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Resenha acerca do texto "O papel dos Colégios de Aplicação na formação dos
professores" da Dra Daniela Motta de Oliveira
A partir de uma referência que a autora toma, no caso o Ginásio de Aplicação João XXIII, da
Faculdade de Filosofia e Letras da UFJF – a qual a professora era diretora até escrever este artigo –
ela ratifica a importância da proximidade com os IES, por conta do intercâmbio imediato com o
âmbito da pesquisa, o que se daria não apenas como concepção de campo para as graduações
ampliarem suas práticas de iniciação à docência, mas ao qualificar o próprio quadro docente do
Colégio, que ascende à titulações de mestres e doutores, dois grandes fatores para o exercício da
autonomia das instituições frente à comunidade e ao próprio IES.
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As aspas sob o termo são inseridas pela própria autora, aparentemente, com o intuito crítico de questionar a
justificativa da separação de teoria e prática docente.
aprendizagem. Aqui se faz uma crítica em tom construtivo ao uso colateral ou até mesmo integral do
método do Ensino à Distância (EaD). Segundo a autora, o abismo entre teoria e prática pedagógica
pode ser aprofundada quando da fixação imagética do educador na condição de mero repassador do
conhecimento. Ela fala em '[...]“pulverizar a autoridade de tal professor a ponto dela se rearticular na
forma do autoritarismo imagético que arrefece o desenvolvimento das representações e, portanto, do
raciocínio crítico”[...]' (ZUIN apud DE OLIVEIRA, 2011, pg. 97)
Entendendo que, por mais que não se possa ignorar a conveniência e o emprego indispensável
das TIC's e do EaD como parte de uma estratégia de promoção ao acesso amplo à formação superior,
é necessário também reconhecer que mesmo essas ferramentas de ampliação do acesso ao
conhecimento não podem ser sumariamente consideradas ferramentas primariamente qualificadas
para a dinamização da prática pedagógica. Entretanto, a própria autora reconhece o momento em que
se situa a educação pública, dentro da conjuntura capitalista contemporânea. Com a flexibilização do
emprego e das oportunidades, este seria também um rumo incontornável que a educação teria de
seguir.
A partir destas constatações ela faz a defesa dos Colégios de Aplicação em função da
excelência da prática pedagógica e da manutenção do já citado tripé. Aqui ela sustenta os CAp's
sobretudo no que concerne aos estágios curriculares, expondo alguns pontos importantes sobre a
concepção destes espaços para a iniciação à docência. Além de espaço de execução da prática
profissional de docência, o que é um ponto inalienável, ela também cita a importância dos estágios
para a articulação do currículo do curso com a prática acadêmica, provendo a partir desta
oportunidade vivenciada no estágio experiências que podem contribuir contigencialmente para as
formulações curriculares.
Além destes dois tocantes, Daniela também sublinha a necessidade da articulação entre os
diversos níveis de ensino, aonde os Colégios de Aplicações surgem como grandes protagonistas ao
servirem de terreno fértil para o referido exercício. E ela aproveita o meandro para enveredar em um
quarto tocante, que remonta à questão inicial da teoria e da prática, dimensões que, em sua avaliação,
precisam estar em um ambiente que se assegure a conexão entre elas, tanto na prática, quanto na
produção deste conhecimento, pois o ato de ensinar também pode ser convertido em produção de
conhecimento.
Por fim, a professora lembra que a educação se situa historicamente dentro do dispositivo
crítico, no âmbito das disputas das sociedades, neste caso, promovendo uma discussão acerca das
agendas neoliberais, que dispensam o projeto social, auferindo importância supervalorizada ao
mercado. Aqui ela inscreve a missão dos professores dentro do âmbito do capitalisimo
contemporâneo:
Sendo assim, não nos parece inconveniente lembrar que a educação é
um processo dinâmico, dialético e contraditório, que se insere no
âmbito das disputas que ocorrem na sociedade. Sem dúvida, é preciso
lembrar que os professores e a escola estão inseridos na realidade
concreta e histórica, onde essas disputas tomam forma real e se
entrecruzam com os projetos pessoais e existenciais dos professores.