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Introdução
Durante toda a história da Música, era natural que os Compositores escrevessem suas
peças em função da instrumentação disponível na época. Podemos notar que, no Classicismo,
as peças eram compostas para um número pequeno de instrumentos, onde podemos
encontrar peças que no geral utilizam no máximo uma dupla de cada instrumento de madeira,
um par de cada instrumento de metal (excluindo a Tuba, que não era usual na época), a
Percussão que era bem restrita (onde normalmente encontramos o uso dos Timpanos + 2
Instrumentos que podiam ser: Caixa Clara, Triângulo, Pratos, Gran Cassa...), e as Cordas, que
não eram utilizadas em grande número (sendo um dos motivos, as articulações e ornamentos
bastante utilizados na época que necessitariam de um numero pequeno de cordas para soar
claro e preciso).
Após o Classicismo, no período Romântico, com a entrada de novos instrumentos e a
necessidade da busca por novas sonoridades, a Orquestra aumentou de tamanho, sendo
necessário também, por exemplo, aumentar a quantidade de músicos de cordas para que
pudesse dar equilíbrio sonoro na Orquestra como um todo. E no período pós-romântico, no
século XX, tendo a disposição uma gama ampla de instrumentos, muitos compositores
mantiveram essa concepção de grande Orquestra para escrever suas Obras, buscando explorar
o máximo de cada instrumento estabelecido como parte de uma Orquestra Moderna.
Materiais e Métodos
Para esta pesquisa, foram utilizadas algumas partituras de Korngold datadas de 1908 a
1919 e algumas partituras de obras compostas para o cinema. Para a observação de possíveis
influencias de Korngold em obras da música cinematográfica da atualidade, também foram
analisadas algumas peças do renomado compositor John Williams.
Além das partituras, esta pesquisa também se pautou em alguns livros e materiais,
estes descritos na bibliografia ao final deste relatório. As obras selecionadas foram analisadas
em alguns aspectos que considero ser primordiais para o entendimento sobre a técnica de
escrita orquestral de Erich Korngold: primeiramente, foi coletada a instrumentação utilizada
em cada uma das obras escritas por Korngold durante toda a sua vida e, com este material,
seguiu-se a observação da base instrumental utilizada pelo compositor para a construção de
suas obras orquestrais, considerando a instrumentação de uso mais recorrente. Partindo das
obras escolhidas para a análise, foi levantado a tessitura de cada instrumento em cada uma
das obras, bem como a observação das regiões de escrita mais utilizadas e, iniciando pela
primeira obra orquestral de Korngold, "Der Schneemann", foi feito uma analise técnica das
obras anteriores ao período cinematográfico selecionadas, onde foi observado a técnica de
escrita individual de cada instrumento e suas funções dentro das obras, bem como o uso de
combinações instrumentais (incluindo relações intervalares) para compreender o resultado
sonoro orquestral característico do Compositor desde sua essência. Em seguida foi feito a
mesma análise nas obras cinematográficas, mas também levando em consideração as
possíveis mudanças de escrita instrumental e de orquestração observadas em relação às obras
anteriores, dando maior foco na técnica consolidada nestas obras cinematográficas. E por
último, coletados os resultados da análise feita, foi observado na escrita de algumas obras de
John Williams possíveis influencias da orquestração de Korngold.
Resultados
Instrumentação e Tessitura Geral dos Instrumentos Utilizados
Na questão da Instrumentação utilizada por Korngold em suas peças anteriores ao
período cinematográfico, é de se notar que ele geralmente opta por uma formação específica
onde se faz necessário de dois a três instrumentos de cada uma das madeiras (incluindo o uso
do Piccolo, Corne Inglês, Clarone e Contrafagote).
Em relação ao grupo dos metais, utiliza um padrão de 4 Trompas na maioria de suas
peças, pelo menos 2 Trompetes (passou a utilizar 3 a partir de “Schauspiel Overture”) e ainda
sim em alguns casos utiliza um Trompete Baixo (sendo este, atípico em Obras Orquestrais).
Utiliza também pelo menos 3 Trombones (sendo possivelmente o terceiro, um Trombone
Baixo) e incorporou a Tuba em sua Orquestração a partir de sua Obra “Schauspiel – Overture”.
Em relação à Percussão, nota-se que Korngold utiliza um grande número de
instrumentos, sendo geralmente utilizados no mínimo 4 tipos diferentes (onde os Tímpanos
estão presentes todas as vezes), e que em algumas Obras chegam a ter até 11 instrumentos de
Percussão, como é o caso da Obra “Baby- Serenade”, escrita em 1928. Quanto aos
Instrumentistas, a escrita de Korngold para a percussão exige um Timpanista e até 3
percussionistas para tocarem as linhas dos outros instrumentos de percussão.
Entre os Instrumentos de Percussão, além dos Timpanos, Korngold demonstra também uma
preferência pelo Triangulo, Pratos, Caixa Clara (Snare Drum) e Glockenspiel, que estão
inseridos em quase todas as suas Obras Orquestrais, e utilizados desde sua primeira Obra, “Der
Scheemann”.
A Harpa também é utilizada na maior parte de suas Obras, e nota-se que é parte de
sua identidade musical. Em duas de suas Obras observadas, ele utiliza 2 Harpas, onde
percebe-se sua necessidade devido ao grande número de Instrumentos presentes.
As cordas obedecem o padrão Orquestral estabelecido desde o Classicismo: Violinos I e
II, Violas, Cellos e Contrabaixos. Mas é importante lembrar que as Obras de Erich Korngold
foram pensadas para serem realizadas com um numero grande de músicos de cordas, assim
como as Obras de outros compositores do século XX. Esta afirmação é comprovada por
algumas especificações feitas pelo próprio Compositor em algumas de suas Obras, como é o
caso de sua “Symphonic Serenade, op. 39”, composta em 1947 (no final de sua Vida), onde ele
especifica o uso de 16 Violinos I, 16 Violinos II, 12 Violas, 12 Cellos e 8 Contrabaixos . Outra de
suas Obras em que temos a quantidade de instrumentistas de cordas especificada é a
“Abertura Sinfônica, op.13”, composta em 1919, onde ele também separa os Violinos entre I, II
e III, e as Violas e Cellos entre I e II (o que não é comum), ficando assim: 14 Violinos I, 8
Violinos II, 8 Violinos III, 6 Violas I, 6 Violas II, 6 Cellos I, 6 Cellos II e 8 Contrabaixos.
É interessante observar que as duas peças aqui citadas são de épocas diferentes de sua
Vida, sendo uma composta em sua juventude (1919) e a outra ao final de sua Vida (1947), e
ambas destacam o grande numero de instrumentos de cordas idealizado por Korngold, que
sugere que, no geral, suas outras Obras compostas durante a vida também foram pensadas
para um grande numero de instrumentistas de cordas.
Em algumas Obras específicas, Korngold ainda faz o uso de instrumentos não
convencionais para a Orquestra, como o Saxofone e o Banjo. Mas este detalhe mostra como o
Compositor explorava o campo da Música buscando sonoridades únicas para suas Obras.
Sobre a tessitura instrumental utilizada por Korngold, através da coleta da tessitura de
todas as Obras analisadas (tanto as do período cinematográfico quanto às anteriores), como
também na observação das regiões de escrita mais utilizadas em cada instrumento, pôde-se
concluir que, primeiramente, no geral não houveram mudanças na tessitura utilizada pelo
Compositor entre suas primeiras obras orquestrais e suas obras cinematográficas, o que
contribui para que a sonoridade de suas obras tenham sempre a mesma personalidade
(independentemente da configuração de forma estrutural). O mesmo resultado se encontra na
região de maior uso de cada instrumento, apenas ressaltando que no caso das Flautas e
Violinos I, o uso no extremo agudo é um pouco mais frequente nas obras cinematográficas.
No geral, a análise da tessitura utilizada por Korngold revela sua tendência por
explorar os extremos de muitos dos instrumentos, extraindo as mais diversas sonoridades ao
navegar pelas regiões possíveis de execução de cada instrumento, principalmente por algumas
regiões atípicas para alguns deles.
De acordo com todos os dados coletados, segue abaixo uma média da tessitura
utilizada em cada instrumento (a esquerda) e a média da região de maior uso nas obras (a
direita).
OBS: A escolha dos Clarinetes (em Lá ou Sib) e os Trompetes (em Sib ou Dó) variam de acordo
com cada obra, onde a escolha do Compositor provavelmente é feita de acordo com a
tonalidade em que a obra se encontra.
(King's Row, pag.35 - Ainda na mesma obra, na re-exposição do Tema na sessão final, um
exemplo da indicação de glissando no na segunda parte do Tema - conduzida pelos Violinos.
Aqui também podemos observar o uso dos Violinos II em cordas duplas completando o acorde
com as notas oitavadas dos Violinos I, trazendo ainda mais a característica sonora de Korngold)
(The Sea Hawk, pag. 21 - Exemplo de uso dos Violinos)
(King's Row, pag.23 - Violinos I e II separados em dois pentagramas por naipe. Aqui podemos
observar os Violinos I em divisi de 8ª e 4ª entre si, com o complemento dos Violinos II)
Discussão e Conclusão
Diante da análise feita nas obras de Korngold, conclui-se que há um conjunto de
elementos na técnica orquestral do Compositor importantes para a construção da
personalidade sonora presente em suas obras. A análise instrumental e orquestral das obras
de Korngold, seguindo cronologicamente por suas primeiras obras até as composições para
Cinema, mostra que muitas das diferenças encontradas nos dois extremos são parte de sua
evolução como compositor, bem como o enriquecimento de sua técnica para imprimir uma
personalidade própria à sonoridade da orquestra.
Nota-se claramente que a combinação de intervalos específicos entre notas (descritos
nesta pesquisa) e a combinação de alguns instrumentos são dois dos grandes fatores que
resultam na sonoridade marcante das obras de Korngold. Mas, possivelmente a principal
característica de sua escrita é a região em que os instrumentos são escritos, principalmente
quando falamos dos Violinos em sua região mais aguda (com a expressividade na execução
indicada na obra), o que também leva o Compositor a inserir alguns outros instrumentos como
auxílio dos Violinos quando estes estão conduzindo a melodia, caracterizando ainda mais a
sonoridade de suas composições.
Erich Korngold foi precursor na arte de compor para o Cinema, transformando a
indústria cinematográfica ao estabelecer um modelo de trilha sonora que é utilizado até os
dias de hoje. Sua técnica de escrita deixou possíveis traços na escrita orquestral de outros
compositores cinematográficos da atualidade (neste caso, não é possível afirmar que houve
uma influência direta, mas há evidências de semelhanças significativas). Mas ainda que não se
possa afirmar que algumas obras como as de John Williams tenham a orquestração de
Korngold como referência, esta pesquisa observou algumas semelhanças importantes que
aproxima a escrita orquestral das obras dos dois compositores, embora cada um tenha sua
própria personalidade composicional.
Referências Bibliográficas
BARROS, G; GERLING, C. Análise Schenkeriana e performance. Opus, Goiânia. 2007.
STANLEY, Sadie & GROVE, George: The new Grove Dictionary of Music and Musicians.
WINTERS, BEN. Erich Wolfgang Korngold's the adventures of Robin Wood: a film score guide.
c2007.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente ao meu Orientador, Prof. Dr. Carlos Fiorini, pela confiança e
apoio na elaboração desta pesquisa, e por todo o conhecimento e clareza que me
proporcionou durante todos os anos da minha graduação, abrindo toda a minha visão no
mundo da Música.
Também agradeço à Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, por todas as
ferramentas que me proporcionou na vida acadêmica, me permitindo uma imersão na Música
em suas mais variadas formas.