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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

ORDINÁRIA:Nº32 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:28/08/2013


PROCESSO: 1500-024.255/2007 e CTE nº 208/2012.
ANEXOS: 1500-031.129/2007 e 1500-013.621/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 020.703, de 31/08/2007.
AUTUADA: Dall - Empreendimentos e Serviços Ltda.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.105.396-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.556/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Hernon Cassiano S Bittencourt.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 186/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Utilização de crédito fiscal indevido. 2)
Falta de recolhimento de imposto devido
originalmente por substituição tributária. 3)
Notas fiscais registradas sem estarem com
submissão ao visto da Fiscalização Estadual.
4) Revelia nos termos do artigo 13, § 1º, da
Lei estadual nº 6.771/06. 5) Supressão legal
da jurisdição administrativa fiscal pelos
efeitos da revelia. 6) Remessa dos autos à
Diretoria de Representação Fiscal por força
do artigo 13, §2º, da Lei nº 6.771/2006. 7)
Recurso Ordinário conhecido e improvido.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Dall Empreendimentos e Serviços Ltda, já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
199.857,52 (cento e noventa e nove mil, oitocentos e cinqüenta
e sete reais e cinqüenta e dois centavos), por haver a empresa
autuada nos exercícios de 2005 e 2006:

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1) Deixado de recolher ICMS pela utilização


de crédito sem respaldo da legislação específica.

2) Adquirido mercadorias sujeitas ao regime


da substituição tributária sem retenção e pagamento do imposto
na fonte com o gravame da utilização do crédito fiscal.

3) Registrado notas fiscais no livro próprio


sem o visto da fiscalização estadual.

Apontados como infringidos os artigos 36; 52;


e 54, da Lei nº 5.900/96; 49, II, V, e VIII, “c”; 93; 96; 101,
XIV; 207; 250; 251; 275; 280, §2º; 419; 428; 432, I, “a” e
“e”; 436; 444, II, e III; 444-A; e 971, do RICMS/1991. Sendo
sugerida a aplicação das penalidades previstas nos artigos 84,
93, e 114, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; demonstrativo do débito;
cópias do cartão de autógrafos; das notas fiscais e LREM.

DA DEFESA

A autuada em 27/11/2007, através do processo


1500-031.129/2007, requereu a prorrogação de prazo de defesa
sob o argumento de que a vasta documentação probatória exige
mais tempo para sua análise.

Os autos foram encaminhados ao fiscal Silvio


Tenório Gameleira (que não é o autuante) para apresentação das
contrarrazões o qual concluiu que os autos deveriam ser
encaminhados ao próprio autuante para fazer um aditamento ao
auto de infração para correção de algumas várias falhas por
ele encontradas e apontadas.

Em 15/09/2009, a Comissão de Representação


Fiscal solicitou a Diligência CRF nº 039/2009, para o autuante
ou outro agente fiscal proceder a apresentação dos documentos
requisitados as fls. 11 a 14.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que todas as informações prestadas pelo outro fiscal deverão

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ser ignoradas, por ser ele autuante, o titular da ação fiscal,


e suas contrarrazões são as seguintes:

1) Que, a defesa é intempestiva porque foi


apresentada em 27/11/2007, e o prazo se esgotou em 26/11/2007;
a autuada solicitou prorrogação por mais 30 (trinta) dias para
apresentar defesa, porém, essa solicitação deve ser arquivada
e o débito inscrito na dívida ativa; tentou intimar a autuada
pessoalmente e não encontrou mais nada no canteiro de obras,
sendo feita a intimação por AR que retornou em 13/09/2007, com
a informação de que mudou-se, sendo publicado então o Edital
nº 019/2007, convocando a autuada e seus sócios.

2) Que, as notas fiscais apontadas pelo outro


fiscal como sendo necessário sua correção está correta sua
cobrança (artigos 77, III, “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, e “f”, do
RICMS/1991; efetivamente não foi apresentada defesa, pois foi
solicitada a prorrogação do prazo para sua apresentação, fato
não contemplado pela legislação; revel não é somente quem não
apresenta defesa, mas também quem o faz sem provas. Por fim,
pede que a autuação seja julgada com o arquivamento da defesa
por ser intempestiva e a inscrição do débito em dívida ativa.

Em 29/03/2012, foi proferida a Decisão nº


18.556/2012, de Primeira Instância, que julgou pela Revelia da
autuada nos termos do artigo 13, §1º, da Lei Estadual nº
6.771/2007, com supressão legal da jurisdição administrativa
fiscal e envio dos autos a DIRF - Diretoria de Representação
Fiscal para efetuar a revisão do lançamento nos termos do
artigo 13, §2º, da mesma Lei, com a ementa.

EMENTA - ICMS - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.


Lançamento de ofício de crédito tributário.
2. Descumprimento de obrigação tributária
principal. 2.1. Utilização de crédito
indevido. 2.2. Falta de recolhimento de
imposto devido originalmente por substituição
tributária. 3. Registro de notas fiscais não
submetidas ao 'visto' da Fiscalização
Estadual. 4. Revelia - Lei nº. 6.771/06, art.
13, § 1º. 5. Supressão legal da jurisdição
administrativa fiscal pelos efeitos da
revelia. 6. Envio dos autos à Diretoria de
Representação Fiscal - DIRF, por força do
artigo 13, §2º, da Lei nº 6.771/06.

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DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário com


as seguintes alegações:

1) Que, o autuante ao lavrar a autuação não


considerou os valores pagos pela autuada cujos recolhimentos
ocorreram por meio de pagamento direto e de forma tempestiva,
conforme as cópias dos comprovantes autenticadas que estão
anexadas, e cobrá-los novamente seria enriquecimento ilícito,
fato que não foi observado pela decisão singular, motivo pelo
qual a mesma merece ser reformada; comprovado o pagamento fica
extinto o crédito tributário (artigo 156, I, do CTN).

2) Que, certa de que a decisão deverá ser


reformada, passa a combater o excesso da multa imposta, a qual
é extremamente excessiva, capaz de se transformar no confisco
de seus bens (artigos 5º, II; 37; e 150, IV, da CF/88), como
ensina Celso Antonio Bandeira de Mello e como tem entendido o
STF. Por fim, pede a insubsistência do lançamento com base no
artigo 156, I, do CTN e caso não se acate este argumento seja
a multa reduzida; protestando provar o alegado por todos os
meios de provas admitidos e até por perícia.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que foi declarada a revelia
pela Primeira Instância, por não haver a autuada apresentado
defesa nos termos do artigo 13, §1º, da Lei nº 6.771/2006, vez
que o lançamento não foi impugnado; a declaração de revelia
além de não apreciar as questões de mérito, encerra o processo
administrativo tributário, conforme o artigo 17, I, da Lei nº
6.771/2006; a revelia importa em decisão final, cabendo apenas
a revisão do lançamento pela Representação Fiscal, e, depois
de analisado o Recurso Ordinário os autos sejam encaminhados a
Representação Fiscal para revisão do lançamento. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 18.556/2012, de Primeira Instância, que
julgou pela Revelia da autuada sem exame de mérito (nos termos

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do artigo 13, §1º, da Lei nº 6.771/2007, e com supressão legal


da jurisdição administrativa fiscal), o Lançamento constante
do auto de infração nº 020.703, de 31/08/2007.

A inicial aponta que a autuada deixou de


recolher ICMS e de submeter documentos fiscais ao visto da
SEFAZ/AL nos exercícios de 2005 e 2006. A Primeira Instância
julgou a autuação reconhecendo a revelia com a exclusão legal
da jurisdição administrativa fiscal nos termos do artigo 13, §
1º, da Lei Estadual nº 6.771/2006, pois a autuada foi intimada
da autuação em 25/10/07, EDITAL nº019/2007, e, em 27/11/2007,
através do Processo 1500-031.129/2007, apresentou requerimento
solicitando prazo de 30 (trinta) dias para apresentar defesa.

Observe-se, que o Recurso Ordinário não trata


da declaração de revelia pela decisão singular, e, observe-se,
ainda, que a referida declaração teve por fundamento o artigo
13, §1º, da Lei nº 6.771/2006, haja vista, que a autuada não
impugnou o lançamento, nem satisfez a exigência não impugnada
de recolher o crédito tributário. A Lei nº 6.771/2006, visando
evitar o encaminhamento à PGE/PFE de créditos tributários com
defeitos, inválidos ou extintos, veio determinar que malgrado
a revelia implique no reconhecimento da obrigação tributária,
o lançamento deverá ser revisto pela Representação Fiscal como
exigem os artigos 13, e 54, IX, da Lei Estadual nº 6.771/2006,
podendo resultar a revisão na manutenção ou no cancelamento do
lançamento do crédito tributário.

Observe-se, também, que a autuada não ataca à


declaração de revelia posta na decisão singular, apenas, nega
a prática da infração alegando que efetuou os recolhimentos do
imposto e pagá-los novamente seria enriquecimento ilícito. Não
resta dúvida do acerto da decisão singular, haja vista, que a
revelia não se deu pela intempestividade na apresentação da
defesa, mas, pela falta de apresentação da defesa, uma vez que
a autuada no Processo 1500-031.129/2007, não ofereceu nenhuma
defesa apenas solicitou novo prazo para sua apresentação.

Verificada a revelia nos termos do artigo 13,


§ 1º, da Lei nº 6.771/2006, somente a Representação Fiscal tem
competência para fazer a revisão do Lançamento do crédito
tributário (§ 2º, mesmo artigo), sendo inválida por vício de
competência a revisão praticada por outro órgão ou autoridade,
devendo observar-se que se desta revisão resultar incompatível
o lançamento com o Direito posto, restará sua declaração de

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invalidez (cancelamento, nos termos do artigo 13, § 2º, I, e


II, da Lei nº 6.771/2006).
“Art. 13 - Não sendo apresentada defesa ao Auto de Infração, no
prazo legal, o sujeito passivo será considerado revel,
importando a revelia no reconhecimento da obrigação tributária e
produzindo efeito de decisão final em processo administrativo
tributário.

§ 1º - Dá-se também a revelia do sujeito passivo no que pertine


à parte não impugnada do Auto de Infração, quando este deixar de
cumprir a exigência não impugnada.

§ 2º - Na hipótese de revelia poderá o lançamento ser objeto de


revisão, nos termos que dispuser a regulamentação, observado o
seguinte:

I - a revisão deverá ser feita pela representação fiscal; e

II - a retificação ou o cancelamento do lançamento deverá ser


objeto de ratificação pelo Secretário Adjunto da Receita
Estadual.
(...)”

Nesse passo, os autos devem ser encaminhados


à Diretoria de Representação Fiscal conforme artigo 13, §2º,
da Lei Estadual nº 6.771/2006, para Revisão do lançamento em
razão da revelia pela decisão singular. Após a revisão, não se
verificando a situação prevista no artigo 13, §2º, I, e II, da
mesma Lei, os autos deverão ser encaminhados a PGE/PFE para
inscrever o crédito tributário na Dívida Ativa.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do Recurso Ordinário, para negar-lhe
provimento. Mantida a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 28 de agosto de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 01 – REALIZADA: 22/01/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO Nº: SF-1500-36798/2004
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 16415, PROTOCOLADO EM 28/12/2004
RECORRENTE: ESTADO DE ALAGOAS.
RECORRIDO: GEDIVAL ALVES DE FRANÇA.
RELATOR: PAULO TARSO DA COSTA SILVA.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO

ACÓRDÃO Nº 013/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO –


RECLASSIFICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART.
84 PARA A DO ART. 79 DA LEI ESTADUAL
5.900/96 – PRECEDENTE DO PLENO DO CTE -
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO
- DECISÃO DA CJ MANTIDA NA ÍNTEGRA –
PROCEDÊNCIA PARCIAL DO AUTO DE INFRAÇÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado em desfavor da


empresa GEDIVAL ALVES DE FRANÇA, no valor de R$ 315.378,85
(trezentos e quinze mil, trezentos e setenta e oito reais e
oitenta e cinco centavos), por infração à legislação
tributária estadual, referente às condutas de aquisição de
mercadorias sem documentação fiscal e falta de recolhimento do
ICMS em razão da omissão de saída de mercadorias tributáveis,
apuradas no exercício de 2004, através de controle físico de
estoque de mercadoria.

Fundamenta-se o referido auto de infração nos


seguintes artigos: 2º; art. 21, IX e art. 50, I, da lei
5.900/96, c/c o art. 15, III, e art. 49, VI e VIII do RICMSAL,
aprovado pelo Decreto n.º 35.245/91, sendo sugerida a
aplicação da sanção prevista no art. 84 da Lei Estadual
5.900/96.

Foram anexados aos autos os seguintes documentos: 1.


Relatório de dados cadastrais do contribuinte; 2. Cópia do
cartão de autografo do contribuinte; 3. Planilha Resumo do
débito do Auto de Infração; 4. Cópia da Intimação Fiscal nº
30622, solicitando livros e documentos; 5. Cópia de Procuração
Pública, em que o sujeito passivo outorga poderes a Maricélia
Costa da Silva Pinheiro; 6. Termo de Contagem das mercadorias
existentes em estoque, lavrado em 08 de setembro de 2004; 7.
Relação das notas fiscais de aquisição, emitida em 08/09/2004;

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8. “Termo de Início de Fiscalização” e “Termo de Encerramento


de Fiscalização” lavrados no livro RUDFTO; 9. Cópias do livro
Registro de Inventário relativo ao estoque em 31/12/2003; 10.
Planilhas “Controle físico de mercadoria” e “Controle
quantitativo da mercadoria” a relacionar notas fiscais de
entrada e de saída do contribuinte nos períodos fiscalizados.

O sujeito passivo, devidamente notificado em 24 de


maio de 2005, protocolou defesa administrativa perante a
repartição fazendária, impugnando o auto de infração, sob o
argumento de que:

a) A grande maioria das mercadorias por ele


adquiridas provém de outros estados e,
conseqüentemente, passam pelos postos fiscais
nas respectivas fronteiras, sendo, de imediato,
carimbadas e lançadas no sistema informatizado
da SEFAZ; e

b) teria havido um engano por parte dos membros


da fiscalização, pois não teriam levado em
consideração o fato de as mercadorias terem
sido adquiridas na forma de substituição
tributária, além de pertencerem ao grupo de
produtos da cesta básica.

Em sede de contra-razões, a fiscal autuante mantém os


termos do lançamento “in totum”, e em seguida pede pelo
prosseguimento do feito.

Assim, os autos foram encaminhados à Coordenadoria de


Julgamento da Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas,
ocasião em que o auto de infração foi julgado PROCEDENTE EM
PARTE, dando-se provimento a todos os fundamentos apresentados
no referido auto de infração, exceto àquele referente à multa
imposta, sob o seguinte argumento:

“Portanto, aplica este juízo ao caso em tela o


art. 79 da Lei Estadual 5.900/96, em nova
redação dada pela Lei Estadual 7.079/09, por
ser esta inovação legislativa posterior mais
benéfica ao sujeito passivo, nos termos do art.
13, II, “c”, da Lei Estadual 4.418/82. Com a
redução da penalidade de 60% (sessenta por
cento) do tributo para 50% (cinqüenta por
cento) do tributo, reduz-se o crédito
tributário inicialmente lançado para R$
291.824,73 (duzentos e noventa e um mil,
oitocentos e vinte e quatro reais e setenta e
três centavos), dos quais R$ 174.054,02 (cento

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e setenta e quatro mil, cinqüenta e quatro


reais e dois centavos), relativos ao ICMS não
recolhido.”

Nos termos do art. 48, I, da lei Estadual 6.771/06,


foram os autos remetidos a este Conselho Tributário Estadual
para a realização do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º


17.939/11, proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ,
que julgou parcialmente procedente o Auto de Infração n.º
16415, protocolado em 28/12/2004, dando-se provimento a todos
os fundamentos apresentados no referido auto de infração,
exceto àquele referente à multa imposta, oportunidade em que
foi aplicada a multa prevista no art. 79 da Lei 5.900/96, por
ser mais favorável ao contribuinte. Vejamos a ementa do
julgamento:

EMENTA – ICMS. Aquisição de mercadorias sem a


respectiva documentação fiscal. Saída de
mercadoria desacompanhada da documentação
fiscal necessária. Omissão do recolhimento do
ICMS na saída de mercadorias tributáveis.
DECISÃO: LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. 1) É
responsável tributário pelo recolhimento do
tributo incidente sobre as mercadorias sujeitas
à substituição tributária aquele que as adquire
sem o recolhimento do tributo devido nas etapas
anteriores ou que as detém desacompanhadas da
documentação fiscal devida, nos termos do art.
21, VI e 26, p. único da Lei Estadual 5.900/96.
2) A antecipação tributária prevista no art.
588 do RICMS e na Lei Estadual 6.474/04 não
implica encerramento da fase de tributação,
sendo devido o tributo quando das operações
subsequentes com a mesma mercadoria. 3) Por ser
a redução da base de calculo inerente aos
produtos da cesta básica condicionada à emissão

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de documentos fiscais, não se aplica a mesma às


infrações que tem como pressuposto a sua não
emissão. 4) aplicação do artigo 79 da Lei
Estadual 5.900/96, em redação dada pela Lei
Estadual 7.079/09, por ser esta sanção mais
benéfica ao sujeito passivo, nos termos do
artigo 13, II, “c” da lei Estadual 4.418/82. 5)
Remessa dos autos ao Conselho Tributário
Estadual para reexame necessário.

Inicialmente, cumpre registrar que o objeto do


presente julgamento restringe-se ao reexame necessário da
decisão da CJ que reduziu o crédito tributário, por força da
revogação da multa prevista no art. 84 da Lei n.º 5.900/96
pela Lei 7.079/09.

Neste contexto, compulsando a legislação tributária


estadual, depreende-se que a multa estabelecida no art. 84 da
Lei Estadual n.º 5.900/96 foi expressamente revogada pelo art.
4º, da Lei Estadual n.º 7.079/09. Vejamos:

Art. 4º Fica revogado o art. 84 1 da Lei nº


5.900, de 27 de dezembro de 1996,
reclassificando-se a multa deste artigo para a
do art. 79 2 da mesma Lei, relativamente aos
créditos tributários já lançados. [destaque
ausente no original]

Quanto ao tema, o Pleno deste Conselho Tributário


Estadual, por maioria de votos, entendeu que é legal a
reclassificação imposta pela Lei 7.079/09, sobretudo por ter
favorecido o contribuinte, a teor do disposto no art. 106,
inciso II, alínea “a”, do Código Tributário Nacional.

Assim, considerando que o Pleno deste CTE já decidiu,


mais de uma vez, sobre matéria, apesar das controvérsias
existentes, voto pela manutenção da citada reclassificação,
devendo incidir, in casu, a penalidade contida no art. 79 da
Lei 5.900/96.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe

1 Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal:


MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto devido.
2 Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não compreendida nas
hipóteses previstas nos artigos seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto.

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provimento, mantendo na íntegra a decisão da coordenadoria de


Julgamento, que decidiu pela procedência parcial do auto de
infração.

Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de janeiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA
___________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 001 – Realizada em 15/01/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO: 1500-026085/2010 e CTE nº 131/2012.
ANEXOS: 1500-009205/2009(05 vol.);030564/2010 e 037377/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.04760-001.
AUTUADA: SAN PAOLO CALÇADOS LTDA - EPP.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04523-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.258/2011.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Jorge Ricardo de Souza.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO VENCEDOR: Luciano Pontes de maya Gomes
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO 005/2013
EMENTA: ICMS. Levantamento Fiscal.
Confronto entre informações prestadas pelo
contribuinte por intermédio das declarações
fiscais e informações prestadas pelas
Administradoras de Cartão de Crédito,
Inobservância da Lei Complementar 105/2001.
Ausência de prévio processo ou procedimento
administrativo para o acesso às informações
protegidas sob sigilo. Nulidade da
Autuação. Recurso Ordinário conhecido e
provido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS pelo sujeito passivo devido à omissão de
vendas de mercadorias desacobertadas de documentação fiscal,
apuradas mediante confronto entre as vendas escrituradas em livros
fiscais próprios e os valores constantes em extratos fornecidos
por administradora de cartões de crédito e/ou débito, nos
exercícios de 2007, 2008 e janeiro a julho de 2009.

Acórdão CTE nº 005/2013 1


As provas trazidas pela fiscalização estão no processo
principal e em quatro volumes do processo anexo nº 1500-
009205/2009.

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas: art.


1º, art. 2º, § 9º, I ao III e V; art. 31 e art. 50, §§ 2º, I, II,
§ 3º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do Decreto
35.245/191 – Regulamento do ICMS. Aplicada a penalidade prevista
no artigo 97 da Lei nº 5.900/96.

Apresentadas a defesa pelo contribuinte e as Contrarrazões


pelo autuante, foi proferida a Decisão nº 18.258/2011, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com a
seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO


DECORRENTE DE DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO
PRINCIPAL. 1) Falta de recolhimento do imposto
decorrente da omissão de saídas de mercadorias
tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas
administradoras de cartão de crédito e débito,
confrontadas com as operações declaradas pelo
contribuinte. 2) Presunção “juris tantum”
referente à ocorrência de operações tributadas
sem pagamento do imposto (art. 2º, § 9º, V, da
Lei Estadual nº 5.900/96), não elidida por
prova em contrário. 3) Norma procedimental de
fiscalização: possibilidade de aplicação antes
de sua entrada em vigor – afastada a violação
ao princípio da irretroatividade. 4)
Inexistência de irregularidade relativamente à
quebra de sigilo bancário do contribuinte. 5)
Comprovada a materialidade da infração. 6)
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

Intimado da decisão supracitada, o autuado apresentou Recurso


Ordinário, requerendo a nulidade e o arquivamento do auto de
infração em tela, alegando para isso, entre citações doutrinárias
e jurisprudência, que:

1. pela importância da matéria não cabe qualquer


possibilidade de inversão do ônus da prova, e havendo
algum valor a ser cobrado, necessariamente deve estar
fundamentado em prova documental;

Acórdão CTE nº 005/2013 2


2. não foram anexadas provas suficientes e detalhadas que
tragam certeza da constituição do crédito tributário
aqui cobrado, incidindo assim o art. 7º da lei nº
6.771/2006;

3. a diferença encontrada na autuação foi por causa que as


vendas com cartões são feitas diariamente e a apuração
do ICMS realizada pela fiscalização foi mensal;

4. a informação prestada por terceiros não quer dizer


receitas, já que as administradoras de cartões cobram
percentagem pelo serviço. Ou seja, não se sabe se os
valores informados por elas “são valores líquidos ou
brutos”, só podendo responder a tal questionamento com
os “tíquetes de venda”, que não foram anexados pelo
fisco;

5. questiona onde estão os “tíquetes de venda”; se as vendas


foram a vista ou parceladas; se para pessoa física ou
jurídica; se foi com cartão empresa, corporativo ou
pessoal; se existe diferença no estoque; se existiu
vendas sem notas; e quais foram as mercadorias vendidas;

6. o juízo singular não levou em consideração à falta de


elementos probatórios, prejudicando o seu julgamento, já
que houve inúmeros questionamentos sem resposta,
acarretando uma insegurança jurídica.

Em resposta, pedindo pela improcedência dos pedidos de


nulidade do auto de infração e pela manutenção da decisão
recorrida, a Representante Fiscal argumenta que:

1. o recurso não contestou nenhum valor relativo às


operações de vendas de mercadorias omitidas apuradas no
levantamento fiscal, e que por isso, há presunção de
veracidade desses valores;

2. o procedimento de apuração mensal do ICMS obedece ao


disposto na legislação tributária, citando o art. 78 do
Regulamento do ICMS;

3. os relatórios das administradoras de cartão de


crédito/débito são individualizados em relação ao
estabelecimento da recorrente, constando a discriminação

Acórdão CTE nº 005/2013 3


dos valores de cada operação por data, bem como o número
do documento e identificação de cartão utilizado no
pagamento;

4. quanto aos questionamentos relativos os “tíquetes de


venda”, se as vendas foram à vista ou parceladas, se
para pessoa física ou jurídica, o tipo de cartão, se
existe diferença no estoque, e quais foram as
mercadorias vendidas, tais perguntas são irrelevantes
para o lançamento aqui analisado, já que a ocorrência da
infração está devidamente mostrada, pois a partir do
fato provado nos autos se tem a presunção da omissão de
saídas sem o pagamento do imposto;

5. a alegação de não ter tido acesso às provas relativas à


autuação é “absurda”, já que fora facilitado ao sujeito
passivo o acesso aos elemento probatórios, tanto que na
peça de impugnação, é citado o processo SF 1500-
009205/2009, que contém todo o conjunto probatório do
auto de infração em tela;

6. não há o que se falar em falta de fundamentação da


decisão de piso, pois a mesma está baseada nas provas
acostadas aos autos e nos precisos termos da legislação
tributária;

7. há provas documentais suficientes nos autos comprovando


que os valores de vendas informados pelas
administradoras de cartão são muito superiores aos
registrados nos livros fiscais da autuada, o que leva a
conclusão de que houve operações de saída de mercadorias
sem o registro fiscal e a falta de pagamento do imposto.
E por isso não há o que se alegar sobre inversão do ônus
da prova. Inclusive caberia à autuada afastar com
contraprovas, nesta fase processual, a acusação posta
pela fiscalização, o que não aconteceu;

8. sobre as informações prestadas pelas administradoras de


cartão não constituírem receitas, pois incluem
porcentagem de serviço, sendo necessários os tíquetes de
venda, a remessa dessas informações pelas
administradoras decorre da obrigação posta na legislação
tributária estadual, utilizando como padrão o modelo
constante de Protocolo ECF 04/01. Alem disso, a autuada

Acórdão CTE nº 005/2013 4


não indicou os supostos percentuais, nem datas e
valores, como também não anexou qualquer documento
comprovando a cobrança desses encargos de financiamento.

Assim, chegam os autos a este Conselho. É o relatório.

VOTO VISTA VENCEDOR

Conforme relato, como motivação para o ato


administrativo questionado, asseverou a autoridade fiscal haver o
contribuinte omitido receitas tributáveis, especificamente
relacionadas às suas operações com cartões de crédito, débito ou
similares.

A propugnada omissão de receitas fora firmada em


presunção. Segundo afirmação constante da peça acusatória,
presunção essa decorrente de uma suposta diferença apurada pela
fiscalização entre os valores das vendas registrados nos livros e
declarações próprias e as informações prestadas pelas
administradoras de cartões de crédito/débito.

Pois bem. Compulsando os autos do presente processo


administrativo, observa-se que as informações foram encaminhadas
pelas administradoras de cartões de crédito/débito após
regularmente intimadas para tanto pela DIPLAF – Diretoria de
Planejamento de Ação Fiscal (vide fl. ___ e ss.). Observe que
o expediente é datado de 17 de novembro de 2009.

Analisando o conteúdo dos ofícios citados, observa-


se que o procedimento em comento apresentou como fundamento o art.
6º, da LC n.º 105, de 10 de janeiro de 2001, o art. 197, II e VII,
do CTN, o art. 110, II e VIII, da Lei n.º 4.418/82, o art. 50,
§11º, da Lei n.º 5.900/96, e a IN SF n.º 34/2009. Em substância, a
ação fiscal se consubstanciou no já citado art. 6º, da LC n.º
105/2001, que atualmente disciplina a prestação de informações
sigilosas pelas instituições financeiras 1.

Acórdão CTE nº 005/2013 5


É aqui aonde observamos a impropriedade quanto ao
procedimento para a obtenção das informações junto as
administradoras de cartões de crédito/débito à partir da análise
do texto do próprio art. 6º, da LC 105, citado como motivação para
tal ação fiscal. Confira-se:

Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais


tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento
fiscal em curso e tais exames sejam considerados
indispensáveis pela autoridade administrativa
competente. (grifamos)

Dá análise do destacado dispositivo de lei,


observamos que o próprio artigo que outorga as autoridades
fazendárias federal, estadual e municipal o poder de examinarem as
informações gravadas por sigilo fiscal perante as administradoras
de cartão de crédito, condiciona tal faculdade, no entanto: (i) a
existência de prévio procedimento fiscal visando a apuração
(constituição) de crédito tributário; e, (ii) que no bojo deste a
quebra do sigilo seja indispensável.

Partindo desta irrefutável premissa, salta aos olhos


o erro in procedendo da autoridade fiscal, que, somente veio
instaurar procedimento em face do
contribuinte _____________________________ (vide cópia do livro
termo de ocorrências ora anexado). Ou seja, há aproximadamente 01
(um) ano após a data do pedido de quebra de sigilo das operações
do contribuinte, invertendo, assim, a ordem cronológica dos
procedimentos ditados pela LC 105. E isto porque, ordenou,
primeiro, a quebra do sigilo da recorrente para, somente então e
muito posteriormente, iniciar o procedimento hábil a constituir o
crédito tributário.

Aliás, o próprio lançamento faz expressa referência


ao processo administrativo anterior.

Acórdão CTE nº 005/2013 6


Demonstrado o vício de procedimento, tem-se como
consectária a nulidade do auto de infração subsequente. Neste
sentido está a uníssona jurisprudência do STJ:

TRIBUTÁRIO – CPMF – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO –


PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DISPOSTOS NO ART. 6º DA
LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001 – REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICA – SÚMULA 7/STJ. 1. A Lei complementar n.
105/2001, em seu art. 6º, autoriza a quebra de
sigilo bancário para apuração de ilícitos
fiscais somente quando houver processo
administrativo instaurado ou processo fiscal em
curso, e se tal procedimento for indispensável. 2.
No caso dos autos, o Tribunal de origem, conhecedor
de todo o contexto fático-probatório dos autos,
entendeu que os requisitos descritos no artigo
supostamente violado foram preenchidos. 3. Não cabe
a esta Corte desconstituir o acórdão recorrido e
reconhecer a ausência de procedimento
administrativo, por indispensável revolvimento da
matéria fática - inviável em sede de recurso
especial por óbice da Súmula 7/STJ. Agravo
regimental improvido.(STJ. 2ªT. AgRg no Ag 1213848 /
SP. Rel. Min. Humberto Martins. DJe 24/03/2010)

Por outro lado, em data recente (dezembro/2010), em


julgamento com status de repercussão geral, o Plenário do SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL reconheceu a inconstitucionalidade da autorização
conferida às administrações fazendárias para quebrarem o sigilo
fiscal dos contribuintes, ainda que para subsidiar procedimento
fiscal em curso, exatamente a constante do art. 6º, da LC n.º
105/2001. Segundo o STF, a segurança das relações jurídicas impõe
o prévio exame de pertinência pelo Judiciário.

Confira-se:

Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal


Federal (STF) deu provimento a um Recurso
Extraordinário (RE 389808) em que a empresa GVA
Indústria e Comércio S/A questionava o acesso da
Receita Federal a informações fiscais da empresa,
sem fundamentação e sem autorização judicial. Por
cinco votos a quatro, os ministros entenderam que

Acórdão CTE nº 005/2013 7


não pode haver acesso a esses dados sem ordem do
Poder Judiciário.

O caso

A matéria tem origem em comunicado feito pelo Banco


Santander à empresa GVA Indústria e Comércio S/A,
informando que a Delegacia da Receita Federal do
Brasil com amparo na Lei Complementar nº 105/01
havia determinado àquela instituição financeira, em
mandado de procedimento fiscal, a entrega de
extratos e demais documentos pertinentes à
movimentação bancária da empresa relativamente ao
período de 1998 a julho de 2001. O Banco Santander
cientificou a empresa que, em virtude de tal
mandado, iria fornecer os dados bancários em
questão.

A empresa ajuizou o RE no Supremo contra acórdão


proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, que permitiu “o acesso da autoridade fiscal
a dados relativos à movimentação financeira dos
contribuintes, no bojo do procedimento fiscal
regularmente instaurado”. Para a GVA, “o poder de
devassa nos registros naturalmente sigilosos, sem a
mínima fundamentação, e ainda sem a necessária
intervenção judicial, não encontram qualquer
fundamento de validade na Constituição Federal”.
Afirma que foi obrigada por meio de Mandado de
Procedimento Fiscal a apresentar seus extratos
bancários referentes ao ano de 1998, sem qualquer
autorização judicial, com fundamento apenas nas
disposições da Lei nº 10.174/2001, da Lei
Complementar 105/2001 e do Decreto 3.724/2001, sem
qualquer respaldo constitucional.

Dignidade

O ministro Marco Aurélio (relator) votou pelo


provimento do recurso, sendo acompanhado pelos
ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso
de Mello e Cezar Peluso. O princípio da dignidade da
pessoa humana foi o fundamento do relator para votar
a favor da empresa. De acordo com ele, a vida em

Acórdão CTE nº 005/2013 8


sociedade pressupõe segurança e estabilidade, e não
a surpresa. E, para garantir isso, é necessário o
respeito à inviolabilidade das informações do
cidadão.

Ainda de acordo com o ministro, é necessário


assegurar a privacidade. A exceção para mitigar esta
regra só pode vir por ordem judicial, e para
instrução penal, não para outras finalidades.

“É preciso resguardar o cidadão de atos


extravagantes que possam, de alguma forma, alcançá-
lo na dignidade”, salientou o ministro.

Por fim, o ministro disse entender que a quebra do


sigilo sem autorização judicial banaliza o que a
Constituição Federal tenta proteger, a privacidade
do cidadão. Com esses argumentos o relator votou no
sentido de considerar que só é possível o
afastamento do sigilo bancário de pessoas naturais e
jurídicas a partir de ordem emanada do Poder
Judiciário.

Já o ministro Gilmar Mendes disse em seu voto que


não se trata de se negar acesso às informações, mas
de restringir, exigir que haja observância da
reserva de jurisdição. Para ele, faz-se presente, no
caso, a necessidade de reserva de jurisdição. Para o
ministro Celso de Mello, decano da Corte, o Estado
tem poder para investigar e fiscalizar, mas a
decretação da quebra de sigilo bancário só pode ser
feita mediante ordem emanada do Poder Judiciário.

Em nada compromete a competência para investigar


atribuída ao poder público, que sempre que achar
necessário, poderá pedir ao Judiciário a quebra do
sigilo.

Divergência

Os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres


Britto e Ellen Gracie votaram pelo desprovimento do
RE. De acordo com o ministro Dias Toffoli, a lei que
regulamentou a transferência dos dados sigilosos das

Acórdão CTE nº 005/2013 9


instituições financeiras para a Receita Federal
respeita as garantias fundamentais presentes na
Constituição Federal. Para a ministra Cármen Lúcia,
não existe quebra de privacidade do cidadão, mas
apenas a transferência para outro órgão dos dados
protegidos.
(Disponívelem:http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNo
ticiaDetalhe.asp?idConteudo=168193&caixaB)

Convém ainda atentar para recente posicionamento do


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, que pelo aresto
colacionado acata as duas teses ora sustentadas. Segue-se sua
ementa:
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL AÇÃO
ORDINÁRIA - EXCLUSÃO DO “SIMPLES PAULISTA”. PROCESSO
ADMINISTRATIVO INÍCIO E FUNDAMENTO EM INFORMAÇÕES
REPASSADAS POR ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO E
DÉBITO LEI ESTADUAL ILEGALIDADE. O processo
administrativo que desenquadrou o contribuinte do
Simples Paulista, com efeitos retroativos desde 1º
de abril de 2006, baseou-se unicamente em relações
de valores sobre pagamentos com cartões de crédito e
débito realizados pela microempresa passados à
Secretaria da Fazenda do Estado com base no art. 1º,
III, da Lei Paulista 12.186, de 5 de janeiro de
2006, que introduziu dentre os requisitos de adesão
ao programa a declaração de que “autoriza a empresa
administradora de cartão de crédito ou de débito a
fornecer, à Secretaria da Fazenda, relação dos
valores referentes às suas operações e prestações de
serviços” (art. 3º, II, “e”, da Lei Estadual 10.086,
de 19 de novembro de 1998). Por sua vez, a Lei
Complementar 105, de 10 de janeiro de 2001, que
dispõe sobre o sigilo das operações das instituições
financeiras, determina: “Art. 6º As autoridades e os
agentes fiscais tributários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de
instituições financeiras, inclusive os referentes a
contas de depósitos e aplicações financeiras, quando
houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam
considerados indispensáveis pela autoridade

Acórdão CTE nº 005/2013 10


administrativa competente” (grifo nosso). A Lei
Estadual 12.186/2006 simplesmente inverteu a lógica
do levantamento do sigilo das operações financeiras:
o contribuinte renuncia obrigatoriamente, desde
logo, ao segredo de suas operações de cartão de
crédito e débito, e, então, a Fazenda busca indícios
de irregularidades Ilegalidade dessa Lei em
confronto com o art. 6º, caput, da Lei Complementar
105/2001. Ademais, o Supremo Tribunal Federal
decidiu recentemente que o Fisco não pode quebrar o
sigilo fiscal sem prévia autorização judicial.
Decisão mantida Nega-se provimento ao recurso.
(TJ/SP. Apelação nº 0130457-83.2008.8.26.0053, da
Comarca de São Paulo. 5ª Câmara de Direito Público
do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a
seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V.U, em 14 de fevereiro de 2011).

Enfim, nesta esteira, o procedimento encampado pelo


fisco estadual, em constituir o crédito tributário a partir de
informações prestadas por administradoras de cartões de crédito
sem a autorização judicial, encontra-se eivado de vício de
nulidade.

Isto Posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do Recurso
Ordinário para dar-lhe provimento. Auto de Infração NULO.

Sala das Sessões do CTE , em Maceió, 15 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


VOTO VENCEDOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A.


FILHO
JULGADOR (VOTOU CONTRA RELATOR) JULGADOR (VOTOU CONTRA RELATOR)

Acórdão CTE nº 005/2013 11


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SESÃO ORDINÁRIA Nº 02 – 2º Câmara – Realizada em 18/01/2013


PROCESSO: 1500-006838/04 (08 VOLUMES); CTE-21/12
ANEXO: 1500-014924/06
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 041458/04
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA
AUTUAD0: MARINHO VEÍCULOS LTDA.
AUTUANTE: FRANCISCO J.S. DE MENDONÇA – Mat. 30.772
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA

ACÓRDÃO Nº10 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE O


CONTEÚDO DOS TERMOS DA PEÇA VESTIBULAR E
O DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXIGIDO. DÚVIDA NO TOCANTE A INFRAÇÃO
COMETIDA PELA EMPRESA E EM CONSEQUÊNCIA,
PREJUDICADO O CONTRADITÓRIO E A AMPLA
DEFESA DA AUTUADA. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E IMPROVIDA. DECISÃO DE
PRIMEIRA INSTÂNCIA MANTIDA.

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de


crédito tributário a título de ICMS, no montante de R$
5.843,18 (Cinco Mil, Oitocentos e Quarenta e Três Reais e
Dezoito Centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$
3.943,72(Três Mil, Novecentos e Quarenta e Três Reais e
Setenta e Dois Centavos), decorrente de diferença verificada
através da planilha de levantamento específico de sua
Movimentação de Combustíveis, no período de 01/01/03 a
30/11/03, conforme registros nos Livros de Movimentação de
Combustíveis (LMC).

Como instrução da presente autuação foram anexados


aos autos, Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte,
Declaração de Acompanhamento da Medição de Estoque,
Demonstrativo do Resumo de Movimentação de Combustível e
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cópias, da FAC, dos Termos de Início e Encerramento de


Fiscalização e do Livro de Movimentação de Combustíveis do
Edital.

Intimada da autuação a empresa apresentou defesa,


alegando que imotivadamente, o fiscal da SEFAZ concluiu que
havia uma diferença de 2.800 litros de AEHC, saldo este que
não possuía nota fiscal, segundo o agente autuador.

Percebendo-se, dessa maneira, que por não haver


apresentado as notas de saídas de mercadoria referentes ao
período em questão, o estabelecimento está sendo acusado de
haver sonegado ICMS relativo ao mesmo exercício.

Porém, ao lavrar o Auto de Infração ora guerreado,


o fiscal ignora completamente o fato de que nos
estabelecimentos revendedores de combustíveis, o ICMS
relativo a todos os produtos vendidos é recolhido através de
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA, o que significa dizer que quem deve
repassar ao Estado todo o valor referente a esse imposto são
os substitutos (distribuidores e refinarias) e não o
substituído (posto revendedor).

Nas contra razões da defesa o autuante insiste na


manutenção do lançamento, aduzindo que na presente Autuação
não ocorreu nenhuma “presunção” e sim, a falta de emissão de
documentos fiscais nas operações que realizou, admitindo-se a
não exigência do crédito tributário a título de ICMS,
cabendo, no entanto, a penalidade prevista no inc. II, do
Art. 110, da Lei nº. 5.900/96, segundo a qual consiste em 03
(três) UPFAL´S para cada valor inerente a 100 (cem) UPFAL´S,
resumindo-se assim o crédito tributário a R$ 226,94 (duzentos
e vinte e seis reais e noventa e quatro centavos), resultando
consequentemente em aditamento ao lançamento original,
conforme termo próprio à fl. 19 – Proc. 1500-014924/04.

Em ato contínuo fora expedida notificação do


respectivo aditamento via AR e por edital, conforme fls.
25/6; 29/31 e fl.36, sem a manifestação da empresa.

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Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, esta concluiu pela
nulidade do lançamento nos termos da seguinte ementa:

“ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. Lançamento de Ofício


do Crédito Tributário. 1. Diferença verificada através de
levantamento específico de estoque. 2. Indeterminação da
conduta descrita como infração tributária. 3. Ilícito não
demonstrado. 4. Procedentes as alegações da defesa. 5.
Ausência de motivo. 6. Lançamento NULO. 7. Reexame
necessário.”

Notificadas da decisão tanto a Representação Fiscal


quanto a empresa autuada, as mesmas não se manifestaram.

Em síntese é o relatório.

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VOTO

Está consignado na peça vestibular dos autos que o


presente lançamento teve como origem o seguinte fato:
“Diferença verificada através da Planilha de levantamento
específico de sua Movimentação de Combustíveis, fato
constatado conforme registro nos seus Livros de Movimentação
de Combustíveis (LMC), conforme documentação anexos.” Seguido
da discriminação dos tipos de combustíveis vendidos sem doc.
fiscal, como álcool carburante, gasolina comum, gasolina
aditivada e óleo diesel.

Da análise dos autos, notadamente dos docs. de fls.


07/09, intitulado de RESUMO DE MOVIMENTAÇÃO DE COMBUSTÍVEL,
verifica-se que ao invés de está consignado nos referidos
demonstrativos, diferença a título de saída, consta dos
mesmos diferença a título de compras, aquisições sem notas
fiscais, circunstâncias estas não compatíveis com a narrativa
constante da fl. inicial, quando está inserida na mesma que
as diferenças reportam-se as saídas (vendas) e não aquisições
(compras) sem nota fiscal, ensejando assim, dúvida acerca da
infração cometida pela empresa e por extensão acarretando
prejuízo ao contraditório e a ampla defesa.

Como se não bastasse tal discrepância na autuação,


o fiscal autuante ao apresentar as contra razões da defesa,
elabora um pseudo aditamento de fl. 19 – Proc. 1500-
014924/04, segundo o qual indica como total das operações, o
valor de R$ 23.372,70 (Vinte e Três Mil, Trezentos e Setenta
e Dois Reais e Setenta Centavos), sem identificar,
entretanto, o título, a rubrica das operações, ou melhor, se
as mesmas são relativas às entradas ou saídas.

Assim, o teor dos termos da presente autuação


apresenta-se de forma contraditória e em conseqüência
comprometendo o contraditório e a ampla defesa da autuada,
razões pelas quais a instância de piso decidiu acertadamente.

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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIOESTADUAL, por unanimidade, conhecer da remessa para
negar-lhe provimento, mantendo in totum a decisão de primeira
instância.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 18 de janeiro


de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADORA JULGADOR

MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

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SESÃO ORDINÁRIA Nº 01 – Realizada em 22/01/2013 – 1° Câmara


PROCESSO: 1500-000.106/2010 e CTE nº 470/2011.
ANEXOS: 1500-002.017/2010 e 1500-025.982/2011.
AUTUADA: MAR AZUL DIST. INPORT. E EXPORT. LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.104.165-1.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.98386-001, de 05/01/2010.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.083/2011.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Edgar Sarmento Pereira Filho.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
VOTO VECENDOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 011/2013

EMENTA:

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa MAR AZUL DIST. INPORT. E EXPORT. LTDA, já qualificada,
tendo por objeto o lançamento do crédito tributário no valor
de R$ 810,00 (oitocentos e dez reais), por haver a empresa
autuada apresentado informações divergentes das que constam
nos seus livros fiscais obrigatórios quando da apresentação de
suas DAC’s – Declarações de Atividades do Contribuinte nos
meses de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro/2004.

Apontados como infringidos os artigos 49,


inciso II, do RICMS/1991; 3°, do Decreto n° 38.469/2000; sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 116-A,
inciso II, da Lei nº 5.900/1996.

Os autos estão instruídos com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de
autógrafo; cópia (xerox) do RUDFTO (Termos de Ocorrências);
Relatório de Cruzamento da DAC com Arrecadação do ICMS e
Débitos Fiscais (08/2004 a 12/2004); Espelhos da Declaração de
Atividades do Contribuinte – DAC’s (08/2004 a 12/2004); cópia
(xerox) do LRAICMS e extrato de arrecadação do contribuinte.
DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando que houve cerceamento de defesa, pois a fiscalização
foi efetuada de forma rápida e por amostragem; agiu de boa-fé
e houve uma irregularidade na forma de apuração e transmissão

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Relatora
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das informações à SEFAZ; sendo que esse equívoco poderia ter


sido regularizado se o autuante tivesse concedido um prazo
para apresentar as retificações, as declarações e os registros
fiscais devidamente regularizados e autenticados, acostando as
cópias do LRAICMS n° 06 e das DAC retificadas; a atuação não
foi conduzida segundo padrões éticos de probidade e boa-fé, de
acordo a lei e o direito. Por fim, pede que a autuação seja
julgada como improcedente.

A Comissão de Representação Fiscal, através do


Pedido de Diligência CRF nº 027/2010, solicitou ao autuante
que fosse intimada a autuada para subscrever a defesa que fora
apresentada sem sua assinatura possibilitando assim validá-la,
e não ser considerada inepta. Tal solicitação foi atendida
conforme informação fiscal à fl. 23, do Processo de defesa.

DAS CONTRA-RAZÕES

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contra-razões alegando que a defesa apresentada
pela autuada não inibe a autuação, pois tais alegações estão
desprovidas de suporte fático ou documental; não houve o
cerceamento de defesa, inclusive o próprio sócio tomou ciência
do auto de infração pessoalmente e apresentou defesa em tempo
hábil; descumpriu a legislação estadual vigente, conforme
provas nos autos, não trazendo provas do que alega. Por fim,
pede a procedência da autuação.

Em 21/06/2011, foi proferida a Decisão nº


18.083/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS –


Divergência entre as informações constantes
da Declaração de Atividades do Contribuinte –
DAC e as apostas nos livros fiscais. Ilícito
fiscal comprovado. Lançamento PROCEDENTE.
Ajuste da sanção pecuniária pelo juízo
administrativo, com fulcro na legalidade e na
norma do art. 30 da Lei Estadual nº
6.771/2006 e nos termos do art. 116-A, inciso
II da Lei nº 5.900/1996, com a redação dada
pela Lei nº 6.331/2002. Exação superior à
400 (quatrocentas) UPFAL’s. Procedimento
ordinário.

DO RECURSO ORDINÁRIO

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Relatora
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A autuada apresentou Recurso Ordinário,


tempestivo, alegando:

1) Que, a decisão de Primeira Instância


aplicou a penalidade prevista no artigo 116, II, “b”, da Lei
nº 5.900/1996, estando fundamentada no artigo 56, da Lei nº
5.900/96, que prevê a criação de normas estipulando regras
para cumprir obrigações acessórias, e entre elas, editou uma
norma complementar estabelecendo regras para a entrega da DAC,
tendo o fiscal autuante errado ao vislumbrar na ação fiscal o
cometimento de várias infrações.

2) Que, o artigo 30, da Lei nº 6.771/06,


permite alterar a penalidade aplicada, o que fez o julgador
singular no intuíto de aumentar o ingresso de dinheiro aos
cofres estaduais, mesmo desconhecendo as provas que estão
anexadas a defesa, julgar procedente o auto de infração, assim
a decisão é ilegítima e frágil com inúmeras contradições de
interpretação quando da aplicação da legislação tributária, o
julgador singular numa sutil de demonstração de querer ser o
senhor da razão apressou-se em querer doutrinar, aludindo a
textos legais (Lei, Decreto, Instrução Normativa, etc), como
forma de fazer prevalecer sua interpretação como fundamento de
sua insustentável decisão.

3) Que, os artigos 56, da Lei n 5.900/96 e


30, I, e II, da Lei nº 6.771/2006), não dão autorização nem
poderes para elevar a penalidade de 300 (trezentas) para 1.352
(hum mil, trezentas e cinquenta e duas) UPFAL’s, não assiste
razão ao julgador em relação ao seu ponto de vista, pois a
autuada na defesa anexou diversos documentos e se o julgador
quissesse poderia ter pedido uma diligência para constatar tal
procedimento; a Decisão nº 18.083/2011 é inconsequente e tenta
somente postergar os efeitos da malograda ação fiscal. Por
fim, pede a Improcedência do autro de infração.

DAS CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contra-razões alegando:

1) Que, a autuada questiona a forma como foi


aumentado o valor de 300 (trezentas) UPFAL’s para 1.352 (mil,
trezentas e cinquenta e duas) UPFAL’s de forma equivocada, uma
vez que a inicial cobra 50 (cinquenta) UPFAL’s correspondentes
a R$ 810,50 (oitocentos e dez reais e cinquenta centavos), e a

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decisão singular cobra 1.352 (mil, trezentas e cinquenta e


duas) UPFAL’s correspondente a 1% (um por cento) do valor das
operações de saídas conforme 116-A, II, da Lei nº 5.900/96
vigente à época da autuação.

2) Que, a autuada não trata do mérito da


autuação, pois apenas renova a disponibilidade das informações
corrigidas no LRAICMS nº 06 (seis) esquecendo que o lançamento
do crédito tributário exclui a espontaneidade da apresentação
dessas informações, sendo sua alegação principal a quantidade
de UPFAL’s a ser aplicada como multa por descumprimento dessa
obrigação, transformada em fato gerador do crédito tributário,
tanto pela autuação, como pela decisão.

3) Que, o mérito da autuação reside na


apresentação de informações divergentes na DAC - Declaração de
Atividades do Contribuinte, obrigação acessória mensal, em
confronto com a escrituração dos livros fiscais nos meses de
agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro/2004, fato que
está devidamente comprovado pelos Relatórios de Cruzamento da
DAC com a Arrecadação de ICMS e débitos fiscais, comparados
com as cópias do LRAICMS nº 01 (um) conforme consta às fls.
11 a 33, do Processo inicial.

4) Que, as informações divergentes entre as


DAC’s e os livros fiscais não foram corrigidas antes da ação
fiscal para que a autuada tivesse o benefício da espontaneida,
assim, fica sujeita a penalidade prevista no artigo 116-A, II,
da Lei nº 5.900/1996, equivalente a 10 (dez) vezes o valor da
UPFAL acrescido de 05 (cinco) UPFAL para cada mês adicional em
atraso, até o limite de 300 (trezentas) UPFAL’s, tudo conforme
o artigo 30, da Lei nº 6.771/2006, que permite alterar a
aplicação da penalidade. Por fim, pede a Procedência do auto
de infração com a aplicação da penalidade prevista no artigo
116-A, II, da Lei nº 5.900/1996, na redação dada pela Lei nº
6.554/2004, vigente à época do lançamento. Assim, chegam os
autos a este Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

I – PRELIMINAR DE OFÍCIO DA DECADÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO.


INTELIGÊNCIA DO ART. 173, INCISO I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL.

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a


contribuinte foi autuada em razão de supostamente ter
apresentado as DACs dos meses de agosto, setembro, outubro,

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novembro e dezembro de 2004, com informações divergentes das


constantes nos seus livros fiscais obrigatórios, conforme
expressamente consta no AI 99.98386-001 carreado aos autos às
fls. 02 (proc. 1500-000106/2012).

O Código Tributário Nacional, especificamente em seu


art. 173, inciso I, preconiza que o direito de a Fazenda
Pública Estadual constituir o crédito tributário extingue-se
com decurso do prazo de 05 (cinco) anos, contados do 1º dia
do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado. Vejamos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;

Com efeito, a doutrina e jurisprudência pátria já


firmaram entendimento segundo o qual o descumprimento de
obrigação acessória, como é o caso da DAC, sujeita-se ao
previsto no art. 173, I, do CTN, consoante se verifica do
julgado do STJ, a saber:

TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL - CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA - APRESENTAÇÃO DA GFIP -
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA - DESCUMPRIMENTO -
DECADÊNCIA - REGRA APLICÁVEL: ART. 173, I, DO
CTN.
1. A falta de apresentação da Guia de
Recolhimento do FGTS e Informações à
Previdência Social (GFIP), assim como o
fornecimento
de dados não correspondentes aos fatos
geradores de todas as contribuições
previdenciárias devidas configura
descumprimento de obrigação tributária
acessória, passível de sanção pecuniária, na
forma da legislação de regência.

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2. Na hipótese, o prazo decadencial para a


constituição do crédito tributário é regido
pelo art. 173, I, do CTN, tendo em vista
tratar-se de lançamento de ofício, consoante
a previsão do art. 149, incisos II, IV e VI.
3. Ausente a figura do lançamento por
homologação, não há que se falar em
incidência da regra do art. 150, § 4º, do
CTN.
4. Recurso especial não provido. (STJ, REsp
1055540/SC, Ministra Eliana CalmonT2 -
SEGUNDA TURMADJe 27/03/2009)

Ora, as informações divergentes foram encontradas nas


DACs referentes aos meses de meses de agosto, setembro,
outubro, novembro e dezembro de 2004. Em sendo assim, em
obediência do disposto no art. 173, I, do CTN, o prazo para a
constituição do crédito tributário iniciou para a Fazenda
Pública a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado (2004), qual seja:
1º de janeiro de 2005.

Neste contexto, considerando que o prazo para a


constituição do crédito tributário extingue-se após o prazo
de 05 (cinco) anos, no presente caso, o prazo fatal para que
o lançamento seja efetuado e validamente notificado ao
contribuinte seria o dia 1º de janeiro de 2010.

Ressalte-se, por oportuno, que o marco final para


efeitos de contagem do prazo decadencial é a notificação
válida, ao sujeito passivo, do lançamento (ou auto de
infração) realizado, momento em que o crédito tributário é
validamente constituído. Nesse sentido segue o escólio da
doutrina pátria:

“O procedimento a que o CTN dá o nome de


lançamento, e tem por finalidade constituir o
crédito tributário, encerra-se com a
notificação feita ao sujeito passivo. A
partir desse momento, o lançamento torna-se
definitivo e o crédito tributário estará
definitivamente constituído.” (FREITAS,
Vladimir Passos de. (coord.). Código

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Tributário Nacional Comentado. 4ª Ed. Revista


dos Tribunais: São Paulo, 2007, p. 674)

No entanto, no caso em comento, vê-se que o auto de


infração somente foi lavrado em 04 de janeiro de 2010 e a
notificação válida apenas foi efetivada em 05 de janeiro de
2010, ou seja, quando já transcorridos mais de 05 (cinco)
anos da data prevista no art. 173, I, do CTN.

Destarte, considerando que a notificação do auto de


infração se deu em 05 de janeiro de 2010, constata-se que as
infrações ocorridas no exercício de 2004, indiscutivelmente,
foram alcançados pelo instituto da decadência tributária,
haja vista que entre a data dos fatos geradores e da
respectiva notificação ultrapassaram mais de 05 (cinco) anos.

Face ao exposto, com a devida vênia aos que


entendem de forma diversa, ACORDAM OS MEMBROS DA 1º CÂMARA
DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria dos votos no
sentido de extinguir o crédito tributário em razão da
configuração da decadência do direito da Fazenda Pública
Estadual constituir o crédito tributário, ex vi do art. 156,
V, do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 22 de janeiro de 2013.

SERGIO GUILHRME A. SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR COM VOTO VENCEDOR JULGADOR (CONTRA RELATORA)

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº01 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 22/01/2013


PROCESSO: 1500-000.106/2010 e CTE nº 470/2011.
ANEXOS: 1500-002.017/2010 e 1500-025.982/2011.
AUTUADA: MAR AZUL DIST. INPORT. E EXPORT. LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.104.165-1.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.98386-001, de 05/01/2010.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.083/2011.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Edgar Sarmento Pereira Filho.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
RELATOR DO VOTO DE VISTA: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO Nº011/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – AUSÊNCIA DE
ENTREGA DE DAC’S – DECURSO DO
PRAZO PREVISTO NO ART. 173 DO CTN
- NOTIFICAÇÃO AO SUJEITO PASSIVO
REALIZADA APÓS O PRAZO LEGAL –
DECADÊNCIA CARACTERIZADA- EXTINÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA
DECADÊNCIA – INTELIGÊNCIA DO ART.
156, INCISO V DO CTN – LANÇAMENTO
PREJUDICADO.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa MAR AZUL DIST. INPORT. E EXPORT. LTDA, já qualificada,
tendo por objeto o lançamento do crédito tributário no valor
de R$ 810,00 (oitocentos e dez reais), por haver a empresa
autuada apresentado informações divergentes das que constam
nos seus livros fiscais obrigatórios quando da apresentação de
suas DAC’s – Declarações de Atividades do Contribuinte nos
meses de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro/2004.

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Apontados como infringidos os artigos 49,


inciso II, do RICMS/1991; 3°, do Decreto n° 38.469/2000; sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 116-A,
inciso II, da Lei nº 5.900/1996.

Os autos estão instruídos com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de
autógrafo; cópia (xerox) do RUDFTO (Termos de Ocorrências);
Relatório de Cruzamento da DAC com Arrecadação do ICMS e
Débitos Fiscais (08/2004 a 12/2004); Espelhos da Declaração de
Atividades do Contribuinte – DAC’s (08/2004 a 12/2004); cópia
(xerox) do LRAICMS e extrato de arrecadação do contribuinte.
DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando que houve cerceamento de defesa, pois a fiscalização
foi efetuada de forma rápida e por amostragem; agiu de boa-fé
e houve uma irregularidade na forma de apuração e transmissão
das informações à SEFAZ; sendo que esse equívoco poderia ter
sido regularizado se o autuante tivesse concedido um prazo
para apresentar as retificações, as declarações e os registros
fiscais devidamente regularizados e autenticados, acostando as
cópias do LRAICMS n° 06 e das DAC retificadas; a atuação não
foi conduzida segundo padrões éticos de probidade e boa-fé, de
acordo a lei e o direito. Por fim, pede que a autuação seja
julgada como improcedente.

A Comissão de Representação Fiscal, através do


Pedido de Diligência CRF nº 027/2010, solicitou ao autuante
que fosse intimada a autuada para subscrever a defesa que fora
apresentada sem sua assinatura possibilitando assim validá-la,
e não ser considerada inepta. Tal solicitação foi atendida
conforme informação fiscal à fl. 23, do Processo de defesa.

DAS CONTRA-RAZÕES

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contra-razões alegando que a defesa apresentada
pela autuada não inibe a autuação, pois tais alegações estão
desprovidas de suporte fático ou documental; não houve o
cerceamento de defesa, inclusive o próprio sócio tomou ciência
do auto de infração pessoalmente e apresentou defesa em tempo
hábil; descumpriu a legislação estadual vigente, conforme
provas nos autos, não trazendo provas do que alega. Por fim,
pede a procedência da autuação.

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Em 21/06/2011, foi proferida a Decisão nº


18.083/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – Divergência


entre as informações constantes da Declaração de
Atividades do Contribuinte – DAC e as apostas nos
livros fiscais. Ilícito fiscal comprovado. Lançamento
PROCEDENTE. Ajuste da sanção pecuniária pelo juízo
administrativo, com fulcro na legalidade e na norma do
art. 30 da Lei Estadual nº 6.771/2006 e nos termos do
art. 116-A, inciso II da Lei nº 5.900/1996, com a
redação dada pela Lei nº 6.331/2002. Exação superior
à 400 (quatrocentas) UPFAL’s. Procedimento ordinário.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


tempestivo, alegando:

1) Que, a decisão de Primeira Instância


aplicou a penalidade prevista no artigo 116, II, “b”, da Lei
nº 5.900/1996, estando fundamentada no artigo 56, da Lei nº
5.900/96, que prevê a criação de normas estipulando regras
para cumprir obrigações acessórias, e entre elas, editou uma
norma complementar estabelecendo regras para a entrega da DAC,
tendo o fiscal autuante errado ao vislumbrar na ação fiscal o
cometimento de várias infrações.

2) Que, o artigo 30, da Lei nº 6.771/06,


permite alterar a penalidade aplicada, o que fez o julgador
singular no intuíto de aumentar o ingresso de dinheiro aos
cofres estaduais, mesmo desconhecendo as provas que estão
anexadas a defesa, julgar procedente o auto de infração, assim
a decisão é ilegítima e frágil com inúmeras contradições de
interpretação quando da aplicação da legislação tributária, o
julgador singular numa sutil de demonstração de querer ser o
senhor da razão apressou-se em querer doutrinar, aludindo a
textos legais (Lei, Decreto, Instrução Normativa, etc), como
forma de fazer prevalecer sua interpretação como fundamento de
sua insustentável decisão.

3) Que, os artigos 56, da Lei n 5.900/96 e


30, I, e II, da Lei nº 6.771/2006), não dão autorização nem
poderes para elevar a penalidade de 300 (trezentas) para 1.352
(hum mil, trezentas e cinquenta e duas) UPFAL’s, não assiste
razão ao julgador em relação ao seu ponto de vista, pois a
autuada na defesa anexou diversos documentos e se o julgador
quissesse poderia ter pedido uma diligência para constatar tal

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procedimento; a Decisão nº 18.083/2011 é inconsequente e tenta


somente postergar os efeitos da malograda ação fiscal. Por
fim, pede a Improcedência do autro de infração.

DAS CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contra-razões alegando:

1) Que, a autuada questiona a forma como foi


aumentado o valor de 300 (trezentas) UPFAL’s para 1.352 (mil,
trezentas e cinquenta e duas) UPFAL’s de forma equivocada, uma
vez que a inicial cobra 50 (cinquenta) UPFAL’s correspondentes
a R$ 810,50 (oitocentos e dez reais e cinquenta centavos), e a
decisão singular cobra 1.352 (mil, trezentas e cinquenta e
duas) UPFAL’s correspondente a 1% (um por cento) do valor das
operações de saídas conforme 116-A, II, da Lei nº 5.900/96
vigente à época da autuação.

2) Que, a autuada não trata do mérito da


autuação, pois apenas renova a disponibilidade das informações
corrigidas no LRAICMS nº 06 (seis) esquecendo que o lançamento
do crédito tributário exclui a espontaneidade da apresentação
dessas informações, sendo sua alegação principal a quantidade
de UPFAL’s a ser aplicada como multa por descumprimento dessa
obrigação, transformada em fato gerador do crédito tributário,
tanto pela autuação, como pela decisão.

3) Que, o mérito da autuação reside na


apresentação de informações divergentes na DAC - Declaração de
Atividades do Contribuinte, obrigação acessória mensal, em
confronto com a escrituração dos livros fiscais nos meses de
agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro/2004, fato que
está devidamente comprovado pelos Relatórios de Cruzamento da
DAC com a Arrecadação de ICMS e débitos fiscais, comparados
com as cópias do LRAICMS nº 01 (um) conforme consta às fls.
11 a 33, do Processo inicial.

4) Que, as informações divergentes entre as


DAC’s e os livros fiscais não foram corrigidas antes da ação
fiscal para que a autuada tivesse o benefício da espontaneida,
assim, fica sujeita a penalidade prevista no artigo 116-A, II,
da Lei nº 5.900/1996, equivalente a 10 (dez) vezes o valor da
UPFAL acrescido de 05 (cinco) UPFAL para cada mês adicional em
atraso, até o limite de 300 (trezentas) UPFAL’s, tudo conforme
o artigo 30, da Lei nº 6.771/2006, que permite alterar a
aplicação da penalidade. Por fim, pede a Procedência do auto
de infração com a aplicação da penalidade prevista no artigo

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116-A, II, da Lei nº 5.900/1996, na redação dada pela Lei nº


6.554/2004, vigente à época do lançamento. Assim, chegam os
autos a este Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

I – PRELIMINAR DE OFÍCIO DA DECADÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO.


INTELIGÊNCIA DO ART. 173, INCISO I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a


contribuinte foi autuada em razão de supostamente ter apresentado
as DACs dos meses de agosto, setembro, outubro, novembro e
dezembro de 2004, com informações divergentes das constantes nos
seus livros fiscais obrigatórios, conforme expressamente consta no
AI 99.98386-001 carreado aos autos às fls. 02 (proc. 1500-
000106/2012).

O Código Tributário Nacional, especificamente em seu art.


173, inciso I, preconiza que o direito de a Fazenda Pública
Estadual constituir o crédito tributário extingue-se com decurso
do prazo de 05 (cinco) anos, contados do 1º dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Vejamos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele


em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

Com efeito, a doutrina e jurisprudência pátria já firmaram


entendimento segundo o qual o descumprimento de obrigação
acessória, como é o caso da DAC, sujeita-se ao previsto no art.
173, I, do CTN, consoante se verifica do julgado do STJ, a saber:

TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL - CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA - APRESENTAÇÃO DA GFIP - OBRIGAÇÃO
ACESSÓRIA - DESCUMPRIMENTO - DECADÊNCIA - REGRA
APLICÁVEL: ART. 173, I, DO CTN.
1. A falta de apresentação da Guia de
Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
Social (GFIP), assim como o fornecimento

ACÓRDÃO Nº011/2013 Página 5


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de dados não correspondentes aos fatos geradores


de todas as contribuições previdenciárias devidas
configura descumprimento de obrigação tributária
acessória, passível de sanção pecuniária, na
forma da legislação de regência.
2. Na hipótese, o prazo decadencial para a
constituição do crédito tributário é regido pelo
art. 173, I, do CTN, tendo em vista tratar-se de
lançamento de ofício, consoante a previsão do
art. 149, incisos II, IV e VI.
3. Ausente a figura do lançamento por
homologação, não há que se falar em incidência da
regra do art. 150, § 4º, do CTN.
4. Recurso especial não provido. (STJ, REsp
1055540/SC, Ministra Eliana CalmonT2 - SEGUNDA
TURMADJe 27/03/2009)

Ora, as informações divergentes foram encontradas nas DACs


referentes aos meses de meses de agosto, setembro, outubro,
novembro e dezembro de 2004. Em sendo assim, em obediência do
disposto no art. 173, I, do CTN, o prazo para a constituição do
crédito tributário iniciou para a Fazenda Pública a partir do 1º
dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado (2004), qual seja: 1º de janeiro de 2005.

Neste contexto, considerando que o prazo para a constituição


do crédito tributário extingue-se após o prazo de 05 (cinco) anos,
no presente caso, o prazo fatal para que o lançamento seja
efetuado e validamente notificado ao contribuinte seria o dia 1º
de janeiro de 2010.

Ressalte-se, por oportuno, que o marco final para


efeitos de contagem do prazo decadencial é a notificação válida,
ao sujeito passivo, do lançamento (ou auto de infração) realizado,
momento em que o crédito tributário é validamente constituído.
Nesse sentido segue o escólio da doutrina pátria:

“O procedimento a que o CTN dá o nome de


lançamento, e tem por finalidade constituir o
crédito tributário, encerra-se com a notificação
feita ao sujeito passivo. A partir desse momento,
o lançamento torna-se definitivo e o crédito
tributário estará definitivamente constituído.”
(FREITAS, Vladimir Passos de. (coord.). Código
Tributário Nacional Comentado. 4ª Ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, 2007, p. 674)

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No entanto, no caso em comento, vê-se que o auto de infração


somente foi lavrado em 04 de janeiro de 2010 e a notificação
válida apenas foi efetivada em 05 de janeiro de 2010, ou seja,
quando já transcorridos mais de 05 (cinco) anos da data prevista
no art. 173, I, do CTN.

Destarte, considerando que a notificação do auto de


infração se deu em 05 de janeiro de 2010, constata-se que as
infrações ocorridas no exercício de 2004, indiscutivelmente, foram
alcançados pelo instituto da decadência tributária, haja vista que
entre a data dos fatos geradores e da respectiva notificação
ultrapassaram mais de 05 (cinco) anos.

Face ao exposto, com a devida vênia aos que entendem de


forma diversa, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, votar no sentido de
extinguir o crédito tributário em razão da configuração da
decadência do direito da Fazenda Pública Estadual constituir o
crédito tributário, ex vi do art. 156, V, do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de janeiro de


2012.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR - VOTO VENCEDOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR(ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR)

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº01 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:22/01/2013


PROCESSO: 1500-034.972/2006 e CTE n° 358/2010.
ANEXOS: 1500-014504/2007 e 1500-006.471/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00207-001, de 22/12/2006.
AUTUADA: PEPSICO DO BRASIL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.100.302-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 16.536/2010.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Maria Renaulde de Melo Mikos.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
VOTO DE VISTA: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA:LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº012/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


CREDITAMENTO INDEVIDO – FATOS
OCORRIDOS ENTRE AGOSTO E DEZEMBRO DE
2001 – CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO APENAS EM MAIO DE 2007 –
DECADÊNCIA CONFIGURADA – EXTINÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – INTELIGÊNCIA
DOS ARTIGOS 173, I, E 156, V, DO CTN
– RECURSO CONHECIDO – MÉRITO
PREJUDICADO PELO RECONHECIMENTO DA
DECADÊNCIA DO CRÉDITO.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


PEPSICO DO BRASIL LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 917.562,79
(novecentos e dezessete mil, quinhentos e sessenta e dois
reais e setenta e nove centavos), por haver a empresa autuada
utilizado crédito fiscal incidente sobre a base de cálculo de
saídas tributadas cujos documentos fiscais, dentre estes, a
autorização oficial para gozo do benefício não foi constatada
pela fiscalização e/ou não foram apresentados quando da
realização da ação fiscal no exercício de 2001.

ACÓRDÃO Nº012/2013 Página 1


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Apontados como infringidos os artigos 34; 39,


§ 2º; e 93, da Lei nº 5.900/1996. Sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 00 da Lei n 5.900/1996.

A inical está instruida com planilha do auto


de infração; demonstrativo de débito; cópia da intimação
fiscal nº 44.358 de 24/11/2006; cópia do LRAICMS (07 a
12/2001); relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópia
do cartão de autógrafo; e cópia dos Termos de Início e de
Encerramento de Fiscalização.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva


alegando que é tempestiva a defesa, pois foi intimada do auto
de infração em 08/05/2007; o auto de infração não pode
prevalecer em razão da decadência operada; a intimação e a
ciência do ato são indispensáveis à validade e a eficácia do
lançamento, entendimento adotado por respeitáveis juristas e
pelo STJ que já se manifestou nessa direção; se fosse possível
admitir a eficácia do lançamento em dezembro/2006, ainda assim
estaria alcançado pela decadência o período de agosto a
novembro de 2001, a Quaker Brasil Ltda sucedida pela
impugnante pleiteou com êxito a concessão de incentivos
fiscais, nos termos dos artigos 1º, e 2º, do Decreto nº
38.631/2000 pleito deferido pelo Parecer CT nº 111/2001; a
suposta infração foi praticada pela empresa Quaker Brasil
Ltda, a qual somente foi incorporada pela impugnante em 2002;
multa aplicada é improcedente; a incorporadora só é
responsável pelos tributos devidos até a data do ato da
sucessão, nos termos do artigo 132, do CTN sendo vedada sua
interpretação para abarcar as penalidades tributárias;
diferentemente do artigo 132, o artigo 134, do CTN ao atribuir
a responsabilidade tributária nas situações ali apontadas,
dispõe que esta se dará em relação à obrigação principal,
englobando indistintamente tributos e multas sancionatórias; o
valor da multa não chegou a integrar o passivo da empresa
sucedida, uma vez que a sua exigência foi formalizada somente
após o ato sucessório. Por fim, pede a improcedência da
autuação e a exclusão subsidiaria da multa.

DAS CONTRA-RAZÕES

A autuante apresentou contra-razões alegando


que não há decadência já que o lançamento foi efetivado em
tempo hábil e calcado na lei; a defesa não trouxe documentos
probatórios que proporcionasse o direito ao crédito. Por fim,
pede a procedência do auto de infração.

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Em 26/02/2010, foi proferida a Decisão nº


16.536/2010, de Primeira Instância que julgou procedente em
Parte o lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. CRÉDITO INDEVIDO. 1- Utilização de


crédito presumido sem atendimento das condições
estabelecidas no Decreto nº 38.631/2000, inciso
VIII, do art. 5º; 2- Infração aos artigos 32 e 33
da Lei nº 5.900/96; 3- Defesa acolhida, apesar da
irregularidade da intimação, $5º, do art. 26 da
Lei nº 6.161/2000; 3.1- Arguição de decadência e
impugnação da penalidade; 4- Lançamento
prejudicado - período de agosto a outubro de 2001
- extinção do crédito tributário pela decadência,
artigos 150, $4º e 156, V do CTN; 5- Não cabimento
da multa; 5.1- Sujeito passivo resultante de
incorporação; 5.2- Fato gerador do imposto
ocorrido antes da sucessão; 5.3- Incorporadora não
responsável pela penalidade, porque surgida esta
obrigação após o referido ato, artigos 129 e 132
do CTN; 6- PROCEDÊNCIA PARCIAL DO LANÇAMENTO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Reexame necessário, art. 48, I
da Lei nº 6.771/2006.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


tempestivo, com as seguintes alegações:

1) EM PRELIMINAR

a) A decadência do crédito tributário no ano


de 2001, com base nos artigos 150, § 4º, e 173, do CTN, bem
como, sua improcedência por fazer jus ao crédito tributário
utilizado, uma vez que atendeu integralmente aos requisitos
exigidos para sua fruição; a decisão singular declarou extinto
o crédito tributário dos meses de agosto, setembro e outubro
de 2001, dando por subsistente o crédito nos meses de novembro
e dezembro/2001, de maneira equivocada contrariando doutrina
(Leandro Paulsen, Paulo de Barros Carvalho, Sacha Calmon
Navarro Coelho, Luciano Amaro) e jurisprudência (RESp 73.594.
STJ. 1ª Turma; RESp. 784.218. STJ. 2ª Turma e AgRg no Resp
448.348. STJ. 1ª Turma), uma vez que o ordenamento jurídico
brasileiro não admite a existência de direitos eternos a
amparar a possibilidade de litígios sobre uma situação
específica durante período infinito ou indeterminado.

ACÓRDÃO Nº012/2013 Página 3


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2) NO MÉRITO

a) Que, com fundamento nos artigos 1º, e 2º,


do Decreto nº 38.631/2000, que dispões sobre o estímulo a
estabelecimentos de contribuinte do ICMS com atividade de
distribuição centralizada de produtos a Quaker Brasil Ltda,
sucedida pela autuada (Pepsico do Brsil Ltda) pleiteou com
êxito a concessão de incentivos fiscais, crédito presumido de
até 11% (onze por cento) do valor da base de cálculo do ICMS
destacado em saídas interestaduais de mercadorias relacionadas
no item 20, do Anexo II, do RICMS/91 e debitado no LRAICMS,
bem como, de até 50% (cinquenta por cento) do valor do ICMS
destacado em documentos fiscais de saídas dos demais produtos.

b) Que, estes créditos foram desautorizados


pelo fisco, quando a autuada estava autorizada a proceder como
fez, na medida em que seu pleito fiscal foi deferido nos
termos do Parecer CT nº 111/2001, tendo sido cumpridas todas
as condições para a fruição do incentivo; glosar os créditos
fiscais de ICMS aproveitados em razão desse incentivo fiscal
corresponde a cancelá-lo, situação absurda, haja vista, que o
mesmo foi concedido como fomento do desenvolvimento do Estado
das Alagoas e a autuada cumpriu as condições para sua fruição.

c) Que, mesmo que se entenda que o suposto


crédito tributário formalizado no auto de infração não foi
completamente atingido pela decadência e que a autuada não faz
jus aos benefícios instituidos pelo Decreto nº 38.631/2000 o
que se supõe apenas a título de argumentação, é certo que a
revogação do inciso VIII, do artigo 5º, e do parágrafo único
do artigo 4º, daquele Decreto, impõem o cancelamento total do
auto de infração, tendo em vista o princípio da retroatividade
benigna, restando claro que à época em que a Quaker Brasil
Ltda teve aprovado seu pedido de adesão aos benefícios criados
pelo Decreto nº 38.631/2000.

d) Que, o incentivo fiscal fora concedido sob


condição resolutiva da apresentação, dentro de 12 (doze)
meses, do documento previsto no artigo 4º, pu, sendo certo que
tal documento não é mais exigível o que torna o presente caso
subsumido ao disposto no artigo 106, II, “a”, do CTN; o que se
impõe, portanto, ao presente caso, a aplicação do artigo 106,
do CTN, eis que a não entrega do termo de compromisso à época
da autuação não é mais considerada uma infração ao Decreto nº
38.631/2000, de modo que não pode mais se cobrar legitimamente
um suposto crédito tributário em decorrência da violação a um
ato pretérito não mais considerado por lei como infração.

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Em 19/04/2010, a autuada através do Processo


1500-007.683/2010, efetuou um Pedido de Juntada de Documentos,
pelo anexou um instrumento de mandato (Procuração), o contrato
social e uma alteração e consolidação do contrato social, para
a ratificação dos atos anteriormente praticados.

DAS CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contra-razoes alegando que conforme entendimento do
julgador a autuada não teria direito ao benefício do crédito
presumido por falta de apresentação do Termo de Compromisso
(artigo 6º, VIII, do Decreto nº 38.631/2001); de acordo com o
artigo 150, § 4º, e 173, do CTN, os créditos tributários dos
meses de agosto, setembro e outubro/2001, estariam extintos
por decadência; em relação à multa aplicada, a autuada é
pessoa jurídica diversa daquela que realizou o fato gerador do
tributo, portanto, não cabe a multa aplicada nos termos do
artigo 132, do CTN. Por fim, pede que seja mantida a decisão
singular que julgou Procedente em Parte o lançamento. Assim,
chegam os autos a este Conselho Tributário Estadual para
análise do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

I – PRELIMINAR DE DECADÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO


ART. 173, INCISO I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a


contribuinte foi autuada em razão de supostamente ter utilizado
crédito fiscal indevido durante o exercício de 2001, resultando na
falta de recolhimento de ICMS, conforme expressamente consta no AI
70.00207-001 carreado aos autos às fls. 02 (proc. 1500-
03497/2006).

Com efeito, as decisões da jurisprudência pátria têm oscilado


bastante quanto à aplicabilidade da regra decadencial contida no
art. 150, § 4º, do CTN, ou da regra prevista no art. 173, I, do
CTN, quando se trata de casos de creditamento indevido de ICMS,
semelhante ao caso versado nestes autos. No entanto, no presente
caso, qualquer que seja a regra aplicada, a decadência restará
configurada. Neste contexto, para efeitos de contagem do prazo
decadencial no presente julgamento, utilizaremos a regra contida
no art. 173, I, do CTN, que, inclusive, é mais favorável ao Fisco.

Pois bem. O Código Tributário Nacional, especificamente em


seu art. 173, inciso I, preconiza que o direito de a Fazenda

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Pública Estadual constituir o crédito tributário extingue-se com


decurso do prazo de 05 (cinco) anos, contados do 1º dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado. Vejamos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

Ora, o creditamento indevido ocorreu durante o período de


agosto a dezembro do exercício de 2001. Em sendo assim, em
obediência do disposto no art. 173, I, do CTN, o prazo para a
constituição do crédito tributário iniciou para a Fazenda Pública
a partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado (2001), qual seja: 1º de
janeiro de 2002.

Neste contexto, considerando que o prazo para a constituição


do crédito tributário extingue-se após o prazo de 05 (cinco) anos,
no presente caso, o prazo fatal para que o lançamento seja
efetuado e validamente notificado ao contribuinte seria o dia 1º
de janeiro de 2007.

Ressalte-se, por oportuno, que o marco final para


efeitos de contagem do prazo decadencial é a notificação válida,
ao sujeito passivo, do lançamento (ou auto de infração) realizado,
momento em que o crédito tributário é validamente constituído.
Nesse sentido segue o escólio da doutrina pátria:

“O procedimento a que o CTN dá o nome de lançamento, e tem por


finalidade constituir o crédito tributário, encerra-se com a
notificação feita ao sujeito passivo. A partir desse momento, o
lançamento torna-se definitivo e o crédito tributário estará
definitivamente constituído.” (FREITAS, Vladimir Passos de.
(coord.). Código Tributário Nacional Comentado. 4ª Ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, 2007, p. 674)

No entanto, no caso em comento, vê-se que a notificação


válida ao contribuinte somente foi efetivada em 08 de maio de
2007, ou seja, quando já transcorridos mais de 05 (cinco) anos da
data prevista no art. 173, I, do CTN.

Destarte, considerando que a notificação do auto de


infração se deu em 08 de maio de 2007, constata-se que as
infrações ocorridas no exercício de 2001, indiscutivelmente, foram
alcançados pelo instituto da decadência tributária, haja vista que
entre a data dos fatos geradores e da respectiva notificação
ultrapassaram mais de 05 (cinco) anos.

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Face ao exposto, com a devida vênia aos que entendem de


forma diversa, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, votar no sentido de
extinguir o crédito tributário em razão da configuração da
decadência do direito da Fazenda Pública Estadual constituir o
crédito tributário, ex vi do art. 156, V, do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de janeiro de


2012.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR – VOTO VENCEDOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR(ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR)

ACÓRDÃO Nº012/2013 Página 7


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 01 – REALIZADA: 22/01/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: SF-1500-001086/00; CAF-17940/00 E CTE-32/2011.
ANEXO: SF-1500-001094/00.
AUTO DE INFRAÇÃO: 016872, PROTOCOLADO EM 07/07/99.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.444 DE 29/11/2010
AUTUADA: CÍCERA DE SOUZA SILVA – ME.
AUTUANTE: MARCOS FERNANDES DE LIMA E OUTRO.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO Nº 014/2013

EMENTA: ICMS – ACUSAÇÃO DE FALTA DE


RECOLHIMENTO AOS COFRES ESTADUAIS DE
IMPOSTOS DEVIDOS NAS SAÍDAS DE
MERCADORIAS TRIBUTADAS. INSUBSISTÊNCIA DO
LANÇAMENTO FISCAL PELA COMPROVADA
CARÊNCIA DE MOTIVOS E PROVAS. DECISÃO
MONOCRÁTICA CONHECIDA E IMPROVIDA. AUTO
DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE.

I – RELATÓRIO

Trata o presente do Processo Administrativo Tributário


– PAT, do Reexame Necessário da Decisão Monocrática acima
referida, proferida pela Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que entendeu pela improcedência do Auto de Infração nº
016872, lavrado pelo Fisco Estadual em desfavor da
contribuinte Cícera de Souza Silva – ME; objetivando a
cobrança do crédito tributário valorado em R$ 9.022,98 (nove
mil, vinte e dois reais e noventa e oito centavos), tendo
como suporte a acusação de haver a autuada, em tese, omitido
vendas de mercadorias nos exercícios fiscais de 1997 e 1998,

ACÓRDÃO CTE Nº 014/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

irregularidade detectada pelo levantamento da conta do


estoque de mercadorias, de acordo com o lucro bruto real
acumulado.
Foram apontados como infringidos os artigos 5º - V e 2º
- I, parágrafo 12º da Lei Estadual nº 5.900/96; 49 – II e
VIII, parágrafo único e 1000 do RICMS, aprovado pelo Decreto
nº 35.245/91, sendo sugerido o apenamento da multa prevista
no artigo 84 da supracitada Lei nº 5.900/96 (fls. 02 e 02 –
v).
Os autos estão instruídos somente com os
demonstrativos de apuração do livro bruto real acumulado nos
exercícios de 1997 e 1998 e da cópia reprográfica do cartão
de autógrafos da contribuinte (fls. 03 usque 10).
Na qualidade de titular da empresa, a sua representante
legal apresentou suas razões de defesa, alegando que já fora
objeto de fiscalização nos exercícios de 1996 e 1997 e no
período compreendido entre os meses de Janeiro e Julho de
1998, por conduto do Auto de Infração nº 0330, lavrado em
29/09/1998, razão pela qual requeria a improcedência da ação
fiscal (fls. 24/25 – anexo).
Em data de 05/08/1999, os fiscais autuantes confirmaram
as alegações da defendente e, por entender que o AI sob
julgamento encontra-se prejudicado, sugerem a extinção e
conseqüente arquivamento do mesmo (fls. 12/13)
O ilustre Julgador Singular, considerando que o AI foi
lavrado violando o princípio do non bis in idem, a ação

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fiscal não pode ter seguimento, prolatando a decisão adiante


ementada:
“EMENTA – ICMS. SUPOSTA PRESUNÇÃO DE
SAÍDAS TRIBUTÁVEIS NÃO DECLARADAS NOS
LIVROS FISCAIS - § 12 DO ARTIGO 2º DA LEI
Nº 5.979/97. 1 – LANÇAMENTO INSUBSISTENTE
POR FALTA DE MOTIVOS E DE PROVAS (ART.
891, IV DO RICMS/97; 2 – IMPROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO; 3 –
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO NECESSÁRIO, ART.
48 – I DA LEI Nº 6.771/2006”.
Devidamente intimadas da Decisão Singular, as partes
não se manifestaram.
Assim chegam os autos a este colegiado para o devido
reexame e decisão.
É o relatório.

II – VOTO
Pela análise dos autos do presente PAT e de tudo quanto
nele consta, verifica-se que o contribuinte foi autuado pelo
AI nº 016872 em 07/07/1999, acusado de haver omitido vendas
de mercadorias nos anos de 1997 e 1998 (fls. 02 e 02 – v).
Ocorre que, em 29/09/98, foi ele autuado pelo AI nº
003330, estando o procedimento fiscal esteado no cometimento
da mesma infração – artigo 84 da Lei Estadual nº 5.900/96 –
(fl. 05 – anexo), fato reconhecido e confirmado pelos fiscais
autuantes (fls. 12/43).

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Acertada, pois, a Douta Decisão Singular que entendeu


pela improbabilidade do andamento do PAT relativo ao AI ora
sob julgamento, em razão de encontrar-se o mesmo
“obstacularizado em razão da legalidade, non bis in idem, por
que já alcançada a respectiva diferença apurada e de resto, o
imposto, pelo auto nº 03330/98”.
Complementando as irregularidades encontradas acima
reportadas, o AI nº 016872 não apresenta os documentos
fiscais indispensáveis para lastrear as acusações dos fiscais
autuantes, tornando o mesmo improcedente pela falta de
provas, a teor do que dispõe o artigo 891 – V, do RICMS/91.
Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Reexame Necessário e negar-lhe provimento para manter, na
íntegra, a correta decisão da CJ, julgando improcedente o AI
lançado na inicial, em decorrência da falta de motivação e de
provas.
Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 22 de Janeiro de
2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUERA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADORA JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 01 – REALIZADA: 22/01/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: SF-1500-009900/2002; CJ-21.895/2007 E CTE 66/2011.
ANEXO: SF-1500-038337/2002.
AUTO DE INFRAÇÃO: 10.574, PROTOCOLADO EM 03/05/2002.
RECORRENTE: ESTADO DE ALAGOAS.
RECORRIDO: L. R. AIRES.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.494/2010 DE 14/12/2010.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO Nº 015/2013

EMENTA: OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – ACUSAÇÃO DA


AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS ACOMPANHADAS DE
DOCUMENTAÇÃO INIDÔNEA – CARÊNCIA DE PROVAS
DA RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE NA
EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS FALSAS – DECISÃO
SINGULAR CONHECIDA E IMPROVIDA – LANÇAMENTO
FISCAL IMPROCEDENTE.

I – RELATÓRIO

Cuida o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do Reexame Necessário da Decisão Monocrática nº
17.494/2010, oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que
entendeu pela Improcedência do Auto de Infração acima citado,
lavrado pela Fiscalização Fazendária Estadual em desfavor do
contribuinte L. R. Aires, tendo como lastro haver o mesmo, em
tese, registrado em seus livros fiscais, notas fiscais
inidôneas, com sua impressão feita mediante o emprego de
autorização falsa e com a utilização de crédito indevido dos
aludidos documentos fiscais.

Foram apontados como infringidos os artigos 15, inciso


III; 76; 77, inciso II e III, alíneas a e b, IV; 207, incisos
I, III e VII, alíneas a, b, c e IX da Lei Estadual nº
5.900/96, sendo sugerido o apenamento previsto no art. 105 da
Lei acima citada. (fls. 02 e 02 – v)
ACÓRDÃO CTE Nº 015/2013 Página 1
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O PAT está instruído com o Demonstrativo de Débito;


Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte; Notas Fiscais
de nº 000174, 000701, 000726, 000731, 000734 e 000740; Resumo
Geral de AIDF por Contribuinte; Cópias dos Livros de Registro
de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência e
do Cartão de Autógrafo. (fls. 03 usque 19)

A autuada, tempestivamente, apresentou suas razões de


defesa, aduzindo em síntese:

1) Ser quase impossível a qualquer contribuinte, detectar


se a documentação que acobertou a operação comercial
apresenta ou não irregularidade fiscal, como no
presente caso;

2) Na condição de adquirente da mercadoria, não teve a


autuada condições de conhecer se é irregular a emissão
de AIDF’s, se o talão de notas fiscais é falso e,
tampouco, se a perfuração mecânica das mesmas
apresenta imperfeições, missão que só pode ser
efetivada pela própria SEFAZ/AL, através dos seus
órgãos técnicos;

3) A aquisição de mercadorias acompanhadas da


correspondente nota fiscal e o seu registro no livro
próprio, sem saber da sua falsidade, não pode
caracterizar a acusação de cometimento de fraude
tributária;

4) A autuada não pode ser responsabilizada por ações


ilegais de terceiros, já que tão somente adquiriu a
mercadoria, registrou em seus livros a referida
aquisição e efetuou o pagamento do preço da mesma ao
fornecedor;

5) Por outra banda, é preciso notar que os dispositivos


legais apontados como violados não podem sustentar a
ação fiscal, já que foram feitos em descompasso com a
legislação em vigor;
ACÓRDÃO CTE Nº 015/2013 Página 2
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6) Finaliza sua defesa requerendo a improcedência do AI


contra ela lavrado. (fls. 02 usque 09 – anexo)

Em suas contra-razões, os fiscais autuantes afirmam que:

1) A defendente não comprova a aquisição, o recebimento e


o pagamento das mercadorias;

2) Existem, no caso, fortes indícios de cumplicidade


praticados pela autuada;

3) A autuada utilizou crédito fiscal baseado em


documentação inidônea, sendo assim, responsável pelo
pagamento de imposto devido;

4) Não foi acostado aos autos documentação capaz de


provar a regularidade dos documentos fiscais
registrados em seus livros;

5) Reafirmam a procedência do AI, ressaltando a


necessidade de remessa do processo fiscal, após
decisão final, ao Ministério Público, visando a
efetivação da devida investigação para a apuração do
cometimento por parte da autuada, de Crime Contra a
Ordem Tributária. (fls. 48/51 – anexo)

Encaminhados os autos à Coordenadoria de Julgamento – CJ,


o ilustre Julgador Singular entendeu que as provas
apresentadas pelos fiscais autuantes apontaram para a
irregularidade e inidoneidade das notas fiscais. Entretanto,
não pode ser imputada ao sujeito passivo, responsabilidade na
emissão daquelas notas fiscais, observando que “não basta
provar que o documento fiscal é inidôneo, mas principalmente
quem foi o responsável pela sua omissão”. Os artigos da
legislação tributária elencados na peça inicial reportam-se à
caracterização da inidoneidade do documento fiscal, mas não
pode atribuir responsabilidade, ou seja, uma nota fiscal
considerada inidônea, indicando na sua emissão o nome do seu
emitente e destinatário, não necessariamente prova o
ACÓRDÃO CTE Nº 015/2013 Página 3
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envolvimento dos indicados numa fraudulenta operação com


mercadorias que nela se baseou”. (fls. 53 usque 56 – anexo)

Ao final, o ilustre julgador de piso prolatou a Decisão


adiante ementada:

“EMENTA – ICMS E MULTA. 1. UTILIZAÇÃO


DE DOCUMENTO FISCAL INIDÔNEO. 2.
REGISTRO DE NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. 3.
DEMONSTRADA A INIDONEIDADE DA NOTA
FISCAL. 4. NÃO PROVADO A
RESPONSABILIDADE DO SUJEITO PASSIVO
PELO ILICITO TRIBUTÁRIO. 5. AUSENCIA DE
PROVAS. 6. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. 7.
REEXAME NECESSÁRIO, A TEOR DO ART. 84
DA LEI Nº 6.771/06”.

Devidamente intimadas da Decisão Singular, as partes não


se manifestaram. Assim, aportam os autos a este colegiado para
o Reexame Necessário.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 015/2013 Página 4


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II – VOTO.

Tratam os autos do presente litígio fiscal do Reexame


Necessário da Decisão de Primeira Instância, que entendeu pela
improcedência do lançamento do crédito tributário advindo do
AI nº 10.574.

Pela análise das peças processuais, verifica-se a


flagrante inidoneidade da documentação fiscal que acompanhou o
fornecimento de mercadorias ao autuado.

Entretanto, como bem observou o ilustre Julgador de Piso,


não se pode atribuir responsabilidade ao sujeito passivo pela
emissão das notas fiscais em questão, já que a Legislação
Tributária Estadual em voga “não prevê responsabilidade
presumida com inversão do ônus da prova”.

Os artigos citados na peça inicial, ou seja, os artigos


207 e 81 do RICMS referem-se a documento fiscal omitido com o
objetivo de fraudar o erário estadual.

In casu, a nota fiscal que acompanhou as mercadorias é


comprovadamente inidônea. Entretanto, esta comprovação não
prova uma suposta conivência do contribuinte na sua emissão e,
conseqüentemente, na sua responsabilidade.

Os fiscais autuantes, de maneira equivocada, estão a


exigir do contribuinte provas de que o mesmo está envolvido
com a emissão de documento falso, obrigação que cabe única e
exclusivamente às autoridades fiscais.
O artigo 891 do RICMS/AL é bem claro ao dispor no seu
inciso IV que o processo administrativo fiscal decorrente de
Auto de Infração deve ser instruído com as provas necessárias
à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos
documentos que serviram de base para a apuração das
irregularidades. (grifamos)

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos e considerando a
carência de provas necessárias à imputação, ao contribuinte,
das acusações de haver procedido de maneira fraudulenta ao
ACÓRDÃO CTE Nº 015/2013 Página 5
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adquirir e registrar em seus livros próprios, mercadorias e


documentos fiscais, conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe
provimento para manter na íntegra a Decisão Singular que
julgou Improcedente o AI nº 10.574, protocolado em 03/05/2002
pela ausência de provas.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 22 de Janeiro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADORA JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 015/2013 Página 6


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº02 ‘’’’’’’’ ‘
-REALIZADA: 25/01/2013- 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-018595/2009 e CTE nº 390/2011.
ANEXO: 1500-002243/2011 (06 volumes).
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.89732-0001.
AUTUADA: JADSON BEZERRA DE LIRA ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.29305-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.967/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Raimundo Marques de Carvalho Neto.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº0 18/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Extravio de livros e notas
fiscais. Extravio parcialmente
suprimido, devido às provas em
contrário juntadas aos autos.
Correta a redução da penalidade
pela condição de microempresa do
contribuinte. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.
RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
JADSON BEZERRA DE LIRA ME, já devidamente qualificada nos
autos, do lançamento de crédito, derivado de multa, no valor
de R$ 165.747,25 (cento e sessenta e cinco mil, setecentos e
quarenta e sete reais e vinte e cinco centavos), pelo fato de,
em tese, o sujeito passivo ter extraviado 03 (três) livros e
500 (quinhentas) notas fiscais, sendo destas, 300 (trezentas)
modelo D-1 e 200 (duzentas) modelo 1.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, II e seu §
10, I da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III do Regulamento do

Mário Sérgio Martins de Castro


ACÓRDÃO CTE Nº 18/2013 RELATOR 1
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ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo aplicada a
penalidade prevista no artigo 119, I e II da Lei nº 5.900/96.
Sendo intimado por via postal com Aviso de Recebimento –
AR – e por Edital publicado no Diário Oficial do Estado, foi
lavrado o Termo de Revelia, já que a autuada não apresentou
defesa e nem recolheu o crédito tributário.
O processo foi então enviado para a Representação Fiscal
que, observando a condição de microempresa do contribuinte,
procedeu diligência para a Diretoria de Fiscalização – DIFIS –
com o intuito de que fosse dado o benefício da diminuição da
penalidade previsto no art. 135-A.
Em vista disso, o autuante aditou o auto de infração, no
qual reduziu a multa aplicada para R$ 46.401,13 (quarenta e
seis mil, quatrocentos e um reais e treze centavos).
Sendo notificado do referido aditamento, o sujeito
passivo, dessa vez, impugnou-o, afirmando que não houve
extravio e apresentando na peça defensória os 03 (três) livros
e 50 (cinquenta) notas fiscais modelo 1. Ao fim, pede pela
improcedência do lançamento de ofício.
A representação fiscal contrarrazou, opinando pela
procedência parcial do auto de infração, já que os livros e
parte dos documentos fiscais foram juntados na defesa, devendo
ser mantido o lançamento de ofício quanto aos não
apresentados.
Proferida a Decisão nº 17.967/2011, tendo a julgadora
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com a
seguinte ementa:
EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.
Extravio de documentos fiscais. Extravio
parcialmente elidido, à vista das provas
em contrário, acostadas aos autos.
Infração ao art. 53 da Lei nº 5.900/1996
c/c art. 49, inciso VI e art. 221 do
RICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/1991. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM
PARTE. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do art.
48, inciso I, da Lei Estadual n°
6.771/2006.

Mário Sérgio Martins de Castro


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Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da decisão singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.

É o relatório.

VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
17.967/2011, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
48 da Lei nº 6.771/06, que julgou procedente em parte o
lançamento de ofício de multa devido a suposto extravio de
livros e notas fiscais, baseado em presunção relativa contida
no art. 50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96, verbis:

Art. 50 (...)
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-se
prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual, não
tenha sido entregue no prazo máximo de 30
(trinta) dias;
(...)

Inicialmente, impende destacar que como o


contribuinte não interpôs Recurso Ordinário a esse Conselho
Tributário, o objeto deste julgamento limitar-se-á tão
somente ao reexame necessário da decisão de piso, ou seja, a
decisão pelo não extravio dos 03 (três) livros e 50

Mário Sérgio Martins de Castro


ACÓRDÃO CTE Nº 18/2013 RELATOR 3
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(cinquenta) notas fiscais modelo 1, motivada pelas provas
apresentadas na defesa e a redução da multa pelo julgador
singular, no qual decidiu pela aplicação do art. 135-A, da
Lei Estadual 5.900/96, transcrito a seguir, pelo fato do
contribuinte estar cadastrado como Microempresa:

Art. 135-A. No caso de contribuinte


cadastrado como AMBULANTE - AMB,
MICROEMPRESA - ME ou EMPRESA DE PEQUENO
PORTE - EPP, as multas previstas nesta
subseção serão reduzidas,
respectivamente, em 70% (setenta por
cento), 50% (cinqüenta por cento) e 30%
(trinta por cento), em qualquer caso, não
podendo ser inferior a 1 (uma) UPFAL.
Quanto ao não extravio dos referidos livros e documentos
fiscais, sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:

“Presunções não são meios de prova, mas


forma de raciocínio pelas quais, por meio
de um fato, infere-se a existência de
outro, deduz-se de um fato conhecido e
provado outro, que se quer demonstrar...
A presunção geralmente parte de um
indício de prova. O indício é um sinal,um
vestígio, que em regra nada prova,mas que
por meio de presunções, pode levar à
convicção sobre determinada alegação...
Quando a presunção é absoluta não se
admite prova em contrário; quando
relativa, dispensa a produção de prova
por quem faz a alegação, mas permite a
prova em contrário pela parte adversa.”
grifo nosso. (GONÇALVES, Marcus Vinicius
Rios. Novo Curso de direito processual
civil, v 1. 5 ed., São Paulo: Saraiva,
2008,p.436) grifei

Constata-se, na defesa do contribuinte, a anexação dos


03 (três) livros e 50 (cinquenta) notas fiscais modelo 1 tidos
como extraviados à repartição fazendária. Portanto, afastada,
por meio de provas apresentadas a presunção juris tantum de
extravio desses livros e documentos fiscais.

Mário Sérgio Martins de Castro


ACÓRDÃO CTE Nº 18/2013 RELATOR 4
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Quanto a multa pelo benefício da redução de 50%
(cinqüenta por cento) expresso no art. 135-A da mesma lei,
pelo fato do contribuinte estar cadastrado como Microempresa,
constata-se também o acerto na decisão da Coordenaria de
julgamento, pois o fato enquadra-se perfeitamente ao caso aqui
julgado.
Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL-CTE, por unanimidade de votos
conhecer da presente remessa necessária e negar-lhe provimento
para manter a decisão da CJ ora em reexame.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 25 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES.


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Mário Sérgio Martins de Castro


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA N°: 01 – 2° CÂMARA – REALIZADA: 15/01/2013


PROCESSO Nº: SF 033442/2006; CTE 528/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.56661-001, de 27/11/2006.
RECORRENTE: HIDROFREIOS RECUPERAÇÃO E COMÉRCIO DE PEÇAS
LTDA.
RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO N° 02/2013

EMENTA: NORMAS PROCEDIMENTAIS.


ALEGAÇÕES DE EXTRAVIO DE LIVROS
FICAIS BASEADA EM NÃO ATENDIMENTO À
SOLICITAÇÃO FISCAL. FICÇÃO LEGAL
QUE SÓ SE CONFIGURA COM O RECURSO
DO LAPSO TEMPORAL DE 30 DIAS APÓS A
INTIMAÇÃO PARA A APRESENTAÇÃO
DOCUMENTAL. INTELIGÊNCIA DO
ART.50,§10°, DA LEI N°5.900/96.
EXIGÊNCIA ATENDIDA. CASO FORTUITO
QUE DEPENDE, ALÉM DO REGISTRO
PERANTE A AUTORIDADE COMPETENTE, DA
DEVIDA COMPROVAÇÃO DO SINISTRO.
REEXAME DE OFÍCIO CONHECIDO E
PROVIDO, DECISÃO SINGULAR
REFORMADA. AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário que move o


contribuinte epigrafado contrariado em sua pretensão pelo
teor da Decisão n. 16.512/10, da Douta Coordenadoria de
Julgamento, que diante da alegação da sinistro (roubo) em
relação à talonário de nota fiscal, rejeitou-a segundo os
argumentos bem resumidos pela ementa abaixo transcrita:

ACÓRDÃO Nº 02/2013 Página 1


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EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS –


Extravio de documentos fiscais. (1)
Afasta a norma sobre extravio os
efeitos da denúncia espontânea da
infração pelo sujeito passivo (art.
119, p. único, da Lei 5.900/96, em
redação vigente à época do fato). 2)
Ausência de elementos a demonstrar a
comprovação e certificação, pela
autoridade competente, do fato
descrito pelo sujeito passivo como
suficiente a excluir a imputação
descrita. 3) Ilícito confessado nos
autos. 4) Lançamento PROCEDENTE.

Regularmente intimado, o contribuinte apresentou


oportuno recurso ordinário, pelo qual reitera os argumentos
deduzidos perante a primeira instância administrativa,
especialmente no que se refere a aplicabilidade dos
benefícios da denúncia espontânea, o que para si merecem
ser aplicados diante do fato de que, bem antes do início da
ação fiscal, teria registrado a ocorrência perante a
autoridade policial competente, comunicado ao órgão
fazendário, e ainda feito circular a ocorrência em jornal
de grande circulação da capital.

São estes os fatos, em essência.

VOTO

Compulsando os autos, de logo observamos que o


contribuinte, longe de confessar o fato, justifica a não
entrega da documentação solicitada pela intimação fiscal de
fl. 11 por fato que reputa já conhecido por parte da
autoridade fiscal. No caso, conforme sinistro registrado
perante a autoridade policial, comunicação deste a
autoridade fazendária e veiculação da notícia em jornal de
grande circulação.

Tais situações, no sentir deste julgador, já são


por si suficientes para afastar a materialidade da infração
imputada ao contribuinte, qual seja o extravio fundado no
não atendimento de intimação fiscal para a apresentação de
documentos.

E assim penso porque difícil imaginar que a


presunção legal possa continuar a ser aplicada quando

ACÓRDÃO Nº 02/2013 Página 2


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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

previamente justificado a perda da posse dos respectivos


documentos.

De mais a mais, o sinistro se encontra


devidamente registrado perante a autoridade policial e
comunicado a esta autoridade fazendária, devendo-se
presumir a sua boa-fé até prova em contrário, sob pena de
invertermos a lógica das presunções legais para aplicação
de sanções por atos ilícitos.

Ou seja, o extravio aqui não seria presumido pelo


não atendimento à intimação fiscal, conforme consta do
texto da norma estadual, mas pela prática de um crime de
falsidade ideológica, sem qualquer indício neste sentido.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade, conhecer do
recurso para dar-lhe provimento, reformando a decisão
monocrática para julgar improcedente a autuação.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 15 de


janeiro de 2012.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR A. L. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO Nº 02/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 04 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 28/01/2013
PROCESSO: 1500-011398 e CTE nº 304/2012.
ANEXO: 1500-014215/08.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.75213-002.
AUTUADA: FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.02817-5
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.744/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): José Tarciso Bispo dos Santos.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 20/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Suposto extravio de livros e notas
fiscais. Ausência de solicitação
prévia para apresentação das notas
fiscais. Remessa necessária conhecida
e improvida. Decisão singular
mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA, já devidamente qualificada nos
autos, do lançamento de crédito, derivado de multa, pelo fato
de, em tese, o sujeito passivo ter extraviado 54.000
(cinqüenta e quatro mil) notas fiscais, modelo 1.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, § 10, I
c/c art. 53 da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III e VI, “a” do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 119, II, “a”,
da Lei nº 5.900/96.
O autuado impugnou o lançamento de ofício, alegando, em
síntese, que:
a) os defendentes não são legitimados para a causa,
porquanto não mais integrariam o quadro societário da autuada
desde julho de 2007, e também, não há autorização legal para
responsabilização pessoal dos sócios, que somente ocorreria

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no caso de liquidação da sociedade com comprovada violação de
lei ou do estatuto social;
b) ocorreu vício formal do lançamento, uma vez que o
crédito tributário não foi devidamente especificado e
quantificado;
c) a penalidade imposta já foi cobrada em lançamentos
anteriores;
d) A multa é abusiva e desproporcional, violando os
princípios do não-confisco e da proporcionalidade.
Após, foi requisitada diligência (DILIGÊNCIA CRP
157/2010, fl. 50 do Processo Anexo), com o objetivo de
esclarecimento referente à alegação do autuado de que já
haviam sidos lavrados os autos de infração de nºs 99.75213-
003 e 99.76466-002 sobre o mesmo fato aqui julgado.
Sendo esclarecido pelo autuante que as autuações foram
distintas, já que o Auto de Infração nº 99.75213-003/2008,
refere-se a notas fiscais modelo 02 e a outra autuação,
referida pelo defendente, foi realizada por outro agente
fiscal, sobre outra matéria, de outra inscrição do
contribuinte (CACEAL: 241.05887-2).
Ocorreu, então, nova diligência (REQUISIÇÃO DE
DILIGÊNCIA Nº 088/2011, fls. 61 e 62 do Processo Anexo),
tendo o intuito de ser sanada a ausência nos autos da
intimação fiscal prévia ao auto de infração solicitando os
documentos fiscais, objeto da autuação, o que resultou em
nova intimação ao sujeito passivo para apresentação dos
documentos fiscais (Intimação Fiscal n.º 62150, de
16.08.2010, fl. 68 do processo anexo).
Conseguinte, o representante fiscal, em sede de
contrarrazões, observa que a autuação é decorrente da
presunção de extravio de documentos fiscais, tendo como
condicionante a solicitação de tal documentação previamente,
conforme o ditame legal do art. 50, § 10, I da Lei nº
5.900/96. E que não consta nos autos prova que o contribuinte
tenha sido solicitado a apresentar tais documentos fiscais.
Acrescenta que a falta dessa intimação anterior ao auto de
infração leva à sua nulidade, opinando pela improcedência do
lançamento de ofício.

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Proferida a Decisão nº 18.744/2012, tendo a julgadora
singular decidido pela nulidade por falta de motivo do
lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Presunção legal de extravio de livros
fiscais – §10, inciso I, do art. 50 da
Lei nº 5.900/1996, com redação dada pela
Lei nº 6.331/2002. Inexistência de
intimação oficial prévia. Intimação
posterior não afasta a irregularidade.
Ilícito tributário não demonstrado.
Ausência de motivo. LANÇAMENTO NULO.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, ex vi do art. 48,
inciso I e 49, §1º, da Lei Estadual nº
6.771/2006.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

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VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
18.744/2012, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
48 da Lei nº 6.771/06, que julgou nulo por falta de motivo o
lançamento de ofício de multa devida a suposto extravio de
notas fiscais, baseado em presunção relativa contida no art.
50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96, verbis:
Art. 50 (...)
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-
se prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual,
não tenha sido entregue no prazo máximo
de 30 (trinta) dias;
(...)(grifos nosso)

Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves 1:


“Presunções não são meios de prova, mas
forma de raciocínio pelas quais, por
meio de um fato, infere-se a existência
de outro, deduz-se de um fato conhecido
e provado outro que se quer
demonstrar... A presunção geralmente
parte de um indício de prova...” (grifos
nosso)

Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de


um fato conhecido e provado para, então, se presumir o outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.
Observa-se da interpretação do dispositivo supracitado,
que essa presunção legal somente pode ser aplicada quando
previamente solicitado pelo Fisco ao contribuinte os seus
documentos fiscais, não houvesse ocorrida as suas entregas.

1
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de direito processual civil, v 1. 5 ed., São Paulo:
Saraiva, 2008,p.436
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Ou seja, conforme a própria natureza das presunções, a
fiscalização deve comprovar o motivo - não entrega das notas
fiscais solicitadas prévia e regularmente - para se presumir
o extravio da documentação objeto da autuação.
E como bem se referiu o representante fiscal e
demonstrou o julgador singular em sua fundamentação, não há
prova de que houve intimação prévia legalmente válida
solicitando os documentos fiscais, objeto da autuação, para o
contribuinte como determina o art. 11 da Lei nº 6.771/2006:

Art. 11. A intimação do sujeito passivo


ou de pessoa interessada acerca de
qualquer ato, fato ou exigência fiscal,
quando não estiver prevista forma
diversa na legislação tributária, será
feita:
I - pessoalmente, pelo autor do
procedimento ou outro servidor a quem
for conferida a atribuição, mediante
aposição de data e assinatura do sujeito
passivo ou interessado, seu
representante legal ou preposto, no
próprio instrumento que se deseja
comunicar ou em expediente, com entrega,
quando for o caso, de cópia do
documento;
II - mediante remessa, pelo órgão
encarregado do preparo do processo, por
via postal ou qualquer outro meio ou
via, com Aviso de Recebimento - AR ou
com prova de entrega no endereço do
sujeito passivo ou interessado, de cópia
do instrumento ou de comunicação de
decisão ou circunstância constante de
expediente, alternativamente à forma
prevista no inciso I;
III - por edital publicado no Diário
Oficial do Estado, no caso de:
a) o sujeito passivo ou interessado
encontrar-se em lugar ignorado, incerto
ou inacessível, caso em que no processo
deverão ser anexados documentos
comprobatórios do fato ou declaração

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fundamentada;
...
c) não se efetivar a comunicação pela
forma prevista no inciso II, ainda que
não precedida da prevista no inciso I.
...
§ 2º No caso de inatividade do sujeito
passivo, especialmente tratando-se de
empresas desaparecidas ou com inscrição
cancelada ou baixada, sua intimação será
também efetivada em nome do titular, do
diretor, do administrador ou do sócio
com poderes de representação.

Não havendo solicitação nesse sentido, condição sine


qua non, não há presunção de extravio. Não há motivo para se
presumir.
Também não se pode lavrar o auto de infração por
presunção de extravio e depois intimar o contribuinte para a
apresentação das notas fiscais como se tentou fazer
posteriormente, já em fase de lide administrativa tributária.
A presunção não surge antes do fato indiciário, pressuposto
essencial para o referido fato presumido. Apenas a título de
ilustração, guardada suas devidas proporções, seria como
denunciar alguém penalmente para depois abrir o inquérito
policial para se investigar se realmente o sujeito passivo
teria cometido o crime ou não. Inconcebível tal lógica.
Portanto, sem embargo do previsto no artigo 7º, IV, da
Lei Estadual nº. 6.771/06, exemplificativo, temos que o ato
de lançamento tratado nos autos é nulo por inexistência de
motivo, conforme o disposto no artigo 2º, d e seu parágrafo
único, d, da Lei Federal nº. 4.717/65 2, ora reproduzido:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao


patrimônio das entidades mencionadas no
artigo anterior, nos casos de:
(...)
d) inexistência dos motivos;
(...)

2
Regula a ação popular.
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Parágrafo único. Para a conceituação dos
casos de nulidade observar-se-ão as
seguintes normas:
(...)
d) a inexistência dos motivos se
verifica quando a matéria de fato ou de
direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou
juridicamente inadequada ao resultado
obtido;

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL - CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 28 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 04 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 28/01/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-014366/2007; CTE 113/2012 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.60767-001 DE 16/05/2007
RECORRENTE: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDA: CLAUDINETE DA SILVA – ME.
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS.
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO.
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 021/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO ICMS
REFERENTE AO ESTOQUE EXISTENTE QUANDO
DO PEDIDO DE BAIXA DA EMPRESA – NÃO
COMPROVAÇÃO DO QUANTITATIVO EM ESTOQUE
DA EMPRESA NO MOMENTO DA SUA BAIXA –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – LANÇAMENTO IMPROCEDENTE POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.

RELATÓRIO

Cuida o processo evidenciado em epígrafe do Auto de


Infração nº. 99.60767-001 de 16/05/2007, no qual a autoridade
fiscal afirma que a contribuinte deixou de recolher ICMS
proveniente das mercadorias constantes no estoque da empresa,
quando do pedido de baixa da inscrição no CACEAL no valor de
R$ 59.775,16 (cinquenta e nove mil, setecentos setenta e cinco
reais e dezesseis centavos). Imputou-se, ainda, as penalidades
previstas nos artigos 80 e 81 da Lei nº. 5.900/96, no montante
de R$ 29.887,58 (vinte e nove mil, oitocentos e oitenta e sete
reais e cinqüenta e oito centavos), dando por infringidos os
artigos 3º, inciso I e 49, inciso VIII, ambos do Regulamento
do ICMS, além do artigo 2º, §2º, inciso I, da Lei nº.
5.900/96, totalizando crédito tributário no importe de R$
89.662,74 (oitenta e nove mil, seiscentos e sessenta e dois
reais e setenta e quatro centavos)

Instruem os autos, a cópia do cartão de autógrafo,


do livro registro de inventário e do livro de ocorrências.

Antes que se procedesse a sua intimação, a Autuada


apresentou defesa alegando que: por se tratar de microempresa,

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recolhe o ICMS em valor fixo pelo regime de estimativa,


independente das compras e vendas realizadas no período; que
antes da baixa da empresa o estoque foi diluído com vendas
promocionais a baixo custo no intuito de zerar o estoque; que
o Auto de Infração não se encontra acompanhamento de todos os
documentos necessários a sua comprovação.

Em suas contrarrazões, sustenta o fiscal autuante


que mesmo com o recolhimento do ICMS por estimativa, a
legislação tributária mantém o dever da Autuada em recolher o
ICMS das mercadorias pertencentes ao seu estoque final no
momento da sua baixa. Argumenta, também, que a Autuada não
comprovou a comercialização das mercadorias do estoque,
acrescentando que a contribuinte encontrava-se em débito com
algumas parcelas do ICMS estimativa.

Encaminhado os autos à Coordenadoria de Julgamento,


foi solicitada a intimação da contribuinte e do fiscal
autuante para que apresentasse as notas fiscais e documentos
referentes ao recolhimento do ICMS antecipado e juntasse aos
autos cópia do relatório de recolhimento do ICMS, entretanto o
fiscal autuante respondeu que não seria da sua competência
complementar as provas decorrentes de alegações do sujeito
passivo.

Devolvidos os autos à Coordenadoria de Julgamento,


o julgador singular, com base no princípio da verdade material
e diante da recusa do fiscal autuante em produzir novas
provas, decidiu pela improcedência do lançamento por
insuficiência no acervo probatório necessário para corroborar
o cometimento da infração descrita nos autos.

Intimadas as partes, transcorreu o prazo para


apresentação de recurso sem manifestação, logo os autos foram
encaminhados ao Conselho Tributário Estadual para apreciação
da remessa necessária.

É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, consiste a


presente análise em reexame necessário, nos moldes do art. 48,

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inciso I, da Lei nº. 6.771/06 1, na qual restou vencida


totalmente a Fazenda Pública.

Assim, nos casos de remessa necessária, importante


delimitarmos a matéria objeto da presente análise, sob pena de
estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já
decididas e preclusas, na medida em que depreende-se da
redação do art. 48, inciso I, da Lei do PAT, que apenas a
parte da decisão monocrática contrária aos interesses da
Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário.

No caso em apreço, entendeu o juízo de piso pela


improcedência do lançamento, na medida em que a autoridade
fiscal responsável não instruiu a autuação com os documentos
necessários à comprovação da infração supostamente cometida,
qual seja, ausência de recolhimento do ICMS das mercadorias
constantes no estoque, quando do pedido de baixa da inscrição
no CACEAL.

De fato, vislumbra-se dos autos não ser possível


comprovar a infração descrita a partir do acervo probatório
anexo. Isso porque enquanto o fiscal autuante apresentou o
levantamento de estoque da empresa Autuada referente ao dia
31/12/2006, mediante a juntada da cópia do Livro Registro de
Inventário, a Autuada somente encerrou suas atividades no dia
09/02/2007.

Notadamente, não há como se inferir que o estoque


armazenado pela Autuada no dia 31/12/2006 seja idêntico àquele
constante no momento da solicitação da baixa da empresa
ocorrida mais de 02 (dois) meses após o levantamento de
estoque apresentado nos autos.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 891, inciso


IV, do Decreto nº. 35.245/91:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

1
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
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IV - as provas necessárias à demonstração do


fato arguido, inclusive cópias dos documentos
que serviram de base para a apuração das
irregularidades.

Do mesmo modo, acrescenta o §1º, inciso II, do


artigo transcrito acima, que no caso das infrações referentes
ao encerramento das atividades da empresa, quando o estoque
remanescente não puder ser apurado com base nos documentos e
livros fiscais, deverão ser relatos os motivos impeditivos no
processo, o que parece não ser o caso dos autos, vejamos:

§ 1º Além das informações e documentos


previstos nos incisos do "caput" deste artigo,
deverá o processo administrativo fiscal
decorrente de Auto de Infração ser instruído
com:

II - quando a infração versar sobre


encerramento de atividade sem a devida
comunicação à Secretaria Executiva de Fazenda:
levantamento do estoque remanescente, tomando
por base os valores constantes em documentos e
livros fiscais a que tiver acesso;
impossibilitada a apuração do estoque em tais
moldes, os motivos pertinentes deverão ser
mencionados no processo;

Não obstante os atos administrativos gozem da


garantia da presunção de legitimidade, esta se denota
inequivocamente juris tantum, não isentando, pois, a
responsabilidade da autoridade fiscal comprovar os fundamentos
da autuação, consoante lição da professora Fabiana Del Padre
Tomé, vejamos:

Essa presunção, entretanto, não exime a


Administração do dever de comprovar a
ocorrência do fato jurídico, bem como das
circunstâncias em que este se verificou. É que,
sendo os atos de lançamento e aplicação de
penalidade vinculados e regidos, dentre outros,
pelos princípios da estrita legalidade e da
tipicidade, tais expedientes dependem,

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necessariamente, da cabal demonstração da


ocorrência dos motivos que os ensejaram. 2

Destarte, considerando-se que a autoridade fiscal


possuía os instrumentos necessários à apuração do estoque
remanescente da empresa Autuada no momento do pedido da sua
baixa, vez que poderia ter juntado as cópias dos Livros
Registro de Entrada e de Saída ou mesmo as respectivas notas
fiscais, mas não o fez, não há como se imputar à contribuinte
a infração descrita nos autos, restando prejudicado, em sua
totalidade, o lançamento tributário.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-
lhe provimento, mantendo-se inalterada a decisão da
Coordenadoria de Julgamento no sentido de declarar a
improcedência total do lançamento tributário.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 28 de


janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A Prova no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 240.
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PROCESSO Nº: SF 1500-031234/2004; CTE 014/2012 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 62163 DE 26/10/2004
RECORRENTES: JOSÉ GERALDO BARBOZA – ME
FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDOS: OS MESMOS
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 022/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA –


AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO
REGISTRO DE INVENTÁRIO E NÃO ENVIO DOS
ARQUIVOS DO SINTEGRA NO PRAZO LEGAL –
REDUÇÃO DA PENALIDADE APLICADA EM 50% -
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 135-A, DA LEI
Nº. 5.900/96 – COMPROVAÇÃO DO ENVIO DO
RELATÓRIO DO SINTEGRA NO MÊS DE
NOVEMBRO DE 2003 E INEXISTÊNCIA DA
OBRIGAÇÃO QUANTO AO MÊS DE ABRIL DE
2004 – EXCLUSÃO DA PENALIDADE – RECURSO
ORDINÁRIO E REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDOS E IMPROVIDOS – DECISÃO
MANTIDA. LANÇAMENTO PARCIALMENTE
PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Tratam-se os autos de autuação fiscal, na qual a


autoridade responsável afirma que o contribuinte deixou de
escriturar o Livro Registro de Inventário dos exercícios de
2000 e 2001 no prazo legal, bem como não apresentou no prazo
regulamentar os arquivos do SINTEGRA dos meses de novembro de
2003 e fevereiro, março e abril de 2004, imputando-se as
penalidades previstas nos artigos 122 e 116-A, inciso I, da
Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no valor de
R$ 5.187,20 (cinco mil, cento e oitenta e sete reais e vinte
centavos)

Instruem os autos, a cópia do cartão de autógrafo,


do Livro de Ocorrências e do Livro Registro de Inventário,
além do relatório informativo da situação fiscal do

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contribuinte, das DAC’s dos anos de 2000 e 2001 e do resumo do


débito do Auto de Infração.

Devidamente intimado, o Autuado apresentou defesa


argumentando que: A) ingressou com pedido de baixa da empresa
em 25/03/2004, sendo deferido apenas em 26/10/2004; B) o Livro
de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001 não foi
escriturado, pois não houve estoque físico em 31/12/2000 e
31/12/2001, respectivamente; C) o relatório do SINTEGRA do mês
de novembro de 2003 foi enviado em 28/10/2004, dos meses de
fevereiro e março de 2004 em 30/08/2005 e que o relatório do
mês de abril de 2004 não foi enviado, porque a empresa
solicitou a sua baixa em 25/03/2004.

Remetido os autos à fiscal autuante, esta reitera a


procedência da autuação quanto à falta de escrituração do
Livro Registro de Inventário nos exercícios de 2000 e 2001 bem
como quanto à ausência de envio do relatório do SINTEGRA dos
meses de novembro de 2003, fevereiro e março de 2004.
Entretanto, concernente ao mês de abril de 2004, a fiscal
reconhece que o pedido de baixa da Autuada foi formalizado em
momento anterior à exigibilidade de entrega do relatório,
aditando o Auto de Infração para excluir a penalidade
referente ao citado período.

Intimada sobre o aditamento realizado, no valor de


R$ 4.863,00 (quatro mil, oitocentos e sessenta e três reais),
a Autuada reiterou os termos da sua defesa, acrescentando aos
autos novos documentos.

Após, os autos foram remetidos à Coordenadoria de


Julgamento, a qual, observando equívoco no cálculo da
penalidade imposta quanto à suposta não escrituração do Livro
Registro de Inventário nos exercícios de 2000 e 2001,
determinou a devolução do processo à fiscal responsável para
correção.

Realizado novo aditamento, totalizando crédito


tributário no valor de R$ 26.908,20 (vinte e seis mil,
novecentos e oito reais e vinte centavos), a Autuada foi
notificada, contudo não apresentou manifestação.

Em seguida, devolvidos os autos à Coordenadoria de


Julgamento, decidiu-se pela procedência em parte do
lançamento, na medida em que a julgadora refez os cálculos

ACÓRDÃO CTE Nº 022/2013 Página 2


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atinentes à penalidade imposta pela não escrituração do Livro


Registro de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001,
aplicando a redução de 50% prevista no artigo 135-A, da Lei
nº. 5.900/96, bem com excluiu a penalidade referente à
ausência de entrega do relatório do SINTEGRA dos meses de
novembro/2003 e abril/2004, condenando a Autuada ao pagamento
de crédito tributário no importe de R$ 12.968,00 (doze mil,
novecentos e sessenta e oito reais), correspondente a 800
(oitocentas) UPFAL’s.

Inconformada com a decisão, a Autuada apresentou


Recurso Ordinário alegando que o estoque dos exercícios de
2000 e 2001 foi “zero”, sendo devidamente registrado, conforme
cópia do Livro Registro de Inventário anexa aos autos.

Encaminhado os autos à representação fiscal, esta


afirma que os argumentados da Recorrente são idênticos aos
apresentados em sua defesa e que já foram rejeitados pela
Coordenadoria de Julgamento, razão pela qual pleiteia a
manutenção do julgado recorrido.

Após, os autos forma encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação do Recurso Ordinário e do
Reexame Necessário.

É, no essencial, o relatório.

VOTO

Do Recurso Ordinário

Inicialmente, importa destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada,
em especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei


do PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
Recurso Ordinário, vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao


CTE:

I - recurso ordinário; e

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§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Autuada foi intimada


da decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia 02/09/2011
(sexta-feira), conforme AR de fls. 95, tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 15/09/2011,
razão pela qual passamos a análise do recurso.

Sustenta a Recorrente que, conforme já demonstrado


em sua defesa, inclusive com a apresentação da cópia do Livro
Registro de Inventário, o estoque referente aos exercícios de
2000 e 2001 era “zero”, sendo estes devidamente escriturados
no Livro Registro de Inventário.

Consiste a autuação no descumprimento de obrigação


acessória pela Recorrente, qual seja, a não escrituração do
Livro de Registro de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001
no prazo legal, devidamente prevista nos artigos 49, inciso
III 1 e 286, §§ 6º e 7º 2, do Decreto nº. 35.245/91.

Nesse ponto, a obrigação do contribuinte registrar


as informações no Livro de Registro do Inventário persiste
mesmo quando o estoque a ser escriturado é “zero” ou
inexistente, consoante preconiza o artigo 286, §8º, do Decreto
nº. 35.245/91, vejamos:

Art. 286. O livro Registro de Inventário,


modelo 7, destina-se a arrolar, pelos seus

1
Art. 49. São obrigações dos contribuintes:
III - conservar em seu poder, devidamente escriturados, os livros e documentos fiscais:*
a) até que ocorra a decadência dos créditos tributários decorrentes das operações ou prestações a que se referem,
no caso de inexistência de Auto de Infração, observando que:
1 - em se tratando de livros, o prazo se contará a partir do último lançamento nele consignado, quando obedecido
o prazo legal de escrituração;
2 - em se tratando de documento fiscal, a partir da data da emissão;
b) até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações ou prestações a que se referem,
no caso de existência de Auto de Infração, observado que o prazo correrá a partir da data da inscrição na Dívida
Ativa;
2
Art. 286. O livro Registro de Inventário, modelo 7, destina-se a arrolar, pelos seus valores e com
especificações que permitirá sua perfeita identificação, mercadorias, matérias-primas, produtos intermediários,
materiais de embalagem, produtos manufaturados e produtos em fabricação, existentes no estabelecimento na
época do balanço.
§6º - Se a empresa não mantiver escrita contábil, o inventário será levantado em cada estabelecimento no último
dia do ano civil.
§7º - A escrituração deverá ser efetivada dentro de 60 (sessenta) dias, contados da data do balanço referido no
"caput" ou, no caso do parágrafo anterior, do último dia do ano civil.
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valores e com especificações que permitirá sua


perfeita identificação, mercadorias, matérias-
primas, produtos intermediários, materiais de
embalagem, produtos manufaturados e produtos em
fabricação, existentes no estabelecimento na
época do balanço.

§8º - Inexistindo estoque, o contribuinte


mencionará esse fato na primeira linha, após
preencher o cabeçalho da página. (grifo nosso)

Com efeito, a partir da análise dos autos, em que


pese as alegações da Recorrente e a juntada da cópia do Livro
Registro de Inventário as fls. 39/43, verifica-se que o
referido Livro não se encontrava com as suas anotações devidas
no momento da fiscalização pelo Fisco Estadual.

Para tanto, basta observar a documentação acostada


ao auto de infração as fls. 08, na qual o Livro Registro de
Inventário apresenta-se sem qualquer anotação e confrontá-la
com a cópia do Livro Registro de Inventário anexada pela
Recorrente as fls. 39/43 para se notar que os registros foram
efetuados após a lavratura deste Auto de Infração.

Registre-se, por oportuno, que a fiscal responsável


pela autuação teve o cuidado de rasurar as demais folhas do
Livro Registro de Inventário após registrar a ocorrência,
contudo isso não impediu que a Recorrente tentasse efetuar as
anotações devidas em momento posterior a fiscalização, o que
reforça a infração cometida.

Assim, evidenciando-se nos autos o descumprimento


da obrigação acessória pela Recorrente não há como se acolher
suas alegações recursais, razão pela qual deverá ser mantida a
decisão da Coordenadoria de Julgamento no sentido de condenar
a Recorrente ao pagamento de multa pela não escrituração do
Livro Registro de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001 no
prazo legal.

Do Reexame Necessário

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Em seguida, embora a julgadora singular tenha feito


a observação quanto à dispensa do Reexame Necessário no caso
em análise, entendo que devemos passar a sua apreciação.

Isso porque, levando-se em apreço o último


aditamento realizado nos autos, as fls. 56, no valor de R$
26.908,20 (vinte e seis mil, novecentos e oito reais e vinte
centavos) e o julgado proferido pela Coordenadoria de
Julgamento no sentido de condenar a Autuada ao pagamento de
crédito tributário no valor de R$ 12.968,00 (doze mil,
novecentos e sessenta e oito reais), resta demonstrado que a
decisão monocrática excluiu importância pecuniária superior a
400 (quatrocentas) UPFAL.

Nos casos de remessa necessária, importante


delimitarmos a matéria objeto da presente análise, sob pena de
estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já
decididas e preclusas, na medida em que depreende-se da
redação do art. 48, inciso I, da Lei do PAT, que apenas a
parte da decisão monocrática contrária aos interesses da
Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário.

No presente caso, entendeu o juízo de piso pela


aplicação da redução de 50% (cinquenta por cento) nas
penalidades imputadas a microempresas, nos termos do artigo
135-A da Lei nº. 5.900/96, assim redigido na época do fato:

Art. 135-A No caso de contribuinte cadastrado


como microempresa, as multas previstas nesta
subseção serão reduzidas em 50% (cinquenta por
cento).

*Artigo 135-A acrescentado pelo inciso IV do


artigo 2º da Lei nº 6.331/02.

De fato, com base no Relatório de Dados Cadastrais


constante nos autos, inexistem dúvidas quanto ao enquadramento
da Autuada como microempresa, logo plenamente aplicável a
citada redução na multa pela não escrituração do Livro
Registro de Inventário.

Do mesmo modo, não merece reforma a decisão


reexaminada no tocante à aplicação da anistia quanto ao não
envio dos documentos do SINTEGRA no mês de novembro de 2003.

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A Lei nº. 6.519/04 determinou a dispensa do


pagamento das multas aos contribuintes em situação irregular
quanto ao envio dos dados ao SINTEGRA, desde que estes
efetuassem a entrega ou retificação das informações até o
último dia do terceiro mês subsequente à entrada em vigor
desta Lei, ou seja, 31 de janeiro de 2005.

Destarte, como o contribuinte enviou os dados ao


SINTEGRA referentes ao mês de novembro de 2003 no dia
28/10/2004, acertadamente determinou a julgadora singular a
exclusão da penalidade então imputada, motivo pelo qual também
não merece reforma a decisão.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL - CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário
para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo-se sem
modificações a decisão da Coordenadoria de Julgamento no
sentido de decidir pela procedência parcial do lançamento e
condenar a Autuada pela não escrituração do Livro de Registro
de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001 e pelo não envio
das informações do SINTEGRA dos meses de fevereiro e março de
2004, totalizando crédito tributário no valor de R$ 12.968,00
(doze mil, novecentos e sessenta e oito reais).

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 28 de


janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 29/01/2013


PROCESSO: 1500-006.255/2005 E CTE Nº 331/2012.
ANEXOS: 1500-027.156/2005 E 1500-029.974/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 016.306 DE 09/03/2005.
AUTUADA: MARIA CICERA DE LIMA OLIVEIRA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.096.526-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.312/2010.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: AMAURI ALEXANDRE ALVES.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 023/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação Principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias
tributadas nos exercícios de 1999, 2000
e 2001, apurada através de Levantamento
da Conta Mercadorias mediante a
aplicação de lucro presumido no
percentual de 30% (trinta por cento).
2) Preliminar de decadência relativa a
1999, arguida e acatada de ofício. 3)
Lançamento procedente em parte. 4)
Recurso Ordinário conhecido e provido
em parte. Mantida em parte a decisão
singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


MARIA CICERA DE LIMA OLIVEIRA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
3.101,75 (três mil, cento e um reais e setenta e cinco
centavos), por haver a empresa autuada omitido vendas de
mercadorias nos exercícios de 1999 a 2001, fato comprovado por
levantamento da Conta Mercadorias e apuração do estoque com
lucro bruto real acumulado.

Apontados como infringidos os artigos 5º, V,


da Lei nº 5.077/1989; 2º, I, § 12, da Lei nº 5.900/1996; 49,
II, e VII, parágrafo único; e 1.000 do RICMS/91). Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 84, da
Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de

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autógrafo; resumo de débito; mapas de apuração de estoque com


lucro bruto real acumulado (1999 a 2001); cópias (xerox) do
LRAICMS; do LRIM e do livro RUDFTO.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que a


exigência do lucro mínimo de 30% (trinta por cento) não atende
às normas contidas no regime de lucro presumido e que a
fiscalização quer criar mecanismos de apuração que não constam
na legislação e que enfrenta problemas de ordem econômica e
financeira. Por fim, pede a anulação d autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que as omissões de vendas de mercadorias estão comprovadas
através do levantamento da conta estoque de mercadorias nos
exercícios fiscalizados e que a autuada não obedeceu aos
artigos 269, e 1.000 do RICMS/91. Por fim, pede a procedência
do auto de infração.

Em 13/10/2010, foi proferida a Decisão nº


17.312/2010, de Primeira Instância, que julgou procedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal. Omissão de


saídas de mercadorias tributadas nos exercícios
de 1999 a 2001. Procedimento colidente com o
estipulado nos artigos 269 e 1000 do Regulamento
do ICMS. Ação fiscal subsistente. Auto de
Infração PROCEDENTE. Exigência do crédito
tributário sujeita ao procedimento especial
insculpido no artigo 36, II, §1º, IV da Lei Nº
6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


tempestivo alegando que lhe exigir lucro de 30% (trinta por
cento), já é motivo de anulação da autuação, pois este, não as
normas contidas no regime de lucro presumível; passa por
situação difícil, tendo fechado as portas por não conseguir
pagar os impostos, nem os fornecedores. Por fim, pede que a
autuação seja anulada.

Em 11/11/2010, a Coordenadoria de Julgamento


solicitou a Requisição de Diligência nº 239/2010, para que o

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fiscal o autuante coloque dia e hora em que foi lavrado o auto


de infração, apesar de já constarem tais dados na etiqueta de
protocolização, modificando o procedimento para Ordinário.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que os fatos geradores se
deram entre 1999 a 2001, gerando dúvidas sobre a metodologia
de verificação estar sob a égide do Decreto nº 38.075/1999 ou
da legislação anterior. Por fim, pede que a decisão singular
seja mantida. Assim, vêm os autos a este Conselho Tributário
Estadual para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 17.312/2010, de Primeira Instância, que
julgou procedente o lançamento constante do auto de infração
n° 016.306 de 09/03/2005.

A análise dos autos demonstra que a autuação


trata da omissão de saídas de mercadorias apurada através de
Levantamento da Conta Mercadorias mediante aplicação de lucro
presumido no percentual de 30% (trinta por cento), como prevê
o artigo 2º, § 12, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no


momento:

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas


tributáveis em operações internas do contribuinte a
diferença positiva entre a saída de mercadorias tributadas,
tomando como valor o custo das mercadorias vendidas agregado
de 30% (trinta por cento), e a saída tributada efetivamente
declarada nos livros e/ou documentos fiscais próprios,
apurada no último dia do exercício financeiro da empresa, na
hipótese em que o contribuinte não possua escrituração
contábil para fins de apuração do lucro real.
(...)”

A aplicação do lucro presumido destina-se às


empresas que não possuem escrituração contábil, é o caso da
autuada que tem escrituração fiscal. Os mapas roteiros usados
pela fiscalização comprovam que a autuada no exercício de
2000, utilizou o percentual de 30% (trinta por cento) de
acordo com a legislação tributária vigente.

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EXERCÍCIO DE 2000

Estoque inicial R$ 1.492,92


Compras (líquidas) R$ 16.648,60
ICMS sobre compras (R$ 1.889,94)
Estoque Final (R$ 9.508,33)
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) R$ 6.743,25
VA: 30% x CMV (artigo 2º, § 12, Lei 5.900/96) R$ 2.022,97
Vendas Apuradas R$ 8.766,22
Vendas Registradas R$ 10.510,50
Vendas apuradas < vendas registradas -

EXERCÍCIO DE 2001

Estoque inicial R$ 9.508,33


Compras (líquidas) R$ 13.893,29
ICMS sobre compras (R$ 1.569,02)
Estoque Final (R$ 8.442,67)
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) R$ 13.389,93
VA: 30% x CMV (artigo 2º, § 12, Lei 5.900/96) R$ 4.016,97
Vendas Apuradas R$ 17.406,90
Vendas Registradas R$ 7.942,08
Vendas apuradas > vendas registradas R$ 9.464,82

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

Exercício Base de cálculo ICMS Multa Total


2001 9.464,82 1.609,01 804,50 2.413,51

Já no exercício de 2001, a autuada apurou


sua Conta Mercadorias utilizando o percentual de 30% (trinta
por cento) em desacordo com o artigo 2º, § 12, reproduzido, o
que resultou em diferença positiva, diferente do exercício de
2000, quando a diferença encontrada foi negativa, ou seja, o
percentual de 30% (trinta por cento) foi utilizado conforme as
previsões do artigo 2°, § 12. Nesta situação o lançamento é
Procedente em Parte.

Quanto à aplicação da penalidade, há de ser


aplicada aquela prevista no artigo 79, da Lei nº 5.900/1996,
uma vez que a penalidade sugerida na inicial, àquela prevista
no artigo 84, da mesma lei, se encontra revogada, e sua multa
foi reclassificada (reclassificação qualificada) para o artigo
79, da Lei nº 5.900/1996.

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LEI Nº 5.900/1996
“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,
em situação não compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

O crédito tributário tem como valor R$


2.413,01 (dois mil, quatrocentos e treze reais e cinquenta e um
centavos), devendo ser recolhido com os acréscimos previstos
em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Recurso Ordinário, para dar-lhe provimento
parcial. Reformada parcialmente a decisão da Primeira
Instância Administrativa.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 29 de


janeiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 03 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 29/01/2013


PROCESSO: 1500-009.188/2010 E CTE Nº 277/2012.
ANEXOS: 1500-013.661/2010 E 1500-020.618/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.01164-002 DE 06/05/2010.
AUTUADA: MAXCASA COMERCIAL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.601.400-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.654/2012.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: RAIMUNDO MARQUES DE CARVALHO NETO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 024/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Aquisição de mercadorias com
documentação fiscal inidônea. 2)
Infração não comprovada. Lançamento
Improcedente. 3) Recurso Ordinário
conhecido e provido. Reformada a
Decisão da Primeira Instância
Administrativa.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa


MAXCASA COMERCIAL LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 103.854,60
(cento e três mil, oitocentos e cinqüenta e quatro reais e
sessenta centavos) por ter a empresa autuada adquirido
mercadorias acompanhadas de notas fiscais falsificadas e/ou
adulteradas no período de janeiro a maio/2005, com indícios de
Crime Contra a Ordem Tributária, utilizando de sua inscrição
estadual nº 24.601.400-8, quando não era mais EPP - Empresa de
Pequeno Porte e sim empresa com inscrição normal 24.103.464-7.

Apontado como infringido o artigo 97, da Lei nº


5.900/1996. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 97, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias do Livro RUDFTO


(termo de ocorrência fiscal); das intimações fiscais nºs
57621, 57780 e 58205; relatório de dados cadastrais do
contribuinte; cópias do LREM e da FAC.

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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que pode ter havido


erro da contabilidade ao imprimir o LREM com o número de
inscrição do CACEAL trocado; as operações foram registradas
corretamente e o fisco não pode se ater a meros indícios para
apontar a prática de crime contra a ordem tributária previsto
na Lei nº 8.137/90, no qual deve ter dolo, supressão ou
redução do tributo, assim como, todas as ações meios previstas
na mencionada lei, nada disto ocorreu, pois a autuação se
baseia em presunção; foram juntados documentos fiscais das
operações regulares de aquisição de mercadorias, a autuada não
se valeu dos benefícios concedidos as Empresas de Pequeno
Porte; pagou o imposto através da sistemática de apuração
normal do ICMS; não foi observado o princípio da não
cumulatividade, pois os registros contábeis e o pagamento do
ICMS não foram considerados; não lhe foi dado o direito de
pedir cópias das notas fiscais aos seus fornecedores; houve
problemas na devolução dos documentos disponibilizados. Por
fim, pede a improcedência do auto de infração. Foram anexados
a Defesa os documentos que constam das fls. 29 a 1.489.

Em 27/10/2010, foi solicita a Diligência CRP nº 121/2010


(fl. 1493 do processo de defesa), para o autuante examinar a
escrituração fiscal da autuada, verificando se são procedentes
ou não as razões da defesa. Em resposta o autuante confirma as
razões postas na inicial.

Em 02/04/2011, a Coordenadoria de Julgamento solicitou a


Requisição de Diligência de nº 113/2011, pela qual os autos
foram encaminhados a DRF - Diretoria de Representação Fiscal
para apresentação das contrarrazões.

DAS CONTRARRAZÕES

A DRF - Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões alegando que é bastante verificar que a autuada
não refutou os fatos narrados na inicial, procurando
descaracterizá-los como ilícitos; o fato de ter havido um erro
por parte da contabilidade ao imprimir o LREM com o número de
inscrição no CACEAL trocado e as operações serem registradas
corretamente não possue o condão de afastar a responsabilidade
da autuada (artigo 136, do CTN); conforme o artigo 207, inciso
IX, do RICMS/91, a desconsideração dos documentos fiscais por
inidoneidade está justificada. Por fim, pede que a autuação
seja julgada procedente.

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Em 31/01/2012, foi solicitada a Requisição de Diligência


nº 027/2012, para intimação da autuada quanto a juntada de
documentos. Intimada a autuada não se pronunciou.

Em 20/06/2012, foi proferida a Decisão nº 18.654/20122,


de Primeira Instância, que julgou Procedente o lançamento com
a ementa.

EMENTA: ICMS - Aquisição de mercadorias


com documentação fiscal inidônea. 1)
Responsabilidade objetiva do contribuinte,
nos termos do art. 43 da Lei 4.418/82, que
independe da intenção do agente ou
responsável, ou da natureza e extensão dos
efeitos do ato. 2) Documentos fiscais
considerados inidôneos, ex vi do art.
207, inciso IX do RICMS/AL; 3)Infração
caracterizada pelo acervo probatório
acostado aos autos; 4)Auto de Infração
PROCEDENTE; 5) Remessa de cópia dos autos
ao Gabinete do Secretário de Estado da
Fazenda, após o trânsito em julgado da
decisão administrativa, nos termos do art.
814 do Regulamento do ICMS, para que se
comunique o fato (possível falsificação de
documentos fiscais) ao Ministério Público
Estadual para apuração de suposto crime
contra a ordem tributária.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, tempestivo, com


as seguintes alegações:

1) Que, o auto de infração descreve ter a autuada


adquirido mercadorias com notas fiscais falsificadas e/ou
adulteradas, apontando como prova apenas algumas páginas
do LREM; o pedido de diligência foi ignorado, sem nenhuma
fundamentação, ferindo a ampla defesa, pois a diligência
iria afastar o ilícito fiscal, fazendo prevalecer a
verdade material, como ensinam Odete Madauar; Celso
Antonio Bandeira de Mello; Sérgio Ferraz; Adilson Abreu
Dallari e Hely Lopes Meirelles; e decisões do STJ; a
diligência era elemento essencial a desqualificação do
lançamento, tornando-o nessa fase recursal, como
improcedente, e por este motivo reitera o seu
cumprimento; não há nada de errado nas aquisições de
mercadorias, todas as notas fiscais de entradas
correspondente ao período de 01/01/2005 a 19/05/2005,

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contém a inscrição correta de nº 24.601.400-8 conforme


consta das notas fiscais e do LRSM até porque não tem a
declaração de inidoneidade.

2) Que, houve um erro da contabilidade ao imprimir o LREM


inserindo elemento incorreto, troca do CACEAL; as
operações foram registradas, os lançamentos fiscais de
aquisição de mercadorias foram feitos sob a inscrição
correta; a autuação fere o princípio da não
cumulatividade, uma vez que desconsidera registros
contábeis, pagamentos do ICMS, a regra matriz do ICMS e
seus aspectos afins; deve ser intimada de todos os atos
do processo; pede a juntada de documentos e a realização
de diligência com intimação da empresa REDE FORTE
COMERCIAL LTDA, sua fornecedora, empresa situada no
Estado de São Paulo, para apresentar as notas fiscais do
período de 01/01/2005 a 19/05/2005. Por fim, pede que a
autuação seja julgada como improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DRF - Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões ao Recurso Ordinário alegando:

1) Que, é bastante se verificar que a autuada não refuta


os fatos apontados na peça inicial, apenas procura
descaracterizá-los como ilícitos; a alegação de ter
registrado as operações no LREM e de que houve erro na
inserção do número de inscrição, não afasta sua
responsabilidade, uma vez que o artigo 136, do CTN dispõe
que a responsabilidade por infração independe da intenção
do agente ou do responsável; restou comprovada a
aquisição de mercadorias pela autuada no período de
01/01/2005 a 19/05/2005, destinadas a inscrição estadual
nº 24.601.400-8, quando não era contribuinte na condição
de EPP empresa de pequeno porte, e sim, contribuinte com
inscrição estadual normal, sob o nº 24.103.464-7.

2) Que, o Recurso Ordinário somente repete as alegações


da defesa, que já foram enfrentadas e superadas; a
autuação atende o artigo 891, IV, do RICMS/91, a
diligência junto aos fornecedores é desnecessária, como
corroboram os artigos 7º, § 1º; 23; e 27, § 6º, todos da
Lei Estadual nº 6.771/2006; a autuação não está baseada
em mera presunção, conforme os artigos 43, paragráfo
único, da Lei nº 4.418/82; 21, Inciso IX; e 34, da Lei nº
5.900/1996; 49, Inciso VIII; 207; IX e X, do RICMS/91.
Por fim, pede que seja mantida a decisão singular e a

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procedência da autuação. Assim, chegam os autos a este


Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário, interposto contra a


Decisão nº 18.654/2012, de Primeira Instância, que julgou
Procedente o lançamento constante do auto de infração nº
90.01164-002 de 06/05/2010.

A análise dos autos demonstra que a inicial foi instruida


apenas com cópias do LREM contendo a inscrição estadual nº
24.601.400-8, onde se encontram escrituradas as notas fiscais
apontadas como inidôneas, referentes ao período de 01/01/2005
a 19/05/2005; bem como, que a autuada afirma que essa
inscrição foi posta no livro fiscal por engano, uma vez que
suas aquisições de mercadorias neste período foram feitas com
a inscrição de nº 24.103.464-7, como demonstram as notas
fiscais de entradas e as cópias do LRSM.

Em seu Recurso Ordinário a autuada insiste no pedido de


diligência para intimação de sua fornecedora empresa
localizada em São Paulo a fim de que forneça os arquivos das
notas fiscais emitidas naquele período, insistindo que ocorreu
apenas o registro errado da inscrição 24.601.400-8 no LREM, em
lugar da inscrição 24.103.464-7, o que não acarretou prejuizo
ao fisco, uma vez que o imposto foi apurado e pago com base na
sistemática normal de tributação, uma vez que não se valeu dos
benefícios concedidos as Empresas de Pequeno Porte nem cometeu
Crime Contra a Ordem Tributária. Observe-se que nesta situação
a autuada poderia ter anexado às cópias dessas notas fiscais,
uma vez que as mesmas constam como registradas em seu LREM.

Doutra banda, não resta nenhuma dúvida de que o autuante


tinha a obrigação legal de anexar cópias das notas fiscais
apontadas como inidôneas como exige o artigo 207, IX e X, do
RICMS/91, como prova da infração, bem como, de colocar no
campo próprio destinado a infração o referido artigo, fato que
não prejudica a autuação, mas que demonstra de certa forma
falta de atenção, haja vista, que a autuada tem o direito de
saber qual a acusação que sobre ela paira no auto de infração
e dela possa se defender plenamente conforme lhe asseguram os
princípios do contraditório e da ampla defesa.

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“Art. 207 - Considerar-se-á desacompanhada de documento


fiscal a operação ou prestação acobertada por documento
inidôneo, assim entendido, para esse efeito, aquele que:
(...)

IX - de qualquer modo, ainda que formalmente regular, tiver


sido emitido ou utilizado com dolo, fraude, simulação ou
erro, que possibilite, mesmo que a terceiro, o não
pagamento do imposto ou qualquer outra vantagem indevida.

X - for emitido por contribuinte com inscrição enquadrada


em situação cadastral diversa da ativa.
(...)”

As cópias do LREM por si só não provam que as notas


fiscais de aquisição de mercadorias foram emitidas para a
inscrição nº 24.601.400-8. Cabia ao autuante anexar cópias
destas notas fiscais como solicitado pela autuada na defesa,
que se frise, poderia ela mesma ter promovido essa anexação,
porém, este dever, cabe em primeiro lugar, ao próprio fisco,
haja vista, que a ele não é dado o direito de acusar sem
apresentar provas. Também é certo que deveria ter sido feita
uma diligência para comprovar se o ICMS do periodo (01/01/2005
a 19/05/2005) foi efetivamente apurado e recolhido dentro da
sistemática normal de tributação como afirma à autuada ou se
não houve pagamento, ocorrendo assim, a infração prevista no
Inciso IX, do artigo 207, do RICMS/91.

As cópias do LREM demonstram que a inscrição estadual nº


24.601.400-8, deve ter sido posta no LREM por engano, uma vez
que seus registros fiscais apontam lançamento a crédito do
imposto, assim como, as notas fiscais de saídas também apontam
que o imposto foi debitado. Não resta dúvida de que somente as
notas fiscais de entradas emitidas no período de 01/01 a
19/05/2005, poderiam comprovar que foram emitidas para a
inscrição de nº 24.601.400-8l. Não é possível atribuir
inidoneidade a notas fiscais apenas por serem de uma inscrição
estadual não autorizada naquele período, sem constar nos autos
a cópia de pelo menos uma delas.

Como atribuir inidoneidade às notas fiscais apenas por


presunção? Ao fisco não é dado o direito de acusar a autuada
de infringir o artigo 207, IX, e X, do RICMS/91, sem
apresentar qualquer prova, baseado apenas em cópias do LREM. A
acusação de inidoneidade está posta sobre as notas fiscais de
aquisições não sobre o LREM. Os autos estão desprovidos de
provas, as quais o fisco tinha o dever de apresentá-las. Nesta
situação o Lançamento é Improcedente.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Recurso Ordinário, para dar-lhe provimento. Reformada a
decisão singular.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 29 de janeiro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 04 – Realizada em 31/01/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: SF-1500-013614/2003; CJ-20.775/2005 E CTE-103/2012.
ANEXO: SF-1500-018815/2003.
AUTO DE INFRAÇÃO: 031963, PROTOCOLADO EM 08/05/2003.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.523/2012.
AUTUADO: JOSÉ GONZAGA DE ALMEIDA.
AUTUANTE: LUIZ ALBERTO OLIVEIRA LEAL.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 025/2013

EMENTA: ICMS – ACUSAÇÃO DA FALTA DE


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DEVIDO NAS VENDAS
DE MERCADORIAS TRIBUTÁVEIS SEM A EMISSÃO
DA DEVIDA DOCUMENTAÇÃO FISCAL – PEDIDO DE
DILIGÊNCIA NÃO ATENDIDO – FALTA TOTAL DE
PROVAS CAPAZES DE SUSTENTAR O LANÇAMENTO
DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO – REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO – DECISÃO SINGULAR
MANTIDA NA ÍNTEGRA – AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

I – RELATÓRIO

Cuida o presente Processo Administrativo Tributário – PAT,


do Reexame Necessário direcionado a este Conselho Tributário
Estadual – CTE pela Coordenadoria de Julgamento – CJ, que entendeu
pela Improcedência do Lançamento Fiscal intentado pela Fazenda
Estadual em desfavor do contribuinte acima nominado, via do qual
está sendo exigido do mesmo o crédito tributário no montante de R$
7.628,26 (sete mil, seiscentos e vinte e oito reais e vinte e seis
centavos), correspondente ao ICMS e respectiva multa, por haver o
contribuinte, em tese, efetuado a venda de mercadorias
desacompanhadas da necessária documentação fiscal, irregularidade
apurada através da insuficiência de caixa comprovada pelo
levantamento específico da aludida conta.

________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº025/2013 1
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Foram apontados como transgredidos o disposto nos artigos 2º


- parágrafos 9º a 11º, 5º - inciso I e 31 da Lei Estadual nº
5.900/96; artigo 49 – incisos II, VII E VIII do RICMS aprovado
pelo Decreto nº 35.245/91, sendo sugerido o apenamento previsto no
artigo 84 da supracitada Lei nº 5.900/96 (fls. 02 e 02 – v).

Os autos estão instruídos com o Mapa de Auditoria do


Movimento Financeiro do exercício de 2001; Relação de Pagamento de
Compras a Prazo; Cópia dos Termos de Ocorrência Fiscal; Declaração
Anual do Contribuinte – DAC e cópias de vários documentos
relativos às despesas efetuadas em 2001 (fls. 03 usque 94).

Constata-se, no PAT, que o AR enviado ao contribuinte como


intimação fiscal foi firmado por pessoa sem autoridade para fazê-
lo, bem como inexiste nos autos cópia do edital publicado no
DOE/AL.

Na defesa apresentada em 30/06/2003, o autuado refuta a


prática das infrações apontadas, pedindo o arquivamento do AI
contra ele lavrado, tendo a autoridade autuante acatado as razões
defensórias e opinado pelo arquivamento do processo (fls.
123/124).

O ilustre Julgador Singular, considerando os termos das


contrarrazões apresentadas, fundamentadas em termos que
inviabilizam uma correta decisão, notadamente no pedido de
arquivamento do processo, determinou por conduto do Pedido de
Diligência nº 119/2011, a realização de uma investigação fiscal,
com o retorno dos autos à Diretoria de Fiscalização de
Estabelecimento – DIFIS, objetivando a apresentação de um
demonstrativo mensal dos valores inseridos no Mapa de Auditoria do
Movimento Financeiro, da juntada das provas indispensáveis à
apreciação do feito fiscal (fls. 233/235).

O fiscal autuante declara a impossibilidade de obter e


apresentar os documentos solicitados devido ao longo período de
inatividade da empresa e reafirma a sugestão de arquivamento do
PAT (fl. 11 – anexo).

________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº025/2013 2
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

O ilustre Julgador de Piso, considerando a falta de


apresentação, por parte do representante fiscal, dos documentos
requisitados, tornando impossível a apuração da liquidez e
comprovação do crédito tributário, decidiu pela Improcedência do
Lançamento Fiscal, prolatando a Ementa abaixo citada:

“EMENTA: ICMS. Levantamento Financeiro.


Apurada suposta insuficiência de caixa. 1
– Desregramento, tanto na verificação da
ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, como na determinação da
matéria tributável; 2 – Determinação de
diligências na busca pela verdade
material, sem sucesso; 3 – Ausência dos
documentos necessários à apuração da
liquidez e certeza do crédito tributário,
parágrafo único do art. 118 da Lei nº
4.418/82; 4 – Sentença proferida,
inclusive, com base na duração razoável do
processo, inserida no rol de direitos e
garantias fundamentais, art. 5º, LXXVIII
da CF-88; 5 – Improcedência do Lançamento
do Crédito Tributário; 6 – Reexame
Necessário para o Conselho Tributário
Estadual, art. 48, I da Lei nº
6.771/2006”.

Devidamente intimados, a Representação Fiscal e o Defendente


não se manifestaram.

Assim chegam os autos a este Colegiado para análise do


Reexame Necessário.

É o relatório.

II – VOTO.

________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº025/2013 3
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

O exame dos autos e de tudo quanto neles conta, demonstra o


acerto da Decisão de Primeira Instância considerando Improcedente,
pela carência total de provas capazes de sua sustentação, o
lançamento de crédito tributário consubstanciado no AI nº 031963,
protocolado em 08/05/2003.

Com efeito, tendo sido acusado da falta de recolhimento do


ICMS referente à venda de mercadorias tributáveis no exercício de
2001, supostamente comprovada pela insuficiência de caixa
detectada, na ótica do fiscal autuante, pelo levantamento
específico daquela conta, o contribuinte apresentou sua defesa,
impugnando o lançamento do crédito fiscal, tendo a autoridade
autuante, sem enfrentar o mérito da questão, admitido as razões do
autuado e sugerido o arquivamento do PAT.

Considerando o “precário estado do lançamento inicial, tanto


no que se refere às provas, como na demonstração dos valores
lançados no Mapa de Auditoria do Movimento Financeiro”. O ilustre
Julgador Singular determinou a realização de diligência, tendo o
fiscal retornado os autos, confessando a impossibilidade de
apresentação de documentos e provas capazes de estear a acusação,
o que resulta na indiscutível ausência, tanto de provas do
cometimento da infração como das razões apresentadas pela defesa.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do Reexame
Necessário e negar-lhe provimento, para manter na íntegra a
Decisão Singular pela Improcedência do AI constante da inicial, a
teor do que determina o art. 118 da Lei Estadual nº 4.418/82 c/c
os requisitos do art. 142, do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 31 de Janeiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA
________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº025/2013 4
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 04 – Realizada em 31/01/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-014.189/1991 e CTE nº 419/2011.
ANEXOS: 1500-014.370/1991 E 1500-028.801/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 032.554, de 16/02/2001.
AUTUADA: NIVALDO JATOBÁ EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.058.185-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.224/2010.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Joaquim Narciso Costa Pereira e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 026/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Utilização de crédito fiscal indevido de ICMS da
cana própria no mês de março de 1989. 2) Falta
de recolhimento do ICMS – Substituto em entradas
de canas-de-açúcar de fornecedores no mês de
março de 1991. 3) Reconhecimento das infrações
pela autuada ao assinar o Termo de Adesão ao
Termo de Transação (16/09/2004), o qual se
encontra pendente de homologação por não
concordar a autuada com os valores apurados pelo
mediador da transação. 4) A Decisão Singular foi
proferida de acordo com a Lei Estadual nº
6.771/2006; não merecendo reforma. 5) Lançamento
Procedente. 6) Recurso Ordinário conhecido e
improvido. Mantida na íntegra a Decisão
Singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa NIVALDO JATOBÁ EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito tributário no
valor de Cr$ 45.747.844,08 (quarenta e cinco milhões setecentos e
quarenta e sete mil oitocentos e quarenta e quatro cruzeiros e
oito centavos), por haver a autuada:

1) Utilizado crédito fiscal indevido de ICMS


sobre a cana própria no mês de março/1989.

2) Deixado de recolher ICMS substituto pelas


entradas de cana de fornecedores no mês de março/1991.

Acórdão CTE 026/2013 1


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Apontados como infringidos o artigo 5º, X, § 5º;


56; 49, XIII, § 2º, da Lei nº 5.077/1989. Sendo sugerida a
aplicação das penalidades previstas nos artigos 104, e 107, da Lei
Estadual nº 5.077/1989.

Os autos estão intruidos com cópia do cartão de


autógrafo; demonstrativo de débito; da ficha de registro e
apuração de ICMS; do LRAICMS e do livro RUDFTO.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o auto


de infração é nulo por não ter recebido cópias dos anexos que lhe
dão suporte e fundamentação; recolheu indevidamente por muito
tempo o ICMS sobre a transferência de suas canas próprias para a
indústria e o STF apreciou a Representação nº 1.384-4-AL,
declarando inconstitucional a cobrança do ICMS pelo estado de
Alagoas sobre tal operação; pleiteou em Ação Ordinária de
Repetição de Indébito a devolução do ICMS pago indevidamente, a
SEFAZ/AL reconheceu esse direito, propondo para acabar o litígio,
a assinatura de Instrumento Particular de Transação, pelo qual
todo e qualquer ICMS seria compensado sob a forma de crédito
fiscal, durante o prazo de 10 (dez) anos; não obstante a transação
ter entrado em vigor em 19/04/1989, foi lavrada a presente
autuação; para que o Estado de Alagoas pudesse promover a cobrança
pretendida no auto de infração era necessário que promovesse,
antes, no judiciário, a rescisão da Transação e enquanto esta não
for rescindida por decisão judicial transitada em julgado não pode
o fisco lavrar auto de infração de créditos utilizados pela
autuada. Por fim, pede a nulidade ou a improcedência do auto de
ainfração.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que, apesar de não ser obrigatória a entrega de cópias dos anexos
a autuada, lhe foi entregue cópia do demonstrativo de débito e os
demais anexos está a sua disposição conforme artigos 138; 143, pu,
2º, da Lei Estadual n° 4.418/1982, não há nada que torne nulo o
auto de infração; durante a fiscalização não foram encontrados no
LRAICMS os créditos apontados pela autuada sob o título de
transação; caso exista a transação, enquanto não homologada
judicialmente poderá ser rescindida por uma das partes; mesmo que
a autuada tivesse valores de créditos fiscais oriundos da
transação suficientes para cobrir o saldo devedor restante de
março/91 (saldo de ICMS-substituo e de ICMS normal) não poderia
compensar esse valor com os créditos fiscais mencionados porque o
ICMS substituto não é um imposto gerado pelas vendas da autuada,

Acórdão CTE 026/2013 2


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mas é um imposto que era devido pelos fornecedores e por força


legal não era pago diretamente pelo fornecedor, vez que ficou sob
a guarda do contribuinte substituto, ou seja, da autuada fazer
repasse a SEFAZ/AL; não sendo o ICMS gerado pelas saídas da
autuada não pode ela agora querer compensar esse valor com
quaisquer outros créditos fiscais supostamente obtidos ou que
futuramente os obtenha. Por fim, pede Procedência da autuação.

Em 28/11/2006, pelo Despacho nº 287/2006, a


Coordenadoria de Julgamento encaminhou os autos a DIRAC para
declarar a remissão do crédito tributário nos termos da Lei nº
6.765/2006. Em Despacho fundamentado na IN nº 24/2007, a DIRAC
devolveu os autos a Coordenadoria de Julgamento informando que não
ocorrera a remissão apontada.

Em 13/04/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 042/2009, para o fisco informar se o crédito
tributário objeto da presente autuação estava extinto total ou
parcialmente nos termos da transação de 2004. Em resposta o fisco
alega que a autuada está em situação indefinida.

Em 30/06/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 083/2009, nos termos da solicitação anterior;
ocasião em que o fisco confirma a indefinição já apontada e alerta
que deve haver manifestação da Secretária de Fazenda ou da
Procuradoria da Fazenda do Estado de Alagoas.

Em 03/09/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 117/2009, para que as requisições anteriores fossem
cumpridas. A Secretária de Estado Adjunta da Fazenda respondeu a
diligência encaminhando os autos de volta a Coordenadoria de
Julgamento, afirmando que enquanto não forem dirimidas as dúvidas
quanto à apuração do valor do crédito tributário alcançado pelos
Termos de Transação e Adesão em relação à autuada os procedimentos
de julgamento da lide não deverão ser interrompidos.

Em, 20/09/2010, foi proferida a Decisão nº


17.224/2010, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA - ICMS – Falta de recolhimento do imposto por


utilização indevida de crédito fiscal proveniente do
termo de transação conhecido como “Acordo dos
Usineiros” – Infração caracterizada - Lançamento
PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

Acórdão CTE 026/2013 3


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A autuada apresentou Recurso Ordinário de forma


tempestiva, alegando que mantém as razões apresentadas na defesa;
o fisco glosou a compensação entre seus débitos de ICM apurados
com seus créditos do mesmo imposto, usados com amparo no acordo
dos usineiros (doc 02), firmado entre o Estado de Alagoas e as
usinas alagoanas, para pôr fim às ações de Repetição do Indébito
sobre as operações com cana-de-açúcar de produção própria; na
defesa já defende a regularidade dos documentos emitidos, o que
não foi contestado pela Fazenda nem pelo julgador monocrático,
tendo juntado inclusive, o Termo de Transação; a despeito dos
documentos e dos fatos apontados a decisão recorrida manteve a
ação fiscal com fundamentos nos artigos 55, da Lei nº 5.077/89, e
96, da Lei nº 5.900/96, dispositivos distintos dos utilizados na
autuação; em respeito ao princípio da legalidade a improcedência
do lançamento deve ser reconhecida, pois não foi apontado pelo
julgador singular o dispositivo infringido pela autuada; se a
fundamentação da decisão é suficiente para a procedência do
lançamento nada tem a ver com a autuada que está sendo alvo de
punição sem amparo legal, fato que não é adimissível; utilizou os
créditos de ICM amparada no Acordo dos Usineiros, uma transação já
homologada judicialmente, onde a cláusula sexta do parágrafo
primeiro lhe permite utilizar créditos de ICMS transferidos, para
liquidar seus débitos de ICMS não podendo sofrer qualquer
restrição ou punição. Por fim, pede que a decisão singular seja
reformada e a autuação seja improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões com as seguintes alegações que, a autuada não
contesta a falta de recolhimento do ICMS apenas afirma que os
valores foram objeto do Termo de Transação; a afirmação de que a
decisão singular usou a fundamentação dos artigos 55, da Lei nº
5.077/89, e 96, da Lei nº 5.900/96, distintas daquela utilizada na
autuação, não procede, pois, o artigo 30, da Lei nº 6.771/2006,
permite ao órgão julgadotr alterar a definição jurídica constante
do lançamento, inclusive, relativamente à penalidade. Por fim,
pede a procedência da autuação. Assim, chegam os autos a este
Conselho Tributário Estadual para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo,


interposto contra a Decisão nº 17.224/2010, de Primeira Instância,

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que julgou Procedente o Lançamento constante do auto de infração


nº 032.554, de 16/02/2001.

A análise dos autos demonstra que a decisão


singular está correta, não merecendo reforma, haja vista, que os
artigos 55, da Lei Estadual nº 5.077/89; e 96, VI, do RICMS/91,
apenas complementam a fundamentação legal que foi posta na peça
inicial, artigos 5º, X, § 5º; 56; 49, XIII, § 2º; da Lei nº
5.077/1989, vigente a época da autuação; não tendo procedência a
alegação posta no Recurso Ordinário.
“Art. 5º - Ocorre o fato gerador do imposto:
(...)

X - na saída de mercadoria do estabelecimento extrator, produtor ou


gerador, para qualquer outro estabelecimento, de idêntica titularidade ou
não, localizado na mesma área ou em área continua ou diversa, destinada a
consumo ou a utilização em processo de tratamento ou de industrialização,
ainda que as atividades sejam integradas; (Lei nº 5.109 de 28.12.89);
(...)

§ 5º - Dar-se-á a diferimento do ICMS, para saída final dos produtos,


desde que a produção seja em propriedade agrícola, cuja posse e domínio
sejam efetivamente pertencentes às Empresas Industriais, e cujos produtos
resultantes sejam efetivamente sujeitos a tributação. (Lei nº 5.109 de
28.12.89). (Revogada pela Lei nº 5.374, de 20.07.92).
(...)”

“Art. 56 - O imposto é não cumulativo, compensando-se o que for devido em


cada operação relativa a circulação de mercadorias e ou prestação de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação
com o montante cobrado nas anteriores por este ou por outro Estado.
(...)”

“Art. 49 - São responsáveis pelo pagamento do imposto:


(...)

XIII - qualquer contribuinte, em relação aos produtos agropecuários de


produtores não inscritos, conforme disposto no Regulamento. (Redação da
Lei nº 5.374, de 20 de setembro de 1.992).
(...)

§ 2º - O responsável sub-roga-se em todos os direitos e obrigações do


contribuinte originário, ressalvando-se a Fazenda Estadual o direito de
exigir desde o cumprimento da obrigação não satisfeita pelo responsável.
(...)”

“Art. 55 - Os lançamentos do imposto serão feitos nos documentos e livros


fiscais, com a descrição das aperações ou prestações realizadas, na forma
prevista no Regulamento.
(...)

RICMS (APROVADO EPLO DECRETO Nº 35.245/91)

“Art. 96 - Fica vedado ao contribuinte creditar-se do imposto nas


seguintes hipóteses:
(...)

VI - as operações ou prestações em que o contribuinte não comprove, por


documento fiscal, que foi recebedor das mercadorias ou tomador dos
serviços;
(...)”

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Como afirma o julgador singular, à utilização


desses créditos provocou a falta de recolhimento do ICMS relativo
às operações com cana própria e nas entradas de cana dos
fornecedores, fato não contestado pela autuada que alega apenas
ter utilizado os créditos do imposto para fins de compensação com
os débitos apurados pelo fisco com respaldo no Acordo dos
Usineiros (1988/89), e num acordo posterior firmado muito tempo
depois (Termo de Transação).

É certo que o Acordo dos Usineiros (1988/89),


foi ultrapassado quando a Cooperativa dos Produtores de Açúcar e
Álcool do Estado de Alagoas assinou o Termo de Transação em 2004,
pondo um fim a utilização de créditos fiscais em certas situações.
É certo também que a autuada aderiu a este Termo de Transação ao
assinar em 16/09/2004, Termo de Adesão, indicando inclusive, o
presente auto de infração para extinção conforme os itens 3.3; 3.4
e 4.2, do Termo de Transação. Nesta situação impende se concluir
que a autuada ao assinar o Termo de Adesão ao Termo de Transação,
indicando inclusive, o presente auto de infração para extinção nas
condições ali acordadas, reconheceu a infração nos termos da
inicial, acarretando a desistência da que defesa já apresentara.

Portanto, não há mais que se falar em Acordo de


Usineiros nem em repetição de indébito. Esse reconhecimento do
crédito tributário ao assinar o Termo de Adesão dispensa a análise
de mérito, fato não considerado pelo julgador singular que
efetivamente analisou o mérito, proferindo sua decisão com
fundamentação na legislação tributária vigente, diferente do que
alega o Recurso Ordinário, uma vez que ao acrescentar os artigos
55, da Lei nº 5.077/1989 e o artigo 96, do RICMS/91, o julgador
apenas se valeu da prerrogativa conferida pelo artigo 30, da Lei
nº 6.771/2006, como afirma a Represetação Fiscal.

Doutra banda, há de ser observado que o Termo de


Adesão ao Termo de Transação, assinado pela autuada em
16/09/12004, ainda se encontra pendente de homologação, por não
concordar a autuada com os valores apurados pelo mediador da
transação. Nestes termos, é evidente que os créditos levantados
pela fiscalização se encontram passiveis de glosa, ao menos até
que se tenha uma definição terminativa quanto à sua legitimidade
de utilização. Os argumentos apresentados no Recurso Ordinário,
referentes ao Acordo dos Usineiros (1989, superado pelo Termo de
Transação) e pelo próprio Termo de Transação, apontado no Recurso
Ordinário, como sendo um acordo firmado muito tempo depois, não
tem o poder de interferir na decisão singular, haja vista, que a
autuada quando assinou o referido Termo de Adesão ao Termo de
Transação, reconhece a infração (nos termos da inicial), e por
consequência, renuncia a defesa apresentada. Nesta situação o

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Lançamento é Procedente como consta acertadamente da decisão


singular.

Quanto à aplicação da penalidade, hão de ser


mantidas as penalidades aplicadas pelo julgador singular, ou seja,
aquelas que foram sugeridas na peça inicial por sua subsunção aos
fatos uma vez que a autuada utilizou créditos fiscais indevidos em
duas situações distintas.

“Art. 104 - Falta de recolhimento do imposto de responsabilidade do


contribuinte substituto que o houver retido antecipadamente:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do tributo


retido.
(...)”

“Art. 107 - Utilizar crédito indevido ou inexistente, desde que resulte


na falta de recolhimento do imposto:

MULTA - equivalente a 150% (cento e cinqüenta por cento) do valor do


imposto não recolhido, sem prejuízo do estorno do crédito.
(...)”

O crédito tributário tem como valor Cr$ 45.747.844,08


(quarenta e cinco milhões, setecentos e quarenta e sete mil,
oitocentos e quarenta e quatro cruzeiros e oito centavos); devendo
ser recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos conhecer do
Recurso Ordinário, negar-lhe provimento. Mantida a Decisão
Singular.

Sala das sessões em Maceió, 31 de janeiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 04 – Realizada em 31/01/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: ASM 255/1991; 1500-014.192/1991 e CTE nº 423/2011.
ANEXOS: 1500-014.031/1191 e 1500-028.800/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 032.552, de 16/02/2001.
AUTUADA: NIVALDO JATOBÁ EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.058.185-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.213/2010.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Joaquim Narciso Costa Pereira e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 027/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Utilização de créditos fiscais indevidos
oriundos do ICMS da cana própria (01/01/1990 a
07/1991). 2) Falta de recolhimento do ICMS
transporte; do ICMS diferencial de alíquota; e
do ICMS sobre o bagaço de cana. 2)
Reconhecimento das infrações pela autuada ao
assinar o Termo de Adesão ao Termo de Transação
(16/09/2004), o qual se encontra pendente de
homologação por não concordar a autuada com os
valores apurados pelo mediador da transação. 3)
Decisão Singular proferida de acordo com a Lei
Estadual nº 6.771/2006, não merece reforma. 4)
Lançamento Procedente. 6) Recurso Ordinário
conhecido e improvido. Mantida na íntegra a
Decisão Singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa NIVALDO JATOBÁ EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito tributário no
valor de Cr$ 488.020.286,62 (quatrocentos e oitenta e oito
milhões; vinte mil; duzentos e oitenta e seis cruzeiros e
sessenta e dois centavos), por haver autuada:

1) Utilizado crédito fiscal indevido de ICMS da


cana própria nos meses de abril, julho e dezembro/1989; nos
períodos de janeiro a dezembro/1990 e janeiro a julho de 1991.

2) Deixado de recolher o ICMS transporte nos


períodos de setembro a dezembro/1989 e janeiro a julho/1990.

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3) Deixado de recolher o ICMS diferencial de


alíquotas nos períodos de outubro a dezembro de 1990 e de
janeiro a agosto de 1991.

4) Deixado de recolher o ICMS sobre o bagaço de


cana de outubro a dezembro/1990 e janeiro a abril/1991.

Apontados como infringidos os artigos 5º; 39;


48; e 56, da Lei Estadual nº 5.077/1989; os Decretos nºs
33.684/1989 e 34.214/1989. Sendo sugerida a aplicação das
penalidades previstas nos artigos 93; 102; 103, e 107, da Lei
Estadual nº 5.077/1989.

Os autos estão instruídos com relatório de dados


cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de autógrafo;
demonstrativos de débito e cópias do LRAICMS.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que a


exigência fiscal tem origem na utilização de créditos fiscais
autorizados pela administração estadual conforme Termo de
Transação celebrado entre a autuada e o Estado de Alagoas (Acordo
dos Usineiros), e por tal Termo de Transação estaria autorizada a
utilizar os créditos reportados até uma eventual e superveniente
rescisão do citado acordo pela via judicial; alega a falta de
legitimidade de cobrança do diferencial de alíquota do ICMS nas
aquisições destinadas ao ativo fixo e do consumo do bagaço de
cana utilizada no processo industrial.

DAS CONTRAR$RAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando a


irregularidade dos créditos aproveitados em face de suposta
inexistência do Termo de Transação celebrado pela autuada; e se
por acaso existente o citado Termo de Transação, este não poderia
ser utilizado, pois não foi devidamente homologado na via
judicial; se existente e aplicável o Termo de Transação, este não
poderia ser utilizado para compensar os débitos apurados nas
operações descritas na inicial.

Em 13/04/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 042/2009, para o GTEI informar se o presente
crédito tributário está extinto por algum termo de transação.

Em 20/04/2009, o GTEI informa que a adesão de


NIVALDO JATOBÁ EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS LTDA, ao atual

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termo de transação, da forma como formalizada pelo mesmo, se


mostra indefinida, tendo em vista que o montante da obrigação
consignada não corresponde aquele calculado pelo mediador da
transação e por não ter havido, até o momento, a consecução
definitiva dos valores de suas obrigações tornando incerta a
destinação a ser dada aos seus processos administrativos.

Em 08/09/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 119/2009, reiterando os termos da requisição
anterior quanto ao Termo de Transação.

Em 09/08/2010, a titular da Secretaria de Estado


Adjunta da Fazenda encaminha os autos à Coordenadoria de
Julgamento, alertando para o fato de que enquanto não forem
definitivamente dirimidas as dúvidas existentes com relação ao
valor do crédito tributário alcançado pelos Termos de Acordos em
relação à autuada os procedimentos administrativos quanto ao
julgamento da lide não deverão ser interrompidos.

Em 16/09/2010, foi proferida a Decisão nº


17.213/2010, de Primeira Instância, que julgou procedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA - ICMS – Falta de recolhimento do imposto


por utilização indevida de crédito fiscal
proveniente do termo de transação conhecido como
“Acordo dos Usineiros” – Infração caracterizada -
Lançamento PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


tempestivo, alegando:

1) Que, mantém as razões apresentadas na defesa;


pois, o fisco glosou a compensação entre seus débitos de ICM
apurados com seus créditos usados como amparo no acordo dos
usineiros (doc 02), firmado entre o Estado de Alagoas e as usinas
alagoanas, para pôr um fim às ações de Repetição do Indébito,
sobre as operações com cana-de-açúcar de produção própria, o que
não foi contestado pela Fazenda Estadual nem pelo julgador
monocrático, tendo juntado inclusive, o Termo de Transação e a
despeito dos documentos e dos fatos apontados a decisão recorrida
manteve a ação fiscal com fundamentos nos artigos 55, da Lei nº
5.077/89, e 96, da Lei nº 5.900/96, dispositivos distintos dos
utilizados na autuação.

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2) Que, a decisão singular faz confusão entre a


transação de 1988/1989, a qual a defesa se refere, e que é válida
e produtora de efeitos, com um acordo posterior, o qual foi
firmado muito tempo depois; pela transação de 1988/89, ainda
válida, não pode a autuada sofrer qualquer restrição ou punição
por de conduzir conforme essa transação que é válida e produtora
de efeitos, a qual, o julgador singular confunde com um acordo
firmado muito tempo depois (Termo de Transação de 2004); não há
fato gerador de ICMS na operação com bagaço de cana, de nada
adianta o julgador singular fundamentar sua incidência em lei
ordinária uma vez que o artigo 146, III, “a”, da CF/88, prevê que
a definição de fatos geradores está a cargo de Lei Complementar.
Por fim, pede a reforma da decisão singular e a improcedência da
autuação.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões alegando que a autuada não contesta a falta de
recolhimento do ICMS apenas afirma que os valores foram objeto do
Termo de Transação; a afirmação de que a decisão singular usou a
fundamentação dos artigos 55, da Lei nº 5.077/89, e 96, da Lei nº
5.900/96, distintas daquela utilizada na autuação, não procede,
pois, o artigo 30, da Lei nº 6.771/2006, permite ao órgão
julgadotr alterar a definição jurídica constante do lançamento,
inclusive, relativamente à penalidade. Por fim, pede a
procedência da autuação. Assim, chegam os autos a este Conselho
para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo,


interposto contra a Decisão nº 17.213/2010, de Primeira
Instância, que julgou Procedente o Lançamento constante do auto
de infração nº 032.552, de 11/10/1991.

A análise dos autos demonstra que a decisão


singular está correta, não merecendo reforma, haja vista, que os
artigos 55, da Lei Estadual nº 5.077/89; e 96, VI, do RICMS/91,
apenas complementam a fundamentação legal posta na peça inicial,
artigos 5º, X, § 5º; 48; 49, XIII, § 2º; e 56, da Lei nº
5.077/1989, vigentes a época da autuação.
“Art. 5º - Ocorre o fato gerador do imposto:
(...)

X - na saída de mercadoria do estabelecimento extrator, produtor ou


gerador, para qualquer outro estabelecimento, de idêntica titularidade

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ou não, localizado na mesma área ou em área continua ou diversa,


destinada a consumo ou a utilização em processo de tratamento ou de
industrialização, ainda que as atividades sejam integradas; (Lei nº
5.109 de 28.12.89);
(...)
§ 5º - Dar-se-á a diferimento do ICMS, para saída final dos produtos,
desde que a produção seja em propriedade agrícola, cuja posse e domínio
sejam efetivamente pertencentes às Empresas Industriais, e cujos
produtos resultantes sejam efetivamente sujeitos a tributação. (Lei nº
5.109 de 28.12.89). (Revogada pela Lei nº 5.374, de 20.07.92).
(...)”

“Art. 56 - O imposto é não cumulativo, compensando-se o que for devido


em cada operação relativa a circulação de mercadorias e ou prestação de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação
com o montante cobrado nas anteriores por este ou por outro Estado.
(...)”

“Art. 48 - Poderá ser atribuída a condição de substituto tributário:

I – Ao industrial, comerciante ou outra categoria de contribuinte, pelo


pagamento do imposto devido na operação ou operações anteriores.
(...)”

“Art. 49 - São responsáveis pelo pagamento do imposto:


(...)

XIII - qualquer contribuinte, em relação aos produtos agropecuários de


produtores não inscritos, conforme disposto no Regulamento. (Redação da
Lei nº 5.374, de 20 de setembro de 1.992).
(...)

§ 2º - O responsável sub-roga-se em todos os direitos e obrigações do


contribuinte originário, ressalvando-se a Fazenda Estadual o direito de
exigir desde o cumprimento da obrigação não satisfeita pelo
responsável.
(...)”

“Art. 55 - Os lançamentos do imposto serão feitos nos documentos e


livros fiscais, com a descrição das aperações ou prestações realizadas,
na forma prevista no Regulamento.
(...)

RICMS (APROVADO EPLO DECRETO Nº 35.245/91)


“Art. 96 - Fica vedado ao contribuinte creditar-se do imposto nas
seguintes hipóteses:
(...)

VI - as operações ou prestações em que o contribuinte não comprove, por


documento fiscal, que foi recebedor das mercadorias ou tomador dos
serviços;
(...)”

Como afirma o julgador singular à utilização


desses créditos indevidos provocou a falta de recolhimento do
ICMS relativo às operações de cana própria; de bagaço de cana; do
diferencial de alíquotas; do transporte e das entradas de canas
dos fornecedores, fato não contestado pela autuada que alega
apenas haver utilizado os seus próprios créditos fiscais do
imposto para fins de compensação com os débitos apurados pelo
fisco com respaldo no Acordo dos Usineiros de 1989/1990,
afirmando ainda, que o julgador singular confundiu esse acordo
com o Termo de Transação assinado em 2004.

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Observe-se, que a autuada assinou o Termo de


Adesão ao Termo de Transação, em 16/09/2004, indicando no seu
anexo entre os vários autos de infração, o que ora se analisa,
para extinção nos termos dos itens 3.3; 3.4 e 4.2, do Termo de
Transação. Daí impende, concluir-se, que a autuada ao assinar o
Termo de Adesão ao Termo de Transação, indicando inclusive, o
presente auto de infração para extinção nas condições ali
acordadas, reconhece a infração nos termos constantes na peça
inicial, fato que inclusive acarreta a desistência da defesa.

Assim, não há que se falar mais em Acordo dos


Usineiros (1989/1990), e muito menos em repetição de indébito, e
que é importante observar-se que o Termo de Adesão assinado em
16/09/2004, se encontra pendente de homologação, por não
concordar a autuada com os valores apurados pelo mediador da
transação. Nesta situação, resta evidente que os créditos
levantados e cobrados pelo fisco se encontram passiveis de glosa,
ao menos até que se tenha uma definição terminativa quanto à sua
legitimidade, valor e percentual de utilização.

Observe-se que no Recurso Ordinário é citado


apenas o Acordo dos Usineiros (1989/1990), não havendo nenhuma
alusão ao Termo de Acordo de 2004, apesar de haver a autuada
assinado Termo de Adesão em 16/09/2004, do qual anexou cópias,
fato que não interfere na decisão singular, haja vista, que ao
assinar o Termo de Adesão à autuada reconhece a infração nos
termos que constam na inicial, e conseqüência, entende-se que
desistiu da defesa. O Lançamento é Procedente conforme consta da
decisão proferida na Primeira Instância.

Quanto à aplicação da penalidade, hão de serem


mantidas aquelas aplicadas na decisão singular, quais sejam,
aquelas sugeridas na inicial por sua subsunção aos fatos, uma vez
que a autuada utilizou créditos fiscais indevidos e deixou de
recolher o imposto em diversas e distintas situações.

LEI Nº 5.077/1989

“Art. 93 - Falta de recoihimento do imposto no prazo legal não


compreendida nas hipóteses previstas nos artigos seguintes:

MULTA - equivalente a 100% (cem por cento) do valor do imposto.


(...)”

“Art. 102 - Falta de recolhimento do imposto de que o


contribuinte se tornou responsável, em razão de suspensão ou
diferimento:

MULTA - equivalente a 150% (cento e cinguenta por cento) do


imposto devido.
(...)”

Acórdão CTE 027/2013


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“Art. 103 - Falta de retenção do imposto, nas hipóteses de


substituição da respansabilidade tributária prevista na
legislação vigente:

MULTA - equivalente a 100% (cem por cento) do valor do imposto


não retido, sem prejuízo do recolhimento do tributo não retido.
(...)”

“Art. 107 - Utilizar crédito indevido ou inexistente, desde que


resulte na falta de recoihimento do imposto:

MULTA - equivalente a 150% (cento e cinquenta por cento) do


valor do imposto não recolhido, sem prejuizo do estorno do
crédito.
(...)”

O crédito tributário tem como valor Cr$


488.020.286,62 (quatrocentos e oitenta e oito milhões; vinte mil;
duzentos e oitenta e seis cruzeiros e sessenta e dois centavos);
devendo ser recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do Recurso Ordinário, negar-lhe provimento. Mantida a
Decisão Singular.

Sala das Sessões, em Maceió, 31 de janeiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE 027/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

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GOVERNO DO ESTADO

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SESSÃO ORDINÁRIA N° 05 – Realizada: 01/02/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-010516/2011; 1500-090490/2009 (03 volumes),
1500-021667/2011, 1500-013332/2012 e CTE nº 201/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.06736-001.
AUTUADA: SOL COMERCIAL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.99296-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.579/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário e reexame necessário.
AUTUANTE(S): Marco Cesar Lira de Araujo.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: JOSÉ Pedro da Silva
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº029 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO DOS FATOS


TIDOS COMO INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM
DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES OS VÍCIOS
DE NULIDADES TANTO NA AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO
DECISÓRIO, TORNA-SE NECESSÁRIO O
RECONHECIMENTO, A DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE
DA PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA DECLARAÇÃO
DE NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA DE FORMA
ISOLADA. ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA CELERIDADE
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

Fundamentado o auto de infração na acusação fática de


não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de

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ACÓRDÃO CTE Nº029/2013 1


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mercadorias relativas às operações detectadas pelos


pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

Para comprovar o fato foi juntado: a) Demonstrativo da


diferença do cartão de crédito e livro fiscal 2007, 2008 e
2009 (fls. 10-12); b) cópia do livro Registro de Apuração do
ICMS (fls. 13-89) e c) Processo n. 1500-090490/2009 – AÇÃO
FISCAL OMISSÃO DE SAÍDAS.

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:


art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31, I, II e art. 50, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade previstas no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que


nunca teria deixado de registrar as vendas mencionadas e que
todas as operações teriam sido lançadas nos livros fiscais
próprios, pedindo perícia técnica contábil para aferição
desses valores. Que seria indevida a apuração do ICMS normal
entre janeiro/2007 a dezembro/2008 por ser optante do SIMPLES
nos termos da lei 9.317/96 e LC n. 123/2006. Afirma também
que a multa aplicada teria caráter confiscatório.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que a autuada não apresentou nenhum cálculo que alegou na
defesa. Com relação ao SIMPLES, teria sido excluída por ato
administrativo pela Receita Federal do Brasil. Ainda que as
administradoras de cartão de crédito/debito foram as
provedoras das movimentações financeiras da empresa e que,

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por parte do sujeito passivo, não houve comprovação de


emissão de documentos fiscais relativas a tais operações.

Proferida a Decisão nº 18.579/2012, tendo o julgador


singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em fazer
o recolhimento de tributos por meio do
Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS nas operações de saídas de
mercadorias desacompanhada de documento
fiscal. 2. Não procede a alegação do
sujeito passivo de que teria registrado
a totalidade de suas vendas, uma vez que
todas aquelas lançadas no livro fiscal
Registro de Apuração do ICMS foram
consideradas e subtraídas do montante
recebido pelas Administradoras de
Cartões. 3. O conjunto probatório
acostado aos autos é suficiente para o
deslinde da questão não necessitando de
produção de prova pericial. 4. A
circunstância material que deu ensejo a
presunção legal foi provada com a
juntada de cópia do Extrato do SIMPLES,
do livro Reg. de Apuração do ICMS e dos
documentos recebidos das Administradoras
de Cartões, de onde foram extraídos e
confrontados os valores que resultou na

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Base de Calculo omitida do ICMS não


recolhido. 5. Não será acolhido o tipo
penal tributário sugerido do art. 83 da
lei 5.900/96, aplicação da penalidade
disposta no art. 79 da mesma Lei. 6.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por
via de Recurso Ordinário, a nulidade processual, com retorno
dos autos ao juízo administrativo singular devido à recusa do
seu pedido de perícia contábil, para que o faça, já que houve
agressão aos princípios constitucionais da ampla defesa e
produção de provas. Assevera que não houve omissão de vendas,
pois todas foram registradas em livro fiscal próprio, como se
demonstrou em cálculo apresentado pela recorrente. Que seria
indevida a apuração do ICMS normal entre janeiro/2007 a
dezembro/2008 por ser optante do SIMPLES nos termos da lei
9.317/96 e LC n. 123/2006. Afirma também que a multa aplicada
teria caráter confiscatório.
Em resposta, pedindo pela procedência da ação fiscal, o
Representante Fiscal argumenta que não houve cerceamento de
defesa quanto ao pedido de perícia contábil negado, pois
compete, conforme previsto na Lei nº 6.771/2006, à autoridade
julgadora rejeitar requerimento de diligência ou perícia

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desde que em decisão fundamentada. Afirma que a autuada não


apresentou nenhum cálculo que alegou em seu recurso. Com
relação ao SIMPLES, teria sido excluída por ato
administrativo pela Receita Federal do Brasil. Que resta
configurada a conduta descrita no lançamento de ofício devido
a robustez das provas e ferimento a dispositivo legal.

É o relatório.

PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, acarretando dificuldade na defesa da empresa
autuada, quando o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 10/12, os fáticos típicos da
infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de recolhimento
do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de diferença
das vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e, falta de
recolhimento do imposto ensejada pela falta de escrituração
dos documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem,
no entanto, identificar os respectivos documentos fiscais
(Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
indicando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.

5.900/96, segundo o qual disciplina in verbis: “Falta de


recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros

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fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por


cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do


voto proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de
Castro, concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da
mesma conter, também, vícios de nulidade, isto à luz do Art.
7º, inc. II, na sua segunda parte, tal nulidade não deve
sobrepor a nulidade prévia da própria autuação, do
lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer nulidade
subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da decisão
recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação
quando presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria
não só violação ao princípio da celeridade na tramitação do
próprio PAT, previsto no § 1º do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06,
mais também, um procedimento discrepante da praticidade, com
reiteradas e desnecessárias decisões, ao invés de uma só
decisão no âmbito de preliminares acerca de nulidades e a
partir daí repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório
de primeira instância.

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Portanto, como se vislumbra no caso vertente,


tanto a autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de
nulidades à luz do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e
assim sendo, é de bom alvitre que se reconheça que se declare
previamente a nulidade do próprio lançamento e por extensão
os demais atos subseqüentes.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria dos votos, conhecer
do recurso ordinário, para dar-lhe provimento, no sentido de
declarar nula por vício formal, previamente, a própria
autuação por ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01 de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

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PROCESSO: 1500-012384/11; CTE-263/12
ANEXOS: 1500-090929/09 (03 VOLUMES); 1500-015000/11; 1500-
017563/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.00958-001
RECORRENTE: N. H. DA SILVA GÁS-ME
AUTUANTE: RONALDO GUEDES DE ARAUJO - Mat. 30.962
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO N° 030/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, o autuante assim
consignou: (...cujos documentos fiscais relativos a estas
operações de saídas não foram emitidos, nem seus valores
foram escriturados nos livros fiscais próprios, ficando
autuado a recolher o valor de montante de R$ 48.763,68
(quarenta e oito mil, setecentos e sessenta e três reais e
sessenta e oito centavos, sendo R$ 30.477,30 (trinta mil,

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quatrocentos e setenta e sete reais e trinta centavos) de


ICMS e R$ 18.286,38 (dezoito mil, duzentos e oitenta e seis
reais e trinta e oito centavos) de multa, conforme
demonstrativo de débito-anexo.”

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, intimação fiscal de nº 7000958,
demonstrativos do débito, termos de início e encerramento de
fiscalização e cópias, do cartão de autógrafos, da Declaração
Anual do Simples Nacional e do Proc. nº. 1500-090929/09.

Intimada da autuação, a empresa limita-se a


afirmar que não tem condições de recolher o débito levantado
pelo Fisco e que é micro-empresa, optante do Simples
Nacional.
Por ocasião da contestação da defesa, a
eminente Representante Fiscal insiste em afirmar que o
presente lançamento decorreu da falta de emissão de
documentos fiscais e ao mesmo tempo os respectivos valores
não foram escriturados nos livros fiscais próprios e que de
conformidade com o art. 26 da Lei Complementar nº 123/06, as
empresas de pequeno porte e as microempresas optantes pelo
Simples Nacional ficam obrigadas a emitir documento fiscal de
venda ou prestação de serviço.

Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. Lançamento de crédito tributário decorrente de
descumprimento de obrigação principal. 1) Falta de
recolhimento do imposto decorrente da omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas administradoras de
cartão de crédito e débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2) Alíquota aplicável em
estrita obediência à legislação pertinente – Comprovada a
materialidade da infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando os questionamentos da sua

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defesa e acrescenta que o maior valor das suas vendas está


sujeita ao regime de substituição tributária, segundo o qual
encerra a fase de tributação, tais como: Gás e Água mineral,
não cabendo assim a exigência do ICMS.

Por ocasião das contra razões do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da decisão recorrida, aduzindo
inclusive o seu acerto mediante a correção da tipificação da
penalidade com a aplicação do art. 97 ao invés do art. 83,
todos da Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

Voto.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 09,11,12 e 13, os fatos
típicos da infração, faz constar a falta de recolhimento do
ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de diferença
das vendas realizadas mediante cartões de crédito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo
tempo falta de recolhimento do ICMS em razão da falta de
escrituração dos documentos fiscais relativos às operações de
saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos docs.
fiscais (Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro
próprio, apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei
nº. 5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros

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fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por


cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem bastante
instruídas, o que não se verificou.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 1º de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MARIO SERGIO MARTINS DE CASTRO ÀLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/02/2013
PROCESSO: 1500-026911/2011; 1500-091075/2009 e 1500-38469/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00979-001.
AUTUADA: GILDEANE LIMA DE OLIVEIRA-ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.42212-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.670/2012.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE(S): JOSÉ MAURICIO FIRMINO DA COSTA.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO Nº 31/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Materialidade dos fatos narrados de
maneira contraditória, ambígua e
imprecisa no auto de infração. Nulidade
formal do auto de infração por
cerceamento de defesa. Reexame
necessário conhecido e não provido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

No entanto, no campo “Complemento” da descrição dos


fatos, do auto de infração em tela, o autuante também assim
estabeleceu: “... cujos documentos fiscais relativos a estas
operações de saídas não foram emitidos, nem seus valores
foram escriturados nos livros fiscais próprios...”

Como conjunto probatório foi juntado: a) cópia da


intimação fiscal n. 70966, 13/07/2011 (fl.08); b) Consulta
Exclusão do Simples Nacional (fl.10); c) Demonstrativo
Confronto com a planilha apresentada pela Sefaz e os valores
que constam no processo (fls. 14-16); d) Resumo Geral de AIDF
por contribuinte (fl.17); e) Relatório de cruzamento da DAC
com arrecadação do ICMS e débitos fiscais (fl.18); f) cópia
ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 1
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do livro Registro de Apuração do ICMS (fls. 19-25); g)
Extrato do Simples Nacional (fls. 26); h) Declaração Anual do
Simples Nacional- DASN (fls. 27- 29), i) Relatório de
Movimentações Financeiras Visanet, Redecard, Hipercard (fls.
28-83, 111-135); j) Transferências eletrônicas de fundos
(cartão credito/debito) comparadas com faturamento (fls.84-
89).
Foram apontados como transgredidos as seguintes
normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I,
II e §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do
RICMS/91. Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei
nº 5.900/96.
Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que
gozaria dos direitos diferenciados do Simples Nacional LC n.
123/2006. E, por isso, pede correção do débito para dar
início ao pagamento.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que constatou a idoneidade do procedimento fiscal e base de
calculo do imposto previsto no art. 50, §11º, art. 6º, I, da
lei 5.900/96, respectivamente. Asseverou que deixando de
cumprir as normas do Simples Nacional LC 123/2006 ficou
sujeito à exclusão e ao pagamento do imposto com alíquota do
contribuinte normal sobre a omissão de receitas presumidas
resultante do confronto das informações obtidas junto as
Administradoras de Cartões com aquelas contidas na declaração
anual do Simples Nacional.
Proferida a Decisão nº 18.670/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do Simples


Nacional não exclui a incidência do ICMS
nas operações de saídas de mercadorias
desacompanhada de documento fiscal. 2. A
circunstância material que dá ensejo a
presunção legal foi devidamente provada
com a juntada do relatório das
Administradoras de Cartões, DASN,
Extrato do Simples Nacional. 3.
Aplicação da penalidade disposta no art.
79 da lei 5.900/96. 4. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte.
5. Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual.

ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 2


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A autuada intimada foi e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO

Primeiramente, observando as seguintes normas:

Lei Estadual nº. 6.161/2000, que regula o


processo administrativo no âmbito da
administração pública estadual:
Art. 53. A Administração deve anular seus
próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.

Lei Estadual nº 6.771/2006, que dispõe sobre


o processo administrativo tributário - PAT,
e dá outras providências:
Art. 97-A. Aplicam-se subsidiariamente ao
processo administrativo tributário as normas
da Lei Estadual n° 6.161, de 26 de junho de
2000, e da Lei Federal n° 5.869, de 11 de
janeiro de 1973, - "Código de Processo
Civil.

Súmula do STF nº 346: A Administração


Pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.

Súmula do STF nº 473: A administração pode


anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.

Temos explicitado o princípio da autotutela, que é o


controle pela Administração Pública da legalidade de atos e
decisões administrativas, anulando-os quando vão de encontro
à lei.

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Partindo dessa premissa e analisando o auto de
infração objeto desse julgamento, verifico houve erro na
colocação das duas materialidades posta no lançamento de
ofício, o que implicaria em sua nulidade por cerceamento de
defesa.

Explico. Analisando a peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos imputados ao contribuinte
tidos como infração à legislação tributária apresenta-se de
forma incoerente e imprecisa, dificultando assim a defesa da
empresa autuada.

Isto porque, o autuante ao consignar na peça inicial,


assim como nos demonstrativos e outras provas trazidas aos
autos, os fatos típicos da infração, faz constar a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão
de diferença das vendas realizadas mediante cartões de
crédito em confronto com as vendas efetivamente registradas
e, ao mesmo tempo, falta de recolhimento do ICMS em razão da
falta de escrituração dos documentos fiscais relativos às
operações de saídas, sem, no entanto, identificar as notas
fiscais sem a devida escrituração no livro próprio, apontando
como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo
o qual disciplina, in verbis: “Falta de recolhimento do
imposto, no todo ou em parte, quando os documentos fiscais
relativos às respectivas operações de saídas não estejam
escriturados regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA
– equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica


da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do
registro de vendas inferior ao montante do faturamento
mediante cartão de crédito/débito, infração típica do inc. V,
§ 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79, todos da Lei nº.
5.900/96, ou bem se defenderia da acusação da falta de
recolhimento do ICMS decorrente da omissão de registro das
notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado
art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente autuação


contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de infrações,
desde que as mesmas estivessem bastante instruídas, o que não
se verificou.

ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 4


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Portanto, havendo cerceamento de defesa pela
ambiguidade posta no auto de infração em tela, este é nulo
formalmente por determinação legal:

Lei 6.771/2006
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;
...

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para negar-lhe provimento, no
sentido de declarar nula a autuação por ofensa ao princípio
da ampla defesa.

Sendo o lançamento anulado por vício formal, fica


reaberto o prazo decadencial para uma nova ação fiscal do
objeto aqui tratado conforme previsto no art. 173, II, do
Código Tributário Nacional.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de fevereiro


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/02/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-016980/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 043256, de 02/07/2004.
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: FEIJÓ E TEIXEIRA LTDA-ME.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO Nº 32/2013

EMENTA: NORMAS PROCEDIMENTAIS.


ALEGAÇÃO DE EXTRAVIO DE LIVROS
FISCAIS BASEADA EM NÃO ATENDIMENTO
À SOLICITAÇÃO FISCAL. INTIMAÇÃO QUE
INOBSERVOU A NORMA DE REGÊNCIA (LEI
5.900/96). PRESUNÇÃO DE EXTRAVIO
ILIDIDA. NULIDADE DA AÇÃO FISCAL.
Remessa Necessária Conhecida e não
Provida.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para


análise deste Colegiado Administrativo por força da norma
do art. 48 da Lei n ° 16.204/2009, em face da sucumbência
da Fazenda Estadual declarada pela Decisão n ° 16.439/2010,
da Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu por
decretar improcedente o lançamento fiscal que imputou ao
contribuinte o extravio de livros e documentos fiscais.

A razão da sucumbência da Fazenda Estadual foi


devido à ausência de pressuposto de constituição válida da
presunção de extravio, que não teria observado os ditames
legais.

Eis a respectiva ementa:

EMENTA: ICMS. 1. Ação Administrativa Fiscal. 2.


Imposição de penalidade por extravio de livros e
documentos fiscais. 3. Ausência de pressuposto de
constituição válida do crédito tributário. 4.
Lançamento NULO. 5. Duplo grau de jurisdição

ACÓRDÃO CTE Nº 32/2013 Página 1


administrativa necessário – art. 48, Lei Estadual
n. 6.771/06.

Intimados, contribuinte e representação fiscal se


quedaram silentes.

São este os fatos que interessam ao julgamento.

VOTO

Compulsando os autos, observa-se que a


materialidade afastada do lançamento inicial reporta-se ao
extravio de livros e documentos fiscais, sendo este o
objeto da presente revisão.

Quanto à materialidade afastada pela Douta


Coordenadoria de Julgamento e ora em revisão, na esteira de
como já vem reiteradamente decidindo este Conselho
Tributário Estadual por julgamentos de suas duas Câmaras,
para fins de intimação do contribuinte deverá a autoridade
exatora observar, seja a intimação pessoal, seja a por
carta com aviso de recebimento. A opção editalícia é
excepcional e pressupõe a verificação de situações
definidas em lei, qual seja a negativa de assinatura pelo
contribuinte em caso de intimação pessoal ou a
impossibilidade de se efetivar por carta. Eis o que
estabelece o PAT sobre o assunto, mantendo o espírito da
lei que o antecedeu (Lei n ° 4.418/82):
Art. 11. A intimação do sujeito passivo ou de pessoa
interessada acerca de qualquer ato, fato ou exigência
fiscal, quando não estiver prevista forma diversa na
legislação tributária, será feita:
I - pessoalmente, pelo autor do procedimento ou outro
servidor a quem for conferida a atribuição, mediante
aposição de data e assinatura do sujeito passivo ou
interessado, seu representante legal ou preposto, no
próprio instrumento que se deseja comunicar ou em
expediente, com entrega, quando for o caso, de cópia do
documento;
II - mediante remessa, pelo órgão encarregado do preparo do
processo, por via postal ou qualquer outro meio ou via, com
Aviso de Recebimento - AR ou com prova de entrega no
endereço do sujeito passivo ou interessado, de cópia do
instrumento ou de comunicação de decisão ou circunstância
constante de expediente, alternativamente à forma prevista
no inciso I;

2
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III - por edital publicado no Diário Oficial do Estado, no


caso de:
a) o sujeito passivo ou interessado encontrar-se em lugar
incerto e não sabido;

b) recusa do sujeito passivo ou interessado, em assinar a


intimação pessoal, hipótese em que será lavrada declaração
nesse sentido, da qual constarão as assinaturas de 2 (duas)
testemunhas;
c) não se efetivar a comunicação pela forma prevista no
inciso II, ainda que não precedida da prevista no inciso I.

As normas acima apresentadas foram desrespeitadas


no procedimento de intimação do contribuinte, situação que,
sendo antecedente ao próprio auto de infração, macula sua
validade, pois lavrado com fundamento em premissa falsa,
qual seja o extravio baseado na inércia quanto ao
atendimento da solicitação (em edital) para a apresentação
de livros e documentos fiscais.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer da remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo incólume a Decisão n.º 16.439/2010, da
Coordenadoria de Julgamento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de


fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/02/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-011599/1997
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 014874
AUTUADA: FCC – FERRAGENS CONSTRUÇÕES E CONEXOES LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 034/2013

EMENTA: Processo Administrativo


tributário. Recurso de Ofício.
Importância pecuniária excluída
inferior a 400 (quatrocentas) UPFAL.
Art. 48 Lei nº 6.771//2006. Recurso de
Ofício não conhecido.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a


decisão singular nº 18.563/2011. Esta, por sua vez, julgou
pela procedência parcial do lançamento do crédito tributário
do Auto de Infração nº 014874 de 30-05-1997.

Consta no Auto de Infração que o contribuinte deixou


de recolher os saldos devedor de ICMS normal, no todo ou em
parte, relativo ao período que compreende 1994 à 1996. Em
10/06/1997, a autoridade autuante propõe um aditamento
passando o crédito tributário para um montante de R$ 6.158,40.

A coordenadoria de julgamento, por seu turno, julgou


procedente em parte o lançamento nos termos da ementa abaixo:

EMENTA – ICMS – Obrigação principal. 1) Falta de


recolhimento do imposto referente ao saldo devedor
devidamente escriturado no livro fiscal próprio. 2)
Ausência de parte das provas materiais, in casu,
cópia do livro de registro de apuração do Icms do
período de apuração: 11 à 20-091994. 3) Ausência de
saldo devedor nos períodos de apuração “21 à 31-10-
94” e”01 à 10-03-95”. 4) Extrato de arrecadação
indicando recolhimentos, no todo ou em parte
concernente a diversos períodos de apuração exigidos
na inicial. 5) Aplicada a tipificação pena
tributárias de 50%(cinquenta por cento) do imposto

ACÓRDÃO CTE Nº 034/2013 Página 1


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devido, prevista no art. 81 da lei 5900 de 27-12-96,


por ser mais benéfica ao sujeito passivo, visto o
disposto no artigo 13 da lei 4418 de 27-12-82.
Infração caracterizada. Lançamento PROCEDENTE EM
PARTE...

De acordo com o voto do julgado singular o crédito


tributário foi reduzido para R$ 1.679,60(hum mil, seiscentos e
setenta e nove reais e sessenta centavos).

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo a analise decisão recorrida, observando apenas a parte
improcedente do lançamento, já que, apesar de regularmente
intimado, o contribuinte não apresentou recurso ordinário ao
CTE.

No presente caso, antes de analisar o mérito da


questão, em atenção o posicionamento adotada na decisão
recorrida, importante observar o que dispõe a Lei nº. 6771/06
em seu art. 48:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,


ficam sujeitas a reexame necessário:

I - por uma das câmaras do CTE, as decisões


proferidas por julgador de primeira instância;

§ 2° O disposto no inciso I do caput deste


artigo não se aplica:
II - quando a importância pecuniária excluída
não exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado
de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação
aumentar este valor limite.

ACÓRDÃO CTE Nº 034/2013 Página 2


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Ora, observando a decisão recorrida, percebe que o


julgador singular reduziu o crédito tributário de R$ 6.158,40
para R$ 1.119,72, perfazendo uma redução de R$ 5.038,68(cinco
mil, trinta e oito reais e sessenta e oito centavos), assim
com o valor da UPFAL para o exercício de 2013 é de R$ 18,27,
400 UPFAL’s corresponde a R$ 7.308,00(sete mil trezentos e
oito reais).

Diante do exposto, como a importância pecuniária


excluída não ultrapassa 400(quatrocentas) UPFA´s, ACORDAM OS
MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos, não conhecer do presente recurso de
ofício.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05/02/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. D CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:07/02/2013


PROCESSO: 1500-015613/2011; 1500-091116/2009, 1500- 027165/2011; 1500-
015997/2012 e CTE 245/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.01147-001.
AUTUADA: N S RACÕES LTDA ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.39064-3.
AUTUANTE: Jorge Ricardo de Souza.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº035/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES
OS VÍCIOS DE NULIDADES TANTO NA
AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O RECONHECIMENTO,
A DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE DA
PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO
RECORRIDA DE FORMA ISOLADA.
ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA CELERIDADE
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.
RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
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crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a


estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

Como conjunto probatório, foi juntado: a) cópia da


intimação fiscal n. 7001147/002, (fl.10); b) Demonstrativo
fiscal (fls. 12-13); c) cópia da declaração anual do Simples
Nacional (fls. 14-35); d) Processo 1500-091116/2009
(Relatórios Administradora Cartões, Extrato do Simples
Nacional).

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:


art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.

Apresentada a defesa pelo contribuinte e as


Contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.616/2012, tendo o julgador singular decidido pela
procedência parcial do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. O cerceamento do


direito de defesa e contraditório não
ficou configurado porque os autos do PAT
ficaram disponíveis ao representante
legal da pessoa jurídica. 2. As
operações

de vendas com recebimento por meio de


cartão de credito e/ou débito são
passíveis de averiguações fiscais. 3. A
opção do Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de
saídas de mercadorias desacompanhada de

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documento fiscal. 4. Os documentos


enviados pelas Administradoras de cartão
de crédito e débito não contém nenhuma
macula. 5. O conjunto probatório
acostado aos autos é suficiente para o
deslinde da questão. 6. A instituição
legal de novo critério de apuração
posterior a ocorrência do fato gerador
não está obrigado a observância do
principio da irretroatividade e da
anterioridade. 7. A circunstância
material que dá ensejo a presunção legal
foi constatada por valores informados
pelas Administradoras de Cartões sem a
respectiva emissão de documento fiscal.
8. Não será acolhido o tipo penal
tributário sugerido do art. 83 da Lei n.
5900/96, mas aplicada a penalidade
disposta no art. 79 da mesma Lei. 9.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 10. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por
via de Recurso Ordinário, a reforma na íntegra da decisão de
piso e a declaração de “sem efeito” o lançamento fiscal
objeto dos autos, alegando, com os mesmos termos utilizados
em sua impugnação, em síntese: a) cerceamento de defesa por
não ter tido acesso às provas do auto de infração; b) por ser
optante do Simples Nacional, deveria ser aplicada, no máximo,

CTE Nº035/2013 Página 3


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a alíquota de 3,95% nos termos do Anexo I da Lei Complementar


n. 123/2006; c) provas seriam ilegais, pois teve sua
movimentação financeira indevidamente quebrada pelo fisco sem
qualquer formalidade legal ou autorização judicial ferindo
seu direito ao sigilo bancário e d) o auto de infração
abarcou os períodos de 2007, 2008 e 2009 em descompasso com
os princípios tributário da anterioridade e da
irretroatividade da lei, uma vez que a lei n. 6.970, de
04/08/2008 teria instituído novo fato gerador. Caso não haja
esse entendimento, que seja mantida a multa aplicada pelo
julgador da Coordenaria de Julgamento.

A Representação fiscal apresentou suas contrarrazões


solicitando a manutenção da decisão recorrida, apoiadas nos
fundamentos de que: a) o recurso é tempestivo, mas nao
deveria ser conhecido, já que repete os argumentos da
impugnação, todos rebatidos na decisão a quo; b) que foi
respeitado o princípio da anterioridade pois já estava em
vigor tanto a lei nº 5.900/96 quanto a de nº6.846/2007; c)
nao houve quebra de sigilo financeiro, pois as informações
fornecidas pelas administradoras de cartão se limitam ao
faturamento por meio de pagamento de crédito/débito; c)
correta exigência do imposto e penalidade à margem do regime
do Simples Nacional (art. 13, §1º, XIII, f, da LC n.
123/2006); d) o contribuinte não afastou a presunção com
contraprovas; e) as provas são lícitas e seriam suficientes
para demonstrar a infração arguida.

É o relatório.

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VOTO
PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se constatar


que a descrição dos fatos tidos como infração à legislação
tributária apresenta-se de forma incoerente e imprecisa,
acarretando dificuldade na defesa da empresa autuada, quando
o autuante ao consignar na fl. inicial, assim como nos
demonstrativos de fls. 10/12, os fáticos típicos da infração,
faz constar ao mesmo tempo a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e, falta de
recolhimento do imposto ensejada pela falta de escrituração
dos documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem,
no entanto, identificar os respectivos documentos fiscais
(Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
indicando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da


autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do
registro de vendas inferior ao montante do faturamento
mediante cartão de crédito/débito, infração típica do inc. V,
§ 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79, todos da Lei nº.
5.900/96, ou bem se defenderia da acusação da falta de
recolhimento do ICMS decorrente da omissão de registro das

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notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado


art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do


voto proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de
Castro, concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da
mesma conter, também, vícios de nulidade, isto à luz do Art.
7º, inc. II, na sua segunda parte, tal nulidade não deve
sobrepor a nulidade prévia da própria autuação, do
lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer nulidade
subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da decisão
recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação
quando presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria
não só violação ao princípio da celeridade na tramitação do
próprio PAT, previsto no § 1º do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06,
mais também, um procedimento discrepante da praticidade, com
reiteradas e desnecessárias decisões, ao invés de uma só
decisão no âmbito de preliminares acerca de nulidades e a
partir daí repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório
de primeira instância.

Portanto, como se vislumbra no caso vertente, tanto a


autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de
nulidades à luz do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e
assim sendo, é de bom alvitre que se reconheça que se declare
previamente a nulidade do próprio lançamento e por extensão
os demais atos subseqüentes.

CTE Nº035/2013 Página 6


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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer
do recurso para dar-lhe provimento, porém, com a devida vênia
do nobre relator, no sentido de declarar nula por vício
formal, previamente, a própria autuação por ofensa ao
princípio da ampla defesa.

Sala de Sessões do CTE., em Maceió, 07 de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

CTE Nº035/2013 Página 7


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 07/02/2013


PROCESSO: 1500-019958/11; CTE-270/12
ANEXOS: 1500-090620/09 (02 VOL.); -015021/09;-031300/11 e
022031/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.01172-001
RECORRENTE: ALVES & CIA. LTDA.
AUTUANTE: JOSÉ ARNALDO ROCHA BARBOSA
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº036/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
EM DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA
TIPICIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO
DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO
NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não

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estavam escriturados regularmente nos livros fiscais


próprios.”

Como dispositivos transgredidos o autuante aponta


o art. 83 e ao mesmo tempo os incs. II e V do § 9º do artigo
2º,todos da Lei nº 5.900/96.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, intimação fiscal de nº
7001172,relatórios de movimentações financeiras das
Administradoras de Cartões de Crédito, relação de
transferências eletrônicas de fundos – Cartões de Crédito e
de Débito, Demonstrativo do Débito e Extrato do Simples
Nacional e cópias,dos termos de início e encerramento de
fiscalização,dos ofícios DIPLAF de nºs.
023/2009,024/2009,025/2009,026/2009,027/2009,028/2009,029/200
9,030/2009,031/2009,032/2009 e 033/200/09,da consulta fiscal
formulada pela DIPLAF e do PARECER PGE/PFE nº. 855/2010.

Intimada da autuação, a empresa suscita


preliminares de nulidades em decorrência: do não atendimento
do disposto no art. 5º, da CGSN 30/2008; da incompetência do
agente autuador; da documentação irregular; do excesso de
exação; quebra do sigilo bancário; inobservância do
procedimento legal pelo agente autuador; do cerceamento do
direito de defesa e da insubsistência das informações
utilizadas para autuação.

Por ocasião da contestação da defesa, o eminente


Representante Fiscal rebate os questionamentos feitos pela
empresa, acerca das nulidades, aduzindo que no caso dos
autos, a infração apurada cinge-se na saída de mercadoria
desacompanhada de documento fiscal e sem pagamento do
imposto.
Submetido o presente litígio fiscal a julgamento
por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. Lançamento de crédito tributário decorrente de
descumprimento de obrigação principal. 1) Falta de

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recolhimento do imposto decorrente da omissão de saídas de


mercadorias tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas administradoras de
cartão de crédito e débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2) Alíquota aplicável em
estrita obediência à legislação aplicável– Comprovada a
materialidade da infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando os questionamentos da sua
defesa e em seguida pugna pelo julgamento totalmente
improcedente do auto de infração com a sua conseqüente
extinção e arquivamento.

Por ocasião da contestação do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da autuação, reiterando que a infração
indicada na autuação consiste em falta de emissão de
documentos fiscais por ocasião das saídas, apontando como
dispositivo transgredido, o art. 97 da Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

Voto

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 12,13 e 14, os fatos típicos
da infração, faz constar a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito em confronto
com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo tempo falta

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de recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos


documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no
entanto, identificar os respectivos docs. fiscais (Notas
Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Enquanto o Art. 97 da Lei nº. 5.900/96, reportado


pelo nobre Representante Fiscal, não só quando da contestação
da defesa mais também na contestação do presente recurso,
assim preconiza: “Art. 97 – Entregar, remeter, transportar,
receber, estocar ou depositar mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais, ou sendo estes inidôneos:

MULTA – equivalente a 200% (duzentos por cento)


do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem bastante
instruídas, o que não se vislumbra nos autos do processo.
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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÃMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecero do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 07 de fevereiro de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIO:Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 07/02/2012


PROCESSO: 1500-026704/11; CTE-298/12
ANEXOS: 1500-090395/09 (03 VOLUMES); 1500-000306/12; 1500-
02323/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.020690-001
RECORRENTE: ARTCOLLOR ARTIGOS FOTOGRÁFICOS LTDA-ME
AUTUANTE: LOUISE AMARAL DE ARAUJO – 52.903
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº037/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
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estavam escriturados regularmente nos livros fiscais


próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, a autuante assim
consignou: (O contribuinte omitiu receitas à tributação do
ICMS que foram detectadas através da comparação entre as
saídas declaradas e o faturamento em operações com cartões de
crédito e/ou débito, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009,
tudo conforme planilhas demonstrativas anexas.”

Como instrução da autuação foram anexados,


cópias, da intimação fiscal de nº 7002069, dos termos de
início e encerramento de fiscalização, dos Ofícios DIPLAF de
nºs. 023/2009, 024/2009, 025/2009, 026/2009, 027/2009,
028/2009, 029/2009, 030/2009, 031/2009, 032/2009,033/2009 e
do PARECER PGE/PFE nº. 855/2010, além dos demonstrativos do
débito,Relatório de Movimentações Financeiras das
administradoras VisaNet, REDECARD, AMERICAN EXPRESS,
HIPERCARD, TRANSFERÊNCIAS ELETRÔNICAS DE FUNDOS (CARTÃO DE
CRÉDITO/DÉBITO) COMPARADA COM FATURAMENTO e Extrato do
Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa contesta a


autuação, aduzindo em sede de preliminar a dificuldade a
ponto de impossibilitar a sua defesa, com menção ao art. 12
da Lei Complementar nº. 123/06, assim como a Resolução nº 30,
de 07 de fevereiro de 2008, do Comitê Gestor de Tributação
das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, além do Art.
5º, inc. LV da Constituição Federal.

Quanto ao mérito, alega inocorrência do fato


gerador, ilegalidade da alíquota aplicada, inadequação da
multa proposta, falta de prova, princípio da anterioridade da
lei e encerramento da fase de tributação mediante a
sistemática da substituição tributária.

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Por ocasião da contestação da defesa, a eminente


Representante Fiscal insiste em afirmar que o presente
lançamento decorreu da falta de emissão de documentos fiscais
e ao mesmo tempo os respectivos valores não foram
escriturados nos livros fiscais próprios e que de
conformidade com o art. 26 da Lei Complementar nº 123/06, as
empresas de pequeno porte e as microempresas optantes pelo
Simples Nacional ficam obrigadas a emitir documento fiscal de
venda ou prestação de serviço.

Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. Lançamento de crédito tributário decorrente de
descumprimento de obrigação principal. 1) Falta de
recolhimento do imposto decorrente da omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas administradoras de
cartão de crédito e débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2) Alíquota aplicável em
estrita obediência à legislação pertinente – Comprovada a
materialidade da infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando os questionamentos da sua
defesa e acrescenta que o maior valor das suas vendas está
sujeita ao regime de substituição tributária, segundo o qual
encerra a fase de tributação, não cabendo assim a exigência
do ICMS.

Por ocasião das contra razões do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da decisão recorrida com enfrentamento
das preliminares suscitadas pela recorrente e no mérito,
reitera como dispositivos transgredidos dentre outros, o inc.
V, do § 9º, do Art. 2º e ao mesmo tempo o Art. 83, todos da
Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

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Voto.

PRELIMINAR DE NULIDADE

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 08, 09 e 10, os fatos típicos
da infração, faz constar a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito em confronto
com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo tempo falta
de recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos
documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no
entanto, identificar os respectivos docs. fiscais (Notas
Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

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Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem bastante
instruídas, o que não se verificou.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 07 de fevereiro de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 05 – REALIZADA: 19/02/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-000.006/2008 E CTE Nº 307/2012.
ANEXOS: 1500-001.603/2008 E 1500-007.415/2009.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.62996-001, DE 02/01/2008.
AUTUADA: PROFERTIL PRODUTOS QUÍMICOS E FERTILIZANTES LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.053.541-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.882/2009.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: MARIA CÉLIA DE SOUZA GOMES E OUTRA.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO 038/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1) Falta de


recolhimento de ICMS referente à prestação de
serviços de transporte iniciada no exterior 2)
Infração comprovada com base no Bill of Landing
e Declaração de Importação onde consta a venda
sob a condição INCOTERM: FOB. 3) Não aplicação
do 3º, do Decreto nº 35.399/1992. 4) Lançamento
Procedente. 5) Modificada a penalidade aplicada
em razão da revogação do artigo 84, da Lei nº
5.900/96, com reclassificação (reclassificação
qualificada) de sua multa para o artigo 79, da
mesma lei. 6) Recurso Ordinário conhecido e
improvido. Mantida em parte a decisão a quo.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa Profertil Produtos Químicos e Fertilizantes LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito tributário
no valor de R$ 956.263,56 (novecentos e cinquenta e seis mil,
duzentos e sessenta e três reais e cinquenta e seis centavos),
por haver a empresa autuada deixado de recolher ICMS referente
à prestação de serviços de transporte iniciado no exterior em
importação de mercadorias isentas de ICMS através das notas
fiscais de nºs 4255; 4276; 4303; 4302; 4313; 4334; 4336; 4339;
4335 e 4476 (02/2006 a 02/2007); conforme INCOTERM FOB – FREE
ON BOARD (condição de venda) constantes nas DI’s - Declarações
de Importação, na qual o importador é o responsável pelo frete
internacional (a prestação de serviço).

Apontados como infringidos os artigos 1º,


parágrafo único, II; 2º, IX; 6º, X; 17, I, “b”, § 3º, IV; 18,

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§ 1º, II, da Lei nº 5.900/1996. Sugerida a aplicação da


penalidade prevista no artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de
autógrafo; cópias de procuração; do livro RUDFTO; da intimação
fiscal nº 020/2006; da guia para liberação de mercadoria
estrangeira sem comprovação do recolhimento do ICMS; das notas
fiscais de entrada nºs 4255, 4276, 4303, 4302, 4313, 4334,
4336, 4339, 4335 e 447; memória de cálculo; cópias do Extrato
da Declaração de Importação; do Invoice - Fatura Internacional
e do Conhecimento Internacional (Bill of Landing).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o


crédito tributário constituído é ilegítimo, pois a operação
realizada foi de circulação de mercadorias e o frete compôs o
preço do produto na base de cálculo do ICMS nos termos dos
artigos 12, IX, e 13, V, § 1º, II, “b” da LC 87/96; o ICMS
sobre o frete exigido no auto de infração está isento, pois a
norma excludente (artigo 3°, do Decreto nº 35.399/1992), é
enfática ao enunciar que a isenção dá-se na operação interna
da mercadoria importada pela autuada; as Guias de Liberação de
Mercadoria Sem Comprovação do Recolhimento do ICMS demonstram
no CAMPO 3.5 que o destaque do VALOR CIF (VMLD) EM R$
(CLÁUSULA CIF), ou seja, da operação de importação a
transferência da mercadoria foi realizada pela vendedora, não
havendo qualquer vinculação com a autuada; não há qualquer
menção da expressão INCONTERM: FOB – FREE ON BOARD (condição
de venda), pelo contrário, como visto, afirma-se apenas VALOR
CIF; a multa de 60% (sessenta por cento) é exorbitante,
colidindo com os artigos 5º, XXII; e 150, IV, da CF/88; agride
o direito à propriedade da autuada, por sua natureza
eminentemente confiscatória; devendo ser reduzida para 20%
(vinte por cento) nos termos do art. 81-A, da lei 5.900/1996.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada ao importar as mercadorias, deveria ter efetuado
o pagamento do ICMS incidente sobre a prestação do serviço de
transporte das mesmas, conforme os artigos 2º, IX e XI; 6º, X,
17, IV, § 3º, I, “b”, e 18, da Lei nº 5.900/96; quanto ao
percentual da multa sugerida, cabe aos autuantes proporem a
aplicação da penalidade cabível, porém, quem as aplica, são os
julgadores. Por fim, pede a procedência da autuação.

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Em 18/03/2009, foi proferida a Decisão nº


15.882/2009, de Primeira Instância, que julgou procedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. Descumprimento da obrigação


principal, por deixar de recolher o ICMS. 2.
Prestação de serviço de transporte marítimo
iniciado no exterior comprovado pelo “Bill of
Landing”. 2. A Declaração de Importação corrobora
a condição de venda FOB. 3. Inaplicabilidade do
art. 3º do Decreto nº 35.399/92 no caso. 4. Multa
aplicada adequada. 5. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


tempestivo, com as seguintes alegações:

1) Que, a operação praticada pela autuada foi


de circulação de mercadoria, compondo o frete, o preço dos
produtos a base de cálculo do ICMS devido; o Bill of Landing,
conhecimento internacional comprova a ocorrência do serviço de
tranporte internacional marítimo e as Guias de Liberação de
Mercadorias sem Comprovação do recolhimento do ICMS, expedidas
pela SEFAZ/AL no campo 3.5 faz o destaque do VALOR CIF (VMLD)
em R$ (cláusula CIF) sendo facilmente visível se o julgador
singular tivesse analisado o Doc 02 (dois) em que nas notas
fiscais os valores são discriminados e contém um item o valor
do frete. A base de cálculo do ICMS é o valor da operação
interna da mercadoria importada, cuja composição está o frete.

3) Que, a jurisprudência pátria consagra essa


assertiva conforme julgados do STJ reproduzidos. Deveras, não
houve qualquer claúsula FOB nesta operação que ensejasse a
contratação de uma empresa para transportar o bem adquirido
até o Porto de Maceió. A multa do artigo 84, da Lei nº
5.900/96, é espoliadora, afronta os artigos 5º, Inciso XXII, e
150, IV, da CF/88, conforme jurisprudência do STF. Deveria ter
sido aplicada a penalidade prevista no artigo 81-A, da mesma
lei, consoante princípio da razoabilidade defendido por Celso
Antonio Bandeira de Mello; Sacha Calmon Navarro Coelho e
Cláudio Renato do Canto Farág. Por fim, pede que a autuação
seja julgada improcedente.

DAS CONTRARAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal - DRF


apresentou contrarrazões alegando:

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1) Que, o Recurso Ordinário repete apenas as


alegações da defesa, já enfrentadas e superadas; a autuada
deixou de recolher ICMS na prestação de serviço de transporte
iniciada no exterior (2°, IX, da Lei nº 5.900/96), fato
comprovado pela análise do Bill Of Lading que comprova a
ocorrência do serviço de transporte internacional marítimo e
da Declaração de Importação a qual comprova que a condição de
venda foi INCOTERM:FOB; o valor cobrado a título de frete está
separado do valor da mercadoria, ou seja, o tomador do serviço
foi o destinatário, não o comprador, como alegado a autuada.

2) Que, a arguição contrária a multa com base


nos princípios da legalidade, presunção de constitucionalidade
das leis e reserva do judiciário, os agentes públicos devem
aplicar as normas e não questioná-las quanto a invalidade; da
documentação anexada aos autos resta induvidosa a legalidade
da exigência do crédito tributário exigido na inicial. Por
fim, pede a Procedência do auto de infração e a manutenção da
decisão de primeira instância. Assim, chegam os autos a este
Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 15.882/2009, de Primeira Instância, que
julgou procedente o lançamento constante do auto de infração
nº 99.62996-001, de 02/01/2008.

A autuação trata da falta de pagamento de


ICMS em operação de transporte iniciada no exterior, com
respaldo nos artigos 1º, PU; 2º, IX; 6º, X; 17, I, “b”, § 3º,
IV; e 18, § 1º, II; da Lei Estadual nº 5.900/1996. A decisão
singular considerou que o fato gerador da obrigação tributária
ficou comprovado com base nos conhecimentos internacionais
“Bill of Landing” nos quais consta a operação e na Declaração
de Importação emitida pela Receita Federal da qual consta que
o frete da operação foi prestado na condição INCOTERM:FOB onde
o valor do frete e o valor da mercadoria estão separados.

Quanto à alegação da autuada de as Guias de


Liberação de Mercadoria Estrangeira sem Recolhimento do ICMS
emitidas pela SEFAZ/AL, estão a indicar a condição CIF para a
prestação de serviço de transporte, não é verdadeira:

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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

A um, porque essa informação foi colocada pela


autuada de forma equivocada ao emitir o referido documento,
pois quem primeiro teve acesso à mercadoria importada foi a
Receita Federal, que promoveu seu desembaraço de forma
correta, indicando na Guia de Desembaraço a situação
INCOTERM:FOB onde estão separados os valores cobrados a
título de frete e o valor da mercadoria, comprovando que nesta
situação o tomador do serviço de transporte foi o
destinatário, a autuada, e não o exportador como alega o
Recurso Ordinário.

A dois, não resta dúvida de que o campo 3.5


foi preenchido de forma equivocada pela autuada, uma vez que o
ICMS frete cobrado na peça inicial chegou ao Porto de Maceió
sob a condição FOB:INCOTERM como consta da Guia de Importação
emitida pela Receita Federal. Neste passo, a decisão singular
está correta, não restando dúvidas de que a relação jurídica
tributária se efetivou conforme o artigo 113, do CTN, tendo o
respaldo da legislação tributária vigente, Lei nº 5.900/1996.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (LEI Nº 5.172/1966)

“Art. 113 - A obrigação tributária é principal ou acessória:


§ 1º - A obrigação principal surge com a ocorrência do fato
gerador, tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.
(...)”

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 1º - O imposto sobre operações relativas à circulação de


mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação - ICMS incide
sobre:

Parágrafo único - O imposto incide também sobre:


(...)

II - o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se


tenha iniciado no exterior;
(...)”

“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no


momento:
natureza;
IX - do ato final do transporte iniciado no exterior;
(...)”

“Art. 6º - A base de cálculo do imposto é: (Art. 13 - LC)

X - no caso dos incisos IX e XI do art. 2º, o valor da


prestação do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os
encargos relacionados com a sua utilização;
(...)”

ACÓRDÃO CTE Nº 038/2013 Página 5


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“Art. 17. As alíquotas do imposto são as seguintes:

I - nas operações e prestações internas e na importação de


mercadorias e bens e serviços do exterior:

b) 17% - (dezessete por cento), nos demais casos;

§ - 3º - Para efeito deste artigo, as alíquotas internas são


aplicadas quando:

IV - das prestações de serviço de transporte iniciado ou


contratado no exterior;
(...)”

“Art. 18 - Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica,


que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize
intuito comercial, operação de circulação de mercadoria ou
prestação de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
prestações se iniciem no exterior. (Art. 5º, LC)

§ 1º - É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que,


mesmo sem habitualidade ou intuito comercial:

II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja


a prestação se tenha iniciado no exterior;
(...)”

Com relação à isenção prevista no artigo 3º,


do Decreto nº 35.399/1992, é evidente a sua inaplicabilidade
ao presente caso, haja vista, que esta se aplica tão somente
as operações internas e interestaduais, não alcança operações
internacionais de prestação de serviço de transporte marítimo.
“Art. 3º - Ficam isentas do ICMS as operações internas dos produtos
arrolados nos artigos anteriores nas condições ali estabelecidas.
(...)”

Portanto, a decisão Singular está correta não


merecendo reformas. O crédito tributário encontra-se apurado
corretamente, conforme demonstrativo abaixo.

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO DÉBITO


NFE Origem Desembaraço Navio Dec/Import CV Frete Dólar BC do frete
4255 Argélia 03/02/2006 Chalot Nar 06/0137240-3 FOB 96.000,00 2,2217 213.283,20
4276 Argélia 07/04/2006 Elena B 06/0398550-0 FOB 207.000,00 2,1344 441.820,80
4303 Argélia 19/07/2006 Elena B 06/0843402-1 FOB 184.500,00 2,2126 408.224,70
4302 Marrocos 12/07/2006 Regina V 06/0809730-0 FOB 122.624,00 2,1750 266.709,37
4313 Argélia 19/09/2006 C G George 06/1119044-8 FOB 220.375,00 2,1540 474.687,75
4334 Marrocos 08/11/2006 Magda T 06/1348997-1 FOB 81.900,00 2,1378 175.085,82
4336 Marrocos 08/11/2006 Magda T 06/1348971-8 FOB 131.300,00 2,1378 280.693,14
4339 Argélia 24/11/2006 Rojen 06/1425180-4 FOB 238.500,00 2,1623 515.708,50
4335 Marrocos 08/11/2006 Magda T 06/1348933-5 FOB 38.792,00 2,1378 82.929,53
4476 Argélia 02/02/2007 Sifnos Bay 07/0146227-7 FOB 309.000,00 2,1247 656.532,30
Total - - - - - - - 3.515.675,11

Quanto à aplicação da penalidade, o julgador


singular aplicou aquela que consta da inicial, multa do artigo
84, da Lei nº 5.900/1996, vigente à época em que foi proferida

ACÓRDÃO CTE Nº 038/2013 Página 6


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decisão; sendo que posteriormente a Lei nº 7.079/09, revogou o


artigo 84, reclassificando (Reclassificação qualificada) sua
penalidade (multa) para o artigo 79, da mesma lei, motivo pelo
qual, aplica-se a presente autuação a penalidade prevista no
artigo 79, da Lei nº 5.900/1996.

Nesta situação o crédito tributário tem como


valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

Base de cálculo do imposto 3.515.675,11


ICMS (17%) 597.664.73
Multa 298.832,36
Total 896.497,09

O crédito tributário no valor de R$ 896.497,09


(oitocentos e noventa e seis mil, quatrocentos e noventa e
sete reais e nove centavos), deverá ser recolhido com os
acréscimos previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Recurso Ordinário e negar-lhe provimento. Mantida a decisão
singular que julgou Procedente em Parte o lançamento com a
adequação da penalidade aplicada, acarretando sua redução.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 19 de fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 05 – REALIZADA: 19/02/2013 – 1ª CÂMARA.


PROCESSO: 1500-000.972/2002 E CTE Nº 333/2012.
ANEXOS: 1500-003.267/2002.
AUTO DE INFRAÇÃO: 021.998, DE 15/01/2002.
AUTUADA: R M A MARANHÃO SILVA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.091.877-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.396/2010.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: RONALDO GUEDES DE ARAÚJO E OUTROS.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 039/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação Acessória. 1) Falta


de recolhimento de ICMS pela não escrituração
de notas fiscais no LREM na forma e no prazo
regulamentar. 2) Infração comprovada em parte
pela juntada de cópias das notas fiscais e do
LREM. 3) O Pagamento do Crédito Tributário
ocorreu antes do Reexame Necessário, não
havendo que se falar em crime contra a ordem
tributária. 4) Lançamento Procedente em
Parte. 5) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa R M A MARANHÃO SILVA, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de R$ 9.037,17 (nove
mil e trinta e sete reais e dezessete centavos), por haver a
empresa autuada deixado de escriturar no LREM notas fiscais de
nºs 3969; 428; 1008; 1261; 1629; 1979; 2436; 3043; 3294; 3669;
3668; 4297; 5514; 5515; 5942; 6538; 7098; 7097; 7783; 8249;
9115; 9116; 9699; 11044; 11045; 22866; 23972; 24735; 24736;
24745; 24746; 844; 1194; 3037; 2996; 1570; 3827; 4179; 6573;
7504; 8523; 10017; 10970; 14845; 12719; 17788; 13629; 16838;
17876; 18434; 19273 e 19272; utilizando-se do artifício da
adulteração, rasurando e procedendo a registros incorretos no
LREM com o intuito de fraudar o fisco estadual; ficando o
referido livro retido para exame de grafotecnia e apuração do
Crime Contra a Ordem Tributária pelo Ministério Público.

Apontados como infringidos os artigos 31, §§


1º e 2º; e 49, II, III, VI, e VIII; e 280, do RICMS/91. Sendo

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sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 105, da


Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de
autógrafo; planilha de apuração do débito; cópias das notas
fiscais apontadas como não escrituradas e o LREM nº 01 (um).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando que o auto de infração, por sua natureza meramente
punitiva, não tem o condão de tornar exigível eventual crédito
tributário; o auto de infração deve ser declarado nulo por não
terem sido preenchidos os campos destinados ao seu ramo de
atividade; a qualificação do sócio/titular e do responsável
pela escrita fiscal e contábil, os cargos dos autuantes e a
qualificação completa da autuada, no campo da discriminação
dos fatos os autuantes indicaram o não recolhimento em face da
não escrituração de notas fiscais, para logo adiante constatar
que houve o registro incorreto, dessas mesmas notas fiscais;
no campo destinado às penalidades, consta o artigo 105, da Lei
nº 5.900/1996; c/c o artigo 848, do RICMS/91, que não guardam
relação com os fatos descritos; antes de qualquer ação fiscal,
constatando a falta de registro de algumas notas fiscais,
procedeu ao registro das mesmas no livro fiscal próprio; não
há como caracterizar a ocorrência de fraude, adulteração, ou
mesmo falsificação de documento fiscal com o intuito de
cometer fraude, por ter tentado sanar a omissão antes da ação
fiscal. Por fim, pede a improcedência do auto de infração.

CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o lançamento é procedimento administrativo para verificar
a ocorrência do fato gerador da obrigação, identificar o seu
sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular o
montante do crédito tributário aplicando se for ocaso a
penalidade cabível na forma disposta no artigo 126, da Lei nº
4.418/1982; a autuada deixou de escriturar as notas fiscais
relacionadas, utilizando-se de adulteração, rasura e efetuando
registros incorretos em seu LREM nº 01 (um) com o intuito de
fraudar o fisco; os valores registrados estão arredondados,
diferentes dos reais valores constantes das notas fiscais
relacionadas no auto de infração, estando lançados com outro
tipo de caneta (tinta com outra tonalidade); não foram
adicionados nas respectivas colunas (valor contábil, base de
cálculo, imposto creditado), ficando evidente que as notas

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fiscais não foram registradas no prazo regulamentar; sendo


intempetível esse lançamento, configurando dolo em virtude da
fraude praticada. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 09/11/2010, foi proferida a Decisão nº


17.396/2010, de Primeira Instância que julgou procedente em
parte o lançamento com a ementa.
EMENTA: ICMS. Lançamento de ofício. Não
escrituração de notas fiscais, no Livro Registro
de Entradas de Mercadorias, na forma e prazo
regulamentar. Ilícito comprovado mediante
anexação de cópias das referidas notas fiscais,
do citado Livro, bem como confissão da autuada.
Infração ao § 1º, do art. 50 da Lei nº
5.900/1996, combinado com o § 1º, do art. 275 do
RICMS/1991, bem como a norma antecedente do art.
121 da Lei nº 5.900/1996. Lançamento PROCEDENTE
EM PARTE. Após o trânsito em julgado, por
sugestão dos autuantes, encaminhar o Presente
para o Ministério Publico. Reexame Necessário
pelo CTE (art. 48 da Lei nº 6.771/2006).

Intimada desta decisão a autuada recolheu o


crédito tributário em 29/11/2010, no valor apontado na decisão
singular através de PPI (Decreto nº 4.147/2009). Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 039/2013 Página 3


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Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.396/2010, de Primeira Instância, que julgou procedente em
parte o lançamento constante do auto de infração nº 021.998.

Inicialmente, cabe observar-se que a autuação


trata da falta de recolhimento de ICMS em razão da falta de
escrituração no LREM de diversas notas fiscais mediante rasura
e adulteração com o intuito de fraudar o fisco estadual.

A análise dos autos demonstra que o Reexame


Necessário foi motivado pela redução do crédito tributário por
ter o julgador singular reduzido o valor do crédito tributário
julgando Procedente em Parte o Lançamento.

A autuada em sua defesa rebateu a acusação


sob a alegação de que registrara as notas fiscais, anexando
cópias do LREM. O julgador singular decidiu pela procedência
parcial do lançamento, afirmando que a autuada não deixou de
escriturar as notas fiscais, mas que escriturou seu LREM em
desacordo com a legislação, condenando-a a recolher a multa
prevista no artigo 121, da Lei Estadual nº 5.900/96, ou seja,
a recolher 05 (cinco) UPFAL’s; valor que foi recolhido pela
autuada em 29/11/2010, através de PPI (Decreto nº 4.147/2009);
não acarretando de logo a extinção do crédito tributário por
estar pendente a análise do Reexame Necessário.

DO REEXAME NECESSÁRIO

Está correto o julgador singular ao afirmar


que à autuada ao registrar as notas fiscais com algumas
rasuras e com alguns valores arredondados infringindo o artigo
275, do RICMS/91; porém, esses arredondamentos são valores tão
DIMINUTOS que não chegaram a causar prejuízo ao fisco, nem a
se constituir crime contra a ordem tributária.
“Art. 275 - O lançamento nos livros fiscais serão feitos a tinta,
com clareza, não podendo a escrituração atrasar-se por mais de 5
(cinco) dias, ressalvados os livros a que forem atribuídos prazos
especiais.
§ l º - Os livros não poderão conter emendas ou rasuras e seus
lançamentos serão somados nos prazos regulamentares.
(...)”

Quanto à aplicação da penalidade e ao crime


contra a ordem tributária, há de se discordar do fisco, haja
vista, que com a falta da totalização dos valores referentes
ao crédito do imposto a autuada deixou de utilizá-lo quando da
apuração do ICMS a recolher, prejudicando-se, fato que não tem

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subsunção com a penalidade prevista no artigo 105, da Lei


Estadual nº 5.900/1996. Como a autuada deixou de registrar seu
LREM de acordo com o artigo 275, do RICMS/91, há de se aplicar
neste caso, a penalidade prevista no artigo 121, da Lei nº
5.900/1996, como consta da decisão singular.
“Art. 121 - Não escriturar os livros fiscais na forma e prazos
regulamentares, a exceção do Livro de Registro de Inventário:
MULTA - de 05 (cinco) vezes a UPFAL por livro.
(...)”
Grifei...

Há de ser observado que a autuada já efetuou


o recolhimento total do crédito tributário através de PPI como
já demonstrado. Nesta situação, há de se reconhecer a extinção
do referido crédito por pagamento, nos termos do artigo 65, da
Lei Estadual nº 4.418/1982, não havendo mais que se falar em
crime contra a ordem tributária.
“Art. 65 - Extinguem o crédito tributário:
(...)
I - o pagamento;
(...)”

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Reexame Necessário e negar-lhe provimento. Mantida a
decisão singular.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 19 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 039/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº13 – 2ª CAMARA – REALIZADA:05/04/2013


PROCESSO: SF 1500-004491/1991; CTE 1247/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 049217, de 17/04/91
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: ALONÇO SANTINO DOS SANTOS.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 04/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DO RECOLHIMENTO DO


IMPOSTO. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO DO
LANÇAMENTO FISCAL. INVIABILIDADE DA SUA
MANUTENÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 118,
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 4418/82 - NULIDADE DA
AUTUAÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO
PROVIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado Administrativo conforme
imposição da norma jurídica contida no art. 48, da Lei n ° 6.771/2006 (PAT), isto em vista da decisão da Douta
Coordenadoria de Julgamento, donde resultou na sucumbência da Fazenda Estadual em face da decisão pela
improcedência do lançamento.

Em momento prévio ao anunciado reexame, convém destacarmos que o auto de infração


imputou ao contribuinte as seguintes condutas anti-jurídicas: (i) omitiu vendas de mercadorias no exercício de
1990; (ii) não recolhimento do ICMS no mês de 08/90; (iii) crédito indevido de ICMS por registro em
duplicidade de notas fiscais de entradas; (iv) não apresentação de balanço econômico no exercício de 1990; e, (v)
não escrituração do Livro De Inventário no exercício de 1990.

A despeito de regularmente intimado, o contribuinte não impugnou o lançamento contra si


lavrado, tendo sido lavrado o termo de revelia em 11/06/91.

Em junho de 1995, a então Coordenadora da primeira instância de julgamento, a saldosa


Conselheira Célia Braga de Albuquerque, determinou ao autuante que anexasse as provas da materialidade das
infrações relatadas na peça inicial.

ACÓRDÃO 004/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Em resposta, fora informado que o auto teria sido apropriadamente instruído à época do
lançamento, mas que em ato de má-fé retirados do processo, informando, ao final, pela inviabilidade da instrução
no momento.
O próximo ato praticado no curso do processo administrativo foi a decisão ora em reexame,
que entendeu pela nulidade do lançamento por ausência de provas.

Intimados, representação fiscal e contribuinte quedaram-se silentes.

É o que interessa ao julgamento.

VOTO

De fato, exsurge dos autos a total ausência de documentos que instruam a materialidade
informada pela fiscalização como hábil a fazer irromper o vínculo jurídico que estabelece ao contribuinte o dever
de recolher determinada quantia a título de tributo ao Estado.

Ademais, o fiscal não logrou êxito em sanar o defeito inicial da autuação quando instado a
fazê-lo em diligência.

O mesmo ocorre em relação ao suposto extravio, pois em momento algum dos autos foi trazido
à colação a intimação do contribuinte para apresentação dos respectivos documentos, o que autorizaria o
lançamento por presunção, se desatendida aquela.

Tais situações contrariam o que exige o art. 118, parágrafo único, da Lei n. 4.418/82, que exige
a regular instrução com elementos que sirvam a demonstrar a certeza e liquidez do crédito tributário, situação
que não se percebe dos autos. Confira-se o texto do preceptivo:

Art. 118 - As ações ou omissões contrárias à Legislação Tributária, serão apuradas em


Processo Administrativo Fiscal (PAF).

Parágrafo único - O Processo Administrativo Fiscal inicia na repartição fiscal competente,


mediante autuação dos documentos necessários à apuração da liquidez e certeza do crédito
tributário não regularmente recolhido, organizando-se à semelhança de autos forenses, com
folhas devidamente numeradas e rubricadas. (grifamos)

No mesmo sentido o art. 891, IV, do RICMS/AL, in vebis:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve ser instruído
com: (...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos documentos


que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Enfim, a deficiência da instrução prejudica a autuação, isto em virtude da impossibilidade deste


Órgão Julgador aferir os fatos relatados.

Sobre a matéria, e destacando a importância da regular instrução do lançamento fiscal,


abalizadas são as lições da professora Doutora MARIA RITA FERRAGUT, em artigo publicado no livro Curso
de Especialização em Direito Tributário. Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de Barros Carvalho.

ACÓRDÃO 004/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Editora Forense. Rio de Janeiro. 2005, p. 314/315, as quais recortamos algumas passagens e abaixo
reproduzimos:

“O distanciamento entre o objeto e o juízo, construído pelo ser cognoscente a seu respeito, é
inevitável. (...)

A verdade encontra-se ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar
idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificar-se de sua exatidão jurídica.
Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. (...)

Ao referir-se a fatos, a prova deverá evidenciar a correspondência entre o enunciado e a


manifestação do evento. (...) Atingir o evento, que é passado, é impossível, bastando para o
mundo jurídico construí-lo de forma a provar sua existência ou inexistência.”

Não tendo assim se dado, correta a motivação da Coordenadoria de Julgamento, apenas


discordando este relator da suas conclusões, pois entendemos que deveriam ser pela nulidade em relação à
referida materialidade.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da presente remessa
necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 15 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO 004/2013 Página 3


SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 05 – REALIZADA: 19/02/2013 – 1ª CÂMARA.
PROCESSO: 1500-000020/2008
AUTO DE INFRAÇÃO: N.º 99.72227-001, 26/12/2007.
RECORRENTE: CYCOSA CAMINHÕES LTDA.
RECORRIDO: ESTADO DE ALAGOAS.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO 041/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – UTILIZAÇÃO


INDEVIDA CRÉDITO – INFRAÇÃO PARCIALMENTE
ELIDIDADE PELA RECORRENTE PELA APRESENTAÇÃO
DO DOCUMENTO DE ARRECADAÇÃO QUE ORIGINOU O
CRÉDITO FISCAL – AUTENTICIDADE DO DOCUMENTO
RECONHECIDA PELA DIRAC – RECURSO E REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDOS E PROVIDOS
PARCIALMENTE. DECISÃO REFORMADA
PARCIALMENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela empresa


CYCOSA CAMINHÕES LTDA, em face da decisão n.º 18.040/2011
oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que julgou
parcialmente procedente o crédito tributário cobrado neste
auto de infração n.º 99.72227-001.

Saliente-se que a infração materializada no presente


processo administrativo fiscal refere-se à utilização indevida
de crédito fiscal à maior, decorrente do ICMS antecipado pago,
determinando a falta de recolhimento de ICMS nos períodos de
novembro de 2004 e novembro de 2005.

A Coordenadoria de Julgamento, por sua vez, julgou


parcialmente procedente o auto de infração, reconhecendo o
fato de a Recorrente ter utilizado crédito indevido no valor
de R$ 16.473,29 no mês de novembro de 2004, e R$ 19,80
referente ao mês de novembro de 2005.

Em suas razões recursais, a Recorrente alega que “o


crédito tributário em foco refere-se ao pagamento do DAR no
valor de R$ 16.437,29, em 19/11/2004, não considerado pelo
autuante, tendo em vista a omissão da inscrição estadual no
citado documento, por este motivo, não foi localizado no banco
de dados desta Secretaria.” Em sendo assim, requer seja
reconhecida a improcedência do mencionado auto de infração.
ACÓRDÃO CTE Nº 041/2013 Página 1
Instado a se manifestar, a Representação Fiscal alega
que, “mesmo admitindo como verdadeiras as alegações da
recorrente, e comprovado o efetivo pagamento do DAR, por ela
mencionado, a compensação dos valores pagos, deve obedecer ao
procedimento que a lei determina”. Assim, requer a manutenção
da decisão da Coordenadoria de Julgamento.

Foi requisitada diligência por este Relator, no


sentido de confirmar a autenticidade do aludido documento de
arrecadação pela DIRAC, inclusive se o mesmo refere-se à
empresa autuada, uma vez que no DAR carreados aos autos pela
Recorrente não consta qualquer CACEAL no mesmo.

Em resposta à diligência, a DIRAC informou que: (i)


através de uma simples consulta ao Cadastro do Sistema Gestor,
qualquer servidor da SEFAZ pode verificar que o CNPJ n.º
04.757.705/0001-09 (utilizado no referido DAR) pertence ao
CACEAL 24101018-7 (fls. 39); (ii) o DAR acostado às folhas 09
do processo anexo 1500-023271/2011 pertence ao CACEAL
24101018-7 e foi devidamente recolhido aos cofres públicos
(folhas 39 e 40).

É o relatório.

VOTO

Assiste razão à Recorrente ao alegar que “o crédito


tributário em foco refere-se ao pagamento do DAR no valor de
R$ 16.437,29, em 19/11/2004, não considerado pelo autuante,
tendo em vista a omissão da inscrição estadual no citado
documento, por este motivo, não foi localizado no banco de
dados desta Secretaria.”

Com efeito, a resposta da DIRAC oferecida à


diligência solicitada por este Relator foi esclarecedora ao
assegurar “que o DAR acostado às folhas 09 do processo anexo
1500-023271/2011 pertence ao CACEAL 24101018-7 e foi
devidamente recolhido aos cofres públicos (folhas 39 e 40)”.

Em sendo assim, resta descaracterizada a infração


materializada nos autos quanto à utilização de crédito
indevido no valor de R$ 16.473,29, no mês de novembro de 2004,
uma vez que a própria DIRAC reconhece sua autenticidade e
efetivo recolhimento do imposto lançado como crédito, não
existindo qualquer dúvida no tocante que o referido DAR está

ACÓRDÃO CTE Nº 041/2013 Página 2


vinculado ao CACEAL da Recorrente, conforme expressamente
consignado pela DIRAC em sua resposta à diligência.

Contudo, o mesmo não se pode afirmar em relação ao


uso indevido do crédito de R$ 19,80 no mês de novembro de
2005, não havendo qualquer prova nos autos capaz de elidir a
aludida infração, devendo a mesma ser mantida nos autos.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Recurso Ordinário e do reexame necessário para, no mérito,
dar-lhes provimento parcial, no sentido afastar a infração
materializada nos autos quanto à utilização de crédito
indevido no valor de R$ 16.473,29, no mês de novembro de 2004,
mantendo a condenação apenas em relação ao uso indevido do
crédito fiscal no mês de novembro de 2005, no valor de R$
19,80, acrescido da multa prevista no art. 93 da Lei 5.900/96.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 19 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 041/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 06 – REALIZADA: 21/02/2013 – 1ª CÂMARA.


PROCESSO: 1500-014.406/2000 E CTE Nº 306/2011.
ANEXO: 1500-015.296/2000.
AUTO DE INFRAÇÃO: 019.270, DE 06/09/2000.
AUTUADA: I M DA SILVA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.096.498-5.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.904/2011.
ASSUNTO: REEXAME NECESÁRIO.
AUTUANTE: OZEAS TAVARES DA SILVA E OUTROS.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 042/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) a)


Omissão de saidas apuradas através de
Levantamento Físico de Estoque. b) Omissão de
receitas apuradas por Levantamento Físico de
Estoque. 2) Infrações não comprovadas por
falta de provas não sendo possível apurar
omissão de receitas através do Levantamento
físico de Estoque. 3) Lançamento improcedente.
4) Reexame Necessário conhecido e provido.
Reformada a decisão a quo por ser improcedente
o lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra I


M DA SILVA, já qualificada, tendo por objeto a cobrança de
crédito tributário no valor de R$ 24.178,18 (vinte e quatro
mil, cento e setenta e oito reais e dezoito centavos), por
haver a empresa autuada:

1) Omitido saídas de mercadorias referente ao


periodo de 01/01/2000 a 20/07/2000, fato apurado mediante
Levantamento Físico de Estoque.

2) Omitido receitas mediante aquisição de


mercadorias com Caixa 2 (dois), no período de janeiro/2000 a
julho/2000, apurado através de Levantamento Físico de Estoque.

Apontados como infringidos os artigos 1º, I;


2º, I, § 2º, II; 6º, I, e XII, da Lei nº 5.900/1996; e 2º, I;
49, II, VII e VIII; 54, VI; 136, I; 143; 145, I; 280, § 2º, do
RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

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A inicial está instruida com demonstrativo do


débito; cópia do LRIM; Termo de contagem de estoque existente
em 20/07/2000; Mapa de Controle físico de mercadoria (CFM) e
Mapa Controle Quantitativo de mercadoria (CQM).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o


auto de infração não pode cobrar omissão de receita apurada
através de Levantamento Físico do estoque de Mercadorias; não
teria embasamento legal, haja vista, que o valor constante do
demonstrativo de débito encontra-se em conflito com o artigo
5º, II, da CF/88. Por fim, pede a improcedência da autuação

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada em nenhum momento teria contestado a diferença
proveniente da falta de emissão de documento fiscal nas saídas
de mercadorias; a omissão de receitas consiste na aquisição de
mercadorias com Caixa 2 (dois), ou seja, com receita de origem
não comprovada; não apresentou provas que pudessem alterar o
teor da autuação. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 05/05/2011, foi proferida a Decisão nº


17.904/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. A acusação fática imputada sobre


a presunção de saída ref. 2000 será acolhida uma
vez que ficou caracterizada a aquisição de
mercadorias cuja entrada não foi escriturada no
livro registro de entradas. (art. 2º, I, §2º, II,
da lei 5900/96), bem como a diferença de estoque
no levantamento fiscal. (art. 2º, I, §9º, VII, da
lei 5900/96) 2. O levantamento fiscal foi
acompanhado das provas documentais: a) controle
físico da mercadoria (CFM); b) controle
quantitativo de mercadoria (CQM); c) cópias do
livro registro de inventário relativo aos
estoques existentes em 31/12/1999 e Termo de
contagem física de estoque existente em
20/07/2000. 3. Base de cálculo do ICMS conforme
disposto no art. 6, XII, b, XVII, da Lei n.
5900/96. 4. Aplicação da multa do art. 79 da lei
5900/96, em razão da revogação do art. 84, e por
ser mais benéfica ao réu porque enuncia no seu
preceito secundário uma multa equivalente a 50%
do imposto devido. 5. Lançamento do crédito

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tributário PROCEDENTE em parte. 6. Reexame


necessário ao Conselho Tributário Estadual.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciou. Assim, chegam os
autos a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.904/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento constante do auto de infração n° 019.270.

A análise dos autos demonstra que os autos


tratam de omissão de saídas e de omissão de receitas apuradas
através de Levantamento Físico do Estoque.

Com relação à omissão de vendas, primeira


infração, diferentemente do julgador singular, entendo que os
documentos utilizados na contagem do estoque não se prestam a
tal apuração, bem como, não estão acompanhados de cópias das
notas fiscais (entradas e saídas) conforme exigia a legislação
vigente à época da autuação.
“Art. 891 - O processo fiscal contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com os seguintes documentos:
(...)

V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das


irregularidades, em qualquer caso;
(...)”

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Quanto à infração, por omissão de receitas,


como bem afirma a autuada em sua defesa, não se pode apurar a
conta caixa e principalmente a ocorrência de Caixa 2 (dois) a
partir de Levantamento do estoque Físico de Mercadorias. Não
resta nenhuma dúvida de que o Lançamento apesar instruido com
vasta documentação fiscal, a mesma comprova sua improcedência
nas duas situações, haja vista, na primeira, faltar à prova
principal, cópias das notas fiscais, e na segunda, as provas
não se prestaria a comprovação de omissão de receitas.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Reexame Necessário e dar-lhe provimento. Reformada a
decisão singular, em razão da Improcedência do Lançamento.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 22 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 06 – REALIZADA: 21/02/2013 – 1ª CÂMARA.


PROCESSO: 1500-000388/2001 E CTE N.º 06/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: N.º 021221, DE 04/01/2001.
AUTUADA: KWIKASAIR CARGAS EXPRESSAS S/A.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 043/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – OBRIGAÇÃO


ACESSÓRIA – FATOS GERADORES DE 1996, 1997 E
1998 – AUTO DE INFRAÇÃO DATADO DE JANEIRO
DE 2001 – ADITAMENTO DO AUTO INFRAÇÃO EM
FEVEREIRO DE 2007 – VIOLAÇÃO AO ARTIGO 149,
§ ÚNICO C/C ART. 173 DO CTN –
IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DO LANÇAMENTO –
DECURSO DO PRAZO – DECADÊNCIA CONFIGURADA –
CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXTINTO – INTELIGÊNCIA
DO ART. 156, V, DO CTN.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa KWIKASAIR CARGAS EXPRESSAS S/A, no importe de R$
1.621,00 (mil e seiscentos e vinte e um reais), em razão de a
empresa ter deixado de apresentar os balanços (Declarações do
Movimento Econômico) nos exercícios de 1996 a 1998.

O auto de infração foi lavrado com fundamento no


art. 49, XIV, b, § 1º do RICMS/AL, aprovado pelo Decreto n.º
35.245/91, sendo sugerida a aplicação da penalidade prevista
no art. 116, I, da Lei 5.900/96.

Em sede de defesa administrativa, a autuada alega


que a acusação fiscal de ausência de entrega de balanço,
embora verdadeira, ocorreu devido a circunstâncias alheias a
sua vontade, uma vez que os mesmos existiam, apenas não foram
encontrados para entregar ao fiscal quando exigido.

O agente fiscal, por sua vez, alega que a defesa da


autuada é intempestiva, uma vez que apresentada fora do prazo
legal. No mérito, requer a manutenção do auto de infração.

Foi requisitada diligência (058/2001) no sentido de


ser efetuada nova intimação do sujeito passivo determinando a
apresentação dos balanços exigidos na inicial, uma vez que

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inexiste nos autos a prova da intimação da contribuinte.


Solicita, ainda, que o fiscal justifique o valor da multa
aplicada.

Em resposta, o fiscal alegou não ser necessária uma


nova intimação da autuada, tendo em vista que a autuada já
apresentou os balanços por ocasião de sua defesa, porém os
mesmos não estão autenticados. Quanto à multa, o mesmo alega
que arbitrou o valor constante no auto de infração, em razão
de se tratar de uma multa fixa.

Foi requisitada nova diligência (021/2002), no


sentido de que sejam juntados os livros fiscais necessários ao
julgamento do processo. Em resposta, o fiscal informou a
impossibilidade de cumprir a diligência, uma vez que a empresa
desapareceu.

Mais uma vez foi requisitada diligência (005/2006),


determinando a remessa do processo a SARE a fim de que proceda
a correta instrução do processo. A SARE, por sua vez, remeteu
aos autos para o fiscal autuante a fim de que o mesmo cumpra
as diligências anteriormente solicitadas.

Em resposta, o fiscal autuante aditou o auto de


infração, o que resultou no aumento do crédito tributário para
o importe de R$ 9.823,26 (nove mil, oitocentos e vinte e três
reais e vinte e seis centavos). Registre-se que o aditamento
ocorreu em 08 de fevereiro de 2007, ou seja, mais de 06 (seis)
anos após a lavratura do auto de infração.

A autuada foi intimada do através de correspondência


enviada para o domicílio de seu Diretor, que apresentou
requerimento nos autos dando ciência da sua retirada da função
de Diretor da empresa autuada, inclusive anexando a Ata de
Assembleia Geral Ordinária que comprova sua alegação.

Submetido os autos ao crivo da Coordenadoria de


Julgamento - CJ, esta proferiu decisão no sentido de julgar o
auto de infração parcialmente procedente quanto ao exercício
de 1996, reclassificando a multa para o mínimo legal, porém,
em relação aos exercícios de 1997 e 1998, a CJ declarou a
nulidade da autuação.

No essencial, é o relatório.

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VOTO

Mediante uma simples análise dos autos, percebe-se


facilmente que o mesmo encontra-se recheado de nulidades de
todas as formas e espécies. Porém, existe uma delas que se
destaca, qual seja: a decadência do direito do Fisco para
proceder ao aditamento do auto de infração após mais de 06
(seis) anos de sua lavratura, conforme fundamentação que passo
a expor.

Compulsando atentamente os autos, depreende-se que o


auto de infração foi lavrado em 04 de janeiro de 2001, cujo
objeto refere-se às infrações ocorridas nos exercícios de
1996, 1997 e 1998, enquanto que o aditamento ao auto de
infração ocorreu apenas em 08 de fevereiro de 2007.

Ora, o Código Tributário Nacional preconiza


expressamente em seu art. 149, parágrafo único, que “a revisão
do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública.” A doutrina explica o que se
entende por “não extinto o direito da Fazenda Pública”, senão
vejamos:
“Decadência e preclusão. Mesmo nos casos em que
a revisão do lançamento é admitida pela lei,
existe o fator tempo a ser considerado. Assim,
estabelece o parágrafo único deste art. 149 que
a revisão do lançamento só pode ser iniciada
enquanto não estiver extinto o direito da
Fazenda Pública.
Que direito? A resposta é dada pelo art. 173,
que cuida da extinção do direito de a Fazenda
Pública constituir o crédito tributário. Como o
crédito tributário é constituído pelo
lançamento, pode-se dizer que a revisão deste
somente será possível enquanto não estiver
extinto o direito de efetuá-lo, isto é,
enquanto não se operar a decadência, em razão
do decurso do prazo previsto no art. 173.”
(VLADIMIR PASSOS DE FREITAS - Código Tributário
Nacional Comentado, p. 674)

Neste contexto, não restam dúvidas de que a revisão


do lançamento somente seria possível se efetuada no prazo
previsto no art. 173 do Código Tributário Nacional, isto é,
dentro do prazo de 05 (cinco) cinco anos, contados do primeiro
dia seguinte da ocorrência do fato gerador.

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In casu, o último fato gerador descrito no presente


auto de infração refere-se ao exercício de 1998, o que
significa dizer que o prazo limite para que seja efetuado o
lançamento ou que este seja revisto de ofício pelo agente
fiscal seria 31 de dezembro de 2003.

Em sendo assim, não nos resta alternativa se não a de


extinguir o crédito tributário materializado neste auto de
infração, em razão da decadência do direito do Fisco em
efetuar a revisão do lançamento. É importante esclarecer,
ainda, que o lançamento originalmente efetuado encontra-se
eivado de vício insanável, uma vez que o fiscal aplicou a
multa de forma arbitraria, sem obediência aos ditames legais.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do reexame necessário para dar-lhe provimento, no sentido de
ser extinto o crédito tributário por força da decadência, ex
vi do art. 173 c/c com o art. 149, § único, e art. 156, V,
todos do Código Tributário Nacional.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 21 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

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PROCESSO: 1500-020931/2007; E CTE 179/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: N.º 70.00224-004, DE 21/05/07.
AUTUADO: M H P ARAÚJO.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 044/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL – AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ICMS
– OMISSÃO DE VENDA DE MERCADORIA – INFRAÇÃO
DESCARECTERIZADA – EQUÍVOCOS NO LEVANTAMENTO
DO ESTOQUE DE MERCADORIAS - REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO – DECISÃO DA
CJ MANTIDA. AI IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º


18.605/2012 proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ, que
julgou improcedente o auto de infração n.º 70.00224-004, de
21/05/07, conforme se extrai da ementa do julgamento, a saber:

EMENTA – ICMS. Falta de recolhimento do imposto


constatada mediante levantamento da “Conta
Mercadoria”, realizado nos exercícios de 2002,
2004 e 2005. Inconsistência da planilha elaborada
pelo Fisco para demonstração do débito apurado.
Ausência de provas da materialidade dos fatos
imputados. Ilícitos fiscais não caracterizados.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO IMPROCEDENTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual, nos
termos do art. 48 da Lei n.º 6.771/06.
O auto de infração, objeto deste processo
administrativo fiscal, possui os seguintes elementos:
INFRAÇÃO: Omitiu vendas de mercadorias nos
exercícios de 2002, 2004 e 2005, tomando-se como
base de cálculo a diferença positiva entre o
custo das mercadorias vendidas agregado ao lucro
de 30% e as saídas efetivamente declaradas nos
livros fiscais, fato comprovado através de

ACÓRDÃO CTE Nº 044/2013 Página 1


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levantamento específico na sua conta Estoque de


Mercadorias, considerando o lucro bruto real
acumulado.
FUNDAMENTO LEGAL: Art. 2º, § 12º, da Lei 5.900/96
c/c art. 1.000, do RICMS/AL, aprovado pelo
Decreto n.º 35.245/91, aplicando-se a multa
prevista no art. 84 da Lei 5.900/96.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO (IMPOSTO E MULTA): R$
13.343,79 (treze mil, trezentos e quarenta e três
reais e setenta e nove centavos).
Em sede de defesa, a autuada requer a improcedência do
auto de infração, sob o argumento de que o levantamento
realizado pelo fiscal encontra-se viciado, uma vez que o fiscal
considerou na apuração da infração as mercadorias
comercializadas através de substituição tributária, assim como
não foi excluída do vergastado levantamento as mercadorias
isentas ou não tributadas.
Instada a se manifestar, o autuante reiterou os termos
da autuação, pugnando, ao final, pela sua procedência, sob o
argumento de que a contribuinte não apresentou provas de suas
alegações.
Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário da decisão da Coordenadoria de
Julgamento, nos termos do art. 48, I, da Lei 6.771/96.
No essencial, é o relatório.

VOTO
Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º
18.605/2012 proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ, que
julgou improcedente o auto de infração n.º 70.00224-004, de
21/05/07, por entender que o levantamento realizado pelo fiscal
de tributos não se amolda com os ditames legais estabelecidos na
Lei 5.900/96.

Com efeito, o levantamento da conta mercadoria visa


verificar a exatidão dos lançamentos fiscais efetuados em
determinado exercício por contribuinte que não possua
escrituração contábil para fins de apuração do lucro real,

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tomando-se por base o disposto no art. 2º, §12º da Lei 5.900/96,


in verbis:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do


ICMS no momento:

...

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado


nas saídas tributáveis em operações internas do
contribuinte, a diferença positiva entre a saída
de mercadorias tributadas, tomando como valor o
custo das mercadorias vendidas agregado de 30%
(trinta por cento), e a saída tributada
efetivamente declarada nos livros e/ou documentos
fiscais próprios, apurada no último dia do
exercício financeiro da empresa, na hipótese em
que o contribuinte não possua escrituração
contábil para fins de apuração do lucro real.

No presente caso, depreende-se dos autos que o autuante


não observou legislação tributária estadual com a devida atenção
ao concluir que houve omissão de vendas de mercadorias nos
exercícios indicados, conforme bem consignado pela Coordenadoria
de Julgamento, in verbis:

“Analisando os autos verifica-se que o


procedimento fiscal não se amolda ao fim que se
propõe, pois os parâmetros que resultaram as
diferenças apuradas não estão em conformidade com
o comando legal, senão vejamos.

I – demonstram as cópias de livros fiscais anexas


que parte do valor das mercadorias
comercializadas pela empresa está consignada na
coluna “outras – sem crédito do imposto” ou
coluna “outras – sem débito do imposto”.
Entretanto, conforme planilhas de apuração da
“Conta Mercadorias” de fls. 12 a 14, as operações
ali computadas, todas são tributadas;

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II – o ICMS SOBRE COMPRAS foi computado na


“coluna débito” ao invés da “coluna crédito”;

III – não obstante a juntada de novos documentos


ao processo, não se tem demonstrada a origem dos
valores aproveitados a título de “compras não
contabilizadas”, constantes na coluna “débito”
das referidas planilhas, contrariando o disposto
no art. 891, IV, do RICMS/AL.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do
reexame necessário para negar-lhe provimento, mantendo na
íntegra a decisão da CJ, que julgou improcedente o auto de
infração.

Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 21 de fevereiro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 044/2013 Página 4


SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 06 – REALIZADA: 21/02/2013 – 1ª
CÂMARA.
PROCESSO: 1500-015297/2000 – ANEXO: 1500-015883/2000 –
CTE: 384/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 3274
AUTUADA: PAULO FERREIRA NUNES.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 045/2013

EMENTA – ICMS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE


VENDAS DE MERCADORIAS NOS ANOS DE 1998 E
1999. LEVANTAMENTO FINANCEIRO.
INCONSISTÊNCIA DOS ELEMENTOS
COMPROBATÓRIOS DO ILÍCITO TRIBUTÁRIO
RELATIVO AO ANO DE 1999. AUTO DE INFRAÇÃO
PROCEDENTE EM PARTE. REEXAME NECESSÁRIO
IMPROVIDO. AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE EM
PARTE.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário em virtude da


Decisão de Primeira Instância Administrativa n.º
17.859/11, a qual julgou procedente em parte o auto de
infração n.º 3274 de 26/09/2000, assim ementando:

ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.


1. Lançamento de ofício de crédito
tributário. 2. Omissão de saídas de
mercadorias depreendida de levantamento
financeiro – Lei n.º 5.900/96, artigo 2º,
§§ 9º e 10º. 3. Fato indiciário
(desembolso superior à receita)
parcialmente demonstrado nos autos. 4.
Presunção legal relativa não infirmada
pela defesa. 5. Lançamento PROCEDENTE EM
PARTE. 6. Duplo grau de jurisdição
administrativa necessário – artigos 48 e
49, § 1º, Lei 6.771/06.

O
auto de infração constituiu crédito tributário
no valor de R$ 11.561,61 (imposto e multa do art. 87 da
Lei n.º 5.900/96) pela presunção de omissão de vendas de

ACÓRDÃO CTE Nº 045/2013 Página 1


mercadorias, apurada através de levantamento financeiro
relativo aos anos de 1998 e 1999.

Instrui o processo: demonstrativo de débito;


planilhas “Auditoria do Movimento Financeiro) – 1998 e
1999; cartão de autógrafos; ficha de Atualização
Cadastral; termos de início e encerramento de
fiscalização; livros Diários n.º 13 e 14; e, finalmente,
balanços patrimoniais de 1997 e 1999.

A empresa autuada apresentou defesa pugnando pela


improcedência do lançamento alegando, em síntese: a) que
as mercadorias que comercializa estão sujeitas à
sistemática da substituição tributária; b) deveria ter
sido deduzido pelo fisco o saldo de caixa; c) não há saldo
credor de caixa.

Em sua contrarrazões, o fiscal pediu a procedência


da autuação, face a constatação de despesas efetuadas
através de recursos de origem clandestina.

Intimados da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, o contribuinte e a representação fiscal não se
pronunciaram.

Por fim, os autos foram encaminhados a este


Conselho Tributário para julgamento do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Trata-se da constituição de crédito tributário


pela suposta omissão de vendas de mercadorias, presumida a
partir de levantamento financeiro relativo aos anos de
1998 e 1999, que, a princípio, demonstraria a ausência de
caixa que justificasse despesas efetuadas pela empresa.

O Julgador monocrático, por sua vez, considerou


que os dados levantados pelo fiscal autuante do ano de
1999, notadamente a divergência entre o saldo de caixa em
dezembro 1998 e o saldo de caixa no começo de 1999, são
inconsistentes.

Nesse contexto, verifica-se que a planilha


elaborada pelo fiscal autuante (fls. 15) contém erro que
impossibilita a real apuração da movimentação financeira

ACÓRDÃO CTE Nº 045/2013 Página 2


do ano de 1999 e, em decorrência, a presunção de omissão
de vendas de mercadorias.

Assim, não se desincumbiu o Fisco em demonstrar


a ocorrência dos fatos descritos no auto de infração,
razão pela qual, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do
reexame necessário para negar-lhe provimento, julgando
procedente em parte o auto de infração, mantendo na
íntegra a decisão da Coordenadoria de Julgamento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió, 21 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADORA JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 045/2013 Página 3


SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 06 – REALIZADA: 21/02/2013 – 1ª CÂMARA.
PROCESSO: 1500-010422/1998 - CTE 497/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 1593
EMPRESA: IRMÃOS PINTO & C IA. LTDA
RELATOR: CARLOS HENR IQQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S ILVA FILHO

ACÓRDÃO 046/2013

EMENTA – ICMS. AUSÊNC IA DA


ASSINATURA DO FISCAL AUTUANTE. AUTO
DE INFRAÇÃO NULO. REEXAME
NECESSÁR IO CONHEC IDO E IMPROVIDO.
AUTO DE INFRAÇÃO NULO.

RELATÓRIO

Trata-se da constituição de crédito tributário no importe de R$


19.867,96 (dezenove mil, oitocentos e sessenta e sete reais e noventa e
seis centavos), em razão de o contribuinte ter deixado “de recolher aos
cofres da Fazenda Estadual a Importância de R$ 13.245,31 (treze mil,
duzentos e quarenta e cinco reais e trinta e um centavos) relativo ao
ICMS normal não recolhido durante o exercício de 1995, apurado através
de levantamento da conta corrente do ICMS e verificação de sua escrita
fiscal”.

Foram apontadas transgressões aos artigos 49, II, VI “a”, VIII ,


81 IV “b” e 100 do RICMS, sendo sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 824 do mesmo diploma legal.

Instruem o lançamento: cópia do Cartão de Autógrafo; Relatório


de Dados Cadastrais; Mapa Roteiro de Levantamento Básico da Conta
Corrente do ICM; Relatório de Fiscalização; Ficha informativa de
Registros e Apuração do ICM; cópia do Livro Registro de Apuração do
ICM; e termos de início e encerramento de fiscalização.

ACÓRDÃO CTE Nº 046/2013 Página 1


O contribuinte foi considerado intimado através do edital CAT nº
249-97/0.3, publicado no Diário Oficial do Estado de Alagoas em
20/06/1997.

Termo de revelia lavrado em 07/08/1997.

Em 16/04/1998 os autos foram encaminhados à 1ª CRAF


solicitando providências, “uma vez que o fiscal autuante não assinou o
Auto de infração”. Em 19//08/1998, o auto de infração foi assinado por
fiscal totalmente estranho ao auto de infração.

Através da decisão n.º 18.182/11 a Coordenadoria de Julgamento


julgou nulo o auto de infração por vício de forma, ante a ausência da
assinatura do fiscal autuante.

Intimados, o contribuinte e o fiscal não se manifestaram.

Por fim, os autos foram encaminhados a este Conselho Tributário


para julgamento do reex ame necessário.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 046/2013 Página 2


VOTO

Em análise reexame necessário da decisão da


Coordenadoria que entendeu pela nulidade do auto de infração por vício
de forma, ante a ausência da assinatura do fiscal autuante.

Com razão o Julgador de piso.

Nesse diapasão estabelece o Código Tributário Nacional,


em seu artigo 142, in verbis:

Art. 142. Compete pri vati vamente à autoridade administrativa


constituir o crédito tributário pelo lançamento, assi m
entendido o pr ocedi mento administrati vo tendente a verificar a
ocorrência do fato gerador da obri gação correspondente,
deter minar a matéria tributável, calcular o montante do tributo
devido, identificar o s uj eito passivo e, sendo o caso, propor a
aplicação da penalidade cabível .

A ausência da assinatura no auto de infração corresponde


a ausência da própria autoridade lançadora, situação que
inequivocamente impõe a conclusão da nulidade do documento.

A rigor, nenhum crédito foi constituído.

ACÓRDÃO CTE Nº 046/2013 Página 3


Não se trata de rigor excessivo. Até porque a legislação
estadual dispõe que “incorreções ou omissões não acarretam a nulidade
do processo, quando dele constarem elementos suficientes para
determinar com segurança a natureza da infração e a pessoa do infrator”
(art. 126, § 2º, da Lei 4.4418/82).

No caso dos autos, não há qualquer segurança dos


elementos constantes no indigitado auto de infração, na medida em que o
próprio fiscal que supostamente os não subscreve o documento.

Sobre o tema, os Tribunais têm decidido:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIV IL. EMBARGOS À


EXECUÇÃO FISCAL. INSUFIC IÊNCIA DE GARANT IA.
CONHECIMENTO DOS EMBARGOS. AUTO DE INFRAÇÃO.
AUSÊNCIA DE ASSINATURA DA AUTORIDADE
AUTUANTE. NULIDADE INSANÁVEL. EX ISTÊNCIA DO
CRÉDIT O COMPROMETIDA. I – Confor me pacífica
j urisprudência do STJ, a garantia parcial do j uízo não inibe o
conheci mento dos embar gos à execução fiscal, podendo o
reforço ser efetivado a qualquer tempo. II – A ausência de
assinatura do agente fiscal responsável pela lavratura do auto
de infração (art.10, do Decreto 70.235/72) constitui causa de
nulidade insanável, havendo quem defenda que compromete a
própria existência do ato por ele representado, expondo o
contribuinte a uma série de riscos incompatí veis com a
segurança e transparência que se espera da atividade fiscal. III
– A mera aposição de visto por super visor que não participou
do ato documentado não supre a deficiência essencial
caracterizada pela falta de assinatura. IV – Apelação e remessa
não providas. AC 200002010220909 Desembar gador Federal
ANTONIO HENRIQ UE C. DA SILV A TRF2 DJU -
Data::27/04/2009

ACÓRDÃO CTE Nº 046/2013 Página 4


Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO
CONSELHO TRIBUTÁR IO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, julgando nulo o auto de infração n.º 1593.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió, 21 de fevereiro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE M INEIRO DA PAZ PAULO DE TARSO DA C. S ILVA


JULGADORA JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 046/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:26/02/2013


PROCESSO:1500-016461/2000;ANEXO:016138/2008
CTE-334/12
AUTO DE INFRAÇÃO: 023441
AUTUADA: ATALAIA VEICULOS LTDA.
REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 047/2013

EMENTA – ICMS. FALTA DO


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO.
AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO VÁLIDA DO
CONTRIBUINTE NO PRAZO
DECADENCIAL. DECADÊNCIA
CONFIGURADA. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO. EXTINÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIA

Trata-se de reexame necessário em virtude da


Decisão de Primeira Instância n.º 18.765/2012, a qual
julgou procedente em parte o auto de infração o auto
de infração n.º 023441 que constituiu crédito
tributário correspondente a imposto no valor de R$
5.057,54 (cinco mil e cinquenta e sete reais e
cinquenta e sete centavos) e multa no montante de R$
R$ 5.057,54 (cinco mil e cinquenta e sete reais e
cinquenta e sete centavos), em razão do contribuinte

ACÓRDÃO Nº047/2013 Página 1


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ter deixado de recolher o ICMS “em face de medida


judicial em favor do remetente, impedindo a retenção
do ICMS por substituição tributária, ..., referentes a
operações com combustível ou lubrificante derivados de
petróleo (...)”.

Foram apontadas transgressões ao art. 155,


XII, b da CF 1988, 2º e 7º da Lei Complementar
87/1996, 23, I e 24 , I, parágrafo único, da Lei
5.900/96, 1º, IV e § 2º da Lei 5.572/1993, 458, 461,
§2º e 3º do RICMS. Tendo sido sugerida a penalidade
prevista no art. 79 da Lei 5.900/96.

Instrui o processo: dados cadastrais;


“Planilha para Digitação do Auto de Infração”;
“Demonstrativo do Débito Apurado”; duas notas fiscais;
cartão de autógrafos, dentre outros.

Após a tentativa frustrada de intimar o


contribuinte via postal, houve em 29/11/2000
publicação no Diário Oficial do Estado de Alagoas
edital comunicando a contribuinte acerca da lavratura
do auto de infração.

Em 10/02/2001 houve a confecção do termo de


revelia.

Através de despacho de fls. 30, a DIRAC


entendeu que a tentativa de notificação do
contribuinte via postal não era válida, na medida em
que “à época do envio do AR a firma encontrava-se com
seu cadastro CANCELADO, conforme doc. 05, sendo a
correspondência endereçada à firma, onde a mesma
retornou à SEFAZ, doc. Fl. 12”. Nesse contexto sugeriu
notificação do contribuinte na pessoa dos seus sócios
através de AR/Edital, “uma vez que a empresa encontra-
se atualmente INATIVA-BAIXADA”.

Finalmente, em 29/07/2008, a empresa foi


notificada através de AR.

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A Representação Fiscal e o Contribuinte


tomaram ciência da decisão singular, todavia não se
pronunciaram. Por fim, os autos foram encaminhados a
este Conselho Tributário para julgamento do reexame
necessário.

É o relatório.

VOTO

Trata-se da constituição de crédito


tributário pela suposta falta de recolhimento de ICMS
lastreada em medida judicial em favor do remetente da
mercadoria, impedindo a retenção do ICMS por
substituição tributária.

Muito embora não tenha sido consignado no


auto de infração, as notas fiscais de fls. 08/09
indicam que o fato gerador do imposto em tese ocorreu
no dia 09/02/1998. O auto de infração foi
confeccionado em 09/10/2000, no entanto a constituição
definitiva do crédito tributário somente se operou em
29/07/2008, após a devida intimação do sujeito
passivo.

Isso ocorreu pela inobservância do Fisco que


a empresa encontrava-se com seu cadastro cancelado no
momento que enviou a correspondência para o endereço
da própria empresa. Somente em 2008 o erro foi sanado,
com a intimação via postal para o endereço dos sócios.

Ou seja, no momento em que foi enviada em


2000 a intimação ao sujeito passivo, assim como o
edital publicado em 29/11/2000, a empresa estava com
seu cadastro cancelado, de tal forma que não supriram
a necessidade de intimação.

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O contribuinte em sua defesa requereu a


extinção do crédito tributário em face do lapso
temporal.

Nesse contexto, é inafastável a aplicação do


artigo 173 do Código Tributário Nacional, que dispõe:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-
se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a


decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente
efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere


este artigo extingue-se definitivamente
com o decurso do prazo nele previsto,
contado da data em que tenha sido iniciada
a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de
qualquer medida preparatória indispensável
ao lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5


(cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a
sua constituição definitiva, com a devida intimação do
contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário
pela decadência, a teor do que prescreve o artigo 173
do CTN, in verbis:
Art. 156. Extinguem o crédito
tributário:
I – (omissis);
V – a prescrição e a decadência;

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Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos, conhecer do reexame necessário,
para julgar prejudicado o auto de infração em virtude
da decadência, nos termos do artigo 156 do Código
Tributário Nacional. Crédito tributário extinto pela
decadência.

Sala de Sessões do CTE, 26 de fevereiro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILCA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:26/02/2013


Processo: 1500-018.863/2003 e CTE nº 274/2011.
Anexo: 1500-023.540/2003.
Auto de Infração: 005.986, de 30/06/2003.
Autuada: LOJAS BEM VINDAS LTDA.
Inscrição Estadual: 24.085.619-8.
Decisão Monocrática: 17.716/2011.
Assunto: Reexame Necessário.
Autuante: Ivanise Barbosa Maia.
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
Presidente: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretária: Genilza Coelho de Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO NºO48/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias apurada
através de levantamento financeiro exercicio
de 200l. 1.1) Lançamento Improcedente por
falta de provas. 2) Omissão de vendas
presumida nos termos do artigo 2º, § 12, da
Lei nº 5.900/1996, no exercício de 2002. 2.1)
Infração comprovada. Reduzido o valor do
crédito tributário em razão da aplicação da
penalidade prevista no artigo 79, da Lei nº
5.900/1996. 2.2) Lançamento Procedente em
Parte. 3) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a Decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa LOJAS BEM VINDAS LTDA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
31.185,63 (trinta e um mil, cento e oitenta e cinco reais e
sessenta e três centavos), por haver a empresa autuada:

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1) No exercício de 2001, omitido vendas


proveniente de diferença apurada no levantamento financeiro.

2) No exercício de 2002, omitido vendas


proveniente das vendas registradas incompatíveis com o
percentual de lucro mínimo exigido pela legislação.

Apontados como infringidos os artigos 49, II,


VII, VIII, e parágrafo único; 54, I; 130; 136; 269 e 1000, do
RICMS/91; 50, da Lei nº 5.900/1996. Sendo sugerida a aplicação
da penalidade prevista no artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruida com a FAC - Ficha de


Atualização Cadastral; Declaração Anual do Contribuinte – DAC
(2001 e 2002); cópia do LRAICMS (2001 e 2002); demonstrativo
de apuração do débito (2001 e 2002); cópia dos Termos de
Início e Encerramento de Fiscalização; e Mapa Roteiro do
Levantamento Financeiro de 2001.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o


lucro mínimo exigido pela legislação estadual não condiz com a
realidade atual do comércio; as operações de compras e vendas
de 2001 são financeiramente viáveis. Por fim, pede que o auto
de infração seja improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões alegando


a legalidade do lançamento por considerar que o mesmo foi
efetuado com base na legislação estadual e nos documentos da
empresa; a defesa é insubsistente devendo ser determinada a
revelia. Por fim, pede a procedência do auto de infração.

Em 28/02/2011, foi proferida a Decisão nº


17.716/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1- Omissão de Saídas baseada em


hipotético levantamento financeiro; 1.1- Não
observados os requisitos essenciais inerentes
ao levantamento => não investigada a possível
existência de compras a prazo - artigos 774 e
775 do RICMS/91, e art. 2º, §10 da Lei
nº5.900/96, com redação dada pela Lei
nº5.979/97; 1.2- Falta de provas; 1.3-
IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO; 2- Diferença

ACÓRDÃO Nº048/2013 Página 2


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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

tributável apurada com base no §12 do art. 2º


da Lei nº5.9000/96, com redação dada pela Lei
nº5.979/97; 2.1- Conjunto probatório
determinante para definir a natureza da
infração e a motivação do lançamento; 2.2-
Ato administrativo endireitado pelo julgador,
sem que o fato tenha acarretado prejuízo à
defesa do sujeito passivo, §1º do art. 7º da
Lei nº6.771/2006; 2.3- PROCEDÊNCIA PARCIAL DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO; 3- Duplo
grau de jurisdição administrativa necessário,
art. 48, I da Lei nº6.771/2006.

A autuada foi intimada da decisão singular e


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.716/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento constante do auto de infração nº 005.986.

Observe-se que o Reexame Necessário tem por


motivo a redução no valor do crédito tributário.

1) NA PRIMEIRA INFRAÇÃO

A análise dos autos demonstra que o Mapa


Roteiro do exercício de 2001, elaborado pelo fisco (fls. 65 e
72, processo inicial), não retrata o levantamento financeiro
de competência da fiscalização (artigos 774, e 775, do
RICMS/91; e 2º, § 10, da Lei nº 5.900/96, na redação da Lei nº
5.979/97, haja vista, nele constarem apenas os valores
referentes a entradas e saídas de mercadorias, deixando o
fisco de apropriar outras rubricas da Conta Caixa, referentes
as despesas e as receitas. Assim, tal erro de procedimento
aliado a falta de provas afasta a omissão de saídas apurada
mediante levantamento financeiro. Nesta infração o Lançamento
é Improcedente como acertadamente decidiu o julgador singular.

2) NA SEGUNDA INFRAÇÃO

A omissão de vendas de mercadorias oriunda


do registro de vendas incompatível com o percentual de lucro

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mínimo exigido, 30% (trinta por cento), no exercício de 2002,


efetivamente ocorreu; ficando a infração comprovada, sendo o
lançamento procedente. Observe-se, porém, que foi aplicada a
penalidade prevista no artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, na
redação da Lei nº 7.079/2009, haja vista, que a penalidade
sugerida na peça inicial, àquela prevista no artigo 84, mesma
Lei, foi revogada e sua multa reclassificada (reclassificação
qualificada) para o referido artigo 79, acarretando redução no
valor do crédito tributário como consta da decisão singular.
“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em
situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, julgar
o Lançamento Procedente em Parte e a decisão singular não
merece qualquer reforma. Sendo que nesta situação o crédito
tributário tem como valor o que abaixo se encontra
demonstrado.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercício ICMS Multa Total


2002 R$ 3.239,09 R$ 1.619,54 R$ 4.858,63

O crédito tributário no valor de R$ 4.858,63


(quatro mil, oitocentos e cinquenta e oito reais, sessenta e
três centavos), deverá ser recolhido com os acréscimos legais.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 26 de fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 08 – Realizada em 28/02/2013 – 1ª Câmara
Processo n.º 1500-012355/1996; CTE nº 324/2010
Auto de Infração n.º 020539, de 01/04/1996.
Recorrente: Estado de Alagoas
Recorrido: ASTRAL Comércio Exportação e Importação Ltda.
Fiscal Autuante: Ricardo Queiroz de Araujo – Mat. 29.770
Conselheiro Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
Presidente: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
Secretária: Genilda Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 050/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – AUSÊNCIA DE


RECOLHIMENTO DO ICMS – INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA DEFICIENTE – ÔNUS DA PROVA DA
FAZENDA PÚBLICA – INFRAÇÃO NÃO
CARACTERIZADA – AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE - REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO - DECISÃO DA CJ
MANTIDA NA ÍNTEGRA PELOS SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração lavrado em desfavor da contribuinte ASTRAL


COMERCIO EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA, no importe de R$ 92.981,35
(noventa e dois mil, novecentos e oitenta e um reais e trinta e cinco centavos), em razão de
supostamente ter cometido a seguinte infração:

“Após efetuar o preenchimento do MAPA roteiro nº LF05-


levantamento da conta financeira, onde ficou constatado que o
contribuinte deixou registrar vendas, cujos recursos foram aplicados
em pagamentos, durante o exercício de 1995, fato constatado através
do confronto entre comprovantes de receitas e despesas, no valor
base de cálculo, de R$ 290.575,76 (Duzentos e noventa mil e
quinhentos e setenta e cinco e setenta e seis centavos), gerando um
crédito de ICMS, para a Fazenda Pública Estadual, no valor de R$
49.397,87 (Quarenta e nove mil e trezentos e noventa e sete e oitenta
e sete centavos), e multa, no valor de R$ 29.638,72 (Vinte e nove mil e
seiscentos e trinta e oito reais e setenta e dois centavos).

Finalizando, foi apurado através do levantamento físico do estoque,


diferença nas vendas no valor base de cálculo, de R$ 51.267,54
(Cinquenta e um mil e duzentos e sessenta e sete reais e cinquenta e
quatro centavos), gerando um ICMS, no valor de R$ 8.715,48 (Oito
mil reais e setecentos e quinze reais e quarenta e oito centavos), e

Acórdão CTE nº 050/2013 1


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multa, de R$ 5.228,28 (Cinco mil e duzentos e vinte e oito e vinte e
oito centavos).”

Segundo consta no auto de infração, a autuada infringiu os seguintes


dispositivos legais da legislação tributária estadual, a saber: artigos 65 §2º I e 73 IV, de 12 de
junho de 1988, sendo sugerida a penalidade cominada no artigo 98, da lei nº 5.077, de 12 de
junho 1989.

A Autoridade acostou ao Auto de Infração a cópia dos dados cadastrais do


contribuinte, cartão de autógrafo, ficha informativa de registros e apuração do I. C. M, mapa-
roteiro, controle quantitativo de mercadorias – CQM, cópia dos livros de registro de entrada,
saída, inventário e apuração do ICMS, formando este processo administrativo nº 1500-
012355/1996 e 1500-003927/1996.

A autuada foi validamente notificada da autuação em 08 de março de 1996,


ocasião em que restou silente quanto à autuação, não apresentando qualquer tipo de
resistência, motivo pelo qual foi lavrado o competente termo de revelia (fls. 94), datado de 18
de junho de 1996.

No entanto, após a lavratura do termo de revelia, a Autuada apresentou defesa


pugnando pela improcedência do auto de infração, sob o argumento de que o auto de infração
possui inúmeras falhas insanáveis, especialmente quando no confronto de receitas e despesas
não foi considerado as compras a prazo nem tampouco as saídas realizadas através de
máquina registradora.

Em resposta à defesa, o fiscal autuante alegou que o fato de não discriminar os


meses em que a empresa não tinha receitas não foi efetuado, pois o Mapa Roteiro utilizado
por esta fiscalização não contempla tal exigência. Por fim, alega que a documentação
apresentada a esta fiscalização não dispunha dos lançamentos de saídas realizados através de
máquina registradora.

Foi requisitada diligência (045/2004) no sentido de o fiscal autuante


complementar o acervo probatório constante nos autos com a consequente devolução de prazo
para defesa.

Em resposta, o fiscal alegou que procurou a empresa no endereço que consta


no auto de infração, assim como seus representantes legais, porém não logrou êxito, pois a
mesma não se encontrava estabelecida naquele logradouro e os vizinhos não sabem
informações sobre seu “paradeiro”, ressaltando que o contribuinte encontra-se com situação
cadastral “NÃO HABILITADO”. Diante do exposto, solicita que autuada seja notificada a
comparecer a SEFAZ, a fim de apresentar documentos que comprovem a sua defesa.

Foi requisitada nova diligência (153/2006), no sentido de que sejam juntados


os livros fiscais necessários ao julgamento do processo. Em resposta, o fiscal informou a
impossibilidade de cumprir a diligência, uma vez que a empresa desapareceu.

Mais uma vez foi requisitada diligência (005/2006), determinando a remessa


do processo a SARE a fim de que proceda a correta instrução do processo. A SARE, por sua

Acórdão CTE nº 050/2013 2


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vez, remeteu aos autos para o fiscal autuante a fim de que o mesmo cumpra as diligências
anteriormente solicitadas.

Submetido os autos à Coordenadoria de Julgamento, esta, através da decisão


nº. 18.159/2011 julgou totalmente improcedente a autuação, em razão da ausência de provas
da infração, mormente quando fiscal autuante reconhece que sequer analisou os livros e
documentos fiscais da empresa.

Assim, chegam os autos a este Conselho Tributário Estadual para análise do


reexame necessário, de acordo com o artigo 48, I da Lei nº. 6.771/2006.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Trata-se de reexame necessário da decisão nº. 18.159/2011 originária da


Coordenadoria de Julgamento – CJ, que julgou totalmente improcedente o auto de infração n.º
020539, de 1º de janeiro de 1996, por entender que o fiscal autuante não conseguiu comprovar
as alegações materializadas no auto de infração.

Analisando atentamente os autos, percebe-se o acerto na decisão da CJ quanto


à improcedência da autuação, especialmente quando o próprio fiscal reconhece que não
analisou os lançamentos formalizados através de máquina registradora (fls. 265),
demonstrando, sem sombra de dúvida, a inconsistência da autuação. Vejamos o que preconiza
a CJ em sua decisão:

“Acerca da segunda imputação – a omissão de saídas apuradas


mediante levantamento físico de estoque – observa este juízo que,
como suscita o Pedido de Diligência n.º 045/2004, o servidor
responsável pela ação fiscal “deixa claro não ter havido a análise
dos livros e documentos do contribuinte indicada para a fiscalização
realizada, muito menos a formação de um conjunto probatório hábil
a demonstrar a ocorrência das infrações capituladas na inicial”,
fato este que motivou tentativas de instrução processual intentadas
por esta Coordenadoria.

(...)

Conclui este juízo, portanto, que apesar de existirem nos autos


indícios da conduta de omissão de saídas, constatados por dois tipos
de levantamentos diferentes e que podem ter englobado os mesmos
valores, tais indícios não são suficientes para sustentar nenhuma
das infrações apontadas, ante a inexistência de um conjunto
probatório para tanto, respondendo a Fazenda Pública pela

Acórdão CTE nº 050/2013 3


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consequência de sua não produção por se tratarem estes de fatos
constitutivos do crédito tributário, razão pela qual decide este juízo
singular pela improcedência do lançamento.”

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DE


JULGAMENTO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conheço do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a
decisão da Coordenadoria de Julgamento pelos seus próprios fundamentos, declarando
improcedente o auto de infração.

Sala de sessões do Conselho Tributário Estadual, em Maceió/AL, 27 de fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA JULGADORA (Pelas Conclusões)

CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO


JULGADOR

Acórdão CTE nº 050/2013 4


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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SESSÃO ORDINÁRIA Nª 08 – Realizada em 28/02/2012 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-00324/2000 ANEXO: 1500-06181/2000
AUTO DE INFRAÇÃO: 03746 - CTE: 347/2011
INTERESSADO: PEREIRA ROCHA COM. E IMP. LTDA.
REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 051/2013

EMENTA: ICMS. PRESUNÇÃO DE


OMISSÃO DE VENDAS DE
MERCADORIA. LEVANTAMENTO
ESPECÍFICO DA CONTA.
INSUFICIÊNCIA DE CAIXA
CARACTERIZADO E NÃO
CONTESTADO PELO
CONTRIBUINTE. REDUÇÃO DA
MULTA. ART. 79 DA LEI 5.900.
RECURSO ORDINÁRIO E
REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDOS E IMPROVIDOS.
AUTO DE INFRAÇÃO
PROCEDENTE

Trata-se de crédito tributário no valor de R$ 13.106,75 (treze


mil, cento e seis reais e setenta e cinco centavos), correspondente a R$
5.242,70 (cinco mil, duzentos e quarenta e dois reais e setenta centavos)
de ICMS e R$ 7.864,05 (sete mil, oitocentos e sessenta e quatro reais e
cinco centavos) de multa, “por ter efetuado vendas de mercadorias
tributáveis em operação interna sem documentação fiscal. Fato
comprovado pela insuficiência do Caixa apurada através de levantamento
específico desta conta, considerando-se os documentos de receitas e
despesas efetuadas pelo contribuinte no período examinado”.

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Acórdão CTE nº 051/2013 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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Foram considerados infringidos os artigos 2º, § 9º e 11º, 31 e


50 da lei 5900/96, artigo 49, II, VII e VIII do RICMS. Sendo sugerida a
penalidade prevista no artigo 87 da lei 5900/96.

Instrui o processo: dados cadastrais, cartão de autografo,


planilha para digitação do auto de infração, auditoria do movimento
financeiro e duplicatas e recibos de terceiro quitados, dentre outros.

O contribuinte apresentou contestação pugnando pela


nulidade do auto de infração, alegando que a diferença de movimentação
encontrada não foi detalhada adequadamente. Aduziu, ainda, que a
diferença presumida foi aporte de capital efetuado pelos sócios, face a
grave crise existente no mercado consumidor naquele momento.

O autuante, apresentando suas contrarrazões, afirma que o


contribuinte, em não apresentando os documentos comprobatórios do
aporte de capital por ele referido, teria feito por mero "esquecimento".
Alega ainda, que a diferença encontrada na auditoria procedida trata-se
de "caixa dois".

Em decisão de primeira instancia, contida as fls. 102/106, do


anexo 1500-06181/2000, o julgador singular julgou procedente o auto de
infração referido, alterando, entretanto, penalidade imposta ao
contribuinte ao aplicar o artigo 79 da lei 5900/96, em lugar do artigo 87
da mesma lei, contido no auto de infração em tela, reduzindo o crédito
tributário para R$ 7.864,05 (sete mil, oitocentos e sessenta e quatro reais
e cinco centavos).

Intimado, o contribuinte interpôs recurso ordinário


renovando suas alegações de defesa ao auto de infração. A Representação
Fiscal pugnou pela manutenção da decisão da Coordenadoria de
Julgamento.

Por fim, os autos foram encaminhados ao CTE para


julgamento do reexame necessário e recurso ordinário.

E o relatório.

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Acórdão CTE nº 051/2013 2


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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VOTO

Em análise recurso ordinário e reexame necessário em


virtude da decisão da Coordenadoria de Julgamento, que decidiu pela
procedência do auto de infração, que constituiu crédito tributário em
razão da presunção de omissão de vendas de mercadorias no exercício de
1998.
A mencionada presunção tem como lastro auditoria realizada
pelo fiscal autuante, baseada em declaração do próprio contribuinte e
documentos fiscais da empresa, todos anexados ao auto de infração.

Analisando dos elementos constantes nos autos, verifica-se


facilmente a insuficiência de caixa no ano de 1998. Vale dizer que o
próprio contribuinte reconhece esse fato. Seja através de sua defesa ou
mesmo pelos dados contidos em sua declaração à fl. 08 dos autos
principais.

No caso em comento deve ser levada a efeito a presunção


legal da omissão de vendas de mercadorias pela insuficiência de caixa,
levantada pelo fiscal e confessada pela empresa recorrente.

Diferentemente do que alega a recorrente em seu recurso, o


auto de infração está robustamente comprovado através dos documentos
colacionados, que evidenciam o cometimento da infração tributária.

Por outro lado, também concordo com o julgador de piso ao


reclassificar a multa para o art. 79 da Lei 5.900/96, por ser mais benéfica
ao contribuinte.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade

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Acórdão CTE nº 051/2013 3


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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de votos, conhecer do recurso ordinário e reexame necessário para, no


mérito, negar-lhes provimento, mantendo na íntegra a decisão da
Coordenadoria de Julgamento.

Sala do CTE, em Maceió, 28 de fevereiro de 2013

SÉ RGI O GUI L HE R ME A. D A S. FI LHO C AR L O S H E N RI QU E M . B R AN D ÃO


P RE SI DE NT E RE L AT O R

ODE T E MI NE I R O D A P AZ M ARI A LOP E S MI LH O MES


J U LG AD O R A J U LG AD O R A

P AU LO DE T AR SO D A CO ST A SI L V A
J U LG AD O R

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Acórdão CTE nº 051/2013 4


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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SESSÃO ORDINÁRIA Nª 08 – Realizada em 28/02/2012 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-002581/1998 ANEXO: 1500-002582/1998
AUTO DE INFRAÇÃO: 064686
CTE : 98/2012
REEXAME NECESSÁRIO
INTERESSADO: J. LOPES COMERCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA
AUTUANTE: EDNAR T. BARROS
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO

ACÓRDÃO Nº 052/2013

EMENTA – ICMS. FALTA DE


ESCRITURAÇÃO DOS LIVROS
REGISTRO DE INVENTÁRIO,
REGISTRO DE APURAÇÃO DO ICM,
REGISTRO DE UTILIZAÇÃO DE
DOCUMENTOS FISCAIS E TERMOS DE
OCORRÊNCIAS E REGISTRO DE
SAÍDAS. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRATIVO DETALHADO DO
DÉBITO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. AUTO DE
INFRAÇÃO NULO.

Trata-se de reexame necessário em virtude da Decisão de


Primeira Instância n.º 18.423/2011, a qual julgou nulo o auto de infração n.º
064686 que constituiu crédito tributário correspondente à multa no valor de
770 UPFAL, em razão de o contribuinte ter deixado de escriturar na forma e
prazo regulamentares livros fiscais.

Foram apontadas transgressões aos arts. 275 e 269 do Decreto


n.º 35245/91. Tendo sido sugerida a penalidade prevista nos arts. 859 e 865
do mesmo diploma legal.

Instruem o processo, dados cadastrais e Cópias dos livros


Registro de Inventário, Registro de Apuração do ICM, Registro de Utilização
de Documentos Fiscais e termos de Ocorrências e Registro de Saídas.

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Acórdão CTE nº 051/2013 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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Muito embora não conste a intimação do contribuinte, foi


lavrado “Termo de Revelia” em 16/03/1996.

Posteriormente, em 10/03/1998, a empresa apresentou defesa


juntamente com cópias dos livros tidos por não escriturados, alegando, em
síntese: a) que não é verdade que os livros não foram escriturados; b) que é
comércio varejista de combustíveis, substituído no pagamento do ICMS.

O fiscal pugnou pela procedência do auto.

O processo foi baix ado em diligência por duas vezes, a fim de


que o fiscal apresentasse demonstrativo do débito, nos moldes do artigo 891
do R ICMS.

As diligências não foram atendidas.

A Coordenadoria de Julgamento decidiu pela nulidade do Auto


de Infração, assim ementando:

Ementa: ICMS. 1. Falta de escrituração dos livros fiscais: a)


Registro de Inventário; b) Registro de Apuração do ICMS; c)
Registro de Utilização de Documentos Fiscais e termos de
Ocorrências; d) Registro de Saídas de Mercadorias. 2. Não
apresentação da Declaração do Movimento Econômico.
Equivocado demonstrativo do crédito tributário apurado.
LANÇAMENTO NULO, por vício de forma, nos termos do art.
2º, “b”, da Lei Federal 4.717/1965.
Remessa dos autos ao Conselho Tributário Estadual para
reexame necessário, nos termos do art. 48, inciso I da Lei nº
6.771/2006.

Intimados, a Representação Fiscal e o contribuinte não se


manifestaram.

É o relatório.

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Acórdão CTE nº 051/2013 2


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
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VOTO

Com razão a Coordenadoria de Julgamento.

Observa-se que nos autos não consta qualquer planilha dos


cálculos utilizados pelo fiscal autuante que demonstre a exatidão do crédito
apurado, imprescindível à sua inscrição em dívida ativa.

Sobre o tema, dispõe o artigo 891 do R ICMS:

Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser


instruído, consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
I – (...)
II – demonstrativo detalhado do débito,
datilografado, sem rasuras ou emendas não
ressalvadas:

A ausência do demonstrativo detalhado do débito


impossibilita a aferição da certeza do valor apurado pelo fiscal autuante e,
em decorrência, mitiga a observância aos princípios constitucionais do
contraditório e ampla defesa.
Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA
DO CONSELHO TRIBUTÁR IO ESTADUAL, por unanimidade conhecer do
reexame necessário para negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a
decisão da Coordenadoria de Julgamento. Auto de infração nulo.

Sala de Sessões do CTE, 28 de fevereiro de 2013.

SÉ RGI O GUI L HE R ME A. D A S. FI L HO C AR L O S H E N RI QU E M . B R AN D ÃO
P RE SI DE NT E RE L AT O R

ODE T E MI NE I R O D A P AZ M ARI A LOP E S MI LH O ME S


J U LG AD O R A J U LG AD O R A

P AU LO DE T AR SO D A CO ST A SI L V A
J U LG AD O R

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Acórdão CTE nº 051/2013 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO Nº: 1500-007568/1996; CTE 162/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 069563, de 21/11/1995.
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: A INSINUANTE COMÉRCIO LTDA.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 053/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DO RECOLHIMENTO


DO IMPOSTO. DEFICIÊNCIA NA
INSTRUÇÃO DO LANÇAMENTO FISCAL.
INVIABILIDADE DA SUA MANUTENÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 118, PARÁGRAFO
ÚNICO, DA LEI 4418/82 -
IMPROCEDÊNCIA DA AUTUAÇÃO. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO PROVIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise


deste Colegiado Administrativo conforme imposição da norma
jurídica contida no art. 48, da Lei n. 6.771/2006 (PAT),
isto em vista da Decisão n. 17.263/2010, da Douta
Coordenadoria de Julgamento, donde resultou na sucumbência
da Fazenda Estadual em face do reconhecimento da
improcedência da autuação.

Segundo a decisão em reexame, o autuante haveria


deixado de instruir suficientemente o seu trabalho com
documentos de onde teriam sido extraídas as respectivas
informações, especialmente a contagem física do estoque,
invalidando, assim, a presunção de omissão de receitas.

Regularmente intimados, fiscais autuantes e


contribuinte se quedaram silentes.

Este é o relatório.

Passo a decidir.

VOTO

De início, convém delimitarmos o exato objeto de


exame por parte desta instância administrativa ad quem.

ACÓRDÃO CTE Nº 053/2013 Página 1


Pois bem. Em se tratando de reexame de ofício, a
matéria a qual devemos nos debruçar refere-se,
exclusivamente, àquela em que a Fazenda Estadual fora
sucumbente, salvo temas cujo reconhecimento seja de ofício.

No caso, a proposta de reexame deve perpassar pelas


conclusões da instância singela dispostas no relato supra.

Assim como bem pontuado pela Coordenadoria de


Julgamento, a autuação não foi instruída com uma série de
informações essenciais a legitimar o levantamento. Não há
cópias da contagem física do estoque, por exemplo.

De fato, exsurge dos autos a ausência de documentos


que instruam suficientemente a materialidade informada pela
fiscalização como hábil a fazer irromper o vínculo jurídico
que estabelece ao contribuinte o dever de recolher
determinada quantia a título de tributo ao Estado.

Tais situações contrariam o que exige o art. 118,


parágrafo único, da Lei n. 4.418/82, que exige a regular
instrução com elementos que sirvam a demonstrar a certeza e
liquidez do crédito tributário, situação que não se percebe
dos autos. Confira-se o texto do preceptivo:

Art. 118 - As ações ou omissões contrárias à


Legislação Tributária, serão apuradas em Processo
Administrativo Fiscal (PAF).

Parágrafo único - O Processo Administrativo


Fiscal inicia na repartição fiscal competente,
mediante autuação dos documentos necessários à
apuração da liquidez e certeza do crédito
tributário não regularmente recolhido,
organizando-se à semelhança de autos forenses,
com folhas devidamente numeradas e rubricadas.
(grifamos)

No mesmo sentido o art. 891, IV, do RICMS/AL, in


vebis:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser instruído
com: (...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato


argüido, inclusive cópias dos documentos que
serviram de base para a apuração das
irregularidades.

ACÓRDÃO CTE Nº 053/2013 Página 2


Enfim, a deficiência da instrução prejudica a
autuação, isto em virtude da impossibilidade deste Órgão
Julgador aferir os fatos relatados.

Sobre a matéria, e destacando a importância da


regular instrução do lançamento fiscal, abalizadas são as
lições da professora Doutora MARIA RITA FERRAGUT, em artigo
publicado no livro Curso de Especialização em Direito
Tributário. Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de
Barros Carvalho. Editora Forense. Rio de Janeiro. 2005, p.
314/315, as quais recortamos algumas passagens e abaixo
reproduzimos:

“O distanciamento entre o objeto e o juízo,


construído pelo ser cognoscente a seu respeito, é
inevitável. (...)

A verdade encontra-se ligada à prova, pois é por


meio desta que se torna possível afirmar idéias
verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou
certificar-se de sua exatidão jurídica. Ao
direito somente é possível conhecer a verdade por
meio das provas. (...)

Ao referir-se a fatos, a prova deverá evidenciar


a correspondência entre o enunciado e a
manifestação do evento. (...) Atingir o evento,
que é passado, é impossível, bastando para o
mundo jurídico construí-lo de forma a provar sua
existência ou inexistência.”

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, no sentido de conhecer da presente remessa
necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de março de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 053/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-030472/2004; CTE 533/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 041686, de 03/09/2004.
RECORRENTE: AUTO POSTO CAMELO LTDA
AUTUANTE: GENIVAL LIMA DE CARVALHO
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 054/2013

EMENTA: ICMS.OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.DECURSO


DO PRAZO QUÍNQUENAL ENTRE O FATO GERADOR
APONTADO E A INTIMAÇÃO DO SUJEITO
PASSIVO. DECADÊNCIA. INCIDÊNCIA DA REGRA
DO ART. 150, §4 DO CTN. REEXAME DE
OFÍCIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. EXTINÇÃO
DO CREDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame ex ofício que chega para


análise deste Colegiado Administrativo em atenção à regra do
art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face do teor da Decisão n
° 18.294/2011, da Douta Coordenadoria de Julgamento, que
declinou pela improcedência da autuação.

Antes do reavaliação proposto, prudente uma breve


incursão nos atos e fase já vencidos.

Pois bem.

A peça de lançamento relatou a omissão de vendas e


a consequente falta de recolhimento do imposto, o que teria
sido apurado mediante levantamento de estoque de
mercadorias, em que se considerou o lucro bruto acumulado
dos exercícios de 1999 e 2000.

Após tentativa infrutífera de intimar o


contribuinte em sua sede social, este foi finalmente

ACÓRDÃO CTE Nº 054/2013 Página 1


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notificado com a intimação do sócio da empresa em


07/07/2006.

A defesa tempestivamente apresentada sustentou


exclusivamente a decadência dos créditos tributários,
resguardando-se o contribuinte a discutir o mérito após a
devolução dos documentos referentes ao período do
lançamento, os quais sustentou estar de posse do fiscal
autuante.

O processo então seguiu para julgamento,


tendo a Coordenadoria de Julgamento entendido pela
improcedência do auto de infração, sob a justificativa de
serem insuficientes para confirmar a materialidade da
conduta relatada os documentos que instruíram a peça
acusatória.

Intimados, contribuinte e representação


fiscal quedaram-se silentes.

Em essência, são esses os fatos relevantes ao


julgamento do reexame de ofício.

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VOTO

Embora concordando com as conclusões a que chegou


a Douta Coordenadoria de Julgamento ao retratar a ausência
de elementos fáticos probatórios suficientes à conformação
da materialidade da autuação, entendo, em que pese o §1º do
art. 23 do PAT (Lei n ° 6.771/2006), que trata da defesa
administrativa do contribuinte, prescrever que “A matéria
relacionada com a situação que constitua o objeto da lide
deverá ser alegada de uma só vez.”, partimos da premissa de
que existem matérias que deverão ser objeto de apreciação de
ofício e preliminar pelo julgador, entre elas a existência
de eventual decadência dos créditos lançados pelo auto de
infração.

Nesta esteira estão, inclusive, os precedentes dos


Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda, o que,
aliás, se colhe de passagem do acórdão da 3ª Câmara do
Segundo Conselho lavrado nos autos do processo n °
13964.000083/00-18, de relatoria do Conselheiro,
representante fazendário, o Prof. Emanuel Dantas de Assis:

“Decadência é matéria de ordem pública, a ser reconhecida de


ofício quando estabelecida por lei, como, aliás, já
determina o art. 210 do Código Civil de 2002. Somente a
decadência convencional é que não é suprida de ofício,
embora possa ser requerida a qualquer época, não se
submetendo à preclusão (art. 211 do mesmo Código).”

Neste sentido está também a recente jurisprudência


do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

RECURSO ORDINÁRIO – MANDADO DE SEGURANÇA – ADMINISTRATIVO –


REDUÇÃO DE PROVENTOS – DECADÊNCIA – MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA
– RECONHECIMENTO DE OFÍCIO – 1. Consoante orientação firmada
por esta corte, o ato que implica na redução de proventos é
de efeitos concretos, razão pela qual a impetração de
mandado de segurança contra tal ato deve ocorrer no prazo
legal de cento e vinte dias, sob pena de decadência.
Ressalva do entendimento da relatora. 2. A decadência,
matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de ofício em
sede de recurso ordinário. Precedentes. 3. Processo extinto
com julgamento do mérito. (STJ – ROMS 200201435897 – (15463)
– SC – 6ª T. – Relª. Min.Maria Thereza de Assis Moura – DJU
19.11.2007 – p. 00291)

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Também assim vem entendendo este Colegiado


Administrativo em diversos de seus julgados.

Portanto, em razão da competência desta instância


administrativa julgadora para apreciar de ofício a questão
da decadência de eventuais créditos tributários lançados na
ação fiscal, assim passamos a proceder.

A decadência em matéria tributária possui regime


jurídico próprio, e é regida, por delegação constitucional
(CF, art. 146, inciso III, alínea ‘b’), pelo Código
Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu


regras sobre o comentado instituto jurídico (decadência), em
vista, precipuamente, da modalidade de lançamento adotada
para cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento


por homologação, ao qual está sujeito o ICMS, o prazo
decadencial é regido pelo 4º do art. 150 do CTN, cuja
redação se transcreve:

Art. 150. (...)

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5


(cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Assim, em sendo o marco inicial do prazo


decadencial fixado, em lei, pela ocorrência do fato gerador,
ou seja, pela realização no mundo fenomênico da hipótese
normativa contida na regra matriz de incidência tributária,
o que se efetiva com a saída da mercadoria do sujeito
passivo (saída do gás para Sergipe), deduz-se que observados
05 (cinco) anos sem que o Fisco se pronuncie sobre os
procedimentos/recolhimentos fixados no caput e demais §§ do
citado art. 150, estariam estes tacitamente homologados,
logo, decaída a faculdade da autoridade fazendária de revê-
los. Isto diante da extinção do crédito, por homologação
tácita, na dicção dos citados dispositivos legais.

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Sobre o assunto cumpre atentarmos para a sempre


abalizada lição de JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO, para quem
“tendo sido realizados os fatos geradores do IPI, ICMS, ISS,
Cofins, PIS, o Fisco só poderá efetuar o lançamento no prazo de
cinco anos contados de cada fato, ou período de apuração (mensal,
se for o caso). Tendo a empresa vendido mercadorias em 20 de
setembro de 2001, sem considerar o ICMS, o Fisco só poderá lançar
este tributo dentro de cinco anos contados a partir de 1º de
outubro de 2001, com termo final em 30 de setembro de 2006.” 1.

No caso em apreço, em tendo sido o sujeito


passivo, ora Recorrente, notificado da lavratura do auto de
infração em 07 (sete) de julho de 2006 (dois mil e cinco) 2 ,
tem-se como consectário que eventuais créditos tributários
apurados em 1999 e 2000 estão decaídos, logo, extintos, na
esteira do art. 156, inciso V, do CTN.

Isto posto, ACORDÃO OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO


CONSELHO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
integrando as razões acima às da instância singela, conhecer
do reexame de ofício, para negar-lhe provimento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de março


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

1
In Lançamento Tributário e Decadência. Dialética. Fortaleza: 2002, p. 361.
2
“Até que o sujeito passivo seja notificado, o auto de infração carece de eficácia, como título
hábil para afastar a decadência do direito de constituir o crédito tributário.” (REsp
73.594/PR. STJ, 1ª T, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. DJU 04.03.96)

ACÓRDÃO CTE Nº 054/2013 Página 5


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ACÓRDÃO CTE Nº 054/2013 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

PROCESSO: 1500-028084/2002 e CTE 126/2012.


ANEXO(S): 1500-017053/2004 e 1500-034193/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 029839.
AUTUADA: KARAKOLA COMÉRCIO E REP LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.97669-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.162/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Neuda Cavalcante Abreu.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra o
contribuinte KARAKOLA COMÉRCIO E REP LTDA, já devidamente
qualificado nos autos, do lançamento de crédito, derivado de
multa, pelos fatos de, em tese, o sujeito passivo não ter
comunicado à Secretaria de Fazenda o encerramento de suas
atividades comerciais, não apresentado 500 (quinhentas) notas
fiscais, 01 (um) livro fiscal e não entregue 01 (uma)
Declaração de Informação Mensal do ICMS – DIM - solicitados
pelo Diário Oficial do Estado.
Como substratos legais foram dados como infringidos o
art. 49, II, III e IV do Regulamento do ICMS aprovado pelo
Decreto nº 35.245/91, e proposta a aplicação das penalidades
previstas nos art. 119, I, “a”, II, “a” e “b” e art. 130, II,
da Lei nº 5.900/1996.
Em síntese, temos o seguinte percurso administrativo
processual dos autos: em impugnação, o contribuinte confirmou
que deixara de comunicar ao Fisco o encerramento das
atividades do estabelecimento, por desconhecer a legislação,
porém, não reconhece as infrações de não apresentação de
livros e documentos fiscais. Isso porque não tinha
conhecimento da solicitação para apresentá-los. Afirma que os
livros e documentos fiscais encontram-se devidamente
autenticados e escriturados, na matriz e na posse de seu
contador. Informa ainda que está entrando com solicitação de
baixa da sua inscrição estadual. Requer nova apreciação dos
motivos que originou o auto de infração e que o mesmo seja
cancelado.
Em sede de contrarrazões, o fiscal autuante alega que o
Auto de Infração decorreu de tarefa fiscal, balizada no
Relatório Informativo da Situação Fiscal do Contribuinte e
ACÓRDÃO Nº 126/2012 Página 1
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Relatório Geral de AIDF por Contribuinte. Afirma que o


contribuinte foi notificado para se pronunciar por via de
editais. Espelha-se na afirmativa do sujeito passivo,
referente à baixa da inscrição estadual, para afirmar a
procedência da autuação.
Proferida a Decisão nº 18.162/2011, de Primeira
Instância, tendo a julgadora singular decidida pela
procedência em parte do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória. 1.


Deixar de requerer à repartição fazendária
a baixa de sua inscrição cadastral, em
decorrência do encerramento de atividades
do estabelecimento, constitui infração à
legislação tributária – ilícito fiscal
caracterizado. 2. Presunção legal de
extravio de livros e documentos fiscais –
descaracterizado o extravio por não ter se
consumado a presunção preconizada no §10,
do art. 50, da Lei nº 5.900/1996.
Intimação prévia sem seguir a ordem posta
pelo art. 131, da Lei nº 4.418/1982.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário
Estadual, nos termos do art. 48, inciso I,
da Lei Estadual n° 6.771/2006.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário, o


julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na forma
estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimada da Decisão de Primeira Instância em 24/09/2011,
a autuada apresentou Recurso Ordinário ao Conselho Tributário
Estadual em 11/10/2011, objetivando a alteração única e
exclusivamente do valor da multa fixada na decisão singular.
Coloca que em vez da multa aplicada de 100 (cem) vezes a
Unidade Padrão Fiscal do Estado – UPFAL – conforme redação
dada pela lei nº 6.556/2004 ao art. 130 da Lei nº 5.900/96,
deveria, pelo princípio da irretroatividade, ser aplicada 10
UPFAL em redação anterior à referida alteração do art. 130.
Em resposta, pedindo pela manutenção da decisão nº
18.162/2011, o representante fiscal argumenta que o fato de não
comunicar à repartição fazendária a baixa de sua inscrição
cadastral, em decorrência do encerramento de atividades do
estabelecimento, é incontroverso, já que foi confirmado pelo sujeito
passivo devendo permanecer a multa de 100 UPFAL.
ACÓRDÃO Nº 126/2012 Página 2
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É o relatório.
VOTO
Tratando inicialmente do Reexame Necessário, delimito o
voto à análise da improcedência do lançamento efetivado por
meio do Auto de Infração nº 029839, sob o fundamento da
irregularidade na intimação do sujeito passivo requerendo a
apresentação de livros, notas fiscais e Declaração de
Informação Mensal do ICMS – DIM – todos solicitados para
apresentação ao Fisco estadual exclusivamente pelo Diário
Oficial do Estado conforme Edital nº 32/2002.
Verificando o suposto extravio de livro e notas fiscais,
acertadamente decidiu o julgador singular. O fato jurídico do
possível extravio deles determina a existência da devida
intimação, contendo a solicitação dos documentos 1. Sendo que
ficou constatado que em nenhum momento houve intimação válida,
conforme os meios elencados no art. 131 da Lei nº 4.418/82 2,
para apresentação dos referidos livro e talonários, de acordo
com a redação aplicável à época, já que a referida intimação
foi única e exclusivamente por via de edital publicado na
imprensa oficial.

Lei nº 5.900/96:

Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição deverão, de acordo com a respectiva
atividade e em relação a cada um de seus estabelecimentos:
.....
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-se prova em contrário, o livro fiscal, documento fiscal ou formulário
contínuo,que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual, não tenha sido entregue no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
...

2
Art. 131 - A intimação será feita:
I - pelo autor do procedimento ou outro servidor a quem for conferida a atribuição, comprovando-se pelo
"ciente" do intimado, seu mandatário ou preposto;
II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por quem proceder à intimação;
III - pela ciência dada na repartição ao interessado ou seu representante, em razão de comparecimento
espontâneo ou a chamado do órgão onde se encontre o processo;
IV - por via postal, comprovando-se pelo "Aviso de Recepção (AR)", assinado pelo intimado, seu representante
ou por quem o fizer em seu nome;
V - por edital.
§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na forma dos incisos I a IV deste artigo, a intimação será feita por
edital, anexando-se uma via ao processo e certificando-se nos autos a sua publicação, com indicação da página e
da data do Diário Oficial.
...
ACÓRDÃO Nº 126/2012 Página 3
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Como se observa pela norma posta, a intimação por Edital


deveria ser a última providência a ser adotada pela Fazenda
quando da solicitação dos documentos ao contribuinte, após
tentativas frustradas de intimação pessoal ou por via postal
(§ 1º, do art. 131, da lei nº 4.418/82).
Quanto à DIM, apesar da obrigação por parte do
contribuinte de entrega desse documento fiscal sem a
necessidade de intimação prévia, o que averiguo dos autos é
que não se sabe qual DIM está faltando entregar. O auto de
infração faz referência ao Edital nº 32/2002 que solicitava as
DIMs dos anos de 1997 a 2001. Já o Relatório Informativo da
Situação Fiscal do Contribuinte informa da omissão de 3 (três)
DIMs de 2002. Qual DIM falta entregar então? Ou seja, não há
como o contribuinte se defender de tal fato implicando nesse
caso cerceamento de defesa.
Como se vê claramente nos autos, os fundamentos
utilizados pelo Douto Julgador da Coordenadoria de Julgamento
estão corretos. Não foram atendidas pelo autuante tais
exigências probatórias para fundamentar seu lançamento de
ofício, tendo como conseqüência jurídica a não comprovação das
situações de fato das infrações aqui analisadas em sede de
reexame necessário.
Quanto ao recurso ordinário, em sede preliminar, temos
que, de acordo com o art. 32 da Lei nº 6.771/2006 3, o edital de
intimação da ciência da decisão nº 18.162/2011 foi publicado,
em 29 de agosto de 2011 e, estando a autuada com sua inscrição
cadastral em situação inativa-baixada, a intimação pessoal
endereçada à representante legal da empresa, por meio de Aviso
de Recebimento – AR, entregue em 24/09/2011 (sábado).
Há, nesta situação de recebimento da intimação no
endereço constante no Cadastro de Contribuintes do Estado,
presunção legal da efetividade da intimação 4.

3
Art. 32. O sujeito passivo será intimado da decisão ou acórdão por meio de edital, publicado no Diário Oficial
do Estado, devendo ser remetida, por meio de AR, correspondência para o seu endereço tributário, dando-lhe
conhecimento dessa intimação.
Parágrafo único. Considera-se efetivada a intimação na data do recebimento do AR no endereço tributário do
intimado.
4
Lei 6.771/06:
Art. 12. Considera-se efetivada a intimação:
...
§ 1º Presume-se cientificado o sujeito passivo ou interessado, por via postal, quando houver o recebimento do
AR no local correspondente ao seu endereço tributário, constante no Cadastro de Contribuintes do Estado

ACÓRDÃO Nº 126/2012 Página 4


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Averiguo também que a recorrente apenas protocolou


recurso junto a este Conselho Tributário no dia 11/10/2011.
De acordo com o § 1º do art. 45, da lei nº 6.771 5, de
2006, que disciplina sobre o processo Administrativo e
Tributário no estado de Alagoas, o prazo para apresentar
recurso ao Conselho Tributário Estadual é de 15(quinze) dias
contínuos, contados da ciência da decisão, excluído o dia de
início e incluído o dia do vencimento, estes sempre devendo
ser dias de expediente normal no órgão 6.
Logo, o prazo iniciou-se em 26/09/2011 e finalizou em
10/10/2011, o recurso voluntário resta indubitavelmente
intempestivo, devendo ser indeferido de plano 7. Descabe,
portanto, análise da peça recursal por este juízo
administrativo.
Diante do exposto, voto no sentido de conhecer da
presente remessa necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO,
mantendo na íntegra a decisão singular ora em reexame e não
conhecer do recurso voluntário por manifesta intempestividade
ressalvado o direito de a autuada recorrer quanto ao
reconhecimento da intempestividade, perante o Pleno desse
Conselho, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência
desta decisão, nos termos do art. 5.º, § 2.º da Lei nº
6.771/06 8.

5
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
II -...
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
6
Lei 6.771/2006:
Art. 9º Os prazos processuais serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia de início e incluindo-se o dia
do vencimento.
§ 1º Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal no órgão em que tramite o processo ou
onde deva ser praticado o ato.
7
Lei nº 6.771/2006:
Art. 5º A petição será indeferida de plano pela autoridade ou órgão responsável pela apreciação da matéria,
conforme o caso, se intempestiva, se postulada ou assinada por pessoa sem legitimidade ou se inepta, vedada a
recusa de seu recebimento ou protocolização.
§ 1º A petição será considerada:
I - intempestiva, quando apresentada fora do prazo legal;
8
Lei nº 6.771/2006:
Art. 5º...
§ 2º É assegurado ao interessado o direito de impugnar o indeferimento da petição declarada intempestiva,
viciada de ilegitimidade ou inepta no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência, mediante petição dirigida à
autoridade ou órgão competente imediatamente superior àquele que proferiu o indeferimento.
ACÓRDÃO Nº 126/2012 Página 5
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Quanto ao argumento da impossibilidade da aplicação da


multa em 100 (cem) UPFAL, verifico que tal multa já estava
vigendo à época do lançamento pela redação dada ao art. 130 da
Lei nº 5900/96 pelo art. 1º da Lei nº 6.005/1998. Aplicar as
10 (dez) UPFAL requeridas pelo contribuinte conforme redação
originária do citado art. 130 seria dar efeito de
ultratividade da norma já revogada quando da ocorrência do
fato aqui julgado.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 05 de outubro de 2012.

Mário Sérgio Martins de Castro


Relator

EMENTA- ICMS. Obrigação Acessória.


Extravio de livros e documentos
fiscais: irregularidade na
intimação. Nao identificação do
período da DIM não entregue:
cerceamento de defesa. Reexame
necessário conhecido, para negar-
lhe provimento. Recurso Ordinário
não conhecido em razão da
intempestividade de sua
apresentação. Decisão Singular
mantida na integra.

ACÓRDÃO Nº 126/2012 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-009229/2004
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 009785 de 13/04/2004
AUTUADA: DUMONT BEBIDAS LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 056/2013

Ementa: Recurso de ofício. Redução da


penalidade descrita no art. 79 da lei
n. 5.900de 1996. Penalidade mais
benéfica ao contribuinte Art. 106, II
“C”. Recurso conhecido e improvido.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a decisão


singular nº 18.433/2001. Esta, por sua vez, julgou pela
procedência parcial do lançamento do crédito tributário do
Auto de Infração em epigrafe.

No referido Auto de Infração, consta que a empresa


recorrida deixou de recolher ICMS incidentes sobre as
exportações, assim foi determinando o recolhimento de R$
50.113,03(cinquenta mi, cento e treze reais e três centavos)
sendo imputada a multa descrita no art. 79 da lei nº 5.900/96,
que a época da lançamento correspondia a 100%(cem por cento)
do crédito lançado.

A Coordenadoria de Julgamento, após analisar a defesa do


contribuinte, julgou parcialmente procedente o lançamento do
crédito tributário, nos termos da ementa abaixo:

EMENTA: ICMS. Falta de recolhimento do


imposto incidente na importação de
mercadorias no estabelecimento
importador, não se comprova a
existência de qualquer medida judicial
suspendendo a exigência fiscal. Ilícito
fiscal comprovado. Redução da
penalidade, em vista de alteração
legislativa. PROCEDÊNCIA PARCIAL DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

ACÓRDÃO CTE Nº 056/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Reexame necessário pelo Conselho


Tributário Estadual, nos termos do art.
48 da Lei Estadual nº 6.771/06 (duplo
grau de jurisdição administrativa
necessário).

Percebe-se que o lançamento foi mantido em sua


integralidade, com exceção do crédito decorrente da sanção
imposta que reduziu em razão da mudança da legislação.

Intimado o contribuinte e a representação fiscal do teor


da decisão esses quedaram silentes.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 056/2013 Página 2


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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto acerca do reexame necessário da decisão nº
18.433/2012, que decidiu pela procedência parcial do crédito
tributário em tela.

Ora, quanto à aplicação da multa, deve-se observar que no


caso em liça sequer houve alteração da capitulação da multa,
pois o julgador singular manteve o art. 79 da lei nº 5.900/96,
alterando apenas o percentual da multa que passou de 100% para
50%. Logo, observando-se o princípio da retroatividade da lei
mais benéfica, previsto no art. 106, II “C” do CTN, vê-se o
acerto do julgado singular.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso, para negar-lhe provimento, mantendo a
decisão singular e, pois, pela procedência em parte do
lançamento do crédito tributário.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió, 22/02/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 05/03/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO N º.: SF 1500-005122/1996 – CTE 134/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 070693 de 04/10/1995
RECORRIDO: Mapel – Maceió e Peças – Ltda.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO Nº 057/2013

EMENTA: PROCEDIMENTO ESPECIAL. Não


conhecimento do recurso voluntário.
Art. 46 da Leil 6.771/2006

Relatório

Trata-se de recurso voluntário com a finalidade de


reformar a decisão nº. 18.282/2011 proferida pela
Coordenadoria de Julgamento, a qual entendeu pela procedência
total.

Consoante o Auto de Infração dispõe, o contribuinte


não recolheu o ICMS decorrente de substituição tributária,
pois foi constatado em operações de aquisição de mercadorias
sujeitas ao regime de substituição que não houve a retenção
antecipada do tributo devido pelo remetente.

O julgado singular ao observar que os argumentos de


defesa se prendiam exclusivamente a inconstitucionalidade da
norma que fundamente a o lançamento, entendeu pela
procedência do mesmo, sem apreciar o mérito, consoante se
observa da ementa abaixo:

EMENTA – ICMS – Obrigação principal – Falta de


recolhimento do imposto em operações de aquisição
de produtos sujeitos ao regime de substituição
tributária sem a retenção antecipada, pelo
recorrente, do tributo devido – Defesa versada em
arguição de inconstitucionalidade de legislação
infraconstitucional – Impossibilidade exame do
mérito (ex vi art. 23, §3º da Lei 6.771/06) –
Autuação PROCEDENTE.

Em sede de Recurso voluntário, o contribuinte


arguiu, primeiramente, a prescrição intercorrente, ao afirmar

Acórdão CTE 057//2013


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que a partir da lavratura do auto de infração tem inicio o


prazo prescricional, e como transcorreram mais de cinco anos
entre a constituição do crédito(04/10/1995) e a ciência da
decisão que julgou procedente o lançamento
tributário(17/11/2011), teria decorrido a prescrição
intercorrente, alega ainda que:

1. A nulidade do lançamento por vício de


forma, sob o argumento de que não foram
cumpridos os requisitos do decreto nº
35.245/1991, ao não ser identificada a
atividade econômica do contribuinte, bem
como por não constar o dia, hora e local da
lavratura;

2. O lançamento é nulo por ser baseado em


legislação revogada, ao demonstrar que a
auto de infração descreve com infringidos
os arts. 15, XIII e art. 17, III § 1º e §
2º do decreto nº 35.245/1991, os quais
foram revogados pelo art. 57 do decreto
1.147/2003;

3. As operações interestaduais de compra de


petróleo, lubrificantes e combustíveis
líquidos são imunes;

4. A multa de 100%(cem por cento) seria


confiscatória;

Ao se manifestar sobre as razões recursais a


representação fiscal afirmar que:

1. Reconhece a morosidade do trâmite


processual, porém não há norma que
reconheça a prescrição intercorrente;

2. As nulidades arguidas não preenchem as


hipóteses da norma estadual descritas no
art. 7º da lei nº 6.771/2006;

3. A norma que fundamenta o lançamento estava


em vigor quando da lavratura do auto,
portanto aplicada ao caso concreto;

4. Não há imunidade nas operações, pois as


notas fiscais não demonstram o recolhimento
do imposto pelo remetente;

Acórdão CTE 057//2013


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É o relatório

Pelo exposto, ACORDAM OS MENBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
observando que o valor do crédito tributário não ultrapassa o
valor de 400(quatrocentos) UPFAL, nos termos do art. 36 do
inciso II da Lei nº 6.771/2006, vê-se que o procedimento
aplicado ao caso em liça é o especial, portanto em atenção ao
art. 46 da Lei nº 6.771/2006, não conhecer do Recurso
Ordinário.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de março de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

Acórdão CTE 057//2013


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO: 1500-014040/11; CTE-198/12
ANEXOS: 1500-090011/09 (04 VOLUMES); 1500-021128/11; 1500-
013679/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.00947-001
RECORRENTE: A.S.DOS SANTOS - PAPELARIA
AUTUANTE: WELLINGTON VASCONCELOS DE SOUZA – Mat. 51.602
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 058/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, o autuante mencionou:
“PLANILHA COM O DEMONSTRATIVO DO DÉBITO ANEXA AO AUTO DE
INFRAÇÃO”, segundo a qual consiste no confronto de valores
fornecidos pelas Administradoras de Cartões de Crédito e os
valores efetivamente registrados a título de saídas pela
empresa autuada, conforme fls. 06 e 07.

ACÓRDÃO CTE Nº 058/2013 Página 1


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Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, demonstrativo do débito, DAC,
Relatórios de Movimentações Financeiras das Administradoras
de Cartões de Crédito VisaNet, Hipercard e cópias, dos
termos de início e encerramento de fiscalização, da Intimação
Fiscal de nº 7000947/002, dos Ofícios DIPLAF de Nºs. 023 a
033/2009, seguidos das Intimações Fiscais de Nºs. 56.702 a
56.713 e Extratos do Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa requer em sede de


preliminar a nulidade da autuação em razão do cerceamento de
defesa, assim como em decorrência da quebra do sigilo fiscal
sem autorização judicial.

Por ocasião da contestação da defesa, o eminente


Representante Fiscal alega que o Dec. nº. 3.724/01 instituiu
um procedimento administrativo fiscal para a “quebra” do
sigilo fiscal onde duas condições são indispensáveis,
procedimento de fiscalização em curso e indispensabilidade da
violação de dados. Condições estas observadas na presente
autuação.

Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. 1. A argüição de cerceamento do direito de defesa e
contraditório será rejeitada porque os autos do PAT ficaram
disponíveis ao representante legal da pessoa jurídica. 2. As
operações de vendas com recebimento por meio de cartão de
crédito e/ou débito são passíveis de averiguações fiscais. 3.
A opção do Simples Nacional não exclui a incidência do ICMS
nas operações de saídas de mercadorias desacompanhada de
documento fiscal. 4. A instituição legal de novo critério de
apuração posterior a ocorrência do fato gerador não está
obrigado a observância do princípio da irretroatividade e da
anterioridade. 5. A circunstância material que dá ensejo a
presunção legal de saídas de mercadorias tributadas em
operação interna sem o pagamento do imposto foi devidamente
caracterizada e provada tendo embasamento na diferença de

ACÓRDÃO CTE Nº 058/2013 Página 2


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valores entre o relatório das Administradoras de cartão de


crédito e débito com o Extrato do Simples. 6. Não será
acolhido o tipo penal tributário sugerido do art. 83 da Lei
n. 5900/96, mas aplicada a penalidade disposta no art. 79 da
mesma Lei. 7. Lançamento do crédito tributário PROCEDENTE em
parte. 8. Reexame necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, ratificando os termos da sua defesa na
primeira instância, requerendo a nulidade do processo e da
decisão recorrida em razão da quebra ilegal do sigilo
bancário e do cerceamento de defesa.

Por ocasião das contra razões do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da decisão recorrida, aduzindo
inclusive o seu acerto mediante a correção da tipificação da
penalidade com a aplicação do art. 97 ao invés do art. 83,
todos da Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

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Voto.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração a
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 09,11,12 e 13, os fatos
típicos da infração, faz constar a falta de recolhimento do
ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de diferença
das vendas realizadas mediante cartões de crédito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo
tempo falta de recolhimento do ICMS em razão da falta de
escrituração dos documentos fiscais relativos às operações de
saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos docs.
fiscais (Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro
próprio, apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei
nº. 5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de

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infrações, desde que as mesmas estivessem bastante


instruídas, o que não se verificou.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01/02/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/032/2013


PROCESSO: 1500-015694/11; CTE-281/12
ANEXOS: 1500-090667/09 (03 VOLUMES); 1500-033813/11; 1500-
020317/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.01221-001
RECORRENTE: CACAU SHOW ALAGOAS COMÉRCIO DE CHOCOLATES LTDA-
EPP
AUTUANTE: JORGE RICARDO DE SOUZA – Mat. 51.572
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 059/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, o autuante assim
consignou: “Deixou de recolher o ICMS, decorrente da omissão
de saídas relativas às operações/prestações, cujos pagamentos
foram realizados, por meio de crédito/débito, fato comprovado
através do confronto entre os valores de vendas, informados
pelas Administradoras de cartão de crédito/débito (VISANET,
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REDECARD, AMERICAN EXPRESS e HIPERCARD)/ Livro de Apuração do


ICMS (Período: 01/01/2007 a 30/06/2007) e DASN(Período:
01/07/2007 a 31/07/2009)”.

Como dispositivos transgredidos foram apontados


dentre outros, os incs. II e V do § 9º do Art. 2º e o Art.
83, todos da Lei nº. 5.900/96.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, demonstrativo do débito,
Relatórios de Movimentações Financeiras das Administradoras
de Cartões de Crédito VisaNet, Redecard, Hipercard e cópias,
da Intimação Fiscal de nº 7001221/002, do Livro Reg. de
Apuração do ICMS, dos Termos de início e encerramento de
fiscalização, dos Ofícios DIPLAF de Nºs. 023 a 033/2009,
seguidos das Intimações Fiscais de Nºs. 56.702 a 56.713, das
Declarações Anual do Simples Nacional e dos Extratos do
Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa requer em


sede de preliminar a nulidade da autuação em razão da ofensa
ao princípio da legalidade tributária, quando da aplicação da
alíquota de 17% (dezessete por cento) ao invés da alíquota
entre 1.25% a 3.95%, cerceamento de defesa, assim como em
decorrência da quebra do sigilo bancário sem autorização
judicial.

Por ocasião da contestação da defesa, o


eminente Representante Fiscal alega que a omissão de vendas
foi observada mediante confronto entre as vendas declaradas
ao Fisco pela impugnante e os valores constantes nos extratos
fornecidos por administradoras de cartões de crédito/débito,
cujo fornecimento das informações tem como embasamento legal,
o § 11, incs. I e II, do Art. 50 da Lei nº. 5.900/96.

Submetido o presente litígio fiscal a


julgamento por parte da instância monocrática, a mesma
concluiu pela procedência do lançamento nos termos da
seguinte ementa: “ICMS – PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.

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Lançamento de ofício de crédito tributário e impositivo de


penalidade. 2. Descumprimento de obrigação tributária
principal. Omissão de saídas. 3. Revelia. 4. Supressão legal
da jurisdição administrativa fiscal pelos efeitos da revelia.
Envio dos autos à Diretoria de Representação Fiscal-DIRF,
por força do artigo 13, § 2º, da Lei nº 6.771/06.

Não obstante a recomendação para remessa dos


autos à Representação Fiscal por parte do julgador de
primeira instância, diante da suposta revelia da autuada, a
mesma não fora atendida e em ato contínuo efetivou-se a
devida notificação da empresa da decisão de piso.

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando o requerimento de nulidade da
autuação em razão da ofensa ao princípio da legalidade, da
amplitude da defesa, assim como em decorrência da quebra do
sigilo bancário e do cerceamento de defesa consistente no não
conhecimento da sua defesa sob o fundamento de
intempestividade da mesma por parte do julgador monocrático,
quando à luz do EDITAL-DIRAC Nº 186/2011, de 06.09.2011, a
defesa foi apresentada tempestivamente, pelo menos levando em
consideração a sua boa-fé diante dos termos do reportado
edital, segundo o qual padece de invalidez diante dos artigos
11, incs. II e III, “c” e 12, III, todos da Lei nº. 6.771/06
não comportando assim a conclusão pela revelia da autuada.

Por ocasião da contestação do recurso, A


Representação Fiscal, preliminarmente, admite erro da
Administração ao publicar o EDITAL-DIRAC Nº 186/2011,
conforme mandamento contido no Art. 12, § 1º, da Lei do PAT,
concluindo pela análise da defesa apresentada pela autuada,
apontando como dispositivo legal o Art. 14, parágrafo único,
da Lei nº. 6.771/06 e no mérito, reitera os mesmos argumentos
quando da contestação da defesa da recorrente.

Em síntese é o relatório.

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VOTO.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 13 e 14 os fatos típicos da
infração, faz constar a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo
tempo aponta no lançamento falta de recolhimento do ICMS em
razão da falta de escrituração dos documentos fiscais
relativos às operações de saídas, sem, no entanto,
identificar os respectivos docs. fiscais (Notas Fiscais) sem
a devida escrituração no livro próprio, indicando como
embasamento legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o
qual disciplina, in verbis: “Falta de recolhimento do
imposto, no todo ou em parte, quando os documentos fiscais
relativos às respectivas operações de saídas não estejam
escriturados regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA
– equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

De forma que, os atos praticados com preterição


do direito de defesa no Processo Administrativo Tributário
são nulos, conforme mandamento previsto no Art. 7º, inc. II,
da Lei nº. 6.771/06, verbis:

“Art. 7º São nulos:”

I – (...)

“II – os atos praticados e as decisões proferidas


com preterição do direito de defesa;”

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem instruídas, o que
não se verifica.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula por vicio formal a autuação por ofensa ao
princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05/03/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 02 – REALIZADA: 18/01/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-013203/2011 e CTE nº 206/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00871-001.
AUTUADA: Zenite Almeida de Azevedo ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.38188-1
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.603/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário e reexame necessário.
AUTUANTE(S): Louise Amaral de Araújo.
RELATOR: Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho.
VOTO DE VISTA VENCEDOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

ACÓRDÃO Nº06 /2013

EMENTA- ICMS. Obrigação


Principal. falta de recolhimento
de ICMS pelo sujeito passivo
devido à omissão de saídas
relativas às operações/prestações
realizadas nos quais os
pagamentos foram feitos pelos
adquirentes por meio de cartão de
crédito/débito ou similares,
cujos documentos fiscais
relativos a estas operações de
saídas não estavam escriturados
regularmente nos livros fiscais
próprios. Defeso ao julgador
alterar a materialidade dos fatos
narrados no auto de infração.
Nulidade da decisão recorrida.
Recurso conhecido e provido. Retorno
dos autos à primeira instância para
novo julgamento.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
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crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.
Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:
art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31, I, II e art. 50, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada as penalidades previstas nos artigos 83 e 93 da Lei
nº 5.900/96.
Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que o
levantamento fiscal seria inconsistente, pois a empresa
estaria no regime do Simples Nacional no período fiscalizado,
estando suas vendas comprovadas por meio de notas fiscais D-
1.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que o conjunto probatório trazido pela fiscalização comprova
que os pagamentos das vendas por via de cartão de
crédito/débito foram muito maiores que os montantes de vendas
declarados pelo contribuinte.
Proferida a Decisão nº 18.603/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em fazer
o recolhimento de tributos por meio do
Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS nas operações de saídas de
mercadorias desacompanhada de documento
fiscal. 2. Não procede a alegação do
sujeito passivo uma vez que todas as
vendas com documento fiscal e declaradas
no Extrato do Simples Nacional foram
consideradas e subtraídas do montante
recebido pelas Administradoras de
Cartões. 3. A circunstância material que
deu ensejo a presunção legal foi provada
com a juntada de cópia do Extrato do
Simples, e dos documentos recebidos das
Administradoras de Cartões, de onde
foram extraídos e confrontados os
valores que resultou na Base de Calculo
omitida do ICMS não recolhido. 4. Não
será acolhido o tipo penal tributário

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sugerido do art. 83 da lei 5.900/96,
aplicação da penalidade disposta no art.
79 da mesma Lei. 5. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte.
6. Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimado da decisão supracitada, por via de Recurso
Ordinário, a autuada pede a nulidade ou a “insubsistência”
tanto do auto de infração quanto da decisão de piso devido à
falta de comprovação material do ilícito fiscal, não havendo
fato gerador nem multa a serem cobrados. Também há de se
considerar os créditos pertinentes às entradas e os
antecipados já pagos.
Em resposta, pedindo pela procedência da ação fiscal, o
Representante Fiscal argumenta que pelo acervo probatório
acostado nos autos ficou constatada a presunção legal de
falta de recolhimento do imposto pelas saídas de mercadorias
tributáveis sem a documentação fiscal correspondente,
conforme confronto de informações declaradas pelo autuado e
os fornecidos pelas administradoras de cartão de
crédito/débito. Além do que o sujeito passivo não trouxe
provas que afastasse a acusação e crédito tributário aqui
cobrado.
É o relatório.

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VOTO

Tratando primeiramente do recurso ordinário, correta


está a defesa recursal colocada pelo contribuinte ao afirmar
a falta de comprovação da materialidade posta na decisão a
quo, o que implicaria em sua nulidade.

Isso porque a descrição fática narrada na peça inicial


é o não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas
de mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios” (grifo nosso) (pg.
02 do processo principal).

O que se extrai do lançamento de ofício é que no plano


dos fatos existiam notas fiscais relativas a essas operações
e que elas não foram escrituradas nos livros próprios. Até
porque só se pode escriturar notas fiscais já emitidas

Tal fato tem sua individualidade bem delineada,


inclusive com seu correspondente abstrato previsto na norma
do art. 83 da Lei nº 5.900/96 1

Porém o que se vê na decisão de piso é que houve


alteração da realidade material, uma nova descrição dos fatos
imputados ao contribuinte pelo julgador monocrático, quando
afirma que “... os documentos fiscais das operações de saídas
não escriturados regularmente nos livros fiscais mencionados
na descrição fática se referem aqueles documentos que
deixaram de ser emitidos e escriturados em razão da omissão
de receitas...”. Ou seja, diversamente do exposto na peça
vestibular, onde haveria a existência de documentos fiscais,
o julgador de piso conclui que não houve a emissão das notas
fiscais quando da ocorrência das operações em que incidiriam
o ICMS.

1
Art. 83 - Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os documentos fiscais relativos às
respectivas operações de saídas não estejam escriturados regularmente nos livros fiscais próprios:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.

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Não cabe ao julgador dar nova interpretação ao fato
material em que se baseia o lançamento de ofício. Pode sim
configurar definição jurídica diversa da que constar no auto
de infração. Uma decisão administrativa que altera
materialidade dos fatos lançados de ofício agride os
princípios da segurança jurídica e da legalidade 2, além de
ocorrer arbitrariedade e cerceamento de defesa em prejuízo ao
contribuinte 3.

Temos aqui que o livre convencimento do julgador não


pode ser confundido com arbítrio para modificação da
realidade dos fatos. Como bem leciona Neder e Lopez 4:
“Afinal, o contribuinte não se defende da capitulação legal
da infração e sim, da descrição fática, dos fatos, nela,
narrados”.

Tanto é assim que a lei que rege o nosso processo


administrativo tributário claramente proíbe que o julgador
modifique as circunstâncias matérias que originaram o auto de
infração 5.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por maioria de votos,no sentido de
conhecer do recurso ordinário dando-lhe provimento, de forma
que, à luz do Art. 7º e 30, da Lei nº. 6.771/06, a decisão
prolatada pelo julgador monocrático é nula por alterar a
materialidade dos fatos narrados no auto de infração nº
70.00871-001. Pelo motivo da nulidade da decisão, também
acordam pelo não conhecimento do reexame necessário.

2
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade, da verdade material, da
ampla defesa e do contraditório, sem prejuízo de outros princípios de direito.
3
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
...
4
Marcos Vinícius Neder, Maria Teresa Martinez Lópes. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3ª
ed. São Paulo: Dialética, 2010. Pg 285.
5
Art. 30. Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em que se fundou o ato original de
constituição do crédito tributário, poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da que
constar no auto de infração, inclusive relativamente: (grifo nosso)
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Intime-se a recorrente e em seguida retornem os autos à
primeira instância para uma nova decisão, observando que a
lei que rege o nosso processo administrativo tributário
claramente proíbe que o julgador modifique as circunstâncias
matérias que originaram o auto de infração.

Ressalva-se que os Conselheiros Álvaro Almeida Filho e


Luciano Maya Gomes concordam com as razões acima delineadas,
entretanto, em atenção ao art. 249, p. 2º, do CPC, entendiam
desde já pela possibilidade do julgamento do mérito do
lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 18 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUUR LOPES DE ALMEIDA


PRESIDENTE(acompanhou voto de vista) RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR(voto de vista vencedor)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR(acompanhou relator) JULGADOR(acompanhou voto de vista)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO: 1500-018816/2001 E CTE 556/2011.
ANEXO(S): 1500-021673/2001 E 1500-001224/2003.
AUTO DE INFRAÇÃO: 067439.
AUTUADA: L F TELEINFORMÁTICA LTDDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.98242-8-6
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.346/11.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE(S): MARIA DAS GRAÇAS T. CORTEZ.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 060/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Omissão de entradas e saídas de
mercadorias apurada através de
levantamento físico de estoque. Valor
excluído em julgamento singular não
excede a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL. Remessa necessária não
conhecida. Decisão de piso mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração do lançamento de crédito
tributário composto de imposto e multa originariamente no
valor de R$ 4.418,31 (quatro mil, quatrocentos e dezoito
reais e trinta e um centavos), pelos fatos de, em tese, o
sujeito passivo, conforme levantamento específico de estoque
no exercício de 2000 e no período entre 01/01/2001 e
25/06/2001, ter adquirido e vendido mercadorias tributáveis
sem documentação fiscal.
Foram considerados infringidos o art.50, I da Lei
5.900/96 e o art. 49, II, III e IV do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto n.º 35.245/91. Aplicaram-se as
penalidades dos art. 84 e 97 da Lei 5.900/96.
Instruem os autos, como provas principais da infração:
cópia dos termos de inicio e encerramento de fiscalização
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lavrados em livro fiscal próprio, demonstrativo do débito,
planilhas de “Controle Físico de Estoque de Mercadorias”
relativas aos exercícios de 2000 e 2001, relatórios de
Movimentação de Mercadorias referentes às entradas e saídas
no período fiscalizado, Termo de Contagem de Estoque, lavrado
em 21 de junho de 2001, cópia do Livro Registro de Inventário
relativo ao final do exercício de 2000.
Em sua defesa, o contribuinte requer diligência, pois o
levantamento fiscal feito conteria diversas irregularidades,
embasando tal argumento, em síntese, nos seguintes fatos:
1. No levantamento físico de estoque de 2000, a
fiscalização considerou 07 (sete) aparelhos
celulares kit fone Gradiente Chroma adquiridos
pela nota fiscal nº 58112 e 07 (sete) aparelhos
Gradiente Chroma vendidos sem nota fiscal, sendo
que são o mesmo produto, o que regularizaria o
saldo de estoque dele cobrado;
2. Houve problemas nas referências de notas fiscais e
seus produtos relacionados, listando diversos
casos nesse sentido, que influenciariam nas
quantidades encontradas no levantamento fiscal;
3. Ocorreram vendas e aquisições de mercadorias com
notas fiscais lançadas nos livros fiscais e
descriminadas na impugnação que não foram
consideradas;
4. Ocorreram erro de estoque final em 2000 e 2001
relativos às capas de celular Chroma ca 7000
Em breve resumo, nas contrarrazões, a autuante revisa o
lançamento e responde da seguinte maneira:
1. O contribuinte não apresentou nenhum documento que
comprovasse a igualdade dos celulares defendida
pelo sujeito passivo ;
2. Corrigiu o lançamento em relação à diferença do
item 6 da planilha de 2000, e que o restante do
levantamento desse ano está correto;
3. Corrige, como defendido pelo contribuinte, também
alguns itens do período fiscalizado de 2001, e
acrescenta outros;
4. O estoque final encontrado em 2001 foi ratificado
pelo sujeito passivo no termo de contagem.

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Depois da juntada de novos documentos pelo autuado,
onde se destaca a Declaração emitida em nome da Norteldata e
Celular Brasil, sobre os celulares Ericsson T18 e Chorma
Gradiente TD-700, a autoridade fiscal, outra diferente da que
lançou originariamente de ofício, se manifesta pela preclusão
da apresentação desses documentos.
Em três diligências requisitadas pela Coordenadoria de
Julgamento, no sentido de revisão de itens, análise de
documentos apresentados pelo contribuinte, obtenção de
declarações de fabricantes de celular para melhor
identificação destes, juntada de notas fiscais mencionadas na
defesa e nas contrarazões, comprovação dos preços unitários
dos produtos objeto da autuação, e intimação ao contribuinte,
ocorreu como resposta um aditamento ao auto de infração,
passando o crédito tributário cobrado para R$ 4.924,73
(quatro mil, novecentos e vinte e quatro reais e setenta e
três centavos), sendo apensas novas planilhas do “Controle
físico da mercadoria” e a efetivação da intimação da revisão
do lançamento.
Decidiu, então, com o nº 18.346/11, a julgadora
singular pela improcedência do auto de infração. A decisão
foi ementada da seguinte forma:

EMENTA: ICMS – (1) Aquisição de


mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais. (2) Não recolhimento
de ICMS por omissão de saídas de
mercadorias tributáveis. (A)
Inexistência de provas a sustentar as
conclusões encontradas, não contendo os
autos as cópias das notas fiscais
relacionadas nos autos a demonstrar as
conclusões apontadas pelos servidores e
a base de cálculo da exigência
tributária. (B) Por se tratar de
elemento constitutivo do lançamento,
cabe a prova acerca dos fatos à Fazenda
Estadual nos termos do art. 142, da Lei
Federal 5.172/66 - Código Tributário
Nacional; e art. 49, da Lei Estadual
4.418/82 - Código Tributário do Estado
de Alagoas, respondendo esta pelo ônus
de sua não produção, nos termos do art.
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333 da Lei Federal 5.869/73 - Código de
Processo Civil. (C) Lançamento
IMPROCEDENTE. (D) Remessa dos autos ao
Conselho Tributar Estadual para reexame
necessário, nos termos do art. 48, I, da
Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada, não se manifestando, e a


Comissão de Representação Fiscal dado ciência da Decisão
Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 18.346/11,
de Primeira Instância, conforme disposto no art. 48, I da Lei
nº 6.771/06.
Em sede preliminar, compulsando os autos, constata-se
que não é possível o reexame necessário por essa Corte
Administrativa. Embora tenha constado da ementa e da parte
dispositiva do julgado o reexame necessário do lançamento de
ofício, a Fazenda Estadual, pela Decisão nº 18.346/11, restou
sucumbente em importância pecuniária que não excedeu, na data
da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas – UPFAL - (art. 48, I e § 2º, II, da Lei nº
6.771/2006) 1.
Também não houve impetração de Recurso Ordinário por
parte do sujeito passivo no prazo legal, conforme facultado
pela referida decisão singular ao contribuinte.

1
Lei 6.771/06:
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário: (NR)
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância; (NR)
...
§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica: (AC)
...
II - quando a importância pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor limite.
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Logo, o feito NÃO está abrangido pela competência do
Conselho Tributário do Estado de Alagoas.
Diante do exposto, bem como do dispositivo acima
elencado, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não conhecer
do reexame necessário em tela, mantendo a decisão de piso.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 05 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 10- Realizada em 08/03/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO N º: SF 1500-019571/2001
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 013405 de 12/07/2001
RECORRIDO: P. J. DOS SANTOS SILVA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 061/2013

EMENTA- ICMS – Lançamento de ofício de


crédito tributário. Ausência de Provas.
Impossibilidade de caracterização do
Ilícito Fiscal. Recurso de Ofício
conhecido e improvido. Decisão Singular
mantida.

Trata-se de reexame necessário da decisão


administrativa nº 18.618/2012, que julgou pela procedência
parcial lançamento do crédito tributário constante do Auto de
Infração em epígrafe, que em sua descrição fática o
contribuinte não teria escriturado o livro de registro de
inventário do exercício de 2000, e extraviado os livros
fiscais de registro de entrada e saída e de apuração do ICMS.

Com base na descrição acima, fora lançado o crédito


tributário no valor de R$ 16.858,40(dezesseis mil, oitocentos
e cinquenta e oito reais e quarenta centavos).

Regulamente notificada, a contribuinte apresentou


defesa, enquanto a autoridade autuante defendeu a manutenção
do lançamento. Ao analisar os autos a coordenadoria de

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julgamento, por sua vez, entendeu pela procedência parcial,


consoante se depreende da ementa abaixo:

EMENTA: ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1. Imposição de


penalidade por descumprimento de obrigação tributária
acessória. 2. Não escrituração do livro fiscal de
Registro de Inventário e extravio dos livros Registro de
Entrada, Registro de Saídas e Apuração do IMCS, de
numeração 01. 3. Demonstrado somente a não escrituração
do livro. 4. Ausência de provas com relação ao extravio
de livros fiscais. 5. Devida aplicação da penalidade pela
não escrituração de livro fiscal. 6. Acertamento do valo
da multa. 7. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. 9. Reexame
necessário.

VOTO

Como não há recurso voluntário, em face da


procedência parcial do lançamento, e observando que não é
hipótese de pedido de recisão decisão, através da
representação fiscal, nos termos do art. 51 da lei nº
6.771/2006, resta realizar o reexame da parte da decisão que
julgou improcedente o lançamento.
Observa-se que o julgador singular ao afasta a
acusação de extravio de livros fiscais, sustenta seu
posicionamento no fato de não haver provas que demonstrem que
os livros realmente existiam, pois apenas foram juntadas
cópias dos termos de abertura dos livros fiscais.
Outro ponto, que demonstra o acerto do julgado
singular, é a ausência de regular intimação para apresentação
dos livros, ora, realmente não como presumir o extravio de
livros, quando o contribuinte não é intimado para apresenta-
los, portanto não há provas da infração excluída pelo julgador
singular.

O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente


ao processo administrativo tributário, prescreve em seu art.
333, I, que o autor é responsável pela produção da prova
quando buscar demonstrar o fato constitutivo do seu direito,
nos seguintes termos: art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

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I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do


seu direito;

No caso em deslinde, como já explicitado, seria


necessário intimar o contribuinte para apresentar os livros e
assim presumir o extravio, portanto não há como transferir
esse ônus ao contribuinte, já que sequer foi intimado para
apresentar os livros fiscais. Neste passo se depreende do
RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos


documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Ora, diante das normas acima, é bastante dizer que


referido ônus de juntar os documentos necessários para
corroborar a infração indicada recai sobre o fisco, haja vista
que alegou suposto ato constitutivo de um direito da Fazenda,
qual seja, o crédito tributário. Lastreia-se, assim, a
irregularidade fiscal presente.
Em razão do exposto, vê-se que a autoridade fiscal
falhou no que diz respeito à instrução probatória da parte
julgada improcedente e ora em análise.

Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a


infração consubstanciada, há, pois, a necessidade de que
demais cópias dos documentos fiscais sejam acostadas a fim de
dirimir as dúvidas concernentes às supostas divergências de
informações apresentadas.

Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de


Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera da


tributação, por exemplo, exigem que a relação
obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese de
incidência tributaria, razão pela qual faz-se
imprescindível que tanto os atos de lançamento e de
aplicação de penalidades como as decisões proferidas no
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curso de processo administrativo tributário sejam


pautados em provas. É mediante a linguagem das provas que
se alcança a verdade lógica...” 1

Pelas razões acima, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame e manter a decisão recorrida, que
considerou PROCEDENTE EM PARTE a ação fiscal

Sala de Sessões do CTE, em 18/01/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A, FILHO


JULGADOR JULGADOR

1
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros
Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.
4
Acórdão CTE 061/2013
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 10 – Realizada em 08/03/2013


PROCESSO N º.: SF 1500-016491/2006
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.51247-001
RECORRENTE: Liga Metal Comércio e Representações Ltda
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
VOTO VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 62/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO


DE NOTAS FISCAIS RELATIVAS AO
EXERCÍCIO ANTERIOR NO LIVRO
PRÓPRIO. PROVAS DA INFRAÇÃO
MEDIANTE IDENTIFICAÇÃO DO
RESPECTIVO FORNECEDOR, ALÉM DAS
CÓPIAS DOS DOCS. FISCAIS E DO LIVRO
REG. DE ENTRADAS. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA PARA O CONTRIBUINTE NOS
TERMOS DO ART. 333, INC. II DO CPC.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO SINGULAR MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso voluntário, visando a reforma da


decisão administrativa nº 18.552/2012 proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, a qual se posicionou pela procedência do lançamento
do crédito tributário constante do Auto de Infração em epigrafe, nos
termos a ementa abaixo:

EMENTA: ICMS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE MERCADORIAS


REALIZADAS EM EXERCÍCIOS ANTERIORES. 1) Incidência da
norma veiculada no art. 2º, § 9º, II, da Lei Estadual nº
5.900/96. 2) Viabilizados ao sujeito passivo o
contraditório e ampla defesa, sob a perspectiva da
disposição normativa invocada. 3) Ilícito fiscal
comprovado. 4) PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

De acordo com a descrição apresentada no Auto de Infração


1
Acórdão CTE nº 62/2013
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a recorrente “Deixou de escriturar no Livro de Registro de Entradas


de Mercadorias documentos(s) fiscal(ais) referente(s) a entrada(s)
tributáveis realizadas em exercícios(s) anteriores(s) a este,
conforme abaixo discriminado.”, segundo a descrição dos fatos as
notas não registradas foram emitidas pela empresa BOEHLER THYSSEN
TÉCNICA DE SOLDAGEM LTDA, durante específicos meses dos exercícios
de 2002 e 2003, sendo portanto lançado um crédito tributário no
valor de R$ 247.112,04(duzentos e quarenta e sete mil, cento e doze
reais e quatro centavos), sendo R$ 82.370,68(oitenta e dois mil,
trezentos e setenta reais e sessenta e oito centavos) relativos ao
ICMS e o restante à multa de 200%(duzentos por cento) aplicada nos
termos do art. 107 da lei nº 5.900/96.

Por oportuno, transcreve-se o relato da decisão recorrida


a partir da síntese da impugnação até o fim da instrução para
decisão da coordenadoria de julgamento, nos seguintes termos:

5. A autuada apresentou impugnação ao feito em 03/08/2006, conforme inicial do Processo SF


1500-019757/2006 (processo anexo), pugnando-se nulidade do feito fiscal, arguindo, em
substância: a) que teria havido cerceamento do direito de defesa, por não ter sido feita as
juntadas das vias das Notas Fiscais retiradas na repartição de fronteira, e dos canhotos do
recebimento das mercadorias, com data de recebimento mais identificação e assinatura do
recebedor, o que configura infração ao art. 889-B do RICMS/91, porque a infração não teria
sido descrita de forma “precisa”; b) que se caracterizaria, por consequência, ofensa ao devido
processo legal, à ampla defesa e ao contraditório; c) que não constaria nos autos nem uma
prova clara de que teria havido a entrada em seu estabelecimento relativamente às mercadorias
constantes nas Notas Fiscais arroladas no feito, questionando a materialidade do lançamento, e
aduzindo que teria havido descumprimento no que concerne à previsão do art. 891,V, do
RICMS/91, porquanto, segundo afirma, o autuante teria baseado a ação fiscal em documento
do arquivo do emitente, ou seja, nas vias das Notas Fiscais reservadas para arquivo do
emitente, “quando deveria fazer a juntada das vias das Notas Fiscais retiradas pelo posto
fiscal de fronteira do estado onde está estabelecido o adquirente ou destinatário das
mercadorias, ou os CTRC nas transportadoras credenciadas com a identificação e assinaturas
de quem recebeu e conferiu as mercadorias por quem realmente recebeu as referidas
mercadorias e cópias dos documentos que comprovam os pagamentos das duplicatas referente
a aquisição das mercadorias, para que proporcionem plena e clara convicção da
materialidade da inflação a Legislação Tributária” (sic; fl. 09 dos autos do processo anexo).
6. A Fiscalização Estadual, em sede de contrarrazões, por meio do agente fiscal que
promoveu o lançamento, rechaça as alegações da defesa, na forma do excerto a seguir
transcrito “ipsis verbis” (fls. 19 e 20 dos autos do processo anexo): “A prova maior de que o
contribuinte adquiriu as mercadorias são as cópias das Notas Fiscais constantes dessa
autuação, todas em seu nome, endereço e telefone do Sr. Genival, que é um dos sócios
gerentes da LIGA METAL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA. / Todas as Notas
Fiscais foram enviadas pelo remetente, via SEDEX, (cópia) folha 125 do processo. / Vale
ressaltar que todas mercadorias foram adquiridas da empresa BOEHLER THYSSEN
TÉCNICA EM SOLDAGEM LTDA, sediada em São Paulo – SP, e constatamos quando da
fiscalização, que resultou nessa autuação, que em média 70% do total de compras mensais
registradas no seu livro de entradas, referente ao período fiscalizado, foram efetuadas da
empresa supracitada. Daí temos a certeza que essas mercadorias foram mesmo adquiridas
pela empresa LIGA METAL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.” (sic)
7. Aportando o processo na Coordenadoria de Julgamento, foi solicitado o saneamento
processual, mediante “Requisição de Diligência n° 104/2007” (fls. 23 a 24 do processo anexo),
especificamente para apensação de elementos probatórios do recebimento, por parte da
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autuada, das mercadorias constantes Notas Fiscais de cópias acostadas nos autos, e intimação
da autuada para fazer prova das providências tomadas relativamente à negativa da condição de
adquirente dessas mercadorias.
8. Retornando à instância julgadora sem solução, foram emitidas as “Requisições de
Diligência” 038/2008 e 047/2009 (fls. 31 e 41 do processo anexo), reiterativas da “Requisição
de Diligência n° 104/2007”.
9. Não tendo sido obtida resposta adequada, e sobrevindo inovação legislativa de
natureza procedimental, a primeira instância, valendo-se da “Requisição de Diligência n°
139/2011” (fl. 48 dos autos do processo anexo), requestou a intimação do sujeito passivo “para
fazer prova da improcedência da presunção firmada a partir do art. 2°, § 9°, II, da Lei Estadual
n° 5.900/96 – presunção da ocorrência de operações internas, tributadas, sem pagamento do
imposto, a partir da omissão do registro referente à entrada onerosa das mercadorias, originada
em documento por outro sujeito passivo – restaurando-se, com a intimação, o devido processo
legal”.
10. Em atendimento à “Requisição de Diligência n° 139/2011”, a Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário – DIRAC, emitiu a “Notificação 296/2011” (fls. 61, 63 e 65
do processo anexo), encaminhada ao estabelecimento da pessoa jurídica e aos endereços dos
sócios.
11. Na sequência, tem-se a anexação de cópia do “Edital DIRAC n° 269/2011”,
emitido para mesmo fim intimatório (fl. 72 dos autos do processo em anexo).
12. Transcorrido o prazo para manifestação do sujeito passivo sem pronunciamento de
sua parte, forma os autos encaminhados a esta Coordenadoria de Julgamento, por conduto do
“Despacho DIRAC n° 056/2012”, de 02/02/2012 (fl. 77 do processo anexo).

Regularmente intimado da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, o contribuinte apresenta, tempestivamente, recurso
ordinário, alegando em síntese que:

a)O lançamento decorre do procedimento fiscal, através do


qual foi solicitada da recorrente seus livros, notas de entradas e
saída, duplicatas, documentos de arrecadação, balanço patrimonial,
e, ao mesmo tempo, foi requerido à empresa Boehler Thyssen Técnica
de Soldagem Ltda., as notas emitidas para a recorrente durante
01/01/2002 a 31/12/2003.

b)O julgador singular “desde de setembro de 2007”


apresenta requisições de diligências com a finalidade de comprovar o
ingresso das mercadorias em Alagoas e no estoque da recorrente, o
que demonstra que as provas dos autos não são capazes de comprovar a
infração;

c) As notas fiscais anexas aos autos não comprovam o seu


ingresso no Estado de Alagoas, pois não há carimbo do posto fiscal,
nem sequer o recebimento da recorrente;

d) Em fevereiro de 2010 foi sugerido o arquivamento dos


autos até que a SEFAZ-SP atendesse a diligência solicitada;

e) Não resta provado nos autos que a recorrente recebeu


as mercadorias, já que as notas apresentadas correspondem à segunda
via, proveniente do arquivo da recorrente e, portanto, não comprovam
3
Acórdão CTE nº 62/2013
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o ingresso no Estado de Alagoas e sequer no estabelecimento da


recorrente;

f) Caberia a Sefaz-AL requisitar no seu próprio sistema a


prova do ingresso da mercadoria no Estado;

g) O comando do art. 2ª, § 9º da Lei nº 5.900/96 não é


norma processual e sim material, portanto estaria “equivocada a
interpretação” do julgador singular ao aplicar a lei ao presente
caso, pois a alteração ocorreu em 2008, enquanto o período do fato
gerador compreende alguns meses dos exercícios de 2002 e 2003;

h)A presunção apenas pode ser admitida quando existir um


fato certo, enquanto no caso dos autos não há certeza da omissão do
registro das mercadorias, pois não restou provado sua entrada no
Estado nem na empresa;

Encaminhado os autos à representação fiscal, a mesma ao


contrarrazoar o recurso defendeu a manutenção da decisão recorrida,
nos seguintes termos:

a) O contribuinte deixou de escriturar no livro de


registro de entrada de mercadorias notas relativas à mercadorias
tributáveis;

b) É “totalmente admissível” a presunção sustentada


pela decisão recorrida, nos termos da legislação aplicada;

c)Restou provado o descumprimento da obrigação


acessória, pois não foram escriturados corretamente o livro de
registro de entrada de mercadorias;

É o relatório

VOTO DISSIDENTE VENCEDOR

A regra geral do ônus da prova compete ao autor, quanto ao fato


constitutivo do seu direito, como bem afirmou o eminente relator no seu voto, tendo como
respaldo legal para tanto, o inc. I, do Art. 333 do CPC.

No entanto, atentando-se para a descrição dos fatos constante da peça


vestibular dos autos, o autuante não só apontou o emitente das notas fiscais destinadas ao
estabelecimento da autuada, mais também, a discriminação das respectivas notas fiscais,
conforme fls. 11/12, além das cópias das referidas notas fiscais e do próprio Livro Reg. de
Entradas (fls. 13 usque 99,vol.01 e fls. 101/124, vol. 02)

Portanto, é de se concluir que as referidas infrações estão devidamente


4
Acórdão CTE nº 62/2013
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caracterizadas diante da identificação da empresa emitente dos docs. fiscais, assim como
diante das cópias dos documentos fiscais, acarretando assim a inversão do ônus da prova,
conforme previsão do inc. II, do Art. 333 do CPC. Logo, competiria a empresa recorrente
buscar provas junto ao fornecedor e apresentá-las no sentido de elidir a pretensão do Fisco, o
que não fez, limitando-se a afirmar que não restou comprovado o recebimento das
mercadorias, até porque, seria mais cômodo, menos oneroso com relação ao mesmo encargo
atribuído ao Fisco.

Ante o Exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do recurso para negar-lhe provimento, mantendo a
decisão singular.

Sala de Sessões do CTE., em Maceió, 08 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


VOTO VENCEDOR JULGADOR (Votou Contra Relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 10 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/03/2013


PROCESSO: 1500-006179/2007 e CTE 354/211.
ANEXO(S): 1500-009111/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00069-001.
AUTUADA: DISTRIBUIDORA SANTA CLARA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04544-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.857/2011.
ASSUNTO: Reexame necessário.
AUTUANTE(S): Manoel Alves Feitosa Filho.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº063 /2013

EMENTA- ICMS.Mercadoria entrada


como bonificação, brinde ou doação.
Falta da 1ª via da nota fiscal.
Multa reclassificada pelo Julgador
singular. REEXAME NECESSÁRIO. VALOR
EXCLUÍDO PELO JUÍZO SINGULAR
INFERIOR A 400 UPFAL. NÃO
CONHECIMENTO DA REMESSA NECESSÁRIA.
DECISÃO SINGULAR MANTIDA.

RELATÓRIO
Trata-se de Auto de Infração, lavrado contra a empresa
DISTRIBUIDORA SANTA CLARA LTDA., já devidamente qualificada,
que tem por objeto a cobrança de crédito tributário, composto
de imposto e multa, no valor total de R$ 19.681,11 (dezenove
mil e seiscentos e oitenta e um reais e onze centavos).
Alega o autuante que a autuada utilizou crédito
indevido decorrente de:

Acórdão CTE Nº 063/2013 1


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a) notas fiscais registradas fora do prazo, sem a
autorização da SEFAZ;
b) registro superior ao constante do documento fiscal;
c) mercadoria sujeita à substituição tributária;
d) mercadoria entrada como bonificação, brinde ou
doação;
e) documento fiscal emitido por ME ou EPP;
f) falta da 1ª via da nota fiscal; e
g) nota fiscal inidônea (utilizando selo fiscal
autorizado para outro contribuinte.
Atribuída infração aos artigos: 39, § 2º, c/c com o
caput do 34, e o 93, da Lei nº 5.900/1996, com as alterações
da Lei nº 6.348/2002, 35 e 36, da Lei nº 5.900/1996, alterada
pela Lei nº 5.979/1997 c/c o 207, inciso IX, 250, 251, 275,
280, § 2º, 774, inciso VII e 971, todos do Regulamento do
ICMS aprovado pelo Decreto nº 35.245/1991. Como penalidade,
foi aplicada a prevista no artigo 93 da Lei nº 5.900/1996.
Inconformada com a infração imputada, a autuada
contesta aduzindo, basicamente, que:
a) as notas fiscais nºs 000679, 000710, 011614, 039642,
001702, 438146, 438147 foram registradas dentro do prazo;
b) em relação às notas fiscais 002260 (emitida por J B
da Silva Alimentos) e 000228 (emitida por José Carlos dos
Santos Irmãos), a alegação não tem consistência, visto que
cabe a DMT, juntamente com a DICAD, a fiscalização e não a
autuada;
c) a empresa Comercial Novo Brasil não é cadastrada
como ME e nem como EPP;
d) no que diz respeito à utilização de crédito relativo
à mercadoria - “sidra valenciana - maçã” e “álcool” - sujeita
a substituição tributária, que o produto é sujeito a este
tipo de tributação;
e) no que tange ao crédito proveniente de
“bonificação”, remete ao art. 664/665 do Regulamento
doICMS/AL.

Acórdão CTE Nº 063/2013 2


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Pede, ao final, que seja desconsiderado o lançamento de
ofício.
Nas contra-razões, o autuante alega que:
a) a escrituração deve ser realizada dentro do período,
mês a mês, e ainda, o documento só tem validade de 24 (vinte
e quatro) horas dentro do Estado de Alagoas, por força de
legislação;
b) se a autuada pesquisasse na internet a situação
cadastral de J B da Silva Alimentos, teria visto que ela se
encontra cancelada desde 09 de janeiro de 2004;
c) quanto ao fornecedor José Carlos dos Santos Irmãos,
o mesmo não faz parte desse Processo;
d) em momento algum chamou a empresa Comercial Novo
Brasil como empresa de pequeno porte. O único caso citado
como crédito de EPP está contido na nota fiscal 000014,
emitida em 05/09/2005;
e) no que pertine à utilização de crédito de mercadoria
sujeitas a substituição tributária, a mesma afirma, de forma
incoerente, que o produto “sidra valenciana - maçã” e
“álcool”, são produtos sujeitos a este tipo de tributação,
mas contesta a autuação;
f) encerrada a fase administrativa, devem os autos
seguir para o Ministério Público.
O autuante finaliza, solicitando a procedência do
lançamento.
Proferida a Decisão nº 17.857/2011, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento,
reduzindo o crédito tributário cobrado para R$ R$ 17.579,30
(dezessete mil e quinhentos e setenta e nove reais e trinta
centavos, com a seguinte ementa:

EMENTA. ICMS. UTILIZOU CRÉDITO INDEVIDO


DECORRENTE DE:
a) notas fiscais registradas fora do
prazo, sem a devida autorização da
SEFAZ. Ilícito configurado (§ 4º, do
art. 34, e art. 55, da Lei nº
5.900/1996, c/c o art. 93 do
RICMS/1991);

Acórdão CTE Nº 063/2013 3


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b) registro superior ao constante do
documento fiscal. Configurada a acusação
(§ 2º do art. 34 da Lei nº 5.900/1996);
c) mercadoria sujeita a substituição
tributária. Infração devidamente
demonstrada (§ 8º, do art. 2º, da Lei nº
5.900/1996, c/c o § 3º, do art. 280 do
RICMS/1991);
d) mercadoria entrada como bonificação,
brinde ou doação. Infração inexistente.
e) documento fiscal emitido por ME ou
EPP. Comprovado o ilícito (inciso II, do
art. 22, da Lei nº 6271/2001);
f) falta da 1ª via da nota fiscal.
Infração não demonstrada, ausência de
provas; e
g) nota fiscal inidônea (utilizando selo
fiscal autorizado para outro
contribuinte). Ilícito configurado (o
art. 34 da Lei nº 5.900/1996, c/c o 207
do RICMS/1991).
Multa reclassificada pelo Julgador.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE.
Remessa ao CTE para o Reexame Necessário
(art. 48, da Lei nº 6.771/2006).

A autuada foi intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO

Acórdão CTE Nº 063/2013 4


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Em sede preliminar, verifico que não foi atendido o


requisito para conhecimento da remessa necessária.
Isso porque, como dispõem o inciso II, do art. 43 e
inciso II, do §2º, do artigo 48, da Lei 6.771/2006, não serão
objeto de reapreciação pelo Conselho Tributário Estadual os
julgados singulares em que a quantia excluída, na data da
decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas) UPFAL:
Art. 43. A competência para julgamento
do processo administrativo tributário
decorrente de Auto de Infração, após
julgamento de primeira instância, é do
CTE, exceto:
...
II – na decisão contrária à Fazenda
Estadual quando a importância pecuniária
excluída não exceder, na data da
decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda


Estadual, ficam sujeitas à reexame
necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput


deste artigo não se aplica:

II - quando a importância pecuniária


excluída não exceder, na data da
decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL, podendo a regulamentação aumentar
este valor limite.

No caso aqui julgado, considerando que o montante


excluído é menor que o piso de alçada estabelecido pelas
normas acima citadas, entendemos não ser o caso em exame
hipótese de reexame de ofício.
Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não conhecer
da remessa necessária, uma vez que a quantia excluída pelo
julgado singular é inferior ao limite de 400 (quatrocentas)

Acórdão CTE Nº 063/2013 5


GOVERNO DO ESTADO
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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
UPFAL previsto nos artigos 43, II e 48, §2º, inciso II, da
Lei nº. 6.771/06.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de fevereiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE Nº 063/2013 6


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 10 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/03/2013
PROCESSO: 1500-005030/2009 (05 volumes) e CTE nº 29/2012.
ANEXO(S): 1500-012059/2009 (02 volumes).
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.89346-002.
AUTUADA: DISBALA – DISTRIBUIDORA DE BALAS LTDA - ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04706-4
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.293/11.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE(S): Mônica Lima de Aquino.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº064/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


ICMS. Obrigação Principal. Falta de
recolhimento do ICMS antecipado de
mercadorias. Aditamento julgado
procedente. Remessa necessária não
conhecida. Decisão de piso mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
DISBALA – DISTRIBUIDORA DE BALAS LTDA - ME, já devidamente
qualificada nos autos, do lançamento de crédito tributário
relativo a imposto e multa no valor de R$ 30.627,54 (trinta
mil, seiscentos e vinte e sete reais e cinqüenta e quatro
centavos), pelos fatos de, em tese, o sujeito passivo não ter
recolhido o “ICMS ANTECIPADO” na aquisição de mercadorias
efetuada em outras unidades da Federação entre 2005 e 2007.
Imputadas as infrações ao art. 1.º c/c art. 3.º da Lei
Estadual 6.474/04 e art. 13, § 1º, XIII, “g”, da Lei
Complementar nº 123/2006, foi aplicada a sanção prevista no
art. 90-A da Lei Estadual 5.900/96.

Acórdão CTE Nº64/2013


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A autuada impugna o lançamento, requerendo mais uma
oportunidade para apresentação de outras provas, já que houve
pouco tempo para analisar os autos. Alega também que todas as
notas fiscais estão carimbadas pela SEFAZ e escrituradas no
Livro Registro de Entradas. Ou, se não houve o recolhimento
antecipado, foi porque não foram incluídas pela SEFAZ na sua
cobrança corriqueira. Que já houve o pagamento de quatro
notas fiscais relacionadas pela fiscalização, citando-as e
trazendo o documento de arrecadação e o Termo de Apreensão nº
34635 como provas.
Em sede de Contrarrazões e diligência, o representante
da Fazenda Estadual responde que, com a publicação do Edital
DIRAC nº 125/2009, foi concedido mais trinta dias para a
impugnação, havendo prazo suficiente para que o autuado se
defendesse. E com relação ao termo de apreensão citado, o
mesmo se refere às notas fiscais com mercadorias sujeitas à
substituição tributária desacompanhadas da Guia Nacional de
Recolhimento Substituição Tributária – GNRS, enquanto que a
autuação diz respeito ao não recolhimento do ICMS antecipado.
Em nova diligência, o auto de infração foi aditado
devido à impossibilidade de se exigir o pagamento do ICMS
antecipado para as mercadorias sujeitas à substituição
tributária referidas no termo de apreensão supracitado. O
novo valor lançado foi R$ 28.844,92 (vinte e oito mil
oitocentos e quarenta e quatro reais e noventa e dois
centavos).
Então houve o pagamento do aditamento do auto de
infração pelo contribuinte.
Daí foi proferida a Decisão nº 18.293/11, tendo o
julgador singular decidido pela procedência parcial do
lançamento com a seguinte ementa:
EMENTA: ICMS – Não recolhimento do ICMS
Antecipado previsto na Lei Estadual
6.474/04. (1) Inexistência de lesão ao
exercício das garantias constitucionais
relativas ao exercício do contraditório
e da ampla defesa, sendo franqueada ao
sujeito passivo livre vista dos autos

Acórdão CTE Nº64/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
nos termos do art. 893, § 3º do RICMS.
(2) Constatado nos autos que alguns dos
documentos relacionados nos autos
continham mercadorias sujeitas à
sistemática de tributação por
substituição tributária, ou seja, não
sujeitas à tributação nos termos da Lei
Estadual 6.474/04, razão que motivou a
revisão do lançamento, nos termos do
art. 149 do CTN. (3) Reconhecimento pelo
sujeito passivo da existência da
infração em relação aos fatos
remanecentes, procedendo este com o
pagamento. (4) Lançamento PROCEDENTE EM
PARTE. (5) Dispensado reexame necessário
pelo Conselho Tributário Estadual das
decisões contrárias à Fazenda Estadual
cuja importância pecuniária excluída não
exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas – UPFAL, nos termos do
art. 48, § 2º, II da Lei 6.771/06, em
sua redação dada pela Lei 7.078/09.

Foi a autuada intimada, não se pronunciando, e a


Comissão de Representação Fiscal dado ciência da Decisão
Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho. É o relatório.
VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 18.293/11,
de Primeira Instância, conforme disposto no art. 48, I da Lei
nº 6.771/06.
Em sede preliminar, compulsando os autos, constata-se
que não é possível o reexame necessário por essa Corte
Administrativa. Inclusive tal fato está acertadamente
registrado na ementa (fl. 101 do processo anexo) e na parte
dispositiva do julgado (fl. 105 do processo anexo).
Isso porque, como dispõem o inciso II, do art. 43 e
inciso II, do §2º, do artigo 48, da Lei 6.771/2006, não serão

Acórdão CTE Nº64/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
objeto de reapreciação pelo Conselho Tributário Estadual os
julgados singulares que não sejam contrárias a Fazenda
Pública ou que quando contrárias, a quantia excluída, na data
da decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas) UPFAL:

Art. 43. A competência para


julgamento do processo administrativo
tributário decorrente de Auto de
Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:
...
II – na decisão contrária à Fazenda
Estadual quando a importância
pecuniária excluída não exceder, na
data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas – UPFAL.
...
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda
Estadual, ficam sujeitas à reexame
necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput


deste artigo não se aplica:

II - quando a importância pecuniária


excluída não exceder, na data da
decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas - UPFAL, podendo a
regulamentação aumentar este valor
limite.

No caso aqui julgado, considerando que o aditamento foi


julgado procedente, não havendo montante do crédito
tributário excluído menor que o piso de alçada estabelecido
pelas normas acima citadas, entendo da mesma maneira da

Acórdão CTE Nº64/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
julgadora de piso, ou seja, não ser o caso em exame hipótese
de reexame de ofício.
Também não houve impetração de Recurso Ordinário por
parte do sujeito passivo no prazo legal, conforme facultado
pela referida decisão singular ao contribuinte.
Logo, o feito NÃO está abrangido pela competência do
Conselho Tributário do Estado de Alagoas.
Diante do exposto, bem como do disposto na norma acima
elencado, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não conhecer
do reexame necessário em tela, mantendo a decisão de piso.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE Nº64/2013


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FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

,
SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 12/03/2013 – 1ª Câmara
PROCESSO: SF-1500 013355/1998; CTE-152/2011
ANEXO: SF-1500 000778/1999
AUTO DE INFRAÇÃO: 067377, PROTOCOLADO EM 29/12/98
AUTUADA: RICARDO MORCERF WANDERLEY
AUTUANTE: TATIANA TAVARES SARMENTO E OUTRA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
VOTO VENCEDOR: ODETE MINEIRO DA PAZ
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO Nº 065/2013

EMENTA: ICMS–Obrigação Principal. 1) Omissão


de saídas de mercadorias tributadas nos
exercícios de 1994, 1995, 1996 e 1997,
apurada através de Levantamento Financeiro
Simplificado. 2) Infração não comprovada, por
não existir nos autos cópias de quaisquer
despesas ou receitas auditadas nos exercícios
apesar de a autuada reconhecer que cometeu
“falhas” no exercício de 1994. 3) Lançamento
Improcedente. 4) Reexame Necessário conhecido
e provido. Reformada a decisão singular em
razão da total Improcedência do Lançamento.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário, ao CTE,


nos termos do art. 48, Inciso I, da Lei Estadual 6771/06
relativo à Decisão nº 17634/2011, referente ao Auto de
Infração nº067377, protocolado em 29/12/1998, lavrado contra a
empresa Ricardo Morcerf Wanderlei qualificada na peça
exordial, com alegação das autuantes de que não conseguiu
suprir as “necessidades de recursos para cobertura das
despesas efetuadas nos exercícios de 1994, 1995, 1996 e 1997,
fato comprovado através de levantamento financeiro
simplificado”.

Acórdão CTE nº 065/2013 1


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Alegam ainda, as autuantes, que devido à atividade


do contribuinte e que este não forneceu dados das contas
clientes, fornecedores, bancos, empréstimos e caixa,
consideraram tributada a diferença apurada por meio do
levantamento fiscal adotado.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que, a autuada


apresentou defesa afirmando que no ano de 1994 houve a falha
constatada pela fiscalização e que as diferenças apontadas
pelos autuantes foram acobertadas pelo titular da empresa com
recursos adquiridos de outras atividades, que não efetuou
compras nem realizou vendas a prazo e que nos exercícios de
1996 e 1997, no item “Empréstimos Comprovados”, devem ser
considerados os valores de “R$ 4.000,00 e R$ 7.000,00,
respectivamente" (fls. CJ 48).
As autuantes contestaram a defesa pedindo a
manutenção do Auto de Infração ressaltando que, a intenção do
autuado é procrastinar a ação fiscal, pois não comprovou os
argumentos usados na Defesa.
O julgador de 1ª instância fundamenta sua decisão
observando que a fiscalização não acostou aos autos as provas
relacionadas ao “Levantamento Financeiro Simplificado – Caixa
Anual de fl. 11 e dos registros apontados nas Planilhas
Auxiliar para Levantamento Financeiro de fls. 12 a 15”, porém
o autuado reconheceu o débito no exercício de 1994. Refez os
cálculos aplicando ao invés da multa do art. 84, da Lei
Estadual 6771/2006, revogada pela Lei 7079/09, a multa do art.
79 da mesma Lei.
Conclui julgando Procedente Parcial a ação fiscal.
Notificados autuada e Representação Fiscal, ambos
se manifestaram
Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO VENCEDOR

Acórdão CTE nº 065/2013 2


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Análise dos autos demonstra que a autuação


cobra uma infração apurada através de Levantamento Financeiro,
nos exercícios de 1994, 1995, 1996 e 1997. A autuada na defesa
afirma que reconhece a falha do exercício de 1994, fato que
levou o julgador singular a decidir pela Procedência Parcial do
Lançamento em razão desse reconhecimento.

Observe-se, que nos autos não consta em nenhum


dos exercícios fiscalizados, qualquer documento das despesas,
bem como, das receitas, inclusive, no exercício de 1994, onde a
autuada reconheceu “falha”, desatendendo o que determina o
artigo 89l, do RICMS/91. Portanto, não existe nenhum documento
que permita se apontar com segurança qual o real valor dessa
falha, ou seja, a infração praticada naquele exercício.
“Art. 891 - O processo fiscal contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com os seguintes documentos:
(...)

V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das


irregularidades, em qualquer caso;
(...)

Neste contexto, deve prevalecer a verdade


material e diferentemente do julgador de Primeira Instância,
entendo que o Lançamento é Improcedente por falta de provas,
inclusive no exercício de 1994.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer
do Reexame Necessário, dar-lhe provimento. Reformando a decisão
singular em razão de ser totalmente Improcedente o Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 12 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA (VOTO VENCIDO)

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA - VOTO VENCEDOR JULGADOR (CONTRA RELATORA)

Acórdão CTE nº 065/2013 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 12/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-033.486/2005 e CTE nº 184/2012.
ANEXO: 1500-023.668/2006.
AUTO DE INFRAÇÃO: 060.830, de 13/12/2005.
AUTUADA: R C CONSTRUÇÕES LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.075.979-6.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.589/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTES: Marco Antônio Barroso e outro.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO Nº 066/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Aquisição de mercadorias sem documentação
fiscal por empresa de construção civil para
aplicação em suas obras. 2) Infração
comprovada. Lançamento Procedente em Parte em
razão da redução no valor do crédito
tributário pela aplicação do artigo 79, em
lugar do artigo, 97, ambos da Lei Estadual nº
5.900/96. 2) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa R C CONSTRUÇÕES LTDA, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de R$ 148.979,25
(cento e quarenta e oito mil, novecentos e setenta e nove
reais e vinte e cinco centavos), por haver a empresa autuada
adquirido mercadorias sem documentação fiscal no período de
janeiro/2000 a dezembro/2002.

Apontados como infringidos os artigos 2º, II,


§ 2º, II; 21, VI, da Lei nº 5.900/1996; e 49, III, “a”, item
2; 54, VI; e 71, V do RICMS/91. Sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópias (xerox) do cartão de
autógrafo; Mapa de Levantamento Físico dos materiais usados
nas obras; cópia do livro RUDFTO.

Acórdão CTE nº 066/2013 1


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DA DEFESA

A empresa autuada apresentou defesa, alegando


a nulidade do auto de infração por manifesto defeito em sua
formação e a improcedência por estar desobrigada do pagamento
do imposto e multa, pois não foi intimada para a apresentação
da documentação fiscal e por não ser contribuinte do ICMS; o
reconhecimento da decadência de parte dos créditos fiscais
pretendidos; a juntada em 15 dias de documentos fiscais para
desconstituir as imputações lançadas na ação fiscal. Por fim,
pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que não tem razão à autuada de que não fora intimada para
pagamento do débito ou para apresentar impugnação, inclusive,
com cerceamento de vistas ao processo, já que a autuação foi
enviada por AR contendo em anexo o ofício expedido pela da
DIRAC-Diretoria de Arrecadação e Crédito Tributário convidando
a autuada para pagar o débito ou oferecer defesa; a autuada
está equivocada quanto aos dispositivos em que se lastreia a
autuação, uma vez que os dispositivos legais e regulamentares
apontados no verso da peça inicial (infrigências aos artigos
2º II; § 2º, II; 21,VI da Lei nº 5900/96; e artigos, 49, III,
“a”, item 2; 54,VI; 71,V do RICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91); não ocorreu a alegada decadência parcial a teor do
artigo 173, I, do CTN, vez que a autuada tomou conhecimento da
autuação através do Termo de Encerramento de Fiscalização no
livro RUDFTO. Por fim, pede que a autuação seja procedente.

Em 16/12/2008, mediante o Despacho nº 227/08,


os autos foram encaminhados a PGE/PFE para se pronunciar a
cerca da decadência, tendo a mesma se pronunciado mediante o
Parecer PGE/PFE nº 1225/2009, decidindo pela impossibilidade
de aplicação do instituto da decadência.

Em 10/01/2012, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 014/2012, para DIRAC intimar à autuada e os
sócios a apresentarem cópias autenticadas dos documentos de
identificação a fim de validar ou não a defesa apresentada em
11/09/06. Em resposta a DIRAC acostou à referida documentação.

Em 26/04/2012, foi proferida a Decisão nº


18.589/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

Acórdão CTE nº 066/2013 2


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EMENTA: ICMS – Aquisição de mercadorias sem


documentos fiscais, por empresa de construção
civil, para aplicação em suas obras. . 1.
Rejeição da nulidade do Auto de Infração, pois
não basta a mera imperfeição do ato em relação
a forma prevista pela legislação, é necessário
a prova do efetivo prejuízo. 2. O fato
descrito ficou devidamente comprovado no
levantamento de estoque da obra e
demonstrativo fiscal que evidenciou a
diferença entre o material utilizado na obra,
conforme memorial descritivo das
características e especificações técnicas dos
edifícios e o material adquirido com nota
fiscal. 3. Ilícito fiscal caracterizado. 4.
Não será acolhido o tipo penal tributário
sugerido do art. 97 da Lei n. 5900/96, pelo
teor do art. 79 da mesma Lei, melhor
enquadrar-se ao fato descrito, sendo também
mais benéfico para a autuada, por enunciar no
seu preceito secundário multa equivalente a
50% do imposto devido. 5. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE EM PARTE. 5.
Reexame necessário pelo Conselho Tributário
Estadual.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o Relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.589/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente em
Parte o Lançamento constante do auto de infração nº 060.830.

A análise dos autos demonstra que o Reexame


Necessário se refere à redução no valor do crédito tributário
pela aplicação da penalidade prevista no artigo 79, em lugar
da que fora sugerida na inicial, aquela prevista no artigo 97,
da mesma lei. Observe-se que a autuada não interpos Recurso
Ordinário o que dispensa a análise de mérito.

Quanto à aplicação da penalidade prevista no


artigo 79, da Lei nº 5.900/96, a decisão singular não merece

Acórdão CTE nº 066/2013 3


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reforma, haja vista, que esta Câmara e o pleno deste Conselho


já tem decidido pela aplicação do referido artigo 79, nos
casos em que a infração foi apurada mediante levantamento
efetuado com base nos livros e documentos fiscais.
“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em
situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Nesta situação o crédito tributário tem como


valor R$ 74.489,62 (setenta e quatro mil; quatrocentos e
oitenta e nove reais e sessenta e dois centavos), conforme
consta à fl. 65, do Processo de Defesa, devendo ser recolhido
com os acréscimos previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer conhecer do Reexame Necessário, negar-lhe
provimento. Mantida a decisão singular em razão da Procedência
Parcial do Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 12 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

Acórdão CTE nº 066/2013 4


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 12/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: SF-1500 006756/1994; CTE-36/08
ANEXO: SF-1500 000194/2008
AUTO DE INFRAÇÃO: 053486, PROTOCOLADO EM 02/02/1993
AUTUADA: CENTER NAUTICA LTDA.
AUTUANTE: TATIANA TAVARES SARMENTO E OUTRA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO Nº 067/2013

EMENTA: ICMS – FALTA DE


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO.
TRANSCORRIDOS 14 ANOS DA REVELIA
DO AUTUADO SEM QUE ESTE TIVESSE
CONHECIMENTO. OCORRÊNCIA DE
PRESCRIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPOSTA Á
CONSULTA DA SEFAZ PGE/PFE/COORD Nº
16/2013.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E
NÃO PROVIDO. DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA
MANTIDA INTEGRALMENTE.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário e


Recurso deste Reexame, ao CTE, nos termos do art. 48,
Inciso I, da Lei Estadual 6771/06 relativo à Decisão nº
15525/07, referente ao Auto de Infração nº 053486,
protocolado em 02/02/1993, lavrado contra a empresa
Center Náutica, qualificada na peça exordial, com
alegação do autuante de que:

Acórdão CTE Nº67/2013 1


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“Cancelou a N. F. C-1 nº 000011, emitida em


30/01/92 não deixando anexadas no talonário as 1ª, 2ª e
3ª vias do documento fiscal” e em 17/6/92 emitiu a N. F.
C-l 00035 no valor de Cr$ 2.000.000,00, alegando redução
de 20% na base de cálculo inteiramente desamparada
legalmente pelo art. 8º, anexo II do RICMS, e totalmente
em desacordo com a exatidão matemática, visto que 20% do
valor da operação (Cr$ 15.000.000,00 conforme recibo nº
0079 emitido pela autuada, em anexo) jamais
corresponderia ao valor destacado no documento fiscal”.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que foi lavrado


Termo de Revelia em Março de 1993(fls. 5) e que foi
levantada a hipótese de remissão do crédito tributário.
O julgador monocrático fundamenta sua decisão
informando que já foram transcorridos mais de 14 anos da
revelia do autuado, ocorrendo assim, os efeitos da
prescrição tributária, extinguindo o crédito tributário
na forma dos art.s 156, V, e 174, ambos do Código
Tributário Nacional.
Conclui o julgador de 1ª instância, julgando
prejudicado o lançamento e extinto, pela prescrição, o
crédito tributário, relativo ao auto de infração, objeto
da lide, tendo em vista os arts. 22, I, 28 e 29 da Lei

Acórdão CTE Nº67/2013 2


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Estadual 6771/06; 156, V, do CTN/66, e 269, IV e 329 da


Lei Federal 5869/73 – CPC.
Notificados autuada e autuante, apenas este
se manifestou.

DO RECURSO DE OFÍCIO.

O autuante contesta a decisão de 1ª instância


observando que no art. 174, do CTN “a prescrição
tributária, se materializa unicamente, em face dos
créditos tributários definitivamente constituídos” e que
a constituição definitiva dos créditos tributários
estaduais decorre das decisões administrativas
transitadas em julgado, e do procedimento, de ofício, por
parte da Procuradoria da Fazenda dos Estados, o
ajuizamento de ação executiva fiscal”.
Esclarece ainda, o autuante, que o art. 219,
parágrafo 5º, 269 IV do CPC, tidos como base autorizativa
para a prescrição tributária, dizem respeito apenas “ao
princípio da garantia do juiz natural”, ou seja, ao juiz
de direito nos processos de execução fiscal.

Finaliza o autuante, solicitando a nulidade


da Decisão nº 15527/2007, e que os autos sejam devolvidos
à Coordenadoria de Julgamento para novo julgamento

Acórdão CTE Nº67/2013 3


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VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta


observei que o julgador singular não julgou o mérito do Auto
de Infração 053486, objeto da lide, por considerar o
lançamento prejudicado e extinto por prescrição do crédito
tributário nele constante.
O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013,
protocolado na Sefaz sob nº 1500 6479/2013 relativo à
resposta à consulta formulada pelo CTE referente à prescrição
e decadência do crédito tributário, uniformiza o entendimento
de que:
(...)
”a norma do art. 141 da Lei Estadual nº
4418/82 (hoje revogada) era de natureza
processual, devendo sua nova redação,
dada pela Lei Estadual nº 5983/97, ser
aplicada, a partir da vigência desta
última, a todos os processos então em
curso. Desta forma, não mais exigível, a
partir de 20/12/97, o julgamento
administrativo quando revel o
contribuinte, tal como previsto na
redação original do art. 141 em menção.
Por decorrência, ficou também decidido
que o dia 20/12/97 será o marco inicial
da prescrição para os créditos
tributários consignados em processos
administrativos iniciados antes da
edição da Lei 8983/97, cujo julgamento,
desnecessariamente, se tenha realizado a
partir daquela data (...)”.

Continua ressaltando que “Tendo a prescrição, de


tal sorte, se iniciado no dia 20/12/97, seu termo final foi
20/12/2002.”

Acórdão CTE Nº67/2013 4


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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

No parecer da PGE é esclarecido que somente na


hipótese de que: (...)
“o processo administrativo em que
revel o contribuinte, não se tratando de
falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados nos livros
fiscais próprios, deveria ser julgado
até 19/12/97, pela aplicação da lei
anterior (revogada), prevê a figura do
‘julgamento de ofício’; não o sendo,
passa-se a contar o prazo prescricional
a partir da lei nova (20/12/97), que não
mais prevê a necessidade do julgamento
de ofício”

Continua afirmando que “Nessa hipótese, e somente


nela, podem ambas as instâncias administrativas reconhecer a
prescrição, utilizando-se dos balizamentos indicados pela
PGE” e que nos demais casos a competência para reconhecimento
da prescrição é da PGE.
O Auto de Infração foi lavrado em 20/1/93 e o
Termo de Revelia foi lavrado em 16/3/1993, porém só o
autuante tomou conhecimento deste, no dia 21/7/1994.
O julgamento de 1ª instância está datado de
18/12/2007. Feita intimação à autuada, infrutífera, por AR,
foi publicado o Edital a respeito em 24/1/2008.
Diante do exposto submeto a este colegiado a
apreciação da presente, ressaltando que entendo que o parecer
da PGE, neste caso, dá competência ao CTE para julgamento da
prescrição.
Sendo assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
acompanhar integralmente o julgador de primeira instância.

Acórdão CTE Nº67/2013 5


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Proceder ao Reexame Necessário do julgamento e do recurso,


negando-lhe provimento.

Sala das Sessões do CTE, em 12 de Março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

Acórdão CTE Nº67/2013 6


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 12/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-011448/1998
AUTO DE INFRAÇÃO: 050835
AUTUANTE: ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA
REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO Nº 068/2013

EMENTA – ICMS. OBRIGAÇÕES


ACESSÓRIAS. DEIXAR DE APRESENTAR
MOVIMENTO ECONÔMICO E DECLARAÇÃO
DE VALOR ADICIONADO PARA FINS DE
APURAÇÃO DO ÍNDICE DE PARTICIPAÇÃO
DOS MUNICÍPIOS CONSTITUEM
INFRAÇÕES À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
ESTADUAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO
VÁLIDA DO CONTRIBUINTE NO PRAZO
DECADENCIAL. DECADÊNCIA
CONFIGURADA. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO. EXTINÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

Trata-se de reexame necessário em virtude da Decisão de Primeira


Instância n.º 13.936/02, a qual julgou procedente em parte o auto de infração o
auto de infração n.º 050835 que constituiu crédito tributário correspondente a
multa no valor de CR$ 94.686.704,57 (noventa e quatro milhões, seiscentos e
oitenta e seis mil, setecentos e quatro cruzeiros e cinquenta e sete centavos), em
razão do contribuinte ter deixado de apresentar a Declaração do Movimento
Econômico e Declaração de Valor Adicionado para fins de apuração do Índice de
Participação dos Municípios, referente ao ano de 1992, bem como extraviado o
Livro Registro de Inventário.

Acórdão CTE nº 068/2013 1


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Foram apontadas transgressões ao art. 49, II e III, “a”, item 1 e IV do


RICMS, sendo sugerida as penalidades previstas nos artigos 859, I e IV e 862 do
RICMS.

Instrui o processo: cópia do Registro de Utilização de Documentos


Fiscais e Termos de Ocorrências dados cadastrais; dados cadastrais; e, Diário
Oficial do Estado de Alagoas.

O auto de infração foi confeccionado em 16/06/1993. Em 16/09/1998,


o contribuinte foi intimado da lavratura do auto de infração.

No dia 29/10/1998 foi lavrado “Termo de Revelia”.

Através da Decisão n.º 13.936/02 a Coordenadoria de Julgamento


julgou procedente em parte o auto de infração, assim ementando:
EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Deixar
de apresentar Movimento Econômico e Declaração de
Valor Adicionado para fins de apuração do Índice de
Participação dos Municípios constituem infrações à
legislação tributária estadual. Descaracterizada a infração
relativa ao extravio do Livro Registro de Inventário.
Ausência de contestação. Ilícitos comprovados. Auto de
Infração PROCEDENTE EM PARTE.

Intimado em 31/03/2005, o contribuinte não apresentou recurso.

Por fim, os autos foram encaminhados a este Conselho Tributário para


julgamento do reexame necessário.

É o relatório.

Acórdão CTE nº 068/2013 2


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VOTO

Trata-se da constituição de crédito tributário pelo suposto extravio


de Livro de Registro de Inventário de Mercadorias e por ter o contribuinte deixado
de apresentar a Declaração do Movimento Econômico e Declaração de Valor
Adicionado para fins de apuração do Índice de Participação dos Municípios,
referente ao ano de 1992.

Em que pese o auto de infração ter sido confeccionado no dia


18/06/1993, o intimação do contribuinte somente ocorreu em 16/09/1998, através
de edital publicado no Diário Oficial do Estado.

Essa intimação, por sua vez, foi defeituosa, uma vez que não
observou que o contribuinte estava com sua situação cadastral “cancelada”, de
modo que o crédito tributário não foi constituído até a presente data.

È flagrante a ocorrência da decadência no presente caso.

O artigo 173 do Código Tributário Nacional, dispõe:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário


extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento


poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por


vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se


definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em
que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação,

Acórdão CTE nº 068/2013 3


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ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao


lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5 (cinco) anos entre a


ocorrência do fato gerador e a sua constituição definitiva, com a devida intimação
do contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário pela decadência, a teor do que
prescreve o artigo 173 do CTN, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


I – (omissis);
V – a prescrição e a decadência;

Deve-se destacar que antes mesmo da publicação do edital


(16/09/1998) já havia transcorrido o prazo decadencial de 5 (cinco) anos.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário, para julgar prejudicado o auto de infração em
virtude da decadência, nos termos do artigo 156 do Código Tributário Nacional.

Sala de Sessões do CTE, 12 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERM E ALVES DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


J ULGADORA JULGADORA

Acórdão CTE nº 068/2013 4


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 12/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-018903/2003; ANEXO: 1500-026537/2003
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 037756 - CTE: 108/2012
INTERESSADO: MC DA SILVA ATACADO
FISCAL: MÁRIO JORGE TENÓRIO FORTES
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO Nº 069/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE


RECOLHIMENTO. PRESUNÇÃO DE SAÍDAS
SEM EMISSÃO DE DOCUMENTOS FISCAIS.
AUSÊNCIA DE PROVAS QUE SUSTENTEM O
AUTO DE INFRAÇÃO. REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO RECORRIDA MANTIDA NA
ÍNTEGRA.

Trata-se da constituição de crédito tributário no valor de R$ 20.876,38


(vinte mil, oitocentos e setenta e seis reais e trinta e oito centavos) correspondente
a imposto e multa, em virtude de o sujeito ter supostamente deixado de recolher
ICMS no ano de 2002 por omissão de saídas de mercadorias depreendida de
constatação de passivo fictício e embaraçado a ação fiscal.

Foram aplicadas as penalidades cominadas nos artigos 87 e 135, da lei


5.900/96.

Instruem a exordial: “Levantamento da Conta Fornecedores”;


Declaração Anual do Contribuinte (DAC) – 2002; e cópia de duplicatas.

Intimado, o contribuinte apresentou impugnação ao auto alegando, em


síntese: a) que a autuação, decorrente de mera suposição, é inócua e desprovida de
provas; b) não se demonstrou a ocorrência de fato gerador do imposto; c) requer a
nulidade do auto de infração por ser contrário à legislação e aos princípios a
princípios constitucionais.

Em suas contrarrazões, a fiscal pugnou pela procedência do

Acórdão CTE nº 068/2013 1


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lançamento.

Através da Decisão nº 18.403/2011 a Coordenadoria de J ulgamento j ulgou


improcedente o lançamento, assi m ementando:

EMENTA – ICMS. P ROCEDIMENTO O RDINÁRIO.


1. Lançamento de ofício de crédito tributário. 2. passi vo
fictício. Embaraço a ação fiscal. 3. Ilícitos não comprovador.
4. Lançamento IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau de
j urisdição administrativa necessário – artigos 48 e 49, § 1º,
Lei nº 6.771/06.

Intimados, o contribuinte e a representação fiscal não se


manifestaram.

Por fim, os autos foram encaminhados ao CTE para reexame


necessário.

É o relatório.

VOTO
Trata-se da constituição de crédito tributário pela suposta falta de
recolhimento de ICMS no exercício de 2002, incidente sobre as saídas tributadas
efetivadas sem a devida emissão de documentos fiscais, bem como multa pelo
embaraço à ação fiscal.

Como suporte fático, o fiscal autuante juntou ao auto de infração


apenas levantamento da conta fornecedores, DAC e algumas duplicatas. Esses
elementos mostram-se insuficientes para a caracterização dos ilícitos tributários
narrados no auto de infração.

Muito embora na DAC conste pequenas inconsistências, não se pode


afirmar a saídas de mercadorias sem a emissão de documentos fiscais, conforme
asseverou o julgador Manoel Omena Farias Júnior: “No máximo, os autos denotam
erro no preenchimento da Declaração Anual do Contribuinte (DAC) – 2002.”

No caso em tela observa-se a ausência completa de elementos que


sustentem o auto de infração lavrado.

Acórdão CTE nº 068/2013 2


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Não basta a simples descrição dos fatos jurídicos ou ilícitos


tributários, na medida em que a Administração detém o dever de prová-los, norma
contida, inclusive, no próprio R ICMS, em seu artigo 891, V, que exige cópias dos
documentos necessários a apuração do tributo devido.

Assim, não se desincumbiu a administração do dever de comprovar a


ocorrência dos fatos descritos no auto de infração, de modo que ACORDAM OS
MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, julgando improcedente o auto de infração, mantendo na íntegra a
decisão do julgador singular.

Sala de Sessões do CTE, 12 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERM E ALVES DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


J ULGADORA JULGADORA

Acórdão CTE nº 068/2013 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 12/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-009884/2002 ANEXOS: 1500-016035/2002 E 1500-
002285/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 010579
INTERESSADA: DOLCE BRUNO LTDA
AUTUANTE: JOSÉ ADILTON ALVES SANTOS E OUTRO
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO Nº 070/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE


RECOLHIMENTO DO ICMS COMO
SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO. RECURSO
ORDINÁRIO PREJUDICADO EM VIRTUDE
DA LIQUIDAÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO NO CURSO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO. APLICAÇÃO DA
PENALIDADE PREVISTA NO ARTIGO 84
DA LEI 5.900/96. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO
MANTIDA NA ÍNTEGRA. EXTINTO O
CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO
PAGAMENTO

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração para exigência de crédito tributário


correspondente a R$ 29.580,26 (vinte e nove mil, quinhentos e oitenta reais e seis
centavos), sendo R$ 14.790,13 (quatorze mil, setecentos e noventa reais e treze
centavos) de ICMS e R$ 14.790,13 (quatorze mil, setecentos e noventa reais e
treze centavos) de multa.

O auto de infração consigna que o contribuinte “(...) não recolheu o


ICMS como substituto tributário destacado nas notas fiscais de compras de
mercadorias para comercialização, realizadas nos exercícios de 2000 a 2001”.

Foram tidos como infringidos os artigos 1º, I; 2º, I; 6º XIII “a”, e 23,

Acórdão CTE nº 070/2013 1


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I da lei 5900/96, tendo sido aplicada a multa de prevista no artigo 90 do mesmo


diploma legal.

Instruem os autos: Relação das notas foscais adquiridas de


fornecedores diversos sem inscrição estadual, resumo de débito, Cartão de
autógrafo, relatório de dados cadastrais, notas fiscais, livro de registro de entradas
de mercadorias, livro de registro de apuração do ICMS, entre outros.

A empresa autuada apresentou a defesa, alegando, em síntese, que está


no regime de estimativa, portanto, paga o ICMS sob este regime, conforme consta
no seu livro de registro de utilização de documentos fiscais e termos de
ocorrências– LRUDFTO.

Em sua contrarrazão, o fiscal autuante pugnou pela procedência do


auto.

Através da Decisão nº 18.426/2011 a Coordenadoria de J ulgamento


decidiu pela procedência parcial do auto de infração, assim ementando:

EMENTA – ICMS – 1) Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2) Falta de recolhimento do
ICMS destacado nos documentos fiscais de
entradas, na qualidade de contribuinte
substituto tributário, quando das aquisições
internas de mercadorias oriundas de
fornecedores diversos, sem inscrição estadual.
3) Alteração da penalidade para a prevista no
artigo 84 da lei 5900 de 27-12-96, que, uma vez
revogado pela lei 7079/09, reclassifica-se para o
artigo 79 da lei 5900/96, em cumprimento ao
artigo 13 da lei 4418 de 27-12/82. Infração
caracterizada. Lançamento PROCEDENTE em
parte. Remessa dos autos ao Conselho
Tributário Estadual para reexame necessário,
nos termos do art. 48, I da lei 6.771/06.

O contribuinte interpôs recurso ordinário renovando os argumentos


articulados em sua defesa. A Representação Fiscal, por sua vez, pugnou pela
manutenção da decisão da Coordenadoria de Julgamento.

Por fim, os autos foram encaminhados para o CTE para julgamento do

Acórdão CTE nº 070/2013 2


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recurso ordinário e reex ame necessário.

É o relatório.

VOTO - PRELIMINAR

Compulsando os autos, observo à fl. 15 que há notícia da liquidação


total do crédito constituído, razão pela qual entendo prejudicado o julgamento do
recurso ordinário.

É que a liquidação do crédito tributário importa, necessariamente, na


sua extinção, na forma do artigo 156, I, do Código Tributário Nacional, de tal
forma que não há interesse de agir que justifique a análise do recurso ordinário.

Ante o exposto,,entendo que resta prejudicado o julgamento do


recurso ordinário, em virtude da falta de interesse de agir do contribuinte.

VOTO

Em análise reexame necessário em virtude da decisão da


Coordenadoria de Julgamento que julgou procedente em parte o lançamento, ao
reduzir a multa aplicada.

Com razão o julgador de piso.

O auto de infração constituiu crédito tributário correspondente a


imposto e multa. A penalidade imposta pelo fiscal autuante foi a prevista no artigo
90 da Lei 5.900/96 (100% do valor do imposto). Ocorre que a penalidade do artigo
90 somente é aplicável quando houver a retenção do imposto pelo sujeito passivo,
senão vejamos:

Art. 90. Falta de recolhimento do imposto de


responsabilidade do substituto tributário que houver

Acórdão CTE nº 070/2013 3


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retido antecipadamente:
MULTA – equivalente a 100% (cem por cento) do valor do
imposto.

No caso em apreço não houve a retenção do imposto pela empresa


autuada, de forma que deve-se aplicar a penalidade disposta no artigo 84 da Lei
5.900/96, in verbis:

Art. 84 – Falta de recolhimento do imposto apurado por


meio de levantamento fiscal:
MULTA – equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor
do imposto devido.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo
na íntegra a decisão da Coordenadoria de julgamento. Auto de infração procedente
em parte.

Sala de Sessões do CTE, 12 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERM E ALVES DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: SF-1500-009532/99; CTE-315/07
AUTO DE INFRAÇÃO: 047377, PROTOCOLADO EM 29/5/1992
AUTUADA: ERENILDO OLIVEIRA PINTO- ME
AUTUANTE: TÃNIA MARIA DA SILVA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 072/2013

EMENTA: ICMS - OMISSÃO DE SAÍDAS.


LANÇAMENTO DE OFÍCIO APÓS 14 (QUATORZE)
ANOS DO FATO GERADOR. DECADÊNCIA DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. REEXAME NECESSÁRIO
PROCEDIDO E NÃO PROVIDO. DECISÃO DE 1ª
INSTÂNCIA MANTIDA INTEGRALMENTE.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário ao CTE,


nos termos do art. 48, da Lei Estadual 6771/06, relativo à
Decisão nº 15411/07, referente ao Auto de Infração nº 047377,
protocolado em 29/5/1992, lavrado contra a empresa Erenildo
Oliveira Pinto ME, qualificada na peça exordial, com alegação
do autuante de que “Deixou de recolher aos cofres públicos a
importância de CR$ 652.795,75 (Seiscentos e cinqüenta e dois
mil, setecentos e noventa e cinco cruzeiros e setenta e cinco
centavos) referentes ao ICMS sobre vendas não registradas
apurados através de Levantamento Fisco-Contábil no Exercício
de 1990”

ACÓRDÃO CTE Nº072/2013 1


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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular relata que na fl. 4 do


processo consta uma informação fiscal do dia 17/7/99 de
que este foi encontrado durante incineração feita e que
devido o extravio da documentação não teve condições de
ser completada.
O julgador monocrático diz que só no dia
12/3/2004 atentou-se para o aperfeiçoamento do processo,
solicitando-se a identificação e assinatura do fiscal
autuante na peça inicial.
Ressalta o julgador de 1ª instância que, “o
processo não iniciou por via de um lançamento de ofício
de crédito tributário. Deste somente teve notícia no ano
de 2004, mais de 11 (onze) anos depois de inaugurado o
processo em análise”
Conclui o juízo singular julgando prejudicado
o lançamento e extinto, pela decadência o crédito
tributário, objeto da lide, conforme o estatuído nos
artigos 22, I, e 28, ambos da Lei Estadual 6771/06 e 156,
V, do CTN/66.
Notificadas autuada e Representação Fiscal,
ambas não se manifestaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

ACÓRDÃO CTE Nº072/2013 2


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VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta


observei que o julgador singular não julgou o mérito do auto
de Infração 047377, objeto da lide, por considerar o
lançamento prejudicado e extinto pela decadência, o crédito
tributário nele constante.
No Despacho PGE/PFE – CD nº 0057/2013, anexado ao
ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013, protocolado
na Sefaz sob nº 1500 6479/2013, relativo à resposta à
consulta formulada pelo CTE, referente à prescrição e
decadência do crédito tributário, uniformiza o entendimento
de que:
(...)
”cabendo ao CTE a constituição do
crédito tributário, impossível afastá-lo
da apreciação preliminar da decadência
do mesmo. Em outros termos, a esta
instância competirá, inevitavelmente,
para a formação do crédito tributário, a
necessária análise do transcurso de
prazo decadencial: se a administração
pública fazendária ultrapassou o limite
de 5 (cinco) anos para efetuar o
lançamento tributário.
(...)

Continua ressaltando que:


“a análise do prazo decadencial pelo CTE
constitui seu dever de ofício
(...)”

O Auto de Infração foi lavrado em 29/5/92, porém


a assinatura do fiscal autuante ocorreu após solicitação da

ACÓRDÃO CTE Nº072/2013 3


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Gerência de Crédito Tributário, conforme Despacho na fls. 23


do presente processo, datado de 12/3/2004, mais de 11(onze)
anos depois. Observe-se a redação do art. 142 do CTN:
Art. 142. Compete privativamente à
autoridade administrativa constituir o
crédito tributário pelo lançamento,
assim entendido o procedimento
administrativo tendente a verificar a
ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito
passivo e, sendo caso, propor a
aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade


administrativa de lançamento é vinculada
e obrigatória, sob pena de
responsabilidade funcional.

Acertou o julgador singular quando considerou


“imprescindível a presença da autoridade fiscal para
realização de qualquer lançamento de ofício de crédito
tributário, dela já se conclui que, na hipótese em apreço não
iniciou por via de um lançamento de ofício de crédito
tributário”. Observa-se que a autoridade fiscal inaugurou a
peça inicial em 2004.
Ressalto que entendo que o parecer da PGE,
neste caso, dá competência ao CTE para julgamento da
decadência.
Vale observar que o Despacho da Gerência da
2ª GRAF (fls. 31) de 16/6/2004 sugeriu a Improcedência do
Auto de Infração 047377, pela impossibilidade de reaver a
documentação necessária para um perfeito julgamento
Diante do exposto submeto a este colegiado a
apreciação da Decadência do crédito tributário em

ACÓRDÃO CTE Nº072/2013 4


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evidência, na forma dos artigos dos artigos 22, I, e 28,


ambos da Lei Estadual 6771/06 e 156, V, do CTN/66,
mencionados pelo julgador singular.
Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO
CONSELHOR TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negar-lhe provimento, para
acompanhar integralmente o julgador de primeira instância.

Sala das Sessões do CTE, em 14 de Março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ODETE MINEIRO DA PAZ PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADORA JULGADOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

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SESÃO ORDINÁRIA Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO SF: 1500-10250/97; CAF-15231/07 e CTE-112/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 65385 DE 19/06/1997
RECORRENTE: COORDENADORIA DE JULGAMENTO
RECORRIDO: FERREIRA & ROCHA LTDA
AUTUANTE: GERSON DE MEDEIROS REGO
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 073/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE RECEITA.


FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO
DEVIDO. DESCARECTERIZADA A INFRAÇÃO
PELA FALTA DE COMPROVAÇÃO.
IMPROCEDÊNCIA RECONHECIDA PELA
FISCALIZAÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
PROCEDIDO E NÃO PROVIDO. MANTIDA
DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário ao


Conselho Tributário Estadual relativo à Decisão nº
15247/2007, referente ao Auto de Infração nº 65385,
protocolado em 19/06/1997, lavrado contra a empresa Ferreira
& Rocha Ltda; qualificada na peça exordial com alegações dos
autuantes de que deixou de recolher o ICMS devido,
“proveniente de omissão de receita no exercício de 1996”.

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 1


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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O Julgador monocrático informa que mesmo


provocado o autuante deixou de instruir o processo com o
conjunto probatório mínimo para sustentar o lançamento, julga
Improcedente o Auto de Infração por falta de provas.
Cientificado o contribuinte, este não se
manifestou. Após diligência do CTE, para que os autuantes
também tomassem ciência da Decisão da Coordenadoria de
Julgamento, um destes opinou favorável à Decisão de 1ª
Instância.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 2


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VOTO

Analisando os autos do processo e tudo mais que


no processo consta, observa-se que o contribuinte não
apresentou defesa, lavrando-se então o Termo de Revelia
(fls.5). Em 14/08/97 intimado o autuado por Edital (fls.6),
este não manifestou-se, lavrando-se novamente Termo de
Revelia, seguindo os autos para Coordenadoria de Julgamento
que julgou Improcedente o Auto de Infração.
Concordo com o julgador singular que falta nos
autos, embora tenham sido solicitados em diligência,
(fls.11), documentos que dêem sustentação ao lançamento do
crédito tributário.
Sobre isto o parágrafo único, art. 118 da Lei
4.418, vigente à época da autuação, diz em sua redação:

Art. 118 (...)

Parágrafo Único – O Processo Administrativo


Fiscal inicia na repartição fiscal
competente, mediante autuação dos documentos
necessários à apuração, da liquidez e
certeza do crédito tributário não
regularmente recolhido, organizando-se à
semelhança de autos forense com folhas
devidamente numeradas e rubricadas.

Um dos autuantes, ao responder ao Despacho CTE Nº


35/2008 para ciência e posicionamento opinou pela
Improcedência do lançamento (fls. 33)

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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para negar-lhe
provimento, mantendo na íntegra a decisão de primeira
Instância.

Sala das Sessões do CTE, em 14 de Março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

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SESSÃO Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO Nº 1500-011419-00 E CTE N.º 22/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 059689, PROTOCOLADO EM 11/07/2000.
AUTUADA: JOSÉ ANTÔNIO DA SILVA ELETRÔNICA.
RELATOR: PAULO DE TARSO
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁTIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 074/2013

EMENTA:
AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – OMISSÃO DE
VENDAS DE MERCADORIAS – INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA DEFICIENTE – ÔNUS DA PROVA
DA FAZENDA PÚBLICA – INFRAÇÃO NÃO
CARACTERIZADA – AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE - DECISÃO DA CJ MANTIDA
NA ÍNTEGRA PELOS SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS - REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º


18.400/2011 proferida pela Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou totalmente improcedente o auto de infração n.º
059689, protocolado em 11/07/2000, por entender que o fiscal
autuante não conseguiu provar a infração materializada no auto
de infração.

O auto de infração foi lavrado em razão de


supostamente a empresa autuada ter realizado vendas de
mercadorias interna sem documentação fiscal, fato constatado
pela insuficiência de caixa nos exercícios de 1998 e 1999.

Segundo consta no auto de infração, a autuada


infringiu os seguintes dispositivos legais da legislação

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tributária estadual, a saber: artigos 2º, §§ 9º e 11º, 31, 50,


I, da Lei 5.900/96, assim como os artigos 49, II, VII e VIII
do RICMS/AL, sendo sugerida a penalidade cominada no artigo
87, da Lei nº 5.900/96.

A Autoridade acostou ao Auto de Infração a cópia do


cartão de autógrafos, resumo do débito do auto de infração,
planilha de débito, auditoria do movimento financeiro,
levantamento financeiro simplificado e cópia do livro registro
de utilização de documentos fiscais e termos de ocorrências.

A autuada foi validamente notificada da autuação,


ocasião em que apresentou defesa administrativa, pugnando pela
improcedência do auto de infração, ao argumento de que os
valores aproveitados no levantamento fiscal foram extraídos do
seu “Livro Caixa”. No entanto, os valores utilizados no
levantamento não coincidem com os números declarados no
referido livro.

Em resposta à defesa, o fiscal autuante reiterou os


termos do auto de infração, alegando que o contribuinte não
ofereceu qualquer fato novo capaz de alterar a ação fiscal.

Foram requisitadas duas diligências pela


Coordenadoria de Julgamento – CJ, no sentido de a fiscalização
proceder à juntada nos autos das provas que demonstram a
origem dos valores apontados nas planilhas elaboradas pela
fiscalização, porém as mesmas restaram infrutíferas.

Submetido os autos à Coordenadoria de Julgamento,


esta julgou totalmente improcedente a autuação, em razão da
ausência de provas da infração.

Assim, chegam os autos a este Conselho Tributário


Estadual para análise do reexame necessário, de acordo com o
artigo 48, I da Lei nº. 6.771/2006.

No essencial, é o relatório.

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VOTO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º


18.400/2011 proferida pela Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou totalmente improcedente o auto de infração n.º
059689, protocolado em 11/07/2000, por entender que o fiscal
autuante não conseguiu provar a infração materializada no auto
de infração.

Analisando atentamente os autos, percebe-se o acerto


na decisão da CJ quanto à improcedência da autuação,
especialmente quando a própria Coordenadoria de Julgamento
tentou salvar o auto de infração mediante a requisição de
diligências para que a fiscalização procedesse à juntada dos
documentos que serviram de base para a lavratura do auto de
infração.

Com efeito, o fiscal autuante não se desincumbiu de


provar a alegada omissão de saídas tributadas mediante a
juntada dos documentos de receitas e despesas utilizados na
apuração dos fatos imputados, descumprindo, portanto, o art.
891, IV (nova redação), do RICMS/AL. Vejamos:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

...

IV - as provas necessárias à demonstração do


fato argüido, inclusive cópias dos documentos
que serviram de base para a apuração das
irregularidades.

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Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, mantendo na íntegra a decisão da Coordenadoria de
Julgamento pelos seus próprios fundamentos, declarando
improcedente o auto de infração.

Sala de sessões do CTE Maceió/AL, 13 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA JULGADORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº074/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESÃO ORDINÁRIA Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-015.700/2004 e CTE nº 472/2011.
ANEXO: 1500-026.978/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO: 039.756, de 17/06/2004.
AUTUADA: Nilda Martins Collaço.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.086.604-5.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.179 /2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Tânia Maria da Silva
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 077/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Omissão


de vendas de mercadorias apurada mediante o
confronto entre as receitas e as despesas da
autuada nos exercícios de 2000, 2001 e 2002.
2) Não comprovação da infração. 3) Lançamento
Improcedente. 4) Reexame Necessário conhecido
e improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Nilda Martins Collaço, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 29.306,15 (vinte
e nove mil, trezentos e seis reais e quinze centavos), por
omissão vendas de mercadorias exercícios de 2000, 2001, e
2002, após o confronto das receitas com as despesas.

Apontados como infringidos os artigos 50,I,


da Lei nº 5.900/1996 e 49, II, VII e VIII; 130, e 136, do
RICMS/91. Sendo sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com a FAC, relatório


de dados cadastrais do contribuinte; cópia do cartão de
autógrafo; demonstrativos dos levantamentos financeiros anuais
simplificados; cópias das DAC’s e do LRAICMS.

ACÓRDÃO CTE 077/2013


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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que suas


compras de mercadorias foram a prazo. Por fim, pede que o auto
de infração seja improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões alegando


que a exigência tributária deve ser mantida porque a defesa
não é convincente na sua afirmação de que fora a prazo suas
compras de mercadorias, pois as duplicatas anexadas não
passaram de um exercício para outro, e sim, foram duplicatas
emitidas e quitadas dentro do mesmo exercício; as DAC’s
anexadas apontam que as compras de mercadorias foram quitadas
dentro do mesmo exercício, inexistindo saldos a pagar para o
exercício seguinte; considerou os períodos de apuração anual,
e não mensal, sendo tais duplicatas, irrelevantes para a
questão; a autuada juntou em sua defesa, duplicatas estranhas
à autuação, pagas em 2003 e 2004. Foram anexadas cópias do
LREM. Por fim, pede a Procedência da autuação.

Em 30/08/2011, foi proferida a Decisão nº


18.179 /2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento por falta de provas com a ementa.

EMENTA - ICMS – 1) Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2) Suposição de falta
de recolhimento da obrigação principal, por
omissão de saída de mercadorias tributáveis
em operações internas, apurada mediante
levantamento financeiro anual simplificado
da conta “caixa” dos anos de 2000, 2001, e
2002. 3) Dados extraídos do livro Registro
de Apuração do Icms, sem considerar
possíveis compras e vendas a prazo e as
referidas duplicatas. 4) Ausência de
comprovação da rubrica “despesas
tributárias”. Lançamento IMPROCEDENTE ante
à falta de provas. Remessa dos autos ao
Conselho Tributário Estadual para reexame
necessário, nos termos do art. 48, I da Lei
6.771/06.

ACÓRDÃO CTE 077/2013


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A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.179 /2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração 039.756.

DO REEXAME NECESSÁRIO

A análise dos autos demonstra que a autuação


cobra omissão de vendas de mercadorias nos exercícios de 2000,
2001, e 2002, com base em levantamento financeiro simplificado
da conta caixa mediante o confronto de receitas e despesas.

Inicialmente, observe-se o Reexame Necessário


se refere à Improcedência do Lançamento. Observe que o Mapa
Roteiro LF 05 – Levantamento Financeiro Exclusivo para Escrita
Fiscal da forma como se encontra preenchido não se presta a
apurar a movimentação da Conta Caixa da autuada, haja vista,
que os valores das compras e das vendas de mercadorias por si
só (sozinhos) não são capazes de medir ou de espelhar a real
situação financeira da referida conta.

A conta caixa como demonstra o imprestável


formulário, é composta de outras rubricas, tanto nas despesas,
quando dos pagamentos de salários, duplicatas a pagar, água,
luz, telefone, etc; quanto nas receitas, quando do recebimento
de aluguéis; de empréstimos bancários, etc. Observe-se, ainda
que todos os campos do Mapa Roteiro devam estar preenchidos e
nessa situação deveria também estar acompanhados dos elementos
que comprovassem os recebimentos no caso de receitas, bem como
os pagamentos das despesas realizadas.

Quanto às cópias das duplicatas anexadas pela


autuada na defesa não tem como influenciar no levantamento uma
vez que seus valores não constam dos Mapas Roteiros. Nesse
passo, louve-se o empenho do julgador singular na tentativa de
justificar a situação de Improcedência do Lançamento por falta

ACÓRDÃO CTE 077/2013


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de provas, ao proferir sua decisão com a qual concordo e que


não é merecedora de reforma.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1 CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade, conhecer do
Reexame Necessário, negar-lhe provimento. Mantida a decisão
singular.

Sala das Sessões, em Maceió, 14 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE 077/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 11 – Realizada em 19/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO:SF-1500-017207/04;ANEXO:1500-032559/04 e CTE-413/11
AUTO DE INFRAÇÃO: 041047, PROTOCOLADO EM 05/07/2004
AUTUADA: LARANJA PÊRA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.
AUTUANTE: MÔNICA LIMA DE AQUINO
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 078/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE SAÍDAS DE


MERCADORIAS E AQUISIÇÃO DE
MERCADORIAS SEM DOCUMENTOS FISCAIS
DESCARECTERIZADA PELA FALTA DE
COMPROVAÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
PROCEDIDO E NÃO PROVIDO. DECISÃO DE
1ª INSTÂNCIA MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário, ao


CTE, nos termos do art. 48 E 49,§ 1º, da Lei Estadual
6771/06 relativo à Decisão nº 17634/2011, referente ao Auto
de Infração nº041047, protocolado em 5/7/2004, lavrado
contra a empresa Laranja Pêra Comércio e Representações
Ltda. com alegação da autuante de que nos exercícios de 2002
e 2003 omitiu vendas de mercadorias e adquiriu mercadorias
sem documentação fiscal, e em conseqüência deixou de
recolher o ICMS pertinente.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que, a autuada


apresentou defesa no dia 12/11/2004, conforme processo, em
anexo, SF 1500 02559/2004 requerendo improcedência do Auto
de Infração para fins de anulação e arquivamento, em razão
da ausência de materialidade e desobediência aos arts. 889
B, VIII; 891, incisos I a V, todos do RICMS/91.

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 1
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O julgador singular fundamenta sua decisão


ressaltando que a defesa é tempestiva porque nos autos não
se tem prova da intimação do lançamento.

Observa o julgador monocrático, que no Auto de


Infração, embora simples, contem elementos suficientes que
não prejudicam a defesa, não cabendo sua nulidade na forma
do art. 7º, II, da Lei 6771/06.

Ressalta o julgador de 1ª instância que procede


a arguição da defesa, relativa a não identificação precisa
dos itens levantados na planilha de Controle físico de
mercadoria. Em 2003 foi identificado produto na planilha já
referida, com a qualificação de diversos. Continua o
julgador, dizendo que não há nos autos obediência ao art.
891, IV e § 1º, I do RICMS.

Conclui, julgando improcedente o Auto de


Infração, em demanda.

DILIGENCIA DO CTE

Constatado por esta conselheira que houve engano


da Coordenadoria de Julgamento quanto à intimação do autuado
e que a Representação Fiscal deveria tomar conhecimento
solicitei diligência para as devidas providências, e estas
foram atendidas (fls. 55 a 61), porém o contribuinte e
Representação Fiscal não se manifestaram.
Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta, observa-se que o Auto de Infração nº nº014047
protocolado em 5/7/2004 foi lavrado contra a empresa, em
evidência, com alegação da autuante de que omitiu saídas de
mercadorias tributáveis e adquiriu mercadorias sem
documentação nos exercícios de 2002 e 2003, e, em
conseqüência não recolheu o ICMS devido.

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 2
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Concordo com o julgador singular que não houve


prejuízo à defesa, tanto é que esta ataca ponto por ponto o
que foi acusado pela fiscalização.

Observe-se o art. 7, II da Lei Estadual 6771/06:

Art. 7º São nulos:


(...)
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito
de defesa;
(...)

Houve, porém, por parte da fiscalização relativa


desobediência ao art. 889B, IV do RICMS, nas planilhas tanto
de 2002 e 2003 há itens qualificados como “diversos”,
unificando os preços unitários. Observe-se o que diz o
artigo em referência:
Art. 889-B O Auto de Infração deve
conter:
(...)
IV - a descrição dos fatos
considerados infrações a obrigações
tributárias principal e/ou acessórias,
de forma clara, precisa e sucinta;
(...)

O processo também não foi devidamente instruído,


conforme o regramento do art. 891, IV, e § 1º, I do RICMS,
aprovado pelo Dec. 35245/91, com a nova redação dada Decreto
1.599/03, cuja redação assim diz:
Art. 891 O processo administrativo
fiscal decorrente de Auto de Infração
deve ser instruído com:
(...)
IV - as provas necessárias à
demonstração do fato argüido,
inclusive cópias dos documentos que
serviram de base para a apuração das
irregularidades.

No caso não foram anexadas cópias das Notas


fiscais que serviram de base para a apuração das
irregularidades apontadas no Auto de Infração, objeto da
lide.

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 3
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

Por tudo o que foi dito concordo com o julgador


singular que caberia ao Fisco fazer provas das acusações, e
esta não ocorrendo “o que prevalece é a incerteza, a
insuficiência de provas”.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para negar-lhe
provimento, mantendo a decisão da 1ª Instância que deu como
improcedente a ação fiscal.

Sala das Sessões do CTE, em 09 de Março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO


JULGADOR

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 4
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA
______________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 02 – REALIZADA: 18/01/2013 – 2ª


CÂMARA.
PROCESSO N º : SF 1500-029937/2007; CTE.
AUTO DE INFRAÇÃO N : 99.70589-001, de 01/11/2007.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : O Borrachão Ltda.
AUTUANTE : Orival José França
RELATOR : Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE : Patrícia Melo Messias.

ACÓRDÃO 08/2013

EMENTA. PAT. NORMAS


PROCEDIMENTAIS. A NORMA DO ART. 43,
INCISO II, DA LEI N. 6.771/2006,
INTRODUZIDA PELA LEI N. 7.078/2009,
DISPENSOU O REEXAME NECESSÁRIO
QUANDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXCLUÍDO PELA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO (1A. INSTÂNCIA DE
JULGAMENTO) NÃO ULTRAPASSAR O
VALOR CORRESPONDENTE A 400
UPFAL’S. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À
INSTÂNCIA A QUO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado


Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face de suposta
sucumbência parcial da Fazenda Estadual imposta pela Decisão n ° 17.622/2011, da

ACÓRDÃO CTE N° 08/2013


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Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu pela manutenção apenas em parte da
autuação.

Antes de empreendermos o reexame legal, convém apresentarmos os atos


e fases já vencidas nos autos.

Pois bem.

O auto de infração propôs-se a lançar o ICMS mais a multa regulamentar


no valor total de R$ 11.995,58, sob a motivação de que o contribuinte haveria feito uso
de crédito fiscal indevido.

O processo administrativo foi instaurado a partir de impugnação do


sujeito passivo, que culminou com a decisão que ora é reavaliada em reexame de ofício,
esta, que por sua vez, manteve quase que integralmente a autuação.

A suposta sucumbência da Fazenda Estadual estaria fundada


exclusivamente no fato de que a instância de piso teria rejeitado a presunção de omissão
relativa ao mês de maio de 2007, vez que os recolhimentos do contribuinte teriam
superado o suposto creditamento indevido.

Regularmente intimados, representação fiscal e contribuinte silenciaram.

Nada mais a relatar. Passo a decidir, então.

VOTO

De início, convém esclarecer que o reexame de ofício não se propõe a


reexaminar toda a decisão de piso, devendo se ater apenas a parte em que foi a Fazenda
Pública sucumbente.

Ocorre, entretanto, que o art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006, com as
inserções promovidas pela Lei n. 7.078/09, restringiu a subida dos autos em sede de
reexame necessário ao Conselho Tributário quando a redução do crédito tributário for
superior ao valor correspondente a 400 (quatrocentas) UPFAL’s.

Confira-se a redação do art. 43, inciso II, do PAT:


2
Art. 43. A competência para julgamento do processo administrativo
tributário decorrente de Auto de Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:

I – nos casos de procedimento especial; ou

II – na decisão contrária à Fazenda Estadual quando a importância


pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

No caso, considerando que a suposta parcela excluída está aquém do piso


de alçada estabelecido pelo supra destacado inciso II do art. 43 do PAT, entendo não ser
o caso em exame hipótese de reexame de ofício.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, não conhecer do
reexame necessário, pois incabível em espécie, à luz do art. 43, inciso II, da Lei n.
6.771/2006.

Voltem os autos, com os nossos cumprimentos, à Douta Coordenadoria


de Julgamento para as providências cabíveis.

Sala de Sessões do CTE. Maceió – AL, 18 de janeiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE N° 08/2013


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4
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 11 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 19/03/2013


PROCESSO: SF 008.388/92 E CTE 15/2009
AUTO DE INFRAÇÃO N.º: 037235, DE 14/07/92.
AUTUADA: CALCE E MODAS LTDA
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 080/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


OMISSÃO DE VENDAS DE MERCADORIAS –
INSTRUÇÃO PROBATÓRIA DEFICIENTE – ÔNUS
DA PROVA DA FAZENDA PÚBLICA – INFRAÇÃO
NÃO CARACTERIZADA – AUTO DE INFRAÇÃO
NULIDADE - DECISÃO DA CJ MANTIDA NA
ÍNTEGRA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS
- REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração que tem por objeto o


lançamento de crédito tributário no valor de CR$ 6.140.355,12
(seis milhões, cento e quarenta mil, trezentos e cinquenta e
cinco cruzeiros e doze centavos). Este valor convertido para a
moeda atual perfaz a quantia R$ 28.638,46 (vinte e oito mil,
seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos),
sendo apenas R$ 1,24 (um real e vinte e quatro centavos) de
ICMS.

O motivo para a lavratura do auto de infração consiste na


suposta ausência de recolhimento de ICMS nas vendas de
mercadorias sem documentação fiscal, constatado através da
apuração do controle físico de mercadorias, durante o
exercício de 1991.

O fundamento legal utilizado no auto de infração é o que


segue: artigos 4º, 55 e 73, IV, da Lei 5.077/89, sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no art. 98 da Lei
5.077/89.

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Ao analisar o processo, a CJ, através da decisão n.º


15.797/09, reconheceu a nulidade do lançamento, uma vez que
não restou demonstrado na autuação o método utilizado para
calcular o tributo, assim como em razão da ausência de prova
que lastrei a acusação fiscal.

Em análise ao reexame necessário, a 2ª Câmara de


julgamento do Conselho Tributário Estadual, através do acórdão
65/2009, de relatoria da eminente conselheira Maria Lopes
Milhomes, conheceu e deu provimento ao reexame necessário da
decisão da CJ, no sentido de reformar a decisão, determinando,
ainda, o retorno dos autos para a CJ para a análise do mérito
do lançamento.

Devolvido os autos para a CJ, a então Coordenadora Odete


Mineiro da Paz proferiu o Despacho n.º 089/2009, nos seguintes
termos:

“O CTE tem competência para anular ou reformar


as decisões de 1ª Instância (art. 46 da lei n.º
6.161/2000). No caso de Reforma, a Decisão
recebe nova interpretação, diferente daquela
emitida pelo julgador de 1ª Instância. Exemplo:
uma Decisão de 1ª Instância julgando pela
Procedência determinado auto de infração e no
CTE uma das Câmaras decide Reformar esta
decisão, quando o faz, a reforma deve decidir
pela Procedência Parcial ou pela Improcedência,
etc. Neste caso os autos não retornam a CJ para
nova Decisão, porém no caso de Anulação os autos
retornam a CJ para que seja proferida nova
Decisão.”

Assim, a CJ devolveu os autos para o CTE com o intuito de


que este órgão esclareça se houve anulação da decisão da CJ, e
não a reforma, ou, caso confirme a reforma, declare qual o
entendimento adotado pela 2ª Câmara, se pela procedência,
improcedência etc.

Neste contexto, diante da omissão da legislação estadual


para solucionar o impasse, considerando que a 2ª Câmara já
exerceu sua competência para apreciar o feito, o Presidente

ACÓRDÃO CTE Nº 080/2013 Página 2


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deste Conselho, mediante despacho, determinou a subido dos


autos ao Pleno do CTE para solucionar definitivamente a
controvérsia, conforme estabelece o art. 61 do Decreto
36.160/94.

Em sessão plenária, o Pleno do CTE, por maioria de votos


(5x3), decidiram anular a decisão da 2ª Câmara de Julgamento,
determinando, ainda, o retorno dos autos para o referido órgão
para proferir novo julgamento.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Cuida-se de auto de infração que tem por objeto o


lançamento de crédito tributário no valor de CR$ 6.140.355,12
(seis milhões, cento e quarenta mil, trezentos e cinquenta e
cinco cruzeiros e doze centavos), em razão do contribuinte
supostamente ter deixado de recolher ICMS nas vendas de
mercadorias sem documentação fiscal, constatado através da
apuração do controle físico de mercadorias, durante o
exercício de 1991.

Analisando atentamente os autos, percebe-se o acerto na


decisão da CJ quanto à nulidade do auto de infração. Com
efeito, o fiscal autuante não se desincumbiu de provar a
alegada omissão de saídas tributadas mediante a juntada dos
documentos utilizados na apuração dos fatos imputados,
conforme foi bem consignado na decisão:

“Contudo, a base de cálculo do lançamento


tributário contém algumas mensurações não
objetivas, tornando o seu quantum impreciso,
pois inexiste a demonstração do método (preço
médio, PEPS ou UEPS) ou critério específico
utilizado para o cálculo do valor unitário de
cada item na ficha de “Controle Físico da
Mercadoria” (fls. 18).”

...

“No caso concreto, análise se detém sobre a


ausência de provas que substanciem o aspecto

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físico da contagem das mercadorias e a


imprecisão da base de cálculo mensurada pelo
Fisco (inexistência do método utilizado pelo
fisco para apuração do valor unitário).

Percebe-se, nos autos, a ausência de cópias das


notas fiscais para substanciar o quantitativo
das mercadorias levantadas pelo fiscal
constante no “Controle Quantitativo de
Mercadorias (...)”

In casu, o fiscal violou o disposto no artigo 891, V, do


RICMS/AL. Vejamos:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

...

IV - as provas necessárias à demonstração do


fato argüido, inclusive cópias dos documentos
que serviram de base para a apuração das
irregularidades.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, mantendo na íntegra a decisão da Coordenadoria de
Julgamento pelos seus próprios fundamentos, declarando a
nulidade do auto de infração.

Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de março de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 11 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/03/2013


PROCESSO: SF-1500-02183/97 e CTE-203/2007
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 012228 DE 12/09/1996
RECORRENTE: COORDENADORIA DE JULGAMENTO
RECORRIDO: R. J. OLIVEIRA DE MELO
RELATOR: CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 081/2013

EMENTA: ICMS – EXTRAVIO DE


DOCUMENTOS FISCAIS. REVELIA.
LANÇAMENTO PREJUDICADO EXTINÇÃO DE
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECISÃO DE
PRIMEIRA INSTÂNCIA MANTIDA NA SUA
INTEGRALIDADE.
Relatório

Trata-se de crédito tributário constituído no


valor de 5.000 (cinco mil) UPFAL’S, correspondente à
multa, em decorrência da presunção de extravio de 05
(cinco) talões de notas fiscais B-1, de numeração
000001 a 000250.

Foi tido por infringido o art. 49-VI-“b” do RICMS


aprovado pelo Decreto 35.245/91. Sendo sugerida a
penalidade prevista no art. 862 do já nominado Decreto.

Instrui o processo: cópia da ficha de atualização


cadastral – FAC, cartão de autógrafo, cópia da página
do Diário Oficial do Estado de Alagoas, onde se
verifica a publicação do extravio dos talões

ACÓRDÃO CTE Nº 081/2013 Página 1


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considerados no AI e, controle de talonário fiscal de


fls.: 03, 04, 05, 21 e 32.

Intimado, o contribuinte não apresentou impugnação


ao auto de infração.

A Coordenadoria de Julgamento, através da Decisão


n.º 15.332/07, julgou prejudicado o crédito tributário
em virtude da prescrição, assim ementando:

ICMS. 1. Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2. Extravio de
documentos fiscais. 3. Revelia. 4.
Lançamento prejudicado. 5. Extinção de
crédito tributário. 6. Prescrição –
CTN, artigos 156, V, e 174. Duplo grau
de jurisdição administrativa
necessário – art. 48, Lei Estadual n.º
6.771/06.

Intimados, a Representação fiscal e o contribuinte


não se manifestaram.

Por fim, os autos foram encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para reexame necessário.

É o relatório.

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VOTO

Com razão o julgador singular.

Observa-se nos autos que, mesmo intimado, o


contribuinte não apresentou impugnação ao auto de
infração, tendo sido lavrado o Termo de Revelia em
10/12/1996.

Após o decurso do prazo sem a manifestação do


contribuinte o crédito tributário estava constituído
definitivamente. A partir de então, iniciou-se o prazo
prescricional de cinco para sua inscrição e propositura
da competente execução fiscal.

É o que dispõe o art. 141 da Lei nº 4418/82,


in verbis:

“Art. 144 – Findo o prazo de


intimação, sem pagamento do débito
ou apresentação de defesa ou
recurso, será providenciado a
lavratura do termo de revelia e o
encaminhamento do débito para
inscrição na Dívida Ativa.”

Em total dissonância com os ditames legais, o


Fisco quedou-se inerte pelo prazo superior a 10 (anos).

ACÓRDÃO CTE Nº 081/2013 Página 3


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Na realidade, ao invés de inscrever em dívida


ativa e dar início a cobrança judicial, o Fisco
desnecessariamente encaminhou o auto de infração para
conhecimento pela Coordenadoria de Julgamento.
Acertadamente, o julgador de piso reconheceu a
prescrição, ante o decurso de mais de cinco anos da
constituição definitiva do crédito sem qualquer
execução fiscal.

Não tendo sido tomada tal providência pela


Fazenda Estadual e tendo decorrido mais de 10 (dez)
anos do lançamento inicial, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário
para negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a
decisão da Coordenadoria de Julgamento. Crédito
Tributário extinto pela prescrição.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 19 de


março de 2013.

SÉRG IO GUI LHE RM E A. D A S . F ILH O CAR LOS HE NRI QU E DE M . B RAN DÃO


PRES IDE NTE REL ATO R

PAUL O D E T ARS O DA C. SIL VA ODE TE MIN EIR O DA PAZ


JULG ADO R JUL GAD ORA

MARI A L OPE S M IL HO MES


JULG ADO RA

ACÓRDÃO CTE Nº 081/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 13 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/04/2013


Processo n.º 1500-039947/2002 CTE 134/2009
Auto de Infração n.º 030735, 21/11/2002
Contribuinte – SALVE CONFECÇOES LTDA.
Autuante – MARCOS GUEDES
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIA
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO Nº082/2013

EMENTA - LEVANTAMENTO FISCAL.


ELABORAÇÃO DE NOVA PLANILHA, CORREÇÃO
DE VALORES. DÉBITO FISCAL DEVIDAMENTE
APURADO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO
CONHECIDO POR EXTEMPORANEIDADE.
REMESSA NECESSÁRIA A QUAL SE NEGA
PROVIMENTO, CONFIRMANDO A DECISÃO DA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Remessa Necessária e Recurso Ordinário,


quanto a decisão da Coordenadoria de Julgamento n.º 17.885/2011,
que entendera por fixar, ainda que reduzindo o valor
originariamente previsto no Auto de Infração (R$ 78.422,98), a
quantia devida pelo Contribuinte para R$ 10.756,90 (dez mil,
setecentos e cinquenta e seis reais e noventa centavos).

Representado na composição final como sendo R$ 4.302,76


(quatro mil, trezentos e dois reais e setenta e seis centavos) à
título de imposto relativo ao ICMS; além de R$ 6.454,14 (seis
mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e quatorze
centavos), no tocante a multa no percentual de cento e cinquenta
por cento nos termos do art. 87 da Lei n.º 5.900/1996, por
alegada ausência de não recolhimento de imposto quando da saída
da mercadoria.

ACÓRDÃO Nº082/2013 Página 1


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O lançamento fora no sentido de que o Contribuinte


efetivara vendas de mercadorias, mas sem que recolhesse o
imposto devido. Tendo sido a constatação mediante levantamento
fiscal. Acompanha o auto de infração cópia de: Livro de Registro
de Entrada; Livro de Registro de Apuração; folha de pagamento de
funcionários e recibos de pagamentos; termo de rescisão de
trabalho e recolhimento de encargos sociais; boletos de
aquisição de mercadoria; contas de consumo da CASAL e CEAL.

Intimado o contribuinte apresentou impugnação ao Auto de


Infração argumentando distorção no trabalho de levantamento,
quando os números postos na planilha que serviu para a imputação
apresentam diferenças de valores com a apuração de entrada e
saída de mercadorias. Além da falta de consideração de saldo de
caixa do ano anterior ao analisado. Pedindo então a
improcedência parcial do auto.

Em contestação, o então agente fazendário, em princípio,


afirmou que nada teria a acrescentar ao já constante nos autos
(fls. 318), todavia posteriormente efetivando o aditamento ao
mesmo as fls. 327/328. Então com encaminhamento ao setor próprio
para intimação.

Procedendo-se aí na decisão aqui submetida a apreciação,


onde restara reduzido o valor originário em acatamento ao
aditamento lançado, haja vista as incorreções defendidas pelo
Contribuinte, qual seja, o valor de R$ 10.756,90 (dez mil,
setecentos e cinquenta a seis reais e noventa centavos).

Em razão de existência de advogados habilitados, e nova


indicação de endereço do contribuinte existente no processo,
houve a determinação de procedência de nova intimação para
ciência ao contribuinte de todos os atos até então praticados.
Quando então autuada a decisão com os mesmos termos daquela
anteriormente proposta de n.º 15.996/2009, pela de n.º
17.885/2011.

Apresentado Recurso Ordinário argumentando em sede de


preliminar que o débito já estaria parcelado, mas que mesmo
assim o fisco o impunha como devido; e, que o fato gerador
deveria ter sido somente a circulação da mercadoria (ICMS), não
podendo se ter como fluxo de caixa despesas administrativas em
sua composição. Requerendo o cancelamento do débito e/ou mesmo
a suspensão do processo até o término do parcelamento.

Neste recurso, se fazendo o contribuinte representar


através de advogado legalmente habilitado por meio de procuração
acostada (fls. 06/07 – volume do recuso ordinário).

ACÓRDÃO Nº082/2013 Página 2


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Em contrarrazões, defende o agente fazendário a ocorrência


de perda de prazo quando a data de recebimento do “AR” fora em
09/04/2012, e a chancela de recebimento do recurso somente em
09/05/2012, em muito extrapolado o prazo de quinze dias.

Era o que se tinha relatar.

Passo a decidir.

No que relativo à afirmação de parcelamento do débito,


posto como uma ‘preliminar recursal’, já está esclarecido pelos
registros mantidos nos sistemas da SEFAZ, que este Contribuinte
realmente possui um parcelamento, mas para o “Auto de Infração
n.º 037734” e não o aqui sob exame.

Sendo clara também a existência deste citado auto, quando


afirma o agente fazendário em referência a solicitações
efetivadas ao contribuinte: “(...) Na tentativa de dificultar o
julgamento do mesmo, não apresentou a documentação solicitada
através da Intimação fiscal de n.º 189617/06.06.03, em anexo, o
não atendimento ensejou na lavratura do Auto de Infração de n.º
037734, de 12.06.03, por embaraço à ação fiscal.” (fls. 318).

Ultrapassada esta explanação para com esta preliminar do


Contribuinte, passa-se a ofertada nas contrarrazões pelo Agente
Fazendário.

Passa-se agora à apreciação da preliminar de


intempestividade suscitada, em relação ao Recurso Ordinário
(titulado como voluntário). Veja-se que a peça recursal
transcreve em sua justificativa a menção de haver protocolizado
o mesmo em atenção aos artigos 45, 46, e 48 da Lei 6.771/2006.

O qual, no que condizendo ao prazo recursal, se tem:


Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I - recurso ordinário; e

II - recurso especial.
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias,
contados da ciência da decisão.

Verificando os autos percebe-se a chancela de recebimento a


carta de intimação em 09/04/2012 (fls. 453). Contudo, o
protocolo do recurso, a chancela de recebimento apenas em
09/05/2012 (fls. 02 – recurso ordinários).

ACÓRDÃO Nº082/2013 Página 3


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Ou seja, quando transcorrido bem mais do que os quinze dias


conferidos na lei. Então, o que faz denotar a intempestividade
recursal para o manejo do Contribuinte.

Assim, não há como conhecer, por perda de prazo o recurso


ordinário:

EMEN: ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


LICITAÇÃO. HABILITAÇÃO. JULGAMENTO DAS PROPOSTAS.
RECURSO ADMINISTRATIVO. INTEMPESTIVIDADE. INÍCIO DO
PRAZO DECADENCIAL. DECADÊNCIA RECONHECIDA. SEGURANÇA
DENEGADA. 1. (...) 3. Reconhecida a intempestividade
dos recursos administrativos apresentados pela
impetrante, devem ser considerados como não
apresentados, motivo pelo qual o prazo de decadência
para impetração de mandado de segurança teve início a
partir do último dia do prazo recursal, ou seja,
13/11/08. Desta forma, tendo o mandamus sido
impetrado apenas em 24/4/09, forçoso reconhecer a
decadência da impetração. 4. Segurança denegada.(MS
200900738300, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRA
SEÇÃO, DJE DATA:02/08/2011 ..DTPB:.)

Muito embora das arguições nele transcritas a mais


relevante trata da possível existência de parcelamento (que como
visto não se trata do auto de infração aqui tratado); sendo as
demais questões ali lançadas, genericamente postas em relação a
não observação pelo agente fazendário, dos requisitos de
constituição do auto.

Passando então para a análise da remessa necessária ante a


redução dos valores originários (R$ 78.422,98), quando a decisão
da Coordenadoria de Julgamento n.º 17.885/2011, a fixou em R$
10.756,90 (dez mil, setecentos e cinquenta e seis reais e
noventa centavos).

Como bem espelha o julgado, em razão das argumentações


traçadas pelo Contribuinte quando de sua impugnação, houve a
efetivação de nova planilha corretiva – aditamento ao auto –,
onde se relocou os valores destacados pelo Contribuinte como
incorretos (vez que a impugnação se deu de forma parcial); ao
mesmo tempo que fez incluir saldo de caixa do ano
anterior/valores, para o mês de janeiro de cada.

Diga-se mais, como não poderia deixar de ser diferente, que


cada uma destas correções foram feitas todas dos dados contidos
no livro de registros de mercadoria. E a própria defesa válida
do contribuinte antes da via recursal, com a ressalva de
verdadeiramente ter alcançado seu objetivo quando da diminuição

ACÓRDÃO Nº082/2013 Página 4


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do lançamento originário, pugnou para que fosse julgado o feito


apenas: IMPROCEDENTE EM PARTE, com a validação/confissão da
planilha corrigida de fls. 288.

Diante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não
conhecer o recurso ordinária e reexame necessário conhecido
improvido, diante das correções justificadamente efetivadas,
mostra-se correto a decisão perpetrada pela Coordenadoria de
Julgamento, quando com base dos valores constantes nos livros de
registro de mercadoria do Contribuinte, julgou por correto o
aditivo posto ao lançamento originário, com a redução do valor
para R$ 10.756,90 (dez mil, setecentos e cinquenta e seis reais
e noventa centavos), representado na composição final como sendo
R$ 4.302,76 (quatro mil, trezentos e dois reais e setenta e seis
centavos) à título de imposto relativo ao ICMS; além de R$
6.454,14 (seis mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e
quatorze centavos), nos termos do art. 87 da Lei n.º 5.900/1996,
devidamente corrigidos até a data do efetivo pagamento.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió (AL), 05 de abril de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SERGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº13 – 2ª CAMARA – REALIZADA:05/04/2013


PROCESSO Nº.: SF 1500-010674/2008 CTE 56/2011 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 9977139-003 de 19/06/2008
RECORRENTE: ELOHIM COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. - ME
RECORRIDA: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 084/2013

EMENTA: ICMS – FALTA DE


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO EM VIRTUDE
DA UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO
INIDÔNEA. SIMULAÇÃO DE DESISTÊNCIA
DA OPERAÇÃO COM O CANCELAMENTO DOS
DOCUMENTOS FISCAIS CHANCELADOS NOS
POSTOS FISCAIS, SEM QUALQUER
INFORMAÇÃO SOBRE O SEU
CANCELAMENTO OU SUBSTITUIÇÃO.
MATERIALIDADE DA INFRAÇAO
DEVIDAMENTE COMPROVADA NOS AUTOS.
3AFASTADA A PRELIMINAR DE NULIDADE
DO AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE
OFÍCIO DE 300%. ALEGAÇÃO DE
PENALIDADE CONFISCATÓRIA.
INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL PARA
APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS QUE
IMPLIQUEM A DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO
DISPOSITIVO NORMATIVO QUESTIONADO.
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO. LANÇAMENTO PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário, visando a reforma da


decisão administrativa nº 16.705/2010 proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, a qual se posicionou pela procedência do lançamento
do crédito tributário constante do Auto de Infração em epigrafe, nos
termos da seguinte ementa:

ACÓRDÃO 084/2013 Página 1


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“EMENTA: ICMS. 1- Lançamento de ofício do crédito


tributário decorrente do não recolhimento nas
saídas de mercadorias tributáveis; 2- Situação
comprovada pela ocorrência do fato gerador do
imposto, que se dá no momento da saída, art. 2º, I,
da Lei nº. 5.900/96; 3- Caracterizada a
dissimulação de cancelamento das notas fiscais de
saídas, porque não respeitadas as prescrições
regulamentares; 4- Apresentados pela defesa,
documentos que revelam atitude em total descompasso
com a legislação; 5- Infração aos artigos 101, I;
131, §15 e 207, IX, do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº. 35.245/91, com redação
dada pelos Decretos 36.493/95 e 37.202/97; 6-
Rejeitadas as preliminares de nulidade do
lançamento suscitadas pela defesa; 6.1- Porque
presentes os elementos q1ue determinam a infração e
o infrator, art. 7º, IV, “a”, da Lei nº.
6.771/2006; 6.2- Porque privilegiados os princípios
do contraditório e da ampla defesa; 7- Subsunção do
fato à penalidade do art. 105 da Lei nº. 5.900/96;
8- PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.”

Segundo discriminação fática relatada no Auto de


Infração, a Recorrente “deixou de recolher o ICMS sobre as operações
realizadas no(s) período(s) discriminado(s), em virtude de ter
utilizado documentação fiscal inidônea”, na medida em que, de acordo
com o relato inicial, “o contribuinte simulou a desistência da
operação, cancelando os documentos fiscais anexos aos autos, tendo
alguns chancelados nos postos fiscais, sem o canhoto de recebimento,
sem qualquer informação sobre o cancelamento ou informando o
documento que o substituiu”, imputando-se o recolhimento de ICMS no
valor de R$ 26.171,33 (vinte e seis mil, cento e setenta e um reais
e trinta e três centavos), além de multa de 300%, com base no artigo
105, da Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no montante
de R$ 104.685,32 (cento e quatro mil, seiscentos e oitenta e cinco
reais e trinta e dois centavos)

Devidamente intimada no dia 25 de julho 2008, a


Recorrente apresentou defesa, tempestiva, na qual alega a nulidade
do Auto de Infração por ausência da indicação precisa dos
dispositivos legais infringidos e, no mérito, aponta a falta de
provas da materialidade da infração cominada, bem como a
inocorrência do fato gerador, pois não houve circulação jurídica da
mercadoria, vez que as notas fiscais emitidas foram canceladas por
motivos diversos. Por fim, assevera que a multa de 300% aplicada é
confiscatória, logo inconstitucional, concluindo pela improcedência
da autuação.

ACÓRDÃO 084/2013 Página 2


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Após, aditou-se o auto de infração, alterando-se o


campo da infração por artigos no sentido de “onde lê-se artigo 207,
do Regulamento do ICMS, leia-se artigo 207, incisos III e IX, do
Regulamento do ICMS”.

Em suas contrarrazões, informa a autoridade fiscal que


os dispositivos legais infringidos foram detalhados no próprio auto
de infração e no aditamento de fls. 241. No mais, ratifica a
robustez das provas carreadas aos autos, acrescendo que a
fiscalização ocorreu por ordem judicial e que “a sonegação se dava
com a venda da mercadoria, a saída do produto para outro Estado,
entregava o produto, retornava com o documento fiscal e cancelava o
mesmo, simulando assim a desistência da compra do produto” (fl.
258). Por fim, reitera a força probatória dos documentos acostados,
bem como que a multa imputada não é confiscatória.

Remetido os autos para a Coordenadoria de Julgamento,


esta julgou pela procedente do Auto de Infração, nos termos da
ementa já transcrita.

Inconformada com a decisão, a Recorrente apresentou


Recurso Ordinário no qual alega a nulidade do Auto de Infração, na
medida em que a autoridade fiscal não instruiu os autos com os
documentos necessários à comprovação da infração e que o aditamento
efetuado foi extemporâneo, não sendo possível acrescentar documentos
ao processo após a lavratura do auto de infração, sob pena de
infração ao princípio da ampla defesa e ao artigo 149, do CTN.
Aponta, ainda, o caráter confiscatório da multa de 300% aplicada.

Nas contrarrazões, pleiteia a representação fiscal pela


manutenção da decisão recorrida, tendo em vista que desde o
lançamento o auto de infração encontra-se devidamente acompanhado
das provas e que a juntada posterior de documentação complementar
não prejudicou a defesa da Recorrente, vez que fora devidamente
intimada para se manifestar acerca do aditamento. Quanto à alegação
de penalidade confiscatória, assevera que esta não merece prosperar,
pois a multa de 300% encontra-se prevista na legislação vigente,
sendo aplicada com o condão de reprimir a sonegação fiscal.

Após, os autos foram encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para julgamento.

É o relatório.

VOTO

I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ORDINÁRIO

ACÓRDÃO 084/2013 Página 3


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Inicialmente, cumpre destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em
especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do


PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do Recurso
Ordinário, vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Autuada foi intimada da


decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia 19/06/2010, conforme
AR de fls. 28 (processo nº. 1500-019086/2008), tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 05/07/2010.

Cumprido os requisitos de admissibilidade, passamos a


análise dos argumentos alegados pela Recorrente.

II. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO –


AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO

Preliminarmente, alega a Autuada a nulidade do Auto de


Infração nº. 9977139-003 de 19/06/2008 sob a justificativa de que a
autoridade fiscal não apresentou nos autos as provas da
materialidade da infração apontada, bem como sustenta a
impossibilidade de juntada posterior de documentação pela
fiscalização, em afronta ao princípio da ampla defesa e ao disposto
no artigo 145, do CTN.

Não assiste razão.

Como se observa da discriminação dos fatos, fl. 02, a


autoridade fiscal descreve, com clareza, a infração imputada à
Autuada, vejamos:

“Deixou de recolher o ICMS sobre as operações realizadas


no período discriminado, em virtude de ter utilizado
documentação fiscal inidônea, de acordo com o
detalhamento abaixo e documentos anexos.” (fl. 02)

“O contribuinte simulou a desistência da operação,


cancelando os documentos fiscais anexos, tendo alguns
chancelados nos postos fiscais, sem o canhoto de
recebimento, sem qualquer informação sobre o

ACÓRDÃO 084/2013 Página 4


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cancelamento ou informando o documento que o


substituiu.” (fl. 02)

Outrossim, acompanha a presente autuação documentação


suficiente para fundamentar a lavratura do Auto de Infração em
comento, tendo em vista que em diversas das notas fiscais de saída
apresentadas no momento da autuação, consta o carimbo do posto
fiscal, identificando a circulação da mercadoria, destacando-se o
canhoto de recebimento do produto, sem qualquer informação
concernente ao cancelamento da nota fiscal ou a sua substituição. A
título de exemplo citamos as notas fiscais nº. 38, 48, 113, 153, 162
e 189 (fls. 27, 28, 46, 59, 62 e 63).

Nesse ponto, insta destacar que a anotação de


“cancelamento” não está registrada nas próprias notas fiscais,
encontrando-se devidamente comprovada a infração descrita nos autos,
na medida em que a Recorrente utilizou-se de documentação sem
qualquer efeito probatório para simular a desistência da
comercialização das mercadorias, no intuito de eximir-se do
pagamento do tributo, em total inobservância ao procedimento legal
exigido, em especial às normas previstas no Regulamento do ICMS
(Decreto 35.245/91), vejamos:

Art. 49. São obrigações dos contribuintes:

XVI - conservar nos talonários, todas as vias das


Notas Fiscais canceladas, tendo observado no corpo
das mesmas o número, série, subsérie, a data e o
valor da operação da Nota Fiscal que a substituiu;

Art. 131. A Nota Fiscal conterá, nos quadros e


campos próprios, observada a disposição gráfica dos
modelos 1 e 1-A (Anexo VI) as seguintes indicações:
§15 - Na nota fiscal emitida relativamente à saída
de mercadorias em retorno ou em devolução deverão
ser indicados, ainda, no campo “Informações
Complementares”, o número, a data da emissão e o
valor da operação do documento original.

Art. 143. Os contribuintes, excetuado o produtor


agropecuário, emitirá nota fiscal sempre que em seu
estabelecimento entrarem bens ou mercadorias, real
ou simbolicamente:

§3º - A nota fiscal será também emitida pelos


contribuintes nos casos de retorno de mercadorias
não entregues ao destinatário, hipótese em que
conterá as indicações do número, da série, da data
da emissão e do valor da operação do documento
original.
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Art. 219. Conservar-se-ão no talonário, no


formulário contínuo ou nos jogos soltos, todas as
vias, quando o documento fiscal:

I - for cancelado, com declaração dos motivos


determinantes do cancelamento e referencia, se for
o caso, ao novo documento emitido;

Art. 285. O livro Registro de Utilização de


Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, modelo
6, destina-se à escrituração da entrada de
impressos de documentos fiscais previstos no artigo
129, confeccionados por estabelecimentos gráficos
ou pelo próprio contribuinte usuário, bem como a
lavratura, pelo fisco, de termos de ocorrências.

IX - coluna "Observações": informações diversas,


incluindo referências a:

a) extravio, perda ou inutilização de impressos de


documentos fiscais;

De fato, ao proceder com o cancelamento da nota fiscal,


é dever do contribuinte guardar todas as vias dos documentos
cancelados e registrar as informações correspondentes ao
cancelamento. E mais, é sua obrigação registrar novamente a entrada
da mercadoria devolvida, bem como apontar o documento que substituiu
a nota fiscal cancelada.

Entretanto, no caso em apreço, a Recorrente expedia as


notas fiscais e, após a circulação das mercadorias pelos postos
fiscais, registrava o cancelamento das notas fiscais em controle
próprio, por instrumento inidôneo, sem qualquer comprovação de que
os produtos comercializados tenham realmente retornado ao
estabelecimento comercial, no intuito de eximir-se do pagamento do
tributo, assim, as provas acostadas aos autos demonstram claramente
o modus operandi da Recorrente. Frise-se, por ser de valor, que
foram destacados os canhotos de entrega dos produtos em algumas
notas fiscais, conforme citado inicialmente, o que denota o
recebimento dos produtos pelos seus destinatários.

Nesse ínterim, o questionamento da Recorrente sobre a


imaterialidade da infração apontada não é suficiente para ensejar a
nulidade do Auto de Infração, levando-se em apreço os elementos
probatórios presentes nos autos.

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Por sua vez, no tocante a alegação de afronta aos


artigos 145 e 149, do CTN 1, depreende-se dos citados dispositivos
legais a vedação à alteração do lançamento fiscal, o que não é o
caso dos autos.

Com efeito, o aditamento efetuado pela autoridade


fiscal (fls. 241 a 247) não alterou em nada o lançamento consolidado
no auto de infração. Pelo contrário, teve o intuito tão somente de
esclarecer a tipificação da infração, sem modificar, reitere-se, a
materialidade e a descrição dos atos imputados inicialmente, não
causando prejuízo à defesa da Recorrente, nos termos do artigo 7º,
§§ 1º e 2º da Lei nº. 6.771/06.

Aliás, importante frisar que a Recorrente foi intimada


de todos os atos processuais, manifestando-se, inclusive sobre o
aditamento efetuado nos autos, conforme petição de fls. 02 a 04 do
processo nº. 1500-019086/2008.

Destarte, conclui-se pela observância aos princípios do


contraditório e ampla defesa, bem como aos requisitos formais para a
lavratura do auto de infração, razão pela qual se afasta a
preliminar suscitada.

III. DA INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL


PARA APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS CONCERNENTES À INCONSTITUCIONALIDADE DA
EXAÇÃO.

No mérito, sustenta a Recorrente que a penalidade de


300% ora imputada afronta o princípio constitucional do não

1
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender,
no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a
prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo
de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se
refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de
penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou
omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

ACÓRDÃO 084/2013 Página 7


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confisco, insculpido no artigo 150, inciso IV, da Carta


Constitucional.

Conquanto relevantes os argumentos delineados pela


Recorrente, a análise do mérito da matéria então arguida esbarra em
impedimento de ordem processual, qual seja, a incompetência do
Conselho Tributário Estadual para apreciação de questão, entre
outras, que implique na declaração de inconstitucionalidade de
dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da Lei


nº. 6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo


administrativo tributário decorrente de Auto de
Infração compete, em primeira instância
administrativa, à Coordenadoria de Julgamento - CJ,
e, em segunda instância, ao Conselho Tributário
Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador


afastar a aplicação de norma sob alegação de
inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese em que
tenha havido a declaração nesse sentido pelo
Supremo Tribunal Federal, em ação direta ou
declaratória, após a publicação da decisão, ou pela
via incidental, após a publicação da Resolução do
Senado Federal que suspender a execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo ora


transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação de norma
pelo Conselho Tributário Estadual sob a justificativa da sua afronta
à Constituição Federal, razão pela qual deixo de apreciar o

ACÓRDÃO 084/2013 Página 8


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argumento concernente ao princípio do não-confisco, previsto no


artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal.

IV. CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do
Recurso Ordinário, pois preenchidos os requisitos de admissibilidade
para rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no
mérito, julgá-lo improcedente, mantendo-se incólume a decisão da
Coordenadoria de Julgamento.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de abril de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

ACÓRDÃO 084/2013 Página 9


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 13 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/04/2013


PROCESSO: SF-1500-018621/2003; CJ-19.807/2004 E CTE 323/2011.
ANEXO: SF-1500-032571/2003.
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 037809, PROTOCOLADO EM 27/06/2003.
AUTUADA: COMERCIAL O NELIO LTDA.
AUTUANTES: LUIZ GONZAGA SAMPAIO PIEROTE E OUTROS.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 85/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal.


Acusação da prática de omissão do
recolhimento do ICMS na condição de
contribuinte substituto. Carência de
provas capazes de respaldar a ação fiscal.
Reexame Necessário conhecido e improvido.
Decisão Singular mantida. Auto de Infração
NULO (art. 7º, inciso IV, alínea “a” da
Lei Estadual nº 6.771/06).

I – RELATÓRIO

Trata o presente Processo Administrativo Tributário – PAT, do


Reexame Necessário encaminhado a este Conselho Tributário Estadual –
CTE, pela Coordenadoria de Julgamento – CJ, que entendeu por conduto
da Decisão Nº 17.922/2011, pela Nulidade do Lançamento de Crédito
Tributado com base no AI acima referido, lavrado contra a empresa
Comercial O Nelio Ltda; com sede na cidade de Fortaleza, capital do
Estado do Ceará, objetivando a cobrança do ICMS e respectiva multa,
por haver a mesma deixado de recolher o ICMS devido na condição de
substituto tributário.

As autoridades autuantes apontaram como violados o Protocolo


ICMS 19/99, atualizado pelo Protocolo 28 e as cláusulas 1ª; 3ª, §
2º, Decreto 38.257/99, art. 1º, § 2º, inc. III; 5º com a redação
dada pelo Decreto 943/2002, sendo sugerido o apenamento previsto no
art. 89 da Lei Nº 5.900/96 (fls. 02 e 02-v).

Os autos foram instruídos com a cópia reprográfica da nota


fiscal Nº 013000; Resumo do Débito do AI e consulta ao sistema
SINTEGRA (fls. 03 e 05).

ACÓRDÃO CTE Nº 085/2013 Página 1


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A autuada, em suas razões de defesa, além de alegar que o


lançamento fiscal está lastreado em documentos fiscais
desconhecidos, afirma que não recebeu as mercadorias elencadas na
nota fiscal apresentada pela Fiscalização Estadual do Estado de
Alagoas, que não foi registrada em seus livros, questionando as
falhas encontradas na lavratura do AI, pedindo no final do seu
arrazoado, a Improcedência ou a Nulidade da ação fiscal (fls. 02
usque 08 – anexo).

Instados a se manifestar acerca das alegações defensórias da


autuada, os fiscais autuantes observaram que a autuada não provou
não haver recebido as mercadorias que foram remetidas pelo
fornecedor, e também deixado de registrar a nota fiscal
correspondente no livro próprio, reafirmando os termos da acusação
constante na inicial (fls. 05/17 – anexo).

A CJ, através dos Pedidos de Diligência Nº 277/2004 (fls. 22 –


anexo) e Nº 186/2010 (fls. 29 – anexo), objetivando sanear o PAT com
a apresentação de provas capazes de confirmar o recebimento das
mercadorias citadas na Nota Fiscal apensada aos autos, supostamente
fornecida pela Cooperativa Agro-Pecuária Industrial Pindorama Ltda,
com sede neste Estado, atendendo ao princípio da verdade material
apontada no art. 2º, da Lei Estadual nº 6.771/06, determinou a
intimação àquela empresa alagoana para apresentação da documentação
legal relativa à citada transação, oportunidade em que os autuantes
confessaram ter sido infrutífera a aludida diligência junto ao
suposto fornecedor em face do mesmo não estar legalmente obrigado a
manter em seus arquivos documentos e papéis datados de há mais de
cinco anos (fls. 32 usque 35 – anexo), reafirmando, mais uma vez, o
cometimento da infração apontada no AI lavrado contra a defendente e
que a mesma não se desincumbiu do ônus da prova, pois cabia-lhe
demonstrar a não realização da operação comercial (fls. 50/52 –
anexo).

Direcionados os autos mais uma vez à CJ, o ilustre Julgador


Singular denegou o pedido de Nulidade baseada na falta de indicação
da alíquota e da cópia de notas fiscais concernentes à operação
comercial, já que:

1) Mesmo se fossem constatadas tais omissões, a infração


estaria perfeitamente identificada, bem como o destinatário
da acusação, a teor do que prescreve o parágrafo 2º do art.
126 da Lei Estadual nº 4.418/82.

ACÓRDÃO CTE Nº 085/2013 Página 2


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2) O cadastro SINTEGRA e a N.F. acostados às fls. 03 e 05 do


processo inicial, afastam qualquer dúvida acerca das
objeções da autuada.

Ressaltou, entretanto, o ilustre Julgador de Piso, que o ônus


da prova cabe a quem alega, in-casu, o Fisco Estadual e que as
diligências solicitadas não lograram confirmar que o
contribuinte recebeu as mercadorias supostamente fornecidas,
acusação que seria aferida por cópias do Livro de Registro de
Entradas de Mercadorias, do recibo de entrega das mesmas,
devidamente firmado pela autuada e duplicatas pagas, sendo
prolatada a Decisão adiante ementada:

“EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. Deixou de


recolher ICMS substituição tributária na
condição de substituto por deferimento.
Ausência de elementos insuficientes para
determinar, com segurança o infrator.
Lançamento Nulo (alínea “a”, do inciso IV, do
art. 7º, da Lei nº 6.771/2006). Reexame
Necessário pelo CTE (art. 48 da Lei
6.771/2006)”.

Devidamente intimados a Representação Fiscal e o Contribuinte


não se manifestaram.

Assim chegam os autos a este colegiado para a devida apreciação


e julgamento.

É o relatório.
VOTO

Relatam os autos que o contribuinte, sediado no Estado do


Ceará. Foi autuado em razão de haver deixado de recolher o ICMS
substituição tributária, na condição de substituto tributário por
diferimento, conforme disciplina o Protocolo 19/99 e o Decreto
38.257/99, relativo à nota fiscal nº 013.000, emitida em 13/06/2003
(grifamos).

Em sua defesa, a autuada afirma que não recebeu as mercadorias


referidas naquele documento, ressaltando que, em conseqüência, não
registrou o mesmo em seus livros fiscais.

ACÓRDÃO CTE Nº 085/2013 Página 3


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Solicitados a se manifestar acerca das razões de defesa do


contribuinte, os fiscais autuantes adiantaram que à autuada caberia
demonstrar “que não havia comprado tais mercadorias, sendo o ônus da
prova dela e disto ela não se desincumbiu” (grifamos).

A afirmação dos representantes fazendários não encontra suporte


na legislação tributária em vigor, já que cabe o ônus da prova a
quem alega o fato, como bem observa o ilustre Julgador Singular.
Convém notar que este Conselho Tributário, através de diversas
decisões, já sedimentou este entendimento.

Por outra banda, não lograram êxito as providências


determinadas pela CJ, para que o processo fiscal fosse instruído com
as provas do cometimento da infração, inclusive com a constatação do
fornecimento das mercadorias por parte do fornecedor e o seu
recebimento pelo destinatário.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do
Reexame Necessário e negar-lhe provimento para manter na íntegra a
Decisão Singular nº 17.922/2011, que julgou NULO o AI citado na
inicial, esteado na ausência de provas capazes de alicerçar a
exigência fiscal.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 09 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 13 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/04/2013


PROCESSO: SF-1500-038.115/03; CJ-19.591/04 E CTE 212/2011.
ANEXO: SF-1500-040250/03.
AUTO DE INFRAÇÃO: 006.180, PROTOCOLADO EM 02/12/2003.
AUTUADO: C. M. BARBOSA DOS SANTOS.
AUTUANTE: IVANISE BARBOSA MAIA.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 86/2013

EMENTA: ACUSAÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DA


OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEMONSTRADO NOS
AUTOS QUE A SITUAÇÃO FÁTICA NÃO
DETERMINA QUALQUER TIPO DE SANÇÃO.
RAZÕES DEFENSÓRIAS ACATADAS. FALTA DE
FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVOS CAPAZES DE
SUBSIDIAR A INFRAÇÃO APONTADA.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO NULO.

I – RELATÓRIO

Cuida o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do Reexame Necessário direcionado a este Conselho
Tributário Estadual – CTE, da Decisão nº 17.424/2010,
prolatada pela Coordenadoria de Julgamento – CJ – que entendeu
pela Nulidade do AI acima referido, lavrado em desfavor do
contribuinte C. M. BARBOSA DOS SANTOS, lavrado pela
Fiscalização Fazendária Estadual, tendo como suporte a
constatação da existência de divergência de valores relativos
ao mês de Janeiro de 2003, apurados no Livro de Registro de
Apuração do ICMS ao ser confrontado com os valores fornecidos
à SEFAZ/AL.

Foram apontados como infringidos o art. 49, incisos II,


III e VI do RICMS/AL, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91 e os
artigos 50, inciso II e 56 da Lei Estadual nº 5.900/96, sendo
sugerido o apenamento previsto no artigo 116-A, inciso II, da
supracitada Lei nº 5.900/96 (fls. 02 e 02 – v).

ACÓRDÃO CTE Nº 086/2013 Página 1


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O PAT foi instruído com cópias da Ficha de Atualização


Cadastral do Contribuinte; do Cartão de Autógrafos; do
Demonstrativo de Débitos do Contribuinte; de Resumo do Auto de
Infração; Relatório do DIM’S relativos aos meses de Janeiro e
Agosto de 2003, bem como de cópia reprográfica do Livro
Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de
Ocorrência (fls. 03 usque 18).

A autuada, tempestivamente, apresentou suas razões de


defesa, contestando a ação fiscal, afirmando que as
divergências encontradas foram motivadas pela ocorrência de
erros constatados no sistema eletrônico de dados da SEFAZ/AL,
oportunidade em que juntou à sua defesa, cópia de comunicação
fornecida pela DIPLAF, confirmando a irregularidade havida no
citado sistema (fls. 03/05 – anexo).

A ilustre Julgadora Singular, examinando a defesa da


autuada e da cópia da declaração do Sistema Eletrônico de
Dados, confirmando a ocorrência de problemas naquele sistema,
acatou as explicações apresentadas pela contribuinte,
decidindo estar o AI prejudicado por falta de objeto,
prolatando a Decisão assim ementada:

“EMENTA – ICMS – Divergência de valores


relativos ao mês de janeiro de 2003 – Livro
de Registro de Apuração do ICMS confrontado
com os valores apresentados em Relatório
fornecido pela Secretaria Executiva da
Fazenda – Auto de Infração PREJUDICADO”.

A gerência de Crédito Tributário, por conduto do despacho


datado de 08/11/2005, discordando da Decisão acima,
encaminhou, em data de 08/11/2005, o feito fiscal à DIFIS
“para que a autoridade autuante faça as suas contrarrazões”,
retornando os autos à CJ para apreciação (fls. 08 – anexo)

A autoridade autuante, em 13/03/2006, confirma a


“veracidade da documentação apresentada pela defesa”,
reconhecendo não ser cabível a apresentação de contrarrazões e
devolvendo os autos à 2ª GRAF para os devidos fins (fls. 09 –
anexo).
ACÓRDÃO CTE Nº 086/2013 Página 2
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A CJ, verificando que foram lavrados 03 (três) AI contra


o contribuinte, de números 006.178/03, 006.179/03 e 006.180/03
e que a defesa faz referência aos 03 (três) autos e que o
“processo original da defesa foi anexado ao AI nº 006.180/03 e
objetivando esclarecer a confusão existente no procedimento
fiscal, encaminhou os autos à 2ª GRAF para que a fiscal
autuante fizesse a apresentação de novas contrarrazões (fls.
12/13 – anexo).

Em data de 29/09/2010, a autuante apresentou sua


contestação reafirmando a informação prestada às fls. 09 –
anexo, isto é, que “as divergências encontradas que deram azo
à lavratura do Auto de Infração ocorreram por exclusiva
responsabilidade da Receita Estadual, não cabendo a aplicação
de qualquer penalidade ao sujeito passivo”. (grifamos)

Os autos retornaram à CJ que, através de nova decisão (Nº


17.424/2010 de 23/11/2010) prolatada por novo Julgador,
entendeu pela Nulidade Total do lançamento do crédito
tributário, considerando o processo como Procedimento Especial
e sua conseqüente dispensa do Reexame Necessário (fls. 19/21 –
anexo).

Em 14/04/2011, através do Despacho CJ – 028/2011 o


Coordenador Tributário, tendo em vista a existência nos autos,
do Pedido de Diligência Nº 138/2006 e o disposto no artigo 36,
parágrafo 3º da Lei Estadual Nº 6.771/06, que converte em
ordinário o processo especial, encaminhou o PAT ao CTE para o
devido Reexame Necessário, a teor do disposto nos artigos 43 e
48, inciso I, da Lei Estadual Nº 6.771/06.

Apesar de intimados, o contribuinte e a Representação


Fiscal não se manifestaram.

Assim chegam os autos a este CTE para a análise e


julgamento.

É o relatório.

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II – VOTO

A análise dos autos revela que o contribuinte foi autuado


pelo Fisco Estadual, por haver encaminhado à SEFAZ/AL,
informações divergentes entre as mesmas e os lançamentos
inseridos em seu livro de Registro de Apuração do ICMS.

Em sua defesa, afirmou que as referidas divergências


foram decorrentes de erros no Sistema Eletrônico de Dados,
afirmação que foi confirmada por aquele setor fazendário,
atestando a ocorrência daqueles problemas.

A Decisão Singular Nº 14.677/94, prolatada em 07/12/2004,


refere-se a outro AI de número 006.180, quando o AI citado na
inicial apresenta a mesma data, mas outro número, ou seja,
número 006.179.

Nessa etapa processual, em Despacho datado de 08/11/2005,


a gerência de Crédito Tributário encaminhou o processo à
DIFIS, para que a fiscal autuante fizesse a apresentação das
contrarrazões e, logo após, o seu encaminhamento à CJ para o
devido julgamento.

Aquela representante fazendária, em informação datada de


13/03/2006, confirmou haver constatado a veracidade das
alegações defensórias, reconhecendo ser incabível a
apresentação das contrarrazões requestadas e devolvendo o
processo à chefia da 2ª GRAF para os devidos fins.

Aportam, então, os autos à CJ, oportunidade em que a


Ilustre Julgadora Singular, tendo em vista a confusão
estabelecida nos autos com a lavratura de 03 (três) Autos de
Infração contra a mesma autuada, encaminhou o processo à 2ª
GRAF, objetivando que a Fiscal autuante fizesse a apresentação
das contrarrazões relativas ao AI Nº 006.179.

Retornam, mais uma vez, os autos à CJ, ocasião em que o


novo Julgador Singular, por via da Decisão Nº 17.424/2010,
entendeu pela Nulidade Total do Crédito Tributário, tanto pela
falta de elementos capazes de determinar com segurança a
infração (art. 7º, IV, “a” da Lei Estadual Nº 6.771/06), como
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em razão da falta de motivo para o ato administrativo (art.


2º, “d” e parágrafo único, “d”, da Lei Federal Nº 4.717/65, de
acordo com a Decisão adiante ementada:

“EMENTA – ICMS. Lançamento de Crédito


Tributário decorrente da indicação de
descumprimento de obrigação acessória.
Divergência entre as informações emitidas
pela SEFAZ e as constantes do livro
“Registro de Apuração do ICMS”. Situação
fática descrita não se subsume a qualquer
tipo sancionador. Paralelamente, comprova o
sujeito passivo defeito no recebimento,
pela Fazenda Estadual, de informações
contidas em declaração (DAC) dos períodos a
que se refere a autuação. Nulidade Total do
Lançamento do Crédito Tributário, seja com
fundamento no art. 7º, IV, “a”, da Lei
Estadual Nº 6.771/06 (pela falta de
elementos para se determinar com segurança
a infração) seja com fundamento no art. 2º,
“d” e parágrafo único, “d” da Lei Federal
Nº 4.717/65 em razão da falta de motivo
para o ato administrativo. Procedimento
Especial (art. 36, II, da Lei Nº 6.771/06,
na redação dada pela Lei Nº 7.078/09.
Dispensada a remessa para Reexame
Necessário, nos termos do art. 48, § 2º, da
Lei Nº 6.771/06, na redação dada pela Lei
Nº 7.078/09”.

O então Coordenador da CJ, com fulcro no artigo 36, § 3º,


da Lei Estadual Nº 6.771/06, considerando a existência, nos
autos, do Pedido de Diligência Nº 138/06, observou que o
processo se transmuda de Procedimento Especial para Ordinário,
encaminhando o feito fiscal a este Colegiado para a devida
apreciação.

O presente processo, de acordo com os autos, teve sua


origem na lavratura de um AI que acusou o contribuinte do
cometimento de uma violação à legislação tributária para a
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qual ele foi conduzido por falhas no Sistema de Fiscalização


da SEFAZ, devidamente comprovadas e atestadas, o que o exime
de qualquer responsabilidade direta na infração apontada. É
indiscutível, assim, a inexistência de motivos capazes de
amparar o procedimento fiscal, e a correspondente aplicação do
disposto no art. 2º da Lei Federal Nº 4.717/65, assim
explicitada.

“Art. 2º São nulos os atos lesivos ao


patrimônio das entidades mencionadas no
artigo anterior, nos casos de (...) d)
inexistência dos motivos (...)
Parágrafo Único: Para a conceituação dos
casos de nulidade observar-se-ão as
seguintes normas: (...)
d) a inexistência dos motivos se verifica
quando a matéria de fato ou de direito, em
que se fundamenta o ato, é materialmente
inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido; (...)”

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para negar-lhe provimento, sem
analisar as confusões surgidas nos trâmites do presente PAT,
assentando pela NULIDADE da exigência fiscal defluente do AI
Nº 006.179 pelas razões acima elencadas.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 09 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 13 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/04/2013


PROCESSO: SF-1500 004374/1993; CTE-425/07
AUTO DE INFRAÇÃO: 048714, PROTOCOLADO EM 29/3/1993
AUTUADA: CLEMENTINO REPRESENTAÇÕES LTDA.
AUTUANTE: CÍCERO HONÓRIO DA SILVA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 87/2013

EMENTA: ICMS – UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO


INDEVIDO. AUTUADO REVEL ANTES DA
VIGENCIA DA LEI 5983/97. COMPETÊNCIA
DO CTE PARA JULGAMENTO DA PRESCRIÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO
PREJUDICADO PELA PRESCRIÇÃO. REEXAME
NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO PROVIDO.
MANTIDA INTEGRALAMENTE O JULGAMENTO DE
1ª INSTÃNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário e


Recurso deste Reexame, ao CTE, nos termos do art. 48 da Lei
Estadual 6771/06 relativo à Decisão nº15495/07, referente ao
Auto de Infração nº 048714, protocolado em 29/3/1993, lavrado
contra a empresa Clementino Representações Ltda., qualificada
na peça exordial, com alegação do autuante de que não
recolheu o ICMS, proveniente de crédito indevido nos
exercícios de 1990 e 1991, recolhimento a menor e omissão de
saídas internas tributadas no exercício de 1991.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO


O julgador monocrático fundamenta sua decisão
informando que já foram transcorridos mais de 14 anos da

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revelia do autuado, ocorrendo assim, os efeitos da prescrição


tributária, extinguindo o crédito tributário na forma dos
art.s 156, V, e 174, ambos do Código Tributário Nacional.
Conclui o julgador de 1ª instância, julgando
prejudicado o lançamento e extinto, pela prescrição, o
crédito tributário, relativo ao auto de infração, objeto da
lide, tendo em vista os arts. 22, I, 28 e 29 da Lei Estadual
6771/06; 156, V, do CTN/66,
Notificados autuada e autuante, ambos não se
manifestaram.
Assim me chegam os autos que ora relatei.

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VOTO
Analisando os autos e tudo mais que nele consta
observei que o julgador singular julgou prejudicado o
lançamento e extinto o crédito tributário pela prescrição, o
Auto de Infração 048714, objeto da lide.
O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013, protocolado
na Sefaz sob nº 1500 6479/2013, relativo à resposta à
consulta formulada pelo CTE referente à prescrição e
decadência do crédito tributário, uniformiza o entendimento
de que:
(...)
”a norma do art. 141 da Lei Estadual nº 4418/82 (hoje
revogada) era de natureza processual, devendo sua nova
redação, dada pela Lei Estadual nº 5983/97, ser
aplicada, a partir da vigência desta última, a todos os
processos então em curso. Desta forma, não mais
exigível, a partir de 20/12/97, o julgamento
administrativo quando revel o contribuinte, tal como
previsto na redação original do art. 141 em menção.
Por decorrência, ficou também decidido que o dia
20/12/97 será o marco inicial da prescrição para os
créditos tributários consignados em processos
administrativos iniciados antes da edição da Lei
8983/97, cujo julgamento, desnecessariamente, se tenha
realizado a partir daquela data (...)”.

Continua ressaltando que “Tendo a prescrição, de


tal sorte, se iniciado no dia 20/12/97, seu termo final foi
20/12/2002.”

No parecer da PGE é esclarecido que:


(...)
“o processo administrativo em que revel o contribuinte,
não se tratando de falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados nos livros fiscais próprios,
deveria ser julgado até 19/12/97, pela aplicação da lei
anterior (revogada), prevê a figura do ‘julgamento de
ofício’; não o sendo, passa-se a contar o prazo
prescricional a partir da lei nova (20/12/97), que não
mais prevê a necessidade do julgamento de ofício”

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Continua afirmando que “Nessa hipótese, e somente


nela, podem ambas as instâncias administrativas reconhecer a
prescrição, utilizando-se dos balizamentos indicados pela
PGE” e que nos demais casos a competência para reconhecimento
da prescrição é da PGE.
O Auto de Infração foi lavrado em 26/3/93 e
protocolado em 29/3/1993. O Termo de Revelia foi lavrado em
3/4/1993, e dela só tomou conhecimento o fiscal autuante.
Na tentativa de sanar o processo a Coordenadoria de
Julgamento solicitou diligência ao autuante que procedeu à
Intimação Fiscal CH 0000012/2006, via AR e edital, publicado
no dia 19/10/2006 (fls. 31 a 35), O autuante refez cálculos,
não completando a documentação que dá sustentação ao seu
feito, porque, segundo ele, “não havendo possibilidade de
atender o referido pedido”, isto em 22/11/2006 (fls. 36), ou
seja, mais de 13 anos da revelia do autuado. O aditamento
também já tem mais de 6 (seis) anos e nos autos não contem
documentos que constem conhecimento da autuada a respeito.
Diante do exposto submeto a este colegiado a
apreciação do presente, ressaltando que entendo que o parecer
da PGE, no caso deste Auto de Infração, dá competência ao CTE
para julgamento da prescrição do crédito tributário na forma
do julgamento de 1ª Instância.
Observe-se o que diz a redação do art. 156, V do
CTN/66:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

(...)
V- prescrição e a decadência;
(...)

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A redação do art. 22 da lei estadual 6771/2006 fala sobre a


extinção do processo administrativo decorrente do Auto der Infração:

Art. 22. Extingue-se o processo


administrativo Tributário decorrente de Auto
de Infração:
I - com a extinção do crédito tributário
exigido;
II - em face de decisão judicial proferida em
processo do qual não mais caiba recurso ou
ação rescisória; e
III - com a decisão administrativa
definitiva, nos termos do art. 50.

Sendo assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
proceder ao Reexame Necessário, negando-lhe provimento,
acompanhando integralmente o julgador de primeira instância
que julgou prejudicado o lançamento e extinto pela prescrição
o crédito tributário, objeto da lide.

Sala das Sessões do CTE, em 09 de Abril de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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PROCESSO Nº: 1500-000874/1991.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 033735, LAVRADO EM 03 DE JANEIRO DE 1991.
AUTUADO: CIA. AÇUCAREIRA USINA JOÃO DE DEUS.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 88/2013

EMENTA – ICMS- Obrigação principal – Crédito


definitivamente constituído pelo lançamento regulamente
notificado ao contribuinte. Inexistência de qualquer hipótese
de suspensão da exigibilidade do credito tributário. Decurso do
prazo do Art.174 do CTN- Extinção do crédito pela prescrição
– Inteligência do Art. 156, V. do CNT. Remessa necessária
conhecida e não provida.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º 15.413/2007 oriunda da Coordenadoria


de Julgamento – CJ, que reconheceu de ofício a ocorrência da prescrição do crédito tributário cobrado no
auto de infração n.º 033735, lavrado em 03 de janeiro de 1991, declarando, por conseguinte, a extinção
do crédito tributário, em conformidade com os artigos 156, inciso V, e 174, ambos do Código Tributário
Nacional. Vejamos a ementa:

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de crédito tributário. 2. Falta


de recolhimento de ICMS – normal. 3. Revelia. 4. Lançamento prejudicado.
5. Extinção de crédito tributário. 6. Prescrição – CTN, artigos 156, V, e 174.
7. Duplo grau de jurisdição administrativa necessário – art. 48, Lei Estadual
n.º 6.771/06.

Conforme alhures já relatado, o auto de infração foi lavrado em 03 de janeiro de 1991,


sendo protocolado na repartição fazendária na mesma data.

O contribuinte recusou-se a assinar o auto de infração, conforme se verifica no verso do


auto de infração. A notificação enviada pelo correio, de igual forma, foi recusada seu recebimento,
conforme se constata às fls. 03 dos autos. Em sendo assim, o contribuinte foi validamente notificado, por
Edital, 04 de fevereiro de 1991, conforme cópia anexada às fls. 08, ocasião em que o mesmo restou
silente, não apresentando qualquer espécie de manifestação e/ou defesa administrativa.

Neste contexto, diante da ausência de pagamento e da não apresentação de defesa


administrativa, a então Coordenadoria Geral de Administração Tributária - CAT lavrou o competente
Termo de Revelia, o qual está datado de 11 de março de 1991.

Acórdão CTE nº 88/2013 Página 1


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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Ressalte-se, por oportuno, que entre a data da lavratura do Termo de Revelia


(11/03/1991) e o julgamento do processo pela Coordenadoria de Julgamento (2007) já se passaram mais
de 16 (dezesseis) anos.

No essencial, é o que se tem a relatar.

VOTO

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a empresa autuada tomou ciência do


Auto de Infração em 04 de fevereiro de 1991, através de publicação de Edital, conforme cópia anexada
às fls. 08. O fato é que a empresa autuada, embora devidamente notificada, não apresentou defesa ao auto
de infração, razão pela qual, após o término do prazo para apresentação da defesa administrativa, a
Administração lavrou o competente Termo de Revelia, conforme se verifica às fls. 09, datado de 11 de
março de 1991.

Cumpre ressaltar que à época da lavratura do auto de infração n.º 033735, lavrado em 03
de janeiro de 1991, estava em vigor a Lei Estadual (AL) n.º 4.418, de 27 de dezembro de 1982, a qual
preconizava em seu artigo 141 1:

Art. 141 - Findo o prazo da intimação, sem pagamento do débito, nem


apresentação de defesa, o funcionário responsável certificará o não
recolhimento, providenciará a lavratura do Termo de Revelia e
encaminhará os autos à autoridade instrutora, para cumprimento do
disposto no artigo anterior 2.

§ lº - Quando se tratar de infrator revel, e a infração se referir à falta de


recolhimento de tributos apurados e escriturados em livros fiscais próprios,
prestadas as informações sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo automaticamente promovido a
inscrição do débito na dívida ativa, para cobrança executiva.

Em 17 de dezembro de 1997, o artigo 141, da Lei 4.418/82 foi alterado pela Lei
1

5.983, passando a ter a seguinte redação: “Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem
pagamento do débito ou apresentação de defesa ou recurso, será providenciada a
lavratura do Termo de Revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida
Ativa. Parágrafo único - A revelia do autuado implica no reconhecimento da obrigação
tributária e produz efeito de decisão final no processo administrativo fiscal.”
Atualmente, a revelia no processo administrativo fiscal estadual encontra-se
disciplinada pelo artigo 13, da Lei Estadual 6.771, de 16 de novembro de 2006.

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§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista no parágrafo anterior,


importa o reconhecimento da obrigação tributária e produz efeito de
decisão final do processo administrativo. (destaque ausente no original)

Note-se que o dispositivo legal supramencionado amolda-se perfeitamente ao presente


caso, bastando sua simples leitura para concluir que, in casu, o Termo de Revelia, datado de 11/03/1991,
“produz efeito de decisão final do processo administrativo”.

Em outros termos, a notificação do sujeito passivo e a ausência de impugnação


administrativa possuem o condão de, respectivamente, constituir definitivamente o crédito tributário e
torná-lo plenamente exigível.

O artigo 52, da Lei Estadual (AL) 4.418, de 27 de dezembro de 1982, vigente à época,
prescreve que o lançamento tributário regularmente notificado somente poderá ser revisto nos seguintes
casos:

Art. 52 - O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo, só pode


ser revisto em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício de autoridade administrativa, nos casos previstos no


artigo 57.

Como se observa, o crédito tributário perseguido no presente caso foi definitivamente


constituído segundo os critérios adotados pela legislação tributária estadual, dando origem a uma
situação jurídica consolidada, cuja estabilidade deve ser preservada por este órgão colegiado, mormente
quando a possibilidade de revisão do aludido ato jurídico não encontra refúgio nas hipóteses descritas na
lei.

Neste contexto, com a lavratura do Termo de Revelia, datada de 11/03/1991, a Fazenda


Pública Estadual deveria ter inscrito em dívida ativa o respectivo crédito tributário para, posteriormente,
ajuizar a competente ação de execução fiscal, visando o recebimento de seu crédito, uma vez que o
mesmo já se encontrava plenamente exigível.
Destarte, considerando que o Termo de Revelia materializa o encerramento do processo
administrativo tributário, com a consequente constituição definitiva do crédito tributário, o Fisco deveria
ter providenciado a cobrança judicial da dívida no prazo máximo de 05 (cinco) anos, nos termos do art.
174 do CTN.
Saliente-se que o artigo 151, do Código Tributário Nacional, expressamente prevê as
hipóteses legais de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não restando caracterizada nenhuma
delas nos presentes autos, gozando o referido crédito de certeza, liquidez e exigibilidade, a partir da
lavratura do Termo de Revelia.

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O absurdo ocorrido no presente caso é que, entre a data da constituição definitiva do


crédito tributário e a data desta decisão administrativa já se passaram muito mais de 16 (dezesseis) anos,
o que, por si só, é capaz de fulminar o mencionado crédito em face da ocorrência da prescrição, nos
termos do art. 174, caput, do CTN. Vejamos:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco)


anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Portanto, diante das razões de fato e de direito alhures mencionadas, ACORDAM OS


MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, extinguir o crédito tributário pela ocorrência da prescrição tributária, nos termos do art. 156, V, do
CTN, conforme acertadamente decidiu a CJ.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 09 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 13 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/04/2013


Processo n.º 1500-004101/1998.
Auto de Infração n.º 39916, de 22 de setembro de 1997.
Autuado: Ramalho e Dias Ltda.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO.

ACÓRDÃO 89/2013

EMENTA – ICMS- Obrigação principal – Crédito


definitivamente constituído pelo lançamento
regulamente notificado ao contribuinte. Inexistência
de qualquer hipótese de suspensão da exigibilidade
do credito tributário. Decurso do prazo do Art.174
do CTN- Extinção do crédito pela prescrição –
Inteligência do Art. 156, V. do CNT. Remessa
necessária conhecida e não provida.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º 15.512/2007 oriunda da


Coordenadoria de Julgamento – CJ, que reconheceu de ofício a ocorrência da
prescrição do crédito tributário cobrado no auto de infração n.º 053438, lavrado em 25
de outubro de 1993, declarando, por conseguinte, a extinção do crédito tributário, em
conformidade com os artigos 156, inciso V, e 174, ambos do Código Tributário
Nacional. Vejamos a ementa:

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de crédito tributário. 2.


Falta de recolhimento de imposto, inclusive por omissão de
saídas de mercadorias. 3. Revelia. 4. Lançamento prejudicado.
5. Extinção de crédito tributário. 6. Prescrição – CTN, artigos
156, V, e 174. 7. Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário – art. 48, Lei Estadual n.º 6.771/06.

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Conforme alhures já relatado, o auto de infração foi lavrado em 25 de


outubro de 1993, sendo protocolado na repartição fazendária em 23 de novembro de
1993.

O contribuinte foi validamente notificado em 22 de novembro de 1993,


conforme se depreende da ciência do contribuinte aposta no próprio auto de infração,
ocasião em que o mesmo restou silente, não apresentando qualquer espécie de
manifestação e/ou defesa administrativa.

Neste contexto, diante da ausência de pagamento e da não apresentação


de defesa administrativa, a então Coordenadoria Geral de Administração Tributária -
CAT lavrou o competente Termo de Revelia, o qual está datado de 24 de dezembro de
1993.

Ressalte-se, por oportuno, que entre a data da lavratura do Termo de


Revelia (24/12/1993) e o julgamento do processo pela Coordenadoria de Julgamento
(2007) já se passaram mais de 13 (treze) anos.

No essencial, é o que se tem a relatar.

VOTO

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a empresa autuada


tomou ciência do Auto de Infração em 22 de novembro de 1993, mediante assinatura
do sócio da empresa aposta no próprio auto de infração.

O fato é que a empresa autuada, embora devidamente notificada, não


apresentou defesa ao auto de infração, razão pela qual, após o término do prazo para
apresentação da defesa administrativa, a Administração lavrou o competente Termo de
Revelia, conforme se verifica às fls. 84, datado de 24 de dezembro de 1993.

Cumpre ressaltar que à época da lavratura do Auto de Infração n.º 053438,


lavrado em 25 de outubro de 1993, estava em vigor a Lei Estadual (AL) n.º 4.418, de
27 de dezembro de 1982, a qual preconizava em seu artigo 141 1:

Em 17 de dezembro de 1997, o artigo 141, da Lei 4.418/82 foi alterado pela Lei
1

5.983, passando a ter a seguinte redação: “Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem
pagamento do débito ou apresentação de defesa ou recurso, será providenciada a
lavratura do Termo de Revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida
Ativa. Parágrafo único - A revelia do autuado implica no reconhecimento da obrigação
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Art. 141 - Findo o prazo da intimação, sem pagamento do débito,


nem apresentação de defesa, o funcionário responsável certificará o
não recolhimento, providenciará a lavratura do Termo de Revelia e
encaminhará os autos à autoridade instrutora, para cumprimento do
disposto no artigo anterior 2.

§ lº - Quando se tratar de infrator revel, e a infração se referir à falta


de recolhimento de tributos apurados e escriturados em livros fiscais
próprios, prestadas as informações sobre os antecedentes fiscais
existentes, considerar-se-á concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a inscrição do débito na dívida ativa,
para cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista no parágrafo


anterior, importa o reconhecimento da obrigação tributária e produz
efeito de decisão final do processo administrativo. (destaque ausente
no original)

Note-se que o dispositivo legal supramencionado amolda-se


perfeitamente ao presente caso, bastando sua simples leitura para concluir que, in casu,
o Termo de Revelia, datado de 24/12/1993, “produz efeito de decisão final do processo
administrativo”.

Em outros termos, a notificação do sujeito passivo e a ausência de


impugnação administrativa possuem o condão de, respectivamente, constituir
definitivamente o crédito tributário e torná-lo plenamente exigível.

O artigo 52, da Lei Estadual (AL) 4.418, de 27 de dezembro de 1982,


vigente à época, prescreve que o lançamento tributário regularmente notificado
somente poderá ser revisto nos seguintes casos:

tributária e produz efeito de decisão final no processo administrativo fiscal.”


Atualmente, a revelia no processo administrativo fiscal estadual encontra-se
disciplinada pelo artigo 13, da Lei Estadual 6.771, de 16 de novembro de 2006.

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Art. 52 - O lançamento regularmente notificado ao sujeito


passivo, só pode ser revisto em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício de autoridade administrativa, nos casos


previstos no artigo 57.

Como se observa, o crédito tributário perseguido no presente caso foi


definitivamente constituído segundo os critérios adotados pela legislação tributária
estadual, dando origem a uma situação jurídica consolidada, cuja estabilidade deve ser
preservada por este órgão colegiado, mormente quando a possibilidade de revisão do
aludido ato administrativo não encontra refúgio nas hipóteses descritas na lei.

Neste contexto, com a lavratura do Termo de Revelia, datada de


24/12/1993, a Fazenda Pública Estadual deveria ter inscrito em dívida ativa o
respectivo crédito tributário para, posteriormente, ajuizar a competente ação de
execução fiscal, visando o recebimento de seu crédito, uma vez que o mesmo já se
encontrava plenamente exigível.

Destarte, considerando que o Termo de Revelia materializa o


encerramento do processo administrativo tributário, com a consequente constituição
definitiva do crédito tributário, o Fisco deveria ter providenciado a cobrança judicial da
dívida no prazo máximo de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 174 do CTN.

Saliente-se que o artigo 151, do Código Tributário Nacional,


expressamente prevê as hipóteses legais de suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, não restando caracterizada nenhuma delas nos presentes autos, gozando o
referido crédito de certeza, liquidez e exigibilidade, a partir da lavratura do Termo de
Revelia.

O absurdo ocorrido no presente caso é que, entre a data da constituição


definitiva do crédito tributário e a data desta decisão administrativa já se passaram
muito mais de 13 (treze) anos, o que, por si só, é capaz de fulminar o mencionado

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crédito em face da ocorrência da prescrição, nos termos do art. 174, caput, do CTN.
Vejamos:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve


em 5 (cinco) anos, contados da data da sua constituição
definitiva.

Portanto, diante das razões de fato e de direito alhures mencionadas,


ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL, por unanimidade de votos, votar no sentido de extinguir o crédito
tributário pela ocorrência da prescrição tributária, nos termos do art. 156, V, do CTN,
conforme acertadamente decidiu a CJ.

1’

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 09 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

Acórdão CTE nº 89/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA N° 02 – Realizada: 18/01/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO: n.º 1500-015293/2008 – CTE 55/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: n.º 9980886-001
AUTUADA: Mobili Art. Ind. E Comércio LTDA.
AUTUANTE(S): Roselani Cardoso de Araujo
RELATOR: Rodrigo Holanda Guimarães.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº09 /2013

Tratam os auto de Remessa Necessária e também de


Recurso Ordinário proposto pela empresa Contribuinte contra
a decisão de n.º 18.211/2011 , que julgou pela procedência
em parte da autuação por haver inutilizado/extraviado
livros fiscais , decorrendo com a imposição da
Coordenadoria de Julgamento, no dever punitivo ao pagamento
de multa de R$ 24.315,00 (vinte e quatro mil , trezentos e
quinze reias).

A imputação originária fora no sentido de impor a


punibilidade correspondente a R$ 60.787,50 (sessenta mil,
setecentos e oitenta e sete reias e cinquenta centavos), em
razão da confirmação pelo contribuinte quanto a
deterioração aos respectivos documentos a que caberia no
dever de guarda por parte desta ; imputando o art. 119,
inciso I, alínea ‘a’, que prevê a aplicação de 300 UPFAL
por livro extraviado , cumulado com o art. 96, inciso II .
Sendo que este último citado estabelece que em se tratando
de multa por obrigação acessória – caso dos autos – , a
readequação para vinte por cento do valor que lhe seria
imputável.

Contudo , e do que se depreende dos autos


administrativos, ao mesmo tempo busca a imposição da
aplicação punitiva pela da Lei n.º 6.165/2000, por seu art.
6.º, § 5.º, inciso II: “a comunicação do extravio à Fazenda
Estadual e a publicação no Diário Oficial do Estado
ensejará a redução de 50%(cinqüenta por cento);” .

Isto, por conta da comunicação feita pelo contribuinte


através do processo administrativo n.º 1500-019305/2004,
protocolizado em 21/07/2004. De onde fora gerado o
respectivo auto de infração, lançado em 10/09/2008.

Em sua defesa , que igualmente se repete na dos termos


do Recuso Voluntário a ser apreciado, vem o contribuinte
indicar que foram os referidos documentos inutilizados por
conta de fortes chuvas em 31/05/2004 e 01/06/2004 tanto no
parque industrial , como nos arquivos de contábeis.
Galgando sua defesa no comunicado da CERTIDÃO N.º 001/04-
CEDEC, subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil, donde se constatam as fotografias
confirmatórias da inundação (fls. 14/19).

Destaca-se ainda que procedeu o Contribuinte a


comunicação à Junta Comercial de Alagoas (fls.13); Corpo de
Bombeiros (fls.14); comunicação no Diário Oficial de Maceió
(fls.20); Diário Oficial do Estado de Alagoas (fls. 21);
publicação no Jornal Tribuna de Alagoas (fls.21);
comunicação a Secretaria da Receita Federal (fls.22).

Nas contrarrazões a defesa, pugna o agente autuador


pela manutenção do lançamento por suas razões próprias
lançadas, mas que cumpriria em ser afastada a denúncia
espontânea para que fosse refeito o cálculo , elevando o
valor final para R$ 121.575,00 (cento e vinte e um mil,
quinhentos e setenta e cinco reias).

Ou seja, aquele valor posto no lançamento e diminuído


na metade por força da comunicação em Diário Oficial,
deveria ser restabelecido em sua integralidade.

Já, a decisão da Coordenadoria, fora no intento de que


cumpria a aplicação da punibilidade, mas com a aplicação da
dicção expressa do art. 119, § 2.º, cumulado com o art. 96,
II da Lei 5900, acatando sim a denúncia espontânea, e por
isto reduzida a 20% (vinte por cento) do valor originário
total.

Intimado o contribuinte, recorre para defender que


efetivou a comunicação aos órgãos competentes, e
inegavelmente a SEFAZ, ante o extravio/perecimento de seus
documentos se dera por evento da natureza (inundação
decorrente de chuvas), sem que lhe restasse qualquer
imposição punitiva. Mas que, acaso mantida, que fosse
aplicada corretamente o benefício da denuncia espontânea.
Era o que se tinha relatar.

Passo a Decidir.

Para este Julgador o cerne a ser aqui analisado condiz


com a análise sobre a questão da comunicação da inundação
por conta da ocorrência de fortes chuvas em 31/05/2004 e
01/06/2004 , confirmada pela autoridade competente do
Estado , através do Secretário Adjunto da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil, possuiria o condão de mitigar
qualquer aplicação de multa ao Contribuinte, frente o dever
de guarda dos respectivos documentos.

Ora , do que se colhe da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC,


subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil, não restam dúvidas, inclusive por conta
das fotografias confirmatórias da inundação que, de fato,
fora a empresa atingida em decorrência das chuvas, tendo
sido inundada.

Inclusive, há expressamente por afirmado na mesma


“esta Coordenadoria Estadual constatou inundação em toda
área do referido Distrito Industrial incluindo a Empresa
MOBILI ART INDUSTRIA E COMERCIO LTDA, que teve seu parque
industrial, área administrativa e arquivo de documentos
diversos, conforma levantamento fotográfico anexo (10
fotos).” (fls. 14/19).

E, também, seguindo este documento do órgão oficial do


Estado, procedeu o Contribuinte na comunicação aos demais
órgãos, a saber: Junta Comercial de Alagoas (fls.13); Corpo
de Bombeiros (fls.14); comunicação no Diário Oficial de
Maceió (fls.20); Diário Oficial do Estado de Alagoas (fls.
21); publicação no Jornal Tribuna de Alagoas (fls.21);
comunicação a Secretaria da Receita Federal (fls.22).

Neste ínterim, como bem destaca o recurso, não poderia


a mesma vir a ser punida, quando cumpriu todos os
procedimentos que lhe cabiam.

Para formação de convicção, veja-se o posicionamento


dos Tribunais integrantes do Judiciário para o caso:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. LIVROS


CONTÁBEIS. MULTA. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO. INFRAÇÃO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. EXTRAVIO. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE. ADMISSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE.1. Em matéria de infração tributária
incide a responsabilidade objetiva, a teor do artigo
136 do Código Tributário Nacional.136Código Tributário
Nacional
2. Tal responsabilidade, no entanto, admite a
comprovação das excludentes de responsabilidade
previstas no campo privado, com as peculiaridades do
ramo.
3. O extravio de livros fiscais devidamente comprovado
pode ser caracterizado como caso fortuito ou força
maior e se mostra apto a elidir a presunção de
veracidade da multa exigida pela não apresentação de
tais documentos, ante o princípio da razoabilidade.
4. Recurso voluntário e remessa oficial improvidos.
(14796 SP 2000.03.99.014796-2, Relator: JUIZ CONVOCADO
MARCELO DUARTE, Data de Julgamento: 02/12/2009, TURMA
SUPLEMENTAR DA PRIMEIRA SEÇÃO)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MP-1.798/99.


AUTARQUIA. INTIMAÇÃO PESSOAL. ADVOGADO CREDENCIADO.
PRERROGATIVA NÃO APLICÁVEL.AVERBAÇÃO DO TEMPO DE
SERVIÇO. FORÇA MAIOR CARACTERIZADA. ADMISSÃO DE PROVA
EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL.1.798
1. A prerrogativa de intimação pessoal ou por carta
registrada com AR, prevista na MP 1.798/99, não se
aplica aos advogados credenciados da autarquia
previdenciária, mas somente aos seus procuradores
autárquicos.
2. Configura força maior a inundação do escritório
contábil, com destruição dos livros da empresa à
época, demonstrada por prova contemporânea e reiterada
prova oral.
3. Considerada a unânime prova testemunhal da relação
de emprego no período controvertido, bem como a
condição de força maior, é de ser deferida a averbação
do período de trabalho pretendido.
(138814 RS 1999.04.01.138814-2, Relator: NÉFI
CORDEIRO, Data de Julgamento: 09/10/2000, QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJ 01/11/2000 PÁGINA: 388)

Veja-se que tais decisões, alinham-se perfeitamente a


acostada no recurso. Mostram querência.

E, para buscar a fulminar tal tese, retrata apenas o


Agente Autuador que mesmo a prova cabal ter demonstrado a
inundação em 31/05/2004 e 01/06/2004 , apenas havia sido
feita a comunicação a SEFAZ no mês de julho.

Tal arguição não se mostra capaz de elidir as provas


robustas da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC, subscrita pelo
Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa
Civil; inclusive se deram em datas diversas, já no próprio
mês de junho, e imediatas ao fato danoso.

De outro lado, não consta qualquer demonstração de


diligência em contrário ao infortúnio produzida; tais como:
visita ao local para constatação das condições dos livros
(se ainda existentes); que tenha a empresa em qualquer
situação utilizados os livros ou dados neles contidos em
seu benefício; e mesmo que haja procedido na solicitação de
novos livros para continuidade de sua atividade.

Assim, VOTO no sentido de conhecer a Remessa


Necessária para negar-lhe provimento; e pelo conhecimento
do RECURSO ORDINÁRIO, mas para PROVER este último,
desconstituindo a aplicação da multa, neste caso
específico, por conta da comprovada inundação das
dependências da empresa através da CERTIDÃO N.º 001/04-
CEDEC, subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil e fotografias nela existentes, com
a consequente comunicação aos órgãos diversos, como se deu.
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 13 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/04/2013


PROCESSO: AMI 003/1994, 1500-003.208/1994 e CTE nº 185/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 041.301, de 05/01/1994.
AUTUADA: João Batista Pereira de Araujo-ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.814.779-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 13.612/2002.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Ozenilde Aguiar de Melo.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 90/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Acessória. 1)


Deixar de registrar no LREM notas
fiscais de compras. 2) Deixar de
escriturar o LRIM. 3) Não possuir LREM
e LRIM. 4) Infrações não comprovadas.
Lançamento Improcedente. Reexame
Necessário conhecido e provido em
parte. Reformada a decisão singular em
razão da improcedência do Lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


João Batista Pereira de Araujio-ME, empresa já qualificada,
tendo por objeto a cobrança de crédito tributário em valor
correspondente a 313 (trezentas e treze) UPFAL’s (Unidade
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas) por haver a autuada:

1) Deixado de registrar notas fiscais de


entradas no LREM no exercício de 1991.

2) Deixado de escriturar o LRIM e,

3) Por não possuir o LREM e o LRIM.

Apontados como infringidos os artigos 6º, II,


da Lei nº 5.311/91; e 10, IV, do Decreto nº 33.968/1989. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista nos artigos 850;
865 e 863, do RICMS/1991.

A inicial apenas com uma cópia do cartão de


autógrafo e da empresa autuada.

ACÓRDÃO CTE Nº 090/2013 Página 1


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DA DEFESA

A autuada foi considerada revel, conforme


termo de Revelia a fl. 04, da peça inicial.

Em 15/01/2002, foi proferida a Decisão nº


13.612/2002, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS – MICROEMPRESA – OBRIGAÇÕES


FORMAIS – 1 – Falta de registro, no livro
fiscal próprio de notas fiscais correspondentes
á entradas de mercadorias. 2 – deixar de
escriturar o livro Registro de Inventário.
Ausência de suporte fático. Ílicito
descaracterizado. 3- Não possuir os livros
fiscais Registro de Entradas e Registro de
Inventário. Ausência de contestação. Ílicitos
fiscais parcialmente comprovados. Auto de
infração PROCEDENTE EM PARTE.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


13.612/2002, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento constante do auto de infração nº 041.301.

A análise dos autos demonstra que a autuação


aponta a falta de escrituração de notas fiscais de entradas no
LREM; a falta de escrituração do LRIM e a falta dos referidos
livros. O cerne da autuação é o fato de nao possuir a autuada
os citados livros. Nesse passo, como pode a autuada registrar
notas fiscais de entradas quando não tem o referido livro? E,
o mesmo há que se dizer da escrituração do LRIM. Não restam
dúvidas de que somente a Ficha de Autorização para Impressão
de Documentos Fiscais ou a Autorização para Impressão de
Documentos Fiscais- AIDF poderiam comprovar ou não se a
empresa autuada efetivamente tinha esses livros e que deixou
de proceder a sua escrituração.

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Observe-se, que a falta de escrituração destes


livros somente poderia ser cobrada se a autuada os tivesse em
seu poder, devidamente emitidos e autorizados pelo setor
competente, a antiga CIEF ou a DICAD. Nos autos não está
presente tal prova. Observe-se, que deveria ter sido lavrada
antes de tudo, uma autuação pela falta dos livros fiscais e
posteriormente quando estes estivessem emitidos e autenticados
pelo setor competente (CIEF ou DICAD) é que a autuada estaria
obrigada a escriturá-los e no caso de não o fazer, deveria ser
autuada e penalizada então, pela falta de sua escrituração.

Portanto, os autos estão carentes das provas


que poderiam comprovar a falta de escrituração (LREM e LRIM) e
principalmente o fato de não possuir a empresa autuada tais
livros fiscais como apontado na peça inicial. O Lançamento é
Improcedente por absoluta falta de provas.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e dar-lhe provimento para
reformar a decisão singular em razão de ser Improcedente o
lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 09 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 13 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/04/2013


PROCESSO: APV 211/1996, 1500-001.665/1998 E CTE Nº 245/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 029.733, DE 27/11/1996.
AUTUADA: SÉRGIO ROBERTO MELRO CANSANÇÃO.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.078.814-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.348/2007.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: OZENILDE AGUIAR DE MELO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 91/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Falta de recolhimento do ICMS
substituição tributária. 2) Infração
não comprovada por falta de provas,
fato que se sobrepõe a ocorrência ou
não de prescrição; de remissão do
crédito tributário (Lei nº 6.765/2006)
e de revelia. 3) Lançamento
Improcedente. 4) Reexame Necessário
conhecido e provido. Reformada a
decisão singular em razão de ser
Improcente o Lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Sérgio Roberto Melro Cansanção, empresa já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
169,50 (cento sessenta e nove reais e cinquenta centavos), por
haver a empresa autuada deixado de recolher ICMS substituição
tributária das notas fiscais nºs 1080 e 2218, emitidas por
Transalagoas Diesel Ltda, empresa do Estado de Pernambuco.

Apontado como infringido o artigo 42, VIII, do


RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 824, do mesmo regulamento.

A inicial está instruída com demonstrativo de


débito; cópias do cartão de autógrafo e das notas fiscais.

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DA DEFESA

A autuada foi considerada intimada apneas por


edital, o Edital CAT nº 312-97/0.37. Não apresentou defesa,
sendo lavrado Termo de Revelia (fl. 13).

Em 16/07/2007, foi proferida a Decisão nº


15.348/2007, de Primeira Instância, que julgou extinto o
crédito tributário por prescrição com a ementa.

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2. Falta de recolhimento de
imposto inerente a regime de substituição
tributária. 3. Revelia. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito tributário.
6. Prescrição – CTN, artigos 156, V, e 174. 7.
Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário – Art. 48, Lei Estadual nº.
6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


15.348/2007, de Primeira Instância, que julgou extinto o
crédito tributário por prescrição referente ao Lançamento que
conta do auto de infração n° 029.733, de 27/11/1996

A análise dos autos demonstra que as cópias


das notas fiscais anexadas à inicial não são suficientes para
comprovarem a infração, trata-se de meros indícios, carentes

Acórdão CTE nº91/2013 Página 2


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de outros elementos de provas, mesmo diante da coincidência


entre as assinaturas apostas no cartão de autógrafos e na nota
fiscal de nº 2218 (fl. 07), posta no espaço reservado ao termo
de recebimento de bens ou mercadorias.

Observe-se que revel ou não a autuada, se faz


necessário um conjunto probatório mínimo, porém, capaz de dar
sustentação a autuação. Nos autos não consta outras provas a
exemplo de cópias do LREM e do DAR–Documento de Arrecadação do
ICMS substituição tributária correspondente aos recolhimentos
efetuados pela autuada daquele mês. Porém, o julgador singular
decidiu pela extinção do crédito tributário em razão da
prescrição (artigo 156, V, do CTN) questão prejudicial de
mérito e que inviabilizou seus esforços na tentativa de formar
um conjunto probatório mínimo.

Discordo da decisão, por entender que a falta


de provas, é motivo suficiente para julgar pela Improcedência
do Lançamento, bem como, que esta se sobrepõe, a prescrição do
crédito tributário, cujo reconhecimento de ofício encontra-se
autorizado pelo Parecer PGE/PFE - CD nº 0055/2013; a remissão
do crédito tributário nos termos da Lei nº 6.765/2006; e a
própria revelia, haja vista, que a Improcedência do Lançamento
se constitui em uma questão de maior relevância.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e dar-lhe provimento. Reformada
a decisão singular em razão de ser Improcedente por falta de
provas o Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 09 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

Acórdão CTE nº91/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 14 – Realizada em 16/04/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-012.114/1998 e CTE nº 289/2011.
ANEXO: 1500-001.028/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO: 002.341, de 25/11/1998.
AUTUADA: PAULA MÓVEIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.073.544-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.907/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Maria das Graças Fiuza.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
VOTO VENCEDOR: Maria Lopes Milhomes
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme da Silva Filho.
SECRETÁRIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 092/2013

EMENTA: ICMS- DIFERENÇA DE ESTOQUE


NO EXERCÍCIO APURADA ATRAVÉS DE
LEVANTAMENTO FISCAL DA CONTA
MERCADORIA DESCARECTERIZADA NOS
AUTOS. AUSENCIA DE MOTIVO LEGAL.
REEXAME PROCEDIDO E NÃO PROVIDO.
MANTIDA A DECISÃO DE 1ª INSTÃNCIA.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


PAULA MÓVEIS LTDA, empresa já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor R$ 14.841,12 (catorze
mil, oitocentos e quarenta e um reais e doze centavos), por
haver a autuada apresentado uma diferença de estoque no
exercício de 1997, apurada através do levantamento fiscal da
Conta Mercadorias, decorrente da ocultação de vendas (notas
fiscais de saídas não registradas) e montagem de inventário.

Apontado como infringido o artigo 2º, V; e


54, VI, RICMS/1991. Sendo sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruida com o Mapa


Levantamento da Conta Mercadorias; Planilha de Controle
Quantitativo de Mercadorias - CQM; cópias das notas fiscais de
saídas; do LREM; do LRSM; do LRAICMS; da Declaração de
Movimento Econômico; e do Livro RUDFTO.

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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que


nenhum valor é devido à Fazenda Estadual, uma vez que o lucro
do exercício fiscalizado ultrapassa aos 30% (trinta por cento)
exigidos pela legislação; o movimento econômico do exercício
fiscalizado foi elaborado de conformidade com o artigo 269, do
RICMS/91; o levantamento considerou situações não previstas na
legislação, deduções do ICMS sobre as compras e vendas, PIS e
COFINS. Por fim, pede a Improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O fisco apresentou contrarrazões alegando que


mantém a inicial, pois as alegações da defesa não condizem com
as regras contábeis, uma vez que chegou aos valores apurados
observando o que determina a Ciência Contábil, diferentemente
da autuada que em sua defesa lança valores que não condizem
com as regras contábeis a exemplo do custo das mercadorias
vendidas. Por fim, pede a Procedência da autuação.

Em 11/05/2011, foi proferida a Decisão nº


17.907/2011, de Primeira Instância, que julgou como Nulo o
Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. Lançamento de ofício de crédito


tributário. Exigência embasada, a princípio,
em levantamento da Conta Mercadorias.
Procedimento fiscal inconsistente. Ausência de
elementos suficientes para se determinar a
pratica de infração. NULIDADE do LANÇAMENTO.
Reexame necessário pelo Conselho Tributário
Estadual (Art. 48 da Lei nº 6.771/06).

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Submetido à votação o Reexame Necessário do


CTE, a Decisão da Coordenadoria de Julgamento Nº 17907/2011,

Acórdão CTE 092/2013 Página 2


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relativa à empresa Paula Móveis Ltda., qualificada na peça


inicial, por maioria de votos acompanhou a Nulidade por
ausência de motivos, levantada por esta relatora.
Transcrevo a ementa sobre voto da ilustre
relatora Odete Mineiro da Paz, servindo-me do seu relatório:

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Diferença de estoque no exercício de 1997,
apurada em Levantamento da Conta Mercadorias.
2) Infração não comprovada. 3) Lançamento
Improcedente. 4) Reexame Necessário conhecido
e improvido. Reformada a decisão singular por
ser Improcedente o Lançamento.

Como bem demonstrou a relatora Odete Mineiro


da Paz em seu voto, a infração alegada no Auto de Infração não
foi comprovada. A autuante não observou a legislação
tributária, o art. 2º, § 12, da Lei nº 5.900/1996, cuja
redação assim diz:

“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato


gerador do ICMS no momento:
(...)

§12 - Considera-se como montante a ser


computado nas saídas tributáveis em
operações internas do contribuinte a
diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor
o custo das mercadorias vendidas agregado
de 30% (trinta por cento), e a saída
tributada efetivamente declarada nos
livros e/ou documentos fiscais próprios,
apurada no último dia do exercício
financeiro da empresa, na hipótese em que
o contribuinte não possua escrituração
contábil para fins de apuração do lucro
real.
(...)”

Além disto as vendas registradas foram


maiores que as vendas apuradas, decorrendo vício formal, não
sanado pela autuante. Observe-se o que diz o art. 53 da lei
6161/2000, em vigor na época da autuação:

Acórdão CTE 092/2013 Página 3


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Art. 53. A Administração deve anular seus


próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo
de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negar-lhe provimento mantendo
a decisão singular que deu como Nulo o lançamento.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 16 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADORA(voto vencedor) JULGADOR(acompanhou voto vencedor)

Acórdão CTE 092/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 02 – 2ªCÂMARA – REALIZADA EM: 18/01/2013


PROCESSO N.º 1500-015293/2008 – CTE 55/2012
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 9980886-001
RECORRENTE: MOBILI ART INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
AUTUANTE: ROSELANI CARDOSO DE ARAUJO
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 09/2013

EMENTA: OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA –


COMPROVADO NOS AUTOS O FATO MAIOR
POR AÇÃO CLIMÁTICA (INUNDAÇÃO),
ATRAVÉS DE MEIO INDONEO. REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDA E IMPROVIDA E
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO, PARA REFORMAR A DECISÃO
SINGULAR E CONSIDERAR IMPROCEDENTE
A AÇÃO FISCAL.

RELATÓRIO

Tratam os auto de Remessa Necessária e também de


Recurso Ordinário proposto pela empresa Contribuinte contra
a decisão de n.º 18.211/2011, que julgou pela procedência
em parte da autuação por haver inutilizado/extraviado
livros fiscais, decorrendo com a imposição da Coordenadoria
de Julgamento, no dever punitivo ao pagamento de multa de
R$ 24.315,00 (vinte e quatro mil, trezentos e quinze
reais).

A imputação originária fora no sentido de impor a


punibilidade correspondente a R$ 60.787,50 (sessenta mil,
setecentos e oitenta e sete reais e cinqüenta centavos), em
razão da confirmação pelo contribuinte quanto a
deterioração aos respectivos documentos a que caberia no
dever de guarda por parte desta; imputando o art. 119,
inciso I, alínea ‘a’, que prevê a aplicação de 300 UPFAL

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 1


por livro extraviado , cumulado com o art. 96, inciso II .
Sendo que este último citado estabelece que em se tratando
de multa por obrigação acessória – caso dos autos – , a
readequação para vinte por cento do valor que lhe seria
imputável.

Contudo, e do que se depreende dos autos


administrativos, ao mesmo tempo busca a imposição da
aplicação punitiva pela da Lei n.º 6.165/2000, por seu art.
6.º, § 5.º, inciso II: “a comunicação do extravio à Fazenda
Estadual e a publicação no Diário Oficial do Estado
ensejará a redução de 50%(cinqüenta por cento);” .

Isto, por conta da comunicação feita pelo contribuinte


através do processo administrativo n.º 1500-019305/2004,
protocolizado em 21/07/2004. De onde fora gerado o
respectivo auto de infração, lançado em 10/09/2008.

Em sua defesa, que igualmente se repete na dos termos


do Recuso Voluntário a ser apreciado, vem o contribuinte
indicar que foram os referidos documentos inutilizados por
conta de fortes chuvas em 31/05/2004 e 01/06/2004 tanto no
parque industrial, como nos arquivos de contábeis. Galgando
sua defesa no comunicado da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC,
subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil, donde se constatam as fotografias
confirmatórias da inundação (fls. 14/19).

Destaca-se ainda que procedeu o Contribuinte a


comunicação à Junta Comercial de Alagoas (fls.13); Corpo de
Bombeiros (fls.14); comunicação no Diário Oficial de Maceió
(fls.20); Diário Oficial do Estado de Alagoas (fls. 21);
publicação no Jornal Tribuna de Alagoas (fls.21);
comunicação a Secretaria da Receita Federal (fls.22).

Nas contrarrazões a defesa, pugna o agente autuado


pela manutenção do lançamento por suas razões próprias
lançadas, mas que cumpriria em ser afastada a denúncia
espontânea para que fosse refeito o cálculo, elevando o
valor final para R$ 121.575,00 (cento e vinte e um mil,
quinhentos e setenta e cinco reais).

Ou seja, aquele valor posto no lançamento e diminuído


na metade por força da comunicação em Diário Oficial,
deveria ser restabelecido em sua integralidade.

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 2


Já, a decisão da Coordenadoria, fora no intento de que
cumpria a aplicação da punibilidade, mas com a aplicação da
dicção expressa do art. 119, § 2.º, cumulado com o art. 96,
II da Lei 5900, acatando sim a denúncia espontânea, e por
isto reduzida a 20% (vinte por cento) do valor originário
total.

Intimado o contribuinte, recorre para defender que


efetivou a comunicação aos órgãos competentes, e
inegavelmente a SEFAZ, ante o extravio/perecimento de seus
documentos se dera por evento da natureza (inundação
decorrente de chuvas), sem que lhe restasse qualquer
imposição punitiva. Mas que, acaso mantida, que fosse
aplicada corretamente o benefício da denuncia espontânea.

Era o que se tinha relatar.

VOTO

Passo a Decidir.

Para este Julgador o cerne a ser aqui analisado condiz


com a análise sobre a questão da comunicação da inundação
por conta da ocorrência de fortes chuvas em 31/05/2004 e
01/06/2004, confirmada pela autoridade competente do
Estado, através do Secretário Adjunto da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil, possuiria o condão de mitigar
qualquer aplicação de multa ao Contribuinte, frente o dever
de guarda dos respectivos documentos.

Ora, do que se colhe da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC,


subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil, não restam dúvidas, inclusive por conta
das fotografias confirmatórias da inundação que, de fato,
fora a empresa atingida em decorrência das chuvas, tendo
sido inundada.

Inclusive, há expressamente por afirmado na mesma


“esta Coordenadoria Estadual constatou inundação em toda
área do referido Distrito Industrial incluindo a Empresa
MOBILI ART INDUSTRIA E COMERCIO LTDA, que teve seu parque
industrial, área administrativa e arquivo de documentos
diversos, conforma levantamento fotográfico anexo (10
fotos).” (fls. 14/19).

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 3


E, também, seguindo este documento do órgão oficial do
Estado, procedeu o Contribuinte na comunicação aos demais
órgãos, a saber: Junta Comercial de Alagoas (fls.13); Corpo
de Bombeiros (fls.14); comunicação no Diário Oficial de
Maceió (fls.20); Diário Oficial do Estado de Alagoas (fls.
21); publicação no Jornal Tribuna de Alagoas (fls.21);
comunicação a Secretaria da Receita Federal (fls.22).

Neste ínterim, como bem destaca o recurso, não poderia


a mesma vir a ser punida, quando cumpriu todos os
procedimentos que lhe cabiam.

Para formação de convicção, veja-se o posicionamento


dos Tribunais integrantes do Judiciário para o caso:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. LIVROS


CONTÁBEIS. MULTA. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO. INFRAÇÃO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. EXTRAVIO. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE. ADMISSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE.1. Em matéria de infração tributária
incide a responsabilidade objetiva, a teor do artigo
136 do Código Tributário Nacional. 136, Código
Tributário Nacional.

2. Tal responsabilidade, no entanto, admite a


comprovação das excludentes de responsabilidade
previstas no campo privado, com as peculiaridades do
ramo.

3. O extravio de livros fiscais devidamente comprovado


pode ser caracterizado como caso fortuito ou força
maior e se mostra apto a elidir a presunção de
veracidade da multa exigida pela não apresentação de
tais documentos, ante o princípio da razoabilidade.

4. Recurso voluntário e remessa oficial improvidos.

(14796 SP 2000.03.99.014796-2, Relator: JUIZ CONVOCADO


MARCELO DUARTE, Data de Julgamento: 02/12/2009, TURMA
SUPLEMENTAR DA PRIMEIRA SEÇÃO)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MP-1.798/99.


AUTARQUIA. INTIMAÇÃO PESSOAL. ADVOGADO CREDENCIADO.
PRERROGATIVA NÃO APLICÁVEL. AVERBAÇÃO DO TEMPO DE
SERVIÇO. FORÇA MAIOR CARACTERIZADA. ADMISSÃO DE PROVA
EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL.1.798

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 4


1. A prerrogativa de intimação pessoal ou por carta
registrada com AR, prevista na MP 1.798/99, não se
aplica aos advogados credenciados da autarquia
previdenciária, mas somente aos seus procuradores
autárquicos.

2. Configura força maior a inundação do escritório


contábil, com destruição dos livros da empresa à
época, demonstrada por prova contemporânea e reiterada
prova oral.

3. Considerada a unânime prova testemunhal da relação


de emprego no período controvertido, bem como a
condição de força maior, é de ser deferida a averbação
do período de trabalho pretendido.

(138814 RS 1999.04.01.138814-2, Relator: NÉFI CORDEIRO


Data de Julgamento: 09/10/2000, QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJ 01/11/2000 PÁGINA: 388)

Veja-se que tais decisões, alinham-se perfeitamente a


acostada no recurso. Mostram querência.

E, para buscar a fulminar tal tese, retrata apenas o


Agente Autuado que mesmo a prova cabal ter demonstrado a
inundação em 31/05/2004 e 01/06/2004, apenas havia sido
feita a comunicação a SEFAZ no mês de julho.

Tal argüição não se mostra capaz de elidir as provas


robustas da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC, subscrita pelo
Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa
Civil; inclusive se deram em datas diversas, já no próprio
mês de junho, e imediatas ao fato danoso.

De outro lado, não consta qualquer demonstração de


diligência em contrário ao infortúnio produzida; tais como:
visita ao local para constatação das condições dos livros
(se ainda existentes); que tenha a empresa em qualquer
situação utilizados os livros ou dados neles contidos em
seu benefício; e mesmo que haja procedido na solicitação de
novos livros para continuidade de sua atividade.

Assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer a Remessa Necessária para negar-lhe
provimento; e pelo conhecimento do RECURSO ORDINÁRIO, mas

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 5


para PROVER este último, desconstituindo a aplicação da
multa, neste caso específico, por conta da comprovada
inundação das dependências da empresa através da CERTIDÃO
N.º 001/04-CEDEC, subscrita pelo Secretário Adjunto da
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e fotografias nela
existentes, com a conseqüente comunicação aos órgãos
diversos, como se deu. Reformada a decisão singular que
entendeu pela Procedência do lançamento, para julgar
IMPROCEDENTE o auto de infração

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 18 de janeiro


de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 14 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/04/2013


PROCESSO: SF-13.115/97; CAF-16328/98 E CTE-65/2012.
ANEXO: SF-1500-013210/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 2773, PROTOCOLADO EM 12/12/1997.
DECISÃO MONOCRÁTICA: Nº 11.324/98 DE 09/07/1998.
AUTUADO: N. C. INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.
AUTUANTE: CÍCERO HONÓRIO DA SILVA.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 093/2013

EMENTA: ICMS – DÉBITO DO IMPOSTO


ADVINDO DA ACUSAÇÃO DE OMISSÃO DE
REGISTRO DE OPERAÇÕES TRIBUTÁVEIS.
DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
COMPROVADA. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO
E PROVIDO. EXTINÇÃO DO CREDITO
TRIBUTÁRIO.

I – RELATÓRIO

Cuida o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do lançamento fiscal lastreado no AI acima referido, em
desfavor do contribuinte N. C. INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA,
acusado de haver, em tese, deixado de registrar vendas de
mercadorias nos exercícios fiscais de 1994 e 1995, detectado
por levanto fiscal quando do seu pedido de baixa da Inscrição
Estadual.

Foram dados como infringidos os artigos 35 e 136-I, do


RICMS aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo sugerido o

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 1


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SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

apenamento previsto no art. 827 do mesmo mandamento legal


(fls. 02 e 02-v).

Os autos estão instruídos com a Planilha de Digitação do


AI; Movimento Econômico; Cartão de Autógrafos e Dados
Cadastrais da Empresa (fls. 03 usque 09).

Tendo sido frustrada a ciência do procedimento fiscal


através de correspondência (fls. 11/12), o contribuinte foi
citado por conduto do Edital nº 10-98/0.37, publicado no
D.O.E., edição de 27/02/98 (fls. 13) e, não tendo sido
atendida dita citação, foi lavrado o Termo de Revelia em
30/05/98 (fls. 14) e remetidos os autos ao então Departamento
de Documentação e Divulgação – DDD para a adoção das
providências preconizadas no art. 893 do RICMS/91, o que não
foi atendido (fls. 17).

Direcionados os autos à então CAF, a ilustre Coordenadora


entendeu pela Procedência do AI sub-judice, prolatando a
Decisão a seguir ementada, em 29/07/1998 (grifamos):

“EMENTA: ICMS – Levantamento Fiscal. Débito


do imposto decorrente de omissão de
registro de operações tributáveis. São
tributáveis os recursos com origem não
comprovada. Prática ilícita caracterizada.
Auto de infração PROCEDENTE” (fls. 18/19)

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 2


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SECRETARIA DA FAZENDA
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Constatando que a notificação da decisão acima referida


foi feita somente em nome da empresa, a Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário, atendendo para o fato de que
a mesma encontra-se na posição de baixada, sugeriu que os
sócios fossem devidamente citados, providência que foi
atendida em 28/05/2010, (notificação de 28/04/2010
recepcionada em 13/05/2010 (fls. 41/42).

A autuada apresentou suas razões de defesa, alegando em


síntese que:

1) A prescrição do débito fiscal, tendo como motivo o


tempo decorrido entre a notificação de decisão
monocrática e a nova intimação;
2) A sua impossibilidade de apresentar sua defesa por não
haver sido citado, o que configura cerceamento de
defesa;
3) Pede pela anulação da autuação (fls. 02 usque 08-
anexo).

A Representação Fiscal, instada a se manifestar ao tempo


em que entendeu não poder prosperar a preliminar de
cerceamento de defesa alegada pela defendente, uma vez que a
citação deve ser considerada válida. Observou que existem,
vários e fortes indicadores de que o crédito tributário está
extinto pela inércia do Estado. (grifamos)

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 3


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SECRETARIA DA FAZENDA
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Ao final, o ilustre Representante Fiscal opina no sentido


da procedência da ação fiscal, caso sejam ultrapassadas as
preliminares de nulidade e/ou extinção do crédito tributário.
(grifamos) (fls. 23/26 – anexo)

Assim chegam os autos a este CTE para o devido exame do


Recurso Ordinário apresentado pelo contribuinte.

Em síntese, é este o relatório.

II – VOTO.

Trata-se do Recurso Ordinário a este colegiado pelo


contribuinte, tendo em vista a sua irresignação à Decisão
Monocrática que entendeu pela Procedência da ação fiscal
objetivando o recebimento do crédito tributário baseado no AI
nº 002773, lavrado em 04/12/97.

Bem examinados os autos e de tudo quanto neles consta,


verifico que não pode ser acatada a primeira preliminar de
cerceamento de defesa alegado pelo contribuinte que, apesar de
devidamente notificado, não ofereceu Recurso Voluntário ao
procedimento fiscal, determinando, como dispõe a Legislação em
voga, a lavratura do competente Termo de Revelia.

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 4


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Ocorre que, a partir desta providência, a Fazenda


Estadual, quedou-se paralisada e não foi o crédito tributário
inscrito em Dívida Pública.

Concordo com a Representação Fiscal da existência, nos


autos, das omissões praticadas pelo Fisco Estadual, omissões
estas que, no meu entender, aliadas ao transcurso do prazo
determinado pela legislação fiscal de mais de 05(cinco) anos
da instauração do procedimento fiscal, fulmina a pretensão
fiscal pela comprovada existência da extinção do crédito
tributário.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário e dar-lhe provimento, com
espeque no art. 156, inciso V, c/c 174 do CTN, decidindo pela
extinção do crédito tributário consubstanciado no AI citado na
inicial.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 16 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 14 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/04/2013


PROCESSO: PV 258/2000; 1500-018.314/2000 E CTE Nº 142/2011.
ANEXOS: PV 322/2000 E 1500-018.315/2000.
AUTO DE INFRAÇÃO: 005.608, DE 31/08/2000.
AUTUADA: M L DE LUNA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.086.333-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.647/2011.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: LUCIANO ALMEIDA COSTA E OUTRO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 094/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias
apurada mediante levantamento
financeiro (artigo 2º, §§ 9º, 10, e 11,
da Lei Estadual nº 5.900/1996. 2)
Infração não comprovada por falta de
provas. 3) Lançamento Improcedente. 4)
Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa M L


de Luna, já qualificada, tendo por objeto a cobrança de
crédito tributário no valor de R$ 2.587,89 (dois mil,
quinhentos e oitenta e sete reais e oitenta e nove centavos),
por ter a empresa autuada deixado de recolher ICMS ao efetuar
vendas de mercadorias sem documentação fiscal nos exercícios
de 1998 e 1999, fato comprovado pela insuficiência de
receitas, apurada através de levantamento específico dessa
conta; considerados os documentos de receitas e despesas.

Apontados como infringidos os artigos 2º, §§ 9°, a 11; 31


e 50, I; da Lei nº 5.900/1996; 49, II, VII e VIII; e 775, do
RICMS/91. Sendo sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruída com cópias do cartão de


autógrafo; da ficha de atualização cadastral (FAC); da
intimação fiscal nº 132; termos de início e encerramento de

ACÓRDÃO CTE Nº 094/2013 Página 1


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fiscalização; declarações de movimentos econômicos (1998 e


1999); do LRAICMS nº 02; planilhas de Auditoria do Movimento
Financeiro (1998 e 1999); e demonstrativo de débito.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que não ocorreu o


ilícito arguido, uma vez que atendeu ao disposto no artigo
1.000, do RICMS/91; as planilhas de apuração do movimento
financeiro não repercutem os dados registrados no seu LREM.
Por fim, pede a nulidade do lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões onde alega apenas que


a defesa é intempestiva, não devendo ser considerada, não se
cogitando apresentar contrarrazões.

Em 27/06/2003, a Coordenadoria de Julgamento solicitou o


Pedido de Diligência nº 213/2003, para aperfeiçoar o
lançamento. Em resposta a fiscalização afirma não ter havido
insuficiência de receitas.

Em 11/04/2005, A Coordenadoria de Julgamento solicitou o


Pedido de Diligência nº 145/2005, para o fisco elaborar novos
Mapas de Auditoria do Movimento Financeiro. Em resposta, foram
feitas novas planilhas, informando a fiscalização (fl. 31)
inexistir a omissão de receitas apontada erroneamente nas
planilhas de folhas 11, e 12, dos autos.

Em 11/02/2011, foi proferida a Decisão nº 17.647/2011, de


Primeira Instância que julgou Improcedente o Lançamento com a
seguinte ementa.

EMENTA – ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO – 1.


Lançamento de ofício de crédito
tributário. 2. Omissão de saídas
depreendida através de levantamento
financeiro - artigo 2º, §§ 9º e 10, da Lei
nº. 5.900/96. 3. Descumprimento de
formalidades indispensáveis ao lançamento.
4. Lançamento IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau
de jurisdição administrativa necessário -
artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº. 6.771/06.

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A autuada foi intimada da decisão singular, não se


pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou ciência
da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam os autos
a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 17.647/2011,


de Primeira Instância que julgou Improcedente o Lançamento
constante do auto de infração nº 005.608.

A inicial aponta que a autuada deixou de recolher ICMS


nos exercícios de 1998 e 1999, por ter efetuado saídas de
mercadorias tributadas em operações internas, sem documentação
fiscal, conforme levantamento financeiro, em que se apurou a
existência de despesas realizadas a descoberto e que tal
pronunciamento tem amparo no artigo 2°, §§ 9º, e 10, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

A autuada nega a prática de omissão de saídas internas


tributadas tentando infirmar o lançamento ressaltando vícios
do ato administrativo. Já os Pedidos de Diligência de nºs
213/2003 e 145/2005; quando dos atendimentos pelo fisco, este
acabou reconhecendo o desacerto de tal levantamento, pois às
fls. 11, e 12, e 18, a 41, do processo inicial, se constata
que foram utilizados valores divergentes dos que constam no
LRAICMS e as compras a prazo não foram consideradas.

Observe-se, que mesmo obtendo no exercício de 1998, um


Caixa Final Calculado no valor de R$ 1.800,37 (um mil,
oitocentos reais e trinta e sete centavos), o autuante
considerou como sendo zero o valor do saldo inicial do caixa
de 1999, acarretando erro no levantamento fiscal. O lançamento
foi efetuado sem observar algumas formalidades, com absoluta
falta de provas, pois não foram anexadas cópias dos documentos

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de despesas (crédito) e as receitas (débito), por si só, não


são capazes de representar o caixa da autuada. O Lançamento é
Improcedente como consta da decisão singular.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL - CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Reexame Necessário, para negar-lhe provimento. Mantida a
decisão singular.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 11 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 14 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 16/04/2013


PROCESSO:1500-017230/2006
AUTO DE INFRAÇÃO: 27958/2006
RECORRENTE: ARQUITEC ARQUITETURA ENGENHARIA E
CONSTRUÇÃO LTDA.
RECORRIDO: ESTADO DE ALAGOAS
AUTUANTE: SUAMY G. DA IGREJA JÚNIOR
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 095/2013

EMENTA: ICMS. DIFERENCIAL DE


ALÍQUOTA. EMPRESA DE CONSTRUÇÃO
CIVIL. DECISÃO JUDICIAL
TRANSITADA EM JULGADO
RECONHECENDO A NÃO INCIDÊNCIA
DA EXAÇÃO. INEXISTÊNCIA DA
PREJUDICIALIDADE DA ANÁLISE DO
MÉRITO. PREVALÊNCIA DA COISA
JULGADA. PREJUDICADO O AUTO DE
INFRAÇÃO.

RELATÓRIO

Trata-se da constituição de crédito tributário


no valor de R$ 94.513,34 (noventa e quatro mil
quinhentos e treze reais e trinta e quatro
centavos), correspondente ao principal (ICMS), em
razão da falta de recolhimento do diferencial de
alíquota do ICMS, pela empresa Recorrente, nos
exercícios de 2003, 2004, 2005 e 2006.

Foram tidos por infringidos os artigos 1º,


parágrafo único, inciso III, alínea “b”, 2º, inciso
V e 6º, inciso VI, da Lei n.º 5.900, além dos
artigos 2º, inciso II e 14º do RICMS.

Instruem o auto de infração: dados cadastrais,


demonstrativos do diferencial de alíquota, termos
de inicio e encerramento da fiscalização, decisão
liminar e todas as notas fiscais de mercadorias
adquiridas fora do Estado de Alagoas durante o
período fiscalizado, entre outros.

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Intimado, o contribuinte pugnou, em sede de


preliminar, pela improcedência do auto de infração,
defendendo a sua nulidade em razão da suspensão da
exigibilidade e possibilidade de cobrança do
crédito tributário correlato, tendo em vista a
existência de decisão liminar em seu favor
exatamente neste sentido. No mérito, sustentou a
improcedência da autuação por entender que não se
submete à incidência do ICMS, mas sim do ISS, tendo
citado súmula e jurisprudências do STJ no mesmo
sentido de sua tese de defesa.

Por sua vez, em suas contrarrazões, o fiscal


autuante, embora tenha sustentado a possibilidade
de cobrança do ICMS na forma do diferencial de
alíquota, sugere a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário em virtude da existência de
decisão liminar em favor do contribuinte.

A Coordenadoria de Julgamento, através da


decisão n.º 16.778/10, julgou prejudicada a defesa,
assim ementando:

EMENTA – ICMS. Obrigação


principal. Falta de
recolhimento do ICMS
Diferencial de Alíquota.
Escolha da via judicial por
parte do contribuinte.
Julgamento administrativo com
análise de mérito PREJUDICADA.
Uma vez encerrada a fase
administrativa do processo,
envio dos autos à Procuradoria
Geral do Estado para adoção dos
procedimentos cabíveis, art. 94
da Lei n. 6.771/2006.

A empresa autuada interpôs recurso voluntário


renovando basicamente todos os argumentos lançados
em sua defesa. Todavia, acrescentou argumentação
relacionada à necessidade de prevalência da coisa
julgada no âmbito judicial, originada através de
acórdão do Tribunal de Justiça de Alagoas
transitado em julgado, assim como uma tese acerca
da nulidade do auto de infração por conter em seu
bojo multa de ofício, que em sua visão não seria

ACÓRDÃO CTE Nº 095/2013 Página 2


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cabível em razão do que dispõe expressamente o


artigo 63 da Lei Federal 9.430/96.

Nas contrarrazões, a representação fiscal,


citando o artigo 94 da Lei 6.771/2006, pugnou
unicamente pelo encaminhamento dos autos à
Procuradoria Geral do Estado.

Posteriormente, o feito foi encaminhado ao


Conselho Tributário Estadual para julgamento do
recurso ordinário.

O processo foi baixado em diligência para


manifestação da Procuradoria Geral do Estado sobre
a alegação da recorrente de que houve o trânsito em
julgado da decisão que afastou a incidência do ICMS
– Diferencial de Alíquota.

Em resposta, a PGE informou “haver transitado


em julgado a decisão proferida nos autos do Mandado
de Segurança n.º 001.04.013255-3 (Apelação Cível nº
2009.003433-8), em cujos termos restou reconhecida
a inexigibilidade do diferencial de alíquotas de
ICMS quando das aquisições de materiais (insumos)
pela empresa, em outros Estados da Federação, para
emprego em suas obras(docs. juntos)”. Colacionou a
este feito administrativo a cópia do mandado de
segurança em referência.

É o relatório.

VOTO

Cuida o presente caso da constituição de


crédito tributário em razão da falta de
recolhimento do ICMS na forma do diferencial de
alíquota, correspondente aos exercícios de 2003,
2004, 2005 e 2006.

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A questão me parece residir em saber se houve


ou não a renúncia do contribuinte à discussão
administrativa do auto de infração, uma vez que
afirmou a existência de mandado de segurança sobre
o assunto, impetrado em 2004.

A Coordenadoria de Julgamento através da


decisão recorrida entendeu pela prejudicialidade da
defesa, em virtude de suposta escolha da via
judicial por parte do contribuinte.

Adoto posicionamento divergente. Explico.

É cediço que os artigos 93 e 94 da Lei


Estadual 6.771/2006 impõe a prejudicialidade do
julgamento do processo administrativo quando o
contribuinte faz a opção da discussão na esfera
judicial.

Todavia, no caso em vertente, entendo que ao


contribuinte não foi dada a opção entre a via
judicial ou administrativa. Pelo que se lê do
Acórdão juntado aos autos, a ação foi proposta no
ano de 2004 e o auto de infração somente foi
lavrado em 2006.

A cronologia dos fatos mostra que o auto de


infração foi lavrado posteriormente à instauração
de procedimento judicial pelo contribuinte, o que
acaba por afastar a incidência dos artigos 93 e 94
da Lei 6.771/06.

Pelas redações dos referidos artigos, a


prejudicialidade da análise do mérito da
defesa/recurso administrativo advém nas hipóteses
em que o contribuinte busca a esfera judicial
quando já existente o respectivo processo
administrativo. Neste caso, ocorreu exatamente o
contrário, sendo a escolha da discussão na via
judicial (18/08/2004) bem anterior à lavratura do
auto de infração (25/05/2006).

Não se pode conceber a ideia de que o


contribuinte exercitou uma opção, ao impetrar o
referido mandado de segurança, quando não havia
nenhuma discussão administrativa. Como pode ter

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havido uma opção sem que na época não houvesse mais


de um caminho a ser seguido?

A ideia de opção sugere, necessariamente, mais


de uma alternativa. Na época não existia.

Ademais, analisando detidamente os autos,


observo que o mandado de segurança não discute o
auto de infração em questão, mas a inexistência de
relação jurídica tributária na aquisição de
produtos de consumo oriundos de outros estados da
federação.

É o bastante para concluir que inexiste


prejudicial de mérito.

Ademais, não se pode ignorar os efeitos da


decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas que negou
o recurso do Estado de Alagoas, confirmando a
decisão do juízo de primeiro grau que afastou a
incidência do ICMS diferencial de alíquota nas
operações de aquisição de mercadorias para uso,
provenientes de outros estados.

O artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal de


1988, reconhece a prevalência e imutabilidade da
coisa julgada: “a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada”.

Diante do trânsito em julgado de acórdão do


Tribunal de Justiça de Alagoas, anexado aos autos
nas fls. 43/137, e tratando-se a coisa julgada de
matéria de ordem pública conhecível até mesmo de
ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição,
entendo que o comando judicial deva ser plenamente
atendido e respeitado.

Importante destacar que não se está, aqui, a


analisar a constitucionalidade dos artigos 93 e 94
da Lei 6.771/2006, conforme vedação expressa
constante do artigo 23, §3º, inciso I, da Lei
6.771/2006, mas unicamente a aplicação dos efeitos
da coisa julgada.

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Assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade
de votos, conhecer do recurso ordinário para, no
mérito, dar-lhe provimento, reformando a decisão da
Coordenadoria de Julgamento que julgou prejudicada
a análise do mérito do auto de infração n.º
027958/2006 para julgar prejudicado o auto de
infração.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 19 de


março de 2012.

SÉRG IO GUI LHE RM E A. D A S . F ILH O CARL OS HEN RIQ UE D E M. BRA NDÃ O


PRES IDE NTE REL ATO R

MARI A L OPE S M IL HO MES ODET E M INE IRO D A PAZ


JULG ADO RA JULG ADO RA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 15 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 18/04/2013


PROCESSO: 1500-010.461/1999 E CTE Nº 125/2011.
ANEXO: 1500-004.358/2000.
AUTO DE INFRAÇÃO: 021.105, DE 30/12/1999.
AUTUADA: R R SIMÕES DE AZEVEDO COSTA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.080.110-5.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.567/2011.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO E REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: GEORGE FRANKLIN DO REGO DAMASCENO E OUTROS.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 096/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Falta de recolhimento de ICMS
decorrente de omissão de saídas de
mercadorias sem documentação fiscal, no
exercício de 1998, apurada através de
Levantamento Financeiro Simplificado.
2) Infração comprovada. 3) Reduzido o
valor do crédito tributário pela
penalidade aplicada. 4) Lançamento
Procedente em Parte. 5) Reexame
Necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra R R SIMOES DE


AZEVEDO COSTA, já qualificada, tendo por objeto a cobrança de
crédito tributário no valor de R$ 21.654,38 (vinte e um mil,
seiscentos e cinqüenta e quatro reais e trinta e oito
centavos), por haver a empresa autuada deixado de recolher o
ICMS no exercício de 1998, por ter efetuado vendas de
mercadorias tributáveis em operações internas sem documentação
fiscal, fato comprovado pela insuficiência de caixa, apurada
através de levantamento especifico desta conta, considerando-
se os documentos de receitas e despesas.

Apontados como infringidos os artigos 2º, § 9º, a 11º;


31; e 50, I, da Lei nº 5.900/1996; 49, II, VII, e VIII, do
RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 87, da Lei nº 5.900/1996.

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A inicial está instruída com dados cadastrais do


contribuinte; intimação fiscal nº 61; cópias do cartão de
autógrafo; Mapa Levantamento Financeiro Simplificado; cópias
do RUDFTO; do LRAICMS e de notas fiscais.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que não cometeu


nenhuma irregularidade no exercício de 1998, inexiste o
desembolso imputado pelo pagamento aos fornecedores no mês de
Julho/1998, consoante o protesto de algumas duplicatas no
cartório; o autuante não teve contato com os documentos que
comprovariam as verdadeiras despesas, nem considerou as
receitas decorrentes de prestação de serviços; o Mapa LFS não
esboça a verdade tendo em vista que o valor de R$ 80.616,40,
(oitenta mil, seiscentos e dezesseis reais e quarenta
centavos) apontado na linha 4, pagamento a fornecedores, não
se encontraria na sua escrita fiscal e teria conduzido a uma
demonstração equivocada do valor de R$ 50.951,47 (cinquenta
mil, novecentos e cinquenta e um reais e quarenta e sete
centavos) da linha 23, cuja receita é oriunda de vendas não
registradas. Por fim, pede a improcedência da autuação e se
necessário diligência na sede da empresa. Foram anexados a
defesa, cópias do LREM; de notas fiscais de entradas; da
certidão positiva protesto de títulos; de títulos a pagar;
comprovante de depósito e declaração de firma individual.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou suas contrarrazões alegando que não


teria examinado o livro diário e as notas fiscais de serviços
porque a autuada não atendeu a intimação fiscal n° 188752;
desconsiderou o pagamento das duplicatas de fl. 121 (em razão
de rasura) e da fl. 122, por falta do documento comprobatório
de sua quitação, não tendo aceitado os comprovantes de
depósitos de fls. 123, e 124; as alegações da defesa são
improcedente, incapazes de mudar os fatos descritos na
inicial. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 25/07/2003, a Coordenadoria de Julgamento solicitou a


Diligência Fiscal nº 207/2003, em resposta o autuante informa
que a autuada está com sua inscrição inativa, deixa de
apresentar os livros e documentos fiscais solicitados pela
intimação fiscal nº 188.752, e pelo Edital nº 082/2004.

Em 04/11/2011, foi proferida a Decisão nº 17.567/2011, de


Primeira Instância que julgou Procedente em Parte o Lançamento
com a ementa.

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EMENTA: ICMS. 1. A circunstancia


material verificada de insuficiência de
caixa do período 1998 foi demonstrada
através do levantamento financeiro
simplificado (LFS) e comprovada pela
juntada do livro RAICMS, de onde foram
extraídos e confrontados os valores de
receitas e despesas. 2. Não
consideração do saldo inicial de caixa
de 01/01/1998 com o valor do capital
social integralizado, visto que a
empresa iniciou suas atividades em
17/12/1991 e poderia ter realizado
varias operações com a utilização
daquele recurso até seu esgotamento. 3.
Muito frágil a afirmação do sujeito
passivo de que o fiscal não teve
contato com os documentos que
comprovariam as verdadeiras despesas e
nem teria considerado as receitas
decorrentes de prestação de serviços,
porque tais documentos foram
solicitados via intimação fiscal e por
edital e deixaram de ser apresentada a
fiscalização, mesmo após diligência. 4.
Aplicação da multa do art. 79 da lei
5900/96, devido a falta de tipo penal
tributário especifico, inclusive por
ser mais benéfico ao réu, porque
enuncia no seu preceito secundário uma
multa equivalente a 50% do imposto. 5.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 6. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

A autuada foi intimada da Decisão Singular, não se


pronunciando. A Comissão de Representação Fiscal foi intimada
da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam os autos
a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da decisão nº 17.567/2011,


de Primeira Instância que julgou Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 021.105.

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Observe-se, que Reexame Necessário se refere apenas à


redução no valor do crédito tributário em razão da penalidade
aplicada, a multa prevista no artigo 79, em lugar daquela
sugerida na inicial, a multa do artigo 87, ambos, da Lei nº
5.900/1996; a autuada foi intimada da decisão singular, não se
pronunciou, aceitando assim, a referida decisão.

Portanto, em razão da redução no valor do crédito


tributário pela penalidade aplicada a decisão singular está
correta, não merecendo qualquer reforma. O lançamento é
Procedente em Parte. O crédito tributário tem como valor o que
consta da decisão singular á fl. 155, do Processo de Defesa.

O crédito tributário no valor de R$ 4.746,82 (quatro mil,


setecentos e quarenta e seis reais e oitenta e dois centavos),
deve ser corrigido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do Reexame Necessário, para negar-lhe provimento. Mantida a
decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 11 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 15 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 18/04/2013


PROCESSO: AMA 004.019/94; 1500-011.123/1994 E CTE Nº 035/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO: 073.754, DE 08/07/1994.
AUTUADA: CENTRO COMERCIAL PRENDAS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.076.664-4.
DECISÃO MONCRÁTICA: 15.533/2008.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: JOSÉ WALTER PADILHA DE MELO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 097/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Utilização de crédito fiscal indevido.
2) Não comprovado o ilícito fiscal. 3)
Lançamento Improcedente por falta de
provas. 4) Reexame Necessário conhecido
e improvido com reforma da Decisão
Singular por ser Improcedente o
Lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa Centro Comercial Prendas Ltda, já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
910,75 (novecentos e dez reais e setenta e cinco centavos),
por haver a autuada se creditado indevidamente de valores
sobre entradas de cervejas, refrigerantes e sorvetes nos
exercícios de 1990 a 1992.

Apontados como infringidos os artigos 429 e


437, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista
no artigo 836, do mesmo Regulamento.

A inicial está instruída com cópia do cartão


do autógrafo; dados cadastrais do contribuinte; cópia do
LRAICMS nº 01 e do LREM nº 01.

DA DEFESA

A autuada foi intimada somente pelo Edital


CAT nº 163/94-0.37, sendo lavrado Termo de Revelia (fl. 75).

Em 05/06/2006, a Coordenadoria de Julgamento


encaminhou os autos a DIRAC pelo Despacho nº 313/2006, para

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declarar a remissão do crédito tributário nos termos do artigo


11, IV, “b”, da Lei nº 6.765/2006. A DIRAC por despacho
informou a não ocorrência da remissãodo crédito tributário nos
termos da IN nº 024/2007.
Em 09/11/2009, foim proferida a Decisão nº
15.533/2008, de Primeira Instância, que julgou extinto o
crédito tributário pela prescrição com a ementa.

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de crédito


tributário. 2. Falta de recolhimento de
imposto por utilização de crédito indevido.
3. Revelia. 4. Lançamento prejudicado. 5.
Extinção de crédito tributário. 6.
Prescrição – CTN, artigos 156, V, e 174. 7.
Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário – art. 48, Lei Estadual nº.
6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim chegam os
autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


15.533/2008, de Primeira Instância, que julgou prejudicado o
lançamento constante do auto de infração nº 073.754, em razão
da extinção do crédito tributário pela prescrição.

Inicialmente, observe-se que a autuação exige


o pagamento de ICMS pela utilização de crédito fiscal indevido
pela autuada referente às seguintes mercadorias refrigerantes,
cervejas e sorvetes; bem como, que não foi anexado qualquer
documento capaz de comprovar essa utilização indevida.

As cópias do LRAIMS e do LREM (fls. 08, a 66)


por si só, não são capazes de comprovar o uso indevido dos
créditos fiscais, como aponta à inicial; falta a cópia de cada
uma das notas fiscais, onde deveria constar individualemente
cada mercadoria apontada como sendo sujeita a substituição
tributária, bem como, o valor do ICMS substituição destacado.

A Coordenadoria de Julgamento apontou uma


possível remissão do crédito tributário nos termos da Lei nº
6.765/2006. Pela absoluta falta de provas da infração não é

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possível se falar em remissão, em decadência ou prescrição do


crédito tributário uma vez que a falta de provas se sobrepõe a
tais questões. O lançamento é improcedente.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade
de votos, conhecer do Reexame Necessário, para negar-lhe
provimento. Reformada a decisão singular em razão de ser a
Improcedente o Lançamento.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 11 de abril


de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 15 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 18/04/2013


PROCESSO: SF-1500-012009/91; CAF-7829/93 E CTE-211/2011.
ANEXO: SF-1500-000004/1991.
AUTO DE INFRAÇÃO: 049196/1991, PROTOCOLADO EM 12/02/2001.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.755/2011.
AUTUADO: CENTRAL DE ATACADOS B-C LTDA.
AUTUANTE: RONALDO GUEDES DE ARAÚJO E OUTROS.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 098/2013

EMENTA: ICMS – ACUSAÇÃO DE OMISSÃO DE


SAÍDAS, CANCELAMENTO INDEVIDO DE NOTA
FISCAL, FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE LIVRO
FISCAL E NÃO RECOLHIMENTO DO ICMS NAS
VENDAS EFETUADAS PARA MICROEMPRESAS.
CARÊNCIA DE PROVAS CAPAZES DE SUSTENTAR
A EXIGÊNCIA FISCAL. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO SINGULAR
MANTIDA NA ÍNTEGRA. AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

I – RELATÓRIO

Trata-se do Reexame Necessário da Decisão Nº 17.755/2011,


prolatada pela Coordenadoria de Julgamento – CJ, que entendeu
pela improcedência do AI acima referido, lavrado em 25/03/1991
pela Fiscalização Fazendária Estadual em desfavor do
contribuinte Central de Atacados B-C Ltda; via do qual está
sendo exigido o crédito tributário valorado em Cr$
1.012.750,10 (um milhão, doze mil, setecentos e cinqüenta
cruzeiros e dez centavos), sendo Cr$ 495.086,75 (quatrocentos
e noventa e cinco mil, oitenta e seis cruzeiros e setenta e
cinco centavos) correspondente ao ICMS não recolhido e Cr$
517.663,35 (quinhentos e dezessete mil, seiscentos e sessenta
e três cruzeiros e trinta e cinco centavos) a titulo de multa,

ACÓRDÃO CTE Nº 098/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

por haver o sujeito passivo, em tese, praticado as seguintes


irregularidades fiscais:

1) Omitido vendas no período compreendido entre setembro


de 1990 e março de 1991, conforme a verificação feita
através de levantamento específico de mercadorias;
2) Cancelado indevidamente a N.F. nº 0027, série B-1;
3) Falta de escrituração do Livro de Inventário em
31/12/1990;
4) Falta de apresentação do Balanço Econômico relativo ao
exercício de 1990;
5) Falta de recolhimento do ICMS por ocasião das vendas
efetuadas para Microempresas nos meses de Outubro e
Novembro de 1990, Janeiro de 1991 e Fevereiro de 1992.

Foram apontados como infringidos os artigos 73-IV, da Lei


Nº 5.077/89 e 144, 205, 127 e 235 do RICMS aprovado pelo
Decreto Nº 35.245/91 e sugerido o apenamento previsto nos
artigos 98, 130, 136 e 102 da supracitada Lei Estadual Nº
5.077/89 (fls. 02 e 02-V).

Os autos estão instruídos com o Demonstrativo Fiscal do


Débito; Relação das N.F. emitidas para Microempresas; 2º via
da N.F. nº 0027; Relação de notas fiscais de entradas e saídas
de mercadorias dos exercícios de 1990/1991; Relação de
Mercadorias em estoque em 20/03/1991 e Mapa de Levantamento
Físico de Estoque (fls. 03 usque 14).

O autuado apresentou suas razões de defesa, aduzindo em


síntese:

1) A impossibilidade da apresentação do seu balanço de


1990, em virtude de que, naquela ocasião, os documentos
da empresa estavam em poder da fiscalização e
2) As vias da N.F. nº 0027, série B-1, não foram
destacadas do respectivo talão (fls. 18 - anexo)

Contrarrazoando, os representantes do fisco estadual


alegam que o autuado não possui escrita contábil e que, in-
casu, deveria apresentar o seu Balanço Econômico no prazo de
60 (sessenta) dias após o encerramento do exercício, e
ACÓRDÃO CTE Nº 098/2013 Página 2
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SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

deixando claro que o seu objetivo é o da procrastinação (fls.


20 - anexo).

Direcionados os autos à CJ, aquela Instância Julgadora


decidiu pela Improcedência do crédito tributário, em
decorrência das seguintes irregularidades:

1) O levantamento de mercadorias resta prejudicado pela


ausência da necessária comprovação da inexistência do
estoque final, levando-se em conta a impossibilidade de
certificação do “Termo de Contagem de Estoque” elaborado
em 20/03/1991 que não foi firmado pelo responsável pela
empresa, bem como o Mapa de Levantamento Físico de
Estoque não indicar o período fiscalizado;

2) Não foi comprovada a acusação de que foi indevido o


cancelamento da Nota fiscal, uma vez que o autuado afirma
que as vias da mesma não foram destacadas do respectivo
talonário, alegação que não foi desfeita pelos servidores
fiscais por conduto da elaboração de um termo próprio,
citando as circunstâncias materiais que pudessem dar
espeque à acusação, o que a torna vaga e sem firmeza;

3) A alegada falta de escrituração do Livro de Registro


de Inventário, não foi comprovada, já que não foram
acostadas aos autos, cópia da folha, em branco, do citado
livro, com falta de escrituração;

4) A alegada falta de apresentação do Balanço do


exercício de 1990 também não foi comprovada e a falta
de recolhimento do ICMS devido nas vendas para
Microempresas não pode ser aferida pela ausência das
cópias das documentações necessárias à constatação das
irregularidades apontadas.

Ao final, o Ilustre Julgador Singular prolatou a


decisão assim ementada:

ACÓRDÃO CTE Nº 098/2013 Página 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

“EMENTA: ICMS. I- Omissão de saídas;


II- Cancelamento indevido de nota
fiscal; III- Falta de escrituração do
Livro de Registro de Inventário; IV-
Falta de apresentação de Balanço
Econômico; e V- Falta de recolhimento
de ICMS quando de vendas para
Microempresas. 1- Descumprimento de
formalidades indispensáveis ao
lançamento; 2- Ausência dos documentos
que serviram de base para a apuração
das irregularidades - art. 891 do
RICMS/91; 3- Não atendidos os
princípios da legalidade e da verdade
material - art. 118 da Lei nº 4.418/82
e art. 2º da Lei Nº 4.771/06; 4-
Lançamento IMPROCEDENTE; 5- Duplo Grau
de Jurisdição Administrativa
Necessário - artigos 48 e 49, §1º da
Lei Nº 6.771/06”.

Não houve qualquer manifestação do sujeito passivo e da


representação fiscal.

Assim aportam os autos do presente PAT a este CTE para o


devido reexame e decisão.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 098/2013 Página 4


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II – VOTO.

Verifica-se nos autos do presente PAT, que o contribuinte


foi autuado em 25/03/91, de maneira irregular, uma vez que
dita intimação não atendeu ao que determina a legislação
tributária em voga, a teor do que dispõe o art. 131, V, da Lei
Nº 4.418/82, in-verbis:

“Art. 131 – A intimação terá será feita:


(...)
V- Por edital
§-1º Na impossibilidade de se proceder na
forma dos incisos I a IV deste artigo, a
intimação será feita por edital, anexando-
se uma via ao processo e certificando-se
nos autos a sua publicação, com indicação
da página e da data do Diário Oficial”.

Entretanto, in-casu, o comparecimento do sujeito passivo


aos autos supre a falta de regularidade da intimação, como
prescreve o art. 26, parágrafo 5º, do artigo 26, da Lei
Estadual Nº 6.161/2000.

Inicialmente, cabe-me manifestar estranheza pelo, fato de


que um processo fiscal iniciado em 25/03/1991 somente seja
encaminhado a este julgador em 11/12/2012, isto é, quase 22
(vinte e dois) anos após a lavratura da peça inicial.

Por outra banda, como bem ressaltou o Ilustre Julgador de


Piso, a acusação fiscal não foi instruída com a documentação
indispensável para a comprovação do cometimento, por parte do
autuado, das irregularidades apontadas pela Fiscalização
Estadual.

Assim, resta claro nos autos, de que a ação fiscal não se


sustenta, pelas razões elencadas pelo Ilustre Julgador
Singular, notadamente pela observação de que meros

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demonstrativos elaborados de ofício não refletem a instrução


determinada pela legislação em vigor.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe provimento, para
manter na íntegra a Decisão Monocrática pela Improcedência do
lançamento do crédito tributário representado pelo Auto de
Infração nº 049196/91, pela falta de provas capazes de
lastrear a ação fiscal.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 18 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADORA JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 15 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 18/04/2013


PROCESSO: SF-1500-010575/1993; CAF-9.210/1994 E CTE-63/2012.
ANEXO: SF-1500-000060/1994.
AUTO DE INFRAÇÃO: 52314, PROTOCOLADO EM 18/06/93.
AUTUADO: GONÇALVES E GONÇALVES LTDA.
AUTUANTE: JOSÉ VASCONCELOS SANTOS E OUTROS.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
RELATOR DO VOTO VENCEDOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 099/2013

EMENTA - AUTO DE INFRAÇÃO - ICMS –


CRÉDITO TRIBUTÁRIO ORIGINÁRIO
INFERIOR A R$ 10,00 – REMISSÃO -
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 11, INCISO
IV, ALÍNEA “A”, DA LEI ESTADUAL
6.765/2006 – EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO POR REMISSÃO – RECURSO
CONHECIDO – MÉRITO PREJUDICADO.

RELATÓRIO

Cuida o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do auto de infração acima referido, lavrado em desfavor
do contribuinte Gonçalves e Gonçalves Ltda, tendo como arrimo
haver o mesmo, em tese, ter em estoque em seu estabelecimento
comercial mercadorias desacompanhadas da necessária
documentação fiscal, deixando de atender ao disposto no art.
73, inciso IV, da Lei Estadual nº 5.077/89, com sugestão do
apenamento previsto no art. 111 da mesma Lei (fls. 02 e 02 v).

ACÓRDÃO Nº 099/2013 Página 1


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Os autos estão instruídos com o Termo de Apreensão nº


71118, Intimação Fiscal Nº 075865 e Cópias Reprográficas do
Cartão de Autógrafos e da Ficha de Atualização Cadastral - FAC
(fls. 04/06).

Devidamente citado, o contribuinte apresentou suas razões


de defesa, negando o cometimento da infração que lhe foi
imputada (fls. 16/18 - anexo).
Os autuantes contestaram a argumentação feita pelo
autuado, insistindo no cometimento da infração argüida na
inicial e pugnando pela procedência da ação fiscal (fls. 22 -
anexo).

A Coordenadoria de Julgamento – CJ, por conduto do


Despacho Nº 312/2006, datado de 05/12/2006, encaminhou os
autos à Diretoria de Arrecadação e Crédito Tributário, com
fulcro na Lei Estadual Nº 6.765/06, que trata da extinção de
créditos tributários, pela sua remissão (fls. 45 - anexo),
tendo aquele setor fazendário, lastreado na publicação da
Instrução Normativa Nº 24, datada de 23/08/2007 deixado de
atender à recomendação para a sua extinção e retornando os
autos à CJ para a devida apreciação e julgamento (fls. 47 -
anexo).

Através da Decisão Monocrática Nº 15.826/09, o Ilustre


Julgador Singular entendeu pela infração à legislação
tributária cometida pelo contribuinte de estocar mercadorias
desacompanhadas da necessária documentação fiscal, ex-vi dos
artigos 129, inciso I, e 131 do RICMS aprovado pelo Decreto Nº
35.245/91 e dos artigos 6º, inciso V e 73, inciso IV da Lei
5.077/89, prolatando a Decisão assim ementada:

“EMENTA: ICMS – Manter em estoque


mercadorias desacompanhadas de documentação
fiscal correspondente. 1– Comprovação da
inexistência de documentação fiscal e de
ACÓRDÃO Nº 099/2013 Página 2
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seus registros por provas constantes nos


autos; 2- Considera-se saída do
estabelecimento a mercadoria cuja entrada
ocorreu desacompanhada de documentação
fiscal correspondente; 3- Lançamento
PROCEDENTE.

Inconformado com a Decisão Monocrática acima referida, o


contribuinte encaminhou Recurso Ordinário a este Conselho
Tributário Estadual – CTE, via do qual pugna pelo conhecimento
e provimento do seu recurso, com base no art. 156, inciso V,
do CTN, que torna o presente PAT atingido pela extinção do
crédito tributário e pela prescrição intercorrente nele
existente (fls. 02 usque 07 – anexo).

A CJ, em data de 23/03/2009, direcionou o pleito


formulado pelo Defendente à Representação Fiscal para as
devidas contrarrazões, oportunidade em que aquele setor da
SEFAZ/AL discordando, inicialmente, da prescrição
intercorrente alegada pelo autuado, ressaltou na oportunidade
que como é público, o Conselho Tributário Estadual tem de
forma reiterada, julgado extintos os créditos tributários
alcançados pelo art. 11, inciso IV, alíneas “a” e “b” da Lei
Estadual Nº 6.775/06, concluindo:

1) Que sejam rejeitadas as argüições da prescrição


intercorrente, por sua inexistência;

2) Como o valor do crédito tributário está valorado em R$


5,07 (cinco reais e sete centavos), já devidamente
atualizado, o mesmo encontra-se atingido pela
Remissão, a teor do que dispõe a Lei Nº 6.765/06.

Assim chegam os autos a este colegiado para a devida


apreciação e julgamento.

É o Relatório.

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VOTO

Compulsando atentamente os autos, verifica-se que o


crédito tributário perseguido no presente processo
administrativo fiscal corresponde ao montante de Cr$
41.860.800,00 (Quarenta e um milhões oitocentos e sessenta
mil e oitocentos cruzeiros).

No entanto, após a conversão da moeda, evidencia-se que


o aludido crédito tributário apresenta como valor principal
originário a quanta ínfima de R$ 5,07 (cinco reais e sete
centavos), consoante “Planilha de Consolidação do Débito”
inclusa nos autos (fls. 42).

Sabe-se que, por força da Lei Estadual (AL) n.º


6.765/2006, os créditos tributários relativos ao ICMS, cujo
valor principal originário seja igual ou inferior a R$ 10,00
(dez reais), foram extintos, por remissão, nos moldes que
segue abaixo:

Art. 11. Ficam extintos, por remissão:


...
IV – os créditos tributários, constituídos ou
não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os
decorrentes exclusivamente de penalidade
pecuniária por descumprimento de obrigações
acessórias:

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a) cujo valor principal originário seja igual


ou inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez
reais); ou
...
§ 1º. O benefício previsto nos incisos I e IV
opera-se independentemente de requerimento ou
ato concessivo. [destaque ausente do
original]

Cumpre enaltecer que este Conselho Tributário


Estadual, em sessão plenária, já firmou posicionamento quanto
a sua própria competência para extinguir o crédito
tributário, por remissão, o que de fato fez nos autos do
processo CTE 34/2009, cuja relatoria foi atribuída ao
eminente Conselheiro Álvaro Arthur L. Almeida Filho, cuja
ementa ora transcrevemos:

ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO ORIGINÁRIO INFERIOR


A R$ 10,00 – INTELIGÊNCIA DA ALÍNEA “A” DO
INCISO IV DO ARTIGO 11 DA LEI 6.765/2006 –
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR REMISSÃO –
DECISÃO DA 2ª CÂMARA MANTIDA – JULGAMENTO
AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO.

Destarte, considerando que o presente caso se


amolda perfeitamente ao disposto na da Lei Estadual (AL) n.º
6.765/2006, especificamente em seu art. 11, inciso IV, alínea
“a”, não nos resta alternativa senão a de extinguir o crédito
tributário pela remissão.

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Face ao exposto, conheço do recurso ex offício para


negar-lhe provimento, em estrita obediência do disposto no
artigo 11, inciso IV, alínea “a”, da Lei Estadual (AL) n.º
6.765/2006, que estabeleceu a remissão dos créditos
tributários relativos ao ICMS, cujo valor principal
originário seja igual ou inferior a R$ 10,00 (dez reais).

Sala de sessões do Conselho Tributário Estadual, em


Maceió/AL 18 de abril de 2013..

Paulo de Tarso da Costa Silva


Conselheiro Relator

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 15 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 18/04/2013


PROCESSO N.º 1500-005184/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO N.º: 054044, LAVRADO EM 28/02/1994.
AUTUADO: ALDO FERREIRA LOPES.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 100/2013

EMENTA: TRIBUTÁRIO – AUTO DE INFRAÇÃO –


ICMS – NOTIFICAÇÃO VÁLIDA – AUSÊNCIA DE
DEFESA E/OU PAGAMENTO – CONSTITUIÇÃO
DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO –
TERMO DE REVELIA – EFEITO DE
ENCERRAMENTO DO PAT – PROCESSO
TRAMITANDO MAIS DE 13 (TREZE) ANOS SEM
JULGAMENTO – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA –
CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXTINTO –
INTELIGÊNCIA DO ART. 156, V, DO CTN.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º


15.531/2008 oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que
reconheceu de ofício a ocorrência da prescrição do crédito
tributário cobrado no auto de infração em epígrafe,
declarando, por conseguinte, a extinção do crédito tributário,
em conformidade com os artigos 156, inciso V, e 174, ambos do
Código Tributário Nacional. Vejamos a ementa:

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de crédito


tributário. 2. Falta de recolhimento de
imposto incidente sobre saídas de cana
de açúcar 3. Revelia. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito
tributário. 6. Prescrição – CTN,
artigos 156, V, e 174. 7. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário –
art. 48, Lei Estadual n.º 6.771/06.

Conforme alhures já relatado, o auto de infração foi


lavrado em 28 de fevereiro de 1994, sendo protocolado na
repartição fazendária na mesma data.

O contribuinte foi notificado, via postal, em


19/03/1995, conforme consta às fls. 05 dos autos, ocasião em

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que o mesmo restou silente, não apresentando qualquer espécie


de manifestação e/ou defesa administrativa.

Neste contexto, diante da ausência de pagamento e da


não apresentação de defesa administrativa, a então
Coordenadoria Geral de Administração Tributária - CAT lavrou o
competente Termo de Revelia, o qual está datado de 15 de
agosto de 1995.

Ressalte-se, por oportuno, que entre a data da


lavratura do Termo de Revelia (15/08/1995) e o julgamento do
processo pela Coordenadoria de Julgamento (2008) já se
passaram mais de 13 (treze) anos.

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VOTO

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a


empresa autuada tomou ciência do Auto de Infração em 19 de
março de 1995, através de notificação via postal, conforme
cópia do AR (aviso de recebimento) anexada às fls. 05. O fato
é que a empresa autuada, embora devidamente notificada, não
apresentou defesa ao auto de infração, razão pela qual, após o
término do prazo para apresentação da defesa administrativa, a
Administração lavrou o competente Termo de Revelia, conforme
se verifica às fls. 07, datado de 15 de agosto de 1995.

Cumpre ressaltar que à época da lavratura do auto de


infração, estava em vigor a Lei Estadual (AL) n.º 4.418, de 27
de dezembro de 1982, a qual preconizava em seu artigo 141 1:

Art. 141 - Findo o prazo da intimação, sem


pagamento do débito, nem apresentação de
defesa, o funcionário responsável certificará o
não recolhimento, providenciará a lavratura do
Termo de Revelia e encaminhará os autos à
autoridade instrutora, para cumprimento do
disposto no artigo anterior 2.

§ lº - Quando se tratar de infrator revel, e a


infração se referir à falta de recolhimento de
tributos apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestadas as informações
sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a inscrição do débito
na dívida ativa, para cobrança executiva.

Em 17 de dezembro de 1997, o artigo 141, da Lei 4.418/82 foi alterado pela Lei
1

5.983, passando a ter a seguinte redação: “Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem
pagamento do débito ou apresentação de defesa ou recurso, será providenciada a lavratura
do Termo de Revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida Ativa.
Parágrafo único - A revelia do autuado implica no reconhecimento da obrigação tributária e
produz efeito de decisão final no processo administrativo fiscal.” Atualmente, a revelia no
processo administrativo fiscal estadual encontra-se disciplinada pelo artigo 13, da Lei
Estadual 6.771, de 16 de novembro de 2006.

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§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese


prevista no parágrafo anterior, importa o
reconhecimento da obrigação tributária e produz
efeito de decisão final do processo
administrativo. (destaque ausente no original)

Note-se que o dispositivo legal supramencionado


amolda-se perfeitamente ao presente caso, bastando sua simples
leitura para concluir que, in casu, o Termo de Revelia “produz
efeito de decisão final do processo administrativo”.

Em outros termos, a notificação do sujeito passivo e


a ausência de impugnação administrativa possuem o condão de,
respectivamente, constituir definitivamente o crédito
tributário e torná-lo plenamente exigível.

O artigo 52, da Lei Estadual (AL) 4.418, de 27 de


dezembro de 1982, vigente à época, prescreve que o lançamento
tributário regularmente notificado somente poderá ser revisto
nos seguintes casos:

Art. 52 - O lançamento regularmente notificado


ao sujeito passivo, só pode ser revisto em
virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício de autoridade


administrativa, nos casos previstos no artigo
57.

Como se observa, o crédito tributário perseguido no


presente caso foi definitivamente constituído segundo os

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critérios adotados pela legislação tributária estadual, dando


origem a uma situação jurídica consolidada, cuja estabilidade
deve ser preservada por este órgão colegiado, mormente quando
a possibilidade de revisão do aludido ato jurídico não
encontra refúgio nas hipóteses descritas na lei.

Neste contexto, com a lavratura do Termo de Revelia,


datada de 15/08/1995, a Fazenda Pública Estadual deveria ter
inscrito em dívida ativa o respectivo crédito tributário para,
posteriormente, ajuizar a competente ação de execução fiscal,
visando o recebimento de seu crédito, uma vez que o mesmo já
se encontrava plenamente exigível.

Destarte, considerando que o Termo de Revelia


materializa o encerramento do processo administrativo
tributário, com a conseqüente constituição definitiva do
crédito tributário, o Fisco deveria ter providenciado a
cobrança judicial da dívida no prazo máximo de 05 (cinco)
anos, nos termos do art. 174 do CTN.

Saliente-se que o artigo 151, do Código Tributário


Nacional, expressamente prevê as hipóteses legais de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário, não restando
caracterizada nenhuma delas nos presentes autos, gozando o
referido crédito de certeza, liquidez e exigibilidade, a
partir da lavratura do Termo de Revelia.

O absurdo ocorrido no presente caso é que, entre a


data da constituição definitiva do crédito tributário e a data
desta decisão administrativa já se passaram muito mais de 10
(dez) anos, o que, por si só, é capaz de fulminar o mencionado
crédito em face da ocorrência da prescrição, nos termos do
art. 174, caput, do CTN. Vejamos:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito


tributário prescreve em 5 (cinco) anos,
contados da data da sua constituição
definitiva.

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Portanto, diante das razões de fato e de direito


alhures mencionadas, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
no sentido de extinguir o crédito tributário pela ocorrência
da prescrição tributária, nos termos do art. 156, V, do CTN,
conforme acertadamente decidiu a CJ.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 18 de abril de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADORA JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 15 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 18/04/2013


PROCESSO N.º: 1500-001140/1993 – CTE N.º 174/2008
AUTO DE INFRAÇÃO N.º: 051481, DE 14/09/1992.
AUTUADA: EQPAL – EQUIPAMENTOS PARA ÁGUA E PISCINA LTDA.
CACEAL: 24062160
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 101/2013

EMENTA: TRIBUTÁRIO – AUTO DE


INFRAÇÃO – ICMS – INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA PREJUDICADA – EXTRAVIO
DE DIVERSAS PÁGINAS DO PAT –
INEXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES
ESSENCIAIS PARA O JULGAMENTO –
SEGURANÇA JURÍDICA MITIGADA –
PROCESSO EXTINTO – INTELIGÊNCIA DO
ART. 28, § 6º DA LEI 6.771/06 –
DECISÃO UNÂNIME.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela


empresa EQPAL – Equipamentos para Água e Piscina LTDA,
inscrita no CACEAL 24062160, em razão da decisão n.º
7.233/1996, oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou procedente o Auto de Infração n.º 051481, de
14/09/1992, conforme ementa de julgamento que segue:

EMENTA: ICMS – Cumulação de infrações: 1-


Omissão de Vendas detectadas através de
levantamento do estoque físico de
mercadorias; 2 – Falta de recolhimento do
diferencial de alíquota das aquisições
interestaduais para uso da empresa; 3 –
Mercadorias destinadas a concerto (sic) e
demonstração, sem o retorno regulamentar;
4- Subfaturamento de Vendas de mercadorias;
5 – Crédito indevido oriundo de mercadorias
para uso; 6 – Registro de mercadorias
destinadas a estabelecimento diverso; 7 –
Emissão de Notas Fiscais em inobservância
as determinações regulamentares; 8 – Falta
de apresentação de documentos não
determinado; 9 – Fez constar em documento

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apresentado a SEFAZ movimento de saídas do


estabelecimento diverso. Infrações
documentalmente comprovadas. Auto de
Infração PROCEDENTE

Em suas razões recursais, a Recorrente sustenta a


improcedência do auto de infração, apontando diversos
equívocos cometidos pela fiscalização no momento da
lavratura do auto de infração, a exemplo de divergências
entre o demonstrativo de crédito tributário e os valores
realmente consignados nas respectivas notas fiscais, dentre
outros.

Encaminhado os autos para a fiscal autuante para


apresentar contrarrazões, esta emitiu parecer fiscal (fls.
364/365), nos seguintes termos:

“O presente processo nos foi


entregue de forma incompleta,
faltando inúmeras páginas, mais
especificamente das fls. 02 a 73,
da 94 a 107; com as páginas 172 e
173 depois da 175; faltando a
página 226 a 276; as páginas 263 a
276 depois da página 289; as
páginas 245 a 262 após a página
277; as páginas 226 a 244 após a
262; depois pula para a página 300,
voltando para a 290 até a 297,
pulando para a 299, depois voltando
para a 298, passando para a 301
indo até a 407; daí a numeração se
perde, seguindo uma contra capa e
uma capa sem numeração, passando em
seguida ao número 390 indo até a
página 426? (sic)”

Os autos foram encaminhados à SARE, que, através


do Despacho n.º 279/2007, determinou a remessa dos autos à
CORREFAZ (Corregedoria da SEFAZ) para apuração dos fatos e
a possibilidade de restauração dos mesmos para
prosseguimento dos trâmites processuais.

A CORREFAZ, por sua vez, através do Parecer P-


007.06.2007, reconheceu que o presente processo foi

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“profundamente manipulado, faltando inúmeras páginas, peças


fundamentais para sua continuação”, razão pela qual opinou
pela abertura de uma sindicância administrativa para apurar
o caso.

Em seguida o processo foi encaminhando para a


Procuradoria Geral do Estado, para fins de verificar se o
crédito tributário objeto do PAT foi alcançado pela
prescrição. Em resposta, a PGE informou que somente poderia
analisar o processo após sua conclusão na SEFAZ, porém não
seria o caso dos autos, uma vez que ainda estava pendente o
julgamento do Recurso Ordinário interposto pela empresa.

Saliente-se, por fim, no presente processo sequer


consta o original do auto de infração, existindo apenas uma
cópia do auto de infração a qual está grampeada na capa do
processo.

Assim chegam os autos para o julgamento do


Conselho Tributário Estadual.

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VOTO

Em análise dos autos, percebe-se facilmente que


este processo administrativo fiscal foi profundamente
manipulado, inclusive sendo extraviadas diversas folhas do
mesmo, o que, sem sombra de dúvida, atrapalha a tarefa do
julgador para proferir seu voto com a devida segurança
jurídica que o caso requer.
Saliente-se que sequer o original do auto de
infração consta no processo, restando apenas uma cópia
precária grampeada na capa do processo. É um completo
absurdo!

Neste contexto, o próprio corregedor da SEFAZ


declarou que as peças extraviadas do processo são peças
essenciais para sua continuação, in verbis: “constatou-se
que o presente processo foi profundamente manipulado,
faltando inúmeras páginas, peças fundamentais para sua
continuação”.

No caso, deve incidir, portanto, o disposto no


parágrafo sexto do art. 28 da Lei 6.771/2006. Vejamos:

Art. 28. A instrução e o julgamento


do processo administrativo
tributário decorrente de Auto de
Infração compete, em primeira
instância administrativa, à
Coordenadoria de Julgamento - CJ,
e, em segunda instância, ao
Conselho Tributário Estadual - CTE.

§ 6º Verificado o não preenchimento


dos requisitos ou das condições
essenciais ao julgamento do feito,
o julgador declarará de plano,
conforme o caso, a nulidade ou
extinção do processo.

Em sendo assim, diante do absurdo ocorrido neste


processo, onde diversas páginas dos autos foram
extraviadas, não resta dúvida que o processo não preenche
as condições essenciais ao julgamento do feito, devendo ser
extinto o processo, em respeito à segurança jurídica.

ACÓRDÃO CTE Nº 101/2013 Página 4


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Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, no sentido de extinguir o presente processo
administrativo fiscal, uma vez que o mesmo se encontra
totalmente manipulado, não se prestando a conferir a
segurança jurídica que o julgador necessita para proferir
seu voto, como forma de alcançar a verdade material.
Prejudicado o Recurso Ordinário interposto pela empresa,
diante da extinção do processo.

Sala de sessões do Conselho Tributário Estadual,


em Maceió/AL, 18/04/2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 16 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM 25/04/2013


PROCESSO: 1500-026.447/2006 e CTE nº 358/2006.
ANEXO: 1500-002.406/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.50991-001, de 29/09/2006.
AUTUADA: CONSTRUTORA E PAVIMENTADORA SÉRVIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.069.915-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.446/2007.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Roberto Jorge G Ferreira da Silva.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACORDÃO Nº 103/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Transportar mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal, pela utilização de notas
fiscais inidôneas. 2) Arguida e comprovada a
decadência para a Fazenda Pública efetuar o
lançamento. 3) Crédito tributário extinto por
decadência nos termos do artigo 65, V, da Lei
nº 4.418/82. Lançamento Prejudicado.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


CONSTRUTORA E PAVIMENTADORA SÉRVIA LTDA, já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
2.778,24 (dois mil setecentos e setenta e oito reais e vinte e
quatro centavos), por haver a empresa autuada transportado
mercadorias sem documentação fiscal uma vez que os documentos
foram considerados inidôneos, por possuir o emitente liminar
judicial para a não retenção do ICMS de mercadorias oriundas
de derivadas de petróleo, 15.650 (quinze mil, seiscentos e
cinquenta) litros de óleo diesel, mediante simulação com a
finalidade de sonegação de impostos.

Apontados como infringidos os artigos 15, I,


“a”, e “d”; 207, III; e 789, § 1º, do RICMS/91. Sugerida a
aplicação da penalidade prevista no artigo 840, do RICMS/91.

A autuação encontra-se instruída com cópia do


cartão de autógrafo; relatório de dados cadastrais do
contribuinte; Termos de início e encerramento de fiscalização;

Acórdão CTE 103/2013


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Ofício PGE/PFE nº 39/2002, sobre Mandado de Segurança 15184-


6/1997, relativo ao Termo de Apreensão 090239; cópia
reprográfica da petição inicial do Mandado de Segurança; da
concessão de liminar; cópia do Termo de Apreensão 090.239;
Despacho SARE nº 886/2006, encaminhando os autos à DIFIS para
lavratura do Auto de Infração.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que a


autuação é nula por se destinar a sujeito passivo ilegítimo,
não contribuinte do ICMS; há insegurança na determinação da
base de cálcul e no imposto atribuído gerando vício insanável;
a responsabilidade pelo pagamento do ICMS deste produto não
pode ser transferida à autuada, pois na ausência de obrigação
tributária unilateral se uma medida judicial vem a exonerar da
responsabilidade por esta obrigação o substituto tributário
(distribuidora ou atacadista) igualmente e por consequência
será exonerado também desta responsabilidade o contribuinte
substituído; houve a decadência do direito de lançamento do
crédito tributário questionado, pois o lançamento foi feito 11
(onze) anos depois da ocorrência do fato gerador (29/09/1995);
houve a prescrição intercorrente, por não estarem configuradas
as hipóteses de suspensão do crédito tributário elencadas no
parágrafo único do artigo 174, do CTN; não houve dolo ou má-fé
em sua conduta e sempre trabalhou com mercadorias sujeitas à
tributação retida na fonte não se preocupando com as operações
subsequentes. Por fim, pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o ICMS incidente sobre as operações com petróleo e seus
derivados, quando realizadas para uso/consumo do adquirente, é
devido ao Estado de destino final das mercadorias por força do
artigo 2º, § 1º, III, da Lei Complementar nº 87/96, o qual
incide na entrada do Estado adquirente sendo o contribuinte
responsável solidário pelo seu recolhimento; não há que se
falar em prescrição, pois a existência de causa de suspensão
de exigibilidade do crédito tributário, no caso a medida
judicial obtida pelo remetente Peça Diesel LTDA, acarreta
suspensão do prazo prescricional; igualmente não se pode falar
em decadência relativa ao auto de infração, pois esta medida
foi tomada pelo Fisco somente depois do julgamento do mérito
da ação judicial em 1ª Instância e dentro do prazo previsto na
legislação, auto este que apenas substituiu o procedimento já
iniciado através do referido termo de apreensão lavrado contra

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a autuada; o procedimento administrativo que teve como início


a apreensão da mercadoria supriu a falta de citação alegada
pela recorrente em sua defesa; restou configurada a existência
de conluio entre as empresas envolvidas, cujo objetivo é a
prática de sonegação fiscal, conforme pode se compreender da
defesa. Por fim, pede a Procedência da autuação.

Em 05/10/2007, foi proferida a Decisão nº


15.446/2007, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. Transportar mercadorias


consideradas sem documentação fiscal em
virtude de utilização de documentação fiscal
inidônea; 2. Falta de elementos factuais que
comprovem a situação fáctica delimitada nos
autos; 3. Narrativa, nos autos, de conduta
diversa atribuída ao sujeito passivo,
relativa ao não recolhimento do ICMS
Substituição Tributária, de responsabilidade
do adquirente das mercadorias; 4.
Comprovação, na espécie, da ocorrência de
fato extintivo do crédito tributário –
decadência do direito ao lançamento
tributário. 5. Auto de Infração IMPROCEDENTE.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


15.446/2007, de Primeira Instância que julgou Improcedente o
lançamento constante do auto de infração nº 99.50991-001.

A análise dos autos demonstra quer a decisão


singular está correta, por ser a decadência uma das hipóteses
extintivas do crédito tributário, nos termos do artigo 65, V,
da Lei Estadual nº 4.418/1982.

“Art. 65 - Extinguem o crédito tributário:


(...)

V - a prescrição e a decadência;

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(...)”

A legislação tributária vigente estabelece


prazo para a decadência, onde o início da contagem no presente
caso seria 28/03/1995, tomando-se como prazo inicial a data de
lavratura do termo de apreensão (28/03/1995), consoante artigo
85, parágrafo da mesma lei.
“Art. 88 - O direito da Fazenda Estadual de constituir
o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:

Parágrafo único - O direito a que se refere este artigo


extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele
previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela notificação ao
sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.
(...)”

Não resta nenhuma dúvida de que o prazo para


o lançamento do crédito tributário encontra-se decaido, haja
vista, que o seu encerramento definitivo ocorreu em 01/01/06;
e a autuação somente foi lavrada em 29/09/06, após este prazo,
ou seja, em 29/09/2006, como bem aponta a decisão singular.

Portanto, não há que se falar em prescrição,


nem em prescrição intercorrente, vez que o crédito tributário
está extinto por decadência nos termos do artigo 65, V, da Lei
nº 4.418/1982. Quanto ao lançamento, o mesmo está prejudicado
pela decadência e nesta situação discordo da decisão singular.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1º CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negar-lhe provimento. Mantida
a decisão singular com ajuste em relação à prejudicialidade do
lançamento em razão da extinção do crédito tributário por
decadência.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 15 de Maio de 2013

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE 103/2013


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº16 – 1º CÂMARA – REALIZADA EM:


25/04/2013
PROCESSO: SF-1500-010417/1997 e CTE-217/2007
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 12443 01 de abril de 1997
INTERESSADO: TENÓRIO E LEITE LTDA.
REEXAME NECESSÁRIO
CTE: 217/2007
RELATOR: CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO.
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 104/2013

EMENTA: ICMS – EXTRAVIO DE


DOCUMENTOS FISCAIS. REVELIA.
PRESCRIÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO. EXTINÇÃO
DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA
PRESCRIÇÃO

Trata-se de crédito tributário constituído no


valor de 694 (seiscentos e noventa e quatro)
UPFAL’S, correspondente à multa, em decorrência da
presunção de extravio da Ficha de Inscrição
Estadual – FIC, da não aquisição dos livros fiscais
de Registro de: Entradas de Mercadorias; Saídas de
Mercadorias; Apuração de ICMS; Inventário e
Utilização de Documentos Fiscais e Termos de
Ocorrências

Foi considerado por infringido o art. 49, II e


VIII do RICMS aprovado pelo Decreto 35.245/91.
Sendo sugeridas as penalidades previstas nos arts.
862,863 e 871 do já nominado Decreto.

Instrui o processo: cópia do Cartão de


Autógrafos, cópia da página do Diário Oficial do
Estado de Alagoas, onde se verifica a publicação do
extravio de algo não compreensível e de extrato
relativo aos dados cadastrais do contribuinte.

Acórdão CTE Nº 104/2013


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Intimado, o contribuinte não apresentou


impugnação ao auto de infração. Em 02 de maio de
1997 foi lavrado o Termo de Revelia.

A Coordenadoria de Julgamento, através da


Decisão n.º 15.332/07, julgou procedente em parte o
auto de infração, assim ementando:

ICMS. 1. Lançamento de ofício de


crédito tributário em razão de
descumprimento de obrigação
tributária acessória. 2. Intimação
Pessoal. 3. Revelia. 4. Aplicação
subsidiária das normas dos artigos
319 e 320, ambos da Lei nº
5.869/73- Código de Processo
Civil. 5. Auto de infração
PARCIALMENTE PROCEDENTE 6. Duplo
grau de jurisdição administrativa
necessário – art. 48, Lei Estadual
n.º 6.771/06.

Intimados, a Representação fiscal e o


contribuinte não se manifestaram.

Por fim, os autos foram encaminhados ao


Conselho Tributário Estadual para reexame
necessário.

É o relatório.

VOTO
Observa-se nos autos que, mesmo intimado, o
contribuinte não apresentou impugnação ao auto de
infração, tendo sido lavrado o Termo de Revelia em
02/05/1997.

Após o decurso do prazo sem a manifestação


do contribuinte o crédito tributário estava
constituído definitivamente. A partir de então,
iniciou-se o prazo prescricional de cinco para sua
inscrição e propositura da competente execução
fiscal.

Acórdão CTE Nº 104/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

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É o que dispõe o art. 141 da Lei nº


4418/82, in verbis:

“Art. 144 – Findo o prazo


de intimação, sem pagamento do débito
ou apresentação de defesa ou recurso,
será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento do
débito para inscrição na Dívida
Ativa.”

Em total dissonância com os ditames legais,


o Fisco quedou-se inerte pelo prazo superior a 10
(anos).

Na realidade, ao invés de inscrever em


dívida ativa e dar início a cobrança judicial, o
Fisco desnecessariamente encaminhou o auto de
infração para conhecimento pela Coordenadoria de
Julgamento.

Nesse seara, ACORDAM OS MEMBROS DA 1º


CÂMARA CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos, não tendo sido tomada tal
providência pela Fazenda Estadual e tendo decorrido
mais de 10 (dez) anos do lançamento inicial,
conhecer do Reexame Necessário para dar-lhe
provimento, julgando extinto o crédito tributário
pela prescrição.

Sala das Sessões do CTE, 15 de Maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

Acórdão CTE Nº 104/2013


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Acórdão CTE Nº 104/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 16 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 25/04/2013


PROCESSO: SF-1500-007257/2011; CJ- Nº 23595/2002 E CTE 301/2012.
ANEXO: SF-1500-017080/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 9008177-003, PROTOCOLIZADO EM 03/10/2012.
AUTUADA: 15 DISTRIBUIDORA LTDA.
DECISÃO MONOCRÁTICA Nº: 18.766/12, DE 01/10/2012.
AUTUANTE: MANOEL ALVES FEITOSA FILHO.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHRME ALVES DA SILVA FILHO

ACORDÃO Nº 105/2013

EMENTA: ICMS – Auto de Infração lavrado


em descompasso com a clareza necessária
preconizada na legislação tributária em
vigor. Carência da especificação das
infrações imputadas ao contribuinte.
Decisão Singular conhecida e mantida in-
totum. Lançamento Fiscal NULO.

I – RELATÓRIO

Refere-se o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, ao Reexame Necessário direcionado a este CTE da Decisão
nº 18.766/12, prolatada pela Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que entendeu pela Nulidade do lançamento acima referido,
lavrado contra a contribuinte 15 Distribuidora Ltda, por haver
a mesma, em tese, violado a Legislação Tributária em voga,
deixando de recolher o imposto devido mediante a utilização
de créditos inexistentes decorrentes de Notas Fiscais emitidas
por contribuintes optantes pelo Simples Nacional.

Foram apontados como infringidos os arts. 39, §2º c/c o


caput do artigo 34, c/c o artigo 93 da Lei Estadual nº
5.900/96, com as alterações da Lei nº 6.348/2002, sendo
sugerido o apenamento previsto no art. 93 da Lei acima
referida (fls. 02/02-v).

1
Acórdão CTE Nº 105/2013
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SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Os autos foram instruídos, entre outros documentos, com o


Planilhamento do Auto de Infração; cópias do cartão de
autógrafos; do Livro Registro de Entrada de Mercadorias; do
Livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de
Ocorrência; Dados Cadastrais do Contribuinte; Demonstrativo do
Débito e do Resumo geral de AIDF (fls. 04 usque 71).

O sujeito passivo, devidamente citado, apresentou sua


defesa, alegando que por ocasião das suas compras, as empresas
fornecedoras não haviam optado pelo Simples Nacional e não
estavam sujeitas à emissão de N.F. eletrônicas, requerendo a
Nulidade do Auto de Infração (fls. 02/04 – anexo).

Em suas contrarrazões, o representante fiscal informa, em


síntese, que carece de fundamento a alegação de que quando das
suas compras de mercadorias ao emitente Josué Bezerra da
Silva, o mesmo ainda não havia optado pelo Simples Nacional e
que as provas documentais anexadas ao PAT requerendo a
procedência da ação fiscal são claras (fls. 16 usque 20 –
anexo).

Apreciando os autos, o Douto Julgador de Piso ressalta


que a afirmação da autoridade fiscal de que o contribuinte
“registrou créditos fiscais inexistentes de ICMS...
decorrentes da prática dos seguintes artifícios: créditos de
notas fiscais emitidas por contribuinte optante pelo Simples
Nacional e créditos de notas fiscais emitidas e registradas
indevidamente” (grifado pelo Julgador Singular) não traduz,
por si só, infração à legislação vigente.

Por outra banda, a aquisição de mercadorias ao


contribuinte optante pelo Simples Nacional pode gerar crédito
do imposto, conforme determina o art. 23, parágrafo 1º, da Lei
Complementar nº 123/2006 1.

1
Art. 23...
§1º - As pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela legislação tributária não optantes pelo Simples
Nacional terão direito a crédito correspondente ao ICMS incidente sobre as suas aquisições de mercadorias de
microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional, desde que destinadas à
comercialização ou industrialização e observado, como limite, o ICMS efetivamente devido pelas optantes
pelo Simples Nacional em relação a suas aquisições”.
2
Acórdão CTE Nº 105/2013
GOVERNO DO ESTADO
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Além disso, a afirmação acerca dos “créditos das notas


fiscais emitidas e registradas indevidamente”, na opinião do
Ilustre Julgador de Piso deixa dúvidas quanto ao citado como
conduta à margem das leis e regulamentos em vigor.

Constata-se, assim, não restar devidamente esclarecida a


inexistência de crédito atribuído ao defendente.

Ao final, o Ilustre Julgador Monocrático, com espeque no


que determina o artigo 7º, IV, “a”, da Lei Estadual nº
6.771/06 2, entendeu pela NULIDADE, por indeterminação da
infração do lançamento relativo ao AI nº 90.08177-003,
protocolizado em 03/03/2011, prolatando a Decisão adiante
ementada:
“EMENTA: ICMS – PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.
1. Lançamento de Ofício de crédito
tributário e impositivo de penalidade.
2. Falta de recolhimento do imposto por
utilização de crédito inexistente. 3.
Ausência de especificação da matéria de
fato. Indeterminação da infração – art.
7º, IV, “a”, Lei Estadual nº 6.771/06.
4. Lançamento NULO. 5. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário –
artigos 48 e 49, §1º, Lei nº 6.771/06”.

As partes foram devidamente citadas e não se


manifestaram.

Assim apontam os autos a este Colegiado para o devido


exame e decisão.

É o Relatório.

2
Lei 6.771/06 – Art. 7º, IV, “a” – São nulos:
IV – o lançamento de ofício:
a) Que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o infrator”.
3
Acórdão CTE Nº 105/2013
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II – VOTO

Relatam os autos que a contribuinte 15 Distribuidora


Ltda, foi autuada pela Fiscalização Fazendária Estadual por
haver, em tese, utilizado indevidamente o crédito advindo da
aquisição de mercadorias fornecidas por firmas supostamente
optantes pelo Simples Nacional.

Como bem observou o Ilustre Julgador Singular “antes de


dizer acerca da procedência ou improcedência do ato de
lançamento, solução residual, é preciso que seja ultrapassada
a questão da validade do ato administrativo do lançamento em
comento”.

No presente caso, a autoridade autuante não logrou


esclarecer as acusações imputadas ao defendente, ou seja, qual
o crédito utilizado de maneira irregular pelo contribuinte. Ao
nosso entender, a infração apontada é vaza e indeterminada em
virtude das expressões utilizadas na peça inicial.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, pela
manutenção da Ilustre Decisão Monocrática que julgou NULO o AI
nº 90.08177-003, lavrado em 02/03/2011 pela carência de
elementos suficientes para se determinar, com segurança, a
infração, a teor do que determina o art. 7º, IV, “a”, 28 e 29
da Lei Estadual nº 6.771/06.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

4
Acórdão CTE Nº 105/2013
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5
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PROCESSO: 1500-015.885/2002 e CTE nº 301/2011.
ANEXOS: 1500-007.409/2007 e 1500-014.578/2010.
AUTUADA: AGRO INDUSTRIAL SÃO GONÇALO S/A.
AUTO DE INFRAÇÃO: 029.663, de 10/07/2002.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.057.730-2.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 16.858/2010.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Simone Lima de Vasconcelos e outro.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVERA.

ACÓRDÃO Nº 106/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Falta de


recolhimento do imposto pela utilização de crédito
fiscal indevido. 2) Intempestividade da defesa
apresentada, caracterizando revelia e afastando a
jurisdição administrativa. 3) Remessa dos autos a
Representação Fiscal (artigo 13, § 2º, I, da Lei nº
6.771/2006), para revisão ou não do crédito
tributário. 4) Recurso Ordinário conhecido e
improvido. Reformada a Decisão Singular, declarada a
revelia, afastada a jurisdição administrativa.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra AGRO


INDUSTRIAL SÃO GONÇALO S/A, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 2.018.301,03 (dois
milhões e dezoito mil e trezentos e um reais e três centavos), por
haver a empresa autuada deixado de recolher ICMS decorrente da
utilização de créditos fiscais indevidos oriundos de valores
escriturados no LRAICMS (cópias anexas) sob os títulos de créditos
extemporâneos e energia e irrigação; os créditos foram considerados
indevidos pelos fatos a seguir considerados:

1) A não comprovação através de documentos fiscais


hábeis que pudessem legitimar a origem do valor do crédito fiscal
utilizado.

2) O decurso do prazo de 05 (cinco) anos para fazer


uso do direito ao crédito fiscal, não utilizado em momento próprio
(extemporâneo).

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3) Créditos não admitidos pela legislação tributária


(energia e irrigação), períodos de 16 a 30/01/1997; 01 a 15/07/1997,
15 a 31/07/1997, 01 a 30/09/1998; 01/01 a 31/12/1999 e 01/01 a
31/12/2000.
Apontados como infringidos os artigos 31; e 50; VII,
da Lei nº 5.900/96; e 49, II; 91, II; e 96, VI, do RICMS/91.
Sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 93, da referida
Lei.

A inicial está instruida com relatório de dados


cadastrais do contribuinte; Planilhas de apuração do ICMS; cópias do
cartão de autógrafo; do RUDFTO com Termos de início e encerramento de
fiscalização e do LRAICMS nº 07.

DA DEFESA

A autuada foi intimada em 09/09/2004, por Edital,


uma vez que a intimação por AR – Aviso de Recebimento restou
frustrada conforme consta do carimbo dos Correios informando como não
encontrado (fl. 190, Processo Inicial).

Em 05/11/2004, os autos foram encaminhados a DIRAR


para atender a Circular GSEF–05/2004 (a qual tratava do Acordo dos
Usineiros); e devolvidos pela SARE à 2ª GRAF para atender a
solicitação de fl. 187.

Em 16/02/2007, a autuada foi intimada na pessoa de


seus sócios, tendo apresentado defesa em 27/03/2007, alegando em
preliminar a extinção do crédito tributário por decadência e no
mérito pela Improcedência.

DAS CONTRA-RAZÕES

A Comissão de Representação Fiscal apresentou contra-


razões alegando que a fundamentação da autuação é o aproveitamento de
créditos extemporâneos (fora de tempo hábil), de origem não comprovada
e não admitidos pela legislação; estando tal afirmação cabalmente
provada nas planilhas anexadas que não foram contestadas pela defesa;
o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário se
extingue após 05 (cinco) anos e tal assertiva também se aplica ao
direito da autuada de utilizar o crédito fiscal, o qual também se
extingue após 05 (cinco) anos. Por fim, pede a Procedência da
autuação.

Em 06/06/2010, foi proferida a Decisão nº


16.858/2010, de Primeira Instância que julgou Procedente o Lançamento
com a seguinte ementa.

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EMENTA - ICMS – Obrigação principal – Falta de


recolhimento do imposto em face de utilização
irregular de crédito fiscal – Defesa apresentada
intempestivamente – Impossibilidade de apreciação de
mérito (ex vi art. 141 do CTE (Lei 4.418/82) -
Lançamento PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, tempestivo,


com as seguintes alegações:

1) Que, o auto de infração foi lavrado em


10/07/2002; a autuada dele foi intimada em 24/02/2007, através de AR
apresentando defesa tempestiva em 27/03/2007; em suas contra-razões o
autuante pede sua improcedência alegando que a autuada fora
notificada em 09/09/2004, por meio de publicação no Diário Oficial do
Estado; assim, tomou-se como intempestiva a defesa apresentada pela
autuada e procedente o lançamento; o que levou a autuada ao presente
recurso administrativo.

2) Que, é hialina (cristalina) a ocorrência da


decadência do crédito tributário, pois, o fato gerador dos tributos
ocorreu entre junho de 1997 e dezembro de 2000; é curial
(conveniente), apropriado) que se diga que a contagem de prazo
decadencial no caso dos tributos por homologação é aquele do artigo
150, § 4º, do CTN; o prazo decadencial começa a partir do 1º dia útil
ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, 01/01/98;
01/01/99; 01/01/00 e 01/01/2001; uma vez que o fato gerador é de
1997, 1998, 1999 e 2000; o último dia do prazo se dará em 31/12/2002,
31/12/2003, 31/12/2004 e 31/12/2005.

3) Que, se as razões da decadência não forem


admitidas deve se enfrentar cumulativamente a prescrição, caso se
entenda que a autuada foi intimada regularmente por edital em
09/09/2004, e que sua defesa foi intempestiva, sendo esta data o
marco para a contagem do prazo prescricional nos termos do artigo
174, do CTN; a teor dos artigos 141 e 142 do CTN as defesas
intempestivas devem ser arquivadas sem sequer se tomar conhecimento
do seu mérito e o crédito deverá ser inscrito em dívida ativa para
cobrança judicial; se a constituição desse crédito não ocorreu em
24/02/07, com a notificação da autuada e se a defesa não foi
tempestiva, o crédito está extinto pela prescrição, como mormente
entende a jurisprudência do TRF da 5ª Região. Por fim, pede que
ultrapassadas a decadência e a prescrição seja julgado Improcedente
os créditos tributários cujos fatos geradores ocorreram em 1997 e
1998.

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DAS CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A
Comissão de Representação Fiscal apresentou
contra-razões ao Recurso Ordinário alegando que o mesmo deve ser
conhecido, e no mérito negado provimento, com a manutenção da decisão
ora recorrida. Assim, chegam os autos a este Conselho para análise do
Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto contra a


Decisão nº 16.858/2010, de Primeira Instância, que decidiu pela
intempestividade da defesa e pela Procedência do Lançamento constante
do auto de infração nº 029.663, de 10/07/2002 (artigo 141, da Lei nº
4.418/82).

A análise dos autos demonstra que não assiste razão


a autuada quando em seu Recurso Ordinário alega tanto a decadência
como a prescrição do crédito tributário em razão do transcurso de
tempo nas 02 (duas) situações:

A um, porque sua intimação para apresentar defesa ao


auto de infração ou efetuar o pagamento, se deu em 09 de setembro de
2004, por Edital, uma vez que a intimação por AR – Aviso de
Recebimento restou frustrada apesar se encontrar a autuada em
situação ativa perante o Caceal e estar devidamente estabelecida no
endereço constante do AR – Aviso de Recebimento. A regularidade da
intimação se comprova pela análise das previsões normativas acerca do
tema, especialmente aquelas enunciadas nos artigos 131, II, IV e V; e
132, I, II e III, da Lei nº 4.418/82, vigentes a época da autuação.
"Art. 131. A intimação será feita:
(...)
II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por quem proceder à in-
timação;
(...)
IV - por via postal, comprovando-se pelo 'Aviso de Recepção (AR)', assinado
pelo intimado, seu representante ou por quem o fizer em seu nome;
V - por edital.
(...)”

A dois, pois apenas em 27/03/2007 apresentou defesa,


intempestiva, caracterizando a revelia, que se frise, resta
constatada, mesmo sem a lavratura do respectivo Termo de Revelia;

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embora tenha sido apresentada apenas em 27/03/2007, apesar de


intempestiva, essa defesa, surte efeitos legais para suspender a
exigência do crédito tributário e em conseqüência, suspender também a
contagem do prazo prescricional a teor do artigo 151, III, do CTN.
“Art. 151 - Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
(...)
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo;
(...)”

A três, não é verdade também que ocorreu a


decadência do crédito tributário, pois protocolado o auto de infração
(com a protocolização origina-se o auto de infração) não há dizer
sobre decadência e sim sobre prescrição. E isto se justifica porque o
lançamento de ofício do crédito tributário se dá com a regular
protocolização do auto de infração, que, todavia, não tem, desde logo,
capacidade executiva, como soa acontecer com os documentos que
autorizam o ajuizamento da ação monitória (artigos 1102a e seguintes
do CPC/73).

Nesse passo, a intimação válida da autuada em


23/09/2004, autoriza o reconhecimento da intempestidade de sua defesa
apresentada em 27/03/2007, a qual teve o condão de suspender a
contagem do prazo prescricional afastando o exame de mérito do
lançamento; nesse caso a decisão singular merece ser reformada, pois
deveria ter declarado a revelia e excluido a jurisdição
adminstrativa, demonstrando a necessidade que os autos em razão da
revelia sejam encaminhados a Comissão de Representação Fiscal, a teor
do artigo 13, § 2º, I, da Lei nº 6.771/06, para que o crédito
tributário seja ou não revisado.
“Art. 13 - Não sendo apresentada defesa ao Auto de Infração, no prazo legal, o
sujeito passivo será considerado revel, importando a revelia no reconhecimento
da obrigação tributária e produzindo efeito de decisão final em processo
administrativo tributário.
(...)
§ 2º - Na hipótese de revelia, poderá o lançamento ser objeto de revisão, nos
termos que dispuser a regulamentação, observado o seguinte:
I - a revisão deverá ser feita pela representação fiscal; e
(...)”

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do
Recurso Ordinário, negar-lhe provimento. Reformada a Decisão
Singular, declarada a revelia com exclusão da jurisdição
administrativa. Remessa dos autos a Comissão de Representação Fiscal
(artigo 13, § 2º, I, da Lei nº 6.771/2006), para revisão do crédito
tributário.

Sala das Sessões do CTE em Maceió, 15/05/2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE(Acompanhou RELATORA) RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Contra RELATORA) JULGADOR (Contra RELATORA)

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA (Acompanhou RELATORA)

Acórdão CTE 106/2013


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SESSÃO ORDINÁRIA N° 16 – 1º CÂMARA – RELAZIDA EM: 25/04/2013


PROCESSO: SF-1500 024624/2006; CTE-475/2011
ANEXO: SF-1500 032586/2006 e 1500 012708/2009
AUTO DE INFRAÇÃO: 9952470, PROTOCOLADO EM 13/5/2005
AUTUADA: COMÉRCIO DE PESCA DE ALAGOAS LTDA. ME
AUTUANTE: ELENICE DOS SANTOS ANDRADE E OUTRO
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
JULGADOR COM VOTO DE VISTA VENCEDOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 107/2013

EMENTA: TRIBUTÁRIO – AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


CRÉDITO TRIBUTÁRIO INFERIOR A 400 UPFAL –
PROCEDIMENTO ESPECIAL CARACTERIZADO – NÃO
CABIMENTO DE RECURSO ORDINÁRIO – INTELIGÊNCIA DO
ART. 36 DA LEI 6.771/06 – CONVERSÃO DO RECURSO
ORDINÁRIO EM PEDIDO DE REVISÃO – REMESSA DOS
AUTOS À COORDENADORIA DE JULGAMENTO PARA APRECIAR
O PEDIDO DE REVISÃO DO CONTRIBUINTE – RECURSO
ORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Recurso Ordinário, ao CTE,


relativo à Decisão nº. 15992/09, referente ao Auto de Infração
nº9950470, protocolado em 20/9/2006, lavrado contra a empresa
Comércio de Pesca de Alagoas Ltda. ME, qualificada na peça
exordial, com alegação dos autuantes de que “ultrapassou o limite
de receita bruta anual para enquadramento no regime tributário
diferenciado e simplificado previsto na Lei 6271/2001, sem efetuar
a obrigatória comunicação do fato à Fazenda Estadual, na forma
prevista em regulamento”

Acórdão CTE Nº107/2013 1


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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que, a autuada apresentou


defesa requerendo a improcedência da ação fiscal ressaltando que
solicitou em 3/7/2006, o desenquadramento do regime tributário
previsto na Lei já referida.
Na Contestação à Defesa da autuada, a fiscalização
esclarece que, a determinação legal é que a autuada se
desenquadrasse 60 (sessenta) dias após ter ultrapassado o limite
de referência para desenquadramento, e isto não ocorreu.
O julgador de 1ª instância fundamenta sua decisão
observando que a autuada não contestou que extrapolou o limite
para receita bruta de Microempresa, no exercício de 2005 e
extrapolou o prazo de solicitação à Sefaz que é de 60 (sessenta)
dias após a ocorrência.
Esclarece ainda, o julgador singular, que os
dispositivos legais enfocados, relativos à Lei 6271/01 (fls. 14 e
15), foram revogados pelo art. 97 do ADCT da CF/88, bem como pela
Lei complementar 123 de 14/12/2006 e art. 11 do Decreto Estadual
3637/07.
Conclui julgando Procedente a ação fiscal.
Notificados autuada e Representação Fiscal, ambos se
manifestaram

DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário da autuada, que pede anulação da


ação fiscal foi protocolado em 23/6/2009 (Processo Anexo 1500

Acórdão CTE Nº107/2013 2


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12708/2009) e afirma que a empresa deu entrada solicitando seu


desenquadramento de Microempresa em 3/7/2006, “antes do prazo
solicitado pela SEFAZ, conforme Processo 1500 016371/2006”, antes
de ser comunicado o encerramento do trabalho da fiscalização em
4/9/2006, conforme Livro Registro de Ocorrência nº 01.

DAS CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal apresentou


impugnação ao Recurso da autuada esclarecendo que, a solicitação
de desenquadramento de Microempresa da autuada foi intempestiva,
verificando-se má-fé da empresa “uma vez que foi intimada pela
fiscalização em 13/06/2006, requer seu desenquadramento em
03/07/2006, quando já estava sendo auditado”. Considerou inviáveis
os argumentos da autuada em seu recurso.
A representante fiscal não entendeu que a LC 123/2006
revogou a Lei 6271, de 3/10/2001, podendo esta ser aplicada ao
fato gerador em 2005.
Concluiu pela procedência do Auto de Infração, objeto
da lide.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

Acórdão CTE Nº107/2013 3


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VOTO

Compulsando atentamente os autos, depreende-se que o valor do


crédito tributário cobrado no presente processo administrativo fiscal
perfaz o valor de R$ 800,00 (oitocentos reais), ou seja, valor
inferior a 400 UPFAL, que, à época, era equivalente a R$ 6.484,00
(seis mil quatrocentos e oitenta e quatro reais).
Em sendo assim, nos termos do art. 36, inciso II, § 1º,
inciso IV, da Lei 6.771/2006, não há cabimento de interposição de
Recurso Ordinário contra a decisão da Coordenadoria de Julgamento
quando o crédito cobrado é inferior ao equivalente a 400 UFAL.
Vejamos:
Art. 36. Aos processos administrativos tributários
decorrentes de Auto de Infração aplicar-se-ão os
seguintes procedimentos:

...
II - especial, quando o valor do crédito tributário
exigido seja igual ou inferior a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL.

§ 1º Especificamente em relação ao procedimento


especial, observar-se-á o seguinte:
IV - das decisões contrárias ao sujeito passivo caberá,
como único recurso, pedido de revisão dirigido ao
titular da Coordenadoria de Julgamento, a ser
interposto no prazo de 10 (dez) dias, devendo a decisão
relativa ao recurso ser prolatada dentro do prazo de 20
(vinte) dias.
Por outro lado, para não causar prejuízo ao contribuinte, o
Recurso Ordinário interposto pelo mesmo deve ser convertido em “Pedido
de Revisão” para fins de apreciação, porém este Conselho Tributário
Estadual não possui competência para apreciar o “Pedido de Revisão”,
conforme restou demonstrado supra.

Assim, o procedimento a que se sujeita este


contencioso administrativo é o especial, em conformidade com o art.
36, inciso II, da Lei 6.771/06, mormente quando não houve qualquer

Acórdão CTE Nº107/2013 4


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solicitação de diligência capaz de converter o rito especial em


ordinário.

Em sendo assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 1° CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, considerando que o
presente processo foi encaminhado para o Conselho Tributário Estadual
por equívoco, haja vista que o crédito tributário originalmente
lançado não excede mais que 400 UPFALs, vota no sentido de não
conhecer do Recurso Ordinário interposto pela empresa, ao tempo em que
determina à remessa dos autos para a Coordenadoria de Julgamento – CJ
para fins de apreciar o recurso da empresa como se Pedido de Revisão
fosse.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 15 de Maio de 2013

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADORA (ACOMPANHOU RELATORA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

Acórdão CTE Nº107/2013 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 16 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM 25/04/2013


PROCESSO: 1500-003157/2000 e CTE n.º 194/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: 018040
AUTUADA: ARMAZEM GUIMARÃES PIZZARIA LTDA
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO N° 108/2013

EMENTA: TRIBUTÁRIO - AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS


– REVISÃO DO LANÇAMENTO – NECESSIDADE DE
OBSERVÂNCIA DO PRAZO PREVISTO NO PARÁGRAFO
ÚNICO DO ART. 149 DO CTN – INOCORRÊNCIA –
REVISÃO DO LANÇAMENTO REALIZADO APÓS 10 ANOS
DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR – DECADÊNCIA
CARACTERIZADA – INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS
149, PARÁGRAFO ÚNICO, 173, INCISO I E 156,
INCISO V, TODOS DO CTN – PRELIMINAR DE
OFÍCIO DE DECADÊNCIA ACOLHIDA - RECURSO
ORDINÁRIO E REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDOS –
ANÁLISE DO MÉRITO PREJUDICADO – DECADÊNCIA
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

A Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas –


SEFAZ/AL, por intermédio do fiscal de tributos Cícero Honório
da Silva (Mat. 55.766), lavrou o Auto de Infração n.º 018040,
de 26/02/2000, em desfavor da empresa ARMAZÉM GUIMARÃES
PIZZERIA LTDA, inscrita no CACEAL o n.º 240.86114-0, sob o
fundamento de que a empresa:

“Utilizou indevidamente, como crédito de ICMS,


nos meses de Fev/95 a Abr/96 o Valor de R$
27.348,50 ( Vinte e Sete Mil,Trezentos e
Quarenta e Oito Reais e Cinquenta Centavos),
referente a mercadorias com substituição
tributária,cuja escrituração no livro de
entrada e saída de mercadorias encontra-se
valor contábil e outras sem utilização de
crédito ou débito do Imposto, quando da

Acórdão CTE Nº 108/2013


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apuração mensal foi usado o somatório das


mercadorias (BEBIDAS) e calculado 17% jogado
como outros créditos no livro de apuração ao
arrepio da lei eximindo-se assim do pagamento
total o imposto devido.Conforme demonstrativo
de apuração de débito em anexo a este
processo.”

O auto de infração foi lavrado com fundamento no art.


96, inciso I, do Regulamento do ICMS/AL, aprovado pelo Decreto
n.º 35.245/91, sendo sugerida a aplicação da penalidade
prevista no art. 93 da Lei 5.900/96.

O crédito tributário apurado pela fiscalização


totalizou o valor de R$ 43.758,09 (quarenta e três mil,
setecentos e cinquenta e oito reais e nove centavos), conforme
planilha que segue:

ICMS MULTA TOTAL


R$27.348,50 R$16.409,59 R$43.758,09

Foram anexados aos autos os seguintes documentos:


cópias dos dados cadastrais e do cartão de autógrafo da
empresa autuada, bem como a cópia dos livros de registro de
apuração de ICMS e de registro de entrada de mercadorias, além
do demonstrativo de débito.

A empresa apresentou defesa administrativa pugnando


pela improcedência do auto de infração, ao argumento de que “o
agente fiscal está totalmente equivocado nas suas afirmações.
Todos os valores estão lançados nos livros fiscais: entradas e
saídas de mercadorias nas suas respectivas colunas, como
determina a legislação em vigor”.

Aduz, ao final, que “para caracterizar pagamento a


menor do tributo, deveria ter sido analisado todas as notas
fiscais pelo seu valor de compra e consequentemente pelo valor
vendido, feito isso, aplicaria-se o percentual de agregação
para chegar-se ao valor efetivamente devido e não simplesmente
glosar o crédito”.

Em sede de contrarrazões, o fiscal autuante declarou


que o auto de infração foi lavrado em conformidade com a
legislação tributária estadual, razão pela deve ser julgado
totalmente procedente.

Acórdão CTE Nº 108/2013


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Encaminhado os autos a então Coordenadoria de


Auditoria Fiscal - CAF, esta baixou os autos em diligência
(Diligência n.º 003/2001), no sentido de o autuante “apurar o
imposto que a empresa deixou de recolher em função da
utilização do crédito indevido” (fls. 234).

Com vista dos autos, o fiscal autuante, em 2/01/2004,


realizou o primeiro aditamento do auto de infração (fls. 238),
elevando o valor do crédito tributário para o importe de R$
49.803,22 (quarenta e nove mil, oitocentos e três reais e
vinte e dois centavos), conforme tabela que segue:

ICMS MULTA TOTAL

R$31.139,51 R$18.683,71 R$49.803,22

Devolvidos os autos à Coordenadoria de Julgamento –


CJ, esta requisitou nova diligência (Diligência n.º 187/2005,
fls. 240) no sentido de encaminhar os autos ao fiscal atuante
para que o mesmo confirme o valor do ICMS referente ao período
de 16 a 29 de fevereiro de 1996, em face da discrepância
existente na planilha de apuração de crédito indevido.

Em atenção ao pedido de diligência, o fiscal atuante


realizou o segundo aditamento do auto de infração (fls. 243),
modificando mais uma vez o valor do crédito tributário, dessa
vez para menor, conforme segue:

ICMS MULTA TOTAL


R$30.901,81 R$18.540,58 R$49.442,39

Com vistas dos autos, a DIFIS (Diretoria de


Fiscalização) solicitou, por duas vezes (fls. 244 e 246) ao
fiscal autuante que o mesmo corrigisse a planilha de crédito.

Em resposta, o fiscal autuante lamentou o equívoco


cometido por ele na transcrição dos valores e, aproveitando o
ensejo, realizou o terceiro aditamento do auto de infração
(fls. 249), elevando novamente o crédito tributário, nos
termos que segue abaixo:

ICMS MULTA TOTAL


R$31.159,51 R$ 18.695,71 R$ 49.855,22

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Registre-se, por oportuno, que até o presente momento


o auto de infração já foi aditado 03 (três) vezes e a empresa
autuada ainda foi notificada acerca dos referidos aditamentos.

A CJ, ao receber os autos, novamente requisitou


diligência (Diligência n.º 422/2006), sob a alegação de que
existem inúmeras falhas no lançamento efetuado pelo fiscal
autuante, razão pela qual o fiscal deveria proceder a novo
aditamento ao auto de infração, refazendo, para tanto, a
planilha de crédito tributário.

O fiscal autuante, agora já em 13 de dezembro de


2006, realizou o quarto e último aditamento do auto de
infração (fls. 262), ocasião em que o crédito tributário
passou a ser o seguinte:

ICMS MULTA TOTAL


R$26.330,85 R$15.798,52 R$42.129,36

O contribuinte, em 03 de março de 2008, tomou ciência


do aditamento do auto de infração (fls. 267), ocasião em que
apresentou manifestação reafirmando a improcedência da ação
fiscal pelos mesmos argumentos sustentados em sede de defesa
administrativa.

Em sede de contrarrazões, a fiscalização pugnou pela


manutenção do auto de infração, inclusive afirmando que a
empresa autuada confessou o cometimento da infração quando de
sua manifestação, pois a contribuinte confirmou que utilizou o
crédito sobre a aquisição de mercadorias quando a legislação
prevê que em tais situações encerra a fase de tributação, não
ensejando nem crédito nem débito, nos moldes do art. 993 do
Regulamento do ICMS/AL.

Finalmente os autos foram submetidos ao julgamento da


Coordenadoria de Julgamento, que, através da decisão n.º
18.541/2012, julgou parcialmente procedente o auto de
infração, nos termos da ementa que segue:

EMENTA – ICMS. CRÉDITO. APROVEITAMENTO


INDEVIDO. BEBIDAS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.
Encerramento da fase de tributação, com vedação
ao crédito, conforme arts. 429 e 993, do
Regulamento do ICMS/AL. Consignação indevida do
crédito comprovada mediante cópias do Livro
Registro de Apuração do ICMS. Crédito
efetivamente utilizado, resultando em falta de

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recolhimento do imposto. Infração comprovada.


Ajustes no cálculo do imposto devido.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
ex vi do arts. 48, I e 49, § 1º, da Lei
Estadual n.º 6.771/06.

Saliente-se que o julgamento parcialmente procedente


da CJ refere-se ao auto de infração originalmente lançado, uma
vez que foi mantido na íntegra os valores consignados no
último aditamento.

Inconformada, a empresa interpôs Recurso Ordinário ao


Conselho Tributário Estadual, visando desconstituir o auto de
infração, utilizando-se, para tanto, dos seguintes argumentos:

1. Nulidade do auto de infração, em razão da


equivocada tipificação da legislação tida como
infringida, caracterizada pela ausência de
requisito obrigatório, em conformidade com o
disposto no art. 889-B, inciso II e III do
RICMS/AL;

2. Inexistência de afronta à legislação


tributária, ao argumento de que a empresa
comprovou que não houve falta de recolhimento
de ICMS, já que após a utilização do crédito do
ICMS como substituição tributária, houve a
correta tributação dos mesmos quando da saída
dos respectivos produtos;

3. Ocorrência de prescrição intercorrente no


processo administrativo, uma vez que já se
passaram mais de 12 (doze) anos entre a
lavratura do auto de infração e a decisão da
Coordenadoria de Julgamento.

A Comissão de Representação Fiscal, em contrarrazões


ao Recurso Ordinário, rechaçou todos os argumentos da empresa.
Vejamos:

1. A não observância de exigências meramente


formais não acarretam a nulidade do auto de
infração, quando neste seja possível determinar
a natureza da infração, o sujeito passivo e o
montante do crédito tributário, nos moldes do
art. 7º,§ 1º da Lei 6.771/06;

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2. A empresa não poderia ter utilizado


indevidamente os créditos, uma vez que tal
prática é vedada pela legislação tributária
estadual;

3. Inocorrência de prescrição intercorrente no


processo administrativo tributário, haja vista
que o mesmo encontrava-se com sua exigibilidade
suspensa, nos termos do art. 151 do CTN.

No essencial, é o relatório.

VOTO

O Recurso Ordinário interposto pela empresa autuada


preenche todos os requisitos exigidos pela legislação
tributária estadual, razão pela qual merece ser conhecido por
este órgão de julgamento. Porém, antes de analisar as teses
apresentadas em suas razões recursais, cumpre levantar uma
questão de ofício quanto à possibilidade de revisão do
lançamento regularmente notificado ao contribuinte. Vejamos.

O Código Tributário Nacional, especificamente em seu


artigo 142, conceitua lançamento como sendo “o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato
gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar
o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da
penalidade cabível”, verbis:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade


administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento
administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente,
determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito
passivo e, sendo caso, propor a aplicação da
penalidade cabível. [grifo nosso]

Na verdade, o lançamento tributário trata-se de um


ato administrativo que conclui o procedimento que se inicia a
partir da fiscalização realizada na empresa (Termo de Início
de Fiscalização/Apreensão de Mercadoria etc). A validade e a
eficácia do auto de infração, entretanto, estão condicionadas
à notificação ao contribuinte, conforme bem explanado pela
doutrina pátria, a saber:
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“Destaque-se, finalmente, que a notificação do


lançamento tributário ao sujeito passivo é da
essência desse procedimento. Assim, só se completa
o lançamento com a notificação. Qualquer que seja a
posição adotada, das aqui expostas, deve ser
entendida com esta explicação. Não basta o auto de
infração, é preciso que o sujeito passivo tenha
sido cientificado de sua lavratura.” (MACHADO, Hugo
de Brito. Curso de Direito Tributário. 31ª Ed.
Malheiros, 2010, p. 230/231)

“A notificação ao sujeito passivo é condição para


que o lançamento tenha eficácia. Trata-se de
providência que aperfeiçoa o lançamento,
demarcando, pois, a constituição do crédito que,
assim, passa a ser exigível do contribuinte – que é
instado a pagar e, se não o fizer nem apresentar
impugnação, poderá sujeitar-se à execução
compulsória através de Execução Fiscal [...] A
notificação está para o lançamento como a
publicação está para a lei. (PAULSEN, Leandro.
Direito Tributário, 9ª Ed. Livraria do Advogado,
Porto Alegra, 2007, p. 941)

Registre-se, por oportuno, que o prazo previsto para


que o Fisco efetue o lançamento do crédito tributário e, em
ato contínuo, notifique o contribuinte é de 05 (cinco),
contados do fato gerador, nos casos de tributos sujeito ao
lançamento por homologação, como é o caso do ICMS. É o que
dispõe o art. 150, § 4º do CTN. Vejamos:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre


quanto aos tributos cuja legislação atribua ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame da autoridade administrativa,
opera-se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será


ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o
crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.

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Em sendo assim, uma vez notificado o lançamento ao


sujeito passivo, o mesmo somente poderá ser modificado nos
casos elencados taxativamente pelo art. 145 do CTN, vejamos:

Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao


sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício da autoridade


administrativa, nos casos previstos no artigo 149.

No presente caso, embora a empresa tenha apresentado


defesa administrativa, não foi por esse motivo que houve
revisão do lançamento, até mesmo porque a mesma só foi julgada
após os sucessivos aditamentos realizados pelo autor da ação
fiscal. A revisão, neste caso, se deu de ofício pela
autoridade administrativa, enquadrando-se, assim, no inciso
III do art. 145 c/c art. 149, I do CTN.

Quanto à possibilidade de revisão do lançamento


regularmente notificado ao contribuinte ninguém discorda que o
agente fiscal pode sim praticar tal ato. Contudo, como tudo no
direito, há um prazo previsto em lei para que o fiscal realize
a revisão do lançamento, como forma de garantir a estabilidade
das relações jurídicas tributárias, em estrita obediência ao
princípio da segurança jurídica. Este prazo encontra-se
materializado no parágrafo único do art. 149 do Código
Tributário Nacional:

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de


ofício pela autoridade administrativa nos seguintes
casos:

I - quando a lei assim o determine;

...

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode


ser iniciada enquanto não extinto o direito da
Fazenda Pública.

Ressalte-se que a expressão “enquanto não extinto o


direito da Fazenda Pública” refere-se ao prazo para o Fisco
constituir o crédito tributário, consoante é uníssono na
doutrina pátria:

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“Mesmo nos casos em que a revisão do lançamento é


admitida pela lei, existe o fator tempo a ser
considerado. Assim, estabelece o parágrafo único
deste art. 149 que a revisão do lançamento só pode
ser iniciada enquanto não estive extinto o direito
da fazenda pública.

Que direito? A resposta é dada pelo art. 173, que


cuida da extinção do direito de a fazenda pública
constituir o crédito tributário. Como o crédito
tributário é constituído pelo lançamento, pode-se
dizer que a revisão deste somente será possível
enquanto não estiver extinto o direito de efetuá-
lo, isto é, enquanto não se operar a decadência em
razão do decurso do prazo previsto no art. 173.”
(FREITAS, Vladimir Passos de. Código Tributário
Nacional Comentado, p. 770)

“Os lançamentos em geral podem ser objeto de


revisão, desde que constatado erro em sua feitura e
não esteja ainda extinto pela decadência o direito
de lançar.” (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de
Direito Tributário. 31ª Ed. Malheiros, 2010, p.
191)

Neste contexto, analisando atentamente os autos,


depreende-se que a revisão do lançamento realizada pelo autor
da ação fiscal foi efetuada em 13 de dezembro de 2006 e
somente foi notificado ao contribuinte em 03 de março de 2008,
ou seja, muito mais de 10 (dez) anos após a ocorrência dos
fatos geradores, objetos do processo.

Em outras palavras, quando o fiscal autuante realizou


o aditamento do auto de infração o prazo previsto no art. 149,
parágrafo único, do CTN, já havia há muito escoado, não sendo
possível mais constituir o crédito tributário.

É importante esclarecer, para evitar interpretações


equivocadas, que a notificação inicial do contribuinte produz
efeito exclusivamente para tornar eficaz o auto de infração
original. Ademais, frise-se que o lançamento visa constituir o
crédito tributário, a fim de “verificar a ocorrência do fato
gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar
o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da
penalidade cabível” (art. 142, do CTN).
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Assim, a notificação inicial está intrinsecamente


ligada ao “montante do tributo devido” materializado no auto
de infração originalmente lançado, que nada tem a ver com o
“montante do tributo devido” consignado no aditamento do auto
de infração, que, em termos técnico, se equivale a um novo
lançamento. Tanto é verdade que o parágrafo único do art. 149
do CTN estabelece que “a revisão do lançamento só pode ser
iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública”.

Em suma, quando o fiscal resolveu aditar o auto de


infração, a Fazenda Pública Estadual não mais possuía o
direito de assim proceder, em conformidade com o art. 149,
parágrafo único, do CTN, uma vez que entre a ocorrência dos
fatos geradores e o aditamento do auto de infração se passaram
mais de 10 (anos), violando, igualmente, o disposto no art.
173 do CTN.

Destarte, não há alternativa senão a de reconhecer a


ocorrência da decadência do direito de o Fisco constituir o
crédito tributário através da revisão do lançamento
originalmente lançado, nos termos dos artigos 149, parágrafo
único; 173, I e 156, V, do Código Tributário Nacional.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1° CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO, por unanimidade de votos, conhecer do
Recurso Ordinário e do reexame necessário, porém deixa de
apreciar o mérito de ambos, em razão de sua prejudicialidade,
por força do reconhecimento da decadência direito de o Fisco
constituir o crédito tributário através da revisão do
lançamento originalmente lançado.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 15 de Maio de 2013

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO N º : SF 1500-016915/2005; CTE 490/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO N º : 071838, de 04/07/2005.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : ROMISON FERRO GOMES.
AUTUANTE : Alberto Lopes Balbino da Silva e outros.
RELATOR : Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-118/2013

EMENTA. ICMS. DECADÊNCIA PARCIAL. É de 05


(cinco) anos o prazo, de natureza
decadencial, disposto no art. 150, §4º, do
Código Tributário Nacional, a iniciar-se
dos fatos geradores quando da ocorrência de
pagamento, ainda parcial. Precedentes do
STJ. Reexame de ofício conhecido e não
provido. Mantido o Acórdão da 2ª Câmara de
Julgamento.

I-RELATÓRIO
Trata-se de reexame de ofício ao Acórdão n. 092/2011, da 2a.
Câmara do Conselho Tributário Estadual, que chega para análise do Pleno
deste Colegiado Administrativo por força do art. 48, inciso II, da Lei n °
6.771/2006 (PAT), considerando o referido decisório não unânime (foi
vencida, em parte, a julgadora Maria Lopes Milhomes) que reduziu o crédito
tributário.

Previamente ao voto, conveniente empreendermos um breve resumo


dos atos e fases processuais já vencidas.

Pois bem. O auto de infração retratou uma omissão de saídas nos


exercícios de 2000 a 2004 com base em auditoria no movimento financeiro do
contribuinte. Por isso, então, houve o lançamento do crédito respectivo no
valor de R$ 26.672,88 e imposição da multa do art. 97 da Lei n.º 5.900/96
(200%).

O contribuinte compareceu aos autos após a intimação editalícia


de fl. 112, arguindo, em síntese, a prescrição/decadência de parte do

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 1


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crédito tributário; que as diferenças apontadas teriam origem na


inobservância das compras a prazo; e, finalmente, a desproporcionalidade e
falta de razoabilidade da multa aplicada.

Após as considerações fiscais em sede de contra razões, a


Coordenadoria de Julgamento, através da Decisão n. º 16.499/2010, após
rechaçar a preliminar de prescrição/decadência mediante a defesa da
contagem de prazo pelo art. 173, I, do CTN, no mérito igualmente rejeitou a
procedência dos argumentos expostos pelo contribuinte, aduzindo que as
alegações deste não estarem acompanhadas de provas.

A infração fora, por sua vez, recapitulada pela instância


singular, do tipo do art. 97 para o do art. 79 da Lei n. 5.900/96, com
redução do crédito originalmente lançado.
Intimado, o contribuinte manejou competente recurso voluntário,
pelo qual basicamente manteve as suas considerações empreendidas perante a
instância singular, acrescentando apenas preliminar e nulidade da intimação
quanto ao lançamento, defendendo que tal situação conduziria a sua
nulidade.

Instigada a se manifestar sobre as razões recursais, a


Representação Fiscal teceu suas considerações no sentido da manutenção da
decisão singular basicamente pelas suas próprias razões.

A 2a. Câmara deste Colegiado, em voto conduzido por este


relator, reconheceu a decadência dos créditos tributários lançados para
períodos anteriores a 18 de maio de 2002, considerando que a intimação do
lançamento se deu sob a modalidade editalícia em 18 de maio de 2007,
aplicando a regra do art. 150, parágrafo 4o, do Código Tributário Nacional.

O voto divergente ficou por conta da Conselheira Maria Lopes


Milhomes, que por entender ser aplicável a regra do art. 173, inciso I, do
Código Tributário Nacional, que desloca para o primeiro dia útil do
exercício seguinte o início da contagem do prazo decadencial, entendeu que
apenas estariam decaídos os créditos lançados anteriores a 1o de janeiro de
2002.

Assim subiram os autos a este Plenário.


É o relatório.

VOTO

De início, convém destacar que a matéria cujo exame ora é


devolvido a este Colegiado diz respeito aquela na qual a Fazenda Estadual
restou sucumbente em razão da decisão da 2a. Câmara do CTE, na parte não
unânime, qual seja o reconhecimento da decadência a aplicação entre 1o de
janeiro de 2003 e 18 de maio de 2002. Isto considerando que unânime foi a
decisão na parte em que entendeu a decadência para os fatos geradores
anteriores àquela data (CTN, art. 173, I).

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 2


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Agora já em reexame, não vejo motivos suficiente a mudar o


entendimento de que teriam sido atingidos pela preclusão material todos
aqueles créditos originários de fatos geradores anteriores a 18 (dezoito)
de maio de 2002 (dois mil e dois), já que a sua intimação teria ocorrido
pela modalidade editalícia no mesmo dia e mês do ano de 2007 (dois mil e
sete).

Explico.

A decadência em matéria tributária possui regime jurídico próprio, e é


regida, por delegação constitucional (CF, art. 146, inciso III, alínea
‘b’), pelo Código Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu regras sobre o comentado


instituto jurídico (decadência), em vista, precipuamente, da modalidade de
lançamento adotada para cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, ao qual


está sujeito o ICMS, o prazo decadencial é regido pelo 4º do art. 150 do
CTN, cuja redação se transcreve:

Art. 150. (...)

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a


contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.

Assim, em sendo o marco inicial do prazo decadencial fixado, em


lei, pela ocorrência do fato gerador, ou seja, pela realização no mundo
fenomênico da hipótese normativa contida na regra matriz de incidência
tributária, deduz-se que observados 05 (cinco) anos sem que o Fisco se
pronuncie sobre os procedimentos/recolhimentos fixados no caput e demais §§
do citado art. 150, estariam estes tacitamente homologados, logo, decaída a
faculdade da autoridade fazendária de revê-los. Isto diante da extinção do
crédito, por homologação tácita, na dicção dos citados dispositivos legais.

Sobre o assunto cumpre atentarmos para a sempre abalizada lição


de JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO, para quem “tendo sido realizados os fatos
geradores do IPI, ICMS, ISS, Cofins, PIS, o Fisco só poderá efetuar o
lançamento no prazo de cinco anos contados de cada fato, ou período de
apuração (mensal, se for o caso). Tendo a empresa vendido mercadorias em 20
de setembro de 2001, sem considerar o ICMS, o Fisco só poderá lançar este
tributo dentro de cinco anos contados a partir de 1º de outubro de 2001,
com termo final em 30 de setembro de 2006.”1.

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 3


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No caso dos autos, em não tendo sido provada o dolo, a fraude


ou a simulação que fariam o prazo se deslocar para a regra geral do art.
173, I, do CTN, e que houve nos meses fiscalizados pagamentos (ainda que
parciais) do crédito tributário, inarredável é a observância a regra do
art. 150, §4º, do CTN.

Nesta esteira está a jurisprudência do STJ, inclusive já


firmada sob a ótica do art. 543-C, do CPC (Recursos Repetitivos), para quem
“Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando
de tributo sujeito à lançamento por homologação, quando ocorre pagamento
antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha
incorrido em fraude, dolo e simulação, nem sido notificado pelo Fisco de
quaisquer medidas preparatórias, obedece a regra prevista na primeira parte
do parágrafo 4o, do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a
lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador: “Neste caso, concorre a contagem do prazo para
o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, concomitantemente,
com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o
correspondente lançamento. Sendo assim, no termo final desse período,
consolidam-se simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de
homologar expressamente e, consequentemente, a impossibilidade jurídica de
lançar de ofício” (in Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico
Marcos Diniz de Santi, 3a. Ed., Max Limonad, pág. 170).” (REsp 973733/SC.
Rel. Min. Teori Albino Zavascki. 12/08/2009).

No caso em apreço, em tendo sido o sujeito passivo, ora


Recorrente, notificado da lavratura do auto de infração em 18/05/2007,
acato a arguição de decadência em relação aos créditos vinculados a fatos
geradores verificados em momento anterior a 18/05/2002.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL, por maioria de votos, no sentido de conhecer do reexame de
ofício para negar-lhe provimento, manter o acórdão recorrido, destacando
que isto importa na inviabilidade da cobrança do exercício de 2002.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 4


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PAULO DE TARSO DA C. SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Contra Relator) JULGADORA (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relator)

ACÓRDÃO CTE Nº073/2013 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

PROCESSO SF : 1500-016938/2008.
ASSUNTO : Recurso Ordinário e Reexame Ex Oficio.
AUTO DE INFRAÇÃO : 99.82627-0001, de 03/10/2008.
RECORRENTE : Algodoeira Ipanema Ltda e Fazenda Estadual.
RECORRIDO (A) : Fazenda Estadual e Algodoeira Ipanema Ltda.
PRESIDENTE : Patrícia de Melo Messias.
RELATOR (A) : Luciano Pontes de Maya Gomes.

ACÓRDÃO 121/2013

EMENTA: ICMS. Utilização de crédito


indevido. Inexistência. A sistemática
veiculada pelo art. 454 do RICMS/Al,
permite a apropriação de crédito na
operação de aquisição interestadual de
algodão. A norma do parágrafo único do
citado dispositivo ventila hipótese
diversa para a eventual utilização de
crédito acumulado. Recurso Ordinário
conhecido e provido. Auto de Infração
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário e reexame de


ofício que chegam para análise deste Colegiado
Administrativo, em razão da insurgência do contribuinte
diante da Decisão n. 16.025/2009, da Douta Coordenadoria de
Julgamento, que manteve o lançamento fiscal, apenas re-
enquadrando a multa aplicada do art. 93 da Lei n. 5.900/96,
resultando em redução do crédito tributário.
Em momento prévio à apreciação das razões
recursais, que serão objeto de oportuno relato, convém

ACÓRDÃO CTE Nº 121/2013 Página 1


arrolar algumas informações relevantes constantes da ação
fiscal, que seguem abaixo.

O auto de infração teve como motivação o


recolhimento à menor do ICMS na operação de venda de
algodão, representado pela Nota Fiscal n. 000306, e
tributado na forma do art. 449 e 450 do RICMS/AL, aprovado
pelo Decreto n. 35.245/91, com a aplicação da multa do art.
104 da Lei n. 5.900/96.
A lide administrativa instaurada pela
impugnação e respectivas contrarrazões dos fiscais
autuantes girou em torno da possibilidade, ou não, do
aproveitamento de créditos nas aquisições promovidas em
outras unidades da federação, defendida pelo sujeito
passivo sob a justificativa do princípio constitucional da
não cumulatividade.
A instância ínfera, embora reconhecendo a
possibilidade da apropriação de créditos nas aquisições
efetuadas em outros Estados, a condicionou à existência de
regime especial deferido ao contribuinte, em conformidade
com a norma do parágrafo único do art. 454 do RICMS/AL.
Quanto à multa, justificando não ter
existido qualquer anotação equivocada no valor da operação,
nem tampouco no valor do imposto destacado, ambos
registrados apropriadamente no documento fiscal, entendeu o
julgador a quo pelo não enquadramento à hipótese fática do
art. 104 da Lei n. 5.900/96, re-enquadrando o ilícito
fiscal para o antecedente do art. 93 do mesmo diploma e que
remete à utilização de crédito indevido ou inexistente.
As teses do sujeito passivo e do Fisco são
repisadas no recurso ordinário e nas respectivas
contrarrazões ofertadas pela Representação Fiscal.
É o relatório, em síntese.

VOTO
Compulsando os autos, divergindo este
relator da interpretação conferida pelo julgado monocrático
às normas do art. 450 e 454 do RICMS/AL, penso assistir
razão ao sujeito passivo na operação de venda representada
pela Nota Fiscal n. 000306, de 29/09/2008.

ACÓRDÃO CTE Nº 121/2013 Página 2


A lide versa sobre a possibilidade do
contribuinte haver apurado crédito em aquisição
interestadual de algodão, procedimento este absolutamente
permitido pela norma veiculada no caput do art. 454 do
RICMS/AL, in verbis:
Art. 454. O estabelecimento que adquirir, de
outra unidade da Federação, as mercadorias
relacionadas no art. 449, poderá se creditar
do ICMS destacado no documento fiscal que
acompanhar a mercadoria, observadas as
hipóteses de vedação e estorno de crédito.

O reconhecimento do crédito às aquisições


interestaduais, em contraponto a não admissão em relação às
aquisições internas, possui uma razão específica, qual seja
a regra disposta no art. 449 do mesmo RICMS, que difere o
ICMS devido nas operações internas com algodão para o
momento da saída interestadual. Ou seja, devido ao
diferimento do ICMS devido na saída interna para o momento
da saída interestadual, não estaria a primeira operação
apta a gerar crédito do imposto.
Até aqui tudo bem. O erro na interpretação
está na conclusão de que o contribuinte, quando
efetivamente promovesse a aquisição em outro Estado da
Federação, deveria estar submetido à Regime Especial para
ter o respectivo crédito reconhecido.
O parágrafo único do art. 454 acima citado,
muito longe de veicular norma neste sentido, apenas ventila
hipótese de aproveitamento especial dos créditos, quando da
“formação de saldo credor acumulado”, naturalmente gerado
por aquisições interestaduais aptas à geração de crédito
(conforme o caput do dispositivo) e a ulterior promoção da
saídas internas, com o ICMS diferido. O regime especial
versado é para a hipótese da impossibilidade do
aproveitamento normal do crédito dentro do mecanismo da não
cumulatividade.
No caso em apreço, restou demonstrado
através do documento de fl. 10 da defesa a aquisição de
algodão em pluma de empresa sediada no Estado da Bahia em
27/09/2008, com ICMS destacado no valor de R$ 9.241,20, e a
ulterior saída dentro do mesmo período de apuração (em
29/09/2008), igualmente interestadual (com débito do
imposto) (fl. 09 da defesa), com o ICMS corretamente
destacado no valor de R$ 9.581,88.
Partindo da premissa da regularidade da
apropriação do crédito na operação de aquisição, pelas
razões já outrora externadas, haveria o contribuinte de
ACÓRDÃO CTE Nº 121/2013 Página 3
demonstrar o recolhimento de diferença correspondente à R$
340,68, recolhimento que ficou demonstrado do próprio DAR
que instruiu o lançamento (fl. 11).
O reexame de ofício fica prejudicado em
razão do reconhecimento da improcedência do lançamento.
Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade,
no sentido de conhecer de ambos os recursos, para DAR-LHE
PROVIMENTO ao ordinário, concluindo pela improcedência do
lançamento, e para julgar prejudicado o reexame de ofício
em razão do resultado do primeiro.

Sala de Sessões. Maceió/AL, 10 de Maio de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO DE PONTES MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ALVARO ARTHUR L. A. FILHO.


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 121/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

PROCESSO SF : 1500-07557/1999; CTE 265/2010.


ASSUNTO : Recurso Ordinário e Reexame Ex
Oficio.
AUTO DE INFRAÇÃO : 55597, 22/09/1999.
RECORRENTE : Setal Engenharia, Construções e
Perfurações S/A e Fazenda Estadual.
RECORRIDO (A) : Fazenda Estadual e Setal Engenharia,
Construções e Perfurações S/A.
PRESIDENTE : Patrícia de Melo Messias.
RELATOR (A) : Luciano Pontes de Maya Gomes.

ACÓRDÃO 122/2013

EMENTA: ICMS. Operações interestaduais de aquisição


de combustíveis por empresa localizada no Estado de
Alagoas. Caracterização. Incidência do ICMS.
Impedimento da instância administrativa em apreciar
questões de inconstitucionalidade. Legitimidade da
retroatividade benigna. Aplicação da sanção do art. 79 da
Lei 5900/96. Recurso Ordinário e reexame de ofício
conhecido, com provimento do primeiro e não
provimento do último.

ACÓRDÃO CTE Nº 122/2013 Página 1


RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário e reexame de


ofício que chegam para análise deste Colegiado
Administrativo, em razão da insurgência do contribuinte
diante da Decisão n. 16.762/2010, da Douta Coordenadoria de
Julgamento que, em síntese: a) manteve o crédito
relacionado à obrigação principal, correspondente ao ICMS
devido sobre aquisições interestaduais de combustíveis, no
valor de R$ 61.863,04; b) reduziu o crédito relativo à
multa do art. 79 da Lei n. 5.900/96 para R$ 30.931,52, em
prestígio ao princípio da retroatividade benigna; e, c)
manteve a multa relativa à falta do visto das notas fiscais
de aquisição interestadual nos postos fiscais de fronteira,
na importância de R$ 17.913,39.

No recurso ordinário a seguir analisado o


contribuinte mantém sua linha de defesa apresentada perante
a instância singela, sustentando a inexistência de operação
interestadual. Explica sua tese argumentando que estaria
realizando obras nos Estados de Alagoas e Pernambuco e que,
a partir de determinado ponto, quando suas atividades se
concentraram exclusivamente neste último Estado, passou a
adquirir mercadorias exclusivamente no mesmo. Sobre o fato
das notas indicarem o estabelecimento de Alagoas como o
destinatário dos combustíveis, explica que, “tendo em vista
que a inscrição do estabelecimento da filial da empresa
junto à Fazenda pernambucana só veio a se aperfeiçoar em
15.04.1999, a Recorrente se viu obrigada, à época, a emitir
notas fiscais nas quais constava como destinatária dos
referidos produtos a filial de Alagoas”.

ACÓRDÃO CTE Nº 122/2013 Página 2


De resto, sustenta a Recorrente a imunidade
tributária das operações interestaduais com combustíveis e
lubrificantes derivados do petróleo.

Instada a se manifestar, a representação


fiscal ratifica a autuação.

É o relatório, em síntese,

VOTO

Do exame dos autos observo, de plano, que


embora sustente a Recorrente que não promoveu aquisições
interestaduais de combustíveis para seu uso ou consumo,
confessa textualmente que as operações foram mantidas com
estabelecimento domiciliado em Alagoas.
Para este julgador isto basta para
caracterizar a operação interestadual.
A tese da recorrente, de que teria
ulteriormente corrigido um suposto equívoco constantes dos
respectivos documentos fiscais é infirmada, pois
contraditória, pelos próprios fatos trazidos à tona de que
teria promovido o faturamento contra a filial de Alagoas
pelo seu estabelecimento em Pernambuco ainda estar em
processo de constituição/regularização.
Na prática, com as cartas de correções com
as quais pretende documentalmente fundamentar sua defesa o
Recorrente tenta legitimar a prática de operações por
pessoa jurídica então inexistente ou inapta à prática de
tais operações, atentando contra uma ordem cronológica,
inclusive.

ACÓRDÃO CTE Nº 122/2013 Página 3


Quanto à imunidade tributária nas operações
interestaduais, argumento secundário da Recorrente, não se
aplica a hipótese material de incidência da legislação
estadual, que é a aquisição interestadual de combustíveis
e/ou lubrificantes para fins de consumo.
Ademais, a esta instância administrativa não
é dado o poder de reconhecer a inconstitucionalidade de
normas estaduais, o que seria necessário para emplacar esta
tese do contribuinte.
Por último, no que tange a redução do
crédito relacionado à multa do art. 79 da Lei n. 5.900/96,
pelo não recolhimento do imposto, filio-me a linha trilhada
pela Coordenaria de Julgamento, pois inevitável a aplicação
da retroatividade benigna.
Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, no sentido de conhecer do recurso
ordinário e do reexame de ofício, para negar-lhe provimento
a ambos, mantendo incólume a decisão singular.

Sala de Sessões. Maceió/AL, 10 de maio de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 122/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 18 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 10/05/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-035579/2008; CTE 195/2012 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.64258-001 de 12/12/2007
RECORRENTE: MAKRO ATACADISTA S.A
RECORRIDA: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº. 123/2013

EMENTA:ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OPERAÇÕES COM


PRODUTOS COMPONENTES DA CESTA BÁSICA. REDUÇÃO
DA BASE DE CÁLCULO. FALTA DE ESTORNO
PROPORCIONAL DO IMPOSTO CREDITADO NAS OPERAÇÕES
DE ENTRADA. REJEITADA A PRELIMINAR DE SUSPENSÃO
DO PROCESSO EM VIRTUDE DO RECONHECIDO DE
REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. IMPOSSIBILIDADE DE
ANÁLISE DOS ARGUMENTOS QUANTO À AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA NÃO
CUMULATIVIDADE E DO NÃO-CONFISCO POR
INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 28, §1º, DA LEI Nº.
6.771/06. INFRAÇÃO CARACTERIZADA. LEGALIDADE DA
AUTUAÇÃO. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE A MULTA
APLICADA SOMENTE A PARTIR DO TÉRMINO DO
PROCESSO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

RELATÓRIO

ACÓRDÃO CTE Nº 123/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Cuidam os autos de autuação fiscal, na qual a autoridade


responsável afirma que o contribuinte deixou de recolher ICMS
em decorrência da falta de estorno proporcional do imposto
creditado nas operações de entradas de mercadorias que compõem
a cesta básica, cujas saídas foram beneficiadas pela redução
da base de cálculo, no valor de R$ 261.565,58 (duzentos e
sessenta e um mil, quinhentos e sessenta e cinco reais e
cinqüenta e oito reais), imputando-se a penalidade prevista no
artigo 94, da Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário
no montante de R$ 418.504,92 (quatrocentos e dezoito mil,
quinhentos e quatro reais e noventa e dois centavos).

Instruem os autos a cópia do cartão de autógrafo, os dados


cadastrais da Autuada, cópia do Livro de Ocorrências, demonstrativo
do débito do Auto de Infração, cópia de 400 notas fiscais de entrada
e do Livro Registro de Apuração do ICMS.

Intimada no próprio ato da lavratura do Auto de Infração, a


Autuada apresentou defesa as fls. 02 a 21 (processo anexo), juntando
aos autos cópia de decisões do STF sobre a matéria, além de
pareceres emitidos por Paulo de Barros Carvalho, Marco Aurélio Greco
e Sacha Calmon Navarro Coelho.

Remetidos os autos à representação fiscal, esta se manifestou


pela procedência integral do lançamento, aduzindo que a autuação
encontra-se respaldada pelos documentos constantes nos autos e pela
legislação tributária.

Encaminhado os autos para a Coordenadoria de Julgamento,


decidiu-se pela procedência do lançamento, na medida em que a
Autuada desrespeitou a legislação tributária estadual quando não
estornou proporcionalmente o crédito decorrente da aquisição de

ACÓRDÃO CTE Nº 123/2013 Página 2


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mercadorias da cesta básica beneficiadas pela redução na base de


cálculo. Acrescenta que a argüição de suposta inconstitucionalidade
dos dispositivos da legislação estadual que regem a matéria – ofensa
ao princípio da não cumulatividade, artigo 155, §2º, da CF – não
pode ser apreciada por não se incluir na sua competência, nos termos
do art. 28, da Lei nº. 6.771/06.

Inconformada com a decisão nº. 18.526/2012 da Coordenadoria de


Julgamento, a Autuada apresentou Recurso Ordinário argumentando que:

a) o Supremo Tribunal Federal, no dia 03/09/2010, reconheceu a


repercussão geral dos casos envolvendo a exigência de estorno
proporcional de créditos de ICMS provenientes da aquisição de
produtos da cesta básica nos autos do RE nº. 635.688, portanto
pleiteia a suspensão deste processo;

b) a legislação tributária estadual que regula o tratamento dos


produtos com redução da base de cálculo e que exigem o estorno do
crédito decorrente da aquisição dessas mercadorias viola a Lei
Complementar nº. 87/96, a Lei Complementar nº. 24/75 e o princípio
da não-cumulatividade, previsto no artigo 155, §2º, inciso I, da
Constituição Federal;

c) o Convênio nº. 128/94 é impositivo no sentido de autorizar


os Estados a não exigir o estorno dos créditos relacionados às
operações com redução da base de cálculo;

d) a decisão do STF no RE nº. 174.478/SP citada na decisão


recorrida não pode ser aplicada, pois diz respeito à situação
distinta da tratada nos autos;

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e) sua conduta encontra-se pautada pela boa-fé, pois agiu de


acordo com o disposto na Constituição Federal, não causando prejuízo
ao fisco estadual, motivo pelo qual não se justifica a exigência do
imposto e aplicação de multa;

f) a penalidade de 60% (sessenta por cento) sobre o valor do


imposto supostamente devido tem caráter abusivo e confiscatório;

g) não deverá incidir juros sobre o valor arbitrado a título de


multa;

Encaminhados os autos à representação fiscal, esta reitera a


procedência da autuação ao sustentar que:

a) a Recorrente não questiona os valores apurados pelo Fisco, o


que denota sua concordância com os números levantados pela
fiscalização;

b) a obrigação da Recorrente efetuar o estorno do crédito


fiscal proveniente da aquisição de produtos com redução na base de
cálculo está claramente delineada na legislação tributária estadual;

c) a única hipótese de vedação de estorno do crédito fiscal


prevista na Lei Complementar nº. 87/96 refere-se a mercadorias e
serviços que venham a ser objeto de operações ou prestações
destinadas ao exterior;

d) o Convênio nº. 128/94 trata-se de norma autorizativa e não


impede a exigência da legislação estadual em estornar os créditos
decorrentes da aquisição de mercadorias da cesta básica com redução
da base de cálculo.

Após, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário Estadual


para apreciação do Recurso Ordinário.

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É o relatório.

VOTO

Inicialmente, importa destacar os requisitos de admissibilidade


do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em especial, a sua
tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT, o


prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do Recurso Ordinário,
vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da


ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Recorrente foi intimada da decisão


da Coordenadoria de Julgamento no dia 20/03/2012 (terça-feira),
conforme AR de fls. 237, tem-se que o Recurso Ordinário é
tempestivo, uma vez protocolado no dia 28/03/2012, razão pela qual
passamos a análise do recurso.

Da preliminar de suspensão do processo

Preliminarmente, suscita a Recorrente que o Supremo Tribunal


Federal reconheceu a repercussão geral nos casos relacionados ao
estorno proporcional dos créditos de ICMS na aquisição de

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mercadorias da cesta básica nos autos do RE nº. 635.688, logo


pretende a suspensão do processo em análise até a manifestação da
Suprema Corte, nos termos do artigo 543-B, do Código de Processo
Civil.

Assim dispõe o artigo 543-B, do Código de Processo Civil:

Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento


em idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será
processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal, observado o disposto neste artigo.

§ 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos


representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal
Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da
Corte.

A partir da análise do dispositivo legal transcrito, denota-se


que o sobrestamento dos processos deverá ser efetuado sempre que
reconhecida a repercussão geral pelo STF, no intuito de impedir a
remessa de processos idênticos para julgamento, bem como evitar
decisões conflitantes em relação àquela produzida pela Suprema
Corte.

Nesse ponto, embora a legislação tributária estadual seja


omissa quanto ao tema, em consonância com supratranscrito, o artigo
62-A, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais – CARF, determina a suspensão dos processos quando
reconhecida a repercussão geral pelo STF, na medida em que assim
disciplina a matéria, vejamos:

Art. 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo


Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em
matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos
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543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de


Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no
julgamento dos recursos no âmbito do CARF.

§ 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o


STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da
mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art.
543-B.(grifo nosso)

§ 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo


relator ou por provocação das partes.

Com efeito, a apreciação da inconstitucionalidade ou não da


exigência do estorno dos créditos decorrentes da aquisição de
produtos da cesta básica beneficiados pela redução da base de
cálculo nos autos do RE 635.688 poderá influenciar diretamente a
decisão a ser proferida por este Conselho Tributário Estadual, vez
que a declaração de inconstitucionalidade pela via incidental no STF
é uma das exceções para se afastar a aplicação da norma sob a
alegação de inconstitucionalidade, nos termos do artigo 28, §1º, da
Lei nº. 6.771/06.

Dessa forma, considerando a possibilidade de influência direta


do julgamento do RE 635.688 no julgamento a ser proferido por este
Colegiado, entende-se pelo acolhimento da preliminar para determinar
a suspensão do presente processo até pronunciamento definitivo do
Supremo Tribunal Federal, nos termos do artigo 543-B, do Código de
Processo Civil.

Do Mérito

No mérito, caso superada a preliminar acima, sustenta a


Recorrente que a exigência do estorno proporcional dos créditos de
ICMS decorrentes da aquisição de produtos da cesta básica,
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beneficiados pela redução da base de cálculo, ofende o princípio da


não cumulatividade.

Afirma que as únicas exceções ao princípio da não


cumulatividade do ICMS são as hipóteses de isenção e não incidência,
nos termos do artigo 155, §2º, inciso II, da Constituição Federal, e
que tais situações não se confundem com a figura da redução da base
de cálculo.

Realmente, não se pode confundir o instituto jurídico da


isenção com a simples redução da base de cálculo do tributo.

Nas palavras do Professor Paulo de Barros Carvalho, assim se


pode compreender a isenção:

“As normas de isenção pertencem à classe das regras de estrutura,


que intrometem modificações no âmbito da regra-matriz de incidência
tributária. Guardando sua autonomia normativa, a norma de isenção
atua sobre a regra-matriz de incidência tributária, investindo
contra um ou mais critérios de sua estrutura, mutilando-os,
parcialmente. (...) Se o fato é isento, sobre ele não se opera a
incidência e, portanto, não há que se falar em fato jurídico
tributário, tampouco em obrigação tributária.” 1 (grifos nosso)

Com efeito, a norma tributária da isenção atua sobre a regra-


matriz de incidência mutilando, parcialmente, um ou mais critérios
da sua estrutura. Isso implica dizer que, ao interferir na estrutura
da regra-matriz de incidência, a norma de isenção impede a
incidência da norma de tributação sobre a situação fática
expressamente delimitada no antecedente da norma de isenção, na

1
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, Linguagem e Método. 3ª ed. São Paulo: Noeses,
2009. p. 593.
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medida em que, para tais hipóteses, anula totalmente um ou mais


critérios da regra-matriz de incidência tributária.

Por sua vez, na redução da base de cálculo a regra-matriz de


incidência tributária permanece com seus elementos intactos, atuando
perfeitamente. Ao contrário da isenção, no caso dos produtos
componentes da cesta básica, a redução da base de cálculo não impede
a atuação regra-matriz de incidência tributária. Nesse caso, a
hipótese fática descrita permanece sendo tributada, apenas com uma
alíquota diferenciada.

Notadamente, torna-se equivocado o enquadramento da redução da


base de cálculo nas exceções ao princípio da não cumulatividade do
ICMS e, por conseguinte, a exigência do estorno dos créditos
decorrentes das operações de aquisição dos produtos da cesta básica.

Entretanto, não obstante a racionalidade e lógica dos


argumentos delineados pela Recorrente, a análise do mérito da
matéria então arguida esbarra em impedimento de ordem processual,
qual seja, a incompetência do Conselho Tributário Estadual para
apreciação de questões, entre outras, que impliquem na declaração de
inconstitucionalidade de dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da Lei nº.


6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo administrativo


tributário decorrente de Auto de Infração compete, em primeira
instância administrativa, à Coordenadoria de Julgamento - CJ, e, em
segunda instância, ao Conselho Tributário Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador afastar a aplicação de


norma sob alegação de inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese
em que tenha havido a declaração nesse sentido pelo Supremo Tribunal
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Federal, em ação direta ou declaratória, após a publicação da


decisão, ou pela via incidental, após a publicação da Resolução do
Senado Federal que suspender a execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo ora


transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação de norma
pelo Conselho Tributário Estadual sob a justificativa da sua afronta
à Constituição Federal, razão pela qual não se acolhe os argumentos
concernentes à ofensa ao princípio da não cumulatividade, previsto
no artigo 155, §2º, inciso I, da Constituição Federal.

Do mesmo modo, torna-se prejudicada a análise da alegação da


Recorrente sobre a abusividade da multa aplicada e ofensa ao
princípio do não-confisco pelos motivos acima expostos.

Por fim, sustenta a Recorrente que o Convênio ICMS nº. 128/2004


possui natureza impositiva e prevê expressamente a manutenção
integral do crédito do imposto, bem como requer a não incidência de
juros sobre a multa aplicada.

Quanto ao Convênio ICMS nº. 128/94, este foi formulado no


intuito de disciplinar as operações com produtos da cesta básica
entre os Estados e o Distrito Federal, ficando estabelecido em sua
cláusula primeira que:

Cláusula primeira: Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados


a estabelecer carga tributária mínima de 7% (sete por cento) do ICMS
nas saídas internas de mercadorias que compõem a cesta básica.

§ 1º Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a não exigir


a anulação proporcional do crédito prevista no inciso II do artigo
32 do Anexo Único do Convênio ICM 66/88, de 14 de dezembro de 1988,
nas operações de que trata o caput desta cláusula.

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A partir da análise do texto legal transcrito, denota-se que o


Convênio ICMS nº. 128/94 autorizou os Estados a não exigir o estorno
proporcional dos créditos decorrentes das operações de aquisição dos
produtos da cesta básica, o que fora rejeitado pelo Estado de
Alagoas. Para tanto, basta observar o disposto no artigo 37, inciso
I, da Lei nº. 5.900/96.

Art. 37 - O contribuinte efetuará o estorno do imposto creditado


sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no
estabelecimento:

I - for objeto de saída ou prestação de serviço não tributada ou


isenta ou beneficiada com redução de base de cálculo, sendo o
estorno, neste caso, proporcional à redução, e esta circunstância
imprevisível na data da entrada da mercadoria ou da utilização do
serviço;

O legislador estadual optou por não seguir a autorização


concedida pelo Convênio ICMS nº. 128/94, determinando,
expressamente, o estorno proporcional dos créditos provenientes das
operações de aquisição de produtos com redução da base de cálculo,
restando caracterizada, portanto, a infração cometida pela
Recorrente.

Por outro lado, quanto ao pedido de não incidência de juros


sobre a multa de 60%, entendo que este merece prosperar.

Isso porque os juros tem natureza indenizatória, na medida em


que visam proteger o credor pela privação do uso de seu capital,
somente devendo incidir sobre o que deveria ter sido recolhido no
prazo legal, e não foi.

No caso em análise, apenas os valores referentes ao crédito


principal, resultante da ausência de estorno proporcional dos
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produtos adquiridos com redução da base de cálculo, é que não foram


recolhidos no prazo oportuno, vez que a penalidade aplicada à
Recorrente somente passará a ser plenamente exigível após o término
do presente processo administrativo, caso mantida a procedência do
lançamento com imposição de multa pelo descumprimento da obrigação.

Logo, considerando-se que multa de 60% sobre o valor do crédito


devido só poderá ser exigida após o julgamento em definitivo do Auto
de Infração em análise, face a sua natureza indenizatória, torna-se
inexigível, por enquanto, a cobrança de juros sobre o valor da multa
de ofício.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos conhecer do Recurso
Ordinário para rejeitar a preliminar de suspensão do processo até
pronunciamento definitivo do Supremo Tribunal Federal nos autos do
RE 635.688, e, no mérito, dar provimento parcial para excluir a
incidência de juros sobre a multa de ofício de 60%, devendo a sua
incidência começar apenas após o término do presente processo
administrativo, caso a Recorrente não efetue o pagamento do crédito
tributário no prazo legal.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 10/05/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

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LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 19 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 14/05/2013


PROCESSO: API-066/1995; 1500-010.304/1995 e CTE nº 020/2009.
ANEXO: 1500-116.506/1995.
AUTO DE INFRAÇÃO: 065.039, de 30/08/1995.
SUJEITO PASSIVO: Cerâmica Flor do Paraíba S/A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.004.295-6.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.798/2009.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Edmar Tenório Barros e outro.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 124/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Utilização de crédito fiscal indevido. 2) Não
comprovada a infração. 3) Improcedência do
Lançamento. 4) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Cerâmica Flor do Paraíba S/A, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de Cr$ 12.302.627,80
(doze milhões, trezentos e dois mil, seiscentos e vinte e sete
cruzeiros e oitenta icentavos), por haver a empresa autuada
utilizado crédito indevido no exercício de 1991, proveniente
do descumprimento da Portaria 031/1987, que apenas autorizava
50% (cinquenta por cento) do valor do imposto devido e pelo
não atendimento ao disciplinado no artigo 59, III, da Lei
Estadual nº 5.077/1989, relativo à energia e outros Insumos
utilizados no processo de fabricação.

Apontado como infringido o artigo 59, III,


da Lei nº 5.077/1989; e a Portaria SF n° 031/1987. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 107, da
Lei Estadual nº 5.077/1989.

A inicial está instruida com demonstrativo


de débito; cópias da Portaria nº SF 031/1987; do LRAICMS nº 05
e 06; e dados cadastrais do contribuinte.

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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que a


Portaria nº SF.031/87, baixada com a finalidade de estimular o
setor cerâmico, não proibiu qualquer fruição de crédito
tributário; a utilização do crédito do ICMS relativo à ARGILA
(mineral), à ENERGIA ELÉTRICA (somente a da utilizada no
processo produtivo), e do COMBUSTÍVEL (lenha, ou óleo BDF) é
indiscutível, pois constitue crédito fiscal para fins de
compensação do imposto devido, visto que estes insumos foram
utilizados direta e imediatamente consumidos no processo
industrial; agiu de acordo com a legalidade, de par com os
demais contribuintes do seu ramo de atividade. Por fim, pede a
improcedência do lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada não apresentou nenhum argumento ou legislação
que altere a infração; deveria comprovar que os créditos
indevidos dos insumos foram baseados em lei; o lançamento
decorreu de levantamento fiscal efetuado a partir do pedido de
baixa da inscrição no Cadastro de Contribuintes do Estado de
Alagoas (CACEAL) pela autuada, que usufruiu corretamente do
benefício previsto na Portaria nº SF.031/87; em relação a
créditos derivados de insumos, exigimos o ICMS, pois afronta
diretamente ao artigo 59, III, da Lei nº 5.077/89, inclusive,
seria impossível utilizar o crédito da energia elétrica, pois
não poderia comprovar o percentual utilizado no processo de
fabricação, pois a energia elétrica tem diversas aplicações,
inclusive, iluminação da empresa e por isto, precisaria de um
laudo da CEAL. Por fim pede a procedência do lançamento.

Em 11/10/2005, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 316/2005, para anexar os documentos que possam
comprovar a infração.

Em 20/01/2006, foi solictado o Pedido de


Diligência nº 27/2006, solicitando que o autuante cumpra o
Pedido de Diligência nº 316/2005.

Em 05/09/2006, o autuante anexou cópias do


LREM referente ao exercício de 1991.

Em 13/12/2006, pelo Despacho nº 326/2006, a


CJ encaminhou os autos a DIRAC sugerindo ter ocorrido à
remissão do crédito tributário nos termos da Lei nº

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6.765/2006. A DIRAC que discordando do despacho da CJ a DIRAC


devolve os autos a CJ para julgamento.

Em 07/01/2009, foi proferida a Decisão nº


15.798/2009, de Primeira Instância, que julgou improcedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2. Utilização de crédito
indevido. 3. Ilícito não comprovado. 4.
Lançamento IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário – art.
48, Lei Estadual nº. 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Comissão de Representação Fiscal foi
intimada da mesma decisão, não se pronunciou. Assim, chegam os
autos a este Conselho para julgamento.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


15.798/2009, de Primeira Instância, que julgou improcedente o
lançamento constante do auto de infração nº 065.039.

A
análise dos autos demonstra o acerto da
decisão singular, senão vejamos.

1) A simples juntada de cópias do LREM não é


suficiente para atender ao que fora solicitado no Pedido de
Diligência nº 316/2005, no qual se exigia que o conjunto
probatório fosse complementado, demonstrando quais mercadorias
ou produtos que entraram no estabelecimento em 1991, foram
utilizados no processo industrial cerâmico e nele não foram
consumidos ou não integraram o produto final na condição de
elemento indispensável a sua composição, e cujos créditos de
ICMS, vedados pela legislação, foram utilizados pela autuada
como exigia o inciso III, do artigo 59, da Lei nº 5.077/1989.

2) O conjunto probatório não se completou e a


insuficiência de provas da infração subsiste. Os documentos
que instruem a inicial, somados aos que foram anexados com os
pedidos de diligência, não comprovam a infração imputada à
autuada. É certo que o autuante ao aduzir que cabe apenas a
autuada provar que não praticou a infração apontada pelo fisco
vai de encontro ao que prevê a norma tributária, uma vez que

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esta não admite na presente hipótese a inversão do ônus da


prova. O autuante afirma ainda, que somente um laudo da CEAL
seria capaz de medir a quantidade de energia elétrica que fora
utilizada, por ter a energia eleétrica diversas aplicações,
incluindo-se aí a iluminação da empresa autuada.

3) A demonstração de que a energia elétrica,


a lenha, e os insumos, apontados como utilizados no processo
industrial cerâmico foram ou não efetivamente utilizados, ou a
demonstração de que não integraram o produto final na condição
de elemento indispensável a sua composição, não se enxerga nos
autos, apesar das tentativas desprendidas pelo julgador da
Primeira Instância. Nos autos não se enxerga o acerto da ação
fiscal. O Lançamento é Improcedente.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe provimento.
Mantida a Decisão Singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 14 de maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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PROCESSO N.º: 1500-002256/1998 E CTE N.º 172/2011
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 003863, DE 27/02/1998.
AUTUADA: MOBILI ART IND. E COM. DE MÓVEIS E COLCHÕES LTDA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 125/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – ALEGAÇÃO


DE IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DO IPI NA
BASE DE CÁLCULO DO ICMS – VENDA A
CONSUMIDOR FINAL – INEXISTÊNCIA NOS AUTOS
DAS NOTAS FISCAIS QUE MATERIALIZARAM AS
OPERAÇÕES DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS –
INFRAÇÃO NÃO DEMONSTRADA – AUSÊNCIA DE
PROVAS – ÔNUS DA ADMINISTRAÇÃO – RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO – AUTO DE
INFRAÇÃO IMPROCEDENTE – DECISÃO DA C. J.
REFORMADA.

RELATÓRIO

A empresa MOBILI ART IND. E COM. DE MÓVEIS E COLCHÕES


LTDA, inscrita no CACEAL o n.º 240.86114-0, interpôs Recurso
Ordinário em razão do julgamento proferido pela Coordenadoria
de Julgamento – CJ, que, através da decisão n.º 17.207/2010,
reconheceu a procedência do auto de infração, nos termos da
ementa que segue:

EMENTA: ICMS. 1. Bitributação descabida


porque somente ocorreria se dois entes
tributários diferentes tivessem cobrado
mais de uma vez o mesmo tributo. 2.
Rejeitado pedido de produção probatória,
pois os documentos deveriam ter sido
juntados a defesa. 3. Acusação procedente
tendo em vista não ter sido incluso o valor
do IPI na base de calculo do ICMS nas
operações de saída de mercadorias ao
consumidor final relativas ao período de
Jan/94 a Dez/94. (art. 155,II,§ 2º, XI da
CF/88; art. 8º da Lei 5900/96; art. 59,
III, do RICMS – AL/91). 4. Aplicação da
multa no art. 79 da Lei 5900/96, em razão

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da revogação do art. 84, e por ser mais


benéfica ao réu porque enuncia no seu
preceito secundário uma multa equivalente a
50% do imposto devido. 5. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte. 6.
Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual.

A Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas –


SEFAZ/AL, por intermédio do fiscal de tributos Elaine Cristina
Cavalcante (Mat. 31.666), lavrou o Auto de Infração n.º
003863, de 27/02/1998, em desfavor da contribuinte em razão de
a mesma supostamente ter cometido a seguinte infração:

“Deixou de incluir na base de cálculo do ICMS,


o valor do IPI nas operações de vendas a
consumidor final no período de 01/94 a 12/94
num montante de R$ 31.126,70 (trinta e um mil,
cento e vinte e seis reais e setenta centavos),
gerando o ICMS no valor de R$ 5.291,53 (cinco
mil, duzentos e noventa e um reais e cinquenta
e três centavos) e multa no valor de R$
3.174,92 (três mil, cento e setenta e quatro
reais e noventa e dois centavos), perfazendo um
total de R$ 8.466,45 (oito mil, quatrocentos e
sessenta e seis reais e quarenta e cinco
centavos). Documentação Anexa: Relatórios de
notas fiscais, Demonstrativo de débito, Dados
cadastrais e Cartão de autógrafo.”

O auto de infração foi lavrado com fundamento no art.


59, inciso III, do Regulamento do ICMS/AL, aprovado pelo
Decreto Estadual n.º 35.245/91, sendo sugerida a aplicação da
penalidade prevista no art. 84 da Lei 5.900/96.

O crédito tributário apurado pela fiscalização


totalizou o valor de R$ 8.466,45 (oito mil quatrocentos e
sessenta e seis reais e quarenta e cinco centavos), sendo o
valor de R$ 5.291,53 (cinco mil, duzentos e noventa e um reais
e cinqüenta e três centavos) relativo ao imposto devido e R$
3.174,92 (três mil, cento e setenta e quatro reais e noventa e
dois centavos) a título de multa.

Foram anexados aos autos os seguintes documentos:


relação das notas fiscais com ICMS destacado; demonstrativo de

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crédito tributário; planilha para digitação do auto de


infração; cópia dos dados cadastrais; e cópia do cartão de
autógrafos do contribuinte.

A empresa recorrente, em suas razões recursais,


alegou a ocorrência da prescrição intercorrente no processo
administrativo, uma vez que entre a data da apresentação da
impugnação administrativa e a decisão da CJ passaram mais de
12 (anos). Assim, alega que devido a esse atraso
injustificado, deve ocorrer a extinção do presente feito em
razão da prescrição intercorrente.

Por fim, a empresa Recorrente alega que a mesma é uma


indústria de móveis, cuja atividade desenvolvida é unicamente
a fabricação de móveis com predominância de metal, conforme
denuncia o relatório de dados cadastrais de fls. 54. Neste
contexto, aduz que a mesma faz jus à exclusão do IPI na base
de cálculo do ICMS, sendo, portanto, improcedente o auto de
infração.

Os autos foram encaminhados para a Comissão de


Representação Fiscal para contrarrazoar o Recurso Ordinário
interposto pela contribuinte, ocasião em que rechaçou todas as
teses defensivas, conforme resumo que segue:

1. Quanto a tese de prescrição essa é igualmente


improcedente, pois como se sabe no tramite do
processo Administrativo Tributário, não corre o
prazo prescricional, por estar suspensa a
exigibilidade do crédito, devendo o mesmo ter
seu início apenas após a solução final do
processo administrativo.

2. A Recursante praticou operações de venda ao


consumidor final, tendo a mesma deixada de
incluir o valor referente ao IPI na base de
cálculo das operações em que incidia unicamente
o ICMS, estando esse fato comprovado não merece
reforma a decisão recorrida devendo ser mantida
em sua integra.

Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual


para análise do Recurso Ordinário interposto pela
contribuinte.

No essencial, é o relatório.

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VOTO

Segundo consta no auto de infração, a contribuinte


deixou de incluir na base de cálculo do ICMS o valor do IPI
devido nas operações de vendas a consumidor final no período
de 01/94 a 12/94. A contribuinte, por sua vez, alega que sua
atividade restringe-se exclusivamente na fabricação de móveis
com predominância de metal, razão pela qual faz jus à exclusão
do IPI na base de cálculo do ICMS.

Como se observa, a discussão jurídica trazida no bojo


dos autos diz respeito à possibilidade ou não de exclusão do
IPI na base de cálculo do ICMS. Com efeito, a matéria
encontra-se disciplinada no âmbito estadual pelo art. 8º da
Lei n.º 5.900/96, in verbis:

Art. 8º Não integra a base de cálculo do imposto o


montante do imposto sobre produtos
industrializados, quando a operação, realizada
entre contribuintes e relativa a produto destinado
à industrialização ou à comercialização, configurar
fato gerador de ambos os impostos.
Parágrafo único - Excetuada a hipótese prevista
neste artigo, o valor do IPI integra a base de
cálculo do ICMS.
A legislação é bastante clara ao dispor que não
integra a base de cálculo do ICMS o montante do IPI, desde que
a operação seja realizada entre contribuintes e relativa a
produto destinado à industrialização ou à comercialização,
configurando fato gerador de ambos os impostos.

A única forma de se verificar, com segurança, se os


produtos comercializados se enquadram no disposto no art. 8º
da Lei 5.900/96 é através da análise das notas fiscais que
materializaram as referidas operações. Contudo, a análise das
aludidas notas fiscais restam prejudicadas nos autos, uma vez
que as mesmas não foram colacionadas pelo fiscal autuante.

Percebe-se, assim, que o fiscal autuante não se


desincumbiu de provar suas alegações mediante a juntada dos
documentos fiscais referidos no demonstrativo de crédito
elaborado pelo fiscal, descumprindo, portanto, o art. 891, V,
do RICMS/AL. Vejamos:
Art. 891 O processo administrativo fiscal
decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:
...

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IV - as provas necessárias à demonstração do


fato argüido, inclusive cópias dos documentos
que serviram de base para a apuração das
irregularidades.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso ordinário para, no mérito, dar-lhe
provimento, a fim de reformar a decisão da CJ, para julgar
improcedente o auto de infração, em razão da ausência de
provas para lastrear a acusação fiscal.

Sala de sessões do Conselho Tributário Estadual, em


Maceió/AL, 14 de maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA JULGADORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 19 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 14/05/2013


PROCESSO: 1500-000511/2010 – CTE 073/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.00020-001.
EMPRESA: AEROTURISMO AGÊNCIA DE VIAGENS LTDA.
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 127/2013

EMENTA: ICMS ANTECIPADO E MULTA.


RECURSO ORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.
REDUÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO PARA
COBRANÇA DO IMPOSTO FISCAL DE
FRONTEIRA. INFRAÇÃO NÃO
CARACTERIZADA. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO DA
COORDENADORIA MANTIDA NA ÍNTEGRA.
AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE EM
PARTE.

Relatório

Trata-se da constituição de crédito


tributário no importe de R$ 17.364,70 (dezessete mil
trezentos e sessenta e quatro reais e setenta
centavos), sendo R$ 8.682,35 (oito mil seiscentos e
oitenta e dois reais e trinta e cinco centavos) de
imposto e R$ 8.682,35 (oito mil seiscentos e oitenta e
dois reais e trinta e cinco centavos) de multa.

Narra o autuante:

“O contribuinte AEROTURISMO AGÊNCIA DE


VIAGENS LIMITADA, inscrito no Caceal sob o
nº 24056590-8, recebeu mercadoria (ônibus)
da empresa MARCOPOLO S.A., inscrito no CNPJ
sob o nº 88.611.835/0008-03. Conforme notas
fiscais de nº 18351 (venda) e 18353 (retorno
do chassi).
Dessa forma, em 24/12/2009, conforme
determina o §1º do art. 3º da Lei 6474/2004,
no momento de entrada da mercadoria pelo
posto fiscal de Porto Real do Colégio, foi
lavrado Termo de Apreensão de nº 236460,
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tendo em vista que o contribuinte estava


inadimplente em relação ao ICMS Antecipado
do mês 01/2009 (relatório anexo).
Todavia, em 03/01/2010, o contribuinte
conseguiu uma cautelar de Busca e Apreensão,
em cuja decisão o Juiz Jerônimo Roberto F.
dos Santos concedeu um liminar determinando
a busca e apreensão da nota fiscal de nº
18351. Contudo, em relação à suspensão da
exigência de pagamento da diferença de
alíquota de ICMS solicitado pelo impetrante,
o juiz indeferiu o pedido, conforme cópia do
despacho decisório em anexo.
Face ao exposto, liberamos a mercadoria e a
nota fiscal apreendidas, em atendimento à
ordem judicial e, com a finalidade de
constituir o crédito tributário, estamos
lavrando este auto de infração.”

Foram tidos por infringidos os artigos 1º,


3º da Lei 6.474 de 25/05/2004 e 3º do Dec. 910/2002.
Sendo sugeria a penalidade prevista no artigo 90-A da
Lei 5.900, de 27 de dezembro de 1996.

Instruem o auto de infração: dados


cadastrais; cópia do cartão de autógrafos; termo de
apreensão n. o 236460; extrato de arrecadação do
contribuinte; relatório de restrições do contribuinte;
cópia do mandado de busca e apreensão; notificação de
intimação do contribuinte, entre outros.

Em sua impugnação ao auto de infração, o


contribuinte articulou basicamente dois argumentos: a)
que não possuía débitos junto à SEFAZ a justificar a
cobrança do ICMS Antecipado do bem adquirido, conforme
certidão; b) é indevida a cobrança do diferencial de
alíquota do ICMS por parte do Estado de Alagoas, visto
que o veículo não se destina à comercialização, não
sendo fato gerador do imposto.

Em suas contrarrazões, a representação


fiscal alegou que que “o veículo adquirido é para uso
próprio, ou seja, para compor o seu ativo fixo, não
cabendo dúvida sobre a incidência do imposto, e,
consequentemente, a diferença de alíquota nas
aquisições de outros Estados”.

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Em decisão de primeira instância, a


Coordenadoria de Julgamento julgou procedente em parte
o auto de infração n. o 90.00020-001, reduzindo o
crédito tributário para R$ 6.150,00 (seis mil cento e
cinquenta reais), assim ementando:

DECISÃO N.º 16.810/2010.


EMENTA – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL –
ICMS Antecipado e Multa. 1. Fato gerador do
ICMS Antecipado confirmado. 2. Valor do
Imposto devido retificado. 3. Não
demonstrada situação a ensejar a cobrança do
imposto no posto fiscal de fronteira. 4.
Ilícito tributário não configurado. 5.
Indevida a aplicação da penalidade. 6.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. 7. Reexame
necessário, nos termos do art. 48, I, da Lei
n.º 6.771/2006.

Intimado, o contribuinte interpôs recurso


ordinário alegando ser indevida a cobrança do
diferencial de alíquota do ICMS por parte do Estado de
Alagoas, visto que o veículo não se destina à
comercialização. Menciona decisão do Tribunal de
Justiça de Alagoas que nos autos do mandado de
segurança n.º 2010.000059-9 deferiu liminar suspendendo
“a exigibilidade do pagamento da diferença da alíquota
de ICMS, até o julgamento definitivo da demanda”.

Posteriormente, foram juntados aos autos


cópia do Ofício n.º SG/TJ n.º 2009/2010 do Presidente
do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas dirigido ao
Governador do Estado de Alagoas informando o inteiro
teor do Acórdão n.º 5.0281/2010, proferido nos autos do
Agravo Regimental em Mandado de Segurança n.º
2010.000059-9/0001.00, que manteve a decisão liminar.

Por fim, os autos foram encaminhados a este


Conselho Tributário para o julgamento do reexame
necessário e do recurso ordinário interposto pelo
contribuinte.

É o Relatório.

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VOTO – PRELIMINAR

A priori, cumpre asseverar que o


contribuinte afirmou a existência de mandado de
segurança que discute a validade da norma individual e
concreta representada pelo auto de infração n.º
90.00020-001.

Nesse contexto, dispõe o § 3º, II do artigo


23, bem como o artigo 93, ambos da Lei 6.771 de 16 de
novembro de 2006:

Art. 23
§3º Respeitadas as situações previstas no
art. 5º, não se examinará o mérito da
defesa:
I – que contenha mera arguição de
inconstitucionalidade de disposição de lei
ou decreto (art. 28, §1º);
II – cuja matéria já esteja sob apreciação
judicial;

Art. 93. A escolha da via judicial pelo


sujeito passivo implica renúncia ou
desistência da defesa ou do recurso
administrativo, considerando-se prejudicado
o julgamento administrativo relativamente à
matéria discutida no judiciário.

Ante o exposto, não conheço do recurso


ordinário interposto pela AEROTURISMO AGÊNCIA DE
VIAGENS LTDA, uma vez que optou pela discussão da
matéria no judiciário.

VOTO

Em análise apenas reexame necessário em


virtude de decisão da Coordenadoria de Julgamento que
julgou procedente em parte o auto de infração n.º
90.00020-001.

O julgador reduziu o crédito tributário para


o valor de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais)
por entender que: a) houve “equívoco no cálculo do
valor do imposto (R$ 8.682,35), quando o somado ao
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valor do imposto (R$ 8.610,00) destacado na nota fiscal


n.º 18351 (fls 13), resultando numa carga tributária
total de R$ 17.292,35, bem superior ao limite máximo de
R$ 14.760,00 (12% de 123.000,00)”; b) não restou
caracterizada a infração apontada de fiscal autuante.

Caminhou bem o julgador singular.

Dispõe o art. 3º, do Decreto n.º 910/2002:

Art. 3º - na s op e raçõ es i nte re sta d uais de e nt rad a d e


veíc ulo s r ela ci on ados no An exo Ún ico des te Dec ret o,
dest ina dos a co ntri bui nte do i mpos to, in clu siv e
tran spo rta dor au tôno mo, par a int egra r o se u ati vo
fixo , a b ase de cálc ulo , pa ra f ins d e co bra nça do
impo sto co rre spo n de à d if ere nça d e alí quo ta s, f ic a
redu zid a de ta l form a que a c arg a trib utá ria t ot al
corr esp ond a a 1 2% (do ze por ce nt o) .

Pela leitura do dispositivo acima, verifica-


se que a carga tributária total incidente na operação
em destaque não pode exceder o percentual de 12% (doze
por cento) do valor da mercadoria.

No caso dos autos, tendo em vista que o


valor da mercadoria é de R$ 123.000,00 (cento e vinte e
três mil reais), a carga tributária total não poderia
ultrapassar R$ 14.760,00 (quatorze mil setecentos e
sessenta reais), correspondente a 12% (doze por cento).

Em virtude do imposto destacado na nota


fiscal ser de R$ 8.610,00 (oito mil seiscentos e dez
reais), o Estado de Alagoas não pode cobrar imposto
superior a R$ 6.150,00 (seis mil e quinhentos reais),
na forma do Decreto n.º 910/2002.

No tocante à multa aplicada em razão da


empresa supostamente estar, na época, inadimplente em
relação ao ICMS antecipado 01/2009, não merece reforma
a decisão de piso.

O contribuinte, em sua impugnação ao auto de


infração, juntou aos autos Certidão Negativa de Débitos
expedida pela Secretaria de Fazenda do Estado de
Alagoas no mesmo dia da entrada da mercadoria pelo
posto fiscal de Porto Real do Colégio (24/12/2009).

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É o suficiente para descaracterizar a


infração imputada.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do reexame necessário
para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo na
íntegra a decisão da Coordenadoria de Julgamento que
julgou procedente em parte o auto de infração n. o
90.00020-001.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 24 de


julho de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 19 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 14/05/2013


PROCESSO: SF-013795/1991; CJ- Nº 16.190/1998 E CTE-489/2011
ANEXO: SF- 001380/2007
AUTO DE INFRAÇÃO: 039668, PROTOCOLADO EM 12/11/1991.
AUTUADA: USINA TAQUARA LTDA.
DECISÃO MONOCRÁTICA: Nº 18.097/11, DE 28/07/2011.
AUTUANTE: MANOEL LOPES A. FILHO E OUTRO.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 128/2013

EMENTA: – ICMS – Obrigação Principal


– Acusação da falta de recolhimento
do ICMS relativo às entradas de
matéria prima e nas saídas de
produtos industrializados -
Inocorrência de Prescrição – Crédito
Tributário não constituído – Carência
de provas capazes de sustentar o
cometimento da infração alegada (art.
333, I, do CPC) – Reexame Necessário
conhecido e improvido – Decisão
Singular mantida na íntegra – Auto de
Infração Improcedente.

I – RELATÓRIO

Trata o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do Reexame Necessário encaminhado a este Colegiado pela
Coordenadoria de Julgamento – CJ, que entendeu, por via da
Decisão nº 18.097/11, pela Improcedência do lançamento do
crédito tributário lastreado no AI acima referido, lavrado em
12/11/1991 em desfavor da empresa Usina Taquara Ltda,

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objetivando a cobrança do lançamento fiscal valorado em moeda


atualmente em vigor, em R$ 59,83 (cinqüenta e nove reais e
oitenta e três centavos).

Segundo se deduz da peça inicial, o sujeito passivo foi


acusado, em tese, de haver deixado de recolher aos cofres da
Fazenda Estadual o valor referente ao ICMS incidente sobre as
entradas de matéria prima (cana de açúcar) retido por força
de substituição tributária e, também, a ICMS devido nas
saídas de açúcar cristal, infringindo o disposto nos artigos
4º, 5º, 8º-I e 49-x, III, da Lei Estadual nº 5.077/89, sendo
proposta a aplicação das penalidades previstas nos arts. 104
e 98 da citada Lei (fls. 01 e 02-v).

O processo está instruído com o Resumo do Débito;


Cópias reprográficas de folhas manuscritas denominadas
“Apuração do ICMS sobre vendas do mês de Janeiro de 1991”,
“Apuração do ICMS fevereiro de 1991, vendas de açúcar e
melaço e “Apuração do ICMS referente ao mês de Março de 1991;
Relatório e Dados Cadastrais do Contribuinte (fls. 02/10).

Como resultou infrutífera a notificação pessoal ao


autuado, do AI, foi tentada a mesma através do Edital CAT nº
398-98 / 0.37 e não tendo sido apresentada defesa, foi
lavrado o Termo de Revelia em 29/10/98 (13/16).

Naquela oportunidade, ficando constatado que a empresa


não era infratória da transação celebrada entre o Estado de
Alagoas e os produtores de açúcar e álcool, os autos foram

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remetidos à CJ para apreciação e julgamento (fls. 22/23)


tendo aquela Instância Julgadora determinado a remessa dos
autos aos fiscais autuantes para as seguintes providências:

1) Anexação dos documentos que serviram de base para a


cobrança do tributo/multas pecuniárias;
2) Identificação do autuado ou seu preposto que
assinou o AI;
3) Visando a garantia da ampla defesa e contraditório
previstos na CF/88, caso a assinatura na peça
inicial não confira com a constante nos Cartões de
Autógrafos, seja feita nova intimação com AR,
convidando o representante legal da empresa a
comparecer à repartição fiscal competente para
liquidar o débito ou apresentar, no prazo legal,
sua defesa;
4) Não havendo manifestação da autuada, seja o débito
encaminhado para ser inscrito na Dívida Ativa, com
a lavratura de novo Termo de Revelia, com a devida
ciência ao autuante, como manda o art. 141, da Lei
4.418/82, retornando os autos à CJ para julgamento
(fls. 30).

Em data de 07/11/2006, foi entregue pessoalmente pelo


autor do procedimento fiscal, a Notificação Fiscal nº AI-
039668/91, convidando o autuado para apresentar seus livros
fiscais e sua defesa do AI nº 039668 (fls. 32/33 – anexo).

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Por intermédio da Informação Fiscal datada de


22/02/2007, a autoridade autuante comunicou haver
providenciado o atendimento da diligência requerida, isto é,
a Intimação ao Contribuinte – não atendida -, ressaltando,
nesse mesmo tempo, que foi apresentada Defesa Fiscal, já
contestada e devolvido o PAT à CJ (fls. 40)

Em suas razões de defesa, o contribuinte alega em


síntese que:

1) O crédito tributário lavrado pela SEFAZ/AL está


precluso desde 1997, pois queda expirado o prazo
decadencial de 05 (cinco) anos, não havendo direito
algum à constituição de crédito de
janeiro/fevereiro/março 91, com o decurso de 15
(quinze) anos, segundo determina o art. 173, caput,
e inciso I do CNN;
2) Cita diversos pareceres de juristas sobre o assunto;
3) O prazo para a apresentação da documentação
solicitada pela SEFAZ/AL já não encontram amparo
legal, pois a documentação solicitada refere-se a
livros de documentos com mais de 15 (quinze) anos;
4) Pede a extinção por prescrição, da ação fiscal e o
seu conseqüente arquivamento (fls. 02 usque 9 –
anexo);

Contrarrazoando, os fiscais fazendários consideram


equivocada a argumentação preliminar da autuada ao apontar a

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decadência do Fisco Estadual para a constituição do crédito


tributário, uma vez que o mesmo foi constituído legalmente,
insistindo na obrigação da autuada de apresentar seus livros
e documentos solicitados – obrigação não atingida pela
decadência alegada – e pela Procedência Total do AI nº 039668
(fls. 2 usque 17 – anexo).

Aportando o feito fiscal na CJ, o Ilustre Julgador de


Piso, entendeu que:

a) Pela transitação legal do PAT, e validade da


notificação do sujeito passivo, sedimentada pela
defesa apresentada;
b) Não está configurada a ocorrência de prescrição
alegada pelo contribuinte, com base na constituição
definitiva do crédito tributário e que se deixou
transcorrer in albis o prazo para a sua cobrança, já
que a legislação estadual, por conduto do art. 141,
parágrafo 3º, da Lei Estadual nº 4.418/82, vigente à
época. Previa que a revelia não tinha, naquela
ocasião, efeito de decisão final no processo e
determinando o prosseguimento dos trâmites
processuais e posterior julgamento de mérito.

Ao final, o Ilustre Julgador Singular prolatou a


Decisão assim ementada:

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“EMENTA – ICMS – Obrigação Principal – Falta


de recolhimento do ICMS incidente nas
entradas de matéria prima e nas saídas de
açúcar cristal. Processo com trânsitos
regulamentares apesar da Revelia do sujeito
passivo, conforme art. 141, §3º, da Lei
4.418/82, em sua redação original. Crédito
tributário ainda não definitivamente
constituído. Incabível falar em prescrição a
teor do art. 174 do Código Tributário
Nacional. Ausência das provas necessárias à
demonstração da infração, nos termos do art.
333, I, do Código de Processo Civil.
Lançamento Improcedente. Reexame Necessário
pelo Conselho Tributário Estadual, ex vi dos
arts. 48, I e 49, § 1º, da Lei Estadual nº
6.771/06”.

Devidamente citadas, não houve manifestação por parte


do autuado nem da Representação Fiscal.

É o Relatório.

II – VOTO

Cuida-se, como já referido no presente PAT, do Reexame


Necessário direcionado a este CTE da Decisão Singular
proferida pela CJ, que entendeu pela Improcedência do AI
citado na inicial, por falta de provas das acusações
formuladas pela Fiscalização Estadual em desfavor do
contribuinte Usina Taquara Ltda.

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É cediço na legislação tributária que o auto de


infração, como peça acusatória, deverá estar obrigatoriamente
instruído com as provas necessárias ao exame, por parte dos
órgãos julgadores, do feito fiscal.

Como acertadamente decidiu o Ilustre Julgador Singular,


in casu, constata-se a absoluta carência de provas capazes de
sustentar a acusação formulada na inicial.

Tentou de uma maneira incompreensível, a autoridade


autuante, provar a suposta irregularidade cometida pelo
autuado, com a juntada aos autos de cópias de um livro
manuscrito sem esclarecer a sua relação com a exigência
fiscal, já que trata-se de documentos que não trazem
assinaturas ou quaisquer outras formalidades capazes de
conferir as mesmas a menor autenticidade, deixando de atender
ao exigido pelo anexo 30, do Regulamento do ICMS aprovado
pelo Decreto 6.148/84.

Apesar dos esforços envidados pela CJ para esclarecer o


assunto, inclusive com a solicitação feita aos autuantes par
a apresentação dos livros e documentos do autuado, aludidos
documentos não foram apresentados.

Acertada e coerente, pois, a Decisão Monocrática, em


julgar o PAT no patamar em que se encontra. E ao fazê-lo ex
surge de maneira clara e indiscutível a convicção de que a
acusação formulada pelos representantes fazendários não se
sustenta em virtude da carência de elementos capazes de

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estear a existência da infração constante da inicial,


irregularidade referida no art. 333, I, do CPC, aplicada de
maneira subsidiária, verbis:

“art. 333 – O ônus da prova incumbe:


I- Ao autor, quanto ao fato
constitutivo do seu direito”.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe provimento, a fim
de manter na íntegra a Douta Decisão Singular, que entendeu
pela Improcedência do AI n 039668, protocolado em 12/11/91,
pela total carência de provas capazes de demonstrar a
infração apontada.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 14 de Maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 20 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/05/2013


PROCESSO: 1500-022.069/2006 e CTE nº 051/2012.
ANEXO: 1500-026.946/2006 e 1500-029.609/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.52831-001, de 24/08/2006.
AUTUADA: MARIA CÍCERA DE LIMA OLIVEIRA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.096.526-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.248/2010.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Genival Lima de Carvalho.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 130/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Omissão


de saídas de mercadorias tributadas apuradas
com base na diferença positiva entre as saídas
apuradas (CMV + 30%) e as saídas registradas
nos livros fiscais da autuada. 2) Infração
comprovada pelo não afastamento da presunção
prevista no artigo 2º, § 12, da Lei Estadual
nº 5.900/1996. 3) Reduzido o valor do crédito
tributário pela aplicação do artigo 79, da Lei
nº 5.900/1996, em lugar do artigo 84, da mesma
lei. 4) Lançamento Procedente em Parte. 5)
Recurso Ordinário conhecido e improvido.
Mantida na íntegra a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


MARIA CÍCERA DE LIMA OLIVEIRA LTDA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
7.368,53 (sete mil trezentos e sessenta e oito reais e
cinqüenta e três centavos), por haver a empresa autuada
deixado de recolher ICMS por omissão de vendas, apurada
mediante apuração do lucro presumido no percentual de 30%
(trinta por cento), o que ocasionou uma diferença positiva
entre o CMV - custo de mercadorias vendidas com as saídas
efetivamente declaradas e registradas nos livros fiscais nos
exercícios de 2005 e 2006.

Apontados como infringidos os artigos 2º, §


12, da Lei Estadual nº 5.900/96; e 1.000, do RICMS/91. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 84, da
Lei Estadual nº 5.900/1996.

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A inicial foi instruida com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de
autógrafo; Demonstrativo da Conta Mercadorias (2005 e 2006);
cópias (Xerox) do LRAICMS, do LRIM e do RUDFTO com os Termos
de início e de encerramento de fiscalização.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa pedindo que a


autuação seja improcedente por falta de provas.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões pedindo a


Procedência da autuação, uma vez que a mesma foi elaborada
conforme os ditames legais e defesa não apresentou qualquer
argumento capaz de modificá-la.

Em 23/09/2010, foi proferida a Decisão nº


17.248/2010, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. CONTA MERCADORIAS. Lançamento


de ofício por infração ao §12, do art. 2º da
Lei nº5.900/96, alterada pela Lei nº5.979/97.
Considera-se tributada a diferença positiva
entre as saídas tributadas, tomando como
valor o Custo das Mercadorias Vendidas
agregado de 30% (trinta por cento), e a saída
tributada efetivamente declarada nos
documentos fiscais. Modificação da
penalidade.LANÇAMENTO PARCIALMENTE PROCEDENTE
Incabível a remessa dos autos ao CTE, art.
48, § 2º, II da Lei Estadual nº 6.771/06.

DO RECURSO ORINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, alegando que o fisco cria formas diferentes
das já adotadas para tentar suprir uma deficiência que não é
nossa, cria mecanismos de apuração que não constam de qualquer
diploma legal, tornando impossível seu atendimento por não ter
eficácia jurídica; o fisco não solicitou da autuada a origem
do capital que supriu seus compromissos financeiros; seria bom
que o fisco visitasse as lojas dos pequenos a cada ano, para
ver seus desempenhos e quantos empregos são gerados, mesmo sem
assistência do governo; partindo-se da premissa de presunção
até que o fisco não estaria errado, pois, o que se cobra do

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autuante é o pedido de elementos que viessem a esclarecer a


origem dos recursos e principalmente que fosse ao local onde
iria entender como funciona a nossa captação de recursos; o
fisco não pode ignorar as operações onde incide ISS que não
estão regularmente escrituradas. Por fim, pede a autuação seja
arquivada por ter nascido ferida de morte por conflitar com os
princípios constitucionais.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Comissão de Representação Fiscal encaminhou


os autos a DIFIS para o autuante comprovar ou não o estoque
final tributável em 31/12/2006, anexando cópia do LRIM nº 01
(um). Em resposta o autuante refez o demonstrativo da Conta
mercadorias do exercício de 2006, anexando cópia do referido
livro. Em seguida a Representante Fiscal Olga Tatiana de
Miranda Taglialegna apresentou contrarrazões solicitando que a
decisão singular seja mantida com referência ao valor do ICMS
aobrado e que a multa seja revista para o valor de R$ 2.302,67
(dois mil, trezentos e dois reais; sessenta e sete centavos)
em razão da reclassificação da penalidade prevista no artigo
84, da Lei Estadual nº 5.900/1996. Assim, chegam os autos a
este Conselho para análise do recurso ordinário.

É o relatório.

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Voto

Trata-se de Recurso Ordinário da Decisão nº


17.248/2010, de Primeira Instância, que julgou como Procedente
em Parte o Lançamento constante do auto de infração nº
99.52831-001, de 24/08/2006.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada em seu Recurso Ordinário alega que


o fisco fez o Levantamento de sua Conta Mercadorias de forma
diferente, pois não considerou a origem do capital que supriu
seus compromissos financeiros, nem suas operações sujeitas ao
ISS, tudo isto, alinhado com um rosário de queixas sobre sua
situação financeira. Nenhuma destas alegações é verdadeira,
haja vista, que o Levantamento da Conta Mercadorias conforme
previsão do §12, do artigo 2º, da Lei nº 5.900/96, não exige,
nem necessita o exame do capital e muito menos de operações
sujeitas ao ISS imposto de competência do município. A
situação financeira da autuada pode até ser precária, porém, a
legislação tributária vigente não autoriza aos contribuintes
deixar de emitir documentos fiscais nas operações de vendas.
“Art. 2º - (...)
§12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas
tributáveis em operações internas do contribuinte a diferença
positiva entre a saída de mercadorias tributadas, tomando como
valor o custo das mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por
cento), e a saída tributada efetivamente declarada nos livros e/ou
documentos fiscais próprios, apurada no último dia do exercício
financeiro da empresa, na hipótese em que o contribuinte não possua
escrituração contábil para fins de apuração do lucro real.
(...)”

O não atendimento ao § 12, do artigo 2º, da


Lei nº 5.900/1996, por não possuir a autuada escrita contábil,
que teve por resultado uma diferença positiva nos exercícios
fiscalizados está devidamente comprovado nos autos, haj vista,
que seus valores foram retirados dos valores que se encontram
registrados em seus livros fiscais, conforme cópias anexadas,
fato complementado pela Representante Fiscal ao pedir nas
contrarrazões a anexação do LRIM do exercício de 2006. Não
resta dúvida do acerto da decisão singular, inclusive, no que
diz respeito à aplicação da penalidade (artigo 79, da Lei nº
5.900/1996, em lugar da penalidade sugerida na inicial, àquela
prevista no artigo 84, mesma Lei). O Lançamento é Procedente
em Parte conforme consta da decisão singular que não merece
qualquer reforma como alega o Recurso Ordinário.

“Art. 84 - revogado pela Lei n.º 7.079/09.


Reclassificando-se a multa deste artigo para a do art. 79 da
mesma Lei, relativamente aos créditos tributários já lançados.

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(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em


situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.

O crédito tributário teve seu valor apurado


corretamente nos termos do § 12, do artigo 2º, da Lei nº
5.900/1996, como mostram os demonstrativos abaixo.

DEMONSTRATIVO DA CONTA MERCADORIAS EM R$ NO EXERCÍCIO DE 2005

Estoque inicial 10.107,14


Compras tributadas (líquidas) 38.010,94
ICMS sobre compras ( 4.520,93)
Estoque final ( 14.729,05)
Custo das Mercadorias vendidas (CMV) 28.868,10
VA: 30% x CMV (artigo 2º, §12, Lei 5.900/96) 8.660,43
Vendas apuradas 37.528,53
Vendas registradas 29.208,26
Diferença positiva apurada 8.320,27

DEMONSTRATIVO DA CONTA MERCADORIAS EM R$ NO EXERCÍCIO DE 2006

Estoque inicial 14.729,05


Compras tributadas (líquidas) 6.553,82
ICMS sobre compras ( 793,47)
Estoque final ( - 0 - )
Custo das Mercadorias vendidas (CMV) 20.489,40
VA: 30% x CMV (artigo 2º, §12, Lei 5.900/96) 6.146,82
Vendas apuradas 26.636,22
Vendas registradas 7.866,35
Diferença positiva apurada 18.769,87

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

Base de cálculo ICMS Multa Total


27.090,14 4.605,33 2.302,67 6.908,00
Total 4.605,33 2.302,67 6.908,00

O crédito tributário no valor de R$ 6.908,00


(três mil, novecentos e oito reais), deverá ser recolhido com
os acréscimos previstos em lei.

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Observe-se que apesar de ter havido redução


no valor do crédito tributário pela adequação da penalidade
aplidaca é dispensado o Reexame Necesário nos termos do artigo
48, § 2º, II, da Lei Estadual nº 6.771/2006.
“Art. 48 - Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas a
reexame necessário:

§ 2° - O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não exceder, na data


da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado
de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor
limite.
(...)”

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do Recurso Ordinário e negar-lhe provimento.
Mantida na íntegra a decisão singular.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 16 de maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADORA JULGADOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 20 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/05/2013


PROCESSO: AMA 004.778/1997 E CTE Nº 189/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 066.956, DE 19/06/1997.
AUTUADA: CARNEIRO & COSTA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.076.126-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.319/2007.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: MANOEL ADAUTO DE AZEVEDO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 131/2013

EMENTA: ICMS – Obrigações principais e


acessórias. 1) Falta de recolhimento de
ICMS pelo uso de crédito fiscal
indevido. 2) Falta de recolhimento do
ICMS escriturado e não recolhido. 3)
Não apresentação dos Movimentos
Econômicos e das GIAS (1992 a 1996). 4)
Não comprovação das infrações. 5) É
Improcedente o Lançamento. 6) Reexame
Necessário conhecido e provido.
Reformada a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrando contra


a empresa Carneiro & Costa Ltda, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
2.783,07 (dois mil; setecentos e oitenta e três reais e sete
centavos), por haver a empresa autuada:

1) Deixado de recolher o ICMS referente a


diferença verificada no 2º decêndio do mês de junho/1994, por
uso de crédito fiscal utilizado de forma indevida.

2) Deixado de recolher ICMS nos meses de


agosto, outubro, novembro e dezembro/1995, que se encontrava
escriturado no livro fiscal próprio e não fora recolhido.

3) Deixado de apresentar seus Movimentos


Econômicos e GIAS – Guia de Informação Anual (1992 a 1996).

Foram apontados como infringidos os artigos


49, VIII, XIV, “b”, pu; 75; 252, IV; 253; 269 e 591, do
RICMS/91. Sugerida a aplicação das penalidades previstas nos

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artigos 824; 836; e 859, III, e IV, do RICMS/91, todos, com as


alterações introduzidas pela Lei nº 5.900/1996.

A inicial foi instruida com demonstrativo do


débito; relatório de dados cadastrais; cópia do cartão de
autógrafo e dos LRAICMS nº 01 (um) e 02 (dois).

DA DEFESA

A autuada foi intimada por AR e por edital,


não apresentou defesa, sendo lavrado Termo de Revelia.

Em 21/06/2007, foi proferida a Decisão nº


15.319/2007, de Primeira Instância, que julgou prejudicado o
lançamento e extinto o crédito tributário pela ocorrência de
prescrição com a seguinte ementa.

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2. Falta de recolhimento
de imposto, inclusive por utilização de
crédito indevido. 3. Descumprimento de
obrigações tributárias acessórias. 4.
Revelia. 5. Lançamento prejudicado. 6.
Extinção de crédito tributário. 7. Prescrição
– CTN, artigos 156, V, e 174. 8. Duplo grau
de jurisdição administrativa necessário –
Art. 48, Lei Estadual nº. 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciou. Assim, chegam os
autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório

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Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


15.319/2007, de Primeira Instância, que julgou prejudicado o
lançamento e extinto o crédito tributário pela ocorrência de
prescrição constante do auto de infração nº 066.956.

A análise dos autos demonstra que o auto de


infração foi lavrado sem que a autuada fosse intimada para
apresentar os documentos fiscais necessários aos trabalhos de
fiscalização. O autuante cobra ICMS por utilização de crédito
fiscal indevido anexando somente cópias do LRAICMS. Não consta
nos autos a intimação da autuada para apresentação dos livros
e de documentos fiscais de onde pudesse se extrair as provas
da infração; não consta nenhuma cópia dos DAR – Documentos de
Arrecadação do ICMS que nesta data se encontrava recolhido, o
que nos leva a concluir que sem estas cópias, os meses que não
consta da autuação, também poderiam estar sem o pagamento do
ICMS, assim como, que nos meses apontados como não recolhidos
o ICMS poderia ter sido recolhido. A falta destes documentos
torna improcedente o trabalho do fisco.

Observe-se que os Movimentos Econômicos e as


GIAS apesar de serem de apresentação obrigatória ao fisco, a
autuada não foi intimada para apresentá-los, não constando
também, qualquer informação do setor fazendário responsável ou
competente pelo seu recebimento no sentido de confirmar ou não
se estes documentos realmente não foram apresentados pela
autuada. Assim, como nas infrações anteriores, a comprovação
da infração cabia à fiscalização, haja vista, que a autuada
apresentou o LRAICMS e as cópias deste livro sozinhas, não são
capazes de comprovar as infrações apontadas na inicial.

Apesar de a autuação ter sido lavrada sob o


advento da Lei nº 5.983/1997, e de o julgador singular ter
decidido pela prescrição do crédito tributário, matéria em que
a PGE/PFE decidiu favoravelmente ao seu reconhecimento pelas
Instâncias Administrativas através do Parecer 044/2012, tenho
entendimento diverso, haja vista, que o auto de infração é
Improcedente por falta de provas e a Improcedência se sobrepõe
a outras questões, a exemplo da prescrição. O Lançamento é
Improcedente por falta de provas, apesar das cópias do LRAICMS
que sozinhas não tem o condão de provar o uso dos créditos
fiscais indevidos, nem a falta de apresentação dos documentos
fiscais, Movimentos Econômicos e GIAS.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e dar-lhe provimento para
reformar a decisão singular em razão de ser Improcedente o
Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 16 de maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº19 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 24/05/2013


PROCESSO: 1500-029840/1989; CTE-43/98
ANEXOS: 1500-010438/01; 1500-003223/02
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 039198/89
ASSUNTO: REMESSA DOS AUTOS AO SECRETÁRIO DA FAZENDA COM FUNDAMENTO NO
ART. 71, DA LEI Nº. 6.765/06 POR PARTE DA DIRAC.
EMPRESA AUTUADA: LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A
AUTUANTE: JOSÉ GUIDO DE GUSMÃO – Mat. 7373 e Outros
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 132/2013

EMENTA: NÃO HOMOLOGAÇÃO DA EXTINÇÃO DO


CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM DECORRRÊNCIA DE
REMISSÃO PELO SECRETÁRIO DA FAZENDA COM
DETERMINAÇÃO PARA JULGAMENTO DO MÉRITO
APÓS DECISÃO UNÂNIME PROFERIDA PELA 1ª
CÂMARA DE JULGAMENTO. PROCEDIMENTO
IMPOSSIBILITADO DIANTE DOS MANDAMENTOS
PREVISTOS NO ART. 48, INC. II,
COMBINADO COM O ART. 50, INC. III,
TODOS DA LEI Nº. 6771/06. PRELIMINAR DE
REMISSÃO MANTIDA PELA 1ª CÂMARA DE
JULGAMENTO.

RELATÓRIO

O presente lançamento decorreu da falta de


recolhimento do ICMS no valor de NCZ$ 18.220,22 (DEZOITO MIL,
DUZENTOS E VINTE CRUZADOS NOVOS E VINTE E DOIS CENTAVOS), com
um acréscimo de multa no valor de NCZ$ 3.644,48 (TRÊS MIL,
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SEISCENTOS E QUARENTA E QUATRO CRUZADOS NOVOS E QUARENTA E


OITO CENTAVOS), em razão de vendas de melaço com preço
inferior a valores estabelecidos por intermédio de Portaria e
de vendas de carros usados sem o devido recolhimento do
imposto.

Como instrução da autuação foram anexados,


demonstrativo da movimentação física de melaço, demonstrativo
da movimentação das canas de fornecedores, safra 88/89
demonstrativo de apuração do ICM NORMAL e SUBSTITUTO,
demonstrativo do levantamento de saídas do melaço, safra
88/89.

Por força de diligência requisitada pela então


Coordenadoria de Auditoria Fiscal, foram anexados
Demonstrativos de Apuração do ICMS dos meses de outubro a
dezembro de 1988 e de janeiro a maio de 1989, assim como
Cópias das Notas Fiscais de venda dos veículos usados.

Submetido o presente litígio a julgamento por


parte da instância monocrática, esta concluiu pela extinção
do crédito tributário em decorrência da remissão, remetendo a
sua decisão por força de remessa necessária para análise
deste Colegiado, quando tal decisão fora mantida por
unanimidade pela 1ª Câmara de Julgamento.

Com embasamento no Art. 71 da Lei nº 6.765/06,


verbis: “Na hipótese de extinção do crédito tributário, por
modalidade diferente do pagamento, é competente para efetuar
a homologação o Secretário Executivo de Fazenda, podendo ser
feita delegação de competência”, (grifei), a Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário–DIRAC, submete o ato
decisória da 1ª Câmara de Julgamento deste Colegiado a sua
Excelência Secretário de FAZENDA.

A terceira e última instância administrativa,


assim entendida, pelo menos à luz do Art. 49 da Lei nº
6.771/06, rejeita a prejudicial do mérito no tocante a
remissão do crédito tributário e em ato contínuo determina o

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retorno dos autos ao Conselho Tributário, para apreciação e


julgamento do mérito, apontando como embasamento o fato da
não apreciação do mérito, quando da então decisão proferida
pela 1ª Câmara de Julgamento deste Colegiado.

Em síntese é o relatório.

Voto.

Diante do relato a presente questão cinge-se tão


somente em matéria de direito, notadamente no pertinente ao
direito processual administrativo com relação ao
disciplinamento contido no Art. 71 da Lei nº 6.765/06, versus
ao mandamento previsto no Art. 48, inc. II, da Lei nº
6.771/06, a conhecida Lei do PAT.

Eis a redação tanto do reportado Art. 71, quanto


do referido Art. 48, II:

“Na hipótese de extinção do crédito tributário,


por modalidade diferente do pagamento, é competente para
efetuar a homologação o Secretário Executivo de Fazenda,
podendo ser feita delegação de competência”.

“Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas a reexame necessário:

I - (...)

II – pelo Pleno do CTE, as decisões não unânimes


de uma de suas Câmaras.”

Em princípio, no confronto dos mandamentos retro


transcritos, parece até que os mesmos são antagônicos,
incoerentes entre si, quando atribui ao titular da Pasta
Fazendária, competência para homologar a extinção do crédito
tributário decorrente de modalidade diferente do pagamento e

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ai incluídas dentre outras, a remissão, e ao mesmo tempo está


estabelecido pela Lei do PAT que as decisões contrárias à
Fazenda Estadual, proferidas por uma das Câmaras deste
Colegiado só serão objeto de remessa necessária para o
Pleno,quando prolatada por maioria,caso contrário,ou
melhor,decisão unânime, mesmo contrária à Fazenda Estadual,
não comporta reexame quer pela pessoa do Secretário da
Fazenda, quer pelo Pleno deste Conselho Tributário, a menos
que haja possibilidade de se intentar o Recurso Especial,
previsto no Art. 47 da reportada Lei ou até mesmo dos,
previstos na lei adjetiva civil para este último, de forma
subsidiária.

Na verdade, tanto o disciplinamento previsto no


Art. 71 da Lei nº. 6.765/06, quanto o disciplinamento
inserido no Art. 48, inc. II da Lei nº 6.771/06, são de
convivência pacífica e harmônica. O primeiro trata da
homologação por parte do Secretário da Fazenda da extinção do
crédito Tributário diferente do pagamento. Porém, tal
homologação só deve ocorrer com relação aos créditos, objeto
de lançamentos, autuações pendentes de julgamento. No caso de
homologação ou não da extinção do crédito tributário por
parte do titular da Pasta Fazendária diante de decisões
unânimes já proferidas pelo contencioso administrativo, o
Secretário da Fazenda não só estaria lançando mão do
instituto da Avocação, já banido da nossa legislação
processual, mais também, adotando procedimento no sentido de
tornar os Arts. 71 e 48, II, das Leis 6.765/06 e, 6.771/06,
respectivamente, totalmente incompatível entre si, o que não
são. Tanto um como o outro têm aplicação distinta, levando-se
em consideração, naturalmente, cada situação processual
(processo pendente de julgamento ou com decisões unânimes
proferidas).

In casu, trata-se de não homologação da extinção


do crédito tributário por parte do Secretário da Fazenda, em
decorrência de remissão do mesmo, segundo decisão unânime da
1ª Câmara de Julgamento deste Conselho com espeque no art.
152 do CTN c/c art. 11 da Lei Estadual 6.765/00, inclusive

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com trânsito em julgado, pelo menos no âmbito administrativo


nos termos dos arts. 47, 48,II e 51, § 2º, todos da Lei nº
6771/06, não comportando qu

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, com
a devida vênia do eminente Secretário da fazenda deixo de
conhecer do mérito em razão de impedimento legal, ficando
assim mantida a decisão da 1ª Câmara.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 24 de maio de


2013

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 19 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 24/05/2013
PROCESSO: 1500-00014/1989 e CTE nº 440/2011.
ANEXO(S): 1500-030219/1989; 1500-00035/1992, 1500-017893/2009
e 1500-017452/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 040412.
AUTUADA: Indústria de Frios e Pesca Ltda - IFRIL.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.060.836-4
DECISÃO MONOCRÁTICA: 16.898/10.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): George F. R. Damasceno e outra.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECREÁTIRIA: GENILZA COELHO

ACÓRDÃO Nº 133/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECURSO DO


PRAZO QUÍNQUENAL DA REGULAR INTIMAÇÃO DO
SUJEITO PASSIVO. INCIDÊNCIA DA REGRA DO ART. 174 DO
CTN. ADEMAIS. CARECE O AUTO DE INFRAÇÃO DE PROVAS
SUFICIENTES DA MATERIALIDADE APONTADA RECURSO
VOLUNTÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. EXTINÇÃO DO
CREDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado em 08/08/1989 e


protocolado na repartição fazendária em 09/08/1989, contra a
empresa INDÚSTRIA DE FRIOS E PESCA LTDA, já devidamente
qualificada nos autos, do lançamento de crédito tributário,
composto de imposto e multa, originariamente no valor de NCz$
5.873,37 (cinco mil, oitocentos e setenta e três cruzados
novos e trinta e sete centavos), pelo fato de, em tese, o
sujeito passivo não ter recolhido o ICMS devido pela omissão
de vendas efetuadas e pela estocagem de mercadorias
desacompanhadas de documentação fiscal durante o exercício de
1988, conforme levantamento físico do estoque.

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Apontada infração aos artigos: 82, 142, 201 e 206 do
RICM, aprovado pelo Dec. 6.148/84, sendo aplicada a
penalidade prevista no artigo 461 do mesmo diploma legal.
Notificado pessoalmente em 08/08/1989 do lançamento, o
sujeito passivo apresentou defesa em 08/09/1989, afirmando
que suas mercadorias comercializadas são isentas, com o
imposto antecipadamente recolhido sobre as entradas. Alegou
também não haver provas nem demonstrativos de apuração do
crédito tributário prejudicando sua defesa e que por isso não
é justo cobrar o tributo por analogia ou presunção,
solicitando no final o arquivamento do Auto de Infração.
Em sede de contrarrazões, a autoridade fiscal informa
que o posto de venda do contribuinte também comercializa
mercadorias tributadas (camarão, figado e lingüiça - objetos
do levantamento em 1988) conforme Notas Fiscais de saídas
transladas. Também alega que a mencionada portaria (SF-
595/79) e o Termo de Acordo celebrado pela SEFAZ com o
segmento empresarial dispensou do recolhimento do imposto
apenas o peixe frigorificado, mercadoria não considerada no
levantamento fiscal. Junta aos autos os demonstrativos,
cópias dos livros e Notas Fiscais relativos à ação fiscal
pedindo que o Auto de Infração seja julgado procedente.
Após dois pedidos de diligências determinados pela
Coordenadoria de Julgamento, com o escopo de novo prazo para
defesa devido ao translado de novos documentos, sendo o
último para 30 dias, a autuada manifestou-se em 12/08/2009,
no sentido de ter ocorrido decadência e prescrição do crédito
tributário.
Decidiu, então, com o nº 16.898/10, o julgador singular
pela procedência do auto de infração, tendo ementado da
seguinte forma:
EMENTA: ICMS – Falta de recolhimento do
imposto detectada através de auditoria
realizada no estoque de mercadorias
existente no período fiscalizado.
Ilícito fiscal não elidido por meio de
prova. Infração caracterizada. Auto de
Infração PROCEDENTE.

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Também decidiu pela não ocorrência da decadência e da
prescrição, além de não ser hipótese de remissão prevista na
alínea “a”, IV, art. 11, da Lei estadual º 6.765/06, pois
esta só teria eficácia após o exercício de 2005.
Intimado do julgado, o autuado apresentou Recurso
Ordinário, alegando que após vinte e um anos é informado da
decisão supracitada, não tendo a Fazenda Pública cumprido os
prazos previstos na Lei nº 6.771/2006, que trata do processo
administrativo tributário. E que devido a esse fato é injusto
ser penalizado com a atualização dos encargos aqui cobrados.
Além do que, foi deferida a baixa de sua inscrição estadual
pela Secretaria de Fazenda em 28/07/2006, já que não havia
nenhum impedimento fiscal. Anexou Termo de Encerramento de
Fiscalização lavrado no livro fiscal próprio.
Em resposta, pedindo pelo não provimento do recurso
voluntário, a Representante Fiscal argumenta que o Auto de
infração possui todos os requisitos de validade necessários
para a autuação por omissão de vendas sem recolhimento do
tributo quando do levantamento fiscal, estando embasado por
provas documentais e comparações de aquisições e vendas de
mercadorias. Inclusive quando acostadas as provas e
demonstrativos do lançamento de ofício, foi aberto novo prazo
de defesa ao contribuinte e ele não demonstrou existir erros
na fiscalização.
Quanto ao período decadencial, declara a representante
do Fisco estadual que, como o lançamento ocorreu em 1989
referentes a fatos de 1988, não há o que se falar da
decadência. Também afirma que não ocorreu a prescrição,
estando a mesma suspensa (art. 151, III, CTN), pois não houve
a constituição definitiva do crédito tributário pelo
lançamento (art. 142, CTN). Ou seja, ainda não ocorreu o
julgamento final no processo administrativo tributário.
Quanto à prescrição intercorrente, assevera que não existe
previsão legal para tal instituto. Cita jurisprudência do STF
(RE nº 94.462-1) que entre a lavratura do auto de infração e
a última decisão administrativa não corre prazo, nem
decadencial, nem prescricional.
É o relatório.

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VOTO-VENCEDOR

O presente processo administrativo fiscal tem


início com a lavratura do Auto de Infração de nº. 040412 de
08/08/1989, no qual consta no campo “Discriminação dos Fatos”
a seguinte narrativa:

“Quando do exercício da nossas funções, constatamos


que o contribuinte acima qualificado deixou de
recolher ICM, no valor de NCZ$ 3.262,97, referente a
omissão vendas no montante de NCZ$ 13.620,80 e
mercadorias estocadas desacompanhadas de documentação
fiscal no montante de NCZ$ 1.144,00, NO EXERCÍCIO DE
1988.”

Não obstante claramente oriundo de uma ação fiscal,


verifica-se, pela compulsão dos autos, que o aludido Auto de
Infração não está acompanhado de qualquer documento ou
demonstrativo para embasar o valor do tributo apurado, sendo
seguido, apenas, por mero Cartão de Autógrafo da empresa
Contribuinte.

Nesses termos, vislumbra-se que tal conduta das


autoridades fiscais constitui-se em afronta ao artigo 891 do
RICMS, o qual prescreve que:

“Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente


de Auto de Infração deve ser instruído com:
I - as informações econômico-fiscais acerca do sujeito
passivo;
II - as cópias dos termos lavrados na ação fiscal;
III - os demonstrativos do levantamento, cuja
configuração mínima poderá ser definida por ato
normativo do Secretário Executivo da Fazenda;
IV - as provas necessárias à demonstração do fato
argüido, inclusive cópias dos documentos que serviram
de base para a apuração das irregularidades.
(…)
§ 3º A documentação referidas nos incisos do "caput" e
do § 1º deverá ser anexada ao Auto de Infração por
ocasião de sua protocolização na repartição
fazendária.”

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Pela leitura desse artigo, observa-se que a


autoridade fiscal deveria ter juntado os documentos
comprobatórios necessários para que se comprovasse aquilo que
ora arguiu no Auto de Infração, estando, portanto, este
marcado por flagrante nulidade, tal como já é reiterado nas
decisões de ambas as Turmas desse Conselho.

Corroborando com tal entendimento, precisa é a


lição de Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera


da tributação, por exemplo, exigem que a relação
obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese
de incidência tributária, razão pela qual se faz
imprescindível que tanto os atos de lançamento e de
aplicação de penalidades como as decisões proferidas
no curso de processo administrativo tributário sejam
pautados em provas.” (TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso
de Especialização em Direito Tributário: estudos
analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho.
Coordenador Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de
Janeiro: Forense. p. 559.)

No mesmo sentido se tem os precedentes do Conselhos


de Contribuintes do Ministério da Fazenda, tal como se colhe
da ementa abaixo:
“ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA -
IRPF Exercício: 2003 NULIDADE. NÃO DISPONIBILIZAÇÃO AO
CONTRIBUINTE DE TODAS AS INFORMAÇÕES QUE LASTREARAM A
AÇÃO FISCAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO
COMPROVADA. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA PRESUNÇÃO DO ART.
42 DA LEI Nº 9.430/96. Toda a documentação que
lastreou o procedimento fiscal deve ser
disponibilizada ao contribuinte, sob pena de
inaceitável cerceamento do direito de defesa. Ademais,
no caso da presunção da omissão de rendimentos
caracterizada por depósitos bancários de origem não
comprovada, o contribuinte deve ser intimado a
comprovar a origem dos depósitos bancários, na fase
prévia à autuação fiscal, sob pena de não se
aperfeiçoar a presunção legal. (...) (CARF. Nº Recurso
169550. Número do Processo 10580.011403/2007-39.
Órgão Julgador Primeira Câmara/Segunda Seção de

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Julgamento. Relator(a) GIOVANNI CHRISTIAN NUNES
CAMPOS. Data da Sessão 14/03/2012.)”

A própria Contribuinte em sua peça inicial vem


arguir a presente nulidade, demonstrando que não poderia se
defender do lançamento e dos levantamentos realizados na Ação
Fiscal simplesmente com base na breve narrativa vazia contida
no Auto de Infração.

Pelo exposto, já se mostram motivos suficientes


para a reforma da decisão de primeira instância, pois nulo o
lançamento do crédito tributário através do Auto de Infração
040412 em virtude da ausência de elementos probatórios acerca
das acusações fáticas ora suscitadas.

Todavia, é possível, para aqueles que assim


admitem, argumentar que o oferecimento das contrarrazões pela
Autoridade Fiscal, que se fez acompanhada dos documentos
faltosos no Auto de Infração, teria “sanado” o lançamento
nulo.

Não obstante a nulidade seja vício insanável, pode-


se fazer um esforço para compreender a conduta da Fazenda
Estadual, em sua peça contestatória, como uma revisão de
ofício do Auto de Infração, a qual se classifica como
hipótese de lançamento de ofício, devendo seguir todas normas
jurídicas prescritas para os lançamentos originário,
inclusive respeitando o seu prazo decadencial.

O lançamento de tributos, como ato administrativo


plenamente vinculado, deve sempre ser feito de acordo com o
que lei determina, respeitando os critérios, elementos e
requisitos previstos pela lei para que possa ser
complementado. Nesse sentido, os artigos 894 e 895 do RICMS
prescrevem que:

“Art. 894. Os atos dos representantes fazendários e


das autoridades julgadoras, serão levados ao
conhecimento do sujeito passivo por meio de
intimação.

Art. 895. A intimação deve conter:

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(...)
II - tratando-se de Auto de Infração, decisão da
primeira instância ou de segunda instância, o prazo
para pagamento e apresentação da defesa ou recurso,
conforme o caso; (...)”

A comunicação do lançamento de ofício (revisão) ao


Contribuinte e a oportunização do prazo de defesa são, por
logo, elementos integrantes do procedimento de lançamento e
devem ser praticados no prazo decadencial, pois somente findo
o processo administrativo fiscal (com ou sem a apresentação
de defesa) é que se pode considerar constituído o crédito
tributário.

O mesmo sentido se extrai da lição de Luciano


Amaro:
“O ato da autoridade, para que gere efeitos, deve ser
objeto de notificação ao sujeito passivo. O efeito
primordial dessa notificação é fazer atuar o dever do
sujeito passivo de proceder ao recolhimento do
tributo, que, antes, era inexigível por falta da
condição legal de exigibilidade”. (AMARO, Luciano.
Direito Tributário Brasileiro. 15. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. P.347.)

No presente caso, observa-se que os fatos geradores


remetem ao exercício de 1988, contudo, a “correção” do Auto
de Infração nulo, ou o novo lançamento, como se prefira
denominar, só teria sido iniciada com a apresentação da
Contestação à Defesa em 09 de outubro de 1990.

Este lançamento, todavia, não foi acompanhado de


intimação da Contribuinte para a apresentação de sua defesa
ou para o pagamento no prazo legal.

Como resposta a essa petição e para sanar e dar


prosseguimento aos procedimentos de lançamento do tributo, em
05 de junho de 2009, a Autoridade Administrativa veio abrir o
prazo de 30 (trinta) dias para a defesa nos termos dos
artigos 136 da Lei 4.418/82 e 23 da Lei 6.771/06.

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Nesse ponto, entretanto, observa-se o transcurso do
prazo decadencial para a constituição do crédito tributário,
haja vista o transcurso de meros 21 (vinte e um) anos entre a
ocorrência dos fatos geradores e a intimação para a
apresentação da defesa ou do pagamento.

A existência de eventual decadência dos créditos


lançados pelo auto de infração é matéria que deverá ser
objeto de apreciação de ofício pelo julgador. Nesta esteira
estão, inclusive, os precedentes dos Conselhos de
Contribuintes do Ministério da Fazenda, o que, aliás, se
colhe de passagem do acórdão da 3ª Câmara do Segundo Conselho
lavrado nos autos do processo n ° 13964.000083/00-18, de
relatoria do Conselheiro, representante fazendário, o Prof.
Emanuel Dantas de Assis:
“Decadência é matéria de ordem pública, a ser
reconhecida de ofício quando estabelecida por lei,
como, aliás, já determina o art. 210 do Código Civil
de 2002. Somente a decadência convencional é que não é
suprida de ofício, embora possa ser requerida a
qualquer época, não se submetendo à preclusão (art.
211 do mesmo Código).”

Neste sentido está também a recente jurisprudência


do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

“RECURSO ORDINÁRIO – MANDADO DE SEGURANÇA –


ADMINISTRATIVO – REDUÇÃO DE PROVENTOS – DECADÊNCIA –
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO –
1. Consoante orientação firmada por esta corte, o ato
que implica na redução de proventos é de efeitos
concretos, razão pela qual a impetração de mandado de
segurança contra tal ato deve ocorrer no prazo legal
de cento e vinte dias, sob pena de decadência.
Ressalva do entendimento da relatora. 2. A decadência,
matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de
ofício em sede de recurso ordinário. Precedentes. 3.
Processo extinto com julgamento do mérito. (STJ – ROMS
200201435897 – (15463) – SC – 6ª T. – Relª. Min.Maria
Thereza de Assis Moura – DJU 19.11.2007 – p. 00291)”

Também assim vem entendendo este Colegiado


Administrativo em diversos de seus julgados.

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Portanto, em razão da competência desta instância


administrativa julgadora para apreciar de ofício a questão da
decadência de eventuais créditos tributários lançados na ação
fiscal, assim passamos a proceder.

A decadência em matéria tributária possui regime


jurídico próprio, e é regida, por delegação constitucional
(CF, art. 146, inciso III, alínea ‘b’), pelo Código
Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu


regras sobre o comentado instituto jurídico (decadência), em
vista, precipuamente, da modalidade de lançamento adotada
para cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento por


homologação, ao qual está sujeito o ICMS, o prazo decadencial
é regido pelo 4º do art. 150 do CTN, cuja redação se
transcreve:

“Art. 150. (...)


§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele
de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública
se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo
se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.”

Assim, em sendo o marco inicial do prazo


decadencial fixado, em lei, pela ocorrência do fato gerador,
ou seja, pela realização no mundo fenomênico da hipótese
normativa contida na regra matriz de incidência tributária, o
que se efetiva com a saída da mercadoria do sujeito passivo
deduz-se que observados 05 (cinco) anos sem que o Fisco se
pronuncie sobre os procedimentos/recolhimentos fixados no
caput e demais §§ do citado art. 150, estariam estes
tacitamente homologados, logo, decaída a faculdade da
autoridade fazendária de revê-los. Isto diante da extinção do

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crédito, por homologação tácita, na dicção dos citados
dispositivos legais.

No caso em apreço, em tendo sido o sujeito passivo,


ora Recorrente, notificado do novo lançamento da para a
apresentação da defesa ou pagamento somente em 05 (cinco) de
junho de 2009 (dois mil e nove), tem-se como consectário que
eventuais créditos tributários apurados em período anterior a
05/06/2004 estão decaídos, logo, extintos, na esteira do art.
156, inciso V, do CTN.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


manifesta-se no sentido de corroborar com o entendimento ora
manejado:

“Até que o sujeito passivo seja notificado, o auto de


infração carece de eficácia, como título hábil para
afastar a decadência do direito de constituir o
crédito tributário.” (STJ. REsp 73.594/PR. STJ, 1ª T,
Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. DJU 04.03.96)”

Mais uma vez está plenamente justificada a reforma


da decisão de primeira instância, em face da ocorrência de
decadência do crédito tributário, o que gera a consequente
improcedência do Auto de Infração 040412.

Todavia, apenas à título argumentativo, caso não


seja reconhecida a decadência do crédito tributário em
comento, reputando-se válido e completo o Auto de Infração
revisado, ou seja, considerando-se que o lançamento
aperfeiçoou-se e constituiu o crédito tributário, é possível,
ainda, destacar que este encontra-se prescrito.

Pois bem. Caso se repute por completo o lançamento,


deve-se adotar como fim do processo administrativo
tributário, ou seja como termo inicial da contagem do prazo
prescricional para o ajuizamento da Execução Fiscal, o Termo
de Revelia lavrado em 12 de agosto de 1992, nos termos do
artigo 903 do RICMS.

“Art. 903 Findo o prazo previsto na intimação e não


havendo o pagamento ou início do pagamento do débito

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ou apresentação de defesa ou recurso, será
providenciada a lavratura do Termo de Revelia e o
encaminhamento do débito para inscrição na Dívida
Ativa.
§1º A revelia do autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito de decisão final
no processo administrativo fiscal.
§2º No caso de impugnação parcial, não cumprida a
exigência relativa à parte não litigiosa do crédito, o
órgão preparador, antes da remessa dos autos a
julgamento, providenciará a formação de autos
apartados para imediata cobrança da parte não
contestada, consignando essa circunstância no processo
original.
§3º Verificada a hipótese do parágrafo anterior, dá-se
a revelia do autuado, no que se referir à parte do
crédito que não tiver sido impugnada.”

Aceitando-se que houve a revisão do Auto Infração


pela peça contestatória e que a Contribuinte teria tido prazo
suficiente para a apresentação de sua defesa ou pagamento,
mas não a ofereceu, ter-se-ia operado, consoante o artigo
supramencionado do RICMS, a constituição definitiva do
crédito tributário com a lavratura do Termo de Revelia em 12
de agosto de 1992, passando a contar o prazo prescricional
quinquenal para o ajuizamento do feito executivo fiscal
previsto no artigo 174 do Código Tributário Nacional.

Nesses termos, teria o Fisco Estadual 5 (cinco)


anos para ajuizar a Execução Fiscal com vistas à cobrança dos
créditos em discussão, prazo que findaria em 12 de agosto de
1997. Contudo, não foi o que ocorreu no presente caso, já que
até à presente data não há feito executivo ou inscrição em
Dívida Ativa.

Demonstra-se, mais uma vez, a improcedência do Auto


de Infração e a necessidade de reforma da decisão de primeira
instância, já que o crédito tributário encontra-se prescrito
deste 1997, não podendo mais ser ajuizada a sua ação de
cobrança.

Por fim, em uma breve análise do mérito do Auto de


Infração, cabe apontar que, pela compulsão dos documentos e

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notas fiscais trazidas aos autos pela Contestação da
autoridade fiscal, todas as operações retratadas dizem
respeito a transferências de mercadorias entre
estabelecimentos da mesma empresa, o que não é pode
constituir fato gerador de ICMS, apesar da autonomia
existente entre estabelecimentos.

Assim, a mera saída da mercadoria de uma


estabelecimento para outro do mesmo contribuinte “não
materializa o ICMS por não tipificar a realizações jurídicas,
mas simples circulações físicas que sequer denotam relevância
para o Direito”. (MELO, José Eduardo Soares de. ICMS: teoria
e prática. 8. Ed. São Paulo: Dialética, 2005. P. 29)

Esse entendimento é majoritário na doutrina e


jurisprudência nacional, tendo inclusive motivado a edição da
súmula 166 do Superior Tribunal de Justiça:
“Súmula 166: Não constitui fato gerador do ICMS o
simples deslocamento de mercadoria de um para outro
estabelecimento do mesmo contribuinte.”

No mesmo sentido se postam as seguintes decisões do


Supremo Tribunal Federal:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRIBUTÁRIO. ICMS. SIMPLES DESLOCAMENTO DE MERCADORIA.
PRECEDENTES. OFENSA AOS INCISOS LIV E LV DO ART. 5º,
AO INCISO IX DO ART. 93 E AO INCISO III DO ART. 105 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INSUBSISTÊNCIA. AFRONTA AO ART.
97 DO MAGNO TEXTO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1. O
ICMS não incide no simples deslocamento da mercadoria
entre estabelecimentos de uma mesma empresa.
Precedentes. 2. A jurisdição foi prestada de forma
completa pelo Superior Tribunal de Justiça, em acórdão
devidamente fundamentado, embora em sentido contrário
aos interesses da parte recorrente, sem afronta aos
incisos LIV e LV do art. 5º, ao inciso IX do art. 93 e
ao inciso III do art. 105 da Constituição Federal. 3.
A suposta ofensa ao art. 97 do Magno Texto não foi
apreciada pelo aresto impugnado. Tampouco foi
suscitada nos embargos declaratórios opostos. Falta,
portanto, o necessário prequestionamento, nos termos
das Súmulas 282 e 356/STF. 4. Agravo regimental
desprovido.
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(STF. AI 769897 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,
Segunda Turma, julgado em 08/02/2011, DJe-075 DIVULG
19-04-2011 PUBLIC 25-04-2011 EMENT VOL-02507-02 PP-
00245)

EMENTA: AGRAVOS REGIMENTAIS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


TRIBUTÁRIO. REPARTIÇÃO DO ICMS. VALOR ADICIONADO
FISCAL - VAF. MUNICÍPIOS DE BASE EXTRATIVA. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. DESLOCAMENTO DE MERCADORIAS.
ESTABELECIMENTOS DO MESMO TITULAR. 1. O acórdão
recorrido não se distanciou da jurisprudência do STF
ao afirmar que, ocorrendo o fato gerador do tributo -
ICMS - no território do Município de Ouro Preto, local
de saída final dos produtos beneficiados, não existe
motivo para a participação dos municípios de base
extrativa na receita proveniente da arrecadação do
ICMS com base no valor adicionado fiscal - VAF, vez
que não houve agregação de valor às mercadorias nos
referidos municípios. 2. Reexame de fatos e provas.
Incidência da Súmula n. 279 do STF. Impossibilidade em
recurso extraordinário. 3. O Supremo Tribunal Federal
fixou entendimento no sentido de que o simples
deslocamento da mercadoria de um estabelecimento para
outro da mesma empresa, sem a transferência de
propriedade, não caracteriza a hipótese de incidência
do ICMS. Precedente. Agravos regimentais a que se nega
provimento. (STF. RE 422051 AgR, Relator(a): Min.
EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 08/06/2010, DJe-
116 DIVULG 24-06-2010 PUBLIC 25-06-2010 EMENT VOL-
02407-04 PP-00817 LEXSTF v. 32, n. 380, 2010, p. 201-
207 RT v. 99, n. 900, 2010, p. 168-172)
EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO. SAÍDA FÍSICA DE BENS DE UM
ESTABELECIMENTO PARA OUTRO DE MESMA TITULARIDADE. NÃO
INCIDÊNCIA DO ICMS. PRECEDENTES DA CORTE. AGRAVO
IMPROVIDO. I - A jurisprudência da Corte é no sentido
de que o mero deslocamento físico de bens entre
estabelecimentos, sem que haja transferência efetiva
de titularidade, não caracteriza operação de
circulação de mercadorias sujeita à incidência do
ICMS. II - Recurso protelatório. Aplicação de multa.
III - Agravo regimental improvido. (STF. AI 693714
AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 30/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-
2009 PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-13 PP-02783)”.

Ou seja, mesmo que superadas todos os pontos


previamente expostos sobre a nulidade do Auto de Infração,

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decadência, prescrição e remissão do crédito tributário, o
imposto em cobrança não é devido já que diz respeito a
operações não inclusas entre os fatos geradores do ICMS, o
que, novamente, impõe o reconhecimento da nulidade do Auto de
Infração.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para DAR-LHE PROVIMENTO, para
anular a Decisão n.º 16.898/2010.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 24 de maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


VOTO VISTA VENCEDOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR
(ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR) (ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR)

ACÓRDÃO CTE Nº 133/2013 Página 14


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 20 – REALIZADA em 27/05/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO Nº: 1500-036340/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 90.00099-001
RECORRIDO: JAM DISTRIBUIDORA LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 134/2013

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO.


PRELIMINAR DE NULIDADE. AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO
CONTRADITÓRIO. Comprovado que o
contribuinte solicitou cópia de
documentação que instruiu o
lançamento, com a finalidade de
apresentar impugnação, e demonstrado
que as copais não foram entregues.
Deve ser acolhida a preliminar, para
anular os atos praticados a partir
do requerimento do pedido de cópias.
Recurso conhecido e provido.

RELATÓRIO

Trata-se de exame de recurso ordinário, cujo objeto é a


reforma da decisão administrativa n° 18.187/11, esta, por sua vez,
julgou pela procedência do lançamento do crédito tributário presente
no auto de infração n° 90.00099-001.

No supracitado Auto, consta que: “o contribuinte adquiriu


no período de junho de 2005 a novembro de 2009, mercadorias
acompanhadas notas fiscais emitidas por empresas com situação
cadastral cancelada, notas fiscais falsas com selo fiscal
adulterado, emitidas antes da AIDF e com selos fiscais
confeccionados por scanner”.

Desse modo, infringindo o disposto nos art. 97 da Lei

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5.900/96, assim, a autoridade fiscal aplicou a penalidade prevista


no art. 97 da Lei 5.900/96. Fixando o crédito tributário no valor de
R$: 3.013.133,13(três milhões, treze mil, cento e trinta e três
reais e treze centavos).

Em sua defesa, a autuada, tempestivamente, alegou de


forma preliminar a nulidade do feito, por afronta aos princípios da
ampla defesa e do contraditório, alegando que não lhe fora concedido
acesso aos livros e documentos fiscais, de sua propriedade, que
fundaram o auto.

No mérito, impugnou a autuação alegando que: 1) o ICMS


foi destacado e recolhido na saída das mercadorias; 2) constituiria
abuso puni-lo em virtude de erro ou suspensão da inscrição do seu
fornecedor; 3) Não tinha competência para auferir a autenticidade
das Notas Fiscais; 4) Nada é confeccionado por scanner, o qual é uma
ferramenta de aquisição de imagens; 5) As alegações foram baseadas
em presunções, anexando estudo doutrinário sobre o tema; 6) a
cobrança do imposto configuraria Bis in Idem; 7) Caberia
interpretação mais benéfica ao contribuinte, configurando assim uma
falha administrativa, que estaria sujeita a multa acessória; 8) que
os fiscais cometeram o crime de exação; e por fim solicitou a
nulidade ou improcedência do Auto.

Nas contrarrazões, a representação fiscal,


preliminarmente arguiu que a autuação ocorreu dentro de todas as
formalidades legais e que o contribuinte fora formalmente intimado,
nos termos do art. 11 da Lei 6.771/2006.

Já no mérito, ratificou os termos do Auto, afirmando que:


1) este continha todos os documentos solicitados e apresentados pelo
contribuinte e constituiria meio de prova inequívocos; 2) o
exercício do direito de defesa, previsto no art. 23 da Lei
6.771/2006, pelo impugnante, tem caráter protelatório; 3) o

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administrador é pessoalmente responsável pelas obrigações


tributárias da sociedade limitada; 4) toda a atividade fiscal foi
minuciosamente detalhada, facilitando inclusive a defesa do Autuado;
5) no caso específico, segundo entendimento doutrinário, é possível
a produção de provas via presunção; 6) respeitados os preceitos
legais, previstos no art. 141, não restaria outra conduta, por parte
dos autuantes, se não proceder com a autuação; 7) foi respeitado o
contraditório, mas que este não foi devidamente exercido pela outra
parte; e por fim solicitou que o juiz, seguindo sua convicção e de
forma motivada, determinasse a norma a ser aplicado no referido
caso.

Na decisão ora em análise, a Coordenadoria de Julgamento:


1) Derrubou a alegação de cerceamento de defesa, por considerá-la
frágil e sem fundamento probatório, seguido entendimento do art.
891, IV RICMS, instituído pelo Dec. Lei 35.245/91; e 2) considerou
que a autuação não se baseava em mera presunção, fundamentando a
decisão da seguinte forma: art. 43 da Lei 441/82, art. 21, IX, da
Lei 5900/96, arts. 49, VIII e 207, IX e X do RICMS; 3) alegou que
não houve cumulatividade a cobrança dos tributos, por incidir o art.
34 da Lei 5.900/96; 4) considerou ser possível a apuração da
responsabilidade tributária, via esfera administrativa, por amparo
ao art. 43 da lei 4418/82 e art. 136 do CRT ; 5)ante as provas
acostadas aos autos,considerou que houve aquisição de mercadorias
por meio de documentos fiscais inidôneos, art. 207, IX e X do RICMS,
devendo incidir a penalidade prevista no art. 97 da Lei 5.900/96; e
6) afirmou que a responsabilidade tributária e penal estariam
intrinsecamente vinculadas, e que segundo art. 814, caput e § 3° do
RICMS, com o julgamento definitivo do lançamento administrativo, os
autos devem ser levados a conhecimento do Ministério Público;

Assim, decidiu a Coordenadoria pela procedência do


lançamento tributário consignado no Auto de Infração 90.00099-001,
nos termos do art. 21, IX e X da Lei 5.900/96, cominando a

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penalidade aplicada no art. 97 da mesma Lei, totalizando o crédito


tributário em R$: 3.013.133,13(três milhões, treze mil, cento e
trinta e três reais e treze centavos), dos quais 1.004.377,71(um
milhão, quatro mil, trezentos e setenta e sete reais e setenta e um
centavos), relativos ao ICMS e 2.008.755,42(dois milhões, oito mil,
setecentos e cinquenta e cinco reais e quarenta e dois centavos)
correspondente a multa aplicada.

Intimada da decisão, a contribuinte apresenta,


tempestivamente, recurso ordinário, no qual, transcreve a defesa
apresentada no juízo singular, acrescentando crítica ao julgamento
singular, por este ir de encontro ao entendimento dos tribunais
superiores, acrescentando jurisprudência. Por fim requereu a
nulidade ou a improcedência do Autor de Infração.

Já nas contrarrazões, a representação fiscal, arguiu que:


o autuado praticou o tipo ilícito da evasão fiscal e fez uso de
negócios aparentemente válidos, mas constituídos com fraude à lei
civil, se enquadrando no disposto pelo art. 1° da Lei 8137/90, no
mais reiterou os termos da contrarrazão inicial, recomendando que a
procedência do auto de infração seja mantida.

DA NULIDADE

Como demonstrado no relato acima a recorrente


praticamente reitera, em suas razões recursais, os fundamentos de
sua impugnação, dentre eles argui mais uma vez a nulidade do
lançamento, sob argumento de cerceamento do direito de defesa, ao
explicitar que ao ser intimado da autuação “via correio”, recebeu
apenas o auto acrescido de 18(dezoito) páginas, o que motivou o
pleito administrativo para fornecimento de cópia dos autos, o qual
segundo a recorrente continha 673(seiscentos e setenta e três
folhas).

Compulsando o volume 07 dos autos, vê-se que a

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contribuinte foi intimada em 15/02/2011 do lançamento, através do


“AR” fls. 690, intimação essa que também foi publicado no DOE/AL em
01/03/2011, neste ínterim a recorrente protocolou em 22/02/2011,
requerimento(fls. 62)volume 08, no qual solicita junto a SEFAZ/AL
cópia dos autos do processo administrativo, para assim ter acesso
aos documentos que o instruem.

Compulsando a decisão recorrida, percebe-se que o


julgador singular também constatar o pedido para entrega de
documentos, apesar de não acatar os argumentos de defesa, sobre a
nulidade, ao afirmar que “a defesa revelou pleno conhecimento da
autuação, não restando dúvida, portanto, quanto à acusação feita,
estando esta embasada em cópias dos documentos tidos por emitidos
com inobservância das disposições regulamentares”.

Vê-se, diante da síntese acima, que inicialmente a


presente análise queda sobre a violação ao princípio da ampla defesa
e contraditório.

É oportuno ressaltar que apesar da legislação processual


tributária Estadual e Federal, estabelecerem hipóteses de nulidades,
tais não são taxativas, podendo ocorrer situações outras, que também
leve a nulidade do lançamento ou de qualquer ato processual.

Entretanto, no caso dos autos, a hipótese arguida,


encontra-se prevista em lei, mais especificamente na norma do art.
7º da lei nº 6.771/2006, nos seguintes termos:

Art. 7º São nulos:


I - ...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de
defesa;

Já o decreto nº 70.235/72, o qual disciplina sobre o


processo administrativo fiscal no âmbito federal, também define que

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são nulos os atos praticados com “preterição do direito de defesa”,


nos termos do inciso II do art. 59 1.

Ora, no caso em deslinde o contribuinte prova que


solicitou ao Fisco Estadual cópia dos documentos que instruíram o
auto de infração, fato evidenciado na própria decisão recorrida e
não refutado pelo fisco, o qual não demonstra nem argumenta que
houve a entrega dos aludidos documentos.

Percebe-se, portanto que o Recorrente, ao propor sua


impugnação, não teve acesso à documentação solicitada, a qual
lastreou o lançamento. O fato do contribuinte, ter conhecimento dos
fatos que lhe são imputados e apresentar sua defesa, não tem o
condão de afastar o cerceamento do direito de defesa, até porque,
caso inerte quedasse, ou seja, se não apresentasse sua impugnação,
seria lavrado o competente termo de revelia e realizada a inscrição
em dívida ativa.

Os princípios do devido processo legal, contraditório e da


ampla defesa, estão consagrados em nossa constituição, no 5º, nos
incisos LIV e LV 2. Autores renomados ao lecionarem sobre o processo
administrativo tributário, defendem o amplo conhecimento da ação
fiscal, como forma de propiciar ao contribuinte um defesa adequada,
legitimando suas pretensões. Eis as palavras de Eduardo Domingos
Bottallo e Gordillo:

1
Art. 59. São nulos:
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;
II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de
defesa
2
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes

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BOTTALLO
“o contencioso deve ser estruturado de modo que possa
propiciar aos contribuintes as garantias processuais
retro apontadas já que elas expressam a obrigatoriedade
da observância de um tipo de processo legalmente
previsto antes de alguém ser privado da vida, da
liberdade e da propriedade”. 3

GORDILLO

“o devido processo legal (na acepção que ora importa


destacar) compreende dois aspectos essenciais, a saber:
o direito de ser ouvido e o direito de oferecer e
produzir provas. O direito de ser ouvido pressupõe: (a)
a publicidade do procedimento (direito de conhecimento),
manifestada pelo leal e integral conhecimento da ação
administrativa; (b) a oportunidade de o administrativo
expressar suas razões antes da decisão e também depois
(dupla instância de julgamento); (...) 4

No caso dos autos, observando o já relatado, no se identifica


nulidade do lançamento, entretanto a partir do momento que se
apresenta uma impugnação demonstrando que foi solicitado cópias de
documentos que instruíram a autuação, para assim ser proferida sua
defesa, e tais documentos não foram entregues e em seguida foi
proferida a decisão mantendo o lançamento, percebe-se o vício na
decisão e não no lançamento.

Sobre o tema, são oportunas as palavras de Marcos Vincius Neder


e Maria Teresa Martiínez López:
“as decisões administrativas devem ser emitidas sempre
em respeito aos princípios do contraditório e da ampla
defesa, sob pena de serem consideradas nulas pela falta
de elemento essencial a sua formação” 5

3 
BOTTALLO, Eduardo Domingos. Curso de processo administrativo tributário. São Paulo, Malheiros: 2006 (P.41)

4
GORDILLO, Agustín A.“ La garantía de defensa como principio de eficacia en el procedimento administrativo”. RDP 10/16-24.
São Paulo. Ed. RT.

5
NEDER, Marcos Vinicius; LÓPEZ, Maria Teresa Martínez. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3ª. Ed. São Paulo:
Dialética, 2010 (P.573)

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O então Conselho de Contribuintes, hoje CARF – Conselho


Administrativo de Recursos Fiscais, já se posicionou sobre as
hipóteses de nulidade da decisão recorrida, quando constado o
cerceamento do direito de defesa, nos seguintes termos:
Acórdão nº 30334313 do Processo 10314006202200336
Assunto: Regimes Aduaneiros Exercício: 1998 Ementa: PAF.
Nulidade da decisão recorrida. É nula a decisão proferida com
cerceamento do direito de defesa e com inobservância do
princípio da verdade material, caracterizados tanto pela recusa
na prorrogação de prazo para apresentar impugnação, após o
acesso aos autos pela empresa, quanto pela falta de apreciação
de documentos posteriormente anexados.
Analisando os fundamentos acima e o § 3º 6 do art. 7º da
Lei nº 6.771/2006, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário para dar
provimento e acolher a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de
defesa, para declarar nulo todos os atos praticados a partir do
requerimento da recorrente (fls. 62 volume 08), que solicitou cópia dos
documentos que instruíram o lançamento.

Decide-se ainda, que devem ser disponibilizados, pela


SEFAZ, meios para que o contribuinte tenha acesso à cópia de todos os
documentos que instruem o lançamento, e a partir de obtidas e certificado
nos autos a entrega, será iniciado prazo para ser apresentada nova
impugnação, no prazo legal de 30(trinta) dias.

Sala de Sessões do CTE, em 27/05/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

6
§ 3º As irregularidades que tiverem causado prejuízo à defesa, quando devidamente identificadas e justificadas, só
acarretarão a nulidade dos atos que não puderem ser supridos ou retificados.

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 20- Realizada em 27/05/2013 – 2ª Câmara
PROCESSO: 1500-016008/2008 e CTE nº 169/2012.
ANEXO: 1500-018187/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.80750-001.
AUTUADA: MERVIL – MERCANTIL VIEIRA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.101820-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.601/12.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): José Adelson Felix de Freitas.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº135 /2013

EMENTA- ICMS. Não escrituração de


notas fiscais de entradas de
mercadorias sob o regime de
substituição tributária.
Infração descaracterizada pela
defesa mediante o acostamento aos
autos de acervo probatório
pertinente. Documentos fiscais
destinados a outros
contribuintes. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO
Trata-se de Auto de Infração lavrado contra MERVIL –
MERCANTIL VIEIRA LTDA - pessoa jurídica devidamente
qualificada, para exigência de crédito referente à multa,
por, em tese, ter o contribuinte deixado de registrar notas
fiscais de entradas de mercadorias sujeitas à substituição

Acórdão CTE Nº135/2013.


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tributária, no período compreendido entre os meses de
Janeiro/2006 a Dezembro/2007.
Como infração legal, foram apontados os artigos 2º, §
2º, II e 50 da Lei nº 5900/96 e os artigos 49, VI, “a” e 280,
caput, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto
35.245/91. Foi sugerida a penalidade do artigo 107 da Lei nº
5900/96.
Instruem a inicial como principais elementos
probatórios: relação das notas fiscais substituição
tributária não registradas tendo como emitentes as empresas
Cia. Alagoana de Refrigerantes e Souza Cruz S/A, cópias dos
livros fiscais de entradas de mercadorias relativos aos
exercícios de 2006 e 2007,relatório SINTEGRA – Sistema
Integrado de Informações Interestaduais com Mercadorias e
Serviços – Omissão de Saída (informação de terceiros)
O sujeito passivo apresentou impugnação à exigência
fiscal alegando, em síntese, não ter ocorrido a infração
apontada em virtude de, como asseveram as declarações dos
fornecedores (fls. 19 e 20 do processo anexo) mais
documentação probatória também acostada (fls. 21 a 33 do
mesmo processo), os emitentes das referidas notas venderam as
mercadorias para outros clientes, porém, por erro, com o
número da inscrição estadual do autuado. Finalizou requerendo
que seja julgado improcedente o Auto de Infração.
Em contrarrazões, a autoridade fiscal aduzindo que
embora o autuado tenha anexado à sua defesa declarações de
fornecedores sobre os equívocos cometidos pelos mesmos, não
houve a escrituração das notas fiscais no livro próprio, pelo
que requereu a procedência do auto de infração.
Requisitada diligência fiscal pelo órgão julgador
singular, objetivando a conferência da autenticidade dos
documentos fiscais acostados pela defesa, bem como a juntada
das outras notas fiscais relacionadas na autuação, tendo
ocorrido o acostamento das cópias das mesmas.
Após, foi proferida a Decisão nº 18.601/12, tendo o
julgador singular decidido pela improcedência do lançamento
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. Lançamento de


ofício do crédito tributário. 2. Não

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escrituração de Notas Fiscais de
entradas de mercadorias sujeitas a
substituição tributária. 3. Infração
descaracterizada pela defesa
mediante o acostamento aos autos de
acervo probatório pertinente. 4.
Documentos fiscais apresentando como
destinatários outros contribuintes.
5. Lançamento IMPROCEDENTE. 6.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, em atendimento
ao art. 48, I, da Lei Estadual nº
6.771/06.
Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.

VOTO

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 18.601/12,


de Primeira Instância, conforme ordenado no art. 48 da Lei nº
6.771/06, que julgou improcedente o lançamento de ofício de
multa devido à suposta falta de registro de notas fiscais em
livro fiscal próprio.
Conforme elementos de prova trazidos tanto pelo
contribuinte quanto pela requisição fiscal – declarações dos
fornecedores sobre o erro de emitirem as notas fiscais com a
inscrição estadual do autuado, mas destinadas para outros
clientes e as respectivas cópias das notas fiscais com
destinatário diverso da razão social do autuado, mas com a
sua inscrição estadual – verifico acertada a decisão de piso.
Ficou comprovado nos autos que as mercadorias
relacionadas nas notas fiscais objetos da autuação não foram
destinadas ao estabelecimento do autuado, como se pode
verificar ao se examinar as mesmas. Tal fato foi reforçado
pelas declarações emitidas pelos seus fornecedores, admitindo

Acórdão CTE Nº135/2013.


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o erro cometido. Ou seja, o defendente não poderia registrar
no livro fiscal de entrada de mercadorias, documentos fiscais
destinados a outros contribuintes nem mercadorias nunca
recebidas.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO,
mantendo na íntegra a decisão singular ora em reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 27 de maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M.DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A, FILHO


JULGADOR JULGADOR

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JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: 17 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 04/06/2013


Processos: 1500-034.029/2010 e CTE nº 552/2011.
Anexos: 1500-090.108/2009; 1500-013.342/2009; 1500-028.184/2010; 1500-
004.986/2011 e 1500-002.123/2011 e 1500-031.343/2011.
Auto de Infração: 90.06762-001, de 15/12/2010.
Autuada: ADRIANA P. CHAVES MASSIGNANI – ME.
Inscrição Estadual: 24.601.193-9.
Decisão monocrática: 18.173/2011.
Assunto: Recurso Ordinário.
Autuante: Jorge Ricardo de Souza.
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
VOTO DE DESEMPATE DO PRESIDENTE (ACOMPANHANDO A RELATORA): SÉRGIO
GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO: Nº137/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Omissão de


saídas de mercadorias tributáveis em operações
internas, fato apurado através do confronto entre
os valores que foram informados pelas
administradoras de cartões de crédito e de débito
com valores declarados e escriturados pela autuada
nas DASN e PGDAS nos exercícios fiscalizados,
resultando em uma diferença a maior, por não ter a
autuada emitido os cupons fiscais quando das vendas
de mercadorias. 2) Preliminares de nulidade do
auto de infração: a) Por vício insanável (a autuada
alega não ter recebido cópias dos documentos
anexados na inicial), rejeitada por unanimidade. b)
Por violação ao sigilo fiscal rejeitada por maioria
(com desempate pelo voto do presidente que
acompanhou o voto relator). 3) Presunção relativa
admitida (artigo 2º, I, § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996, na redação da Lei Estadual nº
6.970/2008), não foi afastada pela autuada. A
Infração restou devidamente comprovada. 4) No
mérito: Irretroatividade da Lei Estadual nº
6.970/08, afastada por maioria, com voto desempate
do presidente que acompanhou na íntegra o voto
relator, haja vista, que é possível a norma
retroagir uma vez que sua natureza formal e
procedimental permite que seja aplicada na apuração
do ICMS a fato gerador que tenha ocorrido antes de
entrar em vigência (artigo 144, § 1º, do CTN). 5)
Aplicável ao auto de infração por unanimidade a
legislação tributária prevista para a Sistemática

ACÓRDÃO 137/2013 Página 1


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Normal de Tributação conforme previsão do artigo


13, § 1º, XIII, alínea “f”, da Lei Complementar nº
123/2006. 6) Reduzido o valor do crédito tributário
pela aplicação da penalidade (multa prevista no
artigo 79, da Lei Estadual nº 5.900/96), por ser
mais adequada e porque a infração foi apurada por
Levantamento Fiscal. 7) Lançamento Procedente em
Parte. Recurso Ordinário conhecido e Provido
Parcialmente, por maioria de votos.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


ADRIANA P CHAVES MASSIGNANI - ME, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário, no valor de R$ 590.221,44
(quinhentos e noventa mil, duzentos e vinte e um reais e quarenta
e quatro centavos), por haver a autuada no período de janeiro/2007
a março/2009, deixado de recolher o ICMS decorrente da omissão de
saídas relativas às operações e prestações realizadas cujos
pagamentos foram feitos pelos adquirentes por meio de cartão de
crédito e débito ou similares, fato apurado através do confronto
entre os valores de vendas informados pelas administradoras de
cartões de crédito e de débito com os valores informados no
LRAICMS (de 01/01/2007 a 30/06/2007) nas DASN - Declarações Anuais
do Simples nacional e nos PGDAS (de 01/07/2007 a 31/07/2009).

Apontados como infringidos os artigos 1º, I, II,


III e V; 2º, § 9º; 31, I, II; 50, § §2º ao 7º, da Lei nº 5.900/96; e
artigo 272-B, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/96.

Os autos estão instruídos com relatório de dados


cadastrais do contribuinte; cópia das Intimações Fiscais nº 9006762
e 9006762/002; cópia dos Termos de início e de encerramento de
fiscalização; cópia do LRAICMS, de janeiro e junho de 2007;
Declaração Anual do Simples Nacional (DASN), de julho/2007 a
dezembro/2009; Demonstrativo fiscal confrontando as informações
fiscais prestadas nas DASN com os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito e de débito, além de apuração
da diferença de vendas e ICMS a recolher; relatório de movimentações
financeiras fornecidos pelas administradoras de cartões; Relatório
das Transferências Eletrônicas de Fundos (cartão crédito e débito)
comparadas com faturamento apontado em informações de DAC, SINTEGRA,
PGDAS da autuada; e cópias de Ofícios enviados pela SEFAZ/AL às
administradoras de cartões de crédito e débito.

DA DEFESA

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A autuada apresentou defesa, tempestiva, com as


seguintes alegações:

a) Que, houve cerceamento de defesa, porque não


foram atendidos os princípios do contraditório e da ampla defesa,
pois na intimação ao auto de infração não teve acesso a todos os
documentos utilizados em sua lavratura, tornando nula a autuação
conforme jurisprudência do STF e do STJ; houve quebra do sigilo
fiscal, porque a SEFAZ/AL acessou seus dados de movimentação
financeira das operações com cartão de crédito e débito sem a devida
autorização judicial; houve ofensa ao princípio da irretroatividade
ou anterioridade, já que a Lei nº 6.970/2008, somente entrou em
vigor em 05/08/2008, sendo completamente ilegal a cobrança de
valores relativos a 2007 e 2008, com base na citada lei. Por fim,
pede em sede de preliminar, a nulidade total do auto de infração
porque violado o direito de defesa, artigo 5º, LV, da CF/88 e artigo
7º, IV, “a” da Lei Estadual nº 6.771/2006; e no mérito, a
improcedência do auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES

A Comissão de Representação Fiscal (CRF)


apresentou contrarrazões alegando:

a) Que, não houve cerceamento do direito de


defesa, tendo em vista que foram oferecidos à autuada todos os meios
para o amplo exercício deste direito; a intimação por via postal se
deu sem qualquer vício, porque foi feita com obediência ao § 2º, do
artigo 895, do RICMS/91; em período anterior á lavratura do auto de
infração a autuada, através do Processo 1500-013.342/2009, foi
devidamente intimada para de forma espontânea, efetuar o pagamento
do imposto apurado, tendo naquela oportunidade obtido detalhamento
analítico dos valores; sendo intimada novamente em 03/12/2010, para
efetuar o pagamento também de forma espontânea.

b) Que, o procedimento administrativo de obtenção


das informações das administradoras de cartão de crédito e débito,
relativas às operações por elas efetivadas não configura afronta ao
direito de sigilo bancário previsto na Constituição; a autoridade
administrativa se valeu do que prevê o artigo 6º, da LC nº 105/2001;
frente ao posicionamento dos tribunais superiores a obtenção dos
dados das operações de vendas cartão de crédito e débito se mostra
obediente aos princípios constitucionais, sendo lícitas as provas
coletadas; as operações de vendas com cartão omitidas a SEFAZ/AL
foram feitas sem emissão de documento fiscal e pagamento do imposto.

c) Que, não houve instituição ou majoração de


tributo pela Lei nº 6.970/2008; a exigência do imposto, no caso em

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discussão, se sustenta na regra geral de tributação contida nos


artigos 1º, I; 2º, I; 31, e 50, I; da Lei nº 5.900/96; a Lei nº
6.970/2008, só exemplificou as situações características de omissão
de saídas; admitida a cobrança do imposto na situação em discussão,
independente da edição da nova lei, uma vez que o fisco se deparou
com vendas pagas com cartão de crédito/débito, cujos valores não
foram lançados nos livros fiscais; a infração se refere às saídas
sem documento fiscal, logo, observada, na aplicação da alíquota do
imposto, a regra de tributação prevista no artigo 13, § 1º, XIII,
alínea “f”, da LC nº 123/2006. Por fim, pede que seja indeferido o
pedido de nulidade do lançamento e no mérito, a procedência da
autuação.

Em 29/08//2011 foi proferida a Decisão nº


18.173/2011, de Primeira Instância, pela qual o julgador singular
decidiu ser Procedente o lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. OMISSÃO DE SAÍDAS. 1- Presunção de


omissão de saídas de mercadorias tributáveis, em
operações internas, sem pagamento do imposto; 1.1-
Comprovada diferença a maior entre os valores
informados pelas administradoras de cartões de crédito
e de débito, e os valores declarados e escriturados
pelo sujeito passivo; 1.2- Infração ao art. 2º, I, §9º,
V da Lei nº5.900/96, com redação dada pela Lei
nº6.970/08; 2- Não oferecida pela defesa, prova da
improcedência da presunção; 3- Não violação ao sigilo
bancário; A autoridade fazendária pode ter acesso às
informações bancárias do contribuinte quando houver
procedimento administrativo-fiscal em curso, sem o
crivo do judiciário, art. 6º da LC nº105/01; 4-
Norma procedimental de fiscalização; Possibilidade de
aplicação na apuração do ICMS, cujo fato gerador tenha
ocorrido antes da sua entrada em vigor, art. 144, §1º,
do CTN; 5- PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, tempestivo,


com as seguintes alegações:

I EM PRELIMINAR

1) A nulidade do auto de infração por vício


insanável, o cerceamento de defesa, uma vez que não recebeu nenhuma
cópia dos documentos anexados na inicial, o que vai de de encontro
ao jargão jurídico de que “cercear a defesa mata a autuação”,
invocando as lições de Liebman, de Eduardo Couture, Moacir Amaral

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dos Santos, e jurisprudências do STF e do STJ como embasamento da


preliminar.

2) A nulidade do auto de infração por haver sido


flagrantemente violado o direito de defesa em razão da quebra de
sigilo fiscal sem autorização judicial, de acordo com as
manifestações do STF (RE 243157 – AgR); do STJ e com a doutrina
(Paulo Quezado, Rogério Lima, Ivens Gandra, Hugo de Brito Machado)
aliados a 04 (quatro) princípios fundamentais: liberdade; Due
Process of Law; concepção formal de direitos fundamentais e
Separação dos Poderes (artigo 2º, da CF). Por fim, pede a
improcedência da autuação.

II – NO MÉRITO

1) Que, a Lei nº 6.970/2008, publicada em


05/08/2008, com vigência imediata, modificou o parágrafo 9º, do
artigo 2º, da Lei nº 5.900/1996, que traz em seu bojo a
possibilidade de informação pelas instituições financeiras;
administradoras de cartão de crédito e débito; e por outras pessoas
jurídicas detentoras de informações financeiras e dos valores
auferidos pelas empresas, para fins de cruzamento dessas informações
com as informações prestadas ao fisco; trata-se da criação de novo
fato gerador de ICMS, haja vista, a presunção de incidência no
presente caso, decorrente desse cruzamento de informações, que
apontou um faturamento maior do que aquele que foi informado ao
fisco.

2) Que, nesse diapasão é imperioso admitir a


aplicação do Princípio da Anterioridade Tributária, segundo o qual
leis que constituem novas exações tributárias só podem ter efeitos
concretizados no exercício financeiro seguinte ao da sua publicação;
no Brasil o exercício financeiro coincide com o ano civil (artigo
150, III, “b”, da CF/88); esse princípio deve estar associado ao
Princípio da “não-surpresa tributária” para evitar que contribuintes
sejam surpreendidos com novas cobranças, sem terem tido tempo
suficiente para conhecer a nova legislação e em função dela poderem
melhor se programar; o contribuinte, empresário ou não, necessita de
planejamento para dar continuidade a suas atividades e a seus
empreendimentos, assim como, para controle de seu orçamento
familiar, como ensina Hugo Machado de Brito.

3) Que, o STF por meio da ADIN 939, declarou que o


Princípio da anterioridade tributária é cláusula pétrea, e nesse
sentido é ilegal a cobrança de valores referentes ao ano de 2008,
uma vez que os efeitos da Lei nº 6.870/2008, somente poderiam se
concretizar no exercício financeiro de 2009; mais absurda ainda, é a
cobrança dos valores referentes ao exercício de 2007 e aos meses

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anteriores a agosto/2009, pois, nesses períodos a lei que autorizava


o cruzamento das informações sequer existia. Cita Hugo de Brito
Machado e Roque Carrazza, afirmando que apenas a lei mais benéfica
pode retroagir, uma vez que a regra da “lex mitior” ou lei mais
suave é própria do direito penal; não se visualiza no presente caso
qualquer benefício a autuada com a retroatividade da lei, muito ao
contrário, a aplicação dos efeitos legais antes da vigência da lei
causou prejuizos irreparáveis a autuada. Por fim, pede a reforma da
decisão singular e que seja declarado sem efeito o Lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A CRF - Comissão de Representação Fiscal por seu


Representante fiscal Delson Acioli Wanderley, apresentou
contrarrazões com as seguintes alegações:

1) Que, inexistiu o cerceamento do direito de


defesa, uma vez que a intimação da autuada se deu mediante o envio
do auto de infração por via postal, obedecendo aos preceitos legais,
tendo-lhe sido oportunizado em diversos momentos o conhecimento de
todos os elementos de provas que foram anexados aos autos.

2) Que, frente a posicionamento de tribunais


superiores o ato da autoridade adminstrativa para obtenção dos dados
das operações de vendas da autuada junto as empresas que administram
os cartões de crédito e débito, conforme Processo 1500-090.546/2009)
se revela obediente a todos os princípios constitucionais
consagrados e amparados pelas disposições da Lei Complementar nº
105/2001.

3) Que, em vista das operações de vendas terem


sido omitidas ao fisco estadual e realizadas sem o pagamento do
impostodevido, não procede a invocação para que seja aplicada a
regra refernte ao sigilo fiscal dos dados de tais operações para
encobrir o ilícito tributário praticado conforme jurisprudência
firmada no STJ.

4) Que, no presente caso, é desnecessário observar-


se o princípio da irretroatividade e da anterioridade da lei, por
não estarmos diante de nova hipótese de incidência de tributo,
instituida pela Lei nº 6.970/2008, mas apenas da implantação de
critérios materiais de apuração de um ilícito tributário, devendo
permanecer na autuação todos os valores, inclusive, aqueles
anteriores a edição da citada lei, uma vez que sua apuração utilizou
alíquotas e base de cálculo previtas na legislação específica.

5) Que, os valores das operações praticadas pela


autuada são de declaração obrigatória a Fazenda Estadual a teor do

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artigo 31, caput e § 1º, da Lei nº 5.900/96), que lhe assegura o


direito de conhecer os montantes das operações ou prestações
realizadas pela autuada (sujeito passivo da obrigação tributária).
Ademais, o artigo 50, § 11, I, da mesma lei, desde setembro/2007,
determina que as adminstradoras de cartões de crédito/débito,
forneçam ao fisco os valores das operações efetuadas pelos
contribuintes, através dos sistemas de débito e crédito.

6) Que, no presente caso o fisco não objetiva o


acesso aos dados da movimentação financeira da autuada, mas apenas
aos valores das operações efetuadas com pagamento por meio de cartão
de crédito/débito. Portanto, não houve quebra de sigilo bancário
como afirma o Rcurso Ordinário. Por fim, pede que sejam julgados
Improcedentes os pedidos de nulidade do auto de infração, e a
manutenção da decisão singular que julgou Procedente o Lançamento.
Assim, chegam os autos a este Conselho para análise do Recurso
Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto contra a


Decisão nº 18.173/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente
o Lançamento constante do auto de infração nº 90.06762-001, de
15/12/2010.

I - DAS PRELIMINARES DE NULIDADE

I.a) POR VÍCIO INSANÁVEL (CERCEAMENTO DE DEFESA UMA


VEZ QUE NÃO RECEBEU NENHUMA CÓPIA DOS DOCUMENTOS ANEXADOS NA PEÇA
INICIAL)

A análise dos autos demonstra que não existem


motivos para se declarar a nulidade do auto de infração por
cerceamento de defesa, uma vez que a autuada se defendeu de acordo
com as previsões da legislação tributária vigente, bem como, teve
pleno acesso a todas as provas carreadas aos autos, impugnou o auto
de infração, exercendo plenamente seu direito à ampla defesa e ao
contraditório.

Ademais a intimação da autuada foi por AR e os


documentos anexados estavam à sua disposição na repartição
fazendária durante 30 (trinta) dias, ou seja, durante o prazo para
defesa, e se ela não exerceu esse direito foi por sua própria
escolha uma vez que não havia impedimento legal, ao contrário, o
artigo 893, §§ 3º e 4º, do RICMS/91, lhe garantia acesso aos
documentos, motivo pelo qual rejeito a preliminar.

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“Art. 893 - Atendidas as determinações do artigo precedente e expirado o prazo


para apresentação de defesa ou recurso, a unidade preparadora deverá:
(...)”

§ 3º - É facultado vistas ao processo, durante a sua permanência no órgão


preparador, que não poderá ser superior a 30 (trinta) dias contados da data da
ciência, ao sujeito passivo ou ao seu representante legal.

§ 4º - É vedada a retirada do processo, sob qualquer alegação, do órgão


preparador ou de outro setor da Secretaria da Fazenda a que for destinado,
exceto por solicitação expressa do Secretário da Fazenda ou quando destinado a
autoridade autuante para realização de diligências, apresentação de
contestação, defesa a recurso ou para dar vistas a atos praticados no processo
dos quais não tenha conhecimento.
(...)”

I.b) PELA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR VIOLAÇÃO


AO DIREITO DE DEFESA EM RAZÃO DA QUEBRA DE SIGILO FISCAL SEM
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

A autuada alega que o auto de infração é nulo em


sua origem por haver o fisco estadual utilizado elementos (valores)
que foram obtidos com quebra de sigilo, contrariando disposições
constitucionais e legais e por se basear apenas nas informações que
foram prestadas pelas empresas administradoras de cartões de crédito
débito sem considerar outros valores.

Inicialmente, observe-se que as Instâncias


Administrativas Tributárias não são competentes para conceder a
tutela buscada pela autuada, visando o reconhecimento de que houve
quebra de sigilo por se encontrar esse assunto em tramitação perante
o Supremo Tribunal Federal através de ADIN’S que tentam obter a
declaração de inconstitucionalidade da LC nº 105/2001; fato, que
considero ser o principal óbice para concessão de tutela neste
processo.

A análise dos autos aponta que a ação fiscal tem


respaldo na norma tributária vigente no Estado de Alagoas, a teor do
§ 11, do artigo 50, da Lei nº 5.900/1996, que desde setembro/2007,
obriga as administradoras de cartões de crédito ou débito a
informarem ao fisco estadual o valor de cada operação ou prestação
efetuada por contribuintes do ICMS cujo pagamento se deu com cartão
de crédito ou débito; nos artigos 272-A e 272-B, do RICMS/91,
incluídos pelo Decreto Estadual nº 4.047/2008, que dispõe sobre a
apresentação das informações apresentadas pelas administradoras de
cartões de crédito ou débito; e na LC nº 105/2001 (artigos 5º, § 4º
e 6º).

LEI N 5.900/1996

“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição deverão,


de acordo com a respectiva atividade e em relação a cada um de seus
estabelecimentos:

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(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e de
empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação, informar ao
fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por contribuintes


do imposto através de seus sistemas de crédito, débito ou similares;
(...)”

RICMS (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/1991)

“Art. 272-A - As administradoras de cartão de crédito, débito ou similares


prestarão, mensalmente, por meio de declaração instituída em ato normativo da
Secretaria de Estado da Fazenda, as informações relativas às operações e
prestações realizadas pelos estabelecimentos de contribuintes cujos pagamentos
sejam feitos por meio de seus sistemas de crédito, débito ou similares.

§ 1º - Não serão identificados na declaração os respectivos titulares dos


cartões responsáveis pelo pagamento das faturas.

§ 2º - Ato normativo da Secretaria de Estado da Fazenda disporá acerca de:

I - prazo, forma e meio de entrega da declaração;


II - hipóteses em que poderá ser dispensada a entrega da declaração;

III - período exigido;

IV - outras informações necessárias à executoriedade das disposições desta


seção.
(...)”

“Art. 272-B - Os contribuintes do ICMS prestarão, mensalmente, por meio de


declaração instituída em ato normativo da Secretaria de Estado da Fazenda, as
informações relativas às operações e prestações realizadas cujos pagamentos
sejam feitos pelos clientes por meio de cartão de crédito, débito ou similar.

§ 1º Não serão identificados na declaração os respectivos titulares dos


cartões responsáveis pelo pagamento das faturas.

§ 2º As informações de que trata o "caput" poderão ser exigidas na Declaração


de Atividades do Contribuinte - DAC ou mediante intimação do fisco.

§ 3º Aplica- se o disposto no § 2º do art. 272-A à declaração de que trata


este artigo.
*Seção VIII, compreendendo os artigos 272-A e 272-B, acrescentada pelo Decreto
n.º 4.047/08.
(...)”

Portanto, a afirmação da autuada de que as


informações fiscais fornecidas pelas operadoras foram obtidas
mediante quebra de sigilo fiscal, não é verdadeira, haja vista, que
os procedimentos prévios adotados pelo fisco para obteção de tais
dados não estavam submetidos apenas às disposições dos artigos 5º, §
4º, e 6º, da LC nº 105/2001, uma vez que como já dito, as
informações fiscais da autuada foram obtidas com fundamento no § 11,
do artigo, 50, da Lei nº 5.900/1996; no artigo 272-A e no artigo
272-B, do RICMS/91.

Com relação ao artigo 5º, da LC nº 105/2001, apesar


do seu comando estar direcionado à administração tributária da
União, é certo que também se refere aos demais entes tributantes,

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daí haver o Estado de Alagoas aprovado a Lei nº 6.846/2007,


obrigando as administradoras de cartões de crédito e débito a
apresentarem as movimentações com cartões de crédito e débito dos
contribuintes do ICMS. Vejamos as disposições do artigo 5°, da LC n°
105/2001.
“Art 5º - O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e
aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições
financeiras informarão à administração tributária da União, as operações
financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços.
(...)

§ 4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios


de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a
autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que
necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada
apuração dos fatos.
(...)”

O artigo 5º, da LC nº 105/2011, autoriza que as


administradoras de cartões de crédito e débito transfiram as
informações para a administração tributária, inclusive, o seu exame
para fins proceder ao lançamento do crédito tributário sem
necessidade de um processo em curso ou de um procedimento
administrativo prévio, procedimento adotado também pelas normas
estaduais ora referenciadas.

Quanto a uma possível desobediência ao que


determina o artigo 6º, pu, da LC nº 105/2001, a analise dos
documentos anexados aos autos, confirma que através do Processo
1500-090.108/2009, o fisco teve conhecimento de que a autuada
apresentava inconsistência entre os valores que declarou em suas
DASN (2007, 2008 e 2009) com os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito e débito obtidos com total
observância ao citado artigo 6º, da LC nº 105/2001, que autoriza a
possibilidade de quebra do sigilo bancário desde que haja um
procedimento fiscal em curso. Este procedimento existia e como já
dito é o Processo 1500-090.108/2009.
“Art. 6o - As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais
exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa
competente. (Regulamento)
(...)

Parágrafo único - O resultado dos exames, as informações e os documentos a que


se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação
tributária.
(...)”

E, quanto a uma possível desobediência ao que


dispõe o artigo 6º, pu, da LC nº 105/2001, desta feita, por só haver
a fiscalização lavrado à autuação 01 (um) ano após a conclusão do

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Processo 1500-090.108/2009, tal procedimento está correto, uma vez


que o referido processo é uma medida prévia, preparatória e
indispensável à lavratura da presente autuação; e mais, a
solicitação de tais informações as operadoras de cartões de
crédito/débito também está prevista no artigo 50, § 11, I, da Lei nº
5.900/1996 (na redação dada pela Lei nº 6.846/2007), e tem por
objetivo a apuração do movimento real tributável que efetivamente
foi praticado pela autuada em tais períodos, e que nesta situação,
não pode a mesma alegar quebra de sigilo até porque os dados obtidos
não dizem respeito a suas informações bancárias, mas a suas
informações financeiras e relativas à suas transações comerciais que
ocorreram sem a emissão do respectivo documento fiscal e que
deveriam constar de suas DASN - Declaração Anual do Simples Nacional
e dos seus PGDAS - Programa Gerador do Documento de Arrecadação do
Simples Nacional nos exercícios mencionados.

Assim, observe-se que esses valores obtidos das


operadoras (terceiros) poderiam ser relativizados e não serem
considerados de maneira absoluta, haja vista, que as provas
apresentadas pelo fisco têm presunção iuris tantum, e a autuada não
apresentou qualquer contraprova desmentindo a diferença apurada e
demonstrando os valores mensais reais de suas operações de vendas
com cartões de credito/débito. Nesse sentido o Supremo Tribunal
Federal, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Federal
da 4ª Região e o TIT/SP, decidiram pela possibilidade de as
autoridades administrativas terem acesso a dados financeiros dos
contribuintes quando houver procedimento fiscal em curso, sem a
necessidade de prévia autorização do Poder Judiciário.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


“Inq 2593 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL
AG.REG. NO INQUÉRITO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 09/12/2010
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
DJe-030 DIVULG 14-02-2011 PUBLIC 15-02-2011
AGTE.(S): MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E
PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA E
INDIC.(A/S): R. C. OU J. R. V. C. E
ADV.(A/S): MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
COMPARTILHAMENTO DAS INFORMAÇÕES COM A RECEITA FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE.
AGRAVO IMPROVIDO.
I - Não é cabível, em sede de inquérito, encaminhar à Receita Federal
informações bancárias obtidas por meio de requisição judicial quando o delito
investigado for de natureza diversa daquele apurado pelo fisco.
II - Ademais, a autoridade fiscal, em sede de procedimento administrativo,
pode utilizar-se da faculdade insculpida no art. 6º da LC 105/2001, do que
resulta desnecessário o compartilhamento in casu. III - Agravo regimental
desprovido.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, negou
provimento ao recurso de agravo. Ausentes, neste julgamento, o Senhor Ministro
Celso de Mello e a Senhora Ministra Ellen Gracie. Presidiu o julgamento o
Ministro Cezar Peluso. Plenário, 09.12.2010.
(...)”

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“AC 33 MC / PR - PARANÁ
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CAUTELAR
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 24/11/2010 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação DJe-027 DIVULG 09-02-2011 PUBLIC 10-02-2011
REQTE.(S): GVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A
ADV.(A/S): JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO E OUTRO(A/S)
REQDO.(A/S): UNIÃO
ADV.(A/S): PFN - DEYSI CRISTINA DA'ROLT
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TUTELA DE URGÊNCIA (PODER GERAL DE CAUTELA).
REQUISITOS. AUSÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. REFERENDO DE DECISÃO MONOCRÁTICA (ART.
21, V DO RISTF). CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. DADOS BANCÁRIOS PROTEGIDOS POR
SIGILO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS DA ENTIDADE BANCÁRIA AO ÓRGÃO
DE FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. LEI
COMPLEMENTAR 105/2001. LEI 10.174/2001. DECRETO 3.724/2001. A concessão de
tutela de urgência ao recurso extraordinário pressupõe a verossimilhança da
alegação e o risco do transcurso do tempo normalmente necessário ao
processamento do recurso e ao julgamento dos pedidos. Isoladamente
considerado, o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade sobre o
tema é insuficiente para justificar a concessão de tutela de urgência a todo e
qualquer caso. Ausência do risco da demora, devido ao considerável prazo
transcorrido entre a sentença que denegou a ordem e o ajuizamento da ação
cautelar, sem a indicação da existência de qualquer efeito lesivo concreto
decorrente do ato tido por coator (21.09.2001 – 30.06.2003). Medida liminar
não referendada. Decisão por maioria.
(...)”

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

“RECURSO ESPECIAL – 2007/0127161-2


Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)
Órgão julgador T@ - SEGUNDA CÂMARA
Data de julgamento 02/12/2010
Data da Publicação/Fonte
DJ 15/12/2010
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. SIGILO
BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES PARA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL.
ART. 6º, DA LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001. ARTS. 2º E 3º, DO DECRETO N.
3.724/2001. DADOS NECESSÁRIOS PARA SE AFERIR A INDISPENSABILIDADE DO EXAME DE
DADOS SIGILOSOS. INOPONIBILIDADE DO SIGILO QUANTO A ESSES DADOS À
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA.
1. Ausente a violação ao art. 535, do CPC, pois o magistrado não está obrigado
a se pronunciar sobre todos os pontos abordados pelas partes, sobretudo quando
já tiver decidido a questão a partir de outros fundamentos.
2. Segundo o art. 6º, da Lei Complementar nº 105/2001, o acesso às informações
sigilosas somente é possível mediante o cumprimento de ao menos dois
requisitos objetivos prévios, importam ao presente caso: (a) a existência de
Mandado de Procedimento Fiscal - MPF; e (b) constatação da indispensabilidade
do exame.
3. Presente o MPF, a transferência de informação sigilosa somente é passível
de ocorrer em um momento posterior ao exame das hipóteses de
indispensabilidade previstas no art. 3º, do Decreto n.3.724/2001, porque se
tratam de pré-requisito para essa "quebra".
4. O que é pré-requisito para a "quebra" de sigilo não pode também ser
oponível ao fisco como sigiloso. Desse modo, se a obtenção da ficha cadastral
do sujeito passivo (nome, CPF/CNPJ, endereço) é necessária para preencher o
critério para a quebra do sigilo, conforme dispõem o art. 3º, §2º, II, do
Decreto n. 3.724/2001, por
decorrência lógica, não pode estar sujeita ao sigilo.
5. Dados cadastrais, tais como o nome completo, CPF/CNPJ, endereço e
manutenção de conta-corrente em instituições financeiras, são dados de
informação obrigatória ao Fisco por parte do sujeito passivo quando da sua
declaração do imposto de renda. Não havendo que se falar aí em oponibilidade
de qualquer tipo de sigilo à Administração Tributária Federal, pois a simples
mudança da fonte da informação não gera a oponibilidade do dever de sigilo.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte, não provido.
(...)”

HC / PE
HABEAS CORPUS

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2010/0106820-1
Relator (a) Ministra LAURITA VAZ (1120)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento 07/10/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 03/11/2010
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL (ART. 1º, INCISO I, C.C. ART.
12, INCISO I, DA LEI N.º 8.137/90). PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL.
CERCEAMENTO DE DEFESA. FALTA DE CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
OFENSA À SUMULA VINCULANTE N.º 24 DO STF. INEXISTÊNCIA. ILICITUDE DAS PROVAS
NÃO CARACTERIZADA. SIGILO BANCÁRIO. EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE ATUAÇÃO DO
FISCO. MATÉRIA NÃO SUSCITADA NA IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
INCURSÃO AO CAMPO PROBATÓRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. SIGILO FISCAL. QUEBRA
INDEVIDA. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS FEITA
PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO ISOLADA DE UMA DAS CONDUTAS. ORDEM
DENEGADA.
1. A responsabilidade pelo crédito tributário foi apurada, integralmente, no
ProcedimentO Administrativo Fiscal n.º 19647.000943/2004-05, no qual figurou o
Paciente como investigado e que conta com lançamento definitivo, o que
afastada as alegações de desrespeito à Súmula Vinculante n.º 24 do Supremo
Tribunal Federal e de cerceamento de defesa.
2. Nos termos da Lei Complementar n.º 105/2001, não constitui violação do
sigilo bancário a requisição, pela autoridade fazendária, de informações
referentes a movimentações financeiras, para fins de constituição de crédito
tributário. Precedentes da Primeira Seção e das Turmas integrantes da Terceira
Seção.
3. A tese de que o Fisco teria obtido dados que extrapolariam a permissão
legal não foi suscitada na impetração originária, razão pela qual sua análise
por esta Corte importaria supressão de instância. Ademais, ainda que assim não
fosse, a questão demandaria uma minudente perscrutação do acervo probatório,
providência incompatível com a via estreita do habeas corpus.
4. A denúncia oferecida pelo Ministério Público decorreu de representação para
fins penais formulada pela Autoridade Fazendária junto ao Parquet(fl. 441) e
não da requisição de informações fiscais pelo órgão ministerial, sponte
propria, o que afasta a alegação de quebra ilegal do sigilo fiscal.
(...)
6. Ordem denegada.
(...)”

“RMS 31435 / GO
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2010/0017624-0
Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador – T2 SEGUNDA TURMA
Data de julgamento 11/05/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 21/06/2010
Ementa: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. LEI
COMPLEMENTAR 105/2001. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. O Mandado de Segurança foi impetrado contra ato consubstanciado na
Solicitação de Esclarecimento 98/2009, feita pela Secretaria da Fazenda do
Estado de Goiás, em razão da diferença constatada entre o valor das operações
comerciais declaradas e os dados fornecidos pelas instituições administradoras
de cartões de crédito/débito, no período de julho/2007 a dezembro/2008.
2. A ilegalidade suscitada pela impetrante, ora recorrente, não reside na
Solicitação de Esclarecimento em si, mas em ato preexistente, qual seja, a
obtenção de informações financeiras pelo Fisco.
3. De qualquer modo, ressalto inexistir a suposta ilegalidade, tendo em vista
que tais informações foram obtidas pela autoridade fiscal com respaldo na Lei
11.651/1991 (Código Tributário do Estado de Goiás).
4. Com a implementação da Lei Complementar 105/2001, a quebra do sigilo
bancário, em procedimento administrativo-fiscal, passou a prescindir de
autorização judicial (art. 6º). Precedentes do STJ.
5. Recurso Ordinário não provido.
(...)”

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO


“TRANSFERÊNCIA DE SIGILO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE. As informações sobre o
patrimônio das pessoas não se inserem nas hipóteses do inciso X da CF/88, uma
vez que o patrimônio não se confunde com a intimidade, a vida privada, a honra

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e a imagem, assim, não há falar em inconstitucionalidade frente a uma possível


discordância existente entre as Leis nº 9.311 de 1996, a Lei Complementar nº
105/2001 e a Lei nº 10.174, de 2001, e os princípios preconizados no art. 5º,
X e XII, da Constituição Federal/88. O próprio Código Tributário Nacional, em
seu art. 197, II, preconiza que os bancos são obrigados a prestar todas as
informações de que disponham com relação aos bens, negócios e atividades de
terceiros à autoridade administrativa. Ademais, não cabe falar em quebra de
sigilo bancário, mas sim em transferência do sigilo. Com efeito, se o banco
tem o dever de zelar pela guarda das informações de que dispõe, também o tem a
autoridade fiscal que permanece obrigada ao sigilo, mantendo os dados no mesmo
estado anterior. Isto porque a finalidade do procedimento fiscal não é outra
senão a fiscalizatória. (TRF 4ª Região, 2ª Turma, maioria, DJU 23/01/02, p.
374, Relator Des. Federal Dirceu de Almeida Soares).
(...)”

TRIBUNAL DE IMPOSTOS E TAXAS/SP

“6ª CÂMARA JULGADORA DRTCI-202673/2010


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: NANNINI CALCADOS LTDA.
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA: ROSE SOBRAL - IAIIM 13.129.428-5
EMENTA: ICMS. Falta de pagamento do imposto apurado por levantamento fiscal.
Cartões de crédito e de débito. SO regida pela Lei 13.457/2009. Preliminares
afastadas por não ocorridas. Ausência de nulidade na decisão de primeira
instância administrativa, que analisou devidamente questão dos autos, dando a
devida prestação jurisdicional. Procedimento do Fisco baseado no artigo 509 do
RICMS/OO, no inciso X do artigo 75 da Lei 6,374/89 e na Portaria CAT 87/06.
Não há inconstitucionalidade na apresentação ao Fisco de demonstrativos
financeiros por instituições que administram cartões de débito e crédito.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e deste TIT. Ausência de nulidade
da acusação. Juntada por amostragem dos documentos de instrução conforme
permissivo contido no artigo 22 da Lei 6.374/89. Cópia da mídia CD contendo
integralidade dos arquivos entregue ao autuado. Capitulação da infração
correta, guardando relação com os fatos apurados. Mérito. Recurso Ordinário
conhecido e não provido. Infração demonstrada pelo fisco. Contribuinte não
contestou informações prestadas pelas administradoras de cartões, apesar de
notificado para tal fim, nem tampouco apresentou qualquer contraprova nas
diversas fases do presente processo administrativo. Questões de direito
suscitadas insuficientes para ilidir trabalho fiscal.
(...)”

6ª CÂMARA JULGADORA DRT-5-28650/2009


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: J L DE CARVALHO BRINQUEDOS EPP
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA : ROSE SOBRAL
IAIIM 13108570-2
EMENTA: ICMS Item l.1 Falta de pagamento do imposto apurada por meio de
levantamento fiscal Operação cartões de credito ou debito Item I.2 Falta de
interligação entre si de equipamentos emissores de cupom fiscal ECF com os
equipamentos de processamento de operações com cartões de credito ou debito.
Recurso Ordinário conhecido, não provido. Infrações demonstradas pelo fisco.
Não há nulidade na acusação vertida no item l.2 do auto de infração.
Procedimento do Fisco baseado no § 10º do artigo 509 do RICMS/00 e na Portaria
CAT 87/06. Não há inconstitucionalidade na apresentação ao Fisco de
demonstrativos financeiros por instituições que administram cartões debito e
credito. Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça e deste TIT. Contribuinte não contestou informações
prestadas pelas administradoras de cartões apesar de notificado para tal fim.
Item I.2 admitido tacitamente Manutenção das multas dos itens l.1 e I.2 da
inicial.
(...)”

O STJ também tem entendido que o direito ao sigilo


fiscal somente deve ser reconhecido nas hipóteses em que as
operações estejam revestidas de licitude; uma vez que o sigilo
fiscal não foi construído legalmente como uma barreira

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intransponível ou esconderijo inexpugnável para aqueles que


transgridem as normas tributárias, omitindo suas vendas reais para
pagar menos imposto; o sigilo serve sim, para preservar os negócios
lícitos dos cidadãos, compreendidos como aqueles atos inerentes à
sua vida privada; para proteger os interesses lícitos (legítimos) e
de forma mediata o próprio bem-estar coletivo e principalmente, para
coibir a sonegação fiscal, que prejudica aqueles contribuintes que
exercem suas atividades de acordo com a norma tributária vigente; o
sigilo fiscal não deve servir de proteção ao presente caso, onde
operações de vendas foram feitas através de cartões de crédito e
débito e não foram declaradas na DASN - Declaração Anual do Simples
Nacional e no PGDAS - Programa Gerador do Documento de Arrecadação
do Simples Nacional como apontam os demonstrativos às fls. 47, e 48,
do processo inicial, denotando assim a ilicitude apontada pelo STJ
cuja decisão ora reproduzida deixa claro esse entendimento.
“AgRg no Resp 1174205 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO PROCESSO ESPECIAL 2009/0248639-8
Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112)
Órgão julgador – T1 PRIMEIRA TURMA
Data do Julgamento 17/08/2010
Data da publicação / fonteDJe 01/10/2010
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. QUEBRA DO SIGILO
BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS
REFERENTES A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR Nº
105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144, PARÁGRAFO 1º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
IMPROVIMENTO.
1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de
constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90
e pela Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é
imediata, à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN.
2. O § 1º, do artigo 38, da Lei 4.595/64 (revogado pela Lei Complementar
105/2001), autorizava a quebra de sigilo bancário, desde que em virtude de
determinação judicial, sendo certo que o acesso às informações e
esclarecimentos, prestados pelo Banco Central ou pelas instituições
financeiras, restringir-se-iam às partes legítimas na causa e para os fins
nela delineados.
(...)
13. Destarte, o sigilo bancário, como cediço, não tem caráter absoluto,
devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma absoluta às
relações de direito público e privado, devendo ser mitigado nas hipóteses em
que as transações bancárias são denotadoras de ilicitude, porquanto não pode o
cidadão, sob o alegado manto de garantias fundamentais, cometer ilícitos. Isto
porque, conquanto o sigilo bancário seja garantido pela Constituição Federal
como direito fundamental, não o é para preservar a intimidade das pessoas no
afã de encobrir ilícitos.
14. O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização tributária não
subsiste frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscal proceder ao
lançamento de crédito tributário não extinto. (REsp nº 1.134.665/SP, Relator
Ministro Luiz Fux, in DJe 18/12/2009, sob o rito dos recursos repetitivos).
2. Agravo regimental improvido.
(...)”

As operações constantes das informações que foram


prestadas a fiscalização estadual pelas empresas que administram os
cartões de crédito e débito, antes de serem financeiras são
informações fiscais e nesta condição, deveriam ter sido informadas
corretamente (em sua totalidade) pela autuada quando do envio das
DASN e dos PGDAS a Receita Federal nos termos do Simples Nacional,

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como exigem os artigos 25, da LC nº 123/06; e 4º, da Resolução CGSN


nº 10/2007.

LEI COMPLEMENTAR N° 123/2006


“Art.25 - As microempresas e empresas de pequeno porte optantes do Simples
Nacional apresentarão, anualmente, à Secretaria da Receita Federal declaração
única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais, que deverão ser
disponibilizadas aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária,
observados prazo e modelos aprovados pelo Comitê Gestor.

§ 1o - A declaração de que trata o caput deste artigo constitui confissão de


dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e
contribuições que não tenham sido recolhidos resultantes das informações nela
prestadas.
(...)”

RESOLUÇÃO CGSN Nº 10/2007


“Art.4º - A ME e a EPP optantes do Simples Nacional apresentarão, anualmente,
declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais que
será entregue à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da
internet, até o último dia do mês de março do ano-calendário subseqüente ao de
ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições previstos no
Simples Nacional.
(...)”

A presente ação fiscal baseada nas informações


colhidas através do Processo 1500-090.108/2009; atende a LC nº
105/2001; a Lei nº 4.418/1982; a Lei nº 5.900/1996 (50, § 11, I, na
redação da Lei nº 6.846/07); e os artigos 272-A e 272-B, do
RICMS/91, que autorizam as administradoras de cartão de crédito e
débito a fornecer ou transferir ao fisco os valores das operações
efetuadas pelos contribuintes cujos pagamentos ocorreram mediante o
uso de cartões de débito e crédito.
Essa transferência de informações ao Fisco, tratada
nos autos (autorizada pelos artigos 5º, e 6º, da LC nº 105/2001) e a
quebra de sigilo bancário, promovida por outros órgãos ou entidades
são diferentes, devendo observar-se que os contribuintes que omitem
vendas, quando deixam de emitir os documentos fiscais dessas
operações, não podem continuar a utilizar-se do sigilo bancário para
fugir de suas obrigações tributárias, fazendo com que aqueles
contribuintes de menores rendas suportem carga tributária
desproporcional, originada de sonegação fiscal sob a guarida do
sigilo fiscal.

Ademais, o sigilo fiscal se constitui dever da


administração tributária para com os contribuintes, quando sujeita
seus funcionários, que não observarem o sigilo fiscal, às sanções
legais e à responsabilização do Estado pelos danos que porventura os
contribuintes venham a sofrer em razão da quebra indevida de seu
sigilo fiscal, ou seja, o fisco dispõe de meios para punir aqueles
que divulguem tais informações que deverão permanecer (protegidas

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por sigilo fiscal) como exige o artigo 198, do CTN e a própria LC nº


105/2001.

Quanto a ter havido ofensa ao Princípio da não-


cumulatividade do ICMS está comprovado que a mesma não ocorreu, pois
o ICMS oriundo de infrações não permite que seja dado direito ao
crédito fiscal correspondente, sendo certo que a diferença apurada
entre os valores constantes das operações de vendas informadas pelas
operadoras de cartão de crédito e débito com os valores de vendas
informados pela autuada nas DASN e nos PGDAS foi obtida a partir dos
valores que estão registrados nestes documentos, que estão
devidamente anexados aos autos (fls. 47, e 48, do processo inicial).

Por fim, não restam dúvidas de que a decisão


singular está correta em rejeitar essas questões preliminares por
não serem as Instâncias Administrativas competentes para conceder a
tutela pretendida pela autuada e nessa situação, até que o STF
decida sobre a constitucionalidade da LC nº 105/2001, reconhecendo a
quebra de sigilo fiscal, os autos de infração lavrados para
constituir o crédito tributário por lançamento, deverão ser mantidos
para resguardar o direito dos entes Fazendários quanto aos efeitos
da decadência ou da prescrição. Por tudo já exposto, rejeito essa
preliminar.

VOTO DESEMPATE DA PRELIMINAR DE NULIDADE POR QUEBRA DE


SIGILO APRESENTADO PELO PRESIDENTE (COM DESEMPATE ACOMPANHANDO O VOTO
RELATOR)

1.) Inicialmente, cabe-me pontuar que a Lei Estadual nº 5.900/96,


em seu art.50, §11, obriga as administradoras de cartões de crédito
e/ou débito a fornecerem regularmente à SEFAZ/AL informações
pertinentes a cada operação ou prestação efetuadas por
contribuintes através de seus respectivos sistemas de crédito e/ou
débito, sem qualquer exigência de prévia autorização judicial.
2.) Tais informações – prestadas periodicamente pelas
administradoras de cartões de crédito ao Fisco – se constituem em
obrigações tributárias acessórias e se referem às suas respectivas
e rotineiras atividades mercantis, com as quais se torna possível
às Entidades Tributantes o conhecimento dos elementos de riqueza
passíveis de tributação e planejamento de atuações fiscais futuras.
3.) Ainda sobre o tema anterior, o fato de o Fisco receber,
conhecer e, porque não dizer, esmiuçar tais informações (por dever,
prestadas periodicamente), não significa dizer que a Fazenda está a
“quebrar” sigilos, posto que tais dados não poderiam, por
obviedade, ser considerados sigilosos, já que compõem o universo
tributável a que se destina, ou, em outras palavras, considerar o
contrário seria a supressão da própria atividade estatal
fazendária.

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4.) Basta um olhar atento para os comandos insertos na LC


105/2001, em especial o seu art.5º caput e §4º, que prescrevem uma
necessidade de conhecimento de tais dados pelo Fisco e que,
constatando-se “indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de
cometimento de ilícito fiscal”, fica a Administração Tributária
obrigada (poder-dever) à averiguação de tais gravames. No Estado de
Alagoas, a Lei nº 6.846/2007 disciplinou nesse sentido.
5.) No caso concreto, o Memorando DIPLAF, ainda no ano de 2009,
surge em razão de inconsistências ou discrepâncias entre os valores
apresentados pela contribuinte em suas DASN (Declaração Anual de
Simples Nacional) e os valores informados pelas administradoras de
cartões de crédito/débito, esses obtidos regularmente, porque
compreendidos dentre aquelas obrigações acessórias a que estão
sujeitas tais instituições financeiras (inteligência do art.50,
§11, Lei 5.900/96 c/c os artigos 272-A e 272-B, RICMS/91).
6.) Por fim, quanto à aplicabilidade do art.6º no presente caso,
peço licença a Eminente Relatora assim como aos Ilustres Julgadores
que pediram vista para discordar, no sentido de que não vejo como
tal regra incidir no presente caso. Vejamos.
7.) O art.145, §1º, da CF/88, faculta à Administração Tributária
proceder com a identificação do patrimônio, rendimentos e negócios
do contribuinte, nos termos da Lei e desde que se respeitem os
direitos individuais, isso de indubitável consenso. Por sua vez, o
Estado de Alagoas, como antes dito, publicou a Lei 6.846/2007, que
trata da obrigação acessória de as Administradoras de cartões de
crédito/débito a prestar periodicamente informações atinentes a
suas operações e atividades mercantis. E essa prestação de
informações está compreendida na própria razão de existir daquelas
instituições financeiras, na medida em que subsidiam o atuar do
Fisco, seja confirmando a licitude e a regularidade do que foi
apresentado, seja reprimindo eventuais irregularidades ou, ao
menos, algum indício delas.
8.) Assim, vejo que, para obtenção de tais informações, o Fisco
não necessita instaurar qualquer procedimento fiscal, porque a dita
prestação já se insere no arcabouço legal de obrigações da própria
instituição financeira ante o Erário Público, ou melhor, não
necessita a fiscalização comparecer ao estabelecimento para
examinar livros, documentos e/ou registros, já que os fundamentos
de sua atuação encontram-se previstas no art.50, §11, da Lei nº
5.900/96 c/c os arts.272-A e 272-B do RICMS/AL, bem como a Lei
Estadual 6.846/2007.
9.) Ainda que se fosse considerar aplicável a regra do art.6º da
LC 105/2001, entendo que o Memorando DIPLAF, ainda no ano de 2009,
é início de procedimento fiscal, apto a tornar regular a atividade
do fisco alagoano.
10.) Portanto, não acolho a preliminar de nulidade do auto de
infração por violação ao devido processo legal com fundamento em
suposta inobservância do art.6º da LC 105/2001, entendendo como
inaplicável ao caso o citado dispositivo.

II – DO MÉRITO

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A análise dos autos demonstra que a infração apontada na


inicial está respaldada no artigo 2° § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, cujo
procedimento foi introduzido pela Lei nº 6.970/2008, para regulamentar as
ações fiscais destinadas à apuração das omissões de receitas sobre as
vendas efetuadas com cartões de crédito e débito.

As provas que estão anexadas aos autos (as declarações de


vendas através de cartões de crédito e débito que foram enviadas pelas
operadoras dos referidos cartões; o PGDAS e a DASN apresentados pela
autuada a Receita Federal nos termos do Simples Nacional, nos exercícios de
2007, 2008 e 2009), apontam que quando do confronto entre seus valores,
restou apurada uma diferença no valor de R$ 1.157.296,86 (Hum milhão, cento
e cinquenta e sete mil, duzentos e noventa e seis reais e oitenta e seis
centavos), conforme demonstrativos às fls. 47 e 48, da peça inicial, a qual
é simultaneamente base de cálculo do ICMS devido e prova da infração
apontada na presente autuação, a qual tem respaldo no artigo 2º, § 9º, V,
da Lei Estadual nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 2º - (...)

§ 9º - Presumem-se ocorridas operações ou prestações,


internas, tributadas, sem pagamento do imposto,
ressalvada ao sujeito passivo a prova da improcedência
da presunção, quando se constatar omissão ou inclusão
de registros contábeis ou fiscais que indique omissão
de receitas, tais como:
(...)

V - valores informados por instituições financeiras,


administradoras de cartões de crédito e de débito,
condomínios comerciais ou outra pessoa jurídica
legalmente detentora de informações financeiras, sem a
respectiva emissão de documentos fiscais ou tendo sido
estes emitidos com valores inferiores aos informados;
(...)”

Não resta dúvida de que os valores que foram informados


pelas operadoras (a maior) comprovam que a autuada efetuou vendas com
cartão de crédito e débito sem a devida emissão do respectivo documento
fiscal (cupom fiscal) uma vez que suas operações de vendas informadas no
PGDAS e na DASN em cada exercício apresentam valores inferiores (a menor)
gerando a diferença de R$ 1.157.296,86 (Hum milhão, cento e cinquenta e
sete mil, duzentos e noventa e seis reais e oitenta e seis centavos), como
apontam os demonstrativos às fls. 47 e 48, da inicial; diferença esta, que
é ao mesmo tempo, prova material da infração e base de cálculo do imposto
apurado, recebido pela autuada e não repassado ao Estado de Alagoas.

Quanto à irretroatividade do artigo 2º, § 9º, da Lei nº


5.900/1996, não resta dúvida de que o mesmo se encontra vigente desde
27/12/1996; e seu comando normativo prevê que a falta ou a inclusão de

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registros contábeis ou fiscais ou tendo sido estes emitidos em valores


inferiores aos informados, autoriza a presunção de que ocorreram operações
internas sem pagamento do ICMS (ressalvado ao sujeito passivo a prova da
improcedência da presunção); e que, cada um de seus 08 (oito) incisos, não
são novos fatos geradores, mas, são elementos indicativos de cada
procedimento de fiscalização a ser adotado, em cada uma das situações ali
previstas, como demonstram as atualizações introduzidas pela Lei nº
5.979/1997 (que trata do percentual de 30% previsto como valor agregado);
pela Lei nº 6.348/2002 (que trata da hipótese de entrega de mercadoria ou
bem importados do exterior antes do desembaraço aduaneiro) e pela Lei nº
6.970/2008, que trata das operações feitas com a utilização de cartões de
crédito e débito.

Nesse passo, é certo que a presunção legal do artigo 2º, §


9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996, cujo procedimento está
previsto na Lei nº 6.970/2008, permite a mesma retroagir, haja vista, que o
inciso V, não cria nova hipótese de incidência tributária, mas, apenas
institui novos critérios ou procedimentos para verificar a ocorrência do
fato gerador (já criado em 27/12/1996), fato este, que atende ao que
determina o artigo 144, § 1º, do CTN.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - CTN

Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência


do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então
vigente, ainda que posteriormente modificada ou
revogada.

§ 1º - Aplica-se ao lançamento a legislação que,


posteriormente à ocorrência do fato gerador da
obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração
ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de
investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios,
exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir
responsabilidade tributária a terceiros.
(...)”

Não resta dúvida, de que o § 1º, do artigo 144, do CTN


autoriza que o Inciso V, do § 9º, do artigo 2º, da Lei Estadual nº
5.900/1996, retroaja e alcance fatos geradores anteriores a 2008. Está
claro que não podemos confundir a regulamentação de um novo critério de
fiscalização, de um novo procedimento fiscalizatório (o inciso V, do § 9º)
com a criação de um novo fato gerador, bem como, que desde 26/09/2007, a
apresentação dos relatórios com os valores referentes a cada operação ou
prestação com cartões de crédito e débito já eram de apresentação
obrigatória ao fisco estadual, como determinado expressamente pela Lei
Estadual nº 6.846/2007.

LEI Nº 6.846/2007

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“Art. 1º - Os dispositivos a seguir indicados da Lei nº


5.900, de 27 de dezembro de 1996, passam a vigorar com a
seguinte redação:
(...)

III - o art. 50:


(...)”

LEI Nº 5.900/1996

"Art. 50 - (...)

§ 2º - Os estabelecimentos que exerçam a atividade de


venda ou revenda de mercadorias ou bens, ou de prestação
de serviços, em que o adquirente ou tomador seja pessoa
física ou jurídica não contribuinte do ICMS, estão
obrigados ao uso de equipamento emissor de Cupom Fiscal
- ECF, inclusive para imprimir, obrigatoriamente, o
comprovante de crédito ou débito referente ao uso de
Transferência Eletrônica de Fundos - TEF, nos termos que
dispuser a legislação.
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou


débito e as administradoras de "shopping center", de
condomínios comerciais e de empreendimentos semelhantes
deverão, nos termos da legislação, informar ao fisco
estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação


efetuada por contribuintes do imposto através de seus
sistemas de crédito, débito ou similares; e
II - os dados relativos a bens, negócios, atividades ou
outras informações que disponham a respeito dos
contribuintes localizados no seu empreendimento,
inclusive sobre valor locatício.
(...)”

Portanto, não procede a alegação da autuada, de que a


presente autuação fere o Princípio Constitucional da Anterioridade
Tributária pela criação de um novo fato gerador pela Lei nº 6.970/2008, por
se tratar apenas da implantação de critérios materiais para a apuração de
um ilícito tributário já existente (omissão de saídas), haja vista, que os
valores das operações praticadas pela autuada com cartões de crédito e
débito são de declaração obrigatória a Fazenda Estadual (artigo 31, caput,
e § 1º, da Lei Estadual nº 5.900/1996); sendo assegurado ao Fisco o direito
de conhecer os montantes das operações ou prestações feitas pela autuada
(sujeito passivo da obrigação tributária).

A natureza material da norma que institui nova hipótese de


incidência tributária não pode ser confundida com a natureza
formal/procedimental da norma que estabelece presunções de ocorrência dessa

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hipótese de incidência, não havendo, portanto, que se falar em ofensa ao


princípio da irretroatividade da norma tributária, haja vista que o § 1º,
do artigo 144, do CTN (já reproduzido) contém hipótese de exceção ao
princípio, autorizando a aplicação retroativa da legislação que,
posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, tenha
instituído novos critérios de apuração ou de procedimentos de fiscalização.

Nesse passo, por conter caráter meramente probatório, o


ordenamento jurídico tributário estadual admite sua aplicação a fatos
pretéritos, haja vista, tratar-se tão somente de instrumentos de
verificação (meios probatórios) de hipóteses de incidências já antes
delineadas na lei, conforme decisão da 2ª Turma do STJ.

“RECURSO ESPECIAL Nº 1.212.780 - SP (2010/0167612-3)


RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE: SALIM MIGUEL
ADVOGADO: MARCOS ALEXANDRE PEREZ RODRIGUES E OUTRO(S)
RECORRIDO: FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO: PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART.
535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. AUTUAÇÃO FISCAL. ART. 12,
§§ 2º E 3º, DO DECRETO-LEI 1.598/77. NORMAS
PROCEDIMENTAIS DE FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE DE
APLICAÇÃO NA APURAÇÃO DE TRIBUTO CUJO FATO GERADOR
TENHA OCORRIDO ANTES DA SUA ENTRADA EM VIGOR. APLICAÇÃO
DO ART. 144, § 1º, DO CTN.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento
suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ possui entendimento consolidado no sentido de
que a legislação que institui novos procedimentos
fiscalizatórios pode ser aplicada na constituição de
créditos tributários cujo fato gerador tenha ocorrido
antes da sua entrada em vigor. Orientação reafirmada no
julgamento do REsp 1.134.665/SP, sob o rito dos
recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. As normas contidas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do
Decreto-Lei 1.598/1977 – que afirmam presumida a
omissão de receita, na hipótese de se verificar que a
escrituração do contribuinte deixou de considerar o
pagamento de obrigações, autorizando que o Fisco
proceda ao lançamento por arbitramento – relacionam-se
a procedimentos de investigação da autoridade fiscal e,
portanto, podem ser aplicadas na apuração de tributo
cujo fato gerador seja anterior à sua vigência.
4. A presunção de omissão de receitas é relativa,
admitindo-se que o contribuinte demonstre o contrário.
No entanto, no caso dos autos, o Tribunal a quo
expressamente afirmou, com base na prova dos autos, que
a parte não se desincumbiu desse ônus. A revisão desse
entendimento demanda reexame do conjunto fático-
probatório dos autos, obstado nos termos da Súmula
7/STJ.

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5. Recurso Especial não provido.


(REsp 1212780/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 16/03/2011)
(...)”

Quanto ao fato de ser a autuada optante pelo regime do


Simples Nacional, a LC nº 123/2006, em seu artigo 13, determina que o ICMS,
em conjunto com os demais tributos devam ser recolhidos mediante a
aplicação de um percentual específico sobre a receita mensal; e a norma
supracitada prevê algumas situações em que o ICMS não será tributado de
acordo com o Simples Nacional, mas que, a ele serão aplicadas as regras de
incidência normal do ICMS regidas pelas leis ordinárias estaduais dentre
elas, as situações previstas para os casos concretos de operações sem
documentação fiscal.

LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006

“Art. 13 - O Simples Nacional implica o recolhimento


mensal, mediante documento único de arrecadação, dos
seguintes impostos e contribuições:
(...)

§ 1o - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a


incidência dos seguintes impostos ou contribuições,
devidos na qualidade de contribuinte ou responsável, em
relação aos quais será observada a legislação aplicável
às demais pessoas jurídicas:
(...)

XIII - ICMS devido:


(...)

f) na operação ou prestação desacobertada de documento


fiscal;
(...)”

Daí ser pertinente o lançamento do ICMS nos termos da Lei


nº 5.900/1996, ainda que a autuada esteja na sistemática do Simples
Nacional. Pertinência esta, que resulta exatamente no fato de haver o fisco
constatado a omissão de registros contábeis, indicativa de omissão de
receitas, por haver a autuada como já dito, deixado de emitir os documentos
fiscais das vendas efetuadas com cartões de crédito e débito nos exercícios
de 2007, 2008 e 2009, fato comprovado pela diferença apurada pelo confronto
entre os valores informados pelas administradoras de cartões de crédito e
débito com os valores informados pela autuada nas PGDAS e nas DASN, fato
que leva a presunção de haver deixado de emitir os documentos fiscais das
vendas efetuadas, e que ocasionou a omissão de receitas nos termos do
artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996 (na redação dada
pela Lei Estadual nº 6.970/2008), acarretando por consequência a perda do
benefício ao Regime do Simples Nacional.

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Por fim, observe-se, que a autuada não trouxe aos autos,


qualquer prova que pudesse ilidir a presunção legal de omissão de saídas
oriunda da falta de registro dos valores referentes aos documentos que
deixou de emitir, mas, que foram informados pelas operadoras de cartões de
crédito/débito; em sua defesa, se limitou a questões circunstanciais,
enfrentadas e afastadas acertadamente pela Decisão singular, à vista de
fundamentação legal pertinente, ficando comprovada a presunção de operações
de saídas, internas, tributadas, sem pagamento do imposto, as quais foram
apuradas pela diferença a maior entre os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito e de débito e os valores declarados
pela autuada em suas DASN (artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996),
conforme consta dos números apontados no demonstrativo fiscal às fls. 47, e
48, do Processo inicial, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, como aponta o
complemento da descrição da infração no auto de infração, cuja
fundamentação legal é aquela constante do artigo 2°, § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996.

Comprovada a infração, resta autorizada a cobrança do ICMS


com base nas normas ordinárias estaduais, mediante a aplicação do artigo
2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996, já reproduzida, na
redação das Leis nºs 6.846/2007 e 6.970/2008; e do artigo 144, § 1º, CTN;
os quais permitem ao fisco a possibilidade de utilizar-se das informações
enviadas pelas administradoras de cartões de crédito e débito para
verificar a exatidão das informações fiscais dos contribuintes, ainda que
para fatos pretéritos ao início de vigência das normas procedimentais.

A decisão singular não merece reforma, uma vez que o


julgador singular decidiu de acordo com as previsões da norma tributária
vigente, fundamentou sua decisão nos termos exigidos pela Lei nº
6.771/2006; o crédito tributário foi apurado com base nos valores retirados
dos documentos que instruem os autos, dentre eles, as PGDAS e a DASN
(Declaração Anual do Simples Nacional), onde a autuada informou apenas os
valores que achou conveniente, em detrimento de informar o valor total
anual que foi obtido com as vendas feitas com cartões de crédito/débito em
confronto com os Relatórios de Movimentações Financeiras, emitidos pelas
Administradoras de Cartões de Débito e de Crédito de bandeiras VISANET,
REDCARD e HIPERCARD (Processo 1500-090.108/2009).

Portanto, não resta dúvida de que a diferença apurada a


partir do confronto entre os valores citados gerou a base de cálculo do
ICMS apurado, cujo fato gerador é aquele previsto no artigo 2º, § 9º, V, da
Lei nº 5.900/1996, apesar de o autuante na descrição da infração haver
informado que as operações de vendas não tinham sido registradas em livro
próprio; este fato foi devidamente corrigido e suprido legalmente pelo
complemento da referida infração, quando afirma o mesmo autuante que o fato
gerador foi apurado a partir da diferença encontrada pelo confronto entre
os valores informados pela autuada nas PGDAS e DASN com as declarações
prestadas pelas operadoras de cartões de credito e débito, o que não
desatende ao artigo 2°, §9°, V, da Lei nº 5.900/1996. Não resta dúvida de
que o Lançamento é Procedente.

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Quanto à aplicação da penalidade prevista no artigo 97, da


Lei nº 5.900/96, sugerida na inicial e mantida na decisão singular, esta é
merecedora de reforma, nos termos do artigo 30, da Lei nº 6.771/2006, uma
vez que esta Câmara (por maioria) e o Pleno deste Conselho, por maioria de
votos, têm entendido que nos casos em que a infração foi apurada com base
em livros e documentos fiscais, será aplicada a penalidade prevista no
artigo 79, da mesma lei, até porque a penalidade prevista no referido
artigo 97, sugere que seja aplicada ao descumprimento de obrigações
acessórias como afirma a autuada.

LEI ESTADUAL Nº 6.771/2006

“Art. 30 - Desde que mantidas as mesmas circunstâncias


materiais em que se fundou o ato original de
constituição do crédito tributário, poderá o julgador
dar ao fato apurado definição jurídica diversa da que
constar no auto de infração, inclusive relativamente:

I - à penalidade ou penalidades aplicáveis ao infrator


ou a quem deva responder pela infração, nos termos da
lei; e
(...)”

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber,


estocar ou depositar mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais, ou sendo estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor


do imposto
(...)”

Como já dito, a multa prevista no artigo 79, da Lei nº


5.900/96, melhor se adequa ao fato apontado na peça inicial deixar de
recolher o ICMS em operações ou prestações, internas, tributadas, por
omissão ou inclusão de registros contábeis ou fiscais indicativos omissão
de receitas, ou seja, por haver a empresa autuada deixado de emitir os
documentos fiscais nas operações de vendas com cartões de crédito/débito
conforme exige o artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, fato apurado
através de levantamento fiscal, e que dá respaldo ao lançamento como consta
da descrição e do complemento da infração na página inicial do auto de
infração.

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo


legal, em situação não compreendida nas hipóteses
previstas nos artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do


valor do imposto.

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(...)”

Nesta situação o crédito tributário tem como valor o que


abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total


2007 90.625,05 45.312,52 135.937,57
2008 90.601,60 45.300,80 135.902,40
2009 15.511,82 7.755,91 7.555,91
- 196.740,47 98.369,23 279.595,88

Portanto, o crédito tributário no valor de R$ 279.595,88


(Duzentos e setenta e nove mil; quinhentos e noventa e cinco reais e
oitenta e oito centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos previstos
em lei.

Pelo exposto, ACORDÃO OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos: rejeitar a preliminar de
nulidade por cerceamento de defesa e, por maioria de votos, com voto
desempate do presidente, acompanhando o voto relator, rejeitar a preliminar
por quebra de sigilo. Reformada parcialmente a decisão singular em razão da
Procedência Parcial do Lançamento que por maioria de votos: rejeitou a
irretroatividade da presunção do art.2º, §9º, da Lei 5.900/1996 (voto
desempate do presidente) e por unanimidade de votos: decidiu pela exclusão
automática do simples nacional e, por maioria de votos: aplicação da
penalidade do art.79 da Lei 5.900/96.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em


Maceió, 04 de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE (ACOMPANHOU O VOTO RELATOR RELATORA
NAS PRELIMINARES E NO MÉRITO)

CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR(CONTRA A RELATORA EM PARTE) JULGADORA(CONTRA A RELATORA EM PARTE
QUANTO A APLICAÇÃO DA PENALIDADE – ART.97)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR(CONTRA A RELATORA EM PARTE)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 21 – Realizada em 04/06/2013


PROCESSO: 1500-006.936/2011 e CTE nº 274/2012.
ANEXOS: 1500-090.590/09; 1500-015.047/2011; 1500-014.241/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.07120-003, de 01/03/2011.
AUTUADA: LOJA TOP-LAR LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.102.731-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.575/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Arnaldo Perciano da Rocha.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº138 /2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Falta


de recolhimento do ICMS por omissão de saídas
sem a emissão de documentação fiscal (cupom
fiscal) infração apurada com base na diferença
encontrada pelo confronto entre as receitas
declaradas pela autuada (DNSN e PGDAS) com os
valores informados pelas administradoras de
cartão de crédito/débito. 2) Preliminares de
nulidade do lançamento rejeitadas. Pedido de
Diligência negado em razão de existirem nos
autos provas suficientes à comprovação da
infração. 3) Presunção relativa não ilidida
pela autuada. 4) Comprovação do fato gerador
nos termos do artigo 2º, I, § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996. 5) Reconhecida a legalidade da
retroação procedimental, nos termos do artigo
144, § 1º, do CTN. 6) Ocorrência de infração
tributária que permite a exclusão do SIMPLES
Nacional e aplicação da legislação tributária
aplicável aos contribuintes da sistemática
normal de tributação (artigo 13, § 1º, XIII,
“f”, da LC nº 123/06. 7) Infração demonstrada
e comprovada. 8) Lançamento Procedente em
Parte em razão da redução no valor do crédito
____________________________________________________________________________________
1
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tributário por haver sido aplicada a multa


prevista no artigo 79, da Lei nº 5.900/1996),
no lugar daquela prevista no artigo 97, da
mesma Lei. 9) Recurso Ordinário conhecido e
Provido em Parte, por maioria.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa LOJA TOP-LAR LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
de crédito tributário no valor de R$ 90.206,01 (noventa mil
duzentos e seis reais e um centavo), por haver a empresa
autuada deixado de recolher o ICMS decorrente de omissão de
saídas relativas às operações/prestações realizadas e cujos
pagamentos foram feitos pelos adquirentes por meio de cartão
de crédito e débito ou similares, cujos valores foram apurados
mediante o confronto entre suas informações nas DASN e nos
PGDAS com as informações constantes nos relatórios que foram
enviados pelas administradoras de cartão de crédito/débito, a
SEFAZ/AL, conforme Processo 1500-090.590/2009, caracterizando
omissão de receitas no período de 01/2007 a 01/2008.

Apontados como infringidos os artigos 1º; 2º,


§ 9º, II e V; 31; 50, I, e II, §§ 2º, ao 7º, da Lei nº
5.900/1996; 272-B, do RICMS/1991. Sendo sugerida a aplicação
da penalidade prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruida com o Processo


1500-090.590/2009; intimação para apresentação de livros e
documentos fiscais; planilhas demonstrativas do débito; cópia
do cartão de autógrafo; extratos e declarações do Simples
Nacional e relatório de omissão por contribuinte.

DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva, com


as seguintes alegações:

EM PRELIMINAR

____________________________________________________________________________________
2
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Que, a autuação é nula por cerceamento de


defesa, por não ter recebido cópias dos documentos que estão
nos autos (artigos 2º; e 7º, I, II, III e IV, “a”, da Lei
Estadual nº 6.771/06), contrariando a doutrina, o STJ e o STF;
a autuação é nula por quebra de sigilo fiscal sem autorização
judicial, uma vez que de forma ilegal a SEFAZ acessou dados de
sua movimentação financeira, o que fere seu direito ao sigilo
bancário e contraria disposições da doutrina, do STJ e do STF.

NO MÉRITO

1) Que, a autuação não procede, pois o Fisco


tenta cobrar tributo com base em uma lei não vigente a época
da ocorrência do fato gerador, na medida em que a hipótese de
incidência descrita somente teria sido introduzida no mundo
jurídico através da Lei nº 6.970/2008, violando o princípio da
irretroatividade da lei tributária; a autuação se baseia em um
entendimento equivocado de presunção legal, não provada quanto
a ocorrência do fato gerador.

2) Que, o fato gerador do ICMS é a saída de


mercadoria, não o montante repassado pelas administradoras de
cartão a título das vendas realizadas por meio de cartão de
crédito e/ou de débito; o fisco ignorou toda documentação que
disponibilizou (notas fiscais de saída, memórias fiscais e
relatórios financeiros) que fragilizariam a exigência fiscal;
e por não ter tido acesso a esses elementos de prova pede
diligência para suprir tal omissão.

3) Que, a autuação padece de vício formal, por


inexistir nos autos elementos probantes da infração apontada,
violando o princípio da legalidade ao impor, indevidamente,
multa à revelia da lei; é optante do SIMPLES Nacional, regime
simplificado de tributação, o qual concede vários benefícios
previstos na LC nº 123/2006, dentre eles, redução de base de
cálculo e alíquotas reduzidas de impostos e contribuições.

4) Que, a multa que lhe é imposta tem base no


artigo 97, da Lei nº 5.900/96, sendo injusta e confiscatória,
inaplicável ao caso porque destinada a penalizar as operações
com mercadoria em trânsito; houve desobediência ao princípio
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da não-cumulatividade, uma vez que não foram considerados na


apuração do débito os créditos do imposto pagos nas aquisições
das mercadorias. Por fim pedea improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarazões alegando:

1) Que, a autuada não contesta aqueles valores


apurados do débito; não houve afronta aos princípios da ampla
defesa e do contraditório, já que mesmo antes da autuação a
fiscalização procurou dar conhecimento à autuada quanto as
irregularidades detectadas, visando sua regularização com os
benefícios da denúncia espontânea.

2) Que, após a autuação lhe foi entregue cópia


do auto de infração sendo-lhe franqueado acesso a todos os
elementos de prova que compõe ao auto de infração para que
pudesse regularmente se defender; não houve quebra de sigilo
bancário porque o artigo 6º, da LC nº 105/2001, permite a
obtenção de dados fiscais sem autorização judicial como já tem
reconhecido os tribunais superiores.

3) Que, a hipótese de incidência tributária


tratada nos autos está prevista nos artigos 1º, I; e 2º, I, da
Lei nº 5.900/1996, vigentes á época do fato gerador; quanto à
presunção legal do artigo 2º, § 9º, inciso V, sua alteração
pela Lei nº 6.970/2008, permite a mesma retroagir, uma vez que
não cria nova hipótese de incidência tributária, mas institui
novos critérios para verificar a ocorrência do fato gerador.

4) Que, a autuada não trouxe nenhum documento


capaz de afastar a acusação, já que lhe foi oportunizado o
acesso a toda documentação; o fisco atendeu os princípios da
legalidade, moralidade e eficiência ao exigir da autuada o
imposto e a multa por haver constatdo omissão de receitas
derivadas de vendas de mercadorias pagas com cartão de crédito
ou de débito, sem a emissão do respectivo documento fiscal,
caracterizando infração à legislação tributária vigente.

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5) Que, o fato da autuada ser optante do


SIMPLES Nacional, não prejudica a autuação, como disposto nos
artigos 13, § 1º, “f”, § 2º; e 9º, da Resolução do CGSN nº
30/2008; a multa aplicada com base no artigo 97, da Lei nº
5.900/96, é adequada à infração; não houve ofensa ao princípio
da não cumulatividade por não haver direito ao crédito do
imposto a partir do momento em que a autuada fez opção pelo
SIMPLES (julho/2007), conforme artigo 23, da Lei Complementar
nº 123/2006. Por fim, pede a Procedência da autação.

Em 13/04/2012, foi proferida a Decisão nº


18.575/2012, de Primeira Instância, quer julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1. Falta


de recolhimento do ICMS. 2. Omissões de saídas
sem emissão de documentação fiscal. 3.
Infração apurada mediante confronto entre as
receitas declaradas e os valores informados
pelas administradoras de cartão de crédito. 4.
Não verificado cerceamento de defesa. 5.
Prejudicada a análise da inconstitucionalidade
da norma tributária. 6. Procedimento fiscal
regular. 7. Presunção relativa, não ilidida
pela defesa, de ocorrência do fato gerador,
nos termos do art. 2º, I, § 9º, V, da Lei n.º
5.900/96. 8. Norma legal de natureza
formal/procedimental pode retroagir, a teor do
§ 1º, do art. 144, do CTN. 9. Hipótese de
infração tributária excluída do SIMPLES
Nacional. 10. Aplicação da legislação
tributária aplicável às demais pessoas
jurídicas, de acordo art. 13, § 1º, inc. XIII,
alínea “f”, da Lei Complementar n.º 123/2006.
11. Ilícito tributário demonstrado nos autos.
12. Devida cobrança do imposto e aplicação da
penalidade. 13. Lançamento PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

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A autuada apresentou Recurso Ordinário de


forma tempestiva, assinado por representante legal, com as
seguintes alegações:

I – EM PRELIMINAR

1) A nulidade da autuação pela utilização de


elementos que foram obtidos com quebra de sigilo, contrariando
disposições constitucionais e legais, declinadas em doutrina e
jurisprudência; mesmo acatada a vigência da LC nº 105/2001,
deverá subsistir a assertiva de que o sigilo bancário é uma
garantia constitucional, pois a investida da fiscalização à
suas informações fiscais afronta seu direito de intimidade, à
vida privada e ao sigilo de dados previstos no artigo 5º, X, e
XII, da CF/88; o fisco para quebrar ou não seu sigilo fiscal
deveria observar o princípio constitucional do devido processo
legal; cabe ao judiciário examinar cada caso e decidir a luz
das disposições da LC nº 105/2001.

2) A nulidade da autuação por haver sido


lavrada sob presunção; não houve a apresentação das planilhas,
nem dos documentos fiscais que comprovem as afirmações feitas;
para haver tributação seria necessária a prova da ocorrência
do fato gerador do imposto de forma cabal, fato não atendido
pelo fisco que se utilizou apenas de indícios e presunções
para o lançamento. Estas questões são premisssas apresentadas
na defesa e não atendidas pelo julgador singular, que também
deixou de apreciar o pedido de diligência fiscal, o que acabou
prejudicando sua defesa.
3)

II – NO MÉRITO

1) Que, apesar das considerações expendidas


pela decisão singular fica patente que a ação fiscal não pode
properar, pois, independente da nulidade apontada na defesa em
razão da quebra de sigilo e da metodologia do levantamento,
por não ter esta, os elementos necessários para instaurar a
cobrança do tributo pretendido, uma vez que acusação é a falta
de pagamento do imposto apurada por levantamento fiscal, muito
embora haja a prática e seja permitida essa apuração através
de outros meios, inclusive indiciários; não há como se afastar
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a regra básica, imposta na legislação pertinente quanto a


necessidade para se conhecer o total do movimento operacional
do contribuinte, que é, em relação a cada período de apuração,
a verificação do estoque inicial de mercadorias, mais o volume
de entradas e de saídas e por fim o volume do estoque final
dessas mercadorias no estabelecimento.

2) Que, no conjunto da verificação fiscal a


autuada ficou a mercê, unicamente do que expôs a fiscalização,
sem nenhuma possibilidade de confrontação entre os elementos
por ela disponibilizados e aqueles obtidos pelo fisco, o que
impossibilitou aferição o confronto entre sua prática fiscal e
contábil com o levantamento fiscal; não é possível referendar
o trabalho da fiscalização, fundamentado apenas em informações
relacionadas com o resssarcimento à autuada pelas empresas
administradoras de cartões de crédito/débito, de movimentação
financeira de determinado período, e correspondente a esses
cartões de crédito/débito; além de que a norma que estabeleceu
a obrigatoriedade da entrega dos arquivos magnéticos pelas
administradoras, não configura as informações a qualquer tipo
de operações; seria necessário para definir o resultado da
aferição fiscal o confronto integral de todas as informações
prestadas pela autuada no conjunto total do levantamento.

3) Que, mesmo considerando a autuação como


válida haveria de se respeitar o princípio da irretroatividade
da lei, consequentemente, os períodos fiscalizados deveriam
ser revistos, haja vista, que somente entrou em vigor o artigo
2º, I, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, na redação da Lei nº
6.970/2008, em 05/08/2008, assim, somente poderia servir como
suporte legal para a fiscalização parte de agosto 2008 até a
data final da fiscalização; resta evidente que ocorreu o
cerceamento de defesa pela falta de clareza na apresentação
dos elementos em que a fiscalização se baseou; a multa que lhe
foi aplicada é confiscatória, uma vez que fere o princípio da
proporcionalidade, devendo ser adequada a um parámetro real da
ofensda cometida. Por fim, pede que a decisão singular seja
reformada, devendo ser reconhecida a Improcedência do auto de
infração. Assim, chegam os autos a este Conselho Tributário
Estadual para análise do Recurso Ordinário.

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DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal - DIRF


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, o Recurso Ordinário não apresentou


quaisquer argumentos para contestar os valores das operações
apuradas, limita-se apenas a alegar cerceamento do seu direito
de defesa, quebra de sigilo sem autorização judicial e ofensa
a princípios tributários; a falta de contestação dos valores
referentes as operações omitidas e apurados pelo levantamento,
importa na presunção de veracidade desses valores; a autuada
apresenta argumentos semelhantes ao da defesa, já analisados e
afastados pelo julgador singular na decisão recorrida; reitera
as razões expostas às fls. 38, a 57, do Processo de Defesa, as
quais demonstram indubitavelmente, a impropriedade de todos os
argumentos apresentados no presente processo.

2) Que, as ações da fiscalização para obter


os dados das operações de vendas da autuada junto as empresas
operadoras de cartões de crédito/débito mostram-se obedientes
aos princípios constitucionais e as disposições da LC nº
105/2001, revelando-se como lícitas as provas coletadas pelo
fisco, como tem se posicionado os tribunais superiores, uma
vez que as operações em discussão foram omitidas ao fisco, e
realizadas sem pagamento do imposto, para encobrir um ilícito
tributário, afastando a aplicação da regra do sigilo fiscal
como tem entendido o STJ; a autuação tem liquidez e certeza, o
fato apurado está provado nos autos e legalmente se presumiu a
omissão de saídas relativas às operações de vendas cujos
pagamentos foram feitos com cartões de crédito/débito.

3) Que, em que pese a legalidade do fisco na


obtenção das informações junto as administradoras de cartões
de crédito/débito se faz necessário dizer que a obtenção dos
dados é meramente formal como entende a doutrina (José Augusto
Delgado); os valores de operações praticadas por contribuintes
são de declaração obrigatória ao fisco (artigo 31, caput, e §
1º, da Lei nº 5.900/96), asseguram a Fazenda Estadual conhecer
os montantes das operações ou prestações realizadas pela
autuada; desde setembro/2007, o artigo 50, I, § 11, da mesma
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lei determina que as operadoras de cartões de crédito e débito


são obrigadas a informar ao fisco os valores das operações
realizadas por contribuintes do ICMS com utilização de cartões
de crédito e débito; por não haver a autuada declarado ao
fisco o montante total de suas operações realizadas durante o
período fiscalizado, fica autorizado a fiscalização requisitar
esses valores às empresas operadoras de cartões de crédito e
débito. Por fim, pede a que seja mantida a decisão singular
com a Procedência da autuação. Assim, chegam os autos a este
Conselho para análise do Recurso ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto a


Decisão nº 18.575/2012, de Primeira Instância, que julgou como
Procedente o Lançamento constante do auto de infração nº
90.07120-003, de 01/03/2011.

Inicialmente, observe-se que a autuada em seu


Recurso Ordinário pede apenas a reforma da decisão singular,
sob a alegação de que a referida decisão deixou de atender aos
seus motivos expostos na peça de defesa, relativos à quebra de
sigilo fiscal, a não entrega dos documentos da autuação e a
não realização da diligência solicitada. Observe-se ainda, que
o Recurso alega apenas que essas questões preliminares não
foram atendidas pela decisão e que seu pedido de diligência
fiscal para maiores esclarecimentos foi rejeitado. Assim, por
serem tais alegações, questões preliminares, prejudiciais ao
exame do mérito, hão de serem examinadas como preliminares.

I – DAS PRELIMINARES

1) PELA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR


VÍCIO INSANÁVEL (CERCEAMENTO DE DEFESA UMA VEZ QUE NÃO RECEBEU
NENHUMA CÓPIA DOS DOCUMENTOS REFRENTES A AUTUAÇÃO)

A análise dos autos demonstra que não existem


motivos para se declarar a nulidade do auto de infração por
cerceamento de defesa, haja vista, que a autuada quando foi
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intimada do auto de infração já tinha conhecimento de todos os


demonstrativos do débito apurado; declarações de receitas da
autuada (DASN e PGDAS) e informações prestadas pelas empresas
administradoras de cartões de crédito e débito, como consta do
Processo 1500-090.590/2009, procedimento prévio e preparatório
a lavratura do auto de infração (artigos 5°, §4º; e 6º, da LC
nº 105/2001); se defendeu de conformidade com a legislação
tributária vigente, com acesso a todas as provas carreadas aos
autos exercendo seu direito à ampla defesa e ao contraditório,
e, ademais, sua intimaçãose deu por AR – aviso de recebimento,
os documentos anexados ficaram à sua disposição na repartição
fazendária durante 30 (trinta) dias, ou seja, durante o prazo
para defesa, e se ela não exerceu esse direito foi por sua
própria escolha, uma vez que não havia impedimento legal; ao
contrário, o artigo 893, §§ 3º e 4º, do RICMS/91, lhe garantia
acesso aos documentos, motivo pelo qual rejeito a preliminar.
“Art. 893 - Atendidas as determinações do artigo precedente e
expirado o prazo para apresentação de defesa ou recurso, a unidade
preparadora deverá:
(...)”
§ 3º - É facultado vistas ao processo, durante a sua permanência no
órgão preparador, que não poderá ser superior a 30 (trinta) dias
contados da data da ciência, ao sujeito passivo ou ao seu
representante legal.

§ 4º - É vedada a retirada do processo, sob qualquer alegação, do


órgão preparador ou de outro setor da Secretaria da Fazenda a que for
destinado, exceto por solicitação expressa do Secretário da Fazenda
ou quando destinado a autoridade autuante para realização de
diligências, apresentação de contestação, defesa a recurso ou para
dar vistas a atos praticados no processo dos quais não tenha
conhecimento.
(...)”

2) PELA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR


VIOLAÇÃO AO DIREITO DE DEFESA EM RAZÃO DA QUEBRA DE SIGILO
FISCAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

A autuada alega que o auto de infração é nulo


em sua origem por haver o fisco estadual utilizado elementos
(valores) que foram obtidos com quebra de sigilo, contrariando
disposições constitucionais e legais e por se basear apenas nas
informações que foram prestadas pelas empresas administradoras
de cartões de crédito débito sem considerar outros valores.

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Inicialmente, é necessário se observar que as


Instâncias Administrativas Tributárias não têm competência
para conceder a tutela pretendida pela autuada, ou seja, o
reconhecimento de que houve quebra de sigilo por se encontrar
tal assunto em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal
mediante ADIN’S na tentativa obterem o reconhecimento da
inconstitucionalidade da LC nº 105/2001, principal óbice para
a concessão de tutelas neste sentido.

A análise dos autos aponta que a ação fiscal


tem respaldo na LC nº 105/2001, e principalmente, na norma
tributária vigente no Estado de Alagoas, a teor do § 11, do
artigo 50, da Lei nº 5.900/1996, que desde setembro/2007,
obriga as administradoras de cartões de crédito ou débito a
informarem ao fisco estadual o valor de cada operação ou
prestação efetuada por contribuintes do ICMS cujo pagamento se
deu com cartão de crédito ou débito; no artigo 272-A e no
artigo 272-B, do RICMS/91, incluídos pelo Decreto Estadual nº
4.047/2008, que dispõe sobre a apresentação das informações
aprestadas pelas administradoras de cartões de crédito e
débito ou similares; e artigo 2°, § 9º, V, da Lei nº 5.900/96.

Em sua preliminar de nulidade a autuada


afirma que as informações fiscais fornecidas pelas operadoras
foram obtidas mediante quebra de sigilo fiscal, o que não é
verdade, haja vista, que os procedimentos prévios adotados
pelo fisco para obter tais dados, estavam respaldados nas
disposições dos artigos 5º, § 4°; e 6º, da LC nº 105/2001, uma
vez que como já dito, as informações fiscais da autuada foram
obtidas com fundamento no § 11, do artigo, 50, da Lei nº
5.900/1996; nos artigos 272-A e 272-B, do RICMS/91.

Quanto ao artigo 5º, da LC nº 105/2001, apesar


do seu comando estar direcionado à administração tributária da
União, também se estende aos demais entes tributantes, daí
haver o Estado de Alagoas aprovado a Lei nº 6.846/2007,
obrigando as administradoras de cartões de crédito e débito a
apresentarem as movimentações (vendas) com cartões de crédito
e débito de seus contribuintes. Vejamos o que dispõe o artigo
5°, da LC n° 105/2001.

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“Art 5º - O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à


periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais
as instituições financeiras informarão à administração tributária da
União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus
serviços.
(...)

§ 4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados


indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de
ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as
informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar
fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos.
(...)”

O artigo 5º ora reproduzido, autoriza que as


administradoras de cartões de crédito e débito transfiram as
informações para a administração tributária, inclusive, o seu
exame para fins proceder ao lançamento do crédito tributário
sem necessidade de um processo em curso ou de um procedimento
administrativo prévio, procedimento adotado também pelas
normas estaduais ora referenciadas. Observe-se, que o fisco
solicitou das operadoras as informações em sua totalidade,
conforme o que dispõe o artigo 5°, que autoriza essa
transferência e de acordo também com o comando normativo do
artigo 6º, da mesma lei.
“Art. 6o - As autoridades e os agentes fiscais tributários da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras,
inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações
financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados
indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
(Regulamento).

Parágrafo único - O resultado dos exames, as informações e os


documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo,
observada a legislação tributária.
(...)”

Observe-se que a solicitação das informações


as administradoras de cartões de crédito e débito tem por
objetivo a apuração do movimento real tributável efetivamente
praticado pela autuada (em tais períodos) que nesta situação
não pode alegar quebra de sigilo até porque os dados obtidos
não dizem respeito a suas informações bancárias, mas, a suas
informações financeiras, relativas a transações comerciais que
ocorreram sem a emissão do respectivo documento fiscal e que
deveriam em sua totalidade constar da DASN - Declaração Anual

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do Simples Nacional e do PGDAS - Programa Gerador do Documento


de Arrecadação do Simples Nacional.
“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição
deverão, de acordo com a respectiva atividade e em relação a cada um
de seus estabelecimentos:
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e de
empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação,
informar ao fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por


contribuintes do imposto através de seus sistemas de crédito, débito
ou similares;
(...)”

Nesse passo, observe-se que esses valores


obtidos das operadoras (terceiros) poderiam ser relativizados
e não serem considerados de maneira absoluta, haja vista, que
as provas apresentadas pelo fisco têm presunção iuris tantum,
e a autuada não apresentou qualquer contraprova desmentindo a
diferença apurada e demonstrando os valores mensais reais de
suas operações de vendas com cartões de credito/débito.

Nesse sentido o Supremo Tribunal Federal, o


Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Federal da
4ª Região e o TIT/SP, já decidiram pela possibilidade de as
autoridades administrativas terem acesso a dados financeiros
dos contribuintes quando houver procedimento fiscal sem a
necessidade de prévia autorização do Poder Judiciário.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


“Inq 2593 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL
AG.REG. NO INQUÉRITO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 09/12/2010
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
DJe-030 DIVULG 14-02-2011 PUBLIC 15-02-2011
AGTE.(S): MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E
PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA E
INDIC.(A/S): R. C. OU J. R. V. C. E
ADV.(A/S): MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. QUEBRA DE SIGILO
BANCÁRIO. COMPARTILHAMENTO DAS INFORMAÇÕES COM A RECEITA FEDERAL.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.
I - Não é cabível, em sede de inquérito, encaminhar à Receita Federal
informações bancárias obtidas por meio de requisição judicial quando

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o delito investigado for de natureza diversa daquele apurado pelo


fisco.
II - Ademais, a autoridade fiscal, em sede de procedimento
administrativo, pode utilizar-se da faculdade insculpida no art. 6º
da LC 105/2001, do que resulta desnecessário o compartilhamento in
casu. III - Agravo regimental desprovido.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator,
negou provimento ao recurso de agravo. Ausentes, neste julgamento, o
Senhor Ministro Celso de Mello e a Senhora Ministra Ellen Gracie.
Presidiu o julgamento o Ministro Cezar Peluso. Plenário, 09.12.2010.
(...)”

“AC 33 MC / PR - PARANÁ
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CAUTELAR
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 24/11/2010 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação DJe-027 DIVULG 09-02-2011 PUBLIC 10-02-2011
REQTE.(S): GVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A
ADV.(A/S): JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO E OUTRO(A/S)
REQDO.(A/S): UNIÃO
ADV.(A/S): PFN - DEYSI CRISTINA DA'ROLT
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TUTELA DE URGÊNCIA (PODER GERAL DE
CAUTELA). REQUISITOS. AUSÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. REFERENDO DE
DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 21, V DO RISTF). CONSTITUCIONAL.
TRIBUTÁRIO. DADOS BANCÁRIOS PROTEGIDOS POR SIGILO. TRANSFERÊNCIA DE
INFORMAÇÕES SIGILOSAS DA ENTIDADE BANCÁRIA AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO
TRIBUTÁRIA FEDERAL SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. LEI COMPLEMENTAR
105/2001. LEI 10.174/2001. DECRETO 3.724/2001. A concessão de tutela
de urgência ao recurso extraordinário pressupõe a verossimilhança da
alegação e o risco do transcurso do tempo normalmente necessário ao
processamento do recurso e ao julgamento dos pedidos. Isoladamente
considerado, o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade
sobre o tema é insuficiente para justificar a concessão de tutela de
urgência a todo e qualquer caso. Ausência do risco da demora, devido
ao considerável prazo transcorrido entre a sentença que denegou a
ordem e o ajuizamento da ação cautelar, sem a indicação da existência
de qualquer efeito lesivo concreto decorrente do ato tido por coator
(21.09.2001 – 30.06.2003). Medida liminar não referendada. Decisão
por maioria.
(...)”

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

“RECURSO ESPECIAL – 2007/0127161-2


Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)
Órgão julgador T@ - SEGUNDA CÂMARA
Data de julgamento 02/12/2010
Data da Publicação/Fonte
DJ 15/12/2010
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC.
SIGILO BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES PARA ADMINISTRAÇÃO
TRIBUTÁRIA FEDERAL. ART. 6º, DA LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001. ARTS.
2º E 3º, DO DECRETO N. 3.724/2001. DADOS NECESSÁRIOS PARA SE AFERIR A
INDISPENSABILIDADE DO EXAME DE DADOS SIGILOSOS. INOPONIBILIDADE DO
SIGILO QUANTO A ESSES DADOS À ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA.
1. Ausente a violação ao art. 535, do CPC, pois o magistrado não está
obrigado a se pronunciar sobre todos os pontos abordados pelas
partes, sobretudo quando já tiver decidido a questão a partir de
outros fundamentos.

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2. Segundo o art. 6º, da Lei Complementar nº 105/2001, o acesso às


informações sigilosas somente é possível mediante o cumprimento de ao
menos dois requisitos objetivos prévios, importam ao presente caso:
(a) a existência de Mandado de Procedimento Fiscal - MPF; e (b)
constatação da indispensabilidade do exame.
3. Presente o MPF, a transferência de informação sigilosa somente é
passível de ocorrer em um momento posterior ao exame das hipóteses de
indispensabilidade previstas no art. 3º, do Decreto n.3.724/2001,
porque se tratam de pré-requisito para essa "quebra".
4. O que é pré-requisito para a "quebra" de sigilo não pode também
ser oponível ao fisco como sigiloso. Desse modo, se a obtenção da
ficha cadastral do sujeito passivo (nome, CPF/CNPJ, endereço) é
necessária para preencher o critério para a quebra do sigilo,
conforme dispõem o art. 3º, §2º, II, do Decreto n. 3.724/2001, por
decorrência lógica, não pode estar sujeita ao sigilo.
5. Dados cadastrais, tais como o nome completo, CPF/CNPJ, endereço e
manutenção de conta-corrente em instituições financeiras, são dados
de informação obrigatória ao Fisco por parte do sujeito passivo
quando da sua declaração do imposto de renda. Não havendo que se
falar aí em oponibilidade de qualquer tipo de sigilo à Administração
Tributária Federal, pois a simples mudança da fonte da informação não
gera a oponibilidade do dever de sigilo.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte, não
provido.
(...)”

HC / PE
HABEAS CORPUS
2010/0106820-1
Relator (a) Ministra LAURITA VAZ (1120)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento 07/10/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 03/11/2010
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL (ART. 1º, INCISO I,
C.C. ART. 12, INCISO I, DA LEI N.º 8.137/90). PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. FALTA DE CONSTITUIÇÃO
DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. OFENSA À SUMULA VINCULANTE N.º 24
DO STF. INEXISTÊNCIA. ILICITUDE DAS PROVAS NÃO CARACTERIZADA. SIGILO
BANCÁRIO. EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE ATUAÇÃO DO FISCO. MATÉRIA NÃO
SUSCITADA NA IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INCURSÃO
AO CAMPO PROBATÓRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. SIGILO FISCAL. QUEBRA
INDEVIDA. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS
FEITA PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO ISOLADA
DE UMA DAS CONDUTAS. ORDEM DENEGADA.
1. A responsabilidade pelo crédito tributário foi apurada,
integralmente, no ProcedimentO Administrativo Fiscal n.º
19647.000943/2004-05, no qual figurou o Paciente como investigado e
que conta com lançamento definitivo, o que afastada as alegações de
desrespeito à Súmula Vinculante n.º 24 do Supremo Tribunal Federal e
de cerceamento de defesa.
2. Nos termos da Lei Complementar n.º 105/2001, não constitui
violação do sigilo bancário a requisição, pela autoridade fazendária,
de informações referentes a movimentações financeiras, para fins de
constituição de crédito tributário. Precedentes da Primeira Seção e
das Turmas integrantes da Terceira Seção.
3. A tese de que o Fisco teria obtido dados que extrapolariam a
permissão legal não foi suscitada na impetração originária, razão
pela qual sua análise por esta Corte importaria supressão de
instância. Ademais, ainda que assim não fosse, a questão demandaria

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uma minudente perscrutação do acervo probatório, providência


incompatível com a via estreita do habeas corpus.
4. A denúncia oferecida pelo Ministério Público decorreu de
representação para fins penais formulada pela Autoridade Fazendária
junto ao Parquet(fl. 441) e não da requisição de informações fiscais
pelo órgão ministerial, sponte propria, o que afasta a alegação de
quebra ilegal do sigilo fiscal.
5. A omissão do recebimento de R$ 7.559,00, a título de pro labore,
da empresa Colméia Câmbio e Turismo Ltda, não foi valorada
isoladamente na denúncia, mas integra o conjunto de ações
supostamente perpetradas pelo Paciente que acabaram por culminar na
sonegação de R$ 10.604.034,34, o que a afasta o pedido de aplicação
do princípio da insignificância.
6. Ordem denegada.
(...)”

“RMS 31435 / GO
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2010/0017624-0
Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador – T2 SEGUNDA TURMA
Data de julgamento 11/05/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 21/06/2010
Ementa: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
LEI COMPLEMENTAR 105/2001. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E
CERTO.
1. O Mandado de Segurança foi impetrado contra ato consubstanciado na
Solicitação de Esclarecimento 98/2009, feita pela Secretaria da
Fazenda do Estado de Goiás, em razão da diferença constatada entre o
valor das operações comerciais declaradas e os dados fornecidos pelas
instituições administradoras de cartões de crédito/débito, no período
de julho/2007 a dezembro/2008.
2. A ilegalidade suscitada pela impetrante, ora recorrente, não
reside na Solicitação de Esclarecimento em si, mas em ato
preexistente, qual seja, a obtenção de informações financeiras pelo
Fisco.
3. De qualquer modo, ressalto inexistir a suposta ilegalidade, tendo
em vista que tais informações foram obtidas pela autoridade fiscal
com respaldo na Lei 11.651/1991 (Código Tributário do Estado de
Goiás).
4. Com a implementação da Lei Complementar 105/2001, a quebra do
sigilo bancário, em procedimento administrativo-fiscal, passou a
prescindir de autorização judicial (art. 6º). Precedentes do STJ.
5. Recurso Ordinário não provido.
(...)”

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO


“TRANSFERÊNCIA DE SIGILO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE. As informações
sobre o patrimônio das pessoas não se inserem nas hipóteses do inciso
X da CF/88, uma vez que o patrimônio não se confunde com a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem, assim, não há falar
em inconstitucionalidade frente a uma possível discordância existente
entre as Leis nº 9.311 de 1996, a Lei Complementar nº 105/2001 e a
Lei nº 10.174, de 2001, e os princípios preconizados no art. 5º, X e
XII, da Constituição Federal/88. O próprio Código Tributário
Nacional, em seu art. 197, II, preconiza que os bancos são obrigados
a prestar todas as informações de que disponham com relação aos bens,
negócios e atividades de terceiros à autoridade administrativa.
Ademais, não cabe falar em quebra de sigilo bancário, mas sim em
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transferência do sigilo. Com efeito, se o banco tem o dever de zelar


pela guarda das informações de que dispõe, também o tem a autoridade
fiscal que permanece obrigada ao sigilo, mantendo os dados no mesmo
estado anterior. Isto porque a finalidade do procedimento fiscal não
é outra senão a fiscalizatória. (TRF 4ª Região, 2ª Turma, maioria,
DJU 23/01/02, p. 374, Relator Des. Federal Dirceu de Almeida Soares).
(...)”

TRIBUNAL DE IMPOSTOS E TAXAS/SP

“6ª CÂMARA JULGADORA DRTCI-202673/2010


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: NANNINI CALCADOS LTDA.
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA: ROSE SOBRAL - IAIIM 13.129.428-5
EMENTA: ICMS. Falta de pagamento do imposto apurado por levantamento
fiscal. Cartões de crédito e de débito. SO regida pela Lei
13.457/2009. Preliminares afastadas por não ocorridas. Ausência de
nulidade na decisão de primeira instância administrativa, que
analisou devidamente questão dos autos, dando a devida prestação
jurisdicional. Procedimento do Fisco baseado no artigo 509 do
RICMS/OO, no inciso X do artigo 75 da Lei 6,374/89 e na Portaria CAT
87/06. Não há inconstitucionalidade na apresentação ao Fisco de
demonstrativos financeiros por instituições que administram cartões
de débito e crédito. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e
deste TIT. Ausência de nulidade da acusação. Juntada por amostragem
dos documentos de instrução conforme permissivo contido no artigo 22
da Lei 6.374/89. Cópia da mídia CD contendo integralidade dos
arquivos entregue ao autuado. Capitulação da infração correta,
guardando relação com os fatos apurados. Mérito. Recurso Ordinário
conhecido e não provido. Infração demonstrada pelo fisco.
Contribuinte não contestou informações prestadas pelas
administradoras de cartões, apesar de notificado para tal fim, nem
tampouco apresentou qualquer contraprova nas diversas fases do
presente processo administrativo. Questões de direito suscitadas
insuficientes para ilidir trabalho fiscal.
(...)”

6ª CÂMARA JULGADORA DRT-5-28650/2009


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: J L DE CARVALHO BRINQUEDOS EPP
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA : ROSE SOBRAL
IAIIM 13108570-2
EMENTA: ICMS Item l.1 Falta de pagamento do imposto apurada por meio
de levantamento fiscal Operação cartões de credito ou debito Item I.2
Falta de interligação entre si de equipamentos emissores de cupom
fiscal ECF com os equipamentos de processamento de operações com
cartões de credito ou debito. Recurso Ordinário conhecido, não
provido. Infrações demonstradas pelo fisco. Não há nulidade na
acusação vertida no item l.2 do auto de infração. Procedimento do
Fisco baseado no § 10º do artigo 509 do RICMS/00 e na Portaria CAT
87/06. Não há inconstitucionalidade na apresentação ao Fisco de
demonstrativos financeiros por instituições que administram cartões
debito e credito. Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça e deste TIT. Contribuinte não contestou
informações prestadas pelas administradoras de cartões apesar de
notificado para tal fim. Item I.2 admitido tacitamente Manutenção das
multas dos itens l.1 e I.2 da inicial.
(...)”

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O STJ também tem entendido que o direito ao


sigilo fiscal somente deve ser reconhecido nas hipóteses em
que as operações estejam revestidas de licitude. Assim, é bom
lembrar que o sigilo fiscal não foi construído legalmente como
uma barreira intransponível ou esconderijo inexpugnável para
aqueles que transgridem as normas tributárias ao omitirem suas
vendas reais para pagar menos imposto. O sigilo serve sim para
preservar os negócios lícitos dos cidadãos compreendidos como
aqueles atos inerentes à sua vida privada; para proteger os
interesses lícitos (legítimos) e de forma mediata o próprio
bem-estar coletivo e principalmente, para coibir a sonegação
fiscal, que prejudica aqueles contribuintes que exercem suas
atividades de acordo com a legislação tributária.

Efetivamente o sigilo fiscal não deve servir


de proteção ao presente caso, onde operações de vendas foram
feitas através de cartões de crédito e débito e não foram
declaradas na DASN - Declaração Anual do Simples Nacional e no
PGDAS - Programa Gerador do Documento de Arrecadação do
Simples Nacional, denotando assim a ilicitude apontada pelo
STJ cuja decisão reproduzida deixa claro esse entendimento.

“AgRg no Resp 1174205 / RS


AGRAVO REGIMENTAL NO PROCESSO ESPECIAL 2009/0248639-8
Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112)
Órgão julgador – T1 PRIMEIRA TURMA
Data do Julgamento 17/08/2010
Data da publicação / fonteDJe 01/10/2010
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. QUEBRA DO
SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS
TRIBUTÁRIOS REFERENTES A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA
LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144,
PARÁGRAFO 1º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA
IRRETROATIVIDADE. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. IMPROVIMENTO.
1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para
fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada
pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas
procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no
artigo 144, § 1º, do CTN.
2. O § 1º, do artigo 38, da Lei 4.595/64 (revogado pela Lei
Complementar 105/2001), autorizava a quebra de sigilo bancário, desde
que em virtude de determinação judicial, sendo certo que o acesso às
informações e esclarecimentos, prestados pelo Banco Central ou pelas
instituições financeiras, restringir-se-iam às partes legítimas na
causa e para os fins nela delineados.
(...)
13. Destarte, o sigilo bancário, como cediço, não tem caráter
absoluto, devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma

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absoluta às relações de direito público e privado, devendo ser


mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são denotadoras
de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob o alegado manto de
garantias fundamentais, cometer ilícitos. Isto porque, conquanto o
sigilo bancário seja garantido pela Constituição Federal como direito
fundamental, não o é para preservar a intimidade das pessoas no afã
de encobrir ilícitos.
14. O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização tributária
não subsiste frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscal
proceder ao lançamento de crédito tributário não extinto. (REsp nº
1.134.665/SP, Relator Ministro Luiz Fux, in DJe 18/12/2009, sob o
rito dos recursos repetitivos).
2. Agravo regimental improvido.
(...)”

As operações constantes nas informações das


operadoras de cartões de crédito e débito antes de serem
financeiras são fiscais e nesta condição, deveriam ter sido
informadas em sua totalidade pela autuada quando do envio das
DASN e dos PGDAS a Receita Federal (artigos 25, da LC nº
123/2006; e 4º, da Resolução CGSN nº 10/2007).

LEI COMPLEMENTAR N° 123/2006

“Art.25 - As microempresas e empresas de pequeno porte optantes do


Simples Nacional apresentarão, anualmente, à Secretaria da Receita
Federal declaração única e simplificada de informações
socioeconômicas e fiscais, que deverão ser disponibilizadas aos
órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observados prazo
e modelos aprovados pelo Comitê Gestor.

§ 1o - A declaração de que trata o caput deste artigo constitui


confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência
dos tributos e contribuições que não tenham sido recolhidos
resultantes das informações nela prestadas.
(...)”

RESOLUÇÃO CGSN Nº 10/2007


“Art.4º - A ME e a EPP optantes do Simples Nacional apresentarão,
anualmente, declaração única e simplificada de informações
socioeconômicas e fiscais que será entregue à Secretaria da Receita
Federal do Brasil (RFB), por meio da internet, até o último dia do
mês de março do ano-calendário subseqüente ao de ocorrência dos fatos
geradores dos impostos e contribuições previstos no Simples Nacional.
(...)”

6) A autuação e o Processo 1500-090.590/2009,


como já dito, atendem a LC nº 105/2001; a Lei nº 4.418/1982; e
a Lei nº 5.900/96 (50, § 11, I, na redação da Lei nº 6.846/07);
os artigos 272-A e 272-M, do RICMS/91; que autorizam as
administradoras de cartão de crédito e débito a fornecer ou
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transferir ao fisco os valores das operações efetuadas pelos


contribuintes nos casos em que os pagamentos ocorreram
mediante o uso de cartões de débito e crédito.
A transferência de informações ao Fisco,
tratada nos autos (autorizada pelos artigo 5º, § 4º; e 6º, da
LC nº 105/2001) e a quebra de sigilo bancário, promovida por
outros órgãos ou entidades são diferentes, observando-se que
os contribuintes que omitem vendas por deixarem de emitir os
documentos fiscais dessa operação, não podem continuar a
utilizar-se do sigilo bancário para fugir de suas obrigações
tributárias, fazendo com que os contribuintes de menor renda
suportem uma carga tributária desproporcional, originada de
sonegação fiscal sob a guarida do sigilo fiscal.

Ademais, o sigilo fiscal se constitui dever


da administração tributária para com seus contribuintes, ao
sujeitarem seus funcionários, que não o observarem, às sanções
legais e à responsabilização do Estado pelos danos que
porventura os contribuintes venham a sofrer em razão da quebra
de sigilo fiscal indevida, ou seja, o fisco dispõe de meios
para punir quem divulgue essas informações, que devem ficar
protegidas por sigilo fiscal, como determina o artigo 198, do
CTN e a própria LC nº 105/2001.

Por fim, não restam dúvidas de que a decisão


singular está correta em rejeitar essa preliminar, por não
terem as Instâncias Administrativas competência para julgar e
conceder a tutela pretendida pela autuada e, que até que o STF
decida sobre a quebra de sigilo fiscal, os autos de infração
lavrados para constituir o crédito tributário por lançamento,
deverão ser mantidos para resguardar o direito dos entes
Fazendários quanto aos efeitos da decadência e da prescrição;
não restando dúvida de que a presente ação fiscal atende ao §
11, do artigo 50, da Lei nº 5.900/1996; aos artigos 272-A e
272-B, do RICMS/91; 5º, §4°; e 6º, da LC nº 105/2001.

Quanto a ter havido ofensa ao Princípio da


não-cumulatividade do ICMS está comprovado que a mesma não
ocorreu, pois o ICMS oriundo de infrações não permite que seja
dado direito ao crédito fiscal correspondente. Também está
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comprovado ser desnecessária a diligência solicitada pela


autuada, haja vista, que a diferença apurada entre os valores
constantes das operações de vendas informadas pelas operadoras
de cartão de crédito e débito com os valores de vendas
informados pela autuada nas DASN e nos PGDAS foi obtida a
partir dos valores que estão registrados em seus documentos
fiscais, conforme demonstrativo a fl. 11, do processo inicial.

II – DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a infração


posta na inicial está respaldada no artigo 2°, § 9º, V, da Lei
nº 5.900/1996, cujo procedimento foi introduzido pela Lei nº
6.970/2008, visando regulamentar as ações fiscais destinadas a
apurar as omissões de receitas sobre as vendas efetuadas com
cartões de crédito e débito.

As provas que estão anexadas aos autos (as


declarações de vendas através de cartões de crédito e débito
que foram enviadas pelas operadoras dos referidos cartões; o
PGDAS e a DASN apresentados pela autuada a Receita Federal nos
termos do Simples Nacional, nos exercícios de 2008 e 2009),
apontam que quando do confronto entre seus valores, restou
apurada a diferença apurada à fls. 11, do processo inicial, as
quais são ao mesmo tempo, a base de cálculo do ICMS devido e a
prova da infração posta na presente autuação, que se enquadra
no artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996
“Art. 2º - (...)

§ 9º - Presumem-se ocorridas operações ou prestações, internas,


tributadas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao sujeito passivo
a prova da improcedência da presunção, quando se constatar omissão
ou inclusão de registros contábeis ou fiscais que indique omissão
de receitas, tais como:
(...)

V - valores informados por instituições financeiras,


administradoras de cartões de crédito e de débito, condomínios
comerciais ou outra pessoa jurídica legalmente detentora de
informações financeiras, sem a respectiva emissão de documentos
fiscais ou tendo sido estes emitidos com valores inferiores aos
informados;
(...)”

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Não resta dúvida de que os valores que foram


informados pelas operadoras (a maior) comprovam que a autuada
efetuou vendas com cartão de crédito e débito sem a devida
emissão do respectivo documento fiscal (cupom fiscal) uma vez
que suas operações de vendas informadas no PGDAS e na DASN em
cada exercício apresentam valores inferiores (a menor) gerando
a diferença de R$ R$ 172.459,67 (cento e setenta e dois mil,
quatrocentos e cinquenta e nove reais e sessenta e sete
centavos) no exercício de 2007, conforme consta a fl. 12, do
processo inicial. Em 2008, não houve diferença apontada.

Não resta dúvida também, de que o artigo 2º,


§ 9º, da Lei nº 5.900/1996, vigente desde 27/12/1996, prevê
que a falta ou a inclusão de registros contábeis ou fiscais ou
tendo sido estes emitidos com valores inferiores aos
informados autoriza a presunção de que ocorreram operações
internas sem pagamento do ICMS (ressalvado ao sujeito passivo
a prova da improcedência da presunção); e que, cada um de seus
08 (oito) incisos, não são novos fatos geradores, mas, são
elementos indicativos de cada procedimento de fiscalização a
ser adotado, em cada uma das situações ali previstas, como
demonstram as atualizações introduzidas pela Lei nº 5.979/1997
(que trata do percentual de 30% previsto como valor agregado);
pela Lei nº 6.348/2002 (que trata da hipótese de entrega de
mercadoria ou bem importados do exterior antes do desembaraço
aduaneiro) e pela Lei nº 6.970/2008, que trata das operações
feitas com a utilização de cartões de crédito e débito.

Quanto ao fato de haver o fiscal autuante


informado que houve falta de recolhimento de ICMS por omissão
de saídas apuradas pelo não registro no livro próprio, em nada
prejudica a presente autuação, haja vista, que no complemento
da infração este informa (de acordo com o que exige a norma,
artigo 2°, § 9°, V), que tal fato ocorreu mediante o confronto
entre os valores informados na DASN com os valores fornecidos
pelas administradoras de cartões de crédito/débito.

Dizer diferente é querer passar por cima de


provas legítimas, e talvez, beneficiar a sonegação fiscal,
onde o imposto foi recebido e não foi recolhido a seu legítimo
destinatário, o Estado de Alagoas. Nesse passo, é certo que a
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presunção legal do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei nº


5.900/1996, cujo procedimento está previsto na Lei nº
6.970/2008, permite a mesma retroagir, uma vez que o inciso V,
não cria nova hipótese de incidência tributária, mas institui
novos critérios ou procedimentos para verificar a ocorrência
do fato gerador, criado em 27/12/1996, fato este, que atende
ao que determina o artigo 144, § 1º, do CTN, diferente do que
afirma a autuada, auxiliada pela Representante Fiscal.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - CTN

Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato


gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.
§ 1º - Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à
ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos
critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os
poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado
ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último
caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a
terceiros.
(...)”

Não resta dúvida, de que o § 1º, do artigo


144, do CTN autoriza que o Inciso V, do § 9º, do artigo 2º, da
Lei Estadual nº 5.900/1996, retroaja e alcance fatos geradores
anteriores a 2008. Está claro que não podemos confundir a
regulamentação de um novo critério de fiscalização, de um novo
procedimento fiscalizatório (o inciso V, do § 9º) com a
criação de um novo fato gerador, bem como, que desde
26/09/2007, a apresentação dos relatórios com os valores
referentes a cada operação ou prestação com cartões de crédito
e débito já eram de apresentação obrigatória ao fisco
estadual, como determinado expressamente pela Lei Estadual nº
6.846/2007.

LEI Nº 6.846/2007

“Art. 1º - Os dispositivos a seguir indicados da Lei nº 5.900,


de 27 de dezembro de 1996, passam a vigorar com a
seguinte redação:
(...)

III - o art. 50:


(...)”

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LEI Nº 5.900/1996
"Art. 50 - (...)

§ 2º - Os estabelecimentos que exerçam a atividade de venda ou


revenda de mercadorias ou bens, ou de prestação de serviços, em que o
adquirente ou tomador seja pessoa física ou jurídica não contribuinte
do ICMS, estão obrigados ao uso de equipamento emissor de Cupom
Fiscal - ECF, inclusive para imprimir, obrigatoriamente, o
comprovante de crédito ou débito referente ao uso de Transferência
Eletrônica de Fundos - TEF, nos termos que dispuser a legislação.
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e de
empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação,
informar ao fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por


contribuintes do imposto através de seus sistemas de crédito, débito
ou similares; e

II - os dados relativos a bens, negócios, atividades ou outras


informações que disponham a respeito dos contribuintes localizados no
seu empreendimento, inclusive sobre valor locatício.
(...)”

Portanto, não procede a alegação da autuada,


de que a presente autuação fere o Princípio Constitucional da
Anterioridade Tributária pela criação de um novo fato gerador
pela Lei nº 6.970/2008, haja vista, que tal alegação não é
verdadeira, pois se trata apenas da implantação de critérios
materiais para a apuração de um ilícito tributário já
existente (omissão de saídas), haja vista, que os valores das
operações praticadas pela autuada com cartões de crédito e
débito são de declaração obrigatória a Fazenda Estadual
(artigo 31, caput, e § 1º, da Lei Estadual nº 5.900/1996);
sendo assegurado ao Fisco o direito de conhecer os montantes
das operações ou prestações feitas pela autuada (sujeito
passivo da obrigação tributária).

A natureza material da norma que institui


nova hipótese de incidência tributária não pode ser confundida
com a natureza formal/procedimental da norma que estabelece
presunções de ocorrência dessa hipótese de incidência, não
havendo, portanto, que se falar em ofensa ao princípio da
irretroatividade da norma tributária, haja vista que o § 1º,
do artigo 144, do CTN (já reproduzido) contém hipótese de
exceção ao princípio, autorizando a aplicação retroativa da
legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da
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obrigação tributária, tenha instituído novos critérios de


apuração ou de procedimentos de fiscalização.

Nesse passo, por conter caráter meramente


probatório, o ordenamento jurídico tributário estadual admite
sua aplicação a fatos pretéritos, haja vista, tratar-se tão
somente de instrumentos de verificação (meios probatórios) de
hipóteses de incidências já antes delineadas na lei, conforme
decisão da 2ª Turma do STJ.
“RECURSO ESPECIAL Nº 1.212.780 - SP (2010/0167612-3)
RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE: SALIM MIGUEL
ADVOGADO: MARCOS ALEXANDRE PEREZ RODRIGUES E OUTRO(S)
RECORRIDO: FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO: PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC
NÃO CONFIGURADA. AUTUAÇÃO FISCAL. ART. 12, §§ 2º E 3º, DO DECRETO-
LEI 1.598/77. NORMAS PROCEDIMENTAIS DE FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE
DE APLICAÇÃO NA APURAÇÃO DE TRIBUTO CUJO FATO GERADOR TENHA
OCORRIDO ANTES DA SUA ENTRADA EM VIGOR. APLICAÇÃO DO ART. 144, §
1º, DO CTN.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente,
não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a
legislação que institui novos procedimentos fiscalizatórios pode
ser aplicada na constituição de créditos tributários cujo fato
gerador tenha ocorrido antes da sua entrada em vigor. Orientação
reafirmada no julgamento do REsp 1.134.665/SP, sob o rito dos
recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. As normas contidas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do Decreto-Lei
1.598/1977 – que afirmam presumida a omissão de receita, na
hipótese de se verificar que a escrituração do contribuinte deixou
de considerar o pagamento de obrigações, autorizando que o Fisco
proceda ao lançamento por arbitramento – relacionam-se a
procedimentos de investigação da autoridade fiscal e, portanto,
podem ser aplicadas na apuração de tributo cujo fato gerador seja
anterior à sua vigência.
4. A presunção de omissão de receitas é relativa, admitindo-se que
o contribuinte demonstre o contrário. No entanto, no caso dos
autos, o Tribunal a quo expressamente afirmou, com base na prova
dos autos, que a parte não se desincumbiu desse ônus. A revisão
desse entendimento demanda reexame do conjunto fático-probatório
dos autos, obstado nos termos da Súmula 7/STJ.
5. Recurso Especial não provido.
(REsp 1212780/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/02/2011, DJe 16/03/2011)
(...)”

Quanto ao fato de ser a autuada optante pelo


regime do Simples Nacional, a LC nº 123/2006, em seu artigo
13, determina que o ICMS, em conjunto com os demais tributos
devam ser recolhidos pela aplicação de percentual específico
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sobre a receita mensal; e a norma supracitada prevê algumas


situações em que o ICMS não será tributado de acordo com o
Simples Nacional, mas que, a ele serão aplicadas as regras de
incidência normal do ICMS regidas pelas leis ordinárias
estaduais dentre elas, as situações previstas para os casos
concretos de operações sem documentação fiscal.

LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006


“Art. 13 - O Simples Nacional implica o recolhimento mensal,
mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e
contribuições:
(...)

§ 1o - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência


dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de
contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a
legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:
(...)

XIII - ICMS devido:


(...)

f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;


(...)”

Daí ser pertinente o lançamento do ICMS nos


termos da Lei nº 5.900/1996, ainda que a autuada esteja na
sistemática do Simples Nacional. Pertinência esta, que resulta
exatamente no fato de haver o fisco constatado a omissão de
registros contábeis, indicativa de omissão de receitas, por
haver a autuada como já dito, deixado de emitir os documentos
fiscais das vendas efetuadas com cartões de crédito e débito
nos exercícios de 2008 e 2009, fato comprovado pela diferença
apurada quando do confronto entre os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito e débito com os valores
informados pela autuada nas PGDAS e nas DASN, fato que leva a
presunção de haver deixado de emitir os documentos fiscais das
vendas efetuadas, ocasionando a omissão de receitas nos termos
do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996
(na redação dada pela Lei Estadual nº 6.970/2008).

Por fim, observe-se, que a autuada não trouxe


aos autos, qualquer prova que pudesse ilidir a presunção legal
de omissão de saídas oriunda da falta de registro dos valores
referentes aos documentos que deixou de emitir, mas, que foram
informados pelas operadoras de cartões de crédito/débito; em
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sua defesa, se limitou a questões circunstanciais, enfrentadas


e afastadas acertadamente pela Decisão singular, à vista de
fundamentação legal pertinente, ficando comprovada a presunção
de operações de saídas, internas, tributadas, sem pagamento do
imposto, as quais foram apuradas pela diferença a maior entre
os valores informados pelas administradoras de cartões de
crédito e de débito e os valores declarados pela autuada em
suas DASN (artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996), conforme
consta dos números apontados no demonstrativo fiscal à fl. 11,
do Processo inicial, nos exercícios de 2008 e 2009, como
aponta o complemento da descrição da infração no auto de
infração, cuja fundamentação legal é aquela prevista no artigo
2°, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996.

Comprovada a infração, resta autorizada a


cobrança do ICMS com base nas normas ordinárias estaduais,
mediante a aplicação do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, já reproduzida, na redação das Leis
nºs 6.846/2007 e 6.970/2008; e do artigo 144, § 1º, CTN; os
quais permitem ao fisco a possibilidade de utilizar-se das
informações enviadas pelas administradoras de cartões de
crédito/débito para verificar a exatidão das informações
fiscais do contribuinte, ainda que para fatos pretéritos ao
início de vigência das normas procedimentais.

A decisão singular não merece reforma, uma


vez que o julgador singular decidiu de acordo com as previsões
da norma tributária vigente, fundamentou sua decisão nos
termos exigidos pela Lei nº 6.771/2006; o crédito tributário
foi apurado com base nos valores retirados dos documentos que
instruem os autos, dentre eles, as PGDAS e a DASN (Declaração
Anual do Simples Nacional), onde a autuada informou apenas os
valores que achou conveniente, em detrimento de informar o
valor total anual que foi obtido com as vendas feitas com
cartões de crédito/débito em confronto com os Relatórios de
Movimentações Financeiras, emitidos pelas Administradoras de
Cartões de Débito e de Crédito de bandeiras VISANET, REDCARD e
HIPERCARD (1500-090.590/2009).

Portanto, não resta dúvida de que a diferença


apurada a partir do confronto entre os valores citados gerou a
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base de cálculo do ICMS apurado, cujo fato gerador é aquele


previsto no artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, apesar
de o autuante na descrição da infração haver informado que as
operações de vendas não tinham sido registradas em livro
próprio; este fato foi devidamente corrigido e suprido
legalmente pelo complemento da referida infração, quando
afirma o mesmo autuante que o fato gerador foi apurado a
partir da diferença encontrada pelo confronto entre os valores
informados pela autuada nas PGDAS e DASN com as declarações
prestadas pelas operadoras de cartões de credito e débito, o
que desatende o artigo 2°, §9°, V, da Lei nº 5.900/1996, fato
que configura a infração apontada na inicial. O lançamento é
Procedente como afirma a decisão singular.

Quanto à aplicação da penalidade sugerida na


inicial, àquela prevista no artigo 83, da Lei nº 5.900/1996, e
quanto a aplicação da penalidade pela decisão singular, aquela
prevista no artigo 97, da mesma lei, deverão ser reformadas,
uma vez que a infração foi apurada com base nos documentos
fiscais da autuada, estando em melhor subsunção ao artigo 79,
da Lei nº 5.900/1996, como já decidiu esta Câmara e este
Conselho; até porque a penalidade prevista no referido artigo
97, se aplica ao descumprimento de obrigações acessórias como
afirma a autuada em seu Recurso Ordinário.

LEI ESTADUAL Nº 6.771/2006


“Art. 30 - Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em
que se fundou o ato original de constituição do crédito tributário,
poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da
que constar no auto de infração, inclusive relativamente:

I - à penalidade ou penalidades aplicáveis ao infrator ou a quem deva


responder pela infração, nos termos da lei; e
(...)”

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 83 - Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em parte,


quando os documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios:

MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

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“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber, estocar ou


depositar mercadorias desacompanhadas de documentos fiscais, ou sendo
estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do imposto


(...)”

Como já dito, a multa prevista no artigo 79,


da Lei nº 5.900/96, está em melhor subsunção ao fato apontado
na peça inicial, deixar de recolher o ICMS em operações ou
prestações, internas, tributadas, por omissão ou inclusão de
registros contábeis ou fiscais indicativos omissão de
receitas, ou seja, por haver a empresa autuada deixado de
emitir os documentos fiscais nas operações de vendas com
cartões de crédito/débito conforme exige o artigo 2º, § 9º, V,
da Lei nº 5.900/96, fato apurado através de levantamento
fiscal (situação não compreendida nas hipóteses dos artigos
seguintes) e que dá respaldo ao lançamento, como consta da
descrição e complemento da infração na página inicial do auto
de infração.

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em


situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

Nesta situação, o crédito tributário tem como


valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total


2007 30.068,67 15.034,34 45.103,01
TOTAL 30.068,67 15.034.34 45.103.01

Portanto, o crédito tributário no valor de R$


R$ 43.977,21 ( QUARENTA E TRÊS MIL, NOVECENTOS E SETENTA E
SETE REAIS E VINTE E UM CENTAVOS) deverá ser recolhido com os
acréscimos previstos em lei.

____________________________________________________________________________________
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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1° CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos, conhecer do
Recurso Ordinário, dando-lhe provimento parcial. Reformada
parcialmente a decisão singular em razão da Procedência
Parcial do Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em Maceió, 04


de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TRASO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR (votou com o relator) JULGADOR (votou com o relator)

MARIA LOPES MILHOMES


JUGADORA (votou contra o relator)

____________________________________________________________________________________
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 21 – Realizada em 04/06/2013


PROCESSO: 1500-000.464/2011 e CTE nº 239/2012.
ANEXOS: 1500–090.552/09; 1500-009.303/2011 e 1500-018.303/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO 90.06942-001, de 06/01/2011.
AUTUADA: ROSILENE SILVA TEIXEIRA - ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.844.787-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.632/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Francisco José Sarmento Mendonça.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº139 /2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias tributáveis
em operações internas sem o devido pagamento
do imposto (apurada pelo confronto entre os
valores informados pelas administradoras de
cartões de crédito e débito com os valores
declarados e escriturados pela autuada nas
DASN e nos PGDAS), devidamente comprovada nos
termos do artigo 2º, I, §9º, V, da Lei nº
5.900/1996, na redação da Lei nº 6.970/2008.
2) Presunção não afastada pela autuada. 3) A
opção pelo regime do Simples Nacional não

____________________________________________________________________________________
1
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exclui a incidência do ICMS nas operações


desacompanhadas de documentos fiscais (caso
em que será aplicada a legislação imposta aos
contribuintes do regime normal de tributação)
nos termos do artigo 13, §1º, XIII, “f”, da
LC nº 123/2006. 4) Possibilidade de a norma
retroagir uma vez que sua natureza formal e
procedimental permite que seja aplicada na
apuração do ICMS a fato gerador que tenha
ocorrido antes de entrar em vigência (artigo
144, § 1º, do CTN). 5) Lançamento Procedente
em Parte em razão da redução no valor do
crédito tributário quando da aplicação da
penalidade, aquela prevista no artigo 79, da
Lei nº 5.900/1996, em lugar da penalidade
prevista no artigo 97, da mesma lei. 6)
Recurso Ordinário conhecido e Provido em
Parte, por maioria de votos.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra


ROSILENE SILVA TEIXEIRA – ME, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de R$ 193.162,71
(cento e noventa e três mil, cento e sessenta e dois reais e
setenta e um centavos), por haver a empresa autuada deixado de
recolher o ICMS decorrente da omissão de saídas relativas às
operações/prestações realizadas cujos pagamentos foram feitos
pelos adquirentes por meio de cartão de crédito/débito ou
similares no período de 01/2007 a 07/2009.

Apontados como infringidos os artigos 1º, I,


a III; 2º, § 9º, V; 31; e 50, I, II, §§ 2º, ao 7º, da Lei nº
5.900/1996; 272-B, do RICMS/91. Sendo sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996.

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2
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A inicial está instruida com relatório de


dados cadastrais do contribuinte (SEFAZ e SIMPLES NACIONAL);
cópias (xerox) do cartão de autógrafo; da intimação fiscal nº
64.878; demonstrativo do levantamento com o confronto de dados
coletados; Termos de Início e Encerramento de Fiscalização; e
Processo 1500-090.552/2009.

DO ADITAMENTO FISCAL Nº 01 (UM)

Em 18/03/2011, antes de a autuada apresentar


defesa, foi lavrado o Aditamento Fiscal nº 01 (um) onde consta
a sugestão de que seja aplicada a penalidade prevista no
artigo 83, da Lei nº 5.900/1996, em lugar do artigo 97, da
mesma lei, uma vez que os documentos das operações de saídas
não foram escriturados nos livros fiscais próprios, sendo a
autuada intimada do aditamento em data de 08/04/2011 (AR a fl.
42, do Processo de Defesa).

DA DEFESA AO AUTO DE INFRAÇÃO

A autuada apresentou defesa em 23/03/2011,


tempestiva, alegando que a época da ocorrência do fato gerador
era optante do Simples Nacional, não estando sujeita a Lei do
ICMS normal; os cálculos apresentados estão incorretos; a Lei
nº 6.970/2008, no presente caso, atinge fatos geradores antes
de sua vigência, o que é proibido pela CF/88; a penalidade
aplicada, a multa do artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, deve ser
nula, pois a penalidade correta seria a do artigo 79, da mesma
lei. Por fim, pede a improcedência da autuação.

DA DEFESA AO ADITAMENTO FISCAL Nº 01 (UM)

Em data de 08/04/2011, a autuada foi intimada


do Aditamento Fiscal nº 01 (um), tendo apresentando defesa ao
referido Aditamento (fls. 44 a 57, do Processo de Defesa) em
13/05/2011, a qual foi recebida pelo Setor de Protocolo desta
SEFAZ/AL como se fosse apenas uma juntada de documentos e não
um processo adminstrativo (fl. 43, do Processo de Defesa), com
as seguintes alegações:
____________________________________________________________________________________
3
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1) Que, até 06/2007, estava sob os benefícios


da Lei nº 6.271/20001, e após, passou a sistemática do Simples
Nacional, daí não proceder à autuação; a Lei nº 6.970/2008, só
entrou em vigor em 2009, trazendo uma nova forma de apuração
do ICMS, não podendo ser aplicada retroativamente; o fisco
deve provar suas alegações, pois o ônus da prova cabe a quem
alega; não é permitido ao fisco imputar infração tributária
por presunção como demonstrado no âmbito federal e do Estado
de Pernambuco conforme a jurisprudência reproduzida.
2) Que, a multa aplicada é equivocada, pois
deveria ter relação direta com o descrito na norma punitiva,
observe-se que a descrição fática diz que houve omissão de
saídas, presumida, por conta de uma informação prestada pelas
empresas administradoras de cartões de crédito/débito; ora,
fica a dúvida com relação ao fato descrito na autuação que
ensejou a aplicação do artigo 83, da Lei nº 5.900/1996; no
máximo, acaso sendo devido o imposto, a autuação poderia ter
aplicado a multa prevista no artigo 79, da Lei nº 5.900/1996,
isto, porque, de acordo com a descrição dos fatos e de sua
ocorrência, traduz-se que a suposta omissão de saídas com o
não recolhimento do imposto e a multa, se devida, seria de 50%
(cinquenta por cento), por ser mais favorável a autuada. Por
fim, pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES A DEFESA

A Comissão de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões a Defesa alegando que o procedimento fiscal
atende ao artigo 50, § 11, I, e II, da Lei nº 5.900/1996; o
fato gerador se reporta ao período de 2007 a 2009 (durante a
vigência das Leis nºs 5.900/96 e 6.846/07); as informações
prestadas pelas empresas operadoras de cartão de crédito se
limitam a informar apenas as vendas feitas com cartão de
crédito; a autuação foi lavrada com base nas declarações das
operadoras e nas declarações prestadas pela autuada em suas
DAC’s; SINTEGRA e PGDAS; por ter feito vendas sem emitir
documentos fiscais a autuada foi excluida do Simples Nacional
(artigo 13, § 1º, XIII, “f”, da LC nº 123/2006); as provas
anexadas aos autos são suficientes para comprovar a infração
apontada. Por fim, pede que a autuação seja Procedente.

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Em 30/11/2011, foi solicitado a Requisição de


Diligência nº 203/2011, da Coordenadoria de julgamento para a
Diretoria de Tributação se pronunciar a respeito do assunto,
nos termos do artigo 71, III, da Lei Delegada nº 024/2003,
inclusive, anexando seus Pareceres sobre esta matéria, uma vez
que as contrarrazões apresentadas pela Representação Fiscal em
20/06/2011, não enfrentaram suficientemente a Defesa.

Em resposta datada de 13/12/2011, a Diretoria


de Tributação se pronunciou através do Gerente de Legislação e
Estudos Tributários alegando que é de sua competência prestar
esclarecimentos sobre a legislação tributária estadual (artigo
88, VII, do Regimento Interno da SEFAZ/AL), porém, antes de
iniciado o procedimento fiscal ou não pendente de julgamento
determinada questão. No caso em comento o procedimento fiscal
já foi iniciado e há pendência de julgamento quanto ao fato
autuado não podendo a referida diretoria usurpar a competência
atribuida a Coordenadoria de Julgamento (artigo 186, do mesmo
Regimento Interno); a competência para dizer se existe ou não
a incidência da Lei nº 6.970/2008, em relação ao presente caso
é da própria Coordenadoria de Julgamento e não da DT; este
questionamento foi objeto do Parecer PGE/PFE nº 555/2010, com
o qual concorda a DT conforme seu Parecer DT nº 654/2010.

Em 29/02/2012, foi solicitado a Requisição de


Diligência nº 044/2012, pela Coordenadoria de Julgamento para
reiterar a solicitação consignada na Requisição de Diligência
nº 203/2011. Em resposta o Gerente de Análise de Processos da
Diretoria de Tributação mantém as justificativas apresentadas
na resposta anterior uma vez que o assunto foi tratado através
do Parecer PGE/PFE nº 555/2010, que se pronunciou no sentido
de que as alterações promovidas na Lei nº 5.900/96, pelas Leis
nºs 6.846/2007 e 6.970/2008, não criaram nova hipótese de
incidência do ICMS e que os períodos anteriores a Lei nº
6.970/2008, podem ser objeto de lançamento por se constituírem
apenas novo critério de verificação do fato gerador do ICMS.

Em 29/05/2012, foi proferida a Decisão nº


18.632/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

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EMENTA: ICMS. OMISSÃO DE SAÍDAS. 1- Presunção


de omissão de saídas de mercadorias
tributáveis, em operações internas, sem
pagamento do imposto; 1.1 - Comprovada
diferença a maior entre os valores informados
pelas administradoras de cartões de crédito e
de débito, e os valores declarados e
escriturados pelo sujeito passivo; 1.2 -
Infração ao art. 2º, I, §9º, V da Lei nº
5.900/96, com redação dada pela Lei nº
6.970/08; 2 - Não oferecida pela defesa,
prova da improcedência da presunção; 3 - A
opção pelo Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS, nas operações
desacompanhadas de documentos fiscais;
aplicável a legislação imposta às demais
pessoas jurídicas (art. 13, §1º, XIII, f, da
LC 123/06); 4 - A autoridade fazendária pode
ter acesso às informações bancárias do
contribuinte quando houver procedimento
administrativo-fiscal em curso, sem o crivo
do judiciário, ex vi do art. 6º da LC
nº105/01; 5 - Norma procedimental de
fiscalização; Possibilidade de aplicação na
apuração do ICMS, cujo fato gerador tenha
ocorrido antes da sua entrada em vigor, art.
144, §1º, do CTN; 6- PROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, alegando:

1) Que, não concorda com a decisão singular


por ter a autuação um grave equívoco desde sua lavratura o
qual foi mantido, a opção da autuada pelo SIMPLES NACIONAL que
lhe garante a tributação simplificada onde o imposto apurado
seria na ordem de R$ 4.880,91 (R$ 4.855 + 25,00), enquanto o
imposto apurado pelo fisco com base em lei a não estava
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sujeita na época dos fatos geradores foi de R$ 64.387,57


(sessenta e quatro mil; trezentos e oitenta e sete reais e
cinquenta e sete centavos), uma diferença a maior de (90%),
onde não teria nem condições de fazer um parcelamento; este
entendimento não pode ser acatado, pois segundo o artigo 13, §
1º, XIII, da LC nº 123/2006, o ICMS é devido quando a operação
está desacobertada de documento fiscal; para ser cobrado o
ICMS fora do SIMPLES a autuada deve estar excluída formalmente
dessa sistemática e não o contrário, pensamento com o qual
corrobora a administração (Parecer PGE/PFE nº 855/2010).

2) Que, a Lei nº 6.970/2008, não se aplica ao


fato gerador, por ter sido publicada em 05/08/08, e a decisão
singular não acatou sua anterioridade; só podia ser aplicada a
partir do exercício de 2009 (artigos 150, III, “a”, e “b”, da
CF/88, e 106, I, e II, do CTN); o fisco deve provar suas
alegações, uma vez que a imputação tributária não pode ser
acatada por presunção, pois em questão tributária o ônus da
prova cabe a quem alega, ao fisco como demonstram os julgados
das esferas federal e estadual, cujas jurisprudências ora se
reproduz; de forma equivocada o julgador singular foi de
encontro ao autuante que havia modificado a multa de 200%
(duzentos por cento) para 60% (sessenta por cento), sujeitando
a autuada a multa prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/96,
que não tem nenhuma relação com o fato descrito na autuação;
no máximo, se devido o imposto, a autuação podia ter aplicado
a multa prevista no artigo 79, da mesma lei. Por fim, pede a
Improcedência da autuação por não estar à autuada sujeita a
Lei do ICMS normal à época dos fatos geradores; pela não
aplicação retroativa da Lei 6.970/08; pela não comprovação da
omissão de saídas. Pede ainda, a nulidade da multa prevista no
artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, no percentual de 200%.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, a inicial foi lavrada de acordo com a


legislação tributária vigente; a preliminar da autuada por não
reconhecer como idônea a decisão singular não considerando o
aditamento deve ser analisada, e neste contexto, o julgador
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singular está correto porque para aplicar a penalidade teve o


respaldo do artigo 30, da Lei nº 6.771/2006; a autuação está
amparada pelo artigo 50, I, e II, § 11, I, e II, da Lei nº
5.900/1996; o fato gerador ocorreu em 2007 a 2009, portanto,
na vigência da Lei nº 5.900/1996, que teve algumas alterações
para aperfeiçoamento do procedimento fiscal, possibilitando a
Fazenda Pública exigir informação das empresas administradoras
de cartões de crédito e débito com relação às movimentações
financeiras de seus contribuintes.

2) Que, a ação fiscal não teve como respaldo


apenas os relatórios das administradoras, mas, teve também, as
informações prestadas pela autuada nas DASN e nos PGDAS que
comprovam as operações sem a emissão de documentos fiscais;
comprovada a infração está correta a exclusão da autuada do
Simples Nacional e a cobrança do imposto com as respectivas
penalidades fora do regime do Simples Nacional (artigo 13, §
1º, XII, “f”, da LC nº 123/06); a Lei nº 6.970/08, não trata
de fato gerador ou de imposto novo, nem de sua majoração, mas,
trata de aperfeiçoar o procedimento fiscal e no presente caso
atende aos artigos 1º; 2º, §9º, I, a VIII; 31, §§ 1º e 2º; 6º,
I; da Lei nº 5.900/1996; deve ser aplicada a multa do artigo
97, da Lei nº 5.900/96, por ser anterior ao fato gerador. Por
fim, pede que a autuação seja procedente e a manutenção da
decisão singular. Assim, chegam os autos a este Conselho para
análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de Recurso Ordinário, interposto a


Decisão nº 18.632/2012, de Primeira Instância, que julgou como
sendo Procedente o Lançamento constante do auto de infração nº
90.06942-001, de 06/01/2011.

A análise dos autos demonstra que a inicial


trata de infração respaldada no artigo 2°, § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996, cujo procedimento foi introduzido pela Lei nº
6.970/2008, para regulamentar as ações fiscais destinadas à
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apuração das omissões de receitas sobre as vendas efetuadas


com cartões de crédito e débito mediante a análise dos
relatórios de vendas com tais cartões, apresentados ao fisco
nos termos do artigo 50, § 11º, I, e II, da Lei nº 5.900/1996.

Inicialmente, é de se observar que a autuada


diferentemente de outros contribuntes que foram autuados pelo
mesmo motivo (omissão de receitas pela falta de emissão de
documentos fiscais ou pela falta de apresentação nas DASN e
nos PGDAS referentes à operações com cartões de crédito e
débito) não alegou qualquer preliminar de nulidade objetivando
o afastamento do lançamento. A autuada no Recurso Ordinário
questiona a decisão proferida pela Primeira Instância e pede
sua reforma com relação a apenas 03 (três) situações:

1) O fato de ser optante pela sistemática do


Simples Nacional, situação em que não pode ser penalizada como
se fosse contribuinte da sistemática normal de tributação.

2) A irretroatividade da Lei nº 6.970/2008,


que só poderia ter efeitos a partir do exercício de 2009.

3) A aplicação da penalidade prevista no


artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, por haver o autuante feito
aditamento fiscal onde sugeriu a aplicação da penalidade
prevista no artigo 83, da mesma lei.

ANÁLISE DAS SITUAÇÕES

1) Quanto ao fato de ser a autuada optante


pelo regime do Simples Nacional, o artigo 13, § 1º, XIII, “f”,
da LC nº 123/2006, determina que o ICMS seja recolhido em
conjunto com os demais tributos mediante a aplicação de um
percentual específico sobre a receita mensal e, prevê ainda,
algumas situações em que o ICMS não será tributado de acordo
com o Simples Nacional e que a ele serão aplicadas as regras
de incidência normal do ICMS regidas pelas leis ordinárias
estaduais dentre elas, as situações previstas para os casos
concretos de operações sem documentação fiscal.
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LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006

“Art. 13 - O Simples Nacional implica o recolhimento mensal,


mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e
contribuições:
(...)

§ 1o - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência


dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de
contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a
legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:
(...)

XIII - ICMS devido:


(...)

f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;


(...)”

Daí ser pertinente o lançamento do ICMS nos


termos da Lei nº 5.900/1996, ainda que a autuada esteja na
sistemática do Simples Nacional. Pertinência esta, que resulta
exatamente no fato de haver o fisco constatado a omissão de
registros contábeis, indicativa de omissão de receitas, por
haver a autuada como já dito, deixado de emitir os documentos
fiscais das vendas efetuadas com cartões de crédito e débito
nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, fato comprovado pela
diferença apurada pelo confronto entre os valores informados
pelas administradoras de cartões de crédito e débito com os
valores informados pela autuada nas PGDAS e nas DASN, fato que
leva a presunção de haver deixado de emitir os documentos
fiscais das vendas efetuadas, e que ocasionou a omissão de
receitas nos termos do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei
Estadual nº 5.900/1996 (na redação dada pela Lei Estadual nº
6.970/2008), acarretando por consequência a perda do benefício
ao Regime do Simples Nacional, sendo certo que a esta forma de
exclusão se referiu o Parecer da PGE/PFE.

2) Quanto à irretroatividade do artigo 2º, §


9º, da Lei nº 5.900/1996, não resta dúvida de que o mesmo se
encontra vigente desde 27/12/1996; e seu comando normativo
prevê que a falta ou a inclusão de registros contábeis ou
fiscais ou tendo sido estes emitidos em valores inferiores aos
informados, autoriza a presunção de que ocorreram operações
internas sem pagamento do ICMS (ressalvado ao sujeito passivo
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a prova da improcedência da presunção); e que, cada um de seus


08 (oito) incisos, não são novos fatos geradores, mas, são
elementos indicativos de cada procedimento de fiscalização a
ser adotado, em cada uma das situações ali previstas, como
demonstram as atualizações introduzidas pela Lei nº 5.979/1997
(que trata do percentual de 30% previsto como valor agregado);
pela Lei nº 6.348/2002 (que trata da hipótese de entrega de
mercadoria ou bem importados do exterior antes do desembaraço
aduaneiro) e pela Lei nº 6.970/2008, que trata das operações
efetuadas com a utilização de cartões de crédito e débito.

Nesse passo, é certo que a presunção legal do


artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996, cujo
procedimento está previsto na Lei nº 6.970/2008, permite a
mesma retroagir, haja vista, que o inciso V, não cria nova
hipótese de incidência tributária, mas, apenas institui novos
critérios ou procedimentos para verificar a ocorrência do fato
gerador (já criado em 27/12/1996), fato este, que atende ao
que determina o artigo 144, § 1º, do CTN.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - CTN


Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato
gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º - Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à


ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos
critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os
poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado
ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último
caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a
terceiros.
(...)”

Não resta dúvida, de que o § 1º, do artigo


144, do CTN autoriza que o Inciso V, do § 9º, do artigo 2º, da
Lei Estadual nº 5.900/1996, retroaja e alcance fatos geradores
anteriores a 2008. Está claro que não podemos confundir a
regulamentação de um novo critério de fiscalização, de um novo
procedimento fiscalizatório com a criação de um novo fato
gerador, até mesmo porque que desde 26/09/2007, a apresentação
dos relatórios com os valores referentes a cada operação ou
prestação com cartões de crédito/débito já eram de
apresentação obrigatória ao fisco estadual (Lei Estadual nº
6.846/2007).
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LEI Nº 6.846/2007
“Art. 1º - Os dispositivos a seguir indicados da Lei nº 5.900, de 27
de dezembro de 1996, passam a vigorar com a seguinte redação:
(...)

III - o art. 50:


(...)”

LEI Nº 5.900/1996
"Art. 50 - (...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e de
empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação,
informar ao fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por


contribuintes do imposto através de seus sistemas de crédito, débito
ou similares; e
II - os dados relativos a bens, negócios, atividades ou outras
informações que disponham a respeito dos contribuintes localizados no
seu empreendimento, inclusive sobre valor locatício.
(...)”

Portanto, não procede a alegação da autuada,


de que a presente autuação fere o Princípio Constitucional da
Anterioridade Tributária pela criação de um novo fato gerador
pela Lei nº 6.970/2008, por se tratar apenas da implantação de
critérios materiais para a apuração de um ilícito tributário
já existente (omissão de saídas), haja vista, que os valores
das operações praticadas pela autuada com cartões de crédito e
débito são de declaração obrigatória a Fazenda Estadual
(artigo 31, caput, e § 1º, da Lei Estadual nº 5.900/1996);
sendo assegurado ao Fisco o direito de conhecer os montantes
das operações ou prestações feitas pela autuada (sujeito
passivo da obrigação tributária).

A natureza material da norma que institui


nova hipótese de incidência tributária não pode ser confundida
com a natureza formal ou procedimental da norma que estabelece
presunções de ocorrência dessa hipótese de incidência; não há
que se falar em ofensa ao princípio da irretroatividade da
norma tributária, uma vez que o § 1º, do artigo 144, do CTN,
contém hipótese de exceção ao princípio e autoriza a aplicação

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retroativa da legislação que posteriormente à ocorrência do


fato gerador da obrigação tributária, institua novos critérios
de apuração ou de procedimentos de fiscalização. Nesse passo,
por conter caráter meramente probatório o ordenamento jurídico
tributário estadual admite sua aplicação a fatos pretéritos,
por se tratar tão somente de instrumentos ou critérios de
verificação (meios probatórios) de hipóteses de incidências já
antes delineadas na lei, conforme decisão da 2ª Turma do STJ.
“RECURSO ESPECIAL Nº 1.212.780 - SP (2010/0167612-3)

RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN


RECORRENTE: SALIM MIGUEL
RECORRIDO: FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO: PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC
NÃO CONFIGURADA. AUTUAÇÃO FISCAL. ART. 12, §§ 2º E 3º, DO DECRETO-
LEI 1.598/77. NORMAS PROCEDIMENTAIS DE FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE
DE APLICAÇÃO NA APURAÇÃO DE TRIBUTO CUJO FATO GERADOR TENHA
OCORRIDO ANTES DA SUA ENTRADA EM VIGOR. APLICAÇÃO DO ART. 144, §
1º, DO CTN.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente,
não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a
legislação que institui novos procedimentos fiscalizatórios pode
ser aplicada na constituição de créditos tributários cujo fato
gerador tenha ocorrido antes da sua entrada em vigor. Orientação
reafirmada no julgamento do REsp 1.134.665/SP, sob o rito dos
recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. As normas contidas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do Decreto-Lei
1.598/1977 – que afirmam presumida a omissão de receita, na
hipótese de se verificar que a escrituração do contribuinte deixou
de considerar o pagamento de obrigações, autorizando que o Fisco
proceda ao lançamento por arbitramento – relacionam-se a
procedimentos de investigação da autoridade fiscal e, portanto,
podem ser aplicadas na apuração de tributo cujo fato gerador seja
anterior à sua vigência.
4. A presunção de omissão de receitas é relativa, admitindo-se que
o contribuinte demonstre o contrário. No entanto, no caso dos
autos, o Tribunal a quo expressamente afirmou, com base na prova
dos autos, que a parte não se desincumbiu desse ônus. A revisão
desse entendimento demanda reexame do conjunto fático-probatório
dos autos, obstado nos termos da Súmula 7/STJ.
5. Recurso Especial não provido.
(REsp 1212780/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/02/2011, DJe 16/03/2011)
(...)”

3) Com relação à aplicação da penalidade


constante na inicial, aquela prevista no artigo 97, da Lei
Estadual nº 5.900/96, sugerida na inicial e afastada (sua
sugestão) pelo Aditamento Fiscal nº 01 (um), onde o autuantes
sugeriu a aplicação da penalidade prevista no artigo 83, da
mesma lei, haverá de ser entendida apenas como mera sugestão
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do autuante, que diferentemente dos julgadores das instâncias


administrativas não tem prerrogativa nem competência legal
para aplicação de penalidades a fatos concretos, conforme
artigo 30, da Lei nº 6.771/2003.
“Art. 30 - Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em
que se fundou o ato original de constituição do crédito tributário,
poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da
que constar no auto de infração, inclusive relativamente:

I - à penalidade ou penalidades aplicáveis ao infrator ou a quem


deva responder pela infração, nos termos da lei; e
(...)”

Por fim, observe-se, que a autuada não trouxe


aos autos, qualquer prova capaz de afastar a presunção legal
de omissão de saídas, oriunda da falta de registro das vendas
com cartões de crédito e débito como apontam as DASN e os
PGDAS, mas, que foram informadas ao fisco pelas empresas
operadoras de cartões de crédito e débito; em sua defesa se
limitou a questões circunstanciais, enfrentadas e afastadas
acertadamente pela Decisão singular, à vista de fundamentação
legal pertinente, ficando comprovada, portanto, a presunção de
operações de saídas internas de mercadorias tributadas sem o
pagamento do imposto, as quais foram apuradas pela diferença a
maior entre os valores informados pelas administradoras de
cartões de crédito e débito com os valores declarados pela
autuada em suas DASN conforme consta dos números apontados no
demonstrativo fiscal às fls. 10, e 11, do Processo inicial,
nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, cuja fundamentação legal
é aquela constante do artigo 2°, § 9º, V, da Lei nº 5.900/96.

A decisão singular não merece reforma, uma


vez que o julgador singular decidiu de acordo com as previsões
da norma tributária vigente, fundamentou sua decisão nos
termos exigidos pela Lei nº 6.771/2006; o crédito tributário
foi apurado com base nos valores retirados dos documentos que
instruem os autos, dentre eles, as PGDAS e a DASN (Declaração
Anual do Simples Nacional), onde a autuada informou apenas os
valores que achou conveniente, em detrimento de informar o
valor total anual que foi obtido com as vendas feitas com
cartões de crédito/débito em confronto com os Relatórios de
Movimentações Financeiras, emitidos pelas Administradoras de
Cartões de Débito e de Crédito de bandeiras VISANET, REDCARD e
HIPERCARD (Processo 1500-090.552/2009). Não resta dúvida de
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que a diferença apurada a partir do confronto entre os valores


citados gerou a base de cálculo do ICMS apurado (fls. 10 e 11,
do Processo inicial), cujo fato gerador é aquele previsto no
artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, Portanto, o
Lançamento é Procedente.

Quanto à aplicação da penalidade prevista no


artigo 97, da Lei nº 5.900/96, sugerida na inicial e afastada
por aditamento, é certo que nenhuma das 02 (duas) se aplica ao
presente caso, haja vista, que esta Câmara e o Pleno deste
Conselho (por maioria de votos) têm entendido que nos casos em
que a infração foi apurada com base em livros e documentos
fiscais, será aplicada a penalidade prevista no artigo 79, da
Lei Estadual nº 5.900/1996, até porque a penalidade prevista
no artigo 97 é sugestiva de que a mesma seja aplicada aos
casos de descumprimento de obrigações acessórias. Observe-se,
ainda, que a aplicação da penalidade prevista no referido
artigo 79, obedece ao artigo 30, da Lei nº 6.771/2006
“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em
situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do
imposto.
(...)”

Nesta situação o crédito tributário tem como


valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios Difença e B/Cálc ICMS Multa Total


2007 247.786,66 42.123,73 21.061,86 63.185,59
2008 104.066,93 17.691,38 8.845,68 26.537,07
2009 26.896,75 4.572,44 2.286,22 6.858,66
Total 378.750,34 64.387,55 32.193,77 96.581,32

Portanto, o crédito tributário no valor de


R$ 96.581,32 (noventa e seis mil, quinhentos e oitenta e um
reais e trinta e dois centavos) deverá ser recolhido com os
acréscimos previstos em lei.
____________________________________________________________________________________
15
Acórdão CTE 139/2013
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1°


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de
votos, conhecerem do Recurso Ordinário, dando-lhe provimento
parcial. Reformada parcialmente a decisão singular em razão da
Procedência Parcial do Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 04 de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE (votou com o relator) RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR(contra relator) JULGADOR(contra relator)

MARIA LOPES MILHOMES


JUGADORA (votou com o relator)

____________________________________________________________________________________
16
Acórdão CTE 139/2013
SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 22 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 06/06/2013
PROCESSO: 1500-000672/2010
AUTO DE INFRAÇÃO: n.º 9999786-001, de 12/01/2010.
AUTUADA: MEGA FARMA DIST DE PROD FARMAC E HOSPITALAR LTDA
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.107.075-9
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
RELATOR: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme da Silva Filho.
SECRETÁRIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 140/2013

EMENTA:

AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – RECURSO ORDINÁRIO –


PRAZO DE 15 DIAS PARA SUA INTERPOSIÇÃO JUNTO AO
CONSELHO – INOBSERVÂNCIA – INTERPOSIÇÃO FORA DO
PRAZO LEGAL – RECURSO INTEMPESTIVO – RECURSO
ORDINÁRIO NÃO CONHECIDO – CRÉDITO
DEFINITIVAMENTE CONSTITUÍDO.

RELATÓRIO

A empresa MEGA FARMA DIST DE PROD FARMAC E HOSPITALAR LTDA,


inscrita no CACEAL nº 241.07075-9, interpôs Recurso Ordinário em razão do julgamento
proferido pela Coordenadoria de Julgamento – CJ, que, através da decisão n.º 18.476/12,
reconheceu a procedência do auto de infração, nos termos da ementa que segue:

EMENTA: ICMS. 1. Mercadoria acompanhada de documentos


fiscal inidônea. 2. Notas fiscais destinadas ao sujeito passivo em
situação cadastral “inapta”. 3. Contribuinte inabilitado à prática
de operações ou prestações relativas ao ICMS e ao exercício de
direitos relativos ao cadastramento, ex vi do art. 21,§ 3º, do
Decreto nº 3.481/06. 4. Documentos fiscais emitidos com erros,
caracterizando sua inidoneidade nos moldes do art. 207, IX, do

Acórdão CTE nº 140/2013 Página 1


RICMS/AL. 5. Aplicação da penalidade prevista no art. 97, da
Lei Estadual nº 5.900/96. LANÇAMENTO PROCEDENTE.

A Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas – SEFAZ/AL, por intermédio de seus


fiscais de tributos, lavraram o competente Auto de Infração n.º 99.99786-001, datado de 12 de
janeiro de 2010, em razão de a empresa autuada supostamente ter cometido a seguinte
infração:

Nos dias 21 e 31 de agosto de 2009, a empresa MEGA FARMA DIST


DE PROD FARMAC HOSPITALAR LTDA, inscrição estadual n⁰
24107075-9, recebeu mercadorias provenientes do estado de São
Paulo, conforme NFEs nº 38964,12632 e 12633 e CTRC 483623,
respectivamente. Em consulta realizada ao sistema de cadastro
sincronizado de contribuintes, a empresa se encontrava, nestas datas,
com inscrição em situação inapta, desde 15/06/2009 implicando na
impossibilidade de receber mercadorias até a sua reativação, que só
ocorreu em 11/09/2009.

(...)

Em face do exposto, e de acordo com o entendimento da diretoria de


tributação e legislação aplicável, as notas são consideradas
inidôneas, conforme preceitua o artigo 207, IX do Decreto 35.245/91,
aplicando-se a penalidade prevista no artigo 97 da Lei 5.900/96.

O auto de infração foi lavrado com fundamento no art. 21, inciso VI, da Lei
5.900/96, c/c artigos 207 e 789, § 1º, inciso IV, do Regulamento do ICMS/AL, aprovado pelo
Decreto n.º 35.245/91, assim como o art. 21, § 3º, do Decreto 3.481/2006; Instrução
Normativa n.º 17/2007; Art. 13, inciso IV e art. 13, § 4º, do Decreto 3.005/2005, sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no art. 97 da Lei 5.900/96.

O crédito tributário apurado pela fiscalização totalizou o valor de R$ 117.926,97


(cento e dezessete mil, novecentos e vinte e seis reais e noventa e sete centavos), sendo o
valor de R$ 39.308,99 (trinta e nove mil trezentos e oito reais e noventa e nove centavos)
referente ao imposto devido e o montante de R$ 78.617,98 (setenta e oito mil, seiscentos e
dezessete reais e noventa e oito centavos) a título de multa.

Foram anexados aos autos os seguintes documentos: cópia do cartão de autógrafo,


cópias dos dados cadastrais, cópias do extrato de arrecadação do período, cópia do termo de
apreensão, cópia de nota fiscal de entrada e cópia de memória de cálculo.

Em suas razões recursais, a empresa autuada requer seja julgado improcedente o auto
de infração, sob os seguintes argumentos:

Acórdão CTE nº 140/2013 Página 2


1. O lapso temporal concedido para a regularização dos dados cadastrais do
SINTEGRA fora de 90 dias – Conforme publicação no DOE/AL de 04 de maio
de 2009. Logo, a Recorrente poderia regularizar seus dados cadastrais até 04 e
agosto de 2009 ( 90 dias após a publicação constante no Diário Oficial do Estado
de Alagoas), a fim de manter a sua inscrição estadual válida.

2. Ocorre, porém, que a Secretaria da Fazenda de Alagoas – além de não levar


em consideração o fato de a Recorrente ter deixado de cumprir a determinação
citada alhures em razão da greve dos agentes fazendários -, tornou a inscrição
estadual da Requerente inapta bem como suspendeu os seus efeitos (sua
habilitação) tornando a empresa inapta a realizar a circulação de mercadorias
antes de encerrado o prazo que fora estabelecido por ela própria para que as
empresas realizassem a regularização da situação mencionada anteriormente (90
dias – Edital SER n⁰ 186/2009, DOE/AL de 04/05/2009).

3. Destarte, resta demonstrada de forma cristalina a ILEGALIDADE do ato da


Secretaria Estadual da Fazenda de Alagoas ao desrespeitar o prazo de 90 dias
conferido por ela própria às empresas, dentre elas, a Recorrente, para que estas
realizassem a atualização dos seus dados cadastrais e do SINTEGRA, sendo que
jamais poderia ter a Recorrida, suspendido a inscrição desta contribuinte e
tornado-a inapta antes de expirado prazo concedido.

4. Nesse diapasão, como a questão cerne desta lide encontra-se em torno da


regularidade da inscrição estadual do contribuinte no momento da aquisição das
mercadorias apreendidas nos dias 21 e 31 de agosto de 2009 cabe trazer à liça
que a exclusão da Contribuinte em tela do edital SER n⁰ 280/09 (que a tornava
inapta para circulação das suas mercadorias) por meio do edital SER n⁰ 472 de
11 de setembro de 2009 – cuida de ato que possui efeito meramente declaratório,
e não constitutivo, de modo que a regularidade da empresa fora constituída
automaticamente no dia 19 de agosto de 2009, quando da entrega dos últimos
documentos requeridos.

Os autos foram encaminhados à Comissão de Representação Fiscal que apresentou


contrarrazões ao Recurso Ordinário nos seguintes termos:

1. Os argumentos da Recursante não merecem acatamento porque não


condizentes com a realizada da infração cometida e dos procedimentos
constantes dos autos, como também, não merece reforma a decisão de 1ª
instância;

2. A Recorrente não trouxe nenhum fato novo que possa motivar a reforma da
referida decisão;

3. Insiste a Recorrente no equívoco de que na data da apreensão das mercadorias


a sua situação cadastral estava regular, porque atendeu ao Edital SER n.º
208/2009. Ocorre que a sua inscrição foi tornada inapta por não atender ao

Acórdão CTE nº 140/2013 Página 3


Edital SER n.º 144/2009, publicado no DOE de 15/04/09 que lhe concedia prazo
de 20 (vinte) dias para regularização.

Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual para análise do Recurso


Ordinário interposto pela contribuinte.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Antes de enfrentarmos o mérito do presente Recurso Ordinário, cumpre-nos


analisarmos os requisitos extrínsecos da referida peça recursal, especialmente no tocante a sua
tempestividade.

A Lei Estadual n.º 6.771/06, que regula o processo administrativo tributário no


âmbito do Estado de Alagoas, preconiza que o sujeito passivo vencido, no todo ou em parte,
por ocasião do julgamento proferido pela Coordenadoria de Julgamento, poderá interpor
Recurso Ordinário para o Conselho Tributário no prazo de 15 (quinze) dias, senão vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I - recurso ordinário;

...

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da


ciência da decisão.

Compulsando atentamente os autos, depreende-se que o sujeito passivo foi


validamente intimado da decisão de primeira instância em 17 de fevereiro de 2012 (sexta-
feira), mediante o Ofício 042/2012 CJ-SEFAZ/AL, conforme se comprova através dos ARs
(avisos de recebimento) acostado aos autos do processo n.º 1500-000672/2010, às fls. 67/68,
inclusive sendo alertado expressamente que o prazo para a interposição do Recurso Ordinário
é de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.

Segundo dispõe o art. 9º da Lei 6.771/06, “os prazos processuais serão contínuos,
excluindo-se na sua contagem o dia de início e incluindo-se o dia do vencimento.” Neste
contexto, a contagem do prazo para a interposição do Recurso Ordinário no presente caso

Acórdão CTE nº 140/2013 Página 4


somente iniciou no dia 23 de fevereiro de 2012, em razão do feriado de carnaval, em
observância ao que dispõe o § 1º do citado artigo, in verbis:

Art. 9º Os prazos processuais serão contínuos, excluindo-se na sua


contagem o dia de início e incluindo-se o dia do vencimento.

§ 1º Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal no


órgão em que tramite o processo ou onde deva ser praticado o ato.

Em sendo assim, considerando o dia 23 de fevereiro de 2012 como marco inicial para
a contagem do prazo recursal, que é de 15 (quinze) dias, tal prazo findaria no dia 08 de março
de 2012. Todavia, depreende-se que o Recurso Ordinário somente foi interposto pela
contribuinte no dia 13 de março de 2012, ou seja, após o prazo recursal, sendo absolutamente
intempestiva sua interposição, o que, por si só, a causa impeditiva da análise do mérito do
recurso.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, deixar de conhecer o recurso
ordinário, em face de sua intempestividade.

Em atenção ao disposto no art. 17, I c/c art. 89, ambos da Lei 6.771/2006, proceda-se
a cobrança do crédito tributário e, não havendo pagamento, inscreva-se o débito em dívida
ativa.

Sala de sessões do Conselho Tributário Estadual.

Maceió/AL, 15 de maio de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

Acórdão CTE nº 140/2013 Página 5


SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 22 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 06/06/2013
PROCESSO: SF 1500-010938/1995 e CTE 79/2008
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 070517, de 23/01/95.
AUTUADA: Comercial José Luiz e Filhos Ltda.
RELATOR: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme da Silva Filho.
SECRETÁRIA: Genilza Coelho de Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 141/2013

EMENTA - AUTO DE INFRAÇÃO – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ICMS – INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA DEFICIENTE – INEXISTÊNCIA DE PROVA DA
INFRAÇÃO – NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO –
DECISÃO DA CJ MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração que tem por objeto o lançamento de crédito tributário no
valor de R$ 1.516,91 (mil e quinhentos dezesseis reais e noventa e um centavos), em razão da
omissão de saídas de mercadorias pelo contribuinte.
Ao analisar o processo, a CJ, através da decisão n.º 15.576/09, reconheceu a nulidade
do lançamento, uma vez que não foram anexadas as provas que serviram de lastro para a
acusação fiscal. A 2ª Câmara de julgamento do Conselho Tributário Estadual, através do
acórdão 324/2008, de relatoria da conselheira Célia Braga de Albuquerque, conheceu e deu
provimento ao reexame necessário da decisão da CJ, no sentido de reformar a decisão,
determinando, ainda, o retorno dos autos para a CJ para a análise do mérito do lançamento.
Devolvido os autos para a CJ, o julgador singular manteve a decisão outrora proferida,
devolvendo os autos novamente para a 2ª Câmara, que, por sua vez, devolveu mais uma vez o
processo para a CJ para dar cumprimento ao acórdão n.º 324/2008. Recebido novamente os
autos pela CJ, a então Coordenadora Odete Mineiro da Paz proferiu o Despacho n.º 090/2009,
nos seguintes termos:
“O CTE tem competência para anular ou reformar as decisões de 1ª
Instância (art. 46 da lei n.º 6.161/2000). No caso de Reforma, a Decisão
recebe nova interpretação, diferente daquela emitida pelo julgador de 1ª
Instância. Exemplo: uma Decisão de 1ª Instância julgando pela
Procedência determinado auto de infração e no CTE uma das Câmaras
decide Reformar esta decisão, quando o faz, a reforma deve decidir pela
Procedência Parcial ou pela Improcedência, etc. Neste caso os autos não
retornam a CJ para nova Decisão, porém no caso de Anulação os autos
retornam a CJ para que seja proferida nova Decisão.”
Acórdão CTE nº 141/2013

Página 1
Assim, a CJ devolveu os autos para o CTE com o intuito de que este órgão esclareça
se houve anulação da decisão da CJ, e não a reforma, ou, caso confirme a reforma, declare
qual o entendimento adotado pela 2ª Câmara, se pela procedência, improcedência etc. Neste
contexto, diante da omissão da legislação estadual para solucionar o impasse, considerando
que a 2ª Câmara já exerceu sua competência para apreciar o feito, o Presidente deste
Conselho, mediante despacho, determinou a subido dos autos ao Pleno do CTE para
solucionar definitivamente o impasse, conforme estabelece o art. 61 do Decreto 36.160/94.
Submetido os autos ao crivo do Pleno do CTE, este decidiu, por maioria de votos, que
a decisão da 2ª Câmara de Julgamento é nula Câmara não apontou qualquer nulidade ou vício
cometido pela CJ em seu julgamento, mas apenas discordou do entendimento esposado em
relação às provas colacionadas aos autos, sendo caso, portanto, de reforma da decisão, e não
de anulação, determinando, por conseguinte, o retorno dos autos para o referido órgão proferir
novo julgamento, inclusive com análise do mérito do lançamento. Vejamos a ementa:

AUTO DE INFRAÇÃO – CONTRADIÇÃO EXISTENTE NA


DECISÃO DA 2ª CÂMARA DO CTE SUSCITADA PELA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO – ANULAÇÃO DA
DECISÃO DA 2ª CÂMARA DO CTE – INDEPENDÊNCIA
FUNCIONAL DA CJ MANTIDA – NECESSIDADE DE NOVO
JULGAMENTO PELA 2ª CÂMARA.

Assim chegam os autos para a 1ª Câmera de Julgamento do Conselho Tributário


Estadual para apreciação do reexame necessário da decisão da Coordenadoria de Julgamento
– CJ.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º 15.576/09, proveniente da


Coordenadoria de Julgamento – CJ, que reconheceu a nulidade do lançamento, uma vez que
não foram anexadas as provas que serviram de lastro para a acusação fiscal. O auto de
infração tem por objeto o lançamento de crédito tributário no valor de R$ 1.516,91 (mil e
quinhentos dezesseis reais e noventa e um centavos), em razão da omissão de saídas de
mercadorias pelo contribuinte.
A decisão da Coordenadoria de Julgamento – CJ não merece ser reformada ou
anulada. Com efeito, compulsando a decisão proferida pela CJ, desnecessário empreender
maiores esforços hermenêuticos para concluir que, de fato, houve acerto do referido órgão ao
anular a autuação em razão da ausência de provas, especialmente quanto à base de cálculo
utilizada pelo autor da ação fiscal, conforme trechos da aludida decisão ora transcritos:
“Às claras está que a base de cálculo do imposto reclamado não se
encontra explicitada, demonstrada, como manda o ordenamento
jurídico.

Ademais, os incisos III e V do artigo 891, citado, não são excludentes


entre si, ou seja, quando o Auto de infração derivar de levantamento
Acórdão CTE nº 141/2013

Página 2
específico de estoque, cópias dos documentos que serviram de base
para apuração das irregularidades deverá acompanhá-lo, não
substituindo as cópias das notas fiscais consideradas a relação
prevista na alínea c do inciso III, transcrito.”

Saliente-se que, na tentativa de salvar o auto de infração, a Coordenadoria de


Julgamento – CJ, através da Diligência n.º 88/2004, encaminhou os autos para que a fiscal
autuante procedesse com a regularização do processo, especificamente em relação à base de
cálculo utilizada para estabelecer o montante do crédito tributário cobrado no presente caso,
porém a diligência restou infrutífera.
Percebe-se, assim, que o fiscal autuante não se desincumbiu de provar suas alegações
mediante a juntada dos documentos fiscais referidos no demonstrativo de crédito elaborado
pelo fiscal, descumprindo, portanto, o art. 891, V, do RICMS/AL.
Ressalte-se que esta 1ª Câmara de Julgamento do CTE, por diversas vezes, firmou
entendimento no sentido de que o dever de provar a ocorrência do fato jurídico tributário que
originou o crédito para a Fazenda Pública compete à própria Administração, sendo certo que a
ausência de provas acarreta sua nulidade, uma vez que não contém elementos suficientes para
se determinar, com segurança, a infração, nos termos do art. 7º, IV, “a”, da Lei 6.771/06.
Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, CONHECER DO REEXAME
NECESSÁRIO PARA NEGAR-LHE PROVIMENTO, a fim de manter na íntegra a decisão
da Coordenadoria de Julgamento, que julgou NULO o auto de infração, mormente em face da
escassez probatória.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 06 de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

Acórdão CTE nº 141/2013

Página 3
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 21– REALIZADA: 07/06/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO: SF . 03506/99 – CTE Nº 09/2010
AUTO DE INFRAÇÃO: . 06691/99
RECORRENTE: . ESTADO DE ALAGOAS
RECORRIDO: MOTOCANA S/A MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS.
SECRETARIA:GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 142/2013

EMENTA: ICMS APURADO MEDIANTE


LEVANTAMENTO FISCAL.
DIVERGÊNCIA ENTRE AS
INFORMAÇÕES ADOTADAS PELA
FISCALIZAÇÃO E A ISCRITA FISCAL DO
CONTRIBUINTE. IMPRUCEDÊNCIA DA
AUTUAÇÃO. REEXAME CONHECIDO E
NÃO PROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste


Colegiado Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006,
em face da sucumbência da Fazenda Estadual declarada pela Decisão n °
16.285/2009, da Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu por decretar
a nulidade do lançamento.

Segundo a instância singular, o levantamento efetuado pela


fiscalização que apontou para crédito tributário não recolhido aos cofres
estaduais haveria, afora a utilização de legislação superveniente para fatos
pretéritos para fins de aplicação de margem de lucro presumida, também houve a
inserção de dados no trabalho fiscal de valores divergentes aos dos livros fiscais.
Por estas razões, conclui a Douta Coordenadoria de Julgamento pela nulidade da
autuação.

Intimados, contribuinte e representação fiscal quedaram-se silentes,


tendo sido, então, e como já anotado, os autos encaminhados a este Órgão
Colegiado para o respectivo reexame legal.

É o que interessa ao julgamento.

Acórdão N° 142_2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

VOTO

De uma análise dos autos infere-se que assiste razão a instância


singular.

Tal assertiva é resultado da observação, já constatada no


julgamento ora revisado e anteriormente em duas diligências, de que dos autos
não se logra êxito em encontrar as informações lançadas pela autoridade
lançadora em seu trabalho de levantamento. Ou seja, não se sabe a origem dos
respectivos dados.

Conforme afirmado, aos fiscais autuantes foram dadas, inclusive,


mais de uma oportunidade para que esclarecessem de onde teriam eles extraído
as ditas informações, sem que a diligência fosse esclarecida.

A ressalva que fazemos é que a constatação feita pela instância a


quo não conduziria a nulidade, já que não conseguimos vislumbrar norma que
subsidie tal conclusão. Pensamos, com a devida vênia, que foi a dialética
processual, inclusive com a juntada de elementos probatórios pelo contribuinte,
que permitiu a constatação da ilegitimidade dos dados utilizados no lançamento.
Por esta razão, entendemos pela improcedência da autuação.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da
remessa necessária para negar-lhe provimento, com a ressalva de que concluímos
pela improcedência da autuação.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 07 de junho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão N° 142_2013 Página 2


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 23 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 11/06/2013


Processo n.º 1500-002163/1994.
Auto de Infração n.º 053438, de 25 de outubro de 1993.
Autuado: Ramalho e Dias LTDA.
RELATOR: Paulo de tarso costa e silva
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO: Maria Lopes Milhomes
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 144/2013

EMENTA – ICMS- Obrigação principal –


Crédito definitivamente constituído pelo
lançamento regulamente notificado ao
contribuinte. Inexistência de qualquer hipótese de
suspensão da exigibilidade do credito tributário.
Decurso do prazo do Art.174 do CTN- Extinção
do crédito pela prescrição – Inteligência do Art.
156, V. do CNT. Remessa necessária conhecida e
não provida.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º 15.512/2007


oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que reconheceu
ACÓRDÃO Nº144/2013 Página 1
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de ofício a ocorrência da prescrição do crédito tributário


cobrado no auto de infração n.º 053438, lavrado em 25 de
outubro de 1993, declarando, por conseguinte, a extinção do
crédito tributário, em conformidade com os artigos 156,
inciso V, e 174, ambos do Código Tributário Nacional. Vejamos
a ementa:

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de crédito


tributário. 2. Falta de recolhimento de
imposto, inclusive por omissão de saídas de
mercadorias. 3. Revelia. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito
tributário. 6. Prescrição – CTN, artigos 156,
V, e 174. 7. Duplo grau de jurisdição
administrativa necessário – art. 48, Lei
Estadual n.º 6.771/06.

Conforme alhures já relatado, o auto de infração


foi lavrado em 25 de outubro de 1993, sendo protocolado na
repartição fazendária em 23 de novembro de 1993.

O contribuinte foi validamente notificado em 22 de


novembro de 1993, conforme se depreende da ciência do
contribuinte aposta no próprio auto de infração, ocasião em
que o mesmo restou silente, não apresentando qualquer espécie
de manifestação e/ou defesa administrativa.

Neste contexto, diante da ausência de pagamento e


da não apresentação de defesa administrativa, a então
Coordenadoria Geral de Administração Tributária - CAT lavrou
o competente Termo de Revelia, o qual está datado de 24 de
dezembro de 1993.

Ressalte-se, por oportuno, que entre a data da


lavratura do Termo de Revelia (24/12/1993) e o julgamento do
processo pela Coordenadoria de Julgamento (2007) já se
passaram mais de 13 (treze) anos.

No essencial, é o que se tem a relatar.

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VOTO

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a


empresa autuada tomou ciência do Auto de Infração em 22 de
novembro de 1993, mediante assinatura do sócio da empresa
aposta no próprio auto de infração.
O fato é que a empresa autuada, embora devidamente
notificada, não apresentou defesa ao auto de infração, razão
pela qual, após o término do prazo para apresentação da
defesa administrativa, a Administração lavrou o competente
Termo de Revelia, conforme se verifica às fls. 84, datado de
24 de dezembro de 1993.
Cumpre ressaltar que à época da lavratura do Auto de
Infração n.º 053438, lavrado em 25 de outubro de 1993, estava
em vigor a Lei Estadual (AL) n.º 4.418, de 27 de dezembro de
1982, a qual preconizava em seu artigo 141 1:

Art. 141 - Findo o prazo da intimação, sem


pagamento do débito, nem apresentação de
defesa, o funcionário responsável certificará
o não recolhimento, providenciará a lavratura
do Termo de Revelia e encaminhará os autos à
autoridade instrutora, para cumprimento do
disposto no artigo anterior 2.

§ lº - Quando se tratar de infrator revel, e


a infração se referir à falta de recolhimento
de tributos apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestadas as informações
sobre os antecedentes fiscais existentes,

Em 17 de dezembro de 1997, o artigo 141, da Lei 4.418/82 foi alterado pela Lei 5.983,
1

passando a ter a seguinte redação: “Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem pagamento
do débito ou apresentação de defesa ou recurso, será providenciada a lavratura do Termo
de Revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida Ativa. Parágrafo único
- A revelia do autuado implica no reconhecimento da obrigação tributária e produz efeito de
decisão final no processo administrativo fiscal.” Atualmente, a revelia no processo
administrativo fiscal estadual encontra-se disciplinada pelo artigo 13, da Lei Estadual
6.771, de 16 de novembro de 2006.

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considerar-se-á concluído o processo, sendo


automaticamente promovido a inscrição do
débito na dívida ativa, para cobrança
executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese


prevista no parágrafo anterior, importa o
reconhecimento da obrigação tributária e
produz efeito de decisão final do processo
administrativo. (destaque ausente no
original)

Note-se que o dispositivo legal supramencionado


amolda-se perfeitamente ao presente caso, bastando sua
simples leitura para concluir que, in casu, o Termo de
Revelia, datado de 24/12/1993, “produz efeito de decisão
final do processo administrativo”.

Em outros termos, a notificação do sujeito passivo


e a ausência de impugnação administrativa possuem o condão
de, respectivamente, constituir definitivamente o crédito
tributário e torná-lo plenamente exigível.

O artigo 52, da Lei Estadual (AL) 4.418, de 27 de


dezembro de 1982, vigente à época, prescreve que o lançamento
tributário regularmente notificado somente poderá ser revisto
nos seguintes casos:

Art. 52 - O lançamento regularmente


notificado ao sujeito passivo, só pode ser
revisto em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício de autoridade


administrativa, nos casos previstos no artigo
57.

Como se observa, o crédito tributário perseguido no


presente caso foi definitivamente constituído segundo os
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critérios adotados pela legislação tributária estadual, dando


origem a uma situação jurídica consolidada, cuja estabilidade
deve ser preservada por este órgão colegiado, mormente quando
a possibilidade de revisão do aludido ato jurídico não
encontra refúgio nas hipóteses descritas na lei.

Neste contexto, com a lavratura do Termo de


Revelia, datada de 24/12/1993, a Fazenda Pública Estadual
deveria ter inscrito em dívida ativa o respectivo crédito
tributário para, posteriormente, ajuizar a competente ação de
execução fiscal, visando o recebimento de seu crédito, uma
vez que o mesmo já se encontrava plenamente exigível.

Destarte, considerando que o Termo de Revelia


materializa o encerramento do processo administrativo
tributário, com a consequente constituição definitiva do
crédito tributário, o Fisco deveria ter providenciado a
cobrança judicial da dívida no prazo máximo de 05 (cinco)
anos, nos termos do art. 174 do CTN.

Saliente-se que o artigo 151, do Código Tributário


Nacional, expressamente prevê as hipóteses legais de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não
restando caracterizada nenhuma delas nos presentes autos,
gozando o referido crédito de certeza, liquidez e
exigibilidade, a partir da lavratura do Termo de Revelia.

O absurdo ocorrido no presente caso é que, entre a


data da constituição definitiva do crédito tributário e a
data desta decisão administrativa já se passaram muito mais
de 13 (treze) anos, o que, por si só, é capaz de fulminar o
mencionado crédito em face da ocorrência da prescrição, nos
termos do art. 174, caput, do CTN. Vejamos:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito


tributário prescreve em 5 (cinco) anos,
contados da data da sua constituição
definitiva.

Portanto, diante das razões de fato e de direito


alhures mencionadas, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, votar
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no sentido de extinguir o crédito tributário pela ocorrência


da prescrição tributária, nos termos do art. 156, V, do CTN,
conforme acertadamente decidiu a CJ.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 20 de março de 2013.

MARIA LOPES MILHOMES PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE EM EXERCÍCIO RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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PROCESSO: 1500-015.198/2005 e CTE nº 330/2012.


ANEXOS: 1500-022.573/2005 e 1500-012.068/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 009.253, de 14/06/2005.
AUTUADA: ROBERTO LINO BRASILEIRO – ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.839.609-9.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.132/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Leandro Ricardo Sales e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

ACORDÃO Nº 145/2013

EMENTA: ICMS – Obrigações acessórias. 1)


Deixar de registrar notas fiscais de entradas
em livro fiscal próprio. 2) Deixar de
submeter as notas fiscais ao visto no Posto
Fiscal. 3) Comprovação parcial do ilícito
fiscal. 4) É devida a cobrança do imposto com
a imposição de penalidade. 5) Não restou
comprovada a falta de visto das notas fiscais
no posto fiscal. 6) Lançamento Parcialmente
Procedente. 7) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão Singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


ROBERTO LINO BRASILEIRO - ME, empresa já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
69.333,58 (sessenta e nove mil, trezentos e trinta e três
reais e sessenta e cinco), por haver a empresa autuada:

1) Deixado de registrar as notas fiscais de


aquisições interestaduais de mercadorias no exercício de 2004.

2) Deixado de submeter tais notas fiscais ao


visto no posto fiscal de fronteira.

Apontados como infringidos os artigos 52, da


Lei Estadual nº 5.900/1996; e 49, II, III, VI, e VII; 273, II;
e 280, §§2º e 3º, do RICMS/91. Sugerida a aplicação das
penalidades previstas nos artigos 107, e 114, I, “a”, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

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A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; memorial de cálculos; cópias
(Xerox) do cartão de autografo; e do LREM.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestivamente,


alegando que o fato das notas fiscais terem sido faturadas em
seu nome, não significa necessariamente que as mercadorias
lhes foram entregue, o que motivou a falta dos registros nos
livros fiscais. Por fim, pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuação é resultado de uma ação fiscal no trânsito com
apreensões de mercadorias em situação irregular, cujas notas
fiscais indicavam as mesmas pessoas constantes nas notas
fiscais objeto da autuação; a autuada não trouxe prova capaz
de desqualificar o lançamento. Por fim, pede a Procedência da
autuação e a remessa dos autos ao Ministério Público.

Em 29/11/2005, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 349/2005, para sanear a autuação. Em resposta
foram acostadas cópias autenticadas de todas as notas fiscais
conforme requerido ao Fisco de origem do Estado de Pernambuco.

Em 25/01/2011, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 017/2011, para intimar a autuada sobre a juntada
das notas fiscais pelo fisco.

Em 13/04/2011, através do 1500-012.068/2011,


de 13/04/2011, a autuada manteve as alegações apresentadas em
sua defesa a inicial.

Em 12/08/2011, foi proferida a Decisão nº


18.132/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. ICMS. 1.


Descumprimento de obrigação tributária
acessória. 2. Omissões de registro de notas
fiscais de entrada. 3. Ilícito tributário
demonstrado. 4. Presunção legal de ocorrência
do fato gerador, sem pagamento do imposto, não
afastada. 5. Devida a exigência de imposto. 6.

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Cabível a imposição de penalidade. 7. Falta de


visto das notas fiscais no posto fiscal. 8.
Ilícito não comprovado. 9. Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. 10. Reexame necessário.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário interposto


contra a Decisão nº 18.132/2011, de Primeira Instância, que
julgou como Procedente em Parte o Lançamento constante do auto
de infração nº 009.253, de 14/06/2005.

Inicialmente deve ser observado que a autuada


em 13/04/2011, atendendo a intimação fiscal, determinada pela
Requisição de Diligência nº 017/2011, protocolizou o Processo
1500-012.068/2011, no qual manteve a defesa que apresentara à
inicial e que essa segunda defesa foi chamada indevidamente
pela Coordenadoria de Julgamento como Recurso Ordinário.

A análise dos autos demonstra que a autuação


trata da falta de registro de notas fiscais de aquisições de
mercadorias no livro fiscal próprio, as quais foram realizadas
nos meses de outubro e novembro/2004, bem como, da falta de
visto no posto fiscal de fronteira.

Nesse passo, deve ser observado que o Reexame


Necessário se refere apenas à redução no valor do crédito
tributário em razão de haver o julgador singular afastado a
infração referente à falta de visto (aposição de carimbo no
fiscal de fronteira, cuja multa sugerida, foi àquela prevista
no artigo 114, da Lei Estadual nº 5.900/1996) por ter não sido
comprovada sua ocorrência, bem como, por não haver a autuada
apresentado Recurso Ordinário.
Como bem afirmado pelo julgador singular, à
ausência de registro de documentos fiscais, por si só, não é
suficiente para presumir a falta de visto nos postos fiscais,
e, nesta situação o lançamento é Procedente em Parte, haja
vista, ficar mantida a procedência da primeira infração contra
a qual a autuada não interpôs Recurso Ordinário.

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Nesta situação, o crédito tributário tem como


valor R$ 61.714,46 (sessenta e um mil, setecentos e catorze
reais e quarenta e seis centavos), conforme consta da decisão
singular a fl. 106, do Processo 1500-022.573/2005, devendo ser
recolhido com os acréscimos previsto em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1º CAMÂRA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTUADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, para negar-lhe provimento.
Mantida na íntegra a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das sessões em Maceió, 11


de junho de 2013.

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE EM EXERCÍCIO RELATORA

PAULO DE TARSCO C. SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 24 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/06/2013


PROCESSO: 1500-025.666/2007 e CTE nº 129/2011.
ANEXOS: 1500-031.224/2007 e 1500-000.000/0000.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.66245-001, de 19/09/2007.
AUTUADA: R T LIRA SUPERMERCADO.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.100.998-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.585/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Luis Marcelo Duarte Maia.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO: MARIA LOPES MILHOMES.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº146/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Omissão


de saídas de mercadorias tributadas, apurada
através de Levantamento da Conta Mercadorias
(artigo 2º, §12, da Lei Estadual nº
5.900/1996). 2) Falta de escrituração do LRIM
nos exercícios de 2002; 2003; e 2004. 3)
Infrações não comprovadas. 4) o Lançamento é
Improcedente. 5) Reexame Necessário conhecido
e improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra R


T LIRA SUPERMERCADO, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 45.900,79
(quarenta e cinco mil e novecentos reais e setenta e nove
centavos), por haver a empresa autuada:

1) Omitido saídas de mercadorias tributadas


cuja apuração através de Levantamento da Conta Mercadorias com
aplicação do lucro presumido no percentual de 30% (trinta por
cento) sobre o valor do CMV - custo das mercadorias vendidas
tendo como resultado uma diferença positiva no confronto entre
as saídas apuradas e as saídas declaradas nos livros fiscais,
nos exercícios de 2002, 2003 e 2005.

Acórdão CTE 146/2013


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2) Deixado de apresentar ao fisco o LRIM fato


que autoriza a presunção de que a autuada não escriturou o
referido livro nos exercícios fiscalizados.

Apontados como infringidos os artigos 2º, §


12, da Lei Estadual nº 5.900/96, e 1.000 do RICMS/91. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 84, da
Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruída com planilhas


da Conta Mercadorias (2002; 2003; e 2005); cópias do LRAICMS
(2002; 2003; e 2005); relatório de dados cadastrais do
contribuinte, cópia do cartão de autógrafo e do Livro RUDFTO
com os termos de início e de encerramento de fiscalização.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestivamente,


alegando que o fisco cometeu um equívoco ao deixar de computar
os estoques de mercadorias tributadas escriturados no LRIM nº
01; este livro está autenticado pela SEFAZ/AL e os estoques
existentes em 31/12/2002, 31/12/2003, 31/12/2004, 31/12/2005 e
31/12/2006, estão escriturados; o livro em referência está à
disposição da Fazenda Pública Estadual, no escritório do
Profissional Contábil, Sr. José Wilson Nunes Tavares, CRC/AL
00387202, com escritório contábil a Rua Esperidião Rodrigues,
214, 1º andar, Centro, Arapiraca/AL; no exercício de 2003, foi
computado de forma equivocada pelo fisco no levantamento o
valor contábil das saídas tributáveis declaradas. Por fim,
pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que embora a autuada tenha apresentado inúmeras alegações onde
objetiva postergar o feito, nos autos se constata que a cópia
de um LRIM foi acostada na defesa o que mudando completamente
o cenário da autuação e beneficia a autuada; o aparecimento
repentino deste livro teria levado o autuante a deduzir que a
escrituração pode ter sido feita após a autuação; dos autos
não constam provas cabais das alegações da autuada. Por fim,
pede a procedência da autuação.

Em 17/07/2008, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 122/2008, para que sejam indicadas e trazidas
aos autos as provas de que teria havido a prévia solicitação
por parte do Fisco do LRIM e para declarar conclusivamente se
as cópias reprográficas do LRIM que estão acostadas à defesa

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são autênticas; sejam apresentados fundamentos de fato e de


direito, que possam determinar se a escrituração do LRIM foi
tempestiva ou não e se esta foi feita após o encerramento da
ação fiscal; se os estoques iniciais e finais dos exercícios
fiscalizados foram registrados antes da ação fiscal, para que
seja dado a esses estoques o valor de zero; se o LRIM deve ser
desconsiderado em face da possível escrituração intempestiva e
se seria factível o levantamento da Conta Mercadorias caso
houvesse a presunção de saldo zero relativamente aos estoques;
se o levantamento seria inviabilizado no caso de desconsiderar
valores escriturados por conta de escrituração intempestiva;
se estaria caracterizada outra infração por parte da autuada,
alcançável, desde que provada, por outra autuação. A resposta
a essa Requisição de Diligência foi evasiva.

Em 05/03/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 022/2009, para o atendimento da diligência
anterior pelo autuante conforme determinações do artigo 416,
da Lei Estadual nº 4.418/1982. Em resposta o autuante apenas
alega que o LRIM foi devidamente autenticado pela SEFAZ/AL e
que só teve acesso ao mesmo durante esta diligência.

Em 30/09/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 133/2009, para que o autuante cumprisse as
diligências anteriores e elaborar novos demonstrativos, caso
se comprove à autenticação do LRIM. Em resposta o autuante
efetuou novos Demonstrativos da Conta Mercadorias reconhecendo
escrituração do LRIM se encontra em situação de regularidade.

Em 18/08/2010, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 132/2010, para intimação da autuada sobre as
novas planilhas elaboradas pelo autuante. Devidamente intimada
à autuada não se pronunciou.

Em 19/01/2011, foi proferida a Decisão nº


17.585/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento com a seguinte ementa.

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO DE CRÉDITO


TRIBUTÁRIO. LEVANTAMENTO DA CONTA
“MERCADORIAS”. 1) A norma do § 12 do art. 2º
da Lei Estadual nº 5.900/96 requer o
atendimento a todos os parâmetros
quantitativos, subjetivos e temporais nela
previstos. 2) Quantificação equivocada de
valor supostamente devido a título de imposto
(ICMS), em decorrência de defeituosa concepção
da planilha elaborada para demonstração do

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valor tributável. 3) Inobservância do perfil


previsto na norma legal, vez que, a priori,
teria sido superado pelo sujeito passivo o
percentual de agregação previsto na
legislação. 4) Ausência de provas
relativamente à alegada omissão de saídas. 5)
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO IMPROCEDENTE. 6) Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
nos termos do art. 48 da Lei Estadual nº
6.771/06 (duplo grau de jurisdição
administrativa necessário).

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim chegam os
autos a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.585/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração nº 99.66245-001.

A análise dos autos demonstra que a autuação


apesar de confusa, mal elaborada, mal instruida, e, sugerindo
de certa forma, uma conduta desatenciosa do autuante, cobra de
maneira incorreta a aplicação do lucro presumido no percentual
de 30% (trinta por cento), contrariando o que prevê o artigo
2º, §12, da Lei Estadual nº 5.900/96, provocando uma diferença
positiva no confronto entre as saídas apuradas com base no CMV
(EI + C – EF – ICMS S/compras) + 30% (trinta por cento) com as
saídas tributadas declaradas nos livros fiscais.

Não se sabe por quais cargas d’água o autuante


não demonstrou que não intimara a autuada para apresentar o
LRIM (talvez, porque não intimou mesmo e assim mesmo procedeu
à autuação não se preocupando em demonstrar porque afirmou que
a autuada só escriturou o LRIM após os trabalhos de auditoria,
uma vez que a autuada iniciou suas atividades comerciais em
14/11/2001, tendo autenticado o seu LRIM sido pela SEFAZ/AL em
14/12/2001, tendo escriturado o estoque final do exercício de
2002, corretamente em 31/12/2002.

Nesse passo, deve ser observada ainda, a falta


de atenção do autuante no presente caso, haja vista, os vários
pedidos de diligência para elucidar o feito, inclusive aquela

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datada de 05/03/2009, a Requisição de Diligência nº 022/2009,


respaldada nas determinações do artigo 416, da Lei Estadual nº
4.418/82, também não atendida. Não resta nenhuma dúvida de que
a autuada está com razão, conforme alegações contidas em sua
defesa; não restando dúvida também de que o refazimento dos
demonstrativos em 2002, 2003, e 2005, comprova inexistir a
infração posta na inicial. Observe-se que o valor correto das
saídas tributadas registradas no exercício de 2003, é de R$
188.949,62 (cento e oitenta e oito mil; novecentos e quarenta
e nove reais e sessenta e dois centavos).

DEMONSTRATIVO DA CONTA MERCADORIAS NO EXERCÍCIO DE 2002

Estoque inicial em 01/01/2002 - 0 -


Compras 133.547,23
Estoque final em 31/12/2002 ( 54.337,08)
ICMS sobre compras ( 18.577,45)
Custo das Mercadorias Vendidas - CMV 60.632,70
L. Presumido: 30% x CMV (artigo 2º, § 12, Lei 5.900/96) 18.189,10
Saídas tributadas apuradas 78.822,51
Saídas tributadas registradas (LRAICMS) 117.866,32
SA < SR = Diferença negativa 39.043,81

DEMONSTRATIVO DA CONTA MERCADORIAS NO EXERCÍCIO DE 2003

Estoque inicial em 01/01/2003 54.337,08


Compras 182.559,22
Estoque final em 31/12/2002 ( 63.855,52)
ICMS sobre compras ( 27.724,85)
Custo das Mercadorias Vendidas - CMV 145.315,93
L. Presumido: 30% x CMV (artigo 2º, § 12, Lei 5.900/96) 43.594,78
Saídas tributadas apuradas 188.910,71
Saídas tributadas registradas (LRAICMS) 188.949,62*
SA < SR = Diferença negativa 38,91

DEMONSTRATIVO DA CONTA MERCADORIAS NO EXERCÍCIO DE 2005

Estoque inicial em 01/01/2005 51.143,66


Compras 464.096,76
Estoque final em 31/12/2002 ( 56.388,42)
ICMS sobre compras ( 80.995,26)
Custo das Mercadorias Vendidas - CMV 377.856,74
L. Presumido: 30% x CMV (artigo 2º, § 12, Lei 5.900/96) 113.357,02
Saídas tributadas apuradas 491.213,76
Saídas tributadas registradas (LRAICMS) 491.274,81
SA < SR = Diferença negativa 61,05

Acórdão CTE 146/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Portanto, a Conta Mercadorianos nos exercícios


de 2002; 2003; e 2005; conforme demonstrativos acima, teve sua
apuração em total consonância com o artigo 2º, §12, da Lei nº
5.900/1996. Nesta infração o Lançamento é Improcedente.

Quanto à outra infração, a acusação de falta


de escrituração do LRIM nos exercícios de 2002; 2003 e 2005;
resta devidamente demonstrada e comprovada sua improcedência
também, como pode se observar das cópias dos LRIM que foram
anexadas pela autuada em sua peça de defesa.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário. Negar provimento. Mantida na
íntegra a decisão singular, que considerou IMPROCEDENTE a ação
fiscal.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 13 de junho de 2013.

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE EM EXERCÍCIO RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE 146/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 24 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/06/2013


PROCESSO: 1500-005.760/2009 e CTE nº 219/2012.
ANEXOS: 1500-011.347/2009 e 1500-014.778/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.89166-001, de 24/03/2009.
AUTUADA: PROTEGE & QUALITY MONITORAMENTO E CONSULTORIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.089.522-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.591/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Neuda Cavalcante Abreu Ramos.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO: MARIA LOPES MILHOMES.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 147/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação Acessória. 1)


Extravio de livros fiscais (artigo 50, §10,
inciso I, da Lei nº 5.900/96, na redação da
Lei nº 6.331/2002. 2) Presunção não afastada
pela autuada). 3) Infração comprovada. 4)
Lançamento Procedente. 5) Recurso Ordinário
conhecido e improvido. Mantida na íntegra a
decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa PROTEGE & QUALITY MONITORAMENTO E CONSULTORIA LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito tributário
no valor de R$ 24.315,00 (vinte e quatro mil, trezentos e
quinze reais), por haver autuada extraviado o LREM nº 001; o
LRSM nº 001; o LRAICMS nº 001; o LRIM nº 001; o RUDFTO nº 001.

Apontados como infringidos os artigos 50, II,


§10, I, da Lei nº 5.900/1996; e 49, III do RICMS/91. Sugerida
a aplicação da penalidade prevista no artigo 119, I, alínea
“a” da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias da


intimação fiscal n° 48.963; relatório de dados cadastrais do

Acórdão CTE 147/2013


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contribuinte; cópia do cartão de autógrafo e do resumo geral


de AIDF por contribuinte.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva, onde


alega que os livros já foram apresentados em atendimento a
Intimação Fiscal nº 48.963, e por um lapso, não ficou assente
nos registros dessa Secretaria; está inativa desde 2001, como
comprova a cópia do Distrato do Contrato Social registrado na
Junta Comercial do Estado, desde maio de 2002; está na posse
de todos os livros fiscais dados como extraviados que estão
sob a guarda do seu representante legal, está anexando suas
cópias para comprovação do alegado e poderá apresentá-los a
essa Coordenação quando solicitado; inexiste o objeto origem
do auto de infração porque os livros existem. Por fim, pede a
improcedência da autuação.

Antes da apresentação de suas contrarrazões a


CRF - Comissão de Representação Fiscal solicitou a Diligência
Fiscal nº 056/2011, para a DIRAC fazer uma nova intimação da
autuada no endereço por ela indicado a fim de apresentar os
originais dos livros (por ter restado dúvidas da autenticidade
das cópias apresentadas) e para autenticação das cópias das
primeiras folhas de cada livro.

Atendendo a diligência a DIRAC informa através


do DESPACHO DIRAC N° 8182/2011, que notificou a autuada pela
Notificação nº 232/2011, enviada por AR e por Edital publicado
no DOE de 29/09/2011, tendo os prazos se esgotado sem que a
mesma tivesse atendido aos chamamentos.

DAS CONTRARRAZÕES

A Comissão de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões alegando que a autuação foi realizada conforme a
legislação vigente; a alegação da autuada de que apresentou os
livros fiscais solicitados por ocasião da intimação fiscal não
está comprovada nos autos; as cópias dos livros apresentadas
apontavam possíveis falhas de autenticação e de perfuração;
para dirimir essa dúvida solicitou que a autuada fosse
intimada para apresentar os originais, tendo como resultado a
o silêncio da autuada, apesar dela haver afirmado que toda a
documentação estava em seu poder e que poderia apresentá-la
quando fosse solicitado; conclui-se que o ilícito fiscal resta
comprovado independente da perquirição de culpa em consonância
com a legislação tributaria estadual. Por fim, pede que o auto
de infração seja julgado procedente.

Acórdão CTE 147/2013


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Em 27/04/2012, foi proferida a Decisão nº


18.591/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória. Presunção


legal de extravio de livros fiscais – §10,
inciso I, do art. 50 da Lei nº 5.900/1996,
com redação dada pela Lei nº 6.331/2002. Em
configurada a presunção, cabe ao sujeito
passivo a prova de que os documentos não
foram objeto da conduta de extravio,
repercutindo sobre o sujeito passivo o ônus
da não produção da prova sobre este fato.
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário onde


alega que os livros apontados como extraviados se encontram em
branco e que oportunamente os apresentará ao fisco. Por fim
pede que este Conselho determine dia e hora para entregá-los,
e, a improcedência da autuação. Foram anexadas ao Recurso as
mesmas folhas dos livros que já foram anexadas à defesa.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, a autuada desde a defesa afirma que


já entregou seus livros a SEFAZ, porém não consta nenhuma
prova dessa apresentação; a autuada anexou cópias dos livros e
suas autenticações são absolutamente ilegível, motivo pelo
qual a Representação Fiscal solicitou através de diligência
que a DIRAC intimasse a autuada para apresentar estas cópias
autenticadas, e que a autuada apesar de intimada mais uma vez
não atendeu ao chamamento.

2) Que, a decisão singular por não restar


claramente comprovada a autenticação dos livros decidiu pela
procedência do lançamento e a autuada no Recurso mais uma vez
afirma que vai apresentar os livros ao fisco, porém, não foi
capaz de anexar as cópias autenticadas, demonstrando assim que
só quer adiar a decisão do presente processo e embaraçar a
ação fiscal. Por fim, pede a procedência da autuação e que a
decisão singular seja mantida. Assim, chegam os autos a este
Conselho para análise do Recurso Ordinário.

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É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 18.591/2012, de Primeira Instância, que
julgou Procedente o Lançamento constante do auto de infração
nº 99.89166-001, de 24/03/2009.

A análise dos autos demonstra que a autuada


descumpriu obrigação acessória referente à guarda e manutenção
de seus livros fiscais, obrigação determinada no artigo 49,
II, III, e IV, do RICMS/91, pelo qual a autuada é obrigada a
emitir, manter, escriturar e entregar os documentos fiscais à
repartição fazendária competente quando solicitados. A não
apresentação dos livros fiscais no prazo determinado pela lei
possibilita a presunção de seu extravio, conforme disciplina o
artigo 50, § 10, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

RICMS/91 (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/91)


“Art. 49 - São obrigações dos contribuintes:
(...)

II - cumprir todas as normas estabelecidas pela Legislação


Tributária, sob pena de responsabilidade pessoal e solidária,
consoante a natureza da inscrição;

III - conservar em seu poder, devidamente escriturados, os livros e


documentos fiscais:

a) até que ocorra a decadência dos créditos tributários decorrentes


das operações ou prestações a que se referem, no caso de
inexistência de Auto de Infração, observando que:

1 - em se tratando de livros, o prazo se contará a partir do último


lançamento nele consignado, quando obedecido o prazo legal de
escrituração;
(...)

b) até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes


das operações ou prestações a que se referem, no caso de existência
de Auto de Infração, observado que o prazo correrá a partir da data
da inscrição na Dívida Ativa;
(...)

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à


inscrição deverão, de acordo com a respectiva atividade e em
relação a cada um de seus estabelecimentos:
(...)

§ 10 - Presume-se extraviado, admitindo-se prova em


contrário, o livro fiscal, documento fiscal ou formulário
contínuo, que:

Acórdão CTE 147/2013


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I – solicitado pela Fazenda Estadual, não tenha sido


entregue no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
(...)”

Observe-se, que a autuada foi intimada pela


DIRAC para apresentar as cópias autenticadas dos referidos
livros fiscais porque as cópias que apresentou na defesa estão
absolutamente ilegíveis e mesmo assim não as apresentou, sob a
alegação de que as apresentaria oportunamente. Observe-se
ainda, que a Coordenadoria de Julgamento intimou a autuada
para querendo, apresentar Recurso Ordinário e que esta ao
apresentar o Recurso não anexou às cópias autenticadas e mais
uma vez voltou a afirmar que os apresentaria se este Conselho
a intimasse para tal. É certo que a autuada tinha o dever de
apresentar as cópias junto com o Recurso e não o fez, assim,
não cabe mais a este Conselho solicitar esta apresentação.

Por fim, observe-se que das muitas respostas


apresentadas pela autuada ao longo deste processo ficou bem
claro que a mesma não possui a guarda dos livros originais
autenticados, fato que nos leva a decidir pela Procedência do
Lançamento como fez o julgador singular, deixando que a mesma,
na remota hipótese de possuir os livros fiscais nesta situação
de autenticidade, e caso julgue que lhe é conveniente, que os
apresente a PGE/PFE quando da inscrição do crédito tributário
em dívida ativa, pois está provado e comprovado que a mesma só
está querendo procrastinar o feito, uma vez que as cópias dos
livros fiscais anexadas aos autos com a defesa se encontram em
situação duvidosa com relação a sua autenticação pela SEFAZ/AL
fato que não foi corrigido pela autuada apesar de haver sido
intimada por diversas vezes. E observe-se ainda que no Recurso
ordinário a autuada reconhece que recebeu a intimação para
apresentar os referidos livros fiscais, porém, por um lapso,
deixou de fazer sua apresentação.

Quanto à aplicação da penalidade, há de ser


mantida a multa que foi aplicada pela decisão singular, aquela
prevista no artigo 119, I, “a”, da Lei Estadual n° 5.900/1996,
corresponde a 1.500 (um mil e quinhentas) Unidades Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas pelo extravio de 05 (cinco) livros
fiscais. Nesta situação o crédito tributário tem como valor
aquele que está demonstrado a fl. 61, do Processo de Defesa.

Portanto o crédito tributário no valor R$


24.315,00 (vinte e quatro mil, trezentos e quinze reais),
deverá ser recolhido com os acréscimos previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,

Acórdão CTE 147/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

conhecer do Recurso Ordinário, negar provimento. Mantida na


íntegra a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 13 de junho de 2013.

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE EM EXERCÍCIO RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE 147/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 24 – Realizada em 13/06/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: SF-1500-016096/05; CJ- Nº 20.899/06 E CTE 092/2011.
ANEXO: SF-1500-025444/05
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 016.192, PROTOCOLIZADO EM 27/06/2005.
AUTUADA: VERÔNICA DE OLIVEIRA.
DECISÃO MONOCRÁTICA Nº: 17.578/2011.
AUTUANTE: ODILON VIEIRA DE CARVALHO.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE/EXERCÍCIO: MARIA LOPES MILHOMES
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 148/2013

EMENTA: ICMS – Acusação de omissão de


saídas supostamente detectada no
confronto de despesas e receitas do
contribuinte. Carência de provas
capazes de sustentar a exigência
fiscal. Reexame Necessário conhecido e
improvido. Decisão Singular mantida na
íntegra. Auto de Infração Improcedente.

I – RELATÓRIO

Trata o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do Reexame Necessário encaminhado à este CTE, pela
Coordenadoria de Julgamento – CJ, que entendeu, por via da
Decisão nº 17.578/2011, pela Improcedência do Lançamento do
crédito tributário esteado no AI acima referido, lavrado em
desfavor da firma Verônica de Oliveira, objetivando a cobrança
do crédito tributário no montante de R$ 16.588,97 (dezesseis
mil, quinhentos e oitenta e oito reais e noventa e sete
centavos), por haver a mesma supostamente deixado de recolher
aos cofres estaduais o ICMS relativo ao exercício de 2004, e,
também, pela prática da venda de mercadorias sem a
indispensável documentação fiscal, infração detectada através
do levantamento específico da conta caixa, no confronto entre
suas receitas e despesas no período.

1
Acórdão CTE Nº 148/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Foram dados como infringidos os artigos 2º, parágrafos 9º


e 11º; 31; 50, inciso I da Lei Estadual nº 5.900/96, com as
alterações contidas na Lei nº 5.979/97, e art. 49, incisos II
e VIII do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo
sugerido o apenamento previsto no art. 87 da supracitada Lei
nº 5.900/96 (fls. 02 e 03).

Em sua defesa, a autuada requereu o cancelamento do AI,


sob a alegação de que o levantamento fiscal da conta caixa não
foi elaborado considerando o estoque físico de mercadorias,
bem como o fato de que recorreu a parentes para conseguir
recursos para honrar seus compromissos e que, também, não agiu
de má-fé (fls. 02/03 – anexo).

Em suas contrarrazões, os representantes fazendários


sustentam que a autuada além de não contestar a prática da
infração, efetuou vendas de mercadorias sem a documentação
fiscal, sendo que as receitas obtidas foram utilizadas para
fazer face às suas despesas e que sua única intenção é
procrastinar o andamento da lide (fls. 09/11 – anexo).

Encaminhado o PAT à Coordenadoria de Julgamento – CJ, o


Ilustre Julgador Singular ressaltou que “o crédito tributário,
para ser exigível, deverá revestir-se de liquidez e certeza,
somente vislumbrados a partir da ancoragem em um referencial
de materialidade do lançamento”. (grifamos)

No caso ora sob-exame, o procedimento fiscal utilizou


somente o Livro de Registro de Apuração do ICMS, o qual,
equivocadamente, foi apresentado como se todas as vendas
fossem realizadas à vista, deixando de considerar, no saldo de
disponibilidade, as despesas com aluguéis, energia, água e
telefone, não existindo nos autos provas de que o contribuinte
foi intimado a comprovar documentalmente, a apresentar os
comprovantes de pagamentos correspondentes.

Ao final, analisando o litígio fiscal, aquela instância


julgadora entendeu pela Improcedência do AI constante na
inicial, prolatando a Decisão assim ementada:

2
Acórdão CTE Nº 148/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

“EMENTA – ICMS. Lançamento de ofício de


crédito tributário. Omissão de saídas.
Exigência embasada em suposta diferença
apurada do confronto entre receitas e
despesas em um mesmo período. Elementos
de prova insuficientes para demonstrar
a prática efetiva da infração argüida.
Lançamento Improcedente. Reexame
Necessário pelo Conselho Tributário
Estadual (art. 48 da Lei nº 6.771/06)”.

Devidamente citadas, as partes não se manifestaram.


É como chegam os autos a este Conselho Tributário para o
devido Reexame Necessário da decisão da CJ.
Em síntese, este é o relatório.

II – VOTO

O exame dos autos e de tudo quanto nele consta, revela


que o contribuinte foi autuado por haver deixado de atender à
legislação fiscal estadual, utilizando recursos superiores à
sua disponibilidade financeira no exercício fiscal de 2004,
pela omissão de vendas, apuradas por meio de seu levantamento
financeiro.

Ocorre que, como acertadamente entendeu o Ilustre


Julgador de Piso, a apuração fiscal foi elaborada de maneira
equivocada, fato que impede a comprovação da infração cometida
pelo contribuinte.

É cediço que, quando da apresentação da instrução


probatória, a produção de provas da infração cometida compete
única e exclusivamente à administração, através da linguagem
das provas, o que não ocorreu neste PAT, feito de maneira em
descompasso com a legislação em vigor.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe provimento, para
manter in-totum a acertada decisão

3
Acórdão CTE Nº 148/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

monocrática, que entendeu pela Improcedência total do AI nº


016192, protocolizado em 27/06/2005, em face da sua escassez
probatória.

Sala das sessões do CTE, em 13/06/2013.

MARIA LOPES MILHOMES SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE/EXERCÍCIO RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULDADORA

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

4
Acórdão CTE Nº 148/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº23 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 21/06/2013


PROCESSO N º.: SF 1500-015342/2005; CTE – 417/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 9981242001
RECORRIDO: SEVENTY - COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº149/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS –


Apresentação da Declaração de
Atividades do Contribuinte fora do
prazo. A entrega posterior não exclui
a pena pela entrega extemporânea.
Recursos conhecidos e improvidos

RELATÓRIO

Trata-se de recurso voluntário e reexame necessário da


decisão administrativa nº 16.679/2010, que julgou pela procedência
em parte do lançamento do crédito tributário constante do Auto de
Infração nº 9981242001.

ACÓRDÃO Nº149/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

No Auto de Infração supracitado consta que o contribuinte


SEVENTY - COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA apresentou a DAC fora do
prazo legal no que atine aos meses de janeiro a abril e de junho a
setembro de 2006.

Assim, teria infringido o art. 56 da Lei nº 5.900/96 e o


art. 272 do RICMS, sendo aplicada a multa constante do Inciso V do
art. 115 da Lei nº 5.900/96. Por conseguinte, fora determinado o
crédito tributário no valor de R$ 5.025,10 (cinco mil vinte e cinco
reais e dez centavos).

O sujeito passivo, em contrapartida, apresentou


impugnação administrativa alegando nulidade e ilegalidade do Auto de
Infração nos seguintes termos: não observância do art. 889-B do
RICMS e que o auto em comento refere-se às declarações apresentadas
tempestivamente com informações errôneas, de modo que,
posteriormente, tais erros foram retificados. Ademais, sustenta que
restam evidentes os requisitos que ensejam à autoridade lançadora
ficar obrigada a não cobrar a multa de mora.

Transcreve ainda ementas no sentido de que a entrega da


declaração é obrigação acessória, porquanto caracteriza a exclusão
da responsabilidade pela simples entrega voluntária da mesma, assim
como que o Fisco não teria considerado as declarações retificadoras
apresentadas pelo contribuinte.

Por outro lado, o fisco, em sede de contrarrazão, pugnou


pela manutenção do lançamento, especificando os termos que continham
a comprovação dos meses a que se referem as DAC mencionadas na
inicial, assim como afirma que o único modo de elidir a presente
ação fiscal seria com a comprovação do pagamento das multas pela
entrega em atraso das DACs.

A autoridade julgadora, a seu turno, afirma que a


imputação realizada ao contribuinte é procedente com vistas a
entrega extemporânea das Declarações de janeiro a abril de 2006,
consoante se deduz do documento “Informações”, fls. 34/35.

Todavia, no tocante aos meses de junho, julho, agosto e


setembro, a coordenadoria de julgamento denotou que o sujeito
passivo entregou as ditas declarações tempestivamente, embora
contivessem erros. Ademais, o contribuinte retificou-as no mesmo
exercício, bem quanto antes do procedimento fiscalizatório, em 2008.
Assim, detectou-se a infração praticada tendo em vista que no prazo
legal não foram apresentadas as informações condizentes com o Livro
Fiscal.

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Entretanto, enfatizou-se que dita infração não fora a


constante da inicial, razão pela qual solicitou que fosse comunicado
à Superintendência da Receita Estadual para as providências
necessárias. Ainda ressalta que tal entrega extemporânea não
configura denúncia espontânea.

Ao fim, aplica o art. 116, V, da Lei Estadual nº 5.900/96


ao presente caso, alterando o montante do crédito tributário para R$
2.917,80 (dois mil novecentos e dezessete reais e oitenta centavos).
Desta feita, decida pela procedência em parte do lançamento
tributário.

Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente pugna por


reforçar os mesmos argumentos expostos quando da interposição da
defesa administrativa, excluindo apenas aqueles que atinem aos
requisitos para a denúncia espontânea. De tal modo, requer que seja
deferido o pedido de nulidade do Auto de Infração e, sendo superado,
solicita que se julgue ilegal o crédito tributário em espeque em
razão da retificação realizada com as DAC´s.

No pedido de revisão da Decisão da coordenadoria de


julgamento, sustenta o Fisco pela procedência total do crédito
constante do Auto de Infração ante o descumprimento de obrigação
acessória.

Argumenta ainda no sentido de que a situação presente não


preenche os requisitos para a denúncia espontânea, alegando,
ademais, que o mesmo tratamento é dado a entrega extemporânea da DAC
bem quanto às DAC retificadora, pedindo, logo, que seja revista a
decisão da Coordenadoria de Auditoria Fiscal pela retirada dos
cálculos dos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro de
2006, em face da IN SF nº 029/2002.

É o relatório.

VOTO

PRELIMINAR – NULIDADE DO LANÇAMENTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto do recurso voluntário interposto.

O Recorrente sustenta, primeiramente, a preliminar de


nulidade do Auto de Infração ante a inobservância do art. 889-B,
Inciso VI do RICMS, para além de afirmar acerca da exclusão de sua
responsabilidade tributária no caso em espeque e pela inaplicação da

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multa com vistas aos tributos recolhidos supostamente conforme


previsto pela legislação, sendo, pois, ilegal.

Ora, no que atine à acusação de nulidade do Auto de


Infração com base no dispositivo supracitado, necessário se faz
observá-lo:

Art. 889-B O Auto de Infração deve conter:


(...)
VI - a descrição dos fatos considerados infrações a obrigações
tributárias principal e/ou acessórias, de forma clara, precisa e sucinta;

Neste passo, suscita-se que o Fisco não disponibilizou as


informações imprescindíveis para a Defesa do Recorrente, além de que
a tipificação da conduta do contribuinte teria sido equivocada,
conforme se depreenderia da decisão recorrida.

Não obstante tais alegações, verifica-se, por planilhas


juntadas ao auto, que foram discriminados todos os valores das
multas correspondentes ao atraso. No ínterim do erro na tipificação
da infração, necessário observar que o julgador pode aplicar
dispositivo atinente à multa diverso daquele estipulado pela
inicial, o que faz com que se afaste dito argumento.

Pelas razões acima rejeito a preliminar arguida.

MÉRITO

Superada a dita preliminar, passa-se a analisar o mérito.

Como demonstrando o lançamento decorre do descumprimento


da obrigação acessória, por falta de entrega das DAC’S, consoante
prescreve o art. 116 da Lei nº 5.900/96:

Art. 116. Deixar de entregar ou apresentar, no prazo regulamentar, os


seguintes documentos, inclusive em arquivo magnético, quando for o caso:

V - Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC ou documento que venha


a substituí-la:

MULTA - equivalente a 20 (vinte) vezes o valor da UPFAL, se paga até 30


(trinta) dias após o prazo regulamentar, devendo ser acrescida de 10 (dez)
UPFAL's para cada mês adicional em atraso, até o limite total de 500
(quinhentas) vezes o valor da UPFAL.

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Resta incontroverso nos autos que a entrega dos DAC’S foi


extemporânea, portanto não assiste qualquer razão dos argumentos do
Recorrente, já que as DAC´s relativas aos meses de janeiro a abril
foram entregues fora do prazo, desrespeitando, logo, a obrigação
acessória.

No ínterim das alegações de exclusão de responsabilidade


para com o contribuinte, frise-se que a conduta do mesmo não se
lastreia pela denúncia espontânea, haja vista o não preenchimento
dos requisitos que se perfazem necessários, conforme se depreende do
art. 138 do Código Tributário Nacional. O fato de apresentar os
documentos antes do lançamento, não afasta a conduta de
inobservância do prazo regulamentar.

Sobre o tem o então Conselho de Contribuintes assim já se


posicionou:

Ementa
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS
DE IRPF - A apresentação da declaração de rendimentos
fora do prazo fixado enseja a aplicação da multa prevista
no artigo 88 da Lei nº 8.981/95. DENÚNCIA ESPONTÂNEA -
Não se configura denúncia expontânea o cumprimento de
obrigação acessória, após decorrido o prazo legal para
seu adimplemento, sendo a multa indenizatória decorrente
da impontualidade do contribuinte. Recurso negado.
Acórdão nº 10611743 do Processo 139060000350089

Ao fim, sob a égide da alegação de que a multa somente


deve ser aplicada se presente tributo devido, de modo que não
haveria, logo, incidência de multa, é imperioso destacar que não se
perfaz necessária a presença de dito tributo, tendo em vista que
multa é punitiva em face do descumprimento de obrigação acessória

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por parte do contribuinte, qual seja a não entrega da DAC no prazo


regulamentar.

Quanto ao reexame, percebe-se o acerto do julgador


singular, ao excluir do lançamentos as declarações apresentadas
dentro do prazo.

Diante do exposto e com base nos dispositivos e trazidos


a este julgado, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do recurso
voluntário, para rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, por
maioria de votos, negar provimento, manter a decisão recorrida
incólume bem quanto os valores atinentes ao crédito tributário
devido ali aduzido.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió, 21 de junho


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR(ACOMPANHOU O RELATOR) JULGADOR (VOTOU CONTRA O RELATOR)

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PROCESSO: 1500-010917/11; CTE-216/12
ANEXOS: 1500-090906/09 (02 VOLUMES); 1500-028389/11
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 90.08147-001
RECORRENTE: FERRAGENS E CONSTRUÇÃO PEREIRA LTDA.
AUTUANTE: IVALDO MARINHO SILVA – Mat. 51.561
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 150/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, assim como nos

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demonstrativos de fls. 24/25 e nos docs. de fls. 29/52 –


Proc. nº. 1500-090906, o autuante atribui como infração
tributária o fato da empresa autuada ter apresentado
diferença entre suas vendas registradas e as vendas
efetivadas mediante cartões de crédito, segundo confronto das
informações fornecidas pelas Administradoras de Cartões de
Crédito.

Como dispositivos transgredidos foram apontados


dentre outros, os incs. II e V do § 9º do Art. 2º e o Art.
83, todos da Lei nº. 5.900/96.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, demonstrativo do débito,
Relatórios de Movimentações Financeiras das Administradoras
de Cartões de Crédito VisaNet, Redecard, Hipercard e cópias,
da Intimação Fiscal de nº 66486, do Livro Reg. de Apuração do
ICMS, dos Termos de início e encerramento de fiscalização,
dos Ofícios DIPLAF de Nºs. 023 a 033/2009, seguidos das
Intimações Fiscais de Nºs. 56.702 a 56.713, das Declarações
Anual do Simples Nacional e dos Extratos do Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa requer em


sede de preliminar a nulidade da autuação em razão da ofensa
aos termos do art.5º, da Resolução de nº 30/08 do Comitê
Gestor do Simples Nacional – CGSN, assim como em razão da
incompetência do Agente Autuador, do doc. impróprio utilizado
por este, do critério de apuração dos valores da autuação
(Excesso de Exação) e do cerceamento do direito de defesa.

Por ocasião da contestação da defesa, o


eminente Representante Fiscal rebate os questionamentos da
empresa, insistindo na manutenção do julgamento.

Submetido o presente litígio fiscal a


julgamento por parte da instância monocrática, a mesma
concluiu pela procedência do lançamento em parte, inclusive
com enfrentamento das preliminares argüidas e requeridas pela

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empresa autuada, conforme ementado: “ICMS 1. O cerceamento do


direito de defesa e contraditório não ficou caracterizado
porque os autos do PAT ficaram disponíveis ao representante
legal da pessoa jurídica. 2. As operações de vendas com
recebimento por meio de cartão de crédito e/ou débito são
passíveis de averiguações fiscais. 3. O auto de infração é o
documento a ser utilizado para a veiculação de normas
individuais e concretas acerca da falta ou do recolhimento a
menor do crédito tributário nos casos de levantamento fiscal
por ofício. 4. A opção do Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de saídas de mercadorias
desacompanhadas de documento fiscal. 5. A circunstância
material que dá ensejo a presunção legal de saídas de
mercadorias tributadas em operação interna sem o pagamento do
imposto foi devidamente caracterizada e provada tendo
embasamento na diferença de valores entre o relatório das
Administradoras de cartão de crédito e débito com a
declaração e o Extrato do Simples Nacional. 6. Não será
acolhida o tipo penal tributário sugerido do art. 83 da Lei
nº 5900/96, mas aplicada a penalidade disposta no art. 79 da
mesma Lei. 7. Lançamento do crédito tributário PROCEDENTE em
parte. 8. Reexame necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Em síntese é o relatório.

VOTO.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 24/25 e nos docs. de fls.
29/52, os fatos típicos da infração, faz constar a falta de

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recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão


de diferença das vendas realizadas mediante cartões de
crédito/débito em confronto com as vendas efetivamente
registradas e ao mesmo tempo aponta no lançamento falta de
recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos
documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no
entanto, identificar os respectivos docs. fiscais (Notas
Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
indicando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

De forma que, os atos praticados com preterição


do direito de defesa no Processo Administrativo Tributário
são nulos, conforme mandamento previsto no Art. 7º, inc. II,
da Lei nº. 6.771/06, verbis:

“Art. 7º São nulos:”

I – (...)

“II – os atos praticados e as decisões proferidas


com preterição do direito de defesa;”

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Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem instruídas, o que
não se verifica.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da Remessa Necessária, no entanto deixar de apreciar
o mérito da decisão recorrida, para de oficio declarar nula
por vicio formal a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 05 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A, FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 25 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/07/2013


PROCESSO: 1500-010.993/2004 e CTE nº 080/2011.
ANEXO: 1500-013.964/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO: 022.815, de 30/04/2004.
AUTUADA: DOMINGOS AGROPECUÁRIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.101.491-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.553/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: José Barbosa Filho.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 151/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Falta


de recolhimento de ICMS por omissão de saídas
de mercadorias tributáveis nos exercícios de
2002 e 2003, apurada mediante levantamento
financeiro da Conta Caixa. 2) A Conta Caixa
objeto da auditoria realizada, reflete as
entradas e saídas de numerários, realizadas
pela autuada, razão pela qual as obrigações
devem ser contabilizadas apenas quando do seu
efetivo adimplemento. 3) Pagamentos e compras
a prazo não foram consideradas pelo autuante
na inicial, mas reconhecidos posteriormente
com refazimento dos cálculos. 4) Lançamento
Improcedente por falta de provas. 5) Reexame
Necessário conhecido e improvido. Mantida a
decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa DOMINGOS AGROPECUÁRIA LTDA, já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
70.416,42 (setenta mil, quatrocentos e dezesseis reais e
quarenta e dois centavos) por haver a empresa autuada efetuado
vendas de mercadorias tributáveis em operações internas sem
emissão de documentação fiscal, apuradas por Levantamento da

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Conta Caixa, consideradas as receitas e as despesas, restando


comprovada uma insuficiência de caixa.

Apontados como infringidos os artigos 1º, I;


2º, I, § 2º, I, §§ 6º e 9º, I, XII, e XV, da Lei Estadual nº
5.900/1996; 49, II, VII, e VIII; 54, VI; 136, I; 143, I; 280,
§ 2º, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista
no artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com o demonstrativo


de débito; cópia dos termos de início e de encerramento de
fiscalização; balancete de verificação; Declaração Anual do
Contribuinte – DAC (2002); Planilhas de Auditoria do Movimento
Financeiro (2002 e 2003); relação de pagamentos de compras a
prazo (2002 e 2003); cópias do LRAICMS (001 e 002); da Ficha
de Atualização Cadastral; relatório de dados cadastrais do
contribuinte; e cartão de autógrafo.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestivamente,


com as seguintes alegações:

1) Que, a ação fiscal se iniciou em 30/03/04,


os termos de início e de encerramento de fiscalização estão
datados de 11/05/2004, o auto de infração foi formalizado em
30/04/2004, assim, esses fatos deixam a entender que o mesmo
está eivado de nulidades; os dados extraídos da contabilidade
podem ter sido de outra empresa ou de outra contabilidade que
o fisco estava auditando e possivelmente misturou os dados
contábeis da autuada com a contabilidade de outra empresa, ou
em último caso, enganou-se no registro dessas informações na
planilha eletrônica usada para auditar a autuada;

2) Que, dos exercícios fiscalizados, 2002 e


2003, respectivamente, os dados contábeis apurados como caixa,
são positivos; em 31/12/02, o saldo existente na conta gráfica
CAIXA é de R$ 145,23 (cento e quarenta e cinco reais e vinte e
três centavos), em 31/12/2003 o saldo existente é R$ 41.969,28
(quarenta e um mil novecentos e sessenta e nove reais e vinte
e oito centavos); houve confusão por parte da auditoria fiscal
com diversos equívocos e houve arbitragem de valores por conta
do autuante, os quais, foram desnecessários, pois matém sua
contabilidade retrata sua real situação contábil e fiscal.

Por fim, pede a improcedência da autuação,


anexando a defesa, o Balanço Patrimonial Consolidado (2002 e
2003); a Demonstração do Resultado do Exercício (2002 e 2003);

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a Declaração de Atividades do Contribuinte (04/2004); o Recibo


de entrega da Declaração Anual Simplificada - PJ simplificada
(2004), entregue à Receita Federal; a Declaração do Simples
(2003); e cópia da intimação fiscal AFMA 2004 nº 98.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a fiscalização trabalha dentro do que a lei estipula, em
nenhum momento procurou prejudicar a autuada; as fls. 04 e 05,
da defesa a autuada alega que foi lavrada à intimação fiscal
AFMA 2004 nº 98, março e abril/2004, assinada em 03/03/2004,
pelo Sr. Marcio Eduardo Almeida Cavalcante e que os trabalhos
foram encerrados no dia 30/04/2004, com a lavratura do auto de
infração n° 022.815, com a assinatura do Sr. Marcio Eduardo
Almeida Cavalcante. Portanto não se vê nenhuma nulidade. Por
fim, pede a Procedência da autuação.

Em 05/01/2005, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 012/2005, para que sejam fossem averbados os
documentos comprobatórios dos valores consignados, mês a mês,
nos mapas de Auditoria do Movimento Financeiro; sejam
esclarecidas as discrepâncias entre os valores declarados pela
autuada nos Balanços Patrimoniais de 2002 e 2003, em relação
àqueles consignados nas planilhas da auditoria; seja aclarada,
também, a divergência entre o saldo final sob a rubrica Caixa
Final Calculado relativamente ao exercício de 2002 e o saldo
inicial sob a rubrica Caixa Inicial no exercício de 2003.

Em resposta o autuante diz que não há o que


se juntar ao auto de infração uma vez que tudo que instruiu a
autuação já está em anexo, balancete de verificação; planilha
do movimento financeiro (2003); relação de pagamentos de
compras a prazo; planilha do movimento financeiro (2002);
relação de pagamentos de compras a prazo; cópias do LRAICMS; o
trabalho foi feito com base nos documentos apresentados pelo
contador; sugerindo a CJ considerar os documentos apresentados
e o trabalho realizado.

Em 07/03/2005, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 101/2005, reiterando a requisição já realizada e
encaminhando os autos a SARE - Secretaria Adjunta da Receita
Estadual para interceder e assegurar o atendimento ao Pedido
de Diligência. A SARE encaminhou os autos a Diretoria de
Arrecadação Regional e à 7ª GRAF para o autuante atender ao
solicitado. Em resposta o autuante alega que o trabalho foi
baseado nos documentos fiscais apresentados e no balancete de
verificação (fls. 06 a 11; e 16 a 22) no exercício de 2003; no

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exercício de 2002 (fls. 23 a 27; 28 a 79), é correspondente ao


LRAICMS anexado e nada mais há a ser acrescentado ao trabalho.

Em 24/11/2006, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 445/2006, reiterando-se a imprescindibilidade do
que anteriormente foi requestado, os Pedidos de Diligências
nºs 012/2005 e 101/2005, sugerindo o retorno dos autos à
Secretaria Adjunta da Receita Estadual (SARE) para promover
meios de atendimento (o autuante ou por outro servidor para
tanto designado, ou por meio do autuante agindo conjuntamente
com servidor designado, como melhor se entenda). Em resposta,
o autuante efetua a revisão do lançamento (sem elaborar novos
demonstrativos) na seguinte forma:

1) Que, no exercício de 2002, o saldo inicial


é de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) referente ao
capital social da empresa, os valores lançados em contas a
pagar inicial e final não correspondem ao movimento comercial
da autuada; os valores lançados foram resultados do equívoco
ocorrido onde a planilha acumulou valores que não correspondem
aos saldos das contas a pagar, mês a mês, inicial e final,
devendo ser desconsiderados; considerado o saldo inicial de
caixa, as vendas de mercadorias e o financiamento através de
compra a prazo, não ocorre saldo credor da conta Caixa; o
saldo das contas a pagar em dezembro de 2002 é de R$ 20.694,82
(vinte mil, seiscentos e noventa e quatro reais e oitenta e
dois centavos) como consta do balanço patrimonial apresentado,
na conta Fornecedores. Após as diligências efetuadas não se vê
nenhum embasamento a desconsiderar a escrituração da autuada.

2) Que, no exercício de 2003, o saldo inicial


de caixa é de R$ 145,23 (cento e quarenta e cinco reais e
vinte e três centavos), conforme balanço patrimonial; valores
lançados em contas a pagar inicial e final não são
correspondentes ao movimento comercial da autuada, pois os
valores lançados foram resultados de equívoco ocorrido quando
a planilha acumulou alguns valores que não correspondem aos
saldos das contas a pagar, mês a mês, inicial e final devendo
ser desconsiderados; considerado o saldo inicial de caixa, as
vendas de mercadorias e o financiamento através de compra a
prazo, não ocorre saldo credor na conta Caixa; o saldo das
contas a pagar em 12/2003 é de R$ 18.888,79 (dezoito mil,
oitocentos e oitenta e oito reais e setenta e nove centavos),
conforme balanço patrimonial apresentado (Conta Fornecedores).

3) Que, após efetuar uma verificação na Conta


Caixa da autuada não ficou constatado a ocorrência de saldo
credor; para comprovar tal afirmativa deve se reconhecer que o

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saldo inicial da autuada em 2002 é de R$ 25.000,00 (vinte e


cinco mil reais), correspondente ao capital inicial e que os
valores lançados em contas a pagar inicial e final não
correspondem á movimentação comercial, além do financiamento
das compras à prazo. Portanto, depois de cumpridas todas as
diligências que foram solicitadas, não se vislumbram mais
quaisquer embasamentos para desconsiderar a escrituração
contábil da autuada. Por fim pede a improcedência da autuação.
Em 06/01/2011, foi proferida a Decisão nº
17.553/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Não recolhimento de ICMS por


omissão de saída de mercadorias tributáveis nos
exercícios de 2002 e 2003, apurada mediante
levantamento financeiro da conta ‘caixa’. (1) A
suposta incorreção formal nas datas existentes
nos termos de fiscalização e no Auto de Infração
consiste em mera irregularidade sanável, que, em
não impedindo o exercício do direito de defesa
pelo sujeito passivo, não implica nulidade da
ação fiscal ou do lançamento desta decorrente
conforme a atual disciplina do art. 7.º da Lei
6.771/06. (2) A conta “caixa”, objeto da
auditoria realizada, reflete as entradas e saídas
de numerário de uma dada pessoa jurídica,
aferidas no momento em que são efetivamente
realizadas pelo sujeito passivo, razão pela qual
as obrigações devem ser contabilizadas apenas
quando do seu efetivo adimplemento. (3) Cabe a
prova acerca da ocorrência de omissão de
receitas, pressuposto da omissão de saídas
prevista no art. 2.º, §§ 9.º e 10 da Lei Estadual
5.900/96, à Fazenda Estadual, já que fato
constitutivo da obrigação tributária objeto do
lançamento. (4) Insuficiência de provas a
demonstrar a ocorrência da infração imputada ao
sujeito passivo. (5) Lançamento IMPROCEDENTE. (6)
Remessa dos autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário nos termos do art. 48, I,
da Lei Estadual 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

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Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.553/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
lançamento constante do auto de infração n° 022.815.

Inicialmente, deve ser observado que a Conta


Caixa foi apurada com base em documentos de receitas e de
despesas da autuada, os quais refletem todas as operações e
prestações realizadas à vista, a prazo, etc, cujo registro é
de cargo de outras contas, a exemplo da conta fornecedores, no
caso das operações de aquisição de mercadorias a prazo, ou a
conta clientes, no caso das operações de vendas a prazo.

No presente levantamento existe um fato que


tem influência no resultado da conta e não foi observado pelo
autuante quando realizou os cálculos na planilha auditoria do
movimento financeiro, ou seja, ao preencher o campo de compras
a pagar final, que faz a dedução dos valores referentes às
compras de mercadorias escrituradas no LRAICMS, ao demonstrar
o valor real das compras feitas a vista e a prazo pela autuada
somou todas as duplicatas do exercício e consignou o valor no
campo referente ao primeiro mês apurado em 2002 (janeiro).

Da mesma forma, os valores das duplicatas a


prazo efetivamente pagas, relativas às compras de todo o
exercício foi somado e consignado uma única vez, no mês de
janeiro, o que repercute em todo o exercício, uma vez que não
foi feita a dedução mensal dos valores à medida que os mesmos
foram pagos; dessa mesma forma procedeu quando uma duplicata
paga em dezembro também foi contabilizada erroneamente como se
tivesse sido paga em janeiro, situação que não corresponde à
realidade da conta auditada.

Tais erros também se repetiram em 2003, e esse


fato foi reconhecido pelo autuante quando da resposta ao
terceiro pedido de diligência, ao justificar seu erro com a
afirmação de que os valores lançados em contas a pagar inicial
e contas a pagar final não correspondem ao movimento comercial
da autuada, sendo que os valores lançados foram resultados do
equívoco ocorrido, quando a planilha acumulou valores que não
correspondem aos saldos das contas a pagar, mês a mês, inicial
e final, devendo ser desconsiderados.

Observe-se, também, que é impossível confirmar


os dados postos na planilha Relação de pagamentos de compras a
prazo (fls. 17, a 22; e 24, a 27 da inicial), uma vez que a
mesma, apenas indica a data de pagamento; não existindo nos
autos, quaisquer documentos, tais como duplicatas, extratos

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bancários ou outros meios, que possibilitem comprovar a forma


pela qual ocorreu o adimplemento das compras efetuadas pela
autuada ou o recebimento de valores. Não foram contabilizados
na apuração da conta os valores relativos ao caixa inicial e a
algumas despesas de manutenção da autuada (encargos sociais;
salários; água; luz; telefone; dentre outros), que também tem
repercução no resultado da conta no exercício de 2003, fato
admitido também, pelo autuante quando de sua resposta ao
terceiro Pedido de Diligência.

Por fim, ressalte-se ainda, que a falta de


tais dados implica incerteza sobre o resultado da conta, não
se podendo afirmar, à vista das provas constantes dos autos,
que tenha ocorrido ou não resultado credor da conta caixa a
indicar omissão de receitas nos termos do artigo 2º, §§ 9º, e
10, da Lei nº 5.900/1996, como afirma a decisão singular. Por
fim, os fatos aqui vislumbrados e a admissão dos muitos erros
cometidos pelo autuante somente ocorreu após três diligências
e que mesmo após tantas tentativas, persiste ainda incerteza
sobre a ocorrência de infração à ordem tributaria, vez que o
autuante em sua última resposta, afirma, mas não demonstra por
meio de cálculos, como chegou à conclusão da improcedência da
infração por ele apurada. Nessa situação o lançamento é
Improcedente por absoluta falta de provas.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIOESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do
Reexame Necessário, negar provimento. Mantida a decisão
singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 09 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 25 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/07/2013


PROCESSO: 1500-013.339/2001 e CTE nº 177/2011.
ANEXO: 1500-016.871/2001.
AUTO DE INFRAÇÃO: 019.420, de 15/05/2001.
AUTUADA: CIRIO ANTONIO DE SOUZA & CIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.060.306-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.700/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: José Robério B da Silva e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 152/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Omissão de entradas de combustíveis apurada
em levantamento quantitativo de estoque. 2)
Imprecisões e divergências na apuração dos
resultados apontados. 3) Notas fiscais de
entradas não foram anexadas à inicial. 4)
Infração não restou comprovada. 5) Lançamento
improcedente. 6) Reexame Necessário conhecido
e improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa CIRIO ANTÔNIO DE SOUZA & CIA LTDA, já qualificada,
tendo por objeto a cobrança de crédito tributário no valor R$
30.255,48 (trinta mil, duzentos e cinquenta e cinco reais e
quarenta e oito centavos), por haver a empresa autuada deixado
de recolher ICMS referente à aquisição de 37.674 (trinta e
sete mil, seiscentos e setenta e quatro) litros de álcool,
diesel e gasolina sem nota fiscal, no período de 01/01/2001 a
30/03/2001, fato comprovado em levantamento físico de estoque.

Apontados como infringidos os artigos 2º, I,


XIV, § 2º; 23, I, §§ 3º, e 4º; 24, I; 24, I; e 26, pu, da Lei
nº 5.900/1996; 1º, IV, e § 2º, da Lei nº 5.572/1993; 155, XII,
letra “b”, da CF; 49, II; 101, XVII; 458, § 1º; 461, § 3º;

Acórdão CTE 152/2013


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811, II; e 970, do RICMS/91; 1º, I, “a”, e “b”, da Portaria SF


184/2003. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 97, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruida com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; com demonstrativo de débito;
cópia da intimação fiscal nº 10; cópias do LRIM; dos termos de
inicio e encerramento de fiscalização; do LRIM; planilhas de
levantamento de quantitativo de estoque, cópias (Xerox) de
declarações de medição de estoques de combustíveis; e do LMC.

DA DEFESA

A autuada em sua defesa tempestivamente,


alegando que a comissão fiscal não teria autorização para a
execução dos trabalhos realizados; faltam clareza e segurança
ao levantamento. Por fim, pede a nulidade da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões mantendo


os termos da inicial, alegando que ao não contestar os números
e valores apurados, a autuada admite tacitamente a procedência
da ação fiscal; não se sabe de onde a autuada tirou a ideia de
que para desempenhar a atividade de fiscalização é necessária
a criação de uma comissão fiscal; a autuada não diz coisa com
coisa. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 23/02/2011, foi proferida a Decisão nº


17.700/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. Omissão de


entradas de combustíveis identificada através de
levantamento quantitativo de estoque - Imprecisão
na apuração dos resultados apontados. Fato não
comprovado. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual
(Art. 48 da Lei nº 6.771/06).

A autuada foi intimada da decisão singular e


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão e não se pronunciou. Assim, chegam os
autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

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Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.700/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração nº 019.420.

Inicialmente, observe-se que a autuação trata


da falta de recolhimento de ICMS proveniente da aquisição de
combustíveis (gasolina, diesel e álcool carburante) sem a
devida emissão de documentos fiscais, fato apurado através de
Levantamento Quantitativo de Estoques de Combustíveis durante
o período de 01/01/2001 a 30/03/2001.
O lançamento em análise é decorrente de um
trabalho de levantamento fiscal e por ser este lançamento, um
ato vinculado, é que a atividade administrativa não pode se
afastar da legalidade quanto ao seu conteúdo e a sua forma;
assim, além de justificar o ato apontando os fundamentos de
fato e de direito, a fiscalização é obrigada a juntar aos
autos provas, capazes de comprovarem a existência da infração,
destinadas a fornecer ao julgador o conhecimento da verdade
dos fatos. Nos autos não se enxerga essas provas, e, além
disto, o procedimento utilizado para apurar o débito fiscal se
apresenta com diversos erros, os quais impedem se determinar
com segurança, a ocorrência da infração.

Senão vejamos. Os estoques iniciais (estoque


de fechamento) declarados no LMC - Livro de Movimentação de
Combustível não foram considerados pelo fisco (fls. 113; 162;
213; e 243); os estoques finais do dia 08/03/2001, indicadas
nos levantamentos de folhas 15; 29; e 38 (gasolina, 257.780;
óleo diesel, 911.319; e álcool carburante, 22.512), não estão
se coadunando com o montante do débito demonstrado às fls. 03
e 04; as numerações constantes dos encerrantes apontadas nos
levantamentos fiscais de fls. 14, 35, e 37, durante o período
09/03/2001 a 30/03/2001, também não coincidem com os valores
declarados no Livro de Movimentação de Combustível – LMC a
exemplo do dia 12/03/2001.

Nesse passo, analise-se o comportamento e a


movimentação dos citados produtos no levantamento.

1) Com relação à GASOLINA. No LMC - Livro de


Movimentação de Combustíveis o encerrante inicial é de 854675
e o encerrante final é de 857665. No DEMONSTRATIVO FISCAL (o
encerrante inicial é 848514, e, o encerrante final é 857146).

2) Com relação ao DIESEL. No LMC – Livro de


Movimentação de Combustíveis (o encerrante inicial é 883.545 e

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o encerrante final é 889.291). No DEMONSTRATIVO FISCAL (o


encerrante inicial é 878.739 e o encerrante final é 888.085).

3) Com relação ao ÁLCOOL COMBUSTÍVEL. No


Livro (o encerrante inicial é 125783 e o encerrante final é
126070). No DEMONSTRATIVO FISCAL (o encerrante inicial é
125199 e o encerrante final é 125962).

Além dessas divergências entre os registros


constantes do LMC com os valores constantes dos Demonstrativos
Fiscais (base da autuação) deve ser observado que as cópias
das notas fiscais de entradas que estão relacionadas nos
demonstrativos não foram anexadas aos autos, contrariando o
que determina o artigo 891, V, do RICMS/91.

Desse modo, não prospera a infração posta na


peça inicial, em razão da inexistência de provas indiciárias
do fato autorizador de sua presunção. Nos autos é impossível
se afirmar que aqueles valores (divergentes) constantes dos
demonstrativos são os valores que constavam em cada tanque na
hora da leitura. Também é impossível se afirmar com segurança
que as entradas (gasolina, diesel e álcool combustível), foram
ou não, apuradas de acordo com o fluxo de aquisições feitas
pela autuada, haja vista, que as cópias das notas fiscais não
foram anexadas. O lançamento é Improcedente como bem afirma a
decisão da Primeira Instância.
Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negar provimento. Mantida a
decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 09 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE 152/2013


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 25 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/07/2013


PROCESSO n.º 1500-003299/1995.
AUTO de INFRAÇÃO n.º 059263, de 17 de agosto de 1994.
AUTUADA: LUIZ DELMIRO DOS SANTOS
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE :SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 153/2013

EMENTA:TRIBUTÁRIO – AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


NOTIFICAÇÃO VÁLIDA DO SUJEITO PASSIVO -
AUSÊNCIA DE PAGAMENTO E DE DEFESA
ADMINISTRATIVA – CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – CRÉDITO LÍQUIDO, CERTO E
EXIGÍVEL – PARALISAÇÃO DO PROCESSO POR MAIS DE
11 (ONZE) ANOS – OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO
TRIBUTÁRIA – EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO –
AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO – DECISÃO DA CJ
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º 15.339/2007 oriunda da


Coordenadoria de Julgamento – CJ, que reconheceu de ofício a ocorrência da prescrição do
crédito tributário cobrado no auto de infração n.º 059263, lavrado em 17 de agosto de 1994,
declarando, por conseguinte, a extinção do crédito tributário, em conformidade com os artigos
156, inciso V, e 174, ambos do Código Tributário Nacional. Vejamos a ementa:

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de crédito tributário. 2.


Falta de recolhimento de imposto, inclusive por utilização de crédito

Acórdão CTE nº153/2013 Página 1


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indevido. 3. Revelia. 4. Lançamento prejudicado. 5. Extinção de


crédito tributário. 6. Prescrição – CTN, artigos 156, V, e 174. 7. Duplo
grau de jurisdição administrativa necessário – art. 48, Lei Estadual n.º
6.771/06.

Conforme alhures já relatado, o auto de infração foi lavrado em 17 de agosto


de 1994, sendo protocolado na repartição fazendária na mesma data.

O contribuinte foi validamente notificado em 19 de agosto de 1994, conforme


se depreende da ciência do contribuinte no AR acostado ao processo às fls. 03, ocasião em
que o mesmo restou silente, não apresentando qualquer espécie de manifestação e/ou defesa
administrativa.

Neste contexto, diante da ausência de pagamento e da não apresentação de


defesa administrativa, a então Coordenadoria Geral de Administração Tributária - CAT lavrou
o competente Termo de Revelia, o qual está datado de 15 de março de 1995, no entanto fora
aberto novo prazo via edital, para que o Réu oferecesse defesa e o mesmo não apresentou,
tendo novamente sido lavrado Termo de Revelia, desta vez datado de 14 de fevereiro de 1996,
ou seja, duplamente revel.

Ressalte-se, por oportuno, que entre a data da lavratura do segundo Termo de


Revelia (14/02/1996) e o julgamento do processo pela Coordenadoria de Julgamento 10 de
julho 2007, já se passaram mais de 11 (onze) anos.

No essencial, é o que se tem a relatar.

VOTO

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a empresa autuada tomou ciência


do Auto de Infração em 19 de agosto de 1994, mediante assinatura aposta no Aviso de
Recebimento.

O fato é que a empresa autuada, embora devidamente notificada, não apresentou


defesa ao auto de infração, razão pela qual, após o término do prazo para apresentação da
defesa administrativa, a Administração lavrou os competentes Termos de Revelia, conforme
se verifica às fls. 81 e 85, datados de 15 de março de 1995 e 14 de fevereiro de 1996,
respectivamente.

Acórdão CTE nº153/2013 Página 2


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Cumpre ressaltar que à época da lavratura do Auto de Infração n.º 059263, lavrado em
17 de agosto de 1994, estava em vigor a Lei Estadual (AL) n.º 4.418, de 27 de dezembro de
1982, a qual preconizava em seu artigo 141 1:

Art. 141 - Findo o prazo da intimação, sem pagamento do débito,


nem apresentação de defesa, o funcionário responsável certificará o não
recolhimento, providenciará a lavratura do Termo de Revelia e
encaminhará os autos à autoridade instrutora, para cumprimento do
disposto no artigo anterior 2.

§ lº - Quando se tratar de infrator revel, e a infração se referir à falta de


recolhimento de tributos apurados e escriturados em livros fiscais próprios,
prestadas as informações sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo automaticamente promovido a
inscrição do débito na dívida ativa, para cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista no parágrafo anterior,


importa o reconhecimento da obrigação tributária e produz efeito de
decisão final do processo administrativo. (destaque ausente no original)

Note-se que o dispositivo legal supramencionado amolda-se perfeitamente ao


presente caso, bastando sua simples leitura para concluir que, in casu, os Termos de Revelia,
datado de 15/03/1995 e 14/02/1996, “produz efeito de decisão final do processo
administrativo”.

Em outros termos, a notificação do sujeito passivo e a ausência de impugnação


administrativa possuem o condão de, respectivamente, constituir definitivamente o crédito
tributário e torná-lo plenamente exigível.

Em 17 de dezembro de 1997, o artigo 141, da Lei 4.418/82 foi alterado pela Lei
1

5.983, passando a ter a seguinte redação: “Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem
pagamento do débito ou apresentação de defesa ou recurso, será providenciada a lavratura
do Termo de Revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida Ativa.
Parágrafo único - A revelia do autuado implica no reconhecimento da obrigação tributária e
produz efeito de decisão final no processo administrativo fiscal.” Atualmente, a revelia no
processo administrativo fiscal estadual encontra-se disciplinada pelo artigo 13, da Lei
Estadual 6.771, de 16 de novembro de 2006.

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O artigo 52, da Lei Estadual (AL) 4.418, de 27 de dezembro de 1982, vigente à


época, prescreve que o lançamento tributário regularmente notificado somente poderá ser
revisto nos seguintes casos:

Art. 52 - O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo, só


pode ser revisto em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício de autoridade administrativa, nos casos


previstos no artigo 57.

Como se observa, o crédito tributário perseguido no presente caso foi


definitivamente constituído segundo os critérios adotados pela legislação tributária estadual,
dando origem a uma situação jurídica consolidada, cuja estabilidade deve ser preservada por
este órgão colegiado, mormente quando a possibilidade de revisão do aludido ato jurídico não
encontra refúgio nas hipóteses descritas na lei.

Neste contexto, com a lavratura dos Termos de Revelia, datados de 15/03/1995


e 14/02/1996, a Fazenda Pública Estadual deveria ter inscrito em dívida ativa o respectivo
crédito tributário para, posteriormente, ajuizar a competente ação de execução fiscal, visando
o recebimento de seu crédito, uma vez que o mesmo já se encontrava plenamente exigível.

Destarte, considerando que os Termos de Revelia materializam o encerramento


do processo administrativo tributário, com a consequente constituição definitiva do crédito
tributário, o Fisco deveria ter providenciado a cobrança judicial da dívida no prazo máximo de
05 (cinco) anos, nos termos do art. 174 do CTN.

Saliente-se que o artigo 151, do Código Tributário Nacional, expressamente


prevê as hipóteses legais de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não restando
caracterizada nenhuma delas nos presentes autos, gozando o referido crédito de certeza,
liquidez e exigibilidade, a partir das lavraturas dos Termos de Revelia.

O absurdo ocorrido no presente caso é que, entre a data da constituição


definitiva do crédito tributário e a data desta decisão administrativa já se passaram muito mais

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de 11 (onze) anos, o que, por si só, é capaz de fulminar o mencionado crédito em face da
ocorrência da prescrição, nos termos do art. 174, caput, do CTN. Vejamos:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5


(cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Portanto, diante das razões de fato e de direito alhures mencionadas,


ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL, por unanimidade de votos, extinguir o crédito tributário pela ocorrência da
prescrição tributária, nos termos do art. 156, V, do CTN, conforme acertadamente decidiu a
CJ.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 09 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

Acórdão CTE nº153/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA

CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 25 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 09/07/2013


PROCESSO n.º 1500-011850/1995.
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 058841, de 25 de agosto de 1995.
AUTUADO: Eguiberto Alves da Silva.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 154/2013

EMENTA:
TRIBUTÁRIO – AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –
NOTIFICAÇÃO VÁLIDA DO SUJEITO PASSIVO -
AUSÊNCIA DE PAGAMENTO E DE DEFESA
ADMINISTRATIVA – CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – CRÉDITO LÍQUIDO, CERTO E
EXIGÍVEL – PARALISAÇÃO DO PROCESSO POR MAIS DE
12 (DOZE) ANOS – OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO
TRIBUTÁRIA – EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO –
AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO – DECISÃO DA CJ
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão n.º 15.344/2007 oriunda da


Coordenadoria de Julgamento – CJ, que reconheceu de ofício a ocorrência da prescrição do
crédito tributário cobrado no auto de infração n.º 058841, de 25 de agosto de 1995,
declarando, por conseguinte, a extinção do crédito tributário, em conformidade com os artigos
156, inciso V, e 174, ambos do Código Tributário Nacional. Vejamos a ementa:

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EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de crédito tributário. 2.


Falta de recolhimento de imposto relativo a regime de substituição
tributária e regime interna interestadual. 3. Revelia. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito tributário. 6. Prescrição – CTN,
artigos 156, V, e 174. 7. Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário – art. 48, Lei Estadual n.º 6.771/06.

Conforme alhures já relatado, o auto de infração foi lavrado em 25 de agosto


de 1995, sendo protocolado na repartição fazendária na mesma data.

O contribuinte foi validamente notificado em 15 de setembro de 1995,


conforme se depreende da ciência do contribuinte no AR acostado ao processo às fls. 13,
ocasião em que o mesmo restou silente, não apresentando qualquer espécie de manifestação
e/ou defesa administrativa.

Neste contexto, diante da ausência de pagamento e da não apresentação de


defesa administrativa, a então Coordenadoria Geral de Administração Tributária - CAT lavrou
o competente Termo de Revelia, o qual está datado de 24 de novembro de 1995. Ressalte-se,
por oportuno, que entre a data da lavratura do segundo Termo de Revelia (24/11/1995) e o
julgamento do processo pela Coordenadoria de Julgamento 12 de julho 2007, já se passaram
mais de 12 (doze) anos.

No essencial, é o que se tem a relatar.

VOTO

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a empresa autuada tomou ciência


do Auto de Infração em 15 de setembro de 1994, mediante assinatura aposta no Aviso de
Recebimento.

O fato é que a empresa autuada, embora devidamente notificada, não apresentou


defesa ao auto de infração, razão pela qual, após o término do prazo para apresentação da
defesa administrativa, a Administração lavrou o competente Termo de Revelia, conforme se
verifica às fls. 13, datados de 24 de novembro de 1995.

Acórdão CTE nº 154/2013 Página 2


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Cumpre ressaltar que à época da lavratura do Auto de Infração n.º 058841, de 25 de


agosto de 1995, estava em vigor a Lei Estadual (AL) n.º 4.418, de 27 de dezembro de 1982, a
qual preconizava em seu artigo 141 1:

Art. 141 - Findo o prazo da intimação, sem pagamento do débito,


nem apresentação de defesa, o funcionário responsável certificará o não
recolhimento, providenciará a lavratura do Termo de Revelia e
encaminhará os autos à autoridade instrutora, para cumprimento do
disposto no artigo anterior 2.

§ lº - Quando se tratar de infrator revel, e a infração se referir à falta de


recolhimento de tributos apurados e escriturados em livros fiscais próprios,
prestadas as informações sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo automaticamente promovido a
inscrição do débito na dívida ativa, para cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista no parágrafo anterior,


importa o reconhecimento da obrigação tributária e produz efeito de
decisão final do processo administrativo. (destaque ausente no original)

Note-se que o dispositivo legal supramencionado amolda-se perfeitamente ao


presente caso, bastando sua simples leitura para concluir que, in casu, os Termos de Revelia,
datado de 15/03/1995 e 14/02/1996, “produz efeito de decisão final do processo
administrativo”.

Em 17 de dezembro de 1997, o artigo 141, da Lei 4.418/82 foi alterado pela Lei
1

5.983, passando a ter a seguinte redação: “Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem
pagamento do débito ou apresentação de defesa ou recurso, será providenciada a lavratura
do Termo de Revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em Dívida Ativa.
Parágrafo único - A revelia do autuado implica no reconhecimento da obrigação tributária e
produz efeito de decisão final no processo administrativo fiscal.” Atualmente, a revelia no
processo administrativo fiscal estadual encontra-se disciplinada pelo artigo 13, da Lei
Estadual 6.771, de 16 de novembro de 2006.

Acórdão CTE nº 154/2013 Página 3


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Em outros termos, a notificação do sujeito passivo e a ausência de impugnação


administrativa possuem o condão de, respectivamente, constituir definitivamente o crédito
tributário e torná-lo plenamente exigível.

O artigo 52, da Lei Estadual (AL) 4.418, de 27 de dezembro de 1982, vigente à


época, prescreve que o lançamento tributário regularmente notificado somente poderá ser
revisto nos seguintes casos:

Art. 52 - O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo, só


pode ser revisto em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício de autoridade administrativa, nos casos


previstos no artigo 57.

Como se observa, o crédito tributário perseguido no presente caso foi


definitivamente constituído segundo os critérios adotados pela legislação tributária estadual,
dando origem a uma situação jurídica consolidada, cuja estabilidade deve ser preservada por
este órgão colegiado, mormente quando a possibilidade de revisão do aludido ato jurídico não
encontra refúgio nas hipóteses descritas na lei.

Neste contexto, com a lavratura do Termo de Revelia, datados de 24/11/1995, a


Fazenda Pública Estadual deveria ter inscrito em dívida ativa o respectivo crédito tributário
para, posteriormente, ajuizar a competente ação de execução fiscal, visando o recebimento de
seu crédito, uma vez que o mesmo já se encontrava plenamente exigível.
6 Destarte, considerando que o Termo de Revelia materializa o encerramento do
processo administrativo tributário, com a consequente constituição definitiva do crédito
tributário, o Fisco deveria ter providenciado a cobrança judicial da dívida no prazo máximo de
05 (cinco) anos, nos termos do art. 174 do CTN.

Acórdão CTE nº 154/2013 Página 4


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Saliente-se que o artigo 151, do Código Tributário Nacional, expressamente


prevê as hipóteses legais de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não restando
caracterizada nenhuma delas nos presentes autos, gozando o referido crédito de certeza,
liquidez e exigibilidade, a partir das lavraturas dos Termos de Revelia.

O absurdo ocorrido no presente caso é que, entre a data da constituição


definitiva do crédito tributário e a data desta decisão administrativa já se passaram muito mais
de 12 (doze) anos, o que, por si só, é capaz de fulminar o mencionado crédito em face da
ocorrência da prescrição, nos termos do art. 174, caput, do CTN. Vejamos:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5


(cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Portanto, diante das razões de fato e de direito alhures mencionadas,


ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL, por unanimidade de votos, extinguir o crédito tributário pela ocorrência da
prescrição tributária, nos termos do art. 156, V, do CTN, conforme acertadamente decidiu a
CJ.

ala das Sessões do CTE, Maceió/AL, 09 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-026916/2005; CTE 190/2012 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 42879 de 31/08/2005
RECORRENTE: Leide Confecções Ltda. ME
RECORRIDA: Fazenda Pública Estadual
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 155/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


INEXISTÊNCIA DE NULIDADE FORMAL
QUANTO À INTIMAÇÃO DO SUJEITO
PASSIVO. CIÊNCIA DO LANÇAMENTO
MEDIANTE A EXPEDIÇÃO DE AVISO DE
RECEBIMENTO POR VIA POSTAL.
AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO ICMS
REFERENTE AO ESTOQUE EXISTENTE
QUANDO DO ENCERRAMENTO DAS
ATIVIDADES DA EMPRESA. CONTRIBUINTE
OPTANTE PELO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO E SIMPLIFICADO DAS
MICROEMPRESAS, COM RENÚNCIA A
QUALQUER ESPÉCIE DE CRÉDITO FISCAL.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO
DA NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA. LANÇAMENTO
PROCEDENTE EM PARTE.

RELATÓRIO

Cuida o processo evidenciado em epígrafe do Auto de


Infração nº. 42879 de 31/08/2005, no qual a autoridade fiscal

Acórdão CTE 155/2013


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relata que a contribuinte deixou de recolher ICMS proveniente


das mercadorias constantes no estoque final da empresa na data
do encerramento das suas atividades no valor de R$ 5.564,68
(cinco mil, quinhentos e sessenta e quatro reais e sessenta e
oito centavos). Imputou-se, ainda, a penalidade de 60% sobre o
valor do tributo devido, conforme previsto no artigo 84, da
Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no valor de
R$ 8.903,48 (oito mil, novecentos e três reais e quarenta e
oito centavos).

Instruem os autos, a cópia do cartão de autógrafo,


do livro registro de inventário e do livro de ocorrências.

A Autuada apresentou defesa as fls. 02/04, enquanto


que a fiscal autuante expôs suas contrarrazões as fls. 09/11.

Encaminhados os autos para a Coordenadoria de


Julgamento, decidiu-se pela procedência em parte do
lançamento, na medida em que foram respeitadas todas as
disposições legais atinentes à matéria, alterando-se, por
força da lei, tão somente a penalidade de 60% prevista no
artigo 84, para a multa de 50% disposta no artigo 79, ambos da
Lei nº. 5.900/96, em razão da reclassificação das penalidades
promovida pelo legislador.

Inconformada com a decisão, a Autuada interpôs


Recurso Ordinário argumentando que:

a) apresentou sua defesa no prazo legal, entretanto


a Coordenadoria de Julgamento demorou aproximadamente 06
(seis) anos e meio para apreciar a autuação, motivo pelo qual
terá que arcar com ônus desproporcional diante da incidência
de juros e correção monetária;

b) quando solicitou o encerramento das atividades,


entregou toda a documentação necessária, agindo de boa-fé,
portanto, não tinha nenhuma intenção de cometer qualquer ato
ilícito;

c) a forma como o imposto devido foi calculado


desrespeita o princípio da não cumulatividade, pois não foi
considerado o crédito fiscal decorrente da entrada das
mercadorias tributadas, o que torna o ICMS cumulativo,
caracterizando, portanto, uma anomalia jurídica;

Acórdão CTE 155/2013


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d) a Lei Estadual nº. 6.271/2001 e o Decreto nº.


545/2002 que tratavam e regulamentavam o regime tributário
diferenciado e simplificado para as microempresas são omissos
quanto ao objeto descrito nos autos, razão pela qual devem ser
aplicadas as disposições da legislação ordinária, logo
plenamente cabível a compensação tributária entre os créditos
e débitos das operações de ICMS.

Por conseguinte, a representação fiscal apresentou


suas contrarrazões recursais sustentando que:

a) a apuração do tributo devido ocorreu de acordo


com a sistemática legal aplicável ao caso, na qual considera
fato gerador do ICMS a mercadoria constante do estoque final,
na data do encerramento das atividades do contribuinte, sendo
a base de cálculo do imposto determinada pela aplicação do
lucro presumido de 30% sobre o valor das mercadorias do
estoque final;

b) no regime de tributação diferenciado e


simplificado das microempresas, a apuração e pagamento do ICMS
acontece através do enquadramento estimado da receita bruta da
empresa, com o pagamento mensal do imposto no valor pré-fixado
pela legislação, onde, ao aderir ao regime simplificado, o
contribuinte abre mão do mecanismo de compensação do ICMS,
portanto, inexiste ofensa ao princípio da cumulatividade.

Após, os autos foram remetidos ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ORDINÁRIO

Ab initio, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada,
em especial, a sua tempestividade.

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Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei


do PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
Recurso Ordinário, vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao


CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Recorrente foi


intimada da decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia
09/04/2012, conforme ARs de fls. 33/34, tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 20/04/2012.

II. DA PRELIMINAR DE NULIDADADE DO LANÇAMENTO –


ALEGAÇÃO DE VÍCIO FORMAL QUANTO À NOTIFICAÇÃO DO SUJEITO
PASSIVO

Preliminarmente, a Recorrente afirma que a maneira


como foi intimada acerca da lavratura do Auto de Infração
consignado nos autos está maculada por vício formal, pois fora
notificada mediante a expedição de AR (aviso de recebimento,
em desconformidade com o disposto no artigo 11, incisos I, II
e III, da Lei nº. 6.771/2006.

O artigo 11, da Lei nº. 6.771/2006, determina que a


notificação do sujeito passivo ocorrerá, preferencialmente, de
forma pessoal, sendo permitido, também, o envio da notificação
por via postal, mediante remessa de Aviso de Recebimento – AR,
ou, ainda, através da publicação de edital.

No caso dos autos, não sendo possível a intimação


pessoal da Recorrente, o órgão competente expediu ofício de
notificação do auto de infração (fl. 16), remetendo-o por AR,
nos termos do artigo 11, inciso II, da Lei nº. 6.771/2006.

Nesse ponto, em que pese não restar comprovado nos


autos a entrega efetiva da intimação, na medida em que não
consta a devolução do AR enviado, verifica-se inexistir
prejuízo para a elaboração da defesa pelo contribuinte, pois,
quando somente transcorridos 9 (nove) dias da expedição do

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ofício de intimação (21/11/2005), a Recorrente foi capaz de


apresentar defesa nos autos (30/11/2005), o que denota a sua
ciência acerca do conteúdo dos autos.

Dessa forma, sendo inquestionável que a Recorrente


de alguma forma tomou ciência do conteúdo do Auto de Infração
constante nos autos, sendo capaz de elaborar a sua defesa, não
há que se falar em vício quanto ao procedimento de intimação,
rejeitando-se, por conseguinte, a preliminar de nulidade.

III. DA APRECIAÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO – ALEGAÇÃO


DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE –
DESCONSIDERAÇÃO DO CRÉDITO FISCAL DA AQUISIÇÃO DAS MERCADORIAS

No mérito, argumenta a Recorrente que o lançamento


deverá ser julgado improcedente, pois, ao lavrar o auto de
infração, não foi considerado para apuração da base de cálculo
do imposto devido o crédito fiscal decorrente da aquisição das
mercadorias tributadas, transformando o ICMS em tributo
cumulativo, hipótese vedada pela Constituição Federal,
caracterizando-se anomalia jurídica.

No caso dos autos, relata a autoridade fiscal que a


Recorrente deixou de recolher ICMS decorrente de mercadorias
tributáveis constantes no estoque final da empresa no momento
do pedido de encerramento das suas atividades, infringindo ao
disposto no artigo 2º, §2º, inciso I, da Lei nº. 5.900/96,
vejamos:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do


ICMS no momento:

§ 2º - Considera-se saída do estabelecimento:

I - a mercadoria constante do estoque final, na


data do encerramento da atividade;

Por oportuno, importante ressaltar que a própria


legislação tributária estadual que instituiu o regime de
tributação diferenciado e simplificado para as microempresas,
empresas de pequeno porte e ambulantes, estabeleceu de forma
clara e precisa a obrigatoriedade de recolhimento do ICMS das

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mercadorias tributáveis constantes no estoque final das


empresas no momento do encerramento das atividades para os
contribuintes optantes do citado regime de tributação
diferenciado. Assim dispõe o artigo 9º, §2º, inciso II, alínea
“c”, da Lei nº. 6.271/2001:

Art. 9º O valor do ICMS devido mensalmente


pelos contribuintes admitidos à sistemática
desta Lei será apurado e pago na conformidade
deste Capítulo, nos prazos e forma previstos em
regulamento.

§ 2º Os contribuintes admitidos à sistemática


desta Lei:

II - obrigam-se a recolher o imposto relativo:

c) às mercadorias existentes em estoque por


ocasião do pedido de baixa de inscrição,
ressalvado o disposto nos incisos VII a IX, do
art. 3º, da Lei nº 5.900, de 27 de dezembro de
1996;

Nesse ponto, a Lei nº. 6.271/2001, determinou aos


contribuintes optantes pelo regime de tributação diferenciado
e simplificado a renúncia expressa ao aproveitamento de
quaisquer créditos fiscais como condição de adesão ao referido
sistema, a teor do disposto no artigo 2º, §1º, inciso II, da
Lei nº. 6.271/2001, de modo que inexiste inconstitucionalidade
na desconsideração do mecanismo de compensação do ICMS (débito
e crédito) no caso em apreço.

A princípio, pode parecer abusiva a sistemática de


cálculo do ICMS no regime diferenciado, pois poderia estar-se
permitindo o cerceamento do direito do contribuinte com a
exclusão da compensação do ICMS, entretanto a adesão ao regime
sempre foi uma opção do contribuinte, jamais um imposição,
tornando-se atraente, na medida em que, ao invés da empresa
apurar o imposto pelo mecanismo de débito e crédito, a
apuração do ICMS se dava pelo enquadramento do contribuinte em
faixas de tributação, de acordo com a sua receita bruta anual,
possibilitando o recolhimento do imposto em valores pré-
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estabelecidos, habitualmente bem inferiores às quantias


efetivamente devidas no regime de tributação convencional.

Dessa forma, considerando-se que a Recorrente


renunciou expressamente aos créditos fiscais e,
consequentemente, ao sistema de compensação do ICMS no momento
em que optou pela adesão ao regime de tributação diferenciado
e simplificado das microempresas, não há que se falar em
ofensa ao princípio da não cumulatividade no caso em análise.

Afinal de contas, a Recorrente optou pela adesão ao


regime de tributação diferenciado e simplificado das
microempresas e aceitou as suas regras, portanto, inaceitável
que no momento em que o cenário se mostra desfavorável, a
Autuada pretenda desconsiderar a sua escolha e passar para o
regime de tributação tradicional com a aplicação da regra de
compensação do ICMS sobre a base de cálculo do imposto.

Aliás, sobre a apuração da base de cálculo,


observa-se que a autoridade fiscal agiu estritamente em
respeito ao disposto na legislação vigente na época dos fatos,
especialmente ao disposto no artigo 6º, inciso XII, alínea
“a”, da Lei nº. 5.900/96, o qual determina que, nos casos de
recolhimento do imposto decorrente da existência de estoque
final no momento de encerramento das atividades da empresa, o
ICMS será calculado com a aplicação da alíquota sobre o valor
da mercadoria acrescido do lucro presumido de 30% (trinta por
cento,in verbis:

Art. 6º A base de cálculo do imposto é:

XII - no caso do § 2º do art. 2º, salvo


percentual específico aplicável à mercadoria,
estabelecido na legislação:

a) o valor do custo de aquisição mais recente,


acrescido do percentual de 30% (trinta por
cento), na hipótese do inciso I;

Por tais razões, uma vez caracterizado o ilícito


praticado pela Recorrente de acordo com as provas produzidas
nos autos, bem como inquestionável a sua opção pelo regime de
tributação simplificado das microempresas, com a renúncia a
qualquer espécie de crédito fiscal, verifica-se que o

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lançamento consignado nos autos pautou-se corretamente nos


dispositivos normativos que regulamentam a matéria,
inexistindo ofensa ao princípio da não cumulatividade.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário, pois preenchidos os seus
requisitos de admissibilidade para rejeitar a preliminar de
nulidade do auto de infração por vício formal na intimação do
sujeito passivo e, no mérito, por maioria de votos, negar
provimento, pois o lançamento respeitou a legislação vigente
na época do fato, bem como observou a opção da Recorrente pelo
regime de tributação diferenciado das microempresas com a
renúncia a qualquer espécie de crédito fiscal, inexistindo
ofensa ao princípio da não cumulatividade do ICMS.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR(votou contra relator) JULGADOR(acompanhou relator)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR(acompanhou relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013


PROCESSO Nº: 1500.029543/2006 CTE 061/2012 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 70.00138-002 de 07/11/2006
RECORRENTE: M. H. Santos de Lima
RECORRIDA: Fazenda Pública Estadual
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 156/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


OMISSÃO DE SAÍDA. SISTEMÁTICA DO
LUCRO PRESUMIDO. PRELIMINAR DE
NULIDADE REJEITADA, POIS
PREENCHIDOS OS REQUISITOS MÍNIMOS
DE VALIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO.
AUTO DE INFRAÇÃO ACOMPANHADO DAS
PROVAS DO ILÍCITO FISCAL.
MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO
COMPROVADA. LEGALIDADE DA BASE DE
CÁLCULO DO ICMS. APURADA DIFERENÇA
POSITIVA ENTRE CMV + 30% E AS
SAÍDAS EFETIVAMENTE DECLARADAS NOS
LIVROS FISCAIS. INCOMPETÊNCIA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL PARA
APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS QUE
IMPLIQUEM A DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DE
DISPOSITIVO NORMATIVO. RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO RECORRIDA MANTIDA.
LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE.

RELATÓRIO

Cuidam os autos do Auto de Infração nº. 70.00138-


002 de 07/11/2006, no qual relata-se que a Recorrente, por não
possuir escritura contábil para fins de apuração do lucro

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bruto real, deixou de recolher ICMS proveniente da omissão de


saída de mercadorias tributadas no valor de R$ 61.461,75
(sessenta e um mil, quatrocentos e sessenta e um reais e
setenta e cinco centavos), tomando-se como base de cálculo a
diferença positiva entre o custo das mercadorias vendidas
agregado ao lucro de 30% e as saídas efetivamente declaradas
nos livros e/ou documentos fiscais nos exercícios de 2004 e
2005, imputando-se a penalidade prevista no artigo 84, da Lei
nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no importe de R$
98.338,80 (noventa e oito mil, trezentos e trinta e oito reais
e oitenta centavos).

Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa


as fls. 02 a 25, enquanto o fiscal autuante expôs suas
contrarrazões as fls. 28, ambos do processo nº.
1500.0034441/2007.

Submetido à apreciação da Coordenadoria de


Julgamento, o julgador singular rejeitou as alegações
discorridas na defesa da Recorrente, vez que a autuação
obedeceu os procedimentos legais, sendo legítima a presunção
de lucro de 30% nos casos em que o contribuinte não possui
escrituração contábil apta para a apuração do lucro bruto
real. No mais, alterou-se a multa aplicada devido a
reclassificação implementada pelo legislador da penalidade
disposta no artigo 84 (multa de 60%) para a penalidade
prevista no artigo 79 (multa de 50%), concluindo-se, por fim,
pela procedência do lançamento, nos termos da seguinte ementa:

EMENTA - ICMS – Levantamento Financeiro da


Conta Mercadorias. Presunção legal de omissão
de saídas tributáveis (ex vi do §12, art 2º da
Lei nº. 5.900/96). Valor das saídas tributáveis
declaradas, inferior ao custo de aquisição mais
o valor agregado de 30% (trinta por cento).
Ilícito fiscal caracterizado. Autuação
PROCEDENTE.

Inconformada com a decisão, a Autuada apresentou


Recurso Ordinário argumentando que:

a) o auto de infração é nulo, pois desprovido dos


seus requisitos mínimos, especialmente, a falta da descrição
clara dos fatos considerados infração e a ausência da aposição
da assinatura do agente fiscal responsável pela autuação;

Acórdão CTE 156/2013 Página 2


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b) o auto de infração deveria ser relatado em


linguagem que tornasse possível a compreensão do caráter da
infração pelo contribuinte, sem tecnicismo exacerbado;

c) o lançamento infringe a legislação vigente ao


desconsiderar o valor da operação como base de cálculo do ICMS
e presumir o percentual de 30% como lucro mínimo, tributando-
se a diferença entre o valor da operação efetivamente
realizada e a referida margem de lucro mínimo;

d) inexistem nos autos provam que confirmem a


prática do ilícito e, por conseguinte, a procedência do
lançamento;

e) a aplicação de multa no percentual de 50%


caracteriza conduta confiscatória e fere os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.

Encaminhado os autos para contrarrazões, a


representação fiscal ratificou os termos da decisão nº.
16.356/2009 proferida pela Coordenadoria de Julgamento.

Após, os autos foram encaminhados à 2ª Turma do


Conselho Tributário Estadual para julgamento do Recurso
Ordinário.

É o relatório.

VOTO

I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ORDINÁRIO

Ab initio, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada,
em especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei


do PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
Recurso Ordinário, vejamos:

Acórdão CTE 156/2013 Página 3


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Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao


CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Recorrente foi


intimada da decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia
06/01/2010, conforme AR de fls. 41, tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 18/01/2010.

II. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO

Preliminarmente, alega a Autuada a nulidade do Auto


de Infração nº. 70.00138-002 de 07/11/2006 em razão da
inobservância dos requisitos formais para a sua lavratura.
Nesse sentido, a Recorrente afirma que o fiscal autuante não
descreveu de forma clara e precisa os fatos que ensejaram a
autuação, bem como deixou de assinar o auto de infração,
desrespeitando o disposto no artigo 889-B, incisos VI e XI, do
Regulamento do ICMS.

E mais, argumenta que os fatos deveriam ser


descritos em linguagem clara e transparente, que permitisse a
fácil compreensão do contribuinte acerca da infração imputada,
sem tecnicismo exacerbado.

Não assiste razão.

Como se observa da discriminação dos fatos, fl. 02,


a autoridade fiscal descreve, com clareza, a infração imputada
à Autuada, vejamos:

“Como empresa não possuidora de escrituração


contábil para fins de apuração do lucro bruto
real, deixou de recolher ICMS proveniente da
omissão de saída de mercadorias tributadas,
tomando-se como base de cálculo a diferença
positiva entre o custo das mercadorias vendidas
agregado ao lucro de 30% (trinta por cento) e
as saídas efetivamente declaradas nos livros
e/ou documentos fiscais, conforme exercícios e
valores abaixo discriminados.” (fl. 02).

Acórdão CTE 156/2013 Página 4


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De fato, o fiscal de tributos autuante foi


minucioso, claro e preciso ao descrever os fatos e a infração
cometida pela Recorrente, de modo a permitir a perfeita
compreensão sobre os motivos que ensejaram o lançamento,
frise-se, sem a utilização de linguagem técnica.

Para tanto, basta observar as peças processuais


produzidas pela Recorrente e acostadas aos autos para se notar
que o contribuinte conseguiu ter a exata percepção dos fatos e
da infração então imputadas.

Da mesma forma, constam no auto de infração todas


as informações concernentes à autoridade responsável pelo
lançamento tais como nome, cargo, matrícula e assinatura,
permitindo-se a sua perfeita identificação, em atenção ao
disposto no artigo 889-B, inciso XI, do Regulamento do ICMS,
inexistindo qualquer vício no lançamento em análise.

Assim, sobre qualquer eventual nulidade do


lançamento, prescreve o artigo 7º, §1º, da Lei nº. 6.771/2006,
que não será nulo o auto de infração em que seja possível
determinar a natureza da infração, o sujeito passivo e o
montante do crédito tributário:

Art. 7º, § 1º - As eventuais incorreções ou


omissões e a não observância de exigências
meramente formais contidas na legislação não
acarretam a nulidade do ato administrativo,
desde que seja possível determinar a natureza
da infração, o sujeito passivo e o montante do
crédito tributário, devendo ser corrigidas e
suprimidas as incorreções e omissões por
determinação da autoridade competente, desde
que o fato não acarrete prejuízo à defesa do
sujeito passivo.

Notadamente, o Auto de Infração nº. 70.00138-002 de


07/11/2006 preenche todos os requisitos formais essenciais e
indispensáveis para a sua lavratura e compreensão, sendo
redigido de forma clara e precisa, logo rejeita-se a
preliminar de nulidade suscitada.

III. DA MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO OBJETO DA


AUTUAÇÃO

Acórdão CTE 156/2013 Página 5


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No mérito, argumenta a Recorrente que o lançamento


infringe a legislação vigente ao presumir o percentual de 30%
(trinta por cento) acrescido ao CMV (custo da mercadoria
vendida) como base de cálculo do ICMS, desconsiderando-se a
base de cálculo convencional do ICMS, qual seja, o efetivo
valor da operação tributada.

No mais, afirma que inexistem nos autos provas


suficientes para caracterizar a infração descrita e ratificar
a sua materialidade.

A presente autuação decorre da omissão da saída de


mercadorias tributadas, tomando-se como base de cálculo a
diferença positiva entre o custo das mercadorias vendidas
agregado ao percentual de lucro mínimo de 30% e as saídas
efetivamente declaradas nos exercícios de 2004 e 2005.

Em outras palavras, a autoridade fiscal realizou o


encontro dos estoques durante os exercícios fiscalizados e
apurou diferença positiva entre as saídas de mercadorias
tributadas que deveriam ser declaradas e a saída de
mercadorias tributadas efetivamente declaradas nos livros
fiscais, o que denota que a Recorrente comercializou
mercadorias tributáveis com percentual de lucro inferior a 30%
no sistema de lucro presumido, em desrespeito à legislação
vigente.

Nesse ponto, em que pese a base de cálculo do ICMS


ser o valor efetivo da operação de comercialização de
mercadorias, nos casos em que o contribuinte seja tributado
pelo lucro presumido, é permitida a substituição da citada
base de cálculo, pelo montante referente a diferença positiva
entre o custo da mercadoria vendida agregado ao percentual de
30% (trinta por cento) e as saídas efetivamente declaradas nos
livros fiscais, de acordo com a sistemática prevista no artigo
2º, §12, da Lei nº. 5.900/96, vejamos:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do


ICMS no momento:

I - da saída de mercadoria, a qualquer título,


de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;

Acórdão CTE 156/2013 Página 6


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§ 12 - Considera-se como montante a ser


computado nas saídas tributáveis em operações
internas do contribuinte a diferença positiva
entre a saída de mercadorias tributadas,
tomando como valor o custo das mercadorias
vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e
a saída tributada efetivamente declarada nos
livros e/ou documentos fiscais próprios,
apurada no último dia do exercício financeiro
da empresa, na hipótese em que o contribuinte
não possua escrituração contábil para fins de
apuração do lucro real.

De fato, a partir do encontro dos estoque inicial e


final dos exercícios fiscalizados, foi possível verificar que
a Recorrente agiu em desconformidade ao disposto na legislação
vigente, pois, não obstante seja tributada pelo lucro
presumido, comercializou mercadorias obtendo lucro em
percentual inferior ao mínimo permitido em lei, qual seja, 30%
(trinta por cento), inexistindo dúvidas acerca da
materialidade da infração descrita nos autos.

Sobre a constitucionalidade da sistemática do lucro


presumido, esclarece Maria Rita Ferragut que:

“A utilização da presunção relativa de lucro


presumido como método de apuração do imposto
sobre a renda não se apresenta
inconstitucional, a princípio, por ser opção
outorgada ao contribuinte, também em prol da
praticabilidade, facilitando-se o cálculo do
tributo.” 1

E mais adiante complementa:

“Entendemos não haver inconstitucionalidade


nessa forma provisória de apuração, por
assegurar ao contribuinte a prova contrária à
base estimada, garantindo-se o cumprimento dos
princípios da legalidade, da tipicidade e da
capacidade contributiva, dentre outros, sem que

1
FERRAGUT, Maria Rita. Presunções no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
p. 229.
Acórdão CTE 156/2013 Página 7
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isso implique comprometimento da


praticabilidade.” 2

De
outro norte, além de aplicar corretamente a
sistemática do lucro presumido, a autoridade fiscal
responsável pelo lançamento foi capaz de acostar aos autos
todos os elementos probatórios suficientes para comprovar a
materialidade da infração cometida pela Recorrente,
apresentando, por conseguinte, as informações necessárias para
o cálculo do CMV agregado ao lucro presumido de 30% (trinta
por cento), bem como dados sobre os estoques inicial e final
de cada exercício fiscalizado.

Por tais razões, não merecem acolhida as alegações


da Recorrente acerca da ilegalidade da base de cálculo
tributada, bem como sobre a inexistência de provas do ilícito
praticado, motivo pelo qual se rejeita a argumentação
delineada no Recurso Ordinário.

IV. DA ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO NÃO-


CONFISCO, DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE -
INCOMPETÊNCIA DO CTE PARA APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS CONCERNENTES
À INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA

Por fim, sustenta a Recorrente que a penalidade de


50% (cinquenta por cento) imputada na decisão recorrida
afronta os princípios constitucionais do não-confisco, da
razoabilidade e proporcionalidade.

Nesse ponto, embora relevantes os argumentos


delineados pela Recorrente, a análise do mérito da matéria
então arguida esbarra em impedimento de ordem processual, qual
seja, a incompetência do Conselho Tributário Estadual para
apreciação de questões, entre outras, que impliquem na
declaração de inconstitucionalidade de dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da


Lei nº. 6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo


administrativo tributário decorrente de Auto de
Infração compete, em primeira instância

2
Idem. p. 230.
Acórdão CTE 156/2013 Página 8
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administrativa, à Coordenadoria de Julgamento -


CJ, e, em segunda instância, ao Conselho
Tributário Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador


afastar a aplicação de norma sob alegação de
inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese em
que tenha havido a declaração nesse sentido
pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta
ou declaratória, após a publicação da decisão,
ou pela via incidental, após a publicação da
Resolução do Senado Federal que suspender a
execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo


ora transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação
de norma pelo Conselho Tributário Estadual sob a justificativa
da sua afronta à Constituição Federal, de modo que resta
impossibilitada a apreciação da fundamentação declinada pela
Recorrente, portanto rejeitadas as alegações concernentes à
aplicação de penalidade confiscatória e da afronta aos
princípios constitucionais da razoabilidade e
proporcionalidade.

V.CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário, pois preenchidos os requisitos
de admissibilidade para:

a) Por unanimidade de votos rejeitar a preliminar


de nulidade do auto de infração, na medida em que foram
observados os elementos de validade do lançamento;

b) no mérito,por maioria de votos, negar provimento


ao Recurso Ordinário apresentado pela Autuada, tendo em vista
que o Auto de Infração acostada aos autos foi lavrado em
conformidade com a legislação vigente, bem como encontra-se
acompanhado das provas suficientes a comprovação do ilícito
discriminado nos autos, não sendo possível a apreciação das
alegações de aplicação de penalidade confiscatória e afronta

Acórdão CTE 156/2013 Página 9


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aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade por


incompetência do CTE para avaliação desse tipo de matéria.

Decisão recorrida mantida. Lançamento procedente em


parte.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR(votou contra relator) JULGADOR(acompanhou relator)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR(acompanhou relator)

Acórdão CTE 156/2013 Página 10


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013
PROCESSO: 1500- 013208/11 e CTE 37/2012.
ANEXO(S): 1500-090650/09, 1500-012999/09, 1500-020971/11 e
1500-037359/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00873-001.
AUTUADA: MONACO CONFECÇÕES FINAS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.46310-1.
AUTUANTE: Louise Amaral de Araújo.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº157/2013

RELATÓRIO EMENTA: ICMS. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.
NULIDADE FORMAL. REABERTURA DO
PRAZO DECADENCIAL PARA UMA NOVA
AÇÃO FISCAL - ART. 173, II, DO
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.

Fundamentado o auto de infração na acusação fática de


não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.
Acrescenta que “O contribuinte omitiu receitas à
tributação do ICMS que foram apuradas através da comparação
entre as vendas declaradas e os valores de faturamento em
operações com cartões de crédito e/ou débito, nos exercícios

Acórdão CTE nº 157/2013


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de 2007, 2008 e 2009, tudo conforme planilhas demonstrativas
e processo, anexos”.
Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:
art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.
Como conjunto probatório tem-se planilhamento do auto
de infração, Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte,
cópia da Intimação Fiscal nº7000873 , planilhas
demonstrativas do confronto entre as informações fiscais
declaradas pelo contribuinte e os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito/débito, Notificação
Fiscal, decorrente da Ordem de Serviço nº70.00873, dando
prazo para que o Contribuinte efetuasse o recolhimento
espontâneo do imposto apurado pelo fisco, da qual o
representante legal da empresa tomou ciência em 12/04/2011 (a
protocolização do auto de infração só ocorreu em 27/04/2011);
cópia dos Termos de início e de encerramento de fiscalização,
lavrados no livro próprio.
É ainda parte integrante da instrução do auto, o
processo 1500-090650/2009 - AÇĀO FISCAL OMISSĀO DE SAÍDAS –
com os seguintes documentos: cópias das Intimações Fiscais
nº: 56702, 56703, 56704, 56705, 56706, 56707, 56708, 56709,
56710, 56712, 56713, e respectivos Ofícios emitidos pela
Diretoria de Planejamento e Ação Fiscal; Relatório de
Movimentações Financeiras fornecidos pelas administradoras de
cartões: VISANET, REDECARD, , AMERICAN EXPRESS, HIPERCARD,
cópia do Parecer nº855/2010, da Procuradoria da Fazenda
Estadual , Relatório das Transferências Eletrônicas de Fundos
(cartões de crédito/débito) comparadas com faturamento da
DAC, SINTEGRA, PGDAS do contribuinte, Extratos do Simples
Nacional, de julho/2007 a julho/2009, cópia do Parecer DT
nº654/2010, da Diretoria de Tributação.
O Contribuinte, em razão do processo 1500-090650/2009 -
AÇĀO FISCAL OMISSĀO DE SAÍDAS – apresentou petição
administrativa (processo 1500-012999/2009), onde argumenta:
“A impugnante vem requerer a REVISÃO da DAC ANUAL 2007, visto
que a mesma foi lançada de forma irregular por parte deste
órgão, gerando assim uma divergência entre valores lançados
pelas administradoras de cartão de crédito e SEFAZ, com isso
ficando a empresa a recolher ICMS indevido.” (sic). Anexos à
impugnação: Declaração das Atividades do Contribuinte – DAC,

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competências 04/2007 e 12/2007; Declaração Anual do Simples
Nacional, de 01/01/2007 a 31/12/2007; e cópia do Livro de
Registro de Saídas referente a 2007.
Intimado da lavratura do Auto de Infração, o
contribuinte apresentou impugnação pedindo pela nulidade ou
improcedência do auto de infraçāo, alegando, em síntese, que:
a) houve cerceamento de defesa e que não foram
atendidos os princípios do contraditório e da ampla defesa;
já que os autuantes não deram acesso aos autos. Pede, de
forma liminar, a nulidade da autuação;
b) houve quebra do sigilo fiscal, pois ocorreu o acesso
à movimentação financeira do Contribuinte sem autorização
judicial;
c) houve ofensa ao princípio da irretroatividade e da
anterioridade da lei;
d) a autuação se baseia em mera presunção aonde há
subversão lógica do ICMS;
e) as acusações e os valores cobrados são absurdos e
inexistentes pois não têm relação com a legislação em vigor;
f) é optante pela sistemática de tributação
simplificada, do Simples Nacional, e na remota hipótese das
vendas serem tributadas, o tributo deveria ser calculado por
essa sistemática;
g) a multa do artigo 97 da Lei nº5.900/96 se destina
apenas às operações com mercadorias em trânsito, multa
confiscatória, injusta e inaplicável;
h) não foi obedecido o princípio constitucional da não-
cumulatividade.
O representante fiscal, em sede de contra-argumentos,
pede pela manutenção do lançamento de ofício, pois:
a) a Lei nº5.900/96 já trazia o comando necessário à
realização da ação fiscal e a Lei nº6.846/2007 trata de
questão procedimental, sendo respeitado o princípio da
anterioridade;
b) não houve quebra de sigilo financeiro porque as
informações fornecidas pelas operadoras de cartões se
limitaram ao faturamento pago por este meio;
c) não houve cerceamento ao direito de defesa porque o
autuado tem o direito de ter vista dos autos (art. 3º, II da
Lei nº6.161/2000);
d) a infração decorre de saídas de mercadorias sem nota
fiscal, hipótese em que o contribuinte não tem direito a

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crédito fiscal, não ocorrendo desobediência ao princípio da
não-cumulatividade;
e) o contribuinte não se incumbiu do ônus de provar e
afastar a presunção de omissão de saídas contida na lei,
presunção júris tantum;
Então, foi proferida a Decisão nº 18.265/2012, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. OMISSÃO DE SAÍDAS. 1- Presunção


de omissão de saídas de mercadorias
tributáveis, em operações internas, sem
pagamento do imposto; 1.1- Comprovada diferença
a maior entre os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito/débito, e
os valores declarados e escriturados pelo
sujeito passivo; 1.2- Infração ao art. 2º, I,
§9º, V da Lei nº5.900/96, com redação dada pela
Lei nº6.970/08; 2- Não oferecida pela defesa,
prova da improcedência da presunção; 3- A opção
pelo Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS, nas operações desacobertadas de
documentos fiscais; aplicável a legislação
imposta às demais pessoas jurídicas (art. 13,
§1º, XIII, f, da LC 123/06); 4- Não violação ao
sigilo bancário; A autoridade fazendária pode
ter acesso às informações bancárias do
contribuinte quando houver procedimento
administrativo-fiscal em curso, sem o crivo do
judiciário, art. 6º da LC nº105/01; 5- Norma
procedimental de fiscalização; Possibilidade de
aplicação na apuração do ICMS, cujo fato
gerador tenha ocorrido antes da sua entrada em
vigor, art. 144, §1º, do CTN; 6- PROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

Intimada em 26/10/2011 da decisão supracitada, a


autuada, por via de Recurso Ordinário impetrado em
10/11/2011, pede inicialmente a tempestividade da defesa.
Pede também a nulidade ou improcedência do lançamento
de ofício. Para isso alega, em síntese:
a) cerceamento de direito de defesa por não ter tido
acesso às provas do auto de infração;
b) tais provas seriam ilegais e inconstitucionais
devido à quebra do sigilo bancário sem autorização judicial

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em decorrência do acesso à movimentação financeira do
contribuinte pela Sefaz;
c) agressão ao principio da irretroatividade tributária
uma vez que a lei n. 6.970, de 05/08/2008, que alterou o §
9º, do art. 2º, da Lei nº 5.900/96, não poderia cobrar o
tributo antes de sua vigência;
d) a multa do artigo 83 da Lei nº5.900/96 tem caráter
confiscatório.
A Representação Fiscal apresentou suas contrarrazões
solicitando a manutenção da decisão recorrida, apoiadas nos
fundamentos de que: a) o recurso repete os argumentos da
impugnação e que a decisão recorrida já os afastou;
b) é permitido ao fiscal utilizar presunções legais
para determinar receita quando constatado qualquer artifício
utilizado pelo contribuinte visando frustrar sua apuração
c) às microempresas optantes pelo Simples Nacional são
aplicadas todas as presunções de omissão de receita
existentes nas legislações de regência dos impostos com base
não só na legislação do Simples Nacional, bem como na
legislação estadual;
c) a fiscalização constatou com provas robustas venda
de mercadorias sem nota fiscal conforme confronto entre as
informações fornecidas pela autuada e as das operadoras de
cartões de créditos e lavrou corretamente o auto de infração
em tela de acordo com a legislação posta, não tendo o
contribuinte trazido contraprovas para afastar a presunção;

d) os fatos geradores descrito na inicial ocorreram em


2007, 2008 e 2009, período em que estava em vigor a Lei
5900/96, que por si já trazia o comando necessário a
realização da ação fiscal, e a 6846/2007 trata de questão
procedimental por parte das administradoras de cartão,
respeitando assim o princípio da anterioridade;
e) não ocorreu quebra do seu
sigilo financeiro porque as informações fornecidas pelas
operadoras de cartões se limitam a expor o faturamento cujo
recebimento ocorreu por este meio de pagamento.
f) o Auto de infração contém todos os elementos
necessários para que se determine, com segurança, a natureza
das infrações
g) comprovada as operações sem a emissão de documentos
fiscais, correta a exigência do imposto e respectivas
penalidades à margem do regime do Simples Nacional, pois

Acórdão CTE nº 157/2013


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assim determina as normas específicas desse regime
simplificado e é explicado pelo Parecer nº 654/2010 da
Diretoria de Tributação dessa Secretaria;
h) o princípio da não-cumulatividade não pode ser
aplicado porque o imposto que está sendo cobrado é pela
omissão de vendas sem notas fiscais e consequentemente
entradas sem notas fiscais, portanto, não existe destaque de
imposto nesses documentos porque simplesmente as notas não
existem;
i) quanto à multa ter caráter confiscatório, a mesma
tem o objetivo de coibir a sonegação fiscal, é uma penalidade
que está na Lei, que se encontra em pleno vigor. Assim, sendo
os atos da autoridade fiscal são vinculados à lei, o
procedimento adotado não poderia ser outro.
Assim, chegam os autos a este Conselho.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, da Decisão


nº 18.265/2011, de Primeira Instância, conforme ordenado no
art. 45, I, § 1º e art. 46, ambos da Lei nº 6.771/06.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular e dos autos é de


se constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante, ao descrever os fatos infracionais,
faz constar a falta de recolhimento do ICMS em razão da falta
de escrituração dos documentos fiscais relativos às operações
de saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos
documentos fiscais (Notas Fiscais) sem a devida escrituração
no livro próprio e no campo “Complemento” a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão
de diferença das vendas realizadas mediante cartões de
crédito em confronto com as vendas efetivamente registradas

Acórdão CTE nº 157/2013


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trazendo provas que houve vendas sem emissão de notas
fiscais.
Aponta como fundamento legal venda de mercadorias sem
notas fiscais, mas penaliza pela falta de escrituração de
notas fiscais conforme disposto no Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”
O contribuinte em seu recurso alega que faltam provas
da acusação.
Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da
autuação e das provas trazidas, a empresa, ou bem se
defenderia da acusação do registro de vendas inferior ao
montante do faturamento mediante cartão de crédito/débito,
infração típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o
Art. 97, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da
acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da
omissão de registro das notas fiscais emitidas, infração esta
prevista no reportado art. 83.
Na verdade, nada impediria que a presente autuação
contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de infrações,
desde que as mesmas estivessem bastante instruídas, o que não
se vislumbra nos autos do processo.
Tanto é assim que o art. 7º, II, IV, e § 1º, da
Lei nº 6.771/2006 1, determina que tal erro formal acarreta,
claramente, prejuízo à defesa do contribuinte e provoca a
nulidade do ato praticado. No mesmo sentido temos o art. 250

1
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
...
IV - o lançamento de ofício:
a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o infrator;
e
...
§ 1º As eventuais incorreções ou omissões e a não observância de exigências meramente formais
contidas na legislação não acarretam a nulidade do ato administrativo, desde que seja possível determinar a
natureza da infração, o sujeito passivo e o montante do crédito tributário, devendo ser corrigidas e suprimidas
as incorreções e omissões por determinação da autoridade competente, desde que o fato não acarrete prejuízo
à defesa do sujeito passivo.

Acórdão CTE nº 157/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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2
do Código de Processo Civil , de aplicação subsidiária ao
processo administrativo tributário.
Consectário há nulidade devido à ação fiscal não
ter descrito corretamente o fato infracional, acarretando
dúvidas do que o contribuinte deveria se defender, levando
com isso ao cerceamento do amplo direito de defesa do
contribuinte.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do presente recurso ordinário para DAR-LHE
PROVIMENTO.
Sendo o lançamento anulado por vício formal, fica
reaberto o prazo decadencial para uma nova ação fiscal do
objeto aqui tratado e sendo verificado crédito devido, deverá
ser feito novo lançamento conforme previsto no art. 173, II,
do Código Tributário Nacional.

Sala das Sessões do CTE, em 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

2
Art. 250. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser
aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários, a fim de se observarem, quanto possível, as
prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não resulte prejuízo à
defesa.

Acórdão CTE nº 157/2013


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SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
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2ª. CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013


PROCESSO: SF nº 1500-01554/2002
AUTO DE INFRAÇÃO: 29251
RECORRENTE: J. R. MAPELLI e CIA LTDA
RECORRIDO: Estado de Alagoas
RELATOR: Luciano Pontes de M. Gomes
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 158/2013

EMENTA. ICMS APURADO MEDIANTE


LEVANTAMENTO FISCAL.
ADITAMENTO. AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO AO SUJEITO PASSIVO,
DESRESPEITO AO ART. 27,
PARÁGRAFO 3O. DA LEI 6.771/2006.
NULIDADE. ART. 7O, INCISO II, DA
LEI 6.771/2006. REEXAME E RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDOS, COM
DECRETAÇÃO DA NULIDADE DOS
ATOS A PARTIR DAQUELE
PRATICADO COM PRETRIÇÃO AO
DIREITO DE DEFESA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária e recurso ordinário que chegam para análise deste
Colegiado Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, ambos tendo como alvo a
reforma da Decisão n ° 16.582/2010, que entendeu pela procedência parcial do lançamento.

Antes do exame de ambos, convém destacar alguns atos processuais já verificados nos
autos.

Pois bem.

Acórdão CTE nº 158/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
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2ª. CÂMARA

A autuação imputou ao contribuinte a falta de recolhimento de ICMS no valor de R$


210.859,83, este apurado a partir de levantamento financeiro que teria apontado para despesas
descobertas.

O sujeito passivo compareceu aos autos ofertando tempestiva impugnação,


oportunidade em que destacou que uma série de ingressos não teriam sido levados em consideração pela
fiscalização.

Em contrarrazões, acatando parcialmente as observações do contribuinte, o autuante


promoveu o aditamento do lançamento, reduzindo o imposto apurado ao valor de R$ 20.392,50.

Seguindo os autos para a Coordenadoria de Julgamento, esta solicitou diligência à


DIFIS, na qual demandou a elaboração de Planilha do Movimento Financeiro, quando, então, em
atendimento ao pedido, o fiscal autuante elaborou novo aditamento (fl. 453), encontrando um novo valor
para a obrigação principal, agora de R$ 40.147,32.

Os autos seguiram a julgamento, sendo lavrado o entendimento pela procedência


parcial da autuação, com a indicação do valor principal devido como sendo de R$ 80.154,27.

Intimados, contribuinte e representação fiscal se manifestam nos autos, o primeiro


reiterando seus argumentos já apresentados em sua impugnação, enquanto que a última reforça os termos
da decisão singular.

É o relatório, em síntese.

VOTO

Compulsando os autos, chama a atenção os diversos valores informados como o devido


nas diversas manifestações dos próprios fiscais autuantes e, por último, da Coordenadoria de Julgamento
pela decisão ora examinada.

Observo, ainda, que por duas vezes os fiscais autuantes aditaram o lançamento
tributário, a primeira à fl. 439 dos autos, reduzindo o valor originalmente consignado no auto de infração,
e a segunda à fl., majorando o crédito tributário em relação ao primeiro aditamento. Na primeira
oportunidade o contribuinte não foi intimado para que se manifestasse sobre as peça fiscal superveniente
produzida, malferindo a regra do art. 27, parágrafo 3o da Lei n. 6.771/2006, in verbis:

Art. 27. O interessado, ao solicitar a produção de prova ou a realização de diligência


ou perícia fiscal, deverá, no pedido, fundamentar sua necessidade.

(…)

3º Se a diligência ou perícia implicar fatos novos, o órgão preparador deverá dar


ciência:

I - ao sujeito passivo: para, no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência:

a) efetuar o pagamento do débito com o desconto previsto à época da efetivação do ato


administrativo; ou

b) manifestar-se em relação aos fatos novos.

Acórdão CTE nº 158/2013 Página 2


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2ª. CÂMARA

A não observância a norma acima gera nulidade dos atos praticados posteriores ao
primeiro aditamento, na esteira do art. 7o, inciso II, da já referenciada Lei n. 6.771/2006, cujo texto segue
abaixo reproduzido:

Art. 7º São nulos:

I - os atos praticados por autoridade, órgão ou servidor incompetente;

II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;

O fato de ter havido um segundo aditamento, este sim tendo sido o contribuinte
intimado, não prorroga o vício em relação à falta de intimação do primeiro. E isto porque a situação
retratada retirou do contribuinte, inclusive, o direito de acatar os valores do auto aditado extinguindo o
crédito tributário, máxime porque coincidentes com os valores indicados pelo sujeito passivo em sua
impugnação.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da remessa necessária e do recurso
ordinário para decretar a nulidade dos atos processuais praticados a partir das fls. 439, devendo-se a partir
de então ser os autos encaminhados à DIRAC, que então deverá dar vistas ao sujeito passivo para se
manifestar sobre o respectivo aditamento, no prazo de 15 (quinze) dias, com o curso regular do processo a
partir de então.

Na intimação ao contribuinte, deverá constar expressamente a faculdade do contribuinte


de liquidar o crédito tributário, nos termos do demonstrativo de fl. 439, ou, alternativamente, ratificar ou
apresentar nova defesa.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE nº 158/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 16/07/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-033.924/2010; 1500-013.347/09; 1500-090.938/09 e
CTE nº 252/2012.
ANEXOS: 1500-018.224/2011 e 1500-015.996/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.06723-001, de 14/12/2010.
AUTUADA: MARIA APARECIDA DOS SANTOS XAVIER – ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.838.121-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.607/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Elcir Lopes Barbosa.
RELATOR: Carlos Henrique de Mendonça Brandão.
VOTO VENCEDOR: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO 159/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Omissão de saídas de


mercadorias tributáveis em operações internas, fato apurado através
do confronto entre os valores que foram informados pelas
administradoras de cartões de crédito e de débito com valores
declarados e escriturados pela autuada nas DASN e PGDAS nos
exercícios fiscalizados, resultando em uma diferença a maior, por
não ter a autuada emitido os documentos fiscais quando das vendas
de mercadorias. 2) Presunção relativa admitida (artigo 2º, I, § 9º,
V, da Lei nº 5.900/1996, na redação da Lei nº 6.970/2008), não
afastada pela autuada. 3) Preliminares de nulidade do auto de
infração: a) Por vício insanável (a autuada alega não ter recebido
cópias dos documentos anexados na inicial) e b) Por violação ao
sigilo fiscal; não acatadas. 3) Infração comprovada. No mérito, é
possível a norma retroagir uma vez que sua natureza formal e
procedimental permite que seja aplicada na apuração do ICMS a
fato gerador que tenha ocorrido antes de entrar em vigência (artigo
144, § 1º, do CTN). 4) Aplicável aos autos a legislação tributária
referente a Sistemática Normal de Tributação conforme previsão do
artigo 13, § 1º, XIII, alínea “f”, da Lei Complementar nº 123/2006.
5) Reduzido o valor do crédito tributário pela aplicação da
penalidade (multa prevista no artigo 79, da Lei Estadual nº
5.900/96), por ser mais adequada e porque a infração foi apurada
através de Levantamento Fiscal. 6) Lançamento Procedente em

Acórdão CTE 159/2013 1


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Parte. 7) Recurso Ordinário conhecido e Provido Parcialmente, por


maioria de votos.

RELATÓRIO

Trata-se da constituição de crédito tributário no valor de R$ 98.170,11 (noventa e oito mil, cento e
setenta reais e onze centavos), sendo de ICMS R$ 32.723,37 (trinta e dois mil setecentos e vinte três reais e
trinta e sete centavos), e de Multa R$ 65.446,74 (sessenta e cinco mil, quatrocentos e quarenta e seis reais e
setenta e quatro centavos), por ter o sujeito passivo deixado de recolher o ICMS nos exercícios de jan/2007 a
Jul/2009 decorrente da omissão de saídas relativas as operações realizadas cujos pagamentos foram feitos
pelos adquirentes por meio de cartão de crédito/débito.
Foram tidos como infringidos os arts. 1º, art. 2º, § 9º, II e V, 31, 50, I, II, § 2º ao § 7º, da lei n.
5900/96 e art. 272-B do RICMS-AL/91 aprovado pelo Decreto n. 35.245/91, e proposta a aplicação da pena
disposta no art. 97 da Lei 5.900/96.
Instruem o auto de infração: a) cópia da intimação fiscal n.º 64763; b) demonstrativo fiscal; c)
processo dos processo 1500-013347/2009 e 1500-090938, dentre outros.
Intimado, o contribuinte apresentou defesa ao auto de infração alegando, em síntese:
que houve violação do seu sigilo bancário ao obter relatórios de suas operações financeiras, de forma
ilegal e sem nenhuma autorização judicial;
os relatórios não serviriam de prova porque seriam simples listagens de números e não levaria em
consideração os estornos de vendas ocorridos e de outras operações não vinculadas a venda de
mercadorias;
que houve ofensa ao devido processo legal e ao seu direito de defesa, pela falta do envio dos documentos
utilizados na elaboração do auto de infração;
não teria sido observado o princípio da anterioridade e irretroatividade da lei tributária ao ter sido
modificada a presunção de ocorrência do fato gerador para incluir novas hipóteses.
A Representação Fiscal apresentou suas contrarrazões, aduzindo, em síntese, que as provas obtidas e
carreadas aos autos seriam legais (art. 6º da LC 105/2001) e não configuraria hipótese de quebra de sigilo
bancário, na medida em que a autoridade administrativa se restringiu a obtenção formal dos valores das
operações de vendas junto as administradoras de cartão;
A Coordenadoria de Julgamento, através da Decisão de n.º 18.607/2012, julgou procedente o crédito
tributário, assim ementando:

Acórdão CTE 159/2013 2


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EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito passivo em determinado período


em fazer o recolhimento de tributos por meio do Simples Nacional não
exclui a incidência do ICMS nas operações de saídas de mercadorias
desacompanhada de documento fiscal. 2. Incabível a alegação de prova
ilícita porque os documentos enviados pelas Administradoras de Cartão
trouxe a baila todas às operações de vendas com recebimento via cartão
de credito e/ou debito passíveis de averiguações fiscais. 3. A circunstância
material que dá ensejo a presunção legal foi provada com a juntada do
livro Reg. de Apuração do ICMS e dos documentos recebidos das
Administradoras de Cartões, de onde foram extraídos e confrontados os
valores que resultou na Base de Cálculo omitida do ICMS não recolhido.
4. Confirmado claramente o propósito de reduzir a base de cálculo do
para o recolhimento do imposto devido uma vez que os valores
declarados no Extrato do Simples Nacional são menores que os menores
que os escriturados no livro Reg. de Apuração DE ICMS. 5. Não será
acolhido o tipo penal tributário sugerido do art. 97 da Lei 5900/96,
aplicação da penalidade disposta no art. 79 da mesma Lei. 6. Lançamento
do crédito tributário PROCEDENTE em parte. 7. Reexame necessário
para o Conselho Tributário Estadual.

A contribuinte interpôs recurso voluntário, renovando suas alegações apresentadas anteriormente em


sua impugnação ao auto de infração.
A representação fiscal, por sua vez, pugnou pela manutenção da decisão da Coordenadoria de
Julgamento.
Por fim, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário Estadual para julgamento do recurso
voluntário e reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso Ordinário interpostos contra a Decisão nº


18.607/2012, de Primeira Instância, que julgou como Procedente em Parte o Lançamento constante do auto
de infração nº 90.06723-001.

DO RECURSO ORDINÁRIO

Acórdão CTE 159/2013 3


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I - DAS PRELIMINARES DE NULIDADE

I.a) POR VÍCIO INSANÁVEL (CERCEAMENTO DE DEFESA UMA VEZ QUE NÃO
RECEBEU NENHUMA CÓPIA DOS DOCUMENTOS ANEXADOS NA PEÇA INICIAL)

A análise dos autos demonstra que não existem motivos para se declarar a nulidade do auto de
infração por cerceamento de defesa, uma vez que a autuada se defendeu de acordo com as previsões da
legislação tributária vigente, bem como, teve pleno acesso a todas as provas carreadas aos autos, impugnou o
auto de infração, exercendo plenamente seu direito à ampla defesa e ao contraditório.

Ademais a intimação da autuada foi por AR e os documentos anexados estavam à sua disposição na
repartição fazendária durante 30 (trinta) dias, ou seja, durante o prazo para defesa, e se ela não exerceu esse
direito foi por sua própria escolha uma vez que não havia impedimento legal, ao contrário, o artigo 893, §§ 3º e
4º, do RICMS/91, lhe garante acesso aos documentos, motivo pelo qual rejeito a preliminar.

“Art. 893 - Atendidas as determinações do artigo precedente e expirado o prazo


para apresentação de defesa ou recurso, a unidade preparadora deverá:

(...)”

§ 3º - É facultado vistas ao processo, durante a sua permanência no órgão


preparador, que não poderá ser superior a 30 (trinta) dias contados da data da
ciência, ao sujeito passivo ou ao seu representante legal.

§ 4º - É vedada a retirada do processo, sob qualquer alegação, do órgão


preparador ou de outro setor da Secretaria da Fazenda a que for destinado,
exceto por solicitação expressa do Secretário da Fazenda ou quando destinado a
autoridade autuante para realização de diligências, apresentação de contestação,
defesa a recurso ou para dar vistas a atos praticados no processo dos quais não
tenha conhecimento.

(...)”

I.b) PELA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR VIOLAÇÃO AO DIREITO DE


DEFESA EM RAZÃO DA QUEBRA DE SIGILO FISCAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

A autuada alega que o auto de infração é nulo em sua origem por haver o fisco estadual utilizado
elementos (valores) que foram obtidos com quebra de sigilo, contrariando disposições constitucionais e legais e
por se basear apenas nas informações que foram prestadas pelas empresas administradoras de cartões de crédito
débito sem considerar outros valores.
Inicialmente, observe-se que as Instâncias Administrativas Tributárias não são competentes para
conceder a tutela buscada pela autuada, visando o reconhecimento de que houve quebra de sigilo por se
encontrar esse assunto em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal através de ADIN’S que tentam obter a
declaração de inconstitucionalidade da LC nº 105/2001; fato, que considero ser o principal óbice para concessão
de tutela neste processo.

Acórdão CTE 159/2013 4


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A análise dos autos aponta que a ação fiscal tem respaldo na norma tributária vigente no Estado de
Alagoas, a teor do § 11, do artigo 50, da Lei nº 5.900/1996, que desde setembro/2007, obriga as administradoras
de cartões de crédito ou débito a informarem ao fisco estadual o valor de cada operação ou prestação efetuada
por contribuintes do ICMS cujo pagamento se deu com cartão de crédito ou débito; nos artigos 272-A e 272-B,
do RICMS/91, incluídos pelo Decreto Estadual nº 4.047/08, que dispõe sobre a apresentação das informações
apresentadas pelas administradoras de cartões de crédito ou débito; e LC nº 105/01 (artigos 5º, § 4º e 6º).

LEI N 5.900/1996

“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição deverão, de


acordo com a respectiva atividade e em relação a cada um de seus
estabelecimentos:
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as administradoras de


"shopping center", de condomínios comerciais e de empreendimentos semelhantes
deverão, nos termos da legislação, informar ao fisco estadual:
I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por contribuintes do
imposto através de seus sistemas de crédito, débito ou similares;
(...)”
RICMS (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/1991)

“Art. 272-A - As administradoras de cartão de crédito, débito ou similares


prestarão, mensalmente, por meio de declaração instituída em ato normativo da
Secretaria de Estado da Fazenda, as informações relativas às operações e
prestações realizadas pelos estabelecimentos de contribuintes cujos pagamentos
sejam feitos por meio de seus sistemas de crédito, débito ou similares.

§ 1º - Não serão identificados na declaração os respectivos titulares dos cartões


responsáveis pelo pagamento das faturas.

§ 2º - Ato normativo da Secretaria de Estado da Fazenda disporá acerca de:


I - prazo, forma e meio de entrega da declaração;
II - hipóteses em que poderá ser dispensada a entrega da declaração;

III - período exigido;

IV - outras informações necessárias à executoriedade das disposições desta seção.


(...)”

“Art. 272-B - Os contribuintes do ICMS prestarão, mensalmente, por meio de


declaração instituída em ato normativo da Secretaria de Estado da Fazenda, as
informações relativas às operações e prestações realizadas cujos pagamentos
sejam feitos pelos clientes por meio de cartão de crédito, débito ou similar.

§ 1º Não serão identificados na declaração os respectivos titulares dos cartões


responsáveis pelo pagamento das faturas.

§ 2º As informações de que trata o "caput" poderão ser exigidas na Declaração de


Atividades do Contribuinte - DAC ou mediante intimação do fisco.

§ 3º Aplica- se o disposto no § 2º do art. 272-A à declaração de que trata este


artigo.

Acórdão CTE 159/2013 5


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*Seção VIII, compreendendo os artigos 272-A e 272-B, acrescentada pelo Decreto


n.º 4.047/08.
(...)”

Portanto, a afirmação da autuada de que as informações fiscais fornecidas pelas operadoras foram
obtidas mediante quebra de sigilo fiscal, não é verdadeira, haja vista, que os procedimentos prévios adotados
pelo fisco para obteção de tais dados não estavam submetidos apenas às disposições dos artigos 5º, § 4º, e 6º, da
LC nº 105/2001, uma vez que como já dito, as informações fiscais da autuada foram obtidas com fundamento no
§ 11, do artigo, 50, da Lei nº 5.900/96; no artigo 272-A e no artigo 272-B, do RICMS/91.
Com relação ao artigo 5º, da LC nº 105/2001, apesar do seu comando estar direcionado à
administração tributária da União, é certo que também se refere aos demais entes tributantes, daí haver o Estado
de Alagoas aprovado a Lei nº 6.846/2007, obrigando as administradoras de cartões de crédito e débito a
apresentarem as movimentações com cartões de crédito e débito dos contribuintes do ICMS. Vejamos as
disposições do artigo 5°, da LC n° 105/2001.

“Art 5º - O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos


limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras
informarão à administração tributária da União, as operações financeiras
efetuadas pelos usuários de seus serviços.

(...)

§ 4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de


falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade
interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar,
bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos.

(...)”

O artigo 5º, da LC nº 105/2011, autoriza que as administradoras de cartões de crédito e débito


transfiram as informações para a administração tributária, inclusive, o seu exame para fins proceder ao
lançamento do crédito tributário sem necessidade de um processo em curso ou de um procedimento
administrativo prévio, procedimento adotado também pelas normas estaduais ora referenciadas.

Quanto a uma possível desobediência ao que determina o artigo 6º, p.u, da LC nº 105/2001, a analise
dos documentos anexados aos autos, confirma que através do Processo 1500-090.108/2009, o fisco teve
conhecimento de que a autuada apresentava inconsistência entre os valores que declarou em suas DASN (2007,
2008 e 2009) com os valores informados pelas administradoras de cartões de crédito e débito obtidos com total
observância ao citado artigo 6º, da LC nº 105/2001, que autoriza a possibilidade de quebra do sigilo bancário
desde que haja um procedimento fiscal em curso. Este procedimento existia, que como dito, são os Processos
1500-013.347/2009 e 1500-090.938/2009.

“Art. 6o - As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e
registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e
aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou

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procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis


pela autoridade administrativa competente. (Regulamento)
(...)

Parágrafo único - O resultado dos exames, as informações e os documentos a que


se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação
tributária.
(...)”

E, quanto a uma possível desobediência ao que dispõe o artigo 6º, pu, da LC nº 105/2001, desta feita,
por só haver a fiscalização lavrado à autuação 01 (um) ano após a conclusão do Processo 1500-013.347/09 e do
Processo 1500-090.938/2009, tal procedimento está correto, uma vez que o referido processo é uma medida
prévia, preparatória e indispensável à lavratura da presente autuação; e mais, a solicitação de tais informações as
operadoras de cartões de crédito/débito também está prevista no artigo 50, § 11, I, da Lei nº 5.900/1996 (na
redação dada pela Lei nº 6.846/2007), e tem por objetivo a apuração do movimento real tributável que
efetivamente foi praticado pela autuada em tais períodos, e que nesta situação, não pode a mesma alegar quebra
de sigilo até porque os dados obtidos não dizem respeito a suas informações bancárias, mas a suas informações
financeiras e relativas à suas transações comerciais que ocorreram sem a emissão do respectivo documento fiscal
e que deveriam constar de suas DASN - Declaração Anual do Simples Nacional e dos seus PGDAS - Programa
Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional nos exercícios mencionados.

Assim, observe-se que esses valores obtidos das operadoras (terceiros) poderiam
ser relativizados e não serem considerados de maneira absoluta, haja vista, que as provas
apresentadas pelo fisco têm presunção iuris tantum, e a autuada não apresentou qualquer
contraprova desmentindo a diferença apurada e demonstrando os valores mensais reais de
suas operações de vendas com cartões de credito/débito. Nesse sentido o Supremo Tribunal
Federal, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região e o TIT/SP,
decidiram pela possibilidade de as autoridades administrativas terem acesso a dados
financeiros dos contribuintes quando houver procedimento fiscal em curso, sem a necessidade
de prévia autorização do Poder Judiciário.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

“Inq 2593 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL


AG.REG. NO INQUÉRITO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 09/12/2010
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
DJe-030 DIVULG 14-02-2011 PUBLIC 15-02-2011
AGTE.(S): MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E
PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA E
INDIC.(A/S): R. C. OU J. R. V. C. E
ADV.(A/S): MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. QUEBRA DE
SIGILO BANCÁRIO. COMPARTILHAMENTO DAS INFORMAÇÕES COM
A RECEITA FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.
I - Não é cabível, em sede de inquérito, encaminhar à Receita Federal informações
bancárias obtidas por meio de requisição judicial quando o delito investigado for
de natureza diversa daquele apurado pelo fisco.

Acórdão CTE 159/2013 7


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II - Ademais, a autoridade fiscal, em sede de procedimento administrativo,


pode utilizar-se da faculdade insculpida no art. 6º da LC 105/2001, do que
resulta desnecessário o compartilhamento in casu. III - Agravo regimental
desprovido.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, negou
provimento ao recurso de agravo. Ausentes, neste julgamento, o Senhor Ministro
Celso de Mello e a Senhora Ministra Ellen Gracie. Presidiu o julgamento o
Ministro Cezar Peluso. Plenário, 09.12.2010.
(...)”

“AC 33 MC / PR - PARANÁ
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CAUTELAR
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 24/11/2010 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação DJe-027 DIVULG 09-02-2011 PUBLIC 10-02-2011
REQTE.(S): GVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A
ADV.(A/S): JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO E OUTRO(A/S)
REQDO.(A/S): UNIÃO
ADV.(A/S): PFN - DEYSI CRISTINA DA'ROLT
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TUTELA DE URGÊNCIA
(PODER GERAL DE CAUTELA). REQUISITOS. AUSÊNCIA. PROCESSUAL
CIVIL. REFERENDO DE DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 21, V DO
RISTF). CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. DADOS BANCÁRIOS
PROTEGIDOS POR SIGILO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES
SIGILOSAS DA ENTIDADE BANCÁRIA AO ÓRGÃO DE
FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL SEM PRÉVIA
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. LEI COMPLEMENTAR 105/2001. LEI
10.174/2001. DECRETO 3.724/2001. A concessão de tutela de urgência ao
recurso extraordinário pressupõe a verossimilhança da alegação e o risco do
transcurso do tempo normalmente necessário ao processamento do recurso e ao
julgamento dos pedidos. Isoladamente considerado, o ajuizamento de ação direta
de inconstitucionalidade sobre o tema é insuficiente para justificar a concessão de
tutela de urgência a todo e qualquer caso. Ausência do risco da demora, devido ao
considerável prazo transcorrido entre a sentença que denegou a ordem e o
ajuizamento da ação cautelar, sem a indicação da existência de qualquer efeito
lesivo concreto decorrente do ato tido por coator (21.09.2001 – 30.06.2003).
Medida liminar não referendada. Decisão por maioria.
(...)”

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

“RECURSO ESPECIAL – 2007/0127161-2


Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)
Órgão julgador T@ - SEGUNDA CÂMARA
Data de julgamento 02/12/2010
Data da Publicação/Fonte
DJ 15/12/2010
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART.
535, CPC. SIGILO BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES
PARA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL. ART. 6º, DA LEI
COMPLEMENTAR N. 105/2001. ARTS. 2º E 3º, DO DECRETO N.
3.724/2001. DADOS NECESSÁRIOS PARA SE AFERIR A
INDISPENSABILIDADE DO EXAME DE DADOS SIGILOSOS.

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INOPONIBILIDADE DO SIGILO QUANTO A ESSES DADOS À


ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA.
1. Ausente a violação ao art. 535, do CPC, pois o magistrado não está obrigado a
se pronunciar sobre todos os pontos abordados pelas partes, sobretudo quando já
tiver decidido a questão a partir de outros fundamentos.
2. Segundo o art. 6º, da Lei Complementar nº 105/2001, o acesso às informações
sigilosas somente é possível mediante o cumprimento de ao menos dois requisitos
objetivos prévios, importam ao presente caso: (a) a existência de Mandado de
Procedimento Fiscal - MPF; e (b) constatação da indispensabilidade do exame.
3. Presente o MPF, a transferência de informação sigilosa somente é passível de
ocorrer em um momento posterior ao exame das hipóteses de indispensabilidade
previstas no art. 3º, do Decreto n.3.724/2001, porque se tratam de pré-requisito
para essa "quebra".
4. O que é pré-requisito para a "quebra" de sigilo não pode também ser oponível ao
fisco como sigiloso. Desse modo, se a obtenção da ficha cadastral do sujeito
passivo (nome, CPF/CNPJ, endereço) é necessária para preencher o critério para a
quebra do sigilo, conforme dispõem o art. 3º, §2º, II, do Decreto n. 3.724/2001, por
decorrência lógica, não pode estar sujeita ao sigilo.
5. Dados cadastrais, tais como o nome completo, CPF/CNPJ, endereço e
manutenção de conta-corrente em instituições financeiras, são dados de
informação obrigatória ao Fisco por parte do sujeito passivo quando da sua
declaração do imposto de renda. Não havendo que se falar aí em oponibilidade de
qualquer tipo de sigilo à Administração Tributária Federal, pois a simples
mudança da fonte da informação não gera a oponibilidade do dever de sigilo.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte, não provido.
(...)”

HC / PE
HABEAS CORPUS
2010/0106820-1
Relator (a) Ministra LAURITA VAZ (1120)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento 07/10/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 03/11/2010
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL (ART. 1º,
INCISO I, C.C. ART. 12, INCISO I, DA LEI N.º 8.137/90). PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. FALTA DE
CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. OFENSA À
SUMULA VINCULANTE N.º 24 DO STF. INEXISTÊNCIA. ILICITUDE DAS
PROVAS NÃO CARACTERIZADA. SIGILO BANCÁRIO. EXTRAPOLAÇÃO
DOS LIMITES DE ATUAÇÃO DO FISCO. MATÉRIA NÃO SUSCITADA NA
IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INCURSÃO
AO CAMPO PROBATÓRIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. SIGILO FISCAL.
QUEBRA INDEVIDA. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE
REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS FEITA PELA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO ISOLADA DE
UMA DAS CONDUTAS. ORDEM DENEGADA.
1. A responsabilidade pelo crédito tributário foi apurada, integralmente, no
ProcedimentO Administrativo Fiscal n.º 19647.000943/2004-05, no qual figurou o
Paciente como investigado e que conta com lançamento definitivo, o que afastada
as alegações de desrespeito à Súmula Vinculante n.º 24 do Supremo Tribunal
Federal e de cerceamento de defesa.

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2. Nos termos da Lei Complementar n.º 105/2001, não constitui violação do


sigilo bancário a requisição, pela autoridade fazendária, de informações
referentes a movimentações financeiras, para fins de constituição de crédito
tributário. Precedentes da Primeira Seção e das Turmas integrantes da Terceira
Seção.
3. A tese de que o Fisco teria obtido dados que extrapolariam a permissão legal
não foi suscitada na impetração originária, razão pela qual sua análise por esta
Corte importaria supressão de instância. Ademais, ainda que assim não fosse, a
questão demandaria uma minudente perscrutação do acervo probatório,
providência incompatível com a via estreita do habeas corpus.
4. A denúncia oferecida pelo Ministério Público decorreu de representação para
fins penais formulada pela Autoridade Fazendária junto ao Parquet(fl. 441) e não
da requisição de informações fiscais pelo órgão ministerial, sponte propria, o que
afasta a alegação de quebra ilegal do sigilo fiscal.
(...)
6. Ordem denegada.
(...)”

“RMS 31435 / GO
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2010/0017624-0
Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador – T2 SEGUNDA TURMA
Data de julgamento 11/05/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 21/06/2010
Ementa: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO
BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR 105/2001. LEGALIDADE. AUSÊNCIA
DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. O Mandado de Segurança foi impetrado contra ato consubstanciado na
Solicitação de Esclarecimento 98/2009, feita pela Secretaria da Fazenda do Estado
de Goiás, em razão da diferença constatada entre o valor das operações comerciais
declaradas e os dados fornecidos pelas instituições administradoras de cartões de
crédito/débito, no período de julho/2007 a dezembro/2008.
2. A ilegalidade suscitada pela impetrante, ora recorrente, não reside na Solicitação
de Esclarecimento em si, mas em ato preexistente, qual seja, a obtenção de
informações financeiras pelo Fisco.
3. De qualquer modo, ressalto inexistir a suposta ilegalidade, tendo em vista que
tais informações foram obtidas pela autoridade fiscal com respaldo na Lei
11.651/1991 (Código Tributário do Estado de Goiás).
4. Com a implementação da Lei Complementar 105/2001, a quebra do sigilo
bancário, em procedimento administrativo-fiscal, passou a prescindir de
autorização judicial (art. 6º). Precedentes do STJ.
5. Recurso Ordinário não provido.
(...)”

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

“TRANSFERÊNCIA DE SIGILO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE. As


informações sobre o patrimônio das pessoas não se inserem nas hipóteses do inciso
X da CF/88, uma vez que o patrimônio não se confunde com a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem, assim, não há falar em inconstitucionalidade frente a
uma possível discordância existente entre as Leis nº 9.311 de 1996, a Lei
Complementar nº 105/2001 e a Lei nº 10.174, de 2001, e os princípios

Acórdão CTE 159/2013 10


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preconizados no art. 5º, X e XII, da Constituição Federal/88. O próprio Código


Tributário Nacional, em seu art. 197, II, preconiza que os bancos são obrigados a
prestar todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios e
atividades de terceiros à autoridade administrativa. Ademais, não cabe falar em
quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência do sigilo. Com efeito, se o
banco tem o dever de zelar pela guarda das informações de que dispõe, também o
tem a autoridade fiscal que permanece obrigada ao sigilo, mantendo os dados no
mesmo estado anterior. Isto porque a finalidade do procedimento fiscal não é outra
senão a fiscalizatória. (TRF 4ª Região, 2ª Turma, maioria, DJU 23/01/02, p. 374,
Relator Des. Federal Dirceu de Almeida Soares).
(...)”

TRIBUNAL DE IMPOSTOS E TAXAS/SP

“6ª CÂMARA JULGADORA DRTCI-202673/2010


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: NANNINI CALCADOS LTDA.
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA: ROSE SOBRAL - IAIIM 13.129.428-5
EMENTA: ICMS. Falta de pagamento do imposto apurado por levantamento
fiscal. Cartões de crédito e de débito. SO regida pela Lei 13.457/2009.
Preliminares afastadas por não ocorridas. Ausência de nulidade na decisão de
primeira instância administrativa, que analisou devidamente questão dos autos,
dando a devida prestação jurisdicional. Procedimento do Fisco baseado no artigo
509 do RICMS/OO, no inciso X do artigo 75 da Lei 6,374/89 e na Portaria CAT
87/06. Não há inconstitucionalidade na apresentação ao Fisco de demonstrativos
financeiros por instituições que administram cartões de débito e crédito.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e deste TIT. Ausência de nulidade da
acusação. Juntada por amostragem dos documentos de instrução conforme
permissivo contido no artigo 22 da Lei 6.374/89. Cópia da mídia CD contendo
integralidade dos arquivos entregue ao autuado. Capitulação da infração correta,
guardando relação com os fatos apurados. Mérito. Recurso Ordinário conhecido e
não provido. Infração demonstrada pelo fisco. Contribuinte não contestou
informações prestadas pelas administradoras de cartões, apesar de notificado para
tal fim, nem tampouco apresentou qualquer contraprova nas diversas fases do
presente processo administrativo. Questões de direito suscitadas insuficientes para
ilidir trabalho fiscal.
(...)”

6ª CÂMARA JULGADORA DRT-5-28650/2009


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: J L DE CARVALHO BRINQUEDOS EPP
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA : ROSE SOBRAL
IAIIM 13108570-2
EMENTA: ICMS Item l.1 Falta de pagamento do imposto apurada por meio de
levantamento fiscal Operação cartões de credito ou debito Item I.2 Falta de
interligação entre si de equipamentos emissores de cupom fiscal ECF com os
equipamentos de processamento de operações com cartões de credito ou debito.
Recurso Ordinário conhecido, não provido. Infrações demonstradas pelo fisco.
Não há nulidade na acusação vertida no item l.2 do auto de infração. Procedimento
do Fisco baseado no § 10º do artigo 509 do RICMS/00 e na Portaria CAT 87/06.
Não há inconstitucionalidade na apresentação ao Fisco de demonstrativos

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financeiros por instituições que administram cartões debito e credito. Precedentes


do Superior
Tribunal de Justiça e deste TIT. Contribuinte não contestou informações prestadas
pelas administradoras de cartões apesar de notificado para tal fim. Item I.2
admitido tacitamente Manutenção das multas dos itens l.1 e I.2 da inicial.
(...)”

O STJ também tem entendido que o direito ao sigilo fiscal somente deve ser
reconhecido nas hipóteses em que as operações estejam revestidas de licitude, uma vez que o sigilo fiscal não foi
construído legalmente como uma barreira intransponível ou esconderijo inexpugnável para aqueles que
transgridem as normas tributárias, omitindo suas vendas reais para pagar menos imposto; o sigilo serve sim, para
preservar os negócios lícitos dos cidadãos, compreendidos como aqueles atos inerentes à sua vida privada; para
proteger os interesses lícitos (legítimos) e de forma mediata o próprio bem-estar coletivo e principalmente, para
coibir a sonegação fiscal, que prejudica os contribuintes que exercem suas atividades de acordo com a norma
tributária; o sigilo fiscal não deve servir de proteção ao presente caso, onde operações de vendas foram feitas
através de cartões de crédito e débito e não foram declaradas na DASN e no PGDAS como apontam os
demonstrativos às fls. 47, e 48, do processo inicial, denotando assim a ilicitude apontada pelo STJ cuja decisão
ora reproduzida deixa claro esse entendimento.

“AgRg no Resp 1174205 / RS


AGRAVO REGIMENTAL NO PROCESSO ESPECIAL 2009/0248639-8
Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112)
Órgão julgador – T1 PRIMEIRA TURMA
Data do Julgamento 17/08/2010
Data da publicação / fonteDJe 01/10/2010
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.
TRIBUTÁRIO. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES
A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI
COMPLEMENTAR Nº 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144,
PARÁGRAFO 1º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EXCEÇÃO AO
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. IMPROVIMENTO.
1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de
constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela
Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à
luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN.
2. O § 1º, do artigo 38, da Lei 4.595/64 (revogado pela Lei Complementar
105/2001), autorizava a quebra de sigilo bancário, desde que em virtude de
determinação judicial, sendo certo que o acesso às informações e esclarecimentos,
prestados pelo Banco Central ou pelas instituições financeiras, restringir-se-iam às
partes legítimas na causa e para os fins nela delineados.
(...)
13. Destarte, o sigilo bancário, como cediço, não tem caráter absoluto,
devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma absoluta às
relações de direito público e privado, devendo ser mitigado nas hipóteses em
que as transações bancárias são denotadoras de ilicitude, porquanto não pode
o cidadão, sob o alegado manto de garantias fundamentais, cometer ilícitos.
Isto porque, conquanto o sigilo bancário seja garantido pela Constituição
Federal como direito fundamental, não o é para preservar a intimidade das
pessoas no afã de encobrir ilícitos.
14. O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização tributária não subsiste
frente ao dever vinculativo de a autoridade fiscal proceder ao lançamento de

Acórdão CTE 159/2013 12


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crédito tributário não extinto. (REsp nº 1.134.665/SP, Relator Ministro Luiz Fux,
in DJe 18/12/2009, sob o rito dos recursos repetitivos).
2. Agravo regimental improvido.
(...)”
As operações constantes das informações que foram prestadas a fiscalização
estadual pelas empresas que administram os cartões de crédito e débito, antes de serem financeiras são
informações fiscais e nesta condição, deveriam ter sido informadas corretamente (em sua totalidade) pela
autuada quando do envio das DASN – Declarações Nanuais do Simples Nacional e dos PGDAS a Receita
Federal nos termos do Simples Nacional, como exigem os artigos 25, da LC nº 123/06; e 4º, da Resolução CGSN
nº 10/07.

LEI COMPLEMENTAR N° 123/2006

“Art.25 - As microempresas e empresas de pequeno porte optantes do Simples


Nacional apresentarão, anualmente, à Secretaria da Receita Federal declaração
única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais, que deverão ser
disponibilizadas aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária,
observados prazo e modelos aprovados pelo Comitê Gestor.

§ 1o - A declaração de que trata o caput deste artigo constitui confissão de dívida


e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos tributos e contribuições que
não tenham sido recolhidos resultantes das informações nela prestadas.
(...)”

RESOLUÇÃO CGSN Nº 10/2007

“Art.4º - A ME e a EPP optantes do Simples Nacional apresentarão, anualmente,


declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais que
será entregue à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da
internet, até o último dia do mês de março do ano-calendário subseqüente ao de
ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições previstos no Simples
Nacional.
(...)”

A presente ação fiscal baseada nas informações colhidas através do Processo 1500-
090.108/2009; atende a LC nº 105/2001; a Lei nº 4.418/1982; a Lei nº 5.900/1996 (50, § 11, I, na redação da Lei
nº 6.846/07); e os artigos 272-A e 272-B, do RICMS/91, que autorizam as administradoras de cartão de crédito e
débito a fornecer ou transferir ao fisco os valores das operações efetuadas pelos contribuintes cujos pagamentos
ocorreram mediante o uso de cartões de débito e crédito.
Essa transferência de informações ao Fisco, tratada nos autos (autorizada pelos artigos 5º, e 6º, da LC
nº 105/2001) e a quebra de sigilo bancário, promovida por outros órgãos ou entidades são diferentes, devendo
observar-se que os contribuintes que omitem vendas, quando deixam de emitir os documentos fiscais dessas
operações, não podem continuar a utilizar-se do sigilo bancário para fugir de suas obrigações tributárias, fazendo
com que aqueles contribuintes de menores rendas suportem carga tributária desproporcional, originada de
sonegação fiscal sob a guarida do sigilo fiscal.
Ademais, o sigilo fiscal se constitui dever da administração tributária para com os contribuintes,
quando sujeita seus funcionários, que não observarem o sigilo fiscal, às sanções legais e à responsabilização do
Estado pelos danos que porventura os contribuintes venham a sofrer em razão da quebra indevida de seu sigilo
fiscal, ou seja, o fisco dispõe de meios para punir aqueles que divulguem tais informações que deverão
permanecer (protegidas por sigilo fiscal) como exige o artigo 198, do CTN e a LC nº 105/2001.

Quanto a ter havido ofensa ao Princípio da não-cumulatividade do ICMS está comprovado que a
mesma não ocorreu, pois o ICMS oriundo de infrações não permite que seja dado direito ao crédito fiscal
correspondente, sendo certo que a diferença apurada entre os valores constantes das operações de vendas

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informadas pelas operadoras de cartão de crédito e débito com os valores de vendas informados pela autuada nas
DASN e nos PGDAS foi obtida a partir dos valores que estão registrados nestes documentos que estão
devidamente anexados aos autos (fls. 47 e 48, do processo inicial).
Por fim, não restam dúvidas de que a decisão singular está correta em rejeitar essas questões
preliminares por não serem as Instâncias Administrativas competentes para conceder a tutela pretendida pela
autuada e nessa situação, até que o STF decida sobre a constitucionalidade da LC nº 105/2001, reconhecendo a
quebra de sigilo fiscal, os autos de infração lavrados para constituir o crédito tributário por lançamento, deverão
ser mantidos para resguardar o direito dos entes Fazendários quanto aos efeitos da decadência ou da prescrição.
Por tudo já exposto, rejeito essa preliminar.

II – DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a infração apontada na inicial está respaldada no artigo 2°, § 9º, V,
da Lei nº 5.900/1996, cujo procedimento foi introduzido pela Lei nº 6.970/2008, para regulamentar as ações
fiscais destinadas à apuração das omissões de receitas sobre as vendas efetuadas com cartões de crédito e débito.
As provas que estão anexadas aos autos (as declarações de vendas através de cartões de crédito e
débito que foram enviadas pelas operadoras dos referidos cartões; o PGDAS e a DASN apresentados pela
autuada a Receita Federal nos termos do Simples Nacional, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009), apontam que
quando do confronto entre seus valores, restou apurada uma diferença no valor de R$ 1.157.296,86 (Hum
milhão, cento e cinquenta e sete mil, duzentos e noventa e seis reais e oitenta e seis centavos), conforme consta
dos demonstrativos às fls. 47 e 48, da peça inicial, a qual é simultaneamente base de cálculo do ICMS devido e
prova da infração apontada na presente autuação, a qual tem respaldo no artigo 2º, § 9º, V, da Lei Estadual nº
5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 2º - (...)

§ 9º - Presumem-se ocorridas operações ou prestações, internas, tributadas, sem


pagamento do imposto, ressalvada ao sujeito passivo a prova da improcedência
da presunção, quando se constatar omissão ou inclusão de registros contábeis
ou fiscais que indique omissão de receitas, tais como:
(...)

V - valores informados por instituições financeiras, administradoras de cartões


de crédito e de débito, condomínios comerciais ou outra pessoa jurídica
legalmente detentora de informações financeiras, sem a respectiva emissão de
documentos fiscais ou tendo sido estes emitidos com valores inferiores aos
informados;
(...)”

Não resta dúvida de que os valores que foram informados pelas operadoras (a maior) comprovam que
a autuada efetuou vendas com cartão de crédito e débito sem a devida emissão do respectivo documento fiscal
(cupom fiscal) uma vez que suas operações de vendas informadas no PGDAS e na DASN em cada exercício
apresentam valores inferiores (a menor) gerando a diferença de R$ 192.490,46(cento e noventa e dois mil;
quatrocentos e noventa reais e quarenta e seis centavos), diferença que é ao mesmo tempo, prova material da
infração e base de cálculo do imposto apurado, recebido pela autuada e não repassado ao Estado de Alagoas.
Quanto à irretroatividade do artigo 2º, § 9º, da Lei nº 5.900/1996, não resta dúvida de que o mesmo se
encontra vigente desde 27/12/1996; e seu comando normativo prevê que a falta ou a inclusão de registros
contábeis ou fiscais ou tendo sido estes emitidos em valores inferiores aos informados, autoriza a presunção de
que ocorreram operações internas sem pagamento do ICMS (ressalvado ao sujeito passivo a prova da
improcedência da presunção); e que, cada um de seus 08 (oito) incisos, não são novos fatos geradores, mas, são
elementos indicativos de cada procedimento de fiscalização a ser adotado, em cada uma das situações ali
previstas, como demonstram as atualizações introduzidas pela Lei nº 5.979/1997 (que trata do percentual de 30%

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previsto como valor agregado); pela Lei nº 6.348/2002 (que trata da hipótese de entrega de mercadoria ou bem
importados do exterior antes do desembaraço aduaneiro) e pela Lei nº 6.970/2008, que trata das operações feitas
com a utilização de cartões de crédito e débito.
Nesse passo, é certo que a presunção legal do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996,
cujo procedimento está previsto na Lei nº 6.970/2008, permite a mesma retroagir, haja vista, que o inciso V, não
cria nova hipótese de incidência tributária, mas, apenas institui novos critérios ou procedimentos para verificar a
ocorrência do fato gerador (já criado em 27/12/1996), fato este, que atende ao que determina o artigo 144, § 1º,
do CTN.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - CTN

Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da


obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada
ou revogada.

§ 1º - Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do


fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou
processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades
administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

(...)”

Não resta dúvida, de que o § 1º, do artigo 144, do CTN autoriza que o Inciso V, do § 9º, do artigo 2º,
da Lei Estadual nº 5.900/1996, retroaja e alcance fatos geradores anteriores a 2008. Está claro que não podemos
confundir a regulamentação de um novo critério de fiscalização, de um novo procedimento fiscalizatório (o
inciso V, do § 9º) com a criação de um novo fato gerador, bem como, que desde 26/09/2007, a apresentação dos
relatórios com os valores referentes a cada operação ou prestação com cartões de crédito e débito já eram de
apresentação obrigatória ao fisco estadual, como determinado expressamente pela Lei Estadual nº 6.846/2007.

LEI Nº 6.846/2007

“Art. 1º - Os dispositivos a seguir indicados da Lei nº 5.900, de 27 de dezembro de


1996, passam a vigorar com a seguinte redação:
(...)

III - o art. 50:


(...)”

LEI Nº 5.900/1996

"Art. 50 - (...)

§ 2º - Os estabelecimentos que exerçam a atividade de venda ou revenda de


mercadorias ou bens, ou de prestação de serviços, em que o adquirente ou
tomador seja pessoa física ou jurídica não contribuinte do ICMS, estão obrigados
ao uso de equipamento emissor de Cupom Fiscal - ECF, inclusive para imprimir,
obrigatoriamente, o comprovante de crédito ou débito referente ao uso de
Transferência Eletrônica de Fundos - TEF, nos termos que dispuser a legislação.

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(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as administradoras


de "shopping center", de condomínios comerciais e de empreendimentos
semelhantes deverão, nos termos da legislação, informar ao fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por contribuintes do


imposto através de seus sistemas de crédito, débito ou similares; e

II - os dados relativos a bens, negócios, atividades ou outras informações que


disponham a respeito dos contribuintes localizados no seu empreendimento,
inclusive sobre valor locatício.
(...)”

Portanto, não procede a alegação da autuada, de que a presente autuação fere o Princípio

Constitucional da Anterioridade Tributária pela criação de um novo fato gerador pela Lei nº 6.970/2008, por se

tratar apenas da implantação de critérios materiais para a apuração de um ilícito tributário já existente (omissão

de saídas), haja vista, que os valores das operações praticadas pela autuada com cartões de crédito e débito são

de declaração obrigatória a Fazenda Estadual (artigo 31, caput, e § 1º, da Lei Estadual nº 5.900/1996); sendo

assegurado ao Fisco o direito de conhecer os montantes das operações ou prestações feitas pela autuada (sujeito

passivo da obrigação tributária).

A natureza material da norma que institui nova hipótese de incidência tributária não pode ser
confundida com a natureza formal/procedimental da norma que estabelece presunções de ocorrência dessa
hipótese de incidência, não havendo, portanto, que se falar em ofensa ao princípio da irretroatividade da
norma tributária, haja vista que o § 1º, do artigo 144, do CTN (já reproduzido) contém hipótese de exceção
ao princípio, autorizando a aplicação retroativa da legislação que, posteriormente à ocorrência do fato
gerador da obrigação tributária, tenha instituído novos critérios de apuração ou de procedimentos de
fiscalização.
Nesse passo, por conter caráter meramente probatório, o ordenamento jurídico tributário estadual
admite sua aplicação a fatos pretéritos, haja vista, tratar-se tão somente de instrumentos de verificação (meios
probatórios) de hipóteses de incidências já antes delineadas na lei, conforme decisão da 2ª Turma do STJ.

“RECURSO ESPECIAL Nº 1.212.780 - SP (2010/0167612-3)


RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE: SALIM MIGUEL
ADVOGADO: MARCOS ALEXANDRE PEREZ RODRIGUES E OUTRO(S)
RECORRIDO: FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO: PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART. 535
DO CPC NÃO CONFIGURADA. AUTUAÇÃO FISCAL. ART. 12, §§ 2º E 3º,
DO DECRETO-LEI 1.598/77. NORMAS PROCEDIMENTAIS DE

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FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO NA APURAÇÃO


DE TRIBUTO CUJO FATO GERADOR TENHA OCORRIDO ANTES DA
SUA ENTRADA EM VIGOR. APLICAÇÃO DO ART. 144, § 1º, DO CTN.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não
caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a legislação
que institui novos procedimentos fiscalizatórios pode ser aplicada na
constituição de créditos tributários cujo fato gerador tenha ocorrido antes
da sua entrada em vigor. Orientação reafirmada no julgamento do REsp
1.134.665/SP, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. As normas contidas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do Decreto-Lei 1.598/1977 –
que afirmam presumida a omissão de receita, na hipótese de se verificar que
a escrituração do contribuinte deixou de considerar o pagamento de
obrigações, autorizando que o Fisco proceda ao lançamento por
arbitramento – relacionam-se a procedimentos de investigação da
autoridade fiscal e, portanto, podem ser aplicadas na apuração de tributo
cujo fato gerador seja anterior à sua vigência.
4. A presunção de omissão de receitas é relativa, admitindo-se que o contribuinte
demonstre o contrário. No entanto, no caso dos autos, o Tribunal a quo
expressamente afirmou, com base na prova dos autos, que a parte não se
desincumbiu desse ônus. A revisão desse entendimento demanda reexame do
conjunto fático-probatório dos autos, obstado nos termos da Súmula 7/STJ.
5. Recurso Especial não provido.
(REsp 1212780/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 16/03/2011)
(...)”

Quanto ao fato de ser a autuada optante pelo regime do Simples Nacional, a LC nº 123/2006, em
seu artigo 13, determina que o ICMS seja recolhido em conjunto com os demais tributos mediante aplicação
de um percentual específico sobre a receita mensal; e a norma supracitada prevê algumas situações em que o
ICMS não será tributado de acordo com o Simples Nacional, mas que, a ele serão aplicadas as regras de
incidência normal do ICMS regidas pelas leis ordinárias estaduais dentre elas, as situações previstas para os
casos concretos de operações sem documentação fiscal.

LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006

“Art. 13 - O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante


documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:
(...)

§ 1o - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência dos


seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de contribuinte ou
responsável, em relação aos quais será observada a legislação aplicável às
demais pessoas jurídicas:
(...)

XIII - ICMS devido:


(...)

f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;


(...)”

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Daí ser pertinente o lançamento do ICMS nos termos da Lei nº 5.900/1996, ainda que a autuada esteja
na sistemática do Simples Nacional. Pertinência esta, que resulta exatamente no fato de haver o fisco constatado
a omissão de registros contábeis, indicativa de omissão de receitas, por haver a autuada como já dito, deixado de
emitir os documentos fiscais das vendas efetuadas com cartões de crédito e débito nos exercícios de 2007, 2008 e
2009, fato comprovado pela diferença apurada pelo confronto entre os valores informados pelas administradoras
de cartões de crédito e débito com os valores informados pela autuada nas PGDAS e nas DASN, fato que leva a
presunção de haver deixado de emitir os documentos fiscais das vendas efetuadas, e que ocasionou a omissão de
receitas nos termos do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996 (na redação dada pela Lei Estadual
nº 6.970/2008), acarretando por conseqüência a perda do benefício ao Regime do Simples Nacional.
Por fim, observe-se, que a autuada não trouxe aos autos, qualquer prova que pudesse ilidir a presunção
legal de omissão de saídas oriunda da falta de registro dos valores referentes aos documentos que deixou de
emitir, mas, que foram informados pelas operadoras de cartões de crédito/débito; em sua defesa, se limitou a
questões circunstanciais, enfrentadas e afastadas acertadamente pela Decisão singular, à vista de fundamentação
legal pertinente, ficando comprovada a presunção de operações de saídas, internas, tributadas, sem pagamento do
imposto, as quais foram apuradas pela diferença a maior entre os valores informados pelas administradoras de
cartões de crédito e de débito e os valores declarados pela autuada em suas DASN (artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996), conforme consta dos números apontados no demonstrativo fiscal às fls. 47, e 48, do Processo
inicial, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, como aponta o complemento da descrição da infração no auto de
infração, cuja fundamentação legal é aquela constante do artigo 2°, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996.
Comprovada a infração, resta autorizada a cobrança do ICMS com base nas normas ordinárias
estaduais, mediante a aplicação do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996, já reproduzida, na
redação das Leis nºs 6.846/2007 e 6.970/2008; e do artigo 144, § 1º, CTN; os quais permitem ao fisco a
possibilidade de utilizar-se das informações enviadas pelas administradoras de cartões de crédito e débito para
verificar a exatidão das informações fiscais dos contribuintes, ainda que para fatos pretéritos ao início de
vigência das normas procedimentais.
A decisão singular não merece reforma, uma vez que o julgador singular decidiu de acordo com as
previsões da norma tributária vigente, fundamentou sua decisão nos termos exigidos pela Lei nº 6.771/2006; o
crédito tributário foi apurado com base nos valores retirados dos documentos que instruem os autos, dentre eles,
as PGDAS e a DASN (Declaração Anual do Simples Nacional), onde a autuada informou apenas os valores que
achou conveniente, em detrimento de informar o valor total anual que foi obtido com as vendas feitas com
cartões de crédito ou débito em confronto com os Relatórios de Movimentações Financeiras, emitidos pelas
Administradoras de Cartões de Débito e de Crédito das bandeiras VISANET, REDCARD e HIPERCARD
(Processos 1500-013.347/2009 e 1500-090.938/2009).
Portanto, não resta nenhuma dúvida de que a diferença apurada a partir do confronto entre os valores
citados gerou a base de cálculo do ICMS apurado, cujo fato gerador é aquele previsto no artigo 2º, § 9º, V, da
Lei nº 5.900/1996, apesar de o autuante na descrição da infração haver informado que as operações de vendas
não tinham sido registradas em livro próprio; este fato foi devidamente corrigido e suprido legalmente pelo
complemento da referida infração, quando afirma o mesmo autuante que o fato gerador foi apurado a partir da
diferença encontrada pelo confronto entre os valores informados pela autuada nas PGDAS e DASN com as
declarações prestadas pelas operadoras de cartões de credito e débito, o que desatende o artigo 2°, §9°, V, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere somente à redução no valor do crédito tributário em razão da


penalidade aplicada, uma vez que de forma acertada a decisão singular aplicou a penalidade prevista no artigo
79, da Lei Estadual nº 5.900/1996, em lugar daquela prevista no artigo 97, da mesma lei, sugerida na inicial, por
entender que a infração foi apurada com base em livros e documentos fiscais.

LEI Nº 5.900/1996

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“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não


compreendida nas hipóteses previstas nos artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

Portanto, o Lançamento é Procedente em Parte conforme consta da decisão singular e nesta situação o
crédito tributário tem como valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total


2007 12.424,16 6.612,08 19.036,24
2008 16.223,60 8.111,80 24.335,40
2009 4.013,44 2.006,72 6.020,16
- 32.661,20 16.730,60 49.391,80
O crédito tributário no valor de R$ 49.391,80 (quarenta e nove mil, trezentos e noventa e um reais e
oitenta centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL, por maioria de votos conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário, dar-lhes
provimento parcial para reformar parcialmente a decisão singular, haja vista, ser o Lançamento Procedente em
Parte.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em Maceió, 16 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE DE M. BRANDÃO


PRESIDENTE(acompanhou o voto vencedor) RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA(voto vencedor)

MARIA LOPES MILHOMES PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR( acompanhou o relator) JULGADOR(acompanhou voto vencedor)

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_____________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 16/07/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-033.924/2010; 1500-013.347/09;e CTE nº 252/12.
ANEXOS: 1500-018.224/2011 e 1500-015.996/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.06723-001, de 14/12/2010.
AUTUADA: MARIA APARECIDA DOS SANTOS XAVIER – ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.838.121-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.607/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Elcir Lopes Barbosa.
RELATOR: Carlos Henrique de Mendonça Brandão.
VOTO VENCEDOR: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENETE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 159/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias
tributáveis em operações internas, fato
,,apurado através do confronto entre os
valores que foram informados pelas
administradoras de cartões de crédito e de
débito com valores declarados e
escriturados pela autuada nas DASN e PGDAS
nos exercícios fiscalizados, resultando em
uma diferença a maior, por não ter a
autuada emitido os documentos fiscais
quando das vendas de mercadorias. 2)
Presunção relativa admitida (artigo 2º, I,
§ 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, na redação
da Lei nº 6.970/2008), não afastada pela
autuada. 3) Preliminares de nulidade do
auto de infração: a) Por vício insanável (a
autuada alega não ter recebido cópias dos
documentos anexados na inicial) e b) Por
violação ao sigilo fiscal; não acatadas.
3) Infração comprovada. No mérito, é
possível a norma retroagir uma vez que sua
natureza formal e procedimental permite que
seja aplicada na apuração do ICMS a fato
gerador que tenha ocorrido antes de entrar
em vigência (artigo 144, § 1º, do CTN). 4)
Aplicável aos autos a legislação tributária
referente a Sistemática Normal de
Tributação conforme previsão do artigo 13,
§ 1º, XIII, alínea “f”, da Lei Complementar
nº 123/2006. 5) Reduzido o valor do crédito

________________________________________________________________________________
Acórdão CTE 159/2013
tributário pela aplicação da penalidade
(multa prevista no artigo 79, da Lei
Estadual nº 5.900/96), por ser mais
adequada e porque a infração foi apurada
através de Levantamento Fiscal. 6)
Lançamento Procedente em Parte. 7) Recurso
Ordinário e Reexame Necessário conhecidos e
improvidos. Mantida a decisão singular.

Trata-se da constituição de crédito tributário


no valor de R$ 98.170,11 (noventa e oito mil, cento e
setenta reais e onze centavos), sendo de ICMS R$ 32.723,37
(trinta e dois mil setecentos e vinte três reais e trinta e
sete centavos), e de Multa R$ 65.446,74 (sessenta e cinco
mil, quatrocentos e quarenta e seis reais e setenta e
quatro centavos), por ter o sujeito passivo deixado de
recolher o ICMS nos exercícios de jan/2007 a Jul/2009
decorrente da omissão de saídas relativas as operações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito.

Foram tidos como infringidos os arts. 1º,


art. 2º, § 9º, II e V, 31, 50, I, II, § 2º ao § 7º, da lei
n. 5900/96 e art. 272-B do RICMS-AL/91 aprovado pelo
Decreto n. 35.245/91, e proposta a aplicação da pena
disposta no art. 97 da Lei 5.900/96.

Instruem o auto de infração: a) cópia da


intimação fiscal n.º 64763; b) demonstrativo fiscal; c)
processo dos processo 1500-013347/2009 e 1500-090938,
dentre outros.

Intimado, o contribuinte apresentou defesa


ao auto de infração alegando, em síntese:

a) que houve violação do seu sigilo bancário ao obter


relatórios de suas operações financeiras, de forma
ilegal e sem nenhuma autorização judicial;

b) os relatórios não serviriam de prova porque seriam


simples listagens de números e não levaria em
consideração os estornos de vendas ocorridos e de
outras operações não vinculadas a venda de
mercadorias;

c) que houve ofensa ao devido processo legal e ao seu


direito de defesa, pela falta do envio dos documentos
utilizados na elaboração do auto de infração;

________________________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________________________

d) não teria sido observado o princípio da anterioridade


e irretroatividade da lei tributária ao ter sido
modificada a presunção de ocorrência do fato gerador
para incluir novas hipóteses.

A Representação Fiscal apresentou suas


contrarrazões, aduzindo, em síntese, que as provas obtidas
e carreadas aos autos seriam legais (art. 6º da LC
105/2001) e não configuraria hipótese de quebra de sigilo
bancário, na medida em que a autoridade administrativa se
restringiu a obtenção formal dos valores das operações de
vendas junto as administradoras de cartão;

A Coordenadoria de Julgamento, através da


Decisão de n.º 18.607/2012, julgou procedente o crédito
tributário, assim ementando:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em fazer
o recolhimento de tributos por meio do
Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de
saídas de mercadorias desacompanhada de
documento fiscal. 2. Incabível a
alegação de prova ilícita porque os
documentos enviados pelas
Administradoras de Cartão trouxe a
baila todas às operações de vendas com
recebimento via cartão de credito e/ou
debito passíveis de averiguações
fiscais. 3. A circunstância material
que dá ensejo a presunção legal foi
provada com a juntada do livro Reg. de
Apuração do ICMS e dos documentos
recebidos das Administradoras de
Cartões, de onde foram extraídos e
confrontados os valores que resultou na
Base de Cálculo omitida do ICMS não
recolhido. 4. Confirmado claramente o
propósito de reduzir a base de cálculo
do para o recolhimento do imposto
devido uma vez que os valores
declarados no Extrato do Simples
Nacional são menores que os menores que
os escriturados no livro Reg. de
Apuração DE ICMS. 5. Não será acolhido
o tipo penal tributário sugerido do
art. 97 da Lei 5900/96, aplicação da

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Acórdão CTE 159/2013
penalidade disposta no art. 79 da mesma
Lei. 6. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 7.
Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual.

A contribuinte interpôs recurso voluntário,


renovando suas alegações apresentadas anteriormente em sua
impugnação ao auto de infração.

A representação fiscal, por sua vez, pugnou


pela manutenção da decisão da Coordenadoria de Julgamento.

Por fim, os autos foram encaminhados ao


Conselho Tributário Estadual para julgamento do recurso
voluntário e reexame necessário.

É o relatório.

Voto Vencedor (Julgadora Odete Mineiro da Paz)

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso Ordinário


interpostos contra a Decisão nº 18.607/2012, de Primeira
Instância, que julgou como Procedente em Parte o Lançamento
constante do auto de infração nº 90.06723-001.

DO RECURSO ORDINÁRIO

I - DAS PRELIMINARES DE NULIDADE

I.a) POR VÍCIO INSANÁVEL (CERCEAMENTO DE


DEFESA UMA VEZ QUE NÃO RECEBEU NENHUMA CÓPIA DOS DOCUMENTOS
ANEXADOS NA PEÇA INICIAL)

A análise dos autos demonstra que não existem


motivos para se declarar a nulidade do auto de infração por
cerceamento de defesa, uma vez que a autuada se defendeu de
acordo com as previsões da legislação tributária vigente, bem
como, teve pleno acesso a todas as provas carreadas aos
autos, impugnou o auto de infração, exercendo plenamente seu
direito à ampla defesa e ao contraditório.

Ademais a intimação da autuada foi por AR e


os documentos anexados estavam à sua disposição na repartição
fazendária durante 30 (trinta) dias, ou seja, durante o prazo
para defesa, e se ela não exerceu esse direito foi por sua
própria escolha uma vez que não havia impedimento legal, ao

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contrário, o artigo 893, §§ 3º e 4º, do RICMS/91, lhe garante


acesso aos documentos, motivo pelo qual rejeito a preliminar.
“Art. 893 - Atendidas as determinações do artigo precedente e
expirado o prazo para apresentação de defesa ou recurso, a unidade
preparadora deverá:
(...)”

§ 3º - É facultado vistas ao processo, durante a sua permanência


no órgão preparador, que não poderá ser superior a 30 (trinta)
dias contados da data da ciência, ao sujeito passivo ou ao seu
representante legal.

§ 4º - É vedada a retirada do processo, sob qualquer alegação, do


órgão preparador ou de outro setor da Secretaria da Fazenda a que
for destinado, exceto por solicitação expressa do Secretário da
Fazenda ou quando destinado a autoridade autuante para realização
de diligências, apresentação de contestação, defesa a recurso ou
para dar vistas a atos praticados no processo dos quais não tenha
conhecimento.
(...)”

I.b) PELA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR


VIOLAÇÃO AO DIREITO DE DEFESA EM RAZÃO DA QUEBRA DE SIGILO
FISCAL SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

A autuada alega que o auto de infração é


nulo em sua origem por haver o fisco estadual utilizado
elementos (valores) que foram obtidos com quebra de sigilo,
contrariando disposições constitucionais e legais e por se
basear apenas nas informações que foram prestadas pelas
empresas administradoras de cartões de crédito débito sem
considerar outros valores.

Inicialmente, observe-se que as Instâncias


Administrativas Tributárias não são competentes para conceder
a tutela buscada pela autuada, visando o reconhecimento de
que houve quebra de sigilo por se encontrar esse assunto em
tramitação perante o Supremo Tribunal Federal através de
ADIN’S que tentam obter a declaração de inconstitucionalidade
da LC nº 105/2001; fato, que considero ser o principal óbice
para concessão de tutela neste processo.

A análise dos autos aponta que a ação fiscal


tem respaldo na norma tributária vigente no Estado de
Alagoas, a teor do § 11, do artigo 50, da Lei nº 5.900/1996,
que desde setembro/2007, obriga as administradoras de cartões
de crédito ou débito a informarem ao fisco estadual o valor
de cada operação ou prestação efetuada por contribuintes do
ICMS cujo pagamento se deu com cartão de crédito ou débito;
nos artigos 272-A e 272-B, do RICMS/91, incluídos pelo
Decreto Estadual nº 4.047/08, que dispõe sobre a apresentação

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das informações apresentadas pelas administradoras de cartões
de crédito ou débito; e LC nº 105/01 (artigos 5º, § 4º e 6º).

LEI N 5.900/1996
“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à
inscrição deverão, de acordo com a respectiva atividade e em
relação a cada um de seus estabelecimentos:
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e
de empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação,
informar ao fisco estadual:
I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por
contribuintes do imposto através de seus sistemas de crédito,
débito ou similares;
(...)”
RICMS (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/1991)
“Art. 272-A - As administradoras de cartão de crédito, débito ou
similares prestarão, mensalmente, por meio de declaração
instituída em ato normativo da Secretaria de Estado da Fazenda, as
informações relativas às operações e prestações realizadas pelos
estabelecimentos de contribuintes cujos pagamentos sejam feitos
por meio de seus sistemas de crédito, débito ou similares.

§ 1º - Não serão identificados na declaração os respectivos


titulares dos cartões responsáveis pelo pagamento das faturas.

§ 2º - Ato normativo da Secretaria de Estado da Fazenda disporá


acerca de:
I - prazo, forma e meio de entrega da declaração;
II - hipóteses em que poderá ser dispensada a entrega da
declaração;

III - período exigido;

IV - outras informações necessárias à executoriedade das


disposições desta seção.
(...)”

“Art. 272-B - Os contribuintes do ICMS prestarão, mensalmente, por


meio de declaração instituída em ato normativo da Secretaria de
Estado da Fazenda, as informações relativas às operações e
prestações realizadas cujos pagamentos sejam feitos pelos clientes
por meio de cartão de crédito, débito ou similar.

§ 1º Não serão identificados na declaração os respectivos


titulares dos cartões responsáveis pelo pagamento das faturas.

§ 2º As informações de que trata o "caput" poderão ser exigidas na


Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC ou mediante
intimação do fisco.

§ 3º Aplica- se o disposto no § 2º do art. 272-A à declaração de


que trata este artigo.
*Seção VIII, compreendendo os artigos 272-A e 272-B, acrescentada
pelo Decreto n.º 4.047/08.
(...)”

Portanto, a afirmação da autuada de que as


informações fiscais fornecidas pelas operadoras foram obtidas
mediante quebra de sigilo fiscal, não é verdadeira, haja
vista, que os procedimentos prévios adotados pelo fisco para
obteção de tais dados não estavam submetidos apenas às
disposições dos artigos 5º, § 4º, e 6º, da LC nº 105/2001,

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uma vez que como já dito, as informações fiscais da autuada


foram obtidas com fundamento no § 11, do artigo, 50, da Lei
nº 5.900/96; no artigo 272-A e no artigo 272-B, do RICMS/91.

Com relação ao artigo 5º, da LC nº 105/2001,


apesar do seu comando estar direcionado à administração
tributária da União, é certo que também se refere aos demais
entes tributantes, daí haver o Estado de Alagoas aprovado a
Lei nº 6.846/2007, obrigando as administradoras de cartões de
crédito e débito a apresentarem as movimentações com cartões
de crédito e débito dos contribuintes do ICMS. Vejamos as
disposições do artigo 5°, da LC n° 105/2001.
“Art 5º - O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à
periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os
quais as instituições financeiras informarão à administração
tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos
usuários de seus serviços.
(...)

§ 4º Recebidas as informações de que trata este artigo, se


detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de
cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá
requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem
como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração
dos fatos.
(...)”

O artigo 5º, da LC nº 105/2011, autoriza que


as administradoras de cartões de crédito e débito transfiram
as informações para a administração tributária, inclusive, o
seu exame para fins proceder ao lançamento do crédito
tributário sem necessidade de um processo em curso ou de um
procedimento administrativo prévio, procedimento adotado
também pelas normas estaduais ora referenciadas.

Quanto a uma possível desobediência ao que


determina o artigo 6º, p.u, da LC nº 105/2001, a analise dos
documentos anexados aos autos, confirma que através do
Processo 1500-090.108/2009, o fisco teve conhecimento de que
a autuada apresentava inconsistência entre os valores que
declarou em suas DASN (2007, 2008 e 2009) com os valores
informados pelas administradoras de cartões de crédito e
débito obtidos com total observância ao citado artigo 6º, da
LC nº 105/2001, que autoriza a possibilidade de quebra do
sigilo bancário desde que haja um procedimento fiscal em
curso. Este procedimento existia, que como dito, são os
Processos 1500-013.347/2009 e 1500-090.938/2009.
“Art. 6o - As autoridades e os agentes fiscais tributários da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente
poderão examinar documentos, livros e registros de instituições

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Acórdão CTE 159/2013
financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e
aplicações financeiras, quando houver processo administrativo
instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam
considerados indispensáveis pela autoridade administrativa
competente. (Regulamento)
(...)

Parágrafo único - O resultado dos exames, as informações e os


documentos a que se refere este artigo serão conservados em
sigilo, observada a legislação tributária.
(...)”

E, quanto a uma possível desobediência ao


que dispõe o artigo 6º, pu, da LC nº 105/2001, desta feita,
por só haver a fiscalização lavrado à autuação 01 (um) ano
após a conclusão do Processo 1500-013.347/09 e do Processo
1500-090.938/2009, tal procedimento está correto, uma vez que
o referido processo é uma medida prévia, preparatória e
indispensável à lavratura da presente autuação; e mais, a
solicitação de tais informações as operadoras de cartões de
crédito/débito também está prevista no artigo 50, § 11, I, da
Lei nº 5.900/1996 (na redação dada pela Lei nº 6.846/2007), e
tem por objetivo a apuração do movimento real tributável que
efetivamente foi praticado pela autuada em tais períodos, e
que nesta situação, não pode a mesma alegar quebra de sigilo
até porque os dados obtidos não dizem respeito a suas
informações bancárias, mas a suas informações financeiras e
relativas à suas transações comerciais que ocorreram sem a
emissão do respectivo documento fiscal e que deveriam constar
de suas DASN - Declaração Anual do Simples Nacional e dos
seus PGDAS - Programa Gerador do Documento de Arrecadação do
Simples Nacional nos exercícios mencionados.

Assim, observe-se que esses valores obtidos


das operadoras (terceiros) poderiam ser relativizados e não
serem considerados de maneira absoluta, haja vista, que as
provas apresentadas pelo fisco têm presunção iuris tantum, e
a autuada não apresentou qualquer contraprova desmentindo a
diferença apurada e demonstrando os valores mensais reais de
suas operações de vendas com cartões de credito/débito. Nesse
sentido o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de
Justiça, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região e o TIT/SP,
decidiram pela possibilidade de as autoridades
administrativas terem acesso a dados financeiros dos
contribuintes quando houver procedimento fiscal em curso, sem
a necessidade de prévia autorização do Poder Judiciário.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


“Inq 2593 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL
AG.REG. NO INQUÉRITO
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 09/12/2010
Órgão Julgador: Tribunal Pleno
DJe-030 DIVULG 14-02-2011 PUBLIC 15-02-2011
AGTE.(S): MINISTERIO PUBLICO FEDERAL E
PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA E

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INDIC.(A/S): R. C. OU J. R. V. C. E
ADV.(A/S): MARCELO LEAL DE LIMA OLIVEIRA E
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. QUEBRA DE SIGILO
BANCÁRIO. COMPARTILHAMENTO DAS INFORMAÇÕES COM A RECEITA FEDERAL.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.
I - Não é cabível, em sede de inquérito, encaminhar à Receita
Federal informações bancárias obtidas por meio de requisição
judicial quando o delito investigado for de natureza diversa
daquele apurado pelo fisco.
II - Ademais, a autoridade fiscal, em sede de procedimento
administrativo, pode utilizar-se da faculdade insculpida no art.
6º da LC 105/2001, do que resulta desnecessário o compartilhamento
in casu. III - Agravo regimental desprovido.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do
Relator, negou provimento ao recurso de agravo. Ausentes, neste
julgamento, o Senhor Ministro Celso de Mello e a Senhora Ministra
Ellen Gracie. Presidiu o julgamento o Ministro Cezar Peluso.
Plenário, 09.12.2010.
(...)”

“AC 33 MC / PR - PARANÁ
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CAUTELAR
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Relator(a) p/ Acórdão: Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 24/11/2010 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação DJe-027 DIVULG 09-02-2011 PUBLIC 10-02-2011
REQTE.(S): GVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A
ADV.(A/S): JOSÉ CARLOS CAL GARCIA FILHO E OUTRO(A/S)
REQDO.(A/S): UNIÃO
ADV.(A/S): PFN - DEYSI CRISTINA DA'ROLT
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TUTELA DE URGÊNCIA (PODER GERAL DE
CAUTELA). REQUISITOS. AUSÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. REFERENDO DE
DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 21, V DO RISTF). CONSTITUCIONAL.
TRIBUTÁRIO. DADOS BANCÁRIOS PROTEGIDOS POR SIGILO. TRANSFERÊNCIA
DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS DA ENTIDADE BANCÁRIA AO ÓRGÃO DE
FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
LEI COMPLEMENTAR 105/2001. LEI 10.174/2001. DECRETO 3.724/2001. A
concessão de tutela de urgência ao recurso extraordinário
pressupõe a verossimilhança da alegação e o risco do transcurso do
tempo normalmente necessário ao processamento do recurso e ao
julgamento dos pedidos. Isoladamente considerado, o ajuizamento de
ação direta de inconstitucionalidade sobre o tema é insuficiente
para justificar a concessão de tutela de urgência a todo e
qualquer caso. Ausência do risco da demora, devido ao considerável
prazo transcorrido entre a sentença que denegou a ordem e o
ajuizamento da ação cautelar, sem a indicação da existência de
qualquer efeito lesivo concreto decorrente do ato tido por coator
(21.09.2001 – 30.06.2003). Medida liminar não referendada. Decisão
por maioria.
(...)”

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


“RECURSO ESPECIAL – 2007/0127161-2
Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)
Órgão julgador T@ - SEGUNDA CÂMARA
Data de julgamento 02/12/2010
Data da Publicação/Fonte
DJ 15/12/2010
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535,
CPC. SIGILO BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES PARA
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL. ART. 6º, DA LEI COMPLEMENTAR N.
105/2001. ARTS. 2º E 3º, DO DECRETO N. 3.724/2001. DADOS
NECESSÁRIOS PARA SE AFERIR A INDISPENSABILIDADE DO EXAME DE DADOS
SIGILOSOS. INOPONIBILIDADE DO SIGILO QUANTO A ESSES DADOS À
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA.
1. Ausente a violação ao art. 535, do CPC, pois o magistrado não
está obrigado a se pronunciar sobre todos os pontos abordados
pelas partes, sobretudo quando já tiver decidido a questão a
partir de outros fundamentos.

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Acórdão CTE 159/2013
2. Segundo o art. 6º, da Lei Complementar nº 105/2001, o acesso às
informações sigilosas somente é possível mediante o cumprimento de
ao menos dois requisitos objetivos prévios, importam ao presente
caso: (a) a existência de Mandado de Procedimento Fiscal - MPF; e
(b) constatação da indispensabilidade do exame.
3. Presente o MPF, a transferência de informação sigilosa somente
é passível de ocorrer em um momento posterior ao exame das
hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, do Decreto
n.3.724/2001, porque se tratam de pré-requisito para essa
"quebra".
4. O que é pré-requisito para a "quebra" de sigilo não pode também
ser oponível ao fisco como sigiloso. Desse modo, se a obtenção da
ficha cadastral do sujeito passivo (nome, CPF/CNPJ, endereço) é
necessária para preencher o critério para a quebra do sigilo,
conforme dispõem o art. 3º, §2º, II, do Decreto n. 3.724/2001, por
decorrência lógica, não pode estar sujeita ao sigilo.
5. Dados cadastrais, tais como o nome completo, CPF/CNPJ, endereço
e manutenção de conta-corrente em instituições financeiras, são
dados de informação obrigatória ao Fisco por parte do sujeito
passivo quando da sua declaração do imposto de renda. Não havendo
que se falar aí em oponibilidade de qualquer tipo de sigilo à
Administração Tributária Federal, pois a simples mudança da fonte
da informação não gera a oponibilidade do dever de sigilo.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte, não
provido.
(...)”

HC / PE
HABEAS CORPUS
2010/0106820-1
Relator (a) Ministra LAURITA VAZ (1120)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento 07/10/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 03/11/2010
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. SONEGAÇÃO FISCAL (ART. 1º, INCISO I,
C.C. ART. 12, INCISO I, DA LEI N.º 8.137/90). PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. FALTA DE
CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. OFENSA À SUMULA
VINCULANTE N.º 24 DO STF. INEXISTÊNCIA. ILICITUDE DAS PROVAS NÃO
CARACTERIZADA. SIGILO BANCÁRIO. EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE
ATUAÇÃO DO FISCO. MATÉRIA NÃO SUSCITADA NA IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INCURSÃO AO CAMPO PROBATÓRIO. MINISTÉRIO
PÚBLICO. SIGILO FISCAL. QUEBRA INDEVIDA. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA
DE REPRESENTAÇÃO PARA FINS PENAIS FEITA PELA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE VALORAÇÃO ISOLADA DE UMA DAS
CONDUTAS. ORDEM DENEGADA.
1. A responsabilidade pelo crédito tributário foi apurada,
integralmente, no ProcedimentO Administrativo Fiscal n.º
19647.000943/2004-05, no qual figurou o Paciente como investigado
e que conta com lançamento definitivo, o que afastada as alegações
de desrespeito à Súmula Vinculante n.º 24 do Supremo Tribunal
Federal e de cerceamento de defesa.
2. Nos termos da Lei Complementar n.º 105/2001, não constitui
violação do sigilo bancário a requisição, pela autoridade
fazendária, de informações referentes a movimentações financeiras,
para fins de constituição de crédito tributário. Precedentes da
Primeira Seção e das Turmas integrantes da Terceira Seção.
3. A tese de que o Fisco teria obtido dados que extrapolariam a
permissão legal não foi suscitada na impetração originária, razão
pela qual sua análise por esta Corte importaria supressão de
instância. Ademais, ainda que assim não fosse, a questão
demandaria uma minudente perscrutação do acervo probatório,
providência incompatível com a via estreita do habeas corpus.
4. A denúncia oferecida pelo Ministério Público decorreu de
representação para fins penais formulada pela Autoridade
Fazendária junto ao Parquet(fl. 441) e não da requisição de
informações fiscais pelo órgão ministerial, sponte propria, o que
afasta a alegação de quebra ilegal do sigilo fiscal.
(...)
6. Ordem denegada.
(...)”

“RMS 31435 / GO

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RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2010/0017624-0


Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)
Órgão Julgador – T2 SEGUNDA TURMA
Data de julgamento 11/05/2010
Data da publicação / Fonte
DJe 21/06/2010
Ementa: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO
BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR 105/2001. LEGALIDADE. AUSÊNCIA DE
DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. O Mandado de Segurança foi impetrado contra ato consubstanciado
na Solicitação de Esclarecimento 98/2009, feita pela Secretaria da
Fazenda do Estado de Goiás, em razão da diferença constatada entre
o valor das operações comerciais declaradas e os dados fornecidos
pelas instituições administradoras de cartões de crédito/débito,
no período de julho/2007 a dezembro/2008.
2. A ilegalidade suscitada pela impetrante, ora recorrente, não
reside na Solicitação de Esclarecimento em si, mas em ato
preexistente, qual seja, a obtenção de informações financeiras
pelo Fisco.
3. De qualquer modo, ressalto inexistir a suposta ilegalidade,
tendo em vista que tais informações foram obtidas pela autoridade
fiscal com respaldo na Lei 11.651/1991 (Código Tributário do
Estado de Goiás).
4. Com a implementação da Lei Complementar 105/2001, a quebra do
sigilo bancário, em procedimento administrativo-fiscal, passou a
prescindir de autorização judicial (art. 6º). Precedentes do STJ.
5. Recurso Ordinário não provido.
(...)”

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO


“TRANSFERÊNCIA DE SIGILO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE. As informações
sobre o patrimônio das pessoas não se inserem nas hipóteses do
inciso X da CF/88, uma vez que o patrimônio não se confunde com a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem, assim, não há
falar em inconstitucionalidade frente a uma possível discordância
existente entre as Leis nº 9.311 de 1996, a Lei Complementar nº
105/2001 e a Lei nº 10.174, de 2001, e os princípios preconizados
no art. 5º, X e XII, da Constituição Federal/88. O próprio Código
Tributário Nacional, em seu art. 197, II, preconiza que os bancos
são obrigados a prestar todas as informações de que disponham com
relação aos bens, negócios e atividades de terceiros à autoridade
administrativa. Ademais, não cabe falar em quebra de sigilo
bancário, mas sim em transferência do sigilo. Com efeito, se o
banco tem o dever de zelar pela guarda das informações de que
dispõe, também o tem a autoridade fiscal que permanece obrigada ao
sigilo, mantendo os dados no mesmo estado anterior. Isto porque a
finalidade do procedimento fiscal não é outra senão a
fiscalizatória. (TRF 4ª Região, 2ª Turma, maioria, DJU 23/01/02,
p. 374, Relator Des. Federal Dirceu de Almeida Soares).
(...)”

TRIBUNAL DE IMPOSTOS E TAXAS/SP


“6ª CÂMARA JULGADORA DRTCI-202673/2010
RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: NANNINI CALCADOS LTDA.
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA: ROSE SOBRAL - IAIIM 13.129.428-5
EMENTA: ICMS. Falta de pagamento do imposto apurado por
levantamento fiscal. Cartões de crédito e de débito. SO regida
pela Lei 13.457/2009. Preliminares afastadas por não ocorridas.
Ausência de nulidade na decisão de primeira instância
administrativa, que analisou devidamente questão dos autos, dando
a devida prestação jurisdicional. Procedimento do Fisco baseado no
artigo 509 do RICMS/OO, no inciso X do artigo 75 da Lei 6,374/89 e
na Portaria CAT 87/06. Não há inconstitucionalidade na

________________________________________________________________________________
Acórdão CTE 159/2013
apresentação ao Fisco de demonstrativos financeiros por
instituições que administram cartões de débito e crédito.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e deste TIT. Ausência
de nulidade da acusação. Juntada por amostragem dos documentos de
instrução conforme permissivo contido no artigo 22 da Lei
6.374/89. Cópia da mídia CD contendo integralidade dos arquivos
entregue ao autuado. Capitulação da infração correta, guardando
relação com os fatos apurados. Mérito. Recurso Ordinário conhecido
e não provido. Infração demonstrada pelo fisco. Contribuinte não
contestou informações prestadas pelas administradoras de cartões,
apesar de notificado para tal fim, nem tampouco apresentou
qualquer contraprova nas diversas fases do presente processo
administrativo. Questões de direito suscitadas insuficientes para
ilidir trabalho fiscal.
(...)”

6ª CÂMARA JULGADORA DRT-5-28650/2009


RECURSO ORDINARIO
RECORRENTE: J L DE CARVALHO BRINQUEDOS EPP
RECORRIDO: FAZENDA PUBLICA ESTADUAL
RELATORA : ROSE SOBRAL
IAIIM 13108570-2
EMENTA: ICMS Item l.1 Falta de pagamento do imposto apurada por
meio de levantamento fiscal Operação cartões de credito ou debito
Item I.2 Falta de interligação entre si de equipamentos emissores
de cupom fiscal ECF com os equipamentos de processamento de
operações com cartões de credito ou debito. Recurso Ordinário
conhecido, não provido. Infrações demonstradas pelo fisco. Não há
nulidade na acusação vertida no item l.2 do auto de infração.
Procedimento do Fisco baseado no § 10º do artigo 509 do RICMS/00 e
na Portaria CAT 87/06. Não há inconstitucionalidade na
apresentação ao Fisco de demonstrativos financeiros por
instituições que administram cartões debito e credito. Precedentes
do Superior
Tribunal de Justiça e deste TIT. Contribuinte não contestou
informações prestadas pelas administradoras de cartões apesar de
notificado para tal fim. Item I.2 admitido tacitamente Manutenção
das multas dos itens l.1 e I.2 da inicial.
(...)”

O STJ também tem entendido que o direito ao


sigilo fiscal somente deve ser reconhecido nas hipóteses em
que as operações estejam revestidas de licitude, uma vez que
o sigilo fiscal não foi construído legalmente como uma
barreira intransponível ou esconderijo inexpugnável para
aqueles que transgridem as normas tributárias, omitindo suas
vendas reais para pagar menos imposto; o sigilo serve sim,
para preservar os negócios lícitos dos cidadãos,
compreendidos como aqueles atos inerentes à sua vida privada;
para proteger os interesses lícitos (legítimos) e de forma
mediata o próprio bem-estar coletivo e principalmente, para
coibir a sonegação fiscal, que prejudica os contribuintes que
exercem suas atividades de acordo com a norma tributária; o
sigilo fiscal não deve servir de proteção ao presente caso,
onde operações de vendas foram feitas através de cartões de
crédito e débito e não foram declaradas na DASN e no
PGDAS como apontam os demonstrativos às fls. 47, e 48, do
processo inicial, denotando assim a ilicitude apontada pelo
STJ cuja decisão ora reproduzida deixa claro esse
entendimento.
“AgRg no Resp 1174205 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO PROCESSO ESPECIAL 2009/0248639-8
Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112)
Órgão julgador – T1 PRIMEIRA TURMA

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Acórdão CTE 159/2013
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Data do Julgamento 17/08/2010


Data da publicação / fonteDJe 01/10/2010
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. QUEBRA
DO SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À
VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA.
ARTIGO 144, PARÁGRAFO 1º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EXCEÇÃO
AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO
DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
IMPROVIMENTO.
1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial,
para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é
autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001,
normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do
disposto no artigo 144, § 1º, do CTN.
2. O § 1º, do artigo 38, da Lei 4.595/64 (revogado pela Lei
Complementar 105/2001), autorizava a quebra de sigilo bancário,
desde que em virtude de determinação judicial, sendo certo que o
acesso às informações e esclarecimentos, prestados pelo Banco
Central ou pelas instituições financeiras, restringir-se-iam às
partes legítimas na causa e para os fins nela delineados.
(...)
13. Destarte, o sigilo bancário, como cediço, não tem caráter
absoluto, devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de
forma absoluta às relações de direito público e privado, devendo
ser mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são
denotadoras de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob o
alegado manto de garantias fundamentais, cometer ilícitos. Isto
porque, conquanto o sigilo bancário seja garantido pela
Constituição Federal como direito fundamental, não o é para
preservar a intimidade das pessoas no afã de encobrir ilícitos.
14. O suposto direito adquirido de obstar a fiscalização
tributária não subsiste frente ao dever vinculativo de a
autoridade fiscal proceder ao lançamento de crédito tributário não
extinto. (REsp nº 1.134.665/SP, Relator Ministro Luiz Fux, in DJe
18/12/2009, sob o rito dos recursos repetitivos).
2. Agravo regimental improvido.
(...)”
As operações constantes das informações que
foram prestadas a fiscalização estadual pelas empresas que
administram os cartões de crédito e débito, antes de serem
financeiras são informações fiscais e nesta condição,
deveriam ter sido informadas corretamente (em sua totalidade)
pela autuada quando do envio das DASN – Declarações Nanuais
do Simples Nacional e dos PGDAS a Receita Federal nos termos
do Simples Nacional, como exigem os artigos 25, da LC nº
123/06; e 4º, da Resolução CGSN nº 10/07.

LEI COMPLEMENTAR N° 123/2006


“Art.25 - As microempresas e empresas de pequeno porte optantes
do Simples Nacional apresentarão, anualmente, à Secretaria da
Receita Federal declaração única e simplificada de informações
socioeconômicas e fiscais, que deverão ser disponibilizadas aos
órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observados
prazo e modelos aprovados pelo Comitê Gestor.

§ 1o - A declaração de que trata o caput deste artigo constitui


confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a
exigência dos tributos e contribuições que não tenham sido
recolhidos resultantes das informações nela prestadas.
(...)”

RESOLUÇÃO CGSN Nº 10/2007

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Acórdão CTE 159/2013
“Art.4º - A ME e a EPP optantes do Simples Nacional apresentarão,
anualmente, declaração única e simplificada de informações
socioeconômicas e fiscais que será entregue à Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da internet, até o
último dia do mês de março do ano-calendário subseqüente ao de
ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições
previstos no Simples Nacional.
(...)”

A presente ação fiscal baseada nas


informações colhidas através do Processo 1500-090.108/2009;
atende a LC nº 105/2001; a Lei nº 4.418/1982; a Lei nº
5.900/1996 (50, § 11, I, na redação da Lei nº 6.846/07); e os
artigos 272-A e 272-B, do RICMS/91, que autorizam as
administradoras de cartão de crédito e débito a fornecer ou
transferir ao fisco os valores das operações efetuadas pelos
contribuintes cujos pagamentos ocorreram mediante o uso de
cartões de débito e crédito.

Essa transferência de informações ao Fisco,


tratada nos autos (autorizada pelos artigos 5º, e 6º, da LC
nº 105/2001) e a quebra de sigilo bancário, promovida por
outros órgãos ou entidades são diferentes, devendo observar-
se que os contribuintes que omitem vendas, quando deixam de
emitir os documentos fiscais dessas operações, não podem
continuar a utilizar-se do sigilo bancário para fugir de suas
obrigações tributárias, fazendo com que aqueles contribuintes
de menores rendas suportem carga tributária desproporcional,
originada de sonegação fiscal sob a guarida do sigilo fiscal.

Ademais, o sigilo fiscal se constitui dever


da administração tributária para com os contribuintes, quando
sujeita seus funcionários, que não observarem o sigilo
fiscal, às sanções legais e à responsabilização do Estado
pelos danos que porventura os contribuintes venham a sofrer
em razão da quebra indevida de seu sigilo fiscal, ou seja, o
fisco dispõe de meios para punir aqueles que divulguem tais
informações que deverão permanecer (protegidas por sigilo
fiscal) como exige o artigo 198, do CTN e a LC nº 105/2001.

Quanto a ter havido ofensa ao Princípio da


não-cumulatividade do ICMS está comprovado que a mesma não
ocorreu, pois o ICMS oriundo de infrações não permite que
seja dado direito ao crédito fiscal correspondente, sendo
certo que a diferença apurada entre os valores constantes das
operações de vendas informadas pelas operadoras de cartão de
crédito e débito com os valores de vendas informados pela
autuada nas DASN e nos PGDAS foi obtida a partir dos valores
que estão registrados nestes documentos que estão devidamente
anexados aos autos (fls. 47 e 48, do processo inicial).

Por fim, não restam dúvidas de que a decisão


singular está correta em rejeitar essas questões preliminares

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por não serem as Instâncias Administrativas competentes para


conceder a tutela pretendida pela autuada e nessa situação,
até que o STF decida sobre a constitucionalidade da LC nº
105/2001, reconhecendo a quebra de sigilo fiscal, os autos de
infração lavrados para constituir o crédito tributário por
lançamento, deverão ser mantidos para resguardar o direito
dos entes Fazendários quanto aos efeitos da decadência ou da
prescrição. Por tudo já exposto, rejeito essa preliminar.

II – DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a infração


apontada na inicial está respaldada no artigo 2°, § 9º, V, da
Lei nº 5.900/1996, cujo procedimento foi introduzido pela Lei
nº 6.970/2008, para regulamentar as ações fiscais destinadas
à apuração das omissões de receitas sobre as vendas efetuadas
com cartões de crédito e débito.

As provas que estão anexadas aos autos (as


declarações de vendas através de cartões de crédito e débito
que foram enviadas pelas operadoras dos referidos cartões; o
PGDAS e a DASN apresentados pela autuada a Receita Federal
nos termos do Simples Nacional, nos exercícios de 2007, 2008
e 2009), apontam que quando do confronto entre seus valores,
restou apurada uma diferença no valor de R$ 1.157.296,86 (Hum
milhão, cento e cinquenta e sete mil, duzentos e noventa e
seis reais e oitenta e seis centavos), conforme consta dos
demonstrativos às fls. 47 e 48, da peça inicial, a qual é
simultaneamente base de cálculo do ICMS devido e prova da
infração apontada na presente autuação, a qual tem respaldo
no artigo 2º, § 9º, V, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996
“Art. 2º - (...)

§ 9º - Presumem-se ocorridas operações ou prestações, internas,


tributadas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao sujeito
passivo a prova da improcedência da presunção, quando se
constatar omissão ou inclusão de registros contábeis ou fiscais
que indique omissão de receitas, tais como:
(...)

V - valores informados por instituições financeiras,


administradoras de cartões de crédito e de débito, condomínios
comerciais ou outra pessoa jurídica legalmente detentora de
informações financeiras, sem a respectiva emissão de documentos
fiscais ou tendo sido estes emitidos com valores inferiores aos
informados;
(...)”

Não resta dúvida de que os valores que


foram informados pelas operadoras (a maior) comprovam que a

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autuada efetuou vendas com cartão de crédito e débito sem a
devida emissão do respectivo documento fiscal (cupom fiscal)
uma vez que suas operações de vendas informadas no PGDAS e na
DASN em cada exercício apresentam valores inferiores (a
menor) gerando a diferença de R$ 192.490,46(cento e noventa e
dois mil; quatrocentos e noventa reais e quarenta e seis
centavos), diferença que é ao mesmo tempo, prova material da
infração e base de cálculo do imposto apurado, recebido pela
autuada e não repassado ao Estado de Alagoas.

Quanto à irretroatividade do artigo 2º, §


9º, da Lei nº 5.900/1996, não resta dúvida de que o mesmo se
encontra vigente desde 27/12/1996; e seu comando normativo
prevê que a falta ou a inclusão de registros contábeis ou
fiscais ou tendo sido estes emitidos em valores inferiores
aos informados, autoriza a presunção de que ocorreram
operações internas sem pagamento do ICMS (ressalvado ao
sujeito passivo a prova da improcedência da presunção); e
que, cada um de seus 08 (oito) incisos, não são novos fatos
geradores, mas, são elementos indicativos de cada
procedimento de fiscalização a ser adotado, em cada uma das
situações ali previstas, como demonstram as atualizações
introduzidas pela Lei nº 5.979/1997 (que trata do percentual
de 30% previsto como valor agregado); pela Lei nº 6.348/2002
(que trata da hipótese de entrega de mercadoria ou bem
importados do exterior antes do desembaraço aduaneiro) e pela
Lei nº 6.970/2008, que trata das operações feitas com a
utilização de cartões de crédito e débito.

Nesse passo, é certo que a presunção legal


do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996,
cujo procedimento está previsto na Lei nº 6.970/2008, permite
a mesma retroagir, haja vista, que o inciso V, não cria nova
hipótese de incidência tributária, mas, apenas institui novos
critérios ou procedimentos para verificar a ocorrência do
fato gerador (já criado em 27/12/1996), fato este, que atende
ao que determina o artigo 144, § 1º, do CTN.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - CTN

Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato


gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º - Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à


ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos
critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os
poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade
tributária a terceiros.
(...)”

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Não resta dúvida, de que o § 1º, do artigo


144, do CTN autoriza que o Inciso V, do § 9º, do artigo 2º,
da Lei Estadual nº 5.900/1996, retroaja e alcance fatos
geradores anteriores a 2008. Está claro que não podemos
confundir a regulamentação de um novo critério de
fiscalização, de um novo procedimento fiscalizatório (o
inciso V, do § 9º) com a criação de um novo fato gerador, bem
como, que desde 26/09/2007, a apresentação dos relatórios com
os valores referentes a cada operação ou prestação com
cartões de crédito e débito já eram de apresentação
obrigatória ao fisco estadual, como determinado expressamente
pela Lei Estadual nº 6.846/2007.

LEI Nº 6.846/2007

“Art. 1º - Os dispositivos a seguir indicados da Lei nº 5.900, de


27 de dezembro de 1996, passam a vigorar com a seguinte redação:
(...)

III - o art. 50:


(...)”

LEI Nº 5.900/1996
"Art. 50 - (...)

§ 2º - Os estabelecimentos que exerçam a atividade de venda ou


revenda de mercadorias ou bens, ou de prestação de serviços, em
que o adquirente ou tomador seja pessoa física ou jurídica não
contribuinte do ICMS, estão obrigados ao uso de equipamento
emissor de Cupom Fiscal - ECF, inclusive para imprimir,
obrigatoriamente, o comprovante de crédito ou débito referente ao
uso de Transferência Eletrônica de Fundos - TEF, nos termos que
dispuser a legislação.
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e
de empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação,
informar ao fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por


contribuintes do imposto através de seus sistemas de crédito,
débito ou similares; e

II - os dados relativos a bens, negócios, atividades ou outras


informações que disponham a respeito dos contribuintes localizados
no seu empreendimento, inclusive sobre valor locatício.
(...)”

Portanto, não procede a alegação da autuada,


de que a presente autuação fere o Princípio Constitucional da
Anterioridade Tributária pela criação de um novo fato gerador
pela Lei nº 6.970/2008, por se tratar apenas da implantação
de critérios materiais para a apuração de um ilícito
tributário já existente (omissão de saídas), haja vista, que

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Acórdão CTE 159/2013
os valores das operações praticadas pela autuada com cartões
de crédito e débito são de declaração obrigatória a Fazenda
Estadual (artigo 31, caput, e § 1º, da Lei Estadual nº
5.900/1996); sendo assegurado ao Fisco o direito de conhecer
os montantes das operações ou prestações feitas pela autuada
(sujeito passivo da obrigação tributária).

A natureza material da norma que institui


nova hipótese de incidência tributária não pode ser
confundida com a natureza formal/procedimental da norma que
estabelece presunções de ocorrência dessa hipótese de
incidência, não havendo, portanto, que se falar em ofensa ao
princípio da irretroatividade da norma tributária, haja vista
que o § 1º, do artigo 144, do CTN (já reproduzido) contém
hipótese de exceção ao princípio, autorizando a aplicação
retroativa da legislação que, posteriormente à ocorrência do
fato gerador da obrigação tributária, tenha instituído novos
critérios de apuração ou de procedimentos de fiscalização.

Nesse passo, por conter caráter meramente


probatório, o ordenamento jurídico tributário estadual admite
sua aplicação a fatos pretéritos, haja vista, tratar-se tão
somente de instrumentos de verificação (meios probatórios) de
hipóteses de incidências já antes delineadas na lei, conforme
decisão da 2ª Turma do STJ.
“RECURSO ESPECIAL Nº 1.212.780 - SP (2010/0167612-3)
RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE: SALIM MIGUEL
ADVOGADO: MARCOS ALEXANDRE PEREZ RODRIGUES E OUTRO(S)
RECORRIDO: FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO: PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC
NÃO CONFIGURADA. AUTUAÇÃO FISCAL. ART. 12, §§ 2º E 3º, DO
DECRETO-LEI 1.598/77. NORMAS PROCEDIMENTAIS DE FISCALIZAÇÃO.
POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO NA APURAÇÃO DE TRIBUTO CUJO FATO
GERADOR TENHA OCORRIDO ANTES DA SUA ENTRADA EM VIGOR. APLICAÇÃO
DO ART. 144, § 1º, DO CTN.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento
suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a
legislação que institui novos procedimentos fiscalizatórios pode
ser aplicada na constituição de créditos tributários cujo fato
gerador tenha ocorrido antes da sua entrada em vigor. Orientação
reafirmada no julgamento do REsp 1.134.665/SP, sob o rito dos
recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. As normas contidas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do Decreto-Lei
1.598/1977 – que afirmam presumida a omissão de receita, na
hipótese de se verificar que a escrituração do contribuinte
deixou de considerar o pagamento de obrigações, autorizando que
o Fisco proceda ao lançamento por arbitramento – relacionam-se a
procedimentos de investigação da autoridade fiscal e, portanto,
podem ser aplicadas na apuração de tributo cujo fato gerador
seja anterior à sua vigência.
4. A presunção de omissão de receitas é relativa, admitindo-se
que o contribuinte demonstre o contrário. No entanto, no caso
dos autos, o Tribunal a quo expressamente afirmou, com base na
prova dos autos, que a parte não se desincumbiu desse ônus. A
revisão desse entendimento demanda reexame do conjunto fático-
probatório dos autos, obstado nos termos da Súmula 7/STJ.
5. Recurso Especial não provido.
(REsp 1212780/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/02/2011, DJe 16/03/2011)

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(...)”

Quanto ao fato de ser a autuada optante


pelo regime do Simples Nacional, a LC nº 123/2006, em seu
artigo 13, determina que o ICMS seja recolhido em conjunto
com os demais tributos mediante aplicação de um percentual
específico sobre a receita mensal; e a norma supracitada
prevê algumas situações em que o ICMS não será tributado de
acordo com o Simples Nacional, mas que, a ele serão aplicadas
as regras de incidência normal do ICMS regidas pelas leis
ordinárias estaduais dentre elas, as situações previstas para
os casos concretos de operações sem documentação fiscal.

LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006


“Art. 13 - O Simples Nacional implica o recolhimento mensal,
mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos
e contribuições:
(...)

§ 1o - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a


incidência dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na
qualidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais
será observada a legislação aplicável às demais pessoas
jurídicas:
(...)

XIII - ICMS devido:


(...)

f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;


(...)”

Daí ser pertinente o lançamento do ICMS nos


termos da Lei nº 5.900/1996, ainda que a autuada esteja na
sistemática do Simples Nacional. Pertinência esta, que
resulta exatamente no fato de haver o fisco constatado a
omissão de registros contábeis, indicativa de omissão de
receitas, por haver a autuada como já dito, deixado de emitir
os documentos fiscais das vendas efetuadas com cartões de
crédito e débito nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, fato
comprovado pela diferença apurada pelo confronto entre os
valores informados pelas administradoras de cartões de
crédito e débito com os valores informados pela autuada nas
PGDAS e nas DASN, fato que leva a presunção de haver deixado
de emitir os documentos fiscais das vendas efetuadas, e que
ocasionou a omissão de receitas nos termos do artigo 2º, §
9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996 (na redação dada
pela Lei Estadual nº 6.970/2008), acarretando por conseqüência
a perda do benefício ao Regime do Simples Nacional.

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Acórdão CTE 159/2013
Por fim, observe-se, que a autuada não
trouxe aos autos, qualquer prova que pudesse ilidir a
presunção legal de omissão de saídas oriunda da falta de
registro dos valores referentes aos documentos que deixou de
emitir, mas, que foram informados pelas operadoras de cartões
de crédito/débito; em sua defesa, se limitou a questões
circunstanciais, enfrentadas e afastadas acertadamente pela
Decisão singular, à vista de fundamentação legal pertinente,
ficando comprovada a presunção de operações de saídas,
internas, tributadas, sem pagamento do imposto, as quais
foram apuradas pela diferença a maior entre os valores
informados pelas administradoras de cartões de crédito e de
débito e os valores declarados pela autuada em suas DASN
(artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996), conforme consta
dos números apontados no demonstrativo fiscal às fls. 47, e
48, do Processo inicial, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009,
como aponta o complemento da descrição da infração no auto de
infração, cuja fundamentação legal é aquela constante do
artigo 2°, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996.

Comprovada a infração, resta autorizada a


cobrança do ICMS com base nas normas ordinárias estaduais,
mediante a aplicação do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, já reproduzida, na redação das Leis
nºs 6.846/2007 e 6.970/2008; e do artigo 144, § 1º, CTN; os
quais permitem ao fisco a possibilidade de utilizar-se das
informações enviadas pelas administradoras de cartões de
crédito e débito para verificar a exatidão das informações
fiscais dos contribuintes, ainda que para fatos pretéritos ao
início de vigência das normas procedimentais.

A decisão singular não merece reforma, uma


vez que o julgador singular decidiu de acordo com as
previsões da norma tributária vigente, fundamentou sua
decisão nos termos exigidos pela Lei nº 6.771/2006; o crédito
tributário foi apurado com base nos valores retirados dos
documentos que instruem os autos, dentre eles, as PGDAS e a
DASN (Declaração Anual do Simples Nacional), onde a autuada
informou apenas os valores que achou conveniente, em
detrimento de informar o valor total anual que foi obtido com
as vendas feitas com cartões de crédito ou débito em
confronto com os Relatórios de Movimentações Financeiras,
emitidos pelas Administradoras de Cartões de Débito e de
Crédito das bandeiras VISANET, REDCARD e HIPERCARD (Processos
1500-013.347/2009 e 1500-090.938/2009).

Portanto, não resta nenhuma dúvida de que a


diferença apurada a partir do confronto entre os valores
citados gerou a base de cálculo do ICMS apurado, cujo fato
gerador é aquele previsto no artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996, apesar de o autuante na descrição da infração

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haver informado que as operações de vendas não tinham sido


registradas em livro próprio; este fato foi devidamente
corrigido e suprido legalmente pelo complemento da referida
infração, quando afirma o mesmo autuante que o fato gerador
foi apurado a partir da diferença encontrada pelo confronto
entre os valores informados pela autuada nas PGDAS e DASN com
as declarações prestadas pelas operadoras de cartões de
credito e débito, o que desatende o artigo 2°, §9°, V, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere somente à


redução no valor do crédito tributário em razão da penalidade
aplicada, uma vez que de forma acertada a decisão singular
aplicou a penalidade prevista no artigo 79, da Lei Estadual
nº 5.900/1996, em lugar daquela prevista no artigo 97, da
mesma lei, sugerida na inicial, por entender que a infração
foi apurada com base em livros e documentos fiscais.

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em


situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Portanto, o Lançamento é Procedente em


Parte conforme consta da decisão singular e nesta situação o
crédito tributário tem como valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total


2007 12.424,16 6.612,08 19.036,24
2008 16.223,60 8.111,80 24.335,40
2009 4.013,44 2.006,72 6.020,16
- 32.661,20 16.730,60 49.391,80

O crédito tributário no valor de R$


49.391,80 (quarenta e nove mil, trezentos e noventa e um
reais e oitenta centavos) deverá ser recolhido com os
acréscimos previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário, negar-

________________________________________________________________________________
Acórdão CTE 159/2013
lhes provimento, mantida a decisão singular. Lançamento
Procedente em Parte.

Sala do CTE, em Maceió, 16 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE (VOTOU CONTRA RELATOR) RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR COM VOTO VENCEDOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (ACOMPANHOU RELATOR) JULGADORA (VOTOU CONTRA RELATOR)

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Acórdão CTE 159/2013
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 16/07/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: ARR-888/1995; 1500-008.858/1995 e CTE nº 011/2011. ANEXOS: ARR-
1.038/1995; 1500-116.660/1995 e 1500-031.642/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 005.938, de 13/06/1995.
AUTUADA: JOSSELI GONÇALVES DA SILVA DOS SANTOS.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.083.315-9.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 7.722/1996.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Niédja Barbosa da Silva e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO 160/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Omissão de saídas


de mercadorias tributadas apurada através de Levantamento da
Conta Mercadorias (com base na Declaração de Movimento
Econômico no exercício de 1994). 2) Infração não comprovada.
3)Lançamento Improcedente. 4) Recurso Ordinário conhecido e
provido. Reformada a decisão singular.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado


contra JOSSELI GONÇALVES DA SILVA DOS SANTOS, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito
tributário no valor de R$ 2.681,73 (dois mil, seiscentos e
um reais e setenta e três centavos), por haver a empresa
autuada omitido vendas de mercadorias no exercício de 1994,
fato apurado através de Levantamento em sua Declaração de
Movimento Econômico.
Apontado como infringido o artigo 269, do
RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 827, do mesmo Regulamento.

A inicial está instruida com demonstrativo


de débito; cópias da FAC; e do cartão de autógrafo; e
Balanço de Movimento Econômico de 1994.

DA DEFESA

Acórdão CTE nº 160/2013 Página 1


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A autuada apresentou defesa,


tempestivamente, alegando que o lucro de 30% (trinta por
cento) é irreal e sem fundamento; e que o Plano Real a levou
a vender pelo custo de aquisição. Por fim, pede a
improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentu contrarrazões


alegando que a autuação está baseada no quadro
demonstrativo, fruto do levantamento específico na
declaração de movimento econômico onde as vendas foram
apuradas irregularmente, por não terem sido lançadas no
livro próprio; houve apropriação indevida pela autuada. Por
fim pede a Procedência da autuação.
Em 17/05/1996, foi proferida a Decisão nº
7.722/1996, de Primeira Instância, que julgou como
Procedente o Lançamento com a seguinte ementa.

EMENTA: ICMS – Débito do imposto decorrente de


omissão de registro de operações tributáveis.
São tributáveis os recuross com origem não
comprovada, Prática ilícita caracterizada.
Auto de infração PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada foi intimada da decisão singular


em 29/10/2010, apresentando Recurso Ordinário tempestivo
alegando que em 1991 abriu uma empresa e encerrou as
atividades sem dar baixa por dificuldades financeiras; os
impostos exigidos na autuação são indevidos, pois a
mercadoria não foi vendida; a cobrança está prescrita por
caducidade por passar mais de 05 (cinco) anos. Por fim, pede
a extinção da autuação.
Após a apresentação do Recurso Ordinário
os autos foram encaminhados a Coordenadoria de Julgamento
para Revisão, tendo o Coordenador daquela Coordenadoria
mediante o Despacho de nº 001/2011, encaminhando os autos a
este CTE sob justificativa de que a Decisão nº 7.722/1996,
foi proferida na vigência da Lei nº 4.418/82, que
assegurava a autuada o direito de interpor Recurso
Ordinário; a Lei nº 6.771/2006, prescreve Pedido de
Revisão no caso de crédito tributário inferior a 400
(quatrocentas) UPFAL’s; não existe na vigência da Lei
Estadual nº 6.771/2006, previsão legal de que o titular
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da Coordenadoria de Julgamento realize julgamento na


primeira instância adminstrativa, já que esta funciona
como segunda instância administrativa no caso de Pedido
de Revisão; com fundamento no artigo 33, da Lei nº
6.771/2006, a CJ está impedida de alterar a referida
decisão; os autos deverão ser encaminhados ao CTE por
haver a ciência da decisão se dado na vigência da Lei
nº 6.771/2006 e não na vigência da Lei nº 4.418/82, que
deve ser aplicada aos autos.
Em 17/07/2012, os autos foram
distribuidos ao julgador Segismundo Cerqueira Filho,
que os encaminhou a Comissão de Representação fiscal
para contrarrazões.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Comissão de Representação fiscal


apresentou contrarrazões alegando que apesar de a autuação
atender ao que exige a legislação, a ciência da Decisão nº
7.722/1996, se deu de forma inválida, decorrência do que
preceitua a Lei Estadual nº 4.418/1982; o que sugere que a
Decisão nº 7.722/1996, seja declarada nula. Assim, chegam os
autos a este Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 7.722/1996, de Primeira Instância que
julgou pela procedência do Lançamento constante do auto de
infração nº 059.038, de 16/06/1995.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada em seu Recurso Ordinário pede que


a decisão singular seja anulada sob a alegação de que a
cobrança do crédito tributário está prescrita por caducidade
por passar mais de 05 (cinco) anos; os impostos exigidos são
indevidos, pois as mercadorias não foram vendidas; encerrou
as atividades comerciais sem dar baixa por dificuldades
financeiras.
A análise dos autos demonstra que o
levantamento foi baseado em valores retirados do Movimento
Econômico da autuada, onde o ICMS sobre as compras não foi
utilizado, fato que causa desequilíbrio na apuração da Conta
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Mercadorias, haja vista, que a todo débito deve corresponder


um crédito e vice versa. Nos autos é certo que o ICMS sobre
as entradas não foi apropriado, ou seja, não compôs o CMV –
Custo das Mercadorias Vendidas prejudicando a ação fiscal,
contrariando as previsões do artigo 269, do RICMS/91.
Portanto, o Lançamento é Improcedente por
falta de provas, motivo pelo qual, entendo desnecessária a
análise da ocorrência ou não da prescrição do crédito
tributário como alega o Recurso Ordinário. Quanto à sugestão
do Representante Fiscal para anulação da Decisão nº
7.722/1996, de Primeira Instância, por defeito na forma em
que se deu a intimação da autuada, também entendo ser
desnecessária sua análise, uma vez que a Improcedência do
lançamento supera essas questões.
Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA
DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para dar-lhe provimento.
Reformada a Decisão Singular em razão de ser Improcedente o
Lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões, em Maceió, 16 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE nº 160/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – REALIZADA em 19/07/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO Nº: 1500-024059/2006
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.55433-002
RECORRIDO: S. G DE OLIVEIRA CHOPARIA-ME
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 161/2013

EMENTA. ICMS. Extravio de livros e


documentos fiscais. Juntada dos
documentos reputados como
extraviados por ocasião da defesa e
recurso ordinário. Materialidade
afastada. Reexame de ofício
conhecido e não provido. Recurso
ordinário conhecido e provido.
Improcedência da autuação.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário e reexame


necessário que chega para análise deste Colegiado
Administrativo, nos termos da norma jurídica contida no
art. 48, da Lei n. 6.771/2006 (PAT), em face da Decisão da
Coordenadoria de Julgamento n °. 15.363/2007, que entendeu
pela procedência parcial da autuação, afastando a presunção

Acórdão CTE Nº161/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
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2ª. CÂMARA

do extravio das notas fiscais de ns. 000069 a 0000500, para


manter a autuação apenas no que remete às de ns. 000001 a
000068.

Regularmente intimado, o sujeito passivo


compareceu tempestivamente aos autos, ofertando petição ora
recebida como recurso ordinário, ocasião em que fez acostar
aos autos cópias das notas fiscais de ns. 000001 a 000068.

Inexiste nos autos intimação da Representação


Fiscal.

Os autos então seguiram ao fiscal autuante, que


ratificou suas manifestações já lançadas nos autos, pela
prejudicialidade da autuação, devido à apresentação dos
documentos por parte do contribuinte.

A Douta Representação Fiscal tomou ciência do


julgamento da CJ e do recurso do contribuinte nesta sessão
de julgamento.

Este é o relatório.

VOTO

Compulsando os autos, observa-se, de pronto, que


o contribuinte cuidou de ilidir perante o juízo singular, e
agora perante esta instância colegiada, a presunção
relativa de extravio da documentação dita inicialmente por
extraviada.

Assim, com acerto agiu a instância singular ao


rechaçar o suposto extravio diante da comprovação de que
parte da documentação estava de posse desta autoridade
fiscal devido a pedido de baixa do contribuinte. As demais
notas fiscais, cuja decisão recorrida entendeu por manter a
presunção de extravio, foram então apresentadas na
oportunidade do recurso, razão pela qual resta afastada a
materialidade lançada na peça de autuação.

Acórdão CTE Nº161/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da presente remessa necessária e do recurso
ordinário, para negar provimento ao primeiro e prover o
último, decretando a improcedência da autuação.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE Nº161/2013 Página 3


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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – Realizada em 19/07/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-023246/2003 CTE 049/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 38969.
RECORRENTE: Fazenda Pública Estadual (Reexame necessário)
RECORRIDA: Ezedequias Rodrigues de Oliveira
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 162/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


ACESSÓRIA. REEXAME NECESSÁRIO.
VALOR EXCLUÍDO PELO JUÍZO
SINGULAR INFERIOR A 400
UPFAL.INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 48,
§2º, INCISO II, DA LEI Nº.
6.771/2006. REEXAME NECESSÁRIO
NÃO CONHECIDO. DECISÃO MANTIDA.
LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração no qual a autoridade


fiscal relata que o contribuinte, mesmo obrigado, nos termos dos
artigos 4º-A e 4º-B, do Decreto nº. 36.953/96, não possui
equipamento emissor de cupom fiscal – ECF, aplicando-se a penalidade
prevista no artigo 123, inciso XV, da Lei nº. 5.900/96, totalizando
crédito tributário no valor de R$ 2.431,50 (dois mil quatrocentos e
trinta e um reais e cinquenta centavos).

Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa as


fls. 02, e a autoridade fiscal ofereceu suas contrarrazões as fls.
08, ambos do processo nº. 1500-029470/2003.

Diante da falta de clareza das informações prestadas


pela autoridade fiscal, foram solicitados vários pedidos de
diligência no intuito de assegurar a exata compreensão acerca do

Acórdão CTE nº162/2013 Página 1


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objeto da autuação, convertendo-se o processo do rito especial para


o procedimento ordinário, nos termos do artigo 36, §3º, da Lei nº.
6.771/2006 1.

Esclarecidos os fatos, a autoridade responsável pela


autuação requereu a improcedência da autuação, na medida em que,
diante da receita bruta anual apresentada nos autos, a Autuada não
estava obrigada ao uso do ECF.

Submetido a julgamento pela Coordenadoria de


Julgamento, o juízo singular esclareceu que, não obstante as
diversas tentativas de elucidar o objeto da autuação e compreender
se efetivamente a Autuada descumpriu a legislação tributária
vigente, não foi possível encontrar nos autos elementos suficientes
para comprovar ou afastar o fato ilícito, razão pela qual decidiu-se
pela improcedência do lançamento.

Transcorrido o prazo recursal sem qualquer manifestação


das partes, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário
Estadual para apreciação do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Conforme relato, verifica-se que, ao submeter-se a


apreciação pela instância singular, o lançamento foi julgado
improcedente, pois não possível encontrar nos autos elementos
suficientes para comprovar ou afastar o ilícito então imputado à
Autuada, sendo os autos remetidos ao Conselho Tributário Estadual
para análise do reexame necessário, diante da conversão do
procedimento especial em rito ordinário.

Nesse caso, antes de ingressarmos no exame do mérito,


imprescindível avaliarmos a admissibilidade do reexame necessário no
caso em apreço.

Isso porque, mesmo com a solicitação de diligências


pelo juízo singular e a consequente conversão do procedimento
especial em rito ordinário, nos termos do artigo 36, §3º, da Lei do
PAT, a admissibilidade do reexame necessário se sujeita ao disposto
no artigo 48, inciso II, §2º, do citado instrumento normativo, o
qual determina que não será objeto de reapreciação pelo Conselho

1
Art. 36. Aos processos administrativos tributários decorrentes de Auto de Infração aplicar-se-ão os seguintes
procedimentos:
§ 3º O procedimento especial será convertido em ordinário, no caso de ser deferido o requerimento de
diligência ou perícia.
Acórdão CTE nº162/2013 Página 2
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Tributário Estadual os julgados singulares em que a quantia


excluída, na data da decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas)
UPFAL:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,


ficam sujeitas à reexame necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo


não se aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor
limite.

De fato, no caso dos autos a improcedência do Auto de


Infração nº. 38969 resultou na exclusão de crédito tributário no
montante de R$ 2.431,50 (dois mil, quatrocentos e trinta e um reais
e cinquenta centavos), o que considerando o valor unitário de R$
16,21 (dezesseis reais e vinte um centavos) na época da decisão,
representa, aproximadamente, 150 UPFAL.

Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não
conhecer do reexame necessário, uma vez que a quantia excluída pelo
julgador singular é inferior ao limite de 400 (quatrocentas) UPFAL
previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº. 6.771/06.

Maceió/AL, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE nº162/2013 Página 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – REALIZADA em 19/07/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-017125/2002 e CTE nº 146/2012.
ANEXO(S): 1500-034901/2002.
AUTO DE INFRAÇÃO: 030310.
AUTUADA: CLENIO BARBOSA SANTOS.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.98695-4.
AUTUANTE: EMÍDIO FAGUNDES JÚNIOR.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº163/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de
ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis no
exercício de 2001, apurada
mediante levantamento financeiro
da conta ‘Caixa’. Falta de provas
que demonstrem ocorrência da
infração imputada pelo Fisco
Estadual. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de vendas tributáveis
sem a documentação fiscal pelo sujeito passivo no exercício
de 2001, apurada pela insuficiência da conta ‘Caixa’ por meio
do seu levantamento financeiro.

Acórdão CTE Nº 163/2013 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, §§ 9º
a 11; 31; 50, I; da Lei nº 5.900/96 e artigos 49, II, VII e
VIII, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 87
da Lei nº 5.900/96.

Em termos de instrução têm-se: cópia do Relatório de


Dados Cadastrais do Contribuinte, planilha elaborada pelo
Fisco, confrontando receitas e despesas do exercício de 2001
, cópia do Cartão de Autógrafo do contribuinte , Resumo do
Débito do Auto de Infração, cópia dos termos de início e de
encerramento de fiscalização , cópias das folhas do livro
Registro de Apuração do ICMS, com a escrituração do exercício
de 2001.
A autuada apresentou defesa, alegando, em síntese: a)
ocorrência de cerceamento de defesa, já que “não é fornecida
à autuada cópia dos documentos que deram causa à ação fiscal”
(“verbis”); b) que valores da planilha do levantamento fiscal
não corresponderiam à realidade, referindo especificamente as
despesas relativas a “honorários”, “salários e ordenados”,
“retiradas pro-labore”, e “alugueis e condomínio”.
A autoridade fiscal apresentou contrarrazões,
sustentando a procedência do lançamento de ofício. Para isso
afirma: a) que o sujeito passivo teria omitido informações da
“Declaração Anual do Contribuinte - DAC”, o que propiciaria o
arbitramento com base no art. 776 do Regulamento do ICMS/91;
b) que os honorários pagos ao contabilista da empresa teriam
sido estipulados, na auditoria, com base no salário mínimo
vigente no período fiscalizado; c) que, mediante diligência,
teria constatado a existência de três funcionários no
estabelecimento; d) que o valor que atribuiu na fiscalização
à retirada “pro-labore” seria “bastante razoável”; e) que o
valor de aluguel teria sido “estimado” na auditoria.
Após diligência fiscal, foi proferida a Decisão nº
18.544/2012, tendo o julgador singular decidido pela
improcedência do lançamento com a seguinte ementa:

Acórdão CTE Nº 163/2013 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO
TRIBUTÁRIO DE-CORRENTE DA INDICAÇÃO
DE DESCUMPRIMENTO DE OBRI-GAÇÃO
PRINCIPAL. 1) Acusação de falta de
recolhimento do imposto por omissão
de saídas de mercadorias tributáveis
em operações internas, apurada
mediante auditoria do movimento
financeiro (“levantamento da conta
Caixa”). 2) Instrução dos autos
incompleta, faltantes na instrução
inicial qualquer documento que se
refira aos valores consignados nas
pla-nilhas do levantamento. 3)
Defeitos de instrução não saneados,
ainda que requisitado o saneamento
pela instância julgadora. 4) Caberia
à Fazenda Estadual produzir a prova
acerca da ocorrência de omissão de
receitas, pressuposto da omissão de
saídas, já que fato constitutivo da
obrigação tributária objeto do
lançamento. 5) IMPROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, À
FALTA DE PROVAS. 6) Reexame
necessário pelo Conselho Tributário
Estadual, nos termos do art. 48 da
Lei Estadual nº 6.771/06.
Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da Decisão Singular. Assim, chegam os
autos a este Conselho para o Reexame Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se aqui de reexame necessário em face da decisão
da Coordenadoria de julgamento que julgou improcedente por
falta de prova, o lançamento de ofício de ICMS mais multa
devido à omissão de vendas pelo sujeito passivo quando do
levantamento financeiro no exercício de 2001. Tal omissão
decorre de presunção legal relativa, cuja caracterização

Acórdão CTE Nº 163/2013 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
encontra amparo nos parágrafos nono e dez do art. 2.º da Lei
5.900/96 1, conforme redação vigente à época.
Observa-se da interpretação dos mencionados
dispositivos, que essa presunção legal aplicar-se-ia quando a
soma das despesas efetuadas pelo sujeito passivo fosse
superior às das receitas efetivamente auferidas, conduzindo a
resultado credor da conta “Caixa”, o que é incompatível com a
realidade de qualquer entidade.
A conta “Caixa”, objeto da auditoria realizada, reflete
as entradas e saídas de numerário de uma dada pessoa
jurídica. Tais movimentações financeiras são aferidas no
momento em que são efetivamente realizadas pelo sujeito
passivo.
Também é cediço que auto de infração deve ter os
elementos de prova para caracterizar a infração 2. Mesmo no
caso em tela – presunção legal – onde, conforme determinação
legal à época do lançamento de ofício, todos os indícios que
levaram à ocorrência do fato presumido de saída de mercadoria
deveriam ter sido traslados aos autos.
Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:
“Presunções não são meios de prova,
mas forma de raciocínio pelas quais,
por meio de um fato, infere-se a
existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro que se

1
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 9º. O fato de a escrituração do contribuinte indicar insuficiência de caixa (saldo credor), suprimentos de
caixa de origem não comprovada ou a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou inexistentes, bem
como a ocorrência de entrada de mercadorias não contabilizadas, autorizam a presunção de omissão de saídas
de mercadorias tributáveis em operações internas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao contribuinte a
prova da improcedência da presunção.
§ 10. A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
2
Regulamento do ICMS, em redação dada à época da lavratura do auto de infração:
Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído, consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
...
V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades, em qualquer caso;

Acórdão CTE Nº 163/2013 4


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quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova...” (grifo nosso). (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de
direito processual civil, v 1. 5 ed.,
São Paulo: Saraiva, 2008,p.436)
grifei

Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de


um fato conhecido e provado para, então, se presumir outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.
Logo, conforme a própria natureza dos indícios e das
presunções, como bem determinou a decisão a quo proferida, a
fiscalização não trouxe provas aos autos que levam à
presunção infracional aqui discutida.
Isso porque não há documentos suficientes que serviram
de base para a verificação de insuficiência de caixa.
Podemos, exemplificativamente, citar a falta de qualquer
valor de caixa inicial, já que a empresa funciona desde
18/07/2000, só podendo presumí-lo zero quando preenchidos os
requisitos postos na lei 3, e também a ausência dos documentos
que comprovassem os valores referentes às despesas cotidianas
do estabelecimento alocadas no planilhamento para o cálculo
do crédito tributário devido.
Pelo que os autos apresentam, sem elementos de prova
suficientes, é incabível considerar deduções subjetivas da
autoridade fiscal para demarcar este ilícito fiscal. Não há
previsão legal de presunção absoluta para tanto.

3
Lei Estadual nº 5.900/19966:
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 11 - Presume-se zero a disponibilidade de numerário em espécie ou depositado em conta bancária,
relativamente ao saldo vindo do exercício anterior, de contribuinte que não possui escrituração de livros
contábeis para apuração do lucro real, quando não declarado no Livro Registro de Utilização de Documentos
Fiscais e Termos de Ocorrências, até o 5º (quinto) dia seguinte a data de encerramento do exercício
financeiro, devidamente assinada a declaração pelo sócio-gerente ou seu representante legal.

Acórdão CTE Nº 163/2013 5


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Dessa forma não é possível calcular corretamente o
tributo, ou mesmo se há ICMS devido. Pelo princípio da
legalidade 4, sendo o lançamento fiscal um ato vinculado, o
presente auto de infração não obedece ao comando normativo do
art. 142 do Código Tributário Nacional 5.
Portanto, como a legislação declara que só ocorre a
presunção das operações internas e tributáveis, sem pagamento
do imposto, pelo sujeito passivo, quando se constatar
efetivamente insuficiência da sua conta “Caixa”, não estando
fundamentado em elementos probatórios suficientes a peça
vestibular, resta comprovado que o sujeito passivo não
cometeu a infração em tela.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

4
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
5
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.

Acórdão CTE Nº 163/2013 6


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – REALIZADA em 19/07/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-15955/2000 e CTE nº 553/2011.
ANEXO(S): 1500-17509/20001.
AUTO DE INFRAÇÃO: 03276.
AUTUADA: EGUIBERTO ALVES DA SILVA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.83263-9.
AUTUANTE: Liliane Albuquerque Gomes da Silva e outra.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº164/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de
ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis nos
exercícios de 1998 e 1999,
apurada mediante levantamento
financeiro da conta ‘Caixa’.
Falta de provas que demonstrem
ocorrência da infração imputada
pelo Fisco Estadual. Remessa
necessária conhecida e improvida.
Decisão singular mantida.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de vendas tributáveis
sem a documentação fiscal pelo sujeito passivo nos exercícios
de 1998 e 1999, apurada pela insuficiência da conta ‘Caixa’
por meio do seu levantamento financeiro.

Acórdão CTE nº 164/2013 Página 1


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Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, §§ 9º
a 11; 31; 50, I; da Lei nº 5.900/96 e artigos 49, II, VII e
VIII, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 84
da Lei nº 5.900/96.
Em termos de instrução, destacam-se: planilhas
elaboradas pelo Fisco, confrontando receitas e despesas dos
exercícios fiscalizados, planilhas "Entradas de
Mercadorias'', "Outros créditos da conta Caixa" e "Relação de
pagamentos de contas a prazo", Cópia do “Termo de Inicio de
Fiscalização" e do "Termo de Encerramento de Fisca1ização” e
Cópias do livro Registro de Apuração do ICMS
A autuada apresentou defesa, alegando, em síntese: a)
que "cobra o ICMS já pago, pois, o contribuinte Autuado
enquadra-se no regime de substituição tributária", b) "em
qualquer presunção de omissão de receita... é necessário
demonstrar que o contribuinte não comprovou a origem externa
dos recursos utilizados", c) o "embasamento jurídico conflita
com a regra insculpida no art. 1° da Lei n° 5.900, de
27/12/1996", d) "o valor constante no DEMONSTRATIVO DO
DÉBITO, que fundamentou a autuação, encontra-se em conflito
com o art. 5.°, inciso II da Constituição Federal que
preceitua, que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de Lei"”, e) "a apuração
de Estoque com Lucro Bruto Real Acumulado, efetuado pela
Autuada obedeceu a disposição legal acima referida, não
havendo qualquer omissão que ensejasse a autuação ...".
A autoridade fiscal apresentou contrarrazões,
sustentando a procedência do lançamento de ofício. Para isso
afirma: a) "o ICMS em questão reporta-se às entradas não
registradas, as quais foram adquiridas com receita cuja
origem não foi comprovada, representada por despesas
realizadas a descoberto ... e não Levantamento Físico de
Estoque...”, b) receita sem origem comprovada é fato gerador
do imposto conforme legislação tributária e os princípios
contábeis, c)juntou cópias dos livros de Entrada de
Mercadorias, onde está demonstrado o lançamento de notas
fiscais em meses subsequentes ao de sua entrada efetiva no
estabelecimento para “arrumar o caixa”, d) o contribuinte

Acórdão CTE nº 164/2013 Página 2


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deveria comprovar com documentos idôneos as receitas que dão
suporte as despesas descobertas.
Após diligência fiscal, foi proferida a Decisão nº
18.369/11, tendo a julgadora singular decidido pela
improcedência do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Não recolhimento de


ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis nos
exercícios de 1998 e 1999, apurada
mediante levantamento financeiro da
conta 'caixa'. (1) Afastado exame da
inconstitucionalidade das normas
aplicadas por este juízo, no termo do
disposto nos arts. 23, § 3º, I e 28,
I, da Lei Estadual 6.771/06. (2)
Ausência de elementos nos autos, tais
como comprovação dos valores do saldo
inicial de caixa do exercício a
lançar dúvidas acerca das conclusões
encontradas nos autos. (3) Procedido
pelas servidoras ajustes nos valores
referentes às entradas de mercadorias
no estabelecimento, sem que fosse
esclarecido se o ajuste não
implicaria a consignação do valores
em duplicidade (vez que as obrigações
a prazo foram relacionadas pela data
em que foram contraídas pelo sujeito
passivo). (4) Cabe a prova acerca da
ocorrência de omissão de receitas,
pressuposto da omissão de saídas
prevista no art. 2º §§ 9.° e 10 da
Lei Estadual 5.900/96, à Fazenda
Fstadual, já que elemento
constitutivo da obrigação tributária
objeto do lançamento. (5)
Insuficiência de provas a demonstrar
a ocorrência da infração imputada ao
sujeito passivo. (6) Lançamento
IMPROCEDENTE. (7) Remessa dos autos
Acórdão CTE nº 164/2013 Página 3
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ao Conselho Tributário Estadual para
reexame necessário nos termos do art.
48, 1, da Lei Estadual 6.771/06.
Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da Decisão Singular. Assim, chegam os
autos a este Conselho para o Reexame Necessário.
É o relatório.

VOTO

Trata-se aqui de reexame necessário em face da decisão


da Coordenadoria de julgamento que julgou improcedente por
falta de prova, o lançamento de ofício de ICMS mais multa
devido à omissão de vendas pelo sujeito passivo quando do
levantamento financeiro nos exercícios de 1998 e 1999. Tal
omissão decorre de presunção legal relativa, cuja
caracterização encontra amparo nos parágrafos nono e dez do
art. 2.º da Lei 5.900/96 1, conforme redação vigente à época.
Observa-se da interpretação dos mencionados
dispositivos, que essa presunção legal aplicar-se-ia quando a
soma das despesas efetuadas pelo sujeito passivo fosse
superior às receitas efetivamente auferidas, conduzindo a
resultado credor da conta “Caixa”, o que é incompatível com a
realidade de qualquer entidade.
A conta “Caixa”, objeto da auditoria realizada, reflete
as entradas e saídas de numerário de uma dada pessoa
jurídica. Tais movimentações financeiras são aferidas no

1
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 9º. O fato de a escrituração do contribuinte indicar insuficiência de caixa (saldo credor), suprimentos de
caixa de origem não comprovada ou a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou inexistentes, bem
como a ocorrência de entrada de mercadorias não contabilizadas, autorizam a presunção de omissão de saídas
de mercadorias tributáveis em operações internas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao contribuinte a
prova da improcedência da presunção.
§ 10. A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
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momento em que são efetivamente realizadas pelo sujeito
passivo.
Também é cediço que auto de infração deve ter os
elementos de prova para caracterizar a infração 2. Mesmo no
caso em tela – presunção legal – onde, conforme determinação
legal à época do lançamento de ofício, todos os indícios que
levaram à ocorrência do fato presumido de saída de mercadoria
deveriam ter sido traslados aos autos.
Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:
“Presunções não são meios de prova,
mas forma de raciocínio pelas quais,
por meio de um fato, infere-se a
existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro que se
quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova...” (grifo nosso). (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de
direito processual civil, v 1. 5 ed.,
São Paulo: Saraiva, 2008,p.436)
grifei
Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de
um fato conhecido e provado para, então, se presumir outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.
Logo, conforme a própria natureza dos indícios e das
presunções, como bem determinou a decisão a quo proferida, a
fiscalização não trouxe provas aos autos que levam à
presunção infracional aqui discutida.
Isso porque não há documentos suficientes que serviram
de base para a verificação de insuficiência de caixa.
Podemos, exemplificativamente, citar a falta de qualquer
valor de caixa inicial no exercício de 1998, só podendo
2
Regulamento do ICMS, em redação dada à época da lavratura do auto de infração:
Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído, consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
...
V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades, em qualquer caso;
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presumi-lo zero quando preenchidos os requisitos postos na
lei 3, o que influencia em todo o cálculo do possível imposto
devido. Também há a ausência dos documentos que comprovassem
os valores referentes às despesas cotidianas do
estabelecimento alocadas no planilhamento para o cálculo do
crédito tributário devido.
Além do que, como bem colocado pela julgadora singular,
os valores de entrada de mercadorias consignados na planilha
divergem dos registrados nos livros fiscais, não havendo
demonstração técnica ou numérica do porque disso.
Portanto, pelo que os autos apresentam, sem elementos
de prova suficientes, é incabível considerar deduções
subjetivas da autoridade fiscal para demarcar este ilícito
fiscal. Não há previsão legal de presunção absoluta para
tanto.
Dessa forma não é possível calcular corretamente o
tributo, ou mesmo se há ICMS devido. Pelo princípio da
legalidade 4, sendo o lançamento fiscal um ato vinculado, o
presente auto de infração não obedece ao comando normativo do
art. 142 do Código Tributário Nacional 5.
Portanto, como a legislação declara que só ocorre a
presunção da ocorrência de operações internas e tributáveis,
sem pagamento do imposto, pelo sujeito passivo, quando se
constatar efetivamente insuficiência da sua conta “Caixa”,

3
Lei Estadual nº 5.900/19966:
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 11 - Presume-se zero a disponibilidade de numerário em espécie ou depositado em conta bancária,
relativamente ao saldo vindo do exercício anterior, de contribuinte que não possui escrituração de livros
contábeis para apuração do lucro real, quando não declarado no Livro Registro de Utilização de Documentos
Fiscais e Termos de Ocorrências, até o 5º (quinto) dia seguinte a data de encerramento do exercício
financeiro, devidamente assinada a declaração pelo sócio-gerente ou seu representante legal.
4
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
5
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.
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não estando fundamentado em elementos probatórios suficientes
a peça vestibular, resta comprovado que o sujeito passivo não
cometeu a infração em tela.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 23/07/2013


PROCESSO: 1500-017.580/2008 e CTE nº 249/2012.
ANEXO: 1500-020.467/2008 e 1500-014.746/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.81307-001, de 14/10/2008.
AUTUADA: ANB PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA – ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.106.337-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.518/2012.
ASSSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Jonhe Tenório Abs.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 165/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação acessória. 1) Entrega


da DAC - Declaração de Atividades do
Contribuinte fora do prazo regulamentar. 2)
Infração comprovada. 3) Lançamento Procedente.
4) Reexame Necessário não conhecido por falta
de previsão legal e Recurso Ordinário não
conhecido por ter sido apresentado de forma
intempestiva.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa ANB PRODUTOS FARMACEUTICOS LTDA-ME, já qualificada,
tendo por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de
R$ 7.294,50 (sete mil duzentos e noventa e quatro reais e
cinquenta centavos), por haver a autuada apresentou a DAC
Declaração de Atividade do Contribuinte com informações em
padrão diferente do estabelecido na legislação.

Apontados como infringidos os artigos 49, II,


do RICMS/91; 3º, do Decreto nº 38.469/2000. Sendo sugerida a
aplicação da penalidade prevista no artigo 116-A, I, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

Acórdão CTE nº 165/2013 Página 1


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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

A inicial está instruida com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox) do cartão de
autógrafo; intimação fiscal nº 50.752; cópias do Livro RUDFTO;
Planilha de Débito; Extrato de Arrecadação do Contribuinte e
Recibo de Entrega das DAC’s.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestivamente,


alegando que não foi beneficiada pela redução prevista na
legislação 50% (cinquenta por cento) de redução, para aquele
contribuinte que forma espontânea regularizar sua situação
fiscal. Por fim, pede que seja feito aditamento corrigindo os
valores constantes do auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que autuação é referente a
entrega de DAC fora do prazo e desacompanhada da multa
correspondente; a autuada ao apresentar sua impugnação não
nega os fatos descritos na inicial; não consta nos autos
nenhum pagamento efetuado pela autuada a título de multa; a
autuada não faz jus ao beneficio pleiteado. Por fim, pede a
Procedência do auto de infração.

Em 02/03/2012, foi proferida a Decisão nº


18.518/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO DE CRÉDITO


TRIBUTÁRIO DECORRENTE DA INDICAÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS.
Entrega de Declaração de Atividades do
Contribuinte–DAC fora do prazo regulamentar.
Ilícito caracterizado. Lançamento PROCEDENTE
EM PARTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário onde


alega que a decisão singular deve ser reformada, pois não foi
analisada sua inatividade devendo a autuação deve ser aditada.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

Acórdão CTE nº 165/2013 Página 2


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A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que o Recurso Ordinário foi
interposto intempestivamente, não deve ser conhecido. Assim,
chegam os autos a este Conselho para análise do Reexame
Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 18.518/2012, de
Primeira Instância, que julgou como Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 99.81307-001.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A análise dos autos demonstra que a autuada


foi intimada da decisão singular em 04/05/2012, na pessoa de
seu representante legal Almir Nunes de Brito para querendo,
apresentar Recurso Ordinário no prazo de 15 (quinze) dias.

Observe-se que a autuada foi intimada da


decisão singular em 04/05/2012 e somente apresentou o Recurso
Ordinário em 24/05/2012, de forma intempestiva, fato observado
pelo Representante Fiscal nas contrarrazões onde pediu que o
Recurso Ordinário não fosse conhecido.

Assiste razão ao Representante Fiscal, mas,


entendo ser necessário observar apenas que no AR – Aviso de
Recebimento o representante da autuada Almir Nunes de Brito
assinou de maneira diferente daquela que consta no cartão de
autógrafo, porém, essa diferença não interfere no andamento do
processo, haja vista, que ao apresentar o Recurso Ordinário à
autuada não contesta essa assinatura, ficando reconhecido que
a intimação da autuada se deu na data de 04/05/2012.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere ao fato de


haver a decisão singular modificado o valor original do
crédito tributário, para maior, ou seja, mediante majoração em
favor da Fazenda Estadual. Ocorre que o artigo 48, da Lei
6.771/2006, não prevê o Reexame Necessário para os casos de
decisões favoráveis à Fazenda. O crédito tributário com seu
valor majorado, constante da decisão singular, deverá ser
mantido. Portanto, é incabível o Reexame Necessário.

Acórdão CTE nº 165/2013 Página 3


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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


por unanimidade de votos, deixar de conhecer
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL,
do Reexame Necessário por falta de previsão legal e do Recurso
Ordinário por sua intempestividade.

CTE em Maceió, 23 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE nº 165/2013 Página 4


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 23/07/2013


PROCESSO: 1500-016.838/2004 e CTE nº 157/2011.
ANEXO: 1500-031.139/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO: 043.977, de 01/07/2004.
AUTUADA: D L PEIXOTO JUNIOR.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.089.352-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.638/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Lúcia Bandeira e outras.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 166/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação acessória. 1) Falta de


escrituração de notas fiscais de aquisição de
mercadorias no LREM. 2) Infração não comprovada
pela absoluta falta de provas. 3) Lançamento
Improcedente. 4) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão da Primeira
Instância.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra D


L PEIXOTO JUNIOR, já qualificada, tendo por ojeto a cobrança
de crédito tributário no valor de R$ 13.042,67 (treze mil
quarenta e dois reais e sessenta e sete centavos), por haver a
empresa autuada deixado de registrar notas fiscais no LREM
relativas a aquisições efetuadas no exercício de 2000.

Apontados como infringidos os artigos 2º,


§§2º, II, e 6º; 6º, XII, “b”; 50, II; 55, da Lei nº 5.900/96;
49, III alínea “a-1”, e 280, do RICMS/91. Sugerida a aplicação
da penalidade prevista no artigo 107, da Lei nº 5.900/1996.

Instrui a inicial, Planilha das notas fiscais;


relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópias de notas
fiscais de entradas; do LREM; e do livro RUDFTO.

DA DEFESA

Acórdão CTE nº166/2013 Página 1


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A autuada apresentou defesa, tempestiva, onde


alega que não há registro das referidas Notas Fiscais porque
não comprou tais mercadorias e sua inscrição no CACEAL pode
ter sido utilizada por pessoa não autorizada.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada não acrescentou nada na defesa, assim, mantêm os
termos da peça inicial com a Procedência da autuação.
Em 15/10/2010, foi solicitado a Requisição de
Diligência nº 204/2010, para a autuante anexar aos autos
documentos que provem as operações contábeis, duplicatas ou
comprovantes de pagamento. Em resposta a autuante alega que os
documentos do exercício de 2000, do fornecedor Verdes Mares
Ltda, entre outros, estão decaidos desde julho/2005.

Em 09/01/2011, foi proferida a Decisão nº


17.638/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS – Falta de escrituração de notas


fiscais no Livro Registro de Entradas de
Mercadorias. Presunção de saída prevista no
art. 2.º, § 2.º, II, da Lei Estadual 5.900/96.
Lançamento IMPROCEDENTE por falta de provas.
Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário – art. 48, Lei Estadual nº.
6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Comissão de Representação Fiscal foi
intimada da mesma decisão, não se pronunciou. Assim, chegam os
autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame necessário da Decisão nº


17.638/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração nº 043.977.

A inicial trata da falta de escrituração de


notas fiscais de aquisição de mercadorias no LREM. A autuante
nas contrarrazões alega que a autuada na defesa não apresentou
nenhuma prova da improcedência da autuação. Ora, as provas da

Acórdão CTE nº166/2013 Página 2


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infração cabem a autuante e esta reconheceu quando da resposta


a Requisição de Diligência a impossibilidade de se procurar
tais provas agora. É certo que todas as provas deveriam ter
sido anexadas na lavratura da autuação ou quando da
diligência.

Como bem afirma a decisão singular, a falta de


provas dos elementos constitutivos da exigência tributária,
que efetivamente caberia à Fazenda Pública, está prejudicada;
pois é certo que tanto na instrução, quanto na decisão de
processos administrativos tributários, contenciosos ou não,
devem ser atendidos, sem prejuízo de outros, os princípios da
legalidade e da verdade material (artigos 2º, e 118, da Lei
Estadual nº 6.771/2006). A autuante sequer apontou onde foram
obtidas as 2ªs vias das notas fiscais.

Efetivamente a autuação padece de absoluta


falta de provas, provas capazes de apontarem à autuada como
sendo a adquirente das mercadorias que constam das notas
fiscais emitidas em seu nome. A autuante não se preocupou em
oferecer estas provas, mesmo sabendo que a emitente das notas
está situada em Maceió. A autuada não pode ser cobrada de uma
situação duvidosa, como afirma em sua defesa. O Lançamento é
Improcedente como bem decidiu o julgador singular com o devido
respaldo do artigo 333, do CPC.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negar-lhe provimento. Mantida
a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 23 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE nº166/2013 Página 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 26/07/2013
PROCESSO: 1500-004495/1998 e CTE nº 42/2012.
ANEXO: 1500-005223/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 006608.
AUTUADA: MERCANTIL NORTE SUL DE ALIMENTOS E CEREAIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.87786-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.385/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): FRANCISCO MANOEL G. DE CASTRO E OUTROS.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº167/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Omissão de entradas e
saídas de mercadorias apurada
através de levantamento físico de
estoque. Reclassificação legal da
penalidade aplicada. Reexame
necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração do lançamento de crédito
tributário composto de imposto e multas pelos fatos de, em
tese, o sujeito passivo, conforme levantamento físico de
estoque, no período entre 30/04/1997 e 29/01/1998, ter
vendido mercadorias tributáveis sem documentação fiscal e
também adquirido mercadorias desacompanhadas de notas
fiscais.
Como substrato legal foram considerados os arts. 50, I,
da Lei n.º 5.900/96, e arts. 49, II e VII;130, I e 136, I, do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto n.º 35.245/91, e
proposta a aplicação das penalidades previstas nos arts. 84 e
97 da referida Lei.

Acórdão CTE Nº 167/2013 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Instruem os autos como provas da infração: Termo de
Contagem Física de Estoques e seu anexo datado de 29/01/98,
planilha de controle físico de estoque, relatórios das notas
fiscais de saída e de entrada do período fiscalizado, cópias
do Livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e
Termos de Ocorrências nº 01 e do Livro Registro de Inventário
n° 01.
Em sua impugnação, o contribuinte pede a improcedência
do lançamento de ofício alegando, em síntese, que: 1. o
levantamento físico de mercadorias foi feito aleatoriamente;
2. os agentes fiscais não tinham conhecimento da
classificação dos itens fiscalizados.
Nas contrarrazões, o autuante pede pela procedência do
lançamento de ofício, afirmando que: 1. os argumentos da
defesa são incipientes e com a intenção apenas de
procrastinar a conclusão da lide; 2. o levantamento foi
baseado nos documentos fiscais do contribuinte, levando em
consideração o estoque inicial e final e as notas fiscais de
entrada e saída de mercadorias; 3. os argumentos apresentados
pela defesa não trazem demonstrativos e nem provas
documentais que afastassem a acusação; 4. foi comprovado
através do levantamento específico do estoque, que a
recorrente adquiriu, bem como deu saída de mercadorias sem o
acobertamento do respectivo documento fiscal.
Decidiu, então, com o nº 18.385/2011, o julgador
singular pela procedência parcial do auto de infração devido
à reclassificação da multa aplicada do art. 84 para a do art.
79 da Lei nº 5.900/1996. A decisão foi ementada da seguinte
forma:
EMENTA: LANÇAMENTO DE OFÍCIO - NO ÂMBITO
DO ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE
SAÍDA DE MERCADORIAS E AQUISIÇÃO DE
MERCADORIAS SEM O ACOBERTAMENTO DO
DOCUMENTO FISCAL, APURADO ATRAVÉS DE
LEVANTAMENTO FÍSICO DE ESTOQUE. AUTO DE
INFRAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE. A DECISÃO
ESTÁ SUJEITA AO RECURSO VOLUNTÁRIO
DIRIGIDO AO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
- CTE. DECISÃO SUJEITA AO REEXAME
NECESSÁRIO POR PARTE DO CTE, EM RAZÃO DA
EXCLUSAO DE PARTE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
APONTADO NA INICIAL DOS AUTOS.

Acórdão CTE Nº 167/2013 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
VERIFICADA ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO
FÍSICO DE ESTOQUE DE MERCADORIAS QUE A
EMPRESA PROCEDEU A SAIDA DE MERCADORIAS
SEM A EMISSÃO DO COMPETENTE DOCUMENTO
FISCAL E QUE ADQUIRIU MERCADORIAS SEM O
ACOBERTAMENTO DO DEVIDO DOCUMENTO
FISCAL, MOSTRA-SE DEVIDA A EXIGÊNCIA DO
PAGAMENTO DO IMPOSTO E APLICAÇÃO DA
PENALIDADE ESPECÍFICA EM RAZÃO DAS
INFRAÇÕES CONSTATADAS.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de reexame necessário da Decisão nº
18.385/2011, de Primeira Instância, que julgou procedente em
parte o lançamento constante do auto de infração nº 006608.
Impende destacar que como o contribuinte não interpôs
recurso ordinário a esse Conselho Tributário, o objeto deste
julgamento limitar-se-á tão-somente ao reexame necessário da
decisão de piso, ou seja, pela reclassificação da multa
aplicada do art. 84 para a do art. 79 da Lei nº 5.900/1996.
Tem-se que, com a revogação do art. 84 1 pela alteração
normativa feita à Lei Estadual 5.900/96 pela Lei Estadual
7.079/09, por determinação expressa do legislador estadual,
para a violação descrita no artigo revogado, ficou imputada a
penalidade do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96 2.

1
Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto devido.
*Art. 84 revogado pela Lei n.º 7.079/09. Reclassificando-se a multa deste artigo para a do art. 79 da mesma
Lei, relativamente aos créditos tributários já lançados.
2
Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não compreendida nas hipóteses
previstas nos artigos seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto.

Acórdão CTE Nº 167/2013 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Logo, observa-se sim, como esclarecido pelo julgador
monocrático, que a infração descrita nesse artigo (art. 79)
abarca a infração cometida por aquele (art. 84), além de,
importante destacar, ser mais benéfica ao sujeito passivo,
nos termos do art. 106, II, ‘c’, do CTN 3.
O que implica na possibilidade de aplicação ao caso
aqui julgado do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96, em nova
redação dada pela Lei Estadual 7.079/09, conforme decidido na
instância de piso.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo a decisão de primeira instância.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 26 de julho de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR

3
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
...
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

Acórdão CTE Nº 167/2013 4


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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – Realizada em 26/07/2013 2ª câmara


PROCESSO Nº: SF 1500-013991/2000 CTE 067/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 65598 de 29/06/2000
RECORRENTE: Fazenda Pública Estadual (Reexame necessário)
RECORRIDO: Edvaldo Urbano Pinto
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 168/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. REEXAME NECESSÁRIO.
VALOR EXCLUÍDO PELO JUÍZO
SINGULAR INFERIOR A 400 UPFAL.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 48, §2º,
INCISO II, DA LEI Nº. 6.771/2006.
REEXAME NECESSÁRIO NÃO CONHECIDO.
DECISÃO MANTIDA. LANÇAMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Cuida de Auto de Infração no qual a autoridade fiscal


relata que o contribuinte cometeu as seguintes infrações:

a) deixou de recolher ICMS no valor de R$ 5.077,63


(cinco mil, setenta e sete reais e sessenta e três centavos)
referente as saídas de mercadorias nos exercícios de 1998 e 1999,
sem emissão de nota fiscal, conforme levantamento na Conta Caixa;

b) deixou de recolher ICMS no valor de R$ 1.660,15 (um


mil, seiscentos e sessenta reais e quinze centavos) referente as
saídas nos exercícios de 1998 e 1999, de acordo com a sistemática do
custo da mercadoria vendida agregado ao lucro mínimo de 30%.

Intimado no próprio ato do lançamento, o Autuado


apresentou defesa na qual esclarece que a contestação refere-se tão
somente ao levantamento efetivado na Conta Caixa, argumentando que
retirou empréstimo bancário junto à agência do Banco do Brasil de
Atalaia/AL em 03/08/1999, no valor de R$ 7.453,77 (sete mil,
quatrocentos e cinquenta e três reais e setenta e sete centavos),

Acórdão CTE Nº168 Página 1


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aplicando-o nas atividades da empresa e que, por equívoco, tal


documentação não foi entregue ao fiscal autuante no momento da
fiscalização.

Por sua vez, o fiscal responsável pelo lançamento


refutou as alegações do Autuado, na medida em que a defesa não
demonstrou que os recursos solicitados ao Banco do Brasil foram
depositados na conta corrente da empresa ou lançados na conta caixa.

Submetido a julgamento pelo juízo singular, decidiu-se


A) pela procedência parcial do lançamento relativamente à omissão de
saída, pois o Autuado não comprovou o depósito dos recursos obtidos
junto ao Banco do Brasil em sua conta caixa, reclassificando-se
apenas a multa do artigo 84 para a multa do artigo 79, ambos da Lei
nº. 5.900/96; e B) pela nulidade do lançamento por ausência de
motivo no tocante à segunda infração.
Transcorrido o prazo recursal sem qualquer manifestação
das partes, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário
Estadual para apreciação do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Conforme relato, verifica-se que, ao submeter-se a


apreciação pela instância singular, o lançamento foi julgado
parcialmente procedente quanto à primeira infração e nulo por
ausência de motivo no tocante a segunda infração relatada nos autos,
obrigando o Autuado ao recolhimento de crédito tributário no valor
de R$ 7.616,44 (sete mil, seiscentos e dezesseis reais e quarenta e
quatro centavos), sendo os autos remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para análise do reexame necessário.

Nesse caso, antes de ingressarmos no exame do mérito,


imprescindível avaliarmos a admissibilidade do reexame necessário no
caso em apreço.

Isso porque, a admissibilidade do reexame necessário se


sujeita ao disposto no artigo 48, inciso II, §2º, da Lei do PAT, o
qual determina que não será objeto de reapreciação pelo Conselho
Tributário Estadual os julgados singulares em que a quantia
excluída, na data da decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas)
UPFAL:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,


ficam sujeitas à reexame necessário:

Acórdão CTE Nº168 Página 2


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§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo


não se aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor
limite.

De fato, no caso dos autos a improcedência do Auto de


Infração resultou na exclusão de crédito tributário no montante de
R$ 3.164,09 (três mil, cento e sessenta e quatro reais e nove
centavos) o que considerando o valor unitário de R$ 16,21 (dezesseis
reais e vinte um centavos) na época da decisão, representa,
aproximadamente, 195 UPFALs.

Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos não
conhecer do reexame necessário, uma vez que a quantia excluída pelo
julgador singular é inferior ao limite de 400 (quatrocentas) UPFAL
previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº. 6.771/06.

Maceió/AL, 26 de julho de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE Nº168 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 30/07/2013


PROCESSO N.º: 1500-033874/2011; 1500-091020/2009; 1500-001623/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.02163-001
RECORRENTE: BIOTOPO BRASIL COMERCIO LTDA-ME
AUTUANTE: PAULO SÉRGIO FERNANDES VIANA
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 169/2013

EMENTA: ICMS. 1. VENDAS COM RECEBIMENTO


POR MEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO E/OU
DÉBITO. 2. EXAME DE MÉRITO PREJUDICADO
PELO PAGAMENTO TOTAL DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO MEDIANTE PPI - DECRETO Nº
4.147/2009. 3. EXTINTO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
NOS TERMOS DO ARTIGO 65, I, DA LEI Nº
4.418/82.

Trata-se da constituição de crédito tributário no valor de R$


41.314,78 (quarenta e um mil trezentos e quatorze reais e setenta e oito centavos),
sendo R$ 25.821,76 (vinte e cinco mil, oitocentos e vinte e um reais e setenta e seis
centavos) de ICMS e R$ 15.493,02 (quinze mil, quatrocentos e noventa e três reais e
dois centavos) de multa, por ter o sujeito passivo deixado de recolher o ICMS nos
exercícios de jan/2007 a jun/2009, decorrente da omissão de saídas relativas às
operações/prestações realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes por
meio de cartão de crédito/débito.

Foram tidos como infringidos os arts. 1º, 2º, § 9º, II e V, 31, 50, I, II,
§ 2º ao § 7º, da lei n. 5900/96 e art. 272-B do RICMS-AL/91 aprovado pelo Decreto
n. 35.245/91, e proposta a aplicação da pena disposta no art. 83 da Lei 5900/96.

Instruem o auto de infração: a) relatório de dados cadastrais; b)


termo de início de fiscalização; c) autos do processo 1500-091020/2009, entre outros.

Intimado, o contribuinte apresentou defesa ao auto de infração alegando, em


síntese: por ser optante do Simples Nacional teria tratamento diferenciado com
aplicação da alíquota de 1,25% sobre sua receita e não de 17% aplicada pelo agente
fiscal.

Acórdão CTE nº169/1013 Página 1


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A Representação Fiscal apresentou suas contrarrazões pugnando


pela procedência do auto de infração, uma vez que a autuada não contestou a omissão
de vendas.

A Coordenadoria de Julgamento, através da Decisão de n.º


18.695/2012, julgou procedente o crédito tributário, assim ementando:

EMENTA: ICMS. Lançamento de crédito tributário


decorrente de descumprimento de obrigação principal.
1) Falta de recolhimento do imposto decorrente da
omissão de saídas de mercadorias tributáveis em
operações internas, apurada com base em informações
fornecidas pelas administradoras de cartão de crédito e
débito, confrontadas com as operações declaradas pelo
contribuinte. 2) Alíquota utilizada em estrita obediência
à legislação aplicável – Comprovada a materialidade da
infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.

A contribuinte interpôs recurso voluntário, renovando suas


alegações apresentadas anteriormente em sua impugnação ao auto de infração. A
representação fiscal, por sua vez, pugnou pela manutenção da decisão da
Coordenadoria de Julgamento.

Em data de 17/012/2012, a autuada efetuou o pagamento integral do


crédito tributário mediante PPI (Decreto nº 4.147/2009), sendo recolhido R$ 25.821,76
de ICMS e 2.582,18 de multa mais os acréscimos legais, totalizando R$ 35.628,76.

Por fim, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário


Estadual para julgamento do recurso voluntário.

É o relatório.

VOTO

Cuida o presente caso da constituição de crédito tributário em razão da


autuada ter supostamente deixado de recolher o ICMS, especificamente no que concerne
às suas operações com cartões de crédito, débito ou similares.

Acórdão CTE nº169/1013 Página 2


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______________________________________________________________________________________________________

A análise dos autos demonstra que a autuada apresentou Recurso


Ordinário, de forma tempestiva, em 21/08/2012. Ocorre, que em 17/12/2012, a autuada
efetuou o pagamento integral do crédito tributário mediante PPI – Decreto nº
4.147/2009.

Observe-se que o pagamento integral do crédito tributário acarreta sua


extinção nos termos do artigo 65, da Lei nº 4.418/82, restando prejudicado o exame de
mérito do Recurso Ordinário, uma vez, que a autuada ao efetuar o pagamento, desistiu
do referido Recurso.
Art. 65 - Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;

(...)”

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DE


JULGAMENTO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, deixar de conhecer do Recurso Ordinário, haja vista, a autuada dele haver
desistido, mediante o recolhimento integral do crédito tributário. Extinto o crédito
tributário nos termos do artigo supra citado.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de julho de 2013

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE DE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE nº169/1013 Página 3


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – Realizada em 30/07/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-003.403/2010 e CTE nº 113/2011.
ANEXOS: 1500-010.292/2010 e 1500-000.000/0000.
AUTO DE INFRAÇÃO: 9000170-001, de 02/03/2010.
SUJEITO PASSIVO: LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.050.875-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.214/2010.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Paulo de Medeiros Gomes Neto e outra.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO Nº 170/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Acessória,


convertida em principal (artigo 22, § 3º,
Lei 4.418/82). 1) Transportar mercadorias
acobertadas por DANFE emitido em situação
de contingência, estando impresso em
papel comum quando a legislação exige que
sua impressão seja em formulário de
segurança. 2) Documento fiscal
considerado inidôneo a teor dos artigos
139-D, §§ 1º e 2º; 139-S; e 207, IV, e
IX, do RICMS/91. 3) Comprovada a
infração, uma vez que a autorização de
uso da NF-e se deu após à ocorrência do
fato gerador; após saída da mercadoria do
estabelecimento da autuada; após a
apreensão da mercadoria, situação em que
sua escrituração no LRSM (a posteriori)
não têm o condão de regularizar a
infração. 4) Base de cálculo do imposto
apurada com base no valor de saída da
mercadoria constante no documento fiscal.
5) Devido neste caso o imposto e a multa
(artigo 22, §3º, da Lei nº 4.418/82). 6)
Aplicável a penalidade prevista no artigo
97, da Lei nº 5.900/1996). 7) Reexame
Necessário e Recurso Ordinário conhecidos
e improvidos. Mantida na íntegra a
decisão da Primeira Instância
administrativa.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de
R$ 94.185,69 (noventa e quatro mil, cento e oitenta e cinco
reais e sessenta e nove centavos), por haver a empresa
autuada transportado mercadorias (59.5080 m3 de álcool
etílico anidro carburante) consideradas sem documentação
fiscal, em virtude de utilizar documentação fiscal inidônea,
o DANFE nº 9.992 (auxiliar da NF-e) emitido em papel comum,
em lugar de usar o formulário de segurança como determina a
legislação, quando da passagem das mercadorias pelo posto
fiscal de São José da Laje onde foi lavrado o termo de
apreensão nº 231.785, impetrando a autuada um mandado de
segurança (processo nº 001.10.003084-0), que lhe concedeu a
liberação da mercadoria através de liminar.

Apontados como infringidos os artigos 139-


A; 139-D, I, e II, §§ 1º, 2º e 3º; 139-I; 139-K; 207, II,
IV, VII, alínea “c”, e IX, do RICMS/91; e a Cláusula Décima
Primeira do Ajuste SINIEF nº 007/2005. Sugerida a penalidade
prevista no artigo 97, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias do


cartão de autógrafo; relatório de dados cadastrais do
contribuinte; extrato de arrecadação; Termo de Apreensão nº
231.785; cópias do DANFE Nº 9992; do Despacho no Mandado de
Segurança com a concessão de medida liminar.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa,


tempestivamente, alegando que as mercadorias estavam sim
acompanhadas de nota fiscal, além de não ter sido observado
o fato da operação de venda de álcool anidro gozar do status
de diferimento do ICMS, conforme garante o artigo 1º, da Lei
Estadual nº 5.976/97; a base de cálculo foi arbitrada sem
fundamento, representando um aumento de 48% (quarenta e oito
por cento) em relação ao valor do produto; houve o
processamento regular da NF-e como comprova a autorização
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feita pelo sistema no mesmo dia isso porque o DANFE foi


emitido às 07:15h do dia 09/01/2010, na mesma data às 18:40h
consta no sistema que foi autorizado o uso da NF-e conforme
impressão anexa; a nota fiscal não foi impressa em
formulário de segurança por importar este em custo e demora
o que justifica a falta do mesmo no momento da operação,
imprimindo a autuada o referido DANFE em papel comum; o auto
de infração é nulo por falta de isonomia de tratamento em
caso idêntico. Por fim, pede que a autuação seja julgada
nula ou improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões


alegando que no presente caso não há que se falar em
diferimento do imposto, haja vista, que o documento que
acompanhava a mercadoria não tinha validade fiscal (ou seja,
a mercadoria estava sem nota fiscal perante a legislação);
em se tratando de documento inidôneo a base de cálculo é o
maior preço de venda e foi utilizado o Preço médio ponderado
ao consumidor final (PMPF) de combustíveis que foi divulgado
pelo CONFAZ através do ato COTEPE/PMPF nº 03/2010, para
álcool etílico hidratado uma vez que não foi possível
apurar-se o preço para consumidor final no mercado interno;
o Ajuste SINIEF 007/2005, na Cláusula Décima Primeira exige
a utilização de formulário de segurança para emissão de
DANFE em contingência. Por fim, pede a Procedência da
autuação.

Em 13/09/2010, foi proferida a Decisão nº


17.214/2010, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. Nota Fiscal Eletrônica – NF-e


emitida em regime de contingência em papel comum. Legislação
vigente à época do fato exigia a impressão do Documento
Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica – DANFE em formulário de
segurança, conforme art. Art. 139-K, II, do RICMS/AL.
Caracterizada a inidoneidade da nota fiscal, a teor do art.
207, VII, “c” do RICMS/AL. Diferimento do ICMS nas operações
com álcool anidro não afasta a cobrança do imposto no
presente caso. Na circulação de mercadoria desacompanhada de
documento fiscal idôneo, o momento do pagamento do ICMS é o
da saída da mercadoria, conforme art. 101, V, “d”, do
RICMS/AL, sendo responsável pelo pagamento do tributo o
estabelecimento que promoveu a saída, ex vi do art. 21, V,
da Lei Estadual nº 5.900/96. Inexistência de preço de venda
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a varejo para o álcool anidro, por se tratar de produto não


destinado ao consumo final. Aplicação do valor da operação
como base de cálculo do ICMS. LANÇAMENTO PROCEDENTE em
parte. Remessa dos autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário, nos termos dos arts. 48, I e 49,
§1º, da Lei 6771/2006.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


de forma tempestiva alegando:

1) Que, a decisão singular merece e deve ser


reformada porque o auto de infração não observou o fato de
que a operação de venda de álcool etílico anidro combustível
pela autuada possui status de ICMS diferido nos termos do
artigo 1º, da Lei Estadual nº 5.976/97; o diferimento
consiste na transferência do lançamento e do recolhimento do
imposto de uma operação para uma operação posterior, visando
simplificar a cobrança e a fiscalização do imposto; neste
caso, a autuada realizou a hipótese (deu saída ao álcool
anidro) e, assim, não está obrigada a recolher o ICMS (Lei
nº 5.976/97), repassando essa etapa para o adquirente (Total
Distribuidora).

2) Que, a decisão singular está correta ao


determinar que o valor da base de cálculo seja apurado com
base no valor que consta no DANFE pois o álcool anidro não
se destina a consumo final, mas faz parte da mistura que
compõe a gasolina C e neste caso não pode ser aplicado
também o Ato COTEPE/PMPF 03/2010; a circulação dos 59.508
litros de álcool anidro teve sua NF-e emitida regularmente
conforme autorização feita pelo sistema no mesmo dia, pois,
o FANFE foi emitido as 07:15 hs do dia 09/01/2010 e as 18:40
hs o sistema autorizou o uso da NF-e, afastando o principal
motivo para a autuação.

3) Que, a multa do artigo 97, da Lei Estadual


nº 5.900/96, é exacerbada, visto que a autuada teve a
emissão da NF-e ratificada pela SEFAZ/AL o que denota a má-
fé do fisco uma vez que seus agentes viram o sistema
convalidar a referida NF-e; a aplicação de tal multa ofende
o Princípio do não confisco como entende o TRF da 3ª Região
uma vez que o presente caso advém da era digital que fez
surgir inúmeras obrigações acessórias, a exigirem um
aprendizado rápido pelos contribuintes sob pena de engessar
seus negócios; a obrigação acessória, compra de formulários
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especiais para utilização apenas nos momentos de pane no


sistema da SEFAZ, está prevista no Ajuste SINIEF nº 07/2005,
o qual permite que os DANFES sejam impressos em papel comum
(clausula 9ª, parágrafos 1, 2, 3, 4, e 5 (regra geral) não
justificando a multa.

4) Que, a impressão do DANFE em formulário


especial esta prevista apenas para os casos de problemas
técnicos (clausula decima primeira, pu, I, II, e III); a
implementação do formulário de segurança importa custo e
demora, o que justifica a falta do papel especial no momento
da operação, tendo a autuada impresso o DANFE em papel
comum, não sendo justa a multa aplicação dessa penalidade;
na mesma data a autuada tinha outros caminhões fazendo
outros percursos na mesma situação e não tiveram nenhum
problema nos outros postos fiscais, já que os agentes
entenderam que a autorização não estava se dando por causa
da pane no sistema e não por culpa da autuada tendo os
DANFES sido aceitos como documentos hábeis para tal operação
apesar de impressos em papel comum, é o caso de uma venda de
29.6700 m3 de álcool para a Petrobras (09.01.2010, as 18.45
h conforme satatus emitido pela ND Digital); a autuação
afronta o Principio da Isonomia, pois não se admite
privilégios e distinções em situações idênticas; essa forma
de fiscalizar gera insegurança jurídica e afeta a livre
concorrência. Por fim, pede a nulidade da autuação e se
assim não se entender, seja julgada improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Comissão de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, o lançamento deve ser mantido, pois a


autuada promoveu saída de mercadorias em 09/01/2010, às
11:20 h, sem que houvesse sido autorizada pelos ambientes
nacional e local o uso da NF-e nº 13.134, em contingêncuia,
bem como, o DANFE não foi impresso em formulário de
segurança como exige a legislação; está demonstrado que a
NF-e foi emitida em regime contingênia e que seu
processamento foi de forma irregular, daí ter sido o DANFE
desconsiderado.

2) Que, a aplicação de penalidade visa inibir


a prática de infrações, seus diversos tipos e graduações
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estão previstos na legislação tributária vigente, e, aquela


aplicada pelo julgador singular está em consonância com a
infração, uma vez que a autuada emitiu um documento fiscal
eletrônico para transportar mercadorias sem a devida
autorização da SEFAZ e em consequência o dito documento não
pode ser considerado idôneo, como exige a legislação; a
aplicação da penalidade prevista no artigo 97, da Lei nº
5.900/1996, se mostra adequada a infração praticada pela
autuada, ou seja, a entrega de mercadoria com o
acobertamento de documento fiscal inidôneo.

3) Que, apesar do suposto lançamento do valor


do imposto no LRSM da autuada, mediante registro do DANFE nº
13.134, tal procedimento não deve ser considerado regular,
por decorrer de operação acobertada por documento fiscal
inidôneo, ou seja, que foi emitido em uma hipótese não
autorizada pela legislação; só seria possível admitir o
pagamento do imposto nessa situação, se o documento fiscal
tivesse sido emitido de acordo com a legislação, o que não é
o caso, uma vez que o referido documento apresenta
características de inidôneo, conforme determinações do
artigo 207, do RICMS/91, afastando a acusação de que o
Estado praticou enriquecimento ilícito.

4) Que, não procede a alegação da autuada de que


se encontra em situação de recuperação judicial, fato que
dificultou a compra de formulários de segurança (artigo 139-
S do RICMS/91) para emissão do DANFE em contigência,
comprovando a tese de que imprimiu o DANFE em desacordo com
a legislação e desobedecendo a Cláusula 11ª do Ajuste SINIEF
07/2005 (do qual o Estado de Alagoas é signatário), ficando
afastada sua alegação de nulidade da autuação pela não
aplicação do instituto da isonomia em supostos casos
idênticos, até porque este fato já foi afastado pelo
julgador singular ao entender não constituir este fato um
motivo suficiente para provocar a nulidade da presente
autuação. Por fim, pede que o pedido de nulidade da autuação
seja improcedente e a manutenção integral da decisão da
Primeira Instância. Assim, chegam os autos a este Conselho
para análise do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

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VOTO

Trata-se de Reexame Necessário e de


Recurso Ordinário interpostos contra a Decisão nº
18.614/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente em
Parte o Lançamento constante do auto de infração nº 9000169-
001, de 02/03/2010.

A análise dos autos demonstra que a


autuação tem por base o fato de a autuada transportar
59.5080 litros de álcool etílico anidro combustível os quais
estavam acobertados pelo DANFE - Documento Auxiliar de Nota
Fiscal Eletrônica nº 9.912, de 09/01/2010, considerado
inidôneo pela fiscalização por haver sido impresso em papel
comum ao invés de impresso em formulário de segurança como
exigido pelos artigos 139-K, II, e 139-S, do RICMS/1991.

DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário pede a reforma da


decisão singular sob a alegação de que a NF-e referente ao
DANFE foi autorizada pela SEFAZ no mesmo dia da apreensão da
mercadoria e da declaração de inidoneidade do DANFE pela
fiscalização, além de reclamar da cobrança do imposto com a
aplicação da multa (equiparando-a ao confisco), haja vista,
a concessão do benefício de diferimento a tal produto.

Inicialmente observe-se que as provas


anexadas aos autos comprovam que o transporte das
mercadorias ocorreu como consta da peça inicial, ou seja,
mediante acompanhamento de DANFE (documento auxiliar da NF-
e) emitido em desacordo com a legislação tributária vigente,
nesta situação a fiscalização estadual o considerou como
sendo um documento fiscal inidôneo, declarando a mercadoria
desacompanhada de documentação fiscal e exigindo
acertadamente o pagamento do imposto com a multa.

Nesse passo, a alegação da autuada de que


a NF-e foi emitida no mesmo dia e de que conclama a
fiscalização para apresentar seu cancelamento, não procede,
haja vista, que norma específica (artigo 139, I, do
RICMS/91), determina que o cancelamento de NF-e somente
poderá ser feito pelo próprio contribuinte (devidamente
autorizado e mediante uso de chaves e senhas eletrônicas).
Vejamos as determinações dos artigos 139-A; 139-D; 139-I;
139-K e 139-S, do RICMS/91.

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“Art. 139-A - A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)


poderá ser utilizada em substituição (Ajustes SINIEF 07/05,
11/05, 02/06, 04/06, 05/07, 08/07, 11/08, 01/09, 08/09,
09/09, 10/09, 12/09 e 15/10:
§1º - Considera-se Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)
o documento emitido e armazenado eletronicamente, de
existência apenas digital, com o intuito de documentar
operações e prestações, cuja validade jurídica é garantida
pela assinatura digital do emitente e autorização de uso
pela Secretaria de Estado da Fazenda, antes da ocorrência do
fato gerador.
(...)

No presente caso, a autorização da NF-e


só ocorreu após o fato gerador e principalmente após a
infração, ou seja, após a emissão do DANFE em papel comum no
lugar do formulário de segurança. Observe-se que a essa
altura a autuada não tinha mais o direito de pedir
autorização para usar a NF-e cujo DANFE fora considerado
inidôneo. A autuada tinha sim, o dever de cancelar a NF-e
uma vez que o seu DANFE fora emitido com erro, conforme
entendimento do artigo 139-D, §§ 1°, e 2º, do RICMS/1991.

“Art. 139-D - O arquivo digital da NF-e só


poderá ser utilizado como documento fiscal, após:
(...)
II - ter seu uso autorizado por meio de
Autorização de Uso da NF-e, nos termos do art. 139-F.
§ 1º - Ainda que formalmente regular, não será
considerada documento fiscal idôneo a NF-e que tiver sido
emitida ou utilizada com dolo, fraude, simulação ou erro,
que possibilite, mesmo que a terceiro, o não-pagamento do
imposto ou qualquer outra vantagem indevida.
§ 2º - Para os efeitos fiscais, os vícios de que
trata o § 1º deste artigo atingem também o respectivo DANFE,
impresso nos termos dos arts. 139-I ou 139-K, que também não
será considerado documento fiscal idôneo (Ajuste Sinief
08/07).
(...)

Observe-se, que o DANFE foi emitido com


erro, por ter sido impresso em papel comum (artigo 139-D,
II, §§ 1º, e 2º) antes de ser autorizada a emissão da NF-e
por se tratar de um caso de contingência (artigos 139-I e
139-K). Nesta situação o DANFE tinha de estar impresso no
formulário de segurança. Assim, ao ser declarado como
inidôneo a NF-e também é considerada inidônea, até porque
foi emitida após o fato gerador e após ter sido declarada a
inidoneidade do DANFE.
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“Art. 139-I - É obrigatório o uso de Documento


Auxiliar da NF-e - DANFE, conforme leiaute estabelecido no
‘Manual de Integração - Contribuinte’, para acompanhar o
trânsito das mercadorias acobertado por NF-e ou para
facilitar a consulta da NF-e, prevista no art. 139-O (Ajuste
SINIEF 08/10.

§ 1º - O DANFE somente poderá ser utilizado para


transitar com as mercadorias após a concessão da Autorização
de Uso da NF-e, de que trata o inciso III do art. 139-G, ou
na hipótese prevista no art. 139-K.
(...)”

“Art. 139-K - Quando em decorrência de problemas


técnicos não for possível transmitir a NF-e para a unidade
federada do emitente, ou obter resposta à solicitação de
Autorização de Uso da NF-e, o contribuinte poderá operar em
contingência, gerando arquivos indicando este tipo de
emissão, conforme definições constantes no ‘Manual de
Integração - Contribuinte’, mediante a adoção de uma das
seguintes alternativas (Ajuste SINIEF 08/10):
(...)

III - imprimir o DANFE em Formulário de


Segurança (FS), observado o disposto no art. 139-S;
(...)”

É certo que a autuada em nenhuma hipótese


poderia fazer o registro da NF-e com débito do imposto no
seu LRSM e muito menos, alegar que pagou o referido imposto,
pois, como dito, ao ter seu DANFE considerado inidôneo pelo
fisco a mesma deveria ter solicitado o cancelamento da NF-e
conforme determina o artigo 139-L, haja vista, que o
cancelamento de NF-e não é de competência da fiscalização
estadual, por ser de competência exclusiva da própria
autuada (artigo 139-L).

Observe-se ainda que o § 1º, do artigo


139-L, determina que a solicitação para o cancelamento da
NF-e é de competência da autuada, a qual, nesta situação
necessitaria de autorização da SEFAZ/AL uma vez que a
emissão da referida NF-e somente ocorreu depois da
declaração de inidoneidade do DANFE, ou seja, em situação
extemporânea (artigo 139-L, § 1º).

“Art. 139-L - Em prazo não superior a 24 (vinte


e quatro) horas, contado do momento em que for concedida a
Autorização de Uso da NF-e, de que trata o inciso III do
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art. 139-G, o emitente poderá solicitar o cancelamento da


respectiva NF-e, desde que não tenha havido a circulação da
mercadoria ou a prestação de serviço e observadas às normas
constantes no art. 139-M (Ajuste SINIEF 12/12).
§ 1º - A critério da SEFAZ, em casos
excepcionais, poderá ser recepcionado o pedido de
cancelamento de forma extemporânea.
§ 2º - O cancelamento, de que trata o caput,
poderá ser efetuado até 31 de março de 2013, mediante Pedido
de Cancelamento de NF-e, transmitido pelo emitente, à
administração tributária que a autorizou (Ajuste SINIEF
16/12).
(...)”

Não resta dúvida de que a autuada descumpriu


determinações dos artigos 139-A, 139-D, 139-I, 139-K, 139-L
e 139-S, quando utilizou formulário comum para imprimir o
DANFE nº 9.992, numa situação em que a legislação vigente
exige que seja utilizado o formulário de segurança por se
tratar de uma situação de contingência; quando pediu
autorização para emitir a NF-e após a declaração de
inidoneidade do DANFE e quando escriturou a referida NF-e no
LRSM, uma vez que a inidoneidade do DANFE acarreta a
inidoneidade da NF-e e vice versa, como determina o artigo
139-D, §1º, do RICMS/1991.

Assim, está correto o julgador singular quando


decidiu pela Procedência do Lançamento, até porque a
situação econômica da autuada (recuperação judicial) não
serve como justificativa para o descumprimento da norma
tributária que disciplina a emissão da NF-e. Observe-se que
não houve ofensa ao Princípio da Isonomia por haver a
empresa autuada emitido outras NF-e’s e outros DANFE’s na
mesma situação, sem que a fiscalização estadual nos demais
postos fiscais do Estado, tivesse apreendido as mercadorias.
Quanto à medida liminar concedida pelo Judiciário, é certo
que esta se refere tão somente à liberação das mercadorias,
ou seja, não houve opção da autuada pela via judiciária.

Neste passo, é importante observar-se que o artigo


139-D, §§ 1º, e 2º, do RICMS/1991, determina que se a NF-e e
o seu respectivo DANFE forem emitidos com erro, que
possibilite o não pagamento do imposto ou qualquer outra
vantagem indevida, mesmo estando formalmente regulares, não
poderão ser considerados como documentos fiscais idôneos; e,
este entendimento também encontra respaldo no artigo 207,
IV, e IX, do mesmo regulamento.

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“Art. 207 - Considerar-se-á desacompanhada de documento


fiscal a operação ou prestação acobertada por documento
inidôneo, assim entendido, para esse efeito, aquele que:
(...)

IV - for emitido em hipótese não prevista na legislação;


(...)

IX - de qualquer modo, ainda que formalmente regular, tiver


sido emitido ou utilizado com dolo, fraude, simulação ou
erro, que possibilite, mesmo que a terceiro, o não pagamento
do imposto ou qualquer outra vantagem indevida.
(...)

Não restam dúvidas quanto ao acerto da ação


fiscal e da decisão singular, uma vez que a própria autuada
reconheceu que imprimiu o DANFE em papel comum e que a NF-e
somente foi autorizada após a apreensão da mercadoria e após
a ocorrência do fato gerador. Portanto, a inidoneidade do
DANFE nº 9.992, que acobertava o transporte de 59.5080 m3 de
álcool etílico anidro carburante e a autorização de uso da
NF-e após a ação fiscal, não autorizam o registro da
referida nota no LRSM (a posteriori), bem como, de que este
registro não tem o condão de regularizar a apreensão, uma
vez que esta situação (o registro) ocorreu posteriormente a
saída das mercadorias do estabelecimento da autuada e à
ocorrência do fato gerador (artigo 2º, I, da Lei n°
5.900/1996).

Observe-se ainda, ser insubsistente a alegação


da autuada de que estaria desonerada do pagamento do ICMS
por força do benefício fiscal do diferimento concedido ao
álcool etílico anidro combustível e que nesta situação não
poderia ser cobrado nem o imposto, nem a multa; uma vez que
a mesma de forma consciente (alegando recuperação judicial)
descumpriu as determinações da legislação tributária vigente
com relação à emissão do DANFE e da NF-e em situação de
contingência.

Quanto à apuração da base de cálculo do ICMS esta


deveria ocorrer nos termos do artigo 6º, XVI, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, pelo maior preço de venda a varejo
na praça da ocorrência do fato gerador, ou inexistindo este,
pelo maior preço no mercado varejista da região. Entretanto,
a apuração do maior preço de venda a varejo é neste caso,
impraticável, já que o álcool etílico anidro carburante não
é utilizado para consumo final, por fazer parte da mistura
que compõe a chamada Gasolina “C”. Também, não se aplica o
PMPF (preço médio ponderado a consumidor final) previsto no
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Ato Cotepe/PMPF nº 03/2010, utilizado pelo autuante, uma vez


que este se refere ao Álcool Etílico Hidratado, outro
produto.

Por fim, a agregação prevista no artigo 6º, XVII,


da Lei nº 5.900/1996, mencionada pelo autuante nas
contrarrazões não tem relação com o presente caso, uma vez
que trata da saída de mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal, apurada através de levantamento fisco-
contábil. Assim, inexistindo outros parâmetros legais para a
apuração do valor da base de cálculo no presente lançamento,
o valor do ICMS deverá ser apurado com base no valor da
operação constante do documento fiscal, mesmo considerado
inidôneo.

Comprovada a infração, nos termos do artigo 22,


§3º, da Lei Estadual nº 4.418/1982, deverá ser cobrado o
imposto com sua respectiva multa, conforme consta da decisão
singular, não assistindo razão a autuada quando alega não
ser legal a cobrança do imposto com multa pelo Estado de
Alagoas; também não procede a sua acusação de ser a multa
aplicada, confiscatória. Nesta situação o Lançamento é
Procedente em Parte devendo ser aplicada a penalidade
prevista no artigo 97, da Lei Estadual nº 5.900/1996, como
consta da decisão singular por sua subsunção aos fatos e por
não ser confiscatória.

LEI Nº 4.418/1982

“Art. 22 - A obrigação tributária é principal ou acessória.


(...)

§ 3º - A obrigação acessória, pelo simples fato de sua


inobservância, converte-se em obrigação principal,
relativamente à penalidade pecuniária.
(...)”

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber, estocar


ou depositar mercadorias desacompanhadas de documentos
fiscais, ou sendo estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Portanto, diante de todo o exposto, conheço do


Recurso Ordinário, nego-lhe provimento.
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DO REEXAME NECESSÁRIO

Quanto ao Reexame Necessário, é certo que este se


refere apenas a redução no valor do crédito tributário, que
em razão de todo o exposto no Recurso Ordinário, ocorreu
pela revisão efetuada na apuração do valor da base de
cálculo do ICMS cobrado, redução esta, que se deu nos
estritos termos da legislação tributária vigente,
confirmando assim a Procedência Parcial do Lançamento como
consta da Decisão nº 18.614/2012, emitida pela Primeira
Instância Administrativa. Assim, conheço do Reexame
necessário, nego-lhe provimento.

Nesta situação, o crédito tributário tem como


valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

B/CÁLCULO ICMS MULTA TOTAL


78.550,56 21.208,65 42.412,30 63.624,95
T0TAL 21.208,65 42.412,30 63.624,95

O crédito tributário no valor de R$ 63.625.95


(sessenta e três mil, seiscentos e vinte e cinco reais e
noventa e cinco centavos), deve ser recolhido com
acréscimos.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário para
Negar-lhes provimentos, manter na íntegra a decisão da
Primeira Instância Administrativa.

Sala do CTE, em Maceió, 30 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – Realizada em 30/07/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-040.200/2011 e CTE nº 022/2013.
ANEXO: 1500-005.595/2012 e 1500-028.703/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.14465-001, de 09/12/2011.
AUTUADA: CALHEIROS E MELO COMÉRCIO SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.210.496-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.757/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Ronaldo Guedes de Araújo e outro.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO Nº 171/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação acessória. 1) Emitir


notas fiscais de saídas de mercadorias que
não correspondem a uma efetiva saída, a uma
transmissão de propriedade ou a uma entrada
de mercadorias no estabelecimento da autuada
no período de 2008, 2009 e 2010. 2) Ilícito
fiscal comprovado pelo conjunto probatório.
3) Lançamento Procedente. 4) Aplicada a multa
prevista no artigo 109, da Lei Estadual nº
5.900/1996, por sua subsunção a situação
fática. 5) Recurso Ordinário conhecido e
improvido. Mantida na íntegra a decisão
singular. 6) Havendo fortes indícios de Crime
Contra a Ordem Tributária exigindo que após a
decisão se tornar definitiva sejam os autos
encaminhados ao Ministério Público.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


CALHEIROS E MELO COMÉRCIO SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA - ME,
já qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito
tributário no valor de 1.958.608,24 (Um milhão, novecentos e
cinqüenta e oito mil, seiscentos e oito reais e vinte e quatro
centavos), por haver a empresa autuada emitido documentos
fiscais que não correspondem a uma saída de mercadoria, a uma
transmissão de propriedade de mercadoria ou a uma entrada de
mercadorias em seu estabelecimento, ou seja, notas fiscais
graciosas no valor total de R$ 6.528.694,10 (seis milhões,
quinhentos e vinte e oito mil, seiscentos e noventa e quatro
reais e dez centavos), nos exercícios de 2008, 2009 e 2010,
para simular vendas de mercadorias, cujos pagamentos se deram
com recursos federais, estaduais e municipais, situação em que

Acórdão CTE 171/2013 1


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as aquisições não foram comprovadas, as notas fiscais de


vendas não tem data de emissão e de saídas das mercadorias; a
venda de combustíveis não tem autorização da ANP, não existe
bombas de combustíveis, o volume e variedade das mercadorias
são incompatíveis com o ramo de sua atividade; inexiste espaço
para estocagem das mercadorias cujas notas foram consideradas
como graciosas porque a autuada não demonstrou com documentos
de aquisição a sua origem; faltam condições práticas para que
uma empresa tão pequena comercialize quantidade tão expressiva
de mercadorias sem autorização dos órgãos competentes,
especialmente para as vendas de combustíveis; não indicando
sequer o nome da empresa transportadora das mercadorias.

Apontados como infringidos os artigos 49, II;


139, e 223, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 109, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruída com cópias da


ocorrência fiscal; da intimação fiscal nº 9014465; relatório
de dados cadastrais do contribuinte; fotos do estabelecimento
da autuada; cópia da Portaria ANP nº 116/2000; protocolo de
entrega dos livros e das notas fiscais; demonstrativo de
débito; Resumo Geral de AIDF por Contribuinte; cópias do LREM
(01/2008 a 12/2010), todas sem movimento, a exceção dos meses
10/2008, e 12/2008, que indicam a entrada correspondente a 03
(três notas) fiscais; cópias do LRSM do período auditado e das
notas fiscais de saídas modelo 01 de nºs 000001 a 001005.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestivamente,


com as seguintes alegações:

1) Que, o lançamento é nulo por preterir o


direito de defesa, por não indicar os meses em que ocorreu a
suposta infração, menciona apenas os exercícios; sua descrição
é desconexa, de difícil compreensão, não explicitando quais
saídas, transmissão de propriedade ou entradas de mercadorias
a que se refere; não foi feito um levantamento específico de
estoque que sustente a acusação de emissão de notas fiscais
que não correspondem à saída, transmissão de propriedade ou
entrada de mercadorias em seu estabelecimento; caso não se
entenda pela nulidade lhe seja restituído integralmente prazo
para apresentação de nova defesa.

2) Que, não infringiu a legislação estadual;


não cometeu nenhuma irregularidade; não está demonstrado fato
gerador capaz de permitir a presente exigência; o lançamento

Acórdão CTE 171/2013 2


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quer impor penalidade à revelia da lei, devendo por isso ser


aplicada a benigna amplianda, conforme artigo 112, do CTN; a
lei deverá ser interpretada de maneira mais favorável ao
contribuinte no caso de dúvidas quanto à sua capitulação
legal, as circunstâncias materiais, a autoria, a natureza da
penalidade ou sua graduação. Por fim, pede que a preliminar de
nulidade seja acatada ou que a multa aplicada seja cancelada,
pois, não praticou a infração.

DAS CONTRARRAZÕES

A Comissão de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões com as seguintes alegações:

1) Que, a autuada não trouxe aos autos provas


de que tenha havido cerceamento de defesa; não existe falta de
clareza na descrição da infração que prejudique o direito ao
contraditório e à ampla defesa, pois o lançamento se constitui
em operação de simples compreensão; a autuada descumpriu a
legislação ao emitir documentos fiscais, sem ter por exemplo a
data de emissão e/ou de saída nos documentos fiscais, infração
que por si só, já demonstra a intenção de sonegar imposto; a
grande quantidade dos produtos por ela comercializados se
mostra incompatível com a estrutura de seu estabelecimento.

2) Que, segundo as normas da ANP a autuada


não teria como promover as saídas de combustíveis (gasolina);
o LREM não tem registro de compras nos exercícios 2008 a 2010,
assim, a autuada não poderia vender produtos que não comprou e
a infração está fundamentada em provas robustas, como informa
o campo 8 (oito) da inicial; os autos do processo ficaram na
Repartição Estadual até 30 (trinta) dias contados a partir da
ciência da intimação para que a autuada tivesse vista dos
mesmos, não havendo que se falar em cerceamento de defesa; a
infração está evidenciada, apresenta inclusive fortes indícios
de que houve crime contra a ordem tributária. Por fim, pede a
procedência do auto de infração.

Em 27/09/2012, foi proferida a Decisão nº


18.757/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS QUE


NÃO CORRESPONDEM A UMA SAÍDA, TRANSMISSÃO DE
PROPRIEDADE OU ENTRADA DE MERCADORIAS. 1)

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Exercícios de 2008, 2009 e 2010. 2) Ilícito


fiscal comprovado mediante vasto arcabouço
probatório. 3) Subsunção dos fatos ao
art. 109, da Lei Estadual nº 5.900/96.
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, com as seguintes alegações:

I – EM PRELIMINAR

1) PELA NÃO INDICAÇÃO DO FATO GERADOR

Que, o auto de infração deixou de indicar os


elementos fundamentais à autuada no tocante à indicação das
rubricas sobre as quais se visualizou a emissão de documentos
fiscais, não estão demonstrados os meses em que os fatos foram
verificados; foram indicados apenas os exercícios fiscalizados
se mostrando insuficiente. Pela omissão da origem dos valores
que constam na autuação deveria conter informações detalhadas,
mês a mês, de cada uma das rubricas do Plano de Contas Interno
da Instituição Financeira, que a fiscalização deu a entender
que a autuada emitiu documentos fiscais sem que houvesse uma
saída de mercadoria, uma transmissão de propriedade ou uma
entrada de mercadorias em seu estabelecimento conforme entende
Hely Lopes Meirelles cuja doutrina se reproduz.

2) PELA INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A


LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO

O auto de infração é nulo por sua manifesta


impropriedade especialmente por inexistir justa causa para sua
lavratura porque a CF/88 garante que os cidadãos nas esferas
administrativas e judiciais não sejam submetidos a investidas
ilegais (artigo 5°, II); inexistindo justa causa a lavratura
do auto de infração, ilegítimo e nulo se mostra este, pois a
autuada não violou os dispositivos legais apontados; no caso,
por ser ilegítima a autuação cuja irrogação de conduta ilícita
é equivocada, cujos dispositivos apontados, não possibilitam o
entendimento esposado na exação, tampouco abre espaço para o
apenamento pretendido, é que se tem a autuação como ilegítima,
devendo ser declarada nula, com o conseqüente arquivamento do
processo que proporcionou sua origem.

Acórdão CTE 171/2013 4


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II - NO MÉRITO

1) Que, o auto é fruto de uma fiscalização


superficial; a descrição da infração está totalmente desconexa
(emitiu documento fiscal em relação a qual saída, entrada ou a
qual transmissão de propriedade de quais mercadorias?); Qual o
nexo entre a entrada e a saída de mercadorias? A infração foi
para a emissão de documentos fiscais com relação às saídas,
transmissão de propriedade ou entrada de quais mercadorias? É
difícil entender e clarear o raciocínio do fisco; o fisco não
fez qualquer levantamento de estoque dentro da empresa para
que se demonstrasse a existência material de circulação física
ou jurídica dos bens, sustentando apenas que houve emissão de
notas fiscais que não correspondiam a saídas, transmissão de
propriedade ou entrada de mercadorias no estabelecimento.

2) Que, não houve violação de nenhuma norma


da legislação estadual, muito menos, cometeu atos irregulares;
o lançamento é indevido por ofender ao artigo 37, do Pacto
Fundamental e foi lavrado a revelia da lei; não resta dúvida
da inexistência da prática ilícita, o fisco negou vigência ao
artigo 142, do CTN; a autuação está comprometida por absoluta
ilegalidade conforme ensina Ives Gandra da Silva Martins, cuja
doutrina se reproduz. Por fim, pede a reforma da decisão com o
cancelamento da multa, pois a autuada não emitiu documentos
fiscais que não correspondem à saída, transmissão ou entrada
de mercadorias em seu estabelecimento.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões com as seguintes alegações:

1) Que, com relação a preliminar por falta de


clareza da inicial, veja-se a nota fiscal nº 0001 (fl. 128, do
volume 02), não consta, a data de emissão, nem de saída, o
nome do transportador, nem a transportadora, todos, obrigações
acessórias (artigo 49; 131, I, “s”, “t” e “u”; VI, “a”, e “b”;
130, I, II e III; 139; 223; 810, IV; 814; 815; e 889, do
RICMS/91, cuja penalidade sugerida, artigo 109, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, comprovam e demonstram que as notas
fiscais foram emitidas sem observar a legislação tributária; a
autuada é uma microempresa e necessita ter espaço para
armazenar as mercadorias, porém, o imenso número de produtos
por ela comercializados indica que apesar dela ter se
cadastrado para exercer várias atividades o espaço destinado a

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suas atividades não comporta sequer 1/3 (um terço) das


mercadorias elencadas em seus dados cadastrais; no mínimo,
devia ser uma loja de departamentos ou um supermercado para
vender tão variados tipos de produtos o que não é o caso.

2) Que, a autuada deu saída a gasolina comum


(nota fiscal 000.988, fl. 1026, volume 11), quando a gasolina
(combustível) não faz parte do grande número de produtos
relacionados nos seus dados cadastrais; para comercializar
este produto, é necessário cumprir as várias exigências da ANP
(artigo 8º, I, da Lei nº 9.478/1997; artigos 10, parágrafo
único, da Portaria ANP nº 29/1999; e 1º, da Portaria nº
309/2001), demonstrando que a autuada não tinha condições de
vender gasolina comum porque não tinha como armazenar tal
produto, por não existir bombas de combustíveis e por não
haver pedido de autorização para o exercício desta atividade,
dentre outros requisitos; da mesma forma que na defesa, no
Recurso Ordinário também não apresentou qualquer argumento ou
informação de que possui outro prédio, armazém ou equipamentos
necessários para trabalhar com esse tipo de produto, que sendo
inflamável poderia causar incêndios ou explosões; além disso,
a grande quantidade de litros que consta das notas fiscais é
outro fator que exige uma estrutura e uma logística mais
adequada ao exercício de sua comercialização.

3) Que, as cópias do LREM não contém registro de


compras, está sem movimento em 2008, 2009 e 2010 (fl. 41, a
92, processo inicial); a cópia do LRSM só apresenta movimento
a partir de maio/2008, ou seja, a autuada não poderia vender
produtos que não comprou, comprovando assim, a idoneidade do
procedimento fiscal, elaborado com base no artigo 50, I, e II,
da Lei nº 5.900/96. O Recurso Ordinário enfatiza como nula a
autuação, por não identificar a origem deste suposto crédito
tributário; ocorre que o trabalho do fisco está fundamentado
em provas e informações prestadas pela autuada em seus livros
e documentos fiscais, sendo que o descumprimento de obrigações
acessórias sujeita o infrator ao pagamento do imposto com os
demais acréscimos legais; o referido recurso é semelhante a
defesa, em nada inova sendo somente protelatório, não restando
dúvidas de que a autuada emitiu documentos fiscais que não
correspondem a uma efetiva saída, transmissão de propriedade
ou a uma entrada de mercadorias no seu estabelecimento, com o
propósito de obter vantagem ilícita para si ou para outrem e
que constam nos autos fortes indícios de Crime Contra a Ordem
Tributária. Por fim, pede a procedência da autuação. Assim,
chegam os autos a este Conselho Tributário Estadual para
análise do Recurso Ordinário.

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É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário, interposto


contra a Decisão nº 18.757/2012, de Primeira Instância que
julgou Procedente o lançamento constante do auto de infração
nº 90.14465-001, de 09/12/2011.

I - DAS PRELIMINARES

1) PELA NÃO INDICAÇÃO DO FATO GERADOR

O Recurso Ordinário afirma que a autuação não


indica elementos fundamentais à autuada quanto à indicação das
rubricas sobre nas quais se visualiza a emissão dos documentos
fiscais, não foi demonstrado os meses em que os fatos foram
verificados; deveria conter informações detalhadas, mês a mês,
de cada rubrica do Plano de Contas Interno da Instituição
Financeira que deu a entender a fiscalização, haver a empresa
autuada emitido documentos fiscais sem haver uma saída de
mercadoria, uma transmissão de propriedade ou uma entrada de
mercadorias em seu estabelecimento comercial, efetivamente o
LREM encontra-se em branco, demonstrando que a autuada não
adquiriu nenhuma mercadoria.

A análise dos autos demonstra que não assiste


razão a autuada, uma vez que o demonstrativo de débito às fls.
23, a 39, do processo principal, menciona mês a mês quais
foram às saídas que teriam sido graciosas; relaciona as notas
fiscais envolvidas; e também foram anexadas cópias de toda a
documentação fiscal que embasa a matéria fática. A autuação
foi lavrada de acordo com as determinações constantes da Lei
Estadual nº 6.771/2006, ou seja, revestida de validade, motivo
pelo qual, rejeito a preliminar.

2) PELA INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A


LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO

O Recurso Ordinário afirma ainda, que o auto


de infração é nulo pela inexistência de justa causa para sua
lavratura, pois, a CF/88 garante que os cidadãos nas esferas
administrativas e judiciais não sejam submetidos a investidas
ilegais (artigo 5°, II); inexistindo justa causa para lavrar a
autuação, ilegítimo e nulo se mostra esta, pois a autuada não
violou os dispositivos legais apontados; tais dispositivos não
permitem entender o esposado na exação, nem abre espaço para o

Acórdão CTE 171/2013 7


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apenamento pretendido; o auto de infração é ilegítimo devendo


ser declarada sua nulidade.

A análise dos autos comprova que a volumosa


documentação anexada aos autos é suficiente à sua instrução,
inclusive, para afastar a suscitada obscuridade na definição
dos fatos, haja vista que detalham todas as operações e todas
as mercadorias objeto da autuação, descreve de maneira clara a
infração; demonstra que a autuada se defendeu de tudo que lhe
foi imputado; até porque os autos do processo ficaram à sua
disposição por um período de 30 (trinta) dias a contar da data
em que foi devidamente intimada e até porque não é dado à
autuada ou a qualquer outro contribuinte o direito de praticar
operações comerciais de natureza tributária a seu bel prazer,
ou seja, em revelia ao que dispõe a norma tributária vigente
(artigos 49, II; 139; e 223, do RICMS/91). Portanto, o auto de
infração atende a legislação tributária vigente, motivo pelo
qual também rejeito esta preliminar.

II – DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a autuação


foi motivada pelo fato de a autuada haver emitido documentação
fiscal (notas fiscais de saídas) que não correspondem a uma
saída, a uma transmissão de propriedade ou a uma entrada de
mercadorias em seu estabelecimento comercial.

O Recurso Ordinário afirma que a autuação não


se sustenta porque não foi feito um levantamento específico de
estoque para sua comprovação. Ora, essa afirmação não procede,
haja vista, que o levantamento para contagem de estoque, se
presta a apurar a ocorrência de entradas ou de saídas de
mercadorias desacompanhadas de documentação fiscal, porém, não
se presta para demonstrar a emissão de notas fiscais que não
correspondam a uma entrada, a uma saída ou a uma transmissão
de propriedade de mercadorias, hipótese ou situação fática da
qual trata a presente autuação.

Nos autos estão comprovadas as aquisições de


mercadorias desacompanhadas de notas fiscais, porque apesar de
a autuada ter emitido um grande volume de notas fiscais de
saídas, não possuía estoque de mercadorias e não escriturou
praticamente nenhuma nota fiscal de entrada, fato que autoriza
concluir-se que esta situação não foi deduzida ou presumida a
partir de um elemento isolado, mas a partir de todo o conjunto
probatório. Neste passo, observem-se as irregularidades quando
da emissão das notas fiscais anexadas na inicial que indicam a
inexistência operações reais e a ocorrência de operações tidas

Acórdão CTE 171/2013 8


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como graciosas (quando mercadorias foram vendidas, sem que


tivessem entrado no estabelecimento comercial da autuada e sem
que também contassem de seu estoque físico).

Observe-se que se tais notas representassem as


saídas efetivas das mercadorias nelas assinaladas, seria de se
esperar que houvesse ao menos a emissão destes documentos na
data em que a operação ocorreu, a fim de que acompanhassem o
trânsito dos produtos até o destinatário. É certo que a maior
parte das notas fiscais sequer contém informação sobre a data
de emissão ou de saída, e, mesmos nas notas fiscais emitidas
com aposição da data de emissão, a ordem cronológica não foi
obedecida como exige a legislação tributária vigente, havendo
uma alternância de datas totalmente aleatória (folhas nºs 268,
a 276, do Processo 1500-040.200/2011), sendo que essa situação
se repete várias vezes. Também notas fiscais não utilizadas
foram deixadas em meio à seqüência das que foram emitidas.

Estes fatos denotam não apenas a falha na


emissão dos documentos fiscais, com infração aos artigos 49,
I; 130, I; 131, I, “s”; 136; 139; e 212, § 3º; do RICMS/91,
mas a própria inocorrência das operações a que supostamente se
referem, indicando que houve a utilização destes documentos
com outra finalidade que não a de registrar a real circulação
destas mercadorias. Some-se a tudo isto, que o grande volume
das mercadorias supostamente comercializado pela autuada é de
tal monta, que se mostra inviável de ser operacionalizado na
prática por um pequeno estabelecimento comercial (vide fotos
anexadas, fls. 13, e 14, da inicial), classificado perante as
Fazendas Federal e Estadual como sendo uma microempresa em que
seu único estabelecimento comercial consiste numa pequena sala
de escritório, como demonstra a documentação já citada.

Essa movimentação também é incompatível com o


teto estabelecido para as microempresas, por apresentar-se em
uma situação bem superior, onde, inclusive, seria cabível seu
desenquadramento, pois, as notas fiscais emitidas referem-se a
uma grande diversidade de mercadorias e serviços, não se atem
a uma linha de atuação ou a um seguimento, como seria natural;
devendo observar-se que foram emitidas notas fiscais relativas
a produtos para alimentação (perecíveis e não perecíveis);
material de limpeza; material de escritório; suprimentos e
equipamentos de informática; confecções; calçados; móveis de
escritório; material escolar; EPI’s (equipamentos de proteção
individual); móveis e fardamentos escolares; panelas; venenos;
equipamentos agrícolas; brinquedos e jogos educativos; kit’s
teatro; equipamentos agrícolas e eletrônicos (som, áudio,
vídeo); material esportivo e elétrico; colchões; autopeças;

Acórdão CTE 171/2013 9


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combustíveis (gasolina, álcool, diesel); eletrodomésticos;


derivados de madeira; produtos de padaria; medicamentos;
material hospitalar; fornecimento de alimentos (quentinhas);
material gráfico (calendários, panfletos, folders); botijão de
gás; confecções; produtos de higiene pessoal e colchão e etc.

A imensa diversificação de produtos vendidos é


algo inimaginável até para uma grande loja de departamentos, o
que se dirá para uma microempresa estabelecida numa pequena
sala comercial, sendo certo que esta multiplicidade de ramos
de atuação demandaria uma logística impossível de ser operada
por uma Empresa de Pequeno Porte – EPP que não dispõe sequer
de espaço físico para manter seu estoque. Registre-se que a
dificuldade prática de ocorrência das operações registradas
pela autuada também esbarra no campo das limitações impostas
pela lei para a mercancia de determinados produtos, a exemplo
de equipamentos e instalações necessários ao atendimento de
normas relativas à segurança, a exemplo da comercialização de
combustíveis, da qual a autuada não possui sequer as bombas.

Ainda que fosse considerada a remota hipótese


de que a autuada não mantenha nada em estoque, porque remete
toda a mercadoria recebida imediatamente ao seu destinatário,
não haveria possibilidade para comercialização de alguns dos
produtos anteriormente elencados, como por exemplo, a revenda
de combustíveis, que como destacado pela fiscalização e pela
Representante Fiscal, a atividade de distribuidor e de revenda
a varejo de combustíveis somente poderá e deverá ser exercida
por empresas devidamente registradas e habilitadas, ou seja,
autorizadas pela Agência Nacional de Petróleo - ANP conforme
determinam os artigos 2º, da Portaria Nº 202/1999, e 3º, da
Portaria ANP Nº 116/2000, respectivamente.

Está demonstrado de maneira inequívoca que


efetivamente não houve saídas de mercadorias, mas apenas uma
emissão graciosa de notas fiscais, como aponta a fiscalização,
situação fática, corroborada por outras questões suscitadas ao
longo deste processo, a exemplo da descrição incompleta das
mercadorias; da não identificação do transportador; da falta
das datas de emissão e saída das mercadorias e principalmente,
a falta de contestação da autuada quanto à gritante e acintosa
ausência ou falta de entradas de mercadorias em seu pequeno
estabelecimento comercial durante todo o período auditado.

Por fim, a autuada não trouxe nenhuma prova


capaz de afastar a acusação posta na inicial, e, os documentos
citados e anexados aos autos comprovam a infração aos artigos
139, e 223, do RICMS/91.

Acórdão CTE 171/2013 10


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“Art. 139 - Fora dos casos previstos nas legislações do IPI e do


ICMS, é vedada a emissão de Nota Fiscal que não corresponda a uma
efetiva saída de mercadorias.
(...)”

“Art. 223 - É vedada a emissão de documento fiscal que não


corresponda a uma efetiva saída ou entrada de mercadoria ou a uma
efetiva prestação de serviço, exceto nas hipóteses expressamente
previstas na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados ou
do Imposto de Circulação de Mercadorias e de Prestação de Serviços.
(...)”

Não restam dúvidas de que a autuada descumpriu


obrigações acessórias, desrespeitando os artigos 49; 131, I,
“s”, “t” e “u”; VI, “a”, e “b”; 130, I, II e III; 139; 223;
810, IV; 814; 815; e 889, do RICMS/91, como comprovam as notas
fiscais de nºs 0001 à fl. 128, do volume 02; e 000.988 à fl.
1026, volume 11, referentes a gasolina, produto que não faz
parte do grande número de produtos relacionados no relatório
de dados cadastrais para comercialização e principalmente por
ser necessário cumprir as várias exigências da ANP; devendo se
observar ainda, que nestas notas fiscais não constam as datas
de emissão e de saída das mercadorias; o nome do transportador
e da transportadora, e, que todos estes dados se constituem em
obrigações acessórias e que foram descumpridas pela autuada.

Por fim, a autuada de forma diferente da que


invoca em sua defesa, o artigo 5º, II, da CF/88, que garante
aos cidadãos nas esferas administrativas e judiciais o direito
de não serem submetidos a investidas ilegais quando inexistir
justa causa (a ela, principalmente, por inexistir motivos para
a lavratura do auto de infração); PROMOVEU durante os períodos
fiscalizados, saídas de mercadorias inexistentes (não entraram
e não ficaram estocadas em seu estabelecimento comercial) com
a emissão de notas fiscais graciosas, descumprindo ao previsto
no artigo 50, I, e II, da Lei Estadual nº 5.900/1996, que no
entender da fiscalização estadual e do julgador singular são
indicativas de haver ocorrido Crime Contra a Ordem Tributária.
“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição
deverão, de acordo com a respectiva atividade e em relação a cada um
de seus estabelecimentos:

I - emitir documentos fiscais, conforme as operações e prestações que


realizarem;

II - manter escrita fiscal destinada ao registro das operações


efetuadas.

§ 1º - O Regulamento estabelecerá os modelos dos documentos e livros


fiscais que deverão ser utilizados, bem como a forma e os prazos de
sua emissão e escrituração.
(...)”

Quanto à aplicação da penalidade, a decisão


singular acertadamente aplicou aquela prevista no artigo 109,

Acórdão CTE 171/2013 11


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da Lei Estadual nº 5.900/1996, por sua subsunção a situação


fática tratada na inicial.
“Art. 109 - Emitir documento fiscal que não corresponda a uma saída
de mercadoria, a uma transmissão de propriedade de mercadoria ou a
uma entrada de mercadoria no estabelecimento do contribuinte, com o
proprósito de obter vantagem ilícita, para si ou para outrem.

MULTA - equivalente a 30% (trinta por cento) do valor da operação.


(...)”

Portanto, o Lançamento é Procedente como bem


decidiu o julgador singular. O valor do crédito tributário é
de R$ 1.958.608,24 (hum milhão, novecentos e cinqüenta e oito
mil, seiscentos e oito reais e vinte e quatro centavos) como
consta da decisão da Primeira Instância Administrativa a fl.
35, do Processo 1500-005.595/2012, devendo ser recolhido com
os acréscimos previstos em lei.

Quanto às observações da fiscalização estadual


e do julgador singular referentes ao encaminhamento dos autos
ao Ministério Público por haver indícios de ter ocorrido Crime
Contra a Ordem Tributária, entendo que a situação fática e o
conjunto probatório são indicativos para que tal conduta seja
apurada pelo Ministério Público. Após se tornar definitiva a
decisão, sejam os autos encaminhados ao Ministério Público nos
termos do artigo 814, do RICMS/1991.
“Art. 814 - O Fiscal de Tributos Estaduais ou Fiscal Auxiliar de
Tributos Estaduais que tiver conhecimento de fato que possa
caracterizar infração penal de natureza tributária, tal como crime de
sonegação fiscal previsto na Lei Federal nº 4.729, de 14 de julho de
1965, ou de crime contra a ordem tributária, de que trata a Lei
Federal nº 8.137, de dezembro de 1990, após tomar as devidas
providências cabíveis no que concerne à lavratura do Auto de Infração
para instauração do processo administrativo, entregará cópia
autenticada dos autos ao Coordenador Regional, devidamente
protocolada, que fará representação, sob pena de responsabilidade, a
ser encaminhada ao Ministério Público, para início do processo
judicial.
(...)”

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário, negar-lhe provimento. Mantida
na íntegra a decisão singular.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

Acórdão CTE 171/2013 12


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CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE 171/2013 13


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SESSÃO ORDINÁRIA:Nº 29 – 1ª CAMARA – REALIZADA: 06/08/2013


PROCESSOS: 1500-021.336/2011; 1500-091.049/2009 e CTE nº 253/2012.
ANEXOS: 1500-034.627/2011 e 1500-016.574/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.01128-001, de 12/07/2011.
AUTUADA: Maria Jilza dos Santos - ME.
AUTUANTE: Paulo Sérgio Fernandes Viana.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.615/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
RELATOR: Carlos Henrique de Mendonça Brandão.
VOTO VENCEDOR: Odete Mineiro da Paz.
VOTO DE DESEMPATE DO PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA
FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº173/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Omissão de


saídas de mercadorias tributáveis em operações
internas, fato apurado através do confronto entre os
valores que foram informados pelas administradoras de
cartões de crédito e de débito com valores declarados
e escriturados pela autuada nas DASN e PGDAS nos
exercícios fiscalizados, resultando em uma diferença a
maior, por não ter a autuada emitido os documentos
fiscais quando das vendas de mercadorias. 2)
Presunção relativa admitida (artigo 2º, I, § 9º, V, da
Lei nº 5.900/1996, na redação da Lei nº 6.970/2008),
não afastada pela autuada. 3) Preliminares de nulidade
do auto de infração: a) Por vício insanável (a autuada
alega não ter recebido cópias dos documentos anexados
na inicial) e b) Por violação ao sigilo fiscal; não
acatadas. 3) Infração comprovada. No mérito, é
possível a norma retroagir uma vez que sua natureza
formal e procedimental permite que seja aplicada na
apuração do ICMS a fato gerador que tenha ocorrido
antes de entrar em vigência (artigo 144, § 1º, do
CTN). 4) Aplicável aos autos a legislação tributária
referente a Sistemática Normal de Tributação conforme
previsão do artigo 13, § 1º, XIII, alínea “f”, da Lei
Complementar nº 123/2006. 5) Reduzido o valor do
crédito tributário pela aplicação da penalidade (multa
prevista no artigo 79, da Lei Estadual nº 5.900/96),
por ser mais adequada e porque a infração foi apurada
através de Levantamento Fiscal. 6) Lançamento
Procedente em Parte. 7) Reexame Necessário e Recurso
Ordinário conhecidos e improvidos. Mantida na íntegra
a decisão singular.

ACÓRDÃO Nº173/2013 Página 1


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RELATÓRIO

Trata-se da constituição de crédito tributário no valor de


R$ 42.845,79 (quarenta e dois mil oitocentos e quarenta e cinco reais e
setenta e nove centavos), sendo R$ 26.778,62 (vinte e seis mil
setecentos e setenta e oito reais e sessenta e dois centavos) de ICMS e
R$ 16.067,17 (dezesseis mil sessenta e sete reais e dezessete centavos)
de Multa, por ter o sujeito passivo deixado de recolher o ICMS nos
exercícios de jan/2007 a jul/2009 decorrente da omissão de saídas
relativas as operações/prestações realizadas cujos pagamentos foram
feitos pelos adquirentes por meio de cartão de crédito/débito.

Foram tidos como infringidos os arts. 1º, 2º, § 9º, II e V,


31, 50, I, II, § 2º ao § 7º, da lei n. 5900/96 e art. 272-B do RICMS-
AL/91 aprovado pelo Decreto n. 35.245/91, e proposta a aplicação da
pena disposta no art. 83 da Lei 5900/96.

Instruem o auto de infração: a) cópia da intimação fiscal


n. 7001128/002, (fl. 08); b) demonstrativo fiscal (fls. 09-11); c)
processo 1500-091049/2009 (Relatórios Administradora Cartões, Extrato
do Simples Nacional).

Intimado, o contribuinte apresentou defesa ao auto de infração


alegando, em síntese:

a) por ser optante do Simples Nacional teria tratamento diferenciado


com aplicação da alíquota de 1,25% sobre sua receita e não de 17%
aplicada pelo agente fiscal;

b) a nulidade do auto de infração porque não seria o legalmente


previsto para o lançamento do crédito tributário impugnado
decorrente de sujeito passivo optante pelo Simples Nacional;

c) que houve violação do seu sigilo bancário ao obter relatórios de


suas operações financeiras, de forma ilegal e sem nenhuma
autorização judicial;

d) os relatórios não serviriam de prova porque seriam simples


listagens de números e não levaria em consideração os estornos de
vendas ocorridos e de outras operações não vinculadas a venda de
mercadorias;

e) que houve ofensa ao devido processo legal e ao seu direito de


defesa por falta de clareza na descrição dos fatos e por nenhuma
norma tributária descrita como infringida não se coadunar com a
realidade dos fatos;

f) que não teria sido provada a circulação de mercadorias sem


emissão correspondente documento fiscal, mas ocorrido somente
indícios porque seria necessária a realização de levantamento

ACÓRDÃO Nº173/2013 Página 2


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físico de estoque;

g) equivocada aplicação da multa;

h) não teria sido observado o princípio da anterioridade e


irretroatividade da lei tributária ao ter sido modificada a
presunção de ocorrência do fato gerador para incluir novas
hipóteses.

A Representação Fiscal apresentou suas contrarrazões,


aduzindo, em síntese:

a) a deve prosperar a alegação da defesa sobre a aplicação


indevida da alíquota normal de tributação pelo Fisco;

b) a correta aplicação da penalidade, conforme art. 13, § 1º,


XIII, f, da LC 126/2006 c/c art. 9º, § 2º, do CGSN 30/2008, no
caso, a saída de mercadoria desacompanhada de documento fiscal e
sem pagamento do imposto;

c) as provas obtidas e carreadas aos autos seriam legais (art.


6º da LC 105/2001) e não configuraria hipótese de quebra de sigilo
bancário, na medida em que a autoridade administrativa se
restringiu a obtenção formal dos valores das operações de vendas
junto as administradoras de cartão;

d) a desnecessidade da produção de prova pericial;

e) é descabido o argumento de cerceamento do direito de


defesa, já que a autuada poderia discutir o mérito da autuação e
aduzir provas para afastar a presunção legal da exigência fiscal;

f) por fim, que seria desnecessária a observância dos


princípios da anterioridade e irretroatividade da lei, por não
estar diante de hipóteses de criação ou majoração de tributo pela
Lei 6970/2009, mas apenas da implantação de critérios materiais de
apuração de ilícito tributário com a exemplificação de situações
características de omissão de receitas.

A Coordenadoria de Julgamento, através da Decisão de n.º


18.615/2012, julgou procedente o crédito tributário, assim ementando:

EMENTA: ICMS. 1. Não ficou caracterizado o


cerceamento do direito de defesa e contraditório
por que os autos do PAT ficaram disponíveis a
empresaria individual. 2. As operações de vendas
com recebimento por meio de cartão de crédito e/ou
débito são passíveis de averiguações fiscais. 3. A
opção do Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS nas operações de saídas de mercadorias
desacompanhada de documento fiscal. 4. Os
documentos enviados pelas Administradoras de

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cartão de crédito e débito não contém nenhuma


mácula. 5. O conjunto probatório acostado aos
autos é suficiente para o deslinde da questão. 6.
A instituição legal de novo critério de apuração
posterior a ocorrência do fato gerador não está
obrigado a observância do princípio da
irretroatividade e da anterioridade. 7. A
circunstância material que dá ensejo a presunção
legal foi constatada por valores informados pelas
Administradoras de Cartões sem a respectiva
emissão de documento fiscal. 8. Não será acolhido
o tipo penal tributário sugerido do art. 83 da Lei
5900/96, mas aplicada a penalidade disposta no
art. 79 da mesma Lei. 9. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 10. Reexame
necessário para o Conselho Tributário Estadual.

A contribuinte interpôs recurso voluntário, renovando suas


alegações apresentadas anteriormente em sua impugnação ao auto de
infração. A representação fiscal, por sua vez, pugnou pela manutenção
da decisão da Coordenadoria de Julgamento.

Por fim, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário


Estadual para julgamento do recurso voluntário e reexame necessário.

É o relatório.

VOTO VENCEDOR

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso Ordinário


interpostos contra a Decisão nº 18.615/2012, de Primeira Instância,
que julgou Procedente o Lançamento constante do auto de infração nº
70.01128-001, de 12/07/2011.

I - DAS PRELIMINARES DE NULIDADE

I.a) POR VÍCIO INSANÁVEL (CERCEAMENTO DE DEFESA UMA VEZ


QUE NÃO RECEBEU NENHUMA CÓPIA DOS DOCUMENTOS ANEXADOS NA PEÇA
INICIAL)

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A análise dos autos demonstra que não existem motivos


para se declarar a nulidade do auto de infração por cerceamento de
defesa, uma vez que a autuada se defendeu de acordo com as
previsões da legislação tributária vigente, bem como, teve pleno
acesso a todas as provas carreadas aos autos, impugnou o auto de
infração, exercendo plenamente seu direito à ampla defesa e ao
contraditório.

Ademais a intimação da autuada foi por AR e os documentos


anexados estavam à sua disposição na repartição fazendária durante
30 (trinta) dias, ou seja, durante o prazo para defesa, e se ela
não exerceu esse direito foi por sua própria escolha uma vez que
não havia impedimento legal, ao contrário, o artigo 893, §§ 3º e
4º, do RICMS/91, lhe garantia acesso aos documentos, motivo pelo
qual rejeito a preliminar.
“Art. 893 - Atendidas as determinações do artigo precedente e expirado o
prazo para apresentação de defesa ou recurso, a unidade preparadora deverá:
(...)”

§ 3º - É facultado vistas ao processo, durante a sua permanência no órgão


preparador, que não poderá ser superior a 30 (trinta) dias contados da data
da ciência, ao sujeito passivo ou ao seu representante legal.

§ 4º - É vedada a retirada do processo, sob qualquer alegação, do órgão


preparador ou de outro setor da Secretaria da Fazenda a que for destinado,
exceto por solicitação expressa do Secretário da Fazenda ou quando destinado
a autoridade autuante para realização de diligências, apresentação de
contestação, defesa a recurso ou para dar vistas a atos praticados no
processo dos quais não tenha conhecimento.
(...)”

VOTO DE DESEMPATE DA PRELIMINAR DE NULIDADE POR


QUEBRA DE SIGILO APRESENTADO PELO PRESIDENTE

1.) Inicialmente, cabe-me pontuar que a Lei Estadual nº 5.900/96,


em seu art.50, §11, obriga as administradoras de cartões de
crédito e/ou débito a fornecerem regularmente à SEFAZ/AL
informações pertinentes a cada operação ou prestação
efetuadas por contribuintes através de seus respectivos
sistemas de crédito e/ou débito, sem qualquer exigência de
prévia autorização judicial.
2.) Tais informações – prestadas periodicamente pelas
administradoras de cartões de crédito ao Fisco – se
constituem em obrigações tributárias acessórias e se referem
às suas respectivas e rotineiras atividades mercantis, com
as quais se torna possível às Entidades Tributantes o
conhecimento dos elementos de riqueza passíveis de
tributação e planejamento de atuações fiscais futuras.
3.) Ainda sobre o tema anterior, o fato de o Fisco receber,
conhecer e, porque não dizer, esmiuçar tais informações (por

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dever, prestadas periodicamente), não significa dizer que a


Fazenda está a “quebrar” sigilos, posto que tais dados não
poderiam, por obviedade, ser considerados sigilosos, já que
compõem o universo tributável a que se destina, ou, em
outras palavras, considerar o contrário seria a supressão da
própria atividade estatal fazendária.
4.) Basta um olhar atento para os comandos insertos na LC
105/2001, em especial o seu art.5º caput e §4º, que
prescrevem uma necessidade de conhecimento de tais dados
pelo Fisco e que, constatando-se “indícios de falhas,
incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito
fiscal”, fica a Administração Tributária obrigada (poder-
dever) à averiguação de tais gravames. No Estado de Alagoas,
a Lei nº 6.846/2007 disciplinou nesse sentido.
5.) No caso concreto, o Memorando DIPLAF, ainda no ano de 2009,
surge em razão de inconsistências ou discrepâncias entre os
valores apresentados pela contribuinte em suas DASN
(Declaração Anual de Simples Nacional) e os valores
informados pelas administradoras de cartões de
crédito/débito, esses obtidos regularmente, porque
compreendidos dentre aquelas obrigações acessórias a que
estão sujeitas tais instituições financeiras (inteligência
do art.50, §11, Lei 5.900/96 c/c os artigos 272-A e 272-B,
RICMS/91).
6.) Por fim, quanto à aplicabilidade do art.6º no presente caso,
peço licença a Eminente Relatora assim como aos Ilustres
Julgadores que pediram vista para discordar, no sentido de
que não vejo como tal regra incidir no presente caso.
Vejamos.
7.) O art.145, §1º, da CF/88, faculta à Administração Tributária
proceder com a identificação do patrimônio, rendimentos e
negócios do contribuinte, nos termos da Lei e desde que se
respeitem os direitos individuais, isso de indubitável
consenso. Por sua vez, o Estado de Alagoas, como antes dito,
publicou a Lei 6.846/2007, que trata da obrigação acessória
de as Administradoras de cartões de crédito/débito a prestar
periodicamente informações atinentes a suas operações e
atividades mercantis. E essa prestação de informações está
compreendida na própria razão de existir daquelas
instituições financeiras, na medida em que subsidiam o atuar
do Fisco, seja confirmando a licitude e a regularidade do
que foi apresentado, seja reprimindo eventuais
irregularidades ou, ao menos, algum indício delas.
8.) Assim, vejo que, para obtenção de tais informações, o Fisco
não necessita instaurar qualquer procedimento fiscal, porque
a dita prestação já se insere no arcabouço legal de
obrigações da própria instituição financeira ante o Erário

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Público, ou melhor, não necessita a fiscalização comparecer


ao estabelecimento para examinar livros, documentos e/ou
registros, já que os fundamentos de sua atuação encontram-se
previstas no art.50, §11, da Lei nº 5.900/96 c/c os
arts.272-A e 272-B do RICMS/AL, bem como a Lei Estadual
6.846/2007.
9.) Ainda que se fosse considerar aplicável a regra do art.6º da
LC 105/2001, entendo que o Memorando DIPLAF, ainda no ano de
2009, é início de procedimento fiscal, apto a tornar regular
a atividade do fisco alagoano.
10.) Portanto, não acolho a preliminar de nulidade do auto de
infração por violação ao devido processo legal com
fundamento em suposta inobservância do art.6º da LC
105/2001, entendendo como inaplicável ao caso o citado
dispositivo.
É o voto.

DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a infração


apontada na inicial está respaldada no artigo 2° § 9º, V, da Lei nº
5.900/1996, cujo procedimento foi introduzido pela Lei nº
6.970/2008, para regulamentar as ações fiscais destinadas à
apuração das omissões de receitas sobre as vendas efetuadas com
cartões de crédito e débito.

As provas que estão anexadas aos autos (as


declarações de vendas através de cartões de crédito e débito que
foram enviadas pelas operadoras dos referidos cartões; o PGDAS e a
DASN apresentados pela autuada a Receita Federal nos termos do
Simples Nacional, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009), apontam que
quando do confronto entre seus valores, restou apurada uma
diferença no valor de R$ 157.521,29 (cento e cinqüenta e sete mil,
quinhentos e vinte e um reais e vinte e nove centavos), conforme
demonstrativos às fls. 09 a 11, da peça inicial, a qual é
simultaneamente base de cálculo do ICMS devido e prova da infração
apontada na presente autuação, a qual tem respaldo no artigo 2º, §
9º, V, da Lei nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996
“Art. 2º - (...)

§ 9º - Presumem-se ocorridas operações ou prestações, internas, tributadas,


sem pagamento do imposto, ressalvada ao sujeito passivo a prova da
improcedência da presunção, quando se constatar omissão ou inclusão de
registros contábeis ou fiscais que indique omissão de receitas, tais como:
(...)

ACÓRDÃO Nº173/2013 Página 7


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V - valores informados por instituições financeiras, administradoras de


cartões de crédito e de débito, condomínios comerciais ou outra pessoa
jurídica legalmente detentora de informações financeiras, sem a respectiva
emissão de documentos fiscais ou tendo sido estes emitidos com valores
inferiores aos informados;
(...)”

Não resta dúvida de que os valores que foram


informados pelas operadoras (a maior) comprovam que a autuada
efetuou vendas com cartão de crédito e débito sem a devida emissão
do respectivo documento fiscal (cupom fiscal) uma vez que suas
operações de vendas informadas no PGDAS e na DASN em cada exercício
apresentam valores inferiores (a menor) gerando a diferença de R$
157.521,29 (cento e cinqüenta e sete mil, quinhentos e vinte e um
reais e vinte e nove centavos), como apontam os demonstrativos de
fls. 09 a 11, do processo inicial; diferença esta, que é ao mesmo
tempo, prova material da infração e base de cálculo do imposto
apurado, recebido pela autuada e não repassado ao Estado de
Alagoas.

Quanto à irretroatividade do artigo 2º, § 9º, da


Lei nº 5.900/1996, não resta dúvida de que o mesmo se encontra
vigente desde 27/12/1996; e seu comando normativo prevê que a falta
ou a inclusão de registros contábeis ou fiscais ou tendo sido estes
emitidos em valores inferiores aos informados, autoriza a presunção
de que ocorreram operações internas sem pagamento do ICMS
(ressalvado ao sujeito passivo a prova da improcedência da
presunção); e que, cada um de seus 08 (oito) incisos, não são novos
fatos geradores, mas, são elementos indicativos de cada
procedimento de fiscalização a ser adotado, em cada uma das
situações ali previstas, como demonstram as atualizações
introduzidas pela Lei nº 5.979/1997 (que trata do percentual de 30%
previsto como valor agregado); pela Lei nº 6.348/2002 (que trata da
hipótese de entrega de mercadoria ou bem importados do exterior
antes do desembaraço aduaneiro) e pela Lei nº 6.970/2008, que trata
das operações feitas com a utilização de cartões de crédito e
débito.

Nesse passo, é certo que a presunção legal do


artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº 5.900/1996, cujo
procedimento está previsto na Lei nº 6.970/2008, permite a mesma
retroagir, haja vista, que o inciso V, não cria nova hipótese de
incidência tributária, mas, apenas institui novos critérios ou
procedimentos para verificar a ocorrência do fato gerador (já
criado em 27/12/1996), fato este, que atende ao que determina o
artigo 144, § 1º, do CTN.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL - CTN

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Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da


obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente
modificada ou revogada.

§ 1º - Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência


do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração
ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das
autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou
privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir
responsabilidade tributária a terceiros.
(...)”

Não resta dúvida, de que o § 1º, do artigo 144, do


CTN autoriza que o Inciso V, do § 9º, do artigo 2º, da Lei Estadual
nº 5.900/1996, retroaja e alcance fatos geradores anteriores a
2008. Está claro que não podemos confundir a regulamentação de um
novo critério de fiscalização, de um novo procedimento
fiscalizatório (o inciso V, do § 9º) com a criação de um novo fato
gerador, bem como, que desde 26/09/2007, a apresentação dos
relatórios com os valores referentes a cada operação ou prestação
com cartões de crédito e débito já eram de apresentação obrigatória
ao fisco estadual, como determinado expressamente pela Lei Estadual
nº 6.846/2007.

LEI Nº 6.846/2007
“Art. 1º - Os dispositivos a seguir indicados da Lei nº 5.900, de 27 de
dezembro de 1996, passam a vigorar com a seguinte redação:
(...)

III - o art. 50:


(...)”

LEI Nº 5.900/1996
"Art. 50 - (...)

§ 2º - Os estabelecimentos que exerçam a atividade de venda ou revenda de


mercadorias ou bens, ou de prestação de serviços, em que o adquirente ou
tomador seja pessoa física ou jurídica não contribuinte do ICMS, estão
obrigados ao uso de equipamento emissor de Cupom Fiscal - ECF, inclusive
para imprimir, obrigatoriamente, o comprovante de crédito ou débito
referente ao uso de Transferência Eletrônica de Fundos - TEF, nos termos que
dispuser a legislação.
(...)

§ 11 - As administradoras de cartão de crédito e/ou débito e as


administradoras de "shopping center", de condomínios comerciais e de
empreendimentos semelhantes deverão, nos termos da legislação, informar ao
fisco estadual:

I - o valor referente a cada operação ou prestação efetuada por


contribuintes do imposto através de seus sistemas de crédito, débito ou
similares; e
II - os dados relativos a bens, negócios, atividades ou outras informações
que disponham a respeito dos contribuintes localizados no seu
empreendimento, inclusive sobre valor locatício.
(...)”

Portanto, não procede a alegação da autuada, de


que a presente autuação fere o Princípio Constitucional da

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Anterioridade Tributária pela criação de um novo fato gerador pela


Lei nº 6.970/2008, por se tratar apenas da implantação de critérios
materiais para a apuração de um ilícito tributário já existente
(omissão de saídas), haja vista, que os valores das operações
praticadas pela autuada com cartões de crédito e débito são de
declaração obrigatória a Fazenda Estadual (artigo 31, caput, e §
1º, da Lei Estadual nº 5.900/1996); sendo assegurado ao Fisco o
direito de conhecer os montantes das operações ou prestações feitas
pela autuada (sujeito passivo da obrigação tributária).

A natureza material da norma que institui nova


hipótese de incidência tributária não pode ser confundida com a
natureza formal/procedimental da norma que estabelece presunções de
ocorrência dessa hipótese de incidência, não havendo, portanto, que
se falar em ofensa ao princípio da irretroatividade da norma
tributária, haja vista que o § 1º, do artigo 144, do CTN (já
reproduzido) contém hipótese de exceção ao princípio, autorizando a
aplicação retroativa da legislação que, posteriormente à ocorrência
do fato gerador da obrigação tributária, tenha instituído novos
critérios de apuração ou de procedimentos de fiscalização.

Nesse passo, por conter caráter meramente


probatório, o ordenamento jurídico tributário estadual admite sua
aplicação a fatos pretéritos, haja vista, tratar-se tão somente de
instrumentos de verificação (meios probatórios) de hipóteses de
incidências já antes delineadas na lei, conforme decisão da 2ª
Turma do STJ.
“RECURSO ESPECIAL Nº 1.212.780 - SP (2010/0167612-3)
RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE: SALIM MIGUEL
ADVOGADO: MARCOS ALEXANDRE PEREZ RODRIGUES E OUTRO(S)
RECORRIDO: FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO: PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. AUTUAÇÃO FISCAL. ART. 12, §§ 2º E 3º, DO DECRETO-LEI 1.598/77.
NORMAS PROCEDIMENTAIS DE FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO NA
APURAÇÃO DE TRIBUTO CUJO FATO GERADOR TENHA OCORRIDO ANTES DA SUA ENTRADA
EM VIGOR. APLICAÇÃO DO ART. 144, § 1º, DO CTN.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não
caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC.
2. O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a legislação que
institui novos procedimentos fiscalizatórios pode ser aplicada na
constituição de créditos tributários cujo fato gerador tenha ocorrido antes
da sua entrada em vigor. Orientação reafirmada no julgamento do REsp
1.134.665/SP, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
3. As normas contidas nos §§ 2º e 3º do art. 12 do Decreto-Lei 1.598/1977 –
que afirmam presumida a omissão de receita, na hipótese de se verificar que
a escrituração do contribuinte deixou de considerar o pagamento de
obrigações, autorizando que o Fisco proceda ao lançamento por arbitramento
– relacionam-se a procedimentos de investigação da autoridade fiscal e,
portanto, podem ser aplicadas na apuração de tributo cujo fato gerador seja
anterior à sua vigência.
4. A presunção de omissão de receitas é relativa, admitindo-se que o
contribuinte demonstre o contrário. No entanto, no caso dos autos, o
Tribunal a quo expressamente afirmou, com base na prova dos autos, que a
parte não se desincumbiu desse ônus. A revisão desse entendimento demanda

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reexame do conjunto fático-probatório dos autos, obstado nos termos da


Súmula 7/STJ.
5. Recurso Especial não provido.
(REsp 1212780/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
15/02/2011, DJe 16/03/2011)
(...)”

Quanto ao fato de ser a autuada optante pelo


regime do Simples Nacional, a LC nº 123/2006, em seu artigo 13,
determina que o ICMS, em conjunto com os demais tributos devam ser
recolhidos mediante a aplicação de um percentual específico sobre a
receita mensal; e a norma supracitada prevê algumas situações em
que o ICMS não será tributado de acordo com o Simples Nacional, mas
que, a ele serão aplicadas as regras de incidência normal do ICMS
regidas pelas leis ordinárias estaduais dentre elas, as situações
previstas para os casos concretos de operações sem documentação
fiscal.

LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006


“Art. 13 - O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante
documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:
(...)

§ 1o - O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência dos


seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de contribuinte
ou responsável, em relação aos quais será observada a legislação aplicável
às demais pessoas jurídicas:
(...)

XIII - ICMS devido:


(...)

f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;


(...)”

Daí ser pertinente o lançamento do ICMS nos


termos da Lei nº 5.900/1996, ainda que a autuada esteja na
sistemática do Simples Nacional. Pertinência esta, que resulta
exatamente no fato de haver o fisco constatado a omissão de
registros contábeis, indicativa de omissão de receitas, por haver a
autuada como já dito, deixado de emitir os documentos fiscais das
vendas efetuadas com cartões de crédito e débito nos exercícios de
2007, 2008 e 2009, fato comprovado pela diferença apurada pelo
confronto entre os valores informados pelas administradoras de
cartões de crédito e débito com os valores informados pela autuada
nas PGDAS e nas DASN, fato que leva a presunção de haver deixado de
emitir os documentos fiscais das vendas efetuadas, e que ocasionou
a omissão de receitas nos termos do artigo 2º, § 9º, inciso V, da
Lei Estadual nº 5.900/1996 (na redação dada pela Lei Estadual nº
6.970/2008), acarretando por conseqüência a perda do benefício ao
Regime do Simples Nacional.

Por fim, observe-se, que a autuada não trouxe aos


autos, qualquer prova que pudesse ilidir a presunção legal de

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omissão de saídas oriunda da falta de registro dos valores


referentes aos documentos que deixou de emitir, mas, que foram
informados pelas operadoras de cartões de crédito/débito; em sua
defesa, se limitou a questões circunstanciais, enfrentadas e
afastadas acertadamente pela Decisão singular, à vista de
fundamentação legal pertinente, ficando comprovada a presunção de
operações de saídas, internas, tributadas, sem pagamento do
imposto, as quais foram apuradas pela diferença a maior entre os
valores informados pelas administradoras de cartões de crédito e de
débito e os valores declarados pela autuada em suas DASN (artigo
2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996), conforme consta dos números
apontados no demonstrativo fiscal às fls. 09 a 11, do Processo
inicial, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, como aponta o
complemento da descrição da infração no auto de infração, cuja
fundamentação legal é aquela constante do artigo 2°, § 9º, V, da
Lei nº 5.900/1996.

Comprovada a infração, resta autorizada a cobrança


do ICMS com base nas normas ordinárias estaduais, mediante a
aplicação do artigo 2º, § 9º, inciso V, da Lei Estadual nº
5.900/1996, já reproduzida, na redação das Leis nºs 6.846/2007 e
6.970/2008; e do artigo 144, § 1º, CTN; os quais permitem ao fisco
a possibilidade de utilizar-se das informações enviadas pelas
administradoras de cartões de crédito e débito para verificar a
exatidão das informações fiscais dos contribuintes, ainda que para
fatos pretéritos ao início de vigência das normas procedimentais.

A decisão singular não merece reforma, uma vez que


o julgador singular decidiu de acordo com as previsões da norma
tributária vigente, fundamentou sua decisão nos termos exigidos
pela Lei nº 6.771/2006; o crédito tributário foi apurado com base
nos valores retirados dos documentos que instruem os autos, dentre
eles, as PGDAS e a DASN (Declaração Anual do Simples Nacional),
onde a autuada informou apenas os valores que achou conveniente, em
detrimento de informar o valor total anual que foi obtido com as
vendas feitas com cartões de crédito/débito em confronto com os
Relatórios de Movimentações Financeiras, emitidos pelas
Administradoras de Cartões de Débito e de Crédito de bandeiras
VISANET, REDCARD e HIPERCARD (Processo 1500-091.049/2009).

Portanto, não resta dúvida de que a diferença


apurada a partir do confronto entre os valores citados gerou a base
de cálculo do ICMS apurado, cujo fato gerador é aquele previsto no
artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, apesar de o autuante na
descrição da infração haver informado que as operações de vendas
não tinham sido registradas em livro próprio; este fato foi
devidamente corrigido e suprido legalmente pelo complemento da
referida infração, quando afirma o mesmo autuante que o fato

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gerador foi apurado a partir da diferença encontrada pelo confronto


entre os valores informados pela autuada nas PGDAS e DASN com as
declarações prestadas pelas operadoras de cartões de credito e
débito, o que não desatende ao artigo 2°, §9°, V, da Lei nº
5.900/1996, não restando dúvidas de que o Lançamento é Procedente.

Quanto à aplicação da penalidade prevista no


artigo 83, da Lei nº 5.900/96, sugerida na inicial e reformada
acertadamente pela decisão singular (artigo 30, da Lei nº
6.771/2006), esta, deverá ser mantida, uma vez que esta Câmara (por
maioria) e o Pleno deste Conselho, por maioria de votos, têm
entendido que nos casos em que a infração foi apurada com base em
livros e documentos fiscais, será aplicada a penalidade prevista no
artigo 79, da mesma lei, até porque a penalidade prevista no
referido artigo 83, não se aplica ao caso, por não ter subsunção
com os fatos descritos na inicial.
“Art. 83 - Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de saídas não estejam
escriturados regularmente nos livros fiscais próprios:

MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

Como já dito, a multa prevista no artigo 79, da


Lei nº 5.900/96, melhor se adéqua ao fato apontado na peça inicial
deixar de recolher o ICMS em operações ou prestações, internas,
tributadas, por omissão ou inclusão de registros contábeis ou
fiscais indicativos omissão de receitas, ou seja, por haver a
empresa autuada deixado de emitir os documentos fiscais nas
operações de vendas com cartões de crédito/débito conforme exige o
artigo 2º, § 9º, V, da Lei nº 5.900/1996, fato apurado através de
levantamento fiscal, e que dá respaldo ao lançamento como consta da
descrição e do complemento da infração na página inicial do auto de
infração.

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não


compreendida nas hipóteses previstas nos artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

Nesta situação o crédito tributário tem como


valor o que abaixo se demonstra.

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DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total


2007 7.732,59 3.866,29 11.598,88
2008 15.732,38 7.653,69 22.961,07
2009 3.738,64 1.869,32 5.607,98
- 26.778,61 13.389,30 40.167,93

Portanto, o crédito tributário no valor de R$


40.167,93 (quarenta mil, cento e sessenta e sete reais e noventa e
três centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos previstos em
lei.

Pelo exposto, ACORDÃO OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos: rejeitar a
preliminar de nulidade por cerceamento de defesa e, por maioria de votos,
rejeitar a preliminar de quebra de sigilo, com voto de desempate do
presidente, acompanhando o voto vencedor da julgadora Odete Mineiro da Paz
e, no mérito, reformada parcialmente a decisão singular em razão da
Procedência Parcial do Lançamento que por maioria de votos: rejeitou a
irretroatividade da presunção do art.2º, §9º, da Lei 5.900/1996 (voto
desempate do presidente) e por unanimidade de votos: decidiu pela exclusão
automática do simples nacional e, por fim, por maioria de votos: aplicação
da penalidade do art.79 da Lei 5.900/96.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em


Maceió, 04 de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE (ACOMPANHOU O VOTO RELATOR RELATORA
NAS PRELIMINARES E NO MÉRITO)

CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR(CONTRA A RELATORA EM PARTE) JULGADORA(CONTRA A RELATORA EM PARTE
QUANTO A APLICAÇÃO DA PENALIDADE – ART.97)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR(CONTRA A RELATORA EM PARTE)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº29 – REALIZADA em 06/08/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-007.932/1999 e CTE 273/2012.
ANEXO: 1500-008.530/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO: 027.684, de 07/10/1999.
AUTUADA: Silva e Santos Comércio e Serviços de Radiadores Ltda.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.065.966-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.657/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Silvio Tenório Gameleira.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
VOTO VENCEDOR:PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA

ACORDÃO Nº 175/2013

EMENTA: TRIBUTÁRIO - AUTO DE INFRAÇÃO –


ICMS – REVISÃO DO LANÇAMENTO – NECESSIDADE
DE OBSERVÂNCIA DO PRAZO PREVISTO NO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 149 DO CTN –
INOCORRÊNCIA – REVISÃO DO LANÇAMENTO
REALIZADO APÓS 14 ANOS DA OCORRÊNCIA DO
FATO GERADOR – DECADÊNCIA CARACTERIZADA –
INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 149, PARÁGRAFO
ÚNICO, 173, INCISO I E 156, INCISO V, TODOS
DO CTN – PRELIMINAR DE OFÍCIO DE DECADÊNCIA
ACOLHIDA - REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO –
ANÁLISE DO MÉRITO PREJUDICADA – DECADÊNCIA
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa Silva e Santos Comércio e Serviços de Radiadores
Ltda, já qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito
tributáriono valor de R$ 12.181,74 (doze mil, cento e oitenta
e um reais e setenta e quatro centavos), por haver a empresa
autuada omitido vendas de mercadorias, fato apurado através de
Levantamento da Conta Mercadorias (exercícios de 1996 e 1997).

Apontados como infringidos os artigos 5º, V,


da Lei nº 5.077/89; 2º, I, § 12, da Lei nº 5.900/96; 49, II, e
VII; e 1.000, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

ACORDÃO 175/2013 Odete Mineiro da Paz – Relatora


Paulo de T. da C. Silva – Voto vencedor
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A inicial está instruida com Demonstrativos


de Apuração de Estoque com Lucro Bruto Real Acumulado (1996 e
1997); cópia (xerox) do cartão de autógrafo; relatório de
dados cadastrais do contribuinte; cópias dos documentos de
movimento econômico (1996 e 1997); e do LRAICMS.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestivamente,


alegando que o fisco utilizou uma ferramenta de fiscalização
denominada de demonstrativo de apuração de estoque com lucro
bruto real, cuja análise do levantamento apresenta uma equação
longa, inoperante e contraditória; o demonstrativo mencionado,
utilizado pelo fisco não segue a metodologia descrita pela
legislação tributária, prevista no parágrafo único do artigo
49 do RICMS/91. Por fim, pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a defesa se preocupou apenas em criticar o levantamento,
sem provar nada; o levantamento tem respaldo legal, pois seus
mapas demonstrativos foram elaborados pela Coordenadoria de
Fiscalização. Por fim, pede a improcedência da autuação.

Em 11/08/2006, a autuada se habilitou aos


benefícios da Lei n° 6.323/2002, porém, não concretizou o
pedido de parcelamento de débito.

Em 09/09/2010, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 169/2010, da Coordenadoria de Julgamento para o
autuante rever o levantamento considerando as informações dos
livros fiscais anexados conforme o parágrafo único dos artigos
49; e 269, do RICMS/91 e intimar a autuada para no prazo de 30
(trinta) dias, se pronunciar sobre os fatos novos.

Em 22/07/2011, a Requisição de Diligência foi


atendida e o auto de infração foi aditado, passando o crédito
tributário a ter como valor R$ 9.551,39 (nove mil; quinhentos
e cinquenta e um reais e trinta e nove centavos).

Em 15/09/2011, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 133/2011, para o autuante elaborar a memória dos

ACORDÃO 175/2013 Odete Mineiro da Paz – Relatora


Paulo de T. da C. Silva – Voto vencedor
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cálculos e para a DIRAC intimar a autuada do Aditamento. A


autuada foi intimada e não se pronunciou.

Em 27/06/2012, foi proferida a Decisão nº


18.657/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: LANÇAMENTO DE OFÍCIO – NO ÂMBITO DO


ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE VENDAS
APURADO ATRAVÉS DE LEVANTAMENTO DA CONTA DE
MERCADORIAS NOS EXERCÍCIOS DE 1996 E 1997.
EXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO RELATIVAMENTE A
ANÁLISE DA CONTA MERCADORIAS, QUANDO A
EMPRESA APRESENTA A SAÍDA DE MERCADORIAS
TRIBUTADAS COM O LUCRO BRUTO INFERIOR AQUELE
PREVISTO NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. AUTO DE
INFRAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE. PROCESSO
SUJEITO AO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. DECISÃO
SUJEITA AO RECURSO ORDINÁRIO POR PARTE DO
CONTRIBUINTE A SER APRECIADO PELO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE. DECISÃO SUJEITA AO
REEXAME NECESSÁRIO.
A EMPRESA APRESENTOU NO EXERCÍCIO DE 1996 E
1997 A SAÍDA TRIBUTADA ORIGINADA DO LUCRO
BRUTO COM PERCENTUAL INFERIOR AO MINIMO QUE É
EXIGIDO PELA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA, PORTANTO
MOSTRA-SE CABÍVEL A EXIGÊNCIA DO CREDITO
TRIBUTÁRIO APURADO NA FORMA DA LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA.

A autuada foi intimada da decisão singular e


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório.

VOTO.

Cuida-se do reexame necessário da decisão


n.º 18.657/2012 oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou procedente em parte o Auto de Infração. Porém,
antes de analisar as teses apresentadas em suas razões
recursais, cumpre levantar uma questão de ofício quanto à

ACORDÃO 175/2013 Odete Mineiro da Paz – Relatora


Paulo de T. da C. Silva – Voto vencedor
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possibilidade de revisão do lançamento regularmente


notificado ao contribuinte. Vejamos.

O Código Tributário Nacional,


especificamente em seu artigo 142, conceitua lançamento como
sendo “o procedimento administrativo tendente a verificar a
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente,
determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso,
propor a aplicação da penalidade cabível”, verbis:

Art. 142. Compete privativamente à


autoridade administrativa constituir o
crédito tributário pelo lançamento, assim
entendido o procedimento administrativo
tendente a verificar a ocorrência do fato
gerador da obrigação correspondente,
determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o
sujeito passivo e, sendo caso, propor a
aplicação da penalidade cabível. [grifo
nosso]

Na verdade, o lançamento tributário trata-


se de um ato administrativo que conclui o procedimento que se
inicia a partir da fiscalização realizada na empresa (Termo
de Início de Fiscalização/Apreensão de Mercadoria etc). A
validade e a eficácia do auto de infração, entretanto, estão
condicionadas à notificação ao contribuinte, conforme bem
explanado pela doutrina pátria, a saber:

“Destaque-se, finalmente, que a notificação


do lançamento tributário ao sujeito passivo é
da essência desse procedimento. Assim, só se
completa o lançamento com a notificação.
Qualquer que seja a posição adotada, das aqui
expostas, deve ser entendida com esta
explicação. Não basta o auto de infração, é
preciso que o sujeito passivo tenha sido
cientificado de sua lavratura.” (MACHADO,
Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário.
31ª Ed. Malheiros, 2010, p. 230/231)
“A notificação ao sujeito passivo é condição
para que o lançamento tenha eficácia. Trata-
se de providência que aperfeiçoa o

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lançamento, demarcando, pois, a constituição


do crédito que, assim, passa a ser exigível
do contribuinte – que é instado a pagar e, se
não o fizer nem apresentar impugnação, poderá
sujeitar-se à execução compulsória através de
Execução Fiscal [...] A notificação está para
o lançamento como a publicação está para a
lei. (PAULSEN, Leandro. Direito Tributário,
9ª Ed. Livraria do Advogado, Porto Alegra,
2007, p. 941).
Registre-se, por oportuno, que o prazo
previsto para que o Fisco efetue o lançamento do crédito
tributário e, em ato contínuo, notifique o contribuinte é de
05 (cinco), contados do fato gerador, nos casos de tributos
sujeito ao lançamento por homologação, como é o caso do ICMS.
É o que dispõe o art. 150, § 4º do CTN. Vejamos:

Art. 150. O lançamento por homologação, que


ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de
antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato
em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação,


será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o
crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.
Em sendo assim, uma vez notificado o
lançamento ao sujeito passivo, o mesmo somente poderá ser
modificado nos casos elencados taxativamente pelo art. 145 do
CTN, vejamos:

Art. 145. O lançamento regularmente


notificado ao sujeito passivo só pode ser
alterado em virtude de:

I - impugnação do sujeito passivo;

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II - recurso de ofício;

III - iniciativa de ofício da autoridade


administrativa, nos casos previstos no artigo
149.
No presente caso, embora a empresa tenha
apresentado defesa administrativa, não foi por esse motivo
que houve revisão do lançamento, até mesmo porque a mesma só
foi julgada após o aditamento realizado pelo autor da ação
fiscal. A revisão, neste caso, se deu de ofício pela
autoridade administrativa, enquadrando-se, assim, no inciso
III do art. 145 c/c art. 149, I do CTN.

Quanto à possibilidade de revisão do


lançamento regularmente notificado ao contribuinte ninguém
discorda que o agente fiscal pode sim praticar tal ato.
Contudo, como tudo no direito, há um prazo previsto em lei
para que o fiscal realize a revisão do lançamento, como forma
de garantir a estabilidade das relações jurídicas
tributárias, em estrita obediência ao princípio da segurança
jurídica. Este prazo encontra-se materializado no parágrafo
único do art. 149 do Código Tributário Nacional:

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto


de ofício pela autoridade administrativa nos
seguintes casos:

I - quando a lei assim o determine;

...

Parágrafo único. A revisão do lançamento só


pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública.
Ressalte-se que a expressão “enquanto não
extinto o direito da Fazenda Pública” refere-se ao prazo para
o Fisco constituir o crédito tributário, consoante é uníssono
na doutrina pátria:

“Mesmo nos casos em que a revisão do


lançamento é admitida pela lei, existe o
fator tempo a ser considerado. Assim,
estabelece o parágrafo único deste art. 149
que a revisão do lançamento só pode ser

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iniciada enquanto não estive extinto o


direito da fazenda pública.
Que direito? A resposta é dada pelo art. 173,
que cuida da extinção do direito de a fazenda
pública constituir o crédito tributário. Como
o crédito tributário é constituído pelo
lançamento, pode-se dizer que a revisão deste
somente será possível enquanto não estiver
extinto o direito de efetuá-lo, isto é,
enquanto não se operar a decadência em razão
do decurso do prazo previsto no art. 173.”
(FREITAS, Vladimir Passos de. Código
Tributário Nacional Comentado, p. 770)
“Os lançamentos em geral podem ser objeto de
revisão, desde que constatado erro em sua
feitura e não esteja ainda extinto pela
decadência o direito de lançar.” (MACHADO,
Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário.
31ª Ed. Malheiros, 2010, p. 191)
Neste contexto, analisando atentamente os
autos, depreende-se que a revisão do lançamento realizada
pelo autor da ação fiscal foi efetuada em meados de dezembro
de 2011 e somente foi notificado ao contribuinte em 15 de
fevereiro de 2012, ou seja, muito mais de 14 anos após a
ocorrência dos fatos geradores (1996/1997), objetos do
processo.
Em outras palavras, quando o fiscal autuante
realizou o aditamento do auto de infração o prazo previsto no
art. 149, parágrafo único, do CTN, já havia há muito escoado,
não sendo possível mais constituir o crédito tributário.

É importante esclarecer, para evitar


interpretações equivocadas, que a notificação inicial do
contribuinte produz efeito exclusivamente para tornar eficaz
o auto de infração original. Ademais, frise-se que o
lançamento visa constituir o crédito tributário, a fim de
“verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e,
sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível” (art.
142, do CTN).

Assim, a notificação inicial está


intrinsecamente ligada ao “montante do tributo devido”
materializado no auto de infração originalmente lançado, que

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nada tem a ver com o “montante do tributo devido” consignado


no aditamento do auto de infração, que, em termos técnico, se
equivale a um novo lançamento. Tanto é verdade que o
parágrafo único do art. 149 do CTN estabelece que “a revisão
do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública”.

Em suma, quando o fiscal resolveu aditar o


auto de infração, a Fazenda Pública Estadual não mais possuía
o direito de assim proceder, em conformidade com o art. 149,
parágrafo único, do art. 149 do CTN, uma vez que entre a
ocorrência dos fatos geradores e o aditamento do auto de
infração se passaram mais de 14 anos, violando, igualmente, o
disposto no art. 173 do CTN.

Destarte, não há alternativa senão a de


reconhecer a ocorrência da decadência do direito de o Fisco
constituir o crédito tributário através da revisão do
lançamento originalmente lançado, nos termos dos artigos 149,
parágrafo único, 173, I e 156, V, do Código Tributário
Nacional.

Ante exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de voto,
conhecer do reexame necessário, deixando de apreciar o
mérito, em razão de sua prejudicialidade, por força do
reconhecimento da decadência, direito de o Fisco constituir o
crédito tributário através da revisão do lançamento
originalmente lançado.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões, em Maceió, 06 de agosto de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE – VOTOU CONTRA RELATORA RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


VOTO VENCEDOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


VOTOU CONTRA O RELATOR JULGADORA - ACOMPANHOU A RELATORA

ACORDÃO 175/2013 Odete Mineiro da Paz – Relatora


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Paulo de T. da C. Silva – Voto vencedor
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nª29 – 1ª CAMARA – REALIZADA:06/08/2013


PROCESSO: 1500-006.992/1999 e CTE nº 397/2011.
ANEXO: 1500-007.704/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO: 007.392, de 31/08/1999.
AUTUADA: COMERCIAL MÃO ABERTA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.083.551-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.080/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Francisco M G Castro e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO N°176/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Aquisição de mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal. 2) Falta de recolhimento
de ICMS por omissão de saídas de mercadorias
tributáveis. 3) Infrações não comprovadas pela
inexistência de provas capazes de sustentar as
diferenças apuradas (desatendidos os artigos
891, do RICMS/91, por não constar nos autos as
cópias do LRIM e o artigo 333, do CPC uma vez
que a prova da infração no presente caso cabe
ao fisco. 4) O Lançamento é Improcedente. 5)
Reexame Necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


COMERCIAL MÃO ABERTA LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 115.156,00
(cento e quinze mil, cento e cinqüenta e seis reais), dos
quais R$ 71.411,74 (setenta e um mil, quatrocentos e onze
reais e setenta e quatro centavos) por haver a autuada:
1) Adquirido mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal nos exercícios de 1997 e 1998.

2) Deixado de recolher ICMS por omissão de


saídas de mercadorias tributáveis nos exercícios de 1997 e
1998, conforme apurado em Levantamento Físico de Estoque.
__________________________________________________________________________________
1
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Apontados como infringidos os artigo 50, I;,


da Lei Estadual 5.900/1996; 49, II, VII; 130, I; e 136, I, do
RICMS/91. Sugerida a aplicação das penalidades previstas nos
artigos 84, e 97, da Lei Estadual nº 5.900/1996.
A inicial está instruída com Planilha para
digitação do Auto de Infração; Planilha Resumo de Apuração do
ICMS sobre diferenças de estoque; Planilha Levantamento final
das notas fiscais (1997 e 1998); dados cadastrais; cópias do
cartão de autógrafo e dos controles de talonários fiscais;
Planilha das notas fiscais de saídas (1997).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestivamente,


com as seguintes alegações:
1) Que, por conta de um contador irresponsável
teve dificuldades para atender a fiscalização, o que criou uma
situação constrangedora atrasando a entrega dos documentos e o
fiscal quando da feitura dos autos contra Matriz e Filial não
observou o grande volume das mercadorias e das notas fiscais
envolvidas, tornando possível à existência de diferenças de
estoque, que nunca deveriam ser tão grandes como as que foram
encontradas, já que as vendas são feitas em parceria com uma
financeira independente que exige a emissão das notas fiscais.

2) Que, as mercadorias que faltam na matriz


sobram na filial, havendo, portanto, uma mistura nos dados ali
apurados, o que se nota pela simples comparação dos resumos de
contagem anexados aos autos; o volume de dados envolvidos, a
igualdade de modelos das notas fiscais entre matriz e filial,
as dificuldades e as mudanças de contador (duas vezes) durante
o período da fiscalização, devem ter contribuído para provocar
as distorções ali verificadas, porém, aceitar estas diferenças
gritantes em um mesmo item, sendo uma por saída e outra por
entrada é inaceitável. Por fim, pede que as diferença sejam
julgadas como equivocadas e que seja improcedente a autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

O fiscal autuante apresentou contrarrazões com


as seguintes alegações:
__________________________________________________________________________________
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1) Que, a autuação foi baseada nos documentos


fiscais da autuada considerados os estoques inicial e final,
as notas fiscais de entradas e de saídas de mercadorias
registradas nos livros fiscais próprios, de forma específica,
por produto, tendo por resultando as diferenças ali apontadas;
não houve equívoco por parte da fiscalização quanto à apuração
das irregularidades e a autuada não apresentou qualquer prova
documental comprovando erro ou falha no levantamento.

2) Que, será temerário se os julgadores vierem


a desconsiderar o trabalho da fiscalização, baseados nestes
argumentos apresentados pela autuada, uma vez que nem a grande
quantidade de notas fiscais analisadas, nem as dificuldades no
contato com o profissional responsável pelos documentos da
autuada interferiram no resultado final do trabalho; a forma
criteriosa de apuração evidencia que as transações não foram
rigorosamente registradas nos livros próprios; o quantum das
penalidades aplicadas está correto, posto que são as previstas
expressamente na legislação pertinente à espécie. Por fim,
pede a Procedência da autuação.
Em 10/09/2001, foi feito o Pedido de Diligência
nº 059/2001, para que o autuante ou agente fiscal designado
faça a juntada de cópias reprográficas do LRIM de 1996 a 1998;
da relação das notas fiscais de entradas de 1997; e das notas
fiscais de saídas e de entradas de 1998. Em resposta o fisco
informa que a gerente da autuada tomou ciência da solicitação
dos documentos fiscais e o contador solicitou prorrogação do
prazo de entrega o qual foi concedido pela Chefia do Núcleo de
Fiscalização à época; até esta data e após várias tentativas
não conseguiu obtê-los; sugere que o Processo seja julgado de
acordo com os documentos já anexados; demonstrar o arguido com
a anexação aos autos da intimação fiscal nº 188081.

Em 21/07/2011, foi proferida a Decisão nº


18.080/2011, de Primeira Instância que julgou Improcedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS – (1) Aquisição de mercadorias


desacompanhadas de documentos fiscais. (2) Não
recolhimento do ICMS por omissão de saídas de
mercadorias tributáveis. (A) Inexistência de
__________________________________________________________________________________
3
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provas a sustentar as conclusões encontradas,


não contendo os autos as cópias do livro
Registro de Inventário, dentre outros
documentos previstos no art. 891 do RICMS a
demonstrar as conclusões apontadas pelos
servidores (B) Por se tratar de elemento
constitutivo do lançamento, cabe a prova acerca
dos fatos à Fazenda Estadual, nos termos do
art. 142, da Lei Federal 5.172/66 – Código
Tributário Nacional; e art. 49, da Lei Estadual
4.418/82 – Código Tributário do Estado de
Alagoas, respondendo esta pelo ônus de sua não
produção, nos termos do art. 333 da Lei Federal
5.869/73 – Código de Processo Civil. (C)
Lançamento IMPROCEDENTE. (B) Remessa dos autos
ao Conselho Tributário Estadual para reexame
necessário, nos termos do art. 48, I, da Lei
Estadual 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.080/2011, de Primeira Instância que julgou Improcedente o
lançamento constante do auto de infração nº 007.392.

A autuação trata da aquisição de mercadorias


desacompanhadas de documentação fiscal e do não recolhimento
de ICMS por omissão de saídas de mercadorias tributáveis,
fatos apurados através de Levantamento Físico de Estoque nos
termos dos artigos 2º, I, §2º, II; 6º, I, e XII; 9º, I; e 50,
I; da Lei nº 5.900/1996; 129, I; 130, I; e 280, do RICMS/91.

A autuada na defesa apenas questiona algumas


conclusões do levantamento, culpando o contador pelo embaraço
à ação fiscal, alegando que os erros achados no levantamento
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poderiam resultar do imenso volume de dados dos estoques da


matriz e da filial, não trazendo qualquer elemento capaz de
afastar o resultado dos trabalhos do fisco.

Observe-se, porém, que a autuação também não se


encontra instruída com provas suficientes a comprovação das
diferenças encontradas, fato que levou o julgador singular em
2001, com respaldo no artigo 891, § 1º, I, do RICMS/1991, a
requisitar a juntada de documentos fiscais, como cópias do
LRIM; cópias de notas fiscais e a relação das notas fiscais de
entradas e saídas de 1998, para instruir a autuação e atestar
a veracidade das informações que constam das planilhas de
Levantamento Final das Notas Fiscais (fls. 05, e 06, do
Processo 1500-006.992/1999), sem lograr êxito.

Ora, o artigo 891, estabelece que algumas das


provas exigidas na diligência são fundamentais à demonstração
dos resultados encontrados no levantamento, como as cópias do
LRIM relativas ao exercício anterior e ao fiscalizado, para
demonstrarem quais foram os estoques inicial e final, serviram
como parâmetro para demonstrar se houve vendas de mercadorias
em volume superior às aquisições das mesmas naquele exercício
(pressuposto necessário à conclusão de que ocorreu aquisições
de mercadorias sem documentação fiscal) ou que constaria no
estoque final um volume de mercadorias inferior ao resultante
das vendas registradas naquele período, o que fundamentaria a
conclusão de omissão de saídas de mercadorias tributadas.

Nos autos falta ainda, cópias de documentos


capazes de demonstrarem que as mercadorias teriam aquele valor
utilizado como base de cálculo na quantificação da obrigação
tributária (base de cálculo do ICMS), bem como, que o autuante
apesar de afirmar que as transações não foram rigorosamente
registradas nos livros fiscais próprios, não trouxe aos autos
provas suficientes a demonstrar a infração; inexistindo por
exemplo no exercício de 1998, qualquer documento a demonstrar
os valores encontrados na planilha anexada aos autos, como por
exemplo, o volume de entradas e saídas naquele exercício.

Nesse passo, diante da ausência de elementos


capazes (cópias do LRIM) de comprovarem que a autuada nos
exercícios de 1997 e 1998, adquiriu e vendeu mercadorias sem
__________________________________________________________________________________
5
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documentação fiscal, bem como, deixou de recolher o ICMS de


suas vendas, não resta nenhuma dúvida da improcedência do
lançamento, haja vista, que a infração posta na inicial, por
se tratar de fato constitutivo do crédito tributário, caberia
sem nenhuma dúvida à fiscalização (artigos 333, do CPC; 142,
do CTN e 49, da Lei Estadual nº 4.418/1982). O Lançamento é
Improcedente por falta de provas como acertadamente decidiu o
julgador da Primeira Instância Administrativa.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade, conhecer do
Reexame Necessário, negar-lhe provimento. Mantida a decisão
singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 06 de agosto de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. SILVA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR

__________________________________________________________________________________
6
Acórdão CTE nº 176/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 29 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/08/2013


PROCESSO Nº.: SF 1500-0006921/2003 CTE 0431/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 32142
RECORRENTE: Fazenda Pública Estadual (Reexame necessário)
RECORRIDO: Destack Comércio Representações e Serviços Ltda.
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 177/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


OMISSÃO DE VENDAS. LEVANTAMENTO DA
CONTA CAIXA. INEXISTÊNCIA DE PROVAS
DAS DESPESAS MENSAIS REALIZADAS PELO
CONTRIBUINTE. FALTA DE JUSTIFICATIVA
PELO CAIXA INICIAL ZERADO. AUSÊNCIA
DE PROVAS DA INFRAÇÃO DESCRITA NO
LANÇAMENTO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO
MANTIDA. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de lançamento tributário no qual se relata que o contribuinte deixou de recolher


ICMS nos exercícios de 2000 e 2001, por ter efetuado vendas de mercadorias tributáveis, em operação interna,
sem documentação fiscal, fato comprovado pela insuficiência de caixa, apurado através de levantamento da
referida conta, considerando-se as receitas e despesas realizadas no período fiscalizado, totalizando crédito
tributário no valor de R$ 8.901,95 (oito mil, novecentos e um reais e noventa e cinco centavos).
Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa na qual afirma que é tributada pelo
lucro presumido, de modo que não possui escrita contábil, sendo impossível, portanto, a apuração da
insuficiência na conta caixa.
Em sede de contrarrazões, a autoridade fiscal rejeitou os argumentos da defesa, informando
que a conta caixa independe do regime de tributação escolhido pelo contribuinte, sendo possível a apuração de
infrações tanto no lucro real com escrita contábil quanto no lucro presumido.
Submetido a apreciação pelo juízo singular, a Coordenadoria de Julgamento decidiu pela
improcedência do lançamento por insuficiência de provas do ilícito, nos termos da seguinte ementa:

“ICMS. Não recolhimento de ICMS por omissão de saída de mercadorias tributáveis


nos exercícios de 2000 e 2001, apurada mediante levantamento financeiro da conta
caixa. (1) Ausência de elementos nos autos, tais como comprovação dos valores do
saldo inicial de elementos nos autos, tais como comprovação dos valores do saldo
inicial de caixa do exercício e de despesas do estabelecimento a lançar dúvidas
acerca das conclusões encontradas nos autos. (2) Falta de comprovação da intimação
para apresentação de documentos, cujo não cumprimento autoriza a presunção do
vencimento das obrigações na data de emissão dos documentos fiscais, como

Acórdão CTE nº177/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

previsto no inciso segundo do parágrafo único do art. 87 da Lei Estadual 5.900/96.


(3) Cabe a prova acerca da ocorrência de omissão de receitas, pressuposto da
omissão de saídas prevista no art. 2º, §§ 9º e 10 da Lei Estadual 5.900/96, à Fazenda
Estadual, já que elemento constitutivo da obrigação tributária objeto do lançamento.
(4) Insuficiência de provas a demonstrar a ocorrência da infração imputada ao
sujeito passivo. (5) Lançamento IMPROCEDENTE. (6) Remessa dos autos ao
Conselho Tributário Estadual para reexame necessário nos termos do art. 48, I, da
Lei Estadual 6.771/06.”

Transcorrido o prazo recursal sem qualquer manifestação das partes, os autos foram
encaminhados ao Conselho Tributário Estadual para apreciação do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Consiste a presente análise em reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei
nº. 6.771/06 1, na qual restou vencida totalmente a Fazenda Pública, diante da improcedência do lançamento em
razão da insuficiência de provas da infração cometida pela Autuada.
No caso em comento, o contribuinte foi autuado por ter efetuado vendas de mercadorias
tributáveis sem o recolhimento do ICMS, infração aparentemente comprovada pela insuficiência de caixa nos
exercícios de 2000 e 2001, considerando-se, para tanto, as receitas e despesas efetuadas pelo contribuinte nesse
período, conforme planilha demonstrativa de fls. 06 dos autos.
Entretanto, não obstante a autoridade fiscal tenha apresentado planilha detalhada das
receitas auferidas e despesas efetuadas, indicando a natureza e o valor de cada um desses ao longo do período
autuado, inexistem nos autos provas que confirmem as despesas efetivamente realizadas pelo contribuinte a cada
mês, prejudicando-se, portanto, o encontro mensal da contabilidade da conta caixa.

Explica-se.

Para aferir as despesas realizadas pelo contribuinte, o fiscal autuante utilizou como
parâmetro as DAC’s dos exercícios de 2000 e 2001. Porém, nos referidos documentos constam informações
prestadas pelo contribuinte a respeito do somatório das despesas efetuadas ao longo de todo o exercício, de modo
que o fiscal autuante dividiu as despesas declaradas nas DAC’s por 12 (doze) meses, no intuito de encontrar os
gastos mensais da Autuada com água, luz, telefone, salários, entre outros, como se tais despesas fossem fixas
mensalmente durante todo o exercício.
Apenas para exemplificar, a DAC de 2000 informa que a Autuada consumiu R$ 691,56
(seiscentos e noventa e um reais e cinquenta e seis centavos) de água, energia e telefone, assim o fiscal autuante
dividiu tal montante por 12 (doze) meses, apontando na planilha de fls. 06, a quantia de R$ 57,63 (cinquenta e
sete reais e sessenta e três centavos) como despesa, de forma linear, frise-se, como se as despesas do contribuinte
fossem inalteráveis ao longo do ano.
Nesse ponto, convém ressaltar que a apuração do ICMS é mensal, logo é essencial para a
contabilidade da conta caixa que seja possível dimensionar no lançamento os valores exatos das despesas e
receitas em cada mês do período fiscalizado, de modo que se permita realizar corretamente o encontro mensal e,
assim, identificar-se se houve insuficiência da conta caixa e, por conseguinte, omissão de vendas.
Com efeito, a falta de precisão na indicação dos valores exatos das despesas realizadas
mensalmente pelo contribuinte é completamente prejudicial aos resultados apresentados na planilha que subsidia
o lançamento (fls. 06 dos autos), na medida em que a alteração de um único desses valores de despesa em
qualquer dos meses fiscalizados modificará todos os dados da planilha.

1
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
Acórdão CTE nº177/2013 Página 2
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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No mais, não restou esclarecido nos autos os motivos pelos quais foi considerado
inexistente o caixa inicial no exercício de 2000, vez que a empresa já estava em atividade desde o exercício
anterior.
Na apuração da insuficiência de caixa devem ser computados todos os elementos que
compõem a movimentação financeira do contribuinte, a teor do disposto no artigo 2º, §10º, da Lei nº. 5.900/96:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:

§ 10 - A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando


a soma das despesas, pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços
de terceiros, aquisição de bens em geral, pagamentos de tributos, honorários,
empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas pelo
contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.

Assim, não obstante os atos administrativos gozem da garantia da presunção de


legitimidade, esta se denota inequivocamente juris tantum, não isentando, pois, a responsabilidade da autoridade
fiscal comprovar os fundamentos da autuação, consoante lição da professora Fabiana Del Padre Tomé, vejamos:

Essa presunção, entretanto, não exime a Administração do dever de comprovar


a ocorrência do fato jurídico, bem como das circunstâncias em que este se
verificou. É que, sendo os atos de lançamento e aplicação de penalidade vinculados
e regidos, dentre outros, pelos princípios da estrita legalidade e da tipicidade, tais
expedientes dependem, necessariamente, da cabal demonstração da ocorrência
dos motivos que os ensejaram. 2

Portanto, face a ausência de comprovação dos elementos empregados para a apuração da


insuficiência de caixa da Autuada, evidente a fragilidade do lançamento tributário consignado nos autos.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer reexame necessário e improvido, mantendo-se
incólume a decisão recorrida, posto que inexistem nos autos provas suficientes para ratificar as informações
apresentadas na planilha demonstrativa de fls. 06 dos autos e, portanto, comprovar a infração descrita nos autos.

Maceió/AL, 08 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE EM EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES JOSÉ RONALDOCARLOS DE A. MENDONÇA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE A. DE SOUZA


JULGADOR

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A Prova no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 240.
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 30 – Realizada em 13/08/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO: 1500-007.478/2006 e CTE nº 072/2012.
ANEXO: 1500-010.288/2006 e
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.47727-002, de 21/03/2006.
AUTUADA: ELEIDE GOMES DE OLIVEIRA LISBOA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.098.276-2.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.404/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Carla Kunzler Acioli e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 178/2013

EMENTA: ICMS/ST - Obrigação principal. 1)


Aquisições de gasolina desacompanhadas de
documentação fiscal apuradas em Levantamento
Quantitativo de Estoque. 2) Ilícito fiscal
comprovado em parte (reconhecidas as notas
fiscais de entradas nºs 70601, 72831, 32000,
32189, e 32350. 3) Lançamento Procedente em
Parte. 4) Reexame Necessário conhecido e
provido em parte. Reformada em parte a Decisão
da Primeira Instância Administrativa.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


ELEIDE GOMES DE OLIVEIRA LISBOA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor R$
56.609,64 (cinquenta e seis mil, seiscentos e nove reais e
sessenta e quatro centavos) em razão de haver a empresa
autuada adquirido mercadorias sujeitas à substituição
tributária desacompanhadas de documentação fiscal, fato
apurado através de Levantamento de Controle Físico do
Estoque.

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Apontados como infringidos os artigos 50,


II, § 1º, da Lei nº 5.900/1996; 49, VI, alínea “a”; e 280,
do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 97, da Lei nº 5.900/1996.
A inicial encontra-se instruída com cópias
do relatório de notas fiscais de entrada de combustíveis; da
tabela de Preço Médio Ponderado a Consumidor Final (PMPF);
do livro RUDFTO com os termos de inicio e encerramento de
fiscalização; do Livro de Movimentação de Combustíveis
(LMC); do LREM; e demonstrativo de apuração do débito.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestiva,


onde alega que as entradas questionadas foram acobertadas
por notas fiscais com o pagamento do imposto substituto,
conforme cópias anexas; as notas fiscais foram registradas
no LMC - Livro de Movimentação de Combustíveis e por engano
deixou escriturá-las no LREM. Por fim, pede a improcedência
da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões


alegando que a defesa tenta apenas distorcer a realidade dos
fatos. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 19/12/2011. Foi proferida a Decisão nº


18.404/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.


Aquisições de gasolina desacobertadas de
documentação fiscal, apurada mediante
levantamento quantitativo de estoque.
Infrações parcialmente caracterizadas.
LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
nos termos do Art. 48 da Lei nº 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão


singular, não se pronunciou. A Comissão de Representação
fiscal tomou ciência da mesma decisão, não se pronunciou.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.

É o relatório.

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Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão


nº 18.404/2011, de Primeira Instância que julgou pela
Procedência Parcial do lançamento constante no auto de
infração nº 99.47727-002, de 21/03/2006.

A inicial trata da falta de recolhimento


de ICMS Substituição Tributária e da multa correspondente
por haver o fisco encontrado entradas de gasolina
desacompanhadas de notas fiscais conforme apurado em
Levantamento Quantitativo de Estoque no período 01/04/2003 a
31/08/2005.

O Reexame Necessário se refere à redução no


valor do crédito tributário por haver o julgador singular
reconhecido que as notas fiscais de entradas de nºs 70601,
72831, 32000, 32189, e 32350, deveriam constar do
Levantamento Fiscal, haja vista, estarem escrituradas de
forma regular no LMC – Livro de Movimentação de Combustíveis
e por conterem os dados exigidos pela legislação tributária
vigente.

Nestes termos, observe-se que o


Levantamento Quantitativo de Estoque se presta a apuração da
movimentação de mercadorias comercializadas em certo
período, tomando-se por base a escrituração dos livros e
documentos fiscais de uma empresa para no final chegar-se a
02 (duas) situações: a primeira, quando são apuradas saídas
de mercadorias sem que haja estoque suficiente, o significa
que as entradas estavam desacompanhadas de documentação
fiscal, e, a segunda, quando for apurado estoque de
mercadorias menor do que aquele que foi declarado, significa
que as saídas das mercadorias ocorreram sem a emissão de
documentação fiscal.

No presente caso a fiscalização apurou que


uma parte das saídas de gasolina comercializada no período
fiscalizado se deu sem que houvesse estoque suficiente para
suprir as necessidades da autuada restando como
caracterizada a primeira situação, entradas de mercadorias
desacompanhadas de suas respectivas notas fiscais, mas, em
valores inferiores àqueles que foram apurados pela
fiscalização, haja vista, as provas anexadas à defesa (fls.
09; 11; 14; 15; do Processo 1500-010.288/2006), as notas
fiscais de entradas nºs 70601, 72831, 32000, 32189, e 32350,
que não foram consideradas pelo fisco, por não estarem
escrituradas no LREM.
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Como afirma o julgador singular essas notas


fiscais não podem continuar nesta situação, haja vista, que
todos os requisitos exigidos pela legislação estão presentes
a exemplo do nome do destinatário; endereço; data de
emissão; inscrição estadual e federal; valor do ICMS/ST; e,
ademais, essas notas fiscais estão regularmente escrituradas
no LMC – Livro de Movimentação de Combustíveis; e, que este
fato interfere e modifica substancialmente o levantamento
uma vez que nesta situação a gasolina adquirida sem notas
fiscais pela autuada na verdade é de apenas 5.585 (cinco
mil, quinhentos e oitenta e cinco) litros e não 30.435
(trinta mil, quatrocentos e trinta e cinco) litros como
apurou a fiscalização. Assim, o lançamento é Procedente em
Parte.

Quanto à aplicação da penalidade, o


julgador da Primeira Instância Administrativa aplicou a
multa prevista no artigo 97, da Lei Estadual nº 5.900/1996;
entendimento do qual discordo, haja vista, que o
Levantamento foi apurado com base nos valores escriturados
nos livros e documentos fiscais da autuada, conforme
entendimento adotado por maioria de votos pelas Câmaras e
pelo Pleno deste Conselho Tributário Estadual, situação em
que se aplica a penalidade prevista no artigo 79, da Lei nº
5.900/1996, a qual é correspondente à multa de 50%
(cinqüenta por cento) do valor do imposto cobrado.
“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em
situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Nesta situação, o débito apurado e o


crédito tributário têm como valores, os que abaixo estão
demonstrados.

DEMONSTRATIVO DO DÉBITO

Período de 01/04/2003 a 31/08/2005 Litros


Estoque inicial em 01/04/2003 1.263
Entradas 259.000
Saídas no encerrante em 31/08/2005 (259.000)
Estoque Final no LMC ( 6.381)
Estoque apurado ( 5.619)
Perda de 0,6% 34
Total da diferença 5.585

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DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Base de cálculo 13.850,80


ICMS 3.462,70
Multa (artigo 79, Lei nº 5.9010/96) 1.731,35
Total 5.194,70

O crédito tributário no valor de RR


5.194,70 (cinco mil, cento e noventa e quatro reais e
setenta centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos
previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário, dando-lhe provimento
parcial. Reformada em parte a Decisão da Primeira Instância
Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 13 de agosto de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR

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CSESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 16/07/2013 – 1ª Câmara


Processo: 1500-029.587/2007 (18 volumes) e CTE nº 261/2012.
Anexos: 1500-008.086/2008; 1500-013.091/08; 1500-040.398/2011 (03 volumes) e 1500-
018.982/2012.
Auto de Infração: 99.69506-002, de 01/11/2007.
Autuada: MAKRO ATACADISTA SOCIEDADE ANÔNIMA.
Inscrição Estadual: 24.098.611-3.
Decisão Monocrática: 18.652/2012.
Assunto: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
Autuante: Elcir Lopes Barbosa e outro.
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO 179/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação acessória convertida


em principal (artigos 133, §§ 2°, e 3º, do CTE
e 22, §§ 2°, e 3º, da Lei Estadual nº
4.418/82), cuja, presunção de saídas sem
documentação fiscal está autorizada pelo
artigo 2°, § 2º, II, da Lei Estadual nº
5.900/1996. 1) Deixar de escriturar notas
fiscais de entradas no LREM. 2) Preliminar de
nulidade rejeitada. 3) Lançamento aditado pela
comprovação de que 60 (sessenta) notas fiscais
foram escrituradas. 4) A infração resta
comprovada em parte por não constar nos autos,
Boletim de Ocorrência ou declaração quanto a
recusa de recebimento ou a devolução das
mercadorias aos emitentes. 5) Redução no valor
do crédito tributário pela exclusão de 60
(sessenta) notas fiscais. 7) Lançamento
Procedente em Parte. 6) Reexame Necessário e
Recurso Ordinário conhecidos e improvidos.
Mantida na integra a decisão singular.

Relatório

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Trata-se de auto de infração lavrado


contra MAKRO ATACADISTA S.A, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
313.767,15 (trezentos e treze mil, setecentos e sessenta
e sete reais e quinze centavos), por haver a empresa autuada
deixado de escriturar notas fiscais de entradas referentes a
mercadorias tributáveis no LREM (exercícios de 2004, 2005, e
2006).

Apontados como infringidos os artigos 50,


II; 2º, §2º, II; da Lei nº 5.900/1996; 49, VI, “a”; 280,
caput, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 107, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias (Xerox)


de cartões de autógrafo; do livro RUDFTO (Termos de início e
encerramento de fiscalização); das notas fiscais de entrada
e do LREM; e relatório de dados cadastrais do contribuinte.

DA DEFESA

Em 14/05/2008, pelo Processo 1500-


008.086/08, a autuada apresentou defesa tempestiva alegando
que a autuação é nula em razão da infração descrita não se
referir à falta de recolhimento de imposto, mas falta de
escrituração de livros fiscais; no mérito, não deixou de
escriturar as notas fiscais, tendo registrado parte daquelas
indicadas na autuação; as demais notas não estão
escrituradas porque não teria recebido as mercadorias;
solicita diligências para comprovar que não ocorreu a
infração; com relação à multa aplicada, esta ofende os
artigos 3º, do CTN; e 150, IV, da CF/88; em razão de ser
desproporcional à infração cometida e por seu evidente
caráter confiscatório. Por fim, pede a improcedência da
autuação.

Em data de 05/08/2008, através do Processo


1500-013.091/08, protocolado indevidamente como Defesa
Fiscal, a autuada informa a localização de 60 (sessenta)
notas fiscais escrituradas no LREM anexando a relação destas
notas fiscais e de sua escrituração; as cópias das notas
fiscais e do LREM informando que continua fazendo busca em

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seus livros fiscais para localizar o restante das notas


fiscais.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões


alegando que o lançamento não é nulo porque a infração está
prevista em norma, ou seja, a autuação seria da falta de
registro de notas fiscais de entradas, infração penalizada
com a exigência de imposto e multa (não relacionada ao ICMS
referente às saídas de mercadorias quando de suas vendas);
descabendo a alegação de nulidade; o pedido de diligência
não procede porque todas as provas estão anexadas aos autos;
e no mérito, promoveu a lavratura de aditamento fiscal, por
haver ficado comprovado o registro de algumas notas fiscais
de entradas; a argüição de inconstitucionalidade da multa
não deve ser apreciada conforme artigo 23, I, §3º da Lei
Estadual nº 6.771/2006. Por fim, pede a procedência total da
autuação.

DO ADITAMENTO FISCAL Nº 01 (UM)

Em 29/10/2008, foi feito o Aditamento


Fiscal nº 01 (um) reduzindo o valor do crédito tributário
para R$ 258.112,18 (duzentos e cinqüenta e oito mil; cento e
doze reais e dezoito centavos). Em 23/08/2011, através do
Despacho 055/2011, a Coordenadoria de Julgamento encaminhou
os autos a DIRAC para a DIRAC intimar a autuada deste
aditamento.

DA DEFESA AO ADITAMENTO FISCAL Nº 01 (UM)

Em data de 13/12/2011, a autuada apresentou


defesa ao aditamento alegando que a autuação padece de
nulidade em razão da infração descrita não se referir à
falta de recolhimento de ICMS, mas a falta de escrituração

Acórdão CTE nº 179/2013 Página 3


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de livros fiscais; o crédito tributário está extinto em


parte por decadência das operações realizadas até
13/11/2011, quando foi cientificada do auto de infração; não
deixou de escriturar as notas fiscais, uma vez que registrou
parte das notas indicadas no auto de infração e as demais
não foram escrituradas porque as mercadorias não foram
recebidas; a multa aplicada é desproporcional a infração
tendo evidente caráter arrecadatório e confiscatório. Por
fim, pede a nulidade ou a improcedência do auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES A DEFESA AO ADITAMENTO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a autuada não teria
tomado ciência em 13/11/2011, mas, em 14/04/2008, conforme o
Aviso de Recebimento - AR ficando afastada a alegação de
decadência; a documentação anexada à defesa comprova somente
parte dos registros das notas fiscais, motivando a lavratura
do aditamento com redução no valor do credito tributário.
Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 18/06/2012, foi proferida a Decisão nº


18.652/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. Nulidade não se sustenta


porque a acusação está fundamentada no
descumprimento de uma obrigação tributária
acessória pela falta de escrituração de algumas
notas fiscais no livro Registro de entradas de
mercadorias. 2. Pedido de diligência rejeitado
visto que os documentos acostados aos autos são
suficientes para o deslinde da questão. 3.
Decadência infundada tendo em vista a regular
notificação do lançamento tributário em
14/04/2008. 4. Lançamento tributário aditado
tendo em vista a contestação do sujeito passivo
com a juntada de cópia das folhas do livro
registro de entradas com a identificação do
registro de algumas notas fiscais. 5. Não há
como se afastar a presunção legal de saídas de
mercadoria disposta no art. 2º, §2º, II, da lei
5900/96, em relação às demais notas fiscais não
escrituradas no livro Reg. de entradas, pois

Acórdão CTE nº 179/2013 Página 4


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não foi acostado nenhum documento probatório da


recusa e ou declaratório que seu nome
empresarial teria sido usado indevidamente por
terceiros. 6. Aplicação da multa disposta no
art. 107 da lei 5900/96. 7. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte. 8.
Reexame necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário de


forma tempestiva, alegando:

I - EM PRELIMINAR

a) A nulidade da decisão singular em razão


de que esta não acatou as alegações da defesa quanto ao fato
de que a autuação exige recolhimento de tributo e a
descrição dos fatos se refere apenas à falta de escrituração
dos livros fiscais e não a falta de recolhimento de imposto.
A infração tem como base os artigos 2º, II; e 50, II, da Lei
Estadual nº 5.900/96; 49, “a”; e 280, caput, do RICMS/91, os
quais dispõem sobre a obrigação de manter o registro das
operações efetuadas já a penalidade aplicada tem como base o
artigo 107, da Lei nº 5.900/96, sendo certo que o confronto
entre estes dispositivos evidencia a nulidade da autuação,
uma vez que os dispositivos em nenhum momento fazem menção à
exigência de ICMS.

II – NO MÉRITO

a) Que, apesar do entendimento da decisão


singular, cabe esclarecer que as notas fiscais objeto da
autuação se dividem em notas fiscais apresentadas pela
autuada e excluídas da exigência e em notas que a autuada
desconhece sua existência por nunca ter recebido as
mercadorias, motivo pelo qual não deixou de registrá-las e
por esta razão não houve prejuízo ao fisco; as outras notas
fiscais tidas como não registradas se referem a mercadorias
não recebidas pela autuada e que foram devolvidas aos seus
fornecedores por algum motivo, ou seja, não deram entrada no
seu estabelecimento, não havendo sentido em registrá-las;
não deixou de cumprir obrigação acessória, pois algumas
notas fiscais são referentes a mercadorias que não foram
recebidas.

Acórdão CTE nº 179/2013 Página 5


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b) Que, apesar de tais produtos terem


passado pela fronteira com destino ao seu estabelecimento
jamais foram entregues; assim, presumir que recebeu e não
registrou estas notas fiscais não é razoável e só demonstra
que a decisão singular transferiu à autuada o ônus da prova;
se a autuada não recebeu as notas fiscais e as mercadorias,
não se mostra razoável exigir-se dela a prova negativa, pois
a autuação foi baseada apenas em análise superficial, não
restando dúvidas de que a presunção de inocência até prova
em contrário é garantia constitucional; embora a decisão
singular não haja considerado o argumento de que a multa
aplicada no percentual de 200% (duzentos por cento) é
abusiva, deve-se salientar que ela tem caráter abusivo e
confiscatório, sem suporte fático e legal, pois a autuada
não cometeu a infração posta na inicial. Por fim, pede a
reforma da decisão singular.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a autuada comprovou
apenas o registro de parte das notas fiscais, por isso fica
mantida a autuação da parte que não restou provada. Por fim,
pede que a decisão singular seja mantida na íntegra. Assim,
chegam os autos a este Conselho para análise do Reexame
Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 18.652/2012, de
primeira Instância, que julgou como Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 99.69506-002.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A análise dos autos demonstra que a


autuação tem por base descumprimento de obrigação tributária

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acessória referente à falta de escrituração de notas fiscais


de entradas no LREM a qual está tipificada dentre as
infrações sujeitas à multa sem prejuízo do pagamento do
imposto devido (artigo 113, §§ 2º, e 3º, do CTN e 22, §§ 2º,
e 3º, da Lei nº 4.418/1982).

I – DA PRELIMINAR

a) Por haver a decisão singular deixado de


acatar as alegações da defesa quanto ao fato de que a
autuação exige recolhimento de tributo e a descrição fática
se refere apenas à falta de escrituração de livros fiscais e
não a falta de recolhimento de imposto e por estar à
infração baseada nos artigos 2º, II; e 50, II; da Lei
Estadual nº 5.900/1996; 49, “a”; e 280, caput, do RICMS/91,
que dispõem sobre a obrigação de registrar as operações
realizadas e a penalidade aplicada, que tem como base o
artigo 107, da Lei Estadual nº 5.900/1996, sendo certo que o
confronto entre tais dispositivos evidencia a nulidade da
autuação, uma vez que os dispositivos em nenhum momento
fazem menção à exigência de ICMS.
Não resta nenhuma dúvida quanto ao acerto
da decisão singular, haja vista, que a documentação carreada
aos autos demonstra a falta de escrituração de notas fiscais
no LREM como consta da descrição dos fatos na peça inicial e
no Aditamento Fiscal nº 01 (um) comprovando que a autuação
em nenhum momento se refere à falta de recolhimento do
imposto.
Entretanto observe-se que foi cobrado
imposto e multa por se tratar do descumprimento de obrigação
acessória a qual, nos termos dos artigos 113, §§ 2º, e 3º,
do CTN e 22, §§ 2º, e 3º, da Lei Estadual nº 4.418/1982, se
converte em obrigação tributária principal.
“Art. 113 - A obrigação tributária é principal ou acessória.
(...)

§ 2º - A obrigação acessória decorre da legislação tributária e


tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela
previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.

§ 3º - A obrigação acessória, pelo simples fato da sua


inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente
à penalidade pecuniária.
...)”

“Art. 22 - A obrigação tributária é principal ou acessória.


(...)

§ 2º - A obrigação acessória decorre da legislação tributária e

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tem por objeto as prestações positivas ou negativas nela


previstas, no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.

§ 3º - A obrigação acessória, pelo simples fato de sua


inobservância, converte-se em obrigação principal, relativamente
à penalidade pecuniária.
(...)”

Observe-se ainda, que a penalidade


aplicada, a multa prevista no artigo 107, está em absoluta
subsunção com os fatos descritos na inicial e no aditamento,
razão pela qual deixo de acatar a preliminar.
“Art. 107 - Falta de lançamento no Livro de Registro de Entradas
de Mercadorias, quando a isso estiver obrigado, de documento
fiscal relativo a compras efetuadas em exercícios anteriores:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do


imposto apurado, não inferior a 2 (duas) vezes a Unidade Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL.
(...)”

Por fim, observe-se que o julgador singular


apreciou o pedido de diligência e a argüição de decadência,
e considerou que os documentos anexos aos autos são
suficientes para análise da autuação e que a autuada não
fundamentou, nem instruiu a defesa de maneira suficiente
para esclarecer a real necessidade desta diligência (artigo
420, pu, II, do CPC/73).

II - NO MÉRITO

No mérito, a infração está comprovada tendo


em vista que todas as cópias das notas fiscais estão
anexadas aos autos e nelas não consta qualquer informação
sobre o fato de estar à autuada devolvendo as mercadorias ao
fornecedor, emitente ou vendedor como afirma em seu Recurso
Ordinário, demonstrando, portanto, que a obrigação
tributária acessória foi descumprida quando deixou de
escriturar as notas fiscais de aquisições de mercadorias no
LREM (artigos 50, da Lei nº 5.900/1996; 49, VI, “a”; e 280,
do RICMS/1991).
“Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à
inscrição deverão, de acordo com a respectiva atividade e em
relação a cada um de seus estabelecimentos:
(...)

II - manter escrita fiscal destinada ao registro das operações


efetuadas.

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(...)”

“Art. 49 - São obrigações dos contribuintes:


(...)
VI - quanto aos livros e documentos fiscais:

a) escriturá-lo observadas às disposições constantes nos


capítulos próprios deste Regulamento, inclusive o Código Fiscal
de Operações e Prestações;
(...)

“Art. 280 - O livro Registro de Entradas, modelo 1 ou 1-A,


destina-se a escrituração da entrada, a qualquer título, de
mercadoria no estabelecimento ou de serviço por este tomado.
(...)”

Frise-se que todas as notas fiscais


apontadas na inicial como não escrituradas estão anexadas
aos autos e comprovam que as mercadorias foram destinadas a
empresa Makro Atacadista S.A e todas estão com o visto de
entrada no Posto Fiscal de Fronteira do Estado de Alagoas,
comprovando assim o ingresso no território alagoano, e, até
prova em contrário, deverão ser consideradas como idôneas.
Observe-se ainda, que 60 (sessenta) notas fiscais foram
excluídas da autuação e por este motivo a autuação foi
aditada com redução no valor do crédito tributário (fls. 182
e 183, Processo 1500-013.091/08).

Assim, a obrigação tributária persiste


quanto às demais notas fiscais cujos registros não foram
encontrados ou identificados no LREM, e, a alegação no
Recurso Ordinário de não recebeu as mercadorias constantes
dessas notas fiscais, não procede, tendo em vista que não
foram apresentados nenhum documento ou declaração,
comprovando tal recusa, nem mesmo um Boletim de Ocorrências,
apontando que o seu nome empresarial teria sido usado
indevidamente por outras pessoas, na época em que teve
conhecimento do fato delituoso. Portanto, não há como se
afastar a falta de registros de notas fiscais de entrada no
LREM (obrigação acessória), que autoriza a presunção legal
de saídas de mercadorias nos termos do artigo 2º, §2º, II,
da Lei nº 5.900/1996, convertendo-se em obrigação principal,
com a cobrança de imposto e multa (artigos 133, §§ 2º, e 3º,
do CTN e 22, §§ 2º, e 3º, da Lei Estadual nº 4.418/82).

LEI Nº 5.900/1996
“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no
momento:
(...)

§ 2º - Considera-se saída do estabelecimento:


(...)

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II - a mercadoria cuja entrada não tenha sido escriturada nos


livros fiscais próprios; *Redação do inciso II, dada pelo artigo
1º da Lei nº 5.979/97.
(...)”

Quanto à alegação de ser penalidade


aplicada, inconstitucional, por ser confiscatória, é sabido,
que um de seus objetivos é coibir condutas ilícitas e não
confiscar o patrimônio da autuada; e desta forma, contribui
para ajudar de forma indireta a liberdade empresarial quando
impõe limites de atuação dentro do campo da legalidade com o
fim de resguardar a todos a segurança jurídica de seus atos.
Ademais, a referida matéria não se inclui na competência das
instâncias julgadoras administrativas (artigo 28, § 1º, da
Lei nº 6.771/2006).

LEI ESTADUAL Nº 6.771/2006


“Art. 28 – (...)

§ 1º - Não se inclui na competência do julgador afastar a


aplicação de norma sob a alegação de inconstitucionalidade,
ressalvada a hipótese em que tenha havido a declaração nesse
sentido pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta ou
declaratória, após a publicação da decisão, ou pela via
incidental, após a publicação da Resolução do Senado Federal que
suspender a execução do ato.
(...)”

Por fim, a falta de escrituração destas


notas fiscais no LREM está em total subsunção à penalidade
prevista no artigo 107, da Lei Estadual nº 5.900/1996.
“Art. 107 - Falta de lançamento no Livro de Registro de Entradas
de Mercadorias, quando a isso estiver obrigado, de documento
fiscal relativo a compras efetuadas em exercícios anteriores:
MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do
imposto apurado, não inferior a 2 (duas) vezes a Unidade Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL.
(...)”

Não restam dúvidas da procedência parcial


da autuação ante os documentos carreados aos autos,
demonstrando infração a legislação tributária pela falta de
escrituração de notas fiscais no LREM fato que ensejou a
presunção legal de saídas de mercadorias tributáveis em
operações internas sem a emissão de documentação fiscal e
que foi afastada parcialmente pela autuada. O Lançamento é
Procedente em Parte, motivo pelo qual deixo de conhecer do
Recurso Ordinário.

DO REEXAME NECESSÁRIO

Acórdão CTE nº 179/2013 Página 10


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O Reexame Necessário é referente apenas à


redução no valor do crédito tributário em razão da retirada
do ICMS e da multa cobrados, por haver a autuada comprovado
a escrituração de 60 (sessenta) notas fiscais. Observe-se
que no mais, foram mantidos os valores apurados e cobrados
na inicial demonstrando o acerto da decisão singular, motivo
pelo qual, conheço do Reexame Necessário e nego-lhe
provimento.
Nesta situação o crédito tributário tem
como valor R$ 258.112,77 (duzentos e cinqüenta e oito mil,
cento e doze reais e setenta e sete centavos), conforme
consta da decisão singular (fl. 92, do Processo 1500-
040.398/2011), devendo ser recolhido com os acréscimos
legais.
Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário e do Recurso
Ordinário, negando-lhes provimento. Mantida na íntegra a
Decisão da Primeira Instância Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 00 de julho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADORA JULGADOR

Acórdão CTE nº 179/2013 Página 11


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA

SESÃO ORDINÁRIA Nº 30 – 2º Câmara – Realizada em 16/08/2013


PROCESSO: 1500-011148/1997 e CTE nº 244/2007.
AUTUADA: MANOEL JOSE DA COSTA.
ASSSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Raimundo M.C.Neto.
RELATOR: Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE/ EM EXERCÍCIO: JOSÉ PEDRO DA SILVA
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº180/2013

EMENTA. PAT. NORMAS


PROCEDIMENTAIS. A NORMA DO ART. 43,
INCISO II, DA LEI N. 6.771/2006,
INTRODUZIDA PELA LEI N. 7.078/2009,
DISPENSOU O REEXAME NECESSÁRIO
QUANDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXCLUÍDO PELA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO (1A. INSTÂNCIA DE
JULGAMENTO) NÃO ULTRAPASSAR O
VALOR CORRESPONDENTE A 400
UPFAL’S. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado


Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face de suposta
sucumbência parcial da Fazenda Estadual imposta pela Decisão n ° 15.334/07, da Douta
Coordenadoria de Julgamento, que entendeu pela manutenção apenas em parte da
autuação.

_____________________________________________________________________________________ 1
Acórdão CTE n° 180/2013
Antes de empreendermos o reexame legal, convém apresentarmos os atos
e fases já vencidas nos autos.

Pois bem.

O auto de infração propôs-se a lançar o ICMS mais a multa regulamentar


no valor total de R$ 3.903,59, sob a motivação de que o contribuinte deixou de recolher
o ICMS nos exercícios de 1994 e 1995 em decorrência de uso antecipado de crédito
fiscal.

A suposta sucumbência da Fazenda Estadual estaria fundada


exclusivamente no fato de que a instância de piso teria rejeitado a presunção de omissão
de saídas no exercício de 1994 e 1995, sob o argumento de ausência de provas, a
despeito de diligências realizadas para suprir o suposto defeito inicial da autuação.

Regularmente intimados, representação fiscal e contribuinte silenciaram.

Nada mais a relatar. Passo a decidir, então.

VOTO

De início, convém esclarecer que o reexame de ofício não se propõe a


reexaminar toda a decisão de piso, devendo se ater apenas a parte em que foi a Fazenda
Pública sucumbente.

Neste particular, o exame estaria circunscrito a exclusão do valor de


R$2.326.18, fruto do afastamento proposto pela instância a quo em relação as alegadas
omissões de saídas no exercício de 1994 e 1995

Ocorre, entretanto, que o art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006, com as
inserções promovidas pela Lei n. 7.078/09, restringiu a subida dos autos em sede de
reexame necessário ao Conselho Tributário quando a redução do crédito tributário for
superior ao valor correspondente a 400 (quatrocentas) UPFAL’s.

Confira-se a redação do art. 43, inciso II, do PAT:

Art. 43. A competência para julgamento do processo administrativo


tributário decorrente de Auto de Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:

I – nos casos de procedimento especial; ou

II – na decisão contrária à Fazenda Estadual quando a importância


pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400

_____________________________________________________________________________________ 2
Acórdão CTE n° 180/2013
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

No caso, considerando que a suposta parcela excluída está aquém do piso


de alçada estabelecido pelo supra destacado inciso II do art. 43 do PAT, entendo não ser
o caso em exame hipótese de reexame de ofício.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÃMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do reexame necessário, pois incabível em espécie, à luz do art. 43, inciso II, da
Lei n. 6.771/2006.

Voltam os autos a Douta Coordenadoria de Julgamento para as


providências cabíveis.

Sala de Sessões do CTE. Maceió – AL, 16 de Agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE MAYA


PRESIDENTE/ EM EXERCÍCIO RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M.DE CASTRO GOMES MÁRIO ALBERTO DE A.DE SOUZA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

_____________________________________________________________________________________ 3
Acórdão CTE n° 180/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 30 – REALIZADA: 16/08/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-005169/1999 e CTE nº 225/2012.
ANEXO: 1500-006079/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO: 014096.
AUTUADA: SUMMER COTTON S.A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.89682-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.417/11.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Ronaldo Guedes de Araújo e Outros.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE/EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
SECRETARIA:Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº181 /2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de ICMS
transporte nas prestações
internacionais de transportes de
cargas. Alteração normativa do
art. 79 da Lei nº 5.900/96 mais
benéfica ao contribuinte. Reexame
necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

RELATÓRIO
Tratam os autos de lançamento de ofício de crédito
tributário relativos à ICMS e multa, lavrado em face de
SUMMER COTTON S.A, sujeito passivo já qualificado no
processo, por infração à legislação tributária conforme a
seguinte descriçāo: "Deixou de recolher o ICMS devido, no
valor de R$ 18.322,52 (dezoito mil trezentos e vinte e dois
reais e cinqüenta e dois centavos), referente a prestação de
serviço de transporte, iniciada no exterior, quando das
importações das mercadorias, referente ao período 12/97 a
03/99, conforme documento de importação anexa" (sic).
Imputada infração aos arts. 49, VIII e 514 do
Regulamento do ICMS — RICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/91
e aos arts. 42 e 30, IV, da Lei Estadual 5.900/96, sendo
aplicada a sanção dos arts. 822 do RICMS e 79 da Lei Estadual
5.900/96.
_________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 181/2013 1
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Como conjunto probatório, foram acostados ao processo
os seguintes documentos: 1. Demonstrativo de Débito; 2.
Planilha para digitação do Auto de Infração; 3. cópia da
ficha "Cartão de Autógrafo" do contribuinte; 4. Dados
Cadastrais; 5. cópias do "Termo de início de fiscalização" e
do "Termo de encerramento de fiscalização" lavrados no livro
fiscal próprio; 6. documentos referentes ao desembaraço
aduaneiro de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado do
sujeito passivo; 7. Intimação Fiscal n° 196815, para
apresentação de livros e documentos.

Em sua impugnação, o contribuinte pede a improcedência


do lançamento de ofício alegando, em síntese, que possui o
benefício do diferimento do ICMS sobre as importações de bens
destinados ao ativo fixo e para matéria prima, efetivamente
utilizada no processo industrial de acordo com o Decreto nr.
37.140 de 06/05/1998 e que as despesas com frete
internacional fazem parte do imposto diferido .
Nas contrarrazões, um dos autuantes pede pela
procedência do auto de infração, argumentado, para tanto, que
o sujeito passivo apenas arguiu que o valor do frete é
componente da base de cálculo do ICMS da mercadoria,
possuindo, portanto, também o seu diferimento. Ou seja,
entendeu erroneamente que também teria o diferimento do ICMS
de transporte relativo ao frete internacional.
Decidiu, então, com o nº 18.417/11, a julgadora
singular pela procedência parcial do auto de infração,
mantendo a autuação, mas reduzindo a multa aplicada de 100%
(cem por cento) para 50% (por cento) multa conforme nova
redação dada ao art. 79 da Lei nº 5.900/1996 pela Lei
Estadual 7.079/09. A decisão foi ementada da seguinte forma:

EMENTA: ICMS — Não recolhimento de ICMS


transporte nas prestações internacionais
de transportes de cargas. (1) Em sendo
as prestações de serviço de transporte
realizadas por conta do adquirente, é
devido o ICMS sobre a mesma,
independentemente do regime de
tributação sobre a mercadoria objeto da
prestação de serviço. (2) Infração à

_________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 181/2013 2
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
legislação tributária comprovada por
provas nos autos. (3) Aplicação do art.
79 da Lei Estadual 5.900/96, em redação
dada pela Lei Estadual 7.079/09, por ser
esta sanção mais benéfica ao sujeito
passivo, nos termos do art. 13, II, 'c',
da Lei Estadual 4.418/82. (4) Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. (5) Remessa dos
autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário, nos termos do
art. 48, I, da Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada não se manifestando e a Comissão


de Representação Fiscal dada ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de reexame necessário da Decisão nº 18.417/11,
de Primeira Instância, que julgou procedente em parte o
lançamento constante do auto de infração nº 014096.
Impende destacar que como o contribuinte não interpôs
recurso ordinário a esse Conselho Tributário, o objeto deste
julgamento limitar-se-á tão-somente ao reexame necessário da
decisão de piso, ou seja, pela redução da multa aplicada de
100% (cem por cento) para 50% (por cento) conforme nova
redação dada ao art. 79 da Lei nº 5.900/1996 pela Lei
Estadual 7.079/09.
Logo, observa-se sim, como bem esclarecido pela
julgadora monocrático, que a redução da penalidade imposta
pela alteração normativa do art. 79 é mais benéfica ao
sujeito passivo, devendo ser aplicada nos termos do art. 106,
II, ‘c’, do CTN 1. O que implica na possibilidade de aplicação
ao caso aqui julgado, conforme decidido na instância de piso.

1
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
...
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
_________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 181/2013 3
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por unanimidade de votos no sentido
de conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo a decisão de primeira instância.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE/EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
_________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 181/2013 4
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 30 – REALIZADA: 16/08/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-005169/1999 e CTE nº 225/2012.
ANEXO: 1500-006079/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO: 014096.
AUTUADA: SUMMER COTTON S.A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.89682-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.417/11.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Ronaldo Guedes de Araújo e Outros.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE/EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
SECRETARIA:Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº181 /2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de ICMS
transporte nas prestações
internacionais de transportes de
cargas. Alteração normativa do
art. 79 da Lei nº 5.900/96 mais
benéfica ao contribuinte. Reexame
necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

RELATÓRIO
Tratam os autos de lançamento de ofício de crédito
tributário relativos à ICMS e multa, lavrado em face de
SUMMER COTTON S.A, sujeito passivo já qualificado no
processo, por infração à legislação tributária conforme a
seguinte descriçāo: "Deixou de recolher o ICMS devido, no
valor de R$ 18.322,52 (dezoito mil trezentos e vinte e dois
reais e cinqüenta e dois centavos), referente a prestação de
serviço de transporte, iniciada no exterior, quando das
importações das mercadorias, referente ao período 12/97 a
03/99, conforme documento de importação anexa" (sic).
Imputada infração aos arts. 49, VIII e 514 do
Regulamento do ICMS — RICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/91
e aos arts. 42 e 30, IV, da Lei Estadual 5.900/96, sendo
aplicada a sanção dos arts. 822 do RICMS e 79 da Lei Estadual
5.900/96.
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Acórdão CTE Nº 181/2013 1
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Como conjunto probatório, foram acostados ao processo
os seguintes documentos: 1. Demonstrativo de Débito; 2.
Planilha para digitação do Auto de Infração; 3. cópia da
ficha "Cartão de Autógrafo" do contribuinte; 4. Dados
Cadastrais; 5. cópias do "Termo de início de fiscalização" e
do "Termo de encerramento de fiscalização" lavrados no livro
fiscal próprio; 6. documentos referentes ao desembaraço
aduaneiro de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado do
sujeito passivo; 7. Intimação Fiscal n° 196815, para
apresentação de livros e documentos.

Em sua impugnação, o contribuinte pede a improcedência


do lançamento de ofício alegando, em síntese, que possui o
benefício do diferimento do ICMS sobre as importações de bens
destinados ao ativo fixo e para matéria prima, efetivamente
utilizada no processo industrial de acordo com o Decreto nr.
37.140 de 06/05/1998 e que as despesas com frete
internacional fazem parte do imposto diferido .
Nas contrarrazões, um dos autuantes pede pela
procedência do auto de infração, argumentado, para tanto, que
o sujeito passivo apenas arguiu que o valor do frete é
componente da base de cálculo do ICMS da mercadoria,
possuindo, portanto, também o seu diferimento. Ou seja,
entendeu erroneamente que também teria o diferimento do ICMS
de transporte relativo ao frete internacional.
Decidiu, então, com o nº 18.417/11, a julgadora
singular pela procedência parcial do auto de infração,
mantendo a autuação, mas reduzindo a multa aplicada de 100%
(cem por cento) para 50% (por cento) multa conforme nova
redação dada ao art. 79 da Lei nº 5.900/1996 pela Lei
Estadual 7.079/09. A decisão foi ementada da seguinte forma:

EMENTA: ICMS — Não recolhimento de ICMS


transporte nas prestações internacionais
de transportes de cargas. (1) Em sendo
as prestações de serviço de transporte
realizadas por conta do adquirente, é
devido o ICMS sobre a mesma,
independentemente do regime de
tributação sobre a mercadoria objeto da
prestação de serviço. (2) Infração à

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Acórdão CTE Nº 181/2013 2
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legislação tributária comprovada por
provas nos autos. (3) Aplicação do art.
79 da Lei Estadual 5.900/96, em redação
dada pela Lei Estadual 7.079/09, por ser
esta sanção mais benéfica ao sujeito
passivo, nos termos do art. 13, II, 'c',
da Lei Estadual 4.418/82. (4) Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. (5) Remessa dos
autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário, nos termos do
art. 48, I, da Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada não se manifestando e a Comissão


de Representação Fiscal dada ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de reexame necessário da Decisão nº 18.417/11,
de Primeira Instância, que julgou procedente em parte o
lançamento constante do auto de infração nº 014096.
Impende destacar que como o contribuinte não interpôs
recurso ordinário a esse Conselho Tributário, o objeto deste
julgamento limitar-se-á tão-somente ao reexame necessário da
decisão de piso, ou seja, pela redução da multa aplicada de
100% (cem por cento) para 50% (por cento) conforme nova
redação dada ao art. 79 da Lei nº 5.900/1996 pela Lei
Estadual 7.079/09.
Logo, observa-se sim, como bem esclarecido pela
julgadora monocrático, que a redução da penalidade imposta
pela alteração normativa do art. 79 é mais benéfica ao
sujeito passivo, devendo ser aplicada nos termos do art. 106,
II, ‘c’, do CTN 1. O que implica na possibilidade de aplicação
ao caso aqui julgado, conforme decidido na instância de piso.

1
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
...
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
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Acórdão CTE Nº 181/2013 3
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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por unanimidade de votos no sentido
de conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo a decisão de primeira instância.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE/EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
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PROCESSO Nº.: SF 1500-010622/2005 CTE 0469/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 30579 de 18/04/2005
RECORRENTE: Maceió Motos Peças e Serviços Ltda.
RECORRIDA: Fazenda Pública Estadual
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE/EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº182 /2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. OMISSÃO DE VENDAS.
LEVANTAMENTO DA CONTA CAIXA.
REVELIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
DOS MOTIVOS QUE ENSEJARAM A
REVELIA DA AUTUADA. RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA. REVELIA DA
AUTUADA.

RELATÓRIO

Trata-se de lançamento tributário no qual se relata que


o contribuinte deixou de recolher ICMS no exercício de 2003, por ter
efetuado vendas de mercadorias tributáveis, em operação interna, sem
documentação fiscal, fato comprovado pela insuficiência de caixa,
apurado através de levantamento da referida conta, considerando-se
as receitas e despesas realizadas no período fiscalizado,
totalizando crédito tributário no valor de R$ 27.275,46 (vinte e
sete mil, duzentos e setenta e cinco reais e quarenta e seis
centavos).

Intimada no próprio ato do lançamento, a Autuada


apresentou defesa as fls. 02 e 03, as quais foram rejeitas pela
autoridade fiscal nas contrarrazões de fls. 06 a 09, do processo nº.
1500-014100/2005.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de


Julgamento, decidiu-se pela impossibilidade de apreciação dos
argumentos da defesa diante da sua apresentação intempestiva,
declarando-se a revelia da Autuada e concluindo-se pelo encerramento

Acórdão CTE 182/2013 Página 1


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do processo administrativo tributário, ressalvando-se, porém, a


possibilidade de apresentação de petição ao CTE, nos termos da
seguinte ementa:

“ICMS. Obrigação principal. Não recolhimento de


ICMS sobre vendas de mercadorias tributáveis sem
emissão de documentação fiscal, apuradas mediante
levantamento financeiro da conta ‘Caixa’.
Impossibilidade de apreciação da impugnação por
força dos efeitos da revelia. Encerramento do
processo administrativo tributário. Possibilidade
de saneamento e revisão do ato administrativo pela
Representação Fiscal.”

Devidamente intimada da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, a Autuada apresentou Recurso Ordinário, no qual reitera
os argumentos da defesa no sentido de requerer a anulação do
lançamento, pois não consta a data e a hora da lavratura do auto de
infração. No mais, afirma que não teve acesso aos autos, em afronta
aos princípios da ampla defesa e contraditório, fato que impediu a
elaboração da impugnação ao lançamento.

Nas contrarrazões, a representação fiscal refuta os


argumentos declinados no recurso, ratificando a procedência do
lançamento e pleiteando a manutenção da decisão recorrida.

Após, os autos foram encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação das razões recursais.

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em
especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, desnecessário tecer comentários


alongados, pois o Recurso Ordinário foi interposto no prazo de 15
(quinze) dias, conforme preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT 1,
vez que a Recorrente foi intimada no dia 03/08/2011 e protocolou o
recurso no dia 11/08/2011, razão pela qual passamos a análise das
razões recursais.

1
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
Acórdão CTE 182/2013 Página 2
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Insurge-se a Recorrente em face do julgado proferido


pelo juízo singular, o qual declarou a revelia da Recorrente diante
da apresentação intempestiva da defesa, decidindo-se pelo
encerramento do processo administrativo tributário e encaminhamento
dos autos à representação fiscal para o controle de legalidade.

Nos casos de indeferimento da defesa pela


intempestividade e declaração da revelia, assegura-se ao
contribuinte o direito de impugnar o indeferimento mediante a
apresentação de petição dirigida à autoridade ou órgão superior
àquele que proferiu a decisão, nos termos do artigo 5º, §2º, da Lei
nº. 6.771/06, in verbis:

Art. 5º A petição será indeferida de plano pela


autoridade ou órgão responsável pela apreciação da
matéria, conforme o caso, se intempestiva, se
postulada ou assinada por pessoa sem legitimidade
ou se inepta, vedada a recusa de seu recebimento ou
protocolização.

§ 2º É assegurado ao interessado o direito de


impugnar o indeferimento da petição declarada
intempestiva, viciada de ilegitimidade ou inepta no
prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência,
mediante petição dirigida à autoridade ou órgão
competente imediatamente superior àquele que
proferiu o indeferimento. (grifo nosso)

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo


transcrito que, uma vez indeferida a defesa pela sua
intempestividade, a petição dirigida à autoridade ou órgão superior
deverá tratar, especificamente, acerca dos motivos do indeferimento,
demonstrando o Requerente as falhas da decisão.

Entretanto, no caso dos autos, a Recorrente se limitou


a repetir os argumentos declinados na defesa, sem expor qualquer
comentário acerca do indeferimento da sua petição ou sustentando a
tempestividade da defesa inicialmente apresentada, de modo que a
apreciação das razões recursais resta prejudicada em face da falta
de impugnação da questão de fundo, qual seja, a revelia.

Aliás, impõe ressaltar o acerto do juízo singular, pois


de fato a Recorrente extrapolou o prazo de 30 (trinta) dias para
apresentação da defesa, na medida em que foi intimada no próprio ato
do lançamento, dia 18/04/2005, porém só apresentou a defesa no dia
03/06/2005.

Acórdão CTE 182/2013 Página 3


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Portanto, prejudicada a apreciação das razões


recursais, pois a Recorrente não impugnou os motivos que ensejaram o
indeferimento da defesa, mantendo-se, dessa forma, a declaração da
revelia da Recorrente.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por unanimidade de votos no sentido
de conhecer do Recurso Ordinário para negar-lhe provimento, vez que
a Recorrente não impugnou os motivos que ensejaram o indeferimento
da defesa e, por conseguinte, não demonstrou a inexistência de
revelia no caso em comento.

Maceió/AL, Sala das Sessões do CTE, 16 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE/EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE 182/2013 Página 4


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2ª. CÂMARA

SESÃO ORDINÁRIA Nº 02 – 2º Câmara – Realizada em 16/08/2013


PROCESSO: 1500-009476/1997 e CTE nº 272/2007.
AUTUADA: A.G FERREIRA ATACADO.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.518/2012.
ASSSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Raimundo M.C.Neto.
RELATOR: Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE/ EM EXERCÍCIO: JOSÉ PEDRO DA SILVA
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº183/2013

EMENTA. PAT. NORMAS


PROCEDIMENTAIS. A NORMA DO ART. 43,
INCISO II, DA LEI N. 6.771/2006,
INTRODUZIDA PELA LEI N. 7.078/2009,
DISPENSOU O REEXAME NECESSÁRIO
QUANDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXCLUÍDO PELA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO (1A. INSTÂNCIA DE
JULGAMENTO) NÃO ULTRAPASSAR O
VALOR CORRESPONDENTE A 400
UPFAL’S. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado


Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face de suposta
sucumbência parcial da Fazenda Estadual imposta pela Decisão Retificadora n °
01/2003, da Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu pela manutenção apenas
em parte da autuação.

Antes de empreendermos o reexame legal, convém apresentarmos os atos


e fases já vencidas nos autos.

Pois bem.

_____________________________________________________________________________________ 1
Acórdão CTE n° 183/2013
O auto de infração propôs-se a lançar o ICMS mais a multa regulamentar
no valor total de R$ 6.109,38, sob a motivação de que o contribuinte haveria omitido
saídas e entradas, assim concluindo a partir de levantamento físico de estoque.

A suposta sucumbência da Fazenda Estadual estaria fundada


exclusivamente no fato de que a instância de piso teria rejeitado a presunção de omissão
de saídas no exercício de 1997, sob o argumento de ausência de provas, a despeito de
diligências realizadas para suprir o suposto defeito inicial da autuação.

Tal exclusão resultou em redução do crédito tributário no exato montante


de R$ 1.017,56

Regularmente intimados, representação fiscal e contribuinte silenciaram.

Nada mais a relatar. Passo a decidir, então.

VOTO

De início, convém esclarecer que o reexame de ofício não se propõe a


reexaminar toda a decisão de piso, devendo se ater apenas a parte em que foi a Fazenda
Pública sucumbente.

Neste particular, o exame estaria circunscrito a exclusão do valor de R$


1.017,56, fruto do afastamento proposto pela instância a quo em relação as alegadas
omissões de saídas no exercício de 1997.

Ocorre, entretanto, que o art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006, com as
inserções promovidas pela Lei n. 7.078/09, restringiu a subida dos autos em sede de
reexame necessário ao Conselho Tributário quando a redução do crédito tributário for
superior ao valor correspondente a 400 (quatrocentas) UPFAL’s.

Confira-se a redação do art. 43, inciso II, do PAT:

Art. 43. A competência para julgamento do processo administrativo


tributário decorrente de Auto de Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:

I – nos casos de procedimento especial; ou

II – na decisão contrária à Fazenda Estadual quando a importância


pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

_____________________________________________________________________________________ 2
Acórdão CTE n° 183/2013
No caso, considerando que a suposta parcela excluída está aquém do piso
de alçada estabelecido pelo supra destacado inciso II do art. 43 do PAT, entendo não ser
o caso em exame hipótese de reexame de ofício.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÃMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do reexame necessário, pois incabível em espécie, à luz do art. 43, inciso II, da
Lei n. 6.771/2006.

Voltam os autos a Douta Coordenadoria de Julgamento para as


providências cabíveis.

Sala de Sessões do CTE. Maceió – AL, 16 de Agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE MAYA


PRESIDENTE/ EM EXERCÍCIO RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M.DE CASTRO GOMES MÁRIO ALBERTO DE A.DE SOUZA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

_____________________________________________________________________________________ 3
Acórdão CTE n° 183/2013
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº31 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:20/08/2013


PROCESSO: SF-1500 019461/2007; CTE-148//2013
ANEXO: SF-1500 027752/2007
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.66469-003, PROTOCOLADO EM 27/07/07
AUTUADA: PINHEIRO LTDA. - EPP
AUTUANTE: JOÃO CARLOS CORREIA DE ARRUDA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº184/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA


AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PRÉVIA PARA
ENTREGA DAS NOTAS FISCAIS TIDAS
COMO EXTRAVIADAS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO. DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário, ao CTE,


nos termos do art. 48, Inciso I, da Lei Estadual 6771/06
relativo à Decisão nº 19.146/2013, referente ao Auto de
Infração nº 99.66469-003, protocolado em 27/07/07, lavrado
contra a empresa Pinheiro Ltda. – EPP, qualificada na peça
exordial, com alegação do autuante de “na condição de
microempresa, extraviou notas fiscais, modelo 1” e no Resumo
do débito complementa que “extraviou 01 talão de notas fiscais
de vendas mod. 02 para consumidor de nº 000851 à 000900, com
50 vias (...)”.
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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que requereu a


diligência nº 403/2012 (fls. 22 e 23) ao autuante para que os
autos fossem sanados quanto à intimação fiscal ao autuado,
solicitando os documentos tidos como extraviados e o autuante
afirmou que não havia necessidade, ressaltando que concordava
com as contrarrazões da Representante Fiscal. Esta ao pedir
manutenção do Auto de Infração, em evidência
disse que a defesa apresentada pela autuada foi intempestiva e
que não “visualiza tampouco qualquer procedimento lesivo a
ampla defesa e ao contraditório – que não cabimento o pedido
de nulidade da autuação”
O julgador de 1ª instância fundamenta sua decisão
no art. 7º, IV; 28 e 29 da Lei Estadual 6.771/06 e artº 2º,
parágrafo único, “d”, da Lei Federal 4.717/65 considerando
nulo por ausência de motivo o Auto de Infração, em evidência
devido a autuada não ter sido devidamente intimada para
apresentação das notas fiscais tidas como extraviadas.
Notificados autuada e Representação Fiscal, ambos
se manifestaram
Assim me chegam os autos que ora relatei.

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VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta, observa-se que o Auto de Infração nº.99.66469-003,
protocolado em 27/07/07, lavrado contra a empresa Pinheiro
Ltda. – EPP, qualificada na peça exordial, com alegação do
autuante de ‘na condição de microempresa, extraviou notas
fiscais, modelo 1” e no Resumo do débito complementa que
“extraviou 01 talão de notas fiscais de vendas mod. 02 para
consumidor de nº 000851 à 000900, com 50 vias.

A Defesa da autuada foi tempestiva. A publicação no


Diário Oficial do Edital da 5ª GRAF - Gerência de São Miguel
dos Campos para a autuada apresentar Defesa foi no dia
3/9/2007 e sua Defesa foi protocolada no dia 10/9/2007.
Observe-se o que diz o art. 12, Inciso III, alínea “b”:
Art. 12. Considera-se efetivada a
intimação:
(...)
III - se efetuada por edital:
a) no primeiro dia útil posterior ao da
data de sua publicação no Diário Oficial
do Estado, quando o sujeito passivo ou
interessado for domiciliado na capital do
Estado; ou
b) no 15º dia posterior ao da data de sua
publicação no Diário Oficial do Estado,
quando o sujeito passivo ou interessado
for domiciliado no interior do Estado,
devendo ser afixada cópia do edital, pelo
prazo nele estabelecido, no órgão
fazendário de circunscrição do sujeito
passivo ou outro órgão público estadual,
municipal ou federal.
(...)
Observa-se também que não houve intimação prévia
para que a autuada apresentasse os documentos tidos como
extraviados. O art. 50, § 10, Inciso I da Lei 5900/96
Art. 50 - Os contribuintes e as demais
pessoas obrigadas à inscrição deverão, de
acordo com a respectiva atividade e em
relação a cada um de seus
estabelecimentos:
(...)

ACÓRDÃO Nº184/2013 Página 3


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§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-se


prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual, não
tenha sido entregue no prazo máximo de 30
(trinta) dias;

Além disto, na descrição dos fatos estão como


extraviadas as notas fiscais de modelo 1 e no resumo do débito
está mod. 02.
Pelo exposto concordo com a fundamentação da
julgadora singular que julgou o Auto de Infração Nulo, nos
termos do art. 7º, IV, “a” da Lei Estadual 6771/2006, cuja
redação diz:
Art. 7º São nulos:
(...)
IV - o lançamento de ofício:
a) que não contiver elementos suficientes
para se determinar, com segurança, a
infração e o infrator; e
(...)

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário, para negar-lhe provimento,
mantendo na íntegra decisão da 1ª Instância.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 20 de Agosto


de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADOR

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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº31 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:29/08/2013
PROCESSO: 1500-011271/2007 e CTE nº 20/2013.
ANEXO: 1500-010500/2012 e 1500-006168/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00393-003.
AUTUADA: NORDESTE IMPLEMENTOS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.96313-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.471/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): José Carlos Silva.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: JOSÉ PEDRO DA SILVA (em exercício)
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 188 /2013

EMENTA- ICMS. Não escrituração de


notas fiscais de saídas de
mercadorias. Crédito tributário
nāo pago e confessado pelo
contribuinte. Extinção do
processo com resolução do mérito.
Recurso ordinário conhecido e
improvido. Decisão singular
mantida.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração lavrado contra NORDESTE


IMPLEMENTOS LTDA, pessoa jurídica já devidamente qualificada
nos autos, para exigência de crédito tributário referente à
ICMS e multa, por ter o contribuinte deixado de registrar
notas fiscais de saídas de mercadorias nos exercícios de 2005
e 2006.
Como infração legal, foram apontados os art. 50, II, da
Lei Estadual n.º 5.900/96, combinado com os artigos 75 e 273,

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 1


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do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/91. Foi
sugerida a penalidade do artigo 83 da Lei nº 5900/96.
Instruem a inicial como principais elementos
probatórios as cópias das notas fiscais, dos livros fiscais
de Apuração de ICMS e Registro de Saídas.
O sujeito passivo apresentou impugnação à exigência
fiscal alegando, em síntese, que as notas fiscais objetos da
autuação foram registradas no livro fiscal de Registro de
Saídas, anexando cópias do livro, e que apesar da
autenticação intempestiva dos livros fiscais, esta se deu
antes da lavratura do auto de infração, entendendo que ao
pagar as taxas administrativas pelo atraso, já teria cumprido
com suas obrigações. Afirma também que todos os débitos para
com o Estado de Alagoas, de atraso no recolhimento do
imposto, já foram confessados e parcelados.
Em contrarrazões, a autoridade fiscal aduz que tanto a
solicitação de parcelamento quanto a autenticação dos livros
ocorreram posteriormente à lavratura do auto de infração.
Pede pela procedência do lançamento de ofício.
Após, foi proferida a Decisão nº 18.471/2012, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. IMPOSIÇÃO DE


PENALIDADE. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.
1. Falta de recolhimento do imposto
em razão da não escrituração de
notas fiscais de saída. 2. Ilícito
tributário demonstrado nos autos. 3.
Registros alegados pela defesa foram
feitos posteriormente à lavratura do
auto de infração. 4. Solicitação de
parcelamento não verificada. 5.
Devida cobrança do imposto e
imposição de penalidade. 6.
Lançamento PROCEDENTE.
Intimada da Decisão de Primeira Instância a autuada
apresentou Recurso Ordinário a esse Conselho Tributário
Estadual alegando que concorda com o auto de infração em

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 2


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tela, de nº 70000393-003, e por isso o pagou em 22/10/2010
conforme cópia do Documento de Arrecadação – DAR – no valor
de R$ 5.854,23 (cinco mil oitocentos e cinquenta e quatro
reais e vinte e três centavos), tendo como identificação do
débito o nº 7000393-004.
E por isso, requer que se torne sem efeito o referido
julgamento administrativo de piso. Junta aos autos cópias do
Extrato de Consolidação de Débito, do supracitado DAR e do
seu comprovante de pagamento, todos referentes ao auto de
infração nº 7000393-004.
Em resposta, pedindo pela procedência da peça
vestibular, o Representante Fiscal argumenta que o sujeito
passivo não entrou no mérito do lançamento de ofício,
presumindo sua aceitação. Quanto à alegação do pagamento do
crédito objeto da autuação, o mesmo nāo procede, visto que a
quitação destacada no DAR anexado pelo contribuinte refere-se
a outro auto de infração, de nº 7000393-004 e nāo o deste
processo que possui a numeração 7000393-003. Conclui que o
presente lançamento de ofício atende a todos os requisitos
legais.
Assim, chegam os autos a este Conselho.
É o relatório.

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 3


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VOTO
Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, impetrado
por representante legal do contribuinte, da Decisão nº
18.471/2012, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
45, I, § 1º e art. 46, ambos da Lei nº 6.771/06.
O caso aqui julgado refere-se à exigência de crédito
tributário referente à ICMS e multa, por ter o contribuinte
deixado de registrar notas fiscais de saídas de mercadorias
nos exercícios de 2005 e 2006.
Conforme o brocardo “tantum devolutum quantum
appellatum”, daqui delimito o voto à análise exclusiva da
matéria especificamente impugnada na peça recursal em relação
aos fundamentos da decisão monocrática (art. 46, § 1º, da Lei
nº 6.771/06 e art. 514, II, do Código de Processo Civil -
CPC 1). Impende destacar a importância de demarcar o objeto do
recurso, evitando, desse modo, que questões já decididas e
preclusas venham novamente à discussão administrativa.
Analisando, vê-se que a defesa traz apenas dois
argumentos: afirma que concorda com o auto de infração nº
7000393-003 e que o teria pago.
Porém traz como prova a quitação do auto de infração nº
7000393-004. Em busca de verdade material, verifiquei que o
lançamento de ofício objeto desse processo ainda nāo foi
pago, portanto ainda nāo extinto.
Não estando extinto o crédito e como o contribuinte
claramente concorda com a fiscalização concretizada na peça
de infração objeto desse julgamento em seu recurso ordinário,
pelo princípio da legalidade 2, tal realidade processual

1
Lei 6.771/2006:
Art. 46...
1º O recurso ordinário devolverá ao CTE o conhecimento de fato e de direito da matéria impugnada.

CPC:
Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá:
...
II - os fundamentos de fato e de direito;
2
Lei Estadual nº 6.771/2006:
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implica em confissão da infração imputada e, consectário, em
decisão para extinção do processo administrativo de acordo
com a incidência dos artigos 17, III e 28, §4º, I, da Lei nº.
6.771/06 3.
Reza o Código de Processo Civil – CPC – de aplicação
subsidiária ao processo administrativo tributário alagoano 4,
art. 348, que: “Há confissão quando a parte admite a verdade
de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao
adversário”.
Portanto, considerando o art. 334, II, do CPC 5,
remanesce o lançamento nos termos da confissão particular,
extinto o processo administrativo e encaminhado os autos à
Procuradoria da Fazenda Estadual para que proceda a inscrição
do crédito tributário na Dívida Ativa.
Cabe esclarecer aqui que o julgamento (resolução) de
mérito dito pelo legislador na Lei 6.771/06, em seu § 4º, I,
art. 28, já transcrito acima, tem o sentido de dar à decisão
a condição de definitiva pela extinção do processo sem
analisar o mérito em si da questão.
Tanto que se não fosse a confissão do crédito integral,
aí sim haveria de ter uma decisão meritória da parte não

Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,


contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
3
Art. 17. Encerra-se o processo administrativo tributário, contencioso ou não, com:
...
III - o reconhecimento do débito pelo sujeito passivo, inclusive em qualquer fase posterior à apresentação da
defesa;
...
Art. 28....
§ 4º O julgador que tiver ciência, por documento incluso nos autos em qualquer fase do processo, que o
autuado tenha confessado o crédito tributário objeto do contraditório:
I - no todo, deverá decidir pela extinção do processo com julgamento do mérito;
...
4
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 97-A. Aplicam-se subsidiariamente ao processo administrativo tributário as normas da Lei Estadual n°
6.161, de 26 de junho de 2000, e da Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, - "Código de Processo
Civil.
5
Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
...
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; (grifos nosso)
ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 5
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confessada onde se analisaria o lançamento de ofício dessa
parte não declarada (§ 4º, II, art. 28, da Lei 6.771/06).
Tal procedimento encontra paridade com a norma prevista
no art. 269, II e V, do Código de Processo Civil 6, de
aplicação subsidiária ao nosso Processo Administrativo
Tributário.
É como se extrai das lições de Daniel Amorim Assumpção
Neves e Marcos Vinicius Rios Gonçalves, quando diferenciam
julgamentos efetivos do mérito ou apenas homologam a
autocomposição feita pelas partes conforme os tipos de
resolução de mérito da sentença tratados nos incisos do art.
269 do CPC:
“... sentenças definitivas, que
resolvem o mérito (art. 269 do CPC).
Observe que a Lei 11.232/2005
substituiu o termo “julgamento” por
“resolução” no caput ... o legislador
finalmente reconheceu a diferença
entre as sentenças que efetivamente
julgam o mérito, por meio da
imposição da decisão do juiz, e
aquelas que simplesmente homologam um
ato de autocomposicão praticado pelas
partes... as sentenças homologatórias
de mérito, nas quais o juiz não chega
a apreciar o direito material ...
limitando-se a homologar uma
declaração de vontade unilateral de
uma das partes, como ocorre no
reconhecimento do pedido ... (art.
269, II, do CPC) e a renúncia ...
(art. 269, V, do CPC)...” (Daniel
6
Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
...
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
...
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
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Amorim Assumpção Neves. Manual de
direito processual civil. São Paulo.
Ed. Método. 2010. Pg. 465 e 474)

“... há outras espécies de sentença


consideradas pelo legislador como
mérito, conquanto o juiz não examine
propriamente o pedido... consideradas
entre as de mérito pelo legislador
apenas para que se revistam da
autoridade da coisa julgada material,
adquirindo a condição de definitivas”
(Marcos Vinicius Rios Gonçalves.
Direito Processual Civil
Esquematizado. São Paulo. Saraiva.
2011).

Portanto, como o contribuinte confessou, renunciou à


sua defesa cabe ao julgador apenas extinguir o processo
administrativo tributário de maneira definitiva.
Utilizo acórdão modelo em âmbito administrativo federal
que traduz o dito acima:

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.


RENÚNCIA. PARCELAMENTO DE DÉBITO.
PAES. Sendo a renúncia um ato
voluntário e unilateral pelo qual
alguém abdica de um direito, o
processo deve ser extinto com
julgamento de mérito. (Art. 269,
inciso V, do CPC). (3º CC – Ac.
30235833 – 2ª C. – Rel. SIMONE
CRISTINA BISSOTO – DOU 05.05.2004 -
p. 12) (grifos nosso)

Devemos relembrar inclusive que a confissão não é a


única hipótese da lei em que o julgador encerra o processo
administrativo tributário sem analisar o lançamento de ofício
ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 7
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e suas provas. Há também os casos da revelia e da opção pelo
contribuinte em discutir a lide judicialmente (art. 13 e 17,
IV, da Lei nº 6.771/96).
Cabe esclarecer que qualquer contribuinte tem o direito
de, fazendo um pagamento indevido, durante o prazo
decadencial e tendo provas, pedir restituição desse indébito
conforme procedimento descrito nos arts. 62 e ss. da Lei
6.771/2006.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer do presente recurso ordinário para NEGAR-
LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular nº
18.471/2012.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 29 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA (em exercício) MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 8


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SESSÃO ORDINÁRIA: 32 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 30/08/2013


PROCESSO n.º 1500-011399/2008 CTE 305/2012
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 9975213-003
CONTRIBUINTE – FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA
AUTUANTE – José Tarciso Bispo dos Santos
RELATÓRIO: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE EM EXERCICIO: JOSÉ PEDRO DA SILVA
ASSESSORIA:LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº189/2013

EMENTA: REMESSA CONHECIDA E PROVIDA.


NULIDADE DO AUTO. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO DA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO. NULIDADE FORMAL. AUSÊNCIA
DE INTIMAÇÃO PRÉVIA AO LANÇAMENTO,
PARA APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS TIDOS
COMO EXTRAVIADOS.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Remessa Necessária, quanto a decisão da


Coordenadoria de Julgamento fora no sentido de desconstituir o
lançamento, decretando a nulidade do auto de infração que havia
imputado o multa no valor de R$ 567.350,00 (quinhentos e
sessenta e sete mil , trezentos e cinquenta reais) por extravio
de 7.000 (sete mil) documentos fiscais, isto por considerar
inexistente intimação prévia para que os referidos documentos
fossem apresentados pelo contribuinte ao fisco.

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 1


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Notificado o Contribuinte para a efetivação do pagamento


defende que alguns dos sócios da empresa autuada já não mais
faziam parte dos quadros societários. Sem que pudessem mais ser
intimados para o pagamento.

E mais ainda, que estariam sendo aqui imputados novamente


de forma equivocada débito tributário que já haviam sido
lançados para esta mesma tipificação em autos anteriores :
99.76466-002 e 99.75213002.

Frentes a estas arguições, convertido os autos em


diligência para que pudessem ser sanadas as possíveis
duplicidades; onde restaram por acostados aos referidos autos
cópia de outros processos, e defendido pelo então agente
fazendário que no que pesem tratarem-se as imputações quanto a
mesma empresa, melhor dizendo, mesma razão social, a inscrição
de CACEL seria divergentes.

E mesmo a numeração e modelos das notas fiscais seriam


dispares. Para tanto, sem que se estive diante de dupla
penalidade para um mesmo fato.

Quando então posta a decisão sob exame, anulando o auto de


infração ao argumento de inexistência de prévia solicitação da
notas , para que a partir de então se desse na lavratura.

Era o que se tinha RELATER.

Passo a DECIDIR.

Vejam Senhores, que uma das alegações do então Contribuinte


dá conta de que não traria os autos prova sequer da existência
das notas fiscais, que dirá sua utilização.

Falecendo de logo razão ao contribuinte neste ponto, quando


do documento de fls. 10, titulado de “Resumo Geral de AIDF por
Contribuinte”, consta sim para os documentos fiscais a indicação
tanto da liberação das respectivas notas, como de perfuração dos
talonários.

Ademais, veja-se que dos autos depreende-se que as notas


fiscais tidas como extraviadas são distintas para cada um dos
autos de infração; quando para o lançamento n.º 99.75213002,

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 2


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cuidam das de numeração 000001 a 005000; e neste aqui em tela,


já de notas consumidor final, modelo 2, com numeração 000001 a
007000.

Se tendo de forma bastante clara a diversidade das mesmas


pelo Resumo Geral AIDF (fls. 10). Dali com uma relação indicando
uma emissão de notas bem mais avantajada do que as alcançadas
nestes dois autos de infração.

Inclusive ali se encontrando para as mesmas datas de


liberação dispares , respectivamente : 06/03/2003 e 26/06/2006.

Igualmente, não assiste razão para alegação de que a saída


dos quadros societários de alguns doa antigos integrantes os
isentem por completo de suas responsabilidades junto ao erário.

Sem mais delongam , afirma-se na peça de defesa que a


retirada se dera em julho de 2007; mas, como se atesta das datas
acima, o fato da emissão e dever de guarda dos documentos são de
período anterior a tal inusitada retirada.

Tornando então responsáveis os então sócios no momento da


confecção e entrega. Portanto, todos os alocados neste processo.

Já para o cerne central, quanto a imputação posta de


extravio, resta por ser apreciada a decisão da Coordenadoria de
Julgamento em sede de remessa, quando não houve recurso próprio
do Contribuinte.

Em verdade, consta sim nos autos após as diligências


determinadas no curso processual, a Intimação Fiscal n.º 62.150
objetivando a apresentação das notas fiscais, sendo esta datada
de 16/08/2010 (fls. 67).

Sendo a lavratura datada de 16/06/2008 (fls. 02). Portanto


em mais de dois anos de diferença entre as datas.

No que faz acarretar nulidade quanto a forma de chamamento


do Contribuinte para que fizesse prova de sua posse (dever de
guarda) aos documentos fiscais. Aparentando uma mera presunção.

Sendo já rotineira a proposição de nulidade por inversão ou


mesmo inexistência de solicitação prévia de documento para que a

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 3


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partir de então, sim, pudesse ser lançado o “AI”. Tal qual


consta na decisão da Coordenadoria de Julgamento, e já se tem
decidido continuadamente nesta Câmara.

Não se podendo considerar somente a presunção como fato


primordial para o lançamento. Inclusive quando há datas dispares
em mais de dois anos entre o lançamento do Auto e a solicitação
posterior dos documentos (notas fiscais).

Nestes termos, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CAMARA DO CONSELHO


TRIBUTARIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, remessa
necessária conhecida e improvida, mantida a decisão da
Coordenadoria de Julgamento e assim convalidar a nulidade formal
do Auto de Infração, ao não proceder para o lançamento a prévia
intimação para apresentação dos documentos fiscais.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió (AL), 30 de agosto de


2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE EM EXERCICIO RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR LOPES A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 33 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 03/09/2013


PROCESSO: 1500-002139/1997; CTE: 01/2012
ANEXO: SF – 1500-000087/1996
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 067204, PROTOCOLADO EM 15/01/1996.
RECORRENTE: ESTADO DE ALAGOAS
RECORRIDO: COFAL COMERCIAL DE FERRAGENS LTDA.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 190/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL – AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE
ICMS – INSTRUÇÃO PROBATÓRIA DEFICIENTE
– INEXISTÊNCIA DE PROVA DA INFRAÇÃO –
EQUÍVOCO NA FORMAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO
– AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – DECISÃO DA CJ MANTIDA NA
ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão da


Coordenadoria de Julgamento n.º 18.171/2011, que julgou
improcedente o auto de infração para exigência de crédito
tributário correspondente a imposto e multa, em virtude de o
sujeito passivo haver, em tese, adquirido e vendido
mercadorias sem documentação fiscal, no exercício de 1994.
Vejamos a ementa do julgamento:

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.


Aquisição e venda de mercadoria sem
documento fiscal. Levantamento Físico de
Estoque. Ilícito não comprovado.
Inconsistência do procedimento de
fiscalização adotado. Ausência de provas.
Processo com trâmites regulamentares
apesar da Revelia do sujeito passivo, § 3º
do art. 141 da Lei nº 4.418/82, redação
original; LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário
Estadual, nos termos dos arts. 48 e 49, §
1º da Lei Estadual nº 6.771/06.

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O auto de infração, objeto do presente processo


administrativo fiscal, possui os seguintes elementos:

INFRAÇÃO: “Efetuado Levantamento Fiscal


nos livros e documentos pertinentes à
referida firma, constatou-se uma diferença
no seu Estoque Físico de Mercadorias,
caracterizando uma Omissão de Vendas e
Entradas de Mercadorias sem a devida
documentação fiscal, ambas irregularidades
forma cometidas no exercício de 1994.”

FUNDAMENTO LEGAL: Artigo 49, II, VII e


VIII do Decreto 35.245/91 RICMS/AL, sendo
sugerida a aplicação das penalidades
previstas nos artigos 840 do Decreto
35.245/91, que regulamenta o ICMS, c/c o
art. 98 da Lei nº 5.764/95 que alterou a
Lei nº 5.077/89.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO: R$ 6.420,83 (Seis mil quatrocentos


e vinte reais e oitenta e três centavos).

Devidamente notificado, o contribuinte apresentou


defesa pugnando pela improcedência do auto de infração,
alegando que dificilmente haveria aquelas diferenças apontadas
no seu estoque, haja vista que todo procedimento é feito
através de computador, com muita segurança e, portanto, com
pouca margem de erro.

Em contrarrazões, o autuante rechaçou os argumentos da


defesa, mantendo todos os termos do auto de infração,
requerente, ao final, seu provimento.

Em análise ao processo, a CJ proferiu decisão


declarando improcedente o auto de infração, devido à
imprecisão do levantamento e ausência de demonstração da
formação da base de cálculo de cada produto.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Cuida-se de reexame necessário da decisão oriunda da


Coordenadoria de Julgamento n.º 18.171/2011, que julgou

ACÓRDÃO CTE Nº 190/2013 Página 2


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improcedente o auto de infração para exigência de crédito


tributário correspondente a imposto e multa, em virtude de o
sujeito passivo haver, em tese, adquirido e vendido
mercadorias sem documentação fiscal, no exercício de 1994.

Analisando atentamente os autos, percebe-se o acerto


na decisão da CJ quanto à improcedência do lançamento fiscal,
diante da ausência de provas para comprovar a alegada infração
materializada nos autos.

Em outros termos, a fiscalização não se desincumbiu


de provar suas alegações mediante a juntada da documentação
necessária ao deslinde da controvérsia, sobretudo quanto à
demonstração da correta base de cálculo de cada produto
utilizado no levantamento de estoque, conforme bem exposto no
bojo da decisão da CJ, a saber:

“Ocorre que não se pode afirmar,


categoricamente, a existência da sobredita
diferença, visto que como afirma a
autuante, o sujeito passivo comercializa
com um grande número de produtos, com
várias marcas e preço, fato verificado nas
cópias do Livro de Registro de Inventário,
no entanto ao relacionar os produtos a
serem levantados no Quadro de Controle
Físico de Mercadorias (fls. 28), o
autuante não faz a descrição correta do
produto [...] O erro na descrição das
mercadorias traz imprecisão ao
levantamento. O que se verifica nos autos
é a ausência de prova por parte da
autuante, inclusive a ausência de
demonstração da formação da base de
cálculo de cada produto [...]”

Com efeito, o dever de provar a ocorrência do fato


jurídico tributário que originou o crédito para a Fazenda
Pública compete à própria Administração, sendo certo que a
ausência de provas acarreta a improcedência da autuação, como
acertadamente decidiu a CJ no presente caso.

Sobre o tema (instrução probatória), vale


transcrevermos a lição de Fabiana Del Padre Tomé 1:

1
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A Prova no Direito Tributário. Ed. Noeses: São Paulo, 2005, p.
292/293.

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A produção de prova pela Administração,


com vimos no subitem 6.6.5 (capítulo 6),
não caracteriza mero ônus, entendido como
encargo necessário para se atingir uma
pretensão. Mas que isso, configura um
verdadeiro dever. Tendo em vista o caráter
vinculado do lançamento e do ato de
aplicação de penalidade tributária, é
dever da autoridade administrativa
certificar-se da ocorrência ou não do fato
jurídico desencadeador do liame
obrigacional, o que só é possível mediante
linguagem das provas. Nesse sentido,
inclusive, é a determinação do art. 9º,
caput, do Decreto n.º 70.235/72, que
ordena sejam a exigência do crédito
tributário e a aplicação de penalidades
instruídos com os termos, depoimentos,
laudos e demais elementos de prova. [grifo
nosso]

Saliente-se que esse posicionamento já se encontra


sedimentado nesta 1ª Câmara de Julgamento do CTE, mediante
diversos precedentes, a exemplo dos processos CTE 79/2008 CTE
n.º 22/2012.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, a fim de manter na íntegra a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, que julgou improcedente o auto de
infração, mormente em face da escassez probatória.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 02 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FIHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 33 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 03/09/2013


PROCESSO: 1500-000216-04/015860-04/002573-05/003040-
05/021181-06
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 040974, PROTOCOLADO EM 06.01.2004.
RECORRENTE: ESTADO DE ALAGOAS.
RECORRIDO: SERVIÇOS AUTOMOTIVOS PONTA VERDE LTDA.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 191/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO –


OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – AUSÊNCIA DE
RECOLHIMENTO DE ICMS – INSTRUÇÃO
PROBATÓRIA DEFICIENTE – IMPRECISÃO
DO LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DE
ESTOQUE DE COMBUSTÍVEL -
INEXISTÊNCIA DE PROVA DA INFRAÇÃO –
AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – DECISÃO DA CJ MANTIDA
NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão nº


18.645/2012 proferida pela Coordenadoria de Julgamento da
Secretaria do Estado da Fazenda, que julgou improcedente o
lançamento tributário, sob o argumento de que inexistem
provas materiais hábeis a comprovar as infrações imputadas
no Auto de Infração.

O Auto de Infração em epígrafe, tem por objeto a


cobrança de crédito tributário no valor de R$ 52.755,15
(cinquenta e dois mil setecentos e cinquenta e cinco reais
e quinze centavos), dos quais R$ 32.971,97 (trinta e dois
mil novecentos e setenta e um reais e noventa e sete
centavos) são referentes a ICMS não recolhido e o montante
de R$ 19.783,18 (dezenove mil setecentos e oitenta e três
reais e dezoito centavos) à multa aplicada.

Segundo relatado pela autoridade autuante em seu


auto de infração, o crédito ora cobrado origina-se do fato
de que o contribuinte “adquiriu mercadorias sujeitas à
substituição tributária sem documentação fiscal, no período
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de 01.01.2003 a 18.1.2003, em operação interna, referente


aos combustíveis: gasolina aditivada e gasolina comum, no
valor (sic) base de cálculo R$ 131.887,89[...]”.

Instruem o referido Auto de Infração: cópia do


cartão de autógrafo; termos de início e encerramento de
fiscalização; termos de medição nos tanques de
combustíveis; demonstrativo do débito apurado e cópias de
Livros de Movimentação de Combustíveis – LMC.

Considerados como substrato legal os arts. 2º, §


2º, II; 31 e 50, I da lei nº 5.900/96 e art. 49, incisos
II, III, VIII; 280 e 776, § 3º, do regulamento do ICMS,
aprovado pelo decreto nº 35.245/91, e proposta a aplicação
da penalidade prevista no art. 84 da Lei nº 5.900/96.

Em primeira manifestação, o contribuinte insurge-


se contra o termo de revelia (fls. 410), alegando que a
assinatura do aviso de recebimento não corresponde àquela
constante no cartão de autógrafo como sendo do
representante da Empresa Autuada, motivo pelo qual pleiteia
nova intimação e a devolução do prazo de defesa. Seu pedido
foi indeferido pela autoridade fiscal.

Em que pese ter seu pedido de renovação do prazo


de defesa indeferido, a contribuinte mesmo apresentou nova
defesa, protocolado em 20/01/2005. Na ocasião, a
contribuinte apontou equívocos aritméticos cometidos pelo
fisco quando da lavratura do auto de infração, em virtude
de não ter sido apurada a quantidade de gasolina, em
litros, sob qual o imposto iria incidir, apontando como
fundamento para sua alegação os registros contidos no Livro
de Movimentação de Combustíveis da empresa autuada.

Em 02/02/2005 o contribuinte promove a juntada de


novos documentos que vem compor a defesa anteriormente
oferecida.

Em sede de Contrarrazões, a autuante reconhece o


equívoco cometido em relação ao volume de combustível
adquirido no dia 18 de junho de 2003, bem como a
desconsideração da Nota Fiscal de nº 045502. Acrescenta
ainda que os valores constantes nas planilhas elaboradas
pela defendente foram citados de forma aleatória, sendo ao
final o lançamento alterado para fins de aumentar o valor
do crédito tributário para R$ 87.946,60 (oitenta e sete mil
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novecentos e quarenta e seis reais e sessenta centavos),


conforme se verifica no aditamento de fls. 38 a 40 do
processo SF 1500-003040/2005.

Em virtude do referido aditamento ao Auto de


Infração, foi devolvido ao contribuinte o direito de
defesa, o qual foi utilizado pela contribuinte para
promover as seguintes alegações: a) que a autuante não
teria considerado as casas decimais indicadas no LMC; b)
soma das vendas (saída) de gasolina comum não coincidiria
com a totalização indicada na planilha fiscal; c) no dia 16
de maio de 2003 teria ocorrido um mau funcionamento no
medidor da bomba de combustível – “bico 06”, conforme cópia
do Livro de Movimentação de Combustível e laudo da empresa
Delman Engenharia e Manutenção, não considerado pela
fiscalização.

A Autuante, por sua vez, assegura que a autuada


não apresentou qualquer fato novo capaz de alterar ou
invalidar a autuação, sustentando que os valores utilizados
encontram-se escriturados nos livros fiscais do
contribuinte, e insiste na afirmação de que a intervenção
ocorrida no encerrante da bomba em nada interferiu no
resultado apurado.

Submetido o processo ao crivo da Coordenadoria de


Julgamento, esta julgou improcedente o Auto de Infração sob
os seguintes argumentos:

a) a autuada comprova que a intervenção técnica realizada


no encerramento da bomba medidora “bico 06”, não foi
considerada pela Fiscalização, portanto o volume
efetivamente comercializado na referida bomba seria na
realizada de 13.955 (treze mil novecentos e cinquenta e
cinco) litros, e não 116.916 (cento e dezesseis mil
novecentos e dezesseis), como defende a Fazenda;

b) que pelos argumento expostos, foi possível verificar que


a diferença apurada entre estoque inicial e estoque final
do tanque de gasolina comum foi de apenas 2.275 (dois mil
duzentos e setenta e cinco) litros, sendo que tal valor é
permitido pela taxa de evaporação estipulada pela Portaria
nº 26/1992 do DNC, o que justificaria a diferença apurada.

c) Em relação à gasolina aditivada, conforme restou


demonstrado pela empresa autuada, os 5.000 (cinco mil)
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litros, referentes à nota fiscal de nº 045502, não foram


considerados no demonstrativo de débito de fls. 35.

Em virtude de improcedência da pretensão


fazendária, o presente processo administrativo foi
encaminhado ao Conselho Tributário Estadual para Reexame
Necessário.

É o Relatório.

VOTO

Cuida-se de reexame necessário da decisão nº


18.645/2012 proferida pela Coordenadoria de Julgamento da
Secretaria do Estado da Fazenda, que julgou improcedente o
lançamento tributário materializado no Auto de Infração n.º
040974, protocolado em 06.01.2004, sob o argumento de que
inexistem provas materiais hábeis a comprovar as infrações
imputadas no Auto de Infração.

Sem maiores delongas, percebe-se o acerto na


decisão da CJ quanto à improcedência do lançamento fiscal,
diante da ausência de provas para comprovar a alegada
infração materializada nos autos.

Em outros termos, a fiscalização não se


desincumbiu de provar suas alegações mediante a juntada da
documentação necessária ao deslinde da controvérsia,
conforme bem exposto no bojo da decisão da CJ, a saber:

“Não se pode afirmar, entretanto, que a


diferença apurada refere-se à aquisição de
mercadorias desacompanhadas de documentação
fiscal, visto que a evaporação permitida
pela Portaria Nº 26/1992 do DNC é variável.
Isto é, pode atingir o limite de até 0,6%
(seis décimos por cento), não
necessariamente deverá corresponder ao
percentual acima utilizado.
Consequentemente, a perda poderia ser de
apenas 2.230 (dois mil duzentos e trinta)
litros, justificando a diferença
encontrada, ou até menor.”

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O trecho transcrito acima se refere à gasolina


comum. Quanto à gasolina aditivada, o que se extrai dos
autos é a disponibilidade do produto para comercialização,
no período fiscalizado, foi superior às saídas,
demonstrando, mais uma vez, a improcedência da autuação.
Destarte, a decisão da CJ deve ser mantida integralmente.

Ademais, conforme já sedimentado por esta 1ª


Câmara de Julgamento do CTE, mediante diversos precedentes,
a exemplo dos processos CTE 79/2008 CTE n.º 22/2012, o
dever de provar a ocorrência do fato jurídico tributário
que originou o crédito para a Fazenda Pública compete à
própria Administração, sendo certo que a ausência de provas
acarreta a improcedência da autuação, como acertadamente
decidiu a CJ no presente caso.

Sobre o tema (instrução probatória), vale


transcrevermos a lição de Fabiana Del Padre Tomé 1:

A produção de prova pela Administração,


com vimos no subitem 6.6.5 (capítulo 6),
não caracteriza mero ônus, entendido como
encargo necessário para se atingir uma
pretensão. Mas que isso, configura um
verdadeiro dever. Tendo em vista o caráter
vinculado do lançamento e do ato de
aplicação de penalidade tributária, é
dever da autoridade administrativa
certificar-se da ocorrência ou não do fato
jurídico desencadeador do liame
obrigacional, o que só é possível mediante
linguagem das provas. Nesse sentido,
inclusive, é a determinação do art. 9º,
caput, do Decreto n.º 70.235/72, que
ordena sejam a exigência do crédito
tributário e a aplicação de penalidades
instruídos com os termos, depoimentos,
laudos e demais elementos de prova. [grifo
nosso]

1TOMÉ, Fabiana Del Padre. A Prova no Direito Tributário. Ed. Noeses: São Paulo, 2005, p.
292/293.

ACÓRDÃO CTE Nº 191/2013 Página 5


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, a fim de manter na íntegra a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, que julgou improcedente o auto
de infração, mormente em face da escassez probatória.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 02 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO RONALDO RODRIGUES DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

ACÓRDÃO CTE Nº 191/2013 Página 6


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 03 – PLENO/CTE – REALIZADA EM:


13/11/2013
PROCESSO: 1500-016014/90; CTE-102/09
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 039682/90
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA PARA O PLENO
EMPRESA AUTUADA: JOSÉ MARQUES FILHO

AUTUANTE: ANTONIO MENDONÇA UCHÔA FILHO – 15.250

RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA


SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO P-270/2013

EMENTA: ITCD – TRIBUTO NÃO


CONTEMPLADO PELA REMISSÃO PREVISTA
NA LEI Nº. 6.765/06. NULIDADE DA
DECISÃO PROFERIDA PELA 2ª CÂMARA.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
PROVIDA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA
DECISÃO DE MÉRITO.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente feito, objeto de reexame necessário para
o pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto nos
seguintes termos:

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 1


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

Em data de 21 de maio de 2009, a primeira


instância proferiu julgamento, concluindo pela procedência
do lançamento do crédito tributário lançado, conforme a
seguinte “ementa: - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis
e Doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCD). 1.
Lançamento de ofício de crédito tributário. 2. Falta de
recolhimento de imposto em razão de declaração inexata de
valores venais de imóveis em processo judicial de
arrolamento. 3. Confissão do débito inerente ao tributo. 4.
Lançamento PROCEDENTE.

Submetida a decisão da instância de piso à


Segunda Câmara deste Colegiado em decorrência de Recurso
Ordinário, esta concluiu por maioria de votos pela
prejudicialidade do julgamento do mérito em razão da
remissão do crédito tributário, nos termos do art. 11, inc.
IV, alínea “a”, da Lei nº. 6.765/06, com voto vencido da
eminente Relatora, Julgadora Maria Lopes Milhomes, conforme
a seguinte ementa: “ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO ORIGINÁRIO
INFERIOR A R$ 10,00 Inteligência a alínea “a” do inciso IV
do artigo 11 da Lei 6.765/06. EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO POR REMISSÃO. MODIFICADA DECISÃO SINGULAR – AUTO
DE INFRAÇÃO PREJUDICADO.”

Por força do mandamento contido no art. 48,


inc. II, da Lei nº 6.771/06 o presente processo sobe ao
pleno deste Colegiado para o respectivo reexame da decisão
proferida pela 2ª (Segunda Câmara).

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 2


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

Em síntese é o relatório.

Voto

Conforme o presente relato, a decisão objeto


da presente remessa reporta-se ao fato da extinção do
crédito tributário decorrente de remissão inerente ao
tributo ICMS com fulcro na alínea “a” do inc. IV do art. 11
da Lei nº. 6.765/06.

O Art. 11, inc. IV, alínea “a”, do referido


diploma legal assim preconizam:

“Art. 11. Ficam extintos, por remissão:

(...)

IV – os créditos tributários, constituídos ou


não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os decorrentes
exclusivamente de penalidades pecuniárias por
descumprimento de obrigações acessórias; (destaquei).

a) cujo valor principal originário seja igual


ou inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais); ou...”

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 3


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

Ocorre que da análise dos autos, o lançamento


se refere ao tributo ITCD – Imposto de Transmissão Causa
Mortis e Doação e não ICMS. Logo, é de se concluir que a
remissão preconizada pelo reportado diploma legal (Lei nº.
6.765/06), não alcança o tributo ITCD.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer da remessa necessária para dar-lhe
provimento, para reformar a decisão proferida pela 2ª
(Segunda Câmara), tornando os autos para decisão de mérito.

Intime-se o autuado.

Sala das Sessões do CTE, em 13 de novembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MÁRIO SÉRGIO M. DE


CASTRO

JULGADORA JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 4


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

LUCIANO P. DE M. GOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR

SESÃO ORDINÁRIA Nº 21 – 2º CÂMARA – REALIZADA EM: 11/06/2011

PROCESSO Nº.: SF 1500-026974/2003 e CTE-188/2011

ANEXO:SF:038487/03 e 001112/2009

AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 030850 de 29/08/2003

RECORRIDO: TEXFORM S/A

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 5


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 214/2013

EMENTA: ICMS– Obrigação acessória. Não


Utilização de equipamento emissor de cupom
fiscal. Contribuinte exerce atividade
varejista. Infração descaracterizada.
Ausência de critério pessoal afasta a
Hipótese de incidência. Recurso de Ofício
conhecido e improvido. Lançamento
Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão


administrativa nº 17.484/2010, que julgou pela nulidade do
lançamento do crédito tributário constante do Auto de Infração
nº 030850.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 6


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

A autoridade fiscal lavrou o Auto de Infração para


com o contribuinte TEXFORM S/A autuando que este não usava
Equipamento Emissor de Cupom Fiscal – ECF, embora seja assim
obrigado. Logo, fora gerado uma multa fixa.

Tal infração se dá com os art. 4º, “a” e “b” do Dec.


36.953/96, combinado com o art. 9º, § 5º da Lei 5.900/96,
aplicando-se a penalidade constante do art. 123, XV da Lei
5.900/96, ensejando o crédito tributário no valor de R$ 2.431,50
(dois mil quatrocentos e trinta e um reais e cinqüenta
centavos).

Em sede de impugnação administrativa, o contribuinte


sustenta que a Autuação fiscal é improcedente tendo em vista que
não pratica atos de comércio de qualquer natureza, não estaria
sujeita, pois, a utilização do citado ECF.

Por outro lado, a representação fiscal alega que a


autuada praticou atos de comércio, consoante Notas Fiscais de
vendas de mercadorias. Sendo assim, estaria submetida a
exigência de utilização do ECF.

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, requisita


diligência para que se perfaçam os devidos ajustes concernentes
ao “descompasso verificado entre o crédito tributário apurado na
inicial e os parâmetros previstos no art. 123, XV, da Lei nº
5.900/96. Realizada dita diligência, a autoridade fiscal realiza
um aditamento do lançamento, de maneira a majorar,
consideravelmente, o crédito tributário.

Sendo intimado do referido aditamento, o contribuinte


reafirma que não está obrigado à utilização do ECF, haja vista
que atuaria no ramo da indústria gráfica. Em contrapartida, a
Representação Fiscal sustenta pela procedência do auto de
infração.

Da leitura conjunto do art. 50, § 2º da Lei 5.900/96


c/c Art. 4-A do Decreto 36.953/96, o julgador singular denotou
que o ECF é obrigatório no que diz respeito aos contribuintes

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 7


Governo do Estado

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varejistas, sendo aqueles que vendem mercadorias em pequenas


quantidades assim como para o consumidor final.

Aliado a referida leitura, o julgador singular


constatou que o sujeito passivo não exerce atividade varejista,
seja em razão da atividade do contribuinte inscrita no Relatório
de Dados Cadastrais do Contribuinte, ora em função das notas
fiscais trazidas ao processo.

Assim sendo, a coordenadoria de julgamento decidiu


pela nulidade do lançamento do crédito tributário em razão da
ausência de motivo de fato, visto não haveria infração tampouco
penalidade a ser aplicada.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 8


Governo do Estado

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Conselho Tributário Estadual

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos


autos, passo ao voto do reexame necessário da decisão singular
17.484/2010, a qual julgou nulo o lançamento do crédito
tributário em questão.

Para o presente julgamento, imperioso se faz


destacar uma análise quanto à obrigatoriedade do Emissor de
Cupom Fiscal.

O Decreto nº 38.234/99, o qual realizou algumas


alterações no decreto nº 36.953/95, que disciplina o uso de
equipamento emissor de cupom fiscal, em seu art. 4º prescreve a
operação ou operação realizada através de cartão apenas poderá
ser realizada por emissor de cupom fiscal:

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 9


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

Art. 4º A partir das datas referidas no artigo


4º-B do Decreto nº 36.953/96, acrescentado por
este Decreto, a emissão, pelas empresas
obrigadas ao uso do ECF, do comprovante de
pagamento de operação ou prestação, efetuado
com cartão de crédito ou débito automático em
conta corrente, somente poderá ser feita por
meio de ECF.

§1º O comprovante de pagamento referido no


“caput” deve estar vinculado ao documento
fiscal emitido na operação ou prestação
respectiva, conforme disciplinado em
legislação pertinente.

Quanto a impossibilidade de utilização de outro


equipamento é sabido que desde 31/12/1999 o contribuinte já
estava obrigado a utilizar o equipamento ligado ao emissor de
cupom fiscal, prazo este que veio sendo prorrogado até
01/04/2003, consoante prescreve o § 2º do art. 4º do decreto nº.
38.234/99 e o art. 1º da Instrução Normativa nº 19/2002, in
verbis:

§2º O estabelecimento já usuário de ECF ou


terminal ponto de venda - PDV deverá adequar-se
ao disposto no “caput” até 31 de dezembro de
1999.

Art. 1º O art. 1º da Instrução Normativa SF nº


06/02, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º A exigência do procedimento previsto no


art. 4º do Decreto 38.234, de 03 de dezembro de

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 10


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1999, que obriga à emissão do comprovante de


pagamento de operação ou prestação efetuado com
cartão de crédito ou débito automático em conta
corrente através de Equipamento Emissor de Cupom
Fiscal - ECF, fica prorrogada para o dia 1º de
abril de 2003".

Assim, percebe-se que desde dezembro de 1999 foi


proposta a nova sistemática para utilização do ECF, no entanto,
este prazo limite foi prorrogado até abril de 2003.

Não obstante, necessário salientar que tal


exigência não está dirigida a todos os contribuintes. Neste
passo, feliz é o julgador singular ao realizar a análise
conjunta dos dispositivos seguintes: art. 50, § 2º da Lei
5.900/96 c/c Art. 4-A do Decreto 36.953/96.

Diante de tais dispositivos, depreende-se que o


somente o contribuinte lastreado pelo comércio varejista está
submetido a referida exigência/obrigação de utilização do ECF.

Ora, diante dos documentos acostados aos autos,


denota-se que a lide em comento cinge-se, justamente, a
discussão do contribuinte autuado restar caracterizado pelo
comércio varejista ou atacadista, haja vista a questão pacífica
e já explanada da exigência do ECF para o comércio varejista.

Pois bem, analisando as notas fiscais trazidas


ao processo, tem-se que as grandes quantidades ali contidas
perfazem, desde logo, a caracterização do comércio atacadista.
Ademais, reforçando dito entendimento, observa-se a situação do

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contribuinte no “Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte”,


o que permite inferir que o contribuinte realiza atividades
compatíveis – edição e impressão de produtos gráficos /
impressão de material de segurança, com o comércio atacadista.

Logo, denota-se que o contribuinte não realiza o


comércio varejista, razão pela qual não está submetido à
obrigação de portar o ECF.

Sendo assim, importante se faz observar, entretanto,


a dita nulidade do lançamento do crédito tributário constante da
decisão singular.

Neste ínterim, importante se faz o motivo que ensejou


a referida nulidade. Seguindo tal passo, o julgador singular
demonstrou que não houve infração à legislação tributária,
havendo logo ausência de motivo de fato que acarretaria suposta
nulidade.

Porém, é importante notar o seguinte ilustre


entendimento:

“Para Humberto Theodoro Júnior, existem três


estágios de julgamento: ”(...) no primeiro
estágio, o juiz examina se o processo é válido
como relação jurídica processual (pressupostos
processuais). Se tudo está em ordem, não há
necessidade de um julgamento positivo, passa-se
adiante. Se falta pressupostos, julga, desde
logo, nulo ou extinto o processo sem julgamento
de mérito. No segundo estágio que pressupõe a

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validade processual, o juiz examina as


condições da ação (requisitos para obter
sentença de mérito). Se estão presentes, também
não há obrigatoriedade de declará-los (salvo se
forem negados na contestação); segue-se o exame
de mérito. Se falta alguma condição, o juiz
sentencia julgado o autor carecedor da ação, e
o processo extingui-se sem solução para a lide.
Finalmente, no terceiro estágio, se a relação
processual é válida e reúnem às condições da
ação, o juiz examinará o pedido e, qualquer que
seja a solução, (acolhida ou rejeição)
proferirá uma sentença definitiva ou de mérito,
julgando-a procedente ou improcedente.”
243 1
(destaque em grifo nosso) ”

Ora, faz-se imperioso, logo, denotar se há algo que


enseje a nulidade do lançamento em comento, seja em razão do não
cumprimento dos pressupostos processuais, seja em razão do não
atendimento às condições de ação.

Neste passo, denota-se que, consoante o Código de


Processo Civil, tanto os pressupostos processuais como as
condições de ação estão configurados no caso em liça.

Aliás, nota-se, como a próprio julgador singular


constatou, que não há infração alguma à legislação tributária no
caso em comento, mas sim, tão somente, a não subsunção do fato à
norma apurada - à hipótese da lei tributária. Neste diapasão,
importante observar a lição de Geraldo Ataliba:

“A h.i. tributária é a hipótese da


lei tributária. É a descrição genérica e
abstrata de um fato. É a conceituação (conceito

1
NEDER, Marcos Vinícius. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3. ed. – São Paulo:
Dialética, 2010. pg. 423.

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legal) de um fato: mero desenho contido num ato


legislativo.” 2

Logo, vê-se que a autuação decorreu da hipótese de


incidência tributária da não utilização obrigatória do ECF em
razão de suposta caracterização de comércio varejista.

Entretanto, restou verificado, tanto pelas notas


fiscais trazidas aos autos bem como pelos dados cadastrais do
sujeito passivo, que o contribuinte não exerce atividade
varejista, mas sim atacadista. Ora, verificada a não
configuração da hipótese de incidência tributária, denota-se que
se está adentrando no mérito da lide. Não perfazendo, pois,
infração à legislação tributária, não resta conclusão senão de
improcedência, e não nulidade, do lançamento do crédito
tributário.

Diante do exposto e dos dispositivos elencados,


ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
– CTE, por unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário
e negar-lhe provimento, entretanto reformam a decisão singular,
no sentido de improcedência do lançamento do crédito tributário,
tendo em vista a não configuração da hipótese da lei tributária.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de Maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

PRESIDENTE RELATOR

2
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed. – São Paulo: Malheiros Editores Ltda. pg.
59.

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JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO P. DE M. GOMES

JULGADOR JULGADOR

MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

JULGADOR

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A parte de imagem com identificação de relação rId9 não foi encontrada no arquivo.

GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA
_____________________________________________________________
______

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 001 – Realizada em 15/01/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO: 1500-026085/2010 e CTE nº 131/2012.
ANEXOS: 1500-009205/2009(05 vol.);030564/2010 e 037377/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.04760-001.
AUTUADA: SAN PAOLO CALÇADOS LTDA - EPP.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04523-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.258/2011.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Jorge Ricardo de Souza.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO VENCEDOR: Luciano Pontes de maya Gomes
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO 005/2013
EMENTA: ICMS. Levantamento Fiscal.
Confronto entre informações
prestadas pelo contribuinte por
intermédio das declarações fiscais
e informações prestadas pelas
Administradoras de Cartão de
Crédito, Inobservância da Lei
Complementar 105/2001. Ausência de
prévio processo ou procedimento
administrativo para o acesso às
informações protegidas sob sigilo.

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Nulidade da Autuação. Recurso


Ordinário conhecido e provido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta
de recolhimento de ICMS pelo sujeito passivo devido à
omissão de vendas de mercadorias desacobertadas de
documentação fiscal, apuradas mediante confronto entre as
vendas escrituradas em livros fiscais próprios e os valores
constantes em extratos fornecidos por administradora de
cartões de crédito e/ou débito, nos exercícios de 2007,
2008 e janeiro a julho de 2009.

As provas trazidas pela fiscalização estão no


processo principal e em quatro volumes do processo anexo nº
1500-009205/2009.

Foram apontados como transgredidos as seguintes


normas: art. 1º, art. 2º, § 9º, I ao III e V; art. 31 e
art. 50, §§ 2º, I, II, § 3º ao 7º, todos da Lei 5.900/96
c/c art. 272-B do Decreto 35.245/191 – Regulamento do ICMS.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 97 da Lei nº
5.900/96.

Apresentadas a defesa pelo contribuinte e as


Contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.258/2011, tendo o julgador singular decidido pela
procedência do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO


TRIBUTÁRIO DECORRENTE DE
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.
1) Falta de recolhimento do imposto
decorrente da omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações
internas, apurada com base em

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informações fornecidas pelas


administradoras de cartão de crédito e
débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2)
Presunção “juris tantum” referente à
ocorrência de operações tributadas sem
pagamento do imposto (art. 2º, § 9º,
V, da Lei Estadual nº 5.900/96), não
elidida por prova em contrário. 3)
Norma procedimental de fiscalização:
possibilidade de aplicação antes de
sua entrada em vigor – afastada a
violação ao princípio da
irretroatividade. 4) Inexistência de
irregularidade relativamente à quebra
de sigilo bancário do contribuinte. 5)
Comprovada a materialidade da
infração. 6) LANÇAMENTO PROCEDENTE.

Intimado da decisão supracitada, o autuado apresentou


Recurso Ordinário, requerendo a nulidade e o arquivamento
do auto de infração em tela, alegando para isso, entre
citações doutrinárias e jurisprudência, que:

1. pela importância da matéria não cabe qualquer


possibilidade de inversão do ônus da prova, e
havendo algum valor a ser cobrado,
necessariamente deve estar fundamentado em prova
documental;

2. não foram anexadas provas suficientes e


detalhadas que tragam certeza da constituição do
crédito tributário aqui cobrado, incidindo assim
o art. 7º da lei nº 6.771/2006;

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 18


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3. a diferença encontrada na autuação foi por causa


que as vendas com cartões são feitas diariamente
e a apuração do ICMS realizada pela fiscalização
foi mensal;

4. a informação prestada por terceiros não quer


dizer receitas, já que as administradoras de
cartões cobram percentagem pelo serviço. Ou
seja, não se sabe se os valores informados por
elas “são valores líquidos ou brutos”, só
podendo responder a tal questionamento com os
“tíquetes de venda”, que não foram anexados pelo
fisco;

5. questiona onde estão os “tíquetes de venda”; se


as vendas foram a vista ou parceladas; se para
pessoa física ou jurídica; se foi com cartão
empresa, corporativo ou pessoal; se existe
diferença no estoque; se existiu vendas sem
notas; e quais foram as mercadorias vendidas;

6. o juízo singular não levou em consideração à


falta de elementos probatórios, prejudicando o
seu julgamento, já que houve inúmeros
questionamentos sem resposta, acarretando uma
insegurança jurídica.

Em resposta, pedindo pela improcedência dos pedidos


de nulidade do auto de infração e pela manutenção da
decisão recorrida, a Representante Fiscal argumenta que:

1. o recurso não contestou nenhum valor relativo às


operações de vendas de mercadorias omitidas
apuradas no levantamento fiscal, e que por isso,
há presunção de veracidade desses valores;

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 19


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2. o procedimento de apuração mensal do ICMS obedece


ao disposto na legislação tributária, citando o
art. 78 do Regulamento do ICMS;

3. os relatórios das administradoras de cartão de


crédito/débito são individualizados em relação
ao estabelecimento da recorrente, constando a
discriminação dos valores de cada operação por
data, bem como o número do documento e
identificação de cartão utilizado no pagamento;

4. quanto aos questionamentos relativos os “tíquetes


de venda”, se as vendas foram à vista ou
parceladas, se para pessoa física ou jurídica, o
tipo de cartão, se existe diferença no estoque,
e quais foram as mercadorias vendidas, tais
perguntas são irrelevantes para o lançamento
aqui analisado, já que a ocorrência da infração
está devidamente mostrada, pois a partir do fato
provado nos autos se tem a presunção da omissão
de saídas sem o pagamento do imposto;

5. a alegação de não ter tido acesso às provas


relativas à autuação é “absurda”, já que fora
facilitado ao sujeito passivo o acesso aos
elemento probatórios, tanto que na peça de
impugnação, é citado o processo SF 1500-
009205/2009, que contém todo o conjunto
probatório do auto de infração em tela;

6. não há o que se falar em falta de fundamentação


da decisão de piso, pois a mesma está baseada
nas provas acostadas aos autos e nos precisos
termos da legislação tributária;

7. há provas documentais suficientes nos autos


comprovando que os valores de vendas informados

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 20


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pelas administradoras de cartão são muito


superiores aos registrados nos livros fiscais da
autuada, o que leva a conclusão de que houve
operações de saída de mercadorias sem o registro
fiscal e a falta de pagamento do imposto. E por
isso não há o que se alegar sobre inversão do
ônus da prova. Inclusive caberia à autuada
afastar com contraprovas, nesta fase processual,
a acusação posta pela fiscalização, o que não
aconteceu;

8. sobre as informações prestadas pelas


administradoras de cartão não constituírem
receitas, pois incluem porcentagem de serviço,
sendo necessários os tíquetes de venda, a
remessa dessas informações pelas administradoras
decorre da obrigação posta na legislação
tributária estadual, utilizando como padrão o
modelo constante de Protocolo ECF 04/01. Alem
disso, a autuada não indicou os supostos
percentuais, nem datas e valores, como também
não anexou qualquer documento comprovando a
cobrança desses encargos de financiamento.

Assim, chegam os autos a este Conselho. É o


relatório.

VOTO VISTA VENCEDOR

Conforme relato, como motivação para o ato


administrativo questionado, asseverou a autoridade fiscal
haver o contribuinte omitido receitas tributáveis,
especificamente relacionadas às suas operações com cartões
de crédito, débito ou similares.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 21


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A propugnada omissão de receitas fora


firmada em presunção. Segundo afirmação constante da peça
acusatória, presunção essa decorrente de uma suposta
diferença apurada pela fiscalização entre os valores das
vendas registrados nos livros e declarações próprias e as
informações prestadas pelas administradoras de cartões de
crédito/débito.

Pois bem. Compulsando os autos do presente


processo administrativo, observa-se que as informações
foram encaminhadas pelas administradoras de cartões de
crédito/débito após regularmente intimadas para tanto pela
DIPLAF – Diretoria de Planejamento de Ação Fiscal (vide fl.
___ e ss.). Observe que o expediente é datado de 17 de
novembro de 2009.

Analisando o conteúdo dos ofícios citados,


observa-se que o procedimento em comento apresentou como
fundamento o art. 6º, da LC n.º 105, de 10 de janeiro de
2001, o art. 197, II e VII, do CTN, o art. 110, II e VIII,
da Lei n.º 4.418/82, o art. 50, §11º, da Lei n.º 5.900/96,
e a IN SF n.º 34/2009. Em substância, a ação fiscal se
consubstanciou no já citado art. 6º, da LC n.º 105/2001,
que atualmente disciplina a prestação de informações
sigilosas pelas instituições financeiras 3.

É aqui aonde observamos a impropriedade


quanto ao procedimento para a obtenção das informações
junto as administradoras de cartões de crédito/débito à

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 22


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partir da análise do texto do próprio art. 6º, da LC 105,


citado como motivação para tal ação fiscal. Confira-se:

Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais


tributários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios somente
poderão examinar documentos, livros e
registros de instituições financeiras,
inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando
houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames
sejam considerados indispensáveis pela
autoridade administrativa competente.
(grifamos)

Dá análise do destacado dispositivo de lei,


observamos que o próprio artigo que outorga as autoridades
fazendárias federal, estadual e municipal o poder de
examinarem as informações gravadas por sigilo fiscal
perante as administradoras de cartão de crédito, condiciona
tal faculdade, no entanto: (i) a existência de prévio
procedimento fiscal visando a apuração (constituição) de
crédito tributário; e, (ii) que no bojo deste a quebra do
sigilo seja indispensável.

Partindo desta irrefutável premissa, salta


aos olhos o erro in procedendo da autoridade fiscal, que,
somente veio instaurar procedimento em face do contribuinte
_____________________________ (vide cópia do livro termo de
ocorrências ora anexado). Ou seja, há aproximadamente 01
(um) ano após a data do pedido de quebra de sigilo das
operações do contribuinte, invertendo, assim, a ordem
cronológica dos procedimentos ditados pela LC 105. E isto

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porque, ordenou, primeiro, a quebra do sigilo da recorrente


para, somente então e muito posteriormente, iniciar o
procedimento hábil a constituir o crédito tributário.

Aliás, o próprio lançamento faz expressa


referência ao processo administrativo anterior.

Demonstrado o vício de procedimento, tem-se


como consectária a nulidade do auto de infração
subsequente. Neste sentido está a uníssona jurisprudência
do STJ:

TRIBUTÁRIO – CPMF – QUEBRA DE SIGILO


BANCÁRIO – PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS
DISPOSTOS NO ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR N.
105/2001 – REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA –
SÚMULA 7/STJ. 1. A Lei complementar n.
105/2001, em seu art. 6º, autoriza a quebra
de sigilo bancário para apuração de ilícitos
fiscais somente quando houver processo
administrativo instaurado ou processo fiscal
em curso, e se tal procedimento for
indispensável. 2. No caso dos autos, o
Tribunal de origem, conhecedor de todo o
contexto fático-probatório dos autos,
entendeu que os requisitos descritos no
artigo supostamente violado foram
preenchidos. 3. Não cabe a esta Corte
desconstituir o acórdão recorrido e
reconhecer a ausência de procedimento
administrativo, por indispensável
revolvimento da matéria fática - inviável em
sede de recurso especial por óbice da Súmula
7/STJ. Agravo regimental improvido.(STJ.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 24


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2ªT. AgRg no Ag 1213848 / SP. Rel. Min.


Humberto Martins. DJe 24/03/2010)

Por outro lado, em data recente


(dezembro/2010), em julgamento com status de repercussão
geral, o Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL reconheceu a
inconstitucionalidade da autorização conferida às
administrações fazendárias para quebrarem o sigilo fiscal
dos contribuintes, ainda que para subsidiar procedimento
fiscal em curso, exatamente a constante do art. 6º, da LC
n.º 105/2001. Segundo o STF, a segurança das relações
jurídicas impõe o prévio exame de pertinência pelo
Judiciário.

Confira-se:

Por maioria de votos, o Plenário do Supremo


Tribunal Federal (STF) deu provimento a um
Recurso Extraordinário (RE 389808) em que a
empresa GVA Indústria e Comércio S/A
questionava o acesso da Receita Federal a
informações fiscais da empresa, sem
fundamentação e sem autorização judicial.
Por cinco votos a quatro, os ministros
entenderam que não pode haver acesso a esses
dados sem ordem do Poder Judiciário.

O caso

A matéria tem origem em comunicado feito


pelo Banco Santander à empresa GVA Indústria
e Comércio S/A, informando que a Delegacia
da Receita Federal do Brasil com amparo na
Lei Complementar nº 105/01 havia determinado
àquela instituição financeira, em mandado de

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procedimento fiscal, a entrega de extratos e


demais documentos pertinentes à movimentação
bancária da empresa relativamente ao período
de 1998 a julho de 2001. O Banco Santander
cientificou a empresa que, em virtude de tal
mandado, iria fornecer os dados bancários em
questão.

A empresa ajuizou o RE no Supremo contra


acórdão proferido pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, que permitiu “o acesso
da autoridade fiscal a dados relativos à
movimentação financeira dos contribuintes,
no bojo do procedimento fiscal regularmente
instaurado”. Para a GVA, “o poder de devassa
nos registros naturalmente sigilosos, sem a
mínima fundamentação, e ainda sem a
necessária intervenção judicial, não
encontram qualquer fundamento de validade na
Constituição Federal”. Afirma que foi
obrigada por meio de Mandado de Procedimento
Fiscal a apresentar seus extratos bancários
referentes ao ano de 1998, sem qualquer
autorização judicial, com fundamento apenas
nas disposições da Lei nº 10.174/2001, da
Lei Complementar 105/2001 e do Decreto
3.724/2001, sem qualquer respaldo
constitucional.

Dignidade

O ministro Marco Aurélio (relator) votou


pelo provimento do recurso, sendo
acompanhado pelos ministros Ricardo
Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e
Cezar Peluso. O princípio da dignidade da

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pessoa humana foi o fundamento do relator


para votar a favor da empresa. De acordo com
ele, a vida em sociedade pressupõe segurança
e estabilidade, e não a surpresa. E, para
garantir isso, é necessário o respeito à
inviolabilidade das informações do cidadão.

Ainda de acordo com o ministro, é necessário


assegurar a privacidade. A exceção para
mitigar esta regra só pode vir por ordem
judicial, e para instrução penal, não para
outras finalidades.

“É preciso resguardar o cidadão de atos


extravagantes que possam, de alguma forma,
alcançá-lo na dignidade”, salientou o
ministro.

Por fim, o ministro disse entender que a


quebra do sigilo sem autorização judicial
banaliza o que a Constituição Federal tenta
proteger, a privacidade do cidadão. Com
esses argumentos o relator votou no sentido
de considerar que só é possível o
afastamento do sigilo bancário de pessoas
naturais e jurídicas a partir de ordem
emanada do Poder Judiciário.

Já o ministro Gilmar Mendes disse em seu


voto que não se trata de se negar acesso às
informações, mas de restringir, exigir que
haja observância da reserva de jurisdição.
Para ele, faz-se presente, no caso, a
necessidade de reserva de jurisdição. Para o
ministro Celso de Mello, decano da Corte, o
Estado tem poder para investigar e

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fiscalizar, mas a decretação da quebra de


sigilo bancário só pode ser feita mediante
ordem emanada do Poder Judiciário.

Em nada compromete a competência para


investigar atribuída ao poder público, que
sempre que achar necessário, poderá pedir ao
Judiciário a quebra do sigilo.

Divergência

Os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia,


Ayres Britto e Ellen Gracie votaram pelo
desprovimento do RE. De acordo com o
ministro Dias Toffoli, a lei que
regulamentou a transferência dos dados
sigilosos das instituições financeiras para
a Receita Federal respeita as garantias
fundamentais presentes na Constituição
Federal. Para a ministra Cármen Lúcia, não
existe quebra de privacidade do cidadão, mas
apenas a transferência para outro órgão dos
dados protegidos.
(Disponívelem:http://www.stf.jus.br/portal/c
ms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=168193&c
aixaB)

Convém ainda atentar para recente


posicionamento do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO, que pelo aresto colacionado acata as duas teses ora
sustentadas. Segue-se sua ementa:
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL
CIVIL AÇÃO ORDINÁRIA - EXCLUSÃO DO “SIMPLES
PAULISTA”. PROCESSO ADMINISTRATIVO INÍCIO E
FUNDAMENTO EM INFORMAÇÕES REPASSADAS POR

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ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO


LEI ESTADUAL ILEGALIDADE. O processo
administrativo que desenquadrou o
contribuinte do Simples Paulista, com
efeitos retroativos desde 1º de abril de
2006, baseou-se unicamente em relações de
valores sobre pagamentos com cartões de
crédito e débito realizados pela
microempresa passados à Secretaria da
Fazenda do Estado com base no art. 1º, III,
da Lei Paulista 12.186, de 5 de janeiro de
2006, que introduziu dentre os requisitos de
adesão ao programa a declaração de que
“autoriza a empresa administradora de cartão
de crédito ou de débito a fornecer, à
Secretaria da Fazenda, relação dos valores
referentes às suas operações e prestações de
serviços” (art. 3º, II, “e”, da Lei Estadual
10.086, de 19 de novembro de 1998). Por sua
vez, a Lei Complementar 105, de 10 de
janeiro de 2001, que dispõe sobre o sigilo
das operações das instituições financeiras,
determina: “Art. 6º As autoridades e os
agentes fiscais tributários da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de
instituições financeiras, inclusive os
referentes a contas de depósitos e
aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames
sejam considerados indispensáveis pela
autoridade administrativa competente” (grifo
nosso). A Lei Estadual 12.186/2006

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simplesmente inverteu a lógica do


levantamento do sigilo das operações
financeiras: o contribuinte renuncia
obrigatoriamente, desde logo, ao segredo de
suas operações de cartão de crédito e
débito, e, então, a Fazenda busca indícios
de irregularidades Ilegalidade dessa Lei em
confronto com o art. 6º, caput, da Lei
Complementar 105/2001. Ademais, o Supremo
Tribunal Federal decidiu recentemente que o
Fisco não pode quebrar o sigilo fiscal sem
prévia autorização judicial. Decisão mantida
Nega-se provimento ao recurso. (TJ/SP.
Apelação nº 0130457-83.2008.8.26.0053, da
Comarca de São Paulo. 5ª Câmara de Direito
Público do Tribunal de Justiça de São Paulo,
proferir a seguinte decisão: "Negaram
provimento ao recurso. V.U, em 14 de
fevereiro de 2011).

Enfim, nesta esteira, o procedimento


encampado pelo fisco estadual, em constituir o crédito
tributário a partir de informações prestadas por
administradoras de cartões de crédito sem a autorização
judicial, encontra-se eivado de vício de nulidade.

Isto Posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para dar-lhe provimento. Auto
de Infração NULO.

Sala das Sessões do CTE , em Maceió, 15 de janeiro


de 2013.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 30


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE


CASTRO
PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


VOTO VENCEDOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR LOPES


DE A. FILHO
JULGADOR (VOTOU CONTRA RELATOR) JULGADOR (VOTOU CONTRA
RELATOR)
SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 02 – REALIZADA: 18/01/2013 – 2ª CÂMARA

PROCESSO: 1500-013203/2011 e CTE nº 206/2012.

AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00871-001.

AUTUADA: Zenite Almeida de Azevedo ME.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.38188-1

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.603/2012.

ASSUNTO: Recurso Ordinário e reexame necessário.

AUTUANTE(S): Louise Amaral de Araújo.

RELATOR: Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho.

VOTO DE VISTA VENCEDOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

ACÓRDÃO Nº06 /2013

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 31


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Conselho Tributário Estadual

EMENTA- ICMS. Obrigação


Principal. falta de
recolhimento de ICMS pelo
sujeito passivo devido à
omissão de saídas relativas às
operações/prestações realizadas
nos quais os pagamentos foram
feitos pelos adquirentes por
meio de cartão de
crédito/débito ou similares,
cujos documentos fiscais
relativos a estas operações de
saídas não estavam escriturados
regularmente nos livros fiscais
próprios. Defeso ao julgador
alterar a materialidade dos fatos
narrados no auto de infração.
Nulidade da decisão recorrida.
Recurso conhecido e provido.
Retorno dos autos à primeira
instância para novo julgamento.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 32


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Conselho Tributário Estadual

Foram apontados como transgredidos as seguintes


normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31, I, II e
art. 50, §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B
do RICMS/91. Aplicada as penalidades previstas nos artigos
83 e 93 da Lei nº 5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que


o levantamento fiscal seria inconsistente, pois a empresa
estaria no regime do Simples Nacional no período
fiscalizado, estando suas vendas comprovadas por meio de
notas fiscais D-1.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que o conjunto probatório trazido pela fiscalização
comprova que os pagamentos das vendas por via de cartão de
crédito/débito foram muito maiores que os montantes de
vendas declarados pelo contribuinte.

Proferida a Decisão nº 18.603/2012, tendo o julgador


singular decidido pela procedência parcial do lançamento
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em
fazer o recolhimento de tributos por
meio do Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de
saídas de mercadorias desacompanhada
de documento fiscal. 2. Não procede a
alegação do sujeito passivo uma vez
que todas as vendas com documento
fiscal e declaradas no Extrato do
Simples Nacional foram consideradas e
subtraídas do montante recebido pelas
Administradoras de Cartões. 3. A
circunstância material que deu ensejo
a presunção legal foi provada com a

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 33


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juntada de cópia do Extrato do


Simples, e dos documentos recebidos
das Administradoras de Cartões, de
onde foram extraídos e confrontados os
valores que resultou na Base de
Calculo omitida do ICMS não recolhido.
4. Não será acolhido o tipo penal
tributário sugerido do art. 83 da lei
5.900/96, aplicação da penalidade
disposta no art. 79 da mesma Lei. 5.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 6. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Da parte julgada improcedente, para reexame


necessário, o julgador singular remeteu os autos a este
Conselho, na forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei
6.771/06.
Intimado da decisão supracitada, por via de Recurso
Ordinário, a autuada pede a nulidade ou a “insubsistência”
tanto do auto de infração quanto da decisão de piso devido
à falta de comprovação material do ilícito fiscal, não
havendo fato gerador nem multa a serem cobrados. Também há
de se considerar os créditos pertinentes às entradas e os
antecipados já pagos.
Em resposta, pedindo pela procedência da ação fiscal,
o Representante Fiscal argumenta que pelo acervo probatório
acostado nos autos ficou constatada a presunção legal de
falta de recolhimento do imposto pelas saídas de
mercadorias tributáveis sem a documentação fiscal
correspondente, conforme confronto de informações
declaradas pelo autuado e os fornecidos pelas
administradoras de cartão de crédito/débito. Além do que o

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 34


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sujeito passivo não trouxe provas que afastasse a acusação


e crédito tributário aqui cobrado.
É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 35


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VOTO

Tratando primeiramente do recurso ordinário, correta


está a defesa recursal colocada pelo contribuinte ao
afirmar a falta de comprovação da materialidade posta na
decisão a quo, o que implicaria em sua nulidade.

Isso porque a descrição fática narrada na peça


inicial é o não recolhimento do ICMS decorrente de omissão
de saídas de mercadorias relativas às operações detectadas
pelos pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão
de crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos
a estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios” (grifo nosso)
(pg. 02 do processo principal).

O que se extrai do lançamento de ofício é que no


plano dos fatos existiam notas fiscais relativas a essas
operações e que elas não foram escrituradas nos livros
próprios. Até porque só se pode escriturar notas fiscais já
emitidas

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 36


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Tal fato tem sua individualidade bem delineada,


inclusive com seu correspondente abstrato previsto na norma
do art. 83 da Lei nº 5.900/96 4

Porém o que se vê na decisão de piso é que houve


alteração da realidade material, uma nova descrição dos
fatos imputados ao contribuinte pelo julgador monocrático,
quando afirma que “... os documentos fiscais das operações
de saídas não escriturados regularmente nos livros fiscais
mencionados na descrição fática se referem aqueles
documentos que deixaram de ser emitidos e escriturados em
razão da omissão de receitas...”. Ou seja, diversamente do
exposto na peça vestibular, onde haveria a existência de
documentos fiscais, o julgador de piso conclui que não
houve a emissão das notas fiscais quando da ocorrência das
operações em que incidiriam o ICMS.

Não cabe ao julgador dar nova interpretação ao fato


material em que se baseia o lançamento de ofício. Pode sim
configurar definição jurídica diversa da que constar no
auto de infração. Uma decisão administrativa que altera
materialidade dos fatos lançados de ofício agride os
princípios da segurança jurídica e da legalidade 5, além de

4
Art. 83 - Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os documentos
fiscais relativos às respectivas operações de saídas não estejam escriturados regularmente nos
livros fiscais próprios:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.

5
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade, da verdade material, da
ampla defesa e do contraditório, sem prejuízo de outros princípios de direito.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 37


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ocorrer arbitrariedade e cerceamento de defesa em prejuízo


ao contribuinte 6.

Temos aqui que o livre convencimento do julgador não


pode ser confundido com arbítrio para modificação da
realidade dos fatos. Como bem leciona Neder e Lopez 7:
“Afinal, o contribuinte não se defende da capitulação legal
da infração e sim, da descrição fática, dos fatos, nela,
narrados”.

Tanto é assim que a lei que rege o nosso processo


administrativo tributário claramente proíbe que o julgador
modifique as circunstâncias matérias que originaram o auto
de infração 8.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por maioria de votos,no sentido
de conhecer do recurso ordinário dando-lhe provimento, de
forma que, à luz do Art. 7º e 30, da Lei nº. 6.771/06, a
decisão prolatada pelo julgador monocrático é nula por
alterar a materialidade dos fatos narrados no auto de
infração nº 70.00871-001. Pelo motivo da nulidade da

6
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
...
7
Marcos Vinícius Neder, Maria Teresa Martinez Lópes. Processo administrativo fiscal federal

comentado. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2010. Pg 285.

8
Art. 30. Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em que se fundou o ato original de
constituição do crédito tributário, poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da que
constar no auto de infração, inclusive relativamente: (grifo nosso)

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 38


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decisão, também acordam pelo não conhecimento do reexame


necessário.

Intime-se a recorrente e em seguida retornem os autos


à primeira instância para uma nova decisão, observando que
a lei que rege o nosso processo administrativo tributário
claramente proíbe que o julgador modifique as
circunstâncias matérias que originaram o auto de infração.

Ressalva-se que os Conselheiros Álvaro Almeida Filho


e Luciano Maya Gomes concordam com as razões acima
delineadas, entretanto, em atenção ao art. 249, p. 2º, do
CPC, entendiam desde já pela possibilidade do julgamento do
mérito do lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 18 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUUR LOPES DE


ALMEIDA

PRESIDENTE(acompanhou voto de vista) RELATOR

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 39


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MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO

JULGADOR(voto de vista vencedor)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR(acompanhou relator) JULGADOR(acompanhou voto


de vista)

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 40


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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA
______________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 02 – REALIZADA: 18/01/2013 – 2ª CÂMARA.


PROCESSO N º : SF 1500-029937/2007; CTE.
AUTO DE INFRAÇÃO N : 99.70589-001, de 01/11/2007.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : O Borrachão Ltda.
AUTUANTE : Orival José França
RELATOR : Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE : Patrícia Melo Messias.

ACÓRDÃO 08/2013

EMENTA. PAT. NORMAS PROCEDIMENTAIS. A


NORMA DO ART. 43, INCISO II, DA LEI N.
6.771/2006, INTRODUZIDA PELA LEI N. 7.078/2009,
DISPENSOU O REEXAME NECESSÁRIO QUANDO O
CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXCLUÍDO PELA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO (1A.
INSTÂNCIA DE JULGAMENTO) NÃO
ULTRAPASSAR O VALOR CORRESPONDENTE A
400 UPFAL’S. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À
INSTÂNCIA A QUO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado Administrativo
por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face de suposta sucumbência parcial da Fazenda

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 41


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Estadual imposta pela Decisão n ° 17.622/2011, da Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu
pela manutenção apenas em parte da autuação.

Antes de empreendermos o reexame legal, convém apresentarmos os atos e fases já


vencidas nos autos.

Pois bem.

O auto de infração propôs-se a lançar o ICMS mais a multa regulamentar no valor total
de R$ 11.995,58, sob a motivação de que o contribuinte haveria feito uso de crédito fiscal indevido.

O processo administrativo foi instaurado a partir de impugnação do sujeito passivo, que


culminou com a decisão que ora é reavaliada em reexame de ofício, esta, que por sua vez, manteve quase
que integralmente a autuação.

A suposta sucumbência da Fazenda Estadual estaria fundada exclusivamente no fato de


que a instância de piso teria rejeitado a presunção de omissão relativa ao mês de maio de 2007, vez que os
recolhimentos do contribuinte teriam superado o suposto creditamento indevido.

Regularmente intimados, representação fiscal e contribuinte silenciaram.

Nada mais a relatar. Passo a decidir, então.

VOTO

De início, convém esclarecer que o reexame de ofício não se propõe a reexaminar toda a
decisão de piso, devendo se ater apenas a parte em que foi a Fazenda Pública sucumbente.

Ocorre, entretanto, que o art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006, com as inserções
promovidas pela Lei n. 7.078/09, restringiu a subida dos autos em sede de reexame necessário ao
Conselho Tributário quando a redução do crédito tributário for superior ao valor correspondente a 400
(quatrocentas) UPFAL’s.

Confira-se a redação do art. 43, inciso II, do PAT:

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 42


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Art. 43. A competência para julgamento do processo administrativo tributário


decorrente de Auto de Infração, após julgamento de primeira instância, é do CTE,
exceto:

I – nos casos de procedimento especial; ou

II – na decisão contrária à Fazenda Estadual quando a importância pecuniária


excluída não exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas – UPFAL.

No caso, considerando que a suposta parcela excluída está aquém do piso de alçada
estabelecido pelo supra destacado inciso II do art. 43 do PAT, entendo não ser o caso em exame hipótese
de reexame de ofício.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, não conhecer do reexame necessário, pois incabível em
espécie, à luz do art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006.

Voltem os autos, com os nossos cumprimentos, à Douta Coordenadoria de Julgamento


para as providências cabíveis.

Sala de Sessões do CTE. Maceió – AL, 18 de janeiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 43


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº02 ‘’’’’’’’ ‘

-REALIZADA: 25/01/2013- 2ª CÂMARA

PROCESSO: 1500-018595/2009 e CTE nº 390/2011.

ANEXO: 1500-002243/2011 (06 volumes).

AUTO DE INFRAÇÃO: 99.89732-0001.

AUTUADA: JADSON BEZERRA DE LIRA ME.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.29305-2

DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.967/2011.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

AUTUANTE(S): Raimundo Marques de Carvalho Neto.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº0 18/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Acessória. Extravio de livros e
notas fiscais. Extravio

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 44


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parcialmente suprimido, devido às


provas em contrário juntadas aos
autos. Correta a redução da
penalidade pela condição de
microempresa do contribuinte.
Remessa necessária conhecida e
improvida. Decisão singular
mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
JADSON BEZERRA DE LIRA ME, já devidamente qualificada nos
autos, do lançamento de crédito, derivado de multa, no
valor de R$ 165.747,25 (cento e sessenta e cinco mil,
setecentos e quarenta e sete reais e vinte e cinco
centavos), pelo fato de, em tese, o sujeito passivo ter
extraviado 03 (três) livros e 500 (quinhentas) notas
fiscais, sendo destas, 300 (trezentas) modelo D-1 e 200
(duzentas) modelo 1.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, II e
seu § 10, I da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 119, I e II
da Lei nº 5.900/96.
Sendo intimado por via postal com Aviso de
Recebimento – AR – e por Edital publicado no Diário Oficial
do Estado, foi lavrado o Termo de Revelia, já que a autuada
não apresentou defesa e nem recolheu o crédito tributário.
O processo foi então enviado para a Representação
Fiscal que, observando a condição de microempresa do
contribuinte, procedeu diligência para a Diretoria de
Fiscalização – DIFIS – com o intuito de que fosse dado o
benefício da diminuição da penalidade previsto no art. 135-
A.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 45


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Em vista disso, o autuante aditou o auto de infração,


no qual reduziu a multa aplicada para R$ 46.401,13
(quarenta e seis mil, quatrocentos e um reais e treze
centavos).
Sendo notificado do referido aditamento, o sujeito
passivo, dessa vez, impugnou-o, afirmando que não houve
extravio e apresentando na peça defensória os 03 (três)
livros e 50 (cinquenta) notas fiscais modelo 1. Ao fim,
pede pela improcedência do lançamento de ofício.
A representação fiscal contrarrazou, opinando pela
procedência parcial do auto de infração, já que os livros e
parte dos documentos fiscais foram juntados na defesa,
devendo ser mantido o lançamento de ofício quanto aos não
apresentados.
Proferida a Decisão nº 17.967/2011, tendo a julgadora
singular decidido pela procedência parcial do lançamento
com a seguinte ementa:
EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.
Extravio de documentos fiscais.
Extravio parcialmente elidido, à vista
das provas em contrário, acostadas aos
autos. Infração ao art. 53 da Lei nº
5.900/1996 c/c art. 49, inciso VI e
art. 221 do RICMS, aprovado pelo
Decreto nº 35.245/1991. LANÇAMENTO
PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário
Estadual, nos termos do art. 48,
inciso I, da Lei Estadual n°
6.771/2006.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da decisão singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 46


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É o relatório.

VOTO

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.967/2011, de Primeira Instância, conforme ordenado no
art. 48 da Lei nº 6.771/06, que julgou procedente em parte
o lançamento de ofício de multa devido a suposto extravio
de livros e notas fiscais, baseado em presunção relativa
contida no art. 50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96, verbis:

Art. 50 (...)

§ 10. Presume-se extraviado,


admitindo-se prova em contrário, o
livro fiscal, documento fiscal ou
formulário contínuo, que:

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 47


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Conselho Tributário Estadual

I – solicitado pela Fazenda Estadual,


não tenha sido entregue no prazo
máximo de 30 (trinta) dias;

(...)

Inicialmente, impende destacar que como


o contribuinte não interpôs Recurso Ordinário a esse
Conselho Tributário, o objeto deste julgamento limitar-se-
á tão somente ao reexame necessário da decisão de piso, ou
seja, a decisão pelo não extravio dos 03 (três) livros e
50 (cinquenta) notas fiscais modelo 1, motivada pelas
provas apresentadas na defesa e a redução da multa pelo
julgador singular, no qual decidiu pela aplicação do art.
135-A, da Lei Estadual 5.900/96, transcrito a seguir, pelo
fato do contribuinte estar cadastrado como Microempresa:

Art. 135-A. No caso de contribuinte


cadastrado como AMBULANTE - AMB,
MICROEMPRESA - ME ou EMPRESA DE
PEQUENO PORTE - EPP, as multas
previstas nesta subseção serão
reduzidas, respectivamente, em 70%
(setenta por cento), 50% (cinqüenta
por cento) e 30% (trinta por cento),
em qualquer caso, não podendo ser
inferior a 1 (uma) UPFAL.

Quanto ao não extravio dos referidos livros e


documentos fiscais, sobre presunções, assim se expressa
Gonçalves:

“Presunções não são meios de prova,


mas forma de raciocínio pelas quais,

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 48


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por meio de um fato, infere-se a


existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro, que se
quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova. O indício é um sinal,um
vestígio, que em regra nada prova,mas
que por meio de presunções, pode levar
à convicção sobre determinada
alegação... Quando a presunção é
absoluta não se admite prova em
contrário; quando relativa, dispensa a
produção de prova por quem faz a
alegação, mas permite a prova em
contrário pela parte adversa.” grifo
nosso. (GONÇALVES, Marcus Vinicius
Rios. Novo Curso de direito processual
civil, v 1. 5 ed., São Paulo: Saraiva,
2008,p.436) grifei

Constata-se, na defesa do contribuinte, a anexação


dos 03 (três) livros e 50 (cinquenta) notas fiscais modelo
1 tidos como extraviados à repartição fazendária. Portanto,
afastada, por meio de provas apresentadas a presunção juris
tantum de extravio desses livros e documentos fiscais.
Quanto a multa pelo benefício da redução de 50%
(cinqüenta por cento) expresso no art. 135-A da mesma lei,
pelo fato do contribuinte estar cadastrado como
Microempresa, constata-se também o acerto na decisão da
Coordenaria de julgamento, pois o fato enquadra-se
perfeitamente ao caso aqui julgado.
Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL-CTE, por unanimidade de votos
conhecer da presente remessa necessária e negar-lhe
provimento para manter a decisão da CJ ora em reexame.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 49


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Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 25 de janeiro de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES.

JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 04 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM:


28/01/2013

PROCESSO: 1500-011398 e CTE nº 304/2012.

ANEXO: 1500-014215/08.

AUTO DE INFRAÇÃO: 99.75213-002.

AUTUADA: FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.02817-5

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 50


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DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.744/2012.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

AUTUANTE(S): José Tarciso Bispo dos Santos.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 20/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Suposto extravio de livros e notas
fiscais. Ausência de solicitação
prévia para apresentação das notas
fiscais. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA, já devidamente qualificada nos
autos, do lançamento de crédito, derivado de multa, pelo
fato de, em tese, o sujeito passivo ter extraviado 54.000
(cinqüenta e quatro mil) notas fiscais, modelo 1.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, § 10, I
c/c art. 53 da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III e VI, “a” do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 51


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sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 119, II,


“a”, da Lei nº 5.900/96.
O autuado impugnou o lançamento de ofício, alegando,
em síntese, que:
a) os defendentes não são legitimados para a causa,
porquanto não mais integrariam o quadro societário da
autuada desde julho de 2007, e também, não há autorização
legal para responsabilização pessoal dos sócios, que
somente ocorreria no caso de liquidação da sociedade com
comprovada violação de lei ou do estatuto social;
b) ocorreu vício formal do lançamento, uma vez que o
crédito tributário não foi devidamente especificado e
quantificado;
c) a penalidade imposta já foi cobrada em lançamentos
anteriores;
d) A multa é abusiva e desproporcional, violando os
princípios do não-confisco e da proporcionalidade.
Após, foi requisitada diligência (DILIGÊNCIA CRP
157/2010, fl. 50 do Processo Anexo), com o objetivo de
esclarecimento referente à alegação do autuado de que já
haviam sidos lavrados os autos de infração de nºs 99.75213-
003 e 99.76466-002 sobre o mesmo fato aqui julgado.
Sendo esclarecido pelo autuante que as autuações
foram distintas, já que o Auto de Infração nº 99.75213-
003/2008, refere-se a notas fiscais modelo 02 e a outra
autuação, referida pelo defendente, foi realizada por outro
agente fiscal, sobre outra matéria, de outra inscrição do
contribuinte (CACEAL: 241.05887-2).
Ocorreu, então, nova diligência (REQUISIÇÃO DE
DILIGÊNCIA Nº 088/2011, fls. 61 e 62 do Processo Anexo),
tendo o intuito de ser sanada a ausência nos autos da
intimação fiscal prévia ao auto de infração solicitando os

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 52


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documentos fiscais, objeto da autuação, o que resultou em


nova intimação ao sujeito passivo para apresentação dos
documentos fiscais (Intimação Fiscal n.º 62150, de
16.08.2010, fl. 68 do processo anexo).
Conseguinte, o representante fiscal, em sede de
contrarrazões, observa que a autuação é decorrente da
presunção de extravio de documentos fiscais, tendo como
condicionante a solicitação de tal documentação
previamente, conforme o ditame legal do art. 50, § 10, I da
Lei nº 5.900/96. E que não consta nos autos prova que o
contribuinte tenha sido solicitado a apresentar tais
documentos fiscais. Acrescenta que a falta dessa intimação
anterior ao auto de infração leva à sua nulidade, opinando
pela improcedência do lançamento de ofício.
Proferida a Decisão nº 18.744/2012, tendo a julgadora
singular decidido pela nulidade por falta de motivo do
lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Presunção legal de extravio de livros
fiscais – §10, inciso I, do art. 50 da
Lei nº 5.900/1996, com redação dada
pela Lei nº 6.331/2002. Inexistência
de intimação oficial prévia. Intimação
posterior não afasta a irregularidade.
Ilícito tributário não demonstrado.
Ausência de motivo. LANÇAMENTO NULO.

Reexame necessário pelo Conselho


Tributário Estadual, ex vi do art. 48,
inciso I e 49, §1º, da Lei Estadual nº
6.771/2006.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 53


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Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 54


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VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
18.744/2012, de Primeira Instância, conforme ordenado no
art. 48 da Lei nº 6.771/06, que julgou nulo por falta de
motivo o lançamento de ofício de multa devida a suposto
extravio de notas fiscais, baseado em presunção relativa
contida no art. 50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96, verbis:
Art. 50 (...)

§ 10. Presume-se extraviado,


admitindo-se prova em contrário, o
livro fiscal, documento fiscal ou
formulário contínuo, que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual,
não tenha sido entregue no prazo
máximo de 30 (trinta) dias;

(...)(grifos nosso)

Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves 9:


“Presunções não são meios de prova,
mas forma de raciocínio pelas quais,
por meio de um fato, infere-se a
existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro que se
quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova...” (grifos nosso)

9
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de direito processual civil, v 1. 5 ed., São Paulo:
Saraiva, 2008,p.436

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 55


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Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de


um fato conhecido e provado para, então, se presumir o
outro fato. Se não for assim, seria como partir de uma
presunção para se chegar a outra presunção, o que seria
inconcebível em sentido lógico-jurídico.
Observa-se da interpretação do dispositivo
supracitado, que essa presunção legal somente pode ser
aplicada quando previamente solicitado pelo Fisco ao
contribuinte os seus documentos fiscais, não houvesse
ocorrida as suas entregas.
Ou seja, conforme a própria natureza das presunções,
a fiscalização deve comprovar o motivo - não entrega das
notas fiscais solicitadas prévia e regularmente - para se
presumir o extravio da documentação objeto da autuação.
E como bem se referiu o representante fiscal e
demonstrou o julgador singular em sua fundamentação, não há
prova de que houve intimação prévia legalmente válida
solicitando os documentos fiscais, objeto da autuação, para
o contribuinte como determina o art. 11 da Lei nº
6.771/2006:

Art. 11. A intimação do sujeito


passivo ou de pessoa interessada
acerca de qualquer ato, fato ou
exigência fiscal, quando não estiver
prevista forma diversa na legislação
tributária, será feita:
I - pessoalmente, pelo autor do
procedimento ou outro servidor a quem
for conferida a atribuição, mediante
aposição de data e assinatura do
sujeito passivo ou interessado, seu
representante legal ou preposto, no
próprio instrumento que se deseja

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 56


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comunicar ou em expediente, com


entrega, quando for o caso, de cópia
do documento;
II - mediante remessa, pelo órgão
encarregado do preparo do processo,
por via postal ou qualquer outro meio
ou via, com Aviso de Recebimento - AR
ou com prova de entrega no endereço do
sujeito passivo ou interessado, de
cópia do instrumento ou de comunicação
de decisão ou circunstância constante
de expediente, alternativamente à
forma prevista no inciso I;
III - por edital publicado no Diário
Oficial do Estado, no caso de:
a) o sujeito passivo ou interessado
encontrar-se em lugar ignorado,
incerto ou inacessível, caso em que no
processo deverão ser anexados
documentos comprobatórios do fato ou
declaração fundamentada;
...

c) não se efetivar a comunicação pela


forma prevista no inciso II, ainda que
não precedida da prevista no inciso I.
...

§ 2º No caso de inatividade do sujeito


passivo, especialmente tratando-se de
empresas desaparecidas ou com
inscrição cancelada ou baixada, sua
intimação será também efetivada em
nome do titular, do diretor, do
administrador ou do sócio com poderes
de representação.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 57


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Não havendo solicitação nesse sentido, condição sine


qua non, não há presunção de extravio. Não há motivo para
se presumir.
Também não se pode lavrar o auto de infração por
presunção de extravio e depois intimar o contribuinte para
a apresentação das notas fiscais como se tentou fazer
posteriormente, já em fase de lide administrativa
tributária. A presunção não surge antes do fato indiciário,
pressuposto essencial para o referido fato presumido.
Apenas a título de ilustração, guardada suas devidas
proporções, seria como denunciar alguém penalmente para
depois abrir o inquérito policial para se investigar se
realmente o sujeito passivo teria cometido o crime ou não.
Inconcebível tal lógica.
Portanto, sem embargo do previsto no artigo 7º, IV,
da Lei Estadual nº. 6.771/06, exemplificativo, temos que o
ato de lançamento tratado nos autos é nulo por inexistência
de motivo, conforme o disposto no artigo 2º, d e seu
parágrafo único, d, da Lei Federal nº. 4.717/65 10, ora
reproduzido:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao


patrimônio das entidades mencionadas
no artigo anterior, nos casos de:

(...)

d) inexistência dos motivos;

(...)

Parágrafo único. Para a conceituação


dos casos de nulidade observar-se-ão
as seguintes normas:

10
Regula a ação popular.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 58


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(...)

d) a inexistência dos motivos se


verifica quando a matéria de fato ou
de direito, em que se fundamenta o
ato, é materialmente inexistente ou
juridicamente inadequada ao resultado
obtido;

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL - CTE, por unanimidade de
votos, conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-
LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora
em reexame.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 28 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 59


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SESÃO ORDINÁRIA Nº 05 – 2º Câmara – Realizada em 01/02/2013


Processo:1500-028155/2011; 1500-009251/2009, 1500-
042046/2011.
Auto de Infração: 70.01981-001
Autuada: FOUR COLORS COMERCIAL LTDA-ME
Inscrição Estadual: 248.40472-5
Autuante: Louise Amaral de Araujo
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: José Pedro da Silva
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETARIA:GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº28 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES
OS VÍCIOS DE NULIDADES TANTO NA
AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O
RECONHECIMENTO, A DECLARAÇÃO PRÉVIA
DA NULIDADE DA PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO
CONTRÁRIO DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE
DA DECISÃO RECORRIDA DE FORMA
ISOLADA. ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA
CELERIDADE DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 60


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pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de


crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”, complementado da
seguinte forma “... detectadas através da comparação entre
as saídas declaradas e o faturamento em operação com
cartões dec crédito e/ou débito, nos exercícios de 2007,
2008 e 2009...”.

Para comprovar o fato foi juntado: a) Demonstrativo


Confronto com a planilha apresentada pela Sefaz e os
valores que constam no processo (fls. 07-09); b) cópia da
intimação fiscal n. 7001981/002 (fl.10); c) Relatório de
cruzamento da DAC com arrecadação do ICMS e débitos fiscais
(fls. 11-15); d) Relatório de Movimentações Financeiras
Redecard (fls. 34-51); d) Transferência eletrônicas de
fundos (cartão credito/debito) comparada com faturamento
(fls.53-54).

Foram apontados como transgredidos as seguintes


normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50,
I, II, §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do
RICMS/91. Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da
Lei nº 5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa com as


alegações preliminares de: a) tempestividade, pois teve
conhecimento do auto de infração em 04/12/2011 e o sistema
de processo da SEFAZ ter estado fora em 21/12/2011; b)
ilicitude da prova por quebra do sigilo bancário, de
correspondência, comunicação telegráfica e telefônica,
dados da pessoa jurídica e afronta do art. 5º, XII e LVI da
CF/88; c) cerceamento de defesa por falta de descrição
clara, precisa e sucinta dos fatos considerados como
infração a legislação tributária e que não teria infringido
nenhuma norma tributária descrita.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 61


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E no mérito arguiu que: a) a única prova existente


teria sido obtida de forma ilegal, não restando nenhuma
prova lícita de omissão de receitas ou de ocorrência do
fato gerador; b) os relatórios das Administradoras de
Cartões seriam uma simples listagens de números, sem
nenhuma indicação de quem a teria fornecido e assinado; c)
para comprovar a ocorrência de vendas sem emissão de nota
fiscal seria necessária a realização de levantamento físico
de estoque; c) a alíquota de 17% seria aplicável aos
contribuintes com inscrição normal e inadequada para
aqueles enquadrados como microempresa a nível estadual no
período de 01/2007 a 06/2007.
Ainda argumentou que multa proposta do art. 83 da lei
5900/96 seria inadequada por não possuir nenhuma conduta
praticada pela defendente, que por ser optante do Simples
Nacional teria como livros fiscais obrigatórios, o registro
de entrada, registro de inventário e registro de documentos
fiscais e termos de ocorrências conforme art. 3º, da
Resolução CGS n. 10/2007.
Alegou também que o auto de infração estaria a exigir
credito tributário anterior a vigência da lei 5979/97,
6209/00 e 6348/02 com ferimento ao principio da
anterioridade, da irretroatividade e da segurança jurídica.
Por fim pediu a produção de prova pericial contábil-
fiscal para verificar que as notas fiscais que acompanharam
as mercadorias continham a data da efetiva saída e a
juntada de declaração devidamente assinada por
representante das administradoras de cartão, após a
obtenção de autorização judicial.
A Representação fiscal apresentou em 08/02/2012 suas
contra razões a defesa apoiada nos fundamentos de que: a)
teria sido respeitado o principio da anterioridade porque o
procedimento adotado pelo agente fiscal seria tecnicamente
idôneo e previsto no art. 50 §11º, da lei 5900/96 e por

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 62


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isso não havia necessidade de ordem judicial para obter as


informações das Administradoras de Cartões; b) não teria
havido cerceamento de defesa e contraditório porque o
contribuinte compreendeu a acusação fiscal completa e
irrestritamente conforme se observa pela impugnação
apresentada.
Quanto ao mérito asseverou que o demonstrativo foi
amparado em elementos passados pela defendente, que não
atacou a diferença encontrada entre o que ela teria
declarado a titulo de operações com cartões e o que faturou
na sua escrita regular.
Proferida a Decisão nº 18.680/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A situação do sujeito


passivo é: NÃO optante pelo Simples
Nacional. 2. Extrato de Arrecadação do
Contribuinte não consta nenhum
recolhimento de imposto com base no
regime de microempresa. 3. A
circunstância material que dá ensejo a
presunção legal foi devidamente
provada com a juntada do relatório das
Administradoras de Cartões, e
Relatório de cruzamento da DAC com
arrecadação do ICMS. 4. Aplicação da
penalidade disposta no art. 79 da lei
5.900/96. 5. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 6.
Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 63


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Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame


Necessário.
É o relatório.

PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à legislação
tributária apresenta-se de forma incoerente e imprecisa, acarretando
dificuldade na defesa da empresa autuada, quando o autuante ao
consignar na fl. inicial, assim como nos demonstrativos de fls. 07/09,
os fáticos típicos da infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de
diferença das vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e, falta de
recolhimento do imposto ensejada pela falta de escrituração dos
documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no entanto,
identificar os respectivos documentos fiscais (Notas Fiscais) sem a
devida escrituração no livro próprio, indicando como embasamento legal
o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o qual disciplina in verbis:
“Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 64


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documentos fiscais relativos às respectivas operações de saídas não


estejam escriturados regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA –
equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da


autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do registro de
vendas inferior ao montante do faturamento mediante cartão de
crédito/débito, infração típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º,
combinados com o Art. 79, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se
defenderia da acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da
omissão de registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do voto


proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de Castro,
concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da mesma conter,
também, vícios de nulidade, isto à luz do Art. 7º, inc. II, na sua
segunda parte, tal nulidade não deve sobrepor a nulidade prévia da
própria autuação, do lançamento, segundo a qual precede a toda e
qualquer nulidade subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da
decisão recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação
quando presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria não só
violação ao princípio da celeridade na tramitação do próprio PAT,
previsto no § 1º do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06, mais também, um
procedimento discrepante da praticidade, com reiteradas e
desnecessárias decisões, ao invés de uma só decisão no âmbito de
preliminares acerca de nulidades e a partir daí repetindo todos os
atos, inclusive o ato decisório de primeira instância.

Portanto, como se vislumbra no caso vertente, tanto a


autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de nulidades à luz
do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e assim sendo, é de bom
alvitre que se reconheça que se declare previamente a nulidade do
próprio lançamento e por extensão os demais efeitos dos atos
subseqüentes.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria, no sentido de conhecer do recurso
para dar-lhe provimento e declarar nula por vício formal, previamente,
a própria autuação por ofensa ao princípio da ampla defesa.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 65


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Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01 de fevereiro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE
VISTA)
SESSÃO ORDINÁRIA N° 05 – Realizada: 01/02/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-010516/2011; 1500-090490/2009 (03 volumes),
1500-021667/2011, 1500-013332/2012 e CTE nº
201/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.06736-001.
AUTUADA: SOL COMERCIAL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.99296-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.579/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário e reexame necessário.
AUTUANTE(S): Marco Cesar Lira de Araujo.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: JOSÉ Pedro da Silva
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº029 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO DOS


FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA
TIPICIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. PRESENTES OS VÍCIOS DE NULIDADES
TANTO NA AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O RECONHECIMENTO, A

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 66


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DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE DA PRÓPRIA


AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA DECLARAÇÃO DE
NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA DE FORMA
ISOLADA. ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA
CELERIDADE DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

Fundamentado o auto de infração na acusação fática


de não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas
de mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

Para comprovar o fato foi juntado: a) Demonstrativo


da diferença do cartão de crédito e livro fiscal 2007, 2008
e 2009 (fls. 10-12); b) cópia do livro Registro de Apuração
do ICMS (fls. 13-89) e c) Processo n. 1500-090490/2009 –
AÇÃO FISCAL OMISSÃO DE SAÍDAS.

Foram apontados como transgredidos as seguintes


normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31, I, II e
art. 50, §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B
do RICMS/91. Aplicada a penalidade previstas no artigo 83
da Lei nº 5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que


nunca teria deixado de registrar as vendas mencionadas e
que todas as operações teriam sido lançadas nos livros
fiscais próprios, pedindo perícia técnica contábil para
aferição desses valores. Que seria indevida a apuração do
ICMS normal entre janeiro/2007 a dezembro/2008 por ser
optante do SIMPLES nos termos da lei 9.317/96 e LC n.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 67


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123/2006. Afirma também que a multa aplicada teria caráter


confiscatório.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que a autuada não apresentou nenhum cálculo que alegou na
defesa. Com relação ao SIMPLES, teria sido excluída por ato
administrativo pela Receita Federal do Brasil. Ainda que as
administradoras de cartão de crédito/debito foram as
provedoras das movimentações financeiras da empresa e que,
por parte do sujeito passivo, não houve comprovação de
emissão de documentos fiscais relativas a tais operações.

Proferida a Decisão nº 18.579/2012, tendo o julgador


singular decidido pela procedência parcial do lançamento
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em
fazer o recolhimento de tributos por
meio do Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de
saídas de mercadorias desacompanhada
de documento fiscal. 2. Não procede a
alegação do sujeito passivo de que
teria registrado a totalidade de suas
vendas, uma vez que todas aquelas
lançadas no livro fiscal Registro de
Apuração do ICMS foram consideradas e
subtraídas do montante recebido pelas
Administradoras de Cartões. 3. O
conjunto probatório acostado aos autos
é suficiente para o deslinde da
questão não necessitando de produção
de prova pericial. 4. A circunstância
material que deu ensejo a presunção

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 68


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legal foi provada com a juntada de


cópia do Extrato do SIMPLES, do livro
Reg. de Apuração do ICMS e dos
documentos recebidos das
Administradoras de Cartões, de onde
foram extraídos e confrontados os
valores que resultou na Base de
Calculo omitida do ICMS não recolhido.
5. Não será acolhido o tipo penal
tributário sugerido do art. 83 da lei
5.900/96, aplicação da penalidade
disposta no art. 79 da mesma Lei. 6.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Da parte julgada improcedente, para reexame


necessário, o julgador singular remeteu os autos a este
Conselho, na forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei
6.771/06.
Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por
via de Recurso Ordinário, a nulidade processual, com
retorno dos autos ao juízo administrativo singular devido à
recusa do seu pedido de perícia contábil, para que o faça,
já que houve agressão aos princípios constitucionais da
ampla defesa e produção de provas. Assevera que não houve
omissão de vendas, pois todas foram registradas em livro
fiscal próprio, como se demonstrou em cálculo apresentado
pela recorrente. Que seria indevida a apuração do ICMS
normal entre janeiro/2007 a dezembro/2008 por ser optante
do SIMPLES nos termos da lei 9.317/96 e LC n. 123/2006.
Afirma também que a multa aplicada teria caráter
confiscatório.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 69


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Conselho Tributário Estadual

Em resposta, pedindo pela procedência da ação fiscal,


o Representante Fiscal argumenta que não houve cerceamento
de defesa quanto ao pedido de perícia contábil negado, pois
compete, conforme previsto na Lei nº 6.771/2006, à
autoridade julgadora rejeitar requerimento de diligência ou
perícia desde que em decisão fundamentada. Afirma que a
autuada não apresentou nenhum cálculo que alegou em seu
recurso. Com relação ao SIMPLES, teria sido excluída por
ato administrativo pela Receita Federal do Brasil. Que
resta configurada a conduta descrita no lançamento de
ofício devido a robustez das provas e ferimento a
dispositivo legal.

É o relatório.

PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de


se constatar que a descrição dos fatos tidos como infração
à legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, acarretando dificuldade na defesa da empresa
autuada, quando o autuante ao consignar na fl. inicial,
assim como nos demonstrativos de fls. 10/12, os fáticos
típicos da infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em
razão de diferença das vendas realizadas mediante cartões
de crédito/débito em confronto com as vendas efetivamente
registradas e, falta de recolhimento do imposto ensejada
pela falta de escrituração dos documentos fiscais relativos
às operações de saídas, sem, no entanto, identificar os
respectivos documentos fiscais (Notas Fiscais) sem a devida
escrituração no livro próprio, indicando como embasamento
legal o Art. 83 da Lei nº.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 70


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Conselho Tributário Estadual

5.900/96, segundo o qual disciplina in verbis: “Falta de


recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art.
79, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da
acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da
omissão de registro das notas fiscais emitidas, infração
esta prevista no reportado art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do


voto proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins
de Castro, concluindo pela nulidade da decisão a quo em
razão da mesma conter, também, vícios de nulidade, isto à
luz do Art. 7º, inc. II, na sua segunda parte, tal nulidade
não deve sobrepor a nulidade prévia da própria autuação, do
lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer
nulidade subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade
da decisão recorrida sem antes declarar a nulidade da
própria autuação quando presentes, in casu,os respectivos
vícios, acarretaria não só violação ao princípio da
celeridade na tramitação do próprio PAT, previsto no § 1º
do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06, mais também, um
procedimento discrepante da praticidade, com reiteradas e
desnecessárias decisões, ao invés de uma só decisão no
âmbito de preliminares acerca de nulidades e a partir daí
repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório de
primeira instância.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 71


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Conselho Tributário Estadual

Portanto, como se vislumbra no caso vertente,


tanto a autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios
de nulidades à luz do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06
e assim sendo, é de bom alvitre que se reconheça que se
declare previamente a nulidade do próprio lançamento e por
extensão os demais atos subseqüentes.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria dos votos,
conhecer do recurso ordinário, para dar-lhe provimento, no
sentido de declarar nula por vício formal, previamente, a
própria autuação por ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01 de fevereiro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE
VISTA)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/02/2013

PROCESSO: 1500-026911/2011; 1500-091075/2009 e 1500-38469/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00979-001.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 72


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AUTUADA: GILDEANE LIMA DE OLIVEIRA-ME.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.42212-0.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.670/2012.

ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.

AUTUANTE(S): JOSÉ MAURICIO FIRMINO DA COSTA.

RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO Nº 31/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Materialidade dos fatos narrados de
maneira contraditória, ambígua e
imprecisa no auto de infração.
Nulidade formal do auto de infração
por cerceamento de defesa. Reexame
necessário conhecido e não provido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática
de não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas
de mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 73


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No entanto, no campo “Complemento” da descrição dos


fatos, do auto de infração em tela, o autuante também assim
estabeleceu: “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não foram emitidos, nem seus
valores foram escriturados nos livros fiscais próprios...”

Como conjunto probatório foi juntado: a) cópia da


intimação fiscal n. 70966, 13/07/2011 (fl.08); b) Consulta
Exclusão do Simples Nacional (fl.10); c) Demonstrativo
Confronto com a planilha apresentada pela Sefaz e os
valores que constam no processo (fls. 14-16); d) Resumo
Geral de AIDF por contribuinte (fl.17); e) Relatório de
cruzamento da DAC com arrecadação do ICMS e débitos fiscais
(fl.18); f) cópia do livro Registro de Apuração do ICMS
(fls. 19-25); g) Extrato do Simples Nacional (fls. 26); h)
Declaração Anual do Simples Nacional- DASN (fls. 27- 29),
i) Relatório de Movimentações Financeiras Visanet,
Redecard, Hipercard (fls. 28-83, 111-135); j)
Transferências eletrônicas de fundos (cartão
credito/debito) comparadas com faturamento (fls.84-89).

Foram apontados como transgredidos as seguintes


normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50,
I, II e §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B
do RICMS/91. Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da
Lei nº 5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando


que gozaria dos direitos diferenciados do Simples Nacional
LC n. 123/2006. E, por isso, pede correção do débito para
dar início ao pagamento.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 74


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A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões,


afirma que constatou a idoneidade do procedimento fiscal e
base de calculo do imposto previsto no art. 50, §11º, art.
6º, I, da lei 5.900/96, respectivamente. Asseverou que
deixando de cumprir as normas do Simples Nacional LC
123/2006 ficou sujeito à exclusão e ao pagamento do imposto
com alíquota do contribuinte normal sobre a omissão de
receitas presumidas resultante do confronto das informações
obtidas junto as Administradoras de Cartões com aquelas
contidas na declaração anual do Simples Nacional.

Proferida a Decisão nº 18.670/2012, tendo o


julgador singular decidido pela procedência parcial do
lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do Simples


Nacional não exclui a incidência do
ICMS nas operações de saídas de
mercadorias desacompanhada de
documento fiscal. 2. A circunstância
material que dá ensejo a presunção
legal foi devidamente provada com a
juntada do relatório das
Administradoras de Cartões, DASN,
Extrato do Simples Nacional. 3.
Aplicação da penalidade disposta no
art. 79 da lei 5.900/96. 4. Lançamento
do crédito tributário PROCEDENTE em
parte. 5. Reexame necessário para o
Conselho Tributário Estadual.

A autuada intimada foi e a Comissão de


Representação Fiscal dado ciência da Decisão Singular.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 75


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Assim, chegam os autos a este Conselho para o


Reexame Necessário.
É o relatório.

VOTO

Primeiramente, observando as seguintes normas:

Lei Estadual nº. 6.161/2000, que


regula o processo administrativo no
âmbito da administração pública
estadual:

Art. 53. A Administração deve anular


seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los
por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.

Lei Estadual nº 6.771/2006, que dispõe


sobre o processo administrativo
tributário - PAT, e dá outras
providências:

Art. 97-A. Aplicam-se subsidiariamente


ao processo administrativo tributário
as normas da Lei Estadual n° 6.161, de
26 de junho de 2000, e da Lei Federal
n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, -
"Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 76


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Súmula do STF nº 346: A Administração


Pública pode declarar a nulidade dos
seus próprios atos.

Súmula do STF nº 473: A administração


pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.

Temos explicitado o princípio da autotutela, que é


o controle pela Administração Pública da legalidade de atos
e decisões administrativas, anulando-os quando vão de
encontro à lei.

Partindo dessa premissa e analisando o auto de


infração objeto desse julgamento, verifico houve erro na
colocação das duas materialidades posta no lançamento de
ofício, o que implicaria em sua nulidade por cerceamento de
defesa.

Explico. Analisando a peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos imputados ao
contribuinte tidos como infração à legislação tributária
apresenta-se de forma incoerente e imprecisa, dificultando
assim a defesa da empresa autuada.

Isto porque, o autuante ao consignar na peça


inicial, assim como nos demonstrativos e outras provas
trazidas aos autos, os fatos típicos da infração, faz
constar a falta de recolhimento do ICMS decorrente de

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 77


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omissão de saídas em razão de diferença das vendas


realizadas mediante cartões de crédito em confronto com as
vendas efetivamente registradas e, ao mesmo tempo, falta de
recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos
documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem,
no entanto, identificar as notas fiscais sem a devida
escrituração no livro próprio, apontando como embasamento
legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o qual
disciplina, in verbis: “Falta de recolhimento do imposto,
no todo ou em parte, quando os documentos fiscais relativos
às respectivas operações de saídas não estejam escriturados
regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA –
equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art.
79, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da
acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da
omissão de registro das notas fiscais emitidas, infração
esta prevista no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente autuação


contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de infrações,
desde que as mesmas estivessem bastante instruídas, o que
não se verificou.

Portanto, havendo cerceamento de defesa pela


ambiguidade posta no auto de infração em tela, este é nulo
formalmente por determinação legal:

Lei 6.771/2006

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 78


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Art. 7º São nulos:


...
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;
...

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para negar-lhe
provimento, no sentido de declarar nula a autuação por
ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sendo o lançamento anulado por vício formal, fica


reaberto o prazo decadencial para uma nova ação fiscal do
objeto aqui tratado conforme previsto no art. 173, II, do
Código Tributário Nacional.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de fevereiro


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE


CASTRO

PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 79


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ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/02/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-016980/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 043256, de 02/07/2004.
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: FEIJÓ E TEIXEIRA LTDA-ME.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO Nº 32/2013

EMENTA: NORMAS PROCEDIMENTAIS. ALEGAÇÃO DE


EXTRAVIO DE LIVROS FISCAIS BASEADA EM NÃO
ATENDIMENTO À SOLICITAÇÃO FISCAL.
INTIMAÇÃO QUE INOBSERVOU A NORMA DE
REGÊNCIA (LEI 5.900/96). PRESUNÇÃO DE
EXTRAVIO ILIDIDA. NULIDADE DA AÇÃO FISCAL.
Remessa Necessária Conhecida e não
Provida.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise


deste Colegiado Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n
° 16.204/2009, em face da sucumbência da Fazenda Estadual declarada
pela Decisão n ° 16.439/2010, da Douta Coordenadoria de Julgamento,

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 80


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que entendeu por decretar improcedente o lançamento fiscal que imputou


ao contribuinte o extravio de livros e documentos fiscais.

A razão da sucumbência da Fazenda Estadual foi devido à


ausência de pressuposto de constituição válida da presunção de
extravio, que não teria observado os ditames legais.

Eis a respectiva ementa:

EMENTA: ICMS. 1. Ação Administrativa Fiscal. 2. Imposição


de penalidade por extravio de livros e documentos fiscais.
3. Ausência de pressuposto de constituição válida do
crédito tributário. 4. Lançamento NULO. 5. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário – art. 48, Lei
Estadual n. 6.771/06.

Intimados, contribuinte e representação fiscal se quedaram


silentes.

São este os fatos que interessam ao julgamento.

VOTO

Compulsando os autos, observa-se que a materialidade


afastada do lançamento inicial reporta-se ao extravio de livros e
documentos fiscais, sendo este o objeto da presente revisão.

Quanto à materialidade afastada pela Douta Coordenadoria de


Julgamento e ora em revisão, na esteira de como já vem reiteradamente
decidindo este Conselho Tributário Estadual por julgamentos de suas
duas Câmaras, para fins de intimação do contribuinte deverá a
autoridade exatora observar, seja a intimação pessoal, seja a por
carta com aviso de recebimento. A opção editalícia é excepcional e
pressupõe a verificação de situações definidas em lei, qual seja a
negativa de assinatura pelo contribuinte em caso de intimação pessoal
ou a impossibilidade de se efetivar por carta. Eis o que estabelece o
PAT sobre o assunto, mantendo o espírito da lei que o antecedeu (Lei n
° 4.418/82):

Art. 11. A intimação do sujeito passivo ou de pessoa


interessada acerca de qualquer ato, fato ou exigência
fiscal, quando não estiver prevista forma diversa na
legislação tributária, será feita:
I - pessoalmente, pelo autor do procedimento ou outro

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 81


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servidor a quem for conferida a atribuição, mediante


aposição de data e assinatura do sujeito passivo ou
interessado, seu representante legal ou preposto, no
próprio instrumento que se deseja comunicar ou em
expediente, com entrega, quando for o caso, de cópia do
documento;
II - mediante remessa, pelo órgão encarregado do preparo do
processo, por via postal ou qualquer outro meio ou via, com
Aviso de Recebimento - AR ou com prova de entrega no
endereço do sujeito passivo ou interessado, de cópia do
instrumento ou de comunicação de decisão ou circunstância
constante de expediente, alternativamente à forma prevista
no inciso I;

III - por edital publicado no Diário Oficial do Estado, no


caso de:
a) o sujeito passivo ou interessado encontrar-se em lugar
incerto e não sabido;

b) recusa do sujeito passivo ou interessado, em assinar a


intimação pessoal, hipótese em que será lavrada declaração
nesse sentido, da qual constarão as assinaturas de 2 (duas)
testemunhas;
c) não se efetivar a comunicação pela forma prevista no
inciso II, ainda que não precedida da prevista no inciso I.

As normas acima apresentadas foram desrespeitadas no


procedimento de intimação do contribuinte, situação que, sendo
antecedente ao próprio auto de infração, macula sua validade, pois
lavrado com fundamento em premissa falsa, qual seja o extravio baseado
na inércia quanto ao atendimento da solicitação (em edital) para a
apresentação de livros e documentos fiscais.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
da remessa necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo incólume a
Decisão n.º 16.439/2010, da Coordenadoria de Julgamento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de fevereiro


de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 82


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PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:07/02/2013


PROCESSO: 1500-015613/2011; 1500-091116/2009, 1500- 027165/2011; 1500-
015997/2012 e CTE 245/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.01147-001.
AUTUADA: N S RACÕES LTDA ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.39064-3.
AUTUANTE: Jorge Ricardo de Souza.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº035/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES
OS VÍCIOS DE NULIDADES TANTO NA
AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O
RECONHECIMENTO, A DECLARAÇÃO PRÉVIA
DA NULIDADE DA PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO
CONTRÁRIO DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE
DA DECISÃO RECORRIDA DE FORMA
ISOLADA. ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA
CELERIDADE DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 83


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Conselho Tributário Estadual

ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO


CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.
RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

Como conjunto probatório, foi juntado: a) cópia da


intimação fiscal n. 7001147/002, (fl.10); b) Demonstrativo
fiscal (fls. 12-13); c) cópia da declaração anual do
Simples Nacional (fls. 14-35); d) Processo 1500-091116/2009
(Relatórios Administradora Cartões, Extrato do Simples
Nacional).

Foram apontados como transgredidos as seguintes


normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50,
I, II, §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do
RICMS/91. Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da
Lei nº 5.900/96.

Apresentada a defesa pelo contribuinte e as


Contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.616/2012, tendo o julgador singular decidido pela
procedência parcial do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. O cerceamento do


direito de defesa e contraditório não
ficou configurado porque os autos do
PAT ficaram disponíveis ao
representante legal da pessoa
jurídica. 2. As operações

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 84


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de vendas com recebimento por meio de


cartão de credito e/ou débito são
passíveis de averiguações fiscais. 3.
A opção do Simples Nacional não exclui
a incidência do ICMS nas operações de
saídas de mercadorias desacompanhada
de documento fiscal. 4. Os documentos
enviados pelas Administradoras de
cartão de crédito e débito não contém
nenhuma macula. 5. O conjunto
probatório acostado aos autos é
suficiente para o deslinde da questão.
6. A instituição legal de novo
critério de apuração posterior a
ocorrência do fato gerador não está
obrigado a observância do principio da
irretroatividade e da anterioridade.
7. A circunstância material que dá
ensejo a presunção legal foi
constatada por valores informados
pelas Administradoras de Cartões sem a
respectiva emissão de documento
fiscal. 8. Não será acolhido o tipo
penal tributário sugerido do art. 83
da Lei n. 5900/96, mas aplicada a
penalidade disposta no art. 79 da
mesma Lei. 9. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 10.
Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual

Da parte julgada improcedente, para reexame


necessário, o julgador singular remeteu os autos a este
Conselho, na forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei
6.771/06.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 85


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Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por


via de Recurso Ordinário, a reforma na íntegra da decisão
de piso e a declaração de “sem efeito” o lançamento fiscal
objeto dos autos, alegando, com os mesmos termos utilizados
em sua impugnação, em síntese: a) cerceamento de defesa por
não ter tido acesso às provas do auto de infração; b) por
ser optante do Simples Nacional, deveria ser aplicada, no
máximo, a alíquota de 3,95% nos termos do Anexo I da Lei
Complementar n. 123/2006; c) provas seriam ilegais, pois
teve sua movimentação financeira indevidamente quebrada
pelo fisco sem qualquer formalidade legal ou autorização
judicial ferindo seu direito ao sigilo bancário e d) o auto
de infração abarcou os períodos de 2007, 2008 e 2009 em
descompasso com os princípios tributário da anterioridade e
da irretroatividade da lei, uma vez que a lei n. 6.970, de
04/08/2008 teria instituído novo fato gerador. Caso não
haja esse entendimento, que seja mantida a multa aplicada
pelo julgador da Coordenaria de Julgamento.

A Representação fiscal apresentou suas contrarrazões


solicitando a manutenção da decisão recorrida, apoiadas nos
fundamentos de que: a) o recurso é tempestivo, mas nao
deveria ser conhecido, já que repete os argumentos da
impugnação, todos rebatidos na decisão a quo; b) que foi
respeitado o princípio da anterioridade pois já estava em
vigor tanto a lei nº 5.900/96 quanto a de nº6.846/2007; c)
nao houve quebra de sigilo financeiro, pois as informações
fornecidas pelas administradoras de cartão se limitam ao
faturamento por meio de pagamento de crédito/débito; c)
correta exigência do imposto e penalidade à margem do
regime do Simples Nacional (art. 13, §1º, XIII, f, da LC n.
123/2006); d) o contribuinte não afastou a presunção com
contraprovas; e) as provas são lícitas e seriam suficientes
para demonstrar a infração arguida.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 86


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ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 87


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VOTO
PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, acarretando dificuldade na defesa da empresa
autuada, quando o autuante ao consignar na fl. inicial,
assim como nos demonstrativos de fls. 10/12, os fáticos
típicos da infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em
razão de diferença das vendas realizadas mediante cartões
de crédito/débito em confronto com as vendas efetivamente
registradas e, falta de recolhimento do imposto ensejada
pela falta de escrituração dos documentos fiscais relativos
às operações de saídas, sem, no entanto, identificar os
respectivos documentos fiscais (Notas Fiscais) sem a devida
escrituração no livro próprio, indicando como embasamento
legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o qual
disciplina in verbis: “Falta de recolhimento do imposto, no
todo ou em parte, quando os documentos fiscais relativos às
respectivas operações de saídas não estejam escriturados
regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA –
equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica


da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do
registro de vendas inferior ao montante do faturamento
mediante cartão de crédito/débito, infração típica do inc.
V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79, todos da Lei
nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação da falta de
recolhimento do ICMS decorrente da omissão de registro das

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 88


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notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado


art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do


voto proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins
de Castro, concluindo pela nulidade da decisão a quo em
razão da mesma conter, também, vícios de nulidade, isto à
luz do Art. 7º, inc. II, na sua segunda parte, tal nulidade
não deve sobrepor a nulidade prévia da própria autuação, do
lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer
nulidade subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade
da decisão recorrida sem antes declarar a nulidade da
própria autuação quando presentes, in casu,os respectivos
vícios, acarretaria não só violação ao princípio da
celeridade na tramitação do próprio PAT, previsto no § 1º
do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06, mais também, um
procedimento discrepante da praticidade, com reiteradas e
desnecessárias decisões, ao invés de uma só decisão no
âmbito de preliminares acerca de nulidades e a partir daí
repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório de
primeira instância.

Portanto, como se vislumbra no caso vertente, tanto a


autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de
nulidades à luz do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e
assim sendo, é de bom alvitre que se reconheça que se
declare previamente a nulidade do próprio lançamento e por
extensão os demais atos subseqüentes.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 89


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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento, porém, com a
devida vênia do nobre relator, no sentido de declarar nula
por vício formal, previamente, a própria autuação por
ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sala de Sessões do CTE., em Maceió, 07 de fevereiro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE
VISTA)
SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 05 – REALIZADA: 19/02/2013 – 1ª
CÂMARA.
PROCESSO: 1500-000020/2008
AUTO DE INFRAÇÃO: N.º 99.72227-001, 26/12/2007.
RECORRENTE: CYCOSA CAMINHÕES LTDA.
RECORRIDO: ESTADO DE ALAGOAS.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO 041/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – UTILIZAÇÃO


INDEVIDA CRÉDITO – INFRAÇÃO
PARCIALMENTE ELIDIDADE PELA RECORRENTE
PELA APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO DE

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 90


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ARRECADAÇÃO QUE ORIGINOU O CRÉDITO


FISCAL – AUTENTICIDADE DO DOCUMENTO
RECONHECIDA PELA DIRAC – RECURSO E
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDOS E
PROVIDOS PARCIALMENTE. DECISÃO
REFORMADA PARCIALMENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela


empresa CYCOSA CAMINHÕES LTDA, em face da decisão n.º
18.040/2011 oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou parcialmente procedente o crédito tributário
cobrado neste auto de infração n.º 99.72227-001.

Saliente-se que a infração materializada no


presente processo administrativo fiscal refere-se à
utilização indevida de crédito fiscal à maior, decorrente
do ICMS antecipado pago, determinando a falta de
recolhimento de ICMS nos períodos de novembro de 2004 e
novembro de 2005.

A Coordenadoria de Julgamento, por sua vez,


julgou parcialmente procedente o auto de infração,
reconhecendo o fato de a Recorrente ter utilizado crédito
indevido no valor de R$ 16.473,29 no mês de novembro de
2004, e R$ 19,80 referente ao mês de novembro de 2005.

Em suas razões recursais, a Recorrente alega que


“o crédito tributário em foco refere-se ao pagamento do DAR
no valor de R$ 16.437,29, em 19/11/2004, não considerado
pelo autuante, tendo em vista a omissão da inscrição
estadual no citado documento, por este motivo, não foi
localizado no banco de dados desta Secretaria.” Em sendo
assim, requer seja reconhecida a improcedência do
mencionado auto de infração.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 91


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Instado a se manifestar, a Representação Fiscal


alega que, “mesmo admitindo como verdadeiras as alegações
da recorrente, e comprovado o efetivo pagamento do DAR, por
ela mencionado, a compensação dos valores pagos, deve
obedecer ao procedimento que a lei determina”. Assim,
requer a manutenção da decisão da Coordenadoria de
Julgamento.

Foi requisitada diligência por este Relator, no


sentido de confirmar a autenticidade do aludido documento
de arrecadação pela DIRAC, inclusive se o mesmo refere-se à
empresa autuada, uma vez que no DAR carreados aos autos
pela Recorrente não consta qualquer CACEAL no mesmo.

Em resposta à diligência, a DIRAC informou que:


(i) através de uma simples consulta ao Cadastro do Sistema
Gestor, qualquer servidor da SEFAZ pode verificar que o
CNPJ n.º 04.757.705/0001-09 (utilizado no referido DAR)
pertence ao CACEAL 24101018-7 (fls. 39); (ii) o DAR
acostado às folhas 09 do processo anexo 1500-023271/2011
pertence ao CACEAL 24101018-7 e foi devidamente recolhido
aos cofres públicos (folhas 39 e 40).

É o relatório.

VOTO

Assiste razão à Recorrente ao alegar que “o


crédito tributário em foco refere-se ao pagamento do DAR no
valor de R$ 16.437,29, em 19/11/2004, não considerado pelo
autuante, tendo em vista a omissão da inscrição estadual no
citado documento, por este motivo, não foi localizado no
banco de dados desta Secretaria.”

Com efeito, a resposta da DIRAC oferecida à


diligência solicitada por este Relator foi esclarecedora ao
assegurar “que o DAR acostado às folhas 09 do processo

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 92


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anexo 1500-023271/2011 pertence ao CACEAL 24101018-7 e foi


devidamente recolhido aos cofres públicos (folhas 39 e
40)”.

Em sendo assim, resta descaracterizada a infração


materializada nos autos quanto à utilização de crédito
indevido no valor de R$ 16.473,29, no mês de novembro de
2004, uma vez que a própria DIRAC reconhece sua
autenticidade e efetivo recolhimento do imposto lançado
como crédito, não existindo qualquer dúvida no tocante que
o referido DAR está vinculado ao CACEAL da Recorrente,
conforme expressamente consignado pela DIRAC em sua
resposta à diligência.

Contudo, o mesmo não se pode afirmar em relação


ao uso indevido do crédito de R$ 19,80 no mês de novembro
de 2005, não havendo qualquer prova nos autos capaz de
elidir a aludida infração, devendo a mesma ser mantida nos
autos.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário e do reexame necessário para,
no mérito, dar-lhes provimento parcial, no sentido afastar
a infração materializada nos autos quanto à utilização de
crédito indevido no valor de R$ 16.473,29, no mês de
novembro de 2004, mantendo a condenação apenas em relação
ao uso indevido do crédito fiscal no mês de novembro de
2005, no valor de R$ 19,80, acrescido da multa prevista no
art. 93 da Lei 5.900/96.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 19 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C.


SILVA

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 93


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PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADORA JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 06 – REALIZADA: 21/02/2013 – 1ª


CÂMARA.
PROCESSO: 1500-000388/2001 E CTE N.º 06/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: N.º 021221, DE 04/01/2001.
AUTUADA: KWIKASAIR CARGAS EXPRESSAS S/A.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 043/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – OBRIGAÇÃO


ACESSÓRIA – FATOS GERADORES DE 1996,
1997 E 1998 – AUTO DE INFRAÇÃO DATADO
DE JANEIRO DE 2001 – ADITAMENTO DO AUTO
INFRAÇÃO EM FEVEREIRO DE 2007 –
VIOLAÇÃO AO ARTIGO 149, § ÚNICO C/C
ART. 173 DO CTN – IMPOSSIBILIDADE DE
REVISÃO DO LANÇAMENTO – DECURSO DO
PRAZO – DECADÊNCIA CONFIGURADA –
CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXTINTO –
INTELIGÊNCIA DO ART. 156, V, DO CTN.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa KWIKASAIR CARGAS EXPRESSAS S/A, no importe de R$

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 94


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1.621,00 (mil e seiscentos e vinte e um reais), em razão de


a empresa ter deixado de apresentar os balanços
(Declarações do Movimento Econômico) nos exercícios de 1996
a 1998.

O auto de infração foi lavrado com fundamento no


art. 49, XIV, b, § 1º do RICMS/AL, aprovado pelo Decreto
n.º 35.245/91, sendo sugerida a aplicação da penalidade
prevista no art. 116, I, da Lei 5.900/96.

Em sede de defesa administrativa, a autuada


alega que a acusação fiscal de ausência de entrega de
balanço, embora verdadeira, ocorreu devido a circunstâncias
alheias a sua vontade, uma vez que os mesmos existiam,
apenas não foram encontrados para entregar ao fiscal quando
exigido.

O agente fiscal, por sua vez, alega que a defesa


da autuada é intempestiva, uma vez que apresentada fora do
prazo legal. No mérito, requer a manutenção do auto de
infração.

Foi requisitada diligência (058/2001) no sentido


de ser efetuada nova intimação do sujeito passivo
determinando a apresentação dos balanços exigidos na
inicial, uma vez que inexiste nos autos a prova da
intimação da contribuinte. Solicita, ainda, que o fiscal
justifique o valor da multa aplicada.

Em resposta, o fiscal alegou não ser necessária


uma nova intimação da autuada, tendo em vista que a autuada
já apresentou os balanços por ocasião de sua defesa, porém
os mesmos não estão autenticados. Quanto à multa, o mesmo
alega que arbitrou o valor constante no auto de infração,
em razão de se tratar de uma multa fixa.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 95


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Foi requisitada nova diligência (021/2002), no


sentido de que sejam juntados os livros fiscais necessários
ao julgamento do processo. Em resposta, o fiscal informou a
impossibilidade de cumprir a diligência, uma vez que a
empresa desapareceu.

Mais uma vez foi requisitada diligência


(005/2006), determinando a remessa do processo a SARE a fim
de que proceda a correta instrução do processo. A SARE, por
sua vez, remeteu aos autos para o fiscal autuante a fim de
que o mesmo cumpra as diligências anteriormente
solicitadas.

Em resposta, o fiscal autuante aditou o auto de


infração, o que resultou no aumento do crédito tributário
para o importe de R$ 9.823,26 (nove mil, oitocentos e vinte
e três reais e vinte e seis centavos). Registre-se que o
aditamento ocorreu em 08 de fevereiro de 2007, ou seja,
mais de 06 (seis) anos após a lavratura do auto de
infração.

A autuada foi intimada do através de


correspondência enviada para o domicílio de seu Diretor,
que apresentou requerimento nos autos dando ciência da sua
retirada da função de Diretor da empresa autuada, inclusive
anexando a Ata de Assembleia Geral Ordinária que comprova
sua alegação.

Submetido os autos ao crivo da Coordenadoria de


Julgamento - CJ, esta proferiu decisão no sentido de julgar
o auto de infração parcialmente procedente quanto ao
exercício de 1996, reclassificando a multa para o mínimo
legal, porém, em relação aos exercícios de 1997 e 1998, a
CJ declarou a nulidade da autuação.

No essencial, é o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 96


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VOTO

Mediante uma simples análise dos autos, percebe-


se facilmente que o mesmo encontra-se recheado de nulidades
de todas as formas e espécies. Porém, existe uma delas que
se destaca, qual seja: a decadência do direito do Fisco
para proceder ao aditamento do auto de infração após mais
de 06 (seis) anos de sua lavratura, conforme fundamentação
que passo a expor.

Compulsando atentamente os autos, depreende-se


que o auto de infração foi lavrado em 04 de janeiro de
2001, cujo objeto refere-se às infrações ocorridas nos
exercícios de 1996, 1997 e 1998, enquanto que o aditamento
ao auto de infração ocorreu apenas em 08 de fevereiro de
2007.

Ora, o Código Tributário Nacional preconiza


expressamente em seu art. 149, parágrafo único, que “a
revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não
extinto o direito da Fazenda Pública.” A doutrina explica o
que se entende por “não extinto o direito da Fazenda
Pública”, senão vejamos:

“Decadência e preclusão. Mesmo nos casos em


que a revisão do lançamento é admitida pela
lei, existe o fator tempo a ser
considerado. Assim, estabelece o parágrafo
único deste art. 149 que a revisão do
lançamento só pode ser iniciada enquanto
não estiver extinto o direito da Fazenda
Pública.

Que direito? A resposta é dada pelo art.


173, que cuida da extinção do direito de a
Fazenda Pública constituir o crédito
tributário. Como o crédito tributário é

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 97


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constituído pelo lançamento, pode-se dizer


que a revisão deste somente será possível
enquanto não estiver extinto o direito de
efetuá-lo, isto é, enquanto não se operar a
decadência, em razão do decurso do prazo
previsto no art. 173.” (VLADIMIR PASSOS DE
FREITAS - Código Tributário Nacional
Comentado, p. 674)

Neste contexto, não restam dúvidas de que a


revisão do lançamento somente seria possível se efetuada no
prazo previsto no art. 173 do Código Tributário Nacional,
isto é, dentro do prazo de 05 (cinco) cinco anos, contados
do primeiro dia seguinte da ocorrência do fato gerador.

In casu, o último fato gerador descrito no


presente auto de infração refere-se ao exercício de 1998, o
que significa dizer que o prazo limite para que seja
efetuado o lançamento ou que este seja revisto de ofício
pelo agente fiscal seria 31 de dezembro de 2003.

Em sendo assim, não nos resta alternativa se não


a de extinguir o crédito tributário materializado neste
auto de infração, em razão da decadência do direito do
Fisco em efetuar a revisão do lançamento. É importante
esclarecer, ainda, que o lançamento originalmente efetuado
encontra-se eivado de vício insanável, uma vez que o fiscal
aplicou a multa de forma arbitraria, sem obediência aos
ditames legais.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para dar-lhe provimento, no
sentido de ser extinto o crédito tributário por força da
decadência, ex vi do art. 173 c/c com o art. 149, § único,
e art. 156, V, todos do Código Tributário Nacional.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 98


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Conselho Tributário Estadual

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 21 de


fevereiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C.


SILVA
PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADORA JULGADOR
SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 06 – REALIZADA: 21/02/2013 – 1ª CÂMARA.
PROCESSO: 1500-020931/2007; E CTE 179/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: N.º 70.00224-004, DE 21/05/07.
AUTUADO: M H P ARAÚJO.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

ACÓRDÃO 044/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL


– AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ICMS – OMISSÃO DE
VENDA DE MERCADORIA – INFRAÇÃO DESCARECTERIZADA
– EQUÍVOCOS NO LEVANTAMENTO DO ESTOQUE DE
MERCADORIAS - REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – DECISÃO DA CJ MANTIDA. AI
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º 18.605/2012


proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ, que julgou
improcedente o auto de infração n.º 70.00224-004, de 21/05/07,
conforme se extrai da ementa do julgamento, a saber:

EMENTA – ICMS. Falta de recolhimento do imposto


constatada mediante levantamento da “Conta
Mercadoria”, realizado nos exercícios de 2002, 2004
e 2005. Inconsistência da planilha elaborada pelo
Fisco para demonstração do débito apurado. Ausência

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 99


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de provas da materialidade dos fatos imputados.


Ilícitos fiscais não caracterizados. LANÇAMENTO
TRIBUTÁRIO IMPROCEDENTE. Reexame necessário pelo
Conselho Tributário Estadual, nos termos do art. 48
da Lei n.º 6.771/06.
O auto de infração, objeto deste processo administrativo
fiscal, possui os seguintes elementos:
INFRAÇÃO: Omitiu vendas de mercadorias nos
exercícios de 2002, 2004 e 2005, tomando-se como
base de cálculo a diferença positiva entre o custo
das mercadorias vendidas agregado ao lucro de 30% e
as saídas efetivamente declaradas nos livros
fiscais, fato comprovado através de levantamento
específico na sua conta Estoque de Mercadorias,
considerando o lucro bruto real acumulado.
FUNDAMENTO LEGAL: Art. 2º, § 12º, da Lei 5.900/96
c/c art. 1.000, do RICMS/AL, aprovado pelo Decreto
n.º 35.245/91, aplicando-se a multa prevista no
art. 84 da Lei 5.900/96.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO (IMPOSTO E MULTA): R$ 13.343,79
(treze mil, trezentos e quarenta e três reais e
setenta e nove centavos).
Em sede de defesa, a autuada requer a improcedência do auto
de infração, sob o argumento de que o levantamento realizado pelo
fiscal encontra-se viciado, uma vez que o fiscal considerou na
apuração da infração as mercadorias comercializadas através de
substituição tributária, assim como não foi excluída do vergastado
levantamento as mercadorias isentas ou não tributadas.
Instada a se manifestar, o autuante reiterou os termos da
autuação, pugnando, ao final, pela sua procedência, sob o argumento de
que a contribuinte não apresentou provas de suas alegações.
Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual para
reexame necessário da decisão da Coordenadoria de Julgamento, nos
termos do art. 48, I, da Lei 6.771/96.
No essencial, é o relatório.

VOTO
Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º 18.605/2012
proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ, que julgou
improcedente o auto de infração n.º 70.00224-004, de 21/05/07, por

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 100


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entender que o levantamento realizado pelo fiscal de tributos não se


amolda com os ditames legais estabelecidos na Lei 5.900/96.

Com efeito, o levantamento da conta mercadoria visa


verificar a exatidão dos lançamentos fiscais efetuados em determinado
exercício por contribuinte que não possua escrituração contábil para
fins de apuração do lucro real, tomando-se por base o disposto no art.
2º, §12º da Lei 5.900/96, in verbis:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do


ICMS no momento:

...

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado


nas saídas tributáveis em operações internas do
contribuinte, a diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor o custo
das mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta
por cento), e a saída tributada efetivamente
declarada nos livros e/ou documentos fiscais
próprios, apurada no último dia do exercício
financeiro da empresa, na hipótese em que o
contribuinte não possua escrituração contábil para
fins de apuração do lucro real.

No presente caso, depreende-se dos autos que o autuante não


observou legislação tributária estadual com a devida atenção ao
concluir que houve omissão de vendas de mercadorias nos exercícios
indicados, conforme bem consignado pela Coordenadoria de Julgamento,
in verbis:

“Analisando os autos verifica-se que o procedimento


fiscal não se amolda ao fim que se propõe, pois os
parâmetros que resultaram as diferenças apuradas
não estão em conformidade com o comando legal,
senão vejamos.

I – demonstram as cópias de livros fiscais anexas


que parte do valor das mercadorias comercializadas

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 101


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pela empresa está consignada na coluna “outras –


sem crédito do imposto” ou coluna “outras – sem
débito do imposto”. Entretanto, conforme planilhas
de apuração da “Conta Mercadorias” de fls. 12 a 14,
as operações ali computadas, todas são tributadas;

II – o ICMS SOBRE COMPRAS foi computado na “coluna


débito” ao invés da “coluna crédito”;

III – não obstante a juntada de novos documentos ao


processo, não se tem demonstrada a origem dos
valores aproveitados a título de “compras não
contabilizadas”, constantes na coluna “débito” das
referidas planilhas, contrariando o disposto no
art. 891, IV, do RICMS/AL.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do reexame
necessário para negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a decisão da
CJ, que julgou improcedente o auto de infração.

Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 21 de fevereiro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO
JULGADORA JULGADOR
GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA

CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

2ª CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013

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Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

PROCESSO Nº: 1500-007568/1996; CTE 162/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 069563, de 21/11/1995.

RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.

RECORRIDO: A INSINUANTE COMÉRCIO LTDA.

RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 053/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DO RECOLHIMENTO DO


IMPOSTO. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO DO
LANÇAMENTO FISCAL. INVIABILIDADE DA
SUA MANUTENÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART.
118, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 4418/82 -
IMPROCEDÊNCIA DA AUTUAÇÃO. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO PROVIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise


deste Colegiado Administrativo conforme imposição da norma
jurídica contida no art. 48, da Lei n. 6.771/2006 (PAT), isto em
vista da Decisão n. 17.263/2010, da Douta Coordenadoria de
Julgamento, donde resultou na sucumbência da Fazenda Estadual em
face do reconhecimento da improcedência da autuação.

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Conselho Tributário Estadual

Segundo a decisão em reexame, o autuante haveria deixado


de instruir suficientemente o seu trabalho com documentos de
onde teriam sido extraídas as respectivas informações,
especialmente a contagem física do estoque, invalidando, assim,
a presunção de omissão de receitas.

Regularmente intimados, fiscais autuantes e contribuinte


se quedaram silentes.

Este é o relatório.

Passo a decidir.

VOTO

De início, convém delimitarmos o exato objeto de exame


por parte desta instância administrativa ad quem.

Pois bem. Em se tratando de reexame de ofício, a matéria


a qual devemos nos debruçar refere-se, exclusivamente, àquela em
que a Fazenda Estadual fora sucumbente, salvo temas cujo
reconhecimento seja de ofício.

No caso, a proposta de reexame deve perpassar pelas


conclusões da instância singela dispostas no relato supra.

Assim como bem pontuado pela Coordenadoria de Julgamento,


a autuação não foi instruída com uma série de informações

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essenciais a legitimar o levantamento. Não há cópias da contagem


física do estoque, por exemplo.

De fato, exsurge dos autos a ausência de documentos que


instruam suficientemente a materialidade informada pela
fiscalização como hábil a fazer irromper o vínculo jurídico que
estabelece ao contribuinte o dever de recolher determinada
quantia a título de tributo ao Estado.

Tais situações contrariam o que exige o art. 118,


parágrafo único, da Lei n. 4.418/82, que exige a regular
instrução com elementos que sirvam a demonstrar a certeza e
liquidez do crédito tributário, situação que não se percebe dos
autos. Confira-se o texto do preceptivo:

Art. 118 - As ações ou omissões contrárias à


Legislação Tributária, serão apuradas em Processo
Administrativo Fiscal (PAF).

Parágrafo único - O Processo Administrativo Fiscal


inicia na repartição fiscal competente, mediante
autuação dos documentos necessários à apuração da
liquidez e certeza do crédito tributário não
regularmente recolhido, organizando-se à semelhança
de autos forenses, com folhas devidamente numeradas e
rubricadas. (grifamos)

No mesmo sentido o art. 891, IV, do RICMS/AL, in vebis:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser instruído
com: (...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato


argüido, inclusive cópias dos documentos que

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serviram de base para a apuração das


irregularidades.

Enfim, a deficiência da instrução prejudica a autuação,


isto em virtude da impossibilidade deste Órgão Julgador aferir
os fatos relatados.

Sobre a matéria, e destacando a importância da regular


instrução do lançamento fiscal, abalizadas são as lições da
professora Doutora MARIA RITA FERRAGUT, em artigo publicado no
livro Curso de Especialização em Direito Tributário. Estudos
Analíticos em Homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Editora
Forense. Rio de Janeiro. 2005, p. 314/315, as quais recortamos
algumas passagens e abaixo reproduzimos:

“O distanciamento entre o objeto e o juízo,


construído pelo ser cognoscente a seu respeito, é
inevitável. (...)

A verdade encontra-se ligada à prova, pois é por meio


desta que se torna possível afirmar idéias
verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou
certificar-se de sua exatidão jurídica. Ao direito
somente é possível conhecer a verdade por meio das
provas. (...)

Ao referir-se a fatos, a prova deverá evidenciar a


correspondência entre o enunciado e a manifestação do
evento. (...) Atingir o evento, que é passado, é
impossível, bastando para o mundo jurídico construí-
lo de forma a provar sua existência ou inexistência.”

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Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-
LHE PROVIMENTO.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de março de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES

PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARHUR L. A. FILHO

JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013

PROCESSO Nº: SF 1500-030472/2004; CTE 533/2011

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 041686, de 03/09/2004.

RECORRENTE: AUTO POSTO CAMELO LTDA

AUTUANTE: GENIVAL LIMA DE CARVALHO

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RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 054/2013

EMENTA: ICMS.OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.DECURSO

DO PRAZO QUÍNQUENAL ENTRE O FATO GERADOR


APONTADO E A INTIMAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO.
DECADÊNCIA. INCIDÊNCIA DA REGRA DO ART.
150, §4 DO CTN. REEXAME DE OFÍCIO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. EXTINÇÃO DO
CREDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame ex ofício que chega para análise


deste Colegiado Administrativo em atenção à regra do art. 48 da
Lei n ° 6.771/2006, em face do teor da Decisão n ° 18.294/2011,
da Douta Coordenadoria de Julgamento, que declinou pela
improcedência da autuação.

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Antes do reavaliação proposto, prudente uma breve


incursão nos atos e fase já vencidos.

Pois bem.

A peça de lançamento relatou a omissão de vendas e a


consequente falta de recolhimento do imposto, o que teria sido
apurado mediante levantamento de estoque de mercadorias, em que
se considerou o lucro bruto acumulado dos exercícios de 1999 e
2000.

Após tentativa infrutífera de intimar o contribuinte


em sua sede social, este foi finalmente notificado com a
intimação do sócio da empresa em 07/07/2006.

A defesa tempestivamente apresentada sustentou


exclusivamente a decadência dos créditos tributários,
resguardando-se o contribuinte a discutir o mérito após a
devolução dos documentos referentes ao período do lançamento, os
quais sustentou estar de posse do fiscal autuante.

O processo então seguiu para julgamento, tendo a


Coordenadoria de Julgamento entendido pela improcedência do auto
de infração, sob a justificativa de serem insuficientes para
confirmar a materialidade da conduta relatada os documentos que
instruíram a peça acusatória.

Intimados, contribuinte e representação fiscal


quedaram-se silentes.

Em essência, são esses os fatos relevantes ao


julgamento do reexame de ofício.

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VOTO

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 110


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Embora concordando com as conclusões a que chegou a


Douta Coordenadoria de Julgamento ao retratar a ausência de
elementos fáticos probatórios suficientes à conformação da
materialidade da autuação, entendo, em que pese o §1º do art. 23
do PAT (Lei n ° 6.771/2006), que trata da defesa administrativa
do contribuinte, prescrever que “A matéria relacionada com a
situação que constitua o objeto da lide deverá ser alegada de
uma só vez.”, partimos da premissa de que existem matérias que
deverão ser objeto de apreciação de ofício e preliminar pelo
julgador, entre elas a existência de eventual decadência dos
créditos lançados pelo auto de infração.

Nesta esteira estão, inclusive, os precedentes


dos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda, o
que, aliás, se colhe de passagem do acórdão da 3ª Câmara do
Segundo Conselho lavrado nos autos do processo n °
13964.000083/00-18, de relatoria do Conselheiro,
representante fazendário, o Prof. Emanuel Dantas de Assis:

“Decadência é matéria de ordem pública, a ser reconhecida


de ofício quando estabelecida por lei, como, aliás, já
determina o art. 210 do Código Civil de 2002. Somente a
decadência convencional é que não é suprida de ofício,
embora possa ser requerida a qualquer época, não se
submetendo à preclusão (art. 211 do mesmo Código).”

Neste sentido está também a recente jurisprudência do


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

RECURSO ORDINÁRIO – MANDADO DE SEGURANÇA – ADMINISTRATIVO –


REDUÇÃO DE PROVENTOS – DECADÊNCIA – MATÉRIA DE ORDEM
PÚBLICA – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO – 1. Consoante
orientação firmada por esta corte, o ato que implica na
redução de proventos é de efeitos concretos, razão pela
qual a impetração de mandado de segurança contra tal ato

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deve ocorrer no prazo legal de cento e vinte dias, sob pena


de decadência. Ressalva do entendimento da relatora. 2. A
decadência, matéria de ordem pública, pode ser reconhecida
de ofício em sede de recurso ordinário. Precedentes. 3.
Processo extinto com julgamento do mérito. (STJ – ROMS
200201435897 – (15463) – SC – 6ª T. – Relª. Min.Maria
Thereza de Assis Moura – DJU 19.11.2007 – p. 00291)

Também assim vem entendendo este Colegiado


Administrativo em diversos de seus julgados.

Portanto, em razão da competência desta instância


administrativa julgadora para apreciar de ofício a questão da
decadência de eventuais créditos tributários lançados na ação
fiscal, assim passamos a proceder.

A decadência em matéria tributária possui regime


jurídico próprio, e é regida, por delegação constitucional (CF,
art. 146, inciso III, alínea ‘b’), pelo Código Tributário
Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu regras


sobre o comentado instituto jurídico (decadência), em vista,
precipuamente, da modalidade de lançamento adotada para cada
espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento por


homologação, ao qual está sujeito o ICMS, o prazo decadencial é
regido pelo 4º do art. 150 do CTN, cuja redação se transcreve:

Art. 150. (...)

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§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5


(cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Assim, em sendo o marco inicial do prazo decadencial


fixado, em lei, pela ocorrência do fato gerador, ou seja, pela
realização no mundo fenomênico da hipótese normativa contida na
regra matriz de incidência tributária, o que se efetiva com a
saída da mercadoria do sujeito passivo (saída do gás para
Sergipe), deduz-se que observados 05 (cinco) anos sem que o
Fisco se pronuncie sobre os procedimentos/recolhimentos fixados
no caput e demais §§ do citado art. 150, estariam estes
tacitamente homologados, logo, decaída a faculdade da autoridade
fazendária de revê-los. Isto diante da extinção do crédito, por
homologação tácita, na dicção dos citados dispositivos legais.

Sobre o assunto cumpre atentarmos para a sempre


abalizada lição de JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO, para quem “tendo
sido realizados os fatos geradores do IPI, ICMS, ISS, Cofins,
PIS, o Fisco só poderá efetuar o lançamento no prazo de cinco
anos contados de cada fato, ou período de apuração (mensal, se
for o caso). Tendo a empresa vendido mercadorias em 20 de
setembro de 2001, sem considerar o ICMS, o Fisco só poderá
lançar este tributo dentro de cinco anos contados a partir de 1º
de outubro de 2001, com termo final em 30 de setembro de
2006.” 11.

11
In Lançamento Tributário e Decadência. Dialética. Fortaleza: 2002, p. 361.

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No caso em apreço, em tendo sido o sujeito passivo,


ora Recorrente, notificado da lavratura do auto de infração em
07 (sete) de julho de 2006 (dois mil e cinco) 12, tem-se como
consectário que eventuais créditos tributários apurados em 1999
e 2000 estão decaídos, logo, extintos, na esteira do art. 156,
inciso V, do CTN.

Isto posto, ACORDÃO OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO


CONSELHO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, integrando as
razões acima às da instância singela, conhecer do reexame de
ofício, para negar-lhe provimento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de março de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES

PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR JULGADOR

12
“Até que o sujeito passivo seja notificado, o auto de infração carece de eficácia, como
título hábil para afastar a decadência do direito de constituir o crédito tributário.” (REsp
73.594/PR. STJ, 1ª T, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. DJU 04.03.96)

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PROCESSO: 1500-028084/2002 e CTE 126/2012.

ANEXO(S): 1500-017053/2004 e 1500-034193/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO: 029839.

AUTUADA: KARAKOLA COMÉRCIO E REP LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.97669-0.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.162/2011.

ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.

AUTUANTE(S): Neuda Cavalcante Abreu.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra o
contribuinte KARAKOLA COMÉRCIO E REP LTDA, já devidamente
qualificado nos autos, do lançamento de crédito, derivado de
multa, pelos fatos de, em tese, o sujeito passivo não ter
comunicado à Secretaria de Fazenda o encerramento de suas

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atividades comerciais, não apresentado 500 (quinhentas) notas


fiscais, 01 (um) livro fiscal e não entregue 01 (uma) Declaração
de Informação Mensal do ICMS – DIM - solicitados pelo Diário
Oficial do Estado.

Como substratos legais foram dados como infringidos o


art. 49, II, III e IV do Regulamento do ICMS aprovado pelo
Decreto nº 35.245/91, e proposta a aplicação das penalidades
previstas nos art. 119, I, “a”, II, “a” e “b” e art. 130, II, da
Lei nº 5.900/1996.
Em síntese, temos o seguinte percurso administrativo
processual dos autos: em impugnação, o contribuinte confirmou
que deixara de comunicar ao Fisco o encerramento das atividades
do estabelecimento, por desconhecer a legislação, porém, não
reconhece as infrações de não apresentação de livros e
documentos fiscais. Isso porque não tinha conhecimento da
solicitação para apresentá-los. Afirma que os livros e
documentos fiscais encontram-se devidamente autenticados e
escriturados, na matriz e na posse de seu contador. Informa
ainda que está entrando com solicitação de baixa da sua
inscrição estadual. Requer nova apreciação dos motivos que
originou o auto de infração e que o mesmo seja cancelado.
Em sede de contrarrazões, o fiscal autuante alega que o
Auto de Infração decorreu de tarefa fiscal, balizada no
Relatório Informativo da Situação Fiscal do Contribuinte e
Relatório Geral de AIDF por Contribuinte. Afirma que o
contribuinte foi notificado para se pronunciar por via de
editais. Espelha-se na afirmativa do sujeito passivo, referente
à baixa da inscrição estadual, para afirmar a procedência da
autuação.
Proferida a Decisão nº 18.162/2011, de Primeira
Instância, tendo a julgadora singular decidida pela procedência
em parte do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória. 1.


Deixar de requerer à repartição

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fazendária a baixa de sua inscrição


cadastral, em decorrência do
encerramento de atividades do
estabelecimento, constitui infração à
legislação tributária – ilícito fiscal
caracterizado. 2. Presunção legal de
extravio de livros e documentos
fiscais – descaracterizado o extravio
por não ter se consumado a presunção
preconizada no §10, do art. 50, da Lei
nº 5.900/1996. Intimação prévia sem
seguir a ordem posta pelo art. 131, da
Lei nº 4.418/1982. Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário
Estadual, nos termos do art. 48,
inciso I, da Lei Estadual n°
6.771/2006.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário, o


julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na forma
estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimada da Decisão de Primeira Instância em 24/09/2011,
a autuada apresentou Recurso Ordinário ao Conselho Tributário
Estadual em 11/10/2011, objetivando a alteração única e
exclusivamente do valor da multa fixada na decisão singular.
Coloca que em vez da multa aplicada de 100 (cem) vezes a Unidade
Padrão Fiscal do Estado – UPFAL – conforme redação dada pela lei
nº 6.556/2004 ao art. 130 da Lei nº 5.900/96, deveria, pelo
princípio da irretroatividade, ser aplicada 10 UPFAL em redação
anterior à referida alteração do art. 130.
Em resposta, pedindo pela manutenção da decisão nº
18.162/2011, o representante fiscal argumenta que o fato de não
comunicar à repartição fazendária a baixa de sua inscrição
cadastral, em decorrência do encerramento de atividades do

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estabelecimento, é incontroverso, já que foi confirmado pelo


sujeito passivo devendo permanecer a multa de 100 UPFAL.
É o relatório.
VOTO
Tratando inicialmente do Reexame Necessário, delimito o
voto à análise da improcedência do lançamento efetivado por meio
do Auto de Infração nº 029839, sob o fundamento da
irregularidade na intimação do sujeito passivo requerendo a
apresentação de livros, notas fiscais e Declaração de Informação
Mensal do ICMS – DIM – todos solicitados para apresentação ao
Fisco estadual exclusivamente pelo Diário Oficial do Estado
conforme Edital nº 32/2002.
Verificando o suposto extravio de livro e notas fiscais,
acertadamente decidiu o julgador singular. O fato jurídico do
possível extravio deles determina a existência da devida
intimação, contendo a solicitação dos documentos 13. Sendo que
ficou constatado que em nenhum momento houve intimação válida,
conforme os meios elencados no art. 131 da Lei nº 4.418/82 14,

13

Lei nº 5.900/96:

Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição deverão, de acordo com a respectiva
atividade e em relação a cada um de seus estabelecimentos:
.....
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-se prova em contrário, o livro fiscal, documento fiscal ou
formulário contínuo,que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual, não tenha sido entregue no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
...

14
Art. 131 - A intimação será feita:
I - pelo autor do procedimento ou outro servidor a quem for conferida a atribuição, comprovando-se pelo
"ciente" do intimado, seu mandatário ou preposto;
II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por quem proceder à intimação;
III - pela ciência dada na repartição ao interessado ou seu representante, em razão de comparecimento
espontâneo ou a chamado do órgão onde se encontre o processo;
IV - por via postal, comprovando-se pelo "Aviso de Recepção (AR)", assinado pelo intimado, seu
representante ou por quem o fizer em seu nome;
V - por edital.

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para apresentação dos referidos livro e talonários, de acordo


com a redação aplicável à época, já que a referida intimação foi
única e exclusivamente por via de edital publicado na imprensa
oficial.
Como se observa pela norma posta, a intimação por Edital
deveria ser a última providência a ser adotada pela Fazenda
quando da solicitação dos documentos ao contribuinte, após
tentativas frustradas de intimação pessoal ou por via postal (§
1º, do art. 131, da lei nº 4.418/82).
Quanto à DIM, apesar da obrigação por parte do
contribuinte de entrega desse documento fiscal sem a necessidade
de intimação prévia, o que averiguo dos autos é que não se sabe
qual DIM está faltando entregar. O auto de infração faz
referência ao Edital nº 32/2002 que solicitava as DIMs dos anos
de 1997 a 2001. Já o Relatório Informativo da Situação Fiscal do
Contribuinte informa da omissão de 3 (três) DIMs de 2002. Qual
DIM falta entregar então? Ou seja, não há como o contribuinte se
defender de tal fato implicando nesse caso cerceamento de
defesa.
Como se vê claramente nos autos, os fundamentos
utilizados pelo Douto Julgador da Coordenadoria de Julgamento
estão corretos. Não foram atendidas pelo autuante tais
exigências probatórias para fundamentar seu lançamento de
ofício, tendo como conseqüência jurídica a não comprovação das
situações de fato das infrações aqui analisadas em sede de
reexame necessário.
Quanto ao recurso ordinário, em sede preliminar, temos
que, de acordo com o art. 32 da Lei nº 6.771/2006 15, o edital de

§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na forma dos incisos I a IV deste artigo, a intimação será feita
por edital, anexando-se uma via ao processo e certificando-se nos autos a sua publicação, com indicação
da página e da data do Diário Oficial.
...
15
Art. 32. O sujeito passivo será intimado da decisão ou acórdão por meio de edital, publicado no Diário
Oficial do Estado, devendo ser remetida, por meio de AR, correspondência para o seu endereço tributário,
dando-lhe conhecimento dessa intimação.
Parágrafo único. Considera-se efetivada a intimação na data do recebimento do AR no endereço tributário
do intimado.

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intimação da ciência da decisão nº 18.162/2011 foi publicado, em


29 de agosto de 2011 e, estando a autuada com sua inscrição
cadastral em situação inativa-baixada, a intimação pessoal
endereçada à representante legal da empresa, por meio de Aviso
de Recebimento – AR, entregue em 24/09/2011 (sábado).
Há, nesta situação de recebimento da intimação no
endereço constante no Cadastro de Contribuintes do Estado,
presunção legal da efetividade da intimação 16.
Averiguo também que a recorrente apenas protocolou
recurso junto a este Conselho Tributário no dia 11/10/2011.
De acordo com o § 1º do art. 45, da lei nº 6.771 17, de
2006, que disciplina sobre o processo Administrativo e
Tributário no estado de Alagoas, o prazo para apresentar recurso
ao Conselho Tributário Estadual é de 15(quinze) dias contínuos,
contados da ciência da decisão, excluído o dia de início e
incluído o dia do vencimento, estes sempre devendo ser dias de
expediente normal no órgão 18.
Logo, o prazo iniciou-se em 26/09/2011 e finalizou em
10/10/2011, o recurso voluntário resta indubitavelmente
intempestivo, devendo ser indeferido de plano 19. Descabe,

16
Lei 6.771/06:
Art. 12. Considera-se efetivada a intimação:
...
§ 1º Presume-se cientificado o sujeito passivo ou interessado, por via postal, quando houver o
recebimento do AR no local correspondente ao seu endereço tributário, constante no Cadastro de
Contribuintes do Estado
17
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
II -...
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
18
Lei 6.771/2006:
Art. 9º Os prazos processuais serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia de início e incluindo-
se o dia do vencimento.
§ 1º Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal no órgão em que tramite o processo
ou onde deva ser praticado o ato.
19
Lei nº 6.771/2006:

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portanto, análise da peça recursal por este juízo


administrativo.
Diante do exposto, voto no sentido de conhecer da
presente remessa necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo
na íntegra a decisão singular ora em reexame e não conhecer do
recurso voluntário por manifesta intempestividade ressalvado o
direito de a autuada recorrer quanto ao reconhecimento da
intempestividade, perante o Pleno desse Conselho, no prazo de 15
(quinze) dias, contados da ciência desta decisão, nos termos do
art. 5.º, § 2.º da Lei nº 6.771/06 20.

Quanto ao argumento da impossibilidade da aplicação da


multa em 100 (cem) UPFAL, verifico que tal multa já estava
vigendo à época do lançamento pela redação dada ao art. 130 da
Lei nº 5900/96 pelo art. 1º da Lei nº 6.005/1998. Aplicar as 10
(dez) UPFAL requeridas pelo contribuinte conforme redação
originária do citado art. 130 seria dar efeito de ultratividade
da norma já revogada quando da ocorrência do fato aqui julgado.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 05 de outubro de 2012.

Art. 5º A petição será indeferida de plano pela autoridade ou órgão responsável pela apreciação da
matéria, conforme o caso, se intempestiva, se postulada ou assinada por pessoa sem legitimidade ou se
inepta, vedada a recusa de seu recebimento ou protocolização.
§ 1º A petição será considerada:
I - intempestiva, quando apresentada fora do prazo legal;
20
Lei nº 6.771/2006:
Art. 5º...
§ 2º É assegurado ao interessado o direito de impugnar o indeferimento da petição declarada
intempestiva, viciada de ilegitimidade ou inepta no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência,
mediante petição dirigida à autoridade ou órgão competente imediatamente superior àquele que proferiu o
indeferimento.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 121


Governo do Estado

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

Mário Sérgio Martins de Castro

Relator

EMENTA- ICMS. Obrigação Acessória.


Extravio de livros e documentos
fiscais: irregularidade na
intimação. Nao identificação do
período da DIM não entregue:
cerceamento de defesa. Reexame
necessário conhecido, para negar-
lhe provimento. Recurso Ordinário
não conhecido em razão da
intempestividade de sua
apresentação. Decisão Singular
mantida na integra.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 122


GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA

CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

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____

SESÃO ORDINÁRIA Nº 21 – 2º CÂMARA – REALIZADA EM: 11/06/2011

PROCESSO Nº.: SF 1500-026974/2003 e CTE-188/2011

ANEXO:SF:038487/03 e 001112/2009

AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 030850 de 29/08/2003

RECORRIDO: TEXFORM S/A

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 214/2013

EMENTA: ICMS– Obrigação acessória. Não


Utilização de equipamento emissor de cupom
fiscal. Contribuinte exerce atividade
varejista. Infração descaracterizada.
Ausência de critério pessoal afasta a
Hipótese de incidência. Recurso de Ofício
conhecido e improvido. Lançamento
Improcedente.

1
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RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão


administrativa nº 17.484/2010, que julgou pela nulidade do
lançamento do crédito tributário constante do Auto de Infração
nº 030850.

A autoridade fiscal lavrou o Auto de Infração para


com o contribuinte TEXFORM S/A autuando que este não usava
Equipamento Emissor de Cupom Fiscal – ECF, embora seja assim
obrigado. Logo, fora gerado uma multa fixa.

Tal infração se dá com os art. 4º, “a” e “b” do Dec.


36.953/96, combinado com o art. 9º, § 5º da Lei 5.900/96,
aplicando-se a penalidade constante do art. 123, XV da Lei
5.900/96, ensejando o crédito tributário no valor de R$ 2.431,50
(dois mil quatrocentos e trinta e um reais e cinqüenta
centavos).

Em sede de impugnação administrativa, o contribuinte


sustenta que a Autuação fiscal é improcedente tendo em vista que
não pratica atos de comércio de qualquer natureza, não estaria
sujeita, pois, a utilização do citado ECF.

Por outro lado, a representação fiscal alega que a


autuada praticou atos de comércio, consoante Notas Fiscais de
vendas de mercadorias. Sendo assim, estaria submetida a
exigência de utilização do ECF.

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, requisita


diligência para que se perfaçam os devidos ajustes concernentes
ao “descompasso verificado entre o crédito tributário apurado na
inicial e os parâmetros previstos no art. 123, XV, da Lei nº
5.900/96. Realizada dita diligência, a autoridade fiscal realiza
um aditamento do lançamento, de maneira a majorar,
consideravelmente, o crédito tributário.

Sendo intimado do referido aditamento, o contribuinte


reafirma que não está obrigado à utilização do ECF, haja vista

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que atuaria no ramo da indústria gráfica. Em contrapartida, a


Representação Fiscal sustenta pela procedência do auto de
infração.

Da leitura conjunto do art. 50, § 2º da Lei 5.900/96


c/c Art. 4-A do Decreto 36.953/96, o julgador singular denotou
que o ECF é obrigatório no que diz respeito aos contribuintes
varejistas, sendo aqueles que vendem mercadorias em pequenas
quantidades assim como para o consumidor final.

Aliado a referida leitura, o julgador singular


constatou que o sujeito passivo não exerce atividade varejista,
seja em razão da atividade do contribuinte inscrita no Relatório
de Dados Cadastrais do Contribuinte, ora em função das notas
fiscais trazidas ao processo.

Assim sendo, a coordenadoria de julgamento decidiu


pela nulidade do lançamento do crédito tributário em razão da
ausência de motivo de fato, visto não haveria infração tampouco
penalidade a ser aplicada.

É o relatório.

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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos


autos, passo ao voto do reexame necessário da decisão singular
17.484/2010, a qual julgou nulo o lançamento do crédito
tributário em questão.

Para o presente julgamento, imperioso se faz


destacar uma análise quanto à obrigatoriedade do Emissor de
Cupom Fiscal.

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O Decreto nº 38.234/99, o qual realizou algumas


alterações no decreto nº 36.953/95, que disciplina o uso de
equipamento emissor de cupom fiscal, em seu art. 4º prescreve a
operação ou operação realizada através de cartão apenas poderá
ser realizada por emissor de cupom fiscal:

Art. 4º A partir das datas referidas no artigo


4º-B do Decreto nº 36.953/96, acrescentado por
este Decreto, a emissão, pelas empresas
obrigadas ao uso do ECF, do comprovante de
pagamento de operação ou prestação, efetuado
com cartão de crédito ou débito automático em
conta corrente, somente poderá ser feita por
meio de ECF.

§1º O comprovante de pagamento referido no


“caput” deve estar vinculado ao documento
fiscal emitido na operação ou prestação
respectiva, conforme disciplinado em
legislação pertinente.

Quanto a impossibilidade de utilização de outro


equipamento é sabido que desde 31/12/1999 o contribuinte já
estava obrigado a utilizar o equipamento ligado ao emissor de
cupom fiscal, prazo este que veio sendo prorrogado até
01/04/2003, consoante prescreve o § 2º do art. 4º do decreto nº.
38.234/99 e o art. 1º da Instrução Normativa nº 19/2002, in
verbis:

§2º O estabelecimento já usuário de ECF ou


terminal ponto de venda - PDV deverá adequar-se
ao disposto no “caput” até 31 de dezembro de
1999.

Art. 1º O art. 1º da Instrução Normativa SF nº


06/02, passa a vigorar com a seguinte redação:

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"Art. 1º A exigência do procedimento previsto no


art. 4º do Decreto 38.234, de 03 de dezembro de
1999, que obriga à emissão do comprovante de
pagamento de operação ou prestação efetuado com
cartão de crédito ou débito automático em conta
corrente através de Equipamento Emissor de Cupom
Fiscal - ECF, fica prorrogada para o dia 1º de
abril de 2003".

Assim, percebe-se que desde dezembro de 1999 foi


proposta a nova sistemática para utilização do ECF, no entanto,
este prazo limite foi prorrogado até abril de 2003.

Não obstante, necessário salientar que tal


exigência não está dirigida a todos os contribuintes. Neste
passo, feliz é o julgador singular ao realizar a análise
conjunta dos dispositivos seguintes: art. 50, § 2º da Lei
5.900/96 c/c Art. 4-A do Decreto 36.953/96.

Diante de tais dispositivos, depreende-se que o


somente o contribuinte lastreado pelo comércio varejista está
submetido a referida exigência/obrigação de utilização do ECF.

Ora, diante dos documentos acostados aos autos,


denota-se que a lide em comento cinge-se, justamente, a
discussão do contribuinte autuado restar caracterizado pelo
comércio varejista ou atacadista, haja vista a questão pacífica
e já explanada da exigência do ECF para o comércio varejista.

Pois bem, analisando as notas fiscais trazidas


ao processo, tem-se que as grandes quantidades ali contidas

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perfazem, desde logo, a caracterização do comércio atacadista.


Ademais, reforçando dito entendimento, observa-se a situação do
contribuinte no “Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte”,
o que permite inferir que o contribuinte realiza atividades
compatíveis – edição e impressão de produtos gráficos /
impressão de material de segurança, com o comércio atacadista.

Logo, denota-se que o contribuinte não realiza o


comércio varejista, razão pela qual não está submetido à
obrigação de portar o ECF.

Sendo assim, importante se faz observar, entretanto,


a dita nulidade do lançamento do crédito tributário constante da
decisão singular.

Neste ínterim, importante se faz o motivo que ensejou


a referida nulidade. Seguindo tal passo, o julgador singular
demonstrou que não houve infração à legislação tributária,
havendo logo ausência de motivo de fato que acarretaria suposta
nulidade.

Porém, é importante notar o seguinte ilustre


entendimento:

“Para Humberto Theodoro Júnior, existem três


estágios de julgamento: ”(...) no primeiro
estágio, o juiz examina se o processo é válido
como relação jurídica processual (pressupostos
processuais). Se tudo está em ordem, não há
necessidade de um julgamento positivo, passa-se
adiante. Se falta pressupostos, julga, desde
logo, nulo ou extinto o processo sem julgamento
de mérito. No segundo estágio que pressupõe a

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validade processual, o juiz examina as


condições da ação (requisitos para obter
sentença de mérito). Se estão presentes, também
não há obrigatoriedade de declará-los (salvo se
forem negados na contestação); segue-se o exame
de mérito. Se falta alguma condição, o juiz
sentencia julgado o autor carecedor da ação, e
o processo extingui-se sem solução para a lide.
Finalmente, no terceiro estágio, se a relação
processual é válida e reúnem às condições da
ação, o juiz examinará o pedido e, qualquer que
seja a solução, (acolhida ou rejeição)
proferirá uma sentença definitiva ou de mérito,
julgando-a procedente ou improcedente.”
243 1
(destaque em grifo nosso) ”

Ora, faz-se imperioso, logo, denotar se há algo que


enseje a nulidade do lançamento em comento, seja em razão do não
cumprimento dos pressupostos processuais, seja em razão do não
atendimento às condições de ação.

Neste passo, denota-se que, consoante o Código de


Processo Civil, tanto os pressupostos processuais como as
condições de ação estão configurados no caso em liça.

Aliás, nota-se, como a próprio julgador singular


constatou, que não há infração alguma à legislação tributária no
caso em comento, mas sim, tão somente, a não subsunção do fato à
norma apurada - à hipótese da lei tributária. Neste diapasão,
importante observar a lição de Geraldo Ataliba:

“A h.i. tributária é a hipótese da


lei tributária. É a descrição genérica e
abstrata de um fato. É a conceituação (conceito

1
NEDER, Marcos Vinícius. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3. ed. – São Paulo:
Dialética, 2010. pg. 423.

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legal) de um fato: mero desenho contido num ato


legislativo.” 2

Logo, vê-se que a autuação decorreu da hipótese de


incidência tributária da não utilização obrigatória do ECF em
razão de suposta caracterização de comércio varejista.

Entretanto, restou verificado, tanto pelas notas


fiscais trazidas aos autos bem como pelos dados cadastrais do
sujeito passivo, que o contribuinte não exerce atividade
varejista, mas sim atacadista. Ora, verificada a não
configuração da hipótese de incidência tributária, denota-se que
se está adentrando no mérito da lide. Não perfazendo, pois,
infração à legislação tributária, não resta conclusão senão de
improcedência, e não nulidade, do lançamento do crédito
tributário.

Diante do exposto e dos dispositivos elencados,


ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
– CTE, por unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário
e negar-lhe provimento, entretanto reformam a decisão singular,
no sentido de improcedência do lançamento do crédito tributário,
tendo em vista a não configuração da hipótese da lei tributária.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de Maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO P. DE M. GOMES

2
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed. – São Paulo: Malheiros Editores Ltda. pg.
59.

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JULGADOR JULGADOR

MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 03 – PLENO/CTE – REALIZADA EM:


13/11/2013
PROCESSO: 1500-016014/90; CTE-102/09
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 039682/90
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA PARA O PLENO
EMPRESA AUTUADA: JOSÉ MARQUES FILHO

AUTUANTE: ANTONIO MENDONÇA UCHÔA FILHO – 15.250

RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA


SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO P-270/2013

EMENTA: ITCD – TRIBUTO NÃO


CONTEMPLADO PELA REMISSÃO PREVISTA
NA LEI Nº. 6.765/06. NULIDADE DA
DECISÃO PROFERIDA PELA 2ª CÂMARA.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
PROVIDA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA
DECISÃO DE MÉRITO.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente feito, objeto de reexame necessário para
o pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto nos
seguintes termos:

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Em data de 21 de maio de 2009, a primeira


instância proferiu julgamento, concluindo pela procedência
do lançamento do crédito tributário lançado, conforme a
seguinte “ementa: - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis
e Doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCD). 1.
Lançamento de ofício de crédito tributário. 2. Falta de
recolhimento de imposto em razão de declaração inexata de
valores venais de imóveis em processo judicial de
arrolamento. 3. Confissão do débito inerente ao tributo. 4.
Lançamento PROCEDENTE.

Submetida a decisão da instância de piso à


Segunda Câmara deste Colegiado em decorrência de Recurso
Ordinário, esta concluiu por maioria de votos pela
prejudicialidade do julgamento do mérito em razão da
remissão do crédito tributário, nos termos do art. 11, inc.
IV, alínea “a”, da Lei nº. 6.765/06, com voto vencido da
eminente Relatora, Julgadora Maria Lopes Milhomes, conforme
a seguinte ementa: “ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO ORIGINÁRIO
INFERIOR A R$ 10,00 Inteligência a alínea “a” do inciso IV
do artigo 11 da Lei 6.765/06. EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO POR REMISSÃO. MODIFICADA DECISÃO SINGULAR – AUTO
DE INFRAÇÃO PREJUDICADO.”

Por força do mandamento contido no art. 48,


inc. II, da Lei nº 6.771/06 o presente processo sobe ao
pleno deste Colegiado para o respectivo reexame da decisão
proferida pela 2ª (Segunda Câmara).

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Em síntese é o relatório.

Voto

Conforme o presente relato, a decisão objeto


da presente remessa reporta-se ao fato da extinção do
crédito tributário decorrente de remissão inerente ao
tributo ICMS com fulcro na alínea “a” do inc. IV do art. 11
da Lei nº. 6.765/06.

O Art. 11, inc. IV, alínea “a”, do referido


diploma legal assim preconizam:

“Art. 11. Ficam extintos, por remissão:

(...)

IV – os créditos tributários, constituídos ou


não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os decorrentes
exclusivamente de penalidades pecuniárias por
descumprimento de obrigações acessórias; (destaquei).

a) cujo valor principal originário seja igual


ou inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais); ou...”

Ocorre que da análise dos autos, o lançamento


se refere ao tributo ITCD – Imposto de Transmissão Causa
Mortis e Doação e não ICMS. Logo, é de se concluir que a

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remissão preconizada pelo reportado diploma legal (Lei nº.


6.765/06), não alcança o tributo ITCD.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer da remessa necessária para dar-lhe
provimento, para reformar a decisão proferida pela 2ª
(Segunda Câmara), tornando os autos para decisão de mérito.

Intime-se o autuado.

Sala das Sessões do CTE, em 13 de novembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MÁRIO SÉRGIO M. DE


CASTRO

JULGADORA JULGADOR

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PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

LUCIANO P. DE M. GOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: 1500-009.239/1998 e CTE 253/2009.

ANEXO: 1500-010.114/1998.

AUTO DE INFRAÇÃO: 067.358, de 02/09/1998.

AUTUADA: DROGANORTE S/A.

ASSUNTO: Reexame Necessário do Acórdão nº 035/2010, da


Primeira Câmara nos termos do art. 48, II, da Lei nº
6.771/2006.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO


ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

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ACÓRDÃO Nº P-267/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Falta de recolhimento do ICMS antecipado.
Lançamento Improcedente pela ausência de
elementos que possam comprovar os valores
devidos a título de antecipação do ICMS. 2)
Lançamento Improcedente. Reexame Necessário
(artigo 48, II, da Lei nº 6.771/06)
conhecido e improvido. Mantido o Acórdão nº
035/2010.

RELATÓRIO.

Trata-se de Reexame Necessário (artigo 48,


II, da Lei nº 6.771/06), referente ao Acórdão nº 035/2010, da
1ª Câmara, que por maioria de votos conheceu do Reexame
Necessário, negou-lhe provimento e manteve a Decisão Singular
que julgou Improcedente o Lançamento com voto contrário do
julgador José Pedro da Silva.

“Art. 48 - Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas


a reexame necessário: (NR)

(...)”

II - pelo Pleno do CTE, as decisões não unânimes de uma de suas


Câmaras. (NR)

(...)”

O auto de infração tem por objeto a


cobrança de crédito tributário no valor de R$ 5.874,71 (cinco
mil; oitocentos e setenta e quatro reais e setenta e um

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centavos), por haver a empresa autuada na condição de


contribuinte varejista de medicamentos, adquirido no ano de
1996, mercadorias não sujeitas ao regime de substituição
tributária, recolhendo a menor o ICMS referente à antecipação
tributária.

Apontado como infringido o artigo 15, do


Decreto 35.999/93, alterado pelo Decreto 36.058/94, combinado
com o artigo 23, do Decreto 36.538/95. Sugerida a aplicação
da penalidade prevista no artigo 84, da Lei Estadual nº
5.900/96.

Em 05/11/2009, foi proferida a Decisão nº


16.253/2009, de Primeira Instância pela qual o Lançamento foi
julgado Improcedente em razão da absoluta falta de provas.

Em 23/02/2010, a 1ª Câmara deste Conselho


por maioria de votos conheceu do Reexame Necessário e negou-
lhe provimento, manteve a decisão singular, tendo o julgador
José Pedro da Silva, votado pela procedência parcial do
lançamento, o que tornou a decisão contrária a Fazenda por
maioria.

A autuada foi notificada do Ácordão e não


se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência, não se pronunciando. Assim, chegam os autos ao Pleno
deste Conselho Tributário Estadual para análise do Reexame
Necessário (artigo 48, inciso II, da Lei Estadual nº
6.771/06).

É o relatório.

Voto

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A análise dos autos demonstra a


inexistência de provas que possam comprovar a infração
apontada na inicial:

A um, porque os autos não estão instruídos


com os elementos de provas, conforme exige o artigo 891,
Inciso IV, do RICMS/91, reproduzido.

“Art. 891 - O processo administrativo fiscal decorrente de Auto


de Infração deve ser instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido,


inclusive cópias dos documentos que serviram de base para a
apuração das irregularidades.

(...)”

A dois, porque os documentos de arrecadação


(DAR’s) anexados, apenas fazem referência ao artigo 13, do
Decreto Estadual nº 36.058/94. Portanto, não são suficientes
para comprovarem que os recolhimentos não se referem às notas
fiscais apontadas na peça inicial.

Já a relação constante às fls. 07 a 35,


dos autos, não possibilita vislumbrar se os produtos
constantes das notas fiscais relacionadas são ou não sujeitos
à sistemática da antecipação, não é possivel demonstrar-se os
valores utilizados como base de cálculo para a liquidação da
obrigação tributária; não se vislumbra o crédito tributário,
muito menos o percentual aplicado (margem de valor agregado)

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previsto no dispositivo, o qual, na presente autuação, difere


daquele valor aplicável as operações com mercadorias sujeitas
à antecipação tributária, sistemática vigente a época.

Não é possível se afirmar com segurança


que ocorreu a falta de recolhimento do ICMS, uma vez que não
se pode comprovar o montante do crédito tributário
efetivamente devido, impossibilitando o afastamento do
argumento exposto na Defesa (impugnação) por mais vago ou
procrastinatório que esta possa aparentar, e, ademais, a
inexistência de provas capazes de demonstrar os elementos
supracitados depõem contra autuação uma vez que a mesma
deveria estar devidamente instruída com as notas fiscais de
aquisição, prova inconteste da infração.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Reexame Necessário (artigo 48, II, Lei nº
Estadual 6.771/06), negar-lhe provimento, para manter na
íntegra o Acórdão CTE nº 035/2010, que manteve por maioria de
votos, a Improcedência do Lançamento conforme Decisão de
Primeira Instância.

Conselho Tributário Estadual, Sala do


Pleno, em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE (acompanhou a relatora) RELATORA

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PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

JULGADOR (votou com a relatora) JULGADOR (votou com a


relatora)

MARIA LOPES MILHOMES

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JULGADORA (votou com a


relatora)

JULGADOR (votou contra a relatora)

ÁLVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO LUCIANO PONTES DE MAYA


GOMES

JULGADOR (votou contra a relatora) JULGADOR (votou contra a


relatora)

JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR (votou contra a relatora)

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SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO DO CTE Nº 03 – REALIZADA EM 13/11/2013

PROCESSO SF Nº 1500-020241/2003; CTE 95/2010

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 031097/2003

RECORRENTE: Davi Nogueira Gatto

RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL

RELATORA: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-266

Ementa: Processo Administrativo Tributário. Recurso


Especial. Requisitos de Admissibilidade não
preenchidos. Divergência Jurisprudencial não
apontada. Recurso Especial Não Conhecido

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A recorrente inconformada com a decisão proferida


através do Acórdão nº 238/2011 da 2ª Câmara, apresenta recurso
especial a este conselho. Antes de delinear as razões recursais, faz
necessário apresentar uma síntese do processo.

O acórdão da 2ª Câmara teve como ponto de


partida para análise a decisão nº 16156/09 da Coordenadoria de
Julgamento, segundo a qual a recorrente teria deixado de recolher ICMS
do exercício de 1999 a 2002 nos termos do auto de infração: “por ter
efetuado vendas de mercadorias sem documentação fiscal. Fato
comprovado pela insuficiência de caixa apurada através de
levantamento específico desta conta, considerando-se os documentos
de receitas e despesas efetuados pelo contribuinte nos períodos
fiscalizados”.
Em sua impugnação ao auto a recorrente sustenta
que a insuficiência de caixa não existe porque a fiscalização coletou
erradamente os valores das vendas correspondentes aos meses de
11/1999, 03/2000 e 04/2000. Juntou cópia do RAICMS para comprovar o
fato que não tem despesas de alugueis, pró-labores, amortização, água,
luz e telefone.
Em manifestação a autuante afirma que os valores
contábeis do livro RAICMS teriam sido alterados e divergem do Livro
de Registro de Saída e que despesas foram obtidas da própria DAC
anual do autuado.

O julgador singular em sua decisão demonstra que a apresentação


de defesa pelo autuado supre qualquer irregularidade de intimação e observa que o
sujeito passivo somente contestou os valores contábeis relativos aos meses de 11/1999,
03/2000 e 4/2000. Ressalta que é nítida a rasura no livro RAICMS e a desconformidade
com o livro RSM.

Afirma o julgador singular que os valores contábeis estão


lastreados no livro RSM e no relatório de cruzamento da DIM/DAC com arrecadação
do ICMS e Débitos Fiscais que evidencia a presunção de saídas de mercadorias
tributáveis em operações internas, sem pagamento do imposto.

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Quanto à multa, ressalta que o artigo 87 da Lei 5900/96 trata da


hipótese de suprimento indevido de caixa e passivo fictício diferente de insuficiência
de caixa em razão disto aplica a multa do art. 79 da Lei 5900/96 equivalente a 50% do
imposto devido, e assim julga procedente em parte o lançamento.

Intimada a autuada, apresenta recurso ordinário e em seguida a


representação fiscal apresentou suas contrarrazões ao recurso, respectivamente.

Analisando recurso da autuada, através de voto de vista deste


relator foi exarado o acórdão nº 134/2010 do Conselho Tributário do Estado de
Alagoas, o qual concluiu que:

No caso dos autos, houve apenas a intimação do sócio, enquanto a


empresa não foi intimada regularmente da decisão da coordenadoria, razão
pela qual, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos, conhecer do recurso, dando
provimento a preliminar arguida pela recorrente para determinar que
ocorra a intimação do contribuinte no seu endereço.

Publicado o acórdão no DOE/AL em 19/06/2011, em 28/07/2010 os autos


foram encaminhados a coordenadoria de julgamento para ser proferido o
cumprimento do acórdão do CTE, assim foi realizada a intimação da decisão da
coordenadoria de julgamento através de aviso de recebimento, bem como através da
ciência por advogado constituído pela contribuinte através de procuração presente às
fls. 152 dos autos do processo original.

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Apesar de efetivada a intimação da decisão singular, a recorrente não


apresentou novo recurso ao CTE, restando apenas a análise da parte improcedente do
lançamento, já que o cerne primeiro recurso da contribuinte discorria apenas sobre
falha de intimação.

A análise da parte sucumbente foi de fácil deslinde, por tratar apenas de


alteração da penalidade imposta, passando do art. 87 da lei nº 5.900/96 para o art. 79 da
mesma lei, ao ser observado que o caso dos autos não é hipótese de suprimento
indevido de caixa e passivo fictício e sim apenas hipóteses de insuficiência de caixa.

Intimada desta última decisão a contribuinte apresenta recurso especial


alegando em síntese que:

1) Foi criada apenas para complementar a atividade principal de outra


empresa de sua propriedade, a qual desenvolve a atividade de posto
de combustíveis, sendo, portanto criada para funcionar como loja de
conveniência;
2) Todos os equipamentos da loja foram instalados no sistema de
comodato;
3) Não houve despesas financeiras, como presumido pelo autuante,
sequer existiu qualquer tipo de financiamento, sendo
desconsiderado o comodato, o qual permitiu a instalação de placas,
propagandas, decoração, etc..

Apresentada contrarrazões pela representação fiscal, os autos foram


encaminhados para julgando designado para Sessão Plena do dia 05/09/2012,
entretanto, em atenção ao requerimento e documentos apresentados pela Recorrente
em 04/09/2012, foi suspenso o julgamento e dado vista ao representante fiscal. Esse por
sua fez contesta os extratos bancários apresentados, demonstrando ainda que sua
apresentação é extemporânea.

É o Relatório.

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Admissibilidade do Recurso Especial.

Antes de analisar o cerne da questão é imprescindível observar os


requisitos do Recurso Especial, descritos especificamente no art. 47 da lei nº
6.771/2006, vejamos:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE, interposto pelo sujeito passivo,
pelo autuante, pelo Procurador da Fazenda Estadual ou pelo Representante
Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara divergir do entendimento sobre
idêntica questão jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE providenciar a instrução do processo


com cópia da primeira decisão indicada, por divergência demonstrada, ficando
a cargo do recorrente a apresentação de cópia das demais, juntamente com o
recurso, se for o caso.

Percebe-se na norma acima, que apenas será possível o Recurso


Especial, quando houve divergência entre às câmeras ou entre uma delas e o pleno,
sobre idêntica matéria. E nos termos do parágrafo único a divergência deve ser
apontada pelo recorrente.

No caso em deslinde, não se identifica o preenchimento do requisito


indicado, no recurso não foram indicadas as decisões divergentes, já no requerimento

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apresentado em seguida, foram citadas apenas decisões da Coordenadoria de


Julgamento.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos não conhecer do
Recurso Especial.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de novembro de 2013

Sérgio Guilherme Alves de A. Filho Álvaro Arthur Lopes de A. Filho

Presidente Relator

Carlos Henrique Mendonça Brandão Odete Mineiro da Paz

Julgador Julgadora

Paulo de Tarso da Costa Silva Maria Lopes Milhomes

Julgador Julgadora

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Mário Sérgio Martins de Castro José Pedro da Silva

Julgador Julgador

Luciano Pontes de Maya Gomes

Julgador

SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: SF–1500 004547/07; CTE 261/09.

ANEXO: SF - 1500 017104/07

AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 70.00303-003/2007, PROTOCOLADO EM 27/02/07

AUTUADA: TÂNIA MARIA SIMÕES DE MIRANDA FRANÇA

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.01281-3

AUTUANTE: ORIVAL JOSÉ DE FRANÇA

RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO


ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-265/2013

EMENTA: ICMS – SAIDAS


MERCADORIAS TRIBUTÁVEIS COMO
ISENTAS DESCARATERIZADA PELA
AUSÊNCIA DE PROVAS NOS AUTOS.

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REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E


NÃO PROVIDO. DECISÃO DA 1ª
CÂMARA DO CTE MANTIDA NA
ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do


Pleno do Conselho Tributário Estadual, nos termos do
Inciso II, do art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata
do Processo Administrativo Tributário, relativo à Decisão
da Primeira Câmara do CTE, Acórdão de nº. 036/2010, que
julgou Improcedente, por maioria de votos, o Auto de
Infração nº 7000303-003/2007, protocolado em 27/02/2007
lavrado contra a empresa Tânia Maria Simões de Miranda
França, qualificada na peça exordial. O acórdão recebeu a
seguinte Ementa:

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – ÔNUS


DA PROVA CABE À ADMINISTRAÇÃO –
AUSÊNCIA DE ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS
QUE LASTREIEM A AUTUAÇÃO – AUTO DE
INFRAÇÃO IMPROCEDENTE.

1. O dever de provar a ocorrência do


fato jurídico tributável que originou
o crédito tributário compete à própria

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Administração, sendo certo que a


ausência de provas acarreta a
improcedência da autuação, como
acertadamente decidiu a CJ no presente
caso.

2. Recurso conhecido e improvido.


Decisão mantida.

O Auto de Infração, objeto da lide, foi


lavrado contra a empresa, em evidência, com alegação do
autuante de que a autuada não recolheu o ICMS relativo à
saída mercadorias tributadas no exercício de 2005,
registradas como isentas e/ou não tributadas.

Na Decisão 16.196/2009 de 1ª Instância, o


julgador singular julgou Improcedente o Auto de Infração,
objeto da lide ressaltando que “há evidências de que a
autoridade lançadora nem ao menos teve acesso aos
documentos fiscais, por ocasião da ação fiscal” valendo-se
a fiscalização apenas de indícios.

Notificadas autuada e Representação Fiscal


estas não se manifestaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

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VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele


consta, nota-se que o Reexame Necessário do Pleno CTE
deve-se à Decisão não unânime da 1ª Câmara do CTE, que por
maioria de votos decidiu pela improcedência do Auto de
Infração nº 7000303-003, protocolado em 21/2/2007 lavrado
contra a empresa Tania Maria Simões de Miranda Franca.

A Coordenadoria de Julgamento requereu na


Diligência Fiscal nº 135/2008 que a fiscalização provasse
as alegações iniciais acostando aos autos “instrumentos
necessários à instrução probatória” (fls. CJ 19 a 22),
ratificada pela nova Requisição de Diligência 040/2009
(Fls. CJ 26 e 27).

O parecer fiscal da Diretoria de Fiscalização


confirma que o Auto de Infração, objeto da lide, não tem
respaldo legal e sugere que esta seja declarada nula (Fl.s
SEFAZ – DIFIS 29 e 30).

A prova do elemento constitutivo do direito


reclamado é da fiscalização, nos temos do art. 333 do
Código Civil. Observa-se que nos autos não foram anexados
as cópias das Notas Fiscais de Mercadorias pertinentes ao
crédito tributário exigido. Falta documentação material
para embasamento da autuação, nos termos do art. 891,
Inciso V, do RICMS, aprovado pelo Decreto 35245/91,
vigente à época da autuação:

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Art. 891. O processo fiscal


contencioso deverá ser
instruído, consoante a
infração detectada, com os
seguintes documentos:

(...)

V - cópia dos documentos que


serviram de base para a
apuração das irregularidades,
em qualquer caso;

(...)

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
proceder ao Reexame Necessário negando-lhe provimento,
acompanhando integralmente o julgador de primeira
instância da Coordenadoria de Julgamento e da 1ª Câmara do
CTE que julgaram Improcedente o lançamento do crédito
tributário.

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Conselho Tributário Estadual, Sala do Pleno, em Maceió, 13 de


novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADOR JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JULGADORA
JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO

JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO Nº.: 1500-005526/2010 e CTE Nº.512/2010

ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA DA 1ª CÂMARA PARA O PLENO

AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.94506-001

AUTUADA: BRASNORTE VEICULOS E ACESSORIOS LTDA.

AUTUANTE: MARCIA CARRILHO LEÃO PEIXOTO – Mat. 23.215

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

VOTO VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-264/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. EMBARAÇO A FISCALIZAÇÃO.


CONFORME MANDAMENTO CONTIDO NO § 2º, DO ART.
763, DO RICMS, PARA QUE SE CARACTERIZE O
EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO É IMPRESCINDÍBVEL A
LAVRATURA DO RESPECTIVO TERMO NO TOCANTE AO
COMPORTAMENTO DO CONTRIBUINTE DIANTE DA
EXIGÊNCIA DO FISCO. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E PROVIDA. DECISÃO DA 1ª CÂMARA
MANTIDA.

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RELATÓRIO

Trata-se de novo reexame necessário, cujo escopo é a


análise do Acórdão n° 152/2011, emitido pelos membros da 1ª
Câmara do CTE, que por maioria dos votos entendeu pela
improcedência do lançamento do crédito tributário constituído
pelo Auto de Infração n° 99.94506-001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria


embaraçado a ação fiscal por ter deixado de atender ao
solicitado pela fiscalização em sede de intimação fiscal,
omitindo-se da apresentação de livros ou documentos fiscais.

Desta feita, teriam sido violados o artigo: 59 da Lei


nº5.900/96 c/c os artigos: 49, incisos II, e X e 763, §2º do
RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, aplicando-se, por
conseguinte, a penalidade do artigo 135 da Lei nº 5.900/96.
Assim fora fixado crédito tributário no valor de R$: 810,50
(oitocentos e dez reais e cinquenta centavos).

Em sede de defesa, o sujeito passivo argui: a) que no


dia 24/09/2009 recebeu a intimação fiscal nº 55822, a qual
solicitava os livros fiscais e documentos contábeis referentes
ao exercício de 2004 a 2009; b) que os documentos solicitados
foram, no prazo estabelecido, selecionados para aguardar a
presença dos fiscais com o fito de estes procedessem a devida
fiscalização, entrementes a fiscalização não mais apareceu na
empresa para verificar os referidos livros e documentos; e c)
que não haveria como lhe imputar responsabilidade, tendo em

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vista que, pelo fato de os documentos estarem a disposição da


autuada, teria sido esta a responsável pela configuração do
infortúnio.

A Autuante, tomando por base o art. 36, § 3º, I, da


Lei nº 6.771/2006 (procedimento especial), optou por não
apresentar contrarrazões

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, julgou


procedente em parte o lançamento consubstanciado pelo Auto
nº99.94506-001, consoante se denota da seguinte ementa:

ICMS. Obrigação acessória. Embaraçou a


fiscalização quando deixou de apresentar
livros e documentos fiscais solicitados
mediante Intimação Fiscal. Ilícito
caracterizado (norma antecedente do art.
135 da Lei nº 5.900/1996). LANÇAMENTO
PROCEDENTE EM PARTE. PROCEDIMENTO ESPECIAL
em razão do valor (inciso II, do art. 36,
da Lei n° 7.078/2009)

Ademais, constituindo o crédito tributário no valor


total de R$: 162,10 (cento e sessenta e dois reais e dez
centavos).

Inconformado com a decisão, o Autuado interpôs pedido


de revisão em face da decisão nº 093/2010 da coordenadoria de
julgamento, reiterando razões apresentadas na de defesa inicial
e acrescentando que as normas legais que envolvem a espécie
foram totalmente desprezadas por aqueles que representam o
interesse maior da fazenda estadual.

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Em sede de contrarrazões, a Autuante aduz que: a) o


recurso do contribuinte tem finalidade procrastinatória, por não
colacionar aos autos elementos que carreiem suas alegações; b) o
contribuinte embaraçou a fiscalização ao não apresentar os
livros fiscais, solicitados; c) a decisão nº 093/2010 proferida
em juízo singular, deve ser reformada, no sentido de aplicar a
penalidade de multa inicialmente proposta, qual seja R$: 810,50
(oitocentos e dez reais e cinquenta centavos)

Instado a se pronunciar sobre a matéria, o Conselho


Tributário Estadual, por maioria de seus membros, acompanhou o
voto do relator, consolidando através do Acórdão nº 152/2011, o
seguinte entendimento:

ICMS OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – NÃO ATENDIMENTO


DE INTIMAÇÃO FISCAL PARA APRESENTAÇÃO DE
LIVROS – MERA OMISSÃO DO CONTRIBUINTE –
INEXISTÊNCIA DE PRÁTICA DE ATO DE EMBARAÇO
À AÇÃO FISCAL - RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO – AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE
– DECISÃO DA CJ REFORMADA.

Sobem os autos para analise da decisão da 1ª câmara


face o reexame necessário obrigatório.

É o relatório.

VOTO

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Na verdade, atentando-se para os termos do § 1º


do art. 761 do RICMS, a configuração do embaraço à fiscalização
pressupõe um ato “comissivo” por parte do contribuinte,
exigindo assim uma ação do contribuinte, conforme redação in
verbis: “Considera-se embaraço à ação fiscal todo e qualquer
ato praticado por contribuinte ou responsável, no intuito de
impedir, por qualquer forma, os exames e diligências solicitadas
pelos fiscais, para o fiel desempenho de suas atribuições.”

Entretanto, para que se concretize a ação, o


comportamento do contribuinte no sentido de não atender ao
Fisco, é necessário a lavratura do respectivo termo da
ocorrência da omissão da empresa diante da intimação fiscal
para apresentar os livros fiscais, o que não foi feito,
conforme mandamento contido no § 2º do Art. 763, do RICMS,
verbis: “A inobservância do disposto no § 1º do art. 757, ou a
recusa do atendimento, pelas pessoas e entidades de que trata
este artigo, de qualquer informação solicitada pelo Fisco,
caracteriza embaraço à fiscalização, devendo ser lavrado o termo
respectivo.” (Grifei).

In casu, consta dos autos que a empresa fora


intimada para apresentar livros, notas e outros docs. fiscais e
em contrapartida afirmação da mesma de que ”os documentos
solicitados foram, no prazo estabelecido, selecionados para
aguardar a presença dos fiscais com o fito de procederem à
devida fiscalização.”

Ocorre que, mesmo alterado o rito do feito de


especial para ordinário, em razão de requisição de diligência
(fl. 12 – Proc. 1500-020798/10), a Representação Fiscal não
enfrentou, quando da contestação do pedido de revisão a alegação
da autuada de que “os documentos solicitados foram, no prazo
estabelecido, selecionados para aguardar a presença dos fiscais
com o fito de procederem à devida fiscalização.

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De forma que, diante da ausência nos autos da


lavratura do respectivo termo circunstanciado dando conta do
embaraço à fiscalização somado ao silêncio do Fisco no tocante a
seleção dos documentos então solicitados, aguardando a presença
dos fiscais, segundo afirmação da própria autuada, não vislumbro
a configuração do embaraço apontado pela autuante.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer da remessa
necessária para dar-lhe provimento no sentido de manter a
decisão da 1ª Câmara, que considerou a improcedência da ação
fiscal.

Conselho Tributário Estadual, Sala do Pleno, em Maceió, 13 de


novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR(VOTO VENCEDOR)

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PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR) JULGADORA(VOTOU CONTRA O


RELATOR)

ODETE MINEIRO DA PAZ LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES

JULGADORA(VOTOU COM O RELATOR) JULGADOR(VOTOU CONTRA O


RELATOR)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO

JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR) JULGADOR(VOTOU CONTRA O


RELATOR)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: 1500-011064/2000 e CTE nº 234/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO:18381

AUTUADA:BARETA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA

ASSUNTO: Reexame Necessário.

RELATOR:LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.

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PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-263/2013

EMENTA: ICMS. LEVANTAMENTO FÍSICO DE


ESTOQUE. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO.
DÉBITO PARCIALMENTE CONFESSADO.
MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO ATÉ O LIMITE
DA CONFISSÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 23,
PARÁGRAFO 3O, INCISO III, E ART. 28,
PARÁGRAFO 4O, INCISO II, AMBOS DA LEI
6.771/2006 (PAT). REEXAME DE OFÍCIO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
LANÇAMENTO PARCIALMENTE PROCEDENTE.

Relatório

Trata-se de reexame de ofício ao Acórdão n.


394/2011, da 1a. Câmara do Conselho Tributário Estadual,
que chega para análise do Pleno deste Colegiado
Administrativo por força do art. 48, inciso II, da Lei n °
6.771/2006 (PAT), considerando que o referido decisório,

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não unânime (ficou vencido o julgador José Pedro da Silva),


que manteve a improcedência da autuação já proclamada pela
instância singela.

Previamente ao voto, conveniente empreendermos um


breve resumo dos atos e fases processuais já vencidas.

Segundo se colhe da peça de lançamento, este foi


motivado por uma suposta omissão de venda de mercadorias no
exercício de 1999, apurada mediante levantamento físico de
estoque.

Regularmente intimado, o contribuinte ofereceu


impugnação ao lançamento, ocasião na qual se insurgiu
contra os valores unitários utilizados pela fiscalização,
segundo ele, incompatíveis com a média de preços praticada.

Seguiu-se uma diligência solicitada pela


Coordenadoria de Julgamento, no sentido da juntada do Livro
Termo de Ocorrências e de Estoque, diligência essa atendida
pela fiscalização, que inclusive acostou aos autos os
respectivos documentos.

Ao sujeito passivo fora oportunizado a


manifestação sobre a documentação referenciada, sem que
este o tivesse feito.

Seguiram os autos para julgamento pela instância


a quo que, sustentando “a ausência de prova relativamente a
quantidades e valores das entradas e saídas anotados nas
planilhas “Controle Físico de Mercadoria” (fls. 07 a 08 dos

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autos) e “Relatório de Levantamento de Mercadoria


Sequencial” (fls. 09 a 51 dos autos)”, concluiu, então, que
“apresenta-se insuficiente a instrução”, e, enfim, pela
improcedência da autuação.

Intimados, contribuinte e Representação Fiscal


quedaram-se silentes.

No Acórdão n. 394/2011, ora alvo de revisão por


força da regra insculpida no art. 48, inciso II, da Lei n.
6.771/2006, os julgadores, por maioria, trilharam a linha
da Coordenadoria de Julgamento, capitaneados pelo voto do
já saudoso relator, o julgador Segismundo Cerqueira Filho,
a quem aqui deixo patenteado meu pesar pela sua passagem e
minha certeza de que pela retidão de caráter e espírito
elevado está em algum lugar melhor.

Intimados, mais uma vez mantiveram-se silentes o


sujeito passivo e a Representação Fiscal.

Assim subiram os autos a este Plenário.

VOTO

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De chofre, embora ciente de que vigora entre os


princípios informadores do Processo Administrativo Fiscal a
informalidade, como atributo de um valor maior que é o da
verdade material, não se pode advogar a completa falta de
forma e rito, sob pena de mácula ao processo em si. Assim é
que reiteradamente externo posição sobre a necessidade da
correta instrução processual, mesmo porque assim impõe
regras cogentes, como o citado art. 891 do RICMS/AL.

Perfilhando os autos, entretanto, embora falha a


instrução processual, observo que instado sobre o
lançamento contra si imputado, o sujeito passivo não
questiona as diferenças apuradas pelo levantamento físico
de estoque, limitando-se a se insurgir quanto aos valores
unitários atribuídos as mercadorias cujas saídas foram
presumidamente omitidas.

É de se observar, ainda, que o sujeito passivo


chega a acostar a sua defesa levantamento particular (fl.
61), no qual reproduz as diferenças encontradas pela
fiscalização, em manifesta confissão quanto às omissões
encontradas, apenas discordando quanto aos valores.

Não posso deixar de concluir que, nesta


oportunidade, na qual inclusive o contribuinte apontou os
valores unitários que entendia ser corretos, apurando a
base respectiva do tributo estadual, há confissão, ainda
que parcial, do crédito tributário lançado.

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A situação retratada se subsume claramente às


hipóteses do art. 23, parágrafo 3o, inciso III e 28, § 4º,
II, do PAT.

Art. 23. (...)

§ 3º Respeitadas as situações previstas no art. 5º, não se examinará o mérito


da defesa:

(...)

III - que tenha contestação de valores pecuniários antes confessados como


devidos, ou conteste informações tributárias anterior e voluntariamente
prestadas ao Fisco pelo sujeito passivo; e

Art. 28. (...)

§ 4º O julgador que tiver ciência, por documento incluso nos autos em


qualquer fase do processo, que o autuado tenha confessado o crédito
tributário objeto do contraditório:

I - no todo, deverá decidir pela extinção do processo com julgamento do


mérito; e

II - em parte, deverá proferir a decisão apreciando a parte não confessada,


extinguindo o litígio quanto à parte confessada.

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Diante das normas capituladas, entendo que o


caminho natural ao processo, após a impugnação do sujeito
passivo, seria a delimitação do objeto controvertido e o
pronunciamento sobre a confissão quanto às omissões
reconhecidas no documento de fl. 61.

Sobre os valores unitários, esta sim a matéria


controvertida nesses autos, pois contestados pelo sujeito
passivo, filio-me a corrente já trilhada pelas duas
instâncias por quem os presentes autos já passaram. No
caso, de que carecem os autos de provas necessárias para
confirmar a grandeza eleita pela fiscalização para os
valores unitários. Assim, entendo improcedente a autuação
no que excede aos valores confessados pelo sujeito passivo.

No que se refere à penalidade, por força de


legislação superveniente, aplico a multa do art. 79 da Lei
n. 5.900/96 em substituição a do art. 84 do mesmo Diploma
Legal.

Segue o demonstrativo do crédito tributário:

DIFERENÇAS: ENTRADAS SAÍDAS TOTAL

VALOR R$ 6.426,85 R$ 26.114,17 -

ICMS - R$ 4.439,41 R$ 4.439,41

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MULTA (art. 84) R$ 546,28 R$ 2.219,71 R$ 2.765,99

TOTAL - - R$ 7.205,40

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, votar
no sentido de conhecer do reexame de ofício para dar-lhe
parcial provimento, no sentido de julgar o lançamento
parcialmente procedente, reconhecendo o crédito tributário
até o limite do crédito confessado pelo sujeito passivo,
conforme planilha de cálculo no corpo deste decisório.

Sala de Sessões do CTE, Pleno. Maceió/AL, 13 de


novembro de 2013

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE M.


GOMES
PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADOR

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ODETE MINEIRO DA PAZ JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR (Contra
Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADOR JULGADOR (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: 1500-009528/1997 e CTE nº 207/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO:066828.

AUTUADA:COLIVETTI MÓVEIS E EQUIPAMENTOS LTDA.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

RELATOR: ODETE MINEIRO DA PAZ.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

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ACÓRDÃO Nº P-262/2013

EMENTA: ICMS - Obrigações Acessórias. 1)


Falta de apresentação das Declarações de
Movimento Econômico do período 1993 e 1994
à Repartição Fazendária. 2) Não
escrituração do LRIM nos exercícios de 1991
a 1994). 3) Infrações não comprovadas por
absoluta falta de provas. 4) Lançamento
Improcedente. 5) Reexame Necessário (artigo
48, II, da Lei nº 6.771/2006) conhecido e
improvido. Mantido o Acórdão nº 290/2012,
da Segunda Câmara deste Conselho Tributário
Estadual.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário do Acórdão nº


290/2012, da Segunda Câmara deste Conselho que por maioria de
votos decidiu manter a decisão da Primeira Instância que
julgou como Improcedente o Lançamento.

O lançamento objetiva a cobrança de 02


(duas) infrações, a primeira, pela falta de escrituração do
LRIM (1991 a 1994) e a segunda, referente à falta de
apresentação das Declarações de Movimentos Econômicos (1993 e
1994).

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Em 14/03/2011, foi proferida a Decisão nº


17.736/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento por falta de provas.

Em 27/07/2012, a 2ª Câmara deste Conselho


por maioria de votos manteve a decisão singular.

É o relatório.

Voto

Como bem afirma o relator da Segunda Câmara


nos autos está comprovada a ausência de provas para confirmar
as infrações apontadas na peça inicial, haja vista, não terem
sido anexadas cópias do LRIM para comprovação de que não fora
escriturado nos exercícios de 1991 a 1994, nem de qualquer
documento capaz de comprovar que a autuada não apresentou
suas Declarações de Movimento Econômico relativas aos
exercícios de 1993 e 1994, até porque, sequer foi intimada
para tal. Não existe nenhuma prova a sustentar a pretensão do
fisco.

Nesse passo, tanto o julgador da Primeira


Instância, quanto o relator da Segunda Câmara, estão
corretos, pois, como dito, o autuante não atendeu as
exigências da norma vigente quanto à instrução probatória
visando à comprovação da infração posta na inicial. Assim,
não estando comprovada a situação fática que ensejou a
lavratura do auto de infração o Lançamento é Improcedente.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer
do Reexame Necessário (artigo 48, II, da Lei Estadual nº
6.771/2006), nego-lhe provimento. Mantido na íntegra o
Acórdão nº 290/2012, oriundo da Segunda Câmara deste
Conselho.

Sala do Pleno do CTE, em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. DE A.


FILHO
JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: 1500-012150/1994 e CTE nº 150/2007.

AUTO DE INFRAÇÃO:29314/1993.

AUTUADA: DESTILARIA PROMOTÓRIO LTDA.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDOÇA BRANDÃO.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-261/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE RECOLHIMENTO


DO IMPOSTO. REVELIA. EXTINÇÃO DE
CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA PRESCRIÇÃO.
REEXAME CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA NA ÍNTEGRA.

Cuida o auto de infração da constituição de crédito


tributário no importe de CR$ 4,49 (quatro cruzeiros reais e
quarenta e nove centavos) de imposto e multa no montante de
CR$ 6,73 (seis cruzeiros reais), em razão do contribuinte
ter: (a) deixado de recolher ICMS referente a notas fiscais

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de saídas de aguardente de cana, série C-1, emitidas em


fevereiro e março de 1989; e (b) extraviado os livros
fiscais de saídas nº 01 e o de apuração do ICMS nº 01.
Foram apontados como transgredidos os artigos 5º, V,
55, da Lei 5.077/89 e art. 49, da Lei 5.109/89 e aplicada
penalidade prevista no art. 98 da Lei 5.077/89 e art. 862
do Decreto 35.245/91.
Intimado em 30/04/1994, o Contribuinte não apresentou
defesa, tendo sido lavrado termo de revelia às fls. 10.
Através da Decisão n.º 15.243/07, a Coordenadoria de
Julgamento julgou prejudicado o lançamento tributário pela
prescrição.
O Fisco e o Contribuinte tomaram ciência da decisão da
1ª Câmara do CTE, no entanto, não se manifestaram.
Posteriormente os autos então foram encaminhados ao Pleno
para julgamento do reexame necessário.
É o relatório.

VOTO

Com razão a 1ª Câmara.

Observa-se nos autos que, mesmo intimado em


30/04/1994, o contribuinte não apresentou impugnação ao
auto de infração, tendo sido lavrado o Termo de Revelia em
10/11/1994.

Desde o decurso do prazo sem a manifestação do

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contribuinte o crédito tributário está constituído


definitivamente. A partir de então, iniciou-se o prazo
prescricional de cinco para sua inscrição e propositura da
competente execução fiscal.

É o que dispõe o art. 141 da Lei nº 4418/82, in


verbis:

“Art. 144 – Findo o prazo de


intimação, sem pagamento do débito
ou apresentação de defesa ou
recurso, será providenciado a
lavratura do termo de revelia e o
encaminhamento do débito para
inscrição na Dívida Ativa.”

Em total dissonância com os ditames legais, o Fisco


quedou-se inerte pelo prazo superior a 18 (dezoito) anos.

Na realidade, ao invés de inscrever em dívida ativa e


dar início a cobrança judicial, o Fisco desnecessariamente
encaminhou o auto de infração para conhecimento pela
Coordenadoria de Julgamento. Acertadamente, o julgador de
piso reconheceu a prescrição, ante o decurso de mais de
cinco anos da constituição definitiva do crédito sem
qualquer execução fiscal, decisão posteriormente confirmada
pala 1ª Câmara do CTE.

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Pelo exposto, não tendo sido tomada tal


providência pela Fazenda Estadual e passados mais de 18
(dezoito) anos da constituição definitiva do crédito,
ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do Reexame
Necessário para negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a
decisão da 1ª Câmara do Conselho Tributário Estadual.
Crédito Tributário extinto pela prescrição.

Salas das Sessões do CTE, Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES

JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: 1500-010240/1996 e CTE nº195/2007.

AUTO DE INFRAÇÃO:067955/1995

AUTUADA:LEANVOLKS COMERCIAL AUTO PEÇAS LTDA.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

RELATOR:CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-260/2013

EMENTA: ICMS – FALTA DE


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO.
REVELIA. EXTINÇÃO DE CRÉDITO
TRIBUTÁRIO PELA PRESCRIÇÃO.
REEXAME CONHECIDO E
IMPROVIDO. DECISÃO MANTIDA NA
ÍNTEGRA.

Relatório

Trata-se de reexame necessário em virtude do


Acórdão n.º 127/2008 da 1ª Câmara do CTE a qual, por
maioria de votos, julgou prejudicado o crédito tributário
pela prescrição:

O auto de infração n.º 67955 constituiu crédito

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tributário no valor de R$ 246,92 (duzentos e quarenta e


seis reais e noventa e dois centavos) de imposto e R$
370,38 (trezentos e setenta reais e trinta e oito centavos)
de multa, em virtude da falta de recolhimento do imposto em
operações de saída não escrituradas em livro próprio.

Instruem o auto: dados cadastrais, cartão de


autógrafo, relação de notas fiscais, cópias do livro
registro de saídas e de termos de ocorrência.

Intimado em 13/12/1995, o contribuinte não


apresentou impugnação ao auto de infração. Foi lavrado
termo de revelia em 28/08/1996.

Houve pedido de diligência, em face da ausência


de documentos suficientes para julgamento.

A Coordenadoria de Julgamento decidiu pela


improcedência do Auto de Infração, consubstanciada na
ausência de provas, assim ementando:

ICMS . Não recolhimento


do imposto, Falta de
lançamento, no livro fiscal
próprio, de documentos
fiscais relativos às
operações de saídas.
Insuficiência de provas. AUTO
DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE

Muito embora intimados da decisão da 1ª Câmara, a


representação fiscal e o autuado não se manifestaram.

VOTO

Com razão a 1ª Câmara.

Observa-se nos autos que, mesmo intimado em


13/12/1995, o contribuinte não apresentou impugnação ao

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auto de infração, tendo sido lavrado o Termo de Revelia em


28/08/1996.

Desde o decurso do prazo sem a manifestação do


contribuinte o crédito tributário está constituído
definitivamente. A partir de então, iniciou-se o prazo
prescricional de cinco para sua inscrição e propositura da
competente execução fiscal.

É o que dispõe o art. 141 da Lei nº 4418/82, in


verbis:

“Art. 144 – Findo o prazo de


intimação, sem pagamento do
débito ou apresentação de
defesa ou recurso, será
providenciado a lavratura do
termo de revelia e o
encaminhamento do débito para
inscrição na Dívida Ativa.”

Em total dissonância com os ditames legais, o


Fisco quedou-se inerte pelo prazo superior a 15 (quinze)
anos.

Na realidade, ao invés de inscrever em dívida


ativa e dar início a cobrança judicial, o Fisco
desnecessariamente encaminhou o auto de infração para
conhecimento pela Coordenadoria de Julgamento.
Acertadamente, o Conselho Tributário reconheceu a
prescrição, ante o decurso de mais de cinco anos da
constituição definitiva do crédito sem qualquer execução
fiscal.

Não tendo sido tomada tal providência pela


Fazenda Estadual e passados mais de 15 (quinze) anos da sua
constituição definitiva.

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Isto Posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário para negar-lhe provimento,
mantendo na íntegra a decisão da 1ª Câmara do Conselho
Tributário Estadual, que entendeu ser o Crédito Tributário
extinto pela prescrição.

Sala das Sessões do CTE Maceió/AL, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADORA JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES

JULGADOR JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

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PROCESSO: 1500-015.342/2005 e CTE nº 525/2011.

ANEXO: 1500-030.945/2005.

AUTO DE INFRAÇÃO: 99.35440-002, de 16/06/2005.

AUTUADA: LUCIALDO DA SILVA SOUZA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.085.484-5.

ASSUNTO: Reexame Necessário do Acórdão nº 329/2012, nos


termos do artigo 48, II, da Lei Estadual nº 6.771/2006.

RELATOR NA 2ª CÂMARA: Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho.

RELATORA NO PLENO: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO


ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-259/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias
tributáveis em operações internas, apurada
através de Levantamento Financeiro da Conta
Caixa. 2) Não analisadas compras a prazo e
duplicatas. Ausência de provas a
caracterizar o ilícito fiscal. 3)Lançamento
Improcedente. 4) Reexame Necessário (artigo
48, II, da Lei Estadual nº 6771/2006,
conhecido e improvido. Mantido na íntegra o
Acórdão nº 329/2012, da 2ª Câmara deste
Conselho Tributário Estadual.

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RELATÓRIO

Trata-se de Reexame Necessário do Acórdão


nº 329/2012, da 2ª Câmara deste Conselho, nos termos do
artigo 48, II, da Lei Estadual nº 6.771/2006.

O lançamento exige crédito tributário no


valor de R$ 39.814,41 (trinta e nove mil; oitocentos e
catorze reais e quarenta e um centavos) referente à omissão
de mercadorias tributáveis em operações internas, fato
apurado através de Levantamento Financeiro da Conta Caixa no
exercício de 2000, sendo apontados como infringidos os artigos
2º, I, §10; 43; e 50, da Lei nº 5.900/1996, e 49, VIII, do
RICMS/1991.

A autuada pede a nulidade da autuação com a


improcedência do lançamento, pois, o autuante não observou o
rito processual (notificação pessoal da autuada); não efetuou
o levantamento físico de estoque, nem considerou o saldo de
caixa do exercício anterior.

O autuante argumenta que a autuada foi


notificada regularmente, descabendo a acusação de invalidade
da notificação; considerou o estoque zero porque seu valor
não estava escriturado no livro RUDFTO; as compras a prazo
não foram verificas devido à falta de registro no LREM.

Em 23/09/2011, foi proferida a Decisão nº


18.229/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento por insuficiência de provas. Notificadas a autuada
e a Representação Fiscal não se pronunciaram.

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Em 31/08/2012, na Sessão Ordinária nº 32


(trinta e dois) a Segunda Câmara deste Conselho através do
Acórdão nº 329/2012, decidiu por maioria de votos manter a
Decisão da Primeira Instância Administrativa.

Assim, chegam os autos a este Pleno para


análise do Reexame Necessário (artigo 48, II, Lei
6.771/2006).

É o relatório.

Voto

A análise dos autos demonstra que o relator


da Segunda Câmara acertadamente manteve a decisão singular
que julgou Improcedente o Lançamento por falta de provas.

Nesse passo, como afirma o referido


relator, o ônus da prova nos termos do artigo 333, do CPC,
cabe a fiscalização e o auto de infração deveria atender ao
disposto no artigo 89l, do RICMS/1991.

LEI Nº 5.869/1973 - CPC

Art. 333 – O ônus da prova incumbe:

I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito.

(...)”

RICMS/91 – APROVADO PELO DECRETO


35.234/1991

“Art. 891 - O processo administrativo fiscal decorrente de Auto


de Infração deve ser instruído com:

(...)

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IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido,


inclusive cópias dos documentos que serviram de base para a
apuração das irregularidades.

(...)”

Portanto, a comprovação da infração cabia ao


fisco, e, dos documentos anexados, nenhum deles se presta
para demonstrar a forma de adimplemento das compras
realizadas pela autuada. São incabíveis as alegações do fisco
ao afirmar que a autuada não teria apresentando ou não
possuía compras a prazo, quando lhe cabia a obrigação de
apresentar provas suficientes a aferição desta conta e a
comprovação da infração.

Como dito, as alegação ou os indícios que


apontam a infração consubstanciada, são insuficientes, há,
pois, a necessidade de que cópias de livros ou documentos
fiscais fossem apresentadas a fim de dirimir as dúvidas
concernentes às supostas divergências apuradas para saber a
forma de adimplemento e suas implicações para com a
presunção de omissão de saídas de mercadorias, como
acertadamente, está posto na decisão singular e no Acórdão
nº 329/2012; situação em que o Lançamento é Improcedente.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negando-lhe provimento.
Mantido o Acórdão nº 329/2012.

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Conselho Tributário Estadual, Sala do


Pleno, em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADOR JULGADOR

MARIA LOPES MILHOMES


MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JULGADORA
JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR( contra o
relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES

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JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013

PROCESSO: SF1500-001333 e CTE 113/2008, ANEXO: 1500-


006967/1993
AUTO DE INFRAÇÃO: 51917 DE 16/08/1993
CONTRIBUINTE: FARIAS & FARIAS LTDA
AUTUANTE: MARIA CÉLIA DE SOUZA GOMES – MAT. 55.748
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
JULGADOR COM VOTO VENCEDOR: MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO


ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P 258/2013

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.

1. Recolhimento minorado de imposto.


2. Falta de apresentação à Repartição
Fiscal de DAR credor. 3. Ausência de
escrituração no livro fiscal próprio
de notas fiscais relativas à aquisição
de mercadorias. 4. Aquisição de
mercadorias desacompanhadas de notas
fiscais. 5. Cancelamento irregular de
notas fiscais série B-1. Afastada a
extinção do crédito tributário por
remissão. Retorno dos autos para a 1ª
Câmara desse Conselho proceder a novo
julgamento. Reexame necessário
conhecido e provido.

RELATÓRIO

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Trata-se de reexame necessário em virtude do Acórdão n.º


037/2012 da 1ª Câmara que, por maioria de votos, julgou
extinto o crédito tributário por remissão, assim ementando:

Cuida da constituição de crédito tributário no


valor de CR$ 411.559,93 (quatrocentos e onze mil,
quinhentos e cinquenta e nove cruzeiros reais e noventa e
três centavos), em razão de supostamente o contribuinte ter
cometido as seguintes infrações: 1) deixou de recolher
ICMS, apurado através de levantamento do débitos/créditos
registrados e recolhidos no exercício de 1992; 2) não ter
apresentado o DAR à SEFAZ, referente ao saldo credor
apurado nos meses de jan/fev/dez de 1992; 3) deixou de
registrar as notas fiscais da série E-1 de n. 404/408 e
351/372, referente a entrada de mercadoria não tributada;
4) adquiriu mercadoria sem nota fiscal E-1, constatado por
intermédio de levantamento físico do estoque; 5) deixou de
registrar a nota fiscal nº 89141, de compra de mercadoria;
e 6) não emitiu notas fiscais E-1, para cancelar as notas
fiscais de n. 469,507,519,579,582 e 607 B-1, cancelando as
mesmas sem justificar, após o destinatário assinar e
destacar o canhoto de recebimento e destacadas do talão.

Foram tidos por infringidos os artigos 49,


VIII, XI e XVI, 129, I e III 143, I, 145, I e 219, I, do
RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo sugeridas
as penalidades previstas nos artigos 827, 840, 850, 854,
859, II e 861 do mesmo diploma legal.

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Instruem o auto de infração: cópia do cartão


de autógrafo, demonstrativo do débito, relatório
informativo do controle físico das mercadorias, mapa de
controle quantitativo de mercadorias, notas fiscais, termo
de entrega de livros e documentos fiscais, livros fiscais
de registro de inventário, registro de utilização de
documentos fiscais e registro de apuração do ICMS, termos
de ocorrência, e dados cadastrais do contribuinte.

Em 16/08/1993 o contribuinte foi intimado do


auto de infração. Em 03/09/1993 apresentou requerimento de
dilação do prazo para apresentação de defesa, tendo em
vista que os livros e documentos fiscais se encontravam em
poder do fiscal autuante.

Em 11/10/1993 foi lavrado termo de revelia.

A Coordenadoria de Julgamento, através da


decisão nº 15.624, reconheceu a inexistência do lançamento
e consequente extinção do crédito tributário pela
decadência, em razão da ausência da assinatura da autuante
no documento que materializou o auto de infração.

Posteriormente, o Conselho Tributário


Estadual no julgamento do reexame necessário, por
unanimidade de votos, decidiu que a decisão de primeira
instância de julgamento feriu ao determinado no artigo 7º,
§ 1º da lei Estadual nº 6.771 de 16/11/2006, assim
ementando:

EMENTA: ICMS – 1. Recolhimento


minorado de imposto. 2. falta de

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apresentação à repartição Fiscal de DAR


credor. 3. Ausência de escrituração
no livro fiscal próprio de notas
fiscais relativas à aqui- sição de
mercadorias. 4. Aquisição de
mercadorias desacompanhadas de notas
fiscais. 5. Cancelamento irregular das
notas fiscais série B-1. Afastado o
julgamento pela nulidade do lançamento.
Tão-somente a falta de assinatura do
autor da ação fiscal no auto de
infração não é suficiente para levar à
nulidade do auto de infração. Defeito
sanável (ex vi, do art. 7º,§ 1º da lei
Estadual nº 6.771, de 16/11/2006).
Necessidade de novo julgamento visando
afastar supressão de instância
administrativa. Remessa necessária
conhecida e provida. Exame do mérito
não realizado. Inocorrência de
decadência do crédito tributário.
ANULADOS TODOS OS ATOS PRATICADOS A
PARTIR DAS FLS. 108, INCLUSIVE, DO
PROCESSO SF 1500-1.333/1994 (ANEXO
SF 1500-6.967/1993).

A Coordenadoria de Julgamento proferiu nova


decisão, julgando parcialmente procedente o auto de

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infração, de acordo com a ementa abaixo transcrita, verbis:

EMENTA: ICMS – 1. A tese de


decadência ventilada nos autos não se
sustentou uma vez que o defeito
que lhe teria dado foi saneado por
meio de uma diligência fiscal. 2.
A 1ª acusação não procede, visto que a
diferença de ICMS do período de 1992
apontada como não recolhida foi
decorrente de erro de cálculo. 3. A 2ª
acusação não poderá prosperar porque
não foi acompanhada de documento
comprobatório suficiente da prévia
solicitação do DAR a SEFAZ, relativo ao
saldo credor apurado nos meses de
jan/fev/Dez/92. 4. A 3ª acusação não
procede, uma vez que as notas fiscais
E-1 dadas como não escrituradas foram
canceladas e mencionadas no livro de
registro de entradas no campo
observação, bem como no corpo delas .5.
A 4ª acusação em virtude da imputação
da presunção de aquisição de veículos
sem nota fiscal constatado através
de levantamento físico do estoque
encerrado em 31/12/91, não procede,
visto que os documentos e
demonstrativos acostados aos autos são

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insuficientes e contraditórios. 6. A 5ª
acusação é procedente uma vez que não
consta a escrituração da nota fiscal nº
89141, nas cópias dos livros de
registro de entradas acostados aos
autos. Penalidade aplicável art. 107 da
lei 5900/96. 7. A 6ª acusação é
procedente, visto que foi
suficientemente provado que os
veículos vendidos saíram do
estabelecimento da empresa vendedora e
foram entregues aos seus destinatários
conforme cópia dos canhotos
datados, assinados e juntados aos
autos. Penalidade aplicável art. 111
da lei 5900/96. 8. Lançamento do
crédito tributário. PROCEDENTE em
parte. 9. Reexame necessário para o
Conselho Tributário Estadual.

Intimados, a Representação Fiscal e o


Contribuinte não se pronunciaram.

Em novo julgamento, a 1ª Câmara do Conselho


Tributário Estadual, por maioria de votos, julgou extinto o
crédito tributário em virtude da remissão. O Contribuinte e
a Representação Fiscal não se manifestaram.

É o relatório.

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VOTO VENCEDOR

I - RELATÓRIO

Por bem resumir a questão, peço vênia para adotar


como próprio o relatório empreendido pelo eminente Conselheiro
CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO:

(...).

Sem maiores considerações, passo imediatamente à


análise da questão.

É o relatório, no que interessa ao julgamento.

II - VOTO

Voto pelo afastamento da remissão dada no acórdão


nº 037/2012 da Primeira Câmara desse Conselho.

A motivação para o afastamento do benefício fiscal


é que não visualizo extinção do crédito aqui cobrado por não
haver ocorrência de nenhuma das hipóteses de remissão previstas
nas alíneas, do inciso IV, do art. 11 da Lei nº 6.765/06.

Pois, vejamos como está disposto o citado artigo:

Art. 11. Ficam extintos, por remissão:

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...

IV - os créditos tributários,
constituídos ou não, relativos ao
ICM/ICMS, inclusive os decorrentes
exclusivamente de penalidades
pecuniárias por descumprimento de
obrigações acessórias:
a) cujo valor principal originário
seja igual ou inferior ao equivalente
a R$ 10,00 (dez reais); ou
b) cujo valor atualizado em 31 de
dezembro de 2005 seja igual ou
inferior a 20 (vinte) vezes a Unidade
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL. (grifos nosso)

E aqui cabe interpretar o que foi dito e querido


pelo legislador. E essa interpretação é necessária, como bem
ensina Marcos Ehrhardt Jr 3:

“A determinação do direito, portanto,


exige sempre interpretação, não
havendo, nos dias atuais, espaço para
a velha máxima in claris non fit
interpretatio, tradicionalmente
empregada para se sustentar a hoje
superada tese de que as leis claras
interpretavam-se por si mesmas... até
para se concluir que a lei é clara,
faz-se necessário interpretá-la”
(grifo nosso)

3
Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 52-53.

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A interpretação deve anteceder e buscar a correta


aplicação da lei, devendo ser direcionada ao fim social e ao bem
público no contexto cultural e histórico em que foi editada.
Dessa forma dispõe o art. 5º da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942):

“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz


atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.”

Quando o julgador faz a tarefa de interpretar uma


norma, primeiramente busca o significado (finalidade), para
depois determinar o alcance (delimitação do seu campo de
incidência) da norma jurídica (em seu sentido amplo), nunca
criando um comando novo. Depois de feito isso, aí sim deve ser
aplicado o direito posto.

Outra premissa, é que quando houver sanções ou


privilégios legais, há de se utilizar sempre uma exegese
restritiva, limitando seu campo de atuação e não o ampliando,
conforme dispõe o Código Civil:

“Art. 114. Os negócios jurídicos


benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.”

Quando da remissão tributária – espécie de renúncia


fiscal – a análise restritiva encontra eco no art. 14 da Lei de
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) quando
prevê medidas limitadoras para a sua concessão.

Porém, importante destacar, a mesma norma abre


exceção, expressamente, à remissão de débitos inferiores ao
custo da sua cobrança, com o intuito exatamente de proteger o

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bem público de custos maiores do que o crédito que o Estado


teria a receber:

“Art. 14. A concessão ou ampliação de


incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de
receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois
seguintes, atender ao disposto na lei
de diretrizes orçamentárias e a pelo
menos uma das seguintes condições:

(...)

§ 1º A renúncia compreende anistia,


remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não
geral, alteração de alíquota ou
modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de
tributos ou contribuições, e outros
benefícios que correspondam a
tratamento diferenciado.

(...)

§ 3º O disposto neste artigo não se


aplica:

(...)

II - ao cancelamento de débito cujo


montante seja inferior ao dos
respectivos custos de cobrança.”

Tal dispensa de crédito diminuto, que já inclui o


valor originário, sua atualização monetária e seus juros de

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mora, por via de remissão encontra seu semelhante no Código


Tributário Nacional, quando lista as situações que permitem a
concessão deste tipo de perdão da dívida:

“Art. 172. A lei pode autorizar a


autoridade administrativa a conceder,
por despacho fundamentado, remissão
total ou parcial do crédito
tributário, atendendo:

...

III - à diminuta importância do


crédito tributário;

...”

As explicações que se seguiram são de extrema


relevância, servindo de base, para daqui, utilizando os métodos
de interpretação, se achar o significado (finalidade) das
alíneas, do inciso V, do art. 11 da Lei nº 6.765/06, já
transcritos, para depois determinarmos o alcance (delimitação do
seu campo de incidência) da norma jurídica (em seu sentido
amplo) e verificarmos que não é possível a aplicação da remissão
prevista ao caso concreto aqui julgado.

Isso porque não há dúvidas que a remissão aqui


discutida é para pequenos valores que não cobririam o custo de
sua cobrança, seja administrativamente, seja judicialmente.

Dessa forma considerou o legislador. Somente


valores pequenos são possíveis para a remissão prevista na Lei
nº 6.765/06. Para isso, iremos utilizar o roteiro interpretativo
proposto por Luciano Amaro 4:

4
Direito tributário brasileiro - Luciano Amaro. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011.

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“Dessa forma, a regra é justamente a


submissão do direito tributário ao
conjunto de métodos interpretativos
fornecidos pela teoria da
interpretação jurídica; por exceção,
nas situações disciplinadas
expressamente, o intérprete deve
procurar (na medida em que isso seja
possível) dar preferência aos
critérios indicados pelo Código
Tributário Nacional.

...

Assim sendo, o intérprete deve partir


do exame do texto legal, perquirindo o
sentido das palavras utilizadas pelo
legislador (na chamada interpretação
literal ou gramatical); cumpre-lhe,
todavia, buscar uma inteligência do
texto que não descambe para o absurdo,
ou seja, deve preocupar-se com dar à
norma um sentido lógico (interpretação
lógica), que a harmonize com o sistema
normativo em que ela se insere
(interpretação sistemática),
socorrendo-se da análise das
circunstâncias históricas que cercaram
a edição da lei (interpretação
histórica), sem descurar das
finalidades a que a lei visa
(interpretação finalística ou
teleológica).”

Iniciando, então, pela interpretação literal 5.


Verifica-se da leitura do inciso IV com suas alíneas, do art.

5
“... para alguns, a primeira fase de todo e qualquer processo interpretativo, uma vez que restrita
apenas a aspectos lingüísticos (etimologia da palavra, pontuação, etc...), vale dizer, focada na busca do

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14, da Lei nº 6.765/06, que temos duas orações ligadas pela


conjunção “OU”:

1ª oração: Ficam extintos, por remissão os créditos


tributários ... cujo valor principal originário seja igual ou
inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais).

OU

2ª oração: Ficam extintos, por remissão os créditos


tributários ... cujo valor atualizado em 31 de dezembro de 2005
seja igual ou inferior a 20 (vinte) ... UPFAL.

De acordo com as normas gramaticais, tais frases


são orações coordenadas, ou seja, não exercem funções sintáticas
em relação às outras, são independentes.

São também SINDÉTICAS por estarem ligadas por uma


conjunção coordenativa do tipo alternativa – OU -, indicando
escolhas de pensamento, ações que se alternam, exprimindo
exclusão. Ou é uma ou é outra, mas analisando sempre as duas.

Do que se conclui de que como são independentes


entre si, não existe ordem a ser seguida. Devem-se analisar as
duas orações para ver qual se encaixa melhor ao caso concreto.
Não é possível observar apenas a alínea “a” do inciso IV do art.
14, sem também verificar a alínea seguinte. Se não fosse dessa
forma não existiria a alínea “b” na Lei. Porém essa alínea está
expressa no texto para ser avaliada. Analisando as duas orações
independentemente, aí sim, uma invariavelmente exclui a outra,
ou não aplicar nenhuma das duas se não for o caso de remissão.

A primeira oração afirma que há de ser remido o


débito principal originário igual ou inferior a 10 UPFAL.

sentido e alcance das palavras isoladas ou sintaticamente consideradas”. (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito
civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).

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E quais as condições da 2ª oração, que se frise,


deve ser analisada em separado da primeira, pois, como já dito,
são independentes. As condições são: que no marco temporal de 31
de dezembro de 2005 – primeira condição - o valor atualizado do
crédito tributário seja igual ou inferior a 20 UPFAL - segunda
condição.

Agora utilizando um exemplo hipotético para


entender a interpretação gramatical da norma de remissão: temos
um crédito tributário originário de R$ 10,00 (dez reais) devidos
por um fato gerador em 1995. Em 31 de dezembro de 2005, esse
débito atualizado corresponde a 1000 UPFAL. Como dito, são
orações coordenadas, são independentes, o que implica na análise
das duas frases em separado, e somente depois de verificá-las, é
que se exclui uma delas. É valor original menor que R$ 10,00
(dez reais)? É, mas que quando atualizado no marco temporal
legal (31/12/2005) é superior a 20 UPFAL. A alínea “b” exclui a
primeira pelas condições impostas nela.

Continuando com o exemplo: utilizando os mesmos R$


10,00 (dez reais) de crédito original, porém devido por um fato
gerador ocorrido em 01/01/2006. Essa data exclui de imediato a
alínea b do inciso IV do art. 11 (por ser oração coordenada
sindética alternativa – idéia de exclusão). Precisa ser
atualizado? Não. É menor ou igual a R$ 10,00 (dez reais)? Sim.
Está remido pela alínea “a”

O que quer dizer que, dando coerência ao texto,


devendo ser analisadas as duas orações, por serem independentes,
excluindo uma delas após esse exame, por serem alternativas, e
para evitar contradições, se depreende pela interpretação
lógica 6, que:

1) utiliza-se a alínea “b”, se o valor do crédito


tributário atualizado em 31/12/2005 for igual ou menor que 20
UPFAL; OU

6
“... método que busca eliminar contradições, focando-se na busca por coerência mediante
utilização de regas dedutivas ou indutivas de raciocínio, para compreender o significado da norma em
toda sua extensão” (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm.
2009. Pg. 53).

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2) utiliza-se a alínea “a”, se o valor originário


do crédito devido após 31/12/2005 é igual ou menor a R$ 10,00
(dez reais).

E isso se encontra em total harmonia com sistema


jurídico (interpretação sistemática 7), pois vai ao encontro do
conceito de pequeno valor para se conceder a remissão de acordo
com o inciso III, do art. 173, do CTN e II, do § 3º, do art. 14
da Lei de Responsabilidade Fiscal, já citados.

Não sendo dessa forma, é ir contra o Código


Tributário Nacional e a Lei de Responsabilidade Fiscal, leis
complementares nacionais a serem aplicadas a todos os entes
federativos.

Ou seja, o Estado considera 20 UPFAL já atualizados


em 31/12/2005 ou R$ 10,00 (dez reais) de valor originário a
partir de 01/01/2006 como valor de pequena monta, que não
cobriria o seu custo de cobrança e, portanto deveriam ser
perdoados.

Agora, interpretando historicamente 8, dessa forma é


que se encontra delimitado na exposição de motivos encaminhado
junto à minuta do Projeto de Lei que originou a Lei nº 6.765/06
(Processo SF nº 1500-24.216/2006), onde aqui reproduzimos a
parte referente ao caso aqui julgado:

“EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS:

1. A minuta em pauta estabelece:

7
“... método que considera a norma analisada juntamente com as demais integrantes do mesmo
ordenamento jurídico, buscando contextualizá-la direta ou indiretamente como todas as outras...
Pressupõe que o texto normativo não existe isoladamente e sempre deve ser analisado em conjunto”
(Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
8
“Aqui o interprete analisa os fatos que antecederam a propositura do projeto de lei, sua
exposição de motivos e justificativa... que permitem reconstruir o pensamento dominante ao tempo da
edição da norma.” (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm.
2009. Pg. 54).

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...

g) art. 11, IV, remissão dos créditos


tributários do ICMS cujo valor
originário do imposto seja igual ou
menor que dez reais, consoante o
Convênio ICMS 77/06, ou cujo valor
atualizado em 31 de dezembro de 2005
seja igual ou inferior a 20 (vinte)
vezes a Unidade Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas – UPFAL. O objetivo
é evitar criar processos cujo custo de
tramitação e execução é maior que o
valor do crédito tributário a
recuperar;” (grifo nosso)

E essa é a finalidade da remissão (interpretação


teleológica 9) disposta no inciso IV, do art. 11, da Lei nº
6.765/06: dispensar apenas os créditos de diminuto valor, onde
seria mais caro cobrá-los do que dispensá-los, preservando
assim, com eficiência, celeridade e legalidade, o bem público.
Como dispensar créditos de valor originário de até R$ 10,00 (dez
reais), mas bem antigos, que quando atualizados em 31/12/2005,
podem dar valores altíssimos, que com grande folga cobririam o
custo de sua cobrança? Vai totalmente contra o fim social da
preservação do bem público no qual se inclui o crédito
tributário.

Tanto que, para esclarecer divergências na


aplicação da lei quanto a essa remissão, foi publicada a
INSTRUÇÃO NORMATIVA SEF Nº 24/2007, que interpreta
restritivamente o art. 11, IV, da Lei Nº 6.765 de 01 de novembro
de 2006, que trata de remissão de créditos tributários do ICMS.

Utilizando das lições de Roberval Rocha Ferreira


Filho e João Gomes da Silva Júnior 10, a instrução normativa é

9
“Método que busca a finalidade social da lei, adaptando-a às exigências da comunidade”
(Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 54).
10
Direito Tributário – Teoria, Jurisprudencia e Questões; Ed. Jus Podium; 2007; pg. 47.

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norma infralegal que complementa a lei 11, esclarecendo e


auxiliando os aplicadores do direito, com o objetivo de
uniformizar procedimentos, prevenir conflitos tributários e
servindo de ferramenta para sua interpretação.

Inclusive, confirmando a doutrina, a competência da


instrução normativa para interpretar a legislação tributária
estadual está expressa na nossa Lei de processo administrativo,
Lei nº 6.771/06:

“CAPÍTULO II

DA INTERPRETAÇÃO NORMATIVA DA
LEGISLAÇÃO

Art. 15. A interpretação normativa da


legislação tributária estadual será
feita por meio de instruções
normativas do Secretário Executivo de
Fazenda e/ou Secretário Adjunto da
Fazenda Estadual e de pareceres
normativos elaborados pela Diretoria
de Tributação da Secretaria Executiva
de Fazenda - SEFAZ, devidamente
aprovados por aquelas autoridades.”

Portanto, não há como considerá-la ilegal ou mesmo


que inovou a lei, já que, como vemos em seu art. 1º, apenas
confirma e repete a interpretação restritiva dada aqui pelo meu

11
CTN:
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.
...
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e
dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
...

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voto, extraído pelos diversos métodos da exegese relativo ao


inciso IV do art. 11 da Lei nº 6.767/06:

“Art. 1º Ficam extintos os créditos


tributários, conforme art. 11, IV, da
Lei nº 6.765, de 01 de novembro de
2006, cujo valor:

I - atualizado até 31 de dezembro de


2005, assim considerado o montante de
imposto, multa, juros e atualização
monetária, corresponda a 20 (vinte)
vezes a Unidade Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas - UPFAL;

II - principal originário, de 1º de
janeiro de 2006 a 6 de novembro de
2006, sem adição de multa, juros e
atualização monetária, corresponda a
R$ 10,00 (dez reais).

Parágrafo único. No caso em que o


valor principal seja a multa, a
atualização corresponderá a juros e
atualização monetária.”

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos no sentido de
conhecer do presente Reexame Necessário para dar-lhe provimento
devido à constatação da não ocorrência da remissão prevista no

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art. 14, IV, da Lei nº 6.765/2006. Afastada a remissão,


necessário se faz que haja o retorno dos autos para a 1ª Câmara
desse Conselho com a finalidade de novo julgamento apreciando a
existência de outras questões preliminares, e não havendo tais
prejudiciais, procedendo ao exame do mérito referente à autuação
fiscal.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões do


pleno do CTE em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO

PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

JULGADOR com voto vencedor

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR (com o Relator) JULGADOR (contra o


Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR (com o Relator) JULGADORA(contra o


Relator)

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MARIA LOPES MILHOMES LUCIANO PONTES DE MAYA


GOMES

JULGADORA (contra o Relator) JULGADOR (Contra o


Relator)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


Processo: 1500-022031/2009 e CTE 386/2011.
Auto de Infração n.º 99.84553-002, de 25/09/2009.
Recorrente: PURAS DO BRASIL S/A.
Recorrido: Fazenda Estadual.
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
Origem: 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário
Estadual
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-202/2013

EMENTA

RECURSO ESPECIAL – PRELIMINAR DE OFÍCIO


DE DECADÊNCIA PARCIAL DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO - REVISÃO DO LANÇAMENTO –
NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO PRAZO
PREVISTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 149
DO CTN – INOCORRÊNCIA –– DECADÊNCIA
PARCIAL CARACTERIZADA – INTELIGÊNCIA DOS
ARTIGOS 149, PARÁGRAFO ÚNICO, 150, § 4º,
E 156, INCISO V, TODOS DO CTN –
PRELIMINAR DE OFÍCIO DE DECADÊNCIA
ACOLHIDA – PRELIMINAR DE UNIFORMIZAÇÃO DO
PROCEDIMENTO DE PROTOCOLO DO RECURSO
ESPECIAL – NÃO ACOLHIMENTO – ABSOLUTA
FALTA DE COMPETÊNCIA DO PLENO DO CTE PARA

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REGULAR A MATÉRIA - PRELIMINAR DE NÃO


CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL –
ACOLHIMENTO - A CONTRIBUNTE NÃO APONTOU
QUALQUER DIVERGÊNCIA DE POSICIONAMENTO
COM QUESTÃO JURÍDICA IDÊNTICA
MANISFESTADA POR OUTRA CÂMARA OU PELO
PLENO – RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
DECISÃO DA 2ª CÂMARA MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Especial ao pleno do Conselho


Tributário Estadual – CTE, interposto pela empresa PURAS DO
BRASIL S/A, visando reformar o Acórdão n.º 384/2012,
originário da 2ª Câmara de Julgamento do CTE, que decidiu
pela procedência total do Auto de Infração, conforme ementa
de julgamento que segue abaixo:
EMENTA – ICMS. 1. NORMAS PROCEDIMENTAIS.
DESCABE A REMESSA NECESSÁRIA QUANDO O
LANÇAMENTO ADITADO, ANTES DO JULGAMENTO
PELA COORDENADORIA DE JULGAMENTO, É MANTIDO
POR ESTE ÓRGÃO DE JULGAMENTO. 2. CRÉDITO
PRESUMIDO DO DECRETO N.º 37.961/1998. EM
CONFORMIDADE COM OS INCISOS DO ART. 2º DO
REFERIDO DIPLOMA EXECUTIVO, SÃO CONDIÇÕES
ESSENCIAIS PARA A RESPECTIVA FRUIÇÃO DA
SISTEMÁTICA ALTERNATIVA À OPÇÃO DO
CONTRIBUINTE MEDIANTE REGISTRO EM LIVRO
PRÓPRIO E A COMUNICAÇÃO A AUTORIDADE
FAZENDÁRIA. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO. DECISÃO SINGULAR MANTIDA.

Registre-se, por oportuno, que o auto de infração


foi originalmente lavrado em 25/09/2009, visando a cobrança
de um crédito tributário no valor de R$ 497.610,50, sendo
R$ 311.006,57 referente ao ICMS e R$ 186.603,93 alusivo à

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multa aplicada, em decorrência de a empresa ter cometido a


seguinte infração:

“Registrou crédito inexistente de ICMS nos


livros fiscais próprios em decorrência da
prática do artifício de utilizar, em
substituição à sistemática normal de
creditamento do imposto pelas entregas de
mercadorias e serviços tomados, crédito
fiscal presumido do ICMS, no percentual de
13% (treze por cento) do valor das
operações de vendas internas tributadas a
17% (dezessete por cento), sem atender ao
disposto no artigo 1º, § 2º, incisos I e II
e artigo 2º, incisos I e II, ambos do
Decreto n.º 37.961, publicado no D.O.E., em
31 de dezembro de 1998, resultando na falta
de recolhimento do imposto (ICMS) no valor
de R$ 311.006,57, nos períodos de setembro
de 2004 a dezembro de 2008, conforme
discriminados na planilha apuração de
créditos indevidos.”

Posteriormente, mais precisamente na data de


25/09/2009, o auto de infração foi aditado pela autoridade
fiscal, sendo o contribuinte notificado através do Edital
DIRAC n.º 217/2010, publicado no D.O.E., edição de 28 de
dezembro de 2010 (fls. 141 – Proc. Anexo 1500-023956/2009),
passando o auto de infração a possuir os seguintes
elementos:

INFRAÇÃO: “Registrou crédito inexistente de


ICMS nos livros fiscais próprios em
decorrência da prática do artifício de
utilizar, em substituição à sistemática
normal de creditamento do imposto pelas
entregas de mercadorias e serviços tomados,
crédito fiscal presumido do ICMS, no

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percentual de 13% (treze por cento) do


valor das operações de vendas internas
tributadas a 17% (dezessete por cento), sem
atender ao disposto no artigo 1º, § 2º,
incisos I e II e artigo 2º, incisos I e II,
ambos do Decreto n.º 37.961, publicado no
D.O.E., em 31 de dezembro de 1998,
resultando na falta de recolhimento do
imposto (ICMS) no valor de R$ 127.010,20,
nos períodos de setembro de 2004 a dezembro
de 2008, conforme discriminados na planilha
apuração de créditos indevidos.”

FUNDAMENTO LEGAL: Artigo 39, § 2º c/c caput


do art. 34, c/c o artigo 93 da Lei n.º
5.900/96, com alterações da Lei n.º
6.348/02, sendo sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 93 da Lei
5.900/96.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO (IMPOSTO E MULTA): R$


203.216,33 (Duzentos e três mil duzentos e
dezesseis reais e trinta e três centavos).

A contribuinte não apresentou defesa ao


aditamento do auto de infração, sendo o processo remetido
ao órgão de julgamento de primeira instância para proferir
decisão administrativa, ocasião em que o aditamento ao auto
de infração foi julgado procedente, mantendo-se incólumes
todos os seus elementos.

Saliente-se que o fundamento utilizado pela


Coordenadoria de Julgamento em sua se baseia no fato de a
contribuinte ter utilizado crédito presumido, sem, contudo,
ter atendido à condição substantiva evidenciada no art. 1º,
§ 2º, inciso I, do Decreto n.º 37.961/98, quais sejam: se
enquadrar nas atividades descritas na referida norma e,

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portanto, ser usuária de Equipamento Emissor de Cupom


Fiscal – ECF, devidamente autorizado pela Fazenda Estadual.

Ainda segundo a Coordenadoria de Julgamento, os


requisitos exigidos pelo artigo 2º do Decreto n.º
37.961/98, “malgrado sirvam ao controle oficial das
atividades dos contribuintes, não podem impedir a
consecução do benefício em apreço, seja pela sua natureza,
seja pelo valor normativo recebido”.

Igual posicionamento – procedência do Auto de


Infração (aditado) - foi adotado pela 2ª Câmara de
Julgamento do CTE, porém com fundamento diverso do adotado
pelo órgão de primeira instância administrativa.

Neste contexto, ao contrário da Coordenadoria de


Julgamento, a 2ª Câmara entendeu que a empresa autuada,
cuja atividade é de fornecimento de refeições coletivas,
estaria, em princípio, no campo de incidência do art. 1º, §
2º, inciso I, do Decreto n.º 37.961/98, especialmente em
função da expressão congêneres constante do seu texto.
Porém, para fazer jus ao benefício fiscal, imprescindível
que a mesma obedecesse às exigências contidas no art. 2º do
referido Decreto, que dizem respeito à necessidade da
declaração da opção pelo regime alternativo no Livro
Registro de Ocorrências, assim como de requerimento
específico à Coordenadoria de Informações Econômico Fiscais
da Secretaria da Fazenda.

Assim, diante da manutenção do auto de infração,


a contribuinte, inconformada, interpôs Recurso Especial ao
Pleno do CTE, visando reformar Acórdão n.º 384/2012,
originário da 2ª Câmara de Julgamento do CTE, utilizando-
se, para tanto, dos seguintes argumentos:

I – Primeiramente, o Auto de Infração havia sido


lavrado porque a empresa Recorrente não fazia jus
ao benefício fiscal (possibilidade de

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aproveitamento de crédito de 13% sobre as


operações tributadas a 17%), à medida que não é
usuária de ECF. É o que se depreendia da decisão
de primeira instância.

II – A questão restou vencida no Acórdão ora


recorrido, à medida que o mesmo estabeleceu que a
empresa estaria, inicialmente, dentro do campo de
incidência do caput do art. 1º do Decreto n.º
37.961/98. Todavia, não faria jus ao benefício
por não ter preenchido às exigências contidas no
art. 2º do referido diploma legal.

III – Sustenta que a empresa fornecedora de


refeição coletiva esta enquadrada na hipótese
prevista no art. 1º do Decreto 37.961/98,
apontando, inclusive, um precedente favorável
oriundo do Conselho de Contribuintes do Estado do
Paraná.

IV – Argumenta que o auto de infração não pode


ser mantido com base em fundamento que sustentava
em sua gênese, e que, sabidamente, possui cunho
meramente formal, sem poder para afastar a
aplicação do benefício à situação da empresa.
Portanto, os requisitos constantes do art. 2º do
referido decreto não guardam relação de
prejudicialidade em face da tese embasada no
requisito do art. 1º. Assim, este Conselho deverá
decidir, antes, se o benefício é ou não aplicável
à empresa. Afinal, apenas contribuintes
abrangidos pelo benefício poderão cumprir ou
descumprir os requisitos objetivos para sua
fruição.

V – Por fim, reafirma que a matéria constante no


art. 2º do referido decreto não é objeto da
fiscalização, pois o auto não foi lavrado pelo

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descumprimento de requisitos objetivos no uso dos


créditos. Assim, a ausência de cumprimento do
art. 2º não acarretaria glosa de crédito, mas
sim, no máximo, caberia a aplicação de uma multa
por descumprimento de obrigação acessória.

Instada a se manifestar, a Diretoria de


Representação Fiscal apresentou contrarrazões ao Recurso
Especial interposto pela empresa, mediante os seguintes
fundamentos:

I – Preliminar de Nulidade no Protocolo do


Recurso Especial. Sustenta nesta preliminar que o Recurso
Especial não foi protocolado corretamente no órgão
fazendário, o que impossibilitou o registro do mesmo no
sistema informatizado, não permitindo, por conseguinte, que
o Recurso tenha seu trâmite processual monitorado pelo
setor competente. Fundamenta a preliminar na IN SEF
16/2009, bem como no art. 46, § 2 º, I, da Lei 6.771/06,
por analogia. Neste contexto, requer seja a questão
decidida por este órgão, a fim de uniformizar o
procedimento para interposição de Recurso Especial.

II – Preliminar de inadmissibilidade do Recurso


Especial. Sustenta que a contribuinte, ao interpor seu
Recurso Especial, não se desincumbiu de apontar a
divergência de entendimento da decisão da 2ª Câmara de
Julgamento em relação à questão jurídica manifestada por
outra Câmara ou pelo Pleno. Assim, requer o não
conhecimento do Recurso Especial.

III – No mérito, reitera todos os termos


apresentados nas contrarrazões ao Recurso Ordinário (fls.
36 a 41).

No essencial, é o relatório.

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VOTO

- Preliminar de Nulidade no Protocolo do Recurso


Especial.
Sustenta nesta preliminar que o Recurso Especial
não foi protocolado corretamente no órgão fazendário, o que
impossibilitou o registro do mesmo no sistema
informatizado, não permitindo, por conseguinte, que o
Recurso tenha seu trâmite processual monitorado pelo setor
competente. Neste contexto, requer seja a questão decidida
por este órgão, a fim de uniformizar o procedimento para
interposição de Recurso Especial.

Desde logo, cumpre ressaltar que a Representação


Fiscal não se insurgiu contra a tempestividade do Recurso
Especial, o qual, de fato, foi interposto dentro do prazo
de 15 (quinze) previsto na legislação de regência.

O propósito da preliminar, na verdade, limita-se


a um pedido de uniformização do procedimento para
interposição de Recurso Especial. Com a devida vênia, não
entendo que a uniformização de procedimentos quanto ao
protocolo de defesa e/ou recurso do contribuinte seja
atribuição deste órgão colegiado. Acredito que tal tarefa
cabe à lei, primeiramente, e, em segundo plano, às normas
regulamentares.

De qualquer forma, no presente caso, o fato de o


contribuinte ter apresentado o Recurso Especial diretamente
no Conselho Tributário Estadual – e não no protoloco da
SEFAZ – não é suficiente para macular de vício o recurso do
contribuinte. Incide, pois, o disposto no art. 19 do
Regulamento da Lei 6.771/06 (Decreto 25.730/2013), in
verbis:

Art. 19. Os atos processuais não dependem


de forma determinada, a não ser quando a
lei expressamente o exigir, considerando-se

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válidos os atos que, realizados de outro


modo, alcancem sua finalidade.

Assim, por absoluta incompetência deste órgão


para disciplinar a forma de protocolo do Recurso Especial,
não há como acolher o pleito da Representação Fiscal,
embora legítimo. Destarte, rejeito a preliminar.

– Preliminar de Inadmissibilidade Do Recurso Especial.

A Representação Fiscal, agora, sustenta que a


contribuinte, ao interpor seu Recurso Especial, não se
desincumbiu de apontar a divergência de entendimento da
decisão da 2ª Câmara de Julgamento em relação à idêntica
questão jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo
Pleno. Assim, requer o não conhecimento do Recurso
Especial.

A preliminar suscitada pela Representação fiscal


merece acolhimento. Vejamos.

O Recurso Especial, instrumento processual pouco


manejado pelos contribuintes no decorrer do processo
administrativo tributário, possui previsão legal nos
artigos 45, inciso II, e 47, ambos da Lei Estadual n.º
6.771/06, que dispõe sobre o processo administrativo
tributário – PAT no âmbito do Estado de Alagoas.

Preconiza o artigo 47 do citado diploma legal que


caberá Recurso Especial ao pleno Conselho Tributário
Estadual - CTE “quando a decisão de qualquer Câmara
divergir do entendimento sobre idêntica questão jurídica
manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno” do CTE.
Vejamos:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do


CTE, interposto pelo sujeito passivo, pelo
autuante, pelo Procurador da Fazenda
Estadual ou pelo Representante Fiscal,

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quando a decisão de qualquer Câmara


divergir do entendimento sobre idêntica
questão jurídica manifestada por outra
Câmara ou pelo Pleno.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE


providenciar a instrução do processo com
cópia da primeira decisão indicada, por
divergência demonstrada, ficando a cargo do
recorrente a apresentação de cópia das
demais, juntamente com o recurso, se for o
caso.

Em outros termos, se uma das câmaras do CTE


proferir decisão administrativa cujo posicionamento seja
divergente de outra decisão prolatada pela outra câmara ou
pelo pleno do CTE, caberá Recurso Especial nos moldes do
art. 45, II, da Lei Estadual n.º 6.771/06.

A competência para conhecer e julgar o Recurso


Especial é do pleno do CTE, conforme disciplina o art. 47
da Lei Estadual n.º 6.771/06. O prazo para interpor o
aludido recurso é de 15 (quinze) dias, contados da ciência
da decisão da câmara do CTE (Art. 45, § 1º).

A matéria atualmente encontra-se regulamentada


pelo Decreto 25.370/2013, que assim dispõe:

Art. 184. Caberá recurso especial ao Pleno do


Conselho Tributário Estadual, quando a decisão
de qualquer Câmara divergir do entendimento
sobre idêntica questão jurídica manifestada por
outra Câmara ou pelo próprio Pleno.

Conforme se depreende da legislação tributária


estadual, é requisito insuperável para o conhecimento do
Recurso Especial a demonstração da divergência do
entendimento sobre idêntica questão jurídica manifestada
por outra Câmara ou pelo próprio Pleno do CTE.

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No caso, em momento algum, a Recorrente apontou


uma divergência entre a decisão recorrida e o
posicionamento de idêntica questão jurídica manifestada por
outra Câmara ou pelo Pleno. Aliás, até que apontou uma
divergência, mas em relação à Coordenadoria de Julgamento,
a qual não é alcançada pela exegese do art. 47 da Lei
6.771/06.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, deixar
de conhecer o Recurso Especial interposto pela
contribuinte, por força da desobediência ao disposto no
art. 47 da Lei 6.771/06, que condiciona o cabimento do
Recurso Especial quando a decisão recorrida divergir do
posicionamento de outra Câmara ou do próprio Pleno do CTE.
Decisão da 2ª Câmara mantida na íntegra.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA


SILVA PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADORA JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013

Processo: 1500-004682/1996 e CTE 393/2010.

Auto de Infração n.º 045201, de 09/11/1995.

Recorrente: Fazenda Estadual.

Recorrido: Osmar de Souza Lemos

Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva

Presidente: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho

Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo

Secretaria: Genilza Coelho De Oliveira

ACÓRDÃO Nº P-201/2013

EMENTA : TRIBUTÁRIO - AUTO DE INFRAÇÃO –


OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – NULIDADE DO EDITAL DE
NOTIFICAÇÃO DO CONTRIBUINTE – AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO VÁLIDA – DECURSO DO PRAZO
DECADENCIAL PARA A CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO - DECADÊNCIA CARACTERIZADA –
PRELIMINAR DE OFÍCIO DE DECADÊNCIA ACOLHIDA -
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO – ANÁLISE DO

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MÉRITO PREJUDICADA – EXTINÇÃO DO CRÉDITO


TRIBUTÁRIO PELA DECADÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão n.º 082/2011


originário da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário Estadual, que,
por maioria de votos, acolhendo a preliminar de ofício suscitada pelo eminente
então Relator, decidiu pela extinção do crédito tributário por força da
incidência da prescrição tributária, na esteira do art. 156, inciso V, do CTN.
Vejamos a ementa do referido Acórdão:

EMENTA – ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CRÉDITO


DEFINITIVAMENTE CONSTITUÍDO PELO LANÇAMENTO
REGULARMENTE NOTIFICADO AO CONTRIBUINTE.
INEXISTÊNCIA DE QUALQUER HIPÓTESE DE
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. DECURSO DO PRAZO DO QUINQUÍDIO
LEGAL DE QUE TRATA O ART.174 DO CTN SEM A
DEVIDA COBRANÇA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO PELA
PRESCRIÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART.156, INCISO V,
DO CTN. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO
PROVIDA.

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Segundo se extrai do Acórdão n.º 082/2011, o crédito tributário


perseguido neste processo administrativo fiscal foi validamente constituído
com a regular intimação do ato de lançamento ao contribuinte, tornando-se o
crédito plenamente exigível na data do vencimento do prazo para seu
pagamento, haja vista que não houve oferecimento de defesa administrativa
pelo contribuinte, bem como por não restar configurado nos autos quaisquer
das hipóteses previstas no art. 151, do Código Tributário Nacional, capaz de
suspender a exigibilidade do crédito tributário.

Em outros termos, de acordo com o posicionamento adotado pela


2ª Câmara, com a notificação do contribuinte e a lavratura do termo de revelia
(fls. 04), diante da ausência de oferecimento de defesa administrativa, o
crédito tributário tornou-se exigível, cabendo à Fazenda Pública Estadual
efetuar a cobrança do crédito tributário no prazo de 05 (cinco) anos, a partir
da constituição definitiva (notificação válida ao contribuinte), conforme
determina o art. 174 do Código Tributário Nacional, sob pena de extinção do
crédito pela prescrição (art. 156, V, CTN).
Assim, em razão do decurso do prazo de 05 (anos) para a
cobrança judicial do crédito tributário, a 2ª Câmara do CTE, por maioria dos
votos, decidiu extinguir o crédito tributário pela prescrição, em conformidade
com o art. 156, V, do CTN.

Assim chegam os autos ao Pleno deste Conselho Tributário


Estadual para análise da referida decisão da 2ª Câmara de Julgamento, por
força do disposto no art. 48, inciso II, da Lei 6.771/06.

No essencial, é o relatório.

VOTO

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Cuida-se de reexame necessário do Acórdão n.º 082/2011


originário da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário Estadual, que,
por maioria de votos decidiu pela extinção do crédito tributário por força da
incidência da prescrição tributária, na esteira do art. 156, inciso V, do CTN.

Antes, porém, de proceder ao reexame necessário do Acórdão n.º


082/2011 originário da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário
Estadual, solicito vênia para levantar de ofício uma questão preliminar quanto
à notificação válida ao contribuinte.

- Preliminar de Ofício: Nulidade da notificação do lançamento. Ausência


de notificação válida. Decadência do crédito tributário caracterizada.

Analisando o Acórdão 082/2011 da 2ª Câmara do CTE, constata-


se que o mesmo possui como escora o fato de o crédito tributário ter sido
definitivamente constituído, mediante a notificação válida ao contribuinte.
Vejamos trecho do referido acórdão:

“Assim, não tendo se verificado quaisquer das hipóteses


dos incisos do art. 151 supra – referido nos autos, tem-se
como consectário que o crédito tributário se fez
definitivamente constituído na regular intimação do
ato de lançamento [...]”. [destaque ausente do original]

No caso, a suposta notificação válida ao contribuinte trata-se do


Edital CAT n.º 072-96/0.37, publicado no Diário Oficial do Estado, edição de
20 de março de 1996, o qual foi acostado aos autos às fls. 05.

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Ocorre que, à época, ainda se encontrava em plena vigência a Lei


Estadual n.º 4.418/82, que assim disciplinava o ato de intimação do
contribuinte:

Art. 131 - A intimação será feita:

I - pelo autor do procedimento ou outro servidor a quem for


conferida a atribuição, comprovando-se pelo "ciente" do
intimado, seu mandatário ou preposto;

II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por


quem proceder à intimação;

III - pela ciência dada na repartição ao interessado ou seu


representante, em razão de comparecimento espontâneo
ou a chamado do órgão onde se encontre o processo;

IV - por via postal, comprovando-se pelo "Aviso de


Recepção (AR)", assinado pelo intimado, seu
representante ou por quem o fizer em seu nome;

V - por edital.

§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na forma


dos incisos I a IV deste artigo, a intimação será feita
por edital, anexando-se uma via ao processo e
certificando-se nos autos a sua publicação, com indicação
da página e da data do Diário Oficial.

§ 2º - O edital será publicado uma só vez no Diário Oficial


do Estado, com prazo de 30 (trinta) dias, e conterá apenas
a indicação do órgão próprio da Secretaria da Fazenda, o

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nome do intimado e dos co-responsáveis, o assunto e a


sua natureza, o prazo e o endereço do órgão incumbido da
intimação.

...

§ 4º - Sempre que o contribuinte for domiciliado no


Interior do Estado, o Edital será também afixado no
setor de atendimento externo da repartição
fazendária local, onde deverá permanecer pelo prazo
estabelecido no parágrafo 2º deste artigo.

§ 5º - No caso do parágrafo anterior, certificar-se-ão


nos autos, a data e o local onde foi afixado o edital.

Note-se que a legislação estadual apenas autoriza a publicação


de edital para fins de intimação do contribuinte quando a autoridade fiscal
restar impossibilitado de proceder na forma dos incisos I a IV da referida
norma legal, ou seja, quando não lograr êxito em intimá-lo pessoalmente ou
por via postal.

Contudo, em análise dos autos, percebe-se que não há qualquer


prova da tentativa de intimação do contribuinte por via postal. Quanto à
tentativa de intimação pessoal, consta nos autos (fls. 02v) a informação do que
o contribuinte não foi encontrado, porém sem indicar o motivo de o mesmo
não ter sido encontrado.

Diante de tal circunstância, diversas dúvidas podem surgir,


como, por exemplo, o “não encontrado” declarado pelo fiscal autuante se refere
à empresa ou apenas ao titular da empresa. Esta dúvida ganha maior relevo
ao consultarmos o documento denominado “Dados Cadastrais”, carreado aos
autos às fls. 10, onde verificamos que a empresa encontrava-se “ATIVA” à

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época da lavratura do auto de infração. Destarte, qual a razão de a autoridade


fiscal não ter realizado a notificação por via postal, conforme determinava o
art. 131, da Lei 4.418/82? Impossível responder com as informações
constantes nos autos.

O fato é que não há qualquer prova da tentativa de intimação por


via postal do contribuinte, o que, por si só, é capaz de anular o Edital CAT n.º
072-96/0.37, por afronta ao disposto no § 1º do art. 131 da Lei Estadual
4.418/82, então vigente.

Por outro lado, mesmo que fosse possível a notificação da


contribuinte através de edital no presente caso, ainda assim a nulidade
persistiria, haja vista que não foram observados os requisitos estabelecidos
nos §§ 4º e 5º do art. 131, da Lei 4.418/82, quais sejam: (i) afixação do edital
no setor de atendimento externo da repartição fazendária local (contribuinte
domiciliado no Interior do Estado); e (ii) certificar nos autos do processo
administrativo fiscal a data e o local onde foi afixado o edital. Nada disso foi
cumprido.

Dessa forma, não há dúvida de que o referido edital é nulo de


pleno direito, não produzindo qualquer efeito para fins de considerar válida a
notificação do sujeito passivo. Em consequência, o auto de infração, objeto
deste processo administrativo fiscal, continua sem notificação válida ao sujeito
passivo, o que, por conseguinte, acaba desaguando na decadência do crédito
tributário, conforme veremos.

Sabe-se que o Código Tributário Nacional, especificamente em


seu art. 173, inciso I, preconiza que o direito de a Fazenda Pública Estadual
constituir o crédito tributário (descumprimento de obrigação acessória)
extingue-se com decurso do prazo de 05 (cinco) anos, contados do 1º dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Vejamos:

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Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o


crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em


que o lançamento poderia ter sido efetuado;

Ora, a infração supostamente cometida pelo sujeito passivo


ocorreu durante o exercício de 1995. Em sendo assim, em obediência do
disposto no art. 173, I, do CTN, o prazo para a constituição do crédito
tributário iniciou para a Fazenda Pública a partir do 1º dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Neste contexto, considerando que o prazo para a constituição do


crédito tributário extingue-se após o prazo de 05 (cinco) anos, no presente
caso, o prazo fatal para que o lançamento seja efetuado e validamente
notificado ao contribuinte seria o dia 31 de dezembro de 2000.

Ressalte-se, por oportuno, que o marco final para efeitos de


contagem do prazo decadencial é a notificação válida, ao sujeito
passivo, do lançamento (ou auto de infração) realizado, momento em
que o crédito tributário é validamente constituído. Nesse sentido segue
o escólio da doutrina pátria:

“O procedimento a que o CTN dá o nome de


lançamento, e tem por finalidade constituir o crédito
tributário, encerra-se com a notificação feita ao sujeito
ao passivo. A partir desse momento, o lançamento
torna-se definitivo e o crédito tributário estará
definitivamente constituído.” (FREITAS, Vladimir
Passos de. (coord.). Código Tributário Nacional
Comentado. 4ª Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo,
2007, p. 674)

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No caso em comento, conforme alhures fundamentado, a


notificação por edital é nula, não produzindo qualquer efeito para fins de
constituição do crédito tributário, o que significa dizer que até a presente data
o contribuinte não foi validamente notificado. Destarte, constata-se que a
infração ocorrida no exercício fiscalizado, indiscutivelmente, foi alcançada pelo
instituto da decadência tributária, haja vista que entre a data dos fatos
geradores até a presente data ultrapassaram muito mais de 05 (cinco) anos.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, votar
no sentido de extinguir o crédito tributário em razão da configuração da
decadência do direito da Fazenda Pública Estadual constituir o crédito
tributário, ex vi do art. 156, V, do CTN, julgando prejudicado o reexame
necessário da decisão da 2ª Câmara de Julgamento do CTE.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR JULGADORA

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LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA (pelas conclusões)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013

PROCESSO: 1500-016924/05(02 Volumes); CTE-98/10


ANEXOS: 1500-025091/05; 1500-021335/06
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 055745/05
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA
AUTUADA: M J DA SILVA PONTA GROSSA

AUTUANTE: GENIVAL LIMA DE CARVALHO – 30.663-0

RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR COM VOTO VENCEDOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO


ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-200/2013

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EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Não recolhimento de ICMS por
omissão de saída de mercadorias
tributáveis, apurada mediante
levantamento financeiro da conta
‘Caixa’. Hipótese de “insuficiência
de Caixa” e não de “suprimento
indevido de Caixa”. Mantido o
julgado quanto à aplicação da multa
prevista no art. 79 em detrimento
da multa do art. 87. Remessa
necessária conhecida e improvida.
Acórdão da Câmara desse Conselho
mantido.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente processo, objeto de reexame necessário
para o pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto
nos seguintes termos:

A primeira instância proferiu julgamento,


concluindo pela aplicação da penalidade do art. 79, da Lei
nº. 5.900/96, ao contrário da penalidade do art. 87 da
mesma lei, sugerida pelo autuante, quando da lavratura da
peça vestibular dos autos sob a alegação de que o reportado
art. 87 “traz no seu preceito primário apenas a hipótese de
suprimento indevido de caixa e passivo fictício”, segundo a
qual difere da hipótese de insuficiência de caixa e daí a
falta de tipicidade penal tributário.

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Submetida a decisão da instância de piso à


Primeira Câmara deste Colegiado em decorrência de remessa
necessária, esta concluiu por maioria de votos pela
manutenção da decisão de primeiro grau, aplicando assim a
multa do art. 79 ao invés da multa do art. 87, sugerida na
autuação.

Por força de remessa necessária o presente


processo sobe ao pleno deste Colegiado para o respectivo
reexame da decisão proferida pela 1ª(Primeira) Câmara.

Em síntese é o relatório.

VOTO VENCEDOR

I - RELATÓRIO

Por bem resumir a questão, peço vênia para


adotar como próprio o relatório empreendido pelo eminente
Conselheiro JOSÉ PEDRO DA SILVA:

(...).

Sem maiores considerações, passo imediatamente


à análise do mérito da questão.

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É o relatório, no que interessa ao julgamento.

II - VOTO

Voto pela manutenção da redução da multa pelo


julgador monocrático, no qual decidiu pela aplicação do
art. 79, da Lei Estadual 5.900/96 ao invés do art. 87
lançado de ofício na peça vestibular e reaplicada no voto
do relator do processo nessa Câmara, no qual transcrevo a
seguir:

Art. 87 - Falta de recolhimento do imposto, proveniente


de saída de mercadorias, dissimulada por suprimento
indevido de caixa ou passivo fictício, apurado através de
levantamento de escrita contábil do contribuinte: [grifo
nosso]

MULTA - equivalente a 150% (cento e cinqüenta por


cento) do valor do imposto devido.

Verifica-se claramente que a multa do art. 87,


que trata de suprimento indevido de caixa apurado através
de levantamento de escrita contábil, não se subsume aos
fatos narrados na peça vestibular: “...Fato comprovado pela
insuficiência de caixa apurada através do levantamento
específico desta conta...”. (grifo nosso)

Ou seja, a infração aqui analisada é a do


inciso I do parágrafo único do art. 775, e não a do seu
inciso II, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto
35.245/91:

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Art. 775. Apurada a existência de receita cuja origem


não seja comprovada, ou suspeita de fictícia ou graciosa,
inclusive a representada por despesa realizada a
descoberto, considera-se o respectivo valor como saída
de mercadorias em operação interna tributável e não
registrada, sobre ela exigindo-se o imposto
correspondente e a multa cabível.

Parágrafo único - Configura-se também hipótese


prevista neste artigo as seguintes ocorrências:

I - constatação de saldo credor na conta caixa;

II - suprimento de caixa de origem não comprovada;

... (grifos nosso)

Assim, na época do lançamento de ofício, a


multa aplicável seria a do art. 84 da Lei 5.900/96.
Todavia, tal artigo foi expressamente revogado pelo art.
4º, da Lei Estadual n.º 7.079/09. Vejamos:

“Art. 4º Fica revogado o art. 84 da Lei nº 5.90012, de 27 de dezembro de 1996,


reclassificando-se a multa deste artigo para a do art. 79 13 da mesma Lei, relativamente aos
créditos tributários já lançados.”

Quanto à reclassificação, essa Câmara e o Pleno


deste Conselho Tributário Estadual, por maioria de votos,
em outros acórdãos já entenderam que é legal, pois foi
cometido um ato infracional à legislação tributária que

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cabe a punição prevista no tipo administrativo do referido


art. 79, como decidido monocraticamente, sobretudo por ter
favorecido o contribuinte, a teor do disposto no art. 106,
inciso II, alínea “a”, do Código Tributário Nacional.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos no sentido
de conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra o acordão ora em reexame.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO

JULGADOR (voto vencedor)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO

JULGADOR (contra o relator) JULGADOR (contra o


relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR (contra o relator) JULGADORA(contra o


relator)

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MARIA LOPES MILHOMES

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO JULGADORA (com o relator)

JULGADOR (contra o relator)

SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO DO CTE Nº 02 – Realizada em


05/09/2013

PROCESSO: SF-1500-008048/1991; CTE-034/2008

AUTO DE INFRAÇÃO: 035623, PROTOCOLADO EM 10/01/1991


AUTUADA: CASA SÃO LUIZ COM. E ARM. LTDA.

AUTUANTE: MARCELO FERREIRA

RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO N° P-197_2013

EMENTA: ICMS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


EMPRESA REGULARMENTE INTIMADA. EMPRESA
REVEL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO DEFINITIVAMENTE
CONSTITUIDO. OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO NOS TERMOS DO ART. 174
E EXTINÇÃO DO CRÉDITO, TRIBUTÁRIO
CONFORME ART. 156, V AMBOS DO CTN

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REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO


PROVIDO. MANTIDA A DECISÃO DA 2ª
CÂMARA DE JULGAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do


Pleno do Conselho Tributário Estadual, nos termos do
Inciso II, do art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata
do Processo Administrativo Tributário, relativo à Decisão
da Segunda Câmara do CTE, Acórdão de nº. 120/2012, que
julgou Prejudicado o exame de mérito diante do
reconhecimento, por maioria de votos da extinção do
crédito tributário pela prescrição. O acórdão recebeu a
seguinte ementa:

EMENTA: ICMS – CRÉDITO


TRIBUTÁRIO REGULARMENTE
CONSTITUÍDO – NOTIFICAÇÃO DO
SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA DE
APRESENÇÃO DE DEFESA
ADMINISTRATIVA – REVISÃO DE
OFÍCIO – INTELIGÊNCIA DO ART.
141, § 3º, DA LEI ESTADUAL
4418/82 – INEXISTENCIA DE
QUALQUER CAUSA SUSPENSIVA
INERRUPTIVA DA CONTAGEM DO

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PRAZO PRESCRICIONAL – AUSÊNCIA


DE AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE
EXECUÇÃO FISCAL DENTRO DO
QUINQUÊNIO LEGAL – EXTINÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA
INCIDENCIA DA PRESCRIÇÃO, NOS
TERMOS DOS ARTS. 156, INCISO V
C/C 174. DO CTN. REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO

O Auto de Infração nº 0035623, protocolado em


10/6/1991, objeto da lide, de que trata o Acórdão 120/2012
foi lavrado contra a empresa, em evidência, com alegação
de que realizou saídas de mercadorias desacompanhadas de
documentação idônea e utilizou máquina registradora com
lacre de segurança rompido. Julgado procedente em parte
pela 1ª Instância de julgamento recebeu a ementa que
transcrevemos:

EMENTA: ICMS. 1 Lançamento de crédito


tributário. 2 Falta de recolhimento de
imposto decorrente de saídas acobertadas
por documentação inidônea. 3.
Descumprimento de obrigações tributárias
acessórias inerentes a utilização de
máquinas registradoras. 4. Revelia. 5.
Lançamento prejudicado. 6. Extinção do
crédito tributário. Prescrição -= CTN,
artigos 156, V, e 174. 8 Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário –
art. 48, Lei 6771/06

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Notificadas autuada e Representação Fiscal


sobre o Acórdão CTE 120/2012 estas não se manifestaram

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

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Analisando os autos e tudo mais que nele


consta, nota-se que o Reexame Necessário do Pleno CTE
deve-se à Decisão não unanime da 2ª Câmara do CTE sobre a
extinção do crédito tributário pela prescrição, nos termos
do art. 156, V, c/c com art. 174, ambos do CTN, relativo
ao Auto de Infração 0035623, protocolado em 10/6/91,
lavrado contra a empresa Casa São Luiz Com. e Arm. Ltda.,
qualificada na exordial.

O Parecer PGE/PFE 852/09 de 19/8/2009 elucida


quanto à competência de declaração da prescrição ou da
decadência, dizendo que é de quem inscreve na dívida
ativa, ou seja, a Procuradoria da Fazenda. Esclarece ainda
que o procedimento para definir a extinção do crédito
tributário “deve preceder de parecer conclusivo conjunto
dos membros do Colegiado de Procuradores”, composto por
três membros. Observe-se o que diz a redação do art. 1º,
2º e 3º do Decreto 539/02:

Art. 1º- Compete ao Procurador do


Estado, que verificar a
prescrição ou a decadência de
crédito tributário em processo
administrativo fiscal de sua
competência, nos termos do Código
Tributário Nacional, submeter à
questão a Colegiado de
Procuradores integrantes da
unidade operativa da Procuradoria
da Fazenda Estadual para que
opinem conjuntamente, em parecer

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conclusivo, acerca da extinção ou


não do crédito tributário.

Art. 2º - O Colegiado será


composto de, no mínimo, 03 (três)
Procuradores de Estado,
designados, em cada processo,
pelo Coordenador da Procuradoria
da Fazenda Estadual.

Art. 3º - Verificada a prescrição


ou a decadência do crédito
tributário, o parecer conclusivo
será submetido à aprovação do
Procurador- Geral do Estado, que
poderá declarar, em cada caso, a
extinção do crédito tributário.

Os autos foram julgados pelo CTE no dia


13/4/2012. Até esta data existiam dúvidas quanto à
competência do CTE para declarar a prescrição de crédito
tributário, devido à redação do Decreto 539/02, ainda em
vigor e o Parecer PGE/PFE 852/009 de 19/8/2009.

O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de


14/2/2013 (processo 1500 5479/2013) responde à consulta
formulada pela presidência do CTE no ofício nº 044/2012.
Informa a PGE:

(...)

em reunião, realizada na data de


08/07/2010, no âmbito da

114
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GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA

CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

________________________________________________________________________________________
____

Procuradoria da Fazenda Estadual,


predominou o entendimento, agora
unificado, de que a norma do art.
141 da Lei Estadual 4418/82 (hoje
revogada) era de natureza
processual, devendo sua nova
redação, dada pela Lei Estadual nº
5983/97, ser aplicada a partir da
vigência desta última, a todos os
processos então em curso. Desta
forma, não mais exigível a partir
de 20/12/97, o julgamento
administrativo quando revel o
contribuinte, tal como previsto na
redação original do art. 141 em
menção.

Em decorrência, ficou também


decidido que o dia 20/12/97 será o
marco inicial da prescrição para
os créditos tributários
consignados em processos
administrativos iniciados antes da
edição da Lei 5983/97, cujo
julgamento desnecessariamente, se
tenha realizado a partir daquela
data (...).

Considerando o parecer supra, a partir de


20/12/97, após revel o contribuinte, está constituído
definitivamente o crédito tributário e nesta data começa a
contagem do prazo prescricional que somente neste caso, a
própria PGE dá a competência.

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

________________________________________________________________________________________
____

A autuada foi intimada regularmente, não


apresentando Defesa foi lavrado o Termo de Revelia no dia
5/8/1991.

Assim sendo, o crédito tributário foi


definitivamente constituído e, portanto prescrito nos
termos do art. 174 do CTN diz em sua redação:

Art. 174. A ação para a cobrança


do crédito tributário prescreve em
cinco anos, contados da data da
sua constituição definitiva.

(...)

Em consequência, o crédito tributário está


extinto, na forma do art. 156, V, do CTN, cuja redação
assim diz:

Art. 156. Extinguem o crédito


tributário:

(...)

V - a prescrição e a decadência;

(...)

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
procedo ao reexame necessário, negando-lhe provimento,

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________________________________________________________________________________________
____

mantendo a decisão da 2ª Câmara de julgamento, conforme o


acórdão do CTE 120/2012.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em


Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (pelas conclusões)

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________________________________________________________________________________________
____

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013

PROCESSO: SF-1500-000474/1997; CTE-390/2010

AUTO DE INFRAÇÃO:065365, PROTOCOLADO EM 30/07/1996


AUTUADA: MARIA DE LOURDES CORREIA MATA

RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-196/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS.


AUSENCIA DE INTIMAÇÃO À AUTUADA NA FORMA
DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. NULIDADE DOS
AUTOS, EXCETO O AUTO DE INFRAÇÃO. CRÉDITO
TRIBUTÁRIO NÃO ESTÁ DEFINITIVAMENTE
CONSTITUIDO. NÃO OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXTINÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO INSTITUTO DA
DECADÊNCIA.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E
IMPROVIDO.

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________________________________________________________________________________________
____

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do


Pleno do Conselho Tributário Estadual, nos termos do
Inciso II, do art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata
do Processo Administrativo Tributário, relativo à Decisão
da Segunda Câmara do CTE, Acórdão de nº. 091/2011 que por
maioria de votos e recebeu a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. CRÉDITO DEFINITIVAMENTE
CONSTITUIDO PELO LANÇAMENTO
REGULARMENTE NOTIFICADO AO
CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE
QUALQUER HIPÓTESE DE SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. DECURSO DO PRAZO DO
QUINQUÍDIO LEGAL DE TRATA O ART.
174 DO CTN SEM A DEVIDA COBRANÇA.
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
PELA PRESCRIÇÃO. INTELIGÊNCIA DO
ART. 15, INCISO V, DO CTN. REMESA
CONHECIDA E NÃO PROVIDA.

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________________________________________________________________________________________
____

O auto de Infração nº 065365, protocolado em


30/07/1996, , objeto da lide, de que trata o Acórdão
091/2011 foi lavrado contra a empresa em evidência, com
alegação do autuante de que deixou de comunicar “á Fazenda
Estadual, o encerramento de suas atividades comerciaisi” e
intimada para apresentar livros e documentos fiscais, não
compareceu, carecterizando o deparecimentos dos mesmos e
“não apresentou o Índice de Participação dos Municípios”

O auto de Infração, objeto da lide, foi


julgado procedente pela 1ª Instância de julgamento cuja
ementa transcrevemos:

EMENTA: OBRIGAÇÕES FORMAIS: 1) deixar de


comunicar à SEFAZ o encerramento de suas
atividades comerciais: 2) extraviar
livros e documentos fiscais. Intimação
fiscal regulamentar. Ausência de
contestação. Itens 1 e 2, infrações
caracterizadas; 3) não apresentar à
repartição fazendária a Declaração de
Valor Adicionado para fins de apuração do
Índice de Participação dos Municípios.
Acusação procedida de forma generalizada.
Insubsistente a ação fiscal. Auto de
Infração PROCEDENTE EM PARTE.

Notificada autuada pela Notificação CTE


234/2010, não logrando êxito (fls. 76 a 78), foi publicado
o Edital CTE Nº 018/2012, publicado no dia 21/3/2012, a
autuada não se manifestou.

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____

Notificada a Representação Fiscal pelo MEMO CTE


Nº 60/2011 nada acrescentou.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele


consta, nota-se que o Reexame Necessário do Pleno CTE
deve-se à Decisão não unanime da 2ª Câmara do CTE sobre a
extinção do crédito tributário pela prescrição nos termos
do art. 156, V, do CTN, relativo ao Auto de Infração
065365, protocolado em 30/07/1996, lavrado contra a
empresa Maria de Lourdes Correia Mata.

O Parecer PGE/PFE 852/09 de 19/8/2009 elucida


quanto à competência de declaração da prescrição ou da
decadência, dizendo que é de quem inscreve na dívida
ativa, ou seja, a Procuradoria da Fazenda. Esclarece ainda
que o procedimento para definir a extinção do crédito
tributário “deve preceder de parecer conclusivo conjunto
dos membros do Colegiado de Procuradores”, composto por

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____

três membros. Observe-se o que diz a redação do art. 1º,


2º e 3º do Decreto 539/02:

Art. 1º- Compete ao Procurador do


Estado, que verificar a
prescrição ou a decadência de
crédito tributário em processo
administrativo fiscal de sua
competência, nos termos do Código
Tributário Nacional, submeter à
questão a Colegiado de
Procuradores integrantes da
unidade operativa da Procuradoria
da Fazenda Estadual para que
opinem conjuntamente, em parecer
conclusivo, acerca da extinção ou
não do crédito tributário.

Art. 2º - O Colegiado será


composto de, no mínimo, 03 (três)
Procuradores de Estado,
designados, em cada processo,
pelo Coordenador da Procuradoria
da Fazenda Estadual.

Art. 3º - Verificada a prescrição


ou a decadência do crédito
tributário, o parecer conclusivo
será submetido à aprovação do
Procurador- Geral do Estado, que
poderá declarar, em cada caso, a
extinção do crédito tributário.

Os autos foram julgados pelo CTE no dia


1/4/2011. O voto divergente quanto à declaração de

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____

prescrição pelo CTE por esta conselheira foi em obediência


ao Decreto 539/02, ainda em vigor e o Parecer PGE/PFE
852/009 de 19/8/2009.

O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de


14/2/2013 (processo 1500 5479/2013) responde à consulta
formulada pela presidência do CTE no ofício nº 044/2012.
Informa a PGE:

(...)

em reunião, realizada na data de


08/07/2010, no âmbito da
Procuradoria da Fazenda Estadual,
predominou o entendimento, agora
unificado, de que a norma do art.
141 da Lei Estadual 4418/82 (hoje
revogada) era de natureza
processual, devendo sua nova
redação, dada pela Lei Estadual nº
5983/97, ser aplicada a partir da
vigência desta última, a todos os
processos então em curso. Desta
forma, não mais exigível a partir
de 20/12/97, o julgamento
administrativo quando revel o
contribuinte, tal como previsto na
redação original do art. 141 em
menção.

Em decorrência, ficou também


decidido que o dia 20/12/97 será o
marco inicial da prescrição para
os créditos tributários
consignados em processos
administrativos iniciados antes da
edição da Lei 5983/97, cujo
julgamento desnecessariamente, se

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____

tenha realizado a partir daquela


data (...).

Considerando o parecer supra a partir de


20/12/97, após revel o contribuinte, está constituído
definitivamente o crédito tributário e nesta data começa a
contagem do prazo prescricional que somente neste caso, a
própria PGE dá a competência ao CTE de declarar a
prescrição.

Observe-se que na ementa do acórdão diz


“(...)CRÉDITO DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO PELO LANÇAMENTO
REGULARMENTE NOTIFICADO AO CONTRIBUINTE(...)”

A autuada não foi intimada nos termos da


legislação vigente, o art. 131 da Lei 4418/82. A Intimação
à autuada se deu por edital que então devia ocorrer apenas
quando não se conseguia efetivá-la na forma do art. 131, I
a IV:

Art. 131 - A intimação será feita:


I - pelo autor do procedimento ou
outro servidor a quem for
conferida a atribuição,
comprovando-se pelo "ciente" do
intimado, seu mandatário ou
preposto;
II - pela declaração expressa de
recusa do intimado, por quem
proceder à intimação;
III - pela ciência dada na
repartição ao interessado ou seu

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representante, em razão de
comparecimento espontâneo ou a
chamado do órgão onde se encontre
o processo;
IV - por via postal, comprovando-
se pelo "Aviso de Recepção (AR)",
assinado pelo intimado, seu
representante ou por quem o fizer
em seu nome;
V - por edital.
§ 1º - Na impossibilidade de se
proceder na forma dos incisos I a
IV deste artigo, a intimação será
feita por edital, anexando-se uma
via ao processo e certificando-se
nos autos a sua publicação, com
indicação da página e da data do
Diário Oficial.
§ 2º - O edital será publicado uma
só vez no Diário Oficial do
Estado, com prazo de 30 (trinta)
dias, e conterá apenas a indicação
do órgão próprio da Secretaria da
Fazenda, o nome do intimado e dos
co-responsáveis, o assunto e a sua
natureza, o prazo e o endereço do
órgão incumbido da intimação.
§ 3º - O contribuinte ausente do
país será citado por edital, com
prazo de 60 (sessenta) dias.
§ 4º - Sempre que o contribuinte
for domiciliado no Interior do
Estado, o Edital será também
afixado no setor de atendimento
externo da repartição fazendária
local, onde deverá permanecer pelo
prazo estabelecido no parágrafo 2º
deste artigo.
§ 5º - No caso do parágrafo
anterior, certificar-se-ão nos

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autos, a data e o local onde foi


afixado o edital.

Portanto, com exceção do Auto de Infração todo


o processo é nulo a partir dele. Assim sendo,– o crédito
tributário ainda não foi definitivamente constituído. O
art. 174 do CTN diz em sua redação:

Art. 174. A ação para a cobrança


do crédito tributário prescreve em
cinco anos, contados da data da
sua constituição definitiva.

(...)

Diante do exposto, procedo ao reexame


necessário, considerando que não foi constituído
definitivamente o crédito tributário, portanto este não
está prescrito. O processo está nulo, exceto o Auto de
Infração que ainda precisa ser examinado apenas quanto ao
encerramento de atividades sem comunicação à Sefaz.

Em consequência, dado o decurso do prazo, o


crédito tributário encontra-se decaído, por não ter mais
prazo para um novo lançamento. Reexame necessário conhecido
e improvido.

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____

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió,


05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JULGADORA
JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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________________________________________________________________________________________
____

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013

PROCESSO: 1500-032.266/2004 e CTE nº 487/2010.


ANEXOS: 1500-034.824/2004 e 1500-004.023/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 044.647, de 10/11/2004.
AUTUADA: GEBRA – BRASILEIRA GERADORA DE ENERGIA LTDA.

ASSUNTO: Reexame Necessário do Acórdão nº 109/2011, da 1ª


Câmara nos termos do artigo 48, II, Lei nº 6.771/2006.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-193/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Deixar de recolher o ICMS diferencial de
alíquotas nas aquisições de mercadorias
destinadas ao uso, consumo ou ativo
imobilizado, em outras unidades da
Federação nos exercícios de 2002 e 2003. 2)
Infração comprovada. 3) Aplicação da
penalidade prevista no artigo 79, da Lei
nº 7.079/2009. 3) Lançamento Procedente me
Parte. 4) Reexame Necessário nos termos do

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____

artigo 48, II, da Lei Estadual nº 6.771/06,


conhecido e provido. 5) Reformado em parte
o Acórdão nº 209/2011, da Primeira Câmara.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário nos termos do


artigo 48, II, da Lei nº 6.771/2006, referente ao Acórdão nº
209/2011, da 1ª Câmara deste Conselho, que por maioria de
votos, julgou Procedente em Parte a Decisão nº 16.403/2010,
de Primeira Instância, reduzindo o valor do crédito
tributário pela retirada da multa aplicada, sob a alegação de
não se aplicar o artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, em
substituição ao artigo 84, da mesma lei, uma vez que este se
encontra revogado pela Lei nº 7.079/2009, recebendo o acórdão
a seguinte ementa.

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO - PRELIMINARES DE


NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO E DE
DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
REJEITADAS. MÉRITO – PARCELAMENTO SUSCITADO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXIGIDO DESPROVIDO DA
RESPECTIVA PROVA NOS AUTOS. PENALIDADE
AFASTADA EM RAZÃO DA REVOGAÇÃO DO ART. 84
DA LEI Nº 5.900/96. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO EM PARTE.

É o relatório.

Voto

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____

Como já exposto, o Reexame Necessário trata


tão somente da redução no valor do crédito tributário em
razão da retirada da multa prevista no artigo 79, da Lei
Estadual nº 5.900/1996 que fora aplicada pela decisão
singular, alegando o voto relator, vencedor por maioria de
votos, que o artigo 79, não poderia ser aplicado em
substituição ao artigo 84, uma vez que este fora revogado
pela Lei nº 7.079/2009.

Diferentemente do voto vencedor, entendo que


a multa prevista no artigo 79, da Lei Estadual nº 5.900/1996,
aplica-se a presente autuação, haja vista, que o artigo 84,
da mesma lei, sugerido na inicial, sofreu revogação e sua
multa foi reclassificada (reclassificação qualificada) para o
artigo 79; e, ainda, por ser este o entendimento das Câmaras
e do Pleno deste Conselho por maioria de votos. Nesta
situação o Lançamento é Procedente em Parte e o crédito
tributário tem como valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total

2002 44.855,09 22.427,54 67.282,63

2003 27.391,39 13.695,69 41.087,08

Total 72.246,48 36.123,24 108.369,72

Portanto, o crédito tributário tem como


valor R$ 108.369,72 (cento e oito mil; trezentos e sessenta e
nove reais e setenta e dois centavos), devendo ser recolhido
com acréscimos previstos em lei.

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____

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do Reexame Necessário,
dar-lhe provimento. Reformado em parte o Acórdão nº 209/2011,
em razão da aplicação da multa correspondente na composição
do valor do crédito tributário.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió,


05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR (com o relator) JULGADOR (com o relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (com o relator) JULGADOR(contra o
relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (com o relator) JULGADORA (com o
relator)

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ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (com o relator)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013

PROCESSO: 1500-015.137/2000 e CTE nº 364/2010.

ANEXOS: SF-1500-019.145/2008 e 1500-004.435/2010.

AUTO DE INFRAÇÃO: 019.254/2000.

AUTUADA: PAULO CESAR TENÓRIO CAVALCANTE.

ASSUNTO: Reexame Necessário (artigo 48, II, da Lei nº


6.771/2006), referente ao Acórdão nº 078/2011, da 1ª Câmara.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-192/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação acessória. 1)


Presunção de extravio de livros e documentos
fiscais. 2) Auto de infração protocolizado em

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21/09/2000. Intimação da autuada ocorrida em


17/11/2008. Extinto por decadência nos termos
do artigo 173, I, da Lei nº 6.771/2006, o
direito do fisco para fazer o Lançamento, uma
vez que a autuada tinha até 31/12/2005, para
constituir o crédito tributário através do
lançamento. Prejudicado o exame de mérito. 4)
Recurso Ordinário conhecido e improvido.
Mantido o Acórdão nº 078/2011, da Segunda
Câmara deste Conselho.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário referente ao


Acórdão nº 078/2011, da Segunda Câmara deste Conselho, que
por maioria de voto decidiu pela prejudicialidade do exame de
mérito em razão da ocorrência de decadência tributária, e,
pela reforma da Decisão nº 16.492/2010, de Primeira Instância
que julgou Procedente o Lançamento, sendo vencedor o voto da
julgadora Célia Braga de Albuquerque, que acatou a preliminar
de decadência argüida no Recurso Ordinário,

É o relatório.

Voto

O Reexame Necessário se refere ao voto


vencedor emitido pela julgadora Célia Braga que por maioria
de votos, acatou a questão preliminar arguida pela autuada
com o reconhecimento da prejudicialidade do exame de mérito

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motivada pela ocorrência de decadência tributária, mediante


as seguintes fundamentações:

1) Que, o auto de infração foi protocolizado


em 21/09/2000; as tentativas de intimação da autuada para
apresentar defesa foram frustradas, sendo lavrado Termo de
Revelia em 01/12/2000; a Diretoria de Arrecadação e Crédito
Tributário – DIRAC durante os trâmites processuais reconheceu
que as intimações foram irregulares e em 20/07/2008, intimou
a autuada na forma determinada na Lei nº 6.771/2006, mediante
intimações dos sócios, considerando que a inscrição cadastral
estava na situação de INATIVA/BAIXADA desde 31/10/1998.

2) Que, em 07/11/2008, a autuada veio aos


autos, apresentando defesa, demonstrando que na época da
autuação não fora intimada na forma exigida pelo artigo 131,
I, a V, da Lei 4.418/1982; e, estes termos, como a autuada
não foi intimada da autuação na forma prevista pelo artigo
131, II e III, da Lei nº 4.418/1982, tal fato tornou o
lançamento viciado pela não observância dos requisitos legais
uma vez que sua intimação não foi válida, e por conseqüência
não incorreu em revelia, o credito tributário não foi
constituído e o direito para sua constituição decaiu conforme
artigo 173, I, do CTN (reproduzido).

“Art. 173 – O direito de a Fazenda Publica


constituir o crédito tributário extingue-se
após 5(cinco) anos, contados:

I – do primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado:

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____

(...)

3) Que a intimação da autuada somente


ocorreu em 07/11/2008, com sua ciência válida, acerca dos
fatos que lhes foram imputados, mediante a apresentação da
defesa; ficando caracterizado, portanto, sua intimação válida
nos termos do artigo 11, §3º, da Lei nº 6.771/2006; e, em
sendo a obrigação acessória instrumento que dá conformidade à
obrigação principal, não há como se falar no não alcance da
decadência sobre ela (obrigação acessória), quando o direito
sobre a própria obrigação principal já decaiu, haja vista,
haver decorrido o prazo de cinco anos e tendo a homologação
de sua baixa ocorrido em 26/09/2000, o Fisco teria até
31/12/2005, por se tratar de obrigação acessória, para
proceder ao lançamento de ofício.

Não restam dúvidas do acerto do voto


vencedor conforme consta da decisão proferida pela Segunda
Câmara mediante o Acórdão nº 078/2011, haja vista, que o
lançamento somente se deu em 17/11/2008, quando da ciência da
autuada, ou seja, fora do prazo permitido para a constituição
do crédito tributário conforme determinado no artigo 173, I,
do CTN

Por fim, observe-se, que a decadência foi


arguida pelo Recurso ordinário (item 16) e que sua ocorrência
prejudicou a análise do mérito do lançamento do crédito
tributário constante do presente auto de infração.
Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário nos termos do artigo 48, II,
da Lei nº 6.771/2006, negar-lhe provimento. Mantido o Acórdão
nº 078/2011, que julgou extinto o crédito tributário em razão
de haver ocorrido sua decadência, como prevê o artigo 65, da
lei nº 4.4118/82.

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Sala das Sessões do Pleno do CTE, em


Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO N º : SF 1500-016915/2005; CTE 490/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO N º : 071838, de 04/07/2005.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : ROMISON FERRO GOMES.
AUTUANTE : Alberto Lopes Balbino da Silva e outros.
RELATOR : Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-118/2013

EMENTA. ICMS. DECADÊNCIA PARCIAL. É de


05 (cinco) anos o prazo, de natureza
decadencial, disposto no art. 150, §4º,
do Código Tributário Nacional, a
iniciar-se dos fatos geradores quando da
ocorrência de pagamento, ainda parcial.
Precedentes do STJ. Reexame de ofício
conhecido e não provido. Mantido o
Acórdão da 2ª Câmara de Julgamento.

I-RELATÓRIO

Trata-se de reexame de ofício


ao Acórdão n. 092/2011, da 2a. Câmara do
Conselho Tributário Estadual, que chega

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para análise do Pleno deste Colegiado


Administrativo por força do art. 48,
inciso II, da Lei n ° 6.771/2006 (PAT),
considerando o referido decisório não
unânime (foi vencida, em parte, a
julgadora Maria Lopes Milhomes) que
reduziu o crédito tributário.
Previamente ao voto, conveniente
empreendermos um breve resumo dos atos e
fases processuais já vencidas.
Pois bem. O auto de infração retratou uma omissão
de saídas nos exercícios de 2000 a 2004 com base em
auditoria no movimento financeiro do contribuinte.
Por isso, então, houve o lançamento do crédito
respectivo no valor de R$ 26.672,88 e imposição da
multa do art. 97 da Lei n.º 5.900/96 (200%).

O contribuinte compareceu aos autos após a


intimação editalícia de fl. 112, arguindo, em
síntese, a prescrição/decadência de parte do
crédito tributário; que as diferenças apontadas
teriam origem na inobservância das compras a prazo;
e, finalmente, a desproporcionalidade e falta de
razoabilidade da multa aplicada.

Após as considerações fiscais em sede de contra


razões, a Coordenadoria de Julgamento, através da
Decisão n. º 16.499/2010, após rechaçar a
preliminar de prescrição/decadência mediante a
defesa da contagem de prazo pelo art. 173, I, do
CTN, no mérito igualmente rejeitou a procedência
dos argumentos expostos pelo contribuinte, aduzindo
que as alegações deste não estarem acompanhadas de
provas.

A infração fora, por sua vez, recapitulada pela


instância singular, do tipo do art. 97 para o do
art. 79 da Lei n. 5.900/96, com redução do crédito
originalmente lançado.
Intimado, o contribuinte manejou competente
recurso voluntário, pelo qual basicamente manteve
as suas considerações empreendidas perante a
instância singular, acrescentando apenas preliminar
e nulidade da intimação quanto ao lançamento,

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defendendo que tal situação conduziria a sua


nulidade.

Instigada a se manifestar sobre as razões


recursais, a Representação Fiscal teceu suas
considerações no sentido da manutenção da decisão
singular basicamente pelas suas próprias razões.

A 2a. Câmara deste Colegiado, em voto conduzido


por este relator, reconheceu a decadência dos
créditos tributários lançados para períodos
anteriores a 18 de maio de 2002, considerando que a
intimação do lançamento se deu sob a modalidade
editalícia em 18 de maio de 2007, aplicando a regra
do art. 150, parágrafo 4o, do Código Tributário
Nacional.

O voto divergente ficou por conta da Conselheira


Maria Lopes Milhomes, que por entender ser
aplicável a regra do art. 173, inciso I, do Código
Tributário Nacional, que desloca para o primeiro
dia útil do exercício seguinte o início da contagem
do prazo decadencial, entendeu que apenas estariam
decaídos os créditos lançados anteriores a 1o de
janeiro de 2002.

Assim subiram os autos a este Plenário.


É o relatório.

VOTO

De início, convém destacar que a matéria cujo


exame ora é devolvido a este Colegiado diz respeito
aquela na qual a Fazenda Estadual restou sucumbente
em razão da decisão da 2a. Câmara do CTE, na parte
não unânime, qual seja o reconhecimento da
decadência a aplicação entre 1o de janeiro de 2003
e 18 de maio de 2002. Isto considerando que unânime
foi a decisão na parte em que entendeu a decadência
para os fatos geradores anteriores àquela data
(CTN, art. 173, I).

Agora já em reexame, não vejo motivos suficiente a


mudar o entendimento de que teriam sido atingidos
pela preclusão material todos aqueles créditos
originários de fatos geradores anteriores a 18
(dezoito) de maio de 2002 (dois mil e dois), já que
a sua intimação teria ocorrido pela modalidade

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editalícia no mesmo dia e mês do ano de 2007 (dois


mil e sete).

Explico.

A decadência em matéria tributária possui regime jurídico


próprio, e é regida, por delegação constitucional
(CF, art. 146, inciso III, alínea ‘b’), pelo Código
Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu regras sobre o


comentado instituto jurídico (decadência), em
vista, precipuamente, da modalidade de lançamento
adotada para cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento por


homologação, ao qual está sujeito o ICMS, o prazo
decadencial é regido pelo 4º do art. 150 do CTN,
cuja redação se transcreve:

Art. 150. (...)

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5


(cinco) anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o
crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.

Assim, em sendo o marco inicial do prazo


decadencial fixado, em lei, pela ocorrência do fato
gerador, ou seja, pela realização no mundo
fenomênico da hipótese normativa contida na regra
matriz de incidência tributária, deduz-se que
observados 05 (cinco) anos sem que o Fisco se
pronuncie sobre os procedimentos/recolhimentos
fixados no caput e demais §§ do citado art. 150,
estariam estes tacitamente homologados, logo,
decaída a faculdade da autoridade fazendária de
revê-los. Isto diante da extinção do crédito, por
homologação tácita, na dicção dos citados
dispositivos legais.

Sobre o assunto cumpre atentarmos para a sempre


abalizada lição de JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO,
para quem “tendo sido realizados os fatos geradores
do IPI, ICMS, ISS, Cofins, PIS, o Fisco só poderá

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efetuar o lançamento no prazo de cinco anos


contados de cada fato, ou período de apuração
(mensal, se for o caso). Tendo a empresa vendido
mercadorias em 20 de setembro de 2001, sem
considerar o ICMS, o Fisco só poderá lançar este
tributo dentro de cinco anos contados a partir de
1º de outubro de 2001, com termo final em 30 de
setembro de 2006.”14.

No caso dos autos, em não tendo sido provada o


dolo, a fraude ou a simulação que fariam o prazo se
deslocar para a regra geral do art. 173, I, do CTN,
e que houve nos meses fiscalizados pagamentos
(ainda que parciais) do crédito tributário,
inarredável é a observância a regra do art. 150,
§4º, do CTN.

Nesta esteira está a jurisprudência do STJ,


inclusive já firmada sob a ótica do art. 543-C, do
CPC (Recursos Repetitivos), para quem “Por outro
lado, a decadência do direito de lançar do Fisco,
em se tratando de tributo sujeito à lançamento por
homologação, quando ocorre pagamento antecipado
inferior ao efetivamente devido, sem que o
contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo e
simulação, nem sido notificado pelo Fisco de
quaisquer medidas preparatórias, obedece a regra
prevista na primeira parte do parágrafo 4o, do
artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se
a lei não fixar prazo a homologação, será ele de
cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador:
“Neste caso, concorre a contagem do prazo para o
Fisco homologar expressamente o pagamento
antecipado, concomitantemente, com o prazo para o
Fisco, no caso de não homologação, empreender o
correspondente lançamento. Sendo assim, no termo
final desse período, consolidam-se simultaneamente
a homologação tácita, a perda do direito de
homologar expressamente e, consequentemente, a
impossibilidade jurídica de lançar de ofício” (in
Decadência e Prescrição no Direito Tributário,
Eurico Marcos Diniz de Santi, 3a. Ed., Max Limonad,
pág. 170).” (REsp 973733/SC. Rel. Min. Teori Albino
Zavascki. 12/08/2009).

14

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No caso em apreço, em tendo sido o sujeito


passivo, ora Recorrente, notificado da lavratura do
auto de infração em 18/05/2007, acato a arguição de
decadência em relação aos créditos vinculados a
fatos geradores verificados em momento anterior a
18/05/2002.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
no sentido de conhecer do reexame de ofício para
negar-lhe provimento, manter o acórdão recorrido,
destacando que isto importa na inviabilidade da
cobrança do exercício de 2002.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Contra Relator) JULGADORA (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 001 – Realizada em 30/04/2013 - PLENO

PROCESSO: SF-1500-017663/05; CTE-193/09

ANEXOS: 1500-020241/05 e 1500-022680/2009

AUTO DE INFRAÇÃO: 9935356-001, PROTOCOLADO EM


08/07/2005
AUTUADA: TV MASSAYO LTDA.

ASSUNTO: SESSÃO DO PLENO DO CTE REALIZADA EM 30/4/2013

AUTUANTE: LENIRA OMENA GAMA E OUTROS

RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES

VOTO VENCEDOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-117/2013

EMENTA: ICMS – COMUNICAÇÃO.


Ausência de prestação de serviço
onerosa, em que um terceiro
possibilite a comunicação entre
pessoas distintas das prestadoras
de serviço. Impossibilidade de
Identificação do Receptor da
Mensagem. Ausência das hipóteses
de Incidência. Reexame Conhecido e

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improvido. Lançamento
Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do


Pleno do Conselho Tributário Estadual, nos termos do
Inciso II, do art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata
do Processo Administrativo Tributário, relativo à Decisão
da Segunda Câmara do CTE, Acórdão de nº. 282/2010 que deu
provimento ao Recurso Ordinário interposto pela Empresa TV
Massayo Ltda. por maioria de votos e recebeu a seguinte
ementa:

EMENTA: ICMS – COMUNICAÇÃO.


Ausência de prestação de serviço
onerosa, em que um terceiro
possibilite a comunicação entre
pessoas distintas das prestadoras
de serviço. Serviço de propaganda
em canal aberto. Impossibilidade
de Identificação do Receptor da
Mensagem. Ausência das hipóteses
de Incidência. Recurso Conhecido e
Provido. Autuação Improcedente.

O auto de Infração nº 9935356-001, protocolado


em 8/7/2005, objeto da lide, de que trata o Acórdão
282/2010 foi lavrado contra a empresa em evidência, com
alegação do autuante de que prestou serviço de

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comunicação, emitindo nota fiscal sem o destaque o ICMS


correspondente e em conseqüência deixou de recolher o ICMS
pertinente. O auto de Infração, objeto da lide, foi
julgado procedente pela 1ª Instância de julgamento cuja
ementa transcrevemos:

EMENTA: ICMS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


DE TELECOMUNICAÇÕES. A prestação
onerosa de serviços de comunicações
na modalidade de radiodifusão
constitui fato gerador do imposto,
cuja incidência se dá, não sobre a
comunicação propriamente dita, mas
sobre a relação negocial existente
entre o veículo de divulgação
(empresa autuada) e o cliente
anunciante. Comprovada Infração à
legislação tributária. LANÇAMENTO
PROCEDENTE.

Notificadas autuada pelo ofício CTE 082/2011 e


Representação Fiscal pelo MEMO CTE Nº 60/2011 nada
acrescentaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

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VOTO VENCEDOR

Dispensado o relatório, em atenção ao


apresentado pela nobre relatora, que demonstrou tratar-se
de reexame necessário em atenção ao acórdão da 2ª Câmara
deste Conselho Tributário, o qual por maioria reconheceu a
improcedência do lançamento do crédito tributário, passe-se
direto ao voto.

VOTO

Inicialmente é oportuno frisar que a presente


matéria já foi debatida em outras oportunidades nesta
câmara e no Pleno do TCE, onde por maioria de votos foi
pacificado o posicionamento pela não incidência do ICMS
sobre o serviço de comunicação.

Pode-se classificar o serviço como uma das


espécies do gênero trabalho, no entanto, enquanto o
trabalho é um esforço que o homem pode realizar para si ou
para terceiros, os serviços, são exclusivamente prestados
para outras pessoas.

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Para alcançar o conceito de “prestação de


serviço” trazido no texto constitucional, é necessário que
esse não seja um ato de mera liberalidade, ou seja, deverá
possuir caráter econômico, pois apenas serão tributadas
situações dotadas de conteúdo econômico.

Sobre a o termo “prestar serviço” os


ensinamentos de Marcelo Viana Salomão esclarecem:

... os serviços passíveis de tributação são somente aqueles


prestados a terceiros, dotados de conteúdo econômico, em
regime de Direito Privado, excluídos os prestados com vínculo
trabalhista.

Não ignoramos que, para que estejamos diante de uma efetiva


prestação de serviço tributável, certamente haverá de existir um
contrato, ainda que verbal, previamente celebrado. O que
queremos frisar é que o fato imponível não é a celebração deste
negócio jurídico, mas sim a concretização da prestação do
serviço prevista no contrato. 15

Sob esse prisma, vê-se que a prestação de


serviço constitui o elemento básico da materialidade do
imposto, o qual compreende a realização de negócio jurídico
pertinente a uma obrigação “de fazer”, sob regime de

15 SANTI, Eurico Marcos Diniz de(Org.). Curso de Especialização em Direito Tributário: Estudos
analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 744.

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direito privado, obrigação essa que não se confunde com os


serviços públicos específicos e divisíveis, remunerados por
taxas, tarifas ou preços públicos.

Para efeitos tributários, o significado


jurídico de “comunicação”, pressupõe a existência de duas
(ou mais) pessoas (naturais ou jurídicas) em posições
distintas, assim para haver a comunicação faz-se necessária
a participação de elementos específicos, quais sejam,
emissor, mensagem, canal da mensagem e receptor.

Através do art. 110 do CTN 16, é possível


constatar que devem ser utilizados outros ramos do Direito
e até outras ciências, para alcançar o significado de
“comunicação”, os dicionários Michaelis e Aurélio definem o
vernáculo “comunicação” como:

s. f. 1. Ação, efeito ou meio de comunicar(-se). 2. Aviso,


informação, esclarecimento. 3. Mec. Transmissão. 4. Relação,
correspondência fácil; trato, amizade. 5. Acesso, passagem. 17

16
CTN, art. 110. “A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal,
pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para
definir ou limitar competências tributárias.”
17 MICHAELIS.

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"COMUNICAÇÃO ( do latim communicatione). S.f. 1. Ato ou


efeito de comunicar (-se). 2. Ato ou efeito de emitir, transmitir e
receber mensagens por meio de método e/ou processos
convencionados, quer através de linguagem falada ou escrita,
quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de
aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual (...) 11.
Eng. Eletrôn. Transmissão de informação de um ponto a outro
por meio de sinais em fios, ou de ondas eletromagnéticas. 12.
Teor. Inf. Transmissão de mensagem entre uma fonte e um
destinatário." 18

O regulamento geral do antigo Código


Brasileiro de Comunicação traz em seu art. 6º. do Decreto
nº. 97.057/88 o conceito de comunicação como “COMUNICAÇÃO
– Transferência unilateral ou bilateral de informação por
meio de sinais convencionados.”

Percebe-se, observando os conceitos de


comunicação, a abrangência de seus significados,
entretanto, não é a comunicação isoladamente que compõe o
âmbito de incidência do ICMS, e sim o serviço de
comunicação, ou seja, o que o legislador pode utilizar para
definir a hipótese de incidência deste imposto é o serviço
de comunicação.

Vê-se que para caracterizar o serviço que


compreende o conceito de serviços de comunicação passíveis

18 FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3 ed. –


Curitiba: Positivo, 2004.

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de tributação pelo ICMS é necessário que haja prestação


onerosa, em que um terceiro, forneça os meios necessários
que possibilitem à comunicação entre duas ou mais pessoas,
as quais devem ser diversas daquele que se encontra
prestando o serviço, que será um mero interlocutor.

Assim percebe-se que os serviços de


comunicação visual difusão, radiodifusão e propaganda não
são passíveis da tributação do ICMS serviço, já que o
terceiro prestador do serviço não oportuniza aos
interlocutores uma comunicação direta, realizando
efetivamente a troca de mensagens.

Sobre o tema o tema o professo Roque Carraza


em sua obra “ICMS” assim preconiza”:

“Para que melhor se compreenda: só há prestação de serviço de


comunicação quando a comunicação for objeto do contrato
celebrado entre o prestador e os fruidores, e, portanto, a
remuneração havida decorre do cumprimento desta mesma avença.
É pois, o fim(telos) pretendido pelas partes que determinará, quando
for o caso, o nascimento da obrigação de recolher o tributo.

...

Em suma, o fato imponível do ICMS somente ocorre quando, mercê


de negócio jurídico firmado entre particulares, sob o regime de

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Direito Privado (mas não trabalhista), um serviço de comunicação


for efetivamente prestado.” 19

O mencionado autor ao responder a indagação


sobre o momento da prestação onerosa do serviço previsto no
inciso II do art. 155 da CF esclarece que além da
necessária existência de um emissor e receptor da mensagem
e da própria mensagem, é preciso a existência:

a) a determinação emissor e do receptor da mensagem; b) a


bilateralidade da relação entre ambos; e c) a onerosidade
diretamente relacionada a esta relação interativa. 20

Assim, conclui o renomado professor ao afirma


que “se o receptor da mensagem não for determinado e não
estiver em condições de entendê-la e responder a ela pelo
mesmo canal comunicativo, não há espaço para o ICMS”.

Hugo de Brito Machado, em sua reconhecida obra


os “Os Aspectos Fundamentais do ICMS”, complementa o
posicionamento acima ao expor:

Há quem sustente que a radiodifusão é um serviço tributável,


porque não é gratuito. Seria remunerado pelos interessados na
publicidade, nos anúncios, nos ditos comerciais. Sustentam que não
se trata de prestação gratuita porque os que propiciam esse tipo de
comunicação, seus verdadeiros tomadores, tais como as empresas
comerciais e publicitárias, que desejam ver suas mensagens

19 CARRAZA, Roque Antonio. In ICMS. 12ª.Ed Malheiros São Paulo. p. 166/167


20 CARRAZA, Roque Antonio. In ICMS. 12ª.Ed Malheiros São Paulo. p. 167

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veiculadas nesses meios de comunicação, pagam e muito bem pelos


serviços prestados.

Não é bem assim, todavia. O serviço, no caso, é de publicidade, ou


de propaganda, prestado por quem divulga as mensagens, aqueles
aos quais essa divulgação interessa. Não se trata de comunicação, no
sentido jurídico constitucional, como demonstrado já ficou, posto
que não se trata de transmissão de mensagens para destinatários
identificados,e sim de uma forma de publicidade. Trata-se de um
serviço que não é de comunicação, pois o servido não é o
destinatário final da mensagem. Servido, no caso, é o interessado na
publicação, na divulgação, ou difusão, da mensagem. A relação
entre quem serve e quem é servido, no caso, é estritamente local. 21

Percebe-se que o fato gerador do


ICMS/comunicação, não ocorre pelo simples ato que torna
possível a comunicação, ou simples existência de
comunicação, é necessária a prestação onerosa de serviço de
comunicação em que haja a efetiva participação dos sujeitos
desta relação(prestador e tomador), devidamente
determinados, com a estipulação de direitos e obrigações.

Na radiodifusão sonora e televisiva não se


observa as características intrínsecas da comunicação, vez
que a mensagem é veiculada de forma unilateral e não há
identificação do receptor, mesmo se a propaganda for
veiculada em canal disponibilizado por assinatura,
consoante se depreende dos ensinamentos do professor Roque
Carraza:

21 MACHADO, Hugo de Brito. In: Aspectos Fundamentais do ICMS. 2ª. Ed. São Paulo: Dialética,
1999. p. 38

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“... o assinante não se comunica nem com a empresa, nem com

terceiros. Apenas assiste à programação. Ele, por assim dizer, adere à

programação , vendo os filmes, documentários, entrevistas, partidas

de futebol etc., que a empresa prestadora do serviço de TV por

assinatura coloca no ar. Sobremais, não participa da feitura desta

mesma programação, nem nela interfere.” 22

Observando a regra matriz do ICMS comunicação


não se percebe, no caso em tela, o preenchimento critério
material, mesmo se estando diante de um canal fechado, pois
a autuação decorre das receitas oriundas da veiculação de
imagens publicitárias no Estado de Alagoas de empresas
anunciantes, imagens estas que possuem sinais abertos, o
que obsta caracterizar como comunicação, em razão da
impossibilidade de se identificar o receptor da mensagem.

Assim, quando uma emissora de televisão é


contratada para veicular uma informação publicitária,
encontra-se na verdade prestando um serviço de publicidade,
de competência tributária municipal, de interesse exclusivo
da Fazenda Municipal, já que o preço pago pela transmissão
não visa a comunicação imediata, entre pessoas
determinadas, individualizadas.

Diante das razões acima expostas, ACORDAM OS


MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por
maioria de votos, conhecer do reexame necessário para

22 CARRAZA, Roque Antonio. In ICMS. 12ª.Ed Malheiros São Paulo. p. 141.

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negar-lhe provimento, por não vislumbra no caso em tela a


hipótese de incidência o ICMS/Comunicação, mantendo assim a
decisão recorrida que considerou o lançamento improcedente.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR DO VOTO VENCEDOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Contra
Relatora)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Contra Relatora) JULGADOR (Cotra
Relatora)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO PAULO DE TARSO DA C.


SILVA
JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Contra
Relatora)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


Processo n.º 1500-0015849/2008 e CTE 536/2011.
Auto de Infração n.º 99.81114-001, de 22/09/2008.
Recorrente: PETROBRÁS
Fiscal Autuante: Ivanise Barbosa Maia
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-115/2013

EMENTA:AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


RECOLHIMENTO DO TRIBUTO FORA DO PRAZO LEGAL
– DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURADA –
ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA MULTA MORATÓRIA
– INTELIGÊNCIA DO ART. 138 DO CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL – LEI COMPLEMENTAR
HIERARQUICAMENTE SUPERIOR A LEI ESTADUAL EM
MATÉRIA TRIBUTÁRIA – REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO - DECISÃO DA 1ª
CÂMARA MANTIDA NA ÍNTEGRA – AUTO DE
INFRAÇÃO NULO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão nº.


174/2012, oriundo da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria de votos, deu
provimento ao Recurso Ordinário interposto pela
contribuinte, declarando nulo o auto de infração, em razão
da não incidência da multa moratória nos casos de denúncia
espontânea promovida pela contribuinte antes de qualquer
procedimento de fiscalização. Vejamos a ementa do
julgamento:

AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – RECOLHIMENTO DO


TRIBUTO FORA DO PRAZO LEGAL – DENÚNCIA
ESPONTÂNEA CONFIGURADA – ILEGALIDADE DA

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COBRANÇA DA MULTA MORATÓRIA – INTELIGÊNCIA DO


ART. 138 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – LEI
COMPLEMENTAR HIERARQUICAMENTE SUPERIOR A LEI
ESTADUAL EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA – RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO - DECISÃO DA CJ REFORMADA –
AUTO DE INFRAÇÃO NULO.

O auto de infração foi lavrado em razão de a


contribuinte ter deixado de recolher os acréscimos legais
referentes ao ICMS NORMAL pago espontaneamente, porém fora
do prazo legal.

Como fundamento para a lavratura do auto de


infração, foram apontados como infringidos os seguintes
dispositivos legais: artigos 49, II e VIII, 100, 103, 107,
108 e 109 do RICMS/AL, aprovado pelo Decreto 35.245/91,
sendo sugerida a aplicação da penalidade dos artigos 95 e
96 da Lei 5.900/96.

Por ocasião da interposição do Recurso Ordinário,


a Recorrente alega que a decisão da CJ se escuda por detrás
de interpretação incompleta, cientificamente inconsistente,
doutrinariamente superada e pretoriamente insustentável.
Para tanto, aduz que promoveu a denúncia espontânea n.º
1500.013167/2006, na forma do art. 138 do CTN, que afasta a
incidência de multa quando o contribuinte promover a
denúncia espontânea com o pagamento do tributo devido
juntamente aos juros de mora.

Destarte, argumenta que o auto de infração é


insubsistente, pois contempla situação em total desacordo
com o CTN e com a jurisprudência pacífica do STJ e do STF.
Por fim, a Recorrente impugna a multa cobrada no presente
processo, ao argumento de que a mesma possui efeito
nitidamente confiscatório.

Em contrarrazões, a Comissão de Representação


Fiscal pleiteou a manutenção da decisão da CJ, ao argumento
de que o auto de infração foi lavrado observando
atentamente a legislação tributária, notadamente os artigos
95 e 96 da Lei n.º 5.900/96. Ao final, argumento que as
razões do recurso não podem ser acolhidas pelo este
Conselho Tributário, por força do disposto no art. 23, §

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3º, I, da Lei n.º 5.900/96, que veda o reconhecimento de


inconstitucionalidade de lei pelos órgãos administrativos
de julgamento.

Conforme alhures já relatado, a 1ª Câmara de


Julgamento deste Conselho Tributário acolheu as alegações
da contribuinte e anulou o auto de infração, por considerar
indevida a cobrança da multa moratória no caso de denúncia
espontânea.

Assim chegam os autos ao Pleno do Conselho


Tributário Estadual para análise do reexame necessário da
decisão da 1ª Câmara de Julgamento.

No essencial, é o relatório.

VOTO

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Trata-se de reexame necessário do Acórdão n.º


174/2012, oriundo da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria de votos, deu
provimento ao Recurso Ordinário interposto pela
contribuinte, declarando nulo o auto de infração, em razão
da não incidência da multa moratória nos casos de denúncia
espontânea promovida pela contribuinte antes de qualquer
procedimento de fiscalização.

A decisão da 1ª Câmara de Julgamento não merece


ser reformada. Com efeito, em análise dos autos, percebe-se
que a controvérsia central versada nos presentes autos diz
respeito ao aparente conflito de norma existente entre o
art. 138 do Código Tributário Nacional e os artigos 95 e 96
da Lei Estadual n.º 5.900/96. Vejamos o que preconiza cada
uma das normas retro mencionadas, a saber:

CTN:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela


denúncia espontânea da infração, acompanhada,
se for o caso, do pagamento do tributo devido e
dos juros de mora, ou do depósito da
importância arbitrada pela autoridade
administrativa, quando o montante do tributo
dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a


denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionados com a infração.

Lei 5.900/96:

Art. 95 - Recolhimento espontâneo do imposto,


fora dos prazos regulamentares, desacompanhados
da multa correspondente:
MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento)
da cominada no art. 96.

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Art. 96. Os contribuintes que, antes de


qualquer procedimento fiscal, procurarem
espontaneamente a repartição fiscal de seu
domicílio para sanar irregularidades, além da
incidência de juros de mora, conforme couber,
sujeitar-se-ão aos seguintes acréscimos
moratórios:
I - nos casos de falta de lançamento ou
recolhimento do imposto:

a) 0,2% (dois décimos por cento) do valor do


imposto, por dia, se o débito for recolhido
dentro de 30 (trinta) dias, contados do término
do prazo previsto para recolhimento tempestivo;

b) 9% ( nove por cento ) do valor do imposto,


se o débito for recolhido depois de 30
(trinta) dias e até 60 (sessenta) dias,
contados do término do prazo previsto para
recolhimento tempestivo.

c) 15% (quinze por cento) do valor de imposto:


[...]

Note-se que é nítido o conflito normativo


envolvendo os dispositivos legais alhures transcritos,
cabendo a este órgão de julgamento a escolha de aplicação
de apenas um deles para o caso concreto, valendo-se, para
tanto, das técnicas de resolução de conflitos, a exemplo da
hierarquia das normas.

Sabe-se que a Constituição Federal,


especificamente em seu art. 146, III “b”, preconiza que é
reservado à lei complementar estabelecer normas gerais em
matéria de legislação tributária, especialmente sobre
obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários.

Neste contexto, o Código Tributário Nacional, que


foi recepcionado com status de lei complementar pela

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Constituição Federal, expressamente estabeleceu que, no


caso de denúncia espontânea, a responsabilidade é excluída,
desde que seja pago o tributo e os juros de mora.

O referido dispositivo legal é bastante claro ao


afastar a incidência de multa, seja ela por infração ou
moratória, no caso de denúncia espontânea, assim
considerado aquela realizada antes de qualquer procedimento
de fiscalização, o que se aplica perfeitamente ao caso.
Nesse sentido, seguem os precedentes do STF e do
STJ:
TRIBUTÁRIO. ICM. DENÚNCIA ESPONTÂNEA,
INEXIBILIDADE DA MULTA DE MORA. O CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL NÃO DISTINGUE ENTRE MULTA
PUNITIVA E MULTA SIMPLESMENTES MORATÓRIA. No
respectivo sistema, a multa moratória constitui
penalidade resultante de infração legal, sendo
inexigível no caso de denúncia espontânea, por
força do art. 138. Recurso especial conhecido e
provido. (STJ, Resp 001.6672/SP)

ISS. INFRAÇÃO. MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA


MORATÓRIA. EXONERAÇÃO. ART. 138 DO CTN. O
contribuinte do ISS, que denuncia
espontaneamente ao Fisco o seu débito em
atraso, recolhido o montante devido, com juros
de mora e correção monetária, está exonerando
da multa moratória, nos termos do art. 138 do
CTN. Recurso Extraordinário não conhecido. (RE
106.068/SO) A Procuradoria Geral do
Estado de Alagoas também comunga desse
entendimento, conforme se verifica no
Parecer PGE/PFE n.º 397/2008, o qual foi
apensado aos presentes autos, in verbis:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DENÚNCIA
ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA INDEVIDA.
LEVANTAMENTO DO VALOR DEPOSITADO.

Ora, com a devida vênia das posições divergentes,


entendo não existir outra interpretação senão a de que a
multa moratória é indevida no caso de denúncia espontânea.

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O art. 138 do CTN é bastante claro ao exigir apenas o


pagamento do tributo devido e dos juros moratórios.
Ressalte-se que se, de um lado, o julgador não
pode afastar a incidência de uma lei ordinária estadual,
tampouco pode fazê-lo em relação a uma lei complementar,
mormente quando a própria Constituição Federal disciplina
que compete à lei complementar a edição de normas gerais em
matéria tributária.
Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, mantendo na íntegra a decisão da 1ª Câmara de
Julgamento do Conselho Tributário Estadual, a fim de
declarar nulo o auto de infração por ausência de motivo.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C.


SILVA
PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Com Relator) JULGADORA (Contra
Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em


30/04/2013
Processo: 1500-018.940/2003 e CTE 199/2010.

Anexo: 1500-032.450/2003.

Auto de Infração: 032.893, de 01/07/2003.

Autuada: C A dos Santos - Mercadinho.

Autuante: Pedro Neto Soares Gaia.

Assunto: Reexame Necessário, Artigo 48, II, da Lei nº


6.771/06.

Relatora: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-114/2013

EMENTA: ICMS – obrigação Principal. 1)


Deixar de recolher ICMS decorrente das
saídas de mercadorias tributáveis em
operações internas sem documentação fiscal,
fato motivado pela insuficiência de Caixa,
apurada através de Levantamento desta conta,
tendo por base as receitas e as despesas nos
exercícios de 1999 a 2002. 2) Infração

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comprovada. 3) Crédito tributário com


valor reduzido em razão da penalidade
aplicada (artigo 79, da Lei nº 5.900/96). 4)
Lançamento Procedente em Parte. 5) Reexame
Necessário conhecido e improvido. Mantida a
Decisão Singular.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário do acórdão nº


061/2011,da Primeira Câmara deste Conselho Tributário
Estadual (artigo 48, II, da Lei nº 6.771/2006), que por
maioria de votos julgou Procedente em Parte o Lançamento
constante do auto de infração nº 032893, de 01/07/2003, para
excluir do valor do crédito tributário o valor referente a
penalidade aplicada, àquela prevista no artigo 79, da Lei nº
5.900/1996, em decorrência da revogação da penalidade
sugerida na inicial, aquela do artigo 84, da mesma lei, que
fora revogada pela Lei nº 7.079/2009, e sua penalidade
reclassificada para o referido artigo 79, sob a alegação de
que esta reclassificação desobedece ao princípio da
irretroatividade da lei tributária.

Quanto à revogação do artigo 84, e de sua


reclassificação para o artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, temos
como respaldo, a seguinte justificativa:

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A conduta infracional praticada, objeto da aplicação das


multas previstas nos citados artigos, é em ambos os casos, A
FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. Este é o núcleo do tipo.
Assim, revogada a multa do artigo 84, passa a incidir
automaticamente a multa do artigo 79, vez que possuem o mesmo
núcleo do tipo: A FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. Cuida-se
de reclassificação legal não jurisdicional administrativa.

2) O artigo 79, reclassificado encontra-se


devidamente respaldado na legislação tributária vigente, quer
seja pelo artigo 30, da Lei nº 6.771/2006, quer seja pelo
artigo 50, da Lei nº 6.161/2000, a qual permite até que haja
o agravamento da penalidade sugerida na inicial ou da
aplicada na Primeira Instância. Ademais, a multa prevista no
artigo 79, é mais benéfica à autuada e sua aplicação em lugar
da multa prevista no artigo 84, é assunto pacificado por este
Conselho. O Lançamento é Procedente em Parte.

LEI Nº 6.161/2000

“Art. 50 - Os atos administrativos deverão ser motivados, com


indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

(...)

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

(...)”

Neste contexto, o Acórdão nº 061/2011, da


Primeira Câmara deste Conselho Tributário Estadual desatende
ao que determina a legislação tributária vigente, exigindo
sua reforma como demonstram os artigos 84, e 79,
reproduzidos.

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LEI Nº 5.900/1996

“Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio


de levantamento fiscal:

MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do


imposto devido.

(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,


em situação não compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do


imposto.

(...)”

Portanto, o crédito tributário no valor de


R$ 201.322,66 (cento e um mil, trezentos e vinte e dois reais
e sessenta e seis centavos) deve ser recolhido com
acréscimos.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Reexame Necessário, para dar-lhe provimento.
Reformado o acórdão 061/2011, mantida a decisão da Primeira
Instância.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

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PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Com Relatora)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Contra
Relatora)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Com Relatora) JULGADORA (Com Relatora)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relatora)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO N º.: 1500-014894

AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.81116-001

RECORRIDO: IVANILDO ALVES DA SILVA

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

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ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-112/2013

Ementa: Processo Administrativo Tributário. Recurso


Especial. Requisitos de Admissibilidade não preenchidos.
Ausência de Divergência Jurisprudencial. Recurso Especial
Não Conhecido.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso especial, cujo objeto é a reforma


do acórdão n° 243/2010, que deu provimento em parte ao Recurso
Ordinário, reformando assim a decisão administrativa n°
16.297/09.

Na decisão monocrática, julgou-se procedente o


lançamento, do Auto de Infração n°99.81116-001, “por ter a
autuada infringido os arts. 2°, §12; e 21, V da Lei n° 5.900/96,
c/c Art. 1.000 do RICMS, aprovado pelo Decreto n° 35.245/91,

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penalizando-a com a multa cominada no art. 79 da referida lei, e


condenando a contribuinte a recolher à Fazenda Pública Estadual
o crédito tributário no valor de R$: 161.516,25(cento e sessenta
e um mil, quinhentos e dezesseis reais e vinte cinco centavos)”.

Em sede de Recurso Ordinário, a recorrente


preliminarmente impugna a autuação, alegando que esta afronta os
princípios da ampla defesa, da não-cumulatividade tributária e
da capacidade contributiva, apontando, em seguida, a existência
de vício formal, que teria cerceado seu direito de defesa, em
virtude da constatação de erros entre as planilhas do auto de
infração e as entregues ao contribuinte.

No mérito, alega que: 1) “a acusação é desprovida de


suporte fático por tentar tributar receita inexistente, baseada
em suposições, ou seja, presunção de saídas mediante cruzamento
de receitas e despesas; 2) A autoridade autuante errou ao deixar
de levar em consideração os valores referentes a empréstimos
tomados pelo contribuinte, devoluções, ICMS sobre compras,
(créditos), compras parceladas, entre outros”; e 3) há
irregularidade na presunção de aferição de lucro mínimo de 30%.
Anexando largo estudo doutrinário e jurisprudencial sobre os
temas. Por fim, solicita que seja considerado nulo ou
improcedente o Auto de Infração

Em sede de contrarrazões, a representação fiscal


rebateu as alegações da autuada, em seqüência solicitou que: A)
Julgassem improcedentes, as preliminares, levantadas pela
autuada, visto que, restou comprovado a inexistência de vícios
formais, bem como, fora oferecido à recorrente todos os meios
para o exercício da ampla defesa e do contraditório; e B) No

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mérito, se mantivesse a decisão recorrida, que condena a


autuada.

No Acórdão ora em análise, os membros da 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, preliminarmente, inadmitiram as
preliminares levantadas pela autuada, por considerar: 1)Não
merecer guarida a alegação de erro de planilha, uma vez que a
planilha entregue ao contribuinte não apresentava
irregularidade; 2) Não haver cerceamento de defesa resultante de
tal erro de planilha, posto que a autuada exerceu de forma plana
seu direito de defesa.

Iniciado o julgamento foi arguido de ofício um


preliminar de decadência, sendo a mesma acolhida nos seguintes
termos:

“No que tange a preliminar de decadência levantada


de ofício pelo conselheiro Luciano Pontes de Maya
Gomes, esta merece ser acolhida vez que está
decadente o direto a fazenda pública realizar o
lançamento relativo aos meses de janeiro a agosto de
2003.”

No mérito, os conselheiros consideraram haver


previsão legal, no presente caso, para que o fisco realizasse o
lançamento fiscal por presunção, fundamentando tal decisão no
art. 2°, §12, da lei 5.900/96 c/c art. 1.000 do RICMS.

Diante do exposto, acordaram, “por unanimidade de


votos, conhecer do recurso ordinário para dar-lhe provimento em
parte, em face da decadência arguida de ofício na sessão, para

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excluir da condenação os meses de janeiro a agosto de 2003,


mantendo em parte a decisão singular.”

Em sede de Recurso Especial, a autuada reitera as


alegações preliminares e de mérito do Recurso Ordinário,
afirmando, ainda, que: 1) A decisão atacada Diverge das outras
decisões prolatadas por este mesmo Conselho Tributário Estadual,
que consideraram improcedentes as autuações desprovidas de
provas; 2) A autuação não considera todos os saldos financeiros
do contribuinte, não computando os valores recebidos a título de
empréstimo e contabilizados em livros próprios; 3) A autuação
não considera os valores referentes às devoluções de
mercadorias, o ICMS sobre compras, o que torna o levantamento
peça de ficção, por não refletir a realidade dos números
contábeis da recorrente; 4) Os valores referentes às parcelada
não foram considerados pelo autuante; e 5) A jurisprudência dos
tribunais superiores e da própria administração fazendária de
Alagoas, considera improcedentes tais exigências, por falta de
fundamentação.

Desse modo, solicita a modificação da Decisão


atacada, para que seja considerado nulo ou improcedente o Auto
de Infração.

Em sede de contrarrazões, a representação fiscal,


preliminarmente, atenta: 1) Para a necessidade de esclarecimento
da decisão relativa à questão decadencial do período de janeiro
a agosto de 2003, por não se poder precisar qual o montante de
crédito tributário relativo ao período; 2) Não ser admissível o
Recurso Especial, por falta de pressuposto de admissibilidade,
não restando comprovada a existência de divergência de
entendimento sobre questão idêntica, manifestada por outra

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câmara ou pleno do Conselho Tributário Estadual; 3) Que o pleno


do Conselho deve abster-se, não tomando conhecimento dos termos
do Recurso Especial, por este carecer de pressuposto de
admissibilidade.

No mérito, reitera as razões de fato e de direito


expostas na peça de contrarrazões anterior, fls 57 a 64.

Por fim, solicita que seja: A) Acolhida a preliminar


levantada, em face da inexistência de pressuposto para
admissibilidade do Recurso; e B) Mantida a decisão de primeira
instância, que julgou procedente o auto de infração em
discussão.

É o relatório.

Reexame necessário

Inicialmente, observando a parte improcedente do


lançamento e os questionamentos apresentados pela representação
fiscal, quanto a decadência relativa ao período de janeiro a
agosto de 2003, é oportuno analisar essa questão.

O art. 48 da lei nº 6.771/2006 prescreve as hipóteses


de reexame necessário, e define em seu inciso II que quando
ocorres decisões contrárias a Fazenda Estadual, estão sujeitas à

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reexame necessário, “pelo Pleno do TCE, as decisões não unânimes


de um de suas Câmara”.

No caso dos autos, de acordo com a “folha de votação”


fls. 74(1500-028490/2006), a decisão foi tomada por unanimidade,
e assim não é hipótese de conhecimento do reexame necessário.

Recurso Especial

Admissibilidade do Recurso Especial

Antes de analisar o cerne da questão é imprescindível


observar os requisitos do Recurso Especial, descritos
especificamente no art. 47 da lei nº 6.771/2006, vejamos:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE,


interposto pelo sujeito passivo, pelo autuante, pelo
Procurador da Fazenda Estadual ou pelo Representante
Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara divergir
do entendimento sobre idêntica questão jurídica
manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE


providenciar a instrução do processo com cópia da
primeira decisão indicada, por divergência
demonstrada, ficando a cargo do recorrente a
apresentação de cópia das demais, juntamente com o
recurso, se for o caso.

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Percebe-se na norma acima, que apenas será possível


o Recurso Especial, quando houve divergência entre às câmeras ou
entre uma delas e o pleno, sobre idêntica matéria. E nos termos
do parágrafo único a divergência deve ser apontada pelo
recorrente.

No caso em deslinde, não se identifica o


preenchimento do requisito indicado, no recurso foram
apresentadas decisões que divergem do objeto ora discutido, a
primeira decorre de omissão de saída detectada através do
levantamento de estoque, e a segunda diz respeito a uma autuação
realizada com base em levantamento financeiro da conta caixa,
enquanto no caso em liça discute a presunção de omissão saída de
mercadorias, nos termos do § 12 da lei nº 5.900/96.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por unanimidade de votos não
conhecer do recurso especial.

Sala das sessões do CTE, em 30/04/2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR LOPES DE


A. FILHO

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PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em


30/04/2013
PROCESSO: SF-1500-006262/99;CTE-110/2005.
ANEXO: SF-07746/99; SF-204/03; SF-003201/03 E SF-018918/07.
AUTO DE INFRAÇÃO: 020.385, PROTOCOLADO EM 09/08/1999.
AUTUADO: SOCÔCO S/A INDÚSTRIAS ALIMENTICIAS

AUTUANTE: ROBERTO JORGE G. DA SILVA E OUTRO

RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.


PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-111/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Acessória.


Auto de Infração revisto pela
coordenadoria de Julgamento – Valor
da autuação reduzido. Extinção do
credito tributário (art. 156, I do
CTN) Decisão Singular Conhecido e
Mantida em sua integridade.

I – RELATÓRIO

Trata-se o presente do Reexame Necessário que aporta a


este Pleno do Conselho Tributário Estadual – CTE, relativo
ao Acórdão Nº 417/2012, prolatado pela Primeira Câmara deste
colegiado, que decidiu, por maioria dos seus integrantes

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pela extinção do crédito tributário sustentado pela Fazenda


Estadual em desfavor da empresa acima nominada.

Conforme relatam os autos deste Processo


Administrativo Tributário – PAT, por conduto do AI Nº
020.385, datado de 09 de Agosto de 1999, a autuada foi
acusada de deixar de apresentar, no prazo regulamentar, os
seus Balanços Patrimoniais referentes aos exercícios de 1996
e 1997, desatendendo ao disposto na legislação em vigor
estando sujeita em tese, ao disposto no art. 116 da Lei
Estadual Nº 5900/96 (fls.02 e 02v).

Inconformada com a ação fiscal, a autuada apresentou


suas razões de defesa, afirmando que não infligiu nenhum
dispositivo de Legislação Tributária do Estado de Alagoas,
por haver cumprido o que dispõe a legislação federal (Lei Nº
6404/76) quando publicou os seus Balanços Patrimoniais no
Diário Oficial do Estado de Alagoas, observando na
oportunidade, que mesmo que houvesse deixado de cumprir o
determinado pela legislação, estaria desobrigado ao
pagamento da multa máxima de 2000 UPFAL’s para cada
documento (balanço)já que o art. 116 da Lei Estadual Nº
5.900/96 determina que a penalidade a ser aplicada, in-casu,
será regulada entre 10 a 2000 UPFAL’s, pedindo, ao final, o
arquivamento do AI contra ela lavrado (fls. 10 usque 13 –
anexo).

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Contrarrazoando, os representantes fazendários


informam que a Lei do ICMS determina, taxativamente, que as
empresas, quer possua ou não escrita comercial, devem
observar o prazo de 120 (cento e vinte) dias no primeiro
caso e 60 (sessenta) dias no segundo, respectivamente, para
o atendimento ao que determina a Lei Estadual (fls. 17/18 –
anexo.

Através do Pedido de Diligência N° 009/2001, a então


Coordenadoria de Auditoria Fiscal determinou aos fiscais
autuantes demonstrar como foi obtida o valor da multa
imposta ao contribuinte, observando o disposto no art. 116
da Lei Nº 5.900/96, com a alteração advinda da Lei Nº
5.979/97, anexando os documentos comprovando o montante dos
exercícios fiscalizados (fls. 20 – anexo).

A solicitação foi respostada pelo autuante em


27/04/2002 (fls. 23 – anexo) e anexados aos autos os
documentos de fls. 24 usque 44.

Encaminhados os autos à C.A.F. , a Ilustre Auditora


Fiscal, citando o art. 22, parágrafo 2ª e 3ª e, também, o
art. 176 da Lei Nº 4418/82, c/c o art. 49 do RICMS aprovado
pelo Decreto Nº 35245/91, decidiu condenar a defendente ao

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pagamento do credito tributário no montante de R$


2.707.921,92 (dois milhões, setecentos e sete mil,
novecentos e vinte e um reais, e noventa e dois centavos)
(fls. 45/48 – anexo)

Direcionado o PAT ao CTE e distribuído à Ilustre


Julgadora Drª. Rachel Jardelino Eloi, observou a mesma que,
antes de adentrar no mérito, torna-se necessário um exame de
natureza procedimental, já que foi constatado que os
documentos anexados aos autos as fls. 23/43 e 45/48, não
foram ofertados à defendente para o devido conhecimento e
manifestação. Segundo entendeu a nobre julgadora tal
anomalia processual vai de encontro ao disposto no art. 140
da Lei Estadual Nº 4418/82 c/c as alterações decorrentes da
lei Nº 5.983/97, in verbis:

“Será dada vista de qualquer documento


juntado aos autos, à outra parte, pelo
prazo de 05 (cinco) dias sob pena de
nulidade da decisão”.

Como conseqüência da irregularidade acima e


objetivando a estrita observância do previsto no art. 5º,
inciso LV da nossa Carta Magna, decidiu pela nulidade da
Decisão singular Nº 13963/2002, no que foi acompanhada, à

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unanimidade dos Senhores Julgadores, com a determinação da


devolução do processo à C.J para novo julgamento (fls. 83/85
– anexo)

Analisando o processo o Ilustre Julgador de Piso,


entendeu pela procedência parcial do crédito tributário,
reduzindo o mesmo ao montante de R$ 29.908,80 (vinte e nove
mil, novecentos e oito reais e oitenta centavo), recebendo,
na oportunidade, o pagamento feito pelo sujeito passivo,
concluindo no final, pela extinção do crédito tributário,
prolatando a decisão assim ementada:

“EMENTA: MULTA. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.


1. Imposição de penalidade pecuniária.
2. Falta de apresentação de Balanço
Patrimonial. 3. Suprimento da falta de
intimação de lançamento pelo
comparecimento do administrado ao
processo – Lei Estadual Nº 6161/00, art.
26, § 5ª. 4. Ilícito confessado. 5.
Desistência condicionada de defesa. 5.1.
Inocorrência de implemento de condição
de desistência de defesa. 5.2.
Imprescindibilidade de conhecimento da
defesa. 6. Ausência de exclusão da
jurisdição administrativa nas hipóteses

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do art. 17, III e V, da Lei Nº 6771/06.


6.1. Apenas a revelia e a escolha da via
judicial pelo sujeito passivo afastam o
exercício da jurisdição administrativa –
Lei Nº 6771/06, artigos 13 e 93. 7.
Impossibilidade da reclassificação da
pena aplicada – CTN, artigo 149, p.
único. 8. Lançamento parcialmente
procedente. 9. Extinção em razão do
pagamento, do crédito originalmente
reclamado. 10. Duplo grau de jurisdição
administrativa necessário – artigos 48 e
49 § 1ª, Lei Nº 6771/06”

Com o retorno dos autos a este Colegiado, o relato dos


mesmos foi confiado à Douta julgadora Dra. Maria Lopes
Milhomes, a qual tendo examinado o PAT sob julgamento,
entendeu pela procedência, in-totum, da Decisão Singular Nº
18.507/2012 tendo o Ilustre Julgador Dr. Paulo de Tarso
Costa Silva, por conduto do Voto de Vista proferido em
12/11/2012, divergido do voto da Dra. Maria Lopes Milhomes,
apresentando o voto a seguir ementado.

“EMENTA: Auto de Infração – ICMS


Obrigação tributária acessória – Revisão
do Auto de Infração pela coordenadoria
de Julgamento – Verdade material
prestigiada – Redução do valor da

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autuação – Pagamento a maior do crédito


tributário, Extinção do crédito
tributário,art. 156 – I do CTN – Decisão
da coordenadoria de Julgamento Mantida.”

O voto acima foi seguido pela maioria dos julgadores


presentes encaminhado ao Pleno deste CTE, em conformidade
com o disposto no art. 48, inciso II, da Lei Nº 6771/06

Em síntese, é este o Relatório.

VOTO.

Cuida o Presente PAT, do Reexame Necessário que é


submetido a este Pleno pela 1ª Câmara do CTE, em vista da
sua Decisão, por maioria dos seus integrantes, julgando pela
manutenção da Decisão Singular Nº 18.507/12, que entendeu
pela procedência parcial do AI Nº 020385, protocolado em
09/08/99 e pela extinção, por pagamento do sujeito passivo,
do lançamento fiscal, antes do proferimento da nova decisão
determinada pelo CTE à C.J

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Convém ressaltar, que os autos demonstram sua


cuidadosa analise tanto pelo Ilustres Julgadores Singulares
como pelos Senhores Juízes relatores, notadamente pelo C.J
que facilitou, sobremaneira, a compreensão e dos fatos
expostos a este colegiado.

Assim, após submetido ao crivo de duas Decisões


Singulares e uma Decisão deste CTE, os autos aportam a este
PLENO para a devida análise e decisão.

Verifica-se que o contribuinte foi autuado pela


Fazenda Estadual por não ter apresentado à SEFAZ no prazo
regulamentar, copia dos seus Balanços Patrimoniais
referentes aos exercícios de 1996/1997, tendo lhe sido
aplicada a multa de 4000 UPFAL’s de acordo com o determinado
pela legislação em vigor.

Após condenado na primeira Instância Julgadora, tal


condenação não foi acatada pela Primeira Câmara do CTE, que
decidiu, por maioria dos seus membros pela Nulidade da
Decisão Singular Nº 13963/02. (fls.45/48 – anexo)

Posteriormente, os autos foram encaminhados para à


C.J, que conforme já referido neste PAT, decidiu pela
parcial procedência do AI lançado na inicial e, também, pela
extinção do pagamento do crédito fiscal. (fls. 113 usque 121
– anexo).

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Submetido ao exame da 1ª turma deste colegiado, os


julgadores decidiram, por maioria de votos. Pela manutenção
da decisão a-quo, e pelo reconhecimento da extinção do
crédito tributário. (fls. 418 a 422 – anexo).

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame de ofício para negar-lhe provimento,
para manter o acórdão nº 417/2012 da Primeira Câmara deste
CTE, em sua integridade.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

ALVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

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MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA (pelas
conclusões)
SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em
30/04/2013
PROCESSO: SF-1500-001431/1996; CAF-12.359/1996 e CTE-
104/2004
AUTO DE INFRAÇÃO: 066.890 DE 09/04/2003
ASSUNTO: RECURSO ESPECIAL.(PLENO)

AUTUADA: TABERNA ROMANA LTDA – ME.

AUTUANTE: CÍCERO ANTÔNIO LOPES.

RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.


PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-110/2013

EMENTA – ICMS – Obrigação Principal –


Validade da notificação ao sujeito
passivo – Inexistência da ocorrência de
suspensão da exigência do crédito
tributário não inscrito em Dívida Ativa
– Inteligência dos artigos 141, §2º e
156, V, do CTN – Lançamento constituído
há mais de 05 anos sem devida cobrança

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– Extinção do crédito tributário pela


prescrição – Remessa Necessária
conhecida e improvida

I – RELATÓRIO

Cuida o presente do Recurso Especial direcionado


ao Pleno deste Colegiado, decorrente do Acórdão nº
370/2011, prolatado pela Primeira câmara deste Conselho
Tributário Estadual, que decidiu, por maioria de votos, a
prescrição do Auto de Infração referido na inicial,
arrimado no voto de vista do Conselheiro Dr. Paulo de Tarso
da Costa e Silva, tendo como votos dissidentes este relator
e a Conselheira Odete Mineiro da Paz.
Tendo sido autuado pela Fiscalização Fazendária
Estadual em 09/04/2003, acusado de haver extraviado seu
Cartão de Inscrição, o Livro de Entradas de Mercadorias e
documentos fiscais, violando o disposto no artigo 49, III,
alíneas “a” e “b”, do RICMS/AL, com a sugestão de
apenamento prevista no artigo 862 do mesmo ordenamento
legal, o sujeito passivo não apresentou defesa, apesar de
citado em conformidade com o artigo 131, V, da Lei
4.418/1982, incorrendo em revelia.

A Coordenadoria de Julgamento – CJ, apreciando os


autos do PAT, decidiu pela Procedência Parcial do
lançamento fiscal, entendendo que a autuada infringiu o
disposto no artigo 22, caput e parágrafos 2º e 3º, c/c o
artigo 113, caput e parágrafos II e III, bem como o artigo
86 da Lei nº 5.077/1989.

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Por outra banda, entendeu o Julgador Singular que


não merece prosperar o alegado extravio dos documentos
fiscais que foi apresentado pelo representante do Fisco
Estadual na peça acusatória sem esclarecer a quantidade, o
modelo e os números das notas fiscais extraviadas, o que
invalida a acusação fiscal, decidindo haver a autuada
infringido o artigo 49, III, alínea “a”, item I e caput do
artigo 862 do RICMS, devendo ser aplicada, in casu, a multa
cominada no artigo 119, I, “b”, e II, alínea “b”, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, alterada pela Lei Estadual nº
5.979/1997, com a conseqüente condenação ao contribuinte de
recolher aos cofres estaduais o montante de R$ 938,40
(novecentos e trinta e oito reais e quarenta centavos),
correspondente a oitenta vezes o UPFAL, com os acréscimos
legais, prolatando a Decisão assim ementada:

“ICMS – Obrigações Formais – Extravio


de Documentos Fiscais: 1) do Cartão de
Inscrição no CACEAL; 2) do Livro
Registro de Entradas; 3) das Notas
Fiscais de Entradas e Saídas – situação
de fato não caracterizada. Auto de
infração Procedente em Parte.”

Aportados os autos a 1º Câmara Julgadora, foi


decidido pela maioria dos seus integrantes, por conduto do
voto vencedor da lavra do Conselheiro Paulo de Tarso da
Costa e Silva, pela extinção do crédito tributário
decorrente do AI constante na inicial, pela ocorrência da
prescrição tributária determinada pelo artigo 156, V, do
CTN, através do Acórdão nº 360/2011, a seguir enunciado:

“EMENTA: Tributário – Auto de Infração


– Notificação válida do sujeito passivo
– Ausência de defesa administrativa –
Termo de Revelia – Encerramento do
processo administrativo-tributário –
Inteligência do art. 141, §§ 1º e 2º,

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da Lei Estadual 4.418/1982, vigente à


época – Não inscrição em Dívida Ativa –
Crédito tributário constituído há mais
de 05 anos – Prescrição – Extinção do
crédito tributário – Inteligência do
art. 156-V, do CTN – Precedente do
Pleno do CTE.”

Os termos do voto vencedor contam dos autos às fls.


48 usque 55.

Não houve manifestação por parte do autuado e da


representação fiscal.

É o Relatório.

II – VOTO

Trata-se, como já referido no presente PAT, do


Reexame Necessário da Decisão proferida pela 1º Câmara de
Julgamento deste Conselho Tributário, que por conduto do
Acórdão nº 370/2011, datado de 11/10/2011 (fls. 48 usque
54), julgou, por maioria de votos, pela extinção advinda da
prescrição tributária do Crédito Tributário intentado pela
Fazenda Estadual, em desfavor do contribuinte Taberna
Romana Ltda. – ME.

Relatam os autos que o contribuinte foi acusado


por haver extraviado o seu Cartão de Inscrição, o Livro de
Registro de Entradas de Mercadorias e diversas notas
fiscais de entradas e saídas.

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Apesar de haver tomado conhecimento da acusação


fiscal, o contribuinte não se manifestou, determinando a
lavratura do Termo de Revelia datado de 25/05/1996 (fls.
14).

À época a Coordenadoria de Auditoria Fiscal,


determinou a juntada aos autos dos documentos capazes de
respaldar a denúncia fiscal, não tendo sido atendida pelos
autuantes.

Posteriormente, em data de 30/05/2003, através da


Decisão nº 14.165/2003, aquela instância julgadora
considerando que a acusação descrita na inicial –
relativamente ao extravio do Cartão de Inscrição e do Livro
Registro de Entradas restava devidamente caracterizada –
enquanto que o extravio das notas fiscais aventado pela
fiscalização, sem a obrigatória citação do seu modelo e
números, ou seja, de forma completa, não podia ser acatado,
decidiu pela Procedência Parcial do AI sub-examine (fls. 21
e 24).
Direcionados os autos ao CTE, a Decisão da
Primeira Instância foi conhecida e provida, sendo
modificada, com amparo no que dispõe o artigo 141, §2º, da
Lei Estadual nº 4.418/1982, vigente à época, da ação
fiscal, determinando a prescrição do crédito tributário
apontado no lançamento fiscal.
A Decisão acima, tomada pela maioria dos
julgadores da 1º Câmara, está suportada pelo voto de vistas
do Ilustre Julgador Dr. Paulo de Tarso da Costa e Silva às
fls. 57 a 66.

Tendo sido relator, com voto vencido, do


julgamento da 1º Câmara e, também, deste Reexame

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Necessário, cabe-me o dever de fazê-lo para apreciar com


mais detenção, aquela decisão.
Com efeito, conforme ressaltou o autor do voto
vencedor, quando da lavratura do AI, estava em pleno vigor
que, findo o prazo da intimação sem o pagamento do débito,
nem apresentação de defesa, deveria ser providenciada a
lavratura de Termo de Revelia, ressaltando o seu Parágrafo
Primeiro que a revelia do sujeito passivo implicaria na
conclusão do processo, com a automática promoção da
inscrição do débito na dívida ativa, e que tal revelia
determinaria, também, efeito de decisão final do processo
administrativo.

Como bem observou o Ilustre Conselheiro Julgador,


entre a data da constituição definitiva do Crédito
Tributário, em Junho de 1996, e a data da decisão da 1º
Câmara, foram decorridos cerca de 15 (quinze) anos, razão
pela qual o crédito tributário fica ferido de morte, em
obediência ao determinado no artigo 174, caput, do CTN, in
verbis:

“Art. 174 - A ação para cobrança do


crédito tributário prescreve em 5
(cinco) anos contados da data de sua
constituição definitiva.”

Por outra banda, resta demonstrado nos autos que


no feito fiscal em análise não ocorreu qualquer das
hipóteses legais para a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário referidas no artigo 151 do próprio CTN,
assim elencados:

Moratória;
Depósito do seu valor integral;

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Reclamações e os recursos nos termos das leis


reguladoras do processo tributário
administrativo;
Concessão de medida liminar em mandado de
segurança;
Concessão de medida liminar ou de tutela
antecipada em outras espécies de ação
judicial; e
O parcelamento.

A inocorrência das exigências acima citadas


determinam o meu convencimento da verificação, no presente
litígio fiscal, da prescrição da ação fiscal.

Em face do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame de ofício e seguindo o caminho trilhado
pelo Ilustre Relator do Voto Vencedor, no julgamento de
Segunda Instância, referendado por diversos precedentes das
câmaras deste Colegiado, votar pela extinção do crédito
tributário pela prescrição, na forma como determinado pelo
artigo 156-V, do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
PRESIDENTE RELATOR

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PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR
SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013
PROCESSO: 1500-012077/2011;CTE-187/08
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.33828-001
RECORRENTE: COMPANHIA ENERGÉTICA DE ALAGOAS(RECURSO ESPECIAL)
RECORRIDO: 1ª CÂMARA DE JULGAMENTO DO CTE (REEXAME NECESSÁRIO)
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
VOTO VENCEDOR QUANTO A APLICAÇÃO DA PELALIDADE: ODETE
MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

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ACÓRDÃO Nº P-109/2013

EMENTA: ICMS. 1) PRELIMINARES. a) DE


DECADÊNCIA. ACOLHIDA COM A EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO REFERENTE AO PERÍODO DE JANEIRO A
ABRIL/2000 (ART. 150, § 4º DO CTN). b) DE
CORREÇÃO DO PERCENTUAL DE 10,50% (DEZ INTEIROS
E CINQUENTA CENTESIMOS POR CENTO), PARA 17%
(DEZESSETE POR CENTO), REF. ÀS “PERDAS
TÉCNICAS”. REJEITADA EM RAZÃO DE O PERCENTUAL
CONTESTADO TER SIDO APONTADO PELA PRÓPRIA
RECORRENTE. 2) MÉRITO. AUSÊNCIA DE PROVAS POR
PARTE DA EMPRESA QUANTO A ALEGAÇÃO DE QUE A
DIFERENÇA ENTRE MWH DE ENERGIA ADQUIRIDA E
FORNECIDA DECORREU DE FURTO, ROUBO OU FRAUDE.
3) APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA NO ARTIGO
79, DA LEI Nº 5.900/1996, EM LUGAR DA
PENALIDADE PREVISTA NO ARTIGO 84, DA MESMA LEI.
4) REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ESPECIAL
CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.

RELATÓRIO

A
empresa impetra recurso especial contra o
Acórdão nº 040/2011 prolatado pela 1ª Câmara deste
Conselho, em face de ter divergido do Acórdão nº 304/2010,
prolatado pela 2º Câmara no Processo nº 1500-008899/08, CTE
nº 210/2010, no qual, também, era recorrente a Cia.
Energética de Alagoas - CEAL, lastreada nas seguintes
razões de direito:

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I – Tempestividade do Recurso;

II- O Cabimento do Recurso Especial;

III- Demonstração da Divergência;

Da Tempestividade do Recurso:

No caso dos autos, a Recorrente recebeu a


Notificação Ofício nº 084/2011, que lhe deu ciência do
Acórdão ora recorrido no dia 29.03.2011. E, contando-se
quinze dias a partir do primeiro dia subsequente, ou seja,
do dia 30.03.2011, o prazo recursal termina hoje, dia
13.04.2011, quando foi protocolado o recurso especial.
Tempestivo, portanto, é o presente recurso.

Do Cabimento do Recurso Especial:

A CEAL já apresentou manifestação nos autos


alertando ter ocorrido erro material quanto à parte do
julgado que decidiu a respeito da decadência do direito de
a Fazenda lançar e cobrar ICMS referente ao período de
janeiro a abril de 2000. No caso, foram decididos fatos
diversos daqueles constantes do auto de infração e do
recurso interposto.

Entretanto, a título de cautela, a CEAL vem


interpor recurso especial no tocante à matéria de direito
contida dentro da parte do Aresto atingida pelo erro

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material, para evitar que eventual interpretação restritiva


do órgão Julgador, no sentido de corrigir o erro material e
manter intacta a matéria de direito, venha a prejudicá-la.

Cabível é, portanto, o recurso especial, com


base na divergência a seguir demonstrada.

Da Demonstração da Divergência.

Tratando-se de ICMS, a CEAL sustentou ter


ocorrido a decadência do direito de a Fazenda Alagoana
lançar e cobrar o ICMS referente ao período de apuração de
janeiro a abril de 2000, com base no art. 150, § 4º, do
CTN, segundo o qual, em se tratando de tributo sujeito a
lançamento por homologação, a contagem do qüinqüênio
decadencial inicia-se a partir da ocorrência do fato
gerador.

Entretanto, o Acórdão recorrido aplicou o art.


173, I, do CPC (sic), ao caso dos autos, segundo o qual o
qüinqüênio decadencial conta-se a partir do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado, sob o fundamento de que, não tendo havido o
pagamento antecipado do imposto, inaplicável seria a regra
do art. 150, § 4º, do CTN. Em conseqüência, o Acórdão
recorrido decidiu não ter ocorrido a decadência referente
ao período de janeiro a abril de 2000.

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Diversamente, a egrégia 2ª Câmara no Acórdão nº


304/2010 decidiu que, em se tratando de ICMS, que é tributo
sujeito a lançamento por homologação, inaplicável era a
regra do artigo 173, I, do CTN, devendo ser aplicada a
regra do artigo 150, § 4º, do CTN, segundo a qual a
contagem do prazo decadencial de cinco anos começa a partir
da ocorrência do fato gerador e, por isto, deu provimento
ao recurso, que naquele caso também era da CEAL.

A divergência está em que, enquanto o Acórdão


recorrido adotou o entendimento de que, se faltou algum
valor a ser pago no período de apuração, aplica-se a regra
do art. 173, I, do CTN, enquanto o Acórdão divergente
firmou o entendimento de que, se houve algum pagamento
antecipado, mesmo que não tenha sido no montante integral
que o Fisco entende devido, o pagamento antecipado
realizado extinguiu o crédito tributário referente àquele
período, conforme determina o artigo 150, § 4º do CTN.

Assim, prossegue a recorrente, bem


caracterizada a divergência no tocante a contagem do prazo
de decadência ao caso dos autos, se com base no art. 150, §
4º, ou no art. 173, I, ambos do CTN, impõe-se seja
conhecido o presente recurso especial.

In casu, a CEAL apurou o imposto devido,


comunicou ao Fisco o imposto apurado e pagou
antecipadamente o ICMS referente aos meses de janeiro a
abril de 2000, conforme pode ser constatado pelos
Demonstrativos de Apuração do ICMS, acostando aos autos
cópias das guias de quitação do ICMS pertinentes ao
respectivo período, razão pela qual se impõe o

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reconhecimento da aplicação do prazo decadencial previsto


no art. 150, § 4º, do CTN.

Portanto, em se tratando de tributo sujeito à


sistemática de lançamento por homologação, tal como o ICMS,
se o contribuinte apurou o imposto, declarou o imposto ao
Fisco e fez o pagamento antecipado, antes de a autoridade
administrativa fazer o lançamento de ofício substitutivo,
transcorridos cinco anos da ocorrência do fato gerador tem-
se por extinto o crédito tributário referente àquele
período de apuração.

A regra do art. 173, I, do CTN, com a contagem


do prazo qüinqüenal de decadência a partir do primeiro dia
do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia
ser realizado, somente seria aplicado ao caso dos autos se
a CEAL nada tivesse recolhido a título de ICMS
antecipadamente de janeiro a abril de 2000, o que não
ocorreu no caso dos autos.

Nesse passo, tendo sido o Auto de Infração


lavrado em cinco de maio de 2005, resta claro que naquela
data o Fisco Estadual já havia decaído do direito de rever
os pagamentos antecipados do ICMS alusivos aos períodos de
apuração de janeiro a abril de 2000.

Como instrução do presente recurso, a


recorrente anexa cópia do Acórdão nº 304/2010, proferido
pela 2ª Câmara e cópias dos documentos de arrecadação do
imposto referente ao período de janeiro a abril de 2000
(fls.15 usque 23).

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Nas contrarrazões do recurso, a Representação


Fiscal insiste na manutenção do Acórdão prolatado pela 1ª
Câmara, reiterando como fundamento, o Art. 173, I, do CTN,
acostando aos autos, decisões do STJ cerca do tema,
decadência, acrescentando ainda que, “A rigor, pode-se
mesmo dizer, desde logo, que não existe decadência para o
chamado “lançamento por homologação”. O que existe é a
homologação, tácita ou expressa, pelo fisco, da atividade,
praticada pelo contribuinte, de apurar e pagar o tributo
devido. E isso, definitivamente, não é lançamento.” além de
acostar aos autos, decisões do STJ acerca do tema,
decadência.

Eis o relatório.

VOTO

Com relação às perdas totais, as mesmas são


classificadas quanto a sua origem, em perdas comerciais e
perdas técnicas, estas últimas decorrentes dos efeitos
Corona e Joule, além das Correntes Parasitas e Histerese,
segundo as quais foram deduzidas do montante das perdas
totais, cuja diferença resume-se em perdas comerciais,
conforme demonstrada na seguinte equação: Pcom = Ptot –
Ptéc, onde:

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Pcom – Perdas Comerciais

Ptot – Perdas Totais

Ptéc – Perdas Técnicas

Em razão da natureza incorpórea da mercadoria


(energia elétrica) comercializada pela empresa, os itens,
estoque inicial e final não integram a famigerada equação
do Controle Quantitativo de Mercadorias. De maneira que de
conformidade com as planilhas de fls. 44/49 – Proc. 1500-
011691/05, a diferença entre o confronto da energia
adquirida com toda energia fornecida ao consumidor final,
depois de deduzida as perdas técnicas, é inquestionável.

No embate diante da pretensão do Fisco, a


recorrente apesar de alegar que parte das perdas comerciais
é relativa a furto, roubo e fraude, a mesma não carreou
para os autos se quer indícios de provas de tais alegações.
Pois, é de se reconhecer que na hipótese da “saída” de
mercadoria em decorrência de furto, roubo ou fraude, na
hipótese do contribuinte ter sido vítima de desfalque do
seu patrimônio, o mesmo não pratica qualquer ato com
relação à pseudo operação de circulação de mercadoria.

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Na lição de Alcides Jorge Costa, no seu Livro


ICM NA CONSTITUIÇÃO E NA LEI COMPLEMENTAR, “... a operação
é um ato jurídico material em que a vontade se manifesta no
sentido de promover a circulação de mercadorias. Esta
manifestação de vontade pode ter relevância para o direito
privado e será então um negócio jurídico; pode não ter
relevância e será um fato jurídico “stricto sensu”. Em
qualquer caso, será um fato jurídico para o direito
tributário, pois este leva em conta não a vontade de
promover a circulação da mercadoria mas o resultado de fato
resultante do ato; para o direito tributário é irrelevante
a vontade de promover a circulação. Note-se, porém, que o
ato de promoção da circulação deve ser voluntário e
praticado pelo sujeito passivo designado em lei. Isto
exclui a incidência do ICM sobre o furto e o roubo que são
modos de promover a circulação de mercadorias, como ensina
CARNELUTTI, ainda que haja aí circulação contra o direito;
e exclui pela razão de que, no caso, inexiste um ato do
sujeito passivo.”

Mesmo diante da expressão, a qualquer título,


inserida na redação do Art. 2º, inc. I, da Lei nº 5.900/96,
quando disciplina que “Considera-se ocorrido o fato gerador
do ICMS no momento: I – da saída de mercadoria, a qualquer
título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que para
outro estabelecimento do mesmo titular,” (grifei), a
incidência do referido imposto não alcança a “saída”
resultante de furto, roubo ou fraude praticada pelo usuário
da energia elétrica, como defende a representação fiscal,
isto porque, a prática de furto, roubo ou fraude no

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fornecimento de energia elétrica por parte da empresa


autuada seria incoerente ou porque não dizer, crime
impossível, em razão do cometimento de furto, roubo de si
próprio, assim como o mandamento contido no artigo 2º da
mencionada lei estadual não está coerente com o
disciplinamento previsto pelo Art. 12, inc. I, da Lei
Complementar nº 87/96, conforme redação in verbis:
“Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no
momento: I – da saída de mercadoria de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo
titular;”

Tal conclusão não significa dizer que as saídas


de bens, objetos da atividade comercial, mediante a prática
de furto, roubo ou até mesmo em decorrência de fraude estão
afastadas da tributação do ICMS. Isto depende,
naturalmente, do ângulo em que é visto a operação de saída,
ou melhor, a tributação deve ocorrer em relação aquele que
pratica a saída por intermédio das respectivas atividades
ilícitas e não em relação à vítima.

Igualmente no tocante a prática de furto, roubo


ou fraude supostamente cometidos pelos consumidores de
energia elétrica recorro mais uma vez, apenas, para
ilustrar a presente decisão, à doutrina do Professor LUIZ
EMYGDIO F. DA ROSA JUNIOR, quando no seu Manual de Direito
Financeiro e Direito Tributário, encerra o estudo do fato
gerador com enfrentamento do problema da tributação dos
atos ânulos e anuláveis e das atividades ilícitas,
criminosas ou imorais.

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Prossegue então o referido Mestre, “o Código


Civil, em seus arts. 145 e 147 nos fornece os conceitos de
ato nulo e ato anulável, ocorrendo o primeiro quando for
praticado por agente absolutamente incapaz, quando não for
adotada forma prescrita em lei, quando for preterida
solenidade exigida pela lei como essencial à sua validade,
quando for ilícito, ou impossível, o que constitui o seu
objeto e quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe
negar efeito. Declarada a nulidade do ato, os efeitos de
tal declaração retroagirão de modo a alcançar o ato, que
será considerado como se nunca tivesse sido praticado,
passando-se uma borracha nos efeitos que tenha produzido.”

“Anulável é o ato que se reveste dos elementos


essenciais exigidos para a sua forma, mas apresenta um
vício que diz respeito à proteção de interesses
individuais, correspondente à prática por agente
relativamente incapaz e por conter vício resultante de
erro, dolo, coação, simulação ou fraude. A decisão que
anula o ato produzirá efeitos somente a partir de sua
prolação, não afetando os efeitos jurídicos por ele
ocasionados.”

Para o Direito Tributário são os efeitos


econômicos produzidos pelos referidos atos que interessa.O
inc. I do art. 118 do CTN prescreve que a definição legal
do fato gerador é interpretada com a abstração da validade

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dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,


responsáveis ou terceiros. Assim pouco importa para o
Direito Tributário, na definição legal de fato gerador,
seja o ato nulo ou anulável para o Direito Privado, pois se
o mesmo produzir efeitos econômicos, a obrigação tributária
se concretiza e o tributo será devido.

Quanto às atividades ilícitas, criminosas ou


imorais, o entendimento jurisprudencial anterior ao Código
Tributário era no sentido de afastar a tributação de tais
atividades (Rev. Dir. Administrativo, 22/35, 34/80, 44/65 e
35/48; Rev. Forense 170/209), sob o fundamento de que o
Estado não deveria tirar proveito de um ato ilegal, por ele
mesmo proibido e reprimido. Entretanto, diante do inc. I do
art. 118 do CTN, tal entendimento não deve prosperar, pois,
mais repugnante ainda é o procedimento do Estado tributando
rendimentos auferidos pelo contribuinte ou circulação de
mercadorias decorrente do exercício de atividade lícitas e
deixando de lado os rendimentos percebidos pelo
contribuinte no exercício de atividades ilícitas, tais como
jogo do bicho ou exploração de casa de prostituição, assim
como circulação de mercadorias, objeto de atividade
ilícita.

No caso, ora sub judice, as autuantes além de


carrearem para os autos, demonstrativos de saídas de
energia elétrica sem a respectiva documentação fiscal em
MWH (planilhas 1.1 a 1.6), objeto das fls. 44 usque 49,
anexaram aos autos, demonstrativo de apuração do ICMS (fls.
50/99 – Proc. 1500-011691/2005( vol. 01) e fls. 101/114
(vol. 02), assim como a discriminação da energia adquirida,
vendida e perdas verificadas, conforme consta dos

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documentos intitulados DADOS BÁSICOS DE MERCADO – ENERGIA


(MWH), fornecidos pela própria recorrente, consoante fls.
123 usque 128.

A empresa ao rebater a imputação feita pelo


Fisco aduz que nos termos do art. 98 do RICMS, aprovado
pelo Dec. nº 35.245/91, nos casos de furto, roubo ou
extravio da mercadoria, hipóteses correspondentes ao que
foi chamado de “perdas comerciais”, a sua obrigação seria
apenas de estornar os créditos de ICMS. Porém, na hipótese
dos autos do presente processo, estando a energia elétrica
tributada pelo regime de diferimento, somente sendo
tributada quando do seu fornecimento ao consumidor final,
pela empresa distribuidora, não há nenhum estorno a ser
feito, evidentemente,tendo em vista a sistemática do
próprio diferimento.

Quanto à suposta operação de saída em


decorrência da prática de roubo, furto ou fraude contra o
contribuinte, é de se concluir que em razão da ausência de
qualquer ato por parte da vítima, a mesma não deve sofrer
tributação pelo ICMS, a não ser que tais atividades
ilícitas tenham a participação do contribuinte, sirvam de
instrumento, de meio para o exercício da “atividade
comercial”.

In casu, não obstante a alegação da recorrente


de que as “perdas comerciais” “teriam como causa, o furto
ou roubo de energia que seria a apropriação indébita da
energia por usuários; a fraude, que seria a manipulação de
medidores, pelos respectivos usuários, com a finalidade de

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obter o registro, no medidor, de quantidade de energia


inferior a efetivamente consumida,” a mesma não faz prova
de tal afirmação, como também não faz prova em relação ao
recolhimento postergado do ICMS, quando da ocorrência de
falha administrativa, a exemplo do atraso no faturamento,
perdurando assim a diferença entre a energia adquirida dos
respectivos produtores e a fornecida por ela aos usuários,
conforme se depreende das fls. 44/49 – Proc. 1500-
011691/05.

À luz do art. 333, inc. II do CPC, aplicado


subsidiariamente ao Processo Administrativo Fiscal, incumbe
ao réu a prova no tocante à existência de fato impeditivo
do direito do autor, conforme redação in verbis:

“Art. 333. O ônus da prova incumbe:

...............................................
..

II – ao réu, quanto à existência de fato


impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.”

VOTO VENCEDOR QUANTO A APLICAÇÃO DA PENALIDADE (ART. 79 DA


LEI ESTADUAL Nº 5.900/1996).

A análise dos autos demonstra o acerto do


voto divergente, haja vista, que a penalidade a ser aplicada
na presente autuação é aquela prevista no artigo 79, da Lei
nº 5.900/96, uma vez que a multa prevista no artigo 84, da

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mesma lei foi revogada pela Lei nº 7.079/09, e reclassificada


para o artigo 79, da Lei nº 5.900/96 (reproduzido).

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em


situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA: Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.

(...)”

Com relação à revogação do artigo 84, da Lei


nº 5.900/96, e de sua reclassificação para o artigo 79, da
mesma lei, é necessário observar-se que a conduta infracional
praticada objeto da aplicação das multas previstas nos
citados artigos, é em ambos os casos, A FALTA DE RECOLHIMENTO
DO IMPOSTO. Este é o núcleo do tipo. Assim, revogada a multa
do artigo 84, passa a incidir automaticamente a multa do
artigo 79, haja vista, possuirem o mesmo núcleo do tipo: A
FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. Portanto, trata-se de
reclassificação legal e não jurisdicional administrativa,
além de ser mais benéfica à empresa autuada.

Deixar de aplicar a penalidade prevista no


artigo 84, da Lei nº 5.900/96, a presente autuação, como quer
o relator, é um equivoco, pois o crédito tributário analisado
teve por base o levantamento de estoque cujos valores
apurados foram obtidos a partir da escrituração contida nos
livros e documentos fiscais da autuada, trata-se, portanto de

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obrigação tributária principal. E ainda, deve ser aplicada a


multa prevista no artigo 79, da Lei n 5.900/96, uma vez que o
artigo 30, da Lei Estadual nº 6.771/2006, ora reproduzido,
prevê claramente a competência dos órgãos julgadores de
alterar a definição jurídica constante do lançamento, desde
que mantidas as circunstâncias materiais originais, podendo
inclusive, alterar a penalidade aplicada.

“Art. 30 - Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais


em que se fundou o ato original de constituição do crédito
tributário, poderá o julgador dar ao fato apurado definição
jurídica diversa da que constar no auto de infração, inclusive
relativamente:

I - à penalidade ou penalidades aplicáveis ao infrator ou a quem


deva responder pela infração, nos termos da lei; e

(...)”

Portanto, o valor do crédito tributário que


consta na inicial deverá ter sua multa revista nos termos do
art. 79 da Lei nº 5900/1996.

VOTO DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA (RECURSO


ESPECIAL).

Preenchidos os requisitos da tempestividade e


da divergência de decisões entre a 1ª Câmara e 2ª Câmara,
acerca da extinção do crédito tributário em razão da
decadência, acolho o presente recurso, ao tempo em que
passo a decidir.

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Da análise dos autos, notadamente, da data da


Notificação do Acórdão recorrido, 29.03.2011, conforme
Ofício CTE nº 084/2011 e a data da protocolização do
presente recurso, 13.04.2011, assim como do confronto do
teor do Acórdão nº 040/2011 (fls. ), prolatado pela 1ª
Câmara, com o teor do Acórdão de nº 304/2010, prolatado
pela 2ª Câmara (fls. 15 usque 20), os mesmos são
divergentes no tocante a matéria sobre decadência. Enquanto
a 1ª Câmara concluiu pelo termo a quo da decadência, a
partir do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado, quando da não
ocorrência do pagamento antecipado do tributo, a 2ª Câmara
decidiu pela contagem do prazo decadencial a partir do fato
gerador, independentemente de pagamento antecipado do
tributo. Portanto, os requisitos de admissibilidade do
recurso especial estão preenchidos.

De conformidade com os termos do Art. 150 do


CTN, o lançamento por homologação ocorre quando a
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar
o pagamento sem prévio exame do Fisco, a exemplo do ICMS,
segundo o qual se opera pelo ato em que o próprio Fisco,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
contribuinte, expressamente a homologa, conforme redação in
verbis do referido artigo: “O lançamento por homologação,
que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em
que a referida autoridade, tomando conhecimento da
atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a
homologa.”

O § 4º do reportado artigo determina que, “Se a


lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco)

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anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse


prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.”

Logo, in casu, diante do lançamento feito pela


empresa recorrente e posteriormente efetuado o recolhimento
do ICMS, no período de janeiro a abril de 2000, conforme
docs. de fls. 21/23, sem o devido pronunciamento da Fazenda
Estadual no interregno dos 5 (cinco) anos, não resta dúvida
que a homologação operou-se de forma tácita, implícita,
prevista pelo referido § 4º, quando preconiza: “...expirado
esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.”(Grifei).

Assim, no caso vertente, a homologação deu-se


em 1º de maio de 2005, não devendo prosperar, por
conseguinte, a exigência do crédito tributário relativo aos
fatos geradores ocorridos no período de 1º de janeiro a 30
de abril de 2000.

Com relação ao prazo decadencial previsto no


art. 173, I, do CTN., o mesmo aplica-se aos impostos que
têm fato gerador “complexivo ou periódico”, na expressão de
Luiz Enygdio F. da Rosa Junior, no seu livro Manual de
Direito Financeiro e Direito Tributário, considerando-se
como tal aquele cujo ciclo de formação se completa dentro
de um determinado período de tempo e que consiste num

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conjunto de fatos, circunstâncias ou acontecimentos


globalmente considerados dentro do exercício financeiro, a
exemplo de fato gerador renda, assim como a propriedade de
bens imóveis, segundo os quais tem como período de
lançamento dos respectivos impostos, o exercício seguinte
ao da ocorrência do fato gerador e o próprio exercício em
que se verifica a hipótese de incidência, respectivamente.

Portanto, diante de fato gerador instantâneo,


no caso do ICMS, a exemplo também, do IPI, quando o período
de lançamento é geralmente o mês seguinte ao da ocorrência
do fato gerador. O primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, tido
como marco inicial para efeito de contagem do prazo
decadencial não se coaduna com a natureza do fato gerador
no pertinente ao fator tempo, com o período da apuração e
nem com o momento do lançamento do ICMS, devendo assim
prevalecer o termo a quo para efeito da contagem do prazo
decadencial, a regra do art. 150, § 4º e não a regra do
art. 173, I, do CTN, como pretende o Fisco.

Mesmo para o entendimento segundo o qual a


regra do Art. 150 do CTN só tem aplicação na hipótese de
recolhimento antecipado do respectivo imposto, tal
entendimento se impõe diante dos recolhimentos efetuados
pela recorrente no período de janeiro a abril de 2000,
conforme docs. de fls. 21/23.

De forma que, diante de tais fundamentos e


levando em consideração o lançamento seguido do
recolhimento efetuado pela empresa recorrente, mantenho o

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meu voto, quando do julgamento proferido pela 1ª Câmara,


por ocasião do Recurso Ordinário, acompanhando assim o
entendimento da Egrégia 2ª Câmara sobre a matéria,
consoante Acórdão nº 304/2010.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, POR MAIORIA DE VOTOS,
conhecer do Recurso Especial e do Reexame Necessário para
dar provimento parcial a ambos, no sentido de manter a
penalidade aplicada (art. 79 da Lei nº 5.900/96), e afastar
a exigência do crédito tributário relativa ao período de
janeiro a abril de 2000, em decorrência da sua extinção
pelo efeito da decadência.

Portanto, observe-se que em razão da penalidade


aplicada haver retornado para integrar o valor do crédito
tributário em razão de haver o voto divergente sido vencedor
por maioria (Reexame Necessário); e em razão da retirada dos
meses de janeiro a maio/2000, do valor do crédito tributário
por maioria, por haver sido acatada a preliminar de decadência
em razão de ter sido vencedor o voto relator nesta sessão do
Pleno, o crédito tributário tem como valor o que abaixo
demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2000

(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE


DECADÊNCIA)

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Mes ICMS Multa Total

maio 895.553,78 447.776,89 1.343.330.67

junho 712.282,48 326.141,24 1.038.423,72

julho 932.898,63 466.449,31 1.399.347,94

agosto 948.897,86 474.448,93 1.423.346,79

setembro 692.582,01 346.291,00 1.038.873,01

outubro 1.265.605,54 632.802,77 1.898.408,31

novembro 1.100.792,50 550.396,25 1.651.118,75

dezembro 1.252.068,44 626.034,22 1.878.102,66

TOTAL 7.800.681,24 3.900.340,62 11.701.021,86

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2001

(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE


DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total

janeiro 1.132.275,97 566.137,98 1.698.413,95

fevereiro 832.064,23 416.032,11 1.248.096,34

março 1.571.208,45 785.604,22 2.356.812,67

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abril 953.819,73 476.909,86 1.430729,59

maio 1.008.778,98 504.389,49 1.513.168,47

junho 186.424,21 93.212,10 279.636,31

julho 897.844,25 448.922,12 1.346.766,37

agosto 800.530,00 400.265,00 1.200.795,00

setembro 917.310,23 458.655,11 1.375.965,34

outubro 1.233.261,03 616.630,51 1.849.891,54

novembro 1.052.570,25 526.285,12 1.578.855,37

dezembro 1.344.148,63 672.074,31 2.016.222,94

TOTAL 11.930.235,96 5.965.117,98 17.895.353,94

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2002

(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE


DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total

janeiro 1.231.631,89 615.815,94 1.847.447,83

fevereiro 1.113.775,73 556.887,86 1.670.663,59

março 1.652.133,18 826.066,59 2.478.199,77

abril 1.261.123,50 830.561,75 1.891.685,25

maio 1.477.587,74 738.793,87 2.216.381,61

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junho 1.031.341,54 515.670,77 1.547.012,31

julho 986.539,12 493.269,56 1.479.808,68

agosto 1.320.319,31 660.159,65 1.980.478,96

setembro 1.274.639,51 637.319,75 1.911.959,26

outubro 1.703.332,04 851.666,02 2.554.998,06

novembro 1.460.289,05 730.144,52 2.190.433,57

dezembro 1.828.197,96 914.098,98 2.742.296,94

TOTAL 16.340.910,57 8.170.455.28 24.511.365,85

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2003

(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE


DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total

janeiro 1.703.125,11 851.562,55 2.554.687,66

fevereiro 1.235.332,67 617.666,33 1.852.999,00

março 1.868.151,35 934.075,67 2.802.227,02

abril 1.448.648,56 724.324,28 2.172.972,84

maio 1.633.781,60 816.890,80 2.450.672,40

junho 891.823,37 445.911,68 1.337.735,05

julho 1.502.581,26 751.290,63 2.253.871,89

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agosto 1.260.146,35 630.073,71 1.890.219,25

setembro 1.635.423,16 817.711,58 2.453.134,74

outubro 1.477.876,70 738.938,35 2.216.815,05

novembro 1.827.947,84 913.973,92 2.741.921,76

dezembro 2.202.064,11 1.101.032,05 3.303.096,65

TOTAL 18.686.902,08 9.343.451,04 28.030.353,12

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2004

(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE


DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total

janeiro 1.884.505,13 942.252.56 2.826.757,69

fevereiro 1.444.022,11 722.011,05 2.166.033,16

março 2.678.978,75 1.339.489,37 4.018.468,12

abril 1.813.013,46 906.506,73 2.719.520,19

maio 2.279.542,89 1.139.771,44 3.419.314,33

junho 1.385.740,56 692.870,28 2.078.610,84

julho 1.935.846,54 967.923,27 2.903.769,81

agosto 1.995.753,92 997.876,96 2.993.630,88

setembro 1.953.678,94 976.839,47 2.930.518,11

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outubro 2.722.023,72 1.361.011,86 4.083.035,58

novembro 2.572.139,55 1.286.069,77 3.858.209,32

dezembro 3.118.225,12 1.559.112,56 4.677.337,68

TOTAL 25.783.470,69 12.891.735.34 38.675.206,03

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2005

(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE


DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total

janeiro 3.035.898,47 1.517.949,23 4.553.847,70

TOTAL 3.035.898,47 1.517.949,23 4.553.847,70

DEMONSTRATIVO TOTAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

EXERCÍCIOS DE 2000/2005, APÓS VOTAÇÃO DO REEXAME NECESSÁRIO


(ARTIGO 48, II, DA LEI Nº 6.771/2006) E DO RECURSO ESPECIAL

Exercícios ICMS Multa Total

2000 7.800.681,24 3.900.340,62 11.701.021,86

2001 11.930.235,96 5.965.117,98 17.895.353,94

2002 16.340.910,57 8.170.455,28 24.511.365,85

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2003 18.686.902,08 9.343.451,04 28.030.353,12

2004 25.783.470,69 12.891.735,34 38.675.206.03

2005 3.035.898,47 1.517.949,23 4.553.847,77

Total 83.578.099,01 41.789.049,50 125.367.148,49

O crédito tributário no valor de R$


125.367.148,49 (cento e vinte e cinco milhões, trezentos e
sessenta e sete mil, cento e quarenta e oito reais e
quarenta e nove centavos) deverá ser recolhido com os
acréscimos legais.

Sala das Sessões do CTE, em maceió 30 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA


FILHO
JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. DE A.


FILHO
JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

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ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA(Contra Relator) JULGADORA(Contra Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR (Contra Relator)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-013755/1997; CTE 450/2010

AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 012384 de 30/12/1997

RECORRIDO: Estevam Administração e Empreendimentos

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.


ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

EMENTA :Decadência. Reconhecida a


decadência referente a todo o período
do lançamento. A autuação decorre do

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período de 1994 a 1995. Contribuinte


regularmente notificada do lançamento
em 18/03/2005. Decaído o direito de
constituir o crédito tributário.
Reexame conhecido e improvido. Decisão
Mantida

RELATÓRIO

Trata-se reexame necessário, cujo o objeto é a


análise do Acórdão n° 080/2012, emitido pelos membros da 1ª
Câmara do Conselho Tributário Estadual, que por maioria de votos
entendeu ter Decaído o Crédito Tributário e considerou,
portanto, prejudicado o reexame necessário da decisão da
coordenadoria de julgamento que havia julgado improcedente o
lançamento.

A atividade fiscal teve início a partir da lavratura


do Auto nº 12384, sob a alegação de que o contribuinte teria
deixado de recolher o ICMS, nos anos de 1994 e 1995, a Autuante
apontou suposta transgressão ao artigo 21, V da Lei nº 5.900/96,
culminado com a pena prevista no artigo 827 do RICM,
constituindo, dessa forma, crédito tributário na ordem de R$
8.565,90(oito mil, quinhentos e sessenta e cinco reais e noventa
centavos e multa no montante de R$ 5.139,52 (cinco mil cento e
trinta e nove reais e cinqüenta e dois centavos).

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Salienta-se que a Autuante, ao não lograr êxito com a


tentiva de intimação postal, realizada no dia 18/02/1998,
publicou na data 24/03/1998, através do Diário Oficial, edital
com o fito de comunicar ao contribuinte sobre a lavratura do
Auto, confeccionando em sequência o termo de revelia no dia
24/04/1998.

Através do despacho prensente na fl. 42, a gerência


de Crédito Tributário informou que o contribuinte tomou ciência
da autuação em 18/03/2005,

Nesse diapasão, o contribuinte apresentou defesa


alegando, em síntese que: a) teria pedido baixa da sua inscrição
em 10/01/1996; b) que no endereço indicado no pedido de baixa o
fiscal poderia ter tido acesso a todos os documentos fiscais; c)
em 30/01/1998 foi homologado a baixa na inscrição; e d) em face
do lapso temporal requereu a extinção do crédito tributário.

Já nas contrarrazões, a Autuante alegou que: a) o


pedido de extinção do Crédito tributário, feito pelo
contribuinte, não encontra respaldo legal; b) o contribuinte não
nego a autoria dos fatos da infração supostamente cometida; c)
os documentos acostados ao lançamento dariam respaldo legal ao
lançamento; e por fim d) solicitou que o Auto fosse julgado de
forma procedente.

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Em sede de Decisão, o julgador singular, por meio da


Decisão nº 17.251, julgou improcedente o lançamento do crédito
tributário consubstanciado no Auto nº 12384, sob a alegação de
que a Autoridade Fiscal teria se omitido em comprovar a
circunstância material que daria ensejo a ocorrência do Fato
Gerador da obrigação tributária.

O Fisco e o Contribuinte tomaram ciência, contudo não


se pronunciaram, em sequência os autos foram remetidos para a 1ª
Câmara do Conselho Tributário Estadual, e esta por maioria dos
votos, adotou o seguinte entendimento:

EMENTA – ICMS. OMISSÃO DE MERCADORIAS. AUSÊNCIA DE


INTIMAÇÃO VÁLIDA DO CONTRIBUINTE NO PRAZO
DECADÊNCIAL. DECADÊNCIA CONFIGURADA. REEXAME
NECESSÁRIO PREJUDICADO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO (Acórdão n° 080/2012, 1ª Câmara do CTE.
Dj. 07/03/2012)

É O relatório.

É o relatório.

VOTO

Compulsando os autos percebe-se que a autuada apenas


foi regulamente notificada em 18 de março de 2005, consoante se
depreenda do despacho de fls. 43 exarado pela própria gerência
de crédito tributário, portanto, como a autuação corresponde a

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falta do recolhimento do ICMS referente às competências de 1994


e 1995, resta analisar se há decadência ou não do crédito
tributário, reexaminando assim a decisão recorrida.

Ora, a Fazenda Estadual possui 5(cinco) anos para


realizar o lançamento, o qual quando não praticado nesse lapso
temporal, decai o direito de celebrá-lo.

É oportuno colacionar o conceito de decadência do


professor Paulo de Barros Carvalho, vejamos:

A decadência ou caducidade é tida como o fato


jurídico que faz perecer um direito pelo seu não-
exercício durante certo lapso de tempo. Para que as
relações jurídicas não permaneçam indefinidamente, o
sistema positivo estipula certo período a fim de que os
titulares de direitos subjetivos realizem os atos
necessários à sua preservação, e perante a inércia
manifestada pelo interessado, deixando fluir o tempo,
fulmina a existência do direito, decretando-lhe a
extinção 23.

Como regra geral, o prazo de cinco anos, findo o qual se


opera a decadência, tem início, de acordo com o inciso I do art.
173 do CTN, no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ser efetuado. Quando a lançamento for
considerado nulo, o prazo se inicia na data em que se tornar
definitiva a decisão que houver anulado o lançamento anterior,
consoante prescreve o inciso II do citado artigo.

23
CARVALHO, Paulo de Barros. In. Curso de Direito Tributário. 18 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.p.482

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Entretanto, quando o tributo é sujeito ao lançamento


por homologação, como é o caso, o prazo decadencial passa a
fluir da data do respectivo fato gerador, de acordo com o que o
prescreve o § 4º do art. 150 do CTN, in verbis:

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de


5(cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Percebe-se indubitavelmente que nos tributos sujeitos


ao lançamento por homologação, o prazo quinquenal tem início a
partir da ocorrência do fato gerador.

Diante dos argumentos apresentados acima, ACORDAM OS


MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
como a autuação decorre do período de 1994 a 1995, e a
recorrente apenas foi regulamente notificada do lançamento em
18/03/2005, encontra-se decaído o direito de constituir o
crédito tributário de todo o período, sem a necessidade entrar
na discussão se houve ou não pagamento antecipado parcial do
tributo.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2013.

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SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRAFILHO

JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: 1500-002952/96; CTE-102/07
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 031061/96
EMPRESA AUTUADA: FRORISVAL SOUZA BARROS ME

AUTUANTE: EDGAR SARMENTO P. FILHO – Mat. 51.554-4

RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

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ACÓRDÃO Nº P-195/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS.


TRANSCORRIDO O PRAZO DE 05(CINCO) ANOS APÓS
A REVELIA DO AUTUADO SEM A DEVIDA INSCRIÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NA DÍVIDA ATIVA, A
EXTINÇÃO DO MESMO SE IMPÕE PELO EFEITO DA
PRESCRIÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
IMPROVIDA.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente feito, objeto de reexame necessário para
o pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto nos
seguintes termos:

Devidamente intimada da autuação, na pessoa do


seu titular, a autuada não apresentou defesa, incorrendo em
revelia, conforme termo próprio de fl. 143, lavrado em 20
de março de 1996.

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Em 27 de abril de 2007, a primeira instância


proferiu julgamento, concluindo pela extinção do crédito
tributário lançado em razão da prescrição do mesmo,
conforme a seguinte ementa: “ICMS. 1. Lançamento de ofício
de crédito tributário. 2. Falta de recolhimento de imposto
por fruição ilegal de atributo de Microempresa. 3. Revelia.
4. Prejudicialidade do lançamento. 5. Extinção de crédito
tributário. 6. Prescrição – CTN, artigos 156, V, e 174. 7.
Duplo grau de jurisdição administrativa necessário – Art.
48, Lei Estadual nº. 6.771/06.”

Submetida a decisão da instância de piso à


Segunda Câmara deste Colegiado em decorrência de remessa
necessária, esta concluiu, por maioria de votos, pela
extinção do crédito tributário mediante a prescrição do
mesmo, ratificando assim a decisão monocrática nos termos
da seguinte ementa: “ICMS – Lançamento de ofício de crédito
tributário. Ausência de Impugnação e Recurso. Crédito
Tributário Constituído. Fruição do Prazo de 05 (cinco)
anos. Prescrição. Extinção do Crédito Tributário. Recurso
de ofício conhecido e negado provimento. Decisão singular
mantida.”

Por força de remessa necessária o presente


processo sobe ao pleno deste Colegiado para o respectivo
reexame da decisão proferida pela 2ª (Segunda Câmara).

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Em síntese é o relatório.

Voto.

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Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que o


contribuinte apesar de ter sido intimado da autuação em 15
de fevereiro de 1996, o mesmo não impugnou o lançamento,
incorrendo assim em revelia, conforme termo próprio lavrado
na fl. 143.

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982,


então vigente, ao tratar da revelia e da intempestividade,
nos parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava
in verbis:

“Art. 141....

§ 1º - Quando se tratar de infrator revel, e a


infração se referir à falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros fiscais próprios,
prestadas as informações sobre os antecedentes fiscais
existentes, considerar-se-á concluído o processo, sendo
automaticamente promovida a inscrição do débito na dívida
ativa, para cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese


prevista no parágrafo anterior, importa o reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito de decisão final do
processo administrativo.

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§ 3º - Nos demais casos, lavrado o Termo de


Revelia, o processo seguirá os tramites regulamentares,
facultado ao revel a intervenção em qualquer oportunidade,
antes de transitada em julgado a decisão terminativa”.

Posteriormente, editada a Lei nº 5.983, em 20


de dezembro de 1997, a mesma alterou a redação do art. 141,
retro transcrita, com o seguinte teor: “Art. 141. Findo o
prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação
de defesa ou recurso, será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento do débito para
inscrição em Dívida Ativa.”

“Parágrafo único – A revelia do autuado implica


no reconhecimento da obrigação tributária e produz efeito
de decisão final no processo administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar


em princípio sobre direito substantivo, instituindo o
Código Tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, o
referido diploma legal quando disciplinava o processo
administrativo fiscal no seu capítulo III, do art. 118 ao
art. 167, o mesmo tratou, também, de direito processual e
assim sendo a doutrina aponta três sistemas que procuram
resolver quanto à eficácia das leis processuais no tempo,
conforme exposição abaixo:

a) O primeiro sistema, chamado de unidade


processual, é um complexo de atos inseparáveis uns dos
outros, porque todos se subordinam ao fim a que visa, qual

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seja, a decisão. O processo seria um corpo uno, e, assim


considerados, teria que ser regulado por uma única lei.
Nessas condições, uma vez em curso, e sobrevindo uma lei
nova, disciplinar-se-ia inteiramente por esta ou pela lei
anterior. A ser regido inteiramente pela lei nova, tornando
ineficazes os atos já realizados, poder-se-ia dizer que a
lei processual tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas: a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplinará
a fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Somente as fases seguintes obedeceriam à lei nova.

c) O terceiro sistema é o do isolamento dos


atos processuais, segundo o qual, sem desconhecer que o
processo é uma unidade em vista do fim a que se propõe,
observa que cada um dos atos processuais pode ser
considerado isoladamente, para os efeitos de aplicação da
lei nova. Ou melhor, esta, encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais
já realizados e passa a disciplinar o efeito a partir de
sua vigência.

Dentre os referidos sistemas, o Código de


Processo Civil adotou o sistema do isolamento dos atos
processuais, conforme expressamente dispôs no art. 1211, ao
tratar das disposições finais e transitórias, segundo o
qual reza: “...Ao entrar em vigor, suas disposições
aplicar-se-ão, desde logo, aos processos pendentes.

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Portanto, atentando-se para aplicação


subsidiária das normas do Processo Civil ao Processo
Administrativo Tributário, não resta nenhuma dúvida de que
à luz da nova redação do art. 141, da Lei nº 4.418/82,
então vigente, dada pela Lei nº 5.983/97, a administração
fazendária deveria ter procedido ao encaminhamento dos
autos, a fim de inscrever o respectivo débito na Dívida
Ativa, isto, em 20 de março de 1996, a fim de inscrever o
respectivo débito na Dívida Ativa, seguida da competente
ação de execução fiscal a cargo da douta Procuradoria da
Fazenda Estadual.

No entanto, transcorreram mais de cinco anos,


contados a partir da constituição do crédito tributário,
termo inicial do prazo prescricional, sem que tal
providência fosse adotada, segundo confronto de fl. 143 com
as fls. 153/162.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da remessa
necessária para negar-lhe provimento, comungando assim com
o voto do nobre julgador Álvaro Arthur Lopes de Almeida

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Filho, o qual entende pela extinção do crédito tributário,


pelo efeito da prescrição.

Intime-se a empresa autuada e em seguida vão os


autos à DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRAFILHO

JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


ODETE MINEIRO DA PAZ JULGADOR
JULGADORA

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

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ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº43 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/11/2013

PROCESSO: SF-1500-012258/87/; CTE-90/2011

AUTO DE INFRAÇÃO: 009030, PROTOCOLADO AMA 4/3/87, Protocolo


Geral em 9/9/87

AUTUADA: SANTANA E FERREIRA LIMITADA

AUTUANTE: RONALDO GUEDES DE ARAÚJO

RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

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ACÓRDÃO Nº 272/2013

EMENTA: ICMS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. REEXAME


NECESSÁRIO PROCEDIDO. EMPRESA REGULARMENTE
INTIMADA. EMPRESA REVEL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO. OCORRÊNCIA DE
PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NOS TERMOS
DO ART. 174 E EXTINÇÃO DO CRÉDITO,
TRIBUTÁRIO CONFORME ART. 156, V AMBOS DO
CTN.

Relatório

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Trata-se o presente de Reexame Necessário do Conselho


Tributário Estadual, nos termos do Inciso I, do art. 48,
da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da
Coordenadoria de Julgamento 17420/10 do CTE, que recebeu a
seguinte ementa:

EMENTA: ICM. Lançamento de ofício de crédito


tributário.

1. Emissão de notas fiscais com valores diferentes


nas respectivas vias. 2. Crédito indevido – utilização de
crédito fiscal desacompanhado do documento fiscal
comprobatório;
2. Crédito indevido – utilização de crédito fiscal
destacado em notas fiscais de mercadorias destinadas a
outro estabelecimento do mesmo titular. LANÇAMENTO
PROCEDENTE. Crédito tributário parcialmente recolhido.
REMISSÃO (ART. 11, inciso I, alíneas “a”, “b” e “c” da Lei
6765) EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO MEDIANTE PAGAMENTO E
REMISSÃO. Reexame necessário pelo Conselho Tributário
Estadual (art. 48 da Lei 6771/06)

A Coordenadoria de Julgamento informou que a autuada


não apresentou Recurso Ordinário ao CTE. A CJ Encaminhou à
PGE para inscrição do crédito tributário na Dívida Ativa
(Fls. CJ 90).

No Despacho PGE/PFE-CD nº 0242/2011 a Coordenadora da


Procuradoria da Fazenda Estadual retornou os autos a este

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Conselho, esclarecendo que o processo foi enviado à PGE de


forma indevida (Fls. PFE 92).

A Representação Fiscal em Despacho, após diligência


do CTE, retorna ao CTE o presente processo dizendo que
considerando a decisão da Coordenadoria de Julgamento que
“determinou a extinção do crédito tributário mediante
pagamento e remissão, não há qualquer procedimento desta
Representação Fiscal a ser feito neste processo” (Fls.
DIRF 95).

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta,


nota-se que o Reexame Necessário do CTE deve-se à Decisão
da Coordenadoria de Julgamento Câmara do CTE sobre a
extinção do crédito tributário mediante pagamento e
remissão.

O Auto de Infração foi protocolado na Agência de


Fazenda Estadual no dia 4/3/87 e no protocolo Geral da
SEFAZ no dia 9/9/87. Lavrado o Termo de Revelia em
2/5/1988. Decorridos mais de 14 anos da lavratura do Termo

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de Revelia pela SEFAZ resta observar sobre decadência ou


prescrição do crédito tributário.

O Parecer PGE/PFE 852/09 de 19/8/2009 elucida quanto


à competência de declaração da prescrição ou da
decadência, dizendo que é de quem inscreve na dívida
ativa, ou seja, a Procuradoria da Fazenda. Esclarece ainda
que o procedimento para definir a extinção do crédito
tributário “deve preceder de parecer conclusivo conjunto
dos membros do Colegiado de Procuradores”, composto por
três membros. Observe-se o que diz a redação do art. 1º,
2º e 3º do Decreto 539/02:

Art. 1º- Compete ao Procurador do Estado, que


verificar a prescrição ou a decadência de crédito
tributário em processo administrativo fiscal de sua
competência, nos termos do Código Tributário Nacional,
submeter à questão a Colegiado de Procuradores integrantes
da unidade operativa da Procuradoria da Fazenda Estadual
para que opinem conjuntamente, em parecer conclusivo,
acerca da extinção ou não do crédito tributário.

Art. 2º - O Colegiado será composto de, no mínimo, 03


(três) Procuradores de Estado, designados, em cada
processo, pelo Coordenador da Procuradoria da Fazenda
Estadual.

Art. 3º - Verificada a prescrição ou a decadência do


crédito tributário, o parecer conclusivo será submetido à
aprovação do Procurador- Geral do Estado, que poderá
declarar, em cada caso, a extinção do crédito tributário.

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Os autos foram julgados pela


Coordenadoria de Julgamento em 22/11/2010 (Fls. CJ 76 a
78). Até esta data existiam dúvidas quanto à competência
do CTE para declarar a prescrição de crédito tributário,
devido à redação do Decreto 539/02, ainda em vigor e o
Parecer PGE/PFE 852/009 de 19/8/2009.

O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013


(processo 1500 5479/2013) responde à consulta formulada
pela presidência do CTE no ofício nº 044/2012. Informa a
PGE:

(...) em reunião, realizada na data de 08/07/2010, no


âmbito da Procuradoria da Fazenda Estadual, predominou o
entendimento, agora unificado, de que a norma do art. 141
da Lei Estadual 4418/82 (hoje revogada) era de natureza
processual, devendo sua nova redação, dada pela Lei
Estadual nº 5983/97, ser aplicada a partir da vigência
desta última, a todos os processos então em curso. Desta
forma, não mais exigível a partir de 20/12/97, o
julgamento administrativo quando revel o contribuinte, tal
como previsto na redação original do art. 141 em menção.

Em decorrência, ficou também decidido que o dia


20/12/97 será o marco inicial da prescrição para os
créditos tributários consignados em processos
administrativos iniciados antes da edição da Lei 5983/97,
cujo julgamento desnecessariamente, se tenha realizado a
partir daquela data (...).

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Considerando o parecer supra, a partir de 20/12/97,


após revel o contribuinte, está constituído
definitivamente o crédito tributário e nesta data começa a
contagem do prazo prescricional que somente neste caso, a
própria PGE dá a competência.

O Termo de Revelia foi lavrado no dia 2/5/1988

Assim sendo, o crédito tributário foi definitivamente


constituído e, portanto prescrito nos termos do art. 174
do CTN diz em sua redação:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito


tributário prescreve em cinco anos, contados da data da
sua constituição definitiva.

(...) Em consequência, o crédito tributário está


extinto, na forma do art. 156, V, do CTN, cuja redação
assim diz:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

(...) V - a prescrição e a decadência; (...)

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos

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proceder ao reexame necessário, extinguindo o crédito


tributário pela prescrição.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 19 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES

PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº48 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/12/2013

ANEXO: 1500-025.487/2006 e 1500-039.007/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO: 060.840, de 13/12/2005.

AUTUADA: R C CONSTRUÇÕES LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.075.979-6.

DECISÃO MONCRÁTICA: 18.304/2011.

ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.

AUTUANTE: Marco Antonio Rocha Barroso e outros.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 302/2013

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EMENTA: ICMS - Obrigação Principal. 1)


Falta de recolhimento do ICMS Diferencial
de Alíquotas. 2) As Empresas de Construção
Civil não estão sujeitas ao pagamento deste
imposto como decidiu o STF. Lançamento
improcedente. 3) Reexame Necessário e
Recurso Ordinário conhecidos e providos.
Reformada a decisão singular por ser
improcedente o lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa R


C CONSTRUÇÕES LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 255.286,29
(duzentos e cinquenta e cinco mil, duzentos e oitenta e seis
reais e vinte e nove centavos), por haver a empresa autuada
deixado recolher o ICMS diferencial de alíquota incidente nas
aquisições de bens ou mercadorias destinadas ao uso, consumo
ou incorporação ao ativo permanente, oriundas de outra
unidade da federação no período 2001, 2002, 2003, 2004 e
2005.

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Apontados como infringidos os artigos 1º, pu, III, “b”;


2º, V; e 6º, VI, da Lei Estadual nº 5.900/1996; 2º, II; e 14,
do RICMS/91. Sugerida aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruida com resumo de débito;


relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox)
de cartões de autógrafo; demonstrativo do diferencial de
alíquotas (janeiro/2001 a março/2005).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o lançamento é


nulo por inobservância de formalidades prescritas no artigo
889-B, IX, X, XI, do RICMS/91; a descrição dos fatos é
obscura e confusa por não retratar a fundamentação legal do
próprio instrumento; a atividade de construção civil está
sujeita à tributação pelo ISSQN – Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza não tendo incidência do ICMS; a notificação
do auto de infração somente ocorreu em 30/08/06; os créditos
anteriores a 30/08/2001, extão extintos por decadência e não
são mais exigíveis. Por fim, pede a nulidade do lançamento, a
improcedência pela incorreta pretensão do Fisco de cobrar
ICMS sobre a atividade de construção civil ou a decadência
parcial dos créditos tributários.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contra-razões alegando que o ICMS


diferencial de alíquotas ainda está em discussão no STF; o

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artigo 155, II, e XII, da CF/88, recepcionado pela Lei nº


5.077/1989 e pelo artigo 698, do RICMS/91, que incluiram as
construtoras como contribuintes do imposto. Por fim, pede que
o auto de infração seja Procedente.

Os autos foram enviados a PGE/PFE para análise da


decadância do crédito tributário e em resposta esta afirma
que os autos devem ser julgados na esfera administrativa.

Em 31/10/2011, foi proferida a Decisão nº 18.304/2011,


de primeira Instância, que julgou Procedente em Parte o
Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Falta de recolhimento do


ICMS Diferencial de Alíquota. Empresa de Construção Civil.
Hipótese de incidência prevista nos arts. 2º, V e 6º, VI, da
Lei Estadual nº 5.900/96, e art. 702 do RICMS/AL em sua
redação original. Impossibilidade de análise, na esfera
administrativa, da constitucionalidade de lei ou decreto, a
teor dos arts. 23, § 3º, I e 28, § 1º, da Lei Estadual nº
6.771/06. Inocorrência da decadência, conforme contagem do
prazo pelo art. 173, I, do CTN. Infração demonstrada pelo
arcabouço probatório. Reclassificação legal da multa do
art. 84 para o art. 79, ambos da Lei Estadual nº 5.900/96, em
face da alteração legislativa trazida pela Lei Estadual
nº 7.079/09. Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual, ex vi do arts.
48, I e 49, § 1º, da Lei Estadual nº 6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

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A autuada apresentou Recurso Ordinário, de forma


tempestiva, alegando:

I – EM PRELIMINAR

A PRESCRIÇÃO PARCIAL DO AUTO DE INFRAÇÃO

1) Que, a autoridade julgadora se equivocou quanto a


aplicação das normas que disciplinam a decadência no CTN uma
vez que a autuada em sua defesa já demonstrara que no
presente caso seria aplicado o artigo 150, § 4º, do CTN aos
fatos geradores anteriores a 30/08/2001; a decisão singular
entende que a regra do artigo 150, § 4º, do CTN só se aplica
quando há pagamento antecipado do imposto, como se o fato de
haver ou não o pagamento pudesse interferir de algum modo na
disciplina legal do tributo; ainda segundo a decisão
singular, não tendo sido pago o tributo, a regra aplicável é
a do artigo 173, do CTN. Ora, esse raciocínio não se
sustenta. Assim, os fatos geradores antes de 30/08/2001, não
poderão ser exigidos, ex vi do artigo 150, § 4º, do CTN.

NO MÉRITO

1) Que, a autuada é prestadora de serviços de


engenharia, contribuinte do ISSQN nos termos do artigo 156,
III, da CF/88; a decisão singular deixou de considerar essa
ilegalidade sob o argumento de que a incidência do imposto,
na hipótese dos autos, estaria amparada nos artigos 2º, V; e
6º, VI, da Lei nº 5.900/1996; artigo 702, do RICMS/91,
descartando as alegações da autuada, invocando o artigo 23, §

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3º, I; e 28, § 1º, da Lei nº 6.771/2006; a interpretação dada


aos fatos pela decisão recorrida é ilegal, uma vez que a
fundamentação da exigência do ICMS na hipótese dos autos
decorre da premissa de que a autuada seria contribuinte do
imposto situação sem a qual não seria possível justificar a
incidência dos artigos 2º, V; e 6º, VI, da Lei nº 5.900/1996.

2) Que, as empresas de construção civil não são


constribuintes do ICMS; então, não é possível sequer se
imaginar a incidência da norma citada na decisão singular;
não encontra o presente caso amparo, sequer na legislação
estadual que pretende regulamentar, uma vez que a Lei nº
5.900/1996, somente admite a incidência do ICMS quando da
entrada de mercadorias adquiridas em outras unidades da
federação, no estabelecimento de contribuintes do imposto e a
verificação dessa circunstância não se confunde com o que a
legislação estadual qualifica como mera arguição de
constitucionalidade; a questão da sujeição passiva das
empresas de construção civil está pacificada na doutrina e na
jurisprudência pela Súmula 432, do STJ que de maneira
definitiva dispõe sobre tal matéria e o STJ ao editar a
Súmula 432, não o fez sob a alegação de
insconstitucionalidade da norma estadual que dispunha em
sentido oposto. Por fim, pede a improcedência do Lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões ao Recurso Ordinário alegando:

I - QUANTO A PRELIMINAR DE DECADÊNCIA

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1) Que, não assiste razão a autuada quando afirma que os


fatos ocorridos antes de dezembro/2011, estão fulminados pela
decadência nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, uma vez
que não houve o pagamento antecipado do imposto, como já
decidido e pacificado pela jurisprudência pátria; se não
houver pagamento antecipado do imposto a contagem de prazo
decadencial é aquela do artigo 173, I, do CTN. Por fim, pede
que a preliminar de decadência não seja acatada.

II – QUANTO AO MÉRITO

1) Que, o reconhecimento de que as empresas do ramo da


construção civil são contribuintes do ISSQN implica em
reconhecimento de inconstitucionalidade da norma estadual, o
que é vedado conforme artigos 23, § 3º, I; e 28, § 1º, da Lei
Estadual nº 6.7171/2006; a luz da legislação vigente não
asssite razão a autuada, visto que a previsão legal para
cobrança do imposto está prevista no artigo 2º, V; e 6°, VI;
bem como nos artigos 698 a 709, do RICMS/91. Por fim, pede a
Procedência da autuação. Assim, chegam os autos neste
Conselho para análise do Reexame Necessário e do Recurso
Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso Ordinário


interpostos contra a Decisão nº 18.304/2011, de Primeira

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Instância, que julgou como Procedente em Parte o Lançamento


constante do auto de infração nº 060.840.

Inicialmente observe-se que no verso dos autos consta em


19/06/2006, a inclusão dos exercícios de 2004 e 2005, na
apuração do crédito tributário, conforme consta dos resumos
de débito (fls. 03 a 05, da inicial), fato anterior a
apresentação da defesa em 02/10/2006.

DO RECURSO ORDINÁRIO

I - DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA

A análise dos autos demonstra que não ocorreu a


decadência de parte do crédito tributário por ter pagamento
antecipado do imposto como alega a autuada com base no artigo
150, § 4º, do CTN. Nos autos como afirma o Representante
Fiscal não houve nenhuma antecipação e o imposto deverá ser
lançado de ofício pelo fisco consoante determina o artigo
173, I, do CTN e como tem decidido o STJ.

Assim, a contagem do prazo decadencial para o ICMS


diferencial de alíquotas do exercício de 2001, se iniciou no
primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, 01/01/2002. O
lançamento poderia ser efetuado até 31/12/2006. Observe-se,
que o lançamento é de 13/12/2005. Portanto, dentro do prazo
decadencial, motivo pelo qual rejeito a preliminar.

II - DO MÉRITO

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A análise dos autos demonstra que o ICMS do


diferencial de alíquotas sobre as notas fiscais de entradas
escrituradas no LREM (fls. 27 a 193, da peça inicial), não
foi recolhido como apontam os demonstrativos de fls. 11 a 25,
do mesmo processo. Cumpre lembrar que este imposto não pode
ser cobrado da autuada em razão de que esta não é
contribuinte do ICMS apesar de estar inscrita perante o
CACEAL, haja vista, que o Supremo Tribunal Federal já decidiu
pela impossibilidade de se exigir o ICMS diferencial de
alíquotas das empresas do ramo de construção civil, quando
das aquisições de bens ou mercadorias destinadas ao uso,
consumo ou incorporação ao ativo permanente da empresa,
provenientes de outra unidade da federação conforme suas
recentes decisões.

“RE 592373 AgR / RN - RIO GRANDE DO NORTE


RE-Ag 592373/AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 15/05/2012 Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO

DJe-109 DIVULG 04-06-2012 PUBLIC 05-06-2012

RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA

AGTE.(S): ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


NORTE

ADV.(A/S): ANDRÉ DE SOUZA DANTAS ELALI

AGDO.(A/S): HAZBUN LTDA

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. CONSTRUÇÃO


CIVIL. DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA. NECESSIDADE DE REEXAME DE

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FATOS E DE PROVAS A OBSTAR O ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO DO


CONTRIBUINTE. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL INCAPAZ DE AFETAR O
DEBATE CONSTITUCIONAL. Este Supremo Tribunal Federal
reconhece que as empresas dedicadas à construção civil em
regra prestam serviços, sem se revelarem empresas comerciais
ou mercantis sujeitas ao diferencial de alíquota do ICMS. Nos
termos da jurisprudência desta Corte, as questões relativas
aos critérios para a devolução e compensação dos valores
recolhidos indevidamente são de índole infraconstitucional.
Agravo regimental ao qual se nega provimento.

A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma,
15.05.2012.

(...)”

“AI 557373 AgR / BA - BAHIA


AI 557373 agR/AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTAL
Relator(a): Min. AYRES BRITTO
Julgamento: 28/02/2012 Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO

DJe-064 DIVULG 28-03-2012 PUBLIC 29-03-2012

RELATOR: MIN. AYRES BRITTO

AGTE.(S): ESTADO DA BAHIA

PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA BAHIA

AGDO.(A/S): ARCLIMA ENGENHARIA LTDA

ADV.(A/S): ANTONIO CARLOS NOGUEIRA REIS


EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. AQUISIÇÃO DE MATERIAL
UTILIZADO COMO INSUMO EM OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL.
DIFERENCIAL DA ALÍQUOTA. NÃO CABIMENTO. 1. A jurisprudência a

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do Supremo Tribunal Federal entende que as empresas de


construção civil não estão compelidas à satisfação do
diferencial de alíquota de ICMS do Estado destinatário,
quando adquirem, em Estado que pratique alíquota mais
favorável, material a ser utilizado como insumo em suas
obras. 2. Agravo regimental desprovido.

Agravo regimental desprovido, nos termos do voto do Relator.


Decisão unânime. Ausentes, justificadamente, os Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. 2ª Turma,
28.02.2012.

(...)”

Não restam dúvidas de que tal matéria resta


pacificada e que as empresas do ramo da construção civil
estão desobrigadas do recolhimento desse imposto, haja vista,
serem contribuintes do ISSQN. Assim, diferente do julgador
singular tenho com improcedente o lançamento.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário,
dando-lhes provimento. Reformada a decisão singular em razão
de ser improcedente o lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 19 de dezembro de 2013.

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SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

JULGADORA JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA:Nº48 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:19/12/2013

ANEXOS: 1500-030.278/2005 e 1500-007.334/2010.

AUTO DE INFRAÇÃO: 026.531, de 19/08/2005.

AUTUADA: ATHLETIC WAY COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS PARA GINÁSTICA


E FISIOTERAPIA LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.099.721-2.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 16.597/2010.

ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.

AUTUANTE: Hélder José Barros Teixeira.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

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SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 301/2013

EMENTA: ICMS – Obrigações acessórias. 1)


Divergência entre as informações constantes
nas DAC’s - Declarações de Atividades do
Contribuinte em confronto com as
registradas nos livros fiscais. 2)
Comprovado o ilícito fiscal apenas nos
meses de setembro/2004; outubro/2004;
novembro/2004 e dezembro/2004. 3)
Lançamento Procedente em Parte. 4) Recurso
Ordinário não conhecido por ser
intempestivo. Reexame Necessário conhecido
e provido em parte em razão da reforma
parcial da decisão singular.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa


ATHLETIC WAY COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS PARA GINÁSTICA E
FISIOTERAPIA LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor R$ 14.636,41 (catorze
mil, seiscentos e trinta e seis reais e quarenta e um
centavos), por haver a empresa autuada apresentado as
Declarações de Atividades do Contribuinte nos período de
01/2003 a 12/2003 e de 01/2004 a 12/2004 com informações
divergentes daquelas que constam nos seus livros fiscais
obrigatórios.

Apontados como infringidos os artigos 49, II, do


RICMS/1991; 3º, do Decreto nº 38.469/2000. Sendo sugerida a
aplicação da penalidade prevista no artigo 116-A, II, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

A inicial foi instruída com resumo de débito; relatório


de dados cadastrais do contribuinte; cópia do cartão de
autógrafo; do livro RUDFTO (Termos de Início e Encerramento
de Fiscalização); planilhas com os dados apurados na DAC, no
Sintegra e na escrituração; cópias dos LRAICMS nºs 001, 002,
003 e 004; do LRIM (2001 a 2004).

DA DEFESA

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A autuada apresentou defesa, tempestiva onde alega que


está instalada nesta capital desde 2000, e fez nova
conferência confrontando as informações constantes nos livros
com o relatório de cruzamento da DAC fornecido pela própria
SEFAZ, de 06/05/2005, muito anterior à data de lavratura da
autuação, não comprovando a divergência entre as informações
prestadas a SEFAZ com as registradas em seus livros, pelo
contrário, verificou uma escrituração bem discriminada, com
informações corretas e com o recolhimento dos tributos nos
termos exigidos pela legislação em vigor; os fatos descritos
na autuação não refletem a realidade, por apresentarem
informações questionadas dentro de prazos legais e em
sintonia com a escrituração fiscal. Por fim, pede a
improcedência da autuação. Foram anexadas a defesa, cópias do
relatório de cruzamento da DAC com Arrecadação do ICMS e
débitos fiscais (02/2001 a 03/2005); de LRAICMS e uma
procuração particular.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões


alegando que a autuada faz um breve histórico, onde suponhe
que goza de idoneidade em nível das Secretarias das Fazendas
e se diz injustiçada pela autuação, colocações vagas onde o
julgamento da autuação é tido como verdadeiro critério de
identificação da justiça tributária; a alegação de que não
houve informações divergentes das constantes dos seus livros
fiscais com aqueles constantes na declaração de atividade do
contribuinte, não procede, pois, o processo inicial em suas
fls. de nºs 09, 10, 11 e 12, relatório de saídas e entradas
constam os valores declarados e os valores escriturados que
permite se verificar as reais divergências encontradas. Por
fim, pede a Procedência total do auto de infração.

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Em 17/03/2010, foi proferida a Decisão nº


16.597/2010, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS - Divergência entre as


informações constantes da Declaração de Atividades do
Contribuinte – DAC e as apostas nos livros fiscais. Ilícito
fiscal comprovado apenas em relação aos meses de janeiro,
setembro, outubro, novembro e dezembro de 2004. Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do art. 48, I, da Lei
Estadual 6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário,


onde alega que o autuante está equivocado e todos os meses do
exercício de 2003, foram desconsiderados; a julgadora
singular alega que os meses de 01/2004; 09/2004; 10/2004;
11/2004; e 12/2004, estão com informações divergentes entre a
DAC e o LREM o que não é verdadeiro, pois, apenas nos meses
de outubro e novembro existe divergência, apesar destes
apresentarem saldos credores. Por fim, pede a procedência da
autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que o Recurso Ordinário foi

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apresentado intempestivamente; que as fls. 09, 10, 11 e 12,


da inicial constam planilhas com os valores declarados e os
valores escriturados sendo possível se verificar a
divergência entre as informações; as provas nos autos
confirmam inexistir a divergência do exercício de 2003,
porém, esta não alcança o exercício de 2004, fato confessado
pela autuada quando alega que houve divergência apenas nos
meses de outubro e novembro de 2004, apesar dos saldos
credores; resta comprovada em parte a infração (meses de
janeiro, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2004),
pois, foram declarados a SEFAZ/AL créditos de ICMS em valores
superiores aqueles escriturados nos livros fiscais. Por fim,
pede a procedência da autuação. Assim, chegam os autos a este
Conselho para análise do Recurso Ordinário e do Reexame
Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário e de Reexame


Necessário interpostos contra a Decisão nº 16.597/2010, de
Primeira Instância, que julgou como Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 026.531.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A análise dos autos demonstra que o Recurso


Ordinário foi interposto intempestivamente. Senão, vejamos. A
autuada foi intimada da decisão singular em 29/03/2010, e só

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protocolizou o recurso em 14/04/2010, um dia após o termino


do prazo de 15 (quinze) dias, previsto em lei, fato apontado
pela Representação Fiscal às fls. 28, do referido recurso.

Pelo exposto, deixo de conhecer do Recurso


Ordinário por ser o mesmo intempestivo.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere a redução no


valor do crédito tributário por ser procedente a infração
apenas nos meses de setembro/2004; outubro/2004;
novembro/2004 e dezembro/2004, conforme decisão singular.

Nesse passo, observe-se que o relatório de


cruzamento da DAC com arrecadação de ICMS e débitos fiscais
(fl. 13, do Processo de defesa) em confronto com os valores
dos créditos de ICMS registrados no LRAICMS (fls. 63, 64, 65
e 66, do mesmo processo), nestes meses, comprova que houve as
diferenças apontadas nos meses de 09/2004; 10/2004; 11/2004 e
12/2004. Já no mês de janeiro/2004, não foi comprovada
nenhuma diferença. A infração apontada na inicial resta
comprovada em parte como mostra o demonstrativo abaixo

Meses ICMS crédito informado ICMS crédito no LRAICMS


SEFAZ

09/2004 3.904,97 276,33

10/2004 3.496,43 733,19

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11/2004 858,97 577,04

12/2004 1.477,98 1.223,28

Comprovada em parte a infração, aplica-se à


penalidade prevista no artigo 116-A, II, da Lei Estadual nº
5.900/1996, na redação da Lei nº 6.331/2002, vigente à época,
por sua subsunção a tais fatos, sendo que tal norma
estabelece como gradação para a penalidade o valor de 1,5%
(um inteiro e cinco décimos por cento) do somatório do valor
total das operações de saída e prestações efetuadas, não
podendo ser inferior a 30 (trinta) UPFAL para documentos que
não tenham periodicidade anual como é o caso da Declaração de
Atividades do Contribuinte (DAC) representada no relatório de
cruzamento.

“Art. 116-A - A entrega ou a apresentação, em arquivo


magnético, das informações a que se referem os incisos II a
IV do “caput” do artigo anterior, nas situações abaixo
indicadas, sem prejuízo da exigência da retificação
pertinente, acarretará as seguintes penalidades:

(...)

II – se omitidas informações no arquivo ou se apresentadas


informações divergentes das constantes nos documentos ou
livros fiscais obrigatórios:

MULTA – equivalente a 1,5% (um e meio por cento) do somatório


dos valores totais das operações de saída e das prestações
efetuadas, que deveriam constar do documento de informação,
não podendo a multa ser inferior a 150 (cento e cinquenta)
vezes a UPFAL, quando referir-se a entrega de periodicidade
anual, ou 30 (trinta) vezes a UPFAL, nos demais casos.

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(...)

Assim, como nos meses de setembro, outubro


e novembro/2004, o cálculo do percentual não ultrapassa as 30
UPFAL’s, este será o limite mínimo de aplicação da penalidade
incidente nestes meses. Já no mês de dezembro/2004, o valor
apurado ultrapassa a 30 (trinta) UPFAL’s devendo ser aplicada
a penalidade no parâmetro percentual de 1,5% (um e meio por
cento) sobre o total das saídas realizadas. O Lançamento é
Procedente em Parte como consta da decisão decidiu singular,
e, nesta situação o valor do crédito tributário é o que
abaixo se encontra demonstrado.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Meses Valor das saídas 30 UPFAl’s ou 1,5% Total

09/2004 R$ 9.453,00 30 UPFAL’s 486,00

10/2004 R$ 18.908,00 30 UPFAL’s 486,00

11/2004 R$ 22.143,00 30 UPFAL’s 486,00

12/2004 R$ 42.281,00 1,5% 634,00

Total - - 2.092,00

Portanto, o crédito tributário tem como


valor R$ 2.092,00 (dois mil e noventa e dois reais), devendo
ser recolhido com os acréscimos previstos em lei.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos deixarem de conhecer do Recurso Ordinário por ser
intempestivo. Conhecer do Reexame Necessário, dando-lhe
provimento parcial em razão da reformada parcial da Decisão
da Primeira Instância Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 19 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

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MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

JULGADORA JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 17/12/2013

PROCESSO Nº: 1500-043411/2002; 1500-008282/2007; 1500-


027791/2010

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 018296

RECORRENTE: ELEVADORES SCHINDLER DO BRASIL S/A

FISCAL AUTUANTE: CELSO JOSÉ DAS NEVES

RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 300/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


SAÍDA DE MERCADORIA TRIBUTADA PARA
CONSERTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
SEU EFETIVO RETORNO. PRESUNÇÃO.
DECADÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO
PELA DECADÊNCIA.

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RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário contra a decisão


o
n. 17.240/2010 da Coordenadoria de Julgamento, que
julgou procedente o auto de infração n.º 018296.

O auto de infração constituiu crédito


tributário no valor de R$ 44.742,60 (quarenta e quatro
mil, setecentos e quarenta e dois reais e sessenta
centavos) por ter a empresa efetuado “saída de
mercadorias tributadas nos exercícios de 1997, 1998 e
1999 conforme notas fiscais em anexo, no montante de R$
80.982,09, destinadas a conserto, sem no entanto
ocorrer o retorno das mesmas”. Foram apontados como
transgredido o artigo 10, §4º, do RICMS, aprovado pelo
Decreto n.º 35.245/1991, sendo sugerida a penalidade do
artigo 88, da Lei n.º 5.900/1996.

Instruem os autos: resumo de débito; notas


fiscais; dados cadastrais; cartão de autógrafo; e termo
de ocorrência.

Frustrada a tentativa de intimação pelos


correios, no dia 26/05/2003 foi realizada a publicação
do Edital Sare 38/2003.

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O contribuinte não apresentou defesa.

Em 03/11/2006 a Gerência de Crédito Tributário


encaminhou o processo à Divisão Central de Processos a
fim de que fosse realizada notificação em nome dos
sócios da empresa, tendo em vista pedido de baixa da
empresa anterior a lavratura do auto de infração.

Intimada em 26/03/2007, a empresa apresentou


impugnação ao auto de infração alegando, em síntese, a
decadência, falta de motivação do ato administrativo,
defeito nos cálculos apresentados e impossibilidade de
cobrança de multa.

Em suas contrarrazões o fiscal autuante pugnou


pela procedência do auto, alegando que a ação fiscal
ocorreu de forma regular e não ocorreu a decadência.

A Coordenadoria de Julgamento julgou


procedente o auto de infração, assim ementando:

EMENTA: ICMS. Lançamento de ofício. Falta de


recolhimento de ICMS, por responsabilidade tributária,
em razão de mercadoria remetida para conserto, com

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suspensão do ICMS, sem o devido retorno. Ilícito


devidamente comprovado. Infração ao § 2º, do art. 31,
combinado com o art. 5º, todos da Lei nº 5.900/1996,
assim como com o inciso I do caput, o § 1º, o inciso I
do § 3º, e o § 4º, todos do art. 10 do RICMS/1991.
Lançamento Procedente

Inconformado o contribuinte interpôs recurso


ordinário, renovando suas alegações articuladas na
impugnação ao auto. A representação fiscal pugnou pela
manutenção da decisão da Coordenadoria de Julgamento.

É o relatório.

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VOTO

Com já falado o auto de infração constituiu


crédito tributário pela suposta saída de mercadorias
tributadas nos exercícios de 1997, 1998 e 1999,
destinadas a conserto, sem que tenha havido o seu
devido retorno.

Todavia, adoto o entendimento que o


contribuinte somente foi devidamente intimado da
constituição do crédito tributário no ano de 2007.

É que no momento da confecção do auto de


infração originário o cadastro já indicava a situação
fiscal com pedido de baixa. Por essa razão, a Gerência
de Crédito Tributário determinou a intimação na pessoa
dos sócios. Nesse contexto, entendo que a tentativa de

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intimação via correios ao endereço da empresa ou mesmo


edital não atingiram a sua finalidade.

Em que pese o auto de infração tenha sido


protocolizado junto à Sefaz em 27/12/2002, a
constituição do crédito somente se aperfeiçoou com a
intimação válida do contribuinte (26/03/2007), momento
em que já decaíra o próprio direito do Fisco lançar,
pelo decurso de mais de 5 (cinco) anos da ocorrência do
fato gerador (1997,1998 e 1999).

Assim, flagrante a ocorrência da decadência


no presente caso.

O artigo 173 do Código Tributário Nacional,


dispõe:

Art. 173. O direito de a Fazenda


Pública constituir o crédito tributário
extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:

I - do primeiro dia do exercício


seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar


definitiva a decisão que houver
anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.

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Parágrafo único. O direito a que se


refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que
tenha sido iniciada a constituição do
crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao
lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5


(cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a sua
constituição definitiva, com a devida intimação do
contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário
pela decadência, a teor do que prescreve o artigo 156
do CTN, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito


tributário:

I – (omissis);

V – a prescrição e a decadência;

Assim, o crédito tributário foi atingido


pela decadência.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do recurso ordinário,

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para dar-lhe provimento, julgando prejudicado o auto de


infração em virtude da decadência, nos termos do artigo
156 do Código Tributário Nacional.

Sala de Sessões do CTE, 17 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM:


17/12/2013
PROCESSO Nº: 1500-001340/1997 (AMA 003298/1996) – CTE
118/2012.
ANEXO: 1500-012241/2012
AUTO DE INFRAÇÃO N.º: 070399, PROTOCOLADO EM 29/04/1996.
AUTUADA: ELETRO ELETRÔNICA ALAGOAS LTDA
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 299/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


ALEGAÇÃO DE SUPRIMENTO INDEVIDO DE
CAIXA – INFRAÇÃO NÃO CARACTERIZADA
– ANTECIPAÇÃO DE VALORES PELOS
CLIENTES COM PROMESSA DE ENTREGA
FUTURA – LICITUDE DA CONDUTA –
INEXISTÊNCIA DE SUPRIMENTO INDEVIDO
DE CRÉDITO – REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO – DECISÃO
MANTIDA – AUTO DE INFRAÇAO
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

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Trata-se de Reexame Necessário da decisão n.º


18.481/2012, oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou improcedente o auto de infração n.º 070399,
protocolado em 29/04/1996, por entender que não restou
configurada nos autos a acusação fiscal de que o
contribuinte praticou a infração conceituada como
“suprimento indevido de caixa”. Vejamos a ementa do
julgamento:

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO


TRIBUTÁRIO DECORRENTE DA INDICAÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. 1)
Acusação de falta de recolhimento do
imposto decorrente de suprimentos indevido
de caixa, que se caracteriza pela
“antecipação de pagamentos” (pelos
clientes), relativamente a produtos a serem
recebidos posteriormente (“entrega
futura”). 2) Complemento da descrição da
situação fática não guarda relação com a
conduta imputada, porquanto o recebimento
de valores a título de antecipação de
vendas não poderia ser considerado como
suprimento indevido de caixa. 3) Instrução
dos autos incompleta, faltante qualquer
documento que faça prova do suprimento
indevido de caixa. 4) Ausência de prova
quanto à ocorrência de operações não
documentadas por Nota Fiscal. 5) Caberia à
Fazenda Estadual produzir a prova acerca da
ocorrência de omissão de receitas,
pressuposto da omissão de saídas, já que
fato constitutivo da obrigação tributária
objeto do lançamento. 6) IMPROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 7)
Reexame necessário pelo Conselho Tributário

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Estadual, nos termos do art. 48 da Lei


Estadual n.º 6.771/06.

Segundo declara o fiscal no auto de infração, o


contribuinte deixou de recolher a importância de R$
11.417,15, referente ao suprimento indevido de caixa
relativo aos meses de novembro de 1994 a março de 1996,
quando os clientes anteciparam os pagamentos de produtos
vendidos para entregas futuras. Segundo o fiscal, por não
existir autorização oficial para prática de tal ato, deve o
mesmo ser considerado ilegal.

Para a Coordenadoria de Julgamento – CJ, o


recebimento de valores a título de antecipação de vendas
não caracteriza a infração de suprimento indevido de caixa,
mormente quando os valores possuem origem conhecida e
comprovada.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Analisando os autos do presente processo


administrativo, percebe-se o acerto na decisão proferida
pela Coordenadoria de Julgamento quanto à improcedência do
lançamento tributário, diante do fato de não restar
configurado o alegado suprimento indevido de caixa.

Tal fato é muito bem exposto nas palavras do


julgador singular:

Na enunciação do fato a ensejar o


lançamento tributário (aspecto material do
lançamento), sobreleva incongruência que

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resta caracterizada em face de o


comportamento da descrição da situação
fática não guardar relação com a conduta
imputada, porquanto o recebimento de
valores a título de antecipação de vendas
não poderia ser considerado como suprimento
indevido de caixa.

...

Ocorre, entretanto, que o recebimento de


valores a título de antecipação de vendas
não se coaduna com a previsão normativa, é
dizer, tem-se, pelo contrário, que o
suprimento do caixa foi efetuado por
valores de origem comprovada, qual seja,
pelos valores recebidos antecipadamente por
vendas realizadas sob a modalidade “para
entrega futura” (das respectivas
mercadorias).

Com efeito, não há qualquer prova nos autos que


demonstre a ocorrência do ilícito tributário apontado na
atuação. O fato de a contribuinte ter recebido
antecipadamente valores de seus clientes com promessa de
entrega futura não caracteriza suprimento indevido de
caixa. Ao contrário do que alegou a fiscalização, não há
qualquer ilicitude nessa sistemática de arrecadação, razão
pela qual é totalmente improcedente a infração.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para negar-lhe
provimento, a fim de manter na íntegra a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, que julgou improcedente o auto
de infração.

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Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 15 de


outubro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C.


SILVA
PRESIDENTE RELATOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM:


17/12/2013

PROCESSO: 1500-035.575/2006 E CTE Nº 345/2012.

ANEXOS: 1500-015.385/2007 E 1500.000/0000.

AUTO DE INFRAÇÃO: 99.35319-001, DE 29/12/2006.

AUTUADA: PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.054.712-8.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.573/2012.

ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.

AUTUANTE: CARLA KUNZLER BENEVIDES ACIOLI E OUTROS.

RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

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SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE O. VASCONCELOS

ACÓRDÃO 298/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Falta de recolhimento do ICMS-ST no momento
das saídas das mercadorias do
estabelecimento do remetente, torna o
adquirente destinatário como solidariamente
responsável (artigo 26, parágrafo único, da
Lei nº 5.900/1996). 2) A base de calculo
do ICMS-ST foi apurada de acordo com o
Convênio ICMS nº 139/01 e Ato COTEPE e a
alíquota está de acordo com o disposto na
mesma Lei (artigo 17). 3) Infração
comprovada. Lançamento Procedente. 4)
Recurso ordinário conhecido e improvido.
Mantida na íntegra a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
1.120.483,84 (um milhão, cento e vinte mil, quatrocentos e
oitenta e três reais e oitenta e quatro centavos), por haver
a empresa autuada deixado de reter e recolher o ICMS
substituto referente ao produto QUEROSENE DE AVIAÇÃO, com
base no Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final - PMPF
conforme Ato Cotepe, na qualidade de sujeito passivo por
substituição tributária, relativo às operações subsequentes

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das vendas realizadas para contribuintes localizados no


Estado de Alagoas nos exercícios de 2002 a 2004.

Apontadas como infringidos os artigos 23, e


26, da Lei Estadual nº 5.900/1996; 469, do RICMS/91; Convênio
ICMS nº 03/99 e Ato Cotepe. Sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 89, da Lei Estadual nº
5.900/1996.

A inicial encontra-se instruída com


relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópia da
intimação fiscal nº 35757; relatório de cruzamento da DAC com
arrecadação do ICMS; extrato de arrecadação do contribuinte;
Tabela PMPF; demonstrativo de débito; e cópias do LRAICMS.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando a nulidade da autuação por vicio formal em
decorrência da legislação citada não coadunar com a descrição
da suposta infração e pela falta de assinatura do autuante;
no mérito, que não se aplica o instituto da substituição
tributária nas operações de transferência de querosene de
aviação - QAV entre estabelecimentos da empresa Petrobras
Distribuidora S.A de Ipojuca-PE para a empresa Petrobras
Distribuidora S.A de Maceió-AL (artigo 553, §2º, I, e II, do
RICMS/91, e Convênio ICMS nº 81/93 (Cláusula 5ª, II); se
devido fosse o ICMS-ST, apenas poderia ser exigido a
diferença entre o ICMS-ST PMPF e o ICMS-normal recolhido pela
empresa no momento da saída referente a venda para consumidor
final e o percentual da multa aplicada com fundamento na

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vedação do confisco (artigos 5º, LIV, e 150, IV, da CF/88).


Por fim, pede a produção de prova pericial e a improcedência
da autuação, anexando cópia da ata da assembléia geral
extraordinária publicada em 03/05/2005; procuração; cópias
de notas fiscais entradas; do LREM; de notas fiscais saídas e
do LRSM.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões alegando


que não haveria motivos para a nulidade da autuação porque
todas as formalidades do artigo 889, do RICMS/91, teriam sido
cumpridas e a infração descrita na inicial está acompanhada
de um demonstrativo com o resumo da composição dos valores
discriminados por exercícios e por base de calculo; o ICMS-ST
exigido refere-se às operações subsequentes realizadas pelo
adquirente dos combustíveis e lubrificantes, inclusive os
derivados de petróleo; e não a operação interestadual IMUNE a
incidência do ICMS (artigo 155, §2º, X, “b”, da CF/88); o
Convenio ICMS nº 03/99, atribuiu ao remetente de combustíveis
e lubrificantes, derivados ou não de petróleo, situados em
outras unidades da federação, a condição de substituto
tributário, assegurando o recolhimento do ICMS a unidade
federada onde estiver localizado o destinatário dos produtos
com base na utilização da fórmula de cálculo da margem de
valor agregado nos termos da clausula 2º, do Convenio ICMS nº
139/01; do artigo 3º, do Decreto Estadual nº 022/02, ou seja,
o PMPF, divulgado mediante Ato COTEPE (artigo 26, parágrafo
único, da Lei Estadual nº 5.900/1996); a multa aplicada está
prevista na legislação tributária Estadual. Por fim, pede a
Procedência do auto de infração.

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Em 22/05/2009, foi solicitada a Requisição


de Diligência nº 073/2009, pela Coordenadoria de Julgamento.
Em resposta, foi anexada uma declaração de ratificação da
defesa e da cópia da carteira da OAB e CNH.

Em 15/03/2010, foi solicitada a Requisição


de Diligência nº 029/2010, pela Coordenadoria de Julgamento,
para a autuante informar se no valor apurado do ICMS na
autuação foi ou não abatido o valor do ICMS relativo à
gasolina. Se esse valor foi abatido que seja demonstrada sua
forma de apuração anexando-se o documento correspondente. Em
relação ao ICMS destacado nos documentos fiscais, informar se
o valor desse ICMS foi abatido do ICMS apurado na autuação.

Em resposta a Representação Fiscal esclareceu


que o remetente por não ser signatário do convênio em relação
ao produto QAV deixou equivocadamente de reter e recolher o
ICMS, transferindo solidariamente o ônus ao destinatário em
conformidade com os artigos 6º, da LC nº 87/96; 23, e 26, da
Lei nº 5.900/96; teria amparo legal à compensação do ICMS-ST
com outros créditos (ICMS normal) por isso não teria feito o
abatimento do ICMS destacado das operações internas do
produto QAV de 2002 a 2004 (artigo 39, §4º, I, da Lei nº
5.900/96), juntando Listagem as notas fiscais de saídas do
produto QAV.

Em 30/11/2011, foi solicitada a Requisição


de Diligência nº 200/2011, pela Coordenadoria de Julgamento,
para o fisco anexar cópias do LRSM, do LREM, das notas
fiscais de entradas e de saídas de mercadorias.

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Em 30/03/2012, pelo Despacho nº 011/2012, a


CJ - Coordenadoria de Julgamento suspendeu temporariamente a
Requisição de Diligência nº 200/2011, tendo em vista o pedido
de prorrogação de prazo pela autuada e motivado pela grande
quantidade de cópias de documentos fiscais (livros e notas
fiscais) e da dificuldade de encontrá-los.

Em 09/04/2012, foi proferida a Decisão nº


18.573/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. Arguição de nulidade


rejeitada tendo em vista não ter
prejudicado nenhum direito do contribuinte.
2. A acusação fática descrita no auto de
infração está clara e bem delineada
consubstanciada na inobservância ao regime
especifico aplicável de substituição
tributária ao produto querosene de aviação
- QAV. (Clausula 1ª do Convenio ICMS n.
03/99) 3. Por não ter sido feita a retenção
e nem o recolhimento do ICMS-ST no momento
das saídas das mercadorias do
estabelecimento do remetente, o adquirente
destinatário fica solidariamente
responsável. (art. 26, parágrafo único da
lei 5900/96). 4. A base de calculo do ICMS-
ST em conformidade com o estabelecido em
Convênio ICMS n. 139/01 e Ato COTEPE. Já a
alíquota disposta na lei 5900/96. 5.
Aplicação da multa do art. 89 da lei
5900/96, por se encaixar ao fato descrito.
6. Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE.

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DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, com as seguintes alegações:

I – EM PRELIMINAR

a) A nulidade da autuação por vício formal,


não enxergado pelo julgador singular, uma vez que a autuação
aponta dispositivo que trata da substituição tributária como
um todo, não indicou norma que específicamente foi
infringida, ou seja, houve uma inadequada subsunção do fato à
norma, o que dificulta a defesa (artigo 5°, LV, da CF).

II - DO MÉRITO

1) Que, o RICMS/91, não citado pelo


autuante como fundamento para a autuação exclui a
responsabilidade pela substituição tributária nas operações
entre estabelecimentos eleitos como substituto tributário em
relação ao mesmo produto e nos casos de estabelecimentos da
mesma distribuidora. Ora as operações dizem respeito às
entradas de querosene de aviação no estabelecimento da
Petrobrás/AL oriundas da Petrobras/PE e suas noptas fiscais
mostram trata-se de transferência de QAV entre
estabelecimentos da autuada, não podendo estar sujeitas ao
regime da ST porque o RICMS/91 excluiu a responsabilidade
pela substituição tributária em operações praticadas entre os
estabelecimentos da autuada (artigo 553, do RICMS/91).

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2) Que, mesmo que o Estado de Alagoas venha


a desconsiderar o RICMS/91, aplicando a ST ao presente caso,
não poderá exigir o ICMS-ST conforme a autuação, porque como
demonstram as notas fiscais em anexo a autuada já pagou o
ICMS no momento da saída (venda a consumidor final)
observando o valor da operação e ainda que algo fosse devido,
o que poderia ser cobrado seria a diferença entre o ICMS
calculado com base no Preço Máximo a Pessoa Física e o que
efetivamente recolheu a autuada no momento da venda para
consumidor final; constitui bis in idem a presente autuação,
pois o Estado de Alagoas quer receber 02 (duas) vezes, uma,
quando na saída do produto da Distribuidora em Alagoas e
outra pela substituição tributária cobrada na presente
autuação; as operações com QAV tiveram por destinatários
consumidores finais e não revendedores.

3) Que, nessa situação a autuada teria até


direito a restituição pois se o Preço Médio a Consumidor
Final estabelecido para a substituição tributária até o
revendedor (preço bomba) não se efetivou, por ter o sido QAV
vendido para consumidor final (consumo da aviação), cabendo a
autuada ter o direito ao ressarcimento do imposto que pagou
com referência a substituição tributária. Não é posssível se
responsabilizar a autuada pelo pagamento total do crédito
fiscal, uma vez, que parte do lançamento padece de nulidade,
devendo ser retirada a imposição das penalidades de multa e
juros pela SEFAZ/AL, por ter a multa caráter nitidamente
confiscatório (artigo 5º, LIV; e artigo 150, IV, da CF). Por
fim, pede diligência pericial para melhor elucidar os fatos e
o provimento do Recurso para o reconhecimento da nulidade e
improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

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A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, não haveria motivos para a nulidade


da autuação porque todas as formalidades do artigo 889, do
RICMS/91, foram cumpridas, a infração descrita na inicial
está acompanhada de demonstrativo com o resumo da composição
dos valores discriminados, por exercícios e por base de
calculo; o ICMS-ST exigido refere-se às operações
subsequentes realizadas pelo adquirente dos combustíveis e
lubrificantes, inclusive os derivados de petróleo; as
operações interestaduais não são imunes a incidência do ICMS
(artigo 155, §2º, X, “b”, da CF); o Convenio ICMS nº 03/99,
atribuiu a condição de substituto tributário aos remetentes
de combustíveis e lubrificantes, derivados ou não de
petróleo, situados em outras unidades da federação,
assegurando ainda, o recolhimento do ICMS a unidade federada
onde estiver localizado o destinatário dos produtos com base
na utilização da fórmula de cálculo da margem de valor
agregado nos termos da clausula 2º, do Convenio ICMS nº
139/01; do artigo 3º, do Decreto Estadual nº 022/02, ou seja,
o PMPF, divulgado mediante Ato COTEPE (artigo 26, parágrafo
único, da Lei Estadual nº 5.900/1996); a multa aplicada está
prevista na legislação tributária estadual. Por fim, pede a
Procedência do auto de infração.

Assim, chegam os autos a este Conselho para


análise do Recurso Ordinário.

É o relatório

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Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 18.573/2012, de Primeira Instância que
julgou Procedente o Lançamento constante do auto de infração
nº 99.35319-001, de 29/12/2006.

I - DA PRELIMINAR DE NULIDADE

a) Por vício formal, não enxergado pelo


julgador singular, por apontar a autuação um dispositivo que
trata da substituição tributária como um todo, não indicando
a norma que especificamente foi infringida (inadequada
subsunção do fato à norma) dificultando a defesa (artigo 5°,
LV, da CF).

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É certo que o auto de infração não contém o


vício formal apontado na preliminar, haja vista, que o mesmo
tem por respaldo legal a Cláusula 1ª, do Convênio nº 03/99;
os artigos 23; e 26, parágrafo único, da Lei nº 5.900/1996; e
469, do RICMS/91; além de Ato COTEPE. É certo também, que a
autuada não fez a retenção, nem o pagamento do ICMS por
substituição tributária, baseada em legislação tributária não
mais vigente a época do fato gerador (artigo 553, § 2º, I,
II, do RICMS/91, e Convênio nº 105/92, revogado pelo Convênio
03/99) para executar as operações de vendas interestaduais de
QVA – Querosene de Aviação como se fossem transferências, e,
por estes motivos, rejeito a preliminar.

II – DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a autuada


infringiu a legislação tributária ao adotar procedimento com
base no regime normal de tributação utilizando-se da apuração
do ICMS mediante débito e crédito na conta corrente do ICMS
quando de suas operações com QAV - QUEROSENE DE AVIAÇÃO no
período de 2002 a 2006, em detrimento do procedimento
indicado ao regime específico da substituição tributária,
cujo respaldo encontra-se no Convênio de ICMS nº 03/99, e
suas alterações posteriormente celebradas pelos Estados.

Observe-se que o Estado de Alagoas


ratificou e incorporou à sua legislação tributária os
Convênios ICMS nº 03/99; 27/99; 46/99; 72/99; 76/99; 83/99;
84/99; 21/00; 45/00; 48/00; 50/00; 51/00; 52/00; 53/00;
81/00; 82/00; e 01/01, por meio do artigo 1º, do Decreto
Estadual nº 128/2001, situação que coloca a acusação descrita
na inicial claramente delineada e consubstanciada na
inobservância total ao regime especifico aplicável dão regime

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da substituição tributária com relação ao produto querosene


de aviação - QAV.

Nesta situação, o destaque do ICMS normal


na nota fiscal de saída emitida pela Petrobras Distribuidora
S.A situada em Maceió-AL e destinada a consumidor final
localizado no Aeroporto de Maceió/AL cuja compensação desses
débitos com créditos no LRAICMS foram procedimentos adotados
pela autuada ao arrepio da norma tributária, que nesta
situação deve arcar com a falta de retenção e recolhimento do
ICMS–ST.

Ademais, o valor do ICMS-ST exigido não


pode ser compensado com o ICMS normal destacado na nota
fiscal de saída, uma vez que não se tem certeza de seu
direito e seu valor depende ainda de liquidação, a qual não
poderá ser suprida apenas por diligências fiscais (para
produção de prova pericial), tendo em vista que para sua
resolução a autuada deverá promover um processo especifico
para este fim, uma vez que o preparo, a tramitação do
processo, a competência para deferir o pedido de restituição
do indébito fiscal assegurando tal direito e a forma de sua
efetivação não cabe as Instancias Administrativas, haja
vista, existir norma tributária própria a ser observada
(artigos 62, a 66, da Lei n° 6771/2006).

“Art. 64 - É competente para deferir o pedido


de restituição o Superintendente da Receita
Estadual, podendo ser delegada a competência.

Parágrafo único - A regulamentação poderá


exigir, nas hipóteses que especificar, que o

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pedido de restituição seja encaminhado para


análise e emissão de parecer pela Diretoria de
Tributação. Nova redação dada ao art. 64 pela
Lei n.º 7.078/09.

(...)”

Assim, a responsabilidade pela retenção e


pelo pagamento do ICMS deveria ter sido feita pelo remetente,
ou seja, pela Petrobras Distribuidora S.A situada na cidade
de Ipojuca-PE, nos termos da Cláusula 1ª, do Convênio nº
03/99, por se tratar da mercadoria QUEROSENE DE AVIAÇÃO –
QAV.

“Cláusula primeira - Ficam os Estados e o


Distrito Federal, quando destinatários,
autorizados a atribuir aos remetentes de
combustíveis e lubrificantes, derivados ou não
de petróleo, situados em outras unidades da
Federação, a condição de contribuintes ou de
sujeitos passivos por substituição,
relativamente ao ICMS incidente sobre as
operações com esses produtos, a partir da
operação que os remetentes estiverem
realizando, até a última, assegurado o seu
recolhimento à unidade federada onde estiver
localizado o destinatário.

(...)”

Assim, por não ter a Petrobras


Distribuidora S.A situada na cidade de Ipojuca-PE, feito a
retenção, nem o recolhimento do ICMS-ST no momento em que
ocorreram as saídas das mercadorias do seu estabelecimento,
fica a destinatária ou adquirente da mercadoria, neste caso a
Petrobras Distribuidora S.A situada em Maceió/AL
solidariamente responsável nos termos do artigo 26, parágrafo
único, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

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“Art. 26 - O imposto a ser pago por substituição


tributária, na hipótese de responsabilidade
tributária em relação às operações ou prestações
subsequentes, corresponderá à diferença entre o
valor resultante da aplicação da alíquota
prevista para as operações ou prestações
internas do Estado de destino sobre a respectiva
base de cálculo e o valor do imposto devido pela
operação ou prestação própria do substituto
tributário.

Parágrafo único - O contribuinte que receber, de


dentro ou de fora do Estado, mercadoria sujeita
à substituição tributária, sem que tenha sido
feita a retenção total na operação anterior,
fica solidariamente responsável pelo
recolhimento do imposto que deveria ter sido
retido.

(...)”

É certo que a Petrobras/PE não reteve e


muito menos pagou o ICMS devido por substituição tributária.
É certo também, que alegação de que as operações de
transferências de querosene de aviação entre distribuidoras
da mesma empresa não estariam sujeitas ao regime de
substituição tributária não procede, senão vejamos.

A um, porque a autuada utilizou-se da norma


tributária prevista no artigo 553, § 2º, I, II, do RICMS/91,
com redação NÃO MAIS VIGENTE a época do fato gerador, no
período de 2002 a 2006, que, aliás, regulamentava o Convênio
105/92, revogado pelo Convênio 03/99, para executar operações
de vendas interestaduais como se transferências fossem.

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“Art. 553 - Fica atribuída a responsabilidade,


na qualidade de contribuinte-substituto, pela
retenção e recolhimento do ICMS devido nas
operações subseqüentes com combustíveis e
lubrificantes, derivados ou não do petróleo:

(...)

§ 2º - A substituição prevista no “caput” não


se aplica:

I - às operações realizadas entre


estabelecimentos considerados contribuintes-
substitutos em relação ao mesmo produto;

II - à transferência de mercadoria entre


estabelecimentos de empresa
industrial/distribuidor;

(...)”

A dois, porque se aplica a norma que seja


mais especifica em prol da norma genérica; e neste caso, o
comando normativo do Convênio ICMS nº 03/99, que trata das
normas especificas aplicáveis aos combustíveis e
lubrificantes derivados ou não de petróleo e outros produtos,
se sobrepõe ao Convênio ICMS nº 81/93, que estabelece normas
gerais a serem aplicadas aos regimes de substituição
tributária, instituídos por Convênios ou Protocolos firmados
entre os Estados e o Distrito Federal. E, ademais, o Convênio
de ICMS nº 03/99, não dispôs de qualquer exceção com
referência à aplicação da substituição tributária como
disposto na Clausula 5ª, do Convênio de ICMS nº 81/93.

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“Cláusula quinta - A substituição tributária


não se aplica:

I - às operações que destinem mercadorias a


sujeito passivo por substituição da mesma
mercadoria. Nova redação dada ao inciso I pelo
Conv. ICMS 96/95, efeitos a partir de 13.12.95.

II - às transferências para outro


estabelecimento, exceto varejista, do sujeito
passivo por substituição, hipótese em que a
responsabilidade pela retenção e recolhimento
do imposto recairá sobre o estabelecimento que
promover a saída da mercadoria com destino a
empresa diversa.

(...)”

Não resta dúvida do acerto da autuação e


muito menos da decisão singular, haja vista, que a Petrobras
Distribuidora de Ipojuca/PE deveria ter feito à retenção e o
pagamento do imposto quando da saída do QVA – Querosene de
Aviação para a Petrobras Distribuidora de Maceió/AL, não
resta dúvida também de que a base de calculo do ICMS-ST na
presente autuação está em conformidade com o Convênio ICMS
139/01, que estabeleceu a forma de cálculo da margem de valor
agregado para as operações com gasolina, diesel, querosene de
aviação e gás liquefeito de petróleo; e com o Ato COTEPE, bem
como, de que a alíquota do ICMS aplicada é aquela prevista
para as operações internas de mercadorias (artigo 17, I, “b”,
da Lei nº 5.900/96). Nesta situação o lançamento é procedente
como acertadamente decidiu o julgador singular.

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Quanto à aplicação da penalidade, também


está correto o julgador singular ao aplicar aquela que foi
sugerida na inicial, ou seja, a multa prevista no artigo 89,
da Lei Estadual nº 5.900/1996, por sua total subsunção com os
fatos descritos na peça inicial.

“Art. 89 - Falta de retenção do imposto, nas


hipóteses de responsabilidade por substituição
tributária prevista na legislação vigente:

MULTA - equivalente a 100% (cem por cento) do


valor do imposto não retido, sem prejuízo do
recolhimento do tributo não retido.

(...)”

Nesta situação o credito tributário tem


como valor aquele constante da decisão singular (fl.
001.109, Processo 1500-015.385/2007).

Portanto, o crédito tributário no valor de


R$ 1.120.483,84 (um milhão, cento e vinte mil, quatrocentos e
oitenta e três reais e oitenta e quatro centavos), deverá ser
recolhido com seus acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade
de votos, conhecer do Recurso Ordinário, para negar-lhe
provimento. Mantida na íntegra a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões, em, Maceió, 06 de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

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CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM:


17/12/2013

PROCESSO: 1500-036.638/2003 E CTE Nº 318/2012.

ANEXOS: 1500-009.343/2004 E 1500-040.199/2011.

AUTUADA: CENTROFARMA CENTRAL DE COMPRAS LTDA.

AUTO DE INFRAÇÃO: 010.767, DE 18/11/2003.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.076.130-8.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.317/2011.

ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.

AUTUANTE: ALEXANDRE CAMPOS RULL E OUTRO.

RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 297/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal e


obrigação acessória. 1) Mercadorias
desacompanhadas de documentação fiscal (a
nota fiscal deve ser emitida antes da saída

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das mercadorias do estabelecimento vendedor.


Caracterizada essa infração. 3) Embaraçar o
trabalho do fisco estadual (dificultar o bom
desempenho da ação fiscal). Ilícito fiscal
não caracterizado. 4) A defesa traz questões
não alcançadas pela ação judicial. 4)
Procedência Parcial do Lançamento. 5)
Recurso Ordinário conhecido e provido em
parte. Mantida em parte a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa CENTROFARMA CENTRAL DE COMPRAS LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito
tributário no valor de R$ 15.053,72 (quinze mil, cinqüenta e
três reais e setenta e dois centavos), por estar à empresa
autuada transportando mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal e causado embaraço a ação da
fiscalização.

Apontados como infringidos os artigos 49,


VII, e X; 129, I; 136, I; 757, §1º, e 758, do RICMS/1991,
sendo sugerida a aplicação das penalidades previstas nos
artigos 97, e 135, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com resumo de


débito; relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópias
do cartão de autógrafo; do Termo de Apreensão n° 082109; e
3ªs vias das notas fiscais emitidas após o início da ação
fiscal.
DA DEFESA

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A autuada apresentou defesa,


tempestivamente, alegando em preliminar, a nulidade da
autuação por não conter requisitos regulamentares (artigo 10,
do Decreto nº 70.235/72) e, no mérito, os fatos verdadeiros
foram ignorados pelo fisco, pois, o dono da empresa autuada
estava no estabelecimento da distribuidora VIA FARMA LTDA,
comprando mercadorias e quando carregava o veículo que se
encontrava fora do estabelecimento com as mercadorias, foi
surpreendido pela fiscalização que imediata e absurdamente
lavrou o Termo de Apreensão; existe um processo judicial em
trâmite na 2ª Vara da Fazenda Estadual da Comarca de Maceió,
sob o nº 001.03.017077-0, referente a este auto de infração
(fls. 13, a 26, do Processo Anexo) devendo o processo
administrativo ficar suspenso por não existir o fato gerador
da obrigação tributária, uma vez que as mercadorias não
saíram do estabelecimento comercial da distribuidora. Por
fim, pede a improcedência do auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões com as


seguintes alegações:

1) Que, abordou o condutor de um veículo de


passeio que se encontrava em frente à empresa VIA FARMA LTDA,
carregado de mercadorias, constatando que as mesmas estavam
desacompanhadas de documentos fiscais sob o argumento de que
as notas fiscais estavam sendo emitidas, aceitando aguardar o
feito. Todavia, percebendo que o andamento estava lento,
pediu para acompanhar a emissão das notas fiscais, o que foi
negado, e, diante das evidências de que as notas fiscais
estavam sendo emitidas, tão somente, após a ação fiscal,

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decidiu não mais acolhê-las e lavrar o Termo de Apreensão das


mercadorias.

2) Que, obteve por parte do condutor do


veículo e sócio proprietário da CENTROFARMA CENTRAL DE
COMPRAS LTDA uma reação intempestiva e contrária às
determinações da fiscalização, terminando por devolver as
mercadorias à própria emitente, evadindo-se do local, e,
embaraçando mais uma vez o trabalho da fiscalização. Depois
de muita lida, efetuou a apreensão das mercadorias, lavrando
o Termo de Apreensão nº 082.109, as quais, posteriormente
foram liberadas frente à concessão de medida liminar em
mandado de segurança através do Processo nº 001.03.017077-0,
expedida pela 2ª Vara da Fazenda Estadual da Comarca de
Maceió.

3) Que, inexistem os vícios de validade do


auto de infração, posto que cumpriu a legislação estadual
(artigos 890, §1º; e 889, do RICMS/1991. Quanto ao processo
judicial em trâmite na 2ª Vara da Fazenda Estadual da Comarca
de Maceió, sob o nº 001.03.017077-0, carece de sentido lógico
o requerimento da autuada, pois, a autuação foi lavrada em
data posterior a ação judicial e sua simples existência não é
suficiente para suspender um processo administrativo.

4) embasado no artigo 2º, I, da Lei


Estadual nº 5.900/1996, e na afirmativa da autuada que em sua
defesa afirma que o veículo se encontrava no pátio (lado de
fora da distribuidora) e como todas as mercadorias estavam
fisicamente dentro do veículo, não houve apenas a saída das
mercadorias do estabelecimento vendedor, mas, houve a
circulação e a efetiva posse das mercadorias pela autuada.
Por fim, pede que o auto de infração seja Procedente.

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Em 05/04/2010, a Coordenadoria de
Julgamento solicitou a Requisição de Diligência nº 037/2010,
para intimar a autuada a fim de apresentar documento
comprobatório de poderes outorgados aos Srs. Cláudio José
Coelho de Azevedo e Alan Rogério O Simões de Melo que
subscrevem a defesa, tendo em vista a possibilidade de
ratificação da defesa apresentada, conforme artigo 662, do
CPC já que o instrumento de Procuração Particular (fl. 10 do
Processo de Defesa) não está assinado por nenhum
representante legal da empresa. Em resposta a DIRAC informa
que intimou autuada que apresentou novas procurações
comprovando a legitimidade da defesa.

Em 03/11/2011, foi proferida a Decisão nº


18.317/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. Mercadorias


desacompanhadas de documentos fiscais – a
nota fiscal deve ser emitida antes de
iniciada a saída das mercadorias. 2.
Embaraço a fiscalização – não dificultar o
bom desempenho das ações fiscais. Ilícitos
caracterizados. 3. A defesa impugnativa do
contribuinte traz questões não alcançadas
pela ação judicial. Lançamento PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

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A autuada apresentou Recurso Ordinário onde


alega surpresa com a decisão da Coordenadoria de Julgamento,
pois, como faz prova, em 04/11/2003, impetrou o Mandado de
segurança nº 001.7077-862003.8.2.001, que foi procedente e
sua liminar ratificada, sendo o processo arquivado
definitivamente em 17/07/2006, motivo pelo qual pede a
insubsistência da cobrança do crédito tributário e o
arquivamento da autuação.

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a juíza concedeu
liminar com amparo na Súmula 323, do STF, tendo apreciado
somente a ilegalidade da apreensão das mercadorias, e, da
mesma forma a sentença de mérito só apreciou esta
irregularidade, fato que demonstra não ser cabível o pedido
de nulidade da autuação; no mérito, está comprovado que a
autuada não podia efetuar tal procedimento conforme artigo
2º, I, §6º, da Lei nº 5.900/1996, e artigo 136, I, do
RICMS/91; ratifica a decisão singular que analisou as
questões preliminares da defesa e no mérito julgou procedente
a autuação com a correta aplicação da penalidade prevista no
artigo 97, da Lei nº 5.900/1996. Por fim, pede que o Recurso
Ordinário seja improvido e a decisão singular seja mantida na
íntegra. Assim, chegam os autos a este Conselho para análise
do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

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Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 18.317/2011, de Primeira Instância, que
julgou procedente o lançamento constante do auto de infração
nº 010.767, de 18/11/2003.

Inicialmente observe-se que por não constar


nos autos a forma pela qual a autuada foi intimada da decisão
singular, assim, a apresentação de seu Recurso Ordinário deve
ser considerada como tempestiva.

A análise dos autos demonstra que a autuada


no Recurso Ordinário não se defende da acusação, alega,
apenas que impetrou uma ação liminar para obter a liberação
das mercadorias, tendo sido atendida e as mercadorias
liberadas, estando tal processo definitivamente arquivado.

Nesse passo, não assiste razão a autuada


como bem afirma a decisão singular, haja vista, que a
liberação da mercadoria por ordem judicial, no presente caso,
teve como único objetivo afastar a apreensão como meio
coercitivo de cobrança de tributo (conforme Súmula nº
323/STF). Logo, tal fato não prejudica o julgamento na esfera
administrativa, uma vez que a autuada não optou pelo
julgamento da matéria na esfera (artigo 93, da Lei Estadual
nº 6.771/2006), haja vista, ter solicitado apenas a liberação
das mercadorias.

Quanto à análise de mérito do lançamento, a


autuação trata da aquisição de mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais e de embaraço à ação fiscal, fatos que

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foram praticados pela autuada. A autuada afirma que se


dirigiu a sede da Empresa Via Farma Ltda para comprar
medicamentos para comercialização em seu estabelecimento
comercial, do que se infere que reconhece as irregularidades
cometidas.

A fiscalização alega que o sócio da empresa


Centrofarma Central de Compras Ltda informou que eram
remédios e a nota fiscal estaria sendo emitida, ao que os
fiscais informaram que apesar de irregular, se ela estivesse
sendo realmente emitida naquele instante, seria considerada,
porém, a espera foi longa e como estas não chegavam decidiu
que não seriam mais aceitas para acobertar a operação já que
as mesmas estavam sendo emitidas após ação fiscal.

DA AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS SEM NOTAS


FISCAIS

A aquisição de mercadorias sem notas fiscais


está demonstrada mediante cópias das referidas notas fiscais
apesar das dificuldades exercidas pela autuada ao embaraçar a
ação fiscal. Observe-se que todas as notas fiscais foram
impressas após a autuada ter colocado as mercadorias em seu
veículo que estava estacionado no pátio da empresa vendedora,
a Distribuidora Via Farma Ltda, e que nesta ocasião o fisco
aceitou considerar as notas fiscais, caso sua emissão de
desse naquele momento, porém, a impressão de tais notas foi
demorada levando o fisco a não aceitá-las como emitidas antes
da ação fiscal. O fato gerador nos autos tem amparo nos
artigo 2º, I, § 6°, da Lei nº 5.900/1996; e 136, I, do
RICMS/1991.

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“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no


momento:

I - da saída de mercadoria, a qualquer título, de


estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro
estabelecimento do mesmo titular;

(...)

§ 6º - A caracterização do fato gerador independe da natureza


jurídica da operação ou prestação que o constitua ou do título
jurídico pelo qual a mercadoria efetivamente saída do
estabelecimento estava na posse do respectivo titular.

(...)

“Art. 136 - A Nota Fiscal será emitida:

I - antes de iniciada a saída das mercadorias;

(...)

Assim, os argumentos da defesa caem por


terra, pois, as mercadorias foram encontradas sem documento
fiscal e na posse da autuada fora do estabelecimento do
distribuidor vendedor. Portanto, ocorreu o fato gerador do
ICMS e as mercadorias. A infração resta comprovada.

DO EMBARAÇO A AÇÃO FISCAL

Quanto à acusação de embaraço a


fiscalização, apesar das determinações contidas nos artigos
757, §1º; 761, §1º; e 763, §2º, do RICMS/1991, é certo que a
recusa da autuada para assinar o Termo de Apreensão não pode
ser tomada como embaraço nos termos dos referidos artigos.

“Art. 757 - (...)

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

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§lº - As pessoas indicadas neste artigo estão obrigadas a exibir


as Autoridades Fazendárias, sempre que exigidas, mercadorias,
livros fiscais e contábeis, documentos em geral em uso ou
arquivados, papéis, arquivos de controle da empresa, extratos
bancários e quaisquer outros julgados necessários à
Fiscalização, bem como franquear-lhes os seus estabelecimentos,
depósitos, dependências, veículos, arquivos e móveis, a qualquer
hora do dia ou da noite em que estiverem funcionando.

(...)”

“Art. 761 - (...)

§ lº - Considera-se embaraço à ação fiscal todo e qualquer ato


praticado por contribuinte ou responsável, no intuito de
impedir, por qualquer forma, os exames e diligências
solicitadas pelos fiscais, para o fiel desempenho de suas
atribuições.

(...)”

“Art. 763 - (...)

§ 2º - A inobservância do disposto no § lº do art. 757, ou a


recusa do atendimento, pelas pessoas e entidades de que trata
este artigo, de qualquer informação solicitada pelo Fisco,
caracteriza embaraço à fiscalização, devendo ser lavrado o termo
respectivo.

(...)”

Nesse passo, apesar de a decisão singular


haver considerado que a conduta da autuada obstando
dificultar o trabalho da fiscalização, no que tange ao total
desempenho de suas funções, a exemplo da recusa de dar acesso
ao local da emissão das notas fiscais, não foi à autuada além
de outros impedimentos descritos pelos autuantes e que não
constituem embaraço a fiscalização sendo certo se afirmar que
a apreensão por si só, já abrange esse suposto embaraço, uma

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vez que a recusa da autuada para assinar o termo de apreensão


não configura embaraço, mas, apenas uma simples recusa o que
torna improcedente esta infração.

Quanto à aplicação da penalidade, aquela


que se encontra prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996,
está correto o julgador singular, haja vista, que a infração
se deu durante o trânsito das mercadorias. Portanto, o
Lançamento é Procedente em Parte conforme decisão singular.

“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber, estocar ou


depositar mercadorias desacompanhadas de documentos fiscais, ou
sendo estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Nessa situação o crédito tributário tem


como valor R$ 14.243,22 (catorze mil; duzentos e quarenta e
três reais e vinte e dois centavos), conforme demonstrado
abaixo.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

ICMS Multa Total

4.747,74 9.495,48 14.243,22

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de
votos, conhecer do Recurso Ordinário, para dar-lhe provimento

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parcial. Reformada parcialmente a decisão singular em razão


de o Lançamento ser Procedente em Parte.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 17 de


dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

(VOTOU COM A RELATORA) (VOTOU COM A RELATORA)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA

JULGADOR

(VOTOU CONTRA A RELATORA)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/12/2013


PROCESSO: 1500-009.740/1998 E CTE Nº 241/2012.
ANEXO: 1500-012.776/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 002.883, DE 18/09/1998.
AUTUADA: ANHANGUERA CARNES LTDA.

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INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.086.252-0.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.687/2012.

ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.

AUTUANTE: HERMÍNIO CARDOSO DE OLIVEIRA.

RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 296/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Deixar de recolher o ICMS - Importação. 2)
Não atendida formalidade indispensável ao
ato de lançamento e sua conseqüente
invalidade, nos termos do artigo 2°,
parágrafo único da Lei nº 4.717/65. 3)
Lançamento nulo por vício de forma. 4)
Incidência do artigo 173, II, do CTN. 5)
Reexame Necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Anhanguera Carnes Ltda, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 10.302,97 (dez
mil, trezentos e dois reais e noventa e sete centavos), por
haver a empresa autuada deixado de recolher o ICMS devido na
importação de bacalhau norueguês da nota fiscal nº 009.750
conforme Termo de Apreensão nº 22522, de 08/07/1998.

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Apontados como infringidos os artigos 49,


II; 525, e 526, do RICMS/1991; e 18, §2º, da Lei nº
5.900/1996. Sugerida a aplicação da penalidade prevista
no artigo 86, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruída com o Termo


de Apreensão nº 22522; cópias da nota fiscal nº 009.750; do
desembaraço de mercadorias importadas; do cartão de
autógrafo; relatório de dados cadastrais do contribuinte;
despacho da Comarca de Maragogi liberando as mercadorias;
mandado para a liberação das mercadorias; mandado de
notificação; cópia do DOE de 20/11/1998; e um AR – Aviso de
Recebimento.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando de acordo com os artigos 152, da CF/88 e 152, do CTN
e com a doutrina e jurisprudência, o bacalhau importado da
Noruega, país signatário do GATT - General Agreement on
Tariffs and Trad é isento de ICMS por ser similar ao peixe
seco salgado de origem nacional; o caso encontra-se sub
judice conforme Mandado de Segurança nº 170/94. Por fim, pede
o arquivamento do auto de infração.

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o caso não pode estar em juízo por que de acordo com os
precedentes do STJ a matéria em discussão é da competência da
Justiça Federal; os fatos constantes da peça inicial são
incontroversos; diversamente do que afirma a autuada a nota
fiscal nº 009.750 não trata de suspensão de ICMS a teor do
artigo 5º, da Lei nº 5.900/1996; está em vigor a súmulas 575,
do STF e 71, do STJ que isenta do ICMS o bacalhau oriundo de
países signatários de tratados internacionais, e,
considerando que a presente importação aconteceu em 1998, na
vigência do Convênio ICMS 60/91, deve ser reconhecida a
isenção do ICMS e julgado improcedente o auto de infração.

Em 03/12/2010, mediante Despacho nº


077/2010, a CJ solicita parecer da PGE/PFE sobre estar ou não
o feito adstrito as regras dos artigos 93, e 94, da Lei
Estadual º 6.771/2006. Em 13/12/2010, a PGE/PFE esclarece

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que não há no processo em epígrafe qualquer medida judicial


impeditiva da cobrança do crédito tributário na esfera
administrativa.

Em 26/07/2012, foi proferida a Decisão nº


18.687/2012, de primeira Instância, que julgou Nulo por vício
de forma o Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.


Lançamento de ofício de crédito tributário
e impositivo de penalidade. 2. Falta de
recolhimento de ICMS-Importação. 3. Ilícito
comprovado. 4. Descumprimento de
formalidade indispensável ao ato
administrativo de lançamento, e sua
conseqüente invalidez - Lei nº. 4.717/65,
artigo 2º, p. único, b. 5. Lançamento nulo
por vício de forma. 6. Incidência da norma
do artigo 173, II, CTN. 7. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário -
artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº. 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim chegam
os autos a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório

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Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.687/2012, de Primeira Instância, que julgou como Nulo por
vício de forma o Lançamento constante do auto de infração nº
002.883, de 18/09/1998.

A autuação trata da falta de recolhimento do


ICMS referente à importação de bacalhau norueguês constante
da nota fiscal nº 009.750. A autuada afirma que o bacalhau
norueguês tem sua importação isenta de ICMS. A Diretoria de
Representação Fiscal alega que o bacalhau importado da
Noruega país signatário do GATT – General Agreement on
Tariffs and Trade é isento de ICMS por ser similar ao peixe
seco salgado de origem nacional, restando incontroversa a
situação fática.

Quanto à decisão singular objeto do Reexame


Necessário, observe-se que o julgador antes de proferi-la,
teceu várias considerações sobre a evolução das discussões
acerca da matéria, impostação de bacalhau norueguês, tanto em
nível da Constituição de 1969 e da CF/88; quanto do STJ e do
STF, discussões, que não interessam a presente autuação, haja
vista, que o referido julgador, decidiu ser nulo o lançamento
nos termos do artigo 2º, p.u., da Lei Federal nº 4.717/65,
quando, inclusive, analisou o mérito da autuação, afirmando
que o ilícito restou comprovado.

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De modo diverso, entendo que se o lançamento é


nulo porque o autuante deixou de observar uma formalidade (artigo
2°, p.u, da Lei nº 4.717/65), não é cabível a análise do mérito, e
esse só deverá ser analisado, no caso, de ser lavrado novo auto de
infração, observado o prazo decadencial (artigo 173, II, do CTN).

DA NULIDADE DO LANÇAMENTO POR VÍCIO FORMAL

Como bem afirma a decisão singular, não


resta dúvida do acerto do lançamento, quanto a sua motivação,
nem de que a apuração do crédito tributário se dá com a
apuração do valor devido, a partir da base de cálculo e da
alíquota aplicável, devendo constar ainda o fato gerador; o
sujeito ativo e passivo; a base de cálculo; a alíquota
incidente; o valor do crédito tributário; local e prazo de
pagamento; tudo isto, sem prejuízo do necessário direito à
ampla defesa e ao contraditório pela autuada.

Assim, para que o lançamento seja válido, seus


elementos integrantes, competência, finalidade, forma, motivo,
objeto, etc, conforme o artigo 2º, p.u, da Lei Federal nº
4.717/65, devem se enquadrar aos ditames legais, e, nos autos,
quanto ao lançamento, observa-se que o auto de infração está
assinado por agente fiscal competente; tem finalidade e etc;
porém, na apuração do valor do crédito tributário o autuante
descumpriu formalidade indispensável à constituição do crédito
tributário pela utilização indevida da alíquota de 12% (doze por
cento), ao calcular o montante do imposto cobrado, desatendendo ao
princípio da vinculação, pois, de acordo com o artigo 17, I, “b”,
§3º, II, da Lei nº 5.900/1996, a alíquota aplicável seria de 17%
(dezessete por cento).

“Art. 17 - As alíquotas do imposto são as seguintes:

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I - nas operações e prestações internas e na importação de


mercadorias e bens e serviços do exterior:
(...)

b) 17% (dezessete por cento), nos demais casos;


(...)

§ 3º - Para efeito deste artigo, as alíquotas internas são


aplicadas quando:

II - da entrada de mercadorias ou bens importados do exterior;


(...)”

Assim, dos citados elementos integrantes do


ato, a forma pela qual deveria ser levado a efeito o ato de
lançamento destoa da lei, viciando a constituição do crédito,
e, na situação dos autos, o vício do ato constitutivo do
crédito tributário se apresenta na quantificação monetária da
infração imputada à autuada (artigo 2º, p.u, “b”, da Lei
Federal nº 4.717/65), ou seja, trata-se de vício de forma por
omissão de formalidades indispensáveis à existência e
validade do ato. Observe-se ainda, que nada foi trazido aos
autos que afaste a jurisdição administrativa, de acordo com o
artigo 93, da Lei Estadual nº 6.771/2006. Portanto, O
Lançamento é Nulo como acertadamente decidiu o julgador
singular.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade
de votos, conhecer do Reexame Necessário, para negar-lhe
Provimento. Mantida a decisão singular.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 16 de


dezembro de 2013.

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SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM:


16/12/2013

PROCESSO: 1500-006.239/1999 E CTE Nº 062/2013.

ANEXOS: 1500-020.373/2000 E 1500-009.405/2013.

AUTO DE INFRAÇÃO: 065.609, DE 30/06/1999.

AUTUADA: SIDER COMÉRCIO TRANSPORTES E SERVIÇOS LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.091.292-6.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.961/2013.

ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.

AUTUANTE: ROSELANE CARDOSO ARAUJO E OUTRO.

RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

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ACÓRDÃO 295/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal e


obrigação acessória. 1) Cancelamento de
notas fiscais sem observar os procedimentos
previstos na legislação tributária vigente.
Ilícito fiscal comprovado. São devidos o
imposto e multa. 2) Falta de débito e
recolhimento do imposto destas notas
fiscais. Infração não comprovada. 3)
Destaque a menor do imposto nos documentos
fiscais especificados. Reconhecido o débito
e extinto o crédito tributário pelo
pagamento. 4) Emissão de documentos fiscais
sem destaque do imposto em operações de
devolução de mercadorias com diferimento.
Não é cabível essa exigência fiscal. 5) Não
ter se debitado do ICMS de mercadorias
tributadas constantes da nota fiscal de
saída nº 837. Infração não provada. 6)
Aplicação da penalidade prevista no artigo
79, da Lei nº 5.900/96, em lugar do artigo
84, da mesma lei, o qual foi revogado e sua
multa reclassificada para o artigo 79, por
se tratar de reclassificação qualificada. 7)
Lançamento Procedente em Parte. 8)
Desistência do Recurso Ordinário em razão do
pagamento integral do crédito tributário
constante da decisão singular. 9) Recurso
Ordinário e Reexame Necessário conhecidos e
improvidos. 10) Extinção do crédito
tributário nos termos do artigo 65, I, da
Lei nº 4.418/1982.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa SIDER COMÉRCIO TRANSPORTES E SERVIÇOS LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito
tributário no valor de R$ 12.316,31 (doze mil, trezentos e
dezesseis reais e trinta e um centavos), por haver a autuada:

1) Cancelado indevidamente as notas fiscais


de saídas de números 551; 580; 688; e 825.

2) Deixando de se debitar e de recolher o


ICMS destas notas fiscais.

3) Debitado-se a menor nas notas fiscais de


saídas de nºs 319, e 320, emitidas para outra unidade da
Federação em 07/01/1998.

4) Vendido mercadorias tributadas para firma


não inscrita na Secretaria da Fazenda do Estado de Sergipe
com alíquota de 12%, através da Nota Fiscal nº 556.

5) Não ter se debitado do ICMS de


mercadorias tributadas constantes da nota fiscal de saída nº
837, emitida em 29/12/1998, ao escriturar a citada nota
fiscal como se fosse DEVOLUÇÃO para eximir-se de pagar o
tributo, alegando estar devolvendo mercadorias adquiridas
entre os dias 02 e 05/06/1998, através das notas fiscais
emitidas por esta última, sendo que as notas fiscais
arroladas na devolução são as de nºs 2812, 2829, 2844, 2860 e
2862, fatos apurados por Levantamento Fiscal do exercício de
1998.

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Apontados como infringidos os artigos 49,


II, III, VI, “a”, VIII, IX, e XVI; 219, I; 720; e 721, do
RICMS/1991. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei n 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias do LRSM;


do cartão de autógrafo; da ficha de atualização cadastral
(FAC); das notas fiscais modelo 1 de números 000580; 000688;
000731; 000825; e 00083;, emitidas pela autuada; das notas
fiscais fatura de números 00281; 002829; 002844; 002860; e
002862; emitidas para a autuada; e DAR - Documento de
Arrecadação de Receitas Estaduais - modelo único. 25).

Em 01/07/1999, foi lavrado aditamento fiscal


em campo próprio da autuação onde o autuante informa que por
um lapso no item 1 do auto de infração fica indevidamente
cancelada a nota fiscal nº 551, quando na verdade a mesma se
encontra registrada na folha 23, do LRSM ficando subtraídos
os valores de ICMS e Multa do ICMS lançados para essa
infração, passando o crédito tributário ater como valor
11.665,14 (onze mil, seiscentos e sessenta e cinco reais e
catorze centavos).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que


com relação ao cancelamento das notas fiscais 580, 688, e
825, cancelou estas notas com todas as suas 05 (cinco) vias,
as quais estão anexas ao talão, com exceção da nota de nº
688, que falta 01 (uma) via do jogo de 05 (cinco) vias,
todavia logo em seguida foi emitida a nota fiscal de nº 731
para o mesmo cliente confirmando um ato lícito e normal da

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autuada sem causar dano algum ao erário público estadual; a


falta de destaque do imposto na nota fiscal nº 837, trata-se
de devolução de mercadorias (sucatas) cujo ICMS foi diferido
na aquisição conforme notas fiscais em anexo, e, quanto ao
restante da autuação, concorda com os ajustes do fisco.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões


alegando o cancelamento indevido das notas fiscais arroladas
nos autos, resta confessado pela autuada que no cancelamento
não observou a disciplina do artigo 219, I, do RICMS/91; não
consta o motivo do cancelamento; não se tem como aferir se
todas as vias das notas fiscais canceladas permaneceram
conservadas no talonário fiscal, haja vista, a autuada haver
anexado aos autos apenas cópias dos documentos; em relação a
duas das notas fiscais cancelados, estas teriam recebido
carimbos dos destinatários, resta demonstrado o não
atendimento por parte da autuada às previsões do artigo 219,
I, do RICMS/1991; quando do cancelamento das notas fiscais
listadas nos autos; quanto a nota fiscal nº 000.837, emitida
sem destaque do imposto, assiste razão a autuada, vez que as
regras para incidência do ICMS nas saídas internas de sucata
apontam para o diferimento do imposto para a etapa seguinte
de circulação (artigos 481, I, a III, e 484, a 486, do
RICMS/1991; quanto à acusação de destaque a menor do imposto
nas notas fiscais 000.319; 000.320; e 000.556; teria ocorrido
o reconhecimento e extinção do crédito pelo pagamento
conforme documento referido (cópia do DAR à fl. 25 do
processo de defesa), observando que os valores do imposto e
multa correspondem exatamente ao montante descrito no
demonstrativo do débito. Por fim, pede a procedência parcial
da autuação.

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Em 20/02/2013 foi proferida a Decisão nº


18.961/2013, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E


ACESSÓRIA. 1) Cancelamento de nota fiscal
sem observar os procedimentos previstos na
legislação: ilícito tributário demonstrado,
sendo devidos o imposto e a penalidade
pecuniária pertinentes. 2) Destaque a menor
do imposto nos documentos fiscais
especificados: reconhecimento do débito, e
extinção pelo pagamento. 3) Emissão de
documento fiscal sem destaque do imposto:
operação de devolução de mercadorias
abrigada pelo diferimento, não sendo cabível
a exigência fiscal. 4) LANÇAMENTO PROCEDENTE
EM PARTE. 5) Reexame necessário pelo
Conselho Tributário Estadual, nos termos do
art. 48 da Lei Estadual nº 6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, onde mantém as mesmas razões da defesa,
porém, em data de 30/08/2013, efetuou o pagamento integral do
crédito tributário definido na decisão singular, desistindo
do Recurso Ordinário, ficando dispensada sua análise.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere à redução no


valor do crédito tributário em razão de ser Procedente apenas
o item nº 01 (um) da autuação, considerando-se o Aditamento
Fiscal em campo próprio da autuação.

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1) Do cancelamento indevido das notas


fiscais de saídas de números 551; 580; 688; e 825.

A análise dos autos demonstra que não sobram


dúvidas sobre a ocorrência desta infração como aponta a
Representação Fiscal nas contrarrazões, quando afirma que o
cancelamento deixou de atender ao artigo 219, I, do RICMS/91.

“Art. 219 - Conservar-se-ão no talonário, no formulário


contínuo ou nos jogos soltos, todas as vias, quando o
documento fiscal:

I - for cancelado, com declaração dos motivos determinantes


do cancelamento e referência, se for o caso, ao novo
documento emitido.
(...)”

A norma exige que a autuada mantenha em caso


de cancelamento de talonário todas as vias do documento
cancelado, fazendo constar no referido documento os motivos
determinantes do cancelamento, e, se for o caso, a indicação
precisa do documento emitido em substituição ao cancelado, o
que também é exigido pelo artigo 49, do mesmo regulamento.
“Art. 49 - São obrigações dos contribuintes:
(...)

XVI - conservar nos talonários, todas as vias das Notas


Fiscais canceladas, tendo observado no corpo das mesmas o
número, série, subsérie, a data e o valor da operação da
Nota Fiscal que a substituiu.
(...)”

Assim, a autuada ao deixar de informar os


motivos do cancelamento de tais notas fiscais descumpriu o
artigo 219, I, do RICMS/91, caracterizando-se tal
cancelamento como irregular. O Lançamento é Procedente nesta
infração.

2) Deixado de se debitar e de recolher o


ICMS destas notas fiscais.

A existência de cópia reprográfica do


Documento de Arrecadação – DAR (fl. 25, do processo de
defesa) foi considerado como documento idôneo pela
Representação Fiscal para extinção parcial do crédito. O
lançamento nesta infração é, portanto, Improcedente.

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3) Debitado-se a menor nas notas fiscais


de saídas de nºs 319, e 320, emitidas para outra unidade da
Federação em 07/01/1998.

Quanto à falta de débito do imposto das


mercadorias constantes destas notas fiscais, por se tratar de
devolução de mercadorias com diferimento do imposto, em sendo
atendidas as previsões dos artigos 484; 485; e 486; do
RICMS/1991, se tais mercadorias (sucatas) foram recebidas com
o diferimento do imposto, logo, sem débito, sua devolução
para o estabelecimento de origem também será com diferimento
nos termos dos artigos 481, a 486, do RICMS/1991. Portanto,
não se aperfeiçoou a condição para o recolhimento do imposto.

4) Vendido mercadorias tributadas para


firma não inscrita na Secretaria da Fazenda do Estado de
Sergipe com alíquota de 12%, através da Nota Fiscal nº 556.

Nos autos não se verifica a supressão por


qualquer circunstância da previsão do artigo 484, do
RICMS/91, referentes às saídas internas de sucatas de ferro
destinadas a industrialização por estabelecimentos
industriais localizados neste Estado. Esta infração também é
Improcedente.

5) Não ter se debitado do ICMS oriundo de


mercadorias tributadas constantes da nota fiscal de saída nº
837, emitida em 29/12/1998, ao escriturar a citada nota
fiscal como se fosse DEVOLUÇÃO para eximir-se de pagar o
tributo, alegando estar devolvendo mercadorias adquiridas
entre os dias 02 e 05/06/1998, através das notas fiscais
emitidas por esta última, sendo que as notas fiscais
arroladas na devolução são as de nºs 2812, 2829, 2844, 2860 e
2862, fatos apurados por Levantamento Fiscal do exercício de
1998.

Observe-se que foram acostadas cópias dos


documentos fiscais mencionados e das folhas do LRSM contendo
a escrituração dos citados documentos. Nesta infração também
é Improcedente o Lançamento.

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Quanto à aplicação da penalidade referente


à infração de nº 01 (um), o autuante sugeriu a aplicação do
artigo 84, da Lei nº 5.900/1996. Ocorre que o artigo 4º, da
Lei nº 7.079/2009, revogou o artigo 84, reclassificando sua
multa para o artigo 79, da mesma Lei por se tratar de uma
reclassificação qualificada.

“Art. 4º - Fica revogado o art. 84 da Lei nº 5.900, de 27


de dezembro de 1996, reclassificando-se a multa deste
artigo para a do art. 79 da mesma Lei, relativamente aos
créditos tributários já lançados.

(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,


em situação não compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Portanto, o lançamento é Procedente em Parte e o


crédito tributário tem como valor R$ 4.997,74 (quatro mil,
novecentos e noventa e sete reais e setenta e quatro centavos)
como consta a fl. 54, do Processo de Defesa.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário, nego-lhes
provimento. Mantida a decisão singular que julgou pela Procedência
Parcial do Lançamento, devendo observar-se, porém, que a autuada
reconheceu o valor do crédito tributário apontado na decisão
singular, desistindo do Recurso Ordinário ao recolher
integralmente esse valor mediante PPI (Decreto nº 29.277/2013), e,
que em razão de seu pagamento integral o crédito tributário

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encontra-se extinto nos termos do artigo 65, I, da Lei Estadual nº


4.418/1982.

“Art. 65 - Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;
(...)”

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em


Maceió, 16 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR
SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/12/2013
PROCESSO: 1500-007.015/1999 E CTE Nº 125/2012.
ANEXOS: 1500-008.578/1999; 1500-010.196/06 E 1500-038.829/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 015.012, DE 31/08/1999.
AUTUADA: ELEVADORES OTIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.063.296-6.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.303/2011.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.

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AUTUANTE: RAIMUNDO MARQUES DE CARVALHO NETO.


RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 294/2013

EMENTA: Auto de infração – ICMS – Remessa


de mercadoria entre estabelecimentos do
mesmo contribuinte – não ocorrência do
fato gerador do imposto – inocorrência de
operação de circulação de mercadorias –
Recurso conhecido e provido. Decisão da
CJ reformada. Auto de infração
Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra


ELEVADORES OTIS LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de 510,15 (quinhentos
e dez reais e quinze centavos), por haver a empresa autuada
deixado de recolher ICMS diferencial de alíquotas referente a
mercadorias destinadas a ativo imobilizado e/ou de
mercadorias para consumo adquiridas em outros Estados da
federação (1995).

Apontado como infringido o artigo 104, do


RICMS/1991. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

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A inicial está instruída com demonstrativo


de débito; relatório de dados cadastrais do contribuinte;
cópias (xerox) do cartão de autógrafo e das notas fiscais.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva com


as seguintes alegações:

1) Que, a transferência de bens do ativo


fixo ou para consumo se deu entre filiais da mesma pessoa
jurídica, não cabe pagamento do diferencial de alíquota em
transferência de ativo fixo e/ou material de consumo entre
estabelecimentos da mesma empresa, não há compra, o bem não é
mercadoria para fins de incidência de imposto, não tem o
creditamento do ICMS.

2) que, o artigo 104, do RICMS/91, prevê que


o diferencial incidirá somente nas aquisições de mercadorias
com destino a ativo fixo e/ou material de consumo e nos autos
houve transferência entre estabelecimentos da mesma empresa;
não se confunde a circulação econômica com a saída física, o
transporte dentro da mesma empresa mediante a remessa de
matriz a filial, ou de filial para filial.

3) Que, em algumas notas fiscais objeto da


autuação foi encontrado erro formal por parte da autuada que
escriturou e creditou-se do ICMS como sendo material
destinado a estoque, não recolhendo o ICMS diferencial de
alíquota, por entender não ser devido. Por fim, pede que o
auto de infração seja improcedente e para as notas fiscais
emitidas com erro seja lavrado um auto de infração
específico.

DAS CONTRARRAZÕES

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O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuação está embasada no artigo 104, do RICMS/91, e,
na Constituição Federal, logo, os argumentos da defesa para o
presente caso não se enquadram em hipótese nenhuma. Por fim,
pede a procedência da autuação.

Em 22/02/2006, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 080/2006, para a autuada comprovar a capacidade
postulatória do signatário da peça defensiva ou ratificá-la
integralmente. Em resposta a diligência, a autuada através do
Processo 1500-010.196/2006, juntou instrumento de procuração
e cópia da defesa original assinada por sua procuradora.

Em 27/10/2011, foi proferida a Decisão nº


18.303/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Falta de


recolhimento do ICMS Diferencial de
Alíquota. Transferência de mercadorias entre
estabelecimentos da mesma pessoa jurídica
para integração ao ativo permanente ou seu
consumo. Autonomia dos estabelecimentos,
conforme art. 19, § 3º da Lei Estadual
nº 5.900/96. Ocorre o fato gerador do ICMS
ainda que a transferência seja para outro
estabelecimento do mesmo titular, nos termos
dos arts. 2º, I, V, da Lei Estadual
nº 5.900/96. Impossibilidade de análise, na
esfera administrativa, da
inconstitucionalidade de lei ou decreto, a
teor dos arts. 23, § 3º, I e 28, § 1º, da
Lei Estadual nº 6.771/06. Infração
caracterizada. Reclassificação legal da
multa do art. 84 para o art. 79, ambos da
Lei Estadual nº 5.900/96, em face da
alteração legislativa trazida pela Lei

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Estadual nº 7.079/09. Lançamento PROCEDENTE


EM PARTE. Dispensado o reexame necessário,
nos termos do art. 48, § 2°, II, da Lei
Estadual nº 6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, com as seguintes alegações:

1) Que, a legislação que prevê as entradas e


saídas de mercadorias destinadas ao ativo permanente ou
destinadas a consumo são consideradas como fato gerador do
ICMS, ainda que sejam entre os estabelecimentos do mesmo
titular (Convênio ICMS 19/91), tendo como única ressalva, as
saídas de máquinas, equipamentos, ferramentas e objetos de
uso do contribuinte, partes e peças a título de empréstimo ou
locação, condicionadas ao retorno dentro do prazo legal.

2) Que, os argumentos da autuada para


afastar a autuação passam por análise de constitucionalidade
da legislação estadual que foge a competência dos julgadores
em sede de Processo Administrativo Tributário e no que pese
estes argumentos, não concorda com eles porque são ilegais e
violam a jurisprudência do STJ sobre a matéria; a legislação
estadual criou hipótese de incidência do ICMS de forma
contrária a CF e a LC nº 87/96 (artigo 2º) ao estabelecer
normas gerais de observância obrigatória a todos os Estados.

3) Que, a circulação de mercadorias do ativo


fixo entre os estabelecimentos do mesmo grupo econômico é
somente física, não há transferência de titularidade; para
efeitos de incidência do ICMS importa a natureza da
circulação e não a circulação em si, ou seja, não é toda
circulação que configura fato gerador do tributo como
entendem Roque Carazza e o STJ; a legislação estadual não
viola apenas a CF/88, mas também viola o artigo 2º, da LC nº
87/96.

4) Que, a decisão singular também viola o


entendimento do STJ que afasta a incidência de ICMS nos casos
de circulação física de mercadorias entre os estabelecimentos

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do mesmo titular; não pode e não deve a administração publica


se furtar de julgar a lide por conta de suposta alegação de
inconstitucionalidade, pois DEVE anular o auto de infração
por ser ilegal e por contrariar entendimento do STJ. Por fim,
pede que a decisão singular seja reformada e a autuação
anulada.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que conforme o artigo 104,
do RICMS/1991 (reproduzido) no presente caso, houve
incidência da norma tributária e a autuada devia ter
recolhido o ICMS diferencial de alíquotas sobre as aquisições
interestaduais efetuadas; o autuante enquadrou o fato em
conformidade com a norma jurídica, veja-se o artigo 19, §3º,
da Lei nº 5.900/96, que revela a irrelevância do argumento da
autuada para não fazer a liquidação do crédito tributário
exigido; é descabida a pretensão da autuada em ver reformada
a decisão singular uma vez que a materialidade da infração
está evidenciada. Por fim, pede a Procedência do auto de
infração. Assim, chegam os autos a este Conselho para análise
do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO VISTA VENCEDOR – PAULO DE TARSO

Em análise dos autos, percebe-se que a


controvérsia central versada nos presentes autos diz
respeito à possibilidade de tributação, via ICMS, da
remessa de mercadoria entre estabelecimentos da mesma
empresa. No caso, não restam dúvidas que a mercadoria
transitou apenas entre estabelecimentos da mesma empresa,
conforme foi registrado na decisão da Coordenadoria de
Julgamento – CJ. Vejamos:

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“Analisando as cópias das notas fiscais


anexadas à inicial, percebe-se que, de
fato, todas se referem a transferências
ocorridas entre os diversos
estabelecimentos da pessoa jurídica, não
havendo controvérsia acerca do efetivo
recebimento destes bens pelo sujeito
passivo, nem quanto a sua destinação
(integração ao ativo permanente ou
consumo.”
Com efeito, a Constituição Federal,
especificamente em seu artigo 155, inciso II, previu a
competência dos Estados e do Distrito Federal para
instituir o ICMS, que, a partir da análise de sua
materialidade, conclui-se que o referido imposto deverá
incidir sobre: (i) operações relativas à circulação de
mercadorias; (ii) sobre prestação de serviços de
transportes interestadual e intermunicipal; e (iii) sobre a
prestação de serviço de comunicação.
Valendo-se da lição do ilustre professor Roque
Antônio Carraza, por operação de circulação de mercadorias
entende-se “a operação jurídica que, praticada por
comerciante, industrial ou produtor, acarrete circulação de
mercadoria, isto é, a transmissão de sua titularidade.”
Neste contexto, a mera circulação física de
mercadoria, como ocorre nas transferências de mercadorias
entre estabelecimentos de uma mesma empresa não caracteriza
fato gerador do ICMS, afastando, portanto, qualquer
possibilidade do referido tributo nesse tipo de operação.
A matéria foi exaustivamente julgada no Superior
Tribunal de Justiça – STJ, dando ensejo inclusive a edição
da Súmula 166, que assim preconiza:
Súmula 166: Não constitui fato gerador do
ICMS o simples deslocamento de mercadoria
de um para outro estabelecimento do mesmo
contribuinte.
A referida súmula foi editada para pacificar de
uma vez por todas essa matéria no âmbito do Egrégio
Superior Tribunal de Justiça, cuja jurisprudência há muito
já se mantinha firme quanto à não ocorrência do fato

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gerador do ICMS na hipótese de mera transferência de


mercadoria para estabelecimentos da mesma empresa. Vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO


ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
ART. 543-C, DO CPC. ICMS. TRANSFERÊNCIA DE
MERCADORIA ENTRE ESTABELECIMENTOS DE UMA
MESMA EMPRESA. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR
PELA INEXISTÊNCIA DE ATO DE MERCANCIA.
SÚMULA 166/STJ. DESLOCAMENTO DE BENS DO
ATIVO FIXO. UBI EADEM RATIO, IBI EADEM
LEGIS DISPOSITIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO
CPC NÃO CONFIGURADA.
1. O deslocamento de bens ou mercadorias
entre estabelecimentos de uma mesma
empresa, por si, não se subsume à hipótese
de incidência do ICMS, porquanto, para a
ocorrência do fato imponível é
imprescindível a circulação jurídica da
mercadoria com a transferência da
propriedade. (Precedentes do STF: AI 618947
AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO,
Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe-
055 DIVULG 25 03-2010 PUBLIC 26-03-2010
EMENT VOL-02395-07 PP-01589; AI 693714 AgR,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Primeira Turma, julgado em 30/06/2009, DJe-
157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-2009
EMENT VOL-02370 13 PP-02783. Precedentes do
STJ: AgRg nos EDcl no REsp 1127106/RJ, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 06/05/2010, DJe 17/05/2010; AgRg
no Ag 1068651/SC, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/03/2009, DJe 02/04/2009; AgRg no AgRg no
Ag 992.603/RJ, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
17/02/2009, DJe 04/03/2009; AgRg no REsp
809.752/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
04/09/2008, DJe 06/10/2008; REsp
919.363/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX,

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PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2008, DJe


07/08/2008)
2. "Não constitui fato gerador de ICMS o
simples deslocamento de mercadoria de um
para outro estabelecimento do mesmo
contribuinte." (Súmula 166 do STJ).
3. A regra-matriz do ICMS sobre as
operações mercantis encontra-se insculpida
na Constituição Federal de 1988, in verbis:
"Art. 155. Compete aos Estados e ao
Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II - operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que
as operações e as prestações se iniciem no
exterior;"
4. A circulação de mercadorias versada no
dispositivo constitucional refere-se à
circulação jurídica, que pressupõe efetivo
ato de mercancia, para o qual concorrem a
finalidade de obtenção de lucro e a
transferência de titularidade.
5. "Este tributo, como vemos, incide sobre
a realização de operações relativas à
circulação de mercadorias. A lei que
veicular sua hipótese de incidência só será
válida se descrever uma operação relativa à
circulação de mercadorias. É bom
esclarecermos, desde logo, que tal
circulação só pode ser jurídica (e não
meramente física). A circulação jurídica
pressupõe a transferência (de uma pessoa
para outra) da posse ou da propriedade da
mercadoria. Sem mudança de titularidade da
mercadoria, não há falar em tributação por
meio de ICMS. (...)
O ICMS só pode incidir sobre operações que
conduzem mercadorias, mediante sucessivos
contratos mercantis, dos produtores
originários aos consumidores finais."

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(Roque Antonio Carrazza, in ICMS, 10ª ed.,


Ed. Malheiros, p.36/37)
6. In casu, consoante assentado no voto
condutor do acórdão recorrido, houve
remessa de bens de ativo imobilizado da
fábrica da recorrente, em Sumaré para outro
estabelecimento seu situado em estado
diverso, devendo-se-lhe aplicar o mesmo
regime jurídico da transferência de
mercadorias entre estabelecimentos do mesmo
titular, porquanto ubi eadem ratio, ibi
eadem legis dispositio. (Precedentes: REsp
77048/SP, Rel. Ministro MILTON LUIZ
PEREIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
04/12/1995, DJ 11/03/1996; REsp 43057/SP,
Rel. Ministro DEMÓCRITO REINALDO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 08/06/1994, DJ
27/06/1994)
7. O art. 535 do CPC resta incólume se o
Tribunal de origem, embora sucintamente,
pronuncia-se de forma clara e suficiente
sobre a questão posta nos autos. Ademais, o
magistrado não está obrigado a rebater, um
a um, os argumentos trazidos pela parte,
desde que os fundamentos utilizados tenham
sido suficientes para embasar a decisão.
8. Recurso especial provido. Acórdão
submetido ao regime do art. 543-C do CPC e
da Resolução STJ 08/2008. (RECURSO ESPECIAL
Nº 1.125.133 – SP)

No mesmo sentido, o Tribunal de Justiça do Estado


de Alagoas também já se manifestou em relação à
impossibilidade de cobrança do ICMS nas operações de
transferência de mercadorias entre estabelecimentos da
mesma empresa, senão vejamos:

ACÓRDÃO Nº 2.1029 / 2012. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. TRANSFERÊNCIA DE MERCADORIAS
ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS. SÚMULA 166 DO STJ.

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RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO


UNÂNIME. (TJ/AL, 0005740-88.2012.8.02.0000
Relator(a): Juiz Conv. Fábio José
Bittencourt Araújo Data de registro:
13/09/2012)

Assiste razão ao Recorrente ao dispor que a norma


tributária estadual está criando uma nova hipótese de
incidência do ICMS, em total afronta a Constituição
Federal, que determina ser competência da Lei Complementar
estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre os fatos geradores dos
tributos mencionados na Constituição. E a Lei Complementar
87/96, que trata das normas gerais do ICMS, em momento
algum, estabelece como hipótese de incidência do ICMS a
mera circulação de mercadorias entre estabelecimentos da
mesma empresa.

Ora, com a devida vênia das posições divergentes,


entendo não existir outra interpretação senão a de que a
mera circulação de mercadorias entre estabelecimentos da
mesma empresa não constitui fato gerador do ICMS, conforme
já pacificado pelos Tribunais Superiores. Destarte, entendo
que a norma tributária estadual contraria a Constituição
Federal e ainda a Lei Complementar 87/96, pois criou uma
hipótese de incidência que não encontra fundamento de
validade no ordenamento jurídico pátrio.

Neste contexto, se, por um lado, o julgador não


pode afastar a incidência de uma lei ordinária estadual,
tampouco pode fazê-lo em relação a uma lei complementar,
mormente quando a própria Constituição Federal disciplina
que compete à lei complementar a edição de normas gerais em
matéria tributária.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de
votos, conhecer do Recurso Ordinário para, no mérito, dar-
lhe provimento, reformando a decisão da Coordenadoria de

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Julgamento – CJ, a fim de declarar a improcedência do auto


de infração.

É como voto.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 16 de


dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

(ACOMPANHOU VOTO VISTA)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA

VOTO VISTA VENCEDOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

(ACOMPANHOU VOTO VISTA) (ACOMPANHOU A RELATORA)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM:


16/12/2013

PROCESSO Nº: 1500-002548/1999; 1500-018180/2006; 1500-


000510/2008; 1500-001374/2012

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 014071

RECORRENTE: DESTILARIA PORTO CALVO LTDA

FISCAL AUTUANTE: ODETE MINEIRO DA PAZ E OUTROS

RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 293/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO
PRINCIPAL. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO
PELA DECADÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário contra a decisão


n. o 18.370/11 da Coordenadoria de Julgamento, que julgou
prejudicada a análise da impugnação do sujeito passivo
em virtude dos efeitos da revelia.

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O auto de infração constituiu crédito


tributário no valor de R$ 53.487,10 (cinquenta e três
mil, quatrocentos e oitenta e sete reais e dez
centavos), por ter a empresa autuada deixado de
recolher ICMS – Substituição na aquisição de álcool
anidro em diversas operações realizadas no mês de
setembro de 1998.

Instruem os autos: dados cadastrais; cartão de


autógrafos; demonstrativo do débito; termo de
apreensão, diversas notas fiscais; AR; cópia de edital
CAT n.º 82-99/0.37, de 11/11/1999; Termo de Revelia,
entre outros.

O contribuinte não apresentou defesa.

Após diversas diligências, no dia 03/02/2004


houve aditamento ao auto de infração para corrigir
divergências constantes no documento originário. O
contribuinte foi intimado por AR em 22/06/2006 através
de seus sócios.

Em 19/07/2006 a empresa autuada apresentou


defesa alegando, em síntese: ausência de fundamentação
legal; falta de intimação pessoal do contribuinte;

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decadência; e, não incidência do ICMS – Substituição


nas operações objeto do AI.

Submetido ao julgamento de primeira instância


administrativa, o julgador singular não conheceu da
razões da impugnação, sob a alegação de que ocorreu a
revelia.

Devidamente intimado da decisão por AR na


pessoa de seu representante legal, o sujeito passivo
interpôs recurso ordinário, renovando as alegações de
sua defesa.

Intimada, a representação fiscal pugnou pela


manutenção da decisão de piso.

É o relatório.

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VOTO

Depreende-se dos autos que se trata recurso


voluntário interposto pelo contribuinte contra decisão
da Coordenadoria de Julgamento que não conheceu da
impugnação ao auto de infração, lastreada na premissa
de que, uma vez ocorrida a revelia ao auto de infração,
não poderia o contribuinte impugnar o seu aditamento.

Tenho que discordar o julgador singular.

É evidente que o aditamento ao auto de


infração é ato administrativo substitutivo ao documento
originário, que, assim como o primeiro, constitui um

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crédito ao Fisco contra um sujeito passivo. Igualmente,


deve atender rigorosamente ao princípio da legalidade
estrita, garantindo ao contribuinte o direito de
defender-se de uma imposição pecuniária contra si.

Corroborando este entendimento, tem-se que o


aditamento pela sua própria natureza modifica elementos
do auto de infração originário, razão pela qual deve
ser dado conhecimento ao sujeito passivo,
oportunizando-o prazo para impugnação.

De todo modo, entendo que há nos autos uma


prejudicial de mérito que, a princípio, autoriza este
julgador a não entrar na análise do mérito do recurso.

Explico.

O auto de infração é lastreado na ausência de


recolhimento do imposto devido em diversas aquisições
de álcool anidro realizadas pela contribuinte no mês de
setembro de 1998.

Adoto o entendimento que o contribuinte


somente foi devidamente intimado da constituição do
crédito tributário no ano de 2006.

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É que no momento da confecção do auto de


infração originário o cadastro já indicava a situação
fiscal como cancelada. Por essa razão, entendo que a
tentativa de intimação via correios ao endereço da
empresa ou mesmo edital não atingiram a sua finalidade.

O certo seria a intimação dos sócios da


empresa nos endereços constantes nos dados cadastrais.
Foi exatamente como posteriormente o Fisco procedeu
quando do aditamento do auto de infração.

Em que pese o auto de infração tenha sido


protocolizado junto à Sefaz em 31/12/1998, a
constituição do crédito somente se aperfeiçoou com a
intimação válida do contribuinte (06/06/2006), momento
em que já decaíra o próprio direito do Fisco lançar,
pelo decurso de mais de 5 (cinco) anos da ocorrência do
fato gerador (setembro/1998).

Assim, flagrante a ocorrência da decadência


no presente caso.

O artigo 173 do Código Tributário Nacional,


dispõe:

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Art. 173. O direito de a Fazenda


Pública constituir o crédito tributário
extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:

I - do primeiro dia do exercício


seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar


definitiva a decisão que houver
anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se


refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que
tenha sido iniciada a constituição do
crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao
lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5


(cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a sua
constituição definitiva, com a devida intimação do
contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário
pela decadência, a teor do que prescreve o artigo 156
do CTN, in verbis:

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Art. 156. Extinguem o crédito


tributário:

I – (omissis);

V – a prescrição e a decadência;

Assim, o crédito tributário foi atingido


pela decadência.

Por outro lado, ainda que se tenha como


válida a intimação do contribuinte através do edital
CAT n.º 82-99/0.37, de 11/11/1999, e, em decorrência,
que ocorrera a revelia, estaria prejudicado o crédito
tributário pela prescrição.

Como já noticiado acima, foi lavrado Termo


de Revelia em 11/03/1999, marco inicial para a contagem
do prazo prescricional.

Somente em 06/06/2006 o contribuinte foi


intimado do aditamento ao auto. Ou seja, seis anos após
a constituição definitiva do crédito, quando já
atingido pela prescrição, o contribuinte tomou ciência
do crédito.

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Importante destacar que a confecção do


aditamento remota o dia 03/02/2004, quando passados
mais de 5 (cinco) anos do termo de revelia.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário
para dar-lhe provimento, julgando prejudicado o auto de
infração em virtude da decadência, nos termos do artigo
156 do Código Tributário Nacional.

Sala de Sessões do CTE, 16 de dezembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº. 48 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/12/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-033034/2004; CTE 286/2011 E ANEXOS

AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 44629 DE 27/10/2004

RECORRENTE: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)

RECORRIDO: KM PNEUS E ACESSÓRIOS LTDA.

RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS

PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO


SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 290/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


SISTEMÁTICA DO LUCRO BRUTO REAL –
EVIDENCIADO EQUÍVOCO NA APURAÇÃO DO
IMPOSTO DEVIDO – INCLUSÃO DE OPERAÇÕES
COM MERCADORIAS ISENTAS OU NÃO
TRIBUTADAS – PRESUNÇÃO ESTOQUE FINAL
“ZERADO” ELIDIDA COM A APRESENTAÇÃO DO
LIVRO DE REGISTRO DE INVENTÁRIO PELO
SUJEITO PASSIVO – MATÉRIAS DE MÉRITO –
IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.

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RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração no qual se relata que


o sujeito passivo omitiu vendas no exercício de 2003, fato
comprovado pelo levantamento específico de sua Conta Estoque de
mercadorias, considerando o Lucro Bruto Real Acumulado,
imputando-se o recolhimento de ICMS e multa no valor de R$
60.153,57 (sessenta mil, cento e cinquenta e três reais e
cinquenta e sete centavos).

Devidamente intimada, a Autuada afirma que não


omitiu vendas, pois nunca comercializou mercadorias
desacompanhadas de nota fiscal de saída, bem como que realizou a
transferência de mercadorias entre estabelecimentos comerciais,
de modo que a presunção de insuficiência de estoque é
inverídica. Anexou aos autos cópia do Livro Registro de
Inventário do exercício de 2003, além das notas fiscais de saída
desse exercício.

Em suas contrarrazões, o fiscal autuante sustenta


que a Autuada não alegou em sua defesa e documentos nenhum
argumento suficiente para desconstituir a infração relatada e
devidamente comprovada pelas provas acostadas aos autos.

Encaminhado os autos à Coordenadoria de Julgamento,


foi expedido o pedido de diligência nº. 261/2010 para a
realização dos seguintes ajustes: a) levantamento dos valores
correspondentes aos estoques inicial e final das mercadorias
tributáveis, deduzindo aquelas em que o imposto já tenha sido
recolhido (substituição tributária) e as enquadradas nas
hipóteses de não incidência, imunidade ou isenção; b) apuração

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das entradas e saídas das mercadorias tributáveis, conforme


livro de Registro de Apuração do ICMS; c) adequação dos cálculos
realizados à legislação aplicável.

No intuito de cumprir a diligência, a fiscalização


intimou o contribuinte no dia 28/01/2011 – com inscrição baixada
desde 10/12/2004 – para apresentação do Livro de Registro de
Entrada, Livro de Apuração do ICMS e Livro de Inventário dos
exercícios de 2002 e 2003, contudo o Autuado informou que não
poderia apresentá-los, pois tais documentos foram incinerados em
decorrência do transcurso do prazo decadencial.

Devolvidos os autos à Coordenadoria de Julgamento,


a julgadora singular esclareceu que a fiscalização excluiu do
cálculo para apuração do tributo devido o ICMS vendas, além do
PIS e a COFINS devidos, exclusões não autorizadas pela
legislação aplicável ao caso. Acrescenta que a planilha de
cálculos considerou todas as compras e vendas efetuadas pela
Autuada, sem observar que algumas delas não seriam hipótese de
incidência do ICMS, quer seja porque o imposto já fora recolhido
nas operações anteriores (substituição tributária) ou ainda por
tratar de hipótese de imunidade ou isenção. Por fim, informa que
não se justificou nos autos o estoque final “zerado” no
exercício de 2003, enquanto que o sujeito passivo trouxe aos
autos tal documentação. Por tais razões, a julgadora singular
esclareceu que caso fosse utilizada a metodologia correta, com
as exclusões devidas e o cômputo do estoque final apresentado
pela Autuada, inexistiria diferença tributável positiva, logo se
decidiu pela nulidade do lançamento por ausência de motivo.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem


qualquer manifestação das partes, os autos foram remetidos ao
Conselho Tributário Estadual para o julgamento do reexame
necessário.

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É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, cuidam os autos


de reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei
nº. 6.771/06 24, na qual restou vencida totalmente a Fazenda
Pública.

Por tal razão, a presente análise se restringe aos


motivos que ensejaram a improcedência do lançamento consignado
nos autos, sob pena de estar-se estendendo a discussão e
julgamento sobre matérias já decididas e preclusas.

Colhe-se dos autos que o contribuinte foi autuado


em razão da suposta omissão de vendas no exercício de 2003,
constatado através de levantamento específico do estoque de
mercadorias, considerando o Lucro Bruto Real Acumulado.

Sobre a metodologia de apuração do tributo devido


pelo Lucro Bruto Real Acumulado, o artigo 2º, §12, da Lei nº.
5.900/96 25 é claro ao dispor que será considerado como montante a
ser computado nas saídas tributáveis em operações internas do
contribuinte a diferença positiva entre a saída de mercadorias
tributadas, tomando como valor o custo das mercadorias vendidas
agregado de 30% (trinta por cento), e a saída tributada

24
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
25
Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas tributáveis em operações internas do
contribuinte a diferença positiva entre a saída de mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e a saída tributada efetivamente declarada nos
livros e/ou documentos fiscais próprios, apurada no último dia do exercício financeiro da empresa, na
hipótese em que o contribuinte não possua escrituração contábil para fins de apuração do lucro real.

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efetivamente declarada nos livros e/ou documentos fiscais


próprios, ou seja, nesta sistemática somente devem ser
considerados na apuração do imposto devido as operações
efetivamente tributadas.

Ocorre que, conforme acertadamente constatou a


julgadora singular, no momento da apuração do tributo
supostamente devido, foram considerados nos cálculos toda forma
de entrada e saída de mercadorias, inclusive aquelas isentas e
não tributadas, em contrariedade à metodologia de apuração
prevista na legislação regulamentadora da matéria.

Da mesma forma, verifica-se que para fins de


apuração o estoque final da Autuada no exercício fiscalizado foi
“zero”, entretanto não foi apresentada qualquer justificativa
nos autos para tal presunção ou, ainda, a cópia do Livro
Registro de Inventário sem as anotações devidas.

Por outro lado, a Autuada acostou em sua defesa a


cópia do Livro de Registro de Inventário de 2003, demonstrando
que havia estoque final no exercício fiscalizado, documento que
não fora impugnado nas contrarrazões à defesa e, portanto, é
suficiente para elidir a presunção de inexistência de estoque
final.

Com efeito, a partir das observações expostas, as


quais já haviam sido constatadas na decisão recorrida, torna-se
impossível manter a o lançamento consignado nos autos diante dos
erros na aplicação da metodologia de apuração do Lucro Bruto
Real Acumulado.

Contudo, embora concorde com a fundamentação


delineada pela julgadora singular, penso que suas conclusões

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devem ser modificadas, especialmente, no tocante à declaração de


nulidade do lançamento por vício de motivo.

Isso porque entendo que a ausência de motivo


acontece quando a autoridade fiscal não possuía elementos de
cognição suficiente no momento do lançamento para formar sua
convicção acerca da infração supostamente cometida pelo sujeito
passivo.

Porém, apesar dos equívocos na apuração do Lucro


Bruto Real Acumulado, o fiscal autuante efetuou, da sua forma,
todos os cálculos que entendeu ser adequados ao caso e apurou
diferença positiva entre o CMV + 30% e saída tributada declarada
nos livros fiscais, condição que o legitimou a lavrar o auto de
infração.

Em outras palavras, no momento da lavratura do Auto


de Infração, o fiscal autuante conseguiu agregar elementos
suficientes para formar a sua convicção sobre a infração
supostamente cometida, de modo que tinha motivos claros para
efetuar o lançamento do crédito tributário.

Assim, entendo que as falhas no lançamento se


restringem à metodologia de apuração aplicada e as provas
acostadas aos autos, na medida em que, equivocadamente, foram
consideradas para fins de apuração operações realizadas com
mercadorias isentas ou não tributadas, bem como se presumiu
“zerado” o estoque final do exercício de 2013, quando na verdade
este fora regularmente escriturado no Livro de Registro de
Inventário, ou seja, matérias de mérito que ensejam o julgamento
pela improcedência do lançamento.

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CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, mantendo-se a fundamentação delineada na decisão nº.
17.879/2011 da Coordenadoria de Julgamento, alterando apenas
suas conclusões para decidir pela IMPROCEDÊNCIA do lançamento.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de


dezembro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS

PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 47 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 09/12/2013


PROCESSO SF Nº 1500-001841/96 e CTE Nº: 187/2006
AUTO DE INFRAÇÃO: 64437
RECORRENTE: COMPANHIA ALAGOANA DE REFRIGERANTES

RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL

RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES

PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 288/2013

EMENTA: ICMS – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.


A REALIZAÇÃO DE VENDAS COM PERCENTUAL
DE MARGEM DE LUCRO INFERIOR AO
ESTABELECIDO, NO REGULAMENTO, APÓS
AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DA ADMINISTRAÇÃO EM
RESPOSTA À CONSULTA FISCAL, ACARRETA A
INCONSISTÊNCIA DA AUTUAÇÃO, EM RAZÃO DA
VINCULAÇÃO DO ENTE TRIBUTANTE PARA COM
O CONTRIBUINTE ATÉ QUE OCORRA ALTERAÇÃO
DO PROCEDIMENTO, OBJETO DA RESPOSTA DA
RESPECTIVA CONSULTA. RECURSO CONHECIDO
E PROVIDO, DECISÃO RECORRIDA REFORMADA
IN TOTUM. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

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O Fisco estadual efetuou por intermédio do


Auto de Infração supra identificado, lançamento de crédito
tributário a título de ICMS, no valor de R$ 1.108.669,06
(um milhão, cento e oito mil, seiscentos e sessenta e nove
reais e seis centavos), com um acréscimo de multa no valor
de R$ 1.663.003,56 (um milhão, seiscentos e sessenta e três
mil, três reais e cinquenta e seis centavos), decorrentes
da falta de retenção do imposto nos termos do protocolo
ICMS-10/92, cláusula quarta e arts. 428, 432 e 827 do
RICMS.

Na instrução do feito, foram anexados o


histórico dos fatos que levaram ao auto de infração, os
demonstrativos do débito, as cópias do livro de registro de
notas fiscais e serviços, a amostragem de notas fiscais de
serviço e vendas e o demonstrativo nota a nota das
operações que motivaram a lavratura do auto.

Em sua defesa, a empresa autuada colacionou


diversos lançamentos, entre os quais se destacam a
repetição do lançamento de infração já imputada no Auto de
Infração n.º 073370/95; a inadequação da estratégia de
vendas à materialidade do ICMS; a inconstitucionalidade do
instituto de substituição tributária; a desobediência à
hierarquia normativa entre o art. 432 do RICMS/AL e os
arts. 2 e 27 da Lei 5.077/89; o protocolo n.º 10/92
alcançaria apenas operações inter-estaduais; no período de
julho a dezembro de 1993, o valor agregado a ser aplicado
aos refrigerantes em embalagens retornáveis era de 60%
(sessenta por cento), dada a Portaria n.º 117/91 do
Secretário Executivo do Ministério da Fazenda e o valor
agregado de 140% cobrado representaria confisco por parte
do estado de Alagoas.

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Contestando a defesa da autuada, o Fisco


atacou estes argumentos.

A Coordenadoria de Auditoria Fiscal ao


analisar a contenda fiscal, decidiu pela procedência do
lançamento, embasando-se nos artigos 27, caput e 48, inc.
II, da Lei nº 5077/89, no art. 2º, inc. I, da Lei nº
5572/93, combinados com o artigo 432, inc. I do RICMS,
aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91.

Inconformada com a decisão de primeira


instância, a empresa vencida impetra recurso para este
colegiado alegando, em síntese, a duplicidade de autuações;
o equívoco do Fisco em intentar usar valores de base de
cálculo do ISS com fins de aplicar o ICMS; a
impossibilidade da fixação de base de cálculo por decreto;
a ocorrência de consulta à SEFAZ através do Parecer CT
200/93, assinado pelo próprio Secretário da Fazenda,
indicando a base de cálculo do ICMS como o preço final de
venda ao consumidor e a inocorrência de anulação ou
revogação da consulta pela Portaria n.º 67/95 da SEFAZ.
Requereu, ao final, o julgamento da autuação como
improcedente.

Nas contrarrazões do recurso, o Fisco alega,


em suma, que cabe ao RICMS a fixação do percentual de
margem de lucro para fins de cobrança do ICMS devido por
substituição e que fora exatamente isso o ocorrido no Auto

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de Infração, conforme o artigo 432, I do RICMS. Requere, ao


final, o julgamento do auto em comento como procedente.

Este relator, notando a possibilidade de


ausência da ampla defesa em caso de não ser analisado o
Auto de Infração n.º 073370/95 reportado pela Autuada,
converteu o feito em diligência no sentido de ser anexada
uma cópia daquele aos autos, no que foi atendido.

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VOTO

O art. 27 da Lei nº 5077/89 estabelece que,


na hipótese do industrial substituto, a exemplo da
recorrente, na ausência de preço máximo ou único de venda
do contribuinte substituído fixado pelo fabricante ou pela
autoridade competente, a base de cálculo para fins da
substituição tributária é o valor da operação praticada
pelo substituto, com inclusão dos valores correspondentes a
fretes e carretos, seguros, imposto e outros encargos
transferíveis ao varejista, acrescido do percentual de
margem de lucro fixado pelo regulamento.

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O RICMS, aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91, no


seu art.432,inc. I, já referenciado anteriormente,
estabelece como margem de lucro legal para refrigerantes é
o percentual de 140% (cento e quarenta por cento).

Ocorre que, no transcorrer do exercício de


1994, período anterior à autuação, portanto, a recorrente
formulou consulta fiscal no sentido do órgão fazendário
esclarecer o percentual do valor agregado devido na revenda
de seus produtos, obtendo através da qual como resposta,
orientação para usar o percentual de 90% (noventa por
cento) a título de lucro legal no tocante a todos os
produtos comercializados pela solicitante, conforme se vê
às fls. 27/32 do processo nº 1500-12007/04. Houve, assim,
uma vinculação ao ente tributante, Estado de Alagoas, até
que ocorra alteração do procedimento, objeto da resposta da
respectiva consulta.

Noutras palavras, verifica-se a existência de


consulta formulada pelo sujeito passivo em data anterior ao
período fiscalizado. Através deste, entendeu por meio de
parecer a Douta Coordenadoria de Tributação que à
Administração Fazendária, na qualidade de “autoridade
competente” referida em citado dispositivo, será facultada
a fixação de percentual diverso do previsto em legislação,
observado sempre o teto por esta pré - fixado, in casu,
exatamente os 140% em questão. Tal parecer, conforme
alegado pela Recorrente, foi referendado pelo Secretário da
Fazenda.

Consubstanciado no entendimento exarado em


consulta é que este ente fazendário procedeu, então,
pesquisa de mercado que resultou na determinação do

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percentual de agregação de 90% para fins de cálculo do ICMS


– Substituição nas operações com cerveja e refrigerantes.

Assim, tal qual concluíram outrora os membros da


1ª Câmara Julgadora deste Órgão Colegiado, capitaneados
pelo voto do sempre zeloso Conselheiro José Pedro da Silva,
impossível se esperar outro procedimento do contribuinte
senão o de observar a orientação externada pelo Fisco.

E embora já de amplo conhecimento deste


Colegiado, é relevante recordar os efeitos vinculantes da
resposta à Consulta Fiscal, entendimento este consolidado
no âmbito do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, conforme se
colhe de recentes escólios:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF.
CONSULTA FISCAL. MANDADO DE SEGURANÇA. POSSIBILIDADE.
LEGITIMIDADE PASSIVA. AUTORIDADE QUE ASSINA A
RESPOSTA À CONSULTA. (...) 2. A consulta
administrativa destina-se a propiciar ao contribuinte
orientação segura a respeito da aplicação da
legislação tributária a um caso concreto que envolva
sua atividade, permitindo que ampare sua conduta em
entendimento vinculante para os órgãos fazendários.
3. (...) (STJ – 1ª. T. REsp 670601/PR. Rel. Min.
Teori Albino Zavascki. DJU 19/06/2008)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONSULTA FISCAL.


MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA
ENCAMPAÇÃO. 1. A consulta tributária permite ao
contribuinte conhecer, com antecedência, a
interpretação oficial e autorizada sobre a incidência

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da norma tributária e, assim, planejar a vida fiscal,


prevenir conflitos e evitar a aplicação de
penalidades. 3. É possível a impetração preventiva
contra a resposta dada pela Administração a uma
consulta fiscal, pois esta se reveste de força
vinculante e imperatividade que caracterizam o
"fundado receio" de dano a justificar o mandado de
segurança. Precedentes de ambas as Turmas de Direito
Público. 4. (...) (STJ – 2ª T. REsp 786473/MG. Rel.
Min. Castro Meira. DJU 31/10/2006)

No sentido da vinculação aos termos da


consulta, este relator já teve a oportunidade de examinar
caso idêntico perante o Pleno deste Colegiado, tendo o
órgão chegado as mesmas conclusões ora firmadas, cujo
aresto segue adiante:

EMENTA: ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA


PROGRESSIVA. MARGEM DE VALOR AGREGADO DISPOSTA EM
REGULAMENTO (RICMS/AL). OBSERVÂNCIA QUANDO
INEXISTENTE PREÇO DIVERSO FIXADO POR AUTORIDADE
COMPETENTE. INTELIGÊNCIA DO ART. 27, DA LEI N.
5.077/89, ENTÃO VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS
GERADORES. ENTENDIMENTO REFERENDADO EM RESPOSTA À
CONSULTA FORMULADA PELO SUJEITO PASSIVO. EFEITO
VINCULANTE. PRECEDENTES DO STJ. REEXAME DE OFÍCIO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do recurso para DAR-LHE PROVIMENTO, no

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sentido de reformar a decisão singular e decretar a


improcedência da autuação.

Sala de sessão do CTE, em Maceió/AL, 09 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES

PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº45 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 03/12/2013

PROCESSO: 1500-009525/09; CTE-449/11

AUTO DE INFRAÇÃO Nº 99.90147-007

RECORRENTES: S.A DA SILVA E CIA LTDA.

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RECORRIDO: COORDENADORIA DE JULGAMENTO

AUTUANTE: EMILIO MARCELINO P. L. LINS

RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 285/2013

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO SEGUIDO DE ADESÃO AO


PROGRAMA DE PARCELAMENTO INCENTIVADO – PPI.
LIQUIDAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO. RECURSO
CONHECIDO COM JULGAMENTO PREJUDICADO.

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RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de crédito tributário a título


de multa, prevista no Art. 116-A, inc. II da Lei nº 5.900/96, com as alterações da Lei
nº.6.556/04, no valor de R$ 2.107,30 (Dois Mil, Cento e Sete Reais e Trinta
Centavos),decorrente de fornecimento de informações divergentes das constantes do
Livro de Movimentação de Combustíveis – LMC, bem como divergência do controle físico
dos dispositivos das bombas de combustíveis, além da omissão na DAC dos bicos 11 e 12
e do tanque nº 05 de diesel.

Devidamente intimada da autuação, a empresa autuada apresentou defesa


e em ato contínuo contestada pelo fiscal autuante.

A primeira instância ao analisar o presente litígio fiscal proferiu


julgamento, concluindo pela procedência do crédito tributário lançado, conforme
ementa: “ICMS – obrigação acessória, Entrega da DAC contendo informações
divergente. Fato devidamente comprovado. LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa impetra,


tempestivamente, recurso ordinário para este Colegiado.

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A DIRAC informa nos autos do processo que o crédito, objeto do presente


lançamento, está extinto mediante liquidação do mesmo por intermédio de novo PPI
instituído pelo Dec. nº 4.147/09.

Em síntese é o relatório.

Voto.

Conforme já consta do relatório e das provas acostadas aos autos, a


empresa autuada aderiu ao Programa de Parcelamento Incentivado – PPI, liquidando
assim o crédito tributário, objeto do presente lançamento.Portanto, o recurso intentado
perdeu a sua finalidade.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, porém,
julgar prejudicado.

Intime-se a recorrente.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em Maceió, 03 de


dezembro de 2013.

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PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 45 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 03/12/2013

PROCESSO SF: 1500-009416/1996 E CTE-121/06

AUTO DE INFRAÇÃO: 065959/1995

ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO

AUTUADA: Benedito Ricardo De Almeida Atacadista.

AUTUANTE: Francisco Xavier F. Falcão- 52.885-4

RELATOR: José Pedro Da Silva

PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias

SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

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ACÓRDÃO 284/2013

EMENTA:ICMS - PRELIMINARES DE OFÍCIO


INADMISSIBILIDADE DE RECURSO POR PARTE DO
AUTUANTE. DIANTE DA REDAÇÃO DOS ARTS. 46 e 47,
TODOS DA LEI Nº 6.771/06, NÃO CABE RECURSO DA
DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA POR PARTE DO
AUTUANTE. LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DEVIDAMENTE INSTRUÍDO. PRESCRIÇÃO -
CONSTITUIDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO À LUZ DO ART.
141, DA LEI Nº 4.418/82, ALTERADO PELA LEI Nº
5.983/97, SEM A INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA POR
MAIS DE CINCO ANOS, TEM COMO CONSEQUÊNCIA, A
EXTINÇÃO DO MESMO MEDIANTE O EFEITO DA
RESCRIÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
RECONHECIDA, A PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

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Versa o presente processo sobre lançamento de crédito tributário a título de


ICMS, no valor de R$ 19.339,80 (dezenove mil, trezentos e trinta e nove reais e oitenta
centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$ 29.009,69 (vinte e nove mil, nove reais e
sessenta e nove centavos), em decorrência de ter realizado vendas de mercadorias tributadas
como se fosse não tributadas ou isentas, nos exercícios de 1993, 1994 e 1995, infringindo os
arts. 1º, 2º V; 49, II e VII; 131, XI,XII, combinado com o art. 829, todos do RICMS, aprovado pelo
Dec. Nº 35.245/91.

Como instrução da autuação foram anexados demonstrativo do débito, cópias,


da FAC, do cartão de autógrafo, dos termos de ocorrências de notas fiscais, dos livros, reg. de
apuração do ICMS e de saídas (fls.03 usque 191).

Intimada da autuação, a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo em


revelia, conforme termo lavrado à fl. 192.

Informa a Unidade de Controle de Dívida Ativa e Débitos Fiscais que a empresa


não é reincidente na infração (fl.193v.).

A Coordenadoria de Julgamento, ao analisar o lançamento, decidiu pela


improcedência do mesmo, tendo como embasamento, a inexistência de prova da infração e
daí a inaplicabilidade do art. 319, do C.P.C, combinado com o art. 891, inc. V, do RICMS,
aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91, remetendo os autos para esta instância em atendimento ao
art. 149, da Lei nº 4.418/82.

Diante da referida decisão, o fiscal autuante requer ao eminente Presidente deste


colegiado, em forma de recurso, reexame da decisão a quo.

Em face da ausência nos autos da intimação do sujeito passivo, da decisão de


primeira instância, assim como levando em consideração o fato do contribuinte está com

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inscrição cancelada, este relator converteu o feito em diligência no sentido do contribuinte ser
intimado na forma seqüencial prevista nos incs. II e III, do art. 11, combinado com o seu § 2º,
da Lei nº 6.771/06. No que foi atendido, porém, sem nenhuma manifestação do titular da
empresa, conforme fls. 221/223.

É o relatório.

VOTO

PRELIMINARES DE OFÍCIO.

INADMISSIBILIDADE DE RECURSO POR PARTE DO AUTUANTE

Os arts. 45,46 e 47, da Lei nº 6.771/06, assim preconizam:

“Art. 45- São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I- recurso ordinário; e

II-recurso especial.”

“Art. 46. O sujeito passivo vencido, no todo ou em parte, em primeira instância, poderá
interpor recurso ordinário ao CTE, excetuada o recurso relativo aos casos de procedimentos
especial”.

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“Art. 47. cabe recurso especial ao pleno do CTE, interposto pelo sujeito passivo, pelo
autuante..., quando a decisão de qualquer câmara divergir do entendimento sobre idêntica
questão jurídica manifesta por outra câmara ou pelo pleno.”

Assim sendo, diante da redação dos respectivos artigos retro transcritos, é de se


concluir que o único recurso cabível da decisão de primeira instância é o recurso ordinário por
parte do sujeito passivo, não cabendo o referido recurso ao autuante, pelo que indefiro de
plano o pleito, sem análise do mérito.

Com relação à ausência de provas da infração tributária e em conseqüência a


improcedência do lançamento, segundo entendimento do julgador a quo, a mesma não tem
consistência, visto que diante do demonstrativo do débito com a respectiva discriminação dos
dados inerentes às notas fiscais, assim como diante das cópias de algumas notas fiscais, do
Livro Reg. de Apuração do ICMS e do Livro Reg. de Saídas (fls. 03/10 e fls. 16/189v.), o presente
lançamento está devidamente instruído na forma do Art. 27-A e § 2º, da Lei nº 6.771/06,
quando competiria ao autuado nos termos do § 3º do referido artigo, combinado com as
disposições do Art. 333, II, do CPC, apontar todos os erros ou incorreções porventura
existentes no demonstrativo de forma objetiva o que não fez.

Por outra banda, analisando os autos sob a ótica do chamamento do autuado


para integrar a lide, verifica-se que a empresa autuada apesar de ter sido intimada da
autuação, em 29 de setembro de 1995, a mesma não impugnou o lançamento, incorrendo
assim em revelia, conforme o respectivo termo (fl. 192).

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de 1997, esta alterou a redação do art.


141, da Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então vigente, in verbis:

“Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação de defesa
ou recurso, será providenciados a lavratura do termo de revelia e o encaminhamento do
débito para inscrição em Dívida Ativa.”

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No entanto, devidamente configurada a situação de revel do contribuinte, já sob a


égide da alteração do dispositivo legal pela reportada lei, transcorreram mais de 05 (cinco) ano
sem que a Fazenda Pública Estadual providenciasse a inscrição do respectivo débito na dívida
ativa, seguida da competente ação de execução fiscal.

Portanto, diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecerem da remessa
necessária para de oficio reconhecer a prescrição do credito tributário em comento.

Intime-se o contribuinte.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 03 de dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO

JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº45 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 02/12/2013

PROCESSO: 1500-011.147/1998 e CTE nº 141/2012.

ANEXO: 1500-012.930/1998.

AUTO DE INFRAÇÃO: 003.941, de 30/10/1998.

AUTUADA: Leon Heimer S/A.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.066.478-7.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.530/2012.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

AUTUANTE: Cícero Antônio Lima Lopes.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias

SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

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ACÓRDÃO 283/2013

EMENTA: – ICMS. Obrigação Principal. 1)


Omissão de saídas internas de mercadorias
apurada através de Levantamento da Contam
mercadorias. 2) Infração não comprovada (não
consta nos autos o Mapa Roteiro referente ao
Levantamento). 3) Lançamento Improcedente
por falta de provas. 4) Reexame Necessário
conhecido e improvido. Mantida a decisão da
Primeira Instância Administrativa.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado


contra Leon Heimer S/A, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 204.230,21
(duzentos e quatro mil; duzentos e trinta reais e vinte e

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um centavos), por haver a empresa autuada omitido receitas


de suas vendas conforme apontado no Demonstrativo da Conta
Mercadorias nos exercícios de 1994, 1995 e 1996.

Apontados como infringidos os artigos 50,


I, da Lei Estadual nº 5.900/1996; 49, do RICMS/1991. Sugerida
a aplicação das penalidades previstas nos artigos 84, da Lei
nº 5.900/1996; e 827, do RICMS/1991.

A
inicial está instruída com cópias do
LRAICMS; do cartão de autógrafo; e dos balanços patrimoniais;
relatório de dados cadastrais do contribuinte.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva com


as seguintes alegações:

1) Que, entregou ao fisco a documentação


fiscal solicitada pela intimação fiscal nº 191.872/1998; não
aceita que sua contabilidade seja desconsiderada, apesar da
errônea repetição de valores do balanço de 1994, nos balanços
de 1995 a 1997; o levantamento não contestou os valores
registrados no LRAICMS, no LREM e no LRSM.

2) Que, o artigo 891, VII, do


RICMS/1991, não foi atendido; a indicação genérica de afronta
ao artigo 49, do RICMS/1991 pela autuada, implica nulidade do
lançamento e prejuízo à ampla defesa. Por fim, pede perícia

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contábil, para provar suas alegações; a nulidade e


improcedência da autuação por falta pela não com provação dos
fatos.

DAS CONTRARRAZÕES

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que os documentos da
inicial são bastante para demonstrar a infração; a defesa não
ilidiu a presunção de omissão de receitas. Por fim, pede que
o auto de infração seja julgado Procedente.

Em 14/03/2012, foi proferida a Decisão nº


18.530/2012, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO – 1. Lançamento de


ofício de crédito tributário. 2. Omissão de saídas internas
de mercadorias. 3. Ilícito não comprovado. 4. Lançamento
IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário - artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº. 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o relatório

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VOTO

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão


nº 18.530/2012, de Primeira Instância, que julgou
Improcedente o Lançamento constante do auto de infração nº
003.941.

A análise dos autos demonstra que a


autuação teve por base a apuração da Conta Mercadorias tendo
o autuante anexado aos autos apenas o demonstrativo de débito
do auto de infração onde consta tão somente a base de cálculo
do imposto, o que contraria o artigo 891, V e VII, do
RICMS/1991, ou seja, a autuação encontra-se desprovida de
provas, assistindo razão à autuada em sua defesa, quando nega
a prática da infração (omissão de saídas internas
tributadas).

A exigência legal para o lançamento do


valor do crédito tributário cobrado (artigo 891, V, e VII, do
RICMS/1991), não foi observada, porque não consta nos autos
qual Mapa Roteiro para fiscalização foi utilizado na apuração
da Conta Mercadorias cuja base de cálculo do imposto foi
apontada na peça inicial, haja vista, não constar nenhum
demonstrativo desta conta. É certo que a omissão de saídas
foi simplesmente imposta à autuada sem que nada fosse anexado
para sua comprovação como alega a autuada na peça defensória.

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Portanto, como afirma a decisão singular,


na instrução e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso, ou não, devem ser atendidos, sem prejuízo de
outros, os princípios da legalidade e da verdade material
(artigo 2º, da Lei Estadual nº 6.771/2006). Nos autos, resta
comprovada a improcedência do lançamento por falta de provas.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Reexame Necessário, negando-lhe
provimento. Mantida a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 02 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

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MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO

JULGADORA JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013

PROCESSO: 1500-008.645/1998 e CTE nº 090/2012.

ANEXOS: 1500-513.694/1998 e 1500-010.715/1998.

AUTO DE INFRAÇÃO: 003.924, de 18/08/1998.

AUTUADA: LEON HEIMER S/A.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.066.478-7.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.478/2012.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

AUTUANTE: Cícero Antônio Lima Lopes.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho

SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 280/2013

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EMENTA: ICMS - Obrigação Acessória. 1) Falta


de apresentação de Declarações de Movimento
Econômico ou Balanço Patrimonial nos
exercícios de 1993 a 1997. 2) Descumprimento
da obrigação pelo simples transcurso do
lapso temporal previsto para sua satisfação
sem que tenha havido qualquer ação pela
autuada, a qual, restou devidamente
comprovada. 3) O Lançamento é Parcialmente
Procedente. 4) Reexame Necessário conhecido
e improvido. Mantida em Parte a decisão
singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa LEON HEIMER S/A, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 159.912,72
(cento e cinquenta e nove mil, novecentos e doze reais e
setenta e dois centavos), por haver a empresa autuada deixado
de apresentar a Declaração do Movimento Econômico e o Balanço

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Patrimonial analítico exercícios 1993, 1994, 1995, 1996 e


1997, a Repartição Fazendária.

Apontados como infringidos os artigos 56; da


Lei nº 5.900/1996; 259, p.u; e 268, do RICMS/1991. Sugerida a
penalidade prevista nos artigos 116, inciso I, da Lei nº
5.900/1996; 859, inciso I, do RICMS/1991.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia do cartão de
autógrafo e demonstrativo do débito.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que a


multa aplicada é muito elevada, demonstrando ter natureza de
confisco, principalmente porque sua incidência resultou da
inobservância de regras formais em sua atividade, conforme
entendem a doutrina de eminentes juristas reproduzida. Por
fim, pede que o auto de infração seja julgado improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada em sua defesa argumenta que houve confisco com
base em texto constitucional e na doutrina. Porém, lavrou a
autuação exercendo seu papel de agente público de acordo com
a legislação tributária vigente, e considerando que a multa
aplicada sofreu alteração que beneficia a autuada e assim, em
respeito ao princípio da retroatividade da lei nestes casos,
pede que o julgador reveja os valores da multa aplicada.

Em 13/01/2012, foi proferida a Decisão nº


18.478/2012, de Primeira Instância, que julgou Parcialmente
Procedente o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória. Falta de


apresentação de Declaração de Movimento

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Econômico e/ou Balanço Patrimonial. O


descumprimento da obrigação de entregar a
Declaração de Movimento Econômico e/ou Balanço
Patrimonial possui consumação apenas com o
decurso do prazo regulamentar para sua
satisfação, considerando-se descumprida a
obrigação pelo simples transcurso do lapso
proclamado para sua satisfação sem que tenha
havido ação do sujeito passivo. Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. Reexame necessário pelo
Conselho Tributário Estadual, nos termos do
art. 48, inciso I, da Lei Estadual n°
6.771/2006.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando.

Assim, chegam os autos a este Conselho para


análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário interposto


contra a Decisão nº 18.478/2012, de Primeira Instância, que
julgou Parcialmente Procedente o Lançamento constante do auto
de infração nº 003.924, de 18/08/1998.

A autuação cobra a falta de apresentação da


Declaração do Movimento Econômico ou de Balanço Patrimonial,
dos exercícios de 1993, 1994, 1995, 1996 e 1997, obrigação
acessória, prevista nos artigos 49, XIV; 268, e seguintes do
RICMS/1991, com penalidade prevista no artigo 116, I, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

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Observe-se que o Reexame Necessário se


refere apenas à redução no valor do crédito tributário em
razão da penalidade aplicada. Não resta dúvida do acerto da
referida decisão, haja vista, que a penalidade aplicada,
correspondente a 10 (dez) vezes a UPFAL (Unidade Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas) está em subsunção com a situação
fática e o autuante não apresentou provas a demonstrar que o
parâmetro adotado na inicial, qual seja, 2.000 (duas mil)
UPFAL’s, guardava relação com o valor das saídas registradas.

Nesse passo, a penalidade a ser aplicada é


de 10 (dez) UPFAL’s para cada exercício em que a Declaração
de Movimento Econômico deixou de ser apresentada. Porém, de
forma diferente do julgador singular entendo que o valor da
UPFAL a ser aplicado é aquele vigente na data em que foi
proferida a decisão, qual seja, R$ 17,27 (dezessete reais e
vinte e sete centavos). Nesta situação o lançamento é
Procedente em Parte e o crédito tributário tem como valor R$
863,50 (oitocentos e sessenta e três reais e cinqüenta
centavos).

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Reexame Necessário, negando-lhe
provimento. Mantida em Parte a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 26 de novembro de 2013.

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SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO

JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013

PROCESSO: 1500-035.521/2003 e CTE nº 320/2012.

ANEXO: 1500-015.310/2004.

AUTO DE INFRAÇÃO: 038.936, de 10/11/2003.

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AUTUADA: V M DA SILVA SANTANA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.099.080-3.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.745/2012.

ASSUNTO: Reexame Necessário.

AUTUANTE: Pedro Neto Soares Gaia.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho

SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO Nº279/2013

EMENTA: ICMS - Obrigações Acessórias. 1)


Divergência entre os DIM’s (09 a 12/2002)
com as informações constantes nos livros
fiscais. 2) Divergência entre os valores da
Declaração de Atividades do Contribuinte
(2002) com aquelas constantes nos livros
fiscais. 3) Deixar de apresentar Declaração
Anual do Contribuinte – DAC (exercício de
2003). 4) Deixar de comunicar à SEFAZ/AL a
mudança do contado (alteração cadastral).
5) Deixar de escriturar o LRIM referente ao
exercício de 2000 (artigo 286, §§7º, e 8º,
do RICMS/1991. 6) Infrações comprovadas em
Parte. Lançamento Parcialmente Procedente.
7) Redução no valor da multa aplicada para
a infração de nº 05 (cinco). 8) Reexame
Necessário parcialmente provido. Mantida em
parte a decisão singular.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa V M DA SILVA SANTANA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
21.397,20 (vinte e um mil; trezentos e noventa e sete reais e
vinte centavos), por haver a autuada:

1) Apresentado DIM’s dos meses de 09/2002,


a dezembro/2002, com informações (valores) divergentes
daquelas constantes nos livros fiscais obrigatórios.

2) Apresentado a DAC (Declaração Anual do


Contribuinte) do exercício de 2002, com informações (valores)
divergentes com as constantes nos livros fiscais
obrigatórios.

3) Deixado de apresentar as Declarações de


Atividades do Contribuinte - DAC’s referentes aos meses de
janeiro/2003, a agosto/2003.
4) Deixado de comunicar a SEFAZ/AL a
mudança de seu contabilista (alteração de dados cadastrais).

5) Deixado de escriturar no LRIM operações


relativas à circulação de mercadorias e prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, na forma e prazos regulamentares.

Apontados como infringidos os artigos 47;


48; 50, II, §1º; 53; 56; e 59, da Lei nº 5.900/1996; 40; 47;
49, II, IV, XIV, e XV; 268; 269 e 270; do RICMS/1991.
Sugerida a aplicação das penalidades previstas nos artigos
116-A; 122; e 129, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias da


intimação fiscal nº 532; da Ficha de Atualização Cadastra
(FAC); do livro RUDFTO (termos de início e encerramento de
fiscalização); do LRIM e do LRAICMS.

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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa,


tempestivamente, alegando que não houve estoque de
mercadorias no final do exercício de 2002; não encontrou
divergências nos DIM’s dos meses de 09/2002; 11/2002; e
12/2002; nem nas informações do campo nº 02 (dois) do auto de
infração (referente à DAC de 2002); e o item 04 (quatro)
também é divergente.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões


alegando que argüindo as fls. 09, a 11, do Processo
Principal, cópias do LRIM (2000), comprovam que não se
encontrava escriturado (estava em branco), divergindo do
documento apresentado pela defesa, o qual foi alterado,
apondo que não houve movimento (após a verificação pelo
fisco); daí permanecer a exigência (falta de escrituração do
LRIM); não comprovou que a alteração do contador não ocorreu,
permanecendo essa exigência; quanto aos demais itens, mesmo
discordando dos argumentos da autuada reconhece que com o
advento da Lei n° 6.519/2004, houve a dispensa do pagamento
da multa por irregularidades quanto à entrega das DAC´s e do
SINTEGRA, condicionada à entrega ou retificação dos referidos
documentos, em sendo assim, não há como persistir esta
exigência; como o DIM foi substituído pela DAC, deve receber
o mesmo tratamento. Por fim, pede que o auto de infração seja
julgado procedente em parte

Em 27/07/2010, foi proferido Despacho pela


CJ encaminhando os autos a Diretoria de Planejamento da Ação
Fiscal – DIPLAF para anexar aos autos, os DIM’s dos meses de
setembro, outubro, novembro e dezembro/2002; a Declaração
Anual do Contribuinte (DAC) de 2002; o relatório comprovando
as omissões de entrega das DAC’s - Declaração de Atividades
do Contribuinte dos meses de janeiro, fevereiro, março,
abril, maio, junho, julho e agosto/2003; e, informar se houve
a entrega dos documentos de informações fiscais retificadores
(DIM’s e DAC’s), de janeiro/2002 a agosto de 2003.

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Em resposta, a DIPLAF informa que anexou as


Declarações; a Declaração Anual do Contribuinte – DAC de
2002; o relatório de recibo de entrega constando que as
declarações foram entregues após o prazo regulamentar (em
23/11/2004), e que não houve declaração retificadora para
estas competências; informa que a autuada foi intimada e não
se pronunciou.

Em 11/09/2012, foi proferida a Decisão nº


18.745/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Obrigações Acessórias. 1)


Divergência entre as informações constantes
nas Declarações mensais do Contribuinte
(exercício de 2002) e as apostas nos livros
fiscais; 2) Divergência entre as
informações constantes da Declaração de
Atividades do Contribuinte – DAC anual
(exercício de 2002) e as apostas nos livros
fiscais; 3) Deixar de apresentar
Declarações de Atividades do Contribuinte
mensais – DAC’s (no exercício de 2003); 4)
Não comunicar à repartição fazendária
alteração cadastral, referente à mudança de
contabilista, constitui infração à
legislação tributária e 5) Falta de
escrituração do Livro Registro de
Inventário de Mercadorias, exercício de
2000 – infração ao art. 50, inciso II e §1º
e a norma do art. 122, da Lei nº 5.900/1996
c/c §8º do art. 286 do RICMS/1991. Ilícitos
parcialmente comprovados. LANÇAMENTO
PROCEDENTE EM PARTE. Ajuste da sanção
pecuniária pelo juízo administrativo, com
fulcro na legalidade e na norma do art. 30
da Lei Estadual nº 6.771/2006. Reexame
necessário pelo CTE.

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A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão


nº 18.745/2012, de Primeira Instância, que julgou
Procedente em Parte o Lançamento constante do auto de
infração nº 038.936.

A análise dos autos demonstra que o Reexame


Necessário se refere à redução no valor do crédito tributário
em razão da improcedência das infrações de nºs 02, 03, e 04,
e de ajustes na aplicação das penalidades impostas para as
infrações de nºs 01 (um) e 05 (cinco).

Quanto à infração número 01 (um)


apresentação de DIM’s (09 a 12/2002), com informações
(valores) divergentes das que constam nos livros fiscais
obrigatórios.

É certo que a autuada tinha a obrigação de


entregar ou enviar o DIM ou a Declaração Anual do
Contribuinte (DAC), documento que o substituiu, mensalmente,
até a data prevista, contendo seus dados ou informações de
acordo com os registros de seus livros fiscais, como
determina a legislação.

Nesse passo, cada documento não entregue ou


entregue com erros de dados gera o descumprimento da norma,
e, nesta infração, os valores constantes dos DIM’s em
confronto com os documentos de fls. 12, a 20, do Processo
Principal e 28, a 31, do Processo de Defesa, comprovam que os
referidos DIM’s foram apresentados com valores divergentes
daqueles registrados no LRAICMS (fls. 12, a 20, do Processo
Principal e 28, a 31, do Processo de Defesa), situação em que
a autuada não pode usufruir o beneficio previsto na Lei nº
6.519/2004, haja vista, não haver apresentado os documentos

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retificadores, estando equivocado o autuante ao alegar nas


contrarrazões que a autuada teria tal benefício. Nesta
infração a acusação é procedente conforme da decisão
singular.

Quanto à aplicação da penalidade, dever ser


mantida aquela que consta da decisão singular, ou seja,
aquela prevista no artigo 116-A, I, da Lei Estadual nº
5.900/1996, e sugerida na peça inicial.
116-A - A entrega ou a apresentação, em arquivo magnético, das
informações a que se referem os incisos II a V do "caput" do
artigo anterior, nas situações abaixo indicadas, sem prejuízo da
exigência da retificação pertinente, acarretará as seguintes
penalidades:

I - nos casos em que fique impossibilitada a leitura do arquivo


magnético respectivo, ou quando fornecidas as referidas
informações em padrão diferente do estabelecido pela legislação:

a) relativamente ao Documento de Informação Mensal - DIM:

MULTA - equivalente a 20 (vinte) vezes o valor da UPFAL.

(...)”

2) Quanto a infração nº 02 (dois)


apresentar a DAC (Declaração Anual do Contribuinte) do
exercício de 2002, com informações (valores) divergentes
daquelas constantes nos livros fiscais obrigatórios.

O autuante não apresentou o demonstrativo


de tal irregularidade, nem mesmo, a cópia do LRAICMS
referente ao exercício de 2002, portanto, não ficou
comprovada a infração.

3) Quanto a infração nº 03 (três) deixar de


apresentar as Declarações de Atividades do Contribuinte DAC’s
referentes aos meses de janeiro/2003, a agosto/2003.

O documento constante a fl. 39, do processo


de defesa, comprova que a autuada apresentou as DAC’s desse
período fora do prazo regulamentar, ou seja, em 23/11/2004,
contudo, a Lei nº 6.519/2004, concedeu novo prazo para

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entrega ou retificação destes documentos (até o último dia do


terceiro mês subseqüente à sua entrada em vigência, ocorrida
no dia 29/09/2004), e, dispensou ainda, o pagamento das
multas para as obrigações já autuadas; situação em que a
autuada ficou beneficiada e desobrigada do pagamento desta
penalidade.

4) Quanto a infração nº 04 (quatro) deixar


de comunicar a SEFAZ/AL a mudança do contabilista (alteração
de seus dados cadastrais).

Os relatórios de dados cadastrais da


autuada emitidos em 07/10/2003 (antes da autuação); em
30/01/2006; em 03/11/2011; em 21/12/2011; e 20/09/2012
(posterior a autuação) demonstram que o contador da autuada
sempre foi o Sr. Mário Antonio Candido da Silva, CRC nº
AL00375804, não constando nos autos qualquer documento
apontando o Sr. Benedito Pereira da Silva, CRC nº 2158-AL
como contador atual da autuada, situação em que a falta de
comunicação a SEFAZ/AL da alteração de dados cadastrais não
ficou comprovada.

5) Quanto a infração de 05 (cinco) deixar


de escriturar no LRIM as operações de circulação de
mercadorias e das prestações de serviços de transportes
interestaduais e intermunicipais, e, de comunicações na forma
e prazos legais.

As provas anexadas pelo fisco, cópias das


páginas do LRIM (fls. 09, a 11, Processo Principal),
comprovam a não escrituração do LRIM na forma e prazos
regulamentares no exercício de 2000; sendo certo que a
autuada era obrigada a mencionar a inexistência de estoque
conforme artigo 286, §8º, do RICMS/1991, não o fez, portanto,
houve o descumprimento das exigências legais no exercício de
2000; devendo se observar que a autuada tentou reparar essa
situação apresentando em sua defesa, posteriormente, cópias
das folhas do referido livro com a declaração sem movimento,
o que não é aceitável, haja vista, a cópia anexada pelo fisco
na inicial.
“Art. 286 - O livro Registro de Inventário, modelo 7, destina-
se a arrolar, pelos seus valores e com especificações que

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permitirá sua perfeita identificação, mercadorias, matérias-


primas, produtos intermediários, materiais de embalagem,
produtos manufaturados e produtos em fabricação, existentes no
estabelecimento na época do balanço.
(...)

§7º - A escrituração deverá ser efetivada dentro de 60 (sessenta)


dias, contados da data do balanço referido no "caput" ou, no caso
do parágrafo anterior, do último dia do ano civil.

§8º - Inexistindo estoque, o contribuinte mencionará esse fato na


primeira linha, após preencher o cabeçalho da página.
(...)”

Quanto à aplicação da penalidade está


correta em parte a decisão singular, haja vista, as
determinações dos artigos 286, §7º, do RICMS/1991, já
reproduzido; e 122, da Lei nº 5.900/1996. O Lançamento é
Procedente em Parte e a multa écorresponde a 640 (seiscentos
e quarenta) UPFAl’s - Unidade Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas, conforme demonstrativo abaixo, vez que o auto de
infração foi lavrado em 10/11/2003.
“Art. 122 - Não escriturar o Livro Registro de Inventário na
forma e nos prazos regulamentares:
MULTA - de 20 (vinte) vezes a UPFAL, por mês, ou fração de mês,
contados da data limite para a escrituração.
(...)”

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercício de 2001 2002 2003 Total dos Total de

competência meses em atraso UPFAL’s

2000 10 12 10 32 x 20 UPFAL 640

Totais 10 12 10 32 x 20 UPFAL 640

O crédito tributário no valor R$ 10.374,40


(dez mil; trezentos e setenta e quatro reais e quarenta
centavos), deverá ser recolhido com os acréscimos legais.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Reexame Necessário, dando-lhe provimento
parcial. Reformada em Parte a Decisão da Primeira Instância
Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 26 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013

PROCESSO 1500-007456/2008.

Anexo: 1500-012379/2008 (2 Volumes) – 1500-015631/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO n.º 99.75750-001, de 30/04/2008.

RECORRENTE: Notaro Alimentos Ltda.

RELATOR: Paulo de Tarso da Costa Silva

RECORRIDO: Fazenda Pública Estadual.

PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho

SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

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ACÓRDÃO 278/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – OBSCURIDADE NA


DESCRIÇÃO DOS FATOS – REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIA –
TENTATIVA DE ESCLARECER OS FATOS NARRADOS NA
AUTUAÇÃO – DÚVIDA MANTIDA – RESPOSTA EM DUPLICIDADE E
CONFLITANTE QUANTO AOS FATOS NARRADOS – VIOLAÇÃO DA
SEGURANÇA JURÍDICA – NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO
CARACTERIZADA – RECONHECIMENTO PELA DIRETORIA DE
REPRESENTAÇÃO FISCAL - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –
AUTO DE INFRAÇÃO NULO – DECISÃO DA CJ REFORMADA –
REEXAME NECESSÁRIO PREJUDICADO.

Relatório

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela


contribuinte Notaro Alimentos Ltda perante o Conselho
Tributário Estadual, visando reformar a decisão n.º
17.832/2011, originário da Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou parcialmente procedente o auto de infração n.º
99.75750-001, de 30/04/2008, nos termos da ementa de
julgamento que passa a expor:

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EMENTA – ICMS – Não recolhimento do ICMS por


omissão de saída de mercadoria tributável, ante o não
lançamento nos livros fiscais de operação de aquisição de
mercadoria sujeita à tributação. (1) Descrição de mais de uma
conduta na inicial dos autos, apontando a possibilidade de
ocorrência de mais uma lesão ao ordenamento tributário. (2)
Confissão pelo sujeito passivo da prática de uma das
mercadorias descritas em documentação fiscal. (3) Infração em
relação a uma das operações comprovada por meio de prova
trazida aos autos. (3) Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. (4)
Remessa dos autos ao Conselho Tributário Estadual para
reexame necessário, nos termos do art. 48, I, da Lei Estadual
6.771/06. (5) Envio de cópia dos autos à Superintendência da
Receita Estadual para providências acerca da ocorrência de
uma segunda infração à legislação tributária, concernente à
entrega de Declarações pelo sujeito passivo com informações
divergentes das constantes de sua escrituração contábil.

A infração que ensejou a lavratura do


auto de infração consiste na seguinte conduta: “Contribuinte
adquiriu mercadorias acompanhadas de notas fiscais
falsificadas e/ou adulteradas.” [...] “Omitiu a aquisição de
mercadorias, no exercício de 2006, na ordem de R$ 24.717,62
(vinte e quatro mil, setecentos e dezessete reais e sessenta
e dois centavos), conforme cotejo entre as declarações do
contribuinte e declarações de terceiros, sobretudo no que
consta do relatório SINTEGRA, anexo a este instrumento de
autuação.”

Segundo se extrai do auto de infração, o


fundamento legal utilizado para a lavratura do auto de
infração foi o artigo 97, da Lei 5.900/96, sendo sugerida a
aplicação da penalidade prevista no mesmo artigo 97, da Lei
5.900/96.

O crédito tributário cobrado totalizava,


originalmente, o valor de R$ 12.606,00 (doze mil e seiscentos
e seis reais), sendo R$ 4.202,00 (quatro mil e duzentos e
dois reais) de ICMS e R$ 8.404,00 (oito mil e quatrocentos e
quatro reais), relativo à multa. Por ocasião da decisão da
CJ, o referido valor foi diminuído para R$ 4.403,40 (quatro
mil e quatrocentos e três reais e quarenta centavos), dos

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quais R$ 1.467,80 (mil e quatrocentos e sessenta e sete reais


e oitenta centavos) correspondem ao imposto não recolhido.

Em sede de defesa administrativa, a


empresa autuada argumentou, preliminarmente, a ocorrência de
violação ao devido processo legal, por ausência de
preenchimentos dos requisitos formais para lavratura do auto
de infração, uma vez que o fiscal autuante não anexou aos
autos as provas do cometimento da infração tributária,
sobretudo os documentos fiscais supostamente falsificados. No
mérito, requer a improcedência do auto de infração, ao
argumento de que não houve omissão de entradas de mercadorias
sem a devida documentação fiscal.

Instado a se manifestar, o fiscal


autuante rechaçou os argumentos articulados na defesa da
contribuinte, alegando que a mesma não colacionou documentos
que possam modificar os fatos narrados no auto de infração.

Remetidos os autos para a Coordenadoria


de Julgamento, esta, antes de proferir decisão, optou por
requisitar diligência (fls. 82/84) no sentido de que o fiscal
autuante esclareça qual a verdadeira infração supostamente
cometida pela contribuinte, haja vista que na descrição dos
fatos constam pelo menos 03 (três) infrações totalmente
distintas, devendo, na ocasião, apontar as provas da
ocorrência da infração.

Em resposta à Requisição de Diligência nº


65/2009, o fiscal autuante esclareceu que a infração descrita
nos autos refere-se à aquisição de mercadorias com documentos
falsos e/ou adulterados. Ao final, entretanto, o mesmo afirma
que “após melhor análise do auto que lavrei, informo que
houve equívoco quanto à infração arguida sugerindo
arquivamento deste auto de infração e também, no resguardo do
interesse do estado, opino por uma nova auditoria a ser
praticada pelo GT-ATACADISTA.”

Embora a Requisição de Diligência nº


65/2009 já tivesse sido devidamente respondida pelo agente
fiscal, este foi novamente intimado para se manifestar acerca
da referida requisição de diligência, demorando mais de um

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ano para responder a nova intimação, período este suficiente


para fazê-lo mudar de opinião, pois, agora, o mesmo declara
que a infração constante no auto de infração diz respeito à
omissão de aquisição de mercadorias adquiridas no exercício
de 2006, detectada através do cotejo entre o relatório
SINTEGRA e as declarações prestadas à SEFAZ, inclusive
através da DAC.

Os autos finalmente foram submetidos ao


crivo da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que decidiu pela
procedência parcial do auto de infração para o montante de R$
4.403,40 (quatro mil, quatrocentos e três reais e quarenta
centavos), pelo seguinte fundamento:

“Apesar de a conduta relativa à divergência de


informações entre as informações contidas nas Declarações
prestadas pelo contribuinte à repartição fazendária e o
conteúdo de seus livros fiscais não estar englobada entre as
condutas fáticas efetivamente descritas pelo autuante na
inicial dos autos, razão pela qual sua apuração e lançamento
deve dar-se por instrumento de lançamento autônomo, confessou
o contribuinte em sua imputação a prática de infração
relacionada à conduta descrita na inicial dos autos – a falta
de registro em seu livro Registro de Entradas do documento
fiscal 556151.”

Inconformada com a decisão, a


contribuinte interpôs Recurso Ordinário visando reformar a
decisão da Coordenadoria de Julgamento, sob os seguintes
argumentos:

1. Sem embargo, pois, da confissão do


erro de escrituração dos livros
fiscais feita pelo contribuinte, tal
fato não pode ser utilizado pela
autoridade julgadora como fato
gerador a ser aproveitado e adequado
dentre as condutas descritas da peça
de autuação, tendo em vista a falta
de sua especificação no referido
lançamento de ofício.

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2. Tal situação fática deveria ser


materializada através de lançamento
de ofício autônomo, e não por
presunção intuitiva daquela agente
público responsável pelo julgamento
do feito administrativo.

3. Não existe, pois, margem a esse juízo


de conveniência e discricionariedade
no campo processual tributário.

Os autos foram encaminhados à


Representação Fiscal para oferecer contrarrazões ao Recurso
Ordinário interposto pela contribuinte, ocasião em que assim
se manifestou:
1. Impõe-se por obediência à lei e ao direito
processual reconhecer razões para os argumentos da
Recursante.
2. A Decisão Singular n.º 17.832/11 por se
sustentar em conduta não arguida na peça exordial, portanto,
flagrantemente “ultra petita”.
3. Concluindo, finalmente, não se comprovou nos
autos o cometimento da infração arguida na peça exordial,
razão por que merece reforma a r. Decisão Singular.

Assim chegam os autos ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação do Recurso Ordinário
interposto pela contribuinte, bem como para análise do
reexame necessário da decisão da CJ.

É o relatório.

VOTO

Analisando atentamente os autos, constata-se que o


AI n.º 99.75750-001, lavrado em 30/04/2008, já nasceu no

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mundo jurídico recheado de nulidades. Neste contexto, a


primeira nulidade contida no auto de infração diz respeito à
disposição legal infringida.

Com efeito, o art. 889, do Regulamento do


ICMS/AL (Decreto 35.245/91), vigente à época da lavratura do
auto de infração, é categórico ao afirmar a necessidade de o
auto de infração conter a disposição legal infringida e a
penalidade proposta, senão vejamos:

Art. 889. O processo contencioso fiscal é


instaurado através de Auto de Infração, que deverá conter:

I - local, data e hora da lavratura;


II - a qualificação do autuado discriminando: a
razão social, endereço completo, inscrição estadual , CGC e
ramo de atividade do contribuinte;
III - nome, endereço residencial, telefone,
carteira de identidade e CPF dos sócios e do responsável pela
escrita fiscal e contábil;
IV - descrição da(s) infração(s) detectada, bem
como, quando for o caso, a base de cálculo do imposto;
V - disposição legal infringida e a penalidade
proposta;
VI - o valor do crédito tributário;
VII - assinatura do(s) autuante(s), a indicação do
cargo e o número de matrícula, em todas as vias do Auto de
Infração, sendo vedada a utilização de carbono;
VIII - assinatura, data da ciência e nº do CPF do
contribuinte ou do seu procurador; (destaque ausente no
original).

No presente caso, constata-se que no


local destinado à disposição legal infringida, o agente
fiscal cuidou apenas de reproduzir o dispositivo que se
refere à multa aplicável ao caso. Agindo assim, acabou por
cercear a ampla defesa da contribuinte, pois não apontou os
dispositivos legais que lastrearam a presunção de omissão de
aquisição de mercadorias.

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Nesse mesmo sentido, é pacífica a


jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
da Receita Federal:

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – AUTO DE INFRAÇÃO


COM FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE – TERMO COMPLEMENTAR COM
CAPITULAÇÃO DEFEITUOSA – Segundo o inciso IV do art. 10 do
Decreto nº 70.235/72, a disposição legal infringida é
requisito formal indispensável ao auto de infração, para
propiciar a ampla defesa constitucional. Processo que se
anula ab initio. (2º CC – Ac. 203-03.737 – 3ª C. Rel.
Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva – DOU
14.07.1998 – p. 13) (destaque ausente no original)

AUTO DE INFRAÇÃO - DISPOSIÇÃO LEGAL INFRINGIDA. O


lançamento, além de descrever com clareza as infrações nele
apontadas, deve ser formulado de acordo com a legislação que
rege o tributo, sob pena de sua nulidade.(Ac. n. 101-88.319,
DOU de 17.8.95, p. 12.485, Rel. Cons. Jezer de Oliveira
Cândido) (destaque ausente no original)

Como se não bastasse, na descrição dos


fatos que ensejaram a lavratura do auto de infração,
depreende-se que o fiscal autuante narrou 03 (três) infrações
distintas, embora não tenha apresentado qualquer fundamento
legal para as referidas infrações, quais sejam: (1) adquiriu
mercadorias acompanhadas de notas fiscais falsificadas e/ou
adulteradas; (2) Omitiu a aquisição de mercadorias; e (3)
Omitiu vendas no período fiscalizado.

É importante enaltecer que, se o agente


fiscal tivesse apresentado a disposição legal infringida,
certamente isso facilitaria a interpretação acerca da
verdadeira infração perseguida nos autos.

Ora, essa obscuridade quanto à verdadeira


infração cometida, por si só, já enseja a declaração de
nulidade do auto de infração, em conformidade com o disposto
no art. 7º, da Lei nº 6.771/06, in verbis:

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Art. 7º São nulos:

[...]

IV - o lançamento de ofício:

a) que não contiver elementos suficientes para se


determinar, com segurança, a infração e o infrator; e
(destaque ausente no original)

No entanto, a Coordenadoria de Julgamento, com


a prudência que lhe é peculiar, optou por requisitar
diligência numa nítida tentativa de salvar a autuação. Porém,
o agente fiscal, após afirmar que a infração refere-se à
aquisição de mercadorias com documentos falsos e/ou
adulterados, assim concluiu:

“Após melhor análise do auto que lavrei, informo


que houve equívoco quanto à infração arguida sugerindo
arquivamento deste auto de infração e também, no resguardo do
interesse do estado, opino por uma nova auditoria a ser
praticada pelo GT-ATACADISTA.” (destaque ausente no original)

Posteriormente, o próprio autuante


modifica sua opinião e pede a manutenção do auto de infração,
mas agora afirmando que a infração cometida pelo contribuinte
consiste em omitir aquisição de mercadorias adquiridas no
exercício de 2006.

Ora, com a devida vênia, pelo que se


depreende dos autos, o próprio agente fiscal não sabe bem
qual a infração cometida pela contribuinte, violando
frontalmente a segurança jurídica no presente caso,
especialmente quando os autos não estão instruídos com
documentação capaz de demonstrar a ocorrência do ilícito
tributário.

A Coordenadoria de Julgamento, ao
proferir sua decisão, acabou reconhecendo que a descrição
fática contida no auto de infração não engloba as condutas

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apuradas na autuação, porém optando por manter parcialmente o


auto de infração em razão da não escrituração no Livro de
Registro de Entrada de Mercadorias o documento fiscal 556151.
Vejamos:

“Apesar de a conduta relativa à divergência de


informações entre as informações contidas nas Declarações
prestadas pelo contribuinte à repartição fazendária e o
conteúdo de seus livros fiscais não estar englobada entre as
condutas fáticas efetivamente descritas pelo autuante na
inicial dos autos, razão pela qual sua apuração e lançamento
deve dar-se por instrumento de lançamento autônomo, confessou
o contribuinte em sua imputação a prática de infração
relacionada à conduta descrita na inicial dos autos – a falta
de registro em seu livro Registro de Entradas do documento
fiscal 556151.”

Ora, não há como ratificar esse


entendimento da CJ. Neste aspecto, corretos os
posicionamentos da contribuinte e também da Representação
Fiscal quanto à ausência de subsunção do fato à norma, pois a
conduta de “deixar de escriturar no livro de entrada de
mercadorias” igualmente não foi descrita no auto de infração
pelo fiscal autuante, devendo, portanto, tal conduta ser
objeto de auto de infração próprio, autônomo.

A ausência de subsunção do fato à norma é


facilmente percebida pelos próprios fundamentos da decisão da
CJ, que modifica a penalidade aplicável para a prevista no
art. 107, da Lei 5.900/96, a qual não possui qualquer
correspondência com os fatos narrados na autuação.

Face ao exposto, acolhendo as razões da


contribuinte, as quais foram ratificadas pela Diretoria de
Representação Fiscal, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecerem do recurso ordinário para dar-lhe total
provimento, a fim de reformar a decisão da Coordenadoria de
Julgamento – CJ, declarando, por conseguinte, a nulidade do
auto de infração n.º 99.75750-001, de 30/04/2008, por não
conter elementos suficientes para determinar com segurança a

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infração cometida pelo contribuinte. Reexame necessário


prejudicado, ante a anulação total do auto de infração.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 26 de NOVEMBRO de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA


C.SILVA
PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADORA JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013

PROCESSO: 1500-003.402/2010 e CTE n° 272/2012.

ANEXOS: 1500-008.229/2010 e 1500-020.388/2012.

AUTO DE INFRAÇÃO: 90.00169-001, de 02/03/2010.

AUTUADA: LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.002.668-3.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.614/2012.

ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.

AUTUANTE: Paulo de Medeiros Gomes Neto.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

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PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho

SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 277/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal (artigo


22, §3º, da Lei nº 4.418/82). 1) Transportar
mercadorias com NF-e emitida em situação de
contingência e cujo DANFE que acobertava o
trânsito das mercadorias foi impresso em
papel comum quando a legislação exige que
sua impressão seja em formulário de
segurança. 2) Documentação fiscal
considerada inidônea a teor dos artigos 139-
D, §§ 1º e 2º; e 207, IV, e IX, do
RICMS/91L. 3) Comprovada a infração uma vez
que a autorização de uso de NF-e se deu
posteriormente à ocorrência do fato gerador,
e, a apreensão da mercadoria, bem como sua
escrituração, não têm o condão de
regularizar a situação, sendo devida neste
caso a cobrança do imposto e a aplicação da
penalidade (artigo 97, da Lei nº
5.900/1996). 4) Base de cálculo do imposto
apurada com base no valor de saída da
mercadoria constante no documento fiscal,
acarretando redução no valor do crédito
tributário lançado na inicial. 5) Lançamento

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Procedente em Parte. 6) Reexame Necessário e


Recurso Ordinário conhecidos e improvidos.
Mantida na íntegra a decisão da Primeira
Instância administrativa.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de R$ 42.840,00
(quarenta e dois mil oitocentos e quarenta reais), por haver
a empresa autuada transportado 700 (setecentas) sacas de
açúcar cristal acobertadas pelo DANFE - Documento Auxiliar de
Nota Fiscal Eletrônica - nº 13134, de 09/01/2010, considerado
como inidôneo porque impresso em papel comum ao invés de
formulário de segurança como exigido pela legislação em
situação de contingência, procedimento fiscal iniciado com a
apreensão da mercadoria quando da passagem pelo posto fiscal
de São José da Laje, conforme Termo de Apreensão nº 231.784.

Apontados como infringidos o artigo 21, VI,


da Lei nº 5.900/1996; e 139-A; 139-D, I, e II; 139-I, §§ 1º a
3º; 139-K; e 207, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 97, da Lei Estadual nº
5.900/1996.

A inicial está instruída com cópia do cartão


de autógrafo; Termo de Apreensão nº 231.784; DANFE nº 13134;
cópia de despacho judicial com liminar em Mandado de
Segurança (Processo n.º 001.10.003084-0), Autorização para
utilização de DANFE; e Conhecimento de Transporte Rodoviário
de Cargas.

DA DEFESA

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A autuada apresentou defesa tempestivamente,


alegando que o valor arbitrado na base de cálculo do imposto
(dobro do preço da mercadoria constante no documento fiscal)
não tem amparo legal; o DANFE não é inidôneo porque foi
convalidado pela SEFAZ no mesmo dia da emissão; a capitulação
genérica da infração com base no artigo 207, do RICMS/91, sem
especificar o inciso, demonstra ser abusiva a autuação; a
multa aplicada é abusiva porque a emissão do DANFE foi
ratificada pelo sistema eletrônico da própria SEFAZ; houve
pagamento do imposto devido na operação conforme lançamento
do documento constante no livro fiscal próprio. Por fim, pede
a nulidade ou a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que o lançamento deve ser
mantido e que o arbitramento da base de cálculo, com base no
artigo 54, X, do RICMS/91, é correto porque se trata de
operação acobertada por documentação fiscal inidônea; a
operação foi acobertada por documentação fiscal (DANFE)
emitida sem observância das formalidades legais; a
capitulação legal e específica da infração reclamada pela
autuada consta na complementação dos fatos; a multa aplicada
não foi abusiva, uma vez que prevista na legislação; e o
registro de documento fiscal considerado inidôneo é
insuficiente para que se considere como estando pago o
imposto devido na operação; não houve ofensa ao princípio da
isonomia, pois a autuada não prova o que afirma, mesmo
porque, se tivesse provado, restaria configurada falta
funcional e infração à legislação, que do mesmo modo podia
ensejar a cobrança de imposto e aplicação de penalidade. Por
fim, pede a Procedência da autuação.

Em 21/10/2010, foi solicitada a requisição


de Diligência nº 210/2010, para trazer as provas necessárias
a evidenciar que o preço do produto utilizado na composição
da base de cálculo do imposto apurado foi o praticado no
comércio varejista no local da ocorrência do fato gerador,
como exigido pela legislação tributária vigente.

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Em resposta o autuante alega que a época da


lavratura do termo de apreensão a base de cálculo apurada foi
a do maior preço de mercado (artigo 54, X, do RICMS/91),
porém, entende que a mesma deve ser revista nos termos do
artigo 6º, XVII, da Lei nº 5.900/1996, conforme prevê o
artigo 71, V, do RICMS/91, agregando um percentual de 50%
(cinquenta por cento) ao valor da mercadoria que consta no
documento fiscal, reduzindo o valor do crédito tributário
para R$ 32.640,51 (trinta e dois mil; seiscentos e quarenta
reais e cinquenta e um centavos).

Em 23/12/2010, foi solicitada a Requisição


de Diligência nº 275/2010, para que o autuante fizesse
Aditamento e dele intimasse à autuada. Em resposta o fiscal
autuante lavrou o Aditamento Fiscal nº 01. A autuada foi
intimada do Aditamento e não se pronunciou.

Em 17/05/2012, foi proferida a Decisão nº


18.614/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.


Nota Fiscal Eletrônica - NF-e emitida em
situação de contingência. 2. DANFE impresso
em papel comum para acobertar o trânsito da
mercadoria, quando a legislação exige que
seja em formulário de segurança. 3.
Documentação fiscal considerada inidônea, a
teor dos artigos 139-D, §§ 1º e 2º, e 207,
inc. IV e IX, do Regulamento do ICMS/AL. 4.
Autorização de uso de NF-e posterior à
ocorrência do fato gerador e apreensão da
mercadoria não têm o condão de regularizar a
situação. 5. Infração tributária demonstrada
nos autos. 6. Base de cálculo do imposto
apurada com base no valor de saída da
mercadoria constante no documento fiscal,

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ante a impossibilidade de utilização de


outros parâmetros legais. 7. Devida a
cobrança do imposto e aplicação da
penalidade. 8. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM
PARTE. 9. Reexame necessário.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva alegando:

1) Que, a decisão singular merece e deve ser


reformada porque na circulação das 700 (setecentos) sacas de
açúcar a emissão da NF-e foi regular, o DANFE foi emitido às
11:20 h do dia 09/01/2010, e na mesma data as 18:48 h, foi
autorizado o uso da NF-e; a existência de documento fiscal
inidôneo não se sustenta por várias razões, primeiro porque
houve convalidação do ato pelo sistema no mesmo dia e não há
demonstração de estorno da nota fiscal, conclamando-se por
parte da administração fazendária a inidoneidade do documento

2) Que, a multa do artigo 97, da Lei nº


5.900/1996, é abusiva e exacerbada, pois a nota fiscal teve
sua emissão ratificada pelo sistema eletrônico da SEFAZ ainda
durante a operação; a multa denota má fé do fisco, pois seus
agentes viram o próprio sistema convalidar a NF-e e fizeram
vista grossa lavrando o auto de infração, aplicando uma multa
confiscatória, ferindo o principio do não confisco (artigo
150, IV), pelo simples fato de haver a autuada deixado de
imprimir o DANFE em papel especial (formulário de segurança)

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em virtude de pane ocorrida no sistema da SEFAZ, por culpa da


fiscalização e não da autuada.

3) Que, no caso, não se trata de fraude,


dolo ou simulação, mas de simples impressão do DANFE em papel
comum mostrando a desproporcionalidade flagrante entre a
infração e a penalidade imposta, mesmo porque a operação foi
autorizada pela SEFAZ no mesmo dia, e, neste sentido entendem
o TRF da 3ª Região e o STJ; houve uma clara tentativa de
enriquecimento ilícito por parte do Estado, uma vez que houve
o pagamento do imposto devido, havendo apenas, segundo o auto
de infração, a inidoneidade da nota fiscal; não se admite que
o imposto seja cobrado, pois, ocorrendo a cobrança e o
pagamento, incorrerá o Estado em enriquecimento ilícito por
bitributação, conduta proibida pelo sistema jurídico.

4) Que, o presente caso advém da era digital


que fez surgir inúmeras obrigações acessórias, a exigirem um
aprendizado rápido pelos contribuintes sob pena de engessar
seus negócios; a obrigação acessória, compra de formulários
especiais para utilização apenas nos momentos de pane no
sistema da SEFAZ, está prevista no Ajuste SINIEF nº 07/2005,
o qual permite que os DANFES sejam impressos em papel comum
(clausula 9ª, parágrafos 1, 2, 3, 4, e 5 (regra geral); já a
impressão em formulário especial esta prevista apenas para os
casos de problemas técnicos (clausula decima primeira, pu, I,
II, e III); a implementação do formulário de segurança
importa custo e demora, o que justifica a falta do papel
especial no momento da operação, tendo a autuada impresso o
DANFE em papel comum, não sendo justa a multa aplicada.

5) Que, na mesma data a autuada tinha outros


caminhões fazendo outros percursos na mesma situação e não

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tiveram nenhum problema nos outros postos fiscais, já que os


agentes entenderam que a autorização não estava se dando por
causa da pane no sistema e não por culpa da autuada tendo os
DANFES sido aceitos como documentos hábeis para tal operação
apesar de impressos em papel comum, é o caso de uma venda de
29.6700 m3 de álcool para a Petrobras (09.01.2010, as 18.45
h); a autuação afronta o Principio da Isonomia, pois não se
admite privilégios e distinções em situações idênticas; essa
forma de fiscalizar gera insegurança jurídica e afeta a livre
concorrência. Por fim, pede a nulidade do auto de infração e
se assim não se entender, seja julgado improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Comissão de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, o lançamento deve ser mantido, pois


a autuada promoveu saída de mercadorias em 09/01/2010, às
11:20 h, sem que houvesse sido autorizada pelos ambientes
nacional e local o uso da NF-e nº 13.134, em contingêncuia,
bem como, o DANFE não foi impresso em formulário de segurança
como exige a legislação; está demonstrado que a NF-e foi
emitida em regime contingênia e que seu processamento foi de
forma irregular, daí ter sido o DANFE desconsiderado.

2) Que, a aplicação de penalidade visa


inibir a prática de infrações, seus diversos tipos e
graduações estão previstos na legislação tributária vigente,
e, aquela aplicada pelo julgador singular está em consonância
com a infração, uma vez que a autuada emitiu um documento
fiscal eletrônico para transportar mercadorias sem a devida
autorização da SEFAZ e em consequência o dito documento não
pode ser considerado idôneo, como exige a legislação; a
aplicação da penalidade prevista no artigo 97, da Lei nº

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5.900/1996, se mostra adequada a infração praticada pela


autuada, ou seja, a entrega de mercadoria com o
acobertamento de documento fiscal inidôneo.

3) Que, apesar do suposto lançamento do


valor do imposto no LRSM da autuada, mediante registro do
DANFE nº 13.134, tal procedimento não deve ser considerado
regular, por decorrer de operação acobertada por documento
fiscal inidôneo, ou seja, que foi emitido em uma hipótese não
autorizada pela legislação; só seria possível admitir o
pagamento do imposto nessa situação, se o documento fiscal
tivesse sido emitido de acordo com a legislação, o que não é
o caso, uma vez que o referido documento apresenta
caracteristicas de inidôneo, conforme determinações do artigo
207, do RICMS/91, afastando a acusação de que o Estado
praticou enriquecimento ilítito.

4) Que, não procede a alegação da autuada de


que se encontra em situação de recuperação judicial, fato que
dificultou a compra de formulários de segurança (artigo 139-S
do RICMS/91) para emissão do DANFE em contigência,
comprovando a tese de que imprimiu o DANFE em desacordo com a
legislação e desobecendo a Cláusula 11ª do Ajuste SINIEF
07/2005 (do qual o Estado de Alagoas é signatário), ficando
afastada sua alegação de nulidade da autuação pela não
aplicação do instituto da isonomia em supostos casos
idênticos, até porque este fato já foi afastado pelo julgador
singular ao entender não constituir este fato um motivo
suficiente para provocar a nulidade da presente autuação. Por
fim, pede que o pedido de nulidade da autuação seja
improcedente e a manutenção integral da decisão da Primeira
Instância. Assim, chegam os autos a este Conselho para
análise do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 18.614/2012, de
Primeira Instância que julgou Procedente em Parte o

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Lançamento constante do auto de infração nº 9000169-001, de


02/03/2010.

A análise dos autos demonstra que a autuação


tem por base o fato de a autuada transportar 700 (setecentas)
sacas de açúcar cristal acobertadas pelo DANFE - Documento
Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica nº 13.134, de 09/01/2010,
considerado inidôneo pela fiscalização estadual por ter sido
impresso em papel comum ao invés do formulário de segurança
como exige o artigo 139-S, do RICMS/1991.

DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário pede a reforma da decisão


singular sob a alegação de que a NF-e referente ao DANFE foi
autorizada pela SEFAZ no mesmo dia da apreensão da mercadoria
e da declaração de inidoneidade do DANFE pela fiscalização,
além de reclamar da cobrança do imposto com a aplicação da
multa (equiparando-a ao confisco), haja vista, a concessão do
benefício de diferimento a tal produto.

Inicialmente observe-se que as provas


anexadas aos autos comprovam que o transporte das mercadorias
ocorreu como consta da peça inicial, ou seja, mediante
acompanhamento de DANFE (documento auxiliar da NF-e) emitido
em desacordo com a legislação tributária vigente, nesta
situação a fiscalização estadual o considerou como sendo um
documento fiscal inidôneo, declarando a mercadoria
desacompanhada de documentação fiscal e exigindo
acertadamente o pagamento do imposto com a multa.

Nesse passo, a alegação da autuada de que a


NF-e foi emitida no mesmo dia e de que conclama a
fiscalização para apresentar seu cancelamento, não procede,
haja vista, que norma específica (artigo 139, I, do
RICMS/91), determina que o cancelamento de NF-e somente
poderá ser feito pelo próprio contribuinte (devidamente
autorizado e mediante uso de chaves e senhas eletrônicas).
Vejamos as determinações dos artigos 139-A; 139-D; 139-I;
139-K e 139-S, do RICMS/91.

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“Art. 139-A - A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) poderá ser


utilizada em substituição (Ajustes SINIEF 07/05, 11/05,
02/06, 04/06, 05/07, 08/07, 11/08, 01/09, 08/09, 09/09,
10/09, 12/09 e 15/10:

§1º - Considera-se Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) o


documento emitido e armazenado eletronicamente, de
existência apenas digital, com o intuito de documentar
operações e prestações, cuja validade jurídica é
garantida pela assinatura digital do emitente e
autorização de uso pela Secretaria de Estado da Fazenda,
antes da ocorrência do fato gerador.

(...)

No presente caso, a autorização da NF-e só


ocorreu após o fato gerador e principalmente após a
infração, ou seja, após a emissão do DANFE em papel comum
no lugar do formulário de segurança. Observe-se que a essa
altura a autuada não tinha mais o direito de pedir
autorização para usar a NF-e cujo DANFE fora considerado
inidôneo. A autuada tinha sim, o dever de cancelar a NF-e
uma vez que o seu DANFE fora emitido com erro, conforme
entendimento do artigo 139-D, §§ 1°, e 2º, do RICMS/1991.

“Art. 139-D - O arquivo digital da NF-e só poderá ser


utilizado como documento fiscal, após:

(...)

II - ter seu uso autorizado por meio de Autorização de


Uso da NF-e, nos termos do art. 139-F.

§ 1º - Ainda que formalmente regular, não será


considerada documento fiscal idôneo a NF-e que tiver
sido emitida ou utilizada com dolo, fraude, simulação ou
erro, que possibilite, mesmo que a terceiro, o não-
pagamento do imposto ou qualquer outra vantagem
indevida.

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§ 2º - Para os efeitos fiscais, os vícios de que trata o


§ 1º deste artigo atingem também o respectivo DANFE,
impresso nos termos dos arts. 139-I ou 139-K, que também
não será considerado documento fiscal idôneo (Ajuste
Sinief 08/07).

(...)

Observe-se, que o DANFE foi emitido com


erro, por ter sido impresso em papel comum (artigo 139-D, II,
§§ 1º, e 2º) antes de ser autorizada a emissão da NF-e por se
tratar de um caso de contingência (artigos 139-I e 139-K).
Nesta situação o DANFE tinha de estar impresso no formulário
de segurança. Assim, ao ser declarado como inidôneo a NF-e
também é considerada inidônea, até porque foi emitida após o
fato gerador e após ter sido declarada a inidoneidade do
DANFE.

“Art. 139-I - É obrigatório o uso de Documento Auxiliar


da NF-e - DANFE, conforme leiaute estabelecido no
‘Manual de Integração - Contribuinte’, para acompanhar o
trânsito das mercadorias acobertado por NF-e ou para
facilitar a consulta da NF-e, prevista no art. 139-O
(Ajuste SINIEF 08/10.

§ 1º - O DANFE somente poderá ser utilizado para


transitar com as mercadorias após a concessão da
Autorização de Uso da NF-e, de que trata o inciso III do
art. 139-G, ou na hipótese prevista no art. 139-K.

(...)”

“Art. 139-K - Quando em decorrência de problemas


técnicos não for possível transmitir a NF-e para a
unidade federada do emitente, ou obter resposta à
solicitação de Autorização de Uso da NF-e, o
contribuinte poderá operar em contingência, gerando
arquivos indicando este tipo de emissão, conforme
definições constantes no ‘Manual de Integração -

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Contribuinte’, mediante a adoção de uma das seguintes


alternativas (Ajuste SINIEF 08/10):

(...)

III - imprimir o DANFE em Formulário de Segurança (FS),


observado o disposto no art. 139-S;

(...)”

É certo que a autuada em nenhuma hipótese


poderia fazer o registro da NF-e com débito do imposto no seu
LRSM e muito menos, alegar que pagou o referido imposto,
pois, como dito, ao ter seu DANFE considerado inidôneo pelo
fisco a mesma deveria ter solicitado o cancelamento da NF-e
conforme determina o artigo 139-L, haja vista, que o
cancelamento de NF-e não é de competência da fiscalização
estadual, por ser de competência exclusiva da própria autuada
conforme o § 1º, do artigo 139-L, o qual determina que a
solicitação para o cancelamento da NF-e é de competência da
autuada que nesta situação necessitaria de autorização da
SEFAZ/AL uma vez que a emissão da referida NF-e somente
ocorreu depois da declaração de inidoneidade do DANFE,
portanto, em situação extemporânea.

“Art. 139-L - Em prazo não superior a 24 (vinte


e quatro) horas, contado do momento em que for
concedida a Autorização de Uso da NF-e, de que
trata o inciso III do art. 139-G, o emitente
poderá solicitar o cancelamento da respectiva
NF-e, desde que não tenha havido a circulação
da mercadoria ou a prestação de serviço e
observadas às normas constantes no art. 139-M
(Ajuste SINIEF 12/12).

§ 1º - A critério da SEFAZ, em casos


excepcionais, poderá ser recepcionado o pedido
de cancelamento de forma extemporânea.

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§ 2º - O cancelamento, de que trata o caput,


poderá ser efetuado até 31 de março de 2013,
mediante Pedido de Cancelamento de NF-e,
transmitido pelo emitente, à administração
tributária que a autorizou (Ajuste SINIEF
16/12).

(...)”

Não resta dúvida de que a autuada descumpriu


determinações dos artigos 139-A, 139-D, 139-I, 139-K, 139-L e
139-S, quando utilizou formulário comum para imprimir o DANFE
nº 9.992, numa situação em que a legislação vigente exige que
seja utilizado o formulário de segurança por se tratar de uma
situação de contingência; quando pediu autorização para
emitir a NF-e após a declaração de inidoneidade do DANFE e
quando escriturou a referida NF-e no LRSM, uma vez que a
inidoneidade do DANFE acarreta a inidoneidade da NF-e e vice
versa, como determina o artigo 139-D, §1º, do RICMS/1991.

Assim, está correto o julgador singular


quando decidiu pela Procedência do Lançamento, até porque a
situação econômica da autuada (recuperação judicial) não pode
servir como justificativa para o descumprimento da norma
tributária que disciplina a emissão da NF-e. Observe-se que
não houve ofensa ao Princípio da Isonomia por haver a empresa
autuada emitido outras NF-e’s e outros DANFE’s na mesma
situação, sem que a fiscalização estadual nos demais postos
fiscais do Estado, tivesse apreendido as mercadorias. Quanto
à medida liminar concedida pelo Judiciário, é certo que esta
se refere tão somente à liberação das mercadorias, ou seja,
não houve opção da autuada pela via judiciária.

Neste passo, é importante observar-se que o


artigo 139-D, §§ 1º, e 2º, do RICMS/1991, determina que se a
NF-e e o seu respectivo DANFE forem emitidos com erro, que
possibilite o não pagamento do imposto ou qualquer outra

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vantagem indevida, mesmo estando formalmente regulares, não


poderão ser considerados como documentos fiscais idôneos; e,
este entendimento também encontra respaldo no artigo 207, IV,
e IX, do mesmo regulamento.

“Art. 207 - Considerar-se-á desacompanhada de documento


fiscal a operação ou prestação acobertada por documento
inidôneo, assim entendido, para esse efeito, aquele que:
(...)

IV - for emitido em hipótese não prevista na legislação;


(...)

IX - de qualquer modo, ainda que formalmente regular, tiver


sido emitido ou utilizado com dolo, fraude, simulação ou
erro, que possibilite, mesmo que a terceiro, o não
pagamento do imposto ou qualquer outra vantagem indevida.
(...)

Não restam dúvidas quanto ao acerto da ação


fiscal e da decisão singular, uma vez que a própria autuada
reconheceu que imprimiu o DANFE em papel comum e que a NF-e
somente foi autorizada após a apreensão da mercadoria e após
a ocorrência do fato gerador. Portanto, a inidoneidade do
DANFE nº 13.134, que acobertava o transporte de 700
(setecentas) sacas de açúcar cristal e a autorização de uso
da NF-e após a ação fiscal, não autorizam o registro da
referida nota no LRSM (a posteriori), bem como, de que este
registro não tem o condão de regularizar a apreensão, uma vez
que esta situação (o registro) ocorreu posteriormente à saída
das mercadorias do estabelecimento da autuada e à ocorrência
do fato gerador (artigo 2º, I, da Lei n° 5.900/1996).

Quanto à revisão no valor da base de cálculo,


esta atende a legislação, uma vez que seu refazimento se deu
em conformidade com os artigos 6º, XVII, da Lei Estadual nº
5.900/1996; e 71, V, do RICMS/91.

LEI Nº 5.900/1996

Art. 6º - A base de cálculo do imposto é: (Art. 13 - LC)

(...)

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XVII - no caso de saída de mercadoria desacompanhada de documento


fiscal, apurada por meio de levantamento fisco-contábil, o valor
do custo de aquisição mais recente ou o custo da mercadoria
produzida, acrescido, em qualquer das hipóteses, da margem de
agregação de 50% (cinquenta por cento), salvo percentual
específico estabelecido pela legislação, considerado como
parâmetro temporal o exercício financeiro fiscalizado.

(...)”

RICMS (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/1991)

“Art. 71 - A base de cálculo do imposto será arbitrada pela


autoridade fiscal quando ocorrer:
(...)

V - mercadorias ou prestações sem documentação fiscal ou com


documento inábil ou inidôneo;
(...)”

Com relação à aplicação da penalidade,


também está correto o julgador singular, uma vez que a multa
prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, está em total
subsunção ao fato gerador uma vez que o transporte das
mercadorias ocorreu com documentação fiscal inidônea como
ficou comprovado.

“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber, estocar


ou depositar mercadorias desacompanhadas de documentos
fiscais, ou sendo estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Comprovada a infração, nos termos do artigo


22, §3º, da Lei Estadual nº 4.418/1982, deverá ser cobrado o
imposto com sua respectiva multa, conforme consta da decisão
singular, não assistindo razão a autuada quando alega não ser
legal a cobrança do imposto com multa pelo Estado de Alagoas;
também não procede a sua acusação de ser a multa aplicada,
confiscatória. Nesta situação o Lançamento é Procedente em
Parte devendo ser aplicada a penalidade prevista no artigo
97, da Lei Estadual nº 5.900/1996, como consta da decisão

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singular por sua subsunção aos fatos e por não ser


confiscatória.

LEI Nº 4.418/1982

“Art. 22 - A obrigação tributária é principal ou acessória.


(...)
§ 3º - A obrigação acessória, pelo simples fato de sua
inobservância, converte-se em obrigação principal,
relativamente à penalidade pecuniária.
(...)”

Portanto, diante de todo o exposto, deixo de


conhecer do Recurso Ordinário por lhe faltar efetivas razões.

DO REEXAME NECESSÁRIO

Quanto ao Reexame Necessário, é certo que


este se refere apenas a redução no valor do crédito
tributário, que como já foi exposto, ocorreu pela revisão
efetuada no valor da base de cálculo do ICMS cobrado, redução
esta, que se deu nos estritos termos da legislação tributária
vigente, confirmando assim a Procedência Parcial do
Lançamento conforme consta da Decisão nº 18.614/2012, da
Primeira Instância.

Nesta situação o crédito tributário tem


como valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

B/cálculo Alíquota ICMS Multa Total


42.666,67 17% 7.253,33 14.506,66 21.759,99
Total - 7.253,33 14.506,66 21.759,99

O crédito tributário no valor de R$


21.759,99 (setecentos e cinquenta e nove reais e noventa e
nove centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos legais.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Reexame Necessário e do Recurso
Ordinário. Negando-lhes provimento. Mantida na íntegra a
Decisão da Primeira Instância Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 26 de NOVEMBRO de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 43 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 22/11/2013

PROCESSO SF: 1500-0097311/1992; CTE-05/2008


AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 048341/92
ASSUNTO : REEXAME NECESSÁRIO

AUTUADA: OAP PNEUS ORGANIZAÇÃO ALAGOANA DE PNEUS LTDA.


AUTUANTE: SELMA RAMOS DE OLIVEIRA – Mat. 30.761

RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

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ACÓRDÃO 276/2013

EMENTA: ICMS- PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO


DIANTE DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO À LUZ DO ART. 141, DA LEI Nº
4.418/82, COM AS ALTERAÇÕES POSTERIORES
IMPLEMENTADAS PELA LEI Nº 5.983/97,
TRANSCORRIDOS MAIS DE 05 (CINCO) ANOS
SEM QUE A FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL
TENHA ENCAMINHADO O REFERIDO CRÉDITO
PARA A INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA,
SEGUIDA DA COMPETENTE AÇÃO DE EXECUÇÃO
FISCAL. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
PELO EFEITO DA PRESCRIÇÃO. REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata o presente feito de lançamento de crédito


tributário a título de ICMS, no valor de Cr$
217.149,40(duzentos e dezessete mil, cento e quarenta e
nove cruzeiros e quarenta centavos,com um acréscimo de
multa no valor de Cr$ 325.724,09 (trezentos e vinte e cinco
mil, setecentos e vinte e quatro cruzeiros e nove
centavos), tendo como origem, a utilização de crédito
indevido e diferença no estoque físico por omissão de
vendas nos exercícios de 1989 1990.

Como instrução da autuação foram anexados aos


autos, demonstrativo, dados cadastrais e cópias, do

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Controle Físico da Mercadoria, do Controle Quantitativo de


Mercadorias e do Livro Reg. de Inventário.

Devidamente intimada da autuação, em 16 de


março de 1992,a empresa não impugnou o lançamento,
incorrendo assim em revelia, conforme termo de fl.44.

A Coordenadoria de Julgamento ao analisar o


lançamento decidiu pela extinção do crédito tributário pelo
efeito da prescrição, conforme ementa: “ICMS. 1. Lançamento
de crédito tributário. 2. Descumprimento de obrigação
tributária principal. 2.1. Utilização de crédito indevido.
2.2. Omissão de saídas. 3. Inexistência de intimação
regular do lançamento de crédito tributário. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito tributário. 6.
Prescrição – CTN, artigos 156,V, e 174. 7. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário – art. 48, Lei
Estadual nº. 6.771/06.

Notificadas da decisão a quo, tanto a autuada,


quanto a Fazenda Pública Estadual, ambas não se
manifestaram sobre a mesma (fls. 66/71).

É o relatório.

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VOTO

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a


empresa autuada apesar de ter sido intimada da autuação, em
16 de março de 1992,a mesma não impugnou a autuação,
incorrendo assim em revelia, conforme o respectivo termo
(fl.44).

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982,


então vigente ao tratar da revelia e da intempestividade,
nos parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava
in verbis:

“Art. 141.

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§ 1º- Quando se tratar de infrator


revel, e a infração se referir à
falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestados as
informações sobre os antecedentes
fiscais existentes, considerar-se á
concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a
inscrição do débito na dívida
ativa, para cobrança executiva.

§ 2º- A revelia do autuado, na


hipótese prevista no parágrafo
anterior, importa o reconhecimento
da obrigação tributária e produz
efeito de decisão final do processo
administrativo.

§ 3º- Nos demais casos, lavrado o


Termo de Revelia, o processo
seguirá os tramites regulamentares,
facultada ao revel a intervenção em
qualquer oportunidade, antes de
tramitada em julgado a decisão
terminativa”.

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de


1997, esta alterou a redação do art. 141, da Lei nº 4.418,
de 28 de dezembro de 1982, então vigente, nos seguintes
termos:

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Art. 141. Findo o prazo de


intimação, sem pagamento do débito
ou apresentação de defesa ou
recurso, será providenciado a
lavratura do termo de revelia e o
encaminhamento do débito para
inscrição em Dívida Ativa.“

Parágrafo único - “A revelia do


autuado implica no reconhecimento
da obrigação tributário e produz
efeito de decisão final no processo
administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar


em princípio sobre direito substantivo, instituindo o
código tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, ao
disciplinar o processo administrativo fiscal, no seu
capítulo III, do art. 118 ao art. 167, o referido diploma
legal tratou, também, de matéria processual.

Assim sendo, passo a discorrer a aplicação da


norma processual no tempo.

A doutrina aponta três sistemas que procuram


resolver quanto à eficácia das leis processuais no tempo:

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a) O primeiro sistema, chamado da unidade


processual, o processo consiste, em um complexo de atos
inseparáveis uns dos outros, porque todos se subordinam ao
fim a que visa, qual seja, a decisão. De forma que o
processo seria um corpo uno, e, assim considerados teria
que ser regulado por uma única lei. Nessas condições, uma
vez em curso, e sobrevindo uma lei nova, disciplinar-se-ia
inteiramente por esta ou pela lei anterior. Por
conseqüência, a ser regido inteiramente pela lei nova,
tornando ineficazes os atos já realizados, poder-se ia
dizer que a lei processual tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas, a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplina a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Assim, somente as fases seguintes obedeceriam a lei nova.

c) O terceiro e o último sistema é o do


isolamento dos atos processuais, segundo o qual, sem
desconhecer que o processo é uma unidade em vista do fim a
que se propõe, observa que cada um dos atos processuais
pode ser considerado isoladamente, para os efeitos de
aplicação da lei nova. Ou melhor, esta encontrando um
processo em desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos
processuais já realizados e passa a disciplinar o feito a
partir de sua vigência.

Dentre os referidos sistemas, o código de


processo civil adotou o sistema do isolamento dos atos
processuais, conforme expressamente dispôs no art. 1211,
que reza:”....Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-
se-ão, desde logo, aos processos pendentes.

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Portanto, à luz da nova redação do art. 141,


da Lei nº4418/82, então vigente, dada pela Lei nº 5.983/97,
bem como atentando para o princípio da subsidiariedade da
lei adjetiva civil ao processo administrativo tributário, a
administração fazendária deveria ter procedido ao devido
encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o respectivo
débito na Dívida Ativa, seguida da competente ação de
execução fiscal a cargo da Procuradoria da Fazenda
Estadual. No entanto, transcorreram mais de cinco anos,
contados a partir da constituição do crédito tributário,
termo inicial do prazo prescricional, sem que tal
providência fosse adotada.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer da remessa necessária para negar-lhe provimento,
mantendo assim in totum a decisão a quo.

Intime-se a autuada e em seguida vão os autos à


DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL,


22/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA

PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES PEDRO ÍCARO C. DE BARROS

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JULGADOR JULGADOR

(VOTOU COM O RELATOR) (VOTOU COM O RELATOR)

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA

JULGADOR

(VOTOU CONTRA O RELATOR)

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 43 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 22/11/2013

PROCESSO Nº: 1500-018389/2008

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.81350-001

AUTUADA: TV CIDADE DE MACEIÓ LTDA

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO

PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 275/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS.


RETIFICAÇÃO DE DAC APÓS O PRAZO
REGULAMENTAR, ILÍCITO INERENTE A
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
ACESSÓRIA. DEMONSTRADA A APRESENTAÇÃO DAS
DAC’S DENTRO DO PRAZO REGULARMENTAR.
LANÇAMENTO NULO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
SINGULAR.

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RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a


análise da decisão administrativa n° 18.186/2011, esta, por sua
vez, julgou nulo o lançamento do crédito tributário presente no
Auto de Infração n° 9981350001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria


efetuado a retificação da DAC – Declaração de Atividade do
Contribuinte após o prazo regulamentar, sem o recolhimento da
multa devida.

Desta feita, o Autuado teria violado os artigos 56 da


Lei nº 5.900/96 e 272 do RICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, aplicando-se, por conseguinte, a penalidade do artigo
116-A, inciso II da Lei 5.900/96, com as alterações da Lei
6.556/04. Assim fora fixado crédito tributário no valor total de
R$: 27.557,00 (vinte e sete mil e quinhentos e cinquenta e sete
reais).

Em sede de defesa, o sujeito passivo aduziu que: a)


não seria contribuinte do imposto de ICMS, tendo em vista que
suas atividades consistem na transmissão de programa,
radiodifusão de sons e imagens, através concessão pública, fato
que impediria a incidência deste tributo; b) não poderia ser
responsabilizada pelo descumprimento de obrigações acessórias
(multa), vez que teria realizado a retificação das declarações
antes do início da fiscalização e não haveria imposto algum a
ser recolhido; c)as obrigações acessórias serviriam para
auxiliar a fiscalização dos tributos, que seriam os objetos das

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obrigações principais; d) teria sido entregue a declaração de


existência de contratos, no modelo antigo, no entanto tal
situação não teria o condão de torná-la inadimplente; e) a lei
estadual que estipula prazo para a realização da denúncia
espontânea seria inconstitucional; f) que o valor da multa
cobrado na exação seria inconstitucional por ferir o princípio
do não-confisco; g) anexou aos autos os seguintes documentos:
notas fiscais referentes ao período mencionado pela
fiscalização, guias retificadora, recibos de entrega das DAC,
contrato social, procuração dos sócios, procuração ad judicia.

Já nas contrarrazões, a autuante além de ratificar o


posicionamento adotado pelos fiscais no Auto de Infração, alega
que: a) o autuado seria contribuinte do imposto de ICMS,
consoante se verifica no doc. fl.6; b) o autuado estaria
constituído sob forma de sociedade empresária, em plena
atividade; c) o autuado paga impostos referentes aos
diferenciais de alíquota e presta informações requisitadas pela
SEFAZ por meio das DACs; d) algum destes documentos teriam sido
entregues com atraso de 02 (dois) anos, e, portanto, o instituto
da denúncia espontânea, não teria amparo legal para incidir no
presente caso; e) o objetivo da multa é desestimular a prática
de ilícitos por parte do contribuinte e, portanto, o valor
cobrado não seria exorbitante; f) nenhum ato praticado na ação
fiscal estaria eivado de inconstitucionalidade.

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou


a inexistência de motivos capazes de validar o ato acusatório,
posto que, em seu sentir, os documentos acostados aos autos
comprovariam que o sujeito passivo teria apresentado as DACs

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dentro do prazo regulamentar, cumprindo desta forma sua


obrigação.

Neste passo, o julgador singular, observando o


disposto nos artigos 7º, inciso IV, alínea “a”, 28 e 29 da Lei
nº 6.771/2006, entendeu ser nulo o lançamento constante no Auto
de Infração nº 99.81350-001, consoante se pode denotar da
seguinte ementa da decisão singular nº 18.186/2011:

ICMS. Retificação de DAC após o prazo


regulamentar, Ilícito inerente a
descumprimento de obrigação tributária
acessória. Lançamento NULO. Duplo grau de
jurisdição administrativo necessário -
art. 48 da Lei nº 6.771/06.

Regulamente cientificada da decisão, a representação


fiscal não se manifestou

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo ao voto da decisão singular n° 18.186/2011.

Considerando que o procedimento ocorreu em atinência


ao devido processo legal, passa-se ao mérito da questão.

O cerne da questão em atino, diz respeito ao


posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser Nulo o Lançamento do Crédito Tributário
consubstanciado pelo Auto de Infração nº 99.81350-001.

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Em suas razões, o julgador singular aduz que: a) a


obrigação de entrega das DACs possui caráter acessório e formal,
concretizando-se com a efetiva entrega dos documentos dentro do
prazo estipulado pela norma tributária; b) os documentos
acostados aos autos teriam feito prova de que o autuado, ao
operar em compasso com os artigos 56 26 da Lei 5.900/96 e 1º,
inciso I, “a”27, da Instrução Normativa n° 29/2002, cumprira sua
obrigação; c) a penalidade constante no artigo 116-A, inciso II
da Lei 5.900/96 imputada ao autuado não teria incidido no
presente caso; d) o referido lançamento seria nulo nos termos
dos artigos 2º, p. único, “d” 28 da Lei nº 4.717/65, 7º, inciso
IV 29, 28 30 e 29 31 da Lei nº 6.771/06

26
Art. 56 - O contribuinte é obrigado a apresentar as declarações necessárias à apuração
dos índices de participação dos municípios, no produto de arrecadação do imposto, e
todos os demais formulários de caráter econômico fiscal, conforme dispuser a legislação.

27
Art. 1º A Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC, instituída pelo Decreto nº
998, de 25 de novembro de 2002, deverá ser entregue à repartição fiscal, na seguinte
conformidade:

I - contribuintes do ICMS cadastrados no CACEAL sob o regime de apuração normal, à


exceção do Produtor Rural e do Extrator, apresentarão a Declaração de Atividades do
Contribuinte - DAC mensalmente, observando-se que:

a) as informações de periodicidade mensal deverão ser entregues até o dia 20 do mês


subseqüente ao mês a ser informado;

28
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas:

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Ora, tendo em vista que os documentos acostado aos


autos são esclarecedores e realmente comprovam que o autuado
agiu conforme os ditames legais, não há o que se alterar das
razões que fundaram a Decisão Singular.

Desta feita, entende-se que o posicionamento


perfilhado pela Corregedoria de Julgamento, na Decisão Singular
nº 18.186/2011 que julgou nulo o lançamento consignado no Auto
de Infração nº 99.81350-001 deve ser mantido.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que


se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido

29
Art. 7º São nulos:

IV - o lançamento de ofício:

a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração
e o infrator

30
Art. 28. A instrução e o julgamento do processo administrativo tributário decorrente
de Auto de Infração compete, em primeira instância administrativa, à Coordenadoria de
Julgamento - CJ, e, em segunda instância, ao Conselho Tributário Estadual - CTE.

31
Art. 29. A decisão resolverá as questões suscitadas no processo, reconhecendo a
procedência, a improcedência ou a nulidade total ou parcial do lançamento de ofício do
crédito tributário, ou ter sido este prejudicado, total ou parcialmente.

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conhecer do reexame necessário e negar-lhe provimento, mantendo


a decisão recorrida.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 22/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO

PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA

JULGADOR

Sessão Ordinária nº. 43 – 2ª câmara - Realizada em 22/11/2013

Processo nº: SF 1500-013138/2000; CTE 082/2012 e anexos

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Auto de Infração nº. 4060 de 25/02/2000

Recorrente: Fazenda Pública Estadual (Reexame Necessário)

Recorrido: José Ernestino de Melo – ME.

Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros

Presidente: Patrícia de Melo Messias

Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo

Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 274/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS POR
MICROEMPRESA ACIMA DO LIMITE DE 1000
UPFAL – EXLUSÃO DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO – A EXCLUSÃO DAS
MICROEMPRESAS DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO DEPENDE DA ATUAÇÃO DO
ÓRGÃO OU AUTORIDADE COMPETENTE E
CONFIRMAÇÃO DA INFRAÇÃO, NÃO OCORRENDO
DE FORMA AUTOMÁTICA – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E PROVIDO –
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração no qual se relata que o


contribuinte efetuou compras nos exercícios de 1995, 1996 e 1997 em valor
superior ao limite de 1.000 UPFALs fixado para as microempresas,
estabelecido na Lei nº. 5.311/1991, imputando-se o recolhimento de ICMS e

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multa no valor de R$ 11.093,54 (onze mil, noventa e três reais e cinquenta e


quatro centavos).

Apesar da assinatura aposta no Auto de Infração não conferir


com aquelas registradas no cartão de autógrafo as fls. 04 dos autos, o
contribuinte apresentou defesa no dia 16/03/2000, admitindo que extrapolou
o montante de compras por desconhecer os valores correspondentes ao limite
em cada exercício fiscalizado, contudo afirma que mesmo nesta hipótese,
sempre recolheu o ICMS devido, conforme extratos de arrecadação em anexo.

Em suas contrarrazões, diante da confissão do contribuinte de


que extrapolou o limite de compras imposto pela Lei nº. 5.311/1991, a fiscal
responsável requer a procedência do lançamento.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


decidiu-se pela procedência parcial do lançamento, na medida em que o
contribuinte não conseguiu comprovar que os recolhimentos de ICMS
efetuados foram realizados como forma de quitação do objeto do lançamento,
mantendo-se somente o crédito tributário exigido no exercício de 1995,
acrescido da penalidade disposta no artigo 83, da Lei nº. 5.900/96, alterado
pelo julgador singular, totalizando crédito tributário no valor de R$ 1.211,26
(um mil, duzentos e onze reais e vinte e seis centavos). Sobre os exercícios de
1996 e 1997, o julgador singular entendeu que o contribuinte perdeu sua
condição de microempresa desde o momento que cometeu a infração no
exercício de 1995, assim não caberia mais ser autuada pelos motivos relatados
no lançamento, bem como a base de cálculo do imposto deveria observar a
sistemática do abatimento entre créditos e débitos, o que não fora respeitado
no lançamento.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

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É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, consiste a presente análise


em reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei nº. 6.771/06 32,
na qual restou vencida parcialmente a Fazenda Pública. Nos casos de recurso
de ofício, importante delimitar a matéria objeto da presente análise, sob pena
de estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já decididas e
preclusas.

Nesse sentido, depreende-se da redação do art. 48, inciso I, da


Lei do PAT, que apenas a parte da decisão monocrática contrária aos
interesses da Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário, logo, esta apreciação se resume aos motivos que
ensejaram o julgador singular a decidir pela procedência parcial da autuação
com a exclusão do crédito tributário apurado nos exercícios de 1996 e 1997.

Colhe-se dos autos que o contribuinte foi autuado em razão da


aquisição de mercadorias, na condição de microempresa, em valor superior ao
limite anual de 1.000 UPFALs, nos exercícios de 1995, 1996 e 1997,
infringindo-se o disposto nos artigos 1º, 9º, 10, da Lei nº. 5.311/91.

Submetido a julgamento, o julgador singular alterou a


penalidade inicialmente aplicada para aquela disposta no artigo 83, da Lei nº.
5.900/96 e decidiu pela procedência parcial do lançamento com a exclusão do
crédito tributário apurado nos exercícios de 1996 e 1997, sob o argumento de
que o contribuinte perdeu a condição de microempresa desde o exercício de

32 Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;

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1995, momento em que infringiu a legislação, assim não estaria mais sujeito
ao limite para aquisição de mercadorias imposto às microempresas e, por
conseguinte, não poderia ser mais autuado pelos motivos relatados no Auto de
Infração em análise.

Portanto, o objeto do reexame necessário se restringe,


especificamente, em saber se a Autuada foi desenquadrada do regime de
microempresa automaticamente com o cometimento da infração no exercício
de 1995 e, portanto, não poderia mais ser autuada pela aquisição de
mercadorias em valor superior ao limite fixado para as microempresas nos
exercícios de 1996 e 1997 ou se o desenquadramento depende da confirmação
da infração pela instância julgadora ou outro órgão.

Sobre o assunto, o artigo 1º c/c artigo 9º, ambos da Lei nº.


5.311/91, vigentes na época, estabeleciam que:

Art. 1º - Considera-se microempresas as pessoas


jurídicas e as firmas individuais cujas aquisições de
mercadorias não ultrapassem o limite anual de 1.000 (mil
UPFAL’s - Unidade Padrão Fiscal do Estado de Alagoas.

Art. 9º - O desenquadramento do regime de


Microempresa ocorrerá nas seguintes hipóteses:

I - se o valor das aquisições de mercadorias for superior


ao limite anual de que trata o artigo 1º desta lei;

A partir da análise dos dispositivos transcritos, pode parecer


que a exclusão das empresas optantes pelo regime de tributação das

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microempresas aconteceria de forma automática como entendeu o juízo


singular, ou seja, bastaria a microempresa adquirir mercadorias acima dos
limites fixados em lei para dar-se a sua exclusão do regime fiscal diferenciado.

Contudo, entendo que a aplicação do Direito não ocorre de


forma infalível e automática como defendem os seguidores das ideias
capitaneadas por Pontes de Miranda, depende, pois, do agir da autoridade
competente prevista em lei e do relato dos fatos em linguagem apta a produção
dos seus efeitos jurídicos.

Em outras palavras, no caso dos autos, não basta que a


fiscalização tenha identificado a infração cometida pelo contribuinte e lavrado
o Auto de Infração, é essencial que o lançamento seja apreciado pelos órgãos
competentes e confirmada a infração para que se dê a aplicação das
penalidades sobre a empresa autuada, inclusive a sua exclusão do regime
fiscal das microempresas, que deverá ser precedida de notificação.

Afinal de contas, como se poderia imputar à empresa autuada


a exclusão do regime fiscal das microempresas, se ao final do presente
processo administrativo fiscal o lançamento fosse julgado improcedente? Seria
a empresa penalizada, tendo recolhido os impostos com base no sistema de
tributação de compensação dos créditos e débitos, mesmo sendo improcedente
a autuação que fundamentou a sua exclusão?

Frise-se que, apesar de estabelecer como uma das hipóteses de


desenquadramento do regime fiscal das microempresas a hipótese relatada
nos autos, a legislação vigente na época é omissa quanto ao órgão competente
para determiná-lo e o momento em que ocorreria o desenquadramento da
microempresa, assim, diante desse cenário, entendo que a exclusão da
condição de microempresa somente acontece com a confirmação da infração
motivadora do desenquadramento e consequente notificação do contribuinte.

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Aliás, somente para ilustrar, a legislação atual sobre o tema


supriu as omissões apontadas e esclareceu a competência para determinar o
desenquadramento e o momento em que iniciam os seus efeitos. Nesse
sentido, basta observar os artigos 2º, inciso I, §6º 33; artigo 16, §1º-A, inciso I 34;
e artigos 29 e 30 35, todos da Lei Complementar nº. 123/2006, para notar que,

33 Art. 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de


pequeno porte de que trata o art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir
especificadas:
I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4
(quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois)
dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; e
§ 6o Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo compete regulamentar a opção,
exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens
relativos ao regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, observadas as demais disposições desta
Lei Complementar.

34 Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de
microempresa e empresa de pequeno porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor,
sendo irretratável para todo o ano-calendário.
§ 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de sistema de comunicação eletrônica,
destinado, dentre outras finalidades, a:
I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos administrativos, incluídos os relativos
ao indeferimento de opção, à exclusão do regime e a ações fiscais;

35 Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando:
I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória;
II - for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição
de livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de informações
sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas
demais hipóteses que autorizam a requisição de auxílio da força pública;
III - for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao
estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se
encontrem bens de sua propriedade;
IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas;
V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar;
VI - a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 da Lei no 9.430, de 27 de
dezembro de 1996, e alterações posteriores;
VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho;
VIII - houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir a identificação da
movimentação financeira, inclusive bancária;
IX - for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20%
(vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de
atividade;
X - for constatado que durante o ano-calendário o valor das aquisições de mercadorias para
comercialização ou industrialização, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for
superior a 80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início
de atividade;

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XI - houver descumprimento reiterado da obrigação contida no inciso I do caput do art. 26;


XII - omitir de forma reiterada da folha de pagamento da empresa ou de documento de
informações previsto pela legislação previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado,
trabalhador avulso ou contribuinte individual que lhe preste serviço.
§ 1o Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste artigo, a exclusão produzirá
efeitos a partir do próprio mês em que incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e
favorecido desta Lei Complementar pelos próximos 3 (três) anos-calendário seguintes.
§ 2o O prazo de que trata o § 1o deste artigo será elevado para 10 (dez) anos caso seja constatada
a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização
em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo apurável segundo o regime especial
previsto nesta Lei Complementar.
§ 3o A exclusão de ofício será realizada na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, cabendo o
lançamento dos tributos e contribuições apurados aos respectivos entes tributantes.
§ 4o (REVOGADO)
§ 5o A competência para exclusão de ofício do Simples Nacional obedece ao disposto no art. 33,
e o julgamento administrativo, ao disposto no art. 39, ambos desta Lei Complementar.
§ 6o Nas hipóteses de exclusão previstas no caput, a notificação:
I - será efetuada pelo ente federativo que promoveu a exclusão; e
II - poderá ser feita por meio eletrônico, observada a regulamentação do CGSN.
§ 7o (REVOGADO)
§ 8o A notificação de que trata o § 6o aplica-se ao indeferimento da opção pelo Simples Nacional.
§ 9o Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos incisos V, XI e XII do caput:
I - a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração, consecutivos ou alternados, de
idênticas infrações, inclusive de natureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos-
calendário, formalizadas por intermédio de auto de infração ou notificação de lançamento; ou
II - a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja constatada a utilização de artifício,
ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de
suprimir ou reduzir o pagamento de tributo.
Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das
empresas de pequeno porte, dar-se-á:
I - por opção;
II - obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas
nesta Lei Complementar; ou
III - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário de início de atividade, o limite
proporcional de receita bruta de que trata o § 2o do art. 3o;
IV - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário, o limite de receita bruta previsto
no inciso II do caput do art. 3o, quando não estiver no ano-calendário de início de atividade.
§ 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal:
I - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, até o último dia útil do mês de janeiro;
II - na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último dia útil do mês subseqüente
àquele em que ocorrida a situação de vedação;
III - na hipótese do inciso III do caput:
a) até o último dia útil do mês seguinte àquele em que tiver ultrapassado em mais de 20% (vinte
por cento) o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o; ou
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subsequente ao de início de
atividades, caso o excesso seja inferior a 20% (vinte por cento) do respectivo limite;
IV - na hipótese do inciso IV do caput:
a) até o último dia útil do mês subsequente à ultrapassagem em mais de 20% (vinte por cento) do
limite de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o; ou

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atualmente, a exclusão do Simples Nacional é precedida da decisão de um


órgão criado expressamente para tal função (Comitê Gestor do Simples
Nacional – vinculado ao Ministério da Fazenda), devendo ser notificada a
microempresa sobre a sua exclusão.

Em sendo assim, apesar da omissão na legislação vigente na


época, entendo que a intenção do legislador sempre foi condicionar o
desenquadramento da microempresa do regime de tributação diferenciado à
decisão do órgão competente com a notificação do contribuinte.

Portanto, discordo do julgador singular no momento em que se


afirma que a Recorrida não poderia ser mais autuada pela aquisição de
mercadorias superior ao limite imposto às microempresas, sob a justificativa
de que não teria mais a condição de microempresa nos exercícios posteriores à
primeira infração cometida, de modo que entendo pela reforma da decisão
para declarar a procedência do lançamento quanto aos exercícios de 1996 e
1997.

Por sua vez, sobre a alteração da penalidade disposta no artigo


10, da Lei nº. 5.311/91, para aquela prevista no artigo 83, da Lei nº.
5.900/96, penso também merecer reforma a decisão de piso.

b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subsequente, na hipótese de não ter
ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite de receita bruta previsto no inciso II do caput do
art. 3o.
§ 2o A comunicação de que trata o caput deste artigo dar-se-á na forma a ser estabelecida pelo
Comitê Gestor.
§ 3o A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal
do Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes
hipóteses:
I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, Sociedade Empresária em Comandita
por Ações, Sociedade em Conta de Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade
Estrangeira;
II - inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional;
III - inclusão de sócio pessoa jurídica;
IV - inclusão de sócio domiciliado no exterior;
V - cisão parcial; ou
VI - extinção da empresa.

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Isso porque a hipótese prevista no artigo 83, da Lei nº.


5.900/96 não se adéqua à situação relatada nos autos, portanto entendo pela
manutenção da penalidade sugerida no lançamento, disposta no artigo 10, da
Lei nº. 5.311/91.

Em face do exposto, tem-se como adequada a cobrança do


crédito tributário, de acordo com a planilha abaixo:

Exercício ICMS Multa de 100%, prevista no Total


Artigo 10, da Lei nº. 5.311/91

1995 R$ 757,04 R$ 757,04


R$
1996 R$ 1.590,63 R$ 1.590,63
11.093,54
1997 R$ 3.199,10 R$ 3.199,10

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CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário para, no mérito, dar-lhe provimento para
exigir a cobrança do crédito tributário referente aos exercícios de 1996 e 1997,
com a aplicação da multa prevista no artigo 10, da Lei nº. 5.311/91,
condenando a Recorrida ao recolhimento de crédito tributário no valor de R$
11.093,54, (onze mil, noventa e três reais e cinqüenta e quatro centavos) mais
acréscimos legais.

O crédito tributário deverá ser recolhido ao Erário Estadual no


prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência desta decisão, ressalvado ao

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sujeito passivo o direito de interpor Recurso Especial ao Pleno do Conselho


Tributário Estadual, nos termos do artigo 47, da Lei nº. 6.771/06.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de novembro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS

PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR

JOSÉ RONALDO CARLOS DE A. MENDONÇA

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº43– 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/11/2013

Processo: 1500-030451/2007 e CTE nº 294/2011.

Anexos: 1500-001.820/2008.

Auto de Infração: 99.70565-001, de 14/11/2007.

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Autuada: MACEIO FITAS LTDA.

Inscrição Estadual: 24.074.912-0.

Decisão Monocrática: 17.775/2011.

Assunto: Reexame Necessário.

Autuante: Jose Tadeu Patriota de Oliveira.

Relatora: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho

SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 273/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Deixar de recolher ICMS pela utilização de
créditos fiscais inexistentes. 2) Infração
comprovada. Lançamento improcedente. 3)
Reexame Necessário conhecido e provido.
Reformada a decisão da Primeira Instância
Administrativa.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa MACEIO FITAS LTDA, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário, cujo valor é de R$
31.985,19 (trinta e um mil, novecentos e oitenta e cinco
reais e dezenove centavos), por haver a empresa autuada
deixado de recolher ICMS pela utilização de créditos
fiscais inexistentes durante os períodos de 02/2005;
03/2005; 06/2005; 08/2005; 12/2005; 01/2006; 02/2006; e
03/2006.

Apontados como infringidos os artigos 39, §2º,


caput; 34; e 93, da Lei Estadual nº 5.900/1996. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 93,
da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de dados


cadastrais do contribuinte; intimação fiscal nº 47.006;
cópias do cartão de autógrafo; de um DAR/CB-ICMS
antecipado; do LRAICMS e do livro RUDFTO (termos de início
e encerramento de fiscalização) e extrato de arrecadação do
contribuinte.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa,


tempestiva, onde alega em preliminar a nulidade da autuação
por descumprir o artigo 889, III, e VII, do RICMS/91, pois,
faltou qualificar a autuada quanto ao seu endereço
residencial, telefone, carteira de identidade; o
responsável pela escrita fiscal e contábil; e a indicação
do cargo do autuante; e no mérito, que os créditos

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apropriados naqueles exercícios teriam sido feitos em razão


de notas fiscais idôneas conforme consta do LREM e do
LRAICMS.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando que


todas as exigências legais para a constituição do crédito
tributária foram observadas inclusive, quanto ao
enquadramento das infrações cometidas; e, ademais, devido a
erro na planilha utilizada na apuração dos valores devidos,
se fez necessário a elaboração de nova planilha e
aditamento do auto de infração; a autuada deve ter
confundido a idoneidade de documentos com a idoneidade do
direito ao crédito.

Em 13/11/2007, através do Aditamento Fiscal nº


01 (um) o crédito tributário teve seu valor reduzido para
R$ 6.645,46 (seis mil; seiscentos e quarenta e cinco reais
e quarenta e seis centavos).

Em 18/03/2011, foi proferida a Decisão nº


17.775/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente
em Parte o lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. A alegação de nulidade do AI


será rejeitada, porque não basta a mera imperfeição do ato
em relação a forma prevista pela legislação, uma vez que
não foi demonstrada a prova do efetivo prejuízo causado. 2.
No mês de Fev/2005 o sujeito passivo registrou no livro
RAICMS como “outros créditos” o valor de R$ 3.570,41, sendo
que teria direito somente ao valor relativo ao ICMS de R$
2.939,74. Já no mês de Jun/2005, cometeu erro na
escrituração do livro RAICMS ao registrar como “saldo
credor do período anterior” o valor de R$ 3.910,81, ao
invés de R$ 3.910,01. 3. O valor pago antecipadamente de
ICMS não encerra a fase de tributação, não sendo vedado o
seu registro no livro RAICMS como “outros créditos”. 4. A

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compensação do imposto efetuada no livro RAICMS foi


irregular tendo em vista a inserção de créditos indevidos e
inexistentes sem qualquer vinculo com operações de entradas
de mercadorias, real ou simbólica, no estabelecimento. 5. O
erro cometido na escrituração do livro RAICMS está
devidamente comprovado, porém o valor devido do crédito
tributário é menor do que aquele que constou no AI e no seu
aditamento fiscal. 6. Aplicação da multa do art. 93 da lei
5900/96, pois o fato descrito no AI se enquadra
perfeitamente ao tipo penal tributário. 7. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte. 8. Reexame
necessário para o Conselho Tributário Estadual.

A autuada foi intimada da decisão singular, não


se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando.

Assim, chegam os autos a este Conselho para


análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.775/2011, de Primeira Instância, que julgou como
Procedente em Parte o Lançamento constante do auto de
infração nº 99.70585-001, de 14/11/2007.

DO VALOR DO CRÉDITO TRIBUITÁRIO

1) O valor do crédito tributário lançado na


inicial é de R$ 31.985,19 (trinta e um mil, novecentos e
oitenta e cinco reais e dezenove centavos).

2) O valor do crédito tributário lançado no


Aditamento Fiscal nº 01 é R$ 6.645,46 (seis mil;
seiscentos e quarenta e cinco reais e quarenta e seis
centavos).

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3) O valor do crédito tributário constante da


Decisão nº 17.775/2011, de Primeira Instância, é R$ 820,91
(oitocentos e vinte reais; e noventa e um centavos).

DA NECESSIDADE DE SE ANALISAR A DECISÃO SINGULAR PARA


CONFERIR VALIDADE AO ADITAMENTO FISCAL Nº 01

Para que o Aditamento Fiscal nº 01 tenha


validade se faz necessária sua confirmação por esta
instância, pois, no caso, como já dito, o valor do crédito
tributário não atingiu o valor exigido em nível de alçada.
É certo que neste caso temos uma exceção, haja vista, que o
crédito tributário lançado na inicial tem como valor R$
31.174,28 (trinta e um mil, cento e setenta e quatro reais
e vinte e oito centavos), o qual foi reduzido para R$
6.645,46 (seis mil; seiscentos e quarenta e cinco reais e
quarenta e seis centavos), através do Aditamento Fiscal nº
01 (um), ou seja, é inferior a 400 (quatrocentas) UPFAL’s e
que ainda foi reduzido para o valor de R$ 820,91
(oitocentos e vinte reais; e noventa e um centavos), pela
decisão singular, exigindo assim, confirmação.

DA IMPROCEDÊNCIA DOS LANÇAMENTOS: CONSTANTE NA INICIAL E NO


ADITAMENTO FISCAL Nº 01 (UM)

Observe-se que o lançamento constante da peça


inicial é improcedente, haja vista, a confissão do autuante
na já citada fl. 56, nada mais cabendo a ser analisado
sobre tal fato, inclusive, a natureza desses créditos, ou
seja, se são oriundos de ICMS antecipado ou de ICMS normal.
Já quanto ao lançamento constante do Aditamento Fiscal nº
01 (um), o julgador singular proferiu sua decisão afirmando
que encontrou o uso indevido de créditos fiscais apenas nos
meses de 02/2005, e de 06/2005, pois a autuada utilizara o
creditamento sobre os valores de multa e juros quando só
poderia usar o creditamento dos valores do ICMS indicando
como prova a fl. 21, dos autos. Ocorre que a citada fl. 21,
se refere apenas ao ICMS do Termo de Apreensão nº 111.402,
tornando também como improcedente esse Lançamento.

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Observe-se, ainda, que o autuante não anexou


nenhum documento apontando o uso indevido desses valores e
muito menos se desincumbiu de apresentar com o Aditamento
Fiscal nº 01 (um) qualquer demonstrativo capaz de comprovar
a apuração do valor de R$ 6.645,46 (seis mil; seiscentos e
quarenta e cinco reais e quarenta e seis centavos),
indicado por ele no referido aditamento como sendo o valor
do crédito tributário, bem como, não anexou cópia da guia
de pagamento desse Termo de Apreensão onde constaria o
valor da multa e dos juros pagos e utilizados pela autuada
como crédito fiscal, conforme apontado na decisão singular.
Portanto, o Lançamento constante do Aditamento Fiscal nº 01
também é improcedente.

Com relação ao período fiscalizado, 03/2005;


08/2005; 12/2005; 01/2006; 02/2006; e 03/2006, com base no
LRAICMS em confronto com o Extrato de Arrecadação, o
julgador singular comprovou que o valor do ICMS recolhido
foi de R$ 61.622,92 (sessenta e um mil; seiscentos e vinte
e dois reais e noventa e dois centavos), bem superior ao
valor que está registrado no LRAICMS como créditos fiscais,
ou seja, R$ 59.772,15 (cinqüenta e nove mil; setecentos e
setenta e dois reais e quinze centavos), comprovando que a
autuada não fez uso de créditos fiscais inexistentes neste
período.

Por fim, entendo que o julgador singular agiu


com acerto, haja vista, que o próprio autuante já
demonstrara e confessara a improcedência do Lançamento
constante na peça inicial (fl. 56, do Processo de Defesa),
alegando ter respaldo nos defeitos de confecção das
planilhas de apuração. Portanto, não resta nenhuma dúvida
quanto à Improcedência do Lançamento do crédito tributário
constante na peça inicial, nem do Lançamento do crédito
tributário constante do Aditamento Fiscal nº 01 (um)
lavrado a fl. 56, do Processo de Defesa.

Pelo exposto, conheço do Reexame Necessário e


dou-lhe provimento. Reformada a decisão singular em razão
da improcedência (total) do lançamento.

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Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M.


BRANDÃO
JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 14/11/2013

PROCESSO Nº: 1500-006425/1999

AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 017809

AUTUADA: UMBERTO MARRONE & CIA LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24076560

DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.995/2011

RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO.

PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS.

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 271/2013

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EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS.


OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DEIXAR DE RECOLHER
ICMS, EM RAZÃO DO USO DE CRÉDITO INDEVIDO.
AUSÊNCIA DE ELEMENTOS QUE DETERMINE, COM
SEGURANÇA, IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a


análise da decisão administrativa n° 17.995/2011, esta, por sua
vez, julgou improcedente o lançamento do crédito tributário
presente no Auto de Infração n°017809.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte “omitiu


vendas de mercadorias no(s) exercício(s) e nos valores abaixo
descritos, fato comprovado através de levantamento específico na
sua conta Estoque de Mercadorias, considerando o lucro bruto
real acumulado”.

Após defesa da autuada os autos foram convertidos em


diligência, sob o argumento de que para comprovar a autuação
seria necessário juntar a cópia do livro de inventário de 1996 a
1998.

Ao se manifestar sobre a diligência a autoridade


autuante requereu a nulidade o lançamento ao afirmar que:

“Verificamos que a diferença existente entre as saída


de mercadorias tributadas tomando como valor o custo
das mercadorias vendidas agregado de 30% e a saída
tributada efetivamente declarada nos livros ou
documentos fiscais próprios é negativa. Portanto a
venda apurada(tributável) foram maiores que as vendas
declaradas não existindo diferença a tributar”.

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A coordenadoria de julgamento por sua vez entendeu


pela improcedência do lançamento nos termos da ementa abaixo:

Ementa: ICMS. Obrigação Principal. Conta Mercadorias.


Lançamento de ofício por infração ao § 12, do art. 2ª
da Lei nº 5.900/96, alterado pela Lei nº 5.979/97.
Considera-se tributada a diferença positiva entre as
saídas tributadas, tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas agregado de 30%(trinta por
cento), e a saída tributada efetivamente declarada
nos documentos fiscais. Ausência de material
probatório. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Remessa dos
autos CTE, art. 48, I da Lei Estadual nº 6.771/2006.
Procedimento Ordinário.

É o relatório.

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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo ao voto analisando a decisão singular.

Considerando que o procedimento ocorreu em atinência


ao devido processo legal, passa-se ao mérito da questão.

O cerne da questão em atino, diz respeito ao


posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser improcedente o Lançamento do Crédito Tributário
consubstanciado pelo Auto de Infração em epigrafe.

Em suas razões, o julgador singular aduz que a


autuação não contém elementos suficientes para se determinar a
infração e assim julga improcedente o lançamento.

Vejamos, o Auto de Infração atesta que houve por


parte do Autuado a omissão de venda de mercadorias, fato esse
supostamente comprovado através do levantamento específico na
conta estoque de mercadorias, entrementes a Autoridade Exatora,
não conseguiu comprovar tais alegações, vez que não juntou aos
Autos os elementos necessários e aptos a ratificar a existência
destas, quais sejam, o livro de registro de inventário, o qual,
como bem afirma o julgador singular, seria imprescindível, pois
os valores dos estoques são necessários para fins de calculo do

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lucro real, consoante prescreve o § 12 do art. da lei nº


5.900/96:

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas


tributáveis em operações internas do contribuinte a diferença positiva
entre a saída de mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e a saída
tributada efetivamente declarada nos livros e/ou documentos fiscais
próprios, apurada no último dia do exercício financeiro da empresa, na
hipótese em que o contribuinte não possua escrituração contábil para fins
de apuração do lucro real.

O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente


ao processo administrativo tributário, prescreve em seu art.
333, I, que o autor é responsável pela produção da prova quando
buscar demonstrar o fato constitutivo do seu direito, nos
seguintes termos: art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

Nesse passo se depreende do RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve


ser instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias


dos documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

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Diante das normas acima, é bastante dizer que


referido ônus de juntar os documentos necessários para
corroborar a infração indicada recai sobre o fisco, haja vista
que alegou suposto ato constitutivo de um direito da Fazenda,
qual seja, o crédito tributário. Lastreia-se, assim, a
irregularidade fiscal presente.

Em razão do exposto, vê-se, com o devido respeito,


que a autoridade fiscal falhou ao realizar instrução probatória
do presente processo, fato este evidenciado através da
diligência proposta, realizadas visivelmente com o objetivo de
regularizar a instrução probatória.

Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a


infração consubstanciada, há, pois, a necessidade de que as
demais cópias dos documentos fiscais sejam acostadas a fim de
dirimir as dúvidas concernentes às supostas divergências de
informações apresentadas.

Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de


Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na


esfera da tributação, por exemplo, exigem que a
relação obrigacional seja desencadeada apenas se
efetivamente verificado o fato conotativamente
descrito na hipótese de incidência tributaria, razão
pela qual faz-se imprescindível que tanto os atos de
lançamento e de aplicação de penalidades como as
decisões proferidas no curso de processo
administrativo tributário sejam pautados em provas. É

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mediante a linguagem das provas que se alcança a


verdade lógica...” 36

Por fim, é oportuno destacar que a própria autoridade


autuante afirmou “que a diferença existente entre a saída de
mercadorias tributadas tomando como valor o custo das
mercadorias vendas agregado de 30% e a saída tributada
efetivamente declarada nos livros ou documentos fiscais próprios
é negativa.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame, para negar provimento a remessa, mantendo a
decisão recorrida.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL,


13/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A.


FILHO

PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO

JULGADOR JULGADOR

36
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de
Barros Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.

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JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº42 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 12/11/2013

PROCESSO: 1500-023.691/2006 e CTE nº 064/2012.

ANEXOS: 1500-035.170/2006 e 1500-012.289/2009.

AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00055-001, de 11/09/2006.

AUTUADA: LTA COMERCIAL LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.100.601-5.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.955/2009.

ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.

AUTUANTE: Marino Florentino dos Santos.

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.


PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

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ACÓRDÃO 257/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Falta


de recolhimento de ICMS por omissão de
saídas apurada através de Levantamento da
Conta Mercadorias tomando como valor o Custo
das Mercadorias Vendidas – CVM agregado de
30% (trinta por cento) em confronto com as
saídas tributadas efetivamente declaradas
nos livros fiscais conforme artigo 2º, §12,
da Lei estadual nº 5.900/1996. 2)
Preliminares de nulidade rejeitadas, as
eventuais incorreções do ato administrativo
não acarretaram nenhum prejuízo à defesa da
autuada, nem nulidade do ato (artigo 7º, IV,
§1º da Lei nº 6.771/2006. 3) Infração
parcialmente comprovada em razão de ajustes
nos valores que compõem o CMV os quais
reduziram o valor do ICMS apurado na
inicial. 4) Corrigido de ofício o valor do
crédito tributário em razão de não ter sido
conhecido o Reexame Necessário por falta de
previsão legal e da aplicação do artigo 79,
da Lei nº 5.900/1996, em lugar do artigo 84,
da mesma, revogado pela Lei nº 7.079/2009.
5) Recurso Ordinário conhecido e improvido.
Mantida em parte a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa LTA COMERCIAL LTDA, já qualificada, tendo por

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objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$


108.346,05 (cento e oito mil, trezentos e quarenta e seis
reais e cinco centavos), por haver a empresa autuada deixado
de recolher ICMS em razão da omissão de saídas de mercadorias
tributadas apurada com base na diferença positiva entre o
custo das mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por
cento) com as saídas efetivamente declaradas nos livros e
documentos fiscais durante o exercício de 2005.
Apontados como infringidos os artigos 2º,
§12, da Lei estadual nº 5.900/1996 e 1.000, do RICMS/91.
Sendo sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo
84, da Lei Estadual nº 5.900/96.

A inicial está instruída com demonstrativo da


conta mercadorias de 2005; b) Demonstrativo das compras e vendas
de 2005; cópias dos termos de início e encerramento de
fiscalização; relatório de dados cadastrais do contribuinte;
cópias do cartão de autógrafo; da IF nº 033.352/2006; do LRAICMS
(2005); do livro RUDFTO nºs 2004 e 2005.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


onde alega em preliminar que o auto de infração é nulo por
não observar os formalismos contidos no artigo 891, do
RICMS/91; não há registro das informações econômico-fiscais
da empresa; não tem relação das notas fiscais de entradas e
saídas; não foi colocado o dia, a hora e o local da
lavratura; falta informação quanto à progressão do crédito
tributário que afronta o artigo 889-B, III, e VII, do
RICMS/91. Por fim, pede que as preliminares sejam acolhidas
ou a improcedência do auto de infração pela fragilidade do
conjunto probatório.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o processo foi instruído na forma da legislação,
inclusive com as informações econômico-fiscais da autuada;
constam os cálculos do imposto e da multa; a data do auto de
infração e termos de início e de encerramento de

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fiscalização. Por fim, pede a procedência do auto de


infração.

Em 07/05/2009, foi proferida a Decisão nº


15.955/2009, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. CONTA MERCADORIAS. 1-


Lançamento de ofício por infração ao §12,
do art. 2º da Lei nº 5.900/96, alterada
pela Lei nº 5.979/97; 2- Considera-se
tributada a diferença positiva entre as
saídas tributadas, tomando como valor o
Custo das Mercadorias Vendidas agregado de
30% (trinta por cento), e a saída tributada
efetivamente declarada nos livros fiscais;
3- Eventuais incorreções do ato
administrativo não acarretam prejuízo à
defesa do sujeito passivo, nem nulidade do
ato, art. 7º, IV, §1º da Lei nº6.771/2006;
4- PROCEDÊNCIA PARCIAL DO LANÇAMENTO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, alegando:

I – EM PRELIMINAR

a) A nulidade do auto de infração por não


atender aos requisitos processuais, uma vez que não constam
os registros das informações econômico-fiscais, nem a relação
das notas fiscais de entradas e saídas como exige o artigo
891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e “d”, do
RICMS/1991.

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b) A nulidade do auto de infração por não


atender ao artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/1991, pois não
consta dia, hora, local da lavratura e quantificação do valor
do crédito tributário e o valor da multa não se apresentam
liquidado, pois sua liquidez prescinde do valor principal,
acrescido dos juros e correções legais; por estar eivada de
várias irregularidades a autuação ofende a legislação vigente
e afronta aos princípios da administração pública e da ampla
defesa, devendo ser julgada com a nulidade do lançamento.

II – DOS PEDIDOS

a) O acolhimento das preliminares, por


serem questões de ordem pública.

b) A improcedência da autuação em razão da


fragilidade do conjunto probatório, caso esta siga tramitação
regular com julgamento da lide.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a autuação se encontra
conforme a legislação, ou seja, a aplicação do lucro
presumido de 30% (trinta por cento) está certa; a autuada não
apresentou nenhum documento capaz de afastar a presunção e
ultrapassadas as questões preliminares, seja a autuação
julgada procedente.

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Assim, chegam os autos a este CTE - Conselho


Tributário Estadual para análise do Recurso Ordinário e do
Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 15.955/2009, de
Primeira Instância, que como julgou Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 70.00055-001.

DO RECURSO ORDINÁRIO

I – DAS PRELIMINARES

a) De nulidade do auto de infração com base


no artigo 891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e “d”,
do RICMS/1991, por não conter os registros das informações
econômico-fiscais, nem a relação das notas fiscais de
entradas e saídas de mercadorias.

O artigo 891, III, “c”, do RICMS/1991,


vigente a época da autuação determinava.

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“Art. 891 - O processo fiscal contencioso deverá ser


instruído, consoante à infração detectada, com os seguintes
documentos:
(...)

I – As informações econômicas fiscais acerca do sujeito


passivo.
(...)

III - no caso de levantamento específico de estoque,


deverão ser juntados:
(...)

c) relação das notas fiscais de entrada e saída;


(...)”

A análise dos autos demonstra que a autuação


tem por base o Levantamento da Conta Mercadorias, cujo valor
do CMV foi apurado mediante a aplicação do lucro presumido no
percentual de 30% (trinta por cento), e, onde os valores das
entradas, saídas, estoques iniciais e finais e do ICMS sobre
as compras foram obtidos a partir da escrituração do LRAICMS,
cujas cópias encontram-se anexadas aos autos desde a inicial,
e, diferentemente do que afirma a autuada com base no artigo
ora reproduzido, que exige a relação de notas fiscais apenas
e tão somente nos casos de levantamento específico de
estoque; não assistindo nenhuma razão tal afirmativa; motivo
pelo qual, rejeito a preliminar.

b) De nulidade do auto de infração com base


no artigo 891, III, e VII, do RICMS/1991, por não constar
dia, hora, local da lavratura e quantificação do valor do
crédito tributário (a multa não se apresenta liquidada).

O artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/1991,


vigente a época da lavratura da autuação assim determinava.

“Art. 889-B - O Auto de Infração deve conter:


(...)

III - o dia, a hora e o local da lavratura;


(...)

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VII - a quantificação do crédito tributário,


especificando, em campos distintos, o tributo e a multa,
e informando que os juros e a utilização monetária serão
calculados no momento do pagamento pelos índices
utilizados pela Fazenda Pública;
(...)”

A análise dos autos demonstra que o dia,


hora e local da lavratura da autuação efetivamente consta de
sua etiqueta de protocolização, bem como, que os valores dos
juros e demais atualizações serão atualizados pela SEFAZ em
momento certo, ou seja, no momento do pagamento, diferente do
que afirma a autuada; motivo pelo qual, rejeito a preliminar.

É de se observar que a autuada no Recurso


Ordinário não contesta o mérito da autuação, limita-se apenas
em atacar sua validade ao apontar tão somente 02 (duas)
preliminares de nulidade, as quais, não prosperam, porque a
lavratura da autuação atende ao que exigem os artigos 889-B,
III, e VII; e 891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e
“d”, do RICMS/1991; e, a infração foi apurada como base em
Levantamento da Conta Mercadorias.

Nesse passo, observe-se ainda que a autuada


encerrou sua defesa com apenas 02 (dois) pedidos, os quais,
são impertinentes, o primeiro, porque as preliminares devem
ser rejeitadas e o segundo, porque a infração está comprovada
e esta comprovação está baseada nas cópias do LRAICMS de onde
foram extraídos todos os valores que compõem o Demonstrativo
da Conta Mercadorias. Resta comprovado, que não procede a
alegação de falta de provas, motivo pelo qual conheço do
Recurso Ordinário e nego-lhe provimento.

DO REEXAME NECESSÁRIO

Observe-se, que a decisão singular não está


sujeita a Reexame Necessário nos termos do artigo 48, I, §2º,

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II, da Lei Estadual nº 6.771/2006, haja vista, que o valor


reduzido pela referida decisão em relação ao valor lançado na
inicial foi de apenas R$ 5.401,41 (cinco mil, quatrocentos e
um reais; e quarenta e um centavos), portanto, inferior a 400
(quatrocentas) UPFAL ou R$ 6.484,00 (seis mil; quatrocentos e
oitenta e quatro reais), fato, que de acordo com a norma ora
reproduzida, dispensa o Reexame Necessário.

“Art. 48 - Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas a reexame necessário:

I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas


por julgador de primeira instância;
(...)

§2° - O disposto no inciso I do caput deste artigo não se


aplica:
(...)

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL,
podendo a regulamentação aumentar este valor limite.
(...)”

Entretanto, se faz necessário observar-se,


quanto à penalidade aplicada, que esta deve ser corrigida,
uma vez a decisão singular foi proferida em 07/05/2009, antes
da revogação do artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996, com
a reclassificação de sua multa para o artigo 79, da mesma
lei; artigo este, que deverá ser aplicado, tendo em vista que
a reclassificação da multa pela Lei Estadual nº 7.079/2009,
foi uma reclassificação qualificada, motivo pelo qual, de
ofício, corrigimos e adequamos o valor do crédito tributário
ao artigo 79, da Lei nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996

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“Art. 84 - Revogado pela Lei nº 7.079/09.


Reclassificando-se a multa deste artigo para a do art.
79 da mesma Lei, relativamente aos créditos tributários
já lançados.

(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo


legal, em situação não compreendida nas hipóteses
previstas nos artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor


do imposto.

(...)”

Nesta situação, o Lançamento é


Parcialmente Procedente e o crédito tributário tem como valor
o que abaixo se encontra demonstrado.

DA APURAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Estoque inicial em 01/01/2005 116.259,58

Compras tributadas 2.253.150,69

ICMS sobre compras (235.109,82)

Estoque final (268.446,56)

Devolução de entradas tributadas ( 9.301,56)

CMV – Custo das mercadorias vendidas 1.856.552,33

VA: 30% (trinta por cento) 556.965,70

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Saídas apuradas 2.413.518,03

Saídas registradas 2.035.045,09

Saídas apuradas > saídas registradas 378.472,94

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Período Vencimento B/cálculo ICMS Multa Total

01/01 a 31/12/05 31/12/2005 378.472,94 64.340,40 32.170,20 96.150,60

O crédito tributário no valor de R$


96.150,60 (noventa e seis mil, cento e cinqüenta reais e
sessenta centavos) deve ser recolhido com os acréscimos
legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Recurso Ordinário, negar-lhe provimento.
Deixando de conhecer do Reexame Necessário nos termos do
artigo 48, I, §2º, II, da Lei nº 6.771/2006, por lhe faltar
previsão legal. E, de ofício adéqua-se o valor do crédito
tributário pela reclassificação da multa prevista no artigo
84, da Lei nº 5.900/1996, para o artigo 79, da mesma lei.
Tornada definitiva esta decisão, encaminhem-se os autos a
PGE/PFE para inscrição em Dívida Ativa.

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Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões, em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº42 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 12/11/2013

PROCESSO: 1500-018.822/01 e CTE nº 128/2012.

ANEXOS: 1500-029.924/2001 e 1500-032.521/2011.

AUTO DE INFRAÇÃO: 028.064, de 04/07/2001.

AUTUADA: M CARVALHO & CIA LTDA (L M CARVALHO LTDA).

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.097.895-1.

DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.348/2011.

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ASSUNTO: Reexame Necessário.

AUTUANTE: Arnaldo Persiano da Rocha

RELATORA: Odete Mineiro da Paz.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 256/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Aquisição de mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal. 2) Falta de
recolhimento do ICMS por omissão de saídas
de mercadorias tributáveis. 3) Auto de
infração lavrado com vício formal no ato de
lançamento ao descrever a base de cálculo do

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imposto, o que enseja a nulidade do referido


lançamento nos termos do artigo 2º, “b”, e
p.u, “b”, da Lei Federal nº 4.717/1965,
possibilitando devolução de prazo para novo
lançamento (artigo 173, II, do CTN). 4)
Lançamento Nulo. Envio de cópias dos autos a
SRE - Superintendência da Receita Estadual
após tornar-se definitiva esta decisão, haja
vista, a reabertura do prazo decadencial nos
termos do artigo 173, II, do CTN. 5) Reexame
Necessário conhecido e improvido. Mantida a
decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa M CARVALHO & CIA LTDA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor R$ 40.203,04
(quarenta mil, duzentos e três reais e quatro centavos), por
haver a empresa autuada:

1) Deixado de recolher ICMS por omissão de


saídas de mercadorias tributáveis, exercícios de 2000 e 2001.

2) Adquirido mercadorias desacompanhadas de


documentação fiscal no exercício de 2000, fato apurado
através de Levantamento Físico de Estoque.

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Apontados como infringidos os artigos 1º, I;


2º, I, §9º; 6º, I, XII, e XV, da Lei Estadual nº 5.900/1996;
2º, I; 49, II, VII, e VIII; 54, VI; 136, I; 143; 145, I; e
230, §2º, do RICMS/1991. Sugerida a aplicação da penalidade
foi prevista no artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


débito; relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópias
dos termos de início e encerramento de fiscalização; relação
das mercadorias encontradas em contagem física de estoque;
planilhas de controle físico de estoque de mercadoria; notas
fiscais de entradas de mercadorias e saídas de mercadorias
relativas aos exercícios de 2000 e 2001.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva onde


alega que a autuação é improcedente; discorda dos fatos lhes
imputados, pois, está fazendo um levantamento minucioso no
estoque para que possa provar a improcedência do referido
auto de infração; deixa de anexar a esta defesa o
levantamento do qual se refere no item anterior, que
considera como prova maior da improcedência do referido auto
de infração, em virtude do pequeno espaço de tempo que tem
para concluí-lo, e que o apresentará quando do recurso
voluntário. Por fim, pede a improcedência do lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES

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O autuante apresentou contrarrazões alegando


que mantém os termos do lançamento; a autuada não contesta a
existência de diferenças em seus estoques e consequentemente
a improcedência da autuação, prende-se tão somente, à
tentativa de adequar o montante do crédito tributário
arguido, única e exclusivamente, aos seus interesses
financeiros, sem nenhum embasamento fático, documental ou
legal; não apresentou onde o levantamento específico de
estoque de mercadorias está errado; a defesa não adentra a
discussão do mérito. Por fim, pede que o auto de infração
seja julgado Procedente.

Em 24/11/2003, foi solicitada a Requisição


de Diligência nº 354/2003, para que fossem anexados aos autos
cópias do LRIM relativo aos exercícios fiscalizados e dos
documentos que serviram de base à autuação. Em atendimento a
diligência autuante anexou cópias do referido livro.

Em 14/07/2011, foi solicitada a Requisição


de Diligência nº 101/11, para que a autuada tivesse vistas
dos documentos de fls. 131 a 134, e 139 a 143, dos autos,
tendo a autuada apresentado as seguintes alegações.

1) Que, os dispositivos elencados no auto de


infração não estão em consonância com a discriminação dos
fatos, até porque, O parágrafo 6º, do RICMS não contempla os
incisos I, XII, XV, conforme apontado no AI, ademais, o
parágrafo 9º, por si só, não estabelece elementos para a
defesa da autuada, razão pela qual deveria ser disposto qual
dos seus incisos foi infringido; a autuação como se depreende
dos autos está praticamente ilegível não permitindo elementos
suficientes para seu julgamento; faltam elementos como local,
data e hora de sua lavratura, a assinatura da autuada e o
demonstrativo do crédito apurado.

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2) Que, inicialmente o autuante afirma que a


autuada não recolheu aos cofres públicos o ICMS por omissão
de vendas de mercadorias, referente ao exercício de 2000, no
valor de R$ 16.746,97 (dezesseis mil, setecentos e quarenta e
seis reais e noventa e sete centavos) e quanto ao exercício
de 2001, apresenta o valor de ICMS não recolhido o total de
R$ 33.311,51 (trinta e três mil, trezentos e onze reais e
cinqüenta e um centavos), totalizando, portanto, um valor de
R$ 50.058,48 (cinqüenta mil, cinqüenta e oito reais e
quarenta e oito centavos), valor este que resultaria de uma
base de cálculo no total de R$ 294.461,70 (duzentos e noventa
e quatro mil, quatrocentos e sessenta e um reais e setenta
centavos); em outro momento o autuante apresenta como
valores de ICMS não recolhidos R$ 25.126,92 (vinte e cinco
mil, cento e vinte e seis reais e noventa e dois centavos),
referente aos exercícios de 2000 e 2001.

3) Que, os exercícios de 2000 e 2001, foram


fiscalizados sem que o autuante tivesse Ordem de serviço
autorizativa uma vez que segundo a descrição do autuante o
período a ser fiscalizado seria os anos de 1999 e 2000; o
presente processo ficou absolutamente inerte por sete anos
após o cumprimento das diligências solicitadas pela CJ e
somente agora a autuada foi intimada para se manifestar nos
autos, razão pela qual se requer a extinção do presente
processo pela preclusão temporal e afronta aos princípios da
segurança jurídica e da duração razoável do processo; a
documentação foi acostada aos autos pelo autuante há exatos
sete anos atrás e refere-se unicamente ao exercício de 2000,
restando pois sem atendimento com relação a 2001.

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4) Que, não foi apresentada quando do início


da fiscalização a intimação fiscal que iniciou a
fiscalização, observando-se ainda, que sequer mencionou em
todos os autos o numero correspondente a referida intimação
fiscal, conforme se depreende dos termos de início e
encerramento da ação fiscal; não foi acostado aos autos,
mesmo solicitado em diligencia, a documentação completa
pertinente aos exercícios anteriores e aos fiscalizados, já
que a ação decorreu de levantamento de estoque, ressalte-se
que no termo de início de fiscalização o período mencionado a
ser fiscalizado é o ano de 1999 e 2000, devendo ser acostado
então os registros de 1998/1999/2000.

Em 21/11/2011, foi proferida a Decisão nº


18.348/2011, de Primeira Instância, que julgou como sendo
Nulo o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS – (1) Aquisição de mercadorias


desacompanhadas de documentos fiscais. (2)
Não recolhimento do ICMS por omissão de
saídas de mercadorias tributáveis. (A) Ante
a impetração pelo próprio sujeito passivo de
recurso administrativo contra o ato de
lançamento realizado pela Administração
Tributário, encontra-se suspensa a
exigibilidade do crédito tributário, nos
termos do art. 151, III, do CTN, razão pela
qual não há que falar-se na ocorrência de
decadência, prescrição ou preclusão na
espécie. (B) Meras omissões, como a ausência
de preenchimento dos campos relativos à data
e hora da lavratura do Auto de Infração ou
erro na delimitação do período objeto da
ação fiscal não consistem em causas de

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nulidade do ato ou do procedimento que o


originou, por não se constatar violação ao
exercício das garantias constitucionais
referente ao contraditório e à ampla defesa,
nos termos do art. 7.º, § 1.º, da Lei
Estadual 6.771/06. (C) Ocorrência de vício
formal no ato de lançamento quando da
descrição da base de cálculo da exigência, o
que enseja nulidade do ato de lançamento nos
termos do disposto no art. 2.º, “b” e p.
único, “b”, da Lei Federal 4.717/65, e
possibilita a devolução do prazo para
lançamento nos termos do art. 173, II, do
CTN. (D) Lançamento NULO, por vício de
forma. (E) Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual nos termos do art. 48,
I, da Lei Estadual 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Diretoria de Representação Fiscal
tomou ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim,
chegam os autos a este Conselho para análise do Reexame
Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.348/2011, de Primeira Instância, que julgou como sendo
Nulo o Lançamento constante do auto de infração nº 028.064.

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A autuação aponta a falta de recolhimento de


ICMS por omissão de saídas de mercadorias tributáveis apurada
por levantamento físico de estoque e aquisição de mercadorias
sem documentação fiscal nos termos do artigo 2º, I, e §2º,
II; 6º, I, e XII; 9º, I; e 50, I; da Lei Estadual nº
5.900/1996 e 129, I; 130, I; e 280, do RICMS/91.

Observe-se que a autuada se defendeu negando


as infrações sem apontar quais erros ou falhas constatadas no
levantamento realizado pelo fisco e apenas em 2011, quando
lhe foi dado vistas dos documentos apensados posteriormente
aos autos, é que veio apontar uma suposta discrepância entre
a base de cálculo que teria sido apontada pelo autuante com
os valores de ICMS lançados.

A análise das planilhas anexadas aos autos


em confronto com os valores de ICMS lançados na descrição dos
fatos no auto de infração demonstra que assiste razão a
autuada, porque apesar de ter sido apurado os valores de R$
16.746,97 (dezesseis mil, setecentos e quarenta e seis reais
e noventa e sete centavos) em 2000; e, de R$ 33.311,51
(trinta e três mil, trezentos e onze reais e cinqüenta e um
centavos) em 2001, como valores de vendas de mercadorias sem
o recolhimento do imposto, o autuante na descrição dos fatos
se refere a estes como se fossem os valores do ICMS devido e
não os valores da base de cálculo sobre a qual incidiria a
alíquota respectiva, tornando o lançamento eivado de vício de
natureza formal na apuração do crédito tributário, viciando
também a liquidação da obrigação tributária como bem afirma o
julgador singular.

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Por ser vício formal causa de nulidade do


ato administrativo, nos termos do artigo 2º, p.u, “b”, da Lei
Federal 4.717/1965, o qual prevê que o vício de forma
consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular
de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do
ato, é que sua delimitação é de especial consideração no
Direito Tributário, haja vista, que segundo o artigo 173, II,
do CTN, é este, o único vício do ato administrativo de
lançamento que, se configurado, enseja a reabertura do prazo
decadencial para constituição do crédito tributário após
decisão definitiva que declare a nulidade do lançamento por
vício formal. (grifei).

Louváveis, o zelo e a acuidade do julgador


singular, haja vista, que a possibilidade de repetição do ato
de lançamento ante a constatação de tal vício é justificável,
haja vista, que em um lançamento nulo apenas por vício formal
a obrigação tributária que lhe deu causa está identificada,
residindo o defeito tão somente na liquidação desta pela
constituição do crédito tributário, permitindo que seja feito
novo lançamento, com devolução de prazo à Fazenda Pública do
direito de novamente cobrar o crédito tributário. O
lançamento é nulo nos termos da Lei federal nº 4.717/1965, e
como sugere o julgador singular, após tornada definitiva esta
decisão, os autos deverão ser encaminhados à SRE -
Superintendência da Receita Estadual cópias dos autos, haja
vista, a reabertura do prazo decadencial nos termos do artigo
173, II, do CTN.

Pelo exposto, Pelo exposto, ACORDAM OS


MEMBROS DA 1ª CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos conhecerem do Reexame Necessário,
negando-lhe provimento. Mantida na íntegra a decisão
singular.

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Conselho tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ

PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR JULGADORA

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº42 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 12/11/2013

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PROCESSO: SF-1500-002871/1998; CTE-101/2012


PROCESSO ANEXO: 1500-012690/1997
AUTO DE INFRAÇÃO: 029037, PROTOCOLADO EM 30.10.1997
AUTUADA: DESTILARIA PORTO CALVO LTDA.
AUTUANTE: ROBERTO JORGE G. F. SILVA E OUTROS
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 255/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE ENTRADAS


DESCARATERIZADA PELA AUSÊNCIA DE
PROVAS NOS AUTOS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO. DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

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RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do


CTE, nos termos dos artigos 48, da Lei Estadual 6771/06,
relativo à Decisão 18.367/2011, referente ao Auto de Infração
nº 029037, protocolado em 30.10.1997, lavrado contra a
empresa Destilaria Porto Calvo Ltda., qualificada na peça
exordial, com alegação dos autuantes de que ao proceder
levantamento do estoque da conta caixa detectaram que a
autuada não recolheu o ICMS devido, “proveniente de saídas de
mercadorias, dissimuladas por suprimento indevido de caixa”.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador monocrático informa que a autuada apresentou


defesa, tempestiva, no dia 3/12/1997 ressaltando que a
empresa não tem meios para vender seus produtos sem emissão
de documentação fiscal e que os recursos foram alocados pelos
seus sócios. Informa ainda, o julgador singular que nas
contrarazões um dos fiscais autuantes diz que é incontestável
a infração da autuada, confirmada em sua defesa quando essa
afirma que o suprimento ao caixa foi para fazer face às
despesas realizadas.

A Coordenadoria de Julgamento solicitou Diligência nº


076/2001 para saneamento do processo pedindo anexação dos
documentos que embasaram o Auto de Infração, em evidência
(fls. 42). Um dos autuantes em resposta à Diligência diz que
mesmo intimada, a autuada não apresentou a documentação
necessária para a instrução.

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O julgador monocrático fundamenta sua Decisão observando que


a necessidade de comprovação dos resultados da auditoria
compete à Fazenda Estadual e que a requisição de Diligência
para saneamento do processo não foi atendida pelo Fisco
concluindo-se que inexistem provas quer a “confirmar, quer a
afastar a imputação disposta na inicial dos autos”.

Finaliza decidindo pela improcedência do lançamento do


crédito tributário, objeto da lide, por ausência de provas
dos ilícitos argüidos.

Notificados autuada e Representação Fiscal, ambas não se


manifestaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta nota-se que o Auto de Infração, objeto da lide foi
protocolado em 24/10/97. Nota-se também, que a autuada
assinou o Auto de Infração, objeto da lide, no dia 3/11/97,
apresentando Defesa tempestiva.

Na tentativa de sanear o processo, a Coordenadoria de


Julgamento solicitou a diligência 076/2001 (fls. 42) para que
os autuantes juntassem aos autos, os documentos que embasaram
a ação fiscal e não foi atendida. Foi anexado apenas cópia do
Edital publicado no Diário Oficial em 27/7/2005, e AR dos

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Correios, ambos solicitando os livros e documentos fiscais,


posteriores à Defesa do autuado.

Concordo com o julgador singular que cabe “(a Fazenda


Pública) a prova do elemento constitutivo do direito
reclamado”, nos temos do art. 333 do Código Civil.

No caso do lançamento do crédito tributário, em evidência,


falta documentação material para embasamento da autuação, nos
termos do art. 891, Inciso V, do RICMS, aprovado pelo Decreto
35245/91, vigente à época da autuação:

Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído,


consoante a infração detectada, com os seguintes documentos:

(...)

V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração


das irregularidades, em qualquer caso;

(...)

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
proceder ao Reexame Necessário negando-lhe provimento,
acompanhando integralmente o julgador de primeira instância
que julgou Improcedente o lançamento do crédito tributário.

Sala das Sessões do CTE, em 12 de Novembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES

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PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR JULGADORA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/11/2013

PROCESSO: 1500- 008216/1992 e CTE-144/10.

ANEXO(S): 1500- 006229/1992 e 1500-010409/2009.

AUTO DE INFRAÇÃO: 040961.

AUTUADO: PRIMOS ARRUDA LTDA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.63437-3

ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.

RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.

PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

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ACÓRDÃO 254/2013

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.


Omissão de Saídas de Mercadorias conforme
levantamento financeiro. Preliminar de
Decadência afastada. Provas trazidas pelo
contribuinte suficientes para diminuição
da base de cálculo. Não ocorrência da
reincidência da infração. Aplicação da
penalidade prevista no art. 79, da Lei
Estadual nº 5.900/96, em face da
reclassificação legal trazida pela Lei
Estadual nº 7.079/09. Reexame necessário e
recurso ordinário conhecidos e improvidos.

RELATÓRIO

Trata-se de retorno dos Autos para apreciação do mérito, destinada à 2ª


Câmara do CTE, de acordo com o Acórdão nº P-404/2012, emitido pelo Pleno do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria dos votos, julgou que não caberia a incidência do
instituto da remissão do crédito tributário normatizada no artigo. 11, inciso IV, e alíneas da Lei
6.765/2006, conforme julgamento anterior da 2ª Câmara disposto no Acórdão 253/2010.

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Fundamentada a acusação da peça inicial na omissão de vendas pelo sujeito


passivo constatada pelo confronto entre comprovantes de receitas e de desembolsos no
exercício de 1989.

O contribuinte apresentou sua defesa, confirmando ser devedora de parte do


crédito aqui cobrado, contestando apenas quanto ao valor da coluna “RECEITAS” já que teria
sido apurado valor menor do real e que o autuante não teria considerado descontos
concedidos. Junta documentos relativos a tais afirmações.

Em suas contrarrazões, a autoridade autuante mantém a procedência da peça


vestibular e que a documentação apresentada pelo contribuinte não proporciona
embasamento para sustentar seus argumentos.

Na Coordenadoria de Julgamento, foi proferida a Decisão nº 15.927/09, tendo


o julgador monocrático decidido pela procedência parcial do lançamento com a seguinte
ementa:

EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de crédito tributário. 2. Omissão de


saídas de mercadorias. 3. Ilícito comprovado. 4. Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. 5. Duplo
grau de jurisdição administrativa necessário – artigos 48 e 49, §1º, Lei Estadual nº. 6.771/06.

Também, devido à novidade legislativa, foi diminuída a multa de 80% (oitenta


por cento) do art. 98 da Lei nº 5.077/89 para 60% (sessenta por cento) do art. 84 da Lei nº
5.900/96, sendo mais benéfica ao sujeito passivo. Além do que foi negada a reincidência de
infração ao mesmo dispositivo legal.

Da parte julgada improcedente, o juízo singular recorreu a este Conselho, na


forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.

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Por via de Recurso Ordinário, a autuada afirma que o objeto da autuação fiscal,
o crédito tributário, estaria extinto, devido ao longo tempo já passado entre a lavratura da
peça vestibular e a decisão de 1ª instância administrativa, sustentando a aplicação do instituto
da decadência.

Em contrarrazões, o autuante aduz que não é possível nem o instituto da


decadência, já que o lançamento foi válido e tempestivamente notificado ao sujeito passivo,
nem a prescrição, já que foi impetrada a defesa, suspendendo a exigência do crédito. Restaria
a prescrição intercorrente, que também não poderia ser aplicada por não ser hipótese prevista
em lei de extinção do crédito tributário.

Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário Estadual – CTE, onde na


Segunda Câmara deste Colegiado, conforme Acórdão nº 253/2010, foi julgado o reexame
necessário, sendo por unanimidade, conhecido e não provido, e o recurso ordinário, por
maioria de votos, como conhecido, não provido quanto à prescrição intercorrente, mas
provido quanto à remissão do crédito conforme disposto art. 14, IV, “a”, da Lei nº 6.765/06,
levando à extinção do crédito e, cosectário, a reforma da decisão da Coordenadoria de
Julgamento.

O acórdão foi ementado da seguinte maneira:

EMENTA – Lançamento de Oficio de Crédito


Tributário. Omissão de Saídas de Mercadorias.
Recurso Ordinário conhecido e Provido. Extinção
do Crédito Tributário por Remissão.

Portanto, em obediência ao art. 48, II, da Lei nº 6.771/2006, os autos foram


remetidos ao Pleno para reexame necessário quanto à referida remissão.

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No Pleno, por maioria dos votos, com o Acórdão nº P-404/2012, julgou-se que
não caberia a incidência do instituto da remissão do crédito tributário normatizada no artigo.
11, inciso IV, e alíneas da Lei 6.765/2006, tendo sido ementado da seguinte forma:

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.

Omissão de Saídas de Mercadorias. Afastada a


extinção do crédito tributário por remissão.
Retorno dos autos para a 2ª Câmara desse
Conselho proceder a novo julgamento. Reexame
necessário conhecido e provido.

Então, retornou os autos para apreciação do mérito, a esta Câmara do CTE.

É o relatório.

VOTO

Tratando inicialmente do Reexame Necessário da Decisão nº 15.927/09, de Primeira Instância,


conforme disposto no art. 48, I da Lei nº 6.771/06.

Conforme elementos de prova trazidos pelo contribuinte, duplicatas acostadas


aos autos – fls. 12 a 128 do processo anexo nº 1500-006229-1992, que implicaram em
aumento da coluna “Receita” do Levantamento Financeiro do contribuinte – fl. 04 do processo
principal, e não havendo contraprovas trazidas pela fiscalização, verifico acertada a decisão de
piso quanto à redução da base de cálculo aqui cobrada.

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Em relação à reincidência de infração, da mesma maneira foi julgado


corretamente pelo juiz administrativo para não considerar tal mecanismo, pois como bem
explicou, exige-se a prática de nova infração à mesma disposição legal, por parte da mesma
pessoa, natural ou jurídica, no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data em que transitou em
julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior. No caso
aqui analisado, o fato gerador ocorreu em 1989, anterior à citada Decisão nº 3138/90.

Quanto à redução da multa pela inovação do art. 84 da Lei 5.900/96, esta


norma substituindo a Lei nº 5.077/89, correta também estaria a decisão a quo, já que se
trataria da mesma infração, sendo a nova multa mais benéfica ao contribuinte.

Porém, ocorre que houve a revogação do art. 84 da Lei Estadual 5.900/96 pela
Lei Estadual 7.079/09, tendo sido imputada a penalidade do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96
para a violação descrita no artigo revogado:

“Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não


compreendida nas hipóteses previstas nos artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto.”

Observa-se que a infração descrita nesse artigo abarca a infração cometida por
aquele, além de ser ainda mais benéfica ao sujeito passivo, nos termos do art. 106, II, ‘c’, do
CTN.

Portanto, voto pela aplicação ao caso em tela do art. 79 da Lei Estadual


5.900/96, em nova redação dada pela Lei Estadual 7.079/09. Com a redução da penalidade de
60% (sessenta por cento) para 50% (cinqüenta por cento) do tributo, diminui-se o crédito
tributário lançado nos seguintes termos:

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

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ICMS Multa (Art. 79 Total


xercício da Lei nº. 5.900/96)

Cr$ Cr$ 3.776,27 Cr$


989 7.552,54 11.328,81*

*Sujeito a atualização monetária.

Analiso agora o recurso interposto pelo contribuinte, onde, em sua defesa,


alega a decadência do direito de constituir o crédito tributário, para o qual há previsão legal
nos artigos 173 e 150, § 4º do Código Tributário Nacional. Com base nesses dispositivos,
conclui-se que o prazo decadencial, em regra, é de 5 (cinco) anos.

Porém, como observo, não ocorreu a decadência, pois o fato gerador que
originou o crédito aqui cobrado é referente ao ano de 1989. O auto de infração foi lavrado e o
contribuinte sido intimado pessoalmente em 18/04/1991. Além do que o impugnou em
20/05/1991. Portanto, antes de expirado o prazo da decadência de 05 (cinco) anos previsto no
CTN.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos, conhecer o reexame necessário e o
recurso ordinário para negar-lhes provimento. Mantida a Decisão Singular que julgou
procedente em parte o Lançamento, porém aplicar, por força legal, a sanção prescrita no art.
79, da Lei Estadual nº 5.900/96, totalizando, dessa forma, o crédito tributário no montante de
Cr$ 11.328,81 (onze mil, trezentos e vinte e oito cruzeiros e oitenta e um centavos)
correspondente a Cr$ Cr$ 7.552,54 (sete mil, quinhentos e cinquenta e dois cruzeiros e
cinquenta e quatro centavos) de ICMS e Cr$ 3.776,27 (três mil, setecentos e setenta e seis
cruzeiros e vinte e sete centavos) de multa, devendo ser recolhido com sua atualização e
acréscimos legais.

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Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 08 de novembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE


CASTRO

PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA

JULGADOR JULGADOR( votou contra relator)

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES

JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 34 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 10/09/2013


PROCESSO: SF-1500-010732/1998; CAF- Nº 16.925/1998 E CTE
498/2011
ANEXO: SF-1500-007065/1998
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 003324, PROTOCOLIZADO EM 30/07/1998.
SUJEITO PASSIVO: PENEDO ATACADO LTDA.
DECISÃO MONOCRÁTICA Nº: 18.165/11, DE 05/08/2011.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: MARCOS ANTÔNIO GOES GUEDES E OUTROS.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 203/2013

EMENTA: ICMS – Procedimento Ordinário.


É cediço que o ônus da prova cabe à
administração – Carência das provas
necessárias capazes de sustentar a ação
fiscal. Decisão Singular conhecida e
mantida na íntegra. Auto de Infração
Improcedente.

I – RELATÓRIO

Trata-se do reexame necessário da decisão nº 18.165/11,


prolatada pela Coordenadoria de Julgamento – CJ, julgando
improcedente o Auto de Infração nº 003324, protocolizado em
30/07/1998, lavrado contra o contribuinte acima nominado, de
acordo com a ementa de julgamento a seguir transcrita:

EMENTA: ICMS – Procedimento Ordinário –


1. Lançamento de ofício de crédito
tributário. 2. Omissão de saídas
depreendida através de levantamento
financeiro – artigo 2º, §§ 9º e 10º,
Lei nº 5.900/96. 3. Falta de
demonstração do fato indiciário
(desembolso superior à receita). 4.

ACÓRDÃO CTE Nº 203/2013 Página 1


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Lançamento IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau


de jurisdição administrativa necessário
– artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº
6.771/06”.

O sujeito passivo foi autuado por haver, em tese, no


exercício de 1997, omitido saídas de mercadorias em operações
internas tributadas, constatadas com base em levantamento
financeiro efetuado.

Foi apontado como infringido o art. 771, parágrafo único,


I, do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo
sugerido o apenamento previsto no art. 84 da Lei nº 5.900/96.

A inicial, propondo o crédito tributário no montante de


R$ 13.251,26, correspondente ao valor do imposto e multa, foi
instruída com os seguintes documentos:

1) Demonstrativo de débito;
2) Ficha de Atualização Cadastral – FAC;
3) Cópia do lastro de autógrafos;
4) Mapa Demonstrativo de Receitas;
5) Mapa Demonstrativo de Pagamentos e Despesas;
6) Declarações do movimento econômico dos exercícios de
1996/1997;
7) Cópia da Instrução Fiscal nº 032231, de 16/07/98.

O contribuinte apresentou suas razões de defesa, alegando


que não foram solicitados pelos fiscais autuantes os
documentos indispensáveis ao levantamento realizado, além do
fato de que as compras a prazo foram desconsideradas,
requerendo a improcedência do lançamento e a efetivação de
novo levantamento, oportunidade em que fez juntada aos autos
de cópias das duplicatas relativas aos exercícios de
1996/1998.

Contrarrazoando, os representantes fazendários efetuaram


a revisão do lançamento, que ficou valorado em R$ 12.247,92
(doze mil, duzentos e quarenta e sete reais e noventa e dois
centavos).

ACÓRDÃO CTE Nº 203/2013 Página 2


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Analisando o presente PAT, a CJ entendeu que o AI lavrado


contra o contribuinte não foi instruído com as provas
necessárias capazes de sustentar a acusação feita, ressaltando
que “cabe à autoridade autuante a prova do desequilíbrio entre
receitas e despesas (art. 239 do CPP e ao contribuinte a
contraprova voltada a infirmar a presunção da omissão
sobredita”. (grifamos)

É como aporta o feito fiscal a este CTE para o devido


exame e decisão.

II – VOTO

Cuida-se do reexame necessário da Decisão nº 18.165/11,


que julgou improcedente a exigência do crédito fiscal referido
na inicial, em virtude da ausência de provas capazes de
demonstrar a procedência da ação fiscal.

O exame dos autos demonstra claramente o descompasso


entre os fiscais autuantes e o que determina a legislação em
vigor.

Com efeito, não foi obedecido pelos representantes


fiscais o disposto no art. 891, V, do RICMS então vigente,
aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, verbis:

“Art. 891 – O processo fiscal


contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
(...)
V – Cópia dos documentos que serviram
de base para a apuração das
irregularidades, em qualquer caso”.

ACÓRDÃO CTE Nº 203/2013 Página 3


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SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

In casu, tanto no lançamento inicial como na revisão


efetuada pelos autuantes, fica evidente a carência de provas
capazes de sustentar a ação fiscal.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário e negar-lhe provimento para
manter na íntegra a correta decisão da CJ, que entendeu pela
improcedência total do AI nº 003324, protocolizado em
30/07/98, pela ausência de provas capazes de sedimentar o
procedimento fiscal.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 10 de setembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 34 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 10/09/2013


PROCESSO: 1500-034318/05; 1500-010795/06 E CJ-21.218/06
AUTO DE INFRAÇÃO N.º: 043372, PROTOCOLADO EM 21/12/2005
RECORRENTE: FAZENDA DO ESTADO DE ALAGOAS
RECORRIDO: COMSOFTIWARE INFORMÁTICA LTDA.
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONELOS.

ACÓRDÃO 204/2013

EMENTA: ICMS – AUTO DE INFRAÇÃO –


MICROEMPRESA – ALEGAÇÃO DE
EXTRAPOLAÇÃO DO LIMITE ANUAL DE
FATURAMENTO CONFORME - ESTIPULADO
PELA LEGISLAÇÃO – INCORRÊNCIA –
INFRAÇÃO ELIDIDA PELA CONTRIBUINTE
– EXCLUSÃO DA RECEITA ADVINDA DA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS – AUTO DE
INFRAÇÃO IMPROCEDENTE – REEXAME
CONHECIDO E IMPROVIDO – DECISÃO DA
CJ MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão de nº


18.494/2012 proferida pela Coordenadoria de Julgamento da
Secretaria do Estado da Fazenda, que julgou improcedente o
lançamento tributário, ante ao fato de terem sido
apresentadas provas que atestam a não ocorrência do fato
gerador da obrigação tributária, objeto do Auto de
Infração.

A referida autuação fiscal, objetiva a cobrança


do crédito tributário no valor de R$ 8.389,11 (oito mil,
trezentos e oitenta e nove reais e onze centavos), dos
quais R$ 2.796,37 (dois mil, setecentos e noventa e seis
reais e trinta e sete centavos) referem-se ao ICMS não
recolhido, pois, segundo a autoridade fiscal, o
contribuinte “deixou de recolher o ICMS normal, apurado de
forma retroativa entre o período de 09 a 12 do exercício de
2004, visto que o fato gerador do desenquadramento da
empresa deu-se no mês 08/2004 (ultrapassagem da receita
bruta anual) [...]”.

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Foram considerados como fundamento legal do Auto


de Infração o art. 49, VIII do RICMS, aprovado pelo Decreto
nº 35.245/91 e artigos 3º, I; 4º e 7º, § 5º, II da lei nº
6.271/2000; e aplicada a penalidade do art. 16, II da mesma
lei.

Instruem a inicial do processo administrativo:


Relatório de dados cadastrais e cópia da ficha de
Atualização cadastral – FAC do contribuinte; resumo do
débito do auto de infração; cópia do termo de Encerramento
de Ação Fiscal; planilha de entradas e saídas (demonstração
do faturamento acumulado de 2004, incluindo receita de
serviços tributados, de competência municipal); planilha de
apuração de ICMS Normal não recolhido; relação das notas
fiscais de entradas e saídas de mercadorias ref. a 2004,
além de cópia das mesmas; declarações prestadas à
prefeitura Municipal de Maceió, referentes à movimentação
mensal de serviços, conforme documentos emitidos e
recebidos (DEMMS); cópia do Livro de Registro e Entradas
ref. a 2004; e cópia do Livro de Registro de Inventário
ref. a 31/10/2005.

O Contribuinte tomou ciência do auto de infração,


por via postal, em 31/03/2006, ocasião em que apresentou
defesa administrativa, onde, com base no art. 3º da Lei nº
6.271/2001, sustenta que em nenhum momento extrapolou o
limite de receita anual, razão pela qual requer que seja
julgado improcedente o auto de infração.

Em sede de impugnação à defesa administrativa, a


Fazenda reiterou os termos em que foi lavrado o auto de
infração, argumentando que compõem a receita bruta anual
todas as operações ou prestações efetuadas, a qualquer
título, conforme sua interpretação ao art. 4º, § 1º da lei
nº 6.271/2001.

Em seguida, o processo foi remetido à


Coordenadoria de Julgamento da Secretaria do Estado da
Fazenda de Alagoas, que em 06/02/2012, julgou improcedente
o lançamento tributário “ante a presença de elementos de
prova que afastam a arguição inicial, porque não ocorrido o
fato gerador da obrigação tributária.”.

Em virtude de improcedência da pretensão


fazendária, o presente processo administrativo foi

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encaminhado ao Conselho Tributário Estadual para Reexame


Necessário.

É o Relatório.

VOTO

Analisando os autos do presente processo


administrativo, percebe-se o acerto na decisão proferida
pela Coordenadoria de Julgamento quanto à improcedência do
lançamento tributário, diante do fato de não restar
configurado a extrapolação do limite da receita bruta anual
que possibilita o enquadramento da empresa autuada na
condição de Micro Empresa.

Tal fato é muito bem exposto nas palavras daquele


julgador:

“Diante da legislação pertinente, não


restam dúvidas: os elementos de provas
acostados aos autos revelam que a autuada,
durante o exercício de 2004,
definitivamente, não havia extrapolado o
limite de receita bruta anual previsto na
Lei nº 6.271/2001, com redação dada pela
Lei nº 6.405/2003.

Ou, com outras palavras: com certeza o


valor total das operações de saídas
realizadas pela Micro Empresa, de janeiro a
dezembro de 2004, relativas a ICMS, não
atingiu o limite de R$ 120.000,00 (cento e
vinte mil reais). A defesa é categórica no
resguardo de seu direito”.

Na verdade, o equívoco cometido pelo fiscal


autuante foi ter incluído no cômputo do faturamento as
receitas provenientes de prestação de serviços, que fogem à
competência do ICMS, sujeitando-se, na verdade, ao Imposto
sobre Serviço, tributo de competência municipal.

Assim, percebe-se que não foi ultrapassado o


limite da receita bruta anual de R$ 120.000,00 (cento e
vinte mil reais) permitido às Micro Empresas, não havendo
que se falar em desenquadramento, motivo pelo qual não se

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pode dizer que a empresa autuada deixou de recolher o ICMS


referente ao período de 09 a 12 de 2004.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, a fim de manter na íntegra a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, que julgou improcedente o auto
de infração.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 10 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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PROCESSO: 1500-016981/2004; CTE: 36/2012
ANEXO: SF – 1500-030457/2004
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 043254, PROTOCOLADO EM 02/07/2004.
RECORRENTE: ESTADO DE ALAGOAS
RECORRIDO: CONFORTEC COM. TÉCNICAS E REPRESENTAÇÕES LTDA.
CACEAL: 24.092.770-2
CNPJ: 00.458.082/0002-22
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 205/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – AUSÊNCIA DE


RECOLHIMENTO DO ICMS –– RECLASSIFICAÇÃO
DA MULTA PREVISTA NO ART. 84 PARA A DO
ART. 79 DA LEI ESTADUAL 5.900/96 –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO - DECISÃO DA CJ MANTIDA NA
ÍNTEGRA – PROCEDÊNCIA PARCIAL DO AUTO
DE INFRAÇÃO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão da


Coordenadoria de Julgamento n.º 18.275/11, que julgou
procedente em parte o auto de infração para exigência de
crédito tributário correspondente a imposto e multa, em
virtude de o sujeito passivo haver, em tese, omitido vendas de
mercadorias tributáveis, nos exercícios de 2001 e 2003.
Vejamos a ementa do julgamento:

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Omissão de


saídas de mercadorias durante os exercícios de
2001 e 2003, apurada através de levantamento
fiscal. Constatada a diferença positiva entre o
custo das mercadorias vendidas com lucro
agregado de 30% e os saldos efetivamente
declarados. Infração ao § 12, I do art. 2º da
Lei nº 5.900/96. Ação fiscal subsistente.
Aditamento efetuado no crédito tributário
exigido não contestado pelo autuado. Reduzido o
percentual da penalidade em face da aplicação
do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96, com
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redação dada pela Lei Estadual 7.079/09, por


ser esta sanção mais benéfica ao sujeito
passivo, nos termos do art. 13, II, ‘c’, da Lei
Estadual 4.418/82. Auto de Infração PROCEDENTE
EM PARTE. Procedimento especial convertido para
ordinário (ex vi art. 36, § 3º da Lei nº
6.771/06). Duplo grau de jurisdição
administrativa necessário – art.48, I, da Lei
Estadual nº 6.771/06.

O auto de infração, objeto do presente processo


administrativo fiscal, possui os seguintes elementos:

INFRAÇÃO: “Após a fiscalização procedida em


seus livros fiscais e contábeis, constatou-se
omissão de venda de mercadorias tributárias, no
(sic) exercícios e nos valores abaixo
descritos, pela confecção dos valores
incorretos para a obtenção do estoque final,
devido a não observância do disposto no art.
1.000 do RICMS, que prevê percentual mínimo de
30% (Trinta por cento) de lucro real acumulado,
devendo recolher aos cofres públicos da Fazenda
Estadual a importância de R$ 1.190,33 (Mil,
cento e noventa reais e trinta e três
centavos), referente a ICMS e multa”.

FUNDAMENTO LEGAL: Artigo 5º, inciso V, da Lei


5.077/89 c/c o art. 2º, inciso I, § 12 da Lei
5.900/96, c/c. art. 49, incisos II e VII, §
único, e 1.000 do RICMS, aprovado pelo Decreto
35.245/91, sendo sugerida a aplicação da
penalidade prevista no art. 84 da Lei 5.900/96.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO (APÓS O ADITAMENTO): ICMS no


valor de R$ 242,25 (Duzentos e quarenta e dois
reais e vinte e cinco centavos) e MULTA
correspondente a R$ 145,35 (Cento e quarenta e
cinco reais e trinta e cinco centavos),
totalizando o valor de R$ 387,60 (trezentos e
oitenta e sete reais e sessenta centavos).

Em análise ao processo, a CJ proferiu decisão


declarando procedente em parte o auto de infração, devido o
autuado ter infringido os artigos 49 incisos II, VII e 1.000
do RICMS (aprovado pelo Decreto nº 35.245/91) e o § 12 do art.
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2º da Lei 5900/96, condenando o autuado ao recolhimento do


crédito tributário no valor de R$ 363,37 (trezentos e sessenta
e três reais e trinta e sete centavos).

Saliente-se que a CJ reconheceu a infração


tributária, relativamente ao imposto cobrado, em conformidade
com o aditamento do auto de infração, apenas reduzindo a multa
cobrada, por força da revogação do art. 84 da Lei 5.900/96,
que foi reclassificada para a multa do art. 79 do mesmo
diploma legal.

Dessa forma, os autos foram encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para análise da remessa necessária da
decisão da Coordenadoria de Julgamento.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Inicialmente, cumpre esclarecer que apenas deve ser


submetida ao reexame por este órgão colegiado a questão quanto
à reclassificação da multa prevista no art. 84 da Lei 5.900/96
para a do art. 79 da mesma Lei. Isto porque em relação ao
imposto, este foi mantido integralmente, em conformidade com o
aditamento do auto de infração, que substituiu o lançamento
originalmente efetuado.

Neste contexto, passemos à análise da redução do


crédito tributário, por força da revogação da multa prevista
no art. 84 da Lei n.º 5.900/96 pela Lei 7.079/09.
Compulsando a legislação tributária estadual,
depreende-se que a multa estabelecida no art. 84 da Lei
Estadual n.º 5.900/96 foi expressamente revogada pelo art. 4º,
da Lei Estadual n.º 7.079/09. Vejamos:

Art. 4º Fica revogado o art. 84 1 da Lei nº


5.900, de 27 de dezembro de 1996,
reclassificando-se a multa deste artigo para a
do art. 79 2 da mesma Lei, relativamente aos

1 Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal:


MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto devido.
2 Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não compreendida nas

hipóteses previstas nos artigos seguintes:


MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto.

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créditos tributários já lançados. [destaque


ausente no original]

Quanto ao tema, o Pleno deste Conselho Tributário


Estadual, por maioria de votos, uniformizou o entendimento,
segundo o qual é legal a reclassificação imposta pela Lei
7.079/09, sobretudo por ter favorecido o contribuinte, a teor
do disposto no art. 106, inciso II, alínea “a”, do Código
Tributário Nacional.

Assim, considerando que o Pleno deste CTE já decidiu,


mais de uma vez, sobre matéria, apesar das controvérsias
existentes, voto pela manutenção da citada reclassificação,
devendo incidir, in casu, a penalidade contida no art. 79 da
Lei 5.900/96.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, mantendo na íntegra a decisão da coordenadoria de
Julgamento, que decidiu pela procedência parcial do auto de
infração.

Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 10/09/2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 34 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 10/09/2013


PROCESSO Nº: 1500-019659/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 9010568-001
RECORRENTE: COMERCIAL SOBERANA LTDA
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SIVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 206/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – DIVERSAS


NOTIFICAÇÕES – PRAZO DE 30 DIAS
PARA APRESENTAR DEFESA
ADMINISTRATIVA – ÚLTIMA NOTIFICAÇÃO
VÁLIDA AO CONTRIBUINTE – EDITAL
PUBLICADO NO DIÁRIO OFICIAL DO
ESTADO – DEFESA TEMPESTIVA –
OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DA
SEGURANÇA JUÍRIDICA E DA BOA-FÉ
PROCESSUAL – ANULAÇÃO DA DECRETAÇÃO
DA REVELIA PELA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO – RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO – DECISÃO DA CJ ANULADA –
NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DO MÉRITO
DA DEFESA DA CONTRIBUINTE PELA CJ.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela


empresa COMERCIAL SOBERANA LTDA, visando a anulação da
decisão n.º 18.739/2012, proferida pela Coordenadoria de
Julgamento – CJ, a qual reconheceu a intempestividade da
defesa administrativa ofertada pela contribuinte,
declarando, por conseguinte, a sua revelia.

Compulsando atentamente os autos, constata-se que


a intimação postal enviada para o estabelecimento comercial
da empresa restou infrutífera. No entanto, as notificações
enviadas para o endereço dos sócios da empresa foram
recebidas em 14/09/2011 e 20/09/2011.

Ocorre que, logo em seguida, a SEFAZ publicou uma


notificação no D.O.E., edição de 21/10/2011, concedendo
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prazo de 30 (trinta) dias para a empresa apresentar defesa


administrativa em relação ao Auto de Infração n.º
9010568001. Mais adiante, a mesma notificação foi
republicada, por incorreção, no D.O.E. edição 31/10/2011,
concedendo novo prazo de 30 (trinta) dias para apresentação
de defesa administrativa, visando desconstituir o aludido
auto de infração.

Assim, em cumprimento ao novo prazo concedido, a


contribuinte apresentou defesa administrativa, a qual foi
protocolada em 30/11/2011, sendo esta defesa posteriormente
declarada intempestiva pela Diretoria de Arrecadação e
Crédito Tributário, ocasião em que foi oportunizado ao
sujeito passivo o oferecimento de uma impugnação à
declaração de sua revelia.

Apresentada a impugnação administrativa pela


contribuinte, esta foi rejeitada pela Coordenadoria de
Julgamento, mantendo-se o entendimento já outrora firmado
quanto à revelia do sujeito passivo.

Inconformada, a contribuinte apresentou o


presente Recurso Administrativo, na tentativa de anular a
decisão da CJ, ao argumento de que a mesma apresentou
tempestivamente sua defesa administrativa, com base no
prazo concedido pelo edital de notificação, não havendo
razão para decretação de sua revelia, sob pena de violação
aos princípios da boa-fé, segurança jurídica e moralidade
administrativa, haja vista que se houve erro no presente
caso, este somente poderia ser imputado à SEFAZ, que
publicou o edital concedendo o novo prazo à contribuinte.

Instada a se manifestar, a Comissão de


Representação Fiscal determinou o encaminhamento dos autos
ao Conselho Tributário Estadual como forma de controle da
legalidade preliminar à inscrição em dívida ativa, sem,
contudo, apresentar manifestação expressa quanto à
intempestividade ou não da defesa apresentada pela
contribuinte.

No essencial, é o relatório.

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VOTO

Cuida-se de Recurso Ordinário interposto pela


empresa COMERCIAL SOBERANA LTDA, visando anular a decisão
n.º 18.739/2012, proferida pela Coordenadoria de Julgamento
– CJ, a qual reconheceu a intempestividade da defesa
administrativa ofertada pela contribuinte, declarando, por
conseguinte, a sua revelia.

A controvérsia central versada nos presentes


autos, por enquanto, restringe-se a questão quanto à
tempestividade ou não da defesa administrativa ofertada
pela contribuinte. Com efeito, nos termos do art. 23,
inciso II, da Lei 6.771/06, o prazo para o oferecimento da
defesa administrativa é de 30 (trinta) dias, contados da
intimação. Vejamos:
Art. 23. É assegurado ao sujeito passivo tributário
o direito de fazer a impugnação do lançamento na
esfera administrativa, aduzida por escrito e
acompanhada das provas que tiver, inclusive
documentos e demonstrativos, laudos e pareceres
técnicos que entender necessários ao esclarecimento
da controvérsia, nos seguintes prazos, a contar da
intimação:

...

II - 30 (trinta) dias, nos demais casos.

Note-se que a citada norma não aponta qual


intimação servirá como base para a contagem do prazo para o
oferecimento da impugnação administrativa. Neste contexto,
entendo que a melhor exegese do artigo 23, inciso II, da
Lei 6.771/06, é no sentido de considerar a última intimação
válida como base para a contagem do dies a quo para o
oferecimento da defesa administrativa.

No caso, a última intimação válida ocorreu


através de edital de notificação publicada no Diário
Oficial do Estado, edição de 31/10/2011, sendo o prazo
fatal para apresentação da defesa administrativa o dia
30/11/2011, data em que foi protocolada a defesa do
contribuinte.
Em sendo assim, violaria o princípio da segurança
jurídica e o da boa-fé processual desconsiderar, por
completo, a intimação válida realizada ao contribuinte
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mediante edital de notificação, publicado no D.O.E. de


31/11/2011, a qual expressamente concedeu o prazo de 30
(trinta) dias para apresentar impugnação administrativa.

Não é aceitável punir a contribuinte por um


eventual equívoco cometido pela própria administração ao
publicar o referido edital de notificação. É importante
salientar que a Recorrente não concorreu para eventuais
equívocos cometidos durante o processo de notificação. A
Recorrente agiu na mais plena boa-fé, a qual foi induzida
ao erro por culpa do edital publicado, razão pela qual
merece ter sua defesa conhecida e devidamente julgada pela
CJ, sob pena de violação aos princípios da segurança
jurídica, ampla defesa e devido processo legal.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do recurso para no mérito dar-lhe
provimento total, no sentido de anular a decretação da
revelia do sujeito passivo, devendo sua primeira defesa
administrativa ser apreciada pela Coordenadoria de
Julgamento – CJ, posto que tempestiva.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 10 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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JULGADOR

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PROCESSO: SF-1500 1500003584/1998; CTE-317/2012
PROCESSO ANEXO: 1500 036926/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: 072299, PROTOCOLADO EM 30/12/97
AUTUADA: COPERATIVA DE COLONIZAÇÃO AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL
PINDORAMA LTDA
AUTUANTE: AUGUSTO ALVES N. FILHO E OUTRO
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 207/2013

EMENTA: ICMS - LANÇAMENTO PREJUDICADO


PELA REMISSÃO NOS TERMOS DA LEI 5984,
PUBLICADA NO DOE EM 20/12/1997, ATÉ
ESTA DATA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO ATÉ
30/12/1997 IMPROCEDENTE. VALOR A SER
PAGO NO 10º DIA DO MÊS SUBSEQUENTE
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO QUANTO AO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do CTE, nos


termos do art. 48 da Lei Estadual 6771/06, relativo à Decisão
nº 18.771/2012, referente ao Auto de Infração nº 072299,
protocolado em 30/12/1997, lavrado contra a empresa
Cooperativa de Colonização Agropecuária e Industrial
Pindorama Ltda., qualificada na peça exordial, com alegações
dos autuantes de que não recolheu, no prazo regulamentar, o
imposto devido referente ao saldo devedor do ICMS, lançados
em seus livros, durante os exercícios de 1995 a 1997.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador monocrático informa que o lançamento foi


revisto de ofício em 7/11/2011, alterando-se o valor do
crédito tributário.

Informa ainda, o julgador de 1ª Instância, que a


autuada apresentou defesa solicitando nulidade com os
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argumentos de que “ocorreu fora do prazo decadencial” e a Lei


Estadual dispensou a empresa do pagamento do ICMS incidente
em suas operações até dia 20/12/1997.

Fundamenta sua decisão ressaltando que a assinatura


do AR dos Correios não coincide com as assinaturas do cartão
de autógrafo (fls. 4, 11 e 12) e “o Edital CAT Nº 74-98/037,
publicado no DOE/AL em 14/02/1998, é desprovido do conteúdo a
que se destina. Ressalta o não cumprimento do art. 131, § 1º,
da Lei Estadual nº 4418/82, afastando-se o efeito do Termo de
Revelia (fls. 06). Esclarece o julgador, que a Representação
Fiscal manifestou-se pela remissão do crédito tributário, em
evidência, constituído ou não até dia 20/12/97, nos termos da
Lei 5984 de 19/12/1997.

Observa que o ICMS de dezembro de 1997 o pagamento


seria até o 10º dia do mês subseqüente, não incluso no
benefício.

Conclui julgando Improcedente pela ausência de


suporte fático para a constituição do crédito tributário, em
evidência.

Notificadas autuada e Representação Fiscal, ambas não


se manifestaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

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VOTO
Preliminarmente analiso a decadência do crédito
tributário, objeto do Auto de Infração 072299, protocolado em
30/12/97 e Aditamento ao mesmo.

A autuada não foi devidamente intimada, nos termos


do art. 131, § 1º da Lei 4418/82, então vigente.

O Termo de Revelia foi lavrado em 3/4/1993 e só uma


das partes tomou ciência, e dela só tomou conhecimento o
fiscal autuante, portanto inválido. No dia 7/11/2011 o
autuante fez aditamento ao Auto de Infração e anexou os
documentos para instrução dos autos requeridos em diligência
pela Comissão de Dívida Ativa da Sefaz (fls. 10)

O OF. 81/2011 – 5ª GRAF envia a Notificação do


Aditamento Fiscal à autuada, conforme AR dos Correios de
13/12/2011 que protocolou Defesa no dia 2/1/2012, tempestiva.

Transcorridos mais de 13 anos da emissão do Auto de


Infração sem a notificação válida da autuada e o Aditamento
Fiscal ocorrendo assim, os efeitos da decadência tributária
na forma do art. 173, I, do CTN, que assim diz:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-
se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva


a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente
efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se


refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que
tenha sido iniciada a constituição do
crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao lançamento.

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Quanto à extinção do crédito tributário, observe-se o


art. 156, V do CTN/66:

Art. 156. Extinguem o crédito


tributário:

(...)
V- prescrição e a decadência;
(...)

A redação do art. 22 da lei estadual 6771/2006 fala


sobre a extinção do processo administrativo decorrente do
Auto de Infração:

Art. 22. Extingue-se o processo


administrativo Tributário decorrente
de Auto de Infração:
I - com a extinção do crédito
tributário exigido;
II - em face de decisão judicial
proferida em processo do qual não
mais caiba recurso ou ação
rescisória; e
III - com a decisão administrativa
definitiva, nos termos do art. 50.

Diante do exposto submeto a este colegiado a


apreciação da presente preliminar.

Ultrapassada a preliminar levantada observo que a


autuada foi beneficiada pela Lei 5984/1997 com a dispensa
do pagamento dos créditos tributários, constituídos ou
não, até dia 20/12/97, entretanto, o Auto de Infração
refere-se a crédito tributário até 30/12/1997 restando
esta diferença a ser paga.

Concordo com o julgador singular o ICMS do mês de


dezembro de 1997 “tem como data de pagamento o 10º (décimo
dia) do mês subsequente, logo não estaria incluso no
benefício” de que trata a Lei.

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Se o pagamento deveria ter sido pago até


10/1/1998, esta parte do Auto não tem consistência devido
o Auto de Infração ter sido lavrado antes desta data.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, proceder ao reexame necessário, mantendo a decisão
da 1ª instância quanto ao argumento da ausência de suporte
fático para o lançamento fiscal, porém considerando
prejudicado o crédito tributário, em evidência, até
20/12/1997 e até 30/12/2013, Improcedente.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


PROCESSO N.º 1500-0323/2008 CTE 119/2012
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 99.62186-002
CONTRIBUINTE – COMPANHIA ALAGOAS INDUSTRIAL – CINAL
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 208/2013

EMENTA: ICMS – UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE


CRÉDITO FISCAL RELATIVO ÀS AQUISIÇÕES
DESTINADAS AO ATIVO PERMANENTE –
INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
ALEGADA. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E IMPROVIDA. MANTIDA
DECISÃO SINGULAR. AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Remessa Necessária, quando a decisão da


Coordenadoria de Julgamento fora no sentido de desconstituir o
lançamento, decretando a nulidade do auto de infração que havia
imputado imposto devido no valor de R$ 79.545,55 (setenta e nove mil,
quinhentos e quarenta e cinco reais e cinquenta e cinco centavos), além
da multa no valor de R$ 47.727,33 (quarenta e sete mil, setecentos e
vinte e sete reais e trinta e três centavos).

Como conduta a ser punida, indicou o processo a utilização


indevida de crédito fiscal em seu Livro de Registro de Apuração de
ICMS, quando da aquisição de produtos destinados ao arquivo
permanente.

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Intimado o Contribuinte , apresenta defesa subscrita por advogado


legalmente habilitado (TAÍS MASCARENHAS BITTENCOURT, inscrita
na OAB/BA, n.º 17.466 instrumento procuratório as fls. 44), indicando a
impossibilidade de manutenção do auto quando o somatório da descrição
que o acompanhou apresenta resultado diverso do que apontado como
imposto devido no lançamento. Bem como a decadência nos termos do
art. 150, § 4.º do CTN, quando já ultrapassados mais de cinco anos do
fato gerador; e/ou nos termos do art. 173, inciso ‘I’ do CTN, quando já
ultrapassados mais dez anos da escrituração dos produtos, cuja
competência fora de janeiro a dezembro/1997.

Nas contrarrazões da defesa, houve por parte do Autuante o


aditamento, para indicar o valor então devido como sendo R$ 74.798,58
(setenta e quatro mil, setecentos e noventa e oito reais e cinquenta e oito
centavos) a título de imposto, e R$ 44.879,14 (quarenta e quatro mil ,
oitocentos e setenta e nove reais e quatorze centavos) a título de multa.

Com a intimação do Autuado, este apresentou novamente defesa,


onde se percebe a constatação da mesma linha anteriormente ofertada.

A decisão da Coordenadoria de Julgamento fora no sentido de


improcedência da autuação, por inexistência de comprovação das
alegações, quando apenas serviu para tanto as anotações do Livro de
Registro de Apuração de ICMS e notas fiscais de aquisição aleatórias;
não se tendo apresentado outros documentos probantes como a
totalidade das notas fiscais dos produtos adquiridos e mesmo os Livros
de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias. Sem este conjunto não
sendo possível a apuração descrita auto, isoladamente como posto.

Era o que se tinha a constar do relatório.

Passo a decidir.

Antes de adentrar na matéria decidida pela Coordenadoria de


Julgamento, ainda que se tratando de remessa necessária, há uma
questão prejudicial que impediria a apreciação de qualquer recurso.

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Basta-se ver que do constante nos AI n.º 99.62186-002, a data de


sua lavratura fora em 01/10/2007, sobre o fato gerador ali descrito:
“utilização indevida de crédito fiscal relativa a aquisição de mercadoria
destinada ao ativo permanente”, cujo período de referência é 01/01/1997
a 31/12/1997.

Daí, constata-se que há um lapso temporal entre o pseudo fato


gerador e a lavratura em quase uma década. Isto mesmo, em
aproximados de dez anos.

De toda sorte, percebe-se que há por operacionalizado no caso


concreto a existência da decadência, conforme se tem:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

Neste caso, por qualquer das vias que se intente, resta por
configura a ocorrência da decadência, pois partindo daquele ano se
1997, ou mesmo no ano de 1998, atingiria em pior hipótese ao
contribuinte em 2003 (pela pior forma de contagem em seu desfavor).

Restando mais do que alcançada a decadência:

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – RECURSO DA


FAZENDA PÚBLICA PEDINDO A REFORMA DA DECISÃO
CAMERAL FACE À INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA DO
DIREITO DA FAZENDA PÚBLICA CONSTITUIR O
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PROCEDÊNCIA – DECISÃO
NÃO UNÂNIME – O prazo decadencial deve ser contado
de acordo com o artigo 173, I do Código Tributário
Nacinal, ou seja, a partir do primeiro dia do exercício
seguinte ao que deveria ter sido efetuado o lançamento.
(CATGO – RFaz.-CONP 3 0221153 073 27 – (01404/09) –
CONP – Rel. Cons. Luis Antônio da Silva Costa – J.
19.05.2009)

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Daí, por si somente já estaria mais do que amparado a


improcedência do lançamento através do auto de infração.

Ao fato central remetido nesta via processual consta a questão a


ser analisada, relativa a correta e clara fundamentação do auto de
infração. E aqui de logo se diga, não em relação a tipificação legislativa,
mas para a confecção da indicação punitiva.

Passando daí a ser o cerne da questão, a possibilidade de se


auferir se apenas os Livros de Apuração de Créditos de ICMS, e o
conjunto de notas fiscais acostadas, por si somente já seriam suficientes
para demonstração da constituição de possíveis créditos ao ativo
permanente da empresa; e por decorrência à usufruir tais créditos.

Veja que integrante ao Auto de Infração houve a apresentação de


anexo titulado de “fundamentação legal do lançamento de ofício”, onde
consta planilha que espelha o Livro de Registro de Apuração de ICMS.

Neste ponto, em defesa, alega o Contribuinte a sua impossibilidade


de conhecimento aos fatos imputados pelo Autor , quando não consta
origem das notas dos produtos, ou seja a composição clara do
considerado para os valores lançados na apuração.

E mais ainda, que a soma matemática dos mesmos, inclusive,


estariam postos de forma dissociadas do próprio resultado aritmético.

O que, após elucidação do Fiscal Autuante, postou-se nos autos


administrativos a seguinte menção: “Registre-se, então, que a auditoria
fiscal que resultou no Auto de Infração em epígrafe teve como base legal
de instrução probatória nuclear o Livro de Registro de Apuração de ICMS
(cf. cópias anexas).” (fls. 60).

Além da diminuição por retificação, ante a correção do somatório


do que encontrado pelo então agente público.

E, se imposta a punição com base em ditos valores integrantes do


Livro, mister se faria a elucidação, análise clara quanto as compras da
composição dos valores relativos aos fatos geradores lançados.

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Obviamente pelo Livro de Registro de Entrada de Mercadoria, que é o


exigido para o fim de registros próprios de aquisição, e a partir de então a
composição.

Ainda que frente a estes novos e imperativos dados, pudessem se


desdobrar autuações, a exemplo de notas fiscais que não estivessem
lançadas na escrituração.

Isto , mesmo que alocado nos autos uma gama de notas, para as
quais não conhece, com clareza, a sua inclusão na escrituração.

Assim, reputo como estritamente necessária a indicação com


precisão da composição dos valores que se faria inconteste a partir do
Livro de Registro de Entrada de Mercadorias, para que houvesse dela a
conjuração no disposto no laudo.

Destacando-se:

“O auto de infração dever ser lavrado com clareza e


ser o mais minucioso possível, a fim de que o autuado
disponha de elementos para impugná-los, ou, se for o
caso, efetuar o pagamento devido, no caso de ter sido
descumprida a obrigação tributária principal, ou praticar ou
se omitir de praticar ato correspondente à obrigação
tributária acessória.”

(MANUAL DE DIREITO FINANCEIRO & DIREITO


TRIBUTÁRIO, 17ª Edição, Editora Renovar, página 784/785)

Ao que, se tem como correta a decisão da Coordenadoria de


Julgamento para julgar imprestável o Auto de Infração na forma como
constituído, em razão da ausência de inexistência da origem ao fato
gerador.

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Nestes termos, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, destaque para os presentes autos a efetivação da decadência, em
sendo esta matéria de ordem apreciável a qualquer tempo e grau de
jurisdição, mesmo porque sempre fora objeto de defesa nas
manifestações de parte do contribuinte, quando para os créditos
pretendidos já ultrapassados em muito o prazo entre o fato gerador
dez/1997 e o lançamento por meio do AI no out/2006; e, ao pertinente a
matéria remetida pela decisão da Coordenadoria de Julgamento JULGA
pelo conhecimento e não provimento da remessa, mantendo a decisão
n.º 18.501/2012 pelos termos aqui apresentados.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


Processo nº.: SF 1500-005254/1996 CTE 017/2012
Auto de Infração nº. 67160 de 09/11/1995
Recorrentes: RCA Jóias Ltda.
Recorridos: Fazenda Pública Estadual (reexame necessário)
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 209/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. IMPOSTO


REGULARMENTE ESCRITURADO NOS LIVROS
FISCAIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. REEXAME
NECECESSÁRIO NÃO CONHECIDO. QUANTIA
EXCLUÍDA PELO JUÍZO SINGULAR INFERIOR A 400
UPFAL. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO. ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE REJEITADA. INEXISTÊNCIA DE
DISPOSIÇÃO NORMATIVA QUE PERMITA A SUA
APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA
REJEITADA. RESPEITO AO PRAZO DE 05 (CINCO)
ANOS PARA A CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. INCOMPETÊNCIA DO CTE PARA
APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS QUE IMPLIQUEM A
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE
DISPOSITIVO NORMATIVO. ALEGAÇÃO DE
PENALIDADE CONFISCATÓRIA REJEITADA.
LANÇAMENTO PARCIALMENTE PROCEDENTE.
DECISÃO MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração no qual se relata que o


contribuinte deixou de recolher ICMS Normal, devidamente registrados nos
livros fiscais, referente aos períodos discriminados no lançamento,
totalizando crédito tributário no valor de R$ 22.489,27 (vinte e dois mil,
quatrocentos e oitenta e nove reais e vinte e sete centavos).

Intimada no próprio ato do lançamento, a Autuada apresentou


defesa as fls. 26 a 32, na qual relata que parte do débito exigido no
lançamento encontra-se rigorosamente quitado.

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Encaminhado os autos ao fiscal autuante, foi reconhecido o


pagamento do tributo nos meses relatados na defesa, contudo esclareceu-se
que a Autuada não comprovou a quitação de todo o período objeto da
autuação, razão pela qual se aditou o lançamento, imputando ao
contribuinte o recolhimento de ICMS e multa no valor de R$ 12.110,02 (doze
mil, cento e dez reais e dois centavos), equivalentes a 17.150,61 UFIR’s.

Em seguida, intimou-se a Autuada para se pronunciar acerca


do aditamento formulado nos autos, entretanto o contribuinte não
apresentou qualquer manifestação.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


reconheceu-se o pagamento efetuado pela Autuada com a conseqüente
extinção parcial do crédito tributário objeto do lançamento, ao tempo em que
se julgou parcialmente procedente o aditamento do lançamento, alterando-se
somente a penalidade prevista no artigo 824, do RICMS, para aquela
disposta no artigo 81, da Lei nº. 5.900/96.

Devidamente intimada da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, a Autuada apresentou Recurso Ordinário, no qual argumenta
que:

a) a inércia no desenvolvimento do presente processo


administrativo tributário enseja a aplicação da prescrição intercorrente;

b) considerando-se que o crédito tributário tem por objeto fato


gerador ocorrido em 1995, o Fisco Estadual poderia lançá-lo até
01/01/2001, entretanto a constituição do crédito tributário somente
aconteceu em 02/06/2010 com a decisão proferida pela Coordenadoria de
Julgamento, razão pela qual deverá incidir a decadência no caso em apreço;

c) a multa cobrada é exorbitante e ofende o princípio do não-


confisco.

Nas contrarrazões, a representação fiscal expõe que os valores


cobrados no lançamento foram registrados pelo próprio contribuinte nos
livros fiscais, inexistindo prova nos autos do pagamento do tributo, portanto
não merece reforma a decisão recorrida.

Após, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário


Estadual para apreciação do Recurso Ordinário e Reexame Necessário.

É o relatório.
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VOTO

DA APRECIAÇÃO DO REEXAME NECESSÁRIO

Conforme relato, verifica-se que, ao submeter-se a apreciação


pela instância singular, o lançamento foi julgado parcialmente procedente
alterando-se somente a penalidade prevista no artigo 824, do RICMS, para
aquela disposta no artigo 81, da Lei nº. 5.900/96, obrigando o Autuado ao
recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 8.256,85 (oito mil,
duzentos e cinquenta e seis reais e oitenta e cinco centavos), sendo os autos
remetidos ao Conselho Tributário Estadual para análise do reexame
necessário.

Nesse caso, antes de ingressarmos no exame do mérito,


imprescindível avaliarmos a admissibilidade do reexame necessário no caso
em apreço.

Isso porque, a admissibilidade do reexame necessário se


sujeita ao disposto no artigo 48, inciso II, §2º, da Lei do PAT, o qual
determina que não será objeto de reapreciação pelo Conselho Tributário
Estadual os julgados singulares em que a quantia excluída, na data da
decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas) UPFAL:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas à reexame necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo não se


aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL,
podendo a regulamentação aumentar este valor limite.

De fato, no caso dos autos, considerando-se que o aditamento


(fl. 34) substituiu o lançamento originário, a procedência parcial do Auto de
Infração resultou na exclusão de crédito tributário no montante de R$
3.853,17 (três mil, oitocentos e cinquenta e três reais e dezessete centavos),
o que considerando o valor unitário de R$ 16,21 (dezesseis reais e vinte um
centavos) na época da decisão, representa, aproximadamente, 237 UPFAL.

Portanto, não conheço do reexame necessário, uma vez que a


quantia excluída pelo julgador singular é inferior ao limite de 400
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(quatrocentas) UPFAL previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº.
6.771/06.

DA APRECIAÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO

Sobre o Recurso Ordinário interposto pela Autuada,


inicialmente, impende destacar os seus requisitos de admissibilidade, em
especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, desnecessário tecer comentários alongados,


pois o Recurso Ordinário foi interposto no prazo de 15 (quinze) dias,
conforme preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT 1, vez que a Recorrente foi
intimada no dia 06/07/2010, conforme edital publicado no DOAL, e
protocolou o recurso no dia 08/07/2010, razão pela qual passamos a
análise das razões recursais.

Da Prescrição Intercorrente

Preliminarmente, sustenta a Recorrente a incidência da


prescrição intercorrente no caso em apreço, nos termos do artigo 173,
§único, do Código Tributário Nacional, na medida em que, durante a sua
tramitação, o presente processo permaneceu por 09 (nove) anos sem
movimentação.

Consiste a prescrição intercorrente em instituto jurídico


derivado do princípio da segurança jurídica, sedimentado na premissa de
que é necessário impor-se um prazo razoável para a duração do
procedimento para apuração e execução do crédito tributário, não sendo
permitida a inércia do Poder Público.

Expressamente disposta no artigo 40, §4º, da Lei de Execução


Fiscal 2,a prescrição intercorrente é largamente empregada nesse
procedimento, todavia sua utilização no processo administrativo fiscal ainda
é bastante questionada.

Explica-se.

1
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
2
Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens
sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.
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Com a ocorrência da situação fática prevista no antecedente


da regra matriz de incidência tributária, inicia-se a contagem do prazo
decadencial de 05 (cinco) anos estabelecido no parágrafo único, do artigo
173, do Código Tributário Nacional para a constituição do crédito tributário
pela Fazenda Pública.

Num segundo momento, procedido o lançamento do crédito


tributário e a regular notificação do sujeito passivo, não há mais que se falar
em decadência, iniciando-se a contagem do prazo prescricional disposto no
artigo 174, do Código Tributário Nacional, o qual poderá ser suspenso pela
apresentação da impugnação administrativa do lançamento pelo
contribuinte. Isto é, uma vez suspensa a exigibilidade do crédito tributário,
suspende-se da mesma forma a contagem do prazo prescricional, nos termos
do artigo 151, inciso III, do CTN, somente voltando ao seu curso com o
término do processo administrativo fiscal.

Dessa forma, considerando-se o término da contagem do


prazo decadencial com o lançamento do crédito tributário e regular
notificação do sujeito passivo, assim como a suspensão do prazo
prescricional pela apresentação da impugnação administrativa, pressupõe-se
a inexistência de prescrição intercorrente no âmbito do processo
administrativo tributário.

Do mesmo modo, torna-se inviável a argumentação da


prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, na medida em que
o §4º, do artigo 40, da Lei nº. 6.830/80, apenas disciplinou a matéria no
âmbito da Execução Fiscal, inexistindo regulamentação legal para os
processos administrativos.

Nesse sentido, decidiu o STF no julgamento da ADI 124/SC ao


declarar a inconstitucionalidade de Lei Estadual do Estado de Santa
Catarina a qual permitia o conhecimento da prescrição intercorrente do
processo administrativo fiscal:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. NORMA DO


ESTADO DE SANTA CATARINA QUE ESTABELECE
HIPÓTESE DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
POR TRANSCURSO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO DE
RECURSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONSTITUIÇÃO
DO ESTADO, ART. 16. ATO DAS DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO
ESTADUAL, ART. 4º. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 146,
III, B, DA CONSTITUIÇÃO. A determinação do
arquivamento de processo administrativo tributário por
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decurso de prazo, sem a possibilidade de revisão do


lançamento equivale à extinção do crédito tributário cuja
validade está em discussão no campo administrativo. Em
matéria tributária, a extinção do crédito tributário ou do
direito de constituir o crédito tributário por decurso de
prazo, combinado a qualquer outro critério, corresponde
à decadência. Nos termos do Código Tributário Nacional
(Lei 5.172/1996), a decadência do direito do Fisco ao
crédito tributário, contudo, está vinculada ao lançamento
extemporâneo (constituição), e não, propriamente, ao
decurso de prazo e à inércia da autoridade fiscal na
revisão do lançamento originário. Extingue-se um crédito
que resultou de lançamento indevido, por ter sido
realizado fora do prazo, e que goza de presunção de
validade até a aplicação dessa regra específica de
decadência. O lançamento tributário não pode durar
indefinidamente, sob risco de violação da segurança
jurídica, mas a Constituição de 1988 reserva à lei
complementar federal aptidão para dispor sobre
decadência em matéria tributária. Viola o art. 146, III, b,
da Constituição federal norma que estabelece hipótese de
decadência do crédito tributário não prevista em lei
complementar federal. Ação direta de
inconstitucionalidade conhecida e julgada procedente.
(ADI 124/SC – Rel. Min. Joaquim Barbosa – Dje
17/04/2009)

Outrossim, não é outro o entendimento consolidado no STJ,


vejamos:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. PENDÊNCIA DE RECURSO
ADMINISTRATIVO. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E, NESSA PARTE, DESPROVIDO.
1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a
prestação jurisdicional, o acórdão que adota
fundamentação suficiente para decidir de modo integral a
controvérsia.
2. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a
deficiência na sua fundamentação não permitir a exata
compreensão da controvérsia" (Súmula 284/STF).
3. A discussão acerca de haver a Certidão da Dívida Ativa
- CDA preenchido todos os requisitos previstos no art. 2º,
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§ 5º, da Lei de Execuções Fiscais, além de gozar de


presunção de legitimidade, esbarra no óbice da Súmula
7/STJ.
4. O Código Tributário Nacional estabelece três fases
acerca da fruição dos prazos prescricional e decadencial
referentes aos créditos tributários. A primeira fase
estende-se até a notificação do auto de infração ou do
lançamento ao sujeito passivo - período em que há o
decurso do prazo decadencial (art. 173 do CTN); a
segunda fase flui dessa notificação até a decisão final no
processo administrativo - em tal período encontra-se
suspensa a exigibilidade do crédito tributário (art. 151,
III, do CTN) e, por conseguinte, não há o transcurso do
prazo decadencial, nem do prescricional; por fim, na
terceira fase, com a decisão final do processo
administrativo, constitui-se definitivamente o crédito
tributário, dando-se início ao prazo prescricional de cinco
(5) anos para que a Fazenda Pública proceda à devida
cobrança, segundo o que dispõe o art. 174 do CTN, a
saber: "A ação para a cobrança do crédito tributário
prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da sua
constituição definitiva." Precedentes.
5. Enquanto há pendência de recurso administrativo,
não correm os prazos prescricional e decadencial.
Somente a partir da data em que o contribuinte é
notificado do resultado do recurso é que tem início a
contagem do prazo de prescrição previsto no art. 174
do CTN. Destarte, não há falar em prescrição
intercorrente em sede de processo administrativo
fiscal.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa
parte, desprovido
(REsp 718139 SP – 1ª Turma – Rela. Min. Denise Arruda
– DJe 23/04/2008) (grifo nosso)

Portanto, seja pela suspensão do prazo prescricional com a


apresentação da impugnação administrativa do lançamento, quer seja pela
ausência de dispositivo normativo regulamentando a matéria, não há que se
falar em prescrição intercorrente no curso do processo administrativo fiscal,
logo, rejeitada a preliminar em análise.

Da Alegação de Decadência

Acórdão CTE N° 209/2013 Página 7


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Argumenta ainda a Recorrente que o Fisco Estadual não


respeitou o prazo de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito tributário,
pois o objeto do lançamento diz respeito a fatos ocorridos no exercício de
1995, contudo, segundo sua ótica, o crédito tributário somente foi
constituído em 02/06/2010 com a decisão proferida pela Coordenadoria de
Julgamento, fato suficiente para ensejar a incidência do instituto da
decadência.

Como delineado anteriormente, com a ocorrência da situação


fática prevista no antecedente da regra matriz de incidência tributária,
inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos estabelecido no
parágrafo único, do artigo 173, do Código Tributário Nacional para a
constituição do crédito tributário pela Fazenda Pública.

Em seguida, formalizado o ato do lançamento e regularmente


notificado o sujeito passivo da obrigação tributária, cessa a contagem do
prazo decadencial, iniciando-se a contagem do prazo prescricional, de modo
que não há que se falar em decadência caso tais atos tenham sido realizados
no prazo de 05 (cinco) anos.

De fato, no caso dos autos, a situação fática motivadora


autuação em análise aconteceu no exercício de 1995, tendo o lançamento do
crédito tributário ocorrido em 09/11/1995 com a lavratura do auto de
infração, regularmente notificado o contribuinte no dia 30/11/1995,
momento em que compareceu aos autos para apresentação da defesa.

Portanto, considerando-se que entre situação fática relatada


nos autos como infração e o lançamento do crédito tributário, devidamente
intimado o contribuinte, não transcorreu o lapso decadencial de 05 (cinco)
anos, não merece acolhida a argumentação da Recorrente, logo se rejeita a
incidência da decadência no caso em apreço.

Da Alegação de Afronta ao Princípio do Não-Confisco –


Incompetência do CTE para Apreciação de Matérias que impliquem a
Declaração de Inconstitucionalidade de Dispositivo Legal

Por fim, sustenta a Recorrente que a penalidade imputada na


decisão recorrida é exorbitante e afronta o princípio constitucional do não-
confisco.

Nesse ponto, embora relevantes os argumentos delineados


pela Recorrente, a análise do mérito da matéria então arguida esbarra em
impedimento de ordem processual, qual seja, a incompetência do Conselho

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Tributário Estadual para apreciação de questões, entre outras, que


impliquem na declaração de inconstitucionalidade de dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da Lei nº.


6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo


administrativo tributário decorrente de Auto de Infração
compete, em primeira instância administrativa, à
Coordenadoria de Julgamento - CJ, e, em segunda
instância, ao Conselho Tributário Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador afastar a


aplicação de norma sob alegação de
inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese em que
tenha havido a declaração nesse sentido pelo Supremo
Tribunal Federal, em ação direta ou declaratória, após a
publicação da decisão, ou pela via incidental, após a
publicação da Resolução do Senado Federal que
suspender a execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo ora


transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação de norma pelo
Conselho Tributário Estadual sob a justificativa da sua afronta à
Constituição Federal, de modo que resta impossibilitada a apreciação da
fundamentação declinada pela Recorrente, motivo pelo qual se rejeita a
alegação concernente à aplicação de penalidade exorbitante e confiscatória.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos,em razão da fundamentação declinada:

a) não se conhece do Reexame Necessário, pois a quantia


excluída pela Coordenadoria de Julgamento é inferior ao limite de 400
UPFAL previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº. 6.771/06.

Acórdão CTE N° 209/2013 Página 9


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b) conhece-se do Recurso Ordinário para rejeitar a preliminar


de incidência da prescrição intercorrente e, no mérito, negar-lhe provimento,
vez que foi respeitado o prazo decadencial para a constituição do crédito
tributário, bem como diante da incompetência do Conselho Tributário
Estadual para apreciar matérias que impliquem a declaração de
inconstitucionalidade de dispositivo normativo, de modo que não é possível a
análise da alegação de aplicação de penalidade confiscatória.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


Processo nº: SF 1500-005357/1996; CTE 049/2011 e anexos
Auto de Infração nº. 70405 de 19/09/1995
Recorrente: Fazenda Estadual (Reexame necessário)
Recorrido: Transportadora Santa Izabel
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 210/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA DECORRENTE
DA AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E
LUBRIFICANTES EM OPERAÇÃO
INTERESTADUAL. COMBUSTÍVEIS E
LUBRIFICANTES UTILIZADOS DIRETA E
IMEDIATAMENTE NA ATIVIDADE FIM DO
CONTRIBUINTE (PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
DE TRANSPORTE) CARACTERIZAM-SE
COMO INSUMOS. SITUAÇÃO FÁTICA
RELATADA NOS AUTOS NÃO SE ENQUADRA
NA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO ICMS.
NÃO OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. DECISÃO
MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a decisão nº.


18.299/2011 da Coordenadoria de Julgamento, a qual concluiu pela
improcedência do lançamento do crédito tributário consignado na autuação
pela inocorrência do fato gerador do ICMS, uma vez que os combustíveis e
lubrificantes utilizados pelo Recorrido caracterizam-se como insumos, pois
foram utilizados diretamente na prestação do serviço de transporte, nos
termos da seguinte ementa:

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 1


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ICMS – Obrigação principal. Falta de recolhimento do


ICMS Diferencial de Alíquota. Imposto somente incide na
entrada de bens destinados ao consumo ou ativo fixo,
conforme art. 5º, inciso II, da Lei Estadual nº. 5.077/89.
Combustíveis e lubrificantes caracterizam-se como
insumos utilizados direta e exclusivamente na prestação
de serviço de transporte, a teor do que preconiza o art.
91, VI, do RICMS/AL. Inocorrência do fato gerador do
ICMS diferencial de alíquota. Lançamento
IMPROCEDENTE. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, ex vi dos arts. 48, I e 49, §1º, da Lei
Estadual nº. 6.771/06.

Relata-se nos autos que o contribuinte deixou de recolher


ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela compra para consumo
de combustíveis e lubrificantes no período de abril/1994 a agosto/1995,
totalizando crédito tributário no valor de R$ 8.670,34 (oito mil, seiscentos e
setenta reais e trinta e quatro centavos).

Instruem os autos os dados cadastrais, o demonstrativo do


débito, a cópia do cartão de autógrafo e as cópias das notas fiscais de
entrada do período fiscalizado.

Apesar de inexistir prova nos autos da sua intimação, a


Autuada apresentou defesa as fls. 59/65, sendo impugnada as fls. 71 dos
autos.

Encaminhado para a Coordenadoria de Julgamento, decidiu-


se pela improcedência do lançamento, pois os combustíveis e lubrificantes
adquiridos pelo Autuado foram utilizados direta e exclusivamente na
prestação dos serviços de transporte, caracterizando-se como insumos e,
portanto, fora do campo de incidência do ICMS.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 2


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É o relatório.

VOTO

Colhe-se dos autos que a autoridade autuante constatou a


falta de recolhimento de ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela
aquisição de combustível e lubrificante para consumo, fato este resultante
no lançamento de crédito tributário no importe de R$ 8.670,34 (oito mil,
seiscentos e setenta reais e trinta e quatro centavos).

Para tanto, fundamenta o lançamento do crédito tributário no


disposto no artigo 5º, inciso II, da Lei nº. 5.077/89, a qual prevê como
hipótese incidência do ICMS a aquisição de mercadoria proveniente de outro
Estado, destinado ao consumo ou ativo imobilizado, in verbis:

Art. 5º - Ocorre o fato gerador do imposto:

II - na entrada do estabelecimento de contribuinte de


mercadoria oriunda de outro Estado, destinada a consumo
ou ativo fixo;

Submetido a julgamento, decidiu-se pela improcedência do


lançamento, pois os combustíveis e lubrificantes adquiridos pelo
contribuinte destinaram-se ao consumo imediato na prestação do serviço de
transporte, logo se caracterizaram como insumo, hipótese não prevista no
âmbito de incidência do ICMS.

De fato, a partir das cópias das notas fiscais acostadas aos


autos, inexistem dúvidas quanto à aquisição de combustível, em operação
interestadual, pelo contribuinte, cingindo-se a controvérsia, especificamente,
sobre a natureza dos bens adquiridos pelo Recorrido. Se são compreendidos
como bens de consumo ou insumos.

A definição de bens de consumo é bem abrangente, na medida


em que se entende como tal as mercadorias não essenciais à atividade
econômica do estabelecimento, ou seja, o material que não é utilizado na
comercialização ou o que não for integrado no produto ou para consumo no
respectivo processo de industrialização ou produção rural, ou, ainda, na

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 3


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prestação de serviço sujeito ao ICMS, não gerando benefícios econômicos


diretos na atividade da empresa.

Por sua vez, insumo são as mercadorias adquiridas pelo


contribuinte necessárias/obrigatórias utilizadas na prestação de serviço,
sem as quais fica a empresa impedida de realizar sua atividade-fim de forma
plena.

No caso dos autos, considerando-se a natureza da atividade


desempenhada pelo Recorrido, qual seja, a prestação dos serviços de
transporte, resta evidente que os combustíveis e lubrificantes adquiridos
foram destinados ao abastecimento dos seus veículos e, portanto, para o
consumo imediato em sua atividade-fim, fato suficiente para caracterizar tais
produtos como insumos.

Assim, se de fato existe distinção entre insumos e bens de


consumo, e a hipótese de incidência estabelecida no artigo 5º, inciso II, da
Lei nº. 5.077/89 apenas prevê a tributação da aquisição de mercadorias
destinadas ao consumo, não há que se falar em incidência do ICMS no caso
em apreço.

O professor Paulo de Barros Carvalho é esclarecedor ao


explicar que é essencial que a situação fática motivadora da tributação se
adeque perfeitamente à hipótese descrita no antecedente da norma
tributária, sob pena de não ocorrer a incidência da norma, vejamos:

“Nesse caso, diremos que houve a subsunção, quando o


fato (fato jurídico tributário constituído pela linguagem
prescrita pelo direito positivo) guardar absoluta
identidade com o desenho normativo da hipótese
(hipótese tributária). Ao ganhar concretude o fato,
instala-se, automática e infalivelmente, como diz Alfredo
Augusto Becker, o laço abstrato pelo qual o sujeito ativo
torna-se titular do direito subjetivo público de exigir a
prestação, ao passo que o sujeito passivo ficará na
contingência de cumpri-la.” 1

1
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 23ªed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 316.
Acórdão CTE N° 210/2013 Página 4
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Sobre o assunto já se posicionou o Superior Tribunal de


Justiça no seguinte sentido:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
CREDITAMENTO DE ICMS NA AQUISIÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE
TRANSPORTE. BENS QUE SE CARACTERIZAM COMO
INSUMO NECESSÁRIO À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
1. Recurso ordinário em mandado de segurança em que
se pretende o reconhecimento do direito de sociedade
empresária prestadora de serviços de transporte fluvial
ao creditamento do ICMS realizado no período de janeiro
a dezembro de 2006, referente à aquisição de
combustíveis e lubrificantes.
2. A jurisprudência do STJ tem reconhecido o direito das
prestadoras de serviços de transporte ao creditamento do
ICMS recolhido na compra de combustível, que se
carateriza como insumo, quando consumido,
necessariamente, na atividade fim da sociedade
empresária. Precedentes: REsp 1.090.156/SC, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe
20/08/2010; REsp 1175166/MG, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 26/03/2010.
3. Ante o objeto social da sociedade empresária
recorrente, deve-se reconhecer que os combustíveis e
lubrificantes são insumos necessários à prestação do
serviço de transporte fluvial, e não bens de simples
uso e consumo, como tem interpretado a administração
tributária estadual.
4. Recurso ordinário provido para reconhecer o direito da
impetrante ao creditamento do ICMS referente aos
combustíveis e lubrificantes que utilizou na prestação do
serviço de transporte fluvial.
(STJ - RMS 32110 / PA – 1ª Turma – Rel. Min. Benedito
Gonçalves – Dje 20/10/2010) (grifo nosso)

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 5


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Portanto, não merece reforma o julgado recorrido, pois os


combustíveis e lubrificantes adquiridos pelo contribuinte foram destinados
ao consumo direto e imediato na prestação do serviço de transporte
(atividade-fim), de modo que não se enquadram na hipótese de incidência do
ICMS prevista no artigo 5º, inciso II, da Lei nº. 5.077/89.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos,manter-se a decisão nº. 18.299/2011 proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, no sentido de julgar pela IMPROCEDÊNCIA do lançamento,
uma vez que os combustíveis adquiridos pelo contribuinte caracterizam-se
como insumos, pois são empregados direta e imediatamente na prestação do
serviço de transporte (atividade-fim), portanto, não se enquadram na
hipótese de incidência do ICMS prevista no artigo 5º, inciso II, da Lei nº.
5.077/89

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 6


Governo do Estado
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Conselho Tributário Estadual

SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


PROCESSO: 1500-009697/97; CTE-155/08
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 042253/95
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA
EMPRESA AUTUADA: MARIA CELESTINO DOS SANTOS ANDRADE
AUTUANTE: OSCAR JORGE D. DA SILVA – Mat. 51.583 E OUTRO
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 211 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. A REVELIA DO


AUTUADO IMPLICA NO RECONHECIMENTO DA
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ASSIM COMO A
PRODUÇÃO DO EFEITO DE DECISÃO FINAL
NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. TRANSCORRIDOS MAIS DE
CINCO ANOS SEM A DEVIDA INSCRIÇÃO DO
RESPECTIVO DÉBITO NA DÍVIDA ATIVA, O
MESMO FICA EXTINTO EM DECORRÊNCIA DA
PRESCRIÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E PROVIDA.

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de


crédito tributário a título de ICMS no valor de R$ 7.135,92 (
Sete Mil, Cento e Trinta e Cinco Reais e Noventa e Dois
Centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$ 10.703,88
(Dez Mil Setecentos e Três Reais e Oitenta e Oito Centavos).

Como instrução da autuação foram anexados aos


autos,demonstrativo do débito, 2ª (segunda via) da intimação
fiscal de nº 122411, dados cadastrais e cópias, do cartão de
autógrafos,notas fiscais série C-1 e C-2,DAR´S e dos Livros
Reg. de Apuração do ICMS e de Inventário.

Devidamente intimada da autuação,a autuada não


apresentou defesa, incorrendo em revelia, conforme termo
próprio de fl.43 lavrado em 20 de setembro de 1995.

A primeira instância ao analisar o presente


litígio fiscal proferiu julgamento concluindo pela
procedência parcial do crédito tributário lançado, conforme
ementa: “ICMS. 1) Falta de recolhimento do imposto decorrente
de operações com gás liquefeito de petróleo (GLP)
desacompanhadas de documentação fiscal. Ilícito fiscal
documentalmente comprovado. 2) Venda de botijões vazios
(vasilhames) desacobertada de notas fiscais. Ausência de
elementos probantes – Acusação inconsistente. Auto de
Infração PROCEDENTE EM PARTE.”

Por força de remessa necessária o presente


processo sobe para este Colegiado e em seguida distribuído a
Segunda Câmara.

É o relatório

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 2


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Voto.

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a


contribuinte apesar de ter sido intimado da autuação em 03 de
agosto de 1995, a mesma não impugnou o lançamento, incorrendo
assim em revelia, conforme termo próprio lavrado na fl. 43.

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente, ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141....

§ 1º - Quando se tratar de infrator revel, e a


infração se referir à falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros fiscais próprios, prestadas
as informações sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo automaticamente
promovida a inscrição do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista


no parágrafo anterior, importa o reconhecimento da obrigação
tributária e produz efeito de decisão final do processo
administrativo.

§
3º - Nos demais casos, lavrado o Termo de
Revelia, o processo seguirá os tramites regulamentares,
facultado ao revel a intervenção em qualquer oportunidade,
antes de transitada em julgado a decisão terminativa”.

Posteriormente, editada a Lei nº 5.983, em 20 de


dezembro de 1997, a mesma alterou a redação do art. 141,

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 3


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Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

retro transcrita, com o seguinte teor: “Art. 141. Findo o


prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação
de defesa ou recurso, será providenciado a lavratura do termo
de revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em
Dívida Ativa.”

Assim, com a alteração da redação do reportado


art. 141, a revelia do autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributária e encerramento do Processo
Administrativo Tributário em razão da produção de efeito de
decisão final no próprio processo em tramitação, conforme
mandamento contido no Parágrafo único do referido art. 141,
verbis: “A revelia do autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito de decisão final no
processo administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o Código
Tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, o referido
diploma legal quando disciplinava o processo administrativo
fiscal no seu capítulo III, do art. 118 ao art. 167, o mesmo
tratou, também, de direito processual e assim sendo a
doutrina aponta três sistemas que procuram resolver quanto à
eficácia das leis processuais no tempo, conforme exposição
abaixo:

a) O primeiro sistema, chamado de unidade


processual, é um complexo de atos inseparáveis uns dos
outros, porque todos se subordinam ao fim a que visa, qual
seja, a decisão. O processo seria um corpo uno, e, assim
considerados, teria que ser regulado por uma única lei.
Nessas condições, uma vez em curso, e sobrevindo uma lei
nova, disciplinar-se-ia inteiramente por esta ou pela lei
anterior. A ser regido inteiramente pela lei nova, tornando
ineficazes os atos já realizados, poder-se-ia dizer que a lei
processual tem efeito retroativo.

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 4


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Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas: a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplinará a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Somente as fases seguintes obedeceriam à lei nova.

c) O terceiro sistema é o do isolamento dos atos


processuais, segundo o qual, sem desconhecer que o processo é
uma unidade em vista do fim a que se propõe, observa que cada
um dos atos processuais pode ser considerado isoladamente,
para os efeitos de aplicação da lei nova. Ou melhor, esta,
encontrando um processo em desenvolvimento, respeita a
eficácia dos atos processuais já realizados e passa a
disciplinar o efeito a partir de sua vigência.

Dentre os referidos sistemas, o Código de Processo


Civil adotou o sistema do isolamento dos atos processuais,
conforme expressamente dispôs no art. 1211, ao tratar das
disposições finais e transitórias, segundo o qual reza:
“...Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão, desde
logo, aos processos pendentes.

Portanto, atentando-se para aplicação subsidiária


das normas do Processo Civil ao Processo Administrativo
Tributário, não resta nenhuma dúvida de que à luz da nova
redação do art. 141, da Lei nº 4.418/82, então vigente, dada
pela Lei nº 5.983/97, a administração fazendária deveria ter
procedido ao encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o
respectivo débito na Dívida Ativa, isto, em 10 de setembro de
1995, a fim de inscrever o respectivo débito na Dívida Ativa,
seguida da competente ação de execução fiscal a cargo da
douta Procuradoria da Fazenda Estadual.

No entanto, transcorreram mais de cinco anos,


contados a partir da constituição do crédito tributário,
termo inicial do prazo prescricional, sem que tal providência
fosse adotada, segundo confronto de fl. 43 com as fls. 49/52.

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 5


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária para dar-lhe provimento no
sentido de declarar a extinção do crédito tributário pelo
efeito da prescrição.

Intime-se a empresa autuada e em seguida vão os


autos à DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013
PROCESSO: 1500-019689-11/1500-031241-11/1500-034052-12 e CTE
59/2013.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.11686-001.
AUTUADA: L MARTINS ALMEIDA SANTOS VAREJISTA EPP.
INSCRIÇĀO ESTADUAL: 242.30257-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.729/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): ALESSANDRO MARCIO NOVAES OLIVEIRA E OUTROS.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 212 /2013

EMENTA: ICMS. EMENTA - ICMS – Obrigação


acessória – operação de venda de
mercadoria destinada a contribuinte em
situação irregular perante o CACEAL. Nāo
foi levada em consideração a defesa
correta do contribuinte. AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO
CONTRADITÓRIO. Recurso ordinário
conhecido e provido.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa L


MARTINS ALMEIDA SANTOS VAREJISTA EPP, já devidamente
qualificada nos autos, do lançamento de crédito tributário,
composto de imposto e multa, pelo fato de, em tese, o sujeito
passivo: “Transportava mercadorias consideradas sem
documentos fiscais, em virtude de utilizar documentação
fiscal inidônea, de acordo com detalhamento abaixo e
documento(s) anexo(s).
Complementa a descrição fática: “Nota Fiscal Eletrônica
de mercadoria destinada a contribuinte com inscrição estadual
Acórdão CTE N° 212/2013 Página 1
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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
(CACEAL) na condição de inapta. Trata-se de veículo que o
destinatário adquiriu na cidade de Feira de Santana – BA, Ao
chegar ao posto fiscal, no dia 03/05/2011, o transportador
foi informado da situação irregular do contribuinte e, por
isso, estaríamos cobrando imposto e multa. O contribuinte
demonstrou aparente intenção de regularizar a pendência,
pedindo informações e o DAR para pagamento. Porém, acabou
evadindo-se do posto deixando a nota fiscal, levando, no
entanto, a mercadoria, fato também para o qual foi lavrado um
auto de infração de embaraço à fiscalização (no 90.11686-
001)”.
Foram apontados como transgredidos artigo 97, c/c
artigo 21, VI da Lei 5.900/96; c/c artigos 139-D, §§1o e 2o;
139-P, e 207, todos do RICMS, c/c artigos 7o, §1o, 4 do
Convênio s/n de 15/12/1970 e Cláusula 4a, §1o e 18 do Ajuste
SINIEF 07/2005. Aplicada a penalidade prevista no artigo 97
da Lei nº 5.900/96.
Como conjunto probatório foi acostado aos autos: dados
cadastrais do contribuinte, Termo de Apreensão 283695, cópias
de notas fiscais, entre outros documentos diversos.
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as
contrarrazões por um dos autuantes fiscais, foi proferida a
Decisão nº 18.729/12, tendo o julgador singular decidido pela
procedência do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA - ICMS – Obrigação acessória –


operação de venda de mercadoria
destinada a contribuinte em situação
irregular perante o Cadastro de
contribuintes do Estado de Alagoas,
CACEAL – Hipótese caracterizadora de
transporte de mercadorias acobertado por
nota fiscal inidônea, ex vi artigo 207,
IX do RICMS – Incidência das disposições
previstas no artigo 11, I, “b”, da Lei
Complementar 87/96, definidoras da
competência tributária do ente federado
onde se localizarem as mercadorias
apreendidas em situação irregular –
Infração caracterizada - Lançamento
PROCEDENTE.

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 2


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Em seguida, verifica-se nos autos, conforme os
documentos Despacho nº 043/2012, fl. 56, e “INFORMAÇĀO”, fl.
57, da Coordenadoria de Julgamento, do processo anexo nº
031240/2011, que antes do julgamento de 1ª instância, ocorreu
a troca equivocada das impugnações impetradas pelo
contribuinte entre os processos nº 1500-019689/2011 (Auto de
Infração nº 901168-001) e nº 1500-019690/2011 (Auto de
Infraçāo nº 901168-002), e que .
Comunicado da decisão monocrática, o sujeito passivo
recursou, requerendo a anulação da Decisão nº 18.729/12,
fundamentando seu pedido no argumento de que devido a permuta
das impugnações entre os processos já citados, nāo ocorreu
uma análise correta de sua defesa.
Nas Contrarrazões, a representante fiscal também se
manifesta no sentindo das trocas errônea dos processos de
defesa do contribuinte, consectário das contrarrazões do
fisco, entre os processos nº 1500-019689/2011 (Auto de
Infração nº 901168-001) e nº 1500-019690/2011 (Auto de
Infraçāo nº 901168-002). Reconhece que cabe razão aos
argumentos recursais, inclusive reconhecido pela
Coordenadoria de Julgamento, já que o julgamento de piso
apreciou e decidiu considerando uma impugnação de outro
processo. Propõe ao fim a anulação de todos os atos até a
impugnação do contribuinte, mantendo esta.
Assim chegam os autos a este Conselho.
É o relatório.

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 3


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VOTO
Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, impetrado
por pessoa legitimada, da Decisão nº 18.729/12, de Primeira
Instância, conforme ordenado no art. 45, I, § 1º e art. 46,
ambos da Lei nº 6.771/06.
Como demonstrado nos autos, a recorrente e o
representante fiscal com razão pedem pela anulação dos atos
processuais posteriores à impugnação, inclusive a Decisão nº
18.729/12.
Isto porque por erro na protocolização das defesas de
dois processos do contribuinte, ocorreu a troca das mesmas,
onde o julgador de piso analisou a defesa do processo nº
1500-019690/2011 em vez desta, de protocolo de nº 1500-
019689/2011.
Vê-se, diante da síntese acima, que indubitavelmente
ocorreu violação ao princípio da ampla defesa e do
contraditório o que leva a nulidade de qualquer ato
processual, conforme determinação legal, mais especificamente
nas seguintes disposições do art. 7º da

Lei nº 6.771/2006:
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;

Decreto nº 25.370/2013:
Art. 24. São nulos:
...
II – os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;
...
Art. 25. A nulidade será decretada, de
ofício ou a requerimento do interessado,
pela autoridade competente para apreciar
o ato.
...
Art. 26. A nulidade de ato prejudica
todos os posteriores que dele sejam
diretamente dependentes ou consequentes.

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Parágrafo único. A autoridade que
decretar a nulidade declarará que atos
são atingidos, determinando as
providências necessárias para que sejam
repetidos ou retificados.

Inclusive os princípios do devido processo legal,


contraditório e da ampla defesa, estão consagrados em nossa
constituição, no 5º, nos incisos LIV e LV.
Claro está que o Recorrente, ao propor sua impugnação,
a mesma não foi levada em consideração na hora do julgamento.
Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do recurso voluntário para dar-lhe provimento, acolhendo a
nulidade por cerceamento do direito de defesa, declarando
nulo todos os atos praticados das contrarrazões da defesa do
processo anexo nº 1500-031240/2011 em diante, devendo os
autos retornarem à Representaçāo Fiscal para apresentarem as
devidas contrarrazões relativa à impugnação e o processo
seguir seu curso normal.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESÃO ORDINÁRIA Nº 21 – 2º CÂMARA – REALIZADA EM: 11/06/2011
PROCESSO Nº.: SF 1500-026974/2003 e CTE-188/2011
ANEXO:SF:038487/03 e 001112/2009
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 030850 de 29/08/2003
RECORRIDO: TEXFORM S/A
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 214/2013

EMENTA: ICMS– Obrigação acessória. Não


Utilização de equipamento emissor de cupom
fiscal. Contribuinte exerce atividade
varejista. Infração descaracterizada.
Ausência de critério pessoal afasta a
Hipótese de incidência. Recurso de Ofício
conhecido e improvido. Lançamento
Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão administrativa


nº 17.484/2010, que julgou pela nulidade do lançamento do crédito
tributário constante do Auto de Infração nº 030850.

A autoridade fiscal lavrou o Auto de Infração para com o


contribuinte TEXFORM S/A autuando que este não usava Equipamento
Emissor de Cupom Fiscal – ECF, embora seja assim obrigado. Logo,
fora gerado uma multa fixa.

Tal infração se dá com os art. 4º, “a” e “b” do Dec.


36.953/96, combinado com o art. 9º, § 5º da Lei 5.900/96, aplicando-
se a penalidade constante do art. 123, XV da Lei 5.900/96, ensejando
o crédito tributário no valor de R$ 2.431,50 (dois mil quatrocentos
e trinta e um reais e cinqüenta centavos).

Em sede de impugnação administrativa, o contribuinte


sustenta que a Autuação fiscal é improcedente tendo em vista que não
pratica atos de comércio de qualquer natureza, não estaria sujeita,
pois, a utilização do citado ECF.

1
ACÓRDÃO CTE-214/2012
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Por outro lado, a representação fiscal alega que a
autuada praticou atos de comércio, consoante Notas Fiscais de vendas
de mercadorias. Sendo assim, estaria submetida a exigência de
utilização do ECF.

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, requisita


diligência para que se perfaçam os devidos ajustes concernentes ao
“descompasso verificado entre o crédito tributário apurado na
inicial e os parâmetros previstos no art. 123, XV, da Lei nº
5.900/96. Realizada dita diligência, a autoridade fiscal realiza um
aditamento do lançamento, de maneira a majorar, consideravelmente, o
crédito tributário.

Sendo intimado do referido aditamento, o contribuinte


reafirma que não está obrigado à utilização do ECF, haja vista que
atuaria no ramo da indústria gráfica. Em contrapartida, a
Representação Fiscal sustenta pela procedência do auto de infração.

Da leitura conjunto do art. 50, § 2º da Lei 5.900/96 c/c


Art. 4-A do Decreto 36.953/96, o julgador singular denotou que o ECF
é obrigatório no que diz respeito aos contribuintes varejistas,
sendo aqueles que vendem mercadorias em pequenas quantidades assim
como para o consumidor final.

Aliado a referida leitura, o julgador singular constatou


que o sujeito passivo não exerce atividade varejista, seja em razão
da atividade do contribuinte inscrita no Relatório de Dados
Cadastrais do Contribuinte, ora em função das notas fiscais trazidas
ao processo.

Assim sendo, a coordenadoria de julgamento decidiu pela


nulidade do lançamento do crédito tributário em razão da ausência de
motivo de fato, visto não haveria infração tampouco penalidade a ser
aplicada.

É o relatório.

2
ACÓRDÃO CTE-214/2012
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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo ao voto do reexame necessário da decisão singular 17.484/2010,
a qual julgou nulo o lançamento do crédito tributário em questão.

Para o presente julgamento, imperioso se faz


destacar uma análise quanto à obrigatoriedade do Emissor de Cupom
Fiscal.
O Decreto nº 38.234/99, o qual realizou algumas
alterações no decreto nº 36.953/95, que disciplina o uso de
equipamento emissor de cupom fiscal, em seu art. 4º prescreve a
operação ou operação realizada através de cartão apenas poderá ser
realizada por emissor de cupom fiscal:

Art. 4º A partir das datas referidas no artigo 4º-


B do Decreto nº 36.953/96, acrescentado por este
Decreto, a emissão, pelas empresas obrigadas ao
uso do ECF, do comprovante de pagamento de
operação ou prestação, efetuado com cartão de
crédito ou débito automático em conta corrente,
somente poderá ser feita por meio de ECF.

§1º O comprovante de pagamento referido no “caput”


deve estar vinculado ao documento fiscal emitido
na operação ou prestação respectiva, conforme
disciplinado em legislação pertinente.

Quanto a impossibilidade de utilização de outro


equipamento é sabido que desde 31/12/1999 o contribuinte já estava
obrigado a utilizar o equipamento ligado ao emissor de cupom fiscal,
prazo este que veio sendo prorrogado até 01/04/2003, consoante
prescreve o § 2º do art. 4º do decreto nº. 38.234/99 e o art. 1º da
Instrução Normativa nº 19/2002, in verbis:

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§2º O estabelecimento já usuário de ECF ou terminal
ponto de venda - PDV deverá adequar-se ao disposto
no “caput” até 31 de dezembro de 1999.

Art. 1º O art. 1º da Instrução Normativa SF nº


06/02, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º A exigência do procedimento previsto no


art. 4º do Decreto 38.234, de 03 de dezembro de
1999, que obriga à emissão do comprovante de
pagamento de operação ou prestação efetuado com
cartão de crédito ou débito automático em conta
corrente através de Equipamento Emissor de Cupom
Fiscal - ECF, fica prorrogada para o dia 1º de abril
de 2003".

Assim, percebe-se que desde dezembro de 1999 foi


proposta a nova sistemática para utilização do ECF, no entanto,
este prazo limite foi prorrogado até abril de 2003.

Não obstante, necessário salientar que tal exigência


não está dirigida a todos os contribuintes. Neste passo, feliz é o
julgador singular ao realizar a análise conjunta dos dispositivos
seguintes: art. 50, § 2º da Lei 5.900/96 c/c Art. 4-A do Decreto
36.953/96.

Diante de tais dispositivos, depreende-se que o


somente o contribuinte lastreado pelo comércio varejista está
submetido a referida exigência/obrigação de utilização do ECF.

Ora, diante dos documentos acostados aos autos,


denota-se que a lide em comento cinge-se, justamente, a discussão do
contribuinte autuado restar caracterizado pelo comércio varejista ou
atacadista, haja vista a questão pacífica e já explanada da
exigência do ECF para o comércio varejista.

Pois bem, analisando as notas fiscais trazidas ao


processo, tem-se que as grandes quantidades ali contidas perfazem,
desde logo, a caracterização do comércio atacadista. Ademais,
reforçando dito entendimento, observa-se a situação do contribuinte
no “Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte”, o que permite
inferir que o contribuinte realiza atividades compatíveis – edição e
impressão de produtos gráficos / impressão de material de segurança,
com o comércio atacadista.

Logo, denota-se que o contribuinte não realiza o comércio


varejista, razão pela qual não está submetido à obrigação de portar
o ECF.

4
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Sendo assim, importante se faz observar, entretanto, a
dita nulidade do lançamento do crédito tributário constante da
decisão singular.

Neste ínterim, importante se faz o motivo que ensejou a


referida nulidade. Seguindo tal passo, o julgador singular
demonstrou que não houve infração à legislação tributária, havendo
logo ausência de motivo de fato que acarretaria suposta nulidade.

Porém, é importante notar o seguinte ilustre


entendimento:

“Para Humberto Theodoro Júnior, existem três


estágios de julgamento: ”(...) no primeiro estágio,
o juiz examina se o processo é válido como relação
jurídica processual (pressupostos processuais). Se
tudo está em ordem, não há necessidade de um
julgamento positivo, passa-se adiante. Se falta
pressupostos, julga, desde logo, nulo ou extinto o
processo sem julgamento de mérito. No segundo
estágio que pressupõe a validade processual, o juiz
examina as condições da ação (requisitos para obter
sentença de mérito). Se estão presentes, também não
há obrigatoriedade de declará-los (salvo se forem
negados na contestação); segue-se o exame de
mérito. Se falta alguma condição, o juiz sentencia
julgado o autor carecedor da ação, e o processo
extingui-se sem solução para a lide. Finalmente, no
terceiro estágio, se a relação processual é válida
e reúnem às condições da ação, o juiz examinará o
pedido e, qualquer que seja a solução, (acolhida ou
rejeição) proferirá uma sentença definitiva ou de
mérito, julgando-a procedente ou improcedente.”
(destaque em grifo nosso)243” 1

Ora, faz-se imperioso, logo, denotar se há algo que


enseje a nulidade do lançamento em comento, seja em razão do não
cumprimento dos pressupostos processuais, seja em razão do não
atendimento às condições de ação.

Neste passo, denota-se que, consoante o Código de


Processo Civil, tanto os pressupostos processuais como as condições
de ação estão configurados no caso em liça.

Aliás, nota-se, como a próprio julgador singular


constatou, que não há infração alguma à legislação tributária no
caso em comento, mas sim, tão somente, a não subsunção do fato à

1
NEDER, Marcos Vinícius. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3. ed. – São Paulo: Dialética,
2010. pg. 423.
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norma apurada - à hipótese da lei tributária. Neste diapasão,
importante observar a lição de Geraldo Ataliba:

“A h.i. tributária é a hipótese da lei


tributária. É a descrição genérica e abstrata de um
fato. É a conceituação (conceito legal) de um fato:
mero desenho contido num ato legislativo.” 2

Logo, vê-se que a autuação decorreu da hipótese de


incidência tributária da não utilização obrigatória do ECF em razão
de suposta caracterização de comércio varejista.

Entretanto, restou verificado, tanto pelas notas fiscais


trazidas aos autos bem como pelos dados cadastrais do sujeito
passivo, que o contribuinte não exerce atividade varejista, mas sim
atacadista. Ora, verificada a não configuração da hipótese de
incidência tributária, denota-se que se está adentrando no mérito da
lide. Não perfazendo, pois, infração à legislação tributária, não
resta conclusão senão de improcedência, e não nulidade, do
lançamento do crédito tributário.

Diante do exposto e dos dispositivos elencados, ACORDAM


OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe
provimento, entretanto reformam a decisão singular, no sentido de
improcedência do lançamento do crédito tributário, tendo em vista a
não configuração da hipótese da lei tributária.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de Maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

2
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed. – São Paulo: Malheiros Editores Ltda. pg. 59.
6
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SESÃO ORDINÁRIA Nº 21 – 2º CÂMARA – REALIZADA EM: 11/06/2011
PROCESSO Nº.: SF 1500-026974/2003 e CTE-188/2011
ANEXO:SF:038487/03 e 001112/2009
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 030850 de 29/08/2003
RECORRIDO: TEXFORM S/A
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 214/2013

EMENTA: ICMS– Obrigação acessória. Não


Utilização de equipamento emissor de cupom
fiscal. Contribuinte exerce atividade
varejista. Infração descaracterizada.
Ausência de critério pessoal afasta a
Hipótese de incidência. Recurso de Ofício
conhecido e improvido. Lançamento
Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário da decisão administrativa


nº 17.484/2010, que julgou pela nulidade do lançamento do crédito
tributário constante do Auto de Infração nº 030850.

A autoridade fiscal lavrou o Auto de Infração para com o


contribuinte TEXFORM S/A autuando que este não usava Equipamento
Emissor de Cupom Fiscal – ECF, embora seja assim obrigado. Logo,
fora gerado uma multa fixa.

Tal infração se dá com os art. 4º, “a” e “b” do Dec.


36.953/96, combinado com o art. 9º, § 5º da Lei 5.900/96, aplicando-
se a penalidade constante do art. 123, XV da Lei 5.900/96, ensejando
o crédito tributário no valor de R$ 2.431,50 (dois mil quatrocentos
e trinta e um reais e cinqüenta centavos).

Em sede de impugnação administrativa, o contribuinte


sustenta que a Autuação fiscal é improcedente tendo em vista que não
pratica atos de comércio de qualquer natureza, não estaria sujeita,
pois, a utilização do citado ECF.

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Por outro lado, a representação fiscal alega que a
autuada praticou atos de comércio, consoante Notas Fiscais de vendas
de mercadorias. Sendo assim, estaria submetida a exigência de
utilização do ECF.

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, requisita


diligência para que se perfaçam os devidos ajustes concernentes ao
“descompasso verificado entre o crédito tributário apurado na
inicial e os parâmetros previstos no art. 123, XV, da Lei nº
5.900/96. Realizada dita diligência, a autoridade fiscal realiza um
aditamento do lançamento, de maneira a majorar, consideravelmente, o
crédito tributário.

Sendo intimado do referido aditamento, o contribuinte


reafirma que não está obrigado à utilização do ECF, haja vista que
atuaria no ramo da indústria gráfica. Em contrapartida, a
Representação Fiscal sustenta pela procedência do auto de infração.

Da leitura conjunto do art. 50, § 2º da Lei 5.900/96 c/c


Art. 4-A do Decreto 36.953/96, o julgador singular denotou que o ECF
é obrigatório no que diz respeito aos contribuintes varejistas,
sendo aqueles que vendem mercadorias em pequenas quantidades assim
como para o consumidor final.

Aliado a referida leitura, o julgador singular constatou


que o sujeito passivo não exerce atividade varejista, seja em razão
da atividade do contribuinte inscrita no Relatório de Dados
Cadastrais do Contribuinte, ora em função das notas fiscais trazidas
ao processo.

Assim sendo, a coordenadoria de julgamento decidiu pela


nulidade do lançamento do crédito tributário em razão da ausência de
motivo de fato, visto não haveria infração tampouco penalidade a ser
aplicada.

É o relatório.

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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo ao voto do reexame necessário da decisão singular 17.484/2010,
a qual julgou nulo o lançamento do crédito tributário em questão.

Para o presente julgamento, imperioso se faz


destacar uma análise quanto à obrigatoriedade do Emissor de Cupom
Fiscal.
O Decreto nº 38.234/99, o qual realizou algumas
alterações no decreto nº 36.953/95, que disciplina o uso de
equipamento emissor de cupom fiscal, em seu art. 4º prescreve a
operação ou operação realizada através de cartão apenas poderá ser
realizada por emissor de cupom fiscal:

Art. 4º A partir das datas referidas no artigo 4º-


B do Decreto nº 36.953/96, acrescentado por este
Decreto, a emissão, pelas empresas obrigadas ao
uso do ECF, do comprovante de pagamento de
operação ou prestação, efetuado com cartão de
crédito ou débito automático em conta corrente,
somente poderá ser feita por meio de ECF.

§1º O comprovante de pagamento referido no “caput”


deve estar vinculado ao documento fiscal emitido
na operação ou prestação respectiva, conforme
disciplinado em legislação pertinente.

Quanto a impossibilidade de utilização de outro


equipamento é sabido que desde 31/12/1999 o contribuinte já estava
obrigado a utilizar o equipamento ligado ao emissor de cupom fiscal,
prazo este que veio sendo prorrogado até 01/04/2003, consoante
prescreve o § 2º do art. 4º do decreto nº. 38.234/99 e o art. 1º da
Instrução Normativa nº 19/2002, in verbis:

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§2º O estabelecimento já usuário de ECF ou terminal
ponto de venda - PDV deverá adequar-se ao disposto
no “caput” até 31 de dezembro de 1999.

Art. 1º O art. 1º da Instrução Normativa SF nº


06/02, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1º A exigência do procedimento previsto no


art. 4º do Decreto 38.234, de 03 de dezembro de
1999, que obriga à emissão do comprovante de
pagamento de operação ou prestação efetuado com
cartão de crédito ou débito automático em conta
corrente através de Equipamento Emissor de Cupom
Fiscal - ECF, fica prorrogada para o dia 1º de abril
de 2003".

Assim, percebe-se que desde dezembro de 1999 foi


proposta a nova sistemática para utilização do ECF, no entanto,
este prazo limite foi prorrogado até abril de 2003.

Não obstante, necessário salientar que tal exigência


não está dirigida a todos os contribuintes. Neste passo, feliz é o
julgador singular ao realizar a análise conjunta dos dispositivos
seguintes: art. 50, § 2º da Lei 5.900/96 c/c Art. 4-A do Decreto
36.953/96.

Diante de tais dispositivos, depreende-se que o


somente o contribuinte lastreado pelo comércio varejista está
submetido a referida exigência/obrigação de utilização do ECF.

Ora, diante dos documentos acostados aos autos,


denota-se que a lide em comento cinge-se, justamente, a discussão do
contribuinte autuado restar caracterizado pelo comércio varejista ou
atacadista, haja vista a questão pacífica e já explanada da
exigência do ECF para o comércio varejista.

Pois bem, analisando as notas fiscais trazidas ao


processo, tem-se que as grandes quantidades ali contidas perfazem,
desde logo, a caracterização do comércio atacadista. Ademais,
reforçando dito entendimento, observa-se a situação do contribuinte
no “Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte”, o que permite
inferir que o contribuinte realiza atividades compatíveis – edição e
impressão de produtos gráficos / impressão de material de segurança,
com o comércio atacadista.

Logo, denota-se que o contribuinte não realiza o comércio


varejista, razão pela qual não está submetido à obrigação de portar
o ECF.

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Sendo assim, importante se faz observar, entretanto, a
dita nulidade do lançamento do crédito tributário constante da
decisão singular.

Neste ínterim, importante se faz o motivo que ensejou a


referida nulidade. Seguindo tal passo, o julgador singular
demonstrou que não houve infração à legislação tributária, havendo
logo ausência de motivo de fato que acarretaria suposta nulidade.

Porém, é importante notar o seguinte ilustre


entendimento:

“Para Humberto Theodoro Júnior, existem três


estágios de julgamento: ”(...) no primeiro estágio,
o juiz examina se o processo é válido como relação
jurídica processual (pressupostos processuais). Se
tudo está em ordem, não há necessidade de um
julgamento positivo, passa-se adiante. Se falta
pressupostos, julga, desde logo, nulo ou extinto o
processo sem julgamento de mérito. No segundo
estágio que pressupõe a validade processual, o juiz
examina as condições da ação (requisitos para obter
sentença de mérito). Se estão presentes, também não
há obrigatoriedade de declará-los (salvo se forem
negados na contestação); segue-se o exame de
mérito. Se falta alguma condição, o juiz sentencia
julgado o autor carecedor da ação, e o processo
extingui-se sem solução para a lide. Finalmente, no
terceiro estágio, se a relação processual é válida
e reúnem às condições da ação, o juiz examinará o
pedido e, qualquer que seja a solução, (acolhida ou
rejeição) proferirá uma sentença definitiva ou de
mérito, julgando-a procedente ou improcedente.”
(destaque em grifo nosso)243” 1

Ora, faz-se imperioso, logo, denotar se há algo que


enseje a nulidade do lançamento em comento, seja em razão do não
cumprimento dos pressupostos processuais, seja em razão do não
atendimento às condições de ação.

Neste passo, denota-se que, consoante o Código de


Processo Civil, tanto os pressupostos processuais como as condições
de ação estão configurados no caso em liça.

Aliás, nota-se, como a próprio julgador singular


constatou, que não há infração alguma à legislação tributária no
caso em comento, mas sim, tão somente, a não subsunção do fato à

1
NEDER, Marcos Vinícius. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3. ed. – São Paulo: Dialética,
2010. pg. 423.
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norma apurada - à hipótese da lei tributária. Neste diapasão,
importante observar a lição de Geraldo Ataliba:

“A h.i. tributária é a hipótese da lei


tributária. É a descrição genérica e abstrata de um
fato. É a conceituação (conceito legal) de um fato:
mero desenho contido num ato legislativo.” 2

Logo, vê-se que a autuação decorreu da hipótese de


incidência tributária da não utilização obrigatória do ECF em razão
de suposta caracterização de comércio varejista.

Entretanto, restou verificado, tanto pelas notas fiscais


trazidas aos autos bem como pelos dados cadastrais do sujeito
passivo, que o contribuinte não exerce atividade varejista, mas sim
atacadista. Ora, verificada a não configuração da hipótese de
incidência tributária, denota-se que se está adentrando no mérito da
lide. Não perfazendo, pois, infração à legislação tributária, não
resta conclusão senão de improcedência, e não nulidade, do
lançamento do crédito tributário.

Diante do exposto e dos dispositivos elencados, ACORDAM


OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário e negar-lhe
provimento, entretanto reformam a decisão singular, no sentido de
improcedência do lançamento do crédito tributário, tendo em vista a
não configuração da hipótese da lei tributária.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de Maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

2
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed. – São Paulo: Malheiros Editores Ltda. pg. 59.
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20Sessão Ordinária nº. 035 – 2ª câmara - Realizada em 20/09/2013


Processo nº: SF 1500-035348/2006; CTE 0164/2012 e anexos
Auto de Infração nº. 99.58787-001
Recorrente: Companhia Alagoas Industrial - CINAL
Recorrido: Fazenda Estadual
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 215/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. FALTA DE
RECOLHIMENTO DO IMPOSTO PELO
CREDITAMENTO INDEVIDO DE ICMS.
INOBSERVÂNCIA DO PRAZO
DECADENCIAL DE 05 ANOS PARA A
CONSTITUIÇAO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de lançamento tributário no qual se relata que o


contribuinte registrou nos meses de janeiro e fevereiro de 1996 crédito
inexistente de ICMS nos livros fiscais em decorrência da prática de artifícios,
tais como a transferência de ativo imobilizado, a compra ou transferência de
material de consumo e a aquisição de energia elétrica, resultando na falta de
recolhimento do imposto, totalizando crédito tributário no valor de R$
42.923,94 (quarenta e dois mil, novecentos e vinte e três reais e noventa e
quatro centavos).

Intimado no próprio ato do lançamento, o contribuinte


apresentou defesa as fls. 02/38, a qual foi devidamente impugnada as fls.
64/76, ambas no processo nº. 1500-001762/2007.

Acórdão CTE N° 215/2013 Página 1


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Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


afastou-se a preliminar de decadência, sob a justificativa de que o fato
gerador do lançamento aconteceu em 1996, logo o prazo de 05 (cinco) anos
para constituição do crédito tributário somente se iniciou em 2001, após o
término do prazo de 05 (cinco) anos para a homologação do crédito
tributário, razão pela qual regular o lançamento. Do mesmo modo, rejeitou-
se a alegação de nulidade, pois estão esclarecidos os motivos que ensejaram
a autuação do contribuinte e, no mérito, decidiu-se pela procedência do
lançamento, vez que a infração descrita nos autos restou caracterizada e a
Autuada não apresentou provas acerca das alegações produzidas na defesa.

Inconformada com a decisão, a Autuada apresentou Recurso


Ordinário, no qual argumenta:

a) a incidência da decadência do lançamento do crédito


tributário, pois o fato gerador aconteceu nos meses de janeiro e fevereiro de
1996, contudo o lançamento somente foi realizado em 21/12/2006, sendo
ilegal a aplicação cumulativa dos prazos previstos no artigo 150, §4º e artigo
173, inciso I, ambos do CTN;

b) a nulidade do lançamento, pois o fiscal autuante apontou


como infringidos dispositivos normativos que somente entraram em vigor
após a ocorrência do fato gerador, bem como não restou esclarecido os
motivos que ensejaram a autuação da Recorrente, ou ainda, porque não foi
especificada a base de cálculo do imposto, posto que o fiscal autuante
utilizou como prova apenas os valores registrados no Livro de Apuração do
ICMS, sem fazer referência às notas fiscais que ensejaram o creditamento
considerando indevido;

c) por fim, no mérito, sustenta que, ao contrário do alegado no


lançamento, os créditos glosados decorrem da aquisição de serviços de
transporte, de serviços de comunicação e da aquisição de energia elétrica
utilizados em seu processo produtivo, os quais conferem direito ao crédito do
ICMS, nos termos da legislação vigente.

Por sua vez, a representação fiscal apresentou contrarrazões,


na qual sustenta que:

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a) o lançamento do crédito tributário baseou-se no prazo


decadencial de 10 (dez) anos, entendimento que não prospera mais, contudo
deixou a cargo do órgão julgador decidir sobre o prazo decadencial;

b) inexiste nulidade no presente lançamento, pois a descrição


dos fatos é clara e precisa ao determinar a infração cometida pela Recorrente
e cominar a sua penalidade;

c) no mérito, afirma que inexiste dúvida de que a Recorrente


glosou indevidamente crédito do ICMS, sendo suficiente para a sua
comprovação os documentos acostados aos autos, portanto pleiteia a
manutenção da decisão recorrida e, por conseguinte, a procedência do
lançamento.

Após, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário


Estadual para apreciação do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em especial,
a sua tempestividade.

Nesse sentido, desnecessário tecer comentários alongados,


pois o Recurso Ordinário foi interposto no prazo de 15 (quinze) dias,
conforme preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT 1, vez que a Recorrente foi
intimada no dia 06/02/2012 (AR de fls. 89/91 – processo nº. 1500-
001762/2007) e protocolou o recurso no dia 15/02/2012, razão pela qual
passamos a análise das razões recursais.

Da Alegação de Decadência do Lançamento do Crédito


Tributário

Preliminarmente, sustenta a Recorrente que o Fisco Estadual


não respeitou o prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do

1 Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:


I - recurso ordinário; e
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
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crédito tributário, pois o objeto do lançamento diz respeito a fatos ocorridos


em 1996, contudo o lançamento somente foi formalizado em 2006.

Com a ocorrência da situação fática prevista no antecedente


da regra matriz de incidência tributária, inicia-se a contagem do prazo
decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito tributário pela
Fazenda Pública, o qual cessa com a formalização do ato do lançamento e a
notificação do sujeito passivo da obrigação tributária.

Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação,


exatamente o caso do ICMS, a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco)
anos poderá acontecer de duas formas. Aplicar-se-á a regra inserta no artigo
150, §4º, do CTN 2 quando houver o pagamento parcial ou total do tributo,
ou seja, quando houver algo a ser homologado pelo Fisco. Por outro lado,
aplicar-se-á a regra disposta no artigo 173, inciso I, do CTN 3 quando
nenhuma quantia for recolhida aos cofres públicos.

Com efeito, verifica-se que o lançamento em análise foi


formalizado com fundamento na malsinada tese do prazo decadencial de 10
(dez) anos, entendimento já superado e em desuso que aplicava
cumulativamente as regras previstas no artigo 150, §4º e artigo 173, inciso I,
ambos do CTN.

No caso dos autos, relata-se que a Recorrente utilizou-se de


crédito de ICMS indevido registrado no Livro de Apuração do ICMS nos
meses de janeiro e fevereiro de 1996, contudo o crédito tributário somente
foi formalizado em 21/12/2006 com a lavratura do auto de infração e
regularmente constituído em 26/12/2006 com a notificação do sujeito
passivo da obrigação tributária, de modo que, independente da metodologia
a ser adotada, ou seja, se houve pagamento ou não do imposto, não resta
dúvida do descumprimento do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a
constituição do crédito tributário.

2 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo
ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado
o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
3 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco)
anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

Acórdão CTE N° 215/2013 Página 4


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Sobre o tema, não é outro o entendimento consolidado no


Superior Tribunal de Justiça, vejamos:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. ICMS. LANÇAMENTO SUPLEMENTAR.
CREDITAMENTO INDEVIDO. PAGAMENTO PARCIAL.
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. FATO GERADOR. ART.
150, § 4º, DO CTN.
1. O prazo decadencial para o lançamento
suplementar de tributo sujeito a homologação
recolhido a menor em face de creditamento indevido
é de cinco anos contados do fato gerador, conforme a
regra prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Precedentes:
AgRg nos EREsp 1.199.262/MG, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Seção, DJe 07/11/2011; AgRg no
REsp 1.238.000/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 29/06/2012.
2. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no REsp 1318020 / RS – 1ª Turma – Rel.
Min. Benedito Gonçalves – DJe 27/08/2013) (grifo nosso)

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.


TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR
HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. AUSÊNCIA DE
PAGAMENTO. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN.
ENTENDIMENTO FIRMADO EM RECURSO REPETITIVO.
DECADÊNCIA NÃO CARACTERIZADA.
1. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 973.733/SC,
Rel. Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos
repetitivos (art. 543-C do CPC), firmou entendimento no
sentido de que, nos tributos sujeitos a lançamento por
homologação, para a fixação do prazo decadencial para a
constituição do crédito tributário, considera-se apenas a
existência, ou não, de pagamento antecipado, pois é esse
o ato que está sujeito à homologação pela Fazenda
Pública, nos termos do art. 150, e parágrafos, do CTN.
2. Não havendo pagamento algum, não há o que
homologar, motivo pelo qual deverá ser adotado o
prazo previsto no art. 173, inciso I, do CTN.
Acórdão CTE N° 215/2013 Página 5
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3. Hipótese em que não houve pagamento do tributo.


Assim, contando-se o prazo quinquenal do primeiro dia
do exercício seguinte àquele que deveria ter sido
constituído o crédito tributário, não se encontra
caracterizada a decadência.
4. O agravo regimental manejado contra decisão que teve
por base questão já decidida sob o rito do artigo 543-C do
Código de Processo Civil é manifestamente inadmissível,
justificando a aplicação da multa prevista no artigo 557,
§ 2º, do Código de Processo Civil. Agravo regimental
improvido com aplicação de multa.
(STJ - AgRg no REsp 1384048 / SC – 2ª Turma- Rel. Min.
Humberto Martins – Dje 26/08/2013) (grifo nosso)

Portanto, merece acolhida a alegação da Recorrente no sentido


de declarar a decadência do crédito tributário em função da inobservância
do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito
tributário.
CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para dar-lhe provimento, reformar a decisão
recorrida e declarar a decadência do lançamento do crédito tributário, em
função da inobservância do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a
constituição do crédito tributário.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 20
de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº35 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:20/09/2013
PROCESSO: 1500-007453/2008 e CTE nº 157/2013.
ANEXO: 1500-015118/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.75762-002.
AUTUADA: F. DE A. S. BARBOSA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.03701-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 19.114/2013.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Genival Lima de Carvalho.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 216/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Acessória. Suposto extravio de
notas fiscais. Provas trazidas
aos autos comprovando a
existência dos documentos
fiscais. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa F.


DE A. S. BARBOSA, já devidamente qualificada nos autos, do
lançamento de crédito, derivado de multa, pelos fatos de, em
tese, o sujeito passivo ter extraviado notas fiscais.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, § 10, I e
art. 53 da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III e VI, “a”, do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 119, II, “b”
da Lei nº 5.900/96.

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 1


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SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
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___________________________________________________________________________________________
A autuada impugnou o lançamento de ofício, afirmando na
peça defensória que os talões de notas fiscais ditas como
extraviadas estavam no escritório de sua contadora, estando à
disposição do fisco para qualquer confirmação.
Atendendo à diligência fiscal para confirmar a
sustentação da defesa alhures citada, autoridade fiscal anexa
cópias das primeiras e últimas notas dos talonários objeto da
autuaçāo, como provas de suas existências.
A representação fiscal apresentou contrarrazões,
desqualificando a cobrança tributária devido às provas
apresentadas pelo contribuinte, pedindo assim o afastamento a
presunção relativa de extravio de documentos fiscais.
Proferida a Decisão nº 19.114/2013, tendo a julgadora
singular decidido pela improcedência do lançamento de ofício
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação acessória.


Presunção legal de extravio de livros
fiscais - §10, inciso I, do art. 50 da
Lei Estadual 5.900/96, com redação dada
pela Lei n˚ 6.331/02. Presunção elidida,
à vista da prova em contrário, acostada
aos autos. IMPROCEDENCIA DO LANÇAMENTO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do art.
48, I, da Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 2


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SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
19.114/2013, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
48 da Lei nº 6.771/06, que julgou improcedente o lançamento
de ofício de multa devido a suposto extravio de notas fiscais
de venda ao consumidor de n˚ 000001 a 000500 e as notas
fiscais modelo 01 de n˚ 000001 a 000100, baseado em presunção
relativa contida no art. 50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96,
verbis:

Art. 50 (...)
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-
se prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual,
não tenha sido entregue no prazo máximo
de 30 (trinta) dias;
(...)

Trata-se aqui de reexame necessário da decisão de piso,


ou seja, a decisão pelo não extravio dos documentos fiscais
relacionados na inicial, motivado pela afirmação de posse
desses pelo contribuinte e das provas trazidas por diligência
fiscal - cópias das primeiras e últimas notas dos talonários
fiscais objeto da autuaçāo, afastando assim a presunção
relativa de seus extravios, conforme decisão de piso.
Sobre presunções, concernente ao não extravio dos
referidos documentos fiscais, assim se expressa Gonçalves:

“Presunções não são meios de prova, mas


forma de raciocínio pelas quais, por
meio de um fato, infere-se a existência
de outro, deduz-se de um fato conhecido
e provado outro, que se quer
demonstrar....A presunção geralmente
parte de um indício de prova. O indício
é um sinal,um vestígio, que em regra
nada prova, mas que por meio de
presunções, pode levar à convicção sobre
determinada alegação...Quando a

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 3


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presunção é absoluta não se admite prova
em contrário; quando relativa, dispensa
a produção de prova por quem faz a
alegação, mas permite a prova em
contrário pela parte adversa.” grifo
nosso. (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios.
Novo Curso de direito processual civil,
v 1. 5 ed., São Paulo: Saraiva,
2008,p.436) grifei

Logo, constato, pelos argumentos da defesa e da


Representação Fiscal, inclusive esta pedindo pela exclusão da
infração e da penalidade inicial, que fica afastada, por meio
de provas trazidas por diligência fiscal, portanto, a
presunção juris tantum de extravio das notas fiscais
relacionadas no Auto de Infraçāo n˚ 99.75762-002.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer da presente remessa necessária para
NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular
ora em reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 20 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 4


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Sessão Ordinária nº. 035 – 2ª câmara - Realizada em 20/09/2013


Processo nº: SF 1500-007149/1999; CTE 083/2012 e anexos
Auto de Infração nº. 29957 de 15/08/1995
Recorrente: Fazenda Estadual (Reexame necessário)
Recorrido: Agro Industrial São Gonçalo S.A
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 217/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. DIFERENCIAL DE
ALÍQUOTA DECORRENTE DA
AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E
LUBRIFICANTES EM OPERAÇÃO
INTERESTADUAL. REQUISIÇÃO DE
DILIGÊNCIAS COM A INCLUSÃO DE
INFORMAÇÕES NOVAS AOS AUTOS E
ADITAMENTO DO LANÇAMENTO.
AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO
CONTRIBUINTE PARA
MANIFESTAÇÃO SOBRE OS
RESULTADOS DAS DILIGÊNCIAS.
OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 27, §3º,
DA LEI Nº. 6.771/06. NULIDADE DA
DECISÃO Nº. 18.372/2011 DA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO.

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 1


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RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a decisão nº.


18.372/2011 da Coordenadoria de Julgamento, a qual concluiu pela
procedência em parte do lançamento do crédito tributário consignado na
autuação com a modificação apenas da penalidade imposta, nos termos da
seguinte ementa:

ICMS. Obrigação Principal. Falta de recolhimento do


ICMS Diferencial de Alíquota. Aquisições interestaduais
de combustíveis destinadas ao consumo do sujeito
passivo. Fato gerador do imposto previsto no art. 5º, II,
da Lei nº. 5.077/89 e Cláusula Primeira, §1º, I, do
Convênio ICMS nº. 105/92. Impossibilidade apreciação
da inconstitucionalidade de lei ou decreto por este Juízo
singular, a teor dos arts. 23, §3º, I e 28, §1º, da Lei
Estadual nº. 6.771/06. Infração caracterizada. Aplicada a
penalidade prevista no art. 79 da Lei Estadual nº.
5.900/96, por cominar sanção menos severa ao
contribuinte. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE.
Reexame necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
ex vi do arts. 48, I e 49, §1º, da Lei Estadual nº.
6.771/06.

Relata-se nos autos que o contribuinte deixou de recolher


ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela compra de combustíveis
em operação interestadual, totalizando crédito tributário no valor de R$
9.529,63 (nove mil, quinhentos e vinte e nove reais e sessenta e três
centavos).

Instruem os autos o demonstrativo do débito, a cópia do


cartão de autógrafo e as cópias das notas fiscais de entrada do período
fiscalizado.

Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa na qual


argumenta que a aquisição de produtos derivados do petróleo goza de

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 2


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imunidade tributária, nos termos do artigo 155, §2º, inciso X, alínea “b”, da
Constituição Federal, requerendo a improcedência do lançamento.

Por sua vez, a representação fiscal refuta a fundamentação


declinada pela Autuada, sustentando que a situação fática descrita nos
autos encontra respaldo legal na legislação em vigor na época, portanto
pleiteia a procedência do lançamento.

Em seguida, solicitou-se pedido de diligência para que os


fiscais autuantes se pronunciassem sobre: A) a presença de notas fiscais
com a indicação de cancelamento; B) a presença de notas fiscais com a
retenção do ICMS pelo emitente.

Atendendo a determinação, um dos fiscais autuante informou


que as notas fiscais canceladas não foram incluídas no demonstrativo de
débito, estando acostadas aos autos somente por indicarem o número das
notas fiscais que a substituíram, sendo possível a cobrança destas. Por outro
lado, sobre a retenção do ICMS informa que não consta no sistema de
arrecadação da Fazenda Estadual o repasse dos valores retidos.

Encaminhados os autos à Coordenadoria de Julgamento,


converteu-se o processo novamente em diligência, uma vez que foram
apuradas divergências entre os valores registrados no sistema de
arrecadação da Fazenda Estadual e àqueles constantes no lançamento em
análise.

Em resposta ao pedido, um dos fiscais autuante informou que


provavelmente houve equívoco no momento da conversão das moedas, pois
parte do crédito tributário foi apurado em Cruzeiro Real e parte em Real,
razão pela qual apresentou novo demonstrativo de débito com base nas
moedas constantes na peça vestibular, imputando à Autuada o recolhimento
de crédito tributário no valor de R$ 1.378,88 (um mil, trezentos e setenta e
oito reais e oitenta e oito centavos).

Devolvido os autos para a Coordenadoria de Julgamento,


esclareceu o Juízo a quo, preliminarmente, que não seria necessária a
intimação da Autuada, pois a alteração dos valores do lançamento foram
decorrentes apenas de erro na conversão da moeda vigente na época do

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 3


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lançamento e os resultados das diligências não causaram prejuízo à


Autuada, e no mérito decidiu pela procedência em parte do lançamento,
alterando-se somente a penalidade disposta no artigo 827, do RICMS, para
aquela cominada no artigo 79, da Lei nº. 5.900/96.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Colhe-se dos autos que a autoridade autuante constatou a


falta de recolhimento de ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela
aquisição de combustível e lubrificante para consumo, fato este resultante
no lançamento de crédito tributário no importe de R$ 9.529,63 (nove mil,
quinhentos e vinte e nove reais e sessenta e três centavos), posteriormente
aditado para R$ 1.378,88 (um mil, trezentos e setenta e oito reais e oitenta e
oito centavos).

Submetido a julgamento, decidiu-se pela procedência em


parte do lançamento com a alteração apenas da penalidade imposta,
remetendo-se os autos ao Conselho Tributário Estadual para reexame
necessário.

Entretanto, antes de analisar a matéria objeto do reexame


necessário, imprescindível se debruçar sobre matéria de ordem pública,
passível de análise de ofício em qualquer momento e grau de jurisdição, qual
seja, a nulidade de atos processuais.

Verifica-se nos autos que sucessivos pedidos de diligência


foram solicitados e devidamente cumpridos pelos fiscais autuantes durante o
trâmite processual com a inclusão de informações sobre os documentos que
fundamentam o lançamento, bem como com a modificação do crédito
tributário imputado à Autuada, sem que, contudo, fosse expedida qualquer
notificação à Autuada para manifestação.

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 4


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O artigo 27, §3º, da Lei nº. 6.771/06 é inequívoco ao


determinar que seja dada ciência às partes sempre que a produção de provas
ou a realização de diligência implicar o surgimentos de fatos novos, vejamos:

Art. 27. O interessado, ao solicitar a produção de prova


ou a realização de diligência ou perícia fiscal, deverá, no
pedido, fundamentar sua necessidade.
§ 1º A recusa da parte interessada em comprovar fato
controverso, com elemento probatório de que
necessariamente disponha, importa presunção de
veracidade da afirmação da parte contrária.
§ 2º A realização de diligência ou perícia suspende o
prazo de conclusão do processo tributário nas instâncias
administrativas.
§ 3º Se a diligência ou perícia implicar fatos novos, o
órgão preparador deverá dar ciência:
I - ao sujeito passivo para, no prazo de 15 (quinze)
dias contados da ciência:
a) efetuar o pagamento do débito com o desconto
previsto à época da efetivação do ato administrativo;
ou
b) manifestar-se em relação aos fatos novos.
II - ao autuante: para, no prazo de 15 (quinze) dias
contados da ciência, manifestar-se em relação aos
fatos novos. (grifo nosso)

No caso dos autos, a realização de diligência implicou a


inclusão de informações novas aos autos e a modificação do crédito
tributário, de modo que é essencial permitir à Autuada a possibilidade de
manifestação ou, até mesmo, o pagamento do crédito tributário, em respeito
aos princípios do contraditório e ampla defesa.

Portanto, não é aceitável a justificativa relatada na decisão da


Coordenadoria de Julgamento de que não seria necessária a intimação da
Autuada, pois as diligências realizadas nos autos não resultaram em
prejuízo ao contribuinte, por conseguinte, declara-se a nulidade da decisão
nº. 18.372/2011 proferida pela Coordenadoria de Julgamento, ao tempo em

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 5


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que se determina a intimação do contribuinte para se manifestar sobre os


pedidos de diligência e informações de fls. 41/45 e 53/60 dos autos ou
efetuar a quitação do crédito tributário no prazo de 15 (quinze) dias.

Após a intimação do contribuinte, com ou sem manifestação e


caso não quitado do débito, retornem os autos à Coordenadoria de
Julgamento para decisão.
Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer
da remessa necessária, para negar-lhe provimento, decretando nula a
decisão N° 18.372/2011 da Coordenadoria de Julgamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 20 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 6


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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 36 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 24/09/2013


PROCESSO: 1500-009903/2002 e 1500-017083/2002
AUTO DE INFRAÇÃO: 010584/2002
AUTUANTE: JOSÉ ADILTON ALVES SANTOS
AUTUADA: RESTAURANTE HICKMAN LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24096697
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.883/2012
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 218/2013

EMENTA: ICMS - FALTA DE


RECOLHIMENTO DO ICMS COMO
SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO DESTACADO
NAS NOTAS FISCAIS DE OPERAÇÕES
DE COMPRAS DE MERCADORIAS PARA
COMERCIALIZAÇÃO. EDUÇÃO DA
MULTA. LEI 7.7079/09. REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO. MANTIDA A DECISÃO DE
PISO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário em virtude


da Decisão de Primeira Instância n.º 18.883/12, a
qual julgou procedente em parte o auto de infração
n.º 010584, que constituiu crédito tributário
correspondente a imposto no valor de R$ 6.326,30
(três mil, trezentos e vinte e seis reais e trinta
centavos) e multa de R$ 6.326,30 (três mil,
trezentos e vinte e seis reais e trinta centavos),
totalizando o montante de R$ 12.652,60 (doze mil,
seiscentos e cinquenta e dois reais e sessenta
centavos), em razão do contribuinte não recolher o
ICMS como substituto tributário destacado nas notas
fiscais de operações de compras de mercadorias para
comercialização.

Foram apontadas transgressões ao art. 1º,


I; 2º, I; 6º, XIII, a); 23, I, da Lei 5.900/96,

ACÓRDÃO CTE Nº 218/2013 Página 1


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sendo sugerida a penalidade prevista no artigo 90


do mesmo diploma legal.

Instrui o processo: cópia dos dados


cadastrais, do Livro de Registro de Apuração do
ICMS, diversas notas fiscais, dentre outros.

Intimado, o contribuinte apresentou


impugnação ao auto alegando basicamente que é
sujeita ao regime de estimativa fiscal, conforme
preceitua o art. 80, IV, do RICMS/91, de modo que
paga seus impostos por valor arbitrado. Afirmou
também que o débito estava parcelado.

Em suas contra razões o fiscal autuante


alegou que “a autuada procede ao registro dos
documentos fiscais de entradas no livro respectivo,
fazendo o lançamento do valor a ser levado a
crédito na coluna correspondente. Em seguida,
registra o citado valor na coluna própria do livro
de apuração do ICMS, fazendo o cotejo entre o
débito e crédito para apurar o imposto a recolher.
A autuada faz uso indevido do crédito fiscal
destacado nas notas fiscais de entradas por ela
emitidas na aquisição de mercadorias para
comercialização e que foram alvo da autuação sem
cumprir a obrigação principal de recolhimento do
imposto incidente sobre a operação de entrada.”

Por fim, os autos foram encaminhados a este


Conselho Tributário para julgamento do reexame
necessário.

É o relatório.

VOTO

Trata-se da constituição de crédito


tributário em razão do contribuinte não recolher o
ICMS como substituto tributário destacado nas notas
fiscais de operações de compras de mercadorias para
comercialização.

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Todavia, em análise através de reexame


necessário apenas a redução da multa operada pelo
julgador de primeira instância administrativa.

Com razão o julgador singular.

É que os autuantes aplicaram


equivocadamente a multa do artigo 90 da Lei
5.900/96, destinada ao substituto que tenha retido
antecipadamente o valor do imposto. O correto seria
a aplicação da penalidade do artigo 79, “Falta de
recolhimento do imposto no prazo legal não
compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
anteriores. Multa – equivalente a 100% (cem por
cento) do valor do imposto”.

Ocorre que a Lei 7.079/09 alterou a


penalidade prevista no artigo 79 da Lei 5.900 para
50% (cinquenta por cento) do valor do imposto
devido. Nessa esteira, deve-se reduzir a penalidade
aplicada, a teor do que prescreve o artigo 13, II,
c) da Lei 4.418/1982.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-
lhe provimento, mantendo a decisão de piso, que
julgou procedente em parte o auto de infração,
aplicando-se a penalidade menos severa ao
contribuinte.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 24


de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE JULGADOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


RELATOR JULGADORA(PELAS CONCLUSÕES)

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 218/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 36 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 24/09/2013


PROCESSO: SF-1500-012990/1998; CTE-04/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: 02343, PROTOCOLADO EM 17/12/1998
AUTUADA: PAULA MÓVEIS LTDA
AUTUANTE: MARIA DAS GRAÇAS FIUZA
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24073540
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.375/2011
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 219/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE SAIDAS


TRIBUTADAS DESCARACTERIZADA.
METODOLOGIA APLICADA PELA
AUTUANTE EM DESACORDO COM O
EXIGIDO PELA LEGISLAÇÃO EM VIGOR.
AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE.
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO. MANTIDA A DECISÃO DE
1ª INSTÂNCIA NA ÍNTEGRA

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário ao CTE,


nos termos do art. 48, da Lei Estadual 6771/06, relativo à
Decisão nº 18375/2011, referente ao Auto de Infração
nº002343, protocolado em 17/12/1998 lavrado contra a empresa
Paula Móveis Ltda., qualificada na peça exordial, com
alegação da autuante de que “apresentou uma diferença de
estoque no exercício de 1997, apurada através do Levantamento
Fiscal da Conta Mercadorias, decorrente da ocultação de
vendas, com montagem de inventário (...)”

ACÓRDÃO Nº219/2013 Página 1


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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que a autuada


apresentou defesa no dia 17/3/1999 solicitando
improcedência da ação fiscal dizendo que não houve
ocultação de vendas, nem montagem de inventário e o que
houve foi procedimento indevido no levantamento da Conta
Mercadorias que foi feito como se estivesse apurando o
lucro real, não cabível devido à forma apurada pela
empresa autuada, havendo “descompasso com o que determina
o art. 269 do Decreto 35245/91”
A autuante em contrarrazões à Defesa da
autuada mantém os termos do Auto de Infração afirmando
que a autuada não apresentou nenhuma prova do erro da
fiscalização, não trazendo nenhum fato novo e que a
diferença na Conta Mercadorias apurada foi através do
levantamento de seu estoque real.
O julgador singular fundamenta sua Decisão
que em síntese ressalta que para o cálculo da diferença
devem ser confrontadas com o Custo das Mercadorias
Vendidas somado a 30% do seu valor com o valor das saídas
declaradas nos livros e/ou documentos fiscais próprios.
Ressalta, o julgador que a metodologia
aplicada no cálculo não está de acordo com o disposto no
art. 2º, I, § 12, da Lei 5900/96. E ainda observa, que as
peças processuais justificam a Improcedência da ação
fiscal.

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Notificadas autuada e Representação Fiscal,


ambas não se manifestaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

Sala das Sessões do CTE, em 12 de Março de 2013


MARIA LOPES MILHOMES
RELATORA

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta


observei que o Auto de Infração, objeto da lide foi lavrado
contra a empresa Paula Móveis Ltda., qualificada na peça
inicial, com alegação da autuante de que apresentou uma
diferença de estoque no exercício de 1997, apurada através do
Levantamento Fiscal da Conta Mercadorias.
A norma do §12, do art. 2º, da Lei 5900/96 é
aplicada para contribuintes que não possuam escrituração
contábil para fins de apuração do lucro real.
Concordo com o julgador singular que os cálculos
de diferença são encontrados quando se confrontam o Custo de
Mercadorias vendidas somado a 30% (trinta por cento) para as
saídas tributadas efetivamente declaradas nos livros e/ou
documentos fiscais” e não as saídas líquidas.
Concordo também com o julgador que “a diferença
constatada pelo Fisco, denominada DIFERENÇA DE ESTOQUE, passa
de imediato à tributação pelo imposto, sem medição de

ACÓRDÃO Nº219/2013 Página 3


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qualquer nota explicativa, explicitando por quais fundamentos


se faz essa transposição de diferença de estoque para base de
cálculo”. O art. 269, do RICMS, aprovado pelo Decreto 35245/91 assim
diz:
Art. 269. Na hipótese em que o
contribuinte não possua escrituração
contábil para fins de apuração do lucro
real, considera-se como montante a ser
computado nas saídas tributáveis em
operações internas do contribuinte a
diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como
valor o custo das mercadorias vendidas
agregado de 30% (trinta por cento), e a
saída tributada efetivamente declarada
nos livros e/ou documentos fiscais
próprios, apurada no último dia do
exercício financeiro da empresa.

Acertou a julgadora singular ao ressaltar que a


metodologia aplicada pela autuante não condiz com o exigido
pela legislação em vigor, o art. 2º, § 12, da Lei 5900/96 que
confirma o art. 269 do RICMS:

“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato


gerador do ICMS no momento:
(...)

§12 - Considera-se como montante a ser


computado nas saídas tributáveis em
operações internas do contribuinte a
diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor
o custo das mercadorias vendidas agregado
de 30% (trinta por cento), e a saída
tributada efetivamente declarada nos
livros e/ou documentos fiscais próprios,
apurada no último dia do exercício
financeiro da empresa, na hipótese em que
o contribuinte não possua escrituração
contábil para fins de apuração do lucro
real.
(“...)”

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
proceder ao Reexame Necessário, negando-lhe provimento, para
acompanhar integralmente o julgador de primeira instância.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 24 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 36 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 17/09/2013


PROCESSO: 1500-007761/2009 ANEXO: 1500-014809/2009
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.84412-001
AUTUADA: A. C. O. GUEDES – ME
AUTUANTE: MONICA LIMA DE AQUINO
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24095143
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.700/2012
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 220/2013

EMENTA: ICMS – MULTA PELO


EXTRAVIO DE LIVROS FISCAIS.
ADITAMENTO. INFRAÇÃO
CARACTERIZADA. REEXAME
CONHECIDO E PROVIDO. ADITAMENTO
AO AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se da constituição de crédito


tributário no importe de R$ 214.782,50 (duzentos e
quatorze mil, setecentos e oitenta e dois reais e
cinquenta centavos) correspondente à multa, em
razão da presunção de extravio de livros e
documentos fiscais.

Foram tidos por infringidos o §10, II, do


art. 50 da Lei 5.900/96, art. 49, III, do RICMS.
Sendo sugerida a penalidade do art. 119, I e II, da
lei 5.900/96.

Instrui o processo: 1) cartão de autógrafo;


2) dados cadastrais; 3) Resumo Geral de AIDF; 4)
planilha resumo do débito; 5) AR enviadas aos
sócios; 6) cópia de EDITAL DIFIS 015/2009, entre
outros.
O contribuinte apresentou defesa pugnando
pela improcedência do auto de infração alegando a
ausência de intimação válida para apresentação dos

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livros e documentos fiscais, bem como ofensa aos


princípios do contraditório, devido processo legal
e ampla defesa.

Após pedido de diligência, o fiscal aditou


o auto de infração reduzindo o crédito tributário
para R$ 64.840,00 (sessenta e quatro mil,
oitocentos e quarenta reais) em razão da presunção
de extravio apenas da Nota Fiscal Modelo 01,
numeração de 251 a 450.

Intimado o contribuinte não se pronunciou.

Em decisão de primeira instância, contida


às fls. 77/83 do anexo º 1500-014809/2009, o
Julgador Singular julgou pela “Nulidade do
Lançamento” e “Procedência do lançamento”, para
concluir pela “Procedência Parcial”, aplicando
penalidade à autuada no importe de R$ 190.467,50
(cento e noventa mil, quatrocentos e sessenta e
sete reais e cinquenta centavos).

O contribuinte e a representação fiscal não


se manifestaram.

Por fim, os autos foram encaminhados a este


Conselho Tributário para julgamento do reexame
necessário.

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, faz-se imperioso esclarecer


que o aditamento ao auto de infração de fls. 40/43
dos autos n.º 1500-014809/2009 substituiu o
lançamento originário. Através do “Aditamento
Fiscal Nº 01” o fiscal autuante retificou o
lançamento originário, excluindo grande parte do
crédito tributário.

No entanto, ratificou a presunção do


extravio da Nota Fiscal Modelo 01, numeração 000251
a 000450, que culminou na aplicação de multa no

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importe de R$ 64.840,00 (sessenta e quatro mil,


oitocentos e quarenta reais). Não se trata de mera
sugestão do autuante, mas fundamentalmente de ato
substitutivo ao lançamento originário.

Nessa seara, compulsando os autos,


verifica-se que muito embora o contribuinte tenha
sido devidamente intimado através do EDITAL DIFIS
N.º 015/2009 para apresentar diversos documentos,
dentre eles notas fiscais no período compreendido
entre 2003 a 2007, não os apresentou à Fazenda
Estadual, de modo que resta caracterizada a
infração e, em decorrência, a procedência do
“Aditamento Fiscal Nº 01”.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria
dos votos, conhecer reexame necessário para, no
mérito, dar-lhe provimento, julgando totalmente
procedente “Aditamento Fiscal Nº 01”, que aplicou
penalidade no importe de R$ 64.840,00 (sessenta e
quatro mil, oitocentos e quarenta reais).

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL,


17 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE JULGADOR (votou contra)

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


RELATOR JULGADORA

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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Sessão Ordinária nº. 036 – 2ª câmara - Realizada em 27/09/2013


Processo n.º 1500-012452/2011 CTE – 18/2012
Auto de Infração n.º 90101185
Contribuinte – Inter Maceió Distribuidora de Bebidas Ltda.
Autuante – Marcos Almeida da Silva
Relator: RODRIGO HOLANDA GUIMARAES
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 221/2013

Ementa: reexame necessário, conhecido


e improvido, ausência de prejuízo ao
erário, apreensão de mercadoria em
razão de cancelamento de CACEAL,
reativação. Liberação. Desalinhamento
entre a descrição do fato e qualquer ato
praticado pelo autuado.

RELATÓRIO

Tratam os autos os autos de Reexame Necessário, que Coordenadoria de Julgamento


julgou pela improcedência do auto de infração ao argumento de não ter restado por
caracterizada a conduta disposta, qual seja: caracterização de infração quando da indicação do
transporte de mercadoria sem documento fiscal, documentação inidônea, a nota expedida para
contribuinte com CACEAL cancelado.
A imputação do imposto fora no valor de R$ 21.073,95 (vinte e um mil, setenta e três
reais e noventa e cinco centavos), em razão da inexistência de documento fiscal hábil (art.
207, inciso IX do RICMS); e multa no valor de R$ 42.147,90 (quarenta e dois mil, cento e

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 1


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quarenta e sete reais e noventa centavos) (art. 97 da Lei 5900/96), cujo lançamento se deu
18/04/2011.
Os fatos narrados indicam a remessa de mercadoria relatadas nos termos relacionadas
as três notas fiscais acostas, quando para a autuação houve a remessa de mercadoria à
Contribuinte com o seguinte CACEAL : ‘241036992’. Estando dita inscrição cancelada,
naquela oportunidade.
Em defesa pugna o autuado a que houvesse o acatamento de “decadência/prescrição”,
e, acaso ultrapassada a preliminar, se procedesse na desconstituição do auto de infração,
quando no momento da apreensão da mercadora ao argumento de inexistência de CACEAL
válido, já pendente junto a SEFAZ o pedido de reativação da mesma; além da aplicação da
multa do art. 101 da Lei 5900/96.
Da decisão aqui submetida ao crivo desta Câmara de Contribuintes, fora ultrapassada a
preliminar nos moldes do art. 173, inciso I do CTN, mas que a autuada, apensar da inscrição
irregular (CACEAL cancelada), não intentou nenhum ato capaz de burlar o fisco, tanto que
liberada a mercadoria; acarretando na improcedência do lançamento.
Era o que se tinha a relatar.
Passando a DECIDIR.
Basta-se ver que do constante nos Auto de Infração n.º 90101185, a data de sua
lavratura fora em 18/04/2011, sobre o fato gerador ali descrito, cujo período de referência é
17/02/2006.
Daí, constata-se que não há por operacionalizado no caso concreto a existência da
decadência, conforme se tem:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário
extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado;
Neste caso observa-se a não extrapolação do interstício regular.
Restando mais do que afastada a decadência:
ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – RECURSO DA FAZENDA PÚBLICA
PEDINDO A REFORMA DA DECISÃO CAMERAL FACE À
INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA
PÚBLICA CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PROCEDÊNCIA –
DECISÃO NÃO UNÂNIME – O prazo decadencial deve ser contado de
acordo com o artigo 173, I do Código Tributário Nacional, ou seja, a partir do
primeiro dia do exercício seguinte ao que deveria ter sido efetuado o
lançamento. (CATGO – RFaz.-CONP 3 0221153 073 27 – (01404/09) – CONP
– Rel. Cons. Luis Antônio da Silva Costa – J. 19.05.2009)
No primeiro e mais importante ponto a ser apreciado, se tem a consideração sobre o
cancelamento do CACEAL do contribuinte. Das informações processuais contidas nos autos,
não se tem dúvidas para com a inexistência de inscrição estadual válida quando da apreensão
da mercadoria; e por isto a apreensão.
Mas, ao mesmo tempo indica que o pedido de reativação do CACEAL por meio do
processo n.º 1500-004567/2006, fora protocolado em 15/02/2006; dois dias antes da
apreensão.
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De fato, tal qual consta na decisão sob análise, não se tem nos autos processuais
qualquer prova, ou mesmo indício, de que tenha agido o Contribuinte no intento de ludibriar,
sonegar imposto.
Muito pelo contrário, para cada uma das notas fiscais referidas há sim o recolhimento
do tributo de ICMS, mesmo quando em se tratando de “substituição tributária”, ou seja,
confirmada a retenção do tributo logo quando da saída da mercadoria do emitente; cujo
destaque é condito em cada uma das notas.
Logo, não se tendo que falar em descumprimento de recolhimento de tributo pelo
autuado.
Outrossim, no que se refere a aplicação da multa, no que pese a emissão da nota haver
sido feita por terceiro, que não o autuado, não se pode restar dúvidas quanto a aquisição de
produto, emissão de nota fiscal para contribuinte de ICMS estabelecido e com CACEAL
cancelada, faz incorrer sim em irregularidade.
Bastando-se ver a RICMS aplicável ao caso no momento do lançamento :
Art. 207. Considerar-se-á desacompanhada de documento fiscal a operação
ou prestação acobertada por documento inidôneo, assim entendido, para
esse efeito, aquele que:
(...)
IX - de qualquer modo, ainda que formalmente regular, tiver sido emitido
ou utilizado com dolo, fraude, simulação ou erro, que possibilite, mesmo
que a terceiro, o não pagamento do imposto ou qualquer outra vantagem
indevida.
Mesmo assim, carecem de algumas correções o procedimento.
Primeiro, quando não fora o autuado o emitente da nota fiscal, mas apenas àquele
adquirente do produto (ainda que sem CACEAL válido).
E como tal, se tem :
Art. 101 - Emitir Nota Fiscal ou qualquer documento fiscal exigido pela
legislação tributária, em nome de pessoa não inscrita, quando obrigada, de
comprador fictício ou de quem não seja adquirente da mercadoria:
MULTA - equivalente a 100% (cem por cento) do valor do imposto calculado
sobre o valor das mercadorias constantes da Nota Fiscal ou do documento.
Inclusive quando da apreensão da mercadoria, através dos termos de apreensão, fora
justamente neste texto legislativo que se dera a imputação.
No que, comportaria de logo na readequação da multa acessória punitiva.
Contudo, novamente se afirme, não há nos autos qualquer prática abusiva que tenha
incorrido em prejuízo ao erário. O imposto da mercadoria fora recolhido por antecipação
(pelo menos é o que se destaca das notas); tendo sido a mercadoria liberado quando da
reativação do CACEAL, cuja solicitação fora protocolizada em momento anterior a
apreensão.
Para tanto, se tendo posicionamento de nossas Cortes:
NOTA FISCAL – DESCLASSIFICAÇÃO – DESTINATÁRIO FICTÍCIO
– A nota fiscal apresentada ao Fisco foi desclassificada por consignar
destinatário não habilitado, pois, estava com inscrição estadual cancelada.
Exigências de ICMS, multa de revalidação e Multa Isolada capitulada no inciso
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II do art. 55 da Lei nº 6763/75. Entretanto, restou comprovada nos autos a


existência de direito e de fato do destinatário constante da nota fiscal, à
época dos fatos, ensejando, assim, o cancelamento das exigências fiscais.
Lançamento improcedente. Decisão por maioria de votos. (CCMG – Imp.g.
40.010122343-89 – (18.414/09) – 2ª CJ – Rel. Antônio César Ribeiro – J.
31.07.2009)
NOTA FISCAL – DESCLASSIFICAÇÃO – DESTINATÁRIO FICTÍCIO
– A nota fiscal apresentada ao Fisco foi desclassificada por consignar
destinatário não habilitado pois estava com inscrição estadual suspensa.
Entretanto, restou comprovado nos autos a existência de direito e de fato
do destinatário constante da nota fiscal, à época dos fatos, ensejando,
assim, o cancelamento das exigências fiscais. Lançamento improcedente.
Decisão unânime. (CCMG – Imp.g. 40.010121299-33 – (18.549/07) – 1ª CJ –
Rel. Antônio César Ribeiro – J. 05.12.2007).

Desta forma, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário
para negar provimento ao mesmo, mantendo a decisão da Coordenadoria de Julgamento, em
razão da inexistência de qualquer prejuízo para o erário, mais quando não se exprime qualquer
alinhamento entre a descrição do fato lançado e qualquer ato que tenha sido praticado pelo
Contribuinte.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 27 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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Sessão Ordinária nº. 035 – 2ª câmara - Realizada em 27/09/2013


PROCESSO SF: 1500-020412/01; CTE-296/2001
ANEXOS: 1500-024844/06; 1500-020756/11
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 020753/01
RECORRENTE: M CORREIA BARBOSA
RECORRIDO: COORDENADORIA DE JULGAMENTO
AUTUANTE: JOSÉ B DA SILVA IRMÃO
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 222/2013

EMENTA: CONTRIBUINTE REGULARMENTE


INTIMADO. TERMO DE REVELIA
VÁLIDO. AUTOS DEVEM SER
ENCAMINHADOS A REPRESENTAÇÃO
FISCAL PARA REVISÃO REALIZADA NOS
TERMO DO ART. 13, INCISO I, DA
LEI Nª 6.771/2006. RECURSO
VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.

RELATÓRIO

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 1


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Trata o presente feito de lançamento de crédito tributário a título de ICMS, no valor de


R$ 4.387,54 (quatro mil, trezentos e oitenta e sete reais e cinqüenta e quatro centavos), com um acréscimo de
multa no valor de R$ 2.632,51 (dois mil, seiscentos e trinta e dois reais e cinqüenta e hum centavos), tendo
como origem, a falta de recolhimento do imposto nos exercícios de 1998/2000, em decorrência da insuficiência
de caixa apurada por intermédio de levantamento específico.

Como instrução da autuação foram anexados aos autos, demonstrativos da Auditoria do


Movimento Financeiro, DAC, relação de pagamentos de compras a prazo e cópias, dos dados cadastrais, do
Movimento Econômico e do Livro Reg. de Apuração do ICMS (fls. 03 usque 60).

Intimada da autuação mediante Aviso de Recebimento (AR), seguido de Edital 3ª CRAF – Nº 010/2001,
publicado no Diário Oficial do ESTADO do dia 08 de maio de 2001, sem que o autuado apresentasse defesa nos
30 (trinta)dias seguidos, lavrou-se o respectivo termo de revelia (fl. 65).

Posteriormente, ou melhor, em data de 15 de agosto de 2006, fora expedida Notificação de


Débito com o seguinte teor: “..., fica V. Sa., convidado a comparecer a esta Agência de Fazenda Estadual no
prazo de 30 (trinta) dias, contados do recebimento deste, a fim de liquidar o débito em apreço ou apresentar
Defesa à Coordenadoria de julgamento, na forma da lei.

Outrossim, se expirando o prazo regulamentar sem que nenhuma das providências acima
tenha sido adotada, o débito será inscrito na Dívida Ativa do Estado de Alagoas, para que seja providenciada a
cobrança executiva judicial.”

Intimado da referida notificação de débito em 22/08/06 na pessoa de JOANA JOSE DE


MELO BARBOSA, esposa do contribuinte, a mesma, em razão do falecimento do titular da firma comercial
apresentou defesa em 22/09/06(Proc. 1500-024844/06-fls. 02/08).

O autuante quando da contestação da defesa alega que o fato está comprovado pela
insuficiência de receita, apurada através de levantamento específico da conta caixa e que a defendente não
verificou os valores mencionados no ADITAMENTO do Auto de Infração em pauta, vez que o valor original do
ICMS era R$ 4.202,50, passando, com o aditamento, para R$ 4.387,54 (quatro mil, trezentos e oitenta e sete
reais e cinqüenta e quatro centavos).

A Coordenadoria de Julgamento ao analisar o presente litígio, concluiu pela supressão legal


da jurisdição administrativa tributária em decorrência dos efeitos da revelia, sem enfrentamento do mérito da
questão, conforme ementa da decisão: “ICMS. Presunção de saídas internas, tributadas, sem pagamento do
imposto – soma das despesas superior à receita do estabelecimento, art.2º, §§ 9º e 10 da Lei nº 5.900/96. 1-
Ausência de provas; 2- Revelia; 3- Supressão legal da jurisdição administrativa tributária pelos efeitos da revelia,
art. 141, p. único da Lei nº 4.418/82, com redação dada pela Lei nº 5.983/97; 4- Revisão do lançamento pela
“Representação Fiscal”, art. 54, IX da Lei nº 6.771/2006.”

Notificada da decisão de primeira instância, a autuada, na pessoa da Sra. Joana José de


Melo Barbosa, viúva do titular da mesma, impetra, tempestivamente, recurso ordinário para este Colegiado,
aduzindo em síntese o que segue abaixo:

I - Em 22 de setembro de 2006 recebeu uma nova intimação para pagamento do débito ou


apresentar defesa e daí em ato contínuo apresentou por meio de advogado constituído, manifestação no sentido
de extinguir a notificação de débito, seja pelo falecimento do titular da firma individual,seja pela ocorrência da
prescrição qüinqüenal.

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 2


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II – No dia 22 de junho de 2011 (véspera de feriado), o Sr. Sávio de Melo Barbosa, filho do
falecido, recebeu o Ofício Circular nº 395/2011 CJ-SEFAZ/AL., com a decisão de primeira instância que, ao
invés de extinguir o crédito tributário pela ocorrência da prescrição, reconheceu a exclusão legal da jurisdição
administrativa tributária pelos efeitos da revelia;

III – Em 29 de junho de 2011, o advogado que subscreve o presente recurso tomou ciência
nos autos da referida decisão;

IV – Com a lavratura do termo de revelia, a autoridade fiscal deveria encaminhar o débito


para inscrição na Dívida Ativa, visando o conseqüente ajuizamento da ação de execução fiscal, conforme os
termos do art. 141, § único, da Lei nº 4.418/82, com redação dada pela Lei nº 5.983/97, legislação vigente à
época. No entanto, o Fisco manteve-se inerte, deixando transcorrer o prazo de 05 (cinco) anos para cobrança do
débito, consumando-se, assim, em 09 de junho de 2006, a prescrição qüinqüenal.

A Representação Fiscal ao contestar o presente recurso insiste na manutenção do crédito


tributário, aduzindo os efeitos produzidos pela revelia do autuado.

Após a leitura do presente relatório na Sessão do dia 26 de julho do ano em curso, este
Relator constatando a omissão da notificação do advogado da recorrente para a respectiva Sessão, a Presidente
desta Câmara retirou o feito de pauta para a devida providência, no que fora adotada, mediante publicação da
pauta no Diário OFICIAL do ESTADO, edição do dia 30 de julho de 2013.

É o relatório.

VOTO RELATOR

PRELIMINAR:

DA PRESCRIÇÃO DO DÉBITO.

Antes do enfrentamento da prescrição requerida, convém atentar previamente para a


configuração ou não da revelia do recorrente na fase de defesa sob pena de cercear o direito de defesa e até
mesmo afastar o princípio da verdade material, princípio este, dentre outros, recomendado pela própria Lei do
PAT.

Conforme já consta do presente relato, a recorrente foi intimada inicialmente mediante


Aviso de Recebimento (AR), seguida de Edital 3ª CRAF – Nº 010/2001, não obedecendo assim a sequência de
procedimentos determinada pelo então vigente Art. 131, da Lei Nº. 4.418/82, sem que a mesma tenha se
manifestado e em ato contínuo lavrou-se o respectivo termo de revelia (fl. 65), cuja lavratura está atrelada ao
Aviso de Recebimento (AR), quando em data posterior ao próprio termo de revelia, publicou-se edital de
chamamento ao processo com a mesma finalidade, qual seja, apresentar defesa.

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 3


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Ora, o autuado foi tido como revel, quando na realidade o mesmo estava ainda em vias
de intimação, conforme Edital 3ª CRAF – Nº 010/2001, fl. 63 do Proc. 1500-020412/01, ou seja, apesar de
“revel” a intimação do mesmo ainda persistia por parte da Administração Fazendária com o objetivo de
apresentar defesa.

Após a publicação do edital de chamamento ao processo para se defender, mesmo na


situação suposta de revelia do autuado, segundo termo próprio, fora expedida Notificação de Débito com o
seguinte teor: “...fica V. Sª., convidado a comparecer a esta Agência de Fazenda Estadual no prazo de 30 (trinta)
dias, contados do recebimento deste, a fim de liquidar o débito em apreço ou apresentar Defesa à Coordenadoria
de Julgamento, na forma da lei.(grifei).

Outrossim, prossegue o notificante, se expirado o prazo regulamentar sem que


nenhuma das providências acima tenha sido adotada, o débito será inscrito na Dívida Ativa do Estado de
Alagoas, para que seja providenciada a cobrança executiva judicial.

E daí, diante da notificação recebida em 22/08/06 na pessoa de JOANA JOSÉ DE


MELO, esposa do contribuinte,a mesma apresentou defesa em razão do falecimento do titular da firma comercial
em 22/09/06 (Proc. 1500-024844/06 – fls. 02/08), portanto, dentro do prazo legal.

Logo, tendo sido dado oportunidade ao contribuinte para promover a sua defesa e esta
apresentada dentro do prazo legal, não há que se cogitar de contribuinte revel e por extensão de encerramento do
Processo Administrativo Tributário em decorrência do efeito da revelia.

Isto posto, conheço do recurso ordinário para negar-lhe provimento no sentido de


afastar a extinção do crédito tributário pelo efeito da prescrição ao tempo em que determino o retorno dos autos à
instância monocrática para o julgamento do mérito.

VOTO VENCEDOR

Antes de entrar no mérito da presente análise, compulsando dos autos, observa-se a regular intimação
do contribuinte que acarretou a lavratura do termo de revelia de fls. 65, portanto, em atenção ao § 2º do art. 13 1

1
Art. 13. Não sendo apresentada defesa ao Auto de Infração, no prazo legal, o sujeito passivo
será considerado revel, importando a revelia no reconhecimento da obrigação tributária e
produzindo efeito de decisão final em processo administrativo tributário.
§ 1º....
§ 2º Na hipótese de revelia, poderá o lançamento ser objeto de revisão, nos termos que
dispuser a regulamentação, observado o seguinte:
I - a revisão deverá ser feita pela representação fiscal; e
II - a retificação ou o cancelamento do lançamento deverá ser objeto de ratificação pelo
Secretário Adjunto da Receita Estadual.

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 4


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encaminhados a representação fiscal, para em não havendo


da lei nº 6.771/2006, os autos devem ser
“objeto de revisão”, os autos serem enviados para inscrição em dívida ativa, caso ainda não
decorrido prazo prescricional, desta forma, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA
DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, não conhecer do
recurso.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 27 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR( VOTO VENCEDOR)

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR(acompanhou voto vencedor) JULGADOR(acompanhouvoto vencedor)

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Sessão Ordinária nº. 036 – 2ª câmara - Realizada em 27/09/2013


Processo n.º 1500-030108/2001 CTE 106/2012
Auto de Infração n.º 25704
Contribuinte – COMPANHIA ALAGOAS INDUSTRIAL – CINAL
Autuante – Ronaldo Guedes de Araújo
Relator: RODRIGO HOLANDA GUIMARAES
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 223/2013

EMENTA : REEXAME NECESSÁRIO.


INDUSTRIALIÇÃO DE PRODUTOS PARA
VENDA A TERCEIROS. DEFICIÊNCIA DE
PROVA E DISPOSIÇÃO NARRATIVA DO
LANÇAMENTO. INCINERAÇÃO. LISTA DE
SERVIÇO ISS. CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Reexame Necessário, quanto a decisão da Coordenadoria de


Julgamento no sentido de desconstituir o lançamento, decretando a nulidade do auto de
infração que havia imputado imposto devido no valor de R$ 2.280.527,66 (dois milhões,
duzentos e oitenta mil, quinhentos e vinte e sete reais e sessenta e seis centavos), além da
multa no valor de R$ 1.368.316,60 (um milhão, trezentos e sessenta e oito mil, trezentos e
dezesseis reais e sessenta centavos).
Como conduta a ser punida, indicou o processo de industrialização pela Autuada de
organos clorados em ácido clorídrico (processo de industrialização), para o qual havia sido
conduzido como simples processo de incineração.
Intimado o Contribuinte, apresenta defesa arguindo em preliminar a impossibilidade
da manutenção da autuação por ausência de descrição correta dos fatos, associada a
fundamentação legal.
Acórdão CTE N° 223/2013 Página 1
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No mérito que não poderia incidir ICMS sobre a operação, quando ao mesmo o tributo
devido seria ISS, nos termos do “item 18” da lista de serviço, composto do art. 8.º da Lei
Complementar 56/87. Ou seja , a simples queima do resíduo , e daí sua transformação em
‘Ácido Clorídrico – HCL’, não geraria a incidência de ICMS. Mas que da venda deste
derradeiro produto para terceiros, aí sim competiria na existência de imposto circulação de
mercadoria – fato este que não é objeto da autuação. Conteve ainda a defesa já o pedido de
deferimento de perícia.
Relativo ao “Pedido de Diligência n.º 239/2005”, pugnou-se para que houvesse a
comprovação de que os outorgantes no instrumento de procuração, de fato, possuiriam
poderes para tal fim, o que fora confirmado através da procuração (fls. 384) e instrumento
societários chancelados na Junta Comercial (fls. 385/396).
A decisão da Coordenadoria de Julgamento se posta no sentido de que inexiste na
descrição do lançamento contido no Auto de Infração ‘o fato gerador’ a fazer valer a
incidência do imposto. Quando a descrição fática fala em industrialização, o que não é
hipótese para incidência do imposto.

Era o que se tinha a constar do relatório.

Passo a decidir.

Em linhas gerais, e pelo que dos autos constam resta em ser analisado no presente
processo, se a indicação posta pelo agente atuador para o lançamento, frente as argumentações
defendidas no feito, são capazes de impor no dever de recolhimento de ICMS.
Por primeiro, se tem da “descrição dos fatos”: “referente ao processo de
industrialização executado pela CINAL, a qual, indevidamente, chamou esta operação de
incineração e emitiu indevidamente nota fiscal de serviço. A operação de industrialização é
transformar organos clorados em ácido clorídrico (processo de industrialização por queima)
(AI fls. 02).”
Na melhor linha de raciocínio defendida pelo então agente autuador para a
convalidação de sua imputação, caberia na verificação compreensiva, e sem que pudesse
restar dúvidas, sobre as ocorrências lançadas no tocante a efetiva industrialização.
Ocorre que numa olhadela sobre os fatos, percebe-se que a ‘industrialização’ de
produtos não é fato gerador capaz de impor no recolhimento de ICMS. Desvirtua-se da
natureza deste imposto estadual.
Somando-se a isto, foram apresentadas várias notas de saída do produto submetido a
queima por incineração; e para estas se percebe, por amostragem, a incidência do ICMS.
Fato curioso e que levou este julgador a debruçar-se com mais afinco sobre o
lançamento, repousa na possibilidade da incidência de tributo estadual, quando em relação a
“industrialização” defendida.
Condição atípica, é verdade, mas que tratou o legislador de assegurar.
Isto, porque, de fato há permissão de incidência de ICMS sobre a ocorrência de
fornecimento de mercadorias (transferência de propriedade/circularização), ainda que haja a

Acórdão CTE N° 223/2013 Página 2


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efetivação de serviços inerentes ao produto em si (colocado no caso dos autos como


industrialização), e desde que não consta na lista de serviços de contribuintes de ISS.

Tal qual como dispõe a CARTA MAGNA:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
(...)
§ 2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
IX - incidirá também:
(...)
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com
serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

Daí , necessitando se ter em mente a questão central, se aqui estar-se-ia diante de uma
questão aplicável ao caso, qual seja se a narrativa descrita no lançamento, corresponderia a
implicação delimitada na legislação: se o tal serviço de incineração/industrialização do
produto derradeiro abrangeria o ICMS.
Basta-se ver que na linha de defesa do contribuinte, e para desmistificar a pretensão
inicial, o que se tem é uma queima por combustão de um resíduo, subproduto da operação
principal da CINAL, e como tal, em razão de incineração, se tendo a aplicação da norma:

“Decreto-Lei n.º 406/68” alterado mas mantido pela “Lei Complementar


56/87”
18 - Incineração de resíduos quaisquer.

Sob tal prisma, não poderia haver a incidência de ICMS na narrativa disposta, traçando
sobre o tema a basilada doutrina:

“Quando ocorrer fornecimento de mercadoria com prestação de serviço, devem


ser observadas as seguintes regras para se saber se incidirá o ICMS ou o ISS. Primeira,
quando o serviço constar da lista do Decreto-lei n.º 406/68, somente haverá a
incidência do ISS (DL 406/08, art. 8.ª, § 1.º).”
(in Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário, LUIZ EMYGDIO F. DA
ROSA JR, 17ª edição, página 1000/1001)

Já aqui, até então caberia em ser indicada como mensuração para o lançamento: a
venda de um produto, para o qual seria imperativa a prestação de um serviço (defendida a
incineração como industrialização).

Acórdão CTE N° 223/2013 Página 3


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E, não somente por este fato específico, imperativo dever de comprovação de estar o
produto, no caso dos autos a prestação de serviço não inscrita na lista; que a atitude narrada
(industrialização) se desse de forma contínua na cadeia de produção. Este o alinhamento de
nossos Cortes:

NÃO INCIDÊNCIA – DESCARACTERIZAÇÃO – INDUSTRIALIZAÇÃO –


Constatada a saída de mercadoria resultante de industrialização sob
encomenda, sem emissão de documento fiscal e sem o recolhimento do
imposto devido sobre o valor agregado a título de industrialização, cuja
base de cálculo é a prevista no inciso VII, art. 43 do RICMS/02. Incide o
ICMS e não o ISSQN, quando a atividade se refere à transformação ou
beneficiamento de mercadoria em uma etapa da cadeia de circulação por
se tratar de operação relativa à circulação de mercadorias. Infração
caracterizada nos termos estabelecidos na alínea "a", item 2, § 1º, art. 5º, da Lei
6763/75. Corretas as exigências de ICMS, Multa de Revalidação e Multa
Isolada prevista no art. 55, II, "a", da Lei 6.763/75. OBRIGAÇÃO
ACESSÓRIA – FALTA DE INSCRIÇÃO ESTADUAL – Constatado o
exercício de atividades de industrialização em estabelecimento não inscrito
regularmente no cadastro de contribuintes deste Estado. Infração caracterizada.
Legitima a aplicação da Multa Isolada prevista no art. 54, I, da Lei nº. 6763/75.
Lançamento procedente. Decisão unânime.
(CCMG – Imp.g. 40.010122298-49 – (18.257/09) – 2ª CJ – Rel. André Barros
de Moura – J. 13.03.2009)

NÃO INCIDÊNCIA – DESCARACTERIZAÇÃO – BENEFICIAMENTO –


Incide o ICMS, e não o ISSQN, sobre a atividade de industrialização
quando esta se refere a beneficiamento de mercadoria em etapa da cadeia
de circulação, ou seja, trata-se de operação relativa à circulação de
mercadorias. Entretanto, a exigência da Multa Isolada, capitulada no inciso
VII, artigo 55, Lei nº 6.763/75, evidencia-se incorreta face à inadequação do
tipo descrito na citada norma à conduta da Impugnante. Mantidas as exigências
fiscais remanescentes. Lançamento parcialmente procedente. Decisão unânime.
(CCMG – Imp.g. 40.010118186-71 – (17.252/06) – Relª Luciana Mundim de
Mattos Paixão – J. 11.12.2006)

Neste caso, cumpriria a demonstração cabal de tratar-se a produto (subproduto), de um


fato existente na cadeia produtiva de circularização.
Mas que, para o caso concreto não houve a comprovação. Há alegação e contraponto,
mas não prova cabal capaz de indicar com certeza a pretensão disposta no auto.
Aí, firmo o entendimento de que não se prestou o processo administrativo para a
compreensão clara da pretensão imposta, e que pudesse caracterizar a ocorrência do imposto.
Tanto que a decisão da Coordenadoria de Julgamento, no pese as várias solicitações de
diligência alfim da constatação do lançamento, fora bastante clara ao repisar: “Realmente,
não se especificou o fato gerador de ICMS conferido ao contribuinte; situação reconhecida
Acórdão CTE N° 223/2013 Página 4
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na Requisição de Diligência n.º 178/2007, item VI, a” (fls. 440); fazendo decorrer na
nulidade do auto por ausência de elementos suficientes para tal fim.
Ressalto que, várias foram as determinações no intento de se esclarecer a diferença
entre a prestação do serviço (sua industrialização), e mesmo a transformação e venda para
terceiros; sem que os referidos documentos, aparentemente, tenham sido juntados:
“Solicitamos desta diretoria que seja emitida OS em nome da BRASKEM para que possamos
efetuar lavratura de autos de infração por embaraço, tendo em vista o não atendimento na
sua totalidade da intimação fiscal N.º 48274, nem foi enviadas as notas nem foi informado
por declaração quais os documentos não entregues a esta fiscalização ... (fls. 468); ponto este
que merece destaque para que as medidas cabíveis venham a ser adotadas, se ainda existente
tempo hábil.
Mas que da síntese final, da prova efetiva da prestação de serviço por meio de
contratos solicitados (fls. 379, 381), e/ou industrialização de matéria prima e venda de
produto final, bem como as notas de venda à terceiros, ou prova pericial basilada à tal fim
incineração/industrialização (mencionado e não produzida); enfim, tais ausências redundam
na deficiência do lançamento, e mesmo nas tentativas de seu aprimoramento.
Motivo pelo qual , ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do REEXAME
NECESSÁRIO, mas para negar-lhe provimento, mantendo incólume a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, em razão da disposição lançada nos autos para
“industrialização” de produto (transformação de matéria prima em produto final), com sua
posterior venda a terceiros, ter restado deficiente em sua conceituação e provas contundentes
de que não há prestação de serviço “incineração de resíduos” constante na lista de ISS.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 27 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° 223/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 37 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 01/10/2013


PROCESSO N.º 1500-017224/2000; ANEXO N.º 1500-027733/2009; CTE N.º
493/2011
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 022041
RECORRENTE: MURILO MACIEL MENDONÇA ME
RECORR IDO: ESTADO DE ALAGOAS
FISCAL AUTUANTE: AUGUSTO ALVES NICAC IO FILHO – MAT. 52.893.
RELATOR: CARLOS HENR IQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHEME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁR IA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 224/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


DESCUMPRIMENTO DE OBR IGAÇÃO ACESSÓRIA
– FALTA DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA DE
ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES –
DECADÊNC IA. RECURSO CONHEC IDO E
PROVIDO. AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO
PELA DECADÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de pedido de revisão formulado pela MUR ILO MACIEL


MENDONÇA ME em face da decisão n. o 16.268/2009 da Coordenadoria de
Julgamento que julgou procedente o auto de infração n. o 022041, assim
ementando:

EMENTA – ICMS – Obrigação acessória – Falta de


comunicação prévia de encerramento de atividades –
Infração caracterizada – Lançamento PROCEDENTE.
Procedimento Especial (ex vi art. 36, II, da Lei nº
6.771/06)

ACÓRDÃO CTE Nº 224/2013 Página 1


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Cuida de crédito tributário no importe de R$ 810,50 (oitocentos e
dez reais e dez cinquenta centavos), correspondente à multa, por ter a
empresa deixado de comunicar à Secretaria da Fazenda o encerramento de
suas atividades.

Foi apontada transgressão ao artigo 37, VII do RICMS aprovado


pelo Decreto n. o 35.245/1991, sendo sugerida a penalidade do artigo 873, do
mesmo diploma legal.

Instruem o auto de infração Relatório de Dados Cadastrais, cópias


do Cartão de Autógrafos, planilha demonstrativa do auto de infração, entre
outros.

Intimado, o contribuinte alegou em sua defesa que solicitou a


baixa de sua inscrição estadual em 19 de dezembro de 2000, através do
processo n.º 1500-019996/2000, havendo sido emitida certidão de baixa no
dia 14 de março de 2001.

Em suas contrarrazões à impugnação, o fiscal aduz basicamente


que o pedido de baixa seu deu fora do prazo estipulado pela legislação
estadual.

Após o julgamento do Juízo Singular que, como se disse, julgou


procedente o auto de infração n. o 022041, o contribuinte formulou pedido de
revisão sob os mesmos argumentos de sua defesa.

De igual modo, o fiscal reiterou os argumentos de suas


contrarrazões à impugnação.

Conforme despacho de fls. 17, do anexo 1500-027733/2009, o


feito foi encaminhado para este Conselho Tributário Estadual.

ACÓRDÃO CTE Nº 224/2013 Página 2


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Por se tratar de pedido de revisão, o CTE não conheceu do apelo
do contribuinte, razão pela qual determinou a remessa dos autos para a
Coordenadoria de Julgamento.

Oportunamente, o julgador singular requisitou diligência no


intuito de intimar o contribuinte para anexar aos autos “documento que
assegure legitimidade a Terezinha Cavalcante de Paula”. Posteriormente o
rito foi convertido em ordinário.

Intimada, a representação fiscal apresentou contrarrazões


renovando seus argumentos.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 224/2013 Página 3


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VOTO

Depreende-se dos autos que se trata de auto de infração lastreado


em suposta omissão do contribuinte em comunicar o encerramento de suas
atividades.
A linha de defesa do contribuinte seguiu a tese de que houve a
comunicação à Sefaz do encerramento de suas atividades. Para comprovar sua
tese, juntou aos autos cópia do processo administrativo n.º 1500-019996/2000
datado de 19/12/2000, cujo objeto foi o pedido de baixa em sua inscrição.

Contudo, observo que o auto de infração foi confeccionado


(protocolizado) em 01/11/2000 e o contribuinte somente foi devidamente
intimado em 04/05/2006. Ora, em que pese o auto de infração ter sido
protocolizado junto à Sefaz, o seu aperfeiçoamento somente se operou no
momento da intimação do contribuinte. Antes disso não havia crédito
constituído.

Ocorre que é inegável o transcurso de mais de 5 (cinco) anos sem


que o Estado constituísse o crédito.

È flagrante a ocorrência da decadência no presente caso.

O artigo 173 do Código Tributário Nacional, dispõe:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento


poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,


por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se


definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da
data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário

ACÓRDÃO CTE Nº 224/2013 Página 4


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pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5 (cinco) anos entre a


ocorrência do fato gerador e a sua constituição definitiva, com a devida
intimação do contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário pela
decadência, a teor do que prescreve o artigo 156 do CTN, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:


I – (omissis);
V – a prescrição e a decadência;

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁR IO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer do recurso, para dar-lhe provimento, julgando prejudicado o auto de
infração em virtude da decadência, nos termos do artigo 156 do Código
Tributário Nacional.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 01/10/2013.

SÉRGIO GUILHERM E A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA
(VOTOU COM O RELATOR) (VOTOU CONTRA O RELATOR)

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FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA nº. 038 – 1ª câmara - Realizada em 08/10/2013


PROCESSO: SF-1500-002445/1997; CTE-48/2012
PROCESSO ANEXO: 1500-000095/96
AUTO DE INFRAÇÃO: 014567, PROTOCOLADO EM 02.09.1996
AUTUADA: COMERCIAL SATS LTDA.
AUTUANTE: ORLANDO SOARES DA SILVA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 225/2013

EMENTA:ICMS – OMISSÃO DE ENTRADAS E


SAÍDAS MERCADORIAS DESCARATERIZADA
PELA AUSÊNCIA DE PROVAS NOS AUTOS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO. DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do CTE,


nos termos dos artigos 48 e 49 da Lei Estadual 6771/06
relativo à Decisão 18.408/11, referente ao Auto de Infração
nº 014567, protocolado em 2/9/1996, lavrado contra a empresa
Comercial Sats Ltda., qualificada na peça exordial, com
alegação do autuante de que ao proceder levantamento por
espécie de mercadorias constatou que a autuada omitiu
entradas e saídas de mercadorias, relativas ao exercício de
1995 e em conseqüência, não recolheu o ICMS correspondente.

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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador monocrático informa que a autuada


apresentou defesa no dia 25/10/1996 e “ao rebater as
alegações do autuante, o contribuinte aduz a ocorrência de
discrepância nos quantitativos dos produtos arrolados para
fins de auditoria, tendo em vista os dados existentes nos
seus livros e documentos fiscais”, mostrando que não está
certa a ação fiscal.
Ressalta o julgador singular sobre a carência de
provas nos autos e a especificação genérica dos produtos
(fls. 177.
Informa ainda, o julgador singular, que o
autuante nas contrarazões acata parcialmente a defesa. (fls.
176)
Conclui pela improcedência do Auto de Infração,
objeto da lide, por ausência de provas dos ilícitos argüidos.
Notificados autuada e Representação Fiscal, ambas
não se manifestaram.
Assim me chegam os autos que ora relatei.

Sala das Sessões do CTE, 08 de Outubro de 2013

MARIA LOPES MILHOMES


RELATORA

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VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta observa-se que após a apresentação da Defesa o
autuante fez alteração do valor do crédito tributário
conforme demonstrativos de 28/8/1996 (fls. 149) e de
27/5/1998 (Fls.150). Desta alteração não foi cientificada
a autuada.
Na tentativa de sanear o processo a
Coordenadoria de Julgamento solicitou as diligências 42-
2004 e 203/2010.
As cópias das Notas Fiscais que serviram de
base para a lavratura do Auto de Infração, objeto desta
demanda, não foram anexadas. Observe-se o que diz o art.
891, Inciso V, do RICMS, aprovado pelo Decreto 35245/91,
vigente à época da autuação:
Art. 891. O processo fiscal
contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com
os seguintes documentos:
(...)
V - cópia dos documentos que
serviram de base para a apuração das
irregularidades, em qualquer caso;
(...)

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Sendo assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
proceder ao Reexame Necessário negando-lhe provimento,
acompanhando integralmente o julgador de primeira instância
que julgou Improcedente o lançamento do crédito tributário.

Sala das Sessões do CTE, em 08 de Outubro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRADÃO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA nº. 038 – 1ª câmara - Realizada em 08/10/2013


PROCESSO: SF-1500-11886/1998; CTE-39/2012
PROCESSO ANEXO: 1500-013535/1998
AUTO DE INFRAÇÃO: 003330, PROTOCOLADO EM 29.09.1998
AUTUADA: CÍCERA DE SOUZA SILVA
AUTUANTE: LILIANE G. DA SILVA E OUTROS
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 226/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE ENTRADAS E


SAÍDAS MERCADORIAS DESCARATERIZADA
PELA AUSÊNCIA DE PROVAS NOS AUTOS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E
PROVIDO. AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do CTE,


nos termos do artigo 48 da Lei Estadual 6771/06 relativo à
Decisão 18273/2011, referente ao Auto de Infração nº003330,
protocolado em 29.09.1998, lavrado contra a empresa Cícera de
Souza Silva., qualificada na peça exordial, com alegação dos
autuantes de que ao proceder levantamento por espécie de
mercadorias constatou que a autuada omitiu entradas e saídas
de mercadorias, relativas aos exercícios de 1996, 1997 e
janeiro a julho de 1998, em conseqüência, não recolheu o ICMS
correspondente.

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DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador monocrático informa que a autuada


apresentou defesa tempestiva no dia 29/10/1998 dizendo que
não tinha intenções de sonegar impostos pedindo indeferimento
para as alegações dos autuantes.
Informa ainda, o julgador singular que contra-
razoadas a autuada pelos autuantes estes confirmam as
alegações da inicial pedindo que seja julgado procedente a
ação fiscal.
Sustenta a julgadora de 1ª Instância que o
levantamento fiscal foi realizada em consonância com a
legislação vigente e que foi instruído conforme o artigo 891
do RICMS, aprovado pelo Decreto 35245/91.
Ao final a julgadora monocrática decide mudar a
multa prevista no art. 84 da Lei Estadual 5900/96 para a do
art. 79 da mesma Lei. Conclui pela procedência, em parte, do
Auto de Infração, objeto da lide,
Notificados autuada e Representação Fiscal, ambas
não se manifestaram.
Assim me chegam os autos que ora relatei.

Sala das Sessões do CTE, 08 de Outubro de 2013

MARIA LOPES MILHOMES


RELATORA

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VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta, nota-se que as cópias das Notas Fiscais que
serviram de base para a lavratura do Auto de Infração,
objeto desta demanda, não foram anexadas. Observe-se o que
diz o art. 891, Inciso V, do RICMS, aprovado pelo Decreto
35245/91, vigente à época da autuação:
Art. 891. O processo fiscal
contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com
os seguintes documentos:
(...)
V - cópia dos documentos que
serviram de base para a apuração das
irregularidades, em qualquer caso;
(...)

Sendo assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
proceder ao Reexame Necessário dando-lhe provimento, julgando
improcedente o lançamento do crédito tributário por
insuficiência de provas.

Sala das Sessões do CTE, em 08 de Outubro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRADÃO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ROBERTO JORGE G. F. DA SILVA


JULGADOR

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Sessão Ordinária nº. 036 – 2ª câmara - Realizada em 11/10/2013


PROCESSO: 1500-007894/97; CTE Nº 125/97
ANEXOS:1500-020498/01;1500-020499/01;1500-019565/12;1500-022266/12
AUTO DE INFRAÇÃO: 059611/97
RECORRENTE:ARAPIRACA DIESEL S.A.
RECORRIDO: ESTADO DE ALAGOAS
AUTUANTE : VALDIR EVANGELISTA DA COSTA E OUTRO.
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 227/2013

EMENTA: ICMS – CRÉDITO INDEVIDO.


TRANSFÊRENCIA DE CRÉDITO FISCAL NÃO
AMPARADA PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
(ART. 96; § 3º, II, RICMS, APROVADO
PELO DEC. Nº. 35.245/91). 2º TERMO DE
TRANSAÇÃO ASSIM COMO TERMO DE ADESÃO
NÃO FIRMADOS PELA RECORRENTE.
INCOERÊNCIA DA DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO
COM A PENALIDADE DO ART. 92 DA LEI Nº
5900/96, REENQUADRAMENTO DA MULTA PARA
O ART. 93 DA REFERIDA LEI. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.

RELATÓRIO

Trata o presente processo sobre lançamento de


crédito tributário a título de ICMS, no valor de R$ 96.808,08

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(Noventa e Seis Mil, Oitocentos e Oito Reais e Oito


Centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$ 96.808,08
(Noventa e Seis Mil, Oitocentos e Oito Reais e Oito
Centavos), tendo como origem o referido lançamento a falta de
recolhimento do referido imposto correspondente ao período de
janeiro/97 a abril de/97, em razão da utilização de crédito
indevido decorrente da transferência de crédito fiscal
efetuado pela empresa Nivaldo Jatobá Empreendimentos Agro-
Industriais Ltda.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais e cópias, do cartão de autógrafos, do DAR com
saldo credor relativo aos meses de janeiro/97 a abril/97 e do
Livro Reg. de Apuração do ICMS correspondente aos meses de
janeiro/97 a abril/97 e do termo de encerramento de
fiscalização.

Intimada da autuação, a empresa apresentou


defesa, alegando que:

I – Usando da faculdade prevista no Instrumento


Particular de Transação firmado nos autos da Ação Ordinária
de Repetição de Indébito, conforme Proc. Nº 148/89, na qual
figura a Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas como
primeira transatora e as empresas Nivaldo Jatobá –
Empreendimentos Agroindustriais Ltda. e Agro Industrial
Serrana Ltda. como segundas transatoras, segundo as quais
podiam e podem, não só utilizarem estes créditos de ICMS para
“ser compensado com débito de ICMS de qualquer contribuinte
estabelecido no Estado de Alagoas, conforme TERMO DE
TRANSAÇÃO.”

II - É permitida a utilização e transferência de


crédito de ICMS para compensação com todo e qualquer ICMS
devido pelas transatoras ou por empresas controladas,
controladoras, coligadas ou ainda para qualquer contribuinte
estabelecido no Estado de Alagoas, conforme a redação do

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parágrafo primeiro da cláusula sexta do referido termo de


transação, in verbis: “ Caso o imposto a recolher, antes da
compensação da parcela mensal de crédito fiscal
correspondente, seja inferior ao valor da referida parcela, o
saldo remanescente poderá, a critério exclusivo da SEGUNDA
TRANSATORA, ser transferido para a conta corrente fiscal de
sociedades controladas, controladoras ou coligadas desta, ou
ainda, para qualquer contribuinte estabelecido no Estado de
Alagoas, mesmo que suas atividades sejam diversas das
atividades da segunda transatora, para compensação com o
imposto a recolher das mencionadas sociedades e
contribuintes, bastando, para tanto, que do fato tenha
ciência a PRIMEIRA TRANSATORA.”

III – Em data de 02 de agosto de 1995, atendendo


solicitação das empresas, Nivaldo Jatobá – Empreendimentos
Agroindustriais Ltda. e Agro Industrial Serrana Ltda., o Juiz
de Direito da 15ª Vara da Capital determinou a nulidade dos
Autos de Infração lavrados até aquela data e que a Secretaria
da Fazenda se abstivesse de continuar autuando quando o
motivo fosse a utilização dos créditos de ICMS decorrentes
das Transação.

Os fiscais autuantes, quando da contestação da


defesa,insistem na procedência do lançamento, alegando que:

I – no mesmo exercício em que foi pactuado o


citado termo de transação e antes que fosse procedido a
homologação judicial, o Governo do Estado de Alagoas
reavaliando a situação, promoveu judicialmente o pedido de
desistência de transacionar com as unidades industriais do
setor sucroalcooleiro;

II – com o pedido de desistência significa dizer


que o Estado de Alagoas manifestou tempestivamente o seu
desejo de não mais fazer parte do citado termo de transação;

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III – e ainda que se pudesse aceitar a


possibilidade da existência jurídica do citado termo de
transação, as transferências de crédito fiscal só poderiam
ocorrer acobertadas com a emissão de nota fiscal, obrigação
acessória, imprescindível para legitimar a utilização de
qualquer crédito, fato este que não foi constatado nos
respectivos lançamentos fiscais.

Submetido o presente litígio a julgamento pela


primeira instância, esta decidiu pela procedência do
lançamento, julgamento segundo o qual foi objeto de nulidade
por decisão deste Colegiado sem no entanto constar o número
do respectivo Acórdão, conforme se verifica na fl. 77.

Inconformada com a decisão, a empresa impetra


recurso para este colegiado, reiterando os termos da cláusula
sexta do reportado termo de transação, aduzindo ainda que em
27 de abril de 1992, o Dr. Juiz de Direito da 15ª Vara da
Capital, atendendo ao pedido das partes homologou as
TRANSAÇÕES, extinguindo o processo como determina o art. 269,
III do Código de Processo Civil, com julgamento do mérito e
que em data de 02 de agosto de 1995, atendendo ao solicitado
pela ora recorrente, o Juiz da 15ª Vara da Capital determinou
a nulidade dos Autos de Infração lavrados até aquela data e
que a Secretaria da Fazenda se abstivesse de continuar
autuando quando o motivo fosse a utilização dos créditos de
ICMS decorrentes das transações.

Acrescenta ainda a recorrente que a empresa


Nivaldo Jatobá – Empreendimentos Agroindustriais Ltda. não é
e nunca foi parte do Agravo de Instrumento nº 5.788-AL e,
consequentemente, do Acórdão nº 1.166/90.

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Nas contra razões do recurso, o Fisco limita-se


tão somente a ratificar o fundamento da autuação sem
acrescentar algo mais.

Submetido o presente recurso a julgamento por


parte deste Colegiado, o mesmo decidiu pela nulidade do
julgamento da instância a quo em razão da incompetência do
julgador monocrático, conforme fls. 75/77.

Devolvido os autos do Processo à Coordenadoria de


Julgamento para um novo julgamento, esta devolveu o feito
para este Colegiado, alegando a ausência do respectivo número
do Acórdão.

Posteriormente, apesar do feito ter sido


distribuído ao então eminente Conselheiro Geraldo de Souza
Barros, o então eminente Conselheiro Denis Ubirajara Sarmento
Lisboa, na seqüência da tramitação dos autos, converteu o
Processo em diligência no sentido da Agência de Fazenda
Estadual anexar o comprovante de cientificação da decisão de
primeira instância, bem como o órgão competente da SEFAZ
informar se o crédito fiscal oriundo da “cana própria”
utilizado pela autuada obedeceria aos princípios da
legalidade e razoabilidade (fl. 84).

Diante do reportado despacho, objeto de


requisição de diligência, a Agência de Fazenda Estadual de
Arapiraca informa que a comprovação da ciência da referida
decisão consta da fl. 45 dos autos e quanto à informação no
tocante a legitimidade do pretendido crédito fiscal não há
informação em tal sentido, conforme conclusão da douta
Coordenadoria de Tributação em Despacho, fls. 89 e 93.

Na sequência da tramitação do Processo, o então


Conselheiro Geraldo de Souza Barros é designado mais uma vez
para relatar o mesmo,oportunidade em que converteu o Processo
em diligência no sentido de obter documento que comprove a

Acórdão CTE nº227/2013 Página 5


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condição da recorrente de empresa controlada ou coligada com


a Empresa Nivaldo Jatobá – Empreendimentos Agroindustriais
Ltda.

Diante da requisição de diligência, a Agência de


origem acosta aos autos, cópia das ATAS DAS ASSEMBLÉIAS
ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA CUMULATIVAMENTE REALIZADAS EM 01
DE NOVEMBRO DE 1996, tendo o referido relator em ato contínuo
suspendido o processo mediante Despacho com fulcro no Art.
265, inc. IV, “a”, do CPC.

Redistribuído o presente Processo para este


Relator, resolvi com embasamento nos arts. 93 e 94, todos, da
Lei nº. 6.771/06, converter o mesmo mais uma vez em
diligência, para que a douta Procuradoria da Fazenda Estadual
se pronunciasse acerca de uma possível tramitação processual
no âmbito judicial, tendo a Procuradoria se pronunciado no
sentido do feito em questão ser submetido a julgamento por
parte deste Colegiado, Despacho de fl. 115.

Assim sendo, este Colegiado decidiu por


intermédio da sua Primeira Câmara de Julgamento pela nulidade
da decisão recorrida, nos termos da seguinte ementa:
“PRELIMINAR DE NULIDADE. 1. DECISÃO DE MÉRITO SEM A PRÉVIA
ANÁLISE DE PRELIMINAR DE REVELIA DA AUTUADA REQUERIDA PELOS
AUTUANTES, POR OCASIÃO DA CONTESTAÇÃO DA DEFESA. 2. NÃO
ENFRENTAMENTO DE REQUERIMENTO DE NULIDADE DA AUTUAÇÃO
ACARRETA CERCEAMENTO DE DEFESA E EM CONSEQUÊNCIA, ENSEJA A
NULIDADE DO ATO DECISÓRIO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
DECISÃO RECORRIDA ANULADA.”

Superadas as nulidades por parte da instância de


piso com a manutenção da procedência do lançamento, a empresa
autuada impetra recurso reiterando todas as razões de fato e
direito expendidas na fase impugnatória, notadamente com
relação à cláusula 6ª (sexta) do Termo de Transação que
permite a utilização e transferência de crédito de ICMS para
compensação com todo e qualquer ICMS devido pelas

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transatoras ou por empresas controladas, controladoras,


coligadas ou ainda para qualquer contribuinte estabelecido no
Estado de Alagoas, segundo a redação do parágrafo primeiro da
referida cláusula, além de acrescentar que a penalidade
aplicada com base no art. 92 da Lei nº 5.900/96 não se aplica
ao caso em tela, enfatizando que não transferiu, tampouco
utilizou parcelas do crédito além do permitido.

O reportado dispositivo legal se refere à


transferência e utilização além do limite, de forma que não é
o caso dos autos, a recorrente não transferiu crédito, assim
como não desrespeitou qual limite na utilização de crédito.
Há uma evidente contradição por parte da acusação.

Ao concluir as razões do recurso, a empresa


requer a nulidade da decisão recorrida, ou quando não, julgue
improcedente ou em todo caso, o afastamento da penalidade,
acostando aos autos cópia do Termo de Adesão ao Termo de
Transação Entre o Estado de Alagoas e Produtores de Açúcar e
Álcool.

O eminente representante fiscal por sua vez


persiste na manutenção da exigência do crédito tributário,
aduzindo em síntese que a legislação tributária impõe
condições, segundo as quais não foram atendidas para que o
contribuinte venha a ter direito ao crédito fiscal e proceda
a compensação com o débito do imposto, reportando-se aos
arts.32;34;39, § 3º,inc. II, todos da Lei nº 5.900/96; 75 do
RICMS/91; 56 da Lei nº 5077/89 e 170 do CTN, concluindo que
diante da documentação acostada aos autos restou provado a
falta de recolhimento de ICMS em decorrência da utilização
indevida de crédito fiscal recebido em transferência
promovida pela empresa Nivaldo Jatobá Emp. Agro. Indl. LTDA.,
e em conseqüência, a procedência do lançamento se impõe.

Este é o relatório.

.
Acórdão CTE nº227/2013 Página 7
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Voto.

Pelo que se depreende dos autos, o litígio fiscal


tem como cerne da discussão, a legitimidade do uso de crédito
fiscal decorrente de transferência feita pela empresa Nivaldo
Jatobá Empreendimentos Agro-Industriais Ltda., para a empresa
recorrente, tendo como embasamento jurídico, o Instrumento
Particular de Transação firmado nos autos da Ação Ordinária
de Repetição de Indébito, na qual figurou o Estado de Alagoas
como primeiro transator e a referida empresa transmitente do
crédito como segunda transatora.

Na verdade, existia a permissão da utilização


assim como a transferência de crédito de ICMS para
compensação com todo e qualquer ICMS devido pela transatora
ou por empresas controladas, controladoras, coligadas ou
ainda para qualquer contribuinte estabelecido no Estado de
Alagoas, conforme os termos do parágrafo primeiro da cláusula
sexta da referida transação, in verbis:

Parágrafo Primeiro – “Caso o imposto a recolher,


antes da compensação da parcela mensal de crédito fiscal
correspondente, seja inferior ao valor da referida parcela, o
saldo remanescente poderá a critério exclusivo da SEGUNDA
TRANSATORA, ser transferido para a conta corrente fiscal de
sociedades controladas, controladoras ou coligadas desta, ou
ainda, para qualquer contribuinte estabelecido no Estado de
Alagoas, mesmo que suas atividades sejam diversas das
atividades da SEGUNDA TRANSATORA, para compensação com o
imposto a recolher das mencionadas sociedades e
contribuintes, bastando, para tanto, que do fato tenha
ciência a PRIMEIRA TRANSATORA.”

Porém, à luz da legislação vigente, está vedado a


transferência de crédito fiscal, mesmo na hipótese de um para
outro estabelecimento, ainda que do mesmo titular, segundo

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mandamento do Art. 96, § 3º, inc. II, do vigente RICMS,


aprovado pelo Dec. nº. 35.245/91, verbis:

“Art. 96 – Fica vedada ao contribuinte creditar-


se do imposto nas seguintes hipóteses:
.................................................

§ 3º - Ressalvada a transmissão de propriedade da


mercadoria quando esta não transitar pelo estabelecimento do
transmitente (Art. 2º, § 2º) e os casos previstos em Regimes
Especiais, é vedado ao contribuinte:
.................................................

II – transferir crédito fiscal de um para outro


estabelecimento, ainda que do mesmo titular.”

Após a declaração de inconstitucionalidade pelo


STF, na ADIN nº 2458/AL., da Lei nº 6004, de 14 de abril de
1998, segundo a qual teve como objetivo, dentre outros,
convalidar a utilização dos créditos fiscais oriundos dos
“Termos de Transação do Indébito da Cana Própria”, celebrou-
se um 2º (Segundo) Termo de Transação, seguido de Termo de
Adesão, envolvendo o Estado de Alagoas e os Produtores de
Açúcar e Álcool, ficando acordado nos seus itens (iii,3.3);
(3.4) e( 4.2), o que segue abaixo:

“item iii, 3.3 – As partes acordam que os valores


das obrigações, tal como consignadas em cada Termo de Adesão
individual, substituem e extinguem, uma vez efetuado o
respectivo pagamento integral pelos produtores, todos os
créditos tributários do Estado contra o respectivo Produtor
relativamente às questões, correspondentes a quaisquer
período de apuração, constituídos ou não, inscritos ou não em
dívida ativa, objeto de quaisquer processos judiciais ou
administrativos, observado o disposto no item 3.4.”

Acórdão CTE nº227/2013 Página 9


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O item “iii,3.4”, por sua vez, esclarece que a


extinção dos créditos afetam igualmente àqueles cedidos a
terceiros, verbis: “Os créditos substituídos e extintos em
conformidade com o item 3.3 correspondem àqueles decorrentes
de quaisquer formas de utilização de créditos de ICMS
relacionados às questões especificadas no item 1.1 pelos
produtores, inclusive para fins de transferências a
terceiros.”

Logo, pelo teor das referidas cláusulas,


notadamente a cláusula “iii, 3.4”, não resta dúvida de que os
créditos, objeto de transferência, seriam também extintos.
Contudo, atentando para o item 4.2, da mencionada transação,
ficou estabelecido que: “Os processos judiciais e
administrativos passíveis de extinção em decorrência da
presente transação, segundo o procedimento descrito no item
4.1, deverão ser especificados por cada produtor como anexo
ao respectivo Termo de Adesão, no prazo de 20 (vinte) dias
contados da assinatura do Termo de Adesão." Procedimento este
não adotado pela empresa recorrente, segundo conclusão
extraída do documento de fls. 12/15 – Proc. 1500-019565/12
(cópia do Termo de Adesão ao Termo de Transação entre o
Estado de Alagoas e Produtores de Açúcar e Álcool), segundo o
qual é imprestável como prova, visto que, apesar de se tratar
de um contrato bilateral expresso com relação ao reportado
Termo de Adesão, o mesmo está firmado apenas por um dos
contratantes, in casu, a própria recorrente e além do mais,
consta dos autos informação de que não houve transação entre
o Estado de Alagoas e a empresa autuada para que houvesse a
quitação do débito constante da inicial, conforme fls. 111 e
115.

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De forma que com relação ao Anexo do Termo de


Adesão acostado aos autos pela recorrente, dando conta da
relação dos respectivos autos de infração, objeto de
cancelamento, conforme exigência do item 4.1 do instrumento
de transação envolvendo o Estado de Alagoas e as empresas do
setor sucroalcooleiro não tem força probatória.

Outrossim, mesmo na hipótese da legitimidade do


crédito fiscal utilizado pela recorrente, via Termo de
Adesão ao Termo de Transação, nos termos do item 4.1, já
mencionado, a forma pela qual a empresa se utilizou do
crédito fiscal com a menção tão somente no Documento de
Arrecadação de que o respectivo saldo devedor fora compensado
com o valor do indébito do ICMS sobre cana própria sem contar
no entanto, com a documentação fiscal emitida pela empresa
transmitente do crédito fiscal, o Fisco estadual ficaria sem
um controle efetivo do crédito remanescente da transmitente,
in casu, Nivaldo Jatobá – Emp. Indl. Ltda.

Portanto, a utilização do crédito indevido está


configurada e como tal a penalidade sugerida do Art. 92 da
Lei nº 5.900/96, consistente na multa de 100% (cem por cento)
do valor do crédito indevidamente transferido ou utilizado,
não se coaduna com a descrição fática do preceito do
mencionado artigo, quando preconiza: “Transferir para outros
estabelecimentos créditos do imposto, nas hipóteses não
permitidas pela legislação tributária ou utilizar parcelas de
crédito além dos limites permitidos, grifei.

Assim sendo, a penalidade a ser aplicada no caso


vertente é a do Art. 93 em decorrência da utilização de
crédito indevido ou inexistente, ao invés da penalidade do
Art. 92 da mencionada Lei nº 5.900/96, quando este prever a

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transferência de crédito fiscal não permitida pela legislação


tributária ou na hipótese da utilização de parcelas de
crédito além dos permitidos, situações estas não abrangidas
pela autuação.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do recurso para dar-lhe provimento parcial no
sentido de aplicar a multa no percentual de 60% (sessenta por
cento), ao contrário da sugerida na autuação e mantida pela
instância de piso, conforme demonstrativo anexo.

Intime-se a recorrente.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 11 de outubro


de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Sessão Ordinária nº. 036 – 2ª câmara - Realizada em 11/10/2013


PROCESSO: 1500-008961/91; CTE-176/08
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 049298
RECORRENTE: COORDENADORIA DE JULGAMENTO/L. JARDIM & CIA LTDA.
RECORRIDO: L JARDIM & CIA. LTDA./COORDENADORIA DE JULGAMENTO
AUTUANTE: MARLUCE GOMES MONTEIRO – Mat. 30.771 E OUTRO
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 229/2013

EMENTA: ICMS – CRÉDITO INDEVIDO.


PENALIDADE REDUZIDA DE 150% (CENTO E
CINQUENTA POR CENTO) PARA 60%
(SESSENTA POR CENTO), EM ATENDIMENTO
AO PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI
MAIS BENÉFICA. TRANSFERÊNCIA DE
CRÉDITOS FISCAIS COM INFRINGÊNCIA AO
ART. 54,I E AO PARÁGRAFO ÚNICO DO
RICM (DEC. 6.148/84). REMESSA

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Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

NECESSÁRIA E RECURSO ORDINÁRIO


CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de


crédito tributário a título de ICMS no valor de Cr$
3.284.025,96( Três Milhões, Duzentos e Oitenta e Quatro Mil,
Vinte e Cinco Cruzeiros e Noventa e Seis Centavos), com um
acréscimo de multa no valor de Cr$ 4.926.038,94 (Quatro
Milhões Novecentos e Vinte e Seis Mil, Trinta e Oito
Cruzeiros e Noventa e Quatro Centavos), decorrente da
utilização de crédito fiscal indevido constante das Notas
Fiscais de nºs. 021358, Série B-2, emitidas em 30.03.91 pela
empresa Usina Cansanção de Sinimbu S/A.

Como instrução da autuação foram anexados aos


autos,demonstrativo do débito, cópias, de nota fiscal,da
relação de duplicatas, relação de notas fiscais pagas com
crédito fiscal de ICMS, todas emitidas pela Usina Cansanção
de Sinimbu S/A,cópias do Liv. Reg. de Apuração do ICMS e de
Notas Fiscais emitidas pela recorrente.

Devidamente intimada da autuação, a autuada


apresentou defesa, aduzindo em síntese que vendeu à Usina
Cansanção de Sinimbu S/A., diversas mercadorias, conforme
notas fiscais e tendo a compradora alegado ser detentora de
elevada soma de crédito acumulado, devidamente registrado nos
Acórdão CTE nº 229/2013 Página 2
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seus livros fiscais, a mesma pleiteou realizar a transação em


apreço, oportunidade em que a defendente condicionou aceitar
o pagamento pela forma de transferência de crédito fiscal,
explicitamente permitida e orientada pelo art. 54 do Dec.
Estadual nº 6.148-RICM.

O Fisco quando da contestação persiste na


manutenção do lançamento, aduzindo que diante do reportado
Art. 54, verifica-se que – tinta – vendida pela recorrente à
Usina Cansanção de Sinimbu S/A não pode ser considerada
matéria-prima, material secundário, embalagem e, muito menos,
bem do ativo fixo.

Ademais, inexiste a interdependência de que trata


o inc. II do Art. 54; tampouco existiu autorização do
Secretário da Fazenda, não atendendo assim o caso em tela às
exigências para obtenção do benefício.

A primeira instância ao analisar o presente


litígio fiscal proferiu julgamento,concluindo pela
procedência parcial do crédito tributário lançado, conforme
ementa: “ICMS. 1) Crédito indevido; 1.1- crédito recebido em
transferência, oriundo de empresa industrial, como pagamento
de vendas de material de uso e consumo (tintas e congêneres);
1.2- operação de transferência de crédito não autorizada,
porque não atende as condições do art. 54, I do RICM,
aprovado pelo Decreto nº 6.148/84; 2- Infração punível com a
multa do art. 107 da Lei nº 5.077/89, alterada pela Lei nº
5.764/95; 2.1- lançamento do ICMS limitado ao valor
resultante da falta de recolhimento do imposto; 2.2-
aplicação da lei que comina penalidade menos severa –
incidência do art. 106, II, “c” do CTN; 3-PROCEDÊNCIA PARCIAL
DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO; 4- Necessário duplo grau

Acórdão CTE nº 229/2013 Página 3


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de jurisdição administrativa (art. 48 da Lei Estadual nº.


6.771/06.

Por força de remessa necessária e recurso


ordinário o presente processo sobe para este Colegiado e em
seguida distribuído a 2ª (Segunda) Câmara, tendo esta
decidido com fulcro no art. 11, inc. IV, alínea “a” da Lei
6765/06, pela extinção do crédito tributário com fulcro no
art. 11, inc. IV, por maioria de votos e sucessivamente
submetido o respectivo Acórdão ao Pleno deste Colegiado.

O Pleno ao analisar o Acórdão recorrido, manteve


tal Acórdão, também, por maioria de votos e daí submetido o
mesmo a sua Excelência Secretário Executivo de Fazenda,
conforme mandamento contido no Art. 49 da Lei nº 6.771/06.

O titular da Pasta Fazendária após pronunciamento


da douta Procuradoria da Fazenda Estadual mediante consulta
formulada decidiu pelo não acolhimento da prejudicialidade do
julgamento com relação à remissão do presente crédito
tributário em decorrência da não apreciação do mérito da
questão por parte deste Conselho, tornando os autos para este
Colegiado, conf. Despacho de fl.76.

Notificada a empresa recorrente da não


homologação do Acórdão proferido pelo Pleno deste Conselho
Tributário por parte da sua Excelência Secretário da Fazenda,
a mesma não se manifestou.

Em síntese é o relatório.

Acórdão CTE nº 229/2013 Página 4


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Voto.

Superada a prejudicialidade de julgamento do


mérito em razão da não homologação do Acórdão proferido pelo
Pleno deste Conselho Tributário por parte de sua Excelência
Secretário Executivo de Fazenda em não acolhendo a remissão
do crédito tributário, passo a proferir o meu voto no tocante
ao mérito do presente litígio.

DA REMESSA NECESSÁRIA.

Quando da autuação, a penalidade prevista no


pertinente ao uso indevido de crédito fiscal era de 150%
(Cento e Cinquenta Por Cento) do valor do imposto devido,
conforme mandamento contido no Art. 107 da então vigente Lei
nº. 5077/89.

Posteriormente, a Lei nº. 5.764/95 alterou a


referida penalidade, reduzindo-a ao percentual de 60%
(Sessenta Por Cento) do valor do imposto. E assim sendo,
diante do princípio da retroatividade da lei mais benéfica, a
aplicação da multa no percentual de 60% (Sessenta Por Cento)
ao invés do percentual de 150% (Cento e Cinquenta Por Cento),
como sugerido na autuação, se impõe.

E assim concluído pelo julgador monocrático, o


mesmo decidiu de forma acertada em atendimento a tal
princípio. De forma que, a decisão de piso afastando a multa
no percentual de 150% (Cento e Cinquenta Por Cento) não
comporta reformulação.
DO RECURSO ORDINÁRIO.

Acórdão CTE nº 229/2013 Página 5


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Pelo que consta dos autos a presente contenda


cinge-se na utilização de crédito fiscal, tendo como origem a
transferência de crédito acumulado na escrita fiscal do
estabelecimento industrial, in casu, estabelecimento da Usina
Cansanção de Sinimbu S/A., para o estabelecimento da
recorrente a título de pagamento referente ao fornecimento de
tintas e congêneres por parte desta à referida empresa
industrial (Usina Cansanção de Sinimbu S/A).

Para a operação já descrita, o então vigente


RICM, aprovado pelo Dec. nº. 6.148/84, disciplinava no seu
Art. 53, seguido do Art. 54, inc. I e parágrafo único, o
seguinte:

“Art. 53. Os estabelecimentos industriais poderão


transferir para outro estabelecimento da mesma empresa,
situado no Estado, crédito do ICM – Imposto de Circulação de
Mercadorias acumulado em razão das seguintes ocorrências:”

(...)

“Art. 54- Os estabelecimentos industriais que


possuam créditos acumulados nos termos do artigo anterior,
poderão, ainda transferi-los:

I- a estabelecimento situado no Estado,


fornecedor de matéria-prima, material secundário e material
de embalagem utilizados na fabricação de seus produtos, e de
bens destinados a integração do ativo fixo, a título de
pagamento das respectivas aquisições, até o limite de 40%
(quarenta por cento) do valor total das operações;” (grifei).

(...)
Acórdão CTE nº 229/2013 Página 6
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“Parágrafo único – Para efeito do disposto no


inc.I,deste artigo, entende-se por bens do ativo fixo aqueles
que venham concorrer diretamente para a expansão do
industrial da empresa.”

Em princípio, diante da redação da segunda parte


do inc. I, do Art. 54 do mencionado regulamento, entendo que,
quando o mesmo se expressa no sentido de que os créditos
acumulados poderão ser transferidos não só para o fornecedor
de matéria-prima, material secundário e material de embalagem
utilizados na fabricação de seus produtos, mais também, para
o fornecedor de bens destinados a integração do ativo fixo, a
título de pagamento das respectivas aquisições com o limite
de 40% (quarenta por cento) do valor total das operações, os
bens, a exemplo de tintas e congêneres fornecidos pela
recorrente à empresa cliente industrial, estariam coadunados
com a transferência dos respectivos créditos para o
estabelecimento da recorrente e em conseqüência, seriam
legítimos, visto que tais bens não deixariam de integrar o
ativo fixo, assim como o parafuso, tijolo e outros.

Por outro lado, o parágrafo único do referido


artigo restringiu a extensão, o alcance dos bens tidos como
integrante do ativo fixo, quando preconizava que ...”entende-
se por bens do ativo aqueles que venham concorrer diretamente
para a expansão do parque industrial da empresa.

Portanto, diante de tal mandamento, no caso


vertente, tintas e suas congêneres não concorrem diretamente
por si só para a expansão do parque industrial da empresa
transmitente dos créditos fiscais e mesmo na hipótese da
configuração de tal situação, o pagamento das respectivas
aquisições mediante transferência de crédito fiscal estaria
Acórdão CTE nº 229/2013 Página 7
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limitado a 40% (quarenta por cento) do seu total, fato este


não demonstrado pela autuada, ora recorrente.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer da remessa necessária, assim como do recurso
ordinário para negar-lhes provimento, mantendo in totum a
decisão recorrida.

Intime-se a recorrente.

Sala das Sessões do CTE, em 11 de outubro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE nº 229/2013 Página 8


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Acórdão CTE nº 229/2013 Página 9


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PROCESSO: 1500-015345/2005 e CTE nº 155/2012.
ANEXO(S): 1500-030947/2005 e 1500-036575/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.35440-003.
AUTUADO: LUCIALDO DA SILVA SOUZA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.85484-5
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.143/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Rosangela Alcoforado Costa.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº230/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Não recolhimento de ICMS por omissão
de saída de mercadorias tributáveis
nos exercícios de 2004 apurada
mediante levantamento financeiro da
conta ‘Caixa’. Crédito tributário
excluído em valor menor que 400
UPFAL. Remessa necessária não
conhecida. Validade da intimação ao
contribuinte. Levantamento financeiro
e levantamento físico de mercadoria
são auditorias fiscais diferentes.
Presunção relativa de saldo inicial e
escrituração contábil não afastada
pelo contribuinte. Recurso Ordinário
conhecido e improvido. Decisão de
piso mantida.

Acórdão CTE nº230/2013 Página 1


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RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas pelo sujeito
passivo nos exercícios de 2004, apurada pela insuficiência da
conta ‘Caixa’ por meio de levantamento financeiro
considerando as suas receitas e despesas realizadas nesses
períodos.
Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, I,
§10º, art. 43 e art. 50, da Lei n. 5900/96, c/c o art. 49,
VIII do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 84
da Lei nº 5.900/96.
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as
contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.143/2011, tendo o julgador singular decidido pela
procedência parcial do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A argumentação de


possuir escrita contábil não será
acolhida haja vista que não foi acostado
nenhum documento comprobatório de sua
existência e regularidade. No mínimo
deveria ter mantido a escrituração do
livro caixa com toda a movimentação
financeira, inclusive a bancária. 2.
Presunção de omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações
internas sem o pagamento do imposto está
correta. 3. A circunstância material
constatada de insuficiência de caixa do
período de 2004 foi caracterizada e
demonstrada por meio do Mapa de AMF e
devidamente comprovada pela juntada dos
documentos comprobatórios, com exceção
dos valores da conta “honorários”. 4.
Correta a imputação da presunção legal
relativa, que considerou o valor de R$
0,00 (zero) ao saldo inicial de caixa em
01/01/2004, uma vez que a empresa
Acórdão CTE nº230/2013 Página 2
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iniciou suas atividades em 04/10/1994 e


não demonstrou e nem comprovou que
haveria ainda saldo do capital social em
caixa e não apresentou o livro diário e
nem fez declaração de tal ocorrência no
livro RUDFTO. 5. Aplicação da multa do
art. 79 da lei 5900/96, em razão da
revogação do art. 84, e por ser mais
benéfica ao réu porque enuncia no seu
preceito secundário uma multa
equivalente a 50% do imposto devido. 6.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimado da decisão supracitada, o sujeito passivo
apresentou Recurso Ordinário, pedindo a improcedência do
lançamento de ofício, nos mesmos termos da defesa apresentada
na instância de piso, alegando:
1. a tempestividade da peça recursal;
2. a nulidade do auto de infração por ter sido realizado
a notificação postal antes da pessoal (art. 896, I,
do RICMS/91);
3. a necessidade da realização de um levantamento físico
do estoque.
4. que o levantamento financeiro efetuado não possuiria
liquidez e nem certeza por não considerar o saldo
inicial da conta Caixa e as compras a prazo;
5. possuir escrita contábil e que por isso não seria
cabível sua substituição por um levantamento
financeiro.
Pede, caso seja negado provimento ao recurso, que seja
mantida a decisão a quo quanto à falta de documentos que
comprovassem os valores dos “honorários” e à aplicação da
pena menos gravosa ao contribuinte

Acórdão CTE nº230/2013 Página 3


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Após, respondendo ao recurso e pedindo pela procedência


da peça vestibular, a Representante Fiscal argumenta que a
repetição dos argumentos, que já tinham sido colocados na
primeira defesa e julgados, sem novas razões de fato ou de
direito, apenas demonstra o caráter procrastinatório do
recurso. Afirma também que as provas trazidas pela
fiscalização não foram contestadas e que as mesmas,
conjuntamente com o § 9º do art. 2º, da Lei nº 5.900/96,
confirmam a infração.
Feita diligência para verificação do saldo inicial do
exercício fiscalizado e de existência de escrituração
contábil do contribuinte, o mesmo foi intimado, mas não se
manifestou.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Tratando inicialmente do Reexame Necessário da Decisão
nº 18.143/2011, de Primeira Instância, conforme disposto no
art. 48, I da Lei nº 6.771/06.
Em sede preliminar, compulsando os autos, constata-se
que não é possível o reexame necessário por essa Corte
Administrativa.
Isso porque o valor originário do crédito tributário
era de R$ 53.029,14 (cinqüenta e três mil, vinte e nove reais
e catorze centavos), sendo diminuído para R$ 49.255,83
(quarenta nove mil, duzentos e cinqüenta e cinco reais e
oitenta e três centavos) pelo juízo singular.
Embora tenha constado da ementa e da parte dispositiva
do julgado o reexame necessário do lançamento de ofício, a
Fazenda Estadual, pela Decisão nº 18.143/2011, restou
sucumbente em importância pecuniária que não excedeu, na data
da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do

Acórdão CTE nº230/2013 Página 4


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Estado de Alagoas – UPFAL - (art. 48, I e § 2º, II, da Lei nº


6.771/2006) 1.
Quanto ao Recurso Ordinário, tempestivo, impetrado por
representante legal do contribuinte, daqui, delimito o voto à
análise apenas dos argumentos trazido pelo sujeito passivo em
sede recursal:

1. A NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR TER SIDO REALIZADO A NOTIFICAÇÃO


POSTAL ANTES DA PESSOAL (ART. 896, I, DO RICMS/91)

Como bem delimitado na decisão da Coordenadoria de


Julgamento, a intimação ao contribuinte era alternativa e não
sucessiva conforme disposto no art. 896 do Regulamento do
ICMS 2, portanto válida como ocorreu no caso concreto.

2. A NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DE UM LEVANTAMENTO FÍSICO DO ESTOQUE.


Levantamento físico de estoque 3 e levantamento
4
financeiro são auditorias fiscais diversas, tendo previsões

1
Lei 6.771/06:
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário: (NR)
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância; (NR)
...
§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica: (AC)
...
II - quando a importância pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor limite.
2
Art. 896 A intimação do sujeito passivo será feita de forma alternativa:
I - pessoalmente, efetivada pelo autuante ou outro servidor a quem for conferida a atribuição, sendo
comprovada pela assinatura do sujeito passivo ou seu representante legal, ou, quando houver recusa do
intimado em assinar, com a declaração expressa de quem o intimar.
II - por via postal, comprovando-se pelo Aviso de Recepção (AR), assinado pelo interessado ou por quem o
fizer em seu nome.

3
Regulamento do ICMS:
Art. 891 …
§ 1º Além das informações e documentos previstos nos incisos do "caput" deste artigo, deverá o processo
administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração ser instruído com:
I - no caso de levantamento específico de estoque:
a)mapa de controle físico de mercadorias;
b)folhas do Livro de Registro de Inventário referentes ao exercício anterior e ao fiscalizado;
Acórdão CTE nº230/2013 Página 5
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legais distintas, a primeira considera estoques iniciais e


finais e entradas e saídas físicas de mercadorias, já a
segunda considera o confronto de receitas e despesas
financeiras do contribuinte. Portanto desnecessário e
inconveniente qualquer levantamento físico de mercadoria no
caso aqui julgado, pois o mesmo está instruído com as provas
de receitas e despesas consideradas na autuação.

3. FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA POR NÃO CONSIDERAR O SALDO INICIAL DA


CONTA CAIXA E AS COMPRAS A PRAZO, ALÉM DO CONTRIBUINTE POSSUIR ESCRITA
CONTÁBIL.

Apesar das alegações nesse sentido por parte do


contribuinte o mesmo não carreou provas do afirmado,
inclusive este relator fez diligência para o sujeito passivo,
que se diga, encontra-se ativo na inscrição estadual desta
Secretaria – CACEAL, e ele não respondeu, consectário, nāo
trazendo elemento probatório de que possuía saldo inicial na
conta Caixa no exercício fiscalizado ou que possuía
escrituração contábil.
Caberia ao autuado, neste caso, trazer o fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito, conforme
determina o Código de Processo Civil, aplicado
subsidiariamente. Portanto, mantém-se assim a presunção
relativa do § 11, do art. 2º, da Lei 5.900/96 5.

c)relação das notas fiscais de entrada e saída;


d)relato das ocorrências.
4

Lei 5.900/96:
Art. 2º …
§ 10 - A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
5
Art. 2…
§ 11 - Presume-se zero a disponibilidade de numerário em espécie ou depositado em conta bancária,
relativamente ao saldo vindo do exercício anterior, de contribuinte que não possui escrituração de livros
contábeis para apuração do lucro real, quando não declarado no Livro Registro de Utilização de Documentos
Fiscais e Termos de Ocorrências, até o 5º (quinto) dia seguinte a data de encerramento do exercício
financeiro, devidamente assinada a declaração pelo sócio-gerente ou seu representante legal.
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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, votar
no sentido de nāo conhecer da presente remessa necessária.
Quanto ao Recurso Ordinário, votar no sentido de conhece-lo
para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão
singular ora em reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 11 de outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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Sessão Ordinária nº. 37 – Realizada em 11/10/2013


Processo nº: SF 1500-006990/1996; CTE 028/2008 e anexos
Auto de Infração nº. 70416 de 06/12/1995
Recorrente: Fazenda Estadual (Reexame necessário)
Recorrido: Maria Gilda dos Santos
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 231/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


DIFERENÇA VERIFICADA NA CONTA
MERCADORIA APURADA MEDIANTE
LEVANTAMENTO FISCAL - DECORRIDOS MAIS
DE 05 ANOS SEM A NOTIFICAÇÃO VÁLIDA DA
AUTUADA – DECADÊNCIA – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Auto de Infração no qual se relata que o


contribuinte deixou de recolher aos cofres públicos a importância de Cr$
12.999.639,18 (doze milhões, novecentos e noventa e nove mil, seiscentos e

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 1


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trinta e nove cruzeiros e dezoito centavos), corresponde à diferença verificada


na conta mercadoria por meio de levantamento fiscal (CMV + 30%).

No intuito de intimar a Autuada, primeiramente foi enviado


carta com AR ao contribuinte (fl. 16), porém a assinatura do destinatário
presente no AR não confere com a assinatura aposta no cartão de autógrafo
anexo aos autos (fl. 07). Em seguida, foi publicado edital na imprensa oficial
no dia 23/05/1996.

Transcorrido o prazo para defesa sem manifestação, foi


lavrado o termo de revelia as fls. 18 dos autos em 05/06/1996.

Após decorridos alguns anos, mais precisamente em


14/11/2006, em virtude da conversão dos valores do lançamento de
Cruzeiros para Real (fl. 23), os autos foram encaminhados à Coordenadoria
de Julgamento para apreciação da remissão.

Submetido à julgamento, o juízo singular decidiu pela


prescrição do crédito tributário, pois não se realizou a intimação válida da
Autuada até aquele momento, não obstante transcorridos alguns anos,
motivo pelo qual tem-se por prejudicado o lançamento.

Intimadas as partes acerca da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, os autos seguiram para a Procuradoria Geral do Estado - PGE,
instante em que se sucederam pareceres sobre a competência do Conselho
Tributário Estadual para apreciação da prescrição.

Com o retorno dos autos da PGE, o Presidente do CTE


determinou o envio dos autos à DIRAC para as providências no tocante à
baixa do crédito tributário pela prescrição, entretanto, por despacho do
Secretário da Fazenda Estadual, os autos foram devolvidos ao CTE para
apreciação do Reexame Necessário.

É o relatório.

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 2


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VOTO

A partir da análise dos autos, verifica-se que ao submeter-se à


apreciação da Coordenadoria de Julgamento, decidiu-se pela extinção do
crédito tributário objeto do lançamento pela prescrição.

Nesse ponto, não obstante concorde com a fundamentação


declinada na decisão proferida pelo julgador singular, entendo tratar-se o
caso em apreço de decadência do lançamento do crédito tributário.

Isso porque se colhe dos autos que a notificação do


lançamento foi enviada para endereço distinto do domicilio do contribuinte,
de modo que até o presente momento não houve a intimação válida da
Autuada.

Para tanto, basta comparar os dados cadastrais as fls. 06 dos


autos com o AR de fls. 16 para notar que, enquanto está registrado no
sistema da SEFAZ o domicilio do contribuinte na Rua Cleto Campelo, nº.
365, Jacintinho, Maceió/AL, a notificação foi remetida para a Rua Cleto
Campelo, nº. 635, Jacintinho, Maceió/AL.

De fato, não obstante a publicação de edital no Diário Oficial


do Estado de Alagoas, o artigo 131, inciso IV, da Lei Estadual nº. 4.418/821
(vigente à época) preconizava que a intimação do contribuinte deveria ser
realizada de forma pessoal com a sua ciência do próprio Auto de Infração ou
por via postal, mediante comprovação por AR.

1
Art. 131 - A intimação será feita:
I - pelo autor do procedimento ou outro servidor a quem for conferida a atribuição, comprovando-se pelo
"ciente" do intimado, seu mandatário ou preposto;
II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por quem proceder à intimação;
III - pela ciência dada na repartição ao interessado ou seu representante, em razão de comparecimento
espontâneo ou a chamado do órgão onde se encontre o processo;
IV - por via postal, comprovando-se pelo "Aviso de Recepção (AR)", assinado pelo intimado, seu
representante ou por quem o fizer em seu nome;
V - por edital.
§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na forma dos incisos I a IV deste artigo, a intimação será feita por
edital, anexando-se uma via ao processo e certificando-se nos autos a sua publicação, com indicação da
página e da data do Diário Oficial.
Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 3
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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Ao notar que endereço constante no AR não conferia com os


dados cadastrais deveria ter sido renovada a notificação do contribuinte pela
via postal com AR, porém esse procedimento não fora respeitado no caso dos
autos.

De fato, o ato do lançamento tributário, enquanto ato


administrativo, somente se torna apto a produzir todos os seus efeitos
quando notificado, de forma válida, o contribuinte destinatário da autuação,
sem a qual permanece em curso o prazo decadencial previsto no artigo 173
do Código Tributário Nacional.

Na lição do Professor Paulo de Barros Carvalho 2, diz-se


regularmente constituído o crédito tributário quando preenchidos todos os
elementos necessários para a concretização do lançamento, dentre os quais
está a sua publicidade com a intimação do contribuinte, vejamos:

Um ato administrativo tem-se por pronto e acabado


quando, reunindo-se os elementos que a ordem jurídica
prescrever como indispensáveis a sua compostura, vier a
ser oficialmente comunicado ao destinatário. (grifo
nosso)

Outrossim, esclarecedora é a lição de James Marins 3 ao


afirmar que:

As normas legais de incidência tributária são gerais e


abstratas e reclamam a individualização do seu
destinatário e a concreção de sua incidência para que
surtam os efeitos fiscais almejados. O lançamento
tributário representa a individualização e concreção da
norma tributária geral e abstrata, mas somente surte
efeitos formalizadores após a notificação do devedor.
(grifo nosso)

2
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 23ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 488.
3
MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (administrativo e judicial). 6ª ed. São Paulo:
Dialética, 2012. p. 182.
Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 4
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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Portanto, se o lançamento diz respeito a fatos ocorridos no


exercício de 1992 e até o momento permanece pendente a notificação válida
do contribuinte, tem-se a extinção do crédito tributário pela decadência.

Conclusão

Diante do exposto, , ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do reexame necessário para, no mérito, rejeitá-lo, mantendo os
fundamentos declinados na decisão de primeira instância, alterando-se
apenas a conclusão para declarar a extinção do crédito tributário pela
decadência.

Sala das Sessões do CTE, Maceió/AL, 11 de outubro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 5


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Conselho Tributário Estadual

Sessão Ordinária nº. 037 – 2ª câmara - Realizada em 11/10/2013


PROCESSO n.º 1500.000055/1993 – CTE 488/2011
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 049952
Contribuinte – COOPERATIVA MISTA DOS PLANTADORES DE CANA DE
ALAGOAS LTDA.
AUTUANTE – SILVIO TENÓRIO GAMELEIRA
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 232/2013

EMENTA: Processo Administrativo


tributário. Recurso de Ofício. Importância
pecuniária inferior a 400(quatrocentas)
UPFAL. Art. 48 Lei nº 6.771//2006.
Recurso de Ofício não conhecido.

Acórdão CTE nº 232/2013 Página 1


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Conselho Tributário Estadual

RELATÓRIO

Nestes autos, consta a imputação em desfavor do


Contribuinte ao argumento de que a infração faria ser o mesmo
devedor CR$ 326.653,45 (trezentos e vinte e seis mil,
seiscentos e cinquenta e três cruzeiros e quarenta e cinco
centavos), isto no momento da lavratura do Auto de Infração.

Apresentada defesa, clamou-se pela


improcedência do apresentado, com o subsequente arquivamento.
Quando então feita a remessa para a Coordenadoria por meio da
decisão n.º 18.198/11, decidiu pela extinção do crédito
tributário nos termos do art. 11 da Lei Estadual n.º
6.765/06, em razão da remissão ali propagada.

Isto, em razão da dicção expressa na Lei :

Art. 11. Ficam extintos, por remissão:


(...)
IV – os créditos tributários, constituídos ou
não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os decorrentes
exclusivamente de penalidades pecuniárias por descumprimento
de obrigações acessórias:
a) cujo valor principal originário seja igual ou
inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais); ou

Isto quando em razão da “Planilha de


Consolidação de Débito” (fls. 98), o ‘valor originário’ do
imposto encontra-se inferior àquela quantia.

Era o que se tinha RELATAR.

Acórdão CTE nº 232/2013 Página 2


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VOTO

Não obstante o entendimento deste Julgador quanto


a aplicação de lei específica de regência para o caso (Lei
Estadual n.º 6.765/06, por seu art. 11), que da singeleza do
valor ali contido como de ICMS (principal) em R$ 0,05 (cinco
centavos), por si somente faria alcançar a extinção do débito
nos termos do art. 156, inciso IV do CTN.

Contido, e como noticiado em julgados nesta


mesma Câmara, tal matéria em submissão do Pleno deste
Conselho Tributário e ao Sr. Secretário da Fazenda do Estado
de Alagoas; fora modificada para determinar a apreciação de
mérito das questões postas, desconsiderando-se a remissão e
extinção do crédito nos termos da legislação acima destacada.

O que aqui, não em submissão, mas por economia


processual, evitando-se somente a remessa destes autos
eventual julgado para as mesmas vias trilhadas pelos
anteriores, e sua posterior baixa; passa-se de imediato para
a apreciação do cerne processual.

Exsurge outro impedimento ao julgamento. E


aqui se diga, não apenas no tocante ao valor principal tido
como devido (e remisso).

Mas, o valor mais recente existente nos autos


como devido, acrescido de multa, juros, e atualização, é de
R$ 901,33 (novecentos e um reais e trinta e três centavos) no
ano de 2007!

Passando a ser desnecessário maiores


necessidades de prolongamento neste intento.

Veja que mesmo o valor total posto como devido


(R$ 901,33), ainda assim é inferior a quatrocentas unidades
padrão (R$ 16,21 x 400 = R$ 6.484,00).

Acórdão CTE nº 232/2013 Página 3


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Conselho Tributário Estadual

Limite este que torna desnecessária qualquer


apreciação pelo Conselho de Contribuintes por dicção expressa
da Lei n.º 6.771/2006 – PAT – PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO:
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,
ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões
proferidas por julgador de primeira instância;
(...)
§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo
não se aplica:
I - nos casos de procedimento especial; ou
II - quando a importância pecuniária excluída não
exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a
regulamentação aumentar este valor limite.

Ainda mais porque frente a este valor, mesmo


que houvesse apresentação de recurso por parte do
Contribuinte, ainda assim não caberia a apreciação do pleito
nesta Corte, dado ao seu valor diminuto:

Art. 36. Aos processos administrativos


tributários decorrentes de Auto de Infração aplicar-se-ão os
seguintes procedimentos:
I - ordinário, inerente aos processos decorrentes
de Auto de Infração não incluídos no inciso subseqüente;
II - especial, quando o valor do crédito
tributário exigido seja igual ou inferior a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL.

Então, por qualquer condução que se pretenda


atribuir ao feito, em razão do valor atualizado do débito ser
inferior as quatrocentas UPFAL (fls. 98), faz com que este
procedimento de remessa aqui submetida para este Câmara seja
desnecessária, melhor dizendo, não admitida esta fase
recursal.

Acórdão CTE nº 232/2013 Página 4


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Conselho Tributário Estadual

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, como
a importância pecuniária não ultrapassa 400(quatrocentas)
UPFAL´s, não conhecer o presente recurso de ofício,
determinando o cumprimento das normas próprias ao mesmo.

Intime-se a recorrente.

Sala das Sessões do CTE, em 11 de outubro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARAES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE nº 232/2013 Página 5


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Sessão Ordinária nº. 37 – Realizada em 11/10/2013


Processo nº 1500-011612/1998 – CTE 196/2012
Auto de Infração nº. 012467
Autuada : CEREALISTA MACEDO LTDA.
Agente: Orlando Soares da Silva
Relator: Rodrigo Holanda Guimaraes
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 233/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO, CONHECIDO E


IMPROVIDO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO
COMPROBATÓRIA DO ESTOQUE NO ANO
ANTERIOR AO LEVANTAMENTO FISCAL. NULIDADE
DO ATO NESTE PONTO. REDUÇÃO DA MULTA,
CORRETAMENTE APLICADA.

RELATÓRIO

Tratam os autos de reexame necessário quanto a decisão n.º


18.262/11 da Coordenadoria de Julgamento que entendeu por julgar
procedente o Auto de Infração para excluir a imputação relativa ao
ano/exercício de 1995; ficando contudo convalidada a concernente ao ano de
1996 , daí com o dever de recolhimento no importe de R$ 9.219,30 (nove mil,
duzentos e dezenove reais e trinta centavos), correspondentes: R$ 6.146,20 à
ICMS; e, R$ 3.073,10 à multa, e suas devidas atualizações.

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 1


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O lançamento originário consigna a necessidade de


pagamento correspondente a apuração por meio de levantamento fiscal para
os anos de 1995 (R$ 5.270,99); e 1996 (R$ 9.833,92), com valor originário
global no importe de R$ 15.104,91 (quinze mil, cento e quatro reais e
noventa e um centavos); na capitulação do art. 776, §3.º , art. 827, art. 1000
do RICMS, vigente à época.
Intimado o contribuinte, vem aos autos para arguir que todo o
tributo correspondente aos anos de referência estaria devidamente recolhido
aos cofres públicos, acostando várias guia de recolhimento; e que somente
teria o agente fazendário analisado e devolvido os documentos não tendo
feito nenhuma conferência de estoque e/ou notas fiscais.
Sendo os autos encaminhados à Coordenadoria de
Julgamento, houve a procedência em parte para exclusão da imputação
correspondente ao ano de 1995, por conta de não ter sido apresentada
documentação hábil (cópia do Livro de Registro de Inventário, ano anterior
de 1994), alfim de propiciar o estoque inicial para o ano primeiro sob
análise.
Sem esta informação, qual o valor inicial, e de onde retirado
ele, no ano de 1995, restaria prejudico o levantamento em questão. Razão
pela qual improcedente o lançamento nesta parte.
Já para o ano de 1996, poder-se-ia considerar corretamente
posto o ‘AI’, quando se denota entre os demais documentos corroborados, o
Livro de Registro de Inventário nos derradeiro dia do ano de 1995,
propiciando a indicação para a análise com o estoque do ano anterior.
Sendo o que se tinha a relatar, passo a decidir.

De fato, quando da análise da documentação capaz de dar


sustentação ao Auto de Infração, no que pese o levantamento haver sido
efetivado com base na documentação apresentada pelo próprio contribuinte
– o que confirmado em sua defesa – , inexiste nos autos qualquer documento
comprobatório que pudesse indicar o quantitativo de estoque final no ano de
1994, para que o fosse considerado no ano de 1995 como quantitativo
inicial.
Repita-se, não se tendo para o caso concreto a indicação de
‘estoque final’ no ano de 1994, a origem do valor considerado no
levantamento para o ano de 1995.

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 2


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Tendo então agido corretamente a Coordenadoria de


Julgamento em atenção do comando do art. 776 do RICMS (aplicável no
momento), que assegura para o levantamento a consideração do valor inicial
da sondagem:
Art. 776. Os agentes do Fisco, através de levantamento fiscal, poderão
desprezar os resultados apresentados pela contabilidade do contribuinte,
quando não representem o movimento real tributável realizado pelo
estabelecimento em determinado período, em que serão considerados os
valores das mercadorias entradas, das mercadorias saídas, dos estoques
inicial e final, inclusive levantamento das mercadorias por espécie, a fim de
constatar a exatidão do inventário e do estoque existente, das despesas, dos
serviços recebidos e dos prestados, dos outros encargos, do lucro do
estabelecimento e de outros elementos informativos.
Bem como ainda da cumulação ao art. 891 do RICMS , que
exige quando do levantamento fiscal , a folha do Livro de Registo de
Inventário do ano anterior do fiscalizado – o que não se observa.
PRELIMINAR – NULIDADE POR INSEGURANÇA NA DETERMINAÇÃO DA
INFRAÇÃO – AUDITORIA BÁSICA DO ICMS – ACUSAÇÃO DE
APROVEITAMENTO INDEVIDO DE CRÉDITO, SENDO QUE A SITUAÇÃO
TRATA-SE DE TRANSFERÊNCIA DE CREDITO – ACOLHIMENTO – DECISÃO
UNÂNIME – 1- Se a acusação fiscal estiver inconsistente com as provas
constantes dos autos, resta caracterizado o vício insanável da insegurança
na determinação da infração; 2- Deve-se declarar a nulidade 'ab initio' do
auto de infração quando comprovada insegurança na determinação da
infração (Lei nº 16.469/09, art. 20, inciso IV). (CATGO – RVol 3 0261968
701 94 – (01626/09) – III CJUL – Rel. Cons. Aldeci de Souza Flor – J.
04.06.2009)

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – PRELIMINAR – NULIDADE AB INITIO DO


AUTO DE INFRAÇÃO POR INSEGURANÇA NA DETERMINAÇÃO DA
INFRAÇÃO – ACOLHIMENTO – DECISÃO NÃO UNÂNIME – 1- Havendo
imperfeições e obscuridades na forma da apuração do valor a ser exigido do
sujeito passivo, resta caracterizado o vício insanável da insegurança na
determinação da infração; 2- Deve-se declarar a nulidade 'ab initio' do auto
de infração quando comprovada insegurança na determinação da infração
(Lei nº 16.469/09, art. 20, inciso IV). (CATGO – RFaz.-CONP 3 0143939 167
62 – (01703/09) – CONP – Rel. Cons. Aldeci de Souza Flor – J. 09.06.2009)

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 3


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Somando-se ao fato de haver sido refutado pelo contribuinte o


modo com que atingido os valores atinentes ao caso em questão.
Contudo, e bem se tem por referido na decisão sob análise e
os documentos que acompanham o “AI”, para o ano de 1996 há sim
indicativo numérico e inconteste do estoque inicial, justamente com base no
levantamento anual do período anterior (1995). Neste ponto, estando
corretamente postada a imputação fiscal.
No tocante a multa, originariamente fixada em sessenta por
cento do valor do imposto a ser recolhido (art. 827 do RICMS); isto em razão
da notificação ter si dado no ano de 1998, sofreu redução para a aplicação
do art. 79 da Lei Estadual n.º 5.900/91996 (com suas alterações no ano de
2009), passando a ser reduzida para o percentual de 50% (cinquenta por
cento).
O que igualmente se tem por corretamente aplicável ante ao
princípio da retroatividade da Lei mais benéfica, contida expressamente no
Código Tributário Nacional, em seu art. 106, II, c, in verbis:

“Art.106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


II- tratando-se de ato não definitivamente julgado;
a)...
b)...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente
ao tempo de sua prática”.

Quanto a retroatividade da Lei mais benéfica em prol do


contribuinte, tem-se da esclarecedora é a lição de ZELMO DANARI, em
Curso de Direito Tributário, 2.ª edição, RJ, Ed., Forense, 1991, p. 182.:

“...Se a lei tributária nova reduziu ou excluiu multa fiscal imposta ao


contribuinte, não se furtarão aplicá-los os juizes e tribunais, administrativos
ou judiciais, se o processo de cobrança pender julgamento. É a exegese
ampla, mais benévola, que se extraí da superfície literal do texto.”

E tais entendimentos não discrepam desse das decisões dos


Tribunais Regionais Federais. Confira-se:

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 4


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TRIBUTÁRIO. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. COBRANÇA


DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL EM ATRASO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
MULTA 60% (SESSENTA POR CENTO) SOBRE O VALOR DO DÉBITO.
1. Em que pese à orientação jurisprudencial acerca da inaplicabilidade da
taxa selic, os embargos foram propostos em março 1997, atacando os juros
praticados até essa data, e, conforme a prova pericial aferiu, os juros
praticados foram de 1%, como determina o CTN.
2. A multa deve ser uma mera penalidade por descumprimento de obrigação
tributária principal, no presente caso pelo não pagamento do tributo. não
pode assim, a multa apresentar efeito confiscatório ao aumentar
exageradamente o montante do tributo devido. Se tal multa for aplicada no
percentual de 60%, ocorreria inevitável agressão à Constituição Federal no
que se refere ao princípio do não-confisco previsto no art. 150, IV. Aplicação
retroativa de lei posterior mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, c, CTN.
Possibilidade. Fixação da multa em 40%, conforme determina a Lei n.º
9.528/97. Apelo parcialmente provido.
(Processo: 99.05.08996-9. Tribunal da 5.ª Região. AC n.º 160836. Fonte DJ
DATA:27/10/2000 PAGINA:1590 Relator JUIZ LAZARO GUIMARÃES
Decisão UNÂNIME)
E mais,
PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JULGAMENTO ANTECIPADO DA
LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO. MULTA
MORATÓRIA. LEI POSTERIOR MAIS FAVORÁVEL AO DEVEDOR.
APLICABILIDADE.
1- O julgamento antecipado da lide não configura cerceamento de defesa nos
casos em que seria objeto da perícia apenas a apuração do valor das verbas
acessórias, uma vez que os critérios de cálculo dos juros de mora, multa
moratória e correção monetária encontram-se expressamente previstos na
legislação de regência, sendo que a aplicação de tais critérios exige apenas
meras operações aritméticas.
2- Cabe ao embargado apresentar demonstrativo detalhado do débito em
execução com a indicação do valor originário de cada competência em aberto
e das respectivas parcelas relativas à correção monetária, juros de mora e
multa moratória.
3- No caso de feitos ainda não definitivamente julgados aplicam-se os
percentuais de multa moratória previstos no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 5


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a redação dada pelo art. 7º da medida provisória nº 1571, de 01.04.97,


convertida na Lei nº 9.528, de 10.12.97, posto que tais percentuais revelam-
se mais benéficos ao devedor, nos termos do disposto na alínea "c", do inciso
II, do artigo 106 do CTN e 462 do código de processo civil (precedentes do
STJ).
4- Apelação parcialmente provida.
(APELAÇÃO CIVEL – 218569. Processo: 94.03.096514-2. TRF 3.ª REGIÃO.
SEGUNDA TURMA. Data da Decisão: 12/05/2000. Fonte DJU
DATA:26/07/2000 PÁGINA: 476. Relator JUIZ SERGIO NASCIMENTO
Decisão A Segunda Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao
recurso. )
E o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA consolida a posição
dos Tribunais, ao se manifestar sobre a questão:

“EXECUÇÃO FISCAL. REDUÇÃO DE MULTA EM FACE DO DEC.


2.471/1998. ART. 106, II, “c”, CTN. RETROATIVIDADE DA LEI MAIS
BENIGNA AO CONTRIBUINTE. POSSIBI-LIDADE.
O art. 106 do CTN admite a retroatividade, em favor do contribuinte da lei
mais benigna, nos casos não definitivamente julgados. sobrevindo, no curso
da execução fiscal, o dec. 2.471/1998, que reduziu a multa moratória de
100% para 20% e, sendo possível a reestruturação do cálculo de liquidação,
é possível a aplicação da lei mais benigna, sem ofensa aos princípios gerais
de direito tributário.
Na execução fiscal, as decisões finais correspondem as fases de arrematação,
da adjudicação ou remição, ainda não oportunizadas, ou, de outra feita, com
a extinção do processo, nos termos do art.794, CPC” (Acórdão proferido em
Resp. 94511/PR. Rel. Min. Demócrito Reinaldo, publicado no DJ em
25/11/96, p. 46154.).

In causu, como bem se vê, tendo aqui sido corretamente


aplicada a redução da multa punitiva, por decorrência do surgimento de
norma posterior mais benéfica ao contribuinte.

Deste modo, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, VOTAR no
sentido de conhecer do recurso de reexame necessário, mas para negá-lo
provimento, com a manutenção da decisão n.º 18.262/11 da Coordenadoria

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 6


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de Julgamento, quando da parte excluída do lançamento se tem por


corretamente aplicada a sua retirada, por não haver apresentação de
documentação hábil o suficiente para demonstrar o estoque inicial
considerado no ano de 1995 (final do ano anterior de 1994); já para a
redução da multa, mostrando-se correta quanto ao principio da
anterioridade mais benéfica ao contribuinte.

Sala das Sessões do CTE, Maceió/AL, 11 de outubro de 2013.

ATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARAES


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR
( VOTO A FAVOR DO RELATOR) ( VOTO A FAVOR DO RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR(votou contra relator)

Acórdão CTE Nº 231/2013 Página 7


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 39 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 15/10/2013


PROCESSO n.º 1500-010067/2001 – CTE 188/2012
Anexo: 1500-012241/2012
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 047330, de 10/07/1991.
AUTUADA: SOTAN SOCIEDADE DE TAXI ÁEREO DO NORDESTE LTA
RELATOR: PAULO DE TARSO COSTA E SILVA
PRESIDENTE :SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVa
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 234/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


CREDITAMENTO INDEVIDO – RECURSO
ORDINÁRIO – PAGAMENTO EFETUADO PELO
CONTRIBUINTE APÓS DECISÃO DA CJ –
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO –
RECURSO CONHECIDO - MÉRITO PREJUDICADO
– REEXAME NECESSÁRIO DA DECISÃO DA CJ
CONHECIDO E IMPROVIDO – RETROATIVIDADE
DA MULTA MAIS BENÉFICA - DECISÃO
MANTIDA – AUTO DE INFRAÇÃO
PARCIALMENTE PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela contribuinte SOTAN SOCIEDADE DE


TAXI ÁEREO DO NORDESTE LTDA, em face da decisão n.º 18.548/2012, da
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Coordenadoria de Julgamento – CJ, que julgou parcialmente procedente o auto de infração


n.º 047330, de 10 de julho de 1991, conforme ementa de julgamento que passa a expor:
EMENTA: ICMS. 1. Não inclusão deste processo no Termo de Transação. 2.
Inaplicabilidade da remissão do crédito tributário com base na Lei n.
6765/2006, regulamentada pela IN n. 24/2007. 3. A acusação fática descrita
é procedente tendo em vista a juntada das cópias do livro Reg. De Apuração
do ICMS que confirmou a utilização indevida dos créditos de ICMS
transferidos da Usina Caeté S.A. e da Agro Industrial Marituba Ltda por
meio das notas fiscais n. 026, 031, 034, 038, 042, 049, 053, 057, 058, 064,
065, 071, 074, 081, 086, 090, 094, 094, 098, 09, 0106. 4. Aplicação da multa
do art. 93 da lei 5.900/96, por se enquadrar ao fato descrito de utilização de
crédito indevido. 5. Lançamento do crédito tributário PROCEDENTE em
parte. 6. Reexame necessário ao Conselho Tributário Estadual.
Segundo declara o fiscal no auto de infração, o contribuinte utilizou crédito
indevido no valor de Cr$ 9.166.221,38, correspondente as transferências de créditos da
Agro Industrial Marituba Ltda e Usina Caetés S/A, através das notas fiscais n. 026, 031,
034, 038, 042, 049, 053, 057, 058, 064, 065, 071, 074, 081, 086, 090, 094, 094, 098, 09,
0106.
A decisão da Coordenadoria de Julgamento – CJ manteve a infração
consignada no auto de infração, apenas modificando a multa aplicada ao caso. Na ocasião,
a CJ aplicou a multa prevista no art. 93, da Lei 5.900/96, por ser mais benéfica ao
contribuinte, já que prevê uma multa de 60% do imposto devido, em detrimento da
originalmente lançada na autuação, que era de 150% do imposto devido (art. 107 da Lei
5.077/89).
Em suas razões recursais, a empresa Recorrente aduz, em síntese, que:
“... todos os débitos que tiveram como origem a transferências (sic) de
créditos de ICMS decorrentes das empresas Usina Caeté S/A e
Agroindustrial Marituba Ltda foram objeto do Termo de Transação
(Doc.04) firmado com o Estado de Alagoas.
Desse modo, o suposto débito objeto da presente demanda se encontra
inserido no cálculo da Consolidação do Termo de Transação (DOC. 05).
Neste contexto, não pode a Administração Pública ignorar tal circunstância
face ao princípio da verdade material, que determina a necessidade de se
buscar sempre a verdade substancial dos fatos.”
Instado a se manifestar, a Comissão de Representação Fiscal alegou que não
se tem nos autos a informação técnica da Comissão de Empresas Industriais, designadas
pela portaria SARE 078/2004, sobre se a matéria de que trata o auto de infração aqui em
discussão versa ou não sobre “questões” objetos da transação, ressaltando, ainda, que não
se encontra na competência da Representação Fiscal proceder à análise da matéria que trata
a presente autuação.

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Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual para análise do


Recurso Ordinário interposto pela contribuinte, bem como para análise do Reexame
Necessário da decisão, nos termos do art. 48, I, da Lei 6.771/06.
No essencial, é o relatório.

VOTO
Cuida-se de Recurso Ordinário interposto pela contribuinte SOTAN
SOCIEDADE DE TAXI ÁEREO DO NORDESTE LTDA, em face da decisão n.º
18.548/2012, da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que julgou parcialmente procedente o
auto de infração n.º 047330, de 10 de julho de 1991.
Em análise dos autos, especificamente o documento colacionado aos autos às
fls. retro, constata-se que a contribuinte efetuou o pagamento do crédito tributário, nos
valores fixados pela Coordenadoria de Julgamento – CJ.
Neste contexto, incide o disposto no art. 156, inciso I, do Código Tributário
Nacional, que assim dispõe:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
Dessa forma, considerando que o pagamento efetuado pela contribuinte
possui o poder de extinguir o crédito tributário, objeto do presente processo administrativo
fiscal, resta totalmente prejudicada à análise do Recurso Ordinário interposto pela
contribuinte, cabendo a este órgão colegiado apenas à análise do reexame necessário da
decisão 18.548/2012 oriundo da Coordenadoria de Julgamento.
Conforme alhures relatado, a CJ reduziu o valor do crédito tributário ao
aplicar a multa prevista no art. 93, da Lei 5.900/96, por ser mais benéfica ao contribuinte, já
que prevê uma multa de 60% do imposto devido, em detrimento da originalmente lançada
no auto de infração, que era de 150% do imposto devido (art. 107 da Lei 5.077/89).
Vejamos:
Art. 93. Utilizar crédito indevido ou inexistente, desde que resulte
na falta de recolhimento do imposto:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
crédito indevido ou inexistente efetivamente utilizado.
Art. 107. Utilizar crédito indevido ou inexistente, desde que resulte
na falta de recolhimento do imposto:
MULTA - equivalente a 150% (cento e cinquenta por cento) do
valor do imposto não recolhido, sem prejuízo do estorno do crédito.
Note-se que as infrações descritas nos dois dispositivos legais supracitados
são exatamente iguais, apenas o percentual da multa aplicada em cada uma delas é que
difere. Na época da lavratura do auto de infração a Lei 5.077/89 estava em plena vigência,
razão pela qual foi corretamente utilizada pelo fiscal autuante.
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A Lei 5.900/96 apenas entrou em vigor no ano de 1996. No entanto, por


trazer em seu bojo infração mais benéfica ao contribuinte, deve incidir no presente caso, em
conformidade com o art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional.
Dessa forma, correta a decisão da Coordenadoria de Julgamento ao aplicar
ao caso a multa prevista no art. 93 da Lei 5.900/96, razão pela qual deve ser mantida na
íntegra.
Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do
Recurso Ordinário para julgar prejudicado o seu mérito, em razão do pagamento efetuado
pela contribuinte, declarando extinto o crédito tributário, nos moldes do art. 156, inciso I,
do Código Tributário Nacional. Quanto ao reexame necessário, conheço do mesmo para, no
mérito, negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a decisão da Coordenadoria de
Julgamento – CJ.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 15 de outubro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 39 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 15/10/2013


PROCESSO: SF-1500-000622/1998; CTE-374/2011
PROCESSO ANEXO: 1500-012722/1997
AUTO DE INFRAÇÃO: 054589, PROTOCOLADO EM 24.10.1997
AUTUADA: DIVISÓRIAS MODULADAS COM. E INDÚSTRIA LTDA.
AUTUANTE: FABIANO CAVALCANTE VASCONCELOS
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 235/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE ENTRADAS


DESCARATERIZADA PELA AUSÊNCIA DE
PROVAS NOS AUTOS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E
NÃO PROVIDO. DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do CTE,


nos termos dos artigos 48 da Lei Estadual 6771/06 relativo à
Decisão 18.036/2011, referente ao Auto de Infração nº 054589,

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protocolado em 24.10.1997, lavrado contra a empresa


Divisórias Moduladas Com. e Indústria Ltda., qualificada na
peça exordial, com alegação do autuante de que ao proceder
levantamento do estoque físico constatou que a autuada omitiu
entradas, relativas ao exercício de 1996 e “o ICMS não foi
cobrado porque presume-se que foi pago na saída”, porém
aplicou a multa do art. 840, do RICMS, aprovado pelo Decreto
35245/91.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador monocrático informa que a autuada


apresentou defesa tempestiva ressaltando que o levantamento
fiscal não foi feito “in loco” e que o fiscal autuante não
verificou que diversas mercadorias estavam com defeitos e
outras muito antigas. Contrarrazoada a autuada pelo autuante
este ressalta que a autuada não comprovou a existência de
mercadorias com defeitos ou antigas.

Requerida pela Coordenadoria de Julgamento a


Diligência nº 300-2005 solicitando do autuante “revisão e
fundamentação do lançamento”.

Procedida à revisão pelo autuante este esclarece que


não poderia ter sido feito o levantamento no local por
tratar-se de exercício fechado e que a autuada não comprovou
que as mercadorias eram antigas ou avariadas. Esclarece
ainda, o autuante, que não tem certeza se houve saída de
mercadorias sem documentação fiscal, por isso não cobrou
tributos da diferença que encontrou.

O julgador monocrático fundamenta sua Decisão


observando que o autuante não considerou o estoque inicial em
31.12.95 no cálculo dos preços médios unitários de custo das
mercadorias e que faltou aos autos a comprovação das
nomenclaturas das mercadorias (fls. CJ 244).

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Face ao exposto,ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer improcedência do Auto de Infração, objeto da lide,
por ausência de provas dos ilícitos argüidos. Conclui pela
improcedência do Auto de Infração, objeto da lide, por
ausência de provas dos ilícitos argüidos.

Notificadas autuada e Representação Fiscal, ambas


não se manifestaram.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 15 de outubro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ODETE MINEIRO DA PAZ CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 22/10/2013


PROCESSO Nº: 1500-020457/2000 – CTE: 232/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 3278, DE 27/12/2000
AUTUADA: COMERCIAL RUBI LTDA.
AUTUANTE: LILIANE A. GOMES DA SILVA E OUTRO.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240740815
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.676/2012
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 240/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL - OMISSÃO DE SAÍDAS DEPREENDIDA
ATRAVÉS DE LEVANTAMENTO FINANCEIRO - FALTA DE
COMPROVAÇÃO DO FATO INDICIÁRIO -
DESCUMPRIMENTO DE FORMALIDADES INDISPENSÁVEIS
AO LANÇAMENTO – LANÇAMENTO IMPROCEDENTE –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO –
DECISÃO MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º 18.676/12,


proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ, que julgou
improcedente o auto de infração n.º 003278, protocolado em
28/12/2000, conforme se extrai da ementa do julgamento, a saber:

EMENTA – ICMS. PROCEDIMETO ORDINÁRIO – 1.


Lançamento de ofício de crédito tributário e
impositivo de penalidade. 2. Omissão de saídas
depreendida através de levantamento financeiro –
artigo 2º, §§ 9º e 10, da Lei n⁰. 5.900/96. 3.
Falta de comprovação do fato indiciário
(desembolso superior à receita). Descumprimento
de formalidades, indispensáveis ao lançamento. 4.
Lançamento IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário – artigos 48
e 49, § 1⁰, Lei n⁰. 6.771/06.

Segundo consta no auto de infração, a contribuinte


deixou de recolher ICMS nos exercícios de 1998 e 1999, por ter

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efetuado vendas de mercadorias tributáveis em operação interna


sem documentação fiscal, o qual foi constatado pela
insuficiência de caixa apurado através de levantamento
específico desta conta, considerando-se os documentos de
receitas e despesas pelo contribuinte nos períodos examinados.

O auto de infração foi lavrado com base no artigo 2º,


§§ 9º ao 11º, c/c arts. 31 e 50, inciso I, da Lei 5.900/96, c/c
art. 49, II, VII e VIII, do RICMS, aprovado pelo Decreto n.º
35.245/91, aplicando-se a multa prevista no art. 87, da Lei
5.900/96.

O valor do crédito tributário apurado no presente auto


de infração perfaz o total de R$ 28.720,22 (vinte e oito mil
setecentos e vinte reais e vinte e dois centavos).

Foi requisitada diligência n.º 056/2011 no intuito de


sanear o processo, sobretudo para fins de juntada da prova da
ocorrência da infração, bem como para que a DIRAC procedesse à
revisão do lançamento, haja vista que a movimentação financeira
não é descontínua, desde que, por óbvio, haja atividade
empresarial, inclusive nas mudanças de exercício.

Em sua defesa ao auto de infração, a contribuinte alegou


que, em síntese, que os resultados das receitas apresentados nos
exercícios auditados foram provenientes das vendas de
mercadorias e de receita de serviços.

Instada a se manifestar, a fiscal autuante alegou que a


contribuinte não apresentou documentos comprobatórios de
empréstimos e de receitas de serviços.

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A Coordenadoria de Julgamento, ao analisar o processo,


julgou improcedente o lançamento consignado no auto de infração
n.º 003278, protocolizado em 28/12/2000, seja por falta de prova
da infração, seja por descumprimento de formalidades
indispensáveis à prolação do ato constitutivo do crédito em
apreço.

Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual


para reexame necessário da decisão da Coordenadoria de
Julgamento, nos termos do art. 48, I, da Lei 6.771/96.

No essencial, é o relatório.

VOTO
Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º
18.676/12, proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ, que
julgou improcedente o auto de infração n.º 003278, protocolado
em 28/12/2000, em razão da ausência de prova da ocorrência da
infração.

Analisando atentamente os autos, depreende-se que a


decisão da Coordenadoria de Julgamento não merece ser reformada.
Vejamos trecho da referida decisão:

“Constata-se das planilhas “AUDITORIA DO


MOVIMENTO FINANCEIRO”, fls. 6 e 12, que os
autuantes não contemplaram as despesas com “ÁGUA,
ENERGIA, TELEFONE” (CRÉDITOS – ITEM 17).

Seria pueril acreditar que o sujeito passivo não


realizou tais despesas, considerando o que
ordinariamente acontece.

Outrossim, o valor do “CAIXA FINAL DECLARADO”


(CRÉDITOS – ITEM 25), do exercício de 1998, foi
consignado como “CAIXA INICIAL” do exercício de
1999, mesmo em descompasso com a apuração

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oficial, que conclui por um “ CAIXA FINAL


CALCULADO” (CRÉDITOS – ITEM 26), do exercício de
1998, de valor negativo.

O ato administrativo de lançamento foi emitido a


partir de omissões de formalidades
imprescindíveis à sua existência.”

Com efeito, a presunção prevista no art. 2º, § 10º, da


Lei 5.900/96, supõe o manuseio de todas as despesas do sujeito
passivo, o que não foi obervado no presente auto de infração. A
Coordenadoria de Julgamento, mediante a Requisição de Diligência
n.º 056/2011, ainda tentou resguardar a autuação, porém a
diligência se mostrou infrutífera.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário, para negar-lhe provimento, a fim
de manter na íntegra a decisão da Coordenadoria de Julgamento,
que julgou improcedente o auto de infração.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de outubro


de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

CARLOS HENRIQUE DE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

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GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 22/10/2013


PROCESSO: AMA-5252-97/1500-020410-01/009143-97 E CTE 210/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 002673, PROTOCOLADO EM 02/07/1997.
RECORRENTE: ESTADO DE ALAGOAS
RECORRIDO: CASA DO AZULEIJO LTDA.
AUTUANTE: AGENOR T H JÚNIOR E OUTRO.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240850750
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.655/2012
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 241/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – ÔNUS DA


PROVA CABE À ADMINISTRAÇÃO – AUSÊNCIA DE
ELEMENTOS COMPROBATÓRIOS QUE LASTREIEM A
AUTUAÇÃO – AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE. 1.
O dever de provar a ocorrência do fato
jurídico tributário que originou o crédito
tributário compete à própria Administração,
sendo certo que a ausência de provas acarreta
a improcedência da autuação, como
acertadamente decidiu a CJ no presente caso.
2. No caso, mesmo com a requisição de
diligência n.º 025/2011, de fl. 228, as
cópias das notas fiscais de entrada e de
saída não se fazem presentes aos autos, bem
como não foram anexadas as cópias das fls. 08
do Livro de Registro de Inventário. Ausência
de prova configurada. 3. Reexame necessário
conhecido e improvido. Decisão mantida.

RELATÓRIO

Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º


18.655/2012, proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ,
que julgou improcedente o auto de infração n.º 002673,
protocolado em 02/07/1997, conforme se extrai da ementa do
julgamento, a saber:

EMENTA: ICMS – Lançamento de ofício de crédito


tributário. Entrada e saída de mercadorias
desacompanhadas de documentos fiscais, apuradas
mediante levantamento quantitativo de estoque.

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GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Ilícitos fiscais não comprovados. IMPROCEDÊNCIA


DO LANÇAMENTO. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos de Art. 48 a Lei
n⁰ 6.771/06.

Segundo consta no auto de infração, a contribuinte


deixou de registrar vendas no montante de R$ 48.006,11 (quarenta
e oito mil e seis reais e onze centavos), no exercício de 1996,
cujo volume foi evidenciado por levantamento físico do estoque
resultando em ICMS no valor de R$ 8.161,03.

Ainda em conformidade com o auto de infração, a


contribuinte deixou de registrar compras no montante de R$
42.067,07 (quarenta e dois mil e sessenta e sete reais e sete
centavos), no exercício de 1996, cujo volume foi evidenciado por
levantamento físico do estoque, resultando em multa no valor de
R$ 14.302,80.

O auto de infração foi lavrado com base nos artigos 49,


incisos II e VII, 129, inciso I e II, e 130, inciso I, do
Decreto n.º 35.245/91, aplicando-se as multas previstas nos
artigos 84 e 97 da Lei 5.900/96. O valor do crédito tributário
apurado no presente auto de infração perfaz o total de R$
27.360,44 (vinte e sete mil trezentos e sessenta reais e
quarenta e quatro centavos).

Em que pese ter sido devidamente notificado, a


contribuinte não apresentou impugnação administrativa, razão
pela qual foi lavrado o termo de revelia em 05 de agosto de
1997. No entanto, em 29/08/1997, a contribuinte apresentou
requerimento informando que até aquela data a fiscalização não
tinha liberado as notas fiscais utilizadas na autuação.

Foi requisitada diligência n.º 025/2011 no intuito de


sanear o processo, sobretudo para fins de juntada das cópias das
notas fiscais de entrada e saída que serviram de base da
autuação, bem como as cópias das folhas 08 do Livro Registro de
Inventário, além do comprovante de devolução dos documentos
fiscais utilizados no trabalho fiscal, porém a mesma restou
infrutífera.

A Coordenadoria de Julgamento, ao analisar o processo,


julgou improcedente o lançamento consignado no auto de infração
n.º 002673, protocolado em 02/07/1997, em razão da falta de
prova da infração.

ACÓRDÃO CTE Nº 241/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Assim chegam os autos ao Conselho Tributário Estadual


para reexame necessário da decisão da Coordenadoria de
Julgamento, nos termos do art. 48, I, da Lei 6.771/96.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Cuida-se de reexame necessário da decisão n.º


18.655/2012, proveniente da Coordenadoria de Julgamento - CJ,
que julgou improcedente o auto de infração 002673, protocolado
em 02/07/1997, em razão da ausência de prova da ocorrência da
infração.

Analisando atentamente os autos, depreende-se a decisão


da Coordenadoria de Julgamento não merece ser reformada.
Conforme bem ressaltou o julgador singular, “no caso em
deslinde, entretanto, mesmo com solicitação requestada –
diligência de n.º 025/2011, de fl. 228, as cópias das notas
fiscais de entrada e de saída não se fazem presentes aos autos,
bem como não foram anexadas as cópias das fls. 08 do Livro de
Registro de Inventário.”

É importante registrar que às fls. 347 dos autos,


consta uma informação fiscal confirmando que: “constatamos não
haver nenhuma cópia dos documentos citados nos itens “a” e “b”
da requisição de diligência n.º 025/2011.”

É pacífico na jurisprudência desta 1ª Câmara de


Julgamento do Conselho Tributário Estadual que o dever de provar

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GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

a ocorrência do fato jurídico tributário, que originou o crédito


para o Estado de Alagoas, compete à própria Administração, sendo
certo que a ausência de provas acarreta a improcedência da
autuação, como acertadamente decidiu a Coordenadoria de
Julgamento no presente caso.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, para negar-lhe provimento, a fim
de manter na íntegra a decisão da Coordenadoria de Julgamento,
que julgou improcedente o auto de infração.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de outubro


de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE JULGADOR

CARLOS HENRIQUE DE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 39 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 25/10/2013


PROCESSO: 1500-013611/03; CTE-330/11
ANEXOS: 1500-016872/03; 1500-033779/10; 1500-005059/11
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 031960/03
RECORRENTE: SALGADINHO AUTO POSTO LTDA.
AUTUANTE: LUIZ ALBERTO O LEAL – MAT. 51.576-0
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 242/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO DOS


FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA
TIPICIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA.
DECISÃO SINGULAR NULA.

RELATÓRIO

A presente autuação versa sobre a falta de


registro no respectivo Livro Reg. de Entradas de Mercadorias
de notas fiscais de aquisições de mercadorias, bem ou
serviços tributáveis, infringindo assim os arts. 2º, § 2º;
6º, inc.XII, alínea “b” da Lei nº 5.900/96 e daí resultando
na falta de recolhimento do ICMS no montante de R$ 952,18
(Novecentos e Cinquenta e Dois Reais e Dezoito Centavos), com
um acréscimo de multa no valor de R$ 1.904,36 (Hum Mil
Novecentos e Quatro Reais e Trinta e Seis Centavos).

Como instrução da autuação foram anexados,


demonstrativo do débito, relatório de dados cadastrais do
contribuinte e cópias, do cartão de autógrafos, dos termos de
início e encerramento de fiscalização, do livro reg. de
entradas e das notas fiscais de aquisições de mercadorias.

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Como dispositivos transgredidos foram apontados


dentre outros, os arts. 2º, § 2º; 6º, inc. XII, “b”; 34; 39,
§ 2º; 50, II; 53; 55; 107, todos da Lei nº. 5.900/96 e o art.
49, II, III, “a-1”, do RICMS, aprovado pelo Dec. nº
35.245/91.

Intimada da autuação, a empresa apresentou defesa


aduzindo em síntese que o valor do imposto no montante de R$
952,18 (Novecentos e Cinquenta e Dois Reais e Dezoito
Centavos), consignado no auto de infração reporta-se a todos
os produtos adquiridos, dentre estes, aqueles sujeitos ao
regime de substituição tributária, segundo os quais são pagos
pelo fabricante.

Assim sendo, prossegue a defendente, se a base de


cálculo da multa é o próprio imposto, e se há apenas três
produtos (adquirido de J.A. dos Santos Filho)que justificam a
cobrança de ICMS, o valor do imposto “não é, nem será,
jamais” R$ 952,18 (Novecentos e Cinquenta e Dois Reais e
Dezoito Centavos), assim como o da multa não poderá ser, por
via lógica de conseqüência, R$ 1.904,36 (Hum Mil, Novecentos
e Quatro Reais e Trinta e Seis Centavos).

Por ocasião da contestação da defesa, o autuante


promove um relançamento do crédito tributário, aditando
valores tanto no concernente ao ICMS, quanto no tocante a
multa, nos montantes de R$ 57,35 (cinqüenta e sete reais e
trinta e cinco centavos) e, R$ 1.296,04 (hum mil, duzentos e
noventa e seis reais e quatro centavos), respectivamente,
atentando assim para o questionamento feito pela empresa
acerca da exigência da multa, cuja base de cálculo reporta-se
ao recolhimento do ICMS pela sistemática da substituição
tributária.

Aportando os autos na Coordenadoria de


Julgamento, esta requisitou diligência para que a empresa
fosse intimada do aditamento, no que fora atendida, tendo a
própria autuada insistido em aduzir que os cálculos foram

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realizados erroneamente ao utilizar produtos que estão


sujeitos à substituição tributária e também, sem se levar em
conta que apenas três produtos poderiam sofrer tributação.

Ao concluir o instrumento da sua defesa por


ocasião do aditamento, a defendente requer preliminarmente, a
prescrição do crédito tributário, assim como a declaração da
nulidade do procedimento fiscal, caso superada a prescrição.

Após a manifestação da autuada(apresentação da


defesa) sobre o aditamento do crédito tributário lançado, a
instância de piso proferiu julgamento sem a devida
contestação por parte da Representação Fiscal nos termos do
art. 24 combinado com a redação do art. 54, inc. III, todos
da Lei nº. 6.771/06.

Notificada da decisão de Primeira Instância, a


empresa impetra recurso para este Colegiado, reiterando em
síntese os questionamentos quando da sua defesa na instância
de piso, requerendo a prescrição do crédito tributário, assim
como a nulidade do procedimento fiscal.

Quando da contestação do presente recurso, a


eminente Representante Fiscal persiste na manutenção da
decisão recorrida, aduzindo em síntese que, com relação à
prescrição do crédito tributário não há como reconhecer
sequer o início da contagem do respectivo prazo, visto que o
dia de início deste é da data em que não couber mais recurso.

Eis o relatório.

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VOTO.

PRELIMINARES:

DA PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

De conformidade com o Art. 174 do CTN, o prazo


prescricional para se intentar a ação de cobrança do crédito
tributário só começa a fluir da data da sua constituição
definitiva.

No caso dos autos o lançamento do crédito deu-se


em 25 de abril de 2003 e de lá para cá o respectivo crédito
está sendo objeto de discussão no tocante a sua legitimidade,
não estando assim definitivamente constituído e assim sendo,
não há que se cogitar de extinção do mesmo pelo efeito da
prescrição.

Portanto, rejeito a prescrição.

DA NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL.

Pelo teor dos autos não se vislumbra nenhum vício


que venha culminar com a nulidade da autuação, pelo menos à
luz do art. 7º, inc. IV, alíneas “a” e “b”, assim como diante
do § 1º, da Lei nº. 6.771/06.

Contudo, diante dos termos da decisão recorrida


em confronto com a ausência da contestação da defesa por
parte da Representação Fiscal, quando da manifestação da
recorrente por ocasião do aditamento da autuação, conforme

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mandamento previsto no Art. 24, combinado com a redação do


Art.54,III,da Lei nº 6.771/06, assim como o silêncio do
julgador monocrático no tocante ao pedido da defendente, ora
recorrente, acerca da nulidade da autuação, cerceou o direito
de defesa da empresa recorrente e assim sendo, diante de tais
fatos não vislumbro outra conclusão, senão declarar nula a
decisão recorrida.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a decisão de Primeira Instância, ao tempo em
que tornamos os autos à Coordenadoria de Julgamento para uma
nova decisão com as cautelas necessárias.

Intime-se a recorrente.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 25 de


outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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PROCESSO SF: 1500-006486/97; CTE-263/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 15.565/97
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
AUTUADA: A FERRAGEIRA NORDESTINA LTDA
AUTUANTE: Mª CRISTINA V. G. DE AQUINO-MAT. 29.729 e OUTRA
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 243/2013

EMENTA: ICMS- PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO


DIANTE DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO À LUZ DO ART. 141, DA LEI Nº
4.418/82, COM AS ALTERAÇÕES POSTERIORES
IMPLEMENTADAS PELA LEI Nº 5.983/97,
TRANSCORRIDOS MAIS DE 05 (CINCO) ANOS SEM
QUE A FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL TENHA
ENCAMINHADO O REFERIDO CRÉDITO PARA A
INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA, SEGUIDA DA
COMPETENTE AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. O
PRETENDIDO CRÉDITO EXTINGUE-SE PELO
EFEITO DA PRESCRIÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO.

RELATÓRIO

Trata o presente feito de lançamento de crédito


tributário a título de ICMS, no valor de R$ 5.385,13(cinco
mil, trezentos e oitenta e cinco reais e treze centavos),com
um acréscimo de multa no valor de R$ 4.870,61 ( quatro mil,
oitocentos e setenta reais e sessenta e hum centavos), tendo
como origem, a falta de registro no competente livro, de
notas fiscais de saídas, bem como a falta de recolhimento de
ICMS no tocante aos termos do Dec. Nº36.525/95, acerca do
regime de substituição tributária nas operações com tintas e
vernizes, a falta de recolhimento de ICMS proveniente, de
saídas de mercadorias sem a emissão de documentação fiscal e

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ainda, aquisição de mercadorias desacompanhadas de nota


fiscal, infrações estas detectadas por intermédio de
levantamento físico do estoque, no período de 01.01.91 a
27.02.97
Como instrução da autuação foram anexados aos
autos, demonstrativo, cópia do cartão de autógrafo, dados
cadastrais, extrato de arrecadação do contribuinte, cópia do
livro reg. De entradas contendo termo de início e de
encerramento de fiscalização, cópias de notas fiscais, 4ª via
da nota fiscal de nº 000203, série C-1, cópia do livro reg.
De saídas, cópias do demonstrativo do levantamento específico
de mercadorias, cópias da intimação fiscal para contagem da
relação(das mercadorias relativas ao exercício em aberto,
controle quantitativo de mercadorias CQM, cópia do DAR
correspondente a 6ª parcela do ICMS-Substituição, com menção
ao Dec. Nº 36.525/95 e cópias do livro reg. De inventário
(fls. 03 usque 187)).

Devidamente intimada da autuação, em 09 de abril


de 1997,a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo assim
em revelia, conforme termo de fl.188.

Informa a DIRAC à fl. 208 que, não foram


efetuados recolhimento no tocante ao auto de infração em
referência.

A
Coordenadoria de Julgamento ao analisar o
lançamento, decidiu pela procedência parcial do mesmo,
afastando assim do total, o ICMS relativo à nota fiscal de nº
038265 face a não juntada da mesma aos autos; o valor de R$
965,35 ( novecentos e sessenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos), correspondente a uma parcela recolhida do imposto
de que trata o art. 17, inc. III do Dec. Nº 36.525/95; os
valores de R$ 68,00 e R$ 120,00 para os produtos “ caixa
d’água” e “pia inox”, substituindo pelos valores de R$ 34,00
e R$ 40,00, respectivamente, a entrada de 01 (uma) unidade do
produto “caixa d”água”, no mês de maio/95, tida como entrada
sem nota fiscal, além de ter reduzido valores inerentes a

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alguns itens relativos às compras de mercadorias sem


documentação fiscal.

Notificadas da decisão a quo, tanto a autuada,


quanto a Fazenda Públicas Estadual, ambas não se manifestaram
sobre a mesma (fls. 223/4 e 233).

É o relatório.

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VOTO

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a empresa


autuada apesar de ter sido intimada da autuação, em 09 de
abril de 1997, a mesma não impugnou a autuação, incorrendo
assim em revelia, conforme o respectivo termo (fl.188).

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º , 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141.

§ 1º- Quando se tratar de infrator


revel, e a infração se referir à
falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestados as
informações sobre os antecedentes
fiscais existentes, considerar-se á
concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a inscrição
do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º- A revelia do autuado, na


hipótese prevista no parágrafo
anterior, importa o reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito
de decisão final do processo
administrativo.

§ 3º- Nos demais casos, lavrado o


Termo de Revelia, o processo seguirá
os tramites regulamentares, facultada
ao revel a intervenção em qualquer

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oportunidade, antes de tramitada em


julgado a decisão terminativa”.

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de


1997, esta alterou a redação do art. 141, da Lei nº 4.418, de
28 de dezembro de 1982, então vigente, nos seguintes termos:

Art. 141. Findo o prazo de intimação,


sem pagamento do débito ou
apresentação de defesa ou recurso,
será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento
do débito para inscrição em Dívida
Ativa.“

Parágrafo único - “A revelia do


autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributário e produz efeito
de decisão final no processo
administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o código
tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, ao
disciplinar o processo administrativo fiscal, no seu capítulo
III, do art. 118 ao art. 167, o referido diploma legal
tratou, também, de direito processual.

Assim sendo, passo a discorrer a aplicação da


norma processual no tempo.

A doutrina aponta três sistemas que procuram


resolver quanto à eficácia das leis processuais no tempo:

a) O primeiro sistema, chamado da unidade


processual, o processo consiste, em um complexo de atos
inseparáveis uns dos outros, porque todos se subordinam ao

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fim a que visa, qual seja, a decisão. De forma que o processo


seria um corpo uno, e, assim considerados teria que ser
regulado por uma única lei. Nessas condições, uma vez em
curso, e sobrevindo uma lei nova, disciplinar-se ia
inteiramente por esta ou pela lei anterior. Por conseqüência,
a ser regido inteiramente pela lei nova, tornando ineficazes
os atos já realizados, poder-se ia dizer que a lei processual
tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas, a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplina a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Assim, somente as fases seguintes obedeceriam a lei nova.

c) O terceiro e o último sistema é o do


isolamento dos atos processuais, segundo o qual, sem
desconhecer que o processo é uma unidade em vista do fim a
que se propõe, observa que cada um dos atos processuais pode
ser considerado isoladamente, para os efeitos de aplicação da
lei nova. Ou melhor, esta encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já
realizados e passa a disciplinar o feito a partir de sua
vigência.

Dentre os referidos sistemas, o código de


processo civil adotou o sistema do isolamento dos atos
processuais, conforme expressamente dispôs no art. 1211, que
reza: ”....Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-
ão, desde logo, aos processos pendentes.

Portanto, à luz da nova redação do art. 141, da


Lei nº4418/82, então vigente, dada pela Lei nº 5.983/97, bem
como atentando para o princípio da subsidiariedade da lei
adjetiva civil ao processo administrativo tributário, a
administração fazendária deveria ter procedido ao devido
encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o respectivo

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débito na Dívida Ativa, seguida da competente ação de


execução fiscal a cargo da Procuradoria da Fazenda Estadual.
No entanto, transcorreram mais de cinco anos, contados a
partir da constituição do crédito tributário, termo inicial
do prazo prescricional, sem que tal providência fosse
adotada.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária, para dar-lhe provimento,
concluindo preliminarmente pela extinção do crédito
tributário mediante o efeito da prescrição.

Intime-se a autuada e em seguida à DIRAC, para os


procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 25 de


outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 39 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 25/10/2013


PROCESSO Nº: 1500-010569
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 49509
RECORRIDO: JARAGUÁ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
AUTUANTE: MARIA CELIA DE SOUZA GOMES
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 244/2013

EMENTA: Preliminar - Necessária observação


do devido processo legal - duplo grau de
jurisdição obrigatório. Decisão do Pleno
determinando a apreciação do mérito por
Câmara do Conselho Tributário. Observado
que a coordenadoria de julgamento não
apreciou o mérito da questão, e
imprescindível o retorno dos autos a
Coordenadoria de Julgamento para apreciação
do mérito da questão.

RELATÓRIO

Trata-se de retorno dos Autos para apreciação do


mérito, destinada à 2ª Câmara da CTE, derivado do Acórdão nº
403/2012, emitido pelo Pleno do Conselho Tributário Estadual,
em sede de Novo Reexame Necessário, que por maioria dos votos
optou por preterir a preliminar de incidência do instituto da
remição do crédito tributário, do caso em liça, sustentada
pela 2ª Câmara no Acórdão 414/2011.

Em síntese, os membros do Pleno do CTE por maioria


dos votos, acompanharam o posicionamento escudado pela
Relatora, entendendo, portanto, que os créditos tributários
não estariam remidos, em face dos dispositivos normativos

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 1


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extraídos do artigo. 11, inciso IV, e alíneas e do artigo 12,


inciso I, da Lei 6765 de 1º de Novembro de 2006.

Nesse passo, através do Acórdão P-403/2012, os


membros do Pleno consolidaram o seguinte entendimento:

EMENTA: ICMS - CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO


ALCANÇADO PELA REMISSÃO. VALOR SUPERIOR A 20
(VINTE) UPFAL’S. RETORNO DOS AUTOS À CÂMARA
DO CTE PARA APRECIAÇÃO DO MÉRITO.

É o Relatório.

VOTO

1. Preliminar - Necessária observação do devido


processo legal - duplo grau de jurisdição

Como alhures ficou demonstrado, que o Pleno do CTE,


através do Acórdão P-403/2012, ao reformar o Acórdão 414/2011
proferido pela 2ª Câmara de Julgamento, remeteu-lhe os autos,
designando que esta apreciasse o mérito da causa.

Acontece que tal comando normativo, insulta o basilar


princípio da Segurança Jurídica, por mitigar o mandamento
constitucional do devido processo legal, em razão da flagrante

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 2


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ruptura do duplo grau de jurisdição, já que especificamente


nos caso a Coordenadoria de Julgamento optou pelo pela
remissão, ou seja, também não apreciou o mérito da questão.

Mais especificamente, o comando normativo, posto em


efeito pelo Acórdão P-403/2012, carece de fundamento de
validade, vez que, ao suprimir uma instância de julgamento,
foi direcionado a órgão, prefacialmente, incompetente para a
realização do feito. Noutro giro, para reputar-se válido, tal
comando normativo deveria ter como destinatário a
Coordenadoria de Julgamento, e não a 2ª Câmara de Julgamento.

Nesse sentido esta o posicionamento do CARF:

Processo Administrativo Fiscal Período de


apuração: 01/04/1991 a 31/12/1999 DECADÊNCIA.
RESTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PAGOS
INDEVIDAMENTE. TESE DOS CINCO ANOS MAIS
CINCO. LEI COMPLEMENTAR 118/05.COFINS. Em que
pese a Lei Complementar 118/05 ter alterado o
prazo decadencial para que o contribuinte
pleiteie a restituição dos tributos, o STF no
RE 566621, entendeu por bem em considerar
válida a aplicação do novo prazo decadencial
tão-somente às ações ajuizadas a partir de 9
de junho de 2005. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NECESSIDADE DE NOVA
DECISÃO. É direito do administrado submeter o
exame da matéria litigiosa nas duas
instâncias administrativas. Portanto, quando
superados pelo órgão julgador ad quem os
pressupostos que fundamentavam o julgamento
proferido pela instância a quo, deve o
processo ser devolvido à unidade de origem
para a apreciação das demais questões mérito.
Recurso Voluntário Provido em Parte

(Recurso Voluntário. Acórdão: 3801-001.017,


Rel: Maria Ines Caldeira Pereira da Silva
Murgel - CARF)(grifos nossos)

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Nessa sintonia, em respeito aos princípios e


garantias constitucionais da segurança jurídica, devido
processo legal e duplo grau de jurisdição e com o escopo de
evitar vícios processuais insanáveis, requisita-se a adequação
do comando normativo, proveniente do Acórdão P-403/2012, por
este ter sido direcionado a órgão originariamente
incompetente.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
entender pela devolução dos autos a Coordenaria de Julgamento
para apreciação do mérito do caso em liça.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 25/10/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 2ª CÂMARA - REALIZADA EM: 31/10/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-012277/1998; CTE 326/2011 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 3524 DE 17/11/1998
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDO: DISTRIBUIDORA DELTA DE ALIMENTOS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24089634
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.917/2011
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 246/2013

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a


decisão nº. 17.917/2011 da Coordenadoria de Julgamento, a qual
concluiu pela improcedência do lançamento do crédito
tributário consignado na autuação por ausência de provas do
ilícito, nos termos da seguinte ementa:

ICMS – Obrigação principal. Aquisição e venda


de mercadorias sem documento fiscal.
Levantamento Físico de Estoque. Ilícito não
comprovado. Ausência de provas. LANÇAMENTO
IMPROCEDENTE, por falta de provas. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
nos termos do art. 48 da Lei Estadual nº.
6.771/06.

Relata-se nos autos que, a partir do levantamento


físico do estoque com o controle do quantitativo de
mercadorias, verificou-se que o contribuinte omitiu seu
movimento financeiro (compras e vendas) no exercício de 1997,
ficando sujeito ao pagamento de ICMS e multa, totalizando
crédito tributário no valor de R$ 53.353,68 (cinquenta e três
mil, trezentos e cinquenta e três reais e sessenta e oito

ACÓRDÃO CTE Nº 246/2013 Página 1


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centavos), posteriormente aditado para a quantia de R$


46.653,17 (quarenta e seis mil, seiscentos e cinquenta e três
reais e dezessete centavos).

Instruem os autos a cópia do cartão de autógrafo, o


controle quantitativo de mercadorias e a cópia do livro de
inventário dos exercícios de 1996 e 1997.

Ciente no próprio ato do lançamento, a Autuada


apresentou defesa as fls. 20/23, sendo impugnada as fls. 30/31
dos autos.

Encaminhado para a Coordenadoria de Julgamento,


decidiu-se pela improcedência do lançamento por insuficiência
de provas do ilícito descrito nos autos.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem


qualquer manifestação das partes, os autos foram remetidos ao
Conselho Tributário Estadual para o julgamento do reexame
necessário.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 246/2013 Página 2


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VOTO DE VISTA

Afirma o nobre relator em seu voto que apesar do


agente fiscal ter registrado a discriminação no tocante as
saídas e entradas dos produtos, objeto do levantamento físico,
indicando os números das notas fiscais, em conjunto, por cada
mês fiscalizado, tais informações são destoantes, a exemplo do
item “açúcar coperbom”, segundo o qual no Mapa Controle
Quantitativo de Mercadorias há um aumento no estoque de 20
(vinte) unidades em relação ao estoque inicial, no entanto,
imputa-se a Autuada a omissão de vendas de 10 (dez) unidades.

Assim como no item “feijão carioca” consta como


estoque inicial, 287 (duzentos e oitenta e sete) sacos,
segundo o próprio Livro Reg. de Inventário, entretanto, o Mapa
de Controle de Mercadorias informa estoque inicial de 717
(setecentos e dezessete) sacos.
Na verdade, no confronto do Controle Quantitativo
de Mercadorias com as cópias do Livro Reg. de Inventário, pelo
que se verifica, não houve nenhum aumento de estoque inicial,
até porque este está zerado e assim permaneceu, porém, quando
da escrituração do inventário o seu estoque final, isto em
31.12.97, ao invés de apresentar a quantidade de 40 (quarenta)
fardos de açúcar em razão da saída de 10 (dez) fardos,
apresentou a quantidade de 70 (setenta) fardos, o que implica
em concluir que a empresa adquiriu 30 (trinta) fardos de
açúcar sem a devida nota fiscal. Ao contrário, portanto, da
diferença de 10 fardos nas vendas efetuadas, como concluiu a
fiscalização.

No tocante a quantidade de 717 sacos de feijão


carioca ao contrário de 287 sacos constante do respectivo
estoque inicial consignado no Livro Reg. de Inventário,
conforme verificação do nobre Relator, tal discrepância não
enseja a improcedência da constatação da diferença nas vendas
efetuadas com relação ao item feijão carioca, visto que no
próprio Livro Reg. de Inventário consta a escrituração tanto
de feijão sem a sua devida especificação, quanto de feijão
carioca, cuja soma do respectivo estoque fecha exatamente com
o estoque em 01.01.97,consignado no Controle Quantitativo de
Mercadorias.

ACÓRDÃO CTE Nº 246/2013 Página 3


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Além do mais, se há falha, incongruência quanto ao


reportado item (feijão carioca, feijão), estas tiveram origem
na própria escrituração do Livro Reg. de Inventário, quando o
contribuinte deveria ter escriturado por espécie e não por
gênero, como o fez em relação a “feijão”.

Com relação aos demais itens, as quantidades no que


se refere aos estoques inicial e final consignado pelo
autuante coincidem com as mesmas quantidades devidamente
escrituradas no referido livro.

De forma que, excluído o item 01 do levantamento –


açúcar corpebom, não vislumbro fragilidade da autuação para os
demais itens levantados em razão da ausência das cópias das
respectivas notas fiscais, pois, diante da discriminação das
notas fiscais e cópia da escrituração do Livro Reg. de
Inventário referente ao exercício fiscalizado, caberia ao
contribuinte nos termos do art. 333,inc. II, do CPC., provar o
contrário, o que não fez.

Quanto às penalidades do art. 84 e 107, da Lei nº.


5.900/96, as mesmas não devem ser mantidas pelas seguintes
razões:

I – Diante da revogação do art. 84, as suas


disposições não como há como serem mantidas e muito menos
substituídas pelas disposições do art. 79, sob pena de se
violar frontalmente o mandamento contido no art. 106,II, “a”,
do CTN, quando assim preconiza:

“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

(...)

II – tratando-se de ato não definitivamente


julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;”

II – Pelo confronto do teor do art. 107 com a prova


dos autos, a sua penalidade está totalmente incoerente, visto
que, enquanto o mesmo reporta-se a falta de lançamento no

ACÓRDÃO CTE Nº 246/2013 Página 4


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Livro Reg. de Entradas de Mercadorias, quando a isso estiver


obrigado, de documento fiscal relativo a compras efetuadas em
exercícios anteriores, no caso vertente, os autos evidenciam
infrações pertinentes as saídas (vendas) e entradas (compras)
sem a respectiva documentação fiscal, infrações estas
detectadas mediante levantamento fiscal, cuja penalidade está
afastada em função da revogação do já referido art. 84.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer da remessa necessária e com a devida vênia discordar
do nobre relator para dar provimento a mesma no sentido de
manter parcialmente o lançamento, ao tempo em que afastam o
item 01 (açúcar corpebon) do levantamento, assim como todas as
penalidades apontadas, mantendo assim o crédito tributário nos
termos do demonstrativo anexo com os acréscimos de juros e
correção monetária.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 31 de


outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO VISTA VENCEDOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR JULGADOR
(ACOMPANHOU VOTO VISTA) (ACOMPANHOU VOTO VISTA)

ACÓRDÃO CTE Nº 246/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 31/10/2013


PROCESSO Nº: 1500-018705
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.35162-001
AUTUADA: COMERCIAL BANDEIRANTE LTDA
AUTUANTE: LUIZ ALBERTO OLIVEIRA LEAL
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24072368
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.590/2012
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 247/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. 1) COMPROVADA A


DUPLICIDADE DE COBRANÇA TRIBUTO ATINENTE AO
EXERCÍCIO FISCAL DE 2003 EM DISTINTOS AUTOS DE
INFRAÇÕES ESSA DEVE SER EXCLUIDA DO LANÇAMENTO.
2) APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE
BENIGNA. REDUÇÃO DA PENALIDADE POR REVOGAÇÃO DO
ARTIGO 83 DA LEI 5.900/96. RECLASSIFICAÇÃO PARA
O DO ARTIGO 79 DA LEI 5.900/96. PENALIDADE MAIS
BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 18.590/10, esta, por sua vez, julgou
procedente em parte o lançamento do crédito tributário presente no
Auto de Infração n° 99.35162-001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte deixou de


recolher ICMS em decorrência da omissão de saída de mercadorias
tributáveis representada por diferença a maior no saldo da conta
fornecedores declarado pelo contribuinte.

Desta feita, teriam sido violados os artigos: 2º, I, §9º


e 50, I da Lei nº 5.900/96 c/c os artigos: 49, incisos II, VII e
VIII do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, aplicando-se, por
conseguinte, a penalidade do artigo 84 da Lei nº 5.900/96. Assim

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 1


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fora fixado crédito tributário no valor de R$: 81.248,40 (oitenta e


um mil, duzentos e quarenta e oito reais e quarenta centavos)

Em sede de defesa, o sujeito passivo argui:

a) que o agente fiscal autuante supostamente apontou a existência de


passivo ficto e que a falta de pagamento de duplicatas nem sempre
caracteriza tal situação, estando a autuada em débito com seu
fornecedor; b) não terem sido obedecidos os princípios da igualdade
e do contraditório, uma vez que não fora apresentado pelo autuante
nenhum documento que comprovasse a origem do Auto de Infração; c)
Ter ocorrido bitributação em face da existência da lavratura do Auto
de Infração nº 043524 de 30/04/2004, tendo como enquadramento legal
o mesmo fato apurado; d)Finalizou aduzindo esperar que o auto de
infração seja julgado improcedente.

Já nas contrarrazões, a Autoridade Autuante aduz:

a) que a peça defensória em momento algum apresentou documentos que


comprovassem as alegações ali contidas, nem foi mencionado qualquer
dispositivo legal infringido; b) não pairar nenhuma dúvida quanto a
materialização da infração, ficando comprovada a infração pelo saldo
a maior da conta fornecedores, lastrados pelos documentos fiscais
apresentados pelo próprio contribuinte; c) não ter coerência as
alegações da defesa que declarou não ter duplicatas em 2005 e o não
pagamento de duplicatas, não podendo-se acreditar em compras
efetuadas e não pagas a mais de 06 (seis) meses, restando claro,
portanto, a intenção de confundir os julgadores; d)que a autoridade
autuante respeitou o princípio do contraditório; e) reconhecer a
existência de fiscalização referente ao exercício de 2003, consoante
fora alegado pela impugnante, e em reação ao exposto, solicita a
procedência parcial do Auto de Infração, com o intuito de aproveitar
o lançamento referente ao exercício de 2004.

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 2


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A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou


que:

a) a ausência de afronta aos princípios da ampla defesa e do


contraditório, por ter a defesa revelado pleno conhecimento da
autuação, não se consubstanciando, portanto, qualquer prejuízo apto
a provocar a nulidade do lançamento efetuado; b) a peça defensória
não se encontra carreada por documentos que comprovem as alegações
ali contidas, que a falta de duplicatas nem sempre ensejaria a
situação objeto da autuação e que estaria o autuado em débito com o
fornecedor; c) a assertiva da defesa sobre a ocorrência de
“bitributação” em face da lavratura do Auto de Infração nº 043524 de
30/04/2004, recepcionou a manifestação do autuante nas suas
contrarrazões, mantendo a autuação referente ao exercício de 2004;
d) a penalidade aplicável, deveria der reclassificada do artigo 84
da Lei nº 5.900/96, revogado pela Lei nº 7.079/09, para a do artigo
79 da Lei nº 5.900/96, em atenção ao princípio da retroatividade
benigna.

Ante o exposto, julgou o lançamento constante do Auto nº


99.35162-001 parcialmente procedente, constituindo o crédito
tributário no valor total de R$: 43.144,27 (quarenta e três mil,
cento e quarenta e quatro reais e vinte e sete centavos.

Ademais, regularmente intimado da decisão singular, o


autuado optou por não apresentar recurso.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 3


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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto acerca das questões atinentes ao reexame necessário,
observando que decorreu prazo sem interposição de recurso ordinário.

a)O primeiro ponto posto em análise, diz respeito ao


pleito de ambos os pólos da relação, qual sejam Autuado e Autuante,
em sede de defesa e contrarrazões respectivamente, para que seja
suprimido do Auto n° 99.35162-001, o lançamento fiscal referente ao
exercício de 2003.

Aqui, a prova documental acostada aos autos pela Autuante


em sede de contrarrazões (fl.12), é hialina, no sentido de comprovar
que o Auto de Infração nº 43524 lavrado em 30/04/2004, versou sobre
o exercício fiscal do ano 2003.

Neste passo, tendo o supracitado o Auto n° 99.35162-001,


objeto desse processo, versado sobre o mesmo exercício fiscal, no
caso o do ano de 2003, quando ao presente, apenas deverá produzir
efeitos jurídicos relativo a competência 2004, sob pena de violar as
normas tributárias, que vedam a repetição de cobrança do mesmo
tributo, reflexo de um fato gerador.

Ademais, como o auto nº 43524 foi lavrado em momento


anterior ao auto n° 99.35162-001, adquire este, em razão do critério
temporal, preferência em relação ao Auto subsequente.

Destarte, a posicionamento seguido pela Corregedoria de


Julgamento, a respeito deste tópico, encontra-se em sintonia com
nosso ordenamento jurídico, e, portanto, deve ser mantido.

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 4


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b) o segundo ponto posto em análise, diz respeito à


aplicação do princípio da retroatividade benigna, por parte da
Corregedoria de Julgamento, que ao constatar a revogação do artigo
84 da Lei 5.900/96 vigente a época da autuação, pela Lei nº
7.079/09, reclassificou a penalidade atribuível ao Autuado, para a
do artigo 79 da Lei nº 5.900 atualmente vigente, de forma expressa
nos termos do art. 4 da lei nº 7.079/09.

Destaca-se que a Corregedoria de Julgamento, ao


reclassificar tal penalidade, agiu em plena observância aos ditames
legais, aplicando corretamente o supracitado princípio.

Desta feita, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, entender que o
posicionamento perfilhado pela Corregedoria de Julgamento, em ambos
os pontos analisados, não carecem de retoques.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 31/10/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 31/10/2013


PROCESSO: 1500- 000403-08 (02 volumes) e CTE 121/2012.
ANEXOS: 1500-009934/2008 e 1500-034788/2010 e 1500-042953/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.72217-002.
AUTUADA: CHEVRON BRASIL LTDA.
ATUAL RAZÃO SOCIAL: IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.001550-9.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.392/2011.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE(S): SIMONE DE LIMA VASCONCELOS SIMONE DE LIMA VASCONCELOS.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 248/2013

EMENTA- ICMS. Falta de recolhimento do


imposto das aquisições de álcool etílico
hidratado realizadas em outra unidade da
Federação, em relação às operações internas
subsequentes, não retido pelo remetente.
Responsabilidade solidária do adquirente
quanto ao ICMS Substituição Tributária não
recolhido. Incidência do ICMS entre
estabelecimentos do mesmo contribuinte.
Recurso ordinário conhecido e não provido.
Decisão a quo mantida na íntegra.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa CHEVRON BRASIL LTDA, atualmente
denominada de IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A., já devidamente qualificada
nos autos, do lançamento de crédito tributário, composto de imposto e multa, originariamente
no valor de R$ 15.888,28 (quinze mil, oitocentos e oitenta e oito reais e vinte e oito centavos),
pelo fato de, em tese, o sujeito passivo não ter recolhido o ICMS Substituição Tributária, na

ACÓRDÃO CTE Nº 248/2013 Página 1


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qualidade de substituído, de álcool etílico hidratado vindo de outro estado sem a devida
retenção na operação anterior pelo remetente.
Como substrato legal, foram considerados o art. 23, I, e parágrafo único do art. 26 da Lei n.º
5.900/96, o Protocolo ICMS 17/04, o Decreto n.º 1.897/04 e a Instrução Normativa SARE n.º
018/04, e proposta a aplicação da penalidade prevista no art. 90-A da referida Lei.
Como conjunto probatório, destacam-se as cópias das Notas Fiscais n.º 151572 e 151573, o
extrato de arrecadação do contribuinte e cópias do Livro Registro de Entradas n.º 26.
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as contrarrazões pela autuante, foi proferida a
Decisão nº 18.392/2011, tendo o julgador singular decidido pela procedência do lançamento
com a seguinte ementa:
EMENTA: ICMS – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – Lançamento de ofício de crédito
tributário. Falta de recolhimento do imposto das aquisições de álcool etílico hidratado
realizadas em outra unidade da Federação, em relação às operações internas subsequentes,
não retido pelo remetente. Responsabilidade solidária do adquirente. Razões de defesa
incapazes de elidir o feito fiscal. Ilícito fiscal documentalmente comprovado.
LANÇAMENTO PROCEDENTE.
Intimado da decisão supracitada, o sujeito passivo apresentou Recurso Ordinário, pedindo a
improcedência do lançamento de ofício, alegando que:
1. a peça recursal é tempestiva;
2. que a operação interestadual é de transferência entre estabelecimentos do
mesmo contribuinte, e o que é localizado aqui em Alagoas seria o substituto
tributário, responsável pelo recolhimento do ICMS Substituição Tributária
quando da revenda da mercadoria e não o que estaria localizado em
Pernambuco;
3. o Protocolo ICMS 17/04 determina o recolhimento antecipado do ICMS na
operação própria do remetente e não o ICMS da Substituição Tributária;
4. mesmo que admitindo a cobrança do tributo aqui lançado, o estado competente
para sua cobrança seria Pernambuco e não Alagoas;

ACÓRDÃO CTE Nº 248/2013 Página 2


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5. as operações realizadas são transferências da filial localizada em outra unidade


da Federação para a filial situada no Estado de Alagoas, sobre as quais não há
incidência do ICMS conforme Súmula do STJ nº 166;
6. a multa aplicada seria confiscatória e portanto inconstitucional.
Respondendo ao recurso e pedindo pela procedência da peça vestibular, o Representante
Fiscal argumenta que as notas fiscais n.º 151572 e 151573 são provas inequívocas da infração
imputada. E que a intenção da contribuinte ao exercitar seu direito de defesa é apenas
procrastinatória, tendo o auto de infração em epígrafe todos os elementos constitutivos do
crédito tributário.
Após, foi feita diligência para confirmação da legitimidade da representante legal do
contribuinte para impetrar a peça recursal, no qual foi atendida com a juntada dos documentos
solicitados.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de Recurso Ordinário, impetrado por representante legal do contribuinte, da Decisão


nº 18.471/2012, de Primeira Instância, conforme previsto no art. 45, I, § 1º e art. 46, ambos da
Lei nº 6.771/06.
Quanto à tempestividade para a impetração da peça recursal, verifico nos autos que o
contribuinte foi intimado apenas por edital, indo de encontro aos incisos do art. 11, porém,
resta concluir que o comparecimento do administrado supriu a falta da regular intimação do
auto de infração protocolizado, nos termos da Lei nº 6.771/06, art. 11, § 3º 1.

1
Art. 11...
§ 3º É, também, modo válido de intimação a tomada de conhecimento, nos autos de processo ou em outro documento
oficial, da exigência de crédito tributário ou da imposição de qualquer dever jurídico, inclusive quanto à ciência de
decisões de litígios em qualquer instância administrativa.

ACÓRDÃO CTE Nº 248/2013 Página 3


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Tem-se que o caso aqui julgado refere-se à exigência de crédito tributário composto por
ICMS e multa, pelo fato, de em tese, o sujeito passivo não ter recolhido o ICMS Substituição
Tributária, na qualidade de substituído, de álcool etílico hidratado vindo de outro estado sem a
devida retenção na operação anterior pelo remetente.
Conforme o brocardo “tantum devolutum quantum appellatum”, daqui delimito o voto à
análise exclusiva da matéria especificamente impugnada na peça recursal em relação aos
fundamentos da decisão monocrática (art. 46, § 1º, da Lei nº 6.771/06 e art. 514, II, do Código
de Processo Civil - CPC ). Impende destacar a importância de demarcar o objeto do recurso,
evitando, desse modo, que questões já decididas e preclusas venham novamente à discussão
administrativa.
No tocante a incidência ou não do ICMS nas operações entre as filiais, cumpre observar que a
lei estadual considera como autônomo, para fins de escrituração dos livros fiscais e
recolhimento do imposto, cada estabelecimento de uma mesma pessoa jurídica, conforme
estipula o art. 19, § 3º, da Lei Estadual nº 5.900/96, a seguir transcrito:

Art. 19 - Estabelecimento é o local, privado ou público, edificado ou não, próprio ou de


terceiro, onde pessoa física ou jurídica exerça sua atividade em caráter permanente ou
temporário, bem como onde se encontre armazenada mercadoria.
(...)
§ 3º - Considera-se como estabelecimento autônomo, para efeito de manutenção e
escrituração de livros e documentos fiscais e, quando for o caso, para recolhimento do
imposto relativo às operações e prestações nele realizadas, cada estabelecimento produtor,
extrator, gerador, inclusive de energia, industrial, comercial e importador ou prestador de
serviços de transporte e de comunicação, do mesmo contribuinte, ainda que as atividades
sejam integradas e desenvolvidas no mesmo local. (grifo nosso)
Em decorrência desta autonomia dos estabelecimentos, tem-se que as saída de mercadoria
delas é considerada fato gerador do ICMS, ainda que tais operações ocorram entre

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estabelecimentos do mesmo titular. É assim que dispõe a legislação correlata à época e ainda
hoje vigente:

Lei Complementar n.º 87/96

“Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:


I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro
estabelecimento do mesmo titular;
(...).”

Lei n.º 5.900/96

“Art. 2º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:


I - da saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;
(...).”
Ainda pelo apego ao debate, trazemos a lume as elucidativas palavras de Hugo de Brito
Machado, o qual, debruçando-se sobre o tema, assim nos ensina:

“Considera-se, outrossim, operações relativa à circulação de mercadoria a simples


transferência desta entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, embora não ocorra,
nesse caso, a transmissão da propriedade da mercadoria, posto que o sujeito do direito de
propriedade é a pessoa jurídica. A lei considera, para esse fim, como contribuinte autônomo
cada estabelecimento da mesma pessoa jurídica, e diz expressamente que se considera
ocorrido o fato gerador do imposto no momento da saída de mercadoria do estabelecimento
do contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular. Não há, como pode
parecer, inconstitucionalidade no dispositivo da lei que define o fato gerador do ICMS a
transferência de mercadoria entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, porque esta

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transferência cabe perfeitamente no conceito de operação relativa à circulação de


mercadoria...“
(MACHADO, Hugo de Brito. Aspectos Fundamentais do ICMS. São Paulo: Dialética, 1997)
Quanto à Súmula nº 166 do Superior Tribunal de Justiça, ela não tem força vinculante nem
judicialmente, nem administrativamente, e sim de orientação quanto ao pensamento
predominante na Corte.
Mais do que isso, não considerar tal legislação federal e estadual posta, passaria pela análise
de suas inconstitucionalidades, o que está fora da competência deste juízo administrativo, em
face da expressa vedação legal contida nos arts. 23, § 3º, I e 28, § 1º , da Lei Estadual nº
6.771/06.
Tanto é assim que, no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ, os
estados de Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe, tendo em vista o interesse e necessidade de
estabelecer procedimentos uniformes para recolhimento do ICMS nas operações com álcool
etílico hidratado combustível - AEHC celebraram à época o Protocolo ICMS 17/04, norma
específica e especial 2 de substituição tributária em relação à essa mercadoria, que foge a regra
geral da cláusula quinta, inciso I do convênio ICMS 81/93.
A norma citada é taxativa quanto ao recolhimento do ICMS pelo remetente, substituto
tributário, ou pelo destinatário, contribuinte substituído, responsável solidário, se aquele não o
fizer:
PROTOCOLO ICMS 17/04
Cláusula segunda O estabelecimento industrial ou comercial que promover saída interna ou
interestadual de AEHC ou de álcool para fins não-combustíveis, antes de iniciada a remessa,

2
Convênio ICMS 81/93, que estabelece normas gerais a serem aplicadas a regimes de
substituição tributária, instituídos por Convênios ou Protocolos firmados entre os Estados e o
Distrito Federal:
Cláusula décima quarta Os Convênios ou Protocolos firmados entre as unidades da Federação
poderão estabelecer normas específicas ou complementares às deste Convênio.

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efetuará o recolhimento do imposto destacado na Nota Fiscal relativa à operação de saída,


observando-se:
...
§ 2º Fica facultado às Unidades da Federação signatárias deste Protocolo, atribuir a
responsabilidade pelo recolhimento do imposto, na forma prevista nesta Cláusula, ao
estabelecimento adquirente da mercadoria, nos termos da respectiva legislação estadual.
...
Cláusula terceira Fica atribuída a condição de sujeito passivo por substituição ao
estabelecimento que promover saída interestadual de AEHC ou de álcool para fins não-
combustíveis, quanto à antecipação de parcela do imposto, em favor da Unidade da Federação
de destino, observando-se:
...
Cláusula quarta Nas entradas de AEHC e álcool para fins não-combustíveis provenientes de
outra Unidade da Federação não-signatária deste Protocolo ou na hipótese de o imposto não
ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos da cláusula terceira, o
recolhimento será realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da mercadoria pela
primeira unidade fiscal da primeira Unidade da Federação do percurso, ainda que distinta
daquela de destino, observando-se:

Inclusive o dito protocolo só faz duas exceções de não recolhimento, nenhuma das duas é o
caso concreto aqui julgado, que é operações de transferência de álcool etílico hidratado
combustível entre as filiais:
PROTOCOLO ICMS 17/04
Cláusula quinta O disposto neste Protocolo não se aplica:
I - às operações com AEHC, tendo como remetente distribuidora de combustíveis e como
destinatário posto revendedor de combustíveis, um e outro conforme definidos e autorizados
pelo órgão federal competente, desde que o ICMS - Substituição Tributária esteja
devidamente destacado na respectiva Nota Fiscal;

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II - às operações com álcool para fins não-combustíveis acondicionado em embalagem


própria para venda no varejo a consumidor final.

O Protocolo ICMS 17/04, foi regulado no Estado de Alagoas pelo Decreto nº 1.897/04 que
mantem a sistemática adotada:
Art. 3º Fica atribuída ao estabelecimento que promover saída interestadual de AEHC, ou de
álcool para fins não-combustíveis, localizado em uma das Unidades da Federação indicadas
no art. 1º deste Decreto, e destinado ao Estado de Alagoas, a responsabilidade pelo
recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida a esse Estado,
observando-se o que segue:
...
Art. 4º Nas operações interestaduais com Álcool Etílico Hidratado Combustível - AEHC e
com álcool para fins não-combustíveis destinadas a contribuintes estabelecidos no Estado de
Alagoas, provenientes de Unidades Federadas não indicadas no art. 1º, ou na hipótese de o
ICMS não ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos do art. 3º, ambos
deste Decreto, o recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida
ao Estado de Alagoas, deve ser realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da
mercadoria na primeira repartição fiscal pertencente à primeira das Unidades Federadas do
percurso indicadas no art. 1º, observando-se o que segue:
...
§1º Na hipótese da mercadoria ser destinada ao Estado de Alagoas, e a cobrança do ICMS não
tiver sido efetuada em nenhuma das Unidades Federadas referidas no art. 1º deste Decreto, o
recolhimento do mesmo deve ser efetuado na primeira repartição fiscal de entrada em
território alagoano, acrescido de penalidades, conforme legislação pertinente.
§2º O disposto no "caput" deste artigo não se aplica às operações interestaduais tendo como
remetente Distribuidora de Combustíveis e como destinatário Posto Revendedor de
Combustíveis, ambos conforme definidos e autorizados pelo órgão federal competente, desde
que o ICMS - Substituição Tributária esteja devidamente destacado na Nota Fiscal.

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Portanto, vinda a mercadoria em operação interestadual sem o recolhimento do ICMS


Substituição Tributária pelo remetente de outro estado, o destinatário aqui em Alagoas se
torna responsável solidário pelo pagamento do imposto não recolhido. E o imposto é devido
para Alagoas, estado federado competente para cobrá-lo, como claramente está na legislação.
Dessa forma, inclusive, como não poderia deixar de ser, por ser matéria de reserva legal – art.
128 do Código Tributário Nacional - a responsabilidade solidária do substituído localizado
aqui em Alagoas está determinada no parágrafo único, art. 26 da Lei n.º 5.900/96:
“Art. 26. (...)
Parágrafo único. O contribuinte que receber, de dentro ou de fora do Estado, mercadoria
sujeita à substituição tributária, sem que tenha sido feita a retenção total na operação anterior,
fica solidariamente responsável pelo recolhimento do imposto que deveria ter sido retido.”
E não se trata da operação própria da remessa interestadual do álcool, mas das operações
subsequentes devido o ICMS Substituição Tributária à Alagoas, como se verifica pelo cálculo
do imposto:
Protocolo ICMS 17/04

Cláusula quarta Nas entradas de AEHC e álcool para fins não-combustíveis provenientes de
outra Unidade da Federação não-signatária deste Protocolo ou na hipótese de o imposto não
ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos da cláusula terceira, o
recolhimento será realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da mercadoria pela
primeira unidade fiscal da primeira Unidade da Federação do percurso, ainda que distinta
daquela de destino, observando-se:
Nova redação dada ao inciso I da cláusula quarta pelo Prot. ICMS 43/04, efeitos a partir de
07.10.04
I - o montante do imposto será aquele resultante da aplicação da alíquota prevista para o
produto nas operações internas sobre o valor da operação ou o valor de referência

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estabelecido pela Unidade Federada de destino, prevalecendo o que for maior, deduzindo o
valor resultante da aplicação da alíquota interestadual sobre o valor da operação.”
Decreto nº 1.897/04:
Art. 3º Fica atribuída ao estabelecimento que promover saída interestadual de AEHC, ou de
álcool para fins não-combustíveis, localizado em uma das Unidades da Federação indicadas
no art. 1º deste Decreto, e destinado ao Estado de Alagoas, a responsabilidade pelo
recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida a esse Estado,
observando-se o que segue:
I - o valor do imposto será a diferença entre os valores resultantes da aplicação da alíquota de
25% (vinte e cinco por cento), quando se tratar de álcool Etílico Hidratado Combustível ou de
17% (dezessete por cento), quando se tratar de álcool para fins não-combustíveis, e da
aplicação da alíquota de 12% (doze por cento) ou de 7% (sete por cento), a depender da
origem da mercadoria, sobre o valor da operação;
II - o recolhimento do imposto retido destacado na Nota Fiscal de saída, previsto no inciso I,
deve ser efetuado, antes de iniciada a remessa da mercadoria para o Estado de Alagoas, por
meio de Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais - GNRE, sob o código de
receita 10008-0 (ICMS - Recolhimentos Especiais), devendo o correspondente documento de
arrecadação, devidamente quitado, acompanhar a mercadoria;
...
Art. 4º Nas operações interestaduais com Álcool Etílico Hidratado Combustível - AEHC e
com álcool para fins não-combustíveis destinadas a contribuintes estabelecidos no Estado de
Alagoas, provenientes de Unidades Federadas não indicadas no art. 1º, ou na hipótese de o
ICMS não ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos do art. 3º, ambos
deste Decreto, o recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida
ao Estado de Alagoas, deve ser realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da
mercadoria na primeira repartição fiscal pertencente à primeira das Unidades Federadas do
percurso indicadas no art. 1º, observando-se o que segue:
I - o cálculo do ICMS deve ser feito na forma estabelecida no inciso I do art. 3º deste Decreto;

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Quanto à multa aplicada ser confiscatória, o que violaria a Constituição Federal, informo que
este juízo administrativo não pode analisar a matéria, direta ou indiretamente, conforme os
arts. 23, § 3.º, I, e 28, § 1.º, da Lei Estadual 6.771/06.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA, POR UNANIMIDADE
DE VOTOS, conhecer do presente recurso ordinário para NEGAR-LHE PROVIMENTO,
mantendo na íntegra a decisão singular nº 18.392/2011.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 31 de outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº41 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 05/11/2013


Processo: 1500-006.976/2010 e CTE nº 241/2011.
Anexo: 1500-011.725/2010.
Auto de Infração: 90.00322-001, de 09/04/2010.
Autuada: MAXCASA COMERCIAL LTDA.
Inscrição Estadual: 24.105.601-2.
Decisão Monocrática: 17.801/2011.
Assunto: Reexame Necessário.
Autuante: Raimundo Marques de Carvalho Neto
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
Presidente: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO Nº249/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação Principal. 1) Deixar


de recolher ICMS referente ao estoque final
inventariado no desenquadramento da inscrição
normal (24.103.464-7) para a inscrição EPP nº
24.601.400-8 (EPP) e desta para a inscrição
no cadastro sincronizado de nº 24.105.601-2,
conforme artigos 2º, V; e 3º, I; do RICMS/91,
cuja penalidade é aquela prevista no artigo
123, XVII, da Lei nº 5.900/1996. 2) A acusação
fática descrita na peça inicial não possui
respaldo legal para fazer nascer a obrigação
tributária e ser exigido o respectivo credito
tributário tendo em vista que a mudança na
situação cadastral da autuada de ativa para
inativa-enquadramento não é caracterizadora da
circunstância material ensejadora da presunção
legal de mercadorias estocadas para vendas no
encerramento das atividades comerciais. 3)
Para configurar presunção legal de mercadorias
estocadas para saídas do estabelecimento seria

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necessário que a autuada tivesse encerrado


suas atividades comerciais em 31/12/2005 (não
consta nos autos nenhum documento que comprove
essa situação). 4) Lançamento Improcedente por
falta de provas. 5) Reexame Necessário
conhecido e improvido. Mantida a decisão
singular.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa MAXCASA COMERCIAL LTDA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
31.026,99 (trinta e um mil, vinte e seis reais e noventa e
nove centavos), por haver a empresa autuada deixado de
recolher o ICMS de seu estoque final inventariado, cujo valor
de base de cálculo era de R$ 123.688,16 (cento e vinte e três
mil, seiscentos e oitenta e oito reais e dezesseis centavos),
cuja falta de recolhimento ocorreu quando do enquadramento de
sua inscrição normal número 24.103.464-7, para microempresa,
inscrição número 24.601.400-8, no mês de Dezembro/2005.

Apontados como infringidos os artigos 2º, V;


3º, I; e 49, VIII, do RICMS/1991. Sugerida a aplicação da
penalidade prevista no artigo 123, XVII, da Lei nº 5.900/1996.

Instrui a inicial, os relatórios de dados


cadastrais do contribuinte e do cadastro sincronizado; cópias
da FAC - ficha de atualização cadastral; LRIM; da IF nº 57001
e do livro RUDFTO nº 01 (um).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestiva, com


as seguintes alegações:

1) Que, o auto de infração não tem a ver com


a realidade dos fatos, pois, a autuada não encerrou suas
atividades comerciais, logo, não guarda nenhuma relação com os

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tipos tributários utilizados no lançamento; o principio da não


cumulatividade não foi observado, uma vez que foi tributado
17% (dezessete por cento) sobre a base de cálculo sem ter
considerado o crédito das aquisições anteriores.

2) Que, caso ocorreu bis in idem porque não


teria razão para cobrar o imposto novamente sobre uma base de
calculo que já sofreu tributação pela substituição tributária
ou pelo pagamento do ICMS antecipado; não houve o encerramento
de suas atividades comerciais (artigo 3º, I, do RICMS/91). Por
fim, pede a improcedência da autuação.

Foram anexadas com a defesa, cópias do


comprovante de inscrição e situação cadastral no CNPJ; da
ficha cadastral do contribuinte; do LRAICMS; do extrato de
arrecadação do contribuinte; do LRIM; e um DAR de pagamento.

DAS CONTRARRAZÕES

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que nos autos não consta
nenhuma comprovação do encerramento de atividades da empresa;
a mudança do regime de tributação para outro (enquadramento,
reenquadramento) não constitui encerramento das atividades
comerciais, tendo em vista que a continuidade das operações
comerciais foi de forma ininterrupta; os artigos 2º, V; e 3º,
I; do RICMS/1991 (normas argüidas) e a norma da penalidade que
foi proposta (artigo 123, da Lei nº 5.900/1996), não possuem
qualquer relação com a conduta apontada na inicial; e por este
motivo pede a improcedência da autuação.

Em 04/04/2011, foi proferida a Decisão nº


17.801/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. As alegações de inobservância


do principio da não cumulatividade e a
argüição do fato modificativo de bis in idem,
será rejeitada. 2. A acusação fática descrita
no A.I. não encontra fundamento legal para
fazer nascer a obrigação tributária e ser
exigido o respectivo credito tributário, pois
a mudança na situação cadastral do

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contribuinte de ativo para inativo-


enquadramento, não caracteriza a circunstancia
material que daria ensejo a presunção legal de
saídas de mercadorias. 3. Para que a imputação
da presunção legal de saídas de mercadorias do
estabelecimento fosse perfeita seria
necessário que a empresa tivesse encerrado
suas atividades em 31/12/2005. Entretanto, não
consta nos autos qualquer documento a esse
respeito. 4. Há prova da existência do
estabelecimento, constatado pelo funcionário
dos correios que procedeu a intimação fiscal,
bem como fortes indícios de atividade
empresarial no local conforme extrato de
arrecadação do contribuinte. 5. Não há que se
falar em obrigação tributária, visto que não
foi provada a ocorrência do fato gerador e de
suas circunstâncias materiais necessárias a
produção de seus efeitos. 6. Lançamento do
crédito tributário IMPROCEDENTE. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o relatório.

VOTO

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.801/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração nº 90.00322-001.

O Reexame Necessário se refere tão somente à


Improcedência do Lançamento. Nesse passo, não houve ofensa ao
princípio da não cumulatividade com relação às mercadorias
existentes no estoque em 31/12/2005; haja vista, que estavam
escrituradas no LRIM com dedução de crédito do ICMS e
escrituradas no LREM na data de aquisição. Também não houve

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bis in idem sobre as mercadorias da substituição tributária


(não se comprovou o pagamento das mercadorias nesta situação e
que constavam do estoque em 31/12/2005); nem das mercadorias
com antecipação tributária na mesma data, vez que o pagamento
do ICMS antecipado não encerra a fase de tributação.

Nesse passo, a acusação posta na inicial não


possui respaldo legal para constituir a obrigação tributária e
exigir o credito tributário, haja vista, que a autuada não
encerrou suas atividades em 31/12/2005, apenas mudou de regime
de tributação, ou seja, sua situação cadastral mudou de ativa
para inativa-enquadramento não caracterizando o encerramento
de atividade conforme previsto no artigo 3º, I, do RICMS/1991,
circunstância material que daria ensejo a presunção legal de
saídas de mercadorias sem documentação fiscal.
“Art. 3º - Considera-se saído do estabelecimento:

I - na data do encerramento de suas atividades, a mercadoria


constante do estoque;
(...)

Para que a presunção legal de saídas de


mercadorias se configurasse seria necessário que a autuada
encerrasse suas atividades comerciais em 31/12/2005, ocasião
em que deveria apurar seu estoque final e recolher o ICMS a
ele referente. E, mesmo que suas atividades comerciais
tivessem se encerrado naquela data, este fato deveria ter sido
comunicado à SEFAZ/AL, que adotaria o procedimento adequado a
situação; até porque, inatividade não significa a dissolução
da sociedade, mas seu funcionamento de maneira irregular como
conforme determina o artigo 49, II, do RICMS/1991.

É certo que o fisco apenas comprovou que a


situação cadastral da autuada na época da autuação era de
inativa–enquadramento. Some-se a isto, que a multa sugerida na
inicial não possui nenhuma subsunção com a situação fática,
haja vista, que o artigo 123, da Lei nº 5.900/1996, se destina
as infrações relacionadas ao ECF (Equipamento Emissor de Cupom
Fiscal). A infração não está comprovada e o lançamento é
Improcedente como acertadamente decidiu o julgador singular.
“Art. 123 - O uso ou não de equipamento de controle fiscal ou de
sistema eletrônico de processamento de dados para emissão ou
escrituração de documentos ou livros fiscais, nas hipóteses
abaixo discriminadas, acarretará as seguintes penalidades:
(...)

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XVII – adulterar ou permitir a adulteração de valores


armazenados em equipamento de controle fiscal
(...)”

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário, negar-lhe provimento. Mantida
a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 05 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº41 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 05/11/2013


PROCESSO: 1500-003.684/2006 e CTE nº 081/2012.
ANEXOS: 1500-011.058/2006.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.39967-002, de 07/02/2006.
AUTUADA: LAUDICEIA MEDEIROS ARAUJO COSTA – ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.845.306-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.512/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Raimundo Pedro de Almeida
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO Nº250/2013

EMENTA: ICMS - Microempresa. 1) Limite da


receita bruta anual ultrapassado. Manutenção
indevida no regime de tributação diferenciada
e simplificada. 2) Ocorrido desenquadramento,
dá-se o ingresso imediato na sistemática
normal de apuração do imposto (artigo 7º,
§5º, II, da Lei Estadual nº 6.271/2001). 3)
Crédito tributário apurado em total desacerto
com a legislação vigente, tornando incabível
a aplicação da margem de agregação sobre as
compras com o intuito de determinação das
saídas. 4) A apuração do imposto conforme as
notas fiscais de saídas acostadas comprovam
que não existe qualquer saldo de imposto a
ser recolhido. 5) Infração não comprovada.
Lançamento Improcedente. Reexame Necessário
conhecido e improvido. Mantida a Decisão da
Primeira Instância Administrativa.

RELATÓRIO

Acórdão CTE nº250 Página 1


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Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa


LAUDICEIA MEDEIROS ARAUJO COSTA - ME, já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
87.221,97 (oitenta e sete mil, duzentos e vinte e um reais e
noventa e sete centavos), por haver a empresa autuada deixado
de recolher ICMS ao ultrapassar o limite da receita bruta
anual (artigo 3º, II, da Lei nº 6.271/2001) no período de
01/06/2004 a 30/10/2005.

Apontados como infringidos os artigos 49, VIII; e 1.000


do RICMS/91; 7º, § 5º, II, da Lei Estadual nº 6.271/2001.
Sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 16, II,
da Lei Estadual nº 6.271/2001.

A inicial está instruída com relatório de compras e


vendas de Mercadorias; planilha de apuração do ICMS; resumo de
débito do auto de infração; relatório de dados cadastrais do
contribuinte; cópias do cartão de autógrafo; da Intimação
Fiscal nº 35.873; resumo geral de AIDF por contribuinte;
relatório de cruzamento de DAC com arrecadação do ICMS e
débitos fiscais relativos ao período de 05/2003 a 10/2005;
cópias dos termos de início e encerramento da fiscalização;
cópias do LREM nº 01; das notas fiscais de entrada; e das
notas fiscais de saídas.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva, com as


seguintes alegações:

1) Que, a autuação padece de nulidade por descumprir o


que determina o artigo 896, I, do RICMS 19/91, já que não
houve notificação pessoal anteriormente àquela tentada por via
postal; suas transações comerciais estão registradas nos
livros fiscais, sendo inadmissível a modificação de sua
escrita fiscal sem nenhuma justificativa; o desenquadramento
da condição de microempresa foi de ofício, não possibilitando
o exercício da ampla defesa e do contraditório; a constatação
de que uma empresa ultrapassou o limite de receita ocorre
quando o montante das notas fiscais de saídas supera o limite
estipulado pela legislação o que não ocorreu no presente caso
como mostram as cópias das notas fiscais anexadas; não foram

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consideradas mercadorias sujeitas à substituição tributária,


isentas ou não tributadas prejudicando o montante apurado.

2) Que, o desenquadramento de ofício pelo Fisco está


condicionado à prévia notificação da autuada, conforme artigo
7º, §3º, da Lei nº 6.271/2001, o que não foi observado; não
deve prosperar qualquer sanção, pois mesmo após notificada do
desenquadramento a autuada teria direito ao recolhimento pela
sistemática normal sem qualquer penalidade conforme artigo 7º,
§5º, II, da Lei nº 6.271/2001; a multa proposta fere o
princípio constitucional da vedação ao confisco; o
levantamento fiscal não levou em consideração o direito ao
crédito do ICMS destacado nas notas fiscais; não foram
apresentadas cópias das notas fiscais de entrada e de saída
que serviram de base para o levantamento. Por fim, pede a
improcedência do auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando que a


intimação do auto de infração pode ser entregue por via
postal, conforme artigo 896, II, do RICMS/91; o critério de
apuração do ICMS utilizou a margem de agregação do artigo
1.000, do RICMS/91, para determinar as saídas, pois a autuada
omitiu vendas, já que suas compras declaradas e escrituradas
no LREM em quase todos os meses foram sempre superiores aos
montantes das vendas efetuadas com notas fiscais emitidas; e,
para constatar que a autuada ultrapassou o limite de receita
bruta anual definida para microempresas é bastante observar
que o volume de compras efetuado, por si só, atinge o valor
acima estipulado. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 28/02/2012, foi proferida a Decisão nº 18.512/2012,


de Primeira Instância, que julgou como sendo Improcedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. Microempresa. Limite de receita bruta anual


ultrapassado. Manutenção indevida no regime diferenciado e
simplificado de tributação. Ocorrida a hipótese de
desenquadramento, dá-se o ingresso do contribuinte na
sistemática normal de apuração, ex vi do art. 7º, § 5º, II, da
Lei Estadual nº 6.271/01. Desacerto na quantificação do
crédito tributário. Incabível a aplicação de margem de

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agregação sobre as compras com o fito de determinação das


saídas. A apuração do imposto conforme notas fiscais de saídas
acostadas revelam a inexistência de saldo de imposto a
recolher. Lançamento IMPROCEDENTE. Reexame necessário pelo
Conselho Tributário Estadual, ex vi do arts. 48, I e 49, § 1º,
da Lei Estadual nº 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.512/2012, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração nº 99.39967-002.

O lançamento cobra imposto e multa sob a acusação de que


a autuada ultrapassou o limite de receita bruta previsto para
microempresa ao se manter indevidamente neste regime
(diferenciado e simplificado) quando já deveria recolher o
imposto pela sistemática normal de tributação.

Como afirma o julgador singular o exame de mérito trata


da possibilidade ou não de considerar as entradas para fins de
apuração da receita bruta anual da autuada, e, que tal
discussão se mostra inócua ante as provas acostadas ao
processo, basta uma rápida leitura do relatório de cruzamento
da DAC com arrecadação do ICMS e débitos fiscais para se
confirmar que o somatório das saídas e não das entradas,
extrapolou o limite de receita bruta anual previsto no artigo
3º, I, da Lei Estadual nº 6.271/2001, já no mês de junho/2004,
e, estes valores constam detalhadamente da coluna Receita
Bruta Acumulada, fato corroborado pelas notas fiscais de
saídas anexadas ao processo.

Nesse passo, resta evidenciado que a autuada incorreu na


hipótese de desenquadramento prevista no artigo 7º, III, da
Lei Estadual nº 6.271/2001.

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“Art. 7º - O desenquadramento consiste na perda da condição de


microempresa, empresa de pequeno porte ou ambulante, conforme
couber, e ocorre quando o contribuinte:
(...)

III - ultrapassar o limite de receita bruta anual previsto no


artigo 3º;
(...)”

Porém, é necessário observar-se a previsão do §5º, II, do


mesmo artigo, o qual determina o ingresso imediato da autuada
na sistemática normal de apuração do ICMS na hipótese de
desenquadramento já a partir do mês subseqüente a ocorrência
deste fato (desenquadramento). O artigo 39, §2º, da Lei nº
5.900/96, prevê que os débitos serão constituídos pelos
valores resultantes da aplicação das alíquotas cabíveis sobre
as bases de cálculo das operações ou prestações tributadas e a
base de cálculo do imposto, por seu turno, consiste no valor
da operação de que decorrer a saída da mercadoria (artigos 6º,
I; e 2º, I, da Lei nº 5.900/96), sem prejuízo de se abater os
créditos das mercadorias com substituição tributária, isentas,
imunes ou com redução da base de cálculo.

Assim, está correta a autuada ao alegar que não é


admissível alterar sua escrituração fiscal sem nenhuma
justificativa, pois, a hipótese de quantificação das saídas
mediante a aplicação de margem de agregação sobre as compras
se mostra descabida, sem suporte legal, haja vista, que a lei
determina que tal apuração se dê desta forma no regime normal;
não cabe outra metodologia de cálculo senão aquela do encontro
entre os débitos e créditos que estão registrados nos livros e
documentos fiscais da autuada. Assim, se o autuante pretendia
estipular uma base de cálculo em função de uma suposta omissão
de vendas, não atingiu tal objetivo:

A um, porque a menção a uma possível venda de mercadoria


desacompanhada de nota fiscal, conforme posto nas
contrarrazões, foge ao escopo do presente lançamento, que deve
cingir-se à descrição fática delineada na inicial.

A dois, porque o fato do volume de compras ser quase


sempre superior ao montante das vendas pode servir de indício
de omissão de saídas, mas não é uma prova cabal, e, se houve

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omissão de vendas deveria ter adotado um procedimento de


fiscalização capaz de demonstrar tal fato.

O Relatório de Cruzamento da DAC com Arrecadação do ICMS


e Débitos Fiscais (fls. 14 e 15, processo principal), bem
como, as cópias das notas fiscais de saídas emitidas no
período, são suficientes para que se constate que a autuada
não teve saldo devedor de ICMS a recolher em nenhum dos
períodos levantados. A situação que ensejaria a entrada da
autuada na sistemática normal de tributação existiu, mas, é
certo que esta sistemática de apuração do imposto não poderia
ter como resultado um saldo do imposto a ser recolhido pela
autuada, motivo, pelo qual se pode concluir que nesta situação
o lançamento é Improcedente como decidiu o julgador singular.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecerem do Reexame Necessário, negar-lhe provimento.
Mantida na íntegra a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 29 de janeiro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/11/2013


PROCESSO N º: 1500-001468/1993
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 048749
AUTUADA: USINA BITITINGA S A
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 252/2013

EMENTA- REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. DEIXAR DE RECOLHER ICMS, EM
RAZÃO DO USO DE CRÉDITO INDEVIDO. AUSÊNCIA
DE ELEMENTOS QUE DETERMINE, COM SEGURANÇA,
IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise da


decisão administrativa n° 17.701/2011, esta, por sua vez, julgou nulo o lançamento do crédito
tributário presente no Auto de Infração n° 048749.
Descreve o referido Auto, que o contribuinte utilizou-se indevidamente
de créditos fiscais, referente aos meses de Agosto e Setembro de 1991, que resultaram na
falta de recolhimento do ICMS, além de não ter atendido a intimação fiscal nº 127123/92.
Desta feita, o Autuado teria violado o artigo 94 do Dec. 35.245/91,
aplicando-se, por conseguinte, a penalidade dos artigos 817 e 827 do mesmo Decreto.
Em sede de defesa, o sujeito passivo argui que o Auto de Infração
deixou de mencionar as razões pelas quais considerou indevido o crédito que supostamente
teria sido utilizado pela empresa, desrespeitando, dessa forma, os princípios do contraditório e
da ampla defesa, albergados por nossa carta maior, no artigo 5º, inciso IV, além de estar em
descompasso com o artigo 4º, inciso II, do Decreto nº 38.835/91
Já nas contrarrazões, a autuante além de ratificar o posicionamento
adotado pelos fiscais no Auto de Infração, aduz que: a) o contribuinte procurou confundir o
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processo, ao misturar os significados de crédito fiscal e de correção fiscal; b) o lançamento


diz respeito á escrituração de notas fiscais relativas a combustíveis, lubrificantes, fertilizantes
e energia elétrica; c) o contribuinte corrigiu o crédito fiscal monetariamente a sua maneira,
não apresentando autorização para tanto, por parte do secretário da fazendo; d) contribuinte
apresentou ICMS a recolher, referente aos meses de Setembro a Outubro de 1991.
Insta salientar que, a Coordenadoria da Auditoria Fiscal, solicitou aos
Autuantes que: a) descrevessem de forma clara e precisa os fatos que originaram a infração
disposta no item I da autuação; b) apresentassem o demonstrativo relacionado as notas
fiscais que implicariam na utilização de crédito indevido por parte da autuada; e c)
promovesse a revisão do dispositivo legal aplicado, para, caso necessário, promover a
recapitulação da infração.
Em resposta, os autuantes revelaram não ser possível apresentar o
demonstrativo relacionado às notas fiscais citadas, em virtude do encerramento das
atividades da autuada.
A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou que, a ausência
da relação e das cópias das notas fiscais que dariam subsídios e sustentação ao lançamento em
tela, fez este padecer de vício, em virtude da insuficiência de elementos probatórios aptos a
comprovar a aludida infração.
Neste passo, o julgador singular, observando o disposto no artigo 7º,
1
inciso IV, alínea “a” , da Lei nº 6.771/2006, entendeu ser nulo o lançamento constante no
Auto de Infração nº 048749, consoante se pode denotar da seguinte ementa da decisão
singular nº 17.701/2011:
ICMS. Obrigação Principal. Deixar de recolher ICMS, em razão do uso de
crédito indevido. Ausência de elementos que determine, com segurança, a infração.
LANÇAMENTO NULO. (alínea “a” do Inciso IV, do art. 7º, da Lei nº 6.771/2006). Reexame
Necessário pelo CTE (art. 48 da Lei nº 6.771/2006 – duplo grau de jurisdição administrativa
necessário).

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo ao voto da


decisão singular n° 17.701/2011.
Considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao devido
processo legal, passa-se ao mérito da questão.
O cerne da questão em atino, diz respeito ao posicionamento adotado
pela Coordenadoria de Julgamento, que entendeu ser Nulo o Lançamento do Crédito
Tributário consubstanciado pelo Auto de Infração nº 048749.

ACÓRDÃO CTE Nº 252/2013 Página 2


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Em suas razões, o julgador singular aduz que a Autuação “não contém


elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o infrator”, dando
continuidade, alega que a autuada não atendeu, satisfatoriamente, ao pedido de diligência
formulado pela Coordenadoria de Auditoria Fiscal, fl. 62 do processo nº 1500-000064/1993,
que teve por escopo suplantar as lacunas existentes no referido procedimento fiscal, por não
acostado aos autos elementos imprescindíveis à comprovação das supostas infrações,.
Considerando, portanto, Nulo o Auto de Infração nº 048749.
Vejamos, o Auto de Infração atesta que houve por parte do Autuado a
“utilização indevida de créditos fiscais, referentes aos meses de Agosto a Setembro de 1991,
que supostamente teriam resultado na falta de recolhimento de ICMS e não atendimento à
Intimação Fiscal nº 127123/92”, entrementes a Autoridade Exatora, não conseguiu comprovar
tais alegações, vez que não juntou aos Autos os elementos necessários e aptos a ratificar a
existência destas, quais sejam, a relação e a cópia das Notas Fiscais, relativas ao mencionado
período.
Ora, de fato, os motivos que fundam a decisão singular, não merecerem
retoques, tendo em vista que, a dilação probatória da Autuante é realmente insuficiente e não
teve o condão de comprovar o cometimento das infrações e penalidades por parte do Autuado.
O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo
administrativo tributário, prescreve em seu art. 333, I, que o autor é responsável pela
produção da prova quando buscar demonstrar o fato constitutivo do seu direito, nos seguintes
termos: art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
No caso em deslinde, como já explicitado, seria imprescindível
demonstrar que quais notas fiscais foram utilizada para fundamente o presente lançamento,
pois não há como transferir esse ônus ao contribuinte. Nesse passo se depreende do RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve


ser instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos


documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Ora, diante das normas acima, é bastante dizer que referido ônus
de juntar os documentos necessários para corroborar a infração indicada recai sobre o fisco,
haja vista que alegou suposto ato constitutivo de um direito da Fazenda, qual seja, o crédito
tributário. Lastreia-se, assim, a irregularidade fiscal presente.

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Em razão do exposto, vê-se, com o devido respeito, que a autoridade fiscal


falhou ao realizar instrução probatória do presente processo, fato este evidenciado através da
diligência propostas, realizadas visivelmente com o objetivo de regularizar a instrução
probatória.
Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a infração
consubstanciada, há, pois, a necessidade de que as demais cópias dos documentos fiscais
sejam acostadas a fim de dirimir as dúvidas concernentes às supostas divergências de
informações apresentadas.
Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera da tributação, por


exemplo, exigem que a relação obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese de incidência tributaria, razão pela qual
faz-se imprescindível que tanto os atos de lançamento e de aplicação de penalidades
como as decisões proferidas no curso de processo administrativo tributário sejam
pautados em provas. É mediante a linguagem das provas que se alcança a verdade lógica...”
2

Ora, é sabido que as normas adjetivas visam estabelecer regras a serem


aplicadas ao curso do processo, seja ele administrativo ou judicial, estabelecendo um
formalismo mínimo para que as partes possam dirimir seus conflitos.
No entanto, merece reforma na parte que decreta a Nulidade do Auto de
Infração, a partir da análise literal do artigo 7º, da Lei 6.771/2006, que deve ser interpretado
com granus salis, vejamos:

Art. 7º São nulos:


I - os atos praticados por autoridade, órgão ou servidor incompetente;
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
III - as decisões não fundamentadas;
IV - o lançamento de ofício:
a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o
infrator; e
b) em que se configure a ilegitimidade passiva.

Nota-se, no caso em liça que a Autoridade não acostou aos autos provas
suficientes para comprovar suas alegações, o que não compreende nenhuma das hipóteses
acima. Ora, apesar das situações de nulidade não serem taxativas, a ausência de provas
suficientes para sustentar o lançamento, torna-o insubsistente e não nulo.
De mais a mais, apesar de corroborarmos com as razões apresentadas
pela Decisão Singular nº 17.701/2011, entende-se que a decisão deve ser reformada, na parte

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros
Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.

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em que define ser Nulo o Auto de Infração nº 048749, tendo em vista que o entendimento
correto é pela IMPROCEDÊNCIA do referido Auto e NÃO por sua nulidade.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos conhecer do
reexame, para negar provimento a remessa, alterando apenas de nulo para improcedente.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 08 de novembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/11/2013


PROCESSO: 1500- 008216/1992 e CTE-144/10.
ANEXO(S): 1500- 006229/1992 e 1500-010409/2009.
AUTO DE INFRAÇÃO: 040961.
AUTUADO: PRIMOS ARRUDA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.63437-3
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 254/2013

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Omissão


de Saídas de Mercadorias conforme
levantamento financeiro. Preliminar de
Decadência afastada. Provas trazidas pelo
contribuinte suficientes para diminuição da
base de cálculo. Não ocorrência da
reincidência da infração. Aplicação da
penalidade prevista no art. 79, da Lei
Estadual nº 5.900/96, em face da
reclassificação legal trazida pela Lei
Estadual nº 7.079/09. Reexame necessário e
recurso ordinário conhecidos e improvidos.

RELATÓRIO

Trata-se de retorno dos Autos para apreciação do mérito, destinada à 2ª Câmara


do CTE, de acordo com o Acórdão nº P-404/2012, emitido pelo Pleno do Conselho Tributário
Estadual, que, por maioria dos votos, julgou que não caberia a incidência do instituto da
remissão do crédito tributário normatizada no artigo. 11, inciso IV, e alíneas da Lei
6.765/2006, conforme julgamento anterior da 2ª Câmara disposto no Acórdão 253/2010.

ACÓRDÃO CTE Nº 254/2013 Página 1


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Fundamentada a acusação da peça inicial na omissão de vendas pelo sujeito


passivo constatada pelo confronto entre comprovantes de receitas e de desembolsos no
exercício de 1989.

O contribuinte apresentou sua defesa, confirmando ser devedora de parte do


crédito aqui cobrado, contestando apenas quanto ao valor da coluna “RECEITAS” já que teria
sido apurado valor menor do real e que o autuante não teria considerado descontos
concedidos. Junta documentos relativos a tais afirmações.

Em suas contrarrazões, a autoridade autuante mantém a procedência da peça


vestibular e que a documentação apresentada pelo contribuinte não proporciona embasamento
para sustentar seus argumentos.

Na Coordenadoria de Julgamento, foi proferida a Decisão nº 15.927/09, tendo


o julgador monocrático decidido pela procedência parcial do lançamento com a seguinte
ementa:
EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de crédito tributário. 2. Omissão
de saídas de mercadorias. 3. Ilícito comprovado. 4. Lançamento PROCEDENTE EM PARTE.
5. Duplo grau de jurisdição administrativa necessário – artigos 48 e 49, §1º, Lei Estadual nº.
6.771/06.

Também, devido à novidade legislativa, foi diminuída a multa de 80% (oitenta


por cento) do art. 98 da Lei nº 5.077/89 para 60% (sessenta por cento) do art. 84 da Lei nº
5.900/96, sendo mais benéfica ao sujeito passivo. Além do que foi negada a reincidência de
infração ao mesmo dispositivo legal.

Da parte julgada improcedente, o juízo singular recorreu a este Conselho, na


forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.

Por via de Recurso Ordinário, a autuada afirma que o objeto da autuação fiscal,
o crédito tributário, estaria extinto, devido ao longo tempo já passado entre a lavratura da peça
vestibular e a decisão de 1ª instância administrativa, sustentando a aplicação do instituto da
decadência.

Em contrarrazões, o autuante aduz que não é possível nem o instituto da


decadência, já que o lançamento foi válido e tempestivamente notificado ao sujeito passivo,
nem a prescrição, já que foi impetrada a defesa, suspendendo a exigência do crédito. Restaria
a prescrição intercorrente, que também não poderia ser aplicada por não ser hipótese prevista
em lei de extinção do crédito tributário.

Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário Estadual – CTE, onde na


Segunda Câmara deste Colegiado, conforme Acórdão nº 253/2010, foi julgado o reexame

ACÓRDÃO CTE Nº 254/2013 Página 2


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necessário, sendo por unanimidade, conhecido e não provido, e o recurso ordinário, por
maioria de votos, como conhecido, não provido quanto à prescrição intercorrente, mas
provido quanto à remissão do crédito conforme disposto art. 14, IV, “a”, da Lei nº 6.765/06,
levando à extinção do crédito e, cosectário, a reforma da decisão da Coordenadoria de
Julgamento.

O acórdão foi ementado da seguinte maneira:


EMENTA – Lançamento de Oficio de Crédito
Tributário. Omissão de Saídas de Mercadorias.
Recurso Ordinário conhecido e Provido. Extinção do
Crédito Tributário por Remissão.

Portanto, em obediência ao art. 48, II, da Lei nº 6.771/2006, os autos foram


remetidos ao Pleno para reexame necessário quanto à referida remissão.

No Pleno, por maioria dos votos, com o Acórdão nº P-404/2012, julgou-se que
não caberia a incidência do instituto da remissão do crédito tributário normatizada no artigo.
11, inciso IV, e alíneas da Lei 6.765/2006, tendo sido ementado da seguinte forma:
EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.
Omissão de Saídas de Mercadorias. Afastada a
extinção do crédito tributário por remissão. Retorno
dos autos para a 2ª Câmara desse Conselho proceder
a novo julgamento. Reexame necessário conhecido e
provido.

Então, retornou os autos para apreciação do mérito, a esta Câmara do CTE.

É o relatório.

VOTO

Tratando inicialmente do Reexame Necessário da Decisão nº 15.927/09, de


Primeira Instância, conforme disposto no art. 48, I da Lei nº 6.771/06.

Conforme elementos de prova trazidos pelo contribuinte, duplicatas acostadas


aos autos – fls. 12 a 128 do processo anexo nº 1500-006229-1992, que implicaram em
aumento da coluna “Receita” do Levantamento Financeiro do contribuinte – fl. 04 do
processo principal, e não havendo contraprovas trazidas pela fiscalização, verifico acertada a
decisão de piso quanto à redução da base de cálculo aqui cobrada.

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Em relação à reincidência de infração, da mesma maneira foi julgado


corretamente pelo juiz administrativo para não considerar tal mecanismo, pois como bem
explicou, exige-se a prática de nova infração à mesma disposição legal, por parte da mesma
pessoa, natural ou jurídica, no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data em que transitou em
julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior. No caso
aqui analisado, o fato gerador ocorreu em 1989, anterior à citada Decisão nº 3138/90.

Quanto à redução da multa pela inovação do art. 84 da Lei 5.900/96, esta


norma substituindo a Lei nº 5.077/89, correta também estaria a decisão a quo, já que se
trataria da mesma infração, sendo a nova multa mais benéfica ao contribuinte.

Porém, ocorre que houve a revogação do art. 84 da Lei Estadual 5.900/96 pela
Lei Estadual 7.079/09, tendo sido imputada a penalidade do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96
para a violação descrita no artigo revogado:
“Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não
compreendida nas hipóteses previstas nos artigos seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto.”

Observa-se que a infração descrita nesse artigo abarca a infração cometida por
aquele, além de ser ainda mais benéfica ao sujeito passivo, nos termos do art. 106, II, ‘c’, do
CTN.

Portanto, voto pela aplicação ao caso em tela do art. 79 da Lei Estadual


5.900/96, em nova redação dada pela Lei Estadual 7.079/09. Com a redução da penalidade de
60% (sessenta por cento) para 50% (cinqüenta por cento) do tributo, diminui-se o crédito
tributário lançado nos seguintes termos:

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


ICMS Multa (Art. 79 Total
xercício da Lei nº. 5.900/96)
Cr$ Cr$ 3.776,27 Cr$
989 7.552,54 11.328,81*
*Sujeito a atualização monetária.
Analiso agora o recurso interposto pelo contribuinte, onde, em sua defesa,
alega a decadência do direito de constituir o crédito tributário, para o qual há previsão legal
nos artigos 173 e 150, § 4º do Código Tributário Nacional. Com base nesses dispositivos,
conclui-se que o prazo decadencial, em regra, é de 5 (cinco) anos.

Porém, como observo, não ocorreu a decadência, pois o fato gerador que
originou o crédito aqui cobrado é referente ao ano de 1989. O auto de infração foi lavrado e o
contribuinte sido intimado pessoalmente em 18/04/1991. Além do que o impugnou em

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20/05/1991. Portanto, antes de expirado o prazo da decadência de 05 (cinco) anos previsto no


CTN.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos, conhecer o reexame
necessário e o recurso ordinário para negar-lhes provimento. Mantida a Decisão Singular que
julgou procedente em parte o Lançamento, porém aplicar, por força legal, a sanção prescrita
no art. 79, da Lei Estadual nº 5.900/96, totalizando, dessa forma, o crédito tributário no
montante de Cr$ 11.328,81 (onze mil, trezentos e vinte e oito cruzeiros e oitenta e um
centavos) correspondente a Cr$ Cr$ 7.552,54 (sete mil, quinhentos e cinquenta e dois
cruzeiros e cinquenta e quatro centavos) de ICMS e Cr$ 3.776,27 (três mil, setecentos e
setenta e seis cruzeiros e vinte e sete centavos) de multa, devendo ser recolhido com sua
atualização e acréscimos legais.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 08 de novembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR( votou contra relator)

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº42 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 12/11/2013


PROCESSO: SF-1500-002871/1998; CTE-101/2012
PROCESSO ANEXO: 1500-012690/1997
AUTO DE INFRAÇÃO: 029037, PROTOCOLADO EM 30.10.1997
AUTUADA: DESTILARIA PORTO CALVO LTDA.
AUTUANTE: ROBERTO JORGE G. F. SILVA E OUTROS
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 255/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE ENTRADAS


DESCARATERIZADA PELA AUSÊNCIA DE PROVAS
NOS AUTOS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO. DECISÃO DE 1ª INSTÂNCIA
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do CTE,


nos termos dos artigos 48, da Lei Estadual 6771/06, relativo à
Decisão 18.367/2011, referente ao Auto de Infração nº 029037,
protocolado em 30.10.1997, lavrado contra a empresa Destilaria
Porto Calvo Ltda., qualificada na peça exordial, com alegação
dos autuantes de que ao proceder levantamento do estoque da
conta caixa detectaram que a autuada não recolheu o ICMS
devido, “proveniente de saídas de mercadorias, dissimuladas
por suprimento indevido de caixa”.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador monocrático informa que a autuada apresentou


defesa, tempestiva, no dia 3/12/1997 ressaltando que a empresa

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não tem meios para vender seus produtos sem emissão de


documentação fiscal e que os recursos foram alocados pelos
seus sócios. Informa ainda, o julgador singular que nas
contrarazões um dos fiscais autuantes diz que é incontestável
a infração da autuada, confirmada em sua defesa quando essa
afirma que o suprimento ao caixa foi para fazer face às
despesas realizadas.
A Coordenadoria de Julgamento solicitou Diligência nº 076/2001
para saneamento do processo pedindo anexação dos documentos
que embasaram o Auto de Infração, em evidência (fls. 42). Um
dos autuantes em resposta à Diligência diz que mesmo intimada,
a autuada não apresentou a documentação necessária para a
instrução.
O julgador monocrático fundamenta sua Decisão observando que a
necessidade de comprovação dos resultados da auditoria compete
à Fazenda Estadual e que a requisição de Diligência para
saneamento do processo não foi atendida pelo Fisco concluindo-
se que inexistem provas quer a “confirmar, quer a afastar a
imputação disposta na inicial dos autos”.
Finaliza decidindo pela improcedência do lançamento do crédito
tributário, objeto da lide, por ausência de provas dos
ilícitos argüidos.
Notificados autuada e Representação Fiscal, ambas não se
manifestaram.
Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta nota-se que o Auto de Infração, objeto da lide foi
protocolado em 24/10/97. Nota-se também, que a autuada assinou
o Auto de Infração, objeto da lide, no dia 3/11/97,
apresentando Defesa tempestiva.
Na tentativa de sanear o processo, a Coordenadoria de
Julgamento solicitou a diligência 076/2001 (fls. 42) para que
os autuantes juntassem aos autos, os documentos que embasaram
a ação fiscal e não foi atendida. Foi anexado apenas cópia do
Edital publicado no Diário Oficial em 27/7/2005, e AR dos
Correios, ambos solicitando os livros e documentos fiscais,
posteriores à Defesa do autuado.

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Concordo com o julgador singular que cabe “(a Fazenda Pública)


a prova do elemento constitutivo do direito reclamado”, nos
temos do art. 333 do Código Civil.
No caso do lançamento do crédito tributário, em evidência,
falta documentação material para embasamento da autuação, nos
termos do art. 891, Inciso V, do RICMS, aprovado pelo Decreto
35245/91, vigente à época da autuação:
Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com os seguintes documentos:
(...)
V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração
das irregularidades, em qualquer caso;
(...)

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
proceder ao Reexame Necessário negando-lhe provimento,
acompanhando integralmente o julgador de primeira instância
que julgou Improcedente o lançamento do crédito tributário.

Sala das Sessões do CTE, em 12 de Novembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

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PROCESSO: 1500-018.822/01 e CTE nº 128/2012.
ANEXOS: 1500-029.924/2001 e 1500-032.521/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 028.064, de 04/07/2001.
AUTUADA: M CARVALHO & CIA LTDA (L M CARVALHO LTDA).
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.097.895-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.348/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Arnaldo Persiano da Rocha
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 256/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1)


Aquisição de mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal. 2) Falta de recolhimento
do ICMS por omissão de saídas de mercadorias
tributáveis. 3) Auto de infração lavrado com
vício formal no ato de lançamento ao descrever
a base de cálculo do imposto, o que enseja a
nulidade do referido lançamento nos termos do
artigo 2º, “b”, e p.u, “b”, da Lei Federal nº
4.717/1965, possibilitando devolução de prazo
para novo lançamento (artigo 173, II, do CTN).
4) Lançamento Nulo. Envio de cópias dos autos
a SRE - Superintendência da Receita Estadual
após tornar-se definitiva esta decisão, haja
vista, a reabertura do prazo decadencial nos
termos do artigo 173, II, do CTN. 5) Reexame
Necessário conhecido e improvido. Mantida a
decisão singular.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa M CARVALHO & CIA LTDA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor R$ 40.203,04
(quarenta mil, duzentos e três reais e quatro centavos), por
haver a empresa autuada:

1) Deixado de recolher ICMS por omissão de


saídas de mercadorias tributáveis, exercícios de 2000 e 2001.

2) Adquirido mercadorias desacompanhadas de


documentação fiscal no exercício de 2000, fato apurado através
de Levantamento Físico de Estoque.

Apontados como infringidos os artigos 1º, I;


2º, I, §9º; 6º, I, XII, e XV, da Lei Estadual nº 5.900/1996;
2º, I; 49, II, VII, e VIII; 54, VI; 136, I; 143; 145, I; e
230, §2º, do RICMS/1991. Sugerida a aplicação da penalidade
foi prevista no artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de


débito; relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópias
dos termos de início e encerramento de fiscalização; relação
das mercadorias encontradas em contagem física de estoque;
planilhas de controle físico de estoque de mercadoria; notas
fiscais de entradas de mercadorias e saídas de mercadorias
relativas aos exercícios de 2000 e 2001.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva onde


alega que a autuação é improcedente; discorda dos fatos lhes
imputados, pois, está fazendo um levantamento minucioso no
estoque para que possa provar a improcedência do referido auto
de infração; deixa de anexar a esta defesa o levantamento do
qual se refere no item anterior, que considera como prova
maior da improcedência do referido auto de infração, em
virtude do pequeno espaço de tempo que tem para concluí-lo, e
que o apresentará quando do recurso voluntário. Por fim, pede
a improcedência do lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que mantém os termos do lançamento; a autuada não contesta a

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existência de diferenças em seus estoques e consequentemente a


improcedência da autuação, prende-se tão somente, à tentativa
de adequar o montante do crédito tributário arguido, única e
exclusivamente, aos seus interesses financeiros, sem nenhum
embasamento fático, documental ou legal; não apresentou onde o
levantamento específico de estoque de mercadorias está errado;
a defesa não adentra a discussão do mérito. Por fim, pede que
o auto de infração seja julgado Procedente.

Em 24/11/2003, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 354/2003, para que fossem anexados aos autos
cópias do LRIM relativo aos exercícios fiscalizados e dos
documentos que serviram de base à autuação. Em atendimento a
diligência autuante anexou cópias do referido livro.

Em 14/07/2011, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 101/11, para que a autuada tivesse vistas dos
documentos de fls. 131 a 134, e 139 a 143, dos autos, tendo a
autuada apresentado as seguintes alegações.
1) Que, os dispositivos elencados no auto de
infração não estão em consonância com a discriminação dos
fatos, até porque, O parágrafo 6º, do RICMS não contempla os
incisos I, XII, XV, conforme apontado no AI, ademais, o
parágrafo 9º, por si só, não estabelece elementos para a
defesa da autuada, razão pela qual deveria ser disposto qual
dos seus incisos foi infringido; a autuação como se depreende
dos autos está praticamente ilegível não permitindo elementos
suficientes para seu julgamento; faltam elementos como local,
data e hora de sua lavratura, a assinatura da autuada e o
demonstrativo do crédito apurado.

2) Que, inicialmente o autuante afirma que a


autuada não recolheu aos cofres públicos o ICMS por omissão de
vendas de mercadorias, referente ao exercício de 2000, no
valor de R$ 16.746,97 (dezesseis mil, setecentos e quarenta e
seis reais e noventa e sete centavos) e quanto ao exercício de
2001, apresenta o valor de ICMS não recolhido o total de R$
33.311,51 (trinta e três mil, trezentos e onze reais e
cinqüenta e um centavos), totalizando, portanto, um valor de
R$ 50.058,48 (cinqüenta mil, cinqüenta e oito reais e quarenta
e oito centavos), valor este que resultaria de uma base de
cálculo no total de R$ 294.461,70 (duzentos e noventa e quatro
mil, quatrocentos e sessenta e um reais e setenta centavos);
em outro momento o autuante apresenta como valores de ICMS
não recolhidos R$ 25.126,92 (vinte e cinco mil, cento e vinte

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e seis reais e noventa e dois centavos), referente aos


exercícios de 2000 e 2001.

3) Que, os exercícios de 2000 e 2001, foram


fiscalizados sem que o autuante tivesse Ordem de serviço
autorizativa uma vez que segundo a descrição do autuante o
período a ser fiscalizado seria os anos de 1999 e 2000; o
presente processo ficou absolutamente inerte por sete anos
após o cumprimento das diligências solicitadas pela CJ e
somente agora a autuada foi intimada para se manifestar nos
autos, razão pela qual se requer a extinção do presente
processo pela preclusão temporal e afronta aos princípios da
segurança jurídica e da duração razoável do processo; a
documentação foi acostada aos autos pelo autuante há exatos
sete anos atrás e refere-se unicamente ao exercício de 2000,
restando pois sem atendimento com relação a 2001.

4) Que, não foi apresentada quando do início


da fiscalização a intimação fiscal que iniciou a fiscalização,
observando-se ainda, que sequer mencionou em todos os autos o
numero correspondente a referida intimação fiscal, conforme se
depreende dos termos de início e encerramento da ação fiscal;
não foi acostado aos autos, mesmo solicitado em diligencia, a
documentação completa pertinente aos exercícios anteriores e
aos fiscalizados, já que a ação decorreu de levantamento de
estoque, ressalte-se que no termo de início de fiscalização o
período mencionado a ser fiscalizado é o ano de 1999 e 2000,
devendo ser acostado então os registros de 1998/1999/2000.

Em 21/11/2011, foi proferida a Decisão nº


18.348/2011, de Primeira Instância, que julgou como sendo Nulo
o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS – (1) Aquisição de mercadorias


desacompanhadas de documentos fiscais. (2) Não
recolhimento do ICMS por omissão de saídas de
mercadorias tributáveis. (A) Ante a impetração
pelo próprio sujeito passivo de recurso
administrativo contra o ato de lançamento
realizado pela Administração Tributário,
encontra-se suspensa a exigibilidade do
crédito tributário, nos termos do art. 151,
III, do CTN, razão pela qual não há que falar-
se na ocorrência de decadência, prescrição ou
preclusão na espécie. (B) Meras omissões, como
a ausência de preenchimento dos campos

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relativos à data e hora da lavratura do Auto


de Infração ou erro na delimitação do período
objeto da ação fiscal não consistem em causas
de nulidade do ato ou do procedimento que o
originou, por não se constatar violação ao
exercício das garantias constitucionais
referente ao contraditório e à ampla defesa,
nos termos do art. 7.º, § 1.º, da Lei Estadual
6.771/06. (C) Ocorrência de vício formal no
ato de lançamento quando da descrição da base
de cálculo da exigência, o que enseja nulidade
do ato de lançamento nos termos do disposto no
art. 2.º, “b” e p. único, “b”, da Lei Federal
4.717/65, e possibilita a devolução do prazo
para lançamento nos termos do art. 173, II, do
CTN. (D) Lançamento NULO, por vício de forma.
(E) Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual nos termos do art. 48, I,
da Lei Estadual 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciando. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.348/2011, de Primeira Instância, que julgou como sendo Nulo
o Lançamento constante do auto de infração nº 028.064.

A autuação aponta a falta de recolhimento de


ICMS por omissão de saídas de mercadorias tributáveis apurada
por levantamento físico de estoque e aquisição de mercadorias
sem documentação fiscal nos termos do artigo 2º, I, e §2º, II;
6º, I, e XII; 9º, I; e 50, I; da Lei Estadual nº 5.900/1996 e
129, I; 130, I; e 280, do RICMS/91.

Observe-se que a autuada se defendeu negando


as infrações sem apontar quais erros ou falhas constatadas no
levantamento realizado pelo fisco e apenas em 2011, quando lhe
foi dado vistas dos documentos apensados posteriormente aos
autos, é que veio apontar uma suposta discrepância entre a

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base de cálculo que teria sido apontada pelo autuante com os


valores de ICMS lançados.

A análise das planilhas anexadas aos autos em


confronto com os valores de ICMS lançados na descrição dos
fatos no auto de infração demonstra que assiste razão a
autuada, porque apesar de ter sido apurado os valores de R$
16.746,97 (dezesseis mil, setecentos e quarenta e seis reais e
noventa e sete centavos) em 2000; e, de R$ 33.311,51 (trinta e
três mil, trezentos e onze reais e cinqüenta e um centavos) em
2001, como valores de vendas de mercadorias sem o recolhimento
do imposto, o autuante na descrição dos fatos se refere a
estes como se fossem os valores do ICMS devido e não os
valores da base de cálculo sobre a qual incidiria a alíquota
respectiva, tornando o lançamento eivado de vício de natureza
formal na apuração do crédito tributário, viciando também a
liquidação da obrigação tributária como bem afirma o julgador
singular.

Por ser vício formal causa de nulidade do ato


administrativo, nos termos do artigo 2º, p.u, “b”, da Lei
Federal 4.717/1965, o qual prevê que o vício de forma consiste
na omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato,
é que sua delimitação é de especial consideração no Direito
Tributário, haja vista, que segundo o artigo 173, II, do CTN,
é este, o único vício do ato administrativo de lançamento que,
se configurado, enseja a reabertura do prazo decadencial para
constituição do crédito tributário após decisão definitiva que
declare a nulidade do lançamento por vício formal. (grifei).

Louváveis, o zelo e a acuidade do julgador


singular, haja vista, que a possibilidade de repetição do ato
de lançamento ante a constatação de tal vício é justificável,
haja vista, que em um lançamento nulo apenas por vício formal
a obrigação tributária que lhe deu causa está identificada,
residindo o defeito tão somente na liquidação desta pela
constituição do crédito tributário, permitindo que seja feito
novo lançamento, com devolução de prazo à Fazenda Pública do
direito de novamente cobrar o crédito tributário. O lançamento
é nulo nos termos da Lei federal nº 4.717/1965, e como sugere
o julgador singular, após tornada definitiva esta decisão, os
autos deverão ser encaminhados à SRE - Superintendência da
Receita Estadual cópias dos autos, haja vista, a reabertura do
prazo decadencial nos termos do artigo 173, II, do CTN.

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Pelo exposto, Pelo exposto, ACORDAM OS


MEMBROS DA 1ª CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos conhecerem do Reexame Necessário,
negando-lhe provimento. Mantida na íntegra a decisão singular.

Conselho tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº42 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 12/11/2013


PROCESSO: 1500-023.691/2006 e CTE nº 064/2012.
ANEXOS: 1500-035.170/2006 e 1500-012.289/2009.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00055-001, de 11/09/2006.
AUTUADA: LTA COMERCIAL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.100.601-5.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.955/2009.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Marino Florentino dos Santos.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 257/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Falta


de recolhimento de ICMS por omissão de saídas
apurada através de Levantamento da Conta
Mercadorias tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas – CVM agregado de 30%
(trinta por cento) em confronto com as saídas
tributadas efetivamente declaradas nos livros
fiscais conforme artigo 2º, §12, da Lei
estadual nº 5.900/1996. 2) Preliminares de
nulidade rejeitadas, as eventuais incorreções
do ato administrativo não acarretaram nenhum
prejuízo à defesa da autuada, nem nulidade do
ato (artigo 7º, IV, §1º da Lei nº 6.771/2006.
3) Infração parcialmente comprovada em razão
de ajustes nos valores que compõem o CMV os
quais reduziram o valor do ICMS apurado na
inicial. 4) Corrigido de ofício o valor do
crédito tributário em razão de não ter sido
conhecido o Reexame Necessário por falta de
previsão legal e da aplicação do artigo 79, da
Lei nº 5.900/1996, em lugar do artigo 84, da
mesma, revogado pela Lei nº 7.079/2009. 5)
Recurso Ordinário conhecido e improvido.
Mantida em parte a decisão singular.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa LTA COMERCIAL LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 108.346,05
(cento e oito mil, trezentos e quarenta e seis reais e cinco
centavos), por haver a empresa autuada deixado de recolher
ICMS em razão da omissão de saídas de mercadorias tributadas
apurada com base na diferença positiva entre o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por cento) com as
saídas efetivamente declaradas nos livros e documentos fiscais
durante o exercício de 2005.
Apontados como infringidos os artigos 2º,
§12, da Lei estadual nº 5.900/1996 e 1.000, do RICMS/91. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 84, da
Lei Estadual nº 5.900/96.

A inicial está instruída com demonstrativo da


conta mercadorias de 2005; b) Demonstrativo das compras e
vendas de 2005; cópias dos termos de início e encerramento de
fiscalização; relatório de dados cadastrais do contribuinte;
cópias do cartão de autógrafo; da IF nº 033.352/2006; do
LRAICMS (2005); do livro RUDFTO nºs 2004 e 2005.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva, onde


alega em preliminar que o auto de infração é nulo por não
observar os formalismos contidos no artigo 891, do RICMS/91;
não há registro das informações econômico-fiscais da empresa;
não tem relação das notas fiscais de entradas e saídas; não
foi colocado o dia, a hora e o local da lavratura; falta
informação quanto à progressão do crédito tributário que
afronta o artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/91. Por fim, pede
que as preliminares sejam acolhidas ou a improcedência do auto
de infração pela fragilidade do conjunto probatório.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o processo foi instruído na forma da legislação, inclusive
com as informações econômico-fiscais da autuada; constam os
cálculos do imposto e da multa; a data do auto de infração e

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termos de início e de encerramento de fiscalização. Por fim,


pede a procedência do auto de infração.

Em 07/05/2009, foi proferida a Decisão nº


15.955/2009, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. CONTA MERCADORIAS. 1-


Lançamento de ofício por infração ao §12, do
art. 2º da Lei nº 5.900/96, alterada pela Lei
nº 5.979/97; 2- Considera-se tributada a
diferença positiva entre as saídas
tributadas, tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas agregado de 30% (trinta
por cento), e a saída tributada efetivamente
declarada nos livros fiscais; 3- Eventuais
incorreções do ato administrativo não
acarretam prejuízo à defesa do sujeito
passivo, nem nulidade do ato, art. 7º, IV,
§1º da Lei nº6.771/2006; 4- PROCEDÊNCIA
PARCIAL DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, alegando:

I – EM PRELIMINAR

a) A nulidade do auto de infração por não


atender aos requisitos processuais, uma vez que não constam os
registros das informações econômico-fiscais, nem a relação das
notas fiscais de entradas e saídas como exige o artigo 891, I,
II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e “d”, do RICMS/1991.

b) A nulidade do auto de infração por não


atender ao artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/1991, pois não
consta dia, hora, local da lavratura e quantificação do valor
do crédito tributário e o valor da multa não se apresentam
liquidado, pois sua liquidez prescinde do valor principal,
acrescido dos juros e correções legais; por estar eivada de
várias irregularidades a autuação ofende a legislação vigente
e afronta aos princípios da administração pública e da ampla
defesa, devendo ser julgada com a nulidade do lançamento.

II – DOS PEDIDOS

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a) O acolhimento das preliminares, por serem


questões de ordem pública.

b) A improcedência da autuação em razão da


fragilidade do conjunto probatório, caso esta siga tramitação
regular com julgamento da lide.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a autuação se encontra
conforme a legislação, ou seja, a aplicação do lucro presumido
de 30% (trinta por cento) está certa; a autuada não apresentou
nenhum documento capaz de afastar a presunção e ultrapassadas
as questões preliminares, seja a autuação julgada procedente.

Assim, chegam os autos a este CTE - Conselho


Tributário Estadual para análise do Recurso Ordinário e do
Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 15.955/2009, de
Primeira Instância, que como julgou Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 70.00055-001.

DO RECURSO ORDINÁRIO

I – DAS PRELIMINARES

a) De nulidade do auto de infração com base


no artigo 891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e “d”,
do RICMS/1991, por não conter os registros das informações
econômico-fiscais, nem a relação das notas fiscais de entradas
e saídas de mercadorias.

O artigo 891, III, “c”, do RICMS/1991,


vigente a época da autuação determinava.

“Art. 891 - O processo fiscal contencioso deverá ser


instruído, consoante à infração detectada, com os seguintes
documentos:
(...)

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I – As informações econômicas fiscais acerca do sujeito


passivo.
(...)

III - no caso de levantamento específico de estoque, deverão


ser juntados:
(...)

c) relação das notas fiscais de entrada e saída;


(...)”

A análise dos autos demonstra que a autuação


tem por base o Levantamento da Conta Mercadorias, cujo valor
do CMV foi apurado mediante a aplicação do lucro presumido no
percentual de 30% (trinta por cento), e, onde os valores das
entradas, saídas, estoques iniciais e finais e do ICMS sobre
as compras foram obtidos a partir da escrituração do LRAICMS,
cujas cópias encontram-se anexadas aos autos desde a inicial,
e, diferentemente do que afirma a autuada com base no artigo
ora reproduzido, que exige a relação de notas fiscais apenas e
tão somente nos casos de levantamento específico de estoque;
não assistindo nenhuma razão tal afirmativa; motivo pelo qual,
rejeito a preliminar.

b) De nulidade do auto de infração com base


no artigo 891, III, e VII, do RICMS/1991, por não constar dia,
hora, local da lavratura e quantificação do valor do crédito
tributário (a multa não se apresenta liquidada).

O artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/1991,


vigente a época da lavratura da autuação assim determinava.

“Art. 889-B - O Auto de Infração deve conter:


(...)

III - o dia, a hora e o local da lavratura;


(...)

VII - a quantificação do crédito tributário, especificando,


em campos distintos, o tributo e a multa, e informando que
os juros e a utilização monetária serão calculados no
momento do pagamento pelos índices utilizados pela Fazenda
Pública;
(...)”

A análise dos autos demonstra que o dia,


hora e local da lavratura da autuação efetivamente consta de
sua etiqueta de protocolização, bem como, que os valores dos
juros e demais atualizações serão atualizados pela SEFAZ em
momento certo, ou seja, no momento do pagamento, diferente do
que afirma a autuada; motivo pelo qual, rejeito a preliminar.

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É de se observar que a autuada no Recurso


Ordinário não contesta o mérito da autuação, limita-se apenas
em atacar sua validade ao apontar tão somente 02 (duas)
preliminares de nulidade, as quais, não prosperam, porque a
lavratura da autuação atende ao que exigem os artigos 889-B,
III, e VII; e 891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e
“d”, do RICMS/1991; e, a infração foi apurada como base em
Levantamento da Conta Mercadorias.

Nesse passo, observe-se ainda que a autuada


encerrou sua defesa com apenas 02 (dois) pedidos, os quais,
são impertinentes, o primeiro, porque as preliminares devem
ser rejeitadas e o segundo, porque a infração está comprovada
e esta comprovação está baseada nas cópias do LRAICMS de onde
foram extraídos todos os valores que compõem o Demonstrativo
da Conta Mercadorias. Resta comprovado, que não procede a
alegação de falta de provas, motivo pelo qual conheço do
Recurso Ordinário e nego-lhe provimento.
DO REEXAME NECESSÁRIO

Observe-se, que a decisão singular não está


sujeita a Reexame Necessário nos termos do artigo 48, I, §2º,
II, da Lei Estadual nº 6.771/2006, haja vista, que o valor
reduzido pela referida decisão em relação ao valor lançado na
inicial foi de apenas R$ 5.401,41 (cinco mil, quatrocentos e
um reais; e quarenta e um centavos), portanto, inferior a 400
(quatrocentas) UPFAL ou R$ 6.484,00 (seis mil; quatrocentos e
oitenta e quatro reais), fato, que de acordo com a norma ora
reproduzida, dispensa o Reexame Necessário.

“Art. 48 - Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas a reexame necessário:

I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por


julgador de primeira instância;
(...)

§2° - O disposto no inciso I do caput deste artigo não se


aplica:
(...)

II - quando a importância pecuniária excluída não exceder,


na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a
regulamentação aumentar este valor limite.
(...)”

Entretanto, se faz necessário observar-se,


quanto à penalidade aplicada, que esta deve ser corrigida, uma
vez a decisão singular foi proferida em 07/05/2009, antes da

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revogação do artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996, com a


reclassificação de sua multa para o artigo 79, da mesma lei;
artigo este, que deverá ser aplicado, tendo em vista que a
reclassificação da multa pela Lei Estadual nº 7.079/2009, foi
uma reclassificação qualificada, motivo pelo qual, de ofício,
corrigimos e adequamos o valor do crédito tributário ao artigo
79, da Lei nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 84 - Revogado pela Lei nº 7.079/09. Reclassificando-


se a multa deste artigo para a do art. 79 da mesma Lei,
relativamente aos créditos tributários já lançados.
(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,


em situação não compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Nesta situação, o Lançamento é Parcialmente


Procedente e o crédito tributário tem como valor o que abaixo
se encontra demonstrado.

DA APURAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Estoque inicial em 01/01/2005 116.259,58


Compras tributadas 2.253.150,69
ICMS sobre compras (235.109,82)
Estoque final (268.446,56)
Devolução de entradas tributadas ( 9.301,56)
CMV – Custo das mercadorias vendidas 1.856.552,33
VA: 30% (trinta por cento) 556.965,70
Saídas apuradas 2.413.518,03
Saídas registradas 2.035.045,09
Saídas apuradas > saídas registradas 378.472,94

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Período Vencimento B/cálculo ICMS Multa Total


01/01 a 31/12/05 31/12/2005 378.472,94 64.340,40 32.170,20 96.150,60

O crédito tributário no valor de R$ 96.150,60


(noventa e seis mil, cento e cinqüenta reais e sessenta
centavos) deve ser recolhido com os acréscimos legais.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Recurso Ordinário, negar-lhe provimento.
Deixando de conhecer do Reexame Necessário nos termos do
artigo 48, I, §2º, II, da Lei nº 6.771/2006, por lhe faltar
previsão legal. E, de ofício adéqua-se o valor do crédito
tributário pela reclassificação da multa prevista no artigo
84, da Lei nº 5.900/1996, para o artigo 79, da mesma lei.
Tornada definitiva esta decisão, encaminhem-se os autos a
PGE/PFE para inscrição em Dívida Ativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 14/11/2013


PROCESSO Nº: 1500-006425/1999
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 017809
AUTUADA: UMBERTO MARRONE & CIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24076560
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.995/2011
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 271/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. DEIXAR DE RECOLHER ICMS, EM RAZÃO DO
USO DE CRÉDITO INDEVIDO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS
QUE DETERMINE, COM SEGURANÇA, IMPROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 17.995/2011, esta, por sua vez, julgou
improcedente o lançamento do crédito tributário presente no Auto de
Infração n°017809.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte “omitiu


vendas de mercadorias no(s) exercício(s) e nos valores abaixo
descritos, fato comprovado através de levantamento específico na sua
conta Estoque de Mercadorias, considerando o lucro bruto real
acumulado”.

Após defesa da autuada os autos foram convertidos em


diligência, sob o argumento de que para comprovar a autuação seria
necessário juntar a cópia do livro de inventário de 1996 a 1998.

Ao se manifestar sobre a diligência a autoridade autuante


requereu a nulidade o lançamento ao afirmar que:

“Verificamos que a diferença existente entre as saída de


mercadorias tributadas tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% e a saída tributada
efetivamente declarada nos livros ou documentos fiscais
próprios é negativa. Portanto a venda apurada(tributável)

ACÓRDÃO CTE Nº 271/2013 Página 1


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foram maiores que as vendas declaradas não existindo


diferença a tributar”.

A coordenadoria de julgamento por sua vez entendeu pela


improcedência do lançamento nos termos da ementa abaixo:

Ementa: ICMS. Obrigação Principal. Conta Mercadorias.


Lançamento de ofício por infração ao § 12, do art. 2ª da
Lei nº 5.900/96, alterado pela Lei nº 5.979/97.
Considera-se tributada a diferença positiva entre as
saídas tributadas, tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas agregado de 30%(trinta por cento), e
a saída tributada efetivamente declarada nos documentos
fiscais. Ausência de material probatório. LANÇAMENTO
IMPROCEDENTE. Remessa dos autos CTE, art. 48, I da Lei
Estadual nº 6.771/2006. Procedimento Ordinário.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 271/2013 Página 2


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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto analisando a decisão singular.

Considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao


devido processo legal, passa-se ao mérito da questão.
O cerne da questão em atino, diz respeito ao
posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser improcedente o Lançamento do Crédito Tributário
consubstanciado pelo Auto de Infração em epigrafe.
Em suas razões, o julgador singular aduz que a autuação
não contém elementos suficientes para se determinar a infração e
assim julga improcedente o lançamento.
Vejamos, o Auto de Infração atesta que houve por parte do
Autuado a omissão de venda de mercadorias, fato esse supostamente
comprovado através do levantamento específico na conta estoque de
mercadorias, entrementes a Autoridade Exatora, não conseguiu
comprovar tais alegações, vez que não juntou aos Autos os elementos
necessários e aptos a ratificar a existência destas, quais sejam, o
livro de registro de inventário, o qual, como bem afirma o julgador
singular, seria imprescindível, pois os valores dos estoques são
necessários para fins de calculo do lucro real, consoante prescreve
o § 12 do art. da lei nº 5.900/96:

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas tributáveis em


operações internas do contribuinte a diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das mercadorias vendidas
agregado de 30% (trinta por cento), e a saída tributada efetivamente declarada
nos livros e/ou documentos fiscais próprios, apurada no último dia do exercício
financeiro da empresa, na hipótese em que o contribuinte não possua
escrituração contábil para fins de apuração do lucro real.

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O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao


processo administrativo tributário, prescreve em seu art. 333, I,
que o autor é responsável pela produção da prova quando buscar
demonstrar o fato constitutivo do seu direito, nos seguintes termos:
art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

Nesse passo se depreende do RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos


documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Diante das normas acima, é bastante dizer que referido


ônus de juntar os documentos necessários para corroborar a infração
indicada recai sobre o fisco, haja vista que alegou suposto ato
constitutivo de um direito da Fazenda, qual seja, o crédito
tributário. Lastreia-se, assim, a irregularidade fiscal presente.
Em razão do exposto, vê-se, com o devido respeito, que a
autoridade fiscal falhou ao realizar instrução probatória do
presente processo, fato este evidenciado através da diligência
proposta, realizadas visivelmente com o objetivo de regularizar a
instrução probatória.
Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a
infração consubstanciada, há, pois, a necessidade de que as demais
cópias dos documentos fiscais sejam acostadas a fim de dirimir as
dúvidas concernentes às supostas divergências de informações
apresentadas.
Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de
Fabiana Del Padre Tomé:

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“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera da


tributação, por exemplo, exigem que a relação
obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese de
incidência tributaria, razão pela qual faz-se
imprescindível que tanto os atos de lançamento e de
aplicação de penalidades como as decisões proferidas no
curso de processo administrativo tributário sejam
pautados em provas. É mediante a linguagem das provas que
se alcança a verdade lógica...” 1

Por fim, é oportuno destacar que a própria autoridade


autuante afirmou “que a diferença existente entre a saída de
mercadorias tributadas tomando como valor o custo das mercadorias
vendas agregado de 30% e a saída tributada efetivamente declarada
nos livros ou documentos fiscais próprios é negativa.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame, para negar provimento a remessa, mantendo a
decisão recorrida.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL,


13/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

1
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros
Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº43– 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/11/2013


Processo: 1500-030451/2007 e CTE nº 294/2011.
Anexos: 1500-001.820/2008.
Auto de Infração: 99.70565-001, de 14/11/2007.
Autuada: MACEIO FITAS LTDA.
Inscrição Estadual: 24.074.912-0.
Decisão Monocrática: 17.775/2011.
Assunto: Reexame Necessário.
Autuante: Jose Tadeu Patriota de Oliveira.
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 273/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Deixar


de recolher ICMS pela utilização de créditos
fiscais inexistentes. 2) Infração comprovada.
Lançamento improcedente. 3) Reexame Necessário
conhecido e provido. Reformada a decisão da
Primeira Instância Administrativa.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa MACEIO FITAS LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário, cujo valor é de R$ 31.985,19
(trinta e um mil, novecentos e oitenta e cinco reais e
dezenove centavos), por haver a empresa autuada deixado de
recolher ICMS pela utilização de créditos fiscais
inexistentes durante os períodos de 02/2005; 03/2005;
06/2005; 08/2005; 12/2005; 01/2006; 02/2006; e 03/2006.

Apontados como infringidos os artigos 39, §2º,


caput; 34; e 93, da Lei Estadual nº 5.900/1996. Sendo

Acórdão CTE nº273/2013 Página 1


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sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 93, da


Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com relatório de dados


cadastrais do contribuinte; intimação fiscal nº 47.006;
cópias do cartão de autógrafo; de um DAR/CB-ICMS antecipado;
do LRAICMS e do livro RUDFTO (termos de início e encerramento
de fiscalização) e extrato de arrecadação do contribuinte.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa,


tempestiva, onde alega em preliminar a nulidade da autuação
por descumprir o artigo 889, III, e VII, do RICMS/91, pois,
faltou qualificar a autuada quanto ao seu endereço
residencial, telefone, carteira de identidade; o responsável
pela escrita fiscal e contábil; e a indicação do cargo do
autuante; e no mérito, que os créditos apropriados naqueles
exercícios teriam sido feitos em razão de notas fiscais
idôneas conforme consta do LREM e do LRAICMS.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando que


todas as exigências legais para a constituição do crédito
tributária foram observadas inclusive, quanto ao
enquadramento das infrações cometidas; e, ademais, devido a
erro na planilha utilizada na apuração dos valores devidos,
se fez necessário a elaboração de nova planilha e aditamento
do auto de infração; a autuada deve ter confundido a
idoneidade de documentos com a idoneidade do direito ao
crédito.

Em 13/11/2007, através do Aditamento Fiscal nº 01


(um) o crédito tributário teve seu valor reduzido para R$
6.645,46 (seis mil; seiscentos e quarenta e cinco reais e
quarenta e seis centavos).

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Em 18/03/2011, foi proferida a Decisão nº


17.775/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. A alegação de nulidade do AI será


rejeitada, porque não basta a mera imperfeição do ato em
relação a forma prevista pela legislação, uma vez que não foi
demonstrada a prova do efetivo prejuízo causado. 2. No mês de
Fev/2005 o sujeito passivo registrou no livro RAICMS como
“outros créditos” o valor de R$ 3.570,41, sendo que teria
direito somente ao valor relativo ao ICMS de R$ 2.939,74. Já
no mês de Jun/2005, cometeu erro na escrituração do livro
RAICMS ao registrar como “saldo credor do período anterior” o
valor de R$ 3.910,81, ao invés de R$ 3.910,01. 3. O valor
pago antecipadamente de ICMS não encerra a fase de
tributação, não sendo vedado o seu registro no livro RAICMS
como “outros créditos”. 4. A compensação do imposto efetuada
no livro RAICMS foi irregular tendo em vista a inserção de
créditos indevidos e inexistentes sem qualquer vinculo com
operações de entradas de mercadorias, real ou simbólica, no
estabelecimento. 5. O erro cometido na escrituração do livro
RAICMS está devidamente comprovado, porém o valor devido do
crédito tributário é menor do que aquele que constou no AI e
no seu aditamento fiscal. 6. Aplicação da multa do art. 93 da
lei 5900/96, pois o fato descrito no AI se enquadra
perfeitamente ao tipo penal tributário. 7. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte. 8. Reexame necessário
para o Conselho Tributário Estadual.

A autuada foi intimada da decisão singular, não


se pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando.

Assim, chegam os autos a este Conselho para


análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


17.775/2011, de Primeira Instância, que julgou como

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Procedente em Parte o Lançamento constante do auto de


infração nº 99.70585-001, de 14/11/2007.

DO VALOR DO CRÉDITO TRIBUITÁRIO

1) O valor do crédito tributário lançado na


inicial é de R$ 31.985,19 (trinta e um mil, novecentos e
oitenta e cinco reais e dezenove centavos).

2) O valor do crédito tributário lançado no


Aditamento Fiscal nº 01 é R$ 6.645,46 (seis mil; seiscentos
e quarenta e cinco reais e quarenta e seis centavos).

3) O valor do crédito tributário constante da


Decisão nº 17.775/2011, de Primeira Instância, é R$ 820,91
(oitocentos e vinte reais; e noventa e um centavos).

DA NECESSIDADE DE SE ANALISAR A DECISÃO SINGULAR PARA


CONFERIR VALIDADE AO ADITAMENTO FISCAL Nº 01

Para que o Aditamento Fiscal nº 01 tenha


validade se faz necessária sua confirmação por esta
instância, pois, no caso, como já dito, o valor do crédito
tributário não atingiu o valor exigido em nível de alçada. É
certo que neste caso temos uma exceção, haja vista, que o
crédito tributário lançado na inicial tem como valor R$
31.174,28 (trinta e um mil, cento e setenta e quatro reais e
vinte e oito centavos), o qual foi reduzido para R$ 6.645,46
(seis mil; seiscentos e quarenta e cinco reais e quarenta e
seis centavos), através do Aditamento Fiscal nº 01 (um), ou
seja, é inferior a 400 (quatrocentas) UPFAL’s e que ainda foi
reduzido para o valor de R$ 820,91 (oitocentos e vinte reais;
e noventa e um centavos), pela decisão singular, exigindo
assim, confirmação.

DA IMPROCEDÊNCIA DOS LANÇAMENTOS: CONSTANTE NA INICIAL E NO


ADITAMENTO FISCAL Nº 01 (UM)

Observe-se que o lançamento constante da peça


inicial é improcedente, haja vista, a confissão do autuante
na já citada fl. 56, nada mais cabendo a ser analisado sobre
tal fato, inclusive, a natureza desses créditos, ou seja, se
são oriundos de ICMS antecipado ou de ICMS normal. Já quanto
ao lançamento constante do Aditamento Fiscal nº 01 (um), o
julgador singular proferiu sua decisão afirmando que

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encontrou o uso indevido de créditos fiscais apenas nos meses


de 02/2005, e de 06/2005, pois a autuada utilizara o
creditamento sobre os valores de multa e juros quando só
poderia usar o creditamento dos valores do ICMS indicando
como prova a fl. 21, dos autos. Ocorre que a citada fl. 21,
se refere apenas ao ICMS do Termo de Apreensão nº 111.402,
tornando também como improcedente esse Lançamento.

Observe-se, ainda, que o autuante não anexou


nenhum documento apontando o uso indevido desses valores e
muito menos se desincumbiu de apresentar com o Aditamento
Fiscal nº 01 (um) qualquer demonstrativo capaz de comprovar a
apuração do valor de R$ 6.645,46 (seis mil; seiscentos e
quarenta e cinco reais e quarenta e seis centavos), indicado
por ele no referido aditamento como sendo o valor do crédito
tributário, bem como, não anexou cópia da guia de pagamento
desse Termo de Apreensão onde constaria o valor da multa e
dos juros pagos e utilizados pela autuada como crédito
fiscal, conforme apontado na decisão singular. Portanto, o
Lançamento constante do Aditamento Fiscal nº 01 também é
improcedente.

Com relação ao período fiscalizado, 03/2005;


08/2005; 12/2005; 01/2006; 02/2006; e 03/2006, com base no
LRAICMS em confronto com o Extrato de Arrecadação, o julgador
singular comprovou que o valor do ICMS recolhido foi de R$
61.622,92 (sessenta e um mil; seiscentos e vinte e dois reais
e noventa e dois centavos), bem superior ao valor que está
registrado no LRAICMS como créditos fiscais, ou seja, R$
59.772,15 (cinqüenta e nove mil; setecentos e setenta e dois
reais e quinze centavos), comprovando que a autuada não fez
uso de créditos fiscais inexistentes neste período.

Por fim, entendo que o julgador singular agiu


com acerto, haja vista, que o próprio autuante já demonstrara
e confessara a improcedência do Lançamento constante na peça
inicial (fl. 56, do Processo de Defesa), alegando ter
respaldo nos defeitos de confecção das planilhas de apuração.
Portanto, não resta nenhuma dúvida quanto à Improcedência do
Lançamento do crédito tributário constante na peça inicial,
nem do Lançamento do crédito tributário constante do
Aditamento Fiscal nº 01 (um) lavrado a fl. 56, do Processo de
Defesa.

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Pelo exposto, conheço do Reexame Necessário e


dou-lhe provimento. Reformada a decisão singular em razão da
improcedência (total) do lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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Sessão Ordinária nº. 43 – 2ª câmara - Realizada em 22/11/2013


Processo nº: SF 1500-013138/2000; CTE 082/2012 e anexos
Auto de Infração nº. 4060 de 25/02/2000
Recorrente: Fazenda Pública Estadual (Reexame Necessário)
Recorrido: José Ernestino de Melo – ME.
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 274/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS POR
MICROEMPRESA ACIMA DO LIMITE DE 1000
UPFAL – EXLUSÃO DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO – A EXCLUSÃO DAS
MICROEMPRESAS DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO DEPENDE DA ATUAÇÃO DO
ÓRGÃO OU AUTORIDADE COMPETENTE E
CONFIRMAÇÃO DA INFRAÇÃO, NÃO OCORRENDO
DE FORMA AUTOMÁTICA – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E PROVIDO –
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração no qual se relata que o


contribuinte efetuou compras nos exercícios de 1995, 1996 e 1997 em valor
superior ao limite de 1.000 UPFALs fixado para as microempresas,
estabelecido na Lei nº. 5.311/1991, imputando-se o recolhimento de ICMS e
multa no valor de R$ 11.093,54 (onze mil, noventa e três reais e cinquenta e
quatro centavos).

Apesar da assinatura aposta no Auto de Infração não conferir


com aquelas registradas no cartão de autógrafo as fls. 04 dos autos, o
contribuinte apresentou defesa no dia 16/03/2000, admitindo que
extrapolou o montante de compras por desconhecer os valores
correspondentes ao limite em cada exercício fiscalizado, contudo afirma que

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mesmo nesta hipótese, sempre recolheu o ICMS devido, conforme extratos de


arrecadação em anexo.

Em suas contrarrazões, diante da confissão do contribuinte de


que extrapolou o limite de compras imposto pela Lei nº. 5.311/1991, a fiscal
responsável requer a procedência do lançamento.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


decidiu-se pela procedência parcial do lançamento, na medida em que o
contribuinte não conseguiu comprovar que os recolhimentos de ICMS
efetuados foram realizados como forma de quitação do objeto do lançamento,
mantendo-se somente o crédito tributário exigido no exercício de 1995,
acrescido da penalidade disposta no artigo 83, da Lei nº. 5.900/96, alterado
pelo julgador singular, totalizando crédito tributário no valor de R$ 1.211,26
(um mil, duzentos e onze reais e vinte e seis centavos). Sobre os exercícios de
1996 e 1997, o julgador singular entendeu que o contribuinte perdeu sua
condição de microempresa desde o momento que cometeu a infração no
exercício de 1995, assim não caberia mais ser autuada pelos motivos
relatados no lançamento, bem como a base de cálculo do imposto deveria
observar a sistemática do abatimento entre créditos e débitos, o que não fora
respeitado no lançamento.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, consiste a presente análise


em reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei nº. 6.771/06 1,
na qual restou vencida parcialmente a Fazenda Pública. Nos casos de
recurso de ofício, importante delimitar a matéria objeto da presente análise,

1 Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;

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sob pena de estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já


decididas e preclusas.

Nesse sentido, depreende-se da redação do art. 48, inciso I, da


Lei do PAT, que apenas a parte da decisão monocrática contrária aos
interesses da Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário, logo, esta apreciação se resume aos motivos que
ensejaram o julgador singular a decidir pela procedência parcial da autuação
com a exclusão do crédito tributário apurado nos exercícios de 1996 e 1997.

Colhe-se dos autos que o contribuinte foi autuado em razão


da aquisição de mercadorias, na condição de microempresa, em valor
superior ao limite anual de 1.000 UPFALs, nos exercícios de 1995, 1996 e
1997, infringindo-se o disposto nos artigos 1º, 9º, 10, da Lei nº. 5.311/91.

Submetido a julgamento, o julgador singular alterou a


penalidade inicialmente aplicada para aquela disposta no artigo 83, da Lei
nº. 5.900/96 e decidiu pela procedência parcial do lançamento com a
exclusão do crédito tributário apurado nos exercícios de 1996 e 1997, sob o
argumento de que o contribuinte perdeu a condição de microempresa desde
o exercício de 1995, momento em que infringiu a legislação, assim não
estaria mais sujeito ao limite para aquisição de mercadorias imposto às
microempresas e, por conseguinte, não poderia ser mais autuado pelos
motivos relatados no Auto de Infração em análise.

Portanto, o objeto do reexame necessário se restringe,


especificamente, em saber se a Autuada foi desenquadrada do regime de
microempresa automaticamente com o cometimento da infração no exercício
de 1995 e, portanto, não poderia mais ser autuada pela aquisição de
mercadorias em valor superior ao limite fixado para as microempresas nos
exercícios de 1996 e 1997 ou se o desenquadramento depende da
confirmação da infração pela instância julgadora ou outro órgão.

Sobre o assunto, o artigo 1º c/c artigo 9º, ambos da Lei nº.


5.311/91, vigentes na época, estabeleciam que:

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Art. 1º - Considera-se microempresas as pessoas


jurídicas e as firmas individuais cujas aquisições de
mercadorias não ultrapassem o limite anual de 1.000 (mil
UPFAL’s - Unidade Padrão Fiscal do Estado de Alagoas.

Art. 9º - O desenquadramento do regime de


Microempresa ocorrerá nas seguintes hipóteses:

I - se o valor das aquisições de mercadorias for superior


ao limite anual de que trata o artigo 1º desta lei;

A partir da análise dos dispositivos transcritos, pode parecer


que a exclusão das empresas optantes pelo regime de tributação das
microempresas aconteceria de forma automática como entendeu o juízo
singular, ou seja, bastaria a microempresa adquirir mercadorias acima dos
limites fixados em lei para dar-se a sua exclusão do regime fiscal
diferenciado.

Contudo, entendo que a aplicação do Direito não ocorre de


forma infalível e automática como defendem os seguidores das ideias
capitaneadas por Pontes de Miranda, depende, pois, do agir da autoridade
competente prevista em lei e do relato dos fatos em linguagem apta a
produção dos seus efeitos jurídicos.

Em outras palavras, no caso dos autos, não basta que a


fiscalização tenha identificado a infração cometida pelo contribuinte e
lavrado o Auto de Infração, é essencial que o lançamento seja apreciado
pelos órgãos competentes e confirmada a infração para que se dê a aplicação
das penalidades sobre a empresa autuada, inclusive a sua exclusão do
regime fiscal das microempresas, que deverá ser precedida de notificação.

Afinal de contas, como se poderia imputar à empresa autuada


a exclusão do regime fiscal das microempresas, se ao final do presente
processo administrativo fiscal o lançamento fosse julgado improcedente?
Seria a empresa penalizada, tendo recolhido os impostos com base no
sistema de tributação de compensação dos créditos e débitos, mesmo sendo
improcedente a autuação que fundamentou a sua exclusão?

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Frise-se que, apesar de estabelecer como uma das hipóteses


de desenquadramento do regime fiscal das microempresas a hipótese
relatada nos autos, a legislação vigente na época é omissa quanto ao órgão
competente para determiná-lo e o momento em que ocorreria o
desenquadramento da microempresa, assim, diante desse cenário, entendo
que a exclusão da condição de microempresa somente acontece com a
confirmação da infração motivadora do desenquadramento e consequente
notificação do contribuinte.

Aliás, somente para ilustrar, a legislação atual sobre o tema


supriu as omissões apontadas e esclareceu a competência para determinar o
desenquadramento e o momento em que iniciam os seus efeitos. Nesse
sentido, basta observar os artigos 2º, inciso I, §6º 2; artigo 16, §1º-A, inciso
I 3; e artigos 29 e 30 4, todos da Lei Complementar nº. 123/2006, para notar

2 Art. 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de


pequeno porte de que trata o art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas:
I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4 (quatro)
representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois) dos Estados e
do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; e
§ 6o Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo compete regulamentar a opção, exclusão,
tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens relativos ao regime de
que trata o art. 12 desta Lei Complementar, observadas as demais disposições desta Lei Complementar.

3 Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e
empresa de pequeno porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para
todo o ano-calendário.
§ 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de sistema de comunicação eletrônica,
destinado, dentre outras finalidades, a:
I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos administrativos, incluídos os relativos ao
indeferimento de opção, à exclusão do regime e a ações fiscais;

4 Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando:
I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória;
II - for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de
livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens,
movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses que
autorizam a requisição de auxílio da força pública;
III - for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao
domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se encontrem bens de sua
propriedade;
IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas;
V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar;
VI - a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de
1996, e alterações posteriores;

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VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho;


VIII - houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir a identificação da movimentação
financeira, inclusive bancária;
IX - for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por
cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
X - for constatado que durante o ano-calendário o valor das aquisições de mercadorias para
comercialização ou industrialização, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for superior a
80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
XI - houver descumprimento reiterado da obrigação contida no inciso I do caput do art. 26;
XII - omitir de forma reiterada da folha de pagamento da empresa ou de documento de informações
previsto pela legislação previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado, trabalhador avulso ou
contribuinte individual que lhe preste serviço.
§ 1o Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste artigo, a exclusão produzirá efeitos a
partir do próprio mês em que incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e favorecido desta Lei
Complementar pelos próximos 3 (três) anos-calendário seguintes.
§ 2o O prazo de que trata o § 1o deste artigo será elevado para 10 (dez) anos caso seja constatada a
utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro,
com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo apurável segundo o regime especial previsto nesta Lei
Complementar.
§ 3o A exclusão de ofício será realizada na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, cabendo o
lançamento dos tributos e contribuições apurados aos respectivos entes tributantes.
§ 4o (REVOGADO)
§ 5o A competência para exclusão de ofício do Simples Nacional obedece ao disposto no art. 33, e o
julgamento administrativo, ao disposto no art. 39, ambos desta Lei Complementar.
§ 6o Nas hipóteses de exclusão previstas no caput, a notificação:
I - será efetuada pelo ente federativo que promoveu a exclusão; e
II - poderá ser feita por meio eletrônico, observada a regulamentação do CGSN.
§ 7o (REVOGADO)
§ 8o A notificação de que trata o § 6o aplica-se ao indeferimento da opção pelo Simples Nacional.
§ 9o Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos incisos V, XI e XII do caput:
I - a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração, consecutivos ou alternados, de idênticas
infrações, inclusive de natureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos-calendário,
formalizadas por intermédio de auto de infração ou notificação de lançamento; ou
II - a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou
reduzir o pagamento de tributo.
Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas
de pequeno porte, dar-se-á:
I - por opção;
II - obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei
Complementar; ou
III - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário de início de atividade, o limite
proporcional de receita bruta de que trata o § 2o do art. 3o;
IV - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário, o limite de receita bruta previsto no
inciso II do caput do art. 3o, quando não estiver no ano-calendário de início de atividade.
§ 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal:
I - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, até o último dia útil do mês de janeiro;
II - na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último dia útil do mês subseqüente àquele em
que ocorrida a situação de vedação;
III - na hipótese do inciso III do caput:

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que, atualmente, a exclusão do Simples Nacional é precedida da decisão de


um órgão criado expressamente para tal função (Comitê Gestor do Simples
Nacional – vinculado ao Ministério da Fazenda), devendo ser notificada a
microempresa sobre a sua exclusão.

Em sendo assim, apesar da omissão na legislação vigente na


época, entendo que a intenção do legislador sempre foi condicionar o
desenquadramento da microempresa do regime de tributação diferenciado à
decisão do órgão competente com a notificação do contribuinte.

Portanto, discordo do julgador singular no momento em que


se afirma que a Recorrida não poderia ser mais autuada pela aquisição de
mercadorias superior ao limite imposto às microempresas, sob a justificativa
de que não teria mais a condição de microempresa nos exercícios posteriores
à primeira infração cometida, de modo que entendo pela reforma da decisão
para declarar a procedência do lançamento quanto aos exercícios de 1996 e
1997.

Por sua vez, sobre a alteração da penalidade disposta no


artigo 10, da Lei nº. 5.311/91, para aquela prevista no artigo 83, da Lei nº.
5.900/96, penso também merecer reforma a decisão de piso.

a) até o último dia útil do mês seguinte àquele em que tiver ultrapassado em mais de 20% (vinte por
cento) o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o; ou
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subsequente ao de início de atividades, caso
o excesso seja inferior a 20% (vinte por cento) do respectivo limite;
IV - na hipótese do inciso IV do caput:
a) até o último dia útil do mês subsequente à ultrapassagem em mais de 20% (vinte por cento) do limite
de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o; ou
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subsequente, na hipótese de não ter
ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o.
§ 2o A comunicação de que trata o caput deste artigo dar-se-á na forma a ser estabelecida pelo Comitê
Gestor.
§ 3o A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do
Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses:
I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, Sociedade Empresária em Comandita por
Ações, Sociedade em Conta de Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estrangeira;
II - inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional;
III - inclusão de sócio pessoa jurídica;
IV - inclusão de sócio domiciliado no exterior;
V - cisão parcial; ou
VI - extinção da empresa.

Acórdão CTE 274/2013 Página 7


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Isso porque a hipótese prevista no artigo 83, da Lei nº.


5.900/96 não se adéqua à situação relatada nos autos, portanto entendo
pela manutenção da penalidade sugerida no lançamento, disposta no artigo
10, da Lei nº. 5.311/91.

Em face do exposto, tem-se como adequada a cobrança do


crédito tributário, de acordo com a planilha abaixo:

Exercício ICMS Multa de 100%, prevista no Total


Artigo 10, da Lei nº. 5.311/91
1995 R$ 757,04 R$ 757,04
R$
1996 R$ 1.590,63 R$ 1.590,63
11.093,54
1997 R$ 3.199,10 R$ 3.199,10

Acórdão CTE 274/2013 Página 8


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CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário para, no mérito, dar-lhe provimento para
exigir a cobrança do crédito tributário referente aos exercícios de 1996 e
1997, com a aplicação da multa prevista no artigo 10, da Lei nº. 5.311/91,
condenando a Recorrida ao recolhimento de crédito tributário no valor de R$
11.093,54, (onze mil, noventa e três reais e cinqüenta e quatro centavos)
mais acréscimos legais.

O crédito tributário deverá ser recolhido ao Erário Estadual no


prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência desta decisão, ressalvado ao
sujeito passivo o direito de interpor Recurso Especial ao Pleno do Conselho
Tributário Estadual, nos termos do artigo 47, da Lei nº. 6.771/06.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de novembro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ RONALDO CARLOS DE A. MENDONÇA


JULGADOR

Acórdão CTE 274/2013 Página 9


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 43 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 22/11/2013


PROCESSO Nº: 1500-018389/2008
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.81350-001
AUTUADA: TV CIDADE DE MACEIÓ LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 275/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS.


RETIFICAÇÃO DE DAC APÓS O PRAZO
REGULAMENTAR, ILÍCITO INERENTE A
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
ACESSÓRIA. DEMONSTRADA A APRESENTAÇÃO DAS
DAC’S DENTRO DO PRAZO REGULARMENTAR.
LANÇAMENTO NULO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
SINGULAR.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 18.186/2011, esta, por sua vez, julgou
nulo o lançamento do crédito tributário presente no Auto de Infração
n° 9981350001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria


efetuado a retificação da DAC – Declaração de Atividade do
Contribuinte após o prazo regulamentar, sem o recolhimento da multa
devida.

Desta feita, o Autuado teria violado os artigos 56 da Lei


nº 5.900/96 e 272 do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
aplicando-se, por conseguinte, a penalidade do artigo 116-A, inciso
II da Lei 5.900/96, com as alterações da Lei 6.556/04. Assim fora
fixado crédito tributário no valor total de R$: 27.557,00 (vinte e
sete mil e quinhentos e cinquenta e sete reais).

ACÓRDÃO CTE Nº 275/2013 Página 1


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Em sede de defesa, o sujeito passivo aduziu que: a) não


seria contribuinte do imposto de ICMS, tendo em vista que suas
atividades consistem na transmissão de programa, radiodifusão de
sons e imagens, através concessão pública, fato que impediria a
incidência deste tributo; b) não poderia ser responsabilizada pelo
descumprimento de obrigações acessórias (multa), vez que teria
realizado a retificação das declarações antes do início da
fiscalização e não haveria imposto algum a ser recolhido; c)as
obrigações acessórias serviriam para auxiliar a fiscalização dos
tributos, que seriam os objetos das obrigações principais; d) teria
sido entregue a declaração de existência de contratos, no modelo
antigo, no entanto tal situação não teria o condão de torná-la
inadimplente; e) a lei estadual que estipula prazo para a realização
da denúncia espontânea seria inconstitucional; f) que o valor da
multa cobrado na exação seria inconstitucional por ferir o princípio
do não-confisco; g) anexou aos autos os seguintes documentos: notas
fiscais referentes ao período mencionado pela fiscalização, guias
retificadora, recibos de entrega das DAC, contrato social,
procuração dos sócios, procuração ad judicia.

Já nas contrarrazões, a autuante além de ratificar o


posicionamento adotado pelos fiscais no Auto de Infração, alega que:
a) o autuado seria contribuinte do imposto de ICMS, consoante se
verifica no doc. fl.6; b) o autuado estaria constituído sob forma de
sociedade empresária, em plena atividade; c) o autuado paga impostos
referentes aos diferenciais de alíquota e presta informações
requisitadas pela SEFAZ por meio das DACs; d) algum destes
documentos teriam sido entregues com atraso de 02 (dois) anos, e,
portanto, o instituto da denúncia espontânea, não teria amparo legal
para incidir no presente caso; e) o objetivo da multa é desestimular
a prática de ilícitos por parte do contribuinte e, portanto, o valor
cobrado não seria exorbitante; f) nenhum ato praticado na ação
fiscal estaria eivado de inconstitucionalidade.

ACÓRDÃO CTE Nº 275/2013 Página 2


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A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou a


inexistência de motivos capazes de validar o ato acusatório, posto
que, em seu sentir, os documentos acostados aos autos comprovariam
que o sujeito passivo teria apresentado as DACs dentro do prazo
regulamentar, cumprindo desta forma sua obrigação.

Neste passo, o julgador singular, observando o disposto


nos artigos 7º, inciso IV, alínea “a”, 28 e 29 da Lei nº 6.771/2006,
entendeu ser nulo o lançamento constante no Auto de Infração nº
99.81350-001, consoante se pode denotar da seguinte ementa da
decisão singular nº 18.186/2011:

ICMS. Retificação de DAC após o prazo


regulamentar, Ilícito inerente a descumprimento
de obrigação tributária acessória. Lançamento
NULO. Duplo grau de jurisdição administrativo
necessário - art. 48 da Lei nº 6.771/06.

Regulamente cientificada da decisão, a representação


fiscal não se manifestou

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto da decisão singular n° 18.186/2011.

Considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao


devido processo legal, passa-se ao mérito da questão.

O cerne da questão em atino, diz respeito ao


posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser Nulo o Lançamento do Crédito Tributário consubstanciado
pelo Auto de Infração nº 99.81350-001.

ACÓRDÃO CTE Nº 275/2013 Página 3


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Em suas razões, o julgador singular aduz que: a) a


obrigação de entrega das DACs possui caráter acessório e formal,
concretizando-se com a efetiva entrega dos documentos dentro do
prazo estipulado pela norma tributária; b) os documentos acostados
aos autos teriam feito prova de que o autuado, ao operar em compasso
com os artigos 56 1 da Lei 5.900/96 e 1º, inciso I, “a” 2, da Instrução
Normativa n° 29/2002, cumprira sua obrigação; c) a penalidade
constante no artigo 116-A, inciso II da Lei 5.900/96 imputada ao
autuado não teria incidido no presente caso; d) o referido
lançamento seria nulo nos termos dos artigos 2º, p. único, “d” 3 da
Lei nº 4.717/65, 7º, inciso IV 4, 28 5 e 29 6 da Lei nº 6.771/06

Ora, tendo em vista que os documentos acostado aos autos


são esclarecedores e realmente comprovam que o autuado agiu conforme

1
Art. 56 - O contribuinte é obrigado a apresentar as declarações necessárias à apuração dos
índices de participação dos municípios, no produto de arrecadação do imposto, e todos os
demais formulários de caráter econômico fiscal, conforme dispuser a legislação.
2
Art. 1º A Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC, instituída pelo Decreto nº 998, de
25 de novembro de 2002, deverá ser entregue à repartição fiscal, na seguinte conformidade:

I - contribuintes do ICMS cadastrados no CACEAL sob o regime de apuração normal, à exceção do


Produtor Rural e do Extrator, apresentarão a Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC
mensalmente, observando-se que:
a) as informações de periodicidade mensal deverão ser entregues até o dia 20 do mês
subseqüente ao mês a ser informado;
3
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se


fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido
4
Art. 7º São nulos:

IV - o lançamento de ofício:

a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o
infrator
5
Art. 28. A instrução e o julgamento do processo administrativo tributário decorrente de Auto
de Infração compete, em primeira instância administrativa, à Coordenadoria de Julgamento - CJ,
e, em segunda instância, ao Conselho Tributário Estadual - CTE.
6
Art. 29. A decisão resolverá as questões suscitadas no processo, reconhecendo a procedência,
a improcedência ou a nulidade total ou parcial do lançamento de ofício do crédito tributário,
ou ter sido este prejudicado, total ou parcialmente.

ACÓRDÃO CTE Nº 275/2013 Página 4


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os ditames legais, não há o que se alterar das razões que fundaram a


Decisão Singular.

Desta feita, entende-se que o posicionamento perfilhado


pela Corregedoria de Julgamento, na Decisão Singular nº 18.186/2011
que julgou nulo o lançamento consignado no Auto de Infração nº
99.81350-001 deve ser mantido.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário e negar-lhe provimento, mantendo a
decisão recorrida.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 22/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 43 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 22/11/2013


PROCESSO SF: 1500-0097311/1992; CTE-05/2008
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 048341/92
ASSUNTO : REEXAME NECESSÁRIO
AUTUADA: OAP PNEUS ORGANIZAÇÃO ALAGOANA DE PNEUS LTDA.
AUTUANTE: SELMA RAMOS DE OLIVEIRA – Mat. 30.761
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 276/2013

EMENTA: ICMS- PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO


DIANTE DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO À LUZ DO ART. 141, DA LEI Nº
4.418/82, COM AS ALTERAÇÕES POSTERIORES
IMPLEMENTADAS PELA LEI Nº 5.983/97,
TRANSCORRIDOS MAIS DE 05 (CINCO) ANOS SEM
QUE A FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL TENHA
ENCAMINHADO O REFERIDO CRÉDITO PARA A
INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA, SEGUIDA DA
COMPETENTE AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL.
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO
EFEITO DA PRESCRIÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata o presente feito de lançamento de crédito


tributário a título de ICMS, no valor de Cr$
217.149,40(duzentos e dezessete mil, cento e quarenta e nove
cruzeiros e quarenta centavos,com um acréscimo de multa no
valor de Cr$ 325.724,09 (trezentos e vinte e cinco mil,
setecentos e vinte e quatro cruzeiros e nove centavos), tendo
como origem, a utilização de crédito indevido e diferença no
estoque físico por omissão de vendas nos exercícios de 1989
1990.

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Como instrução da autuação foram anexados aos


autos, demonstrativo, dados cadastrais e cópias, do Controle
Físico da Mercadoria, do Controle Quantitativo de Mercadorias
e do Livro Reg. de Inventário.

Devidamente intimada da autuação, em 16 de março


de 1992,a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo assim
em revelia, conforme termo de fl.44.

A Coordenadoria de Julgamento ao analisar o


lançamento decidiu pela extinção do crédito tributário pelo
efeito da prescrição, conforme ementa: “ICMS. 1. Lançamento
de crédito tributário. 2. Descumprimento de obrigação
tributária principal. 2.1. Utilização de crédito indevido.
2.2. Omissão de saídas. 3. Inexistência de intimação regular
do lançamento de crédito tributário. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito tributário. 6. Prescrição
– CTN, artigos 156,V, e 174. 7. Duplo grau de jurisdição
administrativa necessário – art. 48, Lei Estadual nº.
6.771/06.

Notificadas da decisão a quo, tanto a autuada,


quanto a Fazenda Pública Estadual, ambas não se manifestaram
sobre a mesma (fls. 66/71).

É o relatório.

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VOTO

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a empresa


autuada apesar de ter sido intimada da autuação, em 16 de
março de 1992,a mesma não impugnou a autuação, incorrendo
assim em revelia, conforme o respectivo termo (fl.44).

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141.

§ 1º- Quando se tratar de infrator


revel, e a infração se referir à
falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestados as
informações sobre os antecedentes
fiscais existentes, considerar-se á
concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a inscrição
do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º- A revelia do autuado, na


hipótese prevista no parágrafo
anterior, importa o reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito
de decisão final do processo
administrativo.

§ 3º- Nos demais casos, lavrado o


Termo de Revelia, o processo seguirá
os tramites regulamentares, facultada
ao revel a intervenção em qualquer

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oportunidade, antes de tramitada em


julgado a decisão terminativa”.

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de


1997, esta alterou a redação do art. 141, da Lei nº 4.418, de
28 de dezembro de 1982, então vigente, nos seguintes termos:

Art. 141. Findo o prazo de intimação,


sem pagamento do débito ou
apresentação de defesa ou recurso,
será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento
do débito para inscrição em Dívida
Ativa.“

Parágrafo único - “A revelia do


autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributário e produz efeito
de decisão final no processo
administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o código
tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, ao
disciplinar o processo administrativo fiscal, no seu capítulo
III, do art. 118 ao art. 167, o referido diploma legal
tratou, também, de matéria processual.

Assim sendo, passo a discorrer a aplicação da


norma processual no tempo.

A doutrina aponta três sistemas que procuram


resolver quanto à eficácia das leis processuais no tempo:

a) O primeiro sistema, chamado da unidade


processual, o processo consiste, em um complexo de atos
inseparáveis uns dos outros, porque todos se subordinam ao

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fim a que visa, qual seja, a decisão. De forma que o processo


seria um corpo uno, e, assim considerados teria que ser
regulado por uma única lei. Nessas condições, uma vez em
curso, e sobrevindo uma lei nova, disciplinar-se-ia
inteiramente por esta ou pela lei anterior. Por conseqüência,
a ser regido inteiramente pela lei nova, tornando ineficazes
os atos já realizados, poder-se ia dizer que a lei processual
tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas, a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplina a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Assim, somente as fases seguintes obedeceriam a lei nova.

c) O terceiro e o último sistema é o do


isolamento dos atos processuais, segundo o qual, sem
desconhecer que o processo é uma unidade em vista do fim a
que se propõe, observa que cada um dos atos processuais pode
ser considerado isoladamente, para os efeitos de aplicação da
lei nova. Ou melhor, esta encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já
realizados e passa a disciplinar o feito a partir de sua
vigência.

Dentre os referidos sistemas, o código de


processo civil adotou o sistema do isolamento dos atos
processuais, conforme expressamente dispôs no art. 1211, que
reza:”....Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão,
desde logo, aos processos pendentes.

Portanto, à luz da nova redação do art. 141, da


Lei nº4418/82, então vigente, dada pela Lei nº 5.983/97, bem
como atentando para o princípio da subsidiariedade da lei
adjetiva civil ao processo administrativo tributário, a
administração fazendária deveria ter procedido ao devido
encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o respectivo

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débito na Dívida Ativa, seguida da competente ação de


execução fiscal a cargo da Procuradoria da Fazenda Estadual.
No entanto, transcorreram mais de cinco anos, contados a
partir da constituição do crédito tributário, termo inicial
do prazo prescricional, sem que tal providência fosse
adotada.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer da remessa necessária para negar-lhe provimento,
mantendo assim in totum a decisão a quo.

Intime-se a autuada e em seguida vão os autos à


DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL,


22/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR
(VOTOU COM O RELATOR) (VOTOU COM O RELATOR)

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA


JULGADOR
(VOTOU CONTRA O RELATOR)

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013


PROCESSO: 1500-003.402/2010 e CTE n° 272/2012.
ANEXOS: 1500-008.229/2010 e 1500-020.388/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.00169-001, de 02/03/2010.
AUTUADA: LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.002.668-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.614/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Paulo de Medeiros Gomes Neto.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 277/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal (artigo 22,


§3º, da Lei nº 4.418/82). 1) Transportar
mercadorias com NF-e emitida em situação de
contingência e cujo DANFE que acobertava o
trânsito das mercadorias foi impresso em papel
comum quando a legislação exige que sua
impressão seja em formulário de segurança. 2)
Documentação fiscal considerada inidônea a
teor dos artigos 139-D, §§ 1º e 2º; e 207, IV,
e IX, do RICMS/91L. 3) Comprovada a infração
uma vez que a autorização de uso de NF-e se
deu posteriormente à ocorrência do fato
gerador, e, a apreensão da mercadoria, bem
como sua escrituração, não têm o condão de
regularizar a situação, sendo devida neste
caso a cobrança do imposto e a aplicação da
penalidade (artigo 97, da Lei nº 5.900/1996).
4) Base de cálculo do imposto apurada com base
no valor de saída da mercadoria constante no
documento fiscal, acarretando redução no valor
do crédito tributário lançado na inicial. 5)
Lançamento Procedente em Parte. 6) Reexame
Necessário e Recurso Ordinário conhecidos e
improvidos. Mantida na íntegra a decisão da
Primeira Instância administrativa.

Acórdão CTE nº277/2013 Página 1


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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


LAGINHA AGRO INDUSTRIAL S/A, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de R$ 42.840,00
(quarenta e dois mil oitocentos e quarenta reais), por haver a
empresa autuada transportado 700 (setecentas) sacas de açúcar
cristal acobertadas pelo DANFE - Documento Auxiliar de Nota
Fiscal Eletrônica - nº 13134, de 09/01/2010, considerado como
inidôneo porque impresso em papel comum ao invés de formulário
de segurança como exigido pela legislação em situação de
contingência, procedimento fiscal iniciado com a apreensão da
mercadoria quando da passagem pelo posto fiscal de São José da
Laje, conforme Termo de Apreensão nº 231.784.

Apontados como infringidos o artigo 21, VI, da


Lei nº 5.900/1996; e 139-A; 139-D, I, e II; 139-I, §§ 1º a 3º;
139-K; e 207, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 97, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópia do cartão


de autógrafo; Termo de Apreensão nº 231.784; DANFE nº 13134;
cópia de despacho judicial com liminar em Mandado de Segurança
(Processo n.º 001.10.003084-0), Autorização para utilização de
DANFE; e Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa tempestivamente,


alegando que o valor arbitrado na base de cálculo do imposto
(dobro do preço da mercadoria constante no documento fiscal)
não tem amparo legal; o DANFE não é inidôneo porque foi
convalidado pela SEFAZ no mesmo dia da emissão; a capitulação
genérica da infração com base no artigo 207, do RICMS/91, sem
especificar o inciso, demonstra ser abusiva a autuação; a
multa aplicada é abusiva porque a emissão do DANFE foi
ratificada pelo sistema eletrônico da própria SEFAZ; houve
pagamento do imposto devido na operação conforme lançamento do
documento constante no livro fiscal próprio. Por fim, pede a
nulidade ou a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que o lançamento deve ser
mantido e que o arbitramento da base de cálculo, com base no

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artigo 54, X, do RICMS/91, é correto porque se trata de


operação acobertada por documentação fiscal inidônea; a
operação foi acobertada por documentação fiscal (DANFE)
emitida sem observância das formalidades legais; a capitulação
legal e específica da infração reclamada pela autuada consta
na complementação dos fatos; a multa aplicada não foi abusiva,
uma vez que prevista na legislação; e o registro de documento
fiscal considerado inidôneo é insuficiente para que se
considere como estando pago o imposto devido na operação; não
houve ofensa ao princípio da isonomia, pois a autuada não
prova o que afirma, mesmo porque, se tivesse provado, restaria
configurada falta funcional e infração à legislação, que do
mesmo modo podia ensejar a cobrança de imposto e aplicação de
penalidade. Por fim, pede a Procedência da autuação.

Em 21/10/2010, foi solicitada a requisição de


Diligência nº 210/2010, para trazer as provas necessárias a
evidenciar que o preço do produto utilizado na composição da
base de cálculo do imposto apurado foi o praticado no comércio
varejista no local da ocorrência do fato gerador, como exigido
pela legislação tributária vigente.

Em resposta o autuante alega que a época da


lavratura do termo de apreensão a base de cálculo apurada foi
a do maior preço de mercado (artigo 54, X, do RICMS/91),
porém, entende que a mesma deve ser revista nos termos do
artigo 6º, XVII, da Lei nº 5.900/1996, conforme prevê o artigo
71, V, do RICMS/91, agregando um percentual de 50% (cinquenta
por cento) ao valor da mercadoria que consta no documento
fiscal, reduzindo o valor do crédito tributário para R$
32.640,51 (trinta e dois mil; seiscentos e quarenta reais e
cinquenta e um centavos).

Em 23/12/2010, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 275/2010, para que o autuante fizesse Aditamento
e dele intimasse à autuada. Em resposta o fiscal autuante
lavrou o Aditamento Fiscal nº 01. A autuada foi intimada do
Aditamento e não se pronunciou.

Em 17/05/2012, foi proferida a Decisão nº


18.614/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1. Nota


Fiscal Eletrônica - NF-e emitida em situação
de contingência. 2. DANFE impresso em papel

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comum para acobertar o trânsito da mercadoria,


quando a legislação exige que seja em
formulário de segurança. 3. Documentação
fiscal considerada inidônea, a teor dos
artigos 139-D, §§ 1º e 2º, e 207, inc. IV e
IX, do Regulamento do ICMS/AL. 4. Autorização
de uso de NF-e posterior à ocorrência do fato
gerador e apreensão da mercadoria não têm o
condão de regularizar a situação. 5. Infração
tributária demonstrada nos autos. 6. Base de
cálculo do imposto apurada com base no valor
de saída da mercadoria constante no documento
fiscal, ante a impossibilidade de utilização
de outros parâmetros legais. 7. Devida a
cobrança do imposto e aplicação da penalidade.
8. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. 9. Reexame
necessário.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva alegando:

1) Que, a decisão singular merece e deve ser


reformada porque na circulação das 700 (setecentos) sacas de
açúcar a emissão da NF-e foi regular, o DANFE foi emitido às
11:20 h do dia 09/01/2010, e na mesma data as 18:48 h, foi
autorizado o uso da NF-e; a existência de documento fiscal
inidôneo não se sustenta por várias razões, primeiro porque
houve convalidação do ato pelo sistema no mesmo dia e não há
demonstração de estorno da nota fiscal, conclamando-se por
parte da administração fazendária a inidoneidade do documento

2) Que, a multa do artigo 97, da Lei nº


5.900/1996, é abusiva e exacerbada, pois a nota fiscal teve
sua emissão ratificada pelo sistema eletrônico da SEFAZ ainda
durante a operação; a multa denota má fé do fisco, pois seus
agentes viram o próprio sistema convalidar a NF-e e fizeram
vista grossa lavrando o auto de infração, aplicando uma multa
confiscatória, ferindo o principio do não confisco (artigo
150, IV), pelo simples fato de haver a autuada deixado de
imprimir o DANFE em papel especial (formulário de segurança)
em virtude de pane ocorrida no sistema da SEFAZ, por culpa da
fiscalização e não da autuada.

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3) Que, no caso, não se trata de fraude, dolo


ou simulação, mas de simples impressão do DANFE em papel comum
mostrando a desproporcionalidade flagrante entre a infração e
a penalidade imposta, mesmo porque a operação foi autorizada
pela SEFAZ no mesmo dia, e, neste sentido entendem o TRF da 3ª
Região e o STJ; houve uma clara tentativa de enriquecimento
ilícito por parte do Estado, uma vez que houve o pagamento do
imposto devido, havendo apenas, segundo o auto de infração, a
inidoneidade da nota fiscal; não se admite que o imposto seja
cobrado, pois, ocorrendo a cobrança e o pagamento, incorrerá o
Estado em enriquecimento ilícito por bitributação, conduta
proibida pelo sistema jurídico.

4) Que, o presente caso advém da era digital


que fez surgir inúmeras obrigações acessórias, a exigirem um
aprendizado rápido pelos contribuintes sob pena de engessar
seus negócios; a obrigação acessória, compra de formulários
especiais para utilização apenas nos momentos de pane no
sistema da SEFAZ, está prevista no Ajuste SINIEF nº 07/2005, o
qual permite que os DANFES sejam impressos em papel comum
(clausula 9ª, parágrafos 1, 2, 3, 4, e 5 (regra geral); já a
impressão em formulário especial esta prevista apenas para os
casos de problemas técnicos (clausula decima primeira, pu, I,
II, e III); a implementação do formulário de segurança importa
custo e demora, o que justifica a falta do papel especial no
momento da operação, tendo a autuada impresso o DANFE em papel
comum, não sendo justa a multa aplicada.

5) Que, na mesma data a autuada tinha outros


caminhões fazendo outros percursos na mesma situação e não
tiveram nenhum problema nos outros postos fiscais, já que os
agentes entenderam que a autorização não estava se dando por
causa da pane no sistema e não por culpa da autuada tendo os
DANFES sido aceitos como documentos hábeis para tal operação
apesar de impressos em papel comum, é o caso de uma venda de
29.6700 m3 de álcool para a Petrobras (09.01.2010, as 18.45
h); a autuação afronta o Principio da Isonomia, pois não se
admite privilégios e distinções em situações idênticas; essa
forma de fiscalizar gera insegurança jurídica e afeta a livre
concorrência. Por fim, pede a nulidade do auto de infração e
se assim não se entender, seja julgado improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Comissão de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões alegando:

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1) Que, o lançamento deve ser mantido, pois a


autuada promoveu saída de mercadorias em 09/01/2010, às 11:20
h, sem que houvesse sido autorizada pelos ambientes nacional e
local o uso da NF-e nº 13.134, em contingêncuia, bem como, o
DANFE não foi impresso em formulário de segurança como exige a
legislação; está demonstrado que a NF-e foi emitida em regime
contingênia e que seu processamento foi de forma irregular,
daí ter sido o DANFE desconsiderado.

2) Que, a aplicação de penalidade visa inibir


a prática de infrações, seus diversos tipos e graduações estão
previstos na legislação tributária vigente, e, aquela aplicada
pelo julgador singular está em consonância com a infração, uma
vez que a autuada emitiu um documento fiscal eletrônico para
transportar mercadorias sem a devida autorização da SEFAZ e em
consequência o dito documento não pode ser considerado idôneo,
como exige a legislação; a aplicação da penalidade prevista no
artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, se mostra adequada a infração
praticada pela autuada, ou seja, a entrega de mercadoria com o
acobertamento de documento fiscal inidôneo.

3) Que, apesar do suposto lançamento do valor


do imposto no LRSM da autuada, mediante registro do DANFE nº
13.134, tal procedimento não deve ser considerado regular, por
decorrer de operação acobertada por documento fiscal inidôneo,
ou seja, que foi emitido em uma hipótese não autorizada pela
legislação; só seria possível admitir o pagamento do imposto
nessa situação, se o documento fiscal tivesse sido emitido de
acordo com a legislação, o que não é o caso, uma vez que o
referido documento apresenta caracteristicas de inidôneo,
conforme determinações do artigo 207, do RICMS/91, afastando a
acusação de que o Estado praticou enriquecimento ilítito.

4) Que, não procede a alegação da autuada de


que se encontra em situação de recuperação judicial, fato que
dificultou a compra de formulários de segurança (artigo 139-S
do RICMS/91) para emissão do DANFE em contigência, comprovando
a tese de que imprimiu o DANFE em desacordo com a legislação e
desobecendo a Cláusula 11ª do Ajuste SINIEF 07/2005 (do qual o
Estado de Alagoas é signatário), ficando afastada sua alegação
de nulidade da autuação pela não aplicação do instituto da
isonomia em supostos casos idênticos, até porque este fato já
foi afastado pelo julgador singular ao entender não constituir
este fato um motivo suficiente para provocar a nulidade da
presente autuação. Por fim, pede que o pedido de nulidade da

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autuação seja improcedente e a manutenção integral da decisão


da Primeira Instância. Assim, chegam os autos a este Conselho
para análise do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 18.614/2012, de
Primeira Instância que julgou Procedente em Parte o Lançamento
constante do auto de infração nº 9000169-001, de 02/03/2010.

A análise dos autos demonstra que a autuação


tem por base o fato de a autuada transportar 700 (setecentas)
sacas de açúcar cristal acobertadas pelo DANFE - Documento
Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica nº 13.134, de 09/01/2010,
considerado inidôneo pela fiscalização estadual por ter sido
impresso em papel comum ao invés do formulário de segurança
como exige o artigo 139-S, do RICMS/1991.

DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário pede a reforma da decisão


singular sob a alegação de que a NF-e referente ao DANFE foi
autorizada pela SEFAZ no mesmo dia da apreensão da mercadoria
e da declaração de inidoneidade do DANFE pela fiscalização,
além de reclamar da cobrança do imposto com a aplicação da
multa (equiparando-a ao confisco), haja vista, a concessão do
benefício de diferimento a tal produto.

Inicialmente observe-se que as provas anexadas


aos autos comprovam que o transporte das mercadorias ocorreu
como consta da peça inicial, ou seja, mediante acompanhamento
de DANFE (documento auxiliar da NF-e) emitido em desacordo com
a legislação tributária vigente, nesta situação a fiscalização
estadual o considerou como sendo um documento fiscal inidôneo,
declarando a mercadoria desacompanhada de documentação fiscal
e exigindo acertadamente o pagamento do imposto com a multa.

Nesse passo, a alegação da autuada de que a


NF-e foi emitida no mesmo dia e de que conclama a fiscalização
para apresentar seu cancelamento, não procede, haja vista, que
norma específica (artigo 139, I, do RICMS/91), determina que o
cancelamento de NF-e somente poderá ser feito pelo próprio
contribuinte (devidamente autorizado e mediante uso de chaves

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e senhas eletrônicas). Vejamos as determinações dos artigos


139-A; 139-D; 139-I; 139-K e 139-S, do RICMS/91.

“Art. 139-A - A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) poderá ser


utilizada em substituição (Ajustes SINIEF 07/05, 11/05,
02/06, 04/06, 05/07, 08/07, 11/08, 01/09, 08/09, 09/09,
10/09, 12/09 e 15/10:

§1º - Considera-se Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) o


documento emitido e armazenado eletronicamente, de
existência apenas digital, com o intuito de documentar
operações e prestações, cuja validade jurídica é garantida
pela assinatura digital do emitente e autorização de uso
pela Secretaria de Estado da Fazenda, antes da ocorrência
do fato gerador.
(...)

No presente caso, a autorização da NF-e só


ocorreu após o fato gerador e principalmente após a infração,
ou seja, após a emissão do DANFE em papel comum no lugar do
formulário de segurança. Observe-se que a essa altura a
autuada não tinha mais o direito de pedir autorização para
usar a NF-e cujo DANFE fora considerado inidôneo. A autuada
tinha sim, o dever de cancelar a NF-e uma vez que o seu DANFE
fora emitido com erro, conforme entendimento do artigo 139-D,
§§ 1°, e 2º, do RICMS/1991.

“Art. 139-D - O arquivo digital da NF-e só poderá ser


utilizado como documento fiscal, após:
(...)

II - ter seu uso autorizado por meio de Autorização de Uso


da NF-e, nos termos do art. 139-F.

§ 1º - Ainda que formalmente regular, não será considerada


documento fiscal idôneo a NF-e que tiver sido emitida ou
utilizada com dolo, fraude, simulação ou erro, que
possibilite, mesmo que a terceiro, o não-pagamento do
imposto ou qualquer outra vantagem indevida.

§ 2º - Para os efeitos fiscais, os vícios de que trata o §


1º deste artigo atingem também o respectivo DANFE, impresso
nos termos dos arts. 139-I ou 139-K, que também não será
considerado documento fiscal idôneo (Ajuste Sinief 08/07).
(...)

Observe-se, que o DANFE foi emitido com erro,


por ter sido impresso em papel comum (artigo 139-D, II, §§ 1º,
e 2º) antes de ser autorizada a emissão da NF-e por se tratar
de um caso de contingência (artigos 139-I e 139-K). Nesta
situação o DANFE tinha de estar impresso no formulário de
segurança. Assim, ao ser declarado como inidôneo a NF-e também

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é considerada inidônea, até porque foi emitida após o fato


gerador e após ter sido declarada a inidoneidade do DANFE.

“Art. 139-I - É obrigatório o uso de Documento Auxiliar da


NF-e - DANFE, conforme leiaute estabelecido no ‘Manual de
Integração - Contribuinte’, para acompanhar o trânsito das
mercadorias acobertado por NF-e ou para facilitar a
consulta da NF-e, prevista no art. 139-O (Ajuste SINIEF
08/10.

§ 1º - O DANFE somente poderá ser utilizado para transitar


com as mercadorias após a concessão da Autorização de Uso
da NF-e, de que trata o inciso III do art. 139-G, ou na
hipótese prevista no art. 139-K.
(...)”

“Art. 139-K - Quando em decorrência de problemas técnicos


não for possível transmitir a NF-e para a unidade federada
do emitente, ou obter resposta à solicitação de Autorização
de Uso da NF-e, o contribuinte poderá operar em
contingência, gerando arquivos indicando este tipo de
emissão, conforme definições constantes no ‘Manual de
Integração - Contribuinte’, mediante a adoção de uma das
seguintes alternativas (Ajuste SINIEF 08/10):
(...)

III - imprimir o DANFE em Formulário de Segurança (FS),


observado o disposto no art. 139-S;
(...)”

É certo que a autuada em nenhuma hipótese


poderia fazer o registro da NF-e com débito do imposto no seu
LRSM e muito menos, alegar que pagou o referido imposto, pois,
como dito, ao ter seu DANFE considerado inidôneo pelo fisco a
mesma deveria ter solicitado o cancelamento da NF-e conforme
determina o artigo 139-L, haja vista, que o cancelamento de
NF-e não é de competência da fiscalização estadual, por ser de
competência exclusiva da própria autuada conforme o § 1º, do
artigo 139-L, o qual determina que a solicitação para o
cancelamento da NF-e é de competência da autuada que nesta
situação necessitaria de autorização da SEFAZ/AL uma vez que a
emissão da referida NF-e somente ocorreu depois da declaração
de inidoneidade do DANFE, portanto, em situação extemporânea.

“Art. 139-L - Em prazo não superior a 24 (vinte e


quatro) horas, contado do momento em que for concedida
a Autorização de Uso da NF-e, de que trata o inciso
III do art. 139-G, o emitente poderá solicitar o
cancelamento da respectiva NF-e, desde que não tenha
havido a circulação da mercadoria ou a prestação de
serviço e observadas às normas constantes no art. 139-
M (Ajuste SINIEF 12/12).

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§ 1º - A critério da SEFAZ, em casos excepcionais,


poderá ser recepcionado o pedido de cancelamento de
forma extemporânea.

§ 2º - O cancelamento, de que trata o caput, poderá


ser efetuado até 31 de março de 2013, mediante Pedido
de Cancelamento de NF-e, transmitido pelo emitente, à
administração tributária que a autorizou (Ajuste
SINIEF 16/12).
(...)”

Não resta dúvida de que a autuada descumpriu


determinações dos artigos 139-A, 139-D, 139-I, 139-K, 139-L e
139-S, quando utilizou formulário comum para imprimir o DANFE
nº 9.992, numa situação em que a legislação vigente exige que
seja utilizado o formulário de segurança por se tratar de uma
situação de contingência; quando pediu autorização para emitir
a NF-e após a declaração de inidoneidade do DANFE e quando
escriturou a referida NF-e no LRSM, uma vez que a inidoneidade
do DANFE acarreta a inidoneidade da NF-e e vice versa, como
determina o artigo 139-D, §1º, do RICMS/1991.

Assim, está correto o julgador singular quando


decidiu pela Procedência do Lançamento, até porque a situação
econômica da autuada (recuperação judicial) não pode servir
como justificativa para o descumprimento da norma tributária
que disciplina a emissão da NF-e. Observe-se que não houve
ofensa ao Princípio da Isonomia por haver a empresa autuada
emitido outras NF-e’s e outros DANFE’s na mesma situação, sem
que a fiscalização estadual nos demais postos fiscais do
Estado, tivesse apreendido as mercadorias. Quanto à medida
liminar concedida pelo Judiciário, é certo que esta se refere
tão somente à liberação das mercadorias, ou seja, não houve
opção da autuada pela via judiciária.

Neste passo, é importante observar-se que o


artigo 139-D, §§ 1º, e 2º, do RICMS/1991, determina que se a
NF-e e o seu respectivo DANFE forem emitidos com erro, que
possibilite o não pagamento do imposto ou qualquer outra
vantagem indevida, mesmo estando formalmente regulares, não
poderão ser considerados como documentos fiscais idôneos; e,
este entendimento também encontra respaldo no artigo 207, IV,
e IX, do mesmo regulamento.

“Art. 207 - Considerar-se-á desacompanhada de documento


fiscal a operação ou prestação acobertada por documento
inidôneo, assim entendido, para esse efeito, aquele que:
(...)

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IV - for emitido em hipótese não prevista na legislação;


(...)

IX - de qualquer modo, ainda que formalmente regular, tiver


sido emitido ou utilizado com dolo, fraude, simulação ou
erro, que possibilite, mesmo que a terceiro, o não pagamento
do imposto ou qualquer outra vantagem indevida.
(...)

Não restam dúvidas quanto ao acerto da ação


fiscal e da decisão singular, uma vez que a própria autuada
reconheceu que imprimiu o DANFE em papel comum e que a NF-e
somente foi autorizada após a apreensão da mercadoria e após a
ocorrência do fato gerador. Portanto, a inidoneidade do DANFE
nº 13.134, que acobertava o transporte de 700 (setecentas)
sacas de açúcar cristal e a autorização de uso da NF-e após a
ação fiscal, não autorizam o registro da referida nota no LRSM
(a posteriori), bem como, de que este registro não tem o
condão de regularizar a apreensão, uma vez que esta situação
(o registro) ocorreu posteriormente à saída das mercadorias do
estabelecimento da autuada e à ocorrência do fato gerador
(artigo 2º, I, da Lei n° 5.900/1996).

Quanto à revisão no valor da base de cálculo,


esta atende a legislação, uma vez que seu refazimento se deu
em conformidade com os artigos 6º, XVII, da Lei Estadual nº
5.900/1996; e 71, V, do RICMS/91.

LEI Nº 5.900/1996
Art. 6º - A base de cálculo do imposto é: (Art. 13 - LC)
(...)

XVII - no caso de saída de mercadoria desacompanhada de documento


fiscal, apurada por meio de levantamento fisco-contábil, o valor do
custo de aquisição mais recente ou o custo da mercadoria produzida,
acrescido, em qualquer das hipóteses, da margem de agregação de 50%
(cinquenta por cento), salvo percentual específico estabelecido pela
legislação, considerado como parâmetro temporal o exercício
financeiro fiscalizado.
(...)”

RICMS (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/1991)


“Art. 71 - A base de cálculo do imposto será arbitrada pela autoridade
fiscal quando ocorrer:
(...)

V - mercadorias ou prestações sem documentação fiscal ou com documento


inábil ou inidôneo;
(...)”

Com relação à aplicação da penalidade, também


está correto o julgador singular, uma vez que a multa prevista
no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, está em total subsunção ao
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fato gerador uma vez que o transporte das mercadorias ocorreu


com documentação fiscal inidônea como ficou comprovado.

“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber, estocar


ou depositar mercadorias desacompanhadas de documentos
fiscais, ou sendo estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Comprovada a infração, nos termos do artigo


22, §3º, da Lei Estadual nº 4.418/1982, deverá ser cobrado o
imposto com sua respectiva multa, conforme consta da decisão
singular, não assistindo razão a autuada quando alega não ser
legal a cobrança do imposto com multa pelo Estado de Alagoas;
também não procede a sua acusação de ser a multa aplicada,
confiscatória. Nesta situação o Lançamento é Procedente em
Parte devendo ser aplicada a penalidade prevista no artigo 97,
da Lei Estadual nº 5.900/1996, como consta da decisão singular
por sua subsunção aos fatos e por não ser confiscatória.

LEI Nº 4.418/1982

“Art. 22 - A obrigação tributária é principal ou acessória.


(...)
§ 3º - A obrigação acessória, pelo simples fato de sua
inobservância, converte-se em obrigação principal,
relativamente à penalidade pecuniária.
(...)”

Portanto, diante de todo o exposto, deixo de


conhecer do Recurso Ordinário por lhe faltar efetivas razões.

DO REEXAME NECESSÁRIO

Quanto ao Reexame Necessário, é certo que este


se refere apenas a redução no valor do crédito tributário, que
como já foi exposto, ocorreu pela revisão efetuada no valor da
base de cálculo do ICMS cobrado, redução esta, que se deu nos
estritos termos da legislação tributária vigente, confirmando
assim a Procedência Parcial do Lançamento conforme consta da
Decisão nº 18.614/2012, da Primeira Instância.

Nesta situação o crédito tributário tem como


valor o que abaixo se demonstra.

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DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

B/cálculo Alíquota ICMS Multa Total


42.666,67 17% 7.253,33 14.506,66 21.759,99
Total - 7.253,33 14.506,66 21.759,99

O crédito tributário no valor de R$ 21.759,99


(setecentos e cinquenta e nove reais e noventa e nove
centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecerem do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.
Negando-lhes provimento. Mantida na íntegra a Decisão da
Primeira Instância Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 26 de NOVEMBRO de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE nº277/2013 Página 13


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013


PROCESSO 1500-007456/2008.
Anexo: 1500-012379/2008 (2 Volumes) – 1500-015631/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 99.75750-001, de 30/04/2008.
RECORRENTE: Notaro Alimentos Ltda.
RELATOR: Paulo de Tarso da Costa Silva
RECORRIDO: Fazenda Pública Estadual.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 278/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – OBSCURIDADE NA


DESCRIÇÃO DOS FATOS – REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIA –
TENTATIVA DE ESCLARECER OS FATOS NARRADOS NA
AUTUAÇÃO – DÚVIDA MANTIDA – RESPOSTA EM
DUPLICIDADE E CONFLITANTE QUANTO AOS FATOS
NARRADOS – VIOLAÇÃO DA SEGURANÇA JURÍDICA –
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO CARACTERIZADA –
RECONHECIMENTO PELA DIRETORIA DE
REPRESENTAÇÃO FISCAL - RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO – AUTO DE INFRAÇÃO NULO – DECISÃO DA CJ
REFORMADA – REEXAME NECESSÁRIO PREJUDICADO.

Relatório

Trata-se de Recurso Ordinário interposto pela


contribuinte Notaro Alimentos Ltda perante o Conselho
Tributário Estadual, visando reformar a decisão n.º
17.832/2011, originário da Coordenadoria de Julgamento – CJ,
que julgou parcialmente procedente o auto de infração n.º
99.75750-001, de 30/04/2008, nos termos da ementa de
julgamento que passa a expor:

EMENTA – ICMS – Não recolhimento do ICMS por omissão


de saída de mercadoria tributável, ante o não lançamento nos
livros fiscais de operação de aquisição de mercadoria sujeita
à tributação. (1) Descrição de mais de uma conduta na inicial
dos autos, apontando a possibilidade de ocorrência de mais uma
lesão ao ordenamento tributário. (2) Confissão pelo sujeito
passivo da prática de uma das mercadorias descritas em

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documentação fiscal. (3) Infração em relação a uma das


operações comprovada por meio de prova trazida aos autos. (3)
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. (4) Remessa dos autos ao
Conselho Tributário Estadual para reexame necessário, nos
termos do art. 48, I, da Lei Estadual 6.771/06. (5) Envio de
cópia dos autos à Superintendência da Receita Estadual para
providências acerca da ocorrência de uma segunda infração à
legislação tributária, concernente à entrega de Declarações
pelo sujeito passivo com informações divergentes das
constantes de sua escrituração contábil.

A infração que ensejou a lavratura do auto


de infração consiste na seguinte conduta: “Contribuinte
adquiriu mercadorias acompanhadas de notas fiscais
falsificadas e/ou adulteradas.” [...] “Omitiu a aquisição de
mercadorias, no exercício de 2006, na ordem de R$ 24.717,62
(vinte e quatro mil, setecentos e dezessete reais e sessenta e
dois centavos), conforme cotejo entre as declarações do
contribuinte e declarações de terceiros, sobretudo no que
consta do relatório SINTEGRA, anexo a este instrumento de
autuação.”

Segundo se extrai do auto de infração, o


fundamento legal utilizado para a lavratura do auto de
infração foi o artigo 97, da Lei 5.900/96, sendo sugerida a
aplicação da penalidade prevista no mesmo artigo 97, da Lei
5.900/96.

O crédito tributário cobrado totalizava,


originalmente, o valor de R$ 12.606,00 (doze mil e seiscentos
e seis reais), sendo R$ 4.202,00 (quatro mil e duzentos e dois
reais) de ICMS e R$ 8.404,00 (oito mil e quatrocentos e quatro
reais), relativo à multa. Por ocasião da decisão da CJ, o
referido valor foi diminuído para R$ 4.403,40 (quatro mil e
quatrocentos e três reais e quarenta centavos), dos quais R$
1.467,80 (mil e quatrocentos e sessenta e sete reais e oitenta
centavos) correspondem ao imposto não recolhido.

Em sede de defesa administrativa, a empresa


autuada argumentou, preliminarmente, a ocorrência de violação
ao devido processo legal, por ausência de preenchimentos dos
requisitos formais para lavratura do auto de infração, uma vez
que o fiscal autuante não anexou aos autos as provas do
cometimento da infração tributária, sobretudo os documentos
fiscais supostamente falsificados. No mérito, requer a
improcedência do auto de infração, ao argumento de que não

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houve omissão de entradas de mercadorias sem a devida


documentação fiscal.

Instado a se manifestar, o fiscal autuante


rechaçou os argumentos articulados na defesa da contribuinte,
alegando que a mesma não colacionou documentos que possam
modificar os fatos narrados no auto de infração.

Remetidos os autos para a Coordenadoria de


Julgamento, esta, antes de proferir decisão, optou por
requisitar diligência (fls. 82/84) no sentido de que o fiscal
autuante esclareça qual a verdadeira infração supostamente
cometida pela contribuinte, haja vista que na descrição dos
fatos constam pelo menos 03 (três) infrações totalmente
distintas, devendo, na ocasião, apontar as provas da
ocorrência da infração.

Em resposta à Requisição de Diligência nº


65/2009, o fiscal autuante esclareceu que a infração descrita
nos autos refere-se à aquisição de mercadorias com documentos
falsos e/ou adulterados. Ao final, entretanto, o mesmo afirma
que “após melhor análise do auto que lavrei, informo que houve
equívoco quanto à infração arguida sugerindo arquivamento
deste auto de infração e também, no resguardo do interesse do
estado, opino por uma nova auditoria a ser praticada pelo GT-
ATACADISTA.”

Embora a Requisição de Diligência nº


65/2009 já tivesse sido devidamente respondida pelo agente
fiscal, este foi novamente intimado para se manifestar acerca
da referida requisição de diligência, demorando mais de um ano
para responder a nova intimação, período este suficiente para
fazê-lo mudar de opinião, pois, agora, o mesmo declara que a
infração constante no auto de infração diz respeito à omissão
de aquisição de mercadorias adquiridas no exercício de 2006,
detectada através do cotejo entre o relatório SINTEGRA e as
declarações prestadas à SEFAZ, inclusive através da DAC.

Os autos finalmente foram submetidos ao


crivo da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que decidiu pela
procedência parcial do auto de infração para o montante de R$
4.403,40 (quatro mil, quatrocentos e três reais e quarenta
centavos), pelo seguinte fundamento:

“Apesar de a conduta relativa à divergência de


informações entre as informações contidas nas Declarações

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prestadas pelo contribuinte à repartição fazendária e o


conteúdo de seus livros fiscais não estar englobada entre as
condutas fáticas efetivamente descritas pelo autuante na
inicial dos autos, razão pela qual sua apuração e lançamento
deve dar-se por instrumento de lançamento autônomo, confessou
o contribuinte em sua imputação a prática de infração
relacionada à conduta descrita na inicial dos autos – a falta
de registro em seu livro Registro de Entradas do documento
fiscal 556151.”

Inconformada com a decisão, a contribuinte


interpôs Recurso Ordinário visando reformar a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, sob os seguintes argumentos:

1. Sem embargo, pois, da confissão do erro de


escrituração dos livros fiscais feita
pelo contribuinte, tal fato não pode
ser utilizado pela autoridade julgadora
como fato gerador a ser aproveitado e
adequado dentre as condutas descritas
da peça de autuação, tendo em vista a
falta de sua especificação no referido
lançamento de ofício.

2. Tal situação fática deveria ser materializada


através de lançamento de ofício
autônomo, e não por presunção intuitiva
daquela agente público responsável pelo
julgamento do feito administrativo.

3. Não existe, pois, margem a esse juízo de


conveniência e discricionariedade no
campo processual tributário.

Os autos foram encaminhados à Representação


Fiscal para oferecer contrarrazões ao Recurso Ordinário
interposto pela contribuinte, ocasião em que assim se
manifestou:
1. Impõe-se por obediência à lei e ao direito
processual reconhecer razões para os argumentos da Recursante.
2. A Decisão Singular n.º 17.832/11 por se sustentar
em conduta não arguida na peça exordial, portanto,
flagrantemente “ultra petita”.

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3. Concluindo, finalmente, não se comprovou nos autos


o cometimento da infração arguida na peça exordial, razão por
que merece reforma a r. Decisão Singular.

Assim chegam os autos ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação do Recurso Ordinário
interposto pela contribuinte, bem como para análise do reexame
necessário da decisão da CJ.

É o relatório.

VOTO

Analisando atentamente os autos, constata-se que o AI


n.º 99.75750-001, lavrado em 30/04/2008, já nasceu no mundo
jurídico recheado de nulidades. Neste contexto, a primeira
nulidade contida no auto de infração diz respeito à disposição
legal infringida.

Com efeito, o art. 889, do Regulamento do


ICMS/AL (Decreto 35.245/91), vigente à época da lavratura do
auto de infração, é categórico ao afirmar a necessidade de o
auto de infração conter a disposição legal infringida e a
penalidade proposta, senão vejamos:

Art. 889. O processo contencioso fiscal é instaurado


através de Auto de Infração, que deverá conter:

I - local, data e hora da lavratura;


II - a qualificação do autuado discriminando: a razão
social, endereço completo, inscrição estadual , CGC e ramo de
atividade do contribuinte;
III - nome, endereço residencial, telefone, carteira
de identidade e CPF dos sócios e do responsável pela escrita
fiscal e contábil;
IV - descrição da(s) infração(s) detectada, bem como,
quando for o caso, a base de cálculo do imposto;
V - disposição legal infringida e a penalidade
proposta;
VI - o valor do crédito tributário;

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VII - assinatura do(s) autuante(s), a indicação do


cargo e o número de matrícula, em todas as vias do Auto de
Infração, sendo vedada a utilização de carbono;
VIII - assinatura, data da ciência e nº do CPF do
contribuinte ou do seu procurador; (destaque ausente no
original).

No presente caso, constata-se que no local


destinado à disposição legal infringida, o agente fiscal
cuidou apenas de reproduzir o dispositivo que se refere à
multa aplicável ao caso. Agindo assim, acabou por cercear a
ampla defesa da contribuinte, pois não apontou os dispositivos
legais que lastrearam a presunção de omissão de aquisição de
mercadorias.

Nesse mesmo sentido, é pacífica a


jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
da Receita Federal:

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL – AUTO DE INFRAÇÃO COM


FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE – TERMO COMPLEMENTAR COM
CAPITULAÇÃO DEFEITUOSA – Segundo o inciso IV do art. 10 do
Decreto nº 70.235/72, a disposição legal infringida é
requisito formal indispensável ao auto de infração, para
propiciar a ampla defesa constitucional. Processo que se anula
ab initio. (2º CC – Ac. 203-03.737 – 3ª C. Rel. Francisco
Maurício Rabelo de Albuquerque Silva – DOU 14.07.1998 – p. 13)
(destaque ausente no original)

AUTO DE INFRAÇÃO - DISPOSIÇÃO LEGAL INFRINGIDA. O


lançamento, além de descrever com clareza as infrações nele
apontadas, deve ser formulado de acordo com a legislação que
rege o tributo, sob pena de sua nulidade.(Ac. n. 101-88.319,
DOU de 17.8.95, p. 12.485, Rel. Cons. Jezer de Oliveira
Cândido) (destaque ausente no original)

Como se não bastasse, na descrição dos


fatos que ensejaram a lavratura do auto de infração,
depreende-se que o fiscal autuante narrou 03 (três) infrações
distintas, embora não tenha apresentado qualquer fundamento
legal para as referidas infrações, quais sejam: (1) adquiriu
mercadorias acompanhadas de notas fiscais falsificadas e/ou
adulteradas; (2) Omitiu a aquisição de mercadorias; e (3)
Omitiu vendas no período fiscalizado.

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É importante enaltecer que, se o agente


fiscal tivesse apresentado a disposição legal infringida,
certamente isso facilitaria a interpretação acerca da
verdadeira infração perseguida nos autos.

Ora, essa obscuridade quanto à verdadeira


infração cometida, por si só, já enseja a declaração de
nulidade do auto de infração, em conformidade com o disposto
no art. 7º, da Lei nº 6.771/06, in verbis:

Art. 7º São nulos:

[...]

IV - o lançamento de ofício:

a) que não contiver elementos suficientes para se


determinar, com segurança, a infração e o infrator; e
(destaque ausente no original)

No entanto, a Coordenadoria de Julgamento, com a


prudência que lhe é peculiar, optou por requisitar diligência
numa nítida tentativa de salvar a autuação. Porém, o agente
fiscal, após afirmar que a infração refere-se à aquisição de
mercadorias com documentos falsos e/ou adulterados, assim
concluiu:

“Após melhor análise do auto que lavrei, informo que


houve equívoco quanto à infração arguida sugerindo
arquivamento deste auto de infração e também, no resguardo do
interesse do estado, opino por uma nova auditoria a ser
praticada pelo GT-ATACADISTA.” (destaque ausente no original)

Posteriormente, o próprio autuante modifica


sua opinião e pede a manutenção do auto de infração, mas agora
afirmando que a infração cometida pelo contribuinte consiste
em omitir aquisição de mercadorias adquiridas no exercício de
2006.

Ora, com a devida vênia, pelo que se


depreende dos autos, o próprio agente fiscal não sabe bem qual
a infração cometida pela contribuinte, violando frontalmente a

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segurança jurídica no presente caso, especialmente quando os


autos não estão instruídos com documentação capaz de
demonstrar a ocorrência do ilícito tributário.

A Coordenadoria de Julgamento, ao proferir


sua decisão, acabou reconhecendo que a descrição fática
contida no auto de infração não engloba as condutas apuradas
na autuação, porém optando por manter parcialmente o auto de
infração em razão da não escrituração no Livro de Registro de
Entrada de Mercadorias o documento fiscal 556151. Vejamos:

“Apesar de a conduta relativa à divergência de


informações entre as informações contidas nas Declarações
prestadas pelo contribuinte à repartição fazendária e o
conteúdo de seus livros fiscais não estar englobada entre as
condutas fáticas efetivamente descritas pelo autuante na
inicial dos autos, razão pela qual sua apuração e lançamento
deve dar-se por instrumento de lançamento autônomo, confessou
o contribuinte em sua imputação a prática de infração
relacionada à conduta descrita na inicial dos autos – a falta
de registro em seu livro Registro de Entradas do documento
fiscal 556151.”

Ora, não há como ratificar esse


entendimento da CJ. Neste aspecto, corretos os posicionamentos
da contribuinte e também da Representação Fiscal quanto à
ausência de subsunção do fato à norma, pois a conduta de
“deixar de escriturar no livro de entrada de mercadorias”
igualmente não foi descrita no auto de infração pelo fiscal
autuante, devendo, portanto, tal conduta ser objeto de auto de
infração próprio, autônomo.

A ausência de subsunção do fato à norma é


facilmente percebida pelos próprios fundamentos da decisão da
CJ, que modifica a penalidade aplicável para a prevista no
art. 107, da Lei 5.900/96, a qual não possui qualquer
correspondência com os fatos narrados na autuação.

Face ao exposto, acolhendo as razões da


contribuinte, as quais foram ratificadas pela Diretoria de
Representação Fiscal, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecerem do recurso ordinário para dar-lhe total provimento,
a fim de reformar a decisão da Coordenadoria de Julgamento –
CJ, declarando, por conseguinte, a nulidade do auto de

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infração n.º 99.75750-001, de 30/04/2008, por não conter


elementos suficientes para determinar com segurança a infração
cometida pelo contribuinte. Reexame necessário prejudicado,
ante a anulação total do auto de infração.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 26 de NOVEMBRO de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C.SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013


PROCESSO: 1500-035.521/2003 e CTE nº 320/2012.
ANEXO: 1500-015.310/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO: 038.936, de 10/11/2003.
AUTUADA: V M DA SILVA SANTANA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.099.080-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.745/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Pedro Neto Soares Gaia.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO Nº279/2013

EMENTA: ICMS - Obrigações Acessórias. 1)


Divergência entre os DIM’s (09 a 12/2002) com
as informações constantes nos livros fiscais.
2) Divergência entre os valores da Declaração
de Atividades do Contribuinte (2002) com
aquelas constantes nos livros fiscais. 3)
Deixar de apresentar Declaração Anual do
Contribuinte – DAC (exercício de 2003). 4)
Deixar de comunicar à SEFAZ/AL a mudança do
contado (alteração cadastral). 5) Deixar de
escriturar o LRIM referente ao exercício de
2000 (artigo 286, §§7º, e 8º, do RICMS/1991.
6) Infrações comprovadas em Parte. Lançamento
Parcialmente Procedente. 7) Redução no valor
da multa aplicada para a infração de nº 05
(cinco). 8) Reexame Necessário parcialmente
provido. Mantida em parte a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


a empresa V M DA SILVA SANTANA, já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
21.397,20 (vinte e um mil; trezentos e noventa e sete reais e
vinte centavos), por haver a autuada:

Acórdão CTE nº 279/2013 Página 1


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1) Apresentado DIM’s dos meses de 09/2002, a


dezembro/2002, com informações (valores) divergentes daquelas
constantes nos livros fiscais obrigatórios.

2) Apresentado a DAC (Declaração Anual do


Contribuinte) do exercício de 2002, com informações (valores)
divergentes com as constantes nos livros fiscais obrigatórios.

3) Deixado de apresentar as Declarações de


Atividades do Contribuinte - DAC’s referentes aos meses de
janeiro/2003, a agosto/2003.
4) Deixado de comunicar a SEFAZ/AL a mudança
de seu contabilista (alteração de dados cadastrais).

5) Deixado de escriturar no LRIM operações


relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
na forma e prazos regulamentares.

Apontados como infringidos os artigos 47; 48;


50, II, §1º; 53; 56; e 59, da Lei nº 5.900/1996; 40; 47; 49,
II, IV, XIV, e XV; 268; 269 e 270; do RICMS/1991. Sugerida a
aplicação das penalidades previstas nos artigos 116-A; 122; e
129, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias da


intimação fiscal nº 532; da Ficha de Atualização Cadastra
(FAC); do livro RUDFTO (termos de início e encerramento de
fiscalização); do LRIM e do LRAICMS.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestivamente,


alegando que não houve estoque de mercadorias no final do
exercício de 2002; não encontrou divergências nos DIM’s dos
meses de 09/2002; 11/2002; e 12/2002; nem nas informações do
campo nº 02 (dois) do auto de infração (referente à DAC de
2002); e o item 04 (quatro) também é divergente.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que argüindo as fls. 09, a 11, do Processo Principal, cópias
do LRIM (2000), comprovam que não se encontrava escriturado
(estava em branco), divergindo do documento apresentado pela

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defesa, o qual foi alterado, apondo que não houve movimento


(após a verificação pelo fisco); daí permanecer a exigência
(falta de escrituração do LRIM); não comprovou que a alteração
do contador não ocorreu, permanecendo essa exigência; quanto
aos demais itens, mesmo discordando dos argumentos da autuada
reconhece que com o advento da Lei n° 6.519/2004, houve a
dispensa do pagamento da multa por irregularidades quanto à
entrega das DAC´s e do SINTEGRA, condicionada à entrega ou
retificação dos referidos documentos, em sendo assim, não há
como persistir esta exigência; como o DIM foi substituído pela
DAC, deve receber o mesmo tratamento. Por fim, pede que o auto
de infração seja julgado procedente em parte

Em 27/07/2010, foi proferido Despacho pela CJ


encaminhando os autos a Diretoria de Planejamento da Ação
Fiscal – DIPLAF para anexar aos autos, os DIM’s dos meses de
setembro, outubro, novembro e dezembro/2002; a Declaração
Anual do Contribuinte (DAC) de 2002; o relatório comprovando
as omissões de entrega das DAC’s - Declaração de Atividades do
Contribuinte dos meses de janeiro, fevereiro, março, abril,
maio, junho, julho e agosto/2003; e, informar se houve a
entrega dos documentos de informações fiscais retificadores
(DIM’s e DAC’s), de janeiro/2002 a agosto de 2003.

Em resposta, a DIPLAF informa que anexou as


Declarações; a Declaração Anual do Contribuinte – DAC de 2002;
o relatório de recibo de entrega constando que as declarações
foram entregues após o prazo regulamentar (em 23/11/2004), e
que não houve declaração retificadora para estas competências;
informa que a autuada foi intimada e não se pronunciou.

Em 11/09/2012, foi proferida a Decisão nº


18.745/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Obrigações Acessórias. 1)


Divergência entre as informações constantes
nas Declarações mensais do Contribuinte
(exercício de 2002) e as apostas nos livros
fiscais; 2) Divergência entre as informações
constantes da Declaração de Atividades do
Contribuinte – DAC anual (exercício de 2002)
e as apostas nos livros fiscais; 3) Deixar de
apresentar Declarações de Atividades do
Contribuinte mensais – DAC’s (no exercício de
2003); 4) Não comunicar à repartição

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fazendária alteração cadastral, referente à


mudança de contabilista, constitui infração à
legislação tributária e 5) Falta de
escrituração do Livro Registro de Inventário
de Mercadorias, exercício de 2000 – infração
ao art. 50, inciso II e §1º e a norma do art.
122, da Lei nº 5.900/1996 c/c §8º do art. 286
do RICMS/1991. Ilícitos parcialmente
comprovados. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE.
Ajuste da sanção pecuniária pelo juízo
administrativo, com fulcro na legalidade e na
norma do art. 30 da Lei Estadual nº
6.771/2006. Reexame necessário pelo CTE.
A autuada foi intimada da decisão singular,
não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.745/2012, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento constante do auto de infração nº 038.936.

A análise dos autos demonstra que o Reexame


Necessário se refere à redução no valor do crédito tributário
em razão da improcedência das infrações de nºs 02, 03, e 04, e
de ajustes na aplicação das penalidades impostas para as
infrações de nºs 01 (um) e 05 (cinco).

Quanto à infração número 01 (um) apresentação


de DIM’s (09 a 12/2002), com informações (valores) divergentes
das que constam nos livros fiscais obrigatórios.

É certo que a autuada tinha a obrigação de


entregar ou enviar o DIM ou a Declaração Anual do Contribuinte
(DAC), documento que o substituiu, mensalmente, até a data
prevista, contendo seus dados ou informações de acordo com os
registros de seus livros fiscais, como determina a legislação.

Nesse passo, cada documento não entregue ou


entregue com erros de dados gera o descumprimento da norma, e,
nesta infração, os valores constantes dos DIM’s em confronto
com os documentos de fls. 12, a 20, do Processo Principal e

Acórdão CTE nº 279/2013 Página 4


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28, a 31, do Processo de Defesa, comprovam que os referidos


DIM’s foram apresentados com valores divergentes daqueles
registrados no LRAICMS (fls. 12, a 20, do Processo Principal e
28, a 31, do Processo de Defesa), situação em que a autuada
não pode usufruir o beneficio previsto na Lei nº 6.519/2004,
haja vista, não haver apresentado os documentos retificadores,
estando equivocado o autuante ao alegar nas contrarrazões que
a autuada teria tal benefício. Nesta infração a acusação é
procedente conforme da decisão singular.

Quanto à aplicação da penalidade, dever ser


mantida aquela que consta da decisão singular, ou seja, aquela
prevista no artigo 116-A, I, da Lei Estadual nº 5.900/1996, e
sugerida na peça inicial.
116-A - A entrega ou a apresentação, em arquivo magnético, das
informações a que se referem os incisos II a V do "caput" do artigo
anterior, nas situações abaixo indicadas, sem prejuízo da exigência
da retificação pertinente, acarretará as seguintes penalidades:

I - nos casos em que fique impossibilitada a leitura do arquivo


magnético respectivo, ou quando fornecidas as referidas informações
em padrão diferente do estabelecido pela legislação:

a) relativamente ao Documento de Informação Mensal - DIM:

MULTA - equivalente a 20 (vinte) vezes o valor da UPFAL.


(...)”

2) Quanto a infração nº 02 (dois) apresentar


a DAC (Declaração Anual do Contribuinte) do exercício de 2002,
com informações (valores) divergentes daquelas constantes nos
livros fiscais obrigatórios.

O autuante não apresentou o demonstrativo de


tal irregularidade, nem mesmo, a cópia do LRAICMS referente ao
exercício de 2002, portanto, não ficou comprovada a infração.

3) Quanto a infração nº 03 (três) deixar de


apresentar as Declarações de Atividades do Contribuinte DAC’s
referentes aos meses de janeiro/2003, a agosto/2003.

O documento constante a fl. 39, do processo


de defesa, comprova que a autuada apresentou as DAC’s desse
período fora do prazo regulamentar, ou seja, em 23/11/2004,
contudo, a Lei nº 6.519/2004, concedeu novo prazo para entrega
ou retificação destes documentos (até o último dia do terceiro
mês subseqüente à sua entrada em vigência, ocorrida no dia
29/09/2004), e, dispensou ainda, o pagamento das multas para
as obrigações já autuadas; situação em que a autuada ficou
beneficiada e desobrigada do pagamento desta penalidade.

Acórdão CTE nº 279/2013 Página 5


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4) Quanto a infração nº 04 (quatro) deixar


de comunicar a SEFAZ/AL a mudança do contabilista (alteração
de seus dados cadastrais).

Os relatórios de dados cadastrais da autuada


emitidos em 07/10/2003 (antes da autuação); em 30/01/2006; em
03/11/2011; em 21/12/2011; e 20/09/2012 (posterior a autuação)
demonstram que o contador da autuada sempre foi o Sr. Mário
Antonio Candido da Silva, CRC nº AL00375804, não constando nos
autos qualquer documento apontando o Sr. Benedito Pereira da
Silva, CRC nº 2158-AL como contador atual da autuada, situação
em que a falta de comunicação a SEFAZ/AL da alteração de dados
cadastrais não ficou comprovada.

5) Quanto a infração de 05 (cinco) deixar de


escriturar no LRIM as operações de circulação de mercadorias e
das prestações de serviços de transportes interestaduais e
intermunicipais, e, de comunicações na forma e prazos legais.

As provas anexadas pelo fisco, cópias das


páginas do LRIM (fls. 09, a 11, Processo Principal), comprovam
a não escrituração do LRIM na forma e prazos regulamentares no
exercício de 2000; sendo certo que a autuada era obrigada a
mencionar a inexistência de estoque conforme artigo 286, §8º,
do RICMS/1991, não o fez, portanto, houve o descumprimento das
exigências legais no exercício de 2000; devendo se observar
que a autuada tentou reparar essa situação apresentando em sua
defesa, posteriormente, cópias das folhas do referido livro
com a declaração sem movimento, o que não é aceitável, haja
vista, a cópia anexada pelo fisco na inicial.
“Art. 286 - O livro Registro de Inventário, modelo 7, destina-se a
arrolar, pelos seus valores e com especificações que permitirá sua
perfeita identificação, mercadorias, matérias-primas, produtos
intermediários, materiais de embalagem, produtos manufaturados e
produtos em fabricação, existentes no estabelecimento na época do
balanço.
(...)

§7º - A escrituração deverá ser efetivada dentro de 60 (sessenta)


dias, contados da data do balanço referido no "caput" ou, no caso do
parágrafo anterior, do último dia do ano civil.

§8º - Inexistindo estoque, o contribuinte mencionará esse fato na


primeira linha, após preencher o cabeçalho da página.
(...)”

Quanto à aplicação da penalidade está correta


em parte a decisão singular, haja vista, as determinações dos
artigos 286, §7º, do RICMS/1991, já reproduzido; e 122, da Lei

Acórdão CTE nº 279/2013 Página 6


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nº 5.900/1996. O Lançamento é Procedente em Parte e a multa


écorresponde a 640 (seiscentos e quarenta) UPFAl’s - Unidade
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas, conforme demonstrativo
abaixo, vez que o auto de infração foi lavrado em 10/11/2003.
“Art. 122 - Não escriturar o Livro Registro de Inventário na forma
e nos prazos regulamentares:
MULTA - de 20 (vinte) vezes a UPFAL, por mês, ou fração de mês,
contados da data limite para a escrituração.
(...)”

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercício de 2001 2002 2003


Total dos Total de
competência meses em atraso UPFAL’s
2000 10 12 10 32 x 20 UPFAL 640
Totais 10 12 10 32 x 20 UPFAL 640
O crédito tributário no valor R$ 10.374,40
(dez mil; trezentos e setenta e quatro reais e quarenta
centavos), deverá ser recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecerem do Reexame Necessário, dando-lhe provimento
parcial. Reformada em Parte a Decisão da Primeira Instância
Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 26 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESÃO ORDINÁRIA Nº 05 – 2º Câmara – Realizada em 01/02/2013


Processo:1500-028155/2011; 1500-009251/2009, 1500-
042046/2011.
Auto de Infração: 70.01981-001
Autuada: FOUR COLORS COMERCIAL LTDA-ME
Inscrição Estadual: 248.40472-5
Autuante: Louise Amaral de Araujo
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: José Pedro da Silva
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETARIA:GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº28 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES
OS VÍCIOS DE NULIDADES TANTO NA
AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O RECONHECIMENTO,
A DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE DA
PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO
RECORRIDA DE FORMA ISOLADA.
ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA CELERIDADE
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO
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Acórdão CTE Nº 28/2013 1


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Fundamentado o auto de infração na acusação fática de


não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”, complementado da
seguinte forma “... detectadas através da comparação entre as
saídas declaradas e o faturamento em operação com cartões dec
crédito e/ou débito, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009...”.

Para comprovar o fato foi juntado: a) Demonstrativo


Confronto com a planilha apresentada pela Sefaz e os valores
que constam no processo (fls. 07-09); b) cópia da intimação
fiscal n. 7001981/002 (fl.10); c) Relatório de cruzamento da
DAC com arrecadação do ICMS e débitos fiscais (fls. 11-15);
d) Relatório de Movimentações Financeiras Redecard (fls. 34-
51); d) Transferência eletrônicas de fundos (cartão
credito/debito) comparada com faturamento (fls.53-54).

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:


art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa com as


alegações preliminares de: a) tempestividade, pois teve
conhecimento do auto de infração em 04/12/2011 e o sistema de
processo da SEFAZ ter estado fora em 21/12/2011; b) ilicitude
da prova por quebra do sigilo bancário, de correspondência,
comunicação telegráfica e telefônica, dados da pessoa
jurídica e afronta do art. 5º, XII e LVI da CF/88; c)
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Acórdão CTE Nº 28/2013 2


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cerceamento de defesa por falta de descrição clara, precisa e


sucinta dos fatos considerados como infração a legislação
tributária e que não teria infringido nenhuma norma
tributária descrita.
E no mérito arguiu que: a) a única prova existente
teria sido obtida de forma ilegal, não restando nenhuma prova
lícita de omissão de receitas ou de ocorrência do fato
gerador; b) os relatórios das Administradoras de Cartões
seriam uma simples listagens de números, sem nenhuma
indicação de quem a teria fornecido e assinado; c) para
comprovar a ocorrência de vendas sem emissão de nota fiscal
seria necessária a realização de levantamento físico de
estoque; c) a alíquota de 17% seria aplicável aos
contribuintes com inscrição normal e inadequada para aqueles
enquadrados como microempresa a nível estadual no período de
01/2007 a 06/2007.
Ainda argumentou que multa proposta do art. 83 da lei
5900/96 seria inadequada por não possuir nenhuma conduta
praticada pela defendente, que por ser optante do Simples
Nacional teria como livros fiscais obrigatórios, o registro
de entrada, registro de inventário e registro de documentos
fiscais e termos de ocorrências conforme art. 3º, da
Resolução CGS n. 10/2007.
Alegou também que o auto de infração estaria a exigir
credito tributário anterior a vigência da lei 5979/97,
6209/00 e 6348/02 com ferimento ao principio da
anterioridade, da irretroatividade e da segurança jurídica.
Por fim pediu a produção de prova pericial contábil-
fiscal para verificar que as notas fiscais que acompanharam
as mercadorias continham a data da efetiva saída e a juntada

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Acórdão CTE Nº 28/2013 3


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de declaração devidamente assinada por representante das


administradoras de cartão, após a obtenção de autorização
judicial.
A Representação fiscal apresentou em 08/02/2012 suas
contra razões a defesa apoiada nos fundamentos de que: a)
teria sido respeitado o principio da anterioridade porque o
procedimento adotado pelo agente fiscal seria tecnicamente
idôneo e previsto no art. 50 §11º, da lei 5900/96 e por isso
não havia necessidade de ordem judicial para obter as
informações das Administradoras de Cartões; b) não teria
havido cerceamento de defesa e contraditório porque o
contribuinte compreendeu a acusação fiscal completa e
irrestritamente conforme se observa pela impugnação
apresentada.
Quanto ao mérito asseverou que o demonstrativo foi
amparado em elementos passados pela defendente, que não
atacou a diferença encontrada entre o que ela teria declarado
a titulo de operações com cartões e o que faturou na sua
escrita regular.
Proferida a Decisão nº 18.680/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A situação do sujeito


passivo é: NÃO optante pelo Simples
Nacional. 2. Extrato de Arrecadação do
Contribuinte não consta nenhum
recolhimento de imposto com base no
regime de microempresa. 3. A
circunstância material que dá ensejo a
presunção legal foi devidamente provada
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Acórdão CTE Nº 28/2013 4


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com a juntada do relatório das


Administradoras de Cartões, e Relatório
de cruzamento da DAC com arrecadação do
ICMS. 4. Aplicação da penalidade
disposta no art. 79 da lei 5.900/96. 5.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 6. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

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Acórdão CTE Nº 28/2013 5


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PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se constatar


que a descrição dos fatos tidos como infração à legislação tributária
apresenta-se de forma incoerente e imprecisa, acarretando dificuldade na
defesa da empresa autuada, quando o autuante ao consignar na fl. inicial,
assim como nos demonstrativos de fls. 07/09, os fáticos típicos da
infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das vendas
realizadas mediante cartões de crédito/débito em confronto com as vendas
efetivamente registradas e, falta de recolhimento do imposto ensejada
pela falta de escrituração dos documentos fiscais relativos às operações
de saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos documentos fiscais
(Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio, indicando
como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o qual
disciplina in verbis: “Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em
parte, quando os documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros fiscais próprios:
MULTA – equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da


autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do registro de
vendas inferior ao montante do faturamento mediante cartão de
crédito/débito, infração típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados
com o Art. 79, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da
acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado
art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do voto


proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de Castro,
concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da mesma conter,
também, vícios de nulidade, isto à luz do Art. 7º, inc. II, na sua
segunda parte, tal nulidade não deve sobrepor a nulidade prévia da
própria autuação, do lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer
nulidade subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da decisão
recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação quando
presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria não só violação ao
princípio da celeridade na tramitação do próprio PAT, previsto no § 1º do

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Acórdão CTE Nº 28/2013 6


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Art. 2º, da Lei nº 6.771/06, mais também, um procedimento discrepante da


praticidade, com reiteradas e desnecessárias decisões, ao invés de uma só
decisão no âmbito de preliminares acerca de nulidades e a partir daí
repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório de primeira instância.

Portanto, como se vislumbra no caso vertente, tanto a


autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de nulidades à luz do
Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e assim sendo, é de bom alvitre que
se reconheça que se declare previamente a nulidade do próprio lançamento
e por extensão os demais efeitos dos atos subseqüentes.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria, no sentido de conhecer do recurso para
dar-lhe provimento e declarar nula por vício formal, previamente, a
própria autuação por ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01 de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

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Acórdão CTE Nº 28/2013 7


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº44 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 26/11/2013


PROCESSO: 1500-008.645/1998 e CTE nº 090/2012.
ANEXOS: 1500-513.694/1998 e 1500-010.715/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 003.924, de 18/08/1998.
AUTUADA: LEON HEIMER S/A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.066.478-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.478/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Cícero Antônio Lima Lopes.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho De Oliveira Vasconcelos

ACÓRDÃO 280/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação Acessória. 1) Falta


de apresentação de Declarações de Movimento
Econômico ou Balanço Patrimonial nos
exercícios de 1993 a 1997. 2) Descumprimento
da obrigação pelo simples transcurso do lapso
temporal previsto para sua satisfação sem que
tenha havido qualquer ação pela autuada, a
qual, restou devidamente comprovada. 3) O
Lançamento é Parcialmente Procedente. 4)
Reexame Necessário conhecido e improvido.
Mantida em Parte a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa LEON HEIMER S/A, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 159.912,72
(cento e cinquenta e nove mil, novecentos e doze reais e
setenta e dois centavos), por haver a empresa autuada deixado
de apresentar a Declaração do Movimento Econômico e o Balanço

Acórdão CTE nº 280/2013 Página 1


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Patrimonial analítico exercícios 1993, 1994, 1995, 1996 e


1997, a Repartição Fazendária.

Apontados como infringidos os artigos 56; da


Lei nº 5.900/1996; 259, p.u; e 268, do RICMS/1991. Sugerida a
penalidade prevista nos artigos 116, inciso I, da Lei nº
5.900/1996; 859, inciso I, do RICMS/1991.

A inicial está instruída com relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia do cartão de autógrafo
e demonstrativo do débito.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que a


multa aplicada é muito elevada, demonstrando ter natureza de
confisco, principalmente porque sua incidência resultou da
inobservância de regras formais em sua atividade, conforme
entendem a doutrina de eminentes juristas reproduzida. Por
fim, pede que o auto de infração seja julgado improcedente.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada em sua defesa argumenta que houve confisco com
base em texto constitucional e na doutrina. Porém, lavrou a
autuação exercendo seu papel de agente público de acordo com a
legislação tributária vigente, e considerando que a multa
aplicada sofreu alteração que beneficia a autuada e assim, em
respeito ao princípio da retroatividade da lei nestes casos,
pede que o julgador reveja os valores da multa aplicada.

Em 13/01/2012, foi proferida a Decisão nº


18.478/2012, de Primeira Instância, que julgou Parcialmente
Procedente o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória. Falta de


apresentação de Declaração de Movimento Econômico
e/ou Balanço Patrimonial. O descumprimento da
obrigação de entregar a Declaração de Movimento
Econômico e/ou Balanço Patrimonial possui
consumação apenas com o decurso do prazo
regulamentar para sua satisfação, considerando-se
descumprida a obrigação pelo simples transcurso
do lapso proclamado para sua satisfação sem que

Acórdão CTE nº 280/2013 Página 2


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tenha havido ação do sujeito passivo. Lançamento


PROCEDENTE EM PARTE. Reexame necessário pelo
Conselho Tributário Estadual, nos termos do art.
48, inciso I, da Lei Estadual n° 6.771/2006.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando.

Assim, chegam os autos a este Conselho para


análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário interposto


contra a Decisão nº 18.478/2012, de Primeira Instância, que
julgou Parcialmente Procedente o Lançamento constante do auto
de infração nº 003.924, de 18/08/1998.

A autuação cobra a falta de apresentação da


Declaração do Movimento Econômico ou de Balanço Patrimonial,
dos exercícios de 1993, 1994, 1995, 1996 e 1997, obrigação
acessória, prevista nos artigos 49, XIV; 268, e seguintes do
RICMS/1991, com penalidade prevista no artigo 116, I, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

Observe-se que o Reexame Necessário se refere


apenas à redução no valor do crédito tributário em razão da
penalidade aplicada. Não resta dúvida do acerto da referida
decisão, haja vista, que a penalidade aplicada, correspondente
a 10 (dez) vezes a UPFAL (Unidade Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas) está em subsunção com a situação fática e o autuante
não apresentou provas a demonstrar que o parâmetro adotado na
inicial, qual seja, 2.000 (duas mil) UPFAL’s, guardava relação
com o valor das saídas registradas.

Nesse passo, a penalidade a ser aplicada é de


10 (dez) UPFAL’s para cada exercício em que a Declaração de
Movimento Econômico deixou de ser apresentada. Porém, de forma
diferente do julgador singular entendo que o valor da UPFAL a
ser aplicado é aquele vigente na data em que foi proferida a
decisão, qual seja, R$ 17,27 (dezessete reais e vinte e sete
centavos). Nesta situação o lançamento é Procedente em Parte e

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o crédito tributário tem como valor R$ 863,50 (oitocentos e


sessenta e três reais e cinqüenta centavos).

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecerem do Reexame Necessário, negando-lhe provimento.
Mantida em Parte a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 26 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº45 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 02/12/2013


PROCESSO: 1500-011.147/1998 e CTE nº 141/2012.
ANEXO: 1500-012.930/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 003.941, de 30/10/1998.
AUTUADA: Leon Heimer S/A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.066.478-7.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.530/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Cícero Antônio Lima Lopes.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 283/2013

EMENTA: – ICMS. Obrigação Principal. 1)


Omissão de saídas internas de mercadorias
apurada através de Levantamento da Contam
mercadorias. 2) Infração não comprovada (não
consta nos autos o Mapa Roteiro referente ao
Levantamento). 3) Lançamento Improcedente por
falta de provas. 4) Reexame Necessário
conhecido e improvido. Mantida a decisão da
Primeira Instância Administrativa.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Leon Heimer S/A, já qualificada, tendo por objeto a cobrança
de crédito tributário no valor de R$ 204.230,21 (duzentos e
quatro mil; duzentos e trinta reais e vinte e um centavos),
por haver a empresa autuada omitido receitas de suas vendas

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conforme apontado no Demonstrativo da Conta Mercadorias nos


exercícios de 1994, 1995 e 1996.

Apontados como infringidos os artigos 50, I,


da Lei Estadual nº 5.900/1996; 49, do RICMS/1991. Sugerida a
aplicação das penalidades previstas nos artigos 84, da Lei nº
5.900/1996; e 827, do RICMS/1991.

A inicial está instruída com cópias do


LRAICMS; do cartão de autógrafo; e dos balanços patrimoniais;
relatório de dados cadastrais do contribuinte.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva com


as seguintes alegações:

1) Que, entregou ao fisco a documentação


fiscal solicitada pela intimação fiscal nº 191.872/1998; não
aceita que sua contabilidade seja desconsiderada, apesar da
errônea repetição de valores do balanço de 1994, nos balanços
de 1995 a 1997; o levantamento não contestou os valores
registrados no LRAICMS, no LREM e no LRSM.

2) Que, o artigo 891, VII, do RICMS/1991,


não foi atendido; a indicação genérica de afronta ao artigo
49, do RICMS/1991 pela autuada, implica nulidade do lançamento
e prejuízo à ampla defesa. Por fim, pede perícia contábil,
para provar suas alegações; a nulidade e improcedência da
autuação por falta pela não com provação dos fatos.

DAS CONTRARRAZÕES

A CRF - Comissão de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que os documentos da inicial
são bastante para demonstrar a infração; a defesa não ilidiu a
presunção de omissão de receitas. Por fim, pede que o auto de
infração seja julgado Procedente.

Em 14/03/2012, foi proferida a Decisão nº


18.530/2012, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO – 1. Lançamento de


ofício de crédito tributário. 2. Omissão de saídas internas de
mercadorias. 3. Ilícito não comprovado. 4. Lançamento

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IMPROCEDENTE. 5. Duplo grau de jurisdição administrativa


necessário - artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº. 6.771/06.

A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para o Reexame Necessário.

É o relatório

VOTO

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.530/2012, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento constante do auto de infração nº 003.941.

A análise dos autos demonstra que a autuação


teve por base a apuração da Conta Mercadorias tendo o autuante
anexado aos autos apenas o demonstrativo de débito do auto de
infração onde consta tão somente a base de cálculo do imposto,
o que contraria o artigo 891, V e VII, do RICMS/1991, ou seja,
a autuação encontra-se desprovida de provas, assistindo razão
à autuada em sua defesa, quando nega a prática da infração
(omissão de saídas internas tributadas).

A exigência legal para o lançamento do valor


do crédito tributário cobrado (artigo 891, V, e VII, do
RICMS/1991), não foi observada, porque não consta nos autos
qual Mapa Roteiro para fiscalização foi utilizado na apuração
da Conta Mercadorias cuja base de cálculo do imposto foi
apontada na peça inicial, haja vista, não constar nenhum
demonstrativo desta conta. É certo que a omissão de saídas foi
simplesmente imposta à autuada sem que nada fosse anexado para
sua comprovação como alega a autuada na peça defensória.

Portanto, como afirma a decisão singular, na


instrução e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso, ou não, devem ser atendidos, sem prejuízo de
outros, os princípios da legalidade e da verdade material
(artigo 2º, da Lei Estadual nº 6.771/2006). Nos autos, resta
comprovada a improcedência do lançamento por falta de provas.

Acórdão CTE nº 283/2013 Página 3


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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Reexame Necessário, negando-lhe
provimento. Mantida a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 02 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

Acórdão CTE nº 283/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 45 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 03/12/2013


PROCESSO SF: 1500-009416/1996 E CTE-121/06
AUTO DE INFRAÇÃO: 065959/1995
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
AUTUADA: Benedito Ricardo De Almeida Atacadista.
AUTUANTE: Francisco Xavier F. Falcão- 52.885-4
RELATOR: José Pedro Da Silva
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 284/2013

EMENTA:ICMS - PRELIMINARES DE OFÍCIO


INADMISSIBILIDADE DE RECURSO POR PARTE
DO AUTUANTE. DIANTE DA REDAÇÃO DOS
ARTS. 46 e 47, TODOS DA LEI Nº 6.771/06, NÃO
CABE RECURSO DA DECISÃO DE PRIMEIRA
INSTÂNCIA POR PARTE DO AUTUANTE.
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DEVIDAMENTE INSTRUÍDO. PRESCRIÇÃO -
CONSTITUIDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO À LUZ
DO ART. 141, DA LEI Nº 4.418/82, ALTERADO
PELA LEI Nº 5.983/97, SEM A INSCRIÇÃO EM
DÍVIDA ATIVA POR MAIS DE CINCO ANOS, TEM
COMO CONSEQUÊNCIA, A EXTINÇÃO DO
MESMO MEDIANTE O EFEITO DA RESCRIÇÃO.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
RECONHECIDA, A PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Acórdão CTE N° 284/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Versa o presente processo sobre lançamento de crédito tributário a título de


ICMS, no valor de R$ 19.339,80 (dezenove mil, trezentos e trinta e nove reais e oitenta
centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$ 29.009,69 (vinte e nove mil, nove reais
e sessenta e nove centavos), em decorrência de ter realizado vendas de mercadorias tributadas
como se fosse não tributadas ou isentas, nos exercícios de 1993, 1994 e 1995, infringindo os
arts. 1º, 2º V; 49, II e VII; 131, XI,XII, combinado com o art. 829, todos do RICMS, aprovado
pelo Dec. Nº 35.245/91.

Como instrução da autuação foram anexados demonstrativo do débito, cópias,


da FAC, do cartão de autógrafo, dos termos de ocorrências de notas fiscais, dos livros, reg. de
apuração do ICMS e de saídas (fls.03 usque 191).

Intimada da autuação, a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo em


revelia, conforme termo lavrado à fl. 192.

Informa a Unidade de Controle de Dívida Ativa e Débitos Fiscais que a


empresa não é reincidente na infração (fl.193v.).

A Coordenadoria de Julgamento, ao analisar o lançamento, decidiu pela


improcedência do mesmo, tendo como embasamento, a inexistência de prova da infração e daí
a inaplicabilidade do art. 319, do C.P.C, combinado com o art. 891, inc. V, do RICMS,
aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91, remetendo os autos para esta instância em atendimento ao
art. 149, da Lei nº 4.418/82.

Diante da referida decisão, o fiscal autuante requer ao eminente Presidente


deste colegiado, em forma de recurso, reexame da decisão a quo.

Em face da ausência nos autos da intimação do sujeito passivo, da decisão de


primeira instância, assim como levando em consideração o fato do contribuinte está com
inscrição cancelada, este relator converteu o feito em diligência no sentido do contribuinte ser
intimado na forma seqüencial prevista nos incs. II e III, do art. 11, combinado com o seu § 2º,
da Lei nº 6.771/06. No que foi atendido, porém, sem nenhuma manifestação do titular da
empresa, conforme fls. 221/223.

É o relatório.

VOTO

Acórdão CTE N° 284/2013 Página 2


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PRELIMINARES DE OFÍCIO.

INADMISSIBILIDADE DE RECURSO POR PARTE DO AUTUANTE


Os arts. 45,46 e 47, da Lei nº 6.771/06, assim preconizam:

“Art. 45- São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I- recurso ordinário; e
II-recurso especial.”

“Art. 46. O sujeito passivo vencido, no todo ou em parte, em primeira instância, poderá
interpor recurso ordinário ao CTE, excetuada o recurso relativo aos casos de procedimentos
especial”.

“Art. 47. cabe recurso especial ao pleno do CTE, interposto pelo sujeito passivo, pelo
autuante..., quando a decisão de qualquer câmara divergir do entendimento sobre idêntica
questão jurídica manifesta por outra câmara ou pelo pleno.”

Assim sendo, diante da redação dos respectivos artigos retro transcritos, é de


se concluir que o único recurso cabível da decisão de primeira instância é o recurso ordinário
por parte do sujeito passivo, não cabendo o referido recurso ao autuante, pelo que indefiro de
plano o pleito, sem análise do mérito.

Com relação à ausência de provas da infração tributária e em conseqüência a


improcedência do lançamento, segundo entendimento do julgador a quo, a mesma não tem
consistência, visto que diante do demonstrativo do débito com a respectiva discriminação dos
dados inerentes às notas fiscais, assim como diante das cópias de algumas notas fiscais, do
Livro Reg. de Apuração do ICMS e do Livro Reg. de Saídas (fls. 03/10 e fls. 16/189v.), o
presente lançamento está devidamente instruído na forma do Art. 27-A e § 2º, da Lei nº
6.771/06, quando competiria ao autuado nos termos do § 3º do referido artigo, combinado
com as disposições do Art. 333, II, do CPC, apontar todos os erros ou incorreções porventura
existentes no demonstrativo de forma objetiva o que não fez.

Por outra banda, analisando os autos sob a ótica do chamamento do autuado


para integrar a lide, verifica-se que a empresa autuada apesar de ter sido intimada da autuação,
em 29 de setembro de 1995, a mesma não impugnou o lançamento, incorrendo assim em
revelia, conforme o respectivo termo (fl. 192).
Acórdão CTE N° 284/2013 Página 3
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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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____________________________________________________________________________________________

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de 1997, esta alterou a redação do


art. 141, da Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então vigente, in verbis:

“Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação de defesa
ou recurso, será providenciados a lavratura do termo de revelia e o encaminhamento do débito
para inscrição em Dívida Ativa.”

No entanto, devidamente configurada a situação de revel do contribuinte, já sob a


égide da alteração do dispositivo legal pela reportada lei, transcorreram mais de 05 (cinco)
ano sem que a Fazenda Pública Estadual providenciasse a inscrição do respectivo débito na
dívida ativa, seguida da competente ação de execução fiscal.

Portanto, diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecerem da remessa necessária para de oficio reconhecer a prescrição do credito tributário
em comento.

Intime-se o contribuinte.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 03 de dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE N° 284/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº45 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 03/12/2013


PROCESSO: 1500-009525/09; CTE-449/11
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 99.90147-007
RECORRENTES: S.A DA SILVA E CIA LTDA.
RECORRIDO: COORDENADORIA DE JULGAMENTO
AUTUANTE: EMILIO MARCELINO P. L. LINS
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 285/2013

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO SEGUIDO DE ADESÃO AO


PROGRAMA DE PARCELAMENTO INCENTIVADO – PPI.
LIQUIDAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO.
RECURSO CONHECIDO COM JULGAMENTO PREJUDICADO.

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de crédito tributário a título de


multa, prevista no Art. 116-A, inc. II da Lei nº 5.900/96, com as alterações da Lei nº.6.556/04,
no valor de R$ 2.107,30 (Dois Mil, Cento e Sete Reais e Trinta Centavos),decorrente de
fornecimento de informações divergentes das constantes do Livro de Movimentação de
Combustíveis – LMC, bem como divergência do controle físico dos dispositivos das bombas
de combustíveis, além da omissão na DAC dos bicos 11 e 12 e do tanque nº 05 de diesel.

Devidamente intimada da autuação, a empresa autuada apresentou defesa e em


ato contínuo contestada pelo fiscal autuante.

Acórdão CTE nº 285/2013 Página 1


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A primeira instância ao analisar o presente litígio fiscal proferiu julgamento,


concluindo pela procedência do crédito tributário lançado, conforme ementa: “ICMS –
obrigação acessória, Entrega da DAC contendo informações divergente. Fato
devidamente comprovado. LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa impetra,


tempestivamente, recurso ordinário para este Colegiado.

A DIRAC informa nos autos do processo que o crédito, objeto do presente


lançamento, está extinto mediante liquidação do mesmo por intermédio de novo PPI instituído
pelo Dec. nº 4.147/09.

Em síntese é o relatório.

Voto.

Conforme já consta do relatório e das provas acostadas aos autos, a empresa


autuada aderiu ao Programa de Parcelamento Incentivado – PPI, liquidando assim o crédito
tributário, objeto do presente lançamento.Portanto, o recurso intentado perdeu a sua
finalidade.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, porém,
julgar prejudicado.

Intime-se a recorrente.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em Maceió, 03 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE nº 285/2013 Página 2


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 09/12/2013


PROCESSO Nº: 1500-008830/1999 – CTE 198/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 004710/1999
AUTUADA: VALDIR CORREIA
AGENTE: TÂNIA MARIA DA SILVA
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 287/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO, CONHECIDO E


IMPROVIDO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO
COMPROBATÓRIA DO ESTOQUE NO ANO DO
LEVANTAMENTO FISCAL OU MESMO DE NOTAS
FICAIS CAPAZES DE COMPROVAÇÃO. NULIDADE
DO ATO NESTE PONTO.

RELATÓRIO

Tratam os autos de reexame necessário quanto a decisão


n.º 17.796/2011 da Coordenadoria de Julgamento que entendeu
por julgar improcedente o Auto de Infração para excluir a
imputação originalmente lançada de omissão de saída de
mercadoria em decorrência de levantamento fiscal, em razão
da ausência de provas capazes de consubstanciar a pretensão
fiscal.

Originalmente houve a imputação de débito no valor de


R$ 36.152,20 (trinta e seis mil, cento e cinquenta e dois
reais e vinte centavos), correspondente ao ICMS da venda
observada no levantamento (baixa de estoque) para o
ano/exercício 1998; além de R$ 21.691,32 (vinte e um mil,
seiscentos e noventa e um reais e trinta e dois centavos),
pela multa do art. 84 da Lei 5.900/96.

Para consubstanciar a autuação fiscal, fez-se


acompanhar de levantamento físico (com coluna de estoque em
31/12/1997, além de coluna correlata em 31/12/1998); Livro
de Registro de Inventário com estoque em 31/12/1997; e
Controle Quantitativo de Mercadoria - CQM, para o exercício
de 1998.

ACÓRDÃO CTE Nº 287/2013 Página 1


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Em sua defesa, o Contribuinte indica que o


levantamento estaria equivocado porque a comercialização no
ano de 1998 não corresponderia ao que titulado pelo agente
autuador; o que seria comprovado pelo Livro de Registro de
Inventário e de Apuração de ICMS, além de declaração de
Movimente Econômico.

Pugnando ainda à que a multa aplicável, no caso de


convalidação do auto, fosse a do art. 1000 do RICMS;
culminando com pedido para nulidade e dispensa da aplicação
da penalidade imposta no auto de infração.

Determinada a realização de diligência para que


houvesse por acostado nos autos a Livro de Registro de
Inventário relativo ao ano de 1998 (ano fiscalizado). O
que, após as tentativas de chamamento e lançamento da OS
n.º 90.04906, entendeu-se por lançar no Auto de Infração
n.º 90.04906-002, ao argumento de extravio dos Livros de
Registro de Inventário, este no valor de R$ 4.863,00
(quatro mil, oitocentos e sessenta e três reais) (fls. 48).

Novamente comparece o Contribuinte para indicar a


fragilidade do lançamento (novo lançamento de extravio),
quando os livros/documentos solicitados foram apresentados
nos autos. O que tornaria ineficaz a pretensão de impor a
punibilidade pretendida.

Quando da remessa para Coordenadoria de Julgamento,


entendeu esta pela improcedência do auto de infração, por
ausência de documentos probantes necessários ao
levantamento físico, tais como as notas fiscais de entrada
e saída, e mesmo o livro de registro de inventário do ano
de 1998 (período analisado).

Sendo o que se tinha a relatar, passo a decidir.

De fato, quando da análise da documentação capaz de


dar sustentação ao Auto de Infração, no que pese o
levantamento haver sido efetivado com base na documentação
apresentada pelo próprio contribuinte, há que ser
considerado aqui a junção de parte dos documentos
necessários ao mister pretendido.

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Mas, sem que houvesse de fato nos autos, a


apresentação das notas fiscais capazes de demonstrar a
atividade discorrida, ainda que mesmo por amostragem. E no
mesmo sentido, tendo sido ausente no momento do lançamento
o Livro de Inventário correspondente ao ano de 1998.

Dados estes imperativos para a convalidação do


levantamento.

Tendo então agido corretamente a Coordenadoria de


Julgamento em atenção do comando do art. 776 do RICMS
(aplicável no momento), que assegura para o levantamento a
consideração do valor final/estoque da sondagem:

Art. 776. Os agentes do Fisco, através de


levantamento fiscal, poderão desprezar os
resultados apresentados pela contabilidade do
contribuinte, quando não representem o
movimento real tributável realizado pelo
estabelecimento em determinado período, em que
serão considerados os valores das mercadorias
entradas, das mercadorias saídas, dos estoques
inicial e final, inclusive levantamento das
mercadorias por espécie, a fim de constatar a
exatidão do inventário e do estoque existente,
das despesas, dos serviços recebidos e dos
prestados, dos outros encargos, do lucro do
estabelecimento e de outros elementos
informativos.

Bem como ainda da cumulação ao art. 891 do RICMS , que


exige quando do levantamento fiscal , a folha do Livro de
Registo de Inventário do ano fiscalizado cumulativamente
com os demais documentos, as notas fiscais (ainda que por
amostragem) – o que não se observa.

Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá


ser instruído, consoante a infração detectada,
com os seguintes documentos:
(...)
III - no caso de levantamento específico de
estoque, deverão ser juntados:

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(...)
b) folhas do Livro Registro de Inventário
referentes ao exercício anterior e ao
fiscalizado;
(...)
V - cópia dos documentos que serviram de base
para a apuração das irregularidades, em
qualquer caso;

Além da legislação de regência, se tendo por firmada a


convicção com alinhamento nos julgados de outros tribunais
pátrios:

PRELIMINAR – NULIDADE POR INSEGURANÇA NA


DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO – AUDITORIA BÁSICA DO
ICMS – ACUSAÇÃO DE APROVEITAMENTO INDEVIDO DE
CRÉDITO, SENDO QUE A SITUAÇÃO TRATA-SE DE
TRANSFERÊNCIA DE CREDITO – ACOLHIMENTO – DECISÃO
UNÂNIME – 1- Se a acusação fiscal estiver
inconsistente com as provas constantes dos autos,
resta caracterizado o vício insanável da
insegurança na determinação da infração; 2- Deve-
se declarar a nulidade 'ab initio' do auto de
infração quando comprovada insegurança na
determinação da infração (Lei nº 16.469/09, art.
20, inciso IV). (CATGO – RVol 3 0261968 701 94 –
(01626/09) – III CJUL – Rel. Cons. Aldeci de
Souza Flor – J. 04.06.2009)

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – PRELIMINAR –


NULIDADE AB INITIO DO AUTO DE INFRAÇÃO POR
INSEGURANÇA NA DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO –
ACOLHIMENTO – DECISÃO NÃO UNÂNIME – 1- Havendo
imperfeições e obscuridades na forma da apuração
do valor a ser exigido do sujeito passivo, resta
caracterizado o vício insanável da insegurança na
determinação da infração; 2- Deve-se declarar a
nulidade 'ab initio' do auto de infração quando
comprovada insegurança na determinação da
infração (Lei nº 16.469/09, art. 20, inciso IV).
(CATGO – RFaz.-CONP 3 0143939 167 62 – (01703/09)

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

– CONP – Rel. Cons. Aldeci de Souza Flor – J.


09.06.2009)

Somando-se ao fato de haver sido refutado pelo


contribuinte a apuração dos valores/estoques atinentes ao
caso em questão.

E, no que pese não haver sido manifestado qualquer


comento por parte da Coordenadoria de Julgamento quanto a
lavratura do Auto de Infração n.º 90.04906-002, constate
nestes próprios autos (outro apuramento de infração), ao
argumento de extravio dos Livros de Registro de Inventário,
este no valor de R$ 4.863,00 (quatro mil, oitocentos e
sessenta e três reais) (fls. 48), resta em ser destacado
que os livros forem apresentados já em momento bem futuro
ao lançamento , desconstituindo qualquer pretensão de
constituição de crédito por tal motivação de
extravio/perda.

Deste modo, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, com a manutenção da decisão n.º 17.796/2011, da
Coordenadoria de Julgamento, desconstituindo o lançamento
por ausência de conjunto probatório hábil o suficiente para
demonstrar o estoque final considerado no ano de 1998 (ano
analisado), bem como por ausência completa de qualquer das
notas fiscais capazes de fazer prova ao ato imputado (ainda
que por amostragem).

Sala das sessões do CTE, em Maceió (AL), 09 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

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ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 47 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 09/12/2013


PROCESSO SF Nº 1500-001841/96 e CTE Nº: 187/2006
AUTO DE INFRAÇÃO: 64437
RECORRENTE: COMPANHIA ALAGOANA DE REFRIGERANTES
RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 288/2013

EMENTA: ICMS – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. A


REALIZAÇÃO DE VENDAS COM PERCENTUAL DE
MARGEM DE LUCRO INFERIOR AO ESTABELECIDO,
NO REGULAMENTO, APÓS AUTORIZAÇÃO PRÉVIA
DA ADMINISTRAÇÃO EM RESPOSTA À CONSULTA
FISCAL, ACARRETA A INCONSISTÊNCIA DA
AUTUAÇÃO, EM RAZÃO DA VINCULAÇÃO DO ENTE
TRIBUTANTE PARA COM O CONTRIBUINTE ATÉ
QUE OCORRA ALTERAÇÃO DO PROCEDIMENTO,
OBJETO DA RESPOSTA DA RESPECTIVA
CONSULTA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO,
DECISÃO RECORRIDA REFORMADA IN TOTUM.
LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

O Fisco estadual efetuou por intermédio do Auto


de Infração supra identificado, lançamento de crédito
tributário a título de ICMS, no valor de R$ 1.108.669,06 (um
milhão, cento e oito mil, seiscentos e sessenta e nove reais
e seis centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$
1.663.003,56 (um milhão, seiscentos e sessenta e três mil,
três reais e cinquenta e seis centavos), decorrentes da falta
de retenção do imposto nos termos do protocolo ICMS-10/92,
cláusula quarta e arts. 428, 432 e 827 do RICMS.

Na instrução do feito, foram anexados o


histórico dos fatos que levaram ao auto de infração, os
demonstrativos do débito, as cópias do livro de registro de
notas fiscais e serviços, a amostragem de notas fiscais de
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SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

serviço e vendas e o demonstrativo nota a nota das operações


que motivaram a lavratura do auto.

Em sua defesa, a empresa autuada colacionou


diversos lançamentos, entre os quais se destacam a repetição
do lançamento de infração já imputada no Auto de Infração n.º
073370/95; a inadequação da estratégia de vendas à
materialidade do ICMS; a inconstitucionalidade do instituto
de substituição tributária; a desobediência à hierarquia
normativa entre o art. 432 do RICMS/AL e os arts. 2 e 27 da
Lei 5.077/89; o protocolo n.º 10/92 alcançaria apenas
operações inter-estaduais; no período de julho a dezembro de
1993, o valor agregado a ser aplicado aos refrigerantes em
embalagens retornáveis era de 60% (sessenta por cento), dada
a Portaria n.º 117/91 do Secretário Executivo do Ministério
da Fazenda e o valor agregado de 140% cobrado representaria
confisco por parte do estado de Alagoas.

Contestando a defesa da autuada, o Fisco atacou


estes argumentos.

A Coordenadoria de Auditoria Fiscal ao analisar


a contenda fiscal, decidiu pela procedência do lançamento,
embasando-se nos artigos 27, caput e 48, inc. II, da Lei nº
5077/89, no art. 2º, inc. I, da Lei nº 5572/93, combinados
com o artigo 432, inc. I do RICMS, aprovado pelo Dec. Nº
35.245/91.

Inconformada com a decisão de primeira


instância, a empresa vencida impetra recurso para este
colegiado alegando, em síntese, a duplicidade de autuações; o
equívoco do Fisco em intentar usar valores de base de cálculo
do ISS com fins de aplicar o ICMS; a impossibilidade da
fixação de base de cálculo por decreto; a ocorrência de
consulta à SEFAZ através do Parecer CT 200/93, assinado pelo
próprio Secretário da Fazenda, indicando a base de cálculo do
ICMS como o preço final de venda ao consumidor e a
inocorrência de anulação ou revogação da consulta pela
Portaria n.º 67/95 da SEFAZ. Requereu, ao final, o julgamento
da autuação como improcedente.

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Nas contrarrazões do recurso, o Fisco alega, em


suma, que cabe ao RICMS a fixação do percentual de margem de
lucro para fins de cobrança do ICMS devido por substituição e
que fora exatamente isso o ocorrido no Auto de Infração,
conforme o artigo 432, I do RICMS. Requere, ao final, o
julgamento do auto em comento como procedente.

Este relator, notando a possibilidade de


ausência da ampla defesa em caso de não ser analisado o Auto
de Infração n.º 073370/95 reportado pela Autuada, converteu o
feito em diligência no sentido de ser anexada uma cópia
daquele aos autos, no que foi atendido.

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VOTO

O art. 27 da Lei nº 5077/89 estabelece que, na


hipótese do industrial substituto, a exemplo da recorrente,
na ausência de preço máximo ou único de venda do contribuinte
substituído fixado pelo fabricante ou pela autoridade
competente, a base de cálculo para fins da substituição
tributária é o valor da operação praticada pelo substituto,
com inclusão dos valores correspondentes a fretes e carretos,
seguros, imposto e outros encargos transferíveis ao
varejista, acrescido do percentual de margem de lucro fixado
pelo regulamento.

O RICMS, aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91, no


seu art.432,inc. I, já referenciado anteriormente, estabelece
como margem de lucro legal para refrigerantes é o percentual
de 140% (cento e quarenta por cento).

Ocorre que, no transcorrer do exercício de


1994, período anterior à autuação, portanto, a recorrente
formulou consulta fiscal no sentido do órgão fazendário
esclarecer o percentual do valor agregado devido na revenda
de seus produtos, obtendo através da qual como resposta,
orientação para usar o percentual de 90% (noventa por cento)
a título de lucro legal no tocante a todos os produtos
comercializados pela solicitante, conforme se vê às fls.
27/32 do processo nº 1500-12007/04. Houve, assim, uma
vinculação ao ente tributante, Estado de Alagoas, até que
ocorra alteração do procedimento, objeto da resposta da
respectiva consulta.

Noutras palavras, verifica-se a existência de


consulta formulada pelo sujeito passivo em data anterior ao
período fiscalizado. Através deste, entendeu por meio de
parecer a Douta Coordenadoria de Tributação que à
Administração Fazendária, na qualidade de “autoridade
competente” referida em citado dispositivo, será facultada a
fixação de percentual diverso do previsto em legislação,
observado sempre o teto por esta pré - fixado, in casu,
exatamente os 140% em questão. Tal parecer, conforme alegado
pela Recorrente, foi referendado pelo Secretário da Fazenda.
___________________________________________________________________________________ 4
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Consubstanciado no entendimento exarado em consulta


é que este ente fazendário procedeu, então, pesquisa de
mercado que resultou na determinação do percentual de
agregação de 90% para fins de cálculo do ICMS – Substituição
nas operações com cerveja e refrigerantes.

Assim, tal qual concluíram outrora os membros da 1ª


Câmara Julgadora deste Órgão Colegiado, capitaneados pelo
voto do sempre zeloso Conselheiro José Pedro da Silva,
impossível se esperar outro procedimento do contribuinte
senão o de observar a orientação externada pelo Fisco.

E embora já de amplo conhecimento deste Colegiado,


é relevante recordar os efeitos vinculantes da resposta à
Consulta Fiscal, entendimento este consolidado no âmbito do
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, conforme se colhe de recentes
escólios:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA


NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. CONSULTA FISCAL. MANDADO DE
SEGURANÇA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE PASSIVA. AUTORIDADE
QUE ASSINA A RESPOSTA À CONSULTA. (...) 2. A consulta
administrativa destina-se a propiciar ao contribuinte
orientação segura a respeito da aplicação da legislação
tributária a um caso concreto que envolva sua atividade,
permitindo que ampare sua conduta em entendimento vinculante
para os órgãos fazendários. 3. (...) (STJ – 1ª. T. REsp
670601/PR. Rel. Min. Teori Albino Zavascki. DJU 19/06/2008)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONSULTA FISCAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. LEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA ENCAMPAÇÃO. 1. A
consulta tributária permite ao contribuinte conhecer, com
antecedência, a interpretação oficial e autorizada sobre a
incidência da norma tributária e, assim, planejar a vida
fiscal, prevenir conflitos e evitar a aplicação de
penalidades. 3. É possível a impetração preventiva contra a
resposta dada pela Administração a uma consulta fiscal, pois
esta se reveste de força vinculante e imperatividade que
caracterizam o "fundado receio" de dano a justificar o
mandado de segurança. Precedentes de ambas as Turmas de
Direito Público. 4. (...) (STJ – 2ª T. REsp 786473/MG. Rel.
Min. Castro Meira. DJU 31/10/2006)

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No sentido da vinculação aos termos da


consulta, este relator já teve a oportunidade de examinar
caso idêntico perante o Pleno deste Colegiado, tendo o órgão
chegado as mesmas conclusões ora firmadas, cujo aresto segue
adiante:

EMENTA: ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA.


MARGEM DE VALOR AGREGADO DISPOSTA EM REGULAMENTO
(RICMS/AL). OBSERVÂNCIA QUANDO INEXISTENTE PREÇO
DIVERSO FIXADO POR AUTORIDADE COMPETENTE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 27, DA LEI N. 5.077/89, ENTÃO
VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS GERADORES. ENTENDIMENTO
REFERENDADO EM RESPOSTA À CONSULTA FORMULADA PELO
SUJEITO PASSIVO. EFEITO VINCULANTE. PRECEDENTES DO
STJ. REEXAME DE OFÍCIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para DAR-LHE PROVIMENTO, no sentido de
reformar a decisão singular e decretar a improcedência da
autuação.

Sala de sessão do CTE, em Maceió/AL, 09 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº. 48 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/12/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-033034/2004; CTE 286/2011 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 44629 DE 27/10/2004
RECORRENTE: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDO: KM PNEUS E ACESSÓRIOS LTDA.
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 290/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


SISTEMÁTICA DO LUCRO BRUTO REAL –
EVIDENCIADO EQUÍVOCO NA APURAÇÃO DO
IMPOSTO DEVIDO – INCLUSÃO DE OPERAÇÕES
COM MERCADORIAS ISENTAS OU NÃO
TRIBUTADAS – PRESUNÇÃO ESTOQUE FINAL
“ZERADO” ELIDIDA COM A APRESENTAÇÃO DO
LIVRO DE REGISTRO DE INVENTÁRIO PELO
SUJEITO PASSIVO – MATÉRIAS DE MÉRITO –
IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração no qual se relata que


o sujeito passivo omitiu vendas no exercício de 2003, fato
comprovado pelo levantamento específico de sua Conta Estoque
de mercadorias, considerando o Lucro Bruto Real Acumulado,
imputando-se o recolhimento de ICMS e multa no valor de R$
60.153,57 (sessenta mil, cento e cinquenta e três reais e
cinquenta e sete centavos).

Devidamente intimada, a Autuada afirma que não


omitiu vendas, pois nunca comercializou mercadorias
desacompanhadas de nota fiscal de saída, bem como que realizou
a transferência de mercadorias entre estabelecimentos
comerciais, de modo que a presunção de insuficiência de

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estoque é inverídica. Anexou aos autos cópia do Livro Registro


de Inventário do exercício de 2003, além das notas fiscais de
saída desse exercício.

Em suas contrarrazões, o fiscal autuante sustenta


que a Autuada não alegou em sua defesa e documentos nenhum
argumento suficiente para desconstituir a infração relatada e
devidamente comprovada pelas provas acostadas aos autos.

Encaminhado os autos à Coordenadoria de Julgamento,


foi expedido o pedido de diligência nº. 261/2010 para a
realização dos seguintes ajustes: a) levantamento dos valores
correspondentes aos estoques inicial e final das mercadorias
tributáveis, deduzindo aquelas em que o imposto já tenha sido
recolhido (substituição tributária) e as enquadradas nas
hipóteses de não incidência, imunidade ou isenção; b) apuração
das entradas e saídas das mercadorias tributáveis, conforme
livro de Registro de Apuração do ICMS; c) adequação dos
cálculos realizados à legislação aplicável.

No intuito de cumprir a diligência, a fiscalização


intimou o contribuinte no dia 28/01/2011 – com inscrição
baixada desde 10/12/2004 – para apresentação do Livro de
Registro de Entrada, Livro de Apuração do ICMS e Livro de
Inventário dos exercícios de 2002 e 2003, contudo o Autuado
informou que não poderia apresentá-los, pois tais documentos
foram incinerados em decorrência do transcurso do prazo
decadencial.

Devolvidos os autos à Coordenadoria de Julgamento,


a julgadora singular esclareceu que a fiscalização excluiu do
cálculo para apuração do tributo devido o ICMS vendas, além do
PIS e a COFINS devidos, exclusões não autorizadas pela
legislação aplicável ao caso. Acrescenta que a planilha de
cálculos considerou todas as compras e vendas efetuadas pela
Autuada, sem observar que algumas delas não seriam hipótese de
incidência do ICMS, quer seja porque o imposto já fora
recolhido nas operações anteriores (substituição tributária)
ou ainda por tratar de hipótese de imunidade ou isenção. Por

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fim, informa que não se justificou nos autos o estoque final


“zerado” no exercício de 2003, enquanto que o sujeito passivo
trouxe aos autos tal documentação. Por tais razões, a
julgadora singular esclareceu que caso fosse utilizada a
metodologia correta, com as exclusões devidas e o cômputo do
estoque final apresentado pela Autuada, inexistiria diferença
tributável positiva, logo se decidiu pela nulidade do
lançamento por ausência de motivo.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem


qualquer manifestação das partes, os autos foram remetidos ao
Conselho Tributário Estadual para o julgamento do reexame
necessário.

É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, cuidam os autos


de reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei
nº. 6.771/06 1, na qual restou vencida totalmente a Fazenda
Pública.

Por tal razão, a presente análise se restringe aos


motivos que ensejaram a improcedência do lançamento consignado
nos autos, sob pena de estar-se estendendo a discussão e
julgamento sobre matérias já decididas e preclusas.

Colhe-se dos autos que o contribuinte foi autuado


em razão da suposta omissão de vendas no exercício de 2003,
constatado através de levantamento específico do estoque de
mercadorias, considerando o Lucro Bruto Real Acumulado.

Sobre a metodologia de apuração do tributo devido


pelo Lucro Bruto Real Acumulado, o artigo 2º, §12, da Lei nº.
5.900/96 2 é claro ao dispor que será considerado como montante

1
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
2
Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
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a ser computado nas saídas tributáveis em operações internas


do contribuinte a diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e a
saída tributada efetivamente declarada nos livros e/ou
documentos fiscais próprios, ou seja, nesta sistemática
somente devem ser considerados na apuração do imposto devido
as operações efetivamente tributadas.

Ocorre que, conforme acertadamente constatou a


julgadora singular, no momento da apuração do tributo
supostamente devido, foram considerados nos cálculos toda
forma de entrada e saída de mercadorias, inclusive aquelas
isentas e não tributadas, em contrariedade à metodologia de
apuração prevista na legislação regulamentadora da matéria.

Da mesma forma, verifica-se que para fins de


apuração o estoque final da Autuada no exercício fiscalizado
foi “zero”, entretanto não foi apresentada qualquer
justificativa nos autos para tal presunção ou, ainda, a cópia
do Livro Registro de Inventário sem as anotações devidas.

Por outro lado, a Autuada acostou em sua defesa a


cópia do Livro de Registro de Inventário de 2003, demonstrando
que havia estoque final no exercício fiscalizado, documento
que não fora impugnado nas contrarrazões à defesa e, portanto,
é suficiente para elidir a presunção de inexistência de
estoque final.

Com efeito, a partir das observações expostas, as


quais já haviam sido constatadas na decisão recorrida, torna-
se impossível manter a o lançamento consignado nos autos
diante dos erros na aplicação da metodologia de apuração do
Lucro Bruto Real Acumulado.

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas tributáveis em operações internas do contribuinte
a diferença positiva entre a saída de mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das mercadorias
vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e a saída tributada efetivamente declarada nos livros e/ou
documentos fiscais próprios, apurada no último dia do exercício financeiro da empresa, na hipótese em que o
contribuinte não possua escrituração contábil para fins de apuração do lucro real.
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Contudo, embora concorde com a fundamentação


delineada pela julgadora singular, penso que suas conclusões
devem ser modificadas, especialmente, no tocante à declaração
de nulidade do lançamento por vício de motivo.

Isso porque entendo que a ausência de motivo


acontece quando a autoridade fiscal não possuía elementos de
cognição suficiente no momento do lançamento para formar sua
convicção acerca da infração supostamente cometida pelo
sujeito passivo.

Porém, apesar dos equívocos na apuração do Lucro


Bruto Real Acumulado, o fiscal autuante efetuou, da sua forma,
todos os cálculos que entendeu ser adequados ao caso e apurou
diferença positiva entre o CMV + 30% e saída tributada
declarada nos livros fiscais, condição que o legitimou a
lavrar o auto de infração.

Em outras palavras, no momento da lavratura do Auto


de Infração, o fiscal autuante conseguiu agregar elementos
suficientes para formar a sua convicção sobre a infração
supostamente cometida, de modo que tinha motivos claros para
efetuar o lançamento do crédito tributário.

Assim, entendo que as falhas no lançamento se


restringem à metodologia de apuração aplicada e as provas
acostadas aos autos, na medida em que, equivocadamente, foram
consideradas para fins de apuração operações realizadas com
mercadorias isentas ou não tributadas, bem como se presumiu
“zerado” o estoque final do exercício de 2013, quando na
verdade este fora regularmente escriturado no Livro de
Registro de Inventário, ou seja, matérias de mérito que
ensejam o julgamento pela improcedência do lançamento.

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CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário para, no mérito, negar-
lhe provimento, mantendo-se a fundamentação delineada na
decisão nº. 17.879/2011 da Coordenadoria de Julgamento,
alterando apenas suas conclusões para decidir pela
IMPROCEDÊNCIA do lançamento.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de


dezembro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 48 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/12/2013


PROCESSO Nº: 1500-006736/1994 CTE 334/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 053214
AUTUADO: ZENALVO DA COSTA PONTES
AUTUANTE: OMIR PEREIRA DA SILVA
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO 291/2013

EMENTA: LANÇAMENTO. AUTO DE


INFRAÇÃO. PROVA CONSTITUTIVA. DEVER
DO AGENTE FISCAL QUANTO A ALEGAÇÃO
E DESCONSTITUIÇÃO PELO
CONTRIBUINTE. REMESSA CONHECIDA E
NÃO PROVIDA.

Relatório

Tratam os autos que a mim foram distribuídos de uma


remessa necessária por conta da Decisão n.º 16.958/2010 da
Coordenadoria de Julgamento, que entendeu por desconstituir
o lançamento por completa ausência de provas no fato
constitutivo descrito.

O ato narrado decorreu da observação da Nota Fiscal


n.º 14601/1-001757, onde consta a remessa de 150 sacos de
feijão e 200 sacos de milho, tendo como destinatário final
o então Contribuinte autuado.

Já no momento da autuação (e consta da descrição do


auto), houve a imediata oposição de tais fatos, quando o
então autuado afirma categoricamente jamais haver efetivado
tal aquisição, ou mesmo recebido o material descrito na
nota fiscal em questão. Além de atribuir tal fato a
possível fraude na utilização indevida de seu
nome/inscrição. Salientando-se para tal afirmativa de
próprio punho.

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Novamente vem o Autuante nos autos para rebater as


alegações então apresentadas, com o pedido de que houvesse
a procedência do lançamento.

Através da diligência n.º 024/2003, houve a


determinação de remessa dos autos para 4.ª CRAF,
objetivando que houvesse a junção de provas suficientes
(além da nota fiscal já referida), buscando-se assim
condições para o pronto julgamento, com a posterior
intimação do contribuinte.

Tendo-se logo em seguida a publicação de Edital para


apresentação de defesa no prazo de trinta dias, sem o que
seria o débito posto em execução fiscal. Prontamente, houve
o atendimento à intimação, com a apresentação de defesa
reiterativa a inexistência de aquisição e/ou recebimento de
qualquer mercadoria pelo então posto destinatário da nota.

Destacando a missiva de que de uma singela


fiscalização aos arquivos da SEFAZ pelo agente que
recepcionou a nota no posto fiscal, verificaria a atividade
do defendente sendo diversa do produto descrito na nota. O
que poderia ser constatado no CAE – Código de Atividade
Econômica, aí reiterando pela utilização indevida de seu
nome.

Era o que se tinha relatar.

Voto

De fato cumpre aqui em ser analisado se a constituição


proposta quando do lançamento torna capaz e suficientemente
demonstrada para conduta imputada ao então Contribuinte
como infracional nos moldes da legislação de regência.

Para tanto se observa unicamente a constatação através


da nota fiscal Nota Fiscal n.º 14601/1-001757, a qual o
contribuinte rechaçou veementemente. Como já dito,
inclusive com declaração de próprio punho negando: qualquer
compra; recebimento de mercadoria; e mesmo pagamento.

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Ora, neste caso, restaria a dúvida, problemática à ser


sanada: a quem compete a prova no caso de lançamento ?

Veja que, é certo e do mais comezinho entendimento que


compete no ato processual a produção da prova por àquele
que alega algum direito. Fato já consagrado pelo regramento
do art. 333, do Código de Processo Civil :

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.

Desta forma, seria de cada um interessado, no caso


tanto ao fiscal como ao contribuinte a constatação da
prova. Esta, a regra geral.

Mas, para o caso concreto em apreço, o que se teria é


a imposição ao contribuinte quanto a chamada “prova
negativa”. Ou seja, teria ele que provar que não adquiriu a
mercadoria indicada em nota fiscal (mesmo já tendo afirmado
nos autos tal questão).

E aí, residiria a problemática: como fazer tal prova ?


Como provar nos autos que não se adquiriu um produto ,
diante da emissão de uma nota e imposição ‘sua’ como
destinatário ?

Neste caso, ante a dificílima condição para efetivação


de tal prova, e mesmo pela declaração de punho acostada nos
autos, entendo que, especificamente no processo caso em
tela, caberia ao agente público (fiscal), a prova efetiva
da concretização da compra.

Isto, o que poderia vir a ser feito pelas mais


diversas formas, exemplificando:

• fiscalização na empresa remetente da nota fiscal para


apresentação do recibo de entrega da mercadoria;

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• apresentação pelo remetente de comprovação do


pagamento da nota pelo contribuinte/destinatário;
• informação da transportadora do produto constante na
nota fiscal, sobre a efetiva entrega e/ou local.

Desta forma, alinho-me no entendimento atotado pela


Coordenadoria de Julgamento, mais ainda com a ressalva da
diligência n.º 024/2003, onde determinada a junção de
provas suficientes da efetividade da compra e remessa do
produto (além da nota fiscal já referida), o que não fora
atendido, concluindo pela ausência de conjunto probatório
suficiente para demonstrar a situação fática narrada no
auto de infração.

Para o que, na confirmação do dever comprobatório por


parte do agente público, firmo a convicção com alinhamento
nos julgados de outros tribunais pátrios:

PRELIMINAR – NULIDADE POR INSEGURANÇA NA


DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO – AUDITORIA BÁSICA DO
ICMS – ACUSAÇÃO DE APROVEITAMENTO INDEVIDO DE
CRÉDITO, SENDO QUE A SITUAÇÃO TRATA-SE DE
TRANSFERÊNCIA DE CREDITO – ACOLHIMENTO – DECISÃO
UNÂNIME – 1- Se a acusação fiscal estiver
inconsistente com as provas constantes dos autos,
resta caracterizado o vício insanável da
insegurança na determinação da infração; 2- Deve-
se declarar a nulidade 'ab initio' do auto de
infração quando comprovada insegurança na
determinação da infração (Lei nº 16.469/09, art.
20, inciso IV). (CATGO – RVol 3 0261968 701 94 –
(01626/09) – III CJUL – Rel. Cons. Aldeci de
Souza Flor – J. 04.06.2009)

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – PRELIMINAR –


NULIDADE AB INITIO DO AUTO DE INFRAÇÃO POR
INSEGURANÇA NA DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO –
ACOLHIMENTO – DECISÃO NÃO UNÂNIME – 1- Havendo
imperfeições e obscuridades na forma da apuração
do valor a ser exigido do sujeito passivo, resta

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caracterizado o vício insanável da insegurança na


determinação da infração; 2- Deve-se declarar a
nulidade 'ab initio' do auto de infração quando
comprovada insegurança na determinação da
infração (Lei nº 16.469/09, art. 20, inciso IV).
(CATGO – RFaz.-CONP 3 0143939 167 62 – (01703/09)
– CONP – Rel. Cons. Aldeci de Souza Flor – J.
09.06.2009)

Somando-se ao fato de haver sido refutado pelo


contribuinte a aquisição dos produtos descritos na nota
iniciante do procedimento fiscal.

Neste sentido, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, mantendo na integra a decisão da Coordenadoria
de Julgamento, quando da desconstituição do lançamento por
ausência de conjunto probatório suficiente à comprovação
tencionada, frente à negativa justificada do contribuinte.

Sala das sessões do CTE, em Maceió (AL), 13 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 48 – Realizada em 13/12/2013
PROCESSO: 1500- 005257/1999 e CTE 224/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO:069172.
AUTUADA:TECNOOP I.C. DE T. DE A.T.A.E.DEP.DADOS LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO.
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº292/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. 1. A


ACUSAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE DIFERENÇA POSITIVA,
ENTRE AS SAÍDAS DE MERCADORIAS TRIBUTADAS
(CMS+30%) E AS SAÍDAS TRIBUTADAS EFETIVAMENTE
E DECLARADAS NOS LIVROS FISCAIS DO
CONTRIBUINTE, REFERENTE AO PERÍODO DE 1995,
1996, 1997 E 1998, É PROCEDENTE EM PARTE. 2.
O DEMONSTRATIVO FISCAL FALHOU EM PARTE: A) AO
TER APONTADO OS VALORES RELATIVOS AOS
IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE AS VENDAS (ICMS,
PIS, COFINS); B) AO CONSIDERAR OS VALORES DAS
MERCADORIAS TRIBUTADAS E NÃO TER INFORMADO OS
VALORES RELATIVOS AS MERCADORIAS ISENTAS E
NÃO TRIBUTADAS. 3. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART.
79 DA LEI 5900/96, EM RAZÃO DA REVOGAÇÃO DO
ART. 84, E POR SER MAIS BENÉFICA AO RÉU
PORQUE ENUNCIA NO SEU PRECEITO SECUNDÁRIO UMA
MULTA EQUIVALENTE A 50% DO IMPOSTO DEVIDO. 4.
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PROCEDENTE
EM PARTE.MANUTENÇÃO DA DECISÃO SINGULAR.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 18.402/2011, esta, por sua vez,
julgou procedente em parte o lançamento do crédito tributário
presente no Auto de Infração n°. 069172 de 1999.

Acórdão CTE nº 292/2013


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Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria
omitido venda de mercadorias nos exercícios de 1995 a 1998 e,
portanto, recolhido aos cofres públicos, tributação referente ao
ICMS devido à menor.

Desta feita, o Autuado teria violado os artigos 5º,


inciso V da Lei 5.077/89; 2º, inciso I, § 12 da Lei 5.900/96; 49,
incisos II, VII e p. único; e 1000 do RICMS, aprovado pelo Decreto
35.245/91, aplicando-se, por conseguinte, a penalidade do artigo
84, da Lei 5.900/96. Assim fora fixado crédito tributário no valor
total de R$: 22.402,28 (vinte e dois mil e quatrocentos e dois
reais e vinte e oito centavos).

Em sede de defesa, o sujeito passivo aduziu que: a) não


teria infringido normas tributárias; b) manteria escritura
contábil regular; c) que nunca teria optado pelo SIMPLES; c) a
autoridade fiscal teria se restringido apenas ao movimento
econômico; e d) seria uma cooperativa, cuja principal fonte de
faturamento seria a realização de assistências técnicas em
equipamentos de informática.

Já nas contrarrazões, a autuante afirma que: a) a


autuada não teria anexado nenhum documento que confirmasse a sua
alegação, de que apresenta escritura contábil regular; b) a
autuada deveria ter apresentado o Balanço Geral juntamente com a
declaração de movimento econômico; e c) o lapso de o autuante ter
a colocado como optante pelo SIMPLES, teria a beneficiado, tendo
em vista que se de outra forma estivesse, o débito teria sido
maior.

De mais a mais, em cumprimento a requisição de


diligência nº. 207/2010, da Coordenadoria de Julgamento, a
autuante anexou aos autos: a) Intimação Fiscal OS. nº. 9007065

Acórdão CTE nº 292/2013


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(fl. 126); b) relatório de dados cadastrais do contribuinte (fl.
127); c) cópia da relação de filiais da empresa (fls. 128 a 130)
d) cópia do livro Reg. De Entradas (fls. 131 a 172); e) cópia do
livro Reg. de Saídas (fls. 173 a 199); e f) cópia do balanço
patrimonial (fls. 201 a 204)

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, julgou


procedente em parte o lançamento do crédito tributário,
consubstanciado no auto nº. 069172 de 1999, por entender que o
Autuado teria infringido os artigos 2º, inciso I, § 12; 6º, inciso
I; 17, inciso I, alínea “b”; e 50, inciso I, da Lei Estadual nº.
5.900/96 c/c artigos 49, incisos VI, alínea “a”, VII e VIII; 136,
inciso I; 269; e 1000, do RICMSAL/91, aplicando, por conseguinte,
a penalidade constante no artigo 79 da Lei Estadual 5.900/96, como
se pode denotar da seguinte ementa:

ICMS. 1. A acusação de existência de diferença


positiva, entre as saídas de mercadorias
tributadas (CMS+30%) e as saídas tributadas
efetivamente e declaradas nos livros fiscais do
contribuinte, referente ao período de 1995, 1996,
1997 e 1998, é procedente em parte. 2. O
demonstrativo fiscal falhou em parte: a) ao ter
apontado os valores relativos aos impostos
incidentes sobre as vendas (ICMS, PIS, COFINS);
b) ao considerar os valores das mercadorias
tributadas e não ter informado os valores
relativos as mercadorias isentas e não
tributadas. 3. Aplicação da multa do art. 79 da
lei 5900/96, em razão da revogação do art. 84, e
por ser mais benéfica ao réu porque enuncia no
seu preceito secundário uma multa equivalente a
50% do imposto devido. 4. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 5. Reexame
necessário para o Conselho Tributário Estadual.

A autuada, regularmente intimada, optou por não


apresentar recurso.

Acórdão CTE nº 292/2013


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É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao devido
processo legal, passo ao voto acerca das questões atinentes ao
reexame necessário.

O cerne da questão em atino, diz respeito ao


posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser Procedente em parte o Lançamento do Crédito
Tributário consubstanciado pelo Auto de Infração nº069172.

a) o primeiro ponto a ser posto em análise, diz


respeito ao posicionamento adotado pelo julgador singular, que ao
alterar o critério quantitativo (fls. 227), fixou à menor o valor
da obrigação principal em litígio, instituindo, assim, como
obrigação devida o montante de R$: 13.842,08 (treze mil,
oitocentos e quarenta e dois reais e oito centavos); e
b) o segundo ponto a ser apreciado, diz respeito à
aplicação do princípio da retroatividade benigna em favor do
contribuinte, por parte da Coordenadoria de Julgamento, que ao
constatar a revogação do artigo 84 da Lei 5.900/96 vigente a época
da autuação, pela Lei nº 7.079/09, reclassificou a penalidade
atribuível ao Autuado, para a do artigo 79 da Lei 5.900,
atualmente vigente.
Ora, o que se depreende do recitado julgamento é que ao
se posicionar desta forma, o julgador singular agiu em consonância
com o ordenamento jurídico, tendo em vista que os princípios, da
verdade material e da retroatividade da lei mais benéfica em favor
do contribuinte, por ele utilizado são verdadeiros vetores, do
basilar princípio da segurança jurídica, que por sua vez, tem o

Acórdão CTE nº 292/2013


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condão de conferir liquidez e certeza, ou em outras palavras,
regularidade, ao lançamento tributário.

Vê-se que o julgado singular, em atenção ao art. 2º,


inciso I, § 12º da Lei nº 5.900/96 e a documentação colacionada
aos autos, observou divergência na base de calculo apurada pela
autoridade autuante, e assim houve a redução do crédito
tributário, observando os valores relativos às mercadorias isentas
e não tributadas, portanto não há como retificar a decisão
recorrida.

Já quanto a redução da penalidade essa é inquestionável


pois a multa reduziu de 60% para 50%, aplicando-se assim o inciso
II alínea “C” do art. 106 do CTN.

Destarte, por entender que o posicionamento perfilhado


pela Coordenadoria de Julgamento, não merece ser retocado,
depreende-se que a decisão singular nº. 18.402/2011 que julgou
Procedente em Parte o lançamento tributário consignado no Auto de
Infração nº 069172 deve ser mantida.

Sala de Sessões do CTE, em 13 dezembro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR DE ALMEIDA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE nº 292/2013


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM:


16/12/2013
PROCESSO Nº: 1500-002548/1999; 1500-018180/2006; 1500-
000510/2008; 1500-001374/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 014071
RECORRENTE: DESTILARIA PORTO CALVO LTDA
FISCAL AUTUANTE: ODETE MINEIRO DA PAZ E OUTROS
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 293/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. AUTO DE
INFRAÇÃO PREJUDICADO PELA DECADÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário contra a decisão


n. o 18.370/11 da Coordenadoria de Julgamento, que
julgou prejudicada a análise da impugnação do sujeito
passivo em virtude dos efeitos da revelia.

O auto de infração constituiu crédito


tributário no valor de R$ 53.487,10 (cinquenta e três
mil, quatrocentos e oitenta e sete reais e dez
centavos), por ter a empresa autuada deixado de
recolher ICMS – Substituição na aquisição de álcool
anidro em diversas operações realizadas no mês de
setembro de 1998.

Instruem os autos: dados cadastrais; cartão de


autógrafos; demonstrativo do débito; termo de

ACÓRDÃO CTE Nº 293/2013 Página 1


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apreensão, diversas notas fiscais; AR; cópia de edital
CAT n.º 82-99/0.37, de 11/11/1999; Termo de Revelia,
entre outros.

O contribuinte não apresentou defesa.

Após diversas diligências, no dia 03/02/2004


houve aditamento ao auto de infração para corrigir
divergências constantes no documento originário. O
contribuinte foi intimado por AR em 22/06/2006 através
de seus sócios.

Em 19/07/2006 a empresa autuada apresentou


defesa alegando, em síntese: ausência de fundamentação
legal; falta de intimação pessoal do contribuinte;
decadência; e, não incidência do ICMS – Substituição
nas operações objeto do AI.

Submetido ao julgamento de primeira instância


administrativa, o julgador singular não conheceu da
razões da impugnação, sob a alegação de que ocorreu a
revelia.

Devidamente intimado da decisão por AR na


pessoa de seu representante legal, o sujeito passivo
interpôs recurso ordinário, renovando as alegações de
sua defesa.

Intimada, a representação fiscal pugnou pela


manutenção da decisão de piso.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 293/2013 Página 2


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VOTO

Depreende-se dos autos que se trata recurso


voluntário interposto pelo contribuinte contra decisão
da Coordenadoria de Julgamento que não conheceu da
impugnação ao auto de infração, lastreada na premissa
de que, uma vez ocorrida a revelia ao auto de infração,
não poderia o contribuinte impugnar o seu aditamento.

Tenho que discordar o julgador singular.

É evidente que o aditamento ao auto de


infração é ato administrativo substitutivo ao documento
originário, que, assim como o primeiro, constitui um
crédito ao Fisco contra um sujeito passivo. Igualmente,
deve atender rigorosamente ao princípio da legalidade
estrita, garantindo ao contribuinte o direito de
defender-se de uma imposição pecuniária contra si.

ACÓRDÃO CTE Nº 293/2013 Página 3


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Corroborando este entendimento, tem-se que o
aditamento pela sua própria natureza modifica elementos
do auto de infração originário, razão pela qual deve
ser dado conhecimento ao sujeito passivo,
oportunizando-o prazo para impugnação.

De todo modo, entendo que há nos autos uma


prejudicial de mérito que, a princípio, autoriza este
julgador a não entrar na análise do mérito do recurso.

Explico.

O auto de infração é lastreado na ausência de


recolhimento do imposto devido em diversas aquisições
de álcool anidro realizadas pela contribuinte no mês de
setembro de 1998.

Adoto o entendimento que o contribuinte


somente foi devidamente intimado da constituição do
crédito tributário no ano de 2006.

É que no momento da confecção do auto de


infração originário o cadastro já indicava a situação
fiscal como cancelada. Por essa razão, entendo que a
tentativa de intimação via correios ao endereço da
empresa ou mesmo edital não atingiram a sua finalidade.

O certo seria a intimação dos sócios da


empresa nos endereços constantes nos dados cadastrais.
Foi exatamente como posteriormente o Fisco procedeu
quando do aditamento do auto de infração.

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Em que pese o auto de infração tenha sido
protocolizado junto à Sefaz em 31/12/1998, a
constituição do crédito somente se aperfeiçoou com a
intimação válida do contribuinte (06/06/2006), momento
em que já decaíra o próprio direito do Fisco lançar,
pelo decurso de mais de 5 (cinco) anos da ocorrência do
fato gerador (setembro/1998).

Assim, flagrante a ocorrência da decadência


no presente caso.

O artigo 173 do Código Tributário Nacional,


dispõe:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a


decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente
efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere


este artigo extingue-se definitivamente com
o decurso do prazo nele previsto, contado
da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de
qualquer medida preparatória indispensável
ao lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5


(cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a sua

ACÓRDÃO CTE Nº 293/2013 Página 5


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constituição definitiva, com a devida intimação do
contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário
pela decadência, a teor do que prescreve o artigo 156
do CTN, in verbis:

Art. 156. Extinguem o crédito


tributário:
I – (omissis);
V – a prescrição e a decadência;

Assim, o crédito tributário foi atingido


pela decadência.

Por outro lado, ainda que se tenha como


válida a intimação do contribuinte através do edital
CAT n.º 82-99/0.37, de 11/11/1999, e, em decorrência,
que ocorrera a revelia, estaria prejudicado o crédito
tributário pela prescrição.

Como já noticiado acima, foi lavrado Termo


de Revelia em 11/03/1999, marco inicial para a contagem
do prazo prescricional.

Somente em 06/06/2006 o contribuinte foi


intimado do aditamento ao auto. Ou seja, seis anos após
a constituição definitiva do crédito, quando já
atingido pela prescrição, o contribuinte tomou ciência
do crédito.

Importante destacar que a confecção do


aditamento remota o dia 03/02/2004, quando passados
mais de 5 (cinco) anos do termo de revelia.

ACÓRDÃO CTE Nº 293/2013 Página 6


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Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário
para dar-lhe provimento, julgando prejudicado o auto de
infração em virtude da decadência, nos termos do artigo
156 do Código Tributário Nacional.

Sala de Sessões do CTE, 16 de dezembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/12/2013


PROCESSO: 1500-007.015/1999 E CTE Nº 125/2012.
ANEXOS: 1500-008.578/1999; 1500-010.196/06 E 1500-038.829/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 015.012, DE 31/08/1999.
AUTUADA: ELEVADORES OTIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.063.296-6.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.303/2011.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: RAIMUNDO MARQUES DE CARVALHO NETO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 294/2013

EMENTA: Auto de infração – ICMS – Remessa


de mercadoria entre estabelecimentos do
mesmo contribuinte – não ocorrência do fato
gerador do imposto – inocorrência de
operação de circulação de mercadorias –
Recurso conhecido e provido. Decisão da CJ
reformada. Auto de infração Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração lavrado contra


ELEVADORES OTIS LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de 510,15 (quinhentos
e dez reais e quinze centavos), por haver a empresa autuada
deixado de recolher ICMS diferencial de alíquotas referente a
mercadorias destinadas a ativo imobilizado e/ou de mercadorias
para consumo adquiridas em outros Estados da federação (1995).

Apontado como infringido o artigo 104, do


RICMS/1991. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com demonstrativo de


débito; relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópias
(xerox) do cartão de autógrafo e das notas fiscais.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva com


as seguintes alegações:

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1) Que, a transferência de bens do ativo fixo


ou para consumo se deu entre filiais da mesma pessoa jurídica,
não cabe pagamento do diferencial de alíquota em transferência
de ativo fixo e/ou material de consumo entre estabelecimentos
da mesma empresa, não há compra, o bem não é mercadoria para
fins de incidência de imposto, não tem o creditamento do ICMS.

2) que, o artigo 104, do RICMS/91, prevê que


o diferencial incidirá somente nas aquisições de mercadorias
com destino a ativo fixo e/ou material de consumo e nos autos
houve transferência entre estabelecimentos da mesma empresa;
não se confunde a circulação econômica com a saída física, o
transporte dentro da mesma empresa mediante a remessa de
matriz a filial, ou de filial para filial.

3) Que, em algumas notas fiscais objeto da


autuação foi encontrado erro formal por parte da autuada que
escriturou e creditou-se do ICMS como sendo material destinado
a estoque, não recolhendo o ICMS diferencial de alíquota, por
entender não ser devido. Por fim, pede que o auto de infração
seja improcedente e para as notas fiscais emitidas com erro
seja lavrado um auto de infração específico.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuação está embasada no artigo 104, do RICMS/91, e, na
Constituição Federal, logo, os argumentos da defesa para o
presente caso não se enquadram em hipótese nenhuma. Por fim,
pede a procedência da autuação.

Em 22/02/2006, foi solicitado o Pedido de


Diligência nº 080/2006, para a autuada comprovar a capacidade
postulatória do signatário da peça defensiva ou ratificá-la
integralmente. Em resposta a diligência, a autuada através do
Processo 1500-010.196/2006, juntou instrumento de procuração e
cópia da defesa original assinada por sua procuradora.

Em 27/10/2011, foi proferida a Decisão nº


18.303/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.
EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Falta de
recolhimento do ICMS Diferencial de Alíquota.
Transferência de mercadorias entre
estabelecimentos da mesma pessoa jurídica para
integração ao ativo permanente ou seu consumo.
Autonomia dos estabelecimentos, conforme art.
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19, § 3º da Lei Estadual nº 5.900/96. Ocorre o


fato gerador do ICMS ainda que a transferência
seja para outro estabelecimento do mesmo
titular, nos termos dos arts. 2º, I, V, da Lei
Estadual nº 5.900/96. Impossibilidade de
análise, na esfera administrativa, da
inconstitucionalidade de lei ou decreto, a
teor dos arts. 23, § 3º, I e 28, § 1º, da Lei
Estadual nº 6.771/06. Infração caracterizada.
Reclassificação legal da multa do art. 84 para
o art. 79, ambos da Lei Estadual nº 5.900/96,
em face da alteração legislativa trazida pela
Lei Estadual nº 7.079/09. Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. Dispensado o reexame
necessário, nos termos do art. 48, § 2°, II,
da Lei Estadual nº 6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A
autuada apresentou Recurso Ordinário, de
forma tempestiva, com as seguintes alegações:

1) Que, a legislação que prevê as entradas e


saídas de mercadorias destinadas ao ativo permanente ou
destinadas a consumo são consideradas como fato gerador do
ICMS, ainda que sejam entre os estabelecimentos do mesmo
titular (Convênio ICMS 19/91), tendo como única ressalva, as
saídas de máquinas, equipamentos, ferramentas e objetos de uso
do contribuinte, partes e peças a título de empréstimo ou
locação, condicionadas ao retorno dentro do prazo legal.

2) Que, os argumentos da autuada para afastar


a autuação passam por análise de constitucionalidade da
legislação estadual que foge a competência dos julgadores em
sede de Processo Administrativo Tributário e no que pese estes
argumentos, não concorda com eles porque são ilegais e violam
a jurisprudência do STJ sobre a matéria; a legislação estadual
criou hipótese de incidência do ICMS de forma contrária a CF e
a LC nº 87/96 (artigo 2º) ao estabelecer normas gerais de
observância obrigatória a todos os Estados.

3) Que, a circulação de mercadorias do ativo


fixo entre os estabelecimentos do mesmo grupo econômico é
somente física, não há transferência de titularidade; para
efeitos de incidência do ICMS importa a natureza da circulação
e não a circulação em si, ou seja, não é toda circulação que
configura fato gerador do tributo como entendem Roque Carazza
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e o STJ; a legislação estadual não viola apenas a CF/88, mas


também viola o artigo 2º, da LC nº 87/96.

4) Que, a decisão singular também viola o


entendimento do STJ que afasta a incidência de ICMS nos casos
de circulação física de mercadorias entre os estabelecimentos
do mesmo titular; não pode e não deve a administração publica
se furtar de julgar a lide por conta de suposta alegação de
inconstitucionalidade, pois DEVE anular o auto de infração por
ser ilegal e por contrariar entendimento do STJ. Por fim, pede
que a decisão singular seja reformada e a autuação anulada.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que conforme o artigo 104,
do RICMS/1991 (reproduzido) no presente caso, houve incidência
da norma tributária e a autuada devia ter recolhido o ICMS
diferencial de alíquotas sobre as aquisições interestaduais
efetuadas; o autuante enquadrou o fato em conformidade com a
norma jurídica, veja-se o artigo 19, §3º, da Lei nº 5.900/96,
que revela a irrelevância do argumento da autuada para não
fazer a liquidação do crédito tributário exigido; é descabida
a pretensão da autuada em ver reformada a decisão singular uma
vez que a materialidade da infração está evidenciada. Por fim,
pede a Procedência do auto de infração. Assim, chegam os autos
a este Conselho para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO VISTA VENCEDOR – PAULO DE TARSO

Em análise dos autos, percebe-se que a controvérsia


central versada nos presentes autos diz respeito à
possibilidade de tributação, via ICMS, da remessa de
mercadoria entre estabelecimentos da mesma empresa. No caso,
não restam dúvidas que a mercadoria transitou apenas entre
estabelecimentos da mesma empresa, conforme foi registrado na
decisão da Coordenadoria de Julgamento – CJ. Vejamos:

“Analisando as cópias das notas fiscais


anexadas à inicial, percebe-se que, de fato,
todas se referem a transferências ocorridas
entre os diversos estabelecimentos da pessoa
jurídica, não havendo controvérsia acerca do
efetivo recebimento destes bens pelo sujeito

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passivo, nem quanto a sua destinação


(integração ao ativo permanente ou consumo.”
Com efeito, a Constituição Federal, especificamente em
seu artigo 155, inciso II, previu a competência dos Estados
e do Distrito Federal para instituir o ICMS, que, a partir da
análise de sua materialidade, conclui-se que o referido
imposto deverá incidir sobre: (i) operações relativas à
circulação de mercadorias; (ii) sobre prestação de serviços
de transportes interestadual e intermunicipal; e (iii) sobre
a prestação de serviço de comunicação.
Valendo-se da lição do ilustre professor Roque Antônio
Carraza, por operação de circulação de mercadorias entende-se
“a operação jurídica que, praticada por comerciante,
industrial ou produtor, acarrete circulação de mercadoria,
isto é, a transmissão de sua titularidade.”
Neste contexto, a mera circulação física de mercadoria,
como ocorre nas transferências de mercadorias entre
estabelecimentos de uma mesma empresa não caracteriza fato
gerador do ICMS, afastando, portanto, qualquer possibilidade
do referido tributo nesse tipo de operação.
A matéria foi exaustivamente julgada no Superior
Tribunal de Justiça – STJ, dando ensejo inclusive a edição da
Súmula 166, que assim preconiza:
Súmula 166: Não constitui fato gerador do
ICMS o simples deslocamento de mercadoria de
um para outro estabelecimento do mesmo
contribuinte.
A referida súmula foi editada para pacificar de uma
vez por todas essa matéria no âmbito do Egrégio Superior
Tribunal de Justiça, cuja jurisprudência há muito já se
mantinha firme quanto à não ocorrência do fato gerador do
ICMS na hipótese de mera transferência de mercadoria para
estabelecimentos da mesma empresa. Vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO


ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART.
543-C, DO CPC. ICMS. TRANSFERÊNCIA DE
MERCADORIA ENTRE ESTABELECIMENTOS DE UMA
MESMA EMPRESA. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR
PELA INEXISTÊNCIA DE ATO DE MERCANCIA. SÚMULA
166/STJ. DESLOCAMENTO DE BENS DO ATIVO FIXO.
UBI EADEM RATIO, IBI EADEM LEGIS DISPOSITIO.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.
1. O deslocamento de bens ou mercadorias
entre estabelecimentos de uma mesma empresa,
por si, não se subsume à hipótese de

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incidência do ICMS, porquanto, para a


ocorrência do fato imponível é imprescindível
a circulação jurídica da mercadoria com a
transferência da propriedade. (Precedentes do
STF: AI 618947 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE
MELLO, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010,
DJe-055 DIVULG 25 03-2010 PUBLIC 26-03-2010
EMENT VOL-02395-07 PP-01589; AI 693714 AgR,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Primeira Turma, julgado em 30/06/2009, DJe-
157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-2009 EMENT
VOL-02370 13 PP-02783. Precedentes do STJ:
AgRg nos EDcl no REsp 1127106/RJ, Rel.
Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 06/05/2010, DJe 17/05/2010; AgRg
no Ag 1068651/SC, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2009,
DJe 02/04/2009; AgRg no AgRg no Ag
992.603/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe
04/03/2009; AgRg no REsp 809.752/RJ, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 04/09/2008, DJe 06/10/2008;
REsp 919.363/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2008, DJe
07/08/2008)
2. "Não constitui fato gerador de ICMS o
simples deslocamento de mercadoria de um para
outro estabelecimento do mesmo contribuinte."
(Súmula 166 do STJ).
3. A regra-matriz do ICMS sobre as operações
mercantis encontra-se insculpida na
Constituição Federal de 1988, in verbis:
"Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito
Federal instituir impostos sobre: (...)
II - operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;"
4. A circulação de mercadorias versada no
dispositivo constitucional refere-se à
circulação jurídica, que pressupõe efetivo
ato de mercancia, para o qual concorrem a
finalidade de obtenção de lucro e a
transferência de titularidade.

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5. "Este tributo, como vemos, incide sobre a


realização de operações relativas à
circulação de mercadorias. A lei que veicular
sua hipótese de incidência só será válida se
descrever uma operação relativa à circulação
de mercadorias. É bom esclarecermos, desde
logo, que tal circulação só pode ser jurídica
(e não meramente física). A circulação
jurídica pressupõe a transferência (de uma
pessoa para outra) da posse ou da propriedade
da mercadoria. Sem mudança de titularidade da
mercadoria, não há falar em tributação por
meio de ICMS. (...)
O ICMS só pode incidir sobre operações que
conduzem mercadorias, mediante sucessivos
contratos mercantis, dos produtores
originários aos consumidores finais." (Roque
Antonio Carrazza, in ICMS, 10ª ed., Ed.
Malheiros, p.36/37)
6. In casu, consoante assentado no voto
condutor do acórdão recorrido, houve remessa
de bens de ativo imobilizado da fábrica da
recorrente, em Sumaré para outro
estabelecimento seu situado em estado
diverso, devendo-se-lhe aplicar o mesmo
regime jurídico da transferência de
mercadorias entre estabelecimentos do mesmo
titular, porquanto ubi eadem ratio, ibi eadem
legis dispositio. (Precedentes: REsp
77048/SP, Rel. Ministro MILTON LUIZ PEREIRA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/1995, DJ
11/03/1996; REsp 43057/SP, Rel. Ministro
DEMÓCRITO REINALDO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 08/06/1994, DJ 27/06/1994)
7. O art. 535 do CPC resta incólume se o
Tribunal de origem, embora sucintamente,
pronuncia-se de forma clara e suficiente
sobre a questão posta nos autos. Ademais, o
magistrado não está obrigado a rebater, um a
um, os argumentos trazidos pela parte, desde
que os fundamentos utilizados tenham sido
suficientes para embasar a decisão.
8. Recurso especial provido. Acórdão
submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da
Resolução STJ 08/2008. (RECURSO ESPECIAL Nº
1.125.133 – SP)

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No mesmo sentido, o Tribunal de Justiça do Estado


de Alagoas também já se manifestou em relação à
impossibilidade de cobrança do ICMS nas operações de
transferência de mercadorias entre estabelecimentos da mesma
empresa, senão vejamos:

ACÓRDÃO Nº 2.1029 / 2012. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. TRANSFERÊNCIA DE MERCADORIAS
ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. NÃO
INCIDÊNCIA DE ICMS. SÚMULA 166 DO STJ.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.
(TJ/AL, 0005740-88.2012.8.02.0000 Relator(a):
Juiz Conv. Fábio José Bittencourt Araújo Data
de registro: 13/09/2012)

Assiste razão ao Recorrente ao dispor que a norma


tributária estadual está criando uma nova hipótese de
incidência do ICMS, em total afronta a Constituição Federal,
que determina ser competência da Lei Complementar estabelecer
normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre os fatos geradores dos tributos
mencionados na Constituição. E a Lei Complementar 87/96, que
trata das normas gerais do ICMS, em momento algum, estabelece
como hipótese de incidência do ICMS a mera circulação de
mercadorias entre estabelecimentos da mesma empresa.

Ora, com a devida vênia das posições divergentes,


entendo não existir outra interpretação senão a de que a mera
circulação de mercadorias entre estabelecimentos da mesma
empresa não constitui fato gerador do ICMS, conforme já
pacificado pelos Tribunais Superiores. Destarte, entendo que
a norma tributária estadual contraria a Constituição Federal
e ainda a Lei Complementar 87/96, pois criou uma hipótese de
incidência que não encontra fundamento de validade no
ordenamento jurídico pátrio.

Neste contexto, se, por um lado, o julgador não pode


afastar a incidência de uma lei ordinária estadual, tampouco
pode fazê-lo em relação a uma lei complementar, mormente
quando a própria Constituição Federal disciplina que compete
à lei complementar a edição de normas gerais em matéria
tributária.

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Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para, no mérito, dar-lhe
provimento, reformando a decisão da Coordenadoria de
Julgamento – CJ, a fim de declarar a improcedência do auto de
infração.

É como voto.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 16 de


dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA
(ACOMPANHOU VOTO VISTA)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


VOTO VISTA VENCEDOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA
(ACOMPANHOU VOTO VISTA) (ACOMPANHOU A RELATORA)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/12/2013


PROCESSO: 1500-006.239/1999 E CTE Nº 062/2013.
ANEXOS: 1500-020.373/2000 E 1500-009.405/2013.
AUTO DE INFRAÇÃO: 065.609, DE 30/06/1999.
AUTUADA: SIDER COMÉRCIO TRANSPORTES E SERVIÇOS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.091.292-6.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.961/2013.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: ROSELANE CARDOSO ARAUJO E OUTRO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 295/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal e obrigação


acessória. 1) Cancelamento de notas fiscais
sem observar os procedimentos previstos na
legislação tributária vigente. Ilícito fiscal
comprovado. São devidos o imposto e multa. 2)
Falta de débito e recolhimento do imposto
destas notas fiscais. Infração não comprovada.
3) Destaque a menor do imposto nos documentos
fiscais especificados. Reconhecido o débito e
extinto o crédito tributário pelo pagamento.
4) Emissão de documentos fiscais sem destaque
do imposto em operações de devolução de
mercadorias com diferimento. Não é cabível
essa exigência fiscal. 5) Não ter se debitado
do ICMS de mercadorias tributadas constantes
da nota fiscal de saída nº 837. Infração não
provada. 6) Aplicação da penalidade prevista
no artigo 79, da Lei nº 5.900/96, em lugar do
artigo 84, da mesma lei, o qual foi revogado e
sua multa reclassificada para o artigo 79, por
se tratar de reclassificação qualificada. 7)
Lançamento Procedente em Parte. 8) Desistência
do Recurso Ordinário em razão do pagamento
integral do crédito tributário constante da
decisão singular. 9) Recurso Ordinário e
Reexame Necessário conhecidos e improvidos.
10) Extinção do crédito tributário nos termos
do artigo 65, I, da Lei nº 4.418/1982.

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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa SIDER COMÉRCIO TRANSPORTES E SERVIÇOS LTDA, já
qualificada, tendo por objeto a cobrança de crédito tributário
no valor de R$ 12.316,31 (doze mil, trezentos e dezesseis
reais e trinta e um centavos), por haver a autuada:

1) Cancelado indevidamente as notas fiscais


de saídas de números 551; 580; 688; e 825.

2) Deixando de se debitar e de recolher o


ICMS destas notas fiscais.

3) Debitado-se a menor nas notas fiscais de


saídas de nºs 319, e 320, emitidas para outra unidade da
Federação em 07/01/1998.

4) Vendido mercadorias tributadas para firma


não inscrita na Secretaria da Fazenda do Estado de Sergipe com
alíquota de 12%, através da Nota Fiscal nº 556.

5) Não ter se debitado do ICMS de mercadorias


tributadas constantes da nota fiscal de saída nº 837, emitida
em 29/12/1998, ao escriturar a citada nota fiscal como se
fosse DEVOLUÇÃO para eximir-se de pagar o tributo, alegando
estar devolvendo mercadorias adquiridas entre os dias 02 e
05/06/1998, através das notas fiscais emitidas por esta
última, sendo que as notas fiscais arroladas na devolução são
as de nºs 2812, 2829, 2844, 2860 e 2862, fatos apurados por
Levantamento Fiscal do exercício de 1998.

Apontados como infringidos os artigos 49, II,


III, VI, “a”, VIII, IX, e XVI; 219, I; 720; e 721, do
RICMS/1991. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei n 5.900/1996.

A inicial está instruída com cópias do LRSM;


do cartão de autógrafo; da ficha de atualização cadastral
(FAC); das notas fiscais modelo 1 de números 000580; 000688;
000731; 000825; e 00083;, emitidas pela autuada; das notas
fiscais fatura de números 00281; 002829; 002844; 002860; e
002862; emitidas para a autuada; e DAR - Documento de
Arrecadação de Receitas Estaduais - modelo único. 25).

Em 01/07/1999, foi lavrado aditamento fiscal


em campo próprio da autuação onde o autuante informa que por
um lapso no item 1 do auto de infração fica indevidamente

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cancelada a nota fiscal nº 551, quando na verdade a mesma se


encontra registrada na folha 23, do LRSM ficando subtraídos os
valores de ICMS e Multa do ICMS lançados para essa infração,
passando o crédito tributário ater como valor 11.665,14 (onze
mil, seiscentos e sessenta e cinco reais e catorze centavos).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que com


relação ao cancelamento das notas fiscais 580, 688, e 825,
cancelou estas notas com todas as suas 05 (cinco) vias, as
quais estão anexas ao talão, com exceção da nota de nº 688,
que falta 01 (uma) via do jogo de 05 (cinco) vias, todavia
logo em seguida foi emitida a nota fiscal de nº 731 para o
mesmo cliente confirmando um ato lícito e normal da autuada
sem causar dano algum ao erário público estadual; a falta de
destaque do imposto na nota fiscal nº 837, trata-se de
devolução de mercadorias (sucatas) cujo ICMS foi diferido na
aquisição conforme notas fiscais em anexo, e, quanto ao
restante da autuação, concorda com os ajustes do fisco.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


o cancelamento indevido das notas fiscais arroladas nos autos,
resta confessado pela autuada que no cancelamento não observou
a disciplina do artigo 219, I, do RICMS/91; não consta o
motivo do cancelamento; não se tem como aferir se todas as
vias das notas fiscais canceladas permaneceram conservadas no
talonário fiscal, haja vista, a autuada haver anexado aos
autos apenas cópias dos documentos; em relação a duas das
notas fiscais cancelados, estas teriam recebido carimbos dos
destinatários, resta demonstrado o não atendimento por parte
da autuada às previsões do artigo 219, I, do RICMS/1991;
quando do cancelamento das notas fiscais listadas nos autos;
quanto a nota fiscal nº 000.837, emitida sem destaque do
imposto, assiste razão a autuada, vez que as regras para
incidência do ICMS nas saídas internas de sucata apontam para
o diferimento do imposto para a etapa seguinte de circulação
(artigos 481, I, a III, e 484, a 486, do RICMS/1991; quanto à
acusação de destaque a menor do imposto nas notas fiscais
000.319; 000.320; e 000.556; teria ocorrido o reconhecimento e
extinção do crédito pelo pagamento conforme documento referido
(cópia do DAR à fl. 25 do processo de defesa), observando que
os valores do imposto e multa correspondem exatamente ao
montante descrito no demonstrativo do débito. Por fim, pede a
procedência parcial da autuação.

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Em 20/02/2013 foi proferida a Decisão nº


18.961/2013, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E


ACESSÓRIA. 1) Cancelamento de nota fiscal sem
observar os procedimentos previstos na
legislação: ilícito tributário demonstrado,
sendo devidos o imposto e a penalidade
pecuniária pertinentes. 2) Destaque a menor do
imposto nos documentos fiscais especificados:
reconhecimento do débito, e extinção pelo
pagamento. 3) Emissão de documento fiscal sem
destaque do imposto: operação de devolução de
mercadorias abrigada pelo diferimento, não
sendo cabível a exigência fiscal. 4)
LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. 5) Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
nos termos do art. 48 da Lei Estadual nº
6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, onde mantém as mesmas razões da defesa,
porém, em data de 30/08/2013, efetuou o pagamento integral do
crédito tributário definido na decisão singular, desistindo do
Recurso Ordinário, ficando dispensada sua análise.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere à redução no


valor do crédito tributário em razão de ser Procedente apenas
o item nº 01 (um) da autuação, considerando-se o Aditamento
Fiscal em campo próprio da autuação.

1) Do cancelamento indevido das notas fiscais


de saídas de números 551; 580; 688; e 825.

A análise dos autos demonstra que não sobram


dúvidas sobre a ocorrência desta infração como aponta a
Representação Fiscal nas contrarrazões, quando afirma que o
cancelamento deixou de atender ao artigo 219, I, do RICMS/91.

“Art. 219 - Conservar-se-ão no talonário, no formulário


contínuo ou nos jogos soltos, todas as vias, quando o
documento fiscal:

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I - for cancelado, com declaração dos motivos determinantes


do cancelamento e referência, se for o caso, ao novo
documento emitido.
(...)”

A norma exige que a autuada mantenha em caso


de cancelamento de talonário todas as vias do documento
cancelado, fazendo constar no referido documento os motivos
determinantes do cancelamento, e, se for o caso, a indicação
precisa do documento emitido em substituição ao cancelado, o
que também é exigido pelo artigo 49, do mesmo regulamento.
“Art. 49 - São obrigações dos contribuintes:
(...)

XVI - conservar nos talonários, todas as vias das Notas


Fiscais canceladas, tendo observado no corpo das mesmas o
número, série, subsérie, a data e o valor da operação da
Nota Fiscal que a substituiu.
(...)”

Assim, a autuada ao deixar de informar os


motivos do cancelamento de tais notas fiscais descumpriu o
artigo 219, I, do RICMS/91, caracterizando-se tal cancelamento
como irregular. O Lançamento é Procedente nesta infração.

2) Deixado de se debitar e de recolher o


ICMS destas notas fiscais.

A existência de cópia reprográfica do


Documento de Arrecadação – DAR (fl. 25, do processo de defesa)
foi considerado como documento idôneo pela Representação
Fiscal para extinção parcial do crédito. O lançamento nesta
infração é, portanto, Improcedente.

3) Debitado-se a menor nas notas fiscais de


saídas de nºs 319, e 320, emitidas para outra unidade da
Federação em 07/01/1998.

Quanto à falta de débito do imposto das


mercadorias constantes destas notas fiscais, por se tratar de
devolução de mercadorias com diferimento do imposto, em sendo
atendidas as previsões dos artigos 484; 485; e 486; do
RICMS/1991, se tais mercadorias (sucatas) foram recebidas com
o diferimento do imposto, logo, sem débito, sua devolução para
o estabelecimento de origem também será com diferimento nos
termos dos artigos 481, a 486, do RICMS/1991. Portanto, não se
aperfeiçoou a condição para o recolhimento do imposto.

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4) Vendido mercadorias tributadas para


firma não inscrita na Secretaria da Fazenda do Estado de
Sergipe com alíquota de 12%, através da Nota Fiscal nº 556.

Nos autos não se verifica a supressão por


qualquer circunstância da previsão do artigo 484, do RICMS/91,
referentes às saídas internas de sucatas de ferro destinadas a
industrialização por estabelecimentos industriais localizados
neste Estado. Esta infração também é Improcedente.

5) Não ter se debitado do ICMS oriundo de


mercadorias tributadas constantes da nota fiscal de saída nº
837, emitida em 29/12/1998, ao escriturar a citada nota fiscal
como se fosse DEVOLUÇÃO para eximir-se de pagar o tributo,
alegando estar devolvendo mercadorias adquiridas entre os dias
02 e 05/06/1998, através das notas fiscais emitidas por esta
última, sendo que as notas fiscais arroladas na devolução são
as de nºs 2812, 2829, 2844, 2860 e 2862, fatos apurados por
Levantamento Fiscal do exercício de 1998.

Observe-se que foram acostadas cópias dos


documentos fiscais mencionados e das folhas do LRSM contendo a
escrituração dos citados documentos. Nesta infração também é
Improcedente o Lançamento.

Quanto à aplicação da penalidade referente


à infração de nº 01 (um), o autuante sugeriu a aplicação do
artigo 84, da Lei nº 5.900/1996. Ocorre que o artigo 4º, da
Lei nº 7.079/2009, revogou o artigo 84, reclassificando sua
multa para o artigo 79, da mesma Lei por se tratar de uma
reclassificação qualificada.
“Art. 4º - Fica revogado o art. 84 da Lei nº 5.900, de 27 de
dezembro de 1996, reclassificando-se a multa deste artigo
para a do art. 79 da mesma Lei, relativamente aos créditos
tributários já lançados.
(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,


em situação não compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Portanto, o lançamento é Procedente em Parte


e o crédito tributário tem como valor R$ 4.997,74 (quatro mil,
novecentos e noventa e sete reais e setenta e quatro centavos)
como consta a fl. 54, do Processo de Defesa.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário,
nego-lhes provimento. Mantida a decisão singular que julgou
pela Procedência Parcial do Lançamento, devendo observar-se,
porém, que a autuada reconheceu o valor do crédito tributário
apontado na decisão singular, desistindo do Recurso Ordinário
ao recolher integralmente esse valor mediante PPI (Decreto nº
29.277/2013), e, que em razão de seu pagamento integral o
crédito tributário encontra-se extinto nos termos do artigo
65, I, da Lei Estadual nº 4.418/1982.

“Art. 65 - Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;
(...)”

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões


em Maceió, 16 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 46 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/12/2013


PROCESSO: 1500-009.740/1998 E CTE Nº 241/2012.
ANEXO: 1500-012.776/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 002.883, DE 18/09/1998.
AUTUADA: ANHANGUERA CARNES LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.086.252-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.687/2012.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: HERMÍNIO CARDOSO DE OLIVEIRA.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 296/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1) Deixar


de recolher o ICMS - Importação. 2) Não
atendida formalidade indispensável ao ato de
lançamento e sua conseqüente invalidade, nos
termos do artigo 2°, parágrafo único da Lei
nº 4.717/65. 3) Lançamento nulo por vício de
forma. 4) Incidência do artigo 173, II, do
CTN. 5) Reexame Necessário conhecido e
improvido. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Anhanguera Carnes Ltda, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 10.302,97 (dez
mil, trezentos e dois reais e noventa e sete centavos), por
haver a empresa autuada deixado de recolher o ICMS devido na
importação de bacalhau norueguês da nota fiscal nº 009.750
conforme Termo de Apreensão nº 22522, de 08/07/1998.

Apontados como infringidos os artigos 49,


II; 525, e 526, do RICMS/1991; e 18, §2º, da Lei nº
5.900/1996. Sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 86, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruída com o Termo


de Apreensão nº 22522; cópias da nota fiscal nº 009.750; do
desembaraço de mercadorias importadas; do cartão de autógrafo;
relatório de dados cadastrais do contribuinte; despacho da
Comarca de Maragogi liberando as mercadorias; mandado para a
liberação das mercadorias; mandado de notificação; cópia do
DOE de 20/11/1998; e um AR – Aviso de Recebimento.

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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando de acordo com os artigos 152, da CF/88 e 152, do CTN
e com a doutrina e jurisprudência, o bacalhau importado da
Noruega, país signatário do GATT - General Agreement on
Tariffs and Trad é isento de ICMS por ser similar ao peixe
seco salgado de origem nacional; o caso encontra-se sub judice
conforme Mandado de Segurança nº 170/94. Por fim, pede o
arquivamento do auto de infração.

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o caso não pode estar em juízo por que de acordo com os
precedentes do STJ a matéria em discussão é da competência da
Justiça Federal; os fatos constantes da peça inicial são
incontroversos; diversamente do que afirma a autuada a nota
fiscal nº 009.750 não trata de suspensão de ICMS a teor do
artigo 5º, da Lei nº 5.900/1996; está em vigor a súmulas 575,
do STF e 71, do STJ que isenta do ICMS o bacalhau oriundo de
países signatários de tratados internacionais, e, considerando
que a presente importação aconteceu em 1998, na vigência do
Convênio ICMS 60/91, deve ser reconhecida a isenção do ICMS e
julgado improcedente o auto de infração.

Em 03/12/2010, mediante Despacho nº 077/2010,


a CJ solicita parecer da PGE/PFE sobre estar ou não o feito
adstrito as regras dos artigos 93, e 94, da Lei Estadual º
6.771/2006. Em 13/12/2010, a PGE/PFE esclarece que não há no
processo em epígrafe qualquer medida judicial impeditiva da
cobrança do crédito tributário na esfera administrativa.

Em 26/07/2012, foi proferida a Decisão nº


18.687/2012, de primeira Instância, que julgou Nulo por vício
de forma o Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.


Lançamento de ofício de crédito tributário e
impositivo de penalidade. 2. Falta de
recolhimento de ICMS-Importação. 3. Ilícito
comprovado. 4. Descumprimento de formalidade
indispensável ao ato administrativo de
lançamento, e sua conseqüente invalidez - Lei
nº. 4.717/65, artigo 2º, p. único, b. 5.
Lançamento nulo por vício de forma. 6.
Incidência da norma do artigo 173, II, CTN.
7. Duplo grau de jurisdição administrativa
necessário - artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº.
6.771/06.

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A autuada foi intimada da decisão singular,


não se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim chegam os
autos a este Conselho para Reexame Necessário.

É o relatório

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.687/2012, de Primeira Instância, que julgou como Nulo por
vício de forma o Lançamento constante do auto de infração nº
002.883, de 18/09/1998.

A autuação trata da falta de recolhimento do


ICMS referente à importação de bacalhau norueguês constante da
nota fiscal nº 009.750. A autuada afirma que o bacalhau
norueguês tem sua importação isenta de ICMS. A Diretoria de
Representação Fiscal alega que o bacalhau importado da Noruega
país signatário do GATT – General Agreement on Tariffs and
Trade é isento de ICMS por ser similar ao peixe seco salgado
de origem nacional, restando incontroversa a situação fática.

Quanto à decisão singular objeto do Reexame


Necessário, observe-se que o julgador antes de proferi-la,
teceu várias considerações sobre a evolução das discussões
acerca da matéria, impostação de bacalhau norueguês, tanto em
nível da Constituição de 1969 e da CF/88; quanto do STJ e do
STF, discussões, que não interessam a presente autuação, haja
vista, que o referido julgador, decidiu ser nulo o lançamento

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nos termos do artigo 2º, p.u., da Lei Federal nº 4.717/65,


quando, inclusive, analisou o mérito da autuação, afirmando
que o ilícito restou comprovado.

De modo diverso, entendo que se o lançamento


é nulo porque o autuante deixou de observar uma formalidade
(artigo 2°, p.u, da Lei nº 4.717/65), não é cabível a análise
do mérito, e esse só deverá ser analisado, no caso, de ser
lavrado novo auto de infração, observado o prazo decadencial
(artigo 173, II, do CTN).

DA NULIDADE DO LANÇAMENTO POR VÍCIO FORMAL

Como bem afirma a decisão singular, não resta


dúvida do acerto do lançamento, quanto a sua motivação, nem de
que a apuração do crédito tributário se dá com a apuração do
valor devido, a partir da base de cálculo e da alíquota
aplicável, devendo constar ainda o fato gerador; o sujeito
ativo e passivo; a base de cálculo; a alíquota incidente; o
valor do crédito tributário; local e prazo de pagamento; tudo
isto, sem prejuízo do necessário direito à ampla defesa e ao
contraditório pela autuada.

Assim, para que o lançamento seja válido,


seus elementos integrantes, competência, finalidade, forma,
motivo, objeto, etc, conforme o artigo 2º, p.u, da Lei Federal
nº 4.717/65, devem se enquadrar aos ditames legais, e, nos
autos, quanto ao lançamento, observa-se que o auto de infração
está assinado por agente fiscal competente; tem finalidade e
etc; porém, na apuração do valor do crédito tributário o
autuante descumpriu formalidade indispensável à constituição
do crédito tributário pela utilização indevida da alíquota de
12% (doze por cento), ao calcular o montante do imposto
cobrado, desatendendo ao princípio da vinculação, pois, de
acordo com o artigo 17, I, “b”, §3º, II, da Lei nº 5.900/1996,
a alíquota aplicável seria de 17% (dezessete por cento).

“Art. 17 - As alíquotas do imposto são as seguintes:

I - nas operações e prestações internas e na importação de


mercadorias e bens e serviços do exterior:
(...)

b) 17% (dezessete por cento), nos demais casos;


(...)

§ 3º - Para efeito deste artigo, as alíquotas internas são


aplicadas quando:

II - da entrada de mercadorias ou bens importados do exterior;


(...)”

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Assim, dos citados elementos integrantes do


ato, a forma pela qual deveria ser levado a efeito o ato de
lançamento destoa da lei, viciando a constituição do crédito,
e, na situação dos autos, o vício do ato constitutivo do
crédito tributário se apresenta na quantificação monetária da
infração imputada à autuada (artigo 2º, p.u, “b”, da Lei
Federal nº 4.717/65), ou seja, trata-se de vício de forma por
omissão de formalidades indispensáveis à existência e validade
do ato. Observe-se ainda, que nada foi trazido aos autos que
afaste a jurisdição administrativa, de acordo com o artigo 93,
da Lei Estadual nº 6.771/2006. Portanto, O Lançamento é Nulo
como acertadamente decidiu o julgador singular.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade
de votos, conhecer do Reexame Necessário, para negar-lhe
Provimento. Mantida a decisão singular.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 16 de


dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 17/12/2013


PROCESSO: 1500-036.638/2003 E CTE Nº 318/2012.
ANEXOS: 1500-009.343/2004 E 1500-040.199/2011.
AUTUADA: CENTROFARMA CENTRAL DE COMPRAS LTDA.
AUTO DE INFRAÇÃO: 010.767, DE 18/11/2003.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.076.130-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.317/2011.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: ALEXANDRE CAMPOS RULL E OUTRO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 297/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal e obrigação


acessória. 1) Mercadorias desacompanhadas de
documentação fiscal (a nota fiscal deve ser
emitida antes da saída das mercadorias do
estabelecimento vendedor. Caracterizada essa
infração. 3) Embaraçar o trabalho do fisco
estadual (dificultar o bom desempenho da ação
fiscal). Ilícito fiscal não caracterizado. 4)
A defesa traz questões não alcançadas pela
ação judicial. 4) Procedência Parcial do
Lançamento. 5) Recurso Ordinário conhecido e
provido em parte. Mantida em parte a decisão
singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa CENTROFARMA CENTRAL DE COMPRAS LTDA, já qualificada,
tendo por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de
R$ 15.053,72 (quinze mil, cinqüenta e três reais e setenta e
dois centavos), por estar à empresa autuada transportando
mercadorias desacompanhadas de documentação fiscal e causado
embaraço a ação da fiscalização.

Apontados como infringidos os artigos 49,


VII, e X; 129, I; 136, I; 757, §1º, e 758, do RICMS/1991,
sendo sugerida a aplicação das penalidades previstas nos
artigos 97, e 135, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial está instruída com resumo de


débito; relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópias
do cartão de autógrafo; do Termo de Apreensão n° 082109; e 3ªs
vias das notas fiscais emitidas após o início da ação fiscal.
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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestivamente,


alegando em preliminar, a nulidade da autuação por não conter
requisitos regulamentares (artigo 10, do Decreto nº 70.235/72)
e, no mérito, os fatos verdadeiros foram ignorados pelo fisco,
pois, o dono da empresa autuada estava no estabelecimento da
distribuidora VIA FARMA LTDA, comprando mercadorias e quando
carregava o veículo que se encontrava fora do estabelecimento
com as mercadorias, foi surpreendido pela fiscalização que
imediata e absurdamente lavrou o Termo de Apreensão; existe um
processo judicial em trâmite na 2ª Vara da Fazenda Estadual da
Comarca de Maceió, sob o nº 001.03.017077-0, referente a este
auto de infração (fls. 13, a 26, do Processo Anexo) devendo o
processo administrativo ficar suspenso por não existir o fato
gerador da obrigação tributária, uma vez que as mercadorias
não saíram do estabelecimento comercial da distribuidora. Por
fim, pede a improcedência do auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões com as


seguintes alegações:

1) Que, abordou o condutor de um veículo de


passeio que se encontrava em frente à empresa VIA FARMA LTDA,
carregado de mercadorias, constatando que as mesmas estavam
desacompanhadas de documentos fiscais sob o argumento de que
as notas fiscais estavam sendo emitidas, aceitando aguardar o
feito. Todavia, percebendo que o andamento estava lento, pediu
para acompanhar a emissão das notas fiscais, o que foi negado,
e, diante das evidências de que as notas fiscais estavam sendo
emitidas, tão somente, após a ação fiscal, decidiu não mais
acolhê-las e lavrar o Termo de Apreensão das mercadorias.

2) Que, obteve por parte do condutor do


veículo e sócio proprietário da CENTROFARMA CENTRAL DE COMPRAS
LTDA uma reação intempestiva e contrária às determinações da
fiscalização, terminando por devolver as mercadorias à própria
emitente, evadindo-se do local, e, embaraçando mais uma vez o
trabalho da fiscalização. Depois de muita lida, efetuou a
apreensão das mercadorias, lavrando o Termo de Apreensão nº
082.109, as quais, posteriormente foram liberadas frente à
concessão de medida liminar em mandado de segurança através do
Processo nº 001.03.017077-0, expedida pela 2ª Vara da Fazenda
Estadual da Comarca de Maceió.

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3) Que, inexistem os vícios de validade do


auto de infração, posto que cumpriu a legislação estadual
(artigos 890, §1º; e 889, do RICMS/1991. Quanto ao processo
judicial em trâmite na 2ª Vara da Fazenda Estadual da Comarca
de Maceió, sob o nº 001.03.017077-0, carece de sentido lógico
o requerimento da autuada, pois, a autuação foi lavrada em
data posterior a ação judicial e sua simples existência não é
suficiente para suspender um processo administrativo.

4) embasado no artigo 2º, I, da Lei Estadual


nº 5.900/1996, e na afirmativa da autuada que em sua defesa
afirma que o veículo se encontrava no pátio (lado de fora da
distribuidora) e como todas as mercadorias estavam fisicamente
dentro do veículo, não houve apenas a saída das mercadorias do
estabelecimento vendedor, mas, houve a circulação e a efetiva
posse das mercadorias pela autuada. Por fim, pede que o auto
de infração seja Procedente.

Em 05/04/2010, a Coordenadoria de Julgamento


solicitou a Requisição de Diligência nº 037/2010, para intimar
a autuada a fim de apresentar documento comprobatório de
poderes outorgados aos Srs. Cláudio José Coelho de Azevedo e
Alan Rogério O Simões de Melo que subscrevem a defesa, tendo
em vista a possibilidade de ratificação da defesa apresentada,
conforme artigo 662, do CPC já que o instrumento de Procuração
Particular (fl. 10 do Processo de Defesa) não está assinado
por nenhum representante legal da empresa. Em resposta a DIRAC
informa que intimou autuada que apresentou novas procurações
comprovando a legitimidade da defesa.

Em 03/11/2011, foi proferida a Decisão nº


18.317/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. Mercadorias desacompanhadas


de documentos fiscais – a nota fiscal deve
ser emitida antes de iniciada a saída das
mercadorias. 2. Embaraço a fiscalização – não
dificultar o bom desempenho das ações
fiscais. Ilícitos caracterizados. 3. A defesa
impugnativa do contribuinte traz questões não
alcançadas pela ação judicial. Lançamento
PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário onde


alega surpresa com a decisão da Coordenadoria de Julgamento,
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pois, como faz prova, em 04/11/2003, impetrou o Mandado de


segurança nº 001.7077-862003.8.2.001, que foi procedente e sua
liminar ratificada, sendo o processo arquivado definitivamente
em 17/07/2006, motivo pelo qual pede a insubsistência da
cobrança do crédito tributário e o arquivamento da autuação.

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a juíza concedeu liminar
com amparo na Súmula 323, do STF, tendo apreciado somente a
ilegalidade da apreensão das mercadorias, e, da mesma forma a
sentença de mérito só apreciou esta irregularidade, fato que
demonstra não ser cabível o pedido de nulidade da autuação; no
mérito, está comprovado que a autuada não podia efetuar tal
procedimento conforme artigo 2º, I, §6º, da Lei nº 5.900/1996,
e artigo 136, I, do RICMS/91; ratifica a decisão singular que
analisou as questões preliminares da defesa e no mérito julgou
procedente a autuação com a correta aplicação da penalidade
prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996. Por fim, pede que
o Recurso Ordinário seja improvido e a decisão singular seja
mantida na íntegra. Assim, chegam os autos a este Conselho
para análise do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 18.317/2011, de Primeira Instância, que
julgou procedente o lançamento constante do auto de infração
nº 010.767, de 18/11/2003.

Inicialmente observe-se que por não constar


nos autos a forma pela qual a autuada foi intimada da decisão
singular, assim, a apresentação de seu Recurso Ordinário deve
ser considerada como tempestiva.

A análise dos autos demonstra que a autuada no


Recurso Ordinário não se defende da acusação, alega, apenas
que impetrou uma ação liminar para obter a liberação das
mercadorias, tendo sido atendida e as mercadorias liberadas,
estando tal processo definitivamente arquivado.

Nesse passo, não assiste razão a autuada como


bem afirma a decisão singular, haja vista, que a liberação da
mercadoria por ordem judicial, no presente caso, teve como
único objetivo afastar a apreensão como meio coercitivo de
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cobrança de tributo (conforme Súmula nº 323/STF). Logo, tal


fato não prejudica o julgamento na esfera administrativa, uma
vez que a autuada não optou pelo julgamento da matéria na
esfera (artigo 93, da Lei Estadual nº 6.771/2006), haja vista,
ter solicitado apenas a liberação das mercadorias.

Quanto à análise de mérito do lançamento, a


autuação trata da aquisição de mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais e de embaraço à ação fiscal, fatos que
foram praticados pela autuada. A autuada afirma que se dirigiu
a sede da Empresa Via Farma Ltda para comprar medicamentos
para comercialização em seu estabelecimento comercial, do que
se infere que reconhece as irregularidades cometidas.

A fiscalização alega que o sócio da empresa


Centrofarma Central de Compras Ltda informou que eram remédios
e a nota fiscal estaria sendo emitida, ao que os fiscais
informaram que apesar de irregular, se ela estivesse sendo
realmente emitida naquele instante, seria considerada, porém,
a espera foi longa e como estas não chegavam decidiu que não
seriam mais aceitas para acobertar a operação já que as mesmas
estavam sendo emitidas após ação fiscal.

DA AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS SEM NOTAS FISCAIS

A aquisição de mercadorias sem notas fiscais


está demonstrada mediante cópias das referidas notas fiscais
apesar das dificuldades exercidas pela autuada ao embaraçar a
ação fiscal. Observe-se que todas as notas fiscais foram
impressas após a autuada ter colocado as mercadorias em seu
veículo que estava estacionado no pátio da empresa vendedora,
a Distribuidora Via Farma Ltda, e que nesta ocasião o fisco
aceitou considerar as notas fiscais, caso sua emissão de desse
naquele momento, porém, a impressão de tais notas foi demorada
levando o fisco a não aceitá-las como emitidas antes da ação
fiscal. O fato gerador nos autos tem amparo nos artigo 2º, I,
§ 6°, da Lei nº 5.900/1996; e 136, I, do RICMS/1991.
“Art. 2º - Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no
momento:

I - da saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento


de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo
titular;
(...)
§ 6º - A caracterização do fato gerador independe da natureza
jurídica da operação ou prestação que o constitua ou do título
jurídico pelo qual a mercadoria efetivamente saída do
estabelecimento estava na posse do respectivo titular.
(...)

“Art. 136 - A Nota Fiscal será emitida:

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I - antes de iniciada a saída das mercadorias;


(...)
Assim, os argumentos da defesa caem por
terra, pois, as mercadorias foram encontradas sem documento
fiscal e na posse da autuada fora do estabelecimento do
distribuidor vendedor. Portanto, ocorreu o fato gerador do
ICMS e as mercadorias. A infração resta comprovada.

DO EMBARAÇO A AÇÃO FISCAL

Quanto à acusação de embaraço a fiscalização,


apesar das determinações contidas nos artigos 757, §1º; 761,
§1º; e 763, §2º, do RICMS/1991, é certo que a recusa da
autuada para assinar o Termo de Apreensão não pode ser tomada
como embaraço nos termos dos referidos artigos.
“Art. 757 - (...)

§lº - As pessoas indicadas neste artigo estão obrigadas a exibir as


Autoridades Fazendárias, sempre que exigidas, mercadorias, livros
fiscais e contábeis, documentos em geral em uso ou arquivados,
papéis, arquivos de controle da empresa, extratos bancários e
quaisquer outros julgados necessários à Fiscalização, bem como
franquear-lhes os seus estabelecimentos, depósitos, dependências,
veículos, arquivos e móveis, a qualquer hora do dia ou da noite em
que estiverem funcionando.
(...)”

“Art. 761 - (...)

§ lº - Considera-se embaraço à ação fiscal todo e qualquer ato


praticado por contribuinte ou responsável, no intuito de impedir,
por qualquer forma, os exames e diligências solicitadas pelos
fiscais, para o fiel desempenho de suas atribuições.
(...)”

“Art. 763 - (...)

§ 2º - A inobservância do disposto no § lº do art. 757, ou a recusa


do atendimento, pelas pessoas e entidades de que trata este artigo,
de qualquer informação solicitada pelo Fisco, caracteriza embaraço
à fiscalização, devendo ser lavrado o termo respectivo.
(...)”

Nesse passo, apesar de a decisão singular


haver considerado que a conduta da autuada obstando dificultar
o trabalho da fiscalização, no que tange ao total desempenho
de suas funções, a exemplo da recusa de dar acesso ao local da
emissão das notas fiscais, não foi à autuada além de outros
impedimentos descritos pelos autuantes e que não constituem
embaraço a fiscalização sendo certo se afirmar que a apreensão
por si só, já abrange esse suposto embaraço, uma vez que a
recusa da autuada para assinar o termo de apreensão não
configura embaraço, mas, apenas uma simples recusa o que torna
improcedente esta infração.

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Quanto à aplicação da penalidade, aquela que


se encontra prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996, está
correto o julgador singular, haja vista, que a infração se deu
durante o trânsito das mercadorias. Portanto, o Lançamento é
Procedente em Parte conforme decisão singular.
“Art. 97 - Entregar, remeter, transportar, receber, estocar ou
depositar mercadorias desacompanhadas de documentos fiscais, ou
sendo estes inidôneos:

MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Nessa situação o crédito tributário tem como


valor R$ 14.243,22 (catorze mil; duzentos e quarenta e três
reais e vinte e dois centavos), conforme demonstrado abaixo.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

ICMS Multa Total


4.747,74 9.495,48 14.243,22

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer do Recurso Ordinário, para dar-lhe provimento
parcial. Reformada parcialmente a decisão singular em razão de
o Lançamento ser Procedente em Parte.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 17 de


dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA
(VOTOU COM A RELATORA) (VOTOU COM A RELATORA)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR
(VOTOU CONTRA A RELATORA)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 17/12/2013


PROCESSO: 1500-035.575/2006 E CTE Nº 345/2012.
ANEXOS: 1500-015.385/2007 E 1500.000/0000.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.35319-001, DE 29/12/2006.
AUTUADA: PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.054.712-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.573/2012.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: CARLA KUNZLER BENEVIDES ACIOLI E OUTROS.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE O. VASCONCELOS

ACÓRDÃO 298/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1) Falta


de recolhimento do ICMS-ST no momento das
saídas das mercadorias do estabelecimento do
remetente, torna o adquirente destinatário
como solidariamente responsável (artigo 26,
parágrafo único, da Lei nº 5.900/1996). 2) A
base de calculo do ICMS-ST foi apurada de
acordo com o Convênio ICMS nº 139/01 e Ato
COTEPE e a alíquota está de acordo com o
disposto na mesma Lei (artigo 17). 3)
Infração comprovada. Lançamento Procedente.
4) Recurso ordinário conhecido e improvido.
Mantida na íntegra a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


PETROBRAS DISTRIBUIDORA S.A, já qualificada, tendo por objeto
a cobrança de crédito tributário no valor de R$ 1.120.483,84
(um milhão, cento e vinte mil, quatrocentos e oitenta e três
reais e oitenta e quatro centavos), por haver a empresa
autuada deixado de reter e recolher o ICMS substituto
referente ao produto QUEROSENE DE AVIAÇÃO, com base no Preço
Médio Ponderado ao Consumidor Final - PMPF conforme Ato
Cotepe, na qualidade de sujeito passivo por substituição
tributária, relativo às operações subsequentes das vendas
realizadas para contribuintes localizados no Estado de Alagoas
nos exercícios de 2002 a 2004.

Apontadas como infringidos os artigos 23, e


26, da Lei Estadual nº 5.900/1996; 469, do RICMS/91; Convênio
ICMS nº 03/99 e Ato Cotepe. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 89, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

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A inicial encontra-se instruída com relatório


de dados cadastrais do contribuinte; cópia da intimação fiscal
nº 35757; relatório de cruzamento da DAC com arrecadação do
ICMS; extrato de arrecadação do contribuinte; Tabela PMPF;
demonstrativo de débito; e cópias do LRAICMS.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva,


alegando a nulidade da autuação por vicio formal em
decorrência da legislação citada não coadunar com a descrição
da suposta infração e pela falta de assinatura do autuante; no
mérito, que não se aplica o instituto da substituição
tributária nas operações de transferência de querosene de
aviação - QAV entre estabelecimentos da empresa Petrobras
Distribuidora S.A de Ipojuca-PE para a empresa Petrobras
Distribuidora S.A de Maceió-AL (artigo 553, §2º, I, e II, do
RICMS/91, e Convênio ICMS nº 81/93 (Cláusula 5ª, II); se
devido fosse o ICMS-ST, apenas poderia ser exigido a diferença
entre o ICMS-ST PMPF e o ICMS-normal recolhido pela empresa no
momento da saída referente a venda para consumidor final e o
percentual da multa aplicada com fundamento na vedação do
confisco (artigos 5º, LIV, e 150, IV, da CF/88). Por fim, pede
a produção de prova pericial e a improcedência da autuação,
anexando cópia da ata da assembléia geral extraordinária
publicada em 03/05/2005; procuração; cópias de notas fiscais
entradas; do LREM; de notas fiscais saídas e do LRSM.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões alegando


que não haveria motivos para a nulidade da autuação porque
todas as formalidades do artigo 889, do RICMS/91, teriam sido
cumpridas e a infração descrita na inicial está acompanhada de
um demonstrativo com o resumo da composição dos valores
discriminados por exercícios e por base de calculo; o ICMS-ST
exigido refere-se às operações subsequentes realizadas pelo
adquirente dos combustíveis e lubrificantes, inclusive os
derivados de petróleo; e não a operação interestadual IMUNE a
incidência do ICMS (artigo 155, §2º, X, “b”, da CF/88); o
Convenio ICMS nº 03/99, atribuiu ao remetente de combustíveis
e lubrificantes, derivados ou não de petróleo, situados em
outras unidades da federação, a condição de substituto
tributário, assegurando o recolhimento do ICMS a unidade
federada onde estiver localizado o destinatário dos produtos
com base na utilização da fórmula de cálculo da margem de
valor agregado nos termos da clausula 2º, do Convenio ICMS nº

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139/01; do artigo 3º, do Decreto Estadual nº 022/02, ou seja,


o PMPF, divulgado mediante Ato COTEPE (artigo 26, parágrafo
único, da Lei Estadual nº 5.900/1996); a multa aplicada está
prevista na legislação tributária Estadual. Por fim, pede a
Procedência do auto de infração.

Em 22/05/2009, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 073/2009, pela Coordenadoria de Julgamento. Em
resposta, foi anexada uma declaração de ratificação da defesa
e da cópia da carteira da OAB e CNH.

Em 15/03/2010, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 029/2010, pela Coordenadoria de Julgamento, para
a autuante informar se no valor apurado do ICMS na autuação
foi ou não abatido o valor do ICMS relativo à gasolina. Se
esse valor foi abatido que seja demonstrada sua forma de
apuração anexando-se o documento correspondente. Em relação ao
ICMS destacado nos documentos fiscais, informar se o valor
desse ICMS foi abatido do ICMS apurado na autuação.

Em resposta a Representação Fiscal esclareceu


que o remetente por não ser signatário do convênio em relação
ao produto QAV deixou equivocadamente de reter e recolher o
ICMS, transferindo solidariamente o ônus ao destinatário em
conformidade com os artigos 6º, da LC nº 87/96; 23, e 26, da
Lei nº 5.900/96; teria amparo legal à compensação do ICMS-ST
com outros créditos (ICMS normal) por isso não teria feito o
abatimento do ICMS destacado das operações internas do produto
QAV de 2002 a 2004 (artigo 39, §4º, I, da Lei nº 5.900/96),
juntando Listagem as notas fiscais de saídas do produto QAV.

Em 30/11/2011, foi solicitada a Requisição de


Diligência nº 200/2011, pela Coordenadoria de Julgamento, para
o fisco anexar cópias do LRSM, do LREM, das notas fiscais de
entradas e de saídas de mercadorias.

Em 30/03/2012, pelo Despacho nº 011/2012, a


CJ - Coordenadoria de Julgamento suspendeu temporariamente a
Requisição de Diligência nº 200/2011, tendo em vista o pedido
de prorrogação de prazo pela autuada e motivado pela grande
quantidade de cópias de documentos fiscais (livros e notas
fiscais) e da dificuldade de encontrá-los.

Em 09/04/2012, foi proferida a Decisão nº


18.573/2012, de Primeira Instância que julgou Procedente o
Lançamento com a ementa.

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EMENTA: ICMS. 1. Arguição de nulidade


rejeitada tendo em vista não ter prejudicado
nenhum direito do contribuinte. 2. A acusação
fática descrita no auto de infração está
clara e bem delineada consubstanciada na
inobservância ao regime especifico aplicável
de substituição tributária ao produto
querosene de aviação - QAV. (Clausula 1ª do
Convenio ICMS n. 03/99) 3. Por não ter sido
feita a retenção e nem o recolhimento do
ICMS-ST no momento das saídas das mercadorias
do estabelecimento do remetente, o adquirente
destinatário fica solidariamente responsável.
(art. 26, parágrafo único da lei 5900/96). 4.
A base de calculo do ICMS-ST em conformidade
com o estabelecido em Convênio ICMS n. 139/01
e Ato COTEPE. Já a alíquota disposta na lei
5900/96. 5. Aplicação da multa do art. 89 da
lei 5900/96, por se encaixar ao fato
descrito. 6. Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, com as seguintes alegações:

I – EM PRELIMINAR

a) A nulidade da autuação por vício formal,


não enxergado pelo julgador singular, uma vez que a autuação
aponta dispositivo que trata da substituição tributária como
um todo, não indicou norma que específicamente foi infringida,
ou seja, houve uma inadequada subsunção do fato à norma, o que
dificulta a defesa (artigo 5°, LV, da CF).

II - DO MÉRITO

1) Que, o RICMS/91, não citado pelo autuante


como fundamento para a autuação exclui a responsabilidade pela
substituição tributária nas operações entre estabelecimentos
eleitos como substituto tributário em relação ao mesmo produto
e nos casos de estabelecimentos da mesma distribuidora. Ora as
operações dizem respeito às entradas de querosene de aviação
no estabelecimento da Petrobrás/AL oriundas da Petrobras/PE e
suas noptas fiscais mostram trata-se de transferência de QAV
entre estabelecimentos da autuada, não podendo estar sujeitas
ao regime da ST porque o RICMS/91 excluiu a responsabilidade

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pela substituição tributária em operações praticadas entre os


estabelecimentos da autuada (artigo 553, do RICMS/91).
2) Que, mesmo que o Estado de Alagoas venha
a desconsiderar o RICMS/91, aplicando a ST ao presente caso,
não poderá exigir o ICMS-ST conforme a autuação, porque como
demonstram as notas fiscais em anexo a autuada já pagou o ICMS
no momento da saída (venda a consumidor final) observando o
valor da operação e ainda que algo fosse devido, o que poderia
ser cobrado seria a diferença entre o ICMS calculado com base
no Preço Máximo a Pessoa Física e o que efetivamente recolheu
a autuada no momento da venda para consumidor final; constitui
bis in idem a presente autuação, pois o Estado de Alagoas quer
receber 02 (duas) vezes, uma, quando na saída do produto da
Distribuidora em Alagoas e outra pela substituição tributária
cobrada na presente autuação; as operações com QAV tiveram por
destinatários consumidores finais e não revendedores.

3) Que, nessa situação a autuada teria até


direito a restituição pois se o Preço Médio a Consumidor Final
estabelecido para a substituição tributária até o revendedor
(preço bomba) não se efetivou, por ter o sido QAV vendido para
consumidor final (consumo da aviação), cabendo a autuada ter o
direito ao ressarcimento do imposto que pagou com referência
a substituição tributária. Não é posssível se responsabilizar
a autuada pelo pagamento total do crédito fiscal, uma vez, que
parte do lançamento padece de nulidade, devendo ser retirada a
imposição das penalidades de multa e juros pela SEFAZ/AL, por
ter a multa caráter nitidamente confiscatório (artigo 5º, LIV;
e artigo 150, IV, da CF). Por fim, pede diligência pericial
para melhor elucidar os fatos e o provimento do Recurso para o
reconhecimento da nulidade e improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando:

1) Que, não haveria motivos para a nulidade


da autuação porque todas as formalidades do artigo 889, do
RICMS/91, foram cumpridas, a infração descrita na inicial está
acompanhada de demonstrativo com o resumo da composição dos
valores discriminados, por exercícios e por base de calculo; o
ICMS-ST exigido refere-se às operações subsequentes realizadas
pelo adquirente dos combustíveis e lubrificantes, inclusive os
derivados de petróleo; as operações interestaduais não são
imunes a incidência do ICMS (artigo 155, §2º, X, “b”, da CF);
o Convenio ICMS nº 03/99, atribuiu a condição de substituto
tributário aos remetentes de combustíveis e lubrificantes,

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derivados ou não de petróleo, situados em outras unidades da


federação, assegurando ainda, o recolhimento do ICMS a unidade
federada onde estiver localizado o destinatário dos produtos
com base na utilização da fórmula de cálculo da margem de
valor agregado nos termos da clausula 2º, do Convenio ICMS nº
139/01; do artigo 3º, do Decreto Estadual nº 022/02, ou seja,
o PMPF, divulgado mediante Ato COTEPE (artigo 26, parágrafo
único, da Lei Estadual nº 5.900/1996); a multa aplicada está
prevista na legislação tributária estadual. Por fim, pede a
Procedência do auto de infração.

Assim, chegam os autos a este Conselho para


análise do Recurso Ordinário.

É o relatório

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Voto

Trata-se de Recurso Ordinário interposto


contra a Decisão nº 18.573/2012, de Primeira Instância que
julgou Procedente o Lançamento constante do auto de infração
nº 99.35319-001, de 29/12/2006.

I - DA PRELIMINAR DE NULIDADE

a) Por vício formal, não enxergado pelo


julgador singular, por apontar a autuação um dispositivo que
trata da substituição tributária como um todo, não indicando a
norma que especificamente foi infringida (inadequada subsunção
do fato à norma) dificultando a defesa (artigo 5°, LV, da CF).

É certo que o auto de infração não contém o


vício formal apontado na preliminar, haja vista, que o mesmo
tem por respaldo legal a Cláusula 1ª, do Convênio nº 03/99; os
artigos 23; e 26, parágrafo único, da Lei nº 5.900/1996; e
469, do RICMS/91; além de Ato COTEPE. É certo também, que a
autuada não fez a retenção, nem o pagamento do ICMS por
substituição tributária, baseada em legislação tributária não
mais vigente a época do fato gerador (artigo 553, § 2º, I, II,
do RICMS/91, e Convênio nº 105/92, revogado pelo Convênio
03/99) para executar as operações de vendas interestaduais de
QVA – Querosene de Aviação como se fossem transferências, e,
por estes motivos, rejeito a preliminar.

II – DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que a autuada


infringiu a legislação tributária ao adotar procedimento com
base no regime normal de tributação utilizando-se da apuração
do ICMS mediante débito e crédito na conta corrente do ICMS
quando de suas operações com QAV - QUEROSENE DE AVIAÇÃO no
período de 2002 a 2006, em detrimento do procedimento indicado
ao regime específico da substituição tributária, cujo respaldo
encontra-se no Convênio de ICMS nº 03/99, e suas alterações
posteriormente celebradas pelos Estados.

Observe-se que o Estado de Alagoas ratificou


e incorporou à sua legislação tributária os Convênios ICMS nº
03/99; 27/99; 46/99; 72/99; 76/99; 83/99; 84/99; 21/00; 45/00;
48/00; 50/00; 51/00; 52/00; 53/00; 81/00; 82/00; e 01/01, por
meio do artigo 1º, do Decreto Estadual nº 128/2001, situação
que coloca a acusação descrita na inicial claramente delineada
e consubstanciada na inobservância total ao regime especifico

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aplicável dão regime da substituição tributária com relação ao


produto querosene de aviação - QAV.

Nesta situação, o destaque do ICMS normal na


nota fiscal de saída emitida pela Petrobras Distribuidora S.A
situada em Maceió-AL e destinada a consumidor final localizado
no Aeroporto de Maceió/AL cuja compensação desses débitos com
créditos no LRAICMS foram procedimentos adotados pela autuada
ao arrepio da norma tributária, que nesta situação deve arcar
com a falta de retenção e recolhimento do ICMS–ST.

Ademais, o valor do ICMS-ST exigido não pode


ser compensado com o ICMS normal destacado na nota fiscal de
saída, uma vez que não se tem certeza de seu direito e seu
valor depende ainda de liquidação, a qual não poderá ser
suprida apenas por diligências fiscais (para produção de prova
pericial), tendo em vista que para sua resolução a autuada
deverá promover um processo especifico para este fim, uma vez
que o preparo, a tramitação do processo, a competência para
deferir o pedido de restituição do indébito fiscal assegurando
tal direito e a forma de sua efetivação não cabe as Instancias
Administrativas, haja vista, existir norma tributária própria
a ser observada (artigos 62, a 66, da Lei n° 6771/2006).

“Art. 64 - É competente para deferir o pedido de


restituição o Superintendente da Receita Estadual,
podendo ser delegada a competência.

Parágrafo único - A regulamentação poderá exigir, nas


hipóteses que especificar, que o pedido de restituição
seja encaminhado para análise e emissão de parecer
pela Diretoria de Tributação. Nova redação dada ao
art. 64 pela Lei n.º 7.078/09.
(...)”

Assim, a responsabilidade pela retenção e


pelo pagamento do ICMS deveria ter sido feita pelo remetente,
ou seja, pela Petrobras Distribuidora S.A situada na cidade de
Ipojuca-PE, nos termos da Cláusula 1ª, do Convênio nº 03/99,
por se tratar da mercadoria QUEROSENE DE AVIAÇÃO – QAV.
“Cláusula primeira - Ficam os Estados e o Distrito
Federal, quando destinatários, autorizados a atribuir
aos remetentes de combustíveis e lubrificantes,
derivados ou não de petróleo, situados em outras
unidades da Federação, a condição de contribuintes ou
de sujeitos passivos por substituição, relativamente
ao ICMS incidente sobre as operações com esses
produtos, a partir da operação que os remetentes
estiverem realizando, até a última, assegurado o seu

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recolhimento à unidade federada onde estiver


localizado o destinatário.
(...)”

Assim, por não ter a Petrobras Distribuidora


S.A situada na cidade de Ipojuca-PE, feito a retenção, nem o
recolhimento do ICMS-ST no momento em que ocorreram as saídas
das mercadorias do seu estabelecimento, fica a destinatária ou
adquirente da mercadoria, neste caso a Petrobras Distribuidora
S.A situada em Maceió/AL solidariamente responsável nos termos
do artigo 26, parágrafo único, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

“Art. 26 - O imposto a ser pago por substituição


tributária, na hipótese de responsabilidade tributária
em relação às operações ou prestações subsequentes,
corresponderá à diferença entre o valor resultante da
aplicação da alíquota prevista para as operações ou
prestações internas do Estado de destino sobre a
respectiva base de cálculo e o valor do imposto devido
pela operação ou prestação própria do substituto
tributário.

Parágrafo único - O contribuinte que receber, de dentro


ou de fora do Estado, mercadoria sujeita à substituição
tributária, sem que tenha sido feita a retenção total
na operação anterior, fica solidariamente responsável
pelo recolhimento do imposto que deveria ter sido
retido.
(...)”

É certo que a Petrobras/PE não reteve e muito


menos pagou o ICMS devido por substituição tributária. É certo
também, que alegação de que as operações de transferências de
querosene de aviação entre distribuidoras da mesma empresa não
estariam sujeitas ao regime de substituição tributária não
procede, senão vejamos.

A um, porque a autuada utilizou-se da norma


tributária prevista no artigo 553, § 2º, I, II, do RICMS/91,
com redação NÃO MAIS VIGENTE a época do fato gerador, no
período de 2002 a 2006, que, aliás, regulamentava o Convênio
105/92, revogado pelo Convênio 03/99, para executar operações
de vendas interestaduais como se transferências fossem.
“Art. 553 - Fica atribuída a responsabilidade, na
qualidade de contribuinte-substituto, pela retenção e
recolhimento do ICMS devido nas operações subseqüentes
com combustíveis e lubrificantes, derivados ou não do
petróleo:
(...)

§ 2º - A substituição prevista no “caput” não se


aplica:

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I - às operações realizadas entre estabelecimentos


considerados contribuintes-substitutos em relação ao
mesmo produto;

II - à transferência de mercadoria entre


estabelecimentos de empresa industrial/distribuidor;
(...)”

A dois, porque se aplica a norma que seja


mais especifica em prol da norma genérica; e neste caso, o
comando normativo do Convênio ICMS nº 03/99, que trata das
normas especificas aplicáveis aos combustíveis e lubrificantes
derivados ou não de petróleo e outros produtos, se sobrepõe ao
Convênio ICMS nº 81/93, que estabelece normas gerais a serem
aplicadas aos regimes de substituição tributária, instituídos
por Convênios ou Protocolos firmados entre os Estados e o
Distrito Federal. E, ademais, o Convênio de ICMS nº 03/99, não
dispôs de qualquer exceção com referência à aplicação da
substituição tributária como disposto na Clausula 5ª, do
Convênio de ICMS nº 81/93.

“Cláusula quinta - A substituição tributária não se


aplica:

I - às operações que destinem mercadorias a sujeito


passivo por substituição da mesma mercadoria. Nova
redação dada ao inciso I pelo Conv. ICMS 96/95,
efeitos a partir de 13.12.95.

II - às transferências para outro estabelecimento,


exceto varejista, do sujeito passivo por substituição,
hipótese em que a responsabilidade pela retenção e
recolhimento do imposto recairá sobre o
estabelecimento que promover a saída da mercadoria com
destino a empresa diversa.
(...)”

Não resta dúvida do acerto da autuação e


muito menos da decisão singular, haja vista, que a Petrobras
Distribuidora de Ipojuca/PE deveria ter feito à retenção e o
pagamento do imposto quando da saída do QVA – Querosene de
Aviação para a Petrobras Distribuidora de Maceió/AL, não resta
dúvida também de que a base de calculo do ICMS-ST na presente
autuação está em conformidade com o Convênio ICMS 139/01, que
estabeleceu a forma de cálculo da margem de valor agregado
para as operações com gasolina, diesel, querosene de aviação e
gás liquefeito de petróleo; e com o Ato COTEPE, bem como, de
que a alíquota do ICMS aplicada é aquela prevista para as
operações internas de mercadorias (artigo 17, I, “b”, da Lei
nº 5.900/96). Nesta situação o lançamento é procedente como
acertadamente decidiu o julgador singular.

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Quanto à aplicação da penalidade, também está


correto o julgador singular ao aplicar aquela que foi sugerida
na inicial, ou seja, a multa prevista no artigo 89, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, por sua total subsunção com os fatos
descritos na peça inicial.
“Art. 89 - Falta de retenção do imposto, nas hipóteses
de responsabilidade por substituição tributária
prevista na legislação vigente:

MULTA - equivalente a 100% (cem por cento) do valor do


imposto não retido, sem prejuízo do recolhimento do
tributo não retido.
(...)”

Nesta situação o credito tributário tem como


valor aquele constante da decisão singular (fl. 001.109,
Processo 1500-015.385/2007).
Portanto, o crédito tributário no valor de
R$ 1.120.483,84 (um milhão, cento e vinte mil, quatrocentos e
oitenta e três reais e oitenta e quatro centavos), deverá ser
recolhido com seus acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade
de votos, conhecer do Recurso Ordinário, para negar-lhe
provimento. Mantida na íntegra a decisão singular.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em, Maceió, 06 de junho de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 17/12/2013


PROCESSO Nº: 1500-001340/1997 (AMA 003298/1996) – CTE
118/2012.
ANEXO: 1500-012241/2012
AUTO DE INFRAÇÃO N.º: 070399, PROTOCOLADO EM 29/04/1996.
AUTUADA: ELETRO ELETRÔNICA ALAGOAS LTDA
RELATOR: PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 299/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


ALEGAÇÃO DE SUPRIMENTO INDEVIDO DE
CAIXA – INFRAÇÃO NÃO CARACTERIZADA –
ANTECIPAÇÃO DE VALORES PELOS CLIENTES
COM PROMESSA DE ENTREGA FUTURA –
LICITUDE DA CONDUTA – INEXISTÊNCIA DE
SUPRIMENTO INDEVIDO DE CRÉDITO –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – DECISÃO MANTIDA – AUTO DE
INFRAÇAO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Reexame Necessário da decisão n.º


18.481/2012, oriunda da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que
julgou improcedente o auto de infração n.º 070399, protocolado
em 29/04/1996, por entender que não restou configurada nos
autos a acusação fiscal de que o contribuinte praticou a
infração conceituada como “suprimento indevido de caixa”.
Vejamos a ementa do julgamento:

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO


DECORRENTE DA INDICAÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. 1) Acusação de falta de
recolhimento do imposto decorrente de
suprimentos indevido de caixa, que se
caracteriza pela “antecipação de pagamentos”
(pelos clientes), relativamente a produtos a
serem recebidos posteriormente (“entrega

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futura”). 2) Complemento da descrição da


situação fática não guarda relação com a
conduta imputada, porquanto o recebimento de
valores a título de antecipação de vendas não
poderia ser considerado como suprimento
indevido de caixa. 3) Instrução dos autos
incompleta, faltante qualquer documento que
faça prova do suprimento indevido de caixa. 4)
Ausência de prova quanto à ocorrência de
operações não documentadas por Nota Fiscal. 5)
Caberia à Fazenda Estadual produzir a prova
acerca da ocorrência de omissão de receitas,
pressuposto da omissão de saídas, já que fato
constitutivo da obrigação tributária objeto do
lançamento. 6) IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 7) Reexame necessário pelo
Conselho Tributário Estadual, nos termos do
art. 48 da Lei Estadual n.º 6.771/06.

Segundo declara o fiscal no auto de infração, o


contribuinte deixou de recolher a importância de R$ 11.417,15,
referente ao suprimento indevido de caixa relativo aos meses
de novembro de 1994 a março de 1996, quando os clientes
anteciparam os pagamentos de produtos vendidos para entregas
futuras. Segundo o fiscal, por não existir autorização oficial
para prática de tal ato, deve o mesmo ser considerado ilegal.

Para a Coordenadoria de Julgamento – CJ, o


recebimento de valores a título de antecipação de vendas não
caracteriza a infração de suprimento indevido de caixa,
mormente quando os valores possuem origem conhecida e
comprovada.

No essencial, é o relatório.

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VOTO

Analisando os autos do presente processo


administrativo, percebe-se o acerto na decisão proferida pela
Coordenadoria de Julgamento quanto à improcedência do
lançamento tributário, diante do fato de não restar
configurado o alegado suprimento indevido de caixa.

Tal fato é muito bem exposto nas palavras do julgador


singular:

Na enunciação do fato a ensejar o lançamento


tributário (aspecto material do lançamento),
sobreleva incongruência que resta caracterizada
em face de o comportamento da descrição da
situação fática não guardar relação com a
conduta imputada, porquanto o recebimento de
valores a título de antecipação de vendas não
poderia ser considerado como suprimento
indevido de caixa.

...

Ocorre, entretanto, que o recebimento de


valores a título de antecipação de vendas não
se coaduna com a previsão normativa, é dizer,
tem-se, pelo contrário, que o suprimento do
caixa foi efetuado por valores de origem
comprovada, qual seja, pelos valores recebidos
antecipadamente por vendas realizadas sob a
modalidade “para entrega futura” (das
respectivas mercadorias).

Com efeito, não há qualquer prova nos autos que


demonstre a ocorrência do ilícito tributário apontado na
atuação. O fato de a contribuinte ter recebido antecipadamente
valores de seus clientes com promessa de entrega futura não
caracteriza suprimento indevido de caixa. Ao contrário do que
alegou a fiscalização, não há qualquer ilicitude nessa
sistemática de arrecadação, razão pela qual é totalmente
improcedente a infração.

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Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para negar-lhe provimento, a
fim de manter na íntegra a decisão da Coordenadoria de
Julgamento, que julgou improcedente o auto de infração.

Sala de sessões do CTE, em Maceió/AL, 15 de outubro


de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 17/12/2013


PROCESSO Nº: 1500-043411/2002; 1500-008282/2007; 1500-
027791/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 018296
RECORRENTE: ELEVADORES SCHINDLER DO BRASIL S/A
FISCAL AUTUANTE: CELSO JOSÉ DAS NEVES
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 300/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –


SAÍDA DE MERCADORIA TRIBUTADA PARA
CONSERTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
SEU EFETIVO RETORNO. PRESUNÇÃO.
DECADÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO
PELA DECADÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário contra a decisão


n. o 17.240/2010 da Coordenadoria de Julgamento, que
julgou procedente o auto de infração n.º 018296.

O auto de infração constituiu crédito


tributário no valor de R$ 44.742,60 (quarenta e quatro
mil, setecentos e quarenta e dois reais e sessenta
centavos) por ter a empresa efetuado “saída de
mercadorias tributadas nos exercícios de 1997, 1998 e
1999 conforme notas fiscais em anexo, no montante de R$
80.982,09, destinadas a conserto, sem no entanto
ocorrer o retorno das mesmas”. Foram apontados como
transgredido o artigo 10, §4º, do RICMS, aprovado pelo
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Decreto n.º 35.245/1991, sendo sugerida a penalidade do
artigo 88, da Lei n.º 5.900/1996.

Instruem os autos: resumo de débito; notas


fiscais; dados cadastrais; cartão de autógrafo; e termo
de ocorrência.

Frustrada a tentativa de intimação pelos


correios, no dia 26/05/2003 foi realizada a publicação
do Edital Sare 38/2003.

O contribuinte não apresentou defesa.

Em 03/11/2006 a Gerência de Crédito Tributário


encaminhou o processo à Divisão Central de Processos a
fim de que fosse realizada notificação em nome dos
sócios da empresa, tendo em vista pedido de baixa da
empresa anterior a lavratura do auto de infração.

Intimada em 26/03/2007, a empresa apresentou


impugnação ao auto de infração alegando, em síntese, a
decadência, falta de motivação do ato administrativo,
defeito nos cálculos apresentados e impossibilidade de
cobrança de multa.

Em suas contrarrazões o fiscal autuante pugnou


pela procedência do auto, alegando que a ação fiscal
ocorreu de forma regular e não ocorreu a decadência.

A Coordenadoria de Julgamento julgou


procedente o auto de infração, assim ementando:

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EMENTA: ICMS. Lançamento de ofício. Falta de


recolhimento de ICMS, por responsabilidade tributária,
em razão de mercadoria remetida para conserto, com
suspensão do ICMS, sem o devido retorno. Ilícito
devidamente comprovado. Infração ao § 2º, do art. 31,
combinado com o art. 5º, todos da Lei nº 5.900/1996,
assim como com o inciso I do caput, o § 1º, o inciso I
do § 3º, e o § 4º, todos do art. 10 do RICMS/1991.
Lançamento Procedente

Inconformado o contribuinte interpôs recurso


ordinário, renovando suas alegações articuladas na
impugnação ao auto. A representação fiscal pugnou pela
manutenção da decisão da Coordenadoria de Julgamento.

É o relatório.

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VOTO

Com já falado o auto de infração constituiu


crédito tributário pela suposta saída de mercadorias
tributadas nos exercícios de 1997, 1998 e 1999,
destinadas a conserto, sem que tenha havido o seu
devido retorno.

Todavia, adoto o entendimento que o


contribuinte somente foi devidamente intimado da
constituição do crédito tributário no ano de 2007.

É que no momento da confecção do auto de


infração originário o cadastro já indicava a situação
fiscal com pedido de baixa. Por essa razão, a Gerência
de Crédito Tributário determinou a intimação na pessoa
dos sócios. Nesse contexto, entendo que a tentativa de
intimação via correios ao endereço da empresa ou mesmo
edital não atingiram a sua finalidade.

Em que pese o auto de infração tenha sido


protocolizado junto à Sefaz em 27/12/2002, a
constituição do crédito somente se aperfeiçoou com a
intimação válida do contribuinte (26/03/2007), momento
em que já decaíra o próprio direito do Fisco lançar,
pelo decurso de mais de 5 (cinco) anos da ocorrência do
fato gerador (1997,1998 e 1999).

ACÓRDÃO CTE Nº 300/2013 Página 4


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Assim, flagrante a ocorrência da decadência
no presente caso.

O artigo 173 do Código Tributário Nacional,


dispõe:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a


decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente
efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere


este artigo extingue-se definitivamente com
o decurso do prazo nele previsto, contado
da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de
qualquer medida preparatória indispensável
ao lançamento.

Tendo em vista o interregno de mais de 5


(cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a sua
constituição definitiva, com a devida intimação do
contribuinte, deve ser extinto o crédito tributário
pela decadência, a teor do que prescreve o artigo 156
do CTN, in verbis:
Art. 156. Extinguem o crédito
tributário:
I – (omissis);
V – a prescrição e a decadência;

ACÓRDÃO CTE Nº 300/2013 Página 5


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Assim, o crédito tributário foi atingido


pela decadência.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por
unanimidade de votos, conhecer do recurso ordinário,
para dar-lhe provimento, julgando prejudicado o auto de
infração em virtude da decadência, nos termos do artigo
156 do Código Tributário Nacional.

Sala de Sessões do CTE, 17 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA:Nº48 – 1ª CÂMARA – REALIZADA:19/12/2013


ANEXOS: 1500-030.278/2005 e 1500-007.334/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 026.531, de 19/08/2005.
AUTUADA: ATHLETIC WAY COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS PARA GINÁSTICA
E FISIOTERAPIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.099.721-2.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 16.597/2010.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Hélder José Barros Teixeira.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 301/2013

EMENTA: ICMS – Obrigações acessórias. 1)


Divergência entre as informações constantes
nas DAC’s - Declarações de Atividades do
Contribuinte em confronto com as registradas
nos livros fiscais. 2) Comprovado o ilícito
fiscal apenas nos meses de setembro/2004;
outubro/2004; novembro/2004 e dezembro/2004.
3) Lançamento Procedente em Parte. 4) Recurso
Ordinário não conhecido por ser intempestivo.
Reexame Necessário conhecido e provido em
parte em razão da reforma parcial da decisão
singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa


ATHLETIC WAY COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS PARA GINÁSTICA E
FISIOTERAPIA LTDA, já qualificada, tendo por objeto a cobrança
de crédito tributário no valor R$ 14.636,41 (catorze mil,

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seiscentos e trinta e seis reais e quarenta e um centavos),


por haver a empresa autuada apresentado as Declarações de
Atividades do Contribuinte nos período de 01/2003 a 12/2003 e
de 01/2004 a 12/2004 com informações divergentes daquelas que
constam nos seus livros fiscais obrigatórios.

Apontados como infringidos os artigos 49, II, do


RICMS/1991; 3º, do Decreto nº 38.469/2000. Sendo sugerida a
aplicação da penalidade prevista no artigo 116-A, II, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

A inicial foi instruída com resumo de débito; relatório de


dados cadastrais do contribuinte; cópia do cartão de
autógrafo; do livro RUDFTO (Termos de Início e Encerramento de
Fiscalização); planilhas com os dados apurados na DAC, no
Sintegra e na escrituração; cópias dos LRAICMS nºs 001, 002,
003 e 004; do LRIM (2001 a 2004).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva onde alega que


está instalada nesta capital desde 2000, e fez nova
conferência confrontando as informações constantes nos livros
com o relatório de cruzamento da DAC fornecido pela própria
SEFAZ, de 06/05/2005, muito anterior à data de lavratura da
autuação, não comprovando a divergência entre as informações
prestadas a SEFAZ com as registradas em seus livros, pelo
contrário, verificou uma escrituração bem discriminada, com
informações corretas e com o recolhimento dos tributos nos
termos exigidos pela legislação em vigor; os fatos descritos
na autuação não refletem a realidade, por apresentarem
informações questionadas dentro de prazos legais e em sintonia
com a escrituração fiscal. Por fim, pede a improcedência da
autuação. Foram anexadas a defesa, cópias do relatório de
cruzamento da DAC com Arrecadação do ICMS e débitos fiscais
(02/2001 a 03/2005); de LRAICMS e uma procuração particular.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada faz um breve histórico, onde suponhe que goza de
idoneidade em nível das Secretarias das Fazendas e se diz
injustiçada pela autuação, colocações vagas onde o julgamento
da autuação é tido como verdadeiro critério de identificação
da justiça tributária; a alegação de que não houve informações
divergentes das constantes dos seus livros fiscais com aqueles

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constantes na declaração de atividade do contribuinte, não


procede, pois, o processo inicial em suas fls. de nºs 09, 10,
11 e 12, relatório de saídas e entradas constam os valores
declarados e os valores escriturados que permite se verificar
as reais divergências encontradas. Por fim, pede a Procedência
total do auto de infração.

Em 17/03/2010, foi proferida a Decisão nº


16.597/2010, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS - Divergência entre as


informações constantes da Declaração de Atividades do
Contribuinte – DAC e as apostas nos livros fiscais. Ilícito
fiscal comprovado apenas em relação aos meses de janeiro,
setembro, outubro, novembro e dezembro de 2004. Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do art. 48, I, da Lei Estadual
6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, onde


alega que o autuante está equivocado e todos os meses do
exercício de 2003, foram desconsiderados; a julgadora singular
alega que os meses de 01/2004; 09/2004; 10/2004; 11/2004; e
12/2004, estão com informações divergentes entre a DAC e o
LREM o que não é verdadeiro, pois, apenas nos meses de outubro
e novembro existe divergência, apesar destes apresentarem
saldos credores. Por fim, pede a procedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que o Recurso Ordinário foi
apresentado intempestivamente; que as fls. 09, 10, 11 e 12, da
inicial constam planilhas com os valores declarados e os
valores escriturados sendo possível se verificar a divergência
entre as informações; as provas nos autos confirmam inexistir
a divergência do exercício de 2003, porém, esta não alcança o
exercício de 2004, fato confessado pela autuada quando alega
que houve divergência apenas nos meses de outubro e novembro
de 2004, apesar dos saldos credores; resta comprovada em parte
a infração (meses de janeiro, setembro, outubro, novembro e
dezembro de 2004), pois, foram declarados a SEFAZ/AL créditos
de ICMS em valores superiores aqueles escriturados nos livros

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fiscais. Por fim, pede a procedência da autuação. Assim,


chegam os autos a este Conselho para análise do Recurso
Ordinário e do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Recurso Ordinário e de Reexame


Necessário interpostos contra a Decisão nº 16.597/2010, de
Primeira Instância, que julgou como Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 026.531.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A análise dos autos demonstra que o Recurso


Ordinário foi interposto intempestivamente. Senão, vejamos. A
autuada foi intimada da decisão singular em 29/03/2010, e só
protocolizou o recurso em 14/04/2010, um dia após o termino do
prazo de 15 (quinze) dias, previsto em lei, fato apontado pela
Representação Fiscal às fls. 28, do referido recurso.

Pelo exposto, deixo de conhecer do Recurso


Ordinário por ser o mesmo intempestivo.

DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário se refere a redução no


valor do crédito tributário por ser procedente a infração
apenas nos meses de setembro/2004; outubro/2004; novembro/2004
e dezembro/2004, conforme decisão singular.

Nesse passo, observe-se que o relatório de


cruzamento da DAC com arrecadação de ICMS e débitos fiscais
(fl. 13, do Processo de defesa) em confronto com os valores
dos créditos de ICMS registrados no LRAICMS (fls. 63, 64, 65 e
66, do mesmo processo), nestes meses, comprova que houve as
diferenças apontadas nos meses de 09/2004; 10/2004; 11/2004 e
12/2004. Já no mês de janeiro/2004, não foi comprovada nenhuma
diferença. A infração apontada na inicial resta comprovada em
parte como mostra o demonstrativo abaixo

Meses ICMS crédito informado ICMS crédito no LRAICMS


SEFAZ
09/2004 3.904,97 276,33
10/2004 3.496,43 733,19

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11/2004 858,97 577,04


12/2004 1.477,98 1.223,28

Comprovada em parte a infração, aplica-se à


penalidade prevista no artigo 116-A, II, da Lei Estadual nº
5.900/1996, na redação da Lei nº 6.331/2002, vigente à época,
por sua subsunção a tais fatos, sendo que tal norma estabelece
como gradação para a penalidade o valor de 1,5% (um inteiro e
cinco décimos por cento) do somatório do valor total das
operações de saída e prestações efetuadas, não podendo ser
inferior a 30 (trinta) UPFAL para documentos que não tenham
periodicidade anual como é o caso da Declaração de Atividades
do Contribuinte (DAC) representada no relatório de cruzamento.

“Art. 116-A - A entrega ou a apresentação, em arquivo


magnético, das informações a que se referem os incisos II a IV
do “caput” do artigo anterior, nas situações abaixo indicadas,
sem prejuízo da exigência da retificação pertinente,
acarretará as seguintes penalidades:
(...)
II – se omitidas informações no arquivo ou se apresentadas
informações divergentes das constantes nos documentos ou
livros fiscais obrigatórios:

MULTA – equivalente a 1,5% (um e meio por cento) do somatório


dos valores totais das operações de saída e das prestações
efetuadas, que deveriam constar do documento de informação,
não podendo a multa ser inferior a 150 (cento e cinquenta)
vezes a UPFAL, quando referir-se a entrega de periodicidade
anual, ou 30 (trinta) vezes a UPFAL, nos demais casos.
(...)

Assim, como nos meses de setembro, outubro e


novembro/2004, o cálculo do percentual não ultrapassa as 30
UPFAL’s, este será o limite mínimo de aplicação da penalidade
incidente nestes meses. Já no mês de dezembro/2004, o valor
apurado ultrapassa a 30 (trinta) UPFAL’s devendo ser aplicada
a penalidade no parâmetro percentual de 1,5% (um e meio por
cento) sobre o total das saídas realizadas. O Lançamento é
Procedente em Parte como consta da decisão decidiu singular,
e, nesta situação o valor do crédito tributário é o que abaixo
se encontra demonstrado.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Meses Valor das saídas 30 UPFAl’s ou 1,5% Total

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09/2004 R$ 9.453,00 30 UPFAL’s 486,00


10/2004 R$ 18.908,00 30 UPFAL’s 486,00
11/2004 R$ 22.143,00 30 UPFAL’s 486,00
12/2004 R$ 42.281,00 1,5% 634,00
Total - - 2.092,00

Portanto, o crédito tributário tem como


valor R$ 2.092,00 (dois mil e noventa e dois reais), devendo
ser recolhido com os acréscimos previstos em lei.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos deixarem de conhecer do Recurso Ordinário por ser
intempestivo. Conhecer do Reexame Necessário, dando-lhe
provimento parcial em razão da reformada parcial da Decisão da
Primeira Instância Administrativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 19 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº48 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/12/2013


ANEXO: 1500-025.487/2006 e 1500-039.007/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 060.840, de 13/12/2005.
AUTUADA: R C CONSTRUÇÕES LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.075.979-6.
DECISÃO MONCRÁTICA: 18.304/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Marco Antonio Rocha Barroso e outros.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 302/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação Principal. 1) Falta


de recolhimento do ICMS Diferencial de
Alíquotas. 2) As Empresas de Construção Civil
não estão sujeitas ao pagamento deste imposto
como decidiu o STF. Lançamento improcedente.
3) Reexame Necessário e Recurso Ordinário
conhecidos e providos. Reformada a decisão
singular por ser improcedente o lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a empresa R C


CONSTRUÇÕES LTDA, já qualificada, tendo por objeto a cobrança
de crédito tributário no valor de R$ 255.286,29 (duzentos e
cinquenta e cinco mil, duzentos e oitenta e seis reais e vinte
e nove centavos), por haver a empresa autuada deixado recolher
o ICMS diferencial de alíquota incidente nas aquisições de
bens ou mercadorias destinadas ao uso, consumo ou incorporação
ao ativo permanente, oriundas de outra unidade da federação no
período 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005.

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Apontados como infringidos os artigos 1º, pu, III, “b”;


2º, V; e 6º, VI, da Lei Estadual nº 5.900/1996; 2º, II; e 14,
do RICMS/91. Sugerida aplicação da penalidade prevista no
artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996.

A inicial encontra-se instruida com resumo de débito;


relatório de dados cadastrais do contribuinte; cópia (xerox)
de cartões de autógrafo; demonstrativo do diferencial de
alíquotas (janeiro/2001 a março/2005).

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o lançamento é


nulo por inobservância de formalidades prescritas no artigo
889-B, IX, X, XI, do RICMS/91; a descrição dos fatos é obscura
e confusa por não retratar a fundamentação legal do próprio
instrumento; a atividade de construção civil está sujeita à
tributação pelo ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza não tendo incidência do ICMS; a notificação do auto
de infração somente ocorreu em 30/08/06; os créditos
anteriores a 30/08/2001, extão extintos por decadência e não
são mais exigíveis. Por fim, pede a nulidade do lançamento, a
improcedência pela incorreta pretensão do Fisco de cobrar ICMS
sobre a atividade de construção civil ou a decadência parcial
dos créditos tributários.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contra-razões alegando que o ICMS


diferencial de alíquotas ainda está em discussão no STF; o
artigo 155, II, e XII, da CF/88, recepcionado pela Lei nº
5.077/1989 e pelo artigo 698, do RICMS/91, que incluiram as
construtoras como contribuintes do imposto. Por fim, pede que
o auto de infração seja Procedente.

Os autos foram enviados a PGE/PFE para análise da


decadância do crédito tributário e em resposta esta afirma
que os autos devem ser julgados na esfera administrativa.

Em 31/10/2011, foi proferida a Decisão nº 18.304/2011, de


primeira Instância, que julgou Procedente em Parte o
Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Falta de recolhimento do


ICMS Diferencial de Alíquota. Empresa de Construção Civil.

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Hipótese de incidência prevista nos arts. 2º, V e 6º, VI, da


Lei Estadual nº 5.900/96, e art. 702 do RICMS/AL em sua
redação original. Impossibilidade de análise, na esfera
administrativa, da constitucionalidade de lei ou decreto, a
teor dos arts. 23, § 3º, I e 28, § 1º, da Lei Estadual nº
6.771/06. Inocorrência da decadência, conforme contagem do
prazo pelo art. 173, I, do CTN. Infração demonstrada pelo
arcabouço probatório. Reclassificação legal da multa do
art. 84 para o art. 79, ambos da Lei Estadual nº 5.900/96, em
face da alteração legislativa trazida pela Lei Estadual
nº 7.079/09. Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual, ex vi do arts.
48, I e 49, § 1º, da Lei Estadual nº 6.771/06.
DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de forma


tempestiva, alegando:

I – EM PRELIMINAR

A PRESCRIÇÃO PARCIAL DO AUTO DE INFRAÇÃO

1) Que, a autoridade julgadora se equivocou quanto a


aplicação das normas que disciplinam a decadência no CTN uma
vez que a autuada em sua defesa já demonstrara que no presente
caso seria aplicado o artigo 150, § 4º, do CTN aos fatos
geradores anteriores a 30/08/2001; a decisão singular entende
que a regra do artigo 150, § 4º, do CTN só se aplica quando há
pagamento antecipado do imposto, como se o fato de haver ou
não o pagamento pudesse interferir de algum modo na disciplina
legal do tributo; ainda segundo a decisão singular, não tendo
sido pago o tributo, a regra aplicável é a do artigo 173, do
CTN. Ora, esse raciocínio não se sustenta. Assim, os fatos
geradores antes de 30/08/2001, não poderão ser exigidos, ex vi
do artigo 150, § 4º, do CTN.

NO MÉRITO

1) Que, a autuada é prestadora de serviços de engenharia,


contribuinte do ISSQN nos termos do artigo 156, III, da CF/88;
a decisão singular deixou de considerar essa ilegalidade sob o
argumento de que a incidência do imposto, na hipótese dos
autos, estaria amparada nos artigos 2º, V; e 6º, VI, da Lei nº
5.900/1996; artigo 702, do RICMS/91, descartando as alegações
da autuada, invocando o artigo 23, § 3º, I; e 28, § 1º, da Lei
nº 6.771/2006; a interpretação dada aos fatos pela decisão

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recorrida é ilegal, uma vez que a fundamentação da exigência


do ICMS na hipótese dos autos decorre da premissa de que a
autuada seria contribuinte do imposto situação sem a qual não
seria possível justificar a incidência dos artigos 2º, V; e
6º, VI, da Lei nº 5.900/1996.

2) Que, as empresas de construção civil não são


constribuintes do ICMS; então, não é possível sequer se
imaginar a incidência da norma citada na decisão singular; não
encontra o presente caso amparo, sequer na legislação estadual
que pretende regulamentar, uma vez que a Lei nº 5.900/1996,
somente admite a incidência do ICMS quando da entrada de
mercadorias adquiridas em outras unidades da federação, no
estabelecimento de contribuintes do imposto e a verificação
dessa circunstância não se confunde com o que a legislação
estadual qualifica como mera arguição de constitucionalidade;
a questão da sujeição passiva das empresas de construção civil
está pacificada na doutrina e na jurisprudência pela Súmula
432, do STJ que de maneira definitiva dispõe sobre tal matéria
e o STJ ao editar a Súmula 432, não o fez sob a alegação de
insconstitucionalidade da norma estadual que dispunha em
sentido oposto. Por fim, pede a improcedência do Lançamento.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões ao Recurso Ordinário alegando:

I - QUANTO A PRELIMINAR DE DECADÊNCIA

1) Que, não assiste razão a autuada quando afirma que os


fatos ocorridos antes de dezembro/2011, estão fulminados pela
decadência nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, uma vez que
não houve o pagamento antecipado do imposto, como já decidido
e pacificado pela jurisprudência pátria; se não houver
pagamento antecipado do imposto a contagem de prazo
decadencial é aquela do artigo 173, I, do CTN. Por fim, pede
que a preliminar de decadência não seja acatada.

II – QUANTO AO MÉRITO

1) Que, o reconhecimento de que as empresas do ramo da


construção civil são contribuintes do ISSQN implica em
reconhecimento de inconstitucionalidade da norma estadual, o
que é vedado conforme artigos 23, § 3º, I; e 28, § 1º, da Lei
Estadual nº 6.7171/2006; a luz da legislação vigente não

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asssite razão a autuada, visto que a previsão legal para


cobrança do imposto está prevista no artigo 2º, V; e 6°, VI;
bem como nos artigos 698 a 709, do RICMS/91. Por fim, pede a
Procedência da autuação. Assim, chegam os autos neste Conselho
para análise do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso Ordinário


interpostos contra a Decisão nº 18.304/2011, de Primeira
Instância, que julgou como Procedente em Parte o Lançamento
constante do auto de infração nº 060.840.

Inicialmente observe-se que no verso dos autos consta em


19/06/2006, a inclusão dos exercícios de 2004 e 2005, na
apuração do crédito tributário, conforme consta dos resumos de
débito (fls. 03 a 05, da inicial), fato anterior a
apresentação da defesa em 02/10/2006.

DO RECURSO ORDINÁRIO

I - DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA

A análise dos autos demonstra que não ocorreu a


decadência de parte do crédito tributário por ter pagamento
antecipado do imposto como alega a autuada com base no artigo
150, § 4º, do CTN. Nos autos como afirma o Representante
Fiscal não houve nenhuma antecipação e o imposto deverá ser
lançado de ofício pelo fisco consoante determina o artigo 173,
I, do CTN e como tem decidido o STJ.

Assim, a contagem do prazo decadencial para o ICMS


diferencial de alíquotas do exercício de 2001, se iniciou no
primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, 01/01/2002. O
lançamento poderia ser efetuado até 31/12/2006. Observe-se,
que o lançamento é de 13/12/2005. Portanto, dentro do prazo
decadencial, motivo pelo qual rejeito a preliminar.

II - DO MÉRITO

A análise dos autos demonstra que o ICMS do


diferencial de alíquotas sobre as notas fiscais de entradas
escrituradas no LREM (fls. 27 a 193, da peça inicial), não foi
recolhido como apontam os demonstrativos de fls. 11 a 25, do

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mesmo processo. Cumpre lembrar que este imposto não pode ser
cobrado da autuada em razão de que esta não é contribuinte do
ICMS apesar de estar inscrita perante o CACEAL, haja vista,
que o Supremo Tribunal Federal já decidiu pela impossibilidade
de se exigir o ICMS diferencial de alíquotas das empresas do
ramo de construção civil, quando das aquisições de bens ou
mercadorias destinadas ao uso, consumo ou incorporação ao
ativo permanente da empresa, provenientes de outra unidade da
federação conforme suas recentes decisões.

“RE 592373 AgR / RN - RIO GRANDE DO NORTE


RE-Ag 592373/AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 15/05/2012 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-109 DIVULG 04-06-2012 PUBLIC 05-06-2012
RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA
AGTE.(S): ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
NORTE
ADV.(A/S): ANDRÉ DE SOUZA DANTAS ELALI
AGDO.(A/S): HAZBUN LTDA
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. CONSTRUÇÃO CIVIL.
DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA. NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E DE
PROVAS A OBSTAR O ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO DO CONTRIBUINTE.
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL INCAPAZ DE AFETAR O DEBATE
CONSTITUCIONAL. Este Supremo Tribunal Federal reconhece que as
empresas dedicadas à construção civil em regra prestam
serviços, sem se revelarem empresas comerciais ou mercantis
sujeitas ao diferencial de alíquota do ICMS. Nos termos da
jurisprudência desta Corte, as questões relativas aos
critérios para a devolução e compensação dos valores
recolhidos indevidamente são de índole infraconstitucional.
Agravo regimental ao qual se nega provimento.
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo
regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma,
15.05.2012.
(...)”

“AI 557373 AgR / BA - BAHIA


AI 557373 agR/AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTAL
Relator(a): Min. AYRES BRITTO
Julgamento: 28/02/2012 Órgão Julgador: Segunda Turma
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-064 DIVULG 28-03-2012 PUBLIC 29-03-2012
RELATOR: MIN. AYRES BRITTO

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AGTE.(S): ESTADO DA BAHIA


PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA BAHIA
AGDO.(A/S): ARCLIMA ENGENHARIA LTDA
ADV.(A/S): ANTONIO CARLOS NOGUEIRA REIS
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. AQUISIÇÃO DE MATERIAL
UTILIZADO COMO INSUMO EM OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. DIFERENCIAL
DA ALÍQUOTA. NÃO CABIMENTO. 1. A jurisprudência a do Supremo
Tribunal Federal entende que as empresas de construção civil
não estão compelidas à satisfação do diferencial de alíquota
de ICMS do Estado destinatário, quando adquirem, em Estado que
pratique alíquota mais favorável, material a ser utilizado
como insumo em suas obras. 2. Agravo regimental desprovido.
Agravo regimental desprovido, nos termos do voto do Relator.
Decisão unânime. Ausentes, justificadamente, os Senhores
Ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. 2ª Turma,
28.02.2012.
(...)”

Não restam dúvidas de que tal matéria resta


pacificada e que as empresas do ramo da construção civil estão
desobrigadas do recolhimento desse imposto, haja vista, serem
contribuintes do ISSQN. Assim, diferente do julgador singular
tenho com improcedente o lançamento.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário,
dando-lhes provimento. Reformada a decisão singular em razão
de ser improcedente o lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 19 de dezembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

MARIA LOPES MILHOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADORA JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº43 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 19/11/2013


PROCESSO: SF-1500-012258/87/; CTE-90/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 009030, PROTOCOLADO AMA 4/3/87, Protocolo
Geral em 9/9/87
AUTUADA: SANTANA E FERREIRA LIMITADA
AUTUANTE: RONALDO GUEDES DE ARAÚJO
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 272/2013

EMENTA: ICMS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. REEXAME


NECESSÁRIO PROCEDIDO. EMPRESA REGULARMENTE
INTIMADA. EMPRESA REVEL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO. OCORRÊNCIA DE
PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NOS TERMOS
DO ART. 174 E EXTINÇÃO DO CRÉDITO, TRIBUTÁRIO
CONFORME ART. 156, V AMBOS DO CTN.

Relatório

Trata-se o presente de Reexame Necessário do Conselho


Tributário Estadual, nos termos do Inciso I, do art. 48, da
Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo Administrativo

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Tributário, relativo à Decisão da Coordenadoria de


Julgamento 17420/10 do CTE, que recebeu a seguinte ementa:

EMENTA: ICM. Lançamento de ofício de crédito


tributário.

1. Emissão de notas fiscais com valores diferentes


nas respectivas vias. 2. Crédito indevido – utilização de
crédito fiscal desacompanhado do documento fiscal
comprobatório;
2. Crédito indevido – utilização de crédito fiscal
destacado em notas fiscais de mercadorias destinadas a outro
estabelecimento do mesmo titular. LANÇAMENTO PROCEDENTE.
Crédito tributário parcialmente recolhido. REMISSÃO (ART.
11, inciso I, alíneas “a”, “b” e “c” da Lei 6765) EXTINÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO MEDIANTE PAGAMENTO E REMISSÃO. Reexame
necessário pelo Conselho Tributário Estadual (art. 48 da Lei
6771/06)

A Coordenadoria de Julgamento informou que a autuada


não apresentou Recurso Ordinário ao CTE. A CJ Encaminhou à
PGE para inscrição do crédito tributário na Dívida Ativa
(Fls. CJ 90).

No Despacho PGE/PFE-CD nº 0242/2011 a Coordenadora da


Procuradoria da Fazenda Estadual retornou os autos a este
Conselho, esclarecendo que o processo foi enviado à PGE de
forma indevida (Fls. PFE 92).

A Representação Fiscal em Despacho, após diligência do


CTE, retorna ao CTE o presente processo dizendo que
considerando a decisão da Coordenadoria de Julgamento que
“determinou a extinção do crédito tributário mediante
pagamento e remissão, não há qualquer procedimento desta
Representação Fiscal a ser feito neste processo” (Fls. DIRF
95).

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta, nota-


se que o Reexame Necessário do CTE deve-se à Decisão da

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Coordenadoria de Julgamento Câmara do CTE sobre a extinção


do crédito tributário mediante pagamento e remissão.

O Auto de Infração foi protocolado na Agência de


Fazenda Estadual no dia 4/3/87 e no protocolo Geral da SEFAZ
no dia 9/9/87. Lavrado o Termo de Revelia em 2/5/1988.
Decorridos mais de 14 anos da lavratura do Termo de Revelia
pela SEFAZ resta observar sobre decadência ou prescrição do
crédito tributário.

O Parecer PGE/PFE 852/09 de 19/8/2009 elucida quanto à


competência de declaração da prescrição ou da decadência,
dizendo que é de quem inscreve na dívida ativa, ou seja, a
Procuradoria da Fazenda. Esclarece ainda que o procedimento
para definir a extinção do crédito tributário “deve preceder
de parecer conclusivo conjunto dos membros do Colegiado de
Procuradores”, composto por três membros. Observe-se o que
diz a redação do art. 1º, 2º e 3º do Decreto 539/02:

Art. 1º- Compete ao Procurador do Estado, que verificar


a prescrição ou a decadência de crédito tributário em
processo administrativo fiscal de sua competência, nos
termos do Código Tributário Nacional, submeter à questão a
Colegiado de Procuradores integrantes da unidade operativa
da Procuradoria da Fazenda Estadual para que opinem
conjuntamente, em parecer conclusivo, acerca da extinção ou
não do crédito tributário.

Art. 2º - O Colegiado será composto de, no mínimo, 03


(três) Procuradores de Estado, designados, em cada processo,
pelo Coordenador da Procuradoria da Fazenda Estadual.

Art. 3º - Verificada a prescrição ou a decadência do


crédito tributário, o parecer conclusivo será submetido à
aprovação do Procurador- Geral do Estado, que poderá
declarar, em cada caso, a extinção do crédito tributário.

Os autos foram julgados pela


Coordenadoria de Julgamento em 22/11/2010 (Fls. CJ 76 a 78).
Até esta data existiam dúvidas quanto à competência do CTE
para declarar a prescrição de crédito tributário, devido à
redação do Decreto 539/02, ainda em vigor e o Parecer
PGE/PFE 852/009 de 19/8/2009.

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O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013


(processo 1500 5479/2013) responde à consulta formulada pela
presidência do CTE no ofício nº 044/2012. Informa a PGE:

(...) em reunião, realizada na data de 08/07/2010, no


âmbito da Procuradoria da Fazenda Estadual, predominou o
entendimento, agora unificado, de que a norma do art. 141 da
Lei Estadual 4418/82 (hoje revogada) era de natureza
processual, devendo sua nova redação, dada pela Lei Estadual
nº 5983/97, ser aplicada a partir da vigência desta última,
a todos os processos então em curso. Desta forma, não mais
exigível a partir de 20/12/97, o julgamento administrativo
quando revel o contribuinte, tal como previsto na redação
original do art. 141 em menção.

Em decorrência, ficou também decidido que o dia


20/12/97 será o marco inicial da prescrição para os créditos
tributários consignados em processos administrativos
iniciados antes da edição da Lei 5983/97, cujo julgamento
desnecessariamente, se tenha realizado a partir daquela data
(...).

Considerando o parecer supra, a partir de 20/12/97,


após revel o contribuinte, está constituído definitivamente
o crédito tributário e nesta data começa a contagem do prazo
prescricional que somente neste caso, a própria PGE dá a
competência.

O Termo de Revelia foi lavrado no dia 2/5/1988

Assim sendo, o crédito tributário foi definitivamente


constituído e, portanto prescrito nos termos do art. 174 do
CTN diz em sua redação:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário


prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.

(...) Em consequência, o crédito tributário está


extinto, na forma do art. 156, V, do CTN, cuja redação assim
diz:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

(...) V - a prescrição e a decadência; (...)

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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
proceder ao reexame necessário, extinguindo o crédito
tributário pela prescrição.

Conselho Tributário Estadual, Sala das


Sessões em Maceió, 19 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº:09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO: 1500-028084/2002 e CTE 126/2012.
ANEXO(S): 1500-017053/2004 e 1500-034193/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 029839.
AUTUADA: KARAKOLA COMÉRCIO E REP LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.97669-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.162/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Neuda Cavalcante Abreu.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº055/2013

EMENTA- ICMS. Obrigação Acessória.


Extravio de livros e documentos
fiscais: irregularidade na intimação.
Não identificação do período da DIM não
entregue: cerceamento de defesa.
Reexame necessário conhecido, para
negar-lhe provimento. Recurso Ordinário
não conhecido em razão da
intempestividade de sua apresentação.
Decisão Singular mantida na integra.

Relatório

Trata o Auto de Infração, lavrado contra o


contribuinte KARAKOLA COMÉRCIO E REP LTDA, já devidamente
qualificado nos autos, do lançamento de crédito, derivado de
multa, pelos fatos de, em tese, o sujeito passivo não ter
comunicado à Secretaria de Fazenda o encerramento de suas
atividades comerciais, não apresentado 500 (quinhentas) notas
fiscais, 01 (um) livro fiscal e não entregue 01 (uma)

Acórdão CTE 055/2013


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Declaração de Informação Mensal do ICMS – DIM - solicitados


pelo Diário Oficial do Estado.

Como substratos legais foram dados como infringidos o


art. 49, II, III e IV do Regulamento do ICMS aprovado pelo
Decreto nº 35.245/91, e proposta a aplicação das penalidades
previstas nos art. 119, I, “a”, II, “a” e “b” e art. 130, II,
da Lei nº 5.900/1996.

Em síntese, temos o seguinte percurso administrativo


processual dos autos: em impugnação, o contribuinte confirmou
que deixara de comunicar ao Fisco o encerramento das
atividades do estabelecimento, por desconhecer a legislação,
porém, não reconhece as infrações de não apresentação de
livros e documentos fiscais. Isso porque não tinha
conhecimento da solicitação para apresentá-los. Afirma que os
livros e documentos fiscais encontram-se devidamente
autenticados e escriturados, na matriz e na posse de seu
contador. Informa ainda que está entrando com solicitação de
baixa da sua inscrição estadual. Requer nova apreciação dos
motivos que originou o auto de infração e que o mesmo seja
cancelado.

Em sede de contrarrazões, o fiscal autuante alega que o


Auto de Infração decorreu de tarefa fiscal, balizada no
Relatório Informativo da Situação Fiscal do Contribuinte e
Relatório Geral de AIDF por Contribuinte. Afirma que o
contribuinte foi notificado para se pronunciar por via de
editais. Espelha-se na afirmativa do sujeito passivo,
referente à baixa da inscrição estadual, para afirmar a
procedência da autuação.

Proferida a Decisão nº 18.162/2011, de Primeira


Instância, tendo a julgadora singular decidida pela
procedência em parte do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória. 1.


Deixar de requerer à repartição
fazendária a baixa de sua inscrição
cadastral, em decorrência do
encerramento de atividades do
estabelecimento, constitui infração à
legislação tributária – ilícito
fiscal caracterizado. 2. Presunção
legal de extravio de livros e
documentos fiscais – descaracterizado

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o extravio por não ter se consumado a


presunção preconizada no §10, do art.
50, da Lei nº 5.900/1996. Intimação
prévia sem seguir a ordem posta pelo
art. 131, da Lei nº 4.418/1982.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do
art. 48, inciso I, da Lei Estadual n°
6.771/2006.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.

Intimada da Decisão de Primeira Instância em


24/09/2011, a autuada apresentou Recurso Ordinário ao
Conselho Tributário Estadual em 11/10/2011, objetivando a
alteração única e exclusivamente do valor da multa fixada na
decisão singular. Coloca que em vez da multa aplicada de 100
(cem) vezes a Unidade Padrão Fiscal do Estado – UPFAL –
conforme redação dada pela lei nº 6.556/2004 ao art. 130 da
Lei nº 5.900/96, deveria, pelo princípio da irretroatividade,
ser aplicada 10 UPFAL em redação anterior à referida
alteração do art. 130.

Em resposta, pedindo pela manutenção da decisão nº


18.162/2011, o representante fiscal argumenta que o fato de
não comunicar à repartição fazendária a baixa de sua
inscrição cadastral, em decorrência do encerramento de
atividades do estabelecimento, é incontroverso, já que foi
confirmado pelo sujeito passivo devendo permanecer a multa de
100 UPFAL.

É o relatório.

VOTO

Tratando inicialmente do Reexame Necessário, delimito o


voto à análise da improcedência do lançamento efetivado por
meio do Auto de Infração nº 029839, sob o fundamento da
irregularidade na intimação do sujeito passivo requerendo a

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apresentação de livros, notas fiscais e Declaração de


Informação Mensal do ICMS – DIM – todos solicitados para
apresentação ao Fisco estadual exclusivamente pelo Diário
Oficial do Estado conforme Edital nº 32/2002.

Verificando o suposto extravio de livro e notas


fiscais, acertadamente decidiu o julgador singular. O fato
jurídico do possível extravio deles determina a existência da
devida intimação, contendo a solicitação dos documentos 1.
Sendo que ficou constatado que em nenhum momento houve
intimação válida, conforme os meios elencados no art. 131 da
Lei nº 4.418/82 2, para apresentação dos referidos livro e
talonários, de acordo com a redação aplicável à época, já que
a referida intimação foi única e exclusivamente por via de
edital publicado na imprensa oficial.

Como se observa pela norma posta, a intimação por


Edital deveria ser a última providência a ser adotada pela
Fazenda quando da solicitação dos documentos ao contribuinte,
após tentativas frustradas de intimação pessoal ou por via
postal (§ 1º, do art. 131, da lei nº 4.418/82).

Lei nº 5.900/96:

Art. 50 - Os contribuintes e as demais pessoas obrigadas à inscrição deverão, de acordo com a respectiva
atividade e em relação a cada um de seus estabelecimentos:
.....
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-se prova em contrário, o livro fiscal, documento fiscal ou formulário
contínuo,que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual, não tenha sido entregue no prazo máximo de 30 (trinta) dias;
...

2
Art. 131 - A intimação será feita:
I - pelo autor do procedimento ou outro servidor a quem for conferida a atribuição, comprovando-se pelo
"ciente" do intimado, seu mandatário ou preposto;
II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por quem proceder à intimação;
III - pela ciência dada na repartição ao interessado ou seu representante, em razão de comparecimento
espontâneo ou a chamado do órgão onde se encontre o processo;
IV - por via postal, comprovando-se pelo "Aviso de Recepção (AR)", assinado pelo intimado, seu
representante ou por quem o fizer em seu nome;
V - por edital.
§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na forma dos incisos I a IV deste artigo, a intimação será feita por
edital, anexando-se uma via ao processo e certificando-se nos autos a sua publicação, com indicação da
página e da data do Diário Oficial.
...

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Quanto à DIM, apesar da obrigação por parte do


contribuinte de entrega desse documento fiscal sem a
necessidade de intimação prévia, o que averiguo dos autos é
que não se sabe qual DIM está faltando entregar. O auto de
infração faz referência ao Edital nº 32/2002 que solicitava
as DIMs dos anos de 1997 a 2001. Já o Relatório Informativo
da Situação Fiscal do Contribuinte informa da omissão de 3
(três) DIMs de 2002. Qual DIM falta entregar então? Ou seja,
não há como o contribuinte se defender de tal fato implicando
nesse caso cerceamento de defesa.

Como se vê claramente nos autos, os fundamentos


utilizados pelo Douto Julgador da Coordenadoria de Julgamento
estão corretos. Não foram atendidas pelo autuante tais
exigências probatórias para fundamentar seu lançamento de
ofício, tendo como conseqüência jurídica a não comprovação
das situações de fato das infrações aqui analisadas em sede
de reexame necessário.

Quanto ao recurso ordinário, em sede preliminar, temos


que, de acordo com o art. 32 da Lei nº 6.771/2006 3, o edital
de intimação da ciência da decisão nº 18.162/2011 foi
publicado, em 29 de agosto de 2011 e, estando a autuada com
sua inscrição cadastral em situação inativa-baixada, a
intimação pessoal endereçada à representante legal da
empresa, por meio de Aviso de Recebimento – AR, entregue em
24/09/2011 (sábado).

Há, nesta situação de recebimento da intimação no


endereço constante no Cadastro de Contribuintes do Estado,
presunção legal da efetividade da intimação 4.

Averiguo também que a recorrente apenas protocolou


recurso junto a este Conselho Tributário no dia 11/10/2011.

3
Art. 32. O sujeito passivo será intimado da decisão ou acórdão por meio de edital, publicado no Diário
Oficial do Estado, devendo ser remetida, por meio de AR, correspondência para o seu endereço tributário,
dando-lhe conhecimento dessa intimação.
Parágrafo único. Considera-se efetivada a intimação na data do recebimento do AR no endereço tributário do
intimado.
4
Lei 6.771/06:
Art. 12. Considera-se efetivada a intimação:
...
§ 1º Presume-se cientificado o sujeito passivo ou interessado, por via postal, quando houver o recebimento do
AR no local correspondente ao seu endereço tributário, constante no Cadastro de Contribuintes do Estado

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De acordo com o § 1º do art. 45, da lei nº 6.771 5, de


2006, que disciplina sobre o processo Administrativo e
Tributário no estado de Alagoas, o prazo para apresentar
recurso ao Conselho Tributário Estadual é de 15(quinze) dias
contínuos, contados da ciência da decisão, excluído o dia de
início e incluído o dia do vencimento, estes sempre devendo
ser dias de expediente normal no órgão 6.

Logo, o prazo iniciou-se em 26/09/2011 e finalizou em


10/10/2011, o recurso voluntário resta indubitavelmente
intempestivo, devendo ser indeferido de plano 7. Descabe,
portanto, análise da peça recursal por este juízo
administrativo.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de voto no sentido
de conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame e não conhecer do recurso voluntário por manifesta
intempestividade, ressalvado o direito de a autuada recorrer
quanto ao reconhecimento da intempestividade, perante o Pleno
desse Conselho, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
ciência desta decisão, nos termos do art. 5.º, § 2.º da Lei
nº 6.771/06 8.

5
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
II -...
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
6
Lei 6.771/2006:
Art. 9º Os prazos processuais serão contínuos, excluindo-se na sua contagem o dia de início e incluindo-se o
dia do vencimento.
§ 1º Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal no órgão em que tramite o processo ou
onde deva ser praticado o ato.
7
Lei nº 6.771/2006:
Art. 5º A petição será indeferida de plano pela autoridade ou órgão responsável pela apreciação da matéria,
conforme o caso, se intempestiva, se postulada ou assinada por pessoa sem legitimidade ou se inepta, vedada
a recusa de seu recebimento ou protocolização.
§ 1º A petição será considerada:
I - intempestiva, quando apresentada fora do prazo legal;
8
Lei nº 6.771/2006:
Art. 5º...
§ 2º É assegurado ao interessado o direito de impugnar o indeferimento da petição declarada intempestiva,
viciada de ilegitimidade ou inepta no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência, mediante petição dirigida
à autoridade ou órgão competente imediatamente superior àquele que proferiu o indeferimento.

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Quanto ao argumento da impossibilidade da aplicação da


multa em 100 (cem) UPFAL, verifico que tal multa já estava
vigendo à época do lançamento pela redação dada ao art. 130
da Lei nº 5900/96 pelo art. 1º da Lei nº 6.005/1998. Aplicar
as 10 (dez) UPFAL requeridas pelo contribuinte conforme
redação originária do citado art. 130 seria dar efeito de
ultratividade da norma já revogada quando da ocorrência do
fato aqui julgado.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 05 de março de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILA LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR EM PARTE) JULGADOR (ACOMPANHOU O RELATOR)

ALVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU O VOTO DO RELATOR)

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SESÃO ORDINÁRIA Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


Processo: 1500-005.807/2005 e CTE nº 539/2011.
Anexo: 1500-007.952/2005 e 1500-015.619/2011.
Auto de Infração: 005.169, de 04/03/2005.
Autuada: INDÚSTRIA QUIMICA DE ALAGOAS LTDA.
Inscrição Estadual: 24.075.508-1.
Decisão Monocrática: 17.843/2011.
Assunto: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
Autuante: Marino Florentino dos Santos.
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 071/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1) Adquirir


mercadorias sem documentação fiscal. 1.1) Infração
comprovada. Crédito tributário reduzido em razão da
aplicação da penalidade prevista no artigo 79, da
Lei nº 5.900/96. Procedência Parcial do Lançamento.
2) Falta de recolhimento do ICMS referente as notas
fiscais de saídas que se encontram discriminadas no
demonstratvido das notas fiscais emitidas (saídas).
2.1) Infração não comprovada por falta de provas.
Lançamento improcedente. 3) Reexame Necessário e
Recurso Ordinário conhecidos e providos em parte.
Mantida a decisão singular em razão da Procedência
Parcial do Lançamento.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa INDÚSTRIA QUIMICA DE ALAGOAS LTDA, já qualificada,
tendo por objeto a cobrança de crédito tributário no valor de
R$ 7.253,32 (sete mil, duzentos e cinquenta e três reais e
trinta e dois centavos), por haver a autuada:

1) Adquirido mercadorias sem documentação


fiscal, fato comprovado através de Levantamento de Controle
Físico da Mercadoria, referente aos exercícios de 2002 e 2003.

2) Deixado de recolher o ICMS sobre as notas


fiscais de saídas, discriminadas no demonstrativo das notas
fiscais emitidas (saídas) meses de fevereiro e março/2003.

Apontados como infringidos os artigos 2º, §


2º, II; 31; 50, I; e 53, da Lei nº 5.900/1996; 49, II, III, e

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VII; 280, § 3º; e 779, do RICMS/91. Sugerida a aplicação das


penalidades previstas nos artigos 83, e 97, da mesma lei.

A inicial está instruída com demonstrativos de


débito e das notas fiscais emitidas (saídas); mapas de
controle físico de mercadorias (CFM) e controle quantitativo
de mercadorias (CQM); cópias do LRIM; das notas fiscais de
entradas e das notas fiscais de saídas.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o


item nº 01 (um) da autuação lhe causou estranheza, uma vez que
nunca procedeu com tal expediente, no máximo, incorreu em erro
de levantamento físico; no item de nº 02 (dois) teria que
levantar os documentos fiscais para verificar se houve ou não
a irregularidade. Por fim, pede autorização para sanar os
erros e a redução do valor das multas de acordo com sua
capacidade de pagamento.

DAS CONTRARAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que a autuada não teria contestado as irregularidades, tendo
se limitado apenas a arguir sua impossibilidade de pagar o
debito. Por fim, pede a Procedência da autuação.

Em 19/04/2011, foi proferida a Decisão nº


17.843/2011, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. 1. A primeira acusação fática


descrita no AI será acolhida uma vez que ficou
caracterizada a aquisição de mercadorias cuja
entrada não foi escriturada no livro registro
de entradas referente aos exercícios de 2002 e
2003. 1.1. A comprovação foi feita pelo
levantamento de estoque efetuado por meio dos
demonstrativos de controle físico da mercadoria
(CFM), do Controle quantitativo de mercadoria
(CQM), bem como pela juntada das cópias do
livro registro de inventário e das notas
fiscais de entradas e saídas de mercadorias.
1.2. Aplicação da multa do art. 79 da lei
5900/96 por se enquadrar melhor ao fato
descrito no AI. 2. A segunda acusação fática do
AI será rejeitada porque os documentos
acostados aos autos são insuficientes para que

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se possa afirmar com certeza que o sujeito


passivo teria deixado de recolher o ICMS
referentes as notas fiscais de saídas
relacionadas no demonstrativo fiscal do mês de
Fev/2003 e Mar/2003. 2.1..A acusação é frágil
tendo em vista que foi calcada pura e
simplesmente num demonstrativo de notas fiscais
de saídas, e não foi juntada nenhuma cópia da
folha do livro registro de saída onde estaria
faltando tal registro, nem mesmo foi acostado
cópia do livro RAICMS. 3. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 4. Reexame
necessário ao Conselho Tributário Estadual.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, alegando que a atuação não deve prosperar
porque possui 02 (duas) inscrições uma para indústia e outra
para o comércio; no mapa de controle físico, base da decisão
as mercadorias descritas são de fabricação própria, adquiridas
para revenda, e cujas notas fiscais foram emitidas quando da
saída, em sua totalidade através de talonários da inscrição
24.075.508-1, quando parte delas seria da indústria, tendo
alegado esse fato na defesa e não lhe deram oportunidade de
corrigi-lo; a própria decisão diz que a autuação foi lavrada
com base em demonstrativos, sem anexar cópias do LRSM; não há
como se provar a infração, nem como se aplicar penalidade. Por
fim, pede que a decisão singular seja tornada em parte, sem
efeito e o arquivamento do processo.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões alegando que a análise dos documentos anexados
comprova que a autuação foi baseada nas informações constantes
na documentação da autuada, não tendo relevância à alegação de
que os livros foram escriturados de forma equivocada; o feito
foi julgado de forma sábia pela Coordenadoria de Julgamento e
quanto à segunda infração, esta teve um pequeno reparo, porque
os documentos anexados não foram suficientes para comprovar o
não recolhimento do ICMS das notas fiscais nos meses de
fevereiro e março/2003, não merecendo por isso, ser reformada
a decisão como quer a autuada no Recurso Ordinário. Por fim,
pede a procedência da autuação. Assim, chegam os autos a este
Conselho para Reexame Necessário e Recurso Ordinário.

É o relatório

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Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 17.843/2011, de
Primeira Instância, que julgou como Procedente em Parte, o
Lançamento constante do auto de infração nº 005.169.

I – RECURSO ORDINÁRIO

1) Da Primeira Infração

A análise dos autos demonstra que a primeira


infração ficou comprovada nos dois exercícios, haja vista, que
o levantamento de estoque foi efetuado através dos Mapas de
Controles Físico de Mercadorias (CFM) e Quantitativo de
Mercadorias (CQM), os quais foram embasados nos documentos
fiscais da autuada (cópias do LRIM e das notas fiscais de
entradas e saídas de mercadorias).

A aquisição de mercadorias tributáveis sem


documentação fiscal autoriza ao Fisco a cobrança do imposto e
de sua respectiva multa, quando as mercadorias permanecem no
estoque sem documentação fiscal. Porém, quando a entrada se dá
sem documentação fiscal, mas, a saída se dá com documentação
fiscal e com débito do imposto, é o caso, vejam-se os mapas de
ás fls. 12 e 16, da inicial, será cobrada apenas multa. Nesta
infração o Lançamento restou Procedente em Parte.

2) Da Segunda Infração

A segunda Infração não ficou comprovada, haja


vista, que os documentos fiscais carreados aos autos foram
insuficientes para provarem que as notas fiscais de saídas de
não foram escrituradas e por consequência o ICMS não foi
recolhido, uma vez que não foram anexadas as cópias do LRSM
nem do LRAICMS sendo que a cobrança dessa infração se baseia
apenas no demonstrativo das notas fiscais de saídas. Nesta
infração o Lançamento é Improcedente como acertadamente consta
da decisão da Primeira Instância Administrativa.

II – DO REEXAME NECESSÁRIO

O Reexame Necessário tem por motivo a redução


no valor do crédito tributário.

1) Da primeira infração

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Nesta infração, a decisão singular reduziu o


valor do crédito tributário nos exercícios de 2002 e 2003,
pela aplicação do artigo 79, da Lei nº 5.900/1996; porém,
diferentemente do julgador singular e como dito no item
anterior, RECURSO ORDINÀRIO, entendo que na presente infração
será aplicada somente multa, haja vista, que as mercadorias
entraram sem documentação fiscal, não permancendo no estoque,
e a saída se deu com documentação fiscal e débito do imposto,
situação em que o lançamento é Procedente em Parte.

2) Da segunda infração

A segunda Infração não ficou comprovada, haja


vista, que os documentos fiscais carreados aos autos foram
insuficientes para comprovarem que as notas fiscais de saídas
de não foram escrituradas e o ICMS não foi recolhido. Nesta
infração o Lançamento é Improcedente por falta de provas como
acertadamente consta da decisão singular.

Portanto, nesta situação o crédito tributário


é Procedente em Parte e tem como valor o abaixo demonstrado.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios B/cálculo ICMS Multa Total


2002 5.596,45 951,40 475,70 475,70
2003 6.836,62 1.162,23 581,11 581,11
Total 12.433,62 2.113,62 1.056,81 1.056,81

O crédito tributário no valor de R$ 1.056,81


(hum mil, cinquenta e seis reais e oitenta e um centavos),
deverá ser recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário para
dar-lhes provimento parcial. Mantida em parte a decisão da
Primeira Instância Administrativa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 14 de Março de 2013

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

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SESÃO ORDINÁRIA Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: 1500- 013419/1997
AUTO DE INFRAÇÃO; Nº 055801 PROTOCOLIZADO EM 24/01/97 E CTE:
262/2007
INTERESSADA: SERENGHETTI E VIOTTO INFORMÁTICA LTDA
AUTUANTES: ELIZABETE HIGINO DA SILVA E OUTRA
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 075/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE RECOLHIMENTO.


UTILIZAÇÃO DE CRÉDITOS INDEVIDOS.
AUSÊNCIA DE PROVAS QUE SUSTENTEM O AUTO
DE INFRAÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO
RECORRIDA MANTIDA NA ÍNTEGRA.

Trata-se de crédito tributário no valor total de


R$ 1.450,38 (um mil quatrocentos e cinquenta reais e trinta e oito
centavos), sendo R$ 725,19 (setecentos e vinte e cinco reais e
dezenove centavos) de ICMS e R$ 725,19 (setecentos e vinte e cinco
reais e dezenove centavos) de multa, “(...) por não ter retornado
ao estabelecimento de origem dentro do prazo de 180 (cento e
oitenta dias), por se tratar de locação, as mercadorias
mencionadas nas notas fiscais nºs 000002 emitida em 03/10/95, e
nota fiscal nº 00007, emitida em 213/11/95...”.

Intimado através do Edital n.º 249-97/0.37, publicado no


D.O.E., em 20/06/97, o contribuinte não se manifestou.

Os autos foram baixados em diligência para as seguintes

ACÓRDÃO CTE Nº075/2013 1


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providências: 1) o devido enquadramento legal da penalidade


efetuado indevidamente no Auto de Infração; 2) novas cópias das
notas fiscais 000002 e 000007, tendo em vista que as que foram
juntadas estariam ilegíveis; 3) cópia do contrato de locação
citado no campo “discriminação dos fatos” do auto.

Em resposta, a fiscal autuante informou que efetuou


aditamento para correção do enquadramento legal da penalidade. No
tocantes as demais solicitações, mesmo intimado o contribuinte não
compareceu à SEFAZ para apresentar a documentação.

Intimada do aditamento, a empresa não se manifestou.

É o relatório.

VOTO

Trata-se da constituição de crédito tributário pela suposta


falta de recolhimento de ICMS nas competências de agosto e
setembro de 2008, pela utilização indevida de créditos.

Conforme consta no auto de infração, o fiscal autuante


considerou indevida a utilização dos créditos porque “não ficou
comprovado que o referido ICMS pago é objeto de ANTECIPAÇÃO, sendo
assim não pode gerar crédito”.

Ou seja, o fiscal autuante adotou a premissa equivocada que


os créditos, por não terem sido objeto de antecipação, não
poderiam ser creditados, em total dissonância com os artigos 32 e
33 da Lei 5.900/1996.

Com isso, não aferiu se, de fato, os créditos eram ou não


oriundos de operações que geravam direito a crédito.

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Por outro lado, não há nos autos qualquer documento que possa
auxiliar nessa aferição.

No caso em tela observa-se a ausência completa de elementos


que sustentem o auto de infração lavrado.

Não basta a simples descrição dos fatos jurídicos ou ilícitos


tributários, na medida em que a Administração detém o dever de
prová-los, norma contida, inclusive, no próprio RICMS, em seu
artigo 891, V, que exige cópias dos documentos necessários a
apuração do tributo devido.

Assim, não se desincumbiu a administração do dever de


comprovar a ocorrência dos fatos descritos no auto de infração, de
modo que resta prejudicado o lançamento tributário sob análise.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1º CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade, conhecer do reexame
necessário, para negar-lhe provimento, julgando improcedente o
Auto de Infração, mantendo na íntegra a decisão do julgador
singular.

Sala de Sessões do CTE, 14 de Março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA

ACÓRDÃO CTE Nº075/2013 3


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SESÃO ORDINÁRIA Nº 10 – REALIZADA: 14/03/2013 – 1ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-001.620/2010 e CTE nº 310/2012.
ANEXO: 1500-008.168/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.00057-001, de 29/01/2010.
AUTUADA: Netos D Renata Armanda Comércio Ltda.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.213.664-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.762 /2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Nilson Araújo Brandão.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 076/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Omissão


de entradas de mercadorias sujeitas ao regime
de substituição tributária (combustíveis) em
operações internas, fato apurado através de
Levantamento Físico de Estoque. 2) Infração
não comprovação por não terem sido computados
no levantamento os estoques iniciais, conforme
Planilhas de fls. 18 a 21, da peça inicial.
3) Lançamento Improcedente. Reexame Necessário
conhecido e provido em parte para reformar tão
somente o resultado do Lançamento de Nulo para
Improcedente por falta de provas.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Netos D Renata Armanda Comércio Ltda, já qualificada, tendo
por objeto a cobrança de crédito tributário no valor R$
7.883,37 (sete mil, oitocentos e oitenta e três reais e trinta
e sete centavos), por haver a empresa autuada adquirido
mercadorias (combustíveis) sujeitas ao regime de substituição
tributária sem documentação fiscal no período de 19/01/2009 à
22/04/2009, fato apurado por Levantamento Físico do Estoque.

Apontados como infringidos os artigos 50, II,


§ 1º, da Lei Estadual nº 5.900/1996; 49, VI, “a”; e 280,
caput, do RICMS/91. Sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 97, da Lei nº 5.900/1996.

Acórdão CTE 076/2013


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A inicial está instruída com os relatórios de


contagem de estoque exercício em aberto; de leitura dos
encerrantes relativos aos bicos de combustíveis; de dados
cadastrais do contribuinte; planilhas de auditoria de
combustíveis relativas às mercadorias auditadas (álcool, óleo
diesel, gasolina aditivada e gasolina comum); relação de notas
fiscais de entradas de mercadorias; demonstrativo de débito;
cópias de notas fiscais de aquisições de mercadorias e cópias
dos livros de movimentação de combustível – LMC.
DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o


levantamento não traduz a realidade dos fatos, visto as que
leituras “in loco” da régua nos tanques de combustível não
correspondem aos volumes considerados pelo fisco, apresentando
duas tabelas de conversão entre a leitura da régua e o volume
correspondente apontando volumes diferentes daqueles que foram
referenciados “in loco” pela fiscalização. Por fim, pede a
improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A Comissão de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões mantendo os termos da inicial por restar provado
que a autuada não recolheu os tributos devidos nas operações
realizadas. Por fim, pede a procedência da autuação.

Em 28/09/2012, foi proferida a Decisão nº


18.762/2012, de Primeira Instância, julgando Nulo o Lançamento
por falta de motivos com a ementa.

EMENTA - ICMS – 1) Lançamento de ofício de


crédito tributário. 2) Suposição de falta de
recolhimento da obrigação principal, por
omissão de entradas de mercadorias sujeitas ao
regime de substituição tributária,
combustíveis, em operações internas, apuradas
mediante levantamento físico de estoque. 3)
Levantamento realizado, sem levar em conta o
estoque inicial do período de apuração
abordado – Diferença apurada inexistente. 4)
Ausência de fato gerador. LANÇAMENTO NULO POR
FALTA DE MOTIVO. Remessa dos autos ao
Conselho Tributário Estadual para reexame
necessário, nos termos do art. 48, I da Lei
6.771/06.

Acórdão CTE 076/2013


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A autuada foi intimada da decisão singular, não


se pronunciou. A Diretoria de Representação Fiscal tomou
ciência da mesma decisão, não se pronunciando. Assim, chegam
os autos a este Conselho para análise do Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº


18.762/2012, de Primeira Instância, que julgou Nulo o
Lançamento constante do auto de infração nº 90.00057-001.

DO REEXAME NECESSÁRIO

A análise dos autos demonstra o Lançamento foi


julgado Nulo por falta de motivos nos termos do artigo 2º,
“d”, PU, “d”, da Lei nº 4.717/1965. Inicialmente, observe-se
que o julgador singular em sua decisão aponta que houve um
equívoco na autuação, relativo ao preenchimento das Planilhas
de Auditoria de Combustíveis (fls. 18 a 21, da peça inicial),
uma vez que nestas planilhas, conforme o Livro de Movimentação
de Combustíveis (fls. 56, 96, 82, e 68), a fiscalização deixou
de considerar os estoques iniciais de combustíveis existentes
em 19/01/2009, data inicial do levantamento, os quais constam
como volume, em litros, nos seguintes quantitativos 9.075,10
(álcool); 9.176,70 (óleo diesel comum e aditivado); 4.463,30
(gasolina aditivada); e 9.102 (gasolina comum).

O fato de não haver o fisco considerado os


estoques iniciais de combustíveis o levantamento fiscal acabou
ficando prejudicado, haja vista, que esta condição não pode
espelhar a real situação do estoque físico da autuada naquele
momento. Observe-se, tembém, que não foram anexadas outras
provas, capazes de suprir a falta de tais valores, fato que
leva a Improcedência do Lançamento. Assim, diferentemente do

Acórdão CTE 076/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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julgador singular entendo que o Lançamento é Improcedente por


absoluta falta de provas.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHTO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade,
conhecer do Reexame Necessário, para dar-lhe provimento em
parte. Reformado apenas o resultado do Lançamento de Nulo para
Improcedente por falta de provas.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió 14 de março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR

Acórdão CTE 076/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA: Nº11 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 15/03/2013
PROCESSO: 1500-019263/2011 e CTE 182/2012.
ANEXO(S): 1500-090688/2009 (03 volumes); 1500-032903/2011 e
1500-009428/2012
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.01306-001.
AUTUADA: M C M DE BARROS LIMA ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 246.00402-9.
AUTUANTE: Rosângela Alcoforado Costa.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO Nº 78/2013

EMENTA- ICMS. Obrigação


Principal. falta de recolhimento
de ICMS pelo sujeito passivo
devido à omissão de saídas
relativas às operações/prestações
realizadas nos quais os
pagamentos foram feitos pelos
adquirentes por meio de cartão de
crédito/débito ou similares,
cujos documentos fiscais
relativos a estas operações de
saídas não estavam escriturados
regularmente nos livros fiscais
próprios. Extinção do crédito
tributário pelo início de
pagamento com as reduções
previstas no Programa de
Parcelamento Incentivado –
Decreto nº 4.147/2009.
Prejudicada análise do reexame
necessário. Extinção da lide
administrativa tributária.
RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos

ACÓRDÃO Nº 078/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”. Acrescenta que o
fato foi comprovado pelo confronto entre as vendas declaradas
através do Livro de Registro de Saídas e PGDAS do Simples
Nacional.
Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:
art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.
Como conjunto probatório tem-se: Planilhamento do auto
de infração; Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte;
Demonstrativo fiscal, contendo o confronto entre as
informações fiscais e os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito e de débito, além de
apuração da diferença de vendas e ICMS a recolher; Extrato do
Simples Nacional, de julho/2007 a julho/2009; e Termos de
início e de encerramento de fiscalização.
Além, há o processo anexo 1500-090688/2009 - “Ação
Fiscal Omissão de Saídas” - protocolado em 09/11/2009, parte
integrante da instrução de provas, contendo: Relatórios de
Movimentações Financeiras fornecidos pelas administradoras de
cartões de crédito e de débito e Relatório das Transferências
Eletrônicas de Fundos (cartão crédito/débito) comparadas com
faturamento (informações de DAC, SINTEGRA, PGDAS do
contribuinte).
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as
Contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.532/2012, tendo o julgador singular decidido pela
procedência do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. OMISSÃO DE SAÍDAS.


1- Presunção de omissão de saídas de
mercadorias tributáveis, em operações
internas, sem pagamento do imposto; 1.1-
Comprovada diferença a maior entre os
valores informados pelas administradoras
de cartões de crédito/débito, e os
valores declarados e escriturados pelo
sujeito passivo; 1.2- Infração ao art.

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2º, I, §9º, V da Lei nº5.900/96, com
redação dada pela Lei nº6.970/08; 2- Não
oferecida pela defesa, prova da
improcedência da presunção; 3- Não
violação ao sigilo bancário; A
autoridade fazendária pode ter acesso às
informações bancárias do contribuinte
quando houver procedimento
administrativo-fiscal em curso, sem o
crivo do judiciário, art. 6º da LC
nº105/01; 4- Norma procedimental de
fiscalização; Possibilidade de aplicação
na apuração do ICMS, cujo fato gerador
tenha ocorrido antes da sua entrada em
vigor, art. 144, §1º, do CTN; 5-
PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por


via de Recurso Ordinário impetrado em 29/03/2012, a
improcedência do auto de infração, com a sua consequente
extinção e arquivamento, alegando em síntese: a) a nulidade
da autuação pelo cerceamento de defesa por não ter tido
acesso às provas do auto de infração; b) provas seriam
inconstitucionais, pois teve sua movimentação financeira
indevidamente quebrada pelo fisco sem qualquer formalidade
legal ou autorização judicial ferindo seu direito ao sigilo
bancário; c) os períodos de 2007 e 2008 não poderiam ser
cobrados, pois estão em descompasso com os princípios
tributário da legalidade, anterioridade e da irretroatividade
da lei, uma vez que a lei n. 6.970, de 05/08/2008, que
alterou o § 9º, do art. 2º, da Lei nº 5.900/96, teria
instituído nova hipótese de incidência do ICMS e; e) a multa
aplicada é inconstitucional por ser excessivamente onerosa,
desproporcional, tratando-se de confisco, devendo ser
aplicada penalidade não superior a 30% do imposto cobrado.
A Representação Fiscal apresentou suas contrarrazões
solicitando a manutenção da decisão recorrida, apoiadas nos
fundamentos de que: a) que não houve cerceamento do direito
de defesa, pois foram assegurados à autuada todos os meios
para o exercício do contraditório e da ampla defesa - §2º do
art. 895 do RICMS/91; b) que o procedimento administrativo
relativo às informações das administradoras de cartão de

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crédito/débito, das operações realizadas pelo contribuinte,
não afronta o direito de sigilo bancário já que a autoridade
administrativa se valeu da faculdade posta no art. 6º da LC
105/2001, para tanto colaciona posicionamentos de tribunais
superiores, mostrando a licitude das provas coletadas, que
demonstrariam operações de vendas com cartão realizadas sem
emissão de documento fiscal e sem pagamento do imposto; c) o
princípio da anterioridade há de ser obedecido no caso de
instituição ou majoração de tributos, não sendo o caso da Lei
nº6.970/2008, que trata de normas procedimentais de
fiscalização, exemplificando situações características de
omissão de saídas e; d) a obediência ao princípio da vedação
ao confisco está restrito a cobrança de tributo, já a multa
tem natureza punitiva relacionado a ato ilícito, podendo sim
ter caráter confiscatório. Além do que o valor cobrado não é
superior ao valor da operação que serviu de base de cálculo
para o tributo.
Por fim, verifica-se que o contribuinte aderiu ao
Programa de Parcelamento Incentivado – nº do parcelamento
46515 - promovido por esta Secretaria da Fazenda e efetuou o
pagamento de 03 (três) parcelas, a primeira em 27/12/2012 do
exigido no auto de infração presente, com a redução da multa
e dos juros permitidas na legislação.
Assim, chegam os autos a este Conselho. É o relatório.
VOTO

Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, da Decisão


nº 18.532/2012, de Primeira Instância, conforme art. 45, I, §
1º e art. 46 da Lei nº 6.771/06.
Porém, sem adentrar ao objeto da peça recursal, cabe
aqui, em sede preliminar, análise de questão prejudicial.
Isto porque, como relatado, o contribuinte aderiu ao
Programa de Parcelamento Incentivado 1 promovido por esta
Secretaria da Fazenda e iniciou o pagamento parcelado do
1
Decreto nº 4.147/2009, que institui novo programa de parcelamento incentivado – PPI ICM/ICMS no
Estado de Alagoas, para a liquidação de débitos fiscais relacionados com o Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias – ICM e com o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação –
ICMS.

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exigido no presente auto de infração, com a redução da multa
e dos juros previstos na referida norma 2.
Verifico que o primeiro pagamento foi efetuado em
27/12/2012, portanto, após a impetração do recurso voluntário
em 29/03/2012.
Sendo que tal fato tem as seguintes implicações:
1. é confissão por parte do contribuinte do
delito tributário praticado e também renúncia de
sua defesa administrativa 3 e
2. o processo deve ser encerrado com resolução de
mérito 4.

2
Art. 4º O débito fiscal consolidado, a que se referem os arts. 2º e 3º deste Decreto, poderá ser recolhido em
moeda corrente em até 120 (cento e vinte) parcelas mensais e consecutivas, desde que atendidas às condições
previstas neste Decreto, observados os seguintes percentuais de redução de multa e juros e respectiva
quantidade de parcelas:
I – em parcela única, com redução de 95% (noventa e cinco por cento) do valor das multas punitiva e
moratória e de 80% (oitenta por cento) do valor dos juros;
II – em até 60 (sessenta) parcelas mensais e consecutivas, com redução de 80% (oitenta por cento) do valor
das multas punitiva e moratória e 60% (sessenta por cento) do valor dos juros; ou
III – em até 120 (cento e vinte) parcelas mensais e consecutivas, com redução de 65% (sessenta e cinco por
cento) do valor das multas punitiva e moratória e 50% (cinquenta por cento) do valor dos juros.
...
3
Decreto nº 4.147/2009:
Art. 8º O parcelamento ou pagamento em parcela única nos termos deste Decreto:
I – implica confissão irrevogável e irretratável do débito fiscal; e
II – expressa renúncia a qualquer defesa ou recurso administrativo ou judicial, bem como desistência dos já
interpostos, relativamente aos débitos fiscais incluídos no parcelamento ou objeto de liquidação em parcela
única.
4
Lei. 6.771/2006:
Art. 17. Encerra-se o processo administrativo tributário, contencioso ou não, com:
(...)
III - o reconhecimento do débito pelo sujeito passivo, inclusive em qualquer fase posterior à apresentação da
defesa;
IV - a desistência da defesa ou do recurso, inclusive em decorrência da escolha da via judicial, em relação à
parte objeto da ação judicial;
V - o pagamento ou o início do pagamento do crédito tributário.
(...)
Art. 22. Extingue-se o processo administrativo Tributário decorrente de Auto de Infração:
I - com a extinção do crédito tributário exigido;
(...)
Art. 28. (...)
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Logo, o início do pagamento espontâneo feito pelo
autuado juntamente com a confissão do delito e a renúncia de
sua defesa administrativa mostram-se inconciliáveis com a
pretensão do contribuinte de querer recorrer da decisão a
quo.

Isso porque o contribuinte reconheceu a infração, o


valor do crédito tributário, desistindo de seu recurso,
iniciando o pagamento do crédito imposto, portanto não
existindo mais lide. Resta prejudicada a análise da peça
recursal.

Portanto, como o contribuinte confessou, renunciou ao


seu recurso ordinário e iniciou o pagamento, mesmo que
reduzido por benefícios legais o credito aqui cobrado, cabe
ao julgador apenas extinguir o processo administrativo
tributário de maneira definitiva.

Volto a utilizar outro acórdão modelo em âmbito


administrativo federal que traduz o dito acima:

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.


RENÚNCIA. PARCELAMENTO DE DÉBITO. PAES.
Sendo a renúncia um ato voluntário e
unilateral pelo qual alguém abdica de um
direito, o processo deve ser extinto ...
(3º CC – Ac. 30235833 – 2ª C. – Rel.
SIMONE CRISTINA BISSOTO – DOU 05.05.2004
- p. 12)

§ 4º O julgador que tiver ciência, por documento incluso nos autos em qualquer fase do processo, que o
autuado tenha confessado o crédito tributário objeto do contraditório:
I - no todo, deverá decidir pela extinção do processo com julgamento do mérito; e
II - em parte, deverá proferir a decisão apreciando a parte não confessada, extinguindo o litígio quanto à parte
confessada.
ACÓRDÃO Nº 078/2013 Página 6
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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CAMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, no
sentido de considerar prejudicado o presente recurso
ordinário pela perda de objeto.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 15 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L.A. FILHO MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 11 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 19/03/2013


PROCESSO: 1500-011.314/2005 E CTE Nº 306/2012.
ANEXOS: 1500-026436/2005 E 1500-036.399/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 060.869, DE 04/05/2005.
AUTUADA: OZÉLIO ANTÔNIO DOS SANTOS.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.089.909-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.471/2010.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE: MARIA DO SOCORRO CAVALCANTE MARIANO.
RELATORA: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 79/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias
tributáveis em operações internas nos
exercícios de 2000, 2001, 2002 e 2003
(artigo 2º, § 12, da Lei nº 5.900/96. 2)
Infração parcialmente comprovada
(exercício de 2000). Lançamento
Parcialmente Procedente. 3) Reexame
Necessário e Recurso Ordinário conhecidos
e improvidos. Mantida a decisão singular.

Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra


Ozélio Antônio dos Santos, empresa já qualificada, tendo por
objeto a cobrança de crédito tributário no valor de R$
12.151,39 (doze mil, cento e cinqüenta e um reais e trinta e
nove centavos) por haver a empresa autuada deixado de recolher
ICMS da diferença entre as saídas de mercadorias tributadas
tomando como valor o CMV agregado de 30% (trinta por cento) e
as saídas efetivas declaradas no LRAICMS (apuração de estoque
com lucro bruto real acumulado) no período de 2000 a 2003.

Apontados como infringidos os artigos 2º, §


12, da Lei Estadual nº 5.900/1996; e 49, incisos II, e III; e
1.000, do RICMS/91. Sendo sugerida a aplicação da penalidade
prevista no artigo 84, da Lei nº 5.900/1996.

A inicial está instruida com demonstrativos


de débito; cópia dos termos de início e de encerramento de
fiscalização; relatório de dados cadastrais do contribuinte;
resumo geral de AIDF por contribuinte; Declaração Anual do
Contribuinte – DAC (2000 e 2001); cópias do LRAICMS nº 02; do
LRIM nºs 03 e 04; e da FAC - Ficha de Atualização Cadastral.

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DA DEFESA

A autuada apresentou defesa alegando que o


auto de infração é nulo por cerceamento de direito de defesa,
uma vez que demorou em conseguir na Secretaria de Estado da
Fazenda as cópias dos anexos da autuação; a exigência é ilegal
porque desconsidera as leis da oferta e da procura, arbitrando
lucro e receita dos serviços prestados pela autuada; a base de
cálculo aplicável às suas operações está claramente prevista
no artigo 6º, IV, “b”, da Lei nº 5.900/1996; o arbitramento
fiscal só pode ocorrer nas hipóteses dos artigos 14, e 15, da
Lei nº 5.900/96. Por fim, pede a improcedência da autuação.

DAS CONTRARRAZÕES

A autuante apresentou contrarrazões alegando


que não houve prejuízo à defesa uma vez que a autuada teve
acesso às informações dos autos; a impugnação particular em
nada fragiliza a ação fiscal; o lançamento limita-se às
operações tributadas pelo ICMS e não sofreu nenhuma influência
de outras receitas porventura obtidas. Por fim, pede que o
auto de infração seja Procedente.

Em 01/12/2010, foi proferida a Decisão nº


17.471/2010, de Primeira Instância que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA – ICMS – PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.


Lançamento de ofício de crédito tributário. 2.
Descumprimento de obrigação tributária
principal. Lei nº. 5.900/96, artigo 2º, § 12.
3. Ilícito parcialmente comprovado. 4. Valor
do crédito exigido superior ao devido. 5.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. 6. Duplo grau
de jurisdição administrativa necessário -
artigos 48 e 49, § 1º, Lei nº. 6.771/06.

DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário de


forma tempestiva alegando que é prestadora de serviços e atua
com oficina mecânica de onde tira a maior parte de sua
receita, receita esta, que possui valores superiores aqueles
encontrados como diferença pelo fisco; a autuação ignorou os
artigos 5º, e 14, da Lei nº 5.077/89; 2º, I, e 6º, I; da Lei
nº 5.900/1996, quando da fixação da base de cálculo como
mostram as diversas jurisprudência que reproduz (STF; STJ e

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TJSP), ao tratar de forma diferente contribuinte que não faz


opção pelo lucro real, arbitrando para suas operações um lucro
já determinado, enquanto os contribuintes que optaram pelo
lucro real têm possibilidade de utilizar qualquer margem de
lucro, afrontando a isonomia tributária; a autuação se baseia
em presunção (artigo 2º, § 9°, da Lei nº 5.900/1996), e tal
presunção é elidida de forma categorica pelos documentos que
comprovam que a autuada tem outras receitas (serviços)
tributadas pelo ISS e que são suficientes à manutenção do
negócio, conforme o demonstrativo que ora elabora; assim, a
autuação já nasce morta pelos vícios apontados. Por fim, pede
que a decisão singular seja reformada para tornar nulo ou
improcedente o presente auto de infração.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A Diretoria de Representação Fiscal apresentou


contrarrazões alegando que a autuação atende o devido processo
legal (artigo 2º, § 12, da Lei nº 5.900/96); o referido artigo
2º, não cria, nem modifica tributo, apenas afirma a presunção
de operações ou prestações internas tributadas sem o pagamento
do imposto; a desconsideração dos valores da prestação de
serviços pela decisão singular está correta conforme consta de
seus demonstrativos; o princípio da isonomia foi respeitado
uma vez que a autuada teve tratamento igualitário aos demais
contribuintes; a infração posta na inicial está comprovada e
as receitas de serviços são suficientes somente para a conta
caixa; o lucro presumido no percentuial mínimo de 30% (trinta
por cento) não foi atendido. Por fim, pede que a autuação seja
Procedente. Assim, chegam os autos a este Conselho para
análise do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 17.471/2010, de
Primeira Instância que julgou Procedente em Parte o Lançamento
constante do auto de infração nº 060.869, de 04/05/2005.

A análise dos autos demontra que a infração


apontada na inicial tem previsão no artigo 2º, § 12, da Lei nº
5.900/1996, o qual determina que a apuração do lucro presumido
ocorra mediante a seguinte equação EI + c – ICMS s/compras –
EF = CMV + 30% = as saídas apuradas; e, que do confronto entre
o valor das saídas apuradas com o valor das saídas registradas
deve resultar uma diferença NEGATIVA, haja vista, que a

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diferença POSITIVA é indicativa de que o percentual de 30%


(trinta por cento) a título de lucro presumido foi aplicado em
desacordo com a legislação tributária vigente.
“Art. 2º - (...)
§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas
saídas tributáveis em operações internas do
contribuinte a diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por
cento), e a saída tributada efetivamente declarada nos
livros e/ou documentos fiscais próprios, apurada no
último dia do exercício financeiro da empresa, na
hipótese em que o contribuinte não possua escrituração
contábil para fins de apuração do lucro real.
(...)”

DO RECURSO ORDINÁRIO

Aplicação do § 12, do artigo 2°, pela decisão


singular está correta, haja vista, que na presente hipótese, o
Levantamento da Conta Mercadorias ocorreu mediante a aplicação
do lucro presumido no percentual minimo de 30% (trinta por
cento), e nesta hipótese há de se aplicar a regra do citado §
12. Já o § 9º, do mesmo artigo, como apontado pelo Recurso
Ordinário, só é aplicado nos casos de Levantamento da Conta
Caixa, quando receitas e despesas oriundas da prestação de
serviços serão apuradas de acordo com suas disposições legais.

Observe-se, que apenas no exercício de 2000,


restou comprovada a infração pela aplicação incorreta do lucro
presumido no percentual de 30% (trinta por cento). Nos demais
exercícios as infrações não restaram comprovadas como apontam
os demonstrativos abaixo elaborados.

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO DÉBITO NO EXERCÍCIO DE 2000 EM R$

Estoque inicial em 31/12/1999 21.461,00


Compras líquidas 30.736,60
ICMS s/compras ( 3.038,27)
Devolução de compras ( 63,72)
Estoque final 31/12/2000 (18.359,67)
CMV 30.735,94
VA 30% 9.220,78
Vendas Apuradas 39.956,72
Vendas registradas 34.850,58
VA > VR = diferença positiva 5.106,14
DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO DÉBITO NO EXERCÍCIO DE 2001 EM R$

Estoque inicial em 31/12/2000 18.359,67

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Compras líquidas 35.282,15


ICMS s/compras ( 3.815,98)
Estoque final (16.289,54)
CMV 33.539,30
VA 30% 10.061,79
Vendas Apuradas 43.301,09
Vendas registradas 48.557,98
VA > VR = diferença negativa -

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO DÉBITO NO EXERCÍCIO DE 2002 EM R$

Estoque inicial em 31/12/2002 16.289,54


Compras líquidas 42.650,89
ICMS s/compras ( 4.811,20)
Estoque final em 31/12/2002 ( 6.169,98)
CMV 47.957,15
VA 30% 14.387,14
Vendas Apuradas 62.344,29
Vendas registradas 67.864,00
VA > VR = diferença negativa -

DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DO DÉBITO NO EXERCÍCIO DE 2003 EM R$

Estoque inicial em 31/12/2003 6.169,98


Compras líquidas 57.310,21
ICMS s/compras ( 5.856,19)
Estoque final m 31/12/2003 ( 3.103,67)
CMV 54.520,33
VA 30% 16.520,33
Vendas Apuradas 70.876,42
Vendas registradas 78.489,47
VA > VR = diferença negativa -

DO REEXAME NECESSÁRIO

Quanto ao Reexame Necessário, este se refere


apenas à redução no valor do crédito tributário em razão da
Improcedência do Lançamento nos exercícios de 2001, 2002 e
2003; da apropriação no valor de R$ 63,72 (sessenta e três
reais e setenta e dois centavos), a título de devolução de
compras, haja vista, que esta também compõe o CMV como apontam
os demonstrativos de apuração de débito; e pela aplicação da
penalidade prevista no artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, em
lugar daquela prevista no artigo 84, da mesma lei.

Quanto à aplicação da penalidade, a decisão


singular está correta ao aplicar a penalidade prevista no

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artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, multa de 50% (cinquenta por


cento), uma vez que a penalidade sugerida na inicial, àquela
prevista no artigo 84, da mesma lei, foi revogada sendo sua
multa reclassificada pela Lei nº 7.079/2009 (reclassificação
qualificada) para o já referido artigo 79.

Portanto o Lançamento é Procedente em Parte


conforme consta da decisão singular. Nesta situação o crédito
tributário tem como valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

Exercício Base de cálculo ICMS MULTA Total


2000 5.106,14 868,04 434,02 1.302,06

O crédito tributário no valor de R$ 1.302,06


(hum mil, trezentos e dois reais e seis centavos) deverá ser
recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário e do Recurso Ordinário,
para negar-lhes provimento. Mantida a decisão singular.

Sala das sessões do CTE, em Maceió, 19 de


março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE DE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ACÓRDÃO CTE Nº 079/2013 Página 6


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 03 – PLENO/CTE – REALIZADA EM: 13/11/2013


PROCESSO: 1500-016014/90; CTE-102/09
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 039682/90
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA PARA O PLENO
EMPRESA AUTUADA: JOSÉ MARQUES FILHO
AUTUANTE: ANTONIO MENDONÇA UCHÔA FILHO – 15.250
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ACÓRDÃO P-270/2013

EMENTA: ITCD – TRIBUTO NÃO


CONTEMPLADO PELA REMISSÃO PREVISTA NA
LEI Nº. 6.765/06. NULIDADE DA DECISÃO
PROFERIDA PELA 2ª CÂMARA. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E PROVIDA.
DEVOLUÇÃO DOS AUTOS PARA DECISÃO DE
MÉRITO.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente feito, objeto de reexame necessário para o
pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto nos
seguintes termos:

Em data de 21 de maio de 2009, a primeira


instância proferiu julgamento, concluindo pela procedência do
lançamento do crédito tributário lançado, conforme a seguinte
“ementa: - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação,
de quaisquer bens ou direitos (ITCD). 1. Lançamento de ofício
de crédito tributário. 2. Falta de recolhimento de imposto em
razão de declaração inexata de valores venais de imóveis em
processo judicial de arrolamento. 3. Confissão do débito
inerente ao tributo. 4. Lançamento PROCEDENTE.

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Submetida a decisão da instância de piso à


Segunda Câmara deste Colegiado em decorrência de Recurso
Ordinário, esta concluiu por maioria de votos pela
prejudicialidade do julgamento do mérito em razão da remissão
do crédito tributário, nos termos do art. 11, inc. IV, alínea
“a”, da Lei nº. 6.765/06, com voto vencido da eminente
Relatora, Julgadora Maria Lopes Milhomes, conforme a seguinte
ementa: “ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO ORIGINÁRIO INFERIOR A R$
10,00 Inteligência a alínea “a” do inciso IV do artigo 11 da
Lei 6.765/06. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR REMISSÃO.
MODIFICADA DECISÃO SINGULAR – AUTO DE INFRAÇÃO PREJUDICADO.”

Por força do mandamento contido no art. 48, inc.


II, da Lei nº 6.771/06 o presente processo sobe ao pleno
deste Colegiado para o respectivo reexame da decisão
proferida pela 2ª (Segunda Câmara).

Em síntese é o relatório.

Voto

Conforme o presente relato, a decisão objeto da


presente remessa reporta-se ao fato da extinção do crédito
tributário decorrente de remissão inerente ao tributo ICMS
com fulcro na alínea “a” do inc. IV do art. 11 da Lei nº.
6.765/06.
O Art. 11, inc. IV, alínea “a”, do referido
diploma legal assim preconizam:

“Art. 11. Ficam extintos, por remissão:

(...)

IV – os créditos tributários, constituídos ou


não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os decorrentes
exclusivamente de penalidades pecuniárias por descumprimento
de obrigações acessórias; (destaquei).

a) cujo valor principal originário seja igual ou


inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais); ou...”

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 2


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Ocorre que da análise dos autos, o lançamento se


refere ao tributo ITCD – Imposto de Transmissão Causa Mortis
e Doação e não ICMS. Logo, é de se concluir que a remissão
preconizada pelo reportado diploma legal (Lei nº. 6.765/06),
não alcança o tributo ITCD.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária para dar-lhe provimento, para
reformar a decisão proferida pela 2ª (Segunda Câmara),
tornando os autos para decisão de mérito.

Intime-se o autuado.

Sala das Sessões do CTE, em 13 de novembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADORA JULGADOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

LUCIANO P. DE M. GOMES CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº P-270/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO: 1500-012077/2011;CTE-187/08
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.33828-001
RECORRENTE: COMPANHIA ENERGÉTICA DE ALAGOAS(RECURSO ESPECIAL)
RECORRIDO: 1ª CÂMARA DE JULGAMENTO DO CTE (REEXAME NECESSÁRIO)
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
VOTO VENCEDOR QUANTO A APLICAÇÃO DA PELALIDADE: ODETE MINEIRO
DA PAZ
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-109/2013

EMENTA: ICMS. 1) PRELIMINARES. a) DE DECADÊNCIA.


ACOLHIDA COM A EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
REFERENTE AO PERÍODO DE JANEIRO A ABRIL/2000
(ART. 150, § 4º DO CTN). b) DE CORREÇÃO DO
PERCENTUAL DE 10,50% (DEZ INTEIROS E CINQUENTA
CENTESIMOS POR CENTO), PARA 17% (DEZESSETE POR
CENTO), REF. ÀS “PERDAS TÉCNICAS”. REJEITADA EM
RAZÃO DE O PERCENTUAL CONTESTADO TER SIDO
APONTADO PELA PRÓPRIA RECORRENTE. 2) MÉRITO.
AUSÊNCIA DE PROVAS POR PARTE DA EMPRESA QUANTO A
ALEGAÇÃO DE QUE A DIFERENÇA ENTRE MWH DE ENERGIA
ADQUIRIDA E FORNECIDA DECORREU DE FURTO, ROUBO OU
FRAUDE. 3) APLICAÇÃO DA PENALIDADE PREVISTA NO
ARTIGO 79, DA LEI Nº 5.900/1996, EM LUGAR DA
PENALIDADE PREVISTA NO ARTIGO 84, DA MESMA LEI.
4) REEXAME NECESSÁRIO E RECURSO ESPECIAL
CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.

RELATÓRIO

A empresa impetra recurso especial contra o


Acórdão nº 040/2011 prolatado pela 1ª Câmara deste Conselho,
em face de ter divergido do Acórdão nº 304/2010, prolatado
pela 2º Câmara no Processo nº 1500-008899/08, CTE nº

Acórdão CTE Nº P-109/2013 1


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210/2010, no qual, também, era recorrente a Cia. Energética


de Alagoas - CEAL, lastreada nas seguintes razões de direito:

I – Tempestividade do Recurso;
II- O Cabimento do Recurso Especial;
III- Demonstração da Divergência;

Da Tempestividade do Recurso:

No caso dos autos, a Recorrente recebeu a


Notificação Ofício nº 084/2011, que lhe deu ciência do
Acórdão ora recorrido no dia 29.03.2011. E, contando-se
quinze dias a partir do primeiro dia subsequente, ou seja, do
dia 30.03.2011, o prazo recursal termina hoje, dia
13.04.2011, quando foi protocolado o recurso especial.
Tempestivo, portanto, é o presente recurso.

Do Cabimento do Recurso Especial:

A CEAL já apresentou manifestação nos autos


alertando ter ocorrido erro material quanto à parte do
julgado que decidiu a respeito da decadência do direito de a
Fazenda lançar e cobrar ICMS referente ao período de janeiro
a abril de 2000. No caso, foram decididos fatos diversos
daqueles constantes do auto de infração e do recurso
interposto.

Entretanto, a título de cautela, a CEAL vem


interpor recurso especial no tocante à matéria de direito
contida dentro da parte do Aresto atingida pelo erro
material, para evitar que eventual interpretação restritiva
do órgão Julgador, no sentido de corrigir o erro material e
manter intacta a matéria de direito, venha a prejudicá-la.

Cabível é, portanto, o recurso especial, com base


na divergência a seguir demonstrada.

Da Demonstração da Divergência.

Acórdão CTE Nº P-109/2013 2


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Tratando-se de ICMS, a CEAL sustentou ter


ocorrido a decadência do direito de a Fazenda Alagoana lançar
e cobrar o ICMS referente ao período de apuração de janeiro a
abril de 2000, com base no art. 150, § 4º, do CTN, segundo o
qual, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por
homologação, a contagem do qüinqüênio decadencial inicia-se a
partir da ocorrência do fato gerador.

Entretanto, o Acórdão recorrido aplicou o art.


173, I, do CPC (sic), ao caso dos autos, segundo o qual o
qüinqüênio decadencial conta-se a partir do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado, sob o fundamento de que, não tendo havido o
pagamento antecipado do imposto, inaplicável seria a regra do
art. 150, § 4º, do CTN. Em conseqüência, o Acórdão recorrido
decidiu não ter ocorrido a decadência referente ao período de
janeiro a abril de 2000.

Diversamente, a egrégia 2ª Câmara no Acórdão nº


304/2010 decidiu que, em se tratando de ICMS, que é tributo
sujeito a lançamento por homologação, inaplicável era a regra
do artigo 173, I, do CTN, devendo ser aplicada a regra do
artigo 150, § 4º, do CTN, segundo a qual a contagem do prazo
decadencial de cinco anos começa a partir da ocorrência do
fato gerador e, por isto, deu provimento ao recurso, que
naquele caso também era da CEAL.

A divergência está em que, enquanto o Acórdão


recorrido adotou o entendimento de que, se faltou algum valor
a ser pago no período de apuração, aplica-se a regra do art.
173, I, do CTN, enquanto o Acórdão divergente firmou o
entendimento de que, se houve algum pagamento antecipado,
mesmo que não tenha sido no montante integral que o Fisco
entende devido, o pagamento antecipado realizado extinguiu o
crédito tributário referente àquele período, conforme
determina o artigo 150, § 4º do CTN.

Assim, prossegue a recorrente, bem caracterizada


a divergência no tocante a contagem do prazo de decadência ao
caso dos autos, se com base no art. 150, § 4º, ou no art.

Acórdão CTE Nº P-109/2013 3


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173, I, ambos do CTN, impõe-se seja conhecido o presente


recurso especial.

In casu, a CEAL apurou o imposto devido,


comunicou ao Fisco o imposto apurado e pagou antecipadamente
o ICMS referente aos meses de janeiro a abril de 2000,
conforme pode ser constatado pelos Demonstrativos de Apuração
do ICMS, acostando aos autos cópias das guias de quitação do
ICMS pertinentes ao respectivo período, razão pela qual se
impõe o reconhecimento da aplicação do prazo decadencial
previsto no art. 150, § 4º, do CTN.

Portanto, em se tratando de tributo sujeito à


sistemática de lançamento por homologação, tal como o ICMS,
se o contribuinte apurou o imposto, declarou o imposto ao
Fisco e fez o pagamento antecipado, antes de a autoridade
administrativa fazer o lançamento de ofício substitutivo,
transcorridos cinco anos da ocorrência do fato gerador tem-se
por extinto o crédito tributário referente àquele período de
apuração.

A regra do art. 173, I, do CTN, com a contagem do


prazo qüinqüenal de decadência a partir do primeiro dia do
exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ser
realizado, somente seria aplicado ao caso dos autos se a CEAL
nada tivesse recolhido a título de ICMS antecipadamente de
janeiro a abril de 2000, o que não ocorreu no caso dos autos.

Nesse passo, tendo sido o Auto de Infração


lavrado em cinco de maio de 2005, resta claro que naquela
data o Fisco Estadual já havia decaído do direito de rever os
pagamentos antecipados do ICMS alusivos aos períodos de
apuração de janeiro a abril de 2000.

Como instrução do presente recurso, a recorrente


anexa cópia do Acórdão nº 304/2010, proferido pela 2ª Câmara
e cópias dos documentos de arrecadação do imposto referente
ao período de janeiro a abril de 2000 (fls.15 usque 23).

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Nas contrarrazões do recurso, a Representação


Fiscal insiste na manutenção do Acórdão prolatado pela 1ª
Câmara, reiterando como fundamento, o Art. 173, I, do CTN,
acostando aos autos, decisões do STJ cerca do tema,
decadência, acrescentando ainda que, “A rigor, pode-se mesmo
dizer, desde logo, que não existe decadência para o chamado
“lançamento por homologação”. O que existe é a homologação,
tácita ou expressa, pelo fisco, da atividade, praticada pelo
contribuinte, de apurar e pagar o tributo devido. E isso,
definitivamente, não é lançamento.” além de acostar aos
autos, decisões do STJ acerca do tema, decadência.

Eis o relatório.

VOTO

Com relação às perdas totais, as mesmas são


classificadas quanto a sua origem, em perdas comerciais e
perdas técnicas, estas últimas decorrentes dos efeitos Corona
e Joule, além das Correntes Parasitas e Histerese, segundo as
quais foram deduzidas do montante das perdas totais, cuja
diferença resume-se em perdas comerciais, conforme
demonstrada na seguinte equação: Pcom = Ptot – Ptéc, onde:

Pcom – Perdas Comerciais

Ptot – Perdas Totais

Ptéc – Perdas Técnicas

Em razão da natureza incorpórea da mercadoria


(energia elétrica) comercializada pela empresa, os itens,
estoque inicial e final não integram a famigerada equação do
Controle Quantitativo de Mercadorias. De maneira que de

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conformidade com as planilhas de fls. 44/49 – Proc. 1500-


011691/05, a diferença entre o confronto da energia adquirida
com toda energia fornecida ao consumidor final, depois de
deduzida as perdas técnicas, é inquestionável.

No embate diante da pretensão do Fisco, a


recorrente apesar de alegar que parte das perdas comerciais é
relativa a furto, roubo e fraude, a mesma não carreou para os
autos se quer indícios de provas de tais alegações. Pois, é
de se reconhecer que na hipótese da “saída” de mercadoria em
decorrência de furto, roubo ou fraude, na hipótese do
contribuinte ter sido vítima de desfalque do seu patrimônio,
o mesmo não pratica qualquer ato com relação à pseudo
operação de circulação de mercadoria.

Na lição de Alcides Jorge Costa, no seu Livro ICM


NA CONSTITUIÇÃO E NA LEI COMPLEMENTAR, “... a operação é um
ato jurídico material em que a vontade se manifesta no
sentido de promover a circulação de mercadorias. Esta
manifestação de vontade pode ter relevância para o direito
privado e será então um negócio jurídico; pode não ter
relevância e será um fato jurídico “stricto sensu”. Em
qualquer caso, será um fato jurídico para o direito
tributário, pois este leva em conta não a vontade de promover
a circulação da mercadoria mas o resultado de fato resultante
do ato; para o direito tributário é irrelevante a vontade de
promover a circulação. Note-se, porém, que o ato de promoção
da circulação deve ser voluntário e praticado pelo sujeito
passivo designado em lei. Isto exclui a incidência do ICM
sobre o furto e o roubo que são modos de promover a
circulação de mercadorias, como ensina CARNELUTTI, ainda que
haja aí circulação contra o direito; e exclui pela razão de
que, no caso, inexiste um ato do sujeito passivo.”

Mesmo diante da expressão, a qualquer título,


inserida na redação do Art. 2º, inc. I, da Lei nº 5.900/96,
quando disciplina que “Considera-se ocorrido o fato gerador

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do ICMS no momento: I – da saída de mercadoria, a qualquer


título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que para
outro estabelecimento do mesmo titular,” (grifei), a
incidência do referido imposto não alcança a “saída”
resultante de furto, roubo ou fraude praticada pelo usuário
da energia elétrica, como defende a representação fiscal,
isto porque, a prática de furto, roubo ou fraude no
fornecimento de energia elétrica por parte da empresa autuada
seria incoerente ou porque não dizer, crime impossível, em
razão do cometimento de furto, roubo de si próprio, assim
como o mandamento contido no artigo 2º da mencionada lei
estadual não está coerente com o disciplinamento previsto
pelo Art. 12, inc. I, da Lei Complementar nº 87/96, conforme
redação in verbis: “Considera-se ocorrido o fato gerador do
imposto no momento: I – da saída de mercadoria de
estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro
estabelecimento do mesmo titular;”

Tal conclusão não significa dizer que as saídas


de bens, objetos da atividade comercial, mediante a prática
de furto, roubo ou até mesmo em decorrência de fraude estão
afastadas da tributação do ICMS. Isto depende, naturalmente,
do ângulo em que é visto a operação de saída, ou melhor, a
tributação deve ocorrer em relação aquele que pratica a saída
por intermédio das respectivas atividades ilícitas e não em
relação à vítima.

Igualmente no tocante a prática de furto, roubo


ou fraude supostamente cometidos pelos consumidores de
energia elétrica recorro mais uma vez, apenas, para ilustrar
a presente decisão, à doutrina do Professor LUIZ EMYGDIO F.
DA ROSA JUNIOR, quando no seu Manual de Direito Financeiro e
Direito Tributário, encerra o estudo do fato gerador com
enfrentamento do problema da tributação dos atos ânulos e
anuláveis e das atividades ilícitas, criminosas ou imorais.

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Prossegue então o referido Mestre, “o Código


Civil, em seus arts. 145 e 147 nos fornece os conceitos de
ato nulo e ato anulável, ocorrendo o primeiro quando for
praticado por agente absolutamente incapaz, quando não for
adotada forma prescrita em lei, quando for preterida
solenidade exigida pela lei como essencial à sua validade,
quando for ilícito, ou impossível, o que constitui o seu
objeto e quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe
negar efeito. Declarada a nulidade do ato, os efeitos de tal
declaração retroagirão de modo a alcançar o ato, que será
considerado como se nunca tivesse sido praticado, passando-se
uma borracha nos efeitos que tenha produzido.”

“Anulável é o ato que se reveste dos elementos


essenciais exigidos para a sua forma, mas apresenta um vício
que diz respeito à proteção de interesses individuais,
correspondente à prática por agente relativamente incapaz e
por conter vício resultante de erro, dolo, coação, simulação
ou fraude. A decisão que anula o ato produzirá efeitos
somente a partir de sua prolação, não afetando os efeitos
jurídicos por ele ocasionados.”

Para o Direito Tributário são os efeitos


econômicos produzidos pelos referidos atos que interessa.O
inc. I do art. 118 do CTN prescreve que a definição legal do
fato gerador é interpretada com a abstração da validade dos
atos efetivamente praticados pelos contribuintes,
responsáveis ou terceiros. Assim pouco importa para o Direito
Tributário, na definição legal de fato gerador, seja o ato
nulo ou anulável para o Direito Privado, pois se o mesmo
produzir efeitos econômicos, a obrigação tributária se
concretiza e o tributo será devido.

Quanto às atividades ilícitas, criminosas ou


imorais, o entendimento jurisprudencial anterior ao Código
Tributário era no sentido de afastar a tributação de tais
atividades (Rev. Dir. Administrativo, 22/35, 34/80, 44/65 e
35/48; Rev. Forense 170/209), sob o fundamento de que o

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Estado não deveria tirar proveito de um ato ilegal, por ele


mesmo proibido e reprimido. Entretanto, diante do inc. I do
art. 118 do CTN, tal entendimento não deve prosperar, pois,
mais repugnante ainda é o procedimento do Estado tributando
rendimentos auferidos pelo contribuinte ou circulação de
mercadorias decorrente do exercício de atividade lícitas e
deixando de lado os rendimentos percebidos pelo contribuinte
no exercício de atividades ilícitas, tais como jogo do bicho
ou exploração de casa de prostituição, assim como circulação
de mercadorias, objeto de atividade ilícita.

No caso, ora sub judice, as autuantes além de


carrearem para os autos, demonstrativos de saídas de energia
elétrica sem a respectiva documentação fiscal em MWH
(planilhas 1.1 a 1.6), objeto das fls. 44 usque 49, anexaram
aos autos, demonstrativo de apuração do ICMS (fls. 50/99 –
Proc. 1500-011691/2005( vol. 01) e fls. 101/114 (vol. 02),
assim como a discriminação da energia adquirida, vendida e
perdas verificadas, conforme consta dos documentos
intitulados DADOS BÁSICOS DE MERCADO – ENERGIA (MWH),
fornecidos pela própria recorrente, consoante fls. 123 usque
128.

A empresa ao rebater a imputação feita pelo Fisco


aduz que nos termos do art. 98 do RICMS, aprovado pelo Dec.
nº 35.245/91, nos casos de furto, roubo ou extravio da
mercadoria, hipóteses correspondentes ao que foi chamado de
“perdas comerciais”, a sua obrigação seria apenas de estornar
os créditos de ICMS. Porém, na hipótese dos autos do presente
processo, estando a energia elétrica tributada pelo regime de
diferimento, somente sendo tributada quando do seu
fornecimento ao consumidor final, pela empresa distribuidora,
não há nenhum estorno a ser feito, evidentemente,tendo em
vista a sistemática do próprio diferimento.

Quanto à suposta operação de saída em decorrência


da prática de roubo, furto ou fraude contra o contribuinte, é
de se concluir que em razão da ausência de qualquer ato por

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parte da vítima, a mesma não deve sofrer tributação pelo


ICMS, a não ser que tais atividades ilícitas tenham a
participação do contribuinte, sirvam de instrumento, de meio
para o exercício da “atividade comercial”.

In casu, não obstante a alegação da recorrente de


que as “perdas comerciais” “teriam como causa, o furto ou
roubo de energia que seria a apropriação indébita da energia
por usuários; a fraude, que seria a manipulação de medidores,
pelos respectivos usuários, com a finalidade de obter o
registro, no medidor, de quantidade de energia inferior a
efetivamente consumida,” a mesma não faz prova de tal
afirmação, como também não faz prova em relação ao
recolhimento postergado do ICMS, quando da ocorrência de
falha administrativa, a exemplo do atraso no faturamento,
perdurando assim a diferença entre a energia adquirida dos
respectivos produtores e a fornecida por ela aos usuários,
conforme se depreende das fls. 44/49 – Proc. 1500-011691/05.
À luz do art. 333, inc. II do CPC, aplicado
subsidiariamente ao Processo Administrativo Fiscal, incumbe
ao réu a prova no tocante à existência de fato impeditivo do
direito do autor, conforme redação in verbis:

“Art. 333. O ônus da prova incumbe:

.................................................

II – ao réu, quanto à existência de fato


impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.”

VOTO VENCEDOR QUANTO A APLICAÇÃO DA PENALIDADE (ART. 79 DA


LEI ESTADUAL Nº 5.900/1996).

A análise dos autos demonstra o acerto do voto


divergente, haja vista, que a penalidade a ser aplicada na
presente autuação é aquela prevista no artigo 79, da Lei nº
5.900/96, uma vez que a multa prevista no artigo 84, da mesma
lei foi revogada pela Lei nº 7.079/09, e reclassificada para o
artigo 79, da Lei nº 5.900/96 (reproduzido).

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LEI Nº 5.900/1996
“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em
situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:

MULTA: Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto.


(...)”

Com relação à revogação do artigo 84, da Lei


nº 5.900/96, e de sua reclassificação para o artigo 79, da
mesma lei, é necessário observar-se que a conduta infracional
praticada objeto da aplicação das multas previstas nos citados
artigos, é em ambos os casos, A FALTA DE RECOLHIMENTO DO
IMPOSTO. Este é o núcleo do tipo. Assim, revogada a multa do
artigo 84, passa a incidir automaticamente a multa do artigo
79, haja vista, possuirem o mesmo núcleo do tipo: A FALTA DE
RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. Portanto, trata-se de reclassificação
legal e não jurisdicional administrativa, além de ser mais
benéfica à empresa autuada.

Deixar de aplicar a penalidade prevista no


artigo 84, da Lei nº 5.900/96, a presente autuação, como quer
o relator, é um equivoco, pois o crédito tributário analisado
teve por base o levantamento de estoque cujos valores apurados
foram obtidos a partir da escrituração contida nos livros e
documentos fiscais da autuada, trata-se, portanto de obrigação
tributária principal. E ainda, deve ser aplicada a multa
prevista no artigo 79, da Lei n 5.900/96, uma vez que o artigo
30, da Lei Estadual nº 6.771/2006, ora reproduzido, prevê
claramente a competência dos órgãos julgadores de alterar a
definição jurídica constante do lançamento, desde que mantidas
as circunstâncias materiais originais, podendo inclusive,
alterar a penalidade aplicada.
“Art. 30 - Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em
que se fundou o ato original de constituição do crédito tributário,
poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da
que constar no auto de infração, inclusive relativamente:

I - à penalidade ou penalidades aplicáveis ao infrator ou a quem


deva responder pela infração, nos termos da lei; e
(...)”

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Portanto, o valor do crédito tributário que


consta na inicial deverá ter sua multa revista nos termos do
art. 79 da Lei nº 5900/1996.

VOTO DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA (RECURSO


ESPECIAL).

Preenchidos os requisitos da tempestividade e da


divergência de decisões entre a 1ª Câmara e 2ª Câmara,
acerca da extinção do crédito tributário em razão da
decadência, acolho o presente recurso, ao tempo em que passo
a decidir.

Da análise dos autos, notadamente, da data da


Notificação do Acórdão recorrido, 29.03.2011, conforme Ofício
CTE nº 084/2011 e a data da protocolização do presente
recurso, 13.04.2011, assim como do confronto do teor do
Acórdão nº 040/2011 (fls. ), prolatado pela 1ª Câmara, com o
teor do Acórdão de nº 304/2010, prolatado pela 2ª Câmara
(fls. 15 usque 20), os mesmos são divergentes no tocante a
matéria sobre decadência. Enquanto a 1ª Câmara concluiu pelo
termo a quo da decadência, a partir do 1º dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado, quando da não ocorrência do pagamento antecipado do
tributo, a 2ª Câmara decidiu pela contagem do prazo
decadencial a partir do fato gerador, independentemente de
pagamento antecipado do tributo. Portanto, os requisitos de
admissibilidade do recurso especial estão preenchidos.

De conformidade com os termos do Art. 150 do CTN,


o lançamento por homologação ocorre quando a legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame do Fisco, a exemplo do ICMS, segundo o qual
se opera pelo ato em que o próprio Fisco, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo contribuinte,
expressamente a homologa, conforme redação in verbis do
referido artigo: “O lançamento por homologação, que ocorre
quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito

Acórdão CTE Nº P-109/2013 12


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passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da


autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a
referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim
exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.”

O § 4º do reportado artigo determina que, “Se a


lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco)
anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.”

Logo, in casu, diante do lançamento feito pela


empresa recorrente e posteriormente efetuado o recolhimento
do ICMS, no período de janeiro a abril de 2000, conforme
docs. de fls. 21/23, sem o devido pronunciamento da Fazenda
Estadual no interregno dos 5 (cinco) anos, não resta dúvida
que a homologação operou-se de forma tácita, implícita,
prevista pelo referido § 4º, quando preconiza: “...expirado
esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.”(Grifei).

Assim, no caso vertente, a homologação deu-se em


1º de maio de 2005, não devendo prosperar, por conseguinte, a
exigência do crédito tributário relativo aos fatos geradores
ocorridos no período de 1º de janeiro a 30 de abril de 2000.

Com relação ao prazo decadencial previsto no art.


173, I, do CTN., o mesmo aplica-se aos impostos que têm fato
gerador “complexivo ou periódico”, na expressão de Luiz
Enygdio F. da Rosa Junior, no seu livro Manual de Direito
Financeiro e Direito Tributário, considerando-se como tal
aquele cujo ciclo de formação se completa dentro de um
determinado período de tempo e que consiste num conjunto de
fatos, circunstâncias ou acontecimentos globalmente
considerados dentro do exercício financeiro, a exemplo de

Acórdão CTE Nº P-109/2013 13


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fato gerador renda, assim como a propriedade de bens imóveis,


segundo os quais tem como período de lançamento dos
respectivos impostos, o exercício seguinte ao da ocorrência
do fato gerador e o próprio exercício em que se verifica a
hipótese de incidência, respectivamente.

Portanto, diante de fato gerador instantâneo, no


caso do ICMS, a exemplo também, do IPI, quando o período de
lançamento é geralmente o mês seguinte ao da ocorrência do
fato gerador. O primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado, tido como marco
inicial para efeito de contagem do prazo decadencial não se
coaduna com a natureza do fato gerador no pertinente ao fator
tempo, com o período da apuração e nem com o momento do
lançamento do ICMS, devendo assim prevalecer o termo a quo
para efeito da contagem do prazo decadencial, a regra do art.
150, § 4º e não a regra do art. 173, I, do CTN, como pretende
o Fisco.

Mesmo para o entendimento segundo o qual a regra


do Art. 150 do CTN só tem aplicação na hipótese de
recolhimento antecipado do respectivo imposto, tal
entendimento se impõe diante dos recolhimentos efetuados pela
recorrente no período de janeiro a abril de 2000, conforme
docs. de fls. 21/23.

De forma que, diante de tais fundamentos e


levando em consideração o lançamento seguido do recolhimento
efetuado pela empresa recorrente, mantenho o meu voto, quando
do julgamento proferido pela 1ª Câmara, por ocasião do
Recurso Ordinário, acompanhando assim o entendimento da
Egrégia 2ª Câmara sobre a matéria, consoante Acórdão nº
304/2010.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, POR MAIORIA DE VOTOS, conhecer
do Recurso Especial e do Reexame Necessário para dar
provimento parcial a ambos, no sentido de manter a penalidade
aplicada (art. 79 da Lei nº 5.900/96), e afastar a exigência

Acórdão CTE Nº P-109/2013 14


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do crédito tributário relativa ao período de janeiro a abril


de 2000, em decorrência da sua extinção pelo efeito da
decadência.

Portanto, observe-se que em razão da penalidade


aplicada haver retornado para integrar o valor do crédito
tributário em razão de haver o voto divergente sido vencedor por
maioria (Reexame Necessário); e em razão da retirada dos meses
de janeiro a maio/2000, do valor do crédito tributário por
maioria, por haver sido acatada a preliminar de decadência em
razão de ter sido vencedor o voto relator nesta sessão do Pleno,
o crédito tributário tem como valor o que abaixo demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2000


(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total


maio 895.553,78 447.776,89 1.343.330.67
junho 712.282,48 326.141,24 1.038.423,72
julho 932.898,63 466.449,31 1.399.347,94
agosto 948.897,86 474.448,93 1.423.346,79
setembro 692.582,01 346.291,00 1.038.873,01
outubro 1.265.605,54 632.802,77 1.898.408,31
novembro 1.100.792,50 550.396,25 1.651.118,75
dezembro 1.252.068,44 626.034,22 1.878.102,66
TOTAL 7.800.681,24 3.900.340,62 11.701.021,86

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2001


(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total


janeiro 1.132.275,97 566.137,98 1.698.413,95
fevereiro 832.064,23 416.032,11 1.248.096,34
março 1.571.208,45 785.604,22 2.356.812,67
abril 953.819,73 476.909,86 1.430729,59

Acórdão CTE Nº P-109/2013 15


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maio 1.008.778,98 504.389,49 1.513.168,47


junho 186.424,21 93.212,10 279.636,31
julho 897.844,25 448.922,12 1.346.766,37
agosto 800.530,00 400.265,00 1.200.795,00
setembro 917.310,23 458.655,11 1.375.965,34
outubro 1.233.261,03 616.630,51 1.849.891,54
novembro 1.052.570,25 526.285,12 1.578.855,37
dezembro 1.344.148,63 672.074,31 2.016.222,94
TOTAL 11.930.235,96 5.965.117,98 17.895.353,94

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2002


(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total


janeiro 1.231.631,89 615.815,94 1.847.447,83
fevereiro 1.113.775,73 556.887,86 1.670.663,59
março 1.652.133,18 826.066,59 2.478.199,77
abril 1.261.123,50 830.561,75 1.891.685,25
maio 1.477.587,74 738.793,87 2.216.381,61
junho 1.031.341,54 515.670,77 1.547.012,31
julho 986.539,12 493.269,56 1.479.808,68
agosto 1.320.319,31 660.159,65 1.980.478,96
setembro 1.274.639,51 637.319,75 1.911.959,26
outubro 1.703.332,04 851.666,02 2.554.998,06
novembro 1.460.289,05 730.144,52 2.190.433,57
dezembro 1.828.197,96 914.098,98 2.742.296,94
TOTAL 16.340.910,57 8.170.455.28 24.511.365,85

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2003


(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total


janeiro 1.703.125,11 851.562,55 2.554.687,66
fevereiro 1.235.332,67 617.666,33 1.852.999,00
março 1.868.151,35 934.075,67 2.802.227,02
abril 1.448.648,56 724.324,28 2.172.972,84
maio 1.633.781,60 816.890,80 2.450.672,40

Acórdão CTE Nº P-109/2013 16


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junho 891.823,37 445.911,68 1.337.735,05


julho 1.502.581,26 751.290,63 2.253.871,89
agosto 1.260.146,35 630.073,71 1.890.219,25
setembro 1.635.423,16 817.711,58 2.453.134,74
outubro 1.477.876,70 738.938,35 2.216.815,05
novembro 1.827.947,84 913.973,92 2.741.921,76
dezembro 2.202.064,11 1.101.032,05 3.303.096,65
TOTAL 18.686.902,08 9.343.451,04 28.030.353,12

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2004


(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total


janeiro 1.884.505,13 942.252.56 2.826.757,69
fevereiro 1.444.022,11 722.011,05 2.166.033,16
março 2.678.978,75 1.339.489,37 4.018.468,12
abril 1.813.013,46 906.506,73 2.719.520,19
maio 2.279.542,89 1.139.771,44 3.419.314,33
junho 1.385.740,56 692.870,28 2.078.610,84
julho 1.935.846,54 967.923,27 2.903.769,81
agosto 1.995.753,92 997.876,96 2.993.630,88
setembro 1.953.678,94 976.839,47 2.930.518,11
outubro 2.722.023,72 1.361.011,86 4.083.035,58
novembro 2.572.139,55 1.286.069,77 3.858.209,32
dezembro 3.118.225,12 1.559.112,56 4.677.337,68
TOTAL 25.783.470,69 12.891.735.34 38.675.206,03

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO DE 2005


(APÓS VOTAÇÃO DA PENALIDADE APLICÁVEL E DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA)

Mes ICMS Multa Total


janeiro 3.035.898,47 1.517.949,23 4.553.847,70
TOTAL 3.035.898,47 1.517.949,23 4.553.847,70

DEMONSTRATIVO TOTAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

Acórdão CTE Nº P-109/2013 17


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EXERCÍCIOS DE 2000/2005, APÓS VOTAÇÃO DO REEXAME NECESSÁRIO


(ARTIGO 48, II, DA LEI Nº 6.771/2006) E DO RECURSO ESPECIAL

Exercícios ICMS Multa Total


2000 7.800.681,24 3.900.340,62 11.701.021,86
2001 11.930.235,96 5.965.117,98 17.895.353,94
2002 16.340.910,57 8.170.455,28 24.511.365,85
2003 18.686.902,08 9.343.451,04 28.030.353,12
2004 25.783.470,69 12.891.735,34 38.675.206.03
2005 3.035.898,47 1.517.949,23 4.553.847,77
Total 83.578.099,01 41.789.049,50 125.367.148,49

O crédito tributário no valor de R$


125.367.148,49 (cento e vinte e cinco milhões, trezentos e
sessenta e sete mil, cento e quarenta e oito reais e quarenta
e nove centavos) deverá ser recolhido com os acréscimos
legais.

Sala das Sessões do CTE, em maceió 30 de abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

ODETE MINEIRO DA PAZ MARIA LOPES MILHOMES


JULGADORA(Contra Relator) JULGADORA(Contra Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR (Contra Relator)

Acórdão CTE Nº P-109/2013 18


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO: SF-1500-001431/1996; CAF-12.359/1996 e CTE-104/2004
AUTO DE INFRAÇÃO: 066.890 DE 09/04/2003
ASSUNTO: RECURSO ESPECIAL.(PLENO)
AUTUADA: TABERNA ROMANA LTDA – ME.
AUTUANTE: CÍCERO ANTÔNIO LOPES.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-110/2013

EMENTA – ICMS – Obrigação Principal –


Validade da notificação ao sujeito
passivo – Inexistência da ocorrência de
suspensão da exigência do crédito
tributário não inscrito em Dívida Ativa –
Inteligência dos artigos 141, §2º e 156,
V, do CTN – Lançamento constituído há
mais de 05 anos sem devida cobrança –
Extinção do crédito tributário pela
prescrição – Remessa Necessária conhecida
e improvida

I – RELATÓRIO

Cuida o presente do Recurso Especial direcionado ao


Pleno deste Colegiado, decorrente do Acórdão nº 370/2011,
prolatado pela Primeira câmara deste Conselho Tributário
Estadual, que decidiu, por maioria de votos, a prescrição do
Auto de Infração referido na inicial, arrimado no voto de
vista do Conselheiro Dr. Paulo de Tarso da Costa e Silva,
tendo como votos dissidentes este relator e a Conselheira
Odete Mineiro da Paz.

ACÓRDÃO CTE Nº P-110/2013 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Tendo sido autuado pela Fiscalização Fazendária


Estadual em 09/04/2003, acusado de haver extraviado seu
Cartão de Inscrição, o Livro de Entradas de Mercadorias e
documentos fiscais, violando o disposto no artigo 49, III,
alíneas “a” e “b”, do RICMS/AL, com a sugestão de apenamento
prevista no artigo 862 do mesmo ordenamento legal, o sujeito
passivo não apresentou defesa, apesar de citado em
conformidade com o artigo 131, V, da Lei 4.418/1982,
incorrendo em revelia.

A Coordenadoria de Julgamento – CJ, apreciando os


autos do PAT, decidiu pela Procedência Parcial do lançamento
fiscal, entendendo que a autuada infringiu o disposto no
artigo 22, caput e parágrafos 2º e 3º, c/c o artigo 113,
caput e parágrafos II e III, bem como o artigo 86 da Lei nº
5.077/1989.

Por outra banda, entendeu o Julgador Singular que


não merece prosperar o alegado extravio dos documentos
fiscais que foi apresentado pelo representante do Fisco
Estadual na peça acusatória sem esclarecer a quantidade, o
modelo e os números das notas fiscais extraviadas, o que
invalida a acusação fiscal, decidindo haver a autuada
infringido o artigo 49, III, alínea “a”, item I e caput do
artigo 862 do RICMS, devendo ser aplicada, in casu, a multa
cominada no artigo 119, I, “b”, e II, alínea “b”, da Lei
Estadual nº 5.900/1996, alterada pela Lei Estadual nº
5.979/1997, com a conseqüente condenação ao contribuinte de
recolher aos cofres estaduais o montante de R$ 938,40
(novecentos e trinta e oito reais e quarenta centavos),
correspondente a oitenta vezes o UPFAL, com os acréscimos
legais, prolatando a Decisão assim ementada:

“ICMS – Obrigações Formais – Extravio de


Documentos Fiscais: 1) do Cartão de
Inscrição no CACEAL; 2) do Livro Registro
de Entradas; 3) das Notas Fiscais de
Entradas e Saídas – situação de fato não
caracterizada. Auto de infração
Procedente em Parte.”

ACÓRDÃO CTE Nº P-110/2013 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Aportados os autos a 1º Câmara Julgadora, foi decidido


pela maioria dos seus integrantes, por conduto do voto
vencedor da lavra do Conselheiro Paulo de Tarso da Costa e
Silva, pela extinção do crédito tributário decorrente do AI
constante na inicial, pela ocorrência da prescrição
tributária determinada pelo artigo 156, V, do CTN, através do
Acórdão nº 360/2011, a seguir enunciado:

“EMENTA: Tributário – Auto de Infração –


Notificação válida do sujeito passivo –
Ausência de defesa administrativa – Termo
de Revelia – Encerramento do processo
administrativo-tributário – Inteligência
do art. 141, §§ 1º e 2º, da Lei Estadual
4.418/1982, vigente à época – Não
inscrição em Dívida Ativa – Crédito
tributário constituído há mais de 05 anos
– Prescrição – Extinção do crédito
tributário – Inteligência do art. 156-V,
do CTN – Precedente do Pleno do CTE.”

Os termos do voto vencedor contam dos autos às fls. 48


usque 55.

Não houve manifestação por parte do autuado e da


representação fiscal.

É o Relatório.

II – VOTO

Trata-se, como já referido no presente PAT, do


Reexame Necessário da Decisão proferida pela 1º Câmara de
Julgamento deste Conselho Tributário, que por conduto do
Acórdão nº 370/2011, datado de 11/10/2011 (fls. 48 usque 54),
julgou, por maioria de votos, pela extinção advinda da
prescrição tributária do Crédito Tributário intentado pela

ACÓRDÃO CTE Nº P-110/2013 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Fazenda Estadual, em desfavor do contribuinte Taberna Romana


Ltda. – ME.

Relatam os autos que o contribuinte foi acusado por


haver extraviado o seu Cartão de Inscrição, o Livro de
Registro de Entradas de Mercadorias e diversas notas fiscais
de entradas e saídas.

Apesar de haver tomado conhecimento da acusação


fiscal, o contribuinte não se manifestou, determinando a
lavratura do Termo de Revelia datado de 25/05/1996 (fls. 14).

À época a Coordenadoria de Auditoria Fiscal,


determinou a juntada aos autos dos documentos capazes de
respaldar a denúncia fiscal, não tendo sido atendida pelos
autuantes.

Posteriormente, em data de 30/05/2003, através da


Decisão nº 14.165/2003, aquela instância julgadora
considerando que a acusação descrita na inicial –
relativamente ao extravio do Cartão de Inscrição e do Livro
Registro de Entradas restava devidamente caracterizada –
enquanto que o extravio das notas fiscais aventado pela
fiscalização, sem a obrigatória citação do seu modelo e
números, ou seja, de forma completa, não podia ser acatado,
decidiu pela Procedência Parcial do AI sub-examine (fls. 21 e
24).
Direcionados os autos ao CTE, a Decisão da Primeira
Instância foi conhecida e provida, sendo modificada, com
amparo no que dispõe o artigo 141, §2º, da Lei Estadual nº
4.418/1982, vigente à época, da ação fiscal, determinando a
prescrição do crédito tributário apontado no lançamento
fiscal.
A Decisão acima, tomada pela maioria dos julgadores
da 1º Câmara, está suportada pelo voto de vistas do Ilustre
Julgador Dr. Paulo de Tarso da Costa e Silva às fls. 57 a 66.

Tendo sido relator, com voto vencido, do julgamento


da 1º Câmara e, também, deste Reexame Necessário, cabe-me o

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dever de fazê-lo para apreciar com mais detenção, aquela


decisão.
Com efeito, conforme ressaltou o autor do voto
vencedor, quando da lavratura do AI, estava em pleno vigor
que, findo o prazo da intimação sem o pagamento do débito,
nem apresentação de defesa, deveria ser providenciada a
lavratura de Termo de Revelia, ressaltando o seu Parágrafo
Primeiro que a revelia do sujeito passivo implicaria na
conclusão do processo, com a automática promoção da inscrição
do débito na dívida ativa, e que tal revelia determinaria,
também, efeito de decisão final do processo administrativo.

Como bem observou o Ilustre Conselheiro Julgador,


entre a data da constituição definitiva do Crédito
Tributário, em Junho de 1996, e a data da decisão da 1º
Câmara, foram decorridos cerca de 15 (quinze) anos, razão
pela qual o crédito tributário fica ferido de morte, em
obediência ao determinado no artigo 174, caput, do CTN, in
verbis:

“Art. 174 - A ação para cobrança do


crédito tributário prescreve em 5 (cinco)
anos contados da data de sua constituição
definitiva.”

Por outra banda, resta demonstrado nos autos que no


feito fiscal em análise não ocorreu qualquer das hipóteses
legais para a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário referidas no artigo 151 do próprio CTN, assim
elencados:

1) Moratória;
2) Depósito do seu valor integral;
3) Reclamações e os recursos nos termos das leis
reguladoras do processo tributário
administrativo;
4) Concessão de medida liminar em mandado de
segurança;
5) Concessão de medida liminar ou de tutela
antecipada em outras espécies de ação judicial; e

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6) O parcelamento.

A inocorrência das exigências acima citadas


determinam o meu convencimento da verificação, no presente
litígio fiscal, da prescrição da ação fiscal.

Em face do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame de ofício e seguindo o caminho trilhado
pelo Ilustre Relator do Voto Vencedor, no julgamento de
Segunda Instância, referendado por diversos precedentes das
câmaras deste Colegiado, votar pela extinção do crédito
tributário pela prescrição, na forma como determinado pelo
artigo 156-V, do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO: SF-1500-006262/99;CTE-110/2005.
ANEXO: SF-07746/99; SF-204/03; SF-003201/03 E SF-018918/07.
AUTO DE INFRAÇÃO: 020.385, PROTOCOLADO EM 09/08/1999.
AUTUADO: SOCÔCO S/A INDÚSTRIAS ALIMENTICIAS
AUTUANTE: ROBERTO JORGE G. DA SILVA E OUTRO
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-111/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Acessória.


Auto de Infração revisto pela
coordenadoria de Julgamento – Valor da
autuação reduzido. Extinção do credito
tributário (art. 156, I do CTN) Decisão
Singular Conhecido e Mantida em sua
integridade.

I – RELATÓRIO

Trata-se o presente do Reexame Necessário que aporta a


este Pleno do Conselho Tributário Estadual – CTE, relativo ao
Acórdão Nº 417/2012, prolatado pela Primeira Câmara deste
colegiado, que decidiu, por maioria dos seus integrantes pela
extinção do crédito tributário sustentado pela Fazenda
Estadual em desfavor da empresa acima nominada.

Conforme relatam os autos deste Processo Administrativo


Tributário – PAT, por conduto do AI Nº 020.385, datado de 09
de Agosto de 1999, a autuada foi acusada de deixar de

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apresentar, no prazo regulamentar, os seus Balanços


Patrimoniais referentes aos exercícios de 1996 e 1997,
desatendendo ao disposto na legislação em vigor estando
sujeita em tese, ao disposto no art. 116 da Lei Estadual Nº
5900/96 (fls.02 e 02v).

Inconformada com a ação fiscal, a autuada apresentou suas


razões de defesa, afirmando que não infligiu nenhum
dispositivo de Legislação Tributária do Estado de Alagoas, por
haver cumprido o que dispõe a legislação federal (Lei Nº
6404/76) quando publicou os seus Balanços Patrimoniais no
Diário Oficial do Estado de Alagoas, observando na
oportunidade, que mesmo que houvesse deixado de cumprir o
determinado pela legislação, estaria desobrigado ao pagamento
da multa máxima de 2000 UPFAL’s para cada documento
(balanço)já que o art. 116 da Lei Estadual Nº 5.900/96
determina que a penalidade a ser aplicada, in-casu, será
regulada entre 10 a 2000 UPFAL’s, pedindo, ao final, o
arquivamento do AI contra ela lavrado (fls. 10 usque 13 –
anexo).

Contrarrazoando, os representantes fazendários informam


que a Lei do ICMS determina, taxativamente, que as empresas,
quer possua ou não escrita comercial, devem observar o prazo
de 120 (cento e vinte) dias no primeiro caso e 60 (sessenta)
dias no segundo, respectivamente, para o atendimento ao que
determina a Lei Estadual (fls. 17/18 – anexo.

Acórdão CTE Nº 111/2013 2


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Através do Pedido de Diligência N° 009/2001, a então


Coordenadoria de Auditoria Fiscal determinou aos fiscais
autuantes demonstrar como foi obtida o valor da multa imposta
ao contribuinte, observando o disposto no art. 116 da Lei Nº
5.900/96, com a alteração advinda da Lei Nº 5.979/97, anexando
os documentos comprovando o montante dos exercícios
fiscalizados (fls. 20 – anexo).

A solicitação foi respostada pelo autuante em 27/04/2002


(fls. 23 – anexo) e anexados aos autos os documentos de fls.
24 usque 44.

Encaminhados os autos à C.A.F. , a Ilustre Auditora


Fiscal, citando o art. 22, parágrafo 2ª e 3ª e, também, o art.
176 da Lei Nº 4418/82, c/c o art. 49 do RICMS aprovado pelo
Decreto Nº 35245/91, decidiu condenar a defendente ao
pagamento do credito tributário no montante de R$ 2.707.921,92
(dois milhões, setecentos e sete mil, novecentos e vinte e um
reais, e noventa e dois centavos) (fls. 45/48 – anexo)

Direcionado o PAT ao CTE e distribuído à Ilustre


Julgadora Drª. Rachel Jardelino Eloi, observou a mesma que,
antes de adentrar no mérito, torna-se necessário um exame de
natureza procedimental, já que foi constatado que os
documentos anexados aos autos as fls. 23/43 e 45/48, não foram
ofertados à defendente para o devido conhecimento e

Acórdão CTE Nº 111/2013 3


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manifestação. Segundo entendeu a nobre julgadora tal anomalia


processual vai de encontro ao disposto no art. 140 da Lei
Estadual Nº 4418/82 c/c as alterações decorrentes da lei Nº
5.983/97, in verbis:
“Será dada vista de qualquer documento
juntado aos autos, à outra parte, pelo
prazo de 05 (cinco) dias sob pena de
nulidade da decisão”.

Como conseqüência da irregularidade acima e objetivando a


estrita observância do previsto no art. 5º, inciso LV da nossa
Carta Magna, decidiu pela nulidade da Decisão singular Nº
13963/2002, no que foi acompanhada, à unanimidade dos Senhores
Julgadores, com a determinação da devolução do processo à C.J
para novo julgamento (fls. 83/85 – anexo)

Analisando o processo o Ilustre Julgador de Piso,


entendeu pela procedência parcial do crédito tributário,
reduzindo o mesmo ao montante de R$ 29.908,80 (vinte e nove
mil, novecentos e oito reais e oitenta centavo), recebendo, na
oportunidade, o pagamento feito pelo sujeito passivo,
concluindo no final, pela extinção do crédito tributário,
prolatando a decisão assim ementada:

“EMENTA: MULTA. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.


Imposição de penalidade pecuniária. 2.

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Falta de apresentação de Balanço


Patrimonial. 3. Suprimento da falta de
intimação de lançamento pelo comparecimento
do administrado ao processo – Lei Estadual
Nº 6161/00, art. 26, § 5ª. 4. Ilícito
confessado. 5. Desistência condicionada de
defesa. 5.1. Inocorrência de implemento de
condição de desistência de defesa. 5.2.
Imprescindibilidade de conhecimento da
defesa. 6. Ausência de exclusão da
jurisdição administrativa nas hipóteses do
art. 17, III e V, da Lei Nº 6771/06. 6.1.
Apenas a revelia e a escolha da via
judicial pelo sujeito passivo afastam o
exercício da jurisdição administrativa –
Lei Nº 6771/06, artigos 13 e 93. 7.
Impossibilidade da reclassificação da pena
aplicada – CTN, artigo 149, p. único. 8.
Lançamento parcialmente procedente. 9.
Extinção em razão do pagamento, do crédito
originalmente reclamado. 10. Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário –
artigos 48 e 49 § 1ª, Lei Nº 6771/06”

Com o retorno dos autos a este Colegiado, o relato dos


mesmos foi confiado à Douta julgadora Dra. Maria Lopes
Milhomes, a qual tendo examinado o PAT sob julgamento,

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entendeu pela procedência, in-totum, da Decisão Singular Nº


18.507/2012 tendo o Ilustre Julgador Dr. Paulo de Tarso Costa
Silva, por conduto do Voto de Vista proferido em 12/11/2012,
divergido do voto da Dra. Maria Lopes Milhomes, apresentando o
voto a seguir ementado.
“EMENTA: Auto de Infração – ICMS Obrigação
tributária acessória – Revisão do Auto de
Infração pela coordenadoria de Julgamento –
Verdade material prestigiada – Redução do
valor da autuação – Pagamento a maior do
crédito tributário, Extinção do crédito
tributário,art. 156 – I do CTN – Decisão da
coordenadoria de Julgamento Mantida.”

O voto acima foi seguido pela maioria dos julgadores


presentes encaminhado ao Pleno deste CTE, em conformidade com
o disposto no art. 48, inciso II, da Lei Nº 6771/06

Em síntese, é este o Relatório.

VOTO.

Cuida o Presente PAT, do Reexame Necessário que é


submetido a este Pleno pela 1ª Câmara do CTE, em vista da sua
Decisão, por maioria dos seus integrantes, julgando pela

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manutenção da Decisão Singular Nº 18.507/12, que entendeu pela


procedência parcial do AI Nº 020385, protocolado em 09/08/99 e
pela extinção, por pagamento do sujeito passivo, do lançamento
fiscal, antes do proferimento da nova decisão determinada pelo
CTE à C.J
Convém ressaltar, que os autos demonstram sua cuidadosa
analise tanto pelo Ilustres Julgadores Singulares como pelos
Senhores Juízes relatores, notadamente pelo C.J que facilitou,
sobremaneira, a compreensão e dos fatos expostos a este
colegiado.
Assim, após submetido ao crivo de duas Decisões
Singulares e uma Decisão deste CTE, os autos aportam a este
PLENO para a devida análise e decisão.
Verifica-se que o contribuinte foi autuado pela Fazenda
Estadual por não ter apresentado à SEFAZ no prazo
regulamentar, copia dos seus Balanços Patrimoniais referentes
aos exercícios de 1996/1997, tendo lhe sido aplicada a multa
de 4000 UPFAL’s de acordo com o determinado pela legislação em
vigor.
Após condenado na primeira Instância Julgadora, tal
condenação não foi acatada pela Primeira Câmara do CTE, que
decidiu, por maioria dos seus membros pela Nulidade da Decisão
Singular Nº 13963/02. (fls.45/48 – anexo)

Posteriormente, os autos foram encaminhados para à C.J,


que conforme já referido neste PAT, decidiu pela parcial

Acórdão CTE Nº 111/2013 7


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procedência do AI lançado na inicial e, também, pela extinção


do pagamento do crédito fiscal. (fls. 113 usque 121 – anexo).

Submetido ao exame da 1ª turma deste colegiado, os


julgadores decidiram, por maioria de votos. Pela manutenção da
decisão a-quo, e pelo reconhecimento da extinção do crédito
tributário. (fls. 418 a 422 – anexo).

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do
reexame de ofício para negar-lhe provimento, para manter o
acórdão nº 417/2012 da Primeira Câmara deste CTE, em sua
integridade.
Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

ALVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA (pelas conclusões)

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PROCESSO N º.: 1500-014894
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.81116-001
RECORRIDO: IVANILDO ALVES DA SILVA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-112/2013

Ementa: Processo Administrativo Tributário. Recurso Especial.


Requisitos de Admissibilidade não preenchidos. Ausência de
Divergência Jurisprudencial. Recurso Especial Não Conhecido.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso especial, cujo objeto é a reforma do


acórdão n° 243/2010, que deu provimento em parte ao Recurso Ordinário,
reformando assim a decisão administrativa n° 16.297/09.

Na decisão monocrática, julgou-se procedente o lançamento, do


Auto de Infração n°99.81116-001, “por ter a autuada infringido os arts.
2°, §12; e 21, V da Lei n° 5.900/96, c/c Art. 1.000 do RICMS, aprovado
pelo Decreto n° 35.245/91, penalizando-a com a multa cominada no art. 79
da referida lei, e condenando a contribuinte a recolher à Fazenda
Pública Estadual o crédito tributário no valor de R$: 161.516,25(cento e
sessenta e um mil, quinhentos e dezesseis reais e vinte cinco
centavos)”.

Em sede de Recurso Ordinário, a recorrente preliminarmente


impugna a autuação, alegando que esta afronta os princípios da ampla
defesa, da não-cumulatividade tributária e da capacidade contributiva,
apontando, em seguida, a existência de vício formal, que teria cerceado
seu direito de defesa, em virtude da constatação de erros entre as

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planilhas do auto de infração e as entregues ao contribuinte.

No mérito, alega que: 1) “a acusação é desprovida de suporte


fático por tentar tributar receita inexistente, baseada em suposições,
ou seja, presunção de saídas mediante cruzamento de receitas e despesas;
2) A autoridade autuante errou ao deixar de levar em consideração os
valores referentes a empréstimos tomados pelo contribuinte, devoluções,
ICMS sobre compras, (créditos), compras parceladas, entre outros”; e 3)
há irregularidade na presunção de aferição de lucro mínimo de 30%.
Anexando largo estudo doutrinário e jurisprudencial sobre os temas. Por
fim, solicita que seja considerado nulo ou improcedente o Auto de
Infração

Em sede de contrarrazões, a representação fiscal rebateu as


alegações da autuada, em seqüência solicitou que: A) Julgassem
improcedentes, as preliminares, levantadas pela autuada, visto que,
restou comprovado a inexistência de vícios formais, bem como, fora
oferecido à recorrente todos os meios para o exercício da ampla defesa e
do contraditório; e B) No mérito, se mantivesse a decisão recorrida, que
condena a autuada.

No Acórdão ora em análise, os membros da 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, preliminarmente, inadmitiram as preliminares
levantadas pela autuada, por considerar: 1)Não merecer guarida a
alegação de erro de planilha, uma vez que a planilha entregue ao
contribuinte não apresentava irregularidade; 2) Não haver cerceamento de
defesa resultante de tal erro de planilha, posto que a autuada exerceu
de forma plana seu direito de defesa.

Iniciado o julgamento foi arguido de ofício um preliminar de


decadência, sendo a mesma acolhida nos seguintes termos:

“No que tange a preliminar de decadência levantada de ofício


pelo conselheiro Luciano Pontes de Maya Gomes, esta merece
ser acolhida vez que está decadente o direto a fazenda

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Acórdão CTE nº P-112/2013
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pública realizar o lançamento relativo aos meses de janeiro a


agosto de 2003.”

No mérito, os conselheiros consideraram haver previsão legal,


no presente caso, para que o fisco realizasse o lançamento fiscal por
presunção, fundamentando tal decisão no art. 2°, §12, da lei 5.900/96
c/c art. 1.000 do RICMS.

Diante do exposto, acordaram, “por unanimidade de votos,


conhecer do recurso ordinário para dar-lhe provimento em parte, em face
da decadência arguida de ofício na sessão, para excluir da condenação os
meses de janeiro a agosto de 2003, mantendo em parte a decisão
singular.”

Em sede de Recurso Especial, a autuada reitera as alegações


preliminares e de mérito do Recurso Ordinário, afirmando, ainda, que: 1)
A decisão atacada Diverge das outras decisões prolatadas por este mesmo
Conselho Tributário Estadual, que consideraram improcedentes as
autuações desprovidas de provas; 2) A autuação não considera todos os
saldos financeiros do contribuinte, não computando os valores recebidos
a título de empréstimo e contabilizados em livros próprios; 3) A
autuação não considera os valores referentes às devoluções de
mercadorias, o ICMS sobre compras, o que torna o levantamento peça de
ficção, por não refletir a realidade dos números contábeis da
recorrente; 4) Os valores referentes às parcelada não foram considerados
pelo autuante; e 5) A jurisprudência dos tribunais superiores e da
própria administração fazendária de Alagoas, considera improcedentes
tais exigências, por falta de fundamentação.

Desse modo, solicita a modificação da Decisão atacada, para


que seja considerado nulo ou improcedente o Auto de Infração.

Em sede de contrarrazões, a representação fiscal,


preliminarmente, atenta: 1) Para a necessidade de esclarecimento da
decisão relativa à questão decadencial do período de janeiro a agosto de

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Acórdão CTE nº P-112/2013
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2003, por não se poder precisar qual o montante de crédito tributário


relativo ao período; 2) Não ser admissível o Recurso Especial, por falta
de pressuposto de admissibilidade, não restando comprovada a existência
de divergência de entendimento sobre questão idêntica, manifestada por
outra câmara ou pleno do Conselho Tributário Estadual; 3) Que o pleno do
Conselho deve abster-se, não tomando conhecimento dos termos do Recurso
Especial, por este carecer de pressuposto de admissibilidade.

No mérito, reitera as razões de fato e de direito expostas na


peça de contrarrazões anterior, fls 57 a 64.

Por fim, solicita que seja: A) Acolhida a preliminar


levantada, em face da inexistência de pressuposto para admissibilidade
do Recurso; e B) Mantida a decisão de primeira instância, que julgou
procedente o auto de infração em discussão.

É o relatório.

Reexame necessário

Inicialmente, observando a parte improcedente do lançamento e


os questionamentos apresentados pela representação fiscal, quanto a
decadência relativa ao período de janeiro a agosto de 2003, é oportuno
analisar essa questão.

O art. 48 da lei nº 6.771/2006 prescreve as hipóteses de


reexame necessário, e define em seu inciso II que quando ocorres
decisões contrárias a Fazenda Estadual, estão sujeitas à reexame
necessário, “pelo Pleno do TCE, as decisões não unânimes de um de suas
Câmara”.

No caso dos autos, de acordo com a “folha de votação” fls.


74(1500-028490/2006), a decisão foi tomada por unanimidade, e assim não

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é hipótese de conhecimento do reexame necessário.

Recurso Especial

Admissibilidade do Recurso Especial

Antes de analisar o cerne da questão é imprescindível


observar os requisitos do Recurso Especial, descritos especificamente no
art. 47 da lei nº 6.771/2006, vejamos:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE, interposto


pelo sujeito passivo, pelo autuante, pelo Procurador da
Fazenda Estadual ou pelo Representante Fiscal, quando a
decisão de qualquer Câmara divergir do entendimento sobre
idêntica questão jurídica manifestada por outra Câmara ou
pelo Pleno.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE providenciar a


instrução do processo com cópia da primeira decisão indicada,
por divergência demonstrada, ficando a cargo do recorrente a
apresentação de cópia das demais, juntamente com o recurso,
se for o caso.

Percebe-se na norma acima, que apenas será possível o


Recurso Especial, quando houve divergência entre às câmeras ou entre uma
delas e o pleno, sobre idêntica matéria. E nos termos do parágrafo único
a divergência deve ser apontada pelo recorrente.

No caso em deslinde, não se identifica o preenchimento do


requisito indicado, no recurso foram apresentadas decisões que divergem
do objeto ora discutido, a primeira decorre de omissão de saída
detectada através do levantamento de estoque, e a segunda diz respeito a
uma autuação realizada com base em levantamento financeiro da conta
caixa, enquanto no caso em liça discute a presunção de omissão saída de
mercadorias, nos termos do § 12 da lei nº 5.900/96.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO

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TRIBUTÁRIO ESTADUAL por unanimidade de votos não conhecer do recurso


especial.

Sala das sessões do CTE, em 30/04/2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA

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Acórdão CTE nº P-112/2013
SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013

PROCESSO: 1500-025105/2002 e CTE nº 544/2011.

ANEXO: 1500-041522/2002 /1995.

AUTO DE INFRAÇÃO: 029888.

AUTUADA: N. MARTINS DA SILVA.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.96171-4

ASSUNTO: Reexame Necessário.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-113 /2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal. Não


recolhimento de ICMS por omissão de saída
de mercadorias tributáveis apurada mediante
levantamento financeiro da conta ‘Caixa’.
Hipótese de “insuficiência de Caixa” e não
de “suprimento indevido de Caixa”.
Modificação da penalidade - aplicação da
multa prevista no art. 79 em detrimento da
multa do art. 87. Remessa necessária
conhecida e improvida. Acórdão da Segunda
Câmara mantido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de vendas pelo sujeito
passivo no exercício de 2001, apurada pela insuficiência da conta
‘Caixa’ por meio do seu levantamento financeiro.
Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, §§ 9º a 11;
31; 50, I; da Lei nº 5.900/96 e artigos 49, II, VII e VIII; e 775
do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo
aplicada a penalidade prevista no artigo 84 da Lei nº 5.900/96.
A autuada apresentou defesa, alegando que não teria sido
considerado nenhum documento solicitado e entregue. E faz a
juntada dos seguintes documentos: a) Balancete sintético Jan/2001
a Dez/2001 (fl.104-115); b) Balanço Patrimonial 31/12/2001 (fl.
116); c) Mapa AMF (fl. 118).
A autoridade fiscal apresentou contrarrazões, sustentando que
considerou o saldo anterior de caixa e que os valores de água, luz
e telefone foram comprovados, além do que a planilha elaborada
pelo contribuinte não constaria qualquer recolhimento de tributo e
nem as compras realizadas no exercício fiscalizado.
Proferida a Decisão nº 18.193/2011, tendo o julgador singular
decidido pela procedência parcial do lançamento com a seguinte
ementa:
EMENTA: ICMS. 1. A argumentação da não
consideração dos documentos fiscais e contábeis
entregues conforme solicitação será acolhida
haja vista a juntada do livro diário. 2. O
valor probatório do livro diário se sobrepõe ao
do Mapa de AMF em razão de sua extensão e
abrangência. 3. Em face do principio da
indivisibilidade da escrituração comercial, é
imprescindível que se observe se houve saldo
credor da conta caixa não apenas no ultimo dia
de cada mês, mas sim, diariamente. 4. A
circunstância material constatada de
insuficiência de caixa foi caracterizada e
provada pelo saldo de caixa negativo dos dias:
02/05, 10/05, 16/05, 01/06, 02/06, 01/07 e
02/07 totalizando um valor de R$ 75.830,94. 5.
Aplicação da multa do art. 79 da lei 5900/96,
em razão da revogação do art. 84, e por ser
mais benéfica ao réu porque enuncia no seu
preceito secundário uma multa equivalente a 50%
do imposto devido. 6. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário Estadual.

Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário Estadual


– CTE – para o reexame necessário, onde na Segunda Câmara deste
Colegiado, por maioria de votos, manteve-se integralmente a
decisão monocrática pelo Acórdão nº 147/2012, que recebeu a
seguinte Ementa:
EMENTA: ICMS. Obrigação Principal. Não
recolhimento de ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis no exercício de
2001, apurada mediante levantamento
financeiro da conta ‘Caixa’. O valor
probatório do livro diário se sobrepõe ao do
Mapa de Auditoria de Movimento Financeiro.
Aplicação correta da penalidade prevista no
art. 79, da Lei Estadual nº 5.900/96, em
face da reclassificação legal trazida pela
Lei Estadual nº 7.079/09. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão singular
mantida em sua íntegra.

O voto vencido foi no sentido da aplicação da penalidade


prevista no art. 87 da Lei nº 5.900/1996 em vez da imposta no art.
79 da mesma norma.
Comunicados, Contribuinte e Representação Fiscal não se
manifestaram.
É o relatório.
VOTO
Trata-se aqui de reexame necessário ao Pleno do Conselho
Tributário Estadual, em face da decisão da 2ª Câmara de Julgamento
do CTE que manteve, por maioria, a substituição da multa revogada
do art. 84 pela do art. 79 da Lei nº 5.900/1996 relativo ao
presente lançamento de ofício.
O voto vencido que fundamentou o presente recurso de ofício
foi no sentido de que pelo fato gerador descrito na peça inicial -
omissão de vendas pelo sujeito passivo no exercício de 2001,
apurada pela insuficiência da conta ‘Caixa’ por meio do seu
levantamento financeiro - a aplicação da penalidade seria a do
art. 87, o qual transcrevemos a seguir:

Art. 87 - Falta de recolhimento do imposto,


proveniente de saída de mercadorias,
dissimulada por suprimento indevido de
caixa ou passivo fictício, apurado através
de levantamento de escrita contábil do
contribuinte: [grifo nosso]

MULTA - equivalente a 150% (cento e


cinqüenta por cento) do valor do imposto
devido.

Verifica-se claramente que a multa do art. 87 trata


de suprimento indevido de caixa apurado através de levantamento de
escrita contábil, não se subsume aos fatos narrados na peça
vestibular: “...Fato comprovado pela insuficiência de caixa
através do levantamento específico desta conta...”. (grifo nosso)
Ou seja, a infração aqui analisada é a do § 10 do art. 2º da
Lei 5.900/1996 e não do inciso III do § 9º do mesmo artigo:

Art. 2º...

§ 9º Presumem-se ocorridas operações ou


prestações, internas, tributadas, sem
pagamento do imposto, ressalvada ao sujeito
passivo a prova da improcedência da
presunção, quando se constatar omissão ou
inclusão de registros contábeis ou fiscais
que indique omissão de receitas, tais como:

...
III - suprimento de conta representativa
de disponibilidades, ou de qualquer outra
conta do ativo, sem comprovação de origem;

...

§ 10 - A presunção de que cuida o parágrafo


anterior aplica-se, igualmente, quando a
soma das despesas, pagamentos de títulos,
salários, retiradas pró-labore, serviços de
terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários,
empréstimos, aplicações e quaisquer outras
retiradas ou quantias pagas pelo
contribuinte, seja superior à receita do
estabelecimento.

Ou seja, o inciso III do § 9º do art. 2º fala de suprir


indevidamente conta contábil de disponibilidade como a conta Caixa
e o § 10, ao contrário, explicita insuficiência de disponível para
cobrir as despesas do contribuinte. Portanto, infrações
diferentes.

Só para esclarecer melhor, o significado 1 de:

1. su.pri.men.to sm (suprir+mento2) 1 Ação ou efeito de


suprir; acrescentamento, adição, suplemento...

2. in.su.fi.ci.ên.cia sf (lat insufficientia) 1 Falta de


suficiência. 2 Qualidade de insuficiente.

Essa distinção está bem delineada no inciso I do parágrafo


único do art. 775 e no seu inciso II, do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto 35.245/91:

Art. 775. Apurada a existência de receita


cuja origem não seja comprovada, ou
suspeita de fictícia ou graciosa, inclusive
a representada por despesa realizada a
descoberto, considera-se o respectivo valor
como saída de mercadorias em operação
interna tributável e não registrada, sobre

1
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ela exigindo-se o imposto correspondente e
a multa cabível.

Parágrafo único - Configura-se também


hipótese prevista neste artigo as seguintes
ocorrências:

I - constatação de saldo credor na conta


caixa;

II - suprimento de caixa de origem não


comprovada;

... (grifos nosso)

Assim, na época do lançamento de ofício, a multa aplicável


seria a do art. 84 da Lei 5.900/96:

Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto


apurado por meio de levantamento fiscal:


MULTA - equivalente a 60% (sessenta por


cento) do valor do imposto devido.

*Art. 84 revogado pela Lei n.º 7.079/09.


Reclassificando-se a multa deste artigo
para a do art. 79 da mesma Lei,
relativamente aos créditos tributários já
lançados.

Todavia, tal artigo foi expressamente revogado pelo art. 4º, da


Lei Estadual n.º 7.079/09. Vejamos:

“Art. 4º Fica revogado o art. 84 da Lei nº 5.900, de 27 de


dezembro de 1996, reclassificando-se a multa deste artigo para a
do art. 79 2 da mesma Lei, relativamente aos créditos tributários já
lançados.” [destaque ausente no original]

Quanto à reclassificação, esse Pleno, em outros acórdãos,


já entenderam que é legal, pois foi cometido um ato infracional à
legislação tributária que cabe a punição prevista no tipo

2
administrativo do referido art. 79, sobretudo por ter favorecido o
contribuinte, a teor do disposto no art. 106, inciso II, alínea
“a”, do Código Tributário Nacional.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, no sentido de conhecer
da presente remessa necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo
na íntegra a decisão recorrida ora em reexame.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (Acompanhou Relator) JULGADORA(Acompanhou Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Acompanhou Relator) JULGADOR (Contra Relator)

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR(Acompanhou Relator) JULGADORA (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Acompanhou Relator)
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


Processo: 1500-018.940/2003 e CTE 199/2010.
Anexo: 1500-032.450/2003.
Auto de Infração: 032.893, de 01/07/2003.
Autuada: C A dos Santos - Mercadinho.
Autuante: Pedro Neto Soares Gaia.
Assunto: Reexame Necessário, Artigo 48, II, da Lei nº 6.771/06.
Relatora: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-114/2013

EMENTA: ICMS – obrigação Principal. 1) Deixar


de recolher ICMS decorrente das saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas
sem documentação fiscal, fato motivado pela
insuficiência de Caixa, apurada através de
Levantamento desta conta, tendo por base as
receitas e as despesas nos exercícios de 1999
a 2002. 2) Infração comprovada. 3) Crédito
tributário com valor reduzido em razão da
penalidade aplicada (artigo 79, da Lei nº
5.900/96). 4) Lançamento Procedente em Parte.
5) Reexame Necessário conhecido e improvido.
Mantida a Decisão Singular.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário do acórdão nº


061/2011,da Primeira Câmara deste Conselho Tributário Estadual
(artigo 48, II, da Lei nº 6.771/2006), que por maioria de
votos julgou Procedente em Parte o Lançamento constante do
auto de infração nº 032893, de 01/07/2003, para excluir do
valor do crédito tributário o valor referente a penalidade
aplicada, àquela prevista no artigo 79, da Lei nº 5.900/1996,
em decorrência da revogação da penalidade sugerida na inicial,
aquela do artigo 84, da mesma lei, que fora revogada pela Lei
nº 7.079/2009, e sua penalidade reclassificada para o referido
artigo 79, sob a alegação de que esta reclassificação
desobedece ao princípio da irretroatividade da lei tributária.

Acórdão CTE Nº P-114/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Quanto à revogação do artigo 84, e de sua


reclassificação para o artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, temos
como respaldo, a seguinte justificativa:

1) A conduta infracional praticada, objeto da


aplicação das multas previstas nos citados artigos, é em ambos
os casos, A FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. Este é o núcleo
do tipo. Assim, revogada a multa do artigo 84, passa a incidir
automaticamente a multa do artigo 79, vez que possuem o mesmo
núcleo do tipo: A FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. Cuida-se
de reclassificação legal não jurisdicional administrativa.
2)
2) O artigo 79, reclassificado encontra-se
devidamente respaldado na legislação tributária vigente, quer
seja pelo artigo 30, da Lei nº 6.771/2006, quer seja pelo
artigo 50, da Lei nº 6.161/2000, a qual permite até que haja o
agravamento da penalidade sugerida na inicial ou da aplicada
na Primeira Instância. Ademais, a multa prevista no artigo 79,
é mais benéfica à autuada e sua aplicação em lugar da multa
prevista no artigo 84, é assunto pacificado por este Conselho.
O Lançamento é Procedente em Parte.

LEI Nº 6.161/2000
“Art. 50 - Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
(...)
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
(...)”

Neste contexto, o Acórdão nº 061/2011, da


Primeira Câmara deste Conselho Tributário Estadual desatende
ao que determina a legislação tributária vigente, exigindo sua
reforma como demonstram os artigos 84, e 79, reproduzidos.

LEI Nº 5.900/1996
“Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio de
levantamento fiscal:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto
devido.
(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em


situação não compreendida nas hipóteses previstas nos artigos
seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do
imposto.
(...)”

Portanto, o crédito tributário no valor de


R$ 201.322,66 (cento e um mil, trezentos e vinte e dois reais
e sessenta e seis centavos) deve ser recolhido com acréscimos.

Acórdão CTE Nº P-114/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer
do Reexame Necessário, para dar-lhe provimento. Reformado o
acórdão 061/2011, mantida a decisão da Primeira Instância.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Com Relatora)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Contra Relatora)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Com Relatora) JULGADORA (Com Relatora)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relatora)

Acórdão CTE Nº P-114/2013


Governo do Estado de Alagoas
Secretaria da Fazenda
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


Processo n.º 1500-0015849/2008 e CTE 536/2011.
Auto de Infração n.º 99.81114-001, de 22/09/2008.
Recorrente: PETROBRÁS
Fiscal Autuante: Ivanise Barbosa Maia
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-115/2013

EMENTA:AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – RECOLHIMENTO


DO TRIBUTO FORA DO PRAZO LEGAL – DENÚNCIA
ESPONTÂNEA CONFIGURADA – ILEGALIDADE DA
COBRANÇA DA MULTA MORATÓRIA – INTELIGÊNCIA DO
ART. 138 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – LEI
COMPLEMENTAR HIERARQUICAMENTE SUPERIOR A LEI
ESTADUAL EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO - DECISÃO DA
1ª CÂMARA MANTIDA NA ÍNTEGRA – AUTO DE INFRAÇÃO
NULO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão nº.


174/2012, oriundo da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria de votos, deu provimento
ao Recurso Ordinário interposto pela contribuinte, declarando
nulo o auto de infração, em razão da não incidência da multa
moratória nos casos de denúncia espontânea promovida pela
contribuinte antes de qualquer procedimento de fiscalização.
Vejamos a ementa do julgamento:

AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – RECOLHIMENTO DO TRIBUTO


FORA DO PRAZO LEGAL – DENÚNCIA ESPONTÂNEA
CONFIGURADA – ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA MULTA

Acórdão CTE Nº P-115/2013 1


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MORATÓRIA – INTELIGÊNCIA DO ART. 138 DO CÓDIGO


TRIBUTÁRIO NACIONAL – LEI COMPLEMENTAR
HIERARQUICAMENTE SUPERIOR A LEI ESTADUAL EM MATÉRIA
TRIBUTÁRIA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - DECISÃO
DA CJ REFORMADA – AUTO DE INFRAÇÃO NULO.

O auto de infração foi lavrado em razão de a


contribuinte ter deixado de recolher os acréscimos legais
referentes ao ICMS NORMAL pago espontaneamente, porém fora do
prazo legal.

Como fundamento para a lavratura do auto de infração,


foram apontados como infringidos os seguintes dispositivos
legais: artigos 49, II e VIII, 100, 103, 107, 108 e 109 do
RICMS/AL, aprovado pelo Decreto 35.245/91, sendo sugerida a
aplicação da penalidade dos artigos 95 e 96 da Lei 5.900/96.

Por ocasião da interposição do Recurso Ordinário, a


Recorrente alega que a decisão da CJ se escuda por detrás de
interpretação incompleta, cientificamente inconsistente,
doutrinariamente superada e pretoriamente insustentável. Para
tanto, aduz que promoveu a denúncia espontânea n.º
1500.013167/2006, na forma do art. 138 do CTN, que afasta a
incidência de multa quando o contribuinte promover a denúncia
espontânea com o pagamento do tributo devido juntamente aos
juros de mora.

Destarte, argumenta que o auto de infração é


insubsistente, pois contempla situação em total desacordo com
o CTN e com a jurisprudência pacífica do STJ e do STF. Por
fim, a Recorrente impugna a multa cobrada no presente
processo, ao argumento de que a mesma possui efeito
nitidamente confiscatório.

Em contrarrazões, a Comissão de Representação Fiscal


pleiteou a manutenção da decisão da CJ, ao argumento de que o
auto de infração foi lavrado observando atentamente a
legislação tributária, notadamente os artigos 95 e 96 da Lei
n.º 5.900/96. Ao final, argumento que as razões do recurso não
podem ser acolhidas pelo este Conselho Tributário, por força

Acórdão CTE Nº P-115/2013 2


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do disposto no art. 23, § 3º, I, da Lei n.º 5.900/96, que veda


o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei pelos órgãos
administrativos de julgamento.

Conforme alhures já relatado, a 1ª Câmara de


Julgamento deste Conselho Tributário acolheu as alegações da
contribuinte e anulou o auto de infração, por considerar
indevida a cobrança da multa moratória no caso de denúncia
espontânea.

Assim chegam os autos ao Pleno do Conselho Tributário


Estadual para análise do reexame necessário da decisão da 1ª
Câmara de Julgamento.

No essencial, é o relatório.

Acórdão CTE Nº P-115/2013 3


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VOTO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão n.º


174/2012, oriundo da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria de votos, deu provimento
ao Recurso Ordinário interposto pela contribuinte, declarando
nulo o auto de infração, em razão da não incidência da multa
moratória nos casos de denúncia espontânea promovida pela
contribuinte antes de qualquer procedimento de fiscalização.

A decisão da 1ª Câmara de Julgamento não merece ser


reformada. Com efeito, em análise dos autos, percebe-se que a
controvérsia central versada nos presentes autos diz respeito
ao aparente conflito de norma existente entre o art. 138 do
Código Tributário Nacional e os artigos 95 e 96 da Lei
Estadual n.º 5.900/96. Vejamos o que preconiza cada uma das
normas retro mencionadas, a saber:

CTN:
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela
denúncia espontânea da infração, acompanhada, se
for o caso, do pagamento do tributo devido e dos
juros de mora, ou do depósito da importância
arbitrada pela autoridade administrativa, quando o
montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a


denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionados com a infração.
Lei 5.900/96:

Art. 95 - Recolhimento espontâneo do imposto, fora


dos prazos regulamentares, desacompanhados da multa
correspondente:
MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) da
cominada no art. 96.

Art. 96. Os contribuintes que, antes de qualquer


procedimento fiscal, procurarem espontaneamente a
repartição fiscal de seu domicílio para sanar

Acórdão CTE Nº P-115/2013 4


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irregularidades, além da incidência de juros de


mora, conforme couber, sujeitar-se-ão aos seguintes
acréscimos moratórios:
I - nos casos de falta de lançamento ou
recolhimento do imposto:

a) 0,2% (dois décimos por cento) do valor do


imposto, por dia, se o débito for recolhido dentro
de 30 (trinta) dias, contados do término do prazo
previsto para recolhimento tempestivo;

b) 9% ( nove por cento ) do valor do imposto, se o


débito for recolhido depois de 30 (trinta) dias e
até 60 (sessenta) dias, contados do término do
prazo previsto para recolhimento tempestivo.

c) 15% (quinze por cento) do valor de imposto:


[...]

Note-se que é nítido o conflito normativo envolvendo


os dispositivos legais alhures transcritos, cabendo a este
órgão de julgamento a escolha de aplicação de apenas um deles
para o caso concreto, valendo-se, para tanto, das técnicas de
resolução de conflitos, a exemplo da hierarquia das normas.

Sabe-se que a Constituição Federal, especificamente


em seu art. 146, III “b”, preconiza que é reservado à lei
complementar estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária, especialmente sobre obrigação,
lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários.

Neste contexto, o Código Tributário Nacional, que foi


recepcionado com status de lei complementar pela Constituição
Federal, expressamente estabeleceu que, no caso de denúncia
espontânea, a responsabilidade é excluída, desde que seja pago
o tributo e os juros de mora.

O referido dispositivo legal é bastante claro ao


afastar a incidência de multa, seja ela por infração ou

Acórdão CTE Nº P-115/2013 5


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moratória, no caso de denúncia espontânea, assim considerado


aquela realizada antes de qualquer procedimento de
fiscalização, o que se aplica perfeitamente ao caso.
Nesse sentido, seguem os precedentes do STF e do STJ:
TRIBUTÁRIO. ICM. DENÚNCIA ESPONTÂNEA, INEXIBILIDADE
DA MULTA DE MORA. O CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL NÃO
DISTINGUE ENTRE MULTA PUNITIVA E MULTA
SIMPLESMENTES MORATÓRIA. No respectivo sistema, a
multa moratória constitui penalidade resultante de
infração legal, sendo inexigível no caso de
denúncia espontânea, por força do art. 138. Recurso
especial conhecido e provido. (STJ, Resp
001.6672/SP)

ISS. INFRAÇÃO. MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA


MORATÓRIA. EXONERAÇÃO. ART. 138 DO CTN. O
contribuinte do ISS, que denuncia espontaneamente
ao Fisco o seu débito em atraso, recolhido o
montante devido, com juros de mora e correção
monetária, está exonerando da multa moratória, nos
termos do art. 138 do CTN. Recurso Extraordinário
não conhecido. (RE 106.068/SO) A
Procuradoria Geral do Estado de Alagoas também
comunga desse entendimento, conforme se
verifica no Parecer PGE/PFE n.º 397/2008, o
qual foi apensado aos presentes autos, in
verbis:
EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DENÚNCIA
ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA INDEVIDA. LEVANTAMENTO
DO VALOR DEPOSITADO.

Ora, com a devida vênia das posições divergentes,


entendo não existir outra interpretação senão a de que a multa
moratória é indevida no caso de denúncia espontânea. O art.
138 do CTN é bastante claro ao exigir apenas o pagamento do
tributo devido e dos juros moratórios.
Ressalte-se que se, de um lado, o julgador não pode
afastar a incidência de uma lei ordinária estadual, tampouco
pode fazê-lo em relação a uma lei complementar, mormente

Acórdão CTE Nº P-115/2013 6


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Secretaria da Fazenda
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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quando a própria Constituição Federal disciplina que compete à


lei complementar a edição de normas gerais em matéria
tributária.
Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer
do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe provimento,
mantendo na íntegra a decisão da 1ª Câmara de Julgamento do
Conselho Tributário Estadual, a fim de declarar nulo o auto de
infração por ausência de motivo.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Com Relator) JULGADORA (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relator)

Acórdão CTE Nº P-115/2013 7


Governo do Estado de Alagoas
Secretaria da Fazenda
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________-______

SF 1500 - 027751/2009; AI 9996708-001; CTE 459/2011


RECORRENTE:PETROLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS
Fiscal Autuante: Wilson Rodrigues Soriano
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO N º P-116/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – RECOLHIMENTO DO


TRIBUTO FORA DO PRAZO LEGAL – DENÚNCIA ESPONTÂNEA
CONFIGURADA – ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA MULTA
MORATÓRIA – INTELIGÊNCIA DO ART. 138 DO CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL – LEI COMPLEMENTAR
HIERARQUICAMENTE SUPERIOR A LEI ESTADUAL EM MATÉRIA
TRIBUTÁRIA – REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO - DECISÃO DA 1ª CÂMARA MANTIDA NA ÍNTEGRA
− AUTO DE INFRAÇÃO NULO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão n.º


308/2012, oriundo da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria de votos, deu provimento
ao Recurso Ordinário interposto pela contribuinte, declarando
nulo o auto de infração, em razão da não incidência da multa
moratória nos casos de denúncia espontânea promovida pela
contribuinte antes de qualquer procedimento de fiscalização.
Vejamos a ementa do julgamento:

AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – RECOLHIMENTO DO TRIBUTO


FORA DO PRAZO LEGAL – DENÚNCIA ESPONTÂNEA
CONFIGURADA – ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA MULTA
MORATÓRIA – INTELIGÊNCIA DO ART. 138 DO CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL – LEI COMPLEMENTAR
HIERARQUICAMENTE SUPERIOR A LEI ESTADUAL EM MATÉRIA
TRIBUTÁRIA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - DECISÃO
DA CJ REFORMADA – AUTO DE INFRAÇÃO NULO.

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Acórdão CTE 116/2013 1


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O auto de infração foi lavrado em razão de a


contribuinte ter deixado de recolher os acréscimos legais
referentes ao ICMS NORMAL pago espontaneamente, porém fora do
prazo legal.

Como fundamento para a lavratura do auto de infração,


foram apontados como infringidos os seguintes dispositivos
legais: artigos 49, II e VIII, 100, 103, 107, 108 e 109 do
RICMS/AL, aprovado pelo Decreto 35.245/91, sendo sugerida a
aplicação da penalidade dos artigos 95 e 96 da Lei 5.900/96.

Por ocasião da interposição do Recurso Ordinário, a


Recorrente alega que a decisão ora combatida se escuda por
detrás de interpretação incompleta, cientificamente
inconsistente, doutrinarialmente superada e pretoriamente
insustentável. Para tanto, aduz que promoveu a denúncia
espontânea no processo administrativo fiscal n.º
1500.026125/2007, na forma estabelecida no art. 138 do CTN,
que afasta a incidência de multa quando o contribuinte
promover a denúncia espontânea com o pagamento do tributo
devido juntamente aos juros de mora.

Destarte, argumenta que o auto de infração é


insubsistente, pois contempla situação em total desacordo com
o CTN e com a jurisprudência pacífica do STJ e do STF. Por
fim, a Recorrente impugna a multa cobrada no presente
processo, ao argumento de que a mesma possui efeito
nitidamente confiscatório.

Em contrarrazões, a Comissão de Representação Fiscal


pleiteia a manutenção da decisão da CJ, ao argumento de que o
auto de infração foi lavrado observando atentamente a
legislação tributária, notadamente os artigos 95 e 96 da Lei
n.º 5.900/96. Ao final, argumento que as razões do recurso não
podem ser acolhidas pelo este Conselho Tributário, por força
do disposto no art. 23, § 3º, I, da Lei n.º 6.771/06, que veda
o reconhecimento de inconstitucionalidade da lei pelos órgãos
administrativos de julgamento.

Conforme alhures já relatado, a 1ª Câmara de


Julgamento deste Conselho Tributário acolheu as alegações da
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Acórdão CTE 116/2013 2


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contribuinte e anulou o auto de infração, por considerar


indevida a cobrança da multa moratória no caso de denúncia
espontânea.

Assim chegam os autos ao Pleno do Conselho Tributário


Estadual para análise do reexame necessário da decisão da 1ª
Câmara de Julgamento.

No essencial, é o relatório.

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Acórdão CTE 116/2013 3


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VOTO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão n.º


308/2012, oriundo da 1ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual, que, por maioria de votos, deu provimento
ao Recurso Ordinário interposto pela contribuinte, declarando
nulo o auto de infração, em razão da não incidência da multa
moratória nos casos de denúncia espontânea promovida pela
contribuinte antes de qualquer procedimento de fiscalização.

A decisão da 1ª Câmara de Julgamento não merece ser


reformada. Com efeito, em análise dos autos, percebe-se que
a controvérsia central versada nos presentes autos diz
respeito ao aparente conflito de norma existente entre o art.
138 do Código Tributário Nacional e os artigos 95 e 96 da Lei
Estadual n.º 5.900/96. Vejamos o que preconiza cada uma das
normas retro mencionadas, a saber:

CTN:
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela
denúncia espontânea da infração, acompanhada, se
for o caso, do pagamento do tributo devido e dos
juros de mora, ou do depósito da importância
arbitrada pela autoridade administrativa, quando o
montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a


denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de
fiscalização, relacionados com a infração.
Lei 5.900/96:

Art. 95 - Recolhimento espontâneo do imposto, fora


dos prazos regulamentares, desacompanhados da multa
correspondente:
MULTA - equivalente a 200% (duzentos por cento) da
cominada no art. 96.

Art. 96. Os contribuintes que, antes de qualquer


procedimento fiscal, procurarem espontaneamente a
repartição fiscal de seu domicílio para sanar
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Acórdão CTE 116/2013 4


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irregularidades, além da incidência de juros de


mora, conforme couber, sujeitar-se-ão aos seguintes
acréscimos moratórios:
I - nos casos de falta de lançamento ou
recolhimento do imposto:

a) 0,2% (dois décimos por cento) do valor do


imposto, por dia, se o débito for recolhido dentro
de 30 (trinta) dias, contados do término do prazo
previsto para recolhimento tempestivo;

b) 9% ( nove por cento ) do valor do imposto, se o


débito for recolhido depois de 30 (trinta) dias e
até 60 (sessenta) dias, contados do término do
prazo previsto para recolhimento tempestivo.

c) 15% (quinze por cento) do valor de imposto:


[...]

Note-se que é nítido o conflito normativo envolvendo


os dispositivos legais alhures transcritos, cabendo a este
órgão de julgamento a escolha de aplicação de apenas um deles
para o caso concreto, valendo-se, para tanto, das técnicas de
resolução de conflitos, a exemplo da hierarquia das normas.

Sabe-se que a Constituição Federal, especificamente


em seu art. 146, III “b”, preconiza que é reservado à lei
complementar estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária, especialmente sobre obrigação,
lançamento, crédito, prescrição e decadência tributária.

Neste contexto, o Código Tributário Nacional, que foi


recepcionado com status de lei complementar pela Constituição
Federal, expressamente estabeleceu em seu art. 138 que, no
caso de denúncia espontânea, a responsabilidade é excluída,
desde que seja pago o tributo e os juros de mora.

O referido dispositivo legal é bastante claro ao


afastar a incidência de multa, seja ela por infração ou
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Acórdão CTE 116/2013 5


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moratória, no caso de denúncia espontânea, assim considerado


aquela realizada antes de qualquer procedimento de
fiscalização, o que se aplica perfeitamente ao caso.

Nesse sentido, seguem os precedentes do STF e do STJ:

TRIBUTÁRIO. ICM. DENÚNCIA ESPONTÂNEA, INEXIBILIDADE


DA MULTA DE MORA. O CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL NÃO
DISTINGUE ENTRE MULTA PUNITIVA E MULTA
SIMPLESMENTES MORATÓRIA. No respectivo sistema, a
multa moratória constitui penalidade resultante de
infração legal, sendo inexigível no caso de
denúncia espontânea, por força do art. 138. Recurso
especial conhecido e provido. (STJ, Resp
001.6672/SP)

ISS. INFRAÇÃO. MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA


MORATÓRIA. EXONERAÇÃO. ART. 138 DO CTN. O
contribuinte do ISS, que denuncia espontaneamente
ao Fisco o seu débito em atraso, recolhido o
montante devido, com juros de mora e correção
monetária, está exonerando da multa moratória, nos
termos do art. 138 do CTN. Recurso Extraordinário
não conhecido. (RE 106.068/SO)

Ressalte-se que a Procuradoria Geral do Estado de


Alagoas, nos autos do processo administrativo fiscal n.º 1500-
0015849/2008 (CTE 536/2011), que, aliás, já foi submetido ao
crivo deste órgão colegiado, inclusive sob a relatoria deste
Relator e possuindo como autuada também a ora Recorrente,
apresentou entendimento no mesmo sentido da jurisprudência do
STJ, o qual foi materializado no Parecer PGE/PFE n.º 397/2008,
cuja ementa é a que segue:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DENÚNCIA


ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA INDEVIDA. LEVANTAMENTO
DO VALOR DEPOSITADO.

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Acórdão CTE 116/2013 6


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Na ocasião do julgamento do aludido processo por esta


1ª Câmara do Conselho Tributário Nacional, restou decidido,
por maioria de votos, que a cobrança da multa moratória seria
indevida diante do instituto da denúncia espontânea, nos
termos do art. 138 do CTN.

A doutrina é uníssona quanto à ilegalidade da


cobrança da multa moratória no caso de restar configurada a
denuncia espontânea, senão vejamos:

“A multa aplicada no âmbito do Direito


Tributário, seja de que natureza for, tem
feição sancionatória e, como tal, seria
atingida pelo art. 138, que, de modo explícito,
menciona que a responsabilidade por infrações é
relevada quando a falta for espontaneamente
declarada, acompanhada do “pagamento do tributo
devido e dos juros de mora”, nada dispondo
acercada quitação quanto às multas. Se fosse
intenção do legislador retirar do benefício as
multas de cunho moratório, certamente teria
feito de forma expressa. Assim não tendo
laborado, não cabe ao intérprete distinguir,
conforme regra básica de hermanêutica.” (in
FREITAS, Vladimir Passos (coord.), Código
Tributário Nacional, 5ª Ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, 2011, p. 737.)

Ora, com a devida vênia das posições divergentes,


entendo não existir outra interpretação senão a de que a multa
moratória é indevida no caso de denúncia espontânea. O art.
138 do CTN é bastante claro ao exigir apenas o pagamento do
tributo devido e dos juros moratórios.

Ademais, se assim não fosse, a existência do


instituto da denúncia espontânea, que está insculpido no art.
138 do Código Tributário Nacional, não teria sentindo algum
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Acórdão CTE 116/2013 7


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caso a responsabilidade pela multa moratória não fosse


afastada.

Por fim, cumpre esclarecer que, se de um lado, o


julgador não pode afastar a incidência de uma lei ordinária
estadual, tampouco pode fazê-lo em relação a uma lei
complementar, mormente quando a própria Constituição Federal
disciplina que compete à lei complementar a edição de normas
gerais em matéria tributária.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESDTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-lhe
provimento, mantendo na íntegra a decisão da 1ª Câmara de
Julgamento do Conselho Tributário Estadual, a fim de declarar
nulo o auto de infração por ausência de motivo.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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Acórdão CTE 116/2013 8


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 001 – Realizada em 30/04/2013 - PLENO


PROCESSO: SF-1500-017663/05; CTE-193/09
ANEXOS: 1500-020241/05 e 1500-022680/2009
AUTO DE INFRAÇÃO: 9935356-001, PROTOCOLADO EM 08/07/2005
AUTUADA: TV MASSAYO LTDA.
ASSUNTO: SESSÃO DO PLENO DO CTE REALIZADA EM 30/4/2013
AUTUANTE: LENIRA OMENA GAMA E OUTROS
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
VOTO VENCEDOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-117/2013

EMENTA: ICMS – COMUNICAÇÃO. Ausência de


prestação de serviço onerosa, em que um
terceiro possibilite a comunicação entre
pessoas distintas das prestadoras de
serviço. Impossibilidade de
Identificação do Receptor da Mensagem.
Ausência das hipóteses de Incidência.
Reexame Conhecido e improvido.
Lançamento Improcedente.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do Pleno


do Conselho Tributário Estadual, nos termos do Inciso II, do
art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da Segunda Câmara
do CTE, Acórdão de nº. 282/2010 que deu provimento ao Recurso
Ordinário interposto pela Empresa TV Massayo Ltda. por maioria
de votos e recebeu a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS – COMUNICAÇÃO. Ausência de


prestação de serviço onerosa, em que um
terceiro possibilite a comunicação entre
pessoas distintas das prestadoras de

Acórdão CTE Nº P-117/2013 1


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serviço. Serviço de propaganda em canal


aberto. Impossibilidade de Identificação do
Receptor da Mensagem. Ausência das hipóteses
de Incidência. Recurso Conhecido e Provido.
Autuação Improcedente.

O auto de Infração nº 9935356-001, protocolado em


8/7/2005, objeto da lide, de que trata o Acórdão 282/2010 foi
lavrado contra a empresa em evidência, com alegação do autuante
de que prestou serviço de comunicação, emitindo nota fiscal sem
o destaque o ICMS correspondente e em conseqüência deixou de
recolher o ICMS pertinente. O auto de Infração, objeto da lide,
foi julgado procedente pela 1ª Instância de julgamento cuja
ementa transcrevemos:
EMENTA: ICMS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
TELECOMUNICAÇÕES. A prestação onerosa de
serviços de comunicações na modalidade de
radiodifusão constitui fato gerador do
imposto, cuja incidência se dá, não sobre a
comunicação propriamente dita, mas sobre a
relação negocial existente entre o veículo
de divulgação (empresa autuada) e o cliente
anunciante. Comprovada Infração à legislação
tributária. LANÇAMENTO PROCEDENTE.

Notificadas autuada pelo ofício CTE 082/2011 e


Representação Fiscal pelo MEMO CTE Nº 60/2011 nada
acrescentaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

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VOTO VENCEDOR

Dispensado o relatório, em atenção ao apresentado


pela nobre relatora, que demonstrou tratar-se de reexame
necessário em atenção ao acórdão da 2ª Câmara deste Conselho
Tributário, o qual por maioria reconheceu a improcedência do
lançamento do crédito tributário, passe-se direto ao voto.

VOTO

Inicialmente é oportuno frisar que a presente matéria


já foi debatida em outras oportunidades nesta câmara e no Pleno
do TCE, onde por maioria de votos foi pacificado o
posicionamento pela não incidência do ICMS sobre o serviço de
comunicação.

Pode-se classificar o serviço como uma das espécies


do gênero trabalho, no entanto, enquanto o trabalho é um esforço
que o homem pode realizar para si ou para terceiros, os
serviços, são exclusivamente prestados para outras pessoas.

Para alcançar o conceito de “prestação de serviço”


trazido no texto constitucional, é necessário que esse não seja
um ato de mera liberalidade, ou seja, deverá possuir caráter
econômico, pois apenas serão tributadas situações dotadas de
conteúdo econômico.

Sobre a o termo “prestar serviço” os ensinamentos de


Marcelo Viana Salomão esclarecem:

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... os serviços passíveis de tributação são somente aqueles prestados a


terceiros, dotados de conteúdo econômico, em regime de Direito
Privado, excluídos os prestados com vínculo trabalhista.
Não ignoramos que, para que estejamos diante de uma efetiva prestação
de serviço tributável, certamente haverá de existir um contrato, ainda
que verbal, previamente celebrado. O que queremos frisar é que o fato
imponível não é a celebração deste negócio jurídico, mas sim a
concretização da prestação do serviço prevista no contrato. 1

Sob esse prisma, vê-se que a prestação de serviço


constitui o elemento básico da materialidade do imposto, o qual
compreende a realização de negócio jurídico pertinente a uma
obrigação “de fazer”, sob regime de direito privado, obrigação
essa que não se confunde com os serviços públicos específicos e
divisíveis, remunerados por taxas, tarifas ou preços públicos.

Para efeitos tributários, o significado jurídico de


“comunicação”, pressupõe a existência de duas (ou mais) pessoas
(naturais ou jurídicas) em posições distintas, assim para haver
a comunicação faz-se necessária a participação de elementos
específicos, quais sejam, emissor, mensagem, canal da mensagem e
receptor.

Através do art. 110 do CTN 2, é possível constatar que


devem ser utilizados outros ramos do Direito e até outras
ciências, para alcançar o significado de “comunicação”, os

1 SANTI, Eurico Marcos Diniz de(Org.). Curso de Especialização em Direito Tributário: Estudos analíticos em
homenagem a Paulo de Barros Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 744.
2
CTN, art. 110. “A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos
e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições
dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências
tributárias.”

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dicionários Michaelis e Aurélio definem o vernáculo


“comunicação” como:

s. f. 1. Ação, efeito ou meio de comunicar(-se). 2. Aviso, informação,


esclarecimento. 3. Mec. Transmissão. 4. Relação, correspondência fácil;
trato, amizade. 5. Acesso, passagem. 3
"COMUNICAÇÃO ( do latim communicatione). S.f. 1. Ato ou efeito de
comunicar (-se). 2. Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber
mensagens por meio de método e/ou processos convencionados, quer
através de linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou
símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou
visual (...) 11. Eng. Eletrôn. Transmissão de informação de um ponto a
outro por meio de sinais em fios, ou de ondas eletromagnéticas. 12. Teor.
Inf. Transmissão de mensagem entre uma fonte e um destinatário." 4

O regulamento geral do antigo Código Brasileiro de


Comunicação traz em seu art. 6º. do Decreto nº. 97.057/88 o
conceito de comunicação como “COMUNICAÇÃO – Transferência
unilateral ou bilateral de informação por meio de sinais
convencionados.”

Percebe-se, observando os conceitos de comunicação, a


abrangência de seus significados, entretanto, não é a
comunicação isoladamente que compõe o âmbito de incidência do
ICMS, e sim o serviço de comunicação, ou seja, o que o
legislador pode utilizar para definir a hipótese de incidência
deste imposto é o serviço de comunicação.

Vê-se que para caracterizar o serviço que compreende


o conceito de serviços de comunicação passíveis de tributação

3 MICHAELIS.
4 FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3 ed. – Curitiba:
Positivo, 2004.

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pelo ICMS é necessário que haja prestação onerosa, em que um


terceiro, forneça os meios necessários que possibilitem à
comunicação entre duas ou mais pessoas, as quais devem ser
diversas daquele que se encontra prestando o serviço, que será
um mero interlocutor.

Assim percebe-se que os serviços de comunicação


visual difusão, radiodifusão e propaganda não são passíveis da
tributação do ICMS serviço, já que o terceiro prestador do
serviço não oportuniza aos interlocutores uma comunicação
direta, realizando efetivamente a troca de mensagens.

Sobre o tema o tema o professo Roque Carraza em sua


obra “ICMS” assim preconiza”:

“Para que melhor se compreenda: só há prestação de serviço de comunicação


quando a comunicação for objeto do contrato celebrado entre o prestador e os
fruidores, e, portanto, a remuneração havida decorre do cumprimento desta
mesma avença. É pois, o fim(telos) pretendido pelas partes que determinará,
quando for o caso, o nascimento da obrigação de recolher o tributo.
...
Em suma, o fato imponível do ICMS somente ocorre quando, mercê de
negócio jurídico firmado entre particulares, sob o regime de Direito Privado
(mas não trabalhista), um serviço de comunicação for efetivamente
prestado.” 5

O mencionado autor ao responder a indagação sobre o


momento da prestação onerosa do serviço previsto no inciso II do
art. 155 da CF esclarece que além da necessária existência de um
emissor e receptor da mensagem e da própria mensagem, é preciso
a existência:

5 CARRAZA, Roque Antonio. In ICMS. 12ª.Ed Malheiros São Paulo. p. 166/167

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a) a determinação emissor e do receptor da mensagem; b) a bilateralidade da


relação entre ambos; e c) a onerosidade diretamente relacionada a esta
relação interativa. 6

Assim, conclui o renomado professor ao afirma que


“se o receptor da mensagem não for determinado e não estiver em
condições de entendê-la e responder a ela pelo mesmo canal
comunicativo, não há espaço para o ICMS”.

Hugo de Brito Machado, em sua reconhecida obra os


“Os Aspectos Fundamentais do ICMS”, complementa o posicionamento
acima ao expor:

Há quem sustente que a radiodifusão é um serviço tributável, porque não é


gratuito. Seria remunerado pelos interessados na publicidade, nos anúncios,
nos ditos comerciais. Sustentam que não se trata de prestação gratuita porque
os que propiciam esse tipo de comunicação, seus verdadeiros tomadores, tais
como as empresas comerciais e publicitárias, que desejam ver suas
mensagens veiculadas nesses meios de comunicação, pagam e muito bem
pelos serviços prestados.

Não é bem assim, todavia. O serviço, no caso, é de publicidade, ou de


propaganda, prestado por quem divulga as mensagens, aqueles aos quais
essa divulgação interessa. Não se trata de comunicação, no sentido jurídico
constitucional, como demonstrado já ficou, posto que não se trata de
transmissão de mensagens para destinatários identificados,e sim de uma
forma de publicidade. Trata-se de um serviço que não é de comunicação, pois
o servido não é o destinatário final da mensagem. Servido, no caso, é o
interessado na publicação, na divulgação, ou difusão, da mensagem. A
relação entre quem serve e quem é servido, no caso, é estritamente local. 7

Percebe-se que o fato gerador do ICMS/comunicação,


não ocorre pelo simples ato que torna possível a comunicação, ou
simples existência de comunicação, é necessária a prestação
onerosa de serviço de comunicação em que haja a efetiva

6 CARRAZA, Roque Antonio. In ICMS. 12ª.Ed Malheiros São Paulo. p. 167


7 MACHADO, Hugo de Brito. In: Aspectos Fundamentais do ICMS. 2ª. Ed. São Paulo: Dialética, 1999. p.
38

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participação dos sujeitos desta relação(prestador e tomador),


devidamente determinados, com a estipulação de direitos e
obrigações.

Na radiodifusão sonora e televisiva não se observa


as características intrínsecas da comunicação, vez que a
mensagem é veiculada de forma unilateral e não há identificação
do receptor, mesmo se a propaganda for veiculada em canal
disponibilizado por assinatura, consoante se depreende dos
ensinamentos do professor Roque Carraza:

“... o assinante não se comunica nem com a empresa, nem com terceiros.

Apenas assiste à programação. Ele, por assim dizer, adere à programação ,

vendo os filmes, documentários, entrevistas, partidas de futebol etc., que a

empresa prestadora do serviço de TV por assinatura coloca no ar. Sobremais,

não participa da feitura desta mesma programação, nem nela interfere.” 8

Observando a regra matriz do ICMS comunicação não se


percebe, no caso em tela, o preenchimento critério material,
mesmo se estando diante de um canal fechado, pois a autuação
decorre das receitas oriundas da veiculação de imagens
publicitárias no Estado de Alagoas de empresas anunciantes,
imagens estas que possuem sinais abertos, o que obsta
caracterizar como comunicação, em razão da impossibilidade de se
identificar o receptor da mensagem.

Assim, quando uma emissora de televisão é contratada


para veicular uma informação publicitária, encontra-se na
verdade prestando um serviço de publicidade, de competência
tributária municipal, de interesse exclusivo da Fazenda

8 CARRAZA, Roque Antonio. In ICMS. 12ª.Ed Malheiros São Paulo. p. 141.

Acórdão CTE Nº P-117/2013 8


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Municipal, já que o preço pago pela transmissão não visa a


comunicação imediata, entre pessoas determinadas,
individualizadas.

Diante das razões acima expostas, ACORDAM OS MEMBROS


DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos,
conhecer do reexame necessário para negar-lhe provimento, por
não vislumbra no caso em tela a hipótese de incidência o
ICMS/Comunicação, mantendo assim a decisão recorrida que
considerou o lançamento improcedente.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR DO VOTO VENCEDOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Contra Relatora)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Contra Relatora) JULGADOR (Cotra Relatora)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR (Com Relatora) JULGADOR (Contra Relatora)

Acórdão CTE Nº P-117/2013 9


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº001 DO PLENO/CTE – Realizada em 30/04/2013


PROCESSO N º : SF 1500-016915/2005; CTE 490/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO N º : 071838, de 04/07/2005.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : ROMISON FERRO GOMES.
AUTUANTE : Alberto Lopes Balbino da Silva e outros.
RELATOR : Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-118/2013

EMENTA. ICMS. DECADÊNCIA PARCIAL. É de 05


(cinco) anos o prazo, de natureza decadencial,
disposto no art. 150, §4º, do Código
Tributário Nacional, a iniciar-se dos fatos
geradores quando da ocorrência de pagamento,
ainda parcial. Precedentes do STJ. Reexame de
ofício conhecido e não provido. Mantido o
Acórdão da 2ª Câmara de Julgamento.

I-RELATÓRIO

Trata-se de reexame de ofício ao


Acórdão n. 092/2011, da 2a. Câmara do Conselho
Tributário Estadual, que chega para análise do
Pleno deste Colegiado Administrativo por força
do art. 48, inciso II, da Lei n ° 6.771/2006
(PAT), considerando o referido decisório não
unânime (foi vencida, em parte, a julgadora
Maria Lopes Milhomes) que reduziu o crédito
tributário. Previamente ao voto,
conveniente empreendermos um breve resumo dos
atos e fases processuais já vencidas.
Pois bem. O auto de infração retratou uma omissão de
saídas nos exercícios de 2000 a 2004 com base em
auditoria no movimento financeiro do contribuinte. Por
isso, então, houve o lançamento do crédito respectivo no
valor de R$ 26.672,88 e imposição da multa do art. 97 da
Lei n.º 5.900/96 (200%).

O contribuinte compareceu aos autos após a intimação


editalícia de fl. 112, arguindo, em síntese, a
prescrição/decadência de parte do crédito tributário; que

Acórdão CTE Nº P-117/2013 1


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as diferenças apontadas teriam origem na inobservância


das compras a prazo; e, finalmente, a
desproporcionalidade e falta de razoabilidade da multa
aplicada.

Após as considerações fiscais em sede de contra razões,


a Coordenadoria de Julgamento, através da Decisão n. º
16.499/2010, após rechaçar a preliminar de
prescrição/decadência mediante a defesa da contagem de
prazo pelo art. 173, I, do CTN, no mérito igualmente
rejeitou a procedência dos argumentos expostos pelo
contribuinte, aduzindo que as alegações deste não estarem
acompanhadas de provas.

A infração fora, por sua vez, recapitulada pela


instância singular, do tipo do art. 97 para o do art. 79
da Lei n. 5.900/96, com redução do crédito originalmente
lançado.
Intimado, o contribuinte manejou competente recurso
voluntário, pelo qual basicamente manteve as suas
considerações empreendidas perante a instância singular,
acrescentando apenas preliminar e nulidade da intimação
quanto ao lançamento, defendendo que tal situação
conduziria a sua nulidade.

Instigada a se manifestar sobre as razões recursais, a


Representação Fiscal teceu suas considerações no sentido
da manutenção da decisão singular basicamente pelas suas
próprias razões.

A 2a. Câmara deste Colegiado, em voto conduzido por este


relator, reconheceu a decadência dos créditos tributários
lançados para períodos anteriores a 18 de maio de 2002,
considerando que a intimação do lançamento se deu sob a
modalidade editalícia em 18 de maio de 2007, aplicando a
regra do art. 150, parágrafo 4o, do Código Tributário
Nacional.

O voto divergente ficou por conta da Conselheira Maria


Lopes Milhomes, que por entender ser aplicável a regra do
art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, que
desloca para o primeiro dia útil do exercício seguinte o
início da contagem do prazo decadencial, entendeu que
apenas estariam decaídos os créditos lançados anteriores
a 1o de janeiro de 2002.

Assim subiram os autos a este Plenário.


É o relatório.

VOTO

Acórdão CTE Nº P-117/2013 2


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De início, convém destacar que a matéria cujo exame ora


é devolvido a este Colegiado diz respeito aquela na qual
a Fazenda Estadual restou sucumbente em razão da decisão
da 2a. Câmara do CTE, na parte não unânime, qual seja o
reconhecimento da decadência a aplicação entre 1o de
janeiro de 2003 e 18 de maio de 2002. Isto considerando
que unânime foi a decisão na parte em que entendeu a
decadência para os fatos geradores anteriores àquela data
(CTN, art. 173, I).

Agora já em reexame, não vejo motivos suficiente a mudar


o entendimento de que teriam sido atingidos pela
preclusão material todos aqueles créditos originários de
fatos geradores anteriores a 18 (dezoito) de maio de 2002
(dois mil e dois), já que a sua intimação teria ocorrido
pela modalidade editalícia no mesmo dia e mês do ano de
2007 (dois mil e sete).

Explico.

A decadência em matéria tributária possui regime jurídico próprio,


e é regida, por delegação constitucional (CF, art. 146,
inciso III, alínea ‘b’), pelo Código Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu regras sobre o


comentado instituto jurídico (decadência), em vista,
precipuamente, da modalidade de lançamento adotada para
cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação,


ao qual está sujeito o ICMS, o prazo decadencial é regido
pelo 4º do art. 150 do CTN, cuja redação se transcreve:

Art. 150. (...)

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco)


anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado
esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Assim, em sendo o marco inicial do prazo decadencial


fixado, em lei, pela ocorrência do fato gerador, ou seja,
pela realização no mundo fenomênico da hipótese normativa
contida na regra matriz de incidência tributária, deduz-
se que observados 05 (cinco) anos sem que o Fisco se
pronuncie sobre os procedimentos/recolhimentos fixados no
caput e demais §§ do citado art. 150, estariam estes

Acórdão CTE Nº P-117/2013 3


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tacitamente homologados, logo, decaída a faculdade da


autoridade fazendária de revê-los. Isto diante da
extinção do crédito, por homologação tácita, na dicção
dos citados dispositivos legais.

Sobre o assunto cumpre atentarmos para a sempre


abalizada lição de JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO, para quem
“tendo sido realizados os fatos geradores do IPI, ICMS,
ISS, Cofins, PIS, o Fisco só poderá efetuar o lançamento
no prazo de cinco anos contados de cada fato, ou período
de apuração (mensal, se for o caso). Tendo a empresa
vendido mercadorias em 20 de setembro de 2001, sem
considerar o ICMS, o Fisco só poderá lançar este tributo
dentro de cinco anos contados a partir de 1º de outubro
de 2001, com termo final em 30 de setembro de 2006.”1.

No caso dos autos, em não tendo sido provada o dolo, a


fraude ou a simulação que fariam o prazo se deslocar para
a regra geral do art. 173, I, do CTN, e que houve nos
meses fiscalizados pagamentos (ainda que parciais) do
crédito tributário, inarredável é a observância a regra
do art. 150, §4º, do CTN.

Nesta esteira está a jurisprudência do STJ, inclusive já


firmada sob a ótica do art. 543-C, do CPC (Recursos
Repetitivos), para quem “Por outro lado, a decadência do
direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo
sujeito à lançamento por homologação, quando ocorre
pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem
que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo e
simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer
medidas preparatórias, obedece a regra prevista na
primeira parte do parágrafo 4o, do artigo 150, do Codex
Tributário, segundo o qual, se a lei não fixar prazo a
homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador: “Neste caso, concorre a
contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o
pagamento antecipado, concomitantemente, com o prazo para
o Fisco, no caso de não homologação, empreender o
correspondente lançamento. Sendo assim, no termo final
desse período, consolidam-se simultaneamente a
homologação tácita, a perda do direito de homologar
expressamente e, consequentemente, a impossibilidade
jurídica de lançar de ofício” (in Decadência e Prescrição
no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3a.
Ed., Max Limonad, pág. 170).” (REsp 973733/SC. Rel. Min.
Teori Albino Zavascki. 12/08/2009).

Acórdão CTE Nº P-117/2013 4


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No caso em apreço, em tendo sido o sujeito passivo, ora


Recorrente, notificado da lavratura do auto de infração
em 18/05/2007, acato a arguição de decadência em relação
aos créditos vinculados a fatos geradores verificados em
momento anterior a 18/05/2002.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, no sentido de
conhecer do reexame de ofício para negar-lhe provimento,
manter o acórdão recorrido, destacando que isto importa
na inviabilidade da cobrança do exercício de 2002.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 30 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Contra Relator) JULGADORA (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (Com Relator)

Acórdão CTE Nº P-117/2013 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: 1500-015.137/2000 e CTE nº 364/2010.
ANEXOS: SF-1500-019.145/2008 e 1500-004.435/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 019.254/2000.
AUTUADA: PAULO CESAR TENÓRIO CAVALCANTE.
ASSUNTO: Reexame Necessário (artigo 48, II, da Lei nº
6.771/2006), referente ao Acórdão nº 078/2011, da 1ª Câmara.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-192/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação acessória. 1)


Presunção de extravio de livros e documentos
fiscais. 2) Auto de infração protocolizado em
21/09/2000. Intimação da autuada ocorrida em
17/11/2008. Extinto por decadência nos termos
do artigo 173, I, da Lei nº 6.771/2006, o
direito do fisco para fazer o Lançamento, uma
vez que a autuada tinha até 31/12/2005, para
constituir o crédito tributário através do
lançamento. Prejudicado o exame de mérito. 4)
Recurso Ordinário conhecido e improvido.
Mantido o Acórdão nº 078/2011, da Segunda
Câmara deste Conselho.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário referente ao


Acórdão nº 078/2011, da Segunda Câmara deste Conselho, que por
maioria de voto decidiu pela prejudicialidade do exame de
mérito em razão da ocorrência de decadência tributária, e,
pela reforma da Decisão nº 16.492/2010, de Primeira Instância
que julgou Procedente o Lançamento, sendo vencedor o voto da
julgadora Célia Braga de Albuquerque, que acatou a preliminar
de decadência argüida no Recurso Ordinário,

É o relatório.

Voto

O Reexame Necessário se refere ao voto vencedor


emitido pela julgadora Célia Braga que por maioria de votos,
acatou a questão preliminar arguida pela autuada com o

Acórdão CTE N° P_192/2013 Página 1


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reconhecimento da prejudicialidade do exame de mérito motivada


pela ocorrência de decadência tributária, mediante as
seguintes fundamentações:

1) Que, o auto de infração foi protocolizado


em 21/09/2000; as tentativas de intimação da autuada para
apresentar defesa foram frustradas, sendo lavrado Termo de
Revelia em 01/12/2000; a Diretoria de Arrecadação e Crédito
Tributário – DIRAC durante os trâmites processuais reconheceu
que as intimações foram irregulares e em 20/07/2008, intimou a
autuada na forma determinada na Lei nº 6.771/2006, mediante
intimações dos sócios, considerando que a inscrição cadastral
estava na situação de INATIVA/BAIXADA desde 31/10/1998.

2) Que, em 07/11/2008, a autuada veio aos


autos, apresentando defesa, demonstrando que na época da
autuação não fora intimada na forma exigida pelo artigo 131,
I, a V, da Lei 4.418/1982; e, estes termos, como a autuada não
foi intimada da autuação na forma prevista pelo artigo 131, II
e III, da Lei nº 4.418/1982, tal fato tornou o lançamento
viciado pela não observância dos requisitos legais uma vez que
sua intimação não foi válida, e por conseqüência não incorreu
em revelia, o credito tributário não foi constituído e o
direito para sua constituição decaiu conforme artigo 173, I,
do CTN (reproduzido).

“Art. 173 – O direito de a Fazenda Publica constituir


o crédito tributário extingue-se após 5(cinco) anos,
contados:

I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em


que o lançamento poderia ter sido efetuado:
(...)

3) Que a intimação da autuada somente ocorreu


em 07/11/2008, com sua ciência válida, acerca dos fatos que
lhes foram imputados, mediante a apresentação da defesa;
ficando caracterizado, portanto, sua intimação válida nos
termos do artigo 11, §3º, da Lei nº 6.771/2006; e, em sendo a
obrigação acessória instrumento que dá conformidade à
obrigação principal, não há como se falar no não alcance da
decadência sobre ela (obrigação acessória), quando o direito
sobre a própria obrigação principal já decaiu, haja vista,
haver decorrido o prazo de cinco anos e tendo a homologação de
sua baixa ocorrido em 26/09/2000, o Fisco teria até
31/12/2005, por se tratar de obrigação acessória, para
proceder ao lançamento de ofício.

Acórdão CTE N° P_192/2013 Página 2


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Não restam dúvidas do acerto do voto vencedor


conforme consta da decisão proferida pela Segunda Câmara
mediante o Acórdão nº 078/2011, haja vista, que o lançamento
somente se deu em 17/11/2008, quando da ciência da autuada, ou
seja, fora do prazo permitido para a constituição do crédito
tributário conforme determinado no artigo 173, I, do CTN
Por fim, observe-se, que a decadência foi
arguida pelo Recurso ordinário (item 16) e que sua ocorrência
prejudicou a análise do mérito do lançamento do crédito
tributário constante do presente auto de infração.
Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário nos termos do artigo 48, II, da
Lei nº 6.771/2006, negar-lhe provimento. Mantido o Acórdão nº
078/2011, que julgou extinto o crédito tributário em razão de
haver ocorrido sua decadência, como prevê o artigo 65, da lei
nº 4.4118/82.
Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió,
05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_192/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: 1500-032.266/2004 e CTE nº 487/2010.
ANEXOS: 1500-034.824/2004 e 1500-004.023/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 044.647, de 10/11/2004.
AUTUADA: GEBRA – BRASILEIRA GERADORA DE ENERGIA LTDA.
ASSUNTO: Reexame Necessário do Acórdão nº 109/2011, da 1ª
Câmara nos termos do artigo 48, II, Lei nº 6.771/2006.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-193/2013

EMENTA: ICMS - Obrigação principal. 1)


Deixar de recolher o ICMS diferencial de
alíquotas nas aquisições de mercadorias
destinadas ao uso, consumo ou ativo
imobilizado, em outras unidades da Federação
nos exercícios de 2002 e 2003. 2) Infração
comprovada. 3) Aplicação da penalidade
prevista no artigo 79, da Lei nº 7.079/2009.
3) Lançamento Procedente me Parte. 4) Reexame
Necessário nos termos do artigo 48, II, da
Lei Estadual nº 6.771/06, conhecido e
provido. 5) Reformado em parte o Acórdão nº
209/2011, da Primeira Câmara.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário nos termos do


artigo 48, II, da Lei nº 6.771/2006, referente ao Acórdão nº
209/2011, da 1ª Câmara deste Conselho, que por maioria de
votos, julgou Procedente em Parte a Decisão nº 16.403/2010, de
Primeira Instância, reduzindo o valor do crédito tributário
pela retirada da multa aplicada, sob a alegação de não se
aplicar o artigo 79, da Lei nº 5.900/1996, em substituição ao
artigo 84, da mesma lei, uma vez que este se encontra revogado
pela Lei nº 7.079/2009, recebendo o acórdão a seguinte ementa.

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO - PRELIMINARES DE


NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO E DE DECADÊNCIA
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO REJEITADAS. MÉRITO –
PARCELAMENTO SUSCITADO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Acórdão CTE N° P_193/2013 Página 1


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EXIGIDO DESPROVIDO DA RESPECTIVA PROVA NOS


AUTOS. PENALIDADE AFASTADA EM RAZÃO DA
REVOGAÇÃO DO ART. 84 DA LEI Nº 5.900/96.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE.

É o relatório.

Voto

Como já exposto, o Reexame Necessário trata


tão somente da redução no valor do crédito tributário em razão
da retirada da multa prevista no artigo 79, da Lei Estadual nº
5.900/1996 que fora aplicada pela decisão singular, alegando o
voto relator, vencedor por maioria de votos, que o artigo 79,
não poderia ser aplicado em substituição ao artigo 84, uma vez
que este fora revogado pela Lei nº 7.079/2009.

Diferentemente do voto vencedor, entendo que


a multa prevista no artigo 79, da Lei Estadual nº 5.900/1996,
aplica-se a presente autuação, haja vista, que o artigo 84, da
mesma lei, sugerido na inicial, sofreu revogação e sua multa
foi reclassificada (reclassificação qualificada) para o artigo
79; e, ainda, por ser este o entendimento das Câmaras e do
Pleno deste Conselho por maioria de votos. Nesta situação o
Lançamento é Procedente em Parte e o crédito tributário tem
como valor o que abaixo se demonstra.

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Exercícios ICMS Multa Total


2002 44.855,09 22.427,54 67.282,63
2003 27.391,39 13.695,69 41.087,08
Total 72.246,48 36.123,24 108.369,72

Portanto, o crédito tributário tem como


valor R$ 108.369,72 (cento e oito mil; trezentos e sessenta e
nove reais e setenta e dois centavos), devendo ser recolhido
com acréscimos previstos em lei.

Acórdão CTE N° P_193/2013 Página 2


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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do Reexame Necessário, dar-
lhe provimento. Reformado em parte o Acórdão nº 209/2011, em
razão da aplicação da multa correspondente na composição do
valor do crédito tributário.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió,


05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (com o relator) JULGADOR (com o relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (com o relator) JULGADOR(contra o relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (com o relator) JULGADORA (com o relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (com o relator)

Acórdão CTE N° P_193/2013 Página 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
TRIBUNAL PLENO

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO N º : SF 1500-004170/1995; CTE 174/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO N º : 069860.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : EUNICE MARIA DO NASCIMENTO SILVA ME.
RELATOR : LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE : SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
ASSESSORIA : LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA : GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-194/2013

EMENTA - ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


CRÉDITO DEFINITIVAMENTE CONSTITUÍDO PELO
LANÇAMENTO REGULARMENTE NOTIFICADO AO
CONTRIBUINTE. INEXISTÊNCIA DE QUALQUER
HIPÓTESE DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECURSO DO PRAZO DO
QUINQÜÍDIO LEGAL DE QUE TRATA O ART. 174
DO CTN SEM A DEVIDA COBRANÇA. EXTINÇÃO
DO CRÉDITO PELA PRESCRIÇÃO. INTELIGÊNCIA
DO ART. 156, INCISO V, DO CTN. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO PROVIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame de ofício ao Acórdão n. 054/2008, da 1a.


Câmara do Conselho Tributário Estadual, que chega para análise do Pleno deste
Colegiado Administrativo por força do art. 48, inciso II, da Lei n ° 6.771/2006
(PAT), considerando que o referido decisório, não unânime (ficou vencido o
julgador Mário Galindo Martins), reduziu o crédito tributário.

Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 1


Previamente ao voto, conveniente empreendermos um breve
resumo dos atos e fases processuais já vencidas.

Pois bem. O auto de infração retratou o aproveitamento de crédito


inexistente entre os meses de fevereiro a junho de 1994.

Regularmente intimado, o contribuinte quedou-se inerte, o que


seguiu-se à lavratura do termo de revelia (fl. 46) em 30/11/1994, e só então a
decisão da Coordenadoria de Julgamento n. 15.317/2007 em 19/06/2007.

Após as considerações fiscais em sede de contra razões, a


Coordenadoria de Julgamento manteve parcialmente a autuação, tendo os autos
seguido ao CTE para reexame de ofício.

A 1a. Câmara deste Colegiado, em voto conduzido pela ilustre e


saudosa relatora, Dra. Flávia Perman Tenório, reconheceu a prescrição dos
créditos outrora lançados, com o voto divergente do Conselheiro Mário Sérgio
Martins.

Assim subiram os autos a este Plenário.

É o relatório.

VOTO

De início, convém destacar que a matéria cujo exame ora é


devolvido a este Colegiado diz respeito aquela na qual a Fazenda Estadual restou
sucumbente em razão da decisão da 2a. Câmara do CTE, na parte não unânime,
qual seja o reconhecimento da prescrição.

Empreendendo uma análise acurada dos autos, observamos que a


revelia do contribuinte em impugnar o lançamento tributário efetuado pela
autoridade exatora indica para uma situação de extinção do crédito tributário
respectivo por prescrição.

Da Competência do CTE para análise da Prescrição.

De início, convém esclarecermos que este julgador administrativo,


embora tentado e sensibilizado com a tese da prescrição intercorrente em âmbito
administrativo, ainda mantém posição contrária ao seu reconhecimento. E assim
o faz por entender que, a despeito das recentes alterações de nível constitucional
que impõem a duração razoável do processo, a prescrição, como sanção que leva
à extinção do crédito em matéria tributária, carece de norma positiva que assim a
determine 1.

1
Para os que manifestam posição favorável à prescrição no curso do processo administrativo, tese que
perpassa pela premissa de que o dispositivo teria eficácia concreta e imediata, esclarecemos que embora

Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 2


Portanto, a prescrição que ora nos propomos a analisar não diz
respeito à prescrição intercorrente no âmbito do processo administrativo
tributário, mas a ordinária, de que versa o art. 174 do Código Tributário
Nacional, conseqüência da mora da Fazenda Pública em exigir o crédito
tributário após a sua regular constituição.

Agora adentrando na questão da competência desta Instância


Administrativa para a respectiva apreciação da prescrição 2 do crédito tributário,
não há como empreender esta análise senão a partir da Constituição Federal dada
a estrutura piramidal do nosso Ordenamento Jurídico, chamando a atenção para a
norma veiculada pelo seu art. 5º, inciso LV, que dispõe que “aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
(grifamos).

Esclareça-se que ao citarmos o destacado dispositivo constitucional


não estamos incorrendo em infração ao dispositivo da Lei n ° 6.771/2006 (PAT),
que traz vedação expressa ao afastamento de norma legal estadual sob o pálio de
sê-la inconstitucional, máxime porque em momento algum no Ordenamento
Jurídico Estadual se observa a presença de regra jurídica que vede ao julgador
administrativo a apreciação da prescrição de crédito tributário.

Aliás, a competência deste Colegiado para a análise e


reconhecimento da prescrição, assim como das demais instâncias administrativas
que exerçam a função de julgamento, é conferida pela própria Lei n ° 6.771/2006
(PAT) acima citada, que outorgou competência ampla às instâncias
administrativas de julgamento, vedando pontualmente o exercício da ‘jurisdição’
quando assim objetivou, como nos casos da restrição ao afastamento de norma

também acreditemos na maturidade do citado dispositivo constitucional, não vemos a prescrição como
conseqüência necessária. Melhor interpretação seria a que extraísse conseqüências jurídicas ligadas, por
exemplo, à interrupção dos efeitos da mora ou mesmo em relação à responsabilidade do agente
administrativo a quem pudesse se imputar a mora.
2
Observamos que a matéria da prescrição no curso do processo administrativo, quando dissociada da
idéia da prescrição intercorrente (já aqui afastada), pode, sim, e num primeiro instante, chamar a atenção.
Isto na medida em que o julgamento administrativo pressupõe o contencioso nessa seara, formado
inicialmente pela impugnação ou recurso do contribuinte em face de lançamento a ele imposto, ou, num
segundo plano, em recurso de ofício. Em ambos os casos, estaria o crédito tributário com sua
exigibilidade suspensa na forma do art. 151, inciso III, do CTN, afastando qualquer sentido do debate
quanto à viabilidade da apreciação da prescrição.

A discussão, entretanto, ganha importância na medida em que à época da autuação vigia


norma jurídica na legislação estadual (art. 141 e §§ da Lei n ° 4.418/82) que impunha uma revisão de
ofício nos lançamentos efetuados pela administração fiscal (quando não declarados pelo contribuinte El
livros fiscais próprios), ainda quando não impugnados pelos sujeitos passivos da obrigação tributária. E
isto porque tal hipótese de revisão de ofício não se encontra entre as hipóteses de suspensão do crédito
tributário, o que não impediria o curso da prescrição ao longo da referida revisão do ato, que
necessariamente deveria observar o lapso legal. Tal questão será objeto de maior enfrentamento mais
adiante neste voto.

Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 3


inconstitucional e à manifestação quando da existência de discussão
concomitante na esfera judicial.

Entendendo-se pela necessária existência de norma específica para


o fim de se conferir a discutida competência, chamo a atenção que a lacuna na
legislação estadual é suprida, por integração, pela legislação federal 3 , que
textualmente autoriza os agentes administrativos a reconhecer a prescrição.

Por fim, convém ainda tecer ligeiros comentários a recente Decreto


Estadual, que vem sendo invocado como fundamento para afastar a competência
das esferas administrativas julgadoras para o pronunciamento sobre a prescrição.
Para aqueles que assim defendem, referido diploma, ao outorgar a competência a
um colegiado de Procuradores de Estado para decretar a prescrição de créditos
tributários, haveria legitimado referido órgão, excluindo a dos demais.

Referida posição foge a própria letra do diploma a que se propõe a


interpretar, que em momento algum enuncia competência exclusiva da PGE para
pronunciamento sobre a prescrição, mas tão somente positiva um controle no
âmbito da dívida ativa. Aliás, o que ao menos seria necessário, vez que a Doura
Procuradoria, integrante da Administração que é, pode e deve exercer o controle
de legalidade, conveniência, oportunidade e utilidade em relação à prática de
qualquer ato administrativo. Tudo em prol de evitar a movimentação
desnecessária da máquina pública.

Por estas razões, entendo pela competência deste Órgão Colegiado


para a apreciação e julgamento de eventual prescrição de créditos tributários no
âmbito dos processos administrativos.

Da Análise da Prescrição no caso em concreto.

Dito isto, observemos o que reza o art. 174 do CTN ao tratar do


prazo para o exercício pela Fazenda Pública de cobrar seus créditos tributários:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve


em 5 (cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Inexistindo dúvidas quanto ao prazo em si, diante da clareza do


artigo de lei acima destacado, resta que seja definido o conteúdo da expressão
“constituição definitiva”, de grande relevância para a demarcação do termo “a
quo” da prescrição tratada.

3
Vide art. 53 da Lei n. 11.941/2009, fruto da conversão da MP n. 449/2009:

Art. 53. A prescrição dos créditos tributários pode ser reconhecida de ofício pela autoridade
administrativa.

Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 4


Neste particular, nos filiamos com a doutrina de PAULO DE
BARROS CARVALHO, livre docente titular da PUC/SP e USP, para quem
“Com o lançamento eficaz, quer dizer, adequadamente notificado ao sujeito
passivo, abre-se à Fazenda Pública o prazo de cinco anos para que ingresse em
juízo com a ação de cobrança (ação de execução). Fluindo esse período de
tempo sem que o titular do direito subjetivo deduza sua pretensão pelo
instrumento processual próprio, dar-se-á o fato jurídico da prescrição. A
contagem tem como ponto de partida a data da constituição definitiva do
crédito, expressão que o legislador utiliza para referir-se ao ato de lançamento
regularmente comunicado (pela notificação) ao devedor.” 4.

Não menos abalizados são os ensinamentos de ALBERTO


XAVIER, que advogando igual interpretação pontua que a “definitividade a que
alude o Código não se identifica com a imutabilidade, contrapondo-se à
provisoriedade dos efeitos dos atos suscetíveis de impugnação.”. E prossegue o
autor ainda mais esclarecedor: “Contrapõe-se, isso sim, à natureza preparatória
dos atos do procedimento de lançamento, que antecedem e preparam a prática
deste e que o Código, no aseu art. 173, denomina por ‘medidas preparatórias’.
Esta noção de definitividade ajusta-se, pois, à ótica procedimentalista com que
o Código visualiza o lançamento, representando o momento em que esse
procedimento culmina, se encerra, se finaliza, se torna ‘definitivo’, pela prática
do seu ato conclusivo típico, o ato administrativo de lançamento, devidamente
notificado” 5.

Também nesta linha o ALCIDES JORGE COSTA, que leciona que


“o lançamento constitui o crédito definitivamente. Os procedimentos de
segundo grau podem desconstituir o crédito, mas não lhe atribuem
definitividade, que resulta do próprio lançamento. O crédito pode ser
desconstituído por sentença judicial e, deste modo, se crédito definitivamente
constituído fosse apenas o que não pode de forma alguma ser impugnado, só
seria definitivo o crédito assim caracterizado em sentença passada em
julgado” 6.

A exegese aqui adotada é ainda ratificada pela interpretação


sistemática do art. 174 com o art. 151, inciso III, ambos do CTN. Ora, prevendo
o último que as reclamações e os recursos no processo administrativo suspendem
a exigibilidade do crédito, inevitável à conclusão de que só se suspende algo já
exigível, assim como que só se exige algo já definitivo.

Ante ao até aqui exposto, pensamos já possuirmos elementos


suficientes à conclusão de que o termo inicial da prescrição de que trata o art.

4
Curso de Direito Tributário. Editora Saraiva. 15ª. Edição. 2003, p. 466 e 467.
5
Citado por Eurico Marcos Diniz de Santi, em Decadência e Prescrição no Direito Tributário.
Editora Max Limonad. 2ª. Edição. São Paulo: 2001, p. 215.
6
Idem, p. 214.
Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 5
174, especificamente a constituição definitiva do crédito, é identificada pelo
lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo da obrigação tributária.

É verdade, por sua vez, conforme já nos referimos outrora, que o


crédito pode ter sua exigibilidade suspensa (o que pressupõe sua definitividade,
como já expusemos), assim acontecendo se verificadas quaisquer das hipóteses
arroladas pelos incisos do art. 151 do CTN, cuja redação segue in verbis:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I – a moratória;

II – o depósito do seu montante integral;

III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras


do processo tributário administrativo;

IV – a concessão de medida liminar em mandado de segurança;

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em


outras espécies de ação judicial;

VI – o parcelamento.

Em se verificando qualquer dos casos acima transcritos, a


exigibilidade do crédito tributário, e, portanto, a contagem do prazo prescricional
(qüinqüênio legal) do art. 174, ficaria prostrada, total ou parcialmente, a
depender de quando fosse implementado o ato desencadeador da suspensão.

Assim, não tendo se verificado quaisquer das hipóteses dos incisos


do art. 151 supra – referido nos autos, tem-se como consectário que o crédito
tributário se fez definitivamente constituído na regular intimação do ato de
lançamento, tornando-se o crédito exigível na data do vencimento do prazo para
pagamento do respectivo tributo (normalmente trinta dias após a notificação),
coincidindo este último momento com o termo a quo do prazo de que trata o art.
174 do CTN.

No caso dado, porém, há uma outra situação ainda pendente de


debate. Tendo sido o lançamento do crédito tributário se operado em momento
anterior à revogação do art. 141 e §§ da Lei n. 4.418/82, que impunha uma
revisão legal do lançamento, poder-se-ia pensar que tal situação levaria à
suspensão do crédito tributário, afastando a prescrição enquanto pendente a
referida revisão. Ledo engano!

Expliquemos.

Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 6


Segundo o art. 145 e incisos do CTN, “O lançamento
regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude
de: I – impugnação do sujeito passivo; II – recurso de ofício; III – iniciativa
de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no art. 149.”
(grifamos).

A hipótese legal de revisão introduzida pela legislação tributária


estadual, em não sendo instaurada por uma impugnação do sujeito passivo
(inciso I) ou por um recurso de ofício (inciso II), este último que pressupõe uma
decisão anterior contrária à administração tributária, é perfeitamente enquadrada
no permissivo legal do inciso III acima referido (iniciativa de ofício da
autoridade administrativa), em interpretação sistemática com o inciso I do art.
149, que prevê que “O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela
autoridade administrativa nos seguintes casos: I – quando a lei assim o
determine;”.

Acontece, contudo, que a revisão de ofício, na hipótese em que a


legislação estadual impõe como obrigatória, a despeito de atribuída ao mesmo
órgão julgador do contencioso administrativo instaurado pela impugnação do
contribuinte, não possui, a exemplo desta, o condão de promover a suspensão do
crédito tributário, que observa as hipóteses taxativas veiculadas pelo art. 151 e
incisos do CTN 7.

Neste caso, a revisão de ofício ora tratada, que é categoria diferente


do recurso de ofício, mesmo porque tratados distintamente pelo art. 145 do CTN,
deveria ser levada a cabo dentro do prazo de 05 (cinco) anos, sob pena da
extinção do crédito pela prescrição. Aliás, tendo sido insto o que se verificou dos
autos.

Seguindo esta linha estão diversos precedentes de ambas as


Câmaras deste Conselho Tributário Estadual, entendimento recentemente
referendado por seu Pleno.

Portanto, constatado o decurso do prazo acima aludido entre a


constituição definitiva do crédito operada em meados de 1996, e a presente data,
sem a constatação de qualquer hipótese da sua suspensão, resta a este órgão
decretar a extinção do respectivo crédito tributário pela prescrição, na forma do
art. 156, V, do CTN.

7
A despeito de imaginarmos constituir uma extrapolação de sua competência conferida pela
Constituição Federal (art. 146, III, ‘b’), o que se justifica por preceder a própria Carta Magna
(pensamos, inclusive, não ter sido este dispositivo sido recepcionado pela nova ordem de 1988),
o CTN viria a conferir pelo seu art. 97, inciso VI, a possibilidade da lei tributária do respectivo
Ente Político tributante dispor sobre novas hipóteses de suspensão do crédito tributário,
faculdade que em não sendo exercida no âmbito estadual, nos deixa exclusivamente com as
hipóteses tratadas pelos incisos do art. 151 do CTN.
Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 7
Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos no sentido de
conhecer do reexame de ofício, restando seu exame meritório prejudicado diante do
reconhecimento, de ofício, da extinção do crédito tributário pela prescrição, na esteira
do art. 156, inciso V, do CTN.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRAFILHO


JULGADOR JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA (pelas conclusões)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_194/2013 Página 8


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: 1500-002952/96; CTE-102/07
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 031061/96
EMPRESA AUTUADA: FRORISVAL SOUZA BARROS ME
AUTUANTE: EDGAR SARMENTO P. FILHO – Mat. 51.554-4
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-195/2013

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS.


TRANSCORRIDO O PRAZO DE 05(CINCO) ANOS APÓS
A REVELIA DO AUTUADO SEM A DEVIDA
INSCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NA DÍVIDA
ATIVA, A EXTINÇÃO DO MESMO SE IMPÕE PELO
EFEITO DA PRESCRIÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E IMPROVIDA.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente feito, objeto de reexame necessário para o
pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto nos
seguintes termos:

Devidamente intimada da autuação, na pessoa do


seu titular, a autuada não apresentou defesa, incorrendo em
revelia, conforme termo próprio de fl. 143, lavrado em 20 de
março de 1996.

Em 27 de abril de 2007, a primeira instância


proferiu julgamento, concluindo pela extinção do crédito

Acórdão CTE N° P_195/2013 Página 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

tributário lançado em razão da prescrição do mesmo, conforme


a seguinte ementa: “ICMS. 1. Lançamento de ofício de crédito
tributário. 2. Falta de recolhimento de imposto por fruição
ilegal de atributo de Microempresa. 3. Revelia. 4.
Prejudicialidade do lançamento. 5. Extinção de crédito
tributário. 6. Prescrição – CTN, artigos 156, V, e 174. 7.
Duplo grau de jurisdição administrativa necessário – Art. 48,
Lei Estadual nº. 6.771/06.”

Submetida a decisão da instância de piso à


Segunda Câmara deste Colegiado em decorrência de remessa
necessária, esta concluiu, por maioria de votos, pela
extinção do crédito tributário mediante a prescrição do
mesmo, ratificando assim a decisão monocrática nos termos da
seguinte ementa: “ICMS – Lançamento de ofício de crédito
tributário. Ausência de Impugnação e Recurso. Crédito
Tributário Constituído. Fruição do Prazo de 05 (cinco) anos.
Prescrição. Extinção do Crédito Tributário. Recurso de ofício
conhecido e negado provimento. Decisão singular mantida.”

Por força de remessa necessária o presente


processo sobe ao pleno deste Colegiado para o respectivo
reexame da decisão proferida pela 2ª (Segunda Câmara).

Em síntese é o relatório.

Acórdão CTE N° P_195/2013 Página 2


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Voto.

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que o


contribuinte apesar de ter sido intimado da autuação em 15 de
fevereiro de 1996, o mesmo não impugnou o lançamento,
incorrendo assim em revelia, conforme termo próprio lavrado
na fl. 143.

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente, ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141....

§ 1º - Quando se tratar de infrator revel, e a


infração se referir à falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros fiscais próprios, prestadas
as informações sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo automaticamente
promovida a inscrição do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista


no parágrafo anterior, importa o reconhecimento da obrigação
tributária e produz efeito de decisão final do processo
administrativo.

Acórdão CTE N° P_195/2013 Página 3


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

§ 3º - Nos demais casos, lavrado o Termo de


Revelia, o processo seguirá os tramites regulamentares,
facultado ao revel a intervenção em qualquer oportunidade,
antes de transitada em julgado a decisão terminativa”.

Posteriormente, editada a Lei nº 5.983, em 20 de


dezembro de 1997, a mesma alterou a redação do art. 141,
retro transcrita, com o seguinte teor: “Art. 141. Findo o
prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação
de defesa ou recurso, será providenciado a lavratura do termo
de revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em
Dívida Ativa.”

“Parágrafo único – A revelia do autuado implica


no reconhecimento da obrigação tributária e produz efeito de
decisão final no processo administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o Código
Tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, o referido
diploma legal quando disciplinava o processo administrativo
fiscal no seu capítulo III, do art. 118 ao art. 167, o mesmo
tratou, também, de direito processual e assim sendo a
doutrina aponta três sistemas que procuram resolver quanto à
eficácia das leis processuais no tempo, conforme exposição
abaixo:

a) O primeiro sistema, chamado de unidade


processual, é um complexo de atos inseparáveis uns dos
outros, porque todos se subordinam ao fim a que visa, qual
seja, a decisão. O processo seria um corpo uno, e, assim
considerados, teria que ser regulado por uma única lei.
Nessas condições, uma vez em curso, e sobrevindo uma lei
nova, disciplinar-se-ia inteiramente por esta ou pela lei
anterior. A ser regido inteiramente pela lei nova, tornando
ineficazes os atos já realizados, poder-se-ia dizer que a lei
processual tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases

Acórdão CTE N° P_195/2013 Página 4


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Conselho Tributário Estadual

processuais autônomas: a postulatória, a probatória, a


decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplinará a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Somente as fases seguintes obedeceriam à lei nova.

c) O terceiro sistema é o do isolamento dos atos


processuais, segundo o qual, sem desconhecer que o processo é
uma unidade em vista do fim a que se propõe, observa que cada
um dos atos processuais pode ser considerado isoladamente,
para os efeitos de aplicação da lei nova. Ou melhor, esta,
encontrando um processo em desenvolvimento, respeita a
eficácia dos atos processuais já realizados e passa a
disciplinar o efeito a partir de sua vigência.

Dentre os referidos sistemas, o Código de Processo


Civil adotou o sistema do isolamento dos atos processuais,
conforme expressamente dispôs no art. 1211, ao tratar das
disposições finais e transitórias, segundo o qual reza:
“...Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão, desde
logo, aos processos pendentes.

Portanto, atentando-se para aplicação subsidiária


das normas do Processo Civil ao Processo Administrativo
Tributário, não resta nenhuma dúvida de que à luz da nova
redação do art. 141, da Lei nº 4.418/82, então vigente, dada
pela Lei nº 5.983/97, a administração fazendária deveria ter
procedido ao encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o
respectivo débito na Dívida Ativa, isto, em 20 de março de
1996, a fim de inscrever o respectivo débito na Dívida Ativa,
seguida da competente ação de execução fiscal a cargo da
douta Procuradoria da Fazenda Estadual.

No entanto, transcorreram mais de cinco anos,


contados a partir da constituição do crédito tributário,
termo inicial do prazo prescricional, sem que tal providência
fosse adotada, segundo confronto de fl. 143 com as fls.
153/162.

Acórdão CTE N° P_195/2013 Página 5


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO


ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da remessa
necessária para negar-lhe provimento, comungando assim com o
voto do nobre julgador Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho,
o qual entende pela extinção do crédito tributário, pelo
efeito da prescrição.

Intime-se a empresa autuada e em seguida vão os


autos à DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRAFILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


ODETE MINEIRO DA PAZ JULGADOR
JULGADORA

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_195/2013 Página 6


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: SF-1500-000474/1997; CTE-390/2010
AUTO DE INFRAÇÃO:065365, PROTOCOLADO EM 30/07/1996
AUTUADA: MARIA DE LOURDES CORREIA MATA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-196/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. AUSENCIA


DE INTIMAÇÃO À AUTUADA NA FORMA DA LEGISLAÇÃO
VIGENTE. NULIDADE DOS AUTOS, EXCETO O AUTO DE
INFRAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO ESTÁ
DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO. NÃO OCORRÊNCIA DE
PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. EXTINÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO INSTITUTO DA DECADÊNCIA.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E
IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do Pleno


do Conselho Tributário Estadual, nos termos do Inciso II, do
art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da Segunda Câmara
do CTE, Acórdão de nº. 091/2011 que por maioria de votos e
recebeu a seguinte ementa:

Acórdão CTE N° P_196/2013 Página 1


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CRÉDITO


DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO PELO LANÇAMENTO
REGULARMENTE NOTIFICADO AO CONTRIBUINTE.
INEXISTÊNCIA DE QUALQUER HIPÓTESE DE
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. DECURSO DO PRAZO DO QUINQUÍDIO
LEGAL DE TRATA O ART. 174 DO CTN SEM A
DEVIDA COBRANÇA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO PELA PRESCRIÇÃO. INTELIGÊNCIA DO
ART. 15, INCISO V, DO CTN. REMESA CONHECIDA
E NÃO PROVIDA.

O auto de Infração nº 065365, protocolado em 30/07/1996, ,


objeto da lide, de que trata o Acórdão 091/2011 foi lavrado
contra a empresa em evidência, com alegação do autuante de que
deixou de comunicar “á Fazenda Estadual, o encerramento de suas
atividades comerciaisi” e intimada para apresentar livros e
documentos fiscais, não compareceu, carecterizando o
deparecimentos dos mesmos e “não apresentou o Índice de
Participação dos Municípios”
O auto de Infração, objeto da lide, foi julgado
procedente pela 1ª Instância de julgamento cuja ementa
transcrevemos:

EMENTA: OBRIGAÇÕES FORMAIS: 1) deixar de


comunicar à SEFAZ o encerramento de suas
atividades comerciais: 2) extraviar livros e
documentos fiscais. Intimação fiscal
regulamentar. Ausência de contestação. Itens 1 e
2, infrações caracterizadas; 3) não apresentar à
repartição fazendária a Declaração de Valor
Adicionado para fins de apuração do Índice de
Participação dos Municípios. Acusação procedida
de forma generalizada. Insubsistente a ação
fiscal. Auto de Infração PROCEDENTE EM PARTE.

Acórdão CTE N° P_196/2013 Página 2


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Notificada autuada pela Notificação CTE 234/2010, não


logrando êxito (fls. 76 a 78), foi publicado o Edital CTE Nº
018/2012, publicado no dia 21/3/2012, a autuada não se
manifestou.
Notificada a Representação Fiscal pelo MEMO CTE Nº
60/2011 nada acrescentou.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta,


nota-se que o Reexame Necessário do Pleno CTE deve-se à Decisão
não unanime da 2ª Câmara do CTE sobre a extinção do crédito
tributário pela prescrição nos termos do art. 156, V, do CTN,
relativo ao Auto de Infração 065365, protocolado em 30/07/1996,
lavrado contra a empresa Maria de Lourdes Correia Mata.
O Parecer PGE/PFE 852/09 de 19/8/2009 elucida quanto
à competência de declaração da prescrição ou da decadência,
dizendo que é de quem inscreve na dívida ativa, ou seja, a
Procuradoria da Fazenda. Esclarece ainda que o procedimento para
definir a extinção do crédito tributário “deve preceder de
parecer conclusivo conjunto dos membros do Colegiado de
Procuradores”, composto por três membros. Observe-se o que diz a
redação do art. 1º, 2º e 3º do Decreto 539/02:
Art. 1º- Compete ao Procurador do Estado,
que verificar a prescrição ou a decadência
de crédito tributário em processo

Acórdão CTE N° P_196/2013 Página 3


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administrativo fiscal de sua competência,


nos termos do Código Tributário Nacional,
submeter à questão a Colegiado de
Procuradores integrantes da unidade
operativa da Procuradoria da Fazenda
Estadual para que opinem conjuntamente, em
parecer conclusivo, acerca da extinção ou
não do crédito tributário.

Art. 2º - O Colegiado será composto de, no


mínimo, 03 (três) Procuradores de Estado,
designados, em cada processo, pelo
Coordenador da Procuradoria da Fazenda
Estadual.

Art. 3º - Verificada a prescrição ou a


decadência do crédito tributário, o parecer
conclusivo será submetido à aprovação do
Procurador- Geral do Estado, que poderá
declarar, em cada caso, a extinção do
crédito tributário.

Os autos foram julgados pelo CTE no dia 1/4/2011. O


voto divergente quanto à declaração de prescrição pelo CTE por
esta conselheira foi em obediência ao Decreto 539/02, ainda em
vigor e o Parecer PGE/PFE 852/009 de 19/8/2009.
O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013
(processo 1500 5479/2013) responde à consulta formulada pela
presidência do CTE no ofício nº 044/2012. Informa a PGE:
(...)
em reunião, realizada na data de 08/07/2010,
no âmbito da Procuradoria da Fazenda
Estadual, predominou o entendimento, agora
unificado, de que a norma do art. 141 da Lei
Estadual 4418/82 (hoje revogada) era de
natureza processual, devendo sua nova
redação, dada pela Lei Estadual nº 5983/97,
ser aplicada a partir da vigência desta
última, a todos os processos então em curso.
Desta forma, não mais exigível a partir de
20/12/97, o julgamento administrativo quando
revel o contribuinte, tal como previsto na
redação original do art. 141 em menção.
Em decorrência, ficou também decidido que o
dia 20/12/97 será o marco inicial da
prescrição para os créditos tributários

Acórdão CTE N° P_196/2013 Página 4


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consignados em processos administrativos


iniciados antes da edição da Lei 5983/97,
cujo julgamento desnecessariamente, se tenha
realizado a partir daquela data (...).

Considerando o parecer supra a partir de 20/12/97,


após revel o contribuinte, está constituído definitivamente o
crédito tributário e nesta data começa a contagem do prazo
prescricional que somente neste caso, a própria PGE dá a
competência ao CTE de declarar a prescrição.
Observe-se que na ementa do acórdão diz “(...)CRÉDITO
DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO PELO LANÇAMENTO REGULARMENTE
NOTIFICADO AO CONTRIBUINTE(...)”
A autuada não foi intimada nos termos da legislação
vigente, o art. 131 da Lei 4418/82. A Intimação à autuada se deu
por edital que então devia ocorrer apenas quando não se
conseguia efetivá-la na forma do art. 131, I a IV:
Art. 131 - A intimação será feita:
I - pelo autor do procedimento ou outro
servidor a quem for conferida a atribuição,
comprovando-se pelo "ciente" do intimado,
seu mandatário ou preposto;
II - pela declaração expressa de recusa do
intimado, por quem proceder à intimação;
III - pela ciência dada na repartição ao
interessado ou seu representante, em razão
de comparecimento espontâneo ou a chamado do
órgão onde se encontre o processo;
IV - por via postal, comprovando-se pelo
"Aviso de Recepção (AR)", assinado pelo
intimado, seu representante ou por quem o
fizer em seu nome;
V - por edital.
§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na
forma dos incisos I a IV deste artigo, a
intimação será feita por edital, anexando-se
uma via ao processo e certificando-se nos
autos a sua publicação, com indicação da
página e da data do Diário Oficial.
§ 2º - O edital será publicado uma só vez no
Diário Oficial do Estado, com prazo de 30

Acórdão CTE N° P_196/2013 Página 5


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(trinta) dias, e conterá apenas a indicação


do órgão próprio da Secretaria da Fazenda, o
nome do intimado e dos co-responsáveis, o
assunto e a sua natureza, o prazo e o
endereço do órgão incumbido da intimação.
§ 3º - O contribuinte ausente do país será
citado por edital, com prazo de 60
(sessenta) dias.
§ 4º - Sempre que o contribuinte for
domiciliado no Interior do Estado, o Edital
será também afixado no setor de atendimento
externo da repartição fazendária local, onde
deverá permanecer pelo prazo estabelecido no
parágrafo 2º deste artigo.
§ 5º - No caso do parágrafo anterior,
certificar-se-ão nos autos, a data e o local
onde foi afixado o edital.

Portanto, com exceção do Auto de Infração todo o


processo é nulo a partir dele. Assim sendo,– o crédito
tributário ainda não foi definitivamente constituído. O art. 174
do CTN diz em sua redação:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito
tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva.
(...)

Diante do exposto, procedo ao reexame necessário,


considerando que não foi constituído definitivamente o crédito
tributário, portanto este não está prescrito. O processo está
nulo, exceto o Auto de Infração que ainda precisa ser examinado
apenas quanto ao encerramento de atividades sem comunicação à
Sefaz.
Em consequência, dado o decurso do prazo, o crédito
tributário encontra-se decaído, por não ter mais prazo para um
novo lançamento. Reexame necessário conhecido e improvido.

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Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JULGADORA
JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_196/2013 Página 7


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SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO DO CTE Nº 02 – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: SF-1500-008048/1991; CTE-034/2008
AUTO DE INFRAÇÃO: 035623, PROTOCOLADO EM 10/01/1991
AUTUADA: CASA SÃO LUIZ COM. E ARM. LTDA.
AUTUANTE: MARCELO FERREIRA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO N° P-197_2013

EMENTA: ICMS - OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. EMPRESA


REGULARMENTE INTIMADA. EMPRESA REVEL. CRÉDITO
TRIBUTÁRIO DEFINITIVAMENTE CONSTITUIDO.
OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
NOS TERMOS DO ART. 174 E EXTINÇÃO DO CRÉDITO,
TRIBUTÁRIO CONFORME ART. 156, V AMBOS DO CTN
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO. MANTIDA A DECISÃO DA 2ª CÂMARA
DE JULGAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do Pleno


do Conselho Tributário Estadual, nos termos do Inciso II, do
art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da Segunda Câmara
do CTE, Acórdão de nº. 120/2012, que julgou Prejudicado o exame
de mérito diante do reconhecimento, por maioria de votos da
extinção do crédito tributário pela prescrição. O acórdão
recebeu a seguinte ementa:

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EMENTA: ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO


REGULARMENTE CONSTITUÍDO –
NOTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO.
AUSÊNCIA DE APRESENÇÃO DE DEFESA
ADMINISTRATIVA – REVISÃO DE OFÍCIO –
INTELIGÊNCIA DO ART. 141, § 3º, DA
LEI ESTADUAL 4418/82 – INEXISTENCIA
DE QUALQUER CAUSA SUSPENSIVA
INERRUPTIVA DA CONTAGEM DO PRAZO
PRESCRICIONAL – AUSÊNCIA DE
AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE EXECUÇÃO
FISCAL DENTRO DO QUINQUÊNIO LEGAL –
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA
INCIDENCIA DA PRESCRIÇÃO, NOS TERMOS
DOS ARTS. 156, INCISO V C/C 174. DO
CTN. REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO

O Auto de Infração nº 0035623, protocolado em


10/6/1991, objeto da lide, de que trata o Acórdão 120/2012 foi
lavrado contra a empresa, em evidência, com alegação de que
realizou saídas de mercadorias desacompanhadas de documentação
idônea e utilizou máquina registradora com lacre de segurança
rompido. Julgado procedente em parte pela 1ª Instância de
julgamento recebeu a ementa que transcrevemos:
EMENTA: ICMS. 1 Lançamento de crédito
tributário. 2 Falta de recolhimento de imposto
decorrente de saídas acobertadas por
documentação inidônea. 3. Descumprimento de
obrigações tributárias acessórias inerentes a
utilização de máquinas registradoras. 4.
Revelia. 5. Lançamento prejudicado. 6. Extinção
do crédito tributário. Prescrição -= CTN,
artigos 156, V, e 174. 8 Duplo grau de
jurisdição administrativa necessário – art. 48,
Lei 6771/06

Notificadas autuada e Representação Fiscal sobre o


Acórdão CTE 120/2012 estas não se manifestaram

Acórdão CTE N° P_197/2013 Página 2


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Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta,


nota-se que o Reexame Necessário do Pleno CTE deve-se à Decisão
não unanime da 2ª Câmara do CTE sobre a extinção do crédito
tributário pela prescrição, nos termos do art. 156, V, c/c com
art. 174, ambos do CTN, relativo ao Auto de Infração 0035623,
protocolado em 10/6/91, lavrado contra a empresa Casa São Luiz
Com. e Arm. Ltda., qualificada na exordial.
O Parecer PGE/PFE 852/09 de 19/8/2009 elucida quanto
à competência de declaração da prescrição ou da decadência,
dizendo que é de quem inscreve na dívida ativa, ou seja, a
Procuradoria da Fazenda. Esclarece ainda que o procedimento para

Acórdão CTE N° P_197/2013 Página 3


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definir a extinção do crédito tributário “deve preceder de


parecer conclusivo conjunto dos membros do Colegiado de
Procuradores”, composto por três membros. Observe-se o que diz a
redação do art. 1º, 2º e 3º do Decreto 539/02:
Art. 1º- Compete ao Procurador do Estado,
que verificar a prescrição ou a decadência
de crédito tributário em processo
administrativo fiscal de sua competência,
nos termos do Código Tributário Nacional,
submeter à questão a Colegiado de
Procuradores integrantes da unidade
operativa da Procuradoria da Fazenda
Estadual para que opinem conjuntamente, em
parecer conclusivo, acerca da extinção ou
não do crédito tributário.

Art. 2º - O Colegiado será composto de, no


mínimo, 03 (três) Procuradores de Estado,
designados, em cada processo, pelo
Coordenador da Procuradoria da Fazenda
Estadual.

Art. 3º - Verificada a prescrição ou a


decadência do crédito tributário, o parecer
conclusivo será submetido à aprovação do
Procurador- Geral do Estado, que poderá
declarar, em cada caso, a extinção do
crédito tributário.

Os autos foram julgados pelo CTE no dia 13/4/2012.


Até esta data existiam dúvidas quanto à competência do CTE para
declarar a prescrição de crédito tributário, devido à redação
do Decreto 539/02, ainda em vigor e o Parecer PGE/PFE 852/009 de
19/8/2009.
O ofício PGE/PFE/COORD nº 0016/2013 de 14/2/2013
(processo 1500 5479/2013) responde à consulta formulada pela
presidência do CTE no ofício nº 044/2012. Informa a PGE:
(...)
em reunião, realizada na data de 08/07/2010,
no âmbito da Procuradoria da Fazenda
Estadual, predominou o entendimento, agora
unificado, de que a norma do art. 141 da Lei
Estadual 4418/82 (hoje revogada) era de

Acórdão CTE N° P_197/2013 Página 4


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FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

natureza processual, devendo sua nova


redação, dada pela Lei Estadual nº 5983/97,
ser aplicada a partir da vigência desta
última, a todos os processos então em curso.
Desta forma, não mais exigível a partir de
20/12/97, o julgamento administrativo quando
revel o contribuinte, tal como previsto na
redação original do art. 141 em menção.
Em decorrência, ficou também decidido que o
dia 20/12/97 será o marco inicial da
prescrição para os créditos tributários
consignados em processos administrativos
iniciados antes da edição da Lei 5983/97,
cujo julgamento desnecessariamente, se tenha
realizado a partir daquela data (...).

Considerando o parecer supra, a partir de 20/12/97,


após revel o contribuinte, está constituído definitivamente o
crédito tributário e nesta data começa a contagem do prazo
prescricional que somente neste caso, a própria PGE dá a
competência.
A autuada foi intimada regularmente, não apresentando
Defesa foi lavrado o Termo de Revelia no dia 5/8/1991.

Assim sendo, o crédito tributário foi definitivamente


constituído e, portanto prescrito nos termos do art. 174 do CTN
diz em sua redação:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito
tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva.
(...)

Em consequência, o crédito tributário está extinto,


na forma do art. 156, V, do CTN, cuja redação assim diz:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

(...)

V - a prescrição e a decadência;

Acórdão CTE N° P_197/2013 Página 5


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

(...)

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, procedo
ao reexame necessário, negando-lhe provimento, mantendo a
decisão da 2ª Câmara de julgamento, conforme o acórdão do CTE
120/2012.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05


de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (pelas conclusões)

Acórdão CTE N° P_197/2013 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-013755/1997; CTE 450/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 012384 de 30/12/1997
RECORRIDO: Estevam Administração e Empreendimentos
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-198/2013

EMENTA :Decadência. Reconhecida a


decadência referente a todo o período
do lançamento. A autuação decorre do
período de 1994 a 1995. Contribuinte
regularmente notificada do lançamento
em 18/03/2005. Decaído o direito de
constituir o crédito tributário.
Reexame conhecido e improvido. Decisão
Mantida

RELATÓRIO

Trata-se reexame necessário, cujo o objeto é a análise do


Acórdão n° 080/2012, emitido pelos membros da 1ª Câmara do Conselho
Tributário Estadual, que por maioria de votos entendeu ter Decaído o
Crédito Tributário e considerou, portanto, prejudicado o reexame
necessário da decisão da coordenadoria de julgamento que havia
julgado improcedente o lançamento.

Acórdão CTE N° P_198/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

A atividade fiscal teve início a partir da lavratura do


Auto nº 12384, sob a alegação de que o contribuinte teria deixado de
recolher o ICMS, nos anos de 1994 e 1995, a Autuante apontou suposta
transgressão ao artigo 21, V da Lei nº 5.900/96, culminado com a
pena prevista no artigo 827 do RICM, constituindo, dessa forma,
crédito tributário na ordem de R$ 8.565,90(oito mil, quinhentos e
sessenta e cinco reais e noventa centavos e multa no montante de R$
5.139,52 (cinco mil cento e trinta e nove reais e cinqüenta e dois
centavos).

Salienta-se que a Autuante, ao não lograr êxito com a


tentiva de intimação postal, realizada no dia 18/02/1998, publicou
na data 24/03/1998, através do Diário Oficial, edital com o fito de
comunicar ao contribuinte sobre a lavratura do Auto, confeccionando
em sequência o termo de revelia no dia 24/04/1998.

Através do despacho prensente na fl. 42, a gerência de


Crédito Tributário informou que o contribuinte tomou ciência da
autuação em 18/03/2005,

Nesse diapasão, o contribuinte apresentou defesa


alegando, em síntese que: a) teria pedido baixa da sua inscrição em
10/01/1996; b) que no endereço indicado no pedido de baixa o fiscal
poderia ter tido acesso a todos os documentos fiscais; c) em
30/01/1998 foi homologado a baixa na inscrição; e d) em face do
lapso temporal requereu a extinção do crédito tributário.

Já nas contrarrazões, a Autuante alegou que: a) o pedido


de extinção do Crédito tributário, feito pelo contribuinte, não
encontra respaldo legal; b) o contribuinte não nego a autoria dos

Acórdão CTE N° P_198/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

fatos da infração supostamente cometida; c) os documentos acostados


ao lançamento dariam respaldo legal ao lançamento; e por fim d)
solicitou que o Auto fosse julgado de forma procedente.

Em sede de Decisão, o julgador singular, por meio da


Decisão nº 17.251, julgou improcedente o lançamento do crédito
tributário consubstanciado no Auto nº 12384, sob a alegação de que a
Autoridade Fiscal teria se omitido em comprovar a circunstância
material que daria ensejo a ocorrência do Fato Gerador da obrigação
tributária.

O Fisco e o Contribuinte tomaram ciência, contudo não se


pronunciaram, em sequência os autos foram remetidos para a 1ª Câmara
do Conselho Tributário Estadual, e esta por maioria dos votos,
adotou o seguinte entendimento:

EMENTA – ICMS. OMISSÃO DE MERCADORIAS. AUSÊNCIA DE


INTIMAÇÃO VÁLIDA DO CONTRIBUINTE NO PRAZO DECADÊNCIAL.
DECADÊNCIA CONFIGURADA. REEXAME NECESSÁRIO PREJUDICADO.
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (Acórdão n° 080/2012, 1ª
Câmara do CTE. Dj. 07/03/2012)

É O relatório.

É o relatório.

VOTO

Compulsando os autos percebe-se que a autuada apenas


foi regulamente notificada em 18 de março de 2005, consoante
se depreenda do despacho de fls. 43 exarado pela própria
gerência de crédito tributário, portanto, como a autuação
corresponde a falta do recolhimento do ICMS referente às

Acórdão CTE N° P_198/2013 Página 3


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competências de 1994 e 1995, resta analisar se há decadência


ou não do crédito tributário, reexaminando assim a decisão
recorrida.

Ora, a Fazenda Estadual possui 5(cinco) anos para


realizar o lançamento, o qual quando não praticado nesse lapso
temporal, decai o direito de celebrá-lo.

É oportuno colacionar o conceito de decadência do


professor Paulo de Barros Carvalho, vejamos:

A decadência ou caducidade é tida como o fato


jurídico que faz perecer um direito pelo seu não-
exercício durante certo lapso de tempo. Para que as
relações jurídicas não permaneçam indefinidamente, o
sistema positivo estipula certo período a fim de que os
titulares de direitos subjetivos realizem os atos
necessários à sua preservação, e perante a inércia
manifestada pelo interessado, deixando fluir o tempo,
fulmina a existência do direito, decretando-lhe a
extinção 1.

Como regra geral, o prazo de cinco anos, findo o qual


se opera a decadência, tem início, de acordo com o inciso I do
art. 173 do CTN, no primeiro dia do exercício seguinte àquele
em que o lançamento poderia ser efetuado. Quando a lançamento
for considerado nulo, o prazo se inicia na data em que se
tornar definitiva a decisão que houver anulado o lançamento
anterior, consoante prescreve o inciso II do citado artigo.

Entretanto, quando o tributo é sujeito ao lançamento


por homologação, como é o caso, o prazo decadencial passa a
fluir da data do respectivo fato gerador, de acordo com o que
o prescreve o § 4º do art. 150 do CTN, in verbis:

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele


de 5(cinco) anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública
se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo
se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.

1
CARVALHO, Paulo de Barros. In. Curso de Direito Tributário. 18 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.p.482

Acórdão CTE N° P_198/2013 Página 4


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Percebe-se indubitavelmente que nos tributos sujeitos


ao lançamento por homologação, o prazo quinquenal tem início a
partir da ocorrência do fato gerador.

Diante dos argumentos apresentados acima, ACORDAM OS


MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, como a autuação decorre do período de 1994 a 1995, e a
recorrente apenas foi regulamente notificada do lançamento em
18/03/2005, encontra-se decaído o direito de constituir o
crédito tributário de todo o período, sem a necessidade entrar
na discussão se houve ou não pagamento antecipado parcial do
tributo.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRAFILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_198/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013
PROCESSO: 1500-009613/1991 e CTE- 315/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 46017.
AUTUADO: VILHENA E ABREU LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.05631-4.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-199/2013

EMENTA. ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E


ACESSÓRIA. FATOS GERADORES OCORRIDOS
EM 1988 E 1989. NOTIFICAÇÃO AO
CONTRIBUINTE SOMENTE EM MEADOS DO ANO
DE 2007. DECADÊNCIA DEVIDAMENTE
CARACTERIZADA. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Fundamentaram as acusações em desfavor do contribuinte


VILHENA E ABREU LTDA, no importe de CR$ 154.488,19 (cento e
cinquenta e quatro mil, quatrocentos e quarenta e oito
cruzeiros e dezenove centavos), em razão de supostamente ter
cometido as seguintes infrações:
1) Falta de registro das notas fiscais de números 5507,
emitida em 29/06/89 por Confecções e Modas Júpiter LTDA;
3011, emitida em 17/07/89 – Canvas Manufatura de Calçados

Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 1


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Ltda e 3896, emitida em 28/06/89 – Boneca de Pano Ind. E Com.
Ltda, no valor de CR$ 800,77, gerando um ICMS de CR$ 176,97;
2) Falta de recolhimento do ICMS referente ao estoque-
diferença no exercício de 1988, declarado no seu movimento
econômico e o estoque inventariado, no valor comercial de CR$
3.157,52, gerando um ICMS de CR$ 697,81;
3) Não inventariou o exercício de 1989 no prazo e forma
regulamentar; e
4) Falta de apresentação a SEFAZ/AL de seu movimento
econômico relativo ao exercício 1988.
Imputada infração aos arts. 82, XII e VII c/c art. 205
do Decreto n.º 6.148/84, foram aplicadas as penalidades
insertas nos arts. 98, 130, I, 136 e 121 da Lei 5.077/89.
Tendo sido intimado do lançamento de ofício pelo Edital
Cat nº 82-91/0.37 em 03 de agosto de 1991, conforme
publicação na impressa oficial do Estado, em 23 de setembro
de 1991, foi lavrado Termo de Revelia.
Em atendimento ao pedido de diligência nº 267/2006
feito pela Coordenadoria de Julgamento, datado de 11/07/2006,
foi proferido despacho pela Gerência do Crédito Tributário,
no sentido de determinar a notificação do contribuinte para
liquidar o débito ou, querendo, apresentar defesa no prazo de
30 (trinta) dias.
Em 26 de abril de 2007, foi lavrado um novo termo de
revelia, em razão de o contribuinte devidamente notificado em
27/03/2007, não ter apresentado defesa no prazo legal.
Encaminhado os autos para análise da Coordenadoria de
Julgamento, esta proferiu julgamento no sentido de extinguir
o crédito tributário, por força da remissão, nos termos do
art. 11, IV, e §1º da Lei 6.765/06, conforme ementa de
julgamento que segue.
EMENTA: ICMS – Obrigações principal e acessórias
– Falta de registro de notas fiscais de entrada –
Falta de escrituração de inventário – Falta de
entrega de documento fiscal - Falta de

Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 2


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recolhimento de imposto – EXTINÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO, por remissão (ex vi art. 11, IV, e §
1º da Lei 6.765/06), condicionada a ulterior
confirmação pelo Secretário da Fazenda (ex vi
art. 86, parágrafo único, da Lei 4.418/82 –
Código Tributário Estadual).
Pela decisão contrária à Fazenda Estadual, o juízo
singular recorreu a este Conselho, na forma estabelecida pelo
art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário
Estadual – CTE, onde na Primeira Câmara deste Colegiado,
conforme Acórdão nº 082/2012, foi julgado o reexame
necessário, modificando a decisão a quo, por maioria, que
manteve a extinção do crédito tributário, mas não por
remissão e sim pelo instituto da decadência.
O acordão foi ementado da seguinte maneira:
EMENTA- AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS –
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA – FATOS
GERADORES OCORRIDOS EM 1988 E 1989 –
NOTIFICAÇÃO AO CONTRIBUINTE SOMENTE EM
MEADOS DO ANO DE 2007 – DECADÊNCIA DO
DIREITO DE O FICO CONSTITUIR O CRÉDITO
TRIBUTÁRIO DEVIDAMENTE CARACTERIZADA –
EXTINÇÃO DO CRÉDITO – INTELIGÊNCIA DO
ART. 156, V DO CTN – REEXAME NECESSÁRIO
DA DECISÃO DA CJ PREJUDICADO.

Portanto, em obediência ao art. 48, II, da Lei nº


6.771/2006, os autos foram remetidos a este Pleno para
reexame necessário quanto à referida decadência.
É o relatório.

Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 3


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VOTO

Trata-se de reexame necessário que vem a este Plenário


com fundamento no artigo 48, II, da Lei 6771/06, relativo ao
Acórdão nº 082/2012, proferido pela 1ª Câmara desse Conselho,
que por maioria de votos extinguiu o crédito tributário por
decadência conforme o art. 156, V, do Código Tributário
Nacional - CTN.
Logo, conclusos a julgamento, os autos denotam, como
decidido pela relatoria da Primeira Câmara do CTE, a
ocorrência da decadência.
A decadência, em direito tributário, é hipótese
extintiva do crédito tributário 1 em razão do decurso do prazo
para o lançamento regular, é dizer, em razão da inércia por
parte do sujeito ativo competente. Atua fulminando o próprio
crédito tributário, ao extinguir o direito à liquidação da
obrigação tributária por parte da Administração.
Como bem delimitado nos autos, o decurso de tempo entre
os fatos geradores do tributo e do descumprimento da
obrigação acessória - exercícios de 1988 e 1989 - e a
constituição definitiva do crédito tributário aqui cobrado -
22 de março de 2007 com a notificação do sujeito passivo
sobre o auto de infração, fl. 59 - passaram-se 17 (dezessete)
anos ou mais, dependendo da infração analisada.

1
Código Tributário Nacional – CTN:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
...
V - a prescrição e a decadência; (grifos nosso)

Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 4


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Considerando os prazos limites para o exercício do
lançamento pelo sujeito ativo prescritos nos arts. 150 e 173
do Código Tributário Nacional (Lei Federal nº 5.172/66) 2.
No presente caso, relativo à obrigação acessória,
concordo com o marco inicial sendo o primeiro dia do
exercício seguinte a que o lançamento poderia ter sido
efetuado regra do art. 173, I do CTN, mas, apesar de
irrelevante para o desfecho do meu voto, discordo da
relatoria quanto a aplicar o art. 150, § 4º do CTN para o
imposto não pago.
Para mim aplica-se a mesma regra do art. 173, I do CTN,
pois não houve prova de pagamento do ICMS por parte do
sujeito passivo, tributo onde o crédito tributário é lançado
por homologação, como bem explica a doutrina de Luciano
Amaro 3:

2
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito
passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato
em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição
resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo
sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura
devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
...
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação,
ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
3
Direito tributário brasileiro / Luciano Amaro. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011.
Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 5
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“.. quando não se efetua o pagamento
“antecipado” exigido pela lei, não há
possibilidade de lançamento por
homologação, pois simplesmente não há
o que homologar; a homologação não
pode operar no vazio. Tendo em vista
que o art. 150 não regulou a
hipótese, e o art. 149 diz apenas que
cabe lançamento de ofício (item V),
enquanto, obviamente, não extinto o
direito do Fisco, o prazo a ser
aplicado para a hipótese deve seguir
a regra geral do art. 173, ou seja,
cinco anos contados do primeiro dia
do exercício seguinte àquele em que
(à vista da omissão do sujeito
passivo) o lançamento de ofício
poderia ser feito” (grifos nosso)

Sendo que o crédito em casos de lançamento de ofício só


é definitivamente constituído quando da notificação ao
sujeito passivo relativo à lavratura do auto de infração.
José Hable 4, citando Paulo de Barros Carvalho 5, resume
com primor o efeito da notificação: “se o lançamento existir
e for válido, não irradiará qualquer efeito jurídico,
enquanto não comunicado ao sujeito passivo por intermédio do
ato de notificação”.
Leciona ainda que: “... é a notificação que dá eficácia
ao lançamento tributário e, enquanto este não é levado ao
conhecimento do contribuinte, é apenas um ato interno da
Administração”. Portanto a intimação é requisito de perfeição
do lançamento.

4
A Extinção do Crédito Tributário por Decurso de Prazo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pp.
25-27.
5
Decadência e Prescrição. São Paulo: Saraiva, 1998, pp. 74-75.

Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 6


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E continua explicando, inclusive utilizando um exemplo
que bem cabe aqui nos autos:

“... se o agente do Fisco efetuar um


lançamento tributário, sem dar
conhecimento ao contribuinte, o mesmo
não produzirá nenhum efeito, pois
estar-se-á cerceando-lhe o direito de
se manifestar e contestar, 6 nada
podendo se exigir dele, simplesmente
por não ter havido o aperfeiçoamento
da relação jurídico-tributária, dado
que se produziu algo sem eficácia,
isto é, um lançamento sem efeito.
Pela notificação do lançamento é que
o sujeito passivo toma ciência da
existência da relação jurídica
formada com o sujeito ativo, além de
o próprio CTN exigir que o lançamento
seja regularmente notificado ao
contribuinte (CTN, art. 145 7)
(...)
Dessa forma, o momento em que
consideramos encerrado o prazo
decadencial, ou seja, em que não se
pode mais falar em decadência ...
está delimitado pela data em que o
contribuinte toma ciência do ato de
lançamento... será a data em que o
autuado é notificado do mesmo, e não

6
Constituição Federal do Brasil
Art. 5º (...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
7
Código Tributário Nacional
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:
(...)

Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 7


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a data do termo de início de ação
fiscal ou a data postada no AI,
momento em que a sua lavratura é tão-
somente iniciada ou concluída pelo
agente fiscal”.

Inclusive, tal entendimento tem o respaldo da


jurisprudência de nossos tribunais, onde colacionamos os dois
julgados abaixo exemplificativos:

(...) a obrigação tributária nasce


com o fato gerador e se transforma em
crédito tributário pelo lançamento,
lapso temporal esse que se sujeita à
decadência, ou seja – dispõe a
Fazenda do direito de lançar no prazo
de cinco anos, cujo termo a quo é o
fato gerador, e o termo ad quem, o
lançamento, ou melhor, a notificação
do lançamento ao sujeito passivo, ou
a homologação do lançamento da
declaração feita pelo próprio
contribuinte (art. 150 do CTN). (REsp
485.738/RO, Rela. Mina. Eliana
Calmon, 2ª Turma, unânime, julgado em
17.06.2004)

O período decadencial se estende até


o instante da notificação do auto de
infração ou do lançamento do débito;
(STJ, REsp 533486/RS, Rel.: Min.
Francisco Peçanha Martins, 2ª T, DJ
06.03.2006)
(grifos nosso)

Concluindo, temos que o Fisco alagoano tinha um prazo


fatal para que não ocorresse a decadência e que houvesse a
constituição definitiva do crédito cobrado, porém só intimou
Acórdão CTE N° P_199/2013 Página 8
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o contribuinte a respeito do lançamento de ofício depois de
17 (dezessete) anos, muito após o determinado em lei,
decaindo assim o seu direito de lançar.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO ESTADUAL, por
TRIBUTÁRIO unanimidade de votos, no
sentido de conhecer do presente Reexame Necessário para
negar-lhe provimento.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro


de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR (pelas conclusões)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


PROCESSO: 1500-016924/05(02 Volumes); CTE-98/10
ANEXOS: 1500-025091/05; 1500-021335/06
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 055745/05
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA
AUTUADA: M J DA SILVA PONTA GROSSA
AUTUANTE: GENIVAL LIMA DE CARVALHO – 30.663-0
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
JULGADOR COM VOTO VENCEDOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-200/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Não recolhimento de ICMS por omissão
de saída de mercadorias tributáveis,
apurada mediante levantamento
financeiro da conta ‘Caixa’. Hipótese
de “insuficiência de Caixa” e não de
“suprimento indevido de Caixa”.
Mantido o julgado quanto à aplicação
da multa prevista no art. 79 em
detrimento da multa do art. 87.
Remessa necessária conhecida e
improvida. Acórdão da Câmara desse
Conselho mantido.

RELATÓRIO

Designado pelo eminente Presidente passo a


relatar o presente processo, objeto de reexame necessário
para o pleno deste Colegiado e afinal proferir o meu voto nos
seguintes termos:

A primeira instância proferiu julgamento,


concluindo pela aplicação da penalidade do art. 79, da Lei
nº. 5.900/96, ao contrário da penalidade do art. 87 da mesma
Acórdão CTE N° P_200/2013 Página 1
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lei, sugerida pelo autuante, quando da lavratura da peça


vestibular dos autos sob a alegação de que o reportado art.
87 “traz no seu preceito primário apenas a hipótese de
suprimento indevido de caixa e passivo fictício”, segundo a
qual difere da hipótese de insuficiência de caixa e daí a
falta de tipicidade penal tributário.

Submetida a decisão da instância de piso à


Primeira Câmara deste Colegiado em decorrência de remessa
necessária, esta concluiu por maioria de votos pela
manutenção da decisão de primeiro grau, aplicando assim a
multa do art. 79 ao invés da multa do art. 87, sugerida na
autuação.

Por força de remessa necessária o presente


processo sobe ao pleno deste Colegiado para o respectivo
reexame da decisão proferida pela 1ª(Primeira) Câmara.

Em síntese é o relatório.

VOTO VENCEDOR

I - RELATÓRIO

Por bem resumir a questão, peço vênia para adotar


como próprio o relatório empreendido pelo eminente
Conselheiro JOSÉ PEDRO DA SILVA:

(...).

Sem maiores considerações, passo imediatamente à


análise do mérito da questão.

É o relatório, no que interessa ao julgamento.

II - VOTO

Voto pela manutenção da redução da multa pelo


julgador monocrático, no qual decidiu pela aplicação do art.
79, da Lei Estadual 5.900/96 ao invés do art. 87 lançado de

Acórdão CTE N° P_200/2013 Página 2


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ofício na peça vestibular e reaplicada no voto do relator do


processo nessa Câmara, no qual transcrevo a seguir:

Art. 87 - Falta de recolhimento do imposto, proveniente de


saída de mercadorias, dissimulada por suprimento indevido
de caixa ou passivo fictício, apurado através de
levantamento de escrita contábil do contribuinte: [grifo
nosso]
MULTA - equivalente a 150% (cento e cinqüenta por cento)
do valor do imposto devido.

Verifica-se claramente que a multa do art. 87,


que trata de suprimento indevido de caixa apurado através de
levantamento de escrita contábil, não se subsume aos fatos
narrados na peça vestibular: “...Fato comprovado pela
insuficiência de caixa apurada através do levantamento
específico desta conta...”. (grifo nosso)
Ou seja, a infração aqui analisada é a do inciso
I do parágrafo único do art. 775, e não a do seu inciso II,
do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/91:

Art. 775. Apurada a existência de receita cuja origem não


seja comprovada, ou suspeita de fictícia ou graciosa,
inclusive a representada por despesa realizada a descoberto,
considera-se o respectivo valor como saída de mercadorias
em operação interna tributável e não registrada, sobre ela
exigindo-se o imposto correspondente e a multa cabível.
Parágrafo único - Configura-se também hipótese prevista
neste artigo as seguintes ocorrências:
I - constatação de saldo credor na conta caixa;
II - suprimento de caixa de origem não comprovada;
... (grifos nosso)

Assim, na época do lançamento de ofício, a multa


aplicável seria a do art. 84 da Lei 5.900/96. Todavia, tal
artigo foi expressamente revogado pelo art. 4º, da Lei
Estadual n.º 7.079/09. Vejamos:

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“Art. 4º Fica revogado o art. 84 da Lei nº 5.9001, de 27 de dezembro de 1996, reclassificando-se a


multa deste artigo para a do art. 792 da mesma Lei, relativamente aos créditos tributários já
lançados.”

Quanto à reclassificação, essa Câmara e o Pleno


deste Conselho Tributário Estadual, por maioria de votos, em
outros acórdãos já entenderam que é legal, pois foi cometido
um ato infracional à legislação tributária que cabe a punição
prevista no tipo administrativo do referido art. 79, como
decidido monocraticamente, sobretudo por ter favorecido o
contribuinte, a teor do disposto no art. 106, inciso II,
alínea “a”, do Código Tributário Nacional.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos no sentido de
conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra o acordão ora em reexame.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de


setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR (voto vencedor)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (contra o relator) JULGADOR (contra o relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (contra o relator) JULGADORA(contra o relator)

MARIA LOPES MILHOMES


ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO JULGADORA (com o relator)
JULGADOR (contra o relator)

Acórdão CTE N° P_200/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DO ESTADO DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº002 DO PLENO/CTE – Realizada em 05/09/2013


Processo: 1500-004682/1996 e CTE 393/2010.
Auto de Infração n.º 045201, de 09/11/1995.
Recorrente: Fazenda Estadual.
Recorrido: Osmar de Souza Lemos
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
Presidente: Sérgio Guilherme Alves Da Silva Filho
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho De Oliveira

ACÓRDÃO Nº P-201/2013

EMENTA : TRIBUTÁRIO - AUTO DE INFRAÇÃO –


OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – NULIDADE DO EDITAL DE
NOTIFICAÇÃO DO CONTRIBUINTE – AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO VÁLIDA – DECURSO DO PRAZO
DECADENCIAL PARA A CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO - DECADÊNCIA CARACTERIZADA –
PRELIMINAR DE OFÍCIO DE DECADÊNCIA ACOLHIDA -
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO – ANÁLISE DO MÉRITO
PREJUDICADA – EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
PELA DECADÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário do Acórdão n.º 082/2011


originário da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário Estadual, que,
por maioria de votos, acolhendo a preliminar de ofício suscitada pelo eminente
então Relator, decidiu pela extinção do crédito tributário por força da
incidência da prescrição tributária, na esteira do art. 156, inciso V, do CTN.
Vejamos a ementa do referido Acórdão:

Acórdão CTE N° P_201/2013 Página 1


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EMENTA – ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CRÉDITO


DEFINITIVAMENTE CONSTITUÍDO PELO LANÇAMENTO
REGULARMENTE NOTIFICADO AO CONTRIBUINTE.
INEXISTÊNCIA DE QUALQUER HIPÓTESE DE SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECURSO DO
PRAZO DO QUINQUÍDIO LEGAL DE QUE TRATA O ART.174 DO
CTN SEM A DEVIDA COBRANÇA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO PELA
PRESCRIÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART.156, INCISO V, DO CTN.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO PROVIDA.

Segundo se extrai do Acórdão n.º 082/2011, o crédito tributário


perseguido neste processo administrativo fiscal foi validamente constituído com
a regular intimação do ato de lançamento ao contribuinte, tornando-se o
crédito plenamente exigível na data do vencimento do prazo para seu
pagamento, haja vista que não houve oferecimento de defesa administrativa
pelo contribuinte, bem como por não restar configurado nos autos quaisquer
das hipóteses previstas no art. 151, do Código Tributário Nacional, capaz de
suspender a exigibilidade do crédito tributário.

Em outros termos, de acordo com o posicionamento adotado pela


2ª Câmara, com a notificação do contribuinte e a lavratura do termo de revelia
(fls. 04), diante da ausência de oferecimento de defesa administrativa, o crédito
tributário tornou-se exigível, cabendo à Fazenda Pública Estadual efetuar a
cobrança do crédito tributário no prazo de 05 (cinco) anos, a partir da
constituição definitiva (notificação válida ao contribuinte), conforme determina
o art. 174 do Código Tributário Nacional, sob pena de extinção do crédito pela
prescrição (art. 156, V, CTN).
Assim, em razão do decurso do prazo de 05 (anos) para a cobrança
judicial do crédito tributário, a 2ª Câmara do CTE, por maioria dos votos,
decidiu extinguir o crédito tributário pela prescrição, em conformidade com o
art. 156, V, do CTN.

Assim chegam os autos ao Pleno deste Conselho Tributário


Estadual para análise da referida decisão da 2ª Câmara de Julgamento, por
força do disposto no art. 48, inciso II, da Lei 6.771/06.

No essencial, é o relatório.

Acórdão CTE N° P_201/2013 Página 2


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VOTO

Cuida-se de reexame necessário do Acórdão n.º 082/2011


originário da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário Estadual, que,
por maioria de votos decidiu pela extinção do crédito tributário por força da
incidência da prescrição tributária, na esteira do art. 156, inciso V, do CTN.

Antes, porém, de proceder ao reexame necessário do Acórdão n.º


082/2011 originário da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário
Estadual, solicito vênia para levantar de ofício uma questão preliminar quanto
à notificação válida ao contribuinte.

- Preliminar de Ofício: Nulidade da notificação do lançamento. Ausência


de notificação válida. Decadência do crédito tributário caracterizada.

Analisando o Acórdão 082/2011 da 2ª Câmara do CTE, constata-


se que o mesmo possui como escora o fato de o crédito tributário ter sido
definitivamente constituído, mediante a notificação válida ao contribuinte.
Vejamos trecho do referido acórdão:

“Assim, não tendo se verificado quaisquer das hipóteses dos


incisos do art. 151 supra – referido nos autos, tem-se como
consectário que o crédito tributário se fez
definitivamente constituído na regular intimação do
ato de lançamento [...]”. [destaque ausente do original]

No caso, a suposta notificação válida ao contribuinte trata-se do


Edital CAT n.º 072-96/0.37, publicado no Diário Oficial do Estado, edição de
20 de março de 1996, o qual foi acostado aos autos às fls. 05.

Ocorre que, à época, ainda se encontrava em plena vigência a Lei


Estadual n.º 4.418/82, que assim disciplinava o ato de intimação do
contribuinte:

Art. 131 - A intimação será feita:

I - pelo autor do procedimento ou outro servidor a quem for


conferida a atribuição, comprovando-se pelo "ciente" do
intimado, seu mandatário ou preposto;

Acórdão CTE N° P_201/2013 Página 3


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II - pela declaração expressa de recusa do intimado, por


quem proceder à intimação;

III - pela ciência dada na repartição ao interessado ou seu


representante, em razão de comparecimento espontâneo ou a
chamado do órgão onde se encontre o processo;

IV - por via postal, comprovando-se pelo "Aviso de Recepção


(AR)", assinado pelo intimado, seu representante ou por
quem o fizer em seu nome;

V - por edital.

§ 1º - Na impossibilidade de se proceder na forma dos


incisos I a IV deste artigo, a intimação será feita por
edital, anexando-se uma via ao processo e certificando-se
nos autos a sua publicação, com indicação da página e da
data do Diário Oficial.

§ 2º - O edital será publicado uma só vez no Diário Oficial do


Estado, com prazo de 30 (trinta) dias, e conterá apenas a
indicação do órgão próprio da Secretaria da Fazenda, o nome
do intimado e dos co-responsáveis, o assunto e a sua
natureza, o prazo e o endereço do órgão incumbido da
intimação.
...

§ 4º - Sempre que o contribuinte for domiciliado no


Interior do Estado, o Edital será também afixado no
setor de atendimento externo da repartição fazendária
local, onde deverá permanecer pelo prazo estabelecido no
parágrafo 2º deste artigo.

§ 5º - No caso do parágrafo anterior, certificar-se-ão


nos autos, a data e o local onde foi afixado o edital.

Note-se que a legislação estadual apenas autoriza a publicação de


edital para fins de intimação do contribuinte quando a autoridade fiscal restar
impossibilitado de proceder na forma dos incisos I a IV da referida norma legal,
ou seja, quando não lograr êxito em intimá-lo pessoalmente ou por via postal.

Contudo, em análise dos autos, percebe-se que não há qualquer


prova da tentativa de intimação do contribuinte por via postal. Quanto à
tentativa de intimação pessoal, consta nos autos (fls. 02v) a informação do que

Acórdão CTE N° P_201/2013 Página 4


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o contribuinte não foi encontrado, porém sem indicar o motivo de o mesmo não
ter sido encontrado.

Diante de tal circunstância, diversas dúvidas podem surgir, como,


por exemplo, o “não encontrado” declarado pelo fiscal autuante se refere à
empresa ou apenas ao titular da empresa. Esta dúvida ganha maior relevo ao
consultarmos o documento denominado “Dados Cadastrais”, carreado aos
autos às fls. 10, onde verificamos que a empresa encontrava-se “ATIVA” à
época da lavratura do auto de infração. Destarte, qual a razão de a autoridade
fiscal não ter realizado a notificação por via postal, conforme determinava o art.
131, da Lei 4.418/82? Impossível responder com as informações constantes
nos autos.

O fato é que não há qualquer prova da tentativa de intimação por


via postal do contribuinte, o que, por si só, é capaz de anular o Edital CAT n.º
072-96/0.37, por afronta ao disposto no § 1º do art. 131 da Lei Estadual
4.418/82, então vigente.

Por outro lado, mesmo que fosse possível a notificação da


contribuinte através de edital no presente caso, ainda assim a nulidade
persistiria, haja vista que não foram observados os requisitos estabelecidos nos
§§ 4º e 5º do art. 131, da Lei 4.418/82, quais sejam: (i) afixação do edital no
setor de atendimento externo da repartição fazendária local (contribuinte
domiciliado no Interior do Estado); e (ii) certificar nos autos do processo
administrativo fiscal a data e o local onde foi afixado o edital. Nada disso foi
cumprido.

Dessa forma, não há dúvida de que o referido edital é nulo de pleno


direito, não produzindo qualquer efeito para fins de considerar válida a
notificação do sujeito passivo. Em consequência, o auto de infração, objeto
deste processo administrativo fiscal, continua sem notificação válida ao sujeito
passivo, o que, por conseguinte, acaba desaguando na decadência do crédito
tributário, conforme veremos.

Sabe-se que o Código Tributário Nacional, especificamente em seu


art. 173, inciso I, preconiza que o direito de a Fazenda Pública Estadual
constituir o crédito tributário (descumprimento de obrigação acessória)
extingue-se com decurso do prazo de 05 (cinco) anos, contados do 1º dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Vejamos:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

Acórdão CTE N° P_201/2013 Página 5


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I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

Ora, a infração supostamente cometida pelo sujeito passivo


ocorreu durante o exercício de 1995. Em sendo assim, em obediência do
disposto no art. 173, I, do CTN, o prazo para a constituição do crédito
tributário iniciou para a Fazenda Pública a partir do 1º dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Neste contexto, considerando que o prazo para a constituição do


crédito tributário extingue-se após o prazo de 05 (cinco) anos, no presente
caso, o prazo fatal para que o lançamento seja efetuado e validamente
notificado ao contribuinte seria o dia 31 de dezembro de 2000.

Ressalte-se, por oportuno, que o marco final para efeitos de


contagem do prazo decadencial é a notificação válida, ao sujeito passivo, do
lançamento (ou auto de infração) realizado, momento em que o crédito
tributário é validamente constituído. Nesse sentido segue o escólio da doutrina
pátria:

“O procedimento a que o CTN dá o nome de lançamento, e


tem por finalidade constituir o crédito tributário, encerra-se
com a notificação feita ao sujeito ao passivo. A partir desse
momento, o lançamento torna-se definitivo e o crédito
tributário estará definitivamente constituído.” (FREITAS,
Vladimir Passos de. (coord.). Código Tributário Nacional
Comentado. 4ª Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2007,
p. 674)

No caso em comento, conforme alhures fundamentado, a


notificação por edital é nula, não produzindo qualquer efeito para fins de
constituição do crédito tributário, o que significa dizer que até a presente data
o contribuinte não foi validamente notificado. Destarte, constata-se que a
infração ocorrida no exercício fiscalizado, indiscutivelmente, foi alcançada pelo
instituto da decadência tributária, haja vista que entre a data dos fatos
geradores até a presente data ultrapassaram muito mais de 05 (cinco) anos.

Acórdão CTE N° P_201/2013 Página 6


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Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, votar no
sentido de extinguir o crédito tributário em razão da configuração da
decadência do direito da Fazenda Pública Estadual constituir o crédito
tributário, ex vi do art. 156, V, do CTN, julgando prejudicado o reexame
necessário da decisão da 2ª Câmara de Julgamento do CTE.

Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (pelas conclusões) JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA (pelas conclusões)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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Processo: 1500-022031/2009 e CTE 386/2011.
Auto de Infração n.º 99.84553-002, de 25/09/2009.
Recorrente: PURAS DO BRASIL S/A.
Recorrido: Fazenda Estadual.
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
Origem: 2ª Câmara de Julgamento do Conselho Tributário
Estadual
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-202/2013

EMENTA

RECURSO ESPECIAL – PRELIMINAR DE OFÍCIO DE


DECADÊNCIA PARCIAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO -
REVISÃO DO LANÇAMENTO – NECESSIDADE DE
OBSERVÂNCIA DO PRAZO PREVISTO NO PARÁGRAFO
ÚNICO DO ART. 149 DO CTN – INOCORRÊNCIA ––
DECADÊNCIA PARCIAL CARACTERIZADA –
INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 149, PARÁGRAFO ÚNICO,
150, § 4º, E 156, INCISO V, TODOS DO CTN –
PRELIMINAR DE OFÍCIO DE DECADÊNCIA ACOLHIDA –
PRELIMINAR DE UNIFORMIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE
PROTOCOLO DO RECURSO ESPECIAL – NÃO
ACOLHIMENTO – ABSOLUTA FALTA DE COMPETÊNCIA DO
PLENO DO CTE PARA REGULAR A MATÉRIA -
PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO
ESPECIAL – ACOLHIMENTO - A CONTRIBUNTE NÃO
APONTOU QUALQUER DIVERGÊNCIA DE POSICIONAMENTO
COM QUESTÃO JURÍDICA IDÊNTICA MANISFESTADA POR
OUTRA CÂMARA OU PELO PLENO – RECURSO ESPECIAL
NÃO CONHECIDO. DECISÃO DA 2ª CÂMARA MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Especial ao pleno do Conselho


Tributário Estadual – CTE, interposto pela empresa PURAS DO
BRASIL S/A, visando reformar o Acórdão n.º 384/2012,
originário da 2ª Câmara de Julgamento do CTE, que decidiu pela
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procedência total do Auto de Infração, conforme ementa de


julgamento que segue abaixo:
EMENTA – ICMS. 1. NORMAS PROCEDIMENTAIS.
DESCABE A REMESSA NECESSÁRIA QUANDO O
LANÇAMENTO ADITADO, ANTES DO JULGAMENTO PELA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO, É MANTIDO POR ESTE
ÓRGÃO DE JULGAMENTO. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DO
DECRETO N.º 37.961/1998. EM CONFORMIDADE COM OS
INCISOS DO ART. 2º DO REFERIDO DIPLOMA
EXECUTIVO, SÃO CONDIÇÕES ESSENCIAIS PARA A
RESPECTIVA FRUIÇÃO DA SISTEMÁTICA ALTERNATIVA À
OPÇÃO DO CONTRIBUINTE MEDIANTE REGISTRO EM
LIVRO PRÓPRIO E A COMUNICAÇÃO A AUTORIDADE
FAZENDÁRIA. REEXAME DE OFÍCIO NÃO CONHECIDO.
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
DECISÃO SINGULAR MANTIDA.

Registre-se, por oportuno, que o auto de infração foi


originalmente lavrado em 25/09/2009, visando a cobrança de um
crédito tributário no valor de R$ 497.610,50, sendo R$
311.006,57 referente ao ICMS e R$ 186.603,93 alusivo à multa
aplicada, em decorrência de a empresa ter cometido a seguinte
infração:

“Registrou crédito inexistente de ICMS nos


livros fiscais próprios em decorrência da
prática do artifício de utilizar, em
substituição à sistemática normal de
creditamento do imposto pelas entregas de
mercadorias e serviços tomados, crédito fiscal
presumido do ICMS, no percentual de 13% (treze
por cento) do valor das operações de vendas
internas tributadas a 17% (dezessete por
cento), sem atender ao disposto no artigo 1º, §
2º, incisos I e II e artigo 2º, incisos I e II,
ambos do Decreto n.º 37.961, publicado no
D.O.E., em 31 de dezembro de 1998, resultando
na falta de recolhimento do imposto (ICMS) no
valor de R$ 311.006,57, nos períodos de
setembro de 2004 a dezembro de 2008, conforme

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discriminados na planilha apuração de créditos


indevidos.”

Posteriormente, mais precisamente na data de


25/09/2009, o auto de infração foi aditado pela autoridade
fiscal, sendo o contribuinte notificado através do Edital
DIRAC n.º 217/2010, publicado no D.O.E., edição de 28 de
dezembro de 2010 (fls. 141 – Proc. Anexo 1500-023956/2009),
passando o auto de infração a possuir os seguintes elementos:

INFRAÇÃO: “Registrou crédito inexistente de


ICMS nos livros fiscais próprios em decorrência
da prática do artifício de utilizar, em
substituição à sistemática normal de
creditamento do imposto pelas entregas de
mercadorias e serviços tomados, crédito fiscal
presumido do ICMS, no percentual de 13% (treze
por cento) do valor das operações de vendas
internas tributadas a 17% (dezessete por
cento), sem atender ao disposto no artigo 1º, §
2º, incisos I e II e artigo 2º, incisos I e II,
ambos do Decreto n.º 37.961, publicado no
D.O.E., em 31 de dezembro de 1998, resultando
na falta de recolhimento do imposto (ICMS) no
valor de R$ 127.010,20, nos períodos de
setembro de 2004 a dezembro de 2008, conforme
discriminados na planilha apuração de créditos
indevidos.”

FUNDAMENTO LEGAL: Artigo 39, § 2º c/c caput do


art. 34, c/c o artigo 93 da Lei n.º 5.900/96,
com alterações da Lei n.º 6.348/02, sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no
artigo 93 da Lei 5.900/96.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO (IMPOSTO E MULTA): R$


203.216,33 (Duzentos e três mil duzentos e
dezesseis reais e trinta e três centavos).

A contribuinte não apresentou defesa ao aditamento do


auto de infração, sendo o processo remetido ao órgão de
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julgamento de primeira instância para proferir decisão


administrativa, ocasião em que o aditamento ao auto de
infração foi julgado procedente, mantendo-se incólumes todos
os seus elementos.

Saliente-se que o fundamento utilizado pela


Coordenadoria de Julgamento em sua se baseia no fato de a
contribuinte ter utilizado crédito presumido, sem, contudo,
ter atendido à condição substantiva evidenciada no art. 1º, §
2º, inciso I, do Decreto n.º 37.961/98, quais sejam: se
enquadrar nas atividades descritas na referida norma e,
portanto, ser usuária de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal –
ECF, devidamente autorizado pela Fazenda Estadual.

Ainda segundo a Coordenadoria de Julgamento, os


requisitos exigidos pelo artigo 2º do Decreto n.º 37.961/98,
“malgrado sirvam ao controle oficial das atividades dos
contribuintes, não podem impedir a consecução do benefício em
apreço, seja pela sua natureza, seja pelo valor normativo
recebido”.

Igual posicionamento – procedência do Auto de


Infração (aditado) - foi adotado pela 2ª Câmara de Julgamento
do CTE, porém com fundamento diverso do adotado pelo órgão de
primeira instância administrativa.

Neste contexto, ao contrário da Coordenadoria de


Julgamento, a 2ª Câmara entendeu que a empresa autuada, cuja
atividade é de fornecimento de refeições coletivas, estaria,
em princípio, no campo de incidência do art. 1º, § 2º, inciso
I, do Decreto n.º 37.961/98, especialmente em função da
expressão congêneres constante do seu texto. Porém, para fazer
jus ao benefício fiscal, imprescindível que a mesma obedecesse
às exigências contidas no art. 2º do referido Decreto, que
dizem respeito à necessidade da declaração da opção pelo
regime alternativo no Livro Registro de Ocorrências, assim
como de requerimento específico à Coordenadoria de Informações
Econômico Fiscais da Secretaria da Fazenda.

Assim, diante da manutenção do auto de infração, a


contribuinte, inconformada, interpôs Recurso Especial ao Pleno
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do CTE, visando reformar Acórdão n.º 384/2012, originário da


2ª Câmara de Julgamento do CTE, utilizando-se, para tanto, dos
seguintes argumentos:

I – Primeiramente, o Auto de Infração havia sido


lavrado porque a empresa Recorrente não fazia jus ao
benefício fiscal (possibilidade de aproveitamento de
crédito de 13% sobre as operações tributadas a 17%),
à medida que não é usuária de ECF. É o que se
depreendia da decisão de primeira instância.

II – A questão restou vencida no Acórdão ora


recorrido, à medida que o mesmo estabeleceu que a
empresa estaria, inicialmente, dentro do campo de
incidência do caput do art. 1º do Decreto n.º
37.961/98. Todavia, não faria jus ao benefício por
não ter preenchido às exigências contidas no art. 2º
do referido diploma legal.

III – Sustenta que a empresa fornecedora de refeição


coletiva esta enquadrada na hipótese prevista no art.
1º do Decreto 37.961/98, apontando, inclusive, um
precedente favorável oriundo do Conselho de
Contribuintes do Estado do Paraná.

IV – Argumenta que o auto de infração não pode ser


mantido com base em fundamento que sustentava em sua
gênese, e que, sabidamente, possui cunho meramente
formal, sem poder para afastar a aplicação do
benefício à situação da empresa. Portanto, os
requisitos constantes do art. 2º do referido decreto
não guardam relação de prejudicialidade em face da
tese embasada no requisito do art. 1º. Assim, este
Conselho deverá decidir, antes, se o benefício é ou
não aplicável à empresa. Afinal, apenas contribuintes
abrangidos pelo benefício poderão cumprir ou
descumprir os requisitos objetivos para sua fruição.

V – Por fim, reafirma que a matéria constante no art.


2º do referido decreto não é objeto da fiscalização,
pois o auto não foi lavrado pelo descumprimento de
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requisitos objetivos no uso dos créditos. Assim, a


ausência de cumprimento do art. 2º não acarretaria
glosa de crédito, mas sim, no máximo, caberia a
aplicação de uma multa por descumprimento de
obrigação acessória.

Instada a se manifestar, a Diretoria de Representação


Fiscal apresentou contrarrazões ao Recurso Especial interposto
pela empresa, mediante os seguintes fundamentos:

I – Preliminar de Nulidade no Protocolo do Recurso


Especial. Sustenta nesta preliminar que o Recurso Especial não
foi protocolado corretamente no órgão fazendário, o que
impossibilitou o registro do mesmo no sistema informatizado,
não permitindo, por conseguinte, que o Recurso tenha seu
trâmite processual monitorado pelo setor competente.
Fundamenta a preliminar na IN SEF 16/2009, bem como no art.
46, § 2 º, I, da Lei 6.771/06, por analogia. Neste contexto,
requer seja a questão decidida por este órgão, a fim de
uniformizar o procedimento para interposição de Recurso
Especial.

II – Preliminar de inadmissibilidade do Recurso


Especial. Sustenta que a contribuinte, ao interpor seu Recurso
Especial, não se desincumbiu de apontar a divergência de
entendimento da decisão da 2ª Câmara de Julgamento em relação
à questão jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.
Assim, requer o não conhecimento do Recurso Especial.

III – No mérito, reitera todos os termos apresentados


nas contrarrazões ao Recurso Ordinário (fls. 36 a 41).

No essencial, é o relatório.

VOTO

Acórdão CTE N° P_202/2013 Página 6


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- Preliminar de Nulidade no Protocolo do Recurso Especial.


Sustenta nesta preliminar que o Recurso Especial não
foi protocolado corretamente no órgão fazendário, o que
impossibilitou o registro do mesmo no sistema informatizado,
não permitindo, por conseguinte, que o Recurso tenha seu
trâmite processual monitorado pelo setor competente. Neste
contexto, requer seja a questão decidida por este órgão, a fim
de uniformizar o procedimento para interposição de Recurso
Especial.

Desde logo, cumpre ressaltar que a Representação


Fiscal não se insurgiu contra a tempestividade do Recurso
Especial, o qual, de fato, foi interposto dentro do prazo de
15 (quinze) previsto na legislação de regência.

O propósito da preliminar, na verdade, limita-se a um


pedido de uniformização do procedimento para interposição de
Recurso Especial. Com a devida vênia, não entendo que a
uniformização de procedimentos quanto ao protocolo de defesa
e/ou recurso do contribuinte seja atribuição deste órgão
colegiado. Acredito que tal tarefa cabe à lei, primeiramente,
e, em segundo plano, às normas regulamentares.

De qualquer forma, no presente caso, o fato de o


contribuinte ter apresentado o Recurso Especial diretamente no
Conselho Tributário Estadual – e não no protoloco da SEFAZ –
não é suficiente para macular de vício o recurso do
contribuinte. Incide, pois, o disposto no art. 19 do
Regulamento da Lei 6.771/06 (Decreto 25.730/2013), in verbis:

Art. 19. Os atos processuais não dependem de


forma determinada, a não ser quando a lei
expressamente o exigir, considerando-se válidos
os atos que, realizados de outro modo, alcancem
sua finalidade.

Assim, por absoluta incompetência deste órgão para


disciplinar a forma de protocolo do Recurso Especial, não há
como acolher o pleito da Representação Fiscal, embora
legítimo. Destarte, rejeito a preliminar.

– Preliminar de Inadmissibilidade Do Recurso Especial.

Acórdão CTE N° P_202/2013 Página 7


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A Representação Fiscal, agora, sustenta que a


contribuinte, ao interpor seu Recurso Especial, não se
desincumbiu de apontar a divergência de entendimento da
decisão da 2ª Câmara de Julgamento em relação à idêntica
questão jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.
Assim, requer o não conhecimento do Recurso Especial.

A preliminar suscitada pela Representação fiscal


merece acolhimento. Vejamos.

ORecurso Especial, instrumento processual pouco


manejado pelos contribuintes no decorrer do processo
administrativo tributário, possui previsão legal nos artigos
45, inciso II, e 47, ambos da Lei Estadual n.º 6.771/06, que
dispõe sobre o processo administrativo tributário – PAT no
âmbito do Estado de Alagoas.

Preconiza o artigo 47 do citado diploma legal que


caberá Recurso Especial ao pleno Conselho Tributário Estadual
- CTE “quando a decisão de qualquer Câmara divergir do
entendimento sobre idêntica questão jurídica manifestada por
outra Câmara ou pelo Pleno” do CTE. Vejamos:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE,


interposto pelo sujeito passivo, pelo autuante,
pelo Procurador da Fazenda Estadual ou pelo
Representante Fiscal, quando a decisão de
qualquer Câmara divergir do entendimento sobre
idêntica questão jurídica manifestada por outra
Câmara ou pelo Pleno.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE


providenciar a instrução do processo com cópia
da primeira decisão indicada, por divergência
demonstrada, ficando a cargo do recorrente a
apresentação de cópia das demais, juntamente
com o recurso, se for o caso.

Em outros termos, se uma das câmaras do CTE proferir


decisão administrativa cujo posicionamento seja divergente de
outra decisão prolatada pela outra câmara ou pelo pleno do

Acórdão CTE N° P_202/2013 Página 8


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CTE, caberá Recurso Especial nos moldes do art. 45, II, da Lei
Estadual n.º 6.771/06.

A competência para conhecer e julgar o Recurso


Especial é do pleno do CTE, conforme disciplina o art. 47 da
Lei Estadual n.º 6.771/06. O prazo para interpor o aludido
recurso é de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão
da câmara do CTE (Art. 45, § 1º).

A matéria atualmente encontra-se regulamentada pelo


Decreto 25.370/2013, que assim dispõe:

Art. 184. Caberá recurso especial ao Pleno do


Conselho Tributário Estadual, quando a decisão de
qualquer Câmara divergir do entendimento sobre
idêntica questão jurídica manifestada por outra
Câmara ou pelo próprio Pleno.

Conforme se depreende da legislação tributária


estadual, é requisito insuperável para o conhecimento do
Recurso Especial a demonstração da divergência do entendimento
sobre idêntica questão jurídica manifestada por outra Câmara
ou pelo próprio Pleno do CTE.

No caso, em momento algum, a Recorrente apontou uma


divergência entre a decisão recorrida e o posicionamento de
idêntica questão jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo
Pleno. Aliás, até que apontou uma divergência, mas em relação
à Coordenadoria de Julgamento, a qual não é alcançada pela
exegese do art. 47 da Lei 6.771/06.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, deixar de conhecer
o Recurso Especial interposto pela contribuinte, por força da
desobediência ao disposto no art. 47 da Lei 6.771/06, que
condiciona o cabimento do Recurso Especial quando a decisão
recorrida divergir do posicionamento de outra Câmara ou do
próprio Pleno do CTE. Decisão da 2ª Câmara mantida na íntegra.

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Sala das Sessões do Pleno do CTE, em Maceió, 05 de setembro de


2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA COSTA


SILVA PRESIDENTE RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADORA JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_202/2013 Página 10


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: SF1500-001333 e CTE 113/2008, ANEXO: 1500-006967/1993
AUTO DE INFRAÇÃO: 51917 DE 16/08/1993
CONTRIBUINTE: FARIAS & FARIAS LTDA
AUTUANTE: MARIA CÉLIA DE SOUZA GOMES – MAT. 55.748
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDONÇA BRANDÃO
JULGADOR COM VOTO VENCEDOR: MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P 258/2013

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.


1. Recolhimento minorado de imposto. 2.
Falta de apresentação à Repartição Fiscal
de DAR credor. 3. Ausência de escrituração
no livro fiscal próprio de notas fiscais
relativas à aquisição de mercadorias. 4.
Aquisição de mercadorias desacompanhadas de
notas fiscais. 5. Cancelamento irregular de
notas fiscais série B-1. Afastada a
extinção do crédito tributário por
remissão. Retorno dos autos para a 1ª
Câmara desse Conselho proceder a novo
julgamento. Reexame necessário conhecido e
provido.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário em virtude do Acórdão n.º 037/2012


da 1ª Câmara que, por maioria de votos, julgou extinto o crédito
tributário por remissão, assim ementando:

Cuida da constituição de crédito tributário no valor de


CR$ 411.559,93 (quatrocentos e onze mil, quinhentos e cinquenta e
nove cruzeiros reais e noventa e três centavos), em razão de
supostamente o contribuinte ter cometido as seguintes infrações:

Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 1


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1) deixou de recolher ICMS, apurado através de levantamento do


débitos/créditos registrados e recolhidos no exercício de 1992; 2)
não ter apresentado o DAR à SEFAZ, referente ao saldo credor
apurado nos meses de jan/fev/dez de 1992; 3) deixou de registrar
as notas fiscais da série E-1 de n. 404/408 e 351/372, referente a
entrada de mercadoria não tributada; 4) adquiriu mercadoria sem
nota fiscal E-1, constatado por intermédio de levantamento físico
do estoque; 5) deixou de registrar a nota fiscal nº 89141, de
compra de mercadoria; e 6) não emitiu notas fiscais E-1, para
cancelar as notas fiscais de n. 469,507,519,579,582 e 607 B-1,
cancelando as mesmas sem justificar, após o destinatário assinar e
destacar o canhoto de recebimento e destacadas do talão.

Foram tidos por infringidos os artigos 49, VIII, XI


e XVI, 129, I e III 143, I, 145, I e 219, I, do RICMS, aprovado
pelo Decreto nº 35.245/91, sendo sugeridas as penalidades
previstas nos artigos 827, 840, 850, 854, 859, II e 861 do mesmo
diploma legal.

Instruem o auto de infração: cópia do cartão de


autógrafo, demonstrativo do débito, relatório informativo do
controle físico das mercadorias, mapa de controle quantitativo de
mercadorias, notas fiscais, termo de entrega de livros e
documentos fiscais, livros fiscais de registro de inventário,
registro de utilização de documentos fiscais e registro de
apuração do ICMS, termos de ocorrência, e dados cadastrais do
contribuinte.

Em 16/08/1993 o contribuinte foi intimado do auto de


infração. Em 03/09/1993 apresentou requerimento de dilação do
prazo para apresentação de defesa, tendo em vista que os livros e
documentos fiscais se encontravam em poder do fiscal autuante.

Em 11/10/1993 foi lavrado termo de revelia.

Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 2


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A Coordenadoria de Julgamento, através da decisão nº


15.624, reconheceu a inexistência do lançamento e consequente
extinção do crédito tributário pela decadência, em razão da
ausência da assinatura da autuante no documento que materializou o
auto de infração.

Posteriormente, o Conselho Tributário Estadual no


julgamento do reexame necessário, por unanimidade de votos,
decidiu que a decisão de primeira instância de julgamento feriu ao
determinado no artigo 7º, § 1º da lei Estadual nº 6.771 de
16/11/2006, assim ementando:

EMENTA: ICMS – 1. Recolhimento minorado de


imposto. 2. falta de apresentação à repartição
Fiscal de DAR credor. 3. Ausência de
escrituração no livro fiscal próprio de notas
fiscais relativas à aqui- sição de
mercadorias. 4. Aquisição de mercadorias
desacompanhadas de notas fiscais. 5.
Cancelamento irregular das notas fiscais série
B-1. Afastado o julgamento pela nulidade do
lançamento. Tão-somente a falta de assinatura
do autor da ação fiscal no auto de infração não
é suficiente para levar à nulidade do auto de
infração. Defeito sanável (ex vi, do art. 7º,§
1º da lei Estadual nº 6.771, de 16/11/2006).
Necessidade de novo julgamento visando afastar
supressão de instância administrativa. Remessa
necessária conhecida e provida. Exame do mérito
não realizado. Inocorrência de decadência do
crédito tributário. ANULADOS TODOS OS ATOS
PRATICADOS A PARTIR DAS FLS. 108, INCLUSIVE, DO
PROCESSO SF 1500-1.333/1994 (ANEXO SF 1500-

Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 3


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6.967/1993).

A Coordenadoria de Julgamento proferiu nova decisão,


julgando parcialmente procedente o auto de infração, de acordo com
a ementa abaixo transcrita, verbis:

EMENTA: ICMS – 1. A tese de decadência


ventilada nos autos não se sustentou uma vez
que o defeito que lhe teria dado foi saneado
por meio de uma diligência fiscal. 2. A 1ª
acusação não procede, visto que a diferença de
ICMS do período de 1992 apontada como não
recolhida foi decorrente de erro de cálculo. 3.
A 2ª acusação não poderá prosperar porque não
foi acompanhada de documento comprobatório
suficiente da prévia solicitação do DAR a
SEFAZ, relativo ao saldo credor apurado nos
meses de jan/fev/Dez/92. 4. A 3ª acusação não
procede, uma vez que as notas fiscais E-1 dadas
como não escrituradas foram canceladas e
mencionadas no livro de registro de entradas no
campo observação, bem como no corpo delas .5. A
4ª acusação em virtude da imputação da
presunção de aquisição de veículos sem nota
fiscal constatado através de levantamento
físico do estoque encerrado em 31/12/91,
não procede, visto que os documentos e
demonstrativos acostados aos autos são
insuficientes e contraditórios. 6. A 5ª
acusação é procedente uma vez que não consta a
escrituração da nota fiscal nº 89141, nas
cópias dos livros de registro de entradas

Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 4


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acostados aos autos. Penalidade aplicável art.


107 da lei 5900/96. 7. A 6ª acusação é
procedente, visto que foi suficientemente
provado que os veículos vendidos saíram do
estabelecimento da empresa vendedora e foram
entregues aos seus destinatários conforme cópia
dos canhotos datados, assinados e juntados aos
autos. Penalidade aplicável art. 111 da lei
5900/96. 8. Lançamento do crédito tributário.
PROCEDENTE em parte. 9. Reexame necessário para
o Conselho Tributário Estadual.

Intimados, a Representação Fiscal e o Contribuinte


não se pronunciaram.

Em novo julgamento, a 1ª Câmara do Conselho


Tributário Estadual, por maioria de votos, julgou extinto o
crédito tributário em virtude da remissão. O Contribuinte e a
Representação Fiscal não se manifestaram.

É o relatório.

VOTO VENCEDOR

I - RELATÓRIO

Por bem resumir a questão, peço vênia para adotar como


próprio o relatório empreendido pelo eminente Conselheiro CARLOS
HENRIQUE M. BRANDÃO:

(...).

Sem maiores considerações, passo imediatamente à


análise da questão.

É o relatório, no que interessa ao julgamento.

Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 5


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II - VOTO

Voto pelo afastamento da remissão dada no acórdão nº


037/2012 da Primeira Câmara desse Conselho.
A motivação para o afastamento do benefício fiscal é
que não visualizo extinção do crédito aqui cobrado por não haver
ocorrência de nenhuma das hipóteses de remissão previstas nas
alíneas, do inciso IV, do art. 11 da Lei nº 6.765/06.
Pois, vejamos como está disposto o citado artigo:

Art. 11. Ficam extintos, por remissão:


...
IV - os créditos tributários, constituídos ou
não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os
decorrentes exclusivamente de penalidades
pecuniárias por descumprimento de obrigações
acessórias:
a) cujo valor principal originário seja igual
ou inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez
reais); ou
b) cujo valor atualizado em 31 de dezembro de
2005 seja igual ou inferior a 20 (vinte) vezes
a Unidade Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL. (grifos nosso)

E aqui cabe interpretar o que foi dito e querido pelo


legislador. E essa interpretação é necessária, como bem ensina
Marcos Ehrhardt Jr 1:

“A determinação do direito, portanto, exige


sempre interpretação, não havendo, nos dias
atuais, espaço para a velha máxima in claris
non fit interpretatio, tradicionalmente
empregada para se sustentar a hoje superada
tese de que as leis claras interpretavam-se por
si mesmas... até para se concluir que a lei é
clara, faz-se necessário interpretá-la” (grifo
nosso)

A interpretação deve anteceder e buscar a correta


aplicação da lei, devendo ser direcionada ao fim social e ao bem
público no contexto cultural e histórico em que foi editada. Dessa
forma dispõe o art. 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942):

“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá


aos fins sociais a que ela se dirige e às

1
Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 52-53.
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exigências do bem comum.”

Quando o julgador faz a tarefa de interpretar uma


norma, primeiramente busca o significado (finalidade), para depois
determinar o alcance (delimitação do seu campo de incidência) da
norma jurídica (em seu sentido amplo), nunca criando um comando
novo. Depois de feito isso, aí sim deve ser aplicado o direito
posto.
Outra premissa, é que quando houver sanções ou
privilégios legais, há de se utilizar sempre uma exegese
restritiva, limitando seu campo de atuação e não o ampliando,
conforme dispõe o Código Civil:

“Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a


renúncia interpretam-se estritamente.”

Quando da remissão tributária – espécie de renúncia


fiscal – a análise restritiva encontra eco no art. 14 da Lei de
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) quando
prevê medidas limitadoras para a sua concessão.
Porém, importante destacar, a mesma norma abre exceção,
expressamente, à remissão de débitos inferiores ao custo da sua
cobrança, com o intuito exatamente de proteger o bem público de
custos maiores do que o crédito que o Estado teria a receber:

“Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo


ou benefício de natureza tributária da qual
decorra renúncia de receita deverá estar
acompanhada de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que
deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
atender ao disposto na lei de diretrizes
orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes
condições:
(...)
§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão,
subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de
alíquota ou modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de tributos ou
contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado.
(...)
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica:
(...)
II - ao cancelamento de débito cujo montante
seja inferior ao dos respectivos custos de
cobrança.”

Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 7


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Tal dispensa de crédito diminuto, que já inclui o valor


originário, sua atualização monetária e seus juros de mora, por
via de remissão encontra seu semelhante no Código Tributário
Nacional, quando lista as situações que permitem a concessão deste
tipo de perdão da dívida:

“Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade


administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do
crédito tributário, atendendo:
...
III - à diminuta importância do crédito
tributário;
...”

As explicações que se seguiram são de extrema


relevância, servindo de base, para daqui, utilizando os métodos de
interpretação, se achar o significado (finalidade) das alíneas, do
inciso V, do art. 11 da Lei nº 6.765/06, já transcritos, para
depois determinarmos o alcance (delimitação do seu campo de
incidência) da norma jurídica (em seu sentido amplo) e
verificarmos que não é possível a aplicação da remissão prevista
ao caso concreto aqui julgado.
Isso porque não há dúvidas que a remissão aqui
discutida é para pequenos valores que não cobririam o custo de sua
cobrança, seja administrativamente, seja judicialmente.
Dessa forma considerou o legislador. Somente valores
pequenos são possíveis para a remissão prevista na Lei nº
6.765/06. Para isso, iremos utilizar o roteiro interpretativo
proposto por Luciano Amaro 2:

“Dessa forma, a regra é justamente a submissão


do direito tributário ao conjunto de métodos
interpretativos fornecidos pela teoria da
interpretação jurídica; por exceção, nas
situações disciplinadas expressamente, o
intérprete deve procurar (na medida em que isso
seja possível) dar preferência aos critérios
indicados pelo Código Tributário Nacional.
...
Assim sendo, o intérprete deve partir do exame
do texto legal, perquirindo o sentido das
palavras utilizadas pelo legislador (na chamada
interpretação literal ou gramatical); cumpre-
lhe, todavia, buscar uma inteligência do texto
que não descambe para o absurdo, ou seja, deve
preocupar-se com dar à norma um sentido lógico

2
Direito tributário brasileiro - Luciano Amaro. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011.
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(interpretação lógica), que a harmonize com o


sistema normativo em que ela se insere
(interpretação sistemática), socorrendo-se da
análise das circunstâncias históricas que
cercaram a edição da lei (interpretação
histórica), sem descurar das finalidades a que
a lei visa (interpretação finalística ou
teleológica).”

Iniciando, então, pela interpretação literal 3.


Verifica-se da leitura do inciso IV com suas alíneas, do art. 14,
da Lei nº 6.765/06, que temos duas orações ligadas pela conjunção
“OU”:
1ª oração: Ficam extintos, por remissão os créditos
tributários ... cujo valor principal originário seja igual ou
inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais).

OU

2ª oração: Ficam extintos, por remissão os créditos


tributários ... cujo valor atualizado em 31 de dezembro de 2005
seja igual ou inferior a 20 (vinte) ... UPFAL.
De acordo com as normas gramaticais, tais frases são
orações coordenadas, ou seja, não exercem funções sintáticas em
relação às outras, são independentes.
São também SINDÉTICAS por estarem ligadas por uma
conjunção coordenativa do tipo alternativa – OU -, indicando
escolhas de pensamento, ações que se alternam, exprimindo
exclusão. Ou é uma ou é outra, mas analisando sempre as duas.
Do que se conclui de que como são independentes entre
si, não existe ordem a ser seguida. Devem-se analisar as duas
orações para ver qual se encaixa melhor ao caso concreto. Não é
possível observar apenas a alínea “a” do inciso IV do art. 14, sem
também verificar a alínea seguinte. Se não fosse dessa forma não
existiria a alínea “b” na Lei. Porém essa alínea está expressa no
texto para ser avaliada. Analisando as duas orações
independentemente, aí sim, uma invariavelmente exclui a outra, ou
não aplicar nenhuma das duas se não for o caso de remissão.
A primeira oração afirma que há de ser remido o débito
principal originário igual ou inferior a 10 UPFAL.
E quais as condições da 2ª oração, que se frise, deve
ser analisada em separado da primeira, pois, como já dito, são
independentes. As condições são: que no marco temporal de 31 de

3
“... para alguns, a primeira fase de todo e qualquer processo interpretativo, uma vez que restrita apenas a
aspectos lingüísticos (etimologia da palavra, pontuação, etc...), vale dizer, focada na busca do sentido e alcance das
palavras isoladas ou sintaticamente consideradas”. (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1.
Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
Acórdão CTE N° P_258/2013 Página 9
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dezembro de 2005 – primeira condição - o valor atualizado do


crédito tributário seja igual ou inferior a 20 UPFAL - segunda
condição.
Agora utilizando um exemplo hipotético para entender a
interpretação gramatical da norma de remissão: temos um crédito
tributário originário de R$ 10,00 (dez reais) devidos por um fato
gerador em 1995. Em 31 de dezembro de 2005, esse débito atualizado
corresponde a 1000 UPFAL. Como dito, são orações coordenadas, são
independentes, o que implica na análise das duas frases em
separado, e somente depois de verificá-las, é que se exclui uma
delas. É valor original menor que R$ 10,00 (dez reais)? É, mas que
quando atualizado no marco temporal legal (31/12/2005) é superior
a 20 UPFAL. A alínea “b” exclui a primeira pelas condições
impostas nela.
Continuando com o exemplo: utilizando os mesmos R$
10,00 (dez reais) de crédito original, porém devido por um fato
gerador ocorrido em 01/01/2006. Essa data exclui de imediato a
alínea b do inciso IV do art. 11 (por ser oração coordenada
sindética alternativa – idéia de exclusão). Precisa ser
atualizado? Não. É menor ou igual a R$ 10,00 (dez reais)? Sim.
Está remido pela alínea “a”
O que quer dizer que, dando coerência ao texto, devendo
ser analisadas as duas orações, por serem independentes, excluindo
uma delas após esse exame, por serem alternativas, e para evitar
contradições, se depreende pela interpretação lógica 4, que:
1) utiliza-se a alínea “b”, se o valor do crédito
tributário atualizado em 31/12/2005 for igual ou menor que 20
UPFAL; OU
2) utiliza-se a alínea “a”, se o valor originário do
crédito devido após 31/12/2005 é igual ou menor a R$ 10,00 (dez
reais).
E isso se encontra em total harmonia com sistema
jurídico (interpretação sistemática 5), pois vai ao encontro do
conceito de pequeno valor para se conceder a remissão de acordo
com o inciso III, do art. 173, do CTN e II, do § 3º, do art. 14 da
Lei de Responsabilidade Fiscal, já citados.
Não sendo dessa forma, é ir contra o Código Tributário
Nacional e a Lei de Responsabilidade Fiscal, leis complementares
nacionais a serem aplicadas a todos os entes federativos.
Ou seja, o Estado considera 20 UPFAL já atualizados em
4
“... método que busca eliminar contradições, focando-se na busca por coerência mediante utilização de regas
dedutivas ou indutivas de raciocínio, para compreender o significado da norma em toda sua extensão” (Ehrhardt Jr,
Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
5
“... método que considera a norma analisada juntamente com as demais integrantes do mesmo ordenamento
jurídico, buscando contextualizá-la direta ou indiretamente como todas as outras... Pressupõe que o texto normativo não
existe isoladamente e sempre deve ser analisado em conjunto” (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte
geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
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31/12/2005 ou R$ 10,00 (dez reais) de valor originário a partir de


01/01/2006 como valor de pequena monta, que não cobriria o seu
custo de cobrança e, portanto deveriam ser perdoados.
Agora, interpretando historicamente 6, dessa forma é que
se encontra delimitado na exposição de motivos encaminhado junto à
minuta do Projeto de Lei que originou a Lei nº 6.765/06 (Processo
SF nº 1500-24.216/2006), onde aqui reproduzimos a parte referente
ao caso aqui julgado:

“EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS:

1. A minuta em pauta estabelece:


...
g) art. 11, IV, remissão dos créditos
tributários do ICMS cujo valor originário do
imposto seja igual ou menor que dez reais,
consoante o Convênio ICMS 77/06, ou cujo valor
atualizado em 31 de dezembro de 2005 seja igual
ou inferior a 20 (vinte) vezes a Unidade Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas – UPFAL. O objetivo
é evitar criar processos cujo custo de
tramitação e execução é maior que o valor do
crédito tributário a recuperar;” (grifo nosso)

E essa é a finalidade da remissão (interpretação


teleológica 7) disposta no inciso IV, do art. 11, da Lei nº
6.765/06: dispensar apenas os créditos de diminuto valor, onde
seria mais caro cobrá-los do que dispensá-los, preservando assim,
com eficiência, celeridade e legalidade, o bem público. Como
dispensar créditos de valor originário de até R$ 10,00 (dez
reais), mas bem antigos, que quando atualizados em 31/12/2005,
podem dar valores altíssimos, que com grande folga cobririam o
custo de sua cobrança? Vai totalmente contra o fim social da
preservação do bem público no qual se inclui o crédito tributário.
Tanto que, para esclarecer divergências na aplicação da
lei quanto a essa remissão, foi publicada a INSTRUÇÃO NORMATIVA
SEF Nº 24/2007, que interpreta restritivamente o art. 11, IV, da
Lei Nº 6.765 de 01 de novembro de 2006, que trata de remissão de
créditos tributários do ICMS.
Utilizando das lições de Roberval Rocha Ferreira Filho
e João Gomes da Silva Júnior 8, a instrução normativa é norma

6
“Aqui o interprete analisa os fatos que antecederam a propositura do projeto de lei, sua exposição de motivos e
justificativa... que permitem reconstruir o pensamento dominante ao tempo da edição da norma.” (Ehrhardt Jr, Marcos.
Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 54).
7
“Método que busca a finalidade social da lei, adaptando-a às exigências da comunidade” (Ehrhardt Jr,
Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 54).
8
Direito Tributário – Teoria, Jurisprudencia e Questões; Ed. Jus Podium; 2007; pg. 47.
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infralegal que complementa a lei 9, esclarecendo e auxiliando os


aplicadores do direito, com o objetivo de uniformizar
procedimentos, prevenir conflitos tributários e servindo de
ferramenta para sua interpretação.
Inclusive, confirmando a doutrina, a competência da
instrução normativa para interpretar a legislação tributária
estadual está expressa na nossa Lei de processo administrativo,
Lei nº 6.771/06:

“CAPÍTULO II
DA INTERPRETAÇÃO NORMATIVA DA LEGISLAÇÃO
Art. 15. A interpretação normativa da
legislação tributária estadual será feita por
meio de instruções normativas do Secretário
Executivo de Fazenda e/ou Secretário Adjunto da
Fazenda Estadual e de pareceres normativos
elaborados pela Diretoria de Tributação da
Secretaria Executiva de Fazenda - SEFAZ,
devidamente aprovados por aquelas autoridades.”

Portanto, não há como considerá-la ilegal ou mesmo que


inovou a lei, já que, como vemos em seu art. 1º, apenas confirma e
repete a interpretação restritiva dada aqui pelo meu voto,
extraído pelos diversos métodos da exegese relativo ao inciso IV
do art. 11 da Lei nº 6.767/06:

“Art. 1º Ficam extintos os créditos


tributários, conforme art. 11, IV, da Lei nº
6.765, de 01 de novembro de 2006, cujo
valor:
I - atualizado até 31 de dezembro de 2005,
assim considerado o montante de imposto, multa,
juros e atualização monetária, corresponda a 20
(vinte) vezes a Unidade Padrão Fiscal do Estado
de Alagoas - UPFAL;
II - principal originário, de 1º de janeiro de
2006 a 6 de novembro de 2006, sem adição de
multa, juros e atualização monetária,
corresponda a R$ 10,00 (dez reais).
Parágrafo único. No caso em que o valor
principal seja a multa, a atualização

9
CTN:
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os
decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.
...
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
...
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corresponderá a juros e atualização monetária.”

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos no sentido de
conhecer do presente Reexame Necessário para dar-lhe provimento
devido à constatação da não ocorrência da remissão prevista no
art. 14, IV, da Lei nº 6.765/2006. Afastada a remissão, necessário
se faz que haja o retorno dos autos para a 1ª Câmara desse
Conselho com a finalidade de novo julgamento apreciando a
existência de outras questões preliminares, e não havendo tais
prejudiciais, procedendo ao exame do mérito referente à autuação
fiscal.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões do pleno


do CTE em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR com voto vencedor

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (com o Relator) JULGADOR (contra o Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (com o Relator) JULGADORA(contra o Relator)

MARIA LOPES MILHOMES LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADORA (contra o Relator) JULGADOR (Contra o Relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: 1500-015.342/2005 e CTE nº 525/2011.
ANEXO: 1500-030.945/2005.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.35440-002, de 16/06/2005.
AUTUADA: LUCIALDO DA SILVA SOUZA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.085.484-5.
ASSUNTO: Reexame Necessário do Acórdão nº 329/2012, nos termos
do artigo 48, II, da Lei Estadual nº 6.771/2006.
RELATOR NA 2ª CÂMARA: Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho.
RELATORA NO PLENO: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-259/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de saídas de mercadorias tributáveis
em operações internas, apurada através de
Levantamento Financeiro da Conta Caixa. 2)
Não analisadas compras a prazo e duplicatas.
Ausência de provas a caracterizar o ilícito
fiscal. 3)Lançamento Improcedente. 4) Reexame
Necessário (artigo 48, II, da Lei Estadual nº
6771/2006, conhecido e improvido. Mantido na
íntegra o Acórdão nº 329/2012, da 2ª Câmara
deste Conselho Tributário Estadual.

RELATÓRIO

Trata-se de Reexame Necessário do Acórdão nº


329/2012, da 2ª Câmara deste Conselho, nos termos do artigo
48, II, da Lei Estadual nº 6.771/2006.

O lançamento exige crédito tributário no


valor de R$ 39.814,41 (trinta e nove mil; oitocentos e catorze
reais e quarenta e um centavos) referente à omissão de
mercadorias tributáveis em operações internas, fato apurado
através de Levantamento Financeiro da Conta Caixa no exercício
de 2000, sendo apontados como infringidos os artigos 2º, I, §10;
43; e 50, da Lei nº 5.900/1996, e 49, VIII, do RICMS/1991.

A autuada pede a nulidade da autuação com a


improcedência do lançamento, pois, o autuante não observou o
rito processual (notificação pessoal da autuada); não efetuou

Acórdão CTE N° P_259/2013 Página 1


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o levantamento físico de estoque, nem considerou o saldo de


caixa do exercício anterior.

O autuante argumenta que a autuada foi


notificada regularmente, descabendo a acusação de invalidade
da notificação; considerou o estoque zero porque seu valor não
estava escriturado no livro RUDFTO; as compras a prazo não
foram verificas devido à falta de registro no LREM.

Em 23/09/2011, foi proferida a Decisão nº


18.229/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento por insuficiência de provas. Notificadas a autuada
e a Representação Fiscal não se pronunciaram.

Em 31/08/2012, na Sessão Ordinária nº 32


(trinta e dois) a Segunda Câmara deste Conselho através do
Acórdão nº 329/2012, decidiu por maioria de votos manter a
Decisão da Primeira Instância Administrativa.

Assim, chegam os autos a este Pleno para


análise do Reexame Necessário (artigo 48, II, Lei 6.771/2006).

É o relatório.

Voto

A análise dos autos demonstra que o relator


da Segunda Câmara acertadamente manteve a decisão singular que
julgou Improcedente o Lançamento por falta de provas.

Nesse passo, como afirma o referido relator,


o ônus da prova nos termos do artigo 333, do CPC, cabe a
fiscalização e o auto de infração deveria atender ao disposto
no artigo 89l, do RICMS/1991.

LEI Nº 5.869/1973 - CPC


Art. 333 – O ônus da prova incumbe:

I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito.


(...)”

RICMS/91 – APROVADO PELO DECRETO 35.234/1991


“Art. 891 - O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de
Infração deve ser instruído com:
(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido,


inclusive cópias dos documentos que serviram de base para a
apuração das irregularidades.
(...)”

Acórdão CTE N° P_259/2013 Página 2


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Portanto, a comprovação da infração cabia ao


fisco, e, dos documentos anexados, nenhum deles se presta para
demonstrar a forma de adimplemento das compras realizadas pela
autuada. São incabíveis as alegações do fisco ao afirmar que a
autuada não teria apresentando ou não possuía compras a prazo,
quando lhe cabia a obrigação de apresentar provas suficientes
a aferição desta conta e a comprovação da infração.

Como dito, as alegação ou os indícios que


apontam a infração consubstanciada, são insuficientes, há,
pois, a necessidade de que cópias de livros ou documentos
fiscais fossem apresentadas a fim de dirimir as dúvidas
concernentes às supostas divergências apuradas para saber a
forma de adimplemento e suas implicações para com a presunção
de omissão de saídas de mercadorias, como acertadamente, está
posto na decisão singular e no Acórdão nº 329/2012; situação
em que o Lançamento é Improcedente.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer
do Reexame Necessário, negando-lhe provimento. Mantido o
Acórdão nº 329/2012.

Conselho Tributário Estadual, Sala do Pleno,


em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

MARIA LOPES MILHOMES


MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JULGADORA
JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR( contra o relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: 1500-010240/1996 e CTE nº195/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO:067955/1995
AUTUADA:LEANVOLKS COMERCIAL AUTO PEÇAS LTDA.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
RELATOR:CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-260/2013

EMENTA: ICMS – FALTA DE


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO.
REVELIA. EXTINÇÃO DE CRÉDITO
TRIBUTÁRIO PELA PRESCRIÇÃO.
REEXAME CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA NA ÍNTEGRA.

Relatório

Trata-se de reexame necessário em virtude do


Acórdão n.º 127/2008 da 1ª Câmara do CTE a qual, por maioria
de votos, julgou prejudicado o crédito tributário pela
prescrição:

O auto de infração n.º 67955 constituiu crédito


tributário no valor de R$ 246,92 (duzentos e quarenta e seis
reais e noventa e dois centavos) de imposto e R$ 370,38
(trezentos e setenta reais e trinta e oito centavos) de
multa, em virtude da falta de recolhimento do imposto em
operações de saída não escrituradas em livro próprio.

Instruem o auto: dados cadastrais, cartão de


autógrafo, relação de notas fiscais, cópias do livro registro
de saídas e de termos de ocorrência.

Intimado em 13/12/1995, o contribuinte não


apresentou impugnação ao auto de infração. Foi lavrado termo
de revelia em 28/08/1996.

Houve pedido de diligência, em face da ausência de

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documentos suficientes para julgamento.

A Coordenadoria de Julgamento decidiu pela


improcedência do Auto de Infração, consubstanciada na
ausência de provas, assim ementando:

ICMS . Não recolhimento do


imposto, Falta de lançamento,
no livro fiscal próprio, de
documentos fiscais relativos às
operações de saídas.
Insuficiência de provas. AUTO
DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE

Muito embora intimados da decisão da 1ª Câmara, a


representação fiscal e o autuado não se manifestaram.

VOTO

Com razão a 1ª Câmara.

Observa-se nos autos que, mesmo intimado em


13/12/1995, o contribuinte não apresentou impugnação ao auto
de infração, tendo sido lavrado o Termo de Revelia em
28/08/1996.

Desde o decurso do prazo sem a manifestação do


contribuinte o crédito tributário está constituído
definitivamente. A partir de então, iniciou-se o prazo
prescricional de cinco para sua inscrição e propositura da
competente execução fiscal.

É o que dispõe o art. 141 da Lei nº 4418/82, in


verbis:

“Art. 144 – Findo o prazo de


intimação, sem pagamento do
débito ou apresentação de
defesa ou recurso, será
providenciado a lavratura do
termo de revelia e o
encaminhamento do débito para

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inscrição na Dívida Ativa.”

Em total dissonância com os ditames legais, o Fisco


quedou-se inerte pelo prazo superior a 15 (quinze) anos.

Na realidade, ao invés de inscrever em dívida ativa


e dar início a cobrança judicial, o Fisco desnecessariamente
encaminhou o auto de infração para conhecimento pela
Coordenadoria de Julgamento. Acertadamente, o Conselho
Tributário reconheceu a prescrição, ante o decurso de mais de
cinco anos da constituição definitiva do crédito sem qualquer
execução fiscal.

Não tendo sido tomada tal providência pela Fazenda


Estadual e passados mais de 15 (quinze) anos da sua
constituição definitiva.

Isto Posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do
Reexame Necessário para negar-lhe provimento, mantendo na
íntegra a decisão da 1ª Câmara do Conselho Tributário
Estadual, que entendeu ser o Crédito Tributário extinto pela
prescrição.

Sala das Sessões do CTE Maceió/AL, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

ODETE MINEIRO DA PAZ JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

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PROCESSO: 1500-012150/1994 e CTE nº 150/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO:29314/1993.
AUTUADA: DESTILARIA PROMOTÓRIO LTDA.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
RELATOR: CARLOS HENRIQUE DE MENDOÇA BRANDÃO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-261/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE RECOLHIMENTO DO


IMPOSTO. REVELIA. EXTINÇÃO DE CRÉDITO
TRIBUTÁRIO PELA PRESCRIÇÃO. REEXAME
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO
MANTIDA NA ÍNTEGRA.

Cuida o auto de infração da constituição de crédito


tributário no importe de CR$ 4,49 (quatro cruzeiros reais e
quarenta e nove centavos) de imposto e multa no montante de
CR$ 6,73 (seis cruzeiros reais), em razão do contribuinte
ter: (a) deixado de recolher ICMS referente a notas fiscais
de saídas de aguardente de cana, série C-1, emitidas em
fevereiro e março de 1989; e (b) extraviado os livros
fiscais de saídas nº 01 e o de apuração do ICMS nº 01.
Foram apontados como transgredidos os artigos 5º, V, 55,
da Lei 5.077/89 e art. 49, da Lei 5.109/89 e aplicada
penalidade prevista no art. 98 da Lei 5.077/89 e art. 862 do
Decreto 35.245/91.
Intimado em 30/04/1994, o Contribuinte não apresentou
defesa, tendo sido lavrado termo de revelia às fls. 10.
Através da Decisão n.º 15.243/07, a Coordenadoria de
Julgamento julgou prejudicado o lançamento tributário pela
prescrição.
O Fisco e o Contribuinte tomaram ciência da decisão da

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1ª Câmara do CTE, no entanto, não se manifestaram.


Posteriormente os autos então foram encaminhados ao Pleno
para julgamento do reexame necessário.
É o relatório.

VOTO

Com razão a 1ª Câmara.

Observa-se nos autos que, mesmo intimado em 30/04/1994,


o contribuinte não apresentou impugnação ao auto de infração,
tendo sido lavrado o Termo de Revelia em 10/11/1994.

Desde o decurso do prazo sem a manifestação do


contribuinte o crédito tributário está constituído
definitivamente. A partir de então, iniciou-se o prazo
prescricional de cinco para sua inscrição e propositura da
competente execução fiscal.

É o que dispõe o art. 141 da Lei nº 4418/82, in verbis:

“Art. 144 – Findo o prazo de


intimação, sem pagamento do débito ou
apresentação de defesa ou recurso,
será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento
do débito para inscrição na Dívida
Ativa.”

Em total dissonância com os ditames legais, o Fisco


quedou-se inerte pelo prazo superior a 18 (dezoito) anos.

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Na realidade, ao invés de inscrever em dívida ativa e


dar início a cobrança judicial, o Fisco desnecessariamente
encaminhou o auto de infração para conhecimento pela
Coordenadoria de Julgamento. Acertadamente, o julgador de
piso reconheceu a prescrição, ante o decurso de mais de cinco
anos da constituição definitiva do crédito sem qualquer
execução fiscal, decisão posteriormente confirmada pala 1ª
Câmara do CTE.

Pelo exposto, não tendo sido tomada tal


providência pela Fazenda Estadual e passados mais de 18
(dezoito) anos da constituição definitiva do crédito, ACORDAM
OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário para
negar-lhe provimento, mantendo na íntegra a decisão da 1ª
Câmara do Conselho Tributário Estadual. Crédito Tributário
extinto pela prescrição.

Salas das Sessões do CTE, Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: 1500-009528/1997 e CTE nº 207/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO:066828.
AUTUADA:COLIVETTI MÓVEIS E EQUIPAMENTOS LTDA.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
RELATOR: ODETE MINEIRO DA PAZ.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-262/2013

EMENTA: ICMS - Obrigações Acessórias. 1)


Falta de apresentação das Declarações de
Movimento Econômico do período 1993 e 1994 à
Repartição Fazendária. 2) Não escrituração do
LRIM nos exercícios de 1991 a 1994). 3)
Infrações não comprovadas por absoluta falta
de provas. 4) Lançamento Improcedente. 5)
Reexame Necessário (artigo 48, II, da Lei nº
6.771/2006) conhecido e improvido. Mantido o
Acórdão nº 290/2012, da Segunda Câmara deste
Conselho Tributário Estadual.

Relatório

Trata-se de Reexame Necessário do Acórdão nº


290/2012, da Segunda Câmara deste Conselho que por maioria de
votos decidiu manter a decisão da Primeira Instância que
julgou como Improcedente o Lançamento.

O lançamento objetiva a cobrança de 02 (duas)


infrações, a primeira, pela falta de escrituração do LRIM
(1991 a 1994) e a segunda, referente à falta de apresentação
das Declarações de Movimentos Econômicos (1993 e 1994).

Em 14/03/2011, foi proferida a Decisão nº


17.736/2011, de Primeira Instância, que julgou Improcedente o
Lançamento por falta de provas.

Em 27/07/2012, a 2ª Câmara deste Conselho por


maioria de votos manteve a decisão singular.

É o relatório.

Acórdão CTE N° P_262/2013 Página 1


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Voto

Como bem afirma o relator da Segunda Câmara


nos autos está comprovada a ausência de provas para confirmar
as infrações apontadas na peça inicial, haja vista, não terem
sido anexadas cópias do LRIM para comprovação de que não fora
escriturado nos exercícios de 1991 a 1994, nem de qualquer
documento capaz de comprovar que a autuada não apresentou suas
Declarações de Movimento Econômico relativas aos exercícios de
1993 e 1994, até porque, sequer foi intimada para tal. Não
existe nenhuma prova a sustentar a pretensão do fisco.

Nesse passo, tanto o julgador da Primeira


Instância, quanto o relator da Segunda Câmara, estão corretos,
pois, como dito, o autuante não atendeu as exigências da norma
vigente quanto à instrução probatória visando à comprovação da
infração posta na inicial. Assim, não estando comprovada a
situação fática que ensejou a lavratura do auto de infração o
Lançamento é Improcedente.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer
do
Reexame Necessário (artigo 48, II, da Lei Estadual nº
6.771/2006), nego-lhe provimento. Mantido na íntegra o Acórdão
nº 290/2012, oriundo da Segunda Câmara deste Conselho.

Sala do Pleno do CTE, em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE N° P_262/2013 Página 2


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: 1500-011064/2000 e CTE nº 234/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO:18381
AUTUADA:BARETA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA
ASSUNTO: Reexame Necessário.
RELATOR:LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-263/2013

EMENTA: ICMS. LEVANTAMENTO FÍSICO DE


ESTOQUE. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO. DÉBITO
PARCIALMENTE CONFESSADO. MANUTENÇÃO DO
LANÇAMENTO ATÉ O LIMITE DA CONFISSÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 23, PARÁGRAFO 3O,
INCISO III, E ART. 28, PARÁGRAFO 4O,
INCISO II, AMBOS DA LEI 6.771/2006 (PAT).
REEXAME DE OFÍCIO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. LANÇAMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE.

Relatório

Trata-se de reexame de ofício ao Acórdão n.


394/2011, da 1a. Câmara do Conselho Tributário Estadual, que
chega para análise do Pleno deste Colegiado Administrativo
por força do art. 48, inciso II, da Lei n ° 6.771/2006 (PAT),
considerando que o referido decisório, não unânime (ficou
vencido o julgador José Pedro da Silva), que manteve a
improcedência da autuação já proclamada pela instância
singela.

Previamente ao voto, conveniente empreendermos um


breve resumo dos atos e fases processuais já vencidas.

Segundo se colhe da peça de lançamento, este foi


motivado por uma suposta omissão de venda de mercadorias no

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exercício de 1999, apurada mediante levantamento físico de


estoque.

Regularmente intimado, o contribuinte ofereceu


impugnação ao lançamento, ocasião na qual se insurgiu contra
os valores unitários utilizados pela fiscalização, segundo
ele, incompatíveis com a média de preços praticada.

Seguiu-se uma diligência solicitada pela


Coordenadoria de Julgamento, no sentido da juntada do Livro
Termo de Ocorrências e de Estoque, diligência essa atendida
pela fiscalização, que inclusive acostou aos autos os
respectivos documentos.

Ao sujeito passivo fora oportunizado a manifestação


sobre a documentação referenciada, sem que este o tivesse
feito.
Seguiram os autos para julgamento pela instância a
quo que, sustentando “a ausência de prova relativamente a
quantidades e valores das entradas e saídas anotados nas
planilhas “Controle Físico de Mercadoria” (fls. 07 a 08 dos
autos) e “Relatório de Levantamento de Mercadoria Sequencial”
(fls. 09 a 51 dos autos)”, concluiu, então, que “apresenta-se
insuficiente a instrução”, e, enfim, pela improcedência da
autuação.

Intimados, contribuinte e Representação Fiscal


quedaram-se silentes.

No Acórdão n. 394/2011, ora alvo de revisão por


força da regra insculpida no art. 48, inciso II, da Lei n.
6.771/2006, os julgadores, por maioria, trilharam a linha da
Coordenadoria de Julgamento, capitaneados pelo voto do já
saudoso relator, o julgador Segismundo Cerqueira Filho, a
quem aqui deixo patenteado meu pesar pela sua passagem e
minha certeza de que pela retidão de caráter e espírito
elevado está em algum lugar melhor.

Intimados, mais uma vez mantiveram-se silentes o


sujeito passivo e a Representação Fiscal.

Assim subiram os autos a este Plenário.

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VOTO

De chofre, embora ciente de que vigora entre os


princípios informadores do Processo Administrativo Fiscal a
informalidade, como atributo de um valor maior que é o da
verdade material, não se pode advogar a completa falta de
forma e rito, sob pena de mácula ao processo em si. Assim é
que reiteradamente externo posição sobre a necessidade da
correta instrução processual, mesmo porque assim impõe regras
cogentes, como o citado art. 891 do RICMS/AL.

Perfilhando os autos, entretanto, embora falha a


instrução processual, observo que instado sobre o lançamento
contra si imputado, o sujeito passivo não questiona as
diferenças apuradas pelo levantamento físico de estoque,
limitando-se a se insurgir quanto aos valores unitários
atribuídos as mercadorias cujas saídas foram presumidamente
omitidas.

É de se observar, ainda, que o sujeito passivo


chega a acostar a sua defesa levantamento particular (fl.
61), no qual reproduz as diferenças encontradas pela
fiscalização, em manifesta confissão quanto às omissões
encontradas, apenas discordando quanto aos valores.

Não posso deixar de concluir que, nesta


oportunidade, na qual inclusive o contribuinte apontou os
valores unitários que entendia ser corretos, apurando a base
respectiva do tributo estadual, há confissão, ainda que
parcial, do crédito tributário lançado.

A situação retratada se subsume claramente às


hipóteses do art. 23, parágrafo 3o, inciso III e 28, § 4º,
II, do PAT.

Art. 23. (...)

§ 3º Respeitadas as situações previstas no art. 5º, não se examinará o mérito da defesa:

(...)

III - que tenha contestação de valores pecuniários antes confessados como devidos, ou
conteste informações tributárias anterior e voluntariamente prestadas ao Fisco pelo
sujeito passivo; e

Art. 28. (...)

Acórdão CTE N° P_263/2013 Página 3


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§ 4º O julgador que tiver ciência, por documento incluso nos autos em qualquer fase do
processo, que o autuado tenha confessado o crédito tributário objeto do contraditório:

I - no todo, deverá decidir pela extinção do processo com julgamento do mérito; e

II - em parte, deverá proferir a decisão apreciando a parte não confessada, extinguindo o


litígio quanto à parte confessada.

Diante das normas capituladas, entendo que o


caminho natural ao processo, após a impugnação do sujeito
passivo, seria a delimitação do objeto controvertido e o
pronunciamento sobre a confissão quanto às omissões
reconhecidas no documento de fl. 61.

Sobre os valores unitários, esta sim a matéria


controvertida nesses autos, pois contestados pelo sujeito
passivo, filio-me a corrente já trilhada pelas duas
instâncias por quem os presentes autos já passaram. No caso,
de que carecem os autos de provas necessárias para confirmar
a grandeza eleita pela fiscalização para os valores
unitários. Assim, entendo improcedente a autuação no que
excede aos valores confessados pelo sujeito passivo.

No que se refere à penalidade, por força de


legislação superveniente, aplico a multa do art. 79 da Lei n.
5.900/96 em substituição a do art. 84 do mesmo Diploma Legal.

Segue o demonstrativo do crédito tributário:

DIFERENÇAS: ENTRADAS SAÍDAS TOTAL


VALOR R$ 6.426,85 R$ 26.114,17 -
ICMS - R$ 4.439,41 R$ 4.439,41
MULTA (art. 84) R$ 546,28 R$ 2.219,71 R$ 2.765,99
TOTAL - - R$ 7.205,40

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, votar no
sentido de conhecer do reexame de ofício para dar-lhe parcial
provimento, no sentido de julgar o lançamento parcialmente
procedente, reconhecendo o crédito tributário até o limite do
crédito confessado pelo sujeito passivo, conforme planilha de
cálculo no corpo deste decisório.

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Sala de Sessões do CTE, Pleno. Maceió/AL, 13 de novembro


de 2013

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR (Contra Relator)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR (Contra Relator)

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_263/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº003 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO Nº.: 1500-005526/2010 e CTE Nº.512/2010
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA DA 1ª CÂMARA PARA O PLENO
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.94506-001
AUTUADA: BRASNORTE VEICULOS E ACESSORIOS LTDA.
AUTUANTE: MARCIA CARRILHO LEÃO PEIXOTO – Mat. 23.215
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
VOTO VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-264/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. EMBARAÇO A FISCALIZAÇÃO.


CONFORME MANDAMENTO CONTIDO NO § 2º, DO ART.
763, DO RICMS, PARA QUE SE CARACTERIZE O
EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO É IMPRESCINDÍBVEL A
LAVRATURA DO RESPECTIVO TERMO NO TOCANTE AO
COMPORTAMENTO DO CONTRIBUINTE DIANTE DA
EXIGÊNCIA DO FISCO. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E PROVIDA. DECISÃO DA 1ª CÂMARA
MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de novo reexame necessário, cujo escopo é a


análise do Acórdão n° 152/2011, emitido pelos membros da 1ª Câmara
do CTE, que por maioria dos votos entendeu pela improcedência do
lançamento do crédito tributário constituído pelo Auto de Infração
n° 99.94506-001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria


embaraçado a ação fiscal por ter deixado de atender ao solicitado
pela fiscalização em sede de intimação fiscal, omitindo-se da
apresentação de livros ou documentos fiscais.

Desta feita, teriam sido violados o artigo: 59 da Lei


nº5.900/96 c/c os artigos: 49, incisos II, e X e 763, §2º do RICMS,
aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, aplicando-se, por conseguinte,
a penalidade do artigo 135 da Lei nº 5.900/96. Assim fora fixado

Acórdão CTE N° P_264/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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crédito tributário no valor de R$: 810,50 (oitocentos e dez reais e


cinquenta centavos).

Em sede de defesa, o sujeito passivo argui: a) que no dia


24/09/2009 recebeu a intimação fiscal nº 55822, a qual solicitava os
livros fiscais e documentos contábeis referentes ao exercício de
2004 a 2009; b) que os documentos solicitados foram, no prazo
estabelecido, selecionados para aguardar a presença dos fiscais com
o fito de estes procedessem a devida fiscalização, entrementes a
fiscalização não mais apareceu na empresa para verificar os
referidos livros e documentos; e c) que não haveria como lhe imputar
responsabilidade, tendo em vista que, pelo fato de os documentos
estarem a disposição da autuada, teria sido esta a responsável pela
configuração do infortúnio.

A Autuante, tomando por base o art. 36, § 3º, I, da Lei


nº 6.771/2006 (procedimento especial), optou por não apresentar
contrarrazões

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, julgou


procedente em parte o lançamento consubstanciado pelo Auto
nº99.94506-001, consoante se denota da seguinte ementa:

ICMS. Obrigação acessória. Embaraçou a


fiscalização quando deixou de apresentar livros
e documentos fiscais solicitados mediante
Intimação Fiscal. Ilícito caracterizado (norma
antecedente do art. 135 da Lei nº 5.900/1996).
LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. PROCEDIMENTO
ESPECIAL em razão do valor (inciso II, do art.
36, da Lei n° 7.078/2009)

Ademais, constituindo o crédito tributário no valor total


de R$: 162,10 (cento e sessenta e dois reais e dez centavos).

Acórdão CTE N° P_264/2013 Página 2


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Inconformado com a decisão, o Autuado interpôs pedido de


revisão em face da decisão nº 093/2010 da coordenadoria de
julgamento, reiterando razões apresentadas na de defesa inicial e
acrescentando que as normas legais que envolvem a espécie foram
totalmente desprezadas por aqueles que representam o interesse maior
da fazenda estadual.

Em sede de contrarrazões, a Autuante aduz que: a) o


recurso do contribuinte tem finalidade procrastinatória, por não
colacionar aos autos elementos que carreiem suas alegações; b) o
contribuinte embaraçou a fiscalização ao não apresentar os livros
fiscais, solicitados; c) a decisão nº 093/2010 proferida em juízo
singular, deve ser reformada, no sentido de aplicar a penalidade de
multa inicialmente proposta, qual seja R$: 810,50 (oitocentos e dez
reais e cinquenta centavos)

Instado a se pronunciar sobre a matéria, o Conselho


Tributário Estadual, por maioria de seus membros, acompanhou o voto
do relator, consolidando através do Acórdão nº 152/2011, o seguinte
entendimento:

ICMS OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – NÃO ATENDIMENTO DE


INTIMAÇÃO FISCAL PARA APRESENTAÇÃO DE LIVROS –
MERA OMISSÃO DO CONTRIBUINTE – INEXISTÊNCIA DE
PRÁTICA DE ATO DE EMBARAÇO À AÇÃO FISCAL -
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – AUTO DE
INFRAÇÃO IMPROCEDENTE – DECISÃO DA CJ
REFORMADA.

Sobem os autos para analise da decisão da 1ª câmara face


o reexame necessário obrigatório.

É o relatório.

Acórdão CTE N° P_264/2013 Página 3


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VOTO

Na verdade, atentando-se para os termos do § 1º do


art. 761 do RICMS, a configuração do embaraço à fiscalização
pressupõe um ato “comissivo” por parte do contribuinte, exigindo
assim uma ação do contribuinte, conforme redação in verbis:
“Considera-se embaraço à ação fiscal todo e qualquer ato praticado
por contribuinte ou responsável, no intuito de impedir, por qualquer
forma, os exames e diligências solicitadas pelos fiscais, para o
fiel desempenho de suas atribuições.”

Entretanto, para que se concretize a ação, o


comportamento do contribuinte no sentido de não atender ao Fisco, é
necessário a lavratura do respectivo termo da ocorrência da omissão
da empresa diante da intimação fiscal para apresentar os livros
fiscais, o que não foi feito, conforme mandamento contido no
§ 2º do Art. 763, do RICMS, verbis: “A inobservância do disposto
no § 1º do art. 757, ou a recusa do atendimento, pelas pessoas e
entidades de que trata este artigo, de qualquer informação
solicitada pelo Fisco, caracteriza embaraço à fiscalização, devendo
ser lavrado o termo respectivo.” (Grifei).

In casu, consta dos autos que a empresa fora


intimada para apresentar livros, notas e outros docs. fiscais e em
contrapartida afirmação da mesma de que ”os documentos solicitados
foram, no prazo estabelecido, selecionados para aguardar a presença
dos fiscais com o fito de procederem à devida fiscalização.”

Ocorre que, mesmo alterado o rito do feito de


especial para ordinário, em razão de requisição de diligência (fl.
12 – Proc. 1500-020798/10), a Representação Fiscal não enfrentou,
quando da contestação do pedido de revisão a alegação da autuada de
que “os documentos solicitados foram, no prazo estabelecido,
selecionados para aguardar a presença dos fiscais com o fito de
procederem à devida fiscalização.

De forma que, diante da ausência nos autos da


lavratura do respectivo termo circunstanciado dando conta do
embaraço à fiscalização somado ao silêncio do Fisco no tocante a
seleção dos documentos então solicitados, aguardando a presença dos
fiscais, segundo afirmação da própria autuada, não vislumbro a
configuração do embaraço apontado pela autuante.

Acórdão CTE N° P_264/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer da remessa
necessária para dar-lhe provimento no sentido de manter a decisão da
1ª Câmara, que considerou a improcedência da ação fiscal.

Conselho Tributário Estadual, Sala do Pleno, em Maceió, 13 de


novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR(VOTO VENCEDOR)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR) JULGADORA(VOTOU CONTRA O RELATOR)

ODETE MINEIRO DA PAZ LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADORA(VOTOU COM O RELATOR) JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR)

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR) JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR)

Acórdão CTE N° P_264/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: SF–1500 004547/07; CTE 261/09.
ANEXO: SF - 1500 017104/07
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 70.00303-003/2007, PROTOCOLADO EM 27/02/07
AUTUADA: TÂNIA MARIA SIMÕES DE MIRANDA FRANÇA
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.01281-3
AUTUANTE: ORIVAL JOSÉ DE FRANÇA
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-265/2013

EMENTA: ICMS – SAIDAS MERCADORIAS


TRIBUTÁVEIS COMO ISENTAS
DESCARATERIZADA PELA AUSÊNCIA DE
PROVAS NOS AUTOS.
REEXAME NECESSÁRIO PROCEDIDO E NÃO
PROVIDO. DECISÃO DA 1ª CÂMARA DO
CTE MANTIDA NA ÍNTEGRA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do Pleno


do Conselho Tributário Estadual, nos termos do Inciso II, do
art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da Primeira
Câmara do CTE, Acórdão de nº. 036/2010, que julgou
Improcedente, por maioria de votos, o Auto de Infração nº
7000303-003/2007, protocolado em 27/02/2007 lavrado contra a
empresa Tânia Maria Simões de Miranda França, qualificada na
peça exordial. O acórdão recebeu a seguinte Ementa:

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO – ICMS – ÔNUS DA PROVA


CABE À ADMINISTRAÇÃO – AUSÊNCIA DE ELEMENTOS

Acórdão CTE N° P_265/2013 Página 1


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COMPROBATÓRIOS QUE LASTREIEM A AUTUAÇÃO – AUTO


DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE.
1. O dever de provar a ocorrência do fato
jurídico tributável que originou o crédito
tributário compete à própria Administração,
sendo certo que a ausência de provas acarreta a
improcedência da autuação, como acertadamente
decidiu a CJ no presente caso.
2. Recurso conhecido e improvido. Decisão
mantida.

O Auto de Infração, objeto da lide, foi lavrado


contra a empresa, em evidência, com alegação do autuante de
que a autuada não recolheu o ICMS relativo à saída mercadorias
tributadas no exercício de 2005, registradas como isentas e/ou
não tributadas.
Na Decisão 16.196/2009 de 1ª Instância, o julgador
singular julgou Improcedente o Auto de Infração, objeto da
lide ressaltando que “há evidências de que a autoridade
lançadora nem ao menos teve acesso aos documentos fiscais, por
ocasião da ação fiscal” valendo-se a fiscalização apenas de
indícios.
Notificadas autuada e Representação Fiscal estas
não se manifestaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta,


nota-se que o Reexame Necessário do Pleno CTE deve-se à
Decisão não unânime da 1ª Câmara do CTE, que por maioria de

Acórdão CTE N° P_265/2013 Página 2


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votos decidiu pela improcedência do Auto de Infração nº


7000303-003, protocolado em 21/2/2007 lavrado contra a empresa
Tania Maria Simões de Miranda Franca.
A Coordenadoria de Julgamento requereu na
Diligência Fiscal nº 135/2008 que a fiscalização provasse as
alegações iniciais acostando aos autos “instrumentos
necessários à instrução probatória” (fls. CJ 19 a 22),
ratificada pela nova Requisição de Diligência 040/2009 (Fls.
CJ 26 e 27).
O parecer fiscal da Diretoria de Fiscalização
confirma que o Auto de Infração, objeto da lide, não tem
respaldo legal e sugere que esta seja declarada nula (Fl.s
SEFAZ – DIFIS 29 e 30).
A prova do elemento constitutivo do direito
reclamado é da fiscalização, nos temos do art. 333 do Código
Civil. Observa-se que nos autos não foram anexados as cópias
das Notas Fiscais de Mercadorias pertinentes ao crédito
tributário exigido. Falta documentação material para
embasamento da autuação, nos termos do art. 891, Inciso V, do
RICMS, aprovado pelo Decreto 35245/91, vigente à época da
autuação:

Art. 891. O processo fiscal


contencioso deverá ser instruído,
consoante a infração detectada, com
os seguintes documentos:
(...)
V - cópia dos documentos que serviram
de base para a apuração das
irregularidades, em qualquer caso;
(...)

Acórdão CTE N° P_265/2013 Página 3


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
proceder ao Reexame Necessário negando-lhe provimento,
acompanhando integralmente o julgador de primeira instância da
Coordenadoria de Julgamento e da 1ª Câmara do CTE que julgaram
Improcedente o lançamento do crédito tributário.

Conselho Tributário Estadual, Sala do Pleno, em Maceió, 13 de


novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR JULGADOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JULGADORA
JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE N° P_265/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
_________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO DO CTE Nº 03 – REALIZADA EM 13/11/2013


PROCESSO SF Nº 1500-020241/2003; CTE 95/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 031097/2003
RECORRENTE: Davi Nogueira Gatto
RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL
RELATORA: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-266

Ementa: Processo Administrativo Tributário.


Recurso Especial. Requisitos de Admissibilidade não
preenchidos. Divergência Jurisprudencial não
apontada. Recurso Especial Não Conhecido

A recorrente inconformada com a decisão proferida através do


Acórdão nº 238/2011 da 2ª Câmara, apresenta recurso especial a este conselho. Antes de
delinear as razões recursais, faz necessário apresentar uma síntese do processo.

O acórdão da 2ª Câmara teve como ponto de partida para análise a


decisão nº 16156/09 da Coordenadoria de Julgamento, segundo a qual a recorrente teria
deixado de recolher ICMS do exercício de 1999 a 2002 nos termos do auto de infração: “por
ter efetuado vendas de mercadorias sem documentação fiscal. Fato comprovado pela insuficiência de
caixa apurada através de levantamento específico desta conta, considerando-se os documentos de
receitas e despesas efetuados pelo contribuinte nos períodos fiscalizados”.

Em sua impugnação ao auto a recorrente sustenta que a insuficiência


de caixa não existe porque a fiscalização coletou erradamente os valores das vendas
correspondentes aos meses de 11/1999, 03/2000 e 04/2000. Juntou cópia do RAICMS para
comprovar o fato que não tem despesas de alugueis, pró-labores, amortização, água, luz e
telefone.

______________________________________________________________
Acórdão CTE Nº. 266/2013 1
Em manifestação a autuante afirma que os valores contábeis do livro
RAICMS teriam sido alterados e divergem do Livro de Registro de Saída e que despesas
foram obtidas da própria DAC anual do autuado.

O julgador singular em sua decisão demonstra que a apresentação de


defesa pelo autuado supre qualquer irregularidade de intimação e observa que o sujeito
passivo somente contestou os valores contábeis relativos aos meses de 11/1999, 03/2000 e
4/2000. Ressalta que é nítida a rasura no livro RAICMS e a desconformidade com o livro
RSM.
Afirma o julgador singular que os valores contábeis estão lastreados
no livro RSM e no relatório de cruzamento da DIM/DAC com arrecadação do ICMS e
Débitos Fiscais que evidencia a presunção de saídas de mercadorias tributáveis em
operações internas, sem pagamento do imposto.

Quanto à multa, ressalta que o artigo 87 da Lei 5900/96 trata da


hipótese de suprimento indevido de caixa e passivo fictício diferente de insuficiência de
caixa em razão disto aplica a multa do art. 79 da Lei 5900/96 equivalente a 50% do imposto
devido, e assim julga procedente em parte o lançamento.

Intimada a autuada, apresenta recurso ordinário e em seguida a


representação fiscal apresentou suas contrarrazões ao recurso, respectivamente.

Analisando recurso da autuada, através de voto de vista deste relator


foi exarado o acórdão nº 134/2010 do Conselho Tributário do Estado de Alagoas, o qual
concluiu que:

No caso dos autos, houve apenas a intimação do sócio, enquanto a


empresa não foi intimada regularmente da decisão da coordenadoria,
razão pela qual, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos,
conhecer do recurso, dando provimento a preliminar arguida pela
recorrente para determinar que ocorra a intimação do contribuinte no seu
endereço.

Publicado o acórdão no DOE/AL em 19/06/2011, em 28/07/2010 os autos


foram encaminhados a coordenadoria de julgamento para ser proferido o cumprimento do
acórdão do CTE, assim foi realizada a intimação da decisão da coordenadoria de
julgamento através de aviso de recebimento, bem como através da ciência por advogado
constituído pela contribuinte através de procuração presente às fls. 152 dos autos do
processo original.

Apesar de efetivada a intimação da decisão singular, a recorrente não


apresentou novo recurso ao CTE, restando apenas a análise da parte improcedente do

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Acórdão CTE Nº. 266/2013 2
lançamento, já que o cerne primeiro recurso da contribuinte discorria apenas sobre falha
de intimação.
A análise da parte sucumbente foi de fácil deslinde, por tratar apenas de
alteração da penalidade imposta, passando do art. 87 da lei nº 5.900/96 para o art. 79 da
mesma lei, ao ser observado que o caso dos autos não é hipótese de suprimento indevido
de caixa e passivo fictício e sim apenas hipóteses de insuficiência de caixa.

Intimada desta última decisão a contribuinte apresenta recurso especial


alegando em síntese que:
1) Foi criada apenas para complementar a atividade principal de outra
empresa de sua propriedade, a qual desenvolve a atividade de posto de
combustíveis, sendo, portanto criada para funcionar como loja de
conveniência;
2) Todos os equipamentos da loja foram instalados no sistema de
comodato;
3) Não houve despesas financeiras, como presumido pelo autuante, sequer
existiu qualquer tipo de financiamento, sendo desconsiderado o
comodato, o qual permitiu a instalação de placas, propagandas,
decoração, etc..

Apresentada contrarrazões pela representação fiscal, os autos foram


encaminhados para julgando designado para Sessão Plena do dia 05/09/2012, entretanto,
em atenção ao requerimento e documentos apresentados pela Recorrente em 04/09/2012,
foi suspenso o julgamento e dado vista ao representante fiscal. Esse por sua fez contesta os
extratos bancários apresentados, demonstrando ainda que sua apresentação é
extemporânea.

É o Relatório.

Admissibilidade do Recurso Especial.

Antes de analisar o cerne da questão é imprescindível observar os requisitos


do Recurso Especial, descritos especificamente no art. 47 da lei nº 6.771/2006, vejamos:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE, interposto pelo sujeito
passivo, pelo autuante, pelo Procurador da Fazenda Estadual ou pelo
Representante Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara divergir do
entendimento sobre idêntica questão jurídica manifestada por outra Câmara
ou pelo Pleno.

Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE providenciar a instrução do


processo com cópia da primeira decisão indicada, por divergência
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Acórdão CTE Nº. 266/2013 3
demonstrada, ficando a cargo do recorrente a apresentação de cópia das
demais, juntamente com o recurso, se for o caso.

Percebe-se na norma acima, que apenas será possível o Recurso Especial,


quando houve divergência entre às câmeras ou entre uma delas e o pleno, sobre idêntica
matéria. E nos termos do parágrafo único a divergência deve ser apontada pelo recorrente.

No caso em deslinde, não se identifica o preenchimento do requisito


indicado, no recurso não foram indicadas as decisões divergentes, já no requerimento
apresentado em seguida, foram citadas apenas decisões da Coordenadoria de Julgamento.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos não conhecer do
Recurso Especial.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de novembro de 2013

Sérgio Guilherme Alves de A. Filho Álvaro Arthur Lopes de A. Filho


Presidente Relator

Carlos Henrique Mendonça Brandão Odete Mineiro da Paz


Julgador Julgadora

Paulo de Tarso da Costa Silva Maria Lopes Milhomes


Julgador Julgadora

Mário Sérgio Martins de Castro José Pedro da Silva


Julgador Julgador

Luciano Pontes de Maya Gomes


Julgador

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Acórdão CTE Nº. 266/2013 4
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº03 DO PLENO/CTE – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: 1500-009.239/1998 e CTE 253/2009.
ANEXO: 1500-010.114/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 067.358, de 02/09/1998.
AUTUADA: DROGANORTE S/A.
ASSUNTO: Reexame Necessário do Acórdão nº 035/2010, da Primeira
Câmara nos termos do art. 48, II, da Lei nº 6.771/2006.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-267/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Falta


de recolhimento do ICMS antecipado.
Lançamento Improcedente pela ausência de
elementos que possam comprovar os valores
devidos a título de antecipação do ICMS. 2)
Lançamento Improcedente. Reexame Necessário
(artigo 48, II, da Lei nº 6.771/06) conhecido
e improvido. Mantido o Acórdão nº 035/2010.

RELATÓRIO.

Trata-se de Reexame Necessário (artigo 48,


II, da Lei nº 6.771/06), referente ao Acórdão nº 035/2010, da
1ª Câmara, que por maioria de votos conheceu do Reexame
Necessário, negou-lhe provimento e manteve a Decisão Singular
que julgou Improcedente o Lançamento com voto contrário do
julgador José Pedro da Silva.
“Art. 48 - Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas a
reexame necessário: (NR)
(...)”

II - pelo Pleno do CTE, as decisões não unânimes de uma de suas


Câmaras. (NR)
(...)”

O auto de infração tem por objeto a cobrança


de crédito tributário no valor de R$ 5.874,71 (cinco mil;
oitocentos e setenta e quatro reais e setenta e um centavos),
por haver a empresa autuada na condição de contribuinte
varejista de medicamentos, adquirido no ano de 1996,
mercadorias não sujeitas ao regime de substituição tributária,
recolhendo a menor o ICMS referente à antecipação tributária.

Apontado como infringido o artigo 15, do


Decreto 35.999/93, alterado pelo Decreto 36.058/94, combinado

Acórdão CTE N° P_267/2013 Página 1


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com o artigo 23, do Decreto 36.538/95. Sugerida a aplicação da


penalidade prevista no artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/96.

Em 05/11/2009, foi proferida a Decisão nº


16.253/2009, de Primeira Instância pela qual o Lançamento foi
julgado Improcedente em razão da absoluta falta de provas.

Em 23/02/2010, a 1ª Câmara deste Conselho


por maioria de votos conheceu do Reexame Necessário e negou-lhe
provimento, manteve a decisão singular, tendo o julgador José
Pedro da Silva, votado pela procedência parcial do lançamento,
o que tornou a decisão contrária a Fazenda por maioria.

A autuada foi notificada do Ácordão e não se


pronunciou. A Comissão de Representação Fiscal tomou ciência,
não se pronunciando. Assim, chegam os autos ao Pleno deste
Conselho Tributário Estadual para análise do Reexame Necessário
(artigo 48, inciso II, da Lei Estadual nº 6.771/06).

É o relatório.

Voto

A análise dos autos demonstra a inexistência


de provas que possam comprovar a infração apontada na inicial:

A um, porque os autos não estão instruídos


com os elementos de provas, conforme exige o artigo 891, Inciso
IV, do RICMS/91, reproduzido.
“Art. 891 - O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de
Infração deve ser instruído com:
(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido,


inclusive cópias dos documentos que serviram de base para a
apuração das irregularidades.
(...)”

A dois, porque os documentos de arrecadação


(DAR’s) anexados, apenas fazem referência ao artigo 13, do
Decreto Estadual nº 36.058/94. Portanto, não são suficientes
para comprovarem que os recolhimentos não se referem às notas
fiscais apontadas na peça inicial.

Já a relação constante às fls. 07 a 35, dos


autos, não possibilita vislumbrar se os produtos constantes
das notas fiscais relacionadas são ou não sujeitos à
sistemática da antecipação, não é possivel demonstrar-se os
valores utilizados como base de cálculo para a liquidação da

Acórdão CTE N° P_267/2013 Página 2


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obrigação tributária; não se vislumbra o crédito tributário,


muito menos o percentual aplicado (margem de valor agregado)
previsto no dispositivo, o qual, na presente autuação, difere
daquele valor aplicável as operações com mercadorias sujeitas
à antecipação tributária, sistemática vigente a época.

Não é possível se afirmar com segurança que


ocorreu a falta de recolhimento do ICMS, uma vez que não se
pode comprovar o montante do crédito tributário efetivamente
devido, impossibilitando o afastamento do argumento exposto na
Defesa (impugnação) por mais vago ou procrastinatório que esta
possa aparentar, e, ademais, a inexistência de provas capazes
de demonstrar os elementos supracitados depõem contra autuação
uma vez que a mesma deveria estar devidamente instruída com as
notas fiscais de aquisição, prova inconteste da infração.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do Reexame Necessário (artigo 48, II, Lei nº Estadual
6.771/06), negar-lhe provimento, para manter na íntegra o
Acórdão CTE nº 035/2010, que manteve por maioria de votos, a
Improcedência do Lançamento conforme Decisão de Primeira
Instância.

Conselho Tributário Estadual, Sala do Pleno,


em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE (acompanhou a relatora) RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO


JULGADOR (votou com a relatora) JULGADOR (votou com a relatora)

MARIA LOPES MILHOMES


MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JULGADORA (votou com a relatora)
JULGADOR (votou contra a relatora)

ÁLVARO ARTHUR L. DE ALMEIDA FILHO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR (votou contra a relatora) JULGADOR (votou contra a relatora)

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (votou contra a relatora)

Acórdão CTE N° P_267/2013 Página 3


GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS

CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

___________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO - Nº 03 – Realizada em 13/11/2013


PROCESSO: 1500-6909/00 e CTE nº 409/2011.
ANEXO: 1500-9260/00.
AUTO DE INFRAÇÃO: 23265.
AUTUADA: LUIZ FARIAS DE MELO MERCEARIA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.93546-2.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.063/11.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Aloísio Ferreira Costa e outros.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO VENCEDOR:Odete Mineiro da Paz
PRESIDENNTE:Sérgio Guilherme Alves da Silva Filho
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 268/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação principal. 1)


Omissão de entradas e saídas de mercadorias
no exercício de 1999, fato apurado através
de levantamento físico do estoque. 2) Não
comprovação das infrações por falta de
provas. 3) Lançamento improcedente. 4)
Reexame Necessário conhecido e improvido.
Mantido o Acórdão nº 309/2012.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração do lançamento de crédito
tributário composto de imposto e multa, pelos fatos de, em tese,
o sujeito passivo, conforme levantamento físico de estoque no
exercício de 1999, ter vendido as mercadorias farinha de trigo
“MIX SARANDI 25 KG” e “MIX SARANDI 25 KG PP” sem documentação

Acórdão CTE Nº 268/2013 1


GOVERNO DO ESTADO

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___________________________________________________________________________________________

fiscal e também adquirido mercadorias “FARINHA DE TRIGO ESPECIAL


SARANDI 50 KG”, MIX SARANDI 25 KG” desacompanhadas de notas
fiscais.
Consideram como substrato legal os arts. 1º, I; 2º, I, §
9º; e 6º, I, XII e XV, da Lei n.º 5.900/96, e arts. 2º, I; 49,
II, VII e VIII; 54, VI; 136, I; 143; 145, I e 230, § 2º, do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto n.º 35.245/91, e
proposta a aplicação da penalidade prevista no art. 84 da
referida Lei.
Instruem os autos, em especial, como provas da infração:
cópias do livro Registro de Inventário, relativo aos estoques
finais dos exercícios de 1998 e 1999, cópia de “Termo de Início
de Fiscalização” e de “Termo de Encerramento de Fiscalização”,
lavrados no livro fiscal próprio, planilha “Controle Físico de
Estoque de Mercadorias”, relativo ao exercício de 1999, relações
“Notas Fiscais de Entradas” e “Notas Fiscais de saídas”,
correspondentes ao exercício de 1999.
Em sua defesa, o contribuinte alegou que o autuante
considerou dois itens no levantamento, FARINHA DE TRIGO FRANCÊS
e FARINHA DE TRIGO PÃO DOCE, quando deveria ser apenas um,
FARINHA DE TRIGO 25 KG. Afirma também que a mercadoria
fiscalizada tem o ICMS retido na fonte, que não usou de má fé,
não havendo prejuízo para o Erário Público, além de não ter
recurso para quitar o débito cobrado. Anexou aos autos planilha
“CONTROLE DE MOVIMENTOAÇÃO MERCDS. (FARINHA DE TRIGO)”,
referente ao exercício de 1999, e às mercadorias “Farinha tipo
50 KG” e “Farinha tipo 25 KG”.
Nas contrarrazões, o fisco estadual pede pela procedência
do lançamento de ofício, argumentando, para tanto, que a
autuação é lícita e coerente, vez que todos os elementos, notas

Acórdão CTE Nº 268/2013 2


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___________________________________________________________________________________________

fiscais de entradas e saídas, foram devidamente checados com os


seus livros fiscais, cujas diferenças constatadas não deixam
dúvidas.
Decidiu, então, com o nº 18.063/11, a julgadora singular
pela procedência parcial do auto de infração devido ao
afastamento da cobrança do ICMS nas aquisições e vendas sem a
documentação fiscal das farinhas de trigo “MIX SARANDI 25 KG” e
“MIX SARANDI 25 KG PP” por falta de provas e à reclassificação
da multa aplicada do art. 84 para a do art. 79 da Lei nº
5.900/1996.
A decisão teve a seguinte ementa:
EMENTA: ICMS – (1) Aquisição de mercadorias
desacompanhadas de documentos fiscais. (2) Não
recolhimento do ICMS por omissão de saídas de
mercadorias tributáveis. (A) É responsável
tributário pelo recolhimento do tributo incidente
sobre as mercadorias sujeitas à substituição
tributária aquele que as adquire sem o
recolhimento do tributo devido nas etapas
anteriores ou que as detém desacompanhadas da
documentação fiscal devida, nos termos do art.
21, VI e 26, p. único, da Lei Estadual 5.900/96.
(B) Inexistência de elementos a possibilitar a
distinção entre os itens objeto de questionamento
pelo sujeito passivo em sua impugnação, tais como
cópias de documentos fiscais relativos às
entradas e saídas de mercadorias a demonstrar a
distinção apontada pelos servidores nas planilhas
constantes dos autos. (C) Constatada infração à
legislação tributária relativa a aquisição de
mercadorias sem documentação fiscal referente a
outro item apontado no mesmo levantamento. (D)
Aplicação do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96, em

Acórdão CTE Nº 268/2013 3


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___________________________________________________________________________________________

redação dada pela Lei Estadual 7.079/09, por ser


esta sanção mais benéfica ao sujeito passivo, nos
termos do art. 13, II, ‘c’, da Lei Estadual
4.418/82. (E) Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. (F)
Remessa dos autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário nos termos do art. 48, I,
da Lei Estadual 6.771/06.

Pela decisão contrária à Fazenda Estadual, o juízo singular


recorreu a este Conselho, na forma estabelecida pelo art. 48, I,
da Lei 6.771/06. O contribuinte foi noticiado da decisão e não
se manifestou.
Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário
Estadual – CTE, onde na Primeira Câmara deste Colegiado,
conforme Acórdão nº 309/2012, foi julgado o reexame necessário,
reformando a decisão singular, pois o lançamento de ofício foi
considerado improcedente por falta de provas.
Portanto, em obediência ao art. 48, II, da Lei nº
6.771/2006, os autos foram remetidos a este Pleno para reexame
necessário.
É o relatório.

Acórdão CTE Nº 268/2013 4


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VOTO VENCEDOR (ODETE MINEIRO DA PAZ)

Trata-se de Reexame Necessário do Acórdão nº


309/2012, da 1ª Câmara, que por maioria de votos, e, mediante
desempate do Presidente julgou como Improcedente o Lançamento,
sendo os autos encaminhados ao Pleno nos termos do artigo 48, II,
da Lei nº 6.771/2006, e no dia 13/11/2013, sob a relatoria do
julgador da 2ª Câmara, Mario Sérgio Martins de Castro foi julgado,
ficando mantida a Improcedência do Lançamento, sendo o vencedor o
voto dessa julgadora por desempate do presidente.

DA IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO

O relator considera que o julgamento da Primeira


Instância está correto nos termos do artigo 891, III, e V, do
RICMS/1991, na redação vigente à época do fato, porque o inciso
citado trata das cópias dos documentos listados das alíneas do
inciso III, do mesmo artigo, sendo necessária apenas a cópia da
relação das notas fiscais de entradas e saídas e não as próprias
notas.

Nesse passo, mantenho os argumentos que constam


do voto vencedor proferido no Acórdão nº 309/2012, os quais,
também foram apresentados nesta sessão do Pleno em contrapartida
ao voto relator.

Portanto, o lançamento é Improcedente, pois, o


próprio julgador singular aponta várias inconsistências e até
mesmo alguns itens que foram auditados em duplicidade, bem como, a
falta de cópias das notas fiscais; é certo que falta o Mapa de
Controle Físico das Mercadorias, instrumento capaz de apurar com
segurança as omissões, caso tenham ocorrido, especialmente as

Acórdão CTE Nº 268/2013 5


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omissões de entradas nas situações em que as mercadorias entraram


sem documentação fiscal e nessa situação teriam permanecido no
estoque (também sem documentação fiscal) e ainda, as aquisições de
mercadorias sem documentação fiscal, mas cujas saídas foram
documentadas.

Portanto, não existe nos autos elementos que


demonstrem com segurança as omissões pontas na peça inicial. O
Lançamento é Improcedente por falta de provas.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do
Reexame Necessária negando-lhe provimento, para manter na íntegra
o Acórdão 309/2012, que considerou IMPROCEDENTE a autuação.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 13 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME ALVES DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE (CONTRA RELATOR) RELATOR

ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA COM VOTO VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (ACOMPANHOU RELATOR) JULGADOR (ACOMPANHOU RELATOR)

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (CONTRA RELATOR) JULGADOR (ACOMPANHOU RELATOR)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (CONTRA RELATOR) JULGADORA (CONTRA RELATOR)

Acórdão CTE Nº 268/2013 6

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