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Sumário
_____________________________PONTOS-CHAVE_______________________________
• Linfonodectomia axilar, radioterapia adjuvante, obesidade e infecções são os maiores
fatores de risco para o linfedema pós-mastectomia;
• Prevalência de fisioterapia pós linfonodectomia axilar: 20%;
• Prevalência de fisioterapia pós linfonodectomia axilar mais radioterapia adjuvante: 34%;
• Prevalência após biópsia do linfonodo sentinela: 5%;
• Realizar fisioterapia no primeiro ano de pós-operatório reduz a chance de ter linfedema
em 78%;
• Musculação não causa linfedema; pelo contrário, melhora o quadro;
• Sensação de peso no braço que não melhora com o repouso pode ser sinal de linfedema
subclínico;
• A terapia sistêmica e/ou hormonioterapia não são consideradas fatores de risco para a
ocorrência de linfedema;
• Viajar de avião, medir pressão no membro, se expor ao calor e carregar peso não causam
linfedema;
• O tratamento padrão ouro para o linfedema é a Fisioterapia Complexa Descongestiva;
• Novas terapêuticas vem sendo propostas para serem associadas ao tratamento do
linfedema: pressoterapia, laserterapia, terapia por ondas de choque e autovestimentas.
Atualmente entre 30% a 50% das pacientes ainda necessitarão de linfonodectomia axilar
clássica como parte do tratamento cirúrgico.
Uma vez realizada a remoção dos linfonodos, os principais coletores linfáticos que ali
desembocam ficam sem o caminho para dar continuidade à drenagem linfática. A ausência dos
linfonodos gera uma obstrução do sistema linfático, levando a uma sobrecarga funcional do
sistema linfático onde o volume da linfa excede o seu transporte pelos coletores e absorção pelos
capilares.
O linfedema nem sempre surge logo após a cirurgia, pode aparecer meses ou anos depois.
Isto justifica-se pela retirada dos linfonodos regionais e pela retração cicatricial pós-cirúrgica e
pós radioterapia, gerando lesão dos vasos linfáticos ou linfonodos e bloqueio do fluxo linfático.
O linfedema também pode ser causado por invasão tumoral dos gânglios linfáticos, aderências
cicatriciais, infecções, obesidade e envelhecimento.
No geral, a prevalência do linfedema varia entre 9 e 40%, sendo 24% a 49% após
mastectomia, 4 a 28% após a tumorectomia com dissecção axilar e 5 a 34% após cirurgia e
radioterapia. Se fizermos um cálculo baseado nas estimativas de câncer de mama no Brasil cerca
de 3 mil a 5 mil pacientes ao ano com câncer de mama desenvolverão linfedema.
A abordagem axilar do primeiro nível dos linfonodos axilares já pode acarretar risco de
linfedema, devido à maior rede linfática estar localizada nesse nível. O risco aumentado pode
também ser observado em estudos que compararam a ocorrência de linfedema em mulheres
submetidas à biópsia do linfonodo sentinela (BLS). Porém, a BLS tem apresentado risco
significativamente menor (aproximadamente 5%) de ocorrência de linfedema quando comparado
à linfonodectomia axilar.
A radioterapia também desempenha um fator de risco associado ao linfedema. Ela não
foi fator de risco para o linfedema quando realizada após ressecção segmentar da mama ou no
plastrão, mas sim se realizada nas cadeias de drenagem.
A terapia sistêmica e/ou hormonioterapia não são consideradas fatores de risco para a
ocorrência de linfedema3.
O método mais utilizado na prática clínica pela sua praticidade é a perimetria. Para isso
pontos equidistantes são marcados nos membros bilateralmente. O diagnóstico é feito através dos
valores das circunferências correspondentes com diferença maior que 2 cm do membro afetado
em dois pontos ou mais, equivalente ao do membro contralateral.
Os valores de corte para linfedema de membro superior mais aceitos na literatura são
acima de 200ml ou 10% de diferença do membro afetado em relação ao controle. Considera-se
linfedema leve uma diferença < 3 cm, moderado de 3 a 5 cm e severo acima de 5 cm.
O linfedema apresenta quatro estágios cujo quadro clínico de progressão é confuso devido
a falta de consistência nas definições e dos métodos de avaliação na literatura.
De acordo com a ISL International Society of Lymphology, o linfedema tem 4 graus,
conforme tabela abaixo:
Estágio 0: condição latente ou sub-clínica. O paciente refere sensação de peso, mas o inchaço
não é ainda evidente. Pode existir meses ou anos antes do aparecimento do linfedema.
Estágio 1: há pouco edema tecidual, com aparente depressão na palpação, sem fibrose e
reversível espontaneamente com degravitação dos membros. Apresenta fluído com presença de
proteínas. Pode aparecer o sinal de cacifo ou Godet.
O tratamento é dividido em duas fases. A primeira etapa é uma fase intensiva, denominada
descongestiva, onde a frequência do tratamento é maior, podendo ser diária ou em dias
alternados. O objetivo é a maior redução do volume do membro possível. Tem duração de 2 a
8 semanas. Na segunda fase, após o desaparecimento do edema palpável, obtém-se a fase de
manutenção, onde o paciente deve conter o volume retirado com compressão elástica apropriada
e manter os cuidados com a pele e os exercícios miolinfocinéticos.
Fase 1 Fase 2
Drenagem linfática manual Drenagem linfática manual (menor
frequência)
Enfaixamento multicamadas Uso de braçadeira ou meias
compressivas
Pressoterapia Cuidados com a pele
Cuidados com a pele Exercícios miolinfocinéticos
Exercícios miolinfocinéticos Pressoterapia (manutenção)
Drenagem linfática Manual (DLM)
O objetivo global da DLM no tratamento do linfedema é traçar nova rota do fluxo de líquido
linfático estagnado em torno de áreas bloqueadas e direcionar para vasos linfáticos saudáveis,
que drenam para o sistema venoso. Nos linfedemas de membro superior, é necessário
reencaminhar o fluxo de líquido estagnado no interstício em direção aos linfonodos axilares do
lado oposto. Para isso utilizamos as vias de interanastomoses axilo- axilar anterior e posterior e
interanastomose axilo-inguinal e as vias derivativas cefálica e posterior.
A drenagem linfática manual deve começar de proximal para distal e deve ser feita lenta e
suavemente. A DLM não é capaz de disseminar o tumor e criar mestástases. É um procedimento
seguro a ser feito em pacientes com câncer e mesmo nas pacientes com linfedema metastático.
Figura 6: Figura ilustrativa das vias derivativas de drenagem, cefálica e posterior respectivamente
Bandagens multicamadas
Outro fator importante para o retorno linfático e venoso é o movimento muscular e articular.
A compressão da bandagem multicamadas fornece uma força contrária à musculatura, ou seja
quando o músculo se contrair contra um superfície pouco elástica, o tecido não cederá e
aumentara assim a eficiência de drenagem linfática. A isso chamamos de pressão de trabalho.
As bandagens devem ser aplicadas sobrepostas na horizontal ou escama de peixe. A
sobreposição das camadas inelasticas somam-se formando um tecido mais rígido, chegando a
pressões mais elevadas, necessárias para reabsoração do linfedema, porém sem causar
garroteamento.
Por baixo das camadas de bandagens, usamos uma malha tubular e espumas de diferentes
espessuras para proteção de proeminências ósseas e uniformização da pressão no membro. O
enfaixamente deve ser trocado de 2 a 5 x na semana conforme a necessidade
Figura 7: Enfaixamento compressivo multicamadas
Exercícios miolinfocinéticos
Os exercícios são escolhidos para favorecer a drenagem da região afetada pelo linfedema e
em função das limitações apresentadas pelo paciente. Exercícios que estimulam uma boa
contração muscular são bem vindos. Diversos exercícios de musculação, pilates, yoga, tai chi
entre outras técnicas são bons exercícios miolinfocinéticos.
Vale lembrar que o levantamento de peso de forma lenta e progressiva não tem efeito
deletério sobre o linfedema, pelo contrário, resulta em redução dos sintomas e maior resistência
muscular.
Figura 11: Exercícios miolinfocinéticos
Os cuidados diários com a pele são essenciais. Medidas higiênicas e dietéticas melhoram o
aspecto da pele prevenindo infecções bacterianas (erisipelas) e micoses. Para isso deve-se lavar
bem os membros com água e sabão neutro, limpar bem as dobras e pregas cutâneas, hidratar
bem a região e manter o peso ideal través de uma dieta balanceada.
O paciente deverá ser sempre orientado quanto o que pode ou não fazer.
O que fazer:
• Usar sempre suas vestimentas compressivas
• Use sabonetes neutros ou hipoalergênicos
• Manter o peso ideal
• Usar luvas de borracha nos serviços domésticos
• Usar luvas de borracha quando for trabalhar no jardim
• Cuidar com queimaduras quando for cozinhar
• Manter a pele saudável, bebendo água e usando hidratantes neutros. Pele ferida ou
machucada é porta de entrada para erisipela.
• Usar vestimentas compressivas quando viajar de avião ou longas viagens de carro.
• Fazer exercícios físicos usando suas vestimentas compressivas, elas ajudam no retorno
linfático.
• Na praia ou piscina, cubrir o membro afetado com linfedema com uma toalha molhada
gelada
• Usar protetor solar
• Secar bem todas as dobras de pele e entre os dedos
A pressoterapia é um aparelho de drenagem linfática mecânica que tem uma luva inflável
e através do enchimento e esvaziamento cíclico das câmaras de ar, realiza continuamente a
drenagem linfática mecânica no paciente. Os primeiros modelos na década de 50, tinham
vestimentas com uma única câmara, o que acabava por gerar uma única pressão em todo o
membro e se mostrava ineficaz e maléfica ao sistema linfático. Atualmente as vestimentas são
multicâmaras, variando entre 3 a 21 células interligadas. As máquinas podem vir com um
gradiente de pressão pré determinado, ou pode ser ajustado pelo terapeuta. Deve –se graduar a
pressão de forma decrescente em 20% de distal para proximal.
Se o equipamento não possuir o modo pré terapia, o fisioterapeuta deve iniciar o processo
com DLM, priorizando as vias de interanastomoses proximaos. O fisioterapeuta deve estar
atento para a formação do anel fibroso em raiz de membro.
O mecanismo do laser no corpo humano se dá quando parte da luz é absorvida pelo tecido
gerando um fenômeno fotobiológico na célula que promove ações analgésicas, anti-
inflamatórias, anti-edematosas, anti-fibronolíticas e de reparação tecidual.
O sucesso da terapia com laser em baixa intensidade dependerá do cálculo ideal da dose a
ser irradiada e dos parâmetros do laser. O número de sessões é variável, podendo ser
diariamente ou semanalmente.
Autovestimentas
A terapia extracorpórea por ondas de choque (TOC) é definida como uma terapia
alternativa não invasiva onde uma onda mecânica sonora caracterizados por alta pressão de pico
seguido de uma diminuição até a pressão atmosférica é capaz de causar mecanotransdução nos
tecidos biológicos.