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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DIREITO PENAL I

PROF. JOSÉ AUGUSTO MAGNI DUNCK


SEMINÁRIOS
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.1 – Fases: vingança privada, divina e pública

Introdução:

-> Existia direito penal nos tempos primitivos?


-> Realidade sociológica ou jurídica?
-> O “totem” e o “tabu”;
-> A desproporção da “pena” em relação a ofensa;
-> As etapas da evolução da vingança penal se
sucederam sistematicamente?
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.1 – Fases: vingança privada, divina e pública

Vingança privada:

-> Reação sem proporção à ofensa (até lei talião);


-> Perda da paz (membro da tribo);
-> Vingança de sangue (membro estranho à tribo);
-> Surge limites de reação à ofensa :
-> Lei de talião: sangue por sangue, olho por ....
-> Composição: compra da liberdade
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.1 – Fases: vingança privada, divina e pública

Vingança divina:

-> Influência da religião;


-> As penas na vingança divina;
-> Legislação típica da fase: Código de Manu, Cinco
Livros (Egito), Livros das Cinco Penas (China), Avesta
(Persa) e Pentateuco (Israel);
-> O Malleus Maleficarum;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.1 – Fases: vingança privada, divina e pública

Vingança pública:

-> Finalidades: estabilidade do Estado e segurança


do príncipe ou soberano;
-> As penas;
-> Relação entre religião e Estado;
-> A perda do caráter religioso da pena;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.1 – Fases: vingança privada, divina e pública

-> Direito penal hebreu;


-> Direito penal romano;
-> Direito penal germânico;
-> Direito penal canônico;
-> Direito penal medieval;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.2 – Período humanitário:

-> A influência do iluminismo;


-> A obra do marquês de Beccaria, Cesar Bonesana;
-> Postulados básicos do Direito Penal moderno;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.3 – Doutrina e escolas penais:

Escola Clássica;
Escola Positiva;
Terza scuola italiana;
Escola moderna alemã;
Escola técnico-jurídica;
Escola correcionalista:
Defesa social;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL

1.4 - Evolução do Direito Penal Brasileiro:


Das Ordenações Filipinas, Livro V até hoje:

-> A influência do direito penal das tribos indígenas;


-> As Ordenações Afonsinas (até 1512) e Manuelinas (até
1569), o Código de D. Sebastião (até 1603) e as Ordenações
Filipinas;
-> A relação entre crime, pecado e ofensa moral;
-> As penas;
-> A independência do Brasil (1822) e o Código Criminal do
Império (1830);
- > Características, os escravos e a pena de morte;
-> A República e seu Código Penal (1890);
-> Características, pena de morte, regime
penitenciário;
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
PENAL

1.4 - Evolução do Direito Penal Brasileiro:


Das Ordenações Filipinas, Livro V até hoje:

-> A Consolidação das Leis Penais de 1932;


- Finalidade e características;

-> O Código Penal de 1940;


-> Características, idealizadores ;

- > O Código de 1969;


-> Vigência;

- > A reforma do Código Penal em 1984;


-> Idealizadores, características e inovações;
2 – DIREITO PENAL

2.1 – Denominação: Direito Penal ou Direito Criminal?

Exemplos:

1. Código Criminal do Império do Brazil (1830);


2. Código Penal da República dos Estados Unidos do
Brazil (1890);
3. Advogado criminal ou penal?
4. Vara criminal ou penal?
5. Execução criminal ou penal;
2 – DIREITO PENAL

Finalidade do Direito: regular a vida em sociedade – ubi


societas, ibis jus (brocardo jurídico);

O ilícito jurídico: o fato que contraria norma do Direito,


que ofende ou coloca em perigo um bem jurídico alheio
(patrimônio, moral, liberdade, vida, etc), é um ilícito
jurídico;

Classificação dos ilícitos jurídicos: civil, administrativo,


tributário, eleitoral, penal etc.

Quando as sanções civis, administrativas, dentre


outras, se demonstrarem insuficientes para coibir a
prática de ilícitos jurídicos graves, aplicam-se sanções
mais severas por meio das normas do direito penal.
2 – DIREITO PENAL

Para aplicação da sanção penal, os fatos graves


(crimes ou contravenções) devem estar previsto em lei
(princípio da legalidade).

Desse modo, o Direito Penal tem caráter


FRAGMENTÁRIO, porque somente protege certos bens
jurídicos e não todos. Portanto, pode-se falar também que
é seletivo e SUBSIDIÁRIO/RESIDUAL, vez que protege
somente alguns bens jurídicos e deve ser aplicado apenas
quando os outros ramos do direito (Civil, Administrativo
etc) não forem suficientes para resolução do conflito,
porque o Direito Penal, em regra, é a forma mais violenta
de intervenção do Estado na vida dos cidadãos.

São os chamados princípios da legalidade,


fragmentariedade e subsidiariedade do Direito Penal.
2 – DIREITO PENAL

Conceito de Direito Penal: “é a parte do ordenamento


jurídico que define as infrações penais (crimes e
contravenções) e comina as respectivas sanções (penas e
medidas de segurança) ” (QUEIROZ).

“Sistema de interpretação da legislação penal, ou seja, a


Ciência do Direito Penal, conjunto de conhecimentos e
princípios ordenados metodicamente, de modo que torne
possível a elucidação do conteúdo das normas e dos
institutos em que eles se agrupam, com vistas em sua
aplicação aos casos ocorrentes, segundo critérios
rigorosos de justiça” (ZAFFARONI)
2 – DIREITO PENAL

Caracteres do direito penal:

a) Normativo: seu objeto de estudo é a norma (regra de conduta)


jurídica prevista na lei;

b) Valorativo: porque protege os bens jurídicos mais elevados da


sociedade, disciplinando-os em uma escala hierárquica. Quanto mais
grave o crime, mais severa será a sanção aplicável;

c) Finalista: proteção de bens jurídicos (caráter negativo) e


aspiração ética-social (caráter positivo);

d) Dogmático: se funda no direito positivo (direito criado pela


sociedade/Estado), não pode ser contestado, se válido, mas sim
interpretado. O direito positivo é o ponto de partida da
interpretação.
2 – DIREITO PENAL

Classificação do Direito Penal:

Direito público ou privado? Público, porque os cidadãos devem


obedecer aos comandos imperativos penais do Estado, não tem
escolha.

Direito penal objetivo: é o direito positivo;

Direito penal subjetivo: é o direito de punir do Estado – jus


puniendi (brocardo jurídico);

Legislação penal comum e especial: a comum consta no Código


Penal a especial em lei especial, ou seja, fora do Código Penal.
2 – DIREITO PENAL

Ciências auxiliares:
a) Medicina legal: aplicação de conhecimentos
médicos para esclarecimento do fato criminoso
(exames de lesão corporal, necroscópicos , exame de
conjunção carnal etc);
b) Criminalística: usa várias ciências para realização
de investigação criminal (Polícia Científica);
c) Psiquiatria forense: ciência que estuda os
distúrbios mentais dos indivíduos, para fins de
aplicação da lei penal .
2 – DIREITO PENAL

Relação do direito penal com outros ramos do


direito:
a) Direito constitucional;
b) Direito Administrativo;
c) Direito Processual penal;
d) Direito civil;
e) Direito comercial;
f) Direito penitenciário;
g) Direito do trabalho;
h) Direito tributário etc.
3 – CRIMINOLOGIA

Conceito: É um conjunto de conhecimentos que


estuda os fenômenos e as causas da criminalidade, o
criminoso, os crimes, a vítima e as formas de controle
social, formal e informal (SHECAIRA).

Finalidade: estuda a causa da criminalidade e as


medidas recomendadas para evitá-lo, a pessoa do
delinquente e os caminhos para sua socialização.
3 – CRIMINOLOGIA

Criminologia x Direito Penal


CRIMINOLOGIA DIREITO PENAL
Observação e experimentação Dogmática
Seu estudo engloba: Seu estudo engloba:
- Sociologia Criminal - A norma jurídica (regra de conduta
posta na lei)
- Biologia Criminal
- Antropologia Criminal
- Psicologia Criminal
- Estatística Criminal etc
3 – CRIMINOLOGIA

ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS
3 – CRIMINOLOGIA
4 – LEI PENAL
Fontes do Direito Penal:
Qual a fonte do Direito Penal?
Fontes:

- Materiais ou de produção: única fonte é o Estado,


por meio da União (art. 22, I, CF/88), mas lei
complementar pode autorizar Estado-membro
legislar sobre matéria particular de direito penal
(paragrafo único, art. 22, CF/88)

- Formais ou de conhecimento:
- Diretas/imediatas: é a lei;
- Indiretas/mediatas: costume;
4 – LEI PENAL

- Costume: consiste na reiteração constante e uniforme


de uma regra de conduta.

- Pode ser:

- A) Secundum legem: segundo a lei;


- B) Praeter legem: na ausência da lei;
- C) Contra legem: contra a lei;

Exemplo: honra, dignidade, decoro, ato obsceno etc.


4 – LEI PENAL

Caracteres: imperativa, geral, impessoal, exclusiva, e


prévia;

Outras classificações: preceito primário e secundário;

Homicídio Simples
Art. 121. Matar alguém: (preceito primário)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos (preceito
secundário)

Norma: é proibido matar.


4 – LEI PENAL

Lei penal comum e especial: A primeira refere-se as normas


do Código Penal, a segunda as normas que não se
encontram no Código Penal (leis especiais ou
extravagantes).

Lei penal ordinária e excepcional ou temporária: As


ordinárias vigem até que outra lei a revogue. As
excepcionais vigem durante situações de emergência ou
por prazo determinado. Cessada a situação de emergência
ou o prazo fixado, a lei perde a vigência.

Lei penal incriminadora e não incriminadora: a primeira


define os tipos penais e comina as sanções (penas ou
medidas de segurança). A segunda divide-se em:
explicativas e permissivas.
4 – LEI PENAL

Explicativas: são normas que esclarecem o conteúdo e as


regras para aplicação da lei penal. Exemplo: aplicação da lei
no tempo e no espaço (art. 1º e seguintes), reincidência
(art. 63), casa (art. 150, §4º), funcionário público (art. 327)
etc.

Permissivas: são normas que consideram permitidas certas


condutas criminosas ou as isentam de pena. Exemplo:
estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento de dever legal e exercício regular de direito
(arts. 23, 24 e 25), inimputabilidade (art. 26), imunidades
nos crimes contra honra (art. 142) etc.
4 – LEI PENAL

LEI PENAL INCRIMINADORA;


LEI PENAL NÃO INCRIMINADORA;
- EXPLICATIVAS;
- PERMISSIVAS;
Normas penais em branco: são normas de conteúdo
incompleto, que devem ser complementadas por outra
norma (corpo, sem alma)
Exemplo: art. 33 da Lei Federal nº 11.343/2006:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos
e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.
Classificação das normas penais em branco:

1. Homogênea: quando o complemento da norma é de


mesma origem legislativa da norma penal em branco.
Exemplo: art. 237, Código Penal.

Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a


existência de impedimento que lhe cause a
nulidade absoluta:

Pena - detenção, de 3(três) meses a 1(um) ano.

- Complemento da norma penal em branco: art.


1.521, do Código Civil (Lei Federal nº 10.406/2002)
As normas homogêneas são classificação em:
a)Homovitelina: a norma complementar é do mesmo ramo do
direito que a principal, ou seja, a lei penal será complementada por
outra lei penal. Exemplo: Art. 312 c/c art. 327, §1º, do Código Penal.

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor


ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos


penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
b) Heterovitelina: a norma complementar é
oriunda de outro ramo do direito. Alguém pode
exemplificar?

2. Heterogêneas: o complemento da norma penal em


branco é oriundo de fonte diversa daquela que a
editou.

Alguém pode exemplificar?


Norma penal em branco invertida ou ao avesso: o preceito secundário
necessita de complemento.

Exemplo: Crime de genocídio (art. 1º, da Lei Federal nº 2.889/1956)

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte,


grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do
grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência
capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do
grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro
grupo;

Será punido:

Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;


Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
LEI PENAL NO TEMPO
• Princípio da continuidade das leis: uma lei somente é revogada por outra lei.
• Exceções:
• Leis temporárias e excepcionais: são autorrevogáveis.
• Revogação: retirada da vigência de uma lei.
• Alcance:
• Ab-rogação: revogação total;
• Derrogação: revogação parcial;
• Modo:
• Expressa: a lei nova indica qual lei revoga:
• Tácita: lei nova é incompatível com a lei velha, apesar de não haver
menção expressa à revogação;
• Global: a lei nova regula inteiramente a matéria disciplinada pela lei
anterior;

Observação: as regras de revogação estão no art. 2º, §§1º e 2 º, do Decreto-lei nº


4.657/1942 (LINBD).
LEI PENAL NO TEMPO
ALGUNS EXEMPLOS

AB-ROGAÇÃO EXPRESSA: Lei 11.343/2006 (art. 75), revogou totalmente a Lei 6.368/1976 e a
Lei 10.409/2002;

Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, e a Lei no 10.409, de 11 de


janeiro de 2002. (indicou expressamente a revogação)

AB-ROGAÇÃO GLOBAL: Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal) regulou inteiramente a matéria
disciplinada no Livro IV do Código de Processo Penal (arts. 668 a 779).

DERROGAÇÃO EXPRESSA: Lei 11.106/2009 (art. 5º) revogou vários artigos do Código Penal,
inclusive o art. 240, que previa o crime de adultério.

Art. 5o Ficam revogados os incisos VII e VIII do art. 107, os arts. 217, 219, 220, 221, 222,
o inciso III do caput do art. 226, o § 3o do art. 231 e o art. 240 do Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 – Código Penal.

DERROGAÇÃO TÁCITA: O art. 34 do CPP foi tacitamente revogado pelo art. 5º do Código Civil.

Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de


queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal (art. 34, CPP)

A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil (art. 5º, CC)
LEI PENAL NO TEMPO
DIREITO PENAL INTERTEMPORAL: são regras e princípios que regulam o
conflito de leis penais no tempo, advindos do art. 5º, XL, CF/88 e arts. 2º e 3º,
Código Penal.

REGRA GERAL: prevalece a lei em vigor na data da prática do fato


(tempus regit actum);

EXCEÇÕES: ocorrerá quando ocorrer a sucessão de leis penais que


disciplinem a mesma matéria e o fato for praticado durante a vigência da lei
anterior, cinco situações podem ocorrer:

a) Novatio legis incriminadora;


b) Lex gravior ou novatio legis in pejus;
c) Abolitio criminis;
d) Lex mitior ou novatio legis in mellius;
e) Lex tertia;
LEI PENAL NO TEMPO

B) NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA: A lei cria novo crime não existente. Há


uma neocriminalização que somente pode atingir atos praticados após sua
entrada em vigor. Não poderá retroagir, ou seja, somente tem eficácia para o
futuro conforme determina o art. 5º, XL, CF/88:

Art. 5º (...)
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

B) LEX GRAVIOR OU NOVATIO LEGIS IN PEJUS: é a lei penal mais grave que de
qualquer modo implica tratamento mais rigoroso às condutas já criminalizadas.
Também somente terá efeito sobre pratica de crimes posteriores a sua vigência,
não poderá retroagir (art. 5º, XL, CF/88).

Exemplo: Réu comete crime em 10/10/2015, cuja pena era de 5 a 10


anos. Em 15/10/2015, surge nova lei que aumenta a pena do crime para 7 a 15
anos. A lei nova mais prejudicial (lex gravior ou novatio legis in pejus) não será
aplicada, pois a lei pena somente poderá retroagir para beneficiar o réu.
LEI PENAL NO TEMPO

C) ABOLITIO CRIMINIS: É a lei posterior que extingue o crime previsto na lei


anterior (art. 2º, caput, Código Penal).

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória;

EXEMPLO: Revogação do artigo 240 do Código Penal, em 2009, que aboliu o


crime de adultério;

ATENÇÃO: se o artigo do crime foi revogado mas tratado em outro artigo, não
houve abolição do crime (princípio da continuidade normativa ou continuidade
típica normativa);

B) LEX MITIOR OU NOVATIO LEGIS IN MELLIUS: é a lei penal mais benigna que de
qualquer modo implica tratamento mais suave às condutas já criminalizadas. Terá
efeito sobre a prática de crimes anteriores e posteriores a sua vigência, pois sempre
retroagirá para beneficiar o réu (art. 5º, XL, CF/88).

Qual o juízo competente para aplicar a “abolitio criminis” e a “lex mitior”?


LEI PENAL NO TEMPO

ATENÇÃO
(retroatividade e ultratividade)

Fala-se em retroatividade quando a lei posterior for


mais benéfica ao agente, em comparação àquela que estava
em vigor quando o crime foi praticado.
LEI PENAL NO TEMPO
LEI PENAL NO TEMPO

ATENÇÃO
(retroatividade e ultratividade)

Fala-se em ultratividade quando o crime foi praticado


durante a vigência de uma lei, posteriormente revogada por outra
mais severa ao agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior,
mais favorável. Isso porque, como já abordado, a lei penal mais
grave jamais retroagirá. Diz que a lei revogada tem ultratividade.
LEI PENAL NO TEMPO
LEI PENAL NO TEMPO

ATENÇÃO
(retroatividade e ultratividade)

Fala-se em ultratividade quando o crime foi praticado


durante a vigência de uma lei, posteriormente revogada por outra
mais severa ao agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior,
mais favorável. Isso porque, como já abordado, a lei penal mais
grave jamais retroagirá. Diz que a lei revogada tem ultratividade.
LEI PENAL NO TEMPO

C) LEX TERTIA OU LEX MIXTUM: a lei posterior contém alguns


preceitos mais rígidos e outros mais brandos. Como fica? Duas
teorias:
1. Teoria da ponderação unitária ou global: deve ser aplicada
somente uma das leis;

2. Teoria da ponderação diferenciada: aplica-se as disposições


mais favoráveis de ambas as leis. Está é a posição atual da
Suprema Corte (RE 596.152/SP – STF), conforme art. 5º, XL,
CF/88.

EXEMPLO:

- Lei 6.368/1976: Art. 12, pena de reclusão de 3 a 15 anos;

- Lei 11.343/2006: Art. 33, caput, pena de reclusão de 5 a 15 anos;

- Art. 33, §4º, causa de diminuição de pena de 1/6 a 2/3, se primário, bons
antecedentes e não faça parte a organização ou atividade criminosa;
LEI PENAL NO TEMPO

LEI PENAL TEMPORÁRIA E EXCEPCIONAL


(Art. 3º, Código Penal)

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora


decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência.
LEI PENAL NO TEMPO

LEI PENAL TEMPORÁRIA E EXCEPCIONAL


(Art. 3º, Código Penal)

TEMPORÁRIA: tem a sua vigência predeterminada no tempo.

Exemplo: Lei 12.663/2012 (Lei Geral da Copa do Mundo de Futebol de


2014):

Art. 36 Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia
31 de dezembro de 2014.

EXCEPCIONAL: tem sua vigência relacionada a situações de anormalidade.

Exemplo: Lei que pune com reclusão de seis meses a dois anos, tomar
banho com mais de dez minutos de duração durante o período de
racionamento de energia.

AMBAS SÃO AUTORREVOGÁVEIS, INTERMITENTES E ULTRATIVAS.


LEI PENAL NO TEMPO
LEI PENAL TEMPORÁRIA E EXCEPCIONAL
(Art. 3º, Código Penal)
LEI PENAL NO TEMPO

LEIS PENAIS EM BRANCO E O CONFLITO DE LEIS PENAIS


NO TEMPO

RELEMBRANDO: Lei penal em branco é aquela em que o preceito


primário necessita de complementação. O complemento pode
constituir-se em outra lei (homogênea), do mesmo ramo
(homovitelina), ou de outro (heterovitelina), ou ainda em ato da
Administração Pública (heterogênea).

Surge uma questão:

Alterado o complemento da lei penal em branco posteriormente à


realização da conduta criminosa, que beneficie o agente, deve operar-se
a retroatividade do complemento, para beneficiar o agente? Há duas
posições.
LEI PENAL NO TEMPO

LEIS PENAIS EM BRANCO E O CONFLITO DE LEIS PENAIS


NO TEMPO

1ª - O complemento da lei penal em branco sempre retroagirá para


beneficiar o agente. Aplica-se o art. 5º, XL, da Constituição Federal
de 1988 (é bom lembrar, a constituição não pode ser contrariada
por lei infraconstitucional)

2ª - O complemento da lei penal em branco somente retroagirá


para beneficiar o réu quando a situação for de normalidade, pois
quando for de anormalidade o complemento terá efeito ultrativo
(art. 3º, Código Penal).
LEI PENAL NO TEMPO
LEIS PENAIS EM BRANCO E O CONFLITO DE LEIS PENAIS NO
TEMPO

Exemplo 01 (Código Penal)

Omissão de notificação de doença


Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória:
Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

Exemplo 02 (Lei 1.521/1951 – Crimes contra economia popular)

Art. 2º. São crimes desta natureza


(...)
VI - transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de serviços
essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público ou vender tais
gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado, assim
como não manter afixadas, em lugar visível e de fácil leitura, as tabelas de
preços aprovadas pelos órgãos competentes;
TEORIA GERAL DO CRIME
CONCEITO DE CRIME: pode ser conceituado levando em conta três aspectos:
material, legal e analítico.

CRITÉRIOS:

a) Material/substancial: crime é toda ação ou omissão humana que lesa


ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados;
- relevância da conduta danoso;
- fator de legitimação no Estado Democrático de Direito;

Não basta uma lei para qualquer conduta ser considerada


penalmente ilícita.

Imagine um crime com o seguinte conteúdo:

“Sorrir por mais de 10 minutos, ininterruptamente. Pena: reclusão,


de 2 a 8 anos, e multa”
TEORIA GERAL DO CRIME
b) Legal/formal: É fornecido pelo artigo 1º do Decreto-lei nº 3.914/1941
(Lei de Introdução ao Código Penal), que adotou sistema dicotômico
(crime/contravenção):

“Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de


reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou
de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”

Outros países, como Alemanha e França, adotam sistema tricotômico:


crime, delito e contravenções penais;

Distinção de grau: qualitativo e quantitativo;

O artigo 28 da Lei Federal nº 11.343/2006 é crime?


TEORIA GERAL DO CRIME
c) Analítico, formal ou dogmático: estuda a estrutura do crime.

Teorias
-Quadripartida: crime é composto por quatro elementos, fato típico,
ilicitude, culpabilidade e punibilidade;

-Tripartida: crime é composto por três elementos, fato típico, ilicitude e


culpabilidade;

-Bipartida: crime é composto por dois elementos, fato típico e ilícito;

Qual teoria foi adotada pelo Código Penal?


Há divergência doutrinária entre a teoria tripartida e bipartida.
TEORIA GERAL DO CRIME
SUJEITOS DO CRIME: são as pessoas ou entes relacionados à prática e aos
efeitos da empreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito
passivo.

1. Sujeito ativo: é a pessoa que realiza direta ou indiretamente a


conduta criminosa, seja isoladamente, seja em concurso com outras
pessoas;
Autor e coautor realizam o crime de forma direta;
Partícipe e autor mediato o fazem indiretamente;
Pode receber variadas denominações: agente, indiciado, acusado,
réu, sentenciado, condenado, reeducando, egresso, criminoso e
delinquente;
Em regra, só o ser humano pode ser sujeito ativo de infrações
penais, mas também se discute a possibilidade de responsabilidade
penal da pessoa jurídica.

Animal pode ser sujeito de crime?


TEORIA GERAL DO CRIME
1.1. Pessoa jurídica como sujeito ativo: a Constituição Federal admitiu a
responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes contra a ordem
econômica e financeira, contra a economia popular e contra o meio
ambiente, autorizando o legislador ordinário a cominar penas compatíveis
com sua natureza, independentemente da responsabilidade individual dos
seus dirigentes (CF, arts. 173, § 5º, e 225, § 3º);

• Lei 9.605/1998: cria crimes contra o meio ambiente, e o seu art. 3º,
parágrafo único, dispõe expressamente sobre a responsabilização penal
da pessoa jurídica;

- A lei adotou a teoria da dupla imputação, previsto no art. 3º,


parágrafo único, da Lei 9.605/1998, e com amparo nos arts. 13, caput, e
29, caput, ambos do Código Penal, em que a responsabilidade penal da
pessoa jurídica e física é distinta, ou seja, ambos podem ser
penalizados.
2. Sujeito passivo: titular do bem jurídico protegido pela lei penal violada por meio da
conduta criminosa.

Pode ser denominado de vítima ou ofendido e divide-se em duas espécies:

1) Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral, genérico ou indireto: é o


Estado, pois a ele pertence o direito público subjetivo de exigir o cumprimento da
legislação penal;

Exemplo: em um crime de homicídio, ainda que a vítima direta seja a pes- soa
privada da sua vida, o Estado também foi ofendido, haja vista que a ele convém não
sejam praticados crimes;

2) Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular, acidental ou direto: é o


titular do bem jurídico especificamente tutelado pela lei penal.

Exemplo: o proprietário do carro subtraído no crime de furto.

O Estado pode ser sujeito passivo constante e eventual ao mesmo tempo?

Alguém pode praticar um crime contra si próprio?

É possível a existência de crime de sujeito passivo indeterminado? Ver art. 138, §2º,
Código Penal

Sujeito passivo e prejudicado é a mesma coisa?


OBJETO DO CRIME: É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta
criminosa. Pode ser jurídico ou material.

Objeto jurídico: é o bem jurídico, isto é, o interesse ou valor protegido


pela lei penal. Exemplo: no furto (art. 155, CP) é o patrimônio.

Objeto material: é a pessoa ou a coisa que suporta a conduta


criminosa. Exemplo: no furto (art. 155, CP) é a coisa alheia móvel.

Questiona-se, há crime sem objeto?


A resposta correta é: depende. Depende de qual objeto.

Não há crime sem objeto jurídico, uma vez que todo e qualquer delito,
sem exceção, viola um interesse protegido pela lei penal, mas há crime
sem objeto material. Exemplo: ato obsceno (art. 233, CP)
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

A classificação dos crimes pode ser legal ou doutrinária.

a) Legal: é o nome atribuído ao delito pela lei penal.

Exemplo: A conduta de “matar alguém” é denominada pelo art.


121 do Código Penal de homicídio.

Na Parte Especial do Código Penal, todo crime é acompanhado por


sua denominação legal (nomen iuris), também chamada de rubrica
marginal.

b) Doutrinária: é o nome dado pelos estudiosos do Direito Penal às


infrações penais.
FATO TÍPICO

Fato típico é o fato humano que se enquadra com perfeição aos ele-
mentos descritos pelo tipo penal.

Exemplo de fato típico: A conduta de subtrair dolosamente, para


si, coisa alheia móvel, caracteriza o crime de furto, uma vez que se amolda
ao modelo delineado pelo art. 155, caput, do Código Penal.

Em sentido contrário, fato atípico é a conduta que não encontra


correspondência em nenhum tipo penal.

Exemplo de fato atípico, a ação do pai consistente em manter


relação sexual consentida com sua filha maior de idade e plenamente capaz
é atípica, pois o incesto, ainda que imoral, não é crime.
FATO TÍPICO

São quatro os elementos do fato típico:


a) Conduta;
b) Resultado naturalístico;
c) Relação de causalidade (nexo causal);
d) Tipicidade.

Tais elementos estarão presentes, simultaneamente, nos crimes materiais


consumados.

Crime material é aquele em que o tipo penal aloja em seu interior uma
conduta e um resultado naturalístico (modificação do mundo exterior,
provocada pelo comportamento do agente), exigindo a produção deste último
para a consumação, os quatro elementos estarão presentes quando consumado
o delito.

A conduta produz o resultado naturalístico, ligados entre si pela relação de


causalidade. E, finalmente, para ter relevância penal deve operar-se o juízo de
tipicidade, isto é, subsunção entre a ação ou omissão do agente e o modelo
previsto no tipo penal.
FATO TÍPICO

Em caso de tentativa, suprimem-se o resultado naturalístico (não produzido por


circunstâncias alheias à vontade do agente) e o nexo causal, limitando-se o fato
típico aos elementos conduta e tipicidade.

Nos crimes formais e de mera conduta, os componentes do fato típico também são
a conduta e a tipicidade.

Neste crimes jamais haverá resultado naturalístico para consumação, razão pela
qual se subtrai a relação de causalidade. Nos crimes formais o resultado
naturalístico pode até ocorrer, mas não é necessário para a consumação.
Exemplos:

• Crime formal: Ameaça (CP, art. 147). A vítima pode até sentir-se
amedrontada com a promessa de mal injusto e grave, mas isso não é
necessário para a consumação do crime;

• Crime de mera conduta: são aqueles em que o tipo penal se limita a


descrever uma conduta, não contém resultado naturalístico (ato
obsceno, art. 233)
Conduta
(1º elemento do fato típico)

Várias teorias buscam defini-la, e a adoção de cada uma delas


importa em modificações estruturais na forma de encarar o
Direito Penal.

1. Teoria clássica, naturalística, mecanicista ou causal;


2. Teoria final ou finalista;
3. Teoria social;
4. Teoria jurídico-penal;
Teoria clássica, naturalística, mecanicista ou causal

Idealizada no século XIX por Liszt, Beling e Radbruch;

Conduta é o comportamento humano voluntário que produz


modificação no mundo exterior.

Para a configuração da conduta basta apenas uma fotografia do resultado.

Exemplo: “A” trafega cautelosamente com seu carro em via pública, a 40


km/h. O limite da pista é de 60 km/h, e o veiculo reúne perfeitas condições
de uso. De repente, uma criança se solta dos braços da mãe, passa por trás
de um ônibus que estava estacionado em local permitido e impedia a
visibilidade de “A”, e, inesperadamente, lança-se na direção do automóvel,
chocando-se contra ele. A criança morre. O agente não tinha dolo nem
culpa.

Qual é a fotografia do evento? “A” na direção do seu veículo automotor,


uma criança morta à sua frente e o para-choque do carro amassado
Teoria clássica, naturalística, mecanicista ou causal

Para a teoria clássica “A” teria praticado uma conduta penalmente re- levante.
Com efeito, a sua ação (dirigir o automóvel) ensejou um resultado no mundo
exterior (morte da criança). Trata-se de mera relação de causa e efeito. Daí o
nome: teoria causal ou mecanicista.

Há no exemplo conduta, resultado naturalístico, nexo causal e tipicidade?

Na teoria clássica, dolo e culpa se alojam no interior da culpabilidade,


momento em que se procede à análise do querer interno do agente. Por essa
razão, já dissemos ao abordar o conceito analítico de crime que, para os
adeptos da teoria clássica, crime é necessariamente o fato típico, ilícito e
culpável. Essa teoria adota necessariamente qual teoria analítica do crime?

A teoria não distingue a conduta dolosa da conduta culposa, pois ambas são
analisadas objetivamente, uma vez que não se faz nenhuma indagação sobre a
relação psíquica do agente para com o resultado.

Há poucos seguidores desta teoria.


Teoria final ou finalista

Idealizada pelo penalista alemão Hans Welzel, no início de 1930.


Para essa teoria, conduta é o comportamento humano, consciente e
voluntário, dirigido a um fim.
Daí o seu nome finalista, levando em conta a finalidade do agente.
Uma conduta pode ser contrária ou conforme ao Direito, dependendo do
elemento subjetivo do agente.
Dolo e culpa, que na teoria clássica residiam na culpabilidade, foram
deslocados para o interior da conduta, e, portanto, para o fato típico.
Desta forma, o partidário do finalismo penal pode adotar um conceito
analítico de crime tripartido ou bipartido.
No exemplo da teoria clássica, o comportamento de “A” não poderia ser
considerado conduta penalmente relevante em face da ausência de dolo ou
culpa. Não haveria crime, desde já, pela inexistência do fato típico “matar
alguém”.
Teoria social

Idealizada por Johannes Wessels.


Os ideais clássico e finalista são insuficientes para disciplinar a conduta,
porque desconsiderariam uma nota essencial do comportamento humano:
o seu aspecto social.
Hans-Heinrich Jescheck, partidário dessa teoria, define a conduta como o
comportamento humano com transcendência social.
Essa teoria não exclui os conceitos causal e final de ação. Deles se vale,
acrescentando-lhes o caráter da relevância social.
Um fato não pode ser tipificado pela lei como infração penal e,
simultaneamente, ser tolerado pela sociedade, caso em que estaria
ausente um elemento implícito do tipo penal, presente em todo modelo
descritivo legal, consistente na repercussão social da conduta.
Por corolário, para que o agente pratique uma infração penal é necessário
que, além de realizar todos os elementos previstos no tipo penal, tenha
também a intenção de produzir um resultado socialmente relevante.
Teoria técnico-jurídica

É a teoria sustentada por Francisco de Assis Toledo para superar os


entraves travados entre as vertentes clássica, finalista e social.

Em suas palavras:

“Ação é o comportamento humano, dominado ou dominável


pela vontade, dirigido para a lesão ou para a exposição a
perigo de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação de
uma previsível lesão a um bem jurídico”.

A palavra “ação” é empregada por Assis Toledo em sentido amplo, como


sinônimo de conduta, englobando, assim, a ação propriamente dita e a
omissão.
Qual teoria adotaremos?

Teoria finalista, mais aceita no Brasil.

Desse modo,

“Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária,


dirigida a um fim, consistente em produzir um resultado
tipificado em lei como crime ou contravenção penal”.

Leis penais proibitivas: são as que proíbem determinados comportamen- tos e


correspondem aos crimes comissivos. Quando o tipo penal descreve uma ação,
a lei penal contém um preceito proibitivo. No art. 121 do Código Penal, o
preceito proibitivo é “não matar”.

Leis penais preceptivas: são as que impõem a realização de uma ação,


reclamam um comportamento positivo. Quando o tipo penal descreve uma
omissão, a lei penal contém um preceito preceptivo, e o seu descumprimento
se verifica com a omissão de um comportamento devido por lei. No art. 135 do
CP, o mandamento é “prestar assistência”.
Formas de conduta

Ação e omissão.

A ação consiste em um movimento corporal exterior. Reclama do ser


humano uma postura positiva, um fazer. Relaciona-se com a maioria dos
delitos, por meio de uma norma proibitiva.

A omissão é a conduta de não fazer aquilo que podia e devia ser feito em
termos jurídicos, e se refere às normas preceptivas.

Exemplo: pratica o crime de omissão de socorro, definido pelo art. 135 do


Código Penal, o agente que permanece inerte diante da pessoa
necessitada, assim como aquele que se afasta do local sem prestar-lhe
assistência.
Teoria da omissão

Teoria normativa: a omissão é um indiferente penal, pois o nada não


produz efeitos jurídicos. O omitente não responde pelo resultado, pois não
o provocou. Todavia, aceita a responsabilização do omitente pela produção
do resultado, desde que seja a ele atribuído, por uma norma, o dever
jurídico de agir. Essa é a razão de sua denominação (normativa = norma). A
omissão é, assim, não fazer o que a lei determinava que se fizesse. Foi
acolhida pelo Código Penal.

Em verdade, nos crimes omissivos próprios ou puros a norma impõe o


dever de agir no próprio tipo penal (preceito preceptivo). Exemplo: omissão
de socorro (art. 135, CP).

Nos crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, o


tipo penal descreve uma ação (preceito proibitivo), mas a omissão do
agente, que descumpre o dever jurídico de agir, definido pelo art. 13, § 2º,
do Código Penal, acarreta a sua responsabilidade penal pela produção do
resultado naturalístico.
Caracteres da conduta

1) O ser humano, e apenas ele, pode praticar condutas penalmente


relevantes. Os acontecimentos naturais e os atos dos seres irracionais,
produzidos sem a interferência do homem, não interessam ao Direito
Penal. É possível, também, para quem se filia a essa posição a prática de
condutas por pessoas jurídicas, relativamente aos crimes ambientais.
2) Somente a conduta voluntária interessa ao Direito Penal. O crime é ato
exclusivo do homem, pois a vontade, qualquer que seja a teoria adotada, é
elemento constitutivo da conduta. O Direito Penal se alicerça na
evitabilidade, razão pela qual só são pertinentes as condutas que poderiam
ser evitadas.
3) Apenas os atos lançados ao mundo exterior ingressam no conceito de
conduta. O simples querer interno do agente (cogitação) é desprezado pelo
Direito Penal. Enquanto a vontade não for libertada do claustro psíquico,
não produz efeitos jurídicos.
4) A conduta é composta de dois elementos: um ato de vontade, dirigido a
um fim, e a manifestação da vontade no mundo exterior, por meio de uma
ação ou omissão dominada ou dominável pela vontade. Esse é o elemento
mecânico que concretiza no mundo fático o querer interno do agente.
Exclusão da conduta

1) Caso fortuito e força maior: são os acontecimentos imprevisíveis e


inevitáveis, que fogem do domínio da vontade do ser humano.
Caso fortuito: acontecimento imprevisível e inevitável provocado
pelo homem (ex.: greve de ônibus);
Força maior: o evento, com iguais predicados, mas decorrente da
natureza (ex.: inundação provocada por uma tempestade);

2) Atos ou movimentos reflexos: consistem em reação motora ou secretora


em consequência de uma excitação dos sentidos. O movimento corpóreo
não se deve ao elemento volitivo, mas sim ao fisiológico. Ausente a
vontade, estará ausente também a conduta.
Exclusão da conduta

3) Coação física irresistível: também chamada de vis absoluta, ocorre


quando o coagido não tem liberdade para agir. Não lhe resta nenhuma
outra opção, a não ser praticar um ato em conformidade com a vontade do
coator. Imagine a situação em que um homem muito forte obriga
fisicamente outra pessoa, bastante franzina, a apertar o gatilho de um
revólver municiado na direção de seu desafeto. Em suma, pressiona o dedo
do coagido contra o gatilho. A vítima é atingida e morre.O coagido serviu
como instrumento do crime. Não agiu de forma voluntária, excluindo-se
sua conduta.
Coação moral irresistível, ou vis compulsiva, o coagido pode escolher o
caminho a ser seguido: obedecer ou não a ordem do coator. Como a sua
vontade existe, porém de forma viciada, exclui-se a culpabilidade, em face
da inexigibilidade de conduta diversa. Em suma, enquanto a coação física
irresistível exclui a conduta e, portanto, o fato típico, a coação moral
irresistível funciona como causa excludente da culpabilidade, em face da
inexigibilidade de conduta diversa.
Exclusão da conduta

4) Sonambulismo e hipnose: também não há conduta, por falta de vontade


nos comportamentos praticados em completo estado de inconsciência.
RESULTADO
(2º elemento do fato típico)

Conceito: é a consequência provocada pela conduta do agente.

Espécies:

• Naturalístico/material: é a modificação do mundo exterior provocada


pela conduta do agente.

• Jurídico/normativo: a violação do valor ou interesse protegido, regulado


ou tutelado pela lei penal provocada pela conduta do agente.

Todo crime tem resultado jurídico, mas nem todos tem resultado
naturalístico.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Previsão legal: artigo 13, caput, do Código Penal, “in verbis”:

“O resultado, de que depende a existência do crime, somente é


imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.

Conceito: é o vínculo formado entre a conduta praticada por seu autor e o


resultado por ele produzido.

Fato típico:
a)Conduta;
b)Resultado;
c)Relação de causalidade;
d)Tipicidade;
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Teorias que definem o nexo causal:

1. Equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non);


2. Causalidade adequada;
3. Imputação objetiva;

1. Teoria da equivalência dos antecedentes, das condições ou “conditio sine


qua non”:

Causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido,
quando ocorreu e como ocorreu.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

2. Teoria da causalidade adequada:

Causa é o antecedente, não só necessário, mas adequado à produção do


resultado. Não basta contribuir de qualquer modo para o resultado: a
contribuição deve ser eficaz, previsível, de acordo com os conhecimentos
experimentais existentes e as circunstâncias do caso concreto, conhecidas
e cognoscíveis pelo sujeito cuja conduta se valora (previsibilidade objetiva)

Teorias adotada pelo Código Penal:

Como regra, foi adotada a teoria da equivalência dos antecedentes. É o


que se extrai do art. 13, caput, in fine: “Considera-se causa a ação ou
omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Causa é todo o comportamento humano, comissivo ou omissivo, que de


qualquer modo concorreu para a produção do resultado naturalístico.
Pouco importa o grau de contribuição. Basta que tenha contribuído para o
resultado material.

Como é verificado se o antecedente é a causa do resultado? Por meio do


juízo hipotético de eliminação.

Suprime-se mentalmente determinado fato que compõe o histórico do


crime: se desaparecer o resultado naturalístico, é porque era também sua
causa.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

EXEMPLO:

“A” matou “B”. Alguns antecedentes do crime, dentre os quais podemos


sugerir os seguintes:
1º) a produção do revólver pela indústria;
2º) aquisição da arma pelo comerciante;
3º) compra do revólver pelo agente;
4º) refeição tomada pelo homicida;
5º) emboscada;
6º) disparo de projéteis na vítima;
7º) resultado morte.
Dentro dessa cadeia de fatos, excluindo-se os fatos sob nos números 1 a 3, 5 e
6, o resultado não teria ocorrido. Logo, são considerados causa. Excluindo-se o
fato sob o número 4 (refeição), ainda assim o evento teria acontecido. Logo, a
refeição tomada pelo sujeito não é considerada causa.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

A teoria permite o regresso infinito? Imagine: “A” matou “B”.


Consequentemente, poderiam ser seus pais responsabilizados, pois sem a
concepção do filho a vítima não teria morrido. E assim sucessivamente,
até o primeiro dos seus antepassados.

Para que um acontecimento ingresse na relação de causalidade, não basta


a mera dependência física. Exige-se ainda a causalidade psíquica,
reclama-se a presença do dolo ou da culpa por parte do agente em
relação ao resultado. Observe:

A venda lícita de uma arma de fogo, por si só, não ingressa no nexo causal
de um homicídio com ela praticado. Entretanto, se o vendedor sabia da
intenção do comprador e, desejando a morte do ofendido, facilitou de
qualquer modo a alienação do produto, sua conduta será considerada
causa do crime.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Excepcionalmente, o Código Penal adota, no § 1º do art. 13, a teoria da


causalidade adequada, “in verbis”:

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui


a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

O art. 13 do Código Penal acolheu como regra a teoria da equivalência dos


antecedentes (caput, in fine) e, excepcionalmente, a teoria da causalidade
adequada (§ 1º), o que nos remete ao estudo das concausas.

Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da


conduta, influindo na produção do resultado naturalístico por ele dese-
jado e posicionando-se paralelamente ao seu comportamento, comissivo
ou omissivo.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Causas dependentes e independentes:

Dependente: é a que emana da conduta do agente, dela se origina, razão pela


qual se insere no curso normal do desenvolvimento causal. Existe
dependência entre os acontecimentos, pois sem o anterior não ocorreria o
posterior.

Independente: a que foge da linha normal de desdobramento da conduta. Seu


aparecimento é inesperado e imprevisível. É independente porque tem a
capacidade de produzir, por si só, o resultado. Pode ser de natureza absoluta
ou relativa, dependendo de sua origem.

Causa absolutamente independente: não se origina da conduta do


agente. Rompe o nexo causal. Pode ser preexistente, concomitante ou
preexistente.
Devem ser imputados ao agente somente os atos praticados, e não o
resultado naturalístico, em face da quebra da relação de causalidade (art. 13,
caput).
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

1. “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”,


atingindo-o em regiões vitais. O exame necroscópico,
todavia, conclui ter sido a morte provocada pelo
envenenamento anterior efetuado por “C”.

2. “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B” no


momento em que o teto da casa desaba sobre cabeça
deste último e o mata.

3. “A” subministra dose letal de veneno a “B”, mas, antes


que se produzisse o efeito almejado, surge “C”, antigo
desafeto de “B”, que nele efetua inúmeros disparos de
arma de fogo por todo o corpo, matando-o.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Causa relativamente independente:

Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente.


Daí serem relativas, pois não existiriam sem a atuação
criminosa.

São independentes, têm idoneidade para produzir, por si


sós, o resultado, já que não se situam no normal trâmite
do desenvolvimento causal.

Classificam-se em preexistentes, concomitantes e


supervenientes.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)
Exemplos:

“A”, com ânimo homicida, efetua disparos de arma


de fogo contra “B”, atingindo-a de raspão. Os
ferimentos, contudo, são agravados pela diabete da
vítima, que vem a falecer.

“A” aponta uma arma de fogo contra “B”, o qual,


assustado, corre em direção a movimentada via
pública. No momento em que é alvejado pelos
disparos, é atropelado por um caminhão, morrendo.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Efeitos jurídicos das causas preexistentes e


concomitantes relativamente independentes

Em obediência à teoria da equivalência dos antecedentes


ou conditio sine qua non, adotada pelo art. 13, caput, in
fine, do Código Penal, nas duas hipóteses o agente
responde pelo resultado naturalístico.

Suprima mentalmente a conduta do agente. O resultado


material teria ocorrido? Não, não teria ocorrido quando
e como ocorreu.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

“A”, com a intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo


contra “B”. Por má pontaria, atinge-o em uma das pernas, não
oferecendo risco de vida. Contudo, “B” é conduzido a um
hospital e, por imperícia médica, vem a morrer.

Há uma causa relativamente independente que não produz


por si só o resultado? Preexistente, concomitante ou
superveniente?

Incide a teoria da equivalência dos antecedentes ou da


conditio sine qua non, adotada como regra geral no tocante à
relação de causalidade (CP, art. 13, caput, in fine).

O agente responderá pelo resultado naturalístico?


RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)
Exemplos:

(1) Pessoa atingida por disparos de arma de fogo que,


internada em um hospital, falece não em razão dos
ferimentos, mas sim queimada por um incêndio que destrói
toda a área dos enfermos;

(2) Ferido que morre durante o trajeto para o hospital, em


face de acidente de tráfego que atinge a ambulância que o
transportava.

Há uma causa relativamente independente que


produz por si só o resultado? Preexistente,
concomitante ou superveniente?
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

É a situação tratada pelo § 1º do art. 13 do Código Penal:

“A superveniência de causa relativamente independente


exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”

Nesse dispositivo foi acolhida a teoria da causalidade


adequada. Logo, causa não é mais o acontecimento que de
qualquer modo concorre para o resultado.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Relevância da omissão

A omissão penalmente relevante encontra-se disciplinada


pelo art. 13, § 2º, do Código Penal:
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado;
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Exemplo: Policial que podia e devia agir para evitar homicídio.

Responderá por:

1. Omissão de socorro, previsto no artigo 135, Código Penal?

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível


fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Ou responderá por:

1. Homicídio, previsto no art. 121 do Código Penal?

Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

São os chamados crimes omissivos impróprios, espúrios ou


comissivos por omissão.

São aqueles em que o tipo penal descreve uma ação, mas a


inércia do agente, que podia e devia agir para impedir o
resultado naturalístico, conduz à sua produção.

Diferem dos crimes omissivos próprios ou puros, que não


alojam em seu bojo um resultado naturalístico. A omissão é
descrita pelo próprio tipo penal, e o crime se consuma com a
simples inércia do agente. Exemplos: arts. 135 e 269, Código
Penal.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Omissão de notificação de doença


Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade
pública doença cuja notificação é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Mas o que é dever de agir? Qual é o critério?


a) Legal;
b) Judicial;
c) Contratual;

O critério adotado é o legal (divergência)

É o poder de agir?
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Observe:

O art. 13, § 2º, do Código Penal, informa que não é suficiente


o dever de agir.

Exige-se mais: “A omissão é penalmente relevante quando o


omitente devia e podia agir para evitar o resultado”.

Poder de agir é a possibilidade real e efetiva de alguém, na


situação concreta e em conformidade com as circunstâncias
evitar o resultado.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Hipóteses de dever de agir

Estão disciplinadas pelas alíneas “a” a “c” do § 2º do art. 13 do


Código Penal, pelo qual o dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou


vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE/NEXO CAUSAL
(3º elemento do fato típico)

Hipóteses de dever de agir

Estão disciplinadas pelas alíneas “a” a “c” do § 2º do art. 13 do


Código Penal, pelo qual o dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou


vigilância (dever legal);
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado (garante);
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado (ingerência);
Teoria da imputação objetiva

Histórico:
1927, Karl Larenz (civilista):
- introduz no direito o conceito de imputação de Hegel
(filósofo);
- finalidade de distinguir as consequências de atos que
podem ser atribuídos ao acaso ou a conduta do ser humano;

1930, Richard Honing (penalista):


- introduz as ideias de Larenz para o Direito Penal;
- finalidade de criar critérios seguros para a atribuição de
um resultado ilícito a alguém;

1970, Claus Roxin (penalista):


- desenvolve a moderna teoria da imputação objetiva, na
obra “Reflexos sobre a problemática da imputação no direito
penal”.
Introdução

Teoria clássica, mecanicista:


Fato típico = elementos objetivos;
Culpabilidade = elementos subjetivos (dolo e culpa);
A causa, vontade da conduta, resulta no crime, independentemente
da vontade tocante à produção do resultado.

Teoria finalista
Fato típico= elementos objetivos e subjetivo (dolo e culpa);
Conduta dirigida a um fim.

EXEMPLO: Se “A”, fabricante de armas de fogo, produz uma arma


que posteriormente foi adquirida por “B” para matar “C”, não
poderá ser penalmente responsabilizado. Para a teoria clássica, por
ausência de culpabilidade; para a teoria finalista, porque o fato é
atípico (uma vez ausente o dolo ou a culpa)
Teoria da imputação objetiva

- Finalismo limita o tipo objetivo à relação de


causalidade de acordo com a teoria da equivalência
dos antecedentes;
- Não resolve todos os problemas inerentes à
imputação;
- Na teoria da imputação objetiva, o tipo objetivo
deixa de ser só causalidade e insere-se duas novas
elementares: criação de um risco proibido e
realização do risco no resultado.
Função da teoria da imputação objetiva

- Limitar a responsabilidade penal;


- Atribuição de um resultado a uma pessoa não é
determinado pela relação de causalidade;
- É necessário outro nexo, de modo que esteja presente a
realização de um risco proibido pela norma;

Deveria ser chamada, então, de teoria da “não imputação”;

Imputação objetiva é diferente de responsabilidade objetiva;


De acordo com a teoria, não basta a relação de causalidade para
imputação do resultado, devendo estar presentes:

1. Criação ou aumento de um risco:


- Função do direito penal de proteção de bens jurídicos;
- Deve limitar-se a proibir ações perigosas, que coloquem em risco
esses mesmos bens;
- Risco é a ação que, por meio de uma prognose póstuma objetiva,
geram uma possibilidade de lesão ao bem jurídico (observe que há
um juízo de valor);

2. Risco criado deve ser proibido pelo direito:


Exclui os riscos permitidos, adota o princípio da confiança, exclui
condutas neutras, considera o comportamento exclusivo da vítima,
proibição de regresso;

3. Risco realizado no resultado. Exclui outros efeitos reflexos.


Exemplo:

Numa luta de “boxe”, um dos lutadores lesiona o adversário


com um soco, dentro das regras do esporte.

Responda:

Para qual teoria - clássica, finalista ou imputação objetiva – o


fato é atípico, analisado no âmbito da relação de
causalidade?

Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO CULPOSO. MORTE POR
AFOGAMENTO NA PISCINA. COMISSÃO DE FORMATURA. (...) AUSÊNCIA DE
PREVISIBILIDADE, DE NEXO DE CAUSALIDADE E DA CRIAÇÃO DE UM RISCO NÃO
PERMITIDO. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA. (...) 3. (...) a vítima afogou-se
em virtude da ingestão de substâncias psicotrópicas, o que caracteriza uma
autocolocação em risco, excludente da responsabilidade criminal, ausente o
nexo causal. 4. (...) necessária é a demonstração da criação pelos agentes de
uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto
é inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das
substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa.
(...) vigora o princípio da confiança, as pessoas se comportarão em
conformidade com o direito, o que não ocorreu in casu, pois a vítima veio a
afogar-se, segundo a denúncia, em virtude de ter ingerido substâncias
psicotrópicas, comportando-se, portanto, de forma contrária aos padrões
esperados, afastando, assim, a responsabilidade dos pacientes, diante da
inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a atipicidade da
conduta. (STJ, HC 46.525/MT, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA
TURMA, julgado em 21/03/2006, DJ 10/04/2006, p. 245)
Conclusões

- A teoria da imputação objetiva cria um conceito de


causalidade normativa, ou seja, não natural, em oposição à
causalidade natural presente na teoria finalista;

- Tenta resolver no âmbito do fato típico certos casos que para


as demais teorias seriam solucionados em outros aspectos, com
a ilicitude e a culpabilidade;

- Uma vez concluída pela não imputação objetiva, afasta-se o


fato típico, sendo a conduta atípica.

Atualmente, há dois estudiosos sobre o assunto, o próprio Claus


Roxin e Günther Jakobs;

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