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 DISCURSO EPIDÍCTICO

Na sua Retórica, Aristóteles define o discurso epidíctico como aquele 


que tem por objeto o elogio e a censura, a virtude e o vício. O seu tempo  
é essencialmente o presente (e nisso difere do discurso deliberativo, 
virado para o futuro, e do discurso judicial, virado para o passado), mas 
não deixa de ter relação com o passado e com o futuro: «para o género 
epidíctico o tempo principal é o presente, visto que todos louvam ou 
censuram eventos atuais, embora muitas vezes também argumentem 
evocando o passado e conjecturando sobre o futuro» (1358b).

Pela natureza do seu tema, o discurso epidíctico faz essencialmente 


apelos a valores que enaltece. Nesse sentido, o seu núcleo é axiológico 
e a sua função está ligada a mecanismos de identificação solidificadores do 
sentido de comunidade. Perelman e Olbrechts-Tyteca (1988: 62) 
comparam o discurso epidíctico a «um vigilante de diques que sofrem 
constantemente o assalto do oceano» e Crosswhite (1996: 107) 
evidenciou que «o epidíctico, como género, tende mais a reforçar acordos 
existentes do que a criar novos acordos, garantindo assim as condições da 
argumentação, mais do que participar diretamente nela».

Pondo em relevo a função social do discurso epidíctico como discurso da 


coesão e da identificação, Perelman refere que «o discurso epidíctico 
releva normalmente do género educativo, pois ele visa menos suscitar 
uma ação imediata do que criar uma disposição para a ação, esperando o 
momento apropriado. Não lhe compreendemos nem a natureza nem a 
importância se lhe atribuímos, como finalidade, a glória do orador. Esta 
pode, efetivamente, resultar dum tal discurso, mas é preciso não confundir 
a consequência de um discurso e a sua finalidade: esta visa reforçar uma 
comunhão em torno de certos valores que procuramos fazer prevalecer e 
que deverão orientar a ação no futuro. É assim que toda a filosofia prática 
releva do género epidíctico» (Perelman, 1977: 33).

A persuasão aparece assim ligada ao estabelecimentos de laços de 


comunidade — nomeadamente em torno de valores — propícios à 
coexistência social e que permitem pontos de acordo a partir dos quais se  
argumenta. Neste sentido, escreve ainda, «para nós o género epidíctico é 
central, pois o seu papel é o de intensificar a adesão a valores sem os 
quais os discursos que visam a ação não poderiam encontrar a força para 
tocar e mover os seus auditores» (Perelman, 1977: 33).

No Traité pode também ler-se: «os discursos epidícticos têm por fim 
aumentar a intensidade de adesão aos valores comuns do auditório e do 
orador; o seu papel é importante pois, sem estes valores comuns, em que 
é que se poderiam apoiar os discursos deliberativos e judiciários? 
Enquanto estes últimos géneros se servem de disposições já existentes no 
auditório, que os valores são aí meios que permitem determinar uma 
ação, no epidíctico a comunhão em torno de valores é um fim que se 
persegue, independentemente das circunstâncias precisas nas quais esta 
comunhão será posta à prova» (Perelman e Olbrechts-Tyteca, 1998: 69).

Ainda noutro texto, onde é referida a incompreensão de Aristóteles 


relativamente ao alcance do género epidíctico, pode ler-se: «ele não 
percebe que as premissas nas quais se apoiam os discursos deliberativo e 
judiciário, cujo objeto lhe parecia tão importante, são juízos de valor. Ora  
estas premissas, é preciso que o género epidíctico as sustente e confirme» 
(1952: 14).

Podemos assim dizer que o discurso epidíctico, mais do que 


argumentativa, tem uma função retórica que consiste em estabelecer 
laços comunitários através da amplificação de valores comuns em função 
dos quais se poderá argumentar. Neste sentido o discurso epidíctico está 
ligado a uma tópica axiológica e social. As orações fúnebres, os 
encómios, o discurso laudatório e o elogio são exemplos clássicos de tipos 
de discursos epidícticos. 

Metanarrativas: futuro. Pathos.


Conservadorismo: passado. Ethos.
Epidítico: presente. Logos.

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