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UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO


SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ATENÇÃO INTEGRAL


À SAÚDE

SARA GALLERT SPERLING

AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM SAÚDE DE MULHERES COM


DEFICIÊNCIA FÍSICA NO CONTEXTO DA PREVENÇÃO DO
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Cruz Alta - RS
2019
Sara Gallert Sperling

AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM SAÚDE DAS MULHERES COM DEFICIÊNCIA


FÍSICA NO CONTEXTO DA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de


Pós-Graduação Scricto sensu de Atenção Integral à
Saúde da Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul/ Universidade de Cruz
Alta, como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Atenção Integral à Saúde.

Orientadora: Janaina Coser

Cruz Alta – RS, maio, 2019


UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA E UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO SCRICTO SENSU EM ATENÇÃO INTEGRAL À


SAÚDE

AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM SAÚDE DAS MULHERES COM DEFICIÊNCIA


FÍSICA NO CONTEXTO DA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

Elaborada por

Sara Gallert Sperling

Como requisito parcial para obtenção do título de


Mestre em Atenção Integral à Saúde.

Banca Examinadora:

______________________________________________________
Profa. Dra. Adriane Bernat Kolankiewicz (UNIJUÍ)

_____________________________________________________
Profa. Dra. Vaneza Cauduro Peranzoni (UNICRUZ)

_____________________________________________________
Profa. Dra. Vera Regina Medeiros Andrade (URI Santo Ângelo)

Cruz Alta, RS, _______ de _____________________ de 2019.


Dedico a presente dissertação de mestrado à
minha querida tia Lígia e esposo Luís.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, ao universo e ao Criador por me permitir estar aqui onde


estou, conforme as infalíveis e perfeitas Leis que regem a criação.
Agradeço aos meus pais Luciana e Eliseu, pelo apoio e compreensão nas horas difíceis,
e pelos conselhos e palavras de sabedoria nos momentos certos.
Ao meu esposo Jessé, por sempre acreditar em mim, muito mais do que eu mesma.
Agradeço aos meus tios Lígia e Luís pela força e apoio que me deram ao longo desta
etapa de minha vida profissional, e que fizeram-me seguir em frente, mesmo quando pensava
por um momento, em desistir.
Agradeço também a todos os profissionais que fizeram parte do Comitê de Juízes
Especialistas, pelo aceite em participar do processo de validação do instrumento utilizado para
a coleta de dados de minha pesquisa.
Por fim, agradeço imensamente àquela que foi minha professora e orientadora, Janaína
Coser, durante todo este período, à qual, com sua paciência, compreensão e delicadeza muito
me ensinou. Agradeço por tê-la conhecido nesta vida, e que possamos continuar com nossa
amizade e parceria por muitos anos ainda.
“Cada um mede e escolhe a intensidade e a
qualidade de seu plantio e cada semente de boa
linhagem gera melhorias. Uma escolha move a
outra, uma planta gera novas sementes e um novo
ciclo brota”.

Sibélia Zanon
RESUMO

AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM SAÚDE DE MULHERES COM


DEFICIÊNCIA FÍSICA NO CONTEXTO DA PREVENÇÃO DO
CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

Autor: Sara Gallert Sperling


Orientador (a): Prof. Dra. Janaina Coser

Na busca de qualificar a assistência à saúde da mulher com deficiência física, e encontrar


estratégias que fortaleçam as ações de prevenção do câncer do colo do útero nesta população,
objetivou-se avaliar a organização dos serviços de saúde da atenção básica quanto ao
rastreamento deste câncer, voltadas às mulheres com deficiência física. Inicialmente,
desenvolveu-se estudo metodológico, com finalidade de elaborar e validar um instrumento
específico para atingir os objetivos da pesquisa. O instrumento validado contemplou 34
questões distribuídas em quatro domínios: recursos humanos; recursos físicos; organização dos
serviços e da assistência e educação em saúde. Sua consistência interna foi considerada
satisfatória, com coeficiente alfa de Cronbach igual a 0,841. Na segunda etapa da pesquisa foi
desenvolvido estudo descritivo, transversal, quantitativo, em 13 municípios da região norte e
noroeste do estado do Rio Grande do Sul. A amostra foi composta por 53 enfermeiros atuantes
em serviços que oferecem rastreamento do câncer do colo do útero, responsáveis pela coleta
para exame citopatológico. Para coleta de dados utilizou-se o questionário previamente
validado. Quanto a pontuação obtida em cada um dos domínios avaliados pelo instrumento,
obteve-se maior escore no domínio 1 – Recursos Humanos (67,1 pontos) e menor escore no
domínio 4 – Educação em Saúde (32,5 pontos). Concernente aos demais resultados, no domínio
1 (recursos humanos) 79,2% dos participantes referiram haver agentes comunitários de saúde,
ao menos um enfermeiro e um médico, bem como auxiliares/técnicos de enfermagem
envolvidos com o atendimento às pessoas com deficiência física. Em relação ao domínio 2
(recursos físicos), 62,3% dos entrevistados referiram existir nos serviços de saúde, estruturas
físicas de acesso, como rampas externas e portas adequadas (56,6%) para a passagem de pessoas
com deficiência física, porém, não havia disponibilidade de salas, nem banheiro e mesa
ginecológica adaptados para atendimento de mulheres com deficiência física, relatados por
54,7% e 77,4% dos entrevistados, respectivamente. Já no domínio 3 (organização do serviço e
da assistência), verificou-se que a maior parte dos respondentes (50,9%) informou que o serviço
não possui horários alternativos de atendimento, 39,6% referiram não realização do exame
citopatológico em mulheres com deficiência física, ou episódio de intercorrências durante o
exame (54,7%). Por outro lado, existe agendamento de consultas aberto a toda a população,
conforme descrito por 90,6% dos entrevistados. O último domínio (educação em saúde)
demonstrou a necessidade de capacitações aos profissionais, para realizar exame citopatológico
em mulheres com deficiência física, referido por 64,2% dos participantes, e também o
desconhecimento da Lei nº13.362/2016 por parte dos mesmos (67,9%). Conclui-se que o
instrumento validado pode ser utilizado por gestores e profissionais de saúde para identificar
potencialidades e fragilidades de serviços de atenção básica, no que tange ao atendimento de
mulheres com deficiência física no âmbito das ações de rastreamento do câncer cervical.
Ademais, para oferecer e qualificar o rastreamento deste câncer nesta população, são
necessárias adaptações na infraestrutura e instrumentos técnicos dos serviços de saúde da
atenção básica, a fim de garantir acessibilidade para realização do exame Papanicolaou, e ações
de educação permanente dos profissionais para atendimento das especificidades destas
mulheres.

Palavras-chave: Pessoas com Deficiência; Neoplasias do Colo do Útero; Atenção Primária à


Saúde; Prevenção e Controle.
ABSTRACT

EVALUATION OF HEALTH CARE FOR WOMEN WITH PHYSICAL


DISABILITIES IN THE CONTEXT OF CERVICAL CANCER
PREVENTION

Author: Sara Gallert Sperling


Advisor: Prof. Dra. Janaína Coser

In order to qualify health care for women with physical disabilities, and to find strategies that
strengthen cervical cancer prevention actions in this population, the objective was to evaluate
the organization of primary health care services for the screening of this cancer, aimed at
women with physical disabilities. Initially, a methodological study was developed, with the
purpose of elaborating and validating a specific instrument to achieve the research objectives.
The validated instrument included 34 questions distributed in four domains: human resources;
physical resources; organization of services and health care and education. Its internal
consistency was considered satisfactory, with Cronbach's alpha coefficient equal to 0.841. In
the second stage of the research, a descriptive, transversal, quantitative study was carried out in
13 municipalities in the north and northwestern region of the state of Rio Grande do Sul. The
sample consisted of 53 nurses working in services that offer cervical cancer screening,
responsible for collection for cytopathological examination. For data collection, the previously
validated questionnaire was used. As for the score obtained in each of the domains evaluated
by the instrument, a higher score was obtained in the domain 1 - Human Resources (67.1 points)
and lower score in the domain 4 - Health Education (32.5 points). Regarding the other results,
in field 1 (human resources), 79.2% of the participants reported that there were community
health agents, at least one nurse and one doctor, as well as nursing auxiliaries / technicians
involved in the care of people with physical disabilities. Regarding domain 2 (physical
resources), 62.3% of the interviewees reported physical access structures, such as external
ramps and appropriate doors (56.6%), for the passage of people with physical disabilities, ,
there were no rooms available, no gynecological table and bathroom adapted for the care of
women with physical disabilities, reported by 54.7% and 77.4% of the interviewees,
respectively. In domain 3 (organization of service and care), it was verified that most
respondents (50.9%) reported that the service does not have alternative service schedules,
39.6% reported not performing the cytopathological examination in women with physical
disability, or episode of intercurrent during the exam (54.7%). On the other hand, consultation
schedules are open to the entire population, as described by 90.6% of respondents. The last
domain (health education) demonstrated the need for training professionals to perform a
cytopathological exam in women with physical disabilities, referred by 64.2% of the
participants, and also the lack of knowledge of Law nº 13.362 / 2016 by the same ones (67.9%).
It is concluded that the validated instrument can be used by managers and health professionals
to identify potentialities and fragilities of basic care services, regarding the care of women with
physical disabilities in the scope of cervical cancer screening. In addition, in order to offer and
qualify the screening of this cancer in this population, it is necessary to adapt the infrastructure
and technical instruments of the basic health care services, in order to guarantee accessibility
for the Papanicolaou examination, and actions of permanent education of the professionals to
attend the specificities of these women.

Keywords: Disabled Persons; Uterine Cervical Neoplasms; Primary Health Care; Prevention
& Control.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sumarização nos fundamentos técnico-científicos utilizados na construção dos


domínios do Questionário “Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres
com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do
Útero”....................................................................................................................................... 39

Tabela 2 - Itens que compuseram a versão final do Questionário de Avaliação do Serviço de


Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção
do Câncer do Colo do Útero ..................................................................................................... 42

Tabela 3 - Alfa de Cronbach dos domínios do Questionário para Avaliação do Serviço de Saúde
acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do
Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul. Jun
a dez/2018 ................................................................................................................................ 45

Tabela 4 – Avaliação segundo a opinião do entrevistado acerca do entendimento e


compreensão do Questionário para Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às
Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero.
Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul. Jun a dez/2018
.................................................................................................................................................. 46

Tabela 5 - Tabela 1. Estatística descritiva e alfa de Cronbach dos domínios do Questionário


para Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física
no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de
Saúde do Rio Grande do Sul. Jun a dez/2018 ........................................................................... 56

Tabela 6 – Tabela 2. Frequência e alfa de Cronbach do Domínio 1 (Recursos Humanos) da


Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no
contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde
do Rio Grande do Sul. Jun a dez/2018. ..................................................................................... 57

Tabela 7 – Tabela 3. Frequência e alfa de Cronbach do Domínio 2 (Recursos Físicos) da


Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no
contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde
do Rio Grande do Sul. Jun a dez/2018
.................................................................................................................................................. 58

Tabela 8 – Tabela 4. Frequência e alfa de Cronbach do Domínio 3 (Organização do Serviço e


da Assistência) da Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com
Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da
Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul. Jun a dez/2018 ............................................ 59

Tabela 9 – Tabela 5. Frequência e alfa de Cronbach do domínio 4 (Educação em Saúde) da


Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no
contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde
do Rio Grande do Sul. Jun a dez/2018
.................................................................................................................................................. 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCU Câncer do Colo do Útero

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

HPV Papilomavírus Humano

HSIL Lesão Intraepitelial cervical de Alto Grau

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IST Infecções Sexualmente Transmissíveis

IVC Índice de Validade de Conteúdo

LSIL Lesão Intraepitelial cervical de Baixo Grau

PAISM Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher

PNAB Programa Nacional de Atenção Básica

SUS Sistema Único de Saúde

SPSS Statistical Package for the Social Sciences


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 15
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 19

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 19

2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 19

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 20

3.1 Atenção à Saúde da Mulher ......................................................................................... 20

3.2 Câncer do Colo do Útero e as Estratégias para o seu Rastreamento ....................... 21

3.3 Atenção à Saúde da Pessoa Com Deficiência ............................................................. 23

3.4 O Rastreamento do Câncer do Colo do Útero entre as Mulheres Com Deficiência


Física .................................................................................................................................... 24

4 MANUSCRITOS ................................................................................................................. 28

4.1 Manuscrito 1 – Elaboração e Validação de Instrumento para Avaliação do


Rastreamento do Câncer do colo do útero em Mulheres com Deficiência Física. ........ 30

4.2 Manuscrito 2 – Avaliação do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física:


Rastreamento do câncer do colo do útero. ....................................................................... 50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 69

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 71

APÊNDICE A – Questionário de Avaliação do Serviço de Saúde Acerca do Atendimento


às Mulheres com Deficiência Física no Contexto da Prevenção do Câncer do Colo do
Útero ........................................................................................................................................ 77

APÊNDICE B – Manual de Pontuação do Questionário de Avaliação do Serviço de


Saúde Acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no Contexto da
Prevenção do Câncer do Colo do Útero ............................................................................... 83

ANEXO I - Pareceres de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)..................85


ANEXO II – Normas da Revista “Cadernos de Saúde Pública” para publicação do
“Manuscrito 1” ....................................................................................................................... 90

ANEXO III – Normas da Revista “Ciência & Saúde Coletiva” para publicação do
“Manuscrito 2” ....................................................................................................................... 96
APRESENTAÇÃO

Esta dissertação apresenta como seções iniciais os itens Introdução, Objetivos e Revisão
de literatura. Os métodos e resultados da pesquisa são apresentados e discutidos em dois
manuscritos científicos, inseridos no item Manuscritos Científicos. As seções finais apresentam
os itens: Considerações finais, contendo interpretações e comentários gerais sobre o estudo
desenvolvido; e, Referências, que inclui somente às citações dos itens Introdução e Revisão de
literatura.
16

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, as mulheres são a maioria na população brasileira. São também elas que
possuem maior expectativa de vida no país e as que mais acessam os serviços de saúde, não
somente para seu próprio atendimento, como também para o acompanhamento de familiares.
Porém, essa população também possui riscos e vulnerabilidades frente a doenças e causas de
morte associadas a fatores biológicos, sociais e até de discriminação (ETIENNE, 2015).
As neoplasias estão entre as doenças mais prevalentes e de maior mortalidade à
população feminina brasileira, com destaque para o câncer do colo do útero (CCU), que é o
terceiro tumor mais frequente e a quarta causa de morte por câncer (INCA, 2018a).
O fator de risco mais importante para o desenvolvimento dessa neoplasia é a infecção
persistente pelo papilomavírus humano (HPV), que possui a capacidade de alterar o epitélio
cervical e levar ao desenvolvimento de lesões precursoras. Se não diagnosticadas e tratadas,
tais lesões podem evoluir para o câncer (HAUSEN, 2009).
No contexto da prevenção e controle do CCU, existem políticas, programas e protocolos
assistenciais estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), que visam uma atenção integral e
qualificada à saúde das mulheres, acolhimento das suas demandas e necessidades, e a garantia
do acesso aos serviços de saúde para o rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento adequado
da doença (BRASIL, 2013; BRASIL, 2016a).
O rastreamento é definido como uma tecnologia da Atenção Primária à Saúde (APS), a
qual se constitui como o primeiro nível na Rede de Atenção à Saúde. No Brasil, o exame
citopatológico ou Papanicolaou é a estratégia recomendada para o rastreamento do CCU e suas
lesões precursoras. Mulheres identificadas com lesão precursora devem ser encaminhadas para
confirmação diagnóstica e tratamento em nível de atenção secundária e terciária à saúde, que
incluem os serviços especializados. Desta forma, para alcançar a efetividade do programa de
controle do CCU, é necessário garantir a organização, a integralidade e a qualidade dos serviços
oferecidos em todos estes níveis de atenção (BRASIL, 2016b).
A integralidade, enquanto princípio básico do Sistema Único de Saúde (SUS), se
expressa pela atenção à saúde dos usuários dos serviços, sob a ótica da clínica ampliada e oferta
de cuidados (promoção, prevenção, tratamento e reabilitação) ao indivíduo (KALISCHMAN;
AYRES, 2016). Com relação à saúde da mulher, a integralidade envolve sua compreensão
17

inserida em diferentes contextos e com diversos fatores que influenciam no processo saúde e
doença. Para tal, as ações de promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde devem ser
priorizadas (XAVIER et al.; 2014), e realizadas de forma resolutiva, conforme suas
especificidades e necessidades.
Neste sentido e, considerando a importância da integralidade para o programa de
controle do CCU, encontram-se lacunas quanto à assistência da mulher com deficiência física,
uma vez que não existem diretrizes ou protocolos específicos para atendimento de suas
especificidades. Esta abordagem torna-se ainda mais relevante, pelo fato de 23,9% da
população brasileira ser constituída por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. A
deficiência física é o tipo mais prevalente (18,6%) e boa parte dessas pessoas são mulheres
(8,5% do total) (BRASIL, 2012a).
No entanto, percebe-se, não somente no Brasil, como em outros países, a falta de
acessibilidade, com destaque para a dificuldade de acesso estrutural físico e instrumental para
realizar a assistência a essas mulheres, assim como a falta de incentivo e preparo no atendimento
realizado pelos profissionais de saúde (BUSSIÉRE; SICSIC; PALLETIER-FLEURY, 2014;
HANLON; PAYNE, 2018; SPERLING; COSER, 2018).
Com isso, nota-se a importância desta população ter acesso aos serviços de saúde,
incluindo as ações de prevenção do CCU, evidência corroborada pela publicação da Lei nº
13.362 de 23 de novembro de 2016, que altera a Lei nº 11.664 de 11 de abril de 2008. Essa lei
dispõe sobre a efetivação de ações de saúde que assegurem a prevenção, detecção, tratamento
e seguimento dos cânceres do colo do útero e de mama; acrescendo que serão garantidas
condições e equipamentos adequados para realizar o atendimento das mulheres com deficiência
(BRASIL, 2008a; BRASIL, 2016c), fornecendo subsídios para que estes cuidados sejam
efetivados na prática, principalmente nos serviços de saúde do SUS.
Neste contexto, e considerando as peculiaridades de atenção a mulheres com deficiência
física, busca-se contemplar a seguinte questão de pesquisa: “Como se dá a organização dos
serviços da Atenção Primária e Secundária de Saúde, quanto as ações de prevenção do câncer
do colo do útero as mulheres com Deficiência Física?”.
A partir dos dados apontados, constata-se a necessidade de avaliar como se dá o
atendimento dessa população nos serviços de saúde brasileiros. Para isso, a pesquisa é inserida,
a fim de indicar fragilidades e qualidades nesses atendimentos, com o objetivo de disponibilizar
sugestões para melhoria, ou evidenciar aquilo que já é correto. Para a coleta desses dados, faz-
se necessária a utilização de instrumentos científicos válidos e confiáveis. Ao realizar busca de
instrumentos que contemplassem o tema definido no presente estudo, na literatura já existente,
18

estes, não foram encontrados, o que demanda a elaboração de um novo instrumento e sua
validação.
O interesse pelo tema apresentado é justificado diante da experiência profissional da
autora, como Enfermeira, atuante há mais de três anos na saúde pública, onde vivencia
fragilidades dos serviços de saúde para atender a população de mulheres com deficiência física
no contexto de ações de prevenção do CCU.
Portanto, por meio deste estudo, busca-se qualificar a assistência à saúde da mulher com
deficiência física, e apontar considerações e estratégias que fortaleçam as ações de prevenção
do câncer do colo do útero nesta população.
19

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a organização dos serviços de saúde de Atenção Primária e Secundária quanto


às ações de prevenção e controle do Câncer do Colo do Útero, voltadas às mulheres com
deficiência física.

2.2 Objetivos Específicos

- Validar um questionário para avaliação da organização dos serviços de saúde da


Atenção Primária e Secundária quanto às ações de prevenção e controle do Câncer do Colo do
Útero em mulheres com deficiência física;
- Identificar, nos serviços pesquisados, quais os Recursos Humanos e Físicos
disponíveis para o atendimento a mulheres com deficiência física;
- Verificar, como se dá a Organização e Assistência no atendimento a mulheres com
deficiência física para a realização do Exame Citopatológico;
- Avaliar a existência de estratégias de Educação em Saúde voltadas a prevenção do
Câncer do Colo do Útero em mulheres com deficiência física.
20

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Atenção à Saúde da Mulher

No Brasil, a atenção a saúde da mulher é pautada por transformações assistenciais,


políticas e sociais estabelecidas ao longo das últimas décadas. Assim, com o intuito de
promover a melhoria das condições de vida e de saúde à mulher, através da percepção da
exposição a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte, foram criadas e planejadas
ações de saúde específicas para esta população (CASSIANO et al; 2014).
No contexto histórico destas ações, identifica-se que, no início do século XX, as
primeiras políticas públicas brasileiras eram limitadas às ações relacionadas à gravidez e ao
parto. Porém, com a implantação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
(PAISM), em 1984, houve uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de
saúde das mulheres já existente, e estabelecimento de critérios para eleição de prioridades neste
campo (TEIXEIRA, 2015).
A partir do PAISM foram incluídas ações de educação, prevenção, diagnóstico,
tratamento e recuperação. As ações de assistência à saúde da mulher foram ampliadas para a
clínica ginecológica, pré-natal, parto, puerpério, climatério, planejamento familiar, doenças
sexualmente transmissíveis, CCU e de mama (COSTA et al, 2013).
Com a ampliação das ações às diversas situações de saúde e doença a que as mulheres
estão expostas, foram criados programas específicos para atendimento da população feminina.
Estes programas também foram baseados nas mudanças do perfil epidemiológico brasileiro,
que envolvem o contexto social, econômico e cultural do país, e que podem impactar no
surgimento de doenças e agravos (BRASIL, 2011a).
Atualmente, as doenças que mais levam as mulheres brasileiras a óbito, são as
relacionadas às neoplasias, doenças cerebrovasculares, doenças isquêmicas do coração,
diabetes e doenças hipertensivas. As neoplasias vêm apresentando destaque no acometimento
a esta população, e os principais cânceres identificados são os de mama, colorretal e do colo do
útero (DATASUS, 2016).
O CCU é uma doença de desenvolvimento lento, e, por isso, passível de prevenção. As
ações para preveni-lo e detectá-lo precocemente são realizadas por profissionais que atuam nos
diferentes níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária), com o uso de
21

equipamentos e exames relativamente simples, norteados por recomendações estabelecidas em


Diretrizes Nacionais pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013). Apesar disso, ainda existem
fragilidades relacionadas à garantia da atenção integral à mulher no contexto da prevenção do
câncer do colo do útero, como, por exemplo, às mulheres com deficiência física.

3.2 Câncer do Colo do Útero e as Estratégias para o seu Rastreamento

Com aproximadamente 591.085 casos novos e 325.114 óbitos estimados para 2020 no
mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2018). No Brasil, é o terceiro mais incidente, com
estimativa de 16.370 novos casos para o ano de 2018, com risco estimado de 17,11 casos a cada
100 mil mulheres, chegando a 5.847 óbitos no ano de 2016 (INCA, 2019a). No estado do Rio
Grande do Sul, dados recentes reportam para 6,28 casos de óbito por 100 mil mulheres no ano
de 2016 (INCA, 2019b), e uma estimativa de 840 novos casos diagnosticados para o ano de
2018 (INCA, 2017).
Esta neoplasia se desenvolve a partir da replicação desordenada do epitélio de
revestimento do colo, que compromete o tecido subjacente (estroma) e pode invadir estruturas
e órgãos contíguos ou à distância (BRASIL, 2013). O principal fator de risco é a infecção
persistente pelo Papilomavírus humano (HPV) de alto risco (oncogênicos) (BODILY;
LAIMINS, 2011).
O HPV é um vírus sexualmente transmissível e um dos agentes cancerígenos infecciosos
mais importantes em seres humanos (HAUSEN, 2009). Possui mais de 150 subtipos diferentes
e com base em seu potencial oncogênico é dividido em dois grupos: de baixo risco ou alto risco.
Os principais subtipos de baixo risco são os HPVs 6 e 11, associados às verrugas genitais
benignas e os de alto risco são os HPVs 16 e 18, detectados em aproximadamente 50% e 20%
dos cânceres do colo do útero, respectivamente (TOMMASINO, 2014).
Aproximadamente, 80% das mulheres sexualmente ativas já tiveram infecção por algum
subtipo de HPV durante a vida. Na maioria dos casos, são assintomáticas e eliminadas pelo
sistema imunológico em um tempo relativamente curto (6 a 12 meses) (TOMMASINO, 2014).
No entanto, em um quantitativo menor de casos, a infecção pode persistir, e após um período
de latência, haverá o desenvolvimento de lesões. Estas lesões são classificadas como Lesão
Intraepitelial cervical de Baixo Grau (LSIL) e Lesão Intraepitelial cervical de Alto Grau (HSIL),
que podem regredir para normalidade ou evoluir para neoplasia. A evolução está relacionada à
22

deterioração da vigilância imune, o que facilitaria significativamente a persistência viral e,


posteriormente, a carcinogênese induzida por HPV de alto risco (TOMMASINO, 2014).
O resultado dessa evolução é o aparecimento de carcinomas invasivos da cérvice. Estes
são reconhecidos em duas principais categorias: Carcinoma epidermóide (epitélio escamoso),
que representa cerca de 90% dos casos, e o Adenocarcinoma (epitélio glandular), que
compreende aproximadamente 10% dos casos (INCA, 2019a).
A estratégia utilizada para prevenção desta doença (atenção primária) é o rastreamento
por meio do Exame Papanicolaou ou Citopatológico, que consiste em coleta de uma amostra
de células escamosas e glandulares do colo uterino para avaliar a existência das lesões
precursoras (TOBIAS et al; 2018). Quando este exame apresenta anormalidades, recomenda-
se a realização de colposcopia e do exame histopatológico, realizada na atenção secundária e
terciária (BRASIL, 2016a).
Para um rastreamento efetivo é necessário atingir alta cobertura da população alvo.
Neste sentido, o Papanicolaou deve ser realizado em mulheres com idade entre 25-64 anos, a
cada três anos após dois exames anuais consecutivos com resultados negativos (BRASIL,
2016a). Desta forma, é assegurado às mulheres a universalidade deste exame, consolidando, na
prática, as políticas públicas estabelecidas para a prevenção do CCU.
No Brasil, estas políticas são responsáveis por garantir uma assistência e atenção
integral à saúde das mulheres, através de ações e metas específicas. Como exemplo pode-se
citar a Política Nacional de Promoção à Saúde e o Plano de Ações Estratégicas para o
Enfrentamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022.
A Política Nacional de Promoção à Saúde objetiva a promoção da qualidade de vida e a
redução da vulnerabilidade e os riscos à saúde relativos aos seus determinantes e condicionantes
de saúde, e ampliar a autonomia e corresponsabilidade dos indivíduos no cuidado integral à
saúde, o que faz com que as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, de
gênero, de opção sexual, entre outras) sejam minimizadas e/ou extinguidas (BRASIL, 2010).
O Plano de Ações para o Enfrentamento de DCNT no Brasil, 2011-2022, aborda quatro
principais doenças, quais sejam: doenças do aparelho circulatório, respiratórias crônicas,
diabetes e câncer; e os fatores de risco: tabagismo, consumo nocivo de álcool, inatividade física,
alimentação inadequada e obesidade (BRASIL, 2011b).
Relativo à prevenção e controle do CCU e mama, entre as metas nacionais propostas
neste Plano de Ações estão: aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre 50 e 69
anos; ampliar a cobertura de exame citopatológico em mulheres de 25 a 64 anos; tratar 100%
das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer. E suas principais ações para o
23

enfrentamento correspondem ao aperfeiçoamento do rastreamento destes cânceres, a


universalização de exames a todas as mulheres, reduzindo desigualdades e garantia de 100% de
acesso ao tratamento de lesões precursoras de câncer (BRASIL, 2011b).
Adicionalmente, a assistência à saúde deve ser responsável por organizar e articular
recursos em diferentes níveis de atenção com a finalidade de garantir o acesso aos serviços ao
cuidado integral. Desta forma, as pessoas devem ser consideradas como indivíduos singulares,
com suas próprias histórias de vida, condições socioculturais, anseios e expectativas. Os
indivíduos que apresentam a doença, necessitam de acolhimento de seu sofrimento (físico,
espiritual e psicossocial) e o controle do câncer com a preservação da qualidade de vida
(BRASIL, 2013).

3.3 Atenção à Saúde da Pessoa Com Deficiência

Considerado pioneiro na criação de uma política de atenção à saúde das pessoas com
deficiência, o Ministério da Saúde elaborou em 2008 a Política Nacional de Saúde à Pessoa
Portadora de Deficiência, com o propósito de garantir a reabilitação da capacidade funcional e
desempenho humano das pessoas com deficiência, contribuir para a sua inclusão absoluta no
âmbito de vida social, proteger sua saúde, bem como prevenir agravos que determinam o
aparecimento de deficiências (BRASIL, 2008b).
Esta política destaca a necessidade da organização e funcionamento dos serviços de
saúde para o atendimento às pessoas com deficiência, de forma a contemplar os principais
níveis de atenção (primária, secundária e terciária), bem como assegurar o seguimento de
cuidados propostos de forma geral em protocolos e programas de saúde (BRASIL, 2008b).
Para isso, torna-se necessária também, a disponibilidade de recursos humanos
capacitados para o desenvolvimento das ações decorrentes desta política, visando garantir o
direito ao atendimento de saúde e o acesso à reabilitação. Neste sentido, é imprescindível uma
equipe interdisciplinar formada, submetida continuamente a cursos de qualificação e
atualização para atender as pessoas com deficiência (AMORIM; LIBERALI; NETA, 2018).
Além disso, a acessibilidade às informações, aos serviços de saúde com estrutura física
apropriada e ao atendimento nos mesmos, deve ser assegurada, para que esta população seja
abrangida nos cuidados oferecidos, desde a atenção básica (Unidades de Saúde da Família), até
a de maior complexidade (Serviços de Reabilitação e Hospitais) (AMORIM; LIBERALI;
NETA, 2018).
24

No entanto, a realidade do atendimento a estas pessoas, muitas vezes, encontra-se de


forma bem diferente da proposta pela Política. Estudos recentes demonstram que ainda existem
barreiras para que o atendimento às pessoas com deficiência se efetive com qualidade e
integralidade. A maior dificuldade apontada se refere à estrutura física dos serviços de saúde,
incluindo desde a inacessibilidade da porta de entrada até a inadequação de estrutura e
equipamentos internos (SILVA et al, 2018; SILVA et al, 2015; HANLON; PAYNE, 2018).
Evidencia-se, também, a falta de profissionais qualificados para atuar e prestar
atendimento adequado e resolutivo às necessidades das pessoas com deficiência, onde é
percebida a insuficiência na competência técnica dos mesmos, o que resulta em uma assistência
ineficaz (BEZERRA; SILVA; MAIA, 2015).
Neste contexto, verifica-se a necessidade de ações governamentais e não
governamentais para consolidar o direito a saúde dessa população, o que pressupõe políticas de
educação permanente e de infraestrutura que visem melhorar as condições encontradas nos
serviços (BEZERRA; SILVA; MAIA, 2015).
Ademais, um maior investimento em estratégias de articulação, cooperação e consenso,
que envolvam gestores de atenção básica de saúde, bem como de média e alta complexidades,
e profissionais de saúde, podem contribuir para a eliminação das barreiras existentes. Com isso,
é possível ofertar, às pessoas com deficiência, acesso a cuidados e assistência integral,
interdisciplinar e intersetorial (MACHADO et al, 2018).

3.4 O Rastreamento do Câncer do Colo do Útero entre as Mulheres Com Deficiência


Física

As pessoas com deficiência física, conforme dados da Organização Mundial da Saúde


(2016), representam 1 bilhão de pessoas na população mundial. No Brasil, as pessoas com
deficiência representam 23,9% da população. Deste total, 18,6% representam somente àquelas
com deficiências físicas, sendo boa parte, constituídas por mulheres (8,5%). Na Região Sul do
Brasil, segundo o Censo 2010, existem 1.169.742 mulheres com deficiência motora entre as
idades de 15 a 60 anos ou mais.
A partir destes dados, percebe-se que o grupo de mulheres compõe grande parte das
pessoas com deficiência física. Isso possibilita a reflexão da necessidade e garantia de uma
assistência e atenção integral à saúde da mulher a esse grupo, o que já é estabelecido em leis e
políticas da saúde da pessoa com deficiência (BRASIL, 2008; BRASIL, 2015; BRASIL,
2016c).
25

A Política Nacional de Saúde (2008) e o Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015), ao


se referirem à atenção integral à saúde, esclarecem e expõe a universalidade e equidade destas
pessoas em relação as demais, quando afirmam que as doenças e agravos também as acometem
e que o atendimento nos diversos níveis de complexidade e serviços devem, da mesma forma,
ser garantidos, bem como a consideração das especificidades de gênero, da saúde sexual e
reprodutiva.
Entretanto, ainda existem lacunas relacionadas à atenção integral à saúde das mulheres
com deficiência física. Estas referem-se tanto às políticas de saúde, como à assistência prestada
nos serviços (STEELE et al; 2017). Sabe-se da diversidade de características e das
peculiaridades que as mulheres possuem, além da individualidade de cada uma. Neste sentido,
vários grupos de mulheres foram selecionados, para a oferta de uma assistência à saúde
apropriada e de qualidade (BRASIL, 2016a). As mulheres com deficiência física, fazem parte
de um grupo especial, e possuem direito a atenção integral à saúde.
Porém, é possível observar que o cuidado às mulheres com deficiência ainda não é
abordado em documentos normativos referentes à prevenção do CCU. Como exemplo, destaca-
se o documento que aponta as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do
Útero, publicado pelo Ministério da Saúde no ano de 2016. Nestas diretrizes, são apresentadas
recomendações para o atendimento de grupos especiais que incluem gestantes, menopausadas,
histerectomizadas, mulheres sem história de atividade sexual, imunossuprimidas e mulheres de
populações indígenas (BRASIL, 2016a). No entanto, mulheres com deficiência física, não são
apresentadas neste documento, assim como em outros Protocolos da Atenção Básica já
existentes, o que coloca em risco a garantia de uma atenção integral à saúde proposta pelos
programas.
Em contrapartida, recentemente foi publicada a Lei nº 13.362 (23 de novembro de 2016)
que visa garantir o direito da realização de ações de prevenção, detecção, tratamento e
seguimento do CCU e de mama, bem como as condições e equipamentos adequados para a
realização destas ações. Visa também, assegurar o direito dessas mulheres para com as ações
propostas, o que também significa dizer que esse direito deve ser reivindicado tanto pelas
próprias mulheres como pelos profissionais de saúde, a fim de fornecer uma atenção digna e de
qualidade às mulheres com deficiência (BRASIL, 2016c).
Na realidade atual, a não efetividade no atendimento às mulheres com deficiência física,
no que tange a prevenção do câncer do colo do útero, ainda se faz presente. Existem obstáculos
para a realização das ações propostas, os quais incluem a falta de acessibilidade, adequações
seguras de ambientes e vias públicas, e má estruturação dos serviços de saúde, o que faz com
26

que o direito ao acesso garantido pelas políticas, não se efetive, transformando-se em


dificuldades e barreiras (SANTOS; VASCONCELOS; DINIZ, 2017; SILVA; REICHERT;
BADALOTTI, 2018).
Além disso, nos serviços de saúde, é evidenciada a falta de equipamentos adequados e
profissionais capacitados para realizar o atendimento à essas mulheres (AMORIM; LIBERALI;
NETA, 2018). Em relação ao exame de rastreamento do CCU, isso também é perceptível. Com
isso, as lacunas na integralidade das ações à saúde das mulheres com deficiência física, são
demonstradas novamente, o que implica em uma situação de vulnerabilidade deste grupo
(ANGUS et al; 2011; NICOLAU; SCHRAIBER; AYRES, 2013; FROEHLICH-GROBE, et al;
2016; SAKELLARIOU; ROTAROU; 2017; HANLON; PAYNE, 2018).
Devido ao preconceito social às mulheres com deficiência física, identifica-se também
a vulnerabilidade a que estas estão expostas, relacionada ao CCU e às infecções sexualmente
transmissíveis (IST). A sociedade e até mesmo os próprios profissionais de saúde possuem uma
concepção errônea de que essas mulheres não namoram, não casam, não tem filhos e que não
podem ser estupradas. Esta representação, além de contribuir no processo de discriminação,
aumenta os riscos de exposição para essa população (ARAGÃO et al., 2016).
Por isso, para que os cuidados prestados às mulheres com deficiência física sejam
realizados de forma adequada e efetiva, estes devem ser ministrados pelo médico e pelo
enfermeiro em conjunto com os demais profissionais de saúde em um processo de
transdisciplinaridade, com um olhar holístico (CARVALHO; BRITO; MEDEIROS, 2014).
Os serviços de saúde também devem estar preparados estruturalmente para receber as
mulheres com deficiência física, em suas diversas limitações e particularidades. A adaptação
estrutural deve estar presente desde o acesso e espaço físico do consultório em que serão
atendidas, até a adaptabilidade dos instrumentos e equipamentos necessários para o exame.
Além disso, os profissionais de saúde devem ser capacitados quanto as maneiras de posicionar
as mulheres para realização do exame citopatológico e serem sensibilizados para acolherem
estas pacientes de forma humanizada (NICOLAU; SCHRAIBER; AYRES, 2013;
DILLAWAY; LYSACK, 2015; HANLON; PAYNE, 2018).
A integralidade, no cotidiano dos serviços, se expressa pela atenção à saúde dos usuários
sob a ótica da clínica ampliada, com a oferta e prestação de cuidados que compreendem
promoção da saúde, prevenção primária, rastreamento e detecção precoce de doenças,
reabilitação e cuidados paliativos, além da prevenção de intervenções e danos desnecessários.
No contexto da atenção à saúde da mulher, essas ações estão incluídas, pressupondo a superação
27

da restrição do cuidado a este grupo e suprindo as diversas necessidades das usuárias


(KALISCHMAN; AYRES, 2016).
Portanto, pode-se destacar a importância do conhecimento acerca da situação dos
serviços de saúde no atendimento das mulheres com deficiência física, para o rastreamento do
câncer do colo do útero, de forma a auxiliar na efetividade de uma atenção integral à saúde para
esta população.
28

4 MANUSCRITOS

Os resultados dessa dissertação estão descritos e discutidos na forma de dois


manuscritos científicos e fazem parte do projeto matricial intitulado “Atenção Integral à Saúde
da Mulher com Deficiência Física no Contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero”,
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Cruz Alta sob Pareceres nº
2.240.180 de 25 de agosto de 2017, e nº 2.547.908 de 16 de março de 2018.
Para que a realização da pesquisa pudesse ser concretizada, bem como os objetivos
atingidos, viu-se a necessidade de validar um instrumento para coleta de dados, já que não
foram encontrados na literatura, instrumentos existentes que contemplassem os fins da
pesquisa. Com o intuito de se obter resultados precisos e com confiabilidade, como primeiro
passo, o instrumento foi elaborado em base teórico-científica, conforme critérios estabelecidos
na literatura (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015).
Referente ao processo de construção e validação do instrumento intitulado
“Questionário de Avaliação do Serviço de Saúde Acerca do Atendimento às Mulheres com
Deficiência Física no Contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero” (Apêndice A), foi
elaborado o Manuscrito 1 “Elaboração e Validação de Instrumento para Avaliação do
Rastreamento do Câncer do Colo do Útero em Mulheres com Deficiência Física”, como um
estudo metodológico, que retrata as etapas percorridas até a validação.
O instrumento mencionado possui o objetivo de avaliar quantitativamente a atenção de
saúde às mulheres com deficiência física no contexto da prevenção do colo do útero nos
serviços de saúde de atenção básica, através das respostas de profissionais de saúde
responsáveis pela prevenção do câncer do colo do útero (geralmente enfermeiros (as). Possui
34 questões/itens distribuídas em 04 Domínios (Domínio 1 – Recursos Humanos; Domínio 2 –
Recursos Físicos; Domínio 3 – Organização do Serviço e da Assistência e; Domínio 4 –
Educação em Saúde). As questões possuem 5 alternativas de respostas, escalonadas utilizando-
se a escala de Likert de 5 pontos.
Posteriormente, foi conduzido um estudo quantitativo, transversal, descritivo, com o
objetivo de avaliar a organização dos serviços de saúde quanto às ações de prevenção e controle
do Câncer do Colo do Útero, voltadas às mulheres com deficiência física, que constituiu o
29

Manuscrito 2 “Rastreamento do Câncer do Colo do Útero entre Mulheres com Deficiência


Física: Avaliação dos Serviços de Saúde”.
A pesquisa foi realizada em 13 municípios do Estado do Rio Grande do Sul, os quais 11
são pertencentes à 19ª CRS, 1 à 17ª CRS e 1 à 9ª CRS. A população foi constituída por 145
enfermeiros atuantes em serviços da atenção básica de saúde, selecionados através de consulta
no endereço eletrônico do Cadastro Nacional de Estabelecimentos (CNES) (CNES, 2018),
realizada no período de abril a maio de 2018. Do total de enfermeiros, dois não aceitaram
participar da pesquisa, três encontravam-se em afastamento de suas atividades laborais, e 87
não retornaram ao questionário utilizado para o estudo. Assim, a amostra final foi constituída
por 53 participantes, a maioria (77,3%) atuantes nos serviços dos municípios da 9ª (n=19) e 17ª
(n=22) CRS. Tais dados podem ser justificados pelo fato da logística da pesquisa ter sido
facilitada nos municípios dessas regionais, já que se encontravam geograficamente mais
próximo da instituição sede de estudo dos pesquisadores.
Os dados foram coletados num período de 06 meses, compreendido entre junho a
dezembro de 2018. Utilizou-se o instrumento validado “Questionário de Avaliação do Serviço
de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no Contexto da
Prevenção do Câncer do Colo do Útero”, o qual foi disponibilizado aos participantes para
autopreenchimento das respostas e retorno aos pesquisadores em um período máximo de 30
dias.
30

4.1 Manuscrito 1 – Elaboração e Validação de Instrumento para Avaliação do


Rastreamento do Câncer do colo do útero em Mulheres com Deficiência Física.

Este manuscrito será submetido à revista Cadernos de Saúde Pública / Reports in Public
Health (CSP) – ISSN: 1678-4464 versão online. Área de Avaliação: Interdisciplinar.
Classificação: A2.
31

ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO


DO RASTREAMENTO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO EM MULHERES COM
DEFICIÊNCIA FÍSICA

ELABORATION AND VALIDATION OF AN INSTRUMENT FOR THE


EVALUATION OF CERVICAL CANCER TRAINING IN WOMEN WITH
PHYSICAL DEFICIENCY

RESUMO
Objetivo: Validar instrumento de avaliação do atendimento a mulheres com deficiência física
quanto ao rastreamento do câncer do colo do útero.
Métodos: Para validação do instrumento de pesquisa foi elaborado questionário com base em
diretrizes do Ministério da Saúde brasileiro, relacionadas à prevenção do câncer do colo do
útero, com 34 itens, sendo dirigidos aos profissionais enfermeiros atuantes na atenção básica
de saúde. Utilizou-se a técnica Delphi para a validação de conteúdo dos itens. Foi realizado pré-
teste com 53 profissionais enfermeiros, constituídos como a população-alvo do instrumento.
Foram realizadas análises de confiabilidade (alfa de Cronbach) e de validade (análise de
componentes principais).
Resultados: A versão validada apresenta 34 questões distribuídas em quatro domínios: recursos
humanos, recursos físicos, organização dos serviços e da assistência e educação em saúde. O
questionário apresentou confiabilidade aceitável (alfa de Cronbach maior que 0,6) para a
maioria dos itens. Os domínios identificam fatores relativos aos profissionais atuantes nos
serviços de saúde e como este se organiza quanto à estrutura física, acessibilidade, instrumentos
e equipamentos adaptados para a realização do exame citopatológico em mulheres com
deficiência física, além de avaliar a organização do serviço de saúde na prevenção e controle
do câncer do colo do útero neste grupo de mulheres, e a educação continuada oferecida aos
profissionais.
Conclusão: O instrumento proposto apresenta valores satisfatórios de validade e
confiabilidade, englobando aspectos relevantes para apreciar o atendimento nos serviços de
saúde. O questionário possibilita uma estratégia viável para avaliação dos serviços de saúde
quanto ao atendimento das mulheres com deficiência física no contexto da prevenção do câncer
do colo do útero.
32

Palavras-Chave: Neoplasias do colo do útero; Prevenção de doenças; Pessoas com deficiência;


Reprodutividade dos testes; Estudos de validação.

INTRODUÇÃO

Com aproximadamente 530 mil casos novos e 265 mil óbitos por ano no mundo, o
câncer do colo do útero (CCU) é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres.
Terceiro mais incidente no Brasil, com estimativa de 16.370 novos casos para o ano de 2018 1,
é considerada uma doença de desenvolvimento lento e passível de prevenção. Ações para
preveni-lo e detectá-lo precocemente são realizadas por profissionais atuantes em diferentes
níveis de atenção à saúde, com o uso de equipamentos e exames relativamente simples,
norteados por recomendações estabelecidas em Diretrizes Nacionais pelo Ministério da Saúde2.
Contudo, fragilidades relacionadas à garantia da atenção integral à mulher no contexto
da prevenção do CCU ainda são existentes, como, por exemplo, às mulheres com deficiência
física, uma vez que não existem diretrizes ou protocolos específicos para atendimento de suas
especificidades. Esta abordagem torna-se ainda mais relevante, pelo fato de 23,9% da
população brasileira ser constituída por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. A
deficiência física motora é o tipo mais prevalente (18,6%) e grande parte são mulheres (8,5%
do total)3.
A falta da acessibilidade ao cuidado integral é percebida, não somente no Brasil, mas
também em outros países, com destaque para a dificuldade de acesso estrutural físico e
instrumental para realizar a assistência adequada a essas mulheres, assim como a falta de
incentivo e preparo no atendimento realizado pelos profissionais de saúde4,5,6,7.
Desta forma, verifica-se também a ausência de instrumentos e trabalhos científicos que
avaliem os serviços de saúde quanto ao atendimento às mulheres com deficiência física no
contexto da prevenção do câncer do colo do útero, o que justificaria a elaboração de um
instrumento relacionado à temática. Para que a construção de um novo instrumento de pesquisa
possa se concretizar, deve ser requerida, primeiramente, uma pesquisa prévia na literatura de
instrumentos já existentes que avaliem determinadas variáveis objetivas do pesquisador. Com
a ausência destes na busca, um novo instrumento pode ser construído8.
O método de coleta de dados em uma pesquisa deve ser planejado para que os
procedimentos possam garantir indicadores e resultados confiáveis. Esta decisão dependerá do
desenho da pesquisa e da seleção de instrumentos de medidas adequados e precisos9. No
33

entanto, a validade de um instrumento se dá quando sua construção e aplicabilidade permitem


a fiel mensuração do que se pretende avaliar, ou seja, se o conteúdo de um instrumento analisa
de forma efetiva os requisitos para mensurar os fenômenos a serem investigados10. Para validar
um instrumento existem etapas previamente elaboradas para que as propriedades psicométricas
possam ser efetivadas11. Estas etapas serão discutidas com maior abrangência na metodologia
do presente estudo.
Face ao exposto, o objetivo do estudo é descrever o processo de construção e validação
de um instrumento para a avaliação do atendimento as mulheres com deficiência física, no
contexto da prevenção do CCU, nos serviços de saúde de diferentes níveis de atenção. Espera-
se, desta forma, preencher uma lacuna atualmente existente em relação à inexistência de
questionários que contemplem o tema, e contribuir para o aperfeiçoamento das ações
preventivas no âmbito da oncologia e na saúde pública.

METODOLOGIA

Delineamento do estudo e aspectos éticos

Estudo metodológico fundamentado no processo de construção de instrumentos de


pesquisa na área da saúde11. Integra a dissertação de mestrado da autora principal e foi aprovado
por Comitê de Ética em Pesquisa (Pareceres de números 2.240.180 e 2.547.908).

Procedimentos para construção e validação do instrumento

A construção e validação do instrumento seguiu as etapas propostas por Coluci et al


(2015)11 (Quadro).

Quadro 1. Etapas e suas respectivas definições e procedimentos realizados no processo de construção e


validação do instrumento.

ETAPAS DEFINIÇÃO PROCEDIMENTOS

Etapa I Utilização de recursos da literatura científica Definição do contexto do instrumento,


Estabelecimento com a finalidade de definir o âmbito do embasado na literatura, e questionários já
da estrutura instrumento e proporcionar base teórica à existentes.
conceitual elaboração dos domínios e itens12.

Determinar os objetivos do instrumento em


Etapa II
conexão com os conceitos a serem
34

Definição dos explorados, juntamente com a caracterização O objetivo principal do instrumento visa
objetivos do da população-alvo, a fim de obter avaliar os serviços da atenção primária e
instrumento e da justificativa e esclarecer a relevância da secundária de saúde quanto ao atendimento de
população construção do instrumento13. mulheres com deficiência física motora na
envolvida prevenção do câncer do colo do útero.
Estabeleceu-se como população-alvo
respondente do instrumento, profissionais
enfermeiros atuantes no Programa de
Prevenção do Câncer do colo do Útero.

Elaboração dos itens conforme definição Elaboração dos itens e domínios do


Etapa III
conceitual prévia, e de um método para instrumento.
Construção dos
obtenção das respostas, escolhidos com base Definição da utilização da Escala de Likert12
itens e das
na natureza das perguntas. Exemplo: Escala para cada item, escalado em cinco 05 pontos
escalas de
de Likert, Escala visual analógica, Escala de para as respostas.
respostas
faces, entre outras12.

Etapa IV
Definir dimensões ou domínios de maneira a Seleção e organização de 42 itens (primeira
Seleção e
elaborar a diversidade dos itens conforme os versão do instrumento/questionário).
organização dos
conceitos explorados11.
itens

Organização dos 42 itens divididos em cinco


(05) domínios:
• Domínio 1 – Recursos Humanos: 06
itens;
• Domínio 2 – Recursos Físicos: 07 itens;
• Domínio 3 – Organização do Serviço e
da Assistência: 18 itens;
• Domínio 4 – Educação em Saúde: 09
itens;
Estruturação do instrumento realizada com • Domínio 5 – Questões Dissertativas: 02
base em critérios pré-estabelecidos: questões dissertativas.
Etapa V
comportamental, da objetividade, da
Estruturação do
simplicidade, da clareza, da precisão, da O título do instrumento elaborado foi
instrumento
validade, da relevância e da determinado após serem construídos todos os
interpretabilidade12,13,14. domínios e seus respectivos itens. Foi
denominado de forma que a temática principal
do instrumento se fizesse presente no título, a
fim de facilitar o entendimento dos
respondentes antes mesmo de obter o
instrumento na íntegra. O título definido foi:
“Questionário de Avaliação do Serviço de
Saúde Acerca do Atendimento às Mulheres
com Deficiência Física no Contexto da
Prevenção do Câncer do Colo do Útero”.

1) Abordagem qualitativa: Utilização da


Técnica Delphi15,16 - constituição do Comitê
Instrumento avaliado quanto à hipótese de de Juízes Especialistas;
que os itens escolhidos representam e/ou 2) Abordagem quantitativa: Índice de
contemplam adequadamente os domínios11. Validação de Conteúdo (IVC) e taxa de
Para avaliação da validade de conteúdo, concordância12.
Etapa VI
geralmente utilizam-se abordagens
Validação de
qualitativas e quantitativas, através de Constituíram o Comitê de Juízes Especialistas
Conteúdo
instrumento de avaliação com escalas de (amostra não-probabilística)9: um (01) Médico
resposta, enviado ao Comitê de Juízes Ginecologista; duas (02) Enfermeiras atuantes
Especialistas, conforme utilização da no Programa de Prevenção do Câncer do colo
Técnica Delphi15. do Útero; uma (01) Fisioterapeuta, uma (01)
Biomédica e uma (01) Farmacêutica,
especialista em Citologia Clínica.
35

O pré-teste tem como objetivo verificar se


Realizada com 53 participantes, representantes
todos os itens são compreensíveis para todos
do público-alvo do instrumento, selecionados
os membros da população a qual o
por meio do Cadastro Nacional de
instrumento se destina. Esta etapa, realiza-se
Estabelecimentos de Saúde18. A amostra
Etapa VII em uma amostra de 30-40 indivíduos da
mínima de participantes foi baseada nos
Pré-teste população-alvo. Cada sujeito deve completar
critérios estabelecidos por Coluci et al
o questionário e ser entrevistado
(2015)11Todos os participantes atuavam no
individualmente com relação ao
Programa de Prevenção do Câncer do colo do
entendimento dos itens e das palavras e
Útero.
quanto ao preenchimento das respostas17.

Fonte: o autor (2018).


Nota: Etapas de validação de instrumento baseadas no estudo dos autores Coluci et al (2015) 11.

Organização do Manual de Pontuação do Instrumento

Para o desenvolvimento do Manual de Pontuação optou-se pela mesma configuração


usada nos instrumentos HIV/AIDS-Targeted Quality of Life Instrument19 e Primary Care
Assessment Tool PCATool-Brasil versão profissionais20.
Assim como nesses instrumentos, as respostas possíveis para cada um dos itens do
instrumento elaborado foram organizadas em cinco alternativas valoradas, sendo pontuadas de
um (1) a cinco (5), ou de cinco (5) a um (1), para itens negativos reversos (codificados). As
pontuações para os itens individuais são então somadas para obter um valor de Escala de Likert
para cada participante (escore) (Willits; Theodori; Luloff, 2016)21. Atualmente, o formato mais
utilizado de escala tipo Likert, emprega cinco categorias: concordo totalmente; concordo;
indeciso (ou, não concordo nem discordo); discordo e; discordo totalmente. O uso de tais
categorias nomeadas é considerado complacente, além de fornecer níveis aceitáveis de
confiabilidade (Dillman et al. 2014: 159)22.
Ainda em relação a escala de cinco pontos, seu uso pode ser mais fácil e ágil na
concepção das respostas. Além disso, por se tratar de uma escala “ímpar”, o fato de haver uma
opção como “ponto neutro” permite que o respondente sinta-se mais confortável no momento
de expressar sua opinião (Dalmoro; Vieira, 2013)23, sendo útil também ao pesquisador, para
esclarecer o significado de tais respostas e aumentar a compreensão do comportamento humano
(Willits; Theodori; Luloff, 2016)21.
Desta forma, para o instrumento validado, utilizaram-se as seguintes categorias
valoradas para realizar o cálculo dos escores: “com certeza sim” (valor = 5), “provavelmente
sim” (valor = 4), “não sei/não lembro” (valor = 3), “provavelmente não” (valor = 2) e “com
certeza não” (valor = 1). Esses valores são atribuídos aos itens que possuem conotação positiva,
isto é, que ao apresentarem o maior valor obtido, melhor será o resultado. Para os itens que
36

possuem conotação inversa, os valores também são invertidos: “com certeza sim” (valor = 1),
“provavelmente sim” (valor = 2), “não sei/não lembro” (valor = 3), “provavelmente não” (valor
= 4) e “com certeza não” (valor = 5).
Ao final, todos os domínios são pontuados e o escore final de cada um é transformado
em uma escala linear de “0 a 100”, onde “0” indica fragilidades quanto ao atendimento de
mulheres com deficiência para a prevenção do câncer do colo do útero, e “100” indica qualidade
no atendimento de mulheres com deficiência para a prevenção do câncer do colo do útero.
Para transformar o escore de cada domínio em uma escala de 0 a 100 a seguinte fórmula
foi proposta:

100 (soma do valor atribuído para cada item)


(valor máximo possível da soma dos X – (número de itens total do domínio)
itens) – (número de itens do domínio)

Desta forma, as fórmulas propostas para o cálculo do escore geral de cada domínio são:

Domínio 1 - Recursos Humanos: (100/(20-4))*(soma do valor atribuído para cada item-4);


Domínio 2 - Recursos físicos: (100/(20-4))*(soma do valor atribuído para cada item-4);
Domínio 3 - Organização do serviço e da assistência: (100/(60-12))*(soma do valor
atribuído para cada item-12);
Domínio 4 - Educação em Saúde: (100/(70-14))*(soma do valor atribuído para cada item -
14).

Seleção dos Juízes Especialistas

Relativo à formação do Comitê de Juízes Especialistas requisitado na etapa de validação


de conteúdo (conforme prevista na Técnica Delphi), sendo selecionados através de análise
curricular. Todos os selecionados, possuíam pelo menos um título de especialização (Pós-
Graduação) na área, e vasta experiência assistencial (pelo menos 5 anos). Realizou-se convite
formal via correio eletrônico a cada um dos especialistas, com esclarecimentos acerca do estudo
(objetivo, desenvolvimento e participação dos juízes especialistas), solicitação da assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participar deste processo, bem como
formulário com instruções para avaliação da validade de conteúdo do instrumento, conforme
proposto pelos autores Coluci, Alexandre e Milani (2015)11.
37

Pré-teste

O pré-teste foi realizado com 53 enfermeiros atuantes na atenção básica de saúde de 13


munícipios do estado do Rio Grande do Sul, pertencentes às 9ª (Cruz Alta), 17ª (Ijuí) e 19ª (26
municípios) Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). Para a seleção dos participantes,
realizou-se cálculo amostral com base no levantamento do número de profissionais enfermeiros
por meio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) no período de abril a
maio de 201818, que totalizou em uma população de 145 enfermeiros. Destes, dois não
aceitaram participar da pesquisa, três encontravam-se em afastamento de suas atividades
laborais, e 87 não retornaram ao questionário utilizado para o estudo, já que o mesmo foi
disponibilizado aos participantes para autopreenchimento das respostas, com retorno aos
pesquisadores em um período máximo de 30 dias.
Do total de participantes (n=53) no pré-teste, 39 avaliaram o instrumento quanto aos
quesitos: entendimento acerca dos itens; palavras contidas no questionário e preenchimento das
respostas.

Avaliação das propriedades psicométricas

Os atributos testados no processo de avaliação das propriedades psicométricas do


instrumento elaborado, a fim de garantir a qualidade do instrumento, foram Validade
(capacidade do instrumento medir com precisão o fenômeno a ser estudado) e Confiabilidade
(capacidade do instrumento em reproduzir um resultado de forma consistente)8,11.
A avaliação da validade de conteúdo foi realizada por meio do cálculo do grau de
concordância entre os especialistas e do índice de validade de conteúdo (IVC). O grau de
concordância entre os especialistas foi calculado para auxiliar na determinação dos itens e a
taxa de concordância considerada aceitável12 foi de 90%. O grau de concordância, bem como o
IVC, foi calculado antes e após o processo de validação, através da fórmula que se segue:

Número de
participantes que
concordaram
_______________ X 100
% concordância =
Número total de
participantes

Fonte: Alexandre e Coluci, 20119.


38

O IVC foi calculado para medir a proporção de juízes que concordaram sobre
relevância/representatividade dos itens, e a abrangência, clareza e pertinência do instrumento.
Na avaliação acerca da relevância/representatividade dos itens, é utilizada uma escala de Likert
com pontuação de um a quatro, apresentada nas instruções de avaliação, para mensurar as
respostas, onde 1= não relevante ou não representativo, 2= item necessita de grande revisão
para ser representativo, 3= item necessita de pequena revisão para ser representativo, 4= item
relevante ou representativo. Para a avaliação da abrangência/clareza/pertinência do
instrumento, a mesma escala de respostas é utilizada, porém, com opções mais curtas, onde 1=
não claro, 2= pouco claro, 3= bastante claro, 4= muito claro. Quando há participação de seis ou
mais especialistas, como no presente estudo, admite-se um IVC superior à 0,78912, através da
seguinte fórmula:

Número de respostas
“3” ou “4”
_______________
IVC =
Número total de
respostas

Fonte: Alexandre; Coluci, 20119.

Para análise da confiabilidade e da consistência interna (homogeneidade) do conjunto


de itens do instrumento, o coeficiente alfa de Cronbach foi calculado ao final da etapa VII –
Pré-teste, com a utilização do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS) versão 25.0. Para mensurar a confiabilidade dos itens do instrumento, foram utilizados
os seguintes valores de referência: ≥ 0,7 para uma consistência interna ideal, e entre 0,6 à 0,7
para uma consistência interna satisfatória24,25.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Elaboração do questionário

A construção dos domínios foi baseada no conhecimento técnico-científico que


estabelece diretrizes e protocolos de rastreamento para o CCU, além de políticas relacionadas
39

à atenção básica de saúde, à saúde das pessoas com deficiência física, à saúde da mulher, e
fatores pertinentes como educação permanente e promoção da saúde.
Os domínios abordam os recursos humanos e físicos, organização/assistência dos
serviços de saúde, bem como a educação em saúde dos profissionais. A escolha destes temas,
deu-se principalmente pela verificação de lacunas nos processos de trabalho dos serviços de
saúde primária e secundária, bem como em políticas de saúde, relacionados à prevenção do
câncer do colo do útero às mulheres,7,26,27 e mais específico, às mulheres com deficiência
física28,29,30.
Com isso, a elaboração dos domínios e itens foi embasada em documentos de referência
nacional, como políticas e normativas (Tabela 1).

Tabela 1. Sumarização nos fundamentos técnico-científicos utilizados na construção dos domínios do


Questionário “Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física
no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero”.

Domínio Fundamentos Técnico-científicos Referências

• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde


da Mulher (2011)31;
Recursos Humanos Atenção Básica de Saúde • Política Nacional da Atenção Básica (PNAB)
(2017)32.

• Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência


no Sistema Único de Saúde (2009)33;
Atenção Primária e Secundária de • Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
Saúde; da Mulher (2011)31;
Atendimento às mulheres com • Política Nacional da Atenção Básica (PNAB)
Recursos Físicos
deficiência física; (2017)32;
Prevenção do câncer do colo do • Controle dos cânceres de colo do útero e da
útero mama (2013)2;
• Lei nº 13.362, de 23 de novembro de 2016 34.

• Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência


no Sistema Único de Saúde (2009)33;
Atenção Primária e Secundária de • Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
Saúde; da Mulher (2011)31;
Organização do Atenção Integral à Saúde da Mulher; • Política Nacional da Atenção Básica (PNAB)
serviço e da Atendimento às mulheres com (2017)32;
assistência deficiência física; • Controle dos cânceres do colo do útero e da
Prevenção do câncer do colo do Mama (2013)2;
útero • Diretrizes para o Rastreamento do Câncer do
Colo do Útero (2016)35

• Política Nacional de Promoção à Saúde


(2010)36;
• Política Nacional de Saúde da Pessoa com
Promoção da Saúde;
Deficiência (2010)37;
Educação em Saúde Educação Permanente dos
• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
profissionais
da Mulher (2011)31;
• Lei nº 13.362, de 23 de novembro de 2016 34.

Fonte: o autor (2018).


40

Validade de conteúdo e versão final do questionário

Na primeira versão do questionário, o grau de concordância entre os especialistas foi de


83,32% e valor de IVC foi de 0,91, enquanto que após adequações sugeridas e nova análise do
instrumento pelo Comitê de Juízes Especialistas, foi de 93,74% e 0,96, respectivamente, o que
significa que a versão final atingiu grau de concordância e IVC satisfatórios12, não necessitando
de novas alterações.
Atendendo as sugestões dos especialistas, dos cinco domínios inclusos inicialmente no
instrumento, um foi mantido no formato de duas questões dissertativas (Tabela 2) a serem
respondidas separadas dos demais quatro domínios que não foram modificados. Estas questões
dissertativas foram incluídas com o intuito de identificar a média de atendimentos a mulheres
com deficiência física realizados nos serviços, e sugestões para o
fortalecimento/implementação deste atendimento na prevenção do CCU.
Ainda, do total dos 42 itens da versão inicial, 11 foram excluídos, 13 foram adaptados
e 5 novos itens foram incluídos. Foram excluídos dois itens do domínio 1 (recursos humanos),
os quais foram considerados pelos especialistas como questões desnecessárias, já que se
assemelhavam aos itens “b” e “d”. Esses mesmos itens (“b” e “d”) foram ainda adaptados,
conforme sugestão dos juízes de acrescentar as palavras “pelo menos um” nas questões, tendo
em vista que em alguns serviços pode haver somente um profissional enfermeiro ou médico, e
em outros a disponibilidade de mais destes profissionais. Os itens “a” e “c”, também foram
modificados, onde a palavra “profissionais” foi acrescida, com o mesmo intuito dos itens “b”
e “d” (Tabela 2).
No domínio 2 (recursos físicos), três itens foram reescritos e reduzidos para duas
questões (item “c” - Nesse serviço há disponibilidade de salas adaptadas para atendimento
com os profissionais de saúde às mulheres com deficiência física motora?; e item “d” - O
serviço possui sala de atendimento com banheiro adaptado e mesa ginecológica adaptada para
a realização do Exame Citopatológico em mulheres com deficiência física motora?) (Tabela
2).
Referentes ao domínio 3 (organização do serviço e da assistência), seis itens foram
excluídos, destes, um fez parte da modificação do item “a”, e cinco foram remanejados para o
domínio 4 (educação em saúde), pois conforme sugestões dos especialistas, estes itens não eram
condizentes à organização dos serviços, mas sim à educação em saúde, o que resultou na
inclusão dos itens “j”, “k”, “l”, “m” e “n” no domínio 4. Quanto as duas questões
41

dissertativas, foi recomendado pelos juízes, que estes itens não fossem compostos em um 5º
domínio, mas que seguissem de forma complementar no instrumento.
Assim, após as sugestões realizadas pelos especialistas quanto à estruturação dos itens
de cada domínio, a versão final do instrumento constitui-se por 34 itens e duas questões
dissertativas, conforme demonstrado na Tabela 2.
Na formulação das respostas do questionário, optou-se pela escala do tipo Likert, a qual
possui o objetivo de investigar informações a fim de compreender um sujeito ao combinar suas
respostas a uma série de perguntas (itens) de opinião projetadas para abordar os aspectos
relevantes da atitude em questão21. Cada item foi redigido como pergunta, correspondendo a
uma escala de cinco pontos: “Com certeza sim”; “Provavelmente sim”; “Não sei/não lembro”;
“Provavelmente não” e “Com certeza não”. O uso desta escala apresenta maior precisão,
facilidade, agilidade e confiabilidade no preenchimento pelos respondentes, além de sua
comum utilização23, o que justifica a sua utilização no instrumento elaborado.
Quanto ao preenchimento das respostas, optou-se pelo autopreenchimento pelos
respondentes, já que, em um questionário, as perguntas geralmente devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador, sendo posteriormente devolvido após preenchimento
das respostas38.
42

Tabela 2. Itens que compuseram a versão final do Questionário de Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no
contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero.

DOMÍNIOS ITENS

a) Esse serviço possui profissionais agentes comunitários de saúde envolvidos com o acompanhamento às pessoas com deficiência física?
b) Esse serviço possui (pelo menos um) profissional enfermeiro envolvido com o atendimento às pessoas com deficiência física, responsável por
Domínio 1
realizar a coleta para o Exame Citopatológico?
Recursos Humanos
c) Esse serviço possui profissionais auxiliares/técnicos de enfermagem envolvidos com o atendimento às pessoas com deficiência física?
d) Esse serviço possui (pelo menos um) profissional médico envolvido com o atendimento às pessoas com deficiência física?
a) O serviço possui rampas externas de acesso e porta de entrada adequadas para o acesso de pessoas com deficiência física motora?
b) Nesse serviço existem aberturas (portas) nas salas de atendimento adequadas para o acesso de pessoas com deficiência física motora?
Domínio 2 c) Nesse serviço há disponibilidade de salas adaptadas para atendimento com os profissionais de saúde às mulheres com deficiência física
Recursos Físicos motora?
d) O serviço possui sala de atendimento com banheiro adaptado e mesa ginecológica adaptada para a realização do Exame Citopatológico em
mulheres com deficiência física motora?
43

a) Esse serviço possui horário alternativo para realizar atendimentos? (exemplo: terceiros turnos).
b) Esse serviço possui agenda para consultas de enfermagem e para realizar o Exame Citopatológico?
c) Há no serviço de saúde um sistema informatizado contendo informações sobre o atendimento dos usuários (como consultas agendadas, faltas
ao serviço)?
d) No seu serviço, a demanda das mulheres com deficiência física motora para a realização do Exame Citopatológico, acontece de forma
“espontânea”?
e) No seu serviço, a demanda das mulheres com deficiência física motora para a realização do Exame Citopatológico, acontece por meio de
busca ativa pela equipe de saúde?
f) No seu serviço, a demanda das mulheres com deficiência física motora para a realização do Exame Citopatológico, acontece por meio de
encaminhamento pelo médico da ESF?
Domínio 3 g) No seu serviço, a demanda das mulheres com deficiência física motora para a realização do Exame Citopatológico, acontece por meio de
Organização dos Serviços e da
encaminhamento por médico de outro serviço?
Assistência
h) Quando há o atendimento das mulheres com deficiência física motora para realizar o Exame Citopatológico, estas são acomodadas em posição
ginecológica?
i) Quando há o atendimento das mulheres com deficiência física motora para realizar o Exame Citopatológico, existe a necessidade de outros
equipamentos para improvisar uma posição adequada para realizar o Exame Citopatológico?
j) Já houve situação em que não foi possível o atendimento de mulheres com deficiência física motora para a realização do Exame
Citopatológico?
k) Já houve alguma intercorrência durante a realização do Exame Citopatológico nas mulheres com deficiência física motora? (exemplo: não
realização da coleta, desconforto físico ou emocional da mulher, quedas, etc...).
l) Você tem conhecimento e adota as orientações específicas para realizar a coleta o Exame Citopatológico em mulheres com deficiência física
motora?
44

a) Você já era capacitado para o atendimento às pessoas com deficiência física ao ingressar neste serviço?
b) Você foi ou é capacitado para realizar o Exame Citopatológico em mulheres com deficiência física motora após já estar atuando neste serviço?
c) São realizadas ações de educação em saúde abordando prevenção do câncer do colo do útero às mulheres atendidas no serviço?
d) São realizadas ações de educação em saúde abordando prevenção do câncer do colo do útero voltadas às mulheres com deficiência física
motora?
e) Você possui conhecimento acerca da Lei nº 13.362, de 23 de novembro de 2016, que institui o acesso a exames preventivos (mama e colo de
útero) as mulheres com deficiência física?
f) Teve acesso às informações da Lei citada na questão anterior, através de meios de comunicação (mídia digital, impressa, rádio, televisão,
outros)?
g) Teve acesso às informações da Lei citada na questão anterior, através de capacitações, seminários, congressos ou palestras?
Domínio 4 h) Teve acesso às informações da Lei citada na questão anterior, através de relatos de outros profissionais?
Educação em Saúde
i) Teve acesso às informações da Lei citada na questão anterior, durante sua formação (graduação e/ou pós-graduação)?
j) São realizadas discussões dos casos de pessoas com deficiência física motora, usuárias deste serviço, pela equipe de profissionais da saúde?
k) Teve acesso, por meio de capacitações, seminários, congressos ou palestras, às orientações específicas para realizar a coleta o Exame
Citopatológico em mulheres com deficiência física motora?
l) Teve acesso, por meio de experiências relatadas por outros profissionais, às orientações específicas para realizar a coleta o Exame
Citopatológico em mulheres com deficiência física motora?
m) Teve acesso, durante sua formação (graduação e/ou pós-graduação), às orientações específicas para realizar a coleta o Exame Citopatológico
em mulheres com deficiência física motora?
n) Teve acesso, por meio de busca de informações disponibilizadas em documentos e estudos científicos, às orientações específicas para realizar
a coleta o Exame Citopatológico em mulheres com deficiência física motora?
1. Qual a média aproximada do atendimento de mulheres com deficiência física para realização de exame citopatológico?
( ) Semanal Quantas?: ___________________
( ) Mensal Quantas?: ___________________
( ) Semestral Quantas?: ___________________
Questões Dissertativas ( ) Anual Quantas?: ___________________
( ) Não há atendimento
2. Indique sugestões para a implementação/fortalecimento do atendimento de mulheres com deficiência física para prevenção do câncer do colo
no serviço.

Fonte: o autor (2018).


45

Confiabilidade e consistência interna

Na tabela 3 estão apresentados os valores do alfa de Cronbach (α), obtidos calculando-


se, separadamente, os itens de todos os domínios da versão final do instrumento (adequado
conforme sugestões do Comitê de juízes especialistas) e após realização do pré-teste. Nota-se
que o instrumento foi considerado consistente de acordo com o valor global desta propriedade
de medida (α = 0,841). Todos os domínios, apresentaram valor ideal para α24,25, com exceção
do Domínio 3, que apresentou consistência interna limítrofe, ou seja, próximo ao valor mínimo
indicado pela literatura. Uma justificativa deste resultado, seria em razão da existência de
questões de escore reverso (itens “i”, “j” e “k”), com conotação negativa, já que realizando-
se o cálculo sem os escores reversos o coeficiente de alfa resultaria em 0,630. Mesmo assim,
optou-se em manter estes itens na versão final do questionário, por entender que os mesmos são
pertinentes para avaliar a organização dos serviços e assistência das mulheres com deficiência
física.

Tabela 3. Alfa de Cronbach dos domínios do Questionário para Avaliação do Serviço de Saúde acerca do
Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero.
Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul, Brasil. Jun a dez/2018.

Domínios Alfa de Cronbach*


1 - Recursos Humanos 0,783
2 - Recursos Físicos 0,651
3 - Organização do Serviço e da Assistência 0,566
4 - Educação em Saúde 0,863
Total 0,841
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).
*Valores de referência: acima de 0,7 = ideal; 0,6 – 0,7 = satisfatórios (Hair et al., 200524; Souza et al 201725).

A tabela 4 apresenta os resultados referentes a avaliação semântica do instrumento,


realizada com base no julgamento sobre o entendimento dos itens e das palavras, bem como
quanto ao preenchimento das respostas no questionário. Esta avaliação é necessária, pois a má
interpretação das perguntas torna um instrumento de pesquisa inconfiável, por não possuir
validade do conteúdo8,10,12. Neste sentido, a maioria dos respondentes (69,8%) indicou como
“bom” ou “muito bom” todos os quesitos avaliados semanticamente. Isso denota que o
instrumento é compreensível e permite que as respostas sejam fidedignas ao contexto avaliado
pelo respondente.
46

Tabela 4. Avaliação segundo a opinião do entrevistado acerca do entendimento e compreensão do


Questionário para Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência
Física no contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do
Rio Grande do Sul, Brasil. Jun a dez/2018.

Entendimento acerca Entendimento acerca das Entendimento quanto ao


Avaliação
dos itens palavras contidas nos itens preenchimento das respostas
N % N % N %
Bom 21 39,6 21 39,6 23 43,4
Muito bom 16 30,2 17 32,1 15 28,3
Regular 1 1,9 - - 1 1,9
Ruim 1 1,9 1 1,9 - -
Não informado 14 26,4 14 26,4 14 26,4
Total 53 100 53 100 53 100
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

CONCLUSÕES

O questionário elaborado foi fundamentado em um referencial teórico que contempla a


integralidade e dimensões dirigidas ao cuidado da saúde da mulher. É consistente e válido para
ser utilizado como instrumento de avaliação dos serviços da atenção primária e secundária de
saúde, no contexto da prevenção do câncer do colo do útero voltada a mulheres com deficiência
física. Os resultados obtidos com a aplicação deste instrumento poderão sensibilizar gestores a
qualificar os serviços de saúde pública e as práticas profissionais e torná-los mais efetivos no
atendimento dos usuários, inclusive de populações especiais como as mulheres com deficiência
física.

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detecção, o tratamento e o seguimento dos cânceres do colo uterino e de mama, no âmbito do
Sistema Único de Saúde - SUS", para assegurar o atendimento às mulheres com deficiência.
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49

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Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
38. Marconi MA, Lakatos EM. Fundamentos de Metodologia Científica. 5ª ed. São Paulo:
Editora Atlas S.A; 2003.
50

4.2 Manuscrito 2 – Avaliação do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física:


Rastreamento do câncer do colo do útero.

Artigo a ser submetido à revista Ciência & Saúde Coletiva. Área de Avaliação:
Interdisciplinar. Classificação: B1.
51

RASTREAMENTO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO ENTRE MULHERES COM


DEFICIÊNCIA FÍSICA: AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

SCREENING OF CANCER CERVICAL CANCER BETWEEN WOMEN WITH


PHYSICAL DEFICIENCY: EVALUATION OF HEALTH SERVICES

RESUMO:

Objetivou-se analisar como se dá o rastreamento do câncer do colo do útero nas mulheres com
deficiência física nos serviços de saúde da atenção básica. Trata-se de um estudo descritivo,
transversal, de abordagem quantitativa, realizado em 13 munícipios do estado do Rio Grande
do Sul. A amostra foi composta por 53 enfermeiros atuantes em serviços que oferecem
rastreamento do câncer do colo do útero, responsáveis pela coleta para exame citopatológico.
Para coleta de dados utilizou-se um questionário previamente validado, composto por quatro
domínios e 34 itens que avaliam os recursos humanos, recursos físicos, organização do serviço
e da assistência e a educação em saúde. O coeficiente alfa de Cronbach foi calculado para medir
a consistência interna dos itens do questionário. Quanto à pontuação dos escores do
questionário, obteve-se menor média no domínio 4 (educação em saúde) (35,2%) e maior média
no domínio 1 (recursos humanos) (90,1%). A consistência interna do questionário foi
considerada satisfatória (alfa de Cronbach igual a 0,841). Conclui-se que os quesitos
relacionados à educação permanente em saúde dos profissionais e a acessibilidade em estruturas
internas e instrumentais dos serviços precisam ser melhorados para a inclusão e integralidade
do cuidado à saúde mulher no contexto do rastreamento do câncer do colo do útero.

Palavras-Chave: Pessoas com Deficiência; Neoplasias do Colo do Útero; Atenção Primária à


Saúde; Prevenção e Controle.

ABSTRACT:

The objective was to analyze how the cervical cancer is traced in women with physical
disabilities in basic health services. This is a descriptive, cross-sectional, quantitative study
conducted in 13 municipalities of the state of Rio Grande do Sul. The sample consisted of 53
52

nurses working in services that provide cervical cancer screening, responsible for the collection
for cytopathological examination. To collect data, a previously validated questionnaire was
used, composed of four domains and 34 items that evaluate human resources, physical
resources, service organization and health care and education. Cronbach's alpha coefficient was
calculated to measure the internal consistency of the items in the questionnaire. Regarding the
score of the questionnaire scores, the lowest average was obtained in domain 4 (health
education) (35.2%) and the highest average in domain 1 (human resources) (90.1%). The
internal consistency of the questionnaire was considered satisfactory (Cronbach's alpha equal
to 0.841). It is concluded that the questions related to the permanent education in the health of
professionals and the accessibility in the internal and instrumental structures of the services
need to be improved for the inclusion and integrality of women's health care in the context of
cervical cancer screening.

Keywords: People with Disabilities; Cervical Neoplasms; Primary Health Care; Prevention
and Control.

INTRODUÇÃO

O câncer do colo do útero (CCU), terceiro tipo mais prevalente entre mulheres

brasileiras, possui uma estimativa de 16.370 novos casos para cada ano do biênio 2018-2019

no Brasil1. No mundo, a estimativa chega a 569.847 casos novos, sendo o quarto tipo de câncer

maligno mais prevalente nas mulheres2. Também chamado de câncer cervical, é causado pela

infecção persistente por tipos oncogênicos de Papilomavírus Humano (HPV), que causam

alterações celulares no epitélio do colo uterino3.

O controle de sua incidência pode ser realizado por meio da prevenção e da detecção

precoce. Para prevenção, ações como a vacinação, possuem a finalidade de prevenir as lesões

precursoras do câncer. Já a detecção precoce, visa identificar estas lesões antes que evoluam

para neoplasia, por meio do seu rastreamento4.

No Brasil, o rastreamento é considerado uma tecnologia da atenção primária à saúde, e

deve ser realizado através do exame Papanicolaou ou citopatológico, às mulheres com idade
53

entre 25 e 64 anos de idade. Este exame, oferecido na rede pública de saúde, envolve a atuação

de profissionais capacitados, como enfermeiros e médicos3,5.

Apesar da existência de programas e diretrizes5,6 que orientam os profissionais de saúde

quanto as ações de prevenção e detecção precoce do CCU, percebe-se lacunas a respeito

informações acerca do atendimento de mulheres que necessitam de assistência diferenciada e

acolhimento de suas especificidades, como por exemplo, mulheres com deficiência física, já

que estas também possuem o direito de realizar os exames de prevenção, tanto do colo do útero,

como de mamas7.

A importância da abrangência desta população no contexto, é verificada ao analisar

resultados do Censo 2010, onde 23,9% da população brasileira é constituída por pessoas que

possuem algum tipo de deficiência, sendo a deficiência física o tipo mais prevalente (18,6%).

Deste total, as mulheres com deficiência física constituem 8,5%8.

Neste sentido, a integralidade da atenção à saúde da mulher ainda apresenta fragilidades.

Em relação às mulheres com deficiência física, destaca-se a dificuldade de acesso estrutural

físico e instrumental para assisti-las adequadamente, assim como a falta de incentivo e preparo

dos profissionais de saúde para o atendimento deste grupo, sendo esta uma realidade não

somente no Brasil como em vários países do mundo9,10,11.

Portanto, o objetivo do estudo foi avaliar a organização dos serviços de saúde de

Atenção Primária e Secundária quanto às ações de prevenção e controle do Câncer do Colo do

Útero, voltadas às mulheres com deficiência física.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado em

serviços da Atenção Básica de Saúde de 13 munícipios do estado do Rio Grande do Sul,

pertencentes às 9ª (Cruz Alta), 17ª (Ijuí) e 19ª (26 municípios) Coordenadorias Regionais de
54

Saúde (CRS), após aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa (Pareceres de números

2.240.180 e 2.547.908), e integra a dissertação de mestrado da autora principal.

A população do estudo foi constituída por enfermeiros atuantes nos serviços incluídos

no estudo, todos atuantes no programa de rastreamento do câncer do colo do útero. O cálculo

amostral foi realizado com base no levantamento do número de profissionais no sistema online

do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) no período de abril a maio de

201812. Neste levantamento foram identificados 145 enfermeiros que constituíram a população

do estudo. Deste total, dois não aceitaram participar da pesquisa, três encontravam-se em

afastamento de suas atividades laborais e 87 não retornaram ao questionário utilizado na coleta

de dados da pesquisa. Assim, a população foi constituída por 53 enfermeiros.

Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento previamente validado por Técnica

Delphi, denominado “Questionário de Avaliação do Serviço de Saúde acerca do Atendimento

às Mulheres com Deficiência Física no Contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero”,

o qual foi disponibilizado aos participantes para autopreenchimento das respostas e retorno aos

pesquisadores em um período máximo de 30 dias. Tal instrumento possui a finalidade de avaliar

os serviços da atenção primária e secundária de saúde quanto ao atendimento de mulheres com

deficiência física motora na prevenção do câncer do colo do útero, organizado em 4 domínios

que avaliam: Recursos Humanos (domínio 1), Recursos Físicos (domínio 2), Organização do

Serviço e da Assistência (domínio 3) e Educação em Saúde (domínio 4), compondo um total de

34 itens objetivos, além de 2 questões subjetivas que abordam sobre a média e frequência de

atendimentos de mulheres com deficiência física, e sugestões para

implementação/fortalecimento da atenção à saúde dessas mulheres.

O instrumento utiliza Escala de Likert em todos os itens, escalado em cinco 05 pontos

(alternativas) para as respostas, que são valoradas, servindo como base para realizar o cálculo

dos escores: “com certeza sim” (valor = 5), “provavelmente sim” (valor = 4), “não sei/não
55

lembro” (valor = 3), “provavelmente não” (valor = 2) e “com certeza não” (valor = 1). Esses

valores são atribuídos aos itens que possuem conotação positiva, isto é, que ao apresentarem o

maior valor obtido, melhor será o resultado. Para os itens que possuem conotação inversa, os

valores também são invertidos: “com certeza sim” (valor = 1), “provavelmente sim” (valor =

2), “não sei/não lembro” (valor = 3), “provavelmente não” (valor = 4) e “com certeza não”

(valor = 5).

Ao final, todos os domínios são pontuados e o escore final de cada um é transformado

em uma escala linear de “zero a 100”, onde “zero” indica fragilidades quanto ao atendimento

de mulheres com deficiência para a prevenção do câncer do colo do útero, e “100” indica

qualidade no atendimento de mulheres com deficiência para a prevenção do câncer do colo do

útero. O cálculo dos escores foi realizado conforme manual de pontuação do instrumento.

Os dados obtidos foram tabulados e analisados no programa Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS) versão 25.0. Utilizou-se estatística descritiva com cálculo de frequência

absoluta (n) e percentual (%) para variáveis categóricas e medidas de posição e dispersão

(média, mediana, desvio padrão, valores mínimo e máximo) para as variáveis contínuas, além

do cálculo do coeficiente alfa de Cronbach para avaliação da consistência interna dos itens e

domínios do questionário.

RESULTADOS

A maioria dos participantes do estudo (77,3%) atua em serviços de saúde da atenção

básica e secundária dos municípios pertencentes a 9ª (n=19) e 17ª (n=22) CRS e 49,1% (n=26)

informaram que atendem anualmente mulheres com deficiência física no programa de

rastreamento do CCU de seus serviços. Outros 11,3% (n=6) e 1,9% (n=1) informaram que a

frequência de atendimento é semestral e mensal, respectivamente. Ao quantificar o número de


56

mulheres com deficiência física atendidas para rastreamento do câncer do colo do útero, 39,6%

(n=21) dos enfermeiros informaram atendimento de uma a três mulheres e 17,0% deles (n=9)

indicaram um atendimento de quatro ou mais mulheres. Ainda, 35,9% (n=19) dos participantes

indicaram não haver atendimento de mulheres com deficiência física no programa de

rastreamento desta doença.

Ao realizar o cálculo dos escores de pontuação de cada um dos domínios, com base no

Manual de Pontuação (Apêndice B) do instrumento utilizado na pesquisa, obteve-se maiores

médias nos domínios 1 (recursos humanos) e 3 (organização do serviço e da assistência), e

menores médias nos domínios 2 (recursos físicos) e 4 (educação em saúde), respectivamente

(Tabela 1). O valor do alfa de Cronbach (α) variou de 0,566 (domínio 3) a 0,863 (domínio 4),

e o instrumento foi considerado consistente de acordo com o valor global desta propriedade de

medida (α = 0,841) (Tabela 1).

Tabela 1. Estatística descritiva e alfa de Cronbach dos domínios do Questionário para Avaliação do Serviço
de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer
do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul, Brasil. Jun a dez/2018.
Alfa de
Domínio Média (DP) Mínimo Mediana Máximo
Cronbach*
1 – Recursos Humanos 67,1 (14,2) 15,0 75,0 75,0 0,783
2 – Recursos Físicos 48,5 (25,6) 0,0 50,0 100,0 0,651
3 – Organização do serviço e 62,7 (14,2) 31,2 64,6 95,8 0,566
da Assistência
4 – Educação em Saúde 35,2 (20,9) 0,0 33,9 80,3 0,863
Fonte: Dados da Pesquisa (2018)
*Valores de Referência: acima de 0,7 = ideal; 0,6 – 0,7 = satisfatórios (Hair et al., 200513; Souza et al
201714).

Quando verificada a correlação entre os domínios da avaliação do serviço de saúde e do

profissional enfermeiro acerca do atendimento às mulheres com deficiência física no contexto

da prevenção do câncer do colo do útero, constatou-se que existe uma correlação significativa

com p<0,05 entre todos os domínios, com exceção da relação entre “Educação em Saúde” e

“Recursos humanos” (p=0,261).


57

Ao analisar os resultados referentes as respostas dos itens Domínio 1 (recursos

humanos), 79,2% (n=42) dos entrevistados referiu haver nos serviços de atenção básica de

saúde onde atuam, agentes comunitários de saúde (ACS), ao menos um profissional enfermeiro

e um médico, bem como profissionais auxiliares/técnicos de enfermagem envolvidos com o

atendimento às pessoas com deficiência física, todos profissionais de saúde constituintes da

equipe básica da Estratégia de Saúde da Família (ESF)/ Unidade Básica de Saúde (UBS)

(Tabela 2).

Tabela 2. Frequência do Domínio 1 (Recursos Humanos) da Avaliação do Serviço de Saúde


acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer
do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul, Brasil. Jun a
dez/2018.

CCS* PS* NSNL PN* CCN*


*
1 – Recursos Humanos
N N N N N
(%) (%) (%) (%) (%)
a) Esse serviço possui profissionais agentes
comunitários de saúde envolvidos com o 42 4 - 3 4
acompanhamento às pessoas com deficiência (79,2) (7,5) - (5,7) (7,5)
física?
b) Esse serviço possui (pelo menos um) profissional
enfermeiro envolvido com o atendimento às
pessoas com deficiência física, responsável por 40 9 1 3 -
realizar a coleta para o Exame Citopatológico? (75,5) (17,0) (1,9) (5,7) -

c) Esse serviço possui profissionais


auxiliares/técnicos de enfermagem envolvidos com 43 7 - 2 1
o atendimento às pessoas com deficiência física? (81,1) (13,2) - (3,8) (1,9)

d) Esse serviço possui (pelo menos um) profissional


médico envolvido com o atendimento às pessoas 40 10 1 2 -
com deficiência física? (75,5) (18,9) (1,9) (3,8) -

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).


*CCS= Com certeza,sim; PS= Provavelmente, sim; NSNL= Não sei/Não lembro; PN=
Provavelmente, não; CCN= Com certeza, não.

Na Tabela 3, estão descritos os resultados referentes ao domínio 2 (recursos físicos). É

possível verificar que a maior parte dos participantes (62,3%; n=33) possuem estruturas físicas

de acesso, como rampas externas e portas adequadas (56,6%; n=30) para a passagem de pessoas

com deficiência física motora (ex. cadeirantes) nos serviços de saúde em que atuam (itens “a”

e “b”). Porém, foi indicado por 54,7% (n=29) dos entrevistados que não há disponibilidade de
58

salas adaptadas para o atendimento a mulheres nesta situação, nem banheiro e mesa

ginecológica adaptados (77,4%; n=41) para realizar o exame citopatológico (itens “c” e “d”).

Tabela 3. Frequência do Domínio 2 (Recursos Físicos) da Avaliação do Serviço de Saúde acerca


do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer do
Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul, Brasil. Jun a
dez/2018.
CCS* PS* NSNL* PN* CCN*
2 – Recursos Físicos N N N N N
(%) (%) (%) (%) (%)
a) O serviço possui rampas externas de acesso e
porta de entrada adequadas para o acesso de 33 9 - 1 10
pessoas com deficiência física motora? (62,3) (17,0) - (1,9) (18,9)

b) Nesse serviço existem aberturas (portas) nas


salas de atendimento adequadas para o acesso 30 11 1 2 9
de pessoas com deficiência física motora? (56,6) (20,8) (1,9) (3,8) (17,0)

c) Nesse serviço há disponibilidade de salas


adaptadas para atendimento com os profissionais 8 9 1 6 29
de saúde às mulheres com deficiência física (15,1) (17,0) (1,9) (11,3) (54,7)
motora?
d) O serviço possui sala de atendimento com
banheiro adaptado e mesa ginecológica adaptada 3 3 - 6 41
para a realização do Exame Citopatológico em (5,7) (5,7) _ (11,3) (77,4)
mulheres com deficiência física motora?
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).
*CCS= Com certeza,sim; PS= Provavelmente, sim; NSNL= Não sei/Não lembro; PN=
Provavelmente, não; CCN= Com certeza, não.

Relativo ao domínio 3 (organização do serviço e da assistência), identificou-se que a

maior parte dos serviços em que os entrevistados atuam não possui horários alternativos de

atendimento para a população em geral, incluindo mulheres com deficiência física (item “a”).

No entanto, há agendamento para consultas de enfermagem e realização do exame

citopatológico (item “b”). Em contrapartida, obteve-se fator negativo em questões de escore

reverso, tais como o item “j” e item “k”, por 39,6% (n=21) e 54,7% (n=29) dos participantes,

respectivamente ao referir situação de não realização do exame citopatológico ou ter ocorrido

alguma intercorrência durante o exame, respectivamente (Tabela 4).


59

Tabela 4. Frequência do Domínio 3 (Organização do Serviço e da Assistência) da Avaliação


do Serviço de Saúde acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto
da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio
Grande do Sul, Brasil. Jun a dez/2018.

CCS* PS* NSNL* PN* CCN*


3 – Organização do Serviço e da
Assistência N N N N N
(%) (%) (%) (%) (%)
a) Esse serviço possui horário alternativo para
10 6 1 9 27
realizar atendimentos? (exemplo: terceiros
(18,9) (11,3) (1,9) (17,0) (50,9)
turnos)
b) Esse serviço possui agenda para consultas de
48 3 - 1 1
enfermagem e para realizar o Exame
(90,6) (5,7) - (1,9) (1,9)
Citopatológico?
c) Há no serviço de saúde um sistema
informatizado contendo informações sobre o 38 9 - 3 3
atendimento dos usuários (como consultas (71,7) (17,0) - (5,7) (5,7)
agendadas, faltas ao serviço)?
d) No seu serviço, a demanda das mulheres com
deficiência física motora para a realização do 21 16 2 7 7
Exame Citopatológico, acontece de forma (39,6) (30,2) (3,8) (13,2) (13,2)
“espontânea”?
e) No seu serviço, a demanda das mulheres com
deficiência física motora para a realização do 16 16 4 9 8
Exame Citopatológico, acontece por meio de (30,2) (30,2) (7,5) (17,0) (15,1)
busca ativa pela equipe de saúde?
f) No seu serviço, a demanda das mulheres com
deficiência física motora para a realização do 13 14 4 8 14
Exame Citopatológico, acontece por meio de (24,5) (26,4) (7,5) (15,1) (26,4)
encaminhamento pelo médico da ESF?
g) No seu serviço, a demanda das mulheres com
deficiência física motora para a realização do 6 6 6 16 19
Exame Citopatológico, acontece por meio de (11,3) (11,3) (11,3) (30,2) (35,8)
encaminhamento por médico de outro serviço?
h) Quando há o atendimento das mulheres com
deficiência física motora para realizar o Exame 24 21 5 - 3
Citopatológico, estas são acomodadas em (45,3) (39,6) (9,4) - (5,7)
posição ginecológica?
i) Quando há o atendimento das mulheres com
deficiência física motora para realizar o Exame
Citopatológico, existe a necessidade de outros 11 9 6 18 9
equipamentos para improvisar uma posição (20,8) (17,0) (11,3) (34,0) (17,0)
adequada para realizar o Exame
Citopatológico?**
j) Já houve situação em que não foi possível o
atendimento de mulheres com deficiência física 21 5 12 7 8
motora para a realização do Exame (39,6) (9,4) (22,6) (13,2) (15,1)
Citopatológico?**
k) Já houve alguma intercorrência durante a
realização do Exame Citopatológico nas
29 5 11 4 4
mulheres com deficiência física motora?
(54,7) (9,4) (20,8) (7,5) (7,5)
(exemplo: não realização da coleta, desconforto
físico ou emocional da mulher, quedas, etc...)**
l) Você tem conhecimento e adota as orientações
específicas para realizar a coleta do Exame 18 16 5 3 11
Citopatológico em mulheres com deficiência (34,0) (30,2) (9,4) (5,7) (20,8)
física motora?
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).
*CCS= Com certeza, sim; PS= Provavelmente, sim; NSNL= Não sei/Não lembro; PN=
Provavelmente, não; CCN= Com certeza, não; **Escore reverso.
60

Referente à Educação em Saúde (domínio 4), os resultados demonstram que a maioria

dos profissionais enfermeiros não eram ou foram capacitados para realizar o exame

citopatológico em mulheres com deficiência física em seus locais de trabalho (itens “a” e “b”),

porém, são realizadas ações em educação à saúde quanto à prevenção do câncer do colo do

útero com as mulheres em geral (item “c”) (Tabela 5).

Ainda relativo ao domínio 4, quanto ao conhecimento da Lei nº13.362, de 23 de

novembro de 20167, mencionada nos itens “e”, “f”, “g”, “h” e “i”, a maior parte dos

enfermeiros referiram não possuir conhecimento dessa lei, nem acesso através de meios

eletrônicos e/ou capacitações, ou através de outros profissionais. Um maior número dos

entrevistados também não obteve orientações específicas para realizar a coleta do exame

citopatológico em mulheres com deficiência física motora em sua formação profissional

(graduação/pós-graduação), nem por meio de informações contidas em documentos de cunho

científico (itens “m” e “n”) (Tabela 5).

Tabela 5. Frequência do domínio 4 (Educação em Saúde) da Avaliação do Serviço de Saúde


acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no contexto da Prevenção do Câncer
do Colo do Útero. Enfermeiros da Atenção Básica de Saúde do Rio Grande do Sul, Brasil. Jun a
dez/2018.

CCS* PS* NSNL* PN* CCN*


4 - Educação em Saúde N N N N N
(%) (%) (%) (%) (%)
a) Você já era capacitado para o atendimento às
5 8 2 7 31
pessoas com deficiência física ao ingressar neste
(9,4) (15,1) (3,8) (13,2) (58,5)
serviço?
b) Você foi ou é capacitado para realizar o Exame
Citopatológico em mulheres com deficiência 3 4 3 9 34
física motora após já estar atuando neste serviço? (5,7) (7,5) (5,7) (17,0) (64,2)

c) São realizadas ações de educação em saúde


abordando prevenção do câncer do colo do útero 39 8 - 3 3
às mulheres atendidas no serviço? (73,6) (15,1) - (5,7) (5,7)

d) São realizadas ações de educação em saúde


abordando prevenção do câncer do colo do útero 7 9 2 15 20
voltadas às mulheres com deficiência física (13,2) (17,0) (3,8) (28,3) (37,7)
motora?
e) Você possui conhecimento acerca da Lei nº
13.362, de 23 de novembro de 2016, que institui o 15 9 4 8 17
acesso a exames preventivos (mama e colo de ((28,3) (17,0) (7,5) (15,1) (32,1)
útero) as mulheres com deficiência física?
f) Teve acesso às informações da Lei citada na
questão anterior, através de meios de comunicação 10 7 8 9 19
(mídia digital, impressa, rádio, televisão, outros)? (18,9) (13,2) (15,1) (17,0) (35,8)
61

g) Teve acesso às informações da Lei citada na


questão anterior, através de capacitações, 3 2 5 10 33
seminários, congressos ou palestras? (5,7) (3,8) (9,4) (18,9) (62,3)

h) Teve acesso às informações da Lei citada na


5 4 6 10 28
questão anterior, através de relatos de outros
(9,4) (7,5) (11,3) (18,9) (52,8)
profissionais?
i) Teve acesso às informações da Lei citada na
questão anterior, durante sua formação (graduação 4 1 5 9 34
e/ou pós-graduação? (7,5) (1,9) (9,4) (17,0) (62,2)
j) São realizadas discussões dos casos de pessoas
com deficiência física motora, usuárias deste 15 19 1 10 8
serviço, pela equipe de profissionais da saúde? (28,3) (35,8) (1,9) (18,9) (15,1)

k) Teve acesso, por meio de capacitações,


seminários, congressos ou palestras, às
4 5 1 14 29
orientações específicas para realizar a coleta o
(7,5) (9,4) (1,9) (26,4) (54,7)
Exame Citopatológico em mulheres com
deficiência física motora?
l) Teve acesso, por meio de experiências relatadas
por outros profissionais, às orientações específicas 5 11 3 13 21
para realizar a coleta o Exame Citopatológico em (9,4) (20,8) (5,7) (24,5) (39,6)
mulheres com deficiência física motora?

m) Teve acesso, durante sua formação (graduação


e/ou pós-graduação), às orientações específicas 4 4 4 8 33
para realizar a coleta o Exame Citopatológico em (7,5) (7,5) (7,5) (15,1) (62,3)
mulheres com deficiência física motora?
n) Teve acesso, por meio de busca de informações
disponibilizadas em documentos e estudos
científicos, às orientações específicas para realizar 13 12 2 6 20
a coleta o Exame Citopatológico em mulheres com (24,5) (22,6) (3,8) (11,3) (37,7)
deficiência física motora?
Fonte: Dados da Pesquisa (2018).
*CCS= Com certeza,sim; PS= Provavelmente, sim; NSNL= Não sei/Não lembro; PN=
Provavelmente, não; CCN= Com certeza, não.

DISCUSSÃO

O conhecimento acerca da funcionalidade dos serviços de saúde é um importante

instrumento de apoio às decisões necessárias para melhorar a dinâmica dos mesmos, com o

objetivo de oferecer maior qualidade da assistência à população15. No presente estudo, foram

identificados aspectos concernentes a esta finalidade, no que tange ao rastreamento do câncer

do colo do útero entre mulheres com deficiência física.

O conhecimento da população atendida pelos serviços de saúde também é essencial para

o planejamento de ações e intervenções conforme a necessidade apresentada pela realidade.

Neste sentido, ao responderem questões quanto a frequência e a média de mulheres com


62

deficiência física que realizam o rastreamento do câncer do colo do útero nos serviços, a maior

parte dos entrevistados (49,1%; n=26) refere uma frequência anual. Porém, um baixo número

de mulheres com deficiência física (entre 1-3 e 4 ou mais) que realizam o exame citopatológico

(39,6%; n=21) e 17,0% (n=9) dos enfermeiros, respectivamente. Fatores como a falta de busca

ativa pelos profissionais de saúde, a inacessibilidade aos serviços, ou até mesmo a falta de

informações da necessidade da realização deste exame por esta população, são barreiras que as

mulheres podem vir a encontrar16, e explicam os resultados observados em nossa pesquisa.

Referente às médias de pontuação dos domínios (Tabela 1), os resultados obtidos,

indicam que os serviços de atenção básica foram melhor pontuados quanto aos recursos

humanos (domínio 1) (67,1%), e na organização do serviço e da assistência (62,7%). Ferreira e

colaboradores (2018)17 demonstram em seu estudo a importância do planejamento em equipe.

As ações de saúde a serem desenvolvidas com a população, com um número suficiente de

profissionais para planejar as intervenções, garantem a horizontalidade e concretização das

mesmas.

As maiores dificuldades/fragilidades são apontadas nos recursos físicos dos serviços,

que obteve um escore de 48,5 pontos, e na educação em saúde (escore de 35,2 pontos).

Conforme Amorim e colaboradores (2018)18, muitos serviços de saúde pública ainda

apresentam problemas quanto à adequabilidade dos recursos físicos no atendimento, não

somente às mulheres com deficiência física motora, como todas as pessoas que possuem algum

tipo de deficiência. Além disso, a educação permanente em saúde também não é adotada ou

priorizada como uma estratégia para a melhoria da qualidade da assistência em muitos

serviços19.

Quanto aos recursos humanos (domínio 1), verificou-se que os serviços onde os

participantes atuam, possuem uma equipe de atenção básica de saúde disponível evidenciados

nos itens “a”, “b”, “c” e “d” (Tabela 2). Para que uma Estratégia de Saúde da Família (ESF)
63

efetive seu funcionamento, é necessário haver a composição de uma equipe mínima: médico,

enfermeiro, auxiliar/técnico de enfermagem, ACS, odontologista e auxiliar de saúde bucal 20.

Porém, entende-se que os profissionais mais envolvidos com a prevenção e controle do câncer

do colo do útero, são aqueles identificados no instrumento utilizado na pesquisa (médico,

enfermeiro, auxiliar/técnico de enfermagem e ACS), tanto na atenção primária, como

secundária de saúde6. Sendo assim, os resultados obtidos, são positivos.

No que concerne a organização do serviço e da assistência (domínio 3), identificou-se

que a maioria dos serviços não possuem horários alternativos de atendimento para a população

(50,9%), apesar de haver agendamento para consultas de enfermagem e realização do exame

citopatológico (90,6%) (Tabela 4). Esta é uma realidade em muitos serviços de atenção básica

de saúde no Brasil, que restringe o acesso ao atendimento de determinadas mulheres, e contribui

para uma baixa cobertura do rastreamento do câncer do colo do útero21,22.

Em relação à avaliação do atendimento as mulheres com deficiência física para o exame

citopatológico (Tabela 4), grande parte dos enfermeiros referiram que já houveram

intercorrências durante o exame (54,7%) e situações em que não foi possível efetuar a coleta

(39,6%), apesar de conseguir posicionar as mulheres em posição ginecológica (45,3%). A falta

de equipamentos adequados, como por exemplo, mesa ginecológica adaptada, para realizar o

exame citopatológico, torna-se uma barreira para sua realização, diferente do encontrado no

estudo de Halcomb et al (2018)23, realizado na Austrália, onde mesas ginecológicas elétricas

são utilizadas para o atendimento.

A partir dos resultados obtidos no Domínio 2 (Tabela 3), é possível verificar que existem

dificuldades na adaptação dos recursos físicos, relacionadas, principalmente, as estruturas

físicas internas adaptadas (salas, salas com banheiro e mesa ginecológica adaptados),

evidenciadas no item “c” (54,7%) e no item “d” (77,4%), assim como identificado no estudo

norte-americano de Hanlon e Payne (2018)10. Tal situação pode ser considerada como uma das
64

principais barreiras para garantir a atenção à saúde das mulheres com deficiência física na

atenção básica de saúde, incluindo o atendimento à prevenção do câncer do colo do útero10,24,25.

Não somente no Brasil, como em outros países da América Latina, e também em países

desenvolvidos, esta realidade ainda é constatada, e pode ser evidenciada pelos baixos números

e taxas encontradas relacionadas às mulheres com deficiência física que realizam o exame de

Papanicolaou como procedimento preventivo do câncer do colo do útero26,27,28. Como apresenta

o estudo de Sakellariou e Rotarou (2017)26, realizado no Chile, que identificou uma menor

probabilidade (1,4 vezes) das mulheres com deficiência física realizarem o exame de

Papanicolaou em relação às mulheres sem deficiência. Nos Estados Unidos, essas diferenças

foram apresentadas ao identificar uma diminuição do percentual das taxas de exames de

Papanicolaou entre mulheres com deficiência no período de 1998 e 2010 (82,7% em 1998 para

78,4% em 2010)27, assim como no estudo de Steele e colaboradores (2017)28, em que mulheres

com limitações de mobilidade tiveram menor prevalência de realização do rastreio do câncer

do colo do útero do que aquelas sem limitações.

Ainda sobre aspectos identificados no domínio 2 (recursos físicos) (Tabela 3), apesar de

estudos demonstrarem que a dificuldade ou inexistência de acesso aos serviços de saúde por

pessoas com deficiência física (como exemplo, rampas e portas) ainda são realidades comuns

e frequentes encontradas18,25, na presente pesquisa a maioria dos entrevistados (62,3% - item

“a” e 56,6% - item “b”, respectivamente) não considerou esta como sendo principal barreira

enfrentada nos serviços em que atuam (Tabela 3).

Quando analisados aspectos relacionados ao domínio 4 (educação em saúde), percebe-

se que ainda há falta de incentivos na educação permanente dos profissionais quanto à temática,

evidenciados nos itens “a”, “b”, “g”, “h”, “i”, “k” e “m” (Tabela 5). Tal resultado corrobora

com os estudos de Merten e colaboradores (2015)29 e Amorim e colaboradores (2018)18, os

quais apontam a necessidade de treinamentos/capacitações e educação em saúde permanente,


65

tanto acerca do rastreamento do câncer em pacientes com deficiências, como sobre atendimento

em geral de todas as pessoas que possuam deficiência. Esta qualificação facilitaria não somente

o atendimento por parte dos profissionais, como também, o entendimento dos próprios

pacientes sobre a importância de realizar procedimentos para o cuidado de sua saúde.

Estudo acerca do atendimento de mulheres com deficiência física no exame

citopatológico23, concluiu que 33,9% dos enfermeiros entrevistados possuíam treinamento

sobre como atender pessoas com deficiência física, a maioria obtida em cursos de curta duração.

Isso permite um atendimento integral e qualificado a essa população.

Ademais, faz-se necessário incentivar a realização do exame Papanicolaou também nas

mulheres com deficiência física. Para isso, uma atenção especial deve ser dada aos

determinantes sociais tais como as barreiras encontradas no sistema de saúde, dentro dos

serviços4. Neste processo, algumas das mudanças que necessitam ser realizadas, estão a

educação permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a prevenção do câncer do colo

do útero, principalmente enfermeiros, que nos serviços de atenção básica são os principais

profissionais implicados no exame de Papanicolaou.

CONCLUSÃO

Foram avaliados serviços de saúde de níveis primário e secundários, através das

respostas de profissionais enfermeiros atuantes nos mesmos, acerca da organização e

assistência prestada, assim como os recursos humanos e físicos oferecidos para o atendimento

às mulheres com deficiência física no contexto da prevenção e controle do CCU.

Faz-se pertinente a discussão acerca da educação permanente em saúde dos profissionais

envolvidos nas atividades de promoção e prevenção do câncer do colo do útero, como também

no diagnóstico precoce da doença, através do rastreamento. A atenção de saúde as mulheres


66

com deficiência física neste contexto, deve ser garantida, já que são consideradas uma

população especial, por apresentar singularidades que necessitam ser respeitadas e atendidas de

forma humanizada.

Para garantir o atendimento destas mulheres, o acesso estrutural físico externo (rampas,

portas adaptadas) ou interno (mesa ginecológica adaptada) deve ser assegurado nos serviços de

saúde de todos os níveis de atenção, principalmente no nível primário, que é porta de entrada

para assistência a toda a população. Deste modo, sugere-se mais incentivos governamentais e

mudanças nas políticas e diretrizes da saúde da mulher, em que as mulheres com deficiência

física possam ser citadas como uma população especial, garantindo seus direitos já descritos

em lei.

Sugere-se, para futuros estudos, a obtenção de dados referentes à caracterização sócio

demográfica dos entrevistados, tais como o perfil profissional, tempo de trabalho, tempo de

formação, entre outros, os quais não foram objeto de investigação na presente pesquisa.

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for people with disabilities: A literature review. Disability and Health Journal. 2015; 8: 9-16.
69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta dissertação foram apresentados e discutidos aspectos relativos à avaliação dos


serviços de saúde na atenção básica, tais como sua organização e assistência, os recursos
humanos e físicos, e a educação em saúde dos profissionais envolvidos com o rastreamento do
câncer do colo do útero no tange o atendimento de mulheres com deficiência física. Além disso,
foi apresentado o processo de elaboração e validação do instrumento utilizado na pesquisa.
Identificou-se a complexidade envolvida no processo de construção e validação de
instrumentos científicos e a importância deste para a obtenção de resultados precisos e de
confiabilidade. O questionário validado possibilitou uma estratégia de avaliação dos serviços
de saúde quanto ao atendimento das mulheres com deficiência física no contexto da prevenção
do câncer do colo do útero na atenção primária e secundária, e sua utilização é considerada
consistente e válida (manuscrito 1).
Ao realizar a avaliação de serviços de saúde (manuscrito 2), os resultados indicaram que
os serviços de atenção básica foram melhor pontuados quanto aos recursos humanos e
organização do serviço e da assistência. Porém, na Educação em Saúde, identificou-se que a
maioria dos profissionais não teve nenhum tipo de informações durante a graduação/pós-
graduação, ou capacitações, relativas ao atendimento de mulheres com deficiência física no
rastreamento do câncer do colo do útero. Esse fato demonstra fragilidades na qualificação e dos
mesmos para com o atendimento e manejo desta população.
Outra fragilidade identificada foi em relação aos recursos físicos. A falta de
equipamentos e estruturas internas adaptados, tais como portas e salas com banheiros
adequados, para executar o exame citopatológico nas mulheres com deficiência física foram
itens referidos pelos entrevistados. Esses fatores representam barreiras de acesso ao
atendimento, tendo como consequência a baixa realização do exame por esta população.
Quanto às limitações da pesquisa, uma das maiores dificuldades refere-se ao número
amostral obtido, devido à baixa participação dos profissionais enfermeiros. Apesar disso,
entende-se que este trabalho pode contribuir tanto para fins científicos, como para discussão e
atualização de políticas públicas voltadas à saúde da mulher, já que o estudo, - que avalia os
serviços de saúde quanto ao atendimento das mulheres com deficiência física -, é pioneiro na
70

área das pesquisas sobre o rastreamento de câncer cervical, pois não há na literatura,
instrumentos semelhantes. Com isso, sugere-se a realização de mais estudos relacionados ao
tema.
Além disso, compreendemos que os resultados apresentados e discutidos também
podem ser úteis para sensibilizar os profissionais que atuam nos serviços de saúde de atenção
básica, envolvidos no atendimento às mulheres com deficiência física, bem como os órgãos
responsáveis pelos programas e políticas de saúde da mulher, a incluir uma abordagem
específica, principalmente, relacionada ao manejo de atendimento com esta população.
Sensibilizar também os órgãos públicos, para que possam aplicar e subsidiar investimentos na
estrutura física dos serviços de saúde e de equipamentos especiais para a realização dos exames
ginecológicos nestas mulheres.
71

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76

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77

APÊNDICE A – Questionário de Avaliação do Serviço de Saúde Acerca do


Atendimento às Mulheres com Deficiência Física no Contexto da Prevenção
do Câncer do Colo do Útero

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE ACERCA DO ATENDIMENTO ÀS MULHERES COM


DEFICIÊNCIA FÍSICA NO CONTEXTO DA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

........................................................................................................................................................................

Instruções Importantes:
As perguntas neste questionário buscam avaliar como está a organização dos serviços de saúde de Atenção
Primária e Secundária quanto às ações de prevenção e controle do Câncer do Colo do Útero, voltadas às mulheres
com deficiência física motora. Antes de começar a respondê-las, leia as explicações abaixo para entender melhor
como abordar os tipos de perguntas que você encontrará, além de uma breve conceituação do sujeito principal
das questões (mulheres com deficiência física motora):
1. Você encontrará algumas perguntas voltadas à organização dos Recursos Humanos e Recursos Físicos nos
serviços de saúde.

Para responder as questões referentes a este assunto, pense nos profissionais atuantes no serviço de saúde em
que você está inserido, incluindo o profissional enfermeiro, e naqueles que podem ou que realizam atendimentos
às pessoas/mulheres com deficiência física. Pense também em como o serviço de saúde em que atua está
organizado quanto à estrutura física, acessibilidade, instrumentos e equipamentos adaptados para a realização
do exame citopatológico em mulheres com deficiência física.

2. Você encontrará algumas questões voltadas à Organização, Assistência e Educação em Saúde dos serviços.

Para responder as questões referentes a este assunto, pense em como se organiza o serviço de saúde em que
atua, quanto ao atendimento às mulheres com deficiência física na prevenção e controle do câncer do colo do
útero, e também quanto a educação continuada oferecida aos profissionais de saúde.

3. Breve Conceituação – Deficiência Física Motora

Refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor, que compreende o sistema osteoarticular, o sistema


muscular e o sistema nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer sistemas, isoladamente ou em
conjunto, podem produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo os segmentos
corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida.

................................................................................................................................................

O questionário é constituído por 4 domínios. As perguntas apresentam 5 opções de resposta que variam de: Com
certeza, sim (maior afirmativa) e Com certeza, não (maior negativa). Marque apenas uma alternativa em cada
questão.

O questionário ainda possui 2 questões dissertativas para indicação do número estimado de mulheres com
deficiência física, atendidas para o exame citopatológico e sugestões para implementação/fortalecimento do
atendimento destas mulheres para prevenção do câncer do colo no serviço.
78

1. As questões a seguir abordam aspectos relacionados aos RECURSOS HUMANOS


encontrados no serviço de saúde em que atua.

Com Com
Provavelmente Não sei/não Provavelmente
certeza certeza
sim lembro não
sim não
a. Esse serviço possui profissionais
agentes comunitários de saúde
envolvidos com o 5 4 3 2 1
acompanhamento às pessoas com
deficiência física?

b. Esse serviço possui (pelo menos


um) profissional enfermeiro
envolvido com o atendimento às
pessoas com deficiência física, 5 4 3 2 1
responsável por realizar a coleta
para o Exame Citopatológico?

c. Esse serviço possui profissionais


auxiliares/técnicos de
enfermagem envolvidos com o 5 4 3 2 1
atendimento às pessoas com
deficiência física?

d. Esse serviço possui (pelo menos


um) profissional médico
envolvido com o atendimento às 5 4 3 2 1
pessoas com deficiência física?

2. As questões a seguir abordam aspectos relacionados aos RECURSOS FÍSICOS encontrados


no serviço de saúde em que atua.
Com Com
Provavelmente, Não sei/Não Provavelmente,
certeza, certeza,
Sim lembro não
sim não
a. O serviço possui rampas externas
de acesso e porta de entrada 5 4 3 2 1
adequadas para o acesso de pessoas
com deficiência física motora?

b. Nesse serviço existem aberturas


(portas) nas salas de atendimento 5 4 3 2 1
adequadas para o acesso de pessoas
com deficiência física motora?
c. Nesse serviço há disponibilidade
de salas adaptadas para
atendimento com os profissionais 5 4 3 2 1
de saúde às mulheres com
deficiência física motora?
79

d. O serviço possui sala de


atendimento com banheiro
adaptado e mesa ginecológica
adaptada para a realização do 5 4 3 2 1
Exame Citopatológico em
mulheres com deficiência física
motora?

3. As questões a seguir abordam aspectos relacionados à ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO E DA


ASSISTÊNCIA, encontrados no serviço de saúde em que atua.
Com Com
Provavelmente Não sei/não Provavelmente
certeza, certeza,
sim lembro não
sim não
a. Esse serviço possui horário
alternativo para realizar 5 4 3 2 1
atendimentos? (exemplo:
terceiros turnos)

b. Esse serviço possui agenda para


consultas de enfermagem e para
realizar o Exame Citopatológico? 5 4 3 2 1

c. Há no serviço de saúde um
sistema informatizado contendo
informações sobre o atendimento 5 4 3 2 1
dos usuários (como consultas
agendadas, faltas ao serviço)?
d. No seu serviço, a demanda das
mulheres com deficiência física
motora para a realização do 5 4 3 2 1
Exame Citopatológico, acontece
de forma “espontânea”?
e. No seu serviço, a demanda das
mulheres com deficiência física
motora para a realização do 5 4 3 2 1
Exame Citopatológico, acontece
por meio de busca ativa pela
equipe de saúde?
f. No seu serviço, a demanda das
mulheres com deficiência física
motora para a realização do 5 4 3 2 1
Exame Citopatológico, acontece
por meio de encaminhamento
pelo médico da ESF?

g. No seu serviço, a demanda das


mulheres com deficiência física
motora para a realização do
Exame Citopatológico, acontece 5 4 3 2 1
por meio de encaminhamento por
médico de outro serviço?
80

h. Quando há o atendimento das


mulheres com deficiência física
motora para realizar o Exame 5 2 3 2 1
Citopatológico, estas são
acomodadas em posição
ginecológica?

i. Quando há o atendimento das x


mulheres com deficiência física
motora para realizar o Exame
Citopatológico, existe a
necessidade de outros 1 2 3 4 5
equipamentos para improvisar
uma posição adequada para
realizar o Exame Citopatológico?

j. Já houve situação em que não foi x


possível o atendimento de
mulheres com deficiência física
motora para a realização do 1 2 3 4 5
Exame Citopatológico?

k. Já houve alguma intercorrência x


durante a realização do Exame
Citopatológico nas mulheres com
deficiência física motora? 1 2 3 4 5
(exemplo: não realização da
coleta, desconforto físico ou
emocional da mulher, quedas,
etc...)

l. Você tem conhecimento e adota as


orientações específicas para
realizar a coleta do Exame 5 4 3 2 1
Citopatológico em mulheres com
deficiência física motora?

4. As questões a seguir abordam aspectos relacionados à EDUCAÇÃO EM SAÚDE, encontrada


no serviço de saúde em que atua.
Com Com
Provavelmente Não sei/não Provavelmente
certeza, certeza,
sim lembro não
sim não
a. Você já era capacitado para o
atendimento às pessoas com 5 4 3 2 1
deficiência física ao ingressar neste
serviço?

b. Você foi ou é capacitado para realizar


o Exame Citopatológico em mulheres
com deficiência física motora após já 5 4 3 2 1
estar atuando neste serviço?

c. São realizadas ações de educação em


saúde abordando prevenção do
câncer do colo do útero às mulheres 5 4 3 2 1
atendidas no serviço?
81

d. São realizadas ações de educação em


saúde abordando prevenção do
câncer do colo do útero voltadas às 5 4 3 2 1
mulheres com deficiência física
motora?
e. Você possui conhecimento acerca da
Lei nº 13.362, de 23 de novembro de
2016, que institui o acesso a exames 5 4 3 2 1
preventivos (mama e colo de útero)
as mulheres com deficiência física?

f. Teve acesso às informações da Lei


citada na questão anterior, através de
meios de comunicação (mídia digital, 5 4 3 2 1
impressa, rádio, televisão, outros)?
g. Teve acesso às informações da Lei
citada na questão anterior, através de 5 4 3 2 1
capacitações, seminários, congressos
ou palestras?
h. Teve acesso às informações da Lei
citada na questão anterior, através de 5 4 3 2 1
relatos de outros profissionais?

i. Teve acesso às informações da Lei


citada na questão anterior, durante
sua formação (graduação e/ou pós- 5 4 3 2 1
graduação?
j. São realizadas discussões dos casos
de pessoas com deficiência física
motora, usuárias deste serviço, pela 5 4 3 2 1
equipe de profissionais da saúde?
k. Teve acesso, por meio de
capacitações, seminários, congressos
ou palestras, às orientações
específicas para realizar a coleta o 5 4 3 2 1
Exame Citopatológico em mulheres
com deficiência física motora?
l. Teve acesso, por meio de
experiências relatadas por outros
profissionais, às orientações
específicas para realizar a coleta o 5 4 3 2 1
Exame Citopatológico em mulheres
com deficiência física motora?
m. Teve acesso, durante sua formação
(graduação e/ou pós-graduação), às
orientações específicas para realizar a 5 4 3 2 1
coleta o Exame Citopatológico em
mulheres com deficiência física
motora?
n. Teve acesso, por meio de busca de
informações disponibilizadas em
documentos e estudos científicos, às 5 4 3 2 1
orientações específicas para realizar a
coleta o Exame Citopatológico em
mulheres com deficiência física
motora?
82

5. QUESTÕES DISSERTATIVAS

a. Qual a média aproximada do atendimento de mulheres com deficiência física para realização de exame
citopatológico?

( ) Semanal Quantas?: ___________________


( ) Mensal Quantas?: ___________________
( ) Semestral Quantas?: ___________________
( ) Anual Quantas?: ___________________
( ) Não há atendimento

b. Indique sugestões para a implementação/fortalecimento do atendimento de mulheres com deficiência física


para prevenção do câncer do colo no serviço.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
83

APÊNDICE B – Manual de Pontuação do Questionário de Avaliação do


Serviço de Saúde Acerca do Atendimento às Mulheres com Deficiência
Física no Contexto da Prevenção do Câncer do Colo do Útero

MANUAL DE PONTUAÇÃO

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE E DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO


ACERCA DO ATENDIMENTO ÀS MULHERES COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NO CONTEXTO DA
PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO

Domínios avaliados pelo questionário:


1. Recursos humanos - 4 itens
2. Recursos físicos - 4 itens
3. Organização do serviço e da assistência - 12 itens
4. Educação em Saúde - 14 itens

Descrição da pontuação

Todos os domínios são pontuados e o escore final de cada um é transformado em uma


escala linear de 0 a 100, onde 0 indica fragilidades quanto ao atendimento de mulheres com
deficiência para a prevenção do câncer do colo do útero, e 100 indica qualidade no
atendimento de mulheres com deficiência para a prevenção do câncer do colo do útero.

• Atribua um valor para todas as respostas, item por item, como anotado abaixo. A
maioria dos itens será valorada usando o Código A, alguns serão valorados usando o
Código B.

Opção de Resposta Código A Código B

Com certeza, sim 5 1


Provavelmente, sim 4 2
Não sei/não lembro 3 3
Provavelmente, não 2 4
Com certeza, não 1 5

• Use o Código A para os seguintes itens: 1a, 1b, 1c, 1d; 2a, 2b, 2c, 2d; 3a, 3b, 3c, 3d, 3e,
3f, 3g, 3h, 3l; 4a, 4b, 4c, 4d, 4e, 4f, 4g, 4h, 4i, 4j, 4k, 4l, 4m, 4n.

• Use o Código B para os seguintes itens: 3i, 3j, 3k.

Para realizar o cálculo dos valores dos itens de cada domínio:


84

• Se a resposta para um item em um domínio não estiver completa (faltando), esta deve
ser substituída pela média dos valores considerados para os outros itens que estão
completos (desde que pelo menos metade dos itens tenha sido completada). Por exemplo,
se um item de um domínio de quatro itens não está completo, e os valores considerados
para os outros são "1," "2," e "4," o valor da média a ser considerada para o item que está
faltando é "2.33." Se mais da metade dos itens de um domínio não está completa, nenhuma
substituição deve ser feita e o escore final para essa dimensão deve ser considerado
perdido.

• Some os valores atribuídos para todos os itens de um domínio para conseguir o valor
total do escore desse domínio, (abaixo, o valor do escore total considerado para o domínio
Recursos Humanos será indicado pelo termo “RH”, Recursos Físicos por “REFI”,
Organização do Serviço e da Assistência “ORGSERV”, e Educação em Saúde por “EDUCSA”).

Transforme o valor do escore total considerado para cada domínio, para uma escala
de 0 a 100 usando a seguinte fórmula:

1. Recursos humanos: RH100 = (100/(20-4))*(RH-4)


Onde RH é o valor total do escore atribuído para o domínio Recursos humanos.

2. Recursos físicos: REFI100 = (100/(20-4))*(REFI-4)


Onde REFI é o valor total do escore atribuído para o domínio Recursos físicos.

3. Organização do serviço e da assistência: ORGSERV100 = (100/(60-12))*( ORGSERV


-12)
Onde ORGSERV é o valor total do escore atribuído para o domínio Organização do
serviço e da assistência.

4. Educação em Saúde: EDUCSA100 = (100/(70-14))*( EDUCSA-14)


Onde EDUCSA é o valor total do escore atribuído para o domínio Educação em Saúde.
85

ANEXO I – Pareceres de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)


86
87
88
89
90
91
92

ANEXO II – Normas da Revista “Cadernos de Saúde Pública” para


publicação do “Manuscrito 1”
93
94
95
96

ANEXO III – Normas da Revista “Ciência & Saúde Coletiva” para


publicação do “Manuscrito 2”
97
98
99
100

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