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Faculdade de Direito de Lisboa – Ano letivo 2018/2019

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II

Casos Práticos- Interpretação da Lei

Caso Prático 1

Identifique os elementos de interpretação presentes em cada uma das seguintes situações:

1) Para apurar o sentido a atribuir ao artigo Y do Código Civil,


socorro-mo do disposto no § x do BGB, que o inspirou e regula matéria
análoga;
2) O artigo X da nova lei de responsabilidade civil do produtor é equívoco; na
dúvida, socorro-me do disposto no artigo Y da lei antiga, que o inspirou e é
mais claro;
3) Aquando da preparação do CC de 1966, era dominante, na doutrina, a teoria
do facto passado. Para apurar o sentido a dar ao artigo 12.º desse Código, deve
procurar os sentidos que mais se coadunem com os postulados daquela teoria;
4) O artigo X da lei Y permite a uma parte que tenha celebrado um contrato com
outra, resolvê-lo se se verificar uma alteração imprevisível das circunstâncias
em que assentou a vontade de contratar. Sabendo que tal preceito foi criado
num contexto absolutamente excecional, de inflação descontrolada no país e
pós-guerra, para apurar o seu sentido, posso considerar que visa situações
muito residuais, e que escapem ao controlo das partes;
5) De acordo com o anteprojeto do artigo 11.º do CC “As normas excecionais
podem ser interpretadas extensivamente, mas não comportam aplicação
analógica se as normas gerais correlativas contiverem princípios essenciais
de ordem pública”. O trecho “se as normas gerais correlativas (…)” foi
eliminado nas revisões ministeriais. Não posso, pois, interpretar o atual artigo
11.º como vedando apenas a aplicação analógica de regras excecionais que
colidam com princípios do sistema;
6) Quanto a uma lei que preveja um subsídio apenas para doentes do sexo
masculino, interpretando-a à face do artigo 13.º CRP, devo entender que
também abrange doentes do sexo feminino;

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7) Se o objectivo da Lei X/2010 é proibir que os visitantes do ZOO interfiram


com a dieta dos animais, a expressão é “proibido lançar comida” deve
entender-se que abrange comida e bebidas;
8) Pretendendo saber se o incumprimento do contrato de compra e venda confere
ou não direito a uma indemnização pelo interesse contratual positivo, posso
socorrer-me da disposição X da Lei que regula o contrato de permuta onde
essa indemnização é expressamente reconhecida;
9) O artigo X do Código do Trabalho determina que no procedimento tendente à
aplicação ao trabalhador da sanção disciplinar de despedimento com justa
causa, este deve ser ouvido antes da decisão. Apesar do artigo y, que se reporta
ao mesmo procedimento, mas na hipótese de a sanção a prever ser a perda de
dias de férias nada referir, deve entender-se que o trabalhador também tem que
ser ouvido antes da decisão.

Caso Prático 2

Na sequência de uma grave crise económica e financeira, e depois de terem sido


tornadas públicas estatísticas do INE que davam conta da insolvência e do encerramento
de centenas de pequenas e médias empresas incapazes de resistir à crise, só no ano de
2089, é aprovada, sob proposta do partido do Governo (cuja principal promessa eleitoral,
inscrita no respetivo programa, era tomar medidas de auxílio às empresas em crise) a Lei
n.º 1/2090, de 3 de janeiro, que adita ao Código do Emprego, entre outros, os seguintes
preceitos: «(artigo 281.º) 1 – As empresas que, por motivos de mercado, atravessem uma
situação de quebra da procura dos seus serviços, poderão reduzir temporariamente o
período de trabalho dos respetivos trabalhadores».

Após a passagem do Carnaval, o hotel «Quem fica, Paga, Lda.» situado em Faro,
registou uma acentuada quebra na procura dos seus serviços, ficando praticamente sem
hóspedes e só recebendo esporadicamente alguns eventos. Essa quebra era mais ou menos
normal naquela época do ano e depois compensada nos meses seguintes. Porém,
invocando o disposto na Lei n.º 14/90, a administração decidiu, a 1 de março, reduzir até
junho o período de trabalho dos seus funcionários, com a corresponde redução na
retribuição.

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RICARDO REIS, rececionista do Hotel «Quem Fica, paga, Lda», foi um dos
trabalhadores atingidos pela redução, o que o indignou profundamente. Considera o
trabalhador que a Lei não visava este género de situações; mas a Administração do Hotel
contrapõe i) que nada literalmente o exclui, invocando ainda a seu favor o
ii) facto de este regime da redução do período de trabalho dos trabalhadores ter sido
inserido numa Secção autónoma do Código do Emprego intitulada «mecanismos de
gestão» (o que sugeriria que a medida é uma decisão normal de gestão da empresa) e não
junto do já existente regime da suspensão de contratos de trabalho por motivo de crise
empresarial.
Esta suspensão, por seu turno, nos termos do artigo 29.º desse Código, depende “da
indispensabilidade da medida para assegurar a viabilidade económica da empresa” – o
que a administração reconhece, em nenhum momento, ter estado em causa. Quid iuris?

Caso Prático 3

Suponha que, nos termos do artigo x da Lei n.º 1/2012, que regula os contratos
celebrados à distância por consumidores finais:
«O consumidor que contratou o fornecimento de um bem à distância pode
“desistir” do contrato sem pagamento de indemnização e sem necessitar de indicar
qualquer motivo no prazo de 15 dias contados da data da celebração do mesmo».

JOANA, pobre octogenária que vive da sua reforma, foi contactada no passado dia 1
de janeiro de 2013 telefonicamente pela sociedade Banguecoque, Lda., e aceitou por esse
mesmo meio contratar um serviço semanal de massagens tailandesas com o custo de
1.000 Euros por sessão. Depois de conversar com a filha, apercebeu-se que tinha
cometido um erro e decide desistir do negócio. Nesse sentido, manifesta essa mesma
intenção à Banguecoque, Lda., no dia 5 de janeiro de 2013 invocando o disposto no artigo
x da Lei n.º 1/2012. Chegando à conversa com o gerente, o mesmo defende que tal só será
possível se indemnizar a Sociedade dos danos que sofreu com a resolução do contrato,
argumentando:
• que as massagens tailandesas são um “serviço” e não um “bem”, conforme
enuncia o artigo x da Lei n.º 1/2012

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• que, em caso de dúvida, aquele normativo sempre deveria interpretar-se em face


do artigo y da Lei n.º 2/2010, que regula os contratos celebrados à distância entre
empresas, nos termos do qual: “A empresa que adquira o bem ou subscreva o
serviço pode revogar a sua declaração negocial antes de esta ser conhecida da
contraparte; depois deste momento, só poderá desistir do negócio indemnizando
os danos causados”;
• com uma anotação ao artigo x da Lei n.º 1/2012, elaborada pelo Professor Doutor
ÁLVARO DE CAMPOS, ilustre catedrático da Faculdade de Direito da
Amadora, encarregue do Anteprojeto desse diploma onde pode ler-se: “entende-
se, efetivamente, como opção mais adequada em termos de política legislativa
que a prestação de serviços não fique sujeita ao mesmo regime que a aquisição
de bens”. QUID IURIS?

Caso Prático 4

A 2 de maio de 2012 entra em vigor a Lei n.º x/2012 (uma lei de autorização
legislativa) que dispõe o seguinte:

“ Artigo 1.º
Objeto
É concedida autorização legislativa ao Governo para alterar o Estatuto Geral das
Instituições de Ensino Superior Portuguesas, aprovado pela Lei n.º y/1999, de 1 de
dezembro.

Artigo 2.º
Sentido
A presente autorização legislativa é concedida para permitir ao Governo introduzir
limitações no consumo de bebidas alcoólicas em ambiente letivo, nas Instituições de
Ensino Superior Portuguesas.

Artigo 3.º
Extensão
A autorização habilita o Governo a:

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a) Estabelecer proibições de consumo de bebidas alcoólicas para os membros


da comunidade educativa, em certos contextos;
b) Estabelecer limitações que dificultem o consumo dessas mesmas bebidas;
c) […]”.

Nessa sequência é aprovado o Decreto-Lei n.º z/2012 (Decreto-Lei autorizado), o


qual entra em vigor a 13 de maio de 2012 e reza o seguinte:

“Considerando que o Regime Geral das Instituições de Ensino Superior


Portuguesas é um instrumento legislativo que permite a prossecução de outro objetivos
de interesse público, além da definição da organização e funcionamento dessas mesmas
Instituições, o Governo decidiu revê-lo no sentido de introduzir limitações ao consumo
de álcool nas instituições de Ensino Superior Público Portuguesas.
Assim:
No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º x/2011 e nos termos das
alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º
O artigo x do Estatuto Geral das Instituições de Ensino Superior Portuguesas, aprovado
pela Lei n.º y/1999, de 1 de dezembro, passa a ter a seguinte redação:

«Artigo x
Docentes
1 – É proibido o consumo de bebidas alcoólicas pelos docentes do Ensino Superior no
respetivo local de trabalho.
2 – A violação do disposto no número anterior constitui infração disciplinar grave»”.

A 24 de maio de 2012 teve lugar a tradicional Festa da Cerveja organizada pela


Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, a qual se realiza à noite e
depois das aulas do turno noturno, nas instalações da própria Faculdade.
O Dr. FELISBERTO, jovem assistente de Teoria Geral do Direito Civil, retomando
uma prática seguida nos tempos de estudante, e para comemorar o facto de, pela primeira
vez, ter atribuído 16 valores em avaliação contínua, decide ir à Festa e, acedendo ao

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convite de um amigo, lá bebe um copo de cerveja. Sai porém, cedo e bastante lúcido, para
continuar o serão trabalhando alegremente na sua tese.

No dia seguinte é chamado ao gabinete do Diretor, o qual o informa de que contra ele
foi aberto um procedimento disciplinar por violação do disposto no artigo x do Estatuto
Geral das Instituições de Ensino Superior Público Portuguesas, na redação do DL z/2012.
O Dr. FELISBERTO considera que a proibição aí contida não se aplica ao seu caso pois
que tal interpretação violaria o seu direito ao livre desenvolvimento da personalidade,
constitucionalmente previsto (cf. artigo 26º/1 CRP). O Diretor, porém, não é da mesma
opinião: segundo aquele, tendo em conta que no Anteprojeto do atual Estatuto constava
a proibição de consumo de bebidas alcoólicas “no decorrer das aulas” e essa expressão
foi substituída pela redação atual, não haveria base para se estabelecer qualquer restrição.
Quid iuris?

Caso Prático 5

Suponha que, do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 1/2016, de 1 de janeiro, que veio
estabelecer o regime jurídico do estabelecimento em território português de bancos
estrangeiros, consta o seguinte: «os bancos que pretendam exercer atividade em Portugal
sem abrir uma sucursal em território nacional devem requerer autorização para o efeito
ao Banco de Portugal».

Admitindo que:

1.º) O diploma em causa havia sido aprovado pelo Conselho de Ministros, após
proposta do Ministro das Finanças, que por sua vez havia encomendado a elaboração de
um anteprojeto de Decreto-Lei à sociedade de advogados «ZCCP – Zé Cerdo, Chico
Panças & Associados». No texto explicativo que acompanhava o anteprojeto enviado ao
Ministério das Finanças, a ZCCP deixava claro que o artigo 1.º apenas se aplicava a
bancos que tivessem a sua sede fora dos Estados-Membros da União Europeia. O
Ministério das Finanças não enviou, porém, esse texto explicativo aos restantes membros
do Governo e, declarações do Secretário de Estado da Presidência do Conselho de
Ministérios à imprensa no dia da aprovação do Decreto-Lei n.º 1/2011 davam a entender

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que os membros do Conselho de Ministros não tinham pensado nessa distinção, ao


aprovarem o diploma em questão;

2.º) O Preâmbulo do diploma reza o seguinte: «na sequência da crise financeira vivida
pelo país e dos seus impactos no setor financeiro, afigura-se imprescindível para garantir
a estabilidade do setor, impor um efetivo controlo por parte do Banco de Portugal das
Instituições de crédito que desenvolvem ou querem desenvolver atividade no nosso país»;

3.º) Nos termos do artigo 3.º do Regime Geral das Instituições de Crédito, aprovado
pelo DL n.º 289/92 de, 31 de Dezembro os Bancos são apenas um dos tipos de Instituições
de Crédito; existem outas, designadamente as caixas económicas, a Caixa Central de
Crédito Agrícola Mútuo, etc;

4.º) Do DL em causa foi aprovado no uso de uma autorização legislativa da AR. No


artigo 4.º da respetiva lei pode ler-se que «fica o Governo autorizado a impor limitações,
no acesso à atividade em Portugal de Instituições de crédito estrangeiras, tendo em
atenção as particularidades que resultam da inserção de Portugal no contexto europeu»;

5º) O artigo 18.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia proíbe qualquer
discriminação em função da nacionalidade entre pessoas de Estados Membros e o
Supremo Tribunal Administrativo já tinha sufragado este mesmo entendimento;

Responda às seguintes questões:


1. Pode o BI (Banco Italiano) começar a desenvolver atividade em Portugal sem
solicitar autorização do Banco de Portugal nem ter cá uma sucursal?
2. Está Caixa Económica XPTO, cipriota, obrigada a cumprir os requisitos impostos
pelo DL 1/2016 para desenvolver atividade em Portugal?

Caso Prático 6

Suponha que no artigo xº do Código das Sociedades Comerciais se dispõe: “No caso
das sociedades por quotas, é proibida a celebração de quaisquer negócios entre a
sociedade e o sócio”.

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CARLOS PEDRO, jovem executivo promissor, é sócio único da sociedade por quotas
unipessoal “CÃEZINHOS DE LOIÇA”, Lda. Poderá CARLOS PEDRO vender a mobília
do seu escritório particular à sociedade, a fim de mobilar a respetiva sede?

Suponha que CARLOS PEDRO com 17 anos, já revelava uma maturidade excecional
para a idade: cuidava dos negócios de uma loja da família, era responsável pelos irmãos
mais novos e discutia política “como gente grande”. Poderia, invocando que as razões
subjacentes ao disposto no artigo 122.º do Código Civil já estão, quanto a ele,
asseguradas, exigir votar nas eleições presidenciais de 2011?

Caso Prático 7

Suponha que na Lei Eleitoral da Assembleia da República, aprovada pela Lei n.º x/76,
de 25 de abril, se dispõe:
“(artigo 1.º)
No exercício do direito de voto, o eleitor deverá deslocar-se sozinho até à cabine de
voto.

(artigo 2.º)
A violação do disposto no número anterior constitui crime eleitoral, punível com pena
de seis meses a um ano de prisão, no caso do eleitor, e de um a dois anos de prisão, no
caso acompanhante”.

FILOMENA, fiadeira octogenária residente no Vale de Santarém, cegou de tanto


chorar pelo neto CARLOS, que partiu para a guerra. Impossibilitada de ler os boletins de
voto e assinalar o seu voto, nas últimas eleições legislativas, deslocou-se à Assembleia
eleitoral na companhia da neta JOANINHA – que a acompanhou à cabine, leu os partidos
que concorriam e assinalou o “x” na opção correspondente à vontade da avó.

Agora estão ambas acusadas do crime previsto na Lei x/76.

Inconformada que a avozinha passe os últimos dias de vida na prisão, JOANINHA,


que fez o primeiro ano de Direito na FDL, argumenta que nenhuma das duas cometeu

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crime algum pois que “ao criar a lei o legislador não pensou em casos como estes e se
tivesse pensado não teria querido que a lei lhes fosse aplicável”. Quid iuris?

Caso Prático 8

Suponha que está em vigor a Lei nº 1/2015, que se reporta ao funcionamento dos
Jardins Zoológicos e outros espaços lúdicos com animais, abertos ao público. Nos termos
do artigo 1.º dessa Lei:
“1 – É proibido alimentar os animais.
2- Esta proibição não se aplica aos visitantes”.

FELISBERTO decidiu levar a filha, NININHA, ao ZOO no dia de 1 de junho e, como


não é particularmente versado em Direito, pergunta-lhe a si se, face a esta Lei, NININHA
poderá ou não dar amendoins aos macacos.

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