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1. EXECUÇÃO FORÇADA
Conhecimento e execução são atividades jurisdicionais complementares
na medida em que quando ocorre uma violação a ordem jurídica, esta precisa
ser reconhecida para que gere a respectiva sanção, que é a resposta oficial
para a violação da norma.
Oferecida a resposta oficial à violação da norma, recusando-se o infrator a
respeitar o comando judicial, não haverá outra alternativa, senão a execução
forçada.
A execução forçada é a atividade estatal que sucede a atividade de
cognição, pois para que o Estado faça o uso da força em prol do cumprimento
da obrigação, é imprescindível que exista a certeza do direito do credor, ou ao
menos a aparência deste direito, quer atestada por um processo de
conhecimento anterior (títulos judiciais elencados junto ao artigo 515 do Código
de Processo Civil), quer porque estribada em um instrumento ao qual a lei
conferiu a qualidade de título, embora ainda não submetidos ao crivo
judicial (títulos extrajudiciais elencados junto ao artigo 784, do Código de
Processo Civil).
Em face dessa “certeza” previamente existente a execução não é um
processo contraditório, e não estabelece, a princípio, a discussão sobre o
direito das partes, sendo o réu na ação de execução de título extrajudicial,
citado para pagar e não para se defender.
Não obstante isso, nós estudaremos que o devedor (na ação de execução
de título extrajudicial) pode tentar desconstituir o título ou mesmo atacar
alguma nulidade do processo, circunstância em que será aberto procedimento
de caráter contraditório (embargos), bem como inúmeras questões sobre os
atos praticados no curso da execução podem eventualmente se tornar
controvertidas e então se submeterão ao princípio constitucional do
contraditório (exemplo: o valor atribuído a um bem penhorado, o pedido de
substituição de um bem penhorado).
Antes da reforma processual instituída pela Lei nº 11.232/05, havia a
dicotomia entre processo de conhecimento e processo de execução, sendo que
após uma normalmente demorada ação de conhecimento o vencedor da
demanda era ainda obrigado a iniciar um novo processo, o processo de
execução do título judicial, onde deveria pacientemente aguardar nova citação
do já declarado devedor.
Após a reforma, foi abolida a ação de execução de título judicial,
passando a existir apenas uma “fase de cumprimento de sentença”, regulada
pelos artigos 475-I a 475-R do revogado Código de Processo Civil de 1973,
restringindo-se atualmente a autonomia do processo à ação de execução de
título extrajudicial (ver arts. 513 a 533 do Novo CPC).
Não obstante isso, seja através da fase de cumprimento de sentença no
processo de conhecimento, ou pela ação autônoma de execução de título
extrajudicial, teremos em ambos os casos atos de execução forçada.
Algumas vezes, através da execução forçada, é possível restabelecer
exatamente a situação violada, entregando ao credor aquilo que lhe foi tomado
e nessas hipóteses afirmamos que há uma EXECUÇÃO ESPECÍFICA, pois o
órgão executivo realiza a própria prestação devida, por exemplo, quando na
execução de um contrato para entrega de uma máquina, o Judiciário entrega
ao credor o próprio bem pretendido.
Entretanto, há hipóteses em que não é mais possível restabelecer o
“status quo ante”, então o ordenamento determina que se propicie ao credor o
equivalente a perda que sofreu, então falamos em EXECUÇÃO DA
OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA, por exemplo, se alguém contratou uma empresa
de eventos para organizar sua festa de casamento e a equipe contratada
naquele dia, não comparece, evidente que a questão será remetida a apuração
de perdas e danos.
A execução forçada consiste assim na satisfação compulsória dos direitos
do credor, quer de forma específica ou subsidiária.
A execução forçada é o conteúdo e finalidade dos procedimentos de
execução, embora nem sempre ocorra, como quando citado na ação de
execução de título extrajudicial o devedor paga voluntariamente ou ainda
quando é declarado insolvente.
Os atos de execução forçada podem se desenvolver no nosso
ordenamento jurídico por dois meios, ou através de mecanismos de coação
que intimidam o devedor, como a prisão e a multa pecuniária ou através de
subrogação, que é a execução forçada propriamente dita, em sentido mais
técnico, pois configura a verdadeira hipótese de substituição da vontade do
devedor, pela prática do ato que lhe competiria.
Por essa razão, alguns doutrinadores afirmam que só há verdadeira
execução forçada na execução direta, quando há agressão ao patrimônio do
devedor para satisfazer o direito do credor.
2. PRINCÍPIOS DA TUTELA EXECUTIVA
Existem alguns princípios que são informativos das execuções em geral e
norteiam o espírito do legislador em diversos dispositivos legais, razão pela
qual é importante compreendê-los. Vejamos:
2.1- Toda execução é REAL;
2.2- Toda execução tende apenas à SATISFAÇÃO DO CREDOR;
2.3- Toda execução deve ser ÚTIL AO CREDOR;
2.4- Toda execução deve ser feita de forma ECONÔMICA;
2.5- Toda execução deve ser o quanto possível ESPECÍFICA;
2.6- Toda execução deve ser feita ÀS EXPENSAS DO DEVEDOR;
2.7- Toda execução deve RESPEITAR A DIGNIDADE DO DEVEDOR;
2.8- O credor sempre PODE DISPOR da Execução.
Resumimos o significado de cada um desses princípios:
2.1- Toda execução é REAL:
O processo executivo moderno não tolera a execução pessoal, ou seja, o
credor não pode buscar escravizar o devedor, flagelá-lo fisicamente ou detê-lo
como meio de pagamento da dívida.
No nosso ordenamento, a execução deve ser sempre patrimonial,
recaindo sobre os bens presentes e futuros do devedor (art. 789, do Código de
Processo Civil)
As únicas exceções no nosso sistema eram o devedor de alimentos e o
depositário infiel (art. 5º, LXVII, CF), entretanto nesta última hipótese, embora
o artigo de nossa Carta Magna não tenha sido expressamente revogado, perdeu
sua eficácia por conta do nosso Supremo Tribunal Federal.
Para entendermos melhor a questão devemos fazer um retorno histórico
para lembrar que através do Decreto 678 o Brasil, no ano de 1992 se tornou
signatário do “Pacto de San Jose da Costa Rica”, o qual só admite a prisão por
dívida para a hipótese do devedor de alimentos.
Àquela época grande parte dos juristas aventou a questão, mas pareceu
prevalecer o entendimento de que aquela norma ingressava no ordenamento
com a estatura hierárquica das leis ordinárias e que por isso não teria o poder
de revogar a norma constitucional, entretanto, revogaria as disposições dos
Códigos Civil e de Processo Civil, que eram anteriores a ratificação.
A discussão pareceu perder força com a publicação do novo Código Civil
que em 2002 previu expressamente a prisão do depositário infiel e por assim
dizer, até mesmo para aqueles que entendiam que o pacto ingressava no
ordenamento como lei ordinária, teria sido nesse aspecto revogado pelo Código
Civil de 2002.
Apesar disso, muito doutrinadores continuavam a bradar desde a
ratificação daquele tratado a impossibilidade da prisão civil do depositário infiel,
por ser violadora de princípios inerentes aos direitos humanos.
A questão se tornou ainda mais tormentosa após a Emenda Constitucional
45/04, a qual estabeleceu que os tratados que disponham sobre direitos
humanos, quando ratificados em dois turnos, por três quintos dos membros do
Congresso Nacional, entram no ordenamento com força de norma
constitucional.
Não obstante isso, até 2008, a prisão do depositário infiel era decretada
pelos juízes em quaisquer processos em que se demonstrasse necessária,
aplicando inclusive a Súmula 619, do STF que autorizava o juiz a determinar a
prisão nos próprios autos, sem necessidade de procedimento próprio.
Ocorre que, em 2008, nosso Supremo Tribunal Federal no julgamento do
Habeas Corpus nº 92.566-SP, decidiu revogar a Súmula 619 que tratava da
prisão do depositário infiel em juízo, entendendo que esta espécie de prisão por
dívida não estaria mais em harmonia com nosso ordenamento jurídico, isto
porque no voto vencedor considerou-se que o tratado ratificado pelo Congresso
deveria ser considerado como norma “supra-legal”, ou seja, apesar de inferior
ao texto constitucional, estaria acima das leis ordinárias e portanto, revogaria
as disposições do Código Civil e do Código de Processo Civil, os quais
regulamentavam a prisão do depositário infiel.
A partir desse primeiro julgamento, o qual foi um divisor de águas em
nosso ordenamento, diversos outros recursos chegaram ao STF questionando,
com base naquele precedente judicial, prisões determinadas por juízes e
Tribunais de instâncias inferiores, o que fez com que fosse apresentada a
Proposta de Súmula Vinculante nº31 (PSV 31), a qual posteriormente aprovada
(em 16.12.2009), se transformou na Súmula Vinculante nº25, cujo texto
determina que “é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito”.
Vê-se, portanto, que a execução pessoal é de fato exceção, que no nosso
ordenamento está atualmente limitada apenas à hipótese do devedor de
alimentos.
2.2- A execução tende apenas a SATISFAÇÃO DO CREDOR:
Isto significa que a atuação do Estado é proporcional à satisfação dos
direitos do credor, não tendo caráter de penalidade ou perseguição ao devedor,
assim feito o pagamento extingue-se a execução e seus
efeitos.
A penhora, em face desse princípio, deve recair apenas sobre os bens
que bastem ao cumprimento da obrigação (art. 831, CPC) e a
arrematação será suspensa logo que o valor bastar para o pagamento
do credor (art. 892, § 1°, CPC).
2.3- Toda execução de ser UTIL ao CREDOR:
Associa-se ao princípio anterior, pois determina que a execução não pode
ser vista como mecanismo de vingança em face do devedor, ou em
outras palavras, não será levada adiante sem que haja real benefício a
credor.
Por essa razão, veda-se a penhora de bens cujo valor será
totalmente absorvido pelas custas do processo (art. 836, CPC).
2.4- Toda execução deve ser feita de forma ECONÔMICA:
Também está ligada a idéia de que a execução não é penalidade para o
devedor, assim, existindo vários meios de satisfação, deve-se optar por fazer a
execução pelo menos gravoso ao devedor (art. 805, CPC).
Exemplo: no passado, quando as linhas telefônicas possuíam valor econômico,
já se decidiu ser exagerado o pedido de desligamento imediato das linhas se
não houvesse qualquer indício de fraude.
2.5- Toda execução deve ser o quanto possível ESPECÍFICA:
O objeto pretendido na execução deve ser tanto quanto possível o objeto
da relação jurídica originária, ocorrendo sua substituição pelo equivalente em
dinheiro apenas quando a prestação originária não for entregue (art. 809 e
816, do CPC).
Nas ações de execução cujo objeto seja obrigação de fazer ou não fazer o
autor pode requerer perdas e danos desde a petição inicial, ainda que possível
a tutela específica (art. 816, CPC), pois neste caso poderá demonstrar o seu
desinteresse pela obrigação originária.
2.6 – Toda execução é um ÔNUS DO DEVEDOR:
Como o inadimplemento do devedor foi o causador da execução, este
deve responder por todos os reflexos de sua mora, assim só se desobrigará
pelo pagamento do principal e de todos os demais encargos incidentes (multa,
correção monetária, juros de mora), prejuízos e despesas que seu
inadimplemento deu causa, aí incluído também o ônus da sucumbência (artigos
826 e 831, CPC).
2.7- Toda execução deve respeitar os princípios da DIGNIDADE
HUMANA:
Uma vez mais, repete-se a regra segundo a qual a execução não tem por
objetivo punir, assim não pode afetar a dignidade do devedor, objetivando
causar-lhe vexame ou humilhação, levá-lo à fome ou impossibilitá-lo de exercer
sua profissão.
È com fundamento nesse princípio que se estabelece a impenhorabilidade
de certos bens, tais como as peças de vestuário (artigo 833, III, CPC) ou dos
instrumentos necessários ao exercício de profissão (art. 833, V, do CPC) ou
ainda aqueles bens que tenham apenas valor sentimental.
2.8- A execução está na esfera de DISPONIBILIDADE DO CREDOR:
O credor tem integral disponibilidade sobre a execução, podendo deixar
de executar o título que possui ou desistir da execução já iniciada, sem
qualquer condição para tanto, ou seja, sem a necessidade de buscar a anuência
da parte contrária, isto porque já há um direito
reconhecido.
No processo de conhecimento, após o prazo de resposta, o autor só
poderia desistir com o consentimento de réu, na execução não existe tal
exigência, podendo o credor desistir de atos executivos ou de toda a execução
(art. 775, CPC), assumindo apenas as custas geradas e honorários
eventualmente gerados.
A desistência não se confunde com a renúncia ao crédito, pois aquela
permite a renovação da ação, enquanto a renúncia extingue em definitivo o
direito ao crédito (art. 924, IV, CPC).
Apesar disso, em sendo interpostos Embargos, sendo estes uma espécie
de ação de conhecimento incidental, o legislador determinou que se faça a
análise sobre o objeto dessa ação, pois sendo questão meramente
processual, os Embargos e a execução serão extintos juntos, sendo o credor,
responsável pelas custas e honorários advocatícios do Embargante, já que deu
causa a demanda, entretanto, não sendo o objeto meramente processual,
versando a demanda sobre questão de mérito, a extinção só poderá operar
com a concordância do Embargante (artigo 775, do CPC), pois este pode ter o
interesse de, por exemplo, ver o título anulado.
Igualmente, em virtude do princípio da disponibilidade da execução, é
possível ao credor alterar parcialmente o pedido até antes da propositura dos
Embargos, inclusive, variando de espécie de execução ou desistindo
parcialmente em relação a algum co-executado.
Entretanto, após a nomeação de patrono pelo devedor (ainda que não
haja interposição de Embargos), o credor, na hipótese de desistência,
responderá pelos honorários advocatícios deste.
3. COMPETÊNCIA
A execução baseada no título extrajudicial é processada perante o juízo
competente, considerando-se as seguintes hipóteses principais: o foro do
domicílio do executado, o foro de eleição constante do título executivo ou do
contrato e, por derradeiro, o foro da situação dos bens sujeitos ao processo
executivo (CPC, art. 781, I).
Além dessas três hipóteses acima que consideramos as mais comuns, os
demais incisos do artigo 781, do CPC, tratam de outras hipóteses de foros
também competentes, vejamos:
[1] Comentários da profa. Gisele Leite In Melo, Nehemias Domingos de. Novo
CPC anotado, comentado e comparado, 2ª. ed. Araçariguama: Rumo Legal,
2016, pp. 474/476
PARTE 1
REQUISITOS E ELEMENTOS DA EXECUÇÃO
1). PRESSUPOSTOS DA EXECUÇÃO FORÇADA
A execução se submete aos mesmos requisitos genéricos de qualquer
ação, assim é necessária a presença das condições da ação (possibilidade
jurídica do pedido, interesse e legitimidade), bem como os pressupostos
processuais que permitem o estabelecimento e desenvolvimento válido da
relação processual (competência, capacidade para ser parte, para estar em
juízo, capacidade postulatória, etc...).
A par desses requisitos genéricos o processo de execução possui
requisitos específicos que consistem na existência de um título executivo de
onde se extraia a certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação (artigo 783,
do Código de Processo Civil), bem como a caracterização do inadimplemento
do devedor, eis que sem este não há sequer interesse de agir.
A). O TÍTULO EXECUTIVO (LÍQUIDO, CERTO E EXIGÍVEL)
O titulo executivo tem por função autorizar a execução, definir o
fim da execução (se é execução por quantia certa, fazer, não fazer,
etc...), e fixar os limites da execução (valor e espécie da obrigação,
bem como legitimidade ativa e legitimidade passiva).
A conseqüência prática do título executivo é tornar certa a relação
obrigacional estabelecida, autorizando a agressão patrimonial na hipótese de
inadimplemento, essa certeza nos títulos judiciais, decorre da manifestação do
Estado no processo de conhecimento e nos títulos extrajudiciais, da
manifestação da vontade das partes, cientes do consecutório legal.
ATRIBUTOS ESPECÍFICOS DO TÍTULO EXECUTIVO
Além da existência material do título para que este seja passível de
execução, tem de preencher os seguintes requisitos, segundo o art. 783, CPC:
A1 - LIQUIDEZ: consiste na obrigação de que esteja determinado no título o
conteúdo e o “quantum” da prestação a ser exigida. Na hipótese de
cumprimento de sentença, a indeterminação quantitativa gera o procedimento
de “liquidação de sentença”, que aprenderemos mais adiante, já para os títulos
extrajudiciais a iliquidez gera a impossibilidade da ação de execução, passando
a ser hipótese de ação monitória.
A2 - CERTEZA: é a convicção sobre a existência de instrumento que preencha
os requisitos formais para que seja considerado título executivo, na medida em
que esclarece a obrigação quanto a sua existência e extensão.
A3 - EXIGIBILIDADE: o seu pagamento não depende de termo ou condição
ainda não cumprida. Exemplo: pretendo executar a obrigação de fazer
transferência do título de domínio, tenho de comprovar que paguei todas as
prestações devidas.
Na hipótese da execução estar condicionada à contraprestação a cargo do
credor, por tratar o título de obrigação recíproca (artigo 476, do Código Civil),
este só poderá propor a execução, se oferecer em juízo a sua contraprestação
(artigo 798, I, d, do Código de Processo Civil).
De outro lado, embora o credor não possa executar o devedor, se não
cumpriu sua parte na obrigação, o devedor quando citado, em tal hipótese,
poderá exonerar-se da dívida depositando sua prestação, sendo o exeqüente
chamado a cumprir sua contraprestação para efetuar o levantamento (art. 582,
parágrafo único, do Código de Processo Civil), em prazo certo, após o qual, o
depositante poderá executar o autor, pois agora este se transforma em único
devedor.
B).INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR
Inadimplente é aquele, que não cumpriu na forma e tempo devidos uma
obrigação, sendo o inadimplemento exigência fundamental para a propositura
da execução, uma vez que sua inexistência caracterizaria, inclusive, a ausência
de interesse de agir, que é uma das condições da ação.
2). ELEMENTOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Em qualquer relação processual, há elementos subjetivos e objetivos, pois
qualquer relação jurídica é sempre um vinculo entre pessoas a respeito de bens
da vida.
Elementos subjetivos compreendem: partes (credor e devedor) e órgão
jurisdicional
Elementos objetivos compreendem: titulo executivo, bens sobre os quais
recaiam a atividade jurisdicional (execução forçada)
A). ELEMENTOS SUBJETIVOS (JUÍZO DE PARTES):
Partes na execução são denominadas de exeqüente e executado ou como
fez o legislador algumas vezes: credor e devedor.
LEGITIMAÇÃO ATIVA
Pertence a aqueles que estão autorizados a propor a ação (art. 778, CPC),
podendo ser ainda:
1. Legitimação originária
É aquela decorre do próprio título executivo em sua formação.
· Credor (é a regra geral): aquele que consta no título executivo como
beneficiário da obrigação descumprida.
· Ministério Público: quando atua como substituto processual do credor, nas
hipóteses em que a lei autoriza. Exemplo: execução de sentença penal
condenatória para ressarcir civilmente a vítima (ação “ex delicto” de vítima
pobre).
2. Legitimidade superveniente ou derivada
Quando decorre de fato posterior à formação do título que representa
sucessão de partes (seja esta sucessão da espécie “causa mortis” ou “inter
vivos”).
Atenção especial deve ser dada a essas hipóteses dada a sua
excepcionalidade, são os casos em que outra pessoa assume a posição do
credor, seja judicial ou extrajudicial o título.
A condição de sucessor deve estar comprovada na inicial da ação de
execução, sob pena de indeferimento por ilegitimidade ativa, ou havendo
sucessão no curso da demanda, assim que esta ocorrer.
São LEGITIMADOS ATIVOS supervenientes:
a) espólio, herdeiros ou sucessores do credor, quando o direito foi
transmitido pela morte do credor:
Enquanto não efetivada a partilha dos bens deixados pelo falecido, o
espólio promoverá a execução forçada, sendo representado pelo inventariante,
salvo se este for dativo, quando então será representado pela totalidade dos
herdeiros.
Embora a representação processual do espólio seja aquela estabelecida no
art. 75, VII, CPC, na omissão do inventariante, qualquer herdeiro, na qualidade
de comunheiro de bens, terá interesse na defesa do espólio ou para a
propositura da respectiva ação.
Se o falecimento ocorreu no curso do processo, deve ser feita a
habilitação incidente do espólio ou dos sucessores.
O dispositivo ao distinguir herdeiro e sucessores do falecido, está na
primeira hipótese se referindo aos sucessores a título universal e na segunda
aos legatários ou sucessores a título singular (de coisa específica).
b) Cessionário:
Aquele que recebe o título por ato “inter vivos”, oneroso ou gratuito,
desde que a cessão não seja vedada pela lei (exemplo de proibição legal é a da
cessão de benefício previdenciário) ou pela própria vontade das partes.
c) Subrogado:
Cumpre esclarecer que subrogação é o direito que nasce para aquele que
paga dívida de terceiro, de assumir todos os direitos, ações, garantias e
privilégios do credor primitivo em face do devedor e seus fiadores (art. 349,
CC).
A subrogação pode decorrer da lei ou da vontade das partes. Exemplo:
fiador que paga dívida do afiançado, adquirente de imóvel hipotecário.
O credor originário pode prosseguir no feito na condição de substituto
processual, bem como o subrogado pode nela prosseguir na hipótese de ter
ocorrido já no curso do processo.
Embora os artigos 778, CPC, não tenham mencionado também, são partes
legítimas para propor ação de execução a massa falida, o condomínio e a
herança jacente ou vacante.
LEGITIMAÇÃO PASSIVA
Corresponde aquele em face de quem se pode mover ação de execução.
Nesse sentido, há três categorias de legitimados passivos a saber:
· Devedores originários; (art. 779, I, CPC)
· Sucessores; (art. 779, II e III , CPC)
· Responsáveis patrimoniais (art. 779, IV e V, CPC)
A distinção que se faz entre os devedores (sejam originais ou
sucessores) e os responsáveis pela dívida, leva em conta a distinção
entre o caráter pessoal da obrigação (assumida pelo devedor), e o seu
caráter patrimonial (assumida pelo devedor e eventualmente por
terceiros garantidores da obrigação em decorrência da lei ou do
contrato).
O devedor está OBRIGADO pela dívida, mas o responsável sofre a
execução em virtude da SUJEIÇÃO de seus bens ao processo.
A respeito da RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL, que é exatamente
a sujeição do patrimônio à execução, nosso Código de Processo Civil dedicou
todo um capítulo, detalhando a questão entre os artigos 789 a 796 do Código
de Processo Civil.
É certo dizer que a princípio o devedor responde pela dívida com todo o
seu patrimônio, presente ou futuro, ressalvadas apenas as hipóteses de
impenhorabilidade que a própria legislação estabeleça (artigo 833, do CPC e Lei
nº 8.009/90).
Sempre que não existir a identidade de obrigação e sujeição, ou seja,
quando o exeqüente esteja acionando aquele que é apenas o RESPONSÁVEL
PATRIMONIAL e não devedor, deverá instruir a inicial com a prova
documental dessa responsabilidade, dada a impossibilidade de instrução oral
em processo de execução.
a) Devedor originário: é aquele que figure no corpo do título executivo como
devedor.
b) Sucessores: aqui menciona o art. 779, II, CPC, o espólio, os herdeiros e os
demais sucessores. O espólio será parte ré até antes da partilha, pois ultimada
esta cada herdeiro responde na proporção que lhe coube na herança (art. 796,
CPC), preservado o seu patrimônio pessoal.
c) Novo devedor: ocorre na hipótese de assunção de dívida prevista pelo
artigo 299 do Código Civil, tendo como condição a anuência expressa do
credor que deve consentir. O antigo devedor fica exonerado salvo se o novo
devedor era insolvente e esta condição era ignorada pelo credor.
Na hipótese de execução em face do novo devedor, o credor deve junto à
inicial, trazer a prova da assunção da dívida.
O art. 303 do Código Civil, fala do adquirente de imóvel hipotecado, quando
notifica o credor que assumirá o crédito, em não havendo manifestação em
contrário, presume-se o assentimento.
d) Fiador Judicial (RESPONSÁVEL PATRIMONIAL): é garantia pessoal
prestada no curso do processo, podendo ser cautelar preparatória ou incidental.
Exemplo 1:. quando o condenado em ação de indenização à prestação de
caráter alimentar requerer a substituição da constituição de capital, por fiança
bancária (art. 533, § 2º, do Código de Processo Civil).
Exemplo 2: Nas ações possessórias, quando o réu prove que o autor não tem
idoneidade financeira para na hipótese de sucumbência responder por perdas e
danos (art. 559, CPC).
O fiador tem o BENEFÍCIO DE ORDEM, que consiste na faculdade de
nomear bens do devedor os seus responderão pela dívida, resguardado o
DIREITO DE REGRESSO, NOS MESMOS AUTOS (art. 794, do Código de
Processo Civil).
O art. 779, IV, só trata do fiador judicial, porque o fiador extrajudicial, ou
seja, aquele que se obrigou por um instrumento particular (contrato acessório
de caução), é equiparado ao devedor, pois os contratos de caução são títulos
executivos por si mesmos (art. 784, III, do Código de Processo Civil) apesar de
acessórios em relação a um contrato principal.
e) Responsável tributário (art. 779, VI, do Código de Processo Civil): aquele
definido na legislação tributária e cujo nome esteja inscrito na dívida ativa
como responsável, tenha ou não auferido vantagem do fato gerador da
obrigação tributária.
Exemplo 1: O adquirente é responsável pelos tributos relativos aos bens
adquiridos (art. 130, “caput” do Código Tributário Nacional).
Exemplo 2: O tomador de serviços é responsável pelas contribuições
previdenciárias não recolhidas pelo prestador.
O artigo 790 trata de outras hipóteses de SUJEIÇÃO PATRIMONIAL
afirmando que respondem pela dívida OS BENS:
a) OBJETO DA OBRIGAÇÃO EM PODER DO SUCESSOR A TÍTULO
SINGULAR: a responsabilidade ocorre na hipótese da execução para entrega
de coisa (seja em cumprimento de sentença ou ação de execução de título
extrajudicial) estar fundamentada em direito real ou em obrigação
reipersecutória, ou seja, aquela em que existe direito de seqüela sobre o bem
(perseguição do bem com quem quer que esteja).
b) DO SÓCIO: os bens particulares dos sócios, como regra, não respondem
pela dívida da sociedade, ressalvado quando a lei assim o determinar, o que
ocorre nas sociedades simples, conforme determina o artigo 1.023, do CC
(responsabilidade pessoal na proporção de sua participação societária).
Os sócios também tem o chamado benefício de ordem (artigo 1.024 do CC
combinado com artigo 795, do CPC), que consiste na possibilidade de indicarem
bens da pessoa jurídica a fim de não terem seu patrimônio pessoal atingido,
nem mesmo no limite da responsabilidade societária.
Necessário mencionar, entretanto, que caso existam abusos ou ilegalidades
praticadas na administração da empresa, esta regra de distinção entre a pessoa
jurídica e física é alterada, sendo utilizada para tanto a teoria da
“desconsideração da personalidade jurídica” (disregard of legal entity), que não
impõe limites a execução forçada sobre o patrimônio pessoal dos sócios,
estando disciplinada pelo artigo 50, do Código Civil e pelos artigos 133 a 137 do
Código de Processo Civil.
c) DO DEVEDOR, MAS EM PODER DE TERCEIROS: esta regra na verdade
não cria qualquer exceção haja vista que não importa a localização dos bens,
mas sim sua titularidade, logo se tenho um barco guardando em uma marina
particular, este barco está tão sujeito à execução quanto qualquer outro bem
que esteja diretamente sob minha posse, ainda que exista posse contratual de
terceiro (na hipótese de locação ou comodato).
d) DO CÔNJUGE: o cônjuge, ainda que não tenha diretamente contraído a
dívida, poderá responder com sua meação, bens próprios ou reservados, nas
hipóteses em que a lei determina sua responsabilidade patrimonial.
Os artigos 1.643 e 1.644, ambos do Código Civil, determinam que as dívidas
contraídas por qualquer deles para aquisição de coisas necessárias à economia
doméstica ou empréstimos para a aquisição de tais bens, obrigam
solidariamente ambos os cônjuges, qualquer que seja o regime de casamento.
No regime de comunhão parcial (artigo 1.664, CC) dívidas contraídas para
atender a encargos da família ou a despesas de administração dos bens
comuns também são de responsabilidade solidária.
e) BENS OBJETO DE FRAUDE À EXECUÇÃO: quaisquer bens que tenham
sido alienados a qualquer título ou gravados com ônus real, se:
e-1) Já pendia sobre eles ação fundada em direito real;
e-2) Já havia ação em curso capaz de reduzir o devedor à insolvência;
e-3) Quando a lei assim o determinar.
Devemos esclarecer que nossa jurisprudência pátria vem interpretando este
dispositivo de forma a preservar os interesses do terceiro adquirente de boa-fé,
assim considerado aquele que tomou todos os cuidados na aquisição do bem,
mas ainda assim não tinha como ter ciência da existência de demandas (ver a
esse respeito Apelação com Revisão nº1163592-0/6 – voto 15.593 – 32ª.
Câmara de Direito Privado – TJSP – julgado em 28/08/2008; RECURSO
ESPECIAL Nº60.660/PR – Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça –
Ministro Relator Nilson Naves – julgado em 17.10.1995; RECURSO ESPECIAL
Nº316.244/SP – Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça – Ministro
Relator Aldir Passarinho Junior – julgado em 27/06/2002; RECURSO ESPECIAL
Nº494.545/RS – Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça - Relator
Ministro Teori Albino Zavascki – Julgado em 14/09/2004; RECURSO ESPECIAL
Nº439.418/SP – Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça - Relatora
Ministra Nancy Andrighi – Julgado em 23/09/2003; RECURSO ESPECIAL
Nº111.899/RJ – Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça -Relator
Ministro Eduardo Ribeiro – DJ 08/11/1999)
A título de exemplificação:
Imaginemos que um devedor X possui contra si uma demanda ajuizada
na Comarca de Manaus-AM e atualmente resida em Cuiabá-MT, sendo
proprietário de um imóvel na cidade do Rio de Janeiro.
Seria total absurdo exigir de qualquer possível interessado na compra do
imóvel, que tenha dons premonitórios e adivinhe a existência da ação na
Comarca de Manaus-AM, uma vez tendo perquirido pela vida do devedor no seu
domicílio e na matrícula do imóvel.
B) COMPETÊNCIA
Na hipótese de CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, a redação do artigo
516, do Código de Processo Civil, dispõe que será competente:
a) Tribunal: para o cumprimento de acórdãos nas ações originárias.
b) O juízo que processou a causa em 1º grau para as sentenças cíveis em
geral,
c) O juízo cível competente, segundo as regras normais de competência
territorial, para cumprimento de sentença penal condenatória, de sentença
arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo
Atenção: o credor pode OPTAR PELO FORO DA SITUAÇÃO DOS BENS OU
DO ATUAL DOMICÍLIO DO DEVEDOR, nos casos tratados em 'b' e
'c' (art. 516, parágrafo único, do Código de Processo Civil).
Na hipótese de SENTENÇÃ ESTRANGEIRA, é importante destacar que
nesse caso, esta só será título executivo em nosso país após sua prévia
homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 961, CPC e artigo 105, I, i,
da Constituição Federal).
A execução em si, após a homologação, far-se-á, por carta de sentença e
competentes para os atos executórios serão os juízes federais de primeira
instância, segundo o que dispõe o art. 109, X, de nossa Carta Magna.
O credor em hipótese alguma poderá ajuizar ação de execução em outro
país e buscar cumprimento de mandado executivo no Brasil, pois já se decidiu
que não será concedido o “exequatur”, para Carta Rogatória executiva (STF,
Exeq. Nº 1395, Min. Oswaldo Triqueiro).
Assim sendo, se o título é judicial, o credor deve antes requerer a
homologação da sentença, se é extrajudicial, deve propor ação de execução no
Brasil.
O art. 781, do Código de Processo Civil, estabelece para ações de
execução por TÍTULO EXTRAJUDICIAL, a aplicação das regras similares à
competência do processo de conhecimento.
Assim será distribuída a ação de execução de título extrajudicial:
a) foro de eleição: se o título executivo for contrato e tiver previsto tal cláusula
(artigo 111, “caput”, do Código de Processo Civil).
b) local onde a obrigação deve ser satisfeita, quando não houver foro de
eleição, mas existir indicação no próprio título executivo (praça de pagamento),
conforme artigo 100, IV, do Código de Processo Civil.
c) foro geral: domicílio do réu.
Parte de nossa jurisprudência entende que como as duas primeiras regras
(foro de eleição e local de cumprimento da obrigação) são estabelecidas em
benefício do credor, o devedor não poderia opor exceção de incompetência na
hipótese de ser acionado em seu domicílio, haja vista que nenhum prejuízo
acarretaria.
3) CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES
Em virtude do princípio da economia processual, que consiste em obter no
processo um melhor resultado com a prática de menor número de atos, nosso
legislador processual civil autorizou a cumulação de execuções, desde que
obedecidos os seguintes requisitos, expostos no artigo 780, do Código de
Processo Civil:
a) que seja o mesmo devedor;
b) que seja o mesmo procedimento (obrigação de natureza igual, ou
seja, duas ou mais execuções por quantia certa, duas ou mais
execuções para entrega de coisa, etc...);
c) que o juiz seja competente para todas as execuções.
Preenchidos esses requisitos, podemos ter a cumulação de execuções sem
qualquer problema.
MODULO 3
PARTE 2
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
INTRODUÇÃO
Sentença ilíquida é aquela que não fixa o valor da condenação, sendo
proferida como exceção, uma vez que sendo o pedido determinado a sentença
deverá também, desde logo descrever o objeto da condenação, em sua
qualidade e quantidade, entretanto, há casos em que o próprio legislador
autorizou a indeterminação do pedido (hipóteses do artigo 324, do Código de
Processo Civil), circunstâncias em que a sentença proferida poderá ser
ilíquida (ressalvadas as hipóteses em que o legislador proibiu o juiz de proferir
sentença ilíquida, como por exemplo, nas ações que tramitam pelos Juizados
Especiais, conforme artigo 38 c/c 52, I, da Lei n°9.099/95).
A iliquidez é incompatível com a execução, pois esta requer título líquido,
certo e exigível, consoante o artigo 783, do Código de Processo Civil.
Quando faltar esse requisito aos títulos judiciais, antes de proceder ao
cumprimento da sentença, se fará sua liquidação para que se fixe o valor ou se
individualize o objeto da execução. Já na hipótese de título extrajudicial a
iliquidez faz com que perca a própria executividade, não sendo então adequada
a ação de execução, mas sim a chamada ação monitória (artigo 700 e
seguintes do Código de Processo Civil).
A respeito da natureza jurídica da liquidação de sentença, no passado,
antes da reforma no CPC/73 operada pela Lei nº11.232/05, era pacífico o
entendimento de que se tratava de processo preparatório, que antecedia a
execução e gerava uma sentença declaratória que atribuía certeza ao título
executivo anteriormente gerado.
Atualmente a liquidação se tornou uma fase do processo de conhecimento
que antecede o cumprimento da sentença, este também mera fase do processo
anterior, sendo certo que o legislador passou a tratar a questão apenas como
decisão interlocutória.
Destarte, diante da clareza do texto legal, entendemos que não é mais
possível sustentar qualquer dúvida doutrinária a cerca da natureza jurídica da
liquidação de sentença.
LIMITES DA LIQUIDAÇÃO
É certo que a decisão de liquidação não pode em nada alterar o teor da
sentença anterior, sob pena de violar coisa julgada, conforme expressamente
veda o artigo 509, § 4°, do nosso Código de Processo Civil.
A regra, não se aplica aos juros e à correção monetária, cujos pedidos
ainda que não formulados e mesmo que não contidos expressamente na
sentença da ação de conhecimento, em conformidade com o artigo 332 e a
Súmula 254, do Supremo Tribunal Federal, são considerados implícitos e assim
devem ser sempre considerados na liquidação.
O que não pode ser feito é alterar o percentual de tais juros ou o índice de
correção anteriormente determinados na sentença, ressalvada a hipótese do
índice oficialmente extinto e substituído por outro.
CONTRADITÓRIO
Como em qualquer procedimento ou fase do processo, este princípio
também é respeitado na liquidação da sentença, tendo em vista que a parte
pode apresentar pareceres e documentos elucidativos (art. 510, CPC), bem
como poderá apresentar contestação (art. 511, CPC).
LIQUIDAÇÃO PARCIAL
Na hipótese de haver na sentença uma parte líquida e outra não, é direito
do credor executar a parte líquida desde logo, circunstância em que a
liquidação da outra parte poderá ser procedida em autos apartados, tal como
ocorrerá na hipótese de pendência de recurso, prevista pelo artigo 509, § 1°,
do Código de Processo Civil.
LIQUIDAÇÃO EM FASE RECURSAL
O legislador autorizou que se inicie a liquidação de sentença, ainda que
desta penda recurso (artigo 512, CPC), circunstância em que o procedimento
de liquidação será realizado em autos próprios que serão instruídos com cópias
dos autos principais, declaradas autênticas sob a responsabilidade do
advogado.
Esta medida é de evidente economia processual, haja vista que a
liquidação da sentença pode levar tempo, entretanto, todo o procedimento
pode ser posto a perder caso haja alteração da sentença em grau de recurso,
risco o qual é assumido inteiramente pelo liquidante.
LIQUIDAÇÃO PELO VENCIDO
A liquidação também pode ser requerida pelo vencido, uma vez que este
tenha interesse em pagar voluntariamente a fim de fugir dos efeitos da mora,
observando-se entretanto que, enquanto não procedida a liquidação, não é
possível cobrar a multa prevista no artigo 523, do Código de Processo Civil.
DIFERENÇA ENTRE LIQUIDAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE VALORES
Não podemos confundir a apuração de quantia certa, que até então era
desconhecida pelas partes, o que se faz nos títulos judiciais perante o
procedimento de liquidação que estamos estudando, com as meras atualizações
de débito, realizadas no curso do cumprimento da sentença e também nas
execuções de título extrajudicial, apenas para agregar despesas processuais e
custas ou atualizar acessórios.
ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO
Nosso legislador processual estabeleceu tratou de três espécies de
liquidação, quais sejam:
a) por cálculo (artigo 524, CPC);
b) por arbitramento (artigo 509, I);
c) pelo procedimento comum (artigo 509, II).
Vejamos uma a uma:
A) LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO
A liquidação por cálculo é na verdade um procedimento cumprido pela
própria parte que ao peticionar requerendo o cumprimento da sentença junta a
petição uma memória discriminada e atualizada do cálculo, procedido
consoante o que fora determinado pela sentença e por essa razão uma parcela
da doutrina afirma que não poderia sequer ser considerada espécie de
“liquidação”, já que neste caso não seria necessário nenhum procedimento
especial para apurar o valor.
Não obstante isso, preferimos manter o tema, entre as espécies de
liquidação, não apenas por apego á tradição, mas por entendermos que por
enquanto este ainda é o modo mais didático de tratar o assunto.
Assim, feita essa ressalva, é necessário dizer que há também hipóteses
em que o cálculo depende da apresentação de documentos ou informações que
estão com o devedor ou mesmo com terceiro e nessa hipótese deve-se
requerer ao juiz que intime a parte ou terceiro para que apresente tais dados,
podendo fixar até 30 (trinta) dias para cumprimento da diligência (artigo 524, §
4º, do CPC).
Caso o devedor não apresente esses dados, sem justo motivo, o cálculo
apresentado pelo credor será considerado correto, e sendo o descumprimento
injustificado praticado por terceiro, será expedido mandado de busca e
apreensão, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
Como dito o cálculo é feito pela própria parte, como regra, entretanto, por
exceção poderá ser determinado ao CONTADOR DO JUÍZO, quando os cálculos
iniciais parecerem excessivos ou ainda quando o credor for beneficiário da
assistência judiciária gratuita, tendo em vista a presumida hipossuficiência
nesse último caso.
Feito o cálculo pelo contador, as partes serão intimadas a se manifestar,
entretanto se o credor discordar, a execução prosseguirá pelo valor
originalmente requerido, entretanto a penhora será feita com base no valor
encontrado pelo contador (artigo 524, § 1º, do Código de Processo Civil),
aguardando-se a intimação do devedor a respeito da penhora, data a partir do
qual correrá o prazo para eventual impugnação.
B) LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO
A liquidação por arbitramento é feita quando:
a) a sentença determinar que assim o seja;
b) as partes convencionaram que assim o seja;
c) a natureza do objeto exija que assim o seja.
A liquidação por arbitramento é realizada mediante exame pericial cujo
objetivo é utilizar do conhecimento técnico de um profissional que analisará as
informações dos autos, e sem necessidade de produzir outras provas, estimará
o valor da condenação. Exemplo: estimar os lucros cessantes de uma atividade,
estimar os danos em uma obra de arte, etc..
PROCEDIMENTO
A liquidação por arbitramento seguirá as seguintes fases:
a) Petição de requerimento: o juiz recebendo a petição nomeará perito, fixando
desde logo prazo para entrega do laudo;
b) As partes são intimadas, através de seus advogados, da nomeação do
perito, e têm 15 (quinze) dias para indicar assistentes técnicos e apresentar
quesitos (artigo 465, CPC).
c) Apresentado o laudo as partes têm o prazo comum de 15 (quinze) dias para
se manifestarem a respeito.
C) LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM
Proceder-se-á desta forma quando for necessário alegar e provar fato
novo que não pode ser apurado antes da sentença, o que acontece
freqüentemente nas situações continuativas, por exemplo, nos casos de
indenização por danos que se propagam ao longo do tempo.
É certo que o procedimento a ser seguido é o comum, conforme
preceitua o artigo 511, do Código de Processo Civil, ou seja, o credor pode
elaborar petição onde narre os fatos que tenham relação com a apuração dos
valores, não podendo modificar ou inovar a condenação.
Exemplo: em uma ação de indenização por atropelamento, a sentença
condenatória foi ilíquida porque no momento em que foi proferida ainda não era
possível determinar em definitivo os danos decorrentes do fato, haja vista que
a vítima ainda estava hospitalizada, assim sendo a extensão dos danos será
provada em fase de liquidação por artigos. Deve-se ressaltar que, no exemplo,
as partes não voltarão a discutir a autoria e materialidade do fato causador do
dano, pois este já está fixado na sentença, mas discutirão as provas de sua real
extensão.
PROCEDIMENTO
Este tipo de liquidação era chamado de “liquidação por artigos”, no antigo
CPC/73, e agora seguirá o procedimento comum em todas as suas regras,
assim sendo, temos em síntese as seguintes fases:
a) Petição requerendo a liquidação por essa forma, onde obrigatoriamente
devem constar os fatos que precisam ser demonstrados a fim de que se chegue
a um valor certo. Exemplo: em uma sentença que condenou o réu a indenizar
as despesas de tratamento médico e psicológico originárias de uma agressão
física, devem se elencar a título meramente ilustrativo, as contas do hospital,
do ingresso até a alta médica, as contas de medicamentos, as contas de
fisioterapeuta, as contas de sessões psicológicas realizadas e as que se
estimem necessárias para a total cura da vítima, etc...
b) Intimação do devedor para em 15 (quinze) dias apresentar resposta, a teor
do que determina o artigo 511, do Código de Processo Civil, lembrando que a
autoria e a materialidade dos fatos já reconhecidos pela sentença não podem
ser objeto de impugnação nessa fase, tendo em vista o respeito à coisa
julgada;
c) Havendo ou não resposta pode haver ou não direito à réplica;
d) O juiz, sendo o caso, designará audiência preliminar do saneador (artigo
357, V, do CPC), e, especificadas as provas a serem produzidas, será designada
audiência de instrução e julgamento (se necessária a prova oral), sendo a
seguir proferida a decisão interlocutória a respeito da liquidação.
AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
Preliminarmente é importante dizer que nesta unidade trataremos
apenas das ações de execução por quantia certa, ou seja, apenas da execução
fundada em título extrajudicial (artigo 784, do Código de Processo Civil), a qual
não se confunde com a fase de cumprimento de sentença, embora muitas de
suas disposições sejam aplicáveis a ambas espécies.
O objetivo da ação de execução por quantia certa prevista nos artigos 824
e seguinte, do CPC é a expropriação de bens do devedor para satisfazer
obrigação expressa em unidades monetárias, constante de título extrajudicial.
A divisão da ação de execução por quantia certa em fases é meramente
didática, ou seja, faz-se exclusivamente com o intuito de aprender com maior
facilidade. Assim, podemos vislumbrar as seguintes fases ou etapas da
execução por quantia certa:
a). proposição (da petição inicial a citação do devedor)
b). preparação (ocorrerá se não houve pagamento voluntário, podendo ir de
uma penhora até a arrematação do bem)
c). pagamento ou satisfação do credor (através de adjudicação deste pelo
credor, pela entrega do produto da arrematação ou mesmo pelo usufruto
destes).
Vejamos uma a uma estas fases:
A) FASE DE PROPOSIÇÃO
A PETIÇÃO INICIAL deve vir acompanhada necessariamente do
instrumento de mandato, da memória do débito, e do título executivo
extrajudicial (art. 784, CPC), que como vimos deve ser líquido, certo e exigível.
O credor poderá indicar na sua petição inicial os bens que conhece
do devedor a fim de que, em não havendo pagamento, sejam estes
penhorados (artigo 829, § 2º, CPC), não obstante o juiz possa, de ofício ou a
requerimento da parte, a qualquer tempo determinar a intimação do devedor
para indicar bens à penhora, prevendo que se não indicá-los em 5 (cinco) dias,
considerar-se-á que está praticando ato atentatório à dignidade da Justiça
(artigo 774, do CPC).
O requerimento de CITAÇÃO DO DEVEDOR ocorre para que ele
pague no prazo de 3 (três) dias, conforme artigo 829, do CPC.
O juiz ao receber a petição inicial, se verificar que está incompleta ou que falta
algum documento essencial deve determinar sua emenda no prazo de 15
(quinze) dias (art. 801, CPC), sob pena de indeferimento; e ao DESPACHAR A
INICIAL o juiz fixará desde logo os honorários advocatícios de 10% (dez por
cento) para a hipótese de pagamento, sendo certo que o devedor terá o
benefício de redução da verba honorária pela metade na hipótese de
pagamento integral no prazo de 3 (três) dias (artigo 827, do CPC).
É importante lembrar que o prazo para oferecimento de Embargos do
Devedor (ação incidental que visa desconstituir o título ou apontar defeitos do
processo), não se confunde com prazo para pagamento voluntário e será
contado a partir da juntada do mandado de citação cumprido aos autos,
sendo de 15 (quinze) dias, conforme dispõe o artigo 915, “caput” do Código
de Processo Civil.
O legislador, objetivando incentivar o pagamento dos débitos, outorgou
ao devedor um outro benefício, no prazo dos Embargos: caso o devedor, no
prazo para Embargar, reconheça a dívida, depositando em juízo 30% (trinta por
cento) do valor do débito (considerando o valor original, seus acréscimos,
custas e honorários), poderá pedir ao juiz para pagar o saldo em até 6 (seis)
parcelas, com correção monetária e juros de 1% ao mês (artigo 916, caput, do
Código de Processo Civil)
O juiz decidirá se defere ou não a proposta, se deferir, todos os atos
executórios serão suspensos para aguardar o pagamento, mas ainda que seja
indeferida a proposta o valor do depósito permanecerá nos autos e a execução
prosseguirá.
Caso o devedor deixe de pagar qualquer parcela incidirá em multa de
10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e a execução
prosseguirá.
CERTIDÃO DE DISTRIBUIÇÃO E AVERBAÇÃO SOBRE BENS DO DEVEDOR
Tão logo seja distribuída a execução, o credor tem o direito de obter
Certidão comprobatória do seu ajuizamento, com identificação das partes e
valor da causa, para efetuar AVERBAÇÃO junto a registro de imóveis, registro
de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora e arresto.
É obrigatória a comunicação das averbações feitas, no prazo de 10 (dez)
dias a partir de sua concretização, e após a penhora dos bens será determinado
o cancelamento das averbações dos bens que não tenham sido penhorados
(artigo 828, do CPC).
É certo que a partir desta averbação autorizada em lei, ocorre uma
PRESUNÇÃO DE FRAUDE na hipótese de alienação ou oneração dos bens que
sofreram averbação (artigo 828, § 4º, do CPC).
O legislador também se preocupou em proteger a parte executada de
eventuais abusos, sendo prevista indenização para o exeqüente que promover
averbação indevida, indenizará a parte contrária, caso em que o incidente será
processado em autos apartados (art. 828, § 5°)
O novel legislador estabeleceu que, após normatização pelos Tribunais, a
averbação de penhora de bens poderá ser realizada por meios eletrônicos
(artigo 837, do CPC).
B) FASE DE PREPARAÇÃO:
ARRESTO: DEVEDOR NÃO ENCONTRADO PARA CITAÇÃO
O Oficial de Justiça, estando com o mandado executivo em mãos,
procurará o devedor no endereço indicado na inicial, e caso não o encontre,
mas encontre bens, deverá arrestar o que for suficiente para garantir a
execução, circunstância em que deve permanecer com o mandado executivo
nos 10 (dez) dias seguintes ao arresto, procurando o devedor por 2 (duas)
vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação
por hora certa, certificando o ocorrido (art. 830, CPC).
O credor será intimado do arresto realizado e deve nos 10 (dez) dias
seguintes a sua intimação sobre o arresto providenciar a citação por Edital do
devedor.
Após o decurso do prazo do Edital o devedor terá os 3 (três) dias
seguintes para efetuar o pagamento, e em não havendo este pagamento o
arresto será convertido em penhora (artigo 830, § 3°) e a execução
prosseguirá.
PENHORA DE BENS DO DEVEDOR:
Caso o devedor tenha sido citado pelo Oficial de Justiça, decorrido o
prazo de 3 (três) dias para pagamento (que será contado a partir da
citação), o oficial de justiça retornará ao endereço do devedor e
verificado o inadimplemento, procederá a penhora de bens e a sua avaliação,
lavrando-se o respectivo auto e intimando o executado, na mesma
oportunidade, se este estiver presente.
A intimação da penhora também pode ocorrer na pessoa do advogado do
devedor (se houver) ou pode até mesmo ser dispensada (artigo 841, § 1º,
CPC).
É por ocasião da penhora, que o Oficial de Justiça faz a descrição dos
bens, sua apreensão, sua avaliação (se não se tratar de objeto que exija
conhecimentos técnicos) e seu depósito.
Conseqüências ou efeitos da penhora na esfera de direito das
partes:
a). ineficácia dos atos de disposição perante o credor, ou seja, ainda que
ocorra a alienação a terceiro (e entre o devedor e o adquirente este ato pode
produzir efeitos pessoais), isto não afeta o direito do credor;
b). indisponibilidade do bem para o depositário, que em regra, não poderá
utilizar o bem, mas apenas guardá-lo e conservá-lo para entrega futura.
c). direito de seqüela (ressalvadas as garantias reais ou privilégios
anteriores, conforme art. 797, CPC) é a possibilidade de buscar o bem e levá-lo
à arrematação nas mãos de quem quer que ele esteja.
d). direito de preferência: a penhora é o ato através do qual se cria um
vínculo entre o bem e a ação, assim sendo, segundo o artigo 797, do CPC, cria-
se um direito de preferência, consistente no fato de que o credor que primeiro
penhorou o bem será o primeiro a ter o seu crédito satisfeito, restando ao
segundo o saldo, caso exista, e assim sucessivamente em relação aos demais
credores. O direito de preferência da penhora só deixa de existir na hipótese de
credores que detenham privilégios legais (os artigos 955 a 965, do Código Civil,
tratam de alguns privilégios creditórios).
Procedimento de penhora:
a). o credor, como já dito, pode indicar na petição inicial, bens do devedor
passíveis de penhora (artigo 829,§ 2º, do CPC);
b). caso o bem penhorado esteja gravado por penhor, hipoteca ou anticrese, o
credor que tem tais garantias deverá ser obrigatoriamente intimado da penhora
(art. 799, I c/c 804, CPC).
c). deve ser respeitada a ORDEM LEGAL inscrita junto ao artigo 835,
CPC, bem como devem ser respeitadas as RESTRIÇÕES DE
IMPENHORABILIDADE (artigo 833 e 824, do CPC, bem como Lei
nº8.009/90).
d). quando o Oficial de Justiça não encontrar bens de valor significativo para
penhorar deverá descrever os bens que guarnecem a casa ou estabelecimento
do devedor. Caso o devedor resista ao cumprimento do mandado executivo
pelo Oficial, este deve comunicar ao juiz e solicitar ordem de arrombamento,
circunstância em que 2 (dois) Oficiais cumprirão o mandado, lavrando auto
circunstanciado do ocorrido, que será também assinado por 2 testemunhas que
a tudo deverão assistir (art. 846,CPC).
Sempre que necessário poderá ser requisitada força policial para auxiliar o
trabalho dos Oficiais (artigo 846, § 2°, CPC).
Na hipótese de prisão por resistência os oficiais deverão lavrar também um
auto de resistência com rol de testemunhas, em duas vias, ficando uma via nos
autos do processo e outra entregue ao policial a quem entregarem o preso
‘(artigo 846, § 3°, CPC).
e). auto de penhora: deve constar obrigatoriamente do auto de penhora
(art.665, CPC): - data e local; -nome das partes; -descrição dos bens
penhorados; - nomeação do depositário (se for feito o depósito dos bens será
lavrado um único auto, conforme determina o artigo 839, do CPC).
A SEGUNDA PENHORA
Só ocorrerá uma nova penhora se a primeira foi anulada (se houve
penhora de bem impenhorável, como dinheiro de aposentadoria), se os bens
não bastam ou o credor desistir dos bens por serem litigiosos ou onerados por
outros gravames (art. 851, CPC).
SUBSTITUIÇÃO DO BEM PENHORADO A PEDIDO DO DEVEDOR
O devedor pode no prazo de 10 (dez) dias após a intimação da penhora,
requerer a substituição da penhora, provando que isto não causará prejuízo ao
exeqüente e lhe será menos onerosa (art. 847, CPC).
SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA A PEDIDO DO CREDOR
O credor poderá requerer a substituição do bem penhorado se: a) não
obedecer a ordem legal; b) se não incidir sobre os bens designados na lei,
contrato ou ato judicial para pagamento; c) se há bens no foro da execução,
mas outros foram penhorados; d) se havia bens livres, mas foram penhorados
bens já penhorados ou objeto de algum gravame anterior; e) se recaírem sobre
bens de baixa liquidez; f) se fracassarem as tentativas de alienação judicial
desses bens ou ainda g) se o devedor não fornecer a descrição e valor dos bens
(art. 8/48, CPC).
PENHORA DE BENS IMÓVEIS
A penhora de imóveis pode se realizar mediante auto (pelo Oficial) ou
termo (no Cartório), cabendo ao exeqüente providenciar a indispensável
averbação do ato na matrícula do imóvel perante o registro público, bastando
para tanto a Certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado
judicial.
Esta averbação confere presunção absoluta de conhecimento da penhora
a terceiros, não sendo possível alegar aquisição de boa-fé, após este ato (artigo
844, do CPC), isto se antes já não havia sido feita a averbação da distribuição
da ação, pois esta também tem o poder de presumir a fraude na alienação.
Se for apresentada a matrícula do imóvel nos autos, será sempre lavrado
o termo de penhora (não importando onde se localize o bem) e o executado
será nomeado depositário do mesmo, podendo ser intimado de tal fato
pessoalmente ou através de seu advogado (artigo 845, § 1º, do CPC), sendo
certo que se for casado, é necessária também a intimação do seu cônjuge, seja
ou não devedor solidário (artigo 842, CPC), ressalvado que sua meação lhe
será paga, se não responder pela dívida, quando procedida a arrematação
(artigo 843, CPC).
O novel legislador estabeleceu que, após normatização pelos Tribunais, a
averbação de penhora de bens poderá ser realizada por meios eletrônicos
(artigo 837, do CPC).
PENHORA DE NUMERÁRIO (PENHORA ON-LINE)
É sabido que o dinheiro goza de total preferência na ordem de penhora
estabelecida pelo legislador (artigo 835, I, do CPC).
Em virtude das modernas inovações tecnológicas porque tem passado
nossa sociedade, e buscando o legislador acompanhar as referidas mudanças, a
Lei nº 11.382/06 regulou procedimento que já era utilizado em alguns Tribunais
brasileiros, qual seja, a chamada “penhora on-line”, consistente no bloqueio,
por meios eletrônicos, de valores em dinheiro depositados em Bancos, sendo
certo que este deve ocorrer até o limite da execução (artigo 854, do CPC).
Resguardando o sigilo bancário o legislador determinou que os Bancos só
informarão se existem ou não numerários disponíveis até o valor indicado,
sendo vedada a entrega de outra espécie de informação, tais como extratos ou
demonstrativos.
Na hipótese dos numerários terem origem que os torna impenhoráveis, o
ÔNUS DA PROVA é do executado, (conforme preceitua o artigo 854, § 3º, do
CPC), cabendo a este fazer prova de que os valores se enquadram no conceito
de vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios, montepios, doações de terceiro destinadas ao
sustento do devedor e sua família, ganhos de profissional autônomo ou
honorários de profissional liberal (artigo 833, IV, do CPC), sendo certo que este
dispositivo não se aplica a execução de alimentos (artigo 833, § 2º, CPC).
São também impenhoráveis os depósitos em caderneta de poupança, até
o limite de 40 (quarenta) salários mínimos (artigo 833, X, CPC), exceto para o
pagamento de pensão alimentícia (art. 833, § 2°, do CPC).
DA PENHORA DE CRÉDITO E OUTROS DIREITOS PATRIMONIAIS
É a penhora realizada sobre valores que o devedor deveria receber de
terceiros.
Se o crédito em questão não estiver respaldado em um título, ou ainda
que esteja, enquanto este não for apreendido, considera-se feita a penhora
quando da intimação do terceiro para que não pague ao executado (apontado
como credor no título) e a este último (que é credor do terceiro) para que não
pratique qualquer ato de disposição do crédito (artigo 855, CPC).
A penhora de título de crédito deve ser procedida pela apreensão do título
esteja com quem estiver, sendo certo que apesar de não apreendido o título,
se o terceiro confessar a dívida, será desde logo considerado
depositário da importância, salvo se depositar em juízo o valor da dívida
(artigo 856, CPC).
A fim de evitar a fraude à execução, o legislador presumiu absolutamente
fraudulenta a quitação do débito fornecida pelo executado ao terceiro, quando
este negou a dívida em juízo, podendo ser designada audiência a fim de ouvir o
executado e o terceiro (artigo 856, §§ 3º e 4º, do CPC).
Se a penhora for realizada em direito e ação do devedor, não sendo
oferecidos embargos, ou se estes forem rejeitados, o credor fica sub-rogado
nos direitos do devedor até o limite do seu crédito, salvo se em 10 (dez)
dias contados da efetivação da penhora manifestar vontade de que o referido
direito ou ação seja levado a alienação judicial (artigo 857, CPC).
Caso o credor sub-rogado não receba o crédito oriundo daquele direito ou
ação, poderá prosseguir na execução penhorando outros bens do devedor
(artigo 857, § 2º, do CPC).
A penhora de direito discutido em juízo é feita no rosto dos autos,
mediante averbação a requerimento do juízo onde se opera a execução,
dirigido ao juízo onde se discute o direito (artigo 860, CPC).
Se a penhora recair sobre dívida de dinheiro a juros, ou rendas que
caracterizem prestação periódica, o credor poderá levantar valores a medida
que forem sendo depositados, abatendo do crédito os montantes recebidos
(artigo 858, CPC).
Quando o direito penhorado implicar em entrega ou restituição de coisa
determinada, o devedor desta será intimado para no vencimento da obrigação
depositá-la em juízo (artigo 859, CPC).
DEPÓSITO DO BEM PENHORADO
É a guarda judicial do bem levado a penhora.
1). sendo dinheiro, pedras preciosas ou papéis de crédito, em banco oficial ou
na falta deste outro que exista no local (em se tratando de pedras preciosas ou
jóias o depósito deverá ser feito com o prévio registro do valor estimado para
resgate, conforme determina o artigo 840, § 3º, do CPC).
2) sendo móveis ou imóveis urbanos, em depositário judicial, se houver;
3). em depositário particular.
4). com o próprio devedor: desde que com anuência expressa do exeqüente ou
se for difícil a remoção (artigo 840, § 2º, CPC).
EXTENSÃO DA PENHORA
Nem todos os bens do devedor estão sujeitos à constrição
judicial, logo não podendo ser penhorados nem leiloados aqueles bens
e direitos que a lei consideram empenhoráveis (art. 832, CPC).
Alguns bens são considerados por lei absolutamente
impenhoráveis. Dessa forma, se a penhora que recair em bens
impenhoráveis será considerada nula, porém essa nulidade atingirá
somente o ato de constrição não contaminando o processo.
A lei considera bens absolutamente impenhoráveis:
a) Aqueles bens enumerados no artigo 833 do CPC.
b) O imóvel residencial único da família (Lei n° 8.009/90, com as
exceções dos arts. 3° e 4°).
AVALIAÇÃO
A avaliação é a atribuição de valor ao bem penhorado, sendo fundamental
a fim de que se proceda a adjudicação ou alienação do bem.
Este ato pode ser praticado pelo próprio Oficial de Justiça (artigo 870 do
CPC), ou por estimativa, apresentada pelo próprio executado, quando ofereceu
o bem a penhora (artigo 847, § 1°, V, do CPC), ou quando necessários
conhecimentos especializados, o juiz nomeará um avaliador, que deverá
apresentar o laudo em no máximo 10 (dez) dias, ou prazo inferior determinado
pelo juiz (artigo 870, CPC).
O laudo, seja do Oficial ou do perito, deve conter a descrição dos bens,
seu estado de conservação e o seu valor (artigo 872, caput, CPC).
Em se tratando de imóvel que comporte desmembramento este deve
ser considerado na avaliação (artigo 872, § 1°, do CPC), a fim de que a
execução se processe pelo meio menos gravoso.
Quando o bem possuir cotação oficial em Bolsa de Valores esta será
considerada na data, mediante comprovação por certidão ou publicação no
órgão oficial (artigo 871, III, CPC).
Será designada NOVA AVALIAÇÃO, quando as partes argüirem erro ou
dolo do avaliador, for verificado majoração ou diminuição do bem após a
avaliação, ou houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (artigo
873, CPC).
A avaliação SERÁ DISPENSADA quando o exeqüente aceitar a
estimativa do executado (artigo 847, § 1°, V, CPC) ou se existir cotação oficial
em Bolsa, devidamente comprovada (artigo 871, CPC).
Depois de feita a avaliação, o juiz poderá mandar, a requerimento do
interessado e ouvida a parte contrária:
I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que
bastem à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior
ao crédito do exeqüente e acessórios;
II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o
valor dos penhorados for inferior ao referido crédito.
Cumpridas as providências de avaliação, o juiz dará início aos atos de
expropriação propriamente ditos.
C). FASE DE PAGAMENTO OU SATISFAÇÃO DO CREDOR
O pagamento ao credor será feito (artigo 904, CPC):
I - pela entrega do dinheiro (o que pode ser feito por simples mandado de
levantamento em se tratando de penhora on-line ou ainda, na hipótese de
penhora de bens, pela alienação, seja por iniciativa particular ou por hasta
pública)
II - pela adjudicação dos bens penhorados;
C-1) DA ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR
Caso não ocorra a adjudicação dos bens, estes podem ser levados a
alienação pela iniciativa do credor ou através de corretor devidamente
credenciado em juízo (artigo 880, do CPC).
O juiz fixará todas as condições mínimas do negócio a ser firmado,
ou seja, determinará prazo, meio de publicidade, prelo mínimo, condições de
pagamento, garantias e, se houver trabalho de corretor, a comissão de
corretagem (artigo 880, §1º, CPC).
A alienação se aperfeiçoa pela lavratura e assinatura de termo nos
autos, que segue assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e pelo
executado, se estiver presente (artigo 880, §2º, do CPC).
Em se tratando de bem imóvel, será expedida Carta de Alienação para
registro no cartório competente, ou em se tratando de bem móvel, Mandado
de entrega ao adquirente (artigo 880, §2º, do CPC).
Os Tribunais regulamentarão a alienação por iniciativa privada, podendo
procedê-la inclusive por meio eletrônico, bem como a forma de credenciamento
dos corretores, exigindo o legislador que tenham no mínimo, 5 (cinco) anos de
exercício profissional (artigo 880, §3º, do CPC).
A alienação do bem não será feita sem que seja intimado o senhorio
direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada,
esta intimação deve ser feita com antecedência de 5 (cinco) dias, conforme
dispõe o artigo 889, V, do CPC.
C-2) DA ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA
Não ocorrendo a adjudicação ou alienação por iniciativa particular do bem
penhorado, este será levado a hasta pública (artigo 881, CPC), sendo imóvel,
será levado a praça, e sendo móvel, levado à leilão.
O procedimento da alienação em hasta pública:
De acordo com o art. 881, CPC, a arrematação será precedida de
publicação de Edital que conterá diversos requisitos, mencionados no próprio
artigo citado.
Tal edital deverá ser publicado com pelo menos 5 (cinco) dias de
antecedência, inclusive na rede mundial de computadores (artigo 887, CPC).
Uma vez designada data para a realização da hasta, o executado deverá
ser intimado por seu advogado, ou não havendo, por mandado, carta
registrada, edital ou qualquer outro meio idôneo (artigo 889, I, CPC).
O Edital de leilão ou praça conterá desde logo, duas datas,
correspondentes as duas tentativas de alienação (na primeira não pode ocorrer
alienação por valor inferior ao da avaliação e na segunda a alienação ocorrerá
pelo maior valor): a segunda deve respeitar um intervalo de 10 (dez) a 20
(vinte) dias da primeira (artigo 886, V, CPC).
A alienação do bem não será feita sem que seja intimado o senhorio
direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada,
esta intimação deve ser feita com antecedência de 5 (cinco) dias, conforme
dispõe o artigo 889, V, do CPC.
Como já dito antes, na segunda data a arrematação poderá ser feita por
qualquer preço, desde que este não seja vil (artigo 891, do CPC).
Em conformidade com o art. 895, CPC, o interessado em adquirir o bem
penhorado em prestações deverá proceder conforme disciplinados nos vários
incisos. Normalmente o pagamento é feito de imediato e de uma só vez (art.
892, CPC). Os pagamentos em prestações feitos pelo arrematante pertencerão
ao exeqüente até o limite do seu crédito e os subseqüentes ao executado
(artigo 895, § 9º, CPC).
Se o arrematante ou seu fiador não pagarem o preço no prazo, o
juiz determinará a perda da caução, voltando os bens a nova praça ou
leilão, dos quais não serão admitidos a participar o arrematante e seu
fiador (artigo 897, CPC).
Se o fiador pagar o valor do lanço e a multa, poderá requerer que a
arrematação lhe seja transferida (artigo 898, CPC).
Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um
lançador, será preferido aquele que se propuser a arrematá-los em sua
totalidade, oferecendo para os que não tiverem licitante preço igual ao da
avaliação e para os demais o de maior lanço (artigo 893, CPC).
Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens
bastar para o pagamento do credor (artigo 899, CPC).
A arrematação constará de auto, que será lavrado de imediato, conforme
determina o artigo 901, “caput” do CPC.
Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da Justiça
ou pelo leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e
irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os Embargos do
executado (artigo 903, CPC).
Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80% do
valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e administração de depositário
idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1 (um) ano, conforme
determina o artigo 896, do CPC.
Finalmente, efetuado o leilão ou praça, lavrar-se-á o auto, expedindo-se a
carta de arrematação, que deve conter os requisitos expressos no artigo 901, §
2°, do CPC.
O juiz autorizará que o credor levante, até a satisfação integral de seu
crédito, o dinheiro depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens
alienados quando (artigo 905, do CPC).
I - a execução for movida só a benefício do credor singular, a quem, por força
da penhora, cabe o direito de preferência sobre os bens penhorados e
alienados;
II - não houver sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou
preferência, instituído anteriormente à penhora. Ao receber o mandado de
levantamento, o credor dará ao devedor, por termo nos autos, quitação da
quantia paga.
Uma vez pago o credor, havendo sobra de qualquer importância, esta
será restituída ao devedor (artigo 907, do CPC).
Se concorrerem vários credores, a distribuição dos valores respeitará a
ordem de preferência do direito material, ou, sendo todos quirografários, a
ordem das penhoras efetivadas (artigo 908 e 909, do CPC).
Os credores formularão suas pretensões, requerendo prova se for o caso,
mas a disputa se limitará o direito de preferência ou anterioridade da penhora,
para posterior decisão judicial (artigo 909, do CPC).
Além disso, o art. 867, CPC, estabelece que o juiz da execução pode
conceder ao credor o usufruto de bem móvel, imóvel ou de empresa, quando o
reputar menos gravoso ao devedor e eficiente para o recebimento da dívida.
C-3) DA ADJUDICAÇÃO
Adjudicação é o ato através do qual o credor adquire a propriedade dos
bens penhorados.
Esta aquisição é realizada sempre por preço não inferior ao da
avaliação (artigo 876, CPC).
Caso o valor dos bens seja inferior ao do crédito, o adjudicante deve
depositar de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado,
se o valor do crédito for superior, a execução prosseguirá pelo saldo
remanescente (artigo 876, § 4º, CPC).
A adjudicação também pode ser procedida pelo credor com garantia real
ou por quaisquer credores concorrentes do bem penhorado, assim como pelo
cônjuge, descendente ou ascendente do executado (artigo 876, § 5º, CPC).
Se houver concorrência entre diversos interessados, haverá entre
eles licitação, sendo a preferência do cônjuge, descendente ou ascendentes,
nessa ordem (artigo 876, § 6º, CPC) em havendo igualdade de propostas e
condições.
A adjudicação do bem não será feita sem que seja intimado o senhorio
direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente averbada,
esta intimação deve ser feita com antecedência de 5 (cinco) dias, conforme
dispõe o artigo 889, V, do CPC.
Caso a penhora recaia sobre quota de sociedade, sendo o exeqüente
alheio a esta, a própria sociedade será intimada, assegurando-se preferência de
aquisição aos sócios (artigo 876, § 7º, CPC).
A adjudicação se aperfeiçoa pela lavratura e assinatura do Auto de
Adjudicação, que segue assinado pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e
pelo executado, se estiver presente (artigo 877, § 1°, do CPC).
Em se tratando de bem imóvel, será expedida Carta de Adjudicação
para registro no cartório competente, ou em se tratando de bem móvel,
mandado de entrega ao adjudicante (artigo 877, § 1°, CPC).
3. EXTENSÃO DA PENHORA
Nem todos os bens do devedor estão sujeitos à constrição judicial, logo
não podendo ser penhorados nem leiloados aqueles bens e direitos que a lei
consideram empenhoráveis (art. 832).
4. BENS ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEIS
A penhora que recair em bens impenhoráveis será considerada nula,
porém essa nulidade atingirá somente o ato de constrição não contaminando o
processo. A lei considera bens absolutamente impenhoráveis, todos os bens
enumerados no artigo 833 do CPC e, também o imóvel residencial único da
família (Lei n° 8.009/90, com as exceções dos arts. 3° e 4°).
Como toda regra tem exceção, no art. 833 o legislador fez constar que os
bens descritos nos incisos V a X podem ser penhorados quando tratar-se de
execução de alimentos, qualquer que seja a sua origem (ver § 2° do art. 833
do CPC).
Capítulo 1
EXECUÇÃO DE ENTREGA DE COISA CERTA
1. PETIÇÃO INICIAL
O requerimento principal da petição inicial é para que
o executado seja citado a fazer a entrega da coisa no
prazo de 15 (quinze) dias, depositá-la em juízo ou
ainda embargar (art. 806, CPC).
Na petição inicial pode ser requerida também a fixação
de multa diária pelo descumprimento da ordem de entrega
(“astreinte”), a fim de compelir o devedor a entregar o bem.
Esta multa diária pode ser fixada pelo juiz até mesmo “ex
officio”, ou seja, sem o requerimento da parte, assim como
pode ser revista a qualquer tempo, seja para aumentá-la ou
para reduzi-la ou mesmo para revogá-la, caso se verifique a
impossibilidade de cumprimento da obrigação, sendo esta
devida até o momento em que a obrigação se impossibilitou,
sem prejuízo de perdas e danos (CPC, art. 498 e 499).
2. COMPETÊNCIA
A execução fundada em título extrajudicial será
processada perante o juízo competente (CPC, art. 781),
observando-se o seguinte:
4. EMBARGOS
É necessário alertar para o fato de que
atualmente o depósito do bem não é mais condição
para o exercício do direito de embargar (CPC, art. 914).
Os Embargos podem ser opostos, ainda que não haja
qualquer garantia.
O prazo para interposição dos Embargos é de 15 (quinze)
dias, nos termos como estatuído no art. 915 do Código de
Processo Civil.
5. HIPÓTESE DE ALIENAÇÃO, PERDA OU DESTRUIÇÃO
DO BEM
A alienação do bem litigioso é ineficaz após a propositura
da ação, caracterizando-se, uma vez citado o devedor, a
fraude à execução, que poderá ser reconhecida pelo juiz nos
próprios autos, sem maiores formalidades.
Se o terceiro adquirente quiser defender sua posse ou
domínio terá de depositar o bem em juízo para depois se
utilizar de embargos de terceiro, sendo sua responsabilidade
limitada a entrega do bem (art. 808, CPC).
O credor não está obrigado a perseguir a coisa, podendo
optar por perdas e danos (art. 809, CPC), circunstância em
que terá direito a receber o valor do bem e perdas e danos,
valores os quais poderão ser liquidados nos próprios autos da
execução (liquidação por arbitramento), que se transformará
após a liquidação em execução por quantia certa.
O direito material esclarece que nas obrigações de
restituir coisa certa (artigo 238, do Código Civil) se a coisa se
perder sem culpa do devedor a relação jurídica estará
resolvida suportando o credor a perda, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda (exemplo: se existiram frutos
colhidos, deverá ser ressarcido destes), entretanto, caso a
perda ou destruição do bem ocorra quando o devedor já
estava em mora, este conservará a responsabilidade (artigo
399, Código Civil).
6. DIREITO DE RETENÇÃO
Decorre da lei material (artigo 1219, do Código Civil)
conceder ao possuidor de boa-fé da coisa o direito de nela ou
com ela permanecer até ser indenizado pelas despesas que
fez em seu benefício (apenas para benfeitorias úteis e
necessárias).
É uma exceção dilatória, porque não extingue o processo
e sequer ataca a existência da obrigação por si mesma, mas
apenas condiciona a solução do conflito àquela questão
prévia, ou seja, o juiz deve primeiramente decidir se existe ou
não o direito de retenção pelas benfeitorias para então
determinar o que for necessário.
Se no título executivo já existir referência a benfeitorias
realizadas ou frutos a serem recebidos, tudo deve ser
investigado em liquidação para apuração de saldos, se este
existir em favor do credor, não haverá direito à retenção,
devendo ser entregue o bem e continuar a execução, na
modalidade quantia certa; se existir em favor do devedor,
este poderá com ela ou nela permanecer até que seja
depositado o equivalente ao ressarcimento.
O devedor que pretender o direito a retenção deverá
opor EMBARGOS À EXECUÇÃO (art. 917, IV, do CPC),
podendo o credor suscitar na impugnação a eventual
existência de frutos ou perdas e danos a compensar (ver art.
1.221, do Código Civil).
Capítulo 1
EXECUÇÃO DE ENTREGA DE COISA INCERTA
7. ENTREGA DE COISA INCERTA – A ESCOLHA
Na ação de execução para entrega de coisa incerta
ocorrerá apenas uma pequena alteração no procedimento, no
que se refere a eliminar a incerteza sobre o objeto, tendo em
vista que não se pode efetuar apreensão de coisa
desconhecida.
Assim, analisa-se o procedimento considerando a relação
de direito material havida entre as partes, senão vejamos:
8. TÍTULO OMISSO SOBRE A ESCOLHA
Caso o título executivo seja omisso em relação a quem
cabia a escolha aplica-se a lei material que dispõe que no
silêncio, a escolha cabe ao devedor (artigo 244, do Código
Civil).
Julgada eventual questão que torne o bem de INCERTO
em CERTO, o procedimento passa a ser o da execução para
entrega de coisa certa, conforme já anteriormente descrito.
9. IMPUGNAÇÃO
Qualquer uma das partes poderá no prazo de 15 (quinze)
dias impugnar a escolha feita pela outra parte (CPC, art. 812).
Os prazos doravante são fixados em dias úteis. E o prazo para
impugnação começa a fluir e a contar a partir do momento
em que a parte toma ciência da escolha realizada pelo outro
litigante. Para o executado, conta-se da citação; para o
exequente conta-se do depósito da coisa feito pelo
executado.
A decisão de plano, se for necessária, poderá ocorrer
depois da oitiva de perito nomeado. Sobre essa decisão
caberá agravo de instrumento conforme o parágrafo único do
art. 1.015 do Novo CPC.
O atual CPC praticamente repete o art. 645 do CPC/73
com uma diferença digna de nota que é a expressa indicação
de que o juiz, ao despachar a inicial e fixar a multa coercitiva,
tomará como critério de aplicação o período de atraso da
obrigação, revogando-se a redação anterior que cogitava de
dias de atraso.
PARTE 2
AÇÃO DE EXECUÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER
1. OBJETO DA EXECUÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER
Será sempre obter do devedor uma determinada ação ou
omissão, pactuada entre as partes através de instrumento
que se possa qualificar como título executivo extrajudicial.
Assim dividimos essas prestações em duas espécies, quais
sejam:
2. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
O repúdio pela execução pessoal pode inviabilizar a execução
da obrigação originária, principalmente nas hipóteses em que
esta obrigação é personalíssima.
A fim de entendermos melhor a questão é necessário
compreendermos a divisão das obrigações em fungíveis e
infungíveis.
a. Fungíveis: são aquelas obrigações que podem ser
realizadas por terceiros sem prejuízo do objeto
originário. Exemplo: desmatamento, demolição, limpeza
geral. Essas obrigações comportam execução
específica, pois se o devedor se recusa a cumprir pode
ser feito através de terceiros às suas expensas.
b. Infungíveis: são aquelas pactuadas em razão da pessoa
do obrigado, isto é, são personalíssimas (“intuitu
personae”), não podendo haver substituição do
contratado por terceiro, sem que isto desnature a
obrigação originária. Exemplo: cantor contratado para
show, célebre pintor, etc.
6. PROTESTO JUDICIAL
Caso o executado não efetue o pagamento no prazo
assinalado, não prove que efetuou, ou não apresente
justificativa adequada, o juiz mandará protestar o
pronunciamento judicial, lançando-se o nome do executado
no rol dos maus pagadores (ver CPC, art. 528, § 1°).
7. PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR
Além do protesto, o juiz ordenará a prisão civil do
executado pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses, no regime
fechado (porém diferenciado), sendo certo que o
cumprimento da pena não exime o executado do pagamento
das prestações.
Recepcionando orientação jurisprudencial prevista pela
Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça, o legislador
assevera que o débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações
anteriores ao ajuizamento da execução, e as que se
vencerem no curso do processo (ver NCPC, art. 528, § 3°).
Como toda e qualquer decisão judicial, aquela que
decreta a prisão do devedor também pode ser enfrentado por
agravo de instrumento e, em situações excepcionais, por
habeas corpus, principalmente quando for manifesta a
ilegalidade do decreto prisional.
8. EXECUÇÃO COMO OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
O Exequente pode promover o cumprimento de
sentença embasado em obrigação de pagar quantia certa,
conforme disciplinado no CPC, a partir do art. 523. Neste
caso, o pedido terá como objeto a expropriação de bens do
executado para o cumprimento da obrigação.
Da mesma forma, se o título que ampara a obrigação
alimentar for um título executivo extrajudicial, o juiz mandará
citar o executado para em 3 (três) dias, efetuar o pagamento
das parcelas anteriores ao início da execução, e aquelas que
se vencerem no seu curso.
9. DESCONTO EM FOLHA
Se o executado for funcionário público, militar, diretor
ou gerente de empresa, bem como empregado, sujeito à
legislação trabalhista, o Código autoriza que o Exequente
pleiteie o desconto em folha de pagamento, da importância
da prestação alimentícia (CPC, art. 529).
10. DEFESA DO EXECUTADO
A defesa do executado por dívida de alimentos não é
propriamente uma defesa, tendo em vista a impossibilidade
de exoneração. Quer dizer, se o devedor justificar
adequadamente sua impossibilidade de pagamento daquelas
prestações que estão sendo cobradas o juiz poderá, quando
muito, isentá-lo da pena de prisão, porém não poderá
exonerar, nem reduzir o valor das prestações que estão
sendo cobradas.
Advirta-se contudo que nada obsta que as partes podem
transigir e diante de uma conciliação possam acordar sobre a
forma de parcelamento do débito alimentar CPC, art. 334 c/c
art. 694), caso em que o processo ficará suspenso até
integral cumprimento do acordo.
4. DA SATISFAÇÃO DO CRÉDITO DO EXEQUENTE
Ressalte-se que, nos termos do art. 100 da Constituição
Federal, os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas
Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos
créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de
pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim.
Tendo em vista que o pagamento de precatórios ou mesmo
da requisição de pequeno valor enfrenta uma morosidade
enorme para que o exequente receba seus valores, tem-se
que o credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus
créditos em precatórios a terceiros, independentemente da
concordância da fazenda pública e a cessão de precatórios
somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de
petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade
devedora.
5. MULTA NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
No caso de fase de cumprimento de sentença, não incide a
multa de 10% (dez por cento) pelo não pagamento pela
Fazenda Pública. Quer dizer, mesmo que a Fazenda Pública
não pague no prazo de 15 (quinze) dias, não pode ser
cobrada pelo exeqüente a multa de 10% previsto para as
outras execuções por título executivo extrajudicial.
6. OBRIGAÇÃO DE PEQUENO VALOR
Conforme já assinalado, o art. 100 § 3° da CF/88 determina
que as obrigações de pequeno valor não se sujeitam ao
regime dos precatórios, delegando a lei ordinária o poder de
definir o “valor” de tais obrigações.
A Lei Federal n° 10.259/01 determinou que estas obrigações
são as inseridas na competência dos Juizados Especiais
Federais, qual seja de 60 salários mínimos.
O art. 87 do ADCT determina que enquanto no âmbito
estadual e municipal não for publicada lei, valerá:
O credor poderá optar por essa forma de pagamento, desde
que renuncie a diferença, que exceda ao limite legal, não se
permitindo do fracionamento do valor, sob qualquer forma.
7. PRECATÓRIO
É uma “ordem de pagamento”, requerido pelo juiz por meio
do Presidente do Tribunal, que corresponde a uma requisição
de pagamento, a qual se denomina “precatório”;
A Fazenda é obrigada a incluir a verba no orçamento do ano
seguinte (mês de dezembro do ano subseqüente ao da
respectiva apresentação).
Os pagamentos serão feitos na ordem de apresentação dos
precatórios, tendo preferência àqueles de caráter alimentar
(art. 100, caput, CF/88);
Se for desobedecida a ordem de preferência por meio do
pagamento a outro credor, poderá ser requerido ao
Presidente do Tribunal, ouvindo o Procurador Geral da Justiça,
o seqüestro da quantia equivalente.
Advirta-se finalmente que os créditos de natureza
alimentar não necessitam obedecer a ordem cronológica,
conforme autoriza o artigo 100, da Constituição Federal
(Súmulas 655 do STF e 144 do STJ).
a. Intempestivos.
b. Nos casos de indeferimento da petição inicial.
c. Nos casos de improcedência liminar do pedido.
d. Manifestamente protelatórios
Cumpre esclarecer que intempestivos são os embargos
protocolados fora do prazo processual legal. Ademais pode
ocorrer de a petição inicial ser inepta a petição inicial. Nada
impede que o juiz indefira a petição inicial dos embargos,
igualmente, por ilegitimidade ad causam do embargante ou
por ausência de interesse processual. Também pode ser
indeferido liminarmente quando os embargos forem
manifestamente protelatórios.
Na hipótese de Embargos manifestamente protelatórios,
ele será considerado ato atentatório à dignidade da justiça e,
por conseguinte, poderá ser imposta multa, em favor do
exeqüente, cujo montante será de até 20% do valor da
execução (CPC, art. 774, parágrafo único).
5. EFEITOS DOS EMBARGOS:
De regra os embargos não terão efeitos suspensivos
(CPC, art. 919, caput).
Excepcionalmente, no entanto, poderá ocorrer
devidamente a requerimento do embargante estando
presentes os requisitos para a concessão da tutela provisória
e desde que a execução já esteja devidamente garantida pela
penhora, depósito ou caução suficientes.
Não persistindo as circunstâncias como periculum in
mora e fumus boni iuris que motivaram o efeito suspensivo,
poderá o juiz, a requerimento do litigante, ser modificada ou
revogada a qualquer tempo, em decisão devidamente
fundamentada. Se a suspensão se referir apenas a parte do
objeto da execução, a execução prosseguirá naturalmente
quanto à parte restante.
A concessão da suspensão dos embargos opostos por
um dos executados não beneficiará os demais executados
quando o respectivo motivo apenas for referente ao
embargante requerente.
Mesmo ante a suspensão da execução, não se impede a
efetivação dos atos executivos como substituição, de reforço
ou de redução da penhora e de avaliação dos bens,
impedindo apenas os atos de expropriação.
O efeito suspensivo pode ser modulado conforme as
especificidades do caso concreto, o que visa dar ao
exequente a tutela adequada e tempestiva ao seu direito de
crédito.
6. EMBARGOS POR EXCESSO DE EXECUÇÃO.
O Embargante para ter sua petição recebida deve
declarar qual é o valor correto da execução, juntando
memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar ou não
conhecimento do pedido (CPC, art. 917, §§ 3° e 4°).
Haverá excesso de execução quando o exequente
postular quantia superior a expressa no título, devendo
declarar prontamente o valor correto que entende por crédito
exequendo, sob pena de rejeição liminar dos embargos.
Deverá também apresentar a memória de cálculo, realizando
a argumentação capaz de demonstrar o erro do exequente. A
mera afirmação genérica de excesso de execução e nem
mera a indicação formal do quantum debeatur não servem
para fundamentar os embargos à execução.
Por expressa determinação legal podemos considerar
também como excesso de execução:
10. CONFISSÃO DO DÉBITO
Nos 15 (quinze) dias úteis para oposição de embargos,
reconhecendo o crédito do exequente e comprovado o
depósito de 30% (trinta por cento) do valor total da execução
(o que inclui as custas e honorários advocatícios), o
executado poderá requerer parcelamento do restante, em 6
(seis) parcelas mensais iguais, acrescentando a correção
monetária e de juros de um por cento ao mês (CPC, art. 916).
Intima-se o exequente para se manifestar sobre o
preenchimento das exigências contidas no caput do
dispositivo em comento. Enquanto não apreciado o
requerimento, o executado deverá depositar as parcelas
vincendas, sendo facultado ao exequente seu levantamento.
Uma vez deferida a proposta de parcelamento, o
exequente levantará a quantia depositada e serão suspensos
atos executivos. Porém sendo indeferida a proposta de
parcelamento, prossegue-se com os atos executivos, sendo
mantido o depósito que será convertido em penhora.
A inadimplência de qualquer das prestações será
sancionada com o vencimento das prestações subsequentes e
o prosseguimento do processo com o imediato reinício dos
atos executivos; a incidência de multa de dez por cento sobre
o valor prestações inadimplidas.
A opção e requerimento pelo parcelamento implicam
necessariamente em renúncia ao direito de opor embargos.
Tal dispositivo não se aplica ao cumprimento da sentença.
11. EXECUÇÃO POR CARTA
Na execução por carta os Embargos podem ser
apresentados tanto no juízo deprecado, quanto no
deprecante, entretanto só poderão ser julgados pelo
deprecante, salvo se o fundamento for exclusivamente vícios
ou defeitos oriundos da penhora, avaliação ou alienação dos
bens efetuados pelo juízo deprecado (CPC, art. 914, § 2°).
A natural extinção da execução se dá quando há a
satisfação da obrigação exequenda, isto é, quando o
executado obtém, por transação ou por qualquer outro meio
autocompositivo, a remissão total da dívida e quando o
exequente renunciar ao crédito em questão.
Nesse caso, a sentença apenas homologa o ato
dispositivo da parte ou de ambas as partes. Dessa sentença
cabe apelação. Mas, transitada em julgada, a sentença
homologatória poderá sofrer rescisória dentro do biênio
decadencial. Mas, a parte se volta contra o ato homologado e,
não propriamente contra a sentença homologatória.
6. A SENTENÇA DE EXTINÇÃO
Uma vez expropriado o patrimônio do executado e
havendo a entrega do dinheiro ao exequente, tem-se a
extinção da execução. Intimado o exequente para se
manifestar sobre a quantia depositada, seu silêncio importará
em presunção de satisfação com o valor posto à disposição, o
que determina também a extinção da execução.
Todas as hipóteses autorizativas de extinção da
execução só produzem o efeito extintivo propriamente
quando declaradas por sentença.
Portanto, enquanto não proferida a sentença, o juiz
conserva sua jurisdição sobre a cause e a execução não será
considerada finda.
.
[1] Com base nos apontamento e notas da Profa. Gisele Leite
In: MELO, Nehemias Domingos de. Novo CPC Anotado,
Comentado e Comparado, 2ª. ed. Rumo Legal, 2016.