Sei sulla pagina 1di 401

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

UNESP - Campus de Bauru/SP


FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil

Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II


NOTAS DE AULA

DIMENSIONAMENTO DE VIGAS
DE CONCRETO ARMADO À
FORÇA CORTANTE

Prof. Dr. PAULO SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS


(wwwp.feb.unesp.br/pbastos)

Bauru/SP
Abril/2017
APRESENTAÇÃO

Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina


2323 – Estruturas de Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da
Universidade Estadual Paulista - UNESP – Campus de Bauru/SP.
O texto apresenta conceitos teóricos e os procedimentos aplicados pela NBR 6118/2014 (“Projeto
de estruturas de concreto – Procedimento”) para o projeto de vigas de Concreto Armado à força cortante,
bem como a formulação para verificação de lajes.
Na versão de 2003 da NBR 6118 foi introduzida uma nova metodologia para o dimensionamento
de elementos de concreto à força cortante, o chamado Modelo de Cálculo II, que permite considerar
inclinações variáveis para as diagonais comprimidas, entre 30 e 45. De modo geral, a metodologia
segue o MC-90 do CEB-FIP e o Eurocode 2, com algumas modificações e adaptações.
A apostila apresenta duas diferentes formulações para o cálculo da armadura transversal de vigas
de Concreto Armado, sendo a primeira aquela constante da NBR 6118/14, e a segunda uma formulação
um pouco mais simples, que possibilita a automatização manual dos cálculos de dimensionamento, com
consequente ganho de tempo.
O autor agradece ao Prof. Luttgardes de Oliveira Neto pelo auxílio e discussão, que contribuíram
para melhorar a qualidade da apostila e dos exemplos.
Agradecimentos a Éderson dos Santos Martins pela confecção dos desenhos.
Críticas e sugestões serão bem-vindas.
SUMÁRIO

5. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES À FORÇA CORTANTE ...... 1


5.1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................1
5.2 TENSÕES PRINCIPAIS EM VIGAS SOB FLEXÃO SIMPLES ..................................................1
5.3 MECANISMOS BÁSICOS DE TRANSFERÊNCIA DA FORÇA CORTANTE..........................5
5.3.1 Ação de Arco ............................................................................................................................6
5.3.2 Concreto Comprimido Não Fissurado ......................................................................................6
5.3.3 Transferência na Interface das Fissuras Inclinadas ..................................................................6
5.3.4 Ação de Pino da Armadura Longitudinal .................................................................................7
5.3.5 Tensões Residuais de Tração ....................................................................................................8
5.3.6 Armaduras Longitudinal e Vertical ..........................................................................................8
5.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE ...........................8
5.4.1 Tipo de Carregamento ..............................................................................................................8
5.4.2 Posição da Carga e Esbeltez .....................................................................................................8
5.4.3 Tipo de Introdução da Carga ....................................................................................................9
5.4.4 Influência da Armadura Longitudinal ......................................................................................9
5.4.5 Influência da Forma da Seção Transversal ...............................................................................9
5.4.6 Influência da Altura da Viga ..................................................................................................10
5.5 COMPORTAMENTO DE VIGAS COM ARMADURA TRANSVERSAL ...............................10
5.6 TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH ( = 45) ...........................................................12
5.7 TRELIÇA GENERALIZADA ( variável) ...................................................................................15
5.8 DIMENSIONAMENTO SEGUNDO A NBR 6118 ......................................................................18
5.8.1 Modelo de Cálculo I ...............................................................................................................18
5.8.2 Modelo de Cálculo II ..............................................................................................................22
5.8.3 Lajes e Elementos Lineares com bw  5d ...............................................................................24
5.9 ARMADURA MÍNIMA ...............................................................................................................26
5.10 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS...............................................................................................27
5.10.1 Diâmetro do Estribo ...............................................................................................................28
5.10.2 Espaçamento Mínimo e Máximo entre os Estribos ................................................................28
5.10.3 Espaçamento Máximo entre os Ramos Verticais do Estribo ..................................................28
5.10.4 Emenda do Estribo .................................................................................................................28
5.10.5 Ancoragem do Estribo ............................................................................................................29
5.11 EQUAÇÕES SIMPLIFICADAS ...................................................................................................30
5.11.1 Modelo de Cálculo I ...............................................................................................................30
5.11.2 Modelo de Cálculo II ..............................................................................................................33
5.12 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DAS DIAGONAIS DE
COMPRESSÃO () ................................................................................................................................36
5.13 REDUÇÃO DA FORÇA CORTANTE.........................................................................................36
5.14 CARREGAMENTO APLICADO NA PARTE INFERIOR DAS VIGAS ...................................37
5.15 ARMADURA DE SUSPENSÃO ..................................................................................................37
5.16 EXEMPLO NUMÉRICO 1 ...........................................................................................................40
5.16.1 Equações Teóricas ..................................................................................................................41
5.16.2 Equações Simplificadas ..........................................................................................................44
5.16.3 Comparação dos Resultados ...................................................................................................46
5.16.4 Detalhamento da Armadura Transversal ................................................................................46
5.17 EXEMPLO NUMÉRICO 2 ...........................................................................................................48
5.17.1 Modelo de Cálculo I ...............................................................................................................49
5.17.2 Equações Simplificadas ..........................................................................................................50
5.17.3 Modelo de Cálculo II ..............................................................................................................51
5.17.4 Equações Simplificadas ..........................................................................................................55
5.17.5 Comparação dos Resultados ...................................................................................................57
5.17.6 Detalhamento da Armadura Transversal ................................................................................57
5.18 EXEMPLO NUMÉRICO 3 ...........................................................................................................60
5.18.1 Dimensionamento da Seção 10d Segundo o Modelo de Cálculo I (NBR 6118) .....................62
5.18.2 Dimensionamento da Seção 10d Segundo o Modelo de Cálculo II com  = 45 ...................64
5.19 EXEMPLO NUMÉRICO 4 ...........................................................................................................65
5.20 QUESTIONÁRIO .........................................................................................................................69
5.21 EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................70
5.22 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................71
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 1

5. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES À FORÇA


CORTANTE

5.1 INTRODUÇÃO

No dimensionamento de uma viga de Concreto Armado, geralmente o primeiro cálculo feito é o de


determinação das armaduras longitudinais para os momentos fletores máximos, seguido pelo cálculo da
armadura transversal para resistência às forças cortantes.
Diferentes teorias e modelos foram desenvolvidos para análise de vigas de concreto sob força
cortante, sendo que o modelo de treliça, embora desenvolvido há mais de cem anos, é o que ainda se
destaca no Brasil e nas principais normas internacionais, devido à sua simplicidade e bons resultados.
A norma brasileira NBR 6118/2014[1]1 admite dois modelos para cálculo da armadura transversal,
denominados Modelo de Cálculo I e Modelo de Cálculo II. A treliça clássica de Ritter-Mörsch é adotada
no Modelo de Cálculo I, e o Modelo de Cálculo II admite a chamada “treliça generalizada”.
Nas últimas décadas surgiram modelos mais refinados, como o “Rotating angle softened truss
model” (RA-STM) e o “Fixed angle softened truss model” (FA-STM), desenvolvidos por HSU[2,3,4] e seus
colaboradores, o modelo “Truss model with crack friction”, que considera o atrito entre as superfícies das
fissuras inclinadas (REINECK[5]), e modelos com base em campos de compressão, como o “Diagonal
compression field theory” (CFT) por MITCHELL e COLLINS[6], e “Modified compression field theory”
(MCFT), desenvolvido por VECCHIO e COLLINS[7]. Esses modelos não serão objeto de estudo nesta
apostila.
A ruptura por efeito de força cortante é iniciada após o surgimento de fissuras inclinadas, causadas
pela combinação de força cortante, momento fletor e eventualmente forças axiais. A quantidade de
variáveis que influenciam na ruptura é muito grande, como geometria, dimensões da viga, resistência do
concreto, quantidade de armaduras longitudinal e transversal, características do carregamento, vão, etc.
Como o comportamento de vigas à força cortante apresenta grande complexidade e dificuldades de projeto,
este assunto tem sido um dos mais pesquisados, no passado bem como no presente.[8]

5.2 TENSÕES PRINCIPAIS EM VIGAS SOB FLEXÃO SIMPLES

Considere uma viga de concreto biapoiada (Figura 5.1a), submetida a duas forças concentradas P
iguais, com cinco barras longitudinais positivas, duas longitudinais superiores construtivas (porta-estribos),
e armadura transversal, composta apenas por estribos verticais2 na região adjacente ao apoio esquerdo, e
estribos verticais combinados com barras dobradas (inclinadas3) na região próxima ao apoio direito.
Nota-se que no trecho da viga entre as forças concentradas P a solicitação é de flexão pura (V = 0).
Considerando que a viga está sendo ensaiada em laboratório e que as forças P serão crescentes de
zero até a força que causará a sua ruptura (força última), a Figura 5.1b mostra a viga quando as forças P
são ainda de baixa intensidade, com as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão para a
viga ainda não fissurada e, portanto, no Estádio I. No trecho de flexão pura as trajetórias das tensões de
compressão e de tração são paralelas ao eixo longitudinal da viga. Nos demais trechos as trajetórias das
tensões são inclinadas devido à influência das forças cortantes. É importante observar também que as
trajetórias apresentam-se aproximadamente perpendiculares entre si.
Com o aumento das forças P e consequentemente o aumento das tensões principais, no instante
que, em uma determinada seção transversal (seção b) no trecho de flexão pura, a tensão de tração atuante
no lado inferior da viga supera a resistência do concreto à tração, surge uma primeira fissura chamada
“fissura de flexão” (Figura 5.1c). A fissura de flexão é aquela que inicia na fibra mais tracionada e se
estende em direção à linha neutra, perpendicularmente às trajetórias das tensões principais de tração e ao
eixo longitudinal da viga. Conforme as forças externas aplicadas vão sendo aumentadas, outras fissuras
vão surgindo, e aquelas já existentes aumentam de abertura e se estendem em direção à borda superior da

1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118.
ABNT, 2014, 238p.
2
O termo estribo vertical indica a suposição de que a viga tem eixo longitudinal horizontal. Na verdade deseja-se informar que o
estribo é perpendicular ao eixo longitudinal da viga.
3
Barras inclinadas em relação ao eixo longitudinal da viga, geralmente barras da armadura de flexão positiva do vão, não mais
necessárias à flexão devido à diminuição do momento fletor nas proximidades do apoio.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 2

viga. As seções fissuradas podem ser consideradas no Estádio II, e as seções não fissuradas no Estádio I, de
modo que a viga pode ter trechos nos dois Estádios, como indicado na Figura 5.1c. De modo geral, as
fissuras passam a ser visíveis a olho nu somente quando alcançam a abertura de 0,05 mm.

a) armadura transversal P P armadura transversal


(somente estribos) (estribos e barras dobradas)

M
+

+
V
-

b) P P

tração

compressão

fissura de
P flexão
P
a b
c)

a b

estádio I estádio II estádio I

Seção a-a - estádio I Seção b-b - estádio II


d) c c =  c Ec c c

s
s  t < ct,f s

fissura por fissura de flexão fissura de flexão e


força cortante força cortante
b
e)

b
estádio II
Seção b-b
c c = f c
f)

s s > f y

Figura 5.1 – Comportamento resistente de uma viga biapoiada. a) armação da viga e diagramas de M e V; b)
trajetórias das tensões principais de tração e compressão na viga não fissurada;
c) surgimento das primeiras fissuras de flexão; d) tensões e deformações nos Estádios I e II;
e) estado de fissuração pré-ruptura; f) deformações e tensões na ruptura.[9]
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 3

A Figura 5.1d mostra os diagramas de deformação e de tensão normal nas seções a e b da viga, nos
Estádios I e II, respectivamente. No Estádio I a máxima tensão de compressão (c) ainda pode ser avaliada
de acordo com a lei de Hooke, não sendo o mesmo válido no Estádio II.
As notações indicadas na Figura 5.1 são:

εc = deformação de encurtamento no concreto;


εs = deformação de alongamento na armadura longitudinal tracionada;
Ec = módulo de elasticidade do concreto;
σt = tensão de tração na fibra inferior de concreto;
σs = tensão de tração na armadura longitudinal tracionada;
σc = tensão normal de compressão máxima;
fy = tensão de início de escoamento do aço da armadura;
fc = resistência do concreto à compressão;
fct,f = resistência à tração na flexão do concreto.

Continuando a aumentar as forças P, outras fissuras de flexão continuam a surgir, e aquelas já


existentes aumentam de abertura e prolongam-se em direção ao topo da viga (Figura 5.1d). Nos trechos
entre os apoios e as forças P, as fissuras de flexão inclinam-se, devido à inclinação das trajetórias das
tensões principais de tração (I), que são inclinadas devido à influência das forças cortantes. As fissuras
inclinadas são chamadas de “fissuras de flexão com força cortante”, ou fissuras de “flexão com
cisalhamento”.
Nas proximidades dos apoios, como a influência dos momentos fletores é menor, podem surgir as
chamadas “fissuras por força cortante” (ou “fissuras de cisalhamento” - ver Figura 5.1e e Figura 5.2).
Com forças P elevadas, a viga se apresenta no Estádio II em quase toda a sua extensão.

Figura 5.2 – Fissuras na viga no Estádio II.[9]

É importante ressaltar que fissuras verticais, como mostradas na Figura 5.3, podem surgir nas vigas
por efeito de retração do concreto, não necessariamente por efeito de tensões normais de tração oriundas da
flexão da viga. São fissuras localizadas à meia altura, que geralmente não se estendem até as bordas
superior e inferior da viga.
fissuras de retração

Figura 5.3 – Fissuras de retração em viga.


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 4

Na Figura 5.4 são mostradas as trajetórias das tensões principais de uma viga biapoiada sob
carregamento uniformemente distribuído ao longo de todo o vão, ainda no Estádio I (não fissurada), e o
estado de tensões principais num ponto sobre a linha neutra. O carregamento externo introduz em uma viga
diferentes estados de tensões principais, em cada um dos seus infinitos pontos.
Na altura da linha neutra, as trajetórias das tensões principais apresentam-se inclinadas de 45 (ou
135) com o eixo longitudinal da viga, e em outros pontos as trajetórias tem inclinações diferentes de 45.

II
I

Direção de I (tensões de tração)


Direção de II (tensões de compressão)

M
+
x

+
- V

Figura 5.4 – Trajetórias das tensões principais de uma viga biapoiada no Estádio I. [9]

Além dos estados de tensão relativos às tensões principais, como o indicado na Figura 5.5b, outros
estados podem ser representados, com destaque para aquele segundo os eixos x-y (Figura 5.5a), que define
as tensões normais x e y e as tensões de cisalhamento xy e yx .

(+)
(-)
yx

x X

xy
II
(-) +
(+) I

y=0

y y
a) eixos x-y; b) eixos principais.

Figura 5.5 – Componentes de tensão segundo os estados de tensão relativos aos eixos
principais e aos eixos x-y. [9]
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 5

De modo geral, as tensões verticais y podem ser desprezadas, tendo importância apenas nos
trechos próximos à introdução de forças na viga (região de forças externas aplicadas, apoios, etc.).
O dimensionamento das estruturas de Concreto Armado toma como base normalmente as tensões
x e xy . No entanto, conhecer as trajetórias das tensões principais é importante para se posicionar
corretamente as armaduras de tração e para conhecer a direção das bielas de compressão.
As tensões principais de tração inclinadas na alma exigem uma armadura denominada armadura
transversal, composta normalmente na forma de estribos verticais fechados. Note que, na região de maior
intensidade das forças cortantes, a inclinação mais favorável para os estribos seria de aproximadamente
45, ou seja, paralelos às trajetórias das tensões de tração e perpendiculares às fissuras. Por razões de
ordem prática os estribos são normalmente posicionados na direção vertical, o que os torna menos
eficientes se comparados aos estribos inclinados de 45.
A colocação da armadura transversal evita a ruptura prematura das vigas e, além disso, possibilita
que as tensões principais de compressão possam continuar atuando, sem maiores restrições, entre as
fissuras inclinadas próximas aos apoios.

5.3 MECANISMOS BÁSICOS DE TRANSFERÊNCIA DA FORÇA CORTANTE

Em 1968, Fenwick e Paulay[10] afirmaram que a ruptura das vigas por efeito de força cortante não
estava ainda claramente definida, pois os mecanismos responsáveis pela transferência da força cortante são
variados, complexos e difíceis de medir e identificar, porque após o surgimento das fissuras inclinadas
ocorre uma complexa redistribuição de tensões, a qual é influenciada por vários fatores. Sendo assim, cada
mecanismo tem uma importância relativa, de acordo com os pesquisadores. Excluindo-se a armadura
transversal (estribos) são cinco os mecanismos mais importantes: 1) força cortante na zona de concreto não
fissurado (banzo de concreto comprimido – Vcz , ver Figura 5.6 ); 2) engrenamento dos agregados ou atrito
das superfícies nas fissuras inclinadas (Vay); 3) ação de pino da armadura longitudinal (Vd); 4) ação de
arco; 5) tensão de tração residual transversal existente nas fissuras inclinadas.[11]
A transferência da força cortante nas vigas de concreto é muito dependente das resistências do
concreto à tração e à compressão, e por isso a ruptura frágil é uma séria possibilidade, de modo que é
muito importante o correto dimensionamento das vigas à força cortante, principalmente nos elementos sob
ações de sismos.

Figura 5.6 – Três mecanismos de transferência da força cortante em viga com armadura transversal: Vcz
proporcionada pelo banzo de concreto comprimido, Vay proporcionada pelo engrenamento dos agregados ou
atrito das superfícies nas fissuras inclinadas, e Vd proporcionada pela ação de pino da armadura longitudinal.[11]

Algumas características dos cinco principais mecanismos de transferência de força cortante são
descritas a seguir.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 6

5.3.1 Ação de Arco

O banzo comprimido da flexão inclina-se em direção aos apoios, formando um arco, cuja biela
comprimida inclinada assim originada, absorve uma parte da força cortante, e em consequência diminui a
tração na alma (Figura 5.7).
A formação do arco requer uma reação horizontal no apoio, que em vigas biapoiadas pode ser
fornecida pela armadura longitudinal positiva, que deve ser cuidadosamente ancorada nas extremidades da
viga para cumprir com esta função.[9]
A ação de arco é o mecanismo dominante de resistência de vigas-paredes4 à força cortante com o
carregamento externo aplicado na região comprimida.

P P
banzo comprimido

Figura 5.7 – Ação de arco ou de pórtico atirantado nas proximidades dos apoios. [9]

5.3.2 Concreto Comprimido Não Fissurado

A zona não fissurada de concreto comprimido pela flexão (banzo de concreto) também
proporciona uma parcela de resistência à força cortante, que é a componente Vcz mostrada na Figura 5.6.
A contribuição à resistência proporcionada pelo banzo comprimido depende principalmente da
altura da zona comprimida, de modo que vigas retangulares com pequena altura e sem força axial de
compressão apresentam pequena contribuição, porque a altura do banzo é relativamente pequena.[12,13] Por
outro lado, vigas com mesa comprimida, como seções T e I, a contribuição do banzo comprimido é maior.
Pesquisas experimentais em vigas com armadura transversal mostraram que a contribuição do banzo
comprimido alcança valores entre 20 % e 40 % da resistência à força cortante.[10,12,14,15]

5.3.3 Transferência na Interface das Fissuras Inclinadas

Em uma fissura inclinada existe uma resistência ao deslizamento entre as duas superfícies do
concreto, de um lado e do outro da fissura, devido à rugosidade e engrenamento dos agregados e da própria
matriz do concreto, que proporcionam uma transferência de força cortante através da fissura inclinada.[15]
São quatro os parâmetros mais importantes no mecanismo de atrito entre as superfícies nas
fissuras: tensão de cisalhamento nas interfaces, tensão normal, largura e escorregamento da fissura.
O mecanismo de engrenamento dos agregados na interface das fissuras proporciona uma
contribuição significativa à resistência à força cortante de vigas de Concreto Armado e Protendido. Ensaios
experimentais indicaram que entre 33 % e 50 % da força cortante total pode ser transferida pelo
engrenamento das interfaces. Outras considerações que esses pesquisadores apresentaram são:[16]

a) os fatores que mais influenciam o fenômeno são a largura da fissura e o tamanho dos agregados. A
resistência diminui com o aumento da largura da fissura e a diminuição do tamanho dos agregados.
Concretos com maiores resistências tendem a apresentar superfícies menos rugosas, e consequentemente
menor transferência de força cortante;

4Viga-parede: “São consideradas vigas-parede as vigas altas em que a relação entre o vão e a altura  / h é inferior a 2 em vigas
biapoiadas e inferior a 3 em vigas contínuas.” (NBR 6118, 22.4.1)
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 7

b) quanto menor a largura da fissura maior é a área de contato, e consequentemente maior a transferência
de força cortante;
c) a contribuição do engrenamento dos agregados é maior nas seções onde as fissuras por força cortante
desenvolvem-se dentro da alma da viga, e menor nas fissuras inclinadas que são continuidade de fissuras
de flexão, iniciadas na borda tracionada da viga. A porcentagem da contribuição é maior para valores
baixos e médios da tensão ou resistência última à força cortante, mas é ainda notada em valores maiores,
quando os efeitos do engrenamento dos agregados diminui;
d) o uso de estribos de pequeno diâmetro (menor espaçamento) favorecem o engrenamento dos agregados.

5.3.4 Ação de Pino da Armadura Longitudinal

A ação de pino de uma barra de aço inserida no concreto proporciona um mecanismo de


transferência de força cortante que foi percebida na década de 30 do século passado, e ocorre num grande
número de aplicações práticas das estruturas de Concreto Armado, como mostrado na Figura 5.8.

Figura 5.8 – Exemplos onde a ação de pino ocorre.[17]

Estudos experimentais feitos por diversos pesquisadores[10,12,18] e vários outros autores, citados no
ASCE/ACI[15], indicaram que a força resistente à força cortante proporcionada pela barra de aço na ação de
pino (dowel action) é entre 15 % e 25 % da força cortante total.
A força cortante que pode ser transferida pela ação de pino depende de vários parâmetros, como: a)
quantidade de armadura; b) diâmetro da barra; c) espaçamento entre as barras; d) espessura do cobrimento
embaixo da barra de aço; e) propriedades do concreto; f) tensões axiais na armadura; g) existência de
armadura transversal impedindo o deslocamento da barra longitudinal.
Na situação de carga última é necessário considerar as não-linearidades do concreto e do aço,
assim como o dano no concreto localizado, na região próxima ao plano da força cortante.
Dois modos de ruptura podem ocorrer: fendilhamento do concreto do cobrimento, e esmagamento
do concreto sob a barra, acompanhada pelo escoamento da barra (Figura 5.9).
O modo de ruptura do tipo I ocorre para pequenas espessuras de cobrimento, e para grandes
cobrimentos ocorre a ruptura do tipo II, com o esmagamento do concreto sob a barra. Para o caso de
ruptura devido ao aparecimento de fissuras de fendilhamento na superfície de concreto na região próxima à
barra (ruptura tipo I - Figura 5.9), a resistência máxima do efeito pino não é proporcional ao diâmetro da
barra, isto é, a eficiência do mecanismo é reduzida aumentando-se o diâmetro da barra. Mesmo para o
modo de ruptura tipo II o aumento do diâmetro da barra afeta negativamente a eficiência da resistência do
mecanismo do efeito pino.

Figura 5.9 – Modos de ruptura do mecanismo de efeito pino.[19]


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 8

Segundo a ASCE-ACI[20], normalmente a ação de pino não é muito importante em elementos sem
armadura transversal, porque a máxima força cortante proporcionada pela ação de pino é limitada pela
resistência à tração do concreto do cobrimento da barra, que apoia a barra. A ação de pino pode ser
importante em elementos com grande quantidade de armadura transversal, principalmente quando
distribuída em mais que uma camada.

5.3.5 Tensões Residuais de Tração

Quando o concreto fissura não ocorre uma separação completa, porque pequenas partículas do
concreto ligam as duas superfícies e continuam a transmitir forças de tração, para pequenas aberturas de
fissura entre 0,05 e 0,15 mm. Essa capacidade do concreto contribui para a transferência de força cortante,
importante quando a abertura da fissura ainda é pequena.
As tensões de tração residuais fornecem uma importante porção da resistência à força cortante de
elementos com alturas menores que 100 mm, onde a largura das fissuras inclinadas e de flexão são
pequenas.[13]

5.3.6 Armaduras Longitudinal e Vertical

Em uma viga, antes do surgimento das fissuras inclinadas a deformação nos estribos é a mesma do
concreto adjacente ao estribo, e como a tensão de tração que causa a fissura no concreto é pequena, a
tensão no estribo também é pequena. De modo que somente após ocorrer o início da fissuração inclinada é
que os estribos passam a transferir força cortante, isto é, um estribo passa a ser efetivo ao transferir a força
de um lado para outro da fissura inclinada que o intercepta.
Os estribos também atuam diminuindo o crescimento e a abertura das fissuras inclinadas,
proporcionando uma ruptura mais dúctil às vigas. A existência do estribo na viga faz com que ocorra uma
mudança na contribuição relativa de cada um dos diferentes mecanismos resistentes à força cortante.
A contribuição da armadura transversal à resistência ao cortante da viga é tipicamente computada
por meio da treliça clássica, somada à contribuição do concreto, ou por meio da treliça de ângulo variável
sem a contribuição do concreto.
Os estribos também proporcionam, eles próprios, uma pequena resistência por ação de pino nas
fissuras e aumentam a resistência da zona comprimida de concreto pelo confinamento que promovem.

5.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE

São muitos fatores que influenciam a resistência das vigas à força cortante (cerca de 20), sendo que
de alguns deles não há conhecimento suficiente da sua influência.[9] A seguir apresentam-se alguns dos
principais fatores, conforme apresentados em LEONHARDT e MÖNNIG.[9]

5.4.1 Tipo de Carregamento

Para carregamento uniformemente distribuído (cargas atuando de cima, diretamente sobre a viga),
alguns ensaios com vigas esbeltas sem armadura transversal indicaram uma capacidade resistente à força
cortante cerca de 20  a 30  maior do que para carga concentrada na posição mais desfavorável.
Entretanto, na realidade, não há garantia de uma distribuição uniforme da carga de utilização, por isso, os
critérios de dimensionamento devem levar em consideração os resultados mais desfavoráveis referentes às
cargas concentradas.[9]

5.4.2 Posição da Carga e Esbeltez

Nas cargas concentradas tem grande influência a distância do apoio até a carga. Já para as cargas
uniformes tem grande influência a esbeltez /h. Quanto à ruptura de uma viga com e sem armadura
transversal por força cortante, a posição mais perigosa de uma carga concentrada foi determinada para o
trecho a = 2,5h a 3,5h, o que corresponde a uma relação momento-força cortante de M/Vh = a/h = 2,5 a
3,5. Para cargas distribuídas, rigidezes de /h =10 a 14 são as que conduzem a maiores perigos de
ruptura por força cortante e, consequentemente, na menor capacidade resistente à força cortante.
A capacidade resistente à força cortante aumenta bastante para cargas próximas ao apoio, para uma
relação decrescente a/h < 2,5. Um aumento correspondente acontece com carga distribuída, quando /h <
10. Deve-se prever uma boa ancoragem da armadura longitudinal do banzo tracionado.[9]
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 9

5.4.3 Tipo de Introdução da Carga

Efetuando-se a ligação de uma viga em toda sua altura h com outra viga, a viga que se apoia
distribui sua carga ao longo da altura da alma da viga que serve de apoio. Diz-se então que se trata de um
carregamento ou apoio indireto. Nos ensaios foi possível mostrar que, na região de cruzamento dessas
vigas, é necessária uma armadura de suspensão, que deve ser dimensionada para a força total atuante no
apoio ou nó.
Uma viga no Estádio II transfere sua carga ao apoio primordialmente pela diagonal de compressão,
e as diagonais comprimidas no modelo treliça define claramente a necessidade de montantes verticais de
tração, ou seja, armadura de suspensão. Entretanto, fora da região de cruzamento, a viga não é influenciada
pelo tipo de introdução de carga ou de apoio, isto é, o comportamento em relação à força cortante é o
mesmo que para o apoio ou carregamento direto. Essas mesmas considerações valem para o
dimensionamento à força cortante. Na região de cruzamento, a armadura de suspensão atende
simultaneamente à função de armadura de transversal.
As cargas penduradas na parte inferior de uma viga produzem tração na alma e devem ser
transferidas pelas barras de tração da alma ao banzo comprimido. Essa armadura de suspensão é adicional
à armadura transversal normal para a força cortante.[9]

5.4.4 Influência da Armadura Longitudinal

O desenvolvimento de uma fissura inclinada por força cortante, ou seja, seu aumento até próximo
da borda superior da zona comprimida de concreto, depende da rigidez à deformação do banzo tracionado,
ou seja, quanto mais fraco for o banzo tracionado, tanto mais ele se alonga com o aumento da carga e tão
mais depressa a fissura inclinada se torna perigosa.
O banzo tracionado não pode, portanto, ser muito enfraquecido na região de uma possível ruptura
por força cortante. Também um escorregamento da ancoragem no apoio tem um efeito enfraquecedor.
Ambas as influências devem ser consideradas como detalhes construtivos na execução da armadura.
Uma outra influência é a qualidade da armadura longitudinal. Ensaios demonstraram, por exemplo,
que para a mesma porcentagem de armadura longitudinal, uma distribuição das tensões com maior número
de barras finas influencia favoravelmente a capacidade resistente à força cortante.[9]

5.4.5 Influência da Forma da Seção Transversal

A forma da seção transversal tem uma forte influência sobre o comportamento resistente de vigas
de Concreto Armado solicitadas à força cortante. A seção transversal retangular pode se adaptar livremente
a uma forte inclinação do banzo comprimido e, frequentemente, pode absorver toda a força transversal no
banzo comprimido (especialmente no caso de carga distribuída e de carga concentrada próxima ao apoio).
Em seções transversais de vigas T, a força no banzo comprimido só pode ter uma inclinação quase
horizontal, porque na realidade ela permanece na largura comprimida da laje até a proximidade do apoio,
concentrando-se na alma apenas gradativamente em direção ao apoio. O banzo comprimido por este
motivo, só pode absorver uma parcela da força cortante, e a maior parte deve ser resistida pelas diagonais
comprimidas e pelas barras da armadura transversal. A relação da rigidez do banzo comprimido de largura
bf com a correspondente rigidez das diagonais comprimidas da alma com largura b w é muito maior em
vigas T do que em vigas retangulares.
Nas vigas de seção retangular (bf / bw = 1), os estribos são submetidos a tensões de compressão até
que, pouco antes da carga de ruptura, uma fissura de cisalhamento cruze o estribo. Nas vigas T essas
tensões no estribo aumentam para almas delgadas, em todos os casos, porém, essas tensões ficam bem
abaixo da tensão de escoamento do aço a qual foi calculada de acordo com a analogia de treliça clássica de
Mörsch (com diagonais a 45º).
Ensaios mostraram também que a inclinação das fissuras inclinadas ou das diagonais comprimidas
varia com a relação bf / bw, essa inclinação situa-se em torno de 30º para bf / bw = 1 e cresce para cerca de
45º para bf / bw = 8 a 12.
O dimensionamento da armadura transversal da alma deve ser feito a partir da distribuição dos
esforços internos, pouco antes da ruptura, ou seja, deve ser considerada a largura da alma em relação a
largura do banzo comprimido.[9]
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 10

5.4.6 Influência da Altura da Viga

Ensaios realizados segundo uma lei de semelhança com vigas sem armadura transversal e diferentes
alturas h, com igual porcentagem de armadura longitudinal de mesma distribuição de barras, mostraram
que a capacidade resistente à força cortante diminui consideravelmente como aumento da altura h, quando
a granulometria e o cobrimento do concreto não variarem de acordo com a escala.[9]

5.5 COMPORTAMENTO DE VIGAS COM ARMADURA TRANSVERSAL

Quando, nas seções próximas ao apoio da viga, as tensões principais de tração inclinadas (I)
alcançam a resistência do concreto à tração, surgem as primeiras fissuras inclinadas (de “cisalhamento”),
perpendiculares à direção de I , como mostradas na Figura 5.1 (item 5.2). No ensaio experimental, à
medida que o carregamento sobre a viga vai sendo aumentado, novas fissuras vão surgindo, que provocam
uma redistribuição de esforços internos, e a armadura transversal5 e as diagonais comprimidas passam
então a “trabalhar” de maneira mais efetiva, sendo essa redistribuição dependente principalmente da
quantidade e da direção da armadura transversal.[9]
Se a armadura transversal for insuficiente, o aço atinge a deformação de início de escoamento
(y), e as fissuras de cisalhamento desenvolvem-se em direção ao banzo comprimido. Existe ainda na viga
uma reserva de resistência, proporcionada principalmente pelo atrito na interface das fissuras, devido ao
engrenamento entre as partículas do concreto.6 Aumentando a abertura da fissura, o atrito nas interfaces
diminui, o que leva a um aumento da força transferida pelo concreto do banzo comprimido e da ação de
pino. Diminuindo a seção resistente do banzo, pode ocorrer a ruptura do concreto bruscamente (a ausência
de armadura transversal também pode levar a esta forma de ruptura). A fissura também pode propagar-se
pela armadura longitudinal de tração nas proximidades do apoio, separando-a do restante da viga (Figura
5.10).

Figura 5.10 – Ruptura de viga e laje por rompimento do banzo superior comprimido de concreto. [9]

Pode também ocorrer o rompimento dos estribos, antes da ruptura do banzo comprimido, ou a
ruptura da ligação das diagonais comprimidas com o banzo comprimido. A Figura 5.11 mostra a ruptura
que pode ocorrer por rompimento ou deformação excessiva dos estribos.

Figura 5.11 – Ruína da viga por rompimento de estribos. [9]

5
O estribo proporciona uma ponte de transferência para as tensões de tração, de um lado para o outro da fissura.
6
Neste processo, os estribos, ao continuarem escoando com o aumento do carregamento sobre a viga, proporcionam uma ruptura
dúctil.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 11

Em seções com banzos comprimidos reforçados, como vigas seção I e T, que possuam
armaduras longitudinal e transversal reforçadas, formam-se muitas fissuras inclinadas (de cisalhamento), e
as bielas de compressão entre as fissuras podem romper de maneira brusca ao ser atingida a resistência do
concreto à compressão. Tal ruptura ocorre quando as diagonais são solicitadas além do limite da resistência
do concreto, antes que a armadura transversal entre em escoamento (Figura 5.12). De modo que as bielas
de compressão delimitam o limite superior da resistência de vigas à força cortante, limite esse dependente
principalmente da resistência do concreto.

Figura 5.12 - Ruptura das diagonais comprimidas no caso de armadura transversal reforçada. [9]

O trabalho desenvolvido por estribos fechados em uma viga de seção retangular (dois ramos
verticais e dois ramos horizontais), na analogia de treliça, está mostrado na Figura 5.13. Nos vértices
inferiores o estribo entrelaça a armadura longitudinal tracionada e nos vértices superiores o estribo ancora-
se no concreto do banzo comprimido e na armadura longitudinal superior.
As bielas de compressão se apoiam nas barras da armadura longitudinal inferior, no trecho inferior
dos ramos verticais dos estribos, e também nos ramos horizontais, principalmente na intersecção do estribo
com as barras longitudinais dos vértices, onde as tensões se inclinam e originam tensões de tração.

Figura 5.13 – Atuação do estribo no modelo de treliça.[21]

Nos vértices superiores do estribo, as barras longitudinais também atuam para evitar o
fendilhamento7, que pode ser provocado pelo gancho do estribo ao aplicar tensões de tração num pequeno
volume de concreto.
O ramo horizontal superior do estribo (na região do banzo comprimido) não é imprescindível no
caso da resistência à força cortante8, porém, sua disposição é indicada para facilitar a montagem de barras
longitudinais internas e para proporcionar resistência a esforços secundários que geralmente ocorrem, e
que não são considerados no projeto.9

7
Fendilhamento: ao se aplicar tensões de compressão, surgem também tensões de tração, perpendiculares às tensões de
compressão aplicadas. Um exemplo muito simples é o ensaio de compressão diametral, para determinação da resistência do
concreto à tração indireta. Ao se aplicar tensões de compressão ao longo do comprimento do corpo de prova, surgem tensões de
tração perpendiculares às tensões de compressão, que causam a ruptura ou separação do corpo de prova em duas partes. Essas
tensões de tração são chamadas tensões de fendilhamento, que originam o esforço de fendilhamento e a fissura de fendilhamento.
8
Porém, os estribos dimensionados para a resistência ao momento de torção devem ser obrigatoriamente fechados.
9
Como por exemplo aqueles oriundos da torção de compatibilidade, de diversas possíveis deformações no concreto (por variação
de temperatura, retração, etc.), etc.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 12

5.6 TRELIÇA CLÁSSICA DE RITTER-MÖRSCH ( = 45)

Neste item são apresentadas as equações para as forças e tensões nas barras da treliça clássica, e no
item 5.7 as equações desenvolvidas segundo a treliça generalizada. As equações segundo os dois modelos
de treliça são a base para a dedução das equações contidas na NBR 6118, para o dimensionamento de
elementos à força cortante.
O comportamento da região da viga sob maior influência de forças cortantes e com fissuras
inclinadas no Estádio II, pode ser muito bem descrito fazendo-se a analogia com uma treliça isostática
(Figura 5.14). Cada barra da treliça representa uma parte de uma viga simples: o banzo inferior é a
armadura longitudinal de tração, o banzo superior é o concreto comprimido pela flexão, as diagonais
inclinadas de 45 representam o concreto comprimido (bielas de compressão) entre as fissuras de
cisalhamento, e as diagonais tracionadas inclinadas os estribos (montantes verticais no caso de estribos
verticais - Figura 5.14b). Essa treliça, também mostrada na Figura 5.16, é chamada “treliça clássica”
(banzos paralelos e diagonais comprimidas de 45).

2z fissura de cisalhamento z

a) armadura transversal a 45; b) armadura transversal a 90.

Figura 5.14 – Analogia clássica de treliça com as forças internas de uma viga na região próxima ao apoio. [9]

A analogia clássica de viga fissurada com uma treliça isostática foi introduzida por RITTER em
1899, e serviu para o entendimento do comportamento de vigas à força cortante no início do século 20.
Este modelo de Ritter foi melhorado por Mörsch,[22,23,24] assumindo que as diagonais comprimidas
estendem-se por mais de um estribo. Sobre a treliça, Lobo Carneiro escreveu o seguinte: “A chamada
treliça clássica de Ritter-Mörsch foi uma das concepções mais fecundas na história do concreto armado.
Há mais de meio século tem sido a base do dimensionamento das armaduras transversais – estribos e
barras inclinadas – das vigas de concreto armado, e está muito longe de ser abandonada ou considerada
superada. As pesquisas sugerem apenas modificações ou complementações na teoria, mantendo no
entanto o seu aspecto fundamental: a analogia entre a viga de concreto armado, depois de fissurada, e a
treliça”. É válido afirmar que essas palavras continuam verdadeiras até o presente.
Os estribos devem estar próximos entre si a fim de interceptarem qualquer possível fissura
inclinada devido às forças cortantes, pois uma ruptura precoce pode ocorrer quando a distância entre os
estribos for  2z para estribos inclinados a 45 e > z para estribos a 90 (Figura 5.14), onde z é o braço de
alavanca da viga (distância entre as forças resultantes relativas ao banzo de concreto comprimido e à
armadura longitudinal de tração).
Considerando-se a existência de múltiplos estribos, próximos entre si, pode-se imaginar a viga
como sendo na realidade uma superposição de várias treliças isostáticas (treliça em malha, hiperestática -
Figura 5.15), com cada treliça recebendo um quinhão de carga. Porém, por simplicidade, as forças nas
barras são calculadas considerando-se apenas uma treliça simples.
A NBR 6118 (item 17.4.1) preconiza que o dimensionamento de elementos lineares (como as
vigas) à força cortante pode ser feito segundo “[...] dois modelos de cálculo que pressupõem a analogia
com modelo em treliça, de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes complementares
desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por uma componente adicional Vc .”
A treliça clássica é a admitida pela NBR 6118 para o Modelo de Cálculo I (item 17.4.2.2), onde o
ângulo  de inclinação das diagonais comprimidas (bielas de compressão) é fixo com valor de 45, e a
treliça generalizada (item 5.7) é o modelo admitido para o Modelo de Cálculo II.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 13

cb
s Rs

R
cb
R
Figura 5.15 – A viga como uma superposição de treliças. [9]

Considere na Figura 5.16 uma viga biapoiada já fissurada (Estádio II), submetida a uma força
concentrada P no meio do vão e que resulta força cortante constante, e onde é mostrada também a treliça
isostática. A analogia dessa viga com a treliça clássica, com ângulo  de inclinação das diagonais
comprimidas (bielas de compressão) de 45 e com diagonais tracionadas inclinadas de um ângulo , está
mostrada na Figura 5.16.
Sendo a treliça isostática, as forças nas barras podem ser determinadas considerando-se apenas as
condições de equilíbrio dos nós, a partir da força cortante. Considerando a seção 1-1 da treliça sob atuação
da força cortante V, a força na diagonal comprimida (biela de compressão - Rcb) é:
1
V
sen 45  Eq. 5.1
R cb
R cb
V

V
R cb   2 V Eq. 5.2

45°
sen 45
1

V= P V= P
2 2

z
2 (1
+
co
tg banzo comprimido
)
diagonal comprimida
P
1

V z
45°
45°

1
z ( 1 + cotg )
V= P
2
diagonal tracionada banzo tracionado

Figura 5.16 – Viga representada segundo a treliça clássica de Ritter-Mörsch.


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 14

A distância entre duas diagonais comprimidas adjacentes, na direção perpendicular a elas, é


(Figura 5.16):
z
1  cotg  
2

A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto (área da
biela):
bw .
z
1  cotg  
2

onde bw é a largura da seção transversal e  é o ângulo de inclinação das diagonais tracionadas. A tensão
média de compressão na biela é então dada por:

R cb 2 2 V
cb  
bw
z
1  cotg   b w z 1  cotg  
2

2V
cb 
b w z 1  cotg  
Eq. 5.3

A força na diagonal tracionada (Rs,), inclinada do ângulo , pode ser determinada fazendo o
equilíbrio da seção 1-1 da treliça (Figura 5.16):

V
sen   Eq. 5.4
R s, V
R s,
V
R s,  Eq. 5.5
sen 

Cada diagonal de tração com força Rs, é relativa a um comprimento da viga, a distância z (1 +
cotg ), medida na direção do eixo longitudinal, e deve ser resistida por uma armadura chamada
transversal, composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de um ângulo 
(Figura 5.17).
z ( 1 + cotg )
A sw,

s s s s s s s

z ( 1 + cotg )

Figura 5.17 – Armadura transversal resistente à força em uma diagonal tracionada da treliça.

Considerando Asw10 a área de aço de um estribo, a área total de armadura no comprimento


z (1 + cotg ) é dada por:

z 1  cotg  
Asw , 
s

10
A área Asw é a soma das áreas das barras correspondentes aos ramos verticais do estribo.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 15

onde z (1 + cotg )/s representa o número de estribos nesse comprimento. A tensão sw na armadura
transversal resulta:

R s,  V s
sw ,  
Asw , z 1  cotg   z 1  cotg   sen  Asw ,
s


s
V s
sw ,  
z sen   cos   Asw ,  Eq. 5.6 Asw,

O ângulo  de inclinação da armadura transversal pode variar teoricamente de 45 a 90, sendo
que na esmagadora maioria dos casos da prática o ângulo adotado é de 90, com a armadura transversal
consistindo de estribos na posição vertical. Porém, é interessante fazer algumas comparações com o ângulo
 assumindo os valores de 45 e 90, o que é mostrado na Tabela 5.1.
A equação que determina a tensão na diagonal comprimida (cb) mostra que o ângulo  de
inclinação da armadura transversal influencia o valor da tensão na diagonal comprimida. Quando a
armadura transversal é colocada na posição vertical, com  = 90, como a armadura fica inclinada com
relação às tensões principais de tração I , a tensão na diagonal comprimida (biela de compressão) resulta o
dobro da tensão para quando a armadura é colocada inclinada a 45. Conclui-se que, quanto mais inclinada
for a armadura – até o limite de 45, menor será a tensão nas bielas de compressão.

Tabela 5.1 - Resumo das relações para a treliça clássica em função do


ângulo  de inclinação das diagonais tracionadas.
Relação em função de   = 45  = 90
Força na diagonal compri-
2V 2V 2V
mida (Rcb)
Tensão na diagonal 2V V V
2
comprimida (cb) b w z 1  cotg   bw z bw z
Força de tração na armadura V V
V
transversal (Rs) sen  sen 45
Tensão na armadura V s V s V s
transversal (sw) z sen   cos   Asw , z A sw ,45 2 z A sw ,90

O fato já enunciado da armadura transversal inclinada de 45 ser mais eficiente, por acompanhar a
inclinação das tensões principais de tração I , fica evidenciado ao se comparar as equações da tensão na
2 vezes menor que a armadura a 90.
armadura transversal (sw). Nota-se que a armadura a 45 resulta
No entanto, a armadura transversal inclinada a 45 apresenta comprimento 2 vezes maior que a
armadura a 90, o que resulta em consumos de armadura praticamente iguais.

5.7 TRELIÇA GENERALIZADA ( variável)

Com base nos resultados de numerosas pesquisas experimentais verificou-se no século passado que
a inclinação das fissuras é geralmente inferior a 45, e consequentemente as bielas de compressão têm
inclinações menores que 45, podendo chegar a ângulos de 30 ou até menores com a horizontal, em
função principalmente da quantidade de armadura transversal e da relação entre as larguras da alma e da
mesa (em seções T e I por exemplo - Figura 5.18). Além disso, a treliça não considera a ação de arco nas
proximidades dos apoios. Por não fazer essas considerações a treliça clássica de Ritter-Mörsch foi
considerada conservadora, e resultar armadura transversal um pouco exagerada.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 16

P P

- 30° - 38°

a) treliça de alma espessa

- 38° - 45°

b) treliça de alma delgada

Figura 5.18 - Treliça generalizada para vigas seção T com alma espessa e alma delgada.[26]

Para levar em conta a menor inclinação das fissuras surgiu, na década de 60, a chamada “treliça
generalizada”, com ângulos  menores que 45 para a inclinação das diagonais comprimidas (Figura 5.19).
A determinação correta do ângulo  para uma viga é muito complexa, porque depende de inúmeros fatores.
A dedução das forças na treliça generalizada é semelhante àquela já apresentada para a treliça
clássica. Sendo V a força cortante que atua na seção 1-1 da treliça (Figura 5.19), a força na diagonal
comprimida (Rcb) é:

V 1
sen   Eq. 5.7
R cb
R cb
V V
R cb  Eq. 5.8
sen 

z(cotg + cotg )sen 

banzo comprimido

diagonal comprimida
P
1

V z

  

1
z(cotg + cotg )
V= P
2
diagonal tracionada banzo tracionado

Figura 5.19 - Treliça generalizada com diagonais comprimidas inclinadas com ângulo 
e armadura transversal inclinada com ângulo .

A distância entre duas diagonais comprimidas adjacentes, na direção perpendicular a elas, é:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 17

z (cotg  + cotg ) sen 

A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto (área da
biela):
bw . z (cotg  + cotg ) sen 

onde  é o ângulo de inclinação das diagonais tracionadas. A tensão média de compressão na biela é então
dada por:
R cb
cb 
b w z cot g   cotg   sen 

V
cb 
b w z cot g   cotg   sen2 
Eq. 5.9

A força na diagonal tracionada (Rs,) pode ser determinada fazendo o equilíbrio da seção 1-1 da
treliça (Figura 5.19):

V
sen   Eq. 5.10
R s,
V
R s,
V
R s,  Eq. 5.11
sen 


Cada diagonal de tração com força Rs, é relativa a um comprimento da viga, a distância
z (cotg  + cotg ), medida na direção do eixo longitudinal da viga, e deve ser resistida por uma armadura
transversal composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de um ângulo .
Considerando Asw a área de aço de um estribo, a área total de armadura no comprimento
z (cotg  + cotg ) é dada por:

z cotg   cot g  
Asw ,
s

onde z (cotg  + cotg )/s representa o números de estribos nesse comprimento. A tensão sw na armadura
transversal resulta:

R s, 
sw , 
Asw z cot g   cotg  
s

s
V s
sw ,   Eq. 5.12
z cot g   cotg   sen  Asw ,  Asw,

No modelo de treliça generalizada o ângulo  é uma incógnita no problema, sendo dependente de


diversos fatores. Este é um assunto que vem sendo pesquisado, e nos modelos desenvolvidos por Collins,
Mitchell e Vecchio[6,7] (CFT e MCFT), o ângulo  é determinado (calculado).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 18

5.8 DIMENSIONAMENTO SEGUNDO A NBR 6118

A partir de março de 2003 uma nova versão da NBR 6118 entrou em vigor no Brasil, trazendo
significativas mudanças em relação à sua versão anterior, a NB 1/78[27], quanto ao dimensionamento da
armadura transversal para a resistência de elementos de Concreto Armado e Concreto Protendido à força
cortante. A nova NBR 6118 manteve a hipótese básica da analogia de viga fissurada com uma treliça, de
banzos paralelos. Porém, introduziu algumas inovações, como a possibilidade de considerar inclinações
diferentes de 45 para as diagonais comprimidas (bielas de compressão), novos valores adotados para a
parcela Vc da força cortante absorvida por mecanismos complementares de treliça, adoção da resistência do
concreto à compressão para região fissurada (fcd2), constante no código MC-90 do CEB-FIP[28] e
consideração de uma nova sistemática para verificação do rompimento das diagonais comprimidas, por
meio da força cortante resistente de cálculo (VRd2) em substituição à tensão de cisalhamento última (wu).
A norma dividiu o cálculo segundo dois modelos, os Modelos de Cálculo I e II. O Modelo de
Cálculo I admite a chamada treliça clássica, com ângulo de inclinação das diagonais comprimidas () fixo
em 45. Já o Modelo de Cálculo II considera a chamada treliça generalizada, onde o ângulo de inclinação
das diagonais comprimidas pode variar entre 30 e 45. Aos modelos de treliça foi associada uma força
cortante adicional Vc , proporcionada por mecanismos complementares ao de treliça.
O Modelo de Cálculo I é semelhante ao método constante da versão anterior da norma (NB
1/78[27]), porém, com alteração no valor da parcela Vc . Pode-se dizer que a nova metodologia introduzida
pela NBR 6118 segue em linhas gerais o MC-90 do CEB-FIP[28] e o Eurocode 2[29], com algumas
mudanças e adaptações.
A condição de segurança do elemento estrutural é satisfatória quando são verificados os Estados-
Limites Últimos, atendidas simultaneamente as duas condições seguintes:

VSd  VRd 2 Eq. 5.13

VSd  VRd 3  Vc  Vsw Eq. 5.14

onde: VSd = força cortante solicitante de cálculo na seção;


VRd2 = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto;
VRd3 = Vc + Vsw = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Vsw = parcela da força cortante solicitante resistida pela armadura transversal.

Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da treliça (ver


Figura 5.6), não considerados no modelo de treliça tradicional, e difíceis de serem quantificados, sendo por
isso adotados valores empíricos. Os três mecanismos principais de resistência são proporcionados por:

a) banzo de concreto comprimido da flexão;


b) engrenamento dos agregados ao longo das fissuras inclinadas;
c) efeito de pino da armadura longitudinal.

Os mecanismos complementares resultam: 1) o ângulo da tensão principal de compressão na alma


é menor que o ângulo de inclinação das fissuras; 2) uma componente vertical da força ao longo da fissura
que contribui para a resistência à força cortante, sendo esse mecanismo resistente chamado no ACI 318[25]
como “contribuição do concreto” (Vc).

5.8.1 Modelo de Cálculo I

No Modelo de Cálculo I a NBR 6118 (item 17.4.2.2) adota a treliça clássica de Ritter-Mörch, ao
admitir o ângulo  de 45o entre as diagonais comprimidas de concreto (bielas de compressão) e o eixo
longitudinal do elemento estrutural, e a parcela complementar Vc tem valor constante, independentemente
da força cortante solicitante VSd .

5.8.1.1 Verificação da Diagonal Comprimida de Concreto

A equação que define a tensão de compressão nas bielas de concreto para a treliça clássica ( =
45o) foi deduzida no item 5.6 (Eq. 5.3):
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 19

2V
cb 
b w z 1  cotg  

A NBR 6118 limita a tensão de compressão nas bielas ao valor fcd2 , como definido no código MC-
90 do CEB.[28] O valor fcd2 atua como um fator redutor da resistência à compressão do concreto, quando há
tração transversal por efeito de armadura e existem fissuras transversais às tensões de compressão (Figura
5.20). O valor fcd2 é definido por:

 f 
f cd2  0,60 1  ck  f cd = 0,60  v 2 f cd Eq. 5.15
 250 
tensão de tração
de armadura

tensão < f cd2

fissura
Figura 5.20 – Tensão de compressão com tração transversal conforme o MC-90 do CEB.[28]

 f 
A NBR 6118 (item 17.4.2.2) chama o fator 1  ck  de v2 . Na Eq. 5.3, substituindo o braço de
 250 
alavanca z por 0,9d (d é a altura útil), cb por fcd2 e fazendo V como a máxima força cortante resistente
(VRd2) correspondente à ruína das diagonais comprimidas de concreto, tem-se:

2 VRd 2
0,60  v 2 f cd 
b w 0,9d 1  cotg  

0,60  v2 f cd b w 0,9 d 1  cot g 


VRd 2  Eq. 5.16
2

VRd 2  0,27  v 2 f cd b w d 1  cot g   Eq. 5.17

A inclinação da armadura transversal () deve estar compreendida entre 45 e 90. Fazendo 
igual a 90 para estribo vertical, a Eq. 5.17 fica:

VRd 2  0,27  v 2 f cd b w d Eq. 5.18

f ck
com  v 2  1  , (fck em MPa):
250

 f 
VRd 2  0,27 1  ck  f cd b w d Eq. 5.19
 250 

Portanto, conforme a Eq. 5.13, para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas deve-
se ter: Sd  VRd 2
V
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 20

5.8.1.2 Cálculo da Armadura Transversal

Da Eq. 5.14 (VSd  VRd3), fazendo a força cortante de cálculo (VSd) igual à máxima força cortante
resistente de cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se:
VSd  VRd 3  Vc  Vsw

A parcela Vc referente à parte da força cortante absorvida pelos mecanismos complementares ao de


treliça é definida como:

a) elementos tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção

Vc = 0

b) na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção

Vc = Vc0

Vc0  0,6 f ctd b w d Eq. 5.20

sendo fctd a resistência de cálculo do concreto à tração direta, e avaliado por:

f ctk, inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3


f ctd    f ck 2 Eq. 5.21
c c c

com fck em MPa.

A força Vc0 representa a resistência à força cortante de uma viga sem estribos, ou seja, é a máxima
força cortante que uma viga sem estribos pode resistir.

c) na flexo-compressão

 M0 
Vc  Vc0 1   2 Vc0 Eq. 5.22
 M 
 Sd , máx 
onde:
bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d11;
d = altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade da armadura
de tração12;
s = espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw , medido segundo o eixo longitudinal
do elemento estrutural;
fywd = tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a 70 %
desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a
435 MPa13;
 ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do elemento
estrutural, podendo-se tomar 4590;
M0 = momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção (tracionada por
Md,máx), provocada pelas forças normais de diversas origens concomitantes com V Sd , sendo essa
tensão calculada com valores de f e p iguais a 1,0 e 0,9, respectivamente; os momentos
correspondentes a essas forças normais não podem ser considerados no cálculo dessa tensão, pois
são considerados em MSd ; devem ser considerados apenas os momentos isostáticos de protensão;

11 No caso de elementos protendidos, consultar o item 17.4.2.2 da NBR 6118;


12 No caso de elementos protendidos, consultar o item 17.4.2.2 da NBR 6118;
13 “no caso de armaduras transversais ativas, o acréscimo de tensão devida à força cortante não pode ultrapassar a diferença

entre fpyd e a tensão de protensão, nem ser superior a 435 MPa;” (NBR 6118, item 17.4.2.2).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 21

MSd,máx = momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise, que pode ser tomado como o de
maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo não se consideram os momentos
isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).

Com o valor de Vc conhecido, da Eq. 5.14 calcula-se a parcela da força cortante a ser resistida pela
armadura transversal:

Vsw  VSd  Vc Eq. 5.23

A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça clássica ( = 45o) foi deduzida
no item 5.6 (Eq. 5.6):
V s
sw ,  
z sen   cos   Asw , 

Substituindo z por 0,9d, V por Vsw , e fazendo sw, igual à máxima tensão admitida na armadura
(fywd), a Eq. 5.6 modifica-se para:

Vsw s
f ywd 
0,9 d sen   cos   Asw , 
Eq. 5.24

A sw ,  Vsw
 Eq. 5.25
s 0,9 d f ywd (sen   cos )

A NBR 6118 (item 17.4.2.2) limita a tensão fywd ao valor de fyd para armadura transversal passiva
constituída por estribos, e a 70 % de fyd quando forem utilizadas barras dobradas inclinadas, não se
tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa. Portanto, para estribos tem-se:

f yk f yk
f ywd  f yd    435 MPa
s 1,15

A tensão máxima imposta pela norma refere-se ao aço CA-50, pois fyd = 50/1,15 = 435 MPa. No
caso do dimensionamento do estribo ser feito com o aço CA-60, esta tensão máxima também deve ser
obedecida, ou seja, deve-se calcular como se o aço fosse o CA-50.
A inclinação dos estribos deve obedecer à condição 45o    90o . Para estribo inclinado a 45 e a
90 a Eq. 5.25 fica respectivamente igual a:

Asw ,45 Vsw


 Eq. 5.26
s 1,27 d f ywd

Asw ,90 Vsw


 Eq. 5.27
s 0,9 d f ywd

No caso de serem utilizados os aços CA-50 ou CA-60 e armadura transversal somente na forma de
estribos, fywd assume o valor de 43,5 kN/cm2, que aplicado às Eq. 5.26 e Eq. 5.27 encontram-se:

Asw , 45 Vsw
 Eq. 5.28
s 55,4 d

Asw ,90 Vsw


 Eq. 5.29
s 39,2 d

com: Asw = cm2/cm, Vk = kN e d = cm.


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 22

Asw
É importante observar que é a armadura transversal por unidade de comprimento da viga e
s
Asw é a área de todos os ramos verticais do estribo.
Para estribo de dois ramos, que é o tipo aplicado na grande maioria das vigas, Asw equivale à área
dos dois ramos verticais do estribo. Para estribos com três ou quatro ramos, Asw é a área de todos os três ou
quatro ramos verticais do estribo (Figura 5.21).

A sw A sw

Figura 5.21 – Área Asw de estribos de três e quatro ramos.

5.8.2 Modelo de Cálculo II

No Modelo de Cálculo II a NBR 6118 (item 17.4.2.3) admite que o ângulo de inclinação das
diagonais de compressão () varie livremente entre 30o e 45o e que a parcela complementar Vc sofra
redução com o aumento de VSd. Ao admitir ângulos  inferiores a 45 a norma adota a chamada “treliça
generalizada”, como mostrada no item 5.7.

5.8.2.1 Verificação da Diagonal Comprimida de Concreto

Conforme a Eq. 5.9, no item 5.7 foi deduzida a expressão para a tensão nas bielas de concreto para
a treliça com diagonais comprimidas inclinadas de um ângulo :

V
cb 
b w z cot g   cot g   sen2 

A norma limita a tensão nas bielas comprimidas ao valor fcd2 , como apresentado no item 5.8.1.1. O
valor fcd2 , apresentado na Eq. 5.15, é:

 f 
fcd2  0,60 1  ck  fcd , com fck em MPa.
 250 

 f 
Chamando o fator 1  ck  de v2 e substituindo z por 0,9 d, cb por fcd2 e V pela máxima força
 250 
cortante resistente de cálculo (VRd2), a Eq. 5.9 transforma-se em:

VRd 2
0,60  v 2 f cd 
b w 0,9 d cot g   cot g   sen2 

Isolando VRd2 fica:

VRd 2  0,54  v 2 f cd b w d sen 2  cot g   cot g  Eq. 5.30

e substituindo v2 :
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 23

 f 
VRd 2  0,54 1  ck  f cd b w d sen2  cot g   cot g  Eq. 5.31
 250 

Para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas, conforme a Eq. 5.13 deve-se ter:

VSd  VRd 2

5.8.2.2 Cálculo da Armadura Transversal

Da Eq. 5.14, fazendo a cortante de cálculo (VSd) igual à máxima cortante resistente de cálculo,
relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se:

VSd  VRd 3  Vc  Vsw

A parcela Vc referente à parte da força cortante absorvida pelos mecanismos complementares ao de


treliça é definida como:

a) elementos tracionados quando a linha neutra se situa fora da seção

Vc = 0

b) na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção

Vc = Vc1

c) na flexo-compressão

 M0 
Vc  Vc1 1   2 Vc1 Eq. 5.32
 M 
 Sd , máx 

Para a determinação de Vc em função de Vc1 , a seguinte lei de variação para Vc1 deve ser
considerada:

Vc1 = Vc0  para VSd  Vc0


e Eq. 5.33
Vc1 = 0  para VSd = VRd2

interpolando-se linearmente para valores intermediários de Vc1 . A Eq. 5.20 apresentou a parcela Vc0 :

Vc0  0,6 f ctd b w d

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2


com: f ctd    f ck , (fck em MPa)
c c c

Na Figura 5.22 é mostrado um gráfico que mostra a variação de Vc1 com VSd , onde, quando VSd for
maior que Vc0 , a força Vc1 pode ser calculada com:

VRd 2  VSd
Vc1  Vc0 Eq. 5.34
VRd 2  Vc0
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 24

Vc1

VRd2 - Vc0

VSd < Vc0 VRd2 - VSd


Vc0

Vc1

VSd

0 Vc0 VSd VRd2


VSd < Vc0 Vc0 < VSd < VRd2

Figura 5.22 – Gráficos demonstrativos da variação entre Vc1 e VSd .

Com o valor de Vc1 conhecido, nas vigas submetidas à flexão simples faz-se Vc = Vc1 , e aplicando
a Eq. 5.14 calcula-se a parcela Vsw da força cortante a ser resistida pela armadura transversal, de modo
semelhante à Eq. 5.23:

Vsw  VSd  Vc

A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça com ângulo de inclinação das
diagonais comprimidas igual a  foi deduzida no item 5.7 ( Eq. 5.12):
V s
sw ,  
z cot g   cotg   sen  Asw , 

limitando sw, à máxima tensão admitida na armadura (fywd) e fazendo V = Vsw e z = 0,9d, tem-se:

Vsw s
sw ,   f ywd 
0,9d cot g   cotg  sen  Asw , 

Isolando Asw/s encontra-se a equação para cálculo da armadura transversal:

Asw , Vsw

0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 
Eq. 5.35
s

onde: s = espaçamento dos estribos;


Asw, = área de todos os ramos verticais do estribo;
 = ângulo de inclinação dos estribos, 45o    90o ;
 = ângulo de inclinação das bielas de compressão 30o    45o ;
fywd = tensão máxima no estribo:

f yk f yk
f ywd    435 MPa, para qualquer tipo de aço.
s 1,15

5.8.3 Lajes e Elementos Lineares com bw  5d

A força cortante em lajes e elementos lineares com bw  5d é verificada no item 19.4 da NBR
6118. A norma faz distinção entre laje sem e com armadura transversal para a força cortante.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 25

5.8.3.1 Lajes sem Armadura para Força Cortante

“As lajes maciças ou nervuradas, conforme 17.4.1.1.2-b), podem prescindir de armadura


transversal para resistir as forças de tração oriundas da força cortante, quando a força cortante de
cálculo, a uma distância d da face do apoio, obedecer à expressão:” (NBR 6118, 19.4.1)

VSd  VRd1 Eq. 5.36

onde VSd é a força cortante de cálculo e a força cortante máxima VRd1 é:


VRd1  Rd k 1,2  401   0,15 cp b w d  Eq. 5.37

onde:
NSd
cp  Eq. 5.38
Ac

NSd = força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento (compressão com sinal
positivo).

Não existindo a protensão ou força normal que cause a compressão, a Eq. 5.37 torna-se:

VRd1   Rd k 1,2  401  b w d Eq. 5.39

Rd = 0,25 fctd Eq. 5.40

fctd = fctk,inf / c

As1
1  , não maior que |0,02| Eq. 5.41
bw d

bw = largura mínima da seção ao longo da altura útil d;


k = coeficiente que tem os seguintes valores:

- para elementos onde 50 % da armadura inferior não chega até o apoio: k = |1|;
- para os demais casos: k = |1,6 – d|, não menor que |1|, com d em metros.

onde: Rd = tensão resistente de cálculo do concreto à força cortante (ou cisalhamento conforme a
norma);
As1 = área da armadura de tração que se estende até não menos que d + b,nec além da seção
considerada (Figura 5.23); com b,nec definido como (NBR 6118, 9.4.2.5):

A s, calc
 b, nec    b   b, mín Eq. 5.42
A s, ef

onde:  = 1,0 para barras sem gancho;


 = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do gancho  3;
 = 0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme o item 9.4.2.2 da norma;
 = 0,5 quando houver barras transversais soldadas conforme o item 9.4.2.2 da norma e gancho
com cobrimento normal no plano normal ao do gancho  3;
b = comprimento de ancoragem básico, mostrado na Tabela A-2 e Tabela A-3 (NBR 6118,
9.4.2.4);
As,calc = área da armadura calculada;
As,ef = área da armadura efetiva.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 26

0,3  b

 b, mín  10  Eq. 5.43
100 mm

As Seção considerada

45° d

Vsd
b,nec

 b, nec  b, nec
Vsd
45° 45°
d

As As

Figura 5.23 – Comprimento de ancoragem necessário para as armaduras nos apoios.

5.8.3.2 Lajes com Armadura para Força Cortante

No caso de se projetar a laje com armadura transversal para a força cortante, a NBR 6118
recomenda que sejam seguidos os critérios apresentados em 17.4.2, que trata do dimensionamento de vigas
à força cortante, assunto que será estudado na disciplina Estruturas de Concreto II.
A tensão nos estribos deve ser (NBR 6118, 19.4.2): “A resistência dos estribos pode ser
considerada com os seguintes valores máximos, sendo permitida interpolação linear:
- 250 MPa, para lajes com espessura até 15 cm;
- 435 MPa (fywd), para lajes com espessura maior que 35 cm.”

5.9 ARMADURA MÍNIMA

GARCIA[30] afirma que uma armadura transversal mínima deve ser colocada nas vigas a fim de
atender os seguintes objetivos:
a) na eventualidade de serem aplicados carregamentos não previstos no cálculo, as vigas não apresentem
ruptura brusca logo após o surgimento das primeiras fissuras inclinadas;
b) limitar a inclinação das bielas e a abertura das fissuras inclinadas;
c) evitar a flambagem da armadura longitudinal comprimida.

Conforme a NBR 6118 (item 17.4.1.1.1), em todos os elementos lineares submetidos à força
cortante, com exceção dos casos indicados na sequência, deve existir uma armadura transversal mínima,
constituída por estribos com a seguinte taxa geométrica:

A sw f
sw   0,2 ct, m Eq. 5.44
b w s sen  f ywk
onde:
Asw = área da seção transversal total de cada estribo, compreendendo todos os seus ramos verticais;
s = espaçamento dos estribos;
 = ângulo de inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural;
bw = largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção;
fywk = resistência ao escoamento do aço da armadura transversal, valor característico;
fct,m = resistência média à tração do concreto.

Isolando Asw/s na Eq. 5.44 e fazendo como armadura mínima fica:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 27

A sw , mín 0,2 f ct, m


 b w sen  Eq. 5.45
s f ywk

Para estribo vertical ( = 90) e com o espaçamento s de 100 cm, a armadura mínima fica:

20 f ct, m
A sw , mín  bw Eq. 5.46
f ywk

com: Asw,mín = área da seção transversal de todos os ramos verticais do estribo (cm2/m);
bw em cm;
fywk em kN/cm2.

A resistência fct,m deve ser aplicada em kN/cm2 e calculada como:

fct, m  0,3 3 fck 2 , fck em MPa

As exceções indicadas pela NBR 6118 (17.4.1.1.2), que não necessitam conter a armadura mínima
indicada na Eq. 5.46, são:

“a) os elementos estruturais lineares com bw >5d (em que d é a altura útil da seção), caso que deve ser
tratado como laje (ver 19.4);
b) as nervuras de lajes nervuradas, descritas em 13.2.4.2-a) e b), que também podem ser verificadas como
lajes. Nesse caso deve ser tomada como base a soma das larguras das nervuras no trecho considerado,
podendo ser dispensada a armadura transversal, quando atendido o disposto em 19.4.1;
c) os pilares e elementos lineares de fundação submetidos predominantemente à compressão, que atendam
simultaneamente, na combinação mais desfavorável das ações em estado-limite último, calculada a seção
em Estádio I, às condições seguintes:
- em nenhum ponto deve ser ultrapassada a tensão fctk ;
- VSd ≤ Vc , sendo Vc definido em 17.4.2.2.

Nesse caso, a armadura transversal mínima é a definida na Seção 18.”

5.10 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

Segundo os itens 17.4.1.1.3 e 17.4.1.1.4 da NBR 6118, a armadura transversal (Asw) pode ser
constituída por estribos, combinados ou não com barras dobradas ou barras verticais soldadas. Os estribos
devem envolver a armadura longitudinal e serem fechados na região de apoio das diagonais comprimidas.
Quando forem utilizadas barras dobradas ou barras verticais soldadas, estas não podem resistir mais do que
60 % da força cortante total resistida pela armadura. As barras soldadas devem ser ancoradas conforme o
item 9.4.6.2 da norma, e quando combinadas com estribos em proporção menor que 60 %, os elementos
longitudinais soldados devem obrigatoriamente constituir a totalidade da armadura longitudinal de tração.
No item 18.3.3.1 consta que os estribos podem ser combinados também com telas soldadas, além das
barras dobradas.
A combinação de estribos e barras dobradas em vigas era muito comum no Brasil até cerca de 40
anos atrás, mas deixou de ser aplicada porque a armadura consistida apenas por estribos é mais simples e
econômica. SÜSSEKIND[31] apresenta razões que justificam a não aplicação de barras dobradas, também
chamadas cavaletes. No item 18.3.3.3 a NBR 6118 apresenta prescrições no caso de uso de barras
dobradas. Barras verticais soldadas também não são usuais na prática brasileira.
No item 18.3.3.2 a NBR 6118 acrescenta que “Os estribos para forças cortantes devem ser
fechados através de um ramo horizontal, envolvendo as barras da armadura longitudinal de tração, e
ancorados na face oposta. Quando essa face também puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo
horizontal nessa região, ou complementado por meio de barra adicional.”
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 28

5.10.1 Diâmetro do Estribo

As prescrições para o diâmetro do estribo (t) são (NBR 6118, 18.3.3.2):

5 mm  t  bw/10 Eq. 5.47

- “quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode ser superior a 12 mm”;
- para “estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para 4,2
mm, desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão dessa armadura.”

5.10.2 Espaçamento Mínimo e Máximo entre os Estribos

“O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento


estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom adensamento da
massa.” (NBR 6118, 18.3.3.2). Adotando-se uma folga de 1 cm para a passagem da agulha do vibrador, o
espaçamento mínimo fica:

s  vibr + 1 cm Eq. 5.48

A fim de evitar que uma fissura não seja interceptada por pelo menos um estribo, os estribos não
devem ter um espaçamento maior que um valor máximo, estabelecido conforme as seguintes condições
(NBR 6118, 18.3.3.2):

 0,67 VRd 2  s máx  0,6 d  30 cm



VSd  Eq. 5.49
 0,67 V  s máx  0,3 d  20 cm
 Rd 2

5.10.3 Espaçamento Máximo entre os Ramos Verticais do Estribo

O espaçamento transversal (st) entre os ramos verticais sucessivos dos estribos não pode exceder
os seguintes valores (NBR 6118, 18.3.3.2):

 0,20 VRd 2  s t , máx  d  80 cm

VSd  Eq. 5.50
 0,20 V
 Rd 2  s t , máx  0,6 d  35 cm

O espaçamento transversal (st,máx) serve para definir qual o número de ramos verticais deve ser
especificado para os estribos, principalmente no caso de estribos de vigas largas.
Nas vigas correntes das construções, com larguras geralmente até 30 cm, o estribo mais comum de
ser aplicado é o de dois ramos verticais, que é simples de ser feito e amarrado com as barras longitudinais
de flexão. Porém, em vigas largas, como vigas de equilíbrio em fundações de edifícios, vigas de pontes,
vigas com grandes vãos, etc., se a distância entre os ramos verticais do estribo supera o espaçamento
máximo permitido, a solução é aumentar o número de ramos, geralmente fazendo ramos pares, pois assim
os estribos podem ser idênticos. O maior número de ramos é obtido pela sobreposição dos estribos na
mesma seção transversal, como mostrado na Figura 5.21 para quatro ramos.
Vigas largas, com larguras maiores que aproximadamente 40 cm, devem ter estribos com mais de
dois ramos verticais, sendo muito comum o uso de estribos com quatro ramos, que oferece a vantagem de
ser montado sobrepondo-se dois estribos idênticos de dois ramos. No caso do estribo com três ramos é
colocada uma barra adicional no espaço entre os ramos de um estribo convencional com dois ramos
(Figura 5.24).

5.10.4 Emenda do Estribo

“As emendas por traspasse são permitidas apenas quando os estribos forem constituídos por telas
ou por barras de alta aderência.” (NBR 6118, item 18.3.3.2).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 29

Figura 5.24 – Estribos com três e com quatro ramos verticais.

5.10.5 Ancoragem do Estribo

“A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras
longitudinais soldadas.” (NBR 6118, item 9.4.6).
Os ganchos dos estribos, conforme a NBR 6118 (item 9.4.6.1), podem ser (ver Figura 5.25):
“a) semicirculares ou em ângulo de 45 (interno), com ponta reta de comprimento igual a
5 t , porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 t , porém não inferior a 7 cm (este
tipo de gancho não pode ser utilizado para barras e fios lisos).”

O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao valor apresentado na
Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos (Tabela 9.2 da NBR 6118).
Tipo de aço
Bitola (mm)
CA-25 CA-50 CA-60
 10 3 t 3 t 3 t
10 <  < 20 4 t 5 t -
 20 5 t 8 t -

No item 9.4.6.2 a NBR 6118 prescreve como deve ser a ancoragem de estribos por meio de barras
transversais soldadas, e em 9.4.7 a ancoragem por meio de dispositivos mecânicos.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 30

10 
t 7 cm

5 
t 5 cm

D D

t t

45°

5 
t 5 cm

t

Figura 5.25 – Tipos de ganchos para os estribos.

5.11 EQUAÇÕES SIMPLIFICADAS

Com base na formulação contida na NBR 6118 e deduzida nos itens precedentes, desenvolvem-se
a seguir equações um pouco mais simples com o objetivo de automatizar o dimensionamento das
armaduras transversais para as vigas de Concreto Armado, submetidas à flexão simples. O uso dessas
equações torna o cálculo mais simples e rápido, facilitando o trabalho manual. Na sequência, as equações
teóricas dos Modelos de Cálculo I e II são remanejadas e simplificadas.

5.11.1 Modelo de Cálculo I

O modelo de cálculo I assume a treliça clássica, com o ângulo de inclinação das diagonais
comprimidas  = 45.

5.11.1.1 Força Cortante Máxima

Para verificar se ocorrerá ou não o esmagamento das bielas de compressão, considera-se a situação
limite VSd  VRd 2 , a partir das Eq. 5.13 e Eq. 5.18:

VRd 2  0,27  v 2 f cd b w d

f ck
Com  v 2  1  , c = 1,4 e estribo vertical ( = 90), resulta a equação para VRd2 :
250

 f 
VRd 2  0,027 1  ck  f cd b w d Eq. 5.51
 250 
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 31

f ck
com f cd  e fck em MPa e VRd2 em kN.
c

Se VSd  VRd2 não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão.

Na Tabela 5.3 encontram-se equações de VRd2 em função da resistência característica do concreto


(fck).

5.11.1.2 Força Cortante Correspondente à Armadura Mínima

A força cortante correspondente à armadura mínima (VSd,mín) pode ser obtida por meio da
igualdade:
Asw , mín Asw
 Eq. 5.52
s s

Conforme as Eq. 5.25 e Eq. 5.44 tem-se:

Asw , Vsw
 Eq. 5.53
s 0,9 d f ywd (sen  cos )

Asw ,mín
 sw , mín b w sen Eq. 5.54
s

Aplicando a Eq. 5.53 e a Eq. 5.54 na Eq. 5.52 e fazendo o ângulo  igual a 90 (estribo vertical):

Vsw , mín
sw , mín b w sen90  Eq. 5.55
0,9 d f ywd (sen90  cos 90)

ou ainda,
Vsw , mín  sw , mín b w 0,9 d f ywd Eq. 5.56

Sendo a taxa de armadura mínima dada por:

f ctm 0,3 3 f ck 2
sw , mín  0,2  0,2 Eq. 5.57
f ywk f ywk

a Eq. 5.56 passa a ser escrita em função das resistências características do concreto e do aço:

3
f ck 2 f ywk
Vsw , mín  0,06 b w 0,9 d Eq. 5.58
10 f ywk 1,15

O fator dez no denominador da Eq. 5.58 é para transformar o resultado de MPa para kN/cm2, dado
que fck deve ser aplicado em MPa. Fazendo as simplificações na Eq. 5.58 obtém-se a Eq. 5.59, referente à
resistência da viga correspondente à armadura mínima, em função da resistência característica do concreto:

Vsw , mín  0,0047 bw d 3 f ck 2 Eq. 5.59

Fazendo Vc = Vc0 na Eq. 5.14 (VSd = Vc + Vsw) de verificação do Estado-Limite Último (ELU),
tem-se:
VSd , mín  Vc0  Vsw , mín
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 32

Substituindo-se as expressões de Vc0 e de Vsw,mín , Eq. 5.20 e Eq. 5.59, respectivamente, resulta:

 0,6 . 0,7 . 0,3 


VSd , mín  b w d 3
f ck 2   0,0047  Eq. 5.60
 1,4 . 10 

ou ainda,
VSd , mín  0,0137 b w d 3
f ck 2 Eq. 5.61

com fck em MPa e VSd,mín em kN.

A força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a força VSd,mín e:

Se VSd  VSd,mín  utiliza-se armadura transversal mínima;

Se VSd > VSd,mín  calcula-se a armadura transversal para VSd .

Na Tabela 5.3 encontram-se apresentadas as equações para VSd,mín em função da resistência


característica fck dos concretos do Grupo I normalizados pela NBR 8953.[32]

5.11.1.3 Armadura Transversal

Para a determinação da armadura transversal necessária, também em função da resistência do


concreto, pode-se retomar a Eq. 5.25:

Asw , Vsw

s 0,9 d f ywd (sen  cos )

e, como Vsw  VSd  Vc , considerando-se também fywd = 435 MPa (aços CA-50 e CA-60),
s = 100 cm e estribo vertical ( = 90), obtém-se:

Asw VSd  0,6 f ctd b w d


 Eq. 5.62
100 0,9 . d . 43,5 (sen 90o  cos 90 o )

ou ainda, simplificando-se:

VSd
Asw ,90  2,55  0,023 b w 3 f ck 2 Eq. 5.63
d

com fck em MPa e Asw em cm2/m.


A Tabela 5.3 mostra a Eq. 5.51, Eq. 5.61 e Eq. 5.63, para VRd2 , VSd,mín e Asw respectivamente, em
função da resistência característica do concreto à compressão (fck), somente para os concretos do Grupo I
de resistência (do concreto C20 ao C50). Entrando com bw e d em cm e VSd em kN, resultam VRd2 e VSd,mín
em kN e Asw em cm2/m.
Nota-se que os coeficientes de segurança c e s , com valores de 1,4 e 1,15, respectivamente, já
estão considerados nas equações constantes da Tabela 5.3. As equações são válidas para os aços CA-50 e
CA-60, e para a solicitação de flexão simples.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 33

Tabela 5.3 – Equações simplificadas segundo o Modelo de Cálculo I para concretos do Grupo I.

Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples).

VRd2 VSd,mín Asw


Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)
VSd
C20 0,35 b w d 0,101 b w d 2,55  0,17 b w
d
VSd
C25 0,43 b w d 0,117 b w d 2,55  0,20 b w
d
VSd
C30 0,51 b w d 0,132 b w d 2,55  0,22 b w
d
VSd
C35 0,58 b w d 0,147 b w d 2,55  0,25 b w
d
VSd
C40 0,65 b w d 0,160 b w d 2,55  0,27 b w
d
VSd
C45 0,71 b w d 0,173 b w d 2,55  0,29 b w
d
VSd
C50 0,77 b w d 0,186 b w d 2,55  0,31 b w
d
bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;

5.11.2 Modelo de Cálculo II

Processo semelhante ao desenvolvido para o Modelo de Cálculo I pode ser aplicado ao Modelo II
com o intuito de definir equações simplificadoras.

5.11.2.1 Força Cortante Última

Para a verificação do esmagamento das bielas de compressão, considera-se a situação limite


VSd  VRd 2 , a partir da Eq. 5.13 aplicada na Eq. 5.30:

VRd 2  0,54  v 2 f cd b w d sen 2  cot g   cot g 

f ck
Com  v 2  1  , c = 1,4 e estribo vertical ( = 90), resulta a equação para VRd2 :
250

 f 
VRd 2  0,054 1  ck  f cd b w d sen  cos 
 250  Eq. 5.64

f ck
com f cd  e fck em MPa.
c

Deve ser considerada a condição necessária:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 34

Se VSd  VRd2 não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão.

Na Tabela 5.4 encontram-se apresentadas equações mais simples para VRd2 , em função da
resistência característica do concreto (fck).

5.11.2.2 Força Cortante Correspondente à Armadura Mínima

A força cortante correspondente à armadura mínima (VSd,mín) pode ser obtida por meio da
igualdade, resultante da Eq. 5.14:

VSd , mín  Vc  Vsw , mín Eq. 5.65

Das Eq. 5.35 e Eq. 5.45:

Asw , 
Vsw  0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 
s

Asw , mín 0,3 3 f ck 2


 0,2 b w sen 
s f ywk

aplicando a armadura mínima na Eq. 5.35 fica:

0,3 3 f ck 2 f ywk
Vsw , mín  0,2 b w sen 0,9 d cot g   cotg  sen  Eq. 5.66
10 . f ywk 1,15

Para estribo vertical ( = 90) a Eq. 5.66 fica:

Vsw , mín  0,0047 3 fck 2 b w d cot g  Eq. 5.67

Sendo Vc = Vc1 (item 5.8.2.2) e aplicando a Eq. 5.67 na Eq. 5.65 tem-se a força cortante mínima,
referente à resistência da viga com a armadura mínima, em função da resistência característica do concreto:

VSd , mín  Vc1  0,0047 b w d 3


fck 2 cot g  Eq. 5.68

com fck em MPa.

A força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a força VSd,mín e:

Se VSd  VSd,mín  utiliza-se armadura transversal mínima;

Se VSd > VSd,mín  calcula-se a armadura transversal para VSd .

Na Tabela 5.4 encontram-se apresentadas as equações para VSd,mín em função da resistência


característica fck do concreto.

5.11.2.3 Armadura Transversal

Para a determinação da armadura transversal necessária, também em função da resistência do


concreto à compressão, pode-se retomar a Eq. 5.35:

Asw , Vsw

s 0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 35

e, como Vsw  VSd  Vc1 (Eq. 5.23, com Vc = Vc1 na flexão simples), considerando-se também fywd = 435
MPa (aços CA-50 e CA-60), s = 100 cm e estribo vertical ( = 90), obtém-se:

Asw ,90 VSd  Vc1



100 0,9 . d . 43,5 cot g 

ou, ainda, simplificando-se:

Asw ,90  2,55


VSd  Vc1 
Eq. 5.69
d . cot g 

com d em cm, VSd e Vc1 em kN e Asw em cm2/m.

A parcela Vc1 sai da Eq. 5.34 já definida:

VRd 2  VSd
Vc1  Vc0
VRd 2  Vc0

A Tabela 5.4 mostra a Eq. 5.64, Eq. 5.68 e Eq. 5.69, para VSRd2 , VSd,mín e Asw respectivamente, em
função da resistência característica do concreto à compressão (fck), somente para os concretos do Grupo I
de resistência (do concreto C20 ao C50). Entrando com bw e d em cm e VSd e Vc1 em kN, resultam VRd2 e
VSd,mín em kN e Asw em cm2/m.
Nota-se que os coeficientes de segurança c e s , com valores de 1,4 e 1,15, respectivamente, já
estão considerados nas equações constantes da Tabela 5.4. As equações são válidas para os aços CA-50 e
CA-60, e para a solicitação de flexão simples.

Tabela 5.4 – Equações simplificadas segundo Modelo de Cálculo II para concretos do Grupo I.

Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples)

VRd2 VSd,mín Asw


Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)

C20 0,71 b w . d . sen .cos  0,035. b w . d . cot g   Vc1

C25 0,87 b w . d . sen .cos  0,040 . b w . d . cot g   Vc1

1,02 b w . d . sen . cos  0,045 . b w . d . cot g   Vc1


C30
VSd  Vc1 
2,55 tg 
C35 1,16 b w . d . sen .cos  0,050 . b w . d . cot g   Vc1 d

C40 1,30 b w . d . sen .cos  0,055 . b w . d . cot g   Vc1

C45 1,42 b w . d . sen . cos  0,059 . b w . d . cot g   Vc1

C50 1,54 b w . d . sen . cos  0,064 . b w . d . cot g   Vc1


bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;  = ângulo de inclinação das bielas de compressão ();
VC1 = força cortante proporcionada pelos mecanismos complementares ao de treliça, kN;
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 36

5.12 CONSIDERAÇÕES SOBRE O ÂNGULO DE INCLINAÇÃO DAS DIAGONAIS DE


COMPRESSÃO ()

Segundo LEONHARDT e MÖNNIG[9], “A forma da seção transversal tem uma forte influência
sobre o comportamento resistente de vigas de concreto armado, solicitadas à força cortante.”
Investigações experimentais mostraram que, após iniciado o processo de fissuração na viga, ocorre
uma redistribuição dos esforços internos, proporcional à rigidez, principalmente das diagonais de
compressão e do banzo comprimido. No caso de seção retangular, por exemplo, as diagonais de
compressão são rígidas em relação ao banzo comprimido, o qual inclina-se em direção ao apoio, criando o
efeito de arco atirantado na viga, como indicado na Figura 5.7. O banzo comprimido, ao inclinar-se em
direção ao apoio pode até mesmo absorver toda a força transversal, por meio de sua componente vertical,
como indicada na Figura 5.26.
A rigidez das barras da treliça depende das quantidades de armaduras longitudinal e transversal,
mas principalmente das áreas de concreto que formam o banzo comprimido e as diagonais de compressão,
expressa simplificadamente pela relação b/bw , como indicado na Figura 5.26.
Com a diminuição da relação b/bw ocorre um aumento da inclinação da força no banzo comprimido
e uma diminuição da inclinação das diagonais comprimidas (diminuição de ) e, como consequência, os
esforços de tração na alma diminuem progressivamente em comparação àqueles calculados segundo a
treliça clássica.
P

R cc
R cc ~
~V

P b

hf
R cc
R cc ~
~V
Rs R cb

bw

Figura 5.26 – Efeito de arco em viga de seção retangular e seção T com inclinação
do banzo comprimido em direção ao apoio. [9]

Os ensaios experimentais realizados na Alemanha[9] mostraram também que “a inclinação das


fissuras de cisalhamento ou das diagonais comprimidas varia com a relação b/bw ; essa inclinação situa-se
em torno de 30 para b/bw = 1 e cresce para cerca de 45 para b/bw = 8 a 12. As diagonais de compressão
que possuem uma inclinação menor que 45 conduzem a esforços de tração na alma de menor valor.”
Dessas constatações feitas em diversos ensaios experimentais pode-se concluir pela indicação de
considerar ângulos  inferiores a 45 quando do dimensionamento de vigas de seção retangular, isto é,
segundo LEONHARDT e MÖNNIG[9], podem ser adotados valores para  em torno de 30.
No caso de seções com banzos comprimidos mais rígidos, como seções em forma de T, I, etc., a
força no banzo comprimido inclina-se pouco, e o ângulo de inclinação das fissuras de cisalhamento tende a
aumentar para 45, e pode-se adotar  de 45 ou pouco menor, conforme a relação b/bw .

5.13 REDUÇÃO DA FORÇA CORTANTE

Ensaios experimentais com medição da tensão nos estribos mostram que o modelo de treliça
desenvolvido para as vigas é efetivamente válido após uma pequena distância dos apoios, pois se constatou
que os estribos muito próximos aos apoios apresentam tensão menor que os estribos fora deste trecho. Em
função desta característica, na região junto aos apoios, a NBR 6118 (item 17.4.1.2.1) permite uma pequena
redução da força cortante para o dimensionamento da armadura transversal, segundo a prescrição: “no caso
de apoio direto (se a carga e a reação de apoio forem aplicadas em faces opostas do elemento estrutural,
comprimindo-o), valem as seguintes prescrições:
a) no trecho entre o apoio e a seção situada à distância d/2 da face de apoio, a força cortante oriunda de
carga distribuída pode ser considerada constante e igual à desta seção;
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 37

b) a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a  2d do eixo teórico do
apoio pode, nesse trecho de comprimento a, ser reduzida, multiplicando-a por a/(2d). Todavia, esta
redução não se aplica às forças cortantes provenientes dos cabos inclinados de protensão.
As reduções indicadas nesta seção não se aplicam à verificação da resistência à compressão
diagonal do concreto. No caso de apoios indiretos, essas reduções também não são permitidas.”
A Figura 5.27 apresenta o caso a) e a Figura 5.28 o caso b). A redução da força cortante junto aos
apoios, como descrita, não é feita na prática por muitos engenheiros estruturais, por questão de
simplicidade e a favor da segurança.

h
d/2

Rd
Vd

Figura 5.27 – Redução da força cortante para viga sob carregamento uniforme.

a < 2d
h

Rd redução em V d

Rd
Vd

Figura 5.28 – Redução da força cortante para viga sob carga concentrada.

5.14 CARREGAMENTO APLICADO NA PARTE INFERIOR DAS VIGAS

A analogia de treliça com as vigas implica na aplicação do carregamento no lado superior da viga,
nos nós do banzo superior da treliça. Quando o carregamento é aplicado no lado inferior da viga, deve ser
prevista uma armadura transversal para transferir o carregamento para a borda superior da viga, sendo
chamada “Armadura de Suspensão”, e que deve ser somada à armadura transversal destinada a resistir às
forças cortantes atuantes.
Vigas invertidas e vigas I com o carregamento aplicado na parte inferior devem ter uma armadura
de suspensão projetada e detalhada.

5.15 ARMADURA DE SUSPENSÃO

Os apoios das vigas são geralmente os pilares e outras vigas, com preponderância para os pilares.
Quando o apoio é um pilar o apoio é chamado “direto” e quando é uma outra viga o apoio é chamado
“indireto” (Figura 5.29).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 38

VS2

P4 P5 VS6

Apoio direto Apoio direto Apoio indireto

VS2

P4 P5

VS6
VS5
VS4

Figura 5.29 – Apoios direto e indireto em vigas de Concreto Armado.

As vigas de Concreto Armado transmitem as cargas aos apoios principalmente por meio de bielas
de compressão, na parte inferior da viga. Por isso, quando uma viga apoia-se sobre outra, há a necessidade
de suspender a carga para a parte superior da viga que serve de apoio à outra (Figura 5.30).
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a zona
comprimida da viga de apoio, o que geralmente é feito por meio de estribos, a chamada armadura de
suspensão.

Viga apoiada
o
oi
ap
de
ga
Vi

Estribo
Vd

Viga apoiada

Viga de apoio

Figura 5.30 – Transmissão do carregamento de uma viga para outra que lhe serve de apoio.

Segundo a NBR 6118 (item 18.3.6), “Nas proximidades de cargas concentradas transmitidas à
viga por outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiam ao longo ou em parte de sua altura, ou
fiquem nela pendurados, deve ser colocada armadura de suspensão”.
Em função de diferenças entre as alturas e o nível das duas vigas os seguintes casos podem ocorrer:

a) Vigas com faces inferiores no mesmo nível

A Figura 5.31 mostra duas vigas com alturas iguais e as faces inferiores no mesmo nível. Neste
caso, a área de armadura de suspensão é calculada pela equação:

Vd
A s,susp  Eq. 5.70
f yd

onde Vd é a força de cálculo aplicada pela viga apoiada naquela que lhe serve de apoio, e f yd é a resistência
de cálculo de início de escoamento do aço.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 39

o
oi
ap
de
ga
Viga apoiada Vi

Estribo

Vd

Viga apoiada Viga de apoio

Figura 5.31 – Vigas com faces inferiores no mesmo nível.

A armadura de suspensão As,susp deve ficar distribuída na região próxima ao encontro das duas
vigas, conforme as distâncias indicadas na Figura 5.32. A armadura de suspensão deve ser distribuída na
viga que serve de apoio, ou pode-se considerar colocar 30 % de As,susp na viga apoiada e o restante 70 % na
viga que serve de apoio.
viga de apoio < hapoio

b w,apoio

ha /2 A s,susp

viga apoiada

b w,a
Figura 5.32 – Região de distribuição da armadura de suspensão nas duas vigas, com
hapoio = altura da viga de apoio, ha = altura da viga apoiada.

b) Face inferior da viga apoiada acima da face inferior da viga de apoio

A Figura 5.33 mostra duas vigas com alturas diferentes e a face da viga que se apoia está acima da
face inferior da viga que serve de apoio. A armadura de suspensão é função das alturas das duas vigas,
sendo dada por:
h a Vd
As,susp  Eq. 5.71
h apoio f yd

A distribuição dessa armadura segue o indicado na Figura 5.32.


Estribo
ha
hapoio

Vd

Viga apoiada

Viga de apoio

Figura 5.33 - Face inferior da viga apoiada acima da face inferior da viga de apoio.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 40

c) Face inferior da viga apoiada abaixo da face inferior da viga de apoio

A Figura 5.34 mostra o caso de viga com face inferior apoiada abaixo da face inferior da viga de
apoio. Esse tipo de arranjo entre as duas vigas deve ser evitado tanto quanto possível nas estruturas de
Concreto Armado.
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a parte superior
da viga de apoio, por meio da armadura de suspensão:

Vd
A s,susp  Eq. 5.72
f yd

Estribo

Viga de apoio
Vd

Viga apoiada

Figura 5.34 – Viga apoiada com a face inferior abaixo da face inferior da viga de apoio.

Essa armadura de suspensão pode ser colocada na forma de estribos, que devem estar distribuídos
com pequeno espaçamento dentro da largura da viga que serve de apoio (Figura 5.35).
~ h apoio

A s,susp viga de apoio A s,susp viga pendurada

Figura 5.35 – Distribuição das armaduras de suspensão.

Na viga que serve de apoio deve ser colocada uma armadura transversal para reforçar a região que
recebe a força da viga apoiada pendurada, com área de armadura:

Vd
A s,susp  Eq. 5.73
2f yd

5.16 EXEMPLO NUMÉRICO 1

A Figura 5.36 mostra uma viga biapoiada sob flexão simples, para a qual deve-se calcular e
detalhar a armadura transversal, composta por estribos verticais.
São conhecidos:
concreto C20 ; aço CA-50 c = f = 1,4
s = 1,15 d = 46 cm c = 2,0 cm
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 41

40 kN/m

50 cm
5,0 m
12

100
Vk (kN)

100

Figura 5.36 – Esquema estático, carregamento da viga e diagrama de forças cortantes.

Por simplicidade e a favor da segurança a força cortante solicitante no apoio não será reduzida,
conforme permitido pela NBR 6118 e apresentado no item 5.13, de tal forma que:

Vk = 100,0 kN  VSd = f . Vk = 1,4 . 100,0 = 140,0 kN

Segundo indicações contidas em LEONHARDT e MÖNNIG[9] e apresentadas no item 5.12,


quando a seção transversal é retangular o ângulo de inclinação das bielas () aproxima-se de 30. Ângulos
 menores resultam armaduras transversais menores.
Neste exemplo, para fins de comparação, o cálculo da armadura transversal será feito segundo o
Modelo de Cálculo I, onde  é fixo em 45, e também conforme o Modelo de Cálculo II, com ângulo 
adotado de 30. O ângulo  de inclinação dos estribos será de 90, isto é, estribos verticais. Barras
dobradas (cavaletes) não serão utilizadas.
Como exemplificação, a resolução será feita conforme as equações teóricas deduzidas no item 5.8
e também segundo as equações simplificadas apresentadas no item 5.11.

5.16.1 Equações Teóricas

5.16.1.1 Modelo de Cálculo I

O Modelo de Cálculo I supõe a treliça clássica de Ritter-Mörsch, onde o ângulo  (inclinação das
diagonais comprimidas) é fixo e igual a 45.

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se ter (Eq.
5.13):
VSd  VRd2

A Eq. 5.19 definiu o valor de VRd2 :

 f 
VRd 2  0,27 1  ck  f cd b w d , com fck em MPa
 250 

Substituindo os valores numéricos na equação e considerando as unidades kN e cm para as demais


variáveis, tem-se:

 20  2,0
VRd 2  0,27 1   12 . 46  195,9 kN
 250  1,4

VSd = 140,0 kN ≤ VRd2 = 195,9 kN  ok!


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 42

A verificação demonstra que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão e pode-se
assim dimensionar a armadura transversal para a viga. Caso resultasse V Sd > VRd2 a viga teria que passar
por alguma modificação, de modo a tornar VSd menor que VRd2 . Geralmente, na prática, as dimensões pré-
determinadas para as vigas resultam valores VRd2 maiores que VSd . Caso isso não ocorra e assumindo que
VSd não possa ser diminuída, a solução do problema é aumentar VRd2 , o que pode ser obtido aumentando-
se as dimensões da seção transversal (bw e h) ou a resistência do concreto. Geralmente, todos os elementos
de um pavimento da edificação recebem o mesmo tipo de concreto, de modo que alterar a resistência do
concreto não é indicado. A largura da viga normalmente depende da largura da parede na qual a viga está
embutida, não podendo por isso ser alterada livremente. Portanto, a solução mais utilizada é o aumento da
altura da viga, devendo, porém, verificar se o projeto arquitetônico permite altura maior para a viga.
Por outro lado, como as dimensões especificadas para a seção transversal das vigas são
determinadas em função dos momentos fletores, das flechas e da estabilidade global no caso
principalmente em edifícios altos, geralmente os valores de VRd2 são maiores que a força cortante
solicitante (VSd).

b) Cálculo da Armadura Transversal

Para efeito de comparação com a armadura calculada, primeiramente será determinada a armadura
mínima (Eq. 5.46) para estribo vertical ( = 90) e aço CA-50:

20 f ct, m
Asw , mín  bw , (cm2/m)
f ywk

A resistência média do concreto à tração direta, conforme o item 8.2.5 da NBR 6118, é:

f ct, m  0,3 3 f ck 2  0,3 3 20 2  2,21 MPa

20 . 0,221
Asw , mín  . 12  1,06 cm2/m
50

Para calcular a armadura transversal devem ser determinadas as parcelas da força cortante que
serão absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo
que (Eq. 5.14):
VSd  Vc  Vsw

Na flexão simples, a parcela Vc é determinada pela Eq. 5.20:

Vc  Vc0  0,6 f ctd b w d

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2


com: f ctd    f ck , (fck em MPa)
c c c

0,7 . 0,3 3 2
f ctd  20  1,11 MPa = 0,111 kN/cm2
1,4

Vc  Vc0  0,6 . 0,111 . 12 . 46  36,6 kN

Portanto:

Vsw = VSd – Vc = 140,0 – 36,6 = 103,4 kN

que é a parcela da força cortante solicitante a ser resistida pelos estribos. Se esta força resultar negativa,
significa que os mecanismos complementares aos de treliça são suficientes para proporcionar resistência à
força cortante solicitante, e deve ser colocada somente a armadura mínima transversal prescrita pela norma.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 43

A armadura, de acordo com a Eq. 5.29, é:

Asw ,90 Vsw Asw ,90 103,4


    0,0573 cm2/cm
s 39,2 d s 39,2 . 46

e para 1 m de comprimento da viga: Asw,90 = 5,73 cm2/m > Asw,mín = 1,06 cm2/m

Portanto, deve-se dispor a armadura calculada, de 5,73 cm2/m.

5.16.1.2 Modelo de Cálculo II com  = 30o

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se ter (Eq.
5.13): VSd  VRd2

A equação que define VRd2 é (Eq. 5.31):


 f 
VRd 2  0,54 1  ck  f cd b w d sen2  cot g   cot g  , com fck em MPa
 250 

Aplicando a equação numericamente e com as unidades kN e cm para as variáveis, tem-se:

 20  2,0
VRd 2  0,54 1   12 . 46 . sen2 30 cot g 90  cot g 30   169,6 kN
 250  1,4

VSd = 140,0 kN ≤ VRd2 = 169,6 kN  ok!

A verificação demonstra que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios da viga.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Para calcular a armadura deve-se determinar as parcelas da força cortante solicitante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que
(Eq. 5.14):
VSd  Vc  Vsw

Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. Devem também ser calculados (Eq. 5.20):

Vc0  0,6 f ctd b w d

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2


com: f ctd    f ck , (fck em MPa)
c c c
0,7 . 0,3 3 2
f ctd  20  1,11 MPa = 0,111 kN/cm2
1,4

Vc0  0,6 . 0,111 . 12 . 46  36,6 kN

Nota-se que a parcela Vc0 é igual à determinada no Modelo de Cálculo I, ou seja, Vc0 não depende
do modelo de cálculo utilizado.
O esquema gráfico mostrado na Figura 5.37 apresenta a relação inversa entre a força Vc1 e a
solicitação de cálculo VSd , explicitando que, quanto maior o grau de solicitação, menor será a contribuição
proporcionada pelos mecanismos complementares ao de treliça na resistência à força cortante. Como V Sd é
maior que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser calculada pela Eq. 5.34, ilustrada no gráfico da Figura 5.37.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 44

VRd 2  VSd 169,6  140,0


Vc  Vc1  Vc0  36,6  8,2 kN
VRd 2  Vc0 169,6  36,6

Vc1 (kN)

Vc0 = 36,6

VRd2 = 169,6
Vc1 = 8,2

0 Vc0 = 36,6 VSd = 140,0 VSd (kN)

Figura 5.37 – Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .

A parcela da força cortante a ser resistida pela armadura transversal é:

Vsw  VSd  Vc  140,0  8,2  131,8 kN

A Eq. 5.35 foi definida para o cálculo da armadura transversal. Fazendo estribo vertical ( = 90°):

Asw , Vsw

s 0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 

A sw ,90 131,8
  0,0423 cm2/cm
s 0,9 . 46 .
50
cot g 90  cotg 30  sen 90
1,15

e para 1 m de comprimento da viga: Asw,90 = 4,23 cm2/m > Asw,mín = 1,06 cm2/m

Portanto, deve-se dispor a armadura calculada, de 4,23 cm2/m.

5.16.2 Equações Simplificadas

A fim de exemplificação são aplicadas as equações definidas no item 5.11.

5.16.2.1 Modelo de Cálculo I

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Da Tabela 5.3, para concreto C20, determina-se a força cortante última ou máxima que a viga pode
resistir:
VRd 2  0,35 b w d  0,35 . 12 . 46  193,2 kN

VSd  140,0  VRd 2  193,2 kN  ok! não ocorrerá esmagamento das bielas de concreto.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Da Tabela 5.3, para concreto C20, a equação para determinar a força cortante correspondente à
armadura mínima é:

VSd , mín  0,101 b w d  0,101 . 12 . 46  55,8 kN

VSd  140,0  VSd , mín  55,8 kN  portanto, deve-se calcular a armadura transversal, pois
será maior que Asw,mín
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 45

Da equação para Asw na Tabela 5.3 (concreto C20) tem-se:

VSd 140,0
Asw  2,55  0,17 b w  2,55  0,17 . 12  5,72 cm2/m
d 46

Observe que ocorre grande semelhança nos valores obtidos para a armadura transversal calculada
segundo as duas formulações: equações teóricas (Asw = 5,73 cm2/m), equações simplificadas (Asw = 5,72
cm2/m).

5.16.2.2 Modelo de Cálculo II com  = 30o

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Da Tabela 5.4, para concreto C20, a força cortante última ou máxima é:

VRd 2  0,71 b w d sen  . cos   0,71 . 12 . 46 . sen 30 . cos 30  169,7 kN

VSd  140 ,0  VRd 2  169 ,7 kN  ok! não ocorrerá esmagamento das bielas de concreto.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Antes de calcular a armadura deve-se verificar se não vai resultar armadura mínima. Para isso
determina-se a força cortante mínima (VSd,mín). Da Tabela 5.4 tem-se:

VSd , mín  0,035 b w d cot g   Vc1

Antes é necessário determinar as parcelas Vc0 e Vc1 . Dos cálculos já efetuados foi definido que Vc0
= 36,6 kN, valor a ser utilizado, porque Vc0 não depende do modelo de cálculo escolhido.
Como VSd = 140,0 kN > Vc0 = 36,6 kN, a força Vc1 deve ser determinada pela Eq. 5.34 (visualizada
no gráfico da Figura 5.38):

VRd 2  VSd 169,6  140,0


Vc  Vc1  Vc0  36,6  8,2 kN
VRd 2  Vc0 169,6  36,6

Assim, VSd,mín é:

VSd , mín  0,035 b w d cot g   Vc1  0,035 . 12 . 46 . cot g 30o  8,2  41,7 kN

VSd  140,0  VSd , mín  41,7 kN  portanto, deve-se calcular a armadura transversal, que
será maior que Asw,mín

Vc1 (kN)

Vc0 = 36,6

VRd2 = 169,6
Vc1 = 8,2

0 Vc0 = 36,6 VSd = 140,0 VSd (kN)

Figura 5.38 - Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .

Da Tabela 5.4, a armadura transversal é:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 46

Asw  2,55 tg 
VSd  Vc1   2,55 tg 30 140,0  8,2  4,22 cm2/m > A = 1,06 cm2/m
sw,mín
d 46

5.16.3 Comparação dos Resultados

Na Tabela 5.5 são apresentados os resultados obtidos para os cálculos efetuados segundo a norma
NB1/78[27] com o anexo da NB 116, e os Modelos de Cálculo I e II da NBR 6118/14, com ângulo  de 30,
40 e 45 para o Modelo II.

Tabela 5.5 – Resultados de Asw obtidos segundo os Modelos de Cálculo I e II


da NBR 6118/14 e segundo a NB1/78.
 Asw (cm2/m) Asw,mín
NORMA
(o) Eq. Teórica Eq. Simplif. (cm2/m)
NB1/78 + Anexo NB 116 45 6,20 - 1,68
Modelo I 45 5,73 5,72
45 7,07 -
NBR 6118 1,06
Modelo II 40 5,95 -
30 4,23 4,22

Observa-se que para o ângulo  de 45 a NB1/78 era mais conservadora que o Modelo de Cálculo I
da NBR 6118/14. No caso do Modelo de Cálculo II da norma atual e ângulo  de 45, a armadura é
superior à dos outros dois processos (NB1/78 e Modelo de Cálculo I). Aliás, resultou no maior valor de
armadura dentre todos os calculados.
No caso de um ângulo  como 30, a armadura resulta menor se comparada às armaduras dos
Modelos I e II com  de 45, porque as diagonais mais inclinadas aliviam os montantes tracionados da
treliça. A armadura com  de 30 resultou a menor dentre todas as calculadas, sendo a mais econômica.
Se por alguma razão se desejar uma armadura transversal mais conservadora, poderá então ser
adotado o Modelo de Cálculo I, que conduz a uma armadura transversal maior que para ângulos  menores,
sem, porém, valores exagerados.
Uma outra informação útil é que a armadura transversal resultante do Modelo de Cálculo I é
semelhante ou muito próxima daquela calculada com o Modelo de Cálculo II quando  é adotado igual a
39.

5.16.4 Detalhamento da Armadura Transversal

Para efeito de detalhamento, na Figura 5.39 os estribos verticais são mostrados conforme definidos
pelo Modelo de Cálculo II, com ângulo  de 30.

a) Diâmetro do estribo (Eq. 5.47): 5 mm  t  bw/10 =120/10 = 12 mm

b) Espaçamento máximo entre os estribos (Eq. 5.49):

0,67 VRd2 = 0,67 . 169,6 = 113,6 kN


VSd = 140,0 > 113,6 kN  s  0,3 d  20 cm
0,3 d = 0,3 . 46 = 13,8 cm  Portanto, s  13,8 cm

c) Espaçamento transversal entre os ramos verticais do estribo (Eq. 5.50):

0,20 VRd2 = 0,20 . 169,6 = 33,9 kN

VSd = 140,0 > 33,9 kN  st  0,6 d  35 cm

0,6 d = 0,6 . 46 = 27,6 cm  Portanto, s  27,6 cm


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 47

d) Escolha do diâmetro e espaçamento dos estribos

A escolha do diâmetro e do espaçamento dos estribos pode ser feita de duas maneiras muito
simples: por meio de cálculo ou com o auxílio de uma tabela de área de armadura por metro linear
(cm2/m). Na sequência são apresentados os dois modos.
Para a armadura calculada segundo o Modelo de Cálculo II, de 4,23 cm2/m nos apoios,
considerando estribo vertical com diâmetro de 5 mm (1  5 mm  0,20 cm2) composto por dois ramos
verticais (2  5 mm  0,40 cm2), tem-se:

Asw 0,40
 0,0423 cm2/cm   0,0423  s = 9,5 cm  13,8 cm  ok!
s s

Portanto, estribo com dois ramos  5 mm c/9 cm, ou c/9,5 cm. Para a escolha do diâmetro e do
espaçamento dos estribos com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se
determinar a área de apenas um ramo do estribo. Portanto, para a área de armadura de 4,23 cm2/m e estribo
com dois ramos verticais:
4,23
Asw ,1ramo   2,12 cm2/m
2

Com a área de um ramo na Tabela A-1 encontram-se:

 5 mm c/9,5 cm  2,11 cm2/m , ou  6,3 mm c/15 cm  2,10 cm2/m

Como o espaçamento máximo é 13,8 cm, não se pode adotar  6,3 mm c/15 cm, sendo escolhido
então estribo  5 mm c/9,5 cm, ou c/9 cm (ver detalhamento na Figura 5.39).
Para a armadura mínima de 1,06 cm2/m, considerando o mesmo estribo, tem-se:

Asw 0,40
 0,0106 cm2/cm   0,0106  s = 37,7 cm  13,8 cm
s s

Fazendo com o auxílio da Tabela A-1, considerando-se a área de um ramo apenas do estribo:

1,06
Asw ,1ramo   0,53 cm2/m
2

na Tabela A-1 verifica-se que o espaçamento para  5 mm resulta superior a 33 cm.14 Como o espaçamento
máximo é de 13,8 cm, deve ser feito  5 c/13 cm, o que na Tabela A-1 resulta 1,54 cm2/m, área de
armadura imposta pelo espaçamento máximo e superior à armadura mínima.
O desenho da viga deve ser feito em escala 1:50 e o detalhe do estribo normalmente é feito nas
escalas de 1:20 ou 1:25 (Figura 5.39).
Para a distribuição dos estribos ao longo do vão livre da viga é necessário desenhar o diagrama de
forças cortantes de cálculo e posicionar a força cortante mínima (V Sd,mín). Geralmente, os vãos das vigas
podem ter os estribos distribuídos segundo três trechos diferentes, os dois próximos aos apoios e o do
centro, delimitado pela força VSd,mín , que recebe a armadura transversal mínima. Dividir o vão livre em
mais de três trechos só deve ser feito quando houver justificativas.
A armadura calculada para os cortantes nos apoios deve se estender até a posição da força V Sd,mín ,
e após esses trechos é colocada a armadura mínima.
Os diâmetros mais comuns para o estribo geralmente são o 5 mm e o 6,3 mm, ocorrendo também o
8 mm e o 10 mm em vigas com altos esforços cortantes. Nas vigas de construções de pequeno porte, como
casas, sobrados, barracões, etc., é comum o estribo com diâmetro de 4,2 mm, embora a NBR 6118 exija o
diâmetro mínimo de 5 mm.
O espaçamento dos estribos não deve ser inferior a 6-7 cm para não dificultar a penetração do
concreto lançado na viga. Espaçamentos superiores a 8 cm devem ter preferência. Os espaçamentos são
adotados geralmente valores inteiros em cm, e ocasionalmente valores múltiplos de 0,5 cm.

14
A NBR 6118 limita o espaçamento entre barras em 33 cm.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 48

N1-18 c/9 N1 - 12 c/13 N1-18 c/9 8


162 162

46

20 480 cm 20

250 250
N1 - 48 Ø 5 C=118 cm

140,0 VSd,mín = 41,7

VSd (kN)

140,0

176 148 176

Figura 5.39 - Detalhamento dos estribos ao longo do vão livre da viga.

O estribo deve ter uma numeração, como o N1 da Figura 5.39. A viga é simétrica e por isso a
distribuição dos estribos é igual nas proximidades dos dois apoios. A armadura determinada para a força
cortante máxima no apoio pode ser distribuída desde a face do apoio até a posição da força cortante
mínima (VSd,mín), de maneira aproximada. Considerando estribos  5 c/9 cm, o comprimento de 162 cm foi
determinado fazendo: (176 – 10)/9 = 18,4 cm. Portanto, aproximando para o inteiro mais próximo, são 18
estribos, e para o espaçamento de 9 cm resulta: 18 . 9 = 162 cm. Essa distância (162 cm), somada a 10 cm
até o eixo do pilar, representa 172 cm, que quase “cobre” a distância de 176 cm até a força VSd,mín . Não é
estritamente necessário, mas se desejar, podem ser colocados 19 estribos ao invés de 18, e então: 19 . 9 =
171 cm e 171 + 10 = 181 cm, que cobre totalmente a distância de 176 cm.
O número de estribos no trecho central do vão é calculado fazendo o comprimento do trecho (480
– 162 –162 = 156 cm) dividido pelo espaçamento dos estribos: 156  13,5 = 11,6  12 estribos.
As dimensões do estribo são determinadas fazendo a largura e a altura da viga menos duas vezes o
cobrimento da armadura:
Largura = 12 – (2 . 2,0) = 8 cm
Altura = 50 – (2 . 2,0 ) = 46 cm

Os estribos devem ter obrigatoriamente ganchos nas pontas, com comprimento de no mínimo 5 t
 5 cm quando o gancho direcionar a ponta do estribo para o concreto da parte interna da viga. Para estribo
com diâmetro de 5 mm o gancho deve ter o comprimento mínimo de 5 cm, em cada ponta do estribo.
Portanto, o comprimento do estribo é calculado como:

C = 2 (8 + 46 + 5) = 118 cm

5.17 EXEMPLO NUMÉRICO 2

Calcular e detalhar a armadura transversal composta por estribos verticais para as forças cortantes
máximas da viga esquematizada na Figura 5.40. São conhecidos: C25, CA-50, s = 1,15, c = 2,5 cm,
c = f = 1,4, d = 80 cm. A altura da viga transversal é de 60 cm, responsável pela força de 150 kN.
Como as forças cortantes atuantes na viga são diferentes nos apoios A e B, serão dimensionadas
duas armaduras transversais diferentes, uma para cada apoio. As forças cortantes de cálculo, não
considerando a redução de força permitida pela NBR 6118, são:

Apoio A  VSd,A = f . Vk,A = 1,4 . 165,8 = 232,1 kN

Apoio B  VSd,B = f . Vk,B = 1,4 . 187,2 = 262,1 kN


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 49

viga transversal
25

85
387,5 287,5

25 25
675 cm

29 kN/m 150 kN

C
A B
400 300

700 cm

Figura 5.40 – Esquema estático e carregamento na viga.

Sendo a viga de seção retangular o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas diminui e se
aproxima de 30 (ver item 5.12) e, neste caso, ao menos teoricamente, o cálculo da armadura pelo Modelo
de Cálculo II com ângulo  de 30 ou próximo é o mais indicado. Se preferir um dimensionamento mais
conservador, pode-se adotar o Modelo de Cálculo I, que tem  fixo em 45, e que resulta uma armadura
transversal superior à do Modelo II com  de 30.
O ângulo  de inclinação dos estribos será adotado igual a 90, isto é, estribos verticais. Barras
dobradas não serão utilizadas.
Para exemplificação do formulário, todos os cálculos serão feitos segundo as equações teóricas
derivadas da NBR 6118 e também segundo as equações simplificadas definidas no item 5.11.

5.17.1 Modelo de Cálculo I

O Modelo de Cálculo I supõe a treliça clássica, com o ângulo  (inclinação das diagonais
comprimidas) fixo em 45.

5.17.1.1 Equações de Teóricas

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas (diagonais
inclinadas na treliça clássica) deve-se ter: VSd  VRd2
A equação que define VRd2 (Eq. 5.19) é:

 f 
VRd 2  0,27 1  ck  f cd b w d , (fck em MPa)
 250 

 25  2,5
VRd 2  0,27 1   25 . 80  867 ,9 kN
 250  1,4

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VRd2 = 867,9 kN


Apoio B  VSd,B = 262,1 kN < VRd2

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios, e neste caso a armadura transversal pode ser calculada.

b) Cálculo da Armadura Transversal


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 50

Primeiramente será calculada a armadura mínima (Asw,mín) para estribo vertical ( = 90) e aço CA-
50, (Eq. 5.46):
20 f ct, m
Asw , mín  bw , (cm2/m)
f ywk

f ct, m  0,3 3 f ck 2  0,3 3 252  2,56 MPa = 0,256 kN/cm2

20 . 0,256
Asw , mín  . 25  2,56 cm2/m
50

Para calcular a armadura necessária deve ser determinada a parcela da força cortante que será
absorvida pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc), e a parcela a ser resistida pela armadura
transversal (Vsw), de tal modo que VSd  Vc  Vsw . Na flexão simples, a parcela Vc é determinada pela Eq.
5.20:
Vc  Vc0  0,6 f ctd b w d

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2


com: f ctd    f ck , (fck em MPa)
c c c

0,7 . 0,3 3 2
f ctd  25  1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4

Vc  Vc0  0,6 . 0,128 . 25 . 80  153,9 kN

Vsw = VSd – Vc

Apoio A  Vsw,A = 232,1 – 153,9 = 78,2 kN


Apoio B  Vsw,B = 262,1 – 153,9 = 108,2 kN

A armadura vertical, de acordo com a Eq. 5.29, é:

Asw ,90 Vsw



s 39,2 d
Asw ,90 78,2
Apoio A:   0,0249 cm2/cm
s 39,2 . 80

e para 1 m de comprimento da viga:

Asw,90 = 2,49 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)

Asw ,90 108,2


Apoio B:   0,0345 cm2/cm
s 39,2 . 80

Asw,90 = 3,45 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)

5.17.2 Equações Simplificadas

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Conforme a equação contida na Tabela 5.3, para o concreto de resistência característica


25 MPa, tem-se a força cortante máxima permitida:
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 51

VRd 2  0,43 b w d  0,43 . 25 . 80  860,0 kN

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VRd2 = 860,0 kN


Apoio B  VSd,B = 262,1 kN < VRd2

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Primeiramente deve-se verificar se a força cortante solicitante resultará maior ou menor que a força
cortante mínima. Na Tabela 5.3 encontra-se a equação para a força cortante mínima, correspondente à
armadura mínima:
VSd , mín  0,117 b w d  0,117 . 25 . 80  234,0 kN

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VSd,mín = 234,0 kN


(portanto, deve-se dispor armadura mínima conforme definida no item anterior)

Somente para efeito de comprovação, e aplicando VSd = 232,1 kN, verifica-se que a armadura
resulta menor que a mínima. Na Tabela 5.3 encontra-se a equação para cálculo da armadura:

VSd 232,1
Asw ,90  2,55  0,20 b w  2,55  0,20 . 25  2,40 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m
d 80

Apoio B  VSd,B = 262,1 kN > VSd,mín = 234,0 kN


(portanto, deve-se calcular a armadura transversal)

VSd 262,1
Asw ,90  2,55  0,20 b w  2,55  0,20 . 25  3,35 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m
d 80

5.17.3 Modelo de Cálculo II

O Modelo de Cálculo II supõe a possibilidade de se adotar diferentes valores para o ângulo  de


inclinação das diagonais comprimidas, no intervalo de 30 a 45. A título de comparação a viga será
calculada com os ângulos de 30 e 45, segundo as equações teóricas (item 5.8.2) e as equações
simplificadas (item 5.11.2).

5.17.3.1 Equações Teóricas

5.17.3.2 Modelo de Cálculo II com Ângulo  de 30

a) Verificação da Compressão nas Bielas

A equação que define VRd2 é (Eq. 5.31):

 f 
VRd 2  0,54 1  ck  f cd b w d sen2  cot g   cot g  , com fck em MPa
 250 

Para estribo vertical,  = 90:

 25  2,5
VRd 2  0,54 1   25 . 80 . sen2 30 cot g 90  cot g 30   751,6 kN
 250  1,4

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VRd2 = 751,6 kN


Apoio B  VSd,B = 262,1 kN < VRd2
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 52

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante solicitante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:

VSd  Vc  Vsw

Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. Devem também ser calculados (Eq. 5.20):

Vc0  0,6 f ctd b w d

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2


com: f ctd    f ck (fck em MPa)
c c c

0,7 . 0,3 3 2
f ctd  25  1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4

Vc0  0,6 . 0,128 . 25 . 80  153,9 kN

Como em ambos os apoios a força cortante solicitante (VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN) é
maior que Vc0 (153,9 kN), a força Vc1 deve ser determinada pela Eq. 5.34 (ver Figura 5.41 e Figura 5.42):

VRd 2  VSd 751,6  232,1


Apoio A  Vc, A  Vc1  Vc0  153,9  133,8 kN
VRd 2  Vc0 751,6  153,9

VRd 2  VSd 751,6  262,1


Apoio B  Vc, B  Vc1  Vc0  153,9  126,0 kN
VRd 2  Vc0 751,6  153,9

Vc1 (kN)

Vc0 = 153,9
Vc1 = 133,8

VRd2 = 751,6

0 Vc0 = 153,9 VSd = 232,1 VSd (kN)

Figura 5.41 – Apoio A - Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .


Vc1 (kN)

Vc0 = 153,9
Vc1 = 126,0

VRd2 = 751,6

0 Vc0 = 153,9 VSd = 262,1 VSd (kN)

Figura 5.42 – Apoio B - Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .

A parcela da força cortante a ser resistida pela armadura transversal é:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 53

Apoio A  Vsw , A  VSd , A  Vc, A  232,1  133,8  98,3 kN


Apoio B  Vsw , B  VSd , B  Vc, B  262,1  126,0  136,1 kN

A equação que define o valor da armadura transversal é:

Asw , Vsw

s 0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 

A armadura transversal no apoio A para estribo vertical ( = 90°) é:

A sw ,90 98,3
  0,0181 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90  cotg 30  sen 90
1,15

e para 1 m de comprimento da viga:

Asw,90 = 1,81 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)

E no apoio B:

A sw ,90 136 ,1
  0,0251 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90  cotg 30  sen 90
1,15

Asw,90 = 2,51 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)

5.17.3.3 Modelo de Cálculo II com Ângulo  de 45

a) Verificação da Compressão nas Bielas

A equação que define VRd2 é (Eq. 5.31):

 f 
VRd 2  0,54 1  ck  f cd b w d sen2  cot g   cot g  , com fck em MPa
 250 

Para estribo vertical ( = 90):

 25  2,5
VRd 2  0,54 1   25 . 80 . sen2 45 cot g 90  cot g 45  867,9 kN
 250  1,4

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VRd2 = 867,9 kN


Apoio B  VSd,B = 262,1 kN < VRd2

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Para calcular a armadura deve ser determinada a parcela de força cortante Vc , que é proporcionada
pelos mecanismos complementares ao de treliça, e a parcela Vsw a ser resistida pela armadura transversal:

VSd  Vc  Vsw
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 54

Como em ambos os apoios a força cortante solicitante (VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN) é
maior que Vc0 (153,9 kN), a força Vc1 deve ser determinada pela Eq. 5.34 (ver Figura 5.43 e Figura 5.44):

VRd 2  VSd 867,9  232,1


Apoio A  Vc, A  Vc1, A  Vc0  153,9  137,0 kN
VRd 2  Vc0 867,9  153,9

VRd 2  VSd 867 ,9  262,1


Apoio B  Vc, B  Vc1, B  Vc0  153,9  130,6 kN
VRd 2  Vc0 867 ,9  153,9
Vc1 (kN)

Vc0 = 153,9
Vc1 = 137,0

VRd2 = 867,9

0 Vc0 = 153,9 VSd = 232,1 VSd (kN)

Figura 5.43 – Apoio A - Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .

Vc1 (kN)

Vc0 = 153,9
Vc1 = 130,6

VRd2 = 867,9

0 Vc0 = 153,9 VSd = 262,1 VSd (kN)

Figura 5.44 – Apoio B - Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .

A parcela da força cortante a ser resistida pela armadura transversal é:

Apoio A  Vsw , A  VSd , A  Vc, A  232,1  137,0  95,1 kN


Apoio B  Vsw , B  VSd , B  Vc, B  262,1  130,6  131,5 kN

Armadura transversal:

Asw , Vsw

s 0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 

A armadura transversal no apoio A para estribo vertical ( = 90°) é:

A sw ,90 95,1
  0,0304 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90  cotg 45  sen 90
1,15
e para 1 m de comprimento da viga:

Asw,90 = 3,04 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)

E no apoio B:

A sw ,90 131,5
  0,0420 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90  cotg 45  sen 90
1,15
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 55

Asw,90 = 4,20 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)

5.17.4 Equações Simplificadas

5.17.4.1 Modelo de Cálculo II com Ângulo  de 30

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Conforme a equação contida na Tabela 5.4, para o concreto de resistência característica


25 MPa (C25), tem-se a força cortante máxima permitida:

VRd 2  0,87 b w d sen  cos   0,87 . 25 . 80 . sen 30 . cos 30  751,7 kN

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VRd2 = 751,7 kN


Apoio B  VSd,B = 262,1 kN < VRd2

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Primeiramente deve-se verificar se a força cortante solicitante resultará em uma armadura maior ou
menor que a armadura mínima. Na Tabela 5.4 encontra-se a equação para a força cortante mínima:

VSd , mín  0,040 b w d cot g   Vc1


VSd , mín  0,040 . 25 . 80 . cot g 30  Vc1  138,6  Vc1

Como as forças cortantes solicitantes VSd são maiores que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser calculada
(Eq. 5.47). Os valores de Vc0 = 153,9 kN, VRd2 = 751,7 kN, VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN já são
conhecidos e:
V  VSd 751,7  232,1
Apoio A  Vc, A  Vc1, A  Vc0 Rd 2  153,9  133,8 kN
VRd 2  Vc0 751,7  153,9

VRd 2  VSd 751,7  262,1


Apoio B  Vc, B  Vc1, B  Vc0  153,9  126,0 kN
VRd 2  Vc0 751,7  153,9

Apoio A: VSd,mín,A = 138,6 + 133,8 = 272,4 kN

VSd,A = 232,1 kN < VSd,mín,A = 272,4 kN (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)

Apoio B: VSd,mín,B = 138,6 + 126,0 = 264,6 kN

VSd,B = 262,1 kN < VSd,mín,B = 264,6 kN (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)

As armaduras serão calculadas apenas para efeito de exemplificação, pois já se sabe que são
menores que a mínima. Conforme a Tabela 5.4, a equação para cálculo da armadura é:

Asw  2,55 tg 
VSd  Vc1 
d

No apoio A:

Asw , A  2,55 tg 30
232,1  133,8  1,81 cm2/m < A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 56

No apoio B:

Asw , B  2,55 tg 30
262,1  126,0  2,50 cm2/m < A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80

5.17.4.2 Modelo de Cálculo II com Ângulo  de 45

a) Verificação da Compressão nas Bielas

Conforme a equação contida na Tabela 5.4, para o concreto de resistência característica


25 MPa (C25), tem-se a força cortante máxima:

VRd 2  0,87 b w d sen cos   0,87 . 25 . 80 . sen 45 . cos 45  868,0 kN

Apoio A  VSd,A = 232,1 kN < VRd2 = 868,0 kN

Apoio B  VSd,B = 262,1 kN < VRd2

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.

b) Cálculo da Armadura Transversal

Primeiramente deve ser verificado se a força cortante solicitante resultará em uma armadura maior
ou menor que a armadura mínima. Na Tabela 5.4 encontra-se a equação para a força cortante mínima:

VSd , mín  0,040 b w d cot g   Vc1


VSd , mín  0,040 . 25 . 80 . cot g 45  Vc1  80,0  Vc1

Como as forças cortantes solicitantes VSd são maiores que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser calculada
(Eq. 5.47). Os valores de Vc0 = 153,9 kN, VRd2 = 868,0 kN, VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN já são
conhecidos e:
V  VSd 868,0  232,1
Apoio A  Vc, A  Vc1, A  Vc0 Rd 2  153,9  137,0 kN
VRd 2  Vc0 868,0  153,9

VRd 2  VSd 868,0  262,1


Apoio B  Vc, B  Vc1, B  Vc0  153,9  130,6 kN
VRd 2  Vc0 868,0  153,9

Apoio A: VSd,mín,A = 80,0 + 137,0 = 217,0 kN


VSd,A = 232,1 kN > VSd,mín,A = 217,0 kN
(portanto, deve-se calcular a armadura transversal)

Apoio B: VSd,mín,B = 80,0 + 130,6 = 210,6 kN

VSd,B = 262,1 kN > VSd,mín,B = 210,6 kN


(portanto, deve-se calcular a armadura transversal)

Conforme a Tabela 5.4, a equação para cálculo da armadura é:

Asw  2,55 tg 
VSd  Vc1 
d

No apoio A:
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 57

Asw , A  2,55 tg 45
232,1  137,0  3,03 cm2/m > A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80

No apoio B:

Asw , B  2,55 tg 45
262,1  130,6  4,19 cm2/m > A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80

5.17.5 Comparação dos Resultados

Na Tabela 5.6 são apresentados os resultados obtidos para os cálculos efetuados conforme os
Modelos de Cálculo I e II, com o ângulo  assumindo valores de 30 e 45 para o Modelo de Cálculo II.
Os resultados permitem descrever que as equações simplificadas conduzem a valores muito
próximos daqueles obtidos com as equações teóricas.
Como esperado, com ângulo  de 30o do Modelo II as armaduras de 1,81 cm2/m no apoio A e 2,51
cm /m no apoio B resultaram menores que as armaduras proporcionadas pelo Modelo I (2,49 cm2/m e 3,45
2

cm2/m respectivamente).
Concordando com o Exemplo 1, as armaduras do Modelo II com  de 45o (3,04 e 4,20 cm2/m)
resultaram maiores que as armaduras do Modelo I (2,49 e 3,45 cm2/m), onde  é também 45o.
Portanto, neste caso de seção retangular, a armadura mais econômica é a proporcionada pelo
Modelo II com ângulo  de 30o, e a mais conservadora é aquela do mesmo modelo com  de 45o. A
armadura do Modelo I representa um situação intermediária.

Tabela 5.6 – Resultados obtidos conforme os modelos de cálculo I e II da NBR 6118.

Modelo de  Equações de Asw (cm2/m)


Cálculo ( o) Cálculo Apoio A Apoio B
Teóricas 2,49 3,45
I 45
Simplificadas 2,40 3,35
Teóricas 1,81 2,51
30
Simplificadas 1,81 2,50
II
Teóricas 3,04 4,20
45
Simplificadas 3,03 4,19

5.17.6 Detalhamento da Armadura Transversal

Dentre os vários valores de armadura transversal calculados, para fins de detalhamento serão
aplicados os valores determinados segundo o Modelo I, de 2,49 cm2/m no apoio A e 3,45 cm2/m no apoio
B (ver Figura 5.45).

a) Diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10 = 250/10 = 25 mm

b) Espaçamento máximo entre os estribos:


0,67 VRd2 = 0,67 . 868,0 = 581,5 kN

Apoio A:
VSd,A = 232,1 < 581,5 kN  s = 0,6 d  30 cm
0,6 d = 0,6 . 80 = 48 cm  portanto, s  30 cm

Apoio B:
VSd,B = 262,1 < 581,5 kN  s = 0,6 d  30 cm
portanto, s  30 cm

c) Espaçamento transversal máximo entre os ramos verticais do estribo:

0,20 VRd2 = 0,20 . 868,0 = 173,6 kN


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 58

VSd,A > 173,6 kN e VSd,B > 173,6 kN  st  0,6 d  35 cm

0,6 d = 0,6 . 80 = 48 cm  portanto, s  35 cm

d) Escolha do diâmetro e espaçamento dos estribos

A título de exemplo serão feitos os cálculos com diâmetros de 5 mm e de 6,3 mm, sem e com
auxílio de tabela de área de armadura em cm2/m.

d1) considerando estribo com diâmetro de 5 mm (1  5 mm  0,20 cm2), composto por dois ramos
verticais (2  5 mm  0,40 cm2), tem-se para o apoio A:

Asw = 2,49 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m

Asw 0,40
 0,0256 cm2/cm   0,0256  s = 15,6 cm  30 cm  ok!
s s

Para o apoio B (Asw = 3,45 cm2/m):

Asw 0,40
 0,0345 cm2/cm   0,0345  s = 11,6 cm  30 cm  ok!
s s

Com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a área de
apenas um ramo vertical do estribo:
Apoio A (armadura mínima):
2,56
Asw ,1ramo   1,28 cm2/m  Tabela A-1   5 mm c/16 cm (1,25 cm2/m)
2

Apoio B:
3,45
Asw ,1ramo   1,73 cm2/m  Tabela A-1   5 mm c/11 cm (1,82 cm2/m)
2

d2) considerando estribo com diâmetro de 6,3 mm (1  6,3 mm  0,31 cm2), composto por dois ramos
verticais (2  6,3 mm  0,62 cm2), tem-se para o apoio A:

Asw 0,62
 0,0256 cm2/cm   0,0256  s = 24,2 cm  30 cm  ok!
s s

Para o apoio B:
Asw 0,62
 0,0345 cm2/cm   0,0345  s = 18,0 cm  30 cm  ok!
s s

Com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a área de
apenas um ramo vertical do estribo:
Apoio A (armadura mínima):

2,56
Asw ,1ramo   1,28 cm2/m  Tabela A-1   6,3 mm c/24 cm (1,31 cm2/m)
2

Apoio B:

3,45
Asw ,1ramo   1,73 cm2/m  Tabela A-1   6,3 mm c/18 cm (1,75 cm2/m)
2
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 59

O detalhamento mostrado na Figura 5.45 está feito com o diâmetro de 6,3 mm para o estribo.
Poderia ser utilizado o diâmetro de 5 mm também, sem qualquer inconveniente. O desenho da viga deve
ser feito em escala 1:50 e o detalhe do estribo normalmente é feito nas escalas de 1:20 ou 1:25.
Nos trechos correspondentes à armadura transversal mínima, os estribos foram espaçados em 20
cm ao invés dos 24 cm calculados, porque é comum entre os engenheiros estruturais limitar o espaçamento
dos estribos em 20 cm. No entanto, fica a critério do engenheiro seguir esta recomendação ou obedecer os
limites prescritos pela NBR 6118.
No apoio B os estribos devem ficar espaçados em 18 cm na distância de 69,2 cm do apoio (centro
do pilar neste caso), ou seja, até a posição do VSd,mín , e a partir desta força o espaçamento pode ser
correspondente à armadura mínima. A favor da segurança os estribos foram dispostos num trecho maior,
de 90 cm a partir da face do pilar.
Na região da força concentrada de 150 kN (ver Figura 5.40) devida à viga transversal, deve ser
colocada armadura de suspensão (ver Figura 5.30), conforme prevista pela NBR 6118. Como a viga
apoiada tem a face inferior acima da face inferior da viga de apoio, deve ser aplicada a Eq. 5.71:

ha Vd 60 1,4 . 150 
As,susp    3,41 cm2
h apoio f yd 85 50
1,15

Conforme prescrito por FUSCO (2000)15 e apresentado em BASTOS (2015)16, a armadura de


suspensão deve ser distribuída na menor distância possível, sem no entanto prejudicar a montagem dos
estribos e nem causar restrições para o preenchimento da peça pelo concreto, ou prejudicar o
adensamento.17 Deve também ser considerada a distância máxima de hapoio (85 cm). Por exemplo,
considerando a armadura de suspensão (3,41 cm2) distribuída em uma distância de 60 cm, a área de
armadura relativamente ao comprimento de 1 m (100 cm) é:

100
3,41  5,68 cm2/m
60

Somando à armadura transversal mínima relativa à força cortante (2,56 cm2/m):

Asw,tot = 2,56 + 5,68 = 8,24 cm2/m

Para o diâmetro de 6,3 mm (área de 1  de 0,31 cm2) e estribo com dois ramos tem-se:

0,62
 0,0824  s = 7,5 cm
s

portanto, pode-se colocar 8 estribos (60/7,5 = 8) distribuídos na distância de 60 cm, espaçados de 7,5 cm,
como indicado na Figura 5.45.

15
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
16
BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p. Disponível em (24/08/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
17
O espaçamento mínimo geralmente adotado para os estribos é de 7 ou 8 cm. Dependendo principalmente da largura da peça e do
abatimento (fluidez) do concreto, um espaçamento um pouco menor pode ser estudado.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 60

N1 - 8c/7,5 20
N1 - 18 c/20 N1 - 8 c/20 N1 - 5 c/18
357,5 60 167,5 90

80

A viga transversal B
25 387,5 287,5 25

N1 - 39 Ø 6,3 C=210 cm

700 cm

230,8 69,2
232,1

69,7
VSd (kN)
140,3

262,1

VSd,mín = 234,0

Figura 5.45 - Detalhamento dos estribos ao longo do vão livre da viga (medidas em cm).

5.18 EXEMPLO NUMÉRICO 3

Neste exemplo serão dimensionadas as armaduras transversais das vigas principais de uma ponte
rodoviária, conforme indicadas na Figura 5.46 e apresentadas no exemplo de PFEIL[33].
As duas vigas principais, em conjunto com as vigas transversinas, compõem o sistema de
vigamento que proporciona a sustentação da ponte. As vigas principais estendem-se ao longo de todo o
comprimento da ponte, sendo composta por quatro apoios e cinco vãos, com os dois vãos extremos em
balanço.
A altura das vigas é constante com 225 cm e a largura é variável em alguns trechos. Na seção de
apoio do pilar 1 a largura é de 80 cm e no pilar 2 é de 100 cm; as seções nos vãos tem largura de 40 cm
(Figura 5.46b e Figura 5.46c).

RESOLUÇÃO

As lajes que formam o tabuleiro da ponte apoiam-se nas faces superiores das vigas, em toda a
extensão, inclusive nas seções próximas aos apoios (pilares), onde ocorrem as maiores forças cortantes.
Nas seções próximas aos apoios e que estão submetidas a momentos fletores negativos, a mesa superior é
tracionada, e o banzo comprimido, inferior, não tem contribuição de lajes, sendo retangular.
Para seções retangulares, LEONHARDT e MÖNNIG[9] indicam que o ângulo  de inclinação das
diagonais comprimidas aproxima-se de 30, o que resulta em uma diminuição da armadura transversal em
relação ao ângulo  de 45. No caso de grandes estruturas, como pontes, ocorrem outras tensões adicionais,
não consideradas no cálculo, de modo que as armaduras transversais exercem também funções secundárias,
sendo por isso recomendado adotar 45 para , a favor da segurança.
Os cálculos de dimensionamento para as diversas seções transversais encontram-se organizados na
Tabela 5.7. A título de comparação os cálculos são efetuados conforme a versão atual da NBR 6118 e a
versão de 1978 (NB 1[27]), considerado também o anexo da NB 116/89. Na sequência são também
apresentados os cálculos efetuados segundo a NBR 6118 para a seção transversal 10d , onde ocorre a maior
força cortante.
As áreas de armadura apresentadas na Tabela 5.7 indicam que as armaduras transversais foram
sendo gradativamente diminuídas com as atualizações da NBR 6118, antiga NB 1/78[27]. Os maiores
valores resultam da NB 1, sem se considerar o anexo da NB 116/89. Considerando a NB 1 e o anexo da
NB 116/89, a armadura diminuiu, e com a NBR 6118, a diminuição foi ainda mais significativa.
Analisando os valores da seção 10d verifica-se que a armadura diminuiu 45 % com o Modelo I, e 34 %
com o Modelo II, comparada à armadura da NB 1. E também, diminuiu 21 % com o Modelo I e 4 % com o
Modelo II, comparada à armadura da NB 1 com o anexo da NB 116/89.
Nota-se que as armaduras calculadas conforme o Modelo de Cálculo II com  de 45 aproxima-se
daquela calculada com a NB 1 e o anexo da NB 116/89.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 61

500 2000 1250

Laje do Tabuleiro

225
Viga
Pilar 1 Principal Pilar 2

a) corte longitudinal;

100
Viga Principal 1
40

40
80

Viga Principal 2

100

40
b) planta com o vigamento da ponte;

Viga principal Viga principal na


nos vãos seção de apoio
Laje do Tabuleiro
225

40 100

Pilar 2

c) seções transversais no apoio do pilar 2 e nos vãos.

Figura 5.46 – Desenhos ilustrativos da ponte rodoviária.[33]

A viga é simétrica e tem os vãos (cm) e forças cortantes características (de apenas uma metade)
mostradas na Figura 5.47. Nota-se que a força cortante máxima, de 2.000 kN, ocorre no pilar 2.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 62

500 2000 1250

a b O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Pilar 1 Pilar 2

2000

1490

740 780 1030 1270 1550


280
Vk
1180 900 640 390 1640 1310 990 690 390

1830 (kN)
530
1210

Figura 5.47 – Esquema estático, vãos efetivos (cm) e forças cortantes características (kN).[33]

Tabela 5.7 – Dimensionamento da armadura transversal segundo os Modelos de Cálculo I e II da NBR 6118/14 e
conforme a NB 1/78[27] com o anexo da NB 116/89, para estribos verticais (c = f = 1,4 ; s = 1,15).
Asw,90 Asw,90 Asw,90
Asw,90
Vk VSd bw VRd2 Vc0 Vc1 (cm2/m) (cm2/m) (cm2/m)
(cm2/m)
Seção NBR 6118 NB 1/78 +
(kN) (kN) (cm) (kN) (kN) (kN) NBR 6118 Modelo II Anexo NB
NB 1/78
Modelo I c/  = 45 116
a 280 392 40 3732 662 720 - - 1,03 -
b 740 1036 60 5598 993 983 0,51 0,63 7,05 2,40
Oe 1210 1694 80 7464 1323 1244 4,40 5,35 13,25 7,04
Od 1490 2086 80 7464 1323 1159 9,05 11,02 18,07 11,86
1 1180 1652 60 5598 993 850 7,82 9,53 14,63 9,97
2 900 1260 40 3732 662 533 7,10 8,64 11,70 8,60
3 640 896 40 3732 662 611 2,78 3,38 7,23 4,12
4 390 546 40 3732 662 687 - - 2,92 -
5 530 742 40 3732 662 644 0,95 1,16 5,33 2,23
6 780 1092 40 3732 662 569 5,11 6,22 9,64 6,53
7 1030 1442 40 3732 662 494 9,26 11,27 13,94 10,84
8 1270 1778 40 3732 662 421 13,24 16,13 18,08 14,97
9 1550 2170 70 6531 1158 940 12,01 14,62 20,05 14,62
10e 1830 2562 100 9329 1654 1459 10,77 13,11 22,03 14,27
10d 2000 2800 100 9329 1654 1407 13,59 16,55 24,95 17,20
11 1640 2296 70 6531 1158 913 13,50 16,44 21,60 16,17
12 1310 1834 40 3732 662 409 13,91 16,94 18,77 15,66
13 990 1386 40 3732 662 506 8,59 10,46 13,25 10,15
14 690 966 40 3732 662 596 3,61 4,40 8,09 4,98
15 390 546 40 3732 662 687 - - 2,92 -

5.18.1 Dimensionamento da Seção 10d Segundo o Modelo de Cálculo I (NBR 6118)

Para o dimensionamento são considerados os seguintes dados:

C25 ; CA-50 d = 215 cm estribo vertical


c = f = 1,4 s = 1,15 ( = 90)
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 63

Os cálculos de dimensionamento serão feitos apenas com as equações teóricas da norma.

a) Verificação da compressão nas bielas

A equação que define o valor de VRd2 é (Eq. 5.19):

 f 
VRd 2  0,27 1  ck  f cd b w d , com fck em MPa
 250 

Substituindo os valores numéricos de VRd2 :

 25  2,5
VRd 2  0,27 1   100 . 215  9.329 kN
 250  1,4

VSd = 2.800 kN < VRd2 = 9.329 kN

A verificação demonstra que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão e pode-se
assim dimensionar a armadura transversal para a seção.

b) Cálculo da armadura transversal

Para efeito de comparação com a armadura calculada, primeiramente será determinada a armadura
mínima para estribo a 90 e aço CA-50:

20 f ct, m
Asw , mín  bw (cm2/m)
f ywk

A resistência média do concreto à tração direta é:

f ct, m  0,3 3 f ck 2  0,3 3 252  2,56 MPa = 0,256 kN/cm2

20 . 0,256
Asw , mín  100  10,26 cm2/m
50

Para calcular a armadura transversal deve ser determinada a parcela proporcionada pelos
mecanismos complementares ao de treliça (Vc), de tal modo que:

VSd  Vc  Vsw

Na flexão simples, a parcela Vc é determinada pela equação (Eq. 5.20):

Vc  Vc0  0,6 f ctd b w d

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3


com: f ctd    f ck 2 (fck em MPa)
c c c

0,7 . 0,3 3 2
f ctd  25  1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4

Vc  Vc0  0,6 . 0,128 . 100 . 215  1.654 kN

Portanto, a parcela da força cortante a ser resistida pela armadura transversal é:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 64

Vsw = VSd – Vc = 2800 – 1654 = 1.146 kN

A armadura transversal composta por estribos verticais segundo o Modelo de Cálculo I é:

Asw ,90 Vsw Asw ,90 1146


    0,1359 cm2/cm
s 39,2 d s 39,2 . 215
e para 1 m de comprimento da viga:

Asw,90 = 13,59 cm2/m > Asw,mín = 10,26 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)

5.18.2 Dimensionamento da Seção 10d Segundo o Modelo de Cálculo II com  = 45

a) Verificação da compressão nas bielas

A equação que define VRd2 é (Eq. 5.31):

 f 
VRd 2  0,54 1  ck  f cd b w d sen2  cot g   cot g  , com fck em MPa
 250 

Para estribo vertical,  = 90:

 25  2,5
VRd 2  0,54 1   100 . 215 . sen2 45 cot g 90  cot g 45  9.329 kN
 250  1,4

VSd = 2.800 kN < VRd2 = 9.329 kN

A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão.

b) Cálculo da armadura transversal

Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:

VSd  Vc  Vsw

Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. O valor de Vc0 já foi determinado (1.654 kN) e
independe do modelo de cálculo. Como VSd = 2.800 kN é maior que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser
determinada com a Eq. 5.34 (ver Figura 5.48):

VRd 2  VSd 9329  2800


Vc1  Vc0  1654  1.407 kN
VRd 2  Vc0 9329  1654

Vc1 (kN)

Vc0 = 1654
Vc1 = 1407

VRd2 = 9329

0 Vc0 = 1654 VSd = 2800 VSd (kN)

Figura 5.48 – Valor de Vc1 quando VSd > Vc0 .

A parcela da força cortante a ser resistida pela armadura transversal é:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 65

Vsw  VSd  Vc  2800  1407  1.393 kN

A equação que define o cálculo da armadura transversal é:

Asw , Vsw

s 0,9 d f ywd cot g   cotg  sen 

Aplicando numericamente para estribo vertical ( = 90°):

A sw ,90 1393
  0,1655 cm2/cm
s 0,9 . 215 .
50
cot g 90  cotg 45 sen 90
1,15

Asw,90 = 16,55 cm2/m > Asw,mín = 10,26 cm2/m (portanto, dispor a armadura calculada)

5.19 EXEMPLO NUMÉRICO 4

Uma viga seção T biapoiada sobre dois pilares serve de apoio a lajes maciças e uma viga
transversal, que aplica a força concentrada de 300 kN. Pede-se dimensionar e detalhar a armadura
transversal.18 São dados:
C30 c = 2,5 cm estribo vertical ( = 90)
CA-50 d = 113 cm c = f = 1,4 s = 1,15

O esquema estático da viga com as forças cortantes (valores característicos) e a seção transversal
encontram-se na Figura 5.49.
Por simplicidade e a favor da segurança, a redução da força cortante solicitante no apoio, conforme
permitido pela NBR 6118 e apresentado no item 5.13, não será aplicada.

RESOLUÇÃO

Como a viga tem seção transversal tipo T, com relação bf / bw = 240/40 = 6, o ângulo  de
inclinação das diagonais comprimidas aproxima-se de 45, razão pela qual será adotado o Modelo de
Cálculo I para o dimensionamento da armadura transversal. Outra opção seria o Modelo II com  = 45,
que, como já visto, conduz a uma armadura maior.
O dimensionamento será feito segundo as equações simplificadas definidas no item 5.11.

a) Verificação da compressão nas bielas

Da Tabela 5.3, para concreto C30, determina-se a força cortante máxima que a viga pode resistir:
VRd 2  0,51 b w d  0,51 . 40 . 113  2.305 kN

VSd  1,4 . 550  770 kN  VRd 2  2.305 kN  não ocorrerá esmagamento do concreto nas bielas.

b) Cálculo da armadura transversal

Da Tabela 5.3, para concreto C30, a equação para determinar a força cortante correspondente à
armadura mínima é:
VSd , mín  0,132 b w d  0,132 . 40 . 113  597 kN

VSd  770  VSd , mín  597 kN  portanto, deve-se calcular a armadura transversal p/ VSd .

18
Este exemplo toma como base o apresentado em: SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo,
1985, 376p.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 66

10 m

laje

30

30 30
viga T viga transversal

pilar 1 pilar 2

300 kN
80 kN/m

500 cm 500 cm

550
150 Vk (kN)
150
550

400
240
120

120
15

15
40 40 40
Vigas

Figura 5.49 - Esquema estático, carregamento, esforços cortantes e seção transversal da viga.

Da equação para Asw na Tabela 5.3 (concreto C30):

VSd 770
Asw  2,55  0,22 b w  2,55  0,22 . 40 = 8,58 cm2/m
d 113

A armadura mínima para estribo a 90 e aço CA-50 é:


20 f ct, m
Asw , mín  bw
f ywk

3
fct, m  0,3 3 fck 2  0,3 302  2,90 MPa = 0,290 kN/cm2

20 . 0,290
Asw , mín  40  4,63 cm2/m
50

Como Asw = 8,58 cm2/m > Asw,mín = 4,63 cm2/m, deve-se dispor a armadura calculada.

c) Detalhamento da armadura transversal

c1) Diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10 = 400/10 = 40 mm

c2) Espaçamento máximo entre os estribos:


UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 67

0,67 VRd2 = 0,67 . 2305 = 1.544 kN

VSd = 770 < 1.544 kN  s  0,6 d  30 cm

0,6 d = 0,6 . 113 = 67,8 cm  Portanto, s  30 cm

c3) Espaçamento transversal entre os ramos verticais do estribo:

0,20 VRd2 = 0,20 . 2305 = 461 kN

VSd = 770 > 461 kN  st  0,6 d  35 cm

0,6 d = 0,6 . 113 = 67,8 cm  Portanto, st  35 cm

c4) Escolha do diâmetro e espaçamento dos estribos


c4.1) Estribo com dois ramos verticais

Considerando estribo com dois ramos verticais, para a escolha do diâmetro e do espaçamento dos
estribos com o auxílio da Tabela A-1, deve-se determinar a área de apenas um ramo do estribo. Portanto,
para a área de armadura transversal de 8,58 cm2/m e estribo com dois ramos:
8,58
Asw ,1ramo   4,29 cm2/m
2

Com a área de um ramo na Tabela A-1 encontra-se:  8 mm c/11 cm  4,55 cm2/m

Como o espaçamento máximo é 30 cm, é possível adotar  8 mm c/11 cm.


Para a armadura mínima de 4,63 cm2/m e estribo com dois ramos, a área de um ramo é:

4,63
Asw ,1ramo   2,32 cm2/m
2

na Tabela A-1 encontra-se  8 mm c/20 cm, com o espaçamento sendo menor que o máximo permitido (30
cm). O espaçamento entre os eixos de dois ramos verticais do estribo é:

bw – (2 c) – t = 40 – (2 . 2,5) – 0,8 = 34,2 cm

valor um pouco menor que o espaçamento máximo permitido (st = 35 cm), sendo portanto possível fazer os
estribos com apenas dois ramos verticais. Como alternativa apresenta-se na sequência o cálculo do estribo
com quatro ramos.

c4.2) Estribo com quatro ramos verticais

Caso não fosse possível fazer o detalhamento com dois ramos verticais, uma solução seria
aumentar o número de ramos, com quatro ramos verticais por exemplo, o que resulta em dois estribos
idênticos, a serem colocados sobrepostos na mesma seção transversal da viga (ver Figura 5.50).
Com quatro ramos verticais a área de um ramo apenas é:

8,58
Asw ,1ramo   2,15 cm2/m
4

Com a área de um ramo na Tabela A-1 encontra-se o espaçamento e o diâmetro do estribo:


 6,3 mm c/14 cm  2,25 cm2/m
Para a armadura mínima de 4,63 cm2/m resulta  6,3 mm c/26 cm (1,21 cm2/m), sendo ambos os
espaçamentos menores que o máximo de 30 cm. O espaçamento será feito 25 cm ao invés de 26 cm, a
favor da segurança (Figura 5.50).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 68

Na região da força concentrada de 300 kN (ver Figura 5.49) devida à viga transversal, deve ser
colocada armadura de suspensão (ver Figura 5.31), conforme prevista pela NBR 6118. Como as duas vigas
têm as faces inferiores no mesmo nível, aplica-se a Eq. 5.70:

Vd 1,4 . 300 
As,susp    9,66 cm2
f yd 50
1,15

Esta armadura de suspensão deve ser distribuída na menor distância possível, e considerada a
distância máxima de hapoio (120 cm), conforme a Figura 5.32. Deve ser escolhido um espaçamento para os
estribos da armadura transversal de modo a não prejudicar a montagem e nem causar restrições para o
preenchimento da peça pelo concreto. Considerando que a área da armadura de suspensão seja distribuída
em uma distância de 80 cm, a área de armadura relativamente ao comprimento de 1 m (100 cm) é:

100
9,66  12,08 cm2/m
80

e somando à armadura transversal para a força cortante, que é a mínima no trecho em questão (4,63
cm2/m):
Asw,tot = 4,63 + 12,08 = 16,71 cm2/m

Considerando o diâmetro de 6,3 mm (área de 0,31 cm2) e estribo com quatro ramos tem-se:

4 . 0,31
 0,1671  s = 7,4 cm
s

Portanto, pode-se colocar 11 estribos (duplos: 2 x 11) distribuídos na distância de 80 cm,


espaçados de 7 cm, tendo-se como referência o centro da viga transversal (Figura 5.50).
A Figura 5.51 mostra um detalhe dos estribos, onde observa-se que o espaçamento transversal st
resulta menor que o máximo de 35 cm. A largura do estribo duplo pode ser adotada como:

2
40  2 . 2,5  23,3 cm
3

23

N1-2x12 c/14 N1-2x11 c/25 N1-2x11 c/7 N1-2x11 c/25 N1-2x12 c/14
168 277 80 277 168

115

30 970 cm 30
500 500
N1 - 114 Ø 6,3 C=286 cm

770 VSd,mín = 597 kN


210 VSd (kN)
210

154 VSd,mín = 597 kN 770

154

dois estribos idênticos


formando quatro ramos

Figura 5.50 – Detalhamento da armadura transversal com estribo duplo (quatro ramos verticais).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 69

2,5 11,4 9,7 11,4 2,5

12 23

23 12

40

Figura 5.51 – Detalhamento dos estribos duplos na seção transversal.

5.20 QUESTIONÁRIO

1) Em uma viga de Concreto Armado biapoiada sob carregamento de apenas duas forças concentradas P,
aplicadas nos terços do vão:
- mostre como se apresentam as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão;
- o que diferencia o trecho de flexão pura dos demais trechos?
- em que instante do carregamento surgem as primeiras fissuras de flexão?
- como são as fissuras por flexão, por flexão com força cortante e por apenas força cortante?
- como é a configuração comum de fissuras no instante da ruptura?

2) Mostre como se apresentam as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão em uma viga
biapoiada sob carregamento uniforme?
3) Em uma viga contínua sobre três apoios simples e dois tramos e com carregamento uniforme, como se
mostram as trajetórias das tensões principais?
4) Desenhe em uma viga contínua sobre três apoios simples e dois tramos qual a inclinação mais favorável
para os estribos? Explique.
5) Por que há indicação de um espaçamento máximo entre os estribos?
6) Quais são os mecanismos básicos de transferência de força cortante em uma viga? Explique.
7) Quais são os principais fatores que influenciam na resistência das vigas à força cortante? Explique.
8) Como se configuram os modos de ruptura de vigas sem armadura transversal, em função da relação a/d?
9) Explique o comportamento das vigas com armadura transversal.
10) Qual a função dos estribos nas vigas? Comente sobre a forma de atuação dos ramos verticais e
horizontais dos estribos verticais na resistência de vigas à força cortante.
11) Mostre as diferentes possibilidades de ruptura por força cortante no caso das vigas com armadura
transversal.
12) Explique a analogia de uma viga fissurada com a treliça clássica. Quais as hipóteses da treliça clássica?
13) Explique a função das diagonais de compressão.
14) Qual a configuração da treliça generalizada? Quais as diferenças principais em relação à treliça
clássica?
15) Por que a treliça clássica conduz a uma armadura transversal exagerada?
16) Nas treliças clássica e generalizada, estude como surgem as equações para cálculo da armadura
transversal (Asw) e para a verificação da tensão na biela comprimida.
17) Quais as diferenças nos valores da armadura transversal e da tensão na biela de compressão quando 
= 45 ou 90 ?
18) Quais as indicações para adoção do ângulo ?
19) Por que pode ser feita uma redução da força cortante nos apoios. Como deve ser considerada?
20) De que modo é feita a verificação do concreto comprimido nas bielas?
21) O que são os Modelos de Cálculo I e II? Quais as diferenças entre eles?
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 70

22) Qual o significado da parcela Vc0 e como é deduzida?


23) Como é calculada a parcela Vc1 ? O que ela representa?
24) O que significam os valores VSd,mín e VRd2 ?
25) Qual o valor da armadura mínima à força cortante?
26) Quais os limites para o diâmetro e o espaçamento dos estribos?

5.21 EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Calcular e detalhar a armadura transversal para as vigas mostradas na Figura 5.52, Figura 5.53 e
Figura 5.54, submetidas à flexão simples, e sendo comuns os seguintes valores: c = f = 1,4 ; s = 1,15 ;
CA-50 ou CA-60.

1) Para a viga da Figura 5.52: C20, c = 2,0 cm, bw = 20 cm, h = 50 cm, d = 45 cm.

2) Idem ao primeiro exercício, mas com a modificação do concreto para o C30. Compare os resultados
encontrados.

3) Para a viga da Figura 5.53: C25, c = 2,5 cm, bw = 30 cm, h = 60 cm, d = 56 cm.

20 600 cm 20

25 kN/m

ef

Figura 5.52 – Esquema estático e carregamento externo na viga.

30 550 cm 30

20 kN/m 50 kN

 /2  /2

Figura 5.53 – Esquema estático e carregamento externo na viga.

4) Para a viga da Figura 5.54: C30, c = 2,5 cm, d = 93 cm, VS,máx = 250 kN. A viga é do tipo pré-
moldada, com comprimento total de 10,60 m.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 71

40 cm

30

100 cm
58
12

12,5 15 12,5

40

Figura 5.54 – Dimensões da seção transversal da viga I.

5.22 REFERÊNCIAS

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento,


NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 238p.
2. HSU, T.T.C. ; MAU, S.T. ; CHEN, B. A theory of shear transfer strength of reinforced concrete. AC1 Structural
Journal, v.84, n.2, 1987, pp.149-160.
3. HSU, T.T.C. Softened truss model theory for shear and torsion. AC1 Structural Journal, v.85, n.6, 1988, pp.624-
635.
4. PANG, X.B.D. ; HSU, T.T.C. Fixed angle softened truss model for reinforced concrete. ACI Structural Journal,
v.93, n.2, 1996, pp.197–207.
5. REINECK, K.H. Shear design based on truss models with crack-friction. Comité Euro-International du Béton,
CEB, Bulletin d’ Information n. 223 - Ultimate limit state design models - A state-of-the-art report, 1995, pp.137-
157.
6. MITCHELL, D. ; COLLINS, M.P. Diagonal compression field theory - A rational mode1 for structural concrete
in pure torsion. Journal of American Concrete Institute, v.71, n.8, Aug. 1974, pp.396-408.
7. VECCHIO, F.J. ; COLLINS, M.P. The modified compression field theory for reinforced concrete elements
subjected to shear. ACI Journal, v.83, n.2, 1986, pp.219-31.
8. HAWKINS, N.M. ; KUCHMA, D.A. ; MAST, R.F. ; MARSH, M.L. ; REINECK, K.H. Simplified shear design
of structural concrete members, NCHRP Report 549. Washington, Transportation Research Board, 2005, 55p.
9. LEONHARDT, F. ; MÖNNIG, E. Construções de concreto – Princípios básicos do dimensionamento de
estruturas de concreto armado, v. 1, Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 1982, 305p.
10. FENWICK, R.C. ; PAULAY, SR.T. Mechanisms of shear resistance of concrete beams. Journal of Structural
Engineering, ASCE, v.94, n.10, 1968, pp.2325–2350.
11. MACGREGOR, J.G. ; WIGHT, J.K. Reinforced concrete – Mechanics and design. 4a ed., Upper Saddle River,
Ed. Prentice Hall, 2005, 1132p.
12. TAYLOR, H.P.J. Shear strength of large beams. ASCE Journal of the Structural Division, v.98 (ST 11), nov.
1972, pp.2473-2490;
13. REINECK, K.H. Ultimate shear force of structural concrete members without transverse reinforcement derived
from a mechanical model. ACI Structural Journal, Sept-Oct 1991, pp.592-602.
14. ACHARYA D.N., KEMP K.O. Significance of dowel forces on the shear failure of rectangular reinforced
concrete beams without web reinforcement. ACI Journal, 62–69, oct. 1965, pp.1265–1278.
15. AMERICAN SOCIETY CIVIL ENGINEERS / AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. The shear strength of
reinforced concrete members – Chapters 1 to 4. ACI-ASCE Committee 426, Proceedings ASCE, Journal of the
Structural Division, v.99, n.ST6, June 1973, pp.1091-1187.
16. POLI, S.D. ; GAMBAROVA, P.G. ; KARAKOÇ, C. Aggregate interlock role in RC thin-webbed beams in
shear. American Society of Civil Engineers, ASCE, v.113, n1, 1987, pp.1-19.
17. POLI, S.D. ; PRISCO, M.D. ; GAMBAROVA, P.G. Shear response, deformations, and subgrade stiffness of a
dowel bar embedded in concrete. ACI Structural Journal, v.89, n.6, 1992, pp.665-675.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 72

18. KREFELD, W.J. ; THURSTON, C.W. Contribution of longitudinal steel to shear resistance of reinforced
concrete beams. ACI Journal, mar, 1966, pp.325-342.
19. VINTZILEOU, E. Shear transfer by dowel action and friction as related to size effects. COMITÉ EURO-
INTERNATIONAL DU BÉTON (CEB), Bulletin d’ Information n.237, Concrete tension and size effects, April
1997, pp.53-77.
20. AMERICAN SOCIETY CIVIL ENGINEERS / AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Recent approaches to
shear design of structural concrete - State-of-the-Art-Report. ASCE-ACI Committee 445 on Shear and Torsion,
Journal of Structural Engineering, v.124, n.12, 1998, pp.1375-1417.
21. FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
22. MÖRSCH, E. Der Eisenbetonbau-Seine Anwendung und Theorie, 1st ed. Wayss and Freytag, A. G., Im
Selbstverlag der Firma, Neustadt a. d. Haardt, Germany, 1902.
23. MÖRSCH, E. Der Eisenbetonbau-Seine Theorie und Anwendung (Reinforced concrete construction) – Theory
and application), 5th ed. Wittwer, Sttugart, v.1, Part 1, 1920.
24. MÖRSCH, E. Der Eisenbetonbau-Seine Theorie und Anwendung (Reinforced concrete construction) – Theory
and application), 5th ed. Wittwer, Sttugart, v.1, Part 2, 1922.
25. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 318-14: Building Code Requirements for Structural Concrete and
Commentary, ACI committee 318, 2014, 520p.
26. COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. Code-modèle CEB-FIP pour les structures au béton. CEB,
Bulletin D’Information n. 124/125, 1979.
27. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de estruturas de concreto
armado, NB 1. Rio de Janeiro, ABNT, 1978, 76p.
28. COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. Model Code 1990, MC-90, CEB-FIP, Bulletin
D’Information n. 204, Lausanne, 1991.
29. EUROPEAN COMMITTEE STANDARDIZATION. Eurocode 2 – Design of concrete structures. Part 1:
General rules and rules for buildings. London, BSI, 1992.
30. GARCIA, S.L.G. Taxa de armadura transversal mínima em vigas de concreto armado. Tese (Doutorado), Rio de
Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002, 207p.
31. SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.
32. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto para fins estruturais – Classificação pela
massa específica, por grupos de resistência e consistência, NBR 8953. ABNT, 2009, 4p.
33. PFEIL, W. Pontes em concreto armado – Elementos de projeto, solicitações e superestrutura, v. 1. Rio de
Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora, 3a ed., 1983, 225p.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 73

TABELAS ANEXAS

Tabela A-1
ÁREA DE ARMADURA POR METRO DE LARGURA (cm2/m)
Espaçamento Diâmetro Nominal (mm)
(cm) 4,2 5 6,3 8 10 12,5
5 2,77 4,00 6,30 10,00 16,00 25,00
5,5 2,52 3,64 5,73 9,09 14,55 22,73
6 2,31 3,33 5,25 8,33 13,33 20,83
6,5 2,13 3,08 4,85 7,69 12,31 19,23
7 1,98 2,86 4,50 7,14 11,43 17,86
7,5 1,85 2,67 4,20 6,67 10,67 16,67
8 1,73 2,50 3,94 6,25 10,00 15,63
8,5 1,63 2,35 3,71 5,88 9,41 14,71
9 1,54 2,22 3,50 5,56 8,89 13,89
9,5 1,46 2,11 3,32 5,26 8,42 13,16
10 1,39 2,00 3,15 5,00 8,00 12,50
11 1,26 1,82 2,86 4,55 7,27 11,36
12 1,15 1,67 2,62 4,17 6,67 10,42
12,5 1,11 1,60 2,52 4,00 6,40 10,00
13 1,07 1,54 2,42 3,85 6,15 9,62
14 0,99 1,43 2,25 3,57 5,71 8,93
15 0,92 1,33 2,10 3,33 5,33 8,33
16 0,87 1,25 1,97 3,13 5,00 7,81
17 0,81 1,18 1,85 2,94 4,71 7,35
17,5 0,79 1,14 1,80 2,86 4,57 7,14
18 0,77 1,11 1,75 2,78 4,44 6,94
19 0,73 1,05 1,66 2,63 4,21 6,58
20 0,69 1,00 1,58 2,50 4,00 6,25
22 0,63 0,91 1,43 2,27 3,64 5,68
24 0,58 0,83 1,31 2,08 3,33 5,21
25 0,55 0,80 1,26 2,00 3,20 5,00
26 0,53 0,77 1,21 1,92 3,08 4,81
28 0,49 0,71 1,12 1,79 2,86 4,46
30 0,46 0,67 1,05 1,67 2,67 4,17
33 0,42 0,61 0,95 1,52 2,42 3,79
Diâmetros especificados pela NBR 7480.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 74

Tabela A-2
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM b (cm) para As,ef = As,calc e aço CA-50 nervurado
Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
303 212 250 175 215 151 191 133 172 120 157 110 145 102 136 95
40
212 148 175 122 151 105 133 93 120 84 110 77 102 71 95 66
Valores de acordo com a NBR 6118
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
b Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 75

Tabela A-3
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM b (cm) para As,ef = As,calc e aço CA-60 entalhado
 Concreto
(mm C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
) Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
3,4 50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
4,2 61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
5 73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
6 88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
7 102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
8 117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
9,5 139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
b Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
UNESP - Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil

Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II


NOTAS DE AULA

ANCORAGEM E EMENDA DE
ARMADURAS

Prof. Dr. PAULO SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS


(wwwp.feb.unesp.br/pbastos)

Bauru/SP
Março/2018
APRESENTAÇÃO

Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina


2323 – Estruturas de Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da
Universidade Estadual Paulista - UNESP – Campus de Bauru/SP.
O texto apresenta as prescrições contidas na NBR 6118/2014 (“Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento”) para a ancoragem e emenda de barras de aço da armadura, incluindo o
cálculo e detalhamento da ancoragem da armadura longitudinal de tração nos apoios de vigas de
Concreto Armado, e o “cobrimento” do diagrama de momentos fletores, para definição do
posicionamento e da extensão das armaduras longitudinais.
Agradecimentos a Éderson dos Santos Martins pela confecção dos desenhos.
Críticas e sugestões serão bem-vindas.
SUMÁRIO

1. CLASSIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA ENTRE CONCRETO E ARMADURA ........................ 1


1.1 Aderência por Adesão ........................................................................................................... 1
1.2 Aderência por Atrito .............................................................................................................. 2
1.3 Aderência Mecânica .............................................................................................................. 2
2. ANCORAGEM E FENDILHAMENTO ...................................................................................... 3
2.1. Corpos de Prova para Ensaio de Arrancamento .................................................................... 3
2.2. Tensões Principais ................................................................................................................. 4
2.3. Mecanismos da Aderência ..................................................................................................... 7
3. SITUAÇÕES DE BOA E DE MÁ ADERÊNCIA ....................................................................... 8
4. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA .............................................................................................. 9
5. ANCORAGEM DE ARMADURA PASSIVA POR ADERÊNCIA ......................................... 10
5.1 Comprimentos de Ancoragem Básico e Necessário ............................................................ 10
5.2 Disposições Construtivas..................................................................................................... 13
5.2.1 Prolongamento Retilíneo da Barra ou Grande Raio de Curvatura ............................... 13
5.2.2 Barras Transversais Soldadas ....................................................................................... 13
5.2.3 Ganchos das Armaduras de Tração .............................................................................. 14
5.2.4 Armadura Transversal na Ancoragem .......................................................................... 15
5.2.5 Ancoragem de Estribos ................................................................................................ 15
6. EMENDA DE BARRAS ............................................................................................................ 16
6.1 Emenda por Transpasse ....................................................................................................... 17
6.1.1 Proporção de Barras Emendadas .................................................................................. 18
6.1.2 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Tracionadas ..................................... 19
6.1.3 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Comprimidas ................................... 20
6.1.4 Armadura Transversal nas Emendas por Transpasse de Barras Isoladas ..................... 20
7. ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL DE FLEXÃO EM VIGAS ................. 21
7.1 Decalagem do Diagrama de Força no Banzo Tracionado ................................................... 22
7.1.1 Modelo de Cálculo I ..................................................................................................... 22
7.1.2 Modelo de Cálculo II .................................................................................................... 23
7.2 Ponto de Início de Ancoragem ............................................................................................ 23
7.3 Armadura Tracionada nas Seções de Apoio ........................................................................ 28
7.3.1 Apoio com Momento Fletor Positivo ........................................................................... 28
7.3.2 Ancoragem da Armadura Longitudinal Positiva nos Apoios Extremos de Vigas
Simples ou Contínuas .............................................................................................................. 28
7.3.3 Apoio Intermediário de Vigas Contínuas ..................................................................... 35
7.3.4 Ancoragem de Armadura Negativa em Apoios Extremos ........................................... 36
8. QUESTIONÁRIO ...................................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 38
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR........................................................................................... 39
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 1

1. CLASSIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA ENTRE CONCRETO E ARMADURA

Uma ótima aderência entre a armadura de aço e o concreto é de fundamental importância


para a existência do Concreto Armado, o que subentende o trabalho solidário e conjunto entre os
dois materiais. Com a aderência procura-se garantir que não ocorra escorregamento relativo entre
o concreto e as barras de aço.
O fenômeno da aderência envolve dois aspectos: o mecanismo de transferência de força da
barra de aço para o concreto que a envolve e a capacidade do concreto resistir às tensões oriundas
dessa força.
A transferência de força é possibilitada por ações químicas (adesão), por atrito e por ações
mecânicas, e pode ser estudada considerando diferentes estágios, dependentes da intensidade da
força, da textura da superfície da barra de aço e da qualidade do concreto.
Existe uma classificação da aderência em três parcelas (por adesão, por atrito e mecânica),
meramente esquemática, pois não é possível determinar precisamente a contribuição de cada uma
delas individualmente.

1.1 Aderência por Adesão

Após o lançamento do concreto fresco sobre uma chapa de aço (Figura 1), durante o
endurecimento do concreto ocorrem ligações físico-químicas com a chapa de aço na interface, que
faz surgir uma resistência de adesão, indicada pela força Rb1 , que se opõe à separação dos dois
materiais. A contribuição da adesão à aderência é pequena. A Figura 2 mostra a força Va devida à
aderência entre o concreto e uma barra nervurada.

R b1
concreto

aço

R b1
Figura 1 – Aderência por adesão (FUSCO, 2000).

Figura 2 – Aderência por adesão em barra nervurada (REYES, 2009).


UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 2

1.2 Aderência por Atrito

Ao se aplicar uma força que tende a arrancar uma barra de aço inserida no concreto,
verifica-se que a força de arrancamento (Rb2 – Figura 3) é muito superior à força Rb1 relativa à
aderência por adesão. Considera-se que a superioridade da força Rb2 sobre a força Rb1 é devida às
tensões de cisalhamento b , que originam forças de atrito que opõem-se ao deslocamento relativo
entre a barra de aço e o concreto. Existe, portanto, uma contribuição do atrito à aderência.
A intensidade das forças de atrito depende do coeficiente de atrito entre o concreto e o aço,
e quando existir, da intensidade de forças de compressão transversais ao eixo da barra (Pt ,
chamadas forças de confinamento - Figura 4), provenientes da retração do concreto, de ações
externas, etc. A Figura 5 mostra a força Vf devida ao atrito entre o concreto e uma barra
nervurada.

R b2

Figura 3 – Aderência por atrito sem forças de confinamento (FUSCO, 2000).

Pt Pt
R b2

Figura 4 – Aderência por atrito com forças de confinamento Pt (FUSCO, 2000).

Figura 5 – Aderência por atrito entre concreto e barra nervurada (REYES, 2009).

1.3 Aderência Mecânica

A aderência mecânica é aquela proporcionada pelas saliências (também chamadas


nervuras ou mossas) existentes na superfície das barras de aço de alta aderência, e às
irregularidades da laminação no caso das barras lisas. As saliências criam pontos de apoio no
concreto, que causam uma resistência ao escorregamento relativo entre a barra e o concreto
(Figura 6 e Figura 7). A aderência mecânica é a parcela mais importante e de maior intensidade da
aderência total.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 3

R b3
Barras lisas

R b3
Barras nervuradas

Figura 6 – Aderência mecânica proporcionada pelas irregularidades da superfície de barras de


aço lisas e por saliências em barras nervuradas (FUSCO, 2000).

Figura 7 – Aderência mecânica entre concreto e barra nervurada (REYES, 2009).

2. ANCORAGEM E FENDILHAMENTO

2.1. Corpos de Prova para Ensaio de Arrancamento

A resistência de aderência pode ser determinada por meio de diferentes ensaios


experimentais, sendo o mais comum o de arrancamento de uma barra de aço inserida no concreto,
como mostrado na Figura 8. A Figura 9 mostra três diferentes corpos de prova utilizados em
ensaios de arrancamento, que determinam a resistência média global de aderência (1m), valor que
é suficiente para atender aos requisitos básicos de projeto.

Figura 8 – Corpo de prova para ensaio de arrancamento de barra conforme Rilem-Ceb-Fib (1973),
para ensaios cíclicos (REYES, 2009).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 4

Figura 9 – Tipos de corpos de prova utilizados em ensaio de arrancamento para determinação da


resistência de aderência (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

2.2. Tensões Principais

A Figura 10 mostra a direção das tensões principais de tração e de compressão, em ensaio


de arrancamento, para o caso de ancoragem de barra reta e ancoragem por meio de placa de aço na
extremidade da barra.1 Ancoragem é o termo utilizado para indicar a fixação de uma barra ao
concreto, de modo que a força que nela atua seja transferida em sua extremidade para o concreto.
Na barra é aplicada a força de arrancamento Rs e o corpo de prova está apoiado em um
dispositivo, que proporciona forças reativas D. No caso da placa de ancoragem e de não existir
aderência entre o concreto e a barra, a resistência ao arrancamento é proporcionada apenas pelo
apoio da área da placa no concreto.
Na região de ancoragem reta por aderência as tensões inclinadas de compressão propagam-
se pelo concreto a partir da extremidade da barra, e surgem também tensões de tração,
perpendiculares às tensões principais de compressão e transversais à barra (Figura 10a). No caso
de placa de ancoragem as tensões têm trajetórias semelhantes (Figura 10b).

1
A placa de apoio é comum na ancoragem de armaduras ativas para o Concreto Protendido.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 5

Rs Rs

a) ancoragem por aderência de barra reta; b) ancoragem por placa.

Figura 10 – Trajetórias das tensões principais no concreto. (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982)

Conforme o desenho da Figura 11, a força Rs de arrancamento da barra também ocasiona


tensões tangenciais (b) na interface aço-concreto, além das tensões diagonais de compressão (ce
- linhas tracejadas na Figura 10) e tensões transversais de tração (tt - linhas contínuas).

Figura 11 – Tensões atuantes na ancoragem por aderência de barra com saliências (FUSCO, 2000).

As tensões de tração produzem no concreto o esforço denominado “fendilhamento”, que


pode alcançar o valor de 0,25 da força Rs , e que pode dar origem às chamadas “fissuras de
fendilhamento”, como mostradas na Figura 12 e na Figura 13.

Figura 12 – Fissuras de fendilhamento na região de ancoragem (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).


UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 6

Figura 13 – Fissuras por fendilhamento ao longo da barra ancorada (FUSCO, 2000).

Para evitar ou diminuir a possibilidade do surgimento de fissuras de fendilhamento, pode


ser adotada uma armadura em forma de hélice (Figura 14b), comum nas peças de Concreto
Protendido, ou uma armadura em forma de barras transversais (armadura de costura), dispostas ao
longo da barra ancorada por aderência (Figura 14c). Esta armadura combate as tensões
transversais de tração e impedem a ruptura longitudinal por fendilhamento. E também evitam que,
se ocorrerem fissuras, estas alcancem a superfície do concreto (que poderia comprometer a
durabilidade da peça devido à corrosão da barra de aço ancorada).
Se ocorrerem tensões de compressão transversais independentes daquelas oriundas da
ancoragem, o problema do fendilhamento fica diminuído (Figura 14a).

a) compressão transversal; b) cintamento helicoidal; c) armadura transversal de costura.


Figura 14 – Armadura para evitar fissuras de fendilhamento na ancoragem reta (FUSCO, 2000).

Como afirma FUSCO (2000), o importante na ancoragem de barras tracionadas é


“garantir a manutenção da integridade das bielas diagonais comprimidas e assegurar que os
esforços transversais de tração possam ser adequadamente resistidos.”
Nas vigas há um efeito favorável proporcionado pelas bielas comprimidas de concreto,
devidas às forças cortantes (Figura 15). Além disso, os estribos atuam como “armadura de
costura”, ao resistirem às tensões transversais de tração, e quanto mais próximos entre si, melhor.
As bielas são os volumes de concreto entre as fissuras mostradas na Figura 11, e que
resistem às tensões ce . Os esforços transversais, devidos às tensões tt podem ser resistidos por
armaduras, como mostrado na (Figura 14).

Figura 15 – Atuação favorável dos estribos para evitar fissuras por fendilhamento
na região de ancoragem reta (FUSCO, 2000).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 7

2.3. Mecanismos da Aderência

A Figura 16 mostra o diagrama esquemático resistência de aderência x deslocamento


relativo (ou escorregamento) de uma barra com saliências, determinado em ensaio de
arrancamento, onde a força aplicada inicia-se em zero e vai sendo gradativamente aumentada até a
ruptura completa da aderência.
O estágio I, do trecho da origem do diagrama ao início da curva (deslocamento relativo
nulo), corresponde à aderência por adesão, cuja ruptura ocorre com um deslocamento relativo
muito pequeno. Isso implica que a adesão colabora apenas com uma pequena parcela para a
resistência de aderência total.
Após a resistência por adesão ser superada, a transferência da força de arrancamento da
barra para o concreto ocorre principalmente pela ação de apoio das saliências no concreto
(consolos de concreto), como mostrado na Figura 17.
resistência de
aderência

estágio IV

estágio III

estágio II

estágio I

deslocamento relativo

Figura 16 – Diagrama esquemático de resistência de aderência x escorregamento


do ensaio de arrancamento (FIB, 1999).

No estágio II, os deslocamentos relativos ainda são pequenos, ocasionados pela


deformação do concreto sob ação direta das saliências. Em uma determinada força (ou instante)
começa a formação de microfissuras a partir da parte superior das saliências (consolos - Figura
17).
O estágio III inicia com o surgimento da primeira fissura radial (ver Figura 12 e Figura
13), e é também mantido pela ação das saliências sobre o concreto (consolos). Não existindo
forças de confinamento (como as forças Pt mostradas na Figura 4), as fissuras propagam-se pelo
concreto, e a ruptura ocorre pela ação de fendilhamento, o que corresponde ao estágio IV.
Com forças de confinamento grandes o suficiente para prevenir a ruptura por
fendilhamento do concreto, a ruptura da aderência ocorre pelo arrancamento da barra,
modificando o mecanismo de transferência de força pelo apoio das saliências no concreto para
forças de atrito, em função da resistência ao cisalhamento dos consolos de concreto (Figura 17b).
Neste caso, ocorre a ruptura dos consolos por cisalhamento.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 8

componentes de força
sobre a barra

forças sobre
concreto
F

fissuras

a) Ruptura pelas fissuras de fendilhamento;

componentes de força força de confinamento


sobre o concreto

barra com
F saliência

plano de ruptura

b) Ruptura dos consolos por cisalhamento e consequente arrancamento da barra.


Figura 17 – Ação das saliências da barra de aço sobre o concreto e modos de ruptura (FUSCO, 2000).

3. SITUAÇÕES DE BOA E DE MÁ ADERÊNCIA

Ensaios experimentais realizados mostraram que a resistência de aderência, de barras de


aço posicionadas na direção vertical, é significativamente maior que a resistência de aderência de
barras posicionadas na horizontal. Para as barras horizontais, a distância ao fundo ou ao topo da
fôrma (superfície de concreto) determina a qualidade da aderência entre o concreto e a barra de
aço. Assim ocorre porque, durante o adensamento e o endurecimento do concreto, a sedimentação
do cimento e principalmente o fenômeno da exsudação2, tornam o concreto da camada superior
mais poroso, podendo diminuir a aderência à metade daquela das barras verticais.
Em determinadas situações, que dependem basicamente da inclinação e da posição da
barra de aço na massa de concreto (Figura 18), a NBR 6118 (item 9.3.1) define situações
chamadas “boa” e “má” aderência. “Consideram-se em boa situação quanto à aderência os
trechos das barras que estejam em uma das posições seguintes:
a) com inclinação maior que 45 sobre a horizontal;
b) horizontais ou com inclinação menor que 45 sobre a horizontal, desde que:
- para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face
inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima;
- para elementos estruturais com h  60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da face
superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima.

2
Exsudação: segregação do concreto, com movimento para baixo de cimentos e agregados, e da água para cima, o
que provoca regiões de concretos mais porosos e de menor aderência na parte superior das peças.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 9

Os trechos das barras em outras posições, e quando do uso de formas deslizantes, devem
ser considerados em má situação quanto à aderência.”

II h - 30 cm

45 h < 60 cm
I 45 30 cm

II 30 cm
h 60 cm
I 45 h - 30 cm

Figura 18 – Regiões de boa (I) e de má (II) aderência.

4. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA

A determinação da resistência de aderência (fbd) entre o concreto e a armadura é


importante e necessária ao cálculo do “comprimento de ancoragem” e do “comprimento de
emenda” das barras da armadura.
A resistência de aderência depende da resistência do concreto, da rugosidade da superfície
da barra de aço, da posição da barra na massa de concreto (situação de aderência) e do diâmetro
da barra. As nervuras (saliências) na superfície da barra aumentam significativamente a
resistência de aderência.
Embora a distribuição da tensão de aderência sobre o comprimento de ancoragem seja
não-linear (ver Figura 19), para aplicações práticas e de projeto considera-se seguro considerar
uma tensão média de valor constante. De acordo com a NBR 6118 (item 9.3.2.1), a “resistência
de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto na ancoragem de armaduras passivas
deve ser obtida pela seguinte expressão:”

fbd = 1 . 2 . 3 . fctd Eq. 1

onde: fctd = resistência de cálculo do concreto à tração direta:

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2


f ctd    f ck , fck em MPa
c c c

1 – parâmetro que considera a rugosidade da barra de aço:

1 = 1,0 para barras lisas;


1 = 1,4 para barras entalhadas;
1 = 2,25 para barras nervuradas.

2 – parâmetro que considera a posição da barra na peça:

2 = 1,0 para situações de boa aderência;


UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 10

2 = 0,7 para situações de má aderência.

3 – parâmetro que considera o diâmetro da barra:

3 = 1,0 para  < 32 mm;

3 = (132 – )/100 , para  ≥ 32 mm , com  = diâmetro da barra em mm.

A expressão de fbd é idêntica àquela constante do código MC-90 do CEB/FIP (1991).

5. ANCORAGEM DE ARMADURA PASSIVA POR ADERÊNCIA

Define a NBR 6118 (item 9.4.1) que “Todas as barras das armaduras devem ser
ancoradas de forma que as forças a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidas ao
concreto, seja por meio de aderência ou de dispositivos mecânicos ou por combinação de
ambos.”
A ancoragem por aderência da força na barra pode ser por meio de um comprimento reto
ou com grande raio de curvatura, seguido ou não de gancho (item 9.4.1.1). A ancoragem com
dispositivos mecânicos acoplados à barra (detalhado no item 9.4.7 da NBR 6118) é utilizada
principalmente nas peças de Concreto Protendido, como por exemplo com a utilização de uma
placa de aço acoplada à extremidade da barra de aço (item 9.4.1.2), (ver Figura 10).
“Com exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por aderência
devem ser confinadas por armaduras transversais (ver 9.4.2.6) ou pelo próprio concreto,
considerando-se este caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3  e a
distância entre barras ancoradas for maior ou igual a 3.” (NBR 6118, 9.4.1.1).

5.1 Comprimentos de Ancoragem Básico e Necessário

O comprimento de ancoragem de uma barra de aço depende da qualidade e da resistência


do concreto, da posição e inclinação da barra na peça, da força de tração na barra e da
conformação superficial da barra (saliências, entalhes, nervuras, etc.).
A ancoragem reta da barra, como mostrada na Figura 19, é econômica e simples de
projetar e executar. O comprimento de ancoragem é calculado admitindo-se que a tensão de
aderência seja constante, o que não corresponde à realidade, como mostram os diagramas
constantes da Figura 19, obtidos em ensaios experimentais de arrancamento.
O comprimento de ancoragem básico de uma barra reta (  b - item 9.4.2.4 da NBR 6118) é
definido como o “comprimento reto de uma barra de armadura passiva necessário para ancorar
a força-limite As . fyd nessa barra, admitindo-se, ao longo desse comprimento, resistência de
aderência uniforme e igual a fbd .”
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 11

Figura 19 – Diagrama de tensões de aderência na ancoragem reta de barra de aço.


(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

Conforme a Figura 20, a força na barra (Rst = As fyd) é equilibrada pela força resultante das
tensões de aderência aplicadas ao concreto na superfície da barra:

Rst = fbd . u . b Eq. 2

onde u é o perímetro da barra.

Substituindo Rst por As fyd na Eq. 2, fica:

As . fyd = fbd . u . b

com: u =  .  e: As =  . 2/4 , tem-se:

 . 2
f yd
b  4
f bd .  . 

 f yd
b  Eq. 3
4 f bd

com b ≤ 25 .
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 12

Ø

bd f bd
Rst

b

Figura 20 – Comprimento de ancoragem básico de uma barra reta.

O valor b da Eq. 3 é definido pela NBR 6118 como “comprimento de ancoragem básico”,
isto é, o comprimento reto necessário para uma barra de armadura passiva ancorar a força limite
As . fyd , admitindo, ao longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a fbd .
As tabelas anexas Tabela A-1 e Tabela A-2 fornecem o comprimento de ancoragem básico
(b), para os aços CA-50 nervurado e CA-60 entalhado e os concretos do Grupo I de resistência.
Para a determinação de b devem ser consideradas as colunas “Sem”, que indicam a ancoragem
reta, sem gancho na extremidade da barra. Também é necessário considerar a situação de
aderência (boa ou má). Nessas tabelas também são disponibilizados os comprimentos de
ancoragem com ganho na extremidade da barra (colunas “Com”), comprimento chamado
“necessário” pela norma.
A norma define o “comprimento de ancoragem necessário” (b,nec - item 9.4.2.5), que leva
em consideração a existência ou não de gancho e a relação entre a armadura calculada (As,calc) e a
armadura efetivamente disposta (As,ef), cujo valor é:

As,calc
 b, nec    b   b, mín Eq. 4
As,ef

onde:  = 1,0 - para barras sem gancho;


 = 0,7 - para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao
do gancho  3;
 = 0,7 - quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2;
 = 0,5 - quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 e gancho
com cobrimento no plano normal ao do gancho  3;
b = comprimento de ancoragem básico;
As,calc = área da armadura calculada;
As,ef = área da armadura efetiva.

O comprimento de ancoragem deve atender ao comprimento de ancoragem mínimo:

0,3  b

 b, mín  10  Eq. 5
100 mm

A norma permite, “em casos especiais, considerar outros fatores redutores do


comprimento de ancoragem necessário.”
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 13

5.2 Disposições Construtivas

Os itens da NBR 6118: 9.4.3 - Ancoragem de feixes de barras, 9.4.4 - Ancoragem de telas
soldadas e 9.4.5 – Ancoragem de armaduras ativas, todos por aderência, não serão abordados
nesta apostila.

5.2.1 Prolongamento Retilíneo da Barra ou Grande Raio de Curvatura

Segundo a NBR 6118 (9.4.2.1): “As barras tracionadas podem ser ancoradas ao longo de
um comprimento retilíneo ou com grande raio de curvatura em sua extremidade, de acordo com
as condições a seguir:

a) obrigatoriamente com gancho (ver 9.4.2.3) para barras lisas;


b) sem gancho nas que tenham alternância de solicitação, de tração e compressão;
c) com ou sem gancho nos demais casos, não sendo recomendado o gancho para barras de
 > 32 mm ou para feixes de barras.

As barras comprimidas devem ser ancoradas sem ganchos.” Desse modo diminui-se a
possibilidade de flambagem da barra, o que poderia levar ao rompimento do cobrimento de
concreto, como mostrado na Figura 21.

Figura 21 – O gancho na ancoragem de barra comprimida pode ocasionar o rompimento


do cobrimento de concreto (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

5.2.2 Barras Transversais Soldadas

Para aumentar a eficiência da ancoragem por aderência (Figura 22), a NBR 6118 (9.4.2.2)
permite que sejam “utilizadas várias barras transversais soldadas para a ancoragem de barras,
desde que:
a) seja o diâmetro da barra soldada t  0,60  ;
b) a distância da barra transversal ao ponto de início da ancoragem seja  5  ;
c) a resistência ao cisalhamento da solda supere a força mínima de 0,3 As fyd (30 % da resistência
da barra ancorada).”
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 14

5 5
b,nec b,nec

5 5
b,nec b,nec

Figura 22 – Critérios para posicionamento de barras transversais soldadas à barra ancorada.

Para barra transversal única, ver item 9.4.7.1 da NBR 6118.

5.2.3 Ganchos das Armaduras de Tração

Quando se fizer uso de ganchos nas extremidades das barras da armadura longitudinal de
tração (Figura 23), os ganchos podem ser NBR 6118 (9.4.2.3):

“a) semicirculares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2  ;


b) em ângulo de 45 (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a 4  ;
c) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8  .

Para as barras lisas, os ganchos devem ser semicirculares.”

8Ø D

Ø
Ft

Ø
4

Ø
Ft

Ø
Ft

Figura 23 – Características dos ganchos nas extremidades de barras tracionadas.

O diâmetro interno da curvatura dos ganchos das armaduras longitudinais de tração deve
ser pelo menos igual ao estabelecido na Tabela 1. Sua prescrição tem a finalidade de evitar
concentração de tensão no concreto na região da dobra, que pode ocorrer no caso de barras
dobradas com curvaturas pequenas. Na região da curvatura ocorrem tensões normais de
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 15

compressão no concreto, no plano de dobramento da barra, acompanhadas de tensões transversais


de tração, que podem provocar fissuras por fendilhamento do concreto. Com o diâmetro de
dobramento especificado pela norma, as tensões de tração tornam-se suficientemente baixas,
podendo ser absorvidas pelo concreto.3

Tabela 1 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) (Tabela 9.1 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
 20 5 8 -

“Quando houver barra soldada transversal ao gancho e a operação de dobramento


ocorrer após a soldagem, devem ser mantidos os diâmetros dos pinos de dobramento da Tabela
9.1, se o ponto de solda situar-se na parte reta da barra, a uma distância mínima de 4  do início
da curva. Caso essa distância seja menor, ou o ponto se situe sobre o trecho curvo, o diâmetro do
pino de dobramento deve ser no mínimo igual a 20  . Quando a operação de soldagem ocorrer
após o dobramento, devem ser mantidos os diâmetros da Tabela 9.1.” (NBR 6118, 9.4.2.3).

5.2.4 Armadura Transversal na Ancoragem

Para barras com  < 32 mm a NBR 6118 (9.4.2.6.1) prescreve: “Ao longo do comprimento
de ancoragem deve ser prevista armadura transversal capaz de resistir a 25 % da força
longitudinal de uma das barras ancoradas. Se a ancoragem envolver barras diferentes,
prevalece, para esse efeito, a de maior diâmetro.”
No caso de barras com  ≥ 32 mm a NBR 6118 (9.4.2.6.2) prescreve: “Deve ser verificada
a armadura em duas direções transversais ao conjunto de barras ancoradas. Essas armaduras
transversais devem suportar as tensões de fendilhamento segundo os planos críticos, respeitando
o espaçamento máximo de 5  (onde  é o diâmetro da barra ancorada). Quando se tratar de
barras comprimidas, pelo menos uma das barras constituintes da armadura transversal deve
estar situada a uma distância igual a quatro diâmetros (da barra ancorada) além da extremidade
da barra.”

5.2.5 Ancoragem de Estribos

A NBR 6118 (9.4.6) prescreve: “A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser
garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais soldadas.
Os ganchos dos estribos podem ser:
a) semicirculares ou em ângulo de 45 (interno), com ponta reta de comprimento igual a
5 t , porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 t , porém não inferior a 7
cm (este tipo de gancho não pode ser utilizado para barras e fios lisos).

A Figura 24 ilustra os ganchos nas pontas do estribo. O diâmetro interno da curvatura dos
estribos deve ser no mínimo igual ao valor apresentado na Tabela 2.

3Sugestão de estudo: item 6.6 Ancoragens curvas, do livro de FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São
Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 16

Tabela 2 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos (Tabela 9.2 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
 10 3 t 3 t 3 t
10 <  < 20 4 t 5 t -
 20 5 t 8 t -

No item 9.4.6.2 a NBR 6118 prescreve como deve ser a ancoragem de estribos por meio
de barras transversais soldadas.

10 
t 7 cm

5 
t 5 cm

D D

t t

45°

5 
t 5 cm

t

Figura 24 – Tipos de ganchos para os estribos.

6. EMENDA DE BARRAS

As barras de aço apresentam usualmente o comprimento em torno de 12 m. Em elementos


estruturais de comprimento superior a 12 m, como vigas e pilares por exemplo, torna-se
necessário fazer a emenda das barras. A NBR 6118 (9.5) apresenta a emenda das barras, segundo
um dos seguintes tipos:

a) por traspasse (ou transpasse);


b) por luvas com preenchimento metálico, rosqueadas ou prensadas;
c) por solda;
d) por outros dispositivos devidamente justificados.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 17

No caso das emendas do tipo luva e solda, o concreto não participa da transmissão de
forças de uma barra para outra, podendo as emendas serem dispostas em qualquer posição. No
caso da emenda por traspasse é necessário que o concreto participe na transmissão dos esforços.
Nesta apostila serão mostradas apenas as características das emendas por transpasse, que
são bem mais comuns na prática das estruturas de concreto.

6.1 Emenda por Transpasse

No caso de emenda de barras por transpasse, a emenda é feita pela simples justaposição
longitudinal das barras num comprimento de emenda bem definido, como mostrado na Figura 25
e na Figura 26. A NBR 6118 (item 9.5.2) estabelece que a emenda por transpasse só é permitida
para barras de diâmetro até 32 mm. “Cuidados especiais devem ser tomados na ancoragem e na
armadura de costura de tirantes e pendurais (elementos estruturais lineares de seção
inteiramente tracionada).
No caso de feixes, o diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não pode ser
superior a 45 mm, respeitados os critérios estabelecidos em 9.5.2.5.”
A transferência da força de uma barra para outra numa emenda por transpasse ocorre por
meio de bielas inclinadas de compressão, como indicadas na Figura 26. Ao mesmo tempo surgem
também tensões transversais de tração, que requerem uma armadura transversal na região da
emenda.

Figura 25 – Aspecto da fissuração na emenda de duas barras.


(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

0t

Figura 26 – Transmissão da força Rs por bielas comprimidas inclinadas de concreto


e tração transversal em emenda de barras tracionadas (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

As barras a serem emendadas devem ficar próximas entre si, numa distância não superior a
4  (Figura 27). Barras com saliências podem ficar em contato direto, dado que as saliências
mobilizam o concreto para a transferência da força.



Figura 27 – Espaçamento máximo entre duas barras emendadas por transpasse.


UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 18

O padrão de fissuração na ruptura de emendas depende do cobrimento de concreto nas


duas direções, como mostrado na Figura 28. A ruptura do cobrimento na região da emenda ocorre
de uma ou outra forma, dependendo do espaçamento entre as emendas.
A resistência da emenda depende do comprimento de transpasse, do diâmetro e
espaçamento das barras e da resistência do concreto. O aumento do comprimento de transpasse
não aumenta a resistência da emenda na mesma proporção.

cs e cs

cs  0,85 cb
cb  2,5 Ø

cs > 0,85 cb
2
1 cs  4,0 cb

cs > 4,0 cb
2

1 cs  8,0 cb

1 – fissura pré-ruptura
2 – fissura na ruptura
Figura 28 – Padrão de fissuração em função da espessura do cobrimento.
(FÉDERATION INTERNATIONALE DU BÉTON, 1999).

6.1.1 Proporção de Barras Emendadas

Como visto, a emenda de barras introduz tensões de tração e de compressão no concreto na


região da emenda. Para evitar altas concentrações de tensão, deve-se limitar a quantidade de
emendas numa mesma seção da peça.
A NBR 6118 (9.5.2.1) considera na mesma seção transversal “as emendas que se
superpõem ou cujas extremidades mais próximas estejam afastadas de menos que 20 % do
comprimento do trecho de traspasse.”, como indicado na Figura 29. “Quando as barras têm
diâmetros diferentes, o comprimento de traspasse deve ser calculado pela barra de maior
diâmetro.”
No esquema da Figura 29, 01 e 02 são os comprimentos das emendas de quatro barras. O
critério para definir se duas emendas são consideradas ou não na mesma seção da peça é função
da distância a:

- se a < 0,201  as emendas ocorrem na mesma seção;


- se a > 0,201  as emendas ocorrem em seções diferentes.

Ou seja, as emendas não necessitam estarem perfeitamente alinhadas para serem


consideradas na mesma seção ao longo da peça.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 19


01 > 02

< 0,2 01 a 02


Figura 29 – Emendas supostas na mesma seção transversal.

As barras tracionadas de uma armadura principal que podem ser emendadas em uma
mesma seção transversal devem obedecer uma proporção máxima, apresentada na Tabela 3.

Tabela 3 – Proporção (%) máxima de barras tracionadas emendadas (Tabela 9.3 da NBR 6118).
Tipo de carregamento
Tipo de barra Situação
Estático Dinâmico
Em uma camada1) 100 100
Alta aderência
Em mais de uma camada2) 50 50
 < 16 mm 50 25
Lisa
  16 mm 25 25
Nota: 1) Camada indica se as barras emendadas encontram-se em um mesmo nível, ou em níveis (camadas) diferentes.

“A adoção de proporções maiores que as indicadas deve ser justificada quanto à


integridade do concreto na transmissão das forças e da capacidade resistente da emenda, como
um conjunto, frente à natureza das ações que a solicitem.
Quando se tratar de armadura permanentemente comprimida ou de distribuição, todas as
barras podem ser emendadas na mesma seção.”

6.1.2 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Tracionadas

“Quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida entre 0 e 4, o
comprimento do trecho de traspasse para barras tracionadas deve ser:” (NBR 6118, 9.5.2.2)

 0 t   0 t  b,nec   0 t ,mín Eq. 6

onde: b,nec = comprimento de ancoragem necessário, como definido no item 5.1;


b = comprimento de ancoragem básico, como definido no item 5.1;
 0 t = coeficiente que é função da porcentagem de barras emendadas na mesma seção,
conforme a Tabela 4.

0,3  0 t  b

 0 t ,mín  15  Eq. 7
200 mm

UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 20

Tabela 4 – Valores do coeficiente 0t (Tabela 9.4 da NBR 6118).


Barras emendadas
 20 25 33 50 > 50
na mesma seção (%)
Valores de 0t 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0

“Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4 , ao comprimento
calculado em 9.5.2.2.1 deve ser acrescida a distância livre entre as barras emendadas. A
armadura transversal na emenda deve ser justificada, considerando o comportamento conjunto
concreto-aço, atendendo ao estabelecido em 9.5.2.4.” (NBR 6118, 9.5.2.2.2).
A Eq. 6 mostra que o comprimento de emenda de barras tracionadas é o comprimento de
ancoragem básico majorado de 1,2 a 2,0 (Tabela 4). E quanto maior a quantidade de barras
emendadas em uma mesma seção, maior deve ser o comprimento da emenda.

6.1.3 Comprimento de Transpasse de Barras Isoladas Comprimidas

Nas emendas de barras comprimidas existe o efeito favorável da ponta da barra e, por este
motivo, o comprimento da emenda (0c) não é majorado como no caso de emenda de barras
tracionadas (NBR 6118, 9.5.2.3). O comprimento de transpasse é:

 0c   b,nec   0c,mín Eq. 8

onde: b = comprimento de ancoragem básico, como definido no item 5.1;


b,nec = comprimento de ancoragem necessário, como definido no item 5.1.

0,6  b

 0c,mín  15  Eq. 9
200 mm

6.1.4 Armadura Transversal nas Emendas por Transpasse de Barras Isoladas

Com o objetivo de combater as tensões transversais de tração, que podem originar fissuras
na região da emenda, a NBR 6118 recomenda a adoção de armadura transversal à emenda, em
função da emenda ser de barras tracionadas, comprimidas ou fazer parte de armadura secundária.

6.1.4.1 Armadura Principal Tracionada

“Quando  < 16 mm ou a proporção de barras emendadas na mesma seção for menor que
25 %, a armadura transversal deve satisfazer o descrito em 9.4.2.6.
Nos casos em que   16 mm ou quando a proporção de barras emendadas na mesma
seção for maior ou igual a 25 %, a armadura transversal deve:

- ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada, considerando os
ramos paralelos ao plano da emenda;
- ser constituída por barras fechadas se a distância entre as duas barras mais próximas
de duas emendas na mesma seção for < 10  ( = diâmetro da barra emendada);
- concentrar-se nos terços extremos da emenda.” (Figura 30).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 21

A st / 2 Ast / 2

150 mm

1/3 0 1/30
0

Figura 30 – Disposição da armadura transversal nas emendas de barras tracionadas.

6.1.4.2 Armadura Principal Comprimida

“Devem ser mantidos os critérios estabelecidos para o caso anterior, com pelo menos uma
barra de armadura transversal posicionada 4  além das extremidades da emenda.” Figura 31,
(NBR 6118, 9.5.2.4.2).
Ast / 2 Ast / 2

150 mm

4 1/3 0 1/3 0 4

0

Figura 31 – Disposição da armadura transversal nas emendas de barras comprimidas.

6.1.4.3 Armaduras Secundárias

Quando  < 16 mm ou a proporção de barras emendadas na mesma seção for menor que
25 %, a área da armadura transversal deve resistir a 25 % da força longitudinal atuante na barra.
Os itens 9.5.2.5, 9.5.3 e 9.5.4 da NBR 6118 tratam, respectivamente, de emendas de feixes
de barras por transpasse, emendas por luvas rosqueadas e emendas por solda. Esses tipos de
emendas são menos comuns na prática das construções e não serão abordados nesta apostila.

7. ANCORAGEM DA ARMADURA LONGITUDINAL DE FLEXÃO EM VIGAS

Neste item será verificado como deve ser feito o detalhamento da armadura longitudinal de
tração de vigas, ou até que posição do vão as barras devem se estender, e também a ancoragem de
barras nos apoios intermediários e extremos.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 22

7.1 Decalagem do Diagrama de Força no Banzo Tracionado

A decalagem ou deslocamento do diagrama de forças Rsd (MSd /z) deve ser feito para se
compatibilizar o valor da força atuante na armadura tracionada, determinada no banzo tracionado
da treliça de Ritter-Mörsch, com o valor da força determinada segundo o diagrama de momentos
fletores de cálculo.
Para determinação do ponto de interrupção ou dobramento das barras longitudinais nas
peças fletidas, o diagrama de forças Rsd na armadura deve ser deslocado, aplicando-se aos pontos
uma translação paralela ao eixo da peça, de valor a . A NBR 6118 prescreve o seguinte (item
17.4.2.2): “Quando a armadura longitudinal de tração for determinada através do equilíbrio de
esforços na seção normal ao eixo do elemento estrutural, os efeitos provocados pela fissuração
oblíqua podem ser substituídos no cálculo pela decalagem do diagrama de força no banzo
tracionado.
Essa decalagem pode ser substituída, aproximadamente, pela correspondente decalagem
do diagrama de momentos fletores.”
O valor da decalagem a deve ser adotado em função do modelo de cálculo escolhido no
dimensionamento da armadura transversal, conforme mostrado a seguir.

7.1.1 Modelo de Cálculo I

A equação para determinação da decalagem a (item 17.4.2.2), para o Modelo de Cálculo I


é:
 VSd , máx 
a  d  (1  cot g )  cot g    d Eq. 10
 2 (VSd , máx  Vc ) 

com: a = d para VSd ,máx  Vc , e:


a  0,5d , no caso geral;
a  0,2d , para estribos inclinados a 45.
VSd,máx = força cortante solicitante de cálculo;
Vc = parcela da força cortante absorvida por mecanismos complementares ao da treliça.

Para estribo vertical ( = 90) a Eq. 10 torna-se:

d VSd , máx
a  d Eq. 11
2 (VSd , máx  Vc )

“A decalagem do diagrama de força no banzo tracionado pode também ser obtida


simplesmente empregando a força de tração, em cada seção, pela expressão:

M 1 M
FSd , cor   Sd  VSd cot g   cot g     Sd , máx Eq. 12
 z 2 z

onde: MSd,máx = momento fletor máximo de cálculo no trecho em análise.


UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 23

7.1.2 Modelo de Cálculo II

Em 17.4.2.3. a NBR 6118 estabelece a equação para determinação da decalagem a a ser


aplicada no “diagrama de momentos fletores”, para o Modelo de Cálculo II:

a   0,5 d (cot g   cot g ) Eq. 13

onde: a  0,5d , no caso geral;


a  0,2d , para estribos inclinados a 45.

A decalagem do diagrama de força no banzo tracionado pode também ser obtida


simplesmente empregando a força de tração, em cada seção, dada na Eq. 12.

7.2 Ponto de Início de Ancoragem

Define-se a seguir em que ponto ao longo do vão de uma viga pode-se retirar de serviço a
barra da armadura longitudinal tracionada de flexão. O procedimento é geralmente feito na prática
com o propósito de proporcionar economia no consumo de aço.
No item 18.3.2.3 a NBR 6118 define as regras a serem aplicadas na distribuição da
armadura longitudinal, ancoradas por aderência, segundo o texto: “O trecho da extremidade da
barra de tração, considerado como de ancoragem, tem início na seção teórica, onde sua tensão
s começa a diminuir (a força de tração na barra da armadura começa a ser transferido para o
concreto). Deve prolongar-se pelo menos 10 além do ponto teórico de tensão s nula, não
podendo em caso algum, ser inferior ao comprimento necessário estipulado em 9.4.2.5. Assim, na
armadura longitudinal de tração dos elementos estruturais solicitados por flexão simples, o
trecho de ancoragem da barra deve ter início no ponto A do diagrama de forças Rsd = MSd /z ,
decalado do comprimento a . Esse diagrama equivale ao diagrama de forças corrigido FSd,cor .
Se a barra for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além de B, no mínimo 10 . Se
a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o ponto B.” A Figura 32 ilustra o
texto.
“Nos pontos intermediários entre A e B, o diagrama resistente linearizado deve cobrir o
diagrama solicitante.”
“Para as barras alojadas nas mesas ou lajes, e que façam parte da armadura da viga, o
ponto de interrupção da barra é obtido pelo mesmo processo anterior, considerando ainda um
comprimento adicional igual à distância da barra à face mais próxima da alma.” (NBR 6118,
18.3.2.3.2).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 24

b,nec

a
 10 Ø

R Sd
a a

a
RSd = MSd /z  10 Ø

B
Barra i

a A  10 Ø diagrama de
força de tração

b,nec resistente

Barra i

Figura 32 – Cobertura do diagrama de forças de tração solicitantes pelo diagrama de forças resistentes.

A viga mostrada na Figura 33 será utilizada para explicar as regras da norma. A viga é de
um tramo e biapoiada em dois pilares, com carregamento uniformemente distribuído que causa
momentos fletores positivos ao longo do vão, e momentos fletores negativos nos apoios extremos,
considerados engastes elásticos. A viga é considerada ter simetria na posição do momento fletor
máximo positivo (Mmáx). Na Figura 33 está também mostrado o diagrama de momentos fletores
(MSd) decalado de a , onde a1 é a decalagem determinada com a força cortante solicitante no
apoio esquerdo, e a2 é determinada com a força cortante no apoio direito.
Para armadura longitudinal positiva de flexão no vão (A,vão), a viga tem seis barras de
mesmo diâmetro, agrupadas de duas em duas (2N2, 2N3 e 2N4), posicionadas em duas camadas,
como mostrado na Figura 33, para proporcionar resistência ao momento fletor positivo máximo
(Mmáx). Existem também duas barras superiores próximas aos apoios (negativas - 2N1),
responsáveis por proporcionar resistência aos momentos fletores negativos existentes na ligação
da viga com os pilares extremos.
No detalhamento das armaduras superiores existem algumas possibilidades. As barras N1
podem ser estendidas ao longo de todo o vão, de apoio a apoio, de modo que no trecho interno do
vão as barras servem para fixação dos estribos (alternativa 1 na Figura 34). Quando se deseja
economia, as barras N1 podem ser interrompidas e estendidas somente no trecho do momento
fletor de ligação, e no trecho interno do vão devem ser dispostas duas barras construtivas
(armadura chamada “porta-estribo” – 2N5 da alternativa 2 na Figura 34), posicionadas nos
vértices dos estribos para a sua amarração. 4
No caso das barras da armadura positiva, ao menos duas devem ser estendidas até os
apoios extremos do tramo, para comporem a armadura longitudinal a ancorar nos apoios.

4
No caso do momento fletor positivo no vão requerer armadura comprimida (“armadura dupla” - A’s), as barras N1 (estendidas ao
longo de todo o vão – alternativa 1 na Figura 34) ou as barras N5 (alternativa 2) deverão atender à área A’s necessária.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 25

Geralmente, as barras dos vértices do estribo (N2) e que são estendidas até os apoios para a
ancoragem. As demais barras positivas podem ser interrompidas (“cortadas”) antes dos apoios,
conforme o “cobrimento” do diagrama de momentos fletores decalado de a , de acordo com as
regras mostradas na Figura 32.

2N1

h
2N4

1
t1 0 t2
2N2 2N3

CORTE 1

2N1 2N5 2N1

b b
2N4
a a
2N3

2N2

ef

- -

+ Mmáx

a1 a2

a1 a2 MSd

a 1 a2

a 1 a2

a1 a2

Figura 33 – Viga biapoiada para análise do cobrimento do diagrama de momentos fletores positivos.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 26

A Figura 34 mostra o diagrama de momentos fletores solicitantes de cálculo (MSd),


decalado de a conforme mostrado na Figura 33, e com o “cobrimento” do diagrama de MSd5 .
Está suposto que as barras N3 e N4 não necessitam ser estendidas até os apoios para a ancoragem.
O momento fletor positivo máximo está dividido em três partes iguais, conforme os três grupos
(2N2, 2N3 e 2N4), e cada grupo proporciona resistência a uma parcela do momento máximo.
As duas barras N2, como já comentado, devem se estender até os apoios e ancorar em um
comprimento a partir da face do apoio, como apresentado no item 7.3.2. Se as duas barras (N2)
não forem suficientes para atender a área necessária à ancorar no apoio, as duas barras N3 podem
também ser estendidas até os apoios. Outra possibilidade é estender até os apoios somente as duas
barras N2, e acrescentar grampos para atender a área de armadura a ancorar no apoio (ver item
7.3.2).
No “cobrimento” do diagrama de momentos fletores, as barras N4 devem estender-se do
comprimento b,nec além dos pontos AN4 , mas devem alcançar, no mínimo, as seções situadas 10
além dos pontos BN46 . De modo que as barras devem ser estendidas até as seções mais distantes,
que resulte no maior comprimento. É o procedimento a ser aplicado em todas as barras, positivas
ou negativas.

2N1 (alternat.1)

2N1 2N5 (alternat.2) 2N1

b,nec b,nec
N1 N1

AN1 10ØN1 10ØN1 AN1

BN1 BN1
MSd
BN2 BN2
2N2

BN3 = AN2 BN3 = AN2


2N3

BN4 = AN3 2N4 BN4 = AN3

AN4 AN4
10ØN3 10Ø N4 10ØN4 10ØN3

b,nec b,nec b,nec b,nec


N3 N4 N4 N3
2N4

b b
2N3

a a

Figura 34 – Cobrimento do diagrama de momentos fletores positivos em uma viga biapoiada simétrica.

5
O desenho do diagrama de momentos fletores é geralmente feito segundo duas escalas, uma para a direção vertical, e outra para a
direção horizontal.
6
Os pontos AN4 são aqueles onde os momentos fletores resistidos pelas barras N4 começam a diminuir (as tensões σs começam a
diminuir), e os pontos BN4 são aqueles onde os momentos fletores resistidos pelas barras do grupo tornam-se nulos (as tensões σs
nas barras são nulas). Os pontos BN4 são também os pontos AN3 , pois os momentos fletores passam a ser resistidos pelas barras do
grupo N3.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 27

As barras N3 devem estender-se do comprimento b,nec além dos pontos AN3 , mas devem
prolongar-se pelo menos até as seções distantes 10 dos pontos BN3 . Se o comprimento b,nec
ultrapassar a seção distante 10 além do ponto BN3 , as barras devem prolongar-se em b,nec , pois
o valor mínimo 10 terá sido atendido. Isso ocorre para o caso das barras negativas N1
(alternativa 2 na Figura 34), onde b,nec prolonga-se além da seção 10 do ponto BN1 .
Com a viga mostrada na Figura 35 tem-se a intenção de apresentar, segundo a norma, o
“cobrimento” do diagrama de momentos fletores negativos no apoio intermediário P2, que
definirá o comprimento das barras da armadura negativa sobre este apoio, ou seja, até quais
seções ao longo dos tramos da viga as barras deverão se estender.
Para simplicidade de análise, a viga mostrada na Figura 35 é simétrica em geometria e
carregamento, tem dois tramos e três apoios, simples no pilar P2 e engaste elástico nos pilares
extremos P1 e P3.
Supõe-se que a armadura longitudinal negativa, dimensionada para o momento fletor
máximo negativo no pilar P2, seja constituída por seis barras de mesmo diâmetro, dispostas na
seção transversal em duas camadas, conforme detalhe mostrado na Figura 35. Para fazer o
“cobrimento” do diagrama de MSd , deve-se determinar de que modo as barras serão agrupadas. A
indicação é de que as duas barras dos vértices dos estribos formem um grupo e tenham o maior
comprimento entre todas as barras negativas.7 As demais barras devem preferencialmente ser
agrupadas de modo a resultar um detalhamento simples e econômico, que facilite a execução da
armadura.
No caso de se sobrepor a simplificação à economia, as duas barras N2 podem compor o
grupo das barras N1, e o detalhamento fica simplificado, pois as quatro barras (2N1 e 2N2) terão
o mesmo comprimento.
No “cobrimento” mostrado na Figura 36, as seis barras foram separadas em três grupos
(2N1, 2N2 e 2N3), com cada grupo sendo responsável por resistir a uma parcela do momento
fletor máximo, proporcional à área de armadura do grupo.

P1 P2 P3

2N2 2N1
p p

2N3
tramo 1 tramo 2

ef,1 ef,2

Mmáx -

Mmáx +
-
- -

+ +

Figura 35 – Viga para análise do cobrimento do diagrama de momentos fletores negativos no apoio P2.

7
Essas barras dever ser as de maior diâmetro, no caso de existirem dois ou mais diâmetros diferentes para a armadura
negativa no apoio.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 28

As duas barras dos vértices do estribo (N1) devem “cobrir” a parte mais inferior do
diagrama de MSd , para assim resultarem no maior comprimento. As demais barras, compondo
outros grupos, terão comprimentos menores, por cobrirem porções superiores do diagrama de
MSd.
O segmento que representa o momento fletor negativo máximo deve ser dividido
proporcionalmente às áreas das barras que compõem os grupos. No exemplo, as seis barras foram
agrupadas em três grupos, e como cada grupo tem a mesma área de aço, o segmento foi dividido
em três partes iguais.

2N1
2N2
2N3

 b,nec a1 a 2  b,nec


N3 N3

10ØN3 2N3 AN3 AN3 10ØN3


b,nec 2N3 b,nec
N2 2N2 N2

10ØN2 BN3 = AN2 B N3 = A N2 10ØN2


2N2
 b,nec a1
b,nec
N1 2N1 a 2 N1
BN2 = AN1 BN2 = AN1
10ØN1 2N1 10ØN1
a1 a 2
BN1 BN1
P2

Figura 36 – Cobrimento do diagrama de momentos fletores negativos no apoio intermediário P2.

7.3 Armadura Tracionada nas Seções de Apoio

Segundo a NBR 6118 (item 18.3.2.4), “Os esforços de tração junto aos apoios de vigas
simples ou contínuas devem ser resistidos por armaduras longitudinais [...]”. Os diferentes casos
são apresentados a seguir.

7.3.1 Apoio com Momento Fletor Positivo

No caso de ocorrência de momento fletor positivo no apoio, a armadura deve ser


dimensionada para o momento que ocorre na seção. A ancoragem da armadura no apoio deve
atender aos critérios apresentados na Figura 32.

7.3.2 Ancoragem da Armadura Longitudinal Positiva nos Apoios Extremos de Vigas


Simples ou Contínuas

Apoio extremo pode ser definido como o apoio onde não ocorre a continuidade da viga,
geralmente o primeiro e o último (Figura 37).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 29

Apoio extremo Apoio interno Apoio extremo

Figura 37 – Definição de apoio extremo e interno de viga.

A ancoragem da armadura longitudinal positiva nos apoios extremos de vigas simples ou


contínuas é muito importante para a segurança estrutural, devendo por isso ser cuidadosamente
avaliada.
Nos apoios extremos, a fim de garantir a ancoragem da diagonal de compressão e devido à
decalagem de a do diagrama de momentos fletores, surge um momento fletor (Figura 38),
geralmente positivo e que traciona a borda inferior do apoio, dado por:
Md,apoio = VSd . a Eq. 14
com: VSd = força cortante solicitante de cálculo no apoio;
a = decalagem do diagrama de momentos fletores na região do apoio.

Para o momento fletor no apoio deve-se dispor uma armadura resistente, a ser
convenientemente ancorada no apoio. Tomando o equilíbrio das forças resultantes na seção de
apoio, o momento fletor deve ser igual à força resultante na armadura tracionada multiplicada
pelo braço de alavanca z:

Md,apoio = FSd . z Eq. 15

FSd

VSd

a
M Sd
VSd

M d,apoio

diagrama deslocado

Figura 38 – Momento fletor no apoio devido ao deslocamento a do diagrama.

Igualando a Eq. 14 com a Eq. 15 encontra-se:

VSd . a = FSd . z

Fazendo o braço de alavanca z aproximadamente igual à altura útil d (z  d) e isolando Fsd


encontra-se:
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 30

a
FSd  VSd Eq. 16
d

Quando existir uma força de tração (NSd) aplicada na viga na região do apoio, à Eq. 16
deve ser acrescentada essa força:

a
FSd  VSd  NSd Eq. 17
d

A área de armadura longitudinal a ancorar no apoio, necessária para resistir à força R Sd , é


dada por:

FSd 1  a 
As,anc    VSd  NSd  Eq. 18
f yd f yd  d 

Se a força normal de tração NSd não existir, a área de armadura a ancorar no apoio é:

a  VSd
A s,anc  Eq. 19
d f yd

A armadura a ser ancorada nos apoios extremos, bem como também nos apoios
intermediários8 (ver item 7.3.3), deve ser composta por no mínimo duas barras, geralmente as dos
vértices inferiores dos estribos, da armadura positiva do vão (As,vão). A armadura a ancorar deve
atender aos seguintes valores mínimos:

1 M vão
 3 A s , vão se M apoio  0 ou negativo de valor M apoio 
2
A s, anc   Eq. 20
 A1 M
 4 s, vão se M apoio  negativo e de valor M apoio  2
vão

com: Mapoio = momento fletor no apoio (extremo ou intermediário);


Mvão = máximo momento fletor positivo no tramo adjacente ao apoio;
As,vão = armadura longitudinal de tração do vão.

A Figura 39 mostra as hipóteses admitidas na Eq. 20 para a armadura mínima a ser


disposta nos apoios extremos.

8
Apoios intermediários: são os apoios internos de vigas contínuas.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 31

1
a) A s , vão
3

Mapoio < 0,5 Mvão

+
Mvão

1
b) A s, vão
4

Mapoio > 0,5 Mvão

+
Mvão

Figura 39 – Armadura mínima a ancorar no apoio extremo de vigas.

As barras da armadura a ancorar no apoio, calculadas pela Eq. 18 (ou Eq. 19), obedecendo
aos valores mínimos dados na Eq. 20, devem ser convenientemente ancoradas a partir da face
interna do apoio (geralmente viga ou pilar), com o comprimento de ancoragem básico (b) dado
pela Eq. 3 e apresentado nas Tabela A-1 e Tabela A-2 anexas, com os valores das colunas “sem
gancho”.
Inicialmente procura-se estender as barras dentro do apoio num comprimento reto, como
mostrado na Figura 40 para apoio do tipo viga ou pilar. Para ser possível, o comprimento de
ancoragem efetivo do apoio (b,ef = b – c) deve ser maior que o comprimento de ancoragem básico
(b), onde c é a espessura do cobrimento de concreto e b é a dimensão do apoio na direção da
armadura a ancorar.9

9
A NBR 6118 (18.3.2.4.1) preconiza que a armadura deve adentrar no apoio o comprimento de ancoragem necessário
(b,nec – ver item 5.1).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 32

viga de apoio
b 
As,anc

A s,anc

c b,ef
b
b

Figura 40 – Detalhe da ancoragem reta da armadura longitudinal de tração em apoio extremo.

Como geralmente a armadura escolhida a ancorar não é exatamente igual à área de


armadura a ancorar calculada (As,anc), o comprimento básico a ancorar (b) pode ser corrigido para
o valor (b,corr), segundo a proporção entre a armadura calculada e a armadura efetiva (As,ef):

A s,anc
 b,corr   b Eq. 21
A s,ef

A Figura 41 mostra a ancoragem reta, possível desde que b,ef ≥ b,corr .

viga de apoio
b,corr 
As,ef

A s,ef

c b,ef
b,corr
b

Figura 41 – Correção do comprimento de ancoragem básico para o


comprimento de ancoragem corrigido.

O comprimento de ancoragem corrigido deve atender ao comprimento de ancoragem


mínimo, dado na NBR 6118 (18.3.2.4.1):

r 
 b,corr   Eq. 22
6 cm

com: r = D/2 = raio de curvatura do gancho (ver Tabela 1);


 = diâmetro da barra ancorada.

E segundo a norma, “Quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho, medido


normalmente ao plano do gancho, de pelo menos 70 mm, e as ações acidentais não ocorrerem
com grande frequência com seu valor máximo,” o comprimento de ancoragem pode ser apenas de
r + 5,5   6 cm.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 33

Quando o comprimento de ancoragem corrigido (b,corr) é maior que o comprimento de


ancoragem efetivo (b,ef), a ancoragem reta não é possível. Neste caso, a solução mais simples e
econômica é fazer gancho na extremidade das barras da armadura, o que possibilita diminuir o
comprimento de ancoragem corrigido em 30 %, em função do coeficiente  de 0,7 apresentado na
Eq. 4. Com o gancho, o comprimento a ancorar passa a ser:

r 
 b,gancho  0,7  b,corr   Eq. 23
6 cm

Se o comprimento de ancoragem com gancho resultar menor ou igual ao comprimento de


ancoragem efetivo (b,gancho  b,ef), a ancoragem poderá ser feita. Na prática, se b,gancho é menor e
próximo de b,ef , costuma-se estender as barras até à face externa do apoio, isto é, faz-se b,gancho =
b,ef , como indicado na Figura 42.

8Ø D Ø
A s,ef

c  b,ef

Figura 42 – Ancoragem com gancho.

Ancoragens com gancho são necessárias comumente em apoios de pequena dimensão na


direção da armadura a ancorar.
O gancho com ângulo de 90, como indicado na Figura 42 e no item 5.2.3, é o mais
comum na prática, entre os três recomendados pela NBR 6118.
Se ocorrer do comprimento de ancoragem com gancho ser maior que o comprimento de
ancoragem efetivo (b,gancho > b,ef), alguma medida torna-se necessária para resolver o problema.
Uma possível solução, sem alteração nas dimensões do apoio, consiste em aumentar a quantidade
de armadura ancorada para As,corr , mantendo-se o gancho nas barras. A armadura a ancorar é
aumentada segundo a proporção entre o comprimento de ancoragem básico e o comprimento de
ancoragem efetivo, considerando o gancho, de tal forma que a área de armadura é corrigida para:

0,7  b
A s,corr  A s,anc Eq. 24
 b,ef

com: b = comprimento de ancoragem básico (Eq. 3, Tabela A-1 e Tabela A-2);


b,ef = comprimento de ancoragem efetivo do apoio;
As,anc = armadura necessária a ancorar no apoio (Eq. 18 ou Eq. 19).

A armadura corrigida será ancorada no comprimento de ancoragem efetivo do apoio (b,ef),


e com gancho a 90 o arranjo da ancoragem fica como indicado na Figura 43. Nessa solução, o
acréscimo de armadura a ancorar no apoio é obtido com a extensão de mais barras da armadura
longitudinal do vão (As,vão).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 34

8Ø D Ø
A s,corr

c  b,ef

Figura 43 – Acréscimo de armadura longitudinal ancorada no apoio para As,corr quando o comprimento de
ancoragem efetivo do apoio é menor que o comprimento de ancoragem com gancho.

Uma outra solução para resolver o problema é manter a armadura efetiva a ancorar (As,ef) e
acrescentar uma armadura longitudinal diferente, na forma de grampo (ver Figura 44 e Figura 45),
com o mesmo objetivo de aumentar a área de armadura ancorada.
A área de grampo é a diferença entre a armadura corrigida e a armadura efetiva:

A s,gr  A s,corr  A s,ef Eq. 25

O comprimento longitudinal do grampo deve ser de no mínimo 95gr , segundo indicação


no manual da TQS (s/d). Na Figura 44 está mostrado o detalhamento da armadura, com acréscimo
de dois grampos com comprimento de 100gr .
O espaçamento livre mínimo na direção vertical entre os grampos deve atender:

2 cm

a v, mín  gr Eq. 26

0,5 d máx,agr

c 100 Øgr

Grampos

D
8Ø Ø

b,ef A s,ef

Figura 44 – Ancoragem em apoio extremo com a utilização de


grampos e armadura longitudinal efetiva com gancho.

Entre as duas soluções, o projetista pode escolher se aumenta a armadura longitudinal a


ancorar ou mantém a armadura longitudinal e acrescenta grampos, considerando o menor custo
(consumo de materiais, mão de obra, dificuldades construtivas, etc.).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 35

Figura 45 – Ancoragem em apoio extremo com armadura longitudinal e grampos.

7.3.3 Apoio Intermediário de Vigas Contínuas

Conforme o item 18.3.2.4 da NBR 6118, nos apoios intermediários de vigas contínuas,
uma parte da armadura longitudinal de tração proveniente do vão (As,vão) deve ser estendida até o
apoio, devendo a armadura a ancorar (As,anc) atender as seguintes condições impostas (mostradas
na Eq. 20), e novamente apresentadas:

1 M vão
 3 A s, vão se M apoio  0 ou negativo de valor M apoio  2
A s, anc   Eq. 27
1 A M vão
 4 s, vão se M apoio  negativo e de valor M apoio  2

Se o ponto A de intersecção da barra com o diagrama de momento fletor decalado de a


estiver fora do apoio, as barras da armadura assim determinadas podem ser ancoradas com
comprimento 10 a partir da face do apoio (Figura 46), “desde que não haja qualquer
possibilidade de ocorrência de momentos positivos na região dos apoios, provocados por
situações imprevistas, particularmente por efeitos de vento e eventuais recalques. Quando essa
possibilidade existir, as barras devem ser contínuas ou emendadas sobre o apoio.” (NBR 6118,
18.3.2.4.1).

DI
AG
R.
DE
SL
O
C.

BARRA 1
A
10 Ø

BARRA 1

Figura 46 – Ancoragem de armadura longitudinal em apoios


intermediários com o ponto A fora do apoio.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 36

7.3.4 Ancoragem de Armadura Negativa em Apoios Extremos

A transmissão de esforços da viga para os pilares extremos em pórticos origina esforços de


tração diagonais e alternância de esforços de tração para compressão na armadura longitudinal do
pilar (Figura 47 e Figura 48).
a) b)

Viga M viga M viga


M p,inf

M p,sup

Figura 47 – Momentos fletores em nó extremo de pórtico (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

a) b)

Compressão Tração Tração

Tração Compressão Compressão

Figura 48 – Direção das tensões de compressão e tração em nó extremo de pórtico.


(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

Na ancoragem da armadura negativa da viga no pilar recomenda-se que seja feito o


detalhamento mostrado na Figura 49. Para evitar concentração de tensões é muito importante que
a curvatura das barras negativas obedeça aos diâmetros do pino de dobramento indicados na
Tabela 1.
Segundo indicação de LEONHARDT e MÖNNIG (1982), o comprimento do gancho da
armadura negativa deve se estender 35 no pilar além do centro do pino de dobramento (Figura
50). Os estribos do pilar devem ter espaçamento menor que 10 cm dentro do trecho de
comprimento 2b + h, como indicado na Figura 49. A barra inclinada unindo a viga ao lance
superior do pilar é também indicada, porém, não é prática comum a sua aplicação.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 37

-
A s = 0,5 A s
-
As

s estr 10 cm
2b + h

h
D

Figura 49 – Detalhamento indicado por LEONHARDT e MÖNNIG (1982)


para a armadura negativa da viga em nós de pórtico.

-
As

D
35 Ø

Figura 50 – Comprimento do gancho da armadura negativa no pilar,


conforme LEONHARDT e MÖNNIG (1982).

8. QUESTIONÁRIO

1) Quais as parcelas da aderência e quais as causas dela?


2) Como são os mecanismos de aderência?
3) Como ocorre a ruptura da aderência?
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 38

4) Como se configuram as tensões principais no arrancamento de uma barra reta do concreto?


5) Quais as componentes de tensão que surgem?
6) O que são fissuras de fendilhamento e como são originadas? Desenhe.
7) Como é combatido o esforço de fendilhamento?
8) Por que existem situações de boa e de má aderência? Quais as causas?
9) Desenhe e mostre as situações de boa e de má aderência.
10) Como é determinada a resistência de aderência de cálculo?
11) Como se determina o comprimento de ancoragem básico de uma barra?
12) Como se determina o comprimento de ancoragem necessário de uma barra? O que o gancho
modifica no comprimento de ancoragem?
13) Como são dispostas as barras transversais soldadas na ancoragem de uma barra?
14) Como são os ganchos prescritos pela NBR 6118?
15) Por que não se deve fazer gancho na ancoragem de barras comprimidas?
16) Por que são necessárias curvaturas nas dobras das barras ao se fazer o gancho?
17) Como deve ser a ancoragem dos estribos?
18) Quais os tipos de emendas de barras?
19) Como os esforços são transmitidos numa emenda por transpasse? Quais as tensões que
surgem?
20) Quais os tipos de fissuras nas emendas em função do cobrimento do concreto?
21) Qual o valor do comprimento de transpasse na emenda de barras tracionadas?
22) Idem para as barras comprimidas.
23) Por que devem ser dispostas barras transversais nas emendas de barras por transpasse?
24) Quais as disposições construtivas da armadura transversal nas emendas?
25) Por que fazer o deslocamento do diagrama de forças de tração?
26) Quais os valores indicados pela NBR 6118 para o deslocamento do diagrama?
27) Por que surge uma força de tração nos apoios extremos? Qual o seu valor?
28) Como é calculada a armadura a ancorar no apoio extremo? Quais condições a armadura deve
atender?
29) Quais casos surgem na ancoragem nos apoios extremos?
30) Como deve ser a ancoragem nos apoios intermediários?
31) Quais as recomendações para a ancoragem da armadura negativa nos apoios extremos?

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto –


Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 238p.

COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. Model Code 1990, MC-90, CEB-FIP, Bulletin


D’Information n. 204, Lausanne, 1991.

FÉDERATION INTERNATIONALE DU BÉTON. Structural concrete – Textbook on behaviour, design


and performance. v. 3, 1999.

FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.

LEONHARDT, F. ; MÖNNIG, E. Construções de concreto – Princípios básicos do dimensionamento de


estruturas de concreto armado, v. 1, Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 1982, 305p.

LEONHARDT, F. ; MÖNNIG, E. Construções de concreto – Princípios básicos sobre a armação de


estruturas de concreto armado, v. 3, Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 1982, 273p.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 39

REYES, F.E.G. Análise da aderência entre barras de aço e concretos (CC, CAA e CAAFA), sob influência
de ações monotônicas e cíclicas. São Carlos. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, 2009, 215p.

TQS INFORMÁTICA. CAD/Vigas – Manual Teórico. São Paulo, s/d.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

MACGREGOR, J.G. ; WIGHT, J.K. Reinforced concrete – Mechanics and design. 4a ed., Upper Saddle
River, Ed. Prentice Hall, 2005, 1132p.

NAWY, E.G. Reinforced concrete – A fundamental approach. Englewood Cliffs, Ed. Prentice Hall, 2005,
5a. ed., 824p.

PFEIL, W. Concreto armado, v. 2, 5a ed., Rio de Janeiro, Ed. Livros Técnicos e Científicos, 1989, 560p.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 1

TABELAS ANEXAS

Tabela A-1
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado
Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 2

Tabela A-2
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-60 entalhado
Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
3,4
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
4,2
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
5
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
6
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
7
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
8
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
9,5
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil

Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II

Notas de Aula

VIGAS DE CONCRETO ARMADO

Prof. Dr. PAULO SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS


(wwwp.feb.unesp.br/pbastos)

Bauru/SP
Junho/2017
APRESENTAÇÃO

Esta apostila tem o objetivo de ser as notas de aula da disciplina 2323 – Estruturas de
Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da Universidade Estadual
Paulista - UNESP – Campus de Bauru/SP. Deve ser estudada na sequência da apostila “Ancoragem
e Emenda de Armaduras”.
O texto apresenta algumas das prescrições contidas na NBR 6118/2014 (“Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento”) para o projeto de vigas de Concreto Armado. Para facilitar
o entendimento do estudante está incluído um exemplo completo do cálculo, dimensionamento e
detalhamento de uma viga contínua, com dois tramos e três apoios.
Agradecimentos a Éderson dos Santos Martins pela confecção de desenhos.
Críticas e sugestões serão bem-vindas.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1
2. DEFINIÇÃO ................................................................................................................................ 1
3. ANÁLISE ESTRUTURAL ..........................................................................................................1
3.1. Análise Linear (item 14.5.2) ..................................................................................................1
3.2. Análise Linear com Redistribuição (item 14.5.3)..................................................................2
3.3. Análise Plástica (item 14.5.4) ................................................................................................ 2
3.4. Análise Não Linear (item 14.5.5) ..........................................................................................2
3.5. Análise por Meio de Elementos Físicos (item 14.5.6) ..........................................................3
3.6. Hipóteses Básicas ..................................................................................................................3
4. VÃO EFETIVO............................................................................................................................ 3
5. ALTURA E LARGURA ..............................................................................................................4
6. INSTABILIDADE LATERAL ....................................................................................................4
7. ANÁLISE LINEAR COM OU SEM REDISTRIBUIÇÃO .........................................................5
7.1. Rigidez ...................................................................................................................................5
7.2. Restrições para a Redistribuição............................................................................................ 5
7.3. Limites para Redistribuição de Momentos Fletores e Condições de Ductilidade .................5
8. APROXIMAÇÕES PERMITIDAS EM VIGAS DE ESTRUTURAS USUAIS DE EDIFÍCIOS
7
9. GRELHAS E PÓRTICOS ESPACIAIS ....................................................................................11
10. CONSIDERAÇÃO DE CARGAS VARIÁVEIS ..................................................................11
11. ARREDONDAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES ........................11
12. ARMADURA DE SUSPENSÃO .......................................................................................... 12
13. EXEMPLO DE CÁLCULO E DETALHAMENTO DE VIGA CONTÍNUA ......................14
13.1. Estimativa da Altura da Viga ........................................................................................... 15
13.2. Vão Efetivo ......................................................................................................................15
13.3. Instabilidade Lateral da Viga ........................................................................................... 17
13.4. Cargas na Laje e na Viga .................................................................................................18
13.5. Esquema Estático e Carregamento na Viga VS1 ............................................................. 18
13.6. Rigidez da Mola ...............................................................................................................19
13.7. Esforços Solicitantes ........................................................................................................20
13.8. Dimensionamento das Armaduras ...................................................................................22
13.8.1 Armadura Mínima de Flexão .......................................................................................22
13.8.2 Armadura de Pele .........................................................................................................23
13.8.3 Armadura Longitudinal de Flexão ...............................................................................23
13.8.3.1 Momento Fletor Negativo .....................................................................................23
13.8.3.2 Momento Fletor Positivo ......................................................................................26
13.8.4 Armadura Longitudinal Máxima ..................................................................................26
13.9. Armadura Transversal para Força Cortante .....................................................................27
13.9.1 Pilar Intermediário P2 ..................................................................................................27
13.9.2 Pilares Extremos P1 e P3 ............................................................................................. 28
13.9.3 Detalhamento da Armadura Transversal ......................................................................28
13.10. Ancoragem das Armaduras Longitudinais.......................................................................29
13.10.1 Armadura Positiva nos Pilares Extremos P1 e P3 ....................................................29
13.10.2 Armadura Positiva no Pilar Interno P2 .....................................................................33
13.10.3 Armadura Negativa nos Pilares Extremos P1 e P3...................................................33
13.11. Detalhamento da Armadura Longitudinal .......................................................................33
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 35
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 1

1. INTRODUÇÃO

O texto seguinte apresenta vários itens da NBR 6118/20141 relativos às vigas contínuas de
edificações. A norma, publicada em maio de 2014, substituiu a versão anterior de 2003.

2. DEFINIÇÃO

Vigas são “elementos lineares em que a flexão é preponderante.” (NBR 6118, 14.4.1.1).
Elemento linear é aquele em que o comprimento longitudinal supera em pelo menos três vezes a
maior dimensão da seção transversal, sendo também denominado “barra”.

3. ANÁLISE ESTRUTURAL

No item 142 a NBR 6118 apresenta uma série de informações relativas à Análise Estrutural,
como princípios gerais, hipóteses, tipos, etc., de elementos lineares e de superfície, além de vigas-
parede, pilares-parede e blocos. Segundo o item 14.2.1, “O objetivo da análise estrutural é
determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade de efetuar verificações dos
estados-limites últimos e de serviço. A análise estrutural permite estabelecer as distribuições de
esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou em toda a estrutura.”
“A análise estrutural deve ser feita a partir de um modelo estrutural adequado ao objetivo
da análise. Em um projeto pode ser necessário mais de um modelo para realizar as verificações
previstas nesta Norma. O modelo deve representar a geometria dos elementos estruturais, os
carregamentos atuantes, as condições de contorno, as características e respostas dos materiais,
sempre em função do objetivo específico da análise. A resposta dos materiais pode ser
representada por um dos tipos de análise estrutural apresentados em 14.5.1 a 14.5.5.” (item
14.2.2).
No item 14.5 a NBR 6118 apresenta cinco métodos de análise estrutural para o projeto, “que
se diferenciam pelo comportamento admitido para os materiais constituintes da estrutura, não
perdendo de vista em cada caso as limitações correspondentes.” Os métodos de análise “admitem
que os deslocamentos da estrutura são pequenos.”

3.1. Análise Linear (item 14.5.2)

“Admite-se comportamento elástico-linear para os materiais.” Significa que vale a lei de


Hooke – existe proporcionalidade entre tensão e deformação e ausência de deformações residuais
num ciclo carregamento-descarregamento. “Na análise global, as características geométricas
podem ser determinadas pela seção bruta de concreto dos elementos estruturais. Em análises
locais para cálculo dos deslocamentos, na eventualidade da fissuração, esta deve ser considerada.”
Na análise global considera-se o conjunto da estrutura, e na análise local apenas um elemento
estrutural isolado.
“Os valores para o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson devem ser adotados de
acordo com o apresentado em 8.2.8 e 8.2.9, devendo, em princípio, ser considerado o módulo de
elasticidade secante Ecs .”
“Os resultados de uma análise linear são usualmente empregados para a verificação de
estados-limites de serviço. Os esforços solicitantes decorrentes de uma análise linear podem servir
de base para o dimensionamento dos elementos estruturais no estado-limite último, mesmo que esse
dimensionamento admita a plastificação dos materiais, desde que se garanta uma dutilidade
mínima às peças.”

1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. ABNT,
2014, 238p.
2
O item 14 contém diversas outras informações não apresentadas neste texto.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 2

3.2. Análise Linear com Redistribuição (item 14.5.3)

“Na análise linear com redistribuição, os efeitos das ações, determinados em uma análise
linear, são redistribuídos na estrutura, para as combinações de carregamento do ELU. Nesse caso,
as condições de equilíbrio e de dutilidade devem ser obrigatoriamente satisfeitas. Todos os
esforços internos devem ser recalculados, de modo a garantir o equilíbrio de cada um dos
elementos estruturais e da estrutura como um todo. Os efeitos de redistribuição devem ser
considerados em todos os aspectos do projeto estrutural, inclusive as condições de ancoragem e
corte de armaduras e as forças a ancorar.
Cuidados especiais devem ser tomados com relação aos carregamentos de grande
variabilidade.
As verificações de combinações de carregamento de ELS ou de fadiga podem ser baseadas
na análise linear sem redistribuição. De uma maneira geral é desejável que não haja redistribuição
de esforços nas verificações em serviço.”

3.3. Análise Plástica (item 14.5.4)

“A análise estrutural é denominada plástica quando as não linearidades puderem ser


consideradas, admitindo-se materiais de comportamento rígido-plástico perfeito ou elastoplástico
perfeito. Este tipo de análise deve ser usado apenas para verificações de ELU.” A Figura 1 e a
Figura 2 ilustram os diagramas tensão-deformação dos dois materiais.

 

y y y

 y 
Figura 1 – Material rígido-plástico perfeito. Figura 2 – Material elasto-plástico perfeito.

“A análise plástica de estruturas reticuladas não pode ser adotada quando:


a) se consideram os efeitos de segunda ordem global;
b) não houver suficiente dutilidade para que as configurações adotadas sejam atingidas.

No caso de carregamento cíclico com possibilidade de fadiga, deve-se evitar o cálculo


plástico, observando-se as prescrições contidas na Seção 23.”

3.4. Análise Não Linear (item 14.5.5)

“Na análise não linear, considera-se o comportamento não linear dos materiais. Toda a
geometria da estrutura, bem como todas as suas armaduras, precisam ser conhecidas para que a
análise não linear possa ser efetuada, pois a resposta da estrutura depende de como ela foi
armada.
Condições de equilíbrio, de compatibilidade e de dutilidade devem ser necessariamente
satisfeitas. Análises não lineares podem ser adotadas tanto para verificações de estados-limites
últimos como para verificações de estados-limites de serviço.
Para análise de esforços solicitantes no estado-limite último, os procedimentos
aproximados definidos na Seção 15 podem ser aplicados.”
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 3

3.5. Análise por Meio de Elementos Físicos (item 14.5.6)

“Na análise através de modelos físicos, o comportamento estrutural é determinado a partir


de ensaios realizados com modelos físicos de concreto, considerando os critérios de semelhança
mecânica. A metodologia empregada nos experimentos deve assegurar a possibilidade de obter a
correta interpretação dos resultados. Neste caso, a interpretação dos resultados deve ser
justificada por modelo teórico de equilíbrio nas seções críticas e análise estatística dos resultados.
Se for possível uma avaliação adequada da variabilidade dos resultados, pode-se adotar as
margens de segurança prescritas nesta Norma, conforme as Seções 11 e 12. Caso contrário,
quando só for possível avaliar o valor médio dos resultados, deve ser ampliada a margem de
segurança referida nesta Norma, cobrindo a favor da segurança as variabilidades avaliadas por
outros meios.
Obrigatoriamente, devem ser obtidos resultados para todos os estados-limites últimos e de
serviço a serem empregados na análise da estrutura.
Todas as ações, condições e possíveis influências que possam ocorrer durante a vida da
estrutura devem ser convenientemente reproduzidas nos ensaios.
Esse tipo de análise é apropriado quando os modelos de cálculo são insuficientes ou estão
fora do escopo desta Norma. Para o caso de provas de carga, devem ser atendidas as prescrições
da Seção 25.”

3.6. Hipóteses Básicas

No item 14.6 a NBR 6118 apresenta as hipóteses básicas para estruturas de elementos
lineares: “Estruturas ou partes de estruturas que possam ser assimiladas a elementos lineares
(vigas, pilares, tirantes, arcos, pórticos, grelhas, treliças) podem ser analisadas admitindo-se as
seguintes hipóteses:
a) manutenção da seção plana após a deformação;
b) representação dos elementos por seus eixos longitudinais;
c) comprimento limitado pelos centros de apoios ou pelo cruzamento com o eixo de outro elemento
estrutural.”

4. VÃO EFETIVO

O vão efetivo (NBR 6118, 14.6.2.4) é calculado pela expressão:

 ef =  0 + a1 + a2 Eq. 1

t / 2 t 2 / 2
com: a1   1 e a2  
0,3 h 0,3 h

As dimensões  0 , t1 , t2 e h estão indicadas na Figura 3.

0
t1 t2

Figura 3 – Dimensões consideradas no cálculo do vão efetivo de vigas.


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 4

5. ALTURA E LARGURA

De modo geral, a preferência dos engenheiros e arquitetos é de que as vigas fiquem


embutidas nas paredes de vedação, de tal forma que não possam ser percebidas visualmente. Para
que isso ocorra, a largura das vigas deve ser escolhida em função da espessura final da parede, a
qual depende basicamente das dimensões e da posição de assentamento das unidades de alvenaria
(tijolo maciço, bloco furado, bloco de concreto, etc.), e da espessura da argamassa de revestimento
(reboco), nos dois lados da parede. O revestimento com argamassa tem usualmente a espessura de
1,5 cm a 2,0 cm, e o com gesso em torno de 5 a 6 mm.
Existe no comércio uma infinidade de unidades de alvenaria, com as dimensões as mais
variadas, tanto para os blocos cerâmicos de seis como para os de oito furos, como também para os
tijolos maciços cerâmicos. Antes de se definir a largura da viga é necessário, portanto, definir o tipo
e as dimensões da unidade de alvenaria, levando-se em consideração a posição em que a unidade
será assentada.
No caso de construções de pequeno porte, como casas, sobrados, barracões, etc., onde é
usual se construir primeiramente as paredes de alvenaria, para em seguida serem construídos os
pilares, as vigas e as lajes, é interessante escolher a largura das vigas igual à largura da parede sem
os revestimentos, ou seja, igual à dimensão da unidade que resulta na largura da parede.
A altura das vigas depende de diversos fatores, sendo os mais importantes o vão, o
carregamento e a resistência do concreto. A altura deve ser suficiente para proporcionar resistência
mecânica e baixa deformabilidade (flecha). Considerando por exemplo o esquema de uma viga
como mostrado na Figura 4, para concretos do tipo C20 e C25 e construções de pequeno porte, uma
indicação prática para a estimativa da altura das vigas de Concreto Armado é dividir o vão efetivo
por doze, isto é:

 ef ,1  ef , 2
h1  e h2  Eq. 2
12 12

Na estimativa da altura de vigas com concretos de resistência superior devem ser


considerados valores maiores que doze na Eq. 2. Vigas para edifícios de vários pavimentos, onde as
ações horizontais do vento impliquem esforços solicitantes consideráveis sobre a estrutura devem
ter a altura definida em função dos esforços a que estarão submetidas.
h1 h2

ef, 1 ef, 2
Figura 4 – Valores práticos para estimativa da altura das vigas.

A altura das vigas deve ser preferencialmente modulada de 5 em 5 cm, ou de 10 em 10 cm.


A altura mínima indicada é de 25 cm. Vigas contínuas devem ter a altura dos vãos obedecendo uma
certa padronização, a fim de evitar várias alturas diferentes.

6. INSTABILIDADE LATERAL

Segundo a NBR 6118 (item 15.10), “A segurança à instabilidade lateral de vigas deve ser
garantida através de procedimentos apropriados. Como procedimento aproximado pode-se adotar,
para vigas de concreto, com armaduras passivas ou ativas, sujeitas à flambagem lateral, as
seguintes condições:”

b   0 /50 Eq. 3
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 5

b  fl h Eq. 4

onde: b = largura da zona comprimida;


h = altura total da viga;
0 = comprimento do flange comprimido, medido entre suportes que garantam o
contraventamento lateral;
fl = coeficiente que depende da forma da viga, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Valores de fl (Tabela 15.1 da NBR 6118).


Tipologia da viga Valores de fl
b b b
b b b

0,40

b b

b b

0,20

Onde o hachurado indica zona comprimida.

7. ANÁLISE LINEAR COM OU SEM REDISTRIBUIÇÃO

No item 14.6.4 (“Análise linear com ou sem redistribuição”) a NBR 6118 apresenta diversas
informações que aplicam-se a estruturas de elementos lineares onde se considera a análise linear,
com ou sem redistribuição dos efeitos das ações para a estrutura, determinados para as combinações
de carregamento do estado-limite último (ELU). O item contém informações importantes relativas
às vigas e são aqui apresentadas.

7.1. Rigidez

“Para o cálculo da rigidez dos elementos estruturais, permite-se, como aproximação, tomar
o módulo de elasticidade secante (Ecs) (ver 8.2.8) e o momento de inércia da seção bruta de
concreto. Para verificação das flechas, devem obrigatoriamente ser consideradas a fissuração e a
fluência, usando, por exemplo, o critério de 17.3.2.1.” (NBR 6118, 14.6.4.1).

7.2. Restrições para a Redistribuição

“As redistribuições de momentos fletores e de torção em pilares, elementos lineares com


preponderância de compressão e consolos só podem ser adotadas quando forem decorrentes de
redistribuições de momentos de vigas que a eles se liguem. Quando forem utilizados procedimentos
aproximados, apenas uma pequena redistribuição é permitida em estruturas de nós móveis (ver
14.6.4.3). As redistribuições implícitas em uma análise de segunda ordem devem ser realizadas de
acordo com a Seção 15.” (NBR 6118, 14.6.4.2).

7.3. Limites para Redistribuição de Momentos Fletores e Condições de Ductilidade

Quando for feita redistribuição de momentos fletores nas vigas, é importante garantir boas
condições de ductilidade. No item 14.6.4.3 a NBR 6118 apresenta limites para redistribuição de
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 6

momentos fletores e condições de ductilidade, afirmando que “a capacidade de rotação dos


elementos estruturais é função da posição da linha neutra no ELU. Quanto menor for x/d, tanto
maior será essa capacidade”. E para “proporcionar o adequado comportamento dútil em vigas e
lajes, a posição da linha neutra no ELU deve obedecer aos seguintes limites:

a) x/d  0,45 para concretos com fck  50 MPa;


Eq. 5
b) x/d  0,35 para concretos com 50 < fck ≤ 90 MPa.

“Esses limites podem ser alterados se forem utilizados detalhes especiais de armaduras,
como, por exemplo, os que produzem confinamento nessas regiões.”
Uma redistribuição comumente feita na prática é a diminuição dos momentos fletores
negativos nos apoios intermediários de vigas contínuas. Isso possibilita uma aproximação nos
valores dos momentos fletores negativos com os momentos fletores positivos nos vãos, o que leva a
seções transversais menores e projetos mais econômicos.
A diminuição do momento fletor negativo altera a distribuição dos demais esforços
solicitantes ao longo da viga, o que deve ser levado em consideração no dimensionamento.
Conforme a norma: “Quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento
fletor de M para M, em uma determinada seção transversal, a profundidade da linha neutra nessa
seção x/d, para o momento reduzido M, deve ser limitada por:

a) x/d ≤ ( - 0,44)/1,25, para concretos com fck  50 MPa;


Eq. 6
b) x/d ≤ ( - 0,56)/1,25, para concretos com 50 MPa < fck  90 MPa.

O coeficiente de redistribuição deve, ainda, obedecer aos seguintes limites:

a)   0,90, para estruturas de nós móveis;


Eq. 7
b)   0,75, para qualquer outro caso.

Pode ser adotada redistribuição fora dos limites estabelecidos nesta Norma, desde que a
estrutura seja calculada mediante o emprego de análise não linear ou de análise plástica, com
verificação explícita da capacidade de rotação das rótulas plásticas.”
A Figura 5 mostra a plastificação do momento fletor negativo da viga no apoio interno. A
diminuição do momento fletor negativo no pilar interno é interessante, pois permite que se faça uma
aproximação entre os momentos negativos e positivos. Na versão de 1978 da norma (NB1/78) era
permitido plastificar, isto é, diminuir em até 15 % o momento fletor negativo nos apoios internos de
vigas contínuas.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 7

Acréscimo no momento positivo Acréscimo no momento positivo

Plastificação do momento negativo

Figura 5 – Plastificação do momento fletor negativo no apoio interno de vigas contínuas.

Quando o momento é de equilíbrio, como no caso de vigas em balanço por exemplo, a


plastificação não é permitida.

8. APROXIMAÇÕES PERMITIDAS EM VIGAS DE ESTRUTURAS USUAIS DE


EDIFÍCIOS

No item 14.6.6.1 a NBR 6118 apresenta considerações relativas ao projeto de vigas


contínuas. “Pode ser utilizado o modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos
pilares, para o estudo das cargas verticais, observando-se a necessidade das seguintes correções
adicionais:

a) não podem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam se houvesse
engastamento perfeito da viga nos apoios internos; (Figura 6);

MA M1,c MB M 2,c MC M3,c MD

vão extremo

M1,i M 3,i

vão interno

M 2,i

MB MC MD
MA


M
> M1,c
1,i

M
> M2,c
2,i

M
> M3,c
3,i

Figura 6 – Momentos fletores máximos positivos nos vãos de vigas contínuas.


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 8

“b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida na direção
do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode ser considerado o
momento negativo de valor absoluto menor do que o de engastamento perfeito nesse apoio;”
(Figura 7);

b int

Se bint > e/4


ef ef

Se bint  e/4
ef ef

Figura 7 – Condições de vinculação nos apoios internos de vigas contínuas.

“c) quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com a viga,
deve ser considerado, nos apoios extremos, momento fletor igual ao momento de engastamento
perfeito multiplicado pelos coeficientes estabelecidos [...].” (ver Eq. 8, Eq. 9 e Eq. 10).

Este item refere-se à ligação das vigas com os apoios extremos. Inicialmente consideram-se
os pilares extremos como apoios simples, e os apoios intermediários (internos) seguem a regra do
item b, e assim define-se o esquema estático ao longo de toda a viga. Todos os momentos fletores
são calculados para a viga assim esquematizada (Figura 8). O momento fletor de ligação da viga
com os pilares extremos é calculado fazendo-se o equilíbrio do momento fletor de engastamento
perfeito no nó extremo, o que pode ser feito rapidamente aplicando-se a Eq. 8. Os momentos
fletores que atuam nos lances inferior e superior do pilar extremo (Figura 9), são obtidos segundo a
Eq. 9 e a Eq. 10.

Mlig -
- -
+ +

Meng - -
+

Figura 8 – Momento de engastamento perfeito e momento de ligação da viga no pilar extremo.


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 9

1 M (i + 1),inf + 21 Mi,sup nível (i + 1)


2 M sup
pilar de extremidade
tramo superior
do pav. i

M lig M sup
M i,sup + 21 M(i + 1),inf nível i
M inf

M i,inf + 21 M(i - 1),sup


tramo inferior
do pav. i
tramo extremo

M (i -1),sup + 21 Mi,inf nível (i - 1)


1
2 M inf

Figura 9 – Distribuição dos momentos fletores no pilar extremo.

Os momentos fletores são os seguintes:

rinf  rsup
- na viga: Mlig  Meng Eq. 8
rvig  rinf  rsup

rsup
- no tramo superior do pilar: Msup  Meng Eq. 9
rvig  rinf  rsup

rinf
- no tramo inferior do pilar: Minf  M eng Eq. 10
rvig  rinf  rsup

com: rinf = rigidez do lance inferior do pilar;


rsup = rigidez do lance superior do pilar;
rvig = rigidez do tramo extremo da viga;
Meng = momento de engastamento perfeito da viga no pilar extremo, considerando
engastamento perfeito no pilar intermediário.

A rigidez é a razão entre o momento de inércia da seção transversal e o comprimento do


elemento:
I
ri  i Eq. 11
i

onde: ri = rigidez do elemento i no nó considerado.

No caso da rigidez da viga, i é o vão efetivo entre o apoio extremo e o apoio intermediário.
No caso da rigidez do pilar, i é tomado como a metade do comprimento equivalente do lance do
pilar, como indicado na Figura 10.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 10

 sup
_____
2

 inf
_____
2

 vig
Figura 10 – Aproximação em apoios extremos.

O método de cálculo com aplicação da Eq. 8, Eq. 9 e Eq. 10 é simples de ser feito e não
requer computadores e programas. Segundo a NBR 6118 (14.6.6.1), “Alternativamente, o modelo
de viga contínua pode ser melhorado, considerando-se a solidariedade dos pilares com a viga,
mediante a introdução da rigidez à flexão dos pilares extremos e intermediários.” E ainda: “A
adequação do modelo empregado deve ser verificada mediante análise cuidadosa dos resultados
obtidos. Cuidados devem ser tomados para garantir o equilíbrio de momentos nos nós viga-pilar,
especialmente nos modelos mais simples, como o de vigas contínuas.”
No caso de introduzir a rigidez à flexão dos pilares extremos, a viga fica vinculada ao apoio
extremo por meio de um engastamento elástico (mola). Esta solução é mais consistente que a opção
anterior, porém, o cálculo manual fica dificultado.
A rigidez à flexão da mola é avaliada pela equação:

Kmola = Kp,sup + Kp,inf Eq. 12

onde: Kp,sup = rigidez do lance superior do pilar extremo;


Kp,inf = rigidez do lance inferior do pilar extremo;

sendo:
4 EI sup 4 EI inf
K p,sup  e K p ,inf  Eq. 13
 sup  inf

com: E = Ecs = módulo de elasticidade secante do concreto;


I = momento de inércia do lance do pilar;
sup e inf = comprimento equivalente dos lances superior e inferior do pilar, respectivamente,
tomados com valor sup /2 e inf /2 (ver Figura 10), conforme item 14.6.6.1 da
NBR 6118.
O coeficiente quatro na Eq. 13 é para o caso de uma barra com vínculos de apoio simples e
engaste perfeito nas extremidades. No caso de ambos os vínculos serem apoios simples (barra
biarticulada), o coeficiente é três.
Nos pavimentos tipos de edifícios, como os pilares têm as mesmas características (seção
transversal, concreto, altura, etc.) tem-se Kp,sup = Kp,inf , e:

8 EI
K mola  Eq. 14

UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 11

9. GRELHAS E PÓRTICOS ESPACIAIS

“Os pavimentos dos edifícios podem ser modelados como grelhas, para o estudo das cargas
verticais, considerando-se a rigidez à flexão dos pilares de maneira análoga à que foi prescrita
para as vigas contínuas. De maneira aproximada, nas grelhas e nos pórticos espaciais, pode-se
reduzir a rigidez à torção das vigas por fissuração, utilizando-se 15 % da rigidez elástica, exceto
para os elementos estruturais com protensão limitada ou completa (classes 2 ou 3).
Modelos de grelha e pórticos espaciais, para verificação de estados-limites últimos, podem
ser considerados com rigidez à torção das vigas nula, de modo a eliminar a torção de
compatibilidade da análise, ressalvando o indicado em 17.5.1.2.
Perfis abertos de parede fina podem ser modelados considerando o disposto em 17.5.”

10. CONSIDERAÇÃO DE CARGAS VARIÁVEIS

“Para estruturas de edifícios em que a carga variável seja de até 5 kN/m2 e que seja no
máximo igual a 50 % da carga total, a análise estrutural pode ser realizada sem a consideração de
alternância de cargas.”

11. ARREDONDAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES

Conforme a NBR 6118 (14.6.3), “O diagrama de momentos fletores pode ser arredondado
sobre os apoios e pontos de aplicação de forças consideradas concentradas e em nós de pórticos.
Esse arredondamento pode ser feito de maneira aproximada, [...]”, conforme indicado na Figura 11
e os valores seguintes:

R 2  R1
M  t Eq. 15
4

t
M1  R1 Eq. 16
4

t
M 2  R 2 Eq. 17
4

t
M '  R Eq. 18
8

M M 2 M'

M1 M'
M 2
M1

/2 /2 

R1 R 2
R

Figura 11 – Arredondamento do diagrama de momentos fletores.


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 12

12. ARMADURA DE SUSPENSÃO

Segundo a NBR 6118 (item 18.3.6), “Nas proximidades de cargas concentradas


transmitidas à viga por outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiam ao longo ou em
parte de sua altura, ou fiquem nela pendurados, deve ser colocada armadura de suspensão”.
Antes de se definir o que é armadura de suspensão é necessário definir o tipo de apoio, se
direto ou indireto. No apoio direto, como mostrado na Figura 12, a carga da viga vai direto para o
apoio, como no caso de um pilar, por exemplo. No apoio indireto, a carga caminha da viga que é
suportada para a parte inferior da viga que serve de suporte.

Figura 12 – Apoios diretos e indiretos (FUSCO, 2000).

Segundo FUSCO (2000), “nos apoios indiretos, o equilíbrio de esforços internos da viga
suporte exige que no cruzamento das duas vigas haja uma armadura de suspensão, funcionando
como um tirante interno, que levanta a força aplicada pela viga suportada ao banzo inferior da
viga suporte, até o seu banzo superior.” A força F no tirante interno está indicada na Figura 13. A
armadura de suspensão deverá ser dimensionada de modo a transmitir ao banzo superior a
totalidade da reação de apoio da viga que é suportada.

Figura 13 – Esquema de treliça em apoios indiretos (FUSCO, 2000).


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 13

A Figura 14 mostra diversos esquemas possíveis de apoio de uma viga sobre outra viga. As
trajetórias das fissuras verificadas nesses casos indicam a melhor disposição ou direção a ser dada à
armadura.

Figura 14 – Trajetórias das fissuras em vários casos de apoios indiretos (FUSCO, 2000).

Na Figura 15 estão mostrados os detalhes da armadura de suspensão para os apoios


indiretos. A armadura deve ser posicionada na seção de cruzamento das duas vigas. Como isso
normalmente é difícil de se executar na prática, uma parte da armadura pode ser colocada na região
vizinha ao cruzamento, tão próxima quanto possível.
Quando as duas vigas tiverem a face superior no mesmo nível, a armadura de suspensão
pode ser dimensionada para a força Rtt , de valor:

h1
R t t  R apoio Eq. 19
h2

com: h1  h2 ;
h1 = altura da viga que apoia;
h2 = altura da viga suporte.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 14

Figura 15 – Detalhes da armadura de suspensão (FUSCO, 2000).

13. EXEMPLO DE CÁLCULO E DETALHAMENTO DE VIGA CONTÍNUA

As Figura 16, Figura 17 e Figura 18 mostram a planta de fôrma, um corte esquemático e a


estrutura de concreto em três dimensões, de uma edificação com dois pavimentos utilizáveis (térreo
e pavimento superior). Pede-se projetar e detalhar as armaduras da viga VS1. São conhecidos:
- edificação em área urbana de cidade:3 classe II de agressividade ambiental, concreto C25
(fck = 25 MPa), relação a/c ≤ 0,60, cnom = 2,5 cm para c = 5 mm;
- peso específico do Concreto Armado: conc = 25 kN/m3 ; aço CA-50;
- coeficientes de ponderação: c = f = 1,4 ; s = 1,15;
- conforme a NBR 6120: arg,rev = 19 kN/m3 (peso específico da argamassa de revestimento);
arg,contr = 21 kN/m3 (peso específico da argamassa de contrapiso ou de regularização);

OBSERVAÇÕES:

3
Para todo o conjunto ou partes da estrutura, deve ser definida a classe de agressividade ambiental, em função da agressividade do
ambiente a que o elemento ou estrutura estiver submetida, de modo a fixar valores como a resistência à compressão do concreto (fck),
relação água/cimento máxima (a/c), cobrimento do concreto (c), etc., conforme a NBR 6118.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 15

a) há uma parede de vedação sobre a viga em toda a sua extensão, constituída por blocos cerâmicos
de oito furos (de dimensões de 9 x 19 x 19 cm), com espessura final4 de 23 cm e altura5 de 2,40 m;
b) a laje é do tipo pré-fabricada treliçada, com altura total de 16 cm e peso próprio de 2,43 kN/m2;
c) ação variável nas lajes de 2,0 kN/m2 (carga acidental q - NBR 6120);
d) revestimento (piso final) em porcelanato6 sobre a laje, com piso = 0,20 kN/m2;
e) a ação do vento e os esforços solicitantes decorrentes serão desprezados, por se tratar de uma
edificação de baixa altura (apenas dois pavimentos), em região não sujeita a ventos de alta
intensidade.7

RESOLUÇÃO

A viga VS1 será calculada como uma viga contínua e como um elemento isolado da
estrutura, apenas vinculada aos pilares extremos por meio de engastes elásticos.
Outras formas de análise podem ser feitas, considerando-se por exemplo a viga VS1 como
sendo parte de um pórtico plano, como aquele mostrado na Figura 17, ou compondo uma grelha
com as lajes e vigas do pavimento. Neste caso, haveria uma melhor interação com as demais vigas
(VB1 e VC1) e com os pilares de apoio. Uma outra forma possível de cálculo seria considerar toda
a estrutura como um pórtico tridimensional (ou espacial – ver item 9), como pode ser feito com a
aplicação de alguns programas computacionais comerciais de cálculo de estruturas de concreto.

13.1. Estimativa da Altura da Viga

Para estimar a altura da viga é necessário considerar inicialmente um vão para a viga, no
caso a distância entre os centros dos pilares de apoio (719 cm). Assim, a altura da viga para
concreto C25 pode ser adotada pela Eq. 2 como:

 ef 719
h   59,9 cm   h = 60 cm
12 12

Supõe-se que a parede sob a viga, posicionada no pavimento térreo, na qual a viga VS1
ficará embutida, será confeccionada com blocos cerâmicos furados (9 x 19 x 19 cm) posicionados
“deitados”, na dimensão de 19 cm, de modo que a viga deverá ter também a largura de 19 cm, a fim
de facilitar a execução.8 Assim, a viga será calculada inicialmente com seção transversal 19x60 cm.

13.2. Vão Efetivo

Os vãos efetivos dos tramos 1 e 2 da viga são iguais. Considerando as medidas mostradas na
Figura 16, de acordo com a Eq. 1 são:
t / 2  t 2 / 2  19 / 2  9,5 cm
a1  a 2   1  a1 = a2 = 9,5 cm
0,3 h  0,3 . 60  18 cm

4
A espessura final, real da parede, pode não coincidir com a espessura da parede especificada no projeto arquitetônico da edificação,
sendo comum as larguras de 15 e 25 cm nesses projetos. A espessura final depende da largura da unidade de alvenaria (bloco, tijolo
maciço, etc.) e das espessuras dos revestimentos (reboco de argamassa, gesso, etc.).
5
A altura da parede está mostrada na Figura 17, sendo a distância da face superior da viga VS1 até a face inferior da viga da
cobertura (VC1).
6
Os pisos de porcelanato têm espessuras diferentes, em função do fabricante e principalmente das dimensões das peças, de modo que
o peso específico pode variar muito, devendo ser consultado com o fabricante.
7
Segundo a NBR 6118 (item 11.4.2.1), “Os esforços solicitantes relativos à ação do vento devem ser considerados e recomenda-se
que sejam determinados de acordo com o prescrito pela ABNT NBR 6123, permitindo-se o emprego de regras simplificadas
previstas em Normas Brasileiras específicas.”
8
Em construções de pequeno porte geralmente as paredes de alvenaria são construídas antes da estrutura de concreto, e para facilitar
a execução é interessante que vigas e pilares tenham espessuras iguais às das paredes, pois assim as tábuas da fôrma podem ser
montadas apenas encostadas na alvenaria.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 16

ef = 0 + a1 + a2 = 700 + 9,5 + 9,5 = 719 cm

Quando as dimensões dos pilares na direção do eixo longitudinal da viga são pequenas,
geralmente o vão efetivo é igual à distância entre os centros dos apoios, como ocorreu neste caso.

VS1 (19 x 60)

P1 P2 P3
19/19 L1 19/30 L2 19/19
523

45

16
VS2 (19 x 70)

P4 P5 P6
19/30 19/30 19/30
L3 L4
VS4 (19 x 45)

VS5 (19 x 45)

VS6 (19 x 45)


523

VS3 (19 x 60)

P7 P8 P9
19/19 19/30 19/19
719 719

Planta de Fôrma do Pavimento Superior


Esc. 1:50
Figura 16 – Planta de fôrma do pavimento superior com a viga VS1.

VC1 (19 x 60) cobertura


60

P1 P2 P3
19/19 19/30 19/19
300

240

VS1 (19 x 60) pav. superior


60

tramo 1 tramo 2

255
300

19 700 19 700 19

VB1 (19 x 30) pav. térreo


30
viga baldrame

Figura 17 – Vista em elevação do pórtico que contém a viga VS1.


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 17

Figura 18 – Vistas da estrutura em três dimensões.

13.3. Instabilidade Lateral da Viga

Como existe laje apoiada na região superior da viga, na extensão onde ocorrem tensões
normais de compressão provocadas pelo momento fletor positivo, a estabilidade lateral da viga está
garantida pela laje. Na extensão dos momentos fletores negativos, onde a compressão ocorre na
região inferior da viga, e não existe laje inferior travando a viga, não deverá ocorrer problema
porque o banzo comprimido tem pequena extensão.9

9
No caso de “vigas invertidas” é importante verificar com cuidado a questão da instabilidade lateral.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 18

13.4. Cargas na Laje e na Viga

Como se pode observar na Figura 16, as lajes L1 e L2, do piso do pavimento superior,
apoiam-se somente sobre as vigas VS1 e VS2, pois as lajes são do tipo pré-fabricada treliçada, onde
os trilhos ou vigotas são unidirecionais. O primeiro tramo da VS1 recebe parte da carga da laje L1,
e o segundo tramo parte da laje L2.
Para as lajes será considerada a altura de 16 cm, com peso próprio10 de 2,43 kN/m2. As
argamassas de revestimento, nos lados inferior e superior11, tem respectivamente a espessura média
de 1,5 e 3,0 cm. O revestimento de piso final (porcelanato) tem carga estimada em 20 kgf/m2.
Considerando os pesos específicos dados e a carga acidental, a carga total por m2 de área da laje é:

- peso próprio: gpp = 2,43 kN/m2


- argamassa de revestimento inferior: grev = 19 . 0,015 = 0,29 kN/m2
- argamassa de regularização (contrapiso): gcontr = 21 . 0,03 = 0,63 kN/m2
- piso final: gpiso = 0,20 kN/m2
- ação variável: q = 2,00 kN/m2
CARGA TOTAL (Laje): p = 5,55 kN/m2

As nervuras (vigotas) das lajes unidirecionais podem ser consideradas simplesmente


apoiadas ou engastadas nos apoios, quando não existir ou existir continuidade com lajes adjacentes,
respectivamente. A carga da laje sobre a viga de apoio depende desta consideração. Neste exemplo
será considerado que as lajes têm as vigotas simplesmente apoiadas nas vigas VS1, VS2 e VS3,
conforme as setas mostradas nos centros das lajes na Figura 16. Para efeito de cálculo da carga, o
vão das lajes L1 e L2 será tomado de centro a centro das vigas VS1 e VS2: laje = 523 cm.12
Considerando que os carregamentos que atuam na viga consistem de uma parede apoiada
sobre a viga em toda a extensão (composta por blocos furados de peso específico 13 kN/m3, com
espessura final de 23 cm e altura de 2,40 m, com carga por metro quadrado de área de 3,20 kN/m2,
valor esse que considera os diferentes pesos específicos do bloco cerâmico e das argamassas de
assentamento (1 cm) e de revestimento (1,5 cm)13, de uma laje pré-fabricada com carga total de
5,55 kN/m2 com comprimento de 5,23 m, e o peso próprio da viga (de seção transversal de 19 x 60
cm), o carregamento total atuante nos tramos 1 e 2 da VS1 é:

- peso próprio: gpp = 25 . 0,19 . 0,6 = 2,85 kN/m


- parede: gpar = 3,2 . 2,40 = 7,68 kN/m
- laje: glaje = 5,55 . 5,23/2 = 14,51 kN/m
CARGA TOTAL (Viga): p = 25,04 kN/m

13.5. Esquema Estático e Carregamento na Viga VS1

O apoio intermediário da viga (pilar P2) pode ser considerado como um apoio simples, pois
de acordo com o esquema mostrado na Figura 7, o pilar deve ser assim classificado, como
demonstrado a seguir. O comprimento equivalente do lance inferior do pilar é:

e = 255 + 60/2 + 30/2 = 300 cm

10
O peso próprio das lajes pré-fabricadas são fornecidos pelos fabricantes, podendo ser conferido pelo engenheiro.
11
Também chamado “contrapiso” ou “argamassa de regularização”.
12
Tomar o vão da laje de centro a centro das vigas de apoio fica a “favor da segurança”, considerando que as lajes serão construídas
com as vigotas adentrando as vigas na região superior, e não apoiadas sobre as bordas superiores das vigas.
13
Valores encontrados em GIONGO, J.S. Concreto armado: projeto estrutural de edifícios. São Carlos, Escola de Engenharia de
São Carlos, Usp, Dep. de Estruturas. 2007. Disponível em (1/09/15):
http://www.gdace.uem.br/romel/MDidatico/EstruturasConcretoII/ProjetoEstruturaldeEdificios-J.%20S.Gingo-EESC-Turma2-
2007.pdf
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 19

A largura do pilar (P2) na direção do eixo longitudinal da viga (bint) é 19 cm, menor que um
quarto do comprimento equivalente do pilar (e/4 = 300/4 = 75 cm), isto é, bint = 19 cm < 75 cm.
Portanto, deve-se considerar o pilar interno P2 como apoio simples.
A viga deveria ser considerada engastada no pilar P2 caso bint resultasse maior que e/4. De
acordo com a norma, isso ocorreria se a dimensão do pilar na direção da viga (b int) fosse grande o
suficiente para que a sua rigidez pudesse impedir a rotação da viga nas suas proximidades, ou seja,
a viga seria considerada engastada no pilar P2.
A norma considera que a flexão das vigas contínuas calculadas isoladamente com os pilares
extremos seja obrigatoriamente considerada. Neste exemplo, a viga será considerada vinculada aos
pilares extremos P1 e P3 por meio de molas, ou seja, considerando os pilares como engastes
elásticos.
Os carregamentos totais calculados para os tramos 1 e 2 da viga são iguais (25,04 kN/m), e
uniformemente distribuídos em toda a extensão do tramo (Figura 19).

p = 25,04 kN/m

tramo 1 tramo 2

719 cm 719

Figura 19 – Esquema estático e carregamento na viga.

13.6. Rigidez da Mola

A rigidez da mola nos engastes elásticos representativos dos pilares extremos P1 e P3 é


avaliada pela Eq. 12: Kmola = Kp,sup + Kp,inf
Considerando os pilares como articulados na base e no topo, tem-se que o comprimento
equivalente dos lances inferior e superior à VS1 são iguais (300 cm), e como a seção transversal dos
pilares não varia nos pavimentos, as rigidezes dos lances inferior e superior são também iguais.
A rigidez K do pilar superior e inferior é:

4 EI
Kp,sup = Kp,inf =

8 EI
Com  = /2 conforme a NBR 6118, a rigidez da mola vale, portanto: K mola 

2
O módulo de elasticidade do concreto, tangente na origem, pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8):

Eci  E 5600 f ck = 1,2 . 5600 25 = 33.600 MPa = 3.360 kN/cm2

com E = 1,2 para brita de basalto (também para diabásio).


Supondo que a viga vai estar microfissurada trabalhando em serviço (Estádio II), o módulo
de elasticidade que deve ser considerado é o secante (Ecs), avaliado por:
f
Ecs = i Eci , com  i  0,8  0,2 ck  1,0
80
25
 i  0,8  0,2  0,8625  1,0  ok!
80

Ecs = 0,8625 . 3360 = 2.898 kN/cm2


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 20

Como a seção transversal é constante, o momento de inércia dos lances inferior e superior
do pilar são iguais e valem:

b h 3 19 . 193
Ip,sup = Ip,inf =   10.860 cm4
12 12

onde Ip é o momento de inércia em relação aos eixos baricêntricos de uma seção retangular cuja
dimensão h é aquela que corresponde, na seção, ao lado perpendicular ao eixo de flexão do pilar.
Ou, em outras palavras, o momento de inércia que interessa neste caso é aquele onde a dimensão
elevada ao cubo é aquela coincidente com a direção do eixo longitudinal da viga.
Rigidez da mola:

8 EI 8 . 2898 . 10860
K mola  =  1.678.522 kN.cm
 300
2 2

13.7. Esforços Solicitantes

Para determinação dos esforços solicitantes na viga pode ser utilizado algum programa
computacional com essa finalidade. Para o exemplo foi aplicado o programa chamado PPLAN414
(CORRÊA et al., 1992), que resolve pórticos planos e vigas, fornecendo os esforços solicitantes e
os deslocamentos no nós.15 A Figura 20 mostra o esquema de numeração dos nós e barras para a
viga em análise.
y
25,04 kN/m

1 1 2 2 3 3 4 4 5
x
359,5 359,5 359,5 359,5

719 cm 719

Figura 20 – Numeração dos nós e barras da viga.

O arquivo de dados de entrada tem o aspecto:

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP – BAURU, DISC. CONCRETO II
VIGA EXEMPLO
VS1 (19 x 60)
NOGL
1,5,1,0,0,1438,0,
RES
1,1,1,2,0,0,1678522,
5,1,1,2,0,0,1678522,
3,1,1,
BARG
1,4,1,1,1,2,1,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL

14
O programa computacional e o manual encontram-se disponíveis no endereço:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
15
Outros programas computacionais podem ser utilizados, como por exemplo o Ftool.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 21

1,2898,
FIMG
CARR1
CBRG
1,4,1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME

A Figura 21 mostra os diagramas de forças cortantes e de momentos fletores (valores


característicos máximos) obtidos no programa PPLAN4. A listagem dos resultados calculados pelo
programa encontra-se no Anexo II.
A flecha calculada pelo programa para o nó 2 (0,31 cm) é muito próxima à flecha máxima
que ocorre no vão, e serve como indicativo da deslocabilidade vertical da viga. 16 Considerando que
por efeito da fluência do concreto, a flecha aumentará em um fator próximo a 2, a flecha final na
viga pode ser estimada como: 0,31 . 2 = 0,6 cm = 6 mm.
Na Tabela 13.3 da NBR 6118 (item 13.3) consta que a flecha limite para “Aceitabilidade
sensorial – visual”, como deslocamentos visíveis, é /250, isto é, 719/250 = 2,9 cm, muito maior
portanto que a flecha da viga (0,6 cm). Num outro quesito preconizado pela norma, “Efeitos em
elementos não estruturais”, compostos por paredes de alvenaria, caixilhos e revestimentos por
exemplo, os valores-limites para a flecha são:

/500 (719/500 = 1,4 cm)17, ou 10 mm ou 0,0017 rad

Verifica-se que a flecha de 6 mm é menor que o deslocamento-limite de 10 mm preconizado


pela norma.18 A rotação máxima nos apoios do tramo foi de 0,0015 rad (nós 1 e 5 no esquema da
Figura 20), também menor que o valor limite. Da análise conclui-se que é possível executar a viga
com a seção transversal inicialmente proposta, sem esperar-se problema com flecha ao longo do
tempo.19

Vk (kN)
72,8 107,3
72,8
107,3
288

14922

288
~ 40
- - 2517
2517 Mk
(kN.cm)
+ ~180

8054 8054
Figura 21 – Diagramas de esforços solicitantes característicos.
16
Um valor mais próximo da flecha máxima poderia ser obtido colocando-se outros nós à esquerda do nó 2 indicado na Figura 20.
17
Onde  é o comprimento da parede.
18
Vigas que servem de apoio para paredes devem ter os deslocamentos-limites avaliados cuidadosamente, para evitar o surgimento
de fissuras indesejáveis na parede, por flecha excessiva. Geralmente, a solução mais comum para resolver problemas de flecha
elevada é aumentar a altura da viga.
19
Para uma análise mais precisa e cálculo elaborado da flecha pode ser consultado: CARVALHO, R.C. ; FIGUEIREDO FILHO, J.R.
Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. São Carlos, v.1, Ed. EDUFSCar,
2014, 416p.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 22

No caso dos momentos fletores máximos positivos deve-se comparar o valor mostrado na
Figura 21 com o máximo momento fletor positivo obtido considerando-se o vão engastado no apoio
intermediário (pilar P2 - Figura 22).
p = 25,04 kN/m

P1 P2
719 cm

Figura 22 – Esquema estático para obtenção do momento positivo


considerando engate no apoio interno.

O arquivo de dados de entrada tem o aspecto:

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP – BAURU, DISC. CONCRETO II
MOMENTO POSITIVO COM ENGASTE NO APOIO INTERNO
VS1 (19 x 60)
NOGL
1,3,1,0,0,719,0,
RES
1,1,1,2,0,0,1678522,
3,1,1,1,
BARG
1,2,1,1,1,2,1,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,2898,
FIMG
CARR1
CBRG
1,2,1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME

O máximo momento fletor positivo para o esquema mostrado na Figura 22, conforme o
arquivo de dados acima, resulta 8.054 kN.cm, igual ao momento máximo positivo obtido para a
viga contínua mostrada na Figura 21. A listagem dos resultados obtidos pelo programa PPLAN4
encontra-se no final da apostila (Anexo II).

13.8. Dimensionamento das Armaduras

Serão dimensionadas as armaduras longitudinal e transversal. Para a armadura longitudinal


serão adotados diferentes valores para a altura útil d, em função do valor do momento fletor.

13.8.1 Armadura Mínima de Flexão

A armadura mínima é calculada para o momento fletor mínimo:20


Md,mín = 0,8 W0 fctk,sup

f ctk,sup  1,3 f ct, m  1,3 . 0,3 3 f ck 2  1,3 . 0,3 3 252  3,33 MPa

20
Apresentada em: BASTOS, P.S.S. Flexão normal simples - Vigas. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), fev/2015, 78p. Disponível em
(1/09/15): http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 23

b h 3 19 . 603
I   342.000 cm3
12 12

I 342000
W0    11.400 cm3 (no estádio I, y é tomado na meia altura da viga)
y 30

Md,mín = 0,8 . 11400 . 0,333 = 3.037 kN.cm

Dimensionamento da armadura para o momento fletor mínimo tomando d = 55 cm:

b w d 2 19 . 552
Kc  =  18,9  da Tabela A-1 (ver anexo) tem-se Ks = 0,023.
Md 3037

Md 3037
As  K s = 0,023  1,27 cm2
d 55

Para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín – ver Tabela A-2) é
de 0,15 % Ac , portanto:
As,mín = 0,0015 . 19 . 60 = 1,71 cm2 > 1,27 cm2   As,mín = 1,71 cm2

13.8.2 Armadura de Pele

A armadura de pele não é necessária, dado que a viga não tem altura superior a 60 cm. No
entanto, a fim de evitar fissuras de retração que surgem mesmo em vigas com altura de 50 cm, será
colocada uma armadura de pele com área de 0,05 % Ac em cada face da viga, que era a área de
armadura de pele recomendada para vigas com alturas superiores a 60 cm, na versão NB-1 de 1978:

As,pele = 0,0005 . 19 . 60 = 0,57 cm2

4  4,2 mm  0,56 cm2 em cada face (ver Tabela A-3 ou Tabela A-4), distribuídas ao
longo da altura (ver Figura 30).

13.8.3 Armadura Longitudinal de Flexão

Normalmente a armadura longitudinal é calculada apenas para os momentos fletores


máximos, positivos e negativos, que ocorrem ao longo da viga.

13.8.3.1 Momento Fletor Negativo

a) Apoio interno (P2)

O momento fletor atuante (M) na viga na seção sobre o pilar P2 é negativo e de valor 14.922
kN.cm. Este momento é 1,85 vez maior que o máximo momento fletor positivo no vão, de 8.054
kN.cm. Uma forma de diminuir essa diferença é fazer uma redistribuição de esforços solicitantes,
como apresentado no item 7.3 (Eq. 6 e Eq. 7). Isso é feito reduzindo o momento negativo de M para
δM, com δ ≥ 0,75. A fim de exemplificar a redistribuição, o momento fletor será reduzido em 10 %,
com δ = 0,9, e:
Mk = – 14.922 kN.cm  δMk = 0,9 . (– 14922) = – 13.430 kN.cm

Md = f . Mk = 1,4 . (– 13.430) = – 18.802 kN.cm


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 24

A redução do momento fletor negativo acarretará alterações nos demais valores dos esforços
solicitantes (M e V) na viga, bem como nos elementos estruturais a ela ligados, o que deve ser
considerado, como mostrado adiante (Figura 23).
Para a altura da viga de 60 cm será adotada a altura útil (d) de 55 cm. A capa da laje pré-
fabricada, apoiada na região superior da viga, está tracionada pelo momento fletor negativo, e não
pode ser considerada para contribuir na resistência às tensões normais de compressão, de modo que
a viga deve ser dimensionada como seção retangular (19 x 60):
712,5
b w d 2 19 . 552
Kc  =  3,1
Md 18802
ah
Da Tabela A-1 tem-se:

x = x/d = 0,30, Ks = 0,026 e domínio 3.

Conforme a Eq. 5, x = x/d  0,45, e:

x = x/d = 0,30 ≤ 0,45  ok!

E também, devido à redistribuição de esforços feita (Eq. 6): x = x/d ≤ (δ – 0,44)/1,25

(0,9 – 0,44)/1,25 = 0,368  0,37  x = x/d = 0,30 ≤ 0,37  ok!

Neste caso, com x = x/d = 0,30, os limites estão satisfeitos, o que deve garantir a necessária
ductilidade à viga nesta seção.

Md 18802
As  Ks = 0,026  8,89 cm2 (> As,mín = 1,71 cm2)
d 55

algumas opções são (ver Tabela A-4):

4  16 mm + 1  12,5 mm  9,25 cm2 (escolha adequada para construções de médio/grande


porte21);
6  12,5 mm + 2  10 mm  9,10 cm2 (escolha indicada para construções de pequeno
porte);
7  12,5 mm  8,75 cm (escolha indicada para construções de pequeno porte).
2

Considerando que no adensamento do concreto da viga será aplicado um vibrador com


diâmetro da agulha de 25 mm, a distância livre horizontal entre as barras das camadas da armadura
negativa deve ser superior a 25 mm. Para cobrimento de 2,5 cm, estribo com diâmetro de 5 mm, e
armadura composta por 7  12,5 mm conforme o detalhamento mostrado, a distância livre resulta:

19  2 2,5  0,5  4 . 1,25


ah   2,7 cm
3
distância livre suficiente para a passagem da agulha do vibrador. A posição do centro de gravidade
da armadura é:

21
Está se supondo que edificações de médio e grande porte tenham uma pessoa experiente, o “armador”, para cortar,
amarrar e montar as armaduras, com equipamentos adequados, onde a barra de 16 mm não oferece dificuldades. Em
obras de pequeno porte é indicado utilizar barras de diâmetro até 12,5 mm.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 25

acg = 2,5 + 0,5 + 1,25 + 1,0 = 5,25 cm  5 cm adotado no cálculo.

Com o momento fletor negativo diminuído em δ = 0,9 (M = – 13.430 kN.cm), os valores dos
esforços solicitantes na viga são alterados conforme mostrado na Figura 2322, isto é, deve-se fazer a
redistribuição de esforços solicitantes, a serem considerados no cálculo das demais armaduras da
viga e nos outros elementos estruturais ligados à viga, como os pilares por exemplo (P1, P2 e P3).

Vk (kN)
75,1 104,9
75,1
104,9
300

13430

300
~ 40
-
2733
-
2733 Mk
(kN.cm)
+ ~180

8522 8522
Figura 23 – Diagramas de esforços solicitantes característicos considerando a redistribuição em função da
diminuição de M para δM na seção sobre o pilar P2.

Com a redistribuição de esforços e o momento fletor negativo menor no apoio intermediário,


a flecha no vão aumenta para 0,35 cm. Esse valor, multiplicado por 2,0 para considerar o efeito da
fluência no concreto sobre a flecha, resulta: 0,35 . 2,0 = 0,7 cm = 7 mm, um valor menor que o
deslocamento-limite de 10 mm, conforme já apresentado.

b) Apoios extremos (P1 e P3)

Mk = – 2.733 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 2733) = – 3.826 kN.cm

Com d = 56 cm:
210
2 2
b w d 19 . 56
Kc  =  15,6
Md 3826

Da Tabela A-1 tem-se:


x = x/d = 0,06, Ks = 0,024 e domínio 2.

x = x/d = 0,06 ≤ 0,45  ok!


Md 3826
As  Ks = 0,024  1,64 cm2 ( As,mín = 1,71 cm2)
d 56

22
O arquivo de dados de entrada no programa PPLAN4 e o relatório de resultados encontram-se no Anexo II ao final do texto.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 26

portanto, As = 1,71 cm2 (2  10 mm  1,60 cm2 - ver Tabela A-4 - que é uma área apenas um
pouco menor que a área mínima.

13.8.3.2 Momento Fletor Positivo

O momento fletor máximo positivo no vão, após a redistribuição de esforços (Figura 23), é:

Mk = 8.522 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 8.522 = 11.931 kN.cm

A capa (mesa) da laje pré-fabricada, com 4 cm de espessura, está comprimida pelo momento
fletor positivo e contribui com a viga em proporcionar resistência às tensões normais de
compressão, que ocorrem na parte superior da viga. No entanto, a contribuição não será considerada
porque a espessura da mesa é pequena, além de que em construções de pequeno porte, sem
fiscalização rigorosa, não há certeza quanto à uniformidade da espessura da mesa.

Com d = 56 cm:

b w d 2 19 . 562
Kc  =  5,0
Md 11931

Da Tabela A-1 tem-se: 210

x = x/d = 0,18, Ks = 0,025 e domínio 2.

x = x/d = 0,18 ≤ 0,45  ok! 312,5

Md 11931
As  Ks = 0,025  5,33 cm2 (> As,mín = 1,71 cm2)
d 56

algumas opções são (ver Tabela A-4):

3  16  6,00 cm2 (escolha adequada para construções de médio/grande porte);


2  16 + 1  12,5  5,25 cm2 (escolha indicada para construções de médio/grande porte);
4  12,5 + 1  10 mm  5,80 cm2 (escolha indicada para construções de pequeno porte).
3  12,5 + 2  10 mm  5,35 cm2 (escolha indicada para construções de pequeno porte).

Os cálculos seguintes serão feitos considerando a quarta opção (3  12,5 + 2  10 mm 


5,35 cm2).

13.8.4 Armadura Longitudinal Máxima

A soma das armaduras de tração e de compressão (As + A’s) não deve ter valor maior que
4 % Ac (As,máx):

As,máx = 0,04 . 19 . 60 = 45,60 cm2

muito superior à qualquer combinação de As com A’s ao longo da viga (A’s resultou nula em todas
as seções, ou seja, nenhuma seção com armadura dupla).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 27

13.9. Armadura Transversal para Força Cortante

Como a seção transversal da viga é retangular, a indicação de Leonhardt e Mönnig (1982) é


de que o ângulo de inclinação das diagonais de compressão aproxima-se de 30. Portanto, a
armadura transversal pode ser dimensionada com o Modelo de Cálculo II, com  = 30. No entanto,
por simplicidade e a favor da segurança, será adotado o Modelo de Cálculo I ( fixo em 45), pois a
armadura resultante será maior do que aquela do Modelo de Cálculo II com  = 30.
A resolução da viga à força cortante será feita mediante as equações simplificadas
desenvolvidas e apresentadas na apostila de BASTOS (2015).23
As forças cortantes máximas atuantes na viga, após a redistribuição de esforços, estão
mostradas na Figura 23. A redução da força cortante nos apoios, possível de ser feita nos cálculos
da armadura transversal como indicada na NBR 6118, não será adotada por simplicidade.

13.9.1 Pilar Intermediário P2

A força cortante que atua na viga no apoio correspondente ao pilar P2 é:

Vk = 104,9 kN
VSd = f . Vk = 1,4 . 104,9 = 146,9 kN

a) Verificação das diagonais de compressão

Com d = 55, e da Tabela A-5 anexa (para concreto C25) determina-se a força cortante
máxima que a viga pode resistir:

VRd 2  0,43 b w d  0,43 . 19 . 55  449,4 kN

VSd  146,9  VRd 2  449,4 kN  ok! não ocorrerá esmagamento do concreto nas bielas
comprimidas.

b) Cálculo da armadura transversal

Da Tabela A-5 (C25), a equação para determinar a força cortante correspondente à armadura
mínima é:

VSd , mín  0,117 b w d  0,117 . 19 . 55  122,3 kN

VSd  146,9  VSd , mín  122,3 kN  portanto, deve-se calcular a armadura transversal,
pois será maior que Asw,mín .

Da equação para Asw na Tabela A-5 (concreto C25) tem-se:

VSd 146,9
Asw  2,55  0,20 b w  2,55  0,20 . 19  3,01 cm2/m
d 55

A armadura mínima, a ser aplicada nos trechos da viga onde a força cortante solicitante é
menor que a força cortante correspondente à armadura mínima, é:

23
BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II.
Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2015, 74p.
Disponível em (1/09/15): http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 28

20 f ct , m 3
Asw , mín  bw (cm2/m), com f ct , m  0,3 3 f ck 2  0,3 252  2,56 MPa
f ywk

20 . 0,256
e com o aço CA-50: Asw , mín  19  1,95 cm2/m
50

E como esperado, Asw = 3,01 cm2/m > Asw,mín = 1,95 cm2/m, armadura que deve ser disposta
no trecho ou região da viga próxima ao apoio (pilar).

13.9.2 Pilares Extremos P1 e P3

A força cortante que atua na viga nos apoios correspondentes aos pilares P1 e P3 é:

Vk = 75,1 kN
VSd = f . Vk = 1,4 . 75,1 = 105,1 kN

Alterando a altura útil para 56 cm (utilizada no cálculo da armadura de flexão nos pilares
extremos e na armadura positiva do vão) tem-se os valores de VRd2 = 457,6 kN e VSd,mín = 124,5 kN
do cálculo relativo ao pilar P2, e:

VSd = 105,1 kN < VRd2 = 457,6 kN  não ocorrerá o esmagamento do concreto nas
diagonais comprimidas.

VSd = 105,1 kN < VSd,mín = 124,5 kN  portanto, deve-se dispor a armadura mínima
(Asw,mín = 1,95 cm2/m)

13.9.3 Detalhamento da Armadura Transversal

a) diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10  t  190/10  19 mm

b) espaçamento máximo

0,67 VRd2 = 0,67 . 449,4 = 301,1 kN

VSd,P2 = 146,9 < 301,1 kN  s  0,6 d  30 cm


VSd,P1,P3 = 105,1 < 301,1 kN  s  0,6 d  30 cm

0,6 d = 0,6 . 55 = 33 cm  Portanto, s  30 cm

c) espaçamento transversal entre os ramos verticais do estribo

0,20 VRd2 = 0,20 . 449,4 = 89,9 kN

VSd,P2 = 146,9 > 89,9 kN  s  0,6 d  35 cm


VSd,P1,P3 = 105,1 > 89,9 kN  s  0,6 d  35 cm

0,6 d = 0,6 . 55 = 33 cm  Portanto, s  33 cm

d) escolha do diâmetro e espaçamento dos estribos

d1) pilar P2 (Asw = 3,01 cm2/m)


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 29

Considerando estribo vertical composto por dois ramos e diâmetro de 5 mm (1 5 mm =


0,20 cm2), tem-se:

Asw 0,40
 0,0301 cm2/cm   0,0301  s = 13,3 cm  30 cm
s s

portanto, estribo com dois ramos  5 mm c/13 cm.

d2) pilares P1 e P3 (Asw = Asw,mín = 1,95 cm2/m)

Para a armadura mínima de 1,95 cm2/m, considerando o mesmo diâmetro do estribo, tem-se:

A sw 0,40
 0,0195 cm2/cm   0,0195  s = 20,5 cm  30 cm
s s

portanto, estribo com dois ramos  5 mm c/20 cm.

A Figura 24 mostra a disposição dos estribos ao longo da viga.

14
N1-30 c/20 N1-8 c/13 N1-8 c/13 N1-30 c/20
104 104

55

19 700 19

N1 - 76 5 mm
C=148 cm

VSd,mín= 122,3
146,9 VSd (kN)
105,1

146,9 105,1
300
70,2

419

Figura 24 – Detalhamento dos estribos verticais no comprimento total da viga.

13.10. Ancoragem das Armaduras Longitudinais

13.10.1 Armadura Positiva nos Pilares Extremos P1 e P3

A viga VS1 tem simetria de carregamento e geometria, de modo que a ancoragem nos
pilares extremos P1 e P3 são exatamente iguais.
Valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a) segundo o Modelo de Cálculo I,
para estribos verticais:24

24
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento
Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p. Disponível em (1/09/15):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 30

d VSd , máx
a  d , com a  0,5d
2 (VSd , máx  Vc )

Na flexão simples e para o Modelo de Cálculo I (adotado no cálculo da armadura


transversal), tem-se:

Vc = Vc0 = 0,6fctd bw d = 0,6 . 0,128 . 19 . 56 = 81,7 kN

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2 0,7 . 0,3 3 2


f ctd    f ck = 25  1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
c c c 1,4
56 105,1
a   125,8 cm ≤ 56 cm
2 (105,1  81,7)

portanto, a = d = 56 cm.

A armadura a ancorar no apoio é:

a  VSd 56 105,1
A s,anc  =  2,42 cm2
d f yd 56 50
1,15
A armadura calculada para o apoio deve atender à armadura mínima:

1 M vão
 3 A s, vão se M apoio  0 ou negativo de valor M apoio  2
A s, anc  
1 A M vão
 4 s, vão se M apoio  negativo e de valor M apoio  2

M d,apoio  – 3.826 kN.cm < Md,vão/2 = 11.931/2 = 5.965,5 kN.cm

Portanto, As,anc  1/3 As,vão = 5,33/3 = 1,78 cm2

As,anc = 2,42 cm2 ≥ 1/3 As,vão = 1,78 cm2  ok!

Se resultar As,anc menor que o valor mínimo, deve-se seguir nos cálculos com As,anc igual ao
valor mínimo (1/3 ou 1/4 do As,vão).
Para a ancoragem da armadura positiva nos apoios extremos P1 e P3 da viga é necessária a
área de 2,42 cm2, no comprimento de ancoragem básico b (Figura 25).
Como as armaduras positivas dos tramos adjacentes aos pilares P1 e P3 são compostas por 3
 12,5 mm + 2  10 (ver item 13.8.3.2), e as duas barras ( de 12,5 mm) posicionados nos vértices
dos estribos devem ser obrigatoriamente estendidas até os apoios, a armadura efetiva (As,ef) a
ancorar no apoio será composta por 2  12,5 mm (2,50 cm2), que atende à área calculada de 2,42
cm2 (As,anc).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 31
b

VIGA DE APOIO
b 
As,anc

A s,anc

c b,ef
b

Figura 25 – Ancoragem da armadura positiva nos apoios extremos da viga.

O comprimento de ancoragem básico pode ser determinado na Tabela A-7 anexa. Na coluna
sem gancho, considerando concreto C25, aço CA-50, diâmetro da barra de 12,5 mm e região de boa
aderência, encontra-se o comprimento de ancoragem básico (b) de 47 cm.
Como a área de armadura escolhida para a ancoragem no apoio (As,ef) não é exatamente
igual à área da armadura calculada (As,anc), o comprimento de ancoragem básico pode ser corrigido
para b,corr , como (ver Figura 26):

As,anc 2,42
 b,corr   b  47  45,5 cm
As,ef 2,50

b,corr 
As,ef

c b,ef

Figura 26 – Ancoragem da armadura efetiva no comprimento de ancoragem corrigido.

O comprimento de ancoragem corrigido deve atender ao comprimento de ancoragem


mínimo (b,mín):
r 
 b,mín   , r = D/2 = 5/2 = 5 . 1,25/2 = 3,1 cm
6 cm

(com D sendo o diâmetro do pino de dobramento - Tabela A-9)

r + 5,5  = 3,1 + 5,5 . 1,25 = 10,0 cm, maior que 6 cm,  b,mín = 10,0 cm

Tem-se que b,corr = 45,5 cm > b,mín = 10,0 cm  ok!

O comprimento de ancoragem efetivo, que corresponde ao máximo comprimento possível


de ancorar no apoio, conforme a Figura 26 é:
b,ef = b – c = 19 – 2,5 = 16,5 cm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 32

Numa primeira análise verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido (sem gancho)
é superior ao comprimento de ancoragem efetivo do apoio (b,corr = 45,5 cm > b,ef = 16,5 cm). Isto
significa que não é possível fazer a ancoragem reta com apenas  12,5 mm, pois as barras ficariam
com um trecho fora da seção transversal do pilar.
O passo seguinte para resolver o problema é fazer o gancho nas extremidades das barras, o
que permite diminuir o comprimento reto em 30 %. O comprimento de ancoragem com gancho é:

 b,gancho  0,7 . 45,5  31,9 cm

Verifica-se que mesmo com o gancho ainda não é possível fazer a ancoragem, pois o
comprimento de ancoragem com gancho resultou maior que o comprimento de ancoragem efetivo:

b,gancho = 31,9 cm > b,ef = 16,5 cm

A próxima alternativa é aumentar a armadura longitudinal a ancorar no apoio, para As,corr :

0,7  b 0,7  47
As,corr  As,anc = 2,42  4,83 cm2
 b,ef 16,5

Portanto, mesmo que se estenda até o apoio as três barras da primeira camada da armadura
positiva do vão (3  12,5 mm), a área de 3,75 cm2 não é suficiente para atender As,corr . Uma solução
é estender todas as barras da armadura do vão até o apoio, pois a área total (As,vão) de 5,35 cm2
atende à As,corr . Outra solução, mais econômica, é estender duas ou três barras  12,5 mm da
primeira camada e acrescentar grampos, com a área de grampos sendo a diferença entre a área de
armadura a ancorar (As,corr) e a área de armadura do vão estendida até o apoio. No caso de estender
2  12,5 (2,50 cm2), a área de grampo é:

As,gr = As,corr – As,ef = 4,83 – 2,50 = 2,33 cm2

A armadura a ancorar neste caso pode ser: 2  12,5 + 4  10 mm (2 grampos)25  5,70 cm2,
que atende com folga a As,corr de 4,83 cm2. O detalhe da ancoragem está mostrado na Figura 27.
Outra solução pode ser estender 3  12,5 (3,75 cm2), com área de grampo de:

As,gr = As,corr – As,ef = 4,83 – 3,75 = 1,08 cm2

A armadura a ancorar pode ser: 3  12,5 + 2  8 mm (1 grampo)  4,75 cm2, que é


suficiente para As,corr de 4,83 cm2.

2,5
100 gr = 100 cm

10 2 cm

15,5
2  12,5
19
2 grampos  10 mm A s,ef

Figura 27 – Detalhe da ancoragem com grampo nos pilares extremos P1 e P3.

25
1  8 mm (0,50 cm2); 1  10 (0,80 cm2); 1  12,5 (1,25 cm2).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 33

13.10.2 Armadura Positiva no Pilar Interno P2

Estendendo 2  12,5 (dos vértices dos estribos) da armadura longitudinal positiva do vão até
o pilar intermediário (As,anc = As,ef = 2,50 cm2), esta armadura deve ser superior à mínima:

M d,apoio  – 18.802 kN.cm > Md,vão/2 = 11.931/2 = 5.965,5 kN.cm


Portanto, As,anc  1/4 As,vão = 5,33/4 = 1,33 cm2

As,ef = 2,50 cm2 > 1/4 As,vão = 1,33 cm2  ok!

As duas barras de 12,5 mm devem se estender 10 além da face do apoio.26

O valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a), relativo ao pilar P2, será
necessário no “cobrimento” do diagrama. Segundo o Modelo de Cálculo I, para estribos verticais:

d VSd , máx
a  d , com a  0,5d
2 (VSd , máx  Vc )

Como já determinado, Vc = Vc0 = 81,7 kN, e com d = 55 cm:(27)

55 146,9
a   62,0 cm ≤ 55 cm  portanto, a = d = 55 cm
2 (146,9  81,7)

13.10.3 Armadura Negativa nos Pilares Extremos P1 e P3

A armadura negativa proveniente do engastamento elástico nos pilares extremos deve


penetrar até próximo à face externa do pilar, respeitando-se a espessura do cobrimento, e possuir
um gancho direcionado para baixo, com comprimento de pelo menos 35. O diâmetro do pino de
dobramento deve ser de 5 para barra  10 mm (ver Tabela A-9), como indicado na Figura 28.

2  10

5
35 cm
35 

Figura 28 – Ancoragem da armadura negativa nos pilares extremos.

13.11. Detalhamento da Armadura Longitudinal

A Figura 29 mostra o cobrimento do diagrama de momentos fletores, feito para


conhecimento da extensão e comprimento das barras das armaduras longitudinais, positiva e

26
No caso de vigas que não apresentem simetria, esta verificação deve ser feita para os dois tramos adjacentes ao pilar intermediário.
27
Para a altura útil d foi aplicado o valor utilizado no cálculo da armadura de flexão negativa no pilar interno P2.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 34

negativa. O cobrimento do diagrama pode ser feito sobre o diagrama de momentos fletores de
cálculo, decalado no valor de a (55 cm).
Por simplicidade, a armadura negativa no apoio intermediário (P2) foi separada em dois
grupos, sendo 4  12,5 na primeira camada com comprimento idêntico para as barras, e 3  12,5 na
segunda camada. Outros arranjos ou agrupamentos diferentes podem ser feitos, resultando
comprimentos diferentes para as barras.
A armadura positiva foi separada em três grupos: o primeiro referente às barras que serão
estendidas até os apoios do tramo (2  12,5), o segundo com 1  12,5, e o terceiro com 2  10,
sendo as barras dos dois últimos grupos “cortadas” antes dos apoios, conforme o cobrimento do
diagrama de momentos fletores (Figura 29).
Os comprimentos de ancoragem básicos (b) para barras  12,5 mm (CA-50), concreto C25,
em situações de má aderência e de boa aderência, conforme a Tabela A-7, são respectivamente 67
cm e 47 cm (coluna sem gancho). Para barra  10 mm (CA-50) o comprimento de ancoragem
básico, em região de boa aderência, é de 38 cm (coluna sem gancho). Para  10 mm o comprimento
de ancoragem básico, em região de boa aderência, é de 38 cm.

248
135

67 312,5

b
(1)
12,5 A1
10
67 412,5
(2)

b a
210
B1 A2
face externa
do pilar
12,5
10
a a a
a B2

B2 212,5 B2
12,5 12,5 12,5
10 A2 112,5 (2) A2 10
10
60
47 B1 a 210 (1) B1 47 175

b 
b
10 A1 A1 38
38 10 centro do pilar
10  a   10
b a b
110 220

Figura 29 – Esquema do cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo.

A Figura 30 apresenta o detalhamento final das armaduras da viga. Este desenho é feito
normalmente na escala 1:50. O desenho do corte da seção transversal e do estribo é feito
normalmente nas escalas de 1:25 ou 1:20. Atenção máxima deve ser dispensada a este detalhamento
final, pois geralmente é apenas com ele que a armação da viga será executada.
Num detalhe à parte podem ser colocados outros desenhos mostrando como devem ser
executados os ganchos, os pinos de dobramento, etc.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 35

VS1 = VS3 (19 x 60)

4 N3

N1-30c/20 N1-8c/13 N1-8c/13 N1-30c/20


104 104 3 N4

2 x 4 N5

A 2 N6
P1 P2 P3
1 N7 2 N8
40 40
248 248 14
N3 - 412,5 C = 496
35

35
N2 - 210 C = 553 N2 - 210 C = 553
135 135
N4 - 312,5 C = 270 (2° cam) 55

N5 - 2 x 44,2 CORR
N1 - 76 5 mm C=148
220 220
N6 - 210 C = 400 N6 - 210 C = 400
175 175
N7 - 112,5 C = 494 N7 - 112,5 C = 494
10

10
N8 - 212,5 C = 749 N8 - 212,5 C = 749
100 100
13

13
A
N9 - 210 C = 213 N9 - 210 C = 213

Figura 30 – Detalhamento final das armaduras da viga.

O esquema de indicação ou posicionamento das armaduras como mostrado na Figura 30 é o


mais comum na prática. No entanto, outros posicionamentos diferentes para as armaduras
longitudinais e para os estribos podem ser adotados. Por exemplo, a armadura longitudinal negativa
pode ser mostrada acima do desenho da viga, a linha de cotas dos estribos pode ser indicada na
parte inferior da viga, e a armadura positiva como mostrada na Figura 30. Esta forma de indicar as
armaduras, embora não seja a mais comum, tem a vantagem de bem separar as armaduras negativa
e positiva, restringindo possíveis confusões.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto –


Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 238p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto para fins estruturais - Classificação


pela massa específica, por grupos de resistência e consistência. NBR 8953, ABNT, 2009, 4p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto – Determinação da resistência à


tração na flexão de corpos de prova prismáticos. NBR 12142, ABNT, 2010, 5p.

BASTOS, P.S.S. Flexão normal simples - Vigas. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP),
fev/2015, 78p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm).

BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 –
Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia -
Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2015, 74p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).

BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II.
Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), maio/2015, 40p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 36

CARVALHO, R.C. ; FIGUEIREDO FILHO, J.R. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto
armado: segundo a NBR 6118:2014. São Carlos, v.1, Ed. EDUFSCar, 2014, 416p.

CORRÊA, M.R.S. ; RAMALHO, M.A. ; CEOTTO, L.H. Sistema PPLAN4/GPLAN4 – Manual de utilização.
São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1992,
80p.

FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 37

ANEXO I
Tabela A-1 – Valores de Kc e Ks para o aço CA-50 (para concretos do Grupo I de resistência –
fck ≤ 50 MPa, c = 1,4, γs = 1,15).
FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR - ARMADURA SIMPLES

x 
x Kc (cm2/kN) Ks (cm2/kN)
Dom.
d C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 CA-50
0,01 137,8 103,4 82,7 68,9 59,1 51,7 45,9 41,3 0,023
0,02 69,2 51,9 41,5 34,6 29,6 25,9 23,1 20,8 0,023
0,03 46,3 34,7 27,8 23,2 19,8 17,4 15,4 13,9 0,023
0,04 34,9 26,2 20,9 17,4 14,9 13,1 11,6 10,5 0,023
0,05 28,0 21,0 16,8 14,0 12,0 10,5 9,3 8,4 0,023
0,06 23,4 17,6 14,1 11,7 10,0 8,8 7,8 7,0 0,024
0,07 20,2 15,1 12,1 10,1 8,6 7,6 6,7 6,1 0,024
0,08 17,7 13,3 10,6 8,9 7,6 6,6 5,9 5,3 0,024
0,09 15,8 11,9 9,5 7,9 6,8 5,9 5,3 4,7 0,024
0,10 14,3 10,7 8,6 7,1 6,1 5,4 4,8 4,3 0,024
0,11 13,1 9,8 7,8 6,5 5,6 4,9 4,4 3,9 0,024
0,12 12,0 9,0 7,2 6,0 5,1 4,5 4,0 3,6 0,024
0,13 11,1 8,4 6,7 5,6 4,8 4,2 3,7 3,3 0,024
0,14 10,4 7,8 6,2 5,2 4,5 3,9 3,5 3,1 0,024
2
0,15 9,7 7,3 5,8 4,9 4,2 3,7 3,2 2,9 0,024
0,16 9,2 6,9 5,5 4,6 3,9 3,4 3,1 2,7 0,025
0,17 8,7 6,5 5,2 4,3 3,7 3,2 2,9 2,6 0,025
0,18 8,2 6,2 4,9 4,1 3,5 3,1 2,7 2,5 0,025
0,19 7,8 5,9 4,7 3,9 3,4 2,9 2,6 2,3 0,025
0,20 7,5 5,6 4,5 3,7 3,2 2,8 2,5 2,2 0,025
0,21 7,1 5,4 4,3 3,6 3,1 2,7 2,4 2,1 0,025
0,22 6,8 5,1 4,1 3,4 2,9 2,6 2,3 2,1 0,025
0,23 6,6 4,9 3,9 3,3 2,8 2,5 2,2 2,0 0,025
0,24 6,3 4,7 3,8 3,2 2,7 2,4 2,1 1,9 0,025
0,25 6,1 4,6 3,7 3,1 2,6 2,3 2,0 1,8 0,026
0,26 5,9 4,4 3,5 2,9 2,5 2,2 2,0 1,8 0,026
0,27 5,7 4,3 3,4 2,8 2,4 2,1 1,9 1,7 0,026
0,28 5,5 4,1 3,3 2,8 2,4 2,1 1,8 1,7 0,026
0,29 5,4 4,0 3,2 2,7 2,3 2,0 1,8 1,6 0,026
0,30 5,2 3,9 3,1 2,6 2,2 1,9 1,7 1,6 0,026
0,31 5,1 3,8 3,0 2,5 2,2 1,9 1,7 1,5 0,026
0,32 4,9 3,7 3,0 2,5 2,1 1,8 1,6 1,5 0,026
0,33 4,8 3,6 2,9 2,4 2,1 1,8 1,6 1,4 0,026
0,34 4,7 3,5 2,8 2,3 2,0 1,8 1,6 1,4 0,027
0,35 4,6 3,4 2,7 2,3 2,0 1,7 1,5 1,4 0,027
0,36 4,5 3,3 2,7 2,2 1,9 1,7 1,5 1,3 0,027
0,37 4,4 3,3 2,6 2,2 1,9 1,6 1,5 1,3 0,027
0,38 4,3 3,2 2,6 2,1 1,8 1,6 1,4 1,3 0,027
0,40 4,1 3,1 2,5 2,0 1,8 1,5 1,4 1,2 0,027
0,42 3,9 2,9 2,4 2,0 1,7 1,5 1,3 1,2 0,028 3
0,44 3,8 2,8 2,3 1,9 1,6 1,4 1,3 1,1 0,028
0,45 3,7 2,8 2,2 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,46 3,7 2,7 2,2 1,8 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,48 3,5 2,7 2,1 1,8 1,5 1,3 1,2 1,1 0,028
0,50 3,4 2,6 2,1 1,7 1,5 1,3 1,1 1,0 0,029
0,52 3,3 2,5 2,0 1,7 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,54 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,56 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,9 0,030
0,58 3,1 2,3 1,8 1,5 1,3 1,2 1,0 0,9 0,030
0,60 3,0 2,3 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,030
0,62 2,9 2,2 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,031
0,63 2,9 2,2 1,7 1,5 1,2 1,1 1,0 0,9 0,031
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 38

Tabela A-2 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (Tabela 17.3 da NBR 6118).
Valores de mín(a) (%)
Forma
da seção
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Retan-
0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
gular
(a) Os valores de mín estabelecidos nesta Tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h = 0,8, c = 1,4 e s = 1,15. Caso esses
fatores sejam diferentes, mín deve ser recalculado.
mín = As,mín/Ac

Tabela A-3 – Área e massa linear de fios e barras de aço (NBR 7480).
Diâmetro (mm) Massa Área Perímetro
Fios Barras (kg/m) (mm2) (mm)
2,4 - 0,036 4,5 7,5
3,4 - 0,071 9,1 10,7
3,8 - 0,089 11,3 11,9
4,2 - 0,109 13,9 13,2
4,6 - 0,130 16,6 14,5
5 5 0,154 19,6 17,5
5,5 - 0,187 23,8 17,3
6 - 0,222 28,3 18,8
- 6,3 0,245 31,2 19,8
6,4 - 0,253 32,2 20,1
7 - 0,302 38,5 22,0
8 8 0,395 50,3 25,1
9,5 - 0,558 70,9 29,8
10 10 0,617 78,5 31,4
- 12,5 0,963 122,7 39,3
- 16 1,578 201,1 50,3
- 20 2,466 314,2 62,8
- 22 2,984 380,1 69,1
- 25 3,853 490,9 78,5
- 32 6,313 804,2 100,5
- 40 9,865 1256,6 125,7
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 39

Tabela A-4 – Área de aço e largura bw mínima.


2
Diâm. As (cm ) Número de barras
(mm) bw (cm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
As 0,14 0,28 0,42 0,56 0,70 0,84 0,98 1,12 1,26 1,40
4,2 Br. 1 - 8 11 14 16 19 22 25 27 30
bw
Br. 2 - 9 13 16 19 23 26 30 33 36
As 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00
5 Br. 1 - 9 11 14 17 20 22 25 28 31
bw
Br. 2 - 9 13 16 20 23 27 30 34 37
As 0,31 0,62 0,93 1,24 1,55 1,86 2,17 2,48 2,79 3,10
6,3 Br. 1 - 9 12 15 18 20 23 26 29 32
bw
Br. 2 - 10 13 17 20 24 28 31 35 39
As 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
8 Br. 1 - 9 12 15 18 21 25 28 31 34
bw
Br. 2 - 10 14 17 21 25 29 33 36 40
As 0,80 1,60 2,40 3,20 4,00 4,80 5,60 6,40 7,20 8,00
10 Br. 1 - 10 13 16 19 23 26 29 33 36
bw
Br. 2 - 10 14 18 22 26 30 34 38 42
As 1,25 2,50 3,75 5,00 6,25 7,50 8,75 10,00 11,25 12,50
12,5 Br. 1 - 10 14 17 21 24 28 31 35 38
bw
Br. 2 - 11 15 19 24 28 32 36 41 45
As 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
16 Br. 1 - 11 15 19 22 26 30 34 38 42
bw
Br. 2 - 11 16 21 25 30 34 39 44 48
As 3,15 6,30 9,45 12,60 15,75 18,90 22,05 25,20 28,35 31,50
20 Br. 1 - 12 16 20 24 29 33 37 42 46
bw
Br. 2 - 12 17 22 27 32 37 42 47 52
As 3,80 7,60 11,40 15,20 19,00 22,80 26,60 30,40 34,20 38,00
22 Br. 1 - 12 16 21 25 30 34 39 43 48
bw
Br. 2 - 13 18 23 28 33 39 44 49 54
As 4,90 9,80 14,70 19,60 24,50 29,40 34,30 39,20 44,10 49,00
25 Br. 1 - 13 18 23 28 33 38 43 48 53
bw
Br. 2 - 13 19 24 30 35 41 46 52 57
As 8,05 16,10 24,15 32,20 40,25 48,30 56,35 64,40 72,45 80,50
32 Br. 1 - 15 21 28 34 40 47 53 60 66
bw
Br. 2 - 15 21 28 34 40 47 53 60 66
As 12,60 25,20 37,80 50,40 63,00 75,60 88,20 100,80 113,40 126,00
40 Br. 1 - 17 25 33 41 49 57 65 73 81
bw
Br. 2 - 17 25 33 41 49 57 65 73 81
largura bw mínima:
bw,mín = 2 (c + t) + no barras .  + ah.mín (no barras – 1) c Øt

Ø
Br. 1 = brita 1 (dmáx = 19 mm) ; Br. 2 = brita 2 (dmáx = 25 mm)
Valores adotados: t = 6,3 mm ; cnom = 2,0 cm
Para cnom  2,0 cm, aumentar bw,mín conforme: av

cnom = 2,5 cm  + 1,0 cm 2 cm


cnom = 3,0 cm  + 2,0 cm 
a h , mín   ah
cnom = 3,5 cm  + 3,0 cm 1,2d bw
cnom = 4,0 cm  + 4,0 cm  máx,agr
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 40

Tabela A-5 – Equações simplificadas segundo o Modelo de Cálculo I para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples).

VRd2 VSd,mín Asw


Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)
VSd
C20 0,35 b w d 0,101 b w d 2,55  0,17 b w
d
V
C25 0,43 b w d 0,117 b w d 2,55 Sd  0,20 b w
d
VSd
C30 0,51 b w d 0,132 b w d 2,55  0,22 b w
d
VSd
C35 0,58 b w d 0,147 b w d 2,55  0,25 b w
d
VSd
C40 0,65 b w d 0,160 b w d 2,55  0,27 b w
d
VSd
C45 0,71 b w d 0,173 b w d 2,55  0,29 b w
d
VSd
C50 0,77 b w d 0,186 b w d 2,55  0,31 b w
d
bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;

Tabela A-6 – Equações simplificadas segundo Modelo de Cálculo II para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples)

VRd2 VSd,mín Asw


Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)

C20 0,71 b w . d . sen .cos  0,035. b w . d . cot g   Vc1

C25 0,87 b w . d . sen .cos  0,040 . b w . d . cot g   Vc1

C30 1,02 b w . d . sen . cos  0,045 . b w . d . cot g   Vc1


VSd  Vc1 
C35 1,16 b w . d . sen .cos  0,050 . b w . d . cot g   Vc1 2,55 tg 
d
C40 1,30 b w . d . sen .cos  0,055 . b w . d . cot g   Vc1

C45 1,42 b w . d . sen . cos  0,059 . b w . d . cot g   Vc1

C50 1,54 b w . d . sen .cos  0,064 . b w . d . cot g   Vc1


bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;  = ângulo de inclinação das bielas de compressão ();
VC1 = força cortante proporcionada pelos mecanismos complementares ao de treliça, kN;
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 41

Tabela A-7 – Comprimento de ancoragem (cm) para o aço CA-50 nervurado.

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado


Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 42

Tabela A-8 – Comprimento de ancoragem (cm) para o aço CA-60 entalhado.

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-60 entalhado


Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
3,4
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
4,2
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
5
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
6
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
7
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
8
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
9,5
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15

Tabela A-9 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) (Tabela 9.1 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
 20 5 8 -
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 43

ANEXO II

RELATÓRIOS DE RESULTADOS - PROGRAMA PPLAN4

a) Esforços Solicitantes na Viga Contínua VS1 (19 x 60) – Processamento inicial

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II


CLIENTE: Apostila Vigas CA - EXEMPLO

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DA GEOMETRIA DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE COORDENADAS NODAIS

NO COORD X COORD Y IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .000 .000 NOGL


2 359.500 .000 NOGL
3 719.000 .000 NOGL
4 1078.500 .000 NOGL
5 1438.000 .000 NOGL

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE RESTRICOES NODAIS

NO RESTR X RESTR Y RESTR R IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07 RES


5 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07 RES
3 1 1 0 RES

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARACTERISTICAS DE BARRAS

NO NO COSSENO OPCAO
BARRA INIC FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR DIAG IDENT
---------------------------------------------------------------------------

1 1 2 1 359.500 1.0000 1 BARG


2 2 3 1 359.500 1.0000 1 BARG
3 3 4 1 359.500 1.0000 1 BARG
4 4 5 1 359.500 1.0000 1 BARG

---------------------------------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 44

GERACAO DE PROPRIEDADES DE BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00 PROP

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00 MATL

---------------------------------------------------------------------------
PARAMETROS GEOMETRICOS E ELASTICOS DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS.......................................................... 5
NUMERO DE NOS COM RESTRICOES........................................... 3
NUMERO DE RESTRICOES NODAIS............................................ 6
NUMERO DE BARRAS....................................................... 4
NUMERO DE BARRAS COM ROTULA(S)......................................... 0
NUMERO DE ROTULAS...................................................... 0
NUMERO DE PROPRIEDADES DE BARRAS....................................... 1
NUMERO DE MATERIAIS ................................................... 1
NUMERO DE GRAUS DE LIBERDADE........................................... 9
MAXIMA DIFERENCA ENTRE NUMEROS DE NOS DE BARRAS........................ 1
LARGURA DE BANDA DA MATRIZ DE RIGIDEZ.................................. 6
NUMERO DE ELEMENTOS DA MATRIZ DE RIGIDEZ............................. 54

---------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DA GEOMETRIA I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
I I
---------------------------------------------

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II


CLIENTE: Apostila Vigas CA - EXEMPLO

============================
PORTICO: VS1 (19 X 60)
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR X RESTR Y RESTR R


===========================================================================

1 .000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 45

2 359.500 .000 0 0 0
3 719.000 .000 1 1 0
4 1078.500 .000 0 0 0
5 1438.000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000
3 3 0 4 0 1 359.500 1.0000
4 4 0 5 0 1 359.500 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP


===========================================================================

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS1 (19 X 60) )
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO INTENSIDADE REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.2504 1.000 .000 CBRG


2 1 -.2504 1.000 .000 CBRG
3 1 -.2504 1.000 .000 CBRG
4 1 -.2504 1.000 .000 CBRG

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 0


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 5
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 4
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO X........................... .000
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO Y........................... -360.075
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 46

------------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DO CARREGAMENTO I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
------------------------------------------------

===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS1 (19 X 60) )
===========================================================================

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC X DESLOC Y ROTACAO


===========================================================================

1 .0000000 .0000000 .0014998


2 .0000000 -.3106265 -.0003750
3 .0000000 .0000000 .0000000
4 .0000000 -.3106265 .0003750
5 .0000000 .0000000 -.0014998

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 1 .000 72.766 -2517.475


2 .000 -17.253 7461.070

2 2 .000 -17.253 7461.070


3 .000 -107.271 -14922.140

3 3 .000 107.271 -14922.140


4 .000 17.253 7461.070

4 4 .000 17.253 7461.071


5 .000 -72.766 -2517.475

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO RESULT X RESULT Y MOMENTO


===========================================================================

1 .000 72.766 -2517.475


2 .000 .000 .000
3 .000 214.543 .000
4 .000 .000 .000
5 .000 72.766 2517.475

SOMATORIO DAS REACOES SEGUNDO O EIXO Y........................ 360.075


SOMATORIO DAS FORCAS ATUANTES SEGUNDO O EIXO Y................ -360.075
ERRO PERCENTUAL .............................................. .0000000 %
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 47

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 0/10 .000 72.766 -2517.475


1 1/10 .000 63.764 -63.342
1 2/10 .000 54.762 2067.175
1 3/10 .000 45.760 3874.073
1 4/10 .000 36.759 5357.354
1 5/10 .000 27.757 6517.017
1 6/10 .000 18.755 7353.063
1 7/10 .000 9.753 7865.492
1 8/10 .000 .751 8054.302
1 9/10 .000 -8.251 7919.496
1 10/10 .000 -17.253 7461.071

2 0/10 .000 -17.253 7461.070


2 1/10 .000 -26.255 6679.028
2 2/10 .000 -35.256 5573.369
2 3/10 .000 -44.258 4144.091
2 4/10 .000 -53.260 2391.196
2 5/10 .000 -62.262 314.684
2 6/10 .000 -71.264 -2085.447
2 7/10 .000 -80.266 -4809.194
2 8/10 .000 -89.268 -7856.561
2 9/10 .000 -98.270 -11227.540
2 10/10 .000 -107.271 -14922.140

3 0/10 .000 107.271 -14922.140


3 1/10 .000 98.270 -11227.540
3 2/10 .000 89.268 -7856.559
3 3/10 .000 80.266 -4809.193
3 4/10 .000 71.264 -2085.446
3 5/10 .000 62.262 314.684
3 6/10 .000 53.260 2391.197
3 7/10 .000 44.258 4144.092
3 8/10 .000 35.256 5573.370
3 9/10 .000 26.255 6679.031
3 10/10 .000 17.253 7461.073

4 0/10 .000 17.253 7461.071


4 1/10 .000 8.251 7919.496
4 2/10 .000 -.751 8054.303
4 3/10 .000 -9.753 7865.492
4 4/10 .000 -18.755 7353.063
4 5/10 .000 -27.757 6517.018
4 6/10 .000 -36.759 5357.354
4 7/10 .000 -45.760 3874.073
4 8/10 .000 -54.762 2067.174
4 9/10 .000 -63.764 -63.342
4 10/10 .000 -72.766 -2517.477

- Analise completa - fim do processamento -


UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 48

b) Esforços Solicitantes na Viga Contínua VS1 (19 x 60) – Conferência do


momento fletor positivo máximo

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II


CLIENTE: VIGA EXEMPLO - Confer. Momento positivo

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DA GEOMETRIA DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE COORDENADAS NODAIS

NO COORD X COORD Y IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .000 .000 NOGL


2 359.500 .000 NOGL
3 719.000 .000 NOGL

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE RESTRICOES NODAIS

NO RESTR X RESTR Y RESTR R IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07 RES


3 1 1 1 RES

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARACTERISTICAS DE BARRAS

NO NO COSSENO OPCAO
BARRA INIC FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR DIAG IDENT
---------------------------------------------------------------------------

1 1 2 1 359.500 1.0000 1 BARG


2 2 3 1 359.500 1.0000 1 BARG

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00 PROP

---------------------------------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 49

GERACAO DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00 MATL

---------------------------------------------------------------------------
PARAMETROS GEOMETRICOS E ELASTICOS DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS.......................................................... 3
NUMERO DE NOS COM RESTRICOES........................................... 2
NUMERO DE RESTRICOES NODAIS............................................ 5
NUMERO DE BARRAS....................................................... 2
NUMERO DE BARRAS COM ROTULA(S)......................................... 0
NUMERO DE ROTULAS...................................................... 0
NUMERO DE PROPRIEDADES DE BARRAS....................................... 1
NUMERO DE MATERIAIS ................................................... 1
NUMERO DE GRAUS DE LIBERDADE........................................... 4
MAXIMA DIFERENCA ENTRE NUMEROS DE NOS DE BARRAS........................ 1
LARGURA DE BANDA DA MATRIZ DE RIGIDEZ.................................. 6
NUMERO DE ELEMENTOS DA MATRIZ DE RIGIDEZ............................. 24

---------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DA GEOMETRIA I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
I I
---------------------------------------------

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II


CLIENTE: VIGA EXEMPLO - Confer. Momento positivo

============================
PORTICO: VS1 (19 X 60)
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR X RESTR Y RESTR R


===========================================================================

1 .000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07


2 359.500 .000 0 0 0
3 719.000 .000 1 1 1

===========================================================================
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 50

CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP


===========================================================================

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS1 (19 X 60) )
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO INTENSIDADE REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.2504 1.000 .000 CBRG


2 1 -.2504 1.000 .000 CBRG

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 0


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 3
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 2
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO X........................... .000
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO Y........................... -180.038

------------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DO CARREGAMENTO I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 51

===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS1 (19 X 60) )
===========================================================================

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC X DESLOC Y ROTACAO


===========================================================================

1 .0000000 .0000000 .0014998


2 .0000000 -.3106265 -.0003750
3 .0000000 .0000000 .0000000

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 1 .000 72.766 -2517.475


2 .000 -17.253 7461.070

2 2 .000 -17.253 7461.070


3 .000 -107.271 -14922.140

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO RESULT X RESULT Y MOMENTO


===========================================================================

1 .000 72.766 -2517.475


2 .000 .000 .000
3 .000 107.271 14922.140

SOMATORIO DAS REACOES SEGUNDO O EIXO Y........................ 180.038


SOMATORIO DAS FORCAS ATUANTES SEGUNDO O EIXO Y................ -180.038
ERRO PERCENTUAL .............................................. .0000000 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 0/10 .000 72.766 -2517.475


1 1/10 .000 63.764 -63.342
1 2/10 .000 54.762 2067.175
1 3/10 .000 45.760 3874.073
1 4/10 .000 36.759 5357.354
1 5/10 .000 27.757 6517.017
1 6/10 .000 18.755 7353.063
1 7/10 .000 9.753 7865.492
1 8/10 .000 .751 8054.302
1 9/10 .000 -8.251 7919.496
1 10/10 .000 -17.253 7461.071
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 52

2 0/10 .000 -17.253 7461.070


2 1/10 .000 -26.255 6679.028
2 2/10 .000 -35.256 5573.369
2 3/10 .000 -44.258 4144.091
2 4/10 .000 -53.260 2391.196
2 5/10 .000 -62.262 314.684
2 6/10 .000 -71.264 -2085.447
2 7/10 .000 -80.266 -4809.194
2 8/10 .000 -89.268 -7856.561
2 9/10 .000 -98.270 -11227.540
2 10/10 .000 -107.271 -14922.140

- Analise completa - fim do processamento -

c) Arquivo de dados de entrada da viga com redistribuição de esforços

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II
VIGA EXEMPLO - Redistribuição devido à Plastificação
VS1 (19 X 60)
NOGL
1,3,1,0,0,719,0,
RES
1,1,1,2,0,0,1678522,
3,1,1,
BARG
1,2,1,1,1,2,1,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,2898,
FIMG
CARR1
CNO
3,0,0,13430,
CBRG
1,2,1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME

d) Relatório de resultados da viga com redistribuição de esforços

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II


CLIENTE: VIGA EXEMPLO - Redistribuição devido à Plastificação

---------------------------------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 53

GERACAO DA GEOMETRIA DO PORTICO: VS1 (19 X 60)


---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE COORDENADAS NODAIS

NO COORD X COORD Y IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .000 .000 NOGL


2 359.500 .000 NOGL
3 719.000 .000 NOGL

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE RESTRICOES NODAIS

NO RESTR X RESTR Y RESTR R IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07 RES


3 1 1 0 RES

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARACTERISTICAS DE BARRAS

NO NO COSSENO OPCAO
BARRA INIC FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR DIAG IDENT
---------------------------------------------------------------------------

1 1 2 1 359.500 1.0000 1 BARG


2 2 3 1 359.500 1.0000 1 BARG

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00 PROP

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00 MATL

---------------------------------------------------------------------------
PARAMETROS GEOMETRICOS E ELASTICOS DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS.......................................................... 3
NUMERO DE NOS COM RESTRICOES........................................... 2
NUMERO DE RESTRICOES NODAIS............................................ 4
NUMERO DE BARRAS....................................................... 2
NUMERO DE BARRAS COM ROTULA(S)......................................... 0
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 54

NUMERO DE ROTULAS...................................................... 0
NUMERO DE PROPRIEDADES DE BARRAS....................................... 1
NUMERO DE MATERIAIS ................................................... 1
NUMERO DE GRAUS DE LIBERDADE........................................... 5
MAXIMA DIFERENCA ENTRE NUMEROS DE NOS DE BARRAS........................ 1
LARGURA DE BANDA DA MATRIZ DE RIGIDEZ.................................. 6
NUMERO DE ELEMENTOS DA MATRIZ DE RIGIDEZ............................. 30

---------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DA GEOMETRIA I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
I I
---------------------------------------------

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II


CLIENTE: VIGA EXEMPLO - Redistribuição devido à Plastificação

============================
PORTICO: VS1 (19 X 60)
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR X RESTR Y RESTR R


===========================================================================

1 .000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07


2 359.500 .000 0 0 0
3 719.000 .000 1 1 0

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP


===========================================================================

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00

===========================================================================
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 55

PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS1 (19 X 60) )
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS NODAIS

NO FORCA X FORCA Y MOMENTO IDENT


---------------------------------------------------------------------------

3 .000 .000 13430.000 CNO

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO INTENSIDADE REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.2504 1.000 .000 CBRG


2 1 -.2504 1.000 .000 CBRG

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 1


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 2
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 2
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO X........................... .000
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO Y........................... -180.038

------------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DO CARREGAMENTO I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
------------------------------------------------

===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS1 (19 X 60) )
===========================================================================

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC X DESLOC Y ROTACAO


===========================================================================
1 .0000000 .0000000 .0016281
2 .0000000 -.3522480 -.0003233
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 56

3 .0000000 .0000000 -.0003348

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 1 .000 75.141 -2732.872


2 .000 -14.878 8099.443

2 2 .000 -14.878 8099.442


3 .000 -104.897 -13430.000

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO RESULT X RESULT Y MOMENTO


===========================================================================

1 .000 75.141 -2732.872


2 .000 .000 .000
3 .000 104.897 .000

SOMATORIO DAS REACOES SEGUNDO O EIXO Y........................ 180.038


SOMATORIO DAS FORCAS ATUANTES SEGUNDO O EIXO Y................ -180.038
ERRO PERCENTUAL .............................................. .0000000 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 0/10 .000 75.141 -2732.872


1 1/10 .000 66.139 -193.362
1 2/10 .000 57.137 2022.531
1 3/10 .000 48.135 3914.807
1 4/10 .000 39.133 5483.465
1 5/10 .000 30.132 6728.505
1 6/10 .000 21.130 7649.928
1 7/10 .000 12.128 8247.733
1 8/10 .000 3.126 8521.922
1 9/10 .000 -5.876 8472.492
1 10/10 .000 -14.878 8099.445

2 0/10 .000 -14.878 8099.442


2 1/10 .000 -23.880 7402.777
2 2/10 .000 -32.882 6382.495
2 3/10 .000 -41.883 5038.594
2 4/10 .000 -50.885 3371.077
2 5/10 .000 -59.887 1379.941
2 6/10 .000 -68.889 -934.812
2 7/10 .000 -77.891 -3573.183
2 8/10 .000 -86.893 -6535.172
2 9/10 .000 -95.895 -9820.777
2 10/10 .000 -104.897 -13430.000

- Analise completa - fim do processamento -


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
UNESP - Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil

Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II

Notas de Aula

TORÇÃO EM VIGAS DE
CONCRETO ARMADO

Prof. Dr. PAULO SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS


(wwwp.feb.unesp.br/pbastos)

Bauru
Junho/2017
APRESENTAÇÃO

Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina


2323 – Estruturas de Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Bauru/SP.
O texto apresenta as prescrições contidas na NBR 6118/2014 (“Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento”) para o projeto e dimensionamento de vigas de Concreto Armado submetidas à torção.
Inicialmente são apresentadas diversas informações teóricas, como os casos e os valores mais
comuns do momento de torção, a torção de equilíbrio e de compatibilidade, noções da torção simples,
comportamento das vigas de Concreto Armado sob torção, analogia e formulação para a treliça espacial
generalizada, formas de ruptura por torção, etc.
Por último são apresentados três exemplos numéricos de aplicação. Os exemplos são completos e
abrangem todos os cálculos necessários para o projeto de uma viga, como o dimensionamento à flexão e à
força cortante, a ancoragem nos apoios e a disposição da armadura longitudinal com o “cobrimento” do
diagrama de momentos fletores.
Agradecimento a Éderson dos Santos Martins pela confecção de desenhos.
Críticas e sugestões serão bem-vindas.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 1
2. CASOS MAIS COMUNS .............................................................................................................................. 1
3. CASOS TÍPICOS PARA O MOMENTO DE TORÇÃO .............................................................................. 3
4. TORÇÃO DE EQUILÍBRIO E DE COMPATIBILIDADE .......................................................................... 5
5. TORÇÃO SIMPLES (TORÇÃO DE ST. VENANT) .................................................................................... 8
6. TORÇÃO SIMPLES APLICADA A SEÇÕES VAZADAS DE PAREDE FINA ...................................... 10
7. COMPORTAMENTO DAS VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À TORÇÃO
SIMPLES ......................................................................................................................................................... 11
8. ANALOGIA DA TRELIÇA ESPACIAL PARA A TORÇÃO SIMPLES .................................................. 13
9. TORÇÃO COMBINADA COM MOMENTO FLETOR E FORÇA CORTANTE .................................... 14
10. FORMAS DE RUPTURA POR TORÇÃO ............................................................................................... 15
10.1 Ruptura por Tração .............................................................................................................................. 15
10.2 Ruptura por Compressão ...................................................................................................................... 15
10.3 Ruptura dos Cantos .............................................................................................................................. 16
10.4 Ruptura da Ancoragem ........................................................................................................................ 16
11. TORÇÃO SIMPLES - DEFINIÇÃO DAS FORÇAS E TENSÕES NA TRELIÇA GENERALIZADA . 17
11.1 Diagonais de Compressão .................................................................................................................... 17
11.2 Armadura longitudinal ......................................................................................................................... 18
11.3 Estribos ................................................................................................................................................ 19
12. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES À TORÇÃO UNIFORME NO ESTADO-
LIMITE ÚLTIMO (ELU) SEGUNDO A NBR 6118 ...................................................................................... 20
12.1 Geometria da Seção Resistente ............................................................................................................ 20
12.2 Torção de Compatibilidade .................................................................................................................. 20
12.3 Torção de Equilíbrio ............................................................................................................................ 20
12.4 Armadura Mínima ................................................................................................................................ 22
12.5 Solicitações Combinadas ..................................................................................................................... 23
12.5.1 Flexão e Torção ............................................................................................................................ 23
12.5.2 Torção e Força Cortante ............................................................................................................... 23
12.6 Fissuração Inclinada da Alma .............................................................................................................. 24
12.7 Disposições Construtivas ..................................................................................................................... 24
12.7.1 Estribos ......................................................................................................................................... 24
12.7.2 Armadura Longitudinal ................................................................................................................ 24
13. MOMENTO DE INÉRCIA À TORÇÃO................................................................................................... 25
14. EXEMPLOS NUMÉRICOS DE APLICAÇÃO ........................................................................................ 25
14.1 Exemplo 1 ............................................................................................................................................ 25
14.2 Exemplo 2 ............................................................................................................................................ 40
14.3 Exemplo 3 ............................................................................................................................................ 57
15. QUESTIONÁRIO ...................................................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 84
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 84
ANEXO A - TABELAS ................................................................................................................................... 86
ANEXO B - LISTAGENS DE RESULTADOS DOS PROGRAMAS GPLAN4 E PPLAN4 ....................... 94
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 1

1. INTRODUÇÃO

Um conjugado que tende a torcer uma peça fazendo-a girar sobre o seu próprio eixo é denominado
“momento de torção”, momento torçor ou torque. O caso mais comum de torção ocorre em eixos de
transmissão.
A torção simples, torção uniforme ou torção pura (não atuação simultânea com M e V), excetuando
os eixos de transmissão, ocorre raramente na prática. Geralmente a torção ocorre combinada com momento
fletor e força cortante, mesmo que esses esforços sejam causados apenas pelo peso próprio do elemento
estrutural. De modo aproximado, os princípios de dimensionamento para a torção simples são aplicados às
vigas com atuação simultânea de momento fletor e força cortante (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
Nas estruturas de concreto, a ligação monolítica entre as vigas e as lajes e entre vigas apoiadas em
outras vigas, dá origem a momentos de torção, que, de modo geral, podem ser desprezados por não serem
essenciais ao equilíbrio. Entretanto, no caso da chamada “torção de equilíbrio”, como se verá adiante, a
consideração dos momentos torçores é imprescindível para garantir o equilíbrio do elemento estrutural.
Desde o início do século passado numerosos estudos experimentais foram realizados em vigas de
Concreto Armado sob solicitação de torção simples. Os resultados dos estudos justificaram o
dimensionamento simplificado à torção, considerando-se as vigas com seção vazada (oca) e de parede fina,
segundo as equações clássicas da Resistência dos Materiais, formuladas por BREDT.
Assim como feito no dimensionamento de vigas à força cortante, na torção será feita também a
analogia com uma treliça, porém espacial. A Treliça Generalizada, com ângulo  variável de inclinação das
diagonais comprimidas, é o modelo atualmente mais aceito internacionalmente. Como no dimensionamento
para outros tipos de solicitação, as tensões de compressão serão absorvidas pelo concreto e as tensões de
tração pelo aço, na forma de duas diferentes armaduras, uma longitudinal e outra transversal (estribos).
A análise da torção em perfis abertos de paredes finas, com aplicação da torção de Vlassov ou Flexo-
Torção, não será aqui apresentada por não fazer parte do programa da disciplina na graduação.

2. CASOS MAIS COMUNS

Um caso comum de torção em vigas de Concreto Armado ocorre quando existe uma distância entre a
linha de ação da carga e o eixo longitudinal da viga, como mostrado na Figura 1 e na Figura 2. Na Figura 1, a
viga AB, estando obrigatoriamente engastada na extremidade B da viga BC, aplica nesta um momento de
torção, que deve ser obrigatoriamente considerado no equilíbrio da viga BC. Na viga mostrada na Figura 2 a
torção existirá se as cargas F1 e F2 forem diferentes. Essa situação pode ocorrer durante a fase de construção
ou mesmo quando atuarem os carregamentos permanentes e variáveis, se estes forem diferentes nas
estruturas que se apoiam na viga em forma de T invertido.
O caso mais comum de torção ocorre com lajes em balanço, engastadas em vigas de apoio, como por
exemplo lajes (marquises) para proteção de porta de entrada de barracões, lojas, galpões, etc. (Figura 3 e
Figura 4). O fato da laje em balanço não ter continuidade com outras lajes internas à construção faz com que
a laje deva estar obrigatoriamente engastada na viga de apoio, de modo que a flexão na laje passa a ser torção
na viga. A torção na viga torna-se flexão no pilar, devendo ser considerada no seu dimensionamento.

F1 F2
C

F B

Figura 1 – Viga em balanço com Figura 2 – Viga do tipo T invertido para apoio de estrutura de
carregamento excêntrico. piso ou de cobertura.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 2

Figura 3 – Torção em viga devido a engastamento de laje em balanço.

B C

B
B

A
A

Figura 4 – Viga contínua sob torção por efeito de laje em balanço.

Um outro caso de torção em viga, de certa forma também comum nas construções, ocorre em vigas
com mudança de direção, como mostrado na Figura 5. No ponto de mudança de direção um tramo aplica
sobre o outro um momento de torção. A torção também ocorre em vigas curvas, com ou sem mudança de
direção, como mostrado na Figura 6.
Se a torção for necessária ao equilíbrio da viga e não for apropriadamente considerada no seu
dimensionamento, intensa fissuração pode se desenvolver, prejudicando a segurança e a estética da
construção.

Figura 5 – Torção em viga devido à mudança de direção.


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 3

Figura 6 – Vigas curvas e com mudança de direção são solicitação por torção.

3. CASOS TÍPICOS PARA O MOMENTO DE TORÇÃO

Apresentam-se na Figura 7 até a Figura 11 os valores dos momentos de torção para alguns casos
mais comuns na prática das estruturas, onde m representa o momento torçor externo aplicado, T o momento
de torção solicitante e F a força concentrada.

T=-m

Figura 7 – Momento de torção concentrado aplicado na extremidade de viga em balanço.

m m

a a

T=m
T=-m

Figura 8 – Momento de torção aplicado à distância a das extremidades de viga biengastada.


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 4

m
T=
2
m
T=
2

Figura 9 – Momento de torção uniformemente distribuído em viga biengastada.

 /2  /2

m
T=
2
m
T=
2

Figura 10 – Momento de torção concentrado aplicado no centro de viga biengastada.

m=F.e

A B

F a b


e
mb
TA =
 ma
TB=

Figura 11 – Momento de torção concentrado aplicado fora do centro do vão de viga biengastada.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 5

4. TORÇÃO DE EQUILÍBRIO E DE COMPATIBILIDADE

A torção nas estruturas de concreto pode ser dividida em duas categorias: torção de equilíbrio e
torção de compatibilidade. Na torção de equilíbrio, o momento de torção deve ser obrigatoriamente
considerado, pois ele é necessário para o equilíbrio da estrutura. As estruturas mostradas na Figura 1 até a
Figura 6 encontram-se solicitadas por torção de equilíbrio, devendo ser obrigatoriamente considerada.
A torção de compatibilidade ocorre comumente nos sistemas estruturais, onde o caso de laje apoiada
sobre uma viga de borda é o exemplo mais comum, como mostrado na Figura 12. A laje, ao tentar girar,
aplica um momento de torção (mT) na viga, que tende a girar também, sendo impedida pela rigidez à flexão
dos pilares. Surgem então momentos torçores solicitantes na viga e momentos fletores nos pilares. Quando a
rigidez da viga à torção é pequena comparada à sua rigidez à flexão, a viga fissura e gira, permitindo o giro
da laje também. Ocorre então uma compatibilização entre as deformações da viga e da laje, e como
consequência os momentos torçores na viga diminuem bastante, podendo ser desprezados.

a)
bord m E (Laje)
e
ad
( Vig
m T
Momento de
dimensionamento
da laje
je)
(La
m (Laje)

T
(Viga de bordo) m T = m E (Laje)

Mf
(Pilar)
T
Mf

Figura 12 – Torção de compatibilidade de laje com viga de apoio.


(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

Um outro exemplo de torção de compatibilidade é aquele mostrado na Figura 13 e na Figura 14.


Como se observa na Figura 14, a viga AB apoia-se nas vigas CD e EF.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 6

Figura 13 – Esquema das vigas com os pilares.

A Figura 15 mostra o caso das vigas de apoio CD e EF com rigidez à torção elevada. Neste caso não
existe total liberdade de rotação para a viga AB nas suas extremidades, o que faz surgir os momentos de
engastamento MA e MB , que, por outro lado, passam a ser momentos torçores concentrados e aplicados em
A e B.

Figura 14 – Esquema estrutural (SÜSSEKIND, 1985).


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 7

Figura 15 – Caso das vigas de apoio com elevada rigidez à torção.

A intensidade dos momentos fletores e torçores depende das rigidezes relativas das vigas, ou seja, da
rigidez à torção das vigas CD e EF e da rigidez à flexão da viga AB. Se a rigidez à torção das vigas CD e EF
for zero, a viga AB fica livre para girar em A e B, levando a zero os momentos fletores M A e MB , e
consequentemente também os momentos torçores (Figura 16). Nesta análise percebe-se que a torção é
consequência da compatibilidade de deformações das vigas, daí a chamada “torção de compatibilidade”.
Neste caso há o equilíbrio, embora sem se considerar a ligação monolítica da viga AB com as vigas CD e
EF.
Por outro lado, sob o efeito do momento de torção a viga irá fissurar, o que acarreta uma
significativa diminuição na rigidez da viga à torção. Desse modo, as vigas CD e EF, ao fissurarem por efeito
da torção proveniente da viga AB, têm sua rigidez à torção diminuída, diminuindo por consequência os
momentos MA e T, o que leva ao aumento do momento fletor positivo da viga AB.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 8

Figura 16 – Caso de pequena rigidez à torção.

Pode-se assim resumir que, “a torção nas vigas deve ser considerada quando for necessária para o
equilíbrio (torção de equilíbrio), e pode ser desconsiderada quando for de compatibilidade”.
Considerando-se o pavimento de um edifício constituído por lajes e vigas, além da torção de
compatibilidade existente entre as vigas, a ligação monolítica entre as lajes e as vigas, como mostrado na
Figura 12, também ocasiona o surgimento de momentos de torção nas vigas, de compatibilidade, não
imprescindível ao equilíbrio do sistema, podendo assim serem desprezados também.
Somado a isso, por imposição da arquitetura a largura das vigas varia normalmente de 12 a 20 cm, e
para as alturas correntes das vigas (comumente até 60 cm), a rigidez à torção não é significativa, o que leva a
valores baixos para a torção de compatibilidade, justificando a sua desconsideração.
Outra análise que se faz é que, se as vigas CD e EF forem livres para girar nas extremidades, o
momento de torção T será zero, ou seja, não existirá o momento de torção. Ou, por outro lado, e o que é mais
comum na prática das estruturas, devido à ligação monolítica das vigas CD e EF com os pilares de apoio, se
as vigas não podem girar e a rigidez à torção das vigas CD e EF é muito maior que a rigidez à flexão da viga
AB, o momento fletor MA se aproxima do momento fletor de engastamento. Portanto, os momentos T e MA
resultam do giro da viga AB em A e B, que deve ser compatível com o ângulo de torção das vigas CD e EF
em A e B.

5. TORÇÃO SIMPLES (TORÇÃO DE ST. VENANT)

Numa barra de seção circular, como a indicada na Figura 17, submetida a momento de torção, com
empenamento permitido (torção livre), surgem tensões principais inclinadas de 45 e 135 com o eixo
longitudinal da barra. As trajetórias das tensões principais desenvolvem-se segundo uma curvatura
helicoidal, em torno da barra. A trajetória das tensões principais de tração ocorre na direção da rotação e a
compressão na direção contrária, ao longo de todo o perímetro da seção.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 9

Figura 17 – Trajetórias das tensões principais na seção circular.

Se considerado um estado de tensão segundo a direção dos eixos longitudinal e transversal da seção,
o momento de torção provoca o surgimento de tensões de cisalhamento em planos perpendiculares ao eixo
da barra circular e em planos longitudinais, simultaneamente, como mostrado na Figura 18, Figura 19 e
Figura 20.


T

Figura 18 – Tensões de cisalhamento numa barra de seção circular sob torção.

a)

b)

c)

Figura 19 – Tensões devidas à torção: a) tensões de cisalhamento; b) tensões principais


de tração e compressão; c) trajetória helicoidal das fissuras. (MACGREGOR, 1997).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 10

T
T
I
II

°
45
II
I

Figura 20 – Tensões de cisalhamento e tensões principais na seção circular.

A distribuição das tensões de cisalhamento em seções transversais circulares e quadradas ocorre


como indicado na Figura 21. A tensão de cisalhamento é máxima nas superfícies externas da seção e zero
nos vértices e no eixo que passa pelo centro de gravidade.

Figura 21 – Variação da tensão de cisalhamento na seção transversal.

Por questão de simplicidade, as vigas de Concreto Armado sob momento de torção são
dimensionadas como se fossem ocas e de parede fina. Ao desprezar a parte correspondente à área interna da
seção o erro cometido não é significativo nem antieconômico, porque a espessura da casca ou parede é
determinada de forma que represente uma seção com grande percentual de resistência ao momento de torção.
Este procedimento resulta num acréscimo de segurança que não é excessivo, sendo, portanto, pouco
antieconômico.

6. TORÇÃO SIMPLES APLICADA A SEÇÕES VAZADAS DE PAREDE FINA

Considere a seção vazada mostrada na Figura 22, com espessura t, submetida ao momento de torção
T.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 11

A
I
X

A' T

IA
____ s
+

ÉD
ds

M
A
NH
LI
s x dt
t + ____ s
ds
s
O
x

r t
-I
s
B dA T
A ds X

Figura 22 – Seção vazada com parede fina (SÁNCHEZ, 2001).

Do equilíbrio estático da seção tem-se a igualdade da resultante das tensões  com o momento de
torção T que as originou:

T    t ds  r Eq. 1

O produto  . t (fluxo de cisalhamento ou de torção) é constante, e o produto ds . r é o dobro da área


do triângulo OAB (d . Ae), vindo:

T  2  t  d Ae Eq. 2

Da Eq. 2 surge a tensão de cisalhamento em qualquer ponto da parede fina, devida ao momento de
torção:
T
 Eq. 3
2 t Ae

com Ae sendo a área interna compreendida pelo eixo da parede fina, como indicada na Figura 23.
t

Ae

Figura 23 – Área Ae da seção vazada.

7. COMPORTAMENTO DAS VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À TORÇÃO


SIMPLES

LEONHARDT e MÖNNIG (1982) descrevem os resultados de ensaios realizados por MÖRSCH,


entre 1904 e 1921. Foram estudados cilindros ocos à torção simples, sem armadura, com armadura
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 12

longitudinal, com armadura transversal, com ambas as armaduras e com armadura em forma de hélice, como
mostrado na Figura 24.
Os ensaios confirmaram que nas seções de Concreto Armado as tensões principais de tração e de
compressão são inclinadas de 45 e com traçado helicoidal. Após o surgimento das fissuras de torção que se
desenvolvem em forma de hélice, apenas uma casca externa e com pequena espessura colabora na resistência
da seção à torção. Isso ficou evidenciado em ensaios de seções ocas ou cheias com armaduras idênticas, que
apresentaram as mesmas deformações e tensões nas armaduras.

10

10 10 10 10,8


10,8
10,8 10,8
10
10,8 10,8

34 34 34 34

40 40 40 40
10,7 10,7

Figura 24 – Seções estudadas por MÖRSCH (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

A Tabela 1 apresenta os resultados experimentais obtidos, para o momento de fissuração (momento


de torção correspondente à primeira fissura) e para o momento de torção na ruptura.

Tabela 1 – Momentos torçores de primeira fissura e de ruptura (kN.cm)


de seções ocas ensaiadas por MÖRSCH.
Momento Torçor de Momento Torçor
Seção
Primeira fissura de Ruptura
Sem armaduras 2330 2330
Com armadura longitudinal 2330 2380
Com armadura transversal 2500 2500
Com armaduras longitudinal e
2470 3780
transversal
Com armadura helicoidal 2700 > 7000*
* A máquina de ensaio não levou a seção à ruptura

Os ensaios demonstraram que: na seção oca sem armadura as fissuras são inclinadas a 45 e em
forma de hélice; com somente uma armadura, seja longitudinal ou transversal, o aumento de resistência é
muito pequeno e desprezível; com duas armaduras a resistência aumentou e, com armadura helicoidal,
segundo a trajetória das tensões principais de tração, o aumento de resistência foi muito efetivo. Os valores
contidos na Tabela 1 demonstram as observações.
Fissuras inclinadas podem se desenvolver quando a tensão principal de tração alcança a resistência
do concreto à tração, levando uma viga não armada à ruptura. Se a viga for armada com barras longitudinais
e estribos fechados transversais, a viga pode resistir a um aumento de carga após a fissuração inicial.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 13

8. ANALOGIA DA TRELIÇA ESPACIAL PARA A TORÇÃO SIMPLES

Existem hoje basicamente duas teorias muito diferentes com o intuito de explicar o comportamento
de uma viga sob torção. Uma delas é chamada de “Flexão Esconsa” (skew bending theory), e foi
desenvolvida por LESSIG (1959) e atualizada por HSU (1968). A segunda teoria baseia-se na analogia da
seção vazada (Teoria de Bredt) com uma treliça espacial, chamada de “Treliça Generalizada”. A teoria foi
inicialmente elaborada por RAUSCH em 1929, estando em uso por diversas normas até os dias de hoje.
Como apresentado no item anterior os ensaios experimentais realizados mostraram que as seções
cheias de concreto podem ser calculadas como seções vazadas de paredes finas. A Figura 25 mostra o
modelo de uma seção cheia fissurada, sob torção simples. As tensões de compressão são resistidas pelo
concreto da casca e as tensões de tração são resistidas pelo conjunto armadura longitudinal e armadura
transversal (estribos).

Fissuras
R s,e
Cd

Cd
Cd
Cd
R s Cd

R s
Cd
Cd
Cd
Cd

R s R s,e
R s

Figura 25 – Modelo resistente para a torção simples em viga de concreto fissurada.


(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

A treliça clássica inicialmente concebida admitia que a viga apresentasse fissuras inclinadas de 45
com o eixo longitudinal (Figura 26). Os banzos paralelos representam a armadura longitudinal, as diagonais
comprimidas desenvolvem-se em hélice, com inclinação de 45, representando as bielas de compressão e os
montantes verticais e horizontais representam estribos fechados a 90 com o eixo longitudinal da viga.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 14

Esforços solicitantes
no corte ll - ll

Cd /cos 45

B
M
Cd /sen 45 Cd /sen 45

Cd /cos 45
ll Esforços nas barras
do nó B
R s
a
D
R s,e
bm
=

ll C d 45°
tr
es

C d 45°
a

45° R s
R s,e

bm M
Barras tracionadas
T
Diagonais comprimidas
bm

Figura 26 – Treliça espacial para viga com torção simples com armadura longitudinal e transversal.
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

9. TORÇÃO COMBINADA COM MOMENTO FLETOR E FORÇA CORTANTE

A Figura 27 mostra as trajetórias das fissuras numa viga de concreto de seção retangular. As fissuras
apresentam-se com trajetórias inclinadas de aproximadamente 45 com o eixo longitudinal da viga.

Figura 27 – Trajetórias das fissuras na viga vazada de seção retangular.

Quando o valor do momento fletor é elevado comparativamente ao momento de torção, a zona


comprimida pelo momento fletor fica isenta de fissuras, como mostrado na Figura 28.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 15

Figura 28 – Modelo para vigas com altos momentos fletores (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

No caso da força cortante elevada, uma face vertical deverá ficar isenta de fissuras, sendo aquela
onde as tensões de cisalhamento da torção e do esforço cortante têm sentidos contrários. Isso fica
demonstrado nos modelos de treliça adotados, onde as diagonais comprimidas da treliça para o cortante
opõem-se às diagonais tracionadas da treliça espacial da torção.
As fissuras nesses casos apresentam-se contínuas, em forma de hélice e em três das quatro faces da
viga. Numa face, onde as tensões de compressão superam a de tração, não surgem fissuras (Figura 29).

V
Figura 29 – Modelo para vigas com altas forças cortantes (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

10. FORMAS DE RUPTURA POR TORÇÃO

Após a fissuração, a ruptura de uma viga sob torção pura pode ocorrer de alguns modos: escoamento
dos estribos, da armadura longitudinal, ou escoamento de ambas as armaduras. No caso de vigas
superarmadas à torção, o concreto comprimido compreendido entre as fissuras inclinadas pode esmagar pelo
efeito das tensões principais de compressão, antes do escoamento das armaduras. Outros modos de ruptura
podem também ocorrer, estando descritos a seguir.

10.1 Ruptura por Tração

A ruptura brusca também pode ocorrer por efeito de torção, após o surgimento das primeiras fissuras.
A ruptura brusca pode ser evitada pela colocação de uma armadura mínima, para resistir às tensões de tração
por torção.
Segundo LEONHARDT e MÖNNIG (1982) sendo as armaduras longitudinal e transversal
diferentes, a menor armadura determinará o tipo de ruptura. Uma pequena diferença nas armaduras, pode, no
entanto, ser compensada por uma redistribuição de esforços.
Ao contrário do esforço cortante, onde a inclinação do banzo comprimido pode diminuir a tração na
alma da viga, na torção essa diminuição não pode ocorrer, dado que na analogia de treliça espacial não existe
banzo comprimido inclinado.

10.2 Ruptura por Compressão

Com armaduras colocadas longitudinalmente e transversalmente pode surgir forte empenamento das
faces laterais, ocasionando tensões adicionais ao longo das bielas comprimidas, podendo ocorrer o seu
esmagamento (Figura 30).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 16

Compressão Tração
Cd
T c

Rs
Rc
45°
tT

Superfície de dupla curvatura

Figura 30 – Empenamento da viga originando tensões adicionais de flexão.


(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

10.3 Ruptura dos Cantos

A mudança de direção das tensões de compressão nos cantos, como indicado na Figura 31, origina
uma força que pode levar ao rompimento dos cantos da viga. Os estribos e as barras longitudinais dos cantos
contribuem para evitar essa forma de ruptura. Vigas com tensões de cisalhamento da torção muito elevadas
devem ter o espaçamento dos estribos limitados a 10 cm para evitar essa forma de ruptura.

Engastamento à torção
U
U
U
Rc
Rc
Rc
Rc
T
Rompimento do canto
U
Estribo
Rc

Rc

Figura 31 – Possível ruptura do canto devida à mudança de direção das diagonais comprimidas.
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).

10.4 Ruptura da Ancoragem

Esta forma de ruptura pode ocorrer por insuficiência da ancoragem do estribo, levando ao seu
“escorregamento”, e pelo deslizamento das barras longitudinais. O cuidado na ancoragem das armaduras
pode evitar essa forma de ruptura.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 17

11. TORÇÃO SIMPLES - DEFINIÇÃO DAS FORÇAS E TENSÕES NA TRELIÇA


GENERALIZADA

Nas décadas de 60 e 70 a treliça clássica foi generalizada por LAMPERT, THÜRLIMANN e outros,
com a admissão de ângulos variáveis () para a inclinação das bielas (Figura 32). O modelo de treliça
generalizada é o atualmente adotado pelas principais normas internacionais, como ACI 318/11 e MC-90 do
CEB (1990).
A NBR 61181 também considera o modelo de treliça generalizada para o dimensionamento de vigas
de Concreto Armado à torção, em concordância com a treliça plana generalizada concebida para a análise da
força cortante.

estribo

B barras
 longitudinais
A

bielas Y
comprimidas
D Z X


Nó A
R d C  = inclinação
 co
Rwd tg da biela
A 
 Cd
Cd 

Rd Plano ABCD
Cd sen 
Rwd

Cd sen  Cd sen 


TSd

y sen 
y Cd


 co
tg

c
otg

c
o tg

Figura 32 – Treliça espacial generalizada (LIMA et al., 2000).

11.1 Diagonais de Compressão

Considerando-se o plano ABCD da treliça espacial generalizada indicada na Figura 32 e que os


esforços internos resistentes devem igualar o esforço solicitante (TSd), tem-se:

TSd  2 Cd sen   Eq. 4

A força nas diagonais comprimidas surge da Eq. 4:

TSd
Cd  Eq. 5
2  sen 

com: Cd = força na diagonal comprimida;


TSd = momento de torção de cálculo;
 = ângulo de inclinação da diagonal comprimida;
 = distância entre os banzos.

1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. NBR
6118, ABNT, 2014, 238p.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 18

A força de compressão Cd nas diagonais atua sobre uma seção transversal de área:

y.t=  cos  . t Eq. 6

com: t = espessura da casca ou da parede da seção oca;


y = largura de influência da diagonal inclinada da treliça.

Assim, substituindo a força Cd da Eq. 5 por cd y t = cd  cos  . t, a tensão de compressão na
diagonal (cd) assume o valor:

TSd TSd
cd  cos  . t   cd 
2  sen   cos  . t  2  sen 
TSd
cd  Eq. 7
 t sen 2 
2

como  2  A e , determina-se a forma final para a tensão na diagonal de compressão:

TSd
cd  Eq. 8
Ae t sen 2 

A Eq. 3 pode ser escrita como: TSd = t 2 Ae t . Da Eq. 3 reescrita na Eq. 8 fica:

2  td
cd  Eq. 9
sen 2 

11.2 Armadura longitudinal

Conforme as forças indicadas no nó A da Figura 32, fazendo o equilíbrio de forças na direção x, tem-
se:
4 R d  4 Cd cos  Eq. 10

com Rd = resultante em um banzo longitudinal. Como 4 R d  As f ywd , substituindo na Eq. 10 fica:
As f ywd  4 Cd cos  Eq. 11

Substituindo a Eq. 5 na Eq. 11 fica:

TSd
As f ywd  4 cos 
2  sen 

Isolando a armadura longitudinal:

2 TSd
As  cot g  Eq. 12
 f ywd

Com o objetivo de evitar fissuração entre os vértices da seção vazada, a armadura deve ser
distribuída no perímetro ue = 4, de modo que a taxa de armadura longitudinal por comprimento do eixo
médio da seção vazada é:
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 19

As 2 TSd 2 TSd


 cot g   cot g 
ue  f ywd u e  f ywd 4 

As TSd
 cot g  Eq. 13
ue 2 A e f ywd
ou

As TSd
 Eq. 14
ue 2 A e f ywd tg 

com: As = área total de armadura longitudinal;


Ae = área interna delimitada pelo eixo da parede fina (ver Figura 23);
ue = perímetro do contorno da área Ae .

11.3 Estribos

Na Figura 32, fazendo o equilíbrio do nó A na direção do eixo Z, tem-se:

Rwd = Cd sen  Eq. 15

onde Rwd representa a força nos montantes verticais e horizontais da treliça espacial.

Substituindo a Eq. 5 na Eq. 15 tem-se:

TSd T
R wd  sen   Sd Eq. 16
2  sen  2

Sendo s o espaçamento dos estribos e  . cotg  o comprimento de influência das barras transversais
da treliça que representam os estribos (ver Figura 32), tem-se:

 cot g 
R wd  As,90 f ywd Eq. 17
s

Igualando as Eq. 16 e Eq. 17 fica:

 cot g  T
As,90 f ywd  Sd
s 2
Isolando a armadura transversal relativamente ao espaçamento s dos estribos:

As,90 TSd

s 2   cot g  f ywd

As,90 TSd
 tg  Eq. 18
s 2 Ae f ywd

com As,90 sendo a área de um ramo vertical ou horizontal do estribo vertical.


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 20

12. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES À TORÇÃO UNIFORME NO ESTADO-


LIMITE ÚLTIMO (ELU) SEGUNDO A NBR 6118

A NBR 6118 separa o estudo dos elementos lineares sujeitos à torção em “Torção Uniforme” (item
17.5.1) e “Torção em Perfis Abertos de Parede Fina” (17.5.2). No texto subsequente será considerado
apenas o dimensionamento à torção uniforme.
A norma pressupõe “um modelo resistente constituído por treliça espacial, definida a partir de um
elemento estrutural de seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar. As diagonais de
compressão dessa treliça, formada por elementos de concreto, têm inclinação que pode ser arbitrada pelo
projeto no intervalo de 30    45.” Esse modelo é o da treliça espacial generalizada, descrito
anteriormente. O engenheiro projetista tem a liberdade de escolher o ângulo de inclinação das bielas de
compressão, que deve ser igual ao ângulo adotado no dimensionamento da viga à força cortante.

12.1 Geometria da Seção Resistente

No caso de seções poligonais convexas cheias (NBR 6118, 17.5.1.4.1), a “seção vazada equivalente
se define a partir da seção cheia com espessura da parede equivalente he dada por:”

A
he  Eq. 19
u

he  2 c1 Eq. 20

onde: A = área da seção cheia;


u = perímetro da seção cheia;
c1 = distância entre o eixo da barra longitudinal do canto e a face lateral do elemento estrutural.

“Caso A/u resulte menor que 2c1 , pode-se adotar he = A/u ≤ bw – 2c1 e a superfície média da seção
celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido nos
estribos).”
No item 17.5.1.4 a norma também define como deve ser considerada a seção resistente de “Seção
Composta de Retângulos” e de “Seções Vazadas”, e no item 17.5.2 a “Torção em Perfis Abertos de Parede
Fina”.

12.2 Torção de Compatibilidade

No caso de torção de compatibilidade a NBR 6118 (17.5.1.2) diz que “é possível desprezá-la, desde
que o elemento estrutural tenha a capacidade adequada de adaptação plástica e que todos os outros
esforços sejam calculados sem considerar os efeitos por ela provocados. Em regiões onde o comprimento do
elemento sujeito à torção seja menor ou igual a 2h, para garantir um nível razoável de capacidade de
adaptação plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção e limitar a força cortante, tal que:”

VSd  0,7 VRd2 Eq. 21

onde VSd é a força cortante atuante no elemento e VRd2 é a máxima força cortante admitida pela diagonal de
compressão.

12.3 Torção de Equilíbrio

“Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural, deve existir armadura
destinada a resistir aos esforços de tração oriundos da torção. Essa armadura deve ser constituída por
estribos verticais periféricos normais ao eixo do elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao
longo do perímetro da seção resistente [...]” (NBR 6118, 17.5.1.2).
Admite-se satisfeita a resistência de um elemento estrutural à torção pura quando se verificarem
simultaneamente as seguintes condições (17.5.1.3):
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 21

TSd  TRd,2
TSd  TRd,3
TSd  TRd,4

onde: TRd,2 = limite dado pela resistência das diagonais comprimidas de concreto;
TRd,3 = limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao eixo do elemento estrutural;
TRd,4 = limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais, paralelas ao eixo do elemento
estrutural.

A resistência proveniente das diagonais comprimidas de concreto deve ser obtida pela Eq. 8, fazendo
a tensão de compressão na diagonal de concreto ficar limitada ao valor máximo dado por 0,5v2 fcd . Assim,
o máximo momento de torção que uma seção pode resistir, sem que ocorra o esmagamento das diagonais
comprimidas é (17.5.1.5):

TRd,2 = 0,5v2 . fcd . Ae . he . sen 2  Eq. 22

com: v2 = 1 – (fck/250) , fck em MPa;


 = ângulo de inclinação das diagonais de concreto, arbitrado no intervalo 3045;
Ae = área limitada pela linha média da parede da seção vazada, real ou equivalente, incluindo a parte
vazada;
he = espessura equivalente da parede da seção vazada, real ou equivalente, no ponto considerado.

Segundo a NBR 6118 (17.5.1.6), a resistência decorrente dos estribos normais ao eixo do elemento
estrutural deve atender à expressão seguinte, semelhante à Eq. 18 já desenvolvida:

TRd,3 = (As,90/s) fywd 2 Ae cotg  Eq. 23

donde, com TSd = TRd,3 , calcula-se a área da armadura transversal:

As,90 TSd
 tg  Eq. 24
s 2 Ae f ywd

onde: As,90 = área de um ramo do estribo, contido na área correspondente à parede equivalente;
fywd = resistência de cálculo de início de escoamento do aço da armadura passiva, limitada a 435
MPa.

Para o ângulo  de inclinação das diagonais comprimidas igual a 45 a Eq. 24 transforma-se em:

A s,90 TSd
 Eq. 25
s 2 A e f ywd

Conforme a NBR 6118 (17.5.1.6), a resistência decorrente da armadura longitudinal deve atender à
expressão seguinte, já deduzida na Eq. 14:

TRd,4 = (As /ue) 2 Ae fywd tg  Eq. 26

donde, com TSd = TRd,4 , calcula-se a área de armadura longitudinal:

A s TSd
 Eq. 27
ue 2 A e f ywd tg 

onde: As = soma das áreas das barras longitudinais;


ue = perímetro da área Ae .
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 22

Para o ângulo  de inclinação das diagonais comprimidas igual a 45 a Eq. 27 transforma-se em:

A s TSd
 Eq. 28
ue 2 A e f ywd

12.4 Armadura Mínima

Segundo a NBR 6118 (item 17.5.1.2), sempre que a torção for de equilíbrio deverá existir armadura
resistente aos esforços de tração, constituída por estribos verticais periféricos normais ao eixo do elemento e
barras longitudinais, distribuídas ao longo do perímetro da seção resistente (parede equivalente). A taxa
geométrica mínima de armadura, com o propósito de evitar a ruptura brusca por tração, é:

A s 
s 
h e u e  f ct, m
  0,2 , com fywk ≤ 500 MPa. Eq. 29
A f ywk
sw  sw 
b w s 

A Eq. 29 prescrita pela NBR 6118 dá margem à dúvida porque a área de estribos Asw refere-se à
força cortante, onde Asw representa a área total dos ramos verticais (normais ao eixo do elemento) do estribo.
No caso da torção, onde geralmente os estribos têm apenas dois ramos, a área As,90 dada na Eq. 24 representa
a área de apenas um ramo vertical do estribo. Entendendo que a área de estribos mínima dada na Eq. 29
representa a área de apenas um ramo vertical do estribo, e por isso fazendo Asw = As,90mín , a Eq. 29 fica
escrita como:

A s, mín f ct, m


 0,2
he ue f ywk
Eq. 30
A s,90mín f ct, m
 0,2
bw s f ywk

com: As,mín = área mínima de armadura longitudinal;


As,90mín = área mínima da seção transversal de um ramo vertical do estribo;
ue = perímetro da área Ae ;
bw = largura média da alma;
s = espaçamentos dos estribos verticais;
fct,m = resistência média à tração do concreto.
fywk = resistência de início de escoamento do aço da armadura (≤ 500 MPa).

Na Eq. 30, isolando As,90mín/s e As,mín /ue fica:

A s, mín 0,2 f ct, m


 he
ue f ywk
Eq. 31
A s,90mín 0,2 f ct, m
 bw
s f ywk

Fazendo o espaçamento s e o perímetro ue iguais a 100 cm (1 m), as armaduras mínimas ficam:

20 f ct, m
A s, mín  he Eq. 32
f ywk
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 23

20 f ct, m
A s,90mín  bw Eq. 33
f ywk

com: As,mín e As,90mín em cm2/m;


bw e he em cm;
fywk e fct,m em kN/cm2;
fct, m  0,3 3 fck 2 , com fck em MPa.

12.5 Solicitações Combinadas

As solicitações combinadas com torção encontram-se descritas no item 17.7 da NBR 6118.

12.5.1 Flexão e Torção

Conforme a NBR 6118 (17.7.1): “Nos elementos estruturais submetidos à torção e à flexão simples
ou composta, as verificações podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as solicitações
normais,” devendo-se atender ainda:
- Armadura longitudinal: “Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção deve ser
acrescentada à armadura necessária para solicitações normais, considerando-se em cada seção
os esforços que agem concomitantemente.”
- Armadura longitudinal no banzo comprimido pela flexão: “No banzo comprimido pela flexão,
a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida em função dos esforços de compressão que
atuam na espessura efetiva he no trecho de comprimento u correspondente à barra ou feixe de
barras consideradas.”
- Resistência do banzo comprimido: “Nas seções em que a torção atua simultaneamente com
solicitações normais intensas, que reduzem excessivamente a profundidade da linha neutra,
particularmente em vigas de seção celular, o valor de cálculo da tensão principal de compressão
não pode superar os valores estabelecidos na Seção 22. Essa tensão principal deve ser calculada
como em um estado plano de tensões, a partir da tensão normal média que age no banzo
comprimido de flexão e da tensão tangencial de torção calculada por:”

Td
T d  Eq. 34
2A e h e

12.5.2 Torção e Força Cortante

Conforme a NBR 6118 (17.7.2): “Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve
prever ângulos de inclinação das bielas de concreto coincidentes para os dois esforços. Quando for
utilizado o modelo I (ver 17.4.2.2) para a força cortante, que subentende 45º, esse deve ser o valor
considerado também para a torção.
A resistência à compressão diagonal do concreto deve ser satisfeita atendendo à expressão:”

VSd T
 Sd  1 Eq. 35
VRd 2 TRd 2

onde VSd é a força cortante de cálculo e TSd é o momento de torção de cálculo.

“A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras calculadas separadamente
para VSd e TSd .”
Nessa questão é importante salientar que: a área de armadura transversal calculada para a força
cortante refere-se à área total, contando todos os ramos verticais do estribo. Já no caso da torção a área de
armadura transversal calculada é apenas de um ramo vertical do estribo. Portanto, para cálculo da armadura
transversal total deve-se tomar o cuidado de somar as áreas de apenas um ramo vertical do estribo, para
ambos os esforços de força cortante e momento de torção.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 24

12.6 Fissuração Inclinada da Alma

Conforme a NBR 6118 (17.6), na verificação do estado-limite de fissuração inclinada da alma por
solicitação combinada de força cortante com torção, “Usualmente, não é necessário verificar a fissuração
diagonal da alma de elementos estruturais de concreto. Em casos especiais, em que isso for considerado
importante, deve-se limitar o espaçamento da armadura transversal a 15 cm.”

12.7 Disposições Construtivas

As disposições construtivas para a torção em vigas constam no item 18.3.4 da NBR 6118.
“A armadura destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção deve ser constituída
por estribos normais ao eixo da viga, combinados com barras longitudinais paralelas ao mesmo eixo [...].”
Os estribos e as barras da armadura longitudinal devem estar contidos no interior da parede fictícia
da seção vazada equivalente. “Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras
longitudinais contidos no interior da parede fictícia da seção vazada equivalente (ver 17.5.1.4).
Para prevenir a ruptura dos cantos é necessário alojar quatro barras longitudinais nos vértices das
seções retangulares. Segundo LEONHARDT e MÖNNIG (1982), para seções de grandes dimensões é
necessário distribuir a armadura longitudinal ao longo do perímetro da seção, a fim de limitar a fissuração.

12.7.1 Estribos

Os estribos para torção devem ser fechados em todo o seu contorno, envolvendo as barras das
armaduras longitudinais de tração, e com as extremidades adequadamente ancoradas por meio de ganchos
em ângulo de 45°. As seções poligonais devem conter, em cada vértice dos estribos de torção, pelo menos
uma barra.” (NBR 6118, 18.3.4).
As prescrições da NBR 6118 (18.3.3.2) para o diâmetro e espaçamento dos estribos são as mesmas
do dimensionamento à força cortante. Para o diâmetro:

 5 mm
 b
 w
 t  10 Eq. 36
 12 mm para barra lisa

 4,2 mm para estribos formados por tela soldada

onde bw é a largura da alma da viga.

O espaçamento entre os estribos deve possibilitar a passagem da agulha do vibrador, a fim de


garantir um bom adensamento do concreto. O espaçamento máximo deve atender as seguintes condições:

- se VSd  0,67 VRd2  smáx = 0,6d  30 cm;


Eq. 37
- se VSd > 0,67 VRd2  smáx = 0,3d  20 cm.

12.7.2 Armadura Longitudinal

“A armadura longitudinal de torção, de área total As , pode ter arranjo distribuído ou concentrado,
mantendo-se obrigatoriamente constante a relação As /u , onde u é o trecho de perímetro, da seção
efetiva, correspondente a cada barra ou feixe de barras de área As . Nas seções poligonais, em cada
vértice dos estribos de torção, deve ser colocada pelo menos uma barra longitudinal.” (NBR 6118,
17.5.1.6).
“As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou concentrado ao
longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo em 350 mm. Deve-se respeitar a relação As
/ u, onde u é o trecho de perímetro da seção efetiva correspondente a cada barra ou feixe de barras de
área As , exigida pelo dimensionamento.” (NBR 6118, 18.3.4).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 25

13. MOMENTO DE INÉRCIA À TORÇÃO

O momento de inércia à torção (J) e o módulo de inércia à torção (Wt) de vigas com seção retangular
podem ser calculados com base nas equações:

J  j b3 h Eq. 38

Wt  w b 2 h Eq. 39

b
n
h

onde: j = parâmetro dependente da relação n entre as dimensões dos lados do retângulo, conforme a Tabela
2;
b = menor dimensão da seção retangular;
h = maior dimensão da seção retangular.

Tabela 2 – Valores de w e j.
n w j
0,0 0,333 0,333
0,1 0,312 0,312
0,2 0,291 0,291
0,3 0,273 0,270
h
0,4 0,258 0,249
0,5 0,246 0,229

b
0,6 0,237 0,209
0,7 0,229 0,189
b h
0,8 0,221 0,171
0,9 0,214 0,155
1,0 0,208 0,141

14. EXEMPLOS NUMÉRICOS DE APLICAÇÃO

Apresentam-se a seguir três exemplos numéricos de aplicação sobre o dimensionamento de vigas de


Concreto Armado quando solicitadas à torção. Os cálculos abrangem também os dimensionamentos
necessários à flexão, à força cortante, ancoragem nos apoios e “cobrimento” do diagrama de momentos
fletores.

14.1 Exemplo 1

Uma viga em balanço, como mostrada na Figura 33 e Figura 34, suporta em sua extremidade livre
uma outra viga, nela engastada, com uma força vertical concentrada (F) de 50 kN. As distâncias e dimensões
das duas vigas (determinadas em um pré-dimensionamento) estão indicadas na planta de fôrma. As vigas têm
como carregamento somente a força F e o peso próprio. Outras ações, como do vento por exemplo, são
desprezadas.
São conhecidos: edificação em área urbana de cidade situada distante de região litorânea e livre de
outros meios agressivos, em classe II de agressividade ambiental (Tabela 6.1 da NBR 6118), o que leva ao
concreto C25 (fck = 25 MPa) no mínimo, relação a/c ≤ 0,60 (Tabela 7.1 da NBR 6118), cnom = 2,5 cm para c
= 5 mm (Tabela 7.2 da NBR 6118) ; aço CA-50 ; conc = 25 kN/m3 ; coeficientes de ponderação: c = f = 1,4
e s = 1,15.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 26

V1 (35 x 50)

P1

V2 (20 x 50)
35/60

V (20 x 50)
97,5
F

150

Figura 33 – Perspectiva da estrutura com Figura 34 – Planta de fôrma.


a força F aplicada.

RESOLUÇÃO

A estrutura para sustentação da força F, composta pelas vigas V1 e V2 (Figura 34), é uma estrutura
em balanço. A viga V2 deve ser considerada engastada perfeitamente na viga V1, e esta, por sua vez, deve
ser engastada perfeitamente no pilar P1. A viga V1 tem momento de torção aplicado na extremidade livre,
proveniente da flexão da viga V2, e a torção é de equilíbrio, devendo ser obrigatoriamente considerada no
dimensionamento da viga V1, sob pena de ruína caso desprezada.
Todas as estruturas devem ser cuidadosamente analisadas e dimensionadas, mas estruturas em
balanço, como a deste exemplo, devem ser objeto de especial atenção por parte do engenheiro. Ainda, devem
ser bem executadas, sob risco de problemas graves conduzirem à ruína da estrutura.
Os esforços solicitantes serão calculados de dois modos, primeiro considerando-se a atuação
conjunta das vigas em um modelo de grelha, e segundo considerando-se as vigas individualmente, com o
cálculo manual. Para resolução da grelha será utilizado o programa GPLAN42, de CORRÊA et al. (1992).

a) Cálculo dos esforços solicitantes como grelha

A viga V2 (20 x 50) tem como vão efetivo e peso próprio:

vão livre: o = 80 cm (da extremidade livre à face interna da V1),

t / 2  35 / 2  17,5 cm
a1   1  a1 = 15 cm , (a2 = 0)
0,3 h  0,3  50  15 cm

ef,V2 = o + a1 = 80 + 15 = 95 cm

peso próprio: gpp,V2 = conc bw h = 25 . 0,20 . 0,50 = 2,5 kN/m

A viga V1 (35 x 50) tem como vão efetivo e peso próprio:

vão livre: o = 150 cm (da extremidade livre à face do pilar),

2
O programa e o manual do GPLAN4 (ou GPLAN5 dependendo da versão do programa operacional) podem ser
obtidos em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 27

t / 2  60 / 2  30 cm
a1   1  a1 = 15 cm , (a2 = 0)
0,3 h  0,3  50  15 cm

ef,V1 = o + a1 = 150 + 15 = 165 cm

peso próprio: gpp,V1 = 25 . 0,35 . 0,50 = 4,375 kN/m

A Figura 35 mostra o esquema utilizado para a grelha, com a numeração dos nós e barras. Na barra
(2) correspondente à viga V1 deve ser considerado o momento de inércia à torção, pois a torção que ocorre
na viga V1 é de equilíbrio e não pode ser desprezada, ou seja, deve ser obrigatoriamente considerada no
projeto da viga. A viga V2 não tem torção, e por isso não há necessidade de considerar inércia à torção. 3 O
nó 2 deve ser obrigatoriamente considerado um engaste perfeito, e os nós 1 e 3 não têm restrições nodais
(são livres).
165

2
2 3

1 95

Figura 35 – Esquema da grelha, com distâncias e numeração dos nós e barras.

Supondo a viga trabalhando em serviço no estádio II (já fissurada), para o módulo de elasticidade do
concreto será considerado o valor secante. O módulo tangente na origem pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8)4:

E ci   E 5600 f ck = 1,0 . 5600 25 = 28.000 MPa = 2.800 kN/cm2

com E = 1,0 para brita de granito (ou gnaisse).

O módulo secante (Ecs) é avaliado por:


fck
Ecs = i Eci , com i  0,8  0,2  1,0
80
25
i  0,8  0,2  0,8625  1,0  ok!
80

Ecs = 0,8625 . 2800 = 2.415 kN/cm2

Para o módulo de elasticidade transversal (G - NBR 6118, item 8.2.9) pode-se considerar a relação:
E 2415
G c  cs   1006 ,3 kN/cm2
2,4 2,4

O momento de inércia à torção (J) foi calculado com a Eq. 38. Na Tabela 2, com n = 0,7 encontra-se
o valor de 0,189 para j e:

3
Foi considerado apenas um pequeno valor (100) para a inércia à torção, por necessidade do programa computacional
de grelha.
4
Também apresentado em: BASTOS, P.S.S. Materiais. Bauru, Universidade Estadual Paulista, Unesp, cap. 2, set/2014,
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Materiais.pdf
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 28

b 35
n   0,7
h 50

J  j b3 h  0,189  353  50  405 .169 cm4

O arquivo de dados de entrada no programa, apresentado a seguir, foi feito conforme o manual de
utilização de CORRÊA et al. (1992, ver nota 2).

OPTE,2,2,2,2,2,
TORCAO
UNESP – DISC. CONCRETO II
TORÇÃO - EXEMPLO 1
NO
1,165,0,
2,0,95,
3,165,95,
RES
2,1,1,1,
BAR
1,1,3,1,1,
2,2,3,2,1,
PROP
1,1,1000,208333,100,50,
2,1,1750,364583,405169,50,
MATL
1,2415,1006.3,
FIMG
CARR1
CBR
1,1,-.025,1,
2,1,-.04375,1,
CNO
1,-50,
FIMC
FIME

Os resultados gerados pelo programa estão listados no Anexo B1. Os diagramas de esforços
solicitantes característicos estão indicados na Figura 36. A flecha máxima para a grelha resultou igual a 0,5
cm, no nó 1, aceitável em função dos valores-limites indicados pela NBR 6118.

59,6
9237
4863 52,4 - 4863
+

-
Tk Vk (kN) Mk
(kN.cm) (kN.cm)

50

Figura 36 – Diagrama de esforços solicitantes característicos calculados conforme o modelo de grelha.

b) Dimensionamento da viga V2 (20 x 50)

A título de exemplo e comparação com os esforços gerados com o modelo de grelha, as vigas V1 e
V2 terão os esforços novamente calculados, agora considerando-as individualmente.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 29

b1) Esforços solicitantes máximos

A viga V2, engastada na viga V1, tem o esquema estático e carregamento indicados na Figura 37.

Força cortante no apoio (engaste perfeito):


50 kN
2,5 kN/m
V = 2,5 . 0,95 + 50 = 52,4 kN

Momento fletor no apoio:


95
 2,5  0,952 
M  50  0,95 
 2 
 
52,4 50
M = – 48,63 kN.m = – 4.863 kN.cm Vk (kN)

Comparando os resultados dos esforços acima 4863 _


com aqueles obtidos no cálculo de grelha (Figura 36), Mk (kN.cm)
nota-se que os esforços solicitantes na viga V2 são
idênticos. Figura 37 – Esquema estático, carregamento
e esforços solicitantes na viga V2.

b2) Dimensionamento à flexão

A NBR 6118 especifica que as vigas devem ter uma armadura de flexão mínima, calculada para um
momento fletor mínimo, a qual deve ser comparada a uma outra área de armadura mínima, calculada
segundo as taxas de armadura mínimas (mín) apresentadas pela norma. A maior armadura calculada deve ser
considerada como armadura mínima.
A armadura mínima de flexão, para o momento fletor mínimo, é:

Md,mín = 0,8 W0 fctk,sup

3
fctk,sup  1,3 fct,m  1,3 . 0,3 3 fck 2  1,3 . 0,3 252  3,33 MPa

b h 3 20 . 503
I   208 .333 cm4
12 12

I 208333
W0    8.333 cm3 (no estádio I, y é tomado na meia altura da viga)
y 25

Md,mín = 0,8 . 8333 . 0,333 = 2.220 kN.cm

Dimensionamento da armadura longitudinal para o momento fletor mínimo:

b w d 2 20 . 46 2
Kc  =  19,1  da Tabela A-1 tem-se Ks = 0,023.
Md 2220

Md 2220
As  K s = 0,023  1,11 cm2
d 46
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 30

Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,15 % Ac , portanto5:

As,mín = 0,0015 . 20 . 50 = 1,50 cm2 > 1,11 cm2   As,mín = 1,50 cm2

Momento fletor máximo atuante na viga V2: Mk = – 4.863 kN.cm

Md = γf . Mk = 1,4 . (– 4863) = – 6.808 kN.cm

Considerando como altura útil d = h – 4 cm = 50 – 4 = 46 cm:

b w d 2 20  46 2
Kc    6,2
Md 6808

na Tabela A-1 tem-se:  x = 0,14 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e dom. 2. 3 12,5

6808 a cg
As  0,024  3,55 cm2  As,mín = 1,50 cm2 (ok!)
46 ah
(2  16 mm  4,00 cm2 ou 3  12,5  3,75 cm2)
2,5
50
Se adotados 3  12,5 em uma mesma camada, a distância livre entre
as barras deve ser suficiente para a passagem da agulha do vibrador, para
adensamento do concreto. Considerando vibrador com ag = 25 mm e t 2,5
= 5 mm (diâmetro do estribo):

20  22,5  0,5  3 . 1,25


ah   5,1 cm > 25 mm (ok!) 20
2

Posição do centro de gravidade da armadura:


acg = 2,5 + 0,5 + 1,25/2 = 3,6 cm  foi adotado 4 cm para cálculo da altura útil,
coerente com o valor calculado de 3,6 cm.

b3) Armadura de pele

Como a viga não tem altura superior a 60 cm, a armadura de pele não é necessária, segundo a NBR
6118. Porém, a fim de evitar possíveis fissuras no concreto por efeito de retração, que podem surgir mesmo
em vigas com altura de 50 cm, será colocada uma armadura de pele, com área de 0,05 % Ac6 em cada face da
viga:
As,pele = 0,0005 . 20 . 50 = 0,50 cm2
4  4,2 mm (0,56 cm2) em cada face, distribuídos ao longo da altura (ver Figura 38).

b4) Dimensionamento à força cortante

A resolução da viga à força cortante será feita mediante as equações simplificadas desenvolvidas e
apresentadas em BASTOS (2015)7. Para a seção retangular da viga será considerado o Modelo de Cálculo II,
com ângulo 8 de 38 para a inclinação das diagonais de compressão, e o estribo será vertical.

5
Geralmente a armadura mínima resultante dos coeficientes da Tabela A-6 resulta maior que a armadura mínima
calculada com o momento fletor mínimo. Porém, deve ser feita a verificação da maior armadura mínima.
6
Esta área da armadura de pele era indicada pela NBR 6118 de 1980, e corresponde à metade da armadura de pelo
preconizada pela versão de 2014 da norma.
7
BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 – Estruturas de
Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), abr/2015, 74p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 31

As forças cortantes atuantes são:


Vk = 52,4 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 52,4 = 73,4 kN

b4.1) Verificação das diagonais de compressão

Da Tabela A-5 anexa, para o concreto C25, determina-se a força cortante máxima a que a viga pode
ser submetida:

VRd2 = 0,87 b w . d . sen  . cos  = 0,87 . 20 . 46 . sen 38 . cos 38 = 388,3 kN


VSd  73,4  VRd 2  388,3 kN  ok! portanto, não ocorrerá o esmagamento do concreto nas
diagonais de compressão.

b4.2) Cálculo da armadura transversal

Da mesma Tabela A-5, para o concreto C25, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:
VSd,mín = 0,040 . b w . d . cot g   Vc1

Com Vc0 :
 3
0,3 25 2 
Vc0  0,6 f ctd b w d  0,6  0,7  20 . 46  70,8 kN
 10 . 1,4 
 

Como VSd = 73,4 kN é maior que Vc0 , deve-se calcular Vc1 com a equação:

VRd 2  VSd 388,3  73,4


Vc1  Vc0  Vc1  70,8  70,2 kN
VRd 2  Vc0 388,3  70,8

VSd,mín = 0,040. 20 . 46 . cot g 38  70,2  117,3 kN

VSd  73,4  VSd , mín  117,3 kN  portanto, deve-se dispor a armadura transversal mínima.

Para CA-50, a armadura transversal mínima é:

20 f ct, m 3
Asw , mín  bw (cm2/m), com fct, m  0,3 3 fck 2  0,3 252  2,56 MPa
f ywk

20 . 0,256
Asw , mín  20  2,05 cm2/m
50

b4.3) Detalhamento da armadura transversal

- Diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10  t  200/10  20 mm


- Espaçamento máximo:
0,67 VRd2 = 0,67 . 388,3 = 260,2 kN
VSd = 73,4 < 0,67 VRd2 = 260,2 kN  s  0,6 d  30 cm
0,6 d = 0,6 . 46 = 27,6 cm  Portanto, smáx = 27,6 cm

8
O Modelo de Cálculo II com  = 38 conduz a uma armadura transversal muito próxima àquela resultante do Modelo
de Cálculo I, onde  é fixo em 45°. O estudante deve fazer o cálculo aplicando o M. C. I, a fim de comparar os
resultados.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 32

Supondo estribo de dois ramos com diâmetro de 5 mm (2  5  0,40 cm2) tem-se:


0,40
 0,0205  s = 19,5 cm  smáx = 27,6 cm  ok!
s

b5) Ancoragem da armadura longitudinal negativa

A armadura negativa de flexão deve ser cuidadosamente ancorada na viga V1, pois o equilíbrio da
viga V2 depende do perfeito engastamento na V1. Uma ancoragem inadequada pode resultar em sérios riscos
de ruptura (ruína) da viga V2.
Conforme apresentado na apostila de BASTOS (2015)9, o comprimento de ancoragem básico deve
ser calculado. Na Tabela A-7 e na Tabela A-8, anexas nesta apostila, constam os comprimentos de
ancoragem dos aços CA-50 e CA-60.
Na Tabela A-7 (aço CA-50), para concreto C25, barra de diâmetro 12,5 mm em situação de má
aderência, o comprimento de ancoragem básico (coluna sem gancho) resulta 67 cm.
Considerando que a armadura negativa calculada foi 3,55 cm2 e que a armadura efetiva será
composta por 3  12,5 (3,75 cm2), o comprimento de ancoragem corrigido, que leva em conta a diferença de
áreas de armadura, é:

A s, anc 3,55 b,corr


 b, corr   b  67  63,4 cm  b,mín = 10,0 cm (ok!)
A s, ef 3,75
A s,ef

onde o comprimento de ancoragem mínimo é: VIGA DE APOIO 50


r  5,5 
 b, mín  
6 cm
r = (D/2) = 5 /2 = 5 . 1,25/2 = 3,1 cm b
35 cm
(com D = diâmetro do pino de dobramento = 5, apresentado na Tabela
A-10)
r + 5,5  = 3,1 + 5,5 . 1,25 = 10,0 cm > 6 cm
b,mín = 10,0 cm

O comprimento de ancoragem efetivo da viga de apoio (V1) é a largura da viga menos a espessura
do cobrimento: b,ef = b – c = 35 – 2,5 = 32,5 cm.
Verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido é maior que o comprimento de ancoragem
efetivo: b,corr = 63,4 cm > b,ef = 32,5 cm. Não é possível fazer a ancoragem dessa forma na viga de apoio.
Uma solução para tentar resolver o problema é fazer o gancho na extremidade das barras. O comprimento de
ancoragem com gancho é:

 b,gancho  1  b,corr  0,7  63,4  44,4 cm  b,mín = 10,0 cm  ok!

Verifica-se que o comprimento de ancoragem com gancho é superior ao comprimento de ancoragem


efetivo (b,gancho = 44,4 cm > b,ef = 32,5 cm), de modo que o gancho não resolve o problema. Uma solução
possível na sequência, entre outras, é aumentar a armadura a ancorar para As,corr , tal que:

0,7  b 0,7  67
As, corr  As, anc = 3,55  5,12 cm2
 b,ef 32,5
3  12,5 + 1 grampo  10  3,75 + (2 . 0,80) = 5,35 cm2

A Figura 38 mostra o detalhamento completo das armaduras da viga V2. O espaçamento dos estribos
foi diminuído de 19,5 cm para 15 cm, a favor da segurança, com pequeno acréscimo no consumo de aço. A

9
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 33

armadura de pele, embora não obrigatória neste caso, foi adotada. As barras longitudinais inferiores (N5),
porta-estribos construtivas, foram adotadas  8 mm.
Para garantir uma melhor vinculação (engastamento) da viga V2 na V1, as barras N2 foram
desenhadas na forma de um estribo fechado, para melhor ancoragem na viga V1. É importante que as barras
N2 fiquem posicionadas sobre as barras longitudinais superiores negativas da viga V1, de modo a “laçar”
essas barras.

V2 (20 x 50)

N1 - 6 c/15 3N2

2N3

4N4 4N4

110

N2* - 3 12,5

45
45

C = 275
2N5

30

14 15
N3 - 2  10 C = 228
(2° cam)

N4 - 2 x 4 4,2 C = 110 45

N5 - 2 8 C = 110

N1 - 6 5 mm C = 130
Figura 38 – Detalhamento final com as armaduras da viga V2.

c) Cálculo e dimensionamento da viga V1 (35 x 50)

A viga V1 deve estar obrigatoriamente engastada no pilar P1, como demonstrado no esquema
estático (Figura 39). O carregamento consiste no próprio peso e nas ações provenientes da viga V2 (força
vertical concentrada e momento torçor).

c1) Esforços solicitantes máximos

Força cortante:

Vk = 4,375 . 1,65 + 52,4 = 59,6 kN

Momento fletor:

4,375  1,652
Mk   52,4  1,65
2

Mk = 92,42 kN.m = 9.242kN.cm


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 34

Momento de torção: 4,375 kN/m 52,4 kN

Tk = 4.863 kN.cm (constante ao longo da viga)


4863 kN.cm
P1
Verifica-se que os esforços solicitantes acima são
idênticos àqueles obtidos no cálculo segundo o modelo
165
de grelha (Figura 36).

59,6 52,4
Vk (kN)

9242 _

Mk (kN.cm)

4863 Tk (kN.cm)

Figura 39 – Esquema estático, carregamento


e esforços solicitantes na viga V1.

c2) Dimensionamento à flexão

A armadura mínima de flexão é calculada para o momento fletor mínimo, de acordo com:

Md,mín = 0,8 W0 fctk,sup , fctk,sup = 3,33 MPa (já calculado para a viga V2)

b h 3 35 . 503
I   364.583 cm4
12 12

I 364583
W0    14.583 cm3
y 25
no estádio I, para seção retangular y é tomado na meia altura da viga.

Md,mín = 0,8 . 14583 . 0,333 = 3.885 kN.cm

Dimensionamento da armadura para o momento fletor mínimo:

b w d 2 35 . 46 2
Kc  =  19,1  da Tabela A-1 tem-se Ks = 0,023
Md 3885

Md 3885
As  K s = 0,023  1,94 cm2
d 46

Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,15 % Ac , portanto:

As,mín = 0,0015 . 35 . 50 = 2,63 cm2 > 1,94 cm2   As,mín = 2,63 cm2

O momento fletor solicitante característico máximo na viga V1 é – 9.242 kN.cm. O momento fletor
de cálculo é:
Md = 1,4 . (– 9.242) = – 12.939 kN.cm

b w d 2 35  46 2
Kc    5,7
Md 12939
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 35

da Tabela A-1:  x = 0,16 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,025 e domínio 2. 1 10 5 12,5

12939
As  0,025  7,03 cm2  As,mín = 2,63 cm2 (ok!)
46 ah
(5  12,5 + 1  10  7,05 cm2)
2,5
Supondo t = 10 mm, o espaçamento livre entre as barras é: 50

35  2 2,5  1,0  5 1,25  1,0


ah   4,2 cm
5 2,5
espaço livre suficiente para a passagem da agulha do
vibrador supondo ag = 25 mm.
A posição do centro de gravidade da armadura é:
35

acg = 2,5 + 1,0 + 1,25/2 = 4,1 cm (foi adotado 4 cm para determinação da altura útil)

c3) Armadura de pele

A armadura de pele não é necessária porque a viga não tem altura superior a 60 cm. A armadura para
a torção que será colocada nas faces laterais da viga poderá também contribuir para evitar fissuras por
retração do concreto.

c4) Dimensionamento à força cortante

Como já feito para a viga V2, no cálculo da armadura transversal será considerado o Modelo de
Cálculo II, com ângulo  de 38, com aplicação de equações simplificadas para estribos verticais.

Vk = 59,6 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 59,6 = 83,4 kN

C4.1) Verificação das diagonais de compressão

Na Tabela A-5, para o concreto C25, determina-se a força cortante máxima:


VRd2 = 0,87 b w . d . sen  . cos  = 0,87 . 35 . 46 . sen 38 . cos 38 = 679,5 kN
VSd  83,4  VRd 2  679 ,5 kN  ok! portanto, não ocorrerá o esmagamento do concreto nas
diagonais de compressão.

c4.2) Cálculo da armadura transversal

Da mesma Tabela A-5, para o concreto C25, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:

VSd,mín = 0,040 . b w . d . cot g   Vc1

Com Vc0 :
 0,3 25 2 
3
Vc0  0,6 f ctd b w d  0,6  0,7 35 . 46  123,9 kN
 10 . 1,4 
 
como VSd = 83,4 kN < Vc0 = 123,9 kN tem-se que Vc1 = Vc0 = 123,9 kN

VSd,mín = 0,040. 35 . 46 . cot g 38  123,9  206,3 kN


VSd  83,4 kN  VSd , mín  206,3 kN  portanto, deve-se dispor a armadura transversal mínima.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 36

A armadura mínima é:
20 f ct, m 3
Asw , mín  bw (cm2/m), com fct, m  0,3 3 fck 2  0,3 252  2,56 MPa
f ywk
20 . 0,256
Asw , mín  35  3,58 cm2/m = 0,0358 cm2/cm
50

c4.3) Detalhamento da armadura transversal

- Diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10  t  350/10  35 mm


- Espaçamento máximo entre os estribos:
0,67VRd2 = 0,67 . 679,5 = 455,3 kN
VSd,máx = 83,4 < 455,3 kN  s  0,6 d  30 cm
0,6 d = 0,6 . 46 = 27,6 cm  Portanto, smáx = 27,6 cm

- Espaçamento máximo entre os ramos verticais dos estribos:


0,20VRd2 = 0,20 . 679,5 = 135,9 kN
VSd,máx = 83,4 kN < 135,9 kN  st = d  80 cm

c5) Ancoragem da armadura longitudinal negativa

A armadura longitudinal negativa calculada para a viga, de 7,03 cm2, é a armadura a ancorar no pilar,
que tem seção transversal 35/60. Para essa área, o arranjo de barras escolhido é composto de 5  12,5 + 1 
10, com área de 7,05 cm2 (As,ef).
Conforme a Tabela A-7, para concreto C25, CA-50 (barra de alta aderência) e situação de má
aderência para a armadura negativa, o comprimento de ancoragem básico (coluna sem gancho) é 67 cm para
 12,5 mm (coluna sem gancho).
Devido à diferença entre a área de armadura calculada e a efetiva, o comprimento de ancoragem
pode ser corrigido para:

As,anc 7,03
 b,corr   b  67  66,8 cm
As,ef 7,05

b,corr A s, ef
b,corr = 66,8 cm   b, mín  10,0 cm  ok! 66,8
50

O comprimento de ancoragem efetivo do


pilar é: c b,ef
2,5 57,5
b,ef = b – c = 60 – 2,5 = 57,5 cm
b
60

O comprimento de ancoragem mínimo é o mesmo da viga V2 para  12,5 mm, b,mín = 10,0 cm.
Verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido, sem gancho, é superior ao comprimento de
ancoragem efetivo (b,corr = 66,8 cm > b,ef = 57,5 cm), que não possibilita fazer a ancoragem reta no pilar. A
primeira alternativa para resolver o problema é fazer gancho na extremidade das barras, reduzindo o
comprimento corrigido para:

 b,gancho  0,7  66,8  46,8 cm

O comprimento de ancoragem com gancho é inferior ao comprimento de ancoragem efetivo (b,gancho


= 46,8 cm < b,ef = 57,5 cm), o que possibilita fazer a ancoragem no pilar, sem a necessidade de acréscimo de
armadura. Conclui-se que a ancoragem pode ser feita com 5  12,5 + 1  10, com gancho na extremidade das
barras, penetrando as barras em 46,8 cm dentro do pilar. No entanto, a favor da segurança, a armadura
negativa pode ser estendida no comprimento de b,ef dentro do pilar, como mostrado na Figura 40.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 37

c6) Dimensionamento à torção

O momento de torção característico (Tk) é 4.863 kN.cm e o momento de cálculo é:


TSd = 1,4 . 4863 = 6.808 kN.cm

Segundo a NBR 6118, quando o comprimento do elemento sujeito à torção é menor ou igual a 2h, a
força cortante atuante deve ser limitada, tal que VSd ≤ 0,7VRd2 . O comprimento da viga é o vão efetivo, de
165 cm, e a altura 50 cm. Verifica-se que: 165 > 2 .50 = 100 cm, de modo que não há necessidade de limitar
a força cortante ao valor-limite.

c6.1) Verificação das diagonais comprimidas

Área da seção transversal: A = bw . h = 35 . 50 = 1.750 cm2

Perímetro da seção transversal: u = 2 (bw + h) = 2 (35 + 50) = 170 cm

A Eq. 19 e a Eq. 20 fornecem os limites para a espessura he da parede fina:

A 1750
he    10,3 cm e he  2 c1
u 170
c1
Supondo  = 12,5 mm, t = 10 mm e com cnom = 2,5 cm tem-se: cnom
c1 = /2 + t + cnom = 1,25/2 + 1,0 + 2,5 = 4,125 cm

he  2 . 4,125 = 8,3 cm

Portanto, os limites para he são: 8,3 cm  he  10,3 cm. Será bw


adotado he = 10,0 cm. 35

he 10
A área efetiva e o perímetro do eixo da parede fina são:

Ae = (bw – he) . (h – he) = (35 – 10) . (50 – 10) = 1.000 cm2


h = 50
ue = 2 [(bw – he) + (h – he)] = 2 [(35 – 10) + (50 – 10)] = 130 cm

he
10

O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 22, com ângulo  (38) igual ao aplicado no
cálculo da viga à força cortante10 é:

TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2  = 0,5 (1 – 25/250) . (2,5/1,4) 1000 . 10 . sen 2 . 38 = 7.797 kN.cm

Para não ocorrer o esmagamento do concreto nas diagonais comprimidas de concreto, conforme a
Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
 Sd  1
VRd 2 TRd 2

Como calculado no item c4.1, os valores de VRd2 e VSd são 679,5 kN e 83,4 kN, respectivamente.
Aplicando a Eq. 34 tem-se:

10
O ângulo  deve ser igual ao utilizado no cálculo da armadura transversal para a força cortante.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 38

83,4 6808
  1,0  1,0  ok!
679 ,5 7797

Como a equação foi satisfeita não ocorrerá o esmagamento do concreto nas bielas de compressão.
Caso resultasse valor superior à unidade, haveria a necessidade de se fazer alguma alteração. O aumento da
largura ou da altura da viga são soluções comumente utilizadas na prática, sendo que o aumento da largura
da viga é muito mais efetivo em aumentar a resistência à torção. Porém, há restrição no caso de viga
embutida em parede, pois a viga pode ficar aparente com uma largura maior que a da parede.

c6.2) Cálculo das armaduras para torção

As armaduras mínimas para torção, longitudinal e transversal, são (Eq. 32):

20 f ct, m 20 . 0,256
As, mín  he  10  1,03 cm2/m
f ywk 50

20 f ct, m 20 . 0,256
A s,90mín  bw  35  3,58 cm2/m
f ywk 50

3
com fct, m  0,3 3 fck 2  0,3 252  2,56 MPa (resistência média do concreto à tração direta).

Armadura longitudinal conforme a Eq. 27:

As TSd 6808


   0,1002 cm2/cm
ue 2 A e f ywd tg  2  1000 50 tg 38
1,15
com ue = 1 m = 100 cm  As = 10,02 cm2/m ≥ As,mín = 1,03 cm2/m  ok!

Armadura transversal composta por estribos a 90 conforme a Eq. 24:

As,90 TSd 6808


 tg   tg 38  0,0612 cm2/cm
s 2 Ae f ywd 50
2 1000
1,15
com s = 1 m = 100 cm  As,90 = 6,12 cm2/m  As,90mín = 3,58 cm2/m  ok!

c6.3) Detalhamento das armaduras

c6.3.1) Armadura longitudinal

A área de armadura longitudinal a ser distribuída ao longo do vão da viga pode ser obtida pela soma
das armaduras de flexão e de torção. Como se observa nos diagramas de momentos fletores e momentos
torçores (Figura 36 e Figura 39), por simplicidade pode ser analisada apenas a seção onde ocorrem
simultaneamente os momentos máximos (M e T), que é a seção de apoio (engaste da viga no pilar). A
armadura longitudinal total, determinada na seção de apoio, pode ser estendida ao longo de todo o vão, até a
extremidade livre, a favor da segurança, dado que o momento fletor diminui.
A armadura longitudinal total, considerando apenas a torção, é aquela relativa ao perímetro ue :
A s
 0,1002 cm2/cm  com ue = 130,0 cm: As,tot = 0,1002 . 130,0 = 13,03 cm2
ue

Esta área deve ser distribuída nas quatro faces da seção retangular da viga, proporcionalmente,
conforme a NBR 6118, e observe que relativamente a ue , que é o perímetro do eixo da parede fina, cuja
espessura neste caso é he .
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 39

Face superior:
- da flexão: As = 7,03 cm2
- da torção: As = (bw – he) As = (35 – 10) 0,1002 = 2,51 cm2
- As,total = 7,03 + 2,51 = 9,54 cm2 (8  12,5  10,00 cm2)

Face inferior:
- da flexão: As = 0,00 cm2
- da torção: As = (bw – he) As = (35 – 10) 0,1002 = 2,51 cm2
- As,total = 2,51 cm2 (4  10 mm  3,20 cm2)

Faces laterais:
- As,total = (h – he) As = (50 – 10) 0,1002 = 4,01 cm2 (5  10 mm  4,00 cm2)

É importante ressaltar que devem ser dispostos 5  10 mm em ambas as faces laterais da viga. Esta
armadura pode atuar também para restringir as fissuras no concreto por efeito de retração, não sendo
necessário acrescentar armadura de pele, embora neste caso a norma não a exija, porque a viga não tem
altura superior a 60 cm.
Para uma conferência da armadura longitudinal de torção, pode-se determinar a armadura total em
função da armadura calculada para as faces da viga:
As,tot = 2(2,51 + 4,01) = 13,04 cm2  ok!

c6.3.2) Armadura transversal

A área total de estribos verticais é calculada pela soma das áreas relativas à força cortante e à torção.
A armadura para a força cortante resultou igual à armadura mínima, de 0,0358 cm2/cm. Considerando o
estribo composto por dois ramos verticais, e que a área mínima para a força cortante, para um ramo vertical,
é 0,0358/2 = 0,0179 cm/m2, a armadura transversal total é:

As, tot Asw ,1ramo As,90


   0,0179  0,0612  0,0791 cm2/cm
s s s

O diâmetro do estribo para a torção deve ser igual ou superior a 5 mm e inferior a b w/10 = 350/10 =
35 mm. Fazendo estribo fechado de dois ramos com diâmetro de 6,3 mm (1  6,3 mm  0,31 cm2) tem-se:
0,31
 0,0791  s = 3,9 cm  smáx = 27,6 cm  ok!
s

O espaçamento resultou muito pequeno, pois deve ser suficiente para a passagem da agulha do
vibrador, com uma certa folga. A recomendação é de que seja pelo menos 7 ou 8 cm, para permitir a
penetração do concreto com facilidade.
Fazendo com diâmetro de 8 mm (1  8 mm  0,50 cm2) encontra-se:
0,50
 0,0791  s = 6,3 cm  smáx = 27,6 cm  ok!
s

O espaçamento ainda está pequeno. Fazendo com diâmetro de 10 mm (1  10 mm  0,80 cm2)


encontra-se:
0,80
 0,0791  s = 10,1 cm  smáx = 27,6 cm  ok!
s
portanto, será adotado estribo com dois ramos  10 mm c/10 cm.
A Figura 40 mostra o detalhamento final das armaduras da viga V1. Como visto, as armaduras para o
momento fletor, para a força cortante e para a torção foram calculadas separadamente e somadas na fase
final.
O comprimento do gancho das barras N2 foi aumentado de 10 cm (8  8 . 1,25 = 10 cm) para 40
cm, para garantir uma melhor ancoragem da armadura no pilar. Esta armadura substitui o arranjo de 5  12,5
+ 1  10, conforme definidos no item c.5.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 40

O espaçamento entre as barras longitudinais para torção não deve superar 35 cm, o que ser verifica
no detalhamento.
Como a viga V2 está apoiada na viga V1, convém posicionar as barras N2 da V2 sobre as barras N2
da V1, obedecendo ao cobrimento de concreto.
Os ganchos nas extremidades dos estribos da V1 devem ser inclinados a 45, como prescrito pela
NBR 6118, e com comprimento de 5   5 cm.

V1 (35 x 50)
6 N2

N1 - 15 c/10 1 N3 1 N3

5 N4 5 N4

P1

202 4 N5
N2 - 6  12,5 C = 282
40

40
30

N3 - 2  12,5 C = 202 (2 a cam)


45

N4 - 2 x 5  10 C = 202

N1 - 15  10 C = 160
N5 - 4  10 C = 202

Figura 40 – Detalhamento final das armaduras da viga V1.

14.2 Exemplo 2

Este exemplo refere-se ao projeto estrutural de uma laje em balanço (marquise) engastada na viga de
apoio. A marquise tem a função arquitetônica de proteger o hall de entrada de uma edificação. A Figura 41
mostra uma perspectiva da estrutura. A Figura 42 e a Figura 43 mostram a planta de fôrma da estrutura e o
pórtico do qual a marquise faz parte. Este exemplo toma como base aquele apresentado em GIONGO (1994).
Para a estrutura pede-se calcular e dimensionar as armaduras da viga V1.
As seguintes informações são conhecidas:
a) marquise (estrutura em balanço composta pela laje L3 e as vigas V2, V3 e V6) acessível a pessoas apenas
para serviços de construção e manutenção;
b) o coeficiente de ponderação das ações permanentes e variáveis (f) será tomado como 1,4 (Tabela 11.1 da
NBR 6118). O coeficiente de ponderação do concreto (c) será tomado como 1,4 e o do aço (s) como 1,15
(Tabela 12.1 da NBR 6118);
c) lajes e vigas da marquise em concreto aparente (sem revestimentos);
d) sobre toda extensão da viga V1 há uma parede de alvenaria de bloco cerâmico de oito furos, com
espessura final de 23 cm (2 cm de revestimento de argamassa de cada lado), altura de 2,60 m, com peso
específico (alv) de 3,2 kN/m2;
e) peso específico do concreto com armadura passiva: concr = 25 kN/m3;
f) espessura média de 3 cm para a camada de impermeabilização e regularização sobre a laje da marquise
(L3), com argamassa de peso específico arg,imp = 21 kN/m3;
g) vigas V2, V3 e V6 são consideradas sem função estrutural, como componentes da estética da marquise;
h) aço CA-50;
i) classe II de agressividade ambiental (Tabela 6.1 da NBR 6118), o que leva ao concreto C25 (fck = 25 MPa)
no mínimo, e relação a/c ≤ 0,60 (Tabela 7.1 da NBR 6118), cnom = 2,5 cm para c = 5 mm (Tabela 7.2 da
NBR 6118);
j) carga das lajes interna (L1 e L2) na viga V1: plaje = 5,0 kN/m.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 41

Figura 41 – Perspectiva da estrutura.

394 394
V4 (20 x 35)

V5 (20 x 35)

V7 (20 x 35)
Laje interna (L1) Laje interna (L2)

A
19

V1 (19 x 40)

P1 P2 P3
19/30 19/30 19/30

154,5
V6 (10 x 40)
V3 (10 x 40)

140

L3 (h = 10 cm)

V2 (10 x 40)
10

A
788
10 10

Planta de Fôrma

V1
V3
30

40

V2 V4
L3
10

P1
10 140 19

Corte A

Figura 42 – Planta de fôrma e corte da marquise.11

11
A planta de fôrma da estrutura é desenhada com o observador posicionado no nível inferior à estrutura que se quer mostrar e
olhando para cima. Como as vigas V1, V3 e V6 são invertidas, os traços de uma das faces das vigas estão desenhados com linha
tracejada.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 42

V (19 x 40)
40

P1 P2 P3

300
19/30 260 19/30 19/30

V1 (19 x 40)
40
tramo 1 tramo 2

30 359 30 359 30
450

417,5

V (20 x 25)

25

Figura 43 – Vista do pórtico com a viga V1.

RESOLUÇÃO

Como a laje (L3) da marquise em balanço está em um nível inferior ao das lajes internas (L1 e L2)
na edificação, não é possível considerar alguma vinculação entre as lajes, ou seja, a laje em balanço, não
tendo continuidade física com as lajes internas, não pode ser considerada engastada nas lajes internas. A
única alternativa neste caso é engastar a laje L3 na viga V1.
A flexão na laje em balanço age como momento de torção externo aplicado uniformemente
distribuído ao longo da viga V1, o que origina o esforço solicitante de momento de torção (T) na viga, o qual
deve ser obrigatoriamente considerado no projeto e dimensionamento da V1, ainda que as lajes internas L1 e
L2 restrinjam a torção aplicada na V1.
Os momentos de torção (T) na viga V1 tornam-se momentos fletores atuantes nos pilares P1, P2 e
P3, devendo ser computados no dimensionamento desses pilares.
No caso de se desejar evitar a torção na viga V1, uma solução possível seria prolongar as vigas V4,
V5 e V7 até a extremidade livre da laje L3 em balanço, que passariam a ser responsáveis pelo equilíbrio da
laje. A laje, por sua vez, subdividida em duas, passaria a atuar como duas lajes apoiadas nas vigas de borda,
sem engastamento na viga V1, e portanto, sem atuação de torção na viga. Outra solução seria o engastamento
da laje L3 nas lajes internas L1 e L2, possível apenas se as lajes estivessem com a face superior no mesmo
nível, o que também eliminaria a torção na viga V1.
Inicialmente será apresentado o dimensionamento da laje L3, e em seguida o dimensionamento da
viga V1.

a) Dimensionamento da laje L3

Na laje ocorrem ações uniformemente distribuídas na área da laje e linearmente distribuídas no


contorno externo da laje, representadas pelas cargas das vigas V2, V3 e V6. A altura da laje L3 é de 10 cm.

a1) Ações uniformemente distribuídas na área

As cargas atuantes na laje são as seguintes:


- peso próprio: gpp = 25 . 0,10 = 2,50 kN/m2
- impermeabilização: gimp = 21 . 0,03 = 0,63 kN/m2
- ação variável: q = 0,5 kN/m2 (laje sem acesso público)
- CARGA TOTAL (p) = 3,63 kN/m2
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 43

a2) Ações uniformemente distribuídas no contorno

No contorno da laje L3 há a ação do peso próprio das vigas V2, V3 e V6, em concreto aparente:
- gpp,vigas = 25 . 0,10 . 0,30 = 0,75 kN/m

a3) Cálculo dos esforços solicitantes

A laje L3 está engastada na viga V1, e como a laje é armada em uma direção ( = y / x = 798/153 =
5,2 > 2), os esforços solicitantes são calculados supondo-se a laje como viga de largura unitária (1 m), Figura
44.
0,75 kN
Com vão livre o de 150 cm, o vão efetivo da laje é: 3,63 kN/m
t1 / 2  19 / 2  9,5 cm
a1    a1 = 3 cm ,(a2 = 0)
0,3 h  0,3 10  3 cm 5
148
ef = o + a1 = 150 + 3 = 153 cm
536

Os esforços solicitantes máximos são: -


 3,63 1,532 
M K (kN.cm/m)

M  0,75 1,48    5,36 kN.m/m


 2 
  0,75 VK (kN/m)
-
6,30
V = – (3,63 . 1,53 + 0,75) = – 6,30 kN/m

Figura 44 – Esquema estático, carregamento e


esforços solicitantes máximos na laje L3.

a4) Verificação da laje à força cortante

A laje deve ser verificada quanto à necessidade ou não de armadura transversal. De modo geral as
lajes maciças com cargas totais baixas, como neste caso, não requerem armadura transversal, e por isso, o
cálculo não será apresentado.12

a5) Determinação da armadura longitudinal de flexão na laje

Considerando que a laje L3 terá uma argamassa de impermeabilização assentada na face superior,
para proteção da laje e principalmente da armadura negativa, o cobrimento será considerado 2,0 cm.
Supondo  de 6,3 mm, a altura útil d é:

d = h – c – /2 = 10 – 2,0 – 0,63/2 = 7,7 cm

A determinação da armadura principal negativa, posicionada perpendicularmente ao eixo


longitudinal da viga V1 e junto à face superior da laje, considerando a altura útil d é:

b w d 2 100  7,7 2
Kc    7,9  da Tabela A-1:  x = 0,11 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e dom. 2.
Md 1,4  536 

As  K s
Md
 0,024
1,4  536   2,34 cm2/m  ( 6,3 c/13  2,42 cm2/m – ver Tabela A-11)
d 7 ,7

12
Na apostila BASTOS, P.S.S. Lajes de concreto. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), mar/2015, 115p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm) está apresentada a formulação da NBR 6118 para verificação de lajes
maciças à força cortante.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 44

A armadura negativa da laje, calculada como viga, considerando os valores contidos na Tabela A-6 e
na Tabela A-9, para concreto C25, deve ter o valor mínimo de:
0,15
As, mín  0,15 % b w h  100 10  1,50 cm2/m < As = 2,34 cm2/m
100

O espaçamento máximo para laje armada em uma direção deve atender a:

2h  2 10  20 cm
s  smáx = 20 cm
20 cm

Na direção secundária (perpendicular à direção principal), a laje armada em uma direção deve ter
uma armadura de distribuição, de área:

0,2As  0,2  2,34  0,47 cm 2 / m



As, distr  0,9 cm 2 / m  As,distr = 0,90 cm2/m

0,5As, mín  0,5 1,50  0,75 cm / m
2

( 4,2 c/15 cm  0,92 cm2/m), obedecendo ao espaçamento máximo de 33 cm entre as barras.

a6) Detalhamento das armaduras

O detalhamento esquemático das armaduras dimensionadas está na Figura 45. Deve-se observar que
a armadura principal da laje em balanço é posicionada junto à face superior, isto é, onde ocorrem as tensões
normais de tração. A armadura principal da laje deve ser cuidadosamente ancorada na viga V1, onde está
engastada.13 O detalhe em gancho das barras N1 no interior da viga V1 garante a necessária ancoragem.
A armadura inferior (barras N3) não é necessária ao equilíbrio da laje, podendo ser dispensada. No
entanto, nas lajes em balanço a sua colocação pode ser útil para aumentar a segurança da laje numa eventual
ruína, além de aumentar a ductilidade e diminuir a flecha da laje, que deve ser verificada no caso de um
projeto completo.14

N1 V1

N3
N2 - 9 4,2 c/ 15 CORR

36
166
6 N1 - 61 6,3 c/ 13 C = 230 6
16

N3 - 26 4,2 c/ 30 C = 165

Figura 45 – Detalhamento esquemático das armaduras da laje.

13
A ancoragem da armadura principal da laje pode ser avaliada de modo semelhante às vigas.
14
A flecha da laje L3, por ser uma laje em balanço, deve ser cuidadosamente avaliada. Na apostila há a formulação e exemplos de
aplicação: BASTOS, P.S.S. Lajes de concreto. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), mar/2015, 115p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 45

b) Dimensionamento da viga V1

Sobre a viga V1 atuam ações provenientes do peso próprio, da parede de alvenaria existente, das
lajes internas L1 e L2 do edifício e da laje L3 em balanço (reação de apoio e momento fletor na seção de
engastamento da laje, que leva à torção da viga). Todas essas ações são uniformemente distribuídas ao longo
do comprimento da viga.

b1) Ações a considerar

- peso próprio: gpp = 25 . 0,19 . 0,40 = 1,90 kN/m


- parede: gpar = 3,2 . 2,60 = 8,32 kN/m
- laje L3 (marquise): plaje = 6,30 kN/m
- laje interna (L1 ou L2): plaje = 5,0 kN/m
- CARGA TOTAL (p) = 21,52 kN/m

b2) Esforços solicitantes internos

O modelo adotado para o esquema estrutural da viga, para a determinação dos momentos fletores e
torçores e forças cortantes, é aquele que considera a viga vinculada aos pilares extremos por meio de
engastes elásticos (molas). Para a avaliação dos momentos torçores há que se considerar os dois tramos da
viga engastados nos pilares P1, P2 e P3.
A viga V1 é simétrica em geometria e carregamento, de modo que os vãos livres e efetivos dos dois
tramos são iguais.

vão livre: o = 394 + 10 – 30 – 15 = 359 cm

t / 2  30 / 2  15 cm
a1   1  a1 = 12 cm = a2
0,3 h  0,3  40  12 cm

ef = o + a1 = 359 + 12 +12 = 383 cm

O apoio intermediário da viga (pilar P2) pode ser considerado como um apoio simples, pois de
acordo com o esquema mostrado na Figura 43 tem-se que o comprimento de flambagem do lance inferior do
pilar é e = 450 cm e e/4 = 450/4 = 112,5 cm. Como a dimensão do pilar na direção da viga (bint = 30 cm) é
menor que e/4 (112,5 cm) pode considerar o pilar intermediário como um apoio simples. Caso bint resultasse
maior que e/4, os dois tramos da viga deveriam ser considerados engastados no pilar P2.
A Figura 46 mostra o esquema estático da viga, com os carregamentos atuantes, vãos efetivos,
numeração das barras e nós, etc. Para determinação dos esforços solicitantes na viga pode ser utilizado
algum programa computacional com essa finalidade. Para o exemplo foi aplicado o programa para cálculo de
pórtico plano, chamado PPLAN4, de CORRÊA et al. (1992).

y
21,52 kN/m

1 1 2 2 3 3 4 4
5
x
191,5 191,5 191,5 191,5

383 383

Figura 46 – Esquema estático, carregamento e numeração dos nós e barras da viga V1.

Considerando que os pilares extremos P1 e P3, nos quais a viga se encontra vinculada, estão
engastados na estrutura de fundação (bloco de duas estacas e vigas baldrames), o coeficiente de rigidez do
lance inferior do pilar será tomado como 4EI/e . Quando o pilar for considerado apoiado na estrutura de
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 46

fundação, o coeficiente de rigidez poderá ser tomado como 3EI/e . Pilares sobre blocos de uma estaca
devem ser considerados simplesmente apoiados (articulados).
A rigidez da mola que vincula a viga a esses pilares é avaliada por: Kmola = Kp,sup + Kp,inf
Supondo a viga trabalhando em serviço no estádio II (já fissurada), para o módulo de elasticidade do
concreto será considerado o valor secante. O módulo tangente na origem pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8):

Eci  E 5600 f ck = 1,2 . 5600 25 = 33.600 MPa = 3.360 kN/cm2

com E = 1,2 para brita de basalto (ou diabásio).

O módulo secante (Ecs) é avaliado por:


fck
Ecs = i Eci , com i  0,8  0,2  1,0
80
25
i  0,8  0,2  0,8625  1,0  ok!
80

Ecs = 0,8625 . 3360 = 2.898 kN/cm2

O momento de inércia, dos lances inferior e superior do pilar, é:

b h 3 19 . 30 3
Ip,sup = Ip,inf =   42.750 cm4
12 12

Observe que a dimensão do pilar considerada ao cubo é aquela coincidente com a direção do eixo
longitudinal da viga. Os coeficientes de rigidez dos lances inferior e superior do pilar são:

4EI 4  2898  42750


K p,inf    2.202 .480 kN.cm
e 450
2

4EI 4  2898  42750


K p,sup    3.303 .720 kN.cm
e 300
2
Rigidez da mola:

Kmola = 2.202.480 + 3.303.720 = 5.506.200 kN.cm

A viga em questão tem simetria de geometria e carregamento no pilar intermediário (nó 3). A viga
pode, por simplicidade, ser calculada considerando-se apenas os nós 1, 2 e 3, e as barras 1 e 2. Para isso
deve-se fazer o nó 3 com restrição de rotação, além das restrições de apoio simples. Os resultados devem ser
idênticos àqueles para a viga completa.
O arquivo de dados de entrada no programa, considerando a simetria, tem o aspecto:

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP – DISC. CONCRETO II
EXEMPLO 2
V1 (19 x 40)
NOGL
1,3,1,0,0,383,0,
RES
1,1,1,2,0,0,5506200,
3,1,1,1,
BARG
1,2,1,1,1,2,1,1,1,
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 47

PROP
1,1,760,101333,40,
MATL
1,2898,
FIMG
CARR1
CBRG
1,2,1,1,-0.2152,1,
FIMC
FIME

A Figura 47 mostra os diagramas de forças cortantes e de momentos fletores (valores característicos


máximos) obtidos no programa PPLAN4. A listagem dos resultados calculados pelo programa encontra-se
no Anexo B2. Na Figura 47 também estão incluídos os esforços de torção (T), provocados pelo momento
fletor na laje em balanço (5,36 kN.m), que é momento de torção externo na viga.
Os momentos de torção máximos nos apoios foram calculados considerando-se os tramos da viga
biengastados. Conforme mostrado na Figura 47 os valores são:

5,36  3,83
Tk   10,26 kN.m = 1.026 kN.cm
2

5,36 kN.m 5,36 kN.m

P1 P2 P3
3,83 m 3,83 m

10,26 10,26
TK (kN.m)
10,26
10,26

44,9
37,5
VK (kN)
44,9
37,5

~ 172 3101
~ 52
1690 - 1690
+ MK (kN.cm)
~ 90
1582 1582

Figura 47 – Diagramas de esforços solicitantes característicos.

A flecha calculada pelo programa para o nó 2 (0,06 cm) não é a flecha máxima no vão, mas é
próxima a ela, de modo que serve como um indicativo da deslocabilidade da viga.15 A flecha de 0,06 cm é
muito pequena e desprezível, e muito inferior à flecha máxima permitida para a viga.

b3) Dimensionamento das armaduras

Serão dimensionadas as armaduras longitudinal e transversal, para os esforços solicitantes de força


cortante e momentos fletores e torçores.

15
Um valor mais próximo da flecha máxima poderia ser obtido colocando-se outros nós à esquerda do nó 2 (ver Figura
46).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 48

b3.1) Armadura mínima de flexão

Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,15 % Ac , portanto:
As,mín = 0,0015 . 19 . 40 = 1,14 cm2

b3.2) Armadura de pele

A armadura de pele não é necessária, dado que a viga não tem altura superior a 60 cm. Para a viga
com largura de 19 cm e a altura de 40 cm não devem surgir fissuras por efeito de retração do concreto.

b3.3) Momento fletor negativo

b3.3.1) Apoio interno (P2)

Mk = – 3.101 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 3.101) = – 4.341 kN.cm

Por simplicidade e porque o momento fletor negativo no apoio do pilar P2 é pequeno, não será feita
redução de M para δM. Para a altura da viga de 40 cm será adotada a altura útil de 36 cm. A laje em balanço
(L3) está comprimida pelo momento fletor negativo, de modo que pode contribuir com a viga e forma uma
viga de seção L. A largura colaborante proporcionada pela laje, conforme a NBR 6118, é:

b3 = 0,10 (0,6 . 383) = 23 cm 18 212,5


bf = bw + b3 = 19 + 23 = 42 cm

b f d 2 42 . 36 2
Kc  =  12,5
Md 4341
Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,07  0,45 (ok!), Ks = 0,024 e
domínio 2.

Ainda resulta que 0,8x < hf = 10 cm, e o cálculo é de seção L como se fosse retangular bf . h.

Md 4341
As  K s = 0,024  2,89 cm2 > As,mín = 1,14 cm2
d 36
4  10 mm  3,20 cm2 ou 2  12,5 + 1  8  3,00 cm2

No caso de se adotar 2  12,5 + 1  8 na primeira camada, a distância livre horizontal entre as barras
deve ser superior a 25 mm, a fim de permitir a passagem da agulha do vibrador. Supondo o diâmetro do
estribo igual a 6,3 mm, a distância livre resulta:

19  2 2,5  0,63  2 . 1,25  0,8


ah   4,7 cm
2
distância mais que suficiente para a passagem da agulha do vibrador. A distância da base da viga ao CG da
armadura é:
acg = 2,5 + 0,63 + 1,25/2 = 3,76 cm  4 cm (valor adotado)

b3.3.2) Apoios extremos (P1 e P3)

Mk = – 1.690 kN.cm, e também seção L com bf = 42 cm


Md = f . Mk = 1,4 . (– 1.218) = – 2.366 kN.cm
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 49

bf d 2 42 . 36 2 210
Kc  =  23,0
Md 2366
Tabela A-1:  x = x/d = 0,04  0,45 (ok!), Ks = 0,023, domínio 2,
e 0,8x < hf

Md 2366
As  K s = 0,023  1,51 cm2 > As,mín = 1,14 cm2
d 36
2  10 mm  1,60 cm2

b3.3.3) Momento fletor máximo positivo

Mk = 1.582 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 1.582 = 2.215 kN.cm

Considerando que as lajes internas (L1 e L2) sejam também maciças de concreto, no
dimensionamento ao momento fletor positivo máximo pode-se considerar a contribuição da laje para formar
uma seção L, dado que a laje está comprimida:

b1 = 0,10 (0,6 . 383) = 23 cm


bf = bw + b1 = 19 + 23 = 42 cm

bf d 2 42 . 36 2
Kc  =  11,1
Md 2215
Tabela A-1:  x = x/d = 0,08  0,45 (ok!), Ks = 0,024, domínio 2,
e 0,8x < hf

Md 2215
As  K s = 0,024  1,48 cm2 > As,mín = 1,14 cm2
d 36 2 10
2  10 mm  1,60 cm2

b3.3.4) Armadura longitudinal máxima

A soma das armaduras de tração e de compressão (As + A’s) não deve ter valor maior que
4 % Ac , calculada na região fora da zona de emendas. Para a viga em questão, as áreas de armadura
longitudinais são pequenas e não superam a armadura máxima.

b4) Dimensionamento da armadura transversal à força cortante

A resolução da viga à força cortante será feita mediante as equações simplificadas desenvolvidas em
BASTOS (2015). Será adotado o Modelo de Cálculo I ( = 45) para a inclinação da diagonais comprimidas.

b4.1) Pilar interno P2

Vk = 44,9 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 44,9 = 62,9 kN

a) Verificação das diagonais de compressão

Da Tabela A-4, para o concreto C25, determina-se a força cortante máxima:


VRd2 = 0,43 bw d = 0,43 . 19 . 36 = 294,1 kN
VSd = 62,9 kN ≤ VRd2 = 294,1 kN  ok!
 não ocorrerá esmagamento do concreto nas diagonais de compressão.

b) Cálculo da armadura transversal


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 50

Da mesma Tabela A-4, para o concreto C25, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:
VSd,mín = 0,117 bw d = 0,117 . 19 . 36 = 80,0 kN
VSd = 62,9 kN < VSd,mín = 80,0 kN  portanto, deve-se dispor a armadura transversal mínima

A armadura mínima é calculada pela equação:


20 f ct, m 3
A sw , mín  b w (cm2/m), com fct, m  0,3 3 fck 2  0,3 252  2,56 MPa
f ywk
20 . 0,256
Asw , mín  19  1,95 cm2/m
50

A força cortante de cálculo nos pilares extremos (VSd = 52,5 kN) é também menor que a força
cortante mínima, o que significa que a armadura mínima deve se estender ao longo dos dois tramos da viga
V1.

b4.2) Detalhamento da armadura transversal

a) Diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10  t  190/10  19 mm


b) Espaçamento máximo:
0,67 VRd2 = 0,67 . 294,1 = 197,0 kN
VSd,máx = 62,9 < 197,0 kN  s  0,6 d  30 cm
0,6 d = 0,6 . 36 = 21,6 cm  Portanto, smáx = 21,6 cm

b5) Ancoragem das armaduras longitudinais

b5.1) Armadura positiva nos pilares extremos P1 e P3

Como a viga tem simetria de carregamento e geometria, a ancoragem nos pilares P1 e P3 é idêntica.
Valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a) segundo o Modelo de Cálculo I, para
estribos verticais:16

d VSd , máx
a  d , com a  0,5d
2 (VSd , máx  Vc )

Na flexão simples, Vc = Vc0 = 0,6fctd bw d = 0,6 . 0,128 . 19 . 36 = 52,5 kN

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2 0,7 . 0,3 3 2


f ctd    f ck = 25  1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
c c c 1,4

36 52,5 52,5
a   18
2 (52,5  52,5) 0
resultou uma fração de valor indefinido, portanto, a = 18 cm, pois a  0,5d.

A armadura a ancorar no apoio é:

a  VSd 18 52,5
A s,anc  =  0,60 cm2
d f yd 36 50
1,15

16
Ver BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 51

A armadura calculada a ancorar no apoio deve atender à armadura mínima:

1 M vão
 3 A s, vão se M apoio  0 ou negativo de valor M apoio  2
A s, anc  
1 A M vão
 4 s, vão se M apoio  negativo e de valor M apoio  2

Md,apoio   2.366 kN.cm > Md,vão/2 = 2.215/2 = 1.107 kN.cm

Portanto, As,anc  1/4 As,vão = 1,48/4 = 0,37 cm2

As,anc = 0,60 cm2 ≥ 1/4 As,vão = 0,37 cm2  ok! portanto, ancorar 0,60 cm2

A armadura positiva do vão adjacente é composta por 2  10 mm (1,60 cm2), que deverão ser
obrigatoriamente estendidos até os apoios. Portanto, As,ef = 1,60 cm2 > As,anc = 0,60 cm2.
O comprimento de ancoragem mínimo no apoio (b,mín) é:

r 
 b, mín  
6 cm

r = D/2 = 5/2 = 5 . 1,0/2 = 2,5 cm


(com D determinado na Tabela A-10)

r + 5,5 = 2,5 + 5,5 . 1,0 = 8,0 cm > 6 cm   b,mín = 8,0 cm

O comprimento de ancoragem básico (b),


conforme a Tabela A-7, para barra com diâmetro de 10 c b,ef
2,5 27,5
mm, concreto C25, aço CA-50, região de boa aderência e
sem gancho, é 38 cm.
O comprimento de ancoragem corrigido é:
A 0,60
 b, corr   b s, anc  38  14,3 cm

40
A s, ef 1,60 b,corr
14,3
A s, ef
O comprimento de ancoragem efetivo no apoio é:
b,ef = b – c = 30 – 2,5 = 27,5 cm
b
30

Verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido (sem gancho) é inferior ao comprimento de


ancoragem efetivo (b,corr = 14,3 cm < b,ef = 27,5 cm). Isto significa que é possível fazer a ancoragem reta, no
comprimento de 14,3 cm. A favor da segurança, as duas barras serão estendidas até a face externa do pilar,
obedecido o cobrimento, como mostrado na Figura 50 (barras N5).17

b5.2) Armadura positiva no pilar intermediário P2

Estendendo 2  10 (1,60 cm2) da armadura longitudinal positiva até o pilar intermediário, esta
armadura deve ser superior à mínima, dada por:

M d,apoio   4.341 kN.cm > Md,vão/2 = 2.215/2 = 1.107 kN.cm

17
A favor da segurança, para uma melhor ancoragem, o gancho pode ser feito na extremidade das barras.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 52

Portanto, As, anc  1/4 As,vão = 1,48/4 = 0,37 cm2

As,ef = 1,60 cm2 > 1/4 As,vão = 0,37 cm2

As duas barras de 10 mm devem se estender pelo menos 10 além da face do apoio.

b5.3) Armadura negativa nos pilares extremos P1 e P3

A armadura negativa proveniente do engastamento elástico da viga nos pilares extremos deve
penetrar até próximo à face externa do pilar, respeitando-se a espessura do cobrimento, e possuir um gancho
direcionado para baixo, com comprimento de pelo menos 35. Para diâmetro de 10 mm, o diâmetro de
dobramento deve ser de 5, como indicado na Figura 48.

210

5
35 cm
35 

40

30

Figura 48 – Ancoragem da armadura negativa nos pilares extremos.

b6) Dimensionamento à torção

O momento de torção característico (Tk) é 1.026 kN.cm e o momento de cálculo é:


TSd = 1,4 . 1026 = 1.436 kN.cm

A armadura transversal para a força cortante foi dimensionada segundo o Modelo de Cálculo I ( =
45°), ângulo que também deve ser considerado no dimensionamento da viga à torção.

b6.1) Verificação das diagonais comprimidas

Área da seção transversal: A = bw . h = 19 . 40 = 760 cm2

Perímetro da seção transversal: u = 2 (bw + h) = 2 (19 + 40) = 118 cm

A Eq. 19 e a Eq. 20 fornecem os limites para a espessura he da parede fina:

A 760
he    6,4 cm e he  2c1
u 118

Com c = 2,5 cm e supondo  = 12,5 mm e t = 8 mm tem-se: c1


cnom
c1 =  /2 + t + cnom = 1,25/2 + 0,8 + 2,5 = 3,925 cm

he  2c1 ≥ 2 . 3,925 ≥ 7,9 cm

Portanto, os limites para he são: 7,9 cm  he  6,4 cm, ou seja: he  6,4 cm e he  7,9 cm, de modo
que não é possível adotar um valor para he que atenda aos limites.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 53

Na torção, para resolver o problema, aumentar a largura da viga é a solução mais efetiva, embora
outras soluções sejam possíveis. Uma nova largura pode ser determinada fazendo he = A/u = 2c1 = 7,9 cm,
que é o valor máximo para he . Com A/u = 7,9 resulta a largura de 26 cm, e 7,9 cm  he  7,9 cm, que resolve
o problema, com a seção 26 x 40. Resta verificar se o projeto arquitetônico permite a viga com esta largura.
No caso, por exemplo, de não ser permitido aumentar a largura de 19 cm, a altura necessária para
resolver o problema é de 94 cm, o que também resulta 7,9 cm  he  7,9 cm. Conclui-se, portanto, que
aumentar a altura da viga não é uma solução eficiente.

Quando ocorre A/u < 2c1 e não se deseja fazer alterações na seção bw
transversal, a NBR 6118 permite adotar: 19

6,4
he
he = A/u ≤ bw – 2c1
c1
he = A/u = 6,4 cm ≤ bw – 2c1 =19 – 2 . 3,925 = 11,2 cm  ok!

h = 40
 he = 6,4 cm Ae
A área Ae é então definida pelos eixos das barras dos cantos ue
(respeitando-se o cobrimento exigido nos estribos):

Ae = (bw – 2c1) . (h – 2c1) = (19 – 7,9) . (40 – 7,9) = 356,3 cm2

c1
he
6,4
Neste caso, o perímetro da área equivalente Ae é:

ue = 2 [(bw – 2c1) + (h – 2c1)] = 2 [(19 – 7,9) + (40 – 7,9)] = 86,4 cm

O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 22, com ângulo  = 45 (igual ao ângulo aplicado
no cálculo da viga à força cortante, no caso o Modelo de Cálculo I) é:

TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2  = 0,5 (1 – 25/250) . (2,5/1,4) 356,3 . 6,4 . sen 2 . 45 = 1.832,4 kN.cm

Para não ocorrer esmagamento das bielas comprimidas de concreto, conforme a Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
 Sd  1
VRd 2 TRd 2

Como o momento de torção (T) tem valor máximo igual nos três apoios, a verificação das diagonais
de compressão será feita para a força cortante máxima atuante na viga (VSd,P2 = 62,9 kN no pilar P2). A força
cortante máxima calculada para a viga é VRd2 = 294,1 kN, e substituindo os valores encontra-se:

62,9 1436
  0,9975  1,0  1,0  ok!
294 ,1 1832 ,4

Como a equação foi satisfeita, não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais de
compressão.

b6.2) Cálculo das armaduras

As armaduras mínimas para torção, longitudinal e transversal, são (Eq. 32):

20 f ct, m 20 . 0,256
As, mín  he  6,4  0,66 cm2/m
f ywk 50

20 f ct, m 20 . 0,256
A s,90mín  bw  19  1,95 cm2/m
f ywk 50
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 54

3
com fct, m  0,3 3 fck 2  0,3 252  2,56 MPa (resistência média do concreto à tração direta).

Armadura longitudinal conforme a Eq. 27:

As TSd 1436


   0,0463 cm2/cm
ue 2 A e f ywd tg  2  356,3 50 tg 45
1,15
com s = 100 cm, As = 4,63 cm2/m ≥ As,mín = 0,66 cm2/m  ok!

Armadura transversal (estribos) conforme a Eq. 24:

A s,90 TSd 1436


 tg   tg 45  0,0463 cm2/cm
s 2 A e f ywd 50
2  356 ,3
1,15
com s = 100 cm, As,90 = 4,63 cm /m  As,90mín = 1,95 cm2/m  ok!
2

b6.3) Detalhamento das armaduras

b6.3.1) Armadura longitudinal

A área de armadura longitudinal, em cada face da seção retangular da viga, é obtida pela soma das
armaduras longitudinais de flexão e de torção. Deve ser feita uma análise dos diagramas de momentos
fletores e de momentos torçores, de forma a que a armadura longitudinal final “cubra” tanto os momentos
fletores quanto os torçores, conforme suas variações ao longo dos tramos. Se analisados os diagramas
mostrados na Figura 47, observa-se que o momento de torção máximo (T) ocorre nos apoios, e diminui em
direção ao centro do tramo. Assim, por simplicidade, podem ser analisadas as seções correspondentes aos
apoios (pilares), combinando-se as armaduras longitudinais de flexão e de torção nessas seções.
Observe que a armadura longitudinal de torção foi calculada em função de ue , que neste caso não é o
perímetro do eixo da parede fina, e sim o perímetro da área equivalente Ae , delimitada pelos eixos das barras
longitudinais dos cantos da seção transversal. Portanto, Ae e ue foram calculados em função de c1 (distância
do centro da barra do canto à face da seção), e não em função de he .

Pilares P1 e P3:

Face superior:
- da flexão: As = 1,51 cm2
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 1,51 + 0,51 = 2,02 cm2 (3  10 = 2,40 cm2)

Face inferior:
- da flexão: As = 0,60 cm2 (As,anc)
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 0,60 + 0,51 = 1,11 cm2 (esta armadura será atendida pela armadura longitudinal positiva
do vão, que se estende até os apoios extremos - 2  10 mm 
1,60 cm2)
Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) As = (40 – 7,9) 0,0463 = 1,49 cm2 (3  8 mm  1,50 cm2). Esta armadura
contribui também para evitar possíveis fissuras causadas pela retração do concreto.

A armadura longitudinal total, considerando apenas a torção, é aquela relativa ao perímetro ue :

As
 0,0463 cm2/cm  com ue = 86,4 cm: As, tot  0,0463 . 86,4  4,00 cm2
ue
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 55

Para uma conferência, pode-se determinar a armadura total em função da armadura calculada para as
faces da viga:
As,tot = 2(0,51 + 1,49) = 4,00 cm2  ok!

Pilar P2 (ambos os tramos da viga adjacentes ao pilar, devido à simetria)

Face superior:
- da flexão: As = 2,89 cm2
- da torção: As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 2,89 + 0,51 = 3,40 cm2 (3  12,5  3,75 cm2)

Face inferior:
- da flexão: As = 0,37 cm2 (As,anc)
- da torção: As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 0,37 + 0,51 = 0,88 cm2 (esta armadura será atendida pela armadura longitudinal positiva
do vão, que se estende até o apoio intermediário - 2  10 mm 
1,60 cm2)
Faces laterais:
- As,total = (h – he) As = (40 – 7,9) 0,0463 = 1,49 cm2 (3  8 mm  1,50 cm2)

b6.3.2) Armadura transversal

A área total de estribos verticais é calculada com a soma das áreas relativas à força cortante e à
torção. A armadura para a força cortante resultou igual à armadura mínima, de 0,0195 cm2/cm, ao longo de
toda a viga.
Considerando o estribo composto por dois ramos verticais, e que a área mínima relativa à força
cortante para um ramo é 0,0195/2 = 0,00975 cm/cm2, a armadura transversal total é:

A s, tot A sw ,1ramo A s,90


   0,00975 + 0,0463 = 0,0561 cm2/cm
s s s

onde As,90 representa a área de um ramo vertical do estribo.

O diâmetro do estribo deve ser superior a 5 mm e inferior a b w/10 = 190/10 = 19 mm. Supondo
estribo fechado de dois ramos com diâmetro de 5 mm (1  5 mm  0,20 cm2) tem-se:

0,20
 0,0561
s
s = 3,7 cm < smáx = 21,6 cm (este espaçamento máximo é válido para a força cortante e para a
torção).

O espaçamento resultou muito pequeno. Considerando o estribo com diâmetro de 6,3 mm fica:
0,31
 0,0561  s = 5,5 cm < smáx = 21,6 cm
s

O espaçamento também resultou pequeno. Considerando o estribo com diâmetro de 8 mm fica:


0,50
 0,0561  s = 8,9 cm  9 cm < smáx = 21,6 cm
s

Portanto, pode-se dispor estribos  8 mm c/9 cm em toda a extensão dos vãos livres dos dois tramos
da viga, a favor da segurança. A rigor, as regiões no centro dos tramos pode ter uma armadura transversal
menor, onde os esforços solicitantes V e T são menores.
A Figura 50 mostra o detalhamento final das armaduras da viga V1.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 56

b7) Detalhamento da armadura longitudinal

A decalagem (a) do diagrama de momentos fletores de cálculo foi determinada como 18 cm (ver
item b5.1). O “cobrimento” do diagrama de momentos fletores deve ser feito apenas para a armadura
negativa no pilar P2, porque as armaduras positivas dos vãos têm apenas duas barras, que devem se estender
obrigatoriamente até os apoios. As armaduras longitudinais mostradas na Figura 49 consideram a flexão e a
torção, ou seja, as armaduras somadas.
Os comprimentos de ancoragem básicos (sem gancho) para barras  10 e 12,5 mm, em região de má
aderência, aço CA-50 e concreto C25, conforme a Tabela A-7, são respectivamente 54 e 67 cm.
A Figura 49 mostra o cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo. Como a viga é
simétrica o “cobrimento” foi feito sobre um tramo apenas.
120


b = 67

face externa
3 12,5
do pilar
A

85
10 

b = 54 12,5
3 10
a
18 centro do
A
10  pilar P2

18 B a
a B
15

10 
2 10 10 cm

Figura 49 – Esquema do cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo.

A Figura 50 mostra o detalhamento final das armaduras da viga V1. As barras N5 foram estendidas
até as faces do pilar intermediário (P2) com o propósito de melhorar a ancoragem dessas barras, dado que
elas trabalham também à torção.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 57

V 1 (19 x 40)

3 N3

N1- 40 c/9 N1- 40 c/9

2 x 3 N4
A
P1 P2 P3
2 N5

40 40
14
120 120
N3 - 3 12,5 C = 240
35

35
N2 - 3 10 C = 356 N2 - 3 10 C = 356
35

N1 - 80  8 mm
N4 - 2 x 3 8 CORR C = 108

N5 - 2 10 C = 416 N5 - 2 10 C = 416

Figura 50 – Detalhamento final das armaduras da viga V1.

14.3 Exemplo 3

A Figura 51, Figura 52 e Figura 53 mostram a estrutura em três dimensões, a planta de fôrma e um
corte esquemático da estrutura de concreto de uma edificação com dois pavimentos. Essa estrutura já teve a
viga VS1 dimensionada (BASTOS, 2015)18. Agora, a viga VS1 tem seu traçado modificado com o objetivo
de introduzir esforços internos de torção, e para exemplificação e comparação, o concreto terá a resistência à
compressão alterada para 35 MPa, ou seja, do concreto C25 para o C35. O propósito do exemplo é
dimensionar e detalhar as armaduras das vigas VS1 e VS6, são conhecidos:

- coeficientes de ponderação: c = f = 1,4 ; s = 1,15 ;


- peso específico do Concreto Armado: conc = 25 kN/m3 ; aço CA-50;
- conforme NBR 6120: argamassa de revestimento com arg,rev = 19 kN/m3 e argamassa de contrapiso
com arg,contr = 21 kN/m3;
- edificação em área urbana de cidade: classe II de agressividade ambiental, concreto C35 (fck = 35
MPa), relação a/c ≤ 0,60, cnom = 2,5 cm para c = 5 mm.

OBSERVAÇÕES:
a) há uma parede de vedação em toda a extensão das vigas VS1 e VS6, constituída por blocos cerâmicos de
oito furos (dimensões de 9 x 19 x 19 cm), espessura final de 23 cm e altura de 2,40 m, com carga por metro
quadrado de área de 3,20 kN/m2, valor esse que considera os diferentes pesos específicos do bloco cerâmico
e das argamassas de assentamento (1 cm) e de revestimento (1,5 cm)19;
b) a laje é do tipo pré-fabricada treliçada, com altura total de 16 cm e peso próprio de 2,33 kN/m2;
c) ação variável (carga acidental da NBR 6120 - q) nas lajes de 2,0 kN/m2;
d) revestimento (piso final) em porcelanato sobre a laje, com piso = 0,20 kN/m2;
e) espessura do revestimento inferior da laje = 1,5 cm; espessura do contrapiso = 3,0 cm;
f) a ação do vento e os esforços solicitantes decorrentes serão desprezados por se tratar de uma edificação de
baixa altura (apenas dois pavimentos), em região não sujeita a ventos de alta intensidade.

18
BASTOS, P.S.S. Vigas de concreto armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento
Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), jun/2015, 56p. Disponível em
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
19
Valores encontrados em GIONGO, J.S. Concreto armado: projeto estrutural de edifícios. São Carlos, Escola de
Engenharia de São Carlos, Usp, Dep. de Estruturas. 1994.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 58

Figura 51 – Perspectiva da estrutura.

RESOLUÇÃO

Todas as vigas do pavimento superior serão representadas segundo um modelo de grelha (Figura 55),
para a determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos verticais (flechas). As vigas serão
consideradas vinculadas aos pilares extremos por meio de engastes elásticos.
Devido à mudança de direção que existe nos tramos finais das vigas VS1 e VS6, entre os pilares P3 e
P6, surgem esforços de torção nesses tramos.

719 330 389

VS1 (19 x 60)

P1 19/19 P2 19/30 P3 19/30


L1 L2
523

45

16

284

VS2 (19 x 70)

P4 19/30 P5 19/30 P6 19/30

L3 L4
VS4 (19 x 45)

VS5 (19 x 45)

VS6 (19 x 60)


523

VS3 (19 x 60)

P7 P8 19/30 P9 19/19
19/19
719 719

Figura 52 – Planta de fôrma do pavimento superior com as vigas VS1 e VS6.


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 59

VC1 (19 x 60) cobertura


60

P1 P2 P3
19/19 19/30 19/30
300

240

VS1 (19 x 60) superior VS6


60
tramo 1 tramo 2 tramo 3
255
300

19 700 19 305,5

VB1 (19 x 30) térreo


30

Figura 53 – Vista em elevação do pórtico que contém a viga VS1.

a) Vãos efetivos

Por questão de simplicidade e porque o erro cometido será pequeno e a favor da segurança, na
discretização dos nós da grelha os apoios verticais (pilares) serão considerados no centro geométrico dos
pilares. Essa simplificação leva a vãos para as vigas um pouco maiores que aqueles que resultariam caso se
considerassem os vão efetivos exatos. O modelo de grelha está mostrado na Figura 55.

b) Estimativa da altura das vigas

A largura das vigas foi adotada igual à dimensão do bloco cerâmico de oito furos, assentado na
posição “deitada”, ou seja, na dimensão de 19 cm. Para a estimativa da altura da viga VS1 foi aplicada a
seguinte equação, relativa ao tramo de maior vão:

 ef 719
h   59,9 cm  h = 60 cm
12 12

A viga VS6, embora não tenha as nervuras das lajes pré-fabricadas apoiadas sobre ela, terá a mesma
seção transversal da VS1, isto é, 19 x 60 cm, porque no trabalho conjunto das duas vigas no trecho onde
ocorre a mudança de direção, o tramo final da viga VS1 trabalhará de certa forma apoiando-se sobre o tramo
final da VS6, o que vai acarretar uma alta solicitação de flexão nessa viga na seção sobre o pilar P6.
Quanto à instabilidade lateral, como as vigas têm lajes apoiadas em toda a extensão dos vãos, a
estabilidade está garantida.

c) Cargas nas lajes e nas vigas

Como se pode observar na Figura 52, existe o carregamento das lajes L1 e L2 sobre a viga VS1, pois
as nervuras da laje nela se apoiam. Na viga VS6 as lajes L2 e L4 aplicam apenas uma pequena parcela de
carga, dado que as nervuras das lajes não se apoiam sobre a viga.

c1) Lajes

Para as lajes de piso do pavimento superior considerou-se a laje do tipo pré-fabricada treliçada, com
altura total de 16 cm e peso próprio de 2,33 kN/m2. A carga total por m2 de área da laje é:
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 60

- peso próprio: gpp = 2,33 kN/m2


- revestimento argam. inferior: garg,rev = 19 . 0,015 = 0,29 kN/m2
- arg. regularização (contrapiso): garg,contr = 21 . 0,03 = 0,63 kN/m2
- piso final (porcelanato): gpiso = 0,20 kN/m2
- ação variável: q = 2,00 kN/m2
CARGA TOTAL: p = 5,45 kN/m2

c2) Viga VS1

Considerando a carga total na viga consistindo de uma parede apoiada sobre toda extensão
(composta por blocos cerâmicos de oito furos, espessura final de 23 cm e altura de 2,40 m, e peso específico
3,20 kN/m2), da laje pré-fabricada com carga total de 5,45 kN/m2 e comprimento de 5,325 m (distância entre
o centro da viga VS2 e a face externa da viga VS1), e o peso próprio da viga (com seção transversal de 19 x
60 cm), o carregamento total atuante nos tramos entre os pilares P1 e P3 é:

- peso próprio: gpp = 25 . 0,19 . 0,60 = 2,85 kN/m


- parede de alvenaria: gpar = 3,20 . 2,40 = 7,68 kN/m
- laje: plaje = 5,45 . (5,325/2) = 14,51 kN/m
CARGA TOTAL: P = 25,04 kN/m

No tramo onde ocorre a mudança de direção, entre o pilar P3 e a viga VS6, com comprimento de 389
cm, a carga da laje na VS1 foi diminuída proporcionalmente à diminuição do comprimento das nervuras da
laje (Figura 54). O vão entre o pilar P3 e a viga VS6 foi dividido ao meio para separar dois trechos de carga,
com as nervuras da laje tendo os comprimentos médios de 474 cm e 341 cm. A carga da laje sobre a viga
VS1 foi calculada segundo esses comprimentos médios.
Relativamente ao comprimento de 474 cm foi considerada a carga de 23,72 kN/m, e de 20,09 kN/m
no comprimento de 341 cm.

474 389
194,5 194,5
97,3 97,3 97,3 97,3

P2 P3
19/30 19/30
direção das nervuras

523
474

341

284

P5 P6
19/30 19/30

Figura 54 – Comprimentos médios considerados para as nervuras da laje no tramo da viga VS1.

c3) Viga VS6

A carga da laje na viga foi calculada como sendo a correspondente à largura de uma lajota, com 30
cm. A carga atuante na viga VS6 é:

- peso próprio: gpp = 25 . 0,19 . 0,60 = 2,85 kN/m


- parede de alvernaria: gpar = 3,20 . 2,40 = 7,68 kN/m
- laje: glaje = 5,45 . 0,30 = 1,64 kN/m
CARGA TOTAL: p = 12,17 kN/m
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 61

d) Modelo de grelha para as vigas do pavimento

O comprimento de flambagem (e) dos pilares, considerados biarticulados (na base e no topo), é de
300 cm, e e/4 = 300/4 = 75 cm. Para a maior dimensão dos pilares na direção das vigas (bint) tem-se:
bint = 30 cm < e/4 = 75 cm

Portanto, os pilares intermediários podem ser considerados como apoios simples para as vigas.
A NBR 6118 considera que as vigas contínuas, quando calculadas individualmente e separadas do
restante da estrutura, tenham a vinculação obrigatoriamente considerada com os pilares extremos. Neste
exemplo, as vigas serão consideradas vinculadas aos pilares extremos por meio de engastamentos elásticos
(molas). O pilar P3 não será considerado como engaste elástico devido à continuidade da viga VS1 no pilar.
Para determinação dos esforços solicitantes segundo o modelo de grelha pode ser utilizado algum
programa computacional com essa finalidade. Para o exemplo foi aplicado o programa GLAN4, de
CORRÊA et al. (1992). Na Figura 55 mostra-se o modelo de grelha, representativo das vigas do pavimento
superior, com a numeração dos nós e das barras. Os números externos no desenho indicam as propriedades
das barras. No total são 16 nós e 19 barras. Alguns nós, posicionados no meio de algumas barras, foram
introduzidos apenas para fornecerem uma indicação das flechas nas vigas.

4 4

3
1
9 10 11
12 1
13 14 15 16
13
12
17 19 11 3

14

5 6 7 8
2
6 7 8 9 10

16 x 18 15

1 2 3 4 5
1
1
2 3 4

Figura 55 – Numeração dos nós, das barras, das propriedades das barras e indicação
dos engastes elásticos nos pilares extremos.

d1) Rigidez da mola

A rigidez da mola dos engastes elásticos pode ser avaliada pela equação: Kmola = Kp,sup + Kp,inf
Como os comprimentos de flambagem dos lances inferior e superior e a seção transversal dos pilares
extremos são idênticos, as rigidezes dos lances inferior e superior são iguais e valem:

4 EI
Kp,sup = Kp,inf =
e
8 EI
A rigidez da mola vale portanto: K mola 
e
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 62

Supondo a viga trabalhando em serviço no estádio II (já fissurada), para o módulo de elasticidade do
concreto será considerado o valor secante. O módulo tangente na origem pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8):

Eci  E 5600 f ck = 1,2 . 5600 35 = 39.756 MPa = 3.975,6 kN/cm2

com E = 1,2 para brita de basalto (ou diabásio).

O módulo de elasticidade secante (Ecs) é avaliado por:


f
Ecs = i Eci , com i  0,8  0,2 ck  1,0
80
35
i  0,8  0,2  0,8875  1,0  ok!
80

Ecs = 0,8875 . 3975,6 = 3.528 kN/cm2

Para o módulo de elasticidade transversal (G - NBR 6118, item 8.2.9) pode-se considerar a relação:
E 3528
G c  cs   1.470 kN/cm2
2,4 2,4

O momento de inércia dos lances inferior e superior dos pilares P1, P7 e P9 (seção 19/19) é:

19 . 193
Ip,sup = Ip,inf =  10.860 cm4
12

Rigidez da mola:20

8 EI 8 . 3528 . 10860
K mola  =  2.043 .418 kN.cm
e 300
2
O momento de inércia dos lances inferior e superior dos pilares P4 e P6 (seção 19/30), considerando
a direção da viga VS2, é:
30 . 193 8 EI 8 . 3528 . 17148
Ip,sup = Ip,inf =  17.148 cm4  K mola  =  3.226 .568 kN.cm
12 e 300
2
O momento de inércia dos lances inferior e superior dos pilares P2 e P8 (seção 19/30), considerando
a direção da viga VS5, é:
19 . 303 8 EI 8 . 3528 . 42750
Ip,sup = Ip,inf =  42.750 cm4  K mola  =  8.043 .840 kN.cm
12 e 300
2
d2) Arquivo de dados

Para o arquivo de dados de entrada da grelha seguiram-se as recomendações contidas no manual de


utilização do programa computacional GPLAN4.21 Para o módulo de elasticidade do concreto adotou-se o
valor calculado de 3.528 kN/cm2, e para o módulo de elasticidade transversal (G) o valor de 1.470 kN/cm2.

20
Se as dimensões e comprimento de flambagem dos pilares forem diferentes nos lances inferior e superior, os valores
devem ser calculados individualmente para cada lance.
21
CORRÊA, M.R.S. ; RAMALHO, M.A. ; CEOTTO, L.H. Sistema PPLAN3/GPLAN3 – Manual de utilização. São
Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1992, 80p. Disponível
em http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 63

Nas barras com mudança de direção (12, 13 e 14) é necessário considerar o momento de inércia à
torção. Nas demais barras, onde a torção de compatibilidade, quando existir, pode ser desprezada, apenas um
pequeno valor foi adotado para não causar problema no processamento do programa (foi considerado 100).
Os momentos de inércia à torção (J) das barras 12, 13 e 14 foram calculados com a Eq. 38 e a Tabela
2, considerando a seção transversal 19 x 60 cm:

b 19
n   0,317
h 60

J  j b3 h  0,266  193  60  109 .470 cm4

O arquivo de dados de entrada para o programa GPLAN4 tem o aspecto:

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP - BAURU. TORÇÃO EM VIGAS
EXEMPLO 3
GRELHA PAV.
NOGP
1,5,1,0,0,1438,0,
6,10,5,0,523,1438,523,
NOGL
11,12,1,1438,807,1243.5,926.5,
13,15,1,0,1046,719,1046,
NO
16,1049,1046,
RESG
1,5,4,1,2,2,0,2043418,2043418,
6,10,4,1,0,2,0,0,3226568,
3,15,12,1,2,0,0,8043840,
RES
13,1,2,2,0,2043418,2043418,
8,1,
16,1,
BARG
1,4,1,1,1,2,1,1,1,
5,8,1,6,1,7,1,2,1,
9,11,1,13,1,14,1,1,1,
12,13,1,16,-4,12,-1,3,1,
16,17,1,1,5,6,7,4,1,
18,19,1,3,5,8,7,4,1,
BAR
14,11,10,3,1,
15,10,5,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,100,60,
2,1,1330,543083,100,70,
3,1,1140,342000,109470,60,
4,1,855,144281,100,45,
MATL
1,3528,1470,
FIMG
CARR1
CBRG
1,4,1,1,-.2504,1,
5,8,1,1,-.4003,1,
9,11,1,1,-.2504,1,
14,15,1,1,-.1217,1,
16,17,1,1,-.1194,1,
18,19,1,1,-.1357,1,
CBR
12,1,-.2372,1,
13,1,-.2009,1,
FIMC
FIME
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 64

d3) Esforços solicitantes

A Figura 56 e a Figura 57 mostram os diagramas de esforços solicitantes característicos (forças


cortantes, momentos fletores e momentos torçores) obtidos no programa GPLAN4 para as vigas VS1 e VS6,
respectivamente. A listagem completa dos resultados calculados pelo programa encontra-se no Anexo B3.
A flecha calculada (deslocamentos z) pelo programa para os nós 2 (0,3 cm), 7 (0,3 cm), 11 (0,5 cm),
12 (0,4 cm) e 14 (0,4 cm), embora não sendo exatamente as flechas máximas das vigas, servem como valores
indicativos da deslocabilidade vertical. A maior flecha, de 0,5 cm no nó 11 é menor que a flecha máxima
permitida pela NBR 6118, de 10 mm para a situação de “Efeitos em elementos não estruturais”,
considerando que sobre a viga existirá uma parede de alvenaria. Conclui-se que a seção transversal adotada
para a viga é suficiente.

V k (kN)

barras 12 e 13
79,6 64,1 64,0

P1 P2 18,5 36,0
100,4 P3

10600
Mk
(kN.cm)
~325 barras 12 e 13
- 2632
3141
P1 P2 2800
~130 3088 +
+ P3

6031

9521

Tk
(kN.cm)
barras 12 e 13

P2 P3
1616

Figura 56 – Diagrama de esforços solicitantes característicos na viga VS1.


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 65

70,6
36,0 Vk (kN)
7,4
P9 56,2
P6 barra 14

12300

- barra 14

Mk
453 + 2842 (kN.cm)
P6
P9
~ 355 ~ 214

barra 14

P6 Tk
(kN.cm)
P9 1540 1540

Figura 57 – Diagrama de esforços solicitantes característicos na viga VS6.

e) Armadura mínima de flexão

Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C35, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,164 % Ac , portanto:
As,mín = 0,00164 . 19 . 60 = 1,87 cm2

f) Armadura de pele

A armadura de pele não é necessária, dado que a viga não tem altura superior a 60 cm (NBR 6118).
No entanto, a fim de evitar fissuras de retração que possam surgir na viga, será colocada uma armadura de
pele com área de 0,05 % Ac (área da armadura de pele conforme a NBR 6118/80), em cada face da viga:
As,pele = 0,0005 . 19 . 60 = 0,57 cm2
4  4,2 mm  0,56 cm2 em cada face, distribuídos ao longo da altura (ver Figura 62).

g) Dimensionamento das armaduras da viga VS1

Serão dimensionadas as armaduras longitudinais e transversais, para os esforços solicitantes


máximos de M, V e T.

g1) Armadura longitudinal de flexão

Normalmente a armadura longitudinal é calculada apenas para os momentos fletores máximos,


positivos e negativos. A contribuição da capa (mesa) das lajes pré-fabricadas treliçadas não será considerada
para formar seções L ou T, no dimensionamento à flexão.

g1.1) Momento fletor negativo

g1.1.1) Apoio pilar intermediário P2

Como o momento fletor negativo não é muito maior que o momento fletor máximo positivo no
tramo esquerdo, por simplicidade não será feita a redução de M para δM, como permitida pela NBR 6118.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 66

Mk = – 10.600 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 10600) = – 14.840 kN.cm
4 12,5
Para a altura da viga de 60 cm será adotada a altura útil de 56 cm:
b d 2 19 . 56 2
Kc  w =  4,0 ah
Md 14840

Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,16  0,45 (ok!), Ks = 0,025 e dom. 2. 2 10

Md 14840
As  K s = 0,025  6,63 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 56
4  12,5 mm (5,00 cm2) + 2  10 mm (1,60 cm2)  6,60 cm2

Considerando que o vibrador de agulha que será aplicado no adensamento do concreto tenha agulha
com diâmetro de 25 mm, a distância livre horizontal entre as barras da primeira fiada deve superar 25 mm.
Supondo estribo com diâmetro de 6,3 mm e c = 2,5 cm, para o detalhamento mostrado a distância livre
resulta:
19  2 2,5  0,63  4 . 1,25
ah   2,6 cm = 26 mm
3

distância suficiente para a passagem da agulha do vibrador.

g1.1.2) Apoio pilar intermediário P3

Neste pilar, devido aos esforços de torção e mudança na direção dos tramos, ocorrem dois diferentes
valores para o momento fletor negativo. O cálculo será feito para o maior valor, de – 3.088 kN.cm.

Md = f . Mk = 1,4 . (– 3088) = – 4.323 kN.cm


18 210
b d 2 19 . 56 2
Kc  w =  13,8
Md 4323

Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,04  0,45 (ok!), Ks = 0,023 e dom. 2.

Md 4323
As  K s = 0,023  1,78 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2  10 mm + 1  8 mm = 2,10 cm2

g1.1.3) Apoio pilar extremo P1

Mk = – 3.141 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 3141) = – 4.397 kN.cm
18 210
2 2
b w d 19 . 56
Kc  =  13,6
Md 4397

Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,04  0,45 (ok!), Ks = 0,023 e dom. 2.

Md 4397
As  K s = 0,023  1,81 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2  10 mm + 1  8 mm = 2,10 cm2

g1.1.4) Momento fletor positivo entre os pilares P1 e P2


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 67

Como a laje adjacente à viga é do tipo nervurada pré-fabricada, com capa de concreto de espessura 4
cm, normalmente não se considera a contribuição dessa capa de pequena espessura para formar a mesa da
seção T, de modo que a viga será calculada como seção retangular.

Mk = 9.521 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 9521 = 13.329 kN.cm

b w d 2 19 . 56 2
Kc  =  4,5
Md 13329

Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,14 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e dom. 2.

Md 13329 5 12,5
As  K s = 0,024  5,71 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 56
5  12,5 = 6,25 cm2

g1.1.5) Momento fletor positivo entre os pilares P2 e P3

Os momentos fletores no tramo entre os pilares P2 e P3 resultaram negativos no modelo de grelha


(ver
Figura 56). Neste caso, particularmente, é importante verificar a ocorrência de momento fletor positivo,
conforme exige a NBR 6118, fazendo o tramo isolado, como mostrado na Figura 58. O pilar P3 será
considerado apoio simples devido à mudança de direção dos tramos nesse pilar.

25,04 kN/m

1 1 2
P2 P3
330

Figura 58 – Esquema estático, carregamento e numeração dos nós e barra para obtenção do momento
fletor positivo considerando engaste no apoio interno P2 da viga VS1.

O arquivo de dados de entrada no programa PPLAN4 está apresentado a seguir. O relatório com os
resultados encontra-se no Anexo B4.

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP, BAURU/SP – DISC. CONCRETO II - TORÇÃO
MOMENTO POSITIVO ENTRE OS PILARES P2 E P3, COM ENGASTE NO PILAR P2
VS1 (19 x 60)
NOGL
1,2,1,0,0,330,0,
RES
1,1,1,1,
2,1,1,
BAR
1,1,2,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,3528,
FIMG
CARR1
CBR
1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 68

O máximo momento fletor positivo para o esquema mostrado na Figura 58 resulta 1.909 kN.cm.
Esse momento deve ser considerado no dimensionamento da armadura longitudinal positiva do tramo.

Mk = 1.909 kN.cm (ver Anexo B4)


Md = 1,4 . 1909 = 2.673 kN.cm

b w d 2 19 . 56 2
Kc  =  22,3
Md 2673

Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,03 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,023 e dom. 2.

Md 2673 1 8 2 10
As  K s = 0,023  1,10 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2  10 mm + 1  8 mm = 2,10 cm2

g1.1.6) Momento fletor positivo à direita do pilar P3

Mk = 6.031 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 6031 = 8.443 kN.cm

b w d 2 19 . 56 2
Kc  =  7,1
Md 8443
Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,09 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e dom. 2.

Md 8443
As  K s = 0,024  3,62 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 56 3 12,5
3  12,5 = 3,75 cm2

g2) Armadura transversal à força cortante

O dimensionamento à força cortante será feito com as equações simplificadas apresentadas em


BASTOS (2015). Será considerado o Modelo de Cálculo I ( = 45° - ângulo de inclinação das diagonais de
compressão). O cálculo está apresentado apenas para a força cortante máxima na viga VS1.

g2.1) Tramo à esquerda do pilar intermediário P2

Vk = 100,4 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 100,4 = 140,6 kN

g2.1.1) Verificação das diagonais de compressão

Na Tabela A-4, para o concreto C35 determina-se a força cortante máxima:


VRd2 = 0,58 bw d = 0,58 . 19 . 56 = 617,1 kN
VSd  140,6  VRd 2  617 ,1 kN  ok!, não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais
de compressão.

g2.1.2) Cálculo da armadura transversal

Na Tabela A-4, para o concreto C35 a equação para determinar a força cortante correspondente à
armadura mínima é:
VSd,mín = 0,147 bw d = 0,147 . 19 . 56 = 156,4 kN
VSd  140,6  VSd , mín  156,4 kN  portanto, deve-se dispor a armadura mínima transversal.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 69

Como todas as demais forças cortantes atuantes são menores que Vk de 100,4 kN, conclui-se que
todos os tramos devem ter a armadura transversal mínima.
A armadura mínima é calculada pela equação:

20 f ct, m
A sw , mín  bw (cm2/m), com f ct, m  0,3 3 f ck 2  0,3 3 352  3,21 MPa
f ywk
20 . 0,321
Asw , mín  19  2,44 cm2/m
50

g2.1.3) Detalhamento da armadura transversal

- Diâmetro do estribo: 5 mm  t  bw/10  t  190/10  19 mm


- Espaçamento máximo:
0,67 VRd2 = 0,67 . 617,1 = 413,5 kN
VSd = 140,6 < 413,5 kN  s  0,6 d  30 cm
0,6 d = 0,6 . 56 = 33,6 cm  portanto, smáx = 30 cm
- Espaçamento transversal entre os ramos verticais do estribo:
0,20 VRd2 = 0,20 . 617,1 = 123,4 kN
VSd = 140,6 > 123,4 kN  st  0,6 d  35 cm
0,6 d = 0,6 . 56 = 33,6 cm  portanto, st,máx = 33,6 cm

g2.1.4) Detalhamento da armadura transversal

No tramo da viga VS1 do lado esquerdo do pilar P2 tem-se Asw = Asw,mín = 2,44 cm2/m = 0,0244
cm /cm. Considerando estribo vertical composto por dois ramos e diâmetro de 5 mm (1 5 mm  0,20 cm2),
2

tem-se:
Asw 0,40
 0,0244 cm2/cm   0,0244  s = 16,4 cm  smáx = 30 cm (ok!)
s s

portanto, estribo  5 mm c/16 cm para os tramos.

g3) Ancoragem das armaduras longitudinais

g3.1) Armadura positiva no pilar extremo P1

A força cortante na viga na posição do pilar P1 é:


Vk = 79,6 kN  VSd = 1,4 . 79,6 = 111,4 kN

Valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a) segundo o Modelo de Cálculo I, para
estribos verticais:22
d VSd , máx
a  d , com a  0,5d
2 (VSd , máx  Vc )

Na flexão simples, Vc = Vc0 = 0,6fctd bw d = 0,6 . 0,160 . 19 . 56 = 102,1 kN

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2 0,7 . 0,3 3 2


f ctd    f ck = 35  1,60 MPa = 0,160 kN/cm2
c c c 1,4

22
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 70

56 111,4
a   335,4 cm ≤ d = 56 cm  portanto, a = 56 cm
2 (111,4  102,1)

A armadura a ancorar no apoio é:

a  VSd 56 111,4 
As,anc  =  2,56 cm2
d f yd 56 50
1,15

A armadura a ancorar no apoio deve atender à armadura mínima:

1 M vão
 3 A s, vão se M apoio  0 ou negativo de valor M apoio  2
A s, anc  
1 A M vão
 4 s , vão se M apoio  negativo e de valor M apoio 
2

M d,apoio   4.397 kN.cm < Md,vão/2 = 13.329/2 = 6.665 kN.cm

Portanto, As,anc  1/3 As,vão = 5,71/3 = 1,90 cm2

As,anc = 2,56 cm2 ≥ 1/3 As,vão = 1,90 cm2  ok!

Se resultar As,anc menor que o valor mínimo, deve-se seguir nos cálculos com As,anc igual ao valor
mínimo (1/3 ou 1/4 do As,vão).
A armadura positiva do vão adjacente ao pilar é composta por 5  12,5 mm, onde 2  12,5
posicionados nos vértices dos estribos devem ser obrigatoriamente estendidos até os apoios. Portanto, pode-
se considerar que 2  12,5 (2,50 cm2 = As,ef) atendem a área necessária a ancorar, de 2,56 cm2. A armadura a
ancorar deve penetrar no pilar no comprimento de ancoragem básico (b).

Conforme a Tabela A-7, o comprimento de ancoragem


básico (sem gancho), para barra de diâmetro 12,5 mm, concreto
C35, aço CA-50, em região de boa aderência, é 38 cm.
O comprimento de ancoragem corrigido é:
A 2,56 b,corr 
 b, corr   b s, anc  38  38,9 cm
A s, ef 2,50 As,ef

O comprimento de ancoragem efetivo do apoio é: b,ef


c
b,ef = b – c = 19 – 2,5 = 16,5 cm

O comprimento mínimo da ancoragem no apoio (b,mín) é:


r 
 b,mín   b
6 cm

r = 5/2 = 5 . 1,25/2 = 3,1 cm


(com D determinado na Tabela A-10)

r + 5,5 = 3,1 + 5,5 . 1,25 = 10,0 cm > 6 cm   b,mín = 10,0 cm

Tem-se que b,corr = 38,9 cm > b,mín = 10,0 cm  ok!


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 71

Numa primeira análise verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido é superior ao


comprimento de ancoragem efetivo (b,corr = 38,9 cm > b,ef = 16,5 cm). Isto significa que não é possível fazer
a ancoragem reta. A próxima tentativa de ancoragem é fazer o gancho na extremidade das barras. O
comprimento de ancoragem, com gancho, é:

 b,gancho  0,7 . 38,9  27,2 cm

Verifica-se que mesmo com o gancho ainda não é possível fazer a ancoragem, pois o comprimento
de ancoragem resultou maior que o comprimento de ancoragem efetivo: (b,gancho = 27,2 cm > b,ef = 16,5 cm).
A próxima alternativa é aumentar a armadura longitudinal a ancorar no apoio, para As,corr :

0,7  b 0,7  38
A s, corr  A s, anc = 2,56  4,13 cm2
 b, ef 16,5

Para atender a armadura corrigida pode-se estender mais duas barras das cinco barras da armadura
positiva no vão, ou seja, As,ef = 5,00 cm2 (4  12,5), o que atende com folga à armadura corrigida. Como uma
alternativa a este arranjo, pode-se manter 2  12,5 (As,ef = 2,50 cm2) da armadura longitudinal e acrescentar
grampos complementares, com área de:

As,gr = As,corr – As,ef = 4,13 – 2,50 = 1,63 cm2  (1 grampo: 2  10 mm  1,60 cm2)

A armadura a ancorar fica com 2  12,5 + 2  10  4,10 cm2. O detalhe da ancoragem está
mostrado na Figura 59.

2,5
100 gr = 100 cm

2 cm
10

15,5
19 2  12,5
grampo
2  10

Figura 59 – Detalhe da ancoragem nos pilares extremos.

g3.2) Armadura positiva nos pilares intermediários (internos)

Estendendo 2  12,5 (dos vértices dos estribos) da armadura longitudinal positiva do vão até o pilar
intermediário P2 (As,anc = 2,50 cm2), esta armadura deve ser superior à armadura mínima a ancorar:

M d,apoio   14.840 kN.cm > Md,vão/2 = 13.329/2 = 6.665 kN.cm


Portanto, As,anc  1/4 As,vão = 5,71/4 = 1,43 cm2

As,anc = 2,50 cm2 > 1/4 As,vão = 1,43 cm2  ok!

As duas barras de 12,5 mm devem se estender 10 além da face do pilar.

No caso do tramo à esquerda do pilar P3, como o vão é pequeno, não há necessidade de interromper
parte da armadura antes dos apoios, ou seja, pode-se estender até os apoios todas as barras da armadura
longitudinal positiva (2  10 + 1  8  2,10 cm2). Esta área deve ser superior à armadura mínima a ancorar,
de 1/4 As,vão = 1,10/4 = 0,28 cm2.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 72

Portanto, As,anc = 2,10 cm2 > 1/4 As,vão = 0,28 cm2  ok!

No tramo à direita do pilar P3 tem-se:

M d,apoio   3.685 kN.cm < Md,vão/2 = 8.443/2 = 4.222 kN.cm


Portanto, As,anc  1/3 As,vão = 3,62/3 = 1,21 cm2

ancorando as duas barras dos vértices dos estribos: 2  12,5 mm  2,50 cm2, é atendida a área mínima de
1,21 cm2.
Para a força cortante Vk = 100,4 kN no tramo à esquerda do pilar P2, o valor da decalagem do
diagrama de momentos fletores (a), segundo o Modelo de Cálculo I, é:

VSd = 1,4 . 100,4 = 140,6 kN

d VSd , máx
a  d , com a  0,5d
2 (VSd , máx  Vc )

Na flexão simples, Vc = Vc0 = 0,6fctd bw d = 0,6 . 0,160 . 19 . 56 = 102,1 kN

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2 0,7 . 0,3 3 2


f ctd    f ck = 35  1,60 MPa = 0,160 kN/cm2
c c c 1,4

56 140,6
a   102,2 cm ≤ d = 56 cm  portanto, a = 56 cm
2 (140,6  102,1)

este valor, que é o máximo possível, será adotado para os demais tramos.

g3.3) Armadura negativa no pilar extremo P1

A armadura negativa proveniente do engastamento elástico nos pilares extremos deve penetrar até
próximo à face externa do pilar, respeitando-se a espessura do cobrimento, e possuir um gancho direcionado
para baixo, com comprimento de pelo menos 35. O diâmetro de dobramento deve ser de 5 (para CA-50 e 
< 20 mm), como indicado na Figura 60.

2  10 + 1  8

5
35 cm
35 

Figura 60 – Ancoragem da armadura negativa nos pilares extremos.

g4) Dimensionamento à torção

O tramo à direita do pilar P3 está submetido ao momento de torção característico (Tk) de 1.616
kN.cm. O momento de cálculo é:
TSd = γf . Tk = 1,4 . 1.616 = 2.262 kN.cm
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 73

g4.1) Verificação das diagonais comprimidas

Área da seção transversal: A = bw . h = 19 . 60 = 1.140 cm2


Perímetro da seção transversal: u = 2 (bw + h) = 2 (19 + 60) = 158 cm

As Eq. 19 e 20 fornecem os limites para a espessura he da parede fina:

A 1140
he    7,2 cm e he  2c1
u 158

Sendo c = 2,5 cm e supondo  = 12,5 mm e t = 8 mm c1


encontra-se: cnom
c1 =  /2 + t + cnom = 1,25/2 + 0,8 + 2,5 = 3,925 cm

he  2c1 = 2 . 3,925 = 7,85 cm

Portanto, os limites para he são: 7,85 cm  he  7,2 cm, ou seja: he


bw
 7,2 cm e he  7,85 cm. Não é possível adotar um valor para he que 19
atenda aos limites.

7,2
he
Neste caso, para resolver o problema, entre outras soluções, pode-
se aumentar as dimensões da seção transversal da viga. A solução que c1
melhor resolve o problema é aumentar a largura da viga.23
Quando ocorre A/u < 2c1 , e não se deseja fazer alterações na viga,
a NBR 6118 permite adotar: he = A/u ≤ bw – 2c1 :

h = 60
Ae

he = A/u = 7,2 cm ≤ bw – 2c1 = 19 – 7,85 = 11,15 cm  ok!


ue
 he = 7,2 cm

A área Ae deve ser definida pelos eixos das barras dos cantos
(respeitando-se o cobrimento exigido nos estribos): he
c1

7,2
Ae = (bw – 2c1) . (h – 2c1) = (19 – 7,85) . (60 – 7,85) = 581,5 cm2

O perímetro da área equivalente neste caso é:

ue = 2 [(bw – 2c1) + (h – 2c1)] = 2 [(19 – 7,85) + (60 – 7,85)] = 126,6 cm

O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 23, com ângulo  (45) igual ao aplicado no
cálculo da viga à força cortante (Modelo de Cálculo I), é:

TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2  = 0,5 (1 – 35/250) . (3,5/1,4) 581,5 . 7,2 . sen 2 . 45 = 4.500,8 kN.cm

Para não ocorrer esmagamento do concreto nas bielas comprimidas, conforme a Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
 Sd  1
VRd 2 TRd 2

Sendo VRd2 = 617,1 kN e VSd,máx = 89,6 kN (de Vk = 64,0 kN – do tramo direito no pilar P3),
aplicando os valores numéricos na Eq. 34 fica:

89,6 2262
  0,65  1,0  ok!
617 ,1 4500 ,8

23
Ver o Exemplo 2.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 74

Como a equação foi satisfeita não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais de
compressão.

g4.2) Cálculo das armaduras

As armaduras mínimas para torção, longitudinal e transversal, são (Eq. 32):

20 f ct, m 20 . 0,321
A s, mín  he  7,2  0,92 cm2/m
f ywk 50

20 f ct, m 20 . 0,321
A s,90mín  bw  19  2,44 cm2/m
f ywk 50

3
com f ct, m  0,3 3 f ck 2  0,3 352  3,21 MPa (resistência média do concreto à tração direta).

Armadura longitudinal conforme a Eq. 27:

As TSd 2262


   0,0447 cm2/cm
ue 2 A e f ywd tg  2  581,5 50 tg 45
1,15
com ue = 100 cm, As = 4,47 cm2/m ≥ As,mín = 0,92 cm2/m  ok!

Armadura transversal (estribos) conforme a Eq. 24:

A s,90 TSd 2262


 tg   tg 45  0,0447 cm2/cm
s 2 A e f ywd 50
2  581,5
1,15
com s = 100 cm, As,90 = 4,47 cm /m  As,90mín = 2,44 cm2/m  ok!
2

g4.3) Detalhamento das armaduras

O diagrama de Tk na
Figura 56 mostra que as armaduras para torção devem ser mantidas obrigatoriamente constantes ao longo do
tramo.

g4.3.1) Armadura longitudinal

A armadura longitudinal de torção pode ser combinada com a armadura longitudinal de flexão,
considerando as seções onde ocorreram os momentos fletores máximos, no pilar P3 e no vão. A análise deve
ser feita para cada uma das quatro faces da viga, mantendo-se a proporcionalidade de armadura.

Seção adjacente ao pilar P3:

Face superior:
- da flexão: As = 1,51 cm2 (armadura de flexão calculada para Mk = – 2.632 kN.cm)
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 1,51 + 0,50 = 2,01 cm2 (2  12,5  2,50 cm2)

Na região sob momento fletor negativo a resistência será proporcionada por 2  12,5, e no restante
do tramo (sob momento fletor positivo) serão colocados 2  8 mm, que atendem com folga a armadura
necessária para torção (0,50 cm2), e as barras trabalham também como porta-estribos.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 75

Face inferior:
- da flexão: As = 1,21 cm2 (armadura mínima a ancorar no pilar P3)
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 1,21 + 0,50 = 1,71 cm2

Esta armadura será atendida pela armadura longitudinal positiva à direita do pilar P3, que será
estendida do vão e ancorada no pilar: 3  12,5 mm  3,75 cm2).

Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) As = (60 – 7,85) 0,0447 = 2,33 cm2 (3  10 mm  2,40 cm2). Esta armadura,
em cada face, deve estender-se do pilar P3 até a intersecção com a viga VS6; essa armadura contribui
também para evitar possíveis fissuras por retração do concreto.

Região do máximo momento fletor positivo

Face superior:
- da flexão: As = 0,00 cm2
- da torção: As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 0,50 cm2 (2  8  1,00 cm2)

Face inferior:
- da flexão: As = 3,62 cm2
- da torção: As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 3,62 + 0,50 = 4,12 cm2 (3  12,5 + 1  8  4,25 cm2)

Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) As = (60 – 7,85) 0,0447 = 2,33 cm2 (3  10 mm  2,40 cm2)

Para uma conferência pode-se calcular a armadura longitudinal total, considerando apenas a torção,
relativa ao perímetro ue :
As
 0,0447 cm2/cm  com ue = 126,6 cm: As, tot  0,0447 . 126,6  5,66 cm2
ue

A armadura total, em função das áreas calculadas para as faces da viga, é:


As,tot = 2(0,50 + 2,33) = 5,66 cm2  ok!

g4.3.2) Armadura transversal

A área total de estribos verticais é calculada pela soma das áreas relativas à força cortante e à torção.
A armadura para a força cortante máxima entre o pilar P3 e a interseção com a viga VS6 resultou na
armadura mínima, de 0,0244 cm2/cm.
Considerando o estribo composto por dois ramos verticais, e que a área relativa à força cortante para
um ramo é 0,0244/2 = 0,0122 cm/m2, a armadura transversal total é:

As, total Asw ,1ramo As,90


   0,0122  0,0447  0,0569 cm2/cm = 5,69 cm2/m
s s s

onde As,90 representa a área de um ramo vertical do estribo.

O diâmetro mínimo para o estribo à torção é de 5 mm. Supondo estribo fechado de dois ramos
verticais com diâmetro de 6,3 mm (1  6,3  0,31 cm2) tem-se:
0,31
 0,0569  s = 5,4 cm
s
que é um espaçamento muito pequeno. Alterando o diâmetro para 8 mm (1  8  0,50 cm2) tem-se:
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 76

0,50
 0,0569  s = 8,8 cm  smáx = 30 cm  ok!
s
Portanto, pode-se escolher estribo  8 mm c/9 cm. Na Figura 62 encontra-se mostrado o
detalhamento final das armaduras da viga VS1.

g5) Detalhamento da armadura longitudinal

Conforme os cálculos da decalagem a executados, pode-se considerar o valor de 56 cm (d) para


todos os tramos, a ser aplicado no deslocamento do diagrama de momentos fletores de cálculo.
Os comprimentos de ancoragem básicos, para concreto C35 e conforme a Tabela A-7 (colunas sem
gancho), são: para  10 mm (43 cm para má aderência e 30 cm para boa aderência), e para  12,5 mm (54 cm
para má aderência e 38 cm para boa aderência).
A Figura 61 mostra o “cobrimento” do diagrama de momentos fletores de cálculo, feito para
determinação do comprimento das barras das armaduras longitudinais, positivas e negativas.
A Figura 62 apresenta o detalhamento final das armaduras da viga. Este desenho é feito comumente
na escala 1:50. O desenho do corte da seção transversal e do estribo é feito normalmente na escala de 1:25 ou
1:20.

196
142 258
100 121
43 43
2 10
54 A a a 54
10
107 2 12,5 10
110
43 B
54 a 54
12,5
2 10 + 1  8 12,5
56
2 12,5
A
10 12,5
12,5
P1 a a a a
a 56 B 56 56
P2
a
P3
B 2 12,5 B
face do pilar

a
a 3 12,5
10 
10  8 8
12,5 12,5 1 8
A 2 12,5 A
26 10  105 346
12,5 120
117 1 12,5 10 
12,5
b 214
38 b
38

Figura 61 – Cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo da viga VS1.


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 77

VS 1 (19 x 60)
2N7
N1 - 44 c/16 N1 - 19 c/16 2N4

N2
-5 0 c/ 2N8
9
4N9 4N9
P1 P2 P3
1N11
40
195 50
120 2N15 2N12
N3 - 2 10 C = 606 N4 - 2 12,5 C = 660
35

VS6
110
145 260 N5
N6 - 1 8 C = 145
35

-2
8 C
N7 - 2 12,5 C = 405 = 43 2N5
0
100 120

50
N8 - 2 10 C = 230 (2° cam)
40 3N10 3N10

N9 - 2 x 4 4,2 C = 1056
N10
-2x
3 
115 215 10
N11 - 1 12,5 C = 398 (2° cam) C= 3N17 1N14
530
25

40
120 100
N12 - 2 12,5 C = 583
N13 - 1 8 C = 340 14
N 14
-1
40 8 C
10

N15 - 2 12,5 C = 742 = 34


N16 - 2 10 C = 340 0 55
100 N17
-3
12,
13

N18 - 1 10 C = 213 5 C


= 54
0
N1 - 63 5 C = 148
N2 - 50 8 C = 148

50
Figura 62 – Detalhamento final das armaduras da viga VS1.

h) Dimensionamento das armaduras da viga VS6

Serão dimensionadas as armaduras longitudinais e transversais para os esforços solicitantes internos


máximos de M, V e T.

h1) Armadura longitudinal de flexão

h1.1) Apoio intermediário P6

Mk = – 12.300 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 12.300) = – 17.220 kN.cm

Para a altura da viga de 60 cm será adotada a altura útil de 55 cm: 5 12,5

b w d 2 19 . 55 2
Kc  =  3,4
Md 17220
ah
2 10
Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,19  0,45 (ok!), Ks = 0,025 e dom. 2.

Md 17220
As  K s = 0,025  7,83 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 55
5  12,5 + 2  10 = 7,85 cm2

Supondo que o concreto será adensado com um vibrador com diâmetro de agulha de 25 mm, a
distância livre horizontal entre as barras longitudinais das camadas superiores deve ser superior a esse
diâmetro. Considerando estribo com diâmetro de 5 mm, para o detalhamento mostrado, a distância livre entre
as barras da primeira camada resulta:

19  2 2,5  0,5  4 . 1,25


ah   2,7 cm
3
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 78

distância suficiente para a passagem da agulha do vibrador. Supondo que o centro de gravidade da armadura
esteja posicionado 0,5 cm abaixo da face inferior das barras da primeira camada, a distância entre a face
tracionada e o CG é:

acg = 2,5 + 0,5 + 1,25 + 0,5 = 4,8 cm (valor compatível com a altura útil d = 55 cm)

h1.2) Momento fletor positivo na extremidade direita

Mk = 2.842 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 2842 = 3.979 kN.cm

Com d = 56 cm:

b w d 2 19 . 56 2
Kc  =  15,0
Md 3979

Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,04  0,45 (ok!), Ks = 0,023 e dom. 2.


1 8 2 10
M 3979
As  Ks d = 0,023  1,63 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2  10 + 1  8  2,10 cm2

h1.3) Momento fletor positivo entre os pilares P9 e P6

Para verificação do momento fletor positivo máximo na viga VS6, entre os pilares P9 e P6, será
calculado o momento considerando o tramo engastado no pilar P6 e com engaste elástico no pilar P9 (Figura
63). A rigidez da mola relativa ao pilar P9, com seção 19/19 é de 2.043.418 kN.cm, valor já determinado.

12,17 kN/m

1 1 2 x

P9 523 P6

Figura 63 – Esquema estático, carregamento e numeração dos nós e barras para obtenção do
momento fletor positivo considerando engaste perfeito no apoio intermediário (P6) da viga VS6.

O arquivo de dados de entrada no programa PPLAN4 está apresentado a seguir. O relatório com os
resultados encontra-se no Anexo B5.

OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP, BAURU/SP – DISC. CONCRETO II - TORÇÃO
MOMENTO POSITIVO ENTRE OS PILARES P9 E P6
VS6 (19 x 60)
NOGL
1,2,1,0,0,523,0,
RES
1,1,1,2,0,0,2043418,
2,1,1,1,
BAR
1,1,2,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,3528,
FIMG
CARR1
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 79

CBR
1,1,-0.1217,1,
FIMC
FIME

O máximo momento fletor positivo para o esquema mostrado na Figura 59 resulta 2.129 kN.cm,
muito superior ao valor de 453 kN.cm calculado segundo o modelo de grelha. Aliás, o tramo apresenta-se
sob momentos fletores negativos em quase toda a extensão (ver
Figura 57). No dimensionamento da armadura positiva do tramo deve ser considerado o maior valor,
conforme indicado na NBR 6118.

Mk = 2.129 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 2129 = 2.981 kN.cm

b w d 2 19 . 56 2
Kc  =  20,0
Md 2981
Da Tabela A-1:  x = x/d = 0,03  0,45 (ok!), Ks = 0,023 e dom. 2.

Md 2981
As  K s = 0,023  1,22 cm2 < As,mín = 1,87 cm2 1 8 2 10
d 56
2  10 + 1  8  2,10 cm2

h2) Armadura transversal à força cortante

Na viga VS6 a força cortante máxima é Vk = 70,6 kN (VSd = 98,8 kN), valor menor que a força
cortante mínima calculada (VSd,mín = 156,4 kN), o que leva à armadura transversal mínima em toda extensão
da VS6 (Asw,mín = 2,44 cm2/m).

h3) Ancoragem das armaduras longitudinais

h3.1) Armadura positiva no pilar extremo P9

No pilar extremo P9 existe um pequeno momento fletor positivo (453 kN.cm), para o qual deve
existir uma armadura de flexão resistente. A armadura mínima de flexão do tramo adjacente (2  10 + 1  8)
pode ser estendida até o pilar e é mais do que suficiente para resistir a este momento fletor. Por simplicidade
e a favor da segurança pode-se estender as três barras até o pilar P9, fazendo-se o gancho na extremidade das
barras (ver Figura 65).

h3.2) Armadura positiva no pilar intermediário P6

A armadura mínima a ancorar no pilar, tomando o tramo à direita que está sob momento fletor
positivo, é:
M d,apoio   17.220 kN.cm > Md,vão/2 = 3.979/2 = 1.990 kN.cm
Portanto, As,anc ≥ 1/4 As,vão = 1,63/4 = 0,41 cm2

As armaduras positivas de flexão dos dois tramos adjacentes ao pilar P6 (2  10 + 1  8  2,10 cm2)
atendem à armadura mínima a ancorar. As barras devem estender-se 10 além da face do pilar.
Para a força cortante máxima de Vk = 70,6 kN no pilar P6, o valor da decalagem do diagrama de
momentos fletores (a), segundo o Modelo de Cálculo I, é:

VSd = 1,4 . 70,6 = 98,8 kN

d VSd , máx
a  d , com a  0,5d
2 (VSd , máx  Vc )
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 80

Na flexão simples, Vc = Vc0 = 0,6fctd bw d = 0,6 . 0,160 . 19 . 56 = 102,1 kN

f ctk,inf 0,7 f ct, m 0,7 . 0,3 3 2 0,7 . 0,3 3 2


f ctd    f ck = 35  1,60 MPa = 0,160 kN/cm2
c c c 1,4

Como VSd é menor que Vc0 , deve ser tomado a ≥ 0,5d = 0,5 . 56 = 28 cm, valor a ser adotado para
os dois tramos adjacentes ao pilar P6.

h4) Dimensionamento à torção

No tramo final da VS6 ocorre o momento de torção característico (Tk) de 1.540 kN.cm, constante ao
longo do tramo. O momento de cálculo é:
TSd = γf . Tk = 1,4 . 1540 = 2.156 kN.cm

Os valores de A e u são os mesmos já calculados para a viga VS1, pois a seção transversal é idêntica:
A = 1.140 cm2 e u = 158 cm. As Eq. 19 e 20 fornecem os limites para a espessura he da parede fina:

A 1140
he    7,2 cm e he  2c1
u 158
c1
Sendo c = 2,5 cm e supondo  = 12,5 mm e t = 8 mm cnom
encontra-se:
c1 =  /2 + t + cnom = 1,25/2 + 0,8 + 2,5 = 3,925 cm
he  2c1 = 2 . 3,925 = 7,85 cm

Portanto, os limites para he são: 7,85 cm  he  7,2 cm, ou seja: he bw


 7,2 cm e he  7,85 cm. Não é possível adotar um valor para he que 19
atenda aos limites. Neste caso, onde ocorreu A/u < 2c1 , foram
7,2
he
apresentadas soluções nos exemplos anteriores para resolver o problema. c1
Uma solução é fornecida pela NBR 6118, que permite adotar:

he = A/u ≤ bw – 2c1

h = 60
he = A/u = 7,2 cm ≤ bw – 2c1 = 19 – 7,85 = 11,15 cm  ok! Ae

 he = 7,2 cm ue

A área Ae é definida pelos eixos das barras dos cantos (respeitando


o cobrimento exigido nos estribos):
he
c1

Ae = (bw – 2c1) . (h – 2c1) = (19 – 7,85) . (60 – 7,85) = 581,5 cm2


7,2

O perímetro da área equivalente é:

ue = 2 [(bw – 2c1) + (h – 2c1)] = 2 [(19 – 7,85) + (60 – 7,85)] = 126,6 cm

O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 23, com ângulo  (45) igual ao aplicado no
cálculo da viga à força cortante, considerando o Modelo de Cálculo I, é:

TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2  = 0,5 (1 – 35/250) . (3,5/1,4) 581,5 . 7,2 . sen 2 . 45 = 4.500,8 kN.cm

Para não ocorrer esmagamento das bielas comprimidas de concreto, conforme a Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
 Sd  1
VRd 2 TRd 2
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 81

Sendo VRd2 = 617,1 kN e VSd,máx = 1,4 . 70,6 = 98,8 kN (força cortante máxima atuante no tramo com
torção), aplicando os valores numéricos na Eq. 34 fica:
98,8 2156
  0,64  1,0  ok!
617 ,1 4500 ,8

Como a equação foi satisfeita não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais de
compressão.

h4.1) Cálculo das armaduras

As armaduras mínimas para torção, já calculadas para a viga VS1, são:

As,mín = 0,92 cm2/m e As,90mín = 2,44 cm2/m

Armadura longitudinal conforme a Eq. 27:

As TSd 2156


   0,0426 cm2/cm
ue 2 A e f ywd tg  2  581,5 50 tg 45
1,15
com ue = 100 cm, As = 4,26 cm2/m ≥ As,mín = 0,92 cm2/m  ok!

Armadura transversal (estribos) conforme a Eq. 24:

A s,90 TSd 2156


 tg   tg 45  0,0426 cm2/cm
s 2 A e f ywd 50
2  581,5
1,15
com s = 100 cm, As,90 = 4,26 cm /m  As,90mín = 2,44 cm2/m  ok!
2

h4.2) Detalhamento das armaduras

h4.2.1) Armadura longitudinal

Analisando os diagramas de momentos fletores e momentos torçores, mostrados na Figura 57,


observa-se que pode ser considerada somente a seção onde ocorre o momento fletor máximo negativo (no
pilar P6), para calcular a armadura longitudinal combinada de modo a atender a ambos momentos. A área
total de armadura pode então ser obtida pela soma das armaduras de flexão e de torção, calculadas para cada
uma das quatro faces externas da viga:

Face superior:
- da flexão: As = 7,83 cm2
- da torção: As = (bw – 2c1) = (19 – 7,85) 0,0426 = 0,47 cm2
- As,total = 7,83 + 0,47 = 8,30 cm2 (5  12,5 + 3 10  8,65 cm2)

Face inferior:
- da flexão: As = 0,41 cm2 (armadura mínima a ancorar no pilar P6)
- da torção: As = (bw – 2c1) = (19 – 7,85) 0,0426 = 0,47 cm2
- As,total = 0,41 + 0,47 = 0,88 cm2

Esta armadura será atendida pela armadura mínima positiva que se estende até o pilar (2  10 + 1  8
 2,10 cm2).

Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) = (60 – 7,85) 0,0426 = 2,22 cm2 (3  10 mm  2,40 cm2).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 82

Esta armadura deverá se estender do pilar P6 até a intersecção com a viga VS1.

h5.3.2) Armadura transversal

A área total de estribos verticais é calculada pela soma das áreas relativas à força cortante e à torção.
A armadura para a força cortante máxima entre o pilar P6 e a interseção com a viga VS1 resultou na
armadura mínima, de 0,0244 cm2/cm.
Considerando o estribo composto por dois ramos verticais, e que a área relativa à força cortante para
um ramo é 0,0244/2 = 0,0122 cm/m2, a armadura transversal total é:

As, total Asw ,1ramo As,90


   0,0122  0,0426  0,0548 cm2/cm = 5,48 cm2/m
s s s

Supondo estribo fechado de dois ramos com diâmetro de 8 mm (1  8  0,50 cm2) tem-se:
0,50
 0,0548  s = 9,1 cm  smáx = 30 cm  ok!
s
Portanto, pode-se dispor estribo  8 mm c/9 cm. Na Figura 65 encontra-se mostrado o detalhamento
final das armaduras da viga VS6.

h5) Detalhamento da armadura longitudinal

O valor da decalagem (a) para deslocamento do diagrama de momentos fletores de cálculo é 28 cm.
O comprimento de ancoragem básico para barras  12,5 mm, em situação de má aderência, aço CA-50 e
concreto C35, é 54 cm (coluna sem gancho).
A Figura 64 mostra o cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo, feito para
determinação do comprimento das barras das armaduras longitudinais, positivas e negativas.

258 188

156 125

54 54

1 12,5 + 3 10

12,5 12,5

54 54

2 12,5
12,5 12,5

2 12,5

Figura 64 – Esquema do cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo.

A Figura 65 apresenta o detalhamento final das armaduras da viga. Este desenho é feito normalmente
na escala 1:50. O desenho do corte da seção transversal e do estribo é feito normalmente na escala de 1:25 ou
1:20. Atenção máxima deve ser dispensada ao detalhamento final, pois comumente é apenas com ele que a
armação da viga será executada.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 83

VS 6 (19 x 60)

N1 - 31 c/16 N2 - 30 c/9 2N4 2N3

1N5 3N6

3N8 3N8
P9 P6 VS1
1N10

2N12
N3 - 2 12,5 C = 909 50
45

14
260 190
N4 - 2 12,5 C = 450
155 125 55
N5 - 1 12,5 C = 280 (2° cam)
155 125 N1 - 31 5 mm
N6 - 3 10 C = 280 (2° cam) C = 148
N2 - 30 8 mm
C = 148
N7 - 2 x 4 4,2 C = 535 N8 - 2 x 3 10 C = 349 40
10

N9 - 1 8 C = 545 50
N10 - 1 8 C = 359
10

N11 - 2 10 C = 545 50


N12 - 2 10 C = 359

Figura 65 – Desenho com a armadura final da viga VS6.

15. QUESTIONÁRIO

1ª) Comente sobre os casos mais comuns de torção nas estruturas das edificações.
2ª) O que são torção de equilíbrio e torção de compatibilidade? Cite exemplos.
3ª) Qual o valor do momento de torção solicitante no caso de viga biengastada sob solicitação de torção
externa uniforme no tramo?
4ª) O que é torção de St. Venant?
5ª) Para uma seção circular, mostre numa figura como se configuram as tensões principais devidas à torção.
6ª) E como se configuram as tensões de cisalhamento devidas à torção?
7ª) Qual a equação que define a tensão de cisalhamento devida à torção para uma seção vazada?
8ª) Indique numa figura o que é a área Ae e o perímetro u.
9ª) Verifique a eficiência alcançada pela viga em função dos diferentes arranjos para a armadura.
10ª) Por que uma viga de Concreto Armado retangular pode ser analisada à torção como se fosse oca e com
espessura da casca constante?
11ª) Por que se pode fazer uma analogia da viga sob torção com uma treliça espacial?
12ª) Como se configura a treliça espacial generalizada?
13ª) Como se configuram as trajetórias das fissuras numa viga sob torção?
14ª) Explique resumidamente quais são as formas de ruptura de uma viga por torção.
15ª) Estude a dedução das equações desenvolvidas para a treliça espacial generalizada.
16ª) Como a norma define a espessura da casca da seção vazada?
17ª) Qual é a resistência proporcionada pelas diagonais comprimidas de concreto?
18ª) Como são as equações que definem as armaduras para a torção?
19ª) No caso de torção combinada com força cortante, como se verifica a biela comprimida de concreto?
20ª) Qual o objetivo de se dispor uma armadura mínima à torção?
21ª) Como é calculada a armadura mínima para a torção?
22ª) Qual o diâmetro mínimo e máximo para os estribos? Qual é o espaçamento máximo?
23ª) Por que os estribos para torção não podem ser abertos?
24ª) Como deve ser feita a distribuição da armadura longitudinal nas faces da viga?
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Building code requirements for structural concrete and
Commentary. ACI 318-11, 2011, 503p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto –


Procedimento. NBR 6118, ABNT, 2014, 238p.

BASTOS, P.S.S. Flexão normal simples - Vigas. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP),
fev/2015, 78p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm).

BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 –
Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia -
Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2015, 74p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).

BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II.
Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), maio/2015, 40p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).

BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).

COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. Model Code 1990, MC-90, CEB-FIP, Bulletin


D’Information n. 204, Lausanne, 1991.

CORRÊA, M.R.S. ; RAMALHO, M.A. ; CEOTTO, L.H. Sistema PPLAN4/GPLAN4 – Manual de utilização.
São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1992,
80p.

GIONGO, J.S. Concreto armado: Vigas submetidas a esforços de torção. São Carlos, Escola de Engenharia
de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1996, 40p.

GIONGO, J.S. Concreto armado: projeto estrutural de edifícios. São Carlos, Escola de Engenharia de São
Carlos, Usp, Dep. de Estruturas. 1994.

LEONHARDT, F. ; MÖNNIG, E. Construções de concreto – Princípios básicos do dimensionamento de


estruturas de concreto armado, v. 1, Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 1982, 305p.

LIMA, J.S. ; GUARDA, M.C. ; PINHEIRO, L.M. Análise de torção em vigas de acordo com a nova NBR
6118. In: 42 CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, IBRACON. Fortaleza, ago/2000, CD-ROM,
16p.

MACGREGOR, J.G. ; WIGHT, J.K. Reinforced concrete – Mechanics and design. 4a ed., Upper Saddle
River, Ed. Prentice Hall, 2005, 1132p.

SÁNCHEZ, E. Dimensionamento à torção: novas prescrições normativas brasileiras. In: Nova


normalização brasileira para o concreto estrutural. 2001, p.155-185.

SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 85

LEONHARDT, F. ; MÖNNIG, E. Construções de concreto – Princípios básicos sobre a armação de


estruturas de concreto armado, v. 3, Rio de Janeiro, Ed. Interciência, 1982, 273p.

NAWY, E.G. Reinforced concrete – A fundamental approach. Englewood Cliffs, Ed. Prentice Hall, 2005,
5a. ed., 824p.

SÁNCHEZ, E. Análise crítica do projeto de revisão da NB-1: Prescrições para o dimensionamento à


torção. In: XXIX JORNADAS SUDAMERICANAS DE INGENIERIA ESTRUCTURAL, 2000, CD-ROM,
7p.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 86

ANEXO A - TABELAS
Tabela A-1 – Valores de Kc e Ks para o aço CA-50 (para concretos do Grupo I de resistência –
fck ≤ 50 MPa, c = 1,4, γs = 1,15).
FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR - ARMADURA SIMPLES
x Kc (cm2/kN) Ks (cm2/kN)
x  Dom.
d C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 CA-50
0,01 137,8 103,4 82,7 68,9 59,1 51,7 45,9 41,3 0,023
0,02 69,2 51,9 41,5 34,6 29,6 25,9 23,1 20,8 0,023
0,03 46,3 34,7 27,8 23,2 19,8 17,4 15,4 13,9 0,023
0,04 34,9 26,2 20,9 17,4 14,9 13,1 11,6 10,5 0,023
0,05 28,0 21,0 16,8 14,0 12,0 10,5 9,3 8,4 0,023
0,06 23,4 17,6 14,1 11,7 10,0 8,8 7,8 7,0 0,024
0,07 20,2 15,1 12,1 10,1 8,6 7,6 6,7 6,1 0,024
0,08 17,7 13,3 10,6 8,9 7,6 6,6 5,9 5,3 0,024
0,09 15,8 11,9 9,5 7,9 6,8 5,9 5,3 4,7 0,024
0,10 14,3 10,7 8,6 7,1 6,1 5,4 4,8 4,3 0,024
0,11 13,1 9,8 7,8 6,5 5,6 4,9 4,4 3,9 0,024
0,12 12,0 9,0 7,2 6,0 5,1 4,5 4,0 3,6 0,024
0,13 11,1 8,4 6,7 5,6 4,8 4,2 3,7 3,3 0,024
0,14 10,4 7,8 6,2 5,2 4,5 3,9 3,5 3,1 0,024
2
0,15 9,7 7,3 5,8 4,9 4,2 3,7 3,2 2,9 0,024
0,16 9,2 6,9 5,5 4,6 3,9 3,4 3,1 2,7 0,025
0,17 8,7 6,5 5,2 4,3 3,7 3,2 2,9 2,6 0,025
0,18 8,2 6,2 4,9 4,1 3,5 3,1 2,7 2,5 0,025
0,19 7,8 5,9 4,7 3,9 3,4 2,9 2,6 2,3 0,025
0,20 7,5 5,6 4,5 3,7 3,2 2,8 2,5 2,2 0,025
0,21 7,1 5,4 4,3 3,6 3,1 2,7 2,4 2,1 0,025
0,22 6,8 5,1 4,1 3,4 2,9 2,6 2,3 2,1 0,025
0,23 6,6 4,9 3,9 3,3 2,8 2,5 2,2 2,0 0,025
0,24 6,3 4,7 3,8 3,2 2,7 2,4 2,1 1,9 0,025
0,25 6,1 4,6 3,7 3,1 2,6 2,3 2,0 1,8 0,026
0,26 5,9 4,4 3,5 2,9 2,5 2,2 2,0 1,8 0,026
0,27 5,7 4,3 3,4 2,8 2,4 2,1 1,9 1,7 0,026
0,28 5,5 4,1 3,3 2,8 2,4 2,1 1,8 1,7 0,026
0,29 5,4 4,0 3,2 2,7 2,3 2,0 1,8 1,6 0,026
0,30 5,2 3,9 3,1 2,6 2,2 1,9 1,7 1,6 0,026
0,31 5,1 3,8 3,0 2,5 2,2 1,9 1,7 1,5 0,026
0,32 4,9 3,7 3,0 2,5 2,1 1,8 1,6 1,5 0,026
0,33 4,8 3,6 2,9 2,4 2,1 1,8 1,6 1,4 0,026
0,34 4,7 3,5 2,8 2,3 2,0 1,8 1,6 1,4 0,027
0,35 4,6 3,4 2,7 2,3 2,0 1,7 1,5 1,4 0,027
0,36 4,5 3,3 2,7 2,2 1,9 1,7 1,5 1,3 0,027
0,37 4,4 3,3 2,6 2,2 1,9 1,6 1,5 1,3 0,027
0,38 4,3 3,2 2,6 2,1 1,8 1,6 1,4 1,3 0,027
0,40 4,1 3,1 2,5 2,0 1,8 1,5 1,4 1,2 0,027
0,42 3,9 2,9 2,4 2,0 1,7 1,5 1,3 1,2 0,028 3
0,44 3,8 2,8 2,3 1,9 1,6 1,4 1,3 1,1 0,028
0,45 3,7 2,8 2,2 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,46 3,7 2,7 2,2 1,8 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,48 3,5 2,7 2,1 1,8 1,5 1,3 1,2 1,1 0,028
0,50 3,4 2,6 2,1 1,7 1,5 1,3 1,1 1,0 0,029
0,52 3,3 2,5 2,0 1,7 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,54 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,56 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,9 0,030
0,58 3,1 2,3 1,8 1,5 1,3 1,2 1,0 0,9 0,030
0,60 3,0 2,3 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,030
0,62 2,9 2,2 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,031
0,63 2,9 2,2 1,7 1,5 1,2 1,1 1,0 0,9 0,031
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 87

Tabela A-2 – Área e massa linear de fios e barras de aço (NBR 7480).

Diâmetro (mm) Massa Área Perímetro


Fios Barras (kg/m) (mm2) (mm)
2,4 - 0,036 4,5 7,5
3,4 - 0,071 9,1 10,7
3,8 - 0,089 11,3 11,9
4,2 - 0,109 13,9 13,2
4,6 - 0,130 16,6 14,5
5 5 0,154 19,6 17,5
5,5 - 0,187 23,8 17,3
6 - 0,222 28,3 18,8
- 6,3 0,245 31,2 19,8
6,4 - 0,253 32,2 20,1
7 - 0,302 38,5 22,0
8 8 0,395 50,3 25,1
9,5 - 0,558 70,9 29,8
10 10 0,617 78,5 31,4
- 12,5 0,963 122,7 39,3
- 16 1,578 201,1 50,3
- 20 2,466 314,2 62,8
- 22 2,984 380,1 69,1
- 25 3,853 490,9 78,5
- 32 6,313 804,2 100,5
- 40 9,865 1256,6 125,7
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 88

Tabela A-3 – Área de aço e largura b w mínima.


2
Diâm. As (cm ) Número de barras
(mm) bw (cm) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
As 0,14 0,28 0,42 0,56 0,70 0,84 0,98 1,12 1,26 1,40
4,2 Br. 1 - 8 11 14 16 19 22 25 27 30
bw
Br. 2 - 9 13 16 19 23 26 30 33 36
As 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00
5 Br. 1 - 9 11 14 17 20 22 25 28 31
bw
Br. 2 - 9 13 16 20 23 27 30 34 37
As 0,31 0,62 0,93 1,24 1,55 1,86 2,17 2,48 2,79 3,10
6,3 Br. 1 - 9 12 15 18 20 23 26 29 32
bw
Br. 2 - 10 13 17 20 24 28 31 35 39
As 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
8 Br. 1 - 9 12 15 18 21 25 28 31 34
bw
Br. 2 - 10 14 17 21 25 29 33 36 40
As 0,80 1,60 2,40 3,20 4,00 4,80 5,60 6,40 7,20 8,00
10 Br. 1 - 10 13 16 19 23 26 29 33 36
bw
Br. 2 - 10 14 18 22 26 30 34 38 42
As 1,25 2,50 3,75 5,00 6,25 7,50 8,75 10,00 11,25 12,50
12,5 Br. 1 - 10 14 17 21 24 28 31 35 38
bw
Br. 2 - 11 15 19 24 28 32 36 41 45
As 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
16 Br. 1 - 11 15 19 22 26 30 34 38 42
bw
Br. 2 - 11 16 21 25 30 34 39 44 48
As 3,15 6,30 9,45 12,60 15,75 18,90 22,05 25,20 28,35 31,50
20 Br. 1 - 12 16 20 24 29 33 37 42 46
bw
Br. 2 - 12 17 22 27 32 37 42 47 52
As 3,80 7,60 11,40 15,20 19,00 22,80 26,60 30,40 34,20 38,00
22 Br. 1 - 12 16 21 25 30 34 39 43 48
bw
Br. 2 - 13 18 23 28 33 39 44 49 54
As 4,90 9,80 14,70 19,60 24,50 29,40 34,30 39,20 44,10 49,00
25 Br. 1 - 13 18 23 28 33 38 43 48 53
bw
Br. 2 - 13 19 24 30 35 41 46 52 57
As 8,05 16,10 24,15 32,20 40,25 48,30 56,35 64,40 72,45 80,50
32 Br. 1 - 15 21 28 34 40 47 53 60 66
bw
Br. 2 - 15 21 28 34 40 47 53 60 66
As 12,60 25,20 37,80 50,40 63,00 75,60 88,20 100,80 113,40 126,00
40 Br. 1 - 17 25 33 41 49 57 65 73 81
bw
Br. 2 - 17 25 33 41 49 57 65 73 81
largura bw mínima:
bw,mín = 2 (c + t) + no barras .  + ah.mín (no barras – 1) c Øt

Ø
Br. 1 = brita 1 (dmáx = 19 mm) ; Br. 2 = brita 2 (dmáx = 25 mm)
Valores adotados: t = 6,3 mm ; cnom = 2,0 cm
Para cnom  2,0 cm, aumentar bw,mín conforme: av

cnom = 2,5 cm  + 1,0 cm 2 cm


cnom = 3,0 cm  + 2,0 cm 
a h , mín   ah
cnom = 3,5 cm  + 3,0 cm 1,2d bw
cnom = 4,0 cm  + 4,0 cm  máx,agr
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 89

Tabela A-4 – Equações simplificadas segundo o Modelo de Cálculo I para concretos do Grupo I.

Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples).

VRd2 VSd,mín Asw


Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)
VSd
C20 0,35 b w d 0,101 b w d 2,55  0,17 b w
d
VSd
C25 0,43 b w d 0,117 b w d 2,55  0,20 b w
d
VSd
C30 0,51 b w d 0,132 b w d 2,55  0,22 b w
d
VSd
C35 0,58 b w d 0,147 b w d 2,55  0,25 b w
d
VSd
C40 0,65 b w d 0,160 b w d 2,55  0,27 b w
d
VSd
C45 0,71 b w d 0,173 b w d 2,55  0,29 b w
d
VSd
C50 0,77 b w d 0,186 b w d 2,55  0,31 b w
d
bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;

Tabela A-5 – Equações simplificadas segundo Modelo de Cálculo II para concretos do Grupo I.

Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples)

VRd2 VSd,mín Asw


Concreto
(kN) (kN) (cm2/m)

C20 0,71 b w . d . sen .cos  0,035. b w . d . cot g   Vc1

C25 0,87 b w . d . sen .cos  0,040 . b w . d . cot g   Vc1

1,02 b w . d . sen . cos  0,045 . b w . d . cot g   Vc1


C30
VSd  Vc1 
2,55 tg 
C35 1,16 b w . d . sen .cos  0,050 . b w . d . cot g   Vc1 d

C40 1,30 b w . d . sen .cos  0,055 . b w . d . cot g   Vc1

C45 1,42 b w . d . sen . cos  0,059 . b w . d . cot g   Vc1

C50 1,54 b w . d . sen .cos  0,064 . b w . d . cot g   Vc1


bw = largura da viga, cm; VSd = força cortante de cálculo, kN;
d = altura útil, cm;  = ângulo de inclinação das bielas de compressão ();
VC1 = força cortante proporcionada pelos mecanismos complementares ao de treliça, kN;
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 90

Tabela A-6 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (Tabela 17.3 da NBR 6118).

Valores de mín(a) (%)


Forma
da seção
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Retan-
0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
gular
(a) Os valores de mín estabelecidos nesta Tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h = 0,8, c = 1,4 e s = 1,15. Caso esses
fatores sejam diferentes, mín deve ser recalculado.
mín = As,mín/Ac

Tabela A-7 – Comprimento de ancoragem (cm) para o aço CA-50 nervurado.

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado

Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 91

Tabela A-8 – Comprimento de ancoragem (cm) para o aço CA-60 entalhado.

COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-60 entalhado

Concreto

C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
3,4
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
4,2
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
5
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
6
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
7
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
8
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
9,5
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3  b

O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo:  b ,mín  10 
100 mm

c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 92

Tabela A-9 – Valores mínimos para armaduras passivas aderentes em lajes (Tabela 19.1 da NBR 6118).
Elementos estruturais sem
Armadura
armaduras ativas
Armaduras negativas s mín
Armaduras negativas de bordas sem continuidade s 0,67mín
Armaduras positivas de lajes armadas nas duas
s 0,67mín
direções
Armadura positiva (principal) de lajes armadas em
s mín
uma direção
s/s  20 % da armadura principal
Armadura positiva (secundária) de lajes armadas
s/s  0,9 cm2/m
em uma direção
s  0,5 mín
s = As/(bw h)
Os valores de mín constam da Tabela A-6.

Tabela A-10 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) (Tabela 9.1 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
 20 5 8 -
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 93

Tabela A-11 – Área de armadura por metro de largura (cm2/m).

ÁREA DE ARMADURA POR METRO DE LARGURA (cm2/m)


Espaçamento Diâmetro Nominal (mm)
(cm) 4,2 5 6,3 8 10 12,5
5 2,77 4,00 6,30 10,00 16,00 25,00
5,5 2,52 3,64 5,73 9,09 14,55 22,73
6 2,31 3,33 5,25 8,33 13,33 20,83
6,5 2,13 3,08 4,85 7,69 12,31 19,23
7 1,98 2,86 4,50 7,14 11,43 17,86
7,5 1,85 2,67 4,20 6,67 10,67 16,67
8 1,73 2,50 3,94 6,25 10,00 15,63
8,5 1,63 2,35 3,71 5,88 9,41 14,71
9 1,54 2,22 3,50 5,56 8,89 13,89
9,5 1,46 2,11 3,32 5,26 8,42 13,16
10 1,39 2,00 3,15 5,00 8,00 12,50
11 1,26 1,82 2,86 4,55 7,27 11,36
12 1,15 1,67 2,62 4,17 6,67 10,42
12,5 1,11 1,60 2,52 4,00 6,40 10,00
13 1,07 1,54 2,42 3,85 6,15 9,62
14 0,99 1,43 2,25 3,57 5,71 8,93
15 0,92 1,33 2,10 3,33 5,33 8,33
16 0,87 1,25 1,97 3,13 5,00 7,81
17 0,81 1,18 1,85 2,94 4,71 7,35
17,5 0,79 1,14 1,80 2,86 4,57 7,14
18 0,77 1,11 1,75 2,78 4,44 6,94
19 0,73 1,05 1,66 2,63 4,21 6,58
20 0,69 1,00 1,58 2,50 4,00 6,25
22 0,63 0,91 1,43 2,27 3,64 5,68
24 0,58 0,83 1,31 2,08 3,33 5,21
25 0,55 0,80 1,26 2,00 3,20 5,00
26 0,53 0,77 1,21 1,92 3,08 4,81
28 0,49 0,71 1,12 1,79 2,86 4,46
30 0,46 0,67 1,05 1,67 2,67 4,17
33 0,42 0,61 0,95 1,52 2,42 3,79
Elaborada por PINHEIRO (1994)
Diâmetros especificados pela NBR 7480.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 94

ANEXO B - LISTAGENS DE RESULTADOS DOS PROGRAMAS


GPLAN4 E PPLAN4

B1) GRELHA DO EXEMPLO 1

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS - USP


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA GPLAN4 - ANALISE DE GRELHAS - VERSAO FEV/92

PROJETO: TORCAO
CLIENTE: UNESP – DISC. CONCRETO II

============================
GRELHA: TORÇÃO - EXEMPLO 1
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR Z RESTR X RESTR Y


===========================================================================

1 165.000 .000 0 0 0
2 .000 95.000 1 1 1
3 165.000 95.000 0 0 0

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 3 0 1 95.000 .0000
2 2 0 3 0 2 165.000 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO I TORCAO ALTURA


===========================================================================

1 1 .10000E+04 .20833E+06 .10000E+03 50.00


2 1 .17500E+04 .36458E+06 .40517E+06 50.00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG MOD TRANS PESO ESP COEF TERM


===========================================================================
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 95

1 .241500E+04 .100630E+04 .00000E+00 .0000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO CARGA I CARGA F REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.0250 -.0250 1.000 .000 CBR


2 1 -.0437 -.0437 1.000 .000 CBR

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS NODAIS

NO FORCA Z MOMENTO X MOMENTO Y IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 -50.000 .000 .000 CNO

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 1


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 2
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 2
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS TRANSVERSAIS ATUANTES.................... -59.594

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC Z ROTACAO X ROTACAO Y


===========================================================================

1 -.3095357 .0024235 .0008469


2 .0000000 .0000000 .0000000
3 -.0936757 .0019679 .0008469

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO CORTANTE M FLETOR M TORCOR


===========================================================================

1 1 -50.000 -.005 .000


3 -52.375 -4862.803 .000

2 2 59.594 -9237.424 4862.807


3 52.375 .000 4862.807

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 96

NO FORCA Z MOMENTO X MOMENTO Y


===========================================================================

1 .000 .005 .000


2 59.594 -4862.807 -9237.424
3 .000 .004 .000

SOMATORIO DAS REACOES TRANSVERSAIS ........................... 59.594


SOMATORIO DAS FORCAS TRANSVERSAIS ATUANTES ................... -59.594
ERRO PERCENTUAL .............................................. -.0000192 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L CORTANTE M FLETOR M TORCOR


===========================================================================

1 0/10 -50.000 -.005 .000


1 1/10 -50.237 -476.132 .000
1 2/10 -50.475 -954.515 .000
1 3/10 -50.712 -1435.154 .000
1 4/10 -50.950 -1918.049 .000
1 5/10 -51.187 -2403.201 .000
1 6/10 -51.425 -2890.609 .000
1 7/10 -51.662 -3380.273 .000
1 8/10 -51.900 -3872.194 .000
1 9/10 -52.137 -4366.370 .000
1 10/10 -52.375 -4862.803 .000

2 0/10 59.594 -9237.424 4862.807


2 1/10 58.872 -8260.082 4862.807
2 2/10 58.150 -7294.651 4862.807
2 3/10 57.428 -6341.132 4862.807
2 4/10 56.706 -5399.523 4862.807
2 5/10 55.984 -4469.825 4862.807
2 6/10 55.263 -3552.038 4862.807
2 7/10 54.541 -2646.162 4862.807
2 8/10 53.819 -1752.197 4862.807
2 9/10 53.097 -870.142 4862.807
2 10/10 52.375 .001 4862.807

- Analise completa - fim do processamento

B2) EXEMPLO 2 – VIGA V1

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - DISC. CONCRETO II


CLIENTE: EXEMPLO 2

============================
PORTICO: V1 (19 x 40)
============================
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 97

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR X RESTR Y RESTR R


===========================================================================

1 .000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .55062E+07


2 191.500 .000 0 0 0
3 383.000 .000 1 1 1

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 191.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 191.500 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP


===========================================================================

1 1 .76000E+03 .10133E+06 40.00 .00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .289800E+04 .00000E+00 .00000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO INTENSIDADE REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.2152 1.000 .000 CBRG


2 1 -.2152 1.000 .000 CBRG

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 0


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 3
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 2
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 98

SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO X........................... .000


SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO Y........................... -82.422

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC X DESLOC Y ROTACAO


===========================================================================

1 .0000000 .0000000 .0003068


2 .0000000 -.0557537 -.0000767
3 .0000000 .0000000 .0000000

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 1 .000 37.525 -1689.541


2 .000 -3.686 1550.582

2 2 .000 -3.686 1550.582


3 .000 -44.896 -3101.163

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO RESULT X RESULT Y MOMENTO


===========================================================================

1 .000 37.525 -1689.541


2 .000 .000 .000
3 .000 44.896 3101.163

SOMATORIO DAS REACOES SEGUNDO O EIXO Y........................ 82.422


SOMATORIO DAS FORCAS ATUANTES SEGUNDO O EIXO Y................ -82.422
ERRO PERCENTUAL .............................................. .0000000 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 0/10 .000 37.525 -1689.541


1 1/10 .000 33.404 -1010.395
1 2/10 .000 29.283 -410.167
1 3/10 .000 25.162 111.142
1 4/10 .000 21.041 553.532
1 5/10 .000 16.920 917.004
1 6/10 .000 12.799 1201.557
1 7/10 .000 8.678 1407.191
1 8/10 .000 4.556 1533.907
1 9/10 .000 .435 1581.704
1 10/10 .000 -3.686 1550.582
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 99

2 0/10 .000 -3.686 1550.582


2 1/10 .000 -7.807 1440.541
2 2/10 .000 -11.928 1251.582
2 3/10 .000 -16.049 983.704
2 4/10 .000 -20.170 636.908
2 5/10 .000 -24.291 211.193
2 6/10 .000 -28.412 -293.441
2 7/10 .000 -32.533 -876.994
2 8/10 .000 -36.654 -1539.465
2 9/10 .000 -40.775 -2280.855
2 10/10 .000 -44.896 -3101.164

- Analise completa - fim do processamento -

B3) GRELHA DO EXEMPLO 3

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS - USP


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA GPLAN4 - ANALISE DE GRELHAS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP - BAURU. TORÇÃO EM VIGAS


CLIENTE: EXEMPLO 3

============================
GRELHA: GRELHA PAV.
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR Z RESTR X RESTR Y


===========================================================================

1 .000 .000 .10000E+38 .20434E+07 .20434E+07


2 359.500 .000 0 0 0
3 719.000 .000 .10000E+38 .80438E+07 .00000E+00
4 1078.500 .000 0 0 0
5 1438.000 .000 .10000E+38 .20434E+07 .20434E+07
6 .000 523.000 .10000E+38 .00000E+00 .32266E+07
7 359.500 523.000 0 0 0
8 719.000 523.000 1 0 0
9 1078.500 523.000 0 0 0
10 1438.000 523.000 .10000E+38 .00000E+00 .32266E+07
11 1438.000 807.000 0 0 0
12 1243.500 926.500 0 0 0
13 .000 1046.000 .10000E+38 .20434E+07 .20434E+07
14 359.500 1046.000 0 0 0
15 719.000 1046.000 .10000E+38 .80438E+07 .00000E+00
16 1049.000 1046.000 1 0 0

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 100

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000
3 3 0 4 0 1 359.500 1.0000
4 4 0 5 0 1 359.500 1.0000
5 6 0 7 0 2 359.500 1.0000
6 7 0 8 0 2 359.500 1.0000
7 8 0 9 0 2 359.500 1.0000
8 9 0 10 0 2 359.500 1.0000
9 13 0 14 0 1 359.500 1.0000
10 14 0 15 0 1 359.500 1.0000
11 15 0 16 0 1 330.000 1.0000
12 16 0 12 0 3 228.277 .8520
13 12 0 11 0 3 228.277 .8520
14 11 0 10 0 3 284.000 .0000
15 10 0 5 0 1 523.000 .0000
16 1 0 6 0 4 523.000 .0000
17 6 0 13 0 4 523.000 .0000
18 3 0 8 0 4 523.000 .0000
19 8 0 15 0 4 523.000 .0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO I TORCAO ALTURA


===========================================================================

1 1 .11400E+04 .34200E+06 .10000E+03 60.00


2 1 .13300E+04 .54308E+06 .10000E+03 70.00
3 1 .11400E+04 .34200E+06 .10947E+06 60.00
4 1 .85500E+03 .14428E+06 .10000E+03 45.00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG MOD TRANS PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .352800E+04 .147000E+04 .00000E+00 .0000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( GRELHA: GRELHA PAV. )
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO CARGA I CARGA F REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG


2 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG
3 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG
4 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG
5 1 -.4003 -.4003 1.000 .000 CBRG
6 1 -.4003 -.4003 1.000 .000 CBRG
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 101

7 1 -.4003 -.4003 1.000 .000 CBRG


8 1 -.4003 -.4003 1.000 .000 CBRG
9 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG
10 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG
11 1 -.2504 -.2504 1.000 .000 CBRG
14 1 -.1217 -.1217 1.000 .000 CBRG
15 1 -.1217 -.1217 1.000 .000 CBRG
16 1 -.1194 -.1194 1.000 .000 CBRG
17 1 -.1194 -.1194 1.000 .000 CBRG
18 1 -.1357 -.1357 1.000 .000 CBRG
19 1 -.1357 -.1357 1.000 .000 CBRG
12 1 -.2372 -.2372 1.000 .000 CBR
13 1 -.2009 -.2009 1.000 .000 CBR

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 0


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 16
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 19
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS TRANSVERSAIS ATUANTES.................... -1663.431

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC Z ROTACAO X ROTACAO Y


===========================================================================

1 .0000000 -.0004584 .0012320


2 -.2551578 -.0003588 -.0003080
3 .0000000 -.0002591 .0000000
4 -.2551569 -.0000186 .0003080
5 .0000000 .0002218 -.0012320
6 .0000000 .0000000 .0012551
7 -.2612892 .0000000 -.0003052
8 .0000000 -.0000001 -.0000343
9 -.2427865 -.0005716 .0002880
10 .0000000 -.0011432 -.0011179
11 -.5397304 -.0020637 .0015996
12 -.3743881 .0004008 .0012330
13 .0000000 .0004584 .0015373
14 -.3541721 .0003588 -.0001852
15 .0000000 .0002592 -.0007964
16 .0000000 .0026120 .0004540

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO CORTANTE M FLETOR M TORCOR


===========================================================================

1 1 72.766 -2517.474 .041


2 -17.253 7461.077 .041

2 2 -17.253 7461.076 .041


3 -107.271 -14922.130 .041
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 102

3 3 107.271 -14922.140 .098


4 17.253 7461.058 .098

4 4 17.253 7461.059 .098


5 -72.766 -2517.499 .098

5 6 116.761 -4049.563 .000


7 -27.147 12058.500 .000

6 7 -27.147 12058.500 .000


8 -171.055 -23568.300 .000

7 8 169.529 -23568.500 -.234


9 25.622 11509.900 -.234

8 9 25.622 11509.900 -.234


10 -118.286 -5146.579 -.234

9 13 79.644 -3141.349 -.041


14 -10.375 9309.855 -.041

10 14 -10.375 9309.856 -.041


15 -100.393 -10600.700 -.041

11 15 64.081 -10600.480 1.048


16 -18.551 -3087.902 1.048

12 16 63.972 -2631.553 -1615.580


12 9.825 5791.522 -1615.580

13 12 9.825 5791.515 -1615.579


11 -36.036 2799.781 -1615.579

14 11 -36.036 2842.176 1539.775


10 -70.599 -12300.030 1539.775

15 10 56.209 -12299.790 .032


5 -7.440 453.422 .032

16 1 26.104 -936.837 .006


6 -36.342 -3614.002 .006

17 6 36.342 -3614.002 .079


13 -26.104 -936.837 .079

18 3 32.592 -2084.299 -.010


8 -38.379 -3597.758 -.010

19 8 38.379 -3597.524 -.214


15 -32.592 -2084.080 -.214

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO FORCA Z MOMENTO X MOMENTO Y


===========================================================================

1 98.870 936.796 -2517.480


2 .000 .000 .000
3 247.135 2084.242 .000
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 103

4 .000 .000 .000


5 80.206 -453.324 2517.467
6 189.445 .000 -4049.636
7 .000 .000 .000
8 417.343 .000 -.002
9 .000 .000 .000
10 245.095 .002 3606.835
11 .000 .000 .000
12 .000 -.005 -.006
13 105.748 -936.796 -3141.269
14 .000 .000 .000
15 197.067 -2085.169 .004
16 82.523 -.004 -.006

SOMATORIO DAS REACOES TRANSVERSAIS ........................... 1663.431


SOMATORIO DAS FORCAS TRANSVERSAIS ATUANTES ................... -1663.431
ERRO PERCENTUAL .............................................. -.0000367 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L CORTANTE M FLETOR M TORCOR


===========================================================================

1 0/10 72.766 -2517.474 .041


1 1/10 63.764 -63.339 .041
1 2/10 54.762 2067.177 .041
1 3/10 45.761 3874.076 .041
1 4/10 36.759 5357.357 .041
1 5/10 27.757 6517.021 .041
1 6/10 18.755 7353.068 .041
1 7/10 9.753 7865.497 .041
1 8/10 .751 8054.308 .041
1 9/10 -8.251 7919.502 .041
1 10/10 -17.253 7461.078 .041

2 0/10 -17.253 7461.076 .041


2 1/10 -26.255 6679.035 .041
2 2/10 -35.256 5573.375 .041
2 3/10 -44.258 4144.098 .041
2 4/10 -53.260 2391.204 .041
2 5/10 -62.262 314.692 .041
2 6/10 -71.264 -2085.438 .041
2 7/10 -80.266 -4809.186 .041
2 8/10 -89.268 -7856.551 .041
2 9/10 -98.270 -11227.530 .041
2 10/10 -107.271 -14922.130 .041

3 0/10 107.271 -14922.140 .098


3 1/10 98.270 -11227.540 .098
3 2/10 89.268 -7856.560 .098
3 3/10 80.266 -4809.196 .098
3 4/10 71.264 -2085.450 .098
3 5/10 62.262 314.678 .098
3 6/10 53.260 2391.190 .098
3 7/10 44.258 4144.084 .098
3 8/10 35.256 5573.360 .098
3 9/10 26.255 6679.020 .098
3 10/10 17.253 7461.060 .098
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 104

4 0/10 17.253 7461.059 .098


4 1/10 8.251 7919.482 .098
4 2/10 -.751 8054.288 .098
4 3/10 -9.753 7865.476 .098
4 4/10 -18.755 7353.046 .098
4 5/10 -27.757 6517.000 .098
4 6/10 -36.759 5357.335 .098
4 7/10 -45.761 3874.053 .098
4 8/10 -54.762 2067.153 .098
4 9/10 -63.764 -63.364 .098
4 10/10 -72.766 -2517.500 .098

5 0/10 116.761 -4049.563 .000


5 1/10 102.370 -110.687 .000
5 2/10 87.979 3310.841 .000
5 3/10 73.588 6215.019 .000
5 4/10 59.198 8601.849 .000
5 5/10 44.807 10471.330 .000
5 6/10 30.416 11823.460 .000
5 7/10 16.025 12658.250 .000
5 8/10 1.635 12975.680 .000
5 9/10 -12.756 12775.770 .000
5 10/10 -27.147 12058.510 .000

6 0/10 -27.147 12058.500 .000


6 1/10 -41.538 10823.890 .000
6 2/10 -55.929 9071.935 .000
6 3/10 -70.319 6802.625 .000
6 4/10 -84.710 4015.969 .000
6 5/10 -99.101 711.963 .000
6 6/10 -113.492 -3109.392 .000
6 7/10 -127.883 -7448.096 .000
6 8/10 -142.273 -12304.150 .000
6 9/10 -156.664 -17677.550 .000
6 10/10 -171.055 -23568.300 .000

7 0/10 169.529 -23568.500 -.234


7 1/10 155.139 -17732.590 -.234
7 2/10 140.748 -12414.030 -.234
7 3/10 126.357 -7612.821 -.234
7 4/10 111.966 -3328.958 -.234
7 5/10 97.576 437.556 -.234
7 6/10 83.185 3686.723 -.234
7 7/10 68.794 6418.541 -.234
7 8/10 54.403 8633.010 -.234
7 9/10 40.012 10330.130 -.234
7 10/10 25.622 11509.900 -.234

8 0/10 25.622 11509.900 -.234


8 1/10 11.231 12172.320 -.234
8 2/10 -3.160 12317.390 -.234
8 3/10 -17.551 11945.120 -.234
8 4/10 -31.942 11055.490 -.234
8 5/10 -46.332 9648.519 -.234
8 6/10 -60.723 7724.196 -.234
8 7/10 -75.114 5282.525 -.234
8 8/10 -89.505 2323.505 -.234
8 9/10 -103.895 -1152.863 -.234
8 10/10 -118.286 -5146.581 -.234

9 0/10 79.644 -3141.349 -.041


9 1/10 70.642 -439.949 -.041
9 2/10 61.640 1937.833 -.041
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 105

9 3/10 52.639 3991.997 -.041


9 4/10 43.637 5722.544 -.041
9 5/10 34.635 7129.473 -.041
9 6/10 25.633 8212.785 -.041
9 7/10 16.631 8972.479 -.041
9 8/10 7.629 9408.556 -.041
9 9/10 -1.373 9521.016 -.041
9 10/10 -10.375 9309.857 -.041

10 0/10 -10.375 9309.856 -.041


10 1/10 -19.377 8775.080 -.041
10 2/10 -28.378 7916.686 -.041
10 3/10 -37.380 6734.674 -.041
10 4/10 -46.382 5229.044 -.041
10 5/10 -55.384 3399.798 -.041
10 6/10 -64.386 1246.933 -.041
10 7/10 -73.388 -1229.550 -.041
10 8/10 -82.390 -4029.650 -.041
10 9/10 -91.392 -7153.367 -.041
10 10/10 -100.393 -10600.700 -.041

11 0/10 64.081 -10600.480 1.048


11 1/10 55.818 -8622.139 1.048
11 2/10 47.555 -6916.481 1.048
11 3/10 39.292 -5483.509 1.048
11 4/10 31.029 -4323.223 1.048
11 5/10 22.765 -3435.622 1.048
11 6/10 14.502 -2820.707 1.048
11 7/10 6.239 -2478.477 1.048
11 8/10 -2.024 -2408.932 1.048
11 9/10 -10.287 -2612.074 1.048
11 10/10 -18.551 -3087.901 1.048

12 0/10 63.972 -2631.553 -1615.580


12 1/10 58.557 -1233.018 -1615.580
12 2/10 53.143 41.911 -1615.580
12 3/10 47.728 1193.233 -1615.580
12 4/10 42.313 2220.950 -1615.580
12 5/10 36.898 3125.061 -1615.580
12 6/10 31.484 3905.565 -1615.580
12 7/10 26.069 4562.464 -1615.580
12 8/10 20.654 5095.756 -1615.580
12 9/10 15.240 5505.443 -1615.580
12 10/10 9.825 5791.523 -1615.580

13 0/10 9.825 5791.515 -1615.579


13 1/10 5.239 5963.446 -1615.579
13 2/10 .653 6030.688 -1615.579
13 3/10 -3.934 5993.239 -1615.579
13 4/10 -8.520 5851.101 -1615.579
13 5/10 -13.106 5604.272 -1615.579
13 6/10 -17.692 5252.754 -1615.579
13 7/10 -22.278 4796.546 -1615.579
13 8/10 -26.864 4235.647 -1615.579
13 9/10 -31.450 3570.059 -1615.579
13 10/10 -36.036 2799.781 -1615.579

14 0/10 -36.036 2842.176 1539.775


14 1/10 -39.493 1769.668 1539.775
14 2/10 -42.949 599.002 1539.775
14 3/10 -46.405 -669.823 1539.775
14 4/10 -49.861 -2036.806 1539.775
14 5/10 -53.318 -3501.947 1539.775
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 106

14 6/10 -56.774 -5065.247 1539.775


14 7/10 -60.230 -6726.705 1539.775
14 8/10 -63.686 -8486.321 1539.775
14 9/10 -67.143 -10344.100 1539.775
14 10/10 -70.599 -12300.030 1539.775

15 0/10 56.209 -12299.790 .032


15 1/10 49.844 -9526.490 .032
15 2/10 43.479 -7086.072 .032
15 3/10 37.115 -4978.538 .032
15 4/10 30.750 -3203.889 .032
15 5/10 24.385 -1762.126 .032
15 6/10 18.020 -653.246 .032
15 7/10 11.655 122.748 .032
15 8/10 5.290 565.858 .032
15 9/10 -1.075 676.083 .032
15 10/10 -7.440 453.424 .032

16 0/10 26.104 -936.837 .006


16 1/10 19.860 265.118 .006
16 2/10 13.615 1140.479 .006
16 3/10 7.370 1689.247 .006
16 4/10 1.126 1911.421 .006
16 5/10 -5.119 1807.001 .006
16 6/10 -11.363 1375.988 .006
16 7/10 -17.608 618.380 .006
16 8/10 -23.853 -465.820 .006
16 9/10 -30.097 -1876.615 .006
16 10/10 -36.342 -3614.002 .006

17 0/10 36.342 -3614.002 .079


17 1/10 30.097 -1876.614 .079
17 2/10 23.853 -465.820 .079
17 3/10 17.608 618.381 .079
17 4/10 11.363 1375.988 .079
17 5/10 5.119 1807.001 .079
17 6/10 -1.126 1911.421 .079
17 7/10 -7.370 1689.247 .079
17 8/10 -13.615 1140.480 .079
17 9/10 -19.860 265.118 .079
17 10/10 -26.104 -936.836 .079

18 0/10 32.592 -2084.299 -.010


18 1/10 25.495 -565.340 -.010
18 2/10 18.398 582.440 -.010
18 3/10 11.300 1359.041 -.010
18 4/10 4.203 1764.463 -.010
18 5/10 -2.894 1798.707 -.010
18 6/10 -9.991 1461.772 -.010
18 7/10 -17.088 753.658 -.010
18 8/10 -24.185 -325.635 -.010
18 9/10 -31.282 -1776.108 -.010
18 10/10 -38.379 -3597.758 -.010

19 0/10 38.379 -3597.524 -.214


19 1/10 31.282 -1775.875 -.214
19 2/10 24.185 -325.405 -.214
19 3/10 17.088 753.887 -.214
19 4/10 9.991 1462.000 -.214
19 5/10 2.894 1798.934 -.214
19 6/10 -4.203 1764.689 -.214
19 7/10 -11.300 1359.265 -.214
19 8/10 -18.398 582.662 -.214
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 107

19 9/10 -25.495 -565.120 -.214


19 10/10 -32.592 -2084.080 -.214

- Analise completa - fim do processamento

B4) EXEMPLO 3 - VIGA VS1 ENTRE OS PILARES P2 E P3

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP, BAURU/SP – DISC. CONCRETO II - TORÇÃO


CLIENTE: MOMENTO POSITIVO ENTRE OS PILARES P2 E P3, COM ENGASTE NO PI

============================
PORTICO: VS1 (19 x 60)
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR X RESTR Y RESTR R


===========================================================================

1 .000 .000 1 1 1
2 330.000 .000 1 1 0

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 330.000 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP


===========================================================================

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .352800E+04 .00000E+00 .00000E+00


UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 108

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO INTENSIDADE REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.2504 1.000 .000 CBR

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 0


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 2
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 1
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO X........................... .000
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO Y........................... -82.632

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC X DESLOC Y ROTACAO


===========================================================================

1 .0000000 .0000000 .0000000


2 .0000000 .0000000 -.0001554

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 1 .000 51.645 -3408.570


2 .000 -30.987 .000

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO RESULT X RESULT Y MOMENTO


===========================================================================

1 .000 51.645 -3408.570


2 .000 30.987 .000

SOMATORIO DAS REACOES SEGUNDO O EIXO Y........................ 82.632


SOMATORIO DAS FORCAS ATUANTES SEGUNDO O EIXO Y................ -82.632
ERRO PERCENTUAL .............................................. .0000000 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 109

BARRA REL X/L NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 0/10 .000 51.645 -3408.570


1 1/10 .000 43.382 -1840.628
1 2/10 .000 35.119 -545.371
1 3/10 .000 26.855 477.200
1 4/10 .000 18.592 1227.085
1 5/10 .000 10.329 1704.285
1 6/10 .000 2.066 1908.799
1 7/10 .000 -6.197 1840.628
1 8/10 .000 -14.461 1499.771
1 9/10 .000 -22.724 886.229
1 10/10 .000 -30.987 .000

- Analise completa - fim do processamento -

B5) EXEMPLO 3 - VIGA VS6 ENTRE OS PILARES P9 E P6

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS


SISTEMA ANSER - ANALISE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS RETICULADOS
PROGRAMA PPLAN4 - ANALISE DE PORTICOS PLANOS - VERSAO FEV/92

PROJETO: UNESP, BAURU/SP – DISC. CONCRETO II - TORÇÃO


CLIENTE: MOMENTO POSITIVO ENTRE OS PILARES P9 E P6

============================
PORTICO: VS6 (19 x 60)
============================

===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS

NO COORD X COORD Y RESTR X RESTR Y RESTR R


===========================================================================

1 .000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .20434E+07


2 523.000 .000 1 1 1

===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS

NO ROT NO ROT COSSENO


BARRA INIC INIC FIN FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR
===========================================================================

1 1 0 2 0 1 523.000 1.0000

===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 110

PROP MAT AREA I FLEXAO ALTURA TEMP


===========================================================================

1 1 .11400E+04 .34200E+06 60.00 .00

===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

MAT MOD LONG PESO ESP COEF TERM


===========================================================================

1 .352800E+04 .00000E+00 .00000E+00

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS6 (19 x 60) )
---------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS

BARRA TIPO INTENSIDADE REL C/L REL I/L IDENT


---------------------------------------------------------------------------

1 1 -.1217 1.000 .000 CBR

---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------

NUMERO DE NOS CARREGADOS............................................... 0


NUMERO DE NOS DESCARREGADOS............................................ 2
NUMERO DE BARRAS CARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) ..................... 1
NUMERO DE BARRAS DESCARREGADAS (EXCETO PESO PROPRIO) .................. 0
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO X........................... .000
SOMATORIO DAS FORCAS SEGUNDO O EIXO Y........................... -63.649

===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS6 (19 x 60) )
===========================================================================

===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS

NO DESLOC X DESLOC Y ROTACAO


===========================================================================

1 .0000000 .0000000 .0002461


2 .0000000 .0000000 .0000000

===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS

BARRA NO NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 111

1 1 .000 25.311 -502.906


2 .000 -38.338 -3909.607

===========================================================================
RESULTANTES NODAIS

NO RESULT X RESULT Y MOMENTO


===========================================================================

1 .000 25.311 -502.906


2 .000 38.338 3909.607

SOMATORIO DAS REACOES SEGUNDO O EIXO Y........................ 63.649


SOMATORIO DAS FORCAS ATUANTES SEGUNDO O EIXO Y................ -63.649
ERRO PERCENTUAL .............................................. .0000000 %

===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS

BARRA REL X/L NORMAL CORTANTE M FLETOR


===========================================================================

1 0/10 .000 25.311 -502.906


1 1/10 .000 18.946 654.405
1 2/10 .000 12.581 1478.832
1 3/10 .000 6.216 1970.374
1 4/10 .000 -.149 2129.031
1 5/10 .000 -6.514 1954.803
1 6/10 .000 -12.879 1447.691
1 7/10 .000 -19.244 607.693
1 8/10 .000 -25.608 -565.188
1 9/10 .000 -31.973 -2070.956
1 10/10 .000 -38.338 -3909.607

- Analise completa - fim do processamento -


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
UNESP - Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil

Disciplina: 2323 - ESTRUTURAS DE CONCRETO II

NOTAS DE AULA

PILARES DE CONCRETO ARMADO

Prof. Dr. PAULO SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS


(wwwp.feb.unesp.br/pbastos)

Bauru/SP
Maio/2017
APRESENTAÇÃO

Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina


2323 – Estruturas de Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Bauru/SP.
O texto apresenta parte das prescrições contidas na NBR 6118/2014 (“Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento”) para o dimensionamento de pilares de Concreto Armado. O dimensionamento
dos pilares é feito com base nos métodos do pilar padrão com curvatura e rigidez aproximadas. Outros
métodos constantes da norma não são apresentados, e são estudados os pilares de seção retangular e
somente os de nós fixos (contraventados), com índice de esbeltez máximo até 90.
A apresentação do dimensionamento dos pilares é feita em função da classificação que os
individualiza em pilares intermediários, de extremidade e de canto. Vários exemplos numéricos estão
apresentados para cada um deles.
O item 2 (Cobrimento da Armadura) não é específico dos pilares, porém, foi inserido no texto
porque é muito importante no projeto, e contém alterações em relação à versão anterior da norma (2003).
No item 4 (Conceitos Iniciais) são apresentadas algumas informações básicas iniciais e os conceitos
relativos ao chamado “Pilar Padrão”, cujo modelo é utilizado pela NBR 6118 para a determinação
aproximada do momento fletor de segunda ordem. Por último são apresentados exemplos numéricos de
dimensionamento de pilares de um edifício baixo e com planta de fôrma simples.
O autor agradece aos estudantes que colaboraram no estudo dos pilares, Antonio Carlos de Souza
Jr., Caio Gorla Nogueira, João Paulo Pila D’Aloia, Rodrigo Fernando Martins, e ao técnico Éderson dos
Santos Martins, pela confecção de desenhos.
Críticas e sugestões serão bem-vindas.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1
2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE .........................................................................................1
3 QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO...............................................................1
4 ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA ..............................................................2
5 CONCEITOS INICIAIS ..............................................................................................................4
5.1 Solicitações Normais ...........................................................................................................4
5.2 Flambagem ..........................................................................................................................4
5.3 Não-linearidade Física e Geométrica ..................................................................................5
5.4 Equação da Curvatura de Elementos Fletidos .....................................................................6
5.5 Compressão Axial ...............................................................................................................8
5.6 Pilar-Padrão .........................................................................................................................9
6 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS ...............................................11
6.1 Estruturas de Nós Fixos e Móveis .....................................................................................12
6.2 Elementos Isolados ............................................................................................................14
7 ÍNDICE DE ESBELTEZ...........................................................................................................14
8 EXCENTRICIDADES ..............................................................................................................16
8.1 Excentricidade de 1a Ordem ..............................................................................................16
8.2 Excentricidade Acidental...................................................................................................16
8.3 Excentricidade de 2a Ordem ..............................................................................................17
8.4 Excentricidade Devida à Fluência .....................................................................................18
9 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2a ORDEM ................................................19
9.1 Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada .......................................................19
9.2 Método do Pilar-Padrão com Rigidez  Aproximada .......................................................21
10 SITUAÇÕES BÁSICAS DE PROJETO ...............................................................................22
10.1 Pilar Intermediário .........................................................................................................22
10.2 Pilar de Extremidade .....................................................................................................23
10.3 Pilar de Canto ................................................................................................................24
11 DETERMINAÇÃO DA SEÇÃO SOB O MÁXIMO MOMENTO FLETOR ......................25
12 SITUAÇÕES DE PROJETO E DE CÁLCULO ...................................................................26
12.1 Pilar Intermediário .........................................................................................................27
12.2 Pilar de Extremidade .....................................................................................................27
12.3 Pilar de Canto ................................................................................................................28
13 CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL COM AUXÍLIO DE ÁBACOS ...........29
13.1 Flexão Composta Normal ..............................................................................................29
13.2 Flexão Composta Oblíqua .............................................................................................30
14 RELAÇÃO ENTRE A DIMENSÃO MÍNIMA E O COEFICIENTE DE PONDERAÇÃO31
15 CÁLCULO DOS PILARES INTERMEDIÁRIOS ...............................................................32
15.1 Roteiro de Cálculo .........................................................................................................32
15.2 Exemplos Numéricos.....................................................................................................33
15.2.1 Exemplo 1 ..................................................................................................................33
15.2.2 Exemplo 2 ..................................................................................................................37
16 CÁLCULO DOS PILARES DE EXTREMIDADE ..............................................................40
16.1 Roteiro de Cálculo .........................................................................................................40
16.2 Exemplos Numéricos.....................................................................................................41
16.2.1 Exemplo 1 ..................................................................................................................41
16.2.2 Exemplo 2 ..................................................................................................................46
16.2.3 Exemplo 3 ..................................................................................................................51
16.2.4 Exemplo 4 ..................................................................................................................54
17 CÁLCULO DOS PILARES DE CANTO .............................................................................58
17.1 Roteiro de Cálculo .........................................................................................................58
17.2 Exemplos Numéricos.....................................................................................................58
17.2.1 Exemplo 1 ..................................................................................................................59
17.2.2 Exemplo 2 ..................................................................................................................62
17.2.3 Exemplo 3 ..................................................................................................................66
18 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS ......................................................................................70
18.1 Armadura Longitudinal de Pilares.................................................................................71
18.1.1 Diâmetro Mínimo ......................................................................................................71
18.1.2 Distribuição Transversal ............................................................................................71
18.1.3 Armadura Mínima e Máxima.....................................................................................71
18.1.4 Detalhamento da Armadura .......................................................................................72
18.1.5 Proteção contra Flambagem .......................................................................................72
18.2 Armadura Transversal de Pilares...................................................................................73
18.3 Pilares-Parede ................................................................................................................74
19 ESTIMATIVA DA CARGA VERTICAL NO PILAR POR ÁREA DE INFLUÊNCIA .....74
20 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO TRANSVERSAL DO PILAR .........................75
21 DIMENSIONAMENTO DE PILARES DE UMA EDIFICAÇÃO DE BAIXA ALTURA .76
21.1 Pilar Intermediário P8....................................................................................................78
21.2 Pilar de Extremidade P5 ................................................................................................83
21.3 Pilar de Extremidade P6 ................................................................................................89
21.4 Pilar de Canto P1 ...........................................................................................................94
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 1

1 INTRODUÇÃO

Pilares são “Elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças
normais de compressão são preponderantes.” (NBR 6118/20141, item 14.4.1.2).
Pilares-parede são “Elementos de superfície plana ou casca cilíndrica, usualmente dispostos na
vertical e submetidos preponderantemente à compressão. Podem ser compostos por uma ou mais
superfícies associadas. Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas superfícies a menor
dimensão deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na seção transversal do elemento
estrutural.” (item 14.4.2.4).
O dimensionamento dos pilares é feito em função dos esforços externos solicitantes de cálculo, que
compreendem as forças normais (Nd), os momentos fletores (Mdx e Mdy) e as forças cortantes (Vdx e Vdy) no
caso de ação horizontal.
A NBR 6118, na versão de 2003, fez modificações em algumas das metodologias de cálculo das
estruturas de Concreto Armado, como também em alguns parâmetros aplicados no dimensionamento e
verificação das estruturas. Especial atenção é dada à questão da durabilidade das peças de concreto.
Particularmente no caso dos pilares, a norma introduziu várias modificações, como no valor da
excentricidade acidental, um maior cobrimento de concreto, uma nova metodologia para o cálculo da
esbeltez limite relativa à consideração ou não dos momentos fletores de 2a ordem e, principalmente, com a
consideração de um momento fletor mínimo, que pode substituir o momento fletor devido à excentricidade
acidental. A versão de 2014 mantém essas prescrições, e introduziu que a verificação do momento fletor
mínimo pode ser feita comparando uma envoltória resistente, que englobe a envoltória mínima com 2ª
ordem.
No item 17.2.5 (“Processo aproximado para o dimensionamento à flexão composta oblíqua”) a
NBR 6118 apresenta um método simplificado para o projeto de pilares sob flexão composta normal e
oblíqua, que não será apresentado neste texto.
Os três itens seguintes (2,3 e 4) foram inseridos nesta apostila porque são muito importantes no
projeto de estruturas de concreto, especialmente o cobrimento da armadura pelo concreto.

2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE

Segundo a NBR 6118 (item 6.4.1), “A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações
físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas,
das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas.”
Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo
com o apresentado na Tabela 1 e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição
da estrutura ou de suas partes (item 6.4.2).
Conhecendo o ambiente em que a estrutura será construída, o projetista estrutural pode considerar
uma condição de agressividade maior que aquelas mostradas na Tabela 1.

3 QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO

Conforme a NBR 6118 (item 7.4), a “... durabilidade das estruturas é altamente dependente das
características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura.”
“Ensaios comprobatórios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e classe de
agressividade prevista em projeto devem estabelecer os parâmetros mínimos a serem atendidos. Na falta
destes e devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento e a resistência à
compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se que sejam adotados os requisitos mínimos
expressos” na Tabela 2.
O concreto utilizado deve cumprir com os requisitos contidos na NBR 12655 e diversas outras
normas (item 7.4.3). Para parâmetros relativos ao Concreto Protendido consultar a Tabela 7.1 da NBR
6118.

1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118.
ABNT, 2014, 238p.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 2

Tabela 1 – Classes de agressividade ambiental – CAA.


(Tabela 6.1 da NBR 6118).
Classe de Classificação geral do
Risco de deterioração da
agressividade Agressividade tipo de ambiente
estrutura
Ambiental para efeito de Projeto
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana1, 2 Pequeno
1
Marinha
III Forte Grande
Industrial1, 2
Industrial1, 3
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
NOTAS: 1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe
acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de
apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com
argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em regiões
de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura
protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chove.
3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em
indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

Tabela 2 – Correspondência entre classe de agressividade ambiental e qualidade do Concreto Armado.


(Tabela 7.1 da NBR 6118).
Classe de agressividade ambiental (CAA)
Concreto
I II III IV
Relação
água/cimento ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
em massa
Classe de concreto
≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
(NBR 8953)

4 ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA

Define-se cobrimento de armadura a espessura da camada de concreto responsável pela proteção


da armadura num elemento. Essa camada inicia-se a partir da face mais externa da barra de aço e se
estende até a superfície externa do elemento em contato com o meio ambiente. Em vigas e pilares é comum
a espessura do cobrimento iniciar na face externa dos estribos da armadura transversal, como mostrado na
Figura 1.

Cnom

Estribo

Cnom

Figura 1 – Espessura do cobrimento da armadura pelo concreto.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 3

A NBR 6118 (item 7.4.7.1) define o cobrimento mínimo da armadura como “o menor valor que
deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado.”
Para garantir o cobrimento mínimo (cmín), o projeto e a execução devem considerar o cobrimento
nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (c). As dimensões das
armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais.

cnom  cmín  c Eq. 1

Nas obras correntes o valor de c deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser reduzido
para 5 mm quando “houver um controle adequado de qualidade e limites rígidos de tolerância da
variabilidade das medidas durante a execução” das estruturas de concreto, informado nos desenhos de
projeto.
A Tabela 3 (NBR 6118, item 7.4.7.2) apresenta valores de cobrimento nominal com tolerância de
execução (c) de 10 mm, em função da classe de agressividade ambiental.

Tabela 3 – Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal


para c = 10 mm (Tabela 7.2 da NBR 6118).
Classe de agressividade ambiental (CAA)
Tipo de Componente ou
estrutura elemento I II III IV2
Cobrimento nominal (mm)
Laje1 20 25 35 45
Viga/Pilar 25 30 40 50
Concreto
Armado4 Elementos estruturais
em contato com o 30 40 50
solo3
Notas: 1) “Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento, como
pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta tabela
podem ser substituídas pelas de 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal  15 mm.”
2) “Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e
esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente
agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV.”
3) “No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter
cobrimento nominal  45 mm.”
4) Para parâmetros relativos ao Concreto Protendido consultar a Tabela 7.2 da NBR 6118. “No caso de
elementos estruturais pré-fabricados, os valores relativos ao cobrimento das armaduras (Tabela 7.2)
devem seguir o disposto na ABNT NBR 9062.”2 (item 7.4.7.7).

Para concretos de classe de resistência superior ao mínimo exigido, os cobrimentos definidos na


Tabela 3 podem ser reduzidos em até 5 mm.
A NBR 6118 (itens 7.4.7.5 e 7.4.7.6) ainda estabelece que o cobrimento nominal de uma
determinada barra deve sempre ser:

c nom  barra
Eq. 2
c nom  feixe  n   n

A dimensão máxima característica do agregado graúdo (dmáx) utilizado no concreto não pode
superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou seja:

d máx  1,2 c nom Eq. 3

2ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. NBR
9062, ABNT, 2001, 36p.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 4

5 CONCEITOS INICIAIS

5.1 Solicitações Normais

Os pilares podem estar submetidos a forças normais e momentos fletores, gerando os seguintes
casos de solicitação:

a) Compressão Simples

A compressão simples também é chamada compressão centrada ou compressão uniforme. A


aplicação da força normal Nd é no centro geométrico (CG) da seção transversal do pilar, cujas tensões na
seção transversal são uniformes (Figura 2).

Nd Nd

CG
Nd

Figura 2 – Solicitação de compressão simples ou uniforme.

b) Flexão Composta

Na flexão composta ocorre a atuação conjunta de força normal e momento fletor sobre o pilar. Há
dois casos:
- Flexão Composta Normal (ou Reta): existe a força normal e um momento fletor em uma direção,
tal que Mdx = e1x . Nd (Figura 3a);

- Flexão Composta Oblíqua: existe a força normal e dois momentos fletores, relativos às duas
direções principais do pilar, tal que M1d,x = e1x . Nd e M1d,y = e1y . Nd (Figura 3b).

y y

Nd
e

Nd e1y
x x
e1x e1x

a) normal; b) oblíqua.

Figura 3 – Tipos de flexão composta.

5.2 Flambagem

Flambagem pode ser definida como o “deslocamento lateral na direção de maior esbeltez, com
força menor do que a de ruptura do material” ou como a “instabilidade de peças esbeltas comprimidas”. A
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 5

ruína por efeito de flambagem é repentina e violenta, mesmo que não ocorram acréscimos bruscos nas
ações aplicadas.
Uma barra comprimida feita por alguns tipos de materiais pode resistir a cargas substancialmente
superiores à carga crítica (Ncrít), o que significa que a flambagem não corresponde a um estado-limite
último. No entanto, para uma barra comprimida de Concreto Armado, a flambagem caracteriza um estado-
limite último.

5.3 Não-linearidade Física e Geométrica

No dimensionamento de alguns elementos estruturais, especialmente os pilares, é importante


considerar duas linearidades que ocorrem, uma relativa ao material concreto e outra relativa à geometria do
pilar.

a) não-linearidade física

Quando o material não obedece à Lei de Hooke, como materiais com diagramas  x  mostrados
na Figura 4b e Figura 4c. A Figura 4a e a Figura 4d mostram materiais onde há linearidade física.
O concreto simples apresenta comportamento elastoplástico em ensaios de compressão simples,
com um trecho inicial linear até aproximadamente 0,3fc .

 
DESCARGA
= E(HOOKE) RUPTURA
A
G
AR
C

 

a) elástico linear b) elástico não-linear

 (CONCRETO) 

A RUPTURA
G
GA

AR
AR

C
SC

 
DE

c) elastoplástico d) elastoplástico ideal

Figura 4 – Diagramas  x  de alguns materiais.

b) não-linearidade geométrica

Ocorre quando as deformações provocam esforços adicionais que precisam ser considerados no
cálculo, gerando os chamados esforços de segunda ordem, como o momento fletor M = F . a (Figura 5).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 6

F a F
y

  y
r

x
a) posição inicial b) posição final

Figura 5 – Não-linearidade geométrica originando esforços de segunda ordem.

5.4 Equação da Curvatura de Elementos Fletidos

O deslocamento local de 2a ordem é aquele que ocorre em um lance3 do pilar, como os


deslocamentos horizontais da barra indicada na Figura 5b. A NBR 6118 comumente usa os termos “efeitos
locais de 2a ordem”, onde, entre outros, o principal efeito é o momento fletor de segunda ordem (M2),
gerado a partir do deslocamento lateral da barra, igual a F . a no caso da barra da Figura 5b.
A determinação dos efeitos locais de 2a ordem em barras comprimidas pode ser feita por métodos
aproximados, entre eles o do pilar-padrão com curvatura aproximada, como preconizado na NBR 6118
(item 15.8.3.3.2). Com o intuito de subsidiar o entendimento do pilar-padrão, apresentado adiante, e da
expressão para cálculo do momento fletor de 2a ordem, apresenta-se agora a equação da curvatura de
elementos fletidos.4
Considerando a Lei de Hooke ( = E . ), a equação da curvatura de peças fletidas, como aquela
mostrada na Figura 6, tem a seguinte dedução:

dx

dx

dx 
 Eq. 4
dx E

M
Aplicando   y na Eq. 4 fica:
I

dx M dx M
 y   dx
dx EI y EI

O comprimento dx pode ser escrito: dx = r d

dx dx M
d    dx Eq. 5
r y EI

3
Lance é a parte (comprimento) de um pilar relativa ao trecho entre dois pavimentos de uma edificação.
4
A equação da curvatura é geralmente estudada na disciplina Resistência dos Materiais.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 7

Rearranjando os termos da Eq. 5 chega-se a equação da curvatura:

d 1 M
  Eq. 6
dx r E I


x

2
r

y>0

1
dx

dx + dx

Figura 6 – Curvatura de uma peça fletida.

Do cálculo diferencial tem-se a expressão exata da curvatura (linha elástica):

d2y
1
 dx 2
r  2 3/ 2 Eq. 7
 dy  
1    
  dx  
2
 dy 
Para pequenos deslocamentos (pequena inclinação) tem-se   << 1, o que leva a:
 dx 
2
1 d y
 Eq. 8
r dx 2

Juntando a Eq. 6 e a Eq. 8 encontra-se a equação aproximada para a curvatura:

1 d2 y M
  Eq. 9
r dx 2 E I

A relação existente entre a curvatura e as deformações nos materiais (concreto e aço) da barra,
considerando-se a lei de Navier ( = y . 1/r), como mostrado na Figura 7, é:

1 1   2
 Eq. 10
r h
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 8

2  c

1/r

d
h

s

1
Figura 7 – Relação entre as deformações nos materiais e a curvatura.

Para o Concreto Armado a Eq. 10 torna-se:

1 s   c
 Eq. 11
r d

com: s = deformação na armadura tracionada;


c = deformação no concreto comprimido;
d = altura útil da peça.

A NBR 6118 aplica esta equação no cálculo do momento fletor de 2a ordem (M2), com as
deformações s e c substituídas por valores numéricos (ver Eq. 19).

5.5 Compressão Axial

Este item apresenta a dedução da equação simplificada da curvatura de uma barra comprimida (Eq.
16), necessária ao dimensionamento de pilares.
Considere a barra comprimida como mostrada na Figura 8. Como definida na Eq. 8, a equação
simplificada da curvatura é:

1 d2y

r dx 2
a F
y

 y
r

x
Figura 8 – Curvatura de uma barra comprimida engastada na base e livre no topo.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 9

d2y M
O momento fletor externo solicitante é Mext = F . y. Considerando a Eq. 9 (  ), com
dx 2 E I
material elástico linear, e fazendo o equilíbrio entre o momento fletor externo e o momento fletor interno
(Mext = Mint) tem-se:
d2 y F d2y
2
 y  k 2 y  2
 k2y  0
dx EI dx

com k2 = F/EI.

A solução geral para a equação diferencial tem a forma:

y = C1 sen k x + C2 cos k x Eq. 12

As condições de contorno para definição das constantes C1 e C2 são:

a) para x = 0  y=0  C1 . 0 + C2 . 1 = 0   C2 = 0

A Eq. 12 simplifica-se para:

y = C1 sen k x Eq. 13

dy
b) para x =   0
dx

dy
 k C1 cos k x x    k C1 cos k   0 Eq. 14
dx x 

Para barra fletida, a constante C1 na Eq. 14 deve ser diferente de zero, o que leva a:
cos k  = 0  k  = /2  k = /2

A Eq. 13 toma a forma:


y  C1 sen x Eq. 15
2

Para x = , o deslocamento y é igual ao valor a (ver Figura 8). Portanto, aplicando a Eq. 15:

y  C1 sen  a , donde resulta que C1 = a.
2

Sendo 2 = e (e = comprimento de flambagem) e com a determinação da constante C1 , define-se


a equação simplificada para a curvatura da barra comprimida:

x
y  a sen Eq. 16
e

5.6 Pilar-Padrão

O pilar-padrão é uma simplificação do chamado “Método Geral”5, o qual “Consiste na análise não
linear de 2a ordem efetuada com discretização adequada da barra, consideração da relação momento-
curvatura real em cada seção e consideração da não linearidade geométrica de maneira não aproximada.
O método geral é obrigatório para λ > 140.” (NBR 6118, 15.8.3.2).

5
O Método Geral não é geralmente estudado em profundidade em curso de graduação.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 10

O pilar-padrão é uma barra engastada na base e livre no topo, com uma curvatura conhecida
(Figura 9). É importante salientar que o método do pilar-padrão é aplicável somente a pilares de seção
transversal constante e armadura constante em todo o comprimento do pilar.
“A verificação da segurança é feita arbitrando-se deformações c e s tais que não ocorra o estado
limite último de ruptura ou alongamento plástico excessivo na seção mais solicitada da peça.” (FUSCO,
1981).
Nd
e2

x

Figura 9 – Pilar-padrão.

Como simplificação a linha elástica pode ser tomada pela função senoidal definida na Eq. 16, onde
a é considerada igual a e2 (deformação de 2a ordem), conforme mostrado na Figura 9:

x
y   e 2 sen
e

A primeira e a segunda derivada da equação fornecem:

dy  
  e2 cos x
dx e e

2
d2y   x 2
   e2sen  y
dx 2   e   e  e2

1 d2y
Considerando a Eq. 8 (  2 ), da segunda derivada surge o valor para y em função da curvatura
r dx
1/r:
d 2 y 2 1  e2 1
 2 y  y
dx 2
e r 2 r

Tomando y como o máximo deslocamento e2 tem-se:

 e2 1
e2 
2 r

Com 2  10 e sendo 1/r relativo à seção crítica (base), o deslocamento no topo da barra é:

 e2  1 
e2    Eq. 17
10  r  base
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 11

O deslocamento máximo e2 é chamado “excentricidade de 2a ordem” e será considerado no


dimensionamento dos pilares, como se verá adiante. Devido à excentricidade local e2 surge o momento
fletor de segunda ordem:
 e2  1 
M2d = Nd . e2 = N d   Eq. 18
10  r  base

Tomando a Eq. 11, o aço CA-50, γs = 1,15 e εc = 3,5 ‰ = 0,0035, pode-se determinar o valor da
curvatura 1/r na base (seção crítica) do pilar-padrão:
f yd
 0,0035 50 / 1,15  0,0035
1 s   c Es 0,00207  0,0035 0,00557
 =  21000  
r d d d d d

A NBR 6118 (item 15.8.3.3.2) toma uma expressão aproximada para a curvatura na base, como:

1 0,005 0,005
 

r h   0,5  h
Eq. 19

com  (ni) sendo um valor adimensional relativo à força normal (Nd):


Nd
 Eq. 20
A c f cd

onde: h = altura da seção na direção considerada;


Ac = área da seção transversal;
fcd = resistência de cálculo do concreto à compressão (fck/c).

Aplicando a Eq. 19 na Eq. 18 tem-se o máximo momento fletor de segunda ordem local, a ser
aplicado no dimensionamento de pilares pelo método do pilar-padrão com curvatura aproximada:

 e2  0,005 
M 2d  N d    Eq. 21
10  h   0,5 

6 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS

Os edifícios devem ser projetados de modo a apresentarem a necessária estabilidade às ações


verticais e horizontais, ou seja, devem apresentar a chamada “estabilidade global”. Os pilares são os
elementos destinados à estabilidade vertical, porém, é necessário projetar outros elementos mais rígidos
que, além de também transmitirem as ações verticais, deverão garantir a estabilidade horizontal do edifício
à ação do vento e de sismos (quando existirem). Ao mesmo tempo, são esses elementos mais rígidos que
garantirão a indeslocabilidade dos nós dos pilares menos rígidos.
Com essas premissas classificam-se os elementos verticais dos edifícios em elementos de
contraventamento e elementos (pilares) contraventados.
Define-se o sistema de contraventamento como “o conjunto de elementos que proporcionarão a
estabilidade horizontal do edifício e a indeslocabilidade ou quase-indeslocabilidade dos pilares
contraventados”, que são aqueles que não fazem parte do sistema de contraventamento. A NBR 6118 (item
15.4.3) diz que, “Por conveniência de análise, é possível identificar, dentro da estrutura, subestruturas
que, devido à sua grande rigidez a ações horizontais, resistem à maior parte dos esforços decorrentes
dessas ações. Essas subestruturas são chamadas subestruturas de contraventamento. Os elementos que
não participam da subestrutura de contraventamento são chamados elementos contraventados.”
Os elementos de contraventamento são constituídos por pilares de grandes dimensões (pilares-
parede ou simplesmente paredes estruturais), por treliças ou pórticos de grande rigidez, núcleos de rigidez,
etc., como mostrados na Figura 10.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 12

As lajes dos diversos pavimentos do edifício também podem participar da estabilidade horizontal,
ao atuarem como elementos de rigidez infinita no próprio plano (o que se chama diafragma rígido),
fazendo a ligação entre elementos de contraventamento formados por pórticos, por exemplo.
Segundo SÜSSEKIND (1984, p. 175), “Toda estrutura, independentemente do número de andares
e das dimensões em planta, deve ter seu sistema de contraventamento estudado e adequadamente
dimensionado.”

Pilares ou Elementos de
Contraventamentos

Pilares Contraventados

Figura 10 – Pilares contraventados e elementos de contraventamento (FUSCO, 1981).

6.1 Estruturas de Nós Fixos e Móveis

No item 15.4.2 a NBR 6118 define o que são, para efeito de cálculo, estruturas de nós fixos e de
nós móveis. A Figura 12 e a Figura 13 ilustram os tipos.

a) Estruturas de nós fixos

São aquelas “quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os
efeitos globais de 2a ordem são desprezíveis (inferiores a 10 % dos respectivos esforços de 1a ordem),
Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e localizados de 2a ordem.”
No item 15.4.1 a NBR 6118 apresenta definições de efeitos globais, locais e localizados de 2a
ordem: “Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente.
Os esforços de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados efeitos globais de 2a ordem. Nas
barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí
efeitos locais de 2a ordem que, em princípio, afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas.
Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não retilinidade
maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de 2 a ordem maiores,
chamados de efeitos de 2a ordem localizados (ver Figura 15.3). O efeito de 2a ordem localizado, além de
aumentar nessa região a flexão longitudinal, aumenta também a flexão transversal, havendo a necessidade
de aumentar a armadura transversal nessas regiões.” (ver Figura 11).

Figura 11 – Efeitos de 2a ordem localizados (NBR 6118).


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 13

b) Estruturas de nós móveis

São “aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em decorrência, os efeitos
globais de 2a ordem são importantes (superiores a 10 % dos respectivos esforços de 1a ordem). Nessas
estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2a ordem globais como os locais e localizados.”
As subestruturas de contraventamento podem ser de nós fixos ou de nós móveis, de acordo com as
definições acima (Figura 12).
Para verificar se a estrutura está sujeita ou não a esforços globais de 2a ordem, ou seja, se a
estrutura pode ser considerada como de nós fixos, lança-se mão do cálculo do parâmetro de instabilidade 
(NBR 6118, item 15.5.2) ou do coeficiente z (item 15.5.3). Esses coeficientes serão estudados na
disciplina Estruturas de Concreto IV.
Para mais informações sobre a estabilidade global dos edifícios devem ser consultados FUSCO
(2000) e SÜSSEKIND (1984).

nós móveis nós fixos


Pilares
Contraventados Elementos de Contraventamento

Figura 12 – Pilares contraventados e elementos de contraventamento (FUSCO, 1981).

a) Estrutura deslocável b) Estrutura indeslocável

Figura 13 – Estruturas de nós fixos e móveis (FUSCO, 1981).


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 14

6.2 Elementos Isolados

A NBR 6118 (item 15.4.4) define que são “considerados elementos isolados os seguintes:

a) elementos estruturais isostáticos;


b) elementos contraventados;
c) elementos que fazem parte de estruturas de contraventamento de nós fixos;
d) elementos das subestruturas de contraventamento de nós móveis, desde que, aos esforços nas
extremidades, obtidos em uma análise de 1a ordem, sejam acrescentados os determinados por análise
global de 2a ordem.”
Nesta apostila são apresentados somente os chamados elementos (pilares) contraventados.

7 ÍNDICE DE ESBELTEZ

O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de giração, nas direções
a serem consideradas (NBR 6118, 15.8.2):

e
 Eq. 22
i
I
com o raio de giração sendo: i
A
Para seção retangular o índice de esbeltez é:

3,46  e
 Eq. 23
h

onde: e = comprimento de flambagem;


i = raio de giração da seção geométrica da peça (seção transversal de concreto, não se
considerando a presença de armadura);
I = momento de inércia;
A = área da seção;
h = dimensão do pilar na direção considerada.

O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende das vinculações na base e no topo,
conforme os esquemas mostrados na Figura 14.

F F F
F
F

A. Simples B B B B
E. Móvel
A. Simples B Livre
E. Elástico
L

e = 0,7 L
 e = 0,5 L A
e = L 0,5 L < e < L e = 2 L
Engaste

A A A A

A. Simples Engaste Engaste E. Elástico

Figura 14 – Comprimento de flambagem.

Em função do índice de esbeltez máximo, os pilares podem ser classificados como:

a) Curto: se   35; Eq. 24


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 15

b) Médio: se 35 <   90;


c) Medianamente esbelto: se 90 <   140;
d) Esbelto: se 140 <   200.

Os pilares curtos e médios representam a grande maioria dos pilares das edificações. Os pilares
medianamente esbeltos e esbeltos são muito menos frequentes.
Em edifícios, a linha deformada dos pilares contraventados apresenta-se como mostrada na Figura
15a. Uma simplificação pode ser feita como indicada na Figura 15b.

n° TETO n° TETO

n e )  n
( n
2° TETO 2° TETO

2 e 2 2

1° TETO 1° TETO

e1 3 1
2
1 
FUNDAÇÃO FUNDAÇÃO

a) situação real; b) situação simplificada.

Figura 15 – Situação real e simplificada de pilares contraventados de edifícios (SÜSSEKIND, 1984).

“Nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado considerando cada elemento
comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos demais elementos estruturais que
ali concorrem, onde se aplicam os esforços obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de
1a ordem.” (NBR 6118, 15.6). Para casos de determinação do comprimento de flambagem mais complexos
recomenda-se a leitura de SÜSSEKIND (1984, v.2).
Assim, o comprimento equivalente (e), de flambagem, “do elemento comprimido (pilar), suposto
vinculado em ambas as extremidades, deve ser o menor dos seguintes valores: (Figura 16)

  h h
e   o Eq. 25 +h


Figura 16 – Valores de o e .
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 16

com: o = distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais, que
vinculam o pilar;
h = altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo;
 = distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.”

8 EXCENTRICIDADES

Neste item são apresentadas outras excentricidades além da excentricidade de 2 a ordem, que
podem ocorrer no dimensionamento dos pilares: excentricidade de 1a ordem, excentricidade acidental e
excentricidade devida à fluência.

8.1 Excentricidade de 1a Ordem

A excentricidade de 1a ordem (e1) é devida à possibilidade de ocorrência de momentos fletores


externos solicitantes, que podem ocorrer ao longo do comprimento do pilar, ou devido ao ponto teórico de
aplicação da força normal não estar localizado no centro de gravidade da seção transversal, ou seja,
existência da excentricidade inicial a, como indicada na Figura 17.
Considerando a força normal N e o momento fletor M (independente de N), a Figura 17 mostra os
casos possíveis de excentricidade de 1a ordem.
y y y y

x N x M x M x
N N

a
a N

N suposta aplicada à
N suposta N suposta N suposta aplicada à
distância a do CG,
centrada e M = 0 centrada distância a do CG
M=0
M
e1 = 0 e1 = a e1 = M e1 = a + N
N

Figura 17 – Casos de excentricidade de 1a ordem.

8.2 Excentricidade Acidental

“No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, dever ser considerado o efeito
do desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar [...]. Admite-se que, nos casos usuais de
estruturas reticuladas, a consideração apenas da falta de retilinidade ao longo do lance de pilar seja
suficiente.” (NBR 6118, 11.3.3.4.2). A imperfeição geométrica pode ser avaliada pelo ângulo 1 :

1
1  Eq. 26
100 H

com: H = altura do lance, em metro, conforme mostrado na Figura 18;


1mín = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais;
1máx = 1/200

A excentricidade acidental para um lance do pilar resulta do ângulo 1 :

H
ea  1 Eq. 27
2
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 17

pilar de pilar
contraventamento contraventado

1 ea ea
elemento de
travamento

Hi
1 1 Hi/2 1

a) Elementos de travamento b) Falta de retilinidade c) Desaprumo do pilar


(tracionado ou comprimido) no pilar

Figura 18 – Imperfeições geométricas locais.

8.3 Excentricidade de 2a Ordem

“A análise global de 2a ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das barras, devendo
ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2a ordem ao longo dos eixos das barras comprimidas, de
acordo com o prescrito em 15.8. Os elementos isolados, para fins de verificação local, devem ser
formados pelas barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento e , de acordo com o
estabelecido em 15.6, porém aplicando-se às suas extremidades os esforços obtidos através da análise
global de 2a ordem.” (NBR 6118, item 15.7.4).
Conforme a NBR 6118 (15.8.2), “Os esforços locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser
desprezados quando o índice de esbeltez for menor que o valor-limite 1 [...]. O valor de 1 depende de
diversos fatores, mas os preponderantes são:

- a excentricidade relativa de 1a ordem e1 /h na extremidade do pilar onde ocorre o momento de 1a ordem


de maior valor absoluto;
- a vinculação dos extremos da coluna isolada;
- a forma do diagrama de momentos de 1a ordem.”

O valor-limite 1 é:

e1
25  12,5
1  h Eq. 28
b

com: 35 ≤ λ1 ≤ 90,
onde: e1 = excentricidade de 1a ordem (não inclui a excentricidade acidental ea);
e1 / h = excentricidade relativa de 1a ordem.

No item 15.8.1 da NBR 6118 encontra-se que o pilar deve ser do tipo isolado, e de seção e
armadura constantes ao longo do eixo longitudinal, submetidos à flexo-compressão. “Os pilares devem ter
índice de esbeltez menor ou igual a 200 (λ ≤ 200). Apenas no caso de elementos pouco comprimidos com
força normal menor que 0,10fcd Ac , o índice de esbeltez pode ser maior que 200. Para pilares com índice
de esbeltez superior a 140, na análise dos efeitos locais de 2a ordem, devem-se multiplicar os esforços
solicitantes finais de cálculo por um coeficiente adicional γn1 = 1 + [0,01(λ – 140)/1,4].”
O valor de b deve ser obtido conforme estabelecido a seguir (NBR 6118, 15.8.2):
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 18

“a) para pilares biapoiados sem cargas transversais:

MB
 b  0,6  0,4  0,4 Eq. 29
MA

sendo: 0,4 ≤ b ≤ 1,0

MA e MB são os momentos de 1a ordem nos extremos do pilar, obtidos na análise de 1a ordem no


caso de estruturas de nós fixos e os momentos totais (1a ordem + 2a ordem global) no caso de estruturas
de nós móveis. Deve ser adotado para MA o maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para MB o
sinal positivo, se tracionar a mesma face que MA , e negativo, em caso contrário.

b) para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura:

b  1

c) para pilares em balanço:

MC
b  0,8  0,2  0,85 Eq. 30
MA

sendo: 0,85 ≤ b ≤ 1,0,


MA = momento de 1a ordem no engaste;
MC = momento de 1a ordem no meio do pilar em balanço.

d) para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo estabelecido em
11.3.3.4.3:
b  1

O fator b consta do ACI 318 (1995) com a notação Cm (item 10.12.3.1). Porém, ao contrário da
NBR 6118, que também considera a excentricidade relativa e1/h, tanto o ACI como o Eurocode 2 (1992) e
o MC-90 (1990) do CEB, calculam a esbeltez limite em função da razão entre os momentos fletores ou
entre as excentricidades nas extremidades do pilar.

8.4 Excentricidade Devida à Fluência

“A consideração da fluência deve obrigatoriamente ser realizada em pilares com índice de


esbeltez  > 90 e pode ser efetuada de maneira aproximada, considerando a excentricidade adicional ecc
dada a seguir:” (NBR 6118, 15.8.4)

  N sg 
 M sg  e  N sg

ecc   
 ea  2,718
N
 1 Eq. 31
 N sg 
  
 

10 E ci Ic
Ne  Eq. 32
 e2

onde: ea = excentricidade devida a imperfeições locais;


Msg e Nsg = esforços solicitantes devidos à combinação quase permanente;
 = coeficiente de fluência;
Eci = módulo de elasticidade tangente;
Ic = momento de inércia;
e = comprimento de flambagem.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 19

9 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2a ORDEM

De acordo com a NBR 6118 (15.8.3), o cálculo dos efeitos locais de 2a ordem pode ser feito pelo
Método Geral ou por métodos aproximados. O Método Geral é obrigatório para elementos com  > 140.
A norma apresenta diferentes métodos aproximados, sendo eles: método do pilar-padrão com
curvatura aproximada (item 15.8.3.3.2), método do pilar-padrão com rigidez  aproximada (15.8.3.3.3),
método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N, 1/r (15.8.3.3.4) e método do pilar-padrão para
pilares de seção retangular submetidos à flexão composta oblíqua (15.8.3.3.5). Serão agora apresentados
os métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e com rigidez aproximada, que são simples de
serem aplicados no dimensionamento. O pilar-padrão foi apresentado no item 5.6.

9.1 Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada

Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.2), o método pode ser “empregado apenas no cálculo de pilares
com λ ≤ 90, com seção constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não
linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja
senoidal. A não linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da curvatura na
seção crítica.”
A equação senoidal para a linha elástica foi definida na Eq. 16, que define os valores para a
deformação de 2a ordem (e2) ao longo da altura do pilar. A não linearidade física com a curvatura
aproximada foi apresentada na Eq. 11 e na Eq. 19.
O momento fletor total máximo no pilar deve ser calculado com a expressão:

 e2 1
Md, tot   b M1d, A  Nd  M1d, A Eq. 33
10 r

onde: b = parâmetro definido no item 8.3;


Nd = força normal solicitante de cálculo;
e = comprimento de flambagem.
1/r = curvatura na seção crítica, avaliada pela expressão aproximada (Eq. 19):

1 0,005 0,005
 
r h (  0,5) h

A força normal adimensional () foi definida na Eq. 20:

Nd

A c . f cd

Embora o item 15.8.3.3.2 da versão de 2014 da NBR 6118, diferentemente da versão de 2003, não
apresente diretamente, pode-se também considerar que:

M1d,A  M1d,mín
Md,tot  M1d,mín

com: M1d,A = valor de cálculo de 1a ordem do momento MA , como definido no item 8.3;
M1d,mín = momento fletor mínimo como definido a seguir;
Ac = área da seção transversal do pilar;
fcd = resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd = fck /c);
h = dimensão da seção transversal na direção considerada.

Na versão de 2003, a NBR 6118 introduziu um parâmetro novo no cálculo dos pilares: o momento
fletor mínimo, o qual consta no código ACI 318 (1995) como equação 10-15 e: “a esbeltez é levada em
consideração aumentando-se os momentos fletores nos extremos do pilar. Se os momentos atuantes no
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 20

pilar são muito pequenos ou zero, o projeto de pilares esbeltos deve se basear sobre uma excentricidade
mínima”, dada pelo momento fletor mínimo.
Na versão de 2014 da NBR 6118 (11.3.3.4.3), como na versão de 2003, consta que o “efeito das
imperfeições locais nos pilares e pilares-parede pode ser substituído, em estruturas reticuladas, pela
consideração do momento mínimo de 1a ordem dado a seguir” (item 11.3.3.4.3):

M1d, mín  Nd (0,015  0,03 h ) Eq. 34

com h sendo a altura total da seção transversal na direção considerada, em metro (m).

“Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições locais esteja atendido
se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A este momento devem ser acrescidos os momentos
de 2a ordem definidos na Seção 15.” Portanto, ao se considerar o momento fletor mínimo pode-se
desconsiderar a excentricidade acidental (ea – ver Figura 18) ou o efeito das imperfeições locais.
O momento fletor total máximo deve ser calculado para cada direção principal do pilar. Ele leva
em conta que, numa seção intermediária onde ocorre a excentricidade máxima de 2a ordem, o momento
fletor máximo de 1a ordem seja corrigido pelo fator b . Isto é semelhante ao que se encontra no item 7.5.4
de FUSCO (1981), com a diferença de que novos parâmetros foram estabelecidos para b . Se o momento
fletor de 1a ordem for nulo ou menor que o mínimo, então o momento fletor mínimo, constante na altura do
pilar, deve ser somado ao momento fletor de 2a ordem.
Ainda no item 11.3.3.4.3 da NBR 6118: “Para pilares de seção retangular, pode-se definir uma
envoltória mínima de 1ª ordem, tomada a favor da segurança,” conforme mostrado na Figura 19.

2 2
 M1d, mín, x   M1d, mín, y 
    1 Eq. 35
 M1d, mín, xx   M1d, mín, yy 
   

M1d,mín,xx = Nd (0,015 + 0,03h)


M1d,mín,yy = Nd (0,015 + 0,03b)

sendo: M1d,mín,xx e M1d,mín,yy = componentes em flexão composta normal;


M1d,mín,x e M1d,mín,y = componentes em flexão composta oblíqua.

Figura 19 – Envoltória mínima de 1ª ordem (NBR 6118).

“Neste caso, a verificação do momento mínimo pode ser considerada atendida quando, no
dimensionamento adotado, obtém-se uma envoltória resistente que englobe a envoltória mínima de 1ª
ordem. Quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2ª ordem em alguma das direções do
pilar, a verificação do momento mínimo deve considerar ainda a envoltória mínima com 2ª ordem,
conforme 15.3.2.”
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 21

No item 15.3.2 a norma reapresenta o diagrama da Figura 19, mas com a envoltória mínima
acrescida dos efeitos da 2a ordem, e mostrando também a envoltória resistente (Figura 20). “Para pilares
de seção retangular, quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2ª ordem, a verificação
do momento mínimo pode ser considerada atendida quando, no dimensionamento adotado, obtém-se uma
envoltória resistente que englobe a envoltória mínima com 2ª ordem, cujos momentos totais são calculados
a partir dos momentos mínimos de 1ª ordem e de acordo com item 15.8.3. A consideração desta envoltória
mínima pode ser realizada através de duas análises à flexão composta normal, calculadas de forma
isolada e com momentos fletores mínimos de 1ª ordem atuantes nos extremos do pilar, nas suas direções
principais.”

Figura 20 – Envoltória mínima com 2ª ordem (NBR 6118).

9.2 Método do Pilar-Padrão com Rigidez  Aproximada

Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.3), o método pode ser “empregado apenas no cálculo de pilares
com λ ≤ 90, com seção retangular constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não
linearidade geométrica deve ser considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da
barra seja senoidal. A não linearidade física deve ser considerada através de uma expressão aproximada
da rigidez.
O momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da majoração do momento de 1a
ordem pela expressão: ”

 b M1d , A
M Sd , tot   M1d , A
2 Eq. 36
1
120  / 

sendo o valor da rigidez adimensional κ dado aproximadamente pela expressão:

 M 
aprox  32 1  5 Rd , tot   Eq. 37
 h . Nd 

“Em um processo de dimensionamento, toma-se MRd,tot = MSd,tot . Em um processo de verificação,


onde a armadura é conhecida, MRd,tot é o momento resistente calculado com essa armadura e com Nd = NSd
= NRd .”
As variáveis h, , M1d,A e b são as mesmas definidas anteriormente. A variável  representa o
índice de esbeltez e  o coeficiente adimensional relativo à força normal (Eq. 20).
Substituindo a Eq. 37 na Eq. 36 obtém-se uma equação do 2o grau útil para calcular diretamente o
valor de MSd,tot , sem a necessidade de se fazer iterações:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 22

a MSd , tot2  b MSd , tot  c  0 Eq. 38

a  5h

 Nd  e2
b  h N d   5h  b M1d , A
2
Eq. 39
 320
c   N d h 2  b M1d , A

 b  b 2  4ac
M Sd , tot  Eq. 40
2a

O cálculo do momento fletor total pode ser feito aplicando as três equações acima (Eq. 38, Eq. 39 e
Eq. 40), ou também com a equação do segundo grau (com Md,tot ao invés de MSd):

19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0 Eq. 41

10 SITUAÇÕES BÁSICAS DE PROJETO

Para efeito de projeto, os pilares dos edifícios podem ser classificados nos seguintes tipos: pilares
intermediários, pilares de extremidade e pilares de canto. A cada um desses tipos básicos corresponde uma
situação de projeto diferente.

10.1 Pilar Intermediário

Nos pilares intermediários (Figura 21) considera-se a compressão centrada na situação de projeto,
pois como as lajes e vigas são contínuas sobre o pilar, pode-se admitir que os momentos fletores
transmitidos ao pilar sejam pequenos e desprezíveis. Não existem, portanto, os momentos fletores MA e MB
de 1a ordem nas extremidades do pilar, como descritos no item 8.3.

PLANTA

x
Nd

SITUAÇÃO DE PROJETO

Figura 21 – Arranjo estrutural e situação de projeto dos pilares intermediários.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 23

10.2 Pilar de Extremidade

Os pilares de extremidade, de modo geral, encontram-se posicionados nas bordas das edificações,
sendo também chamados pilares laterais ou de borda. O termo “pilar de extremidade” advém do fato do
pilar ser extremo para uma viga, aquela que não tem continuidade sobre o pilar, como mostrado na Figura
22. Na situação de projeto ocorre a flexão composta normal, decorrente da não continuidade da viga.
Existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a ordem em uma direção do pilar, como descritos no
item 8.3.
O pilar de extremidade não ocorre necessariamente na borda da edificação, ou seja, pode ocorrer
na zona interior de uma edificação, desde que uma viga não apresente continuidade no pilar.
Nas seções de topo e base ocorrem excentricidades e1 de 1a ordem, na direção principal x ou y do
pilar:
M M
e1, A  A e e1, B  B Eq. 42
Nd Nd

PLANTA

e1
x
Nd

SITUAÇÃO DE PROJETO

Figura 22 – Arranjo estrutural e situação de projeto dos pilares de extremidade.

Os momentos fletores MA e MB são devidos aos carregamentos verticais sobre as vigas, e obtidos
calculando-se os pilares em conjunto com as vigas, formando pórticos planos, ou, de uma maneira mais
simples e que pode ser feita manualmente, com a aplicação das equações já apresentadas em BASTOS
(2015).6 Conforme a Figura 23, os momentos fletores, nos lances inferior e superior do pilar, são:

rinf
M inf  M eng Eq. 43
rinf  rsup  rviga

rsup
Msup  M eng Eq. 44
rinf  rsup  rviga

com: Meng = momento fletor de engastamento perfeito na ligação entre a viga e o pilar;

6BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p.
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 24

r = I/ = índice de rigidez relativa;


I = momento de inércia da seção transversal do pilar na direção considerada;
 = vão efetivo do tramo adjacente da viga ao pilar extremo, ou comprimento de flambagem do
pilar.

Na determinação dos momentos fletores de 1a ordem que ocorrem nos pilares de edifícios de
pavimentos deve-se considerar a superposição dos efeitos das vigas dos diferentes níveis (Figura 23).
Considerando-se por exemplo o lance (tramo) do pilar compreendido entre os pavimentos i e i + 1, os
momentos fletores na base e no topo do lance são:

M base  Msup,i  0,5 Minf,i 1


Eq. 45
M topo  Minf,i 1  0,5 Msup,i

Se os pavimentos i e i + 1 forem pavimentos tipo, ou seja, idênticos, os momentos fletores na base


e no topo serão iguais e:

Msup,i = Minf,i+1
Eq. 46
Mbase = Mtopo = 1,5 Msup,i = 1,5 Minf,i+1

1 M inf,i+1 + 21 M sup,i nível (i + 1)


2 M sup
pilar de extremidade

M viga M sup
M sup,i + 21 Minf,i+1 nível i
M inf

M inf,i + 21 M sup,i-1

tramo extremo

M sup,i-1 + 21 Minf,i nível (i - 1)

inf

Figura 23 – Momentos fletores nos pilares de extremidade provenientes da ligação com a


viga não contínua sobre o pilar (FUSCO, 1981).

Os exemplos numéricos apresentados no item 21 mostram o cálculo dos momentos fletores


solicitantes por meio da Eq. 43 a Eq. 46.

10.3 Pilar de Canto

De modo geral, os pilares de canto encontram-se posicionados nos cantos dos edifícios, vindo daí o
nome, como mostrado na Figura 24. Na situação de projeto ocorre a flexão composta oblíqua, decorrente
da não continuidade das vigas apoiadas no pilar. Existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a
ordem, nas suas duas direções do pilar, ou seja, e1x e e1y . Esses momentos podem ser calculados da mesma
forma como apresentado nos pilares de extremidade.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 25

PLANTA

e 1,y
Nd

e1,x

SITUAÇÃO DE PROJETO

Figura 24 – Arranjo estrutural e situação de projeto dos pilares de canto.

11 DETERMINAÇÃO DA SEÇÃO SOB O MÁXIMO MOMENTO FLETOR

Sendo constante a força normal (Nd) ao longo da altura do pilar, no dimensionamento deve ser
analisada qual seção do pilar, ao longo de sua altura, estará submetida ao maior momento fletor total,
segundo as direções principais do pilar. Normalmente basta verificar as seções de extremidade (topo e
base) e uma seção intermediária C, que é aquela correspondente ao máximo momento fletor de 2a ordem
(M2d).
A Figura 25 mostra alguns casos diferentes de atuação dos momentos fletores de 1a ordem (M1d,A e
M1d,B), e mostra também os momentos fletores mínimo e de 2a ordem. No caso de momento fletor de 1a
ordem variável ao longo da altura (lance) do pilar, o valor maior deve ser nomeado M1d,A , e considerado
positivo. O valor menor, na outra extremidade, será nomeado M1d,B , e considerado negativo se tracionar a
fibra oposta à de M1d,A . O momento fletor de 1a ordem existente deve ser comparado ao momento fletor
mínimo (M1d,mín), e adotado o maior.

topo M1d,A M1d,A M1d,A M1d,A = M1d,B M1d,mín


A A
+
M1d,C + +
+
+
0 +
seção
C intermediária

OU OU OU OU
M 2,máx
-
B B
M 1d,B M 1d,B
base
(M1d,A > M1d,B )

Figura 25 – Momentos fletores de 1a ordem com o de 2a ordem nas seções do lance do pilar.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 26

Na determinação do máximo momento fletor total, da base ao topo do pilar, em cada direção, e
considerando as seções de extremidade e a seção intermediária C, tem-se:

a) Seções de extremidade (topo ou base)


M1d, A
M d, tot   Eq. 47

M1d, mín

b) Seção intermediária (C)

M1d,C  M 2d

M d, tot   Eq. 48
M1d, mín  M 2d

Com o momento de 1a ordem M1d,C avaliado como:

0,6 M1d, A  0,4 M1d, B



M1d,C   Eq. 49

0,4 M1d, A

A Eq. 49 tem os coeficientes 0,6 e 0,4 relativos à variável b , definida no item 8.3.

12 SITUAÇÕES DE PROJETO E DE CÁLCULO

O cálculo dos pilares pode ser feito diretamente dos valores da força normal e do momento fletor
total máximo solicitante no pilar, sem se explicitar as excentricidades da força Nd . Por outro lado, o
cálculo também pode ser feito explicitando as excentricidades, que são funções dos momentos fletores.
No dimensionamento dos pilares, conforme a antiga NB 1/78, o cálculo era feito considerando-se
as excentricidades. Já a NBR 6118 de 2003 introduziu o momento fletor mínimo e a equação do momento
fletor total (Md,tot), direcionando de certa forma o cálculo via momentos fletores e não via as
excentricidades. Claro que o cálculo correto, em função dos momentos fletores ou das excentricidades,
conduz aos mesmos resultados. Nos itens seguintes procura-se ilustrar os dois modos de cálculo, deixando-
se ao estudante a escolha do modo a aplicar.
Nos itens seguintes estão mostradas as excentricidades que devem ser consideradas no
dimensionamento dos pilares, em função do tipo de pilar (intermediário, de extremidade ou de canto) e
para máx  90.
As excentricidades a serem consideradas são as seguintes:

a) Excentricidade de 1a ordem

M1d , A M1d, B
e1, A  e1, B  Eq. 50
Nd Nd

b) Excentricidade mínima

e1,mín = 1,5 + 0,03 h , com h em cm Eq. 51

c) Excentricidade de 2a ordem

0,0005  e 2
e2  Eq. 52
  0,5 h
com  definido na Eq. 20.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 27

d) Excentricidade de 1a ordem na seção intermediária C

0,6 e1, A  0,4 e1, B



e1, C   Eq. 53

0,4 e1, A

12.1 Pilar Intermediário

A Figura 26 mostra a situação de projeto (S.P.) e as situações de cálculo (s.c.) dos pilares
intermediários com máx  90. Na 1a s.c. estão indicadas as excentricidades que ocorrem na direção x, e na
2a s.c. as excentricidades na direção y.
Como não se considera a existência de momentos fletores de 1a ordem, a situação de projeto é de
Compressão Simples (ou Uniforme). Se o pilar tiver   1 nas duas direções, tem-se que e2x = 0 e e2y = 0,
e as excentricidades de 2a ordem mostradas na Figura 26 não existirão. Neste caso basta considerar a
excentricidade mínima em cada direção. Por outro lado, se  > 1 em uma ou ambas as direções, a
excentricidade de 2a ordem deve ser somada à excentricidade mínima. A excentricidade mínima
corresponde ao momento fletor mínimo, apresentado no item 9.1 (Eq. 34).

e 1x,mín Nd
y
e 2x e 2y
ey
Nd e 1y,mín
Nd x
ex

S.P. 1° s.c. 2° s.c.

Figura 26 – Situação de projeto e situações de cálculo de pilares intermediários com máx  90.

Para cada situação de cálculo deve ser determinada uma armadura longitudinal, considerando-se,
porém, o mesmo arranjo (posicionamento) das barras da armadura na seção transversal. Isso é importante
porque a armadura final deve atender às situações de cálculo existentes. A armadura final é a maior entre
as calculadas.

12.2 Pilar de Extremidade

No pilar de extremidade ocorre a Flexão Composta Normal na situação de projeto, com existência
de excentricidade de 1a ordem em uma direção do pilar. As seções de extremidade (topo e base) devem
sempre ser analisadas (Figura 27). A seção intermediária C deve ser analisada somente na direção em que
ocorrer excentricidade de 2a ordem (Figura 28).
Na base e topo do pilar, devido aos apoios (vínculos), não ocorre deslocamento horizontal, de
modo que a excentricidade de 2a ordem é zero. Nas seções ao longo da altura do pilar ocorrem
excentricidades de 2a ordem, mas se   1 , as excentricidades são pequenas e podem ser desprezadas. Por
outro lado, se ocorrer  > 1 , a máxima excentricidade de 2a ordem (e2x ou e2y na seção intermediária C)
deve ser considerada, e a excentricidade de 1a ordem deve ser alterada de e1x,A para e1x,C (ou de e1y,A para
e1y,C) na situação de projeto (Figura 28).
Do mesmo modo como no pilar intermediário, para cada situação de cálculo deve ser calculada
uma armadura, considerando-se o mesmo arranjo (posicionamento) das barras na seção transversal, e a
armadura final será a maior entre as calculadas.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 28

y
Nd
Nd Nd e 1y,mín
x
e 1x,A
e1x,A 
{ e 1x,mín

S.P. 1° s.c. 2° s.c.


Figura 27 – Situação de projeto e de cálculo para as seções de extremidade (topo e base)
dos pilares de extremidade.

Nd
ex e2y
ey
Nd Nd e 1y,mín

e 1x,C
e1x,C  { e 1x,mín
e 2x

S.P. 1° s.c. 2° s.c.

Figura 28 – Situação de projeto e situações de cálculo para a seção intermediária


dos pilares de extremidade.

12.3 Pilar de Canto

No pilar de canto a solicitação de projeto é a flexão composta oblíqua, com a existência de


excentricidade de 1a ordem nas duas direções principais do pilar. Na seção de extremidade A, como
mostrado na Figura 29, apenas uma situação de cálculo é suficiente, comparando-se as excentricidades de
1a ordem com as excentricidades mínimas em cada direção.
Na seção intermediária C as excentricidades de 1a ordem alteram-se de e1,A para e1,C , como
apresentado na Figura 30. Existindo as excentricidades de 2a ordem, elas devem ser acrescentadas às
excentricidades de 1a ordem, segundo a direção em que existir.
A armadura final do pilar será a maior calculada entre as situações de cálculo, considerando-se as
barras distribuídas de modo idêntico no cálculo das armaduras.

e 1x,A
y
e 1x,A

{ e 1x,mín

Nd Nd
e 1y,A
e1y,A  { e 1y,mín
x

S.P. 1° s.c.
Figura 29 – Situação de projeto e de cálculo para as seções de extremidade dos pilares de canto.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 29

Nd
y
e 1x,C e 2y
Nd ey
Nd
e 1y,C e 1y,C
e1y,C 
{ e 1y,mín

{e 1y,mín
x
e 2x
e 1x,C
 { e 1x,mín ex 
e 1x,C
{
e 1x,mín

S.P. 1° s.c. 2° s.c.

Figura 30 – Situação de projeto e situações de cálculo para a seção intermediária dos pilares de canto.

13 CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL COM AUXÍLIO DE ÁBACOS

No dimensionamento dos pilares feito manualmente, os ábacos são imprescindíveis, porque


permitem a rápida determinação da taxa de armadura, sem necessidade de aplicar as equações teóricas da
Flexão Composta Normal ou Oblíqua. Além disso, os ábacos proporcionam a fácil escolha de diferentes
arranjos de armadura na seção transversal.
Nesta apostila serão aplicados os ábacos de VENTURINI (1987)7 para a Flexão Composta Normal
e de PINHEIRO (1994)8 para a Flexão Composta Oblíqua. Esses ábacos devem ser aplicados apenas no
dimensionamento de pilares com concretos do Grupo I de resistência (f ck ≤ 50 MPa), porque foram
desenvolvidos com alguns parâmetros numéricos que não se aplicam aos concretos do Grupo II .
Para cada caso de solicitação, ábacos diferentes podem ser utilizados, no entanto, o ábaco deve ser
escolhido de modo a resultar na menor armadura, e assim a mais econômica.

13.1 Flexão Composta Normal

A Figura 31 mostra a notação aplicada na utilização dos ábacos de VENTURINI (1987) para a
Flexão Composta Normal (ou Reta). A distância d’ é paralela à excentricidade (e), entre a face da seção e o
centro da barra do canto. De modo geral tem-se d’ = c + t + /2, com c = cobrimento de concreto, t =
diâmetro do estribo e  = diâmetro da barra longitudinal.

N
d

e
h/2

h/2

b d´

Figura 31 – Notação para a Flexão Composta Normal (VENTURINI, 1987).

7
VENTURINI, W.S. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solicitadas à flexão reta. São Carlos,
Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1987. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
8
PINHEIRO, L.M. ; BARALDI, L.T. ; POREM, M.E. Concreto Armado: Ábacos para flexão oblíqua. São Carlos, Departamento
de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1994. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 30

As equações para a construção dos ábacos foram apresentadas na publicação de VENTURINI


(1987). A determinação da armadura longitudinal é iniciada pelo cálculo dos esforços adimensionais  (ni)
e  (mi). O valor adimensional  foi definido na Eq. 20:

Nd

A c . f cd

O valor de , em função do momento fletor ou da excentricidade, é:

M d , tot
  , ou Eq. 54
h A c f cd

e
  Eq. 55
h

com: Nd = força normal de cálculo;


Ac = área da seção transversal do pilar;
fcd = resistência de cálculo do concreto à compressão (fck/c);
Md,tot = momento fletor total de cálculo;
h = dimensão do pilar na direção considerada;
e = excentricidade na direção considerada.

Escolhida uma disposição construtiva para a armadura no pilar, determina-se o ábaco a ser
utilizado, em função do tipo de aço e do valor da relação d’/h. No ábaco, com o par  e , obtém-se a taxa
mecânica . A armadura é calculada pela expressão:

 A c f cd
As  Eq. 56
f yd

13.2 Flexão Composta Oblíqua

A Figura 32 mostra a notação aplicada na utilização dos ábacos de PINHEIRO et al. (1994) para a
Clexão Composta Oblíqua. As distâncias d’x e d’y têm o mesmo significado de d’, porém, cada uma em
uma direção do pilar.

M xd d´x

d´y

Nd
hy

M yd

hx

Figura 32 – Flexão Composta Oblíqua (PINHEIRO, 1994).


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 31

A determinação da armadura é iniciada pelo cálculo dos esforços adimensionais  e , com 


segundo as duas direções principais do pilar:

Nd

A c . f cd

M d , tot, x ex
x   Eq. 57
h x A c f cd hx

M d , tot, y ey
y   Eq. 58
h y A c f cd hy

Escolhida uma disposição construtiva para a armadura no pilar, determina-se o ábaco a ser
utilizado, em função do tipo de aço e dos valores das relações d’x/hx e d’y/hy . No ábaco, com o trio (, x ,
y), obtém-se a taxa mecânica . A armadura é calculada com a Eq. 56:

 A c f cd
As 
f yd

14 RELAÇÃO ENTRE A DIMENSÃO MÍNIMA E O COEFICIENTE DE PONDERAÇÃO

Os pilares com seção transversal retangular são diferenciados dos pilares-parede em função da
relação entre os lados, conforme a regra (Figura 33):

h  5 b  pilar
Eq. 59
h > 5 b  pilar-parede
b

Figura 33 – Classificação dos pilares e pilares-parede de seção retangular.

A NBR 6118 (item 13.2.3) impõe que “A seção transversal de pilares e pilares-parede maciços,
qualquer que seja a sua forma, não pode apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais,
permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que se multipliquem os esforços
solicitantes de cálculo a serem considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional n , de
acordo com o indicado na Tabela 13.1 e na Seção 11. Em qualquer caso, não se permite pilar com seção
transversal de área inferior a 360 cm2.”, o que representa a seção mínima de 14 x 25,7 cm. A Tabela 4
apresenta o coeficiente adicional. É importante salientar que o texto indica que todos os esforços
solicitantes atuantes no pilar devem ser majorados por γn , ou seja, a força normal e os momentos fletores
que existirem.

Tabela 4 – Coeficiente adicional n para pilares e pilares-parede (Tabela 13.1 da NBR 6118).
b  19 18 17 16 15 14
n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25
Nota: O coeficiente n deve majorar os esforços solicitantes finais de
cálculo quando de seu dimensionamento.
n = 1,95 – 0,05 b
b = menor dimensão da seção transversal (cm).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 32

15 CÁLCULO DOS PILARES INTERMEDIÁRIOS

Apresenta-se o roteiro de cálculo dos chamados pilares intermediários, com a aplicação do


“Método do pilar-padrão com curvatura aproximada” e do “Método do pilar-padrão com rigidez 
aproximada”. Em seguida são apresentados dois exemplos numéricos de aplicação.

15.1 Roteiro de Cálculo

No pilar intermediário, devido à continuidade das vigas e lajes sobre o pilar, tem-se que os
momentos fletores de 1a ordem são nulos em ambas as direções do pilar (MA = MB = 0), portanto, e1 = 0.

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo pode ser determinada como:

Nd = n . f . Nk Eq. 60

onde: Nk = força normal característica do pilar;


n = coeficiente de majoração da força normal (Tabela 4);
f = coeficiente de ponderação das ações no ELU (definido na Tabela 11.1 da NBR 6118).

b) Índice de esbeltez (Eq. 22 e Eq. 23)

e I 3,46  e
 , i  para seção retangular:  
i A h

c) Momento fletor mínimo (Eq. 34)

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h = dimensão do pilar, em cm, na direção considerada.

d) Esbeltez limite (Eq. 28)

e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

e1 = 0 para pilar intermediário.


  1  não considera-se o efeito local de 2ª ordem na direção considerada;
 > 1  considera-se o efeito local de 2ª ordem na direção considerada.

e) Momento de 2a ordem

e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada


Determina-se Md,tot com a Eq. 33:

M1d, A
 2e 1 
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

e2) Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada


Determina-se Md,tot com a Eq. 41:

19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 33

15.2 Exemplos Numéricos

Os exemplos numéricos a seguir são de pilares intermediários, biapoiados na base e no topo, de


nós fixos (contraventados) e sem forças transversais atuantes. Os cálculos serão feitos em função dos
momentos fletores solicitantes e, a título de exemplo, serão feitos também em função das excentricidades,
segundo as seções de extremidade e intermediária, como mostrado no item 11.
Os seguintes dados são comuns em todos os exemplos: concreto C20; aço CA-50 ;
d’ = 4,0 cm ; coeficientes de ponderação: c = f =1,4 e s = 1,15.

15.2.1 Exemplo 1

Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado na Figura 34, sendo conhecidos:

Nk = 785,7 kN ; seção transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)


comprimento equivalente (de flambagem): ex = ey = 280 cm

ey = 280 cm
ey = 280 cm

hy = 20 cm
x
Nd

h x = 50 cm

Figura 34 – Posição do pilar em relação às vigas, vínculos na base e no topo nas direções x e y,
dimensões da seção transversal e situação de projeto.

RESOLUÇÃO

Embora a armadura longitudinal resultará do cálculo segundo a direção de menor rigidez do pilar
(dir. y), a título de exemplo será demonstrado também o cálculo segundo a direção x.

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é (Eq. 60): Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 785,7 = 1.100 kN

com γn determinado na Tabela 4, em função da largura da seção transversal do pilar. Tratando-se de um


pilar intermediário, não existem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem em ambas as direções do
pilar.

b) Índice de esbeltez (Eq. 23)

O índice de esbeltez deve ser calculado para as direções x e y, conforme os eixos mostrados na
Figura 34. A fim de padronizar e simplificar a notação, aqui considera-se a direção, e não o eixo do pilar, o
que pode ser diferente de considerações adotadas em outras disciplinas.

3,46  ex 3,46  280


x    19,4
hx 50

3,46  ey 3,46  280


y    48,4
hy 20
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 34

c) Momento fletor mínimo


O momento fletor mínimo, em cada direção, é calculado com a Eq. 34:
M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h em cm.
Dir. x: M1d,mín,x = 1100 1,5  0,03 . 50  = 3.300 kN.cm ; e1x,mín =
3300
 3,00 cm
1100

Dir. y: M1d,mín,y = 1100 1,5  0,03 . 20  = 2.310 kN.cm ; e1y,mín =


2310
 2,10 cm
1100

Esbeltez limite (Eq. 28)

e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Nos pilares intermediários não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, daí e1 =
0 e b = 1,0 (ver item 8.3). Assim:

1,x = 1,y = 25  35   1,x = 1,y = 35

Desse modo:
x = 19,4 < 1,x   não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 48,4 > 1,y   são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

Em pilares retangulares correntes, geralmente há a necessidade de considerar a excentricidade de


2a ordem na direção da largura do pilar.

e) Momento fletor de 2a ordem


O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e
do pilar-padrão com rigidez  aproximada.

e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada (Eq. 33)

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

Nd 1100
Força normal adimensional (Eq. 20):    0,77
A c . f cd 1000 2,0
1,4
a
Curvatura na direção y sujeita aos momentos fletores de 2 ordem (Eq. 19):

1 0,005 0,005 0,005


   1,9685 . 10  4 cm-1   2,5 . 10  4 cm-1  ok!
r h   0,50  20 0,77  0,5 20

A excentricidade máxima de 2a ordem na direção y é (Eq. 17):

 e 2 1 280 2
e2 y   1,9685 . 10  4  1,54 cm
10 r 10

Com b = 1,0 e fazendo M1d,A = M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos fletores totais em
cada direção principal do pilar:

Dir. x: Md,tot,x = M1d,mín,x = 3.300 kN.cm


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 35

280 2
Dir. y: M d , tot, y  1,0 . 2310  1100 1,9685 . 10  4  4.008 kN.cm
10
Md,tot,y = 4.008 kN.cm  M1d,mín,y = 2.310 kN.cm  ok!

O cálculo de dimensionamento da armadura longitudinal do pilar pode seguir após determinados os


momentos fletores totais, como mostrados na Figura 35. No entanto, a título de exemplo, são mostradas
também as excentricidades (Figura 36), calculadas em função dos momentos fletores. O valor admensional
 pode ser calculado em função do momento fletor ou da excentricidade, como feito na sequência.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y

+
M2d,máx,y
1.698

3.300 2.310

Figura 35 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

y
Nd
e 2y = 1,54
ey = 3,64
e 1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x,mín
3,00

S.P. 1a s.c. 2a s.c.


Figura 36 – Situação de projeto e situações de cálculo do pilar intermediário.

A análise dos momentos fletores totais e das excentricidades permite observar que a direção crítica
do pilar é a direção y, dado que o maior momento fletor total (M d,tot,y de 4.008 kN.cm) é relativo à menor
dimensão do pilar (largura hy = 20 cm). A 2ª s.c., com a maior excentricidade total, na direção da largura
do pilar, também mostra o fato, comprovado pelo cálculo da armadura longitudinal. A armadura pode ser
calculada apenas para a direção crítica y, porém, com o objetivo de ilustrar os cuidados que devem ser
tomados, a armadura é calculada para as duas direções principais do pilar.
Com  = 0,77 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987)9 para Flexão Reta, faz-se o cálculo de
 (Eq. 54 ou Eq. 55) e d’/h, segundo as direções x e y:
Dir. x:

9
Os ábacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 36

Md, tot, x 3300 ex 3,00


= =  0,05 ou   0,77  0,05
h x . Ac . f cd 2,0 hx 50
50 . 1000
1,4
d 'x 4,0
= = 0,08  0,10  com o Ábaco A-25: ω = 0,05
hx 50

Outros ábacos diferentes do A-25 podem ser utilizados, no entanto, este ábaco é interessante
porque não fixa o número de barras a serem dispostas na seção transversal, fixa apenas as faces do pilar
que devem alojar as barras. Neste caso, o ábaco A-25 proporciona que as barras sejam distribuídas no lado
maior do pilar.
Observe que o ábaco A-25 tem a armadura posicionada na direção paralela à excentricidade – e
(ver figura no ábaco) da força normal Nd , portanto, na direção horizontal paralela à excentricidade e1x,mín
da 1a s.c., coincidente com o lado maior do pilar.

Dir. y:
M d , tot, y 4008 ey 3,64
= =  0,14 ou   0,77  0,14
h y . Ac . f cd 20 . 1000 2,0 hy 20
1,4
d'y 4,0
= = 0,20  com o Ábaco A-4: ω = 0,38
hy 20

Para a solicitação na direção y o ábaco A-4 é compatível com o ábaco A-25 da direção x, pois
proporciona o mesmo arranjo de barras do ábaco A-25 na seção transversal, ou seja, as barras distribuídas
ao longo do lado maior do pilar. Isso é mostrado na figura do ábaco A-4, onde a armadura é posicionada na
direção perpendicular à excentricidade da força normal Nd , portanto, na direção horizontal perpendicular à
excentricidade total da 2a s.c., e coincidente com o lado maior do pilar.
A maior armadura resulta do maior valor de , de 0,38 da 2a s.c., como esperado:

2,0
0,38 . 1000
 A c f cd 1,4
As = =  12,49 cm2
f yd 50
1,15

e2) Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada

Aplicando a Eq. 41 numericamente para a direção y, com M1d,A = M1d,mín, tem-se:

19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0

19200 Md, tot2  (3840 . 20 . 1100  48,42 . 20 . 1100  19200 . 1,0 . 2310 ) Md, tot  3840 . 1,0 . 20 . 1100 . 2310  0

19200 Md, tot2  11408320 Md, tot  1,951488 . 1011  0


Md, tot2  594,2 MSd , tot  10164000  0

A raiz positiva da equação de 2o grau é:


Md,tot = 3.500 kN.cm  M1d,mín,y = 2.310 kN.cm  ok!

Com  = 0,77 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 37

M d , tot, y 3500
= = = 0,12
h y . Ac . f cd 2,0
20 . 1000
1,4
d'y 4,0
= = 0,20  com o Ábaco A-4: ω = 0,30
hy 20
2,0
0,30 . 1000
 A c f cd 1,4
As = =  9,86 cm2
f yd 50
1,15

15.2.2 Exemplo 2

Este segundo exemplo (Figura 37) é igual ao primeiro, com exceção da maior força normal de
compressão. São conhecidos:

y
Nk = 1.071 kN
seção transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)
comprimento de flambagem:
hy = 20 cm

ex = ey = 280 cm x


coeficientes de ponderação: Nd
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15

h x = 50 cm

Figura 37 – Dimensões da seção transversal e posição da força normal.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1071 = 1.500 kN, com γn da Tabela 4.

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    19,4
hx 50

3,46  ey 3,46  280


y    48,4
hy 20

c) Momento fletor mínimo

O momento fletor mínimo em cada direção é:

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h em cm.

Dir. x: M1d,mín,x = 1500 1,5  0,03 . 50  = 4.500 kN.cm ; e1x,mín =


4500
 3,00 cm
1500

Dir. y: M1d,mín,y = 1500 1,5  0,03 . 20  = 3.150 kN.cm ; e1y,mín =


3150
 2,10 cm
1500
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 38

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Tem-se que b = 1,0 e e1 = 0, portanto, do mesmo modo como no exemplo anterior:

1,x = 1,y = 25  35   1,x = 1,y = 35

Desse modo:
x = 19,4 < 1,x   não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 48,4 > 1,y   são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento de 2a ordem
O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e
do pilar-padrão com rigidez  aproximada.

e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

Nd 1500
Força normal adimensional:     1,05
A c . f cd 1000 2,0
1,4

Curvatura na direção y sujeita a momentos fletores de 2a ordem:

1 0,005 0,005 0,005


   1,6129 . 10  4 cm-1   2,5 . 10  4 cm-1  ok!
r h   0,50  20 1,05  0,5 20

A excentricidade máxima de 2a ordem na direção y é:

 e 2 1 280 2
e2 y   1,6129 . 10  4  1,26 cm
10 r 10

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos totais máximos:

Dir. x: Md,tot,x = M1d,mín,x = 4.500 kN.cm

280 2
Dir. y: M d, tot, y  1,0 . 3150  1500 1,6129 . 10  4  5.047 kN.cm
10

Md,tot,y = 5.047 kN.cm  M1d,mín,y = 3.150 kN.cm  ok!

Os momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y, estão indicados na Figura 38. A
situação de projeto e as situações de cálculo estão mostradas na Figura 39.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 39

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y

+
M2d,máx,y
1.897

4.500 3.150
e1x,mín = 3,00 e1y,mín = 2,10

Figura 38 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

y
Nd
e 2y = 1,26
ey = 3,36
e1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x,mín
3,00

S.P. 1a s.c. 2as.c.

Figura 39 – Situação de projeto e situações de cálculo.

Com  = 1,05 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987)10 para Flexão Reta:

Dir. x:
Md, tot, x 4500 e 3,00
= =  0,06 ou    x  1,05  0,06
h x . Ac . f cd 2,0 hx 50
50 . 1000
1,4
d 'x 4,0
= = 0,08  0,10  Ábaco A-25: ω = 0,38
hx 50

Dir. y:
M d , tot, y 5047 ey 3,36
= =  0,18 ou     1,05  0,18
h y . Ac . f cd 20 . 1000 2,0 hy 20
1,4
d'y 4,0
= = 0,20  Ábaco A-4: ω = 0,78
hy 20

10
Os ábacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 40

A comparação entre os ábacos A-4 e A-25 apresentada no exemplo anterior vale também para este
exemplo. A maior armadura resulta do maior valor encontrado para a taxa de armadura :

2,0
0,78 .1000
 A c f cd 1,4
As = =  25,63 cm2
f yd 50
1,15

e2) Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada


Aplicando a Eq. 41 numericamente para a direção y tem-se:

19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0

19200 Md2, tot  (3840 . 20 . 1500  48,42 . 20 . 1500  19200 . 1,0 . 3150 ) Md, tot 
 3840 . 1,0 . 20 . 1500 . 3150  0

19200 Md2, tot  15556800 Md, tot  3,6288 . 1011  0


Md2, tot  810,25 Md, tot  18900000  0

A raiz positiva da equação de 2o grau é:


Md,tot = 4.771 kN.cm  M1d,mín = 3.150 kN.cm  ok!

Com  = 1,05 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:

M d , tot, y 4771
= = = 0,17
h y . Ac . f cd 2,0
20 . 1000
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4 (ω = 0,76)
hy 20
2,0
0,76 . 1000
 A c f cd 1,4
As = =  24,97 cm2
f yd 50
1,15

Comparando-se com o Exemplo 1 nota-se um aumento considerável da armadura, em torno de 100


%, para um aumento de apenas 36 % para a força normal do exemplo 2.
Embora apenas dois exemplos numéricos tenham sido apresentados, pelos valores obtidos pode-se
observar que o método da rigidez aproximada resulta armaduras inferiores ao método da curvatura
aproximada. Para a força normal maior a diferença de armadura diminuiu de 21,1 % para 2,6 %.

16 CÁLCULO DOS PILARES DE EXTREMIDADE

Apresenta-se a seguir um roteiro de cálculo dos chamados pilares de extremidade, com a aplicação
do “Método do pilar-padrão com curvatura aproximada” e do “Método do pilar-padrão com rigidez 
aproximada”. Em seguida são apresentados quatro exemplos numéricos de aplicação.

16.1 Roteiro de Cálculo

a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo pode ser determinada como Nd = n . f . Nk
onde: Nk = força normal característica do pilar;
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 41

n = coeficiente de majoração da força normal (Tabela 4);


f = coeficiente de ponderação das ações no ELU (definido na Tabela 11.1 da NBR 6118).

b) Índice de esbeltez (Eq. 22 e Eq. 23)

e I 3,46  e
 ; i  para seção retangular:  
i A h

c) Momento fletor mínimo (Eq. 34)

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h = dimensão do pilar, em cm, na direção considerada.

d) Esbeltez limite (Eq. 28)

e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

e1  0 na direção da viga não contínua sobre o pilar de extremidade;


h = dimensão do pilar na mesma direção de e1;
  1 - não se considera o efeito local de 2ª ordem na direção considerada;
 > 1 - se considera o efeito local de 2ª ordem na direção considerada.

e) Momento de 2a ordem
e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada
Determina-se Md,tot com a Eq. 33:

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

e2) Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada


Determina-se Md,tot com a Eq. 41:

19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0

16.2 Exemplos Numéricos

Os exemplos numéricos a seguir são de pilares de extremidade, biapoiados no topo e na base, de


nós fixos (contraventados) e sem forças transversais atuantes. Os seguintes dados são comuns em todos os
exemplos: concreto C20 ; aço CA-50 ; d’ = 4,0 cm, coeficientes de ponderação: γc = γf = 1,4 e γs = 1,15.

16.2.1 Exemplo 1

Este exemplo é semelhante àquele encontrado em FUSCO (1981, p. 297), com a diferença da
alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 40). São
conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 42

Nk = 1.110 kN y
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.170 kN.cm M 1d,A,x
2170 kN.cm
seção 20 x 70 (Ac = 1.400 cm2)
ex = ey = 280 cm +

h y = 70 cm
Nd
e1x x

-
- 2170 kN.cm
hx = 20 cm M 1d,B,x

Figura 40 – Arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma, dimensões da seção transversal e momentos
fletores de cálculo de primeira ordem atuantes na direção x.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1110 = 1.554 kN, com n = 1,0 na Tabela
4.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores nos extremos do pilar
(M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.170 kN.cm), que solicitam o pilar na direção x, em função de existir uma viga não
contínua sobre o pilar na direção x (Figura 41). Este momento fletor de cálculo já está majorado pelos
coeficientes f e n . A excentricidade inicial de 1ª ordem é:

2170
e1x   1,40 cm
1554

2170 kN.cm 1,40 cm

+ +
280

- -
2170 kN.cm 1,40 cm
- 2170 kN.cm - 1,40 cm
+ +
280

- -
- 2170 kN.cm - 1,40 cm

Figura 41 – Momentos fletores de cálculo de 1 ordem e excentricidades no topo


a

e na base do pilar, na direção x.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 43

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    48,4
hx 20

3,46  ey 3,46  280


y    13,8
hy 70

c) Momento fletor mínimo

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:

3263,4
Dir. x: M1d,mín,x = 1554 (1,5 + 0,03 . 20) = 3.263,4 kN.cm ; e1x,mín =  2,10 cm
1554

5594 ,4
Dir. y: M1d,mín,y = 1554 (1,5 + 0,03 . 70) = 5.594,4 kN.cm ; e1y,mín =  3,60 cm
1554

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção x é 1,40 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


na direção x são M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.170 kN.cm, menores que o momento fletor mínimo nesta direção
(M1d,mín,x = 3.263,4 kN.cm), o que leva a b = 1,0. Assim:

1,40
25  12,5
1, x  20  25,9  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: Na direção y não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, portanto, e1y =
0 e b = 1,0. Assim:
0
25  12,5
1, y  70  25,0  35   1,y = 35
1,0

Desse modo:
x = 48,4 > 1,x   são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 13,8 < 1,y   não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento fletor de 2a ordem


O momento fletor de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura
aproximada e do pilar-padrão com rigidez  aproximada.

e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada

M1d, A
 2e 1 
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 44

Nd 1554
Força normal adimensional:    0,78
A c . f cd 1400 2,0
1,4

Curvatura na direção x sujeita a momentos fletores de 2a ordem:

1 0,005 0,005 0,005


   1,953 . 10  4 cm-1   2,5 . 10 4 cm-1  ok!
r h   0,50  20 0,78  0,5 20

A excentricidade máxima de 2a ordem na direção x é:

 e 2 1 280 2
e2x   1,953 . 10  4  1,53 cm
10 r 10

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total máximo:

Dir. x:
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 3263,4 + 1554 1,953 . 10 4  5.642,8  M1d,mín,x = 3.263,4 kN.cm  ok!
10
Md,tot,x = 5.642,8 kN.cm

Dir. y:
Md,tot,y = M1d,mín,y = 5.594,4 kN.cm

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 42. As situações de projeto e de
cálculo, para as seções de extremidade e intermediária, estão mostradas na Figura 43 e na Figura 44. Como
as seções de extremidade de topo e base do pilar estão submetidas a momento fletor de 1 a ordem de igual
valor, a seção de extremidade mostrada na Figura 43 é representativa de ambas as extremidades do pilar.
No caso de momentos fletores na base e topo diferentes, deve-se considerar a seção de extremidade
submetida ao maior momento fletor (M1d,A). Nas seções de topo e base não ocorre deformação de 2a ordem
(e2 = 0), que deve ser considerada na seção intermediária C.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y

OU +
M2d,máx,x
2.379,4

3.263,4 2.170 5.594,4

Figura 42 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 45

y
Nd

e1y,mín = 3,60

Nd Nd
x
e 1x e 1x,mín
1,40 2,10

S.P. 1a s.c. 2as.c.

Figura 43 – Situações de projeto e de cálculo das seções de extremidade.

A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1x), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1x , A  0,4 e1x , B  0,6 . 1,40  0,4 . (1,40)  0,28 cm

e1C    e1x , C  
0,4 e1A 0,4 e1x , A  0,4 . 1,40  0,56 cm

 e1x,C = 0,56 cm

y
Nd
ex
3,63 e1y,mín = 3,60

Nd Nd
x
e 1x,C e 1x,mín e 2x
0,56 2,10 1,53

S.P. 1a s.c. 2as.c.

Figura 44 – Situação de projeto e situações de cálculo para a seção intermediária C.

A direção de menor rigidez do pilar, aquela que é crítica, é a correspondente à menor dimensão, ou
seja, da largura no caso de pilar de seção transversal retangular (direção x). Das três situações de cálculo
observa-se que a 1ª s.c. da seção intermediária, que tem a maior excentricidade, e na direção crítica do
pilar, é a que resultará na maior armadura longitudinal. Em situações que existir dúvida, a armadura de
cada situação de cálculo deve ser determinada, sendo a armadura final a maior entre as calculadas. A título
de exemplo, o cálculo será feito para as duas situações de cálculo da seção intermediária.
Com  = 0,78 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:

Dir. x:
Md, tot, x 5642 ,8 e 3,63
= =  0,14 ou    x  0,78  0,14
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 1400
1,4
d 'x 4,0
= = 0,20  Ábaco A-4: ω = 0,40
hx 20

Dir. y:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 46

M d , tot, y 5594 ,4 ey 3,60


= =  0,04 ou   0,78  0,04
h y . Ac . f cd 2,0 hy 70
70 . 1400
1,4
d'y 4,0
= = 0,06  0,05  Ábaco A-24: ω = 0,08
hy 70

A armadura final, como esperado, é resultante da 1a s.c., com a maior taxa de armadura:

2,0
0,40 . 1400
 A c f cd 1,4
As = =  18,40 cm2
f yd 50
1,15

No detalhamento da armadura longitudinal do pilar deve-se tomar cuidado de posicionar as barras


de aço de acordo com o arranjo de barras do ábaco escolhido, A-4 neste caso.

e2) Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada


O momento fletor total na direção x é:
19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0

19200 Md2, tot  (3840 . 20 . 1554  48,42 . 20 . 1554  19200 . 1,0 . 3263,4) Md, tot 
 3840 . 1,0 . 20 . 1554 . 3263,4  0
19200 Md2, tot  16116845 Md, tot  3894776524 80  0
Md2, tot  839,4 Md, tot  20285294  0

A raiz positiva da equação de 2o grau é:


Md,tot,x = 4.943,1 kN.cm  M1d,mín,x = 3.263,4 kN.cm  ok!

Com  = 0,78 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:

Md, tot, x 4943,1


= = = 0,12
h x . Ac . f cd 2,0
20 . 1400
1,4
d 'x 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4 (ω = 0,33)
hx 20
2,0
0,33 . 1400
 A c f cd 1,4
As = =  15,18 cm2
f yd 50
1,15

16.2.2 Exemplo 2

Este exemplo é também semelhante àquele encontrado em FUSCO (1981, p. 311), com a diferença
da alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 45). São
conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 47

N k = 1.110 kN M 1d,A,x
M1d,A,x = – M1d,B,x = 3.260 kN.cm
3.260 kN.cm
seção transversal 20 x 70 (Ac = 1.400 cm2)
comprimento equivalente ou de flambagem: +
ex = ey = 460 cm
coeficientes de ponderação:
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15

y
h = 70 cm
x

-
h y = 20 cm

Nd x
e 1,x - 3260 kN.cm
M 1d,B,x

Figura 45 – Dimensões da seção transversal, arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma


e momentos fletores de primeira ordem na direção x.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1110 = 1.554 kN, com n da Tabela 4.

Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores nas extremidades (topo
e base) do pilar (M1d,A,x = – M1d,B,x = 3.260 kN.cm), que solicitam o pilar na direção x, em função de existir
uma viga não contínua sobre o pilar na direção x (Figura 46). Este momento fletor, ou seja, todas as ações
aplicadas no pilar, devem ser majoradas por n , igual a 1,0 neste caso.

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  460


x    22,7
hx 70

3,46  ey 3,46  460


y    79,6
hy 20

c) Momento fletor mínimo

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção, é:

5594,4
Dir. x: M1d,mín,x = 1554 (1,5 + 0,03 . 70) = 5.594,4 kN.cm ; e1x,mín =  3,60 cm
1554
3263,4
Dir. y: M1d,mín,y = 1554 (1,5 + 0,03 . 20) = 3.263,4 kN.cm ; e1y,mín =  2,10 cm
1554
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 48

3260 kN.cm 2,10 cm

+ +

460

- -
3260 kN.cm 2,10 cm
- 3260 kN.cm - 2,10 cm
+ +
460

- -
- 3260 kN.cm - 2,10 cm

Figura 46 – Momentos fletores de cálculo de 1a ordem e excentricidades


no topo e na base do pilar, na direção x.

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem na direção x (e1x) é 2,10 cm. Os momentos fletores de 1a


ordem na direção x (M1d,A,x = – M1d,B,x = 3.260 kN.cm) são menores que o momento fletor mínimo nesta
direção (M1d,mín,x = 5.594,4 kN.cm), o que leva a b = 1,0. Assim:

2,10
25  12,5
1, x  70  25,4  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: Na direção y não ocorrem momentos e excentricidades de 1a ordem, portanto e1y = 0 e b =


1,0. Assim:
0
25  12,5
1, y  20  25,0  35   1,y = 35
1,0

Desse modo:
x = 22,7 < 1,x  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 79,6 > 1,y  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento de 2a ordem
O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e
do pilar-padrão com rigidez  aproximada.

e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada

M1d, A
 2e 1 
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 49

A força normal adimensional e a curvatura (na direção y, sujeita a momentos fletores de 2a ordem)
são os mesmos do exemplo anterior:  = 0,78 e 1/r = 1,953 . 10-4 cm-1.

A excentricidade máxima de 2a ordem na direção y é:

 e 2 1 460 2
e2 y   1,953 . 10  4  4,13 cm
10 r 10

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total máximo:

Dir. x:
Md,tot,x = 3.260,0 kN.cm  M1d,mín,x = 5.594,4 kN.cm  Md,tot,x = 5.594,4 kN.cm

Dir. y:
460 2
Md,tot,y = 1,0 . 3263,4 + 1554 1,953 . 10 4  9.685,4  M1d,mín,y = 3.263,4 kN.cm  ok!
10
Md,tot,y = 9.685,4 kN.cm

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 47. As situações de projeto e de
cálculo estão mostradas na Figura 48 (seções de extremidade) e Figura 49 (seção intermediária C).

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y

OU +
M2d,máx,y
6.422

5.594,4 3.260 3.263,4

Figura 47 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

Nd
e1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x e 1x,mín
2,10 3,60

S.P. 1a s.c. 2as.c.

Figura 48 – Situação de projeto e situações de cálculo nas seções de extremidade (topo e base do pilar).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 50

A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1x), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1x , A  0,4 e1x , B  0,6 . 2,10  0,4 . (2,10)  0,60 cm

e1C    e1x ,C  
0,4 e1A 0,4 e1x , A  0,4 . 2,10  0,84 cm

 e1x,C = 0,84 cm

y
Nd
e 2y = 4,13
ey = 6,23
e1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x,C e 1x,mín
0,84 3,60

S.P. 1a s.c. 2as.c.


Figura 49 – Situações de projeto e de cálculo da seção intermediária.

Na análise das situações de cálculo fica claro que a 2a s.c. da seção intermediária C é que resultará
na maior armadura longitudinal do pilar, porque tem o maior valor de excentricidade, na direção de menor
rigidez do pilar. A título de exemplo são verificadas as duas situações da seção intermediária.
Com  = 0,78 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:

Dir. x:
Md, tot, x 5594 ,4 e 3,60
= =  0,04 ou    x  0,78  0,04
h x . Ac . f cd 2,0 hx 70
70 . 1400
1,4
d 'x 4,0
= = 0,06  0,05  Ábaco A-24: ω = 0,08
hx 70

Dir. y:
M d , tot, y 9685 ,4 ey 6,23
= =  0,24 ou   0,78  0,24
h y . Ac . f cd 20 . 1400 2,0 hy 20
1,4
d'y 4,0
= = 0,20  Ábaco A-4: ω = 0,79
hy 20
2,0
0,79 . 1400
 A c f cd 1,4
As = =  36,34 cm2
f yd 50
1,15

e2) Método do pilar-padrão com rigidez  aproximada


O momento fletor total na direção y, sujeita a momentos de 2a ordem, é:
19200 Md, tot2  (3840 h Nd  2 h Nd  19200  b M1d, A ) Md, tot  3840  b h Nd M1d, A  0
19200 Md2, tot  (3840 . 20 . 1554  79,62 . 20 . 1554  19200 . 1,0 . 3263,4) Md, tot 
 3840 . 1,0 . 20 . 1554 . 3263,4  0
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 51

19200 Md2, tot  140237933 Md, tot  3894776524 80  0


Md2, tot  7304 ,1 Md, tot  20285294  0

A raiz positiva da equação de 2o grau é:


Md,tot = 9.450,6 kN.cm  M1d,mín,y = 3.263,4 kN.cm  ok!

Com  = 0,78 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:

M d , tot, y 9450 ,6
= = = 0,24
h y . Ac . f cd 2,0
20 . 1400
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4 (ω = 0,79)
hy 20
2,0
0,79 . 1400
 A c f cd 1,4
As = =  36,34 cm2
f yd 50
1,15

16.2.3 Exemplo 3

São conhecidos (Figura 50):


y M 1d,A,y
7000 kN.cm 7.000 kN.cm
Nk = 500 kN
M1d,A,y = M1d,B,y = 7.000 kN.cm

(e1y,A = e1y,B = 10,0 cm) Nd


hy = 40 cm

e1,y

seção 20 x 40 (Ac = 800 cm2) x + +


ex = ey = 280 cm

γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15

7.000 kN.cm
hx = 20 cm
M 1d,B,y

Figura 50 – Dimensões da seção transversal e momentos fletores de 1a ordem na direção y.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 500 = 700 kN, (n na Tabela 4). Além da
força normal de compressão ocorrem também momentos fletores nas seções de topo e base do pilar (M1d,A,y
= M1d,B,y = 7.000 kN.cm), que solicitam o pilar na direção y (Figura 50).

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    48,4
hx 20
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 52

3,46  ey 3,46  280


y    24,2
hy 40

c) Momento fletor mínimo

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. Assim, o momento mínimo, em cada direção é:

1470,0
Dir. x: M1d,mín,x = 700 (1,5 + 0,03 . 20) = 1.470,0 kN.cm ; e1x,mín =  2,10 cm
700

1890,0
Dir. y: M1d,mín,y = 700 (1,5 + 0,03 . 40) = 1.890,0 kN.cm ; e1y,mín =  2,70 cm
700

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35   1  90
b

Dir. x: Nesta direção não ocorrem momentos e excentricidades de 1a ordem, portanto e1x = 0 e b =
1,0. Assim:
0
25  12,5
1, x  20  25,0  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: A excentricidade de 1a ordem nesta direção (e1y) é 10,0 cm, e os momentos fletores de 1a
ordem são M1d,A,y = M1d,B,y = 7.000 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo nesta direção (M1d,mín,y =
1.890,0 kN.cm), o que leva ao cálculo de b e de 1,y :

MB 7000
b  0,6  0,4  0,6  0,4  1,0
MA 7000

10,0
25  12,5
1, y  40  28,1  35   1,y = 35
1,0

Desse modo:
x = 48,4 > 1,x  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 24,2 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento de 2a ordem pelo método do pilar-padrão com curvatura aproximada

M1d, A
 2e 1 
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

Nd 700
Força normal adimensional:    0,61
A c . f cd 800 2,0
1,4
Dir. x:
Curvatura na direção x sujeita a momentos fletores de 2a ordem:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 53

1 0,005 0,005 0,005


   0,0002252 cm-1   0,00025 cm-1
r h   0,50  20 0,61  0,5 20

A excentricidade máxima de 2a ordem na direção x é:

 e 2 1 280 2
e2x   0,0002252  1,77 cm
10 r 10

280 2
Md,tot,x = 1,0 . 1470,0 + 700 0,0002252  2.705,9 kN.cm  M1d,mín,x = 1.470,0 kN.cm  ok!
10
Md,tot,x = 2.705,9 kN.cm

Dir. y: Nesta direção o pilar deve ser dimensionado para o máximo momento fletor que ocorre nas
extremidades do topo e da base, sem se acrescentar o momento mínimo.
Md,tot,y = 7.000,0 kN.cm  M1d,mín,y = 1.890,0 kN.cm  ok!

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 51. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 52 e Figura 53.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU
+
M2d,máx,x
1.235,9

1.470,0 1.890,0 7.000

Figura 51 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

y y
Nd Nd

e1y = 10,00 ey = 10,00

Nd
x x
e 1x,mín
2,10

S.P. 1a s.c. 2a s.c.

Figura 52 – Situação de projeto e situações de cálculo da seção de extremidade (base e topo do pilar).

A direção crítica do pilar é a direção x, correspondente à largura do pilar de seção retangular.


Geralmente é a direção que proporciona a armadura final do pilar, no entanto, neste caso, na direção y
(relativa ao comprimento do pilar) ocorre uma excentricidade com valor significativo (e y = 10,00 cm), e
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 54

que pode resultar na armadura final. O cálculo das armaduras para a 1a e 2a s.c. é que vai indicar a
armadura maior, a ser aplicada no pilar.
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1y), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1y, A  0,4 e1y, B  0,6 . 10,00  0,4 . 10,00  10,00 cm

e1C    e1y, C  
0,4 e1A 0,4 e1y, A  0,4 . 10,00  4,00 cm

 e1y,C = 10,00 cm
y
Nd Nd
ex
e1y,C = 10,00 3,87 ey = 10,00

Nd
x
e 1x,mín e 2x
2,10 1,77

S.P. 1a s.c. 2as.c.

Figura 53 – Situações de projeto e de cálculo da seção intermediária.

Com  = 0,61 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para flexão reta:

Dir. x:
Md, tot, x 2705 ,9 e 3,87
= =  0,12 ou    x  0,61  0,12
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 800
1,4
d 'x 4,0
= = 0,20  Ábaco A-29: ω = 0,20
hx 20

Dir. y:
M d , tot, y 7000 ,0 ey 10,00
= =  0,15 ou   0,61  0,15
h y . Ac . f cd 40 . 800 2,0 hy 40
1,4
d'y 4,0
= = 0,10  Ábaco A-27: ω = 0,28
hy 40

A armadura final resulta da maior taxa de armadura (ω = 0,28), relativa à 2a s.c., com
excentricidade na direção do comprimento do pilar.

2,0
0,28 . 800
 A c f cd 1,4
As = =  7,36 cm2
f yd 50
1,15

16.2.4 Exemplo 4

Este exemplo é igual ao anterior, com a diferença do momento fletor que agora não é constante ao
longo da altura do pilar, como mostrado na Figura 54. São conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 55

y M 1d,A,y
7000 kN.cm
Nk = 500 kN 7.000 kN.cm
M1d,A,y = – M1d,B,y = 7.000 kN.cm
+
+
(e1y,A = – e1y,B = 10,0 cm) Nd

hy = 40 cm

e1,y
seção 20 x 40 (Ac = 800 cm2) x
ex = ey = 280 cm

γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15
-
-
- 7.000 kN.cm
7000 kN.cm
M 1d,B,y
hx = 20 cm

Figura 54 – Dimensões da seção transversal e momentos fletores de 1a ordem na direção y.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 500 = 700 kN, com n da Tabela 4.

Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e topo do pilar
(M1d,A,y = – M1d,B,y = 7.000 kN.cm), que solicitam o pilar na direção y (Figura 54).

b) Índice de esbeltez

Como calculados no exemplo anterior:  x  48,4 e  y  24,2

c) Momento fletor mínimo


O momento fletor mínimo, em cada direção é:

1470,0
Dir. x: M1d,mín,x = 700 (1,5 + 0,03 . 20) = 1.470,0 kN.cm ; e1x,mín =  2,10 cm
700

1890,0
Dir. y: M1d,mín,y = 700 (1,5 + 0,03 . 40) = 1.890,0 kN.cm ; e1y,mín =  2,70 cm
700

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: Nesta direção não ocorrem momentos e excentricidades de 1a ordem, portanto e1x = 0 e b =
1,0. Assim:
0
25  12,5
1, x  20  25,0  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: As excentricidades de 1a ordem nesta direção são e1y,A = 10,0 cm e


e1y,B = – 10,0 cm. Os momentos fletores de 1a ordem são M1d,A,y = – M1d,B,y = 7.000 kN.cm, maiores que o
momento fletor mínimo nesta direção (M1d,mín,y = 1.890,0 kN.cm), o que leva ao cálculo de b e de 1,y :
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 56

 b  0,6  0,4
MB
 0,6  0,4
 7000   0,2  0,4   b = 0,4
MA 7000

10,0
25  12,5
1, y  40  70,3  35  1,y = 70,3
0,4

Desse modo:
x = 48,4 > 1,x  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 24,2 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento de 2a ordem pelo método do pilar-padrão com curvatura aproximada

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

Como no exemplo anterior, a força normal adimensional é  = 0,61 e a curvatura 1/r na direção x é
0,0002252 cm-1.
A excentricidade máxima de 2a ordem na direção x é:

 e 2 1 280 2
e2x   0,0002252  1,77 cm
10 r 10

Dir. x:
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 1470,0 + 700 0,0002252  2.705,9 kN.cm  M1d,mín,x = 1.470,0 kN.cm 
10
ok!
 Md,tot,x = 2.705,9 kN.cm

Dir. y: Nesta direção o pilar deve ser dimensionado para o máximo momento fletor que ocorre nas
extremidades do topo e da base, sem se acrescentar o momento fletor mínimo.
Md,tot,y = 7.000,0 kN.cm  M1d,mín,y = 1.890,0 kN.cm  ok!

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 55. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 56 e Figura 57.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU
+
M2d,máx,x
1.235,9

1.470,0 1.890,0 7.000

Figura 55 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 57

y y
Nd Nd

e1y = 10,00 e y = 10,00

Nd
x x
e 1x,mín
2,10

S.P. 1a s.c. 2a s.c.

Figura 56 – Situação de projeto e situação de cálculo da seção de extremidade.

A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1y), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1y, A  0,4 e1y, B  0,6 . 10,00  0,4 .  10,00   2,00 cm

e1C    e1y,C  
0,4 e1A 0,4 e1y, A  0,4 . 10,00  4,00 cm

 e1y,C = 4,00 cm

y
Nd Nd
ex
e1y,C = 4,00 3,87 e y = 10,00

Nd
x
e 1x,mín e 2x
2,10 1,77

S.P. 1a s.c. 2as.c.

Figura 57 – Situações de projeto e de cálculo da seção intermediária.

De modo semelhante ao exemplo anterior, com  = 0,61 e utilizando os ábacos de VENTURINI


(1987) para flexão reta:

Dir. x:

Md, tot, x 2705 ,9 ex 3,87


= =  0,12 ou     0,61  0,12
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 800
1,4
d 'x 4,0
= = 0,20  Ábaco A-29: ω = 0,20
hx 20

Dir. y:

M d , tot, y 7000 ,0 ey 10,00


= =  0,15 ou   0,61  0,15
h y . Ac . f cd 2,0 hy 40
40 . 800
1,4
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 58

d'y 4,0
= = 0,10  Ábaco A-27: ω = 0,28
hy 40

2,0
0,28 . 800
 A c f cd 1,4
As = =  7,36 cm2
f yd 50
1,15
Observa-se que a área de armadura longitudinal não se modificou em relação à calculada no
exemplo anterior, embora a alteração dos momentos fletores de 1a ordem.

17 CÁLCULO DOS PILARES DE CANTO

Apresenta-se a seguir um roteiro de cálculo para os chamados pilares de canto, com a aplicação do
“Método do pilar-padrão com curvatura aproximada”. Outros métodos de cálculo constantes da norma
não são apresentados neste trabalho. Três exemplos numéricos de aplicação são apresentados.

17.1 Roteiro de Cálculo

a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo pode ser determinada como Nd = n . f . Nk

onde: Nk = força normal característica no pilar;


n = coeficiente de majoração da força normal (Tabela 4);
γf = coeficiente de ponderação das ações no ELU (definido na Tabela 11.1 da NBR 6118).

b) Índice de esbeltez (Eq. 22 e Eq. 23)


 I 3,46  e
 e ; i  para seção retangular:  
i A h

c) Momento fletor mínimo (Eq. 34)


M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h = dimensão do pilar, em cm, na direção considerada.

d) Esbeltez limite (Eq. 28)


e
25  12,5 1
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

e1  0 na direção da viga não contínua sobre o pilar de extremidade;


h = dimensão do pilar na mesma direção de e1 ;
  1 - não se considera o efeito local de 2ª ordem para a direção considerada;
 > 1 - se considera o efeito local de 2ª ordem para a direção considerada.

e) Momento fletor total


Determina-se Md,tot com a Eq. 33:

M1d, A
 2e 1 
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

17.2 Exemplos Numéricos

Os exemplos numéricos a seguir são de pilares de canto, biapoiados na base e no topo, de nós fixos
(contraventados) e sem forças transversais atuantes. Os seguintes dados são comuns em todos os exemplos:
concreto C20 ; aço CA-50 ; d’ = 4,0 cm ; coeficientes de ponderação: c = f =1,4 e s =1,15.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 59

17.2.1 Exemplo 1

Este exemplo é semelhante àquele encontrado em FUSCO (1981, p. 313), com a diferença da
alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 58). São
conhecidos:
Nk = 820 kN y
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.041 kN.cm (e1x,A = – e1x,B = 1,78 cm)

M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.726 kN.cm (e1y,A = – e1y,B = 1,50 cm)

seção transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)


comprimento equivalente: ex = ey = 280 cm

hy = 50 cm
x
Nd

e 1y
e1x

hx = 20 cm

Figura 58 – Arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma, dimensões da seção transversal e posição do
ponto de aplicação da força normal Nd .

A Figura 59 mostra como ocorre a solicitação do pilar pelos momentos fletores de 1a ordem, e as
excentricidades correspondentes.

2041 1,78
e1x

y y

x x

26
50

17
1,

e1y

Figura 59 – Momentos fletores de 1a ordem de cálculo (kN.cm) e excentricidades


nas direções x e y do pilar.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 820 = 1.148 kN.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e no topo do
pilar, M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.041 kN.cm na direção x, e M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.726 kN.cm na direção y
(Figura 59), em função de existirem duas vigas não contínuas sobre o pilar, nas direções x e y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 60

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    48,4
hx 20

3,46  ey 3,46  280


y    19,4
hy 50

c) Momento fletor mínimo


M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:

2410,8
Dir. x: M1d,mín,x = 1148 (1,5 + 0,03 . 20) = 2.410,8 kN.cm ; e1x,mín =  2,10 cm
1148

3444 ,0
Dir. y: M1d,mín,y = 1148 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.444,0 kN.cm ; e1y,mín =  3,00 cm
1148

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção x é 1,78 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.041 kN.cm, menores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,x =
2.410,8 kN.cm), o que leva a b = 1,0. Assim:

1,78
25  12,5
1, x  20  26,1  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção y é 1,50 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.726 kN.cm, menores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,y =
3.444,0 kN.cm), o que leva também a b = 1,0. Assim:
1,50
25  12,5
1, y  50  25,4  35   1,y = 35
1,0

Desse modo:
x = 48,4 > 1,x  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 19,4 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento de 2a ordem pelo método do pilar-padrão com curvatura aproximada

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

Nd 1148
Força normal adimensional:    0,80
A c . f cd 1000 2,0
1,4

Curvatura na direção x sujeita a momentos fletores de 2a ordem:


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 61

1 0,005 0,005 0,005


   1,923 . 10 4 cm-1   2,5 . 10 4 cm-1  ok!
r h   0,50  20 0,80  0,5 20

A excentricidade máxima de 2a ordem na direção x é:

 e 2 1 280 2
e2x   1,923 . 10  4  1,51 cm
10 r 10

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total:

Dir. x: (M1d,A,x = 2.041 kN.cm < M1d,mín,x = 2.410,8 kN.cm)


280 2
Md,tot,x = 1,0 . 2410,8 + 1148 0,0001923  4.141,6 kN.cm  M1d,mín,x = 2.410,8  ok!
10
Md,tot,x = 4.141,6 kN.cm

Dir. y: (M1d,A,y = 1.726 kN.cm < M1d,mín,y = 3.444,0 kN.cm)

Md,tot,y = 1.726,0 kN.cm  M1d,mín,y = 3.444,0 kN.cm  Md,tot,y = 3.444,0 kN.cm

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 60. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 61 e Figura 62.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU + OU

M2d,máx,x
1.730,8

2.410,8 2.401 3.444,0 1.726

Figura 60 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

Nd
Nd
e1y,mín= 3,00
e1y = 1,50

x
e 1x e 1x,mín
1,78 2,10

S.P. 1a s.c.
Figura 61 – Situações de projeto e de cálculo da seção de extremidade.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 62

A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial em cada direção (e1), nas extremidades submetidas aos momentos
fletores de 1a ordem (M1d,A e M1d,B):

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1x , A  0,4 e1x , B  0,6 . 1,78  0,4 .  1,78  0,36 cm

e1C    e1x , C  
0,4 e1A 0,4 e1x , A  0,4 . 1,78  0,71 cm

 e1x,C = 0,71 cm

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1y, A  0,4 e1y, B  0,6 . 1,50  0,4 .  1,50   0,30 cm

e1C    e1y, C  
0,4 e1A 0,4 e1y, A  0,4 . 1,50  0,60 cm

 e1y,C = 0,60 cm

y ex
3,61
Nd Nd
Nd
e1y,mín= 3,00 e1y,mín= 3,00
e 1y,C= 0,60

x
e 1x,C e 1x,mín e 2x e 1x,mín
0,71 2,10 1,51 2,10

S.P. 1a s.c. 2as.c.


Figura 62 – Situação de projeto e situações de cálculo da seção intermediária.

Nota-se que entre as três situações de cálculo, é a 1a s.c. da seção intermediária que resultará na
maior armadura. Os coeficientes adimensionais da Flexão Composta Oblíqua são:

Md, tot, x 4141,6 ex 3,61


x = =  0,14 ou   0,80  0,14
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 1000
1,4
M d , tot, y 3444 ,0 ey 3,00
y = =  0,05 ou   0,80  0,05
h y . Ac . f cd 2,0 hy 50
50 . 1000
1,4
d 'x 4,0 d'y 4,0
= = 0,20 = = 0,08  0,10
hx 20 hy 50

Com  = 0,80 e utilizando o ábaco A-50 de PINHEIRO (1994)11, a taxa de armadura resulta ω =
0,50, e:
2,0
0,50 . 1000
 A c f cd 1,4
As = =  16,43 cm2
f yd 50
1,15

17.2.2 Exemplo 2
Este exemplo é semelhante aquele encontrado em FUSCO (1981, p. 321), com a diferença da
alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 63). São
conhecidos:

11
Os ábacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 63

Nk = 820 kN y
M1d,A,x = – M1d,B,x = 1.423 kN.cm (e1x,A = – e1x,B = 1,24 cm)

M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.509 kN.cm (e1y,A = – e1y,B = 1,31 cm)

seção 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)


ex = ey = 460 cm

hy = 50 cm
x
Nd

e 1y
e1x

hx = 20 cm

Figura 63 – Arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma e dimensões da seção transversal.

A Figura 64 mostra como ocorre a solicitação do pilar pelos momentos fletores de 1a ordem, e as
excentricidades correspondentes.

1423 1,24
e1x

y y

x x

09 31
15 1,
e1y

Figura 64 – Momentos fletores de 1a ordem de cálculo (kN.cm) nas direções x e y.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 820 = 1.148 kN, com n na Tabela 4.

Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e topo do pilar,
M1d,A,x = – M1d,B,x = 1.423 kN.cm na direção x, e M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.509 kN.cm na direção y (Figura
64), em função de existirem duas vigas não contínuas sobre o pilar, nas direções x e y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 64

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  460


x    79,6
hx 20

3,46  ey 3,46  460


y    31,8
hy 50

c) Momento fletor mínimo


M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:

2410,8
Dir. x: M1d,mín,x = 1148 (1,5 + 0,03 . 20) = 2.410,8 kN.cm ; e1x,mín =  2,10 cm
1148

3444 ,0
Dir. y: M1d,mín,y = 1148 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.444,0 kN.cm ; e1y,mín =  3,00 cm
1148

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção x é 1,24 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,x = – M1d,B,x = 1.423 kN.cm, menores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,x =
2.410,8 kN.cm), o que leva a b = 1,0. Assim:

1,24
25  12,5
1, x  20  25,8  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção y é 1,31 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.509 kN.cm, menores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,y =
3.444,0 kN.cm), o que leva também a b = 1,0. Assim:

1,31
25  12,5
1, y  50  25,4  35   1,y = 35
1,0

Desse modo:
x = 79,6 > 1,x  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 31,8 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momento de 2a ordem pelo método do pilar-padrão com curvatura aproximada

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b . M1d, A  Nd  , e M1d,A  M1d,mín
10 r  M1d, mín

Nd 1148
Força normal adimensional:    0,80
A c . f cd 1000 2,0
1,4
Curvatura segundo a direção x sujeita a esforços de 2a ordem:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 65

1 0,005 0,005 0,005


   1,923 . 10 4 cm-1   2,5 . 10 4 cm-1  ok!
r h   0,50  20 0,80  0,5 20

A excentricidade de 2a ordem na direção x é:

 e 2 1 460 2
e2x   1,923 . 10  4  4,07 cm
10 r 10

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se o momento total máximo:

Dir. x: (M1d,A,x = 1.423 kN.cm < M1d,mín,x = 2.410,8 kN.cm)


460 2
Md,tot,x = 1,0 . 2410,8 + 1148 1,923 . 10 4  7.082,1  M1d,mín,x = 2.410,8 kN.cm  ok!
10
Md,tot,x = 7.082,1 kN.cm

Dir. y: (M1d,A,y = 1.509 kN.cm < M1d,mín,y = 3.444,0 kN.cm)


Md,tot,y = 1.509,0 kN.cm  M1d,mín,y = 3.444,0 kN.cm  Md,tot,y = 3.444,0 kN.cm

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 65. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 66 e Figura 67.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU + OU

M2d,máx,x
4.671,3

2.410,8 1.423 3.444,0 1.509

Figura 65 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

Nd
Nd
e1y,mín= 3,00
e1y = 1,31

x
e 1x e 1x,mín
1,24 2,10

S.P. 1a s.c.

Figura 66 – Situação de projeto e situação de cálculo da seção de extremidade.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 66

A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial em cada direção (e1), nas extremidades submetidas aos momentos
fletores de 1a ordem (M1d,A e M1d,B):

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1x , A  0,4 e1x , B  0,6 . 1,24  0,4 .  1,24   0,25 cm

e1C    e1x ,C  
0,4 e1A 0,4 e1x , A  0,4 . 1,24  0,50 cm

 e1x,C = 0,50 cm

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1y, A  0,4 e1y, B  0,6 . 1,31  0,4 .  1,31  0,26 cm

e1C    e1y,C  
0,4 e1A 0,4 e1y, A  0,4 . 1,31  0,52 cm

 e1y,C = 0,52 cm

y ex
6,17
Nd Nd
Nd
e1y,mín= 3,00 e1y,mín= 3,00
e 1y,C= 0,52

x
e 1x,C e 1x,mín e 2x e 1x,mín
0,50 2,10 4,07 2,10

S.P. 1a s.c. 2as.c.


Figura 67 – Situação de projeto e situações de cálculo da seção intermediária.

A análise das situações de cálculo mostra claramente que é a 1a s.c. da seção intermediária que
resultará na armadura final do pilar:

Md, tot, x 7082 ,1 ex 6,17


x = =  0,25 ou   0,80  0,25
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 1000
1,4
M d , tot, y 3444 ,0 ey 3,00
y = =  0,05 ou   0,80  0,05
h y . Ac . f cd 2,0 hy 50
50 . 1000
1,4
d 'x 4,0 d'y 4,0
= = 0,20 = = 0,08  0,10
hx 20 hy 50

Com  = 0,80 e utilizando o ábaco A-50 de PINHEIRO (1994) para Flexão Composta Oblíqua, a
taxa de armadura resulta ω = 0,91. A armadura é:

2,0
0,91 . 1000
 A c f cd 1,4
As = =  29,90 cm2
f yd 50
1,15

17.2.3 Exemplo 3

Este exemplo tem momentos fletores de 1a ordem superiores aos momentos fletores mínimos
(Figura 68). São conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 67

Nk = 360 kN
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.683 kN.cm
(e1x,A = – e1x,B = 5,32 cm)
y
M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.105 kN.cm
(e1y,A = – e1y,B = 2,19 cm)
Nd

hy = 20 cm
seção 20 x 30 (Ac = 600 cm2)

e1y
x
ex = ey = 280 cm
e1x
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15

hx = 30 cm

Figura 68 – Arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma e dimensões da seção transversal.

A Figura 69 mostra como ocorre a solicitação do pilar pelos momentos fletores de 1a ordem, e as
excentricidades correspondentes.

2683 5,32
e1x

y y

x x

05
11 19
2,
e1y

Figura 69 – Momentos fletores de 1a ordem de cálculo (kN.cm) nas direções x e y.

RESOLUÇÃO

a) Esforços solicitantes

A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 360 = 504 kN, com n na Tabela 4.

Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e topo do pilar,
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.683 kN.cm na direção x, e M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.105 kN.cm na direção y (Figura
69), em função de existirem duas vigas não contínuas sobre o pilar nas direções x e y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 68

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    32,3
hx 30

3,46  ey 3,46  280


y    48,4
hy 20

c) Momento fletor mínimo


M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:

1209,6
Dir. x: M1d,mín,x = 504 (1,5 + 0,03 . 30) = 1.209,6 kN.cm ; e1x,mín =  2,40 cm
504
1058,4
Dir. y: M1d,mín,y = 504 (1,5 + 0,03 . 20) = 1.058,4 kN.cm ; e1y,mín =  2,10 cm
504

d) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção x é 5,32 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.683 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,x =
1.209,6 kN.cm), o que leva ao cálculo de b . Assim:

MB
 b  0,6  0,4 , com 0,4 ≤ b ≤ 1,0
MA

 b  0,6  0,4
 2683   0,2   b = 0,4
2683

5,32
25  12,5
1, x  30  68,0  35   1,x = 68,0
0,4

Dir. y: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção y é 2,19 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.105 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,y =
1.058,4 kN.cm), o que leva ao cálculo de b :

MB
 b  0,6  0,4 , com 0,4 ≤ b ≤ 1,0
MA

 b  0,6  0,4
 1105   0,2   b = 0,4
1105

2,19
25  12,5
1, y  20  65,9  35   1,y = 65,9
0,4

Desse modo:
x = 32,3 < 1,x  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 48,4 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 69

e) Momentos fletores totais nas duas direções


Como não ocorrem momentos fletores de 2a ordem (M2 = 0), os momentos fletores máximos
ocorrem nas extremidades do pilar e correspondem aos momentos fletores de 1a ordem:

Dir. x:
Md,tot,x = 2.683,0 kN.cm  M1d,mín,x = 1.209,6 kN.cm  ok!

Dir. y:
Md,tot,y = 1.105,0 kN.cm  M1d,mín,y = 1.058,4 kN.cm  ok!

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 70. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 71 e Figura 72.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU OU

1.209,6 2.683 1.058,4 1.105

Figura 70 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

y y

Nd Nd
e1y = 2,19 e1y = 2,19

x x
e 1x e 1x
5,32 5,32

S.P. 1a s.c.

Figura 71 – Situação de projeto e situação de cálculo da seção de extremidade.

A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial em cada direção (e1), nas extremidades submetidas aos momentos
fletores de 1a ordem (M1d,A e M1d,B):

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1x , A  0,4 e1x , B  0,6 . 5,32  0,4 .  5,32   1,06 cm

e1C    e1x , C  
0,4 e1A 0,4 e1x , A  0,4 . 5,32  2,13 cm

 e1x,C = 2,13 cm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 70

0,6 e1A  0,4 e1B 0,6 e1y, A  0,4 e1y, B  0,6 . 2,19  0,4 .  2,19   0,44 cm

e1C    e1y, C  
0,4 e1A 0,4 e1y, A  0,4 . 2,19  0,88 cm

 e1y,C = 0,88 cm
y

Nd
Nd
e1y,mín= 2,10
e 1y,C= 0,88

x
e 1x,C e 1x,mín
2,13 2,40

S.P. 1a s.c.
Figura 72 – Situações de projeto e de cálculo da seção intermediária.

Os diagramas de momentos fletores da Figura 70 mostram que nas seções de base e topo do pilar,
os momentos fletores maiores são os de 1a ordem, e na seção intermediária são os momentos fletores
mínimos.
Nd 504
Força normal adimensional:     0,59
A c . f cd 600 2,0
1,4

Coeficientes adimensionais da flexão considerando a 1a s.c. da seção de extremidade:

Md, tot, x 2683,0 ex 5,32


x = =  0,10 ou   0,59  0,10
h x . Ac . f cd 2,0 hx 30
30 . 600
1,4
M d , tot, y 1105 ,0 ey 2,19
y = =  0,06 ou   0,59  0,06
h y . Ac . f cd 2,0 hy 20
20 . 600
1,4
d 'x 4,0 d'y 4,0
= = 0,13  0,15 = = 0,20
hx 30 hy 20

Com  = 0,59 e utilizando o ábaco A-66 de PINHEIRO (1994) para Fexão Composta Oblíqua, a
taxa de armadura resulta ω = 0,20. A armadura é:

2,0
0,20 . 600
 A c f cd 1,4
As = =  3,94 cm2
f yd 50
1,15

18 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

Segundo a NBR 6118 (18.2.1), “O arranjo das armaduras deve atender não só à sua função
estrutural, como também às condições adequadas de execução, particularmente com relação ao
lançamento e ao adensamento do concreto. Os espaços devem ser projetados para a introdução do
vibrador e de modo a impedir a segregação dos agregados e a ocorrência de vazios no interior do
elemento estrutural.” Essas recomendações da norma são gerais, válidas para todos os elementos
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 71

estruturais. No caso dos pilares deve-se ter uma atenção especial à região de ligação com as vigas, onde
pode existir grande quantidade de barras (verticais nos pilares e horizontais nas vigas), além dos estribos.

18.1 Armadura Longitudinal de Pilares

As disposições relativas à armadura longitudinal dos pilares encontram-se no item 18.4.2 da NBR
6118.

18.1.1 Diâmetro Mínimo

O diâmetro das barras longitudinais () deve ser:

 10 mm

  b Eq. 61
 8

com b sendo a menor dimensão da seção transversal do pilar.

18.1.2 Distribuição Transversal

NBR 6118 (18.4.2.2): “As armaduras longitudinais devem ser dispostas na seção transversal, de
forma a garantir a resistência adequada do elemento estrutural. Em seções poligonais, deve existir pelo
menos uma barra em cada vértice; em seções circulares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo do
perímetro.
O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido no plano da seção
transversal, fora da região de emendas, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores:”

2 cm

e mín, livre   , feixe , luva Eq. 62
1,2d
 máx. agreg

onde:  = diâmetro da barra longitudinal;


feixe = n =  n , onde n é o número de barras do feixe;
dmáx. agreg = dimensão máxima característica do agregado graúdo (19 mm para brita 1 e 25 mm para
brita 2).

“Esses valores se aplicam também às regiões de emendas por traspasse das barras. Quando
estiver previsto no plano de concretagem o adensamento através de abertura lateral na face da forma, o
espaçamento das armaduras deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador.
O espaçamento máximo entre eixos das barras, ou de centros de feixes de barras, deve ser:

2 b
e máx, eixos   Eq. 63
40 cm

com b sendo a menor dimensão da seção transversal do pilar.

18.1.3 Armadura Mínima e Máxima

A armadura longitudinal mínima é calculada por (item 17.3.5.3.1):

Nd
A s, mín  0,15  0,004 A c Eq. 64
f yd
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 72

onde: Nd = força normal de cálculo;


fyd = resistência de cálculo de início de escoamento do aço;
Ac = área da seção transversal do pilar.

A armadura longitudinal máxima (item 17.3.5.3.2) é dada por:

As,máx = 0,08 Ac Eq. 65

“A máxima armadura permitida em pilares deve considerar inclusive a sobreposição de armadura


existente em regiões de emenda, devendo ser também respeitado o disposto em 18.4.2.2.”

18.1.4 Detalhamento da Armadura

Um exemplo dos arranjos longitudinais típicos das armaduras dos pilares contraventados dos
edifícios está mostrado na Figura 73.

T12

4
4T12
T11
4° Andar T9
T10

2

2

2
2T9 2T11
1T10 1T10

3° Andar T8 T6
6

T7
3

3

3T6 3T7

T5
2° Andar
6
8

T4

8T4
1° Andar T2

2T3 1T2
4
8

3T2 3T2 T3

2T3 1T2
T1
12 

Bloco de
Fundação

Figura 73 – Arranjos longitudinais típicos em edifícios (FUSCO, 2000).

18.1.5 Proteção contra Flambagem

No item 18.2.4 da NBR 6118 encontra-se: “Sempre que houver possibilidade de flambagem das
barras da armadura, situadas junto à superfície do elemento estrutural, devem ser tomadas precauções
para evitá-la. Os estribos poligonais garantem contra a flambagem as barras longitudinais situadas em
seus cantos e as por eles abrangidas, situadas no máximo à distância 20t do canto, se nesse trecho de
comprimento 20t não houver mais de duas barras, não contando a de canto. Quando houver mais de duas
barras nesse trecho ou barra fora dele, deve haver estribos suplementares.
Se o estribo suplementar for constituído por uma barra reta, terminada em ganchos (90° a 180°),
ele deve atravessar a seção do elemento estrutural, e os seus ganchos devem envolver a barra
longitudinal.” (ver Figura 74 e Figura 75).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 73

Figura 74 – Proteção contra flambagem das barras, segundo a NBR 6118.

20  t

20  t

Figura 75 – Critério para proteção das barras longitudinais contra a flambagem.

“No caso de estribos curvilíneos cuja concavidade esteja voltada para o interior do concreto, não
há necessidade de estribos suplementares. Se as seções das barras longitudinais se situarem em uma curva
de concavidade voltada para fora do concreto, cada barra longitudinal deve ser ancorada pelo gancho de
um estribo reto ou pelo canto de um estribo poligonal.”

18.2 Armadura Transversal de Pilares

“A armadura transversal de pilares, constituída por estribos e, quando for o caso, por grampos
suplementares, deve ser colocada em toda a altura do pilar, sendo obrigatória sua colocação na região de
cruzamento com vigas e lajes.” (NBR 6118, 18.4.3). O diâmetro dos estribos em pilares deve obedecer a:

5 mm
t   Eq. 66
 / 4 ou feixe / 4

“O espaçamento longitudinal entre estribos, medido na direção do eixo do pilar, para garantir o
posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais e garantir a costura das emendas de
barras longitudinais nos pilares usuais, deve ser”:

20 cm

s máx  b (menor dim ensão do pilar ) Eq. 67
24 para CA  25, 12 para CA  50
  

Pode ser adotado o valor t < /4 quando as armaduras forem constituídas do mesmo tipo de aço e
o espaçamento respeite também a limitação:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 74

 2  1
s máx  90000  t  , com fyk em MPa. Eq. 68
   f yk
 

“Quando houver necessidade de armaduras transversais para forças cortantes e torção, esses
valores devem ser comparados com os mínimos especificados em 18.3 para vigas, adotando-se o menor
dos limites especificados.
Com vistas a garantir a dutilidade dos pilares, recomenda-se que os espaçamentos máximos entre
os estribos sejam reduzidos em 50 % para concretos de classe C55 a C90, com inclinação dos ganchos de
pelos menos 135°.”

18.3 Pilares-Parede

NBR 6118 (18.5): “No caso de pilares cuja maior dimensão da seção transversal exceda em cinco
vezes a menor dimensão, além das exigências constantes nesta subseção e na subseção 18.4, deve também
ser atendido o que estabelece a Seção 15, relativamente a esforços solicitantes na direção transversal
decorrentes de efeitos de 1a e 2a ordens, em especial dos efeitos de 2a ordem localizados.
A armadura transversal de pilares-parede deve respeitar a armadura mínima de flexão de placas,
se essa flexão e a armadura correspondente forem calculadas. Caso contrário, a armadura transversal
por metro de face deve respeitar o mínimo de 25 % da armadura longitudinal por metro da maior face da
lâmina considerada.”

19 ESTIMATIVA DA CARGA VERTICAL NO PILAR POR ÁREA DE INFLUÊNCIA

Durante o desenvolvimento e desenho da planta de fôrma é necessário definir as dimensões dos


pilares, antes mesmo que se conheçam os esforços solicitantes atuantes.
Alguns processos podem ser utilizados para a fixação das dimensões dos pilares, entre eles a
experiência do engenheiro. Um processo simples, que auxilia a fixação das dimensões do pilar, é a
estimativa da carga vertical no pilar pela sua área de influência, ou seja, a carga que estiver na laje dentro
da área de influência do pilar “caminhará” até o pilar. A Figura 76 mostra como se pode, de modo
simplificado, determinar a área de influência de cada pilar.
No entanto, é necessário ter um valor que represente a carga total por metro quadrado de laje,
levando-se em conta todos os carregamentos permanentes e variáveis. Para edifícios de pequena altura,
com fins residenciais e de escritórios, pode-se estimar a carga total de 10 kN/m2. Edifícios com outros fins
de utilização podem ter cargas superiores e edifícios onde a ação do vento é significativa, a carga por metro
quadrado deve ser majorada.
É importante salientar que a carga estimada serve apenas para o pré-dimensionamento da seção
transversal dos pilares. O dimensionamento final deve ser obrigatoriamente feito com os esforços
solicitantes reais, calculados em função das cargas (reações) das vigas e lajes sobre o pilar, e com a atuação
das forças do vento e outras que existirem.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 75

0,4 1 0,6 1 0,5 2 0,5 2 0,63 0,4 3

P1 P2 P3 P4
0,45

5
0,65

P5 P6 P7 P8
0,64

4
0,44

P9 P10 P11 P12


1 2 3

Figura 76 – Processo simplificado para determinação da área de influência dos pilares.

20 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO TRANSVERSAL DO PILAR

As equações para pré-dimensionamento da seção transversal de pilares, apresentadas a seguir,


servem apenas para pilares de edificações de pequeno porte (baixa altura), e aço do tipo CA-50. Edifícios
onde a ação do vento origina solicitações significativas devem ter a seção transversal majorada em relação
àquelas resultantes deste pré-dimensionamento, ou outras equações devem ser utilizadas.
Em FUSCO (1994) consta um processo simplificado para o pré-dimensionamento da seção de
pilares, e simplificando ainda mais o processo chegou-se às equações seguintes, em função do tipo de pilar,
e para aço CA-50.

a) Pilar Intermediário

Nd
Ac  Eq. 69
0,5f ck  0,4

b) Pilares de Extremidade e de Canto

1,5 N d
Ac  Eq. 70
0,5f ck  0,4

onde: Ac = área da seção transversal do pilar (cm2);


Nd = força normal de cálculo (kN);
fck = resistência característica do concreto (kN/cm2).

As equações podem ser refinadas para apresentarem resultados melhores, em função de algumas
variáveis, principalmente da largura de pilares retangulares.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 76

21 DIMENSIONAMENTO DE PILARES DE UMA EDIFICAÇÃO DE BAIXA ALTURA

São apresentados a seguir exemplos práticos do dimensionamento de pilares de uma edificação de


pequeno porte e baixa altura. A Figura 78 mostra a planta de fôrma do pavimento tipo do edifício, com três
pavimentos. Por simplicidade, os efeitos do vento não serão considerados.
A planta de fôrma foi concebida considerando que existem paredes de alvenaria de vedação ao
longo de toda a periferia da edificação, com espessura de “um tijolo”, confeccionadas com largura
correspondente a de blocos cerâmicos furados de dimensão 19 cm, e por isso as vigas e pilares foram
especificados com largura também de 19 cm, de tal modo a ficarem embutidos nas paredes. Já as paredes
internas, sobre as vigas V2, V3 e V6, são de “meio tijolo”, com largura de blocos cerâmicos de vedação de
dimensão 14 cm, de modo que essas vigas tem largura 14 cm, a fim de ficarem embutidas. Os pilares P5 e
P8, com intenção de também ficaram embutidos nas paredes, serão inicialmente dimensionados com a
largura de 14 cm.
A edificação está inserida em zona urbana de uma cidade de região litorânea, de tal modo que será
considerada a classe de agressividade ambiental III. Em consequência, conforme a Tabela 7.1 e Tabela 7.2
da NBR 6118 e apresentado em BASTOS (2014)12, o concreto deve ser no mínimo o C30 (fck = 30 MPa), a
relação a/c ≤ 0,55, e o cobrimento de concreto de 3,5 cm para viga e pilar, com c = 5 mm. A norma
permite uma classe de agressividade mais branda para ambientes internos secos, por isso, no cálculo dos
pilares internos à edificação (pilares P5 e P8), o cobrimento será diminuído para 2,5 cm. Os demais pilares,
que encontram-se na periferia da edificação, serão calculados com cobrimento de 3,5 cm.
Outros dados adotados: aço CA-50, coeficientes de ponderação: c = γf = 1,4 , s = 1,15, concreto
com brita 1, sem brita 2. Para a tensão de início de escoamento do aço será adotado o valor: f yd = fyk/s =
50/1,15 = 43,5 kN/cm2.
Serão dimensionados os lances entre o 1 e o 2 pavimentos, como indicado na Figura 77. A carga
normal característica aplicada na base dos lances dos pilares a serem dimensionados está indicada na
Tabela 5.

Tabela 5 – Carga normal (kN) característica nos pilares.


Pilar P1 P2 P5 P6 P8
Nk 130 280 650 300 700

Cob.
280

2° Pav.
280

1° Pav.
280

Tér.

Figura 77 – Lance dos pilares a serem dimensionados.

12
BASTOS, P.S.S. Fundamentos, Cap. 3. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil,
Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), set/2014, 29p. Disponível em (23/07/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Fundamentos.pdf
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 77

500 500
V 1 (19 x 50)

P1 P2 P3
19/ 19/ 19/

h = 12 cm
480

V 2 (14 x 60)

P4 P5 P6
19/ 19/

h = 12 cm h = 12 cm
550

V 3 (14 x 60)

P7 P8 P9
19/ 19/

h = 12 cm h = 12 cm
520

V7 (19 x 50)
V6 (14 x 60)
V5 (19 x 50)

V4 (19 x 50)

P 10 P 11 P 12
19/ 500 19/ 500 19/

Figura 78 – Planta de fôrma do pavimento tipo do edifício.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 78

A distância do centro da barra do canto até a face do pilar (d’) é:

d’ = c + t + /2

Adotando t = 5 mm e  = 12,5 mm, no cálculo dos pilares d’ será considerado igual a:

para c = 3,5 cm  d’ = 3,5 + 0,5 + 1,25/2 = 4,6 cm (pilares P1 e P6);

para c = 2,5 cm  d’ = 2,5 + 0,5 + 1,25/2 = 3,6 cm (pilares P5 e P8).

21.1 Pilar Intermediário P8

Dados : Nk = 700 kN
ex = ey = 280 cm (comprimento de flambagem nas direções x e y)

O pilar P8 é classificado como pilar intermediário porque as vigas V3 e V6 são contínuas sobre o
pilar, não originando flexão importante que deva ser considerada no cálculo do pilar.

a) Esforços solicitantes

A largura mínima de um pilar ou pilar-parede é 14 cm. Considerando que a largura do pilar seja de
14 cm, o coeficiente de majoração da carga (n , Tabela 4) é 1,25. Segundo a NBR 6118, todas as ações
atuantes no pilar devem ser majoradas por esse coeficiente. A força normal de cálculo é:

Nd = n . f . Nk = 1,25 . 1,4 . 700 = 1.225 kN

Pré-dimensionamento (Eq. 69):

Nd 1225
Ac    645 cm2
0,5f ck  0,4 0,5  3,0  0,4

Pode-se adotar: Ac = 14 x 50 = 700 cm2 (Figura 79). Geralmente adota-se o comprimento de


pilares retangulares com valores múltiplos de 5 cm. A área mínima de um pilar deve ser de 360 cm2.

y
h y = 50

h x = 14

Figura 79 – Dimensões da seção transversal do pilar P8.

b) Índice de esbeltez13 (Eq. 23)

13
A notação aplicada refere-se às direções x ou y do pilar.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 79

3,46  ex 3,46  280


x    69,2
hx 14

3,46  ey 3,46  280


y    19,4
hy 50

c) Momento fletor mínimo


O momento fletor mínimo, em cada direção, é calculado pela Eq. 34, modificada para h em cm ao
invés de metro:

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h em cm

Dir. x: M1d,mín,x = 1225 (1,5 + 0,03 . 14) = 2.352 kN.cm

Dir. y: M1d,mín,y = 1225 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.675 kN.cm

momentos fletores que devem ser assumidos constantes ao longo da altura do lance do pilar.

d) Esbeltez limite (Eq. 28)

e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Nos pilares intermediários não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem em


ambas as direções principais x e y, isto é, MA = MB = 0 e e1 = 0. Daí resulta que b é igual a 1,0 e:

1,x = 1,y = 25  35   1,x = 1,y = 35

Desse modo:
x = 69,2 > 1,x  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 19,4 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

e) Momentos fletores totais segundo o método do pilar-padrão com curvatura aproximada (Eq. 33)

 2e 1 
M1d, A
Md, tot   b M1d, A  Nd  , M1d,A ≥ M1d,mín
10 r  M1d, mín

Nd 1225
Força normal adimensional (Eq. 20):    0,82
A c . f cd 700 3,0
1,4

Curvatura na direção x sujeita a momentos fletores de 2a ordem (Eq. 19):

1 0,005 0,005 0,005


   2,7056 . 10  4 cm-1   3,57 . 10  4 cm-1  ok!
r h   0,5 14 0,82  0,5 14

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos fletores totais máximos:

Dir. x:
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 2352  1225 2,7056 . 10  4  4.950 kN.cm  M1d,mín,x = 2.352 kN.cm  ok!
10
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 80

Md,tot,x = 4.950 kN.cm

Dir. y: Md,tot,y = M1d,mín,y = 3.675 kN.cm

Os momentos fletores atuantes no pilar, da base ao topo, estão indicados na Figura 80, a qual
mostra que o máximo momento fletor solicitante, na direção x (de maior esbeltez) é a soma do momento
fletor mínimo com o máximo momento fletor de segunda ordem: 2.352 + 2.598 = 4.950 kN.cm. Este valor
também pode ser calculado com as excentricidades: 1.225 (1,92 + 2,12)  4.950 kN.cm. A armadura final
do pilar resulta deste momento fletor.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y

+
M2d,máx,x
2.598
e 2x,máx= 2,12

2.352 3.675
e1x,mín = 1,92 e1y,mín = 3,00

Figura 80 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

Com  = 0,82 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:14

Dir. x:
M d , tot, x 4950
 =  0,24
h x . Ac . f cd 3,0
14 . 700
1,4
d 'x 3,6
= = 0,26  0,25  Ábaco A-5:  = 0,95
hx 14

Dir. y:
M d , tot, y 3675
= =  0,05
h y . Ac . f cd 50 . 700 3,0
1,4
d'y 3,6
= = 0,07  0,05  Ábaco A-2415:  = 0,12
hy 50
3,0
0,95 . 700
 A c f cd 1,4
As = =  32,76 cm2
f yd 43,5

f) Detalhamento

14
A rigor, neste exemplo o cálculo da armadura pode ser feito apenas para a direção x, sob maior momento fletor e na direção de
menor rigidez do pilar. Os valores determinados para  nas duas direções comprovam o fato.
15
Caso aproxime-se d’y / hy para 0,10, o ábaco a ser utilizado seria o A-25, o que resultaria em um  um pouco superior, a favor da
segurança.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 81

Armadura mínima (Eq. 64):

Nd 1225
A s, mín  0,15  0,004 A c  A s, mín  0,15  4,22 cm2
f yd 43,5
0,004Ac = 0,004 . 700 = 2,80 cm2   As,mín = 4,22 cm2 e As  As,mín

As = 32,76 cm2  16  16 mm (32,00 cm2)

A taxa de armadura resulta:

As 32,00
s  100  100  4,6 %  s = 4,6 % < máx = 8 %
Ac 700

Conforme a Eq. 65, a taxa máxima de armadura é 8 %. No entanto, considerando que as armaduras
dos diferentes lances do pilar sejam iguais, a taxa máxima deve ser reduzida à metade, pois na região de
emenda das barras a armadura será dobrada, o que leva então à taxa máxima de 4 % em cada lance.
Portanto, a taxa de armadura do pilar, de 4,6 %, supera o valor de 4 %.
Entre diversas soluções para resolver o problema, uma é escalonar as emendas das barras em
regiões diferentes ao longo da altura do pilar. No caso de se aumentar a seção transversal do pilar, o
aumento do comprimento pouco ajuda a diminuir a armadura, pois neste caso a direção crítica do pilar é a
direção relativa à largura, e não a do comprimento. O aumento da largura do pilar é que pode diminuir
significativamente a armadura longitudinal.
A título de exemplo, a largura do pilar será aumentada em apenas 1 cm, de 14 para 15 cm, e a
armadura será novamente dimensionada, a fim de ilustrar a grande diferença de resultados, embora com
aumento de apenas 1 cm na largura do pilar. Os cálculos serão feitos apenas para a direção x, que é a
crítica do pilar. Há que observar que o pilar ficará aparente na parede de alvenaria, a menos que se aumente
a espessura dos revestimentos de argamassa das paredes adjacentes ao pilar.

a) Esforços solicitantes e força normal para a nova seção transversal (Ac = 15 x 50 = 750 cm2), com n =
1,20 na Tabela 4

Nd = n . f . Nk = 1,20 . 1,4 . 700 = 1.176 kN

b) Índice de esbeltez (Eq. 23)

3,46  ex 3,46  280


x    64,6
hx 15

c) Momento fletor mínimo (Eq. 34)

Dir. x: M1d,mín,x = 1176 (1,5 + 0,03 . 15) = 2.293 kN.cm

d) Esbeltez limite (Eq. 28)

1,x = 35 (sem alteração)

Desse modo:
x = 64,6 > 1,x  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;

e) Momento fletor total segundo o método do pilar-padrão com curvatura aproximada (Eq. 33)

Nd 1176
Força normal adimensional (Eq. 20):    0,73
A c . f cd 750 3,0
1,4
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 82

Curvatura na direção x sujeita a momentos fletores de 2a ordem (Eq. 19):

1 0,005 0,005 0,005


   2,7100 . 10  4 cm-1   3,3333 . 10  4 cm-1  ok!
r h   0,5 15 0,73  0,5 15

280 2
Md,tot,x = 1,0 . 2293  1176 2,7100 . 10  4  4.791 kN.cm
10

Os momentos fletores atuantes no pilar, somente para a direção x, estão indicados na Figura 81.
Dir. x
M1d,mín,x

+
M2d,máx,x
2.498

2.293

Figura 81 – Momentos fletores atuantes no pilar na direção x.

Coeficiente admensional:

M d , tot, x 4791
 =  0,20
h x . Ac . f cd 3,0
15 . 750
1,4
d 'x 3,6
= = 0,24  0,25  Ábaco A-5:  = 0,69
hx 15
3,0
0,69 . 750
 A c f cd 1,4
As = =  25,49 cm2  As,mín  ok!
f yd 43,5

f) Detalhamento

As = 25,49 cm2  20  12,5 mm (25,00 cm2) ou 14  16 (28,00 cm2)

O ábaco A-5 indica que o momento fletor resultante da força normal excêntrica é em torno do eixo
x, e que as barras devem ser distribuídas, simetricamente, nas duas faces paralelas ao mesmo eixo. Ou, de
outro modo, que as barras sejam alojadas nas faces perperndiculares à excentricidade (e) da força normal.
No caso em questão do pilar P8, de acordo com essas análises, as barras devem ficar distribuídas ao longo
das faces maiores do pilar, de comprimento 50 cm.

A taxa de armadura, com 20  12,5, resulta:

As 25,00
s  100  100  3,3 %
Ac 750
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 83

s = 3,3 % <  = 4 % (da região de emenda de barras)

Portanto, o aumento da largura do pilar em apenas 1 cm, de 14 para 15 cm, fez a taxa de armadura
diminuir para um valor aceitável. A armadura diminuiu em 22 %, de 32,76 para 25,49 cm2 (de 16  16 mm
para 14  16 ou 20  12,5). Se a largura do pilar for de 16 cm, a armadura diminui em 41 %, para 19,31
cm2 (de 16  16 mm para 10  16 ou 16  12,5).
Com 20  12,5, o diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:

5 mm
t    t = 5 mm
 / 4  12,5 / 4  3,1 mm

20 cm

s máx  b  15 cm  smáx = 15 cm
12  12 . 1,25  15 cm
 

A distância entre os eixos de duas barras adjacentes é:

50  2 2,5  0,5  10 1,25


av   1,25  4,7 cm
9

O canto do estribo protege contra a flambagem as barras (até 6) que estiverem dentro da distância
20t . Existem quatro barras protegidas por cada canto, e as demais, pelo critério da NBR 6118, necessitam
de grampos suplementares (Figura 82). Uma alternativa, que resulta na diminuição de dois grampos, é
fazer dois estribos independentes. A solução melhor será aquela mais simples de executar e mais
econômica.

20  12,5
10,0
20 t
h y = 50

4,7
10,0
20 t

hx = 15

Figura 82 – Detalhamento da armadura na seção transversal do pilar P8.

21.2 Pilar de Extremidade P5

Dados: Nk = 650 kN
ex = ey = 280 cm

O pilar P5, embora seja um pilar interno à edificação, é classificado como pilar de extremidade,
porque tem a viga V6 não contínua sobre ele, o que origina momento fletor de 1a ordem na direção da
largura do pilar (dir. y - Figura 78).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 84

a) Esforços solicitantes

Tendo em vista o cálculo já feito do pilar P8, será adotada também a largura de 15 cm. O
coeficiente de majoração da carga (n - Tabela 4) é 1,20. A força normal de cálculo é:

Nd = n . f . Nk = 1,20 . 1,4 . 650 = 1.092 kN

Para o pré-dimensionamento com a Eq. 70 não é necessário majorar a força normal com o
coeficiente γn , apenas com o γf (1,4):

1,5N d 1,5 1,4 . 650 


Ac    718 cm2
0,5f ck  0,4 0,5  3,0  0,4

Pode-se adotar: Ac = 15 x 50 = 750 cm2 (Figura 83).

h x = 50

h y = 15
Figura 83 – Dimensões da seção transversal do pilar P5.

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    19,4
hx 50

3,46  ey 3,46  280


y    64,6
hy 15

c) Excentricidade de 1a Ordem

M yd
e1y  com Myd = momento fletor de ligação entre a viga V6 e o pilar P5, na direção y.
Nd
O momento fletor solicitante na base e no topo do pilar será avaliado com a Eq. 43 e Eq. 44, sendo:

rpilar
M k ,inf  M k ,sup  M k , eng
rp,sup  rviga  rp,inf

Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
50  153
I pilar
rpilar  rp,sup  rp,inf   12  100,4 cm3
 ey 280
2

Rigidez da viga V6 com seção transversal 14 x 60 cm e vão efetivo de 525 cm (entre os pilares P5
e P8):
b w  h 3 14  603
I viga    252 .000 cm4
12 12
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 85

I viga 252000
rviga    480,0 cm3
 ef 525

Para o momento de engastamento perfeito da viga V6 no pilar P5 será adotada a carga total de 39
kN/m, conforme Figura 84.

39 kN/m

P8 P5
525 cm

Figura 84 – Esquema estático e carregamento no vão da viga adjacente ao pilar P5.

O momento de engastamento perfeito no pilar P5 é:

q   2 39  5,25 2
M eng    89,58 kN.m = 8.958 kN.cm
12 12

Os momentos fletores na base e no topo do lance do pilar resultam:

100 ,4
M k ,inf  M k , sup  8958  1.321 kN.cm
100 ,4  480 ,0  100 ,4

Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar16, conforme mostrado na Figura 85, os
momentos fletores totais, na base e no topo, são:

1321
M k , topo   M k , base  1321   1.982 kN.cm
2

Transformando em momentos fletores de cálculo, com γf = 1,4 e γn = 1,20 (ver Tab. 4)17, que deve
ser considerado porque a largura do pilar é inferior a 19 cm:

Md,topo = − Md,base = 1,20 . 1,4. 1982 = 3.330 kN.cm

Os momentos fletores atuantes na base e no topo do pilar estão indicados na Figura 85. A
excentricidade de 1a ordem na direção y é:

3330
e1y   3,05 cm
1092

d) Momento fletor mínimo

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:

Dir. x: M1d,mín,x = 1092 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.276 kN.cm ; e1x,mín = 3,00 cm
Dir. y: M1d,mín,y = 1092 (1,5 + 0,03 . 15) = 2.129 kN.cm ; e1y,mín = 1,95 cm

16
Os momentos fletores de 1a ordem atuantes nos pilares devem ser estudados com cuidado, pois a propagação pode ser diferente
da indicada neste exemplo, ou pode não existir. Tome como exemplo o lance do pilar relativo ao pavimento térreo, ou o lance entre
o 2o pavimento e a cobertura.
17
Segundo a NBR 6118, os esforços solicitantes atuantes no pilar devem ser majorados por γ n (ver Tabela 4).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 86

y
1/2 M k,sup

280
sup =
39 kN/m
M k,inf
1.321
x M k,sup Md,topo
V6
1.321 3.330 +
P8

= 280
inf
P5

-
1/2 M k,inf Md,base
ef = 525 cm 3.330

x
15

50

Figura 85 – Momentos fletores de 1a ordem (kN.cm) no topo e na base do pilar P5 na direção y.

e) Esbeltez limite

e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: Na direção x não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, portanto, e1x =
0 e b = 1,0. Assim:
0
25  12,5
1, x  50  25  35   1,x = 35
1,0

Dir. y: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção y é 3,05 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


na direção y são M1d,A,y = − M1d,B,y = 3.330 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo nesta direção
(M1d,mín,y = 2.129 kN.cm), o que leva ao cálculo de b :

 b  0,6  0,4
MB
 0,6  0,4
 3330   0,2  0,4   b = 0,4
MA 3330

3,05
25  12,5
1, y  15  68,9  35   1,y = 68,9
0,4

Desse modo:
x = 19,4 < 1,x  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 64,6 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 87

f) Momento fletor total solicitante e cálculo da armadura

Como não é necessário considerar a excentricidade de 2a ordem, o momento fletor total é igual ao
máximo momento fletor de 1a ordem, ou seja:

Dir. x:
Md,tot,x = M1d,mín,x = 3.276 kN.cm

Dir. y:
Md,tot,y = M1d,A = 3.330 kN.cm  M1d,mín,y = 2.129 kN.cm  ok!

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 86. A força normal adimensional
é (Eq. 20):

Nd 1092
   0,68
A c . f cd 750 3,0
1,4

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU

3.276 2.129 3.330


e1x,mín = 3,00 e1y,mín = 1,95 e1A,y = 3,05

Figura 86 – Momentos fletores atuantes no pilar P5, nas direções x e y.

Com  = 0,68 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta, considerando
apenas a direção relativa à largura do pilar (dir. y), que é a direção crítica:

M d , tot, y 3330 ey 3,05


= =  0,14 ou   0,68  0,14
h y . Ac . f cd 3,0 hy 15
15 . 750 
1,4
d'y 3,6
= = 0,24  0,25  Ábaco A-5: ω = 0,38
hy 15
3,0
0,38 . 750 
 A c f cd 1,4
As = =  14,04 cm2
f yd 43,5

g) Detalhamento
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 88

Armadura mínima (Eq. 58):


N 1092
A s, mín  0,15 d  0,004 A c  A s, mín  0,15  3,77 cm2  0,004 . 750 = 3,00 cm2
f yd 43,5

As = 14,04 cm2 > As,mín = 3,77 cm2


12  12,5 mm  15,00 cm2

A taxa de armadura resulta:

As 15,00
 100  100  2,0 % < máx = 4 %  ok!
Ac 750

O diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:

5 mm
t    t = 5 mm
 / 4  12,5 / 4  3,1 mm

20 cm

s máx  b  15 cm  smáx = 15 cm
12  12 . 1,25  15 cm
 

A distância entre os eixos das barras adjacentes é:

50  2 2,5  0,5  6 1,25


ah   1,25  8,6 cm
5

O canto do estribo protege contra a flambagem as barras (até 6) que estiverem dentro da distância
20 t . Existem quatro barras protegidas por cada canto, de modo que as demais, pelo critério da NBR
6118, necessitam grampos suplementares (Figura 87). Uma alternativa, que resulta na eliminação dos
grampos, é fazer dois estribos independentes. A solução melhor será aquela mais simples de executar e
também mais econômica.

h y = 50

12  12,5
hx = 15

20 t 20 t
10,0 8,6 10,0

Figura 87 – Detalhamento da armadura na seção transversal do pilar P5.


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 89

21.3 Pilar de Extremidade P6

Dados: Nk = 300 kN
ex = ey = 280 cm

a) Esforços solicitantes

O pilar P6 está na periferia da edificação e tem largura de 19 cm. O coeficiente de majoração da


carga (n - Tabela 4) deve ser considerado apenas para larguras entre 18 e 14 cm. A força normal de cálculo
é:
Nd = f . Nk = 1,4 . 300 = 420 kN

Pré-dimensionamento (Eq. 70):

1,5Nd 1,5 . 420


Ac    332 cm2
0,5f ck  0,4 0,5  3,0  0,4

A área mínima de um pilar deve ser de 360 cm2, e pode-se adotar um pilar quadrado: Ac = 19 x 19
= 361 cm2 (Figura 88).
h y = 19

hx = 19

Figura 88 – Dimensões da seção transversal do pilar P6.

b) Índice de esbeltez

3,46  e 3,46  280


x  y    51,0
h 19

c) Excentricidade de 1a ordem

M xd
e1x  , com Mxd = momento fletor de ligação entre a viga V2 e o pilar P6, na direção x.
Nd
O momento fletor solicitante na base e no topo do pilar será avaliado pelas Eq. 38 e 39, sendo:
rpilar
M k ,inf  M k ,sup  M k , eng
rp,sup  rviga  rp,inf

Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:

19 19 3
I pilar
rpilar  rp,sup  rp,inf   12  77,6 cm3
 ex 280
2
A rigidez da viga V2, com seção transversal 14 x 60 cm e vão efetivo de 493 cm, é:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 90

b w  h 3 14  603
I viga    252 .000 cm4
12 12
I viga 252000
rviga    511,2 cm3
 ef 493

Para o momento de engastamento perfeito da viga V2 no pilar P6 será adotada a carga total de 32
kN/m, conforme Figura 89.
32 kN/m

P5 P6
493 cm

Figura 89 – Esquema estático e carregamento no vão da viga adjacente ao pilar P6.

O momento de engastamento perfeito no pilar P6 é:

q   2 32  4,932
M eng    64,81 kN.m = 6.481 kN.cm
12 12

Os momentos fletores na base e no topo do lance do pilar resultam:

77,6
M k ,inf  M k ,sup  6481  755 kN.cm
77,6  511,2  77,6

Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar, conforme mostrado na Figura 90, os
momentos fletores de cálculo totais, na base e no topo, são:

 755 
Md, topo   Md, base  1,4  755    1.586 kN.cm
 2 
Os momentos fletores atuantes na base e no topo do pilar estão indicados na Figura 90. A
excentricidade de 1a ordem na direção x é:
1586
e1x   3,78 cm
420
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 91

y
1/2 M k,sup

280
sup =
32 kN/m
M k,inf
x 755
V2 M k,sup Md,topo
P5 755 1.586 +

= 280
inf
P6

= 493 cm 1/2 M k,inf Md,base


ef
1.586
y

x
19

19

Figura 90 – Momentos fletores de 1 ordem (kN.cm) no topo e na base do pilar P6 na direção x.


a

d) Momento fletor mínimo

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h) , com h em cm. O momento fletor mínimo é:

Dir. x e y: M1d,mín,x = M1d,mín,y = 420 (1,5 + 0,03 . 19) = 869,4 kN.cm

e) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção x é 4,85 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


na direção x são M1d,A,x = − M1d,B,x = 1.586 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo nesta direção
(869,4 kN.cm), o que leva ao cálculo de b :

 b  0,6  0,4
MB
 0,6  0,4
 1586   0,2  0,4   b = 0,4
MA 1586

3,78
25  12,5
1, x  19  68,7  35   1,x = 68,7
0,4

Dir. y: Na direção y não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, portanto, e1y =
0 e b = 1,0. Assim:
0
25  12,5
1, y  19  25  35   1,y = 35
1,0

Desse modo:
x = 51,0 < 1,x  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 51,0 > 1,y  são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 92

f) Momentos fletores totais


O momento fletor de 2a ordem na direção y será avaliado pelo método do pilar-padrão com
curvatura aproximada.
2 1 
M1d, A
Md, tot   b . M1d, A  Nd e   , M1d,A  M1d,mín
10 r 
M1d, mín

Nd 420
Força normal adimensional:     0,54
A c . f cd 361 3,0
1,4

Curvatura na direção y sujeita a momentos fletores de 2a ordem:

1 0,005 0,005 0,005


   2,5304 . 10  4 cm-1   2,63 . 10  4 cm-1  ok!
r h   0,50  19 0,54  0,5 19

Fazendo M1d,A  M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total máximo:

Dir. x:
Md,tot,x = 1.586 kN.cm  M1d,mín,x = 869,4 kN.cm  ok!

Dir. y:
280 2
Md,tot,y = 1,0 . 869,4 + 420 2,5304 . 10 4  1.702,6  M1d,mín,y = 869,4 kN.cm  ok!
10
Md,tot,y = 1.702,6 kN.cm

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 91.

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y

OU +
M2d,máx,y
833,2
e 2y,máx= 1,98

869,4 1.586 869,4


e1x,mín = 2,07 e1A,x = 3,78 e1y,mín = 2,07

Figura 91 – Momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y.

Com  = 0,54 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:

Dir. x:
Md, tot, x 1586
= =  0,11
h x . Ac . f cd 3,0
19 . 361
1,4
d 'x 4,6
= = 0,24  0,25  Ábaco A-9: ω = 0,09
hx 19
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 93

Dir. y:
M d , tot, y 1702 ,6
= =  0,12
h y . Ac . f cd 19 . 361 3,0
1,4
d'y 4,6
= = 0,24  0,25  Ábaco A-5: ω = 0,1318
hy 19
3,0
0,13 . 361
 A c f cd 1,4
As = =  2,31 cm2
f yd 43,5

g) Detalhamento
Armadura mínima (Eq. 58):
N 420
A s, mín  0,15 d  0,004 A c  A s, mín  0,15  1,45  0,004 . 361 = 1,44 cm2
f yd 43,5

As = 2,31 cm2 > As,mín = 1,45 cm2  4  10 mm = 3,20 cm2 (ver Figura 92)

O diâmetro mínimo da barra longitudinal dos pilares deve ser de 10 mm (Eq. 61). A taxa de
armadura resulta:

As 3,20
 100  100  0,89 % < máx = 4 %
Ac 361

O diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:

5 mm
t    t = 5 mm
 / 4  10 / 4  2,5 mm

20 cm

s máx  b  19 cm  smáx = 12 cm
12  12 . 1,0  12 cm
 
4  10
h y = 19

hx = 19

Figura 92 – Detalhamento da armadura na seção transversal do pilar P6.

18
O detalhamento da armadura do ábaco A-9 não se compara exatamente ao detalhamento do ábaco A-5, mas neste caso há
dificuldade porque faltam ábacos com d’/h = 0,25 na publicação de Venturini. Por outro lado, as diferenças nos detalhamentos não
são significativas, e o mais importante é que os posiocionamentos das armaduras no pilar foram mantidos para ambos os ábacos.
Outra questão é que o ábaco A-9 tem d’/h = 0,20, um valor muito próximo de 0,24, mas pelo valor menor resulta em uma
armadura um pouco inferior. Como a armadura do pilar resulta a mínima, essa análise tem importância reduzida.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 94

21.4 Pilar de Canto P1

Dados: Nk = 130 kN
ex = ey = 280 cm

a) Esforços solicitantes

O pilar P1 está na periferia da edificação e tem largura de 19 cm. O coeficiente de majoração da


carga (n - Tabela 4) deve ser considerado apenas para larguras entre 18 e 14 cm. A força normal de cálculo
é:
Nd = f . Nk = 1,4 . 130 = 182 kN

Pré-dimensionamento (Eq. 70):

1,5Nd 1,5 . 182


Ac    144 cm2
0,5f ck  0,4 0,5  3,0  0,4

A área mínima de um pilar deve ser de 360 cm2, e neste caso pode-se adotar um pilar quadrado 19
x 19 (361 cm2). No entanto, para melhor exemplicar os cálculos necessários a um pilar de canto, a seção
será adotada com comprimentos diferentes para os lados, retangular 19 x 25 (475 cm2), Figura 93.
h y = 19

hx = 25

Figura 93 – Dimensões da seção transversal do pilar P1.

b) Índice de esbeltez

3,46  ex 3,46  280


x    38,9
hx 25

3,46  ey 3,46  280


y    51,0
hy 19

c) Excentricidades de 1a ordem

Direção x:
M
e1x  xd , com Mxd = momento fletor de ligação entre a viga V1 e o pilar P1, na direção x.
Nd
O momento fletor solicitante na base e no topo do pilar será avaliado com a Eq. 43 e Eq. 44, sendo:
rpilar
M k ,inf  M k ,sup  M k , eng
rp,sup  rviga  rp,inf

Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 95

19  253
I pilar
rpilar  rp,sup  rp,inf   12  176 ,7 cm3
 ex 280
2

Rigidez da viga V1, com seção transversal 19 x 50 cm e vão efetivo de 497 cm:

b w  h 3 19  50 3
I viga    197 .917 cm4
12 12

I viga 197917
rviga    398,2 cm3
 ef 497

Para o momento de engastamento perfeito da viga V1 no pilar P1 será adotada a carga total de 25
kN/m, conforme Figura 94.

25 kN/m

P1 P2
497 cm

Figura 94 – Esquema estático e carregamento no vão da viga adjacente ao pilar P1.

O momento de engastamento perfeito no pilar P1 é:

q   2 25  4,97 2
M eng    51,46 kN.m = 5.146 kN.cm
12 12

Os momentos fletores na base e no topo do lance do pilar resultam:

176,7
M k ,inf  M k ,sup  5146  1.210 kN.cm
176,7  398,2  176,7

Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar, os momentos fletores de cálculo totais,
na base e no topo, são:

 1210 
Md, topo   Md, base  1,4 1210    2.541 kN.cm
 2 

2541
e1x   13,96 cm
182

Direção y:

M yd
e1y  com Myd = momento fletor de ligação entre a viga V5 e o pilar P1, na direção y.
Nd
Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 96

25  19 3
I pilar
rpilar  rp,sup  rp,inf   12  102,1 cm3
 ey 280
2

Rigidez da viga V5, com seção transversal 19 x 50 cm e vão efetivo de 480 cm:

b w  h 3 19  50 3
I viga    197 .917 cm4
12 12

I viga 197917
rviga    412,3 cm3
 ef 480

Para o momento de engastamento perfeito da viga V5 no pilar P1 será adotada a carga total de 18
kN/m, conforme Figura 95.

18 kN/m

P4 P1
480 cm

Figura 95 – Esquema estático e carregamento no vão da viga adjacente ao pilar P1.

q   2 18  4,82
M eng    34,56 kN.m = 3.456 kN.cm
12 12

102 ,1
M k ,inf  M k ,sup  3456  572 ,4 kN.cm
102 ,1  412 ,3  102 ,1

Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar, os momentos fletores de cálculo totais,
na base e no topo, são:

 572,4 
M d, topo   M d, base  1,4  572,4    1.202 kN.cm
 2 

1202
eiy   6,60 cm
182

Os momentos fletores de 1a ordem, nas direções x e y, estão mostrados na Figura 96.

d) Momento fletor mínimo

M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:

Dir. x: M1d,mín,x = 182 (1,5 + 0,03 . 25) = 409,5 kN.cm

Dir. y: M1d,mín,y = 182 (1,5 + 0,03 . 19) = 376,7 kN.cm


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 97

,y
A
1 d, 02
M .21
topo

x
M1d,A,x base
2.541

Figura 96 – Momentos fletores de 1a ordem (kN.cm) atuantes no pilar P1.

e) Esbeltez limite
e1
25  12,5
1  h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b

Dir. x: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção x é 13,96 cm. Os momentos fletores de 1a


ordem nesta direção são M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.541 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,x
= 409,5 kN.cm), o que leva ao cálculo de b . Assim:

 b  0,6  0,4
MB
 0,6  0,4
 2541  0,2  0,4   b = 0,4
MA 2541

13,96
25  12,5
1, x  25  80,0  35   1,x = 80,0
0,4

Dir. y: A excentricidade de 1a ordem e1 na direção y é 6,60 cm. Os momentos fletores de 1a ordem


nesta direção são M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.202 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo (M1d,mín,y =
376,7 kN.cm), o que leva ao cálculo de b . Assim:

 b  0,6  0,4
MB
 0,6  0,4
 1202   0,2  0,4   b = 0,4
MA 1202

6,60
25  12,5
1, y  19  73,4  35   1,y = 73,4
0,4

Desse modo:
x = 38,9 < 1,x  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 51,0 < 1,y  não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.

f) Momento fletor total solicitante e cálculo da armadura


UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 98

Como não existem excentricidades de 2a ordem o momento fletor total é igual ao máximo
momento de 1a ordem, ou seja:
Dir. x:
Md,tot,x = M1d,A,x = 2.541 kN.cm  M1d,mín,x = 409,5 kN.cm  ok!

Dir. y:
Md,tot,y = M1d,A,y = 1.202 kN.cm  M1d,mín,y = 376,7 kN.cm  ok!

Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 97. A força normal adimensional
é (Eq. 20):

Nd 182
   0,18
A c . f cd 475 3,0
1,4

Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y

OU OU

409,5 2.541 376,7 1.202


e1x,mín = 2,25 e1A,x = 13,96 e1y,mín = 2,07 e1A,y = 6,60

Figura 97 – Momentos fletores atuantes no pilar P1, nas direções x e y.

Coeficientes adimensionais de flexão considerando a Flexão Composta Oblíqua (Eq. 51 e 52):

Md, tot, x 2541


x = =  0,10
h x . Ac . f cd 3,0
25 . 475
1,4

M d , tot, y 1202
y = =  0,06
h y . Ac . f cd 3,0
19 . 475
1,4
d'x 4,6 d'y 4,6
= = 0,18  0,20 e = = 0,24  0,25
hx 25 hy 19

Observa-se que na publicação de PINHEIRO (1994) para Flexão Composta Oblíqua não existe um
ábaco que atenda as relações calculadas para d’/h, de 0,20 e 0,25. No entanto, considerando o valor 0,18
como aproximadamente 0,15, pode-se escolher o ábaco A-67.19 Com  = 0,18 e interpolando entre  = 0,0
e  = 0,2, a taxa de armadura resulta:

- para  = 0,0   = 0,30

19
Utilizar um ábaco com relação d’/h menor implica calcular uma armadura um pouco menor que a necessária.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 99

- para  = 0,2   = 0,18


- para  = 0,18   = 0,19

A armadura resulta:
3,0
0,19 . 475
 A c f cd 1,4
As = =  4,45 cm2
f yd 43,5

g) Detalhamento

Armadura mínima (Eq. 58):

Nd 182
A s, mín  0,15  0,004 A c  A s, mín  0,15  0,63 cm2  0,004 . 475 = 1,90 cm2
f yd 43,5
As = 4,45 cm2 > As,mín = 1,90 cm2  4  125 mm (5,00 cm2) , ver Figura 98.

A taxa de armadura resulta:

As 5,00
 100  100  1,05 % < máx = 4 %  ok!
Ac 475

O diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:

5 mm
t    t = 5 mm
 / 4  12,5 / 4  3,1 mm

20 cm

s máx  b  19 cm  smáx = 15 cm
12  12 . 1,25  15 cm
 

4  12,5
h y = 19

hx = 25

Figura 98 – Detalhamento da armadura na seção transversal do pilar P1.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Building code requirements for structural concrete, ACI 318 R-95.
Farmington Hills, 1995, 369p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR


6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 238p.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 100

BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 – Estruturas de
Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), abr/2015, 74p. Disponível em (30/07/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015,
40p. Disponível em (30/07/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm

COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990: final draft. Bulletim D’Information,
n.203, 204 e 205, jul., 1991.

FUSCO, P.B. Estruturas de concreto - Solicitações normais. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Dois, 1981, 464p.

PINHEIRO, L.M. ; BARALDI, L.T. ; POREM, M.E. Concreto Armado: Ábacos para flexão oblíqua. São Carlos,
Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1994.
PINHEIRO, L.M. Instabilidade. Notas de Aula. São Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de
Engenharia de São Carlos – USP, 1994.
SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 2, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1984, 280p.

VENTURINI, W.S. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solicitadas à flexão reta. São
Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1987.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 318-14: Building Code Requirements for Structural Concrete and
Commentary, ACI committee 318, 2014, 520p. 26.

CARVALHO, R.C. ; PINHEIRO, L.M. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado, v. 2. São
Paulo, Ed. Pini, 2009, 589p.

EUROPEAN COMMITTEE STANDARDIZATION. Eurocode 2 – Design of concrete structures, Part 1-1, Part 1-2.
2005.

FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.

Potrebbero piacerti anche