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HOMERO DO RÊGO BARROS

CANTOS PERNAMBUCANOS

CANTO PRIMEIRO
(Introdução)

-1-

Ouvi, Camões, que mestre sois dos mestres


Minha modesta lira brasileira-
Jazei que eu leve a regiões terrestres
Os rudes cantos meus, conforme queira;
La das mansões do Além, sobreterrestres
A vossa influência é força-timoneira:
Iluminai-me, ó gênio amado e lhano,
Com permissão do eterno Soberano.

-2-

Como do Tejo, as Tágides ouviram


A invocação do vate lusitano,
A pressentir começo que me inspiram
Capibarinas Ninfas (salvo engano)
Que, divindades sendo, não fugiram
Ao clima tropical, pernambucano.
Vinde aclarar os cantos meus, ó Ninfas,
Que vos tomei, aqui, por paraninfas!

-3-

Não tento vos erguer, ó meu País,


Aos demais continentes do universo:
Lá fora, valoroso, sois feliz
E celebrado, creio, em prosa e verso;
Na História, vossos feitos têm raiz
Realçados, sempre, em tempo não adverso.
Cantai comigo, ó Musas, o ideal:
Meu Pernambuco, o meu torrão natal.

-4-

Nascido além, naquelas cercanias


Da épica Olinda, de Duarte Coelho
Prazer encontro em produzir poesias
Sem de criatura estéril ouvir conselho:
As Musas são quem ditam as melodias...
Mas, se ergo a voz (sem pompas) assemelho:
Àqueles que, por mera experiência,
As graças têm da diva Providência.

-5-
Do Brasil no Nordeste situado,
O nosso bravo Estado inspira estudo;
Pelo divino sopro bafejado,
O seu Governo se distingue em tudo;
Sua fibra promana do passado.
Quando seu povo heróico inda era rudo.
Berço de Frei Caneca e de Nabuco (*)
Chamado Leão-do-Norte ou Pernambuco.

-6-

Na Câmara e Assembléia deste Estado


(Parque Treze de Maio e Rua Aurora)
O nosso povo está representado
Por essa eleita classe, que elabora
As leis que tudo tornam regulado
Pra que entre Estado e povo haja melhor,
É bom que estejam, pois, os vereadores.
De acordo com os demais legisladores

(*) Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca, herói e mártir republicano nascido no Recife
(1779-1825). Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, notável político diplomata,
historiador e abolicionista, também nascido no Recife (7849-1910).

-7-

Vão as leis ao Poder Executivo


E também ao Poder Judicial;
Só devendo o Poder Legislativo
Agir assim - para tornar real
Cada lei que criou por ter motivo
E que se torna pública, afinal.
Caminham, com a Razão, de braços dados:
Governador, Prefeito e Magistrados.

(Fim do Canto Primeiro)


CANTO SEGUNDO
(O Recife)

-1-

Pulsa, beijada pelo mar fremente.


De Pernambuco a capital altiva,
Onde o Capibaribe, docemente.
Ornamenta a Veneza progressiva.
Com o Beberibe. E o Atlântico, esplendente.
Aos nossos olhos, que painel motiva!
Pela população já foi terceira
Cidade desta Pátria brasileira.

-2-

Há mais de quatro séculos passados (1537)


Ocorreu, do Recife, a fundação:
Pescadores aos mares afeiçoados
Aqui edificaram povoação.
(Na Bahia, Cabral, antes chegado, (1500)
Por Caminha fez comunicação
Do achado a Dom Manuel. E os lusitanos
Entre os nativos se mostraram lhanos.)

-3-

Anos após de lida e sacrifício


Dos lusitanos, com a nativa gente,
Chega ao Brasil o príncipe Maurício, (1637)
Ficando no Recife, sabiamente.
Mas os lusos, que o ergueram desde o início,
Expulsam os flamengos, bravamente.
Maurício de Nassau já tinha se ido, (1644)
A chamado da Holanda (ou precavido?)

-4-

Naqueles duros e cruentos dias


Em que se dera a nossa Insurreição, (1645)
Se destacaram entre outros mais: Matias
De Albuquerque, Filipe Camarão
(Poti), Fernandes Vieira, Henrique Dias
E Vidal de Negreiros. Conclusão:
Mesmo com as traições do Calabar,
O invasor conseguiram dominar. (1654)

-5-

Doze de março é a data (pesquisada)


De sua primitiva formação;
Sua nova bandeira, ao centro hasteada,
Teve os aplausos da população.
Sempre há de ser bastante festejada
Aquela data, pois há bem razão
Pro recifense se orgulhar da sua
Grande Cidade, onde o progresso estua.

-6-

Pomposos viadutos, hoje em dia.


Melhoram do seu trânsito o problema:
Eles dão à Cidade fidalguia,
Depondo-lhe na fronte um diadema.
Torna-se aos nossos olhos mais poema.
Assim a Mauricéia vem crescendo
Sem que nem todo mundo esteja vendo.

-7-

São José, Santo Antônio, Boa Vista


E Recife são bairros principais.
Eis dos subúrbios, em resumo, a lista;
Boa Viagem e Pina são ideais;
Derby e Apipucos vêm, também, na crista.
Barro, Afogados (ou Largo da Paz).
Estância, Beberibe, Cajueiro,
Tejipió, Areias e Cordeiro.

-8-

Graças, Monteiro, Aflitos, Dois Unidos,


Campo Grande, Iputinga... terra amena!
Casa Forte e Espinheiro são queridos;
Casa Amarela, Torre (quem condena
Fundão, Várzea e Jordão serem incluídos?)
Dois Irmãos, Santo! Amaro, Madalena,
Poço da Panela, Água Fria... enfim:
Encruzilhada, Prado e San Martin.

-9-

A Indústria e o Comércio são as fontes


Da mais potente produção diária,
Sobre este chão de rios e de pontes
É bem extensa a tal Rede Bancária,
A qual tem (aos montes),
Na vexatória situação precária,
Os que não viam o sol das esperanças
No Progressivo mundo das finanças.

- 10 -

O Moinho Recife, com presteza


Vem atendendo à coletividade-
Que farinha-de-trigo! Que beleza
De indústria nordestina! Oh, raridade!...
São trabalhadas para qualquer mesa
Suas massas, que nutrem de verdade.
Os produtos de trigo do Moinho
Vendem-se em toda parte e em mercadinho.

- 11 -

Quantos hotéis por aqui temos, quantos,


Valorizando a nossa Capital!
Não direi todos porque já são tantos
Que ocupariam espaços de um jornal;
Mas, eis alguns de mor conforto e encantos:
Nassau, Avenida, Parque, Hotel Central,
Quatro de Outubro, Guararapes, Glória,
Grande Hotel, São Domingos... (oh, vanglória'.)

- 12 -

O Bar Savoy, no centro da Cidade,


Atende à numerosa freguesia
Que em lá chegando sente-se à vontade,
Dando asas ao seu mundo-de-boemia.
Ali não se olha posição e idade
De quem, ao piano, curte a melodia...
(No Canto do Poeta, a sobreloja
Mui adequadamente o piano aloja.)

- 13 -

Farmácias, hospitais, maternidades,


Pronto Socorro, estádios e colégios;
Academias, universidades,
(Sem nada ser de rico privilégios)
Cemitérios, quartéis e autoridades
De mandatos modestos ou egrégios.
E para expor ao público os bens seus
Temos bibliotecas e museus.

- 14-

Através dos seus clubes preferidos.


Seu Futebol merece, aqui, menção:
O Santa Cruz, time dos mais queridos.
De quando em vez se sagra campeão;
Náutico, América e Sport: conhecidos
E estimados em toda parte são
(Periquito, Timbu, Leão, Cobrinha,
De fato têm categoria e linha.)
- 15-

Dentre os melhores clubes elegantes,


Que mais distraem o mundo social,
Temos: o Português (onde há galantes
Bailes), o Sport, o Internacional
E o Náutico; as noitadas são constantes
Nos clubes chiques desta Capital.
Mas, quando se varia a diversão,
Quem resolve a "parada" é o Geraldão

- 16 -

Bumba-meu-boi, maracatu e frevo;


Mamulengo, fandango e pastoril;
São diversões que ora citar eu devo,
Com o carnaval do Momo senhoril;'
Até mesmo o xangô possui relevo,
Embora oriundo da África servil.
E o samba, que igualmente é forasteiro,
Tem capital no Rio de Janeiro. ( * )

- 17-

Com São Pedro, São Paulo está presente


No mês de Santo Antônio e São João;
A Padroeira do Carmo, Mãe clemente,
Aos fiéis do Recife estende a mão;
Todos são festejados, anualmente,
De São José à Virgem Conceição.
Festa dos Santos Reis... as do Natal.
A da FECIN... e tantas, afinal.

- 18 -

A capital pernambucana é terra


De inspirados poetas e escritores
— Bons amigos da Paz, e não da Guerra
Que só produz matanças e terrores;
Glorificando do Saber a serra
Na Mauricéia há mestres e oradores.
Berço de bravos que, por duas vezes,
A debandada viu dos holandeses.

(*) "Rio de Janeiro — Capital do Samba", diz uma canção já bem conhecida por aí afora.

- 19 -

Mestre Gilberto Freyre (que cultura


Tem ufanado nossa gente ordeira!)
Na velha Europa sempre fez figura,
Representando a Pátria brasileira;
Tanto nas Letras como na Pintura,
O sociólogo reina. De maneira
Que do Recife sendo, com vasta Obra,
Também das suas glórias... temos sobra!

- 20 -

Brilha na Academia Brasileira


E na APL, o Mauro, festejado; (*)
Orlando Parahym, Nilo Pereira,
Carlos Moreira e os mais, na deste Estado;
Fernando Pio, Monsenhor Nogueira
E Vamireh Chacon nos têm honrado,
Bem como à mente humana dão conforto
Mestre José Lourenço e Costa Porto. (**)

- 21 -

Waldemir (presidente) e Flávio Guerra


São, com Ruy Bello, uma trindade lhana;
Nelson Saldanha e Bonald Neto: a terra
Audálio Alves, Vanildo Bezerra,
Pinto Ferreira (trio assaz bacana);
Amaro Quintas, Valdemar Valente,
Cada qual mais brilhante e preeminente.

(*) Poeta e escritor (de projeção nacional) falecido no Recife, em 22-11-1984. Mauro Ramos da
Mota e Albuquerque.
(**) Historiador, também de saudosa memória, falecido em 02-12-1984. (José da Costa Porto)

- 22 -

José Wamberto. com Luiz Marinho,


Waldemar Lopes e Lucilo Filho,
Da APL estão no áureo caminho
Que leva às mentes sãs divino brilho.
Waldimir e os demais vêm (de mansinho)
Do Saber vendo o lúcido rastrilho,
Que todos eles cumprem alta missão,
A exemplo de Jarbas Maranhão.

- 23 -

Andrade Lima Filho teve assento


Entre os quarenta membros de valia,
Pois honrara, com os frutos do talento,
De Carneiro Vilela, a Academia.
O saudoso Luiz do Nascimento
Nos tirou da incerteza, que anuvia.
Mostrando-nos (coroada já de glória)
Da nossa Imprensa, a primitiva História.
- 24 -

De pena em punho, no Recife belo,


Na APL luziram qual vulcão:
Esdras, cónego Alfredo, Mário Meio,
Valdemar, Jayme Griz, Oscar Brandão;
Silvino, Austro - poeta mui singelo -
Coimbra, Nestor Diógenes, Jordão,
Gueiros, Dulce Chacon, Mariano Lemos
E Célio Meira... oh, quantos já não vemos!

- 25 -

No Clube de Poesia — esse outro Olimpo (*)


Que em suspense punha o visitante
Ao constatar seu espírito mais limpo
Ante a visão do Apoio fulgurante,
Junto és Musas (as minas que eu garimpo)
Evangelina Maia Cavalcanti (**)
Então surgia, numa excelsa festa
Que aos menos cultos mais saber empresta.

- 26 -

Na pintura e na música há valores


Que têm, em qualquer parte, acolhimento:
Nelson e Capiba são compositores (*)
De muita verve e lúcido talento;
Vale exaltar, entre ótimos pintores:
Elezier Xavier e Sacramento.
E com o Recife, enfim, meu preito presto
Ao Mário Câncio — autêntico maestro.

- 27 -

No Recife implantadas, com sucesso


Ha duas obras exponenciais
Que deixam ver as marcas do progresso
Do Mordeste dos tempos atuais
(O mesmo que vivera em retrocesso,
Mantendo escravos e índios serviçais)
- Inconfundíveis, de valor perene,
Jamais se acabarão: CHESF e SUDENE!

(*) Clube de Poesia do Recife; deixou de funcionar, infelizmente.


(**) Poetisa falecida em 77-5-7984 (Olinda/PE)
(*) Referência feita ao saudoso maestro Nelson Ferreira. Capiba: alcunha do famoso
compositor Lourenço da Fonseca Barbosa.

- 28 -

A Seca e a Cheia, vítimas causando


São horrendos fenômenos locais-
Aquela, nos sertões, de quando em quando
Acaba com lavouras e animais...
E o flagelado se retira, em bando.
Sem para os seus rincões retornar mais
E esta, que é a Cheia irreverente.
Aqui e alhures mata bicho e gente.

- 29 -

Mas, com a moderna Tecnologia,


Se estende mais a mais a irrigação
Que abastecendo d'água, noite e dia,
As ressequidas terras do Sertão,
Doa igualmente "chuvas" de alegria
Aos que trabalham lá, de enxada à mão,
Amanhando o terreno (dantes duro)
Para dele auferir melhor futuro.

(Fim do Canto Segundo)


CANTO TERCEIRO
(Outros informes sobre a Capital)

-1-

Palácio Frei Caneca, Prefeitura


Das Princesas, Fazenda e da Justiça;
A Biblioteca e o Arquivo (só cultura)
Onde mais vai quem mais saber cobiça;
As catedrais, de antiga arquitetura,
Nas quais bem frequentada é a Santa Missa...
E o velho Teatro, que é o Santa Isabel,
São obras que do obreiro honram o cinzel.

-2-

Para atender ao centro populoso


Do Recife, que cresce sem rodeios,
Na Guararapes vemos, fabuloso,
O suntuoso Edifício dos Correios:
No seu trabalho intenso e valioso
São empregados já modernos meios
Para fazer chegarem as mensagens
As mais longínquas terras ou paragens.

-3-

O conde da Boa Vista — alta figura (*)


Da vida social da Mauricéia —
Como desenvolveu a arquitetura,
Dando expansão e corpo à sua idéia
E a Pernambuco mais desenvoltura!
Fundou o Santa Isabel. Oh, que tetéia
É aquela ponte que lhe evoca o nome
E a gestão lembra que lhe deu renome!

(*) Francisco do Rêgo Barros (1802-1870). De 1837 a 1844 foi Presidente de Pernambuco.

-4-

Na Praça da República, altanada,


Do conde vê se a estátua majestosa,
Rememorando a época afastada'
De uma existência assaz laboriosa:
Justa homenagem que lhe foi prestada
Por sua gente grata e valorosa;
Preito que ali o fez eternizado,
Como bem o quiseram povo e Estado.

-5-

Do povo amigo soube honrar a raça


Esse varão de lusos descendente;
Sua estátua, porém, naquela praça
Se acha meio esquecida, injustamente...
(Que uma pintura nela, então, se faça,
Pois a maltrata o tempo irreverente;
Despojou-a da cor original.
E lhe pôs um defeito visual!)

-6-

São do Recife, uma perene glória


As vastas pontes, cada qual mais bela:
Do Pina, Duarte Coelho, ex-Giratória,
Maurício de Nassau, da Torre, e aquela
Chamada Buarque de Macedo. História
Têm todas elas (válida e singela.)
A Ponte Velha... Princesa Isabel ...
Do Limoeiro... e tantas, a granel.

-7-

Para banhos-de-mar há, na Cidade


Formosas praias, para quem recreia
Boa Viagem, Pina, Piedade,
Cada qual que contenha mais sereia
Em todas reina o Sol, com intensidade...
E os banhos são de sal, de sol e areia...
E as sereias que à beira-mar se deitam
Com suas belas curvas nos deleitam.

-8–

Nosso Recife - paraíso eterno.


Onde julgamos tudo muito bom,
Se não é céu também não é inferno.
Com seus cines de boa imagem e som:
Art-Palácio, São Luiz, Moderno,
Veneza, Boa Vista, Trianon,
Ritz, Astor... idéia dão, demais,
Do que são seus cinemas principais.

-9-

Citar, na indústria, faz-se necessário:


O "DIÁRIO DA MANHÃ" (do ousado Heleno),
"DIÁRIO DE PERNAMBUCO", que é um Diário
Pra lá de centenário, mas, ameno;
O "JORNAL DO COMMERCIO", o tempo vário
Desafiando vem, pois já está pleno
De aceitação. No centro da Cidade
A qualidade excede a quantidade!
- 10 -

Igrejas: Boa Vista, Santo Antônio,


Da Penha, São José, Madre-de-Deus
E Santa Cruz nos livram do demônio,
Trazendo a fé aos fracos e aos ateus.
Nesses templos se faz o matrimônio
E cobertura dá-se aos cristãos seus:
Em São Pedro dos Clérigos (garanto),
Carmo, Rosário e do Espírito Santo.

- 11 -

Praça do Derby, encantadora e rara


Praça, que o diga quem por lá já foi.
Quem a ignora que a procure para
Conhecê-la, bem como ao peixe-boi
Que esquisito, num tanque de água clara
Nada e provoca (em quem o vê) um "ôi!..”
Aos nossos curiosos visitantes
Ele enseja dulcíssimos instantes.

- 12-

Quem o Sonho tomar por companheiro,


Enquanto a vida barulhenta passa,
Fique na Praça Maciel Pinheiro,
Olhando a queda d'água nessa praça:
Quatro leões, na fonte, em grupo ordeiro
Protegem quatro ninfas, quanta graça-
A Mauricéia muitas praças têm,
Essa, porém, vale por mais de cem.

- 13 -

Pracinha, Guararapes, Boa Vista


Imperatriz, Nabuco, Imperador...
Nova, do Sol, Concórdia... (é vasta a lista)
Dantas Barreto, Hospício, que primor!
Riachuelo mais além se avista;
União, Saudade... devo um ponto pôr:
Se os logradouros todos for dizer,
Talvez não mais eu pare de escrever.

- 14 -

O Horto de Dois Irmãos é uma beleza


Aos que andam em busca de repouso e paz.
Lá pomos fim aos males da tristeza
Ante nossos irmãos irracionais.
E nossa mãe geral - a Natureza
Com seus cenários verdes, eternais
Ensina aos que vão vê-la, mudamente,
Que Deus em toda parte está presente.

- 15 -

O Pátio de São Pedro, hoje, é dotado


De belas atrações para o turista;
Pelo seu ar festivo é bem notado
Neste novo Recife, idealista;
Nele, a Igreja dos Clérigos (do amado
São Pedro) é um templo que deslumbra a vista
Para Turismo, o pátio foi eleito;
Que tirem dele, pois, melhor proveito!

- 16 -

O povo e a Fé, na Procissão dos Passos


Se reencontram, conforme a tradição:
O andor avança, dos cristãos nos braços;
Seguido por devota multidão;
A banda musical corta os espaços,
Louvando o Pai da humana criação.
Por fim, depois daquele humilde exemplo,
O cortejo dos fiéis invade o Templo.

- 17 -

U’a lancha "CTU" circula, agora


Do vasto rio espadanando as águas,
Distraindo melhor quem vem de fora
E dos de casa dissipando as mágoas...
Quem contemplar paisagens não adora
Trazendo-as n'alma, como ainda trago-as?
São Madalena e Porto, o atual roteiro
Desse fluvial transporte rotineiro.

- 18-

Para viagem térrea ou ordinária


Temos duas modernas estações:
Ferroviária e Rodoviária,
As quais acesso dão a multidões;
Há numa e noutra agitação diária,
Quando uns vão e outros vêm dos seus rincões.
Cinco Pontas e Cais de Santa Rita
São estações de muita gente e grita... (*)

(*) Desativadas em consequência da implantação do METROREC e do TIP (Terminal de


Integração de Passageiros).

- 19 -
Daqui a Jaboatão, e vice-versa,
Irá partir o célere metrô,
Ao trabalho ou a passeios (sem conversa)
Levando quem nos lares não ficou.
É a evolução, que se escondia imersa
Na escuridão do atraso, que passou...
Também passamos, mas, o tempo avança
Trazendo um novo mundo de esperança.

- 20-

Temos, também, para transporte aéreo,


O Guararapes — vasto aeroporto,
Em cujos aviões vão (sem mistério)
Os que preferem rapidez, conforto...
(Quem viaja não receia o cemitério,
Pois ninguém sabe o dia em que está morto.)
De lá os “pássaros-de-aço”, em vôo macio,
Vão para o Exterior, Estados... Rio...

- 21 -

O Porto do Recife, já famoso,


De onde se avista o Atlântico sem par,
Possui um movimento fabuloso
De embarcações, que ali vão atracar;
Que saem, por fim, em tempo pressuroso,
Levando os que desejam navegar;
Ora navios são, de passageiros,
Ora rebocadores ou cargueiros.

- 22 -

O Terminal Açucareiro é um marco


Que bem confirma o avanço nordestino
Mostrando que o produto não é parco,
Tendo além-mar comercial destino...
Por isso é posto num cargueiro-barco,
O nosso açúcar-cande ou cristalino.
E do porto, por fim, vai expedido
Para o Exterior, onde é vendido.

- 23 -

TV-2, TV-11 e T V -6
São três Canais potentes, que nós temos;
Só não diremos qual melhor dos três,
Pois indiscretos ser jamais devemos.
Com esse trio, entretanto, eu e vocês.
Pela EMBRATEL, o mundo inteiro vemos.
Porém, o mais ouvido aos tais englobo:
E o nosso TV-13 ou TV-Globo.
- 24 -

A FUNDARPE, com a Casa da Cultura,


Vem difundindo muito o nosso Estado;
Na STCE bem se estrutura,
Pois nosso Património tem honrado:
Renova as Artes e a Literatura,
Juvenescendo glórias do passado...
Uma Entidade assim não morre nunca:
Conserva os bens... e além seu nome junca

- 25 -

A Fundação Joaquim Nabuco vem,


Com seus departamentos variados,
Mostrando ao visitante o que ela tem
Dos tempos atuais ou já passados.
Arte, Cultura e Ciência fazem bem,
Inclusive aos que vêm dos mais Estados.
Vemos à venda em suas livrarias,
Um mundo de saberes e poesias.

- 26 -

Tal Fundação, outrora, era Instituto


JN de Pesquisas Sociais;
Da fama, agora, já no cocuruto.
Ninguém assim a denomina mais.
Fundação — seu novo nome o escuto -
Vinculada a dois seres magistrais:
Joaquim Nabuco e nosso grão Gilberto,
Seu fundador, de glórias mil coberto.

(Fim do Canto Terceiro).


CANTO QUARTO
(O Interior, com seus municípios dispostos em ordem alfabética)

-1-

Nomeando, abaixo, as regionais cidades


Do nosso Estado, a tanta glória afeito,
Das mesmas, as originalidades
Trarei à tona, com engenho e jeito.
0 porto SUAPE, entre outras raridades,
É obra (no Cabo) de real conceito.
E Massangana (viva Pernambuco!)
Foi palco, ali, da infância de Nabuco.

-2-

Eis a notícia triste, verdadeira:


Na Barra da Passagem ou AFOGADOS
Que todos, hoje, chamam DA INGAZEIRA,
Conforme foram os fatos divulgados,
Um cidadão e sua companheira
A morte acharam ao ser os dois tragados
Do Pajeú pelas fatais correntes,
Numa de suas trágicas enchentes.

-3-

Num distante passado, em AGRESTINA


Acharam uma imagem (que tesouro!)
De Santo Antônio, o que aos fiéis fascina...
E de um poço fizeram um bebedouro,
Cavando a terra, onde a água vêem que mina,
Sendo esta aos que a beberam mesmo que ouro;
Por isso, Bebedouro foi chamado
O Município, logo ao ser povoado

-4-

Num poema não faria, ou num soneto,


Mudando o estilo que conservo, agora,
Meu louvor a ÁGUA PRETA (Rio Preto
Era chamada essa comuna, outrora);
A me alongar, portanto, não me meto,
Prefiro ser lacônico nesta hora:
Seus bons cristãos meditam em Deus, no Céu,
Inclusive os da Vila do Xexéu.

-5-

Aldeia da Lagoa, inicialmente;


Povoação de Ipanema, logo após.
O ouvidor Jacobina, finalmente,
A gleba intitulou (com grata voz)
De ÁGUAS BELAS. Hoje, oficialmente,
É conhecida assim por todos nós.
Os fulniô, em meio àquelas gentes,
De velhas tribos são remanescentes.

-6-

ALAGOINHA, município ameno


vai-se desenvolvendo devagar;
Assim o chamam porque seu terreno
Que é fisicamente irregular
De pequenas lagoas se acha pleno
Conforme explica o povo do lugar
As. suas principais culturas são:
Milho, feijão, tomate e algodão.

-7-

No Interior, indiferente a tudo.


Foi que vivi meus tempos de criança,
Fazendo minhas artes (sem estudo),
As quais sempre me acorrem à lembrança.
Dentre mil diversões, cinema mudo
Alcancei na cidade da ALIANÇA.
Voltei... a Capital mudou-me a sina,
Pois não mais vi os canaviais e a Usinai

-8-

Houve em Fazenda do Ó, um cidadão


Que se chamou José Vieira de Melo;
Para início de sua criação,
Construiu o mesmo um logradouro belo
Sobre um planalto, havendo assim razão
De dar-se ao dito o nome bem singelo.
Que ALTINHO veio a ser. Banham a comuna,
O ribeiro Taquara e o rio Una.

-9-

AMARAJI, bem conhecida outrora


Pela agropecuária, como avança...
Antes do nome que possui, agora,
São José fora, da Boa Esperança.
São Sete Ranchos, Timorante, Aurora
E Garra, engenhos da cidade mansa.
Há uma Rádio Educadora (ali)
Denominada: “A VOZ DE AMARAJI”

- 10 -
Na rua São José. outrora, havia
Uma feira (na parte mais central)
Semanalmente, e por ali se via
Uma árvore gigante, sob a qual,
Para fazer negócios, se reunia
A gente poderosa do local.
E o município foi crismado, assim,
Com o mesmo nome da árvore: ANGELIM.

- 11 -

ARARIPINA, de quem ora falo,


Fica situada perto da chapada
Da serra do Araripe; São Gonçalo
Era chamada, em época passada.
Seu nome (aqui me atrevo a decifrá-lo)
Proveio dessa serra agigantada;
Desse termo Araripe se origina,
Certamente, a palavra Araripina.

- 12 -

Dom Joaquim Albuquerque Cavalcanti


Arcoverde — eis o nome seu, completo —
Por ter sido um cardeal edificante
E ter a todos dedicado afeto,
Deixando o mundo se fez mais gigante,
Rumo à santa mansão do Pai dileto.
E o município, dantes Rio Branco,
É chamado ARCOVERDE, em gesto franco.

- 13 -

Praia do Porto é filha dos BARREIROS,


Sua Usina Central é um monumento
Tendo seus donos como vanguardeiros
Do açucareiro desenvolvimento
Dessa comuna de varões ordeiros
Que têm na lida grande valimento
Banham essa terra majestosa e sã
Dois belos rios: Una e Carimã.

- 14 -

BELÉM DO SÃO FRANCISCO foi, outrora,


Belém do Cabrobó, sendo também
Chamado Jatinã que, sem demora.
Modificado fora pra Belém.
Mas é Belém do São Francisco, agora,
Em homenagem ao rio que ele tem.
Seu nome assim ficou definitivo,
Sem que de ser mudado haja motivo.
-15 -

Havia uma fazenda de criar...


E uma feira instalada foi; por fim,
Fizeram algumas casas, e ao lugar
(Por pasto expor) chamavam de Capim;
Mas um frade, que perto ia pregar,
Para os fiéis bradou: BELO JARDIM...
E desde então, graças ao Frei Cassiano,
Cresce a cidadezinha, de ano em ano.

- 16 -

BEZERROS é local demais pacato.


Possui uma área não muito pequena...
Sem bater fotos, tiro-lhe um retrato,
Reproduzindo pitoresca cena
Qual lá se vê: a Serra do Sapato,
Que de um calçado tem a forma plena.
Dessa comuna, a principal festa é
A do seu padroeiro São José.

- 17 -

Padre José Modesto C. de Brito,


Na fazenda do Poço D'Anta, ergueu
Uma capela... (Bodocó, Granito
Fora chamado, no passado seu)
E dando vida ao município dito,
Aos poucos vira: BODOCÓ cresceu!
Feijão, milho, algodão — a terra dá —
Ou mandioca, mamona e caroá.

- 18 -

Brinquedo mau e sem nenhuma graça,


Quando o local passou a ser povoado,
Era o costume de castrar a caça,
Ora um porco selvagem, ora um veado...
E o município, inicialmente, passa
De Capa-Caça a ser apelidado...
Mas, Frei Caetano, ao ex-povoado, velho,
Denominou, por fim, de BOM CONSELHO.

- 19 -

Vendo paus d'arco, de invulgar beleza,


Com a orquestração do ingénuo passaredo
E os encantos sem fim da natureza,
Em tudo, em suma, descobrindo o dedo
Do Gigante da diva realeza,
Disse um padre, ante o quadro, sem segredo:
"Que BOM JARDIM!" Nessa comuna amena
Viveu o barão Henrique de Lucena. (*)

- 20 -

Vindo de um não distante povoado


Para um local um tanto inda esquisito,
Ao ver das selvas um riacho ao lado,
Um caçador, ativo e não aflito,
Que de um colega estava acompanhado,
Bradou, surpreso: "Que rio BONITO!..."
E até hoje conserva o município
0 adjetivo ouvido em seu princípio.

- 21 -

No BREJO DA MADRE-DE-DEUS, o Drama


Do Calvário, todo ano, se renova...
Cada vez mais perpetuando a fama
Do seu distrito, que é Fazenda Nova.
(0 renascer do Cristo é a melhor chama
Que da outra Vida evidencia a prova.)
Nesse Drama se esmeram seus artistas,
Causando pasmo a um mundo de turistas.

(*) Henrique Pereira de Lucena (Barão de Lucena, nascido em Limoeiro 1835-1913).

- 22 -

Félix Paes de Azevedo ergueu, outrora,


Ao começar o solo a ser povoado,
Em Campos do Buíque, que é, agora.
De BUÍQUE tão só denominado.
Uma Capela, à qual deu (sem demora)
O nome de São Félix, aumentado
De Cantalice; o templo, ao que se diz,
E atualmente secular Matriz.

- 23 -

CABO (Santo Agostinho), a expedição


Portuguesa, a cidade eis a fundar;
Santa Maria da Consolação,
A expedição da Espanha ei-la a chamar;
Mas, Cabo é a certa denominação
(Ponta de terra que entra pelo mar.)
São Sebastião, Capela São Mateus
E Santo António, eis três dos templos seus.

- 24 -

Naqueles velhos tempos do passado,


CABROBÓ era um simples aldeamento
De índios; porém, depois, se viu povoado
Por quem lhe deu bom desenvolvimento.
Um templo logo foi edificado,
A toda gente dando acolhimento.
De lá, as principais culturas são:
Cebola, arroz, mandioca e algodão.

- 25 -

CAMOCIM DE SÃO FÉLIX foi chamado,


Outrora, simplesmente, Camocim.
Mas esse nome, em breve, foi mudado
Pra Vila de Camocituba. Enfim,
Para alegria do seu povo amado,
Não mais se chama o município assim:
Acrescentaram ao nome seu, primeiro,
O de São Félix, que é seu padroeiro.

- 26-

Por Canhoto alguém fora apelidado


E por morar de um rio bem pertinho
Esse rio passou a ser chamado
De Canhoto, conforme Zé-Povinho.
A um irmão do Canhoto mencionado
Chamavam, por ser baixo, CANHOTINHO.
E este, devoto de São Sebastião,
Um templo ergueu, em sua louvação.

- 27 -

CARNAÍBA, tal nome, ao que se diz,


De carnaúba é simples corruptela;
Por lá moravam índios Cariris,
Antes de ser fazenda bem singela;
Desmembrada de Flores, é feliz
Essa comuna progressiva e bela:
Carnaíba das Flores foi chamada,
Quando ainda não era emancipada.

- 28 -

A ex-Floresta dos Leões, que hoje é CARPINA,


Tem, na verdade, promissora sorte:
Pois, sendo uma comuna pequenina,
Possui um povo evoluído e forte;
Numa de suas praças predomina
Um monumento ao bravo Leão-do-Norte.
E mais: em homenagem a Pernambuco,
Um largo tem com o nome de Nabuco.
- 29 -

Muito se orgulha o povo nordestino


De CARUARU, com sua farta feira,
Onde se evoca o mestre Vitalino,
Que deixou fama na Nação inteira:
Seus bonecos {de barro genuíno)
Ali os vendia por qualquer asneira...
Mas, para o Sul levada, sua arte
Valorizada está em toda parte.

- 30 -

Quando em CATENDE, o Capitão Levino


Do Rêgo Barros, nobre cidadão,
A essa comuna deu melhor destino,
Conseguindo instalar uma estação...
Pois seu progresso se fez repentino,
Com o trem de ferro em movimentação.
Também de sua usina, que é Catende,
Evolução municipal depende.

- 31 -

A comuna do rio das Correntes,


De CORRENTES passou a ser chamada:
Esse tal rio, em tempo ou não de enchentes
No Mandaú despeja, sem zoada.
Há duas cataratas (excelentes)
Que caem sobre essa gleba abençoada:
A Cachoeira da Escada é um amor,
Bem diferente da do Roncador.

- 32 -

A cidade CORTÊS está banhada


Pelo Sirinhaém (rio feliz,
Pois a palavra, aqui mencionada,
Quer dizer: rio de muitos siris)
E cortês vem a ser gente educada.
Conforme o próprio termo já nos diz.
Trincão, Cerveja: estão entre as primeiras
Das suas mais vistosas cachoeiras.

- 33 -

Em CUMARU, comuna inda atrasada,


Surgiu, um dia, um tal de Jeová
Que quer tornar mais alfabetizada
A gente humilde que reside lá,
0 ABC ensinando à criançada
E aos adultos, também, o b-a bá.
Aqui - disse ele - há fome de aprender
Em condições iguais a de comer.

- 34 -

De uma lagoa à margem foi construída


A antiga capelinha do povoado.
E numa baraúna, ali crescida,
Que da dita lagoa fica ao lado,
De umas abelhas via se a guarida,
Mas não o mel por elas fabricado.
O nome desse inseto deu princípio
A se chamar CUPIRA ao município

- 35 -

O nome de CUSTÓDIA foi tirado


De uma senhora que viveu por lá,
Pois em sua homenagem é que foi dado
O seu nome ao local. Daí pra cá
Ficou o município assim chamado,
É lá que fica a Serra do Sabá,
Bem como a fonte de água mineral
De igual nome e valor medicinal.

- 36 -

Dentro de um nicho, muito bem guardada,


Nossa Senhora da Apresentação,
No alto de um morro teve ali velada
A santa imagem, por um capelão
Que do seu nicho aos pés pôs uma escada
Para facilitar a devoção.
E em vista dessa idéia singular
É, hoje, ESCADA o nome do lugar

- 37 -

EXU possui, também, alguma história


Repleta de nobreza e tradição:
Nascido ali, de vida um tanto inglória,
Dorme o Barão de Exu, naquele chão.
Hoje, porém, de Exu a grande glória
E ser o berço do Rei do Baião:
Luiz (Lua) Gonzaga — sanfoneiro
Que toca, canta e encanta o mundo inteiro!

- 38 -

A cidade das FLORES, entre as belas,


Satisfazendo vem aos moradores,
Pois cresce em paz, isenta de querelas,
Como desejam seus agricultores;
Suas primeiras gentes eram "elas"
Em vez de serem “eles” ou senhores:
Eram distintas jovens, educadas,
Que por flores ficaram apelidadas.

- 39 -

Fazenda Grande se chamava, outrora


Floresta do Navio — hoje FLORESTA.
Ali a natureza colabora,
Numa homenagem de perene festa
Ao Padre Eterno, que na Altura mora,
Quando em vegetação se manifesta:
Belos paus d'arco e matas vicejantes
Curiosidade causam aos visitantes.

- 40 -

GAMELEIRA, que se tomou cidade


Era uma aldeia de índios Cariris
E Uruás. Porém, na atualidade,
E um município pródigo e feliz
Que, de mãos dadas com a Civilidade,
O seu futuro promissor prediz.
Gameleiras havendo em profusão,
Deram ao local tal nome, com razão.

- 41 -

Suíça Pernambucana, em face ao clima,


Tornou-se GARANHUNS mais conhecida;
E cidade serrana, estando acima
Do marítimo nível, bem subida.
Seu frio salutar melhora e anima
Quem as forças perder na dura lida:
Portanto, quem zelar por sua dita,
A essa comuna faça uma visita.

- 42 -

Mostrando a Fé, na GLÓRIA DO GOITA


Vê se a estátua do Cristo Redentor;
Numa de suas praças é que está
Esse autêntico símbolo de Amor;
Uma maternidade também há
Para as mães pobres assistir, na dor
Nobre cidade, cujo povo sente
Que o coletivo bem conforta a gente.

- 43 -
A Mulher - sexo fraco ou "gente fraca”
O holandês expulsou, de parte a parte,
Pois com raio heroísmo se destaca,
Sendo deste planeta e não de Marte:
Quando em GOIANA ao invasor ataca,
Ele deita a correr... e se reparte:
É que delas um grupo, ousado e guapo,
Bem soube defender Tejucopapo.

- 44 -

GRAVATÁ, chão de muito fazendeiro,


E uma bela e próspera cidade,
Onde é notado o seu Monte Cruzeiro,
Com uma "Escada da Felicidade"
Cuja soma em degraus, de um ano inteiro.
De dias tem a mesma quantidade.
Contra os males do corpo é um portento,
O berço do Luiz do Nascimento. (*)

- 45 -

IGARAÇU, de templos bem servida,


Banhada pelo rio de igual nome,
Tem engenhos de açúcar, e sua vida
Do tempo dos flamengos traz renome
Do seu passado, a história indefinida
Nem mesmo essa era espacial consome
Guarda os gêmeos São Cosme e São Damião,
Na igreja mais antiga da Nação!

(*) Jornalista e historiador: residia no Recife, onde faleceu em novembro de 1974.

- 46 -

Tem INAJÁ, sem ser terra encantada


Justo motivo de curiosidade:
Na Lagoa do Puiu, nela encravada,
Água contém de dupla qualidade,
Tendo uma parte doce e outra salgada,
O que surpreende o povo da cidade.
A serra Negra é mais outro acidente
Que o município torna preeminente.

- 47 -

Praias do Cupe e Porto de Galinha


Dão a IPOJUCA grande movimento,
Pois muita gente de ambas se avizinha.
Em busca de melhor divertimento.
Nossa Senhora, que é do céu Rainha,
Zela, por certo, o histórico Convento
De Santo Cristo, onde há lendária cruz
Que relembra o martírio de Jesus.

- 48 -

ITAMARACÁ (a ilha) muitas vezes


Nos lembra aqueles tempos de crueza
Em que tomada foi, dos holandeses,
De Santa Cruz, a rude fortaleza;
Feito esse que proveu os portugueses
De condições melhores de defesa.
Famosas mangas há na esplêndida Ilha,
Cuja praia nos prende e maravilha.

- 49 -

Tendo Umburanas se chamado, outrora


Foi São Pedro das Lajes, mas, por fim,
Denominado é o município, agora,
Pelo sonoro nome ITAPETIM,
Havendo neste uma feliz melhora,
Pois não era a palavra escrita assim:
Era Itapetininga o termo antigo.
Que corrigido foi por mestre amigo. (*)

- 50 -

Banhada pelo rio Duas Unas


E por um outro que possui seu nome,
JABOATÃO, nas horas oportunas,
Da História ao longo conquistou renome
Nos Prazeres, distrito da comuna,
Nos Montes Guararapes se consome
A fúria do holandês. Por lá, todo ano,
Há festas nesse chão de glória ufano.

- 51 -

Numa homenagem justa ao Conselheiro


Que batizado fora JOÃO ALFREDO,
Deram seu nome ao município ordeiro,
Cuja mudança o povo fez mais ledo.
foi no passado o nome seu, primeiro.
Boa Vista, de lá engenho quedo,
Eis seu mundo de Fé e tradições:
Festa Santa Luzia, e procissões.

(*) Referência feita ao saudoso jornalista e professor Mário Melo.

- 52 -

JOAQUIM NABUCO, indubitavelmente,


Deve seu nome ao grande brasileiro
Que lutou, denodada e heroicamente,
Com outros que deram fim ao Cativeiro.
Honrando esse lugar e sua gente
Alguém trocou seu nome zombeteiro
Pelo citado acima: era Preguiça,
Bicho que nem sequer viver cobiça.

- 53 -

A produtiva terra da JUREMA


Que progredindo vem, cada vez mais,
Logo nos mostra um natural poema
Através dos seus belos juremais.
Seu povo evoluído, como lema,
Ao Trabalho associa Amor e Paz:
E que reside nesse trio a mola
Da Vida, que Deus dá, e não a esmola.

- 54 -

É LAGOA DOS GATOS pequenina,


Porém ufana aos bons pernambucanos:
Coberta está de glória genuína,
Pois lá travou-se a Guerra dos Cabanos
João Pereira Callado, obra fina.
Irá rememorar aqueles anos.

- 55 -

LAJEDO era chamado, antigamente,


Pelo idêntico nome de Lajeiro
Propriedade de um senhor Vicente,
Que foi seu primitivo fazendeiro.
Seu pedregoso solo, no presente,
Tornou-se um acidente corriqueiro;
Dessa comuna, o povo lutador
por um futuro espera, promissor.

- 56 -

LIMOEIRO, eis uma próspera cidade


Que a visitantes dá feliz acesso;
Tem difusora boa, de verdade.
Que é o porta-voz maior do seu progresso.
Berço de um sonhador de qualidade.
Que viveu no Recife — e fez sucesso... (*)
De lá nos vem sadio leite, puro,
Pra adultos e pros homens do futuro.

- 57 -
Seu nome honrando, bem pernambucana.
Como crescendo essa comuna está!
O município de MACAPARANA,
Que dantes se chamava Macapá,
Produz: café, milho, feijão, banana...
E até pimenta seu terreno dá.
E lá que fica o remansoso "aprisco"
Do ex-parlamentar José Francisco (**)

(*) Referência ao poeta Austro-Costa, nascido em 06-5-1899, em Limoeiro/PE e falecido em


29-10-1953, no Recife.
(**) Dr. José Francisco de Melo Cavalcanti, ex-deputado estadual.

- 58 -

Atravessando ou não tempos bizarros


Há um Grupo Escolar, em MARAIAL,
Chamado Fábio da Silveira Barros,
No qual se instrui e educa o pessoal.
É que a Alma exige flores para os jarros
Abarrotar, no plano espiritual.
Grata, a comuna, aos filhos não engana:
Dá cana, dá mandioca e assaz banana.

- 59 -

MORENO — engenho dos irmãos Moreno,


Portugueses de bens e projeção —
É o nome da comuna. O seu terreno,
Que a pertencer passou a um só irmão,
Foi negociado, com direito pleno,
À fidalga família Souza Leão
Que, já de posse desse bem fecundo,
Hospeda ao Imperador Pedro II.

- 60 -

Bela cidade é NAZARÉ DA MATA,


Onde se encontra a Usina Matari,
Seu panorama a todos arrebata,
Pois a natura nos encanta ali;
Seu povo ilustre logo se retrata.
Se bem que alguns se foram já dali:
Professor, beletrista ou poliglota,
A exemplo do poeta Mauro

- 61 -

OLINDA, nossa Capital antiga,


Banhada pelo rio Beberibe,
Sonha pertinho dessa mana amiga
Que como sucessora bem se exibe:
Falo da Mauricéia, à qual se liga
0 gigantesco e audaz Capibaribe.
Praias, coqueiros... Santo Deus, que linda,
De Duarte Coelho, é a secular Olinda! (1535)

- 62 -

Incendiada pelos holandeses


Teve Olinda, porém, seu galardão:
Aos duzentos e oitenta e oito meses (1630/1654)
Pagou-lhe a Holanda o preço da invasão.
E o índio, o Branco e os nossos portugueses,
O raiar viram da Restauração;
Vindo a bonança após a tempestade,
Património se fez da Humanidade.

- 63 -

Setecentos e dez. O original (1710)


Grito ecoou em prol da Liberdade,
Para o Brasil livrar de Portugal,
Quando aos dez de novembro tal Cidade
Que então nutria em si o alto ideal,
Viu, num ato de bravura e heroicidade,
O liberal que foi Bernardo Vieira
De Melo, a honra lhe dar de ser pioneira.

- 64 -

Na chapada da Serra do Araripe,


OURICURI se vê no alto sertão;
Seu clima salutar é infenso à gripe,
O que mais valoriza aquele chão.
Padre Francisco fez, com brava equipe,
Um açude e a Matriz São Sebastião:
São duas obras de valor tamanho
Que o povo deve ao benfeitor de antanho.

- 65 -

A bonita cidade dos PALMARES,


De tradições é rica e bem feliz;
O rio Una lhe beija os calcanhares
E, murmurando, aos habitantes diz:
“Aqui, nestes históricos lugares,
Foi que nasceu o poeta Jayme Griz.” (*)
Além do Uma, três rios citar vou:
Verdinho, Pirangi e Camevou.

- 66 -

Em derredor de PALMEIRINA havia,


Ao longo do riacho, que é Rochedo,
Farta vegetação, na qual se via
Um grupo de palmeiras, desde cedo...
E o povoado novel, que então surgia,
Foi chamado Palmeira, sem segredo.
Depois, talvez por força da rotina,
Palmeira foi mudada em Palmeirina,

(*) Ex-membro da Academia Pernambucana de Letras, falecido no Recife.

- 67 -

PANELAS, como Altinho, está ligada


As batalhas civis de antigos anos,
Conhecidas por simples Cabanada.
Ou ainda por Guerra dos Cabanos.
Mas, com a anistia aos revoltosos dada,
Findaram as mesmas sem maiores danos.
A Lagoa dos Gatos, na verdade,
Complementara a bélica trindade.

- 68 -

PARNAMIRIM, que foi no seu passado


Uma simples fazenda de criar bois,
É um município assaz adiantado.
Que o amanhã não deixa pra depois:
Como crescido tem esse ex-povoado,
Cultivando algodão, cebola e arroz!
Há um Grupo e um Posto Médico, por lá...
E uma fábrica imensa, de caroá.

- 69 -

Mussurepe, em PAUDALHO, é uma usina


Que confirma o progresso da comuna;
A Biblioteca Rui Barbosa, ensina
Que o saber é outra forma de fortuna.
A ponte do Itaíba nos fascina...
- Um irmão do gigante da tribuna.
Que foi Joaquim Nabuco, ali nasceu
brilhante, seu berço envaideceu. (*)

(*) Dr. Sizenando Barreto Nabuco de Araújo (16 7-1842)

- 70 -

Há em PAULISTA indústria de tecido.


Cujo negócio aos Ludgrens compete;
Eles são, entre nós, bem sucedidos;
O dinamismo neles se reflete.
A fim de amenizar d'alma os gemidos
Vê-se a Matriz de Santa Elizabete,
Para onde acorre a gente pobrezinha.
Que vai pedir favores é santinha.

- 71 -

PEDRA, por esse nome é conhecida


Em vista de uma pedra colossal
Que à flor da terra todos vêem, erguida,
Revelando beleza sem igual;
Pela natura, enfim, favorecida
Sente-se, ali, um sopro divinal.
São poetas seus, saudosamente afirmo:
O Ulisses Diniz e o José Firmo.

- 72 -

PESQUEIRA, vasto centro industrial


Do extinto benfeitor Carlos de Brito,
Tem um produto mui especial
Que eclodiu no Nordeste, como um grito:
Seu doce marca " peixe é sem igual,
Outro não há de tanto gabarito:
Oriundo desse povo assaz pesqueiro
Foi também, consumido no Estrangeiro.

- 73 -

Bebedouro do Jatobá era, antes


O nome desse belo município
Que é PETROLÂNDIA. O rio dos Mandantes
O acompanhado tem, desde o princípio,
Bem como o "Velho Chico" – ambos, constantes,
Do seu passado são o particípio...
E ainda nessa terra (de águas) rica
Vemos a cachoeira Itaparica.

- 74 -

PETROLINA, bastante adiantada,


Também nos mostra o rio São Francisco.
Tradicional é sua vaquejada.
Que dos vaqueiros põe a vida em risco,
Quando a comuna fica engalanada
E gente vem que só farinha ou cisco.
Difundem-lhe a vivência cultural
As folhas de "O FAROL", seu grão jornal.

- 75 -

Da chapada da Serra do Acaí


Se avista um poço imenso, colossal.
Rompendo as densas matas, e daí
Surgiu POÇÃO, o nome do local.
Dizem alguns, que habitam por ali.
Que há duas fontes d'água mineral.
As quais, a depender de exploração.
For certo irão enriquecer Poção.

- 76 -

É QUIPAPA uma gentil cidade


Que o nome estende a um rio e a uma serra;
Quem por lá chega sente-se â vontade,
Contemplando os encantos dessa terra.
Seu povo pensa em Deus, na Caridade,
No Bem, no Amor, na Paz; porém, na Guerra
Não põe aquela gente o pensamento,
Pois ao Trabalho é afeito o seu talento.

- 77 -

RIACHO DAS ALMAS era, antigamente,


Riacho das Éguas, porque ali se via,
Quando assolava a Seca impenitente,
Um bando de éguas que a um riacho ia
Para saciar a sede renitente;
Como por perto um cemitério havia,
Chamou um padre, ao riacho de águas calmas,
Não de riacho das éguas, mas, das Almas!

- 78 -

Na cidade chamada RIBEIRÃO


Há uma usina de igual nome, além
Do engenho Taquara e da estação
Férrea - local aonde chega o trem;
Lá se acha a usina Pinto. A Instrução
A Biblioteca Mário Sete é um bem.
Nesse local nasceu o pernambucano
Abolicionista – Zé Mariano.

- 79 -

RIO FORMOSO é assim denominada,


Como seu nome nos dizendo está,
Porque é por seu xará embelezada,
Onde se vê também o Ariquindá...
E além de ser por rios tais banhada,
Corre o Sirinhaém, feliz por lá...
Beijando, com os demais, sem presunções,
A comuna de tantas tradições.

- 80 -
Habitava no sítio Boa Vista,
Mais tarde Santo Antônio do Salgueiro,
Manuel de Sá, varão capitalista,
Notável capitão ou fazendeiro,
O qual perdera, em data fatalista,
Nas selvas, seu filhinho e companheiro...
E à sombra de um SALGUEIRO, Santo Antônio
Mostra, a brincar, Raimundo, ao pai campônio.

- 81 -

Junto ao rio Ipojuca, num caminho


Por onde os almocreves transitavam,
De uma árvore na fronde havia um ninho.
No qual abelhas negras pululavam,
De sanharó ao tal insetozinho
Os índios da região denominavam.
E SANHARÔ, conforme aquela gente.
É o nome da comuna, consequente.

- 82 -

Antônio Burbos português viajado,


Tendo aportado pela vez primeira
Em Santa Cruz, paupérrimo povoado,
Ergueu monumental cruz de madeira
Junto ao Capibaribe, ou seja ao lado,
Deixando a enorme cruz do rio à beira.
E a terra SANTA CRUZ, que a Fé exibe,
Ficou chamada DO CAPIBARIBE.

- 83 –

SANTA MARIA DA BOA VISTA, antes


Era uma fazendola de criar.
Ali, os pescadores são constantes,
Pois sempre têm bastante o que pescar.
O “Velho Chico”, de águas transbordantes,
Dá a gente ribeirinha do lugar:
Curimbatá, dourado, surubim,
Piranha, curimã, pirá, mandim.

- 84 -

Chamado Santa Cruz, primeiramente,


Pelo padre Francisco foi mudado
Para SÃO BENTO DO UNA: até o presente
É o município assim denominado.
O IPOJUCA por lá desliza, fluente...
E o rio Una, mormente, é bem notado.
Santa Cecília é a banda musical
Que dá prazer ao povo do local.

- 85 -

José Pedro de Pontes, homem rico.


Chegado dos Bezerros, foi morar
Em são CAETANO: " Nesta gleba eu fico...
E construindo ali seu novo lar
Meteu, com seu prestígio, em tudo, o bico
E, devoto do santo do lugar.
Sendo religioso e não profano,
A igrejinha fundou — de São Caetano,

- 86 –

De SÃO JOAQUIM DO MONTE, na cidade


Há uma pedra que espanta a criatura
Que for matar a curiosidade.
Pois tem noventa e dois metros de altura,
Constituindo a mesma, na verdade,
Um dos raros caprichos da natura.
Pedra de São Bernardo é o nome seu,
Que por motivo justo alguém lhe deu.

- 87 -

Frei Cassimiro de Mitelo — um frade


Ou capitão autêntico da Fé —
Ergueu, outrora, na localidade
Do Belmonte, a Capela São José.
e Maniçoba, antes de ser cidade,
Chamava-se a fazenda (havia um pé
Daquela planta, por ali defronte)
Mas, SÃO JOSÉ perdura... DO BELMONTE

- 88 -

É SÃO JOSÉ DO EGITO, atualmente,


Uma cidade fértil do sertão,
Isso quem vem de fora logo sente
Ao constar-lhe a vasta produção;
Entre muitas, porém, a mais saliente
É a crescente cultura do algodão.
Hoje, no vale do Alto Pajeú
O girassol floresce a olho nu.

- 89 -

SÃO LOURENÇO DA MATA nos exibe


Fiat Lux – parque industrial...
Tiúma (já não há a Capibaribe)
É usina de cunho regional;
A fábrica, por fim, camarajibe
Também ufana a indústria do local.
Há um canhão naquelas regiões:
Velho troféu de heróicas tradições.

- 90 -

Fertilíssima, a terra não engana


Se o inverno vem e o tempo é bom de chuva
Há em SÃO VICENTE FÉRRER, além de cana
Plantação de café, plantio de uva
Inclusive o cultivo de banana,
Combatendo-se os danos da saúva.
Foi nesse município valoroso
Que nasceu Borba, governante honroso. (*)

(*) Referência ao ex-governador de Pernambuco, Dr. Manoel Borba.

- 91 -

SERRA TALHADA, gleba pequenina


(Ex-Vila Bela, já mudou bastante).
Deu Lampião. Porém, a obra divina
Também tornou-a berço de um gigante
Que com bravura e competência fina,
Fez Pernambuco dar um passo avante:
Esse varão ilustre, audaz e bom,
Foi o ex-governador Agamenon.

- 92 -

A comuna chamada de SERRITA


que resume o mundo inteiro
Pois quem fizer à mesma uma visita,
Logo ao ver o Serrote do Cruzeiro,
Melhor contempla a abóbada infinita.
Lançando nele o seu olhar primeiro.
Desse serrote, que não tem idade,
e derivado o nome da cidade.

- 93 -

SERTANIA é cidade sertaneja,


Como seu próprio nome justifica.
E uma comuna alegre, benfazeja.
Onde se canta e não se metrifica:
Ao som da viola, o cantador despeja
Repentes, sem cuidar de rima rica.
Ante seus desafios me deleito,
As noites passo em claro: não me deito!
- 94 -

Banhada pelo rio de igual nome


SIRINHAÉM à alma me acorre, às vezes:
Nos tempos idos conquistou renome
Naquelas lutas contra os holandeses.
(Nossos soldados brigam até com fome,
Da sorte má reagindo aos mil reveses.)
Sirinhaém coberta já de glória,
É um capítulo a mais da História

- 95 -

Numa fazenda havia um boi pintado,


Ao qual se deu o nome “Surubim”,
Por existir um peixe assim chamado
Que o corpo tem todo malhado, enfim.
Pois bem: fora o bovino abocanhado
Por uma onça, que ao pobre boi deu fim.
Por SURUBIM, em vista do ocorrido,
Ficou o município conhecido.

- 96 -

Em época remota, passageira,


Foi uma aldeia de índios o local,
Cujo primeiro nome era Madeira.
E antes de ser TABIRA, nome atual,
Fora Espírito Santo. Verdadeira
É da comuna a glória perenal:
A sua gente, com razão, sentira
O valor do guerreiro índio Tabira.

- 97 -

Em TACARATU há uma matriz


Nossa Senhora da Saúde, além '
Do rio Moxotó, serra do Giz
E serra do Cruzeiro, as quais contêm
Várias cabeças; pois, ao que se diz,
Tacaratu vocábulo é que vem
Do idioma tupi, e ao fim das contas
Quer dizer: serra de diversas pontas.

- 98 –

Dom Vital, monsenhor Júlio Maria


Do Rego Sarros — capitães dá Fé —
Pontificaram em sua freguesia,
No belo município de TAMBÉ.
Que monumento raro, de valia,
É o Cristo Redentor, de Nazaré!
Igualmente faz jus a louvação,
0 da Imaculada Conceição.

- 99 -

TAQUARITINGA DO NORTE, o seu povo


Por muitas serras circundado está:
Arroz, Lagoa Funda, Mundo Novo,
Bem como a do Tambor e a do Cajá.
Taquaritinga... (digo, e me comovo)
Do Norte é serra como outra não há.
Na comuna, de serras tão cercada,
Vê se a correr um rio, que é Topada.

- 100 -

TIMBAÚBA, de bons antepassados,


A velha “Timbaúba dos Mocós”,
Destaca-se na indústria de calçados,
O que vem bem-fazer a todos nós.
Pra aquelas bandas ou pra aqueles lados
Viveram meus caríssimos avós.
A tal cidade muito bem quero eu:
Num seu Engenho minha mãe nasceu! (*)

- 101 -

TORITAMA, em época distante,


Era chamada Torres, porque lá
Há uma serra sem igual, gigante,
Que de uma torre o aspecto nos dá.
Como seu permanente visitante.
Sempre o Capibaribe ali está.
À cidade, igualmente, dão poesia
Dois ribeiros: Tatus e Travessia.

- 102 -

A Cachoeira do Pinga é uma beleza


Pra quem mora em TRIUNFO, ou vem de fora:
Contendo cinco quedas, que pureza
Nas lágrimas de espuma que ela chora!...
Na última queda – viva a Natureza! –
O arco-íris a contorna, sem demora.
Esse painel, na serra Baixa-Verde,
Vive em nossa saudade... não se perde!

(*) Maria Elvira Vasconcelos do Rêgo Barros, de saudosa memória. Falecida em 26-3-1969.

- 103 -

VENTUROSA uma herdade era, de gado,


Cujo primeiro nome (Boa Sorte)
Pra Venturosa logo foi mudado.
Na pecuária é que está seu ponto forte.
Tornando o município bem dotado
De leite puro e são, que evita a morte
Precoce do seu povo promissor,
Que à saúde e ao trabalho dá valor.

- 104-

VERTENTES, hoje progressiva terra,


Possui em Chã do Carmo um açude imenso.
Cuja mui alta utilidade encerra:
Servir ao povo seu, conforme penso.
Por lá existe a fabulosa serra
Do Caboclo, que o nome tem apenso
À furna que possui: onde habitavam
índios, que nessas áreas pululavam.

- 105 -

VICÊNCIA, que a seus filhos muito ufana,


Cresce com seu labor (mesmo em sossego.)
Nela há a Matriz Senhora de Santana
E a rua (ou praça) que é Vigário Rêgo;
Café, banana, mandioca e cana,
Seu povo a essas culturas tem apego.
E da silvicultura e pecuária
Também cuida essa gente extraordinária.

- 106 -

A Guerra dos Tabocas, na VITÓRIA


Que a acrescência tem DE SANTO ANTÃO,
Como a dos Guararapes, pela História
Alcançou imortal repercussão:
Posto em fuga o invasor, pra nossa glória,
Depressa aconteceu sua expulsão.
Nessa dura batalha, encarniçada,
Quanta gente restou decapitada!

(Fim do Canto Quarto)


CANTO QUINTO
(Municípios Novos)

-1-

BETÂNIA, AFRÂNIO, CALUMBI, BREJINHO,


BREJÃO, CHÁ-DE-ALEGRIA, IBIRAJUBA,
CALÇADO, CAMUTANGA, SALGADINHO,
CAETÉS, BUENOS AIRES, JATAÚBA,
IATI, IBIMIRIM, FREI MIGUELINHO,
FERREIROS, FEIRA NOVA, ITACURUBA,
INGAZEIRA, IPUBI, CACHOEIRINHA,
SAIRÊ, LAGOA DO OURO e TEREZINHA,

-2-

Foram distritos, hoje desmembrados


De municípios vários. Já, também,
Estão nas mesmas condições: MACHADOS,
CAPOEIRAS, TACAIMBO, TRACUNHAÊM,
PRIMAVERA, OROBO, JUPI, CONDADO
E, além dos mencionados, inda têm:
ITAÍBA, PASSIRA, SOLIDÃO,
POMBOS, IGUARACI, SALOÁ, SÃO JOÃO,

-3-

VERDEJANTE, OROCÓ, TUPARETAMA,


LAGOA DE ITAENGA, ITAQUITINGA,
CHÁ GRANDE, TERRA NOVA, e o que se chama
De MIRANDIBA. E mais: TUPANATINGA,
SÃO BENEDITO SUL, PARANATAMA
E o que é da costa, longe da caatinga:
SÃO JOSÉ DA COROA GRANDE. Enfim,

-4-

SANTA MARIA CAMBUCÁ, TRINDADE,


CEDRO, GRANITO, SANTA TEREZINHA,
BELÉM DE MARIA é também cidade
Que completando está a estância minha.
Enquanto a santa Inspiração me invade.
Para minh’alma não deixar sozinha...
E o SÍTIO DOS MOREIRAS, vem. E acaba
A estrofe, com BARRA-DA-GUABIRABA.

(Fim do Canto Quinto)


CANTO SEXTO
(Dedicatória e finalidade do Poema)

-1-

Recife: a ti e a este bravo Estado


Que vem a ser, contigo, o Leão-do Norte,
0 meu Poema seja dedicado,
Antes que venha me ceifar a morte:
Não é um grande carme, sublimado,
Que amenizar consiga a alheia sorte;
De orientação, porém, serve a turistas
Ou a habitantes, quer ou não bairristas.

-2-

Enfim, o oferto à Pátria brasileira


- País que desde outrora faz sucesso.
Hasteando sua invicta Bandeira,
Na qual se encerra o lema: “ORDEM E PROGRESSO”.
E aos seus heróis que sempre, a vida inteira,
Lutaram pra não vê-la em retrocesso
continuam da Raça honrando o nome,
a História perpetuando seu renome.

Recife, 1973/1975
SEGUNDA PARTE

"Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das
altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã de meu País e antevejo
esta Alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”

Brasília, 02 10-1956
Juscelino Kubitscheck
Presidente da República

No Estado de Goiás, sobre o Planalto


Central, Brasília foi edificada
Por Juscelino, que se fez mais alto
Por ter engrandecido a Pátria amada!

Na nova Capital, qual flor do asfalto,


0 imponente Palácio da Alvorada
Ainda hoje põe em sobressalto
Os incapazes - gente que faz nada...

Pois, no dia do bravo Tiradentes,


O mais audaz, talvez, dos Presidentes
Pelando ao povo, cheio de emoção,

Numa prova de amor à Liberdade


Deu-lhe, feliz, essa novel Cidade,
Pensando no destino da Nação

Recife, 21-4-1960 – data de sua inauguração pelo saudoso Presidente supra referido.
ESTADOS DO BRASIL
(SONETOS)

ACRE

Nele habitavam os bolivianos


De mistura com muitos brasileiros
Até que um dia nossos acreanos
Pegaram em armas contra os forasteiros.

É que a Bolívia, outrora, há muitos anos,


A uma certa empresa de estrangeiros,
Sem ver que assim nos causaria danos,
Pretendera arrendar nossos " terreiros..."

Veio o protesto, enfim, de nossa gente,


Com Plácido de Castro, no comando. (*)
E um Tratado amistoso, incontinenti,

Entre Brasil-Bolívia foi firmado.


É RIO BRANCO, que vem prosperando,
A bela capital do novo Estado,

(*) José Plácido de Castro, militar e político brasileiro nascido em São Gabriel (RS), em 1873;
falecido no Acre, em 1908.

ALAGOAS

O hospitaleiro Estado de Alagoas,


Terra de sururus e marechais.
Deve seu nome a inúmeras lagoas.
Em cujo solo vistas são, demais.

A alegre capital, pelas pessoas


Bairristas, ou da gleba naturais,
Sempre é chamada, em referências boas,
De Cidade Sorriso... e nada mais!

De fato, MACEIÓ é um poema.


Onde fez época o Gogó da Ema
— Coqueiro torto, de expressão bem rara.

Paulo Afonso (a cachoeira) obra é de artista.


Além de Ponta Verde, ali se avista
A encantadora praia Pajuçara.
AMAZONAS

Do imenso território brasileiro,


O Amazonas, pela dimensão,
Indubitavelmente é o primeiro
Dentre os estados da Federação.

É de borrachas o maior celeiro


E florestas possui em profusão;
Ao pé da seringueira, o seringueiro
Apanha o látex, de tigela à mão. i

O seu xará, o forasteiro rio


É, em volume d'água, um desafio
Aos rios grandes deste continente.

MANAUS é sua capital. De raras


Aves é rico; uirapurus, araras, -
Tucanos... e outras de pasmar a gente

BAHIA

Berço de Rui — o sábio Rui Barbosa


Que engrandeceu a Pátria idolatrada
Com sua rara e privilegiada
Inteligência super-luminosa!

Desta Nação imensa, jubilosa,


Foi SALVADOR, em época afastada,
A capitai primeira; hoje, afamada,
É, da Bahia, a capitai ditosa.

Pertence a essa gleba brasileira,


O " Velho Chico " — o " pai " da Cachoeira
De Paulo Afonso, que dá luz e brilho.

Deus guarde o Estado que se fez proscénio


Da História, e de Castro Alves - poeta-gênio
Que tanto nos honrou como seu filho!
CEARÁ

Airoso Estado, de belezas pleno.


De andarilhos cidadãos ordeiros,
Onde o inspirado Juvenal Galeno
Poetava à sombra de seus cajueiros.

Na linda capital, de clima ameno.


Que é FORTALEZA, ousados jangadeiros
Ao mar arriscam seu viver terreno,
Deixando seus recantos costumeiros.

Em Juazeiro encanta-se o turista.


Como no Crato — berço iluminado
Do padre Cícero Romão Batista.

Como outrora é bem grande a romaria


As cidades do padre renomado,
Que servindo ao seu povo a Deus servia.

ESPÍRITO SANTO

VITORIA é a bela capital do Estado.


Guarapari – Cidade da Saúde
Areias tem que o povo põem curado.
Pois de salvar enfermos têm virtude.

Nessas areias quem ficar deitado,


(Oh, maravilha que inda olhar não pude!)
Tempos depois se vê recuperado,
São e salvo do insípido ataúde!

Na ex-Reritiba (aldeia, hoje cidade


Anchieta) o apóstolo gentil
Seus dias terminou, na antiguidade.

Na velha aldeia, há séculos fundada,


Vivera Anchieta, o santo do Brasil:
Padre, aos índios, de vida dedicada!
GOIÁS

É o Araguaia um rio já famoso


Pela sua beleza e majestade.
Que sendo embora vasto, caudaloso
Corre em seu leito, com normalidade.

Tocantins é outro rio fabuloso.


Que também goza de tranquilidade
Paraná, Almas, Preto... oh, venturoso
Estado, que os possui em quantidade!

A ilha do Bananal sugere festas.


Tendo por perto lagos e florestas...
E uma porção imensa de animais.

Nessa ilha, que a natureza fez tão linda,


Não em GOIÂNIA, a capital) ainda
São encontrados índios carajás.

MARANHÃO

É SÃO LUÍS, a capital do Estado


Que muito orgulho dá ao Maranhão:
Foi cenário de lutas no passado,
No alvorecer glorioso da Nação.'

Hoje, porém, com o tempo renovado,


Possui o Estado muita produção '
Chegando, até por isso, a ser chamado:
Terra do babaçu e do algodão.

Em São Luís são bem encontradiças


(Por suas praias) dunas movediças
E casas de bonitos azulejos.

Enfim, por essas plagas de quimeras,


Curiosos chafarizes, de outras eras,
Dão aos que vêm de fora bons ensejo
MATO GROSSO

Tem Mato Grosso proporções grandiosas.


Em superfície estando entre os primeiros;
Diamante e outras pedras preciosas
São encontradas pelos garimpeiros.

Embora sejam pouco populosas


Suas férteis regiões, aos brasileiros
Estão guardadas épocas ditosas.
Vistas assim nos tempos derradeiros.

Seu mate, suas matas, que riqueza!...


Que rios! O das Garças tem beleza.
Com as águas despejando no Araguaia.

É CUIABÁ a capital, que avança...


Mas, de Ponta Porã é que se alcança
Cabalero, cidade paraguaia.

MATO GROSSO DO SUL

Mato Grosso do Sul passou a ser,


De uns tempos para cá, um novo Estado.
E nosso pavilhão passou a ter
Mais uma estrela no seu céu pintado.

Do extenso Mato Grosso emancipado,


Independentemente ei-lo a crescer,
Por seu governador orientado,
Aos filhos natos dando mor prazer.

Mato Grosso do Sul tem CAMPO GRANDE


Por sua capital, que bem se expande,
Orgulhando seu povo promissor.

No mês de maio de setenta e sete


Surgiu o novo Estado, que reflete
Um futuro melhor, compensador.
MINAS GERAIS

Rico em minérios, muito montanhoso,


Minas Gerais ouro exportou, cedinho,
Abastecendo a Europa. Mas, copioso
De ouro, inda o tem para o Brasil todinho

De área mediana, fértil, populoso,


Hoje, mais firme segue seu caminho
0 Estado que foi berço do famoso
Escultor singular: o "Aleijadinho."

São cidades históricas e belas:


São João Del-Rei, Mariana, Sabará,
Ouro Preto e Congonhas do Campo: elas

O "Tiradentes" viram também lá.


BELO HORIZONTE (é a primeira delas),
Juiz-de-Fora, Uberaba e Araxá.

PARÁ

É bem famosa, nesse vasto Estado,


Na arborizada capital - BELÉM,
A produção de mangas. Seu mercado
De nome Ver-o-Peso, fama tem.

Orgulho ao povo desse chão tem dado,


O aeroporto Val-de-Cãs; também
É o Teatro da Paz, ali notado,
De uma imponência que realçar convém.

Seu açaí é muito consumido:


Os que vão ao Pará o têm bebido,
Voltando mais eufóricos de lá.

Várias cidades há, desenvolvida.


Dentre, porém, as mais evoluídas
Se encontram: Santarém e Marabá.
PARAÍBA

Quando seu grande filho Joao Pessoa (*)


Tombou sem vida, qual precoce fruto,
Fato que em nosso espírito inda ecoa,
O Brasil todo se cobriu de luto!

Campina Grande (que comércio!) é boa


E esplêndida cidade, onde o matuto.
Cada vez mais à lida se afeiçoa
Como uma abelha, no trabalho bruto.

A João Pessoa, em homenagem justa,


A Paraíba, ex-capital augusta,
JOÃO PESSOA passou a ser chamada.

Já Pedro Américo – um pintor singelo –


Honrou Areias, o seu berço belo,
Outra cidade ali edificada.

(*) João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, político brasileiro nascido em Umbuzeiro (PB), em
27-01-1878 e falecido no Recife (PE), em 26-07-1930.

PARANÁ

O Paraná, bastante populoso,


Possui muitas riquezas naturais;
Entretanto, o que o torna assaz famoso
São os seus majestosos pinheirais.

De grande superfície, o Estado airoso


Produz, como culturas principais:
Trigo, fumo, algodão... e o bem rendoso
Café, que faz Londrina crescer mais.

CURITIBA é a bela capital


Desse Estado sulino, construída
Sobre um planalto perto do Iguaçu.

É o Paraná seu rio principal


O lindo Salto do Iguaçu convida
O visitante a ir vê-lo a olho nu.
PERNAMBUCO

Tabocas... Guararapes... decorrido


O tempo, falam bem do seu passado:
Dominando o holandês intrometido,
Expulsando o invasor, desassombrado -

Berço de heróis: achando-se invadido,


Como " rugiu " o Leão-do-Norte, irado,
Unido aos lusos — povo irmão, querido,
Que dos nativos sempre esteve ao lado.

À capital, que é o RECIFE, exibe


O Beberibe e o Capibaribe,
Nomes sonoros de dois lindos rios.

Nas tais batalhas que retumbam ainda,


Outras cidades, como a brava Olinda,
Também souberam defender seus brios!

PIAUÍ

Riqueza do Piauí a carnaubeira


Que de “árvore da vida” hoje é chamada,
É um produto notável, de primeira,
De cuja integridade é aproveitada

Parte por parte. Em suma: essa palmeira,


Por sua utilidade variada,
Tornou-se já famosa. De maneira
Que ora vem sendo, com êxito, exportada.

Também garantem seu feliz porvir:


Babaçu, cana, fumo ou algodão,
Que dia a dia o fazem progredir.

A capital do Estado é TERESINA


E pelo seu amor à evolução
O Piauí a todos nós fascina.
RIO DE JANEIRO

Se foi o Rio de Janeiro, outrora,


A capitai famosa do País,
Maior é sua tradição, agora,
Pois do Brasil-Império muito diz.

Hoje, Volta Redonda faz melhora


Junto ao seu povo pródigo e feliz,
Enquanto a natureza colabora
Em torná-lo mais rico: Deus o quis!

Do Estado (de beleza natural)


É RIO DE JANEIRO a capital.
Muito algodão, café e cereais

Produz o fértil solo fluminense.


Se faz calor intenso, o povo o vence
taças às suas praias colossais.

RIO GRANDE DO NORTE

É Mossoró um centro salineiro;


Ceará-Mirim tem, em Profusão.
Há nesse ativo Estado hospitaleiro
Um opulento estoque de algodão.

Dizem ser o melhor do mundo inteiro


Seu algodão mocó, que, na região
Chamada Seridó, aflui ligeiro,
Possuindo fibras sem comparação.

Cera de carnaúba, açúcar, fumo


São mais alguns produtos, em resumo,
De quem melhor, na Pátria, explora o sal.

NATAL é a linda capital do Estado,


Cujo povo se sente afortunado
Com o salineiro parque de Macau.
RIO GRANDE DO SUL

Getúlio Vargas, vulto brasileiro (*)


Que foi da Pátria, um grande presidente,
Veio ao mundo em São Borja, onde o valente
Dos pampas sente orgulho em ser vaqueiro.

A margem de seu rio prazenteiro,


Que se chama Guaíba, e encanta a gente,
PORTO ALEGRE se vê, garridamente,
Tendo o progresso como bom parceiro.

Nesse avançado Estado (sempre lindo)


Vemos, além da capital, seguindo
Da evolução os múltiplos caminhos:

Bagé e Uruguaiana, ambas radiantes,


Ou Caxias do Sul, com fascinantes
E fartas produções de uvas e vinhos.

(*) Estadista brasileiro nascido em São Borja (RS), em 14-4-1883 e falecido no Rio de Janeiro
em 24-8-1954. Nome completo: Getúlio Dorneles Vargas.

RONDÔNIA

Por Guaporé, outrora, conhecido.


Teve esse nome logo mais mudado
Para Rondônia, o bem desenvolvido
Ex-território: atualmente Estado.

É que, não nesse século passado


Mas neste que vem sendo decorrido,
U m verdadeiro bandeirante, ousado,
Desbravou seus sertões, de peito erguido.

E o novo Estado, que tem PORTO VELHO


Por capital (sem Bíblia ou Evangelho),
Passou a ser Rondônia, em gesto bom,

Prestando alguém justíssima


A memória desse homem- de-coragem
Que foi em vida o marechal Rondon. (*)

(*) Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958).


SANTA CATARINA

Dentre outras várias, Santa Catarina


Possui, como riqueza principal,
Carvão-de-pedra. Como Capital,
A alegre FLORIANÓPOLIS, fascina.

Clima excelente pôs a mão divina


Naquelas regiões. E Blumenau,
De bicicletas centro industrial,
Ao povo ordeiro a pedalar ensina.

São José, Tubarão, são promissoras


Cidades, onde há fontes produtoras
Do tal minério, ao qual menção já fiz.

É também nessa Blumenau formosa


Que há, de gaitas (indústria preciosa),
A fábrica exclusiva do País.

SÃO PAULO

SÃO PAULO é a capital do populoso


Estado de igual nome que, hoje em dia
A muitos sobrepuja em primazia
Pelo seu crescimento fabuloso.

Não dorme o rico Estado: na porfia


Do seu Comércio (assaz vertiginoso)
Desconhece o repouso langoroso
Que ao indolente, apenas, contagia.

Fernão Dias Pais Leme e Borba Gato


São bandeirantes que se destacaram
Em busca de ouro. desbravando o mato.

De São José do Rio Pardo, sons


Partiram... e lá na História-Pátria ecoaram
Com Euclides da Cunha, em “Os Sertões.”
SERGIPE

Possui, Sergipe, uma área pequenina,


Mas, grande amor cultiva à instrução:
Uma rede de escolas predomina.
Tem seu Ginásio muita tradição.

É filho seu, de inspiração divina,


O Tobias Barreto, que a Nação
Tanto aplaudiu, por sua verve fina.
Dentre poetas da velha geração.

Pelo seu povo bom simpatizada,


ARACAJU é a capital garrida.
De encantadoras praias circundada.

De culturas a gleba é enriquecida,


De salinas estando bem pejada,
Muito ouro tendo na serra Comprida.
TERRITÓRIOS
(SONETOS)

AMAPÁ

Por numerosos rios é banhado,


0 extenso território do Amapá;
Dentre os quais o Amazonas, afamado,
É o rio principal que vemos lá.

Por garimpeiros vem sendo explorado


Seu abundante solo, que ouro dá...
E alguns até já ricos têm ficado
Da noite para o dia. MACAPÁ

É sua capital, com prazenteiras


Ruas, de branco e lindo casario,
Nas quais se vêem belíssimas palmeiras.

E inda em destaque, nessa capital,


Onde o clima é mais quente do que frio,
Vê-se o palácio governamental.

FERNANDO DE NORONHA

Esse pouco habitado aglomerado


De pequeninas ilhas, nacional,
A Fernão de Noronha foi doado
Pelo rei Dom Manuel, de Portugal.

Mas isso fora, apenas, reajustado


Nos tempos do Brasil colonial.
Hoje o dirige um militar, ao lado
De sua guarnição regimental.

Beijando o mar, Fernando de Noronha


Se, com a perene paz da Pátria, sonha.
Da mesma sorte, bem municiada,

Pronta se encontra pra qualquer defesa.


Pois do Brasil é uma fortaleza.
Ou sentinela indómita, avançada!

NOTA: Vila dos Remédios é sua capital. 0 arquipélago, transformado em território nacional em
9 de fevereiro de 1942, está constituído de 5 ilhas: Fernando, Rata. Meio, Rasa e Lucena.

RORAIMA

Foi Rio Branco o nome seu, primeiro,


O qual nos tempos idos fora dado
Em homenagem ao grande brasileiro
Que tanto fez por seu País amado. (*)

É bem notável a criação de gado


Naquele vasto solo hospitaleiro,
Onde, valente, ao campo afeiçoado,
Sua perícia expõe o bom vaqueiro.

Os rios Negro e Branco estão na cristã,


Porquanto são seus rios principais.
A margem do segundo, BOA VISTA

É a capital crescente de Roraima.


Há seringueiras, ouro... e, entre outras mais.
As serras Parimá e Pacaraima.

(*) Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior, 1845-1912).

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