RASTREIO POR SMARTPHONE

JÁ HÁ UMA APP PORTUGUESA

PARA MAPEAR INFEÇÕES DE COVID-19
CATAMARÃ SOLAR
O CAT 12.0 CRUISE FOI DESENVOLVIDO
E CONSTRUÍDO EM PORTUGAL
CONTROLO PARENTAL NO NETFLIX
COMO USAR AS NOVAS FERRAMENTAS
#147 DE GESTÃO DE UTILIZADORES
30/4/2020

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NOTICIAS PANDEMIA
COVID-19:
APP DE RASTREIO
CONTÁGIOS
LANÇADA
NO FINAL DE MAIO
POR HUGO SÉNECA FOTO D.R.
N
o final de maio, já será possível descarregar
uma app criada por investigadores portugue-
ses, que lança alertas para possíveis contactos
ou interações com pessoas que assumiram ter
sido infetadas por Covid-19. A app, que dá pelo nome
Stayaway, foi criada por um grupo de investigadores
do INESC TEC, com o apoio do Instituto de Saúde Pú-
blica da Universidade do Porto (ISPUP). Os criadores
da app garantem que todos os dados dos utilizadores
– tenham ou não assumido que estão infetados – se
mantêm anónimos.
“No caso de uma pessoa que não contraia a doença e
que não tenha contacto com nenhum infetado, a única
interação que terá com a app será a instalação da mesma
no seu smartphone. Mas esta aplicação será tanto mais
eficaz quanto maior for o número de utilizadores”, subli-
nha em comunicado José Manuel Mendonça, presidente
do INESC TEC e professor da Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto (FEUP).
Além do respeito pela legislação nacional de proteção
de dados, os mentores da app Stayaway lembram que
EXAME INFORMÁTICA
são os utilizadores que decidem se voluntariamente
querem ou não participar nesta ferramenta de rastreio.
A Stayaway tem por base a recolha de dados identifi-
cadores que os telemóveis enviam para as redes sempre
que os utilizadores se deslocam no dia-a-dia. A ideia
dos investigadores portuenses é armazenar esses dados
para criar repositórios de dados devidamente anoni-
mizados e de âmbito local que permitem alertar uma
pessoa para o facto de ter estado na proximidade de
alguém que se assumiu como infetado, mesmo sem ter
sido necessário identificar qualquer uma das pessoas
envolvidas no processo.
“Uma pessoa confirmada como infetada com CO-
VID-19 poderá publicar online, com a legitimação das
autoridades de saúde, os seus identificadores anónimos
que partilhou nos últimos 14 dias. Com esta informação
pública, a aplicação de cada pessoa pode facilmente
avaliar autonomamente se nos dias anteriores esteve
próximo da pessoa infetada”, explica o comunicado
do INESC TEC.
Com esta solução, os investigadores da Universidade
do Porto acreditam ter criado uma solução que permite
fazer o rastreio e, em simultâneo, respeita as leis de
proteção de dados. O facto de o Governo já ter admitido
poder avançar com tecnologia de rastreio de utilizadores
através de redes móveis e a participação de diferentes
organismos públicos neste projeto leva a crer que a
ferramenta poderá mesmo ser disponibilizada durante
a fase de reabertura pós-confinamento social, apesar de
alguns alertas de juristas que lembraram que o rastreio
de pessoas pelas redes móveis poderá não respeitar
direitos individuais previsto pela Constituição.
NOTICIAS VIDEOJOGOS
TRAVIS SCOTT
FT. FORNITE.
O CONCERTO
DO ANO?
POR RUI DA ROCHA FERREIRA
S
ão precisos poucos segundos para conseguir
entrar numa partida de Fortnite – tudo o que
seja acima de 20 segundos já parece uma eter-
nidade, tal é a eficiência de emparelhamento
de jogadores que existe no título da Epic Games. Por isso
foi com muito espanto quando no passado sábado, 25
de abril, tentei juntar-me a uma partida por volta das
22h45 e vi um tempo de espera de mais de uma hora e
meia! Nunca tinha visto os servidores de Fortnite tão
assoberbados, mas era fácil de perceber porquê: todos
os outros estavam ali exatamente pelo mesmo motivo
que eu. Às 23 horas daquele sábado começava, no jogo,
o último de cinco concerto de Travis Scott, um dos mais
conhecidos rappers norte-americanos da atualidade.
EXAME INFORMÁTICA
Eu já tinha visto o concerto, mais do que uma vez, no
YouTube, mas queria viver a experiência. Cinco minu-
tos antes da hora marcada, os servidores de Fortnite
escancararam-se e todos puderam entrar para ver uma
performance com pouco mais de dez minutos.
E que dez minutos, senhores ouvintes. Numa espécie
de coreografia digital preparada com antecedência, os
jogadores foram brindados com uma sucessão de efei-
tos visuais que acompanharam as diferentes músicas
preparadas especificamente para aquele concerto. O
que começou diante de um palco ‘comum’ terminou
com os jogadores a voarem pelo espaço e a verem um
planeta a explodir. Pelo meio houve uma espécie de rave
psicadélica com arco-íris, explosões de fogo, dançarinas
gigantes e um mergulho de longa duração debaixo de
água. Mas ao contrário do que acontece num concerto
físico, em Fortnite os jogadores têm total liberdade
para se movimentarem enquanto o artista está a dar o
espetáculo. O que no caso de Travis Scott significou que
os jogadores podiam estar, literalmente, a centímetros
da representação digital gigante do artista norte-ame-
ricano. Esta sensação de proximidade, interatividade e
de participação num evento massivo, logo numa época
de confinamento, ajuda a explicar os números ‘loucos’

Depois de chegar a bordo de um microplaneta,
uma explosão manda todos os jogadores pelo ar
e faz aparecer um Travis Scott gigante. Genial!
alcançados. Os concertos de Travis Scott em Fortnite
foram um sucesso estrondoso. Os números falam por
si: 12,3 milhões de espectadores únicos no primeiro
concerto, realizado na quinta-feira, 23 de abril; um
total de 27,7 milhões de espectadores únicos ao longo
dos cinco concertos, como revelou nesta semana a Epic
Games; e um total de 45,8 milhões de espectadores
em todos os shows. Este último valor mostra que cada
concerto teve, em média, quase nove milhões de es-
EXAME INFORMÁTICA
pectadores e também significa que quem viu uma vez,
quis ver outra. Como se o número de espectadores e o
espetáculo visual não fossem já suficientes para gerar
atenção mediática para aquele que tornou-se no maior
evento realizado dentro do maior e mais popular jogo dos
últimos anos – já houve outros concertos e até a estreia
de um trailer do último filme da série Star Wars –, Travis
Scott arriscou ainda mais e lançou uma nova música
naquele espetáculo. "Sinceramente, hoje foi um dos
dias mais inspiradores. Adoro cada um de vós. E eu sei
que vivemos tempos estranhos. Mas por um momento,
poder ter todos os foliões em festa independentemente
de onde estão, é incrível”, escreveu, depois do primeiro
concerto, na rede social Twitter.
Apesar de parecer que tudo já passou, tendo em conta
que os cinco concertos da ‘tourné’ que foi batizada de
Astronomical já terminaram, a verdade é que o fenó-
meno continua a faturar no mundo digital. No início
desta semana, Travis Scott publicou um vídeo ao estilo
‘best of’ do concerto em Fortnite e já leva dez milhões
de visualizações. A música lançada no jogo, e cujo vi-
deoclipe é feito com imagens de Fortnite, já conta com
21 milhões de visualizações. Será Travis Scott ft. Fornite
o concerto do ano?
NOTICIAS MOBILIDADE
TESLA JÁ É CAPAZ
DE DISTINGUIR
SEMÁFOROS
FOTO D.R.
A
atualização de software 2020.12.16 vai come-
çar a chegar gradualmente a todos os veículos
Tesla que tenham os pacotes Hardware 3 e
Autopilot completo. Esta novidade permite
aos carros ver e interpretar sinalética de trânsito e luzes
dos semáforos, agindo depois em conformidade.
A Traffic Light e o Stop Sign Control permitem, res-
petivamente, respeitar as indicações dos semáforos e
dos sinais de Stop, embora com algumas limitações. Em
modo Autosteer, ou seja, com cruise control sensível ao
EXAME INFORMÁTICA
Os Tesla com a opção
Full Self Driving já estão
preparados para parar
nos sinais vermelhos de
modo autónomo
trânsito, o Tesla vai abrandar sempre que encontrar um
semáforo, de acordo com o que se lê nas notas do softwa-
re. Quando o veículo se aproximar de uma intersecção
e detetar um semáforo, vai dar indicações de abrandar,
parando completamente quando vir a luz vermelha.
Para retomar a marcha ou passar o Stop, o condutor
terá de carregar no acelerador. A funcionalidade foi
desenhada com um intuito conservador e, com o passar
do tempo, vai parecer mais natural, sublinha a Tesla.
Embora esteja inserida em contexto de condução
autónoma, a fabricante frisa que esta funcionalidade
não invalida que o condutor tenha de manter a atenção
à estrada e que tenha de estar pronto a tomar controlo
imediatamente, inclusivamente para travar caso seja
necessário.
As outras atualizações de destaque trazidas pelo sof-
tware passam pela melhoria da visualização em condu-
ção e pela disposição de luzes e sinais de trânsito no ecrã.
 PUBLIREPORTAGEM

TRABALHAR EM CASA
A TODA A VELOCIDADE COM A DEVOLO
Quando o escritório se transfere para casa as regras função Wi-Fi Mesh, o adaptador interage com outros
do jogo podem mudar. De repente, o sinal de Internet adaptadores Magic WiFi compatíveis na rede para
estável e de confiança de que frui no ambiente con- ligação automática de dispositivos à fonte de sinal
trolado do seu posto de trabalho passa a interferir mais poderosa enquanto se move pela casa. E para a
com as suas habituais funções e impacta negativa- ligação ainda mais estável, para trabalho ou na hora
mente a sua produtividade. de descansar, a porta Ethernet incluída garante uma
Isto pode acontecer por uma variedade de motivos. ligação de alta velocidade a desktops, portáteis, im-
As paredes e tetos nas casas interferem com a qua- pressoras, smart TVs e consolas de jogos.
lidade do sinal de internet e o seu router pode estar
longe da divisão onde instalou o seu escritório. Em Mais informação em www.devolo.pt/magic
qualquer dos casos, um sinal de router que peca pelo
alcance e velocidade intromete-se nas tarefas que
temos pela frente.
Para conseguir uma experiência de trabalho em casa
mais tranquila, a devolo propõe o adaptador Magic 1
WiFi mini, que conjuga o melhor do Powerline com
Wi-Fi Mesh para benefícios evidentes desde o mo-
mento da instalação. O processo é simples: uma vez
ligado um adaptador Magic ao router, qualquer toma-
da da sua casa transforma-se num ponto de aces-
so rápido à internet, criando uma rede doméstica à
prova de futuro. O devolo Magic 1 WiFi mini é feito a
pensar neste cenário, por dentro e por fora.
Facilmente acrescentável a qualquer rede Magic, o
Magic 1 WiFi mini é simultaneamente o mais com-
pacto e o mais acessível adaptador da família. Com a

NOTICIAS COVID-19
APPLE E GOOGLE:
SISTEMA
DE RASTREIO
DE COVID-19 VAI
SER TEMPORÁRIO
E GARANTIR
A PRIVACIDADE
POR SÉRGIO MAGNO
A
discussão está acesa: até que ponto será be-
néfico para a sociedade rastrear os cidadãos
para evitar a propagação do vírus? Alguns
países foram muito rápidos a utilizar a tec-
nologia para recolher informação pessoal dos cidadãos
para uma análise dos mapas de contágio. Foi assim em
Singapura, onde a comissão de proteção de dados local
autorizou a recolha dos dados sem qualquer tipo de aus-
cultação dos cidadãos, e na Coreia do Sul com recurso
a rastreamento através das redes móveis, cartões de
crédito e videovigilância.
Em diferentes geografias foram utilizadas diferen-
tes tecnologias, mas praticamente todos os sistemas
de rastreamento implementados recorreram, de uma
forma ou de outra, à georreferenciação dos utilizadores
de telemóveis. Ideia que Apple e Google propuseram
no início deste mês de abril, através de uma platafor-
ma capaz de detetar interações entre os utilizadores
de smartphones, Android e iOS. Quando um destes
utilizadores for diagnosticado com Covid-19, todos os
outros utilizadores com quem tenha interagido serão
avisados que contactaram com alguém infetado. Desde
o início que ambas as empresas anunciaram que priva-
cidade seria assegurada: dados anónimos, não havendo
identificação dos infetados. Mais, os utilizadores terão
de dar o consentimento para participar neste sistema
EXAME INFORMÁTICA
A Alice não sabe que esteve
próximo de uma pessoa
infetada com Covid-19
O telemóvel da Alice descarrega
periodicamente as chaves
de todos os utilizadores da
sua região que se declararam
infetados por Covid-19. É
detetada uma chave em comum,
de um utilizador anónimo
AS CHAVES CODIFICADAS E
ANÓNIMAS SÃO DESCARREGADAS
PERIODICAMENTE
Esta infografia explica de modo simplificado
o funcionamento do sistema de rastreio de
infeções de Covid-19 que vai estar disponível
para smartphones Android e iPhones
de rastreiro. Agora as duas empresas explicaram com
mais detalhe como o sistema vai funcionar.
É PARA DESLIGAR!
A proposta da Apple e Google, que inclui API – interfaces
de programação e comunicação – para que esta plataforma
possa ser usada pelas autoridades de saúde dos diferentes
países não foi bem aceite por todos. O sistema de saúde
do Reino Unido, o conhecido NHS, foi dos primeiros a
reagir de forma negativa, recusando a proposta da Apple.
As autoridades britânicas preferiram desenvolver o seu
próprio sistema de rastreamento, embora a tecnologia
base seja a mesma: identificação de proximidades entre
pessoas através da ligação Bluetooth, que depois origina
uma comunicação em cadeia a quem esteve em contacto
com alguém que foi diagnosticado positivo para a covid-19.
No entanto, há uma grande diferença entre as duas
soluções. O sistema do NHS britânico aposta na centra-
 Alice vê uma notificação no seu telemóvel

ALERTA: esteve recentemente

exposto a alguém que foi
diagnosticado positivo para Covid-19.

Toque para mais informação...

Algum tempo depois

O smartphone da Alice recebe uma
notificação escrita sobre o que fazer a seguir

INFORMAÇÃO ADICIONAL É
CORRESPONDÊNCIA PROVIDENCIADA PELA APP OU PELO SITE
ENCONTRADA DA AUTORIDADE DE SAÚDE LOCAL

lização dos dados. Ou seja, as deteções de proximidade
usando a tecnologia de Bluetooth são enviadas para um
servidor que armazena essa informação e, caso seja ne-
cessário, envia posteriormente os avisos aos utilizadores
que estiveram em contacto com alguém infetado.
No sistema proposto pela Apple e Google, a informação
é descentralizada, onde os contactos são guardados, de
modo encriptado, nos smartphones dos utilizadores.
Cada contacto entre utilizadores (detetado pela liga-
ção Bluetooth) gera uma chave única guardada apenas
nos smartphones dos envolvidos. Depois, cabe a cada
utilizador que descobre que está infetado enviar uma
atualização de estado para a base de dados do siste-
ma, o que faz as suas chaves serem transmitidas para
a cloud. As apps que correm nos smartphones fazem
regularmente comparações entre a base de dados na
cloud (aquela que contém as chaves dos infetados) com
as chaves armazenadas no smartphone de cada utiliza-
dor. Quando é detetado um cruzamento, ou seja, uma
das chaves armazenadas no smartphone é igual a uma
chave armazenada na cloud, o utilizador é informado
que esteve em contacto com alguém que está infetado.
Deste modo, asseguram a Apple e a Google, é garantido
o anonimato já que as chaves são únicas e nunca há um
registo centralizado dos encontros, nem há um registo da
ligação entre a chave única e os utilizadores que geraram.
O sistema deixa de ser conhecido como ferramenta
de monitorização de contactos para ser apelidado de
“notificações de exposição”. A mudança de nomencla-
tura explica-se com a intenção de que o sistema sirva
de ferramenta para instituições de saúde efetuarem as
entrevistas e identificarem clusters de infeção. Cada
organização local, por região, terá o ónus de desen-
volver sistemas de verificação que se alinhem depois
com os métodos de distribuição de testes para se aferir
os verdadeiros casos positivos e se afastem os trolls e
outros falsos positivos. Na conferência de imprensa
organizada pela Apple e pela Google para apresentar
os detalhes sobre o sistema de monitorização e alerta,
as duas empresas avançaram que será feita uma análise
região a região e que o objetivo é encerrar o sistema
assim que a epidemia estiver controlada.
Ainda não há informação de quais as instituições
públicas, nem de que países irão tirar partido desta
solução, mas a a API e os documentos técnicos vão ser
apresentados em breve.

EXAME INFORMÁTICA
 OPINIÃO
ALFREDO VALENTE
CEO IAD PORTUGAL
AS NOVAS TECNOLOGIAS
AO SERVIÇO DO IMOBILIÁRIO
P
ara os mais distraídos, a tecnologia
chegou à mediação imobiliária com a
pandemia do COVID-19. De repente,
as reuniões são por videoconferência
e rápidas. As visitas são virtuais e igualmente
eficazes. Os contratos são assinados digitalmen-
te. As vendas, seladas com um aperto de mão,
são feitas “à distância”. O admirável mundo
novo. Que não, não é de agora. Há muito que
a tecnologia tomou de assalto o tradicional
negócio da mediação imobiliária, ainda que
para muitos isso passasse despercebido. Até
março de 2020.
Ainda assim, a tecnologia que descobrimos
agora não só não é nova – videoconferência,
visitas virtuais, vídeos com drone, leitores de
cartões de cidadão, certificados digitais – como
corremos o risco de continuar a passar ao lado
do essencial.
O que é radicalmente novo não é o Zoom ou
Microsoft Teams. O que é radicalmente novo é
que não precisamos de estar todos à espera uns
dos outros à segunda de manhã para a reunião
semanal e que podemos fazer o mesmo ainda
antes de sairmos de casa e não numa manhã,
mas em 30 minutos. O que é radicalmente
novo não é o WhatsApp, através do qual posso
mostrar a um cliente da Austrália aquele T2 na
Ericeira. O que é radicalmente novo é que não
preciso de esperar que ele apanhe o avião para
vir a Portugal para saber se é mesmo aquele
apartamento que ele quer.
O vídeo com drone não é novo. O que é mes-
mo 2020 é que o meu comprador pode ficar
EXAME INFORMÁTICA
a saber que aquela moradia que lhe propus é
encostada à autoestrada, pelo que não preci-
samos de perder tempo e dinheiro a lá ir se ele
me dissesse que queria sossego.
Assinar um contrato com recurso a um leitor
de cartões de cidadão ou a um certificado digital
não é novo. O que é novo é que a tutela do setor
aceite que cópias digitalizadas de contratos de
mediação imobiliária tenham a mesma força
probatória que originais.
O que era mesmo radical era que as escritu-
ras pudessem não ser presenciais, o que teria
evitado que o setor da mediação imobiliária
parasse durante dois meses.
E o que era mesmo inovador era que em junho
não voltássemos a fevereiro. Que nos deslocás-
semos menos e fizéssemos menos visitas em
vão. Que a tecnologia beneficiasse o consultor
e o cliente. Que, se a tecnologia me permite
dar-lhe uma estimativa de valor com recurso
ao software de uma proptech, a inteligência
artificial ou big data, eu não o obrigue a ter
duas reuniões presenciais comigo.
Que o consultor possa ter, todos os dias e
sem se deslocar, acesso a conteúdos de quali-
dade, que o promovam enquanto profissional.
Que clientes vendedores vendam com a má-
xima eficiência e o mínimo incómodo. Que os
consultores possam ter acesso a informação
transparente, credível e em tempo real para
tomarem a melhor decisão de investimento.
Que o Estado nos force a menos burocracia e a
mais serviço. Esta pode ser verdadeiramente a
revolução de abril de 2020.
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$VDWXDOL]DÂÐHVSDUDXPSODQRLQIHULRUHRVFDQFHODPHQWRVHQWUDPHPYLJRUDSÎVRÕOWLPRGLDGRSHUÈRGRGHIDWXUD¾RDWXDO3DUDVDEHUPDLVLQIRUPDÂÐHVDFHGDDLQVWDQWLQNKSFRQQHFWHGFRPWHUPV
 AUTONOMIA
EM MAR ALTO
UMA STARTUP DE OLHÃO CRIOU UM CATAMARÃ PARA BOLSOS ENDINHEIRADOS
QUE PRIVILEGIAM INOVAÇÃO E ECOLOGIA. A VERSÃO DE CRUZEIRO DO CAT 12.0
ESTÁ APTA A TRANSPORTAR QUATRO PESSOAS DURANTE ALGUNS DIAS EM
MAR ALTO – E SEMPRE À BOLEIA DA ELETRICIDADE OU DA LUZ SOLAR

P
or vezes, João Bastos pode
parecer um agente imobi-
liário – mas não é. “Há ares
condicionados em todas as
divisões, e também há câmaras de
videovigilância e TV”, começa por
dizer o empresário, para pouco depois
acrescentar: “e ainda temos fogão,
termoacumulador, frigorífico… é um
verdadeiro apartamento flutuante!”.
Os apartamentos não costumam flu-
tuar, mas os barcos podem albergar
pessoas. E esse dado ajuda a explicar
as funções de João Bastos, enquan-
to líder da Sun Concept. O que João
Bastos compara a um “apartamento
flutuante” é apenas a versão mais re-
cente de uma catamarã que tem duas
suítes de casal integradas nos cascos,
cozinha e sala com as comodidades
habituais de uma casa – e que, em vez
de combustíveis fósseis, usa a energia
produzida pelo sol ou distribuída pela
rede elétrica convencional. Cat 12.0 é
o nome da embarcação. O primeiro
espécime do novo modelo foi vendido
a um empresário algarvio.
“A ideia é vender quatro destes ca-
tamarãs no primeiro ano de comer-
cialização”, explica o diretor executivo
da Sun Concept.
Antes da versão Cruise, a empresa
que tem sede e estaleiros em Olhão
já havia vendido uma versão Lounge
para um operador turístico da Madei-
ra. Ambas embarcações têm um mes-

EXAME INFORMÁTICA
 O Cat 12.0 está preparado
para navegar até 370
quilómetros da costa.
Painéis e baterias garantem
um dia de navegação sem
parar a velocidades médias
de 7,5 nós (quase 14 Km/h)

mo atrativo: em vez de combustíveis
fósseis, recorrem a eletricidade para
se deslocarem sobre as águas. E essa
catamarã está equipado com dois
é uma característica apreciada tanto
motores de 25 kW, que permitem
por empresas que pretendem pou-
par nos custos energéticos, como por
consumidores mais endinheirados que
pretendem embarcações de recreio,
mas não dispensam juntar o fator de
escolhidos pelos compradores. Os
inovação à comodidade.
“Esta embarcação está a apta a na-
vegar sem parar apenas com a energia
captada pelos painéis fotovoltaicos.
Em teoria, seria possível dar a volta ao
mundo a 3,5 nós (cerca de 6,5 Km/h)
durante o dia, e depois passar para um
nó (1,852 Km/h) durante a noite, con-
sumindo apenas a energia acumulada
durante as horas em que há sol. Digo
que isto é possível em teoria, apenas
O carbono pode ser mais difícil de
porque provavelmente ninguém teria
disponibilidade para navegar à volta
do mundo a estas velocidades”, ex-
plica João Bastos.
FIBRA
OU CARBONO
A versão Cruise do Cat 12.0 foi
desenhada para garantir viagens
até mar alto de quatro pessoas.
Trata-se de um catamarã de
cruzeiro, que é movido a energia
elétrica e tem pouco menos de
12 metros de comprimento por
9,95 metros de largura. Além de
painéis solares e baterias, este
alcançar velocidades máximas
de 11,5 nós (pouco mais de 21
Km/h). O barco pode pesar entre
6,5 e 8 toneladas, consoante as
configurações e equipamentos
responsáveis pela Sun Concept
acreditam que este peso poderá
ser reduzido em uma tonelada,
caso o cliente esteja disposto a
investir num caso de carbono,
em vez de um casco de fibra de
vidro. “Os cascos de fibra de
vidro são mais pesados que os
de carbono, e por isso o carbono
garante maior performance. Em
contrapartida, é mais fácil fazer
uma reparação na fibra de vidro.
quebrar, mas quando acontece é
muito mais complexo de reparar”,
concluir João Bastos.
Para garantir esta autonomia ener-
gética, os engenheiros da Sun Con-
cept instalaram painéis solares com
uma potência total de 6000 W sobre
o bimini (uma estrutura que pode ser
descrita como o telhado do convés
deste catamarã solar). Foram escolhi-
dos painéis flexíveis que, além de se
adaptarem à configuração do bimini,
são oito vezes mais leves que as versões
convencionais. “Só não instalámos
mais painéis, porque não há mais es-
paço disponível”, sorri João Bastos.
Os painéis podem assegurar a au-
tonomia total – mas a embarcação foi
desenhada para velocidades máximas
de 11,5 nós (21,2 Km/h). E por isso não
dispensa as baterias. A primeira versão
de cruzeiro saída dos estaleiros da Sun
Concept está equipada com baterias
que garantem uma potência total de
160 kW. “Este barco tem autonomia
suficiente para navegar a velocidades
de sete ou oito nós durante um dia in-

EXAME INFORMÁTICA
teiro”, estima o líder da Sun Concept.
As contas também podem ser feitas
tendo em conta a lógica que refere que
quanto maior for a velocidade, menor
será autonomia energética disponível.
“Se viajarmos à velocidade de 11,5 nós,
então a autonomia só dá para cerca de
três horas”, acrescenta o responsável
da startup algarvia.
As baterias não só garantem a
possibilidade de navegar a maiores A VERSÃO CRUISE cionadas pelos painéis solares e pelos
velocidades como são úteis para os DO CAT 12.0 VAI SER custos mais em conta da eletricida-
momentos em que não há luz solar. “A de. “Numa embarcação de 12 metros
velocidade de carregamento das bate-
VENDIDO A PREÇOS com motores de diesel já se sabe que
rias depende muito do tipo de tomadas ENTRE 400 MIL E O o simples facto de iniciar um passeio
que se encontram nas marinas. Com 600 MIL EUROS. tem custos consideráveis”, lembra.
uma tomada trifásica de 400 volts e 16 O Cat 12.0 foi desenhado para na-
OPERADORES
amperes, como aquelas que costumam vegar até distâncias máximas de 200
estar nas marinas, é possível carregar TURÍSTICOS E FÃS milhas náuticas da costa (cerca de 370
as baterias na totalidade durante uma DOS BARCOS DE quilómetros). “Com as novas regras,
noite”, explica João Bastos. basta ter carta de marinheiro para
RECREIO SÃO OS
João Bastos está convicto de que navegar com este barco”, refere João
também pode ganhar mercado através PRINCIPAIS Bastos, para depois garantir: “Em
das mais-valias económicas propor- DESTINATÁRIOS termos de navegação, este catamarã

EXAME INFORMÁTICA

é idêntico a qualquer embarcação a
motor. Não é preciso ser especialista
em eletricidade para pilotar”.
A embarcação está apetrechada para
garantir estadas de vários dias para
dois casais. Cada casco tem no interior
uma suite, com quarto de casal e casa
de banho. João Bastos admite que as
divisões usadas pelos casais possam
parecer estreitas, mas justifica essa ca-
racterística com a necessidade de não
prejudicar a eficiência hidrodinâmica
e os consumos de energia.
“Estes quartos podem ser um pouco
mais pequenos do que acontece com
outras embarcações desta dimensão,
mas em contrapartida, o convés tem
30 metros quadrados, o que significa
que tem uma dimensão superior à que
é costume”, sublinha o líder da Sun
Concept.
No convés de 30 metros, que pode
ser adaptado às necessidades do clien-
te, encontra-se o espaço de pilota-
gem, a cozinha e a sala de estar. Esta
é apenas uma das configurações já
pensadas, recordam os responsáveis
da Sun Concept.
“Temos vários modelos de base
que os clientes podem escolher. Mas
é possível adaptar o layout do interior
do barco, com algumas adaptações”,
refere João Bastos.
Além de empresas do setor marí-
timo, a Sun Concept não perde de
vista o segmento dos consumido-
res que pretendem aliar aventura à
inovação ecológica, sem dispensar a
comodidade e a estabilidade que um
catamarã, por ter dois cascos, garan-
te face a embarcações com um único
casco. “Os preços de venda variam
entre os 400 mil e os 600 mil euros.
Variam consoante as baterias, se o
convés é ou não aberto, ou do tipo
de casco que é usado, entre outras
coisas”, conclui o líder da startup
algarvia. Hugo Séneca
EXAME INFORMÁTICA
O convés está repartido
por sala, cozinha e
espaço de pilotagem. A
Sun Concept desenhou
diferentes versões que
podem ser adaptadas
aos gostos dos clientes
OUTROS
MODELOS
Antes do catamarã Cat 12.0, a
Sun Concept lançou o modelo
SunSailer 7.0 MT, de dimensões
menores, para o transporte de
pessoas em águas abrigadas.
Depois destes dois primeiros
modelos, a empresa algarvia já
começou a desenhar futuros
projetos que têm por base painéis
fotovoltaicos: ainda em esboço
encontra-se um barco de oito
metros, que pode alojar duas
pessoas durante um ou dois dias,
e que tanto poderá ser usado em
“águas interiores” como em mar
alto. Atualmente, a Sun Concept
está a finalizar o desenho de
uma embarcação para criadores
de ostras na Ilha da Culatra, ao
largo de Faro. “Este último projeto
surgiu depois de o viveiristas
virem ter connosco para saberem
se poderíamos desenvolver uma
solução que tem menos custos
energéticos e que é menos
poluente”, refere João Bastos.
REPORTAGEM #CIÊNCIAEXPLICA

PRODUZIR CARNE
A PARTIR DE CÉLULAS
A PARTIR DOS LABORATÓRIOS DA JUST, VÍTOR ESPÍRITO SANTO
TEM VINDO A LIDERAR O DESENVOLVIMENTO DE UMA NOVA GAMA
DE PRODUTOS ALIMENTARES QUE EXTRAI CÉLULAS DE ANIMAIS
EM VEZ DE OS SACRIFICAR COM VISTA À PRODUÇÃO DE CARNE

POR HUGO SÉNECA

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FACEBOOK.COM/PG/EXAMEINFORMATICA/VIDEOS
EXAME INFORMÁTICA
TESTES
ALÉM DE BONITO, O LEITOR DE IMPRESSÕES
O TCL 10 PRO TEM UMA DIGITAIS ESTÁ
CONSTRUÇÃO SÓLIDA EMBUTIDO NO ECRÃ E
E MUITO BOA FUNCIONA BEM

IRMÃOS
DE ARMAS TCL 10L €279
TCL 10 PRO €499
EXAME INFORMÁTICA
C
omeçamos com uma nota
positiva e que nada tem a
ver com os smartphones
propriamente ditos. Se
por um lado queixamo-nos quando
vemos smartphones a serem lançados
a nível internacional e que depois não
chegam a Portugal – sim, estamos a
olhar para ti, Google Pixel –, também
é preciso valorizar quando o merca-
do português é escolhido para ser o
primeiro em todo o mundo a estrear
novos equipamentos daquela que é
uma das maiores marcas tecnológi-
cas a nível global. E foi justamente
isso o que aconteceu com estes TCL
10L e 10 Pro. A estratégia da fabrican-
te chinesa para estes equipamentos
parece clara: lutar, com dispositivos
diferentes entre si, nas extremidades
daquele que é o segmento de mercado
que mais mexe em Portugal, o dos
smartphones de média gama. E não é
difícil de perceber porquê: no mercado
ultrapremium é difícil ganhar clien-
tes à Samsung, Apple e Huawei, e no
segmento low cost é difícil… ganhar
dinheiro, devido às margens de lucro
magras.
O SOLDADO CONSISTENTE
O smartphone que provavelmente
mais vai agarrar a atenção dos con-
sumidores é o TCL 10L. Custa €279 e
tem uma boa relação qualidade-preço,
no sentido em que entrega uma ex-
periência satisfatória para aquilo que
muitos procuram – e efetivamente
fazem – com um smartphone. Em ter-
mos de aspeto, este é um equipamento
de design e construção simples. Os
cantos arrendondados, a traseira num
plástico espelhado e o módulo salien-
te de quatro câmaras dão-lhe um ar
moderno, mas conseguimos sentir na
mão que este não é um smartphone
muito requintado, devido aos mate-
riais escolhidos. Além disso, prepare-
-se para colecionar manchas de dedos
na parte traseira. O TCL 10L tem um
ecrã grande e de boa resolução, sendo
ideal para o consumo de vídeos, redes
sociais e jogos. Mas existem dois pro-
TCL 10 PRO
notafinal
3,5 tcl.com
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE PREÇO
CONSTRUÇÃO UTILIZAÇÃO
Muito bom Muito bom
ECRÃ AUTONOMIA
Muito bom Muito bom
CARACTERÍSTICAS
Ecrã 6,47 (2340x1080 p) ○ Processador
Snapdragon 675 de oito núcleos, GPU Adreno
612 ○ 6 GB RAM, 128 GB armazenamento ○
Câmara 64 MP, 16 MP (ultra grande angular), 5
MP (macro), 2 MP (sensor profundidade) ○ Vídeo
HD 960 fps até 4K 30 fps ○ BT 5.0, Áudio 3,5
mm, USB-C ○ Android 10 ○ Bateria 4500 mAh ○
158,5x72,4x9,2 mm ○ 177 g
BENCHMARKS
Antutu 220541 z CPU 87201 z GPU 35965 z
Memória 49170 z UX 48205 z 3D Mark Sling
Shot Extreme OpenGL 1029 z Vulkan 1075 z
Gráficos 950 z Física 1996 z PCMark Work 2.0
7394 z Autonomia (PcMark) 11h 11 m
blemas com o painel: o brilho máximo
não atinge os níveis que consideramos
ideais, sobretudo para utilização em
exterior em dias de Sol; e apesar de
até ter cores saturadas, preferíamos
um painel que conseguisse reproduzir
tons mais naturais. Relativamente ao
desempenho, notámos que apesar de
não ser rapidíssimo na utilização do
dia-a-dia, nas transições entre apps e
no arranque das mesmas, também não
é uma lesma e não houve momentos
EXAME INFORMÁTICA
de desespero por ser lento. A inter-
face ‘rola’ bem e tarefas mais simples
como navegar nas redes sociais ou
ler artigos online fazem-se sem pro-
blemas. Para isto contribui o facto de
ter 6GB de memória RAM, o que faz
com que o equipamento tenha sempre
memória disponível para as apps que
vamos arrancar e não esteja ‘esga-
nado’ com os processos em segundo
plano. A maior limitação do proces-
sador escolhido, um gama média da
Qualcomm, sente-se nos jogos: em
títulos graficamente mais exigentes,
como o jogo Sky, o desempenho está
longe de ser fluído e há uma quebra
clara nos frames por segundo. Ainda
assim, processa sem problema jogos
mais casuais, como Aquavias e Hill
Zombie Racing. Contudo, conside-
ramos que por este nível de preço, o
TCL 10L devia entregar mais desem-
penho: por mais 50 euros, o Huawei
P40 Lite é muito mais rápido e, de
acordo com os nossos benchmarks, é
quase duas vezes superior, incluindo
na parte gráfica. O grande trunfo do
TCL 10L relativamente à concorrên-
cia direta é o conjunto das câmaras
fotográficas. Por um preço tão baixo,
é difícil arranjar outro que garanta
um módulo principal com quatro
sensores de imagem. E os resultados
são bons para o preço: o sensor de 48
MP garante imagens com boas cores e
bons níveis de detalhe; a amplitude da
ultragrande angular de 8 MP também
é boa, ainda que aqui a qualidade deixe
a desejar; a câmara macro, de 2 MP,
capta bons pormenores e cores, mas
falha na resolução; e a surpresa veio do
sensor de profundidade, que funciona
de forma satisfatória e sem abusar no
desfoque artificial. Um elemento que
nos ‘irritou’ um pouco é o facto de, por
definição, a resolução das fotografias
ser de 12 megapíxeis. Ou seja, para ti-
rarmos partido dos 48 MP temos sem-
pre, sempre de selecionar essa opção,
o que não é amigável do ponto de vista
do utilizador. Sentimos também que
falta alguma versatilidade fotográfica
por não haver um modo noturno e
TESTES
zoom ótico dedicados. Mas para um
dispositivo não muito distante dos
€250, tem qualidade e versatilidade
de sobra. E ‘palmas’ para a câmara
frontal, que capta imagens com de-
talhe e bem iluminadas.
O elemento que menos nos agra-
dou, em todo o pacote do TCL 10L,
foi a autonomia: apesar de ter uma
bateria de 4000 mAh, quando joga-
mos, por exemplo, vemos o nível da
bateria a cair de forma acentuada e
muito rápido. Uma utilização normal
garante um dia de autonomia, mas
esperávamos mais.
FALTA FORÇA A ESTE ‘CAPITÃO’
Quando agarramos no TCL 10 Pro
percebemos imediatamente que este
smartphone pertence a outro cam-
peonato. O design e a construção são
muito superiores ao 10L e, apesar do
preço de €499, tem pinta de modelo
topo de gama: construção em metal,
módulo da câmara principal sem pro-
tuberâncias (top!), ecrã que curva nas
laterais, ainda que o efeito ‘edge’ não
seja tão acentuado como nos topos
de gama da Samsung e da Huawei,
espessura reduzida e um cinzento
gradiente muito louco. Já deu para
perceber que gostamos, certo? Neste
patamar, muito bom trabalho por
parte da TCL. E apesar de o ecrã ter
a mesma resolução do modelo mais
barato, as diferenças entre os dois
são evidentes, com vantagem para o
Pro: o painel tem muito mais brilho e
também tem uma melhor reprodução
de cores. Neste aspeto, uma nota para
a tecnologia NXT Vision da marca
chinesa, que promete converter ví-
deos SDR em HDR: não nos parece
que exista uma conversão em tempo
real do vídeo, é antes feito um ajuste
automático nas definições do ecrã
para dar maior destaque e satura-
ção às cores, mas sentimos que falta
o nível de brilho que normalmente
também está associados aos vídeos
HDR, portanto é mais marketing do
que HDR ‘puro’.
O TCL 10 Pro também tem quatro
TCL 10L
notafinal
4tcl.com
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE PREÇO
CONSTRUÇÃO UTILIZAÇÃO
Bom Bom
ECRÃ
Bom
AUTONOMIA
Satisfatório
CARACTERÍSTICAS
Ecrã 6,53 (2340x1080 p) ○ Processador
Snapdragon 665 de oito núcleos, GPU Adreno
610 ○ 6 GB RAM, 64 GB armazenamento ○
Câmara 48 MP, 8 MP (ultra grande angular), 2
MP (macro), 2 MP (sensor profundidade), frontal
16 MP ○ Vídeo HD 240 fps até 4K 30 fps ○ BT
5.0, Áudio 3,5 mm, USB-C ○ Android 10 ○ Bateria
4000 mAh ○ 162,2x75,6x8,4 mm ○ 180 g
BENCHMARKS
Antutu 175089 z CPU 70916 z GPU 34232 z
Memória 34858 z UX 35083 z 3D Mark Sling
Shot Extreme OpenGL 1101 z Vulkan 1101 z
Gráficos 980 z Física 1941 z PCMark Work 2.0
6843 z Autonomia (PcMark) Não correu
câmaras como o ‘irmão’ mais barato,
mas são melhores: o sensor principal
é de 64 megapíxeis e garante melhor
resolução, melhores cores e mais deta-
lhe; a câmara macro é de 5 megapíxeis
e isso também se traduz em melhores
fotografias de aproximação, mais ri-
cas em detalhe e nas cores; também
gostamos do efeito de profundidade
suave que é possível conseguir com o
TCL 10 Pro; e apesar de ter uma gran-
de amplitude, a câmara ultragrande
EXAME INFORMÁTICA
angular (16 MP) vacila um pouco na
área da resolução. De destacar que a
TCL inclui neste modelo mais avan-
çado um modo Super Noite, mas não
convence: nota-se que a luz que se
ganha em ambientes completamente
escuros é através do processamento
da imagem, o que deixa as fotografias
carregadas de ruído e píxeis. Ainda
assim, a experiência geral fotográfica
surpreendeu pela positiva.
Mas… e há sempre um mas que es-
traga estas belas histórias tecnoló-
gicas, o desempenho do TCL 10 Pro
simplesmente não está lá. É impor-
tante salientar duas ideias neste as-
peto: na utilização do dia-a-dia não
sentimos qualquer problema, o smar-
tphone executa tudo de forma rápida
e nota-se a diferença para o TCL 10 L;
mas no desempenho em videojogos, e
olhando também para o resultado dos
benchmarks, o dispositivo não entrega
o suficiente para os €500 pedidos.
Fortnite mostra bem as fragilidades
neste sentido: o jogo é executado em
baixa resolução por o equipamento
não ter mais para entregar. Isto le-
vanta problemas a médio prazo, pois
a tendência é para que a exigência
das aplicações e dos jogos continue a
aumentar. É certo que a TCL tinha de
fazer poupanças algures para entregar
um smartphone tão bonito e com um
belo desempenho fotográfico por este
preço. Mas os que se preocupam com
o desempenho puro e duro não vão
achar o TCL 10 Pro muito convidativo.
Por causa do desempenho muito abai-
xo do esperado para um smartphone
deste nível de preço, o TCL 10 Pro per-
de na relação qualidade-preço final,
apesar de todos os pontos positivos
que tem a seu favor – basta ver que
recebeu ‘Muito bom’ nos parâmetros
secundários da análise. E é de facto
uma pena, pois com características
como leitor de impressões digitais no
ecrã e carregamento reverso, tinha
tudo para ser uma ‘bomba’ no mer-
cado. Ainda o pode a ser, mas apenas
para quem valoriza a beleza do gadget
e das fotografias. Rui da Rocha Ferreira
AS QUATRO CÂMARAS,
QUE GARANTEM
VERSATILIDADE, SÃO O ECRÃ TEM
O GRANDE CHAMARIZ UM TAMANHO
DESTE TCL 10L E RESOLUÇÃO
GENEROSOS E
OS 6 GB DE RAM
TAMBÉM SÃO
CONVIDATIVOS

BENCHMARK

Antutu

350000

301940

HUAWEI
220541
P40 LITE
€329

TCL 10 PRO
175089

TCL 10L

EXAME INFORMÁTICA
TESTES

ENTRETENIMENTO
E PRODUTIVIDADE
SAMSUNG GALAXY TAB S6 LITE €399,90

H
ouve tempos em que se disse que o tablet ia matar o
PC. Mas o tempo ajudou os computadores a citarem
Mark Twain com o célebre “As notícias da minha
morte são manifestamente exageradas”. Atualmente,
os tablets são um bom produto para consumir conteúdos ou, no
caso dos modelos mais premium, até uma ferramenta útil de
trabalho. Este Tab S6 Lite consegue colocar os pés nos dois lados
da fronteira. Paulo Matos

EXAME INFORMÁTICA
„ A S Pen é o fator diferenciador
deste S6. É leve (7 gramas),
rápida e precisa a reconhecer
os comandos, e não tem bateria.
A sua utilização para trabalho é
uma mais-valia, já que a aplicação
para tomar notas da Samsung se
revelou muito fiável a reconhecer
a caligrafia e a transformá-la em
texto editável. O mesmo princípio
também é seguido para figuras
geométricas (círculos, triângulos,
quadrados, etc.), que podem ser
desenhadas à mão e aperfeiçoadas
automaticamente. A isto junta-se a
capacidade de trabalhar com duas
janelas abertas em simultâneo –
muito útil para estar a ver/ouvir
algo do YouTube enquanto tomamos
notas ou respondemos a emails.
„ Aproveitámos uma campanha da
Marvel para ler livros online de forma
gratuita e este Tab revelou-se o
companheiro ideal, já que a qualidade
de imagem é deveras apreciável,
graças em grande parte à resolução de
2000x1200. Contudo, o rácio de 5:3
levanta alguns problemas. Por exemplo,
no Netflix surgem barras negras ou,
se fizermos zoom para ocupar o ecrã
inteiro, a imagem sofre um crop.
Gostámos do áudio proveniente das
colunas AKG, sendo que o Dolby Atmos
dá uma ajuda essencial para se obter
um som surround. Destaque-se ainda
a presença de uma área exclusiva para
crianças, na qual é possível aplicar
regras de controlo parental (definir
limite de utilização diária, consultar
atividade, etc.).
„ Um tablet de 10,4” é um desafio à
ergonomia, já que não é fácil segurar nele
com apenas uma mão. Além disso, o S6
Lite também não é particularmente fino
ou leve. Mas a qualidade de construção
é convincente, com alumínio na traseira
e no rebordo. Só há botões numa lateral,
mas a colocação dos de volume abaixo do
de energia levou-nos a muitos enganos
por estarmos habituados à disposição
contrária no smartphone. A S Pen
prende-se magneticamente a essa
mesma lateral, abaixo dos botões,
e há jack de 3,5 mm no topo.
Recomendamos o recurso
à capa (oferecida em
algumas promoções) para
facilitar a ergonomia e
aumentar a proteção
do equipamento.

UM TABLET DE
„ A versão do Lite que aqui
analisamos é a mais… leve, já
que é o modelo de 64 GB de
armazenamento e apenas Wi-Fi.
Mas a Samsung tem outras opções
à disposição: os mesmos 64 GB
10,4” ONDE
mas com 4G por €479; 128 GB
com Wi-Fi por €439; e 128 GB com A S PEN FAZ TODA
A DIFERENÇA
4G por €519. O Lite é realmente
bem mais barato que o Tab S6,
mas isso também se reflete nos
componentes, já que o ecrã não é
tão bom, o processador é menos
poderoso e possui menos RAM.
NA EXPERIÊNCIA
DE UTILIZAÇÃO
„ O preço do Lite está ajustado
aos resultados que obtivemos nos
benchmarks. É que fomos comparar DESEMPENHO notafinal CARACTERÍSTICAS
Ecrã TFT WUXGA+ de 10,4”
esses valores com os que obtivemos

4
(2000x1200, 5:3) ○ Proc. Exynos
no teste de grupo a tablets Android CARACTERÍSTICAS 9611 de oito núcleos (1,7 GHz -2,3
GHz) e GPU Mali-G72 MP3 ○ 4 GB
que realizámos recentemente (EI nº de RAM e 64 GB de armaz. ○ Bat. de
203) e este Samsung bate todos os QUALIDADE PREÇO 7040 mAh ○ Cams.: traseira de 8 MP
e frontal de 5 MP ○ Android 10 com
concorrentes, embora também seja samsung.com/pt One UI 2 ○ 244x154x7 mm ○ 465 g
mais caro que eles. Perde apenas
para o ‘mano’ Tab S6, lançado no ano ECRÃ UTILIZAÇÃO DESIGN AUTONOMIA
passado, mas o Lite também custa Bom Muito Bom Bom Bom

cerca de metade. Em termos de

experiência de utilização, mantivemos BENCHMARKS
Antutu 178982 z CPU 59345 z GPU 38843 z UX 36873 z Memória 43921 z 3DMark Sling
sempre a fluidez, mesmo com uma Shot Extreme OpenGL 1582 z Gráficos 1469 z Física 2167 z Vulkan 1531 z Gráficos 1438
miríade de aplicações abertas. z Física 1982 z PCMark Work 2.0 5286 z Autonomia (PCMark) 7 h 15 m

EXAME INFORMÁTICA
TESTES FINAL FANTASY VII REMAKE €69,99

EXAME INFORMÁTICA
 AO
FUTURO FINAL FANTASY VII, LANÇADO
HÁ 23 ANOS, É CONSIDERADO COMO
UM DOS JOGOS MAIS INFLUENTES DE
TODOS OS TEMPOS. A ESCALA,
RIQUEZA E COMPLEXIDADE DA
TRAMA QUE O TORNOU NUM
SUCESSO ERAM, AO MESMO TEMPO,
OS MAIORES INIMIGOS DE UM
REMAKE. AINDA QUE A HISTÓRIA
TENHA SIDO FORTEMENTE CORTADA,
O NOVO JOGO CHEGA COM GRANDE
AMBIÇÃO E ESPLENDOR
TECNOLÓGICO, CONSEGUINDO O
EQUILÍBRIO QUASE PERFEITO ENTRE
MODERNIDADE E NOSTALGIA

EXAME INFORMÁTICA
TESTES FINAL FANTASY VII REMAKE
C
omecemos com um aviso: Final Fantasy VII
(FF7) é o jogo da minha vida. Foi o jogo no
qual passei mais horas agarrado, no qual deixei
quase, quase todas as personagens a nível 99,
foi o jogo que me ensinou inglês e é, para mim, o melhor
jogo já feito até à data. Isto torna-me, ao mesmo tempo,
tendencioso, mas também especialmente crítico desta
recriação que é Final Fantasy VII Remake. Escusado será
de dizer que à medida que os anos foram passando que
sempre estive à espera do dia em que veria o renascer deste
jogo, tirando proveito de todas as evoluções tecnológicas
que aconteceram nos últimos 23 anos. Neste sentido, FF7
Remake é um estrondo e entra diretamente para a história
como um dos mais ambiciosos remakes já alguma vez
feitos. A Square Enix não decidiu apenas ‘copiar e colar’ o
sucesso do passado com gráficos de nova geração: redese-
nhou e repensou todo o jogo de raiz, o que tem vantagens
e desvantagens. Do lado positivo, consegue explorar todos
os elementos nostálgicos que fizeram do título original
um marco nos videojogos e consegue entregar novidades
suficientes para que, em certa medida, pareça um jogo
novo. Do lado negativo, a escala e complexidade do jogo
lançado há 23 anos tornavam impossível – palavras do
próprio produtor – a recriação total num único jogo, pelo
que FF7 Remake é um projeto ‘em construção’ e esta é
apenas uma parte, a primeira parte. Conclusão? Mesmo
EXAME INFORMÁTICA
depois de terminarem o jogo, os jogadores vão continuar
sem conhecer e viver aquelas que são as melhores partes
do FF7 original e a genialidade do título como um todo.
UMA HISTÓRIA ATUAL
Este primeiro capítulo de FF7 Remake dá-nos a conhecer
a história de um grupo rebelde, a Avalanche, que está
a combater a Shinra, uma megacorporação que fatura
dinheiro explorando um elemento natural (mako) que é
uma espécie de ‘sangue’ do planeta. Conclusão? A grande
indústria e o consumismo estão a matar o planeta. Não
deixa de ser curioso como uma história com 23 anos está
mais atual do que nunca. A personagem principal do jogo
é Cloud Strife, um antigo soldado ao serviço da Shinra e
que agora vive como mercenário. O que era um serviço
esporádico para a Avalanche – rebentar com um reator
de energia, quem nunca? –, acaba por se transformar
num desenrolar de acontecimentos que fazem com que
a luta contra a Shinra seja mais do que uma questão
ideológica, mas sim uma luta do bem contra o mal. Neste
primeiro capítulo de FF7 Remake – o segundo, quando
sai, ninguém sabe ao certo, mas pode demorar anos – a
história está centrada em torno de Midgar, a megametró-
pole deste planeta. Como alguém que já percorreu várias
vezes Midgar no jogo original, posso dizer que a Square
Enix fez um trabalho fantástico na adaptação gráfica

da cidade. Os cenários são todos belíssimos, cheios de
detalhe e vida própria, que fazem parecer que estamos
mesmo a navegar por uma cidade real. Midgar não é
uma metrópole qualquer: é composta por um patamar
suspenso, uma cidade nos céus, no qual vive a população
com maiores rendimentos e que trabalha diretamente
para a Shinra; e dezenas de metros abaixo deste ‘prato’
situam-se as favelas, a zona onde vivem milhares de
pessoas numa situação precária. Se isto no jogo original
passa mais despercebido, pois é uma parte ínfima da
história, aqui tem toda uma grandeza que faz jus ao que
ficou por mostrar no jogo original. Aliás, aquilo que a
Square Enix fez foi muito simples: pegou no primeiro
trecho do FF7 original e expandiu-o, deu-lhe todos os
detalhes que precisava, preencheu todos os pedaços da
história original com novos elementos, para que FF7
Remake pudesse viver como um jogo independente. E
neste sentido, esta nova Midgar é tudo aquilo com o qual
EXAME INFORMÁTICA
sempre sonhei. E quando chegarem ao Wall Market, um
localização específica numa fase já avançada do jogo, vão
perceber o que quero dizer.
A riqueza dos cenários e o detalhe gráfico estende-se
também às personagens. Se no jogo original na maior
parte do tempo tínhamos uma versão muito poligonal
destas personagens, aqui temos texturas e pormenores
em barda. Apesar de achar que algumas falas e atitudes
das personagens são demasiado exageradas, demasiado
holywoodescas, considero que o trabalho de adaptação,
sobretudo das personalidades, está bem conseguido: Cloud
é frio como o gelo, Barret uma panela a ferver e pronta a
virar, Tifa é a união do grupo e a Aerith é a ‘miss simpatia’.
JOGABILIDADE MODERNA
É difícil escrever uma análise a um jogo que é tão focado
na história sem revelar spoilers, por mínimos que sejam,
mas Final Fantasy VII Remake dá-nos tudo aquilo que
esperamos de um role playing game e de um jogo da série:
uma progressão linear, com a hipótese de fazermos algu-
mas tarefas secundárias; lutas épicas contra ‘bosses’, de
forma regular quase como encerramento dos capítulos,
que são intercaladas por lutas contra adversários mais
fracos, mas não menos duros de roer; grande possibilida-
de de configuração das nossas personagens, que no caso
de FF7 significa armas, acessórios, magia e divindades
TESTES FINAL FANTASY VII REMAKE
conhecidas como Summons; evolução das personagens,
magias e armas; e personagens com diferentes estilos de
luta, que nos convidam a explorar uma estratégia diferente
mediante o adversário que temos à nossa frente.
Para quem não conhece, o jogo original tinha por base
um sistema de turnos: atacamos nós, ataca o adversário,
atacamos nós outra vez e por aí fora. Nos tempos que
correm, este sistema de batalha tão estanque já não
funciona e a Square Enix tem vindo a implementar,
não só nos jogos Final Fantasy, mas também na série
Tomb Raider, por exemplo, um estilo de RPG com um
maior pendor para a ação, algo que ficou bem visível
na última grande entrada na série Final Fantasy, no
jogo FF15. Neste remake, a Square Enix encontrou um
bom equilíbrio entre ação em tempo real e gestão de
estratégia com base nos recursos especiais das nossas
personagens. Quase tão importante como dar com a
espada no adversário, é saber quando devemos aplicar
uma magia ou chamar um Summon para nos ajudar na
luta. Além disso, podemos controlar diretamente cada
uma das personagens que faz parte da nossa equipa,
sendo que cada uma tem um estilo de jogo diferente:
Barret é bom para adversários à distância e Aerith é uma
ajuda preciosíssima em manter todos vivos. Admito, foi
a parte que mais gostei: poder pegar individualmente
em cada personagem, algo raro no jogo original, andar
EXAME INFORMÁTICA
com ela pela arena e, se assim quisermos, passar toda
a luta sem mexer na personagem principal, Cloud, é o
brilharete deste jogo. A fluidez com que podemos trocar
de personagens e executar diferentes ações numa es-
tratégia concertada de ‘porrada no adversário’ também
está muito bem implementada e tornam a jogabilidade
muito boa e, acima de tudo, moderna.
Mas se enquanto jogo independente Final Fantasy VII
Remake consegue acertar em quase todos os requisitos
técnicos, também é verdade que o jogo deixa um vazio
grande por preencher e faz determinadas escolhas que
não caíram assim tão bem.
UM PEDAÇO DE HISTÓRIA
Ainda que a luta da Avalanche seja o prato forte deste
primeiro capítulo, rapidamente percebemos que existe
uma trama muito maior em torno de FF7. E para que isto
pudesse acontecer, foram necessárias algumas adaptações,
estranhas no mínimo. O grande vilão do jogo, Sephiroth,
aparece numa fase muito primária do remake quando
comparado com o original. Porquê? Porque tinha de ser,
já que este remake não tem toda a história de FF7.
No original, a parte de Midgar representa, diria, 15%
de todo o jogo. Portanto dá para perceber que fica muito,
muito de fora. E isso é uma falha que não dá para apagar
ou compensar: quem jogar este remake vai certamente

gostar do jogo como um RPG, mas a história em si – que,
volto a defender, é uma das mais intrincadas do mundo
dos videojogos – não está lá, falta substância. Aliás, se
não soubéssemos que há mais para vir, a história deste
FF7 Remake seria demasiado cliché e pouco memorável.
Para que este primeiro capítulo fosse mais satisfatório,
a Square Enix esticou ao máximo a história para garantir
longevidade, o que faz com que o jogo por vezes também
seja aborrecido, pois notamos claramente que estão a
conduzir-nos por um caminho pré-definido quase como
ratinhos só para garantir mais um par de horas de joga-
bilidade.
Também não fiquei grande fã de conseguir matérias, cris-
tais que nos garantem habilidades especiais, e Summom,
que nos permitem convocar criaturas com grande poder
para nos ajudarem na batalha, através do cumprimento de
objetivos muito delineados ou de batalhas de simulador.
Sempre vi as matérias como algo místico, até de grande
raridade em que se a oportunidade de a conseguir passasse,
já não dava mais, e agora estão mais tecnológicas, mais
disponíveis e… menos espetaculares. E onde estão aqueles
ataques fenomenais dos Summon que ficam gravados na
memória?
Dito isto, tendo em conta que este foi um jogo criado
de raiz e que está claramente preocupado com uma nova
geração de jogadores, não sendo apenas uma carta de amor
EXAME INFORMÁTICA
ALTOS
E BAIXOS
+ É A PRIMEIRA PARTE
DO JOGO ORIGINAL,
MAS MUITO
'MAIS MELHOR BEM' <3
+ GRANDE QUALIDADE
GRÁFICA, CENÁRIOS
DESLUMBRANTES
E MUITO BOM
SISTEMA DE COMBATE
- COMO DIRIA SÉRGIO
GODINHO, ESTE
PRIMEIRO CAPÍTULO
"SOUBE-ME A POUCO"
- CONQUISTAR SUMMONS
NUM SIMULADOR?
MODERNO SIM,
MAS NÃO TANTO
aos fãs do passado, nota-se que a Square Enix trabalhou
para manter o maior número de localizações, momentos,
itens e personagens do jogo original possível, para que
pudéssemos ter aquele flashback de volta ao passado.
Mas a adaptação moderna também trouxe os seus clichés
e elementos menos espetaculares.
Final Fantasy VII é uma recomendação fácil: pela qua-
lidade gráfica, pela banda sonora que bebe do passado
e entrega ritmos do presente, pela personalidade das
personagens, pelo muito bom sistema de combate, pela
evolução que é possível explorar, pelas tarefas secun-
dárias que é possível fazer ou ignorar… Se eu trocaria
um pouco de qualidade gráfica para que toda a história
pudesse ser empacotada num único jogo? Tendencial-
mente digo que não, quero viver toda a experiência
neste patamar visual, mesmo que isso implique três ou
quatro capítulos – mas na realidade tudo vai depender de
quanto tempo vão demorar esses capítulos a chegar e na
consistência das experiências que se seguem. Pelo que
foi conseguido neste primeiro episódio, a Square Enix
merece o benefício da dúvida, mas se
notafinal
não conseguir entregar os outros capí-
tulos a médio prazo, então corre o risco
4,5 de que este primeiro esforço hercúleo
de recriar Final Fantasy VII tenha sido
PS4 (testado)
em vão. Rui da Rocha Ferreira
STREAMING DIFICULDADE FÁCIL

NETFLIX
COMO USAR O CONTROLO
PARENTAL AVANÇADO
O STREAMING NETFLIX TEM NOVOS CONTROLOS PARA UMA GESTÃO
DOS CONTEÚDOS DISPONÍVEIS A CADA UTILIZADOR, INCLUINDO ACESSO
POR PIN A CADA PERFIL E CONTROLO PARENTAL DETALHADO

A gestão dos perfis associados a cada conta no Netflix
mudou. Até ao início de abril, as opções de controlo
parentais eram muito limitadas. Com o novo sistema
de gestão, é possível atribuir um PIN de bloqueio a cada
perfil, bem como definir, para cada um dos utilizadores,
filtros baseados na classificação etária. Desde modo, os
utilizadores só conseguem visualizar conteúdos consi-
derados adequados às suas faixas etárias e não podem
aceder aos outros perfis da conta que estejam bloqueados
por PIN. Há, ainda, outras ferramentas de gestão, com
destaque para o histórico de visualização, que permite
analisar, por exemplo, qual o conteúdo visualizado
pelas crianças e durante quanto tempo. Estas definições
devem ser feitas na versão Web do Netflix, já que não
estão acessíveis nas configurações mais simples das
apps Netflix para televisores: aceda a www.netflix.com
e, se requisitado, introduza o seu nome de utilizador e
palavra-chave. Depois, é só seguir os passos indicados.

EXAME INFORMÁTICA
 DEFINIR CLASSIFICAÇÃO BLOQUEAR
ETÁRIA PARA UM PERFIL PERFIS COM PIN

Clique no ícone do utilizador (canto superior direito)

1
e escolha Conta. Na área Perfil e controlos parentais,
clique no perfil a que quer adicionar acesso condicionado
por PIN.

Se já estiver no ecrã dos perfis, clique em Gerir

1
perfis (logo por baixo das imagens dos utilizadores).
Se estiver dentro de um perfil, clique no ícone do utilizador
(canto superior direito) e escolha Gerir perfis. Clique no
Perfil a que pretende adicionar uma classificação etária
(pode também adicionar um perfil).

Na listagem que surge abaixo do Perfil, clique em

2
Bloqueio de perfil, introduza a senha da conta Netflix
se requisitado e clique em Continuar.

Clique no botão Editar, introduza, se requisitado, a sua

2
palavra-passe de administração da conta do Netflix e
selecione na bola de idade apropriada. Atenção que Todos não
significa todos os conteúdos, mas sim o oposto: conteúdos
que podem ser vistos por todos. Nesta janela também pode
escolher a opção Perfil Crianças, que faz com que o Netflix
apresente uma interface mais apropriada aos mais jovens.
Mais abaixo, o campo Restrições de títulos para… permite, Selecione Pedir PIN para aceder a perfil… e digite
3
através de pesquisa, adicionar conteúdos a bloquear, mesmo o PIN pretendido (quatro números). Faça Guardar. A
que estejam dentro da classificação etária do perfil. De outro partir deste momento será necessário um PIN para entrar
modo, pode, para cada perfil, bloquear séries e filmes à sua no perfil configurado. Ou seja, numa família com crianças e
escolha. Os títulos proibidos nem aparecem nas listagens os adolescentes, recomenda-se adicionar acesso por PIN aos
perfis a que foram aplicados os bloqueios. perfis relativos aos adultos.

EXAME INFORMÁTICA

CONSULTÓRIO
ENVIE AS SUAS DÚVIDAS PARA
Envie o e-mail com «Consultório» no Assunto. Descreva
pormenorizadamente a dúvida e a configuração do hardware
DE: ARMANDO BARREIRA
DISCO INACESSÍVEL
E 24 anos depois de me ter tornado
assinante da Exame Informática
(desde a nº 1), chegou a altura de
vos pedir ajuda. Muitos parabéns
pelos excelentes momentos de
leitura e informação que sempre me
proporcionaram. Possuo um disco
externo WD Elements de 2 TB, que
ligo a um portátil HP Spectre x360
Convertible 13-ap0xxx com Windows
10 Home 64 bits, microprocessador
Intel Core i7-8565U CPU e 16 GB de
RAM. O disco externo, onde tenho
todas as minhas fotos e alguns outros
ficheiros importantes, deixou de me
dar acesso. Já consegui aceder durante
alguns períodos, o que me permitiu
copiar ficheiros para o meu disco
rígido que tem 1TB. Agora voltou a
não me deixar aceder a informação.
Corri um software que a WD no seu
site aconselha, o Data Lifeguard
Diagnostic for Windows. Entretanto o
disco, quando ligado ao computador,
tem a luz sempre a piscar. Estou agora
a efectuar um chkdsk com resultado
em muitos sectores análogo a:
A disk read error occurredc0000185
Error detected in index $I30 for file
11410.
Error detected in index $I30 for file
11410.
Vi na net algum software que dizem
ser para file recovery. E no site a
WD recomendam uma empresa
portuguesa Recovery Labs. Agradeço
que me oriente no que devo fazer.
POR: SÉRGIO MAGNO
consultorio@exameinformatica.pt
O TestDisk não ganha
prémios em termos de
interface gráfica, mas
é gratuito e consegue,
muitas vezes, recuperar
o acesso a discos
ilegíveis pelo Windows
Começo por agradecer a sua preferência
ao longo de tantos anos e com uma
recomendação: use soluções de
verdadeiro backup. Para salvaguardar
a informação, deve contratar um
serviço de cloud. Como mencionou
fotos, recomendo que recorra ao
Google Fotos para armazenar as suas
imagens sem custos (o modo gratuito
aplica alguma compressão, mas as
imagens mantêm elevada qualidade).
Ao contrário do que muita gente pensa,
o Google Fotos também pode ser usado
em PCs (já explicámos como). Outra
opção será usar um NAS (dispositivo
de armazenamento em rede) com
redundância de dados. São soluções
que facilitam uma política de backup
automatizada. Os discos externos
são mais suscetíveis a avarias do que
as unidades internas porque estão
mais expostos a acidentes e a perdas
abruptas de ligações, que podem levar
ao corrompimento dos dados (quando
se remove o cabo durante a gravação
de ficheiros). Quanto ao problema em
concreto, o relatório dos erros não é
conclusivo sobre o tipo de falham,
embora pareça apontar para um
problema hardware. Mas também é
possível que seja ‘apenas’ um problema
na estrutura dos ficheiros.
Recomendamos que comece pelo básico:
▪ Corra um antivírus atualizado. Há
alguns malwares que criam problemas
de acesso a discos. Faça um scan o
mais exaustivo possível (depende do
seu antivírus). Se necessário, instale o
Malwarebytes Anti-Malware.
▪ Já usou o CHKDSK, o que é um
EXAME INFORMÁTICA
bom passo. Mas certifique-se que
tirou o melhor partido possível desta
ferramenta: na Linha de comando
(execute como administrador),
corra o comando chkdsk /r /f X (X
refere-se à letra do disco afetado). Se
surgir uma mensagem a pedir para
forçar a desmontagem da unidade,
responda afirmativamente.
Use um software
de recuperação de dados:
Há muitos por onde escolher, mas
o nosso preferido do momento é o
Stellar Data Recovery. Esta aplicação
é eficaz não só na recuperação de
ficheiros eliminados acidentalmente,
mas também na recuperação de unidas
lógicas que se tornaram inacessíveis
pelas razões já indicadas. A versão
gratuita permite recuperar até 1 GB de
informação. Pode ser escasso para o seu
caso, mas é o suficiente para perceber
se este software será capaz de salvar
a situação e justificar os cerca de €50
de custo da versão paga. Um valor
inferior ao custo de enviar o disco para
um centro de recuperação de dados.
Recomendamos ainda que experimente
o TestDisk. Pode não apresentar a
interface amigável do Stellar Data
Recovery, mas é totalmente gratuito
(código aberto) e muitos utilizadores
têm-se mostrado muito satisfeitos com
os resultados desta aplicação. Pode ser
descarregado em www.cgsecurity.
org/wiki/TestDisk_Download. Escolha,
naturalmente, a versão Windows 64-bit.
OPÇÃO PROFISSIONAL
Se as aplicações não resolverem o
problema, então só lhe resta mesmo
contratar um serviço profissional
de recuperação de dados, como o
indicado pela WD. Estes serviços têm
equipamento para, se necessário,
intervirem no hardware do disco. Um
processo complexo, normalmente
realizado em laboratório.
Recomendamos que peça orçamentos
antes de avançar porque o valor e
as condições podem não ser do seu
agrado. É normal que o custo acenda
a algumas centenas de euros, mesmo
sem garantia de recuperação integral
dos ficheiros perdidos.