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O ensino e a aprendizagem

da pronúncia do inglês
Andréa Machado de Almeida Mattos
Ricardo Augusto de Souza
~ UFMG

Neste capítulo1, visitaremos algumas idéias sobre o ensino e a


aprendizagem de um aspecto muito importante da competência
lingüístico-comunicativa em língua inglesa: a pronúncia. Para iniciar
nossa visita, gostaríamos de compartilhar com vocês um evento da
vida profissional de uma colega nossa.
Ana Cristina ensinava inglês para diversas turmas de várias séries
do ensino fundamental e médio. Ana é uma professora que
realmente gosta de sua profissão e acreditava que ela pode ajudar
seus alunos a crescer dos pontos de vista intelectuat pessoal e,
quem sabe, profissional através da aprendizagem da língua inglesa.
A série didática que ela adotava com suas turmas do ensino
fundamental era um de seus livros preferidos. Ana ficava
especialmente satisfeita por ter, inclusive, o jogo de fitas cassetes
que acompanhavam o material e de sempre planejar o uso delas em

1
Agradecemos a nossa colega, Profa. Heliana Ribe_ir~ ~e Mello, da Faculdade
de L_etras da UFMG, por ter trocado valiosas ideias conosco du~ante o
surgnnento das primeiras idéias e do planejamento que deram ongem a
este capítulo.

83
. a rendizagem de inglês...
PAIVA. Pr6ticas de ensino e p

rópria Ana trazia uni pequeno som portátil quand0


suas aulas. A P _ fi" d . • . ,
. t
ela queria oca r alguma gravaçao da ta o materzal dzdatico 0u
alguma canção da m~da para trabalhar com seus alunos. ~uma
manhã de segundajeira, Ana encontrava-se pront~ p~ra dar znício
a uma ª ,.,,1a· d,;, uma de suas turmas da 6a serze do ensino
1
1., •

fundamental. Naquela manhã, 1na co1neçarz~ ~,na nova unidade


no ,naterial didático, que fornecia algumas aflvLdades: um diálogo
escrito acompallhado pela gravação, a apresentação de vocabulário
sobre esportes, seguida de alguns exercícios (Ana já via ali uma
idéia ótima de ellvolver os alunos em um 1nini-projeto junto com
os professores de Educação Física!); uma seção apresentando e
prnticmzdo a pronúncia de um som de vogal do inglês e depois o
padrão sonoro de palavras compostas e apresentação e prática do
"Presellt Continuous Tense". Ao planejar aquela aula que estava
prestes a começar, contudo, Ana tomou unta decisão que ela tomava
com bastante freqüência: ela iria pular a seção de pronúncia. Afinal,
aqueles exercícios eram, na percepção de Ana, tão mecânicos e tão
abstratos! Não seria meio chato passar por eles? Ana sinceramente
acreditava que se algum de seus alunos tivesse vocação para
pronunciar bem o inglês, isso viria naturalmente, coní o tempo.
Além disso, a própria Ana às vezes se sentia bastante insegura
quanto a como ensinar a pronúncia do inglês e quanto ao seu
próprio conhecimento e comando deste aspecto da língua ...
A decisão de Ana para aquela aula com a 6a série da manhã de
segunda-feira não nos parece solitária. Por vários motivos, muitos
professor~s de inglês costumam deixar o ensino da pronúncia de
lad?, ou sunplesmente não planejam sua inclusão nos programas de
ensmo por el_es elaborados. Ao mesmo tempo, parece difícil negar
que ª ayr~nd izagem da pronúncia de uma língua estrangeira é uma
parte tao nnportante neste processo como aprender o vocabulário e
a es~rutura gramatical ou aprender a ler e escrever. Se nós
considerarmos que a ·d d
capaci ade de expressar-se oralmente e e
compreender a express~ d • ·d d s
. , . ao ora1 e outras pessoas são habih a e
nnportantíssnnas na apre d · rn
0 ob · ti. d , n IZagem de uma língua estrangeira co
Je vo e usa-la para a c · 't· da
a relev" • d omunicação, então fica ainda mais ro 1
ancia a pronúncia.

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MATTOS; SOUZA. O ensino e a aprendizagem ..., p. 83-102.

Por outro lado, seria interessante darmos ouvido à percepção de


nossa colega Ana. 1?- pronúncia não é algo que virá naturalmente
para aqu~les que, ª:611ª1,tenham vocação para vir a falar o inglês? É
verdadeiramente importante ensiná-la? Para debatermos essas
questões, seria uma boa idéia tentarmos ver mais claramente a
natureza da relevância da pronúncia à qual nos referimos
anteriormente. Vamos pensar um pouco sobre isso? Antes de
continuar sua leitura, pense um pouco na questão abaixo.

O aprendizado da pronúncia de uma língua deve ser visto como uma


atividade isolada da aprendizagem de outros aspectos?

Para refletirmos sobre essa questão, passemos à próxima seção.

1-A natureza da pronúncia


A pronúncia não é apenas uma habilidade isolada, pouco
relacionada com outros aspectos do conhecimento que temos de uma
língua, mas sim um aspecto central da comunicação. Um exame de
dois aspectos da pronúncia, a ocorrência de sílabas tônicas e a
entonação, já é suficiente para defendermos esta perspectiva.
Pennington (1996) argumenta que todos os elementos da
fonologia, ou seja, da dimensão sonora da língua, interagem
intimamente com os demais aspectos de sua estrutura e de seu uso.
Para exemplificar este ponto de vista, a autora nos chama a atenção
para um dos fatos acerca do léxico (vocabulário) do inglês: em alguns
itens lexicais, a mudança de sílaba tônica pode fazer com que uma
palavra de uma dada classe, ou parte do discurso (ex. : verbo,
substantivo), mude de classe e até mesmo mude seu significado
básico. Por exemplo, 0 verbo "to increase" passa a ser o s~b~tantivo
contável "increase" através de uma mudança de sílaba ton1ca. Nos

85
. rendizagem de inglês...
PAIVA. Práticas de ensino e ap

. íl ba tônica está marcada em caixa alta para


exemplos abaixo, ~ s !
facilitar sua visualizaçao.

l- The number of students inCREASED this year.

2- There was an. INe1'ease in the number of students this year.


1

Em um bom dicionário da língua inglesa, onde irúormações sobre


, · são representadas' a informação sobre ,a sílaba tônica é
a pronuncia
f omecida usualmente pela colocação do símbolo
b
[ ] antes dela. Se
b .
você procurar informações sobre os ver :te~ a a1xo e~ ~m
dicionário, você encontrará diferenças da pronuncia da sílaba toruca
associadas a diferenças da classe de palavras à qual cada palavra
pertence e até mesmo diferenças de significado básico.

decrease refuse
import ímprínt
extract escort

Um outro exemplo da relação entre fonologia e o uso da


linguagem sobre o qual Pennington (1996) e também Kenworthy
(1987) nos chamam a atenção é a maneira como a entonação afeta
nossa produção do discurso pela sinalização de significados tais como
atitudes pessoais, tonalidades emocionais e intenção. Observe os
mini-diálogos abaixo, onde o elemento d~stacado em negrito é aquele
que recebe maior ênfase na pronúncia, destacando o foco da
mensagem em questão. De fato, se pensarmos nos contornos
entonacionais que podemos dar aos enunciados, veremos que através
deles
. podemos não apenas comunicar um fato, mas emoldurar a
interpretação exata que almejamos através da denotação de
elementos tais como ênfase, impaciência, raiva, etc.
3- 1. A: Your brother washed the car yesterday.
B: No, I washed the car yesterday.
2. ~: Your brother washed the car yesterday.
B. No, he washed the bike yesterday.
3. A: Your brother washed the car yesterday.
B: No, he washed the car today.
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MATTOS · SOUZA O ·
' · ensino e a aprendizagem ... , p. 83-102.

Podemos ainda acrescentar aos fatos sobre os quais Pennington


(1996) nos chamaª ~te~ção um exemplo que revela a intimidade da
relação entreª pronuncia eª gramática na lfugua inglesa. O contorno
entonaci~nal de uma sen~ença simples, contendo a seqüência sujeito-
verbo-obJeto (S-V-O), vai mudar se na posição de objeto tivermos
um substantivo ou um pronome pessoal. Essa mudança é ilustrada
abaixo, onde o contorno entonacional, ou rítmico das sentenças, é
representado com o símbolo ( • ), indicando a intensidade da
pronúncia do item sobre o qual ele ocorre.

4- • • •
Paul drank the juice.

5- • • •
Paul drank it.

Vimos, então, que a aprendizagem de aspectos fonológicos da


língua inglesa tem, em última análise, relação muito próxima com a
aprendizagem do vocabulário, da estrutura gramatical e da produção
de sentido no discurso. Um próximo e importante passo é
examinarmos o que precisamos aprender e ensinar quando
aprendemos e ensinamos pronúncia. Antes de continuar sua leitura,
que tal pensar um pouco em tudo que estivemos discutindo até agora
e buscar responder à formulação da questão no quadro abaixo?

Quais são os componentes fundamentais do aprendizado da pronúncia


de uma língua?

Se nos voltarmos à aula para a 6a série do ensino fundamental


de nossa colega Ana Cristina, veremos que o trecho do livro didático

87
PAIVA. Próticas de ensino e aprendizagem de inglês ...

que ela decidiu saltar começava com a apresentação de ~ som de


vogal, ou som vocálico do inglês. Provavelmente, a unidade mais
fundamental do sistema fonológico não apenas do inglês, mas de
qualquer língua, seja o sistema de sons individuais, ou fonemas. Os
fonemas são usualmente agrupados em dois grandes grupos, os
vocálicos, que na escrita são representados pelas vogais, e os
consonantais, que na escrita são representados pelas consoantes.
Tal como a sílaba tônica, os fonemas costumam ser representados
nos dicionários através dos símbolos do IPA (Intemational Phonetic
Alphabet). É comum que os dicionários apresentem tabelas
comparando um símbolo fonético com a ortografia de palavras muito
conhecidas nas quais aquele fonema ocorre. Estas tabelas nos ajudam
muito a nos familiarizarmos com os símbolos do IPA. A tabela abaixo
ilustra esse tipo de informação através dos exemplos de três fonemas
do inglês:

CONSOANTE VOGAL

Fonema Palavra Outros Fonema Palavra Outros


chave exemplos chave exemplos

/8/ thank think, bath /e/ le t head, red


/ó / then this, those /êe/ bat gas, man
/tJ/ cheese champion, /a:/ Cil,f fªther, heart
check

_du;a ;ez j11;1~os, os fone1nas fonnam as sílabas. As sílabas são


:1 a .esd on;l?g1cas geralmente formadas por um fonema vocálico
. meio e ois fonen1as consonantais. Contudo, no inglês não é
mcomum encontrarmos exen1 1 d
um grupo de consoante, s Tp os e palavras que são formadas por
• on1emos com 0
monossílaba "start" Usa d , exemp 1o a palavra
·
representada tal como abaixo:
°
n os srmbolos d 0 IPA , • •
, sua pronuncia sena

/ s t a: r t/
Vemos que a única sílaba da al "
grupo consonantal formado 1 fp avra start" começa com um
pe os onemas ; / / / .
um outro grupo consonantal fonn d s e t e tenmna com
a o pelos fonemas /r/ e /t/.
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MATTOS; SOUZA O ensino e a aprendizagem ... , p. 83-102.

As sílabas formam as palavras. Contudo, Kenworthy (1987)


nos lembra que, na fala, as palavras se juntam formando por vezes
seqüências sonoras que as fazem parecer muitas vezes uma única
palavra. O espaço em branco que vemos em uma folha de papel
quando estamos lendo, e que separa com precisão e elegância cada
uma das palavras de um texto, não se parece muito com o que
ouvimos quando as palavras formam frases e expressões na
linguagem oral. Para exemplificar, pense na maneira como você
pronunciaria as falas do garçon e as da freguesa nos mini-diálogos
abaixo. Você não une o som consonantal final das palavras com o
s01n vocálico seguinte?

WAITER: Are you ready to arder?


COSTUMER: Not yet.

WAITER: Here is your bill, madam.


COSTUMER: Thank you.

Nesses mini-diálogos é possível notar que, nas falas da freguesa,


Por exemplo a consoante final é pronunciada juntamente com a vogal
1

inicial da palavra seguinte. Este processo é chamad ~ d e 'Tmkmg " e


e' um dos processos fonolog1cos
' · ma comuns da lmgua
1
· 5
. . bo-em oral.
Devido a isso às vezes toma-se d1.fíc1·1 d e tenninar os limites de cada
palavra na faÍa contín~a. Observe os exemplos abaixo:

Ice-cream

89
. dizagem de inglês ...
PAIVA. Próticas de ensino e apren

.. ,.. • de sons nos exemplos acima é_exatamente a mesma·.


A sequencia .
.. / p e"m os limites das palavras sao diferentes, ou seJ·a,
/ aiskn.m . or ,
trata-se de uma diferença de junção. De acordo com Kelly (2000), se
analisarmos os dois exemplos mais detalhada;11ente, veremos que,
apesar de termos a mesma seqüên~ia de so~, ha p~quenas diferenças
na forma de produção das vogais e na articu~a~ao das consoantes
das duas seqüências, além de variações na torucidade das sílabas, 0
que permite que um ouvinte identifiqu~ onde se encontra a junção
das palavras em cada seqüência. Além disso, o contexto em que esses
exemplos são encontrados também auxilia na sua identificação.
Outros exemplos2 desse processo são:

That's my train It might rain


Toe great apes Toe gray tapes
Toe clock keeps ticking Toe kids keep sticking things on the wall

Como vernos, então, na linguagem oral as palavras se unem umas


às outras formando diferentes seqüências sonoras, mas pequenas
diferenças fonológicas e o contexto nos ajudam a compreendê-las.
Algumas vezes, ess a proximidade entre as palavras e a
velocidade com que elas são produzidas pelos falantes resultam na
alteração de alguns sons devido à influência sonora de sons
circunvizinhos, isto é, alguns sons adquirem as características sonoras
de outros. Esse processo é conhecido como assimilação e ocorre
principahnente no limite entre as palavras, mas pode ocorrer também
dentro das palavras. Vejamos alguns exemplos:

Could you lend me your book?


Would you like to go to the cinema?
Don' t you know the answer?
Haven't you heard the news?
We called you yesterday but you didn't answer the phone.

2
Kelly (2000).

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MATTOS · SOUZA O ·
, · ensino e a aprendizagem ..., p. 83-102.

: Tente pronunciar as frases acima cuidadosamente. Agora


tente pronunciar as mesmas frases de forma mais rápida, como se
você estivesse conversando com um colega. Você pode também pedir
a um colega para pronunciar as frases e prestar atenção a sua
produção, ou ainda, gravar as frases acima e depois ouvir a gravação.
Você verá que os sons das palavras se modificam na fala, ou seja,
muitos sons são produzidos de forma diferente quando estão
seqüenciados numa frase e possuem características diferentes das
suas características originais. Por exemplo, nas seqüências abaixo, o
som final da primeira palavra é palatalizado devido à influência do
som palataP que se segue:

Seqüências Sons originais Assimilação


Could you /kud/ /ju:/ /kud3ju:/
Wouldyou /wud/ /ju:/ /wud3ju:/
Don't you / dount/ /ju:/ / dountJju: /
Haven't you /hrevgnt/ /ju:/ /hrevgntJju: /
Called you /k:J:ld/ /ju:/ /k:J:ld3ju: /
Butyou /bAt/ /ju:/ /bAtJju:/

Uma outra possibilidade é o desaparecimento de um som para


facilitar a produção de uma <;1.eterminada seqüência sonora. ~ste
processo e chamado de elisão. E o que acontece nos exemplos abaIXo:

Seqüências Sons originais Elisão

Lendme /lend/ /mi:/ /lenmi:/

Heard the /h3:rd/ /8g/ /h3:r8g/

Didn' t answer / d1dnt/ / rens':Jr / / d1nrensgr /

3 . · ~ do céu da boca, que é também


Os sons palatais são produzidos na regiao
conhecida como palato.

91
PAIVA. Próticas de ensino e aprendizagem de inglês .. .

Estes processos são comuns em várias línguas, inclusive n


português. Pense em como você P:ºd~ziria estas palavras: caldo d~
cana. Você não une O final da prnneira palavra com a preposição
11
de"? Sua produção deve ser algo como /kald3ikana/, não é mesmo?
Esse também é um exemplo de elisão.
Alguns tipos de assimilação estão relacionados ao fato de que
os sons ou- fonemas de uma língua podem ser agrupados em duas
grandes famílias: a dos sons vozeados ou sonoros e a dos sons
desvozeados ou surdos. Os sons desvozeados ou surdos são aqueles
que, quando produzidos por alguém, são realizados sem vibração
das cordas vocais. Já com os vozeados ou sonoros ocorre alguma
vibração das cordas vocais, o que pode ser percebido colocando-se a
mão na altura do pomo de Adão em nossos pescoços. Veja, por
exemplo, a pequena diferença de dois sons muito próximos, o /v / e
o / f /. A diferença entre eles é que o / v / é vozeado, ao passo que o /
f / é desvozeado. Igualmente, o som/s /, tal qual ocorre em"sapato",
é desvozeado, ao passo que o som /z/, tal qual ocorre em "casa", é
vozeado.
Pois bem, para entender o que é a assimilação, também é fácil
pensar em exemplos em português. Observe:

os cavalos X os burros

Tente pronunciar os exemplos acima. Você verá que a produção


do artigo plural é diferente nas duas seqüências. No primeiro caso,
pronunciamos /os/ porque a palavra seguinte se inicia com um som
desvozeado: /k/ . Já no segundo caso, o artigo é pronunciado / oz/
porque o primeiro som da palavra seguinte é vozeado: /b / . Nós,
falantes nativos do português, fazemos isso sem perceber, mas
quando aprendemos uma língua estrangeira precisamos prestar
atenção a esses detalhes para que possamos desenvolver nossa
habilidade de pronúncia.
Como dissemos, os processos de assimilação podem ocorrer tanto
no limite entre as palavras quanto dentro delas. Já analisamos alguns
exemplos de assimilação entre palavras, então vejamos alguns
exemplos desse processo intra-palavras. Um exemplo clássico é 0
passado dos verbos regulares. Esses verbos formam O passado

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MATTOS; SOUZA O ensino e a aprendizagem ..., p. 83-102.

acrescentando-se -ed à forma do infinitivo. Porém, há três


possibilidades diferentes para a pron(mcia do passado desses verbos.
Quando a forma do infinitivo termina em um som vozeado, o passado
é pronunciado /d/. Quando a forma do infinitivo temtina em som
desvozeado, o passado é pronunciado / t/. E quando o infinitivo
termina em /d/ ou /t/, o passado é pronunciado /rd/. N ote que,
nos dois primeiros casos, o número de sílabas originais do verbo no
infinitivo não se altera, porém, no último caso, acrescenta-se mais
uma sílaba ao número original. É preciso, também, observar que a
grafia da palavra pode nos confundir. Muitos verbos em inglês são
terminados em "e", que é um som vocálico e, portanto, vozeado. No
entanto, muitas vezes esse "e" não é pronunciado, como nos verbos
taste, dance, hate, por exemplo. Observe os exemplos abaixo:

Verbo s terminados em som voz eado: clean cleaned /kli:nd/


rob robbed / r:J:bd/
play played / ple1d/
smile smiled / smatld/

Verbos tenninados em. som desvozeado: w ork w orked / w 3:rkt/


h elp h elped / helpt/
dance danced / d~nst/
laugh laughed / l~ ft/

Verbos terminados em /ti e !d/: w ait waited /we1t1d/


taste tasted / te1st1d/
hate hated / he1tid/
need needed / ni:d1d/
avoid avoided /~v01d1d /

Você poderá pensar que é difícil lembrar dessas regras quando


se está falando uma lmgua estrangeira. Afinal, é preciso pensar em
tanta coisa ao mesmo tempo que nossa mente não dá conta. ~a
verdade, não é tão difícil assim. Pense nos exemplos do portugues
que discutimos acima. Quando falamos " os b urros " e " os cavalos" ,
obedecemos aos mesmos princípios da assimilação que ,re_gulam o
passado dos verbos em inglês e jamais pensamos se o proxrmo so~
é vozeado ou não . Fazemos isso automaticamente, talvez ate
instintivamente. 0 que é preciso, então, para que isso também

93
. ndizagem de inglês ...
PAIVA. Próti~as de ensino e apre

,, gua estrangeira? Freqüentemente, ao buscar'I°)'\


aconteça na lm " . . .I.J.LOs
. naturalidade e fluenc1a, automaticamente aJ·usta
pronunciar com . . _ mos
estes padrões sonoros, pois sua articulaçao na verdade facilita a
emissão dos sons. Contudo, vale a pena le~bra,: que estamos falando
de sons, não de letras! Lembre-se que ~m mgles a ortografia guarda
pouca ou nenhuma relação com a realidade sonora daquela língu
(como nos exemplos . d o " e ,, f.ma1 em ,1tas t e ,,I ''ha t e " , ,1move" ea
"carne"). Mais uma vez, vale a nossa dica de que é sempre bom
verificarmos a pronúncia das palavras em um bom dicionário.
Um outro caso de assimilação importante na língua inglesa se
refere às palavras terminadas em Jls", como os plurais4• Há também
três possibilidades: quando o último som da palavra é desvozeado,
pronunciamos o plural em / s /; quando o último som é vozeado I

pronunciamos /z/; e quando o último som é sibilante, ou seja, /s/


/z/ IS! /3/ /tJ/ /d3/, pronunciamos /rz/. Nesse terceiro caso,
assim com no passado dos verbos, uma outra sílaba é acrescentada
ao final da palavra. Vejamos alguns exemplos:
Guest guests /gests/
Plant plants /pléents/
Bird birds /b3:rdz/
Chair chairs /tJe;:)rz/
Kiss kisses /k1srz/
Tendo visto vários aspectos reveladores da natureza da
pron~cia, ~gora é hora de refletirmos um pouco sobre idéias que
podenam. aJudar
. nossa arm·ga Ana C nstina
. . a mchur
. . em seu plano
de aula
,, atividades
, ,, que
. levem sua turma da 6a sene
,, . a se tomar mais
.
sensivel a pronuncia do inglês.

2- O Ensino de Pronúncia·· o que" ensinar.


. ?

i
i_mporta~t~ que os professores compreendam
que a uma sene de fatores que podem afetar a ":-::___.........--".'.":
4 Os mesmos princípios também se .
(call-calls, play-plays h t h aplicam para a terceira pessoa dos verbos
, , a e- ates etc) e . . ,
Rases, etc). ' casos possessivos (Bob's, Claire s,

94
MATTOS· SOUZA O ·
' · ensino e a aprendizagem ... , p. 83-102.

aquisiçã~ da pronúncia da. língua alvo. A influência da língua


rnatern~ e, talve~, 0 fator 1:1-ªi~ conh~cido, porém, outros fatores que
podem influenciar a ~ronuncia da lmgua alvo são: idade, exposição
prévia à língua alvo, ~trução prévia sobre pronúncia e a atitude e a
rnotivação do aprendiz em relação à língua estrangeira (Celce-Murcia
et al, 1996).
Com o passar dos anos, o ensino de pronúncia evoluiu muito.
No início, era feito através da instrução e prática de diferenças entre
os sons isolados da Ll e da L2. Hoje, já é possível encontrar casos em
que o ensino gira em tomo da conscientização dos aprendizes para
outros aspectos tais como as diferenças de acento e entonação entre
as duas línguas. A disseminação do inglês como uma língua
internacional e o avanço da Abordagem Comunicativa para o ensino
de inglês contribuíram para a evolução do ensino de pronúncia. Os
professores, hoje em dia, tentam estabelecer objetivos pedagógicos
mais realistas, ou seja, o objetivo tem sido muito mais a inteligi-
bilidade do que a perfeição quase nativa (Celce-Murcia et al, 1996;
Keys, 2000).
No passado, o ensino de pronúncia era feito através da exposição
de regras e da repetição. A tendência atual, ao contrário, tende a
enfatizar mais a entonação do que os sons isolados, e começa a ficar
claro que os aprendizes devem praticar padrões reais, autênticos da
fala, e não frases ou diálogos criados com o objetivo de praticar este
ou aquele som. Além disso, é importante que os aprendizes rece_IJam
instrução sobre como chegar à pronúncia das palavras a partir de
dicas do discurso.

3- O Ensino de Pronúncia e os Estilos de Aprendizagem

.. --

~ • tm· • bons resultados, é preciso


Para que o ensino de pronuncia a Jª . .
que os professores estejam atentos para P ossíveis diferenças entre

95
. d ·no e apre nd,·zagem de inglês...
PAIVA. Prót,cas e ens1

omo as pre er f e"ncias por estilos de aprendizagems (Rei·d


. ,
os a1unos, c ,, ., 1privilegiar diferentes estilos e atingir 1,-n-.
5) A im sera possive . .
199. · s~ ' d
"'-l.ll

endizes. Aprendizes visuais, por exemplo


maior numero e apr d ,
_ . r facilidade para apren er se o professo
certamente terao maio d' r
., eia através de quadros e 1agramas, ou se a
apresentar a pronun . .
•t no quadro Juntamente com sua transcrição
palavra for escn a _ . . .
., . A
fonetica. pren diz· es auditivos serao beneficiados
. . . caso,, seJam usadas
., . que u ti'liz
tecnicas ' em a memória, pois isto lhes aJudara . a memorizar
a pronúncia de certos sons. Por exemplo, ao ensmar _um som que
não existe na língua do aprendiz, o professor pode cnar uma frase
na Ll e substituir um dos sons pelo som alvo. Ao ensinar o som / 0 /,
que não existe em português, o professor pode pedir aos alunos que
pratiquem a seguinte frase: 'Sarita saiu sem sapato', em que todos
os sons / s / são substituídos por / 8 / . Dessa forma, o aluno tem a
oportunidade de praticar um som desconhecido, num ambiente
conhecido.
Alguns aprendizes preferem aprender através da manipulação
do objeto de estudo e, por isso, precisam de outros tipos de atividades
que facilitem seu aprendizado. Para demonstrar o 'p' aspirado / ph /,
por exemplo, - uma característica.típica desse fonema em inglês que
não ocorre no português - o professor pode pedir aos alunos que
coloquem uma follia de papel na frente da boca e pronunciar palavras
como 'people' e 'paper'. Isto mostr~rá aos alunos que o papel vibra
quando eles produzem o som aspirado corretamente. Para mostrar
a diferença entre sons vozeados e desvozeados em inglês, o professor
pode pedir aos alunos que coloquem o polegar e o indicador no
p_escoço, a~ redor do que chamamos 'pomo de Adão' para que eles
sintam ~ vibração das cordas vocais quando os sons vozeados são
produzidos. Este exercício pode ajudar os alunos a diferenciar
corretamente os sons vozeados e desvozeados da consoante final do
passado simples dos verbos regulares, como vimos anteriormente.

s Ver capítulo sobre Estraté .as E .


gi e shlos de Aprendizagem, neste volurne.

96
MATTOS; SOUZA. O ensino e a aprendizagem ..., p. 83-102.

conclusão
Seguindo a tendência do paradigma comunicativo para O ensino
de línguas, o ensino de pronúncia deve ser integrado à prática das
outras habilidades na sala de aula. Os professores devem focalizar
mais a fluência oral e os padrões de entonação do que os erros
cometidos em palavras ou sons isolados. O objetivo deve ser atingir
níveis inteligíveis ao invés de buscar uma pronúncia perfeita, o que
está de acordo com uma visão do inglês como língua internacional
(Pennington, 1996; Jenkins, 2000). Porém, os professores precisam
se lembrar de que estão lidando com indivíduos diferentes que
podem ter reações e preferências diferentes. Portanto, é importante
prestar atenção às diferentes variáveis afetivas dos aprendizes, como
motivação e atitude em relação à língua estrangeira, além dos
diferentes estilos de aprendizagem que os aprendizes podem ter.
Lembrar-se de todos esses fatores pode não ser fácil, mas certamente
fará com que seja muito mais fácil ensinar e aprender pronúncia.

Sugestões de Atividades

Para facilitar o seu trabalho com o ensino de pronúncia, é


importante familiarizar-se co1n o uso do dicionário e promover
atividades em sala de aula que ajudem o seu aluno a se familiarizar
com ele também. O ideal seria que cada aluno tivesse seu próprio
dicionário para poder manipulá-lo livremente. Se i~s? n~~ for
~ossível, tente sempre levar para sala de aul~ um bom dici~nano d:
mglês para que os alunos possam manusea-1?. e. conhece-lo. Voce
pode, por exemplo, planejar uma atividade dingida _que ~ossa ser
realizada em grupos de três ou quatro alunos em dias d~~rentes,
enquanto O restante da turma se concentra em outras atividades.
Abaixo, você encontrará sugestões de atividades ~ara usar com seus
alunos. Lembre-se de que você pode adapta-las para que se

97
PAIVA. Práticas de ensino e aprendizagem de inglês. ··

aproximem das necessidades da sua_sala de aula ou para integrá-las


a outras atividades que tenha planeJado.
1. Como dissemos, é importante familiarizar-se com o uso do
dicionário. Todo bom dicionário de inglês trará um guia dos
símbolos fonéticos usados nos verbetes, para que o usuário possa
compreendê-los com maior facilidade. Alguns dicionários trazem
esse guia em suas páginas introdutórias, outros preferem
apresentá-lo ao final. Normalmente, ele é chamado de "Key to
Phonetic Symbols" mas pode ser encontrado como "Pronunciation
table", "Guide to Phonetic/Pronunciation Symbols" ou
"Pronuncia tion Key"

Procure no seu dicionário onde fica esse guia. Observe que o guia
apresenta uma lista de símbolos que representam os sons da língua
inglesa acompanhados de uma palavra-chave (key word). Essa
palavra-chave é normalmente uma palavra considerada fácil e
bem conhecida, pois assim será fácil para o usuário pronunciá-la
e perceber que som é representado pelo símbolo a ela associado.
Por exemplo, o som/ b / pode estar associado à palavra "back",
onde o negrito ressalta o som a que o símbolo se refere. Da mesma
forma, a vogal longa / i: / pode estar associada à palavra "sheep"
e a vogal curta / 1 / pode estar associada à palavra "ship", que
são conhecidos pares mínimos da língua inglesa, bastante usados
para representar o contraste entre esses sons. Essas informações
precisam ficar bem claras para os alunos antes que eles passem a
atividade abaixo.

ATIVIDADE:
Procure, no guia
_ de pronun
/ ci·a do seu d.icionano,
· / · quais · aspaIavras-
chaves que" estao
_ associadas aos sons ab aixo.
· · / Ias·
.,-,.1ente pronuncia-
easo voce nao tenha certeza, troque ideia. /. com seus colegas ou
pergunte ao seu professor.

98
MATTOS; SOUZA
.
o ensino
· e a aprendizagem
. ... , p. 83-102 .

/ tl------ /e/-
/gl------ / õ2 / -
---------
--------
! tS I -- - - - - - /A/ -
----------
/ d3 / - _ _ _ __ /Ô'/ -
/ IJ/- _ _ _ __ -------
/ 3: / -
-------
2. É importante saber, também, como encontrar e reconhecer a
pronúncia correta de cada verbete. Abrindo o seu dicionário
aleatoriamente em qualquer página, você vai perceber que cada
verbete é imediatamente seguido da pronúncia da palavra, que
pode vir entre barras / / ou colchetes [ ]. Caso haja mais de
uma pronúncia possível, normalmente isso é mostrado, como no
caso de diferenças entre a pronúncia britânica e americana.

ATIVIDADE:
Selecione um texto do seu livro didático e procure no seu dicionário
as palavras desconhecidas. Observe a pronúncia dessas palavras.
Tente entender os símbolos fonéticos e consulte o guia de pronúncia
do dicionário caso você não compreenda os símbolos. Tente
pronunciar corretamente as palavras pesquisadas. Caso você não
tenha certeza, troque idéia com seus colegas ou pergunte ao seu
professor.

3. Como se sabe, a grafia (spelling) das palavras em inglês não nos


ajuda muito a descobrir a pronúncia. Por isso, em caso de dúvida,
é sempre bom checar no dicionário, pois palavras parecidas podem
ter pronúncias totalmente diferentes.

ATIVIDADE:
Procure em seu dicionário os pares de palavras abaixo. Elas são
pronunciadas da mesma forma? Discuta com seus colegas e escreva,
dentro do quadrado, J quando as palavras forem iguais e D quando
elas forem diferentes:

way O weigh flour O flower cup D cut

throw O through law D low bull D book

99
PAIVA. Próticos de ensino e aprendizagem de inglês ...

4. Uma outra possibilidade para trabalhar o contraste acima, é


trabalhar com rimas.

ATIVIDADE:

Para essa atividade, a turma pode ser dividida em dois ou mais


grupos. Cada grupo recebe um conjunto de cartões contendo pares
de palavras (veja exemplos abaixo). Os alunos devem pesquisar as
palavras no dicionário para ver se os pares rimam entre si. Depois,
um dos grupos mostra seus pares de palavras para os outros grupos
dizerem se as palavras rimam ou não. O grupo que pesquisou as
palavras no dicionário distribui pontos para cada resposta certa dos
outros grupos6• Para grupos de alunos mais avançados, após realizar
esta atividade, você pode pedir que os alunos tentem escrever
pequenos poemas com as palavras que rimam.

Gn1poA: put nut Grupo B: gush hush


sum gum dull full

Grupo C: pull buli Grupo D: cut hut


push gush bus rush

5. U_m outro detalhe que pode causar problema para os alunos é a


diferença entre o português e o inglês, como discutimos no texto.
Sons que em ~ortuguês ~ão pronunciados de uma forma, em inglês
~odem ser diferentes. E importante conscientizar os alunos para
ISSO.

6Esta atividade foi adaptada de uma sugestão da O f d U . ·t p ss


no manual "M k' h . . x or n1vers1 y re ,
teachers of En:iis~'~ t e most of d1ctionaries in the classroorn: a guide for

100
MATTOS; SOUZA
·
o e nsino
·
e a aprendizagem ... , p. 83-1 o .
2

ATIVIDADE: " '


Que som está presente nas palavras abaixo. Pesquise no seu
dicionário e converse com seus colegas:

; s /ou/ z / - peace, please, was, science, cousin


/ J / ou / 3 / - washing, usual, ocean, pleasure, pressure

6. É importante, também, reconhecer os aspectos supra-segmentais


da pronúncia das palavras, como o acento tônico, por exemplo.
Quando acrescentamos afixos (prefixos e sufixos) às palavras, a
sílaba tônica pode mudar.

ATIVIDADE:
Procure no seu dicionário qual a sílaba tônica das palavras abaixo.
Lembre-se de que o acento tônico das palavras é marcado com o
símbolo / ' /, normalmente colocado antes da sílaba tônica. Verifiq~e
o guia de pronúncia do seu dicionário e discuta com seus colegas
para ter certeza de qual é a sílaba tônica.
Ex plain Pre fer
Ex plain ing Pref e rence
Ex plan a tion Pref era ble
Explana tory Pref e ren tial
7. Como vimos no texto, algumas palavras têm sua tonicidade
alterada quando mudam de classe ou parte do disc~r/s?.
Normalmente, os substantivos em inglês são acentuados no llliClO
da palavra e os verbos no final.

ATIVIDADE:
Sub stantiv os e verbos que parecem iguais· · podem ter. diferentes
sil
1 ab as tônicas. Marque a sílaba ton1ca
,. . . d alavras sublinhadas nas
as P .
fr de palavras Pesquise suas
ases abaixo observando sua c1asse · ✓ d d· t •

respostas no s~u dicionário e, caso você tenha alguma duvi a, lSCU ª


com seus colegas ou pergunte ao seu professor.
101
PAIVA. Práticas de ensino e aprendizagem de inglês ...

a) Saudi Arabia exports oil. Verbo ( ) Substantivo ( )


What are Brazil's main exports? Verbo ( ) Substantivo ( )

b) I like to record interesting facts in my weblog. Verbo ( ) Substantivo ( )


Did you keep a record of your research steps? Verbo ( ) Substantivo ( )

e) The teacher praised the students for their progress. Verbo ( ) Substantivo ( )
We start with easy texts and progress to harder ones. Verbo ( ) Substantívo ( )

8. A charada abaixo 7 pode ser usada para conscientizar os aprendizes


de que palavras diferentes podem ter a mesma pronúncia quando
conectadas na fala contínua:

A: 'What do you call a deer with no eyes?'


B: 'No idea!!'
A: 'That's right: no eye deer!! '

7
New Routes in ELT, 11, Oct/ 2000
, p. 39.

102

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