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Material Teórico
História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
História da Álgebra
Abstrata e a Estrutura Anel
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Nesta Unidade, estudaremos alguns aspectos da História da Álgebra
Abstrata e a estrutura de anel. No estudo histórico, iniciaremos
falando sobre a álgebra clássica, seguindo para a álgebra abstrata,
terminando com os primeiros trabalhos sobre o conceito de anel. Ao
estudarmos sobre o anel, discorreremos sobre os diversos exemplos
dessa estrutura. Ao término deste estudo, esperamos que você
consiga distinguir anéis.
ORIENTAÇÕES
Para um bom aproveitamento da aula, realize a leitura integral do conteúdo
teórico, refazendo os exemplos resolvidos. Quando aparecer alguma dúvida,
entre em contato, com seu(sua) tutor(a) por meio da ferramenta Mensagens
ou do Fórum de Dúvidas.
UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
Contextualização
A História do Anel
O conceito de anel aparece nos trabalhos de Richard Dedekind e Leopold
Kroneker sobre a teoria dos números algébricos, utilizando a palavra ordem. Um
número complexo é algébrico se este número for raiz de uma equação da forma:
Xn + an−1Xn−1 + · · · + a1X + a0 = 0
Em 1897, David Hilbert introduz o termo anel, ainda relacionado à teoria dos
números algébricos.
O objetivo do autor ao elaborar esse artigo era apresentar uma teoria de anéis
como Ernst Steinitz tinha apresentado sobre a teoria dos corpos. No entanto, não
conseguiu alcançar o seu objetivo, pois eram necessários mais estudos para essa
formalização.
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História da Álgebra Abstrata
Dividimos a História da Álgebra em dois momentos, o da Álgebra Clássica e o da
Álgebra Abstrata. A Álgebra Clássica era focalizada nas resoluções de equações. Neste
período, desenvolveu-se uma notação apropriada para a formulação de regras gerais
para as soluções das equações. As operações utilizadas eram a adição, a subtração, a
divisão, a multiplicação, a potenciação e a radiciação nos conjuntos numéricos.
Parece que a noção de número positivo e as operações foram formalizando a partir
da experiência cotidiana e, com o passar do tempo, foram generalizadas. Vemos que os
egípcios, babilônios e gregos os utilizavam. Mas parece que a formalização do conjunto
dos números negativos foi mais complexa, pois existe uma obra sobre o número negativo,
escrita aproximadamente em 628 d. C. pelo indiano Brahmagupta (Figura 1).
Figura 1: Brahmagupta
Fonte: Wikimedia Common
Figura 2: Cardano
Fonte:https://sonhosacordados.files.wordpress.com
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
Entre os séculos XVII e XVIII, houve uma disputa entre Newton e Leibinz
sobre o desenvolvimento do cálculo. Dessa disputa, originaram-se dois grupos de
matemáticos distintos: os ingleses que apoiaram o Newton e os outros europeus do
continente que respaldaram o Leibinz. Cada grupo tomando uma direção.
O cálculo de Leibinz tinha uma notação mais adequada, fazendo com que
os matemáticos do continente fizessem um grande avanço em cálculo. Os
matemáticos ingleses isolaram-se dos outros matemáticos do continente, e
desenvolveram o cálculo de forma mais lenta, influenciados pela notação de
Newton. O cálculo era apresentado de modo que a compreensão era difícil
para os alunos.
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Explor
Está digitalizado o Treatise on Algebra. Não se esqueça de olhar o material complementar!
Até o ano de 1845, essa obra foi ampliada em dois volumes, dando o verdadeiro
início do pensamento axiomático da álgebra.
Esses trabalhos foram importantes para a álgebra abstrata, mas apresentava limitação,
os axiomas eram baseados na aritmética, pois, até o momento, não observaram que a
álgebra poderia ser independente da aritmética. Essa etapa foi inspirada pelos trabalhos
do matemático irlandês William Rowan Hamilton (1805-1865).
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
Explor
Para aprofundar o conhecimento sobre a História da Álgebra Abstrata acesse o artigo de
Milies disponível em: http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf
Anel
Seja A um conjunto não vazio com duas operações denominadas adição e
multiplicação, denotado por + e . , respectivamente, tais que:
+:AxA→A e .:AxA→A
iii) O conjunto A possui elemento neutro aditivo, ou seja, existe 0 ∈ A tal que 0
+ a = a para todo a ∈ A.
iv) Todo elemento de A possui elemento inverso aditivo em A, ou seja, para todo
a ∈ A existe -a ∈ A tal que a + (-a) = 0.
a . ( b + c) = a . b + a. c
(b+c). a = b.a + c.a
forma, ao referirmos ao anel A, não estamos limitando aos conjuntos numéricos. Por isso
a operação adição e multiplicação não será necessariamente a usual. Relembre os diversos
conjuntos que estudamos anteriormente. Nesses conjuntos, existem operações que
satisfaçam às condições i) a iv)?
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Como A é um grupo aditivo, dos resultados que estudamos, sabemos que o
elemento neutro aditivo, representado por 0, é único.
Importante! Importante!
Uma representação utilizada para o Anel A é (A, +, .). Quando estiverem claras
as operações utilizadas, podemos somente indicar por A.
a*b = a + b – 1
a Δ b = a + b - ab
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
(a*b)*c = (a + b – 1) * c =
= (a+b-1)+c -1=
= a+b +(-1+c-1)=
= a + b + (c-1 -1)=
= a + (b + c -1) -1=
= a + ( b*c) -1=
= a * (b*c).
a*b = a + b – 1=
= b + a -1=
= b*a.
iii) Vamos encontrar o zero do anel, representado por 0Q: Para todo
b ∈ Q, temos:
0Q * b = 0Q + b -1
Logo, 0Q = 1.
iv) Provemos que todo número inteiro possui o oposto. Seja b ∈ Q e vamos
supor que o elemento oposto de b é x, então:
x*b=1
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Porém,
x*b = x +b -1
Assim,
x+b–1=1
x=-b+2
Portanto, o elemento inverso de b é –b+2.
Atenção: Você percebeu que para mostrarmos (Q, *, Δ) utilizamos diversas vezes as
propriedades dos números racionais?
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
iii) O zero do anel F é a função constantemente nula 0A. Seja f ∈ F, para qualquer
x ∈ R, temos:
(f + 0A ) (x) = f(x) + 0A(x) =
= f(x) + 0 =
= f(x)
Portanto, o zero do anel é a função constantemente nula.
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((f.g).h)(x) = (f.g)(x). h(x) =
= (f(x).g(x)).h(x) =
= f(x).(g(x).h(x)) =
= f(x).((g.h)(x)) =
= (f.(g.h))(x)
Logo, (f.g).h = f.(g.h)
Portanto, F é um anel.
Com as operações de adição e multiplicação usuais, que tal mostrar que ele um
anel? Deixaremos para você estudar.
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a Δ x = a + x – ax.
Temos:
a + x – ax = a
x – ax =0
x(1-a) = 0
Como a é qualquer inteiro, temos x=0.
Logo, (Q, *, Δ) é um anel com unidade. Observe que o elemento unidade é o 0!!!
Se nos basearmos somente nesses exemplos, alguém poderá deduzir que todo
anel tem unidade. Mas isso não é verdade, como podemos verificar no próximo
exemplo.
Vimos que 2Z é um anel. Será que 3Z é um anel com as operações de adição e multiplicação
usuais? Consideramos n ∈ N. Temos nZ com as operações adição e multiplicação usuais
Explor
como anel?
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Continuamos analisando o anel A em relação à operação multiplicação.
Suponhamos que a operação multiplicação seja comutativa, isto é, para quaisquer
que sejam a, b ∈ A têm-se a . b = b . a. Dizemos que A é um anel comutativo.
B+D = + =
E a operação multiplicação é:
B.D = =
(B + D) + E = ( + )+ =
= + =
= =
= + =
= +( + =
= B +(D + E)
Portanto, (B + D) + E = B + (D+E).
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
B+D= =
+
= =
= =
= =
+
= D + B.
Portanto, B+D = D+B.
iii) O elemento neutro aditivo é a matriz nula, representada por 0. De fato, para
qualquer B ∈ M2(R), temos:
B+0= =
+
= =
= =
B.
Portanto, B+0 = B, para qualquer B ∈ M2(R).
B + (-B) = =
+
= =
= =0
Logo, B + (-B) = 0.
(B . D) . E = ( . ). =
= =
= =
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= =
= =
= =
= =
= = B(D.E).
B . ( D + E) =
( + )=
= =
= =
= =
+
= =
+
= B . D + B. E
B . I2= = =
.
I2 . B = = =
.
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
Mas o M2 (R) não é comutativo. Podemos exemplificar esse fato por meio da
multiplicação das matrizes abaixo:
Mostramos que M2(R) é um anel de matrizes, por acreditarmos que seria mais
fácil a compreensão. Mas esse caso pode ser generalizado Mn(R), sendo n > 2.
Verifique.
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Exemplos
1) Mostre que Z com a adição usual e a multiplicação definida por a.b=0, a,b
∈ Z é um anel.
Resolução: as propriedades de associatividade, comutatividade, elemento
oposto e elemento neutro são válidas na operação de adição em Z. Então, falta
verificarmos se são válidas as propriedades verificadas em relação à operação
multiplicação definida acima. Para tanto, sejam a, b, c ∈ Z, temos:
I) Associatividade:
II) Distributiva:
Resolução: Seja a unidade (a, 0) do anel Z x {0}. Para todo (z,0) ∈ Z x {0} temos
(a,0). (z,0) = (z,0). Como (a,0). (z,0) = (az,0) temos (az,0)= (z,0).
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UNIDADE História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Anel
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Nesta unidade, estudamos a História da Álgebra Abstrata e a Estrutura Algébrica Anel.
Para que você possa ampliar e aprofundar seus conhecimentos sobre como se desenvolveu
a álgebra abstrata e o conceito de anel, indicamos algumas leituras.
Livros
Elementos de álgebra abstrata.
ALENCAR FILHO, Edgard de. 4. ed. São Paulo: Nobel, 1988.
Álgebra Moderna
DOMINGUES, H.H.; IEZZI, G. São Paulo: Atual, 2003.
Elementos de Álgebra
GARCIA, A.; LEQUAIN, Y. Rio de Janeiro: Associação Instituto Nacional de
Matemática Pura e Aplicada, 2002.
Introdução à Álgebra
GONÇALVES, A. Rio de Janeiro: Associação Instituto Nacional de Matemática Pura
e Aplicada, 2003.
Tópicos de Álgebra
HEIRSTEIN, I, N.São Paulo: Universidade e Polígono, 1970.
Iniciação às estruturas algébricas
MONTEIRO, L. H. Jacy. . 6. ed. São Paulo: Nobel , 1973.
Leitura
Treatise on Algebra
PEACOCK, G. Ed. J. & J. J. Deighton. Londres. 1830. Acesso em: 05 ago. 2015.
https://goo.gl/WDGB8b
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Referências
ALENCAR FILHO, Edgard de. Elementos de Álgebra Abstrata. 3. ed. São Paulo:
Nobel, 1982.
Webgrafia:
MILIES, C. P. Breve história da Álgebra Abstrata. In: II Bienal da Sociedade
Brasileira da Matemática. Salvador. 2004.
Disponível em: <http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf>
Acesso em: 11 jun. 2015.
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