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mente, em meio a festas, danças e júbilos. A nova situação, porém, foi sempre
marcada por grande instabilidade.
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Foi essa atenção à música na sua realidade acústica e às leis, que se supu-
nham universais, do progresso de técnicas e de estilos que fez com que a prática
musical e o ensino das primeiras décadas republicanas, lideradas pelo Instituto
Nacional de Música, adquirissem excelência formal e de execução comparáveis
aos modelos europeus. O lema Ordem e Progresso teve a sua expressão musical
no cultivo de tendências estéticas vistas como sinais de um caminho evolutivo
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Numa visão histórica ampla, poder-se-ia dizer que essas duas fases da his-
tória educativa fariam parte de um processo transepocal de secularização, de
perda de sentido religioso e metafísico. A questão é porém mais complexa e
necessita ser considerada de forma diferenciada. Os elementos para a constru-
ção da nova identidade, do novo homem do Estado Novo adquiridos através
da análise anatômica da realidade sonora eram, na sua inserção original em
contextos simbólicos, elementos de uma representação grotesca da existência
aqui implantada pelos colonizadores. Um edifício de expressões configurador
de identidade assim levantado trouxe e traz em si a constante mácula de poder
surgir como grotesco, não sério, não digno de uma imagem mais elevada do
homem, se refletido por aquele que se situa em sistemas de fundamentação me-
tafísica. Essa inserção de grande parte da população em universo de orientação
ontológica é, porém, uma realidade altamente atual, levando-se em conta, por
exemplo, a intensidade de movimentos religiosos no país e do mundo. Há po-
rém um problema mais grave do que a concomitância de sistemas de ordenação
cultural discrepantes, com as suas tensões e incoerências. A construção cultural
e de uma linguagem musical formadora de identidades baseada em elementos
ganhos da percepção superficial de sinais pode encobrir a vigência continuada
de mecanismos intrínsecos ao processo colonial e, portanto, de situações de
labilidade e de ímpeto e inquietude perene de autoafirmação e superação.
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BISPO, Antônio Alexandre. Educação Musical a serviço da Ética. IN: NUNES, Helena de Souza. EAD na Formação de
Professores de Música: fundamentos e prospecções. Tubarão: Copyart, 2012.
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