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EXCELENTÍSSIMA SENHORA FABIANA COSTA OLIVEIRA BARRETO,

PROCURADORA-GERAL DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO


DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS - MPDFT

PARTIDO DOS TRABALHADORES –


DIRETÓRIO REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL – PT/DF, inscrito no
CNPJ sob o nº 01.633.890/0001-31, com sede no SCS - Quadra 01, Bloco I, Ed.
Central, 6º Andar, Asa SUL, CEP: 70.304-900, Brasília/DF neste ato representado
por seu Presidente, JACY AFONSO DE MELO, brasileiro, casado, bancário,
inscrito no CPF sob o nº 226.980.431-72;
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO -
DIRETÓRIO REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL – PSB/DF, inscrito no
CNPJ sob o nº 03.475.971/0001-86, com sede no SIG QD 01, LOTE 985, SALA
224, Centro Empresarial Parque Brasília, Brasília-DF, CEP: 70610-410, neste ato
representado por seu Presidente Regional, RODRIGO OLIVEIRA DE CASTRO
DIAS, brasileiro, solteiro, servidor público federal, inscrito no CPF sob o nº
036.205.351-08;
PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE -
DIRETÓRIO REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL – PSOL/DF, inscrito
no CNPJ sob o nº 08.678.505/0001-11, com sede no SCS, Quadra 2, bloco C, Nº
252, 5º andar, Ed. Jamel Cecílio, Brasília-DF, CEP: 70302905, neste ato
representado por seu Presidente, FÁBIO FELIX SILVEIRA , brasileiro, solteiro,
servidor público distrital, inscrito no CPF sob o nº 010.806.391-79;

1
REDE SUSTENTABILIDADE - DISTRITO
FEDERAL, inscrita no CNPJ sob o nº 25.044.303-0001-37, com sede no SDS-
CONIC, Ed. Boulevard Center, salas 107/109, Bloco A, Asa Sul, Brasília/DF, CEP
70.391- 900, neste ato representada por sua Presidente, ADILA ROCHA LOPES,
brasileira, solteira, publicitária, inscrita no CPF sob o nº 928.246.331-15;
PARTIDO VERDE – DIRETÓRIO DO DISTRITO
FEDERAL – PV/DF, inscrito no CNPJ sob o nº 05.644.130/0001-80, com sede
no SCN QUADRA 01, BLOCO F, Sala 711, Asa Norte, Brasília/DF, CEP: 70.711-
905 neste ato representado por seu Presidente EDUARDO DUTRA BRANDÃO
CAVALCANTI, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito no CPF sob o nº
361.995.596-49;
PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA –
DIRETÓRIO DO DISTRITO FEDERAL – PDT/DF, inscrito no CNPJ sob o
nº 02.600.651/0001-48, com sede no SDS Bloco G, Ed. Baracati, 2º Subsolo Nº
63, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70392-90 neste ato representado por seu Presidente
GEORGE MICHEL SOBRINHO, brasileiro, casado, jornalista, inscrito no CPF
sob o nº 244.201.741-53;
vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
com fundamento nos artigos 1º, 2º, 3º, 6º, 127, 129 e 196 da Constituição Federal, bem
do art. 5º da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, apresentar a

REPRESENTAÇÃO

Contra atos e manifestações públicas que atentem contra o regime democrático, a


separação dos poderes e a saúde pública, convocados por pessoas diversas, com o
beneplácito do Governador do Distrito Federal, o que se faz pelas razões de fato e de
direito a seguir aduzidas.

2
I - Da Representação ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios –
MPDFT

Como é sobejamente conhecido, qualquer cidadão pode


representar ao Ministério Público, podendo fazê-lo por escrito ou prestando depoimento
pessoal na própria Procuradoria. Também as pessoas jurídicas, entidades privadas,
entidades de classe, associações civis e órgãos da administração pública podem
comunicar irregularidades para que o Ministério Público as investigue.

Por outro lado, conforme o art. 127 da Constituição Federal,


o “Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis. ”

De igual medida, o art. 129, II, da Constituição Federal


dispõe que são funções institucionais do Ministério Público “zelar pelo efetivo respeito
dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia”.

Ao regulamentar a Constituição Federal, a art. 5º da Lei


Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, assevera que “são funções institucionais
do Ministério Público da União” – da qual o MPDFT faz parte, entre outras, “a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos interesses sociais e dos
interesses individuais indisponíveis”, considerados, dentre outros, o princípio da
“independência e a harmonia dos Poderes da União”.

Em resumo, compete ao MPDFT a defesa da Constituição,


protegendo os direitos e garantias, inclusive o direito à saúde, nela assegurados e
combatendo os atos que atentam contra os princípios, fundamento e objetivos do Estado
Democrático de Direito brasileiro.

3
II – Dos atos que atentam contra o regime democrático e a separação dos poderes

Depois de uma noite que durou mais de 20 anos (1964 a


1985), o Brasil retomou o caminho da democracia. A derrota do regime militar e a
redemocratização, cujo ponto alto foi a promulgação da Constituição Federal de 1988,
foram conquistas da cidadania brasileira.

Conquistas que precisam ser valorizadas. Que precisam ser


defendidas.

O preâmbulo da Constituição sintetiza essa conquista:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em


Assembleia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

Como se pode ver, o Preâmbulo da Constituição de 1988


consagra valores fundamentais ou superiores da Constituição. Esses valores estão em
plena sintonia com os fundamentos, princípios, objetivos da República brasileira.

De fato, o art. 1º da Carta Magna institui uma República


Federativa, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, que se constitui em Estado Democrático de Direito.

Estado democrático é o oposto de regime autoritário.

4
Como leciona José Afonso da Silva (Revista de Direito
Administrativo, v.173, 1988, p. 22) “o Estado democrático de Direito concilia Estado
democrático e Estado de Direito, mas não consiste apenas na reunião formal dos
elementos desses dois tipos de Estado. Revela, em verdade, um conceito novo que
incorpora os princípios daqueles dois conceitos. Para ele,

“A democracia que o Estado democrático de Direito realiza


há de ser um processo de convivência social numa
sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, II), em que o poder
emana do povo, deve ser exercido em proveito do povo,
diretamente ou por seus representantes eleitos (art. 1º,
parágrafo único); participativa, porque envolve a
participação crescente do povo no processo decisório e na
formação dos atos de governo; pluralista, porque respeita a
pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe assim o
diálogo entre opiniões e pensamentos divergentes e a
possibilidade de convivência de formas de organização e
interesses diferentes na sociedade; há de ser um processo de
liberação da pessoa humana das formas de opressão que não
depende apenas do reconhecimento formal de certos
direitos individuais, políticos e sociais, mas especialmente
da vigência de condições econômicas suscetíveis de
favorecer o seu pleno exercício.

Não é Estado de democracia popular subordinado ao


personalismo e ao monismo político, mas tende a realizar a
síntese do processo contraditório do mundo
contemporâneo.”

O Estado democrático de direito tem como pressuposto a


observância do princípio da separação entre os poderes. Não é por outro motivo que o art.
2º da Constituição estabelece que são Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
5
Ocorre que temos assistido nos últimos tempos ataques
direto à Constituição, notadamente no que ela tem de mais sagrado, que é o Regime
Democrático. Nas redes sociais e nas ruas, cresce o número de pessoas que defende a
ruptura constitucional, na medida em que pedem a volta da ditadura militar e o
fechamento de instituições sagradas à democracia brasileira, que são o Supremo Tribunal
Federal (STF) e o Congresso Nacional.

As matérias acostadas abaixo demonstram de forma cabal


que os últimos atos e manifestações organizadas por apoiadores do atual governo estão
se convertendo em verdadeiro atentados à Constituição. Lamentavelmente, o Presidente
da República tem participado de muitos deles, avalizando, de certa forma, iniciativas que
buscam o fechamento do Congresso e/ou do STF.

Conforme matéria jornalística do site da revista Exame,


reproduzida abaixo,1no dia 19 de abril houve manifestação em apoio ao atual presidente
da República, em que haviam faixas e gritos reivindicando a instauração de um novo AI-
5 (Ato Institucional 5), que notoriamente representa a fase mais autoritária da ditadura
militar, além de outras manifestações atentatórias às outras Instituições da República,
como o Congresso Nacional e o STF.

1 Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/bolsonaro-discursa-para-manifestacao-com-faixa-

fora-maia-e-apoio-ao-ai-5/. Acessado em 07/05/2020.


6
A repercussão e o impacto foi de tamanha gravidade que o
Procurador Geral da República, Augusto Aras, solicitou ao STF abertura de inquérito para
“apurar se houve fatos delituosos envolvendo a organização de atos contra a democracia
participativa brasileira”2, o que foi deferido pelo STF em decisão da lavra do Ministro
Alexandre de Moraes3.

2 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-abr-20/pgr-abertura-inquerito-protestos-

democracia. Acessado em 07/05/2020.


3 Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/04/21/moraes-autoriza-abertura-de-

inquerito-para-apurar-relacao-de-deputados-com-atos-contra-a-democracia.ghtml. Acessado em
07/05/2020.
7
Recentemente, no dia 3 de maio, houve nova manifestação
antidemocrática com faixas reivindicando intervenção militar e com críticas às demais
Instituições Democráticas. Na ocasião, o atual presidente da República, em alusão a
recente decisão do STF, afirmou que “não vai mais admitir interferências”4.

4 Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2020/05/03/manifestantes-fazem-

carreata-pro-bolsonaro-na-esplanada-dos-ministerios-em-brasilia.ghtml. Acessado em 07/05/2020.


8
Como também houve manifestações antidemocráticas no
mês de março5, início da pandemia mundial do coronavírus, conclui-se, sem margem para
dúvidas, que com o beneplácito do Governador do Distrito Federal, tem ocorrido
mensalmente atos atentatórios ao Estado democrático de Direito.

Nem se argumente que a liberdade de manifestação do


pensamento (art. 5º, IV), a liberdade de consciência e crença (art. 5º, VI) e a liberdade de
associação (art. 5º, XVII) protegeria os organizadores e participantes dos atos e
manifestações. Isso porque essas garantias individuais não podem ser usadas como
escudo de proteção para a prática de crimes e de atentados à Constituição.

O art. 5º, XVII, da Magna Carta é cristalino ao afirmar que


“é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar”.
A contrário sensu, o Constituição proíbe a associação para fins ilícitos, como aquelas

5 Disponível em: https://www.poder360.com.br/governo/manifestacoes-pro-bolsonaro-e-anti-

congresso-sao-mantidas-em-259-cidades/. Acessado em 07/05/2020.


9
destinadas à pugnar pela volta da Ditadura Militar, edição de novo AI 5, o fechamento do
Congresso Nacional ou do STF.

Como morrem as democracias?

No best seller Como As Democracias Morrem, os cientistas


políticos norte-americanos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, especialistas no estudo de
regimes democráticos, apresentam os elementos essenciais para a manutenção e
conservação da democracia. Basicamente, eles apontam o fortalecimento das instituições
(Legislativo, Judiciário, Partidos políticos etc) como uma salvaguarda ao nascimento de
modelos autoritários de governo. No caso brasileiro, o Ministério Público, como garante
do Regime Democrático, tem um papel essencial a cumprir.

Na obra, os autores propõem um “Teste do nível de


autoritarismo de uma sociedade. Baseados em estudos precedentes, Steven Levitsky e
Daniel Ziblatt apresentam quatro indicadores para ver se um político tem ou não perfil
autoritário. Os quesitos apontados são: 1) rejeição (ou comprometimento fraco) com as
regras do jogo democrático; 2) negação da legitimidade dos oponentes políticos; 3)
tolerância ou encorajamento à violência; e 4) prontidão para reduzir as liberdades civis
dos oponentes, incluindo a mídia.

10
No caso brasileiros, o sinal vermelho está aceso há meses.
Os organizadores e participantes dos atos de apoio ao atual governo não aceitam as
instituições democráticas e as regras por elas observadas, tanto que defendem o
fechamento do Congresso Nacional e do STF. Esses movimentos e pessoas atacam com
virulência desmedida os oponentes políticos do atual presidente da República, bem como
os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e os Ministros do STF
quando tomam decisões que contrariam o interesse do mandatário de plantão.

Não bastasse, encorajam a violência física e simbólica,


inclusive, com a exibição de armas de alto calibre, visando intimidar adversários. Por fim,
atacam ferozmente a mídia, inclusive com agressões a jornalistas, como ocorreu na
manifestação na praça dos três poderes, no último domingo dia 03/05/2020 6, que por cruel
ou proposital coincidência é a data comemorativa ao dia da Liberdade de Imprensa.

6 Acessado em: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,profissionais-do-estadao-sao-agredidos-

com-chutes-murros-e-empurroes-por-apoiadores-de-bolsonaro,70003290862. Disponível em
07/05/2020.
11
Ademais, alguns desses grupos, como o que vem
organizando a próxima manifestação do dia 09/05, têm nítida natureza paramilitar, o que
é claramente proibido por nossa Constituição.

Manifestação de 09/05/2020 em Brasília

As agressões à democracia brasileira vão se repetir no


próximo dia 09 de maio de 2020, no ato convocado por apoiadores do atual do governo.
Por meio de cards, páginas e vídeos nas redes sociais, está sendo convocada uma Mega
Carreata em Brasília, que, em tese, contará com a presença de pessoas de todo o Brasil.

A página de Facebook da pessoa identifica como Paulo


Felipe

12
(https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=555092728715429&id=10002644119
0139) exibe uma das centenas de vídeos convocando pessoas de todo o Brasil para os atos
em Brasília no próximo dia 09/05/2020. Em um dos trechos do vídeo, Paulo Felipe diz:

Paulo Felipe: “Olá pessoal, ao meu lado, o Comandante


Paulo, conhecido nas redes sociais pelos seus vídeos feitos
aqui em Brasília. Nós estamos mais uma vez convocando
todo o povo Brasileiro a vir para Brasília. As pessoas do
Estado de Mato Grosso, estamos lhes aguardando (sic)”

Comandante Paulo: “Minha gente, olha só, nós temos um


comboio organizado para chegar a Brasília até o final dessa
semana, no dia 08 de maio de 2020, pelo menos com 300
caminhões, muitos militares da reserva, muitos civis,
homens e mulheres, talvez até crianças, pra virem para cá,
pra Brasília, pra nós darmos cabo dessa patifaria
estabelecida no nosso país há 35 anos, por aquela casa
maldita ali, Supremo Tribunal Federal, com onze gangster,
que têm destruído a nossa Nação, aliados ao Foro de São
Paulo e ao Narcotráfico Internacional. Então, venham pra,
pra que a gente possa, unidos, por fim, a toda essa
canalhice, que tá atormentando a sociedade brasileira.
Venham, venham para Brasília.”(grifamos).

13
Agressões dessa natureza são intoleráveis e precisam se
contidas oportunamente. Lamentavelmente, muitos desses atos contam com a presença
de autoridades do governo federal e parlamentares.

Por atentarem contra o regime democrático, atos e


manifestações dessa natureza precisam ser contidos.

14
Acampamento antidemocrático

Não bastasse a gravidade dos atos e manifestações que


atentam contra a Constituição, os meios de comunicação divulgaram na última semana
que um grupo de apoiadores do Governo Bolsonaro montou um acampamento no Distrito
Federal.

A matéria intitulada “Grupo arrecada R$ 57 mil para


acampamento pró-Bolsonaro no DF, mas PM barra”, do site de notícias Metrópolis,
assinada pelos jornalistas Raphael Veleda e Luciana Lima, assim descreve o
acampamento, autointitulado “Os 300 pelo Brasil”:

“Em algum ponto do Distrito Federal, um grupo de dezenas


de militantes do bolsonarismo está reunido em regime que
imita organizações militares, treinando “táticas de guerra
de informação”, “guerra semântica e subversão política”.
As pessoas foram recrutadas pela internet e financiadas por
meio de uma vaquinha virtual que, até a noite dessa terça-
feira (05/05), havia arrecadado R$ 57.739. O objetivo era
acampar em frente ao Congresso Nacional “até a queda

15
de Rodrigo Maia”, presidente da Câmara. Mas a
Polícia Militar do DF barrou a parte mais chamativa da
manifestação do grupo, batizado de “Os 300 do Brasil”.

A matéria (Disponível
em:https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/grupo-arrecada-r-57-mil-para-
acampamento-pro-bolsonaro-no-df-mas-pm-barra. Acesso em 07/05/2020), demonstra o
propósito violento do grupo. Os vídeos e imagens assustam pela ousadia em desafiar as
instituições. Uma das líderes do grupo, Sara Winter, diz que vão fazer os ministros do
Supremo Tribunal Federal entenderem, “coercitivamente” se for preciso, que “não são 11
semideuses”.

O acampamento soma-se aos atos, carreatas e


manifestações nas ruas e nas redes sociais que visam a volta da ditadura militar, o
fechamento do STF e do Congresso Nacional.

O caráter provocativo e atentatório ao regime democrático,


no território do Distrito Federal, exige a pronta atuação do MPDFT.

III - Dos atos que atentam contra a saúde pública

Não bastasse atentarem contra a Constituição e o regime


democrático, os atos e manifestações, bem como o acampamento autointitulado “Os 300
pelo Brasil” atentam contra a saúde pública da população do Distrito Federal.

Isso porque os atos e manifestações, ainda que convocados como


carreatas, desaguam em aglomeração de pessoas. Como se disse, essas aglomerações
contam com a participação de diversos agentes políticos.

No contexto atual, o DF, o Brasil e o Mundo enfrentam o maior


desafio em saúde pública da humanidade dos últimos 100 anos. Essas ações têm o
potencial de amplificar a contaminação pelo COVID-19, colocando em risco a saúde dos
participantes e de toda população do Distrito Federal.

16
A irresponsabilidade é tamanha que os organizadores estão
convocando pessoas de outros estados da Federação. Como demonstrado acima, a página
de Facebook da pessoa identificada como Paulo Felipe
(https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=555092728715429&id=10002644119
0139) exige um vídeo em que o homem identificado como Comandante Paulo diz:

Comandante Paulo: “Minha gente, olha só, nós temos um


comboio organizado para chegar a Brasília até o final
dessa semana, no dia 08 de maio de 2020, pelo menos
com 300 caminhões, muitos militares da reserva, muitos
civis, homens e mulheres, talvez até crianças, pra virem
para cá, pra Brasília, pra nós darmos cabo dessa patifaria
que estabelecida no nosso país há 35 anos, por aquela casa
maldita ali, Supremo Tribunal Federal, com onze gangster,
que têm destruído a nossa Nação, aliados ao Foro de São
Paulo e ao Narcotráfico Internacional. Então, venham pra,
pra que a gente possa, unidos, por fim, a toda essa
canalhice, que tá atormentando a sociedade brasileira.
Venham, venham para Brasília.”

O vídeo, repercutido em outros sites jornalísticos7, diz que serão


300 caminhões compostos por homens, mulheres e crianças que chegarão ao DF neste
final de semana. Esse contingente de pessoas, somado aos demais participantes que já se
encontram ou vivem na Capital da República representa um sério risco à saúde pública
da população do DF.

7 Disponível em: https://www.brasil247.com/regionais/brasilia/bolsonaristas-garantem-que-300-

caminhoes-e-militares-da-reserva-ocuparao-brasilia-no-sabado-contra-o-stf-video. Acessado em
07/05/2020.
17
O DF vive o momento crítico em relação à pandemia de COVID-
19. Isso porque o isolamento social tem reduzido e com isto o risco de contaminação
aumentou. Ontem, dia 06/05/2020, o Distrito Federal contava com 2.078 casos
confirmados do novo coronavírus e 35 mortes. Apesar disso, o isolamento despencou para
42,2%. Para se ter uma ideia, esse índice, no DF, chegou a 65,5%, em 22 de março, perto
do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 70%.

Segundo as autoridades sanitárias do Governo do Distrito


Federal, o pico da pandemia de Covid-19 no DF ocorrerá no mês de junho. Até lá, é
fundamental que se mantenha o isolamento social, razão pela qual o DF não pode ser
palco de aglomeração de pessoas, especialmente quando esses atos atentam contra o
Regime Democrático e o princípio da separação dos poderes.

18
IV - Do pedido

Diante do exposto, requer-se seja recebida a presente


Representação e, após, sejam adotadas todas as medidas cabíveis por esta
Procuradoria Geral de Justiça, que representa o MPDFT, para:

a) impedir a realização de atos, passeatas, carreatas e


manifestações que atentem contra a saúde pública, o Regime Democrático e o princípio
da separação dos poderes, inclusive os convocados paro o final de semana de 08, 09 e 10
de maio de 2020;

b) recomendar ao Governador do Distrito Federal que, desde o


dia 08 de maio de 2020, impeça a entrada no território de carros, ônibus e caminhões ou
outro veículo com o objetivo de participar dos atos antidemocráticos e atentatórios à
saúde pública, inclusive os convocado para o final de semana de 08, 09 e 10 de maio de
2020;

c) impedir definitivamente a instalação e funcionamento do


acampamento autointitulado “Os 300 pelos Brasil” ou qualquer outro com o mesmo
propósito, em qualquer parte do território do Distrito Federal, por atentar contra a
Constituição, o Regime Democrático e o Princípio da Separação dos Poderes.

Nestes Termos,

Pede e Espera deferimento.

Brasília/DF, 07 de maio de 2020.

JACY AFONSO DE MELO


Presidente do PT no Distrito Federal
19
RODRIGO OLIVEIRA DE CASTRO DIAS
Presidente do PSB no Distrito Federal

FÁBIO FELIX SILVEIRA


Presidente do PSOL no Distrito Federal

ÁDILA ROCHA LOPES


Presidente da REDE no Distrito Federal

EDUARDO DUTRA BRANDÃO CAVALCANTI


Presidente do PV no Distrito Federal

GEORGE MICHEL SOBRINHO


Presidente do PDT no Distrito Federal

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