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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

TAYSA MARA DE CARVALHO

ESTUDO DE CASO

ITABIRITO
2019
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

TAYSA MARA DE CARVALHO

ESTUDO DE CASO

Estudo de caso apresentado ao Curso de Pós Graduação à


Universidade Estácio de Sá como requisito à obtenção de
pontos da Disciplina Direito e Processo Coletivo do Trabalho.

ITABIRITO
2019
INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivo analisar a decisão proferida pelo Tribunal
Regional do Trabalho do Rio de Janeiro acerca do movimento paredista dos rodoviários do
Rio de Janeiro no ano de 2014. Ocorre, que a época a greve foi organizada sem a
concordância e atuação do sindicato responsável pela categoria – o Sintraturb, Sindicato dos
Motoristas e Colaboradores de Ônibus do Município do Rio. Na referida audiência foi
suscitado pelos representantes do sindicato patronal – Rio Ônibus – a falta de legitimidade do
grupo grevista. Fato é que devido ao enfraquecimento dos sindicatos cada dia se torna mais
comum que entidades não sindicalizadas promovam o direito de greve vinculadas a
determinadas categorias profissionais o que extrapola os limites de exercício do referido
direito, e vão de encontro com o ordenamento jurídico que o regulamenta. A proposta do
presente estudo é enquadrar a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho do Rio de
Janeiro no ordenamento jurídico, destacando não só a (i)legalidade do movimento grevista,
através do cumprimento (ou não) dos aspectos formais para a instauração do referido
movimento, como também, proceder a análise da decisão emanada pelo órgão julgador. Para
tanto faz-se necessário desenvolver os contornos relacionados ao direito de greve, bem como
seus conceitos, aspectos formais, definições e sobretudo seus limites, o que será feito no
tópico seguinte.

DESENVOLVIMENTO

O direito de greve, constitucionalmente positivado, é o meio pelo qual uma categoria


profissional poderá reivindicar melhores condições de trabalho, salários ou para que algum
abuso por parte dos empregadores seja contido, sem que ao final, ocorra qualquer tipo de
represália contra os trabalhadores que se insurgiram buscando melhores condições
empregatícias.
Em relação ao direito de greve, José Felipe Rangel da Silva menciona:

A greve é a cessação coletiva e voluntária da prestação de serviços pelos


trabalhadores. É um direito assegurado pela Constituição, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender (art 9º da CRFB/88). [...] Trata-se do instrumento
máximo de pressão dos trabalhadores e sua existência é intimamente ligada ao
próprio surgimento do direito do trabalho. (SILVA, 2018)
Nas palavras de Konrad Pereira Mota e Fábio Pereira Santos, “a greve configura uma
coalizão da massa operária que rompe a normalidade da produção, causando prejuízo
econômico ao empregador e, com isso, conferindo aos trabalhadores poder de negociação”.
(MOTA, SANTOS, 2020, p.8)
O ordenamento jurídico, por meio do art. 2º da Lei de Greve, conceitua o direito de
greve como “a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal
de serviços a empregador” (BRASIL, 1989)
Historicamente a relação patrão versus trabalhador sempre foi conflituosa, o que tem
permanecido. Isto, porque, o primeiro visa sempre a condição mais lucrativa para sua
empresa, mesmo que tal condição sacrifique de sobremaneira a mão-de-obra empregada na
prestação de trabalho. Por outro lado, o trabalhador precisa e possui o direito de receber a
título de contraprestação aos serviços prestados uma retribuição justa, digna, o que nem
sempre ocorre.
Tal direito está intimamente ligado ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, já
que condições de trabalho que vão de afronta a dignidade e a saúde dos trabalhados devem ser
tidas como ilegais e constituem evidente afronta ao referido princípio.
Hodiernamente a Constituição Federal de 1988 reconhece a greve como um direito
inerente a todos os trabalhadores, e, ainda, positivou o princípio da liberdade sindical (art. 8,
inciso I) pelo qual o estado não pode interferir nos sindicatos classistas, conferindo assim
legitimidade ao movimento grevista como também, conferiu autonomia as entidades sindicais.
Nesse sentido, menciona a Carta Magna acerca do direito de greve:

Art. 9º CRFB/88 - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores


decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. (BRASIL, 1988)

Note que o mesmo artigo que positiva o direito de greve com total autonomia aos
trabalhadores, únicos aptos a decidir sobre os interesses pleiteados e o momento de exercício,
traz uma limitação a seu exercício, relacionada aos serviços ou atividades essenciais.
Nesse sentido, para regulamentar o exercício do direito fundamental de greve,
evitando que o interesse de uma classe profissional ponha em risco os interesses da
coletividade, foi editada a Lei 7.783, de 28 de junho de 1989, que dispõe sobre os limites e
formalidades para que o exercício de greve não seja considerado como abusivo.
Konrad Saraiva Mota e Fábio Moreira Santos, acerca da Lei de Greve mencionam:
A citada Lei também estabeleceu uma série de requisitos para o exercício do direito
de greve, tais como: exigência de prévia negociação coletiva frustrada e
impossibilidade da via arbitral (artigo 3º); observância dos direitos e deveres de
grevistas e empregadores (artigos 6º e 7º); existência de atividades essenciais cuja
prestação não pode sofrer interrupção total (artigo 10); e necessidade de
comunicação prévia da paralisação (artigo 13). No tocante à participação dos
sindicatos, o artigo 4º da Lei nº 7.783 de 19896 deixou claro competir às referidas
entidades de classe, na forma estabelecida pelo estatuto (§1º), a convocação de
assembleia geral para deliberação quanto à paralisação. Somente na falta de
sindicato representativo da categoria é que o rigor legal permite a formação da
comissão de trabalhadores para capitanear o movimento grevista,
responsabilizando-se pelas futuras negociações (§2º). (MOTA, SANTOS, 2020, p. 9)

A figura do sindicato classista, portanto, é de extrema importância no exercício do


direito de greve. Isto, porque, apesar do trabalhador ter a autonomia para determinar os
interesses pleiteados pelo movimento e o momento em que o mesmo será deflagrado, é a
entidade sindical que possui a prerrogativa de organização da greve, bem como, é ela quem
possui a legitimidade para figurar como representante dos trabalhadores e pleitear em seu
nome seus interesses.
É este o entendimento que se extrai dos art. 1º e art. 4º da Lei 7.783/89, que
mencionam, respectivamente:
Art. 1º da Lei 7.783/89 - É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que
devam por meio dele defender.
Art. 4º da Lei 7.783/89 - Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na
forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria
e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços. (BRASIL, 1989)

O exercício do direito de greve é conferido ao trabalhador, mas é o sindicato que por


meio de assembleia definirá os interesses dos trabalhadores que serão pleiteados bem como
decidirá sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.
Feitas essas breves considerações acerca do direito à greve faz-se necessário
compreender a ação de dissídio coletivo.
O dissídio coletivo tem por objetivo por fim aos conflitos oriundos nas relações
coletivas de trabalho. Trata-se da judicialização de um conflito que não obteve êxito durante
as negociações empregado e empregador.
Nas palavras de IGOR RIBEIRO:
Um processo destinado a solucionar os conflitos trabalhistas no âmbito dos
pronunciamentos de novas condições de trabalho, bem assim da regulamentação de
determinados grupos conflitantes entre si. Dessa forma, dissídios coletivos são
relações jurídicas formais, geralmente da competência originária dos Tribunais,
destinadas à elaboração de normas gerais.
Como toda ação, a instauração de dissídio coletivo pressupõe a existência de partes
legítimas para figurar na esfera judicial, que neste caso são os sindicatos (patronais e de
trabalhadores), as empresas e o Ministério Público do Trabalho.
No caso proposto no estudo motoristas e cobradores de ônibus decidiram pelo início
do movimento paredista, em decisão oposta aquela definida pelo sindicato da categoria –
SINTRATURB (Sindicato dos Motoristas de Colaboradores de Ônibus do Município do Rio
de Janeiro) – e, não tendo, portanto a representatividade do referido sindicado.
Nesse sentido, o sindicado patronal não reconheceu a legitimidade da comissão
contrária ao SINTRATURB e se negaram a proceder com eles qualquer tipo de negociação.
Diante do referido conflito o desembargador Nelson Tomaz Braga indeferiu
liminarmente o pedido de dissídio coletivo ajuizado pelo sindicato patronal (Rio Ônibus),
concedendo ao SINTRAURB, sindicato da categoria o prazo de cinco dias para apresentar
defesa. Fato é que o SINTRAURB discorda do grupo dissidente, sendo oposto ao exercício da
greve, não possuindo sequer poder de negociação com os dissidentes.

CONCLUSÃO

Esboçadas as preliminares definições, o caso em comento gira sobre a


(im)possibilidade de associações classistas não sindicalizadas, ou de uma coletividade de
pessoas não sindicalizadas, organizarem greves em nome de uma classe profissional, mesmo,
quando diante da existência de sindicato regularmente inscrito na base territorial.
No caso em tela a greve dos motoristas e cobradores de ônibus do Rio de Janeiro foi
deflagrada por dissidentes, em oposição ao Sindicato dos Motoristas e Colaboradores de
Ônibus do Município do Rio, entidade representativa da categoria.
O direito de greve no ordenamento jurídico possui duas vertentes pré-definidas quais
sejam: a) o direito de greve pertence ao trabalhador a quem cabe definir quais os interesses
deverão ser pleiteados e o momento em que o mesmo deve ser exercido; e b) a organização do
exercício de greve (e não do direito em si) será feita pela entidade classista mediante
assembleia.
Quanto consideramos o trabalhador como detentor autônomo do direito de greve, e
ao mesmo tempo, condicionamos o exercício deste direito a organização pelo sindicato
classista, dá a impressão que, existe um limitador no exercício do referido direito.
Contudo, insta salientar que o sindicado deve organizar o movimento paredista por
meio de assembleia geral na qual há a convocação dos trabalhadores. Desta feita, a
organização pelo sindicato é na verdade a expressão das definições do exercício do direito de
greve esboçados pelos trabalhadores em assembleia geral.
A assembleia é a externalização da vontade dos trabalhadores devendo o sindicado
representar os trabalhadores de acordo com a vontade que fora externalizada.
Por todo exposto, a questão primordial aqui é: a greve instaurada pelos motoristas e
cobradores de ônibus do Rio de Janeiro sem a representatividade sindical deve ser
considerada legal? Eles possuem representatividade para pleitear direitos e melhores
condições de trabalho em nome da categoria profissional? O Tribunal Regional do Estado do
Rio de Janeiro tomou a decisão acertada em convocar o sindicato representativo da categoria
para apresentar defesa?
Em primeiro lugar um grupo de dissidentes não pode iniciar uma greve em
discordância com o sindicato representativo da categoria, levando-se em consideração a
própria ideia de Estado Democrático de Direito.
Isto, porque, conforme mencionado não é o sindicato que define quais os interesses e
o momento em que será realizado um movimento paredista, e sim, um colegiado de pessoas
que conferem esse poder, que concede ao sindicato o poder de representatividade e os limites
nos quais o mesmo será exercido.
Permitir que qualquer grupo de pessoas deflagrem greves sem a devida
representatividade sindical é uma ameaça a própria segurança jurídica, porque não há como
saber se este realmente é o interesse da categoria profissional, visto que não houve uma prévia
consulta da manifestação de vontade dos trabalhadores envolvidos como ocorre, por exemplo,
na representatividade sindical.
Além do mais o direito a greve deve ser exercido como última alternativa de
negociação, visto que ele afeta não somente trabalhador e empregador envolvidos no conflito,
mas toda uma gama de pessoas que necessitam da prestação do serviço (coletividade).
Conforme dito anteriormente somente o sindicado possui a legitimidade – que fora
previamente concedida pelos trabalhadores da categoria – para ser parte em dissídio coletivo,
visto que, ainda, é ele que detém a prerrogativa de representação.
Desta feita, uma vez que o sindicado Rio Ônibus ajuizou dissídio coletivo com vista
a obtenção de solução de conflitos anteriormente frustrados em negociação coletiva, a parte
contrária, e diga aqui de passagem legítima a ser citada na presente ação é o Sindicato que
representa os trabalhadores da respectiva categoria.
Não há como figurar como parte no dissídio coletivo grupo de motoristas e
cobradores para os quais não foi concedida a representatividade, característica inerente ao
Sindicato.
Ora, a representatividade é concedida ao Sindicato. Os trabalhadores conferem esse
poder de representação para que o sindicato represente seus interesses nos estritos limites
estabelecidos em estatuto e em assembleia. É por essa representatividade que ele tem a
capacidade processual de ser parte nos dissídios coletivos.
Permitir que qualquer grupo de trabalhadores – independente da quantidade de
pessoas que se agruparem - se “auto intitule” representantes de categorias caracteriza um
ataque a segurança jurídica.
Da mesma forma, reconhecer como legítima uma greve deflagrada por quem não tem
poder para tal, e nesta vertente, não se nega o direito de greve do trabalhador, mas, visto que
tal ação caracteriza impacto em toda a coletividade, tal direito deve ser exercido em estrita
conformidade aos preceitos legais, inclusive com o requisito de ser organizada pelo sindicato,
é uma afronta ao ordenamento jurídico.
E fato que as pessoas que sentem que estão sendo lesadas precisam de um meio para
ter seus direitos concedidos, mas esse “meio” deve ser concretizado através de ferramentas
legais que não colocam em risco a segurança jurídica.
Por esse motivo o direito, e aqui estamos falando em direito como conjunto de
normas – ordenamento – deve ser entendido como um ser mutável. O direito precisa
acompanhar as expectativas sociais e modificar para que os interesses da sociedade sejam
atendidos.
O enfraquecimento do sindicato e aumento dessas demandas de grupos não
sindicalizados já sinalizam a necessidade de uma mudança legislativa para que abarquem
essas situações.
O fato de reconhecer que no caso em tela resta configurado a ocorrência de greve
abusiva por ausência de capacidade de organização, visto a falta de representação sindical,
bem como, adotar que a pessoa legítima a figurar no polo do dissídio coletivo são os
sindicatos, não permite ignorar que uma grande parte de trabalhadores não estão tendo voz
nas negociações coletivas, e não há, no ordenamento jurídico ferramenta que lhes abarque e
lhes conceda o direito constitucional a jurisdição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro


de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. Acesso
em: 22 abr. 2020.

BRASIL. Presidência da República. Lei Federal nº 7.783: promulgada 28 de junho de 1989. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 29 jun. 1989. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.htm. Acesso
em: 22 abr. 2020.

MOTA, Konrad. SANTOS, Fábio. Greve sem sindicato: Limites e possibilidades do movimento espontâneo
de resistência coletiva. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=f869d4accedf2bf6.
Acesso em: 22 abr. 2020.

RIBEIRO, Igor. Breves considerações acerca do dissídio coletivo no direito processual trabalhista. In:
Âmbito Jurídico. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-127/breves-consideracoes-acerca-
do-dissidio-coletivo-no-direito-processual-trabalhista/. Acesso em 25 abr. 2020.

SILVA, José. O histórico direito de greve até a constituição de 1988. In: Conteúdo Jurídico. 04/06/2018.
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/51806/o-historico-do-direito-de-greve-ate-
a-constituicao-de-1988. Acesso em 22/04/2020.

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