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e a Organizaeão
Polltiea Nacional
Serie 5.• - BRASILl~ANA - , Vol. 172
. • e"' •
D I Il L I OT li E C A P E DA G O G I C A BRASIL E 1 R.A
Nestor Doar.te
A Orde1n Pt•ivada
e a O ganiza('ão
olitiea N aeioual
(Contribuição '- Sociologia
Polltlca Drasllelra)
Afran.io Peixoto
.
Otavio Mangabeira
An-isio Teixeira.
SUMARIO
CAPITULO 1.0
CAPITULO 2. 0
CAPITULO 3. 0
CAPITULO 4. 0
CAPITULO 5. 0
CAPITULO 6. 0
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Tais fatos e diretrizes ela historia política de
.Portugal não devem constituir elementos suficien-
tes e exclusivos para as conclusões a que desejamos
A Onfr111 Pri~ ·ada e " Orgcrni:;açiio !'olitica Yacio11al 27
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Anarquica, sem ser porém desorganizada ou
revolucionaria. seja dito de passagem. a socie-
clade colonial tem. entretanto, uma outra orga-
llizaçfw solida. indestrutivel que é sua propri~
estn~tura de base - é a ORGANIZAÇAO PRI-
VADA.
Dentro dela, o Rei de Portugal, a represen-
tai· um poder politico ausente, longinquo , além
de fraco e desnecessa rio, deve guardar. apenas,
11111 papel e função ele se11ho> eminente de terras.
Senhor proprietario. sem a dominação direta e
(_)Ue poderia, além do mais. esperar dos seus vas-
salos o desempenho da função de governar. de
guerrear e de zelar pela sua colonia.
Dizer. porém. que nessa :-:.ociedade colonial
prepondera o privatismo. é muito pouco.
Alguns dos nossos escritores e historiadores
tocam, de certo modo, nessas tintas. Vêm antes,
porém , cambiantes, registam aspectos desse pri-
122 N e s I o ,: D II a ,- t e
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Si a organização municipal já não propen-
desse, como propende, para o circulo privado,
viria a participar na Colonia do privatismo tota-
litario, digamos sem intenção, de sua sociedade.
Salientamos ele logo que o português não
pôde transplantar para o Brasil o seu municipa-
lismo, a sua tão arraigada organização munici-
pal, enfim, com a indole historica da Metropole.
Si em Portugal a comuna é uma ordem eminen-
temente popular, formada do homem sem fôro
nem privilegies pessoais, si ela é a forma pro-
priamente plebéa e vilôa que se constitue com
carater anti -feudal e anti-aristocratico, si o mu-
nicípio é, na propria linguagem comovida de-Ale-
xandre Herculano, o reduto das liberdades demo-
craticas e o primeiro estabelecimento de uma or-
dem de maiores garantias populares, na Colonia,
no Brasil, o município português é um contraste
original e surpreendente de tudo isso. Devendo
1-l-2 ]\; ·e s t o 1: /) 11 a, r f e
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Já~ tempo porém de trazer ao primeiro pla-
no desse estudo o fator, a liás inesquecido, da es-
cravidão.
.·l 01·dc111 Privada e a Orga11i::ação Politica Nacio11al 157
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O h omem branco e pobre, apesar das mes -
m as leis e d o mesmo sistema juridico-social, não
consegue formar a familia patriarcal do senhor
branco, r ico proprietario de terras e de escravos.
166 Nesto,: Duarte
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Seria superfluo dizer que a vinda da Côrte
portuguesa para o Rio de Janeiro e a índepen-
dcncia do Brasil, nos princípios do seculo XIX,
não interrompera m a grande crise co lonial do
E s tado.
Tais acontecimentos e deslocamentos de su-
perficie e de periferia iriam mostrar, apenas ,
que a hi storia política, propriamente brasileira,
por todo o sempre não teria força ele penetração
e poder ele subm ergencia na estrutura do País,
1i8 Nestor. n1tarte
E acentúa:
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E' momento de saber -se. porém, si essa
classe já política, pela continuação do exercicio
do poder político, e pelas transformações por que
passou, encontrou-se em condições de tr ansmitir
cm-fim á sociedade qne ,"lead~ra" o sentido do
espírito publico que ela acaso viesse a possuir,
através de sua longa oportunicla<le de go,·erno.
Não é sediça a indagação, apesar de nossas afir-
mações até aqui feitas indicarem quais as nossas
conclusões.
Vale a ntes separar, para não confundir, elo
carater e do espirito de classe desse patriciado
rural, os resultados objetivos da política elo Im-
perio - a unidade nacional a centralização do
poder, o conjunto, em-fim, de ' praticas govern~-
rnentais pelas quais o Estado monarquico reali -
zou o melhor de sua obra política, entre nós, a
qual aliás no que não fôr independente delét, não
contraria o seu espírito e os seus interesses.
A Ordem f'rirnda e a Ot·gani2açiio Política Na<io nal 209
tatal.
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Não seria. o Estado
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democratico ' como .
vimos, o que ma10res incompatibilidades ofere-
ceu fl recepção e implantação do fenomeno do
Poder Político numa organização social como a
<1uc ti vemos até aqui.
Tanto quanto se distinga um governo do
povo ele um governo para, o povo, haveria ele se
exigir do Estado, no desem penho mesmo desse
endereço, que se dirigis se. com outro poder d(;! mo-
dificação e reforma, a uma massa populacional
indiferente como a nossa, para dar-lhe o sentido
e a expressão de um povo político. E' o que se
precisaria obter e esperar dele.
Ante a realidade do Brasil, o papel elo Es~
taclo não é refletir e conservar ta l ou qual am-
hiencia. mas assumir a função de reformar. criar,
ed ucar um povo.
Não nos parece razoavel, nem de acordo com
;:t nossa condição e cultura historica, que nos li-
mitemos a ter surprezas com a adaptação difi-
cil desse ou daquele principio político entre nós,
mas, ji certos, de antemão, dessas dificuldades
para todo e qualquer principio político, o que no~
caberá é avaliar essa -prevista adaptação clificil,
seguir o seu processo e escolher os meios de re -
duzí-la.
Não é pelo Estado democratico que nós ex-
plicamos a nossa adaptação cl ificil a um princi-
230 N e s I u 1: IJ II a ,. t e
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