“Circunstâncias... Que circunstâncias?”
“Mm. Ela é uma shikigami criada para simplesmente seguir ordens, então ela as seguirá mesmo que não saiba
das circunstâncias por trás delas. É isso que é tão bom nela — esse é o ponto forte dela. Claro, a própria
Yozuru é do mesmo jeito — embora, no caso dela, imagino que ela simplesmente não leve os detalhes da
situação em consideração. Gaen-senpai fez um trabalho e tanto em descobrir como controlar uma existência
tão incontrolável.”
“... Você tem alguma intenção de explicar essas circunstâncias?”
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Tadatsuru Teori é profissional demais para ser comparado ao frívolo Oshino, mas seu jeito indireto de falar
ainda traz aquele velho especialista à mente. Tenho quase certeza de que eu costumava ficar tão irritado assim
quando conversava com ele também — as pessoas têm a tendência de embelezar suas memórias do passado,
então eu penso no Oshino com muita consideração como um especialista, mas a minha mente não embelezou
esse aspecto dele nem um pouco.
“Eu tenho. Se eu não lhe reviver a tempo, Gaen-san pode ficar com raiva de mim. Ela é terrivelmente
assustadora quando está brava, entende.”
“...”
“Para resumir — naquela época, naquele cenário, ser morto pela Yotsugi foi a verdadeira tarefa que tinha sido
confiada a mim,” diz Tadatsuru.
Ele diz isso, com um rosto completamente sério.
“Ser morto pela Yotsugi, acabar no Inferno antes de você e realizar as preparações para a sua ressurreição —
foi esse o meu trabalho como um especialista profissional.”
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Inferno Mayoi
008
“... Hã?”
Por um momento, não faço ideia do que ele está dizendo, e uma vez que esse momento acaba e outro segundo
se passa, e então outro minuto, e eu ainda não entendo. Provavelmente leva cinco minutos completos antes
que eu mal descubra o que ele está dizendo — Tadatsuru e Hachikuji pacientemente me aguardam através do
meu intelecto lento.
Infelizmente, após fazê-los esperar por todo esse tempo enquanto eu quebrava minha cabeça, a resposta com
a qual eu finalmente consigo vir é:
“... E-então, você só se fingiu de morto?”
Até mesmo eu estou um pouco desapontado comigo mesmo.
Do que estou falando? Este é o Inferno — não é um lugar ao qual você consegue ir apenas ao se fingir de
morto.
Ainda assim, se você colocar o senso comum e as circunstâncias lado-a-lado e tentar chegar a uma conclusão,
aposto que a maioria das pessoas viria com algo similar. Ninguém vai saltar direto na resposta certa quando
diante de uma situação tão desconcertante.
Talvez a Hanekawa pudesse, mas somente isso.
“Fingir de morto....? Não, não é bem isso,” Tadatsuru diz, obedientemente avaliando a minha resposta.
Isso quase dá uma volta inteira e se torna perverso... Bem, ele é parte do mesmo grupo que Kaiki e Oshino, é
provavelmente seguro esperar que ele tenha um traço de maldade.
“Eu realmente estou morto, entende. Contudo, você não está completamente fora de marca também.
Realmente teve conotações similares a ‘se fingir de morto’ — assim como se faria ao cruzar o caminho de um
urso.”
“Um... Um urso?”
“Ou talvez algo mais como um demônio.”
Tadatsuru prossegue, fazendo algum tipo de trocadilho — de início, pensei que poderia ter algum significado
mais profundo nisso, mas apesar da aparência jovial dele, ele deve passar bem dos 30, então é possível que
ele só goste de fazer trocadilhos.
Falando de algo demoníaco...
“Pergunto-me como devo seguir em explicar as coisas... Diferente daquele locutor eloquente do Oshino ou do
articulado Kaiki, eu não tenho muito experiência em conversar com outras pessoas. Eu era do tipo de criança
que sempre brincava sozinha com suas bonecas.”
“...”
“Independente disso, para levantar algum entusiasmo e começar da parte mais simples disso: eu já tinha estado
morto por um tempo bastante longo, no que se refere à minha vida como um humano.”
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Ele diz isso sem sequer um sinal de pausa. Quando se considera o que ele está dizendo em conjunção a esse
tom de voz, enquanto ele pode não ser um locutor tão ruim, ele certamente parece mesmo ser um explicador
ruim.
Além disso, seria realmente depressivo se o motivo dele para se tornar um usuário de marionetes fosse que
ele costumava brincar com bonecas sozinho, mas deixando isso de lado...
“Você já tava morto? Hã... o quê?”
“O ‘eu’ que a Yotsugi matou antes foi meramente uma marionete sob o meu controle. É um truque do negócio
para os usuários de marionetes — chame isso de arte da ‘substituição’, ou talvez ‘esquiva’.”
“...”
“Hm? Esperei que você viesse com uma pergunta por volta deste ponto, mas agora você simplesmente ficou
quieto. Imagino que conversas reais nunca são tão fáceis quanto falar com estatuetas.”
Brincar com bonecas e falar com estatuetas podem parecer coisas similares num nível superficial, mas passam
impressões absurdamente diferentes — mas deixando isso de lado, o motivo pelo qual fiquei quieto é, claro,
porque eu estava totalmente sem palavras.
Se Tadatsuru pensou que eu teria uma reação imediata a isso, temo que ele tenha esperado demais de mim. A
maioria das pessoas, quando perante uma situação inesperada, simplesmente congela na hora, incapaz de
pronunciar uma palavra.
Mas ainda assim.
Em retrospectiva, como um estudante do colegial qualquer que ama entretenimentos modernos como mangás,
animes e TV, o fato de que eu nenhuma vez considerei essa possibilidade seria uma base mais do que suficiente
para eu ser criticado como estúpido.
Um boneco substituto.
Essa é uma rotina esperada para usuários de marionete.
Então antes ele estava se fazendo de morto...? Ou não. Se fazendo de vivo?
Ele fingiu estar vivo para que pudesse ser morto?
“Você disse... que a Ononoki-chan não sabia disso, certo?”
“Sim, isso mesmo. E não somente Yotsugi. A Yozuru não sabia também — embora, no caso dela, pode ser
mais preciso dizer que ela nunca se incomodou de descobrir. Como alguém que só procura os fortes, tenho
certeza de que ela tinha muito pouco interesse em um homem magricelo como eu... Que amor triste.”
“Amor?”
“Oh, essa é uma história de muito tempo atrás, então não se importe. Tenho certeza de que as histórias do
passado de um velho homem — e os contos de seu amor não correspondido — apenas entediariam um jovem
homem como você. Não posso dizer quanto ao Kaiki — ele é um mentiroso, afinal — mas, que eu saiba, as
únicas pessoas que sabiam sobre esse meu método... eram Gaen-senpai e Meme Oshino.”
Gaen-san, que sabe de tudo... e o homem que consegue ver através de qualquer coisa, Meme Oshino. Agora
que ele menciona isso, esses dois definitivamente são do tipo que pegam os segredos de outra pessoa — mas
a real questão aqui é simplesmente por quanto tempo o Tadatsuru tinha estado mantendo esse segredo.
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100 anos de idade de um humano pudesse ser transformado em uma esquisitice, talvez o mesmo pudesse ser
feito usando o cadáver do humano Tadatsuru Teori. Eu tentei criar uma esquisitice marionete com o nome
Tadatsuru Teori. Tentei usar o meu próprio cadáver — e criar um boneco de mim mesmo.”
“... Você teve sucesso?”
Se ele teve, isso seria inacreditável.
Conseguir esse feito significaria que ele criou um corpo imortal para si mesmo sozinho. Já que este é um
mundo em que humanos podem ser transformados em vampiros, a imortalidade não pode ser desconsiderada
como algo fora do domínio das possibilidades... mas, ainda assim, ter sucesso em transformar um humano
numa esquisitice dificilmente se pareceria como o trabalho de um humano.
O que inspirou ele a ir tão longe? Sua curiosidade estética?
“Eu falhei — e os resultados são como você vê. Eu flutuo na lacuna entre a vida e a vida após a morte como
algum tipo de existência meio-humana, meio-demoníaca... Não, em vez de flutuar na lacuna, talvez fosse mais
preciso dizer que estou preso entre os dois, incapaz de me mover.”
“... Não me diga que esse ressentimento mesquinho quanto a isso é o motivo pelo qual você persegue
esquisitices imortais agora...”
“Isso não está inteiramente fora de marca.”
“Então não está...”
“Essa é a parte em que eu deveria dizer, ‘Se fosse eu, estaria completamente fora de trilha’”, ironiza Hachikuji,
de trás de mim.
Essa realmente é a primeira coisa que você vai lançar nessa conversa? Não é como se tivéssemos uma cota
para gags que temos que preencher aqui... Vejo que ela está tão obediente quanto sempre, mesmo no Inferno.
“Bem, por mais que tenha sido um fracasso, ainda sou capaz de continuar vivendo através de meus bonecos...
Eu consegui obter sucesso em mobilizar minhas marionetes após isso, então sou realmente imortal, em um
certo sentido, e sou realmente uma esquisitice, em um certo sentido. Sou um espírito vingativo — ou um meio-
fantasma, talvez. Eu decidi me atirar no meu negócio, tornando a maioria disso uma idiossincrasia minha.”
“...”
É por causa desse trejeito dele que ele conseguiu ir tão longe quanto foi, mesmo fora da rede da Gaen-san...
É isso que eu deveria assumir aqui?
“E essa é a história do homem Tadatsuru Teori... Isso é suficiente para você, Araragi-kun? Ou você gostaria
de ouvir mais da história da minha vida?”
“Uh...”
Francamente, não estou tão interessado de verdade... Isso é bem difícil de dizer para o cara em si, mas eu já
entendi o que precisava entender sobre a idiossincrasia dele.
É, eu entendo agora.
Claro, tenho certeza de que a história até ele ter se tornado um usuário de marionetes completo e além contém
montes de drama e todo tipo de voltas e reviravoltas, mas o meu interesse — ou melhor, minha preocupação
— jaz noutro lugar.
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“Tudo bem, então só pra checar em dobro, você não foi realmente afetado antes, quando a Ononoki-chan te
explodiu em pedaços?”
“Bom, eu não diria tanto. Eu perdi um precioso boneco meu, entende — mas se você está simplesmente
inquirindo sobre meu bem-estar, então não há necessidade de se preocupar. Eu já estava meio-morto muito
antes disso.”
“Então por que você fingiu morrer...?”
Ou fingiu estar vivo, eu acho. Qual foi o sentido dessa farsa toda?
“Eu lhe disse, não foi uma farsa. Yozuru e Yotsugi realmente não sabiam sobre a verdade. E quanto a mim,
foi mais uma leitura fria do que uma performance ensaiada. Olhando de volta, tudo começou um mês atrás”,
diz Tadatsuru, ainda fitando o céu. O que no mundo ele vê lá em cima? “Eu recebi um certo perdido como
parte do meu trabalho... Araragi-kun. Foi um pedido para cuidar de um fenômeno ocorrendo dentro de sua
cidade.”
Ele subitamente vai direto ao assunto... ou pelo menos é como isso parece para mim, acho que Tadatsuru
esteve nesse assunto desde o início. Ele estava esperando aqui para me contar isso tudo — não há nenhum
outro motivo pelo qual ele teria pedido a Hachikuji para me trazer aqui. Não tem como ele ter me chamado
para cá apenas para me alcançar, ou para se desculpar pelo que fez antes — embora eu não possa negar que a
minha hostilidade a ele sumiu um pouco durante a nossa conversa.
“Um fenômeno ocorrendo na cidade...? Isso é sobre o Templo Kita-Shirahebi... não, não pode ser isso. Isso já
tinha sido resolvido na época em que o último mês passou...”
Tecnicamente, a situação apenas voltou a ser não resolvida, mas não tem necessidade de se fazer picuinhas
sobre isso.
“Certo. Para dizer mais simplesmente, a cliente pediu um golpe contra você e a antiga Kiss-Shot. Vocês dois
foram reconhecidos como inofensivos dentre a rede da Gaen-senpai, mas isso não importava para mim. Na
verdade, uma esquisitice protegida através da rede seria o mais alto na minha lista, um alvo para se perseguir
eu sendo pedido para fazer isso ou não.”
“...”
Certo, foi assim que isso foi.
Ele tinha Shinobu e eu como alvos e, por esse propósito, ele tomou a rota inconcebivelmente astuta e desumana
de tornar reféns a minha caloura e duas irmãs. Ele disse que não foi uma farsa, então eu estava escutando com
a minha respiração suspensa qual o real motivo por trás disso poderia ser, mas se ele recebeu algum tipo de
pedido, é bem exatamente como o que eu já tinha assumido ser.
Claro, se ele apenas recebeu o pedido e então tomou as medidas para exorcizar a Shinobu e eu, então ele
realmente não estava mentindo quando disse que “não era uma farsa” ou que era como uma “leitura fria”...
“Sim, você está exatamente certo.”
Tadatsuru balança sua cabeça em positivo, indiferente e descarado. Ele parece quase como um mágico que
está se divertindo ao revelar os segredos por trás de seus truques — embora eu imagine que um mágico que
explica seus truques seria horrível em seu trabalho.
“Se alguém não tivesse tomado precauções de antemão... seria exatamente como isso teria sido. Ah, sim,
tenho certeza de que todos nós estaríamos em uma enrascada pior. Não posso dizer se suas irmãs e caloura
teriam escapado ilesas...”
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Inferno Mayoi
009
Agora que penso nisso, Oshino tinha estado preocupado com a linhagem da Kanbaru... Tenho certeza de que
ele nunca esperou ficar cara-a-cara com a sobrinha de sua sênior.
Ele até mesmo se incomodou em perguntar qual era o nome da mãe da Kanbaru.
“Sim. E mais, ele falou sobre você, Araragi-kun — ou, deveria dizer, ele falou sobre vocês dois.”
“Nós dois... Eu e...”
Eu e quem? Nesse caso... Shinobu, eu acho?
“Graças a tudo isso, eu tinha uma ideia de... Eu sabia do que estava acontecendo nessa cidade antes do pedido
chegar até mim. Quando ele disse isso, eu não tinha ideia de onde Oshino estava tentando chegar... mas
pensando nisso agora, tenho certeza de que ele estava tentando me convencer de que vocês dois não eram
perigosos.”
“...”
“Ele estava armando suas preparações. Não vale a pena desperdiçar um boneco em vocês dois — foi isso que
ele veio me contar. Para registrar, foi então que eu também descobri que ele sabe que eu realmente sou um
boneco... Na verdade, pensando nisso agora, talvez tenha sido apenas uma ameaça? Talvez ele estivesse
tentando dizer, ‘Se você encostar uma mão nos meus amigos, contarei a todo mundo o que você realmente
é’...”
Tadatsuru ri, um pouco cinicamente.
Ouvindo isso, perco minhas palavras, ou eu acho que simplesmente não sei o que dizer... Não posso acreditar
que ele conseguiu dispor um plano dessa maneira, antecipando eventos que ainda ocorreriam.
Já que ele sabia que o reconhecimento da rede de nós como benignos apenas faria diferença para aqueles de
dentro dela, ele tomou medidas para nos proteger das pessoas de fora dela... Aos olhos dele, ele pode ter
apenas estado amarrando as pontas soltas de um trabalho que ele tomou por um preço adequado, mas esse é
um serviço de acompanhamento generoso o suficiente para me deixar emocionalmente sobrecarregado. Isso
é algo que não posso fazer, algo que eu não poderia fazer — espera, só um minuto.
Mas, no final, ele ainda veio para esta cidade, e ele ainda veio atrás de mim e da Shinobu... Hmm? Agora eu
sei sobre os arranjos que o Oshino fez de antemão, mas as coisas ainda não estão somando.
O que no mundo aconteceu depois disso?
“Como eu disse, foi uma garantia. Quase tudo que ele disse foi só uma insinuação que ele fez enquanto
mascava um cigarro não aceso, então o que estou prestes a dizer é meramente minha própria interpretação,
mas, contanto que você compreenda isso, me escute. Com isto, creio que todas as suas dúvidas serão
esclarecidas — você será capaz de reviver sem quaisquer arrependimentos.”
“Reviver sem nenhum arrependimento...?”
“Considere isso um presente para levar consigo para o próximo mundo”, diz Tadatsuru. “O que ele tinha a
dizer foi isso: ‘Koyomi Araragi e Shinobu Oshino. Como as coisas estão, esses dois são essencialmente
inofensivos — se deixá-los em paz, não deveria haver quaisquer problemas. Mas existe a chance das coisas
saírem da norma — e isto se o Araragi-kun conspirar com a Shinobu-chan e repetidamente se transformar em
um vampiro’.”
“...”
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“Em outras palavras, se — não relacionado à antiga Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade — você
começasse a caminhar pelo caminho do vampiro por si só, você estaria fora dos limites do rótulo benigno que
ele requisitou.”
“Isso é...”
Isso é precisamente o que está acontecendo comigo agora mesmo — meu Deus.
Nesse caso, tudo está indo exatamente como aquele homem tão astuto previu.
“Talvez fosse mais preciso dizer que está indo exatamente como uma de suas previsões? Embora, em vez de
ser a maior das maiores previsões, acredito que ele tinha preocupações mais concretas quanto a essa
possibilidade.”
“Preocupações... Ele tava preocupado de que eu iria irreflexivamente me apoiar demais no poder da Shinobu?
Espera, não...”
Não, não é isso.
Se ele realmente estivesse preocupado com essa possibilidade, então ele não teria deixado a Shinobu sob os
meus cuidados e saído da cidade. Na verdade, eu tinha assumido que era precisamente porque ele pensou —
porque ele acreditava — que eu não faria isso que ele tinha quietamente viajado em diante para sua próxima
cidade, sem tanto quanto dar uma palavra e sem uma única despedida.
“Isso. A coisa com o qual ele estava cauteloso era a possibilidade de que algo poderia acontecer que forçaria
você a fazer uso dele — é provavelmente seguro assumir que esse foi o verdadeiro motivo por trás de sua
visita a mim. Claro, ele não é nenhum profeta. Na realidade... tenho certeza de que muitas das calamidades
que atacaram a sua cidade após isso estavam completamente fora do domínio de suas previsões... Não é como
se ele soubesse que tipo de desastre poderia atacar que o forçaria a agir com abandono imprudente. Ele
simplesmente sabia que se algo fosse acontecer, você não se coibiria da imprudência.”
“... Bom pra ele.”
Minha reação instintiva foi a de falar mal dele. Não sou tão bom em ser franco com os meus sentimentos eu
mesmo.
“Se as coisas fossem por essa direção, era possível que um pedido chegasse a mim — foi isso que ele me
contou. Um pedido que me arrastaria para dentro de tudo isso. Um pedido de exterminar um vampiro. Ele
disse que se isso acontecesse, eu deveria deixar minha mágoa de longa data de lado, ignorar minha antiga
animosidade, e entrar em contato com a Gaen-senpai. Ela estaria esperando me ouvir — Gaen-senpai tem sua
posição com a qual se preocupar, então ela não pode iniciar as coisas do lado dela... Na época, eu não entendi
o que ele estava me contando... mas isso foi exatamente o que acabou acontecendo. Talvez ele não seja nenhum
profeta, mas ele tem uma visão clara o suficiente para fazê-lo pensar que ele é algum tipo de clarividente”, diz
Tadatsuru.
Talvez eu não devesse estar dizendo isso sobre o meu aparente benfeitor, mas eu concordo com essa afirmação
completamente.
“E então, quando o pedido de exterminar vocês dois de fato chegou a mim... Eu senti um calafrio até os ossos.
E, ao mesmo tempo, achei isso bem estranho. Se ele tinha estado tão cauteloso quanto a esse desenvolvimento,
por que ele não tentou fazer nada quanto a isso por si só? Por que o homem que sempre afirmava que as
pessoas só podem salvar a si mesmas se apoiaria em um antigo amigo para ter ajuda? Eu fiquei muito curioso
quanto a isso — então optei por embarcar em seu esquema. Eu fiz contato com Gaen-senpai.”
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Inferno Mayoi
010
Tadatsuru mais uma vez levanta seu olhar abaixado de volta em direção ao céu. O sol está baixando, e está
começando a escurecer, então pensei que ele pudesse estar procurando pela primeira estrela no céu noturno,
mas quando sigo o olhar dele dessa vez, posso claramente ver o que ele está olhando.
Bem, talvez não claramente — só consigo vagamente distingui-lo, mas ainda posso dizer com certeza o que
isso é.
De cima no céu — ou melhor, do paraíso — está pendurado um longo, oscilante pedaço de corda.
“Pode ser mais preciso chamar isso de fio, em vez de corda, Araragi-san. Essa é a sua luz no fim do túnel.
Bem, essa colocação pode fazer parecer que você está prestes a morrer, mas, nesse caso, quero dizer que isso
lhe trará de volta para o mundo dos vivos.”
Apesar da explicação da Hachikuji, em vez de luz no fim do túnel, a primeira coisa na qual eu penso quando
ouço a palavra “fio” é a história do fio da aranha que Buda desceu do Paraíso para dentro do Inferno.
Bem, a seda de uma aranha é aparentemente durável o bastante para ser usada em engenharia espacial, então
eu não pensaria nela como sendo insegura... Mas qual era o nome do cara mesmo, Kandata? Como me recordo,
quando ele tentou escalar o fio da aranha e chegar ao Paraíso, todos os outros pecadores tentaram ir com ele,
e o fio acabou se partindo no momento em que ele disse para eles soltarem...
Nesse sentido, você poderia pensar nele como um fio criado para testar as pessoas — e quando considero que
pode ser a Gaen-san quem está o descendo, isso soa ainda mais verdadeiro.
“Nós realmente estamos ficando sem tempo agora. Se você não se segurar nesse fio, você realmente será
condenado a passar uma eternidade queimando no Avicii. Você será infinitamente atormentado por demônios
de 89 olhos.”
“89 olhos? Tá falando de si mesma?”
“Desculpe-me, erro meu. Quis dizer 64.”
“Bem assustador, de todo jeito...”
Esses são dois extremos bem grandes.
“Como tal, realmente sinto muito, Teori-san, mas eu poderia lhe pedir que essa conversa acabe aqui?”
“Espera um pouco, Hachikuji, isso não é jeito de se resolver as coisas. Pro inferno que vou deixar a explicação
ser cortada no meio dela... Tadatsuru. A coisa que você poderia fazer como alguém de fora da rede é o que
penso que tenha sido? Era que você poderia aceitar o pedido para exterminar Shinobu e eu — ou pelo menos
fingir fazer isso?”
Na tentativa de pressionar Tadatsuru por respostas antes que o fio(?) desça do céu até chegar ao templo, tento
antecipar o próximo ponto de sua explicação. Não estou sendo uma audiência muito educada, mas parece que
fiz um bom chute:
“Imagino que você poderia dizer — a pretensão de um homem vivo fingindo aceitá-lo. Não posso dizer com
certeza se era isso que o Oshino queria que acontecesse, no entanto,” é a resposta dele. “Considerando o estado
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da situação, Yozuru Kagenui verdadeiramente era a pessoa perfeita para seu papel em tudo isso, como alguém
que existe dentro da rede, mas fora do controle da Gaen-san. Se eu fosse fazer uma manobra ilegal, ela com
certeza iria impiedosamente me derrubar, sem ser nem um pouco levada pela emoção. E então, assim que os
problemas com a sua condição física surgiram, Gaen-senpai colocou ela em combate...”
“...”
Gaen-san tinha despachado a Kagenui-san e a Ononoki-chan imediatamente, quase como se soubesse da
mudança que ocorria em meu corpo — minha falta de reflexo — antes que eu pudesse sequer contar a ela
sobre isso. Na época, percebi que essa foi mais uma demonstração de como ela “sabe de tudo” e estremeci em
terror de sua clarividência — mas agora que o truque por trás disso foi revelado, mal havia algo de mais nisso.
Ela simplesmente tinha previsto a reviravolta de eventos antecipadamente e tinha ela em sua agenda em
adiantamento.
Claro, o fato de que o timing dela conseguiu ser tão pontual ainda é muito do seu feitio...
“Mas por que se incomodar...? Você não poderia ter simplesmente recusado o pedido?”
“Não havia nenhum motivo para recusá-lo, e mesmo que eu recusasse, o mesmo podia poderia simplesmente
ter sido enviado para outro especialista. Gaen-senpai e eu concluímos que seria melhor seguir com o plano do
‘inimigo’ aqui.”
“I... inimigo?”
Não... um cliente?
Nesse caso, isso deve estar se referindo à pessoa que pediu que Tadatsuru exterminasse Shinobu e eu. As
únicas pessoas que poderiam realmente chamar essa pessoa de inimigo não seriam Shinobu e eu, as duas
pessoas em questão?
“Não mesmo. No mínimo, Deishuu Kaiki desapareceu desta cidade. Nem eu, nem a Gaen-senpai somos tão
frios a ponto de permanecermos sem emoção perante isso.”
“Kaiki...?”
Vindo a pensar nisso, acho que a Gaen-san mencionou isso — ela disse que as informações por volta disso
eram uma bagunça enrolada e que era difícil dizer o que era verdade, ou algo do tipo.
Acredito que ele seja do tipo de cara que não morreria mesmo que você o matasse, e tenho certeza de que a
Gaen-san e Tadatsuru, seus antigos colegas, acreditam nisso ainda mais fortemente... Ainda assim, não é o
tipo de coisa que eles podem apenas deixar de lado.
“Eu digo que nós seguimos o plano do inimigo, mas não é como se soubéssemos qual era o ‘plano’ — o
sentido de tudo isso era o de descobrir isso. E mais, isso também serviu como uma medida vital para parar sua
vampirificação de progredir ainda mais. Eu chegaria até aqui embaixo primeiro para servir como seu guia —
embora, claro, eu acabei de fazer o papel de vilão, então tive que chamar a Hachikuji-chan aqui para me
assistir.”
“Fiquei feliz em ajudar”, diz Hachikuji. “Foi uma participação especial. Eu seria um dos nomes que aparecem
bem no final dos créditos. Ouvi que poderia vê-lo novamente, Araragi-san, então eu trabalhei de graça.”
“Seria absolutamente depressivo se você tivesse sendo paga pra fazer isso... Ainda mais depressivo do que
acabar no Inferno.”
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Então sou morto e reiniciado do zero, e então apenas as partes “humanas” do meu corpo são ressuscitadas... é
isso? Se for esse o caso, parece que eles poderiam ter me contado de antemão, mas já que eles não contaram...
Pode ter havido um motivo para não me contarem. Talvez tenha algo a ver com a estratégia deles de derrotar
o inimigo.
Não tenho nenhuma maneira de saber o que isso possa ser, no entanto.
“Claro, havia uma chance de que, após você ser morto com a lâmina demônio ‘Kokorowatari’ e revivido com
a lâmina demônio ‘Yumewatari’, você simplesmente voltaria como seu eu vampiro, em cujo caso, nós
estaríamos de volta para logo onde começamos. É por isso que, a fim de prevenir isso, era necessário ter um
especialista como eu chegar primeiro que você no Inferno.”
Enquanto diz isso, Tadatsuru salta da caixa de oferendas — não tiro os meus olhos dele por um segundo, mas,
no momento em que ele pousa seus pés, ele está vestido em trajes completamente diferentes. Eu usei uma
palavra casual como “traje”, mas a roupa para qual ele trocou é cheia de dignidade e quase tão japonesa quanto
se pode ser — e é altamente apropriada, considerando onde nós estamos agora.
Ele está vestido como um sacerdote xintoísta.
... Ter um corpo etéreo deve ser bem útil, se ele pode arbitrariamente trocar de roupas num instante desse jeito.
Não estou exatamente com inveja, mas ele pode não ter estado mentido quando disse que estava vivendo uma
vida de luxúria.
“Ambos Gaen-senpai e eu chegamos à conclusão de que não podemos consertar isso, nós não teríamos
nenhuma maneira de contra-atacar o inimigo... Parece estranho estar de tal acordo com minha amarga rival,
mas imagino que devo simplesmente elogiar as habilidades do Oshino como um mediador aqui.” “... As suas
perguntas foram respondidas?”
Existem muitas outras coisas que eu gostaria de perguntar — mas é isso que eu mais quero saber agora.
“Você disse que embarcou no plano do Oshino porque não sabia o que ele estava pensando — você fez isso
parecer ter sido o fato decisivo pra você, mas você sequer conseguiu a resposta pra isso?”
“Infelizmente, não. Mas eu tenho uma teoria — apesar de que seria bem presunçoso chamá-la de uma teoria
minha. O crédito dela deveria ser inteiramente da Gaen-senpai. Gaen-senpai acredita que o motivo pelo qual
Oshino está se mantendo escondido de nós, mesmo agora — ou, do meu ponto de vista, o motivo para seu
desaparecimento — é exatamente o mesmo pelo qual Yozuru sumiu do mapa.”
“...?”
Que diabos? Isso não é só uma tautologia? É basicamente o mesmo que não dizer nada. É óbvio que a Kagenui-
san desapareceu da mesma maneira que o Oshino — espera, não, isso não está bem certo.
Quando você coloca isso dessa maneira, o Kaiki desapareceu também. Então ele também deveria estar incluído
nessa afirmação — mas ele é uma exceção, e somente o Oshino e a Kagenui-san estão colocados na mesma
categoria.
Há uma chance para se lançar aí — ou, no mínimo, acho que a Gaen-san está tentando encontrar uma? Presa
nesta situação em que não sabemos contra o quê estamos lutando, ela está tentando encontrar um plano de
ataque...
“É aí que Gaen-senpai e eu vemos as coisas de modo diferente. Você me ouviu naquela hora, não ouviu? Eu
disse para você ‘encontrar o Oshino’. Posso ver você não fez nenhum progresso nesse aspecto, contudo.”
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“...”
Então acho que o truque não é tão simples quanto pensei — embora eu não tenha muita certeza se foi uma
decisão agonizante, deixar um de seus receptáculos ser esmagado aos pedaços provavelmente não foi uma
escolha fácil de tomar também.
“Você, por outro lado, é sortudo e tanto no que você pode ser revivido em um instante pela lâmina demônio
‘Yumewatari’. Como o júnior dela, peço que você perdoe a Gaen-senpai por matá-lo sem explicar nada disso.
Ela pensou que seria mais fácil lhe contar os detalhes quando você já estivesse no Inferno...”
“... Bem, já tô acostumado a ser jogado de um lado pro outro sem nenhuma explicação apropriada, então que
seja. Mas...”
“Não há nenhuma necessidade de se preocupar”, Tadatsuru responde logo quando tento dizer algo, como se
ele quisesse acalmar as minas preocupações antes que eu pudesse colocá-las em palavras. “Gaen-senpai não
irá coagi-lo a ajudar com algum trabalho ridículo dela após isso. Se ela estava me contando a verdade quanto
ao que planeja fazer, então você terá feito sua parte em tudo se simplesmente voltar à vida como um humano.
Considere essa peregrinação pelo Inferno como uma hospitalização de curto-prazo para extrair o seu
vampirismo — Gaen-senpai não irá demandar muito de você durante seu período de recuperação. O plano
dela é de remover todas as fontes de aflição em face da iminente confrontação com o inimigo — ou, bem, se
eu assumisse o pior dela, talvez ela quisesse testar as lâminas demônio ‘Kokorowatari’ e ‘Yumewatari’
também.”
“...”
Tenho certeza de que havia esse tipo de motivo ulterior por trás disso... Ou eu deveria dizer, quando a Gaen-
san está envolvida, na verdade é mais preocupante se ela não tem um motivo ulterior.
Contudo, embora ele não estivesse completamente equivocado, isso não é exatamente sobre o que eu iria
perguntar...
O sacerdote que acabou de descer da caixa de oferendas começa a caminhar num ritmo vagaroso, então vem
a parar no momento em que se posiciona bem debaixo do fio balançando do céu. Então ele acena para que eu
me aproxime.
“Vamos lá, Araragi-san.”
Hachikuji me dá um empurrão por detrás também — e com isso, não tenho escolha senão começar a me
mover. De fato, “não tenho escolha senão me mover” — isso é sinceramente como isso parece para mim no
momento.
O fio baixou o bastante para que eu pudesse pular e agarrá-lo — embora, uh, como se pode ver, o que eu
pensava não ser uma corda não é um fio também.
É uma cobra branca.
Tem o rabo de uma cobra sendo pendurado.
... Eu deveria agarrar isso?
Acho que eu deveria apenas estar grato por não ser a cabeça que está sendo pendurada para baixo, mas, hmm,
entendo, uma cobra branca é a deidade deste templo, afinal... Imagino que uma cobra é mais apropriada do
que uma aranha aqui.
“O que há de errado, Araragi-san? Parece que você perdeu a calma. A cobra lhe deu um susto?”
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“Quer dizer, não posso dizer que não deu... Cobras me dão algumas memórias bem traumáticas, sabe.”
“Se você ainda está preocupado com o que aconteceu com a Sengoku, acho que você há de ser menos duro
consigo mesmo.” O trauma ao qual eu estava me referindo era o de simplesmente ser dilacerado por presas
venenosas de uma cobra de novo e de novo, de ser levado à beira da morte, mas a Hachikuji menciona outra
coisa — ela alcança ainda mais longe as profundezas do meu coração.
“No final, pode ter sido aquele vigarista que salvou a Sengoku-san, mas se ele não tivesse sido envolvido,
talvez levasse um pouco mais de tempo, mas você poderia tê-la salvado no final. Eu acredito nisso.”
“...”
“Apenas pense nisso como ele roubando todo o crédito para si mesmo. Não se preocupe, posso atestar para
você. Você é o mais forte.”
Eu nunca considerei isso como uma competição de quem é o mais forte... E para começo de conversa, eu não
penso nisso em termos de vencer ou perder ou quem leva o crédito... Mas ouvir isso da Hachikuji me dá
alguma paz de espírito.
Paz de espírito o suficiente para que eu não tenha nenhum problema em agarrar uma cobra.
Eu estendo minha mão — e agarro o rabo da cobra branca.
Ele dá um pequeno salto. Você está me dizendo que essa coisa está viva?
“Eu concordo com a opinião dela em relação a isso, Araragi-kun. Na verdade, tenho certeza de que é isso que
o ‘inimigo’ teria preferido que acontecesse — não tanto quanto a parte de salvar Nadeko Sengoku, mas a parte
sobre levar mais tempo. Você poderia dizer que é precisamente porque o Kaiki interferiu e tirou o plano de
seu curso que a bola acabou na minha quadra. Originalmente, creio que você deveria continuar lutando contra
Nadeko Sengoku por um período maior de tempo. Você deveria continuar se transformando em um vampiro
em suas tentativas de salvá-la. Minha entrada em batalha foi uma garantia para o Oshino, mas provavelmente
foi uma garantia para o inimigo também”, diz Tadatsuru do meu lado.
Agora que estamos falando de perto coisas extremamente pessoais assim, estou começando a me sentir
nervoso por uma razão inteiramente diferente.
“... Ah, é, me esqueci de perguntar a você. Por que eu saí da trilha?”
“O quê?” pergunta Hachikuji.
“O motivo pra eu ter precisado de você pra me guiar. Como eu fui cortado no Templo Kita-Shirahebi no
mundo real, mas acordei naquele parque no Inferno? Você mencionou que a gente tava corrigindo o que saiu
dos trilhos — ou alterar o que deu certo. O que isso significa na verdade?”
“Hmm... Não há muito tempo, então eu não iria me incomodar de explicar tudo isso, mas isso está lhe
incomodando tanto?”
“Eu não diria que tá me incomodando...”
Não.
Eu entendo. Estou apenas enrolando.
Escalar a cobra branca — e voltar à vida... Eu continuo adiando e adiando isso.
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“Ainda assim, fiquei curioso. Bem, esqueça tudo isso de sair dos trilhos e o que seja. Você foi na frente e
consertou isso pra mim, afinal — mas se você sabe o nome do parque, eu gostaria de ouvi-lo. É o parque em
que você e eu nos encontramos pela primeira vez, mas eu ainda não sei como o nome dele é pronunciado.”
Parque 浪白. Poderia ser “Namishiro”, poderia ser “Rouhaku”... Se nenhum desses está correto, então eu
sinceramente não faço ideia. Essa é uma leitura difícil demais para sequer aparecer num teste japonês... Eu
acho que, se você realmente esticar isso, poderia ser “Roubyaku” ou “Namihaku”...
“É Parque Shirohebi.”
É Tadatsuru que responde.
“Parque Shirohebi é a pronunciação correta, se você voltar às suas origens.”
“... Hein? Shirohebi — que significa ‘cobra branca’?”
“Está escrito com o radical para ‘água’(氵) em vez do radical para ‘inseto’ (虫). Então o caractere para ‘cobra’
está escrito como沱em vez do típico蛇. É o mesmo caractere que se pode encontrar no termo ‘um rio de
lágrimas’ (滂沱の涙)... Shirohebi, escrito como沱白. É disso que esta área era chamada, há muito tempo. Por
conta de um erro de escrita, a algum ponto, o沱do nome se tornou浪. É por isso que é tão difícil de lê-lo agora.”
“沱e 浪...”
Acho que... se poderia dizer que eles parecem bastante similares.
Um erro de escrita pode ser um pouco demais, mas somente ao olhá-los seria fácil confundir um com o outro.
No mínimo, se você buscasse um deles num dicionário eletrônico usando uma entrada manuscrita, a estrutura
do lado direito deles é similar o bastante para que o outro provavelmente surgisse na lista de resultados.
O último kanji de uma palavra ser lido primeiro não é algo desconhecido... Afinal de contas, a tendência de
se ler palavras da esquerda para direita apenas se iniciou há relativamente pouco tempo. Não é impensável
que esse nome acabaria tão complicado após todo esse tempo... Então, Shirohebi?
Falando de cobras brancas...
“Templo Kita... Shirahebi.”
“Isso. É exatamente o que você está pensando. Foi onde o Templo Kita-Shirahebi foi originalmente construído
— e é por isso que você acabou lá. Mais tarde, o templo foi desmantelado e reconstruído em uma nova
locação... Você ouviu essa história?”
“Ah, sim...”
Eu me esqueci de quem ouvi isso, mas alguém me contou sobre isso. Se me lembro bem, eles “erraram na
transferência”, ou isso acabou sendo a fonte da distorção, ou algo assim...
“Sim, ‘erraram na transferência’ seria uma avaliação precisa. Foi tão ruim quanto trazer um deus do oceano
para uma montanha. Embora, falando estritamente, eu não deveria dizer oceano... eu deveria dizer lago.”
“Lago?”
“É por isso que o lado esquerdo é o radical para ‘água’.”
Ele conecta tudo junto com isso, mas a minha atenção é atraída por algo novo — um lago? Eu ouvi sobre isso
de alguém também...
Mas antes que eu possa me lembrar por si só:
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“Então, bem, você há de seguir seu caminho, Araragi-kun”, diz Tadatsuru, me instando junto. “Dê à Gaen-
senpai minhas saudações — e à Yotsugi também. Eu não seria capaz de dizer isso à Yozuru, mas eu ficaria
contente se você caducasse a Yotsugi um pouco mais no meu lugar.”
“Sim, saquei”, respondi reflexivamente, dando minha palavra antes que pudesse realmente parar para pensar
no que eu havia acabado de concordar e, sob a pressão, eu finalmente digo o que estive realmente pensando
nesse tempo todo:
“... Mas tá realmente tudo bem que um cara como eu volte à vida?”
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Inferno Mayoi
011
“Hi-yah!”
Ela me socou.
Hachikuji simplesmente me socou.
Sem ter uma corrida inicial, ainda carregando sua mochila nos ombros, ela pulou no ar e me acertou no rosto
com um punho fechado.
Ela dá um soco e tanto para uma estudante do primário ao me acertar com toda sua força, o suficiente para me
atirar bastante longe enquanto me seguro no rabo da cobra — eu reflexivamente aperto o rabo mais forte como
uma maneira de me preparar, forte o suficiente para que eu tema poder arrancá-lo, mas, felizmente, graças a
sua elasticidade(?), o rabo simplesmente cresce no cumprimento em que cambaleei para trás.
“Esse foi por mim!” grita Hachikuji, no exato mesmo momento em que ela aterrissa seus pés.
Foi por você? Então foi só um soco normal, não foi?
Os olhos de Tadatsuru se abriram — ele pode não ter sabido que ela tinha um lado tão assertivo. Imagino que
ela estava se fingindo de inocente.
“O quê... Hachikuji!”
“Não se preocupe. Não machuquei meu punho.”
Hachikuji cerra e abre seus punhos.
Definitivamente não é com isso que estou preocupado.
É verdade que se você não souber a maneira adequada de se fazer um punho, provavelmente quebrará um osso
se acertar alguém tão forte como ela fez — mas, sabe, este é o Inferno. Nós todos somos imortais.
Fui eu que fui socado, mas nem mesmo minha bochecha está tão dolorida assim — este é um ambiente em
que você reviveria mesmo se fosse acertado por um taco de ferro, quanto menos o punho de uma estudante do
primário.
Mas ainda assim.
Essa é uma maneira bem banal de se colocar isto, mas esse soco ressoou mais na minha mente do que no meu
corpo — não foi meu rosto que foi machucado, foi meu peito.
“Na próxima, vou acertar um pela Senjougahara-san, um pela Hanekawa-san, um pela Kanbaru-san, um pela
Sengoku-san, um por cada uma de suas irmãs, um por ambos os seus pais, um pela Oikura-san e um pela
Chiaraijima-san.”
“Pessoalmente, fico um pouco feliz que você se preocupe com a Oikura, quem você acabou de saber que
existe, mas eu literalmente nunca ouvi falar dessa última pessoa que você mencionou. Quem é essa?”
“E então tem um pelo Oshino-san, um pelo Kaiki-san, um pela Kagenui-san...”
Hachikuji conta os nomes nos seus dedos — e então sua mão aberta volta a se tornar um punho mais uma vez.
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“Vindo a pensar nisso, você disse algo no início sobre como ‘um peso tinha sido tirado dos seus ombros’.
Então é isso, você não quer mais ter problemas? Você selecionará o ‘não’ na tela de continuar? Você estaria
indo contra as regras do fliperama ao monopolizar o jogo?”
“Bem, não posso negar que parece que uma cadeia de tensão finalmente estalou...”
Enquanto encaro o rabo da cobra que estou apertando com minha mão — enquanto encaro o céu acima para
qual ele se conecta — eu falo. Eu não acho que posso explicar adequadamente o que estou sentindo no
momento, mas eu faço o meu melhor para colocá-lo em palavras.
“... E uma parte de mim se sente um pouco aliviada por ‘eu finalmente ter conseguido morrer’. Então, quando
perante uma tela de continuar, é, eu hesito um pouco. Parece um pouco tarde demais, parece exaustivo...”
Ter descoberto sobre o Paraíso e o Inferno, sobre a existência de uma vida após a morte, obscureceu o sentido
da vida... Não, não é bem isso também.
“Em outras palavras, você quer continuar sendo um fantasma, e apenas se estabelecer em uma posição onde
pode olhar por todo mundo do céu?”
“Posição...? Não, não é nada disso.”
“Você só está dizendo isso porque não conhece a angústia do Inferno, entende. Se houvesse tempo o bastante,
eu gostaria que você tentasse experimentar o Sai no Kawara por um dia. Você é realmente bem sortudo por
ter a opção de voltar à vida.”
“...”
Sortudo.
Sim — é isso.
A primeira coisa que eu disse foi bem exatamente o que eu sentia.
Muito provavelmente, não é que “eu não quero voltar à vida”... Estou verdadeiramente pensando, “Está tudo
bem que um cara como eu volte à vida?”.
Eu tenho o direito?
“Como dizer isso... Estou me perguntando se tá realmente tudo bem pra mim voltar à vida quando tenho
certeza de que existe um monte de outras pessoas por aí que merecem isso mais do que eu. Não é que eu não
queira voltar à vida, mas parece que tô interferindo, ou tomando o lugar de alguém, ou burlando o sistema...
É como se eu tivesse tomando a vez de alguém quando eu não deveria.”
É assim como tudo que eu vi nesta peregrinação pelo Inferno.
Seishirou Shishirui deveria ter sido aquele a salvar a Shinobu.
Ficaria tudo bem se a Hanekawa tivesse simplesmente sido salva por si mesma — pela Black Hanekawa.
A Senjougahara tinha o Kaiki.
Apesar do que a Hachikuji falou sobre isso, até mesmo o predicamento da Sengoku poderia ter acabado como
uma disputa entre amigos se eu não tivesse me envolvido — e se nem isso fosse arrasado, simplesmente deixar
as coisas com as Irmãs de Fogo poderia ter levado a um final melhor.
É como o que a Kanbaru mencionou — a sensação de ser o segundo.
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Contudo, traindo minhas esperanças, o que a Hachikuji diz ao fim desse longo discurso é tão direto que é
quase decepcionante, ou talvez anticlimático — é uma preferência minha que é evidente, uma predileção
minha que é apenas natural.
“E ele absolutamente amava estar vivo!”
Mas... isso é tudo que preciso ouvir.
Ela disse algo evidente como se não houvesse evidência.
E isso é tudo do que preciso — isso é muito.
Era tão óbvio que eu tinha me esquecido.
Eu havia triscado na morte de novo e de novo e de novo — e, apesar de estreitamente escapar dela em todas
as vezes, eu tinha completamente me esquecido.
Eu tinha me esquecido — mesmo embora eu esteja sempre pensando, “Estou tão contente por estar vivo”.
Contente o bastante para aturar a vida, não importa o quanto eu me denigra, não importa o quanto eu me sinta
mal por mim mesmo — e não é que eu apenas esteja sendo humilde ou algo assim.
“Você tá certa... Se eu não estiver vivo, não serei capaz de acalentar nenhuma garotinha.”
“Um, não, não era nisso que eu estava tentando chegar.”
Hachikuji se retrai, repulsada. Ela com certeza sabe quando forçar e quando recuar.
Mas acho que é apenas assim que isso é. Existindo um Paraíso ou um Inferno... isso não apaga o significado
de estar vivo.
“Não acredito que disse que isso obscureceria o sentido da vida — apenas o ato de viver tem mais sentido que
o suficiente por si só. Se eu gostava de estar vivo, então isso é tudo que importa. Afinal de contas, isso me deu
a chance de amar tantas coisas, e tantas pessoas.”
“Isso pode parecer um pouco enganador neste contexto.”
“Hmm”, respondo, e ajusto meu aperto no rabo da cobra mais uma vez. Desta vez eu o aperto com as minhas
duas mãos. Então eu me viro para Tadatsuru, que esteve pacientemente esperando que nós terminássemos, e
pergunto, “Você não espera que eu escale essa coisa, né? Eu definitivamente não tenho tanta força nos braços.”
“Não precisa ficar nervoso. Você ouviu que não precisa superar mais nenhuma provação para ser revivido,
correto? No momento em que eu enviar o sinal, Gaen-senpai começará a puxar o rabo do lado dela,
essencialmente. Você somente precisa se segurar nele e não soltá-lo — mas você só tem uma chance, então
peço que tenha cuidado para não deixar suas mãos escorregarem.”
“... O que acontece se as minhas mãos escorregarem?”
É uma superfície escamosa, então parece que isso poderia acontecer muito facilmente...
“Quem sabe? Você cai, imagino. Você cairia por um fosso de chamas por 2000 anos, imagino — então aperte
firme com suas duas mãos e não solte.”
“Saquei... Obrigado por toda a sua ajuda, Tadatsuru... Tadatsuru-san.”
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“Oh, não há necessidade de formalidades agora. Além do mais, nada disto muda a mágoa que tenho contra
esquisitices imortais. Enquanto continuar abrigando a Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade... você é
meu inimigo.”
“... Mesmo assim,” digo, “eu realmente te devo uma por toda a sua ajuda desta vez... Nunca imaginei que seria
capaz de conversar contigo desse jeito. Se nós dois tivermos tempo novamente, gostaria de me sentar com
você e ter uma conversa mais casual.”
“... Contanto que você não se importe em tê-la enquanto lutamos até a morte.”
“Claro... Hachikuji”, digo, mudando meu olhar de volta para ela. “O que você vai fazer depois disso?”
“Hm?” pergunta ela, inclinando sua cabeça e se fingindo de boba. “Quem, eu? Meu trabalho acaba aqui, então,
quando eu terminar de me despedir de você, voltarei aos meus dias de empilhar pedras no leito de rio Sai no
Kawara.”
“... Empilhar pedras...”
“Hahaha, por favor, não tenha pena de mim assim. Certamente não é divertido, e, para ser perfeitamente
franca, parece ser algo completamente desnecessário, como se alguém estivesse sendo rigoroso demais quanto
à punição aos pecados. Mas, ainda assim, embora possa não ter sido algo que fiz como uma humana, eu
carrego o fardo de ter vagado ela Terra por 11 anos. Eu realizarei essa tarefa, considerando-a como meu
arrependimento por isso — eu refletirei e me arrependerei. Não se preocupe. O Jizo Bodhisattva virá por mim
logo em breve, e eu serei reencarnada alegremente.”
Arrependimento... Ela pode chamar isso disso, mas ela não deveria ser julgada por esses 11 anos que passou
perdida. Mais do que isso, esses 11 anos devem ter sido uma experiência mais Infernal para uma garota de 11
anos de idade do que o Sai no Kawara...
“Nunca se sabe, talvez eu até seja reencarnada como a criança que você terá com a Senjougahara-san.”
“Isso parece pesado.”
“Oh, parece? Você diria que por volta das 5000 gramas, para ser exato?”
“Não, eu não tava falando do peso da criança recém-nascida...”
“Bem, se você por acaso acabar no Inferno antes que eu seja reencarnada, vamos brincar juntos novamente
quando isso acontecer.”
“Não diga isso como se fosse claro que irei pro Inferno...”
Embora, já que eu já acabei aqui uma vez, isso provavelmente é algo claro. Bem, se eu definitivamente irei
para o Inferno após morrer, acho que isso me dá mais motivos para ser entusiástico quanto à vida.
“Bem, então”, diz Hachikuji, balançando sua mão. “Para lhe dizer a verdade, eu gostaria de me despedir de
você com um beijo novamente, mas, já que a Ononoki-san não está aqui para ajudar, receio que não posso
bem alcançar a sua altura.”
“Eu te disse pra não falar disso...”
Não pode ver o olhar duvidoso no rosto do Tadatsuru? Agora ele está duvidando do meu caráter.
Não para distrai-lo disso ou algo assim, mas como se para tardiamente instá-lo, eu digo:
“Vá em frente. Envie-o quando estiver pronto. O sinal. E eu também.”
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“Tudo bem. Tenho certeza de que ainda há algumas coisas que falhei em mencionar, mas você pode fazer a
Gaen-senpai lhe preencher nessas depois de voltar à vida. Nesse caso, que comecemos a contagem regressiva.
10, 9...”
Não faço ideia de onde ele tirou ela — ou talvez fosse apenas uma parte da sua troca de trajes — mas Tadatsuru
começa a balançar uma onusa para frente e para trás com a sua contagem regressiva.
Quando ele faz isso, começa a parecer menos que isto seja um fio de uma aranha sendo pendurada do céu e
mais como se eu estivesse prestes a fazer algum tipo de bungee jump reverso. Talvez, em vez de segurá-lo em
minhas mãos, eu devesse tido o prendido na minha cintura.
Bem, acho que, dependendo da maneira que você diz os números, uma contagem regressiva pode ser um tipo
de ritual de purificação também...
“8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... Ignição.”
Por algum motivo, ele faz isso soar como um código para o lançamento de um foguete no final — e, na
realidade, eu começo a ser puxado direto para cima com uma quantidade de ímpeto comparável. Eu realmente
quase deixo minhas mãos escorregarem. Minhas pernas se balançam inutilmente abaixo de mim. Isso
imediatamente me faz me lembrar do “Unlimited Rule Book” da Ononoki-chan. Ou melhor, acho que é
precisamente por causa disso que me tornei mais ou menos acostumado a essa sensação, porque através disso...
sou capaz de suportar o choque de ser puxado para cima.
Eu o suporto.
E nesse momento, tenho a sensação de que meus olhos se encontram com os da Hachikuji.
“... Ah.”
Ela está se despedindo de mim com um sorriso. Ela parece satisfeita, como se tivesse realizado o que planejava
fazer. Ela terminou seu trabalho — mas, espera, seu “trabalho”?
Ela disse que estava fazendo isso de graça.
Deixando de lado a maneira em que ela disse isso, isso basicamente significa que ela ajudou com a minha
ressurreição mesmo embora não houvesse absolutamente nada nisso para ela. Não é como se isto fosse ajudar
ela a voltar à vida.
É, isso mesmo.
Hachikuji disse que eu era o primeiro na lista de pessoas que deveriam voltar à vida — e, pelo menos, deixando
a Hachikuji de lado, eu irei voltar à vida.
“Ha...”
Com isto, quantas vezes já foram?
Quantas vezes eu terei que dizer adeus a Mayoi Hachikuji agora?
“Ha... Hachikujiii...!”
No momento em que penso nisso, eu estendo minhas pernas. Minhas duas pernas.
Eu realmente não pensei em nada ao fazer isso, e eu não tive nenhum entendimento estendido disso — não é
que eu tenha refletido sobre a história do fio da aranha e decidido agir ao contrário dela.
Se eu tivesse que dizer algo...
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Inferno Mayoi
012
Parece que ela ainda está me chamando de “mestre”, apesar disso... Mas, ainda assim, vendo Kiss-Shot
Acerola-Orion Heart-Under-Blade em sua forma completa quase pela primeira vez desde as Férias de
Primavera, não posso evitar me sentir um pouco nervoso.
Nervoso.
Talvez fosse mais preciso reformular isso como “tenso”.
“Ka... kaka. Qual é o problema, mestre? Não brincarás por aí com a minha caixa torácica como tu sempre
faz?”
“Quer dizer, isso daria uma imagem bem estranha desse jeito... espera, não, eu nunca fiz isso, nenhuma vez!”
“Hmm. A qualquer custo, parece que consegui evitar cometer um assassinato inútil ou infligir um machucado
inútil. Essa foi a primeira vez que vi a ‘Yumewatari’ em ação...”
Ao dizer isso, ela remove suas mãos da garganta de Gaen-san.
Parece que ela realmente iria matar a Gaen-san se eu não voltasse à vida... Cara, não posso tirar os meus olhos
dela por um segundo.
Ela começa a caminhar em minha direção a passos largos — caminhando de uma maneira que enfatiza seus
peitos, quase como uma modelo, então diz:
“Tolo. Tu me deixaras preocupada”, enquanto me dá um tapinha na cabeça.
... Tenho a sensação de que esta é a primeira vez em que foi a Shinobu que me deu um tapinha na cabeça.
“E após toda essa preocupação que tu me causaste, tu foste e sequestraste uma garotinha do Inferno... Que
bagunça tu és.”
“U-um, bem, sabe, é como se a minha mão tivesse instintivamente se estendido...”
“Garotinhas não são a primeira coisa neste mundo em que não se deve ‘instintivamente’ se encostar uma
mão?”
Não posso discutir com isso.
“Bem, tecnicamente, foi o meu pé que encostou nela”, respondo, e então volto meu olhar para Hachikuji, que
ainda está presa entre as minhas pernas. Aparentemente, ela não conseguiu suportar o choque do bungee jump
reverso, visto que ela está desmaiada no momento. Parece que ela continua tão fraca quanto sempre diante de
adversidades.
Embora, sério, o que eu deveria fazer aqui...?
Eu realmente fui e arrastei-a para fora do Inferno.
“Ei, Shinobu, isso é bem ruim, não importando como se olhe pra isso, hein...?”
“É claro. Se tu planejas se entregar, podes fazer isso sozinho.”
“Não seja tão fria. Eu não quis dizer isso dessa forma, quis dizer que o que fiz fará a ‘Escuridão’ vir atrás da
Hachikuji de novo, não é...?”
“E eu estou dizendo que essa foi uma boa jogada sua, Koyomin.”
Gaen-san se aproxima, colocando as duas lâminas demônio em seu cinto — é um look estranhamente
apropriado para ela.
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“Originalmente, eu tinha o enviado para lá para extrair todo o vampirismo de você, como remover uma lesão...
mas graças ao milagre que você realizou, eu devo ser capaz de nos fazer ter a vantagem na luta iminente. A
garotinha perdida — eu realmente queria essa peça.”
“...”
“Oh, foi rude de mim chamá-la de uma peça? Eu realmente não quis dizer nada com isso. Talvez seria mais
apropriado reformular isso como ‘arma’ — uma arma com a qual se lutar. E então, como eu simplesmente
não posso lhe agradecer o suficiente pelo que fez... mas em luz de tudo isso, terei que pedir a você, a não-
mais-antiga Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade, e, claro, a própria Hachikuji-chan para me ajudarem
um pouco mais. Mas, por enquanto”, diz ela, “por que você não vai fazer o seu exame, Koyomin?”
“M-meu exame...”
Eu não estava muito preparado para ser atirado de volta à minha vida cotidiana num templo com uma vampira,
uma garota fantasma e uma especialista de manejo duplo.
“O papel de um estudante é estudar, afinal. Você deve ser capaz de chegar a tempo se sair agora. Acabe com
eles.”
“B-bem... Quer dizer, vou fazer o meu melhor...”
Nunca esperei que nenhum tempo tivesse passado aqui enquanto eu estava no Inferno... Se eu posso chegar a
tempo, não posso desistir. Tenho que colocar todo o conhecimento que a Senjougahara e a Hanekawa
depositaram em mim em bom uso.
Mas não posso dizer que estou na minha melhor condição...
Mas imagino que as pessoas apenas têm que jogar com as mãos que lhe são dadas.
“Colocarei você para trabalhar amanhã. Não precisa se preocupar, até sua cerimônia de graduação, tudo estará
acabado. Todas as nossas armas já foram reunidas. Estive sendo jogada por um bom tempo agora, mas as
minhas preparações finalmente estão prontas. Vamos colocar um fim nisso, Koyomin — e que coincidência,
amanhã é White Day. Que hora perfeita para trazer um final à história de uma cidade onde uma cobra branca
reinou como suprema uma vez.”
Gaen-san fala, com um sorriso atipicamente predatório em seu rosto.
“Aqui vai nosso contra-ataque.”
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Encontro Hitagi
001
Eu amo Senjougahara Hitagi. Eu posso declarar isso sem nenhum pouco de vergonha - e se você me perguntar
por que, a resposta seria, "porque eu amo". Eu não preciso de nenhuma outra palavra para descrever, e eu não
preciso de nenhuma lógica para confirmar; esse sentimento é claro como o dia, o suficiente para que seja
ridículo preocupar-me em explicar.
No entanto, eu tenho certeza de que há um ano atrás, eu nunca adivinharia que eu sentiria isso por outra pessoa.
Eu tenho certeza que seria mais difícil para eu acreditar nisso do que na existência de vampiros, do que na
existência do inferno. Ou para deixar bem claro, seria ainda mais difícil para eu perdoar.
A ideia de que eu poderia amar alguém pareceria mais falsa do que uma lenda urbana.
Ter sentimentos por alguém, me apaixonar por alguém - eu tinha horror disso. Sem querer me prolongar, mas
eu até mesmo saía do meu caminho para evitar uma situação em que isso pudesse acontecer. Eu sou horrível
em formar relações pessoais mesmo agora, mas se você considerar que antigamente eu até mesmo evitava
contato com outras pessoas, você diria que eu me saí muito bem.
Por que eu tinha tanto medo de amar alguém, você pergunta? Há uma simples e óbvia resposta para isso: era
provavelmente porque eu me importava muito comigo mesmo. Eu tinha medo de perder o 'eu' que eu gostava
tanto.
Eu não queria mudar.
Eu não queria que ninguém me mudasse.
Acredito que essa era minha razão - e só para você saber, esse sentimento não mudou muito mesmo agora.
Eu percebi que é isso que acontece quando duas pessoas se envolvem - eu acredito que esse seja o caso tanto
quando se trata de amor quanto de ódio.
Por natureza, é impossível amar alguém a menos que você desista de sua própria vaidade.
A própria Senjougahara Hitagi pode acreditar nisso mais do que eu - e eu acho que está tudo bem. O amor
dela... é provavelmente muito forte para ser direcionado apenas a uma pessoa. Ela tem muito sobrando para
dar para mim.
As pessoas geralmente dizem que se você não pretende carregar algo por contra própria, você também não
conseguirá com a ajuda de outra pessoa, mas eu acredito que o amor dela é algo que devia ser partilhado dessa
maneira.
E ao imaginar isso, eu subitamente penso comigo mesmo.
Eu amo Sejougahara Hitagi.
Eu posso declarar isso sem nenhum pouco de vergonha - mas por causa disso.
Eu perdi meu amor-próprio ao longo do caminho, eu me pergunto? Eu ainda me amo, da mesma maneira que
eu a amo?
Se não...
É essencialmente a mesma coisa que estar morto.
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Encontro Hitagi
002
"Nós vamos em um encontro," disse Senjougahara - no entanto, esse é um começo abrupto no qual ninguém
entenderia o que realmente está acontecendo, então primeiro me deixe contar tudo em detalhes.
É 13 de Março.
Em outras palavras, o mesmo dia em que minhas ações passadas me levaram a acabar no Inferno, apenas para
ser imediatamente ressuscitado depois graças a todo o bom karma que eu juntei. Sendo ainda mais específico,
é a tarde do dia em que, numa péssima condição (creio que minha irmanzinha diria 'melhor condição'), eu fui
à universidade que escolhi para prestar os exames de admissão, conseguindo sair com a certeza de que 'pelo
menos consegui preencher toda a folha de respostas!'. Depois de terminar o primeiro 'exame' de verdade desde
que entrei para o Colégio Naoetsu, eu retornei para casa completamente exausto - quase o bastante para que
eu achar que preferiria outra viagem para o inferno do que aquilo - apenas para encontrar ninguém menos do
que Senjougahara Hitagi esperando do lado de fora da residência dos Araragi.
Ninguém menos do que minha namorada.
Para deixar registrado, essa não é a minha primeira vez vendo Senjougahara hoje; nós estávamos juntos de
manhã também. Mais precisamente, para me deixar longe de quaisquer problemas, ela me acompanhou até a
universidade como algum tipo de guarda-costas. Eu quero acreditar que o motivo dela estar com a mão direita
no bolso o tempo inteiro não era porque ela estava carregando uma arma... Além disso, até que ela ficasse
comigo como escolta, eu já havia tido vários problemas ao ser cortado por Gaen-san - mas ainda assim, graças
à Senjougahara me acompanhando, eu ao menos consegui evitar quaisquer outros problemas ao longo do
caminho. Como eu disse, eu consegui preencher toda a folha de respostas, pelo menos.
Pensando nisso, fora Senjougahara quem me ajudou com os estudos ao longo do ano passado, junto de
Hanekawa - sem mencionar que para um cara como eu, que costumava sempre dizer, "eu só quero me graduar",
cerca de 90% da minha motivação provinha do objetivo de ir para a mesma universidade que minha namorada,
então certamente não seria exagero algum dizer que eu fui capaz de prestar o exame inteiramente graças a ela.
Então não importa o quão cansado eu estivesse me sentindo, não importa o quão esgotado estivesse meu
cérebro, eu planejava ligar para Senjougahara assim que eu chegasse em casa - mas para minha surpresa,
parece que ela estava um passo a frente, como se tivesse lido a minha mente, visto que ela estava vagando do
lado de fora da minha casa.
Baseado no que eu ouvi dela depois, ela aparentemente estava perambulando com as intenções do cão
Hachiko, mas naquele momento, parecia mais que eu havia cruzado com um bandido que esperava para me
emboscar. Afinal, desse ângulo em particular, o olhar dela não parecia estar dizendo, "bom trabalho Araragi-
kun!", era mais como se estivesse gritando, "olha só o que temos aqui". Não posso negar que eu encolhi um
pouco de medo diante da minha própria casa.
O que aconteceu? Eu ainda não havia mencionado para ela ainda, então quem contou a ela a respeito da minha
viagem para o Inferno nessa manhã...? Gaen-san disse alguma coisa? (Parece algo que ela faria). Eu havia
planejado contar para ela assim que terminasse o meu exame, já que eu não queria que ela se preocupasse -
ou simplesmente porque eu achei que ela ficaria zangada - então eu não falei nada ainda... Bem, eu acho que
seria bem chocante descobrir que seu namorado foi para o Inferno, então eu posso entender o olhar severo no
rosto dela.
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Eu me preparei, pronto para lutar uma última batalha, e comecei a ir em direção a ela, pensando em uma
desculpa que fosse 'uma explicação' na minha cabeça. Então Senjougahara falou, em um tom tão áspero quanto
seu olhar - ou talvez fosse o mesmo tom que ela costumava utilizar, aquele tom sem emoção ou entonação.
Ela disse:
"Nós vamos em um encontro."
Eu já ouvi isso antes.
Isso mesmo. Ela falou comigo da mesma maneira quando me chamou para o nosso primeiro encontro em
junho...
"Não, isso não está certo. Não é assim."
Ela continuou, se me lembro bem, isso pode se tornar uma reencenação daquela conversa.
"Não está certo?" Eu respondi.
Esse é Araragi-kun para você, o homem que nunca fica sem novas reações. Que menino de ouro.
"Oh, não é nada. É que faz tanto tempo que tive qualquer tempo de tela que eu esqueci que tipo de personagem
eu era."
"..."
Não fale como se você fosse a Ononoki-chan.
É claro, ela é um tipo raro de personagem secundário, um que perde a personalidade tendo ou não tempo de
tela...
Me pergunto o que é melhor: um personagem secundário com muito tempo de tela, ou um principal com quase
nenhum.
"Quem sou eu mesmo?"
"Isso é uma coisa meio pesada de se perguntar..."
"Se me lembro bem, eu não era uma moça bonita que podia brandir grampeadores e estiletes?"
"Se você pretende voltar tanto assim nessa reencenação, eu vou ter que pensar nos padrões e estratégias para
resolver o problema apresentado por você. E eu acabei de terminar os meus exames..."
Já que eu mencionei os exames, eu pensei que Senjougahara usaria essa oportunidade para perguntar. "Oh,
aliás, como foi seu exame?" e já que não faz sentido tomar uma atitude negativa sobre isso agora, eu
responderia, "Bem, eu fiz o meu melhor", e agradeceria a ela. Eu rodei a simulação na minha cabeça, mas eu
nunca tive a chance de colocar em prática.
Quase como se ela não pudesse se importar menos com o meu exame, Senjougahara apenas repetiu, "Vá em
um encontro comigo e pronto".
E disse repetiu, mas a forma dela de falar mudou um pouco - e o tom dela pareceu um pouco mais duro dessa
vez. Mesmo antes dela se reabilitar, quando ela usava grampeadores e estiletes e possuía uma personalidade
difícil, ela nunca utilizou um tom de voz tão opressivo.
"Vá comigo em um encontro e pronto?" Isso é apenas uma ameaça.
"A sua personalidade está saindo dos trilhos, Senjougahara-san."
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Mas ainda assim... Embora seja verdade que esse dois problemas foram resolvidos... Não, espera. Não há
porque falar disso.
Não deveria ser questão de ter ou não desculpas - eu quero ir em um encontro com Senjougahara, simples
assim. Eu sou um colegial saudável com necessidades, mas eu consegui me segurar por um bom tempo - então
eu quase sinto que estou pronto para ir nesse encontro agora mesmo.
É claro, se ela realmente me pedisse isso, eu provavelmente pediria por um descanso pelo resto do dia (além
de estar exausto, eu não sou mais um vampiro, significando que a minha recuperação de estamina é
incrivelmente lenta - ou no caso, normal), mas se nós formos amanhã - em outras palavras, desde que eu tenha
uma boa noite de descanso - eu sinto que estaria pronto para ir para qualquer lugar.
Gaen-san.
Kagenui-san.
Hachikuji.
Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade.
E... 'ela'.
Eu ainda tenho todas essas pontas soltas por aí com as quais eu devia me importar, e como os professores
sempre dizem, 'A excursão não acaba até que todos estejam seguros em casa', eu reconheço que meus exames
não estão realmente acabados até que saiam os resultados, mas eu também quero valorizar esse desejo de fazer
coisas típicas do colegial antes de me graduar.
Eu já me resolvi, eu não posso continuar me arrastando - eu tenho que responder os sentimentos da minha
namorada como um verdadeiro homem dentre os homens.
"Então dito isso, vá em um encontro comigo, Araragi-kun."
Senjougahara disse mais uma vez, como se ela finalmente tivesse se lembrado do jeito certo de falar - bem,
não, não é o jeito certo de falar também, mas me lembra de quando começamos a namorar, e eu consigo ouvir
o meu coração começar a bater.
"Se você não for em um encontro comigo, eu vou morder a minha língua fora bem aqui."
"..."
Bem, isso acabou com o humor...
"Você nunca vai poder me dar um beijo de língua novamente."
"Se você morder sua língua fora, eu acho que a situação vai ser um pouco mais séria do que isso..."
Mesmo assim, no passado ela provavelmente teria ameaçado morder a minha língua fora, então parando para
pensar, isso realmente mostra o quão doce Senjougahara Hitagi se tornou.
Eu ainda não diria 'amoleceu'... Mas eu entendo, nem eu nem a minha namorada podemos ficar no mesmo
lugar para sempre.
Temos que nos graduar.
E temos que seguir em frente.
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Eu realmente odeio feriados, mas eu vou esquecer disso apenas por amanhã - essa provavelmente vai ser a
última data que eu vou passar como um estudante do colegial, então eu posso muito bem aproveitar.
"Entendi, Senjougahara. Mais do que um clip show, nós faremos disso a edição final - vamos usar o dia de
amanhã inteiramente e ter um encontro que valha por seis meses."
"Oh, me desculpe. 'Estou ocupada', não vai dar para mim. Eu tenho planos para a noite"
Slump.
Esse é o som de um desapontamento de doer na alma.
"Então, vamos marcar da manhã até cedo da noite. Não se preocupe, eu já tenho tudo planejado."
Enquanto diz isso, Senjougahara encosta o dedo na sua têmpora. É um gesto que faz ela parecer inteligente,
mas eu não posso deixar de demonstrar um pouco de desconforto com o pensamento de um encontro planejado
por ela. Afinal nosso primeiro encontro foi um fiasco... Dito isso, pedir para ela mudar um plano que ela já
havia escolhido seria muito insensível, então eu apenas terei a esperança de que ela tenha ficado mais 'doce'
no que diz respeito a isso também.
De qualquer forma, se é assim, eu usarei a noite de amanhã para tomar alguma ação, como planejado.
Certo, como planejado.
"Ok, ok... Araragi, câmbio e confirma. Aliás, quais são seus planos para a noite?"
"Bem, amanhã é o White Day, certo?" Senjougahara começou, como se estivesse constatando o óbvio, e
continuou: "Então à noite, eu vou jantar com meu pai..."
"..."
Essa foi outra resposta difícil de engolir.
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Encontro Hitagi
003
"Um encontro? Amanhã? Ei, você não pode simplesmente decidir isso sem aviso. Eu tenho meus próprios
compromissos, sabe. Mas eu acho que não tem jeito; eu posso abrir um espaço para você. On/i-chan."
"Espera, por que você está assumindo que foi convidada? Qual exatamente você acha que é a sua posição
aqui?"
Depois de me despedir de Senjougahara, entrar na minha casa, subir até o meu quarto no segundo andar, quem
estava deitada esperando por mim dessa vez era minha colega de quarto, a sangue-suga da residência dos
Araragi, a shikigami Yotsugi Ononoki-chan.
Como uma boneca, ela deveria ficar na minha casa como o bichinho de pelúcia da minha irmãzinha, mas
ultimamente ela parece estar andando por aí sem preocupações, e particularmente hoje ela parece ter se
deixado entrar no meu quarto, descansando na minha cama e lendo algumas revistas que eu comprei antes de
ter uma chance de olhá-las eu mesmo.
Esqueça 'arranjar tempo', eu não acho que já tenha visto uma garota com mais tempo livre na minha vida.
Ela me perguntou, "Uma garota estranha parecia estar esperando por você do lado de fora da casa, então eu a
deixei sozinha, mas o que ela queria?", então eu respondi honestamente - mas Kagenui-san a deixou na minha
casa para servir como guarda-costas, então se houvesse uma garota estranha esperando do lado de fora da
minha casa, ela provavelmente não deveria deixá-la sozinha.
Mais importante, tem um monte de coisas que eu deveria estar contando a Ononoki-chan agora, então é um
pouco estranho que a primeira coisa que eu esteja falando seja sobre o meu encontro recém-marcado.
Mas eu não sei por onde começar ou o quanto dizer... Gaen-san realmente não agiu como se quisesse que eu
ficasse calado, e Tadatsuru até mesmo me pediu para me desculpar por ele... mas se eu contar a Ononoki-chan
sobre minha peregrinação até o Inferno nessa manhã em detalhes, vai interferir em seja o que for que Gaen-
san estiver planejando agora? Ainda há essa ligeira incerteza.
Ainda assim, já que ela estava diretamente envolvida na morte dele, eu sinto como se devesse deixar Ononoki-
chan saber tudo a respeito de Tadatsuru...
Bem, como eu falo sobre isso?
"O que foi, Onii-chan o oni? On/i-chan para abreviar. Você está me encarando. Tem alguma coisa 'esquisita'?
Trocadilho intencional."
"Não, é que..."
Eu juntei forças e revolvi falar - antes que Ononoki-chan tivesse chance de fazer outra piada. Pode não ser
possível me livrar de todas as minhas preocupações, mas eu gostaria de resolver o que puder antes do encontro
de amanhã.
"Ononoki-chan. Eu posso falar algo sério com você?"
"Eu estou sempre séria. Eu nunca falei de nada que não seja sério. Eu sou tão agressivamente séria que as
pessoas me chamam de Straightjacket Crossface."
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Não parece nenhum pouco sincero quando ela diz isso desse jeito sem expressão, e se as pessoas estão
chamando ela de "Straightjacket Crossface"" isso provavelmente significa que ela é o oposto de sério, e
provavelmente uma mentira pra início de conversa, mas eu decidi simplesmente ignorar tudo isso e
brevemente recontar minha aventura que começou no Templo Kita-Shirahebi nessa manhã, cobrindo os
detalhes essenciais - eu pensei que demoraria muito se eu contasse a história inteira, mas uma vez que eu
resumi tudo, minha explicação na verdade acabou bem rápido.
Pode parecer uma jornada que durou 2000 anos para mim, mas na realidade, tudo aconteceu num instante,
então eu acho que quando eu conto para alguém a respeito, isso é tudo - a emoção associada com algo não é
diretamente proporcional a quantidade de tempo gasto.
"Huh."
Mas Ononoki-chan quase não mostrou reação.
Minha história de aventura foi absolutamente desperdiçada com ela.
"É isso que você ganha com uma audiência de bichos de pelúcia. Estou um pouco desapontada que você tenha
levado uma surra no minuto em que tirei os olhos de você, mas eu não tenho uma opinião formada além disso."
"Espere, qual é. Ouvir tudo isso sobre um de seus criadores, Tadatsuru, não faz você sentir nada? Ele me disse
para mandar lembranças, sabia?"
"Eu realmente não me importo. Eu já não disse antes? Não espere uma emoção humana de mim. Estivesse ele
morto desde o começo, fosse ele imortal de certa forma, ou fosse ele uma marionete viva, não muda em nada
o que eu fiz."
Ononoki-chan sacudiu os ombros.
"O que significa para você, isso é."
"..."
"Bem, eu tenho certeza de que te deu muito para pensar, e você provavelmente se sente como se tivesse se
redimido, de certa forma... Mas se você perguntar a minha opinião, hmm, pessoalmente, eu diria que não passa
no teste do cheiro."
"Hum? O teste do cheiro?"
Eu não tenho certeza se eu entendi completamente o que o termo "teste do cheiro" significa (que cheiro?), mas
eu posso pelo menos dizer que não é uma coisa boa - Ononoki-chan está completamente impassível, quero
dizer não consigo ler a expressão dela, então conversas com ela requerem habilidades de comunicação
excepcionais.
"Oh, não é nada. eu estava apenas imaginando o quanto disso foi parte do plano da Gaen-san. Eu basicamente
apenas interajo com Gaen-san através da Onee-chan, então honestamente eu não tenho noção da astúcia dela...
É possível que ela realmente esperava que você trouxesse Hacchy junto, e ela estivesse apenas fingindo
surpresa."
"Hacchy?"
Vocês estão puxando muito da trilha de comentários. Parem de ter o tempo de suas vidas enquanto eu não
estou por perto.
"Bem, para ser franca, há provavelmente mais cânone na trilha de comentários agora."
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"Ei, não pareça tão desapontado. Sou eu quem está desconcertada pelo trabalho dado a mim. Parece que eu
fui colocada em uma jaula com um animal selvagem."
"Engraçado, é exatamente assim que eu me sinto... Temos tanto em comum."
Eu realmente preciso que a Kagenui-san retorne o mais rápido possível... Sim, é isso, eu acho que as coisas
não podem ficar do jeito que estão agora.
Pelo bem do meu próprio futuro, também.
"Aliás, On/i-chan. Aliás, aliás, On/i-chan. Como foi o seu exame? Eu estive muito preocupada com você,
sabia."
"Então você estava preocupada... É um pouco irritante você ter dito isso de maneira tão condescendente, mas
tanto faz, eu ainda estou feliz por ter se preocupado comigo."
Afinal, Senjougahara acabou indo para casa sem perguntar uma única coisa sobre como foi o exame - eu me
pergunto se eu deveria tomar isso como um sinal de confiança ou não.
"Bem, eu fiz o melhor que pude. Obrigado por toda a sua ajuda."
Por qualquer que seja o motivo, eu acabei dizendo a frase que eu estava guardando para Senjougahara ou
Hanekawa para Ononoki-chan - bem, como alguém vivendo sob o mesmo teto que eu, é verdade que ela
mostrou uma certa consideração comigo enquanto eu estava estudando, então não é como se tivesse algo de
errado em agradecê-la.
"De nada. Hmm, nesse caso, por que nós não vamos em frente e checamos as respostas? Vá em frente, me
diga que questões estavam no teste. Eu vou calcular a sua pontuação."
"..."
Não tem jeito de você fazer isso.
Embora você tenha muito conhecimento especializado, eu odeio dizer, mas suas habilidades acadêmicas
provavelmente não são melhores do que as que você esperaria da garota de 12 anos que você parece ser.
"Você tem que repetir as questões no mesmo dia em que fez o teste, caso contrário não vai lembrar delas."
"Não faça parecer que você sabe sobre o que está falando..."
"Melhor você começar a se preparar para o ano que vem o mais rápido possível."
"Não assuma que eu vou ter que fazer novamente ano que vem."
Eu gostaria que todo mundo parasse de ficar tão ansioso sobre o meu futuro.
"Mas sério, como você foi? Já que você foi naquela viagem para o Inferno de manhã, você não acabou em
uma péssima condição?"
"Não posso negar isso, mas creio que mesmo com tudo isso, tive sorte de conseguir terminá-lo..."
"Você faz parecer que só fez por fazer... Esses exames não são de graça, sabe. Não cause muitos problemas
para sua pobre mãe e pai."
"Legal, agora você está reclamando comigo como se fosse minha mãe. Mesmo assim, pode parecer que estou
me gabando, mas eu realmente acho que fui bem. E me saí bem até mesmo nas matérias que não eram
matemática."
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"Hmmm."
"Bem, eu fui abençoado o bastante por ter Senjougahara e Hanekawa me ajudando com meus estudos, então
seria ridículo se eu não tivesse nada para mostrar... eu fiz o melhor para não jogar o nome delas na lama."
"Luta na lama é bem interessante no entanto. Eu esqueci, os resultados serão anunciados antes da cerimônia
de graduação ou depois?"
"Depois."
"Hm. Então provavelmente é uma boa ideia ter um encontro logo. Se um de vocês falhasse, tornaria as coisas
estranhas."
Eu gosto de pensar que Senjougahara não planejou essa data para amanhã com isso em mente...
"Ela disse que era por causa do White Day? E você realmente acreditou nessa mentira branca?"
"Não foi uma mentira. Foi a mais pura verdade."
"Bem,eu acho que todos as garotas esperam pelo triplo em retorno."
"Triplo em retorno? Oh, sim, eu esqueci sobre esse costume."
Eu não tenho interesse em feriados, então não sei sobre todos os detalhes do White Day - mas eu de fato recebi
um honesto chocolate honmei da Senjougahara mês passado.
Triplo em retorno.
Isso parece ser um aumento de interesse bem grande para apenas um mês, mas mas se for verdade, eu não
posso ir contra... Eu não tenho coragem para isso. Mas significa que eu vou ter que comprar algo amanhã?
"Eu deveria comprar doces, marshmallows ou algo do tipo, certo?"
"Eu aceito sorvete."
"Espera, eu não ganhei nenhum chocolate de você mês passado. O triplo de zero é zero."
"Tem certeza? Você realmente testou?"
"...Uh..."
Hesitar por um momento quando alguém pergunta isso é o triste destino de alguém que ama matemática.
Ainda assim, você não precisa testar para saber que a resposta é zero.
"Eu vou me encontrar com ela amanhã, então eu acho que vou ter que comprar hoje... Mas estou tão cansado
que tudo que eu quero fazer é dormir."
"Tenho certeza. E ao invés disso eu ocupei a sua cama, coitadinho."
"Eu posso simplesmente tirar você a força então não estou preocupado com isso... O que eu deveria fazer?
Deveria pedir a uma das minhas irmãs para comprar para mim?"
"Mas então não será um presente do coração. Presentes são algo que você tem que escolher por conta própria."
"Quer dizer, eu não posso discordar disso..."
De fato, eu provavelmente deveria ter me preparado para o White Day Muito antes, mas foi a própria
Senjougahara quem me disse para focar nos exames. Para alguém que esteve livre desde as férias de verão,
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ela realmente tem se mantido disciplinada. Eu gostaria de devolver em uma quantidade igual de consideração
- mas o que fazer?
"Não é como se tivesse que ser doce, certo? Isso não é Halloween nem nada."
"Você pode ter que desistir do sorvete. Embora você deva prestar atenção se é um laticínio."
"Você está falando das suas preferências."
"Você acredita que todas as lojas de Häagen-Dazs estão fechando? Eu não me importo de comer sorvete em
um copo, mas onde eu vou comer aqueles deliciosos cones agora?"
"Eu não sei... No exterior, eu acho?"
Pensando nisso, o Halloween se espalhou pelo Japão antes que alguém percebesse. Talvez para Oshino - que
diferente de mim - gostava de feriados, isso tenha sido um motivo de celebração.
De qualquer forma, eu percebi que eu não vou conseguir tira nenhuma conclusão significante falando com
Ononoki-chan, mas assim que eu começo a decidir qual das 48 técnicas de sumô eu deveria utilizar para
removê-la da minha cama, ela repentinamente cai de cara. Ela solta a revista que ela estava lendo e afunda na
cama com a cara virada para baixo, como se alguém a tivesse desligado.
Ela caiu como se um inimigo invisível a tivesse socado no queixo - eu aqui pensando em sumô, mas Ononoki-
chan estava lutando com um oponente invisível?
É claro, não foi isso.
Como uma shikigami, os sentidos dela são centenas de vezes mais aguçados do que de um humano comum -
em outras palavras, como eu sou agora - então ela identificou alguém se aproximando do quarto bem antes de
mim.
Resumindo, Ononoki-chan entrou no 'modo bicho de pelúcia'.
Em seguida, eu ouvi o grito "Onii-chan...!" e, depois de chutar a minha porta como alguém das operações
especiais, aparece ninguém menos do que a minha irmãzinha - isso é, Tsukihi Araragi.
Ela está vestida com roupas japonesas e com um cabelo extremamente longo.
É assustadoramente longo, o bastante para fazer ela parecer algum tipo de fantasma quando ela sai do banho
- e o bastante para que ela tropeçasse no próprio cabelo se não fosse cuidadosa.
"Você pegou o meu bicho de pelúcia do meu quarto de novo, não é? Oh, aí está, eu sabia! Você poderia parar
de entrar no meu quarto sem permissão?"
Ela briga comigo, enquanto entra no meu quarto sem permissão. É claro, não posso dizer que nunca entrei no
quarto das minhas irmãs sem pedir - embora dessa vez, tenha sido o bicho de pelúcia que foi até o meu quarto
sem permissão.
A boneca em questão permanece imersa na sua atuação de bicho de pelúcia. Ela caiu de uma forma que seria
impossível para qualquer um que possui um corpo consciente.
"Você até mesmo colocou ela na sua cama. É melhor você não estar usando o meu precioso bicho de pelúcia
para qualquer coisa estranha, Onii-chan."
"Na verdade, não seria exagero dizer que eu a estava tratando bem hospitaleiramente..."
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"Eu geralmente não sou do tipo que gosta de animais de pelúcia, mas estranhamente, eu sinto que tenho uma
afinidade especial por essa aqui. É por isso que eu já disse para você várias e várias vezes que você não está
permitido a tirá-la do meu quarto."
"Uma afinidade, huh?"
Já que eu sei algumas coisas sobre a minha irmã que ela mesma não sabe, eu sei exatamente o que Araragi
Tsukihi e Yotsugi Ononoki tem em comum, e então não posso negar que exista um sentimento de afinidade
dela, significa que ela tem instintos aguçados.
Ainda assim, embora essa seja outra circunstância que a garota esqueceu, houve um tempo em que Tsukihi
quase foi morta pelas mãos de Ononoki-chan, então se ela vai colocar os instintos para funcionar, eu acho que
eles deveriam lembrar disso primeiro.
"Mas ei, Tsukihi? Você continua chamando ela de 'bicho de pelúcia', mas se você realmente se importa com
ela tanto assim, não é hora de pelo menos dar um nome para ela?"
"Hm? Não, veja bem, se eu der um nome a ela eu ficaria muito apegada, e então eu vou acabar hesitando
quando for a hora de jogá-la fora. É precisamente porque eu sinto afinidade por ela que eu tenho que pensar
no que vou fazer quando essa afinidade acabar."
"..."
Essa minha irmã, eu vou ter contar...
Além de não mostrar emoção para início de conversa, Ononoki-chan está mantendo o 'modo bicho de pelúcia'
dela agora, então eu não tenho como dizer com certeza o que ela está pensando, mas ela pareceu um pouco
consternada após ouvir as verdadeiras intenções da dona.
Eu posso estar projetando a minha própria reação nela, no entanto.
"Bem, desde que você não se importe com as minhas coisas usadas, eu poderia apenas dar ela para você ao
invés de jogá-la fora."
"Você consideraria uma coisa usada...? Desde quando você está no topo?"
"Vejo que está de volta, Onii-chan."
As transições de Tsukihi de birra a total compostura - essa marca especial de instabilidade não é algo que não
se vê em mais lugar nenhum , completamente única a ela.
"Agora que você terminou seu exames, você está livre para brincar o quanto quiser! Wow, eu não acredito
que você vai se tornar um universitário a partir do próximo mês! Nós deveríamos celebrar! Eu vou começar a
aprontar tudo! Hoje a noite eu vou juntar um monte de calouras colegiais ao redor da cidade, e nós teremos
uma grande festa!"
"Você é realmente otimista..."
Surpreendentemente, essa minha irmãzinha parece ser a que tem mais fé em mim no que diz respeito aos meus
exames - embora na improbabilidade de eu falhar, dar uma festa com todas as calouras colegiais da cidade
faria o golpe ser ainda mais duro, então eu apreciaria se ela evitasse isso.
"Karen-chan vai se tornar uma colegial no próximo mês, também... eu sinto que sou a única que está ficando
para trás. Ooh, talvez eu devesse apenas pular uma série!"
"Você pode pular de séries assim?"
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Na verdade, eu tenho certeza que não temos nenhum meio de pular séries no Japão. Quem sabe com o nível
das habilidades acadêmicas da Tsukihi talvez.
"Brincadeiras de lado, que tal isso, Onii-chan? Amanhã nós poderemos finalmente ficar juntos, apenas nós
irmãos, e sair como uma celebração combinada da nossa graduação e a da Karen-chan."
"Hrm. Essa não é uma má ideia, mas infelizmente para você eu já tenho planos para amanhã."
É claro, eu acabei de fazê-los 30 minutos atrás.
"No entanto, se você quiser ficar e fazer algo hoje, eu não me importaria em arranjar algum tempo para você."
Parece que o jeito de falar da Ononoki-chan é contagioso.
Eu estou essencialmente falando com Tsukihi enquanto sou influenciado pela Ononoki-chan que foi
fortemente influenciada pela Tsukihi - que 'situação Ouroboros' estranha.
"Wooow. Você realmente amadureceu, Onii-chan. Há não muito tempo atrás, se eu te convidasse para brincar,
você teria me socado na hora."
"Eu era um irmão tão severo?"
Eu não lembro disso.
Ainda assim, é definitivamente verdade que eu me dou melhor com as minhas irmãs do que eu costumava.
Acho que pessoas - e seus relacionamentos - realmente não podem ficar imutáveis para sempre, não é?
Muito aconteceu no último ano em especial.
Com ambas Karen e Tsukihi.
Com Tsukihi em particular, durante as férias de verão... Enquanto penso nisso, eu olho para Ononoki-chan,
mas ela ainda está imóvel, se fingindo de morta em cima da minha cama.
Embora não seja se 'fingir' de morta já que ela realmente morreu.
"Então vamos a algum lugar hoje."
"Bom. Eu deixo o planejamento para você."
Aquilo pareceu a coisa certa a se dizer no momento, mas deixar os planos com Tsukihi me deixa tão nervoso
quanto deixá-los com Senjougahara - essas duas são estranhamente similares de certa maneira.
"Genericamente falando, Onii-chan, você preferiria ir para o oceano ou para as montanhas?"
"Eu preferiria ir para uma montanha no oceano."
"O que, você quer ir para o Castelo do Demônio Subaquático?"
Essa foi uma boa resposta.
"Mas eu entendo... Então você está indo a um encontro com Senjougahara amanhã... Deve estar loucamente
apaixonado. Eu, estive namorando Rousokuzawa-kun por tanto tempo que cansei um pouco, e quando ele me
pediu para sair com ele no White Day, eu meio que dispensei ele..."
"..."
Eu acho que é apenas uma questão de tempo antes que minha irmã termine com o namorado. Você meio que
dispensou ele...? Eu não consigo deixar de me sentir mal pelo cara.
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"... Huh? Espere um segundo. Eu disse que meus planos eram com a Senjougahara?"
"Você não tinha que dizer. Se você tem planos para 14 de Março, eles são com alguém importante para você
ou com Einstein."
"Nós estaríamos com problemas se fosse com Einstein. Esse incidente entraria para a história como um novo
feriado. Ele é alguém com quem eu gostaria de falar, no entanto..."
Há uma anedota que as últimas palavras de Einstein foram em alemão, por isso sua enfermeira não conseguia
entender o que ele estava falando, mas mesmo deixando de lado as complicações com a língua, eu não acho
que um cara como eu teria uma conversa inteligente com ele.
Enquanto pensava comigo mesmo que se fosse Oikura, ela provavelmente diria que preferia falar com Euler.
"Bem você não está errada. Ei, só pra saber, eu também gostaria... eu gostaria de ouvir a sua opinião. O que
você iria querer como presente no White Day?"
"Dinheiro cheio de amor do coração."
"..."
Minha irmãzinha é bem gananciosa.
Isso não me ajuda em nada.
No entanto, mais do que uma piada como um aperitivo antes da verdadeira resposta, parece que esse era o
prato principal dos sentimentos dela, enquanto Tsukihi muda de assunto e diz, "Certo, então amanhã para eu
irei ver a Nadeko-chan. Ela saiu do hospital agora, mas ela ainda está no quarto dela se recuperando. Ela disse
que vai começar a ir para a escola assim que o novo período começar. Eu aposto que ela deve se sentir sozinha
em casa, então eu vou até lá animar as coisas!"
"... Você tem ido vê-la bastante."
E falo isso honestamente. Essas são minhas impressões verdadeiras.
"Honestamente, eu estou um pouco surpreso. Vocês duas podem ser amigas, mas você e a Sengoku nunca
pareceram tão próximas."
"Isso não é verdade! Somos melhores amigas!"
Tsukihi disse isso com uma risada despreocupada, tornando difícil de acreditar que ela estava dizendo isso
com qualquer seriedade. Ainda assim, é sem dúvida graças à Tsukihi que Sengoku está mais ou menos apta a
se reintegrar à sociedade depois de tudo que ela passou.
Definitivamente não é trabalho daquele trapaceiro.
É claro, eu não fiz nada por ela - eu não pude. Que admirável.
Ainda assim, não é de se espantar que a minha irma, a estrategista das Irmãs de Fogo, tenha obtido o suporte
de todas as colegiais da área...eu acho.
"E mais, ela me contou um dos segredos dela outro dia."
"Um segredo? O que é?"
"É um segredo então obviamente eu não posso contar pra você."
"...?'
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"Agora você pode deixar a Nadeko-chan comigo e ficar namorando com a Sejougahara-san! Eu vou cuidar do
seu álibi!"
"Eu nunca pedi para você um álibi..."
"Certifique-se de mudar de trens um monte de vezes!"
"Você quer que eu elimine o uso do truque de tempo da mesa, huh...?"
Que tipo de encontro seria esse? Acho que um entusiasta de trilhos pode gostar desse tipo de coisa - eu não
sei o quanto Senjougahara se importa com trens, no entanto.
"Aliás, Karen-chan vai fazer algo amanhã? Com, uh, o fulano de tal."
"Mizudori-kun."
"Certo, ela vai em um encontro com o fulano de tal?"
"Você nem tenta lembrar dos nomes dos namorados das suas irmãs... Hmm, não, ela disse que vai para o dojo
amanhã. Parece que vai ser uma cerimônia de graduação diferente? Graças a discrição e ajuda do mestre dela,
o dono do dojo, ela vai tentar um kumite de 100 homens ou algo assim."
"Por que ela está fazendo isso no White Day?"
Minhas irmãs não tem nenhum pouco de sex appeal.
Isso está me fazendo parecer mal, como o irmão mais velho que é o único aproveitando a vida. Deixando
Karen de lado, quando eu penso sobre Tsukihi indo visitar Sengoku, eu não posso fazer nada se não me sentir
um pouco culpado...
"Parece que na verdade ela já fez o kumite de 100 homens antes, mas dessa vez ela está tentando ganhar todos
os rounds. Ela disse que se tiver uma vitória completa, ela ganha o direito de desafiar o mestre dela em uma
partida séria."
Não devíamos fazer dela a protagonista?
Eu sou sempre jogado nas circunstâncias em uma história que é quase inteiramente ad-lib, fazendo parecer
que eu sou mais algum tipo de improvisador profissional do que qualquer outra coisa.
"Bem, parece que você e Karen-chan estão lentamente, mas certamente crescendo, e que estão indo para frente
também. Como a mais nova da família, eu não poderia estar mais orgulhosa."
Tsukihi então diz.
"Eu acho que sou a única que nunca muda..."
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Encontro Hitagi
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Minha nossa... esse encontro vai ser outra aventura, eu penso comigo, me preparando mais uma vez. Ainda
assim, depois de tudo que eu fiz para parecer idiota na frente de Senjougahara, eu vou usar essa chance para
fazê-la se apaixonar por mim de novo mostrando a minha mente aberta a aceitar tudo que ela inventar.
É claro, 'se apaixonar por mim de novo' assume que ela já se apaixonou por mim para início de conversa, mas,
bem, não importa que tipo de encontro ela tenha guardado para mim, eu deveria ter pelo menos um pouco de
fé nela. Embora, após todo esse tempo, eu ainda não tenha certeza do que a motivou a buscar um
relacionamento comigo naquele dia, naquele parque...
Enquanto finjo ignorância - em outras palavras, enquanto ajo como de não tivesse visto nada - eu sigo meu
caminho passando pelo veículo, indo em direção ao quarto 201 no segundo andar e bato na porta do
apartamento da família de Senjougahara. (Eles não tem inferfone.)
"Bem vindo ao maravilhoso mundo de hoje."
Senjougahara sai da casa com essa misteriosa, florida frase, e ela parece estar toda vestida para a ocasião. A
roupa dela está completamente coordenada, baseada em um esquema de cor branca. Embora ela tenha cortado
os cabelos durante as férias de verão, eles cresceram com o tempo, e hoje eu estou vendo ela com tranças pela
primeira vez em meses.
Tranças.
Isso é novo!
"Eu decidi imitar o velho estilo da Hanekawa-san."
"Olha, eu estou dizendo, o jeito que você faz amizade é um pouco exagerado."
"Eu pensei que você gostaria que eu imitasse a Hanekawa-san."
"Você estar dizendo isso é bem exagerado, também..."
Eu não quero pensar muito nisso. É uma noção de mundo muito profunda para que eu possa compreender.
"Bem, eu quero relaxar e me divertir hoje. Para isso, eu queria que meus comentários dessem uma sensação
de liberdade e sem futuro."
"Liberdade tudo bem, mas vamos evitar a parte 'sem futuro'... Nós estamos apenas começando o nosso futuro,
não é?"
"Isso assumindo que você passou no exame. Se não, há a possibilidade de que nós iremos em direção ao
passado."
"..."
Vindo de alguém que foi aceita na universidade por recomendação sem nenhum problema, esse golpe doeu
bastante.
"Oh, deixe eu me divertir. Eu tenho poucos dias antes dos resultados saírem para fazer essas piadas com o
exame."
"Se eu realmente acabar falhando, não vai ser mais engraçado. A piada do exame vai se tornar a tragédia do
exame."
"Bem então, vamos sair. Nós temos que voltar às 7 ou vai ser tarde demais para encontrar Papai para o nosso
jantar, então devemos ir. Tempo é essencial."
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"Um, você poderia não tratar o jantar com o seu pai como o evento principal de hoje? Digo, você pode, só não
diga alto."
"Haha. Então por que você não me cala com um beijo?"
"..."
Talvez eu realmente...
No momento em que eu penso nisso, no entanto, eu enxergo o significado implícito nas palavras que ela
acabou de dizer, e não bate com o que eu estava esperando. 'Nós temos que voltar aqui'? Encontrá-lo para
jantar?
Eu me preparei para o pai de Senjougahara se juntar a nós como motorista do carro parado em frente - não é
isso que vai acontecer? No pior dos casos, eu achei que nós três íamos passar o dia inteiro juntos, apenas para
que eu fosse chutado assim que o jantar começasse... mas aparentemente não?
Nesse caso, o carro estacionado fora apenas alugado por algum dos outros moradores daqui, e não tinha nada
a ver conosco? Bem, essa seria a constatação mais óbvia aqui... mas é da Senjougahara Hitagi de quem estamos
falando. Reabilitada ou não, ela ainda é uma mulher imprevisível como sempre. Ela sempre vai além do pior
cenário possível que eu possa imaginar - e depois de sair do quarto dela, ela gira uma chave de carro na ponta
do dedo.
Então isso significa que nós realmente levaremos o carro a algum lugar - mas nesse caso, quem diabos vai
dirigir?
"Vamos, entre no lado do passageiro", disse Senjougahara enquanto ela sentava no acento do motorista.
Ela sentou no lugar do motorista.
Então colocou o cinto de segurança.
Entendo, então ela obedece as leis de trânsito, como uma motorista respeitável - e, ah, sim, ela estava
segurando as chaves do carro, então é claro que sentaria no acento do motorista. Eu deveria ter adivinhado
isso.
Mas ainda assim! Ainda assim!
"O que? O queee? O queeeee?! Espere, Senjougahara-san, espere, espere, espere, espere! Será possível que é
você quem vai estar dirigindo o carro hoje?! Você vai estar no volante?! Auto-gahara Hitagi?!"
"Sim."
Ela concordou direto ao ponto.
A resposta dela deixou claro que ela não queria discussão, mas se isso fosse algo que eu pudesse deixar passar
com um 'oh, entendo, dirija com cuidado por aí', eu não estaria tendo essa reação.
De certa forma, isso era ainda mais chocante do que ir para o Inferno.
Dirigindo? Você?
Eu estava pronto para o seu pai dirigindo o carro, mas não isso!
"Qual o seu problema? Eu coloquei o cinto de segurança."
"Um, eu gostaria de expressar que isso é muito inesperado!"
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Ela estava falando sobre leis de trânsito. Eu estou falando sobre os regulamentos impostos pela nossa escola
- ou, bem, eu tenho certeza de que é o caso da maioria dos colégios em geral, mas de qualquer forma, nós
somos estritamente proibidos de tirar carteiras de motorista.
É verdade que atualmente Senjougahara tem 18 anos de idade e por isso na idade onde ela pode legalmente
obter uma carteira... mas ela deveria saber o quão perigoso é fazer isso enquanto se é uma estudante.
É um ato de barbárie que não apenas a coloca em risco de ter sua recomendação revogada, mas que também
poderia impedir que ela se graduasse. Meu Deus, uma pessoa que faz esse tipo de coisa realmente existe? E
essa pessoa realmente é minha namorada?
Wow. Eu estive falando sobre como ela se reabilitou, mas de uma forma ou de outra, parece que essa mulher
atingiu novos recordes de delinquência que eu jamais poderia esperar alcançar.
"Wooow. Você realmente não quer saber do futuro. Eu posso acabar indo para a universidade sozinho. Isso é
tão ruim que na verdade chega a ser impressionante, mas Senjougahara, posso perguntar por que você decidiu
fazer isso em primeiro lugar?"
"Bem, eu não tive de ir para a escola no terceiro período, então eu não tinha nada melhor para fazer...?"
Senjougahara respondeu, balançando a cabeça para o lado.
Parece que a minha namorada era o exemplo supremo do ditado 'mente vazia, oficina do diabo' em prática.
"Além disso, eu percebi que você não conseguiria tirar a própria carteira, então eu pensei em tirar no seu lugar
- embora no fim, parece que foi uma preocupação desnecessária."
"?"
Não tenho certeza do que ela está falando.
Por que ela achava que eu não seria capaz de tirar uma carteira, isso é tão rude - foi o que eu comecei a
pensar, então eu entendi imediatamente o que ela quis dizer.
Até ontem, meu corpo estava se tornando no de um vampiro completo, e um dos sintomas era que eu não
podia aparecer em fotografias. Em outras palavras, significaria que eu nunca poderia tirar um carteira - e
parece que Senjougahara estava se planejando para essa eventualidade.
Quando eu penso assim, torna um pouco difícil repreendê-la por sua má-conduta - ou, você sabe, não.
Não pense que serei enganado pela emoção.
Eu não serei enganado nem mesmo pelo amor.
Mesmo considerando tudo isso, tirar sua carteira enquanto ainda está na escola é precipitado... Se você não
puder se graduar, é como colocar o carro antes dos bois.
"Não se preocupe. Se isso acontecer. Eu vou apenas terminar com você e ficar agarrada com a Kanbaru."
"Não fale de terminar comigo tão casualmente. E até mesmo a Kanbaru se sentiria mal por estar na mesma
série que você."
"Sério? Eu imagino que ela adoraria."
Disse Senjougahara, sem um pingo de remorso na voz dela - e de fato, eu provavelmente deveria admitir que
é impossível fazê-la se arrepender das suas ações nesse caso. Eu acho que deveria apenas desistir.
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Falta apenas um dia até nossa graduação... Eu vou apenas rezar para que ninguém descubra sobre a
transgressão dela antes disso. Eu não sei se eu posso depois do que aconteceu, mas por agora eu deveria apenas
focar em me divertir.
Eu posso ter simplesmente abandonado os meus pensamentos, mas há muitas pensamentos nesse mundo que
ficam melhor sendo abandonados.
"Araragi-kun, não esqueça de colocar o cinto."
"Eu sei, eu sei... Confie em mim, eu não tenho coragem andar num carro com um motorista novato sem o
cinto. Eu geralmente sou chamado de touro raivoso, mas só por hoje, eu serei uma galinha. Eu até mesmo
usaria uma cadeirinha, se pudesse" eu disse, e então um pensamento veio até mim, eu perguntei, "Aliás, dessa
vez você vai me dizer para onde vamos antes, não é? Não é que eu não confie em você, mas se você planeja
dirigir tão longe quanto o observatório da última vez, eu vou parar você com tudo que eu tenho. Eu posso até
mesmo ser forçado a quebrar esse volante."
"O carro é alugado, então eu agradeceria se você não quebrasse nada. Não se preocupe, eu não planejo dirigir
tão longe. Por que morra iríamos a um observatório no meio do dia?"
"Por que morra iríamos?"
"Por que iríamos."
"..."
O sentimento de liberdade nos comentários dela está ficando assustador... estou começando a achar que ela
está se deixando levar.
"Então para onde estamos indo? Qual o nosso destino, por assim dizer?"
"Nós estamos indo ver o planetário."
Eu achei que ela iria me enrolar um pouco mais, mas ela me deu uma resposta direta - Embora aparentemente
só porque ela não poderia esconder por muito tempo, já que ela colocou o nome do lugar no GPS.
"Um planetário?"
"Sim. Nós vamos a um planetário."
Enquanto explicava o significado de uma palavra que eu nunca havia ouvido mesmo enquanto estudava para
os exames, Senjougahara pisou no acelerador.
E então, o passeio do terror começou.
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Encontro Hitagi
005
Eu disse passeio do terror, mas felizmente, Senjougahara não estava apenas se vangloriando por ter passado
na primeira tentativa, a direção dela parecia perfeitamente adequada - pelo menos até onde eu posso dizer do
acento do passageiro.
Perfeitamente adequada.
De fato, seria mais preciso se eu dissesse que era apenas perfeita. É difícil de notar com alguém como
Hanekawa por perto - sem mencionar que a primeira impressão que eu tive sobre ela foi tão intensa que é
difícil pensar sobre ela desse jeito - mas Senjougahara é algo como uma super-mulher ela mesma.
O jeito que ela troca as marchas parece totalmente natural.
A demonstração de confiança dela em alugar um manual ao invés de um automático talvez seja a diferença
dela da humilde e modesta Hanekawa.
Após pressioná-la por por mais detalhes, eu descobri que ao contrário do que ela disse, Senjougahara tinha
pensando em um plano do que fazer caso a escola descobrisse sobre a carteira dela. Especificamente, em caso
de emergência, ela estava planejando dar a desculpa de que ela 'fez isso para ajudar a família que estava em
necessidade.'
Para ser perfeitamente honesto, a determinação dela em usar até mesmo os próprios complexos para tirar
vantagem fez a minha impressão dela melhorar mais ainda... Ótimo, parece que sou eu quem está se
apaixonando de novo.
Eu percebi que seria melhor não falar com ela enquanto ela estava na estrada, então eu fiquei quieto no acento
do passageiro, mas aparentemente ela não tem problema em ter uma conversa enquanto dirige (outra prova de
que ela é um modelo de perfeição), então ela falou primeiro.
"Ajudaria a acalmar os meus nervos, então na verdade eu preferiria que você falasse comigo, caro Watson."
"Watson...? Eu posso estar sentado no banco do passageiro, mas eu não que ser aquele que reconta as suas
aventuras. E você não é nenhum pouco como Holmes, também."
"Verdade. Talvez Holmes fosse a Hanekawa-san, em vez de mim - oh, falando nela, Araragi-kun. Eu recebi
uma ligação da Hanekawa ontem à noite."
"Huh? Verdade?"
"Sim. Ela disse que deveria voltar a tempo para a cerimônia de graduação"
"Hmm..."
Hanekawa Tsubasa.
Ela é uma amiga minha e de Senjougahara, atualmente viajando. Enquanto usa seu intelecto que não é apenas
o maior do país, mas talvez pudesse torná-la uma das mentes liderando o mundo, ela pretende desistir da
faculdade sem motivo em particular,e em vez disso planeja partir em uma viagem sem rumo depois de se
graduar. Então, pelo terceiro período do nosso último ano, no qual a presença não é obrigatória - ou mais
precisamente, desde metade do segundo período - ela tem trabalhado procurando possíveis locais de viagem.
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"..."
Por favor mostre algum interesse.
Dito isso, olhando para trás, Senjougahara sempre odiou pessoas com personalidades como a do Oshino - e
nesse caso, faz sentido que ela tomaria tal atitude indiferente agora ela ela acredita que não precisa mais dele.
Dois lugares... Imagino quais são.
O motivo de ela talvez não chegar a tempo para a cerimônia de graduação poderia ser que haviam dois lugares
diferentes para checar - embora é claro, haja a possibilidade de que nenhum deles esteja correto.
"Ela deduziu, huh... Ela é realmente como o famoso detetive."
E ela é o tipo de detetive que faz a própria busca. Isso é uma raridade nesses dias.
"Então ela não disse quais eram os dois lugares?"
"Não. Mas não tenha a ideia erada, Araragi-kun. Não é como se ela estivesse fazendo suspense como algum
tipo de detetive nos livros. Hanekawa-san tentou me dizer, mas eu disse a ela que não se preocupasse porque
eu não me importo.
"Eu realmente quero saber qual foi a reação dela quando você disse isso."
O trabalho de um detetive nunca foi tão ingrato. Você ligou para a pessoa errada, Hanekawa-san.
Eu tenho certeza que ela teria tido uma reação melhor de mim - nas novamente, eu estava exausto do meu
exame (e de falar com Ononoki-chan), então a minha reação na verdade poderia ter sido similar a de
Senjougahara...
Não havia como ela saber do meu teste do exterior, então levando isso em consideração, ela provavelmente
decidiu ligar para Senjougahara primeiro, depois de ser instruída a não ligar para mim - de qualquer forma,
Hanekawa poderia muito bem estar sob a impressão de que eu falhei no exame.
Ela sempre foi de fazer deduções.
"Oh, que foi que ela disse mesmo...? Eu acredito que ela me disse que tinha que de ir ao contrário."
Depois de ver o quão aborrecido eu estava ficando, Senjougahara forçou sua memórias ao limite para lembrar
de pelo menos parte do que Hanekawa disse.
"Ao contrário?"
"Sim. Ela disse que a abordagem dela foi ao contrário. Ela gosta de provocar às vezes, aquela garota."
"Ela só acaba parecendo assim porque você não a ouve... Ao contrário? Eu me pergunto o que isso significa..."
Se você pensar como em uma história de suspense, eu acho que seria uma daquelas soluções que estava bem
debaixo do seu nariz o tempo inteiro? Ela foi para o exterior, mas talvez ela tenha percebido que Oshino estava
no Japão o tempo inteiro... e perto da nossa cidade?
Não, duvido que seria tão simples.
Ou deveria dizer, eu ficaria realmente furioso se nós tivéssemos procurado todo esse tempo pelo cara e ele
estivesse se escondendo na cidade o tempo inteiro - além disso, Hanekawa poderia voltar imediatamente nesse
caso, então ela não seria pega em um dilema tentando voltar a tempo para a nossa graduação.
"Se bem me lembro, eu tive a honra de ouvir algo sobre 'disu is a pen'."
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"Ligações internacionais são caras, então nós não tivemos tempo para conversar muito - oh, mas eu pedi ajuda
a ela no planejamento do encontro. Devo confessar, ir ao planetário foi ideia da Hanekawa-san."
"Foi?"
"Sim. Eu inicialmente planejava ir ver uma cratera vulcânica."
"..."
Eu não diria que estou desinteressado em crateras, mas eu estou muito grato à Hanekawa agora... Que tipo de
plano ridículo essa mulher tinha em mente?
"Eu sabia que ela tentaria me impedir se eu contasse a ela, então eu não mencionei que estaria dirigindo."
"Eu realmente gostaria que você a tivesse consultado a respeito disso também..."
"Hanekawa-san recomendou vários planetários para mim, e eu escolhi um da lista. Então não se preocupe,
Araragi-kun. Independente do olhar nervoso no seu rosto, eu praticamente não tenho surpresas daqui para
frente. Tudo foi vetado pela própria Hanekawa."
Vetado...?
Isso não parece ser uma palavra apropriada para ser usada em relação a um encontro, mas é um pouco
reconfortante saber que tudo passou pela inspeção da própria Hanekawa.
"Ela ficou com raiva de mim, e eu perdi um pouco a coragem. Quanto mais ela ficava zangada, mais difícil
ficava de contar para ela sobre a minha carteira de motorista."
"Eu entendo, mas eu acho que você precisa de uma lição pelo bem do seu futuro..."
"Eu vou bastante a planetários, então pessoalmente, ir em um não parece grande coisa. Mas eu suponho que
visitar um com você faz disso uma novidade."
"Hmm... Mas ainda assim, esse encontro não vai ser meio chato para você, então?"
Eu perguntei, enquanto imaginava se o combo Valhalla costumava ir a planetários, já que a Kanbaru também
disse que gostava de ir a eles. Mas Senjougahara respondeu, "Bem, eu costumo ir para o planetário mais por
causa do dever de casa do que para me divertir - então a partir de agora eu gostaria de simplesmente relaxar
enquanto olho as estrelas no céu artificial à noite. Eu não estou desapontada com a ideia, então não se
preocupe."
"Você geralmente vai por causa do dever de casa? ... Oh, sim, você é uma das malabaristas entres os estudantes
que escolheu geociência como matéria eletiva..."
Eu não sei o que exatamente você estuda em geociência... mas parece que Senjougahara, que sempre
costumava vir para o observatório com sua família quando criança, deve sentir uma conexão especial com
corpos celestiais.
Não sou completamente desinteressado por estrelas eu mesmo, mas não tenho a mesma fascinação com o céu
estrelado assim como Senjougahara...
"Certo. É por isso que no meu plano original, eu pretendia pretendia nos levar em uma observação de
afloramento quando fôssemos ver a cratera."
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"Me dê um tempo. Então você está dizendo que iríamos por motivos puramente educacionais? Você está
dizendo que simplesmente faríamos trabalho de campo? Era esse o encontro que você estava planejando me
levar quando eu terminasse os meus exames?"
"Mas seria mais interessante. É verdade que o meu plano de encontro foi modificado para melhor pela
Hanekawa-san, mas eu não posso negar que perdeu um pouco do charme. Eu sei o quanto você você ama
quando eu brinco com você, então estou com medo que não seja emocionante o bastante para estimular seu
interesse."
"Por favor, pare de usar a palavra 'estimular'."
"Restimular?"
"Isso sequer é uma palavra de verdade...?"
"Exumar?"
"Você sabe que isso é uma coisa ruim, não é?"
"É claro, planetários são apenas anexos a museus de ciência, e o que estamos indo não é exceção, então não
seria incorreto dizer que estamos indo aprender. Bem, pode ruim para o seu coração se parássemos de estudar
de repente, então talvez seja melhor que você esfrie a cabeça interagindo com ciência de ponta."
"Não me acorreu que estudar afetaria meu ritmo cardíaco..."
Entendo. Esse é definitivamente um plano no qual Hanekawa pensaria. Um museu de ciência é um lugar que
combina edução de entretenimento - é discutível se isso seria normal para um casal fazer, mas pode ser uma
escolha perfeita para pessoas como eu e Senjougahara, que não são muito fáceis de se agradar.
E com toques pessoais de Senjougahara (dirigindo o carro), ainda havia mais emoção que o bastante. Não
importa o quão boas sejam as habilidades de Senjougahara na direção, já é desconfortável estar em um carro
não familiar.
"Eu não costumo ir em museus com frequência, então estou ansiosa por essa parte. Eu imagino que tipo de
carros voadores eles terão."
"Acho que você está esperando um pouco demais desse museu..."
Embora eu tenha ouvido que carros voadores não são mais uma coisa da ficção.
"Ainda assim, eles podem não voar, mas os carros estão bem impressionantes hoje em dia, não acha? Eu não
sei se é o caso desse, mas eu ouvi que há carros que ativam automaticamente os freios se detectarem perigo,
carros com sensores em todas as direções, e até mesmo carros que se dirigem sozinhos, também..."
"Você está certo - eles já são carros do futuro. Eles são pequenos Buggies." Disse Senjougahara, adicionando
algo que não precisava.
Castelo do demônio subaquático.
"Talvez um dia. nós teremos até mesmo um sistema que dirige automaticamente até o lugar que você escolhe
no GPS - e como a subida e descida de um avião, apenas a ignição e o estacionamento vão precisar de trabalho
humano."
"Máquina vs homem, huh? Espero que isso aconteça, porque vai me poupar do trabalho de ter que fazer outro
exame para tirar minha carteira..."
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Se alguém inventasse um carro assim, eu não sei se a legislação seria capaz de acompanhar os avanços
tecnológicos. O fato de que eu não tenho ideia de como usar um smartphone poderia ser considerado um
exemplo disso.
Carros trazem muitos aspectos da ciência de ponta, então não vai demorar muito para que eu perca para sempre
a chance de sentar no lugar do motorista.
"Do que está falando? Eu espero que você tire a sua própria carteira durante as férias. E eu espero que você
esteja dirigindo no nosso próximo encontro. Seria um desperdício de oportunidade agora que você pode
aparecer em fotografias novamente." Disse Senjougahara.
"Você já sabe dirigir, e mesmo assim vai me obrigar a ser seu chauffeur, Senjougahara-san?"
"O sonho de toda garota é sentar no banco do passageiro enquanto seu namorado dirige."
Essa é uma coisa bem feminina de se dizer.
"Nós sonhamos isso tanto quanto sonhamos com um harém reverso."
"Esse é outro sonho feminino, mas eu não sei se são comparáveis."
"Um dia, eu espero que você nos leve a uma cratera vulcânica."
Ela pode estar falando sério, mas é difícil de dizer, 'vamos lá' com essa proposta...
"Só por curiosidade, o que exatamente você estuda em geociência, Senjougahara? Você aprende mais do que
apenas sobre corpos celestiais, não é?"
"Estritamente falando, envolve as ciências relacionas à Terra. Então eu suponho que o foco principal seja o
estudo da Terra como corpo celestial - mas é claro, meus interesses sempre acabam indo para o espaço como
um todo. Meu sonho é desenhar um mapa espacial completo e fazer meu nome como a segunda Tadakata
Inou. É isso que planejo fazer na faculdade."
"... A segunda Tadataka Inou?"
"Bem, eu ouvi que infelizmente Tadataka Inoue completou seu mapa antes que ele conhecesse bem a região
de Hokkaido, então eu não planejo usar atalhos como ele. Eu irei até os confins do universo para observar os
afloramentos de todos os lugares, e então colocá-los em meu mapa."
"Se você viajasse tão longe, eu não acho que seria observação de afloramentos que você estaria fazendo."
Esqueça o mapa, se ela conseguisse isso mereceria parabéns.
... Além disso, eu tenho certeza que Inou-san não tomou nenhum atalho.
É a primeira vez que ouço sobre isso, mas parece que minha namorada planeja se tornar uma astronauta... ehh,
eu imagino se ela está falando sério. Parece que pode fazer parte de uma brincadeira.
"Espere, na verdade, o que você quer dizer com 'mapa espacial'? Isso é uma coisa de verdade? Você quer dizer
aquela figura que você vê o tempo inteiro? Onde os planetas estão alinhados ao redor do Sol e tal..."
"Não, esse é mais um diagrama conceitual. Estou me referindo a um mapa que ilustre o espaço inteiro...
suponho que se você nunca cursou geociência, pode ser um pouco difícil de imaginar."
"Sim. Eu nunca ouvi falar disso."
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"O Espaço é quase inteiramente vácuo com algumas galáxias e sistemas solares aqui e ali. Baseado na
probabilidade, é fácil pensar que as estrelas estariam espalhadas igualmente no espaço, mas não é bem assim,
as estrelas existem em amontoados irregulares. Colocar esses amontoados em um diagrama te dá um mapa
espacial... heheh. Eu acho que estrelas são como humanos, elas ficam solitárias facilmente."
"Eu sei que você espera que eu tire algo disso, mas eu nunca realmente vi um desses mapas espaciais, então
eu ainda não posso imaginar."
"Para sua informação, um mapa espacial é diferente de um mapa regular do planeta ou do Japão."
"Tem o formato de um ventilador" disse Senjougahara, de maneira uniforme.
Um ventilador - "ougi"
Quando ela diz essa palavra... eu não mostro reação.
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Encontro Hitagi
006
"Olá, Araragi-senpai. Oshino Ougi aqui. Vamos aprender um pouco sobre constelações?"
Com um grande sorriso no rosto e um laser na mão, Ougi-chan apontou para o céu estrelado refletido no domo.
Meu primeiro instinto foi questionar por que uma estudante do primeiro ano - prestes a ir para o segundo - do
colégio Naoetsu estaria trabalhando num planetário do museu de ciências, mas logo me ocorreu que isso é um
sonho.
Depois de Senjougahara, sem precisar de nenhum equipamento especial nem nada do tipo, estacionar o carro
perfeitamente no estacionamento do museu, nós dois entramos no anexo do planetário, no entanto, eu ainda
devo estar cansado de ontem, sem contar ter acordado tão cedo hoje, já que - por mais inapropriado que possa
ser para um jovem em um encontro - eu pareço ter cochilado no escuro do planetário.
Mudando a expressão 'estar desacordado', isso é um planetário, então você poderia dizer 'star desacordado'...
Egh, isso é ruim. Mesmo sonhando, eu ainda estou muito cansado para dizer qualquer coisa inteligente.
"Por favor não caia no sono, Araragi-senpai...! Eu vou atirar um giz em você...! Eu não tenho nenhum giz,
então serei forçada a usar esse laser...!"
Não faça isso, se eu for atingido por essa coisa eu vou ser nocauteado e acordar...
"Haha... e assim que acordar, vai se perguntar. O seu encontro com Senjougahara-san está acontecendo agora
de verdade, ou era o tempo que você gastou flertando comigo a verdadeira realidade? Vai ser como O Sonho
da Borboleta, deixando você em dúvida se é um humano ou uma borboleta."
Mesmo em um sonho, Ougi-chan nunca muda.
"Bem então, vamos expandir nossos horizontes?"
Falando em termos de distinção entre sonho e realidade, é que provavelmente na realidade - na realidade do
planetário - há uma aula similar acontecendo. Eu provavelmente estou ouvindo no meu subconsciente, e está
influenciando no meu sonho. Bem, nesse caso, eu terei que torcer para que Ougi-chan explique detalhadamente
para que eu possa ter uma desculpa para Senjougahara assim que acordar.
"Como tenho certeza que sabe, há um total de 88 constelações que podem ser vistas da Terra - você
provavelmente está familiarizado com elas de Cavaleiros do Zodíaco. Você pode dizer o nome de todas?"
Não peça o impossível.
Além disso, não é como se todas as 88 aparecessem em Cavaleiros dos Zodíaco.
"Verdade. Além disso, tenho certeza de que seria difícil para você identificar as constelações no sul, já que
vive no Japão - embora talvez minha rival, Hanekawa-senpai, esteja olhando para elas da Austrália enquanto
falamos." Disse Ougi-chan animadamente.
Deixando de lado o sorriso dela, parece que ela não se esforça mais para esconder seu antagonismo com
Hanekawa.
"Mas realmente, há algo interessante sobre as constelações no hemisfério sul que nós nunca conseguimos ver,
então vale a pena aprender sobre elas. Como o Camaleão, por exemplo."
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Camaleão? Legal...
"Há também Pictor, e Veda..."
Ougi-chan apontava cada constelação que ela mencionava com o o laser - ela parece ter se dado bem com o
trabalho de guia. Então novamente, ela pode ser apta a dar aulas - ela pode apenas gostar de explicar coisas
para as pessoas.
Bem, não, se isso é apenas um sonho, significa que eu subconscientemente penso nela assim...
Ougi-chan continuou se prolongando sobre estranhas constelações - bem, eu acho que elas são bem normais
para qualquer um no hemisfério sul - mas de qualquer forma, ela continuou listando nomes de constelações
que eu apenas lembro vagamente, até que ela diz, "Hydrus".
Também conhecida como... serpente aquática.
"É mais ao sul que nossa Hydra. Você é familiar com Hydra, não é? A maior das 88 constelações."
O céu noturno refletido no domo troca para uma nova imagem.
Muda para o céu que eu estou acostumado.
Ougi-chan aponta para a área ao redor de Hydra.
"É claro, é difícil de dizer como deveríamos medir o tamanho de uma constelação. Afinal, se nós as
visualizássemos tridimensionalmente as estrelas na verdade estariam bem distantes uma da outra. Ainda assim,
a presença de Hydra parece um pouco com a de Kiss-Shot Acerola-Orion-Heart Under-Blade..."
Ela começou a misturar esquisitices na explicação dela sobre constelações. Eu não posso imaginar que essa
parte esteja ligada com a realidade - eu duvido que o nome de uma vampira conhecida, que experimentou um
renascimento completo ontem, conhecida como vampira do sangue de ferro, do sangue quente e do sangue
frio, fosse utilizado tão normalmente em um planetário do museu de ciências.
Eu subconscientemente tenho a impressão de que Ougi-chan diria isso também? Então de certa forma, você
poderia dizer que o link com a realidade fortaleceu...
"A constelação também é simplesmente conhecida como 'a Serpente do Mar', mas o nome 'Hydra' se refere a
uma besta lendária - você já ouviu falar dela, não é? Um monstro que poderia ser chamado de imortal, um que
se regenerava continuamente não importava quantas vezes você a matasse. É bem similar a lenda japonesa de
Yamata no Orochi - embora o herói que matou a Hydra não seja Susanoo-no-Mikoto, mas o famoso e
destemido Hércules. Não importa quantas vezes Hércules cortasse as cabeças, elas cresciam de novo e de novo
- essa é a lenda da Hydra." Explicou Ougi-chan.
Ela parecia se divertir.
Eu tenho certeza de que Kagenui-san saberia a resposta se tivesse a ver com matar esquisitices imortais, mas
no aso, como Hércules conseguiu matar a Hydra eu duvido que a história termine assim, com o herói incapaz
de vencer a criatura.
"Oh, o método que ele acabou utilizando foi bem ortodoxo. Eu duvido que você seria capaz de derrotar Kiss-
Shot Acerola-Orion-Heart Under-Blade assim... mas ele cortou cada cabeça da criatura, selando os ferimentos
com fogo para prevenir que crescessem de volta. Com essa estratégia, ele conseguiu cortar as cabeças uma
por uma - e então derrotar a Hydra."
Isso é bem ortodoxo.
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Ougi-chan disse que não funcionaria em Kiss-Shot Acerola-Orion-Heart Under-Blade - e ela poderia estar
certa, mas "exorcizar com fogo" poderia ser um meio de lidar com um vampiro.
Esquisitices imortais... deveriam acabar em chamas.
Como eu fui mandado para o Avici, onde deveria haver apenas fogo até onde os olhos podem ver...
"Eu suponho que é preciso um herói lendário para derrotar uma vampira lendária. Oh, como e além disso,"
Ougi-chan adicionou, "durante a batalha de Hércules com a Hydra, o caranguejo de Câncer agiu como aliado
da Hydra e atacou Hércules - cortou o herói com sua pinças."
O caranguejo... de Câncer?
"Infelizmente, as pinças do caranguejo não foram o bastante, elas falharam em atravessar o lendário herói
Hércules, e o caranguejo encontrou seu fim. Foi esmagado sob seus pés - com algumas descrições dizendo
que foi completamente achatado pelo impacto. Mas mesmo assim, a deusa Hera parabenizou a sua bravura
em desafiar Hércules, e o caranguejo foi imortalizado como uma constelação no céu noturno." Disse Ougi-
chan.
Enquanto ela conta a história, a tela dá um zoom em Câncer.
Esse tipo de flexibilidade é uma das vantagens do planetário. No céu noturno de verdade, o número de estrelas
que você pode ver de uma vez, ou mesmo durante uma estação, é limitado, mas em um planetário, com o
apertar de um botão, você pode ver todas as estrelas que quiser - sejam elas do céu do norte ou do sul, sejam
elas constelações de verão ou de inverno, sejam elas visíveis tarde da noite ou logo antes do amanhecer.
"A audácia de desafiar um inimigo monumental com pequenas armas assim como Senjougahara-senpai.
Quando você acordar, você deveria contar essa história a ela; eu tenho certeza de que você vai fazê-la
desmaiar."
Desmaiar.
É bem interessante, mas eu não posso imaginar Senjougahara apreciando uma história que acaba com um
caranguejo sendo esmagado até a morte...
Eu não sei o quão diretamente esse sonho está ligado a aula no planetário, mas se essa é a mesma explicação
sobre Câncer que está acontecendo na realidade, eu me pergunto o que Senjougahara deve estar sentindo
agora... Senjougahara pode ter sido mantida cativa por um caranguejo, mas não é como se ela particularmente
gostasse deles ou sentisse algum afinco por eles.
Mas ainda assim, Senjougahara nasceu em 7 de julho.
Isso faz dela do signo de Câncer.
Embora pode ser exagero enxergar um significado mais profundo nisso. Se me lembro bem, Senjougahara
nunca se aliou a Kiss-Shot Acerola-Orion-Heart Under-Blade... também conhecida como Oshino Shinobu
numa luta. De fato, quando Shinobu estava desaparecida, Senjougahara foi a única que não ajudou a procurar
por ela - tanto antes quanto depois de sua reabilitação, ela continuou a não gostar dela.
Mesmo se ela encontrasse Shinobu em uma situação de vida ou morte, eu duvido que ela correria o risco de ir
em seu socorro...
"Você provavelmente está correto. Eu não sei todos os detalhes, mas quando Senjougahara-senpai enfrentou
Sengoku-chan, o único que ela defendeu foi você, com a antiga Kiss-Shot Acerola-Orion-Heart Under-Blade
sendo apenas parte do pacote." Concordou Ougi-chan com um aceno. "É realmente interessante se você parar
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para pensar. Quem ganharia a luta com a deusa cobra - isso é, Sengoku Nadeko depois que se instalou no
templo Kita-Shirahebi - e Kiss-Shot Acerola-Orion-Heart Under-Blade como é agora, em sua força total?
Logicamente, seria provavelmente a esquisitice que fosse capaz de destruir o mundo, mas em termos de
imortalidade, a deusa cobra estaria no páreo - embora ela seja uma cobra terrestre e não aquática."
Cobra versus Hydra.
Já que ambas são venenosas, temos uma situação letal... Ougi-chan está falando com fosse algum tipo de
disputa dos sonhos, mas para mim, parece que não seria nada mais do que uma inútil luta na lama entre seres
imortais.
Simplesmente seria um monte de destruição sem fim.
"Verdade seja dita. A constelação Serpens, 'a cobra', não é uma Hydra, mas é considerada um símbolo de
imoralidade." disse ela, e a projeção no domo se alterou mais uma vez.
Dessa vez, ela apontava para Serpens com o laser.
"Afinal, Serpens possui uma característica incomum, uma que você poderia muito bem dizer que é única entre
as 88 constelações. Você sabe o que é Araragi-senpai"
Eu não. Pensei comigo mesmo.
Mas se isso é um sonho, seria estranho para Ougi-chan explicar coisas que eu não sei ainda - e eu estou
achando que essa apresentação envolve mutas esquisitices para ser baseada na aula real que eu estou tendo
durante meu sono. Era para ser esse tipo de programa?"
Característica especial de Serpens.
Eu dúvido que a eletiva dela é geociência, mas Ougi-chan sabe a resposta?
"Eu não sei nada." Respondeu Ougi-chan, com um sorriso sombrio. "Quem sabe é você... Araragi-senpai. A
verdade é que, você já sabe a resposta, Veja, olhe aqui." Ela disse, e balançou a luz do laser para direita e
esquerda - ou em direções cardinais para leste e oeste. "Serpens é a única constelação que é dividida em duas
partes para o leste e oeste. É uma cobra... cortada em duas."
Ela disse.
"Existe em duas partes separadas, com a cabeça para o oeste e a cauda para o leste. Em outras palavras, com
uma olhada você sabe que é imortal. Continua se mexendo mesmo depois de ser cortada em duas, afinal...Hm,
embora pareça que você geralmente é cortado em dois bastante também, Araragi-senpai.."
Esqueça ser cortado em dois, eu fui completamente fatiado ontem... mas deixando isso de lado, essa é a
primeira vez que eu ouvi falar que Serpens é divida em duas parte no céu, e é meio surpreendente.
Por que foi colocada no céu assim...? Tem alguma história por trás como Câncer? Assim como o caranguejo
foi esmagado, talvez haja uma lenda sobre como a cobra foi cortada em duas... Como se em resposta a minha
pergunta, Ougi-chan diz: "Sim."
"Na verdade, há uma constelação diferente entre as metades - e eu tenho certeza que você já ouviu essa. É
Ophiuchus, o portador da serpente."
Ophiucus.
Também conhecido como o décimo terceiro zodíaco.
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Eu lembro bem, porque recentemente Kanbaru quase morreu de rir quando me contou essa história a um tempo
atrás - na verdade, está bem fresca em minha memória, porque ela continua me enchendo até hoje.
"A imagem completa representa o domador de serpentes pegando a cabeça da cobra em sua mão esquerda e a
cauda na direita. Os detalhes tiram um pouca da fantasia, mas parece que Serpens estava lá primeiro, e
Ophiucus foi colocado depois. Bem inconveniente para a serpente, tenho certeza." Disse Ougi-chan - e de
fato, mais do que ser domada, parece mais que ela foi pintada por cima e morta.
Não espere. Eu suponho que é porque aquilo não a matou... que ela se tornou uma criatura mística o bastante
para ser reverenciada como um deus.
Uma criatura... também um monstro.
Parando para pensar, tudo sobre Serpens ser cortada em duas é novidade para mim, mas eu ainda tinha algum
conhecimento sobre Ophiucus - oh, certo, não parece que o Portador de Serpentes representa Asclepius, o
deus ancião da medicina?
"Correto. Você é bem estudado, Araragi-senpai."
A resposta de Ougi-chan parecia um pouco sarcástica, mas apesar disso, parece que eu tive a ideia certa.
"E embora associemos a constelação com um domador de serpentes, seria mais correto dizer que Asclepius
estudou sob a serpente - afinal, foi após testemunhar uma serpente voltar da morte que ele entrou no caminho
da medicina pra valer."
Sério? Isso eu não sabia.
"Mas é claro... você também poderia chamar de maldição. Ou o infortúnio dele, talvez - ou eu suponho que
você poderia dizer que ele foi destruído por seu próprio talento. Asclepius poliu suas artes de cura ao máximo,
e finalmente foi capaz de trazer até mesmo os mortos de volta a vida. Ressurreição poderia ser considerada a
forma suprema de medicina regenerativa - mas com isso, ele foi longe demais. Ele foi longe demais." Ela
repetiu, focando o ponto mais importante. "Ele quebrou as regras. ele foi contra o jeito do mundo, você poderia
dizer... Depois de atrair a ira de Hades, deus do submundo, Asclepius foi atingido por um relâmpago e
literalmente ascendeu aos céus. Você poderia muito bem dizer que ela perdeu sua vida por causa da visão
daquela serpente imortal. Quando você coloca assim, é quase como se fosse o fruto proibido..."
O fruto proibido.
É difícil dizer quem se saiu melhor: os que foram expulsos do paraíso, ou os que acabaram indo para numa
constelação...
Ainda assim considerando seu papel como doutor, perseguir medicina regenerativa não parece ser razoável
para mim. Por que Hades ficou com raiva disso? Falando como alguém que foi ressuscitado das profundezas
do Inferno, eu acho que a imortalidade de uma esquisitice e imortalidade alcançada através de um tratamento
são coisas diferentes...
Bem, naturalmente, se todos os mortos voltassem à vida, o submundo ficaria vazio - oh, o inferno não ficaria
completamente desabitado também? Mas se não há ninguém lá, deixa de ser o inferno e se torna apenas uma
cidade fantasma.
"De qualquer forma, o próprio Asclepius não era imortal, dado que ele foi atingido por um relâmpago, mas
mostra que trazer pessoas de volta a vida - produzindo imortalidade em massa - é um pecado e tanto."
Ougi-chan parou por um segundo, então falou novamente com ose tivesse lembrado algo.
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'Yotsugi Ononoki." Ela adicionou. "É outra que foi ressuscitada após sua morte - no entanto, todas as pessoas
responsáveis por trazê-la de volta a vida foram amaldiçoadas em troca."
Hm? Do que ela está falando?
Uma maldição?
Eu lembro de Tadatsuru falando que Kagenui-san nunca tocar o chão era uma forma de maldição...
"Eu não sei dizer o que é pior, ser acertado por um relâmpago ou por uma maldição - no entanto, eu me
pergunto o que isso significa para nós. Que tipo de retribuição Gaen-san sofrerá por ressuscitá-lo do Inferno?
Eu sei que você não gosta do jeito que está sendo sujeitado à vontade dela, mas você deveria lembrar que ela
está correndo riscos também."
Por que Ougi-chan diria isso, eu me pergunto? É quase como se ela estivesse defendendo Gaen-san.
É claro, se eu for questionar isso, também há a questão de por que Ougi-chan sabe que eu fui para o Inferno
em primeiro lugar, ou por que ela sabe que eu fui ressuscitado pela Gaen-san...
"Haha..."
Rindo, Ougi-chan guarda o laser no bolso - e então vem até onde eu estou sentado.
E então ela faz que vai sentar do meu lado.
Já que ainda não é de noite, é quase uma casa cheia no planetário real, mas aqui eu sou o único membro da
audiência - então Ougi-chan, tirando vantagem da vacância, tenta sentar no acento próximo de mim.
"Ougi-chan. Sente do meu lado esquerdo ao invés disso."
"Posso perguntar por quê?"
"Esse é o lugar da Senjougahara."
"Oh, pobre de mim. Eu absolutamente não tenho intenção de tomar o lugar da heroína principal. Talvez eu
devesse me concentrar no papel de irmãzinha - embora, com Karen-chan seja uma coisa, eu não tenho desejo
de lutar com Tsukihi-chan."
Enquanto diz isso, Ougi-chan escolhe o acento à minha esquerda, como instruída - parece que ela acabou de
brincar de guia do planetário.
"Incidentalmente, Araragi-senpai, qual o seu signo novamente?"
Talvez por essa razão, ela tenha mudado o tópico das histórias de constelações e começou a jogar conversa
fora - bem, um conversa casual como essa é bem mais fácil para mim, então funciona.
"Hmm... Er, eu acho que Touro ou Áries."
"Isso é bem vago."
"É assim quando você não se importa com horóscopo. Acredite ou não, há muitas pessoas por aí que nem
sabem do seu tipo sanguíneo."
"Então suponho que você não acredite em previsão do futuro, Araragi-senpai?"
"Não sei... eu não costumava acreditar, mas se eu for reconhecer a existência de esquisitices e do Inferno,
parece meio bobo negar apenas previsão do futuro."
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"Haha... em histórias de mistério, seria como uma inconsistência acreditar nas habilidades físicas de um
detetive, mas rejeitar a existência de um fenômeno sobrenatural."
Ougi-chan colocou nos termos de um de seus amados mistérios - e isso pode ter sido a melhor analogia para
chegar ao ponto.
"Conhecendo você, eu tenho certeza que seu primeiro pensamento sobre acabar indo parar no Inferno foi que
ter uma pós-vida tornaria a própria vida sem sentido. Estou certa?"
"Eu não fui tão longe... eu pensei em algo parecido, no entanto. Mas..."
"É claro. Você decidiu que não era o caso, e é por isso que você voltou a vida, certo? Bem, não é incomum
para idiotas viverem em desgraça. No entanto, do meu ponto de vista, parece meramente cobrir um erro com
um ainda maior." Disse Ougi-chan à minha esquerda. Encarando o céu refletido no domo. "Não deixar as
coisas piores, mas cometendo um erro pior."
"..."
"Então novamente, Gaen-san está tentando me atrair com esse erro pior; é uma armação óbvia, mas eu não
tenho escolha se não me jogar de cabeça na armadilha dela. É basicamente um instinto. Aí está uma
especialista para você. Ela realmente pensa em tudo..."
Ougi-chan balança. Os maneirismos dela a fazem parecer a epítome de uma caloura colegial.
Mas ela... Ela realmente...
Tadatsuru Teori disse.
Ele me disse nas profundezas do inferno.
Ele me disse o nome do cliente que ordenou que eu e Shinobu fôssemos exterminados...
"Araragi-senpai. O que você acredita que seja 'justiça'?"
Ougi-chan finalmente colocou um tópico totalmente distante das estrelas... e me faz essa questão.
Espere, não, essa conversa está acontecendo no meu sonho, então não é como se eu estivesse falando com ela
de verdade... Mas quem é 'ela de verdade'?"
O que eu sei sobre Oshino Ougi?
Ela é sobrinha de Oshino.
Ela vem de uma linhagem de especialistas.
Ela é a estudante transferida que foi introduzida a mim por Kanbaru Suruga...
"Oh, você não tem que refletir profundamente. O significado de 'justiça' pode mudar de repente, afinal. Pessoas
dizem que 'a justiça sempre vai prevalecer', mas na realidade, geralmente se perde. Dito isso, a expressão
'poder faz o certo' é muito mais rasa do que se pode esperar. Hm, eu suponho que a questão de 'justiça' é bem
complicada, então talvez rebaixá-la a 'justiçamento' torne o debate mais fácil.
Mesmo assim, eu não faço ideia.
Eu geralmente não passo a minha vida pensando sobre justiça, ou talvez 'justiçamento', ou erros ou enganos -
mas eu não posso negar que é precisamente por não pensar nessa coisas que eu acabo em um buraco quando
encaro situações como essa.
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Se eu pensasse mais, se eu sempre fizesse decisões que levam em consideração justiça, ou talvez prudência,
ou elegância ou estilo... eu não estaria em uma posição tão difícil.
Eu não desejo ter feito as coisas desse jeito.
Mas eu penso sobre como seria se eu tivesse.
"É difícil fazer a coisa certa, afinal." Disse Ougi-chan. "É particularmente difícil 'apenas fazer a coisa certa'.
Geralmente quando uns tentam fazer a coisa certa, eles tem que cometer um mal-feito ou um engano ao longo
do caminho. Apenas olhe o jornal, você pode ver vários exemplos de pessoas que foram longe demais na
busca da justiça e caíram no crime. Trabalhando a expressão 'justiça sempre prevalece', hmm, essencialmente
significa que para prevalecer, é necessário perder algo no caminho. É impossível ganhar todas as batalhas..."
Gaen-san disse a mesma coisa. Ela comparou ao shogi - não importa o quão renomado você seja, não importa
o quão amador seu oponente seja, é impossível ganhar sem perder um única peça.
É claro, já que ela me cortou logo depois de dizer isso, eu tenho certeza de que eu era a 'perda' a que ela se
referia...
"Então veja bem, Araragi-senpai, para ser justo, você não deveria fazer a coisa certa - porque no fim, tentar
fazer a coisa certa sempre traz erros consigo, cancelando tudo a zero."
Nesse caso o que eu deveria fazer?
Eu não tenho agido justamente até agora - mas exatamente por isso, eu sempre tive uma grande admiração
pela justiça.
Pegue alguém como Kagenui-san por exemplo.
Ou talvez as irmãs de fogo.
Eu estaria mentido se dissesse que não admirava o jeito que elas vivem, acreditando na própria justiça e
carregando-a sem hesitação.
"Sim, eu suponho - e veja, embora Kagenui-san e as irmãs de fogo clamem por justiça, não é como se elas
estivessem 'fazendo a coisa certa'. Para serem justas, elas não fazem a coisa certa..."
"Elas são certos errados. Elas corrigem injustiças. Esse é o caminho que elas escolheram."
Disse Ougi-chan
Essa é... uma extensão da conversa que tive com Hachikuji no Inferno.
Uma extensão, e um aprofundamento também.
"Nesse contexto, a palavra japonesa 'tadasu' pode não significar 'fazer o certo', mas 'examinar', ou talvez nós
devêssemos estar dizendo 'toitadasu', 'questionar'... Em outra palavras, o inimigo do meu inimigo pode não ser
meu amigo, mas me tornando o inimigo do mal, pode-se tornar seu antônimo, portanto mantendo a justiça.
Um passo em falso, e você estará reclamando sobre coisas que você não gosta... mas independentemente,
permite a você a oportunidade de ser intoxicado pelo seu próprio senso de justiça."
Intoxicado pelo seu próprio senso de justiça, huh?
Isso é algo que eu geralmente digo às irmãs de fogo... e é verdade que a busca delas de justiça geralmente
envolve derrotar 'pessoas más', como um certo trapaceiro, ou limpar o resultado de 'coisas ruins'.
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Seja Karen, Tsukihi ou mesmo Kagenui-san, nenhuma dela está fingindo - nenhuma delas age corretamente
em termos de personagem. Nesse caso, a mais justa seria Hanekawa Tsubasa - que seria como Ougi-chan
disse. Para manter sua justiça, Hanekawa teve que criar sua esquisitice Black Hanekawa.
Ela teve que fazer algo errado.
Eu não poderia deixar esse errado certo. Pelo contrário, eu escolhi por ela fazer o que ela vinha fazendo,
deixando o erro como um erro - o que significa, no fim, eu estava longe de ser justo na época.
De acordo com Ougi-chan, isso é.
"E eu sou outra que busca a justiça corrigindo erros. Forçando aqueles que quebram as regras a deixarem o
palco é o papel que foi dado a mim."
Quebrando as regras.
Deixando o palco.
Essas palavras me lembraram de algo - mas talvez por causa do sonho, eu não consigo juntar meus
pensamentos.
Eles se dispersam.
"É claro, eu dificilmente sou um demônio - eu não sou uma vampira, nem um demônio do Inferno. Eu não
vou me livrar de ninguém por uma ou outra transgressão, e eu acredito que dou uma boa margem... Araragi-
senpai. O programa está prestes a acabar. Você deve acordar agora."
Enquanto ela diz isso, eu olho o relógio por reflexo.
Eu não sei qual a credibilidade de um relógio dentro de um sonho, mas de fato 30 minutos de passaram desde
que o programa começou.
"Se você estiver dormindo quando as luzes acenderem, Senjougahara-san vai ficar desencantada com você.
Depois de dormir em seu esperado encontro, não seria surpresa se ela terminasse com você na hora. Então
vamos, acorde."
Enquanto dizia isso, Ougi-chan se aproxima para dar uma leve sacudida no meu corpo - ela está sendo um
pouco mas casualmente física do que uma garota geralmente seria, mas ela está fazendo isso para me ajudar a
acordar, então não há motivos para reclamar com ela.
"Você está num encontro com a garota que ama, então vá aproveitar o resto do dia. Mas já que está aqui,
Araragi-senpai... Quando tiver um momento livre, pense sobre sua resposta para minha pergunta sobre o que
é justiça. Vamos falar sobre isso da próxima vez que nos encontrarmos no mundo real."
Sim, entendi. Desde que eu me lembre dessa conversa quando acordar, eu respondo na minha mente.
E então, quase como um pensamento tardio - sem o mínimo de expectativa de que ela daria uma resposta - eu
perguntei a Ougi-chan.
Mas quem é você realmente?
"Eu vou dizer da próxima vez em que nos virmos também. Os últimos meses que passei com você foram bem
divertidos, mas infelizmente, eu não existo para me divertir. Mas se fosse para eu dizer tanto quanto posso..."
"Eu sou... a lei do universo."
Com a maior indiferença, Ougi-chan me oferece essa resposta arrogante.
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Um mapa do universo.
No formato de um 'ventilador'.
Galáxias desequilibradas - num vácuo escuro.
"Não pense muito nisso também. Agora que você foi ressuscitado do Inferno e voltou a ser humano, eu posso
nem ter que me preocupar mais com você - se tiver sorte."
E então.
"Estou implorando, não caia nas doces palavras de Gaen-san." Implorou Ougi-chan. "Estou contando com
você para tomar a decisão certa a respeito de Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade, que foi restaurada
a sua forma original, e Mayoi Hachikuji, que voltou a andar - a vagar na Terra mesmo depois de morrer. Estou
contando com você para finalmente tomar a decisão certa e 'abandonar' ambas, Araragi-senpai."
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Encontro Hitagi
007
Eu acordei.
Eu acordei?
Merda, eu acho que cochilei - não importa o quão cansado eu esteja, e não importa o quão confortável esse
planetário seja, cair no sono no meio do encontro é passar dos limites. Que impróprio... ou deveria dizer, isso
é demais até para mim.
Parece que eu consegui acordar assim que o programa terminou, mas eu não lembro de absolutamente nada
do que foi projetado na tela, ou que tipo de estrelas foram refletidas no domo.
Eu tive um sono profundo e sem sonhos.
Que vergonhoso.
Eu não tenho certeza do que deveria dizer a Senjougahara, que está atualmente sentada do meu lado direito:
eu deveria fingir que estava acordado o tempo inteiro, ou deveria dizer a verdade de uma vez e me desculpar
por arruinar o encontro?
Incapaz de decidir, eu me virei para Senjougahara, mas...
"..."
Senjougahara caiu no sono também.
Ela estava dormindo sem fazer um único barulho.
Ela estava mostrando tão poucos sinais de vida, que por um momento, eu quase pensei que ela estava morta...
Por pura coincidência, parece que eu finalmente testemunhei Senjougahara dormindo pela primeira vez, mas
é realmente assim que ela dorme...?
Francamente, é meio assustador.
Ela não é a Bela Adormecida ou a Branca de Neve, ainda assim, parece que ela está em algum tipo de coma.
Espere, ela não está realmente morta, está...?
"Senjougahara..."
"Eu não estava dormindo."
Sem aviso ou qualquer outra coisa, Senjougahara abriu os olhos de uma vez.
Parece mais um 'renascimento' do que acordar de um cochilo. Ela é como um computador que pode ligar em
um segundo.
"Eu não caí no sono. Eu não caí no sono mesmo. Eu estava apenas pensando em algo com os olhos fechados."
"..."
Essa é uma desculpa clichê, mas ela disse com uma cara tão séria, que eu me perguntei se não era verdade...
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Ainda assim, o sono dela é tão leve que basta alguém chamar seu nome para que ela acorde?
Bem, se você considerar as experiências anteriores dela - com o tempo que ela gastou perpetuamente
atormentada por uma sensação de perigo - é compreensível que os hábitos de sono dela lembrem os de um
animal selvagem.
"Desculpa. Eu caí no sono."
Talvez percebendo que seria impossível prosseguir com a mentira, Senjougahara disse a verdade com uma
desculpa honesta - e, realmente, ela se desculpar agora mostra como ela mudou se comparada aos velhos
tempos.
Ela costumava ser o tipo de pessoa que morreria antes de se desculpar. Uma personalidade e tanto.
O que eu não posso acreditar até agora é que eu resolvi namorar com Senjougahara quando ela ainda era
assim...
De qualquer forma, se Senjougahara caiu no sono, parece que sobrepõe a soneca que eu mesmo tirei, então eu
estou mais grato do que qualquer coisa... Mas me sentir melhor enquanto Senjougahara se sentia culpada
pareceu errado, então eu confessei, "Não se preocupe, eu cochilei também."
Foi mais dormir que 'cochilar', mas eu peço que você aceite a minha distorção como uma falha charmosa.
"Entendo. Suponho que nós dois estivéssemos cansados - talvez tenhamos nos apressado, nos jogar em um
encontro logo depois do que aconteceu ontem." Disse Senjougahara enquanto se alongava.
Não parece que esses assentos eram muito bons para dormir - eu a imitei e me alonguei também.
"Nós provavelmente deveríamos relaxar também. Seu exame e seu vampirismo foram resolvidos em um único
dia, afinal."
"Sim... provavelmente."
Senjougahara pode ter se preocupado com as coisas mais do que eu. Pensando a respeito, eu causei a ela muita
preocupação nos últimos seis meses.
Eu sou um namorado terrível.
É verdade que em maio, eu peguei Senjougahara depois dela cair das escadas, e a ajudei a resolver seu
problema - e pode ser que ela realmente se sinta em dívida comigo por isso, mas se você olhar como um todo,
ela fez muito mais por mim nesse tempo inteiro.
Eu posso ter sido aquele que recebeu o triplo em retorno.
Nesse caso, é difícil de imaginar um casal mais desbalanceado - presentear ela com marshmallows não seria
o bastante para agradecê-la.
"O que deveríamos fazer, Araragi-kun? Seria sair do plano um pouco, mas já que nós dois caímos no sono,
você quer ir de novo?"
"Nah.."
Eu sacudi minha cabeça.
"Nós vamos ter várias chances de voltar aqui no futuro, então vamos tentar outro dia. Por hoje, vamos focar
em continuar com o plano que você escolheu."
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Eu tentei dar ênfase em 'no futuro' - eu não sei como eu consegui ser tão claro, mas Senjougahara respondeu,
"Verdade. Além disso, quem sabe se ainda poderemos arranjar assentos para a próxima sessão." E se levantou.
Com esse movimento brusco, você nunca imaginaria que ela estava dormindo há apenas alguns minutos atrás
- eu segui seu exemplo.
"Então, qual é nosso próximo destino?"
"Como eu disse no carro, nós vamos nos educar sobre a ciência no museu do lado. Talvez não haja carros
voadores, mas parece que eles tem várias amostras para explorarmos."
"Hmmm. Bem, você está certa não podemos esquecer de como estudar... nós vamos ter que continuar assim
que formos para a universidade, afinal."
"Sim, é claro. Como é que eu vou me tornar uma astronauta?"
Disse Senjougahara com um sorriso.
Embora ela dissesse com um sorriso, honestamente é impossível saber o quão séria ela está... Mas ainda assim,
embora nós não saibamos com certeza se eu passei ou não, se eu for em breve um universitário, pode ser a
hora de começar a pensar sobre essa coisas.
O futuro, eu digo.
No meu caso, não é como se eu fosse para a universidade porque eu tenho algo em particular que quero fazer,
então serão quatro anos procurando por isso - mas ainda assim, quando eu penso quantas eu vezes eu cheguei
perto de perder qualquer futuro durante o ano passado, quatro anos parecem quase um sonho.
"Você tem sonhos para o futuro, Araragi-kun?"
Como se lesse meus pensamentos, Senjougahara me perguntou isso enquanto deixávamos o planetário.
Sonhos para o futuro. Uma frase que fazia eu querer me contorcer.
"Não, não especialmente..."
"Ou um trabalho dos sonhos, talvez?"
"Nah. Eu nunca sonhei em ser um jogador de basquete... O lugar onde eu fui criado nunca me motivou a
nenhuma aspiração de carreira em particular."
"Bem, seus pais tem um trabalho especializado... Eu suponho que não haja espaço para conversar... Eu preferia
que você não terminasse como Hanekawa-san, seguindo os passos de Oshino por admiração e acabasse se
tornado um caçador de demônios."
Ela não força muito, mas Senjougahara sempre expressa sua opinião.
Bem, suponho que seja compreensível.
Senjougahara sofreu nas mãos de cinco especialistas diferente, então não se pode negar que ela tenha uma
desconfiança natural no que diz respeito a coisas desse tipo. Ela pode ter aceitado a ajuda de Oshino em
reintegrá-la na sociedade, mas os sentimentos pessoais dela são um caso bem diferente.
"Tem isso também, mas eu não posso perdoá-lo pela influência que ele teve no meu anjo, Hanekawa-san. Eu
não fui capaz de sair com ela por quase meio ano por causa dessa viagem em que ela partiu."
"..."
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"Hm?"
"Estou perguntando sobre sua experiência com o boliche. Qual sua maior pontuação?"
"Oh, não, eu sou um completo novato. E acho que nunca joguei... Então se não se importa, conto com sua
ajuda."
"Entendido. O perdedor tem uma penalidade!"
"Não decida colocar uma penalidade logo depois de confirmar que eu sou um iniciante."
"O perdedor tem que obedecer incondicionalmente uma ordem do vencedor."
"Essa é uma penalidade e tanto""
Para resumir...
Os planos de Senjougahara para hoje parecem ser: 'Dirigir -> planetário -> almoço(refeição leve) ->dirigir ->
boliche -> dirigir -> chá -> dirigir -> karaokê -> ir pra casa.' Não importa o quão leve seja o lanche, esse
cronograma está completamente cheio.
"Na verdade, havia mais lugares que eu queria ir coisas que eu queria fazer... mas não há nada que possa ser
feito. Diferente do amor, o tempo é limitado."
Deixando de lado de que ela marcou um jnatar com o pai depois de tudo, Senjougahara murmurou isso,
aparentemente não satisfeita com o cronograma lotado que ela desenvolveu.
"Oh, bem. Esse pode ser o nosso último encontro como estudantes, mas nós estaremos livres para ir em tantos
encontros quanto quisermos no futuro. Nós estaremos livres para ir em encontros todo dia, da manhã até a
noite, até a noite. Não é, Araragi-kun?"
"..."
Quando é feita essa pergunta, só há uma resposta.
"Sim, você está certa. Claro que nós vamos."
Ainda assim. Eu não estou tão confiante sobre isso quanto pareço. Quando eu penso sobre o que ainda está
por vir...
Quando eu penso sobre Oshino Ougi...
É difícil dizer qualquer coisa com certeza.
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Encontro Hitagi
008
Tirando o fato de ter adormecido no planetário, o resto do encontro aconteceu sem mais percalços,
Senjougahara e eu - ou pelo menos eu - conseguimos nos divertir.
O museu de ciências, que eu esperava ser completamente desinteressante, na minha opinião se tornou
surpreendente divertido. Por natureza, esse tipo de instituição geralmente tem conteúdo destinado a crianças
do fundamental (e suas famílias), então eu estava preocupado que jovens como eu e Senjougahara tivéssemos
passado da idade para aproveitar isso, mas eu suponho que isso realmente mostre que a ideia foi de Hanekawa,
já que se mostrou um museu bem fascinante.
Estou começando a me arrepender de ter adormecido no planetário mais e mais - mas eu acho que posso
esquecer dizendo que a chance de ver Senjougahara dormindo valeu qualquer céu estrelado.
É claro, eu não sou o único que está fascinado, já que a própria Senjougahara parece bem animada. Bem, eu
acho que a maneira como ela agiu foi bem típica para uma garota que gosta de ciências, mas dado como ela
era no passado, ela nunca se deixaria parecer animada na frente de outras pessoas ou em público (diabos, nem
mesmo na frente do namorado), ver ela se divertindo tanto foi agradável.
"Você quer ir de novo?!" Ela propôs forçadamente, de maneira completamente diferente de quando no
planetário, mas infelizmente, eu tenho que dizer não... A habilidade dela de mudar e improvisar soluções pode
ser considerada um dos pontos fortes de Senjougahara, mas inevitavelmente, manifesta-se como uma falha
quando ela não consegue manter-se nos próprios planos.
Eu poderia ter seguido em frente com isso, mas como um estudante, eu acho que ficar num museu de ciências
até fechar seria um pouco demais, então eu consegui persuadi-la de alguma forma.
Depois definir algo que havia se tornado estável - ou certo - hoje. "Nós podemos voltar aqui sempre que
quisermos." Senjougahara desistiu, e fomos almoçar.
Já que ela me disse antes que seria uma refeição leve, eu baixei minhas expectativas, mas isso pode ter sido
parte da estratégia de Senjougahara o tempo inteiro, já que ela me trouxe a um restaurante com uma excelente
atmosfera.
Tudo o que ela teve que dizer foi que 'não era uma rede fast food', mas minha única reclamação seria que era
um café voltado mais para garotas (todos os clientes além de mim são mulheres), quanto a comida, era
incrivelmente deliciosa e barata.
Para deixar registrado, nós estamos dividindo a conta igualmente durante o encontro. Isso não se limita a esse
encontro em particular, embora eu ache que como o homem, eu deveria pagar pela conta inteira (ainda mais
se levar em consideração as circunstâncias da família dela), Senjougahara é do tipo que se recusa a receber
caridade de qualquer um, não importa quem seja.
Se eu tivesse que dizer, isso seria parte da personalidade dela que foi influenciada pelo tempo que ela passou
com um certo trapaceiro. Surpreendentemente, Senjougahara pode ter sido influenciada pelo especialista
(farsante), ainda mais que Hanekawa foi por Oshino.
Quero dizer ela o tomou como exemplo do que não fazer.
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De qualquer forma, não é como se estivéssemos calculando as coisas até o último centavo, mas eu estou
dividindo as despesa com Senjougahara 50-50 - embora se levarmos em consideração o custo do aluguel do
carro e a gasolina, ela poderia estar gastando bem mais do que eu.
Estou com medo de que isso possa ser uma amostra do meu futuro como peso morto, então eu deveria me
aventurar pela vida com uma nova determinação.
Bem, eu acho que Senjougahara não parece muito degenerada ainda... De qualquer forma, o almoço serve para
me lembrar disso, mesmo quando não parecem interessadas nesse tipo de coisa, garotas são a vida de
restaurantes como esse.
E então, à tarde.
Hora de jogar.
Na primeira metade, iremos jogar boliche - e embora eu estivesse aterrorizado pela aposta, de acordo com o
placar, eu fui o vencedor.
"Maldito... Eu não posso acreditar que você mentiria para mim... Você não era um novato mesmo, era?"
Eu fui atingido por palavras de ressentimento.
Senjougahara me encarou, e embora eu ache adorável que ela tenha se tornado tão expressiva (a frase de
Ononoki-chan sobre deixar as pessoas zangadas vem em minha mente), é incrivelmente assustador o quanto
me lembra dos velhos tempos.
Além disso, não é como se eu tivesse mentido.
Eu sou um novato - ou deveria dizer, embora seja um completo amador eu fui capaz de ganhar mesmo assim
- e para ser honesto, se eu soubesse que receberia esse tipo de olhar, eu teria desistido da partida.
Olhe, ninguém pediu para mandar em você.
De fato, você poderia dizer que Senjougahara cavou a própria cova - parece que ela tinha memórias gloriosas
do passado.
Pontuações artísticas uma ova.
As memórias gloriosas dela - ou para simplificar, ela apenas lembrou dos bons momentos.
Não, para ser justo, ela se mostrou nos primeiros cinco arremessos. Foi tão perfeito que eu não me
surpreenderia se ela tivesse a própria bola de boliche. Eu não sei que terminologia usar para descrever, mas
na primeira metade foi cheia de strikes, ou seja lá o que for quando você derruba todos os pinos de uma vez.
Ela mostrou uma excelente performance para me zoar, "Wow, isso é pra valer", tanto que eu estava me
sentindo generoso em obedecer uma de suas ordens (aliás, ao contrário de Senjougahara, eu simplesmente
pontuei normalmente nem bem nem mal, nem impressionante nem ridículo), mas a sexta jogada marcou uma
virada para ela - 180°.
Simplesmente porque, a partir da sexta jogada, não arremessou nada além de bolas foras.
No fim, os arremessos dela eram tão fracos que era incerto se chegariam até o fim da pista - sim, é isso.
Em outras palavras ela se cansou.
Parece que o braço direito dela ficou adormecido.
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Ela costumava ser uma corredora, então é possível ela tenha pouca estamina e resistência - embora, isso possa
ser parte, parece que no final das contas foi simplesmente falta de força física. A partir da metade, ela
demonstrou rapidez ao usar o braço esquerdo para arremessar, mas ela não conseguia controlar bem a bola
assim.
Como resultado, eu consegui me aproximar dela por simples acumulação de pontos, até ultrapassá-la no final.
Uma verdadeira situação milagrosa.
Parece que o beisebol não é o único a ter dramas.
"Muito bem. Eu reconheço minha derrota."
Como esperado da veterana de Kanbaru, Senjougahara era uma péssima perdedora, mas prestes a se tornar
uma universitária (se a escola não descobrir sobre a carteira de motorista), no fim, ela aceitou a derrota.
"Você poder me pedir para fazer o que quiser. Agora, eu me pergunto que tipo pedidos sexuais virão. Eu tenho
as mais altas expectativas."
Você está exigindo muito de mim.
Por curiosidade. Eu tentei perguntar a Senjougahara que pedido ela estava planejando fazer se tivesse ganho,
mas ela apenas retrucou, "Um pedido sexual, é claro!"
Nesse caso, não funciona de qualquer forma para você? Eu quase tenho que peguntar - enquanto penso sobre
algo divertido semelhante a isso que aconteceu antes. Eu decidi pedir para que fôssemos até o chá de braços
dados.
Mesmo agora que deixamos o museu, o tema para hoje continua parecendo 'saudável'.
Agora é hora do chá.
Se eu quiser soar britânico, então "chá da tarde".
Eu percebi que é falta de educação falar dos preços antes de qualquer coisa, mas para minha surpresa, isso foi
mais caro que o almoço. Eu acho que é assim que as coisas são, mas isso explica porque Senjougahara estava
tratando essa parte parte como o evento principal.
Enquanto nós elegantemente tomamos chá saboreamos crepes chiques, eu aproveitei essa oportunidade para
explicar precisamente o que aconteceu ontem - eu confessei para Senjougahara porque a progressão do meu
vampirismo repentinamente parou e porque essa progressão supostamente irreversível foi revertida.
É claro, há algumas partes que eu não posso falar, então não é como se eu tivesse sido completamente honesto,
mas eu compartilhei toda a informação que podia."
"Hmm... Quem imaginaria que você iria embarcar nesse tipo de aventura no dia do seu exame?É
surpreendente, ou talvez eu devesse dizer que é do seu feitio... ou talvez eu devesse perguntar o que você
estava pensando."
Como esperado ela estava um pouco zangada.
Bem, suponho que não há tutora no mundo que ficaria feliz em ouvir que seu pupilo fez o exame com uma
atitude tão cavalheiresca.
No entanto, talvez ao perceber o quão injusto é brigar com alguém que foi para o Inferno, ela terminou com:
"Deve ter sido um teste. Você pode relaxar agora."
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Ela está sendo colocada no meio de muitos problemas, todos por causa mim - embora se eu fosse colocar
assim, tudo voltaria a um complexo de perseguição auto-depreciativo.
"Não há como dizer contra o que Gaen-san está lutando... mas é possível que seja você, Araragi-kun."
Hm? O que ela quis dizer com isso?
"Oh, não, eu não quis dizer nada em particular. É mais como um palpite... É só que a sua tendência a apenas
ver o que está na sua frente parece colidir com a visão mais macroscópica de Gaen-san. Colidir - ou talvez até
mesmo 'se opor'."
... Agora que ela mencionou, é difícil negar a possibilidade... Mais do que isso, já se tornou realidade. Quando
Gaen-san estava planejando instalar Shinobu como a nova deidade do vazio. sem deus templo Kita-Shirahebi,
eu me revoltei contra ela. Como resultado, uma aluna do fundamental, Sengoku, se envolveu, então se formos
imaginar um confronto entre mim e Gaen-san, seria o que acabou com a derrota completa de Araragi Koyomi,
e uma derrota definitiva...
Mas ainda assim, mesmo se Gaen-san estiver planejando a mesma coisa dessa vez - se ela estiver planejando
tornar a poderosa Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade na deusa daquele templo - eu vou me opor a
ela como da primeira vez.
... É uma linha de raciocínio válida.
Se o Templo Kita-Shirahebi foi previamente construído no Parque Shirohebi, e o nome do lugar fosse
originalmente escrito com o radical para água...
Então a denominação seria "Cobra D'Água".
Se 'a serpente marinha' é outro nome para Hydra, então provavelmente não há dica ou código secreto
escondido, mas um simples testamento da história...
E nesse caso...
Mm... Espere, onde eu aprendi que 'a serpente marinha' é outro nome para hydra? Eu pensei que elas eram
criaturas completamente diferentes... O que eu estou falando?
"... Bem, eu sou do time Araragi, então não posso dizer muito. Mas para encorajá-lo, deixe-me dizer isso:
embora a maior parte das pessoas possa ser a favor do abrangimento, do olhar de Gaen-san, é tão importante
quanto ter pessoas com uma perspectiva mais curta. Planejar uma ceia de ano novo enquanto esquece de se
alimentar é a mesma desilusão, afinal."
Isso foi mais um consolo do que encorajamento, ainda assim com essas palavras, eu me sinto mais confiante
e otimista quanto ao meu confronto - embora ainda seja incerto o que estarei confrontando.
"Bem então. Agora que aproveitamos um pouco de chá preto, por que não vamos ao karaokê, Araragi-kun?
Para deixar registrado, nós não vamos pedir comida lá. Eu preciso guardar espaço para o meu encontro com
Papai."
Finalmente os planos de jantar com o pai dela viraram um 'encontro'. Que tipo de encontro duplo é esse?
Embora a esse ponto, seja menos como um encontro duplo e mais como uma reserva dupla.
"Pessoalmente eu consideraria um jogo duplo."
Senjougahara usou uma terminologia de beisebol, algo que você não costuma ouvir da boca de uma garota;
no entanto, o lugar onde estamos indo não é uma quadra de rebatidas, mas um karaokê.
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Meu nervosismo de compartilhar um lugar escuro e apertado com Senjougahara é mesmo de quando
começamos hoje, mas eu gostaria de deixar isso de lado agora e focar nas habilidades de canto de Senjougahara
- oh, e para deixar registrado, aquela candidata a presidente do mundo, Hanekawa, era insanamente boa em
cantar.
Eu senti como se estivesse ouvindo um CD.
Ela não apenas exerce controle total sobre os estudos como também faz até mesmo jogos se dobrarem a sua
vontade, me serviu como lembrete de que - brincando ou não - Hanekawa nunca é alguém para deixar sua
guarda baixa.
Bem, eu imagino que seria cruel esperar esse nível de performance de um encontro normal, além disso, eu
tenho certeza de que Senjougahara já foi ao karaokê com Hanekawa antes, então eu duvido que ela tentaria
competir com aquilo...
Ou eu descuidadamente pensei, mas no final das contas com quem eu não posso deixar minha guarda baixa -
brincando ou não - é Senjougahara. Desajeitada com o controle, claramente demonstrando que não tinha
familiaridade com ele, ela colocou a máquina de karaokê no 'Modo Pontuação'.
Por que você iria se encurralar assim...?!
Ela quer uma nota objetiva!
... Aparentemente, as impressões de se uma música é boa ou não não costumam bater com a pontuação que a
máquina dá, então pode não ser tão precisa quanto parece - mas ainda assim, uma vez que os resultados dela
forem mostrados em forma de número, não vai ser fácil consolar ela.
Eu penso comigo mesmo, quando ela diz, "Vamos ter uma competição de duas horas. Aquele com a menor
pontuação tem que obedecer incondicionalmente uma ordem do vencedor." adicionando essa condição
novamente.
Então era com você que eu estava lutando o tempo inteiro, huh?
Ela sempre amou tanto assim competições...? Ou deveria dizer, ela não aprendeu nada com a nossa competição
no boliche?
Eu provavelmente poderia aprender uma coisa ou duas da atitude agressiva dela, mas com o tempo ela gastou
me desafiando, levanta a questão se isso ainda pode ser considerado um 'encontro'.
Suspeitas de que eu estou sendo usado como um parceiro de treino para o encontro com o pai dela começaram
a aparecer, mas independentemente, não há como rejeitar o pedido dela por uma revanche.
Quando eu tenho culpa, ou talvez um ponto fraco, eu com certeza fico covarde.
Talvez eu devesse compensar com o poder do amor.
"Eu começo. Ouça bem."
Senjougahara pegou o microfone.
De certa forma, ela parece uma pessoa que se deixou levar pelo destino.
"Do que está falando, Araragi-kun? Eu parabenizo sua coragem em aceitar meu desafio, mas você vai se
arrepender. Quantas aberturas de anime você acha que eu já cantei?"
Isso só se aplica a versão em anime. Infelizmente para você, isso não funciona no mundo escrito.
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E agora pra valer dessa vez, tudo que resta é voltar para casa. Vendo Senjougahara no banco do motorista, eu
comecei a querer a minha própria licença, e não só por que ela me disse isso. Embora a razão pela qual ela
parece tão feliz não seja por que ela goste de dirigir, mas porque o coração dela está tremendo de antecipação
pelos planos que ela tem para depois disso, o encontro dela com o pai...
Ainda assim, mesmo que você tenha uma licença, se você não tem carro próprio, você não tem tanta
liberdade... não é como se pudéssemos alugar um carro toda vez que saíssemos.
Tudo que resta é voltarmos para casa - foi o que eu disse, mas no último segundo, eu me lembrei de que há
algo que eu tenho que dizer antes que nos separemos à noite.
É algo que eu deveria ter dito hoje, essa manhã, bem no começo, mas infelizmente, eu estava tão estasiado
pelo fato de Senjougahara ter tirado carteira que eu perdi completamente a chance de dizer.
Ela mesma não disse nada, então por um momento, os pensamentos desonestos passaram pela minha cabeça,
mas é claro, eu não posso me deixar fazer isso.
"Senjougahara" eu subitamente comecei. "Eu preciso te pedir algo importante."
"Se está me pedindo minha mão em casamento, é claro."
"Não, não é tão importante. E essa foi uma resposta rápida. Na verdade, é sobre o meu presente de retorno
pelo que você me deu no dia dos namorados... eu não tenho nada ainda."
Eu pensei sobre dúzias de diferentes maneiras de dizer isso, mas no fim, eu só vou dizer a verdade.
"Desculpe-me. Eu não tive tempo de preparar nada. Enquanto eu estava pensando sobre o que fazer, eu
comecei a pensar demais... se eu me esforçasse, eu achei que poderia fazer a tempo com alguns marshmallows
comprados ou algo do tipo, mas isso também não pareceu certo... e então enquanto eu pensava demais, eu
pensei e pensei até que fiquei sem opções..."
Eu tive a ideia de tomar vantagem de uma abertura e comprar algo hoje, mas a oportunidade nunca surgiu - e
para começar, esperar uma abertura de Senjougahara é completamente absurdo. A chance que eu tive foi no
planetário... mas eu dormi também.
"Então você poderia esperar mais dois ou três dias por mim? Naturalmente, eu planejo compensar você com
o mesmo interesse."
"O que, então você estava preocupado com isso? Você não precisa se preocupar com isso. Interesse,
honestamente? Eu já sei que você odeia feriados, sabe?"
Em contraste com a minha sincera súplica, a resposta de Senjougahara foi bem indiferente.
"Pareceria ruim dizer que 'eu não estava esperando nada', mas eu não esperava ganhar um presente, apenas
me acompanhar nesse encontro foi o bastante. Se você quiser me dar algo, então apenas me dê - eu não te dei
chocolate porque esperava algo em troca."
Eu nunca esperaria essa opinião de Senjougahara, uma defensora da quitação de dívidas, mas talvez seja sobre
isso que presentes são.
"De fato, você poderia dizer que foi precisamente porque você odeia feriados que nós podemos ter essa relação
que temos agora - você lembra? Nós começamos a namorar no dia das mães, não é?"
"Oh, agora que você mencionou..."
Eu lembro dessa parte.
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Mas agora que eu penso a respeito, eu lembro de que tudo começou quando eu fugi da minha casa depois de
uma briga com minhas irmãs sobre celebrar ou não o dia das mães. Olhando para trás, eu fui bastante imaturo...
mas o parque em que acabei indo parar, o parque Shirohebi, é onde eu coincidentemente cruzei com
Senjougahara.
E logo depois ela se confessou para mim.
Entendo.
Nesse caso, você poderia dizer que foi porque eu não gostava do dia das mães que eu fui capaz de começar a
namorar com Senjougahara - e ao mesmo tempo, serviu como lembrete das curiosas conexões que unem as
pessoas.
Eu nunca esperaria que uma briga entre irmãos teria tanta importância... Agora que eu comecei a me dar bem
com minhas irmãs, eu geralmente imagino por que as coisas não poderiam ter sido sempre desse jeito, mas se
nós tivéssemos um relacionamento melhor antes, eu nunca teria encontrado Senjougahara ou Hachikuji
naquele dia...
Que coisa curiosa.
Não é tão diferente de como é impossível evitar erros quando está se tentando fazer o certo, então precisamente
porque nós cometemos erros nós somos capazes de fazer algo certo.
... Espere, de onde eu tirei essa ideia?
"Não se preocupe. Eu não pretendo me tornar uma mulher irritante que nunca deixa o meu namorado esquecer
os meus aniversários... Eu sou a única que tem que lembrar deles. Por exemplo, como o dia em que você me
pegou na escada foi em 8 de maio, como o dia em que eu me confessei e nós começamos a namorar foi em 14
de maio, como o dia do nosso primeiro encontro e primeiro beijo foi em 13 de junho, como o dia do nosso
primeiro beijo de língua foi em..."
"Você está sendo bem irritante!"
Esqueça irritante, isso é apenas assustador.
Talvez seja apenas porque ela tem boa memória, no entanto.
"Uma pena que embora tenhamos sido colegas desde nosso ano de calouros, eu nunca tenha tido uma forte
primeira impressão de você... Tudo que posso me lembrar é que você geralmente brigava com Oikura-san. Eu
gostaria de alterar minhas memórias para que eu sempre estivesse loucamente apaixonada por você, mas há
alguma forma de se fazer isso, eu me pergunto? Talvez eu devesse forjar o meu próprio diário."
"Eu me lembro bem de você no ano de calouro, no entanto... Já que você sempre pareceu uma nobre
protegida."
"O que é isso? Então você estava loucamente apaixonado por mim?"
"Bem, eu não diria isso..."
De qualquer forma, não há como mudar o passado, então nós colocamos nossas esperanças no futuro - ainda
assim, eu estava menos preocupado com ela reclamar ou ficar zangada e mais preocupado em machucar os
sentimentos dela se eu não desse um presente, então é um alívio ouvir isso.
"Papai com certeza vai me dar um presente, então não se preocupe."
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Esse lembrete me deixou um pouco ansioso, mas mesmo levando isso em consideração, vamos apenas dizer
que as coisas se resolveram por conta própria sem incidentes.
É claro, ela pode ter dito 'se você um dia quiser me dar algo', mas não querer realmente não é uma opção,
então estou grato por ela me dar um prazo maior - embora na verdade, já que eu também recebi um chocolate
de Hanekawa, eu preciso pensar sobre o presente dela também (você ainda tem que dar o triplo de volta de
um chocolate de obrigação?), e se Hanekawa voltar para a cerimônia de graduação, isso significa que também
preciso preparar o presente de Senjougahara até lá, então na verdade, só aumenta o prazo em um ou dois dias.
"Hm."
Aconteceu assim que eu baixei a guarda.
Senjougahara parecia que tinha tido uma ideia brilhante - e tão logo quanto podia, com movimentos rápidos
como um raio, ela freou parando o carro do lado da estrada.
No entanto, eu não tenho como dizer o que ela atingiu do assento do passageiro - meu fôlego foi tirado por
essa virada impetuosa e caótica de eventos.
"Araragi-kun" disse Senjougahara - e o tom da voz dela mudou.
Ficou profundamente profundo.
"Isso é imperdoável."
"Huh?"
"De todas as coisas, não preparar nada para a sua amada no White Day, um dos três maiores eventos para
casais... eu duvido que você realmente me ame."
"Huh? O que?"
"Eu ouvi sobre alguns homens que param de mostrar consideração pelas garotas depois que começam a
namorá-las, mas eu nunca achei que você fosse um deles, Araragi-kun. Você traiu minhas expectativas. Eu
mal posso esconder meu desapontamento. E passei o dia inteiro com o coração palpitando, tremendo de
ansiedade, imaginando que tipo de surpresa você preparou para mim, para ouvir que você não fez
absolutamente nada. E eu aqui achando que você me daria pelo menos um cruzeiro."
"Esse não é um presente muito grande para se esperar?"
"Ahh, talvez eu apenas me mate..."
Senjougahara se inclinou sobre o volante - agora que ela está se esforçando tanto nessa atuação, eu estou
começando a achar que estou assistindo algum tipo de comédia...
Ela poderia aprender uma coisa ou duas com Tadatsuru, que produziu uma verdadeira farsa.
Eu imagino que tipo de ideia faria ela começar esse show solo... mas eu sei que não posso deixá-la assim,
então:
"D-desculpe. Mas veja bem? Eu estou me desculpando" eu respondi. "Por favor não se mate. Nesse caso o
que eu deveria fazer para você me perdoar? Eu não posso comprar um cruzeiro, mas eu vou fazer qualquer
coisa que puder..."
Embora seja um total mistério porque ela subitamente mudou de ideia sobre algo que ela já havia me perdoado,
não há dúvida de que eu estou errado aqui, então eu não tenho escolha se não baixar minha cabeça.
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"Me chame pelo meu nome. Pelo resto da sua vida." disse Senjougahara - e o rosto dela...
Está simplesmente vermelho.
"Diga meu nome."
"... Huh: Eu digo o tempo todo. Senjougahara, quero dizer."
"Não, eu me refiro ao meu primeiro nome. Sem honoríficos."
"..."
Entendi.
Isso deve ser o que nunca conseguimos fazer em nosso primeiro encontro - e nunca fizemos durante a escola.
Nós dois, um par de amantes.
Então é por isso que ela estabeleceu uma penalidade no boliche e no karaokê... Ela estava tentando criar uma
oportunidade para dizer isso.
Esse era de fato um arrependimento dos nossos anos de escola.
E realmente parece estranho depois de todo esse tempo.
Sem uma oportunidade como essa, é algo que talvez nunca teríamos dito - então, eu devo incondicionalmente
obedecer essa ordem, pelo resto da vida.
Eu devo continuar a dizer esse nome pelo resto da vida.
E não há nada... que eu deseje mais.
Não há mais nada que eu poderia pedir.
"Hitagi."
"Obrigado, Koyomi."
Antes mesmo que eu tivesse que dizer qualquer coisa, Hitagi adivinhou o que eu sentia - e me chamou pelo
nome.
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Encontro Hitagi
009
O que é justiça?
Sim, é isso. Ela me fez essa pergunta - e ela disse que deveríamos continuar essa discussão da próxima vez
em que nos encontrássemos.
Quando ela disse isso?
Se não foi no mundo real... foi em um sonho?
Ou foi no inferno?
"... Ougi-chan. Você tentou me exterminar? Você procurou aquele especialista para fazer isso?"
"Oh querido, quem te disse esse rumor sem fundamento? Esse trágico pedaço de desinformação - por favor
permita-me explicar. Eu nunca faria nada para machucar você, Araragi-senpai." disse Ougi-chan.
Ela disse com completa compostura, sem parecer nenhum pouco perturbada.
"Eu te disse, não é? Eu estou contando com você para fazer a decisão certa - para sair disso, ao invés de cair
nas doces palavras de Gaen-san."
"... Você disse isso?"
Oh bem. Se ela disse que falou, então provavelmente é verdade.
Além disso, mesmo se ela não tivesse dito, minha resposta não mudaria. Seja certo ou errado, eu só tenho uma
resposta para dar a ela.
"Mas sabe, eu não posso fazer isso - abandonar Hachikuji ou Shinobu não é uma opção para mim. Eu não
tenho escolha - eu não tenho espaço para isso no coração. Eu não sei o que justiça é, mas eu sei que caminho
eu escolhi."
"Eu espero que você não apresse uma decisão como essa... mas eu suponho que não seja surpresa. Eu apenas
me importei de pedir porque não tinha nada a perder. Dito isso, que pena." Ougi-chan disse, não parecendo
especialmente desapontada. "Pessoalmente, eu preferiria que você se curvasse aqui - mas eu suponho que
colocar muita pressão em você seria passar dos limites... Hey, Araragi-senpai. Eu gostaria de corrigir uma
impressão que você pode ter."
"Uma impressão errada? Sobre o que você pode achar que... eu estou enganado?"
"Eu não sou a escuridão."
"!"
Isso me surpreendeu - mas eu acho que consegui esconder.
Ainda assim, é difícil manter minha compostura.
Mais do que com o que ela disse, eu estou chocado que a própria Ougi-chan tenha vindo e dito isso.
Ela sempre foi uma caloura com um gosto por patinar em gelo fino - mas essa afirmação quebra tudo.
Quase soa uma declaração de guerra.
Como um sinal de que a batalha começou.
No entanto, a própria Ougi-chan não parece como se tivesse dito algo tão importante. "Aliás, Araragi-senpai."
e então mudou de assunto.
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Foi uma mudança de tópico suave o bastante para me fazer imaginar se tinha ouvido errado o que ela disse.
"Você não tem algo para mim?"
"Hm... Uh... Tenho o que?"
"Um presente pelo White Day. Lembra? Eu te dei chocolate no dia dos namorados. Um chocolate Godiva.
"Godiva..."
Eu realmente ganhei algo tão caro?
Eu não lembro disso... mas já que a Ougi-chan disse que me deu, eu devo ter esquecido - mas esquecer que
recebeu um chocolate é um comportamento impróprio para um homem.
"Haha... Julgando pelo olhar no seu rosto, eu suponho que você não tenha nada para mim. Que pena."
Ela realmente parece desapontada dessa vez.
Me dói vê-la assim.
"Nesse caso, talvez eu deva fazer um pedido para você ao invés disso, como Senjougahara-senpai fez... Que
tal?"
Eu não sei como ela soube de um acordo particular que nós fizemos como um casal, mas agora que ela fez
essa proposta, é difícil recusar. Não importa o que ela pedir, eu não posso recusar.
Embora é claro, caso ela me peça para me afastar de tudo, eu não pretendo obedecer.
No entanto, o pedido que ela fez para mim foi completamente diferente - não, talvez até parecido, mas foi o
completo oposto do que eu imaginava.
"Você foi ao Inferno, e a um encontro, então talvez você não tenha mais arrependimentos - mas como as coisas
estão agora, eu ainda tenho uma coisa para fazer nessa cidade."
"... Algo para fazer?"
"Sim, algo para fazer. Um arrependimento - eu nasci para fazer isso. Eu tenho um objetivo inabalável, bem
como um propósito. Embora talvez seja uma surpresa para você." Ougi-chan começou.
Eu ouvi quietamente. Eu ouvi para saber sobre o objetivo dela. Seu propósito.
"Eu morreria feliz se pudesse fazer isso. Você tem um objetivo pelo qual daria sua vida Araragi-senpai? Eu
tenho. Resta uma coisa. Que eu devo realizar, não importa o preço - mas se a chefe dos especialistas, Gaen
Izuko, planeja preparar uma armadilha para mim, é o que ela vai fazer. Oh, sim, eu sei disso, mas eu não tenho
escolha se não ser pega na armadilha dela - eu não tenho escolha se não me resignar ao contra-ataque dela."
"Em outras palavras, eu estou prestes a entrar em uma luta a queima-roupa, sem truques, com aquela mulher
que sabe de tudo... Então, Araragi-senpai. Quando chegar a hora, você vai ficar do meu lado?"
"Por favor me salve."
Oshino Ougi me pediu isso com um sorriso despreocupado.
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156 de 254
Escuridão Ougi
001
É por causa de Oshino Ougi que eu estou aqui hoje. É porque aquela garota misteriosa, um verdadeiro pacote
do desconhecido, apareceu nessa cidade - que nós estamos onde estamos hoje.
Nós temos o hoje - e nós temos um futuro.
Tenho certeza de que vai chegar o dia em que serei capaz de pensar dessa forma - eu ainda não estou pronto
para fazer isso, e ao pensar sobre todas as coisas que ela fez, pensar sobre todas a confusões, é difícil de
acreditar que esse dia chegará, mas independentemente, eu tenho certeza de que no futuro, eu serei capaz de
lembrar dela dessa forma.
É assim que eu sou.
E é assim que ela é.
Oshino Ougi.
Eu vou lembrar dela... como um símbolo da minha juventude.
É isso - nos dias que estão por vir, quando eu pensar nos anos de colegial de Araragi Koyomi, eu tenho certeza
que a primeira coisa a vir na minha cabeça não será Senjougahara Hitagi, Hanekawa Tsubasa, ou Kanbaru
Suruga, nem Oshino Shinobu nem Hachikuji Mayoi. Será o rosto sorridente de Oshino Ougi.
Um sorriso que não mostra no que ela está pensando.
Um sorriso que faz você imaginar pelo que ela está tão animada.
Um sorriso usado por alguém cujas intenções e história são desconhecidas.
Será esse mesmo sorriso que ela sempre usou.
Dito isso, no presente, da minha perspectiva atual, o motivo pelo qual ela estava sempre sorrindo é bem
evidente - eu tenho certeza que ela estava sendo divertida pela minha idiotice. Eu tenho certeza que ela achou
um idiota como eu, que falhou em perceber quem ela era por tanto tempo, totalmente hilário - e na verdade, é
mesmo difícil de segurar uma risadinha.
Eu quase quero rir de mim mesmo.
Eu quero rir histericamente.
E então, no fim, talvez fosse apenas uma comédia.
Esses dias da minha juventude.
O último ano que eu passei como um colegial.
O ano que começou quando eu encontrei a vampira lendária - foi um ano cheio de dor, cheio de tristeza, cheio
de sofrimento, cheio de feiura, cheio de desespero, e ainda assim, talvez quando eu me lembrar um dia...
Quando eu conversar sobre ele com alguém, quando eu contar a todos a respeito...
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Quando eu falar dele... até onde sei, será apenas uma história engraçada, uma que eu poderei contar com um
sorriso, cheio de um estúpido apreço por mim mesmo.
"Até onde sabe? Oh, mas você sabe - mesmo que eu mesma não saiba de nada."
Eu tenho certeza de que é isso que Ougi-chan diria.
"É você quem sabe... Araragi-senpai."
É isso.
Eu sabia - eu sabia desde o começo, eu sabia muito bem quem era Oshino Ougi."
Que engraçado.
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Escuridão Ougi
002
Se eu fechar meus olhos e pensar, um grande número de cenas surreais que eu presenciei no passado vem em
minha mente - eu não vou me incomodar de listar todas, mas hoje, isso é, a noite de 14 de março, depois de
terminar meu encontro com Senjougahara, eu me encontrei cara a cara com um novo nível de surrealismo que
deixa todo resto pra trás.
Parque Shirohebi.
Esse é o lugar. Eu não soube como pronunciar o nome do lugar por um longo tempo, mas ontem, nas
profundezas do Inferno, depois de passar por vários erros de leitura e pronúncia, eu descobri que o nome não
era "Rouhaku", nem "Namishiro, mas "Shirohebi" - de qualquer forma, essa cena está se desenrolando nesse
parque.
É um jogo de beisebol.
Bem, não há jogadores o bastante, então seria mais correto que é um jogo de beisebol de mentira... mas de
qualquer forma, três pessoas - jogando como arremessador, rebatedor e apanhador - estão encenando uma
partida de beisebol.
Beisebol no parque.
Por si só isso seria considerado perfeitamente normal, mas os jogadores e o equipamento que estão usando
tornam a imagem bem surreal. É surrealismo puro sem o mínimo de realidade.
A arremessadora é Gaen Izuko-san.
Ela pode estar usando um boné de beisebol, mas ela parece a própria antítese de uma atleta, possuindo uma
silhueta magra envolta em roupas largas - e não importa o quão jovem pareça, ela é uma adulta respeitável,
que passou da idade para estar brincando inocentemente.
A rebatedora é Oshino Shinobu.
Seria uma coisa de ela ainda fosse a garotinha que era até outro dia, mas alta, magra, com longos cabelos
loiros e num vestido maravilhoso, uma beleza tão reluzente que faz você querer desviar os olhos, sem
mencionar que ela está usando saltos, ela segurando o taco e esperando pelo arremesso com um pé na frente
parece uma máquina de costura numa mesa de dissecação. A imagem é desbalanceada o bastante para ser uma
mesa de dissecação em cima de uma máquina de costura.
Oh, eu cometi um erro. Um erro descuidado.
Não é um taco. Objeto que ela está segurando não é um taco de metal - é uma espada longa japonesa.
Uma espada fina que eu reconheceria instantaneamente.
A espada chamada 'Kokorowatari' também conhecida como a 'assassina de esquisitices'.
É 'dar a um demônio uma vara de metal' em prática - como uma quase-deusa vampira que recuperou
completamente todas as habilidades, ela está em boa forma e animada durante a noite, deixando-a
verdadeiramente com vigor enquanto participa de um jogo noturno.
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Dito isso, o Rei das Esquisitices aqui parecia estar bem na manhã de ontem no templo Kita-Shirahebi, então
parecia que a verdadeira forma de uma rara, lendária, super forte espécie de vampira - a vampira do sangue
de ferro, sangue quente, e sangue frio - pode realmente suportar um pouco de luz solar se fortalecer suas
defesas o bastante.
"Hey, hey! A arremessadora está congelada de medo!"
E finalmente, acertando a luva - por alguma razão inexplicável - zoando a que deveria ser a que deveria ser a
sua companheira nesse caso, a arremessadora, é a única aqui com idade apropriada para estar jogando beisebol
no parque, uma jovem garota com maria-chiquinhas - Hachikuji Mayoi.
Ela está jogando como apanhadora de saia, agachada com o joelhos afastados, o que significa que a calcinha
dela está totalmente amostra.
Ela realmente baixou a guarda.
Agora essas eram calcinhas que eu realmente não preciso ver.
Pra começar, eu acho que ela deveria ao menos ter tirado a mochila enquanto joga - embora talvez ela esteja
usando a mochila para manter o equilíbrio nessa posição.
Tudo o que eu descrevi já é surreal o bastante como está, mas pra piorar, o objeto que elas estão usando como
bola é uma pedra de tamanho conveniente.
Uma pedra?
Então elas estão arremessando uma pedra e rebatendo com uma espada...?
Que tipo de beisebol é esse?
Parece menos com beisebol e mais como uma partida de kendo ao ar livre.
Como um expectador, como um cidadão, eu sinto como se devesse reportar à polícia o que estou presenciando,
mas há pessoas que eu conheço que serão envolvidas - na verdade, há apenas pessoas que eu conheço
envolvidas, então eu me pergunto se eu deveria ao menos fingir que não vi nada, me virar e ir embora, e ver
se posso me juntar ao encontro Senjougahara pai e filha, mas...
"Você não pode" a jovem perto de mim disse.
Ononoki-chan me segurou. Ela tenta me impedir com um gesto adorável de segurar a minha manga, então
como um homem renomado por sua audacidade que eu sou, não tive escolha se não parar.
É claro, de qualquer, diferente de sua adorável aparência de boneca, Ononoki-chan possui uma incrível força
herculana, então ela segurar minha manga é tão efetivo quanto me prender em um lugar com uma estaca.
"Você está indo acertar as coisas hoje, não é?"
"Bem, sim..."
"Não há nada que eu possa fazer já que a Onee-chan não está por perto - mas eu vou pelo menos assistir a sua
luta. Então vamos. Vai lá" pediu Ononoki-chan. Eu acho que ir lá vai exigir uma grande quantidade de
coragem, mas não importa, se eu estou ouvindo aquilo de uma garotinha que - deixando de lado do que seja
feita - tem metade do meu peso, eu não posso me acovardar.
Piso no diamante - digo, no parque.
"Oh! Aí está você mestre!"
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Depois de ser sacudido pra lá e pra cá por tanto quanto eu mereço, eu vou até a garotinha na minha frente,
mesmo tendo perdido o meu equilíbrio completamente. Pensando nisso, Hachikuji desmaiou imediatamente
depois de eu retirá-la a força do Inferno, então já faz seis meses desde que eu a encarei no mundo real.
É uma pena que eu esteja muito tonto para atacá-la como geralmente faço.
"Não acha que já fizemos isso bastante no Inferno, Baragaki-san?"
"Okay, isso soou bem legal, mas Hachikuji, não me faça parecer como se fosse a versão infantil de Toshizou
Hijikata. Eu não tenho como merecer esse nome. Meu nome é Araragi."
"Desculpa, eu gaguejei..."
"Não, você fez de propósito..."
"Eu gagaguejei."
"Não foi de propósito?"
"Eu me curvei."
"Isso se encaixa no tema de apanhadora, mas ainda assim!"
Ainda bem, aquela conversa saiu tão bem que você não acreditaria que passamos tanto tempo sem praticar.
Embora eu ache que fizemos isso no Inferno também.
"Eu tinha certeza que estávamos sem novas variações da sua gagueira, mas parece que não há fim para as
maneiras de mudar o meu nome..."
"Mas sabe, fazer isso IRL é totalmente diferente."
"Não chame o mundo real de IRL."
Por que está tratando o Inferno como um mundo virtual?
É como aquelas crianças chamando a livraria local de "biblioteca de tijolos". Essa não é uma moda
aconselhável.
"É bom te ver também, Ononoki-chan. Obrigada por sua ajuda antes."
"Mm. Estou contente que tenha retornado."
Foi assim que Ononoki-chan respondeu.
Eu não tenho certeza em qual posição essa resposta a coloca (nem sei dizer se ela está fingindo superioridade)
- mas eu entendo, eu acho que faz seis meses desde que Ononoki-chan, Shinobu e Hachikuji estiveram
reunidas no mesmo lugar assim.
Antes, eu revelei o meu prazer de ter uma pequena garota, uma garotinha, e uma garota jovem juntas (o que
tinha de errado comigo), mas graças ao crescimento súbito de Shinobu, elas estão reunidas de forma diferente.
Oh, agora que penso nisso, eu fiquei curioso - há algo que eu quero checar. É claro, é algo que eu deveria ter
ido em frente de confirmado ontem.
Eu levo a mão em direção ao peito de Hachikuji.
Hey, ela correu.
162 de 254
"? Um acordo?"
Com Gaen-san.
Isso levanta incertezas em mim - eu instintivamente olho pelo meu ombro para Gaen-san, mas ela apenas
sacode os ombros, se fazendo de boba.
"Eu não consideraria um inconveniente você me resgatar" continuou Hachikuji. "O Inferno era, afinal, o
próprio Inferno. Aliás, quando aquele fio desceu dos céus, eu secretamente considerei empurrar você e subir
eu mesma."
"Você com certeza tem uns pensamentos malignos."
Ela é pior que Kandata.
É claro, ela provavelmente está brincando - ouvir isso dela não é o bastante para limpar minha consciência.
"Agora, eu falarei sobre tudo isso, então por que não começamos nossa reunião, agora que temos você aqui
conosco? Nós estamos colocando um fim a tudo hoje, então vamos continuar bem e rápido. Entretanto,
Koyomin... você se importaria de ordenar àquela crescida e maravilhosa escrava sua que pare de fazer bullying
com a shikigami da minha kouhai?"
Eu olhei...
E então vi Oshino Shinobu estrangulando Yotsugi Ononoki, sem motivo ou propósito - parece que ela está no
meio de um acerto de contas com Ononoki-chan por todo abuso verbal ao qual foi submetida durante o verão,
assim como Ononoki-chan temia.
Eu retiro tudo que disse.
Independente de estar na forma adulta ou não, parece que a personalidade da minha parceira continuava
vingativa como sempre.
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Escuridão Ougi
003
Nos chamar de inimigos unidos pelo destino seria demais, porém é difícil negar que nós somos uma turma
bem diferente - no entanto, se você pensar que seleção incrível nós temos aqui, pode-se dizer que essa é uma
reunião de notáveis. Independentemente, a impressão de ralé que o nosso time dá é por que todos estamos em
conflito com alguém - nós estamos em conflito entre si.
Oshino Shinobu - a lendária vampira em sua forma completa que veio do exterior.
Mayoi Hachikuji - uma fantasma que ressuscitou das profundezas do Inferno.
Yotsugi Ononoki - uma boneca cadáver shikigami com uma mestra foragida.
Gaen Izuko - uma especialista em exorcizar esquisitices, a líder da dita organização.
E eu, Araragi Koyomi, um ex-meio-vampiro, atualmente humano. Não parece que temos muito ganhar um do
outro, e não parece que seríamos capaz de concordar com nada, então eu acho que de um ponto de vista
objetivo, nós pareceríamos um grupo de esquisitos de bobeira no parque.
"Eu coloquei uma barreira, então não se preocupe; eu não esqueço de tomar precauções. Sem intrusos. Nós
reservamos a área por um tempo." Gaen-san disse alegremente.
Um barreira, huh...? Eu me acostumei a ouvir essa palavra.
Nó saímos do espaço aberto e fomos em direção ao banco próximo.
Gaen-san colocou Ononoki-chan no colo dela.
É difícil dizer por causa de sua falta de expressão, mas Ononoki-chan parece um pouco desconfortável - eu
não sei se a boneca tem emoções ou não, mas eu entendo bem o sentimento dela.
Como alguém que está atualmente sendo segurado por Shinobu de forma parecida.
... Para meu arrependimento, eu fiz isso com Shinobu muitas vezes antes, então eu não posso pensar em
nenhuma desculpa para recusar, ainda assim, como alguém na idade de estar se graduando, ser segurado nos
braços de uma mulher mais velha assim parece estranho, ou talvez, eu devesse dizer vergonhoso, ou talvez eu
devesse dizer "pare Hachikuji, por favor não me olhe assim."
Shinobu, por outro lado, tem os braços envoltos na minha cintura como se fosse a coisa mais normal do mundo,
me segurando firmemente como se quisesse me impedir de cair de seus braços - com o queixo dela em cima
da minha cabeça.
Gaen-san está segurando Ononoki-chan, Shinobu está me segurando, e Hachikuji está sentada sozinha no
banco. Bem, há cinco de nós aqui, então se nós ficássemos em pares de dois, eu acho que sempre ficaria
alguém de fora. Ainda assim, como está agora, eu gostaria ao menos de segurar Hachikuji no meu colo
enquanto sou segurado pela Shinobu, mas parece que ela sabia disso, e tomou vantagem sentando sozinha um
pouco longe, onde não posso alcançar parado aqui.
"Certo, então é hora da irmãzona aqui revelar o plano no qual eu estive trabalhando ontem o dia inteiro - eu
gostaria que todos vocês concordassem, mas é claro, eu não vou forçar vocês. Oh, mas há uma coisa que eu
quero confirmar primeiro Koyomin, você trouxe o que pedi?"
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"... Sim. Mas Gaen-san, eu trouxe apenas para devolver a você, já que é seu pra início de conversa... Eu não
sei no que está pensando, mas esteja atenta que trazer isso não quer dizer que concordo com qualquer que seja
seu plano."
Enquanto digo isso, eu pego um longo envelope e o entrego para Gaen-san - na verdade, é um item que eu
quase rasguei várias vezes, ainda assim eu consegui aguentar. Eu não tinha coragem, e nem a habilidade.
Talvez agora que ela está em sua forma completa, seria possível que Shinobu 'comesse' o que está naquele
envelope - mas aquilo, seria horrível de se comer.
Afinal, aquela coisa selada dentro "daquilo'... é um 'deus'.
"Eu sei. Tudo bem por mim, Koyomin. Eu tenho esperanças naqueles seus milagres ilógicos, de qualquer
forma."
Enquanto a mulher que sabia tudo age como uma sabe-tudo, ela tira o conteúdo do envelope. É um talismã.
Um talismã com uma cobra pintada.
E não é qualquer talismã velho, mas um cujo o poder foi certificado e provado - afinal, é o talismã milagroso
que um vez elevou uma estudante do fundamental, Sengoku Nadeko, ao nível de uma deusa.
É o pedaço de papel que Gaen-san confiou a mim imediatamente depois de nossa aventura no fim das féria de
verão - e que eu nunca consegui colocar em uso.
Dizer que eu me recusei a utilizar soaria bem legal, mas na verdade, seria mais correto que eu simplesmente
não tive coragem.
"Sim, com certeza... parece em boa forma. Posso dizer que você cuidou bem dele."
Gaen-san pegou o talismã que dei a ela e enfiou no bolso. Ela parece ser bem rude com isso - ela não está
mesmo tomando cuidado. Bem, sendo uma especialista e tudo, eu acho que ela não tem o que temer... Espere,
mas se ela é uma especialista, ela não deveria estar tendo mais respeito?
Eu realmente não entendo essas coisas.
"Hmpg" suspirou Shinobu.
Ela parecia meio ofendida. Quando ela era uma garotinha, Shinobu sofreu por causa do talismã, então talvez
ela tenha se lembrado.
Ou assim pensei, mas parece que não era esse o caso, já que ela continuou, "Ay... Agora que você
mencionou,foi isso mesmo. Pelo contrário, eu fui uma idiota por não notar. Foi há muito tempo atrás, de
qualquer forma - e era algo que eu não desejava lembrar."
Não estou certo do que ela está falando.
Parece que Hachikuji não é a única com quem Gaen-san fez um 'acordo' durante meu encontro com Hitagi.
Eu estou começando a me sentir um forasteiro nessa conversa.
Acabou que eu era o esquisito o tempo todo.
Eu imagino por um momento se Ononoki-chan se sente da mesma forma, mas ela está sem expressões como
sempre, com talvez até mesmo um olhar vazio.
Ela pode nem se importar.
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"Não tema, meu mestre - não é como se tivéssemos ouvido tudo. Nós apenas soubemos algumas coisas - e em
particular, ainda não sabemos dos detalhes do que essa especialista planeja fazer. Nós deixamos isso para
depois que você se juntasse a nós" disse Shinobu, como se ela tivesse percebido meus sentimentos de alienação
- mesmo que a nossa conexão tenha sido cortada, e não devesse mais haver vínculo físico ou emocional entre
nós.
"Sim, é isso. É claro, minha estratégia ainda estava em trabalho hoje mais cedo, então é verdade que não havia
muito a se dizer até agora. E apenas terminei o plano agora, depois de ouvir o que Hachikuji-chan de Shinobu-
san tinham a dizer."
Disse Gaen-san, mas infelizmente, é um pouco difícil de acreditar. É até mesmo duvidoso se o plano que ela
está prestes a revelar, o que ela 'trabalhou ontem e hoje', foi feito realmente em tão pouco tempo. Se me
dissessem que ela estava planejando isso desde de agosto eu não ficaria surpreso... foi Ougi-chan que me
influenciou nisso?
Oshino Ougi.
"Oshino Ougi."
Gaen-san aborda o assunto.
"Esse é o 'inimigo' que estamos prestes a enfrentar - e o oponente com quem devemos lutar, um alvo que
devemos exterminar, e um alvo que devemos desprezar - não é isso, Koyomin?"
"..."
Ter dito que ela é o 'inimigo' do nada, não posso fazer nada se não achar que isso soa estranho - é difícil para
mim pensar nela como algo além de uma kouhai minha.
Não importa o que Tadatsuru diga.
E... não importa o que a própria pessoa diga.
"Você não parece surpreso, meu mestre. Então você já sabia o tempo todo?" perguntou Shinobu enquanto me
apertava, mas infelizmente, ela está enganada. Ela está me superestimando - eu nunca suspeitei de Ougi-chan
uma única vez.
Mas ainda assim.
Talvez eu realmente soubesse.
Eu não sei de nada.
Mas talvez eu soubesse sobre Ougi-chan
Eu pensei comigo mesmo enquanto sentia Shinobu contra minhas costas.
"..."
Ononoki-chan manteve seu silêncio.
Ela pode apenas estar se segurando, se fazendo ser vista, mas não ouvida por estar no colo da veterana de sua
mestra... mas eu posso dizer que não é do feitio dela.
Particularmente agora que ela está fortemente influenciada pelas personalidades de minhas selvagens irmãs,
esteja ela no colo de Gaen-san ou não, eu não posso imaginar que ela hesitaria em fazer piada da nossa
conversa.
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"No entanto, e isso é importante... não devemos esquecer que Oshino Ougi é meramente um nome
conveniente. É um pseudônimo mal feito - ah, espere, chamar de pseudônimo não é correto. É mais como uma
ID feita para evitar ser amarrada por um nome."
Amarrada por um nome?
Eu... ouvi isso antes.
Se me lembro, quando Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade perdeu sua existência... ela recebeu um
novo nome, Oshino Shinobu, um nome que amarrava seus pés e mãos. Mesmo agora que ela recuperou sua
existência, parece que o nó em si ainda era bem efetivo...
"A própria Oshino Ougi é formada no desconhecido, afinal - perder sua verdadeira identidade é uma coisa que
a faz ser quem é... É claro, não há real significado em dizer 'ela', também, embora haja um pronome para usar."
"... Você está falando de Ougi-chan como se a conhecesse, mas você nunca a encontrou, não é?" eu perguntei.
É algo que eu queria perguntar faz um tempo.
Tanto quanto eu posso dizer sobre os eventos até agora... eu tanto quanto eu posso deduzir do que a própria
Ougi-chan disse, aquelas duas nunca se encontraram cara a cara.
É claro, seria perfeitamente natural para Gaen-san, aquela que sabe de tudo, falar assim de Ougi-chan de
qualquer forma - mas eu não posso negar que é desconfortável ouvi-la falando de uma conhecida minha como
se soubesse mais dela que eu.
Então novamente, esse sentimento pode estar mais perto de um complexo de inferioridade do que qualquer
outra coisa.
"Não. Ela esteve me evitando - ou deveria dizer, uma existência como aquela não apareceria diante de alguém
como eu, que vive a vida sem desviar do trabalho que devo completar."
"...?"
"Dito isso, embora nunca atenha encontrado, não é como se eu não a conhecesse. Eu tenho um monte de coisas
que preciso explicar para você, incluindo isso, mas vamos por ordem. Já que não temos muito tempo. Eu só
vou explicar uma vez, então prestem atenção."
Enquanto diz isso, Gaen-san pega um pequeno tablet. Como sempre, parece que ela vai explicar o plano dela
ou o que seja escrevendo notas na tela.
Isso me leva de volta a agosto.
Se lembro bem, na época ela nos deu uma lição sobre o primeiro servo de Shinobu no templo Kita-Shirahebi
- mas parece que a explicação vai ser ainda mais complicada, mais difícil e em maior escala dessa vez.
"Eu gostaria que discutíssemos rápido para que cheguemos até 'a cena do crime' o quanto antes. É claro, eu
sei que raramente na vida as coisas saem exatamente como planejado... mas eu tenho que desenhar uma linha
em algum lugar, pelo menos como referência."
"... Há algo que eu quero confirmar. Ou melhor, por favor confirme isso para mim. Você tem certeza que
Ougi-chan fará seu movimento hoje à noite? Não importa que tipo de armadilha você tenha preparado, se ela
não fizer nada, acabou, não é?"
"Ela vai fazer seu movimento. Isso é menos a respeito de minha confiança e mais um simples fato - ela tem
que fazer hoje. Você poderia dizer que se ela não se mover agora, ela estará acabada. A ameaça se eliminaria..."
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Escuridão Ougi
004
"Dito isso, depois da aula que Tadatsuru deu nas profundezas do Inferno - ou um lugar parecido, de qualquer
forma - você pode já ter adivinhado parte do que eu vou te dizer. É uma resposta que alguém rápido poderia
chegar simplesmente depois de ouvir o nome do parque."
"Ainda assim, seria terrível se uma dedução baseada em suposições incorretas te levassem a uma conclusão
errada nesse momento crucial - então me permita explicar tudo do começo, apenas pra garantir. Você pode
acreditar que isso não tem nada a ver com Oshino Ougi, mas foi onde tudo começou e como a coisas ficaram,
então eu gostaria que você ouvisse cuidadosamente."
"400 anos atrás."
"Que evento vem a mente quando digo isso?"
"Eu tenho certeza de que você não é burro o bastante para responder essa pergunta incorretamente - sim, é
quando a vampira lendária, Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade, veio ao Japão. Atualmente, a
chegada dela provavelmente começaria uma confusão no aeroporto, mas infelizmente, não tínhamos aeroporto
na época."
"Dito isso - e eu não quero dizer isso como algum tipo de metáfora boba - ela evitou de se aventurar pelo mar
na Era dos Descobrimentos, atravessando grandes distâncias por voo."
"Você já ouviu tudo daquela mulher. Já que ela está sentada aqui, eu suponho que ela possa explicar mais uma
vez, mas depois de todos os meus esforços, eu gostaria que ela me desse a honra. Provavelmente não é uma
história que Shinobu-chan - ou Shinobu-san, deveria dizer - queira contar, de qualquer forma."
"Resumindo... Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade, por volta dos 200 anos de idade na época, tinha
muito tempo livre e decidiu viajar para vários lugares a redor do mundo. A maioria dos vampiros cansa de
viver por volta dos 200 anos, então talvez isso tenha tido algo a ver."
"A parte incrível no caso dela é que ela foi parar na Antártica em sua viagem - mas é claro, isso acabou sendo
seu erro."
"Isso porque no polo sul, não havia ninguém para percebê-la como esquisitice. Esquisitices podem existir
apenas quando são percebidas por humanos - então, era impossível para ela manter sua existência por um
longo período de tempo numa ilha gigante desabitada como a Antártica. Mesmo Heart-Under-Blade, que se
tornou uma exceção a tantas regras, não era exceção lá."
"Então, ela fugiu da Antártica em pânico."
"Ela fugiu com um joystick e um combo de pulo forte." [1]
"Ela estava tão frustrada que pulou sem nem mesmo considerar onde iria cair. Ela não agiria tão
descuidadamente sob condições normais, tenho certeza, mas essa era uma emergência que envolvia a própria
existência dela. Além disso, mesmo que ela aterrissasse em uma cratera vulcânica, não importaria para uma
vampira imortal como ela. Para ilustrar em termos humanos, seria como correr pra fora de casa descalço. Ou
talvez fosse o contrário: como pisar no chão com os pés enlameados quando você volta para casa para pegar
alguma coisa que esqueceu. Era apenas uma questão do que ela 'calçava' nem mais nem menos."
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"Você já ouviu essa história várias vezes antes, então eu tenho certeza de que você está cansado dela um
pouco, mas você já a analisou dessa incrível perspectiva, Koyomin? Como resultado da promoção de Heart-
Under-Blade a status divino, alguém foi expulso de seu lugar como um deus."
"Realmente faz você pensar, não é?"
"Hey, Shinobu-san, não abrace o Koyomin tão forte. Agora ele é apenas um frágil humano, então se você
apertar demais, ele pode acabar partindo em dois."
"Não estou realmente criticando você, sabe. É uma história que aconteceu há muito, muito, muito tempo atrás.
Não há motivo em dizer nada sobre isso agora. Se eu fosse dizer algo, no entanto, seria que você recusou se
tornar uma deusa real, apesar de se permitir ser tratada como uma... e esse seu egoísmo, incomum de uma
esquisitice, fez tudo piorar."
"Eu só gostaria de apontar como piorou a coisas..."
"E convidou a Escuridão."
"Como resultado, Heart-Under-Blade foi levada novamente à Antártica... e eu vou omitir o resto da história
dela a partir daí."
"O que nós deveríamos discutir aqui é o lugar de onde esse deus foi expulso e seu deus falso perseguido - em
outras palavras, o lugar que foi deixado sem nada."
"A terra que um dia foi abençoada com chuva, e seu deus falso que continuou a trazer chuva por um longo
tempo depois disso - mas agora esse deus se foi, a população diminuiu bastante graças à Escuridão, e a terra
estava a beira da ruína."
"Mas independentemente, pessoas continuaram nascendo, e pessoas tiveram que continuar vivendo suas vidas
- então, eles precisavam de uma religião para viver. Isso nem era um produto de seu tempo na verdade. Mesmo
agora, pessoas precisam acreditar em algo para continuar vivendo, não é?"
"Mesmo eu não posso viver sem acreditar em nada."
"Enquanto você estiver vivo... Enquanto você viver sua vida como um humano, você tem que acreditar em
algo, você tem que acreditar em alguém - mas é claro, seja essa 'alguma coisa' um deus, senso comum, ou o
Diabo, ou irracionalidade tudo depende da pessoa em questão."
"Eu imagino o que seja isso para você, Koyomin?"
"Conhecendo esquisitices, conhecendo vampiros, e mesmo agora conhecendo o Inferno, no que você vai
acreditar enquanto vive o resto da sua vida? No que você vai precisar acreditar para se manter vivo?"
"De qualquer forma, tendo perdido o lago no qual acreditavam, e tendo perdido seu deus... eles precisavam
encontrar um novo deus."
"Não."
"Eles precisavam fazer eles próprios um novo deus."
"E para fazer isso... eles decidiram reconstruir seu templo."
"Eles decidiram movê-lo para um novo lugar."
"E é onde você pode apontar o erro deles."
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"Essa é uma história muito velha, então não podemos dizer com certeza a menos que voltemos no tempo para
checar... mas parece que os cidadãos que perderam sua população e sua religião escolheram sobreviver se
unindo com a religião indígena de uma área próxima."
"De certa forma, essa religião indígena foi de encontro àquela baseada na fé do lago que eles tinham até o
momento: era uma fé baseada nas montanhas. Mas veja bem - se eu puder irresponsavelmente apontar isso do
futuro irresponsável - trazer algo que pertencia a um lago para uma montanha como aquela foi sem sentido.
Que gambiarra... ainda assim, eu suponho que quase todos os cidadãos que veneravam o lago - ou em outras
palavras, veneravam Heart-Under-Blade - já haviam sido devorados pela Escuridão. E o lago estava seco nesse
momento, também."
"Os que moveram a habitação do deus provavelmente não sabiam dos detalhes. De certa forma, eles foram
roubados de todas as velhas tradições e lendas."
"A nova geração foi deixada no escuro, mas ainda assim eles trabalharam duro para reviver uma velha religião
- uma religião que havia aparentemente sido bem eficiente no passado. Eu não posso rir deles como idiotas
por isso."
"Além do que, eles não estavam completamente errados. Eles tinham o vínculo necessário para realizar o
realocamento."
"Um vínculo."
"Eles tinham um eixo - um fio que vinculava a montanha e o lago juntos."
"Embora talvez eu devesse chamar não de fio, mas uma serpentina."
"Era uma serpente - ou em outras palavras, uma cobra."
"Deixe-me esclarecer as coisas com o fundo do lago seco: o receptáculo tangível do deus que eles veneravam
no lago veio na forma de uma cobra d'água - e o receptáculo venerado pela pequena religião indígena da
montanha tomou a forma de uma cobra da montanha."
"Uma cobra d'água e uma cobra da montanha."
"Eles eram ligados por cobras."
"Você ouviu o provérbio 'mil anos no mar, mil anos na montanha'? Se refere à lenda de que se uma cobra
viver no mar por mil anos e numa montanha por outros mil anos, se tornará um dragão... Milagrosamente, isso
se tornou uma realidade através desse arranjo."
"No entanto, a religião indígena da área já estava em declínio, então mesmo após de fundir, tudo o que eles
conseguiram estabelecer era frágil, trazendo a religião, beneficiando uma cobra... No fim, essa realocação
ilógica não pôde se sustentar."
"É como tentar forçadamente encaixar uma peça de quebra-cabeças só por que é da mesma cor. Pode ter
parecido que funcionou à primeira vista, mas é difícil negar que algo parecia fora do lugar."
"Esse desarranjo... esse desequilíbrio criou uma bolsa de ar. Uma bolsa de ar onde 'coisas desagradáveis'
poderiam se juntar. Mas independentemente do efeito colateral, a religião conseguiu se manter por quase 400
anos, para ser exata. Bem, sendo honesta, eu estou exagerando e fazendo parecer mais dramático. Na realidade,
erros triviais como esses acontecem o tempo inteiro."
"Afinal, é o trabalho de humanos."
"É previsível que acontecerão erros."
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"Nós nunca seríamos capazes de continuar se fossemos criticados por cada coisinha que dá errado. Contanto
que o erro não seja uma mentira, contanto que não seja uma falsidade, pode ser deixado de lado."
"Para ser mais específico, embora a Escuridão não permitisse que Heart-Under-Blade se mascarasse como
uma deusa, parece que o laço entre o lago e as montanhas passou do alcance de seus deveres."
"Certo."
"Não teria fim se ouvíssemos todos os detalhes aqui, ou melhor, há uma porção de coisas que eu poderia citar,
mas eu acho que já ouvimos bastante histórias velhas por enquanto. Para resumir, Koyomin..."
"O antigo lugar onde ficava o lago que Shinobu-san destruiu com seu joystick e seu combo de pulo forte é o
parque Shirohebi, e o templo que eu acabei de citar, o lugar reconstruído nas montanhas, é o templo Kita-
Shirahebi."
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Escuridão Ougi
005
A conclusão dela foi tão súbita que eu perdi a noção do que ela estava fanlando por um momento - mas é
verdade que eu tinha deduzido mais ou menos isso depois de ouvir a explicação de Tadatsuru.
Uma cobra carrega propriedades de imortalidade.
Faz sentido para uma religião usurpada por uma vampira que possuía a mesma imortalidade. Eu lembro
vagamente de ouvir sobre a lenda de uma serpente marinha chamada de Hydra, um monstro que continuava
revivendo não importa quantas vezes o herói Hércules o cortasse.
Há consistência aqui.
No entanto.
Também é verdade que eu nunca considerei que a história de Shinobu ser tratada inadvertidamente como uma
deusa tivesse relação com o templo Kita-Shirahebi - ou deveria dizer, até eu ouvir tudo aquilo de Tadatsuru,
eu assumi que eram histórias completamente não relacionadas.
Afinal, isso significaria que Shinobu já havia visitado essa cidade 400 anos atrás - e ninguém nunca mencionou
nada sobre isso.
Nunca mencionou?
Isso é mesmo verdade?
Não me disseram em agosto que esse lugar era a cidade natal do primeiro servo de Shinobu... Seishirou
Shishirui?
Se essa era a cidade natal dele, inevitavelmente significaria que a cidade para a qual Shinobu foi há 400 anos
atrás deve ter sido em algum lugar por aqui.
Ainda assim, eu tenho certeza de que Shinobu nunca disse nada do tipo. Pensando nisso, eu me virei para
Shinobu, que ainda me segurava nos braços, mas aquela beleza encantadora me encarava com uma expressão
sem nenhum traço de juventude nela...
E fazia "??" enquanto balançava a cabeça para o lado.
... Não balance sua cabeça para mim.
Agora que você não é mais uma criança, você parece apenas idiota.
Ela parece uma adulta agora, e o que havia dentro dela devia ter crescido junto com sua aparência, mas parece
que a personalidade básica dela não se alterou muito. Isso deve ser o que eles querem dizer por 'a criança faz
o homem'.
"Aliás," começou Gaen-san, como se adicionasse algo no que ela acabou de dizer, "depois de escapar por um
fio por anos e anos, lentamente degradando, o templo Kita-Shirahebi, antigamente templo Shirohebi,
finalmente tombou 15 anos atrás - eu te falei antes, também. Quando o primeiro servo de Shinobu-san...
quando as cinzas 'dele' finalmente acharam seu caminho para casa, elas devoraram todas as 'coisas
desagradáveis' que se juntaram de uma vez só, engolindo o deus junto com elas. Foi quando o deus cobra
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servindo como substituto foi erradicado. Foi absorvido, tornando-se um passo para a ressurreição 'dele'. É
claro, isso acabou sendo outra causa para o que acontece depois."
"...Eu entendo o que está dizendo, mas é um pouco difícil de acreditar."
Eu disse a ela honestamente.
Na verdade, eu não estou completamente certo se entendo o que ela está dizendo. Eu posso não entender nada,
mesmo depois de tudo aquilo.
Não é como se eu tivesse dúvidas sobre o que ela está falando. De fato, parece que tudo está se juntando agora.
Mas ainda assim, o jeito como as coisas estão se juntando dá arrepios na minha espinha. É um sentimento
desagradável, quase como se eu estivesse sendo manipulado nas mãos de alguém.
Ononoki-chan me disse a mesma coisa. Mas mesmo que isso seja verdade, e eu esteja nas mãos de alguém,
de quem é a mão? De Gaen-san, ou talvez de Ougi-chan, ou é outro alguém?
"Eu posso adivinhar no que está pensando, Koyomin, você entendeu ao contrário. Você pode achar uma
coincidência inacreditável que Heart-Under-Blade uma vez tenha vindo para sua cidade, mas da perspectiva
de um forasteira como eu, é precisamente porque essa é a cidade que Heart-Under-Blade uma vez visitou que
a situação atualmente se tornou como é agora. Embora é claro, eu não possa dizer isso com certeza também."
"..."
Eu acho que ouvi isso também.
Eu ouvi que Shinobu veio para essa cidade porque ela foi chamada aqui por Seishirou Shishirui, que se tornou
cinzas. Nesse caso, eu suponho que realmente fosse inevitável, e que eu e Shinobu nos encontrássemos nessa
cidade fosse outra inevitabilidade.
Tenho certeza que o relevo da cidade mudou drasticamente nos últimos 400 anos, mesmo se Shinobu fosse
mais atenciosa, ela provavelmente não notaria que essa é a mesma área que um dia ela visitou. Não há um
traço sequer do lago também.
"Veja bem, por isso que eu queria tornar Shinobu-san a nova deusa do templo Kita-Shirahebi depois que dei
conta de seu servo."
Disse Gaen-san enquanto tirava o talismã que havia acabado se enfiar no bolso.
"Ela tomou o lugar da cobra d-água que originalmente era venerada lá. Já que dobraria a responsabilidade pelo
o que ela fez, eu pensei nela como a mulher ideal para o trabalho, ou pelo menos que ela era adequada para o
papel. De qualquer forma, se nós não preenchermos aquela bolsa de ar, o caos nunca vai parar de se espalhar
nessa cidade. Meme escolheu limpar a sujeira para debaixo do tapete e deixar as coisas assim, mas como uma
especialista que valoriza a prevenção sobre a inspeção, eu quis trabalhar na raiz do problema. Para reconstruir
o templo em ruínas, eu eu queria fixar um pilar - eu queria fixar um deus. Mas infelizmente, eu fui
inflexivelmente recusada." disse Gaen-san, quase brincando.
Ela pode brincar comigo o quanto quiser, mas mesmo agora, eu não acho que seja algo para rir... Eu não posso
nem imaginar quanto dano eu causei recusando transformar Shinobu em uma deusa.
"Se você apenas explicasse tudo desde o começo..." Eu comecei a dizer, mas mesmo se ela tivesse explicado,
eu duvido que tria usado aquele talismã em Shinobu.
Shinobu não é adequada para ser uma deusa? Não, não é esse o motivo.
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Falando em termos de adequação, embora por um curto período de tempo - sem mencionar que ela era apenas
uma imitação - Shinobuu já foi uma deusa antes, então pode-se dizer que ela era bem qualificada para o
trabalho.
Eu simplesmente não queria transformar Shinobu em uma deusa.
Não faz sentido subjugar essa cidade, se isso significa forçar algo a Shinobu contra a vontade dela - esse foi o
motivo egoísta que eu dei.
E esse motivo egoísta meu ainda não mudou.
Tenha tudo sido explicado para mim ou não, eu tenho certeza que ainda vou insistir em fazer as coisas do meu
jeito. Afinal, mesmo depois de ouvir tudo isso, eu ainda não tenho a menor intenção de fazer Shinobu engolir
o talismã.
"Entendeu, Koyomin?"
"... Mas o que nós vamos fazer então? Na verdade... se você já sabe disso, por que você está trazendo isso de
volta? Se você já sabe não há por que dizer nada então..."
"Para simplificar, é porque há um motivo para falar algo agora... Koyomin. Por que nós não fazemos uma
pausa para que nós possamos declarar o que estamos pensando?"
"Declarar o que estamos pensando?"
"Declarar nossos objetivos, se desejar. Ou talvez nosso propósito."
"..."
Isso me leva a pensar no que Hitagi disse ontem.
As pessoas mais assustadoras no mundo são aqueles cujos os objetivos você não sabe.
Ela disse que Gaen Izuko é um perfeito exemplo disso - então ela vai mesmo me contar o objetivo dela por
vontade própria?
Isso seria mais do que eu havia pedido - mas parece quase bom demais pra ser verdade, para demonstrar que
eu estou mais desconfiado que nunca. Não é como se nós estivéssemos nos enfrentando, então por que eu me
sinto tão ansioso quando falo com ela?
Gaen-san supostamente não é minha inimiga.
No entanto, depois de ouvir o resto da explicação dela, eu entendi algo.
A explicação dela foi:
"Seu objetivo e o meu provavelmente não combinam. Nem estão de acordo com o de Shinobu-san ou de
Hachikuji-chan. Independente da reunião que estamos tendo, nós ainda não formamos nenhum pacto aqui. Eu
tenho altas esperanças nos milagres que você faz, então eu incluí você no plano... mas não posso negar que é
um movimento arriscado que poderia levar a um desastre. Afinal, da última vez que eu deixei a decisão do
que fazer com Shinobu-san - Shinobu-chan na época - para você, as coisas de alguma forma acabaram com
uma estudante sem relação com nada sendo transformada em uma deusa."
"... Eu não tenho nada a dizer sobre isso."
Em outras palavras, Gaen-san provavelmente quer aprender o objetivo, ou talvez a motivação, de alguém que
ela não pode confiar - eu mesmo.
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Não, se ela sabe de tudo, não há como ela não saber o que me motiva... então ela só quer que eu diga.
Ela está me dizendo para me ater a minhas palavras, pelo menos.
"Okay, então deixe-me dizer... meu objetivo é..."
Eu tentei colocar formalmente em palavras, mas eu sou imediatamente confrontado com a questão do que
realmente é emu objetivo nesse caso. O que precisa acontecer... para que eu fique feliz com o resultado?
"Por agora... eu quero fazer algo a respeito de Hachikuji e Shinobu. Como as coisas estão agora, Hachikuji
está particularmente em perigo de ser devorada pela Escuridão... Apenas para checar, ela seria capaz de seguir
em frente de novo?"
"Ela pode, mas ela não acabaria apenas no Inferno. Ela pode ser sentenciada a uma punição adicional por
tentar fugir também. Eu duvido que ela seria mandada para o Avici, mas eu também não posso garantir que
ela seria mandada de volta para o Sai no Kawara. Isso nos levaria a outra questão de como podemos satisfazer
você." respondeu Gaen-san.
É claro, eu nunca poderia condenar Hachikuji a voltar para o Inferno. Não há como eu fazer isso; é
completamente fora de questão. Mas ainda assim que outras opções nós temos?
Eu decido que ser devorado pela Escuridão é melhor que o Inferno? Eu não acho que há uma situação que
poderia me fazer feliz aqui...
"Eu já disse que tenho um plano envolvendo Hachikuji-chan, lembra? Então vamos ouvir suas preocupações
a respeito de Shinobu-san, o que especificamente você quer dizer com isso, Koyomin?"
"Digo... agora ela está, bem, você sabe..." eu gaguejei, indicando Shinobu atrás de mim.
Shinobu, em sua forma completa - um monstro.
Embora eu a estivesse chamando de Oshino Shinobu, como as coisas estavam, ela é na verdade é a própria
vampira do sangue de ferro, do sangue quente, do sangue frio, Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade.
O que significa, em outras palavras... que ela não carrega mais o critério para a certificação de inofensiva que
ela tinha, o que quer dizer que ela vai voltar a andar num caminho sangrento, cruzando com caçadores de
vampiro em seu caminho.
E isso - como alguém que se cansou dessa vida a ponto de querer morrer, ela não poderia possivelmente querer
de volta... ou assim eu arbitrariamente assumi, pelo menos.
Eu não sei o qual realmente á a opinião de Shinobu.
Talvez ela prefira esse tipo de vida do que viver presa na minha sombra como uma garotinha - de fato, é
normalmente isso que qualquer um esperaria.
Ela parece bem feliz em sua forma completa também.
Mas ainda assim, há perigo em deixar isso acontecer. Afinal, em sua forma completa, ela possui tal influência
assustadora que poderia destruir o mundo em apenas dez dias.
No fim, eu tenho certeza de que Gaen-san não permitirá isso.
Além do que... mais do que Gaen-san em si, a mestra da boneca cadáver que ela está segurando: Kagenui
Yozoru. Dado o quanto ela odeia esquisitices imortais, eu tenho certeza de que ela não ficará feliz em ouvir
as novidades - espere, não.
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Eu ainda estava respondendo, mas Gaen-san me interrompeu e mudou de assunto para a bela loira me
segurando nos braços, Oshino Shinobu.
"Qual o seu objetivo? no que está pensando agora? O que você quer?"
"Eu devo simplesmente continuar com meu mestre. Se meu mestre escolher ajudar você, eu farei o mesmo -
e se ele escolher ficar contra você, também irei."
Shinobu respondeu sem hesitar. Ela é bem clara a respeito do que quer. Ela não é tão indecisa como eu - e o
que mais, ela é meio...
"Shinobu-san, a sua lealdade ao Koyomin não meio que desapareceu agora que você se tornou adulta? Eu
certamente não contava com isso... De fato, eu pensei que uma vez que sua conexão fosse quebrada e sua
relação mestre-servo fosse destruída, na melhor das hipóteses você iria brutalmente assassinar Koyomin."
Essa era a sua melhor hipótese?
Isso significa que ela provavelmente tinha algum plano para impedir que isso acontecesse, mas ainda assim é
um pensamento bem assustador para se dizer assim.
"Kaka. Uma relação de mestre-servo pode ser ligada por mais do que sangue. Ou talvez eu devesse dizer...
você, especialista. Se eu puder dizer o que desejo, se possível..."
Shinobu falou.
Ela murmurou bem no meu ouvido.
"Eu gostaria que você me transformasse de volta em uma garotinha."
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Escuridão Ougi
006
Não preciso nem dizer que Hachikuji Mayoi e Yotisugi Ononoki não tem objetivos a falar nessa discussão; é
claro que não teriam.
Hachikuji não tem nada a ver com o grupo, essencialmente é apenas alguém que eu arrastei a força do Inferno,
e Ononoki-chan é uma boneca que eu nem sei se tem vontade própria, imagine um propósito.
No máximo, Hachkuji precisa achar um meio de sair da sua atual situação 'saltou da frigideira para o fogo',
incapaz de retornar ao Inferno e incapaz de permanecer aqui por muito tempo - pega em uma situação difícil.
Bem, estou falando como se fosse problema de outra pessoa, mas novamente, a responsabilidade é em grande
parte minha...
"Certo. Agora que sabemos o posicionamento de todos, é hora de explicar o que realmente vamos fazer de
agora em diante. Eu vou explicar os requerimentos mínimos que precisamos para simultaneamente completar
ambos nossos objetivos, bem como os de Shinobu-san e Hachikuji-san enquanto isso."
Gaen-san disse como se fosse um protocolo de rotina, mas eu não posso imaginar que essas condições
realmente existam - embora ela esteja chamando de requerimentos mínimos, é possível que surjam outras
condições as quais ela não citou...
"Há duas condições mínimas que precisamos alcançar. Uma é a recuperação do deus no templo Kita-Shirahebi
- e a outra é a exterminação de Oshino Ougi."
Exterminação.
Ouvir isso em termos gerais, me deixa um pouco tenso. Tomo cuidado para não deixar essa tensão aparecer
em meu rosto, mas dado o posicionamento em seus braços, Shinobu pode ter percebido graças ao fenômeno
de condução óssea.
Por favor me salve.
Ela pode ter percebido o fato de que Ougi-chan disse isso há não muito tempo atrás.
No entanto, quando diz respeito a Shinobu aqui e agora, o problema está não com a segunda condição, mas
com a primeira.
"Gaen-san. Se você planeja transformar Shinobu em uma deusa -"
"Eu pretendia. É por isso que originalmente eu planejava manter você de fora assim que o trouxesse de volta
a vida - no entanto, a situação mudou depois de você ter trazido Hachikuji-chan do Inferno. Não havia mais
razão para coagir Shinobu-san a se tornar a deusa do templo Kita-Shirahebi. Afinal, uma substituta ainda mais
adequada para deus... não, uma ainda mais adequada para suceder o deus finalmente a pareceu."
"Uma sucessora... para o deus?"
"Hachikuji-chan."
E com isso, Gaen-san apontou para a garota com maria-chiquinhas que não havia contribuído muito para a
conversa até agora. Hachikuji não parecia particularmente surpresa como o gesto.
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Em outras palavras...
Ela já haviam chegado a um acordo.
No entanto, tudo isso é novo para mim, então eu não consigo segurar minha surpresa - Hachikuji, sério?
Você vai colocar Hachikuji... naquele templo?
"Es-espere! Isso é ainda pior! Hachikuji é apenas..."
"Ela é apenas...?"
Ela me propõe a continuar, mas as palavras não saem. Parece tão óbvio para mim que a proposta não é boa,
completamente fora de questão, mas agora que ela me perguntou, eu não tenho ideia do que responder.
Foi tão súbito que meu primeiro instinto foi recusar, mas... não, digo, é verdade que não consigo pensar em
uma razão para me opor, mas eu não acho que não há nenhuma razão para concordar também.
Não é apenas que eu queira preservar o status quo do medo de perder algo - eu acho. Não é apenas porque que
ainda tenho cicatrizes de perder Hachikuji da primeira vez.
Eu duvido que Shinobu seja tão próxima de Hachikuji, mas mesmo assim, a matéria de fato dessa discussão é
sobre quem tem a melhor chance de ser o sucessor dela. Parece que ela não pôde ficar totalmente indiferente
quanto a o assunto, e ela diz, "Talvez ela tenha as qualificações para o trabalho." contribuindo para a conversa
enquanto não deixa sua opinião pessoal a respeito clara. "No momento que ela retornou do Inferno viva, aquela
garotinha indiscutivelmente fez um milagre."
Ela tem razão.
"Voltar dos mortos" é com certeza um tipo de milagre, então se fazer milagre é um dos requerimentos para se
tornar um deu, pode-se dizer que Hachikuji fez isso bem.
Mas se é esse o caso, tanto eu quanto Ononoki-chan preenchemos o requerimento - er, isso é, não acho que
nenhum de nós seja adequado para servir de como deus, mas o mesmo deveria valer para Hachikuji...
"Não é a mesma coisa. É totalmente diferente. Você, Hachikuji-chan e Yotsugi podem ter voltado dos mortos,
mas as condições foram inteiramente diferentes. Vocês dois voltaram com seus corpos intactos, mas
Hachikuji-chan é uma fantasma."
"Então se você tem um corpo físico, não pode ser tornar um deus?"
"Não. Sengoku Nadeko se tornando uma é o bastante para dizer que esse não é o caso. Há algo como um deus
vivo - mas a diferença aqui é que se Hachikuji não se tornar uma deusa agora, ela será engolida pela
Escuridão."
Oh, certo.
Ser perseguida pela Escuridão foi o motivo de Hachikuji ter escolhido seguir em frente pra início de conversa.
Seria uma coisa se ela voltasse no próprio corpo, mas se ela continuasse na Terra como uma fantasma, seria
uma questão de tempo para que voltasse atrás dela.
"Ela tem três opções," disse Gaen-san. "1) Voltar para o Inferno; 2)Deixar que seja engolida pela escuridão;
ou 3) Se tornar uma deusa. É claro, eu faço soar como grande coisa quando digo que ela vai 'se tornar uma
deusa', mas na prática, ela vai apenas trocar de carreira como esquisitice. Esquisitices já são como deuses para
começar. Esse é outro ponto que diferencia a caso dela para o de vocês. Tornando-se a nova deusa do templo
Kita-Shirahebi... Hachikuji Mayoi poderá existir nesse mundo."
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"..."
Quando ela coloca assim, o fato de que eu encontrei Hachikuji aqui no parque Shirohebi - em outras palavras,
no lugar do templo predecessor do Kita-Shirahebi, templo Shirohebi - poderia ser visto como destino.
Embora talvez isso... seja meio forçado.
Ainda assim, é por causa de toda a ginástica mental que tivemos e todas as acrobacias feitas que estamos aqui
hoje - milagrosamente.
"Uma coisa que realmente que realmente chama a minha atenção como especialista é que o ji em 'Hachikuji'
significa 'santuário'. sendo que é em um templo que ela estará vivendo... mas vamos levar isso ao sincretismo
do budismo e xintoísmo. Não faria nenhum bem mudar o nome dela... Além disso, o último nome de
Hachikuji-chan costumava ser Tsunade... não é?
Independentemente do quão ela parece despreocupada, no fim Gaen-san se apega aos mínimos detalhes
quando se trata de trabalho. Olhando de outra forma, se é uma questão que mesmo um total novato como eu
poderia apontar, é de se imaginar que ela já não teria levado em consideração e pensado bem a respeito.
Ainda mais, Gaen-san disse que 'ela irá morar aqui" - morar.
É claro, é bem óbvio que ela usou essa palavra para mudar minha opinião - ainda assim, não posso deixar de
cair nos truques dela.
Seja um templo ou um santuário.
Para Hachikuji Mayoi, que vagou sem rumo por 11 anos - e depois disso, se encontrar no infortúnio de estar
empilhando pedras a beira do rio - eu não posso deixar imaginar como seria achar um lugar para viver, uma
'casa' para retornar.
Gaen-san apresentou três soluções possíveis, mas não temos escolha além dessa.
E mais, não há tempo para procurar por uma terceira opção.
Nesse caso, não tenho nada a ganhar me prolongando nisso - mas...
"Hachikuji, você está bem com isso?" eu não posso deixar de perguntar.
Eu estive focando na conversa com Gaen-san esse tempo todo para evitar perguntar para a própria Hachikuji
- mas não é algo que eu possa evitar para sempre.
"Sim, está tudo bem. 'Uma deusa'. Isso que eu chamo de levantar o espírito."
Independente da minha posição cômica sentado no colo de uma linda loira, eu pretendia ser sério ao perguntar,
mas Hachikuji deu uma resposta tão leve e despreocupada.
Levantar o espírito...?
"'Desculpa. O gato 'mordeus' minha língua', eu deveria dizer."
"Se você continuar dizendo coisas assim, você vai tornar isso algum tipo de piada, pare com isso. Não leve
uma tarefa tão séria como piada."
"Isso vai além de uma promoção de dois ranks póstuma. É um grande salto no escalão."
"Eu não acho que você entende com o que está concordando aqui..."
A resposta dela meio que torna minhas preocupações verdadeiras.
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Pode-se dizer que eu não entendo nada sobre isso, mas pelo menos, eu sei que duas pessoas estiveram nessa
posição e acabaram presas a uma situação difícil e imperdoável.
Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade.
Sengoku Nadeko.
A verdade é que no fundo, eu simplesmente não quero adicionar Hachikuji Mayoi nessa lista - mesmo que
essa seja a única solução.
"Eu entendo perfeitamente bem." respondeu Hachikuji.
Ela parece confiante, ou talvez eu devesse dizer que ela parece já estar orgulhosa com o trabalho.
"Sério...? Você entende o que se tornar uma deusa significa, a importância do papel e do dever que vem junto?"
"Oh, não, eu não faço ideia."
"Não faz?!"
"Mas." ela começou com um sorriso largo.
Eu não poderia imaginar um sorriso mais característico de Hachikuji.
"Eu sei que se concordar com isso, eu serei capaz brincar com você o tempo todo, Araragi-san."
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Escuridão Ougi
007
Eu odeio dar a impressão de que eu parei de argumentar no momento em que ouvi que seria capaz de brincar
com a Hachikuji, mas é verdade que eu fui tão tocado por essas palavras que eu mesmo fiquei
momentaneamente sem palavras.
Gaen-san, que nunca perde uma oportunidade, toma vantagem do meu momento de silêncio e diz, "Então com
isso, nós já cumprimos uma das duas condições. Um vez que Hachikuji-chan engolir o talismã, nós
testemunharemos o nascimento de uma nova deusa no templo Kita-Shirahebi." concluindo a discussão sobre
a primeira condição.
Uh, eu tenho certeza que esse é um momento muito importante para ser tradado tão trivialmente...
"Oh, se bem que no estilo Hachikuji-chan, eu suponho que ela vá 'mordê-lo' ao invés de engolir."
"A expressão correta não é o que me preocupa aqui..."
Eu não quero ser jogado em uma conclusão na qual eu ainda me sinto incerto. Ainda assim, eu sei bem que
seria impossível achar uma solução com a qual esteja completamente satisfeito.
"É claro, se você preferir que Hachikuji seja engolida pela Escuridão, eu deixarei você fazer isso. Minha única
preocupação é com o resultado. Nesse caso você não pode apenas se oferecer no lugar dela."
"Realmente... De qualquer forma, embora eu pretenda seguir sua decisão, pesaria muito na consciência
permitir que uma criança que você gosta tanto seja devorada pela Escuridão, agora que você já a trouxe do
Inferno."
Enquanto diz isso, Shinobu, que já me tinha em seus braços, colocou as pernas ao meu redor também. Ela
agora está sentada com as pernas cruzadas com meu corpo no meio, uma postura bem imprópria para uma
adulta - ou assim deveria ser, mas quando Shinobu está fazendo, parece uma pose bem legal. Não é justo.
Nunca pareci tão estiloso quando eu a carregava.
De qualquer forma, agora que eu fui repreendido por Shinobu, ficou ainda mais difícil argumentar. Em
primeiro lugar, eu perdi totalmente a base do meu argumento. Haviam razões perfeitamente boas para por que
Shinobu e Sengoku 'falharam' como deusas - Gaen-san, a especialista aqui, já tinha me falado sobre isso,
provando que não há falha na explicação dela.
"É isso, Onii-chan o oni. Deixe de ser reclamão. Você pode pensar que é o tal, reclamando sobre cada coisinha
que as pessoas tentam fazer, mas se você não tem nenhuma ideia melhor, deveria continuar calado. Você só
serve para ficar no caminho das pessoas úteis?"
"Sabe, Ononoki-chan, quando sai da sua boca, eu tenho milhares de coisas que eu poderia dizer..."
Ela é tão rude. Me faz lembrar de Tsukihi quando perde a calma.
"Nós conversamos sobre isso em agosto, não é?" Ononoki-chan, que estava sendo segurada por Gaen-san
como eu (já que ela é uma boneca, parece ventriloquismo), ajustou o tom e continuou. "O que você vai fazer
se Hachikuji-san for comida pela Escuridão enquanto você sonha e fica enrolando?"
"Oh... é verdade."
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Não é como se eu tivesse pensado em um argumento só porque Ononoki-chan reclamou comigo, mas depois
de ouvir Gaen-san, shinobu e Ononoki-chan dizerem o mesmo nome uma atrás da outra, eu me lembrei de
algo.
Bem, não, sempre esteve em minha mente. Já que eu estive escondendo o fato de ter encontrado Ougi-chan
fora da minha casa logo antes de vir para cá, eu venho guardando por associação, mas é uma verdade que eu
deveria ter revelado muito antes na conversa.
Eu deveria ter revelado e então ela poderia julgar se é verdade.
Eu deixei a chance escapar... não, Gaen-san deve estar agora indo falar da segunda condição - isso é,
começando a falar de Oshino Ougi - essa pode ser a hora perfeita para falar isso.
"Gaen-san."
"O que foi Koyomin?"
"Um... sobre a Escuridão... Eu acho que há a chance de estarmos gravemente enganados." eu disse num tom
apressado. "Oshino Ougi não é a Escuridão - ou pelo menos acho que não."
"Eu sei."
Ela respondeu imediatamente.
O esforço para segurar minha voz foi em vão.
Eu até mesmo usei itálico para enfatizar. Deus, eu me sinto um idiota.
Esqueça os três strikes, parece que eu joguei uma bola errada e fui expulso. Eles tem algo assim em críquete,
eu imagino?
"Sério?"
Quem fica surpresa - embora pareça uma surpresa bem irreverente - é ninguém menos que Ononoki-chan.
Dito isso, não é como se Ononoki-chan estivesse trabalhando com Gaen-san, então era de se esperar que os
pontos de vista delas fossem diferentes.
"Ela não é? Sem chance. Eu estava prevendo isso o tempo todo porque eu tinha certeza de que esse era o
caso."
"..."
Então deveria ter poupado a si mesma do trabalho. Não preveja deliberadamente as coisas.
Ela tinha uma personalidade tão difícil - ou talvez ela fosse apenas uma pessoa difícil.
Enquanto isso Shinobu não disse nada.
Eu tenho certeza de que ela tem a mesma impressão sobre isso... então o objetivo dela é provavelmente evitar
qualquer coisa que arriscasse me expor.
Hachikuji não conhece Ougi-chan em primeiro lugar - Ougi-chan não se transferiu até que depois que
Hachikuji segui em frente - então ela não tinha o que pensar sobre o assunto, uma expressão impassível no
rosto.
"O que o fez pensar nisso em primeiro lugar? Que Oshino Ougi fosse a Escuridão, digo."
"Uh, digo..."
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"Ah, eu perguntei errado. Não tenha a ideia errada, Koyomin. Eu não quis criticar ou zoar você. De fato, é
natural que você pensasse isso." disse Gaen-san, de fato é apenas natural. Como se essa conversa inteira
estivesse indo de acordo com os cálculos dela.
Ainda assim, se está indo de acordo com os cálculos dela, eu só posso imaginar que ela estivesse do lado
ouvindo toda a minha conversa com Ougi-chan antes disso...
"É apenas natural que eu pensaria isso... O que quer dizer?"
"Eu explicarei depois." respondeu Gaen-san, priorizando o próprio cronograma nesse caso. "O que eu quero
saber agora é de quando exatamente você chegou a essa conclusão. Nosso curso de ação pode mudar de acordo
com sua resposta... dito isso, eu acho que eu tenho um palpite muito bom."
"Não é uma questão de 'quando'. Observando as palavras e ações dela, eu apenas naturalmente pensei, sabe...
Digo, ela saiu por aí procurando por Hachikuji. E então ela se envolveu com Sengoku, e com Tadatsuru..."
E antes de tudo isso...
Na primeira vez que me envolvi com Oshino Ougi.
A primeira vez que a conheci depois dela se transferir, através de tudo que aconteceu envolvendo Oikura
Sodachi... pareceu tão estranha quanto poderia ser.
Não, quando penso em tudo, mais do que vários fatos acumulados, eu apenas cheguei a isso baseado em
intuição. Afinal, aquela aura negra dela...
Não é a perfeita definição da Escuridão?
Um vazio negro que honra as regras.
Um jato de escuridão com reverência pelo equilíbrio.
'Mas se você disser que é apenas natural que eu pensasse isso... significa que Ougi-chan me deu essa impressão
de propósito? E ela estava apenas tentando me enganar..."
Entendi.
Ela é definitivamente o tipo de garota que faria isso.
O tipo de garota que faria isso só porque quer...
"Não, não é isso."
No entanto, Gaen-san sacudiu a cabeça ao ouvir o que eu disse. Mesmo nesse caso.
"Seria mais correto dizer que ela pensou isso a respeito de si mesma no começo - e mesmo agora, nós podemos
ter certeza de que ela impôs um dever similar sobre si mesma. Oshino Ougi não é a Escuridão, mas ela faz a
mesma coisa que a Escuridão faz. Ela carrega o mesmo papel da Escuridão." ela disse.
"O mesmo papel da Escuridão..."
Esse mesmo 'fenômeno natural' que uma vez atingiu a vampira reverenciada como uma falsa deusa, Kiss-Shot
Acerola-Orion Heart-Under-Blade... e também a garota que permaneceu na Terra depois de perder a razão de
sua existência, Hachikuji Mayoi.
A Escuridão.
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Aquela coisa que, dependendo de como você vive, poderia ser chamada de Buraco negro ou Augoeides[1], em
uma palavra, um fenômeno - ou talvez conceito - que destrói esquisitices que saíram de seu caminho.
Quando veio atrás de Hachikuji em agosto, eu estava tão apavorado que eu não tive espaço para pensar muito
nisso - mas depois, quando eu tentei refletir sobre o que aconteceu, eu cheguei a conclusão que não é nem um
inimigo natural das esquisitices, nem algum tipo de agente judicial.
São as regras do universo.
É uma lei como a gravidade, ou a terceira lei de Newton, ou a seleção natural ou sobrevivência do mais apto,
ou mesmo matemática - é meramente algo a ser seguido e não desafiado, não como se 'algo' estivesse dentro
daquela massa suspensa no ar.
Sim.
Era nisso que eu acreditava - até encontrar Oshino Ougi.
Até eu encontrá-la, existindo em carne e osso.
... Mas parece que foi mais um dos meu mal-entendidos e uma conclusão apressada minha, no fim, eu estava
completamente enganado, pego num impasse como se eu estivesse indo para trás apenas para voltar a olhar
para frente.
"Oh, vamos, não precisa se entristecer. Eu já disse, não é? Oshino Ougi carrega o mesmo papel da Escuridão,
então honestamente, não está tão longe de ser considerada a mesma coisa que a Escuridão. Para garantir,
deixe-me esclarecer algo." disse Gaen-san enquanto olhava para Hachikuji. "A Escuridão que estamos
preocupados descerá nessa cidade mais uma vez se deixarmos Hachikuji em seu estado atual, sem nenhum
engano, será a verdadeira. O mesmo quando a Escuridão atacou Heart-Under-Blade, e o mesmo quando veio
pegar Hachikuji em agosto - o artigo genuíno.
"Por outro lado, a única capaz de vir atrás de Hachikuji mesmo depois de a colocarmos no templo Kita-
Shirahebi, mesmo depois de santificá-la... é a que carrega o mesmo papel da Escuridão, Oshino Ougi."
Enquanto Gaen-saan diz isso, ela tira seus olhos de Hachikuji e foca seu olhar em mim, mas independente do
olhar dela, o que ela disse e a virada de eventos depois disso tornou difícil eu reagir na hora.
O melhor que posso fazer é repetir o que ela disse.
"Mesmo depois de santificá-la... ainda virá atrás dela?"
Huh.
Depois de dizer isso de volta, eu finalmente entendi o que ela quis dizer - eu não posso deixar de levantar uma
sobrancelha. Mesmo se não for o objetivo final de Gaen-san, nós devemos santificar Hachikuji para que ela
posso evitar a Escuridão. Se ela for atacada tornando-se deusa ou não, acaba com o propósito dela ser tornar
uma.
De que adianta?
Ela não vai poder brincar comigo assim.
"É por isso que eu disse que há dois requerimentos. Apenas tornar Hachikuji-chan em uma deusa não será o
bastante. Faríamos metade do trabalho, e deixaríamos o resto. Se nós não exterminarmos Oshino Ougi, não
vamos chegar a lugar nenhum."
"Você continua dizendo 'exterminar'..."
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Escuridão Ougi
008
Como alguém que passou tanto tempo com Hachikuji no quesito 'nomes', digo.
Ainda assim, dado tudo que ela sabe sobre Ougi-chan foi mencionado nessa conversa, a habilidade dela de
acerto não é melhor que a de um guerreiro novato.
"Se eu fosse adivinhar, essa Oshino-san foi apresentada a você pela Kanbaru-san, correto? Ela foi apresentada
a você como uma fã de Kanbaru-san, a antiga estrela do time de basquete, correto?"
"Sim... Isso é basicamente o que aconteceu."
"Uma fã. E 'Ougi' significa fã.
É tão estúpido que eu acho que posso desmaiar.
De fato, é um nome falso ultrajante - parecido com os nomes de usuário como 'Aaaa' ou 'Bbbb' ou até mesmo
'1234', sem criatividade, um pseudônimo que qualquer um pode dizer que é mentira no momento que escuta.
Que ultrajante e corajoso foi isso...
"Esp.. Espera, mas e o último nome dela? É Oshino... Ah, entendo, quer dizer que ela ser sobrinha de Oshino
era uma mentira também, não era...?
"A questão do último nome dela é mais complicada. Ou talvez eu devesse dizer que não tem muito a ver...
Mas, ela ser sobrinha do Oshino foi definitivamente uma mentira. Até onde sei como veterana dele, ele não
tem sobrinha - supostamente. É claro, Meme não é um objeto inanimado, então biologicamente falando, ele
deve ter parentes consanguíneos, mas até onde sei, ele nunca teve uma família." disse Gaen-san.
"Então... Ela estava tentando ganhar nossa confiança usando o nome de Oshino? Mas por que - o que ela
esperava conseguir aparecendo e forjando sua linhagem, a credibilidade dela?"
Esquisitices.
Devem ter motivos para o que fazem.
Diferentes da Escuridão, não são incondicionais.
Nesse caso, qual a necessidade da esquisitice chamada Oshino Ougi aparecer diante de nós - para colocar
nossas vidas em desordem?
"Se Oshino Ougi não é realmente Oshino Ougi... então o que ela é? Qual.. sua verdadeira identidade?"
Eu me tornei uma desgraça como homem, perguntando cada coisinha explicada a mim, mas não importa o
que Gaen-san diga, é difícil para mim aceitar que Ougi-chan é uma esquisitice assim de primeira.
Eu preciso que ela me faça entender.
"A 'verdadeira identidade' dela, como as coisas estão, é que ela é não-identificável. Graças a isso, o meio mais
simples de exterminá-la é bem evidente... Meu plano original era usar a espada demoníaca 'Kokorowatari' para
matá-la. Mas esse era dificilmente o método mais apropriado - de fato, seria algo como uma medida de
emergência, quase uma falta. Sério, uma espada que pode cortar qualquer tipo de esquisitice é quase trapaça
nas mãos de um especialista. Não é surpresa que ele se tornou o primeiro servo de Kiss-Shot Acerola-Orion
Heart-Under-Blade... É claro, é por causa de quem ele era que ele encontrou um fim tão distorcido. Eu não
posso negar a ironia nisso."
"... Você ia usar a Assassina de Esquisitices na Ougi-chan?"
"Hey, não me encare assim. De que lado você está?"
193 de 254
Ela disse com se estivesse brincando, sem nenhuma implicação em particular nas suas palavras, mas o jeito
como ela disse essas palavras me fez lembrar. Como se ela tivesse espetado uma agulha em toda minha tensão
acumulada.
Apesar de ser perguntada de que lado estava, eu não posso definitivamente dizer que estou com Gaen-san -
mesmo se eu não tivesse tido aquela conversa com Ougi-chan à noite.
"Você usa a Assassina de Esquisitices em uma esquisitice. Normalmente, não há contradição nisso - é o que
especialistas fazem."
"... E foi por isso que você fez a espada demoníaca 'Kokorowatari'?"
Quando ela me cortou em pedaços no templo Kita-Shirahebi, eu me perguntei como ela a tinha - mas agora
como as coisas estão, o processo de fabricação é evidente.
Ela fez reforjando a armadura vestida pelo primeiro servo - Seishirou Shishiuri - que misteriosamente
desapareceu em agosto.
... Eu não sei como consegui deduzir isso, mas eu tenho certeza - no entanto, isso significa que Gaen-san
estava planejando cortar Ougi-chan do momento em que ela pegou a armadura?
Impossível.
Seja ela uma esquisitice ou uma estudante transferida, Ougi-chan só apareceu diante de nós em outubro -
portanto, não havia motivo para Gaen-san forjar a Assassina de esquisitices em agosto.
Nesse ponto, Ougi-chan ainda não havia feito nada que exigisse sua exterminação...
"Ou talvez, considerando que você 'sabe tudo' você já tinha toda essa discussão anotada em seu caderno para
hoje, 14 de março, desde de agosto?"
"É claro que não. Eu não uso um calendário escolar nessa idade."
Ela interpretou mal minha pergunta.
Eu não estava perguntando se o caderno de planos dela começa do ano de janeiro ou abril.
"Quando eu digo que sei de tudo, eu não quero dizer que tenho poderes de precognição. Embora me doa não
alcançar as expectativas de um amigo, eu não sou tão transcendental a ponto de prever todos esses eventos
desde agosto. É um erro comum, mas eu sou onisciente, não onipotente."
"... Mas nesse caso.."
"Eu não planejava cortar Oshino Ougi - no entanto, eu antecipei que Oshino Ougi faria uma aparição. Eu
descobri que havia uma chance disso acontecer - então eu recuperei a armadura e capacete do Primeiro. É
claro, eu estava apenas me preparando para o pior dos casos."
"Hah. Como um bandido na cena do crime. Não me surpreende que não foi o bastante para me encher."
Shinobu observou mal-humorada.
Está começando a me incomodar quando ela fala comigo no meu ouvido assim. A forma como eu posso sentir
o calor do hálito dela é incrivelmente frustrante.
"Oh, não seja assim, Shinobu-san. Eu já não te devolvi?" disse Gaen-san. Julgando por essa observação, eu
posso assumir que a espada demoníaca 'kokorowatari' que Shinobu usou durante a partida de críquete não era
a que Shinobu possuía, mas a réplica que Gaen-san fez.
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Ela engoliu antes de me colocar em seu colo mais cedo, então isso quer dizer que ela está carregando duas
espadas demoníacas dentro dela agora - ou se você incluir 'Yumewatari', que provavelmente foi dada a ela
como parte do conjunto, são na verdade três espadas?
"Eu realmente não preciso mais delas. Agora que você concordou em me ajudar, Koyomin, eu não tenho que
utilizar tais medidas extremas. Eu posso exterminar Oshino Ougi através de meios perfeitamente respeitáveis
como uma exorcista de esquisitices, usando um método incrivelmente comum."
"...O que você quis dizer quando falou que havia antecipado a aparição de Ougi-chan?"
Mais do que saber sobre os meios respeitáveis ou método comum de que ela fala, eu estou curioso sobre isso
que ela disse. Se ela já sabia de Ougi-chan na época, não significa que ela estava realmente planejando cortar
Ougi-chan desde o começo?
"Oh, não, foi mais um palpite. Veja bem, uma vez eu encontrei uma esquisitice exatamente parecida... bem,
talvez seja exagero, mas uma bem similar a Oshino Ougi."
Oh, então foi isso.
Ela tem a experiência que você espera da líder dos especialistas - pode me atingir como um raio, mas é apenas
mais um caso para Gaen-san.
Ou assim pensei, mas parece que eu estava errado.
"Eu encontrei quando estava no fundamental - então, embora pareça estranho, esse caso é quase um pouco
nostálgico para mim."
"Fundamental...?"
Estou tendo dificuldade em imaginar os dias de loli de Gaen-san - mas eu duvido que ela fosse a chefona
durante essa época. Ela não podia ter sido a Gaen-san que 'sabe de tudo' toda sua vida.
"Sim. Tecnicamente, quem encontrou não fui eu, mas minha irmã mais velha - Gaen Tooe. A mãe de Kanbaru
Suruga, que você conhece tão bem.
"Como sua irmã mais nova, eu assisti a experiência da minha irmã de perto. Na verdade, esse pode ter sido
meu primeiro encontro com o sobrenatural." refletiu Gaen-san, como se ela realmente achasse nostálgico.
"Minha irmã... encontrou uma esquisitice desconhecida... Incidentalmente, Koyomin, o quanto você sabe de
minha irmã?"
"Um, não muito... Basicamente que ela deu a 'Pata de Macaco' para Kanbaru..."
Eu realmente não converso sobre coisas sérias com Kanbaru... Nós dois estamos sempre zoando. Tudo que
sei é que ela se juntou com o único filho da família Suruga, e teve Kanbaru, e depois morreu em um acidente
de carro - eu acho?
Eu ouvi vagamente sobre os fatos, mas se alguém me perguntasse que tipo de pessoa ela era, eu não saberia
responder.
Eu imagino se a personalidade dela lembrava a de Kanbaru. Não que eu quisesse acreditar que havia outra
mulher como Kanbaru...
"Se você não pode se tornar o remédio, torne-se veneno. Caso contrário você é apenas água." disse Gaen-san,
imitando a voz de alguém. "Ela era o tipo de pessoa que diria algo assim para sua irmã mais nova. Para ser
honesta com você, eu tinha dificuldades em lidar com ela."
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E não consigo determinar se ela estava sendo sarcásticas ou séria, mas não faz sentido discutir algo feito e
enterrado. Eu gostaria de saber por que é 'graças a mim' que nós não temos que usar o velho plano, mas já que
eu falhei em entender antes, eu provavelmente deveria perguntar qual o novo plano antes de qualquer coisa.
Se eu devo cuidar do plano por conta própria, é exatamente por isso que eu tenho que descobrir - tem coisas
que eu posso fazer e coisas que não posso, afinal.
De fato, há menos coisas que eu posso fazer, e se, por exemplo, me pedirem para fazer algo tão difícil como
cortar Ougi-chan em duas com uma espada samurai, apesar do quão longe Gaen-san pretende ir por Shinobu
e Hachikuji em troca, eu recusaria.
"Eu não vou pedir para você fazer nada difícil. De fato, será bem simples. Qualquer um poderia fazer - mas
simplesmente não teria efeito a menos que você fizesse."
"... Você realmente está fazendo um show disso. Para quem está tentando dizer que é simples, você está prestes
a forçar uma tarefa impossível para mim, não é?"
"Dificilmente. Eu estou apenas tentando fazer com que você faça a mesma coisa que minha irmã fez dez anos
atrás."
"Novamente, você faz parecer simples, mas você não acabou de dizer que sua irmã era uma pessoa
extraordinária? Dura consigo mesma e com os outros, quase como um demônio - eu não acho que sou capaz
de fazer o mesmo que uma pessoa tão formidável fez."
"Oh, não, não, não. De certa forma, eu tenho certeza de que vai ser mais fácil para você do que foi para minha
irmã - afinal, você é o garoto que jogou a própria vida fora para salvar uma vampira a beira da morte."
"...?"
Eu realmente não entendi a conexão.
Por que ela traria o momntento em que resgatei Shinobu durante a primavera agora? Não me diga que ela quer
que eu me arrependa das minha ações, dessa vez salvando a esquisitice que é Ougi-chan? Isso é quase como...
Por favor me salve.
É quase como se ela estivesse fazendo o mesmo pedido.
No entanto, não há como Gaen-san dizer isso - ela não tem sentimentalismo. Eu não serei engado por essa
fachada despreocupada. Eu sei a política dela como especialista.
E é procurar a melhor solução, a um nível imperdoável.
Quando Sengoku Nadeko foi santificada no templo Kita-Shirahebi ela preparou algumas contra-medidas, mas
meramente porque Sengoku não era adequada para se tornar uma deusa.
"Finalmente, a verdadeira qualidade de Oshino Ougi... recai inteiramente sobre o fato de que ela é
desconhecida."
Então Gaen-san disse.
Ela disse o que eu preciso fazer.
"Portanto, se você expor a verdadeira identidade dela, ela vai ser desfazer."
"Se desfazer...?
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"Ou você poderia dizer que ela será aniquilada, eu suponho. O que importa aqui é que ela é uma impostora
que esteve mentindo sobre sua forma verdadeira. Por mais chocante que seja, ela é uma grande mentirosa.
Quanto ao que vai acontecer se ela for exposta...bem, Shinobu-san e Hachikuji-chan podem falar a respeito."
Eu sei.
Eu mesmo posso dizer.
"A Escuridão..."
"... A Escuridão..."
"... A Escuridão."
Nós três dissemos juntos.
"Certo. Esquisitices que se enganam serão engolidas pela Escuridão - e ela em particular se mascarou como a
própria escuridão. Eu tenho certeza que a punição pela transgressão dela será mais severa. Considere a sua
recompensa. Tudo que ela fez nos últimos seis meses - todo o caos que ela provocou ao seu redor voltará para
ela."
Gaen-san sorri.
É uma expressão desonesta incomum da bem-humorada jovem moça - mas ainda assim, enquanto ela chamava
de 'recompensa', talvez seria mais apropriado considerar ato final cômico.
Parece como o final de um conto de fadas.
A verdadeira identidade dela é revelada.
E isso coloca um fim a sua existência. É claro, para Oshino Ougi, que tornou o mistério seu modus operandi,
é uma fraqueza inevitável.
"Bem, é basicamente isso para todas as esquisitices - é por isso que eu chamei Oshino Ougi de 'seu simples
monstro'. Dado como a primeira esquisitice que você encontrou ter sido uma rara vampira,Kiss-Shot Acerola-
Orion Heart-Under-Blade, e então tendo experienciado um grande número de batalhas de vida ou morte depois
disso, sem mencionar que você fez amizade com a onmyoji de força sem precedentes, Yozuru Kagenui, você
provavelmente tem a perigosa ideia de que o melhor meio de lidar com esquisitices é através do combate - no
entanto, a palavra japonesa para 'monstro' literalmente significa 'aquele que se disfarça', e é tudo o que eles
são. Eles são como uma raposa ou um tanuki. Se você revelar sua verdadeira natureza, eles deixarão de existir.
Isso é tudo."
"..."
"Uma vez que você explica um fenômeno sobrenatural com ciência, se torna mera superstição, não é? É a
mesma coisa. Pode parecer antiquado para um garoto moderno como você, mas na verdade, nosso trabalho
como especialistas geralmente envolve recolher lendas urbanas que nós investigamos e constantemente
desfazê-las tornando-as inofensivas. Há algumas coisas nesse mundo que não podem ser explicadas pela
ciência - não é nisso que acreditamos. Ou melhor, constantemente diminuímos o número de coisas que a
ciência não pode explicar, é nosso negócio. Criar explicações para o inexplicável e simplificarmos para que
qualquer um possa entender é como colocamos comida na mesa. Nesse sentido, nosso campo de trabalho é
fadado a morrer eventualmente. Como um polvo comendo seu próprio tentáculo." disse Gaen-san, com um
pouco de auto-depreciação - me lembrei de Oshino falando que tentar resolver tudo lutando é uma maneira
violenta de fazer as coisas.
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Você tem um jeito muito violento de pensar, Araragi-kun. Alguma coisa boa aconteceu?
Foi isso que ele disse para mim.
Agora eu entendo.
Se formos pela lógica de Gaen-san, eu não estarei enfrentando Ougi-chan em um combate um-a-um - vai ser
um exorcismo unilateral.
Vai deixar um sabor amargo.
Eu estou certo de que, essa parte não vai mudar muito se comparado a cortá-la no meio com uma espada
samurai - mas parece que essa é a melhor solução aqui, e o melhor plano para resolver os problemas da cidade.
"A sua irmã exorcizou uma esquisitice como Ougi-chan - não a Escuridão, mas uma pseudo-Escuridão - da
mesma forma?"
"Sim, é isso. Minha irmã não era uma especialista, nem muito mais velha que você na época, mas ela fez sua
própria pesquisa e superou a crise por conta própria. Ela é realmente... uma pessoa forte. Ela era uma pessoa
forte." ela disse, se corrigindo no tempo passado. "Eu acho que isso mostra que até mesmo a pessoa mais forte
não pode fazer nada diante de uma acidente de carro. Oh, mas talvez esse seja uma assunto tocante para
Hachikuji-chan?"
"Uhh... huh. Veículos são meios de viagem bem convenientes, no entanto. Sem eles, as pessoas não seriam
capazes se funcionar na sociedade moderna."
Hachokuji Mayoi, a garota que atravessou a rua num sinal verde e foi atingida por um carro 11 anos trás,
respondeu se fazendo de boba.
Isso foi exagero... Pelo menos esteja um pouco traumatizada com o que aconteceu.
"Koyomin. Você pode ter usado o temo pseudo-Escuridão por acaso, mas está correto. Resume perfeitamente
a ideia. No entanto, eu preciso apontar que está cometendo um erro se a palavra 'pseudo' te a impressão de que
ela é uma versão mais fraca. De fato, precisamente porque ela é apenas uma impostora, é que ela é mais
problemática do que a original. Como meu calouro Kaiki Deishuu diria, em sua tentativa deliberada de ser
real, a imitação é mais real que a coisa verdadeira."
"... Uma vez que colocarmos Hachikuji no templo Kita-Shirahebi, a Escuridão verdadeira não virá atrás dela,
mas a pseudo-Escuridão pode... é o que quer dizer?"
"Correto. Do meu ponto de vista, a pseudo-Escuridão é mais perigosa que a verdadeira. Ela não vai permitir
uma solução tão oportunista - ela vai determinar que uma resposta que deixe a todos felizes é apenas uma
trapaça."
"..."
"Então de qualquer forma, eu gostaria de colocar um fim nas coisas hoje à noite. Para completar meu trabalho
e seus desejos, o segundo requerimento é a exterminação de Oshino Ougi. Se nós não completarmos a segunda
condição, a primeira não será válida - é isso que quero dizer."
Por favor me salve.
Você vai ficar do meu lado?
Por favor me salve.
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Goste ou não, eu me encontro ruminando nas palavras de Ougi-chan - eu ainda não sei o que ela esperava
conseguir dizendo isso.
Aqueles eram seus verdadeiros sentimentos?
Ou eram parte do papel dela como pseudo-Escuridão 'não-identificável'? De qualquer forma, seja lá qual dos
dois for, ou mesmo se o alvo dela for algo totalmente diferente, não parece que eu serei capaz de atender a
esse pedido.
Talvez eu tenha deixado Gaen-san me convencer. Talvez eu tenha caído pela astúcia de um adulto.
Ainda assim, deixar Hachikuji ser devorada pela Escuridão...
Permitir que outra tragédia aconteça às pessoas próximas a mim...
Abandoná-las... não é algo que possa fazer.
Muitas coisas aconteceram nos últimos seis meses.
Certo ou errado.
Goste ou não.
Eu preciso exterminar Oshino Ougi.
Não importa que tipo de sorriso ela tenha no rosto.
Eu olhei para Shinobu sobre meu ombro. Ela está me observando com olhos dourados.
Eu uma vez neguei o pedido de Heart-Under-Blade.
Salve-me
Ela me implorou - e foi assim que eu respondi.
Não vou salvar você.
Certo. Eu não ouvi.
Agora é hora de dar a Ougi-chan a mesma resposta.
"Certo. Eu não salvarei Oshino Ougi - então."
Fortalecendo minha resolução, eu pergunto.
"Então por favor me diga, Gaen-san. Diga a verdadeira forma da misteriosa estudante transferida, Oshino
Ougi."
"A forma verdadeira dela é..."
Ela me deu uma resposta imediata - e parecia, até o amargo fim...
Que Gaen-san sabia de tudo.
E no fim, eu não sabia de nada.
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Escuridão Ougi
009
"Estou saindo!"
Declarou Araragi Tsukihi enquanto saía cedo à tarde, embora talvez 'cedo' não esteja correto, já que ela foi a
última pessoa a sair da casa. Ambos seus pais foram trabalhar; seu irmão, que havia acabado de terminar os
exames, estava em seu último encontro como colegial; e sua irmã, prestes a se tronar uma colegial, saiu logo
depois do café da manhã, indo para seu desafio kumite de 100 homens, animada. Da forma que Araragi Tsukihi
via, os dois fugiram enquanto ela não estava olhando, mas sendo despreocupada como é, ela não tem
observado particularmente o que seus irmão estavam fazendo para início de conversa.
Além disso, entre os três irmãos, aquela cujas ações são mais misteriosas e que apresentam maior motivo de
preocupação é ninguém menos que a mais nova em questão - elá é conhecida por ser perigosamente
imprevisível e cuidar dos seus negócios.
Hoje não foi diferente, embora ela dissesse para a família que 'visitaria uma amiga em recuperação' como
parte de seu esquema de férias de primavera recém-iniciadas, não era bem isso.
Ela mentiu.
Ela enganou a família sem nenhum pouco de culpa.
Não obstante, o que ela disse não entrava em conflito com seu senso amplo de verdade, já que ela de fato
pretendia ir para a casa de Sengoku, como ela informou. Ela visitou a casa de sua amiga do fundamental,
Sengoku Nadeko.
Elas seguiram caminhos diferentes e perderam contato com o tempo, mas elas eram tão próximas que se
chamavam por apelidos. Elas recentemente voltaram a entrar em contato através do irmão mais velho de
Araragi Tsukihi, elas reataram sua amizade desde então.
Preocupada com sua amiga, que desde o fim do ano passado, foi abduzida por vários meses, ela a esteve
checando regularmente desde sua alta do hospital - ou assim deveria ser (é claro, Araragi Tsukihi não sabe
que sua amiga na verdade não foi abduzida, mas se tornou uma deusa), mas na verdade, Sengoku Nadeko se
recuperou há muito tempo, pelo menos ao ponto que não precisaria mais vê-la três vezes por semana.
Embora seja verdade que ela estava indo encontrar Sengoku Nadeko, ela não fazia isso para cuidar de sua
saúde. Araragi Tsukihi esteve visitando Sengoku Nadeko para ajudá-la com um projeto, e hoje no White Day
não era diferente.
Que tipo de projeto, você pergunta?
"Obrigada, Tsukihi-chan. Eu devo alcançar o prazo, obrigada por sua ajuda."
Ao ouvir isso de Sengoku Nadeko no seu quarto no segundo andar, Araragi Tsukihi respondeu, "Aww, não
foi nada."
Ela estava sentada numa escrivaninha, pintando um manuscrito de mangá. Dependendo do seu humor, a volátil
Araragi Tsukihi pode se irritar se interrompida no meio de algo, mas nesse caso, ela manteve o bom
comportamento.
Não tem nada a ver com as palavras de agradecimento a deixarem bem-humorada, mas sim com seu deleite
em ver como sua amiga mudou. Há não muito tempo, Sengoku Nadeko teria dito algo como 'desculpa' ao
invés 'obrigado' nesse caso.
Ela sempre achou essa atitude irritante.
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Se não fossem amigas, ela provavelmente já a teria socado por isso, e ela se sentia ainda mais tentada a socá-
la justamente porque eram amigas - mas sua amiga de infância parece ter mudado desde que voltou de seu
desaparecimento misterioso.
O que poderia ter acontecido?
Taukihi Araragi não estava preocupada com isso.
Ela não se importava com tais coisas.
Ao invés disso, ela meramente focava no trabalho que ela tinha na frente dela - ajudando Sengoku Nadeko a
terminar seu manuscrito a tempo para a competição de novatos, em outras palavras, agindo como sua
assistente.
Durante uma de suas visitas depois da alta do hospital, Sengoku Nadeko confessou a Araragi Tsukihi que
desenhar mangás era um hobby dela.
Tsukihi Araragi ficou com raiva por ela ter mantido isso em segredo por tanto tempo - furiosa, na verdade -
mas quando Sengoku Nadeko pediu por sua ajuda para comprar materiais de desenho, e também para trabalhar
com ela, Araragi Tsukihi não pôde continuar brava.
E então elas chegaram até o presente.
Sengoku Nadeko nunca havia imaginado que a renomada estrategista das irmãs de fogo - e assim,
provavelmente ocupada Araragi Tsukihi - continuaria a ajudar em seu mangá por tanto tempo, e nesse caso,
fez com que ela se sentisse meio mandona.
No entanto, se olharmos do ponto de vista de Araragi Tsukihi, era refrescante e intrigante ver Sengoku Nadeko,
que costumava não formar mais do que relacionamentos impassíveis e superficiais com os outros, tomar a
iniciativa de começar um esforço criativo.
Ela estava feliz em seu papel de assistente.
É claro, dado que Sengoku Nadeko ainda não havia se recuperado o bastante para voltar à escola. Araragi
Tsukihi não estava completamente sem preocupação e desejo de visitá-la (e naturalmente, como a líder da
facção de todas as colegiais calouras da área, ela estava completamente a par dos problemas que Sengoku
Nadeko causou em sua escola); no entanto, olhando para o conteúdo do que ela estava desenhando, pareceu
uma preocupação desnecessária.
Sem dúvida ela fez uma limpa de todas as coisas prejudicando ela.
Assim pareceu para Araragi Tsukihi.
Uma indicação era o corte de cabelo atual de Sengoku Nadeko. Anteriormente - ou melhor, desde que ela era
uma estudante do fundamental - ela escondia o rosto atrás de uma longa franja, mas agora - ela que ficava
tímida ou estranha ou até mesmo ansiosa perto de estranhos, e tinha bastante medo de meninos - deixou seu
cabelo curto.
Ela foi ao cabeleireiro assim que recebeu alta do hospital. Se antigo eu não teria nem pisado em um salão.
Então é claro, quando Sengoku Nadeko - que sempre, exceto um vez, cortou seus cabelo com os pais -
subitamente pediu para ser apresentada a um bom estilista de cabelos, Araragi Tsukihi ficou confusa.
Vendo como ela havia ganho crédito para dar referências, ela não tinha como negar, mas quando ela ouviu
(do assento ao lado dela) que ela queria cortar todo cabelo, ela teve que questionar a sanidade da amiga. Dito
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isso, graças a beleza natural de Sengoku Nadeko, embora fosse uma mudança total de imagem, não ficou
estranho.
Pelo menos, parecia muito mais bonito que da vez em que Araragi Tsukihi cortou a força a franja dela (essa
foi a exceção), mas evidentemente, mais do que um visual bonito, ela mudou seu estilo por uma razão
extremamente pragmática já que cabelos longo ficariam no caminho enquanto ela desenhava.
O fato de que ela estava vestindo uma roupa que não importaria se ficasse suja de tinta, sua camisa escolar,
deu credibilidade a isso, mas Araragi Tsukihi, que era muito particular sobre como deixava seu cabelo,
assumiu que o corte foi pelo menos parcialmente motivado por uma decepção amorosa.
Ela assumiu isso, porém não disse nada a respeito.
Embora Araragi Tsukihi se submetesse a doutrina de falar tudo que vem a sua mente, ela não era inteiramente
insensível.
"Sabe, eu realmente não entendo mangás ou seja ou que for."
Essa observação, no entanto, foi insensível.
"Mas Nadeko-chan, quanta confiança você tem nisso? Você não vai receber um prêmio em dinheiro e coisas
se ganhar?"
"Hmm... Não tenho certeza." respondeu Sengoku Nadeko, olhando sobre o ombro com um sorriso
problemático. Há não muito tempo aquela expressão estaria escondida por detrás da franja. "Eu decidi parar
de me preocupar com coisas assim."
"Ah é?"
"Alguém me disse que eu posso ter talento - mas nem sempre é o bastante para funcionar, mesmo para as
pessoas realmente talentosas."
"Se você não acredita na própria habilidade, você nunca vai ser realmente boa. Quando você não puder mais
se esforçar, você não terá quem suporte você. Pessoas que se apegam puramente ao trabalho duro ficam
desiludidas quando não podem mais trabalhar duro." Comentou Araragi Tsukihi, narrando seus pensamentos
sem se segurar.
No passado, Senogku Nadeko provavelmente teria fugido da conversa bem aqui, mas ela respondeu, "É menos
a respeito de acreditar, e mais a respeito de fazer dar certo." respondeu diligentemente. "É como você disse
uma vez: tentar se tornar uma mangaka é como comprar um bilhete de loteria."
"O que, eu disse isso? ...Bem, sem problemas com isso, certo? Se ninguém comprar um bilhete de loteria, não
vai haver nenhum prêmio para o vencedor."
Quem sabe se essa resposta deu qualquer segurança - parece mais que não - mas Sengoku Nadeko sorriu para
Araragi Tsukihi mesmo assim.
"Eu só estou fazendo o que quero fazer. Eu não me importo com o quão idiota ou embaraçoso seja. Não é
assim com você. Tsukihi-chan?"
Ao ouvir essa pergunta, foi a vez de Araragi Tsukihi perder as palavras. Talvez inesperadamente, ela não
achasse que 'estava fazendo o que queria fazer' tanto quanto as pessoas ao seu redor pensassem.
E então, ela colocou esses sentimentos em palavras.
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"Eu realmente não tenho grandes objetivos nem coisas que eu queira fazer. Então talvez seja por isso que eu
amo dar suporte aos outros como eles quiserem, como estou fazendo agora? Mesmo as irmãs de fogo
começaram mais como um grupo de ajuda do que de heróis.
"Sério..?
Sengoku Nadeko deu um olhar curioso. Descobrindo um lado de sua amiga que ela jamais tinha visto, ela
parou de mover a caneta sem sua mão.
"Honestamente, eu não consigo pensar em ninguém com uma perspetiva de vida mais clara que a sua."
"Hahaha. Estou lisonjeada em ouvir isso. É uma honra muito grande para se dar à pequena Tsukihi! Você
pode me chamar de Sukihi-chan - espere, não me diminua!"
Apesar de ter respondido com humor, ela estava se lembrando se como a amiga costumava se referir a si
mesma na terceira pessoa. E ela lembrava disso vagamente há um tempo atrás, quando ela trocou para
'watashi'? "Ainda assim, eu tendo a ser uma pouco mais niilista, não sei, talvez destrutiva. Eu sempre sou
arrastada pelas pessoas que realmente querem fazer algo. sabe?"
"Você está falando sobre Karen-san e... Koyomi-san?"
A pronúncia dela de 'Koyomi-san' pareceu estranha.
Estranha, e um pouco forçada.
No entanto, ela evitou dizer isso. Ela julgou que ainda era um tópico muito complicado para mexer no
momento.
"Sim, basicamente. E mais, a razão para eu estar ajudando você com seu trabalho e porque eu fui arrastada
pela sua determinação."
"Trabalho..."
Sengoku Nadeko corou.
É claro, não sendo ela uma máquina, apesar da mudança que teve, parece que ela ainda não tinha se livrado
completamente da sua natureza tímida.
"Não é meu trabalho. Não mesmo. Ainda não."
"Cara, o que alguém como eu vai fazer no futuro?"
Dependendo da entonação, poderia ter sido uma pergunta bem triste, mas com a personalidade dela, Araragi
Tsukihi disse bem francamente.
"Eu poderia fazer quase qualquer coisa, mas na verdade eu estou menos motivada a fazer coisas em que eu sei
que seria boa. São apenas coisas chatas que vem naturalmente. Isso não é bom, obviamente, é por isso que eu
sempre deixo as outras pessoas decidirem o que eu vou fazer..."
"Não é como se você não quisesse fazer nada, não é?" perguntou Sengoku Nadeko, como se estivesse fazendo
um paralelo com seu antigo eu - e novamente, no passado, ela nunca se importaria de fazer uma pergunta tão
pessoal.
"Certo. Eu quero fazer algo. Eu quero ser ativa. Eu quero me jogar nas coisas. Então se eu vir qualquer coisa
que me interesse um pouco, eu vou dar uma chance. Mas não importa o que eu faça, eu logo perco o interesse
- eu fico entediada. Eu não tenho ideia de que tipo de pessoa eu sou. Eu não sei... As coisas estão bem agora
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que eu estou explodindo com juventude e energia, mas quando eu me tornar adulta, há uma boa chance que
eu termine com algum perdedor que sempre balbucia sobre algum sonho estúpido."
"Esse é um pensamento assustadoramente realista..."
"Eu preciso começar a pensar sobre meus planos para o futuro agora para me certificar que isso não aconteça...
Além disso, Karen-chan está prestes a se tornar uma colegial, e Onii-chan está prestes a se tornar um
universitário. Essa vai ser a primeira vez desde a sexta série que eu vou ter que lidar em ser deixada para trás,
então é a hora perfeita para decidir o que eu quero fazer e o que eu quero me tornar. Assim como você, Nadeko-
chan." ela disse.
Apenas ouvir aquilo de Tsukihi-chan faz todo o meu trabalho valer a pena, pensou Sengoku Nadeko, e com
um largo sorriso em seu rosto, ela voltou para seus rascunhos.
"Sabe, mesmo se as pessoas não puderem se tornar felizes, coisas boas ainda vão acontecer - desde que elas
continuem vivendo."
"Huh. É, eu acho."
Ela estava tentando me consolar? Ela se perguntou.
As duas continuaram conversando enquanto trabalhavam nas páginas, eventualmente partilharam o jantar, e
assim que escureceu completamente, decidiram uma data para a próxima sessão (ela prometeu continuar
ajudando até que o manuscrito estivesse terminado), e então, finalmente, Araragi Tsukihi deixou a casa de
Sengoku.
"Nossa, não é a irmãzinha do Araragi-senpai?"
Assim que ela deixou a a casa de Sengoku - como se estivesse tomando vantagem do momento de indecisão,
quando ela estava decidindo ir direto para casa ou fazer uma parada no caminho - ela ouviu uma voz. Uma
voz que parecia misturada à escuridão,uma voz que parecia assombrar as profundezas do seu coração.
A voz de alguém.
Quando ela olhou, ela viu uma colegial que vestia o uniforme da escola de seu irmão e levava uma bicicleta.
Seus olhos negros apareceram com um brilho distante, o bastante para dar a ilusão momentânea de que todos
os postes da rua haviam apagado de uma vez.
Ela tinha o mais questionável dos sorrisos.
Embora muito jovem para ser chamada de encantadora, sua aparência poderia dificilmente ser considerada
inocente; ela era uma colegial com uma aura desconcertante sobre ela.
Apesar do fato de que ela estava numa bicicleta bem estilosa, ela não dava a impressão de ser especificamente
atlética.
"Nós nos encontramos ontem também. Olá."
"...Olá."
Elas se viram mesmo ontem?
Ela se perguntou, mas abaixou a cabeça mesmo assim. Era o produto de uma decisão instantânea, deduzindo
que era uma das amigas de seu irmão, ela não poderia ser rude.
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"Meu nome é Oshino Ougi." a outra garota ofereceu em resposta a isso, "Eu ouvi muito a seu respeito do seu
irmão - ele disse que está muito orgulhoso de você. Nossa. Estou com tanta inveja de você, ter o Araragi-
senpai como irmão."
"Uh huh..."
Ela não sabia bem como responder a isso.
E mais, ela duvidava que seu irmão tivesse dito que tinha orgulho dela - Araragi Tsukihi estava absolutamente
certa de que seu irmão nunca diria isso, nem com uma arma na cabeça.
"É bem tarde, então vou te dar uma carona. Suba aqui em cima." disse Oshino Ougi, indicando a traseira da
bicicleta. E havia sido uma pessoa bem amigável oferecendo carona a alguém que estava conhecendo pela
primeira vez (ou elas se encontraram ontem), e Araragi Tsukihi estava um pouco surpresa que seu irmão
tivesse uma amiga tão sociável.
A casa de Sengoku e a dela não eram tão longe uma da outra para precisar de uma carona, mas não havia
motivo para recusar o convite dela - pensando nisso, Araragi Tsukihi ficou feliz em aceitar, mas quando olhou
de perto, ela notou que não havia assento traseiro na bicicleta de Oshino Ougi.
Era uma BMX de acento único.
"Oh, não se preocupe, eu tenho uma haste - uma haste que serve de apoio."
Depois de dizer isso, Oshino Ougi temporariamente desmontou de sua bicicleta e rapidamente começou a
prepará-la para uma segunda pessoa - não apenas rapidamente, mas habilidosamente.
"Okay, tudo pronto. Suba, suba! Você pode colocar suas mãos no meu ombro para manter o equilíbrio."
"Eu posso manter meu equilíbrio sem fazer isso, sabe."
"Haha, certamente você gosta de brincar."
Ela podia.
Ela fez exatamente isso.
Vivendo na sombra de Araragi Karen, a irmã mais velha uma ano que tinha os melhores músculos do mundo,
não era sempre aparente, mas ela não perdia para ninguém em termos de força física. Ficando na barra
equipada na roda com seus braços estendidos para ambos os lados (ela havia prendido o longos cabelos nos
braços para que não ficassem presos nas rodas), Araragi Tsukihi serviu como antena de segurança de Oshino
Ougi.
Embora é claro, tudo que ela estivesse fazendo era ficar atrás dela.
Era bem do feitio dela aumentar os riscos de andar em dupla, o que já é perigoso por conta própria, sem
nenhum motivo em particular. Dirigir um veículo com alguém praticamente fazendo manobras logo atrás de
você deve ter sido bem enervante, mas Oshino Ougi não pareceu se importar.
É claro, Araragi Tsukihi estava aproveitando completamente a experiência - era a filosofia dela aproveitar as
coisas ao máximo.
"Eu aposto que o Onii-chan adoraria esse tipo de bicicleta."
"Agora que você mencionou, Araragi-senpai gosta bastante de bicicletas - embora ele tenha perdido as duas
que ele tinha em acidentes infelizes. Mm. sim, esse é parte do motivo pelo qual estou usando uma agora."
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Infelizmente, essa explicação foi um pouco difícil para Araragi Tsukihi entender - embora esse seria
provavelmente o caso de qualquer garota de 14 anos.
Sentindo isso, ela mudou o tópico, continuando com, "É a mesma lógica que diz que o futuro das pessoas é
decidido baseado não no que eles podem fazer, mas no que eles não podem. Se há muitas coisas que uma
pessoa pode fazer, elas vão acabar perdendo o foco. Agora que ela foi confrontada com uma quantidade de
vergonha para uma vida e perdeu todas as outras alternativas, Sengoku-chan finalmente foi capaz de se devotar
a seguir seu sonho - é disso que se trata."
"...?"
"A fofura de Sengoku-chan era basicamente o que a prendia, mas era muito valiosa para que ela se livrasse
dela por vontade própria - a situação exigia medidas drásticas."
"Medidas drásticas? Uh, do que está falando?"
"Quem sabe?"
Oshino Ougi deus as mãos.
Em outras palavras, ela largou os guidões.
Um par de garotas dirigindo sem as mãos na bicicleta - pode-se dizer que elas se deram a liberdade de causar
uma tragédia.
"Eu não sei de nada - Araragi-senpai é que sabe de tudo."
"...?"
"Mais do que medidas drásticas, talvez fosse mais uma lição do que não fazer. Tudo a mesma coisa, eu fiz
uma coisa terrível com aquele trapaceiro... eu não queria ir tão longe. Mas não importa o quanto eu me
arrependa, eu duvido que Araragi-senpai irá me perdoar..."
Enquanto dizia isso, ela segurou os guidões novamente, e então continuou, "Então, parece que Sengoku-chan
quer se tornar uma mangaka no futuro."
Oshino Ougi então aumentou a velocidade.
Araragi Tsukihi-chan. O que você quer se tornar?"
"Eu..?" Enquanto pensava na conversa que acabara de ter com a amiga, ela respondeu, "Nada em particular."
De repente ocorreu a ela que sua amiga deveria estar guardando segredo a respeito de estar desenhando mangá.
Ela conversou com essa garota sobre isso?
"Eu só me importo em me divertir no momento. E eu pensei que juntar essas emoções poderia me levar a um
futuro algum dia."
"Você não é do tipo que sabe tudo, mas você é do tipo que pode fazer qualquer coisa. Você não é onisciente,
mas você você é onipotente. Graças a isso, você tem opções demais, então seus objetivos perdem muito o
foco. É por isso que você sempre está feliz em apenas ajudar. É mais fácil para você viver uma vida arrastada
por mais alguém. Você falou do seu futuro," reclamou Oshino Ougi, demasiadamente bem informada - quanto
seu irmão falou dela para essa garota? - concluindo com, "mas seu futuro é muito grandioso em escala."
deixando essas últimas palavras com um sorriso torto.
"...? Você quer dizer que eu sou muito dependente das outras pessoas?"
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Ela não fazia ideia do que a garota queria dizer por 'seu futuro é muito grande em escala', então ela ignorou
essa parte completamente - no entanto, a parte sobre apenas ajudar a incomodou, e então ela se sentiu
compelida a se aprofundar nesse tópico.
Mas talvez essa fosse simplesmente uma extensão da conversa que ela teve no quarto de Sengoku Nadeko.
"Bem agora, eu imagino. Se você considerar que o cuco seja um parasita de ninhadas, talvez fosse mais
apropriado chamar de 'parasitismo', do que 'dependência'... Mas você desenvolveu uma personalidade bem
única apesar da sua natureza. Talvez devido a influência de seu irmão?"
"O cuco?"
"Tsukihi-chan. Não há dúvidas de que você esteja vivendo através do suporte daqueles ao seu redor - que você
está sendo mantida viva. Se não fosse pela consideração de pessoas como seu irmão e irmã, você poderia
muito bem ter morrido durante as férias de verão."
"...? Durante as férias de verão?"
O que isso quer dizer?
Era outra metáfora?
Interpretando da sua própria maneira, ela tentou uma frase banal, "É como dizem 'ninguém pode viver
sozinho', certo?"
"Pessoas podem viver sozinhas."
Mas Oshino Ougi a contradisse sem hesitar.
"Aqueles que não podem viver por conta própria.. são monstros. Assim como eu e você." constatou Oshino
Ougi - o significado das palavras dela era incerto.
No começo, Araragi Tsukihi pensou nela como o tipo de pessoa incomum para fazer amizade com seu irmão,
mas depois de ouvir ela por um tempo, ela parecia exatamente o tipo de pessoa que era de se esperar, ou
melhor, ela era do tipo misteriosa que se misturava bem com seu irmão.
"... Espere, huh? Hey, Oshino-san -"
"Você pode me chamar de Ougi-san."
"Ougi-san, você está indo na direção errada!"
Graças ao seu posicionamento estranho como carona, os arredores pareciam completamente diferentes - ou na
verdade, ela apenas não estava prestando atenção. Mas apesar disso, elas tinham, em algum ponto, saído do
caminho para sua casa.
Para começar, as duas casas não eram longe uma da outra o bastante para uma conversa tão longa. Onde elas
estavam?
"Uh-oh. Desculpa, parece que eu me perdi um pouco. Vamos parar por um momento, e eu vou checar o mapa
no meu smartphone."
Descaradamente, Oshino Ougi procurou por um bom lugar para estacionar sua bicicleta. Ela decidiu parar na
frente de um certo prédio e usou os pés como freio.
No entanto, Araragi Tsukihi não pensava que esse fosse o lugar ideal para estacionar. Era uma área acabada e
desolada - ou talvez apenas em ruínas - e o prédio em si estava abandonado e parecia estar em uso.
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Se Oshino Ougi não fosse uma garota, ela teria suspeitado que havia sido sequestrada por um canalha dizendo
ser amigo de seu irmão (e nesse caso, o canalha é que estaria com problemas), mas ela não sentia esse tipo de
perigo da forma como a garota estava mexendo em seu smartphone, então, com um senso de curiosidade,
Araragi Tsukihi olhou para o prédio abandonado.
Não era algo que se via todo dia, afinal.
Era um lugar em que ela nunca viria se não tivesse se perdido - o pensamento imediatamente despertou seu
interesse, como sempre ela vivia no momento.
"... Mm? Huh?"
No entanto ocorreu a ela.
Estranhamente, ela reconheceu o prédio - apesar do fato de ser a primeira vez que veio aqui, e deveria ser a
primeira vez que estava vendo.
"Oh... É isso. Não é o prédio que queimou em agosto...?"
Ela viu nos noticiários.
Sendo uma das irmãs de fogo que mantinha a paz na cidade, tal informação naturalmente chegaria até ela.
Alguns incêndios aconteceram naquela época, mas o que queimou esse prédio havia sido grande o bastante
para deixar uma impressão.
Antes e depois do fogo.
Ela tinha visto fotos do prédio.
Agora que o truque havia sido revelado, não parecia ser resultado de um crime nem nada tão perigoso, mas
um simples caso de combustão espontânea - mas mesmo assim, havia causado uma grave dano à propriedade,
não deixando nem sequer uma coluna de pé.
Mas nesse caso, como poderia o prédio que supostamente havia sido queimado estar aqui agora, claro como
o dia? Foi reconstruído? Não, é claro que não. Por que iriam reconstruí-lo de volta a seu estado abandonado?
"Tsukihi-chan, eu descobri onde precisamos ir. Eu não vou errar dessa vez, não se preocupe. Enquanto estamos
aqui, você quer pilotar? Você pode até mesmo andar para trás nessa BMX, é realmente bem excitante e - oh
nossa. Minha nossa. O que há de errado? Por que você está encarando esse prédio em ruínas com tanta
curiosidade?"
"Não, hum... veja..."
Araragi Tsukihi explicou a situação. É claro, mesmo se ela perguntasse Oshino Ougi, que meramente parou
aqui por acidente, não havia como a garota saber por que uma prédio que supostamente deveria ter queimado
estava agora aqui de pé, mas ela queria que ambas compartilhassem a confusão.
"Hmm... que estranho. Eu imagino se isso faz disso um prédio fantasma. Quer checar?"
Assim que ela disse isso, Oshino Ougi prendeu sua bicicleta a uma árvore usando uma corrente (não havia um
estacionamento para bicicletas, então ela não teve escolha se não usar uma árvore) e foi em direção ao terreno
do prédio - ela foi bem rápida.
Diferente do irmão de Araragi Tsukihi, que tinha a tendência de pensar demais, essa garota parecia ser do tipo
ousada. Araragi Tsukihi também não era de hesitar nessas situações, e então, sem nem parar para olhar, ela
imediatamente a seguiu.
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"Ougi-san, você é uma entusiasta de ruínas? perguntou Araragi Tsukihi, inferindo isso pelos passos leves da
garota.
"Oh, não, eu não sou particularmente atraída por ruínas. Elas me dão arrepios, como a qualquer outra garota.
No entanto, analisar tais mistérios é, bem, o que você consideraria meu trabalho."
"Seu trabalho... é?"
Lembrando de como isso fez Sengoku Nadeko corar, Araragi Tsukihi tomou cuidado com a palavra. Dito isso,
não parece que a garota quis dizer que era um trabalho temporário dela.
"Sim."
E então elas entraram no prédio.
Elas tecnicamente estavam invadindo, mas o interior do prédio estava tão dilapidado que era difícil de
imaginar que tivesse um dono ou um senhorio.
Apesar do chão não estar estável, elas não poderiam esperar por nenhuma luz para iluminar o seu caminho
àquela hora do dia, então elas tiveram que tomar um cuidado extra para não tropeçar e se machucarem.
"Parece que costumava ser uma escola... ou espere, talvez um cursinho."
Apertando os olhos na escuridão e observando seus arredores, Araragi Tsukihi chegou a essa conclusão -
enquanto elas subiam as escadas, já que, naturalmente, o elevador estava quebrado.
"Hmm, parece que sim. Nossa, eu fiquei ansiosa, mas a verdade por trás disso foi revelada assim. Agora que
nós sabemos o que realmente é, não é nenhum pouco assustador."
Ela não parecia particularmente assustada para início de conversa, mas Oshino Ougi que enquanto rondava a
área - evidentemente, ela pretendia conduzir sua investigação começando pelo andar de cima. Algumas
pessoas dizem que é mais eficiente procurar nas gavetas do fundo, mas ela parecia estar usando a lógica
reversa.
"É assim que as coisas são, afinal - não importa o que seja, algo é assustador quando é desconhecido, quando
você não sabe sua verdadeira natureza. Se alguém se sente inseguro sobre o futuro, é porque elas não podem
ver o próprio futuro. Pessoas com uma visão clara não temem crescer."
"..."
"Uma vez que você abre, o caixa do gato de Schrodinger é só uma caixa - você vai achar que era apenas natural
que você não soubesse se o gato estava vivo ou morto quando a caixa foi fechada. Histórias de mistério são
da mesma forma - o motivo de você lê-las com emoção é porque você não sabe quem é o culpado. Uma vez
que o mistério é revelado, uma vez que as suspeitas se voltam para uma pessoa... francamente, tudo depois
disso não tem graça. A cena onde a solução é revelada pode muito bem acabar em uma linha."
"Assim que você descobre a forma verdadeira de algo, seu terror e interesse desaparecem em um instante."
Enquanto falava, Oshino Ougi continuava subindo as escadas. Subindo e subindo.
As palavras dela estavam cheias de significado - o que era uma rara ocasião, Araragi Tsukihi se encontrou
impressionada, pensando que seu irmão tinha amigos bem inteligentes, mas era seu objetivo de vida achar
uma falha em tudo que a impressionasse.
"Você acha?"
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"Mm... O que é isso, uma réplica? Se você tiver uma, eu gostaria de ouvir. Por mim, e por você também."
"Bem, não exatamente uma réplica... digo, o que você disse pode ser verdade em histórias de mistério, mas na
vida real, não é ainda mais assustador depois que o suspeito é pego? Significa que a coisa que você temia todo
esse tempo realmente existia."
"... Oho."
"É como, se as coisas começassem quando você descobre a verdadeira identidade do culpado, eu acho... Todos
os procedimentos que vem depois de você prender um criminoso na verdade não duram muito mais tempo?
Como o julgamento, e a prisão."
O argumento se estendeu do ponto original, mas com certeza era um novo ponto para Oshino Ougi, e a garota
eloquente ficou quieta por um momento.
E então, Araragi Tsukihi continuou, "Além disso, mesmo se você aprender a verdadeira forma de algo, não
há saber se é mesmo verdade. Poderia haver sempre uma reviravolta maior guardada. Como em uma história
de mistério."
"Talvez. Sim, entendo - no fim, uma forma é só uma forma. Você realmente me pegou aí, eu não esperaria
menos da irmãzinha do Araragi-senpai."
"Mesmo assim, eu duvido que essa sua visão fará qualquer bem você, ou a mim." disse Oshino Ougi, e ao
mesmo tempo, ela alcançou o último andar.
Sendo que ela nem sequer estava sem fôlego depois de subir quatro lances de escada, ela devia caminhar
bastante - mas é claro, o mesmo vale para Araragi Tsukihi, que a seguiu.
Ela tinha vigor mais que o bastante.
Bastante vitalidade também.
Essa era Araragi Tsukihi.
"Tsukihi-chan, você pode ser capaz de aceitar sua forma verdadeira - ou pode até mesmo gostar dela, mas
temo que eu não serei capaz de fazer o mesmo. Minha forma verdadeira... é feia."
"...?"
"Como um demônio afogado no sakê. Embora, demônios amem sakê, assim como qualquer deus."
"Por que a palavra 'feio' é escrita com o símbolo de 'demônio' próximo ao símbolo de "sakê', você quis dizer?
Mas isso deixa o radical 'água' de fora."
"Tudo bem. Radical indica água - um lago. Ou talvez serpente marinha."
Depois dessa explicação, Araragi Tsukihi entendeu ainda menos - ela poderia apenas assumir que a garota não
tinha intenção de explicar as coisas.
"Tsukihi-chan."
Ela começou a andar em direção a porta mais distante das três salas do andar.
"Sinto muito em dizer que você não tem nada que possa ser chamado de futuro - não é que seu futuro seja
incerto, você apenas não tem um. Não importa quantas coisas você junte, não vai dar em nada no final. Tudo
que você tem é um eterno agora. Sabendo desse... futuro desconsiderado, esqueça dos tempos que estão por
vir, você será capaz de simplesmente viver no momento?"
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"Provavelmente, sim."
Falhando em entender o significado da pergunta, Araragi Tshukihi respondeu com um ar descuidado.
"Eu sou muito boa em viver."
"... É incrível que possa dizer isso. Estou com inveja."
Estou com inveja.
Novamente, Araragi Tsukihi não sabia como responder - mas depois de dizer isso, Oshino Ougi colocou sua
mão na porta.
Ela delicadamente girou a maçaneta.
E a abriu com um sorriso.
"Você está atrasada, Ougi-chan."
E então... eu chamei por ela.
No meio da sala a qual ela abriu a porta, eu me levantei da cadeira em que estive sentado todo esse tempo, e
numa imitação do homem que uma vez ela chamou de tio, eu digo essa frase.
"Você me deixou esperando."
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Escuridão Ougi
010
"Tsukihi-chan, você pode ir na frente e levar minha bicicleta, me desculpe, mas você pode ir sozinha? Eu
tenho que falar com seu irmãozão sobre algo importante. A combinação da tranca da bicicleta é '1234'."
Com isso, Ougi-chan deixou Tsukihi sair. Aquela combinação ridícula era a cara dela.
Apenas nós dois continuamos na sala.
Eu fiquei cara a cara com Oshino várias vezes nesse prédio abandonado - mas eu nunca pensei que um dia eu
receberia alguém na posição de Oshino.
Mais que isso, eu nunca imaginei que entraria novamente nas ruínas do cursinho depois dele ter queimado -
ou talvez que trazer um fim a tudo no lugar onde pode-se dizer que tudo começou parecesse tão extravagante.
Excessivamente encenado, talvez.
"Ougi-chan. Como você criou esse prédio? Foi a mesma técnica que você usou para recriar a sala 1-3 quando
nós conhecemos?"
"Oh não, os princípios aqui são um pouco diferentes. Aquela classe foi propriamente construída. Esse prédio
em ruínas, no entanto, foi criado através de uma simples aplicação da minha habilidade de criação material. É
a mesma habilidade que Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade - Oshino Shinobu costuma usar."
Enquanto ela fala, Ougi-chan inspeciona várias cadeiras e mesas na sala, e depois de achar um cadeira que
está de acordo com seus padrões de limpeza, começa a arrastá-la pelo chão até mim.
"Eu diria que a construção foi um pouco desleixada nos detalhes, ou talvez as pontas estejam um pouco
rústicas, mas foi um trabalho feito às pressas, então eu peço que você não preste atenção nas imperfeições.
Apenas aprecie a sensação calorosa desse trabalho de papel-machê... Oh, certo, falando na Shinobu-chan, o
que ela está fazendo agora? Eu percebi que deve estar em sua forma completa, mas ela não veio com você?
Escondida na sua sombra, talvez?"
"Ainda não. Nós decidimos restaurar nosso laço - que há entre nós novamente assim que tudo estiver acabado."
"Oh?" murmurou Ougi-chan, e ela se sentou na cadeira perto de mim, seus pés virados. "Entendo, entendo -
eu estava simplesmente perguntando se ela estava aqui ou não, mas eu entendo, então Shinobu-chan desejou
voltar ao começo. E você, Araragi-senpai - depois de ir para o Inferno ser exorcizado de sua forma vampira,
e finalmente voltar a ser humano - vai voltar a ser um semi-humano/ex-vampiro, não é? Você vai se amarrar
a Shinobu-chan novamente, não vai? Que masoquista."
"Eu só gosto de garotinhas." eu respondi.
Pensando nessa conversa sem sentido.
"Então você jogaria sua vida fora por uma garotinha, é isso? Exorcizar você foi uma futilidade, não foi? E o
que planeja fazer com a outra garota?"
"'Nós vamos colocá-la no templo Kita-Shirahebi. Mas vamos deixar isso para quando tudo estiver acabado
também."
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"Hm. Tudo se encaixa onde deveria, entendo. Descobrir o que fazer a respeito do vazio no templo - nessa
cidade - foi uma tarefa e tanto, mas eu vejo que você acertou tudo convenientemente.
"Um tarefa... Parte seu trabalho, não é?"
"Sim, mais ou menos. Eu mencionei isso uma vez, não é? Embora é claro, você não deveria tomar cada
coisinha que eu digo muito a sério."
Haha, ela riu alegremente.
Mesmo nessa situação, a atitude dela não mudava muito - Oshino Ougi é a mesma de sempre. Do momento
em que a conheci em outubro, ela sempre manteve sua inabalável e consistente maneira de viver.
"Falando em trabalho, vamos falar sobre minha irmã."
Incerto de como manter a conversa, eu tentei falar da garota que acabou de ir para casa, Araragi Tsukihi, na
esperança de entender melhor a situação.
"Sobre o que você estava conversando com ela?"
"Você nos pegou aqui no meio de uma conversa - e não cheguei tão longe a ponto de tentar algo, então não se
preocupe. Para meu arrependimento, parece que meu trabalho ficará incompleto."
"Acho que fiz uma coisa cruel."
"Não, você fez a coisa certa. Eu estava tentando fazer a coisa certa eu mesma, é claro - mas parece eu não
serei capaz de continuar. Bem, de qualquer forma, foi provavelmente um esforço fútil. Nós trocamos algumas
palavras no caminho até aqui, mas ela foi bem difícil. Essa é uma fênix para você: ela é mais do que eu possa
lidar. Eu imagino como Yozuru Kagenui planejava exterminar uma criatura com tanta longevidade."
"Monstros... podem ser exterminados revelando sua verdadeira natureza, certo?"
"O que quero dizer é que eu duvido que revelar sua verdadeira natureza seria o bastante para erradicá-la. Ela
tem, afinal, um irmãozão que obstinadamente continua a amá-la, mesmo sabendo o que ela realmente é."
"..."
"Mm. Talvez seja por isso que Yozuru Kagenui desistiu dela - mas é claro, eu duvido que eu terei tanta sorte."
"..."
"Não é isso? Você está aqui para expor minha verdadeira forma e me exterminar. É assim que vai ser, não é?"
Enquanto diz isso, Ougi-chan me encarava diretamente - com se, em contraste com a resignação que ela
expressava, ela me avaliasse com seus olhos escuros.
"Bem, eu fiz um show e tanto, pelo menos. Não, veja bem, se considerarmos que eu já previa que iria falhar
no que dizia a respeito de Tsukihi-chan, apesar de não ter tido sucesso em tudo, ninguém pode dizer que eu
deixei algo para se fazer. Nesse caso, talvez houve sentido em eu ter nascido... Minhas desculpas por
pressionar esse ponto, mas Oshino Shinobu não está mesmo aqui, correto?"
"Ela não está."
"Yotsugi Ononoki já foi rendida - e se Hachikuji Mayoi não foi santificada ainda, é seguro deixá-la de fora,
então... A principal, Gaen Izuko, não está aqui também?"
"É claro-"
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É um jeito estranho de responder essa pergunta, mas apesar disso, eu sou o único aqui. É provavelmente tudo
que Ougi-chan está tentando confirmar aqui, mas...
"É um duelo um-a-um."
Eu digo algo sem pensar.
Ouvindo isso, Ougi-chan responde "Oh, isso faz meu coração acelerar." e dá um sorriso - embora é claro, um
sorriso seja sua expressão padrão, nada incomum.
Um sorriso pessimista refletindo a evanescência da vida.
Talvez fosse apenas uma expressão triste assim.
"Entrar em um duelo um-a-um com o guerreiro veterano Araragi Kooyomi é uma honra maior do que mereço...
Minha nossa. Havia a possibilidade de que Gaen Izuko aparecesse diante de mim com a espada demoníaca
Kokorowatari em mãos, e se ela tivesse feito isso, eu poderia ganhar. Mas suponho que delegar as tarefas mais
importante para seus amigos é como ela sempre fez em sua vida."
"Tenho certeza que em parte. Mas nesse caso, eu realmente acredito que isso é algo que eu precise fazer. Algo
que apenas eu possa fazer - e algo que eu quero fazer por conta própria."
"Algo que você quer fazer... é isso? Você tem certeza de que não é porque uma adulto te convenceu? Você
pode dar duro por causa de Hachikuji-chan e Shinobu-chan, mas como isso é diferente de força do hábito?
Você é um idiota." disse Ougi-chan. "Pessoas tem a tendência a colocar valor desproporcionado nas coisas
que eles temem perder - mas se formos nos permitir ficar presos a tal nostalgia, nós nunca iremos chegar ao
futuro. Oh, apenas para esclarecer, essa sou eu implorando pela minha vida."
"... Implorando por sua vida?"
"Eu pedi a você antes, não é? 'Você vai ficar do meu lado?' 'Por favor me salve.' Parece, no entanto, que meu
pedido foi ignorado. Talvez eu não tivesse charme o bastante." ela ponderou.
Ela quase parecia se divertir.
Como as coisas estão agora, essa diversão dói assistir.
"Oh, bem. É isso, Araragi-senpai - você fez a escolha correta. Viu? Você pode fazer a coisa certa se pensar.
Azar o seu, eu estava na verdade esperando que você recusasse. Hmmmmm, vamos ver... Araragi-senpai, você
tem planos para depois disso?"
"Eu te disse, não é? Eu vou colocar Shinobu de volta na minha sombra e verificar o procedimento de
santificação de Hachikuji - ainda há muitas coisas que eu preciso resolver depois, então eu preciso ter outra
conversa com Gaen-san."
"Entendo. Se você estivesse livre, eu estava planejando chamar você para jantar - mas parece que você tem
muitas coisas para fazer, então me desculpe por interromper suas não-exatamente-festividades, mas você
poderia acertar as coisas conosco?"
"... Sim, eu vou."
Eu não quero enrolar.
Isso seria apenas cruel.
Eu vou colocar um fim nela com um golpe - com uma sentença.
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Eu não poderia ficar do lado dela, e eu não poderia salvá-la, mas se eu podia fazer alguma coisa por ela, era
isso.
"Oh, certo. Araragi-senpai. Eu tenho mais uma coisa para dizer para você. É sobre seu exame de admissão da
universidade... Você pode achar que foi bem, mas sabe sua melhor matéria, matemática? Mais ou menos na
metade dessa parte, você começou a pular as respostas em uma linha no gabarito."
"O que?!"
"Você devia estar confuso com tudo que aconteceu - minhas condolências. Depois de um desastre como esse
na sua melhor matéria, com certeza suas chances de passar são quase nulas. Tente novamente ano que vem."
provocou Ougi-chan maldosamente.
Parece que ela desferiu um último ataque - mas ao mesmo tempo, aquelas palavras poderiam ter seu valor
também.
Eu terei um próximo ano.
"Ougi-chan. Sua forma verdadeira..."
Então eu disse.
Enquanto lembrava de tudo que aconteceu desde que conheci Oshino Ougi.
"Sua verdadeira forma sou eu."
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Escuridão Ougi
011
Jogos, livros e lanches. Seu pager. Roupas da moda, bolsas caras, ou sapatos extravagantes que dificilmente
poderiam ser chamados de 'austeros'.
Simplificando, eu acho que eram 'coisas que ela não precisava, mas queria de qualquer forma' - ou talvez até
mesmo 'coisas que ficavam no caminho do que ela deveria estar fazendo'.
Eram todas as coisas que um pai estrito poderia tirar de seu filho - e minhã irmã descobriu isso antes que fosse
tarde. E ao mesmo tempo, ela percebeu a razão de todos os seus pertences continuarem desaparecendo, como
se fossem engolidos por um buraco negro.
Ela não os estava perdendo. Elas os estava jogando fora.
O perpetrador era ela mesma.
Ela sempre foi muito dura consigo mesma, e esse sentimento dela criou uma Escuridão. Que recusava tolerar
tudo que não fosse apropriado - ou para ser mais precisa, criou um estranho tipo de pseudo-Escuridão.
Era uma esquisitice que ela mesma deu origem e que ela mesma criou para suprimir os desejos descuidados
que eram típicos de qualquer adolescente, de qualquer jovem garota. Quando estava no fundamental, parecia
o mais estranho show de uma pessoa só, e eu realmente não pude entender, mas pensando agora, fazia perfeito
sentido para a minha irmã auto-crítica.
Resumindo, aquele fenômeno sobrenatural de origem desconhecida...
Aquela misteriosa esquisitice que Gaen Tooe criou era a encorporação de sua própria auto-disciplina.
Deixar a história assim nos levaria a um fim insatisfatório, então para falar um pouco sobre o que aconteceu
depois disso: enquanto ela estava inconsciente até aquele ponto, no momento em que aprendeu sua verdadeira
natureza, ela estava no controle, e aquela minha irmã descompromissada negou sua auto-disciplina por
vontade própria, recusou-se a mostrar piedade até mesmo para sua própria severidade, e exterminou aquela
pseudo-Escuridão.
Ela jogou fora o seu senso irrestrito de restrição.
Ela colocou um fim nas coisas usando uma esquisitice ocidental, o 'Rainy Devil' - ela trouxe um desfecho a
história se livrando de seu lado obscuro com o nome de um demônio chorão.
E eles viveram felizes para sempre.
Eu expliquei tudo bem superficialmente, mas aquela Escuridão tentou devorar os amigos da minha irmã, e
também seu namorado na época, então se ela não tivesse resolvido o assunto a tempo, a história teria tomado
um rumo trágico. Se você estiver interessado, eu contarei a você sobre essa história paralela em outro dia.
Eventualmente, ela pegou uma parte que restou da múmia e deu para sua própria filha como se fosse algum
tipo de herança de família que foi passada por séculos. Agora é por isso que eu digo que ela tinha uma
personalidade difícil - mas de qualquer forma.
Apenas pense em Oshino Ougi sendo para você o que o Rainy Devil era para minha irmã.
Basicamente, Oshino Ougi... é o auto-criticismo de Araragi Koyomi
...Oh, não faça essa cara para mim, eu estou apenas constatando os fatos. Seja grato que eu tive o tato de não
chamar de auto-ódio.
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Além disso, quando você pensa a respeito, tudo não começa a fazer sentido? Oshino Ougi sabia de todos os
seus problemas, suas circunstâncias, seus relacionamentos. Coisas que você esqueceu, coisas que você
manteve escondidas, coisas que você nunca quis lembrar - ela sabia de tudo.
Ela dizia não saber de nada...
Mas ela sabia tudo que há para saber sobre você Araragi Koyomi
É você quem sabe, Araragi-senpai - essa frase tão profunda dela era para ser interpretada literalmente.
Ela não apenas sabia de tudo, mas ela condenava. Sus mentiras, seu truques, sua evasão, seus desejos, sua
moderação, sua irresponsabilidade - ela estava sempre lá para questionar se você estava de acordo com tudo
aquilo, para repreender você.
Quando eu disse que a Escuridão verdadeira provavelmente deixaria a conveniente solução de transformar
Hachikuji-chan em uma deusa passar, mas a pseudo-Escuridão não deixaria, foi isso que eu quis dizer. Depois
de você tão egoisticamente arrastar Hachikuji-chan do Inferno, você não poderia aceitar uma solução que foi
alcançada tão facilmente, e Oshino Ougi vai agir de acordo com esses seus sentimentos - a sua dureza consigo
mesmo.
É claro, como eu disse antes, ela é feita de mais do que apenas seu auto-criticismo - seria necessário mais do
que isso para criar a caloura fofa que você descreveu.
Eu te disse, não é? Ela é a mistura de um monte de coisas diferentes.
E há algumas circunstâncias desagradáveis envolvidas.
Eu não estou totalmente livre de culpa em tudo isso, então eu gostaria de tratar deste tópico com a mais alta
gravidade.
Mas, bem, nem precisa falar, não é?
Deixando de lado exceções como Hanekawa Tsubas e minha irmã... esquisitices não são algo que possa ser
criado por um mero colegial.
Assim como Sengoku-chan não pôde trazer aquele Sr. Serpente para a existência... sabe?
Na realidade a criação de Oshino Ougi se deve a alguns fatores do destino - alguns personagens precisaram a
aparecer e alguns incidentes inevitáveis precisaram ocorrer. Se mesmo um desses fatores estivesse faltando,
eu tenho certeza que a última metade do seu ano como veterano teria sido bem mais glamorosa.
Ainda assim, você, essencialmente, plantou as sementes por conta própria - e aquelas sementes foram
plantadas em agosto do último ano.
Foi quando nós juntamos forças pela primeira vez - ou depois do incidente, melhor dizendo.
Foi quando Hachikuji foi afugentada pela Escuridão.
A primeira fase foi você aprender sobre a existência da Escuridão - daquele fenômeno que 'corrige erros'.
Se não é permitido, não é permitido.
Se é errado, é errado.
Você aprendeu sobre a existência de algo que faz esse julgamento por nós.
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Naturalmente, você odiou esse fenômeno por tentar devorar a adorável Hachikuji-chan - mas ao mesmo tempo,
dado as suas tendências masoquistas, você foi encantado pelo pensamento de algo que pode punir você por
seus enganos, por tudo que você fez desde que tirou os poderes de Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-
Blade.
Há outro pensamento que pode ter passado pela sua cabeça também.
'Eu não deixei Hachikuji Mayoi escapar - então não há razão para que eu escape'.
Você queria ser punido da mesma forma que Hachikuji-chan foi.
Se aquilo não foi permitido, isso também não deveria ser; se A está errado, então nada está certo até Z - seu
desejo que querer proteger tudo ao seu redor significa que mesmo se uma coisa der errado, você se sente
compelido a apagar tudo.
Esse sentimento... foi plantado em você.
Ainda assim, tudo foi apenas um problema do seu jeito de pensar.
Pessoas podem pensar o que quiserem no fundo, e não é como se elas fossem criar uma esquisitice dessa
maneira - no entanto, declarar você 'um mero colegial' seria inapropriado. Afinal, você é um semi-humano
que mantém os remanescentes de uma vampira lendária em sua sombra.
Agora. A segunda fase foi, é claro, o que aconteceu logo depois: seu duelo com o primeiro servo da vampira
lendária, o Assassino de Esquisitices original. Agora aqui é onde eu preciso admitir minha parte na culpa...
pela Suruga.
Aqui é onde minha sobrinha se envolve.
Durante seu primeiro encontro, o Primeiro usou seu energy drain no braço esquerdo do Rainy Devil de Suruga,
certo?
Quando ele o fez, ele absorveu os efeito da 'Pata de Macaco'. O Primeiro era basicamente uma síntese de todas
as esquisitices nessa cidade pra início de conversa, então ele deveria ter uma boa afinidade para isso também.
No entanto, não foi o Rainy Devil que se misturou ao Primeiro, mas o composto não-identificado que minha
irmã criou, e o resultado, como você pode ver - oh, não, isso não sou eu saindo pela tangente.
Eu entendo que você veja o Primeiro como um rival, mas você dois estão conectados por Heart-Under-Blade
- por Oshino Shinobu.
Isso sem mencionar que Shinobu-chan comeu os restos do Primeiro - e por isso um pedaço do legado da minha
irmã abriu caminho na cadeia alimentícia e chegou até você.
O precedente.
Eu chamei assim, não é?
E mais, se eu estou no topo dos especialistas, o Primeiro estava no topo dos fenômenos sobrenaturais - nessa
cidade em particular, de qualquer forma. E então nasceu um 'mistério' que possuía todos os fenômenos
sobrenaturais que ocorreram nessa cidade, bem como todas as anedotas ao seu redor.
Dado sua origem e natureza, como você estava argumentando, ela não é exatamente do tipo lutadora - mas de
qualquer forma, ela tinha ao menos comando total da habilidade criação de matéria da Heart-Under-Blade.
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Ela é um híbrido de vários monstros, um que pode trazer praticamente qualquer tipo de fenômeno sobrenatural
- então não há vergonha em ser totalmente superado por ela.
Tendo nascido através do Primeiro, que poderia muito bem ser considerado uma manifestação de todas as
esquisitices nessa cidade, até mesmo seu conhecimento estava a par com o de um monstro - mas novamente,
parece que seus stats eram tão formidáveis que levou uma quantidade considerável de tempo para que ela
controlasse as próprias habilidades.
Aliás, Hachikuji-chan falou como o nome 'Ougi' era uma identidade sem inspiração derivada da descrição
dela como uma fã da Kanbaru Suruga, mas nós deixamos a explicação do último nome 'Oshino' para depois,
não é? Agora é a hora falarmos disso.
Basicamente, o último nome 'Oshino' não vem de Oshino Meme, mas de Oshino Shinobu. Se você considerar
que você e Oshino Shinobu são essencialmente um em corpo e alma, você poderia considerar Oshino Ougi
sua criação em conjunto.
É claro, faria mais sentido se ela se chamasse 'Araragi Oshino', mas eu suponho que isso teria sido muito
óbvio. A ideia de se dizer sobrinha do Oshino Meme provavelmente veio de mim, vergonhosamente; eu dei
um mau exemplo quando disse que era a irmã dele em agosto.
Desculpe.
Sabe, eu apenas quis me desculpar.
Esse é um detalhe menor, mas quanto ao porquê dela se dizer fã da Kanbaru Suruga - por que ela fez com que
Suruga a apresentasse como sua caloura - isso foi por causa do braço esquerdo dela, se você traçar tudo até o
começo.
Foi necessariamente parte da equação.
É claro, a própria Suruga não sabia nada disso.
Ela não tinha como saber; ela mal conhecia a própria mãe. Ela provavelmente está melhor sem saber - minha
irmã teria preferido dessa forma também.
Por isso eu usei um nome falso e disse que era irmã do Oshino antes. Não é que eu goste de zoar com vocês
nem nado do tipo, sabe? ... Isso voltou-se contra mim espetacularmente, de qualquer forma.
Tanto faz, não há porque chorar sobre o leite derramado! ... Sim, como seria bom para mim se eu pudesse
começar na defensiva assim, nesse ponto da nossa história onde nada realmente incomum havia acontecido.
Considerando o quanto Shinobu-san explorou sua habilidade de criação de matéria até agora, seria totalmente
factível para ela criar uma esquisitice, uma colegial, ou o que quer que seja.
Compare com o exemplo que eu dei antes da Black Hanekawa e Kako da Hanekawa Tsubasa, é mais fácil de
entender a lógica se você considerar a esquisitice da minha irmã como ponto de partida. E mais, houve
Kanbaru Suruga, que fez a sua mente inconsciente manifestar o braço esquerdo do Rainy Devil, e Sengoku
Nadeko, que - mesmo nunca tendo se tornado uma esquisitice de verdade - deu origem a ilusão chamada de
Sr. Serpente mentalmente, também.
Você não fez nada de especial ou inédito. No entanto, comparado ao resto dessas garotas, o que foi único no
seu caso - o que foi único da mesma maneira que o caso da minha irmã foi - é que você criou uma esquisitice
para atacar a si mesmo.
Não da auto-importância.
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Do auto-criticismo - auto-criticismo ao extremo que poderia muito bem ser considerado auto-intoxicação, de
um certo ponto de vista.
Quando se tratou de Oikura Sodachi...
Quando se tratou de Hachikuji Mayoi...
Quando se tratou de Sengoku Nadeko...
Quando se tratou de Senjougahara Hitagi...
Quando se tratou de Oshino Shinobu...
Quando se tratou de Ononoki Youtsugi...
Não como o seu eu 'Black', mas como o seu eu 'Obscuro', Oshino Ougi sem descanso fez de você responsável
- ela forçou você em dilemas atrás de dilemas. Você realmente está de acordo com as coisas do jeito que são?
Você realmente pode se deixar escapar assim? As coisas estão realmente resolvidas? Você não está apenas
encobrindo os próprios erros? Você vai viver assim pelo resto da sua vida? Ela sempre esteve lá, sussurrando
essa perguntas em seus ouvidos.
Não como um monólogo, mas como um diálogo... ela estava sem se aninhando em você.
... Se eu fosse colocar assim, faz parecer, em seus desejos mais profundos, que você desejou se manter
disciplinado, o que parece terrivelmente admirável e tudo mais. Eu acho que o mesmo vale para minha irmã,
mas sabe, em termos simples, é essencialmente viver criando desculpas para si mesmo. Você sempre estendeu
a mão para estranhos sem se importar com as aparências, tomando atitudes pelo bem de outras pessoas, e
tornando essa ajuda a sua razão de existir - e esse defeito emocional que nasceu do fato de você atingir um de
seus limites.
Dificilmente é algo digno que elogios.
Francamente, é o mesmo que uma versão de auto-flagelo com arrodeios.
Mas de qualquer forma, você queria de arrepender, e você queria que alguém condenasse você. Desde as férias
de primavera, no fundo de corpo e alma você estava ciente de sua despreocupação.
Você salvou Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade por pena - e você queria sofrer as consequências.
Você formou uma amizade com Hanekawa Tsubasa - mas como não podia corresponder os sentimentos dela,
você sempre se preocupou se tinha o direito ou não de fazer isso.
Você salvou Senjougahara Hitagi da aflição que a atormentou por anos - então quando você começou a
namorá-la depois disso, você não pôde deixar de pensar se você estava apenas 'tirando vantagem da fraqueza
dela'.
Você respeita Kanbaru Suruga - e o fato de que você não pode viver a sua vida tão francamente faz você se
sentir inferior a ela.
Você salvou Sengoku Nadeko - mas ela não era a única que você queria salvar.
Você se reconciliou com Oshino Shinobu aos poucos - mas você pode ser perdoado por isso? Falando em
perdão, o Primeiro foi 'perdoado' por Shinobu-chan em agosto... o fato de que você não pode perdoar a
Shinobu-chan mesmo agora faz de você obtuso? E você não espera que você mesmo seja perdoado, apesar de
tudo isso?
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Você agiu com tanta certeza daquela vez em que escolheu uma garotinha ao invés da sua namorada e sua
salvadora, mas essa decisão sua ainda está te incomodando, certo?
E pra início de conversa, não é covardia sua ostentar a sua imortalidade tão livremente? Não deveriam haver
consequências para isso?
Você não é... uma pessoa horrível?
... Baseada no que eu ouvi de Hachikuji-chan, você estava choramingando sobre essas coisas mesmo no
Inferno. Oshino Ougi, a garota podemos chamar de 'Dark Koyomin', é a completa manifestação desse auto-
criticismo seu, e então, usando o incidente da Oikura Sodachi como trampolim, ela teve que trabalhar
esmagando você, devagar e continuamente, um caso depois do outro - como a Escuridão.
Além disso, Oshino Ougi é uma encarnação autônoma da sua mente, então você não é a única pessoa com
quem ela lida. Ela não poupou esforços em criar um ambiente no qual você pudesse ser mais facilmente
punido.
Oshino Meme e Kagenui Yozuru.
E depois do que aconteceu com Sengoku Nadeko, provavelmente Kaiki Deishuu, também.
Ela os prendeu fora dessa cidade. Nem preciso dizer, mas o 'trabalho' deles como especialistas com certeza
ficaria no caminho do 'trabalho' dela.
Oh, não, não é tão difícil de fazer. Não é diferente do que eu estou fazendo nesse parque agora - ela apenas
teve que colocar uma barreira.
E se ela foi ainda mais longe e fez eles se perderem, não há como nós guiarmos eles daqui de dentro. O
Primeiro invocou um fenômeno sobrenatural que fez as pessoas se perderem, lembra? As origens dela são
idênticas às dele, então naturalmente, ela é capaz de fazer o mesmo.
Então para acalmar sua mente, Koyomin.
Meme e Yozuru provavelmente estão bem.
Eu não posso dizer o mesmo de Kaiki, não há detalhes de como tudo ocorreu... no entanto, embora pareça que
você está terrivelmente preocupado com eles, a única razão pela qual eles não estão aqui é porque você recusou
a ajuda deles.
Eu não faço ideia do paradeiro atual deles, mas uma vez que exterminarmos Oshino Ougi, eles devem ser
fáceis de encontrar.
Hm? Oh, certo. Eu ainda estou aqui por ser uma especialista de calibre muito mais alto - não.
É porque eu tenho a trapaça suprema contra esquisitices.
É porque eu cortei a barreira usando a espada demoníaca Kokorowatari e entrei de penetra, obviamente. Eu
forjei essa espada para que eu pudesse exterminar a pseudo-Escuridão se ela aparecesse, mas se tornou útil de
uma maneira que eu jamais esperei.
Ou talvez eu devesse dizer, se eu não tivesse terminado a espada a tempo, eu não poderia ajudá-los agora. Eu
consegui por pouco.
Tudo saiu como o esperado? Não, não mesmo.
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Mesmo que tenha sido você a criar uma pseudo-Escuridão, eu assumi que seria em uma escala muito menor.
Eu subestimei você, nesse sentido.
Seu eu soubesse que as coisas chegariam ao ponto em que estão agora, eu teria agido antes, e eu teria cuidado
das coisas de um jeito diferente.
É por isso que fomos superados.
Um monte de especialistas, e por você, um total amador - então eu não o culparia por se gabar um pouco.
Mas deixe isso para depois que Oshino Ougi for destruída, ok?
Nas circunstâncias corretas, o seu auto-criticismo poderia ser admirável, ou até mesmo merecedor do
encorajamento do mundo - mas uma cidade sem divindade assim não pode suportar toda essa turbulência.
Eu disse isso ontem, eu não posso prever o que você vai fazer agora que terminou os exames - então, em outras
palavras, eu não posso prever o que Oshino Ougi vai fazer também.
É por isso que eu tenho que montar uma armadilha.
Se eu quiser exterminá-la, eu tenho que ficar na ofensiva - eu preciso montar um cerco.
Eu tenho que emboscá-la agora, enquanto e ainda posso prever suas ações - e essa é a parte que eu já expliquei.
Se ela for fazer seu movimento, será hoje.
Hoje à noite.
Eu tenho certeza que Oshino Ougi não quer você aprontando algo inesperado tanto quanto eu. Nós assumimos
que o anúncio dos resultados do seu exame - ou talvez a sua cerimônia de graduação - seja o prazo final para
que ela termine seu trabalho.
Você entende o que eu estou falando, certo?
Se Oshino Ougi é o auto-criticismo de Araragi Koyomi... se ela é a culpa que você sente, então ela tem mais
uma coisa para fazer.
Ela tem uma tarefa que ela precisa dar cabo.
Certo. Araragi Tsukihi - sua irmãzinha.
Uma esquisitice imortal - o Pássaro Moribundo.
Kagenui Yozuru e Ononoki Yotsugi tentaram acabar com ela, mas graças a sua intervenção irracional, ela
vive até hoje. Não é possível que você não sinta a menor dúvida se deveria deixar ela passar o resto da vida
ou não como humana.
Isso não significa que você sinta hesitação em proteger sua irmã.
Mas seu ideais não são firmes o bastante para que você não se julgue por não hesitar.
Então eu vou usar sua irmãzinha como isca.
O plano é capturar Oshino Ougi na cena do crime quando ela tentar machucar sua irmã, e expor sua verdadeira
natureza lá. Em termos de histórias de mistério que Oshino Ougi adora mencionar, nós não temos qualquer
evidência, então vamos pegá-la no flagra.
Sim.
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É isso, nós não temos qualquer evidência. Tudo que eu disse é apenas especulação. Explicaria todos os
mistérios e preencheria os buracos da história; isso é tudo. Então se você fosse argumentar como 'sem chance,
isso não pode ser verdade, eu me recuso a acreditar que aquela garota sou eu', então eu não teria como
convencer você.
Mas você entende, não é?
Você sabe, não é?
Você sabe melhor que qualquer um.
Você sabe a verdadeira forma de Oshino Ougi - e então, tem que ser você a desmascará-la.
Eu não posso fazer
... Se eu tivesse forçadamente continuado meu plano original de transformar Shinobu-chan em uma deusa, eu
provavelmente não seria capaz de pedir sua ajuda, mas agora que você trouxe Hachikuji-chan de volta do
Inferno, eu posso relaxar e confiar em você para dar conta do problema.
Eu posso relaxar.
Não, sério - eu posso.
Araragi Koyomi é um homem duro o bastante consigo mesmo para criar uma esquisitice que encorpora seu
auto-criticismo, seu auto-ódio. Não há como ele hesitar em exterminar a pessoa que ele odeia tanto.
Vá lutar consigo mesmo e volte vitorioso.
Deve ser simples o bastante, não é?
Nesse dia...
Para ajudar Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade, para ajudar Hanekawa Tsubasa, para ajudar
Senjougahara Hitagi, para ajudar Hachikuji Mayoi, para ajudar Kanbaru Suruga, para ajudar Sengoku Nadeko,
para ajudar Araragi Karen, para ajudar Araragi Tsukihi - e se você voltar ao começo para ajudar Oikura
Sodachi - você esteve na linha entre a vida e a morte de novo e de novo.
Você se sacrificou.
Você se matou.
Você se matou de novo e de novo - e você foi para o Inferno.
Você tem sido altruísta ao ponto de parecer insano da perspectiva de qualquer um. Alguém como você,
exterminando Oshino Ougi, essencialmente Araragi Koyomi em carne e osso, deveria ser fácil como tirar doce
de criança - fácil como tirar doce de você mesmo.
Para salvar os outros, você continuamente jogou sua vida fora como se fosse lixo; você a joga fora no momento
que pensa a respeito. Você apenas tem que fazer a mesma coisa dessa vez: se matar sem pensar duas vezes.
Mutilar-se e tirar a própria vida.
Mate-se pelo bem de todos.
É isso que você vem fazendo dia sim dia não.
Não deve ser difícil.
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Talvez propriamente se matar seja um pouco mais extremo do que você está acostumado, mas apenas mostre
o seu velho senso de auto-sacrifício. A pessoa que você está prestes confrontar não é uma colegial, nem sua
kouhai, nem a sobrinha de seu salvador - ela não é ninguém menos do que você.
A pessoa que você despreza mais do que qualquer um no mundo, Araragi Koyomi.
E então... você precisa acabar com isso.
Você tem que acabar isso com suas próprias mãos.
Isso será... a conclusão da sua juventude."
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Escuridão Ougi
012
Eu estou no meu limite, incapaz de tirar os olhos da Escuridão tão esmagadora que distorce o senso de
perspectiva da sala, mas Ougi-chan facilmente afasta o olhar para me encarar e começa uma conversa.
Através da compostura dela, implícita...
Que dureza, mesmo num momento assim, ela está criticando minha própria fraqueza.
"Não se preocupe, Araragi-senpai. Eu não vou correr nem me esconder; afinal, eu sou uma leitora ávida de
histórias de mistério. Eu acredito que não há nada mais feio que um covarde e desgraçado culpado. E se eu
puder adicionar isso, eu sou uma leitora antiquada que acredita que um mistério deva acabar com o suicídio
do culpado."
"..."
"Oh, mas isso não quer dizer que eu não estou preocupada, se quer saber. Caso o culpado continue complacente
mesmo depois de ter a verdade jogada na sua cara, isso seria um pouco sem graça, ou melhor dizendo, é
simplesmente irritante. Sabendo que estou prestes a ser aniquilada, eu estou tremendo por dentro. Mmm, eu
serei destruída pela colisão de matéria e antimatéria - pura aniquilação, com for. Eu estou apenas me fingindo
de durona e tentando parecer maneira porque você está aqui, Araragi-senpai. Oh, pobre de mim, imagino como
é, a aniquilação? É algo melhor que o Inferno, pelo menos?"
"Haha" - riu Ougi-chan.
Em contraste comigo, que estou quase de pé, ela não tenta se levantar da cadeira.
"Suicídio..."
Eu perguntei a Ougi-chan, com uma voz que, de fato, está tremendo.
"Mas você sabia que isso aconteceria, não é? Se você é mesmo eu... você deveria saber que eu estaria aqui
esperando por você, e que eu vi quem você realmente é. Então por que veio até aqui apesar de tudo? Você não
poderia ter abandonado o 'criticismo' sobre a Tsukihi e apenas fugir para algum lugar?"
"Fugir? Pra onde eu iria? Mesmo sabendo que é inútil, eu faço o que tiver que fazer. Eu disse antes, não é? Eu
posso ter deixado algumas coisas inacabadas, mas eu não tenho nada do que me arrepender. Nesse sentido,
isso realmente é um suicídio." Ougi-chan disse com um sorriso. "Há momentos em que alguém deve lutar,
mesmo que seja uma batalha perdida. Nós dois não vamos concordar nisso, é claro... mas se eu puder dizer
quais são, para todos os efeitos, minhas últimas palavras, eu acredito que eu fiz um bom trabalho retificando
a sua vida. De uma maneira boa, eu quero dizer. Oh, mas foram apenas seis meses, e apenas uma revisão
nesses seis meses, então talvez seja exagero chamar de sua vida. Nesse caso, deixe-me mudar isso para sua
'juventude'. Mesmo se eu não tiver feito sua juventude melhor, eu acredito que a fiz mais justa."
"Se é isso que você chama de justo... eu não preciso de justiça. Quantas pessoas você acha que colocou em
problemas?"
Eu tinha a resolução de não repreendê-la por nada - afinal, que a fez provocar tudo isso não foi ninguém menos
que eu.
No entanto, as palavras saíram da minha boca.
Eu critiquei meu próprio criticismo.
Deixando de lado que a Escuridão, pronta para engolfar tudo, está diante de nós. Deixando de lado o fato de
que a não-existência existe agora ao nosso alcance.
Deixando de lado o fato que apenas dez segundos restam da minha conversa com Ougi-chan.
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"Sejougahara, Kanbaru, Sengoku, Hanekawa, Shinobu, Oshino, Kagenui-san, Ononoki-chan... até mesmo
Kaiki - quantos problemas você acha que causou a todos eles? O quanto você acha que machucou cada um
deles, sem exceções?"
"Se eu machuquei qualquer um deles, foi porque mereciam. Não é sobre o que eu fiz ou não. Você sabe no
fundo, não é? Coisas como problemas, dor e infortúnios não são sempre preto-no-branco. E quanto mais
complicadas forem as coisas, mais difícil é de fazer a distinção."
"... A justiça é preto-no-branco, então? Está dizendo que você pode pode fazer a distinção entre o que é certo
e errado?"
"Claro que não; isso é impossível. É por isso que eu me juntei a você para lidar com tudo que entrasse em
nosso caminho. Mesmo se não pudermos determinar o que é certo, nós podemos determinar qual de nós está
certo, não podemos?"
"..."
"Quando se tratou de Oikura Sodachi, eu estava errada. Quando se tratou de Sengoku Nadeko, eu estava certa.
Quando se tratou de Teori Tadatsuru, eu suponho que podemos considerar um empate. Eu sabia que Teori
Tadatsuru e Gaen Izuko estavam conectados, mas eu pensei que poderia ao menos vencer a batalha, se não a
guerra... eu não causei um grande rompimento entre você e Ononoki Yotsugi como esperava também."
Batalha.
Essa é a palavra que Ougi-chan utilizou.
Entendo... então meu confronto com ela começou no momento que nos encontramos. Tenho certeza que isso
não se limita as batalhas que ela citou, também; toda conversa que tivemos foi como um duelo.
Não para determinar o que é certo.
Mas para testar quem estava certo.
Essa era a versão dela de 'justiça'... pra ser honesto, é mais próximo da justiça verdadeira que da justiça
alcançada corrigindo erros - no entanto.
"Então como ficou a pontuação final? No fim das contas, quem estava certo? Eu ou você?"
"Eu estou prestes a ser extinta, então suponho que isso significa que você estava certo. Parabéns, Araragi-
senpai."
E então.
Finalmente Ougi-chan se levantou da cadeira.
"Tudo que você fez até agora não foi um erro."
Você estava certo.
Ouvir isso... no entanto, não me faz sentir melhor.
Pelo contrário, foi como colocar sal na ferida.
É como se você estivesse tentando escapar se recusando a ser feliz - quem me disse isso tão duramente foi
Ononoki-chan. É como se você estivesse implorando por simpatia para evitar ser criticado - se foi essa atitude
minha que criou a garota que saiu por aí criando essa confusão, então eu ainda cometi um grande erro.
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Talvez, no entanto, não seja justo dizer que ela causou uma 'confusão' - talvez não esteja correto. Ela estava
trabalhando para subjugar essa cidade da própria maneira.
No sentido de que ela queria colocar um novo deus no templo Kita-Shirahebi, ela não é diferente de Gaen-
san. Consistente com o modo como ela me repreendeu por ver apenas o que estava na minha frente, Ougi-
chan olhou para as coisas de uma perspectiva mais ampla.
Se ela estiva sempre lá para corrigir meus erros, eu realmente deveria agradecê-la, pelo menos - no entanto,
eu não posso fazer isso.
Mesmo se isso for um adeus.
Mesmo se nós nunca nos virmos novamente.
Eu nunca devo agradecê-la. Araragi Koyomi e Oshino Ougi só podem existir opostamente um ao outro, só
podem existir criticando um ao outro.
É apenas nos negando que podemos afirmar nossa existência.
E essa existência... está prestes a se extinguir.
Vai desaparecer - com redenção.
A pseudo-Escuridão... será engolida pela Escuridão.
"Mmm, esse é o fim da sua juventude. Ou o fim dessa história, talvez. Qual é, não é grande coisa. Não é o fim
da sua vida, e certamente não é o fim do mundo. Uma pequena parte da sua história chegou ao fim. É só isso
- não é nem o capítulo final. Estou feliz que pude desaparecer antes da sua graduação."
No fim, ela disse algo que eu não entendi completamente - e então abaixou sua cabeça em uma rápida
reverência.
"Você fez bem. Adeus, Araragi-senpai."
"Adeus, Ougi-chan."
E então. Oshino Ougi...
Oshino Ougi, que se apresentou como caloura de Kanbaru Suruga; que sacudiu a a segunda metade do meu
ano de veterano tanto quanto pôde; quem rondou a cidade manipulando tudo, quem colocou todo aquele
presságio nas entrelinhas; quem arrastou assuntos que estavam acabados; quem demandou cuidado e redenção,
auto-punição e silêncio; quem não temia a oposição e não tinha medo do conflito; quem, como se para zombar
dos assuntos mal-resolvidos, nunca deixava nada escapar; quem não deixava ninguém escapar.
Oshino Ougi, quem sempre aparecia onde quer que eu estivesse, quase como uma sombra - que estava em
todo lugar.
A garota que eu poderia ver sempre que quisesse, Oshino Ougi, tendo sua verdadeira natureza revelada, pelo
crime de falsificar sua identidade, da mesma forma que vários tipos de enganação que ela julgou e condenou,
ainda assim como se nunca tivesse existido, será engolida por aquilo que é como a não-existência, a verdadeira
Escuridão - e será aniquilada sem deixar rastros.
Sua justiça e meus erros...
Meus erros e sua justiça... aniquilarão um ao outro. Aniquilação dupla.
Eles desaparecerão... deixando de existir.
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Uma dor desse nível não é muito pior do que qualquer coisa que eu tenha experienciado como vampiro, então
não é nada que eu não devesse ter força para tolerar - no entanto, a sensação de perda não é nada como eu já
tenha sentido.
Parece que parte do meu corpo foi tirada de mim - embora seja exatamente isso que aconteceu, então eu
suponho que não sirva como metáfora.
"Você se atreveria a tentar salvar alguém como eu, mesmo não sendo mais imortal...?"
A indignação de Ougi-chan não tinha limites.
Da posição dela debaixo de mim, ela me encara com aquele olhos negros.
"É... é quem você é, então? Se for pelo bem de alguém, você simplesmente jogaria sua vida fora como se não
fosse nada? Você salva até mesmo alguém como eu, que sempre criticou você, que apenas condenou você?
Qual o sentido de morrer aqui? O que vai acontecer se você morrer aqui? Qual o sentido em me salvar...? É
como eu pensava. Você está errado. Tudo sobre você está errado. Você é o pior tipo de..."
"Eu não..."
Minha consciência está indo e voltando por causa da perda de sangue, mas mal conseguindo suportar sua lição
de moral, eu a interrompi e falei.
"Eu não salvei alguém. Agora, eu 'me' salvei."
Gaen-chan calculou errado a situação.
Ela que sabe de tudo cometeu um grande erro.
Duro com os outros e comigo mesmo?
Esse não sou eu.
Eu estive me sacrificando, me criticando e me punindo.
Eu sempre joguei minha vida fora pelos outros - e agora, pela primeira vez, por mim...
Egoisticamente...
Eu me salvei.
Sem consideração pelas circunstâncias alheias, sem me importar com as aparências, de acordo com meus
desejos, de acordo com meus instintos, me ajudando... eu me salvei.
Eu revelei meu eu verdadeiro.
Lembrando do passado, eu era bem espalhafatoso.
Mas é só.
Eu não sou ninguém admirável, e eu não sou tão impressionante. Ainda assim, por ser tão fraco...
Se eu não me salvar... eu morrerei.
"Hitagi... e" eu murmurei delirando "Hanekawa... Shinobu... e Ononoki-chan... todas salvaram a minha vida...
tantas pessoas salvaram minha vida... se eu não protegê-la... não seria justo..."
"..."
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Ougi-chan sussurrou isso no meu ouvido em uma voz tão baixa que eu mal pude ouvir - hum? Antártica?
Antártica.
O deserto congelado de onde até mesmo uma exceção dentre as esquisitices, Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-
Under-Blade, foi forçada a fugir por medo de deixar de existir - um lugar onde absolutamente não existem
esquisitices.
Em outras palavras, um lugar para onde um especialista nunca iria.
Ela mencionou que iria ao contrário... foi isso que ela quis dizer?
Ela quis dizer que esteve procurando por Oshino em lugares em que pensávamos que ele estivesse - mas nós
deveríamos estar procurando em lugares em que nós não achamos que ele iria? É como quando dizem que o
melhor lugar para esconder uma folha é em uma floresta - mas esconder uma folha no fundo do oceano é na
verdade a coisa mais inteligente de se fazer. Ainda assim, é da natureza humana começar a procurar pela folha
na floresta independentemente. Ninguém pensaria em desbravar o oceano, exceto Hanekawa.
Eu fiquei absolutamente sem palavras, eu pensei: Hitagi, ela não disse 'disu izu a pen'.
Ela disse 'dépaysement'.
Nesse caso, os dois lugares que ela deduziu devem ter sido a Antártica e a região oposta, o Polo Norte. É
difícil de acreditar que ela adivinhou certo em uma chance de 50%, a localização de Oshino Meme, e chegou
até o Japão em apenas um dia.
"Ela não bate bem da cabeça."
De certa forma eu duvidava que Ougi-chan estivesse se referindo às listras brancas do cabelo dela - e esse
comentário poderia ser considerado como Oshino Ougi admitindo a derrota para Hanekawa Tsubasa.
Pensando nisso, Ougi-chan sempre manteve a guarda perto de Hanekawa - mas é claro, isso era apenas natural,
porque eu conheço melhor o poder de Hanekawa Tsubasa que qualquer um.
Se Ougi-chan é o Dark-Koyomin como a Black Hanekawa de Hanekawa, a rivalidade entre elas faz sentido.
Foi a interpretação de Gaen-san e Hachikuji que disse que o nome Ougi veio de 'fã' - esse era entendimento
delas, mas nesse momento, finalmente me ocorreu que não era bem assim, foi como um induzimento ao erro
de uma história de mistério, e que talvez 'Ougi' na verdade fosse o primeiro caractere no nome de Hanekawa
sob o radical de 'porta'.
No final das contas, aquela precaução dela e todas as suas contra-medidas, embora não completamente inúteis,
acabaram fazendo pouco mais do que comprar tempo, e agora esses esforços foram esmagados e inutilizados
- por Hanekawa Tsubasa.
Como Hanekawa Tsubasa pode ser uma pessoa?
"Araragi-kun."
Sem prestar atenção na garota desmaiada ao lado dele, Oshino Meme, o homem que eu estou vendo pela
primeira vez em meses, falou com um sorriso.
"O que você acha que está fazendo," ele começou "derrubando a minha adorável sobrinha no chão de um lugar
deserto assim? Nossa, você é muito espirituoso. Alguma coisa boa aconteceu? Você já tem uma namorada,
então não saia cometendo atos pervertidos com uma kouhai."
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Deixe de brincadeiras, você sabe que essa não é a hora nem o lugar - eu estava prestes a responder com isso,
uma resposta com o calor remanescente de nossos dias nessa sala no passado.
Mas antes que eu pudesse dizer isso, estava acabado.
No entanto não foi Ougi-chan que desapareceu - foi a Escuridão.
As leis da natureza, que deviam nos devorar, desapareceram sem deixar rastros - aquela existência não-
existente que não podia ser vista ou sentida, sumiu.
O 'nada' virou nada.
"Ah..."
Sobrinha? Foi disso que ele a chamou agora. Ougi-chan.
Oshino Meme a chamou disso.
Em outras palavras, Oshino Meme reconheceu Oshino Ougi como uma parente. O que isso quer dizer, você
pergunta? Significa que ele afirmou a existência do ser Oshino Ougi.
A garota não é mais uma mentira.
E então... a Escuridão desapareceu.
"..."
Ougi-chan está completamente estupefata, sem palavras.
Ela pode agir como se soubesse de tudo, mas mesmo ela nunca imaginou que Oshino Meme, o homem que
ela repeliu com uma barreira e proibiu de voltar para casa e revelar a identidade dela, viria em seu socorro em
uma situação como essa.
Mas é assim que Oshino Meme é.
Ele é o original.
Ele é o homem que vê através de tudo.
"Você é um salvador... Oshino."
Eu digo isso no lugar da Ougi-chan em silêncio - embora eu esteja dizendo 'no lugar' de Ougi-chan, eu
essencialmente estou dizendo apenas o que sinto.
"Nah, eu não te salvei. Você se salvou, Araragi-kun."
"Bom trabalho."
Depois de ouvir isso...
Eu finalmente atingi meu limite, perdi a força que sustentava meu corpo, e cai no chão. Ougi-chan, forçada
suportar meu peso, deixou escapar um pequeno "gweh". Talvez aquele gemido não atraente e verdadeiro seja
a prova de sua existência - sua substância.
No momento em que sua verdadeira forma foi revelada, ela ganhou substância.
Oshino Ougi virou Oshino Ougi.
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E então, a juventude de Araragi Koyomi chegou ao fim. As cortinas se fecharam daqueles dias em que ele se
sacrificaria para salvar alguém, aqueles dias em que ele pensava que negligenciar a si mesmo era igual a cuidar
dos outros, aqueles dias marcados por uma fraca e frágil auto-dedicação, aquele tempo de gentis mentiras.
Ainda assim, minha batalha com Ougi-chan - nossa justa, feroz e horrível batalha - apenas começou.
Nunca explicitamente afirmando nós mesmos.
Nem nos condenando indiscriminadamente.
Nunca deixando de pensar, nunca com medo de agir, repetindo o processo de tentativa e erro tanto quanto
necessário, nunca hesitando em repetir coisas o bastante para ficarmos cansados, nos arrependendo e
redimindo até o último detalhe, ainda assim apesar de tudo, continuando a nos desafiar e continuando a apostar,
ganhando de volta tudo que perdemos três vezes mais, nós lutaremos uma batalha sem fim para conseguir
felicidade... é isso, aqui e agora, apenas começou.
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Escuridão Ougi
013
Agora o epílogo.
É o dia seguinte, 15 de março.
Na manhã da minha cerimônia de graduação, depois de ser acordado ruidosamente pelas minhas duas irmãs
Karen e Tsukihi como sempre, ei andei o caminho da escoa pela última vez - não, pilotei a minha bicicleta
pelo caminho. Meus pés nos pedais... Oh, como eu senti falta disso. É a BMX que Ougi-chan emprestou para
Tsukihi. É claro, eu terei que devolver depois, então hoje é o único dia que eu poderei usar, mas a sensação
de andar de bicicleta depois de tanto tempo parece, eu não sei, quase como recompensa generosa por chegar
até o dia da graduação alcançar o futuro que é hoje.
Para registrar, Tsukihi esqueceu sobre o 'caso do cursinho queimado que reapareceu' quando a vi de manhã.
Primeiro eu me perguntei quão ruim era a memória dela, mas parece que ela entendeu o incidente como 'apenas
mais um dos mistérios da vida'.
Parece que a vida diária da minha irmãzinha é mais complicada do que eu imaginava - é como se ela não
pudesse evitar acabar parando em uma aventura de baixo risco depois da outra. Eu estou honestamente muito
preocupado sobre o que vai acontecer com ela quando ela e Karen começarem a ir a escolas separadas em
abril.
Eu tive sonhos com a vida no dormitório, e viver com Hitagi, mas considerando a minha irmã, eu duvido que
eu possa sair de casa imediatamente.
Afinal, quando se trata da existência de Tsukihi como o Pássaro Moribundo...
Nada se resolveu ainda.
Eu tenho certeza que Hitagi não vai deixar o pai ainda também - além disso, decidir isso tudo é pra depois que
os resultados do exame forem anunciados.
Dado o que Ougi-chan me disse sobre preencher o gabarito errado, sair de casa pode estar fora de questão -
eu posso ter que ir direto trabalhar.
É claro, isso tirando a possibilidade dos meus pais me expulsarem de casa por falhar em entrar na
universidade...
"Oh, aliás, Tsukihi-chan. Você disse que estava deixando seu cabelo crescer para fazer um pedido, certo? Para
o que era mesmo?"
Não que eu possa falar algo, mas ela tem deixado o cabelo dela crescer por um bom tempo, então eu disse isso
antes de sair essa manhã.
Era uma das pontas da história que estava solta.
Ela me disse há um tempo atrás que estava deixando o cabelo crescer para fazer um pedido, mas eu nunca
descobri o que era. É claro, já que o cabelo dela ainda está crescendo, parece que as preces dela ainda não
foram atendidas.
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"Oh, sim, agora eu lembro de ter dito isso. Eu acho que já posso cortar... eu esqueci que tinha um motivo para
deixá-lo tão longo."
"Sério, quão ruim pode ser sua memória?"
"Eu estava pedindo para que você passasse nos seus exames e para que Nadeko-chan fique melhor... Você
sabe, um pedido de cabelo. Assumindo que não há deus para o qual pedir, digo."
Nossa.
Eu tinha a suspeita de que tinha algo a ver comigo, mas não passou pela minha mente que Sengoku estaria
inclusa também. A dedicação da minha irmã com seus amigos é realmente alguma coisa; como irmão dela, eu
devo tomar notas.
"Seus exames terminaram e Nadeko-chan já está praticamente recuperada agora... hmm. Talvez realmente
haja um deus."
"Sim. Desde ontem."
"Hm?"
"Oh, nada. Esqueça."
"É, certo."
Eu deixou de lado sem pensar duas vezes. Eu estava tentando agir enigmático, mas ela não poderia se importar
menos.
Ela pode ser pequena, mas com certeza opera em largas escalas.
"Talvez eu devesse esperar pelos resultados do seu exame, então cortar como a Nadeko-chan. É quase hora
das irmãs de fogo se separarem, então talvez eu pudesse formar um time com Nadeko-chan... Ei, Onii-chan,
você vai cortar o seu cabelo um dia?"
"Oh, sabe..."
Eu dei uma resposta vaga - enquanto tocava na marca de presas profundamente gravadas na parte de trás do
meu pescoço, perto da nuca.
De qualquer forma, se Tsukihi vai ou não cortar o cabelo depende dos resultados do meu exame de admissão
- mas eu não vou pensar sobre isso hoje.
Hoje é o dia da minha graduação.
Considerando que, por um tempo, eu estive pensando em largar a escolar, simplesmente chegar até esse dia é
o suficiente para me encher de emoção.
...Pensando nisso, eu falei com Karen essa manhã também.
Comunicação saudável entre irmãos é uma coisa maravilhosa.
"Nii-chan, Nii-chan. Nós não vamos mais poder flertar um com o outro depois que eu me tornar uma colegial
no próximo mês, então vamos tentar nos alimentar boca-a-boca uma última vez!"
"..."
Eu estava preocupado com essa irmã por motivos diferentes...
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Essa foi nossa conversa. O que quer que o futuro traga, parece que a minha irmã maior não vai ter que se
preocupar com uma experiência colegial como a minha.
Se tem algo que eu desejo, é que Araragi Karen possa viver o resto da vida sem se encolher diante da justiça...
Então, enquanto eu estou pedalando essa bicicleta estranha com entusiasmo, eu imediatamente reconheço uma
figura a frente - uma estudante de maria-chiquinha levando uma mochila gigante.
Se ela estivesse de costas para mim, eu poderia mostrar a minha famosa rotina de gastar outras cinco páginas
fingindo me segurar antes de correr para abraçá-la, mas ela está me encarando e caminhando na minha direção.
Não há chances para o pobre Araragi-kun.
"Ei, Hachikuji."
Tudo que posso fazer é chamá-la normalmente assim.
Em resposta, Hachikuji une as sobrancelhas em sinal de desprezo e diz, "Por favor não fale comigo. Eu sou
uma deusa agora."
Isso totalmente subiu a cabeça dela!
A personalidade dela voltou a ser como na sua primeira aparição!
"Se você absolutamente insiste em falar comigo, então entregue uma oferenda depois de duas reverências,
duas palmas, e outra reverência, e fale comigo como se estivesse se referindo a uma deusa."
"Quem passaria por tudo isso para falar com alguém? Eu vou começar a te dar um gelo."
Além disso, ela pode ter se tornado uma deusa, mas até onde sei, ela não parece diferente de antes. Ela não
está vestida como uma dama do templo, nem qualquer tipo de kimono tradicional.
Bem, isso poderia mudar no futuro. Ninguém muda da noite pro dia, e isso vale pra humanos e esquisitices.
Eles mudam gradualmente.
"De qualquer forma, o que um deus faz passeando por aí? Você está perdida?"
"Não seja ridículo. Como as coisas estão agora, eu sou, sem ironia, quem determinada os perdidos."
"Você mesma parece bem ridícula, mas esse é um grande passo..."
"De qualquer forma, embora eu não aprecie ser acusada de estar 'passeando', assistir mortais insignificantes
tocarem suas vidas é de fato um dos meu deveres mais triviais como uma deusa."
"Você realmente deixou a divindade subir a cabeça, huh? Não vá mudando para uma pessoa tão diferente
depois de apenas um dia. Eu estava falando de como as pessoas mudam gradualmente."
"Hoje é o dia da sua graduação Araragi-san? Parabéns" disse Hachikuji, finalmente elogiando meu trabalho
duro com um pequena aceno de cabeça. "Sob outras circunstâncias, eu gostaria de ir à cerimônia em pessoa
para comemorar, mas a plebe pode fazer uma confusão se uma deusa aparecesse lá, então eu devo me conter
por consideração."
"Ninguém vai visitar o seu templo, sabe. Esse lugar vai se tornar uma cidade sem deus novamente."
"Hahahaha. Oh, não seja assim; por favor passe por lá quando quiser. O templo Kita-Shirahebi não tem
restrições de adoração, então pode vir a hora em que quiser."
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Dizendo isso, Gaen-san encarou a dama do meu lado, a loira com olhos dourados em forma de criança.
"Honestamente falando, eu realmente aprecio essa decisão sua como uma especialista - mas eu tenho que
admitir que eu não entendo completamente por que você quer ser selada dentro da sombra de Koyomin
novamente. Se você tem algum tipo de esquema em mente, por favor compartilhe com a classe."
"Eu não estou planejando nada - eu já cansei de lutar e desejo ser reconhecida como inofensiva por você
novamente. É realmente difícil para uma especialista entender?"
Ela foi de uma criança para uma moça.
E agora ela desejou ser criança novamente.
"Kaka..."
Mesmo sem nosso laço, eu sabia que Shinobu, que respondeu aquela pergunta com um sorriso assustador no
rosto, não proferiu uma mentira sequer.
"É claro, depois de se livrar de todos os restos de vampiro, se meu mestre não quiser mais se tornar uma vaga
existência, nem humano nem vampiro, eu devo retirar meu pedido. Depois de curar seu braço, eu devo me
esconder em uma montanha e viver a vida de uma ermitã."
"Não vai acontecer."
Antes que Gaen-san pudesse responder, eu falei.
"Não há lojas Mister Donuts nas montanhas, Shinobu."
"Ah, verdade."
Depois dessa troca, nós juramos nunca mais repetir o erro de acelerar minha vampirização com o nosso hábito
de beber sangue, e nós restauramos nosso elo pela terceira vez.
Kiss-Shot Acerola-Orion Heart-Under-Blade, que recuperou sua forma completa pela primeira vez desde a
férias de primavera, foi novamente selada dentro da minha sombra como uma garota de 8 anos inofensiva com
o nome de Oshino Shinobu.
Durante as férias de primavera, ela não teve escolha - mas não dessa vez.
Dessa vez, foi escolha dela.
Ela escolheu selar sua própria existência - e não houve mentira ou enganação nessa escolha.
Ela que recusou se tornar uma deusa 400 anos atrás, 400 anos depois... tomou a decisão de se tornar uma
garotinha.
Não, talvez ela não tivesse realmente escolha. Afinal, eu, pelo menos, não consigo imaginar um futuro sem
Shinobu nele.
É claro, isso não significa que nos perdoamos. Talvez em 400, chegará o dia em que nos perdoaremos, e um
dia quando poderemos esquecer tudo, mas agora, chame de complacência ou de compromisso, chame de
conluio ou plalhaçada, é assim que é entre nós dois.
"Se você morrer depois amanhã, e viveria até o dia seguinte - e contaria a alguém sobre sua história. Eu iria
orgulhosamente contar as histórias do meu mestre."
Eu cheguei na escola.
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Eu passei pelos portões, desci em honra à cerimônia de graduação, e fui até o estacionamento de bicicletas.
Esperando por mim estava ninguém mais que Hanekawa Tsubasa.
Acho que uma estudante modelo é uma estudante modelo mesmo quando se trata de estamina. Embora
parecesse exausta ontem, ela parece ter se recuperado completamente esta manhã, ao que parece pelo menos.
O que é impressionante é que ela até mesmo se livrou daquelas olheiras enormes.
"Bom dia, Araragi-kun."
"Bom dia, Hanekawa. Você conseguiu vir a cerimônia de graduação, huh? Eu pensei que você fosse descansar
hoje."
Ela é mais do que apenas resistente... Ela pode ter sido a pessoa mais invulnerável todo esse tempo.
"O que está fazendo no estacionamento de bicicletas?"
"Estava esperando por você, é claro. Há várias coisas que eu quero falar a respeito."
"É?"
"Quando a cerimônia acabar, eu tenho que ir embora, então, sabe, esse é basicamente o único tempo que
teremos para conversar."
"..."
Ela é com certeza ativa.
Mas se é assim que é, há várias coisas que eu queria conversar com Hanekawa também - mais coisas do que
eu posso contar. Embora seja menos que eu queria conversar e mais que eu queira respostas com ela.
"Por que você precisa partir tão cedo? Você marcou um voo ou algo assim?"
"Mm. Mmm. Bem, veja..."
Haanekawa parecia estar tendo problemas para achar as respostas certas.
Enquanto deliberava, e ela puxava para trás o cabelo, que havia crescido consideravelmente desde que ela
cortou no início do ano - embora é claro, dado que estamos na escola agora, está completamente preto, sem
listras à vista.
"Quando eu estava trabalhando para trazer Oshino-san de volta da Antártica, eu tive que vender meu cérebro,
pode-se dizer."
"Vender seu cérebro?"
O que isso significa? Tem um toque sinistro nisso.
"Eu acho que é o que chamam de 'turista aérea'? De qualquer forma, eu tive que fazer isso, ou não havia como
eu ter fretado um caça - oh, não se preocupe. Eu me vendi a uma organização relativamente ética."
Que tipo de aventuras você está tendo no exterior?
Ela é realmente incrível quando você a deixa solta no mundo.
Parece quase errado alguém como ela usando um uniforme e vindo para a escola - embora hoje possa ser a
última aparição dela nesse uniforme.
Pensando nisso, eu deveria dar uma boa olhada.
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Nosso segundo adeus nem me deu tempo para ser nostálgico - mas ainda assim, considerando que nós
conseguimos nos encontrar novamente depois dele ter ido todo caminho até a Antártica, eu tenho certeza de
que um dia, não muito distante no futuro, nossos caminhos vão se cruzar novamente.
Dito isso, eu estou um pouco bravo que ele saiu antes que eu pudesse agradecer a ele por tudo, especialmente
todas a cordas que ele puxou com Tadatsuru.
Então, dado tudo - embora eu não tenha certeza do que 'tudo' compreenda aqui - parece que eu estarei tomando
conta de Ononoki-chan por mais um tempo, ou pelo menos até Kagenui-san terminar seu treinamento e voltar.
A menos que Gaen-san tenha esquecido sobre esse pretexto, poderia ser considerado uma continuação da
vigilância dela.
Nesse caso, não há muito que eu possa falar a respeito.
Eu fiz mais que o bastante para merecer.
Eu gostaria de pensar que eu consegui mais que o bastante para merecer - mas eu não acho que todo mundo
veja assim.
Mais do que qualquer um, eu tenho certeza de que ela não vai ver assim - meu outro eu não vai ver assim.
"Adultos...? Nós somos todos adultos começando amanhã, lembra?"
"Hitagi e eu ainda somos estudantes. Você é a única se tornando uma adulta."
"Hitagi?"
Eu estava me preparando para uma boa resposta, mas eu cometi um deslize - e Hanekawa se recusou a deixar
escapar.
Ooh... entendi. Entendi. A coisas realmente progrediram enquanto eu estava fora..."
"Espere, espere, espere. Não vá imaginando coisas. As coisas podem não ter progredido tanto quanto você
está pensando."
"Whew, estou feliz. Agora eu posso ir sem me preocupar."
Enquanto dizia isso, Hanekawa andava a minha frente.
Ela queria conversar comigo antes de deixar o Japão para poder me perguntar sobre Hitagi? Se era esse o caso,
ela deve realmente se importar com a sua melhor amiga... ela se preocupa tanto, sério.
Pensando nisso, dá pra dizer que tudo isso - ou melhor, tudo que aconteceu desde agosto - foi resolvido apenas
pelos esforços Hanekawa. Ela não apenas merece parte do crédito, ela pode merecer tudo.
Foi exatamente um ano inteiro agora.
Eu sentimentalmente refleti sobre o quão diferente meu último ano escolar poderia ter sidoo se eu não tivesse
conhecido Hanekawa antes.
Eu não farei amigos, porque minha força como humano diminuirá.
Eu poderia ter me graduado quieto e sozinho, deixando essa palavras para trás (ou nem me graduado).
Talvez não teria sido tão ruim.
Mas agora que eu cheguei até aqui, eu não posso imaginar as coisas de outra forma.
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"Oh... é isso."
"Hm? O que foi, Araragi-kun?"
"Oh, não, algo que meu acorreu tardiamente... é sobre o porquê de Gaen-san ter tanta certeza de que Ougi-
chan agiria contra Tsukihi-chan na noite de 14 de março..."
Ougi-chan mesma disse.
Ela queria colocar um fim nas coisas antes que eu me graduasse - talvez isso significasse "antes que a
juventude chegasse ao fim".
Era algo que ela queria completar enquanto eu ainda era um estudante.
É claro, embora ela tivesse que achas uma abertura no meu horário, mais precisamente, Ougi-chan precisava
esperar por uma abertura de Tsukihi... mas Tsukihi não tinha nada a não ser aberturas, sério.
Suponho que essa seja uma fênix: aproveitando a vida sem nem tentar.
Enquanto estou no meu caminho para a classe, andando lado a lado com Hanekawa... ali está Senjougahara
Hitagi na entrada do prédio da escola. No momento que ela vê a mim e Hanekawa, uma expressão frustrada
brevemente passa pelo rosto dela, acompanhada por um leve 'tch'. Parece que caiu a ficha pra ela que
Hanekawa antecipou onde ela estaria e a derrotou.
Ei, já chega com as competições estranhas entre amigas...
Deixa as coisas estranhas.
Bem, eu adivinhei que seria difícil de se livrar completamente dos complexos de Hitagi com Hanekawa, mas
ainda assim, dado que Hanekawa chegou a alturas que nós nunca poderíamos esperar atingir, eu pessoalmente
acho que há de convir que ela deixe esses sentimentos de aos poucos...
Então novamente, eu suponho que eu não possa falar nada. Eu posso como se reverenciasse Hanekawa, mas
se eu criei Ougi-chan, que tem tal antipatia instintiva por ela, isso quer dizer, que no fundo, deve haver alguma
parte de mim que a vê como rival também.
"Bom dia, Araragi-kun."
"Huh? Você não vai chamá-lo de Koyomi?"
Hanekawa perguntou ante que eu tivesse tempo de responder.
Apesar de suas experiências ao redor do mundo, parece que ela desenvolveu um hábito cruel.
Talvez percebendo que resistir era inútil, Hitagi se corrigiu com, "Bom dia, Koyomi," seu rosto ficou vermelho
de vergonha.
"E bem vinda, Tsubasa."
Na confusão do momento, ela acabou chamando Hanekawa pelo primeiro nome também. Hanekawa pareceu
surpresa por um momento, mas rapidamente como ela é, ela de recuperou com:
"É bom estar de volta, Hitagi-chan."
Hitagi-chan... que nome adorável.
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Hanekawa devia estar planejando guardar algum tempo para uma divertida conversa de garotas mais tarde, já
que ela não disse nada sobre estar saindo do Japão imediatamente depois da cerimônia, nós três simplesmente
fomos em direção à classe juntos.
De alguma forma, a atmosfera da escola parece diferente do normal. Deve ser por causa d estado mental.
Koyomi. Kanbaru me disse que eu nos arranjou um presente de graduação."
"Ela? Um presente da Kanbaru... agora isso me deixa nervoso."
"Qual é. ela sabe mais do que nos dar qualquer coisa inapropriada numa situação assim. Eu perguntei a ela,
mas evidentemente é apenas um buquê."
"Flores, huh?
Se ela perguntou a respeito, Hitagi deveria ao menos estar um pouco nervosa...
De qualquer forma, ela simplesmente me explicou isso, e como sempre, não me perguntou - ela não me
perguntou nada sobre o que aconteceu na última noite, ou como as coisas se resolveram.
Ela simplesmente esperou que eu contasse a ela.
Não é exatamente nada que eu possa me orgulhar e pode não ser uma história que eu devesse estar contando
- mas é uma cadeia de eventos que eu realmente tenho que falar com ela a respeito.
Eu espero que possa contar como uma história engraçada.
Eu espero que possa contar com um sorriso.
"Aliás, Araragi-kun," disse Hanekawa, "Quantos pontos mais você precisa para conseguir uma pontuação
perfeita no seu exame?"
Eu nunca ouvi essa pergunta na minha vida.
Bem, essa foi provavelmente apenas uma piada.
Eu contei a ela como eu aparentemente pulei uma linha do gabarito da parte de matemática. Ouvindo isso,
Hanekawa ponderou por um instante, então respondeu, "Eu não acho que seja verdade. Eu perguntei a Oi...
outra pessoa fazendo o mesmo exame da universidade a respeito, e a partir do que eu ouvi, não era o tipo de
folha de respostas que você poderia preencher errado."
Ela está levando 'proativa' ao extremo. Quanto tempo ela gastou se preocupando comigo?
No entanto... não era do tipo que você poderia preencher errado? Digo, eu achei estranho que fosse meio
estranho que eu pudesse errar tantas respostas, mas então como ela...?
Eu tinha certeza que deveria ser verdade por causa do que Ougi-chan disse.
"Ougi-chan provavelmente estava provocando você, como ela sempre faz," disse Hitagi.
"É claro, definitivamente não parece o tipo de piada que você faria, Araragi-kun."
É verdade mesmo?
Não, talvez eu nunca faria esse tipo de piada, e exatamente por isso ela fez - afinal, fazer coisas que eu não
posso e coisas que eu não farias é o papel que ela foi forçada a assumir.
Assim foi, e provavelmente, assim continuará sendo.
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Nesse momento, minha mente subitamente se virou para a garota que trouxe flores para nós, Kanbaru -
Kanbaru Suruga, quem indiretamente ajudou no nascimento de Oshino Ougi. Ela nunca encarou a Escuridão,
mas quando se trata de possuir uma mente guiada pela autodisciplina, ela me deixa para trás.
E mais, ela é descendente direta de Gaen Tooe. Não importa o como o talento possa se manifestar, a
predisposição a criar esquisitices é com certeza algo que foi passado na família Gaen por gerações.
Nesse caso... talvez ela também um dia encare a representação de sua juventude.
Talvez a própria Oshino Ougi de Kanbaru um dia aparecerá diante dela. Se esse dia chegar, eu tenho certeza
de que vou dar uma mãozinha.
Como Hanekawa fez comigo.
... Bem, eu suponho que eu só possa fazer o que posso.
Eu não sou ninguém a não ser eu mesmo.
Eu não posso ser como Oshino Ougi, nem como Hanekwa Tsubasa, mas eu vou ajudar alguém no meu
caminho.
Eu vou ajudar alguém a se salvar.
Então, acontece enquanto eu estou pretensiosamente pensando nisso, terminando de subir as escadas.
Nós passamos por uma estudante sozinha - uma estudante que não nos dá atenção e desce os degraus. Julgando
pela cor do seu cachecol, ela é do primeiro ano. Ela provavelmente veio para a escola hoje para ir à cerimônia,
mas por que uma estudante estava em uma área onde ficam as classes dos alunos do terceiro ano?
No entanto, a aparência pálida dela é mais que o bastante tirar essa questão da cabeça. Seus passos fracos e
cambaleantes não dão a impressão de uma doença física tanto quanto de um fardo mental.
Ela parece extraordinariamente cansada. Quase como se estivesse possuída por algo.
Pensando nisso, eu me encontro parado.
Hitagi e Hanekawa olharam para mim, então encolheram os ombros em resignação. Elas devem estar próximas
de fato, julgando por seus movimentos perfeitamente sincronizados.
"Vejo você depois."
Até mesmo as palavras delas saíram em uníssono.
"É. Peguem meu diploma para mim, okay? Vejo vocês depois," eu respondi, então dei minha bolsa para Hitagi
e desci as escadas voando num pulo, seguindo a aluna que acabamos de ver. Eu aterrissei meus pés e me virei,
então, sentindo o olhar de duas garotas me assistindo, continuei descendo as escadas.
Enquanto corria pelo corredor dos alunos do primeiro ano, procurando a direção que ela deve ter ido, eu passei
por outra estudante - uma jovem garota com olhos negros.
Aquela garota, remanescente da própria escuridão, falou com um sorriso ridículo.
"Você nunca muda, Araragi-senpai."
Nah. Eu vou mudar.
Mas não importa o quanto eu mude, eu vou sempre ser eu mesmo.
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"Uma vez, havia um estranho jovem chamado Araragi Koyomi - e ele ainda existe até hoje. Fim."
Uma voz badalou nas sombras ao meu lado, narrando a história em voz alta.
Mal posso esperar para ouvir a próxima parte dessa história.
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Posfácio
Ahem. Há o termo "erro irreversível", mas se você realmente pensar a respeito, um "erro
irreversível" não faz muito sentido. Uma vez que você erra, ou uma vez que você perde, essas
experiências não serão desfeitas apenas por algum tipo de sucesso futuro. No entanto, mesmo que
seja impossível desfazer um erro não importa o quanto você possa se arrepender ou se redimir, eu
acredito que ninguém poderia argumentar que pessoas são pelo menos capazes de esquecer sobre
seus erros. Em outras palavras, talvez um "erro reversível" se refira a alguém alcançando sucesso
o bastante para esquecer do erro que ele cometeu? Talvez histórias coming-of-age que usam o
passado trágico de um personagem como início não são sobre usar o infortúnio como princípio
para a felicidade tanto quanto são sobre juntar o bastante de um futuro para apagar essas memórias
do passado. Inversamente, há sempre a chance de que alguém poderia juntar tanto infortúnio que
toda a sua felicidade vai inevitavelmente sumir, então na verdade, felicidade e infortúnio não
compartilham muito da relação de causa-efeito. "Eles não são antônimos" é essencialmente o que
eu estou dizendo. Eu acho que eu comecei a complicar demais as coisas, então eu coloquei meus
pensamentos em ordem - embora tudo que estou realmente fazendo é divagar sobre as definições
de sucesso e erro, ou felicidade e infortúnio - estou tentando dizer que felicidade não depende de
um jeito de pensar, como dizem, mas simplesmente da memória de alguém. Resumindo, a maior
habilidade de uma pessoa é na verdade seu poder de "esquecer". No entanto, isso não significa
que é um poder que deveria sempre ser usado, e isso é uma lição que ei espero de Araragi Koyomi-
kun, Senjougahara Hitagi-san e Hanekawa Tsubasa-san demonstraram ao longo do ano durante
um total de dez anos no mundo real.
Dito isso, esse foi o último volume de verdade da Parte Final da Série Monogatari, parte três de
Owarimonogatari. Olhando para trás, Caranguejo Hitagi foi publicado primeiramente na edição de
setembro de 2005 da edição especial Shousetsu Gendai da revista Mephisto. Foi originalmente
proposto como uma história curta única, mas aqui estou ainda escrevendo no ano de 2014. Não é
algo tão "inacreditável" quanto simplesmente chocante. E então, isso foi Owarimonogatari 3,
consistindo do Episódio 5: Inferno Mayoi, Episódio 6: Encontro Hitagi e Episódio 7: Escuridão Ougi.
A ilustração da capa é uma Senjougahara-san de tranças num planetário. Extraordinário. Eu sou
extremamente grato a VOFAN-san. Não importa o que mais eu possa esquecer, eu sempre irei
lembrar desse sentimento de gratidão e continuar me esforçando para fazer meu melhor.
Obrigado por ler.
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