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É uma reforma que tarda 31 anos no Brasil, pois há 31 anos nós buscamos uma adequação do
Código de Processo Penal à estrutura da Constituição Federal e a estrutura da Convenção
Americana de Direitos Humanos. Os trabalhos desenvolvidos levam quase 10 anos e meio,
começando pelo Senado e por muitos anos, o projeto ficou na Câmara, sem tramitação e agora
se prepara para o segundo relatório geral. Pessoalmente, acredito que não enfrentaremos
grandes mudanças se a proposta continuar no fluxo em que está, teremos algumas discussões
que não serão suficientes para refundar o Processo Penal Brasileiro. E é exatamente esse o
problema que nos liga à tese do Processo Penal de Emergência que é um espaço construído
no vácuo de um processo democrático, é um processo construído para atender situações
momentâneas, normalmente ligadas à pressões à persecução de criminalidade organizada,
seja nacional ou transnacional, com graves riscos à estrutura democrática do Processo Penal.
Deve haver uma perspectiva que leve à sério o processo acusatório. O que nós podemos
efetivamente esperar de novo em relação ao projeto? Pessoalmente, acho pouca coisa.
Haveríamos de construir no campo das cautelares, uma lógica normativa muito mais clara e
tendente a demonstrar que a cautelaridade pessoal é a ultima ratio das cautelares, ou seja, a
prisão preventiva é a ultima ratio das medidas cautelares de caráter pessoal, pois ainda gera
um encarceramento excessivo em detrimento das medidas não encarceradoras. Me parece
que não conseguimos, nesse ponto, aclarar as coisas. Assim como, a cooperação jurídica
internacional, que é um assunto relegado a um nicho muito pequeno de especialistas e que tem
lacunas normativas muito sérias. Como não podemos fechar os olhos que a criminalidade
transnacional, seja de caráter organizado ou não, é uma criminalidade e realidade evidente.
Quanto mais frágeis foram os nossos mecanismos de cooperação internacional, mais frágil é a
adesão do Processo Penal ao Estado de direito sob qualquer ótica. Ou seja, se quer olhar para
uma ótica punitivista, é frágil porque não dá os instrumentos necessários de uma maneira clara
e evidente. Se quer olhar para uma ótica dos exercícios dos direitos de defesa, essas lacunas
normativas servem para dificultar o exercício do direito ao contraditório. Acredito também, que
temos a necessidade de rever a maneira como nós estruturamos nossos textos de lei e essa
restruturação dificulta muito o fato de que nós nos valemos de uma bibliografia muito sucateada
e ultrapassada no campo jurídico.
Primeira questão: Alguém pode ser preso em flagrante (art. 301 CPP), essa pessoa presa deve
ser imediatamente apresentada para a autoridade policial competente, que fará o auto de
prisão em flagrante. Nesse momento, ele tem o DEVER de comunicar (art. 304 e 306 CPP) ao
juiz, ao Ministério Público e a pessoa que o preso informar. Depois de fazer o auto em
flagrante, ouvir condutores, eventuais vitimas e testemunhas e então será formalizado esse
auto em flagrante e encaminhado para o juiz, que deverá proceder a audiência de custódia,
onde deverá ser analisado o art. 310, fazendo isso em 2 momentos: Em um primeiro momento,
feito na audiência de custodia com uso do contraditório, deverá ser analisado o aspecto
FORMAL, verificando se de fato é flagrante (art. 302 e 303), se foi feito a expedição dos
comunicados imediatamente para o juiz, se chegou no prazo de 24 horas, etc. Se formalmente
perfeito, homologa-se e irá para o segundo momento. Se houver ilegalidade, o art. 310, inciso I,
vai dizer que o Juiz deve relaxar a prisão se ilegal for. A dica é, só peça relaxamento de prisão
quando o argumento for ILEGALIDADE FORMAL da prisão em flagrante. No segundo
momento, o juiz analisa os incisos II e III do art. 310, a partir de uma necessidade cautelar, ou
seja, vai analisar, primeiro, se não é o caso de concessão de liberdade provisória, com fiança
ou sem fiança, assim como, com ou sem medidas cautelares diversas do art. 319. Sendo que,
a regra é a liberdade e as medidas cautelares diversas. Excepcionalmente, se essas medidas
forem insuficientes e inadequadas, o juiz pode decretar a prisão preventiva, que deve ser
fundamentada.
Detalhe: entre a prisão e o recebimento do auto de prisão em flagrante, não poderá passar o
prazo de 24 horas, sob pena de excesso de prazo na formação da nota de culpa e isso pode
ser causa de relaxamento.