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ENSINAMENTOS PARA ESTUDO

ABRIL/2020

SUMÁRIO
ENSINAMENTO (01) O DIVINO DRAMA ...................................................................... 1
ENSINAMENTO (02) FORÇA ABSOLUTA ...................................................................... 3
ENSINAMENTO (03) O ESPÍRITO PRECEDE A MATÉRIA ............................................... 5
ENSINAMENTO (04) A CULTURA DE SU ...................................................................... 8
ENSINAMENTO (05) AS TRÊS CALAMIDADES MAIORES E AS TRÊS CALAMIDADES
MENORES ................................................................................................................. 10
ENSINAMENTO (06) ANÁLISE DO MILAGRE .............................................................. 13
ENSINAMENTO (07) RELIGIÕES E MILAGRES ............................................................ 15
ENSINAMENTO (08) RELIGIÃO CRIADORA DE PESSOAS FELIZES ............................... 17
ENSINAMENTO (09) RELIGIÃO VIVA ......................................................................... 20
ENSINAMENTO (10) SOU UM CIENTISTA EM RELIGIÃO ............................................ 23

ENSINAMENTO (01) O DIVINO DRAMA


O Plano de Deus está se desenvolvendo de uma maneira muito singular. Podemos
denominá-lo Divino Drama, do qual todos nós, desta era, somos os participantes. Sem
esta compreensão, deixaremos de saber interpretar os momentos os acontecimentos
do nosso tempo, de compreender que, à medida que avança a reconstrução, também
cresce a destruição.
Em todo e qualquer drama existem personagens virtuosos e perversos. Quase sempre
os virtuosos são importunados pelos perversos, mas depois de serem
impiedosamente atormentados por longo tempo, geralmente a peça termina com a
vitória do bem. É um final feliz. O Divino Drama foi elaborado no plano cósmico e
agora está sendo revelado no palco do mundo, para seguir um modelo semelhante.
A presente mudança de ciclo é de inconcebível grandeza. Nossa percepção sobre este
acontecimento sem precedentes será proporcional ao nosso esclarecimento e à nossa
capacidade de compreensão.

À medida que a Nova Era avança e que cresce a atuação do espírito do fogo, a doença,
ou purificação, também se intensificará. Cada vez mais calamidades, como guerras e
catástrofes naturais, podem ocorrer até o mundo experimentar uma época de pavor.
De um modo geral, os messiânicos podem representar o papel de espectadores nas
cenas de guerra. Contudo, nas cenas de enfermidades, eles deverão ter ativo
empenho. Servir à humanidade é mais digno do que representar papéis de violência
ou de destruição.

A lei da vida exige que nós vivamos as nossas vidas construtivamente. Estamos na
aurora da Era da Luz do Dia. À medida que ela avança, e que o espírito do fogo se
manifesta mais intensamente, o batismo pelo fogo será ainda mais forte, isto é, o
poder purificador da Luz será maior. De acordo com a Lei da Concordância, à
proporção que o invisível Mundo Espiritual empreende intensa purificação, os que se
encontram no Mundo Material e cujos corpos espirituais forem excessivamente
maculados, encontrarão dificuldades para suportar as crescentes e frequentes
purificações. Somente aqueles que estiverem suficientemente puros poderão
sobreviver. Alguns de nossos membros também poderão sentir dificuldades durante
a época da grande purificação. Devemos nos empenhar para estarmos preparados
espiritual e fisicamente, se desejamos passar por este período com relativa facilidade.

Este grande drama cósmico foi denominado Juízo Final. Nosso planeta é o palco, no
qual a representação está sendo representada. Um tão extraordinário drama não
poderia ter sido vivido em qualquer outro tempo da História. O conflito entre o bem
e o mal está se desenrolando de forma bastante complexa, até que o último perverso
seja dominado.

O número de personagens perversos é maior do que o número de personagens


bondosos, e aqueles que representam os maldosos realmente merecem piedade. O
grande Amor do Supremo Deus salvará tantos quantos for possível, atuando através
dos verdadeiros instrumentos da Sua Luz Divina. Nossos membros sentem-se
chamados a servir como Seus instrumentos.

Extraído do livro Os Novos Tempos

ENSINAMENTO (02) FORÇA ABSOLUTA


Seria desnecessário dizer que a fonte da ação de tudo que existe no Universo é a Força
de Deus. A criação e a trans- formação de todas as coisas são a manifestação da Força,
e a ela se deve o movimento ou a inércia de tudo. A começar pelo ser humano, todos
os animais e até mesmo os micróbios nascem e morrem graças à Força. Em suma, ela
é absoluta, infinita e soberana. Vou parar aqui, pois o assunto é inesgotável.
Resumindo, o Universo em si é a própria Força. Assim, tecerei considerações a
respeito sob diversos ângulos.

Analisemos o espírito da palavra tikara (força): ti é “sangue”, “espírito”; kara é “vazio”,


“corpo”, “matéria”. Sendo assim, a força nasce da união do espírito e da matéria.
Analisando a palavra hito (pessoa), hi é “espírito” e to é “parar”; por conseguinte, hito
é “espírito parado no corpo”. Como já expus, a força é a própria integração entre o
espírito e a matéria.

Para se escrever o ideograma tikara, faz-se um traço vertical ( ∣ ) e, em seguida, um


traço horizontal (―), formando uma cruz (十). A partir do fim do traço horizontal,
puxa-se um traço um pouco inclinado, com a ponta virada para cima e para dentro
(力). Isso quer dizer que tão logo se verifica o cruzamento do vertical e do horizontal,
surge a ação da força, que começa a girar em sentido horário. Assim, pode-se
perceber que tanto o espírito das palavras quanto as letras foram criados por Deus.
Vamos, agora, explicar isso com base na realidade. Em sentido amplo, essa dualidade
está representada pelas duas grandes correntes de pensamento do mundo: a
espiritualista e a materialista, isto é, o espiritualismo ou a cultura do espírito, e o
materialismo ou a cultura da matéria.

Vejamos isso pelo aspecto religioso, pois assim fica mais fácil compreender. O
budismo e o cristianismo, as duas grandes religiões do mundo, são a manifestação
dessa dualidade. Como tenho dito sempre, o budismo é oriental e constitui o aspecto
vertical, espiritual, enquanto o cristianismo é ocidental e representa o aspecto
horizontal, material. Até agora, o vertical e o horizontal estavam separados e, por essa
razão, a verdadeira força não conseguia manifestar-se. A maior prova disso é que a
harmonia, em âmbito mundial, não se consolidou, e a humanidade ainda não foi salva.

A este respeito, primeiramente, analisemos a História.

Após a era primitiva, surge uma forma de vida humana mais organizada e, então,
inicia-se a fase de adorações, como o culto ao Sol, à natureza e aos objetos criados
pelo homem. Enfim, passa-se a adorar até o ser humano e, a partir dessa época, as
religiões primitivas começam a surgir em diversas regiões.

Por fim, com o florescimento da cultura, nasceram religiões como o budismo e o


islamismo que, por serem de caráter exclusivamente vertical, e o cristianismo,
puramente horizontal, não puderam manifestar a verdadeira força. Como resultado
disso, embora não tenham chegado a fracassar, as religiões que penderam para o
aspecto vertical não se desenvolveram a contento. No Japão, o budismo existe apenas
na forma, e o islamismo tem sua tradição preservada em uma parte da Ásia. Já o
cristianismo, devido à sua característica horizontal, está difundido em grande parte
do mundo. Uma vez que seu objetivo, o Reino dos Céus, não se concretizou, e a
situação infernal da atualidade permanece, pode-se dizer que também não foi bem-
sucedido.

O objetivo das principais religiões era, sem dúvida, a concretização de um mundo


ideal. Todavia, como todos podem ver, o mundo se apresenta caótico, cheio de
conflitos e problemas sem-fim, havendo uma grande distância entre o sonho e a
realidade. Assim, temos que admitir que aquele objetivo está demasiadamente longe
de ser alcançado. É inegável que a causa dessa situação seja a falta de força, que, por
sua vez, se deve à ausência de cruzamento do vertical e do horizontal. Isso também
era uma questão de tempo e, do ponto de vista do Plano Divino, não havia alternativa.

Explicando minha missão, creio que entenderão melhor o que acabei de expor. A
atividade que agora estou realizando, centraliza-se no Johrei. Os fiéis sabem muito
bem que basta colocar no peito o Ohikari1, que contém um papel com uma caligrafia
feita por mim, para ser-lhes concedida uma força capaz de curar até mesmo doentes
desenganados. Já outorguei centenas de milhares de Ohikari, e mesmo que esse
número aumente infinitamente, não haverá nenhuma alteração com respeito à sua
força. Essa força não se limita à cura de doenças, ela também se manifesta através de
incontáveis milagres do dia a dia: a reforma do espírito, a elevação do caráter, a
salvação de perigos iminentes etc. Por meio deles, é espantoso ver o aumento do

1
Ohikari: Medalha da Luz Divina outorgada aos fiéis para ministrar Johrei.
número de pessoas que passam a viver uma vida cheia de alegria. A força desses
milagres se origina justamente do Ohikari.

Não tenho a pretensão de vangloriar-me de tais milagres. Contudo, uma vez que se
trata da pura verdade, creio que não há problema em divulgá-los. É evidente que, até
agora, a História não registrou o aparecimento de uma pessoa que se utilizasse de
força tão incomensurável quanto esta. Os inúmeros milagres a que nos referimos são
registrados como experiências de fé; logo, não há do que duvidar. Esta é a força
gerada pelo cruzamento do horizontal com o vertical que, em termos budistas, é o
Poder Kannon ou o Poder da Inteligência Sagrada e, em termos cristãos, é o Poder do
Messias.

Atualmente, a Força está se manifestando, principalmente, na parte espiritual; porém,


no devido tempo, ela passará a atuar na parte material. Nessa ocasião,
evidentemente, será alcançado o objetivo de Deus, nascendo a verdadeira cultura,
resultante do cruzamento da cultura espiritual do Oriente com a cultura material do
Ocidente. E esta é a Vontade Divina. Será, portanto, efetuada a maior obra de
salvação da humanidade desde a criação do mundo.

16 de janeiro de 1952

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1

ENSINAMENTO (03) O ESPÍRITO PRECEDE A MATÉRIA


Conforme me referi anteriormente, tecerei considerações sobre a relação entre a
doença do ser humano e o mundo inorgânico, que chamamos de Mundo Espiritual.

O ser humano é constituído pela união e integração entre o corpo e o espírito. O corpo
é uma matéria visível e, por essa razão, todos podem distingui-lo. O espírito é invisível,
mas existe, sendo uma espécie de elemento etéreo. Assim como o corpo é uma
existência do Mundo Atmosférico, o espírito é uma existência do Mundo Espiritual.
Este mundo, conforme expliquei, é transparente, mais rarefeito que o ar e
semelhante ao Nada. Muito pelo contrário, longe de ser o Nada, ele é a fonte
geradora da força infinita e absoluta, que, por ora, chamaremos de força cósmica. É
um mundo misterioso e inimaginável, cuja essência é formada pela fusão das
essências do Sol, da Lua e da Terra. Tudo o que existe no Universo é criado e
desenvolvido pela força cósmica e, ao mesmo tempo, juntam-se impurezas que são
submetidas à purificação. É como o acúmulo de sujeira no corpo humano, que
necessita de banho. Portanto, quando se aglomeram impurezas no Mundo Espiritual
da Terra, elas se concentram num determinado ponto e aí surge a ação purificadora
da tempestade, que efetua a limpeza. Os incêndios causados por raios e pelo homem
têm a mesma função. O mesmo se verifica com o ser humano: se há acúmulo de
impurezas, surge a ação purificadora, que é desencadeada a partir do espírito.

As impurezas, ou seja, as nuvens espirituais, são opacidades que surgem no espírito,


que é um corpo transparente. Existem dois tipos de nuvens espirituais: 1) aquelas que
surgem no próprio espírito e 2) aquelas projetadas a partir do corpo físico. Vejamos a
primeira.

O cerne do espírito humano é constituído de três camadas concêntricas. Explicando


a partir do centro, seu núcleo é a alma, que se assenta no ventre da mulher através
do homem no momento da concepção. Por sua vez, a alma está envolta pela
consciência e esta, pelo espírito. O estado da alma se reflete no espírito por meio da
consciência, e o estado do espírito se reflete igualmente na alma por intermédio da
consciência. Desse modo, a alma, a consciência e o espírito estão inter-relacionados,
constituindo uma trindade. Evidentemente, todas as pessoas fazem tanto o bem
como o mal durante a vida. Se a prática do mal for maior que a do bem, o saldo entre
elas constituirá o pecado, que se reflete na alma e se transforma em nuvem espiritual.
Por esse motivo, na sequência, formam-se nuvens na consciência e, depois, no
espírito. Então, com o surgimento da ação purificadora, ocorre a eliminação dessas
nuvens. Durante o processo, o volume delas se comprime; com isso, elas se tornam
mais densas, concentrando-se em alguma parte do corpo. O interessante é que,
dependendo do pecado, o local da concentração é diferente. Por exemplo: os pecados
associados aos olhos, nos olhos; os pecados referentes à cabeça, na cabeça; os
pecados relacionados ao tórax, no tórax, e assim por diante, tudo de forma
correspondente.

Passemos, agora, ao segundo tipo de nuvens, isto é, as que se projetam do corpo para
o espírito. Neste caso, primeiramente o sangue se turva e, como consequência,
surgem nuvens no espírito. Originariamente, o sangue do corpo humano é a
materialização do espírito; ao contrário, o espírito é a espiritualização do sangue. Em
outras palavras, espírito e matéria estão integrados. Assim, quando as nuvens se
condensam e se refletem no corpo, transformam-se em sangue turvo e, ao ficarem
ainda mais densas, transformam-se em nódulos. Estes, depois de dissolvidos e
liquefeitos, são eliminados por diversos pontos do corpo. A dor e o sofrimento
decorrentes desse processo constituem aquilo a que se dá o nome de doença. Assim,
o que se projeta a partir do corpo físico é o sangue turvo.

Então, por que surge o sangue turvo? A causa é bastante surpreendente: são os
medicamentos 2 , que, paradoxalmente, ocupam a posição de maior destaque nos
tratamentos médicos. Como todo medicamento é veneno, quanto mais utilizá-lo,
mais o sangue se turva, e a realidade é a maior prova do que estamos dizendo.
Portanto, estando a pessoa sob tratamento médico, não é de se estranhar que a
doença se prolongue ou piore, ou que até surjam outras doenças.

Se o sangue turvo existente no corpo se reflete no espírito em forma de nuvens


espirituais e estas se tornam a causa das doenças, o próprio método de curar as
doenças acaba se tornando o meio de 7ria-las. Não se conseguirá a erradicação
completa das doenças se, primeiramente, não forem removidas as nuvens do espírito,
uma vez que a lei universal estabelece que o Espírito Precede a Matéria. Já o nosso
método, que é a aplicação dessa lei, cura completamente as doenças por meio da
purificação do espírito. Por essa razão, ele é chamado de Johrei, que significa
“purificação do espírito”. Desconhecendo tal princípio, a medicina convencional
despreza o espírito e tenta curar apenas o corpo. Logo, por mais que ela progrida, as
curas serão sempre temporárias.

Podemos ver pela realidade que os tratamentos médicos não trazem a cura definitiva.
Mesmo que se diga que houve a cura, na maioria das vezes, a doença volta a se
manifestar. No caso de apendicite, por exemplo, por extrair-se o apêndice, não há
como ela surgir novamente. No entanto, torna-se mais fácil a ocorrência de doenças
nas proximidades de onde estava o apêndice, tais como a peritonite e as doenças
renais. Isso ocorre porque as nuvens espirituais permanecem, produzindo novamente
sangue turvo, que se concentra em outro local. Vejamos, agora, as mudanças que se
verificam no sangue turvo. Quando este sangue se adensa, devido ao contínuo
processo de purificação, as partículas do sangue vão embranquecendo
gradativamente. Isso é o pus. Pus misturado com sangue indica que as mudanças
ainda estão em processo. Num estágio mais avançado, tudo se transformará em pus.
Desta forma, podemos compreender o motivo de o catarro expectorado pelos
tuberculosos vir, ou não, acompanhado de sangue. Creio que os termos fagocitose e

2
Segundo órgão brasileiro competente, ligado ao Ministério da Saúde, medicamentos são fármacos (substâncias
químicas que modificam uma função fisiológica) com propriedades comprovadas cientificamente. Os fármacos estão
presentes não apenas nos medicamentos, mas também nos cosméticos, produtos de higiene, agrotóxicos, aditivos
alimentares, medicamentos veterinários.
glóbulos brancos bem como glóbulos vermelhos, empregados pela medicina, são
pertinentes a assuntos que remetem a casos semelhantes ao que citei.

Pelo exposto acima, acredito que compreenderam a relação entre espírito e matéria.

15 de agosto de 1951

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1

ENSINAMENTO (04) A CULTURA DE SU


Para falar sobre esse tema, começarei por explicar o significado do símbolo su (☉).
Como se pode ver, é uma circunferência (○) com um ponto (・) bem no centro. Se
fosse apenas isso, não teria nenhuma importância; mas, nada encerra significado tão
grande e misterioso.

Tudo no Universo possui forma circular, como a Terra, o Sol e a Lua. E até mesmo os
espíritos desencarnados, para se moverem de um lugar para outro, apresentam esse
formato. Isso está bem comprovado pelo conhecido fenômeno hitodama3. Quando
as divindades se locomovem, também adquirem esse aspecto; no caso delas, são
“bolas de luz”. As dos espíritos humanos desencarnados não possuem luz, sendo
apenas algo enevoado, de cor amarela ou branca. Tratando-se de espírito masculino,
é amarela, e de espírito feminino, branca, correspondendo, respectivamente, ao Sol
e à Lua.

Agora, vamos ao mais importante. Naturalmente, nosso mundo também tem o


formato circular; mas não passará de um círculo, se o seu interior estiver vazio. No
caso do ser humano, significa que ele não teria alma; assim, colocar um ponto quer
dizer colocar-lhe alma, isto é, que ele ganhou vida, sendo capaz de desempenhar
atividades. Por conseguinte, o círculo com um ponto no centro simboliza uma forma
vazia na qual se pôs alma. Isso equivale à expressão “colocar espírito”, usada pelos
pintores desde antigamente. Com base no que acabamos de dizer, podemos afirmar
que, até agora, o mundo era vazio, não possuía o ponto no centro, ou seja, a alma.
Esta é a razão por que escrevi, em outra oportunidade, sobre a “cultura sem
conteúdo”.

3
Hitodama: Fenômeno do surgimento de bolas de fogo, conhecido como fogo-fátuo interpretado popularmente como
espírito de pessoas desencarnadas.
Isso pode ser constatado em todos os setores da cultura. Como sempre digo, o
tratamento sintomático das doenças, também é uma manifestação disso. As dores e
as coceiras são amenizadas por meio de injeções ou de medicamentos aplicados ao
local; a febre, baixa-se com gelo; corta-se também a purificação tomando-se
medicamentos. Dessa forma, o doente livra-se dos sofrimentos durante algum
tempo; mas, uma vez que não se atingiu o cerne da doença, a cura completa é
evidentemente impossível e, com o tempo, infalivelmente, a doença retorna. Na
verdade, o que ocorreu foi apenas um adiamento. Sendo assim, a causa das
enfermidades também está no “ponto no centro”. Todavia, até agora, não se alcançou
a compreensão disso.

Outro exemplo é a criminalidade. Atualmente, a única maneira para tentar impedi-la


é fazer com que o criminoso aprenda a lição com o sofrimento decorrente da pena
que lhe foi imposta. Trata-se, pois, de um processo semelhante ao tratamento
baseado nos sintomas empregado pela medicina.

Por isso é que, quando alguém comete um crime, geralmente vem a perpetrar outros.
Existe quem pratique dezenas deles e até mesmo quem os cometa a vida inteira,
passando mais tempo de sua vida preso do que em liberdade. A causa também está
na falta do ponto, ou seja, da alma.

Pode-se dizer a mesma coisa sobre a guerra. Aumentando-se o poderio militar, o


inimigo sentirá que não tem condições de vencer e desistirá da luta por algum tempo.
Todavia, isso não passa de um meio de protelar a guerra; a História tem demonstrado
que, um dia, inevitavelmente, ela recomeçará. Assim sendo, podemos entender que
a cultura existente até agora era apenas um círculo sem o ponto no centro.

Eu sempre me refiro aos noventa e nove porcento e um porcento. Se for inserido o


“ponto” num círculo, isso significa que, por meio de um porcento, modificam-se
noventa e nove porcento. Em outras palavras, representa destruir noventa e nove
porcento do mal com a força de um porcento do bem. Seria o mesmo que, com a
força desse um porcento, tornar branca uma circunferência prestes a ser pintada
totalmente de preto. Relacionando isso ao mundo, significa preencher essa civilização
vazia com conteúdo, ou melhor, colocar-lhe uma alma. Dessa maneira, daremos vida
à civilização, que, até agora, só apresentava forma, como se fosse uma existência
morta. Será o nascimento de um novo mundo.

10 de setembro de 1952

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1


ENSINAMENTO (05) AS TRÊS CALAMIDADES MAIORES E AS TRÊS
CALAMIDADES MENORES
No Japão, desde eras remotas, ouve-se falar das “três calamidades maiores” causadas
pelo vento, água e fogo, e das “três calamidades menores”, que são a fome, a doença
e a guerra. Vou explicar o significado fundamental dessas calamidades4.

As tempestades e as inundações são ações purificadoras do espaço entre o Céu e a


Terra. E por que elas ocorrem? Porque, no Mundo Espiritual, se acumulam nuvens
espirituais, ou seja, impurezas invisíveis. Dissipá-las pela força do vento e lavá-las com
a água da chuva é a finalidade da tempestade. Sendo assim, o que são essas nuvens
espirituais e de que forma se acumulam?

As nuvens espirituais se formam a partir do sonen5 e do espírito das palavras6 do ser


humano. Em outros termos, o sonen que pertence ao mal, como insatisfação, ódio,
insulto, inveja, ira, mentira, desejo de vingança, apego etc., nublam o Mundo
Espiritual.

Vejamos, agora, as palavras. As queixas em relação à Natureza, como por exemplo, o


mau tempo, o clima e a safra ruim; críticas e ataques verbais às pessoas; gritos e vaias;
fofocas e intrigas; repreensões, lamúria e outras expressões desse tipo têm origem
no mal e nublam o Mundo do Espírito das Palavras, que se posiciona logo após o
Mundo do Sonen. Quando a quantidade acumulada desses diversos tipos de nuvens
espirituais ultrapassa certo limite, surge um tipo de toxina que causa distúrbio à vida
humana. Por esse motivo, ocorre a purificação natural. Esta é a lei do Céu e da Terra.

Como já disse, as nuvens do Mundo Espiritual, ao mesmo tempo em que influenciam


a saúde humana, afetam a vegetação e, em especial, os produtos agrícolas, tornando-
se a causa da má colheita e do alarmante aparecimento de pragas na lavoura. É esse
o motivo pelo qual, atualmente, estão surgindo insetos nocivos que secam pinheiros
e cedros em todas as regiões do Japão. Portanto, sem que haja uma significativa
elevação espiritual do ser humano, será difícil evitar essas ocorrências. Em outras
palavras: os erros cometidos pelos próprios japoneses é que estão provocando a

4
Três calamidades maiores e três calamidades menores: duas expressões que têm origem no budismo.
5
Sonen: Palavra japonesa comumente traduzida como “pensamento”, a qual não se limita ao ato de pensar
racionalmente. Seu significado abrange o sentimento, a vontade e a razão.
6
Espírito das palavras: Em japonês, kototama ou guenrei. Refere-se à energia espiritual contida em cada palavra
proferida pelo ser humano, que pode ser benigna ou maligna.
morte dos pinheiros e dos cedros do país, de modo que eles precisam tomar cuidado
com seu sonen e o espírito das palavras.

Todos sabem que da mesma forma das catástrofes provocadas por elementos da
Natureza, as calamidades causadas por influência do ser humano também são
terríveis. Principalmente a guerra, que é a que traz maiores danos aos homens. Vou
apresentar uma tese inusitada sobre as causas da guerra. Por ela ser surpreendente,
gostaria que os leitores a lessem com toda a atenção.

A guerra é, evidentemente, uma luta coletiva e, até hoje, a humanidade tem


demonstrado mais propensão ao conflito do que à paz. Observando atentamente,
veremos que os conflitos ocorrem em âmbito nacional e internacional, em todos os
campos da atividade humana. Nas repartições públicas, nas firmas, nas associações,
enfim, em qualquer agrupamento de indivíduos, sempre há lutas ininterruptas nos
bastidores, e as pessoas vivem se criticando e se discriminando. Observamos, ainda,
disputas de concorrentes comerciais, conflitos entre casais, irmãos, pais e filhos,
amigos etc. Realmente, o ser humano gosta muito de desavenças. Notamos com
frequência que ocorrem atritos até mesmo no interior de trens e ônibus, na rua, entre
os transeuntes etc. Observa-se assim o quanto o conflito está presente na vida
humana. Vou explicar o motivo da natureza belicosa do ser humano.

As pessoas possuem toxinas de diferentes tipos, sejam elas congênitas ou adquiridas.


É comum dizer que essas toxinas se concentram nos locais em que os nervos são mais
ativos. De acordo com minha tese, esses locais estão acima do pescoço. Enquanto se
está acordado, mesmo que os braços e as pernas não estejam sendo utilizados, o
cérebro, os olhos, o nariz, a boca e os ouvidos estão em constante atividade. É natural,
portanto, que as toxinas se reúnam nas proximidades desses órgãos. Esta é também
a causa do enrijecimento da região do pescoço e dos ombros de que muitos se
queixam. As toxinas acumuladas, com o passar do tempo, vão-se transformando em
nódulos e, quando esse processo atinge certo estágio, surge a ação contrária, isto é,
a dissolução e a eliminação que nós chamamos de ação purificadora. Nessa ocasião,
a febre surge infalivelmente, para dissolver o nódulo e torná-lo líquido e, assim,
facilitar a eliminação das toxinas. Essa purificação natural é a gripe; e as excreções
como escarro, coriza, suor etc. demonstram isso.

Por outro lado, a maioria das pessoas, apesar de aparentar estar em condições
normais, encontra-se sob a ação purificadora de um constante resfriado
extremamente leve. Por ser essa purificação praticamente imperceptível, as pessoas
se sentem saudáveis. Entretanto, elas não sabem o que é ser verdadeiramente são.
Isto porque, caso se submetam a um exame minucioso, será constatada,
infalivelmente, a existência de uma febre branda em toda a cabeça, estendendo-se
aos ombros. Entre outros sintomas, inevitavelmente, a pessoa apresenta sensação de
peso na cabeça, cefaleia, secreção ocular, coriza, zumbido no ouvido, periodontite e
enrijecimento do pescoço e dos ombros. Devido a isso, sempre apresenta certa
indisposição, a qual constitui um problema, pois provoca a ira, que resulta em conflito,
o qual culmina em guerra. Assim, não há outro meio de extinguir a natureza belicosa
do ser humano, a não ser o de eliminar a indisposição. Eis por que, numa mesma
situação, se a pessoa está bem-disposta, ela nem se incomoda ao ouvir coisas
desagradáveis; mas, se ela está indisposta, não consegue conter a ira. Creio que a
maioria já passou por essa experiência.

Vou apresentar, a seguir, alguns exemplos. Frequentemente vemos bebês que


choram demais. Geralmente se diz que eles são nervosos ou se dão outras
justificativas. Examinando-os com atenção, sempre se constata uma febre quase
imperceptível na cabeça e na região dos ombros. Embora se trate de bebês, muitos
têm os ombros rijos. Em tais casos, com a ministração de Johrei, as toxinas diminuirão
e, consequentemente, cessará a febre e eles deixarão de chorar com frequência. Com
as crianças desobedientes e com as que se irritam facilmente, a causa é a mesma. Isso
também se resolve por meio do Johrei. Elas se tornam obedientes e passam a detestar
o conflito; seu nível de aproveitamento escolar também melhorará. As brigas de casal
têm a mesma origem: recebendo Johrei, os cônjuges conseguirão se harmonizar.

Como vimos, a causa fundamental do conflito é a indisposição ocasionada pela febre


purificadora das toxinas da cabeça bem como da região do pescoço e dos ombros. Por
conseguinte, o único meio para acabar com o conflito é curar por completo essa
indisposição. Então, não será exagero afirmar que, no mundo inteiro, o Johrei da
nossa religião é o único, inigualável e radical método de eliminação do conflito. Isso
não se limita à guerra, pois todos os problemas que hoje constituem motivo de
sofrimento, como ideologias destrutivas, conflitos entre as classes sociais etc.,
também se originam da insatisfação e das queixas provenientes da indisposição das
pessoas. Muitos, para fugirem dela, inconscientemente procuram estímulos fortes, e
isso resulta em consumo excessivo de bebida alcoólica, em luxúria, em preguiça, em
brigas e outros, que fatalmente acabam ocasionando crimes.

Tirando proveito dessa realidade, os ambiciosos materialistas de cada época


estimulam a insatisfação, incitam revoluções sociais nocivas e provocam guerras.
Consequentemente, para se estabelecer a paz eterna sobre a Terra, antes de mais
nada, deve-se erradicar a indisposição e aumentar o vigor e a disposição de cada
indivíduo. Não há dúvida de que, assim, o ser humano abominará o conflito e amará
a paz.

Saibam todos que nossa religião é que tem força para esclarecer o princípio aqui
exposto e demonstrar resultados concretos.

13 de agosto de 1949

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1

ENSINAMENTO (06) ANÁLISE DO MILAGRE


Costuma-se definir milagre como a ocorrência de um fato considerado impossível. No
entanto, se ele ocorreu, então, não era impossível: é porque era para acontecer. Por
conseguinte, considerar que algo é impossível é um grande erro. Essa explicação
parece complicada, mas vou mostrar porque estou fazendo tal afirmativa.

A ideia preconcebida de que determinada coisa nunca poderá ocorrer já constitui uma
ilusão, pois essa ideia considera apenas o fenômeno, isto é, aquilo que se manifesta
exteriormente. Visto que até agora a forma de pensar da sociedade baseava-se em
conceitos materialistas, caso algo fora do normal se sucedesse, pensava-se tratar-se
de um mistério. Ou seja, em tese, aquilo que não era para acontecer, se passa diante
de nossos olhos.

Por exemplo: uma criança cair do alto de um penhasco e não sofrer nada; um carro
bater numa bicicleta e não haver ferimentos nem prejuízos; uma pessoa se salvar por
ter se atrasado e perdido um trem que depois descarrilhou, virou ou colidiu com
outro; um ladrão que estava entrando numa casa, fugir em decorrência da
ministração do Johrei; uma pessoa recuperar o que lhe foi roubado; um incêndio que
se havia alastrado até à casa do vizinho, ser desviado devido à repentina mudança de
direção do vento, por efeito do Johrei. Dessa forma, a verdade é que os fiéis da nossa
religião, particularmente, vivenciam um grande número de milagres, sejam estes
grandes ou pequenos.

E por que motivo os vários milagres ocorrem? Onde está a causa? Creio que todos
querem saber.
É claro que a origem do milagre, na verdade, se encontra no Mundo Espiritual.
Entretanto, dentre os milagres há também os decorrentes da própria força e os da
força alheia. Inicialmente, falarei sobre o primeiro tipo.

Conforme eu sempre digo, o ser humano possui aquilo que se chama aura, que é a
vestimenta do espírito. Ela é invisível às pessoas comuns e se assemelha a uma névoa
branca envolvendo o espírito no formato do corpo físico. Sua largura é variável, e isso
se deve ao grau de pureza da alma; quanto mais pura ela for, mais larga é a aura. Nas
pessoas comuns, ela varia de três a seis centímetros; a dos virtuosos tem de sessenta
a noventa centímetros; nos seres divinos, é infinita. Ao contrário, no corpo e alma
impuros, a aura é fina e frágil.

Ao escapar de um desastre, por exemplo, no instante em que um carro – que também


possui espírito –, vai bater numa pessoa, não conseguirá atingi-la se for alguém de
aura larga. O indivíduo se salva, porque é empurrado para o lado. Pessoas de aura
larga, quando caem de um local alto, mesmo indo de encontro ao espírito da terra ou
de uma pedra, não se machucam, apenas batem de leve. As casas também possuem
espírito, de modo que, se o dono for virtuoso, a aura da casa será larga; no caso de
incêndio, o espírito do fogo não a atinge, pois é barrado pela aura. Pelo mesmo
motivo, na ocasião do grande incêndio de Atami, a sede provisória da nossa Igreja
misteriosamente não pegou fogo. Não é que nunca teremos incêndios, mas se houver,
é porque era necessário; embora seja algo raro, isto terá ocorrido devido ao Plano de
Deus.

Vejamos, a seguir, os milagres decorrentes da força alheia. O ser humano possui três
espíritos protetores: o primordial, o guardião e o secundário. Vou-me abster de
maiores explicações sobre a relação existente entre eles, pois já falei sobre isso em
outras oportunidades7.

O espírito protetor guardião é escolhido entre os ancestrais; ele salva seu protegido
no caso de um perigo iminente ou lhe manda avisos importantes por meio de sonhos.
Quando se trata de pessoa que tem missão especial, pode ocorrer que uma divindade
(em geral, Ubussunagami) venha em seu socorro. Por exemplo, se a pessoa estiver
num trem que está prestes a colidir com outro, essa divindade, por ter conhecimento
do fato, pode fazer o espírito do trem parar instantaneamente. Mesmo que o fato
esteja ocorrendo a milhares de quilômetros, aquela divindade chega ao local para
salvar a pessoa em frações de segundo.

7
Nota: Ver o ensinamento “Espíritos protetores” no Alicerce do Paraíso, v. 3.
Como vemos, o milagre não se verifica absolutamente por coincidência ou por acaso;
há sempre uma razão. Se compreenderem isso, verão que não há nada de misterioso
nele. Para mim, o natural é haver milagres; se não houver é que eu acho estranho.

Por exemplo, quando me encontro diante de um problema difícil, cuja solução está
demorando, eu penso: “Daqui a pouco vai acontecer um milagre.” E é muito
frequente que, de repente, ele ocorra, solucionando o problema. Creio que aqueles
que têm profunda fé e somaram atos meritórios, já passaram por muitas experiências
nesse sentido. Portanto, se o ser humano desejar e praticar o bem, somar atos
meritórios e procurar tornar sua aura mais larga, jamais lhe advirão desgraças
inesperadas.

Ao contatarmos com pessoas, quanto mais larga for sua aura, mais calor humano
emanará dessas pessoas, fazendo-nos sentir por elas uma grande afeição. Esse tipo
de pessoa é que atrai outras. Posto que muitos se juntam naturalmente à sua volta,
seu trabalho também se desenvolve a contento e progride. Eu gostaria de dar um
exemplo: sempre que começo a frequentar um lugar, infalivelmente ele prospera. E,
ainda, quem fica próximo de mim, com certeza, melhora e se torna feliz. Isso ocorre
porque a pessoa recebe influência da minha aura.

6 de junho de 1951

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 2

ENSINAMENTO (07) RELIGIÕES E MILAGRES


Desde tempos remotos, costuma-se dizer que os milagres são inerentes à religião, o
que realmente é verdade. Modéstia à parte, talvez nunca tenha existido uma religião
com tantos milagres como a nossa. Em poucas palavras, eu diria que isso ocorre
porque o Deus que a rege possui a posição mais digna e elevada.

Na sociedade, quando se fala em divindades, pensa-se que quase não existe diferença
entre elas, e há a tendência de cultuá-las como se fossem iguais. Entretanto,
precisamos saber que, até entre elas, existe uma hierarquia: superior, média e inferior.
Em ordem decrescente, essa hierarquia, iniciando pelo Altíssimo, passa por
Ubussunagami8, chega até Tengu9, Ryujin10, Inari11 e outros.

Gostaria de falar detalhadamente sobre essa hierarquia, mas assim eu estaria


desvelando divindades de outras religiões. Portanto, por uma questão de respeito,
não o farei. Desejo apenas mostrar, por meio de um exemplo, quão elevada é a
posição do Deus que dirige nossa religião. Nem preciso dizer como o Johrei é
maravilhoso, pois, com o passar do tempo, à medida que se torna conhecido, ele está
se constituindo o grande fator da expansão da nossa religião. Aliás, sobre a cura de
doenças pelo Johrei, muitos acham um mistério que ela ocorra mesmo que a pessoa
duvide, receba-o apenas a título de experiência ou julgue ser impossível curar-se por
meio de “uma tolice dessas”. Até o presente, em se tratando de cura de doença por
meio de terapias religiosas, era corrente o pensamento: “Acredite desde o início. Não
se pode duvidar.” Assim, é normal que, condicionadas a este pensamento, as pessoas
achem isso misterioso. Vou explicar a razão.

Crer antes de ver algum resultado, na verdade, é enganar a si próprio. Querer que se
acredite numa coisa antes de ter alguma prova é um contrassenso. Assim, é óbvio que
isto está errado. Empregar todos os esforços para crer porque nos foi dito para crer,
produz algum efeito, pois isso é melhor do que duvidar. Tal efeito, porém, não provém
de Deus: trata-se apenas da força pessoal de cada um. Por que motivo um
pensamento tão errado veio sendo aceito como a coisa mais natural, até hoje? É que
se desconhecia que essas divindades não tinham poder suficiente e supria-se essa
deficiência com a força humana. Nesse sentido, em nossa religião, as pessoas se
curam mesmo que duvidem. Isso se verifica porque a força de Deus é grande, não
sendo necessário, portanto, acrescentar a força pessoal. Logo, se uma divindade não
tem força suficiente para curar doenças, é porque seu nível é inferior.

8
Ubussunagami: É o deus protetor de uma localidade, que se assemelha aos santos padroeiros na tradição católica. No
Japão, ele se encarrega dos nascimentos, matrimônios e funerais daqueles que nasceram na respectiva localidade.
9
Tengu: Ser mitológico, tem a missão de proteger as montanhas. O que ele mais aprecia é uma discussão; quando sai
vencedor, sua posição espiritual se eleva. É orgulhoso, ambicioso, amante do jogo e também da pintura e da poesia.
Seu maior prazer é a bebida. Nas pinturas e nas máscaras, ele é representado com nariz muito longo e com o rosto
vermelho.
10
Ryujin: Seres mitológicos conhecidos como “dragões”, que estão em constante atividade para o cumprimento de suas
missões. Fenômenos naturais como o vento, a chuva, o relâmpago e outros, são atribuídos aos dragões, cujo objetivo é
a purificação do espaço entre o Céu e a Terra. Os dragões grandes, médios e pequenos residem nos oceanos, nos mares,
nos lagos, nos pântanos, nos rios, nos poços e até mesmo nos lagos artificiais, protegendo-os.
11
Inari: Segundo uma lenda, para tornar fértil o solo do Japão, Deus ordenou a uma divindade que espalhasse arroz
pelos quatro cantos do país. Na ocasião, essa divindade utilizou raposas para semeá-lo. Assim, a palavra inari significa
“raposa que carrega o arroz”. Por esse motivo, a raposa é venerada como divindade em todo o Japão. Os agricultores
sentem-se no dever de realizar-lhe cultos de gratidão e pedido de boa colheita. Inari é igualmente o nome de templo
ou oratório onde se cultuam espíritos de raposa.
Muitas vezes, quando as graças não ocorrem do modo desejado, os sacerdotes e os
membros mais antigos dão a desculpa de que a pessoa não tem fé suficiente. Parece
que eles acham que a graça é conseguida com o esforço humano, ao invés de ser
concedida por Deus. Na verdade, Deus é infinitamente misericordioso; por isso, basta
pedir que, infalivelmente, Ele nos concede a graça. Ao contrário, quando o ser
humano se esforça demasiadamente e ultrapassa os limites, o verdadeiro Deus fica
desgostoso. Principalmente fazer jejuns, abstinências e outros ascetismos é o que
mais se distancia da Vontade de Deus, pois Seu grande amor abomina o sofrimento
humano.

Pensemos bem. Nós, seres humanos, somos filhos de Deus. Será que existem pais que
se alegram com o sofrimento dos filhos? Ainda que a pessoa tenha conseguido
receber uma graça por meio de práticas ascéticas, quem a concedeu não foi o
verdadeiro Deus, mas alguma divindade maligna. Graças desse tipo não são
duradouras. As graças concedidas pelo verdadeiro Deus são diferentes: à medida que
nos dedicarmos à fé, nossos infortúnios diminuirão gradativamente, atingiremos o
estado de paz interior e seremos felizes.

Em síntese: forçar as pessoas a crer a fim de alcançar graças é típico de religião de


baixo nível; por outro lado, o fato de Deus conceder a graça, independentemente da
pessoa acreditar ou duvidar, é a prova de que se trata de uma divindade de alto nível.

11 de abril de 1951

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 2

ENSINAMENTO (08) RELIGIÃO CRIADORA DE PESSOAS FELIZES


Em princípio, o que vem a ser a religião? Ela teve origem no amor de Deus, para
conduzir as pessoas infelizes à felicidade. Ninguém ignora que muitos se esforçam,
em vão, para serem afortunados. Raros são os que conseguem ser felizes, mesmo
depois de uma vida inteira de lutas. Longe de ser feliz, a maioria das pessoas vive uma
sucessão de infelicidades. Mesmo que a teoria aprendida através da instrução escolar
ou da leitura de biografias e livros sobre grandes personalidades seja fielmente posta
em prática, são raros os casos bem-sucedidos. A teoria bem embasada merece
admiração, mas todos, por experiência própria, sabem que, na prática, as coisas não
ocorrem de acordo com ela.
Por exemplo, quem segue fielmente o caminho da honestidade, é visto como ingênuo
ou tolo; entretanto, se muda a forma de agir e faz coisas suspeitas, cai no descrédito
ou até mesmo nas malhas da lei. Por fim, o indivíduo não sabe como proceder. Por
esse motivo é que os espertos definem que o melhor é viver desonestamente
simulando atitudes honestas. Essa filosofia de vida se disseminou e, dentre seus
adeptos, os melhores se tornam os bem-sucedidos, razão por que as pessoas tendem
a seguir tais exemplos, e os males sociais não diminuem.

Pelo mundo ser assim é que se diz que os honestos saem perdendo. Portanto, quanto
mais correto for o indivíduo, mais ele se arrisca a cair no conceito de ultrapassado e
ser tachado de inflexível. Com frequência, observa-se que aqueles que pregam a
justiça e a retidão, são rejeitados e fracassam na sociedade.

É enorme o meu esforço para empunhar a bandeira do senso de justiça e de retidão


diante de semelhante mundo. As pessoas em geral veem essa atitude como tolice e
devem me achar um indivíduo excêntrico, covarde e sem ambições, como qualquer
outro religioso.

Por tudo isso, no passado, fui alvo de ações judiciais e, também, jornais e revistas
escreveram sobre mim de forma sensacionalista. Este tratamento cruel que recebi, se
deve ao fato de eu ter escrito destemidamente contra o mal, bem como à inveja
suscitada por conta do nosso rápido crescimento. Ultimamente, apesar de todas as
pressões, em vista da constância e da força com que estamos expandindo, a
sociedade nos tem visto com outros olhos. Acima de tudo, alegra-nos que a situação
tenha se abrandado, facilitando nosso trabalho. Isso se deve ao fato de termos Deus
em nossa retaguarda, o que nos permite ultrapassar as adversidades com segurança.
Ou seja, nossa religião possui uma grande proteção não encontrada nas demais.

Podemos compreender a respeito disso, observando a forma de atuação das religiões


de até agora. Em linhas gerais, existem dois tipos. O primeiro é aquele que,
reivindicando justiça, segue destemidamente. A religião Hokekyo12 de Nichiren, é o
melhor exemplo disso e, por essa razão, sofreu perseguições atrozes. Em
consequência dessas adversidades, enquanto o fundador esteve à frente, não houve
uma expansão expressiva. Só após algumas centenas de anos é que ela conseguiu
alcançar seu atual prestígio. O segundo, em contrapartida, temendo perseguições,
busca caminhos seguros. Então, mesmo que consiga crescer, necessitará de um longo
tempo; caso contrário, será extinta. É nesse ponto que se encontra a dificuldade.

12
Religião Hokekyo: O mesmo que religião Nichiren Shu.
Felizmente, com o advento da democracia, a liberdade religiosa foi estabelecida. Por
esse motivo, diferentemente da situação anterior ao término da Segunda Guerra
Mundial, agora, vivemos uma época abençoada e conseguimos livrar-nos de uma fatal
perseguição religiosa. Assim sendo, tendo a retidão e a justiça como princípios
norteadores, estou, passo a passo, eliminando o mal e avançando em direção ao bem.

A seguir, tratarei da questão da felicidade do ser humano. Obviamente, é o bem que


possibilita a criação da felicidade, sendo desnecessário dizer que, para fazer o bem
prevalecer, deve-se ter força suficiente para vencer o mal. Entretanto, até agora, as
religiões careciam dessa força; por conseguinte, não proporcionavam a felicidade
verdadeira. Foi a teoria da Iluminação do budismo que correspondeu aos anseios do
povo, que já tinha desistido da matéria e desejava, ao menos, alcançar a paz espiritual.
No cristianismo, por outro lado, pregou-se a resignação por meio da expiação, a
exemplo de Jesus Cristo. E a conhecida frase: “(...) a qualquer que te ferir na face
direita, volta-lhe também a outra”13, também se refere ao princípio de não resistência,
isto é, ao espírito de derrotismo diante do mal. Como as religiões tradicionais não
conseguem vencer o mal em termos materiais, criou-se a teoria da negação das graças
recebidas nesta vida. Não é de estranhar o surgimento da classificação de superior
para a religião que visa à salvação do espírito, e de inferior, para aquela que consegue
proporcionar, também, as graças recebidas nesta vida. Contudo, essa teoria não
passou de um recurso até determinada época. Darei alguns exemplos.

Mesmo torturadas por uma doença prolongada, há pessoas que se dizem satisfeitas,
alegando que estão salvas quando, na realidade, estão apenas resignadas, sufocando
seus verdadeiros sentimentos. Isso significa enganar a si mesmas. Na realidade, é o
restabelecimento da saúde que faz nascer a autêntica satisfação.

Desde tempos antigos, sempre houve famílias que, não obstante o ardor de sua fé,
não foram agraciadas materialmente, permanecendo infelizes. Dessa forma,
acabaram por se iludir, julgando que a essência da religião só objetiva a salvação
espiritual.

Entretanto, a Igreja Messiânica salva tanto o espírito como a matéria. Podemos


afirmar que ela vai além disso. Em poucos anos de atuação, nossa religião já está
construindo Solos Sagrados, museu de arte e outras obras em diversas localidades, e
tudo isso depende inteiramente dos donativos dos fiéis. E como abominamos a
exploração, temos, como diretriz, contar apenas com o recebimento do donativo

13
Mateus 5:39 (Bíblia de Estudo Almeida).
espontâneo. Apesar disso, o fato de se conseguir a quantia necessária para
empreendimentos de tamanha envergadura é realmente milagroso. Isso prova a
prosperidade dos fiéis. Longe de ser temporário, o donativo tende a aumentar, razão
por que nunca me preocupei com dinheiro.

Tudo é uma questão de época porque, quando as religiões antigas surgiram, elas
podiam ser de caráter shojo14 e, por esse motivo, o fato de seus fundadores levarem
uma vida de privações não constituía nenhum problema. Todavia, hoje isso não é
viável. Tudo adquiriu caráter universal, de modo que é preciso que nossas atividades
sejam de grande porte, para salvar a humanidade. Quanto maior essa escala, maior o
número de pessoas que serão salvas. Por essa razão, ao tomarem conhecimento dos
nossos grandes projetos, com certeza, as pessoas mudarão sua visão em relação à
nossa religião.

10 de junho de 1953

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1

ENSINAMENTO (09) RELIGIÃO VIVA


Os leitores poderão estranhar quando eu digo que há religiões vivas e mortas. É
justamente o que pretendo explicar agora.

Religião viva é aquela que está associada ao cotidiano, e a morta é exatamente o


oposto. Infelizmente, é raro encontrar uma religião dentre as muitas existentes que
esteja perfeitamente entrosada no cotidiano.

Em sua maioria, as doutrinas são elaboradas com perfeição, mas lamentavelmente


não podemos esperar muito de sua força de edificação do caráter humano. Na época
em que os fundadores de cada religião atuavam, há centenas ou milhares de anos,
certamente essa força era grande e estava de acordo com a situação social da época.
No entanto, sabemos que a capacidade de propagação dessas religiões foi
enfraquecendo com o passar do tempo, até atingir a condição em que hoje elas se
encontram. Não há o que se fazer, porque este é o curso natural das coisas, e isto não
diz respeito apenas à religião, mas a tudo. Só que, no caso da religião, esta situação
demorou, mas finalmente ocorreu.

14
Shojo: O termo refere-se à religião de caráter fundamentalista, de preceitos rigorosos, que preza pelo bem-estar do
indivíduo e não pelo bem-estar da sociedade.
Mesmo assim, nesse espaço de tempo, surgiram várias novas religiões adequadas à
sua época, fato este observado em qualquer país. Todavia, é comum que elas acabem
desaparecendo porque dificilmente têm capacidade para superar as anteriores. Entre
as religiões japonesas surgidas na Idade Moderna que ainda mantêm considerável
influência, podemos citar Nichiren Shu15 e Tenrikyo.

Até aqui me referi à trajetória das religiões de forma geral. Agora, desejo mostrar
como são as religiões na atualidade.

É do conhecimento geral que, a partir do século XVIII, o desenvolvimento da cultura


científica vem constituindo uma verdadeira ameaça às religiões e é fato inegável que
isso contribuiu para sua decadência. A ciência dominou a tal ponto a mente humana,
que, hoje, o ser humano só aceita o que vem da ciência. Não bastasse isso, esse
comportamento deu origem ao

pensamento ateísta, que leva à degeneração moral desenfreada, criando desordem


social e transformando este mundo em um verdadeiro inferno. Ainda há religiões
antigas que se esforçam para edificar o ser humano por meio de ensinamentos os
quais foram sendo aperfeiçoados após sua elaboração, centenas ou milhares de anos
atrás. Entretanto, por terem se distanciado demais da atualidade, falta a elas força de
edificação e, falando francamente, a perda de adequação à realidade as torna meras
antiguidades. Elas se assemelham às obras de arte, que, na época da sua criação, eram
apreciadas em todo o seu esplendor, mas hoje perderam sua utilidade e estão
limitadas a ser contempladas como meros patrimônios culturais. Dentre as novas
religiões japonesas, há algumas que dão uma nova roupagem a esses patrimônios
culturais para atrair as pessoas; mas, com certeza, terão existência limitada.
Infelizmente, a religião foi superada pelo formidável progresso da cultura e ficou para
trás. Exemplificando, é como se quiséssemos usar carros de boi e liteiras, algo de
pouca utilidade numa época em que nos servimos de aviões, automóveis e da
tecnologia sem fio.

Pode parecer um autoelogio, mas preciso falar da nossa religião. Ela respeita a
História, mas não se prende a isso: avança no tempo seguindo diretrizes próprias, de
acordo com os desígnios de Deus. Além disso, por ser uma religião nova com sangue
jovem correndo em suas veias, ela desenvolve atualmente projetos que abrangem a
reforma da agricultura e da medicina e ainda aponta todas as falhas da cultura,
adotando, como princípio norteador, o ideal de uma nova cultura. Uma das
15
Nichiren Shu: Religião da linhagem budista criada por volta de 1872, fundamentada nos ensinamentos do monge
budista Nichiren ou Nichiren Shonin (1222-1282).
manifestações mais concretas desse ideal vem a ser a construção do modelo do
Paraíso Terrestre e do Museu de Arte, obras de vanguarda, que, como locais sagrados,
visam reconfortar as almas maculadas e exaustas de seus visitantes e, elevando o
caráter humano, servem como antídoto contra os divertimentos vulgares, tão comuns
nos dias de hoje.

De acordo com o exposto acima, no âmbito do indivíduo, nossa obra consiste em


contribuir para a saúde física, para a superação da pobreza e para a melhoria do
pensamento humano. No âmbito coletivo, sua finalidade é criar uma sociedade alegre
e sem preocupações. Sentimo-nos imensamente felizes ao saber que, ultimamente,
nosso trabalho está sendo reconhecido pelos mais esclarecidos e tornando-se alvo de
sua atenção. Embora, no momento, seja um trabalho de pequena escala, quando ele
for ampliado em âmbito mundial, surgirá, a partir do Japão, o plano de um mundo
ideal, repleto de paz e felicidade. Afianço que isso não é, simplesmente, um sonho.
Portanto, o que vem a ser uma verdadeira religião viva, senão a nossa, com todos
esses exemplos? O que me deixa desapontado é a sociedade atual, que olha as novas
religiões com indiferença e desprezo. Isso ocorre principalmente na classe intelectual
que, mesmo quando tem contato com a nossa religião, geralmente, evita expor o fato
ao público. Entretanto, eu compreendo perfeitamente a razão desse comportamento.
As religiões antigas geralmente contam com espantoso número de adeptos, mas
estes, na maioria, são indivíduos de pouca cultura. Entre as religiões novas, há
algumas que não despertam nenhum interesse devido às suas teorias e práticas
excêntricas; outras possuem, em seus princípios, componentes supersticiosos em
grande proporção que o bom senso nos leva a rejeitar. Creio que essa situação não
durará muito tempo, mas desejo que todas as pessoas envolvidas reflitam sobre o
assunto.

Há, também, os estudiosos de religiões que, para adaptar os antigos ensinamentos


de santos, sábios e fundadores de religiões à época atual, os remodelam e dão a eles
uma nova roupagem. Isso lhes confere uma aparência progressista e os torna de fácil
aceitação pela classe intelectual, mas restam dúvidas quanto à sua utilidade para a
vida prática.

O assunto me faz lembrar o pragmatismo de William James (1842-1910), renomado


filósofo americano. Pragmatismo significa filosofia em ação; porém, eu proponho
alterar para religião em ação.

4 de novembro de 1953
Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1

ENSINAMENTO (10) SOU UM CIENTISTA EM RELIGIÃO


Se eu, um religioso, disser que sou também um cientista, todos estranharão, mas
estou certo de que, ao final da leitura deste texto, haverão de concordar comigo.

Sempre digo que a ciência atual ainda se encontra num nível inferior, nem podendo
ser considerada como tal. Vou falar minuciosamente a seu respeito. Atualmente, ela
dá ênfase à descoberta e ao estudo das partículas. É claro que isso se deve ao
aperfeiçoamento do microscópio, cujo avanço é impressionante. Conseguem-se
distinguir corpos extremamente minúsculos, frações da ordem de um milésimo,
milionésimo ou bilionésimo. Trata-se de um avanço contínuo e, atualmente, esse
instrumento está prestes a entrar no mundo infinitesimal. A palavra sei 16 , que
ultimamente começaram a usar com mais frequência, deve estar indicando este
mundo.

É claro que o conhecimento do mundo infinitesimal não se deve a procedimentos


científicos; trata-se de hipóteses deduzidas a partir de pesquisas teóricas e científicas.
Se não fosse assim, não seria possível avançar. Esse é exatamente o Mundo Espiritual
a que me refiro. A ciência finalmente alcançou este estágio. Dessa maneira, para ser
franco, ela, que por tanto tempo insistiu em negar a existência do espírito, acabou
derrotada. Isto posto, imaginemos que a ciência compreenda de fato que a palavra
sei é o que chamamos de espírito ou ki17. Neste caso, ela se elevaria a um nível mais
alto e avançaria rumo ao ideal do conhecimento, que é a busca pela Verdade. Desse
modo, a ciência que, até então, se baseou na matéria, seria considerada da primeira
fase. E a ciência que considera o espírito, seria conhecida pelo mundo como a ciência
da segunda fase. Desse modo, haveria uma mudança de cento e oitenta graus no
rumo da ciência, que necessitaria integrar-se à religião. Em termos mais claros, seria
traçada uma linha demarcatória no mundo científico: a ciência da matéria ficaria
situada abaixo dessa linha, e a ciência do espírito, acima. Esta é uma visão no sentido
vertical; no sentido horizontal, a ciência da matéria é o invólucro, e a do espírito, o
conteúdo. Em outras palavras, isso significaria uma evolução da ciência do visível para
a ciência do invisível, o que seria motivo de alegria.

16
Sei: Palavra utilizada na cultura japonesa para designar substâncias extremamente etéreas e sutis.
17
Ki: Também grafado como qi ou ch’i, na tradição oriental refere-se a uma energia ou força cósmica que permeia o
universo.
Todavia, aqui se apresenta um sério problema: não adianta apenas captar a existência
do mundo do espírito; é necessário apreender sua verdadeira natureza e fazer com
que a noção da existência do Mundo Espiritual seja útil à humanidade. Infelizmente,
a ciência da matéria não tem métodos para isso, pois, para lidar com a parte espiritual,
os meios devem ser espirituais; porém, afirmo que é possível superar esta dificuldade.
Aliás, ela já está sendo suplantada: tenho obtido resultados admiráveis na resolução
de problemas do espírito por meio do espírito. Refiro-me justamente ao tratamento
de doenças. Explicando de forma sucinta, a causa de todas as doenças são as
impurezas acumuladas no espírito do doente, tornando-se evidente que, se as
eliminarmos, as doenças serão erradicadas, de acordo com a Lei Espírito Precede a
Matéria. Meu método consiste na irradiação de uma energia espiritual peculiar que
pode ser considerada uma “bomba atômica espiritual” para queimar as impurezas.
Esse método, denominado Johrei, constitui um procedimento científico de alto nível.
Não se limitando ao campo da medicina, ele consegue resolver problemas que
nenhuma religião ou ciência conseguiu. Se isso não é uma superciência, o que será?

Vou explicar a respeito disso, de outro ângulo.

Como todos sabem, a teoria vigente na medicina afirma que a origem de todas as
doenças reside nos micróbios e, graças à sua histórica descoberta, a medicina
alcançou um progresso memorável. No entanto, como se trata do avanço da ciência
da matéria, é uma evolução pela metade. Ou seja, apenas exterminar os micróbios
não atinge a raiz da questão. Do meu ponto de vista, é o mesmo que tapar o sol com
a peneira, já que os micróbios são apenas o efeito e não a causa. Mesmo os micróbios
se criam a partir de formas embrionárias que são, na verdade, aquilo que estão
chamando de vírus. Parece que, ultimamente, os cientistas estão discutindo se os
vírus são orgânicos ou inorgânicos. Realmente, isso é muito engraçado, pois os vírus
são partículas intermediárias que estão passando do estado inorgânico para o
orgânico. Assim, não é possível definir sua natureza. Portanto, o que importa é o local
onde surge o inorgânico, e este local é o Mundo Espiritual. Se compreenderem isso,
o microscópio torna-se dispensável.

A atual ciência da matéria é de baixo nível. E, por esse motivo, obviamente, é


impossível resolver, por meio dela, questões de alto nível como a vida do ser humano.
Isso se torna claro ao observarmos que doenças graves consideradas incuráveis pela
medicina estão sendo facilmente curadas por meio do Johrei. Pode-se dizer que a
ciência do espírito é a essência da ciência da matéria.
Farei uma análise profunda do Mundo Espiritual. Sua verdadeira natureza é
constituída pela essência do Sol, da Lua e da Terra, que, na ciência, correspondem,
respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio. Para nós, isso significa
a junção dos elementos fogo, água e terra. A Terra é a essência da matéria; o Sol, a
essência do espírito, e a Lua, a essência do ar. O Sol e a Lua controlam a atmosfera,
que preenche o espaço terrestre. Embora o elemento fogo seja o mais forte, não foi
possível detectá-lo por meio da ciência da matéria por ele ser extremamente rarefeito.
Até agora, conheciam-se apenas suas propriedades de luz e de calor; porém, sua
verdadeira essência como energia espiritual permanecera desconhecida. Assim, a
ciência tomou como objeto de estudo apenas os elementos água e terra e, por esse
motivo, a cultura atual está baseada nesses dois, o que consiste na maior falha da
civilização atual.

Agora, vou-me referir a uma grande mudança que ocorrerá no mundo. Conforme já
explicamos, ele é constituído pelos elementos do Sol, da Lua e da Terra. A distinção
entre o dia e a noite é decorrente da alternância do Sol e da Lua; mas, isso é um
fenômeno visto pelo aspecto material. Acontece que, pelo aspecto espiritual,
também existem dia e noite. Evidentemente, através da ciência da matéria, não se
consegue compreender isso, mas por meio da ciência do espírito, é perfeitamente
possível. A mudança a que me refiro é a grande e surpreendente transição do mundo,
que se iniciará a partir de agora. Será uma transformação histórica que, para ser
entendida, necessitará da ampliação de nossa noção sobre o dia e a noite. Ou seja,
devemos saber que, no Mundo Espiritual, a alternância entre o dia e a noite se sucede
em períodos de dezenas, centenas, milhares, dezenas de milhares de anos e assim
por diante.

Da mesma forma que o globo terrestre é formado pelos três elementos – fogo, água
e terra –, tudo no Universo se fundamenta no número três. E isso constitui uma lei
imutável. Mesmo a alternância entre a Era do Dia e a da Noite se dá nos períodos de
três, trinta, trezentos e três mil anos. É evidente que, dependendo da natureza e da
dimensão das coisas, a projeção do espírito para a matéria dá-se com maior ou menor
rapidez, mas fundamentalmente o movimento se dá com precisão.
Surpreendentemente, o tempo de mudança de três mil anos é o momento atual, e
estamos agora diante desse alvorecer. Já me referi a isso anteriormente, e até a data
estava definida. Foi a partir de 15 de junho de 1931 que o mundo se tornou dia.
Contudo, essa mudança do Mundo Espiritual gradualmente será projetada no Mundo
Material até certa época. No devido tempo, ela se tornará evidente. Gostaria de dar
uma explicação mais profunda, mas vou abreviá-la, porque teria de entrar no campo
da religião. Entretanto, gostaria que confiassem no que estou dizendo, pois se trata
de uma verdade absoluta.

O fato de o Mundo Espiritual se tornar dia significa que há uma intensificação do


elemento fogo. Apesar de ser uma mudança gradativa, já está se projetando no
Mundo Material. Assim, o mundo em que o elemento água predominava sobre o
elemento fogo, tornar-se-á o mundo em que o elemento fogo predomina sobre o
elemento água. Por intermédio da ciência da matéria, não se pode perceber tal
fenômeno, mas aqueles que conseguiram alcançar a Iluminação espiritual,
conseguem percebê-lo plenamente. Com essa mudança, todos os problemas para os
quais não se encontrava solução, serão resolvidos de forma clara e precisa. Com base
no que acabo de expor, vou elevar o nível da ciência atual e criar a verdadeira
civilização.

7 de abril de 1954

Extraído do livro Alicerce do Paraíso, Volume 1

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