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DIMENSIONAMENTO DE VIGAS
DE CONCRETO ARMADO À
FORÇA CORTANTE
Bauru/SP
Abril/2017
APRESENTAÇÃO
5.1 INTRODUÇÃO
Considere uma viga de concreto biapoiada (Figura 5.1a), submetida a duas forças concentradas P
iguais, com cinco barras longitudinais positivas, duas longitudinais superiores construtivas (porta-estribos),
e armadura transversal, composta apenas por estribos verticais2 na região adjacente ao apoio esquerdo, e
estribos verticais combinados com barras dobradas (inclinadas3) na região próxima ao apoio direito.
Nota-se que no trecho da viga entre as forças concentradas P a solicitação é de flexão pura (V = 0).
Considerando que a viga está sendo ensaiada em laboratório e que as forças P serão crescentes de
zero até a força que causará a sua ruptura (força última), a Figura 5.1b mostra a viga quando as forças P
são ainda de baixa intensidade, com as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão para a
viga ainda não fissurada e, portanto, no Estádio I. No trecho de flexão pura as trajetórias das tensões de
compressão e de tração são paralelas ao eixo longitudinal da viga. Nos demais trechos as trajetórias das
tensões são inclinadas devido à influência das forças cortantes. É importante observar também que as
trajetórias apresentam-se aproximadamente perpendiculares entre si.
Com o aumento das forças P e consequentemente o aumento das tensões principais, no instante
que, em uma determinada seção transversal (seção b) no trecho de flexão pura, a tensão de tração atuante
no lado inferior da viga supera a resistência do concreto à tração, surge uma primeira fissura chamada
“fissura de flexão” (Figura 5.1c). A fissura de flexão é aquela que inicia na fibra mais tracionada e se
estende em direção à linha neutra, perpendicularmente às trajetórias das tensões principais de tração e ao
eixo longitudinal da viga. Conforme as forças externas aplicadas vão sendo aumentadas, outras fissuras
vão surgindo, e aquelas já existentes aumentam de abertura e se estendem em direção à borda superior da
1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118.
ABNT, 2014, 238p.
2
O termo estribo vertical indica a suposição de que a viga tem eixo longitudinal horizontal. Na verdade deseja-se informar que o
estribo é perpendicular ao eixo longitudinal da viga.
3
Barras inclinadas em relação ao eixo longitudinal da viga, geralmente barras da armadura de flexão positiva do vão, não mais
necessárias à flexão devido à diminuição do momento fletor nas proximidades do apoio.
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viga. As seções fissuradas podem ser consideradas no Estádio II, e as seções não fissuradas no Estádio I, de
modo que a viga pode ter trechos nos dois Estádios, como indicado na Figura 5.1c. De modo geral, as
fissuras passam a ser visíveis a olho nu somente quando alcançam a abertura de 0,05 mm.
M
+
+
V
-
b) P P
tração
compressão
fissura de
P flexão
P
a b
c)
a b
s
s t < ct,f s
b
estádio II
Seção b-b
c c = f c
f)
s s > f y
Figura 5.1 – Comportamento resistente de uma viga biapoiada. a) armação da viga e diagramas de M e V; b)
trajetórias das tensões principais de tração e compressão na viga não fissurada;
c) surgimento das primeiras fissuras de flexão; d) tensões e deformações nos Estádios I e II;
e) estado de fissuração pré-ruptura; f) deformações e tensões na ruptura.[9]
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A Figura 5.1d mostra os diagramas de deformação e de tensão normal nas seções a e b da viga, nos
Estádios I e II, respectivamente. No Estádio I a máxima tensão de compressão (c) ainda pode ser avaliada
de acordo com a lei de Hooke, não sendo o mesmo válido no Estádio II.
As notações indicadas na Figura 5.1 são:
É importante ressaltar que fissuras verticais, como mostradas na Figura 5.3, podem surgir nas vigas
por efeito de retração do concreto, não necessariamente por efeito de tensões normais de tração oriundas da
flexão da viga. São fissuras localizadas à meia altura, que geralmente não se estendem até as bordas
superior e inferior da viga.
fissuras de retração
Na Figura 5.4 são mostradas as trajetórias das tensões principais de uma viga biapoiada sob
carregamento uniformemente distribuído ao longo de todo o vão, ainda no Estádio I (não fissurada), e o
estado de tensões principais num ponto sobre a linha neutra. O carregamento externo introduz em uma viga
diferentes estados de tensões principais, em cada um dos seus infinitos pontos.
Na altura da linha neutra, as trajetórias das tensões principais apresentam-se inclinadas de 45 (ou
135) com o eixo longitudinal da viga, e em outros pontos as trajetórias tem inclinações diferentes de 45.
II
I
M
+
x
+
- V
Figura 5.4 – Trajetórias das tensões principais de uma viga biapoiada no Estádio I. [9]
Além dos estados de tensão relativos às tensões principais, como o indicado na Figura 5.5b, outros
estados podem ser representados, com destaque para aquele segundo os eixos x-y (Figura 5.5a), que define
as tensões normais x e y e as tensões de cisalhamento xy e yx .
(+)
(-)
yx
x X
xy
II
(-) +
(+) I
y=0
y y
a) eixos x-y; b) eixos principais.
Figura 5.5 – Componentes de tensão segundo os estados de tensão relativos aos eixos
principais e aos eixos x-y. [9]
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De modo geral, as tensões verticais y podem ser desprezadas, tendo importância apenas nos
trechos próximos à introdução de forças na viga (região de forças externas aplicadas, apoios, etc.).
O dimensionamento das estruturas de Concreto Armado toma como base normalmente as tensões
x e xy . No entanto, conhecer as trajetórias das tensões principais é importante para se posicionar
corretamente as armaduras de tração e para conhecer a direção das bielas de compressão.
As tensões principais de tração inclinadas na alma exigem uma armadura denominada armadura
transversal, composta normalmente na forma de estribos verticais fechados. Note que, na região de maior
intensidade das forças cortantes, a inclinação mais favorável para os estribos seria de aproximadamente
45, ou seja, paralelos às trajetórias das tensões de tração e perpendiculares às fissuras. Por razões de
ordem prática os estribos são normalmente posicionados na direção vertical, o que os torna menos
eficientes se comparados aos estribos inclinados de 45.
A colocação da armadura transversal evita a ruptura prematura das vigas e, além disso, possibilita
que as tensões principais de compressão possam continuar atuando, sem maiores restrições, entre as
fissuras inclinadas próximas aos apoios.
Em 1968, Fenwick e Paulay[10] afirmaram que a ruptura das vigas por efeito de força cortante não
estava ainda claramente definida, pois os mecanismos responsáveis pela transferência da força cortante são
variados, complexos e difíceis de medir e identificar, porque após o surgimento das fissuras inclinadas
ocorre uma complexa redistribuição de tensões, a qual é influenciada por vários fatores. Sendo assim, cada
mecanismo tem uma importância relativa, de acordo com os pesquisadores. Excluindo-se a armadura
transversal (estribos) são cinco os mecanismos mais importantes: 1) força cortante na zona de concreto não
fissurado (banzo de concreto comprimido – Vcz , ver Figura 5.6 ); 2) engrenamento dos agregados ou atrito
das superfícies nas fissuras inclinadas (Vay); 3) ação de pino da armadura longitudinal (Vd); 4) ação de
arco; 5) tensão de tração residual transversal existente nas fissuras inclinadas.[11]
A transferência da força cortante nas vigas de concreto é muito dependente das resistências do
concreto à tração e à compressão, e por isso a ruptura frágil é uma séria possibilidade, de modo que é
muito importante o correto dimensionamento das vigas à força cortante, principalmente nos elementos sob
ações de sismos.
Figura 5.6 – Três mecanismos de transferência da força cortante em viga com armadura transversal: Vcz
proporcionada pelo banzo de concreto comprimido, Vay proporcionada pelo engrenamento dos agregados ou
atrito das superfícies nas fissuras inclinadas, e Vd proporcionada pela ação de pino da armadura longitudinal.[11]
Algumas características dos cinco principais mecanismos de transferência de força cortante são
descritas a seguir.
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O banzo comprimido da flexão inclina-se em direção aos apoios, formando um arco, cuja biela
comprimida inclinada assim originada, absorve uma parte da força cortante, e em consequência diminui a
tração na alma (Figura 5.7).
A formação do arco requer uma reação horizontal no apoio, que em vigas biapoiadas pode ser
fornecida pela armadura longitudinal positiva, que deve ser cuidadosamente ancorada nas extremidades da
viga para cumprir com esta função.[9]
A ação de arco é o mecanismo dominante de resistência de vigas-paredes4 à força cortante com o
carregamento externo aplicado na região comprimida.
P P
banzo comprimido
Figura 5.7 – Ação de arco ou de pórtico atirantado nas proximidades dos apoios. [9]
A zona não fissurada de concreto comprimido pela flexão (banzo de concreto) também
proporciona uma parcela de resistência à força cortante, que é a componente Vcz mostrada na Figura 5.6.
A contribuição à resistência proporcionada pelo banzo comprimido depende principalmente da
altura da zona comprimida, de modo que vigas retangulares com pequena altura e sem força axial de
compressão apresentam pequena contribuição, porque a altura do banzo é relativamente pequena.[12,13] Por
outro lado, vigas com mesa comprimida, como seções T e I, a contribuição do banzo comprimido é maior.
Pesquisas experimentais em vigas com armadura transversal mostraram que a contribuição do banzo
comprimido alcança valores entre 20 % e 40 % da resistência à força cortante.[10,12,14,15]
Em uma fissura inclinada existe uma resistência ao deslizamento entre as duas superfícies do
concreto, de um lado e do outro da fissura, devido à rugosidade e engrenamento dos agregados e da própria
matriz do concreto, que proporcionam uma transferência de força cortante através da fissura inclinada.[15]
São quatro os parâmetros mais importantes no mecanismo de atrito entre as superfícies nas
fissuras: tensão de cisalhamento nas interfaces, tensão normal, largura e escorregamento da fissura.
O mecanismo de engrenamento dos agregados na interface das fissuras proporciona uma
contribuição significativa à resistência à força cortante de vigas de Concreto Armado e Protendido. Ensaios
experimentais indicaram que entre 33 % e 50 % da força cortante total pode ser transferida pelo
engrenamento das interfaces. Outras considerações que esses pesquisadores apresentaram são:[16]
a) os fatores que mais influenciam o fenômeno são a largura da fissura e o tamanho dos agregados. A
resistência diminui com o aumento da largura da fissura e a diminuição do tamanho dos agregados.
Concretos com maiores resistências tendem a apresentar superfícies menos rugosas, e consequentemente
menor transferência de força cortante;
4Viga-parede: “São consideradas vigas-parede as vigas altas em que a relação entre o vão e a altura / h é inferior a 2 em vigas
biapoiadas e inferior a 3 em vigas contínuas.” (NBR 6118, 22.4.1)
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b) quanto menor a largura da fissura maior é a área de contato, e consequentemente maior a transferência
de força cortante;
c) a contribuição do engrenamento dos agregados é maior nas seções onde as fissuras por força cortante
desenvolvem-se dentro da alma da viga, e menor nas fissuras inclinadas que são continuidade de fissuras
de flexão, iniciadas na borda tracionada da viga. A porcentagem da contribuição é maior para valores
baixos e médios da tensão ou resistência última à força cortante, mas é ainda notada em valores maiores,
quando os efeitos do engrenamento dos agregados diminui;
d) o uso de estribos de pequeno diâmetro (menor espaçamento) favorecem o engrenamento dos agregados.
Estudos experimentais feitos por diversos pesquisadores[10,12,18] e vários outros autores, citados no
ASCE/ACI[15], indicaram que a força resistente à força cortante proporcionada pela barra de aço na ação de
pino (dowel action) é entre 15 % e 25 % da força cortante total.
A força cortante que pode ser transferida pela ação de pino depende de vários parâmetros, como: a)
quantidade de armadura; b) diâmetro da barra; c) espaçamento entre as barras; d) espessura do cobrimento
embaixo da barra de aço; e) propriedades do concreto; f) tensões axiais na armadura; g) existência de
armadura transversal impedindo o deslocamento da barra longitudinal.
Na situação de carga última é necessário considerar as não-linearidades do concreto e do aço,
assim como o dano no concreto localizado, na região próxima ao plano da força cortante.
Dois modos de ruptura podem ocorrer: fendilhamento do concreto do cobrimento, e esmagamento
do concreto sob a barra, acompanhada pelo escoamento da barra (Figura 5.9).
O modo de ruptura do tipo I ocorre para pequenas espessuras de cobrimento, e para grandes
cobrimentos ocorre a ruptura do tipo II, com o esmagamento do concreto sob a barra. Para o caso de
ruptura devido ao aparecimento de fissuras de fendilhamento na superfície de concreto na região próxima à
barra (ruptura tipo I - Figura 5.9), a resistência máxima do efeito pino não é proporcional ao diâmetro da
barra, isto é, a eficiência do mecanismo é reduzida aumentando-se o diâmetro da barra. Mesmo para o
modo de ruptura tipo II o aumento do diâmetro da barra afeta negativamente a eficiência da resistência do
mecanismo do efeito pino.
Segundo a ASCE-ACI[20], normalmente a ação de pino não é muito importante em elementos sem
armadura transversal, porque a máxima força cortante proporcionada pela ação de pino é limitada pela
resistência à tração do concreto do cobrimento da barra, que apoia a barra. A ação de pino pode ser
importante em elementos com grande quantidade de armadura transversal, principalmente quando
distribuída em mais que uma camada.
Quando o concreto fissura não ocorre uma separação completa, porque pequenas partículas do
concreto ligam as duas superfícies e continuam a transmitir forças de tração, para pequenas aberturas de
fissura entre 0,05 e 0,15 mm. Essa capacidade do concreto contribui para a transferência de força cortante,
importante quando a abertura da fissura ainda é pequena.
As tensões de tração residuais fornecem uma importante porção da resistência à força cortante de
elementos com alturas menores que 100 mm, onde a largura das fissuras inclinadas e de flexão são
pequenas.[13]
Em uma viga, antes do surgimento das fissuras inclinadas a deformação nos estribos é a mesma do
concreto adjacente ao estribo, e como a tensão de tração que causa a fissura no concreto é pequena, a
tensão no estribo também é pequena. De modo que somente após ocorrer o início da fissuração inclinada é
que os estribos passam a transferir força cortante, isto é, um estribo passa a ser efetivo ao transferir a força
de um lado para outro da fissura inclinada que o intercepta.
Os estribos também atuam diminuindo o crescimento e a abertura das fissuras inclinadas,
proporcionando uma ruptura mais dúctil às vigas. A existência do estribo na viga faz com que ocorra uma
mudança na contribuição relativa de cada um dos diferentes mecanismos resistentes à força cortante.
A contribuição da armadura transversal à resistência ao cortante da viga é tipicamente computada
por meio da treliça clássica, somada à contribuição do concreto, ou por meio da treliça de ângulo variável
sem a contribuição do concreto.
Os estribos também proporcionam, eles próprios, uma pequena resistência por ação de pino nas
fissuras e aumentam a resistência da zona comprimida de concreto pelo confinamento que promovem.
São muitos fatores que influenciam a resistência das vigas à força cortante (cerca de 20), sendo que
de alguns deles não há conhecimento suficiente da sua influência.[9] A seguir apresentam-se alguns dos
principais fatores, conforme apresentados em LEONHARDT e MÖNNIG.[9]
Para carregamento uniformemente distribuído (cargas atuando de cima, diretamente sobre a viga),
alguns ensaios com vigas esbeltas sem armadura transversal indicaram uma capacidade resistente à força
cortante cerca de 20 a 30 maior do que para carga concentrada na posição mais desfavorável.
Entretanto, na realidade, não há garantia de uma distribuição uniforme da carga de utilização, por isso, os
critérios de dimensionamento devem levar em consideração os resultados mais desfavoráveis referentes às
cargas concentradas.[9]
Nas cargas concentradas tem grande influência a distância do apoio até a carga. Já para as cargas
uniformes tem grande influência a esbeltez /h. Quanto à ruptura de uma viga com e sem armadura
transversal por força cortante, a posição mais perigosa de uma carga concentrada foi determinada para o
trecho a = 2,5h a 3,5h, o que corresponde a uma relação momento-força cortante de M/Vh = a/h = 2,5 a
3,5. Para cargas distribuídas, rigidezes de /h =10 a 14 são as que conduzem a maiores perigos de
ruptura por força cortante e, consequentemente, na menor capacidade resistente à força cortante.
A capacidade resistente à força cortante aumenta bastante para cargas próximas ao apoio, para uma
relação decrescente a/h < 2,5. Um aumento correspondente acontece com carga distribuída, quando /h <
10. Deve-se prever uma boa ancoragem da armadura longitudinal do banzo tracionado.[9]
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Efetuando-se a ligação de uma viga em toda sua altura h com outra viga, a viga que se apoia
distribui sua carga ao longo da altura da alma da viga que serve de apoio. Diz-se então que se trata de um
carregamento ou apoio indireto. Nos ensaios foi possível mostrar que, na região de cruzamento dessas
vigas, é necessária uma armadura de suspensão, que deve ser dimensionada para a força total atuante no
apoio ou nó.
Uma viga no Estádio II transfere sua carga ao apoio primordialmente pela diagonal de compressão,
e as diagonais comprimidas no modelo treliça define claramente a necessidade de montantes verticais de
tração, ou seja, armadura de suspensão. Entretanto, fora da região de cruzamento, a viga não é influenciada
pelo tipo de introdução de carga ou de apoio, isto é, o comportamento em relação à força cortante é o
mesmo que para o apoio ou carregamento direto. Essas mesmas considerações valem para o
dimensionamento à força cortante. Na região de cruzamento, a armadura de suspensão atende
simultaneamente à função de armadura de transversal.
As cargas penduradas na parte inferior de uma viga produzem tração na alma e devem ser
transferidas pelas barras de tração da alma ao banzo comprimido. Essa armadura de suspensão é adicional
à armadura transversal normal para a força cortante.[9]
O desenvolvimento de uma fissura inclinada por força cortante, ou seja, seu aumento até próximo
da borda superior da zona comprimida de concreto, depende da rigidez à deformação do banzo tracionado,
ou seja, quanto mais fraco for o banzo tracionado, tanto mais ele se alonga com o aumento da carga e tão
mais depressa a fissura inclinada se torna perigosa.
O banzo tracionado não pode, portanto, ser muito enfraquecido na região de uma possível ruptura
por força cortante. Também um escorregamento da ancoragem no apoio tem um efeito enfraquecedor.
Ambas as influências devem ser consideradas como detalhes construtivos na execução da armadura.
Uma outra influência é a qualidade da armadura longitudinal. Ensaios demonstraram, por exemplo,
que para a mesma porcentagem de armadura longitudinal, uma distribuição das tensões com maior número
de barras finas influencia favoravelmente a capacidade resistente à força cortante.[9]
A forma da seção transversal tem uma forte influência sobre o comportamento resistente de vigas
de Concreto Armado solicitadas à força cortante. A seção transversal retangular pode se adaptar livremente
a uma forte inclinação do banzo comprimido e, frequentemente, pode absorver toda a força transversal no
banzo comprimido (especialmente no caso de carga distribuída e de carga concentrada próxima ao apoio).
Em seções transversais de vigas T, a força no banzo comprimido só pode ter uma inclinação quase
horizontal, porque na realidade ela permanece na largura comprimida da laje até a proximidade do apoio,
concentrando-se na alma apenas gradativamente em direção ao apoio. O banzo comprimido por este
motivo, só pode absorver uma parcela da força cortante, e a maior parte deve ser resistida pelas diagonais
comprimidas e pelas barras da armadura transversal. A relação da rigidez do banzo comprimido de largura
bf com a correspondente rigidez das diagonais comprimidas da alma com largura b w é muito maior em
vigas T do que em vigas retangulares.
Nas vigas de seção retangular (bf / bw = 1), os estribos são submetidos a tensões de compressão até
que, pouco antes da carga de ruptura, uma fissura de cisalhamento cruze o estribo. Nas vigas T essas
tensões no estribo aumentam para almas delgadas, em todos os casos, porém, essas tensões ficam bem
abaixo da tensão de escoamento do aço a qual foi calculada de acordo com a analogia de treliça clássica de
Mörsch (com diagonais a 45º).
Ensaios mostraram também que a inclinação das fissuras inclinadas ou das diagonais comprimidas
varia com a relação bf / bw, essa inclinação situa-se em torno de 30º para bf / bw = 1 e cresce para cerca de
45º para bf / bw = 8 a 12.
O dimensionamento da armadura transversal da alma deve ser feito a partir da distribuição dos
esforços internos, pouco antes da ruptura, ou seja, deve ser considerada a largura da alma em relação a
largura do banzo comprimido.[9]
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Ensaios realizados segundo uma lei de semelhança com vigas sem armadura transversal e diferentes
alturas h, com igual porcentagem de armadura longitudinal de mesma distribuição de barras, mostraram
que a capacidade resistente à força cortante diminui consideravelmente como aumento da altura h, quando
a granulometria e o cobrimento do concreto não variarem de acordo com a escala.[9]
Quando, nas seções próximas ao apoio da viga, as tensões principais de tração inclinadas (I)
alcançam a resistência do concreto à tração, surgem as primeiras fissuras inclinadas (de “cisalhamento”),
perpendiculares à direção de I , como mostradas na Figura 5.1 (item 5.2). No ensaio experimental, à
medida que o carregamento sobre a viga vai sendo aumentado, novas fissuras vão surgindo, que provocam
uma redistribuição de esforços internos, e a armadura transversal5 e as diagonais comprimidas passam
então a “trabalhar” de maneira mais efetiva, sendo essa redistribuição dependente principalmente da
quantidade e da direção da armadura transversal.[9]
Se a armadura transversal for insuficiente, o aço atinge a deformação de início de escoamento
(y), e as fissuras de cisalhamento desenvolvem-se em direção ao banzo comprimido. Existe ainda na viga
uma reserva de resistência, proporcionada principalmente pelo atrito na interface das fissuras, devido ao
engrenamento entre as partículas do concreto.6 Aumentando a abertura da fissura, o atrito nas interfaces
diminui, o que leva a um aumento da força transferida pelo concreto do banzo comprimido e da ação de
pino. Diminuindo a seção resistente do banzo, pode ocorrer a ruptura do concreto bruscamente (a ausência
de armadura transversal também pode levar a esta forma de ruptura). A fissura também pode propagar-se
pela armadura longitudinal de tração nas proximidades do apoio, separando-a do restante da viga (Figura
5.10).
Figura 5.10 – Ruptura de viga e laje por rompimento do banzo superior comprimido de concreto. [9]
Pode também ocorrer o rompimento dos estribos, antes da ruptura do banzo comprimido, ou a
ruptura da ligação das diagonais comprimidas com o banzo comprimido. A Figura 5.11 mostra a ruptura
que pode ocorrer por rompimento ou deformação excessiva dos estribos.
5
O estribo proporciona uma ponte de transferência para as tensões de tração, de um lado para o outro da fissura.
6
Neste processo, os estribos, ao continuarem escoando com o aumento do carregamento sobre a viga, proporcionam uma ruptura
dúctil.
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Em seções com banzos comprimidos reforçados, como vigas seção I e T, que possuam
armaduras longitudinal e transversal reforçadas, formam-se muitas fissuras inclinadas (de cisalhamento), e
as bielas de compressão entre as fissuras podem romper de maneira brusca ao ser atingida a resistência do
concreto à compressão. Tal ruptura ocorre quando as diagonais são solicitadas além do limite da resistência
do concreto, antes que a armadura transversal entre em escoamento (Figura 5.12). De modo que as bielas
de compressão delimitam o limite superior da resistência de vigas à força cortante, limite esse dependente
principalmente da resistência do concreto.
Figura 5.12 - Ruptura das diagonais comprimidas no caso de armadura transversal reforçada. [9]
O trabalho desenvolvido por estribos fechados em uma viga de seção retangular (dois ramos
verticais e dois ramos horizontais), na analogia de treliça, está mostrado na Figura 5.13. Nos vértices
inferiores o estribo entrelaça a armadura longitudinal tracionada e nos vértices superiores o estribo ancora-
se no concreto do banzo comprimido e na armadura longitudinal superior.
As bielas de compressão se apoiam nas barras da armadura longitudinal inferior, no trecho inferior
dos ramos verticais dos estribos, e também nos ramos horizontais, principalmente na intersecção do estribo
com as barras longitudinais dos vértices, onde as tensões se inclinam e originam tensões de tração.
Nos vértices superiores do estribo, as barras longitudinais também atuam para evitar o
fendilhamento7, que pode ser provocado pelo gancho do estribo ao aplicar tensões de tração num pequeno
volume de concreto.
O ramo horizontal superior do estribo (na região do banzo comprimido) não é imprescindível no
caso da resistência à força cortante8, porém, sua disposição é indicada para facilitar a montagem de barras
longitudinais internas e para proporcionar resistência a esforços secundários que geralmente ocorrem, e
que não são considerados no projeto.9
7
Fendilhamento: ao se aplicar tensões de compressão, surgem também tensões de tração, perpendiculares às tensões de
compressão aplicadas. Um exemplo muito simples é o ensaio de compressão diametral, para determinação da resistência do
concreto à tração indireta. Ao se aplicar tensões de compressão ao longo do comprimento do corpo de prova, surgem tensões de
tração perpendiculares às tensões de compressão, que causam a ruptura ou separação do corpo de prova em duas partes. Essas
tensões de tração são chamadas tensões de fendilhamento, que originam o esforço de fendilhamento e a fissura de fendilhamento.
8
Porém, os estribos dimensionados para a resistência ao momento de torção devem ser obrigatoriamente fechados.
9
Como por exemplo aqueles oriundos da torção de compatibilidade, de diversas possíveis deformações no concreto (por variação
de temperatura, retração, etc.), etc.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 12
Neste item são apresentadas as equações para as forças e tensões nas barras da treliça clássica, e no
item 5.7 as equações desenvolvidas segundo a treliça generalizada. As equações segundo os dois modelos
de treliça são a base para a dedução das equações contidas na NBR 6118, para o dimensionamento de
elementos à força cortante.
O comportamento da região da viga sob maior influência de forças cortantes e com fissuras
inclinadas no Estádio II, pode ser muito bem descrito fazendo-se a analogia com uma treliça isostática
(Figura 5.14). Cada barra da treliça representa uma parte de uma viga simples: o banzo inferior é a
armadura longitudinal de tração, o banzo superior é o concreto comprimido pela flexão, as diagonais
inclinadas de 45 representam o concreto comprimido (bielas de compressão) entre as fissuras de
cisalhamento, e as diagonais tracionadas inclinadas os estribos (montantes verticais no caso de estribos
verticais - Figura 5.14b). Essa treliça, também mostrada na Figura 5.16, é chamada “treliça clássica”
(banzos paralelos e diagonais comprimidas de 45).
2z fissura de cisalhamento z
Figura 5.14 – Analogia clássica de treliça com as forças internas de uma viga na região próxima ao apoio. [9]
A analogia clássica de viga fissurada com uma treliça isostática foi introduzida por RITTER em
1899, e serviu para o entendimento do comportamento de vigas à força cortante no início do século 20.
Este modelo de Ritter foi melhorado por Mörsch,[22,23,24] assumindo que as diagonais comprimidas
estendem-se por mais de um estribo. Sobre a treliça, Lobo Carneiro escreveu o seguinte: “A chamada
treliça clássica de Ritter-Mörsch foi uma das concepções mais fecundas na história do concreto armado.
Há mais de meio século tem sido a base do dimensionamento das armaduras transversais – estribos e
barras inclinadas – das vigas de concreto armado, e está muito longe de ser abandonada ou considerada
superada. As pesquisas sugerem apenas modificações ou complementações na teoria, mantendo no
entanto o seu aspecto fundamental: a analogia entre a viga de concreto armado, depois de fissurada, e a
treliça”. É válido afirmar que essas palavras continuam verdadeiras até o presente.
Os estribos devem estar próximos entre si a fim de interceptarem qualquer possível fissura
inclinada devido às forças cortantes, pois uma ruptura precoce pode ocorrer quando a distância entre os
estribos for 2z para estribos inclinados a 45 e > z para estribos a 90 (Figura 5.14), onde z é o braço de
alavanca da viga (distância entre as forças resultantes relativas ao banzo de concreto comprimido e à
armadura longitudinal de tração).
Considerando-se a existência de múltiplos estribos, próximos entre si, pode-se imaginar a viga
como sendo na realidade uma superposição de várias treliças isostáticas (treliça em malha, hiperestática -
Figura 5.15), com cada treliça recebendo um quinhão de carga. Porém, por simplicidade, as forças nas
barras são calculadas considerando-se apenas uma treliça simples.
A NBR 6118 (item 17.4.1) preconiza que o dimensionamento de elementos lineares (como as
vigas) à força cortante pode ser feito segundo “[...] dois modelos de cálculo que pressupõem a analogia
com modelo em treliça, de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes complementares
desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por uma componente adicional Vc .”
A treliça clássica é a admitida pela NBR 6118 para o Modelo de Cálculo I (item 17.4.2.2), onde o
ângulo de inclinação das diagonais comprimidas (bielas de compressão) é fixo com valor de 45, e a
treliça generalizada (item 5.7) é o modelo admitido para o Modelo de Cálculo II.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 13
cb
s Rs
R
cb
R
Figura 5.15 – A viga como uma superposição de treliças. [9]
Considere na Figura 5.16 uma viga biapoiada já fissurada (Estádio II), submetida a uma força
concentrada P no meio do vão e que resulta força cortante constante, e onde é mostrada também a treliça
isostática. A analogia dessa viga com a treliça clássica, com ângulo de inclinação das diagonais
comprimidas (bielas de compressão) de 45 e com diagonais tracionadas inclinadas de um ângulo , está
mostrada na Figura 5.16.
Sendo a treliça isostática, as forças nas barras podem ser determinadas considerando-se apenas as
condições de equilíbrio dos nós, a partir da força cortante. Considerando a seção 1-1 da treliça sob atuação
da força cortante V, a força na diagonal comprimida (biela de compressão - Rcb) é:
1
V
sen 45 Eq. 5.1
R cb
R cb
V
V
R cb 2 V Eq. 5.2
45°
sen 45
1
V= P V= P
2 2
z
2 (1
+
co
tg banzo comprimido
)
diagonal comprimida
P
1
V z
45°
45°
1
z ( 1 + cotg )
V= P
2
diagonal tracionada banzo tracionado
A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto (área da
biela):
bw .
z
1 cotg
2
onde bw é a largura da seção transversal e é o ângulo de inclinação das diagonais tracionadas. A tensão
média de compressão na biela é então dada por:
R cb 2 2 V
cb
bw
z
1 cotg b w z 1 cotg
2
2V
cb
b w z 1 cotg
Eq. 5.3
A força na diagonal tracionada (Rs,), inclinada do ângulo , pode ser determinada fazendo o
equilíbrio da seção 1-1 da treliça (Figura 5.16):
V
sen Eq. 5.4
R s, V
R s,
V
R s, Eq. 5.5
sen
Cada diagonal de tração com força Rs, é relativa a um comprimento da viga, a distância z (1 +
cotg ), medida na direção do eixo longitudinal, e deve ser resistida por uma armadura chamada
transversal, composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de um ângulo
(Figura 5.17).
z ( 1 + cotg )
A sw,
s s s s s s s
z ( 1 + cotg )
Figura 5.17 – Armadura transversal resistente à força em uma diagonal tracionada da treliça.
z 1 cotg
Asw ,
s
10
A área Asw é a soma das áreas das barras correspondentes aos ramos verticais do estribo.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 15
onde z (1 + cotg )/s representa o número de estribos nesse comprimento. A tensão sw na armadura
transversal resulta:
R s, V s
sw ,
Asw , z 1 cotg z 1 cotg sen Asw ,
s
s
V s
sw ,
z sen cos Asw , Eq. 5.6 Asw,
O ângulo de inclinação da armadura transversal pode variar teoricamente de 45 a 90, sendo
que na esmagadora maioria dos casos da prática o ângulo adotado é de 90, com a armadura transversal
consistindo de estribos na posição vertical. Porém, é interessante fazer algumas comparações com o ângulo
assumindo os valores de 45 e 90, o que é mostrado na Tabela 5.1.
A equação que determina a tensão na diagonal comprimida (cb) mostra que o ângulo de
inclinação da armadura transversal influencia o valor da tensão na diagonal comprimida. Quando a
armadura transversal é colocada na posição vertical, com = 90, como a armadura fica inclinada com
relação às tensões principais de tração I , a tensão na diagonal comprimida (biela de compressão) resulta o
dobro da tensão para quando a armadura é colocada inclinada a 45. Conclui-se que, quanto mais inclinada
for a armadura – até o limite de 45, menor será a tensão nas bielas de compressão.
O fato já enunciado da armadura transversal inclinada de 45 ser mais eficiente, por acompanhar a
inclinação das tensões principais de tração I , fica evidenciado ao se comparar as equações da tensão na
2 vezes menor que a armadura a 90.
armadura transversal (sw). Nota-se que a armadura a 45 resulta
No entanto, a armadura transversal inclinada a 45 apresenta comprimento 2 vezes maior que a
armadura a 90, o que resulta em consumos de armadura praticamente iguais.
Com base nos resultados de numerosas pesquisas experimentais verificou-se no século passado que
a inclinação das fissuras é geralmente inferior a 45, e consequentemente as bielas de compressão têm
inclinações menores que 45, podendo chegar a ângulos de 30 ou até menores com a horizontal, em
função principalmente da quantidade de armadura transversal e da relação entre as larguras da alma e da
mesa (em seções T e I por exemplo - Figura 5.18). Além disso, a treliça não considera a ação de arco nas
proximidades dos apoios. Por não fazer essas considerações a treliça clássica de Ritter-Mörsch foi
considerada conservadora, e resultar armadura transversal um pouco exagerada.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 16
P P
- 30° - 38°
- 38° - 45°
Figura 5.18 - Treliça generalizada para vigas seção T com alma espessa e alma delgada.[26]
Para levar em conta a menor inclinação das fissuras surgiu, na década de 60, a chamada “treliça
generalizada”, com ângulos menores que 45 para a inclinação das diagonais comprimidas (Figura 5.19).
A determinação correta do ângulo para uma viga é muito complexa, porque depende de inúmeros fatores.
A dedução das forças na treliça generalizada é semelhante àquela já apresentada para a treliça
clássica. Sendo V a força cortante que atua na seção 1-1 da treliça (Figura 5.19), a força na diagonal
comprimida (Rcb) é:
V 1
sen Eq. 5.7
R cb
R cb
V V
R cb Eq. 5.8
sen
banzo comprimido
diagonal comprimida
P
1
V z
1
z(cotg + cotg )
V= P
2
diagonal tracionada banzo tracionado
Figura 5.19 - Treliça generalizada com diagonais comprimidas inclinadas com ângulo
e armadura transversal inclinada com ângulo .
A força em cada diagonal comprimida pode ser considerada aplicada na área de concreto (área da
biela):
bw . z (cotg + cotg ) sen
onde é o ângulo de inclinação das diagonais tracionadas. A tensão média de compressão na biela é então
dada por:
R cb
cb
b w z cot g cotg sen
V
cb
b w z cot g cotg sen2
Eq. 5.9
A força na diagonal tracionada (Rs,) pode ser determinada fazendo o equilíbrio da seção 1-1 da
treliça (Figura 5.19):
V
sen Eq. 5.10
R s,
V
R s,
V
R s, Eq. 5.11
sen
Cada diagonal de tração com força Rs, é relativa a um comprimento da viga, a distância
z (cotg + cotg ), medida na direção do eixo longitudinal da viga, e deve ser resistida por uma armadura
transversal composta por barras (estribos) espaçadas num comprimento s e inclinadas de um ângulo .
Considerando Asw a área de aço de um estribo, a área total de armadura no comprimento
z (cotg + cotg ) é dada por:
z cotg cot g
Asw ,
s
onde z (cotg + cotg )/s representa o números de estribos nesse comprimento. A tensão sw na armadura
transversal resulta:
R s,
sw ,
Asw z cot g cotg
s
s
V s
sw , Eq. 5.12
z cot g cotg sen Asw , Asw,
A partir de março de 2003 uma nova versão da NBR 6118 entrou em vigor no Brasil, trazendo
significativas mudanças em relação à sua versão anterior, a NB 1/78[27], quanto ao dimensionamento da
armadura transversal para a resistência de elementos de Concreto Armado e Concreto Protendido à força
cortante. A nova NBR 6118 manteve a hipótese básica da analogia de viga fissurada com uma treliça, de
banzos paralelos. Porém, introduziu algumas inovações, como a possibilidade de considerar inclinações
diferentes de 45 para as diagonais comprimidas (bielas de compressão), novos valores adotados para a
parcela Vc da força cortante absorvida por mecanismos complementares de treliça, adoção da resistência do
concreto à compressão para região fissurada (fcd2), constante no código MC-90 do CEB-FIP[28] e
consideração de uma nova sistemática para verificação do rompimento das diagonais comprimidas, por
meio da força cortante resistente de cálculo (VRd2) em substituição à tensão de cisalhamento última (wu).
A norma dividiu o cálculo segundo dois modelos, os Modelos de Cálculo I e II. O Modelo de
Cálculo I admite a chamada treliça clássica, com ângulo de inclinação das diagonais comprimidas () fixo
em 45. Já o Modelo de Cálculo II considera a chamada treliça generalizada, onde o ângulo de inclinação
das diagonais comprimidas pode variar entre 30 e 45. Aos modelos de treliça foi associada uma força
cortante adicional Vc , proporcionada por mecanismos complementares ao de treliça.
O Modelo de Cálculo I é semelhante ao método constante da versão anterior da norma (NB
1/78[27]), porém, com alteração no valor da parcela Vc . Pode-se dizer que a nova metodologia introduzida
pela NBR 6118 segue em linhas gerais o MC-90 do CEB-FIP[28] e o Eurocode 2[29], com algumas
mudanças e adaptações.
A condição de segurança do elemento estrutural é satisfatória quando são verificados os Estados-
Limites Últimos, atendidas simultaneamente as duas condições seguintes:
No Modelo de Cálculo I a NBR 6118 (item 17.4.2.2) adota a treliça clássica de Ritter-Mörch, ao
admitir o ângulo de 45o entre as diagonais comprimidas de concreto (bielas de compressão) e o eixo
longitudinal do elemento estrutural, e a parcela complementar Vc tem valor constante, independentemente
da força cortante solicitante VSd .
A equação que define a tensão de compressão nas bielas de concreto para a treliça clássica ( =
45o) foi deduzida no item 5.6 (Eq. 5.3):
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 19
2V
cb
b w z 1 cotg
A NBR 6118 limita a tensão de compressão nas bielas ao valor fcd2 , como definido no código MC-
90 do CEB.[28] O valor fcd2 atua como um fator redutor da resistência à compressão do concreto, quando há
tração transversal por efeito de armadura e existem fissuras transversais às tensões de compressão (Figura
5.20). O valor fcd2 é definido por:
f
f cd2 0,60 1 ck f cd = 0,60 v 2 f cd Eq. 5.15
250
tensão de tração
de armadura
fissura
Figura 5.20 – Tensão de compressão com tração transversal conforme o MC-90 do CEB.[28]
f
A NBR 6118 (item 17.4.2.2) chama o fator 1 ck de v2 . Na Eq. 5.3, substituindo o braço de
250
alavanca z por 0,9d (d é a altura útil), cb por fcd2 e fazendo V como a máxima força cortante resistente
(VRd2) correspondente à ruína das diagonais comprimidas de concreto, tem-se:
2 VRd 2
0,60 v 2 f cd
b w 0,9d 1 cotg
A inclinação da armadura transversal () deve estar compreendida entre 45 e 90. Fazendo
igual a 90 para estribo vertical, a Eq. 5.17 fica:
f ck
com v 2 1 , (fck em MPa):
250
f
VRd 2 0,27 1 ck f cd b w d Eq. 5.19
250
Portanto, conforme a Eq. 5.13, para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas deve-
se ter: Sd VRd 2
V
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 20
Da Eq. 5.14 (VSd VRd3), fazendo a força cortante de cálculo (VSd) igual à máxima força cortante
resistente de cálculo, relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se:
VSd VRd 3 Vc Vsw
Vc = 0
Vc = Vc0
A força Vc0 representa a resistência à força cortante de uma viga sem estribos, ou seja, é a máxima
força cortante que uma viga sem estribos pode resistir.
c) na flexo-compressão
M0
Vc Vc0 1 2 Vc0 Eq. 5.22
M
Sd , máx
onde:
bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d11;
d = altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de gravidade da armadura
de tração12;
s = espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw , medido segundo o eixo longitudinal
do elemento estrutural;
fywd = tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de estribos e a 70 %
desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos os casos, valores superiores a
435 MPa13;
ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo longitudinal do elemento
estrutural, podendo-se tomar 4590;
M0 = momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção (tracionada por
Md,máx), provocada pelas forças normais de diversas origens concomitantes com V Sd , sendo essa
tensão calculada com valores de f e p iguais a 1,0 e 0,9, respectivamente; os momentos
correspondentes a essas forças normais não podem ser considerados no cálculo dessa tensão, pois
são considerados em MSd ; devem ser considerados apenas os momentos isostáticos de protensão;
entre fpyd e a tensão de protensão, nem ser superior a 435 MPa;” (NBR 6118, item 17.4.2.2).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 21
MSd,máx = momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise, que pode ser tomado como o de
maior valor no semitramo considerado (para esse cálculo não se consideram os momentos
isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos).
Com o valor de Vc conhecido, da Eq. 5.14 calcula-se a parcela da força cortante a ser resistida pela
armadura transversal:
A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça clássica ( = 45o) foi deduzida
no item 5.6 (Eq. 5.6):
V s
sw ,
z sen cos Asw ,
Substituindo z por 0,9d, V por Vsw , e fazendo sw, igual à máxima tensão admitida na armadura
(fywd), a Eq. 5.6 modifica-se para:
Vsw s
f ywd
0,9 d sen cos Asw ,
Eq. 5.24
A sw , Vsw
Eq. 5.25
s 0,9 d f ywd (sen cos )
A NBR 6118 (item 17.4.2.2) limita a tensão fywd ao valor de fyd para armadura transversal passiva
constituída por estribos, e a 70 % de fyd quando forem utilizadas barras dobradas inclinadas, não se
tomando, para ambos os casos, valores superiores a 435 MPa. Portanto, para estribos tem-se:
f yk f yk
f ywd f yd 435 MPa
s 1,15
A tensão máxima imposta pela norma refere-se ao aço CA-50, pois fyd = 50/1,15 = 435 MPa. No
caso do dimensionamento do estribo ser feito com o aço CA-60, esta tensão máxima também deve ser
obedecida, ou seja, deve-se calcular como se o aço fosse o CA-50.
A inclinação dos estribos deve obedecer à condição 45o 90o . Para estribo inclinado a 45 e a
90 a Eq. 5.25 fica respectivamente igual a:
No caso de serem utilizados os aços CA-50 ou CA-60 e armadura transversal somente na forma de
estribos, fywd assume o valor de 43,5 kN/cm2, que aplicado às Eq. 5.26 e Eq. 5.27 encontram-se:
Asw , 45 Vsw
Eq. 5.28
s 55,4 d
Asw
É importante observar que é a armadura transversal por unidade de comprimento da viga e
s
Asw é a área de todos os ramos verticais do estribo.
Para estribo de dois ramos, que é o tipo aplicado na grande maioria das vigas, Asw equivale à área
dos dois ramos verticais do estribo. Para estribos com três ou quatro ramos, Asw é a área de todos os três ou
quatro ramos verticais do estribo (Figura 5.21).
A sw A sw
No Modelo de Cálculo II a NBR 6118 (item 17.4.2.3) admite que o ângulo de inclinação das
diagonais de compressão () varie livremente entre 30o e 45o e que a parcela complementar Vc sofra
redução com o aumento de VSd. Ao admitir ângulos inferiores a 45 a norma adota a chamada “treliça
generalizada”, como mostrada no item 5.7.
Conforme a Eq. 5.9, no item 5.7 foi deduzida a expressão para a tensão nas bielas de concreto para
a treliça com diagonais comprimidas inclinadas de um ângulo :
V
cb
b w z cot g cot g sen2
A norma limita a tensão nas bielas comprimidas ao valor fcd2 , como apresentado no item 5.8.1.1. O
valor fcd2 , apresentado na Eq. 5.15, é:
f
fcd2 0,60 1 ck fcd , com fck em MPa.
250
f
Chamando o fator 1 ck de v2 e substituindo z por 0,9 d, cb por fcd2 e V pela máxima força
250
cortante resistente de cálculo (VRd2), a Eq. 5.9 transforma-se em:
VRd 2
0,60 v 2 f cd
b w 0,9 d cot g cot g sen2
e substituindo v2 :
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 23
f
VRd 2 0,54 1 ck f cd b w d sen2 cot g cot g Eq. 5.31
250
Para não ocorrer o esmagamento das diagonais comprimidas, conforme a Eq. 5.13 deve-se ter:
VSd VRd 2
Da Eq. 5.14, fazendo a cortante de cálculo (VSd) igual à máxima cortante resistente de cálculo,
relativa à ruptura da diagonal tracionada (armadura transversal), tem-se:
Vc = 0
Vc = Vc1
c) na flexo-compressão
M0
Vc Vc1 1 2 Vc1 Eq. 5.32
M
Sd , máx
Para a determinação de Vc em função de Vc1 , a seguinte lei de variação para Vc1 deve ser
considerada:
interpolando-se linearmente para valores intermediários de Vc1 . A Eq. 5.20 apresentou a parcela Vc0 :
Na Figura 5.22 é mostrado um gráfico que mostra a variação de Vc1 com VSd , onde, quando VSd for
maior que Vc0 , a força Vc1 pode ser calculada com:
VRd 2 VSd
Vc1 Vc0 Eq. 5.34
VRd 2 Vc0
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 24
Vc1
VRd2 - Vc0
Vc1
VSd
Com o valor de Vc1 conhecido, nas vigas submetidas à flexão simples faz-se Vc = Vc1 , e aplicando
a Eq. 5.14 calcula-se a parcela Vsw da força cortante a ser resistida pela armadura transversal, de modo
semelhante à Eq. 5.23:
Vsw VSd Vc
A equação que define a tensão na diagonal tracionada para a treliça com ângulo de inclinação das
diagonais comprimidas igual a foi deduzida no item 5.7 ( Eq. 5.12):
V s
sw ,
z cot g cotg sen Asw ,
limitando sw, à máxima tensão admitida na armadura (fywd) e fazendo V = Vsw e z = 0,9d, tem-se:
Vsw s
sw , f ywd
0,9d cot g cotg sen Asw ,
Asw , Vsw
0,9 d f ywd cot g cotg sen
Eq. 5.35
s
f yk f yk
f ywd 435 MPa, para qualquer tipo de aço.
s 1,15
A força cortante em lajes e elementos lineares com bw 5d é verificada no item 19.4 da NBR
6118. A norma faz distinção entre laje sem e com armadura transversal para a força cortante.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 25
VRd1 Rd k 1,2 401 0,15 cp b w d Eq. 5.37
onde:
NSd
cp Eq. 5.38
Ac
NSd = força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento (compressão com sinal
positivo).
Não existindo a protensão ou força normal que cause a compressão, a Eq. 5.37 torna-se:
fctd = fctk,inf / c
As1
1 , não maior que |0,02| Eq. 5.41
bw d
- para elementos onde 50 % da armadura inferior não chega até o apoio: k = |1|;
- para os demais casos: k = |1,6 – d|, não menor que |1|, com d em metros.
onde: Rd = tensão resistente de cálculo do concreto à força cortante (ou cisalhamento conforme a
norma);
As1 = área da armadura de tração que se estende até não menos que d + b,nec além da seção
considerada (Figura 5.23); com b,nec definido como (NBR 6118, 9.4.2.5):
A s, calc
b, nec b b, mín Eq. 5.42
A s, ef
0,3 b
b, mín 10 Eq. 5.43
100 mm
As Seção considerada
45° d
Vsd
b,nec
b, nec b, nec
Vsd
45° 45°
d
As As
No caso de se projetar a laje com armadura transversal para a força cortante, a NBR 6118
recomenda que sejam seguidos os critérios apresentados em 17.4.2, que trata do dimensionamento de vigas
à força cortante, assunto que será estudado na disciplina Estruturas de Concreto II.
A tensão nos estribos deve ser (NBR 6118, 19.4.2): “A resistência dos estribos pode ser
considerada com os seguintes valores máximos, sendo permitida interpolação linear:
- 250 MPa, para lajes com espessura até 15 cm;
- 435 MPa (fywd), para lajes com espessura maior que 35 cm.”
GARCIA[30] afirma que uma armadura transversal mínima deve ser colocada nas vigas a fim de
atender os seguintes objetivos:
a) na eventualidade de serem aplicados carregamentos não previstos no cálculo, as vigas não apresentem
ruptura brusca logo após o surgimento das primeiras fissuras inclinadas;
b) limitar a inclinação das bielas e a abertura das fissuras inclinadas;
c) evitar a flambagem da armadura longitudinal comprimida.
Conforme a NBR 6118 (item 17.4.1.1.1), em todos os elementos lineares submetidos à força
cortante, com exceção dos casos indicados na sequência, deve existir uma armadura transversal mínima,
constituída por estribos com a seguinte taxa geométrica:
A sw f
sw 0,2 ct, m Eq. 5.44
b w s sen f ywk
onde:
Asw = área da seção transversal total de cada estribo, compreendendo todos os seus ramos verticais;
s = espaçamento dos estribos;
= ângulo de inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural;
bw = largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção;
fywk = resistência ao escoamento do aço da armadura transversal, valor característico;
fct,m = resistência média à tração do concreto.
Para estribo vertical ( = 90) e com o espaçamento s de 100 cm, a armadura mínima fica:
20 f ct, m
A sw , mín bw Eq. 5.46
f ywk
com: Asw,mín = área da seção transversal de todos os ramos verticais do estribo (cm2/m);
bw em cm;
fywk em kN/cm2.
As exceções indicadas pela NBR 6118 (17.4.1.1.2), que não necessitam conter a armadura mínima
indicada na Eq. 5.46, são:
“a) os elementos estruturais lineares com bw >5d (em que d é a altura útil da seção), caso que deve ser
tratado como laje (ver 19.4);
b) as nervuras de lajes nervuradas, descritas em 13.2.4.2-a) e b), que também podem ser verificadas como
lajes. Nesse caso deve ser tomada como base a soma das larguras das nervuras no trecho considerado,
podendo ser dispensada a armadura transversal, quando atendido o disposto em 19.4.1;
c) os pilares e elementos lineares de fundação submetidos predominantemente à compressão, que atendam
simultaneamente, na combinação mais desfavorável das ações em estado-limite último, calculada a seção
em Estádio I, às condições seguintes:
- em nenhum ponto deve ser ultrapassada a tensão fctk ;
- VSd ≤ Vc , sendo Vc definido em 17.4.2.2.
Segundo os itens 17.4.1.1.3 e 17.4.1.1.4 da NBR 6118, a armadura transversal (Asw) pode ser
constituída por estribos, combinados ou não com barras dobradas ou barras verticais soldadas. Os estribos
devem envolver a armadura longitudinal e serem fechados na região de apoio das diagonais comprimidas.
Quando forem utilizadas barras dobradas ou barras verticais soldadas, estas não podem resistir mais do que
60 % da força cortante total resistida pela armadura. As barras soldadas devem ser ancoradas conforme o
item 9.4.6.2 da norma, e quando combinadas com estribos em proporção menor que 60 %, os elementos
longitudinais soldados devem obrigatoriamente constituir a totalidade da armadura longitudinal de tração.
No item 18.3.3.1 consta que os estribos podem ser combinados também com telas soldadas, além das
barras dobradas.
A combinação de estribos e barras dobradas em vigas era muito comum no Brasil até cerca de 40
anos atrás, mas deixou de ser aplicada porque a armadura consistida apenas por estribos é mais simples e
econômica. SÜSSEKIND[31] apresenta razões que justificam a não aplicação de barras dobradas, também
chamadas cavaletes. No item 18.3.3.3 a NBR 6118 apresenta prescrições no caso de uso de barras
dobradas. Barras verticais soldadas também não são usuais na prática brasileira.
No item 18.3.3.2 a NBR 6118 acrescenta que “Os estribos para forças cortantes devem ser
fechados através de um ramo horizontal, envolvendo as barras da armadura longitudinal de tração, e
ancorados na face oposta. Quando essa face também puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo
horizontal nessa região, ou complementado por meio de barra adicional.”
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 28
- “quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode ser superior a 12 mm”;
- para “estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para 4,2
mm, desde que sejam tomadas precauções contra a corrosão dessa armadura.”
A fim de evitar que uma fissura não seja interceptada por pelo menos um estribo, os estribos não
devem ter um espaçamento maior que um valor máximo, estabelecido conforme as seguintes condições
(NBR 6118, 18.3.3.2):
O espaçamento transversal (st,máx) serve para definir qual o número de ramos verticais deve ser
especificado para os estribos, principalmente no caso de estribos de vigas largas.
Nas vigas correntes das construções, com larguras geralmente até 30 cm, o estribo mais comum de
ser aplicado é o de dois ramos verticais, que é simples de ser feito e amarrado com as barras longitudinais
de flexão. Porém, em vigas largas, como vigas de equilíbrio em fundações de edifícios, vigas de pontes,
vigas com grandes vãos, etc., se a distância entre os ramos verticais do estribo supera o espaçamento
máximo permitido, a solução é aumentar o número de ramos, geralmente fazendo ramos pares, pois assim
os estribos podem ser idênticos. O maior número de ramos é obtido pela sobreposição dos estribos na
mesma seção transversal, como mostrado na Figura 5.21 para quatro ramos.
Vigas largas, com larguras maiores que aproximadamente 40 cm, devem ter estribos com mais de
dois ramos verticais, sendo muito comum o uso de estribos com quatro ramos, que oferece a vantagem de
ser montado sobrepondo-se dois estribos idênticos de dois ramos. No caso do estribo com três ramos é
colocada uma barra adicional no espaço entre os ramos de um estribo convencional com dois ramos
(Figura 5.24).
“As emendas por traspasse são permitidas apenas quando os estribos forem constituídos por telas
ou por barras de alta aderência.” (NBR 6118, item 18.3.3.2).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 29
“A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras
longitudinais soldadas.” (NBR 6118, item 9.4.6).
Os ganchos dos estribos, conforme a NBR 6118 (item 9.4.6.1), podem ser (ver Figura 5.25):
“a) semicirculares ou em ângulo de 45 (interno), com ponta reta de comprimento igual a
5 t , porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 t , porém não inferior a 7 cm (este
tipo de gancho não pode ser utilizado para barras e fios lisos).”
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao valor apresentado na
Tabela 5.2.
Tabela 5.2 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos (Tabela 9.2 da NBR 6118).
Tipo de aço
Bitola (mm)
CA-25 CA-50 CA-60
10 3 t 3 t 3 t
10 < < 20 4 t 5 t -
20 5 t 8 t -
No item 9.4.6.2 a NBR 6118 prescreve como deve ser a ancoragem de estribos por meio de barras
transversais soldadas, e em 9.4.7 a ancoragem por meio de dispositivos mecânicos.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 30
10
t 7 cm
5
t 5 cm
D D
t t
45°
5
t 5 cm
t
Com base na formulação contida na NBR 6118 e deduzida nos itens precedentes, desenvolvem-se
a seguir equações um pouco mais simples com o objetivo de automatizar o dimensionamento das
armaduras transversais para as vigas de Concreto Armado, submetidas à flexão simples. O uso dessas
equações torna o cálculo mais simples e rápido, facilitando o trabalho manual. Na sequência, as equações
teóricas dos Modelos de Cálculo I e II são remanejadas e simplificadas.
O modelo de cálculo I assume a treliça clássica, com o ângulo de inclinação das diagonais
comprimidas = 45.
Para verificar se ocorrerá ou não o esmagamento das bielas de compressão, considera-se a situação
limite VSd VRd 2 , a partir das Eq. 5.13 e Eq. 5.18:
VRd 2 0,27 v 2 f cd b w d
f ck
Com v 2 1 , c = 1,4 e estribo vertical ( = 90), resulta a equação para VRd2 :
250
f
VRd 2 0,027 1 ck f cd b w d Eq. 5.51
250
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 31
f ck
com f cd e fck em MPa e VRd2 em kN.
c
A força cortante correspondente à armadura mínima (VSd,mín) pode ser obtida por meio da
igualdade:
Asw , mín Asw
Eq. 5.52
s s
Asw , Vsw
Eq. 5.53
s 0,9 d f ywd (sen cos )
Asw ,mín
sw , mín b w sen Eq. 5.54
s
Aplicando a Eq. 5.53 e a Eq. 5.54 na Eq. 5.52 e fazendo o ângulo igual a 90 (estribo vertical):
Vsw , mín
sw , mín b w sen90 Eq. 5.55
0,9 d f ywd (sen90 cos 90)
ou ainda,
Vsw , mín sw , mín b w 0,9 d f ywd Eq. 5.56
f ctm 0,3 3 f ck 2
sw , mín 0,2 0,2 Eq. 5.57
f ywk f ywk
a Eq. 5.56 passa a ser escrita em função das resistências características do concreto e do aço:
3
f ck 2 f ywk
Vsw , mín 0,06 b w 0,9 d Eq. 5.58
10 f ywk 1,15
O fator dez no denominador da Eq. 5.58 é para transformar o resultado de MPa para kN/cm2, dado
que fck deve ser aplicado em MPa. Fazendo as simplificações na Eq. 5.58 obtém-se a Eq. 5.59, referente à
resistência da viga correspondente à armadura mínima, em função da resistência característica do concreto:
Fazendo Vc = Vc0 na Eq. 5.14 (VSd = Vc + Vsw) de verificação do Estado-Limite Último (ELU),
tem-se:
VSd , mín Vc0 Vsw , mín
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 32
Substituindo-se as expressões de Vc0 e de Vsw,mín , Eq. 5.20 e Eq. 5.59, respectivamente, resulta:
ou ainda,
VSd , mín 0,0137 b w d 3
f ck 2 Eq. 5.61
A força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a força VSd,mín e:
Asw , Vsw
s 0,9 d f ywd (sen cos )
e, como Vsw VSd Vc , considerando-se também fywd = 435 MPa (aços CA-50 e CA-60),
s = 100 cm e estribo vertical ( = 90), obtém-se:
ou ainda, simplificando-se:
VSd
Asw ,90 2,55 0,023 b w 3 f ck 2 Eq. 5.63
d
Tabela 5.3 – Equações simplificadas segundo o Modelo de Cálculo I para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples).
Processo semelhante ao desenvolvido para o Modelo de Cálculo I pode ser aplicado ao Modelo II
com o intuito de definir equações simplificadoras.
f ck
Com v 2 1 , c = 1,4 e estribo vertical ( = 90), resulta a equação para VRd2 :
250
f
VRd 2 0,054 1 ck f cd b w d sen cos
250 Eq. 5.64
f ck
com f cd e fck em MPa.
c
Na Tabela 5.4 encontram-se apresentadas equações mais simples para VRd2 , em função da
resistência característica do concreto (fck).
A força cortante correspondente à armadura mínima (VSd,mín) pode ser obtida por meio da
igualdade, resultante da Eq. 5.14:
Asw ,
Vsw 0,9 d f ywd cot g cotg sen
s
0,3 3 f ck 2 f ywk
Vsw , mín 0,2 b w sen 0,9 d cot g cotg sen Eq. 5.66
10 . f ywk 1,15
Sendo Vc = Vc1 (item 5.8.2.2) e aplicando a Eq. 5.67 na Eq. 5.65 tem-se a força cortante mínima,
referente à resistência da viga com a armadura mínima, em função da resistência característica do concreto:
A força cortante solicitante de cálculo deve ser comparada com a força VSd,mín e:
Asw , Vsw
s 0,9 d f ywd cot g cotg sen
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 35
e, como Vsw VSd Vc1 (Eq. 5.23, com Vc = Vc1 na flexão simples), considerando-se também fywd = 435
MPa (aços CA-50 e CA-60), s = 100 cm e estribo vertical ( = 90), obtém-se:
VRd 2 VSd
Vc1 Vc0
VRd 2 Vc0
A Tabela 5.4 mostra a Eq. 5.64, Eq. 5.68 e Eq. 5.69, para VSRd2 , VSd,mín e Asw respectivamente, em
função da resistência característica do concreto à compressão (fck), somente para os concretos do Grupo I
de resistência (do concreto C20 ao C50). Entrando com bw e d em cm e VSd e Vc1 em kN, resultam VRd2 e
VSd,mín em kN e Asw em cm2/m.
Nota-se que os coeficientes de segurança c e s , com valores de 1,4 e 1,15, respectivamente, já
estão considerados nas equações constantes da Tabela 5.4. As equações são válidas para os aços CA-50 e
CA-60, e para a solicitação de flexão simples.
Tabela 5.4 – Equações simplificadas segundo Modelo de Cálculo II para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples)
Segundo LEONHARDT e MÖNNIG[9], “A forma da seção transversal tem uma forte influência
sobre o comportamento resistente de vigas de concreto armado, solicitadas à força cortante.”
Investigações experimentais mostraram que, após iniciado o processo de fissuração na viga, ocorre
uma redistribuição dos esforços internos, proporcional à rigidez, principalmente das diagonais de
compressão e do banzo comprimido. No caso de seção retangular, por exemplo, as diagonais de
compressão são rígidas em relação ao banzo comprimido, o qual inclina-se em direção ao apoio, criando o
efeito de arco atirantado na viga, como indicado na Figura 5.7. O banzo comprimido, ao inclinar-se em
direção ao apoio pode até mesmo absorver toda a força transversal, por meio de sua componente vertical,
como indicada na Figura 5.26.
A rigidez das barras da treliça depende das quantidades de armaduras longitudinal e transversal,
mas principalmente das áreas de concreto que formam o banzo comprimido e as diagonais de compressão,
expressa simplificadamente pela relação b/bw , como indicado na Figura 5.26.
Com a diminuição da relação b/bw ocorre um aumento da inclinação da força no banzo comprimido
e uma diminuição da inclinação das diagonais comprimidas (diminuição de ) e, como consequência, os
esforços de tração na alma diminuem progressivamente em comparação àqueles calculados segundo a
treliça clássica.
P
R cc
R cc ~
~V
P b
hf
R cc
R cc ~
~V
Rs R cb
bw
Figura 5.26 – Efeito de arco em viga de seção retangular e seção T com inclinação
do banzo comprimido em direção ao apoio. [9]
Ensaios experimentais com medição da tensão nos estribos mostram que o modelo de treliça
desenvolvido para as vigas é efetivamente válido após uma pequena distância dos apoios, pois se constatou
que os estribos muito próximos aos apoios apresentam tensão menor que os estribos fora deste trecho. Em
função desta característica, na região junto aos apoios, a NBR 6118 (item 17.4.1.2.1) permite uma pequena
redução da força cortante para o dimensionamento da armadura transversal, segundo a prescrição: “no caso
de apoio direto (se a carga e a reação de apoio forem aplicadas em faces opostas do elemento estrutural,
comprimindo-o), valem as seguintes prescrições:
a) no trecho entre o apoio e a seção situada à distância d/2 da face de apoio, a força cortante oriunda de
carga distribuída pode ser considerada constante e igual à desta seção;
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 37
b) a força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância a 2d do eixo teórico do
apoio pode, nesse trecho de comprimento a, ser reduzida, multiplicando-a por a/(2d). Todavia, esta
redução não se aplica às forças cortantes provenientes dos cabos inclinados de protensão.
As reduções indicadas nesta seção não se aplicam à verificação da resistência à compressão
diagonal do concreto. No caso de apoios indiretos, essas reduções também não são permitidas.”
A Figura 5.27 apresenta o caso a) e a Figura 5.28 o caso b). A redução da força cortante junto aos
apoios, como descrita, não é feita na prática por muitos engenheiros estruturais, por questão de
simplicidade e a favor da segurança.
h
d/2
Rd
Vd
Figura 5.27 – Redução da força cortante para viga sob carregamento uniforme.
a < 2d
h
Rd redução em V d
Rd
Vd
Figura 5.28 – Redução da força cortante para viga sob carga concentrada.
A analogia de treliça com as vigas implica na aplicação do carregamento no lado superior da viga,
nos nós do banzo superior da treliça. Quando o carregamento é aplicado no lado inferior da viga, deve ser
prevista uma armadura transversal para transferir o carregamento para a borda superior da viga, sendo
chamada “Armadura de Suspensão”, e que deve ser somada à armadura transversal destinada a resistir às
forças cortantes atuantes.
Vigas invertidas e vigas I com o carregamento aplicado na parte inferior devem ter uma armadura
de suspensão projetada e detalhada.
Os apoios das vigas são geralmente os pilares e outras vigas, com preponderância para os pilares.
Quando o apoio é um pilar o apoio é chamado “direto” e quando é uma outra viga o apoio é chamado
“indireto” (Figura 5.29).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 38
VS2
P4 P5 VS6
VS2
P4 P5
VS6
VS5
VS4
As vigas de Concreto Armado transmitem as cargas aos apoios principalmente por meio de bielas
de compressão, na parte inferior da viga. Por isso, quando uma viga apoia-se sobre outra, há a necessidade
de suspender a carga para a parte superior da viga que serve de apoio à outra (Figura 5.30).
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a zona
comprimida da viga de apoio, o que geralmente é feito por meio de estribos, a chamada armadura de
suspensão.
Viga apoiada
o
oi
ap
de
ga
Vi
Estribo
Vd
Viga apoiada
Viga de apoio
Figura 5.30 – Transmissão do carregamento de uma viga para outra que lhe serve de apoio.
Segundo a NBR 6118 (item 18.3.6), “Nas proximidades de cargas concentradas transmitidas à
viga por outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiam ao longo ou em parte de sua altura, ou
fiquem nela pendurados, deve ser colocada armadura de suspensão”.
Em função de diferenças entre as alturas e o nível das duas vigas os seguintes casos podem ocorrer:
A Figura 5.31 mostra duas vigas com alturas iguais e as faces inferiores no mesmo nível. Neste
caso, a área de armadura de suspensão é calculada pela equação:
Vd
A s,susp Eq. 5.70
f yd
onde Vd é a força de cálculo aplicada pela viga apoiada naquela que lhe serve de apoio, e f yd é a resistência
de cálculo de início de escoamento do aço.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 39
o
oi
ap
de
ga
Viga apoiada Vi
Estribo
Vd
A armadura de suspensão As,susp deve ficar distribuída na região próxima ao encontro das duas
vigas, conforme as distâncias indicadas na Figura 5.32. A armadura de suspensão deve ser distribuída na
viga que serve de apoio, ou pode-se considerar colocar 30 % de As,susp na viga apoiada e o restante 70 % na
viga que serve de apoio.
viga de apoio < hapoio
b w,apoio
ha /2 A s,susp
viga apoiada
b w,a
Figura 5.32 – Região de distribuição da armadura de suspensão nas duas vigas, com
hapoio = altura da viga de apoio, ha = altura da viga apoiada.
A Figura 5.33 mostra duas vigas com alturas diferentes e a face da viga que se apoia está acima da
face inferior da viga que serve de apoio. A armadura de suspensão é função das alturas das duas vigas,
sendo dada por:
h a Vd
As,susp Eq. 5.71
h apoio f yd
Vd
Viga apoiada
Viga de apoio
Figura 5.33 - Face inferior da viga apoiada acima da face inferior da viga de apoio.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 40
A Figura 5.34 mostra o caso de viga com face inferior apoiada abaixo da face inferior da viga de
apoio. Esse tipo de arranjo entre as duas vigas deve ser evitado tanto quanto possível nas estruturas de
Concreto Armado.
A força que a viga apoiada aplica sobre a viga de apoio deve ser transferida para a parte superior
da viga de apoio, por meio da armadura de suspensão:
Vd
A s,susp Eq. 5.72
f yd
Estribo
Viga de apoio
Vd
Viga apoiada
Figura 5.34 – Viga apoiada com a face inferior abaixo da face inferior da viga de apoio.
Essa armadura de suspensão pode ser colocada na forma de estribos, que devem estar distribuídos
com pequeno espaçamento dentro da largura da viga que serve de apoio (Figura 5.35).
~ h apoio
Na viga que serve de apoio deve ser colocada uma armadura transversal para reforçar a região que
recebe a força da viga apoiada pendurada, com área de armadura:
Vd
A s,susp Eq. 5.73
2f yd
A Figura 5.36 mostra uma viga biapoiada sob flexão simples, para a qual deve-se calcular e
detalhar a armadura transversal, composta por estribos verticais.
São conhecidos:
concreto C20 ; aço CA-50 c = f = 1,4
s = 1,15 d = 46 cm c = 2,0 cm
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 41
40 kN/m
50 cm
5,0 m
12
100
Vk (kN)
100
Por simplicidade e a favor da segurança a força cortante solicitante no apoio não será reduzida,
conforme permitido pela NBR 6118 e apresentado no item 5.13, de tal forma que:
O Modelo de Cálculo I supõe a treliça clássica de Ritter-Mörsch, onde o ângulo (inclinação das
diagonais comprimidas) é fixo e igual a 45.
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se ter (Eq.
5.13):
VSd VRd2
f
VRd 2 0,27 1 ck f cd b w d , com fck em MPa
250
20 2,0
VRd 2 0,27 1 12 . 46 195,9 kN
250 1,4
A verificação demonstra que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão e pode-se
assim dimensionar a armadura transversal para a viga. Caso resultasse V Sd > VRd2 a viga teria que passar
por alguma modificação, de modo a tornar VSd menor que VRd2 . Geralmente, na prática, as dimensões pré-
determinadas para as vigas resultam valores VRd2 maiores que VSd . Caso isso não ocorra e assumindo que
VSd não possa ser diminuída, a solução do problema é aumentar VRd2 , o que pode ser obtido aumentando-
se as dimensões da seção transversal (bw e h) ou a resistência do concreto. Geralmente, todos os elementos
de um pavimento da edificação recebem o mesmo tipo de concreto, de modo que alterar a resistência do
concreto não é indicado. A largura da viga normalmente depende da largura da parede na qual a viga está
embutida, não podendo por isso ser alterada livremente. Portanto, a solução mais utilizada é o aumento da
altura da viga, devendo, porém, verificar se o projeto arquitetônico permite altura maior para a viga.
Por outro lado, como as dimensões especificadas para a seção transversal das vigas são
determinadas em função dos momentos fletores, das flechas e da estabilidade global no caso
principalmente em edifícios altos, geralmente os valores de VRd2 são maiores que a força cortante
solicitante (VSd).
Para efeito de comparação com a armadura calculada, primeiramente será determinada a armadura
mínima (Eq. 5.46) para estribo vertical ( = 90) e aço CA-50:
20 f ct, m
Asw , mín bw , (cm2/m)
f ywk
A resistência média do concreto à tração direta, conforme o item 8.2.5 da NBR 6118, é:
20 . 0,221
Asw , mín . 12 1,06 cm2/m
50
Para calcular a armadura transversal devem ser determinadas as parcelas da força cortante que
serão absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo
que (Eq. 5.14):
VSd Vc Vsw
0,7 . 0,3 3 2
f ctd 20 1,11 MPa = 0,111 kN/cm2
1,4
Portanto:
que é a parcela da força cortante solicitante a ser resistida pelos estribos. Se esta força resultar negativa,
significa que os mecanismos complementares aos de treliça são suficientes para proporcionar resistência à
força cortante solicitante, e deve ser colocada somente a armadura mínima transversal prescrita pela norma.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 43
e para 1 m de comprimento da viga: Asw,90 = 5,73 cm2/m > Asw,mín = 1,06 cm2/m
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas deve-se ter (Eq.
5.13): VSd VRd2
20 2,0
VRd 2 0,54 1 12 . 46 . sen2 30 cot g 90 cot g 30 169,6 kN
250 1,4
A verificação demonstra que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios da viga.
Para calcular a armadura deve-se determinar as parcelas da força cortante solicitante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que
(Eq. 5.14):
VSd Vc Vsw
Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. Devem também ser calculados (Eq. 5.20):
Nota-se que a parcela Vc0 é igual à determinada no Modelo de Cálculo I, ou seja, Vc0 não depende
do modelo de cálculo utilizado.
O esquema gráfico mostrado na Figura 5.37 apresenta a relação inversa entre a força Vc1 e a
solicitação de cálculo VSd , explicitando que, quanto maior o grau de solicitação, menor será a contribuição
proporcionada pelos mecanismos complementares ao de treliça na resistência à força cortante. Como V Sd é
maior que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser calculada pela Eq. 5.34, ilustrada no gráfico da Figura 5.37.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 44
Vc1 (kN)
Vc0 = 36,6
VRd2 = 169,6
Vc1 = 8,2
A Eq. 5.35 foi definida para o cálculo da armadura transversal. Fazendo estribo vertical ( = 90°):
Asw , Vsw
s 0,9 d f ywd cot g cotg sen
A sw ,90 131,8
0,0423 cm2/cm
s 0,9 . 46 .
50
cot g 90 cotg 30 sen 90
1,15
e para 1 m de comprimento da viga: Asw,90 = 4,23 cm2/m > Asw,mín = 1,06 cm2/m
Da Tabela 5.3, para concreto C20, determina-se a força cortante última ou máxima que a viga pode
resistir:
VRd 2 0,35 b w d 0,35 . 12 . 46 193,2 kN
VSd 140,0 VRd 2 193,2 kN ok! não ocorrerá esmagamento das bielas de concreto.
Da Tabela 5.3, para concreto C20, a equação para determinar a força cortante correspondente à
armadura mínima é:
VSd 140,0 VSd , mín 55,8 kN portanto, deve-se calcular a armadura transversal, pois
será maior que Asw,mín
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 45
VSd 140,0
Asw 2,55 0,17 b w 2,55 0,17 . 12 5,72 cm2/m
d 46
Observe que ocorre grande semelhança nos valores obtidos para a armadura transversal calculada
segundo as duas formulações: equações teóricas (Asw = 5,73 cm2/m), equações simplificadas (Asw = 5,72
cm2/m).
VSd 140 ,0 VRd 2 169 ,7 kN ok! não ocorrerá esmagamento das bielas de concreto.
Antes de calcular a armadura deve-se verificar se não vai resultar armadura mínima. Para isso
determina-se a força cortante mínima (VSd,mín). Da Tabela 5.4 tem-se:
Antes é necessário determinar as parcelas Vc0 e Vc1 . Dos cálculos já efetuados foi definido que Vc0
= 36,6 kN, valor a ser utilizado, porque Vc0 não depende do modelo de cálculo escolhido.
Como VSd = 140,0 kN > Vc0 = 36,6 kN, a força Vc1 deve ser determinada pela Eq. 5.34 (visualizada
no gráfico da Figura 5.38):
Assim, VSd,mín é:
VSd , mín 0,035 b w d cot g Vc1 0,035 . 12 . 46 . cot g 30o 8,2 41,7 kN
VSd 140,0 VSd , mín 41,7 kN portanto, deve-se calcular a armadura transversal, que
será maior que Asw,mín
Vc1 (kN)
Vc0 = 36,6
VRd2 = 169,6
Vc1 = 8,2
Asw 2,55 tg
VSd Vc1 2,55 tg 30 140,0 8,2 4,22 cm2/m > A = 1,06 cm2/m
sw,mín
d 46
Na Tabela 5.5 são apresentados os resultados obtidos para os cálculos efetuados segundo a norma
NB1/78[27] com o anexo da NB 116, e os Modelos de Cálculo I e II da NBR 6118/14, com ângulo de 30,
40 e 45 para o Modelo II.
Observa-se que para o ângulo de 45 a NB1/78 era mais conservadora que o Modelo de Cálculo I
da NBR 6118/14. No caso do Modelo de Cálculo II da norma atual e ângulo de 45, a armadura é
superior à dos outros dois processos (NB1/78 e Modelo de Cálculo I). Aliás, resultou no maior valor de
armadura dentre todos os calculados.
No caso de um ângulo como 30, a armadura resulta menor se comparada às armaduras dos
Modelos I e II com de 45, porque as diagonais mais inclinadas aliviam os montantes tracionados da
treliça. A armadura com de 30 resultou a menor dentre todas as calculadas, sendo a mais econômica.
Se por alguma razão se desejar uma armadura transversal mais conservadora, poderá então ser
adotado o Modelo de Cálculo I, que conduz a uma armadura transversal maior que para ângulos menores,
sem, porém, valores exagerados.
Uma outra informação útil é que a armadura transversal resultante do Modelo de Cálculo I é
semelhante ou muito próxima daquela calculada com o Modelo de Cálculo II quando é adotado igual a
39.
Para efeito de detalhamento, na Figura 5.39 os estribos verticais são mostrados conforme definidos
pelo Modelo de Cálculo II, com ângulo de 30.
A escolha do diâmetro e do espaçamento dos estribos pode ser feita de duas maneiras muito
simples: por meio de cálculo ou com o auxílio de uma tabela de área de armadura por metro linear
(cm2/m). Na sequência são apresentados os dois modos.
Para a armadura calculada segundo o Modelo de Cálculo II, de 4,23 cm2/m nos apoios,
considerando estribo vertical com diâmetro de 5 mm (1 5 mm 0,20 cm2) composto por dois ramos
verticais (2 5 mm 0,40 cm2), tem-se:
Asw 0,40
0,0423 cm2/cm 0,0423 s = 9,5 cm 13,8 cm ok!
s s
Portanto, estribo com dois ramos 5 mm c/9 cm, ou c/9,5 cm. Para a escolha do diâmetro e do
espaçamento dos estribos com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se
determinar a área de apenas um ramo do estribo. Portanto, para a área de armadura de 4,23 cm2/m e estribo
com dois ramos verticais:
4,23
Asw ,1ramo 2,12 cm2/m
2
Como o espaçamento máximo é 13,8 cm, não se pode adotar 6,3 mm c/15 cm, sendo escolhido
então estribo 5 mm c/9,5 cm, ou c/9 cm (ver detalhamento na Figura 5.39).
Para a armadura mínima de 1,06 cm2/m, considerando o mesmo estribo, tem-se:
Asw 0,40
0,0106 cm2/cm 0,0106 s = 37,7 cm 13,8 cm
s s
Fazendo com o auxílio da Tabela A-1, considerando-se a área de um ramo apenas do estribo:
1,06
Asw ,1ramo 0,53 cm2/m
2
na Tabela A-1 verifica-se que o espaçamento para 5 mm resulta superior a 33 cm.14 Como o espaçamento
máximo é de 13,8 cm, deve ser feito 5 c/13 cm, o que na Tabela A-1 resulta 1,54 cm2/m, área de
armadura imposta pelo espaçamento máximo e superior à armadura mínima.
O desenho da viga deve ser feito em escala 1:50 e o detalhe do estribo normalmente é feito nas
escalas de 1:20 ou 1:25 (Figura 5.39).
Para a distribuição dos estribos ao longo do vão livre da viga é necessário desenhar o diagrama de
forças cortantes de cálculo e posicionar a força cortante mínima (V Sd,mín). Geralmente, os vãos das vigas
podem ter os estribos distribuídos segundo três trechos diferentes, os dois próximos aos apoios e o do
centro, delimitado pela força VSd,mín , que recebe a armadura transversal mínima. Dividir o vão livre em
mais de três trechos só deve ser feito quando houver justificativas.
A armadura calculada para os cortantes nos apoios deve se estender até a posição da força V Sd,mín ,
e após esses trechos é colocada a armadura mínima.
Os diâmetros mais comuns para o estribo geralmente são o 5 mm e o 6,3 mm, ocorrendo também o
8 mm e o 10 mm em vigas com altos esforços cortantes. Nas vigas de construções de pequeno porte, como
casas, sobrados, barracões, etc., é comum o estribo com diâmetro de 4,2 mm, embora a NBR 6118 exija o
diâmetro mínimo de 5 mm.
O espaçamento dos estribos não deve ser inferior a 6-7 cm para não dificultar a penetração do
concreto lançado na viga. Espaçamentos superiores a 8 cm devem ter preferência. Os espaçamentos são
adotados geralmente valores inteiros em cm, e ocasionalmente valores múltiplos de 0,5 cm.
14
A NBR 6118 limita o espaçamento entre barras em 33 cm.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 48
46
20 480 cm 20
250 250
N1 - 48 Ø 5 C=118 cm
VSd (kN)
140,0
O estribo deve ter uma numeração, como o N1 da Figura 5.39. A viga é simétrica e por isso a
distribuição dos estribos é igual nas proximidades dos dois apoios. A armadura determinada para a força
cortante máxima no apoio pode ser distribuída desde a face do apoio até a posição da força cortante
mínima (VSd,mín), de maneira aproximada. Considerando estribos 5 c/9 cm, o comprimento de 162 cm foi
determinado fazendo: (176 – 10)/9 = 18,4 cm. Portanto, aproximando para o inteiro mais próximo, são 18
estribos, e para o espaçamento de 9 cm resulta: 18 . 9 = 162 cm. Essa distância (162 cm), somada a 10 cm
até o eixo do pilar, representa 172 cm, que quase “cobre” a distância de 176 cm até a força VSd,mín . Não é
estritamente necessário, mas se desejar, podem ser colocados 19 estribos ao invés de 18, e então: 19 . 9 =
171 cm e 171 + 10 = 181 cm, que cobre totalmente a distância de 176 cm.
O número de estribos no trecho central do vão é calculado fazendo o comprimento do trecho (480
– 162 –162 = 156 cm) dividido pelo espaçamento dos estribos: 156 13,5 = 11,6 12 estribos.
As dimensões do estribo são determinadas fazendo a largura e a altura da viga menos duas vezes o
cobrimento da armadura:
Largura = 12 – (2 . 2,0) = 8 cm
Altura = 50 – (2 . 2,0 ) = 46 cm
Os estribos devem ter obrigatoriamente ganchos nas pontas, com comprimento de no mínimo 5 t
5 cm quando o gancho direcionar a ponta do estribo para o concreto da parte interna da viga. Para estribo
com diâmetro de 5 mm o gancho deve ter o comprimento mínimo de 5 cm, em cada ponta do estribo.
Portanto, o comprimento do estribo é calculado como:
C = 2 (8 + 46 + 5) = 118 cm
Calcular e detalhar a armadura transversal composta por estribos verticais para as forças cortantes
máximas da viga esquematizada na Figura 5.40. São conhecidos: C25, CA-50, s = 1,15, c = 2,5 cm,
c = f = 1,4, d = 80 cm. A altura da viga transversal é de 60 cm, responsável pela força de 150 kN.
Como as forças cortantes atuantes na viga são diferentes nos apoios A e B, serão dimensionadas
duas armaduras transversais diferentes, uma para cada apoio. As forças cortantes de cálculo, não
considerando a redução de força permitida pela NBR 6118, são:
viga transversal
25
85
387,5 287,5
25 25
675 cm
29 kN/m 150 kN
C
A B
400 300
700 cm
Sendo a viga de seção retangular o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas diminui e se
aproxima de 30 (ver item 5.12) e, neste caso, ao menos teoricamente, o cálculo da armadura pelo Modelo
de Cálculo II com ângulo de 30 ou próximo é o mais indicado. Se preferir um dimensionamento mais
conservador, pode-se adotar o Modelo de Cálculo I, que tem fixo em 45, e que resulta uma armadura
transversal superior à do Modelo II com de 30.
O ângulo de inclinação dos estribos será adotado igual a 90, isto é, estribos verticais. Barras
dobradas não serão utilizadas.
Para exemplificação do formulário, todos os cálculos serão feitos segundo as equações teóricas
derivadas da NBR 6118 e também segundo as equações simplificadas definidas no item 5.11.
O Modelo de Cálculo I supõe a treliça clássica, com o ângulo (inclinação das diagonais
comprimidas) fixo em 45.
Para não ocorrer o esmagamento do concreto que compõe as bielas comprimidas (diagonais
inclinadas na treliça clássica) deve-se ter: VSd VRd2
A equação que define VRd2 (Eq. 5.19) é:
f
VRd 2 0,27 1 ck f cd b w d , (fck em MPa)
250
25 2,5
VRd 2 0,27 1 25 . 80 867 ,9 kN
250 1,4
A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios, e neste caso a armadura transversal pode ser calculada.
Primeiramente será calculada a armadura mínima (Asw,mín) para estribo vertical ( = 90) e aço CA-
50, (Eq. 5.46):
20 f ct, m
Asw , mín bw , (cm2/m)
f ywk
20 . 0,256
Asw , mín . 25 2,56 cm2/m
50
Para calcular a armadura necessária deve ser determinada a parcela da força cortante que será
absorvida pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc), e a parcela a ser resistida pela armadura
transversal (Vsw), de tal modo que VSd Vc Vsw . Na flexão simples, a parcela Vc é determinada pela Eq.
5.20:
Vc Vc0 0,6 f ctd b w d
0,7 . 0,3 3 2
f ctd 25 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4
Vsw = VSd – Vc
Asw,90 = 2,49 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
Asw,90 = 3,45 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)
A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.
Primeiramente deve-se verificar se a força cortante solicitante resultará maior ou menor que a força
cortante mínima. Na Tabela 5.3 encontra-se a equação para a força cortante mínima, correspondente à
armadura mínima:
VSd , mín 0,117 b w d 0,117 . 25 . 80 234,0 kN
Somente para efeito de comprovação, e aplicando VSd = 232,1 kN, verifica-se que a armadura
resulta menor que a mínima. Na Tabela 5.3 encontra-se a equação para cálculo da armadura:
VSd 232,1
Asw ,90 2,55 0,20 b w 2,55 0,20 . 25 2,40 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m
d 80
VSd 262,1
Asw ,90 2,55 0,20 b w 2,55 0,20 . 25 3,35 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m
d 80
f
VRd 2 0,54 1 ck f cd b w d sen2 cot g cot g , com fck em MPa
250
25 2,5
VRd 2 0,54 1 25 . 80 . sen2 30 cot g 90 cot g 30 751,6 kN
250 1,4
A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.
Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante solicitante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares ao de treliça (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:
VSd Vc Vsw
Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. Devem também ser calculados (Eq. 5.20):
0,7 . 0,3 3 2
f ctd 25 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4
Como em ambos os apoios a força cortante solicitante (VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN) é
maior que Vc0 (153,9 kN), a força Vc1 deve ser determinada pela Eq. 5.34 (ver Figura 5.41 e Figura 5.42):
Vc1 (kN)
Vc0 = 153,9
Vc1 = 133,8
VRd2 = 751,6
Vc0 = 153,9
Vc1 = 126,0
VRd2 = 751,6
Asw , Vsw
s 0,9 d f ywd cot g cotg sen
A sw ,90 98,3
0,0181 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90 cotg 30 sen 90
1,15
Asw,90 = 1,81 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
E no apoio B:
A sw ,90 136 ,1
0,0251 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90 cotg 30 sen 90
1,15
Asw,90 = 2,51 cm2/m < Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
f
VRd 2 0,54 1 ck f cd b w d sen2 cot g cot g , com fck em MPa
250
25 2,5
VRd 2 0,54 1 25 . 80 . sen2 45 cot g 90 cot g 45 867,9 kN
250 1,4
A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.
Para calcular a armadura deve ser determinada a parcela de força cortante Vc , que é proporcionada
pelos mecanismos complementares ao de treliça, e a parcela Vsw a ser resistida pela armadura transversal:
VSd Vc Vsw
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 54
Como em ambos os apoios a força cortante solicitante (VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN) é
maior que Vc0 (153,9 kN), a força Vc1 deve ser determinada pela Eq. 5.34 (ver Figura 5.43 e Figura 5.44):
Vc0 = 153,9
Vc1 = 137,0
VRd2 = 867,9
Vc1 (kN)
Vc0 = 153,9
Vc1 = 130,6
VRd2 = 867,9
Armadura transversal:
Asw , Vsw
s 0,9 d f ywd cot g cotg sen
A sw ,90 95,1
0,0304 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90 cotg 45 sen 90
1,15
e para 1 m de comprimento da viga:
Asw,90 = 3,04 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)
E no apoio B:
A sw ,90 131,5
0,0420 cm2/cm
s 0,9 . 80 .
50
cot g 90 cotg 45 sen 90
1,15
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 55
Asw,90 = 4,20 cm2/m > Asw,mín = 2,56 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)
A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.
Primeiramente deve-se verificar se a força cortante solicitante resultará em uma armadura maior ou
menor que a armadura mínima. Na Tabela 5.4 encontra-se a equação para a força cortante mínima:
Como as forças cortantes solicitantes VSd são maiores que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser calculada
(Eq. 5.47). Os valores de Vc0 = 153,9 kN, VRd2 = 751,7 kN, VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN já são
conhecidos e:
V VSd 751,7 232,1
Apoio A Vc, A Vc1, A Vc0 Rd 2 153,9 133,8 kN
VRd 2 Vc0 751,7 153,9
VSd,A = 232,1 kN < VSd,mín,A = 272,4 kN (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
VSd,B = 262,1 kN < VSd,mín,B = 264,6 kN (portanto, deve-se dispor a armadura mínima)
As armaduras serão calculadas apenas para efeito de exemplificação, pois já se sabe que são
menores que a mínima. Conforme a Tabela 5.4, a equação para cálculo da armadura é:
Asw 2,55 tg
VSd Vc1
d
No apoio A:
Asw , A 2,55 tg 30
232,1 133,8 1,81 cm2/m < A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 56
No apoio B:
Asw , B 2,55 tg 30
262,1 126,0 2,50 cm2/m < A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
A verificação implica que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão em ambos os
apoios.
Primeiramente deve ser verificado se a força cortante solicitante resultará em uma armadura maior
ou menor que a armadura mínima. Na Tabela 5.4 encontra-se a equação para a força cortante mínima:
Como as forças cortantes solicitantes VSd são maiores que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser calculada
(Eq. 5.47). Os valores de Vc0 = 153,9 kN, VRd2 = 868,0 kN, VSd,A = 232,1 kN e VSd,B = 262,1 kN já são
conhecidos e:
V VSd 868,0 232,1
Apoio A Vc, A Vc1, A Vc0 Rd 2 153,9 137,0 kN
VRd 2 Vc0 868,0 153,9
Asw 2,55 tg
VSd Vc1
d
No apoio A:
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 57
Asw , A 2,55 tg 45
232,1 137,0 3,03 cm2/m > A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
No apoio B:
Asw , B 2,55 tg 45
262,1 130,6 4,19 cm2/m > A = 2,56 cm2/m
sw,mín
80
Na Tabela 5.6 são apresentados os resultados obtidos para os cálculos efetuados conforme os
Modelos de Cálculo I e II, com o ângulo assumindo valores de 30 e 45 para o Modelo de Cálculo II.
Os resultados permitem descrever que as equações simplificadas conduzem a valores muito
próximos daqueles obtidos com as equações teóricas.
Como esperado, com ângulo de 30o do Modelo II as armaduras de 1,81 cm2/m no apoio A e 2,51
cm /m no apoio B resultaram menores que as armaduras proporcionadas pelo Modelo I (2,49 cm2/m e 3,45
2
cm2/m respectivamente).
Concordando com o Exemplo 1, as armaduras do Modelo II com de 45o (3,04 e 4,20 cm2/m)
resultaram maiores que as armaduras do Modelo I (2,49 e 3,45 cm2/m), onde é também 45o.
Portanto, neste caso de seção retangular, a armadura mais econômica é a proporcionada pelo
Modelo II com ângulo de 30o, e a mais conservadora é aquela do mesmo modelo com de 45o. A
armadura do Modelo I representa um situação intermediária.
Dentre os vários valores de armadura transversal calculados, para fins de detalhamento serão
aplicados os valores determinados segundo o Modelo I, de 2,49 cm2/m no apoio A e 3,45 cm2/m no apoio
B (ver Figura 5.45).
Apoio A:
VSd,A = 232,1 < 581,5 kN s = 0,6 d 30 cm
0,6 d = 0,6 . 80 = 48 cm portanto, s 30 cm
Apoio B:
VSd,B = 262,1 < 581,5 kN s = 0,6 d 30 cm
portanto, s 30 cm
A título de exemplo serão feitos os cálculos com diâmetros de 5 mm e de 6,3 mm, sem e com
auxílio de tabela de área de armadura em cm2/m.
d1) considerando estribo com diâmetro de 5 mm (1 5 mm 0,20 cm2), composto por dois ramos
verticais (2 5 mm 0,40 cm2), tem-se para o apoio A:
Asw 0,40
0,0256 cm2/cm 0,0256 s = 15,6 cm 30 cm ok!
s s
Asw 0,40
0,0345 cm2/cm 0,0345 s = 11,6 cm 30 cm ok!
s s
Com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a área de
apenas um ramo vertical do estribo:
Apoio A (armadura mínima):
2,56
Asw ,1ramo 1,28 cm2/m Tabela A-1 5 mm c/16 cm (1,25 cm2/m)
2
Apoio B:
3,45
Asw ,1ramo 1,73 cm2/m Tabela A-1 5 mm c/11 cm (1,82 cm2/m)
2
d2) considerando estribo com diâmetro de 6,3 mm (1 6,3 mm 0,31 cm2), composto por dois ramos
verticais (2 6,3 mm 0,62 cm2), tem-se para o apoio A:
Asw 0,62
0,0256 cm2/cm 0,0256 s = 24,2 cm 30 cm ok!
s s
Para o apoio B:
Asw 0,62
0,0345 cm2/cm 0,0345 s = 18,0 cm 30 cm ok!
s s
Com o auxílio da Tabela A-1 (ver a tabela anexa no final do texto) deve-se determinar a área de
apenas um ramo vertical do estribo:
Apoio A (armadura mínima):
2,56
Asw ,1ramo 1,28 cm2/m Tabela A-1 6,3 mm c/24 cm (1,31 cm2/m)
2
Apoio B:
3,45
Asw ,1ramo 1,73 cm2/m Tabela A-1 6,3 mm c/18 cm (1,75 cm2/m)
2
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 59
O detalhamento mostrado na Figura 5.45 está feito com o diâmetro de 6,3 mm para o estribo.
Poderia ser utilizado o diâmetro de 5 mm também, sem qualquer inconveniente. O desenho da viga deve
ser feito em escala 1:50 e o detalhe do estribo normalmente é feito nas escalas de 1:20 ou 1:25.
Nos trechos correspondentes à armadura transversal mínima, os estribos foram espaçados em 20
cm ao invés dos 24 cm calculados, porque é comum entre os engenheiros estruturais limitar o espaçamento
dos estribos em 20 cm. No entanto, fica a critério do engenheiro seguir esta recomendação ou obedecer os
limites prescritos pela NBR 6118.
No apoio B os estribos devem ficar espaçados em 18 cm na distância de 69,2 cm do apoio (centro
do pilar neste caso), ou seja, até a posição do VSd,mín , e a partir desta força o espaçamento pode ser
correspondente à armadura mínima. A favor da segurança os estribos foram dispostos num trecho maior,
de 90 cm a partir da face do pilar.
Na região da força concentrada de 150 kN (ver Figura 5.40) devida à viga transversal, deve ser
colocada armadura de suspensão (ver Figura 5.30), conforme prevista pela NBR 6118. Como a viga
apoiada tem a face inferior acima da face inferior da viga de apoio, deve ser aplicada a Eq. 5.71:
ha Vd 60 1,4 . 150
As,susp 3,41 cm2
h apoio f yd 85 50
1,15
100
3,41 5,68 cm2/m
60
Para o diâmetro de 6,3 mm (área de 1 de 0,31 cm2) e estribo com dois ramos tem-se:
0,62
0,0824 s = 7,5 cm
s
portanto, pode-se colocar 8 estribos (60/7,5 = 8) distribuídos na distância de 60 cm, espaçados de 7,5 cm,
como indicado na Figura 5.45.
15
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
16
BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p. Disponível em (24/08/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
17
O espaçamento mínimo geralmente adotado para os estribos é de 7 ou 8 cm. Dependendo principalmente da largura da peça e do
abatimento (fluidez) do concreto, um espaçamento um pouco menor pode ser estudado.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 60
N1 - 8c/7,5 20
N1 - 18 c/20 N1 - 8 c/20 N1 - 5 c/18
357,5 60 167,5 90
80
A viga transversal B
25 387,5 287,5 25
N1 - 39 Ø 6,3 C=210 cm
700 cm
230,8 69,2
232,1
69,7
VSd (kN)
140,3
262,1
VSd,mín = 234,0
Figura 5.45 - Detalhamento dos estribos ao longo do vão livre da viga (medidas em cm).
Neste exemplo serão dimensionadas as armaduras transversais das vigas principais de uma ponte
rodoviária, conforme indicadas na Figura 5.46 e apresentadas no exemplo de PFEIL[33].
As duas vigas principais, em conjunto com as vigas transversinas, compõem o sistema de
vigamento que proporciona a sustentação da ponte. As vigas principais estendem-se ao longo de todo o
comprimento da ponte, sendo composta por quatro apoios e cinco vãos, com os dois vãos extremos em
balanço.
A altura das vigas é constante com 225 cm e a largura é variável em alguns trechos. Na seção de
apoio do pilar 1 a largura é de 80 cm e no pilar 2 é de 100 cm; as seções nos vãos tem largura de 40 cm
(Figura 5.46b e Figura 5.46c).
RESOLUÇÃO
As lajes que formam o tabuleiro da ponte apoiam-se nas faces superiores das vigas, em toda a
extensão, inclusive nas seções próximas aos apoios (pilares), onde ocorrem as maiores forças cortantes.
Nas seções próximas aos apoios e que estão submetidas a momentos fletores negativos, a mesa superior é
tracionada, e o banzo comprimido, inferior, não tem contribuição de lajes, sendo retangular.
Para seções retangulares, LEONHARDT e MÖNNIG[9] indicam que o ângulo de inclinação das
diagonais comprimidas aproxima-se de 30, o que resulta em uma diminuição da armadura transversal em
relação ao ângulo de 45. No caso de grandes estruturas, como pontes, ocorrem outras tensões adicionais,
não consideradas no cálculo, de modo que as armaduras transversais exercem também funções secundárias,
sendo por isso recomendado adotar 45 para , a favor da segurança.
Os cálculos de dimensionamento para as diversas seções transversais encontram-se organizados na
Tabela 5.7. A título de comparação os cálculos são efetuados conforme a versão atual da NBR 6118 e a
versão de 1978 (NB 1[27]), considerado também o anexo da NB 116/89. Na sequência são também
apresentados os cálculos efetuados segundo a NBR 6118 para a seção transversal 10d , onde ocorre a maior
força cortante.
As áreas de armadura apresentadas na Tabela 5.7 indicam que as armaduras transversais foram
sendo gradativamente diminuídas com as atualizações da NBR 6118, antiga NB 1/78[27]. Os maiores
valores resultam da NB 1, sem se considerar o anexo da NB 116/89. Considerando a NB 1 e o anexo da
NB 116/89, a armadura diminuiu, e com a NBR 6118, a diminuição foi ainda mais significativa.
Analisando os valores da seção 10d verifica-se que a armadura diminuiu 45 % com o Modelo I, e 34 %
com o Modelo II, comparada à armadura da NB 1. E também, diminuiu 21 % com o Modelo I e 4 % com o
Modelo II, comparada à armadura da NB 1 com o anexo da NB 116/89.
Nota-se que as armaduras calculadas conforme o Modelo de Cálculo II com de 45 aproxima-se
daquela calculada com a NB 1 e o anexo da NB 116/89.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 61
Laje do Tabuleiro
225
Viga
Pilar 1 Principal Pilar 2
a) corte longitudinal;
100
Viga Principal 1
40
40
80
Viga Principal 2
100
40
b) planta com o vigamento da ponte;
40 100
Pilar 2
A viga é simétrica e tem os vãos (cm) e forças cortantes características (de apenas uma metade)
mostradas na Figura 5.47. Nota-se que a força cortante máxima, de 2.000 kN, ocorre no pilar 2.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 62
a b O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Pilar 1 Pilar 2
2000
1490
1830 (kN)
530
1210
Figura 5.47 – Esquema estático, vãos efetivos (cm) e forças cortantes características (kN).[33]
Tabela 5.7 – Dimensionamento da armadura transversal segundo os Modelos de Cálculo I e II da NBR 6118/14 e
conforme a NB 1/78[27] com o anexo da NB 116/89, para estribos verticais (c = f = 1,4 ; s = 1,15).
Asw,90 Asw,90 Asw,90
Asw,90
Vk VSd bw VRd2 Vc0 Vc1 (cm2/m) (cm2/m) (cm2/m)
(cm2/m)
Seção NBR 6118 NB 1/78 +
(kN) (kN) (cm) (kN) (kN) (kN) NBR 6118 Modelo II Anexo NB
NB 1/78
Modelo I c/ = 45 116
a 280 392 40 3732 662 720 - - 1,03 -
b 740 1036 60 5598 993 983 0,51 0,63 7,05 2,40
Oe 1210 1694 80 7464 1323 1244 4,40 5,35 13,25 7,04
Od 1490 2086 80 7464 1323 1159 9,05 11,02 18,07 11,86
1 1180 1652 60 5598 993 850 7,82 9,53 14,63 9,97
2 900 1260 40 3732 662 533 7,10 8,64 11,70 8,60
3 640 896 40 3732 662 611 2,78 3,38 7,23 4,12
4 390 546 40 3732 662 687 - - 2,92 -
5 530 742 40 3732 662 644 0,95 1,16 5,33 2,23
6 780 1092 40 3732 662 569 5,11 6,22 9,64 6,53
7 1030 1442 40 3732 662 494 9,26 11,27 13,94 10,84
8 1270 1778 40 3732 662 421 13,24 16,13 18,08 14,97
9 1550 2170 70 6531 1158 940 12,01 14,62 20,05 14,62
10e 1830 2562 100 9329 1654 1459 10,77 13,11 22,03 14,27
10d 2000 2800 100 9329 1654 1407 13,59 16,55 24,95 17,20
11 1640 2296 70 6531 1158 913 13,50 16,44 21,60 16,17
12 1310 1834 40 3732 662 409 13,91 16,94 18,77 15,66
13 990 1386 40 3732 662 506 8,59 10,46 13,25 10,15
14 690 966 40 3732 662 596 3,61 4,40 8,09 4,98
15 390 546 40 3732 662 687 - - 2,92 -
f
VRd 2 0,27 1 ck f cd b w d , com fck em MPa
250
25 2,5
VRd 2 0,27 1 100 . 215 9.329 kN
250 1,4
A verificação demonstra que não ocorrerá o esmagamento das bielas de compressão e pode-se
assim dimensionar a armadura transversal para a seção.
Para efeito de comparação com a armadura calculada, primeiramente será determinada a armadura
mínima para estribo a 90 e aço CA-50:
20 f ct, m
Asw , mín bw (cm2/m)
f ywk
20 . 0,256
Asw , mín 100 10,26 cm2/m
50
Para calcular a armadura transversal deve ser determinada a parcela proporcionada pelos
mecanismos complementares ao de treliça (Vc), de tal modo que:
VSd Vc Vsw
0,7 . 0,3 3 2
f ctd 25 1,28 MPa = 0,128 kN/cm2
1,4
Asw,90 = 13,59 cm2/m > Asw,mín = 10,26 cm2/m (portanto, deve-se dispor a armadura calculada)
f
VRd 2 0,54 1 ck f cd b w d sen2 cot g cot g , com fck em MPa
250
25 2,5
VRd 2 0,54 1 100 . 215 . sen2 45 cot g 90 cot g 45 9.329 kN
250 1,4
Para calcular a armadura devem ser determinadas as parcelas da força cortante que serão
absorvidas pelos mecanismos complementares (Vc) e pela armadura (Vsw), de tal modo que:
VSd Vc Vsw
Na flexão simples, a parcela Vc é igual a Vc1. O valor de Vc0 já foi determinado (1.654 kN) e
independe do modelo de cálculo. Como VSd = 2.800 kN é maior que Vc0 , a parcela Vc1 deve ser
determinada com a Eq. 5.34 (ver Figura 5.48):
Vc1 (kN)
Vc0 = 1654
Vc1 = 1407
VRd2 = 9329
Asw , Vsw
s 0,9 d f ywd cot g cotg sen
A sw ,90 1393
0,1655 cm2/cm
s 0,9 . 215 .
50
cot g 90 cotg 45 sen 90
1,15
Asw,90 = 16,55 cm2/m > Asw,mín = 10,26 cm2/m (portanto, dispor a armadura calculada)
Uma viga seção T biapoiada sobre dois pilares serve de apoio a lajes maciças e uma viga
transversal, que aplica a força concentrada de 300 kN. Pede-se dimensionar e detalhar a armadura
transversal.18 São dados:
C30 c = 2,5 cm estribo vertical ( = 90)
CA-50 d = 113 cm c = f = 1,4 s = 1,15
O esquema estático da viga com as forças cortantes (valores característicos) e a seção transversal
encontram-se na Figura 5.49.
Por simplicidade e a favor da segurança, a redução da força cortante solicitante no apoio, conforme
permitido pela NBR 6118 e apresentado no item 5.13, não será aplicada.
RESOLUÇÃO
Como a viga tem seção transversal tipo T, com relação bf / bw = 240/40 = 6, o ângulo de
inclinação das diagonais comprimidas aproxima-se de 45, razão pela qual será adotado o Modelo de
Cálculo I para o dimensionamento da armadura transversal. Outra opção seria o Modelo II com = 45,
que, como já visto, conduz a uma armadura maior.
O dimensionamento será feito segundo as equações simplificadas definidas no item 5.11.
Da Tabela 5.3, para concreto C30, determina-se a força cortante máxima que a viga pode resistir:
VRd 2 0,51 b w d 0,51 . 40 . 113 2.305 kN
VSd 1,4 . 550 770 kN VRd 2 2.305 kN não ocorrerá esmagamento do concreto nas bielas.
Da Tabela 5.3, para concreto C30, a equação para determinar a força cortante correspondente à
armadura mínima é:
VSd , mín 0,132 b w d 0,132 . 40 . 113 597 kN
VSd 770 VSd , mín 597 kN portanto, deve-se calcular a armadura transversal p/ VSd .
18
Este exemplo toma como base o apresentado em: SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo,
1985, 376p.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 66
10 m
laje
30
30 30
viga T viga transversal
pilar 1 pilar 2
300 kN
80 kN/m
500 cm 500 cm
550
150 Vk (kN)
150
550
400
240
120
120
15
15
40 40 40
Vigas
Figura 5.49 - Esquema estático, carregamento, esforços cortantes e seção transversal da viga.
VSd 770
Asw 2,55 0,22 b w 2,55 0,22 . 40 = 8,58 cm2/m
d 113
3
fct, m 0,3 3 fck 2 0,3 302 2,90 MPa = 0,290 kN/cm2
20 . 0,290
Asw , mín 40 4,63 cm2/m
50
Como Asw = 8,58 cm2/m > Asw,mín = 4,63 cm2/m, deve-se dispor a armadura calculada.
Considerando estribo com dois ramos verticais, para a escolha do diâmetro e do espaçamento dos
estribos com o auxílio da Tabela A-1, deve-se determinar a área de apenas um ramo do estribo. Portanto,
para a área de armadura transversal de 8,58 cm2/m e estribo com dois ramos:
8,58
Asw ,1ramo 4,29 cm2/m
2
4,63
Asw ,1ramo 2,32 cm2/m
2
na Tabela A-1 encontra-se 8 mm c/20 cm, com o espaçamento sendo menor que o máximo permitido (30
cm). O espaçamento entre os eixos de dois ramos verticais do estribo é:
valor um pouco menor que o espaçamento máximo permitido (st = 35 cm), sendo portanto possível fazer os
estribos com apenas dois ramos verticais. Como alternativa apresenta-se na sequência o cálculo do estribo
com quatro ramos.
Caso não fosse possível fazer o detalhamento com dois ramos verticais, uma solução seria
aumentar o número de ramos, com quatro ramos verticais por exemplo, o que resulta em dois estribos
idênticos, a serem colocados sobrepostos na mesma seção transversal da viga (ver Figura 5.50).
Com quatro ramos verticais a área de um ramo apenas é:
8,58
Asw ,1ramo 2,15 cm2/m
4
Na região da força concentrada de 300 kN (ver Figura 5.49) devida à viga transversal, deve ser
colocada armadura de suspensão (ver Figura 5.31), conforme prevista pela NBR 6118. Como as duas vigas
têm as faces inferiores no mesmo nível, aplica-se a Eq. 5.70:
Vd 1,4 . 300
As,susp 9,66 cm2
f yd 50
1,15
Esta armadura de suspensão deve ser distribuída na menor distância possível, e considerada a
distância máxima de hapoio (120 cm), conforme a Figura 5.32. Deve ser escolhido um espaçamento para os
estribos da armadura transversal de modo a não prejudicar a montagem e nem causar restrições para o
preenchimento da peça pelo concreto. Considerando que a área da armadura de suspensão seja distribuída
em uma distância de 80 cm, a área de armadura relativamente ao comprimento de 1 m (100 cm) é:
100
9,66 12,08 cm2/m
80
e somando à armadura transversal para a força cortante, que é a mínima no trecho em questão (4,63
cm2/m):
Asw,tot = 4,63 + 12,08 = 16,71 cm2/m
Considerando o diâmetro de 6,3 mm (área de 0,31 cm2) e estribo com quatro ramos tem-se:
4 . 0,31
0,1671 s = 7,4 cm
s
2
40 2 . 2,5 23,3 cm
3
23
N1-2x12 c/14 N1-2x11 c/25 N1-2x11 c/7 N1-2x11 c/25 N1-2x12 c/14
168 277 80 277 168
115
30 970 cm 30
500 500
N1 - 114 Ø 6,3 C=286 cm
154
Figura 5.50 – Detalhamento da armadura transversal com estribo duplo (quatro ramos verticais).
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 69
12 23
23 12
40
5.20 QUESTIONÁRIO
1) Em uma viga de Concreto Armado biapoiada sob carregamento de apenas duas forças concentradas P,
aplicadas nos terços do vão:
- mostre como se apresentam as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão;
- o que diferencia o trecho de flexão pura dos demais trechos?
- em que instante do carregamento surgem as primeiras fissuras de flexão?
- como são as fissuras por flexão, por flexão com força cortante e por apenas força cortante?
- como é a configuração comum de fissuras no instante da ruptura?
2) Mostre como se apresentam as trajetórias das tensões principais de tração e de compressão em uma viga
biapoiada sob carregamento uniforme?
3) Em uma viga contínua sobre três apoios simples e dois tramos e com carregamento uniforme, como se
mostram as trajetórias das tensões principais?
4) Desenhe em uma viga contínua sobre três apoios simples e dois tramos qual a inclinação mais favorável
para os estribos? Explique.
5) Por que há indicação de um espaçamento máximo entre os estribos?
6) Quais são os mecanismos básicos de transferência de força cortante em uma viga? Explique.
7) Quais são os principais fatores que influenciam na resistência das vigas à força cortante? Explique.
8) Como se configuram os modos de ruptura de vigas sem armadura transversal, em função da relação a/d?
9) Explique o comportamento das vigas com armadura transversal.
10) Qual a função dos estribos nas vigas? Comente sobre a forma de atuação dos ramos verticais e
horizontais dos estribos verticais na resistência de vigas à força cortante.
11) Mostre as diferentes possibilidades de ruptura por força cortante no caso das vigas com armadura
transversal.
12) Explique a analogia de uma viga fissurada com a treliça clássica. Quais as hipóteses da treliça clássica?
13) Explique a função das diagonais de compressão.
14) Qual a configuração da treliça generalizada? Quais as diferenças principais em relação à treliça
clássica?
15) Por que a treliça clássica conduz a uma armadura transversal exagerada?
16) Nas treliças clássica e generalizada, estude como surgem as equações para cálculo da armadura
transversal (Asw) e para a verificação da tensão na biela comprimida.
17) Quais as diferenças nos valores da armadura transversal e da tensão na biela de compressão quando
= 45 ou 90 ?
18) Quais as indicações para adoção do ângulo ?
19) Por que pode ser feita uma redução da força cortante nos apoios. Como deve ser considerada?
20) De que modo é feita a verificação do concreto comprimido nas bielas?
21) O que são os Modelos de Cálculo I e II? Quais as diferenças entre eles?
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 70
Calcular e detalhar a armadura transversal para as vigas mostradas na Figura 5.52, Figura 5.53 e
Figura 5.54, submetidas à flexão simples, e sendo comuns os seguintes valores: c = f = 1,4 ; s = 1,15 ;
CA-50 ou CA-60.
1) Para a viga da Figura 5.52: C20, c = 2,0 cm, bw = 20 cm, h = 50 cm, d = 45 cm.
2) Idem ao primeiro exercício, mas com a modificação do concreto para o C30. Compare os resultados
encontrados.
3) Para a viga da Figura 5.53: C25, c = 2,5 cm, bw = 30 cm, h = 60 cm, d = 56 cm.
20 600 cm 20
25 kN/m
ef
30 550 cm 30
20 kN/m 50 kN
/2 /2
4) Para a viga da Figura 5.54: C30, c = 2,5 cm, d = 93 cm, VS,máx = 250 kN. A viga é do tipo pré-
moldada, com comprimento total de 10,60 m.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 71
40 cm
30
100 cm
58
12
12,5 15 12,5
40
5.22 REFERÊNCIAS
18. KREFELD, W.J. ; THURSTON, C.W. Contribution of longitudinal steel to shear resistance of reinforced
concrete beams. ACI Journal, mar, 1966, pp.325-342.
19. VINTZILEOU, E. Shear transfer by dowel action and friction as related to size effects. COMITÉ EURO-
INTERNATIONAL DU BÉTON (CEB), Bulletin d’ Information n.237, Concrete tension and size effects, April
1997, pp.53-77.
20. AMERICAN SOCIETY CIVIL ENGINEERS / AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Recent approaches to
shear design of structural concrete - State-of-the-Art-Report. ASCE-ACI Committee 445 on Shear and Torsion,
Journal of Structural Engineering, v.124, n.12, 1998, pp.1375-1417.
21. FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
22. MÖRSCH, E. Der Eisenbetonbau-Seine Anwendung und Theorie, 1st ed. Wayss and Freytag, A. G., Im
Selbstverlag der Firma, Neustadt a. d. Haardt, Germany, 1902.
23. MÖRSCH, E. Der Eisenbetonbau-Seine Theorie und Anwendung (Reinforced concrete construction) – Theory
and application), 5th ed. Wittwer, Sttugart, v.1, Part 1, 1920.
24. MÖRSCH, E. Der Eisenbetonbau-Seine Theorie und Anwendung (Reinforced concrete construction) – Theory
and application), 5th ed. Wittwer, Sttugart, v.1, Part 2, 1922.
25. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. ACI 318-14: Building Code Requirements for Structural Concrete and
Commentary, ACI committee 318, 2014, 520p.
26. COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. Code-modèle CEB-FIP pour les structures au béton. CEB,
Bulletin D’Information n. 124/125, 1979.
27. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de estruturas de concreto
armado, NB 1. Rio de Janeiro, ABNT, 1978, 76p.
28. COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. Model Code 1990, MC-90, CEB-FIP, Bulletin
D’Information n. 204, Lausanne, 1991.
29. EUROPEAN COMMITTEE STANDARDIZATION. Eurocode 2 – Design of concrete structures. Part 1:
General rules and rules for buildings. London, BSI, 1992.
30. GARCIA, S.L.G. Taxa de armadura transversal mínima em vigas de concreto armado. Tese (Doutorado), Rio de
Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002, 207p.
31. SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.
32. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto para fins estruturais – Classificação pela
massa específica, por grupos de resistência e consistência, NBR 8953. ABNT, 2009, 4p.
33. PFEIL, W. Pontes em concreto armado – Elementos de projeto, solicitações e superestrutura, v. 1. Rio de
Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora, 3a ed., 1983, 225p.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 73
TABELAS ANEXAS
Tabela A-1
ÁREA DE ARMADURA POR METRO DE LARGURA (cm2/m)
Espaçamento Diâmetro Nominal (mm)
(cm) 4,2 5 6,3 8 10 12,5
5 2,77 4,00 6,30 10,00 16,00 25,00
5,5 2,52 3,64 5,73 9,09 14,55 22,73
6 2,31 3,33 5,25 8,33 13,33 20,83
6,5 2,13 3,08 4,85 7,69 12,31 19,23
7 1,98 2,86 4,50 7,14 11,43 17,86
7,5 1,85 2,67 4,20 6,67 10,67 16,67
8 1,73 2,50 3,94 6,25 10,00 15,63
8,5 1,63 2,35 3,71 5,88 9,41 14,71
9 1,54 2,22 3,50 5,56 8,89 13,89
9,5 1,46 2,11 3,32 5,26 8,42 13,16
10 1,39 2,00 3,15 5,00 8,00 12,50
11 1,26 1,82 2,86 4,55 7,27 11,36
12 1,15 1,67 2,62 4,17 6,67 10,42
12,5 1,11 1,60 2,52 4,00 6,40 10,00
13 1,07 1,54 2,42 3,85 6,15 9,62
14 0,99 1,43 2,25 3,57 5,71 8,93
15 0,92 1,33 2,10 3,33 5,33 8,33
16 0,87 1,25 1,97 3,13 5,00 7,81
17 0,81 1,18 1,85 2,94 4,71 7,35
17,5 0,79 1,14 1,80 2,86 4,57 7,14
18 0,77 1,11 1,75 2,78 4,44 6,94
19 0,73 1,05 1,66 2,63 4,21 6,58
20 0,69 1,00 1,58 2,50 4,00 6,25
22 0,63 0,91 1,43 2,27 3,64 5,68
24 0,58 0,83 1,31 2,08 3,33 5,21
25 0,55 0,80 1,26 2,00 3,20 5,00
26 0,53 0,77 1,21 1,92 3,08 4,81
28 0,49 0,71 1,12 1,79 2,86 4,46
30 0,46 0,67 1,05 1,67 2,67 4,17
33 0,42 0,61 0,95 1,52 2,42 3,79
Diâmetros especificados pela NBR 7480.
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 74
Tabela A-2
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM b (cm) para As,ef = As,calc e aço CA-50 nervurado
Concreto
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
303 212 250 175 215 151 191 133 172 120 157 110 145 102 136 95
40
212 148 175 122 151 105 133 93 120 84 110 77 102 71 95 66
Valores de acordo com a NBR 6118
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
b Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP – Bauru/SP Dimensionamento de vigas à força cortante 75
Tabela A-3
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM b (cm) para As,ef = As,calc e aço CA-60 entalhado
Concreto
(mm C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
) Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
3,4 50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
4,2 61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
5 73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
6 88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
7 102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
8 117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
9,5 139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
b Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
UNESP - Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil
ANCORAGEM E EMENDA DE
ARMADURAS
Bauru/SP
Março/2018
APRESENTAÇÃO
Após o lançamento do concreto fresco sobre uma chapa de aço (Figura 1), durante o
endurecimento do concreto ocorrem ligações físico-químicas com a chapa de aço na interface, que
faz surgir uma resistência de adesão, indicada pela força Rb1 , que se opõe à separação dos dois
materiais. A contribuição da adesão à aderência é pequena. A Figura 2 mostra a força Va devida à
aderência entre o concreto e uma barra nervurada.
R b1
concreto
aço
R b1
Figura 1 – Aderência por adesão (FUSCO, 2000).
Ao se aplicar uma força que tende a arrancar uma barra de aço inserida no concreto,
verifica-se que a força de arrancamento (Rb2 – Figura 3) é muito superior à força Rb1 relativa à
aderência por adesão. Considera-se que a superioridade da força Rb2 sobre a força Rb1 é devida às
tensões de cisalhamento b , que originam forças de atrito que opõem-se ao deslocamento relativo
entre a barra de aço e o concreto. Existe, portanto, uma contribuição do atrito à aderência.
A intensidade das forças de atrito depende do coeficiente de atrito entre o concreto e o aço,
e quando existir, da intensidade de forças de compressão transversais ao eixo da barra (Pt ,
chamadas forças de confinamento - Figura 4), provenientes da retração do concreto, de ações
externas, etc. A Figura 5 mostra a força Vf devida ao atrito entre o concreto e uma barra
nervurada.
R b2
Pt Pt
R b2
Figura 5 – Aderência por atrito entre concreto e barra nervurada (REYES, 2009).
R b3
Barras lisas
R b3
Barras nervuradas
2. ANCORAGEM E FENDILHAMENTO
Figura 8 – Corpo de prova para ensaio de arrancamento de barra conforme Rilem-Ceb-Fib (1973),
para ensaios cíclicos (REYES, 2009).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 4
1
A placa de apoio é comum na ancoragem de armaduras ativas para o Concreto Protendido.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 5
Rs Rs
Figura 11 – Tensões atuantes na ancoragem por aderência de barra com saliências (FUSCO, 2000).
Figura 15 – Atuação favorável dos estribos para evitar fissuras por fendilhamento
na região de ancoragem reta (FUSCO, 2000).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 7
estágio IV
estágio III
estágio II
estágio I
deslocamento relativo
componentes de força
sobre a barra
forças sobre
concreto
F
fissuras
barra com
F saliência
plano de ruptura
2
Exsudação: segregação do concreto, com movimento para baixo de cimentos e agregados, e da água para cima, o
que provoca regiões de concretos mais porosos e de menor aderência na parte superior das peças.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 9
Os trechos das barras em outras posições, e quando do uso de formas deslizantes, devem
ser considerados em má situação quanto à aderência.”
II h - 30 cm
45 h < 60 cm
I 45 30 cm
II 30 cm
h 60 cm
I 45 h - 30 cm
4. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA
Define a NBR 6118 (item 9.4.1) que “Todas as barras das armaduras devem ser
ancoradas de forma que as forças a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidas ao
concreto, seja por meio de aderência ou de dispositivos mecânicos ou por combinação de
ambos.”
A ancoragem por aderência da força na barra pode ser por meio de um comprimento reto
ou com grande raio de curvatura, seguido ou não de gancho (item 9.4.1.1). A ancoragem com
dispositivos mecânicos acoplados à barra (detalhado no item 9.4.7 da NBR 6118) é utilizada
principalmente nas peças de Concreto Protendido, como por exemplo com a utilização de uma
placa de aço acoplada à extremidade da barra de aço (item 9.4.1.2), (ver Figura 10).
“Com exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por aderência
devem ser confinadas por armaduras transversais (ver 9.4.2.6) ou pelo próprio concreto,
considerando-se este caso quando o cobrimento da barra ancorada for maior ou igual a 3 e a
distância entre barras ancoradas for maior ou igual a 3.” (NBR 6118, 9.4.1.1).
Conforme a Figura 20, a força na barra (Rst = As fyd) é equilibrada pela força resultante das
tensões de aderência aplicadas ao concreto na superfície da barra:
As . fyd = fbd . u . b
. 2
f yd
b 4
f bd . .
f yd
b Eq. 3
4 f bd
com b ≤ 25 .
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 12
Ø
bd f bd
Rst
b
O valor b da Eq. 3 é definido pela NBR 6118 como “comprimento de ancoragem básico”,
isto é, o comprimento reto necessário para uma barra de armadura passiva ancorar a força limite
As . fyd , admitindo, ao longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a fbd .
As tabelas anexas Tabela A-1 e Tabela A-2 fornecem o comprimento de ancoragem básico
(b), para os aços CA-50 nervurado e CA-60 entalhado e os concretos do Grupo I de resistência.
Para a determinação de b devem ser consideradas as colunas “Sem”, que indicam a ancoragem
reta, sem gancho na extremidade da barra. Também é necessário considerar a situação de
aderência (boa ou má). Nessas tabelas também são disponibilizados os comprimentos de
ancoragem com ganho na extremidade da barra (colunas “Com”), comprimento chamado
“necessário” pela norma.
A norma define o “comprimento de ancoragem necessário” (b,nec - item 9.4.2.5), que leva
em consideração a existência ou não de gancho e a relação entre a armadura calculada (As,calc) e a
armadura efetivamente disposta (As,ef), cujo valor é:
As,calc
b, nec b b, mín Eq. 4
As,ef
0,3 b
b, mín 10 Eq. 5
100 mm
Os itens da NBR 6118: 9.4.3 - Ancoragem de feixes de barras, 9.4.4 - Ancoragem de telas
soldadas e 9.4.5 – Ancoragem de armaduras ativas, todos por aderência, não serão abordados
nesta apostila.
Segundo a NBR 6118 (9.4.2.1): “As barras tracionadas podem ser ancoradas ao longo de
um comprimento retilíneo ou com grande raio de curvatura em sua extremidade, de acordo com
as condições a seguir:
As barras comprimidas devem ser ancoradas sem ganchos.” Desse modo diminui-se a
possibilidade de flambagem da barra, o que poderia levar ao rompimento do cobrimento de
concreto, como mostrado na Figura 21.
Para aumentar a eficiência da ancoragem por aderência (Figura 22), a NBR 6118 (9.4.2.2)
permite que sejam “utilizadas várias barras transversais soldadas para a ancoragem de barras,
desde que:
a) seja o diâmetro da barra soldada t 0,60 ;
b) a distância da barra transversal ao ponto de início da ancoragem seja 5 ;
c) a resistência ao cisalhamento da solda supere a força mínima de 0,3 As fyd (30 % da resistência
da barra ancorada).”
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 14
5 5
b,nec b,nec
5 5
b,nec b,nec
Quando se fizer uso de ganchos nas extremidades das barras da armadura longitudinal de
tração (Figura 23), os ganchos podem ser NBR 6118 (9.4.2.3):
8Ø D
Ø
Ft
Ø
4
Ø
Ft
2Ø
Ø
Ft
O diâmetro interno da curvatura dos ganchos das armaduras longitudinais de tração deve
ser pelo menos igual ao estabelecido na Tabela 1. Sua prescrição tem a finalidade de evitar
concentração de tensão no concreto na região da dobra, que pode ocorrer no caso de barras
dobradas com curvaturas pequenas. Na região da curvatura ocorrem tensões normais de
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 15
Tabela 1 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) (Tabela 9.1 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
20 5 8 -
Para barras com < 32 mm a NBR 6118 (9.4.2.6.1) prescreve: “Ao longo do comprimento
de ancoragem deve ser prevista armadura transversal capaz de resistir a 25 % da força
longitudinal de uma das barras ancoradas. Se a ancoragem envolver barras diferentes,
prevalece, para esse efeito, a de maior diâmetro.”
No caso de barras com ≥ 32 mm a NBR 6118 (9.4.2.6.2) prescreve: “Deve ser verificada
a armadura em duas direções transversais ao conjunto de barras ancoradas. Essas armaduras
transversais devem suportar as tensões de fendilhamento segundo os planos críticos, respeitando
o espaçamento máximo de 5 (onde é o diâmetro da barra ancorada). Quando se tratar de
barras comprimidas, pelo menos uma das barras constituintes da armadura transversal deve
estar situada a uma distância igual a quatro diâmetros (da barra ancorada) além da extremidade
da barra.”
A NBR 6118 (9.4.6) prescreve: “A ancoragem dos estribos deve necessariamente ser
garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais soldadas.
Os ganchos dos estribos podem ser:
a) semicirculares ou em ângulo de 45 (interno), com ponta reta de comprimento igual a
5 t , porém não inferior a 5 cm;
b) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 t , porém não inferior a 7
cm (este tipo de gancho não pode ser utilizado para barras e fios lisos).
A Figura 24 ilustra os ganchos nas pontas do estribo. O diâmetro interno da curvatura dos
estribos deve ser no mínimo igual ao valor apresentado na Tabela 2.
3Sugestão de estudo: item 6.6 Ancoragens curvas, do livro de FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São
Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 16
Tabela 2 – Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos (Tabela 9.2 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
10 3 t 3 t 3 t
10 < < 20 4 t 5 t -
20 5 t 8 t -
No item 9.4.6.2 a NBR 6118 prescreve como deve ser a ancoragem de estribos por meio
de barras transversais soldadas.
10
t 7 cm
5
t 5 cm
D D
t t
45°
5
t 5 cm
t
6. EMENDA DE BARRAS
No caso das emendas do tipo luva e solda, o concreto não participa da transmissão de
forças de uma barra para outra, podendo as emendas serem dispostas em qualquer posição. No
caso da emenda por traspasse é necessário que o concreto participe na transmissão dos esforços.
Nesta apostila serão mostradas apenas as características das emendas por transpasse, que
são bem mais comuns na prática das estruturas de concreto.
No caso de emenda de barras por transpasse, a emenda é feita pela simples justaposição
longitudinal das barras num comprimento de emenda bem definido, como mostrado na Figura 25
e na Figura 26. A NBR 6118 (item 9.5.2) estabelece que a emenda por transpasse só é permitida
para barras de diâmetro até 32 mm. “Cuidados especiais devem ser tomados na ancoragem e na
armadura de costura de tirantes e pendurais (elementos estruturais lineares de seção
inteiramente tracionada).
No caso de feixes, o diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não pode ser
superior a 45 mm, respeitados os critérios estabelecidos em 9.5.2.5.”
A transferência da força de uma barra para outra numa emenda por transpasse ocorre por
meio de bielas inclinadas de compressão, como indicadas na Figura 26. Ao mesmo tempo surgem
também tensões transversais de tração, que requerem uma armadura transversal na região da
emenda.
0t
As barras a serem emendadas devem ficar próximas entre si, numa distância não superior a
4 (Figura 27). Barras com saliências podem ficar em contato direto, dado que as saliências
mobilizam o concreto para a transferência da força.
cs e cs
cs 0,85 cb
cb 2,5 Ø
cs > 0,85 cb
2
1 cs 4,0 cb
cs > 4,0 cb
2
1 cs 8,0 cb
1 – fissura pré-ruptura
2 – fissura na ruptura
Figura 28 – Padrão de fissuração em função da espessura do cobrimento.
(FÉDERATION INTERNATIONALE DU BÉTON, 1999).
01 > 02
As barras tracionadas de uma armadura principal que podem ser emendadas em uma
mesma seção transversal devem obedecer uma proporção máxima, apresentada na Tabela 3.
Tabela 3 – Proporção (%) máxima de barras tracionadas emendadas (Tabela 9.3 da NBR 6118).
Tipo de carregamento
Tipo de barra Situação
Estático Dinâmico
Em uma camada1) 100 100
Alta aderência
Em mais de uma camada2) 50 50
< 16 mm 50 25
Lisa
16 mm 25 25
Nota: 1) Camada indica se as barras emendadas encontram-se em um mesmo nível, ou em níveis (camadas) diferentes.
“Quando a distância livre entre barras emendadas estiver compreendida entre 0 e 4, o
comprimento do trecho de traspasse para barras tracionadas deve ser:” (NBR 6118, 9.5.2.2)
0,3 0 t b
0 t ,mín 15 Eq. 7
200 mm
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 20
“Quando a distância livre entre barras emendadas for maior que 4 , ao comprimento
calculado em 9.5.2.2.1 deve ser acrescida a distância livre entre as barras emendadas. A
armadura transversal na emenda deve ser justificada, considerando o comportamento conjunto
concreto-aço, atendendo ao estabelecido em 9.5.2.4.” (NBR 6118, 9.5.2.2.2).
A Eq. 6 mostra que o comprimento de emenda de barras tracionadas é o comprimento de
ancoragem básico majorado de 1,2 a 2,0 (Tabela 4). E quanto maior a quantidade de barras
emendadas em uma mesma seção, maior deve ser o comprimento da emenda.
Nas emendas de barras comprimidas existe o efeito favorável da ponta da barra e, por este
motivo, o comprimento da emenda (0c) não é majorado como no caso de emenda de barras
tracionadas (NBR 6118, 9.5.2.3). O comprimento de transpasse é:
0,6 b
0c,mín 15 Eq. 9
200 mm
Com o objetivo de combater as tensões transversais de tração, que podem originar fissuras
na região da emenda, a NBR 6118 recomenda a adoção de armadura transversal à emenda, em
função da emenda ser de barras tracionadas, comprimidas ou fazer parte de armadura secundária.
“Quando < 16 mm ou a proporção de barras emendadas na mesma seção for menor que
25 %, a armadura transversal deve satisfazer o descrito em 9.4.2.6.
Nos casos em que 16 mm ou quando a proporção de barras emendadas na mesma
seção for maior ou igual a 25 %, a armadura transversal deve:
- ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada, considerando os
ramos paralelos ao plano da emenda;
- ser constituída por barras fechadas se a distância entre as duas barras mais próximas
de duas emendas na mesma seção for < 10 ( = diâmetro da barra emendada);
- concentrar-se nos terços extremos da emenda.” (Figura 30).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 21
A st / 2 Ast / 2
150 mm
1/3 0 1/30
0
“Devem ser mantidos os critérios estabelecidos para o caso anterior, com pelo menos uma
barra de armadura transversal posicionada 4 além das extremidades da emenda.” Figura 31,
(NBR 6118, 9.5.2.4.2).
Ast / 2 Ast / 2
150 mm
4 1/3 0 1/3 0 4
0
Quando < 16 mm ou a proporção de barras emendadas na mesma seção for menor que
25 %, a área da armadura transversal deve resistir a 25 % da força longitudinal atuante na barra.
Os itens 9.5.2.5, 9.5.3 e 9.5.4 da NBR 6118 tratam, respectivamente, de emendas de feixes
de barras por transpasse, emendas por luvas rosqueadas e emendas por solda. Esses tipos de
emendas são menos comuns na prática das construções e não serão abordados nesta apostila.
Neste item será verificado como deve ser feito o detalhamento da armadura longitudinal de
tração de vigas, ou até que posição do vão as barras devem se estender, e também a ancoragem de
barras nos apoios intermediários e extremos.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 22
A decalagem ou deslocamento do diagrama de forças Rsd (MSd /z) deve ser feito para se
compatibilizar o valor da força atuante na armadura tracionada, determinada no banzo tracionado
da treliça de Ritter-Mörsch, com o valor da força determinada segundo o diagrama de momentos
fletores de cálculo.
Para determinação do ponto de interrupção ou dobramento das barras longitudinais nas
peças fletidas, o diagrama de forças Rsd na armadura deve ser deslocado, aplicando-se aos pontos
uma translação paralela ao eixo da peça, de valor a . A NBR 6118 prescreve o seguinte (item
17.4.2.2): “Quando a armadura longitudinal de tração for determinada através do equilíbrio de
esforços na seção normal ao eixo do elemento estrutural, os efeitos provocados pela fissuração
oblíqua podem ser substituídos no cálculo pela decalagem do diagrama de força no banzo
tracionado.
Essa decalagem pode ser substituída, aproximadamente, pela correspondente decalagem
do diagrama de momentos fletores.”
O valor da decalagem a deve ser adotado em função do modelo de cálculo escolhido no
dimensionamento da armadura transversal, conforme mostrado a seguir.
d VSd , máx
a d Eq. 11
2 (VSd , máx Vc )
M 1 M
FSd , cor Sd VSd cot g cot g Sd , máx Eq. 12
z 2 z
Define-se a seguir em que ponto ao longo do vão de uma viga pode-se retirar de serviço a
barra da armadura longitudinal tracionada de flexão. O procedimento é geralmente feito na prática
com o propósito de proporcionar economia no consumo de aço.
No item 18.3.2.3 a NBR 6118 define as regras a serem aplicadas na distribuição da
armadura longitudinal, ancoradas por aderência, segundo o texto: “O trecho da extremidade da
barra de tração, considerado como de ancoragem, tem início na seção teórica, onde sua tensão
s começa a diminuir (a força de tração na barra da armadura começa a ser transferido para o
concreto). Deve prolongar-se pelo menos 10 além do ponto teórico de tensão s nula, não
podendo em caso algum, ser inferior ao comprimento necessário estipulado em 9.4.2.5. Assim, na
armadura longitudinal de tração dos elementos estruturais solicitados por flexão simples, o
trecho de ancoragem da barra deve ter início no ponto A do diagrama de forças Rsd = MSd /z ,
decalado do comprimento a . Esse diagrama equivale ao diagrama de forças corrigido FSd,cor .
Se a barra for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além de B, no mínimo 10 . Se
a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o ponto B.” A Figura 32 ilustra o
texto.
“Nos pontos intermediários entre A e B, o diagrama resistente linearizado deve cobrir o
diagrama solicitante.”
“Para as barras alojadas nas mesas ou lajes, e que façam parte da armadura da viga, o
ponto de interrupção da barra é obtido pelo mesmo processo anterior, considerando ainda um
comprimento adicional igual à distância da barra à face mais próxima da alma.” (NBR 6118,
18.3.2.3.2).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 24
b,nec
a
10 Ø
R Sd
a a
a
RSd = MSd /z 10 Ø
B
Barra i
a A 10 Ø diagrama de
força de tração
b,nec resistente
Barra i
Figura 32 – Cobertura do diagrama de forças de tração solicitantes pelo diagrama de forças resistentes.
A viga mostrada na Figura 33 será utilizada para explicar as regras da norma. A viga é de
um tramo e biapoiada em dois pilares, com carregamento uniformemente distribuído que causa
momentos fletores positivos ao longo do vão, e momentos fletores negativos nos apoios extremos,
considerados engastes elásticos. A viga é considerada ter simetria na posição do momento fletor
máximo positivo (Mmáx). Na Figura 33 está também mostrado o diagrama de momentos fletores
(MSd) decalado de a , onde a1 é a decalagem determinada com a força cortante solicitante no
apoio esquerdo, e a2 é determinada com a força cortante no apoio direito.
Para armadura longitudinal positiva de flexão no vão (A,vão), a viga tem seis barras de
mesmo diâmetro, agrupadas de duas em duas (2N2, 2N3 e 2N4), posicionadas em duas camadas,
como mostrado na Figura 33, para proporcionar resistência ao momento fletor positivo máximo
(Mmáx). Existem também duas barras superiores próximas aos apoios (negativas - 2N1),
responsáveis por proporcionar resistência aos momentos fletores negativos existentes na ligação
da viga com os pilares extremos.
No detalhamento das armaduras superiores existem algumas possibilidades. As barras N1
podem ser estendidas ao longo de todo o vão, de apoio a apoio, de modo que no trecho interno do
vão as barras servem para fixação dos estribos (alternativa 1 na Figura 34). Quando se deseja
economia, as barras N1 podem ser interrompidas e estendidas somente no trecho do momento
fletor de ligação, e no trecho interno do vão devem ser dispostas duas barras construtivas
(armadura chamada “porta-estribo” – 2N5 da alternativa 2 na Figura 34), posicionadas nos
vértices dos estribos para a sua amarração. 4
No caso das barras da armadura positiva, ao menos duas devem ser estendidas até os
apoios extremos do tramo, para comporem a armadura longitudinal a ancorar nos apoios.
4
No caso do momento fletor positivo no vão requerer armadura comprimida (“armadura dupla” - A’s), as barras N1 (estendidas ao
longo de todo o vão – alternativa 1 na Figura 34) ou as barras N5 (alternativa 2) deverão atender à área A’s necessária.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 25
Geralmente, as barras dos vértices do estribo (N2) e que são estendidas até os apoios para a
ancoragem. As demais barras positivas podem ser interrompidas (“cortadas”) antes dos apoios,
conforme o “cobrimento” do diagrama de momentos fletores decalado de a , de acordo com as
regras mostradas na Figura 32.
2N1
h
2N4
1
t1 0 t2
2N2 2N3
CORTE 1
b b
2N4
a a
2N3
2N2
ef
- -
+ Mmáx
a1 a2
a 1 a2
a 1 a2
a1 a2
Figura 33 – Viga biapoiada para análise do cobrimento do diagrama de momentos fletores positivos.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 26
2N1 (alternat.1)
b,nec b,nec
N1 N1
BN1 BN1
MSd
BN2 BN2
2N2
AN4 AN4
10ØN3 10Ø N4 10ØN4 10ØN3
b b
2N3
a a
Figura 34 – Cobrimento do diagrama de momentos fletores positivos em uma viga biapoiada simétrica.
5
O desenho do diagrama de momentos fletores é geralmente feito segundo duas escalas, uma para a direção vertical, e outra para a
direção horizontal.
6
Os pontos AN4 são aqueles onde os momentos fletores resistidos pelas barras N4 começam a diminuir (as tensões σs começam a
diminuir), e os pontos BN4 são aqueles onde os momentos fletores resistidos pelas barras do grupo tornam-se nulos (as tensões σs
nas barras são nulas). Os pontos BN4 são também os pontos AN3 , pois os momentos fletores passam a ser resistidos pelas barras do
grupo N3.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 27
As barras N3 devem estender-se do comprimento b,nec além dos pontos AN3 , mas devem
prolongar-se pelo menos até as seções distantes 10 dos pontos BN3 . Se o comprimento b,nec
ultrapassar a seção distante 10 além do ponto BN3 , as barras devem prolongar-se em b,nec , pois
o valor mínimo 10 terá sido atendido. Isso ocorre para o caso das barras negativas N1
(alternativa 2 na Figura 34), onde b,nec prolonga-se além da seção 10 do ponto BN1 .
Com a viga mostrada na Figura 35 tem-se a intenção de apresentar, segundo a norma, o
“cobrimento” do diagrama de momentos fletores negativos no apoio intermediário P2, que
definirá o comprimento das barras da armadura negativa sobre este apoio, ou seja, até quais
seções ao longo dos tramos da viga as barras deverão se estender.
Para simplicidade de análise, a viga mostrada na Figura 35 é simétrica em geometria e
carregamento, tem dois tramos e três apoios, simples no pilar P2 e engaste elástico nos pilares
extremos P1 e P3.
Supõe-se que a armadura longitudinal negativa, dimensionada para o momento fletor
máximo negativo no pilar P2, seja constituída por seis barras de mesmo diâmetro, dispostas na
seção transversal em duas camadas, conforme detalhe mostrado na Figura 35. Para fazer o
“cobrimento” do diagrama de MSd , deve-se determinar de que modo as barras serão agrupadas. A
indicação é de que as duas barras dos vértices dos estribos formem um grupo e tenham o maior
comprimento entre todas as barras negativas.7 As demais barras devem preferencialmente ser
agrupadas de modo a resultar um detalhamento simples e econômico, que facilite a execução da
armadura.
No caso de se sobrepor a simplificação à economia, as duas barras N2 podem compor o
grupo das barras N1, e o detalhamento fica simplificado, pois as quatro barras (2N1 e 2N2) terão
o mesmo comprimento.
No “cobrimento” mostrado na Figura 36, as seis barras foram separadas em três grupos
(2N1, 2N2 e 2N3), com cada grupo sendo responsável por resistir a uma parcela do momento
fletor máximo, proporcional à área de armadura do grupo.
P1 P2 P3
2N2 2N1
p p
2N3
tramo 1 tramo 2
ef,1 ef,2
Mmáx -
Mmáx +
-
- -
+ +
Figura 35 – Viga para análise do cobrimento do diagrama de momentos fletores negativos no apoio P2.
7
Essas barras dever ser as de maior diâmetro, no caso de existirem dois ou mais diâmetros diferentes para a armadura
negativa no apoio.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 28
As duas barras dos vértices do estribo (N1) devem “cobrir” a parte mais inferior do
diagrama de MSd , para assim resultarem no maior comprimento. As demais barras, compondo
outros grupos, terão comprimentos menores, por cobrirem porções superiores do diagrama de
MSd.
O segmento que representa o momento fletor negativo máximo deve ser dividido
proporcionalmente às áreas das barras que compõem os grupos. No exemplo, as seis barras foram
agrupadas em três grupos, e como cada grupo tem a mesma área de aço, o segmento foi dividido
em três partes iguais.
2N1
2N2
2N3
Segundo a NBR 6118 (item 18.3.2.4), “Os esforços de tração junto aos apoios de vigas
simples ou contínuas devem ser resistidos por armaduras longitudinais [...]”. Os diferentes casos
são apresentados a seguir.
Apoio extremo pode ser definido como o apoio onde não ocorre a continuidade da viga,
geralmente o primeiro e o último (Figura 37).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 29
Para o momento fletor no apoio deve-se dispor uma armadura resistente, a ser
convenientemente ancorada no apoio. Tomando o equilíbrio das forças resultantes na seção de
apoio, o momento fletor deve ser igual à força resultante na armadura tracionada multiplicada
pelo braço de alavanca z:
FSd
VSd
a
M Sd
VSd
M d,apoio
diagrama deslocado
VSd . a = FSd . z
a
FSd VSd Eq. 16
d
Quando existir uma força de tração (NSd) aplicada na viga na região do apoio, à Eq. 16
deve ser acrescentada essa força:
a
FSd VSd NSd Eq. 17
d
FSd 1 a
As,anc VSd NSd Eq. 18
f yd f yd d
Se a força normal de tração NSd não existir, a área de armadura a ancorar no apoio é:
a VSd
A s,anc Eq. 19
d f yd
A armadura a ser ancorada nos apoios extremos, bem como também nos apoios
intermediários8 (ver item 7.3.3), deve ser composta por no mínimo duas barras, geralmente as dos
vértices inferiores dos estribos, da armadura positiva do vão (As,vão). A armadura a ancorar deve
atender aos seguintes valores mínimos:
1 M vão
3 A s , vão se M apoio 0 ou negativo de valor M apoio
2
A s, anc Eq. 20
A1 M
4 s, vão se M apoio negativo e de valor M apoio 2
vão
8
Apoios intermediários: são os apoios internos de vigas contínuas.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 31
1
a) A s , vão
3
+
Mvão
1
b) A s, vão
4
+
Mvão
As barras da armadura a ancorar no apoio, calculadas pela Eq. 18 (ou Eq. 19), obedecendo
aos valores mínimos dados na Eq. 20, devem ser convenientemente ancoradas a partir da face
interna do apoio (geralmente viga ou pilar), com o comprimento de ancoragem básico (b) dado
pela Eq. 3 e apresentado nas Tabela A-1 e Tabela A-2 anexas, com os valores das colunas “sem
gancho”.
Inicialmente procura-se estender as barras dentro do apoio num comprimento reto, como
mostrado na Figura 40 para apoio do tipo viga ou pilar. Para ser possível, o comprimento de
ancoragem efetivo do apoio (b,ef = b – c) deve ser maior que o comprimento de ancoragem básico
(b), onde c é a espessura do cobrimento de concreto e b é a dimensão do apoio na direção da
armadura a ancorar.9
9
A NBR 6118 (18.3.2.4.1) preconiza que a armadura deve adentrar no apoio o comprimento de ancoragem necessário
(b,nec – ver item 5.1).
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 32
viga de apoio
b
As,anc
A s,anc
c b,ef
b
b
A s,anc
b,corr b Eq. 21
A s,ef
viga de apoio
b,corr
As,ef
A s,ef
c b,ef
b,corr
b
r
b,corr Eq. 22
6 cm
r
b,gancho 0,7 b,corr Eq. 23
6 cm
8Ø D Ø
A s,ef
c b,ef
0,7 b
A s,corr A s,anc Eq. 24
b,ef
8Ø D Ø
A s,corr
c b,ef
Figura 43 – Acréscimo de armadura longitudinal ancorada no apoio para As,corr quando o comprimento de
ancoragem efetivo do apoio é menor que o comprimento de ancoragem com gancho.
Uma outra solução para resolver o problema é manter a armadura efetiva a ancorar (As,ef) e
acrescentar uma armadura longitudinal diferente, na forma de grampo (ver Figura 44 e Figura 45),
com o mesmo objetivo de aumentar a área de armadura ancorada.
A área de grampo é a diferença entre a armadura corrigida e a armadura efetiva:
2 cm
a v, mín gr Eq. 26
0,5 d máx,agr
c 100 Øgr
Grampos
D
8Ø Ø
b,ef A s,ef
Conforme o item 18.3.2.4 da NBR 6118, nos apoios intermediários de vigas contínuas,
uma parte da armadura longitudinal de tração proveniente do vão (As,vão) deve ser estendida até o
apoio, devendo a armadura a ancorar (As,anc) atender as seguintes condições impostas (mostradas
na Eq. 20), e novamente apresentadas:
1 M vão
3 A s, vão se M apoio 0 ou negativo de valor M apoio 2
A s, anc Eq. 27
1 A M vão
4 s, vão se M apoio negativo e de valor M apoio 2
DI
AG
R.
DE
SL
O
C.
BARRA 1
A
10 Ø
BARRA 1
M p,sup
a) b)
-
A s = 0,5 A s
-
As
s estr 10 cm
2b + h
h
D
-
As
D
35 Ø
8. QUESTIONÁRIO
REFERÊNCIAS
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
REYES, F.E.G. Análise da aderência entre barras de aço e concretos (CC, CAA e CAAFA), sob influência
de ações monotônicas e cíclicas. São Carlos. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, 2009, 215p.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
MACGREGOR, J.G. ; WIGHT, J.K. Reinforced concrete – Mechanics and design. 4a ed., Upper Saddle
River, Ed. Prentice Hall, 2005, 1132p.
NAWY, E.G. Reinforced concrete – A fundamental approach. Englewood Cliffs, Ed. Prentice Hall, 2005,
5a. ed., 824p.
PFEIL, W. Concreto armado, v. 2, 5a ed., Rio de Janeiro, Ed. Livros Técnicos e Científicos, 1989, 560p.
SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 1
TABELAS ANEXAS
Tabela A-1
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado
Concreto
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP (Bauru/SP) - Ancoragem e Emenda de Armaduras 2
Tabela A-2
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM (cm) PARA As,ef = As,calc CA-60 entalhado
Concreto
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
3,4
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
4,2
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
5
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
6
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
7
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
8
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
9,5
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Campus de Bauru/SP
FACULDADE DE ENGENHARIA
Departamento de Engenharia Civil
Notas de Aula
Bauru/SP
Junho/2017
APRESENTAÇÃO
Esta apostila tem o objetivo de ser as notas de aula da disciplina 2323 – Estruturas de
Concreto II, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da Universidade Estadual
Paulista - UNESP – Campus de Bauru/SP. Deve ser estudada na sequência da apostila “Ancoragem
e Emenda de Armaduras”.
O texto apresenta algumas das prescrições contidas na NBR 6118/2014 (“Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento”) para o projeto de vigas de Concreto Armado. Para facilitar
o entendimento do estudante está incluído um exemplo completo do cálculo, dimensionamento e
detalhamento de uma viga contínua, com dois tramos e três apoios.
Agradecimentos a Éderson dos Santos Martins pela confecção de desenhos.
Críticas e sugestões serão bem-vindas.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1
2. DEFINIÇÃO ................................................................................................................................ 1
3. ANÁLISE ESTRUTURAL ..........................................................................................................1
3.1. Análise Linear (item 14.5.2) ..................................................................................................1
3.2. Análise Linear com Redistribuição (item 14.5.3)..................................................................2
3.3. Análise Plástica (item 14.5.4) ................................................................................................ 2
3.4. Análise Não Linear (item 14.5.5) ..........................................................................................2
3.5. Análise por Meio de Elementos Físicos (item 14.5.6) ..........................................................3
3.6. Hipóteses Básicas ..................................................................................................................3
4. VÃO EFETIVO............................................................................................................................ 3
5. ALTURA E LARGURA ..............................................................................................................4
6. INSTABILIDADE LATERAL ....................................................................................................4
7. ANÁLISE LINEAR COM OU SEM REDISTRIBUIÇÃO .........................................................5
7.1. Rigidez ...................................................................................................................................5
7.2. Restrições para a Redistribuição............................................................................................ 5
7.3. Limites para Redistribuição de Momentos Fletores e Condições de Ductilidade .................5
8. APROXIMAÇÕES PERMITIDAS EM VIGAS DE ESTRUTURAS USUAIS DE EDIFÍCIOS
7
9. GRELHAS E PÓRTICOS ESPACIAIS ....................................................................................11
10. CONSIDERAÇÃO DE CARGAS VARIÁVEIS ..................................................................11
11. ARREDONDAMENTO DO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES ........................11
12. ARMADURA DE SUSPENSÃO .......................................................................................... 12
13. EXEMPLO DE CÁLCULO E DETALHAMENTO DE VIGA CONTÍNUA ......................14
13.1. Estimativa da Altura da Viga ........................................................................................... 15
13.2. Vão Efetivo ......................................................................................................................15
13.3. Instabilidade Lateral da Viga ........................................................................................... 17
13.4. Cargas na Laje e na Viga .................................................................................................18
13.5. Esquema Estático e Carregamento na Viga VS1 ............................................................. 18
13.6. Rigidez da Mola ...............................................................................................................19
13.7. Esforços Solicitantes ........................................................................................................20
13.8. Dimensionamento das Armaduras ...................................................................................22
13.8.1 Armadura Mínima de Flexão .......................................................................................22
13.8.2 Armadura de Pele .........................................................................................................23
13.8.3 Armadura Longitudinal de Flexão ...............................................................................23
13.8.3.1 Momento Fletor Negativo .....................................................................................23
13.8.3.2 Momento Fletor Positivo ......................................................................................26
13.8.4 Armadura Longitudinal Máxima ..................................................................................26
13.9. Armadura Transversal para Força Cortante .....................................................................27
13.9.1 Pilar Intermediário P2 ..................................................................................................27
13.9.2 Pilares Extremos P1 e P3 ............................................................................................. 28
13.9.3 Detalhamento da Armadura Transversal ......................................................................28
13.10. Ancoragem das Armaduras Longitudinais.......................................................................29
13.10.1 Armadura Positiva nos Pilares Extremos P1 e P3 ....................................................29
13.10.2 Armadura Positiva no Pilar Interno P2 .....................................................................33
13.10.3 Armadura Negativa nos Pilares Extremos P1 e P3...................................................33
13.11. Detalhamento da Armadura Longitudinal .......................................................................33
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 35
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 1
1. INTRODUÇÃO
O texto seguinte apresenta vários itens da NBR 6118/20141 relativos às vigas contínuas de
edificações. A norma, publicada em maio de 2014, substituiu a versão anterior de 2003.
2. DEFINIÇÃO
Vigas são “elementos lineares em que a flexão é preponderante.” (NBR 6118, 14.4.1.1).
Elemento linear é aquele em que o comprimento longitudinal supera em pelo menos três vezes a
maior dimensão da seção transversal, sendo também denominado “barra”.
3. ANÁLISE ESTRUTURAL
No item 142 a NBR 6118 apresenta uma série de informações relativas à Análise Estrutural,
como princípios gerais, hipóteses, tipos, etc., de elementos lineares e de superfície, além de vigas-
parede, pilares-parede e blocos. Segundo o item 14.2.1, “O objetivo da análise estrutural é
determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade de efetuar verificações dos
estados-limites últimos e de serviço. A análise estrutural permite estabelecer as distribuições de
esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou em toda a estrutura.”
“A análise estrutural deve ser feita a partir de um modelo estrutural adequado ao objetivo
da análise. Em um projeto pode ser necessário mais de um modelo para realizar as verificações
previstas nesta Norma. O modelo deve representar a geometria dos elementos estruturais, os
carregamentos atuantes, as condições de contorno, as características e respostas dos materiais,
sempre em função do objetivo específico da análise. A resposta dos materiais pode ser
representada por um dos tipos de análise estrutural apresentados em 14.5.1 a 14.5.5.” (item
14.2.2).
No item 14.5 a NBR 6118 apresenta cinco métodos de análise estrutural para o projeto, “que
se diferenciam pelo comportamento admitido para os materiais constituintes da estrutura, não
perdendo de vista em cada caso as limitações correspondentes.” Os métodos de análise “admitem
que os deslocamentos da estrutura são pequenos.”
1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. ABNT,
2014, 238p.
2
O item 14 contém diversas outras informações não apresentadas neste texto.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 2
“Na análise linear com redistribuição, os efeitos das ações, determinados em uma análise
linear, são redistribuídos na estrutura, para as combinações de carregamento do ELU. Nesse caso,
as condições de equilíbrio e de dutilidade devem ser obrigatoriamente satisfeitas. Todos os
esforços internos devem ser recalculados, de modo a garantir o equilíbrio de cada um dos
elementos estruturais e da estrutura como um todo. Os efeitos de redistribuição devem ser
considerados em todos os aspectos do projeto estrutural, inclusive as condições de ancoragem e
corte de armaduras e as forças a ancorar.
Cuidados especiais devem ser tomados com relação aos carregamentos de grande
variabilidade.
As verificações de combinações de carregamento de ELS ou de fadiga podem ser baseadas
na análise linear sem redistribuição. De uma maneira geral é desejável que não haja redistribuição
de esforços nas verificações em serviço.”
y y y
y
Figura 1 – Material rígido-plástico perfeito. Figura 2 – Material elasto-plástico perfeito.
“Na análise não linear, considera-se o comportamento não linear dos materiais. Toda a
geometria da estrutura, bem como todas as suas armaduras, precisam ser conhecidas para que a
análise não linear possa ser efetuada, pois a resposta da estrutura depende de como ela foi
armada.
Condições de equilíbrio, de compatibilidade e de dutilidade devem ser necessariamente
satisfeitas. Análises não lineares podem ser adotadas tanto para verificações de estados-limites
últimos como para verificações de estados-limites de serviço.
Para análise de esforços solicitantes no estado-limite último, os procedimentos
aproximados definidos na Seção 15 podem ser aplicados.”
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 3
No item 14.6 a NBR 6118 apresenta as hipóteses básicas para estruturas de elementos
lineares: “Estruturas ou partes de estruturas que possam ser assimiladas a elementos lineares
(vigas, pilares, tirantes, arcos, pórticos, grelhas, treliças) podem ser analisadas admitindo-se as
seguintes hipóteses:
a) manutenção da seção plana após a deformação;
b) representação dos elementos por seus eixos longitudinais;
c) comprimento limitado pelos centros de apoios ou pelo cruzamento com o eixo de outro elemento
estrutural.”
4. VÃO EFETIVO
ef = 0 + a1 + a2 Eq. 1
t / 2 t 2 / 2
com: a1 1 e a2
0,3 h 0,3 h
0
t1 t2
5. ALTURA E LARGURA
ef ,1 ef , 2
h1 e h2 Eq. 2
12 12
ef, 1 ef, 2
Figura 4 – Valores práticos para estimativa da altura das vigas.
6. INSTABILIDADE LATERAL
Segundo a NBR 6118 (item 15.10), “A segurança à instabilidade lateral de vigas deve ser
garantida através de procedimentos apropriados. Como procedimento aproximado pode-se adotar,
para vigas de concreto, com armaduras passivas ou ativas, sujeitas à flambagem lateral, as
seguintes condições:”
b 0 /50 Eq. 3
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 5
b fl h Eq. 4
0,40
b b
b b
0,20
No item 14.6.4 (“Análise linear com ou sem redistribuição”) a NBR 6118 apresenta diversas
informações que aplicam-se a estruturas de elementos lineares onde se considera a análise linear,
com ou sem redistribuição dos efeitos das ações para a estrutura, determinados para as combinações
de carregamento do estado-limite último (ELU). O item contém informações importantes relativas
às vigas e são aqui apresentadas.
7.1. Rigidez
“Para o cálculo da rigidez dos elementos estruturais, permite-se, como aproximação, tomar
o módulo de elasticidade secante (Ecs) (ver 8.2.8) e o momento de inércia da seção bruta de
concreto. Para verificação das flechas, devem obrigatoriamente ser consideradas a fissuração e a
fluência, usando, por exemplo, o critério de 17.3.2.1.” (NBR 6118, 14.6.4.1).
Quando for feita redistribuição de momentos fletores nas vigas, é importante garantir boas
condições de ductilidade. No item 14.6.4.3 a NBR 6118 apresenta limites para redistribuição de
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 6
“Esses limites podem ser alterados se forem utilizados detalhes especiais de armaduras,
como, por exemplo, os que produzem confinamento nessas regiões.”
Uma redistribuição comumente feita na prática é a diminuição dos momentos fletores
negativos nos apoios intermediários de vigas contínuas. Isso possibilita uma aproximação nos
valores dos momentos fletores negativos com os momentos fletores positivos nos vãos, o que leva a
seções transversais menores e projetos mais econômicos.
A diminuição do momento fletor negativo altera a distribuição dos demais esforços
solicitantes ao longo da viga, o que deve ser levado em consideração no dimensionamento.
Conforme a norma: “Quando for efetuada uma redistribuição, reduzindo-se um momento
fletor de M para M, em uma determinada seção transversal, a profundidade da linha neutra nessa
seção x/d, para o momento reduzido M, deve ser limitada por:
Pode ser adotada redistribuição fora dos limites estabelecidos nesta Norma, desde que a
estrutura seja calculada mediante o emprego de análise não linear ou de análise plástica, com
verificação explícita da capacidade de rotação das rótulas plásticas.”
A Figura 5 mostra a plastificação do momento fletor negativo da viga no apoio interno. A
diminuição do momento fletor negativo no pilar interno é interessante, pois permite que se faça uma
aproximação entre os momentos negativos e positivos. Na versão de 1978 da norma (NB1/78) era
permitido plastificar, isto é, diminuir em até 15 % o momento fletor negativo nos apoios internos de
vigas contínuas.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 7
a) não podem ser considerados momentos positivos menores que os que se obteriam se houvesse
engastamento perfeito da viga nos apoios internos; (Figura 6);
vão extremo
M1,i M 3,i
vão interno
M 2,i
MB MC MD
MA
M
> M1,c
1,i
M
> M2,c
2,i
M
> M3,c
3,i
“b) quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio, medida na direção
do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do pilar, não pode ser considerado o
momento negativo de valor absoluto menor do que o de engastamento perfeito nesse apoio;”
(Figura 7);
b int
Se bint e/4
ef ef
“c) quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos pilares com a viga,
deve ser considerado, nos apoios extremos, momento fletor igual ao momento de engastamento
perfeito multiplicado pelos coeficientes estabelecidos [...].” (ver Eq. 8, Eq. 9 e Eq. 10).
Este item refere-se à ligação das vigas com os apoios extremos. Inicialmente consideram-se
os pilares extremos como apoios simples, e os apoios intermediários (internos) seguem a regra do
item b, e assim define-se o esquema estático ao longo de toda a viga. Todos os momentos fletores
são calculados para a viga assim esquematizada (Figura 8). O momento fletor de ligação da viga
com os pilares extremos é calculado fazendo-se o equilíbrio do momento fletor de engastamento
perfeito no nó extremo, o que pode ser feito rapidamente aplicando-se a Eq. 8. Os momentos
fletores que atuam nos lances inferior e superior do pilar extremo (Figura 9), são obtidos segundo a
Eq. 9 e a Eq. 10.
Mlig -
- -
+ +
Meng - -
+
M lig M sup
M i,sup + 21 M(i + 1),inf nível i
M inf
rinf rsup
- na viga: Mlig Meng Eq. 8
rvig rinf rsup
rsup
- no tramo superior do pilar: Msup Meng Eq. 9
rvig rinf rsup
rinf
- no tramo inferior do pilar: Minf M eng Eq. 10
rvig rinf rsup
No caso da rigidez da viga, i é o vão efetivo entre o apoio extremo e o apoio intermediário.
No caso da rigidez do pilar, i é tomado como a metade do comprimento equivalente do lance do
pilar, como indicado na Figura 10.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 10
sup
_____
2
inf
_____
2
vig
Figura 10 – Aproximação em apoios extremos.
O método de cálculo com aplicação da Eq. 8, Eq. 9 e Eq. 10 é simples de ser feito e não
requer computadores e programas. Segundo a NBR 6118 (14.6.6.1), “Alternativamente, o modelo
de viga contínua pode ser melhorado, considerando-se a solidariedade dos pilares com a viga,
mediante a introdução da rigidez à flexão dos pilares extremos e intermediários.” E ainda: “A
adequação do modelo empregado deve ser verificada mediante análise cuidadosa dos resultados
obtidos. Cuidados devem ser tomados para garantir o equilíbrio de momentos nos nós viga-pilar,
especialmente nos modelos mais simples, como o de vigas contínuas.”
No caso de introduzir a rigidez à flexão dos pilares extremos, a viga fica vinculada ao apoio
extremo por meio de um engastamento elástico (mola). Esta solução é mais consistente que a opção
anterior, porém, o cálculo manual fica dificultado.
A rigidez à flexão da mola é avaliada pela equação:
sendo:
4 EI sup 4 EI inf
K p,sup e K p ,inf Eq. 13
sup inf
8 EI
K mola Eq. 14
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 11
“Os pavimentos dos edifícios podem ser modelados como grelhas, para o estudo das cargas
verticais, considerando-se a rigidez à flexão dos pilares de maneira análoga à que foi prescrita
para as vigas contínuas. De maneira aproximada, nas grelhas e nos pórticos espaciais, pode-se
reduzir a rigidez à torção das vigas por fissuração, utilizando-se 15 % da rigidez elástica, exceto
para os elementos estruturais com protensão limitada ou completa (classes 2 ou 3).
Modelos de grelha e pórticos espaciais, para verificação de estados-limites últimos, podem
ser considerados com rigidez à torção das vigas nula, de modo a eliminar a torção de
compatibilidade da análise, ressalvando o indicado em 17.5.1.2.
Perfis abertos de parede fina podem ser modelados considerando o disposto em 17.5.”
“Para estruturas de edifícios em que a carga variável seja de até 5 kN/m2 e que seja no
máximo igual a 50 % da carga total, a análise estrutural pode ser realizada sem a consideração de
alternância de cargas.”
Conforme a NBR 6118 (14.6.3), “O diagrama de momentos fletores pode ser arredondado
sobre os apoios e pontos de aplicação de forças consideradas concentradas e em nós de pórticos.
Esse arredondamento pode ser feito de maneira aproximada, [...]”, conforme indicado na Figura 11
e os valores seguintes:
R 2 R1
M t Eq. 15
4
t
M1 R1 Eq. 16
4
t
M 2 R 2 Eq. 17
4
t
M ' R Eq. 18
8
M M 2 M'
M1 M'
M 2
M1
/2 /2
R1 R 2
R
Segundo FUSCO (2000), “nos apoios indiretos, o equilíbrio de esforços internos da viga
suporte exige que no cruzamento das duas vigas haja uma armadura de suspensão, funcionando
como um tirante interno, que levanta a força aplicada pela viga suportada ao banzo inferior da
viga suporte, até o seu banzo superior.” A força F no tirante interno está indicada na Figura 13. A
armadura de suspensão deverá ser dimensionada de modo a transmitir ao banzo superior a
totalidade da reação de apoio da viga que é suportada.
A Figura 14 mostra diversos esquemas possíveis de apoio de uma viga sobre outra viga. As
trajetórias das fissuras verificadas nesses casos indicam a melhor disposição ou direção a ser dada à
armadura.
Figura 14 – Trajetórias das fissuras em vários casos de apoios indiretos (FUSCO, 2000).
h1
R t t R apoio Eq. 19
h2
com: h1 h2 ;
h1 = altura da viga que apoia;
h2 = altura da viga suporte.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 14
OBSERVAÇÕES:
3
Para todo o conjunto ou partes da estrutura, deve ser definida a classe de agressividade ambiental, em função da agressividade do
ambiente a que o elemento ou estrutura estiver submetida, de modo a fixar valores como a resistência à compressão do concreto (fck),
relação água/cimento máxima (a/c), cobrimento do concreto (c), etc., conforme a NBR 6118.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 15
a) há uma parede de vedação sobre a viga em toda a sua extensão, constituída por blocos cerâmicos
de oito furos (de dimensões de 9 x 19 x 19 cm), com espessura final4 de 23 cm e altura5 de 2,40 m;
b) a laje é do tipo pré-fabricada treliçada, com altura total de 16 cm e peso próprio de 2,43 kN/m2;
c) ação variável nas lajes de 2,0 kN/m2 (carga acidental q - NBR 6120);
d) revestimento (piso final) em porcelanato6 sobre a laje, com piso = 0,20 kN/m2;
e) a ação do vento e os esforços solicitantes decorrentes serão desprezados, por se tratar de uma
edificação de baixa altura (apenas dois pavimentos), em região não sujeita a ventos de alta
intensidade.7
RESOLUÇÃO
A viga VS1 será calculada como uma viga contínua e como um elemento isolado da
estrutura, apenas vinculada aos pilares extremos por meio de engastes elásticos.
Outras formas de análise podem ser feitas, considerando-se por exemplo a viga VS1 como
sendo parte de um pórtico plano, como aquele mostrado na Figura 17, ou compondo uma grelha
com as lajes e vigas do pavimento. Neste caso, haveria uma melhor interação com as demais vigas
(VB1 e VC1) e com os pilares de apoio. Uma outra forma possível de cálculo seria considerar toda
a estrutura como um pórtico tridimensional (ou espacial – ver item 9), como pode ser feito com a
aplicação de alguns programas computacionais comerciais de cálculo de estruturas de concreto.
Para estimar a altura da viga é necessário considerar inicialmente um vão para a viga, no
caso a distância entre os centros dos pilares de apoio (719 cm). Assim, a altura da viga para
concreto C25 pode ser adotada pela Eq. 2 como:
ef 719
h 59,9 cm h = 60 cm
12 12
Supõe-se que a parede sob a viga, posicionada no pavimento térreo, na qual a viga VS1
ficará embutida, será confeccionada com blocos cerâmicos furados (9 x 19 x 19 cm) posicionados
“deitados”, na dimensão de 19 cm, de modo que a viga deverá ter também a largura de 19 cm, a fim
de facilitar a execução.8 Assim, a viga será calculada inicialmente com seção transversal 19x60 cm.
Os vãos efetivos dos tramos 1 e 2 da viga são iguais. Considerando as medidas mostradas na
Figura 16, de acordo com a Eq. 1 são:
t / 2 t 2 / 2 19 / 2 9,5 cm
a1 a 2 1 a1 = a2 = 9,5 cm
0,3 h 0,3 . 60 18 cm
4
A espessura final, real da parede, pode não coincidir com a espessura da parede especificada no projeto arquitetônico da edificação,
sendo comum as larguras de 15 e 25 cm nesses projetos. A espessura final depende da largura da unidade de alvenaria (bloco, tijolo
maciço, etc.) e das espessuras dos revestimentos (reboco de argamassa, gesso, etc.).
5
A altura da parede está mostrada na Figura 17, sendo a distância da face superior da viga VS1 até a face inferior da viga da
cobertura (VC1).
6
Os pisos de porcelanato têm espessuras diferentes, em função do fabricante e principalmente das dimensões das peças, de modo que
o peso específico pode variar muito, devendo ser consultado com o fabricante.
7
Segundo a NBR 6118 (item 11.4.2.1), “Os esforços solicitantes relativos à ação do vento devem ser considerados e recomenda-se
que sejam determinados de acordo com o prescrito pela ABNT NBR 6123, permitindo-se o emprego de regras simplificadas
previstas em Normas Brasileiras específicas.”
8
Em construções de pequeno porte geralmente as paredes de alvenaria são construídas antes da estrutura de concreto, e para facilitar
a execução é interessante que vigas e pilares tenham espessuras iguais às das paredes, pois assim as tábuas da fôrma podem ser
montadas apenas encostadas na alvenaria.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 16
Quando as dimensões dos pilares na direção do eixo longitudinal da viga são pequenas,
geralmente o vão efetivo é igual à distância entre os centros dos apoios, como ocorreu neste caso.
P1 P2 P3
19/19 L1 19/30 L2 19/19
523
45
16
VS2 (19 x 70)
P4 P5 P6
19/30 19/30 19/30
L3 L4
VS4 (19 x 45)
P7 P8 P9
19/19 19/30 19/19
719 719
P1 P2 P3
19/19 19/30 19/19
300
240
tramo 1 tramo 2
255
300
19 700 19 700 19
Como existe laje apoiada na região superior da viga, na extensão onde ocorrem tensões
normais de compressão provocadas pelo momento fletor positivo, a estabilidade lateral da viga está
garantida pela laje. Na extensão dos momentos fletores negativos, onde a compressão ocorre na
região inferior da viga, e não existe laje inferior travando a viga, não deverá ocorrer problema
porque o banzo comprimido tem pequena extensão.9
9
No caso de “vigas invertidas” é importante verificar com cuidado a questão da instabilidade lateral.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 18
Como se pode observar na Figura 16, as lajes L1 e L2, do piso do pavimento superior,
apoiam-se somente sobre as vigas VS1 e VS2, pois as lajes são do tipo pré-fabricada treliçada, onde
os trilhos ou vigotas são unidirecionais. O primeiro tramo da VS1 recebe parte da carga da laje L1,
e o segundo tramo parte da laje L2.
Para as lajes será considerada a altura de 16 cm, com peso próprio10 de 2,43 kN/m2. As
argamassas de revestimento, nos lados inferior e superior11, tem respectivamente a espessura média
de 1,5 e 3,0 cm. O revestimento de piso final (porcelanato) tem carga estimada em 20 kgf/m2.
Considerando os pesos específicos dados e a carga acidental, a carga total por m2 de área da laje é:
O apoio intermediário da viga (pilar P2) pode ser considerado como um apoio simples, pois
de acordo com o esquema mostrado na Figura 7, o pilar deve ser assim classificado, como
demonstrado a seguir. O comprimento equivalente do lance inferior do pilar é:
10
O peso próprio das lajes pré-fabricadas são fornecidos pelos fabricantes, podendo ser conferido pelo engenheiro.
11
Também chamado “contrapiso” ou “argamassa de regularização”.
12
Tomar o vão da laje de centro a centro das vigas de apoio fica a “favor da segurança”, considerando que as lajes serão construídas
com as vigotas adentrando as vigas na região superior, e não apoiadas sobre as bordas superiores das vigas.
13
Valores encontrados em GIONGO, J.S. Concreto armado: projeto estrutural de edifícios. São Carlos, Escola de Engenharia de
São Carlos, Usp, Dep. de Estruturas. 2007. Disponível em (1/09/15):
http://www.gdace.uem.br/romel/MDidatico/EstruturasConcretoII/ProjetoEstruturaldeEdificios-J.%20S.Gingo-EESC-Turma2-
2007.pdf
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 19
A largura do pilar (P2) na direção do eixo longitudinal da viga (bint) é 19 cm, menor que um
quarto do comprimento equivalente do pilar (e/4 = 300/4 = 75 cm), isto é, bint = 19 cm < 75 cm.
Portanto, deve-se considerar o pilar interno P2 como apoio simples.
A viga deveria ser considerada engastada no pilar P2 caso bint resultasse maior que e/4. De
acordo com a norma, isso ocorreria se a dimensão do pilar na direção da viga (b int) fosse grande o
suficiente para que a sua rigidez pudesse impedir a rotação da viga nas suas proximidades, ou seja,
a viga seria considerada engastada no pilar P2.
A norma considera que a flexão das vigas contínuas calculadas isoladamente com os pilares
extremos seja obrigatoriamente considerada. Neste exemplo, a viga será considerada vinculada aos
pilares extremos P1 e P3 por meio de molas, ou seja, considerando os pilares como engastes
elásticos.
Os carregamentos totais calculados para os tramos 1 e 2 da viga são iguais (25,04 kN/m), e
uniformemente distribuídos em toda a extensão do tramo (Figura 19).
p = 25,04 kN/m
tramo 1 tramo 2
719 cm 719
4 EI
Kp,sup = Kp,inf =
8 EI
Com = /2 conforme a NBR 6118, a rigidez da mola vale, portanto: K mola
2
O módulo de elasticidade do concreto, tangente na origem, pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8):
Como a seção transversal é constante, o momento de inércia dos lances inferior e superior
do pilar são iguais e valem:
b h 3 19 . 193
Ip,sup = Ip,inf = 10.860 cm4
12 12
onde Ip é o momento de inércia em relação aos eixos baricêntricos de uma seção retangular cuja
dimensão h é aquela que corresponde, na seção, ao lado perpendicular ao eixo de flexão do pilar.
Ou, em outras palavras, o momento de inércia que interessa neste caso é aquele onde a dimensão
elevada ao cubo é aquela coincidente com a direção do eixo longitudinal da viga.
Rigidez da mola:
8 EI 8 . 2898 . 10860
K mola = 1.678.522 kN.cm
300
2 2
Para determinação dos esforços solicitantes na viga pode ser utilizado algum programa
computacional com essa finalidade. Para o exemplo foi aplicado o programa chamado PPLAN414
(CORRÊA et al., 1992), que resolve pórticos planos e vigas, fornecendo os esforços solicitantes e
os deslocamentos no nós.15 A Figura 20 mostra o esquema de numeração dos nós e barras para a
viga em análise.
y
25,04 kN/m
1 1 2 2 3 3 4 4 5
x
359,5 359,5 359,5 359,5
719 cm 719
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP – BAURU, DISC. CONCRETO II
VIGA EXEMPLO
VS1 (19 x 60)
NOGL
1,5,1,0,0,1438,0,
RES
1,1,1,2,0,0,1678522,
5,1,1,2,0,0,1678522,
3,1,1,
BARG
1,4,1,1,1,2,1,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
14
O programa computacional e o manual encontram-se disponíveis no endereço:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
15
Outros programas computacionais podem ser utilizados, como por exemplo o Ftool.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 21
1,2898,
FIMG
CARR1
CBRG
1,4,1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME
Vk (kN)
72,8 107,3
72,8
107,3
288
14922
288
~ 40
- - 2517
2517 Mk
(kN.cm)
+ ~180
8054 8054
Figura 21 – Diagramas de esforços solicitantes característicos.
16
Um valor mais próximo da flecha máxima poderia ser obtido colocando-se outros nós à esquerda do nó 2 indicado na Figura 20.
17
Onde é o comprimento da parede.
18
Vigas que servem de apoio para paredes devem ter os deslocamentos-limites avaliados cuidadosamente, para evitar o surgimento
de fissuras indesejáveis na parede, por flecha excessiva. Geralmente, a solução mais comum para resolver problemas de flecha
elevada é aumentar a altura da viga.
19
Para uma análise mais precisa e cálculo elaborado da flecha pode ser consultado: CARVALHO, R.C. ; FIGUEIREDO FILHO, J.R.
Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2014. São Carlos, v.1, Ed. EDUFSCar,
2014, 416p.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 22
No caso dos momentos fletores máximos positivos deve-se comparar o valor mostrado na
Figura 21 com o máximo momento fletor positivo obtido considerando-se o vão engastado no apoio
intermediário (pilar P2 - Figura 22).
p = 25,04 kN/m
P1 P2
719 cm
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP – BAURU, DISC. CONCRETO II
MOMENTO POSITIVO COM ENGASTE NO APOIO INTERNO
VS1 (19 x 60)
NOGL
1,3,1,0,0,719,0,
RES
1,1,1,2,0,0,1678522,
3,1,1,1,
BARG
1,2,1,1,1,2,1,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,2898,
FIMG
CARR1
CBRG
1,2,1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME
O máximo momento fletor positivo para o esquema mostrado na Figura 22, conforme o
arquivo de dados acima, resulta 8.054 kN.cm, igual ao momento máximo positivo obtido para a
viga contínua mostrada na Figura 21. A listagem dos resultados obtidos pelo programa PPLAN4
encontra-se no final da apostila (Anexo II).
f ctk,sup 1,3 f ct, m 1,3 . 0,3 3 f ck 2 1,3 . 0,3 3 252 3,33 MPa
20
Apresentada em: BASTOS, P.S.S. Flexão normal simples - Vigas. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), fev/2015, 78p. Disponível em
(1/09/15): http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 23
b h 3 19 . 603
I 342.000 cm3
12 12
I 342000
W0 11.400 cm3 (no estádio I, y é tomado na meia altura da viga)
y 30
b w d 2 19 . 552
Kc = 18,9 da Tabela A-1 (ver anexo) tem-se Ks = 0,023.
Md 3037
Md 3037
As K s = 0,023 1,27 cm2
d 55
Para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín – ver Tabela A-2) é
de 0,15 % Ac , portanto:
As,mín = 0,0015 . 19 . 60 = 1,71 cm2 > 1,27 cm2 As,mín = 1,71 cm2
A armadura de pele não é necessária, dado que a viga não tem altura superior a 60 cm. No
entanto, a fim de evitar fissuras de retração que surgem mesmo em vigas com altura de 50 cm, será
colocada uma armadura de pele com área de 0,05 % Ac em cada face da viga, que era a área de
armadura de pele recomendada para vigas com alturas superiores a 60 cm, na versão NB-1 de 1978:
4 4,2 mm 0,56 cm2 em cada face (ver Tabela A-3 ou Tabela A-4), distribuídas ao
longo da altura (ver Figura 30).
O momento fletor atuante (M) na viga na seção sobre o pilar P2 é negativo e de valor 14.922
kN.cm. Este momento é 1,85 vez maior que o máximo momento fletor positivo no vão, de 8.054
kN.cm. Uma forma de diminuir essa diferença é fazer uma redistribuição de esforços solicitantes,
como apresentado no item 7.3 (Eq. 6 e Eq. 7). Isso é feito reduzindo o momento negativo de M para
δM, com δ ≥ 0,75. A fim de exemplificar a redistribuição, o momento fletor será reduzido em 10 %,
com δ = 0,9, e:
Mk = – 14.922 kN.cm δMk = 0,9 . (– 14922) = – 13.430 kN.cm
A redução do momento fletor negativo acarretará alterações nos demais valores dos esforços
solicitantes (M e V) na viga, bem como nos elementos estruturais a ela ligados, o que deve ser
considerado, como mostrado adiante (Figura 23).
Para a altura da viga de 60 cm será adotada a altura útil (d) de 55 cm. A capa da laje pré-
fabricada, apoiada na região superior da viga, está tracionada pelo momento fletor negativo, e não
pode ser considerada para contribuir na resistência às tensões normais de compressão, de modo que
a viga deve ser dimensionada como seção retangular (19 x 60):
712,5
b w d 2 19 . 552
Kc = 3,1
Md 18802
ah
Da Tabela A-1 tem-se:
Neste caso, com x = x/d = 0,30, os limites estão satisfeitos, o que deve garantir a necessária
ductilidade à viga nesta seção.
Md 18802
As Ks = 0,026 8,89 cm2 (> As,mín = 1,71 cm2)
d 55
21
Está se supondo que edificações de médio e grande porte tenham uma pessoa experiente, o “armador”, para cortar,
amarrar e montar as armaduras, com equipamentos adequados, onde a barra de 16 mm não oferece dificuldades. Em
obras de pequeno porte é indicado utilizar barras de diâmetro até 12,5 mm.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 25
Com o momento fletor negativo diminuído em δ = 0,9 (M = – 13.430 kN.cm), os valores dos
esforços solicitantes na viga são alterados conforme mostrado na Figura 2322, isto é, deve-se fazer a
redistribuição de esforços solicitantes, a serem considerados no cálculo das demais armaduras da
viga e nos outros elementos estruturais ligados à viga, como os pilares por exemplo (P1, P2 e P3).
Vk (kN)
75,1 104,9
75,1
104,9
300
13430
300
~ 40
-
2733
-
2733 Mk
(kN.cm)
+ ~180
8522 8522
Figura 23 – Diagramas de esforços solicitantes característicos considerando a redistribuição em função da
diminuição de M para δM na seção sobre o pilar P2.
Mk = – 2.733 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 2733) = – 3.826 kN.cm
Com d = 56 cm:
210
2 2
b w d 19 . 56
Kc = 15,6
Md 3826
22
O arquivo de dados de entrada no programa PPLAN4 e o relatório de resultados encontram-se no Anexo II ao final do texto.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 26
portanto, As = 1,71 cm2 (2 10 mm 1,60 cm2 - ver Tabela A-4 - que é uma área apenas um
pouco menor que a área mínima.
O momento fletor máximo positivo no vão, após a redistribuição de esforços (Figura 23), é:
Mk = 8.522 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 8.522 = 11.931 kN.cm
A capa (mesa) da laje pré-fabricada, com 4 cm de espessura, está comprimida pelo momento
fletor positivo e contribui com a viga em proporcionar resistência às tensões normais de
compressão, que ocorrem na parte superior da viga. No entanto, a contribuição não será considerada
porque a espessura da mesa é pequena, além de que em construções de pequeno porte, sem
fiscalização rigorosa, não há certeza quanto à uniformidade da espessura da mesa.
Com d = 56 cm:
b w d 2 19 . 562
Kc = 5,0
Md 11931
Md 11931
As Ks = 0,025 5,33 cm2 (> As,mín = 1,71 cm2)
d 56
A soma das armaduras de tração e de compressão (As + A’s) não deve ter valor maior que
4 % Ac (As,máx):
muito superior à qualquer combinação de As com A’s ao longo da viga (A’s resultou nula em todas
as seções, ou seja, nenhuma seção com armadura dupla).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 27
Vk = 104,9 kN
VSd = f . Vk = 1,4 . 104,9 = 146,9 kN
Com d = 55, e da Tabela A-5 anexa (para concreto C25) determina-se a força cortante
máxima que a viga pode resistir:
VSd 146,9 VRd 2 449,4 kN ok! não ocorrerá esmagamento do concreto nas bielas
comprimidas.
Da Tabela A-5 (C25), a equação para determinar a força cortante correspondente à armadura
mínima é:
VSd 146,9 VSd , mín 122,3 kN portanto, deve-se calcular a armadura transversal,
pois será maior que Asw,mín .
VSd 146,9
Asw 2,55 0,20 b w 2,55 0,20 . 19 3,01 cm2/m
d 55
A armadura mínima, a ser aplicada nos trechos da viga onde a força cortante solicitante é
menor que a força cortante correspondente à armadura mínima, é:
23
BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II.
Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2015, 74p.
Disponível em (1/09/15): http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 28
20 f ct , m 3
Asw , mín bw (cm2/m), com f ct , m 0,3 3 f ck 2 0,3 252 2,56 MPa
f ywk
20 . 0,256
e com o aço CA-50: Asw , mín 19 1,95 cm2/m
50
E como esperado, Asw = 3,01 cm2/m > Asw,mín = 1,95 cm2/m, armadura que deve ser disposta
no trecho ou região da viga próxima ao apoio (pilar).
A força cortante que atua na viga nos apoios correspondentes aos pilares P1 e P3 é:
Vk = 75,1 kN
VSd = f . Vk = 1,4 . 75,1 = 105,1 kN
Alterando a altura útil para 56 cm (utilizada no cálculo da armadura de flexão nos pilares
extremos e na armadura positiva do vão) tem-se os valores de VRd2 = 457,6 kN e VSd,mín = 124,5 kN
do cálculo relativo ao pilar P2, e:
VSd = 105,1 kN < VRd2 = 457,6 kN não ocorrerá o esmagamento do concreto nas
diagonais comprimidas.
VSd = 105,1 kN < VSd,mín = 124,5 kN portanto, deve-se dispor a armadura mínima
(Asw,mín = 1,95 cm2/m)
b) espaçamento máximo
Asw 0,40
0,0301 cm2/cm 0,0301 s = 13,3 cm 30 cm
s s
Para a armadura mínima de 1,95 cm2/m, considerando o mesmo diâmetro do estribo, tem-se:
A sw 0,40
0,0195 cm2/cm 0,0195 s = 20,5 cm 30 cm
s s
14
N1-30 c/20 N1-8 c/13 N1-8 c/13 N1-30 c/20
104 104
55
19 700 19
N1 - 76 5 mm
C=148 cm
VSd,mín= 122,3
146,9 VSd (kN)
105,1
146,9 105,1
300
70,2
419
A viga VS1 tem simetria de carregamento e geometria, de modo que a ancoragem nos
pilares extremos P1 e P3 são exatamente iguais.
Valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a) segundo o Modelo de Cálculo I,
para estribos verticais:24
24
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento
Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p. Disponível em (1/09/15):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 30
d VSd , máx
a d , com a 0,5d
2 (VSd , máx Vc )
portanto, a = d = 56 cm.
a VSd 56 105,1
A s,anc = 2,42 cm2
d f yd 56 50
1,15
A armadura calculada para o apoio deve atender à armadura mínima:
1 M vão
3 A s, vão se M apoio 0 ou negativo de valor M apoio 2
A s, anc
1 A M vão
4 s, vão se M apoio negativo e de valor M apoio 2
Se resultar As,anc menor que o valor mínimo, deve-se seguir nos cálculos com As,anc igual ao
valor mínimo (1/3 ou 1/4 do As,vão).
Para a ancoragem da armadura positiva nos apoios extremos P1 e P3 da viga é necessária a
área de 2,42 cm2, no comprimento de ancoragem básico b (Figura 25).
Como as armaduras positivas dos tramos adjacentes aos pilares P1 e P3 são compostas por 3
12,5 mm + 2 10 (ver item 13.8.3.2), e as duas barras ( de 12,5 mm) posicionados nos vértices
dos estribos devem ser obrigatoriamente estendidas até os apoios, a armadura efetiva (As,ef) a
ancorar no apoio será composta por 2 12,5 mm (2,50 cm2), que atende à área calculada de 2,42
cm2 (As,anc).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 31
b
VIGA DE APOIO
b
As,anc
A s,anc
c b,ef
b
O comprimento de ancoragem básico pode ser determinado na Tabela A-7 anexa. Na coluna
sem gancho, considerando concreto C25, aço CA-50, diâmetro da barra de 12,5 mm e região de boa
aderência, encontra-se o comprimento de ancoragem básico (b) de 47 cm.
Como a área de armadura escolhida para a ancoragem no apoio (As,ef) não é exatamente
igual à área da armadura calculada (As,anc), o comprimento de ancoragem básico pode ser corrigido
para b,corr , como (ver Figura 26):
As,anc 2,42
b,corr b 47 45,5 cm
As,ef 2,50
b,corr
As,ef
c b,ef
r + 5,5 = 3,1 + 5,5 . 1,25 = 10,0 cm, maior que 6 cm, b,mín = 10,0 cm
Numa primeira análise verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido (sem gancho)
é superior ao comprimento de ancoragem efetivo do apoio (b,corr = 45,5 cm > b,ef = 16,5 cm). Isto
significa que não é possível fazer a ancoragem reta com apenas 12,5 mm, pois as barras ficariam
com um trecho fora da seção transversal do pilar.
O passo seguinte para resolver o problema é fazer o gancho nas extremidades das barras, o
que permite diminuir o comprimento reto em 30 %. O comprimento de ancoragem com gancho é:
Verifica-se que mesmo com o gancho ainda não é possível fazer a ancoragem, pois o
comprimento de ancoragem com gancho resultou maior que o comprimento de ancoragem efetivo:
0,7 b 0,7 47
As,corr As,anc = 2,42 4,83 cm2
b,ef 16,5
Portanto, mesmo que se estenda até o apoio as três barras da primeira camada da armadura
positiva do vão (3 12,5 mm), a área de 3,75 cm2 não é suficiente para atender As,corr . Uma solução
é estender todas as barras da armadura do vão até o apoio, pois a área total (As,vão) de 5,35 cm2
atende à As,corr . Outra solução, mais econômica, é estender duas ou três barras 12,5 mm da
primeira camada e acrescentar grampos, com a área de grampos sendo a diferença entre a área de
armadura a ancorar (As,corr) e a área de armadura do vão estendida até o apoio. No caso de estender
2 12,5 (2,50 cm2), a área de grampo é:
A armadura a ancorar neste caso pode ser: 2 12,5 + 4 10 mm (2 grampos)25 5,70 cm2,
que atende com folga a As,corr de 4,83 cm2. O detalhe da ancoragem está mostrado na Figura 27.
Outra solução pode ser estender 3 12,5 (3,75 cm2), com área de grampo de:
2,5
100 gr = 100 cm
10 2 cm
15,5
2 12,5
19
2 grampos 10 mm A s,ef
25
1 8 mm (0,50 cm2); 1 10 (0,80 cm2); 1 12,5 (1,25 cm2).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 33
Estendendo 2 12,5 (dos vértices dos estribos) da armadura longitudinal positiva do vão até
o pilar intermediário (As,anc = As,ef = 2,50 cm2), esta armadura deve ser superior à mínima:
O valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a), relativo ao pilar P2, será
necessário no “cobrimento” do diagrama. Segundo o Modelo de Cálculo I, para estribos verticais:
d VSd , máx
a d , com a 0,5d
2 (VSd , máx Vc )
55 146,9
a 62,0 cm ≤ 55 cm portanto, a = d = 55 cm
2 (146,9 81,7)
2 10
5
35 cm
35
26
No caso de vigas que não apresentem simetria, esta verificação deve ser feita para os dois tramos adjacentes ao pilar intermediário.
27
Para a altura útil d foi aplicado o valor utilizado no cálculo da armadura de flexão negativa no pilar interno P2.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 34
negativa. O cobrimento do diagrama pode ser feito sobre o diagrama de momentos fletores de
cálculo, decalado no valor de a (55 cm).
Por simplicidade, a armadura negativa no apoio intermediário (P2) foi separada em dois
grupos, sendo 4 12,5 na primeira camada com comprimento idêntico para as barras, e 3 12,5 na
segunda camada. Outros arranjos ou agrupamentos diferentes podem ser feitos, resultando
comprimentos diferentes para as barras.
A armadura positiva foi separada em três grupos: o primeiro referente às barras que serão
estendidas até os apoios do tramo (2 12,5), o segundo com 1 12,5, e o terceiro com 2 10,
sendo as barras dos dois últimos grupos “cortadas” antes dos apoios, conforme o cobrimento do
diagrama de momentos fletores (Figura 29).
Os comprimentos de ancoragem básicos (b) para barras 12,5 mm (CA-50), concreto C25,
em situações de má aderência e de boa aderência, conforme a Tabela A-7, são respectivamente 67
cm e 47 cm (coluna sem gancho). Para barra 10 mm (CA-50) o comprimento de ancoragem
básico, em região de boa aderência, é de 38 cm (coluna sem gancho). Para 10 mm o comprimento
de ancoragem básico, em região de boa aderência, é de 38 cm.
248
135
67 312,5
b
(1)
12,5 A1
10
67 412,5
(2)
b a
210
B1 A2
face externa
do pilar
12,5
10
a a a
a B2
B2 212,5 B2
12,5 12,5 12,5
10 A2 112,5 (2) A2 10
10
60
47 B1 a 210 (1) B1 47 175
b
b
10 A1 A1 38
38 10 centro do pilar
10 a 10
b a b
110 220
A Figura 30 apresenta o detalhamento final das armaduras da viga. Este desenho é feito
normalmente na escala 1:50. O desenho do corte da seção transversal e do estribo é feito
normalmente nas escalas de 1:25 ou 1:20. Atenção máxima deve ser dispensada a este detalhamento
final, pois geralmente é apenas com ele que a armação da viga será executada.
Num detalhe à parte podem ser colocados outros desenhos mostrando como devem ser
executados os ganchos, os pinos de dobramento, etc.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 35
4 N3
2 x 4 N5
A 2 N6
P1 P2 P3
1 N7 2 N8
40 40
248 248 14
N3 - 412,5 C = 496
35
35
N2 - 210 C = 553 N2 - 210 C = 553
135 135
N4 - 312,5 C = 270 (2° cam) 55
N5 - 2 x 44,2 CORR
N1 - 76 5 mm C=148
220 220
N6 - 210 C = 400 N6 - 210 C = 400
175 175
N7 - 112,5 C = 494 N7 - 112,5 C = 494
10
10
N8 - 212,5 C = 749 N8 - 212,5 C = 749
100 100
13
13
A
N9 - 210 C = 213 N9 - 210 C = 213
REFERÊNCIAS
BASTOS, P.S.S. Flexão normal simples - Vigas. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP),
fev/2015, 78p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm).
BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 –
Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia -
Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2015, 74p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II.
Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), maio/2015, 40p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 36
CARVALHO, R.C. ; FIGUEIREDO FILHO, J.R. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto
armado: segundo a NBR 6118:2014. São Carlos, v.1, Ed. EDUFSCar, 2014, 416p.
CORRÊA, M.R.S. ; RAMALHO, M.A. ; CEOTTO, L.H. Sistema PPLAN4/GPLAN4 – Manual de utilização.
São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1992,
80p.
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 37
ANEXO I
Tabela A-1 – Valores de Kc e Ks para o aço CA-50 (para concretos do Grupo I de resistência –
fck ≤ 50 MPa, c = 1,4, γs = 1,15).
FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR - ARMADURA SIMPLES
x
x Kc (cm2/kN) Ks (cm2/kN)
Dom.
d C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 CA-50
0,01 137,8 103,4 82,7 68,9 59,1 51,7 45,9 41,3 0,023
0,02 69,2 51,9 41,5 34,6 29,6 25,9 23,1 20,8 0,023
0,03 46,3 34,7 27,8 23,2 19,8 17,4 15,4 13,9 0,023
0,04 34,9 26,2 20,9 17,4 14,9 13,1 11,6 10,5 0,023
0,05 28,0 21,0 16,8 14,0 12,0 10,5 9,3 8,4 0,023
0,06 23,4 17,6 14,1 11,7 10,0 8,8 7,8 7,0 0,024
0,07 20,2 15,1 12,1 10,1 8,6 7,6 6,7 6,1 0,024
0,08 17,7 13,3 10,6 8,9 7,6 6,6 5,9 5,3 0,024
0,09 15,8 11,9 9,5 7,9 6,8 5,9 5,3 4,7 0,024
0,10 14,3 10,7 8,6 7,1 6,1 5,4 4,8 4,3 0,024
0,11 13,1 9,8 7,8 6,5 5,6 4,9 4,4 3,9 0,024
0,12 12,0 9,0 7,2 6,0 5,1 4,5 4,0 3,6 0,024
0,13 11,1 8,4 6,7 5,6 4,8 4,2 3,7 3,3 0,024
0,14 10,4 7,8 6,2 5,2 4,5 3,9 3,5 3,1 0,024
2
0,15 9,7 7,3 5,8 4,9 4,2 3,7 3,2 2,9 0,024
0,16 9,2 6,9 5,5 4,6 3,9 3,4 3,1 2,7 0,025
0,17 8,7 6,5 5,2 4,3 3,7 3,2 2,9 2,6 0,025
0,18 8,2 6,2 4,9 4,1 3,5 3,1 2,7 2,5 0,025
0,19 7,8 5,9 4,7 3,9 3,4 2,9 2,6 2,3 0,025
0,20 7,5 5,6 4,5 3,7 3,2 2,8 2,5 2,2 0,025
0,21 7,1 5,4 4,3 3,6 3,1 2,7 2,4 2,1 0,025
0,22 6,8 5,1 4,1 3,4 2,9 2,6 2,3 2,1 0,025
0,23 6,6 4,9 3,9 3,3 2,8 2,5 2,2 2,0 0,025
0,24 6,3 4,7 3,8 3,2 2,7 2,4 2,1 1,9 0,025
0,25 6,1 4,6 3,7 3,1 2,6 2,3 2,0 1,8 0,026
0,26 5,9 4,4 3,5 2,9 2,5 2,2 2,0 1,8 0,026
0,27 5,7 4,3 3,4 2,8 2,4 2,1 1,9 1,7 0,026
0,28 5,5 4,1 3,3 2,8 2,4 2,1 1,8 1,7 0,026
0,29 5,4 4,0 3,2 2,7 2,3 2,0 1,8 1,6 0,026
0,30 5,2 3,9 3,1 2,6 2,2 1,9 1,7 1,6 0,026
0,31 5,1 3,8 3,0 2,5 2,2 1,9 1,7 1,5 0,026
0,32 4,9 3,7 3,0 2,5 2,1 1,8 1,6 1,5 0,026
0,33 4,8 3,6 2,9 2,4 2,1 1,8 1,6 1,4 0,026
0,34 4,7 3,5 2,8 2,3 2,0 1,8 1,6 1,4 0,027
0,35 4,6 3,4 2,7 2,3 2,0 1,7 1,5 1,4 0,027
0,36 4,5 3,3 2,7 2,2 1,9 1,7 1,5 1,3 0,027
0,37 4,4 3,3 2,6 2,2 1,9 1,6 1,5 1,3 0,027
0,38 4,3 3,2 2,6 2,1 1,8 1,6 1,4 1,3 0,027
0,40 4,1 3,1 2,5 2,0 1,8 1,5 1,4 1,2 0,027
0,42 3,9 2,9 2,4 2,0 1,7 1,5 1,3 1,2 0,028 3
0,44 3,8 2,8 2,3 1,9 1,6 1,4 1,3 1,1 0,028
0,45 3,7 2,8 2,2 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,46 3,7 2,7 2,2 1,8 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,48 3,5 2,7 2,1 1,8 1,5 1,3 1,2 1,1 0,028
0,50 3,4 2,6 2,1 1,7 1,5 1,3 1,1 1,0 0,029
0,52 3,3 2,5 2,0 1,7 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,54 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,56 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,9 0,030
0,58 3,1 2,3 1,8 1,5 1,3 1,2 1,0 0,9 0,030
0,60 3,0 2,3 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,030
0,62 2,9 2,2 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,031
0,63 2,9 2,2 1,7 1,5 1,2 1,1 1,0 0,9 0,031
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 38
Tabela A-2 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (Tabela 17.3 da NBR 6118).
Valores de mín(a) (%)
Forma
da seção
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Retan-
0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
gular
(a) Os valores de mín estabelecidos nesta Tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h = 0,8, c = 1,4 e s = 1,15. Caso esses
fatores sejam diferentes, mín deve ser recalculado.
mín = As,mín/Ac
Tabela A-3 – Área e massa linear de fios e barras de aço (NBR 7480).
Diâmetro (mm) Massa Área Perímetro
Fios Barras (kg/m) (mm2) (mm)
2,4 - 0,036 4,5 7,5
3,4 - 0,071 9,1 10,7
3,8 - 0,089 11,3 11,9
4,2 - 0,109 13,9 13,2
4,6 - 0,130 16,6 14,5
5 5 0,154 19,6 17,5
5,5 - 0,187 23,8 17,3
6 - 0,222 28,3 18,8
- 6,3 0,245 31,2 19,8
6,4 - 0,253 32,2 20,1
7 - 0,302 38,5 22,0
8 8 0,395 50,3 25,1
9,5 - 0,558 70,9 29,8
10 10 0,617 78,5 31,4
- 12,5 0,963 122,7 39,3
- 16 1,578 201,1 50,3
- 20 2,466 314,2 62,8
- 22 2,984 380,1 69,1
- 25 3,853 490,9 78,5
- 32 6,313 804,2 100,5
- 40 9,865 1256,6 125,7
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 39
Ø
Br. 1 = brita 1 (dmáx = 19 mm) ; Br. 2 = brita 2 (dmáx = 25 mm)
Valores adotados: t = 6,3 mm ; cnom = 2,0 cm
Para cnom 2,0 cm, aumentar bw,mín conforme: av
Tabela A-5 – Equações simplificadas segundo o Modelo de Cálculo I para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples).
Tabela A-6 – Equações simplificadas segundo Modelo de Cálculo II para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples)
Tabela A-9 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) (Tabela 9.1 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
20 5 8 -
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 43
ANEXO II
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DA GEOMETRIA DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE COORDENADAS NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE RESTRICOES NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARACTERISTICAS DE BARRAS
NO NO COSSENO OPCAO
BARRA INIC FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR DIAG IDENT
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 44
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
PARAMETROS GEOMETRICOS E ELASTICOS DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------
NUMERO DE NOS.......................................................... 5
NUMERO DE NOS COM RESTRICOES........................................... 3
NUMERO DE RESTRICOES NODAIS............................................ 6
NUMERO DE BARRAS....................................................... 4
NUMERO DE BARRAS COM ROTULA(S)......................................... 0
NUMERO DE ROTULAS...................................................... 0
NUMERO DE PROPRIEDADES DE BARRAS....................................... 1
NUMERO DE MATERIAIS ................................................... 1
NUMERO DE GRAUS DE LIBERDADE........................................... 9
MAXIMA DIFERENCA ENTRE NUMEROS DE NOS DE BARRAS........................ 1
LARGURA DE BANDA DA MATRIZ DE RIGIDEZ.................................. 6
NUMERO DE ELEMENTOS DA MATRIZ DE RIGIDEZ............................. 54
---------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DA GEOMETRIA I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
I I
---------------------------------------------
============================
PORTICO: VS1 (19 X 60)
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
2 359.500 .000 0 0 0
3 719.000 .000 1 1 0
4 1078.500 .000 0 0 0
5 1438.000 .000 .10000E+38 .10000E+38 .16785E+07
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000
3 3 0 4 0 1 359.500 1.0000
4 4 0 5 0 1 359.500 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS1 (19 X 60) )
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DO CARREGAMENTO I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
------------------------------------------------
===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS1 (19 X 60) )
===========================================================================
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DA GEOMETRIA DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE COORDENADAS NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE RESTRICOES NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARACTERISTICAS DE BARRAS
NO NO COSSENO OPCAO
BARRA INIC FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR DIAG IDENT
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 49
---------------------------------------------------------------------------
PARAMETROS GEOMETRICOS E ELASTICOS DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------
NUMERO DE NOS.......................................................... 3
NUMERO DE NOS COM RESTRICOES........................................... 2
NUMERO DE RESTRICOES NODAIS............................................ 5
NUMERO DE BARRAS....................................................... 2
NUMERO DE BARRAS COM ROTULA(S)......................................... 0
NUMERO DE ROTULAS...................................................... 0
NUMERO DE PROPRIEDADES DE BARRAS....................................... 1
NUMERO DE MATERIAIS ................................................... 1
NUMERO DE GRAUS DE LIBERDADE........................................... 4
MAXIMA DIFERENCA ENTRE NUMEROS DE NOS DE BARRAS........................ 1
LARGURA DE BANDA DA MATRIZ DE RIGIDEZ.................................. 6
NUMERO DE ELEMENTOS DA MATRIZ DE RIGIDEZ............................. 24
---------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DA GEOMETRIA I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
I I
---------------------------------------------
============================
PORTICO: VS1 (19 X 60)
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
===========================================================================
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 50
1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS1 (19 X 60) )
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DO CARREGAMENTO I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 51
===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS1 (19 X 60) )
===========================================================================
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP - BAURU, DISC. CONCRETO II
VIGA EXEMPLO - Redistribuição devido à Plastificação
VS1 (19 X 60)
NOGL
1,3,1,0,0,719,0,
RES
1,1,1,2,0,0,1678522,
3,1,1,
BARG
1,2,1,1,1,2,1,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,2898,
FIMG
CARR1
CNO
3,0,0,13430,
CBRG
1,2,1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME
---------------------------------------------------------------------------
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 53
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE COORDENADAS NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE RESTRICOES NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARACTERISTICAS DE BARRAS
NO NO COSSENO OPCAO
BARRA INIC FIN PROP COMPRIMENTO DIRETOR DIAG IDENT
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
PARAMETROS GEOMETRICOS E ELASTICOS DO PORTICO: VS1 (19 X 60)
---------------------------------------------------------------------------
NUMERO DE NOS.......................................................... 3
NUMERO DE NOS COM RESTRICOES........................................... 2
NUMERO DE RESTRICOES NODAIS............................................ 4
NUMERO DE BARRAS....................................................... 2
NUMERO DE BARRAS COM ROTULA(S)......................................... 0
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 54
NUMERO DE ROTULAS...................................................... 0
NUMERO DE PROPRIEDADES DE BARRAS....................................... 1
NUMERO DE MATERIAIS ................................................... 1
NUMERO DE GRAUS DE LIBERDADE........................................... 5
MAXIMA DIFERENCA ENTRE NUMEROS DE NOS DE BARRAS........................ 1
LARGURA DE BANDA DA MATRIZ DE RIGIDEZ.................................. 6
NUMERO DE ELEMENTOS DA MATRIZ DE RIGIDEZ............................. 30
---------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DA GEOMETRIA I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
I I
---------------------------------------------
============================
PORTICO: VS1 (19 X 60)
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
UNESP - Bauru/SP – Vigas de Concreto Armado 55
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS1 (19 X 60) )
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------
I FIM DA CONSISTENCIA DE DADOS DO CARREGAMENTO I
I I
I ACONTECERAM: 0 ERROS E 0 ADVERTENCIAS I
------------------------------------------------
===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS1 (19 X 60) )
===========================================================================
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
Notas de Aula
TORÇÃO EM VIGAS DE
CONCRETO ARMADO
Bauru
Junho/2017
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 1
2. CASOS MAIS COMUNS .............................................................................................................................. 1
3. CASOS TÍPICOS PARA O MOMENTO DE TORÇÃO .............................................................................. 3
4. TORÇÃO DE EQUILÍBRIO E DE COMPATIBILIDADE .......................................................................... 5
5. TORÇÃO SIMPLES (TORÇÃO DE ST. VENANT) .................................................................................... 8
6. TORÇÃO SIMPLES APLICADA A SEÇÕES VAZADAS DE PAREDE FINA ...................................... 10
7. COMPORTAMENTO DAS VIGAS DE CONCRETO ARMADO SUBMETIDAS À TORÇÃO
SIMPLES ......................................................................................................................................................... 11
8. ANALOGIA DA TRELIÇA ESPACIAL PARA A TORÇÃO SIMPLES .................................................. 13
9. TORÇÃO COMBINADA COM MOMENTO FLETOR E FORÇA CORTANTE .................................... 14
10. FORMAS DE RUPTURA POR TORÇÃO ............................................................................................... 15
10.1 Ruptura por Tração .............................................................................................................................. 15
10.2 Ruptura por Compressão ...................................................................................................................... 15
10.3 Ruptura dos Cantos .............................................................................................................................. 16
10.4 Ruptura da Ancoragem ........................................................................................................................ 16
11. TORÇÃO SIMPLES - DEFINIÇÃO DAS FORÇAS E TENSÕES NA TRELIÇA GENERALIZADA . 17
11.1 Diagonais de Compressão .................................................................................................................... 17
11.2 Armadura longitudinal ......................................................................................................................... 18
11.3 Estribos ................................................................................................................................................ 19
12. DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS LINEARES À TORÇÃO UNIFORME NO ESTADO-
LIMITE ÚLTIMO (ELU) SEGUNDO A NBR 6118 ...................................................................................... 20
12.1 Geometria da Seção Resistente ............................................................................................................ 20
12.2 Torção de Compatibilidade .................................................................................................................. 20
12.3 Torção de Equilíbrio ............................................................................................................................ 20
12.4 Armadura Mínima ................................................................................................................................ 22
12.5 Solicitações Combinadas ..................................................................................................................... 23
12.5.1 Flexão e Torção ............................................................................................................................ 23
12.5.2 Torção e Força Cortante ............................................................................................................... 23
12.6 Fissuração Inclinada da Alma .............................................................................................................. 24
12.7 Disposições Construtivas ..................................................................................................................... 24
12.7.1 Estribos ......................................................................................................................................... 24
12.7.2 Armadura Longitudinal ................................................................................................................ 24
13. MOMENTO DE INÉRCIA À TORÇÃO................................................................................................... 25
14. EXEMPLOS NUMÉRICOS DE APLICAÇÃO ........................................................................................ 25
14.1 Exemplo 1 ............................................................................................................................................ 25
14.2 Exemplo 2 ............................................................................................................................................ 40
14.3 Exemplo 3 ............................................................................................................................................ 57
15. QUESTIONÁRIO ...................................................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 84
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 84
ANEXO A - TABELAS ................................................................................................................................... 86
ANEXO B - LISTAGENS DE RESULTADOS DOS PROGRAMAS GPLAN4 E PPLAN4 ....................... 94
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 1
1. INTRODUÇÃO
Um conjugado que tende a torcer uma peça fazendo-a girar sobre o seu próprio eixo é denominado
“momento de torção”, momento torçor ou torque. O caso mais comum de torção ocorre em eixos de
transmissão.
A torção simples, torção uniforme ou torção pura (não atuação simultânea com M e V), excetuando
os eixos de transmissão, ocorre raramente na prática. Geralmente a torção ocorre combinada com momento
fletor e força cortante, mesmo que esses esforços sejam causados apenas pelo peso próprio do elemento
estrutural. De modo aproximado, os princípios de dimensionamento para a torção simples são aplicados às
vigas com atuação simultânea de momento fletor e força cortante (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
Nas estruturas de concreto, a ligação monolítica entre as vigas e as lajes e entre vigas apoiadas em
outras vigas, dá origem a momentos de torção, que, de modo geral, podem ser desprezados por não serem
essenciais ao equilíbrio. Entretanto, no caso da chamada “torção de equilíbrio”, como se verá adiante, a
consideração dos momentos torçores é imprescindível para garantir o equilíbrio do elemento estrutural.
Desde o início do século passado numerosos estudos experimentais foram realizados em vigas de
Concreto Armado sob solicitação de torção simples. Os resultados dos estudos justificaram o
dimensionamento simplificado à torção, considerando-se as vigas com seção vazada (oca) e de parede fina,
segundo as equações clássicas da Resistência dos Materiais, formuladas por BREDT.
Assim como feito no dimensionamento de vigas à força cortante, na torção será feita também a
analogia com uma treliça, porém espacial. A Treliça Generalizada, com ângulo variável de inclinação das
diagonais comprimidas, é o modelo atualmente mais aceito internacionalmente. Como no dimensionamento
para outros tipos de solicitação, as tensões de compressão serão absorvidas pelo concreto e as tensões de
tração pelo aço, na forma de duas diferentes armaduras, uma longitudinal e outra transversal (estribos).
A análise da torção em perfis abertos de paredes finas, com aplicação da torção de Vlassov ou Flexo-
Torção, não será aqui apresentada por não fazer parte do programa da disciplina na graduação.
Um caso comum de torção em vigas de Concreto Armado ocorre quando existe uma distância entre a
linha de ação da carga e o eixo longitudinal da viga, como mostrado na Figura 1 e na Figura 2. Na Figura 1, a
viga AB, estando obrigatoriamente engastada na extremidade B da viga BC, aplica nesta um momento de
torção, que deve ser obrigatoriamente considerado no equilíbrio da viga BC. Na viga mostrada na Figura 2 a
torção existirá se as cargas F1 e F2 forem diferentes. Essa situação pode ocorrer durante a fase de construção
ou mesmo quando atuarem os carregamentos permanentes e variáveis, se estes forem diferentes nas
estruturas que se apoiam na viga em forma de T invertido.
O caso mais comum de torção ocorre com lajes em balanço, engastadas em vigas de apoio, como por
exemplo lajes (marquises) para proteção de porta de entrada de barracões, lojas, galpões, etc. (Figura 3 e
Figura 4). O fato da laje em balanço não ter continuidade com outras lajes internas à construção faz com que
a laje deva estar obrigatoriamente engastada na viga de apoio, de modo que a flexão na laje passa a ser torção
na viga. A torção na viga torna-se flexão no pilar, devendo ser considerada no seu dimensionamento.
F1 F2
C
F B
Figura 1 – Viga em balanço com Figura 2 – Viga do tipo T invertido para apoio de estrutura de
carregamento excêntrico. piso ou de cobertura.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 2
B C
B
B
A
A
Um outro caso de torção em viga, de certa forma também comum nas construções, ocorre em vigas
com mudança de direção, como mostrado na Figura 5. No ponto de mudança de direção um tramo aplica
sobre o outro um momento de torção. A torção também ocorre em vigas curvas, com ou sem mudança de
direção, como mostrado na Figura 6.
Se a torção for necessária ao equilíbrio da viga e não for apropriadamente considerada no seu
dimensionamento, intensa fissuração pode se desenvolver, prejudicando a segurança e a estética da
construção.
Figura 6 – Vigas curvas e com mudança de direção são solicitação por torção.
Apresentam-se na Figura 7 até a Figura 11 os valores dos momentos de torção para alguns casos
mais comuns na prática das estruturas, onde m representa o momento torçor externo aplicado, T o momento
de torção solicitante e F a força concentrada.
T=-m
m m
a a
T=m
T=-m
m
T=
2
m
T=
2
/2 /2
m
T=
2
m
T=
2
m=F.e
A B
F a b
e
mb
TA =
ma
TB=
Figura 11 – Momento de torção concentrado aplicado fora do centro do vão de viga biengastada.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 5
A torção nas estruturas de concreto pode ser dividida em duas categorias: torção de equilíbrio e
torção de compatibilidade. Na torção de equilíbrio, o momento de torção deve ser obrigatoriamente
considerado, pois ele é necessário para o equilíbrio da estrutura. As estruturas mostradas na Figura 1 até a
Figura 6 encontram-se solicitadas por torção de equilíbrio, devendo ser obrigatoriamente considerada.
A torção de compatibilidade ocorre comumente nos sistemas estruturais, onde o caso de laje apoiada
sobre uma viga de borda é o exemplo mais comum, como mostrado na Figura 12. A laje, ao tentar girar,
aplica um momento de torção (mT) na viga, que tende a girar também, sendo impedida pela rigidez à flexão
dos pilares. Surgem então momentos torçores solicitantes na viga e momentos fletores nos pilares. Quando a
rigidez da viga à torção é pequena comparada à sua rigidez à flexão, a viga fissura e gira, permitindo o giro
da laje também. Ocorre então uma compatibilização entre as deformações da viga e da laje, e como
consequência os momentos torçores na viga diminuem bastante, podendo ser desprezados.
a)
bord m E (Laje)
e
ad
( Vig
m T
Momento de
dimensionamento
da laje
je)
(La
m (Laje)
T
(Viga de bordo) m T = m E (Laje)
Mf
(Pilar)
T
Mf
A Figura 15 mostra o caso das vigas de apoio CD e EF com rigidez à torção elevada. Neste caso não
existe total liberdade de rotação para a viga AB nas suas extremidades, o que faz surgir os momentos de
engastamento MA e MB , que, por outro lado, passam a ser momentos torçores concentrados e aplicados em
A e B.
A intensidade dos momentos fletores e torçores depende das rigidezes relativas das vigas, ou seja, da
rigidez à torção das vigas CD e EF e da rigidez à flexão da viga AB. Se a rigidez à torção das vigas CD e EF
for zero, a viga AB fica livre para girar em A e B, levando a zero os momentos fletores M A e MB , e
consequentemente também os momentos torçores (Figura 16). Nesta análise percebe-se que a torção é
consequência da compatibilidade de deformações das vigas, daí a chamada “torção de compatibilidade”.
Neste caso há o equilíbrio, embora sem se considerar a ligação monolítica da viga AB com as vigas CD e
EF.
Por outro lado, sob o efeito do momento de torção a viga irá fissurar, o que acarreta uma
significativa diminuição na rigidez da viga à torção. Desse modo, as vigas CD e EF, ao fissurarem por efeito
da torção proveniente da viga AB, têm sua rigidez à torção diminuída, diminuindo por consequência os
momentos MA e T, o que leva ao aumento do momento fletor positivo da viga AB.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 8
Pode-se assim resumir que, “a torção nas vigas deve ser considerada quando for necessária para o
equilíbrio (torção de equilíbrio), e pode ser desconsiderada quando for de compatibilidade”.
Considerando-se o pavimento de um edifício constituído por lajes e vigas, além da torção de
compatibilidade existente entre as vigas, a ligação monolítica entre as lajes e as vigas, como mostrado na
Figura 12, também ocasiona o surgimento de momentos de torção nas vigas, de compatibilidade, não
imprescindível ao equilíbrio do sistema, podendo assim serem desprezados também.
Somado a isso, por imposição da arquitetura a largura das vigas varia normalmente de 12 a 20 cm, e
para as alturas correntes das vigas (comumente até 60 cm), a rigidez à torção não é significativa, o que leva a
valores baixos para a torção de compatibilidade, justificando a sua desconsideração.
Outra análise que se faz é que, se as vigas CD e EF forem livres para girar nas extremidades, o
momento de torção T será zero, ou seja, não existirá o momento de torção. Ou, por outro lado, e o que é mais
comum na prática das estruturas, devido à ligação monolítica das vigas CD e EF com os pilares de apoio, se
as vigas não podem girar e a rigidez à torção das vigas CD e EF é muito maior que a rigidez à flexão da viga
AB, o momento fletor MA se aproxima do momento fletor de engastamento. Portanto, os momentos T e MA
resultam do giro da viga AB em A e B, que deve ser compatível com o ângulo de torção das vigas CD e EF
em A e B.
Numa barra de seção circular, como a indicada na Figura 17, submetida a momento de torção, com
empenamento permitido (torção livre), surgem tensões principais inclinadas de 45 e 135 com o eixo
longitudinal da barra. As trajetórias das tensões principais desenvolvem-se segundo uma curvatura
helicoidal, em torno da barra. A trajetória das tensões principais de tração ocorre na direção da rotação e a
compressão na direção contrária, ao longo de todo o perímetro da seção.
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Se considerado um estado de tensão segundo a direção dos eixos longitudinal e transversal da seção,
o momento de torção provoca o surgimento de tensões de cisalhamento em planos perpendiculares ao eixo
da barra circular e em planos longitudinais, simultaneamente, como mostrado na Figura 18, Figura 19 e
Figura 20.
T
a)
b)
c)
T
T
I
II
°
45
II
I
Por questão de simplicidade, as vigas de Concreto Armado sob momento de torção são
dimensionadas como se fossem ocas e de parede fina. Ao desprezar a parte correspondente à área interna da
seção o erro cometido não é significativo nem antieconômico, porque a espessura da casca ou parede é
determinada de forma que represente uma seção com grande percentual de resistência ao momento de torção.
Este procedimento resulta num acréscimo de segurança que não é excessivo, sendo, portanto, pouco
antieconômico.
Considere a seção vazada mostrada na Figura 22, com espessura t, submetida ao momento de torção
T.
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A
I
X
A' T
IA
____ s
+
ÉD
ds
M
A
NH
LI
s x dt
t + ____ s
ds
s
O
x
r t
-I
s
B dA T
A ds X
Do equilíbrio estático da seção tem-se a igualdade da resultante das tensões com o momento de
torção T que as originou:
T t ds r Eq. 1
T 2 t d Ae Eq. 2
Da Eq. 2 surge a tensão de cisalhamento em qualquer ponto da parede fina, devida ao momento de
torção:
T
Eq. 3
2 t Ae
com Ae sendo a área interna compreendida pelo eixo da parede fina, como indicada na Figura 23.
t
Ae
longitudinal, com armadura transversal, com ambas as armaduras e com armadura em forma de hélice, como
mostrado na Figura 24.
Os ensaios confirmaram que nas seções de Concreto Armado as tensões principais de tração e de
compressão são inclinadas de 45 e com traçado helicoidal. Após o surgimento das fissuras de torção que se
desenvolvem em forma de hélice, apenas uma casca externa e com pequena espessura colabora na resistência
da seção à torção. Isso ficou evidenciado em ensaios de seções ocas ou cheias com armaduras idênticas, que
apresentaram as mesmas deformações e tensões nas armaduras.
10
34 34 34 34
40 40 40 40
10,7 10,7
Os ensaios demonstraram que: na seção oca sem armadura as fissuras são inclinadas a 45 e em
forma de hélice; com somente uma armadura, seja longitudinal ou transversal, o aumento de resistência é
muito pequeno e desprezível; com duas armaduras a resistência aumentou e, com armadura helicoidal,
segundo a trajetória das tensões principais de tração, o aumento de resistência foi muito efetivo. Os valores
contidos na Tabela 1 demonstram as observações.
Fissuras inclinadas podem se desenvolver quando a tensão principal de tração alcança a resistência
do concreto à tração, levando uma viga não armada à ruptura. Se a viga for armada com barras longitudinais
e estribos fechados transversais, a viga pode resistir a um aumento de carga após a fissuração inicial.
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Existem hoje basicamente duas teorias muito diferentes com o intuito de explicar o comportamento
de uma viga sob torção. Uma delas é chamada de “Flexão Esconsa” (skew bending theory), e foi
desenvolvida por LESSIG (1959) e atualizada por HSU (1968). A segunda teoria baseia-se na analogia da
seção vazada (Teoria de Bredt) com uma treliça espacial, chamada de “Treliça Generalizada”. A teoria foi
inicialmente elaborada por RAUSCH em 1929, estando em uso por diversas normas até os dias de hoje.
Como apresentado no item anterior os ensaios experimentais realizados mostraram que as seções
cheias de concreto podem ser calculadas como seções vazadas de paredes finas. A Figura 25 mostra o
modelo de uma seção cheia fissurada, sob torção simples. As tensões de compressão são resistidas pelo
concreto da casca e as tensões de tração são resistidas pelo conjunto armadura longitudinal e armadura
transversal (estribos).
Fissuras
R s,e
Cd
Cd
Cd
Cd
R s Cd
R s
Cd
Cd
Cd
Cd
R s R s,e
R s
A treliça clássica inicialmente concebida admitia que a viga apresentasse fissuras inclinadas de 45
com o eixo longitudinal (Figura 26). Os banzos paralelos representam a armadura longitudinal, as diagonais
comprimidas desenvolvem-se em hélice, com inclinação de 45, representando as bielas de compressão e os
montantes verticais e horizontais representam estribos fechados a 90 com o eixo longitudinal da viga.
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Esforços solicitantes
no corte ll - ll
Cd /cos 45
B
M
Cd /sen 45 Cd /sen 45
Cd /cos 45
ll Esforços nas barras
do nó B
R s
a
D
R s,e
bm
=
ll C d 45°
tr
es
C d 45°
a
45° R s
R s,e
bm M
Barras tracionadas
T
Diagonais comprimidas
bm
Figura 26 – Treliça espacial para viga com torção simples com armadura longitudinal e transversal.
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
A Figura 27 mostra as trajetórias das fissuras numa viga de concreto de seção retangular. As fissuras
apresentam-se com trajetórias inclinadas de aproximadamente 45 com o eixo longitudinal da viga.
Figura 28 – Modelo para vigas com altos momentos fletores (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
No caso da força cortante elevada, uma face vertical deverá ficar isenta de fissuras, sendo aquela
onde as tensões de cisalhamento da torção e do esforço cortante têm sentidos contrários. Isso fica
demonstrado nos modelos de treliça adotados, onde as diagonais comprimidas da treliça para o cortante
opõem-se às diagonais tracionadas da treliça espacial da torção.
As fissuras nesses casos apresentam-se contínuas, em forma de hélice e em três das quatro faces da
viga. Numa face, onde as tensões de compressão superam a de tração, não surgem fissuras (Figura 29).
V
Figura 29 – Modelo para vigas com altas forças cortantes (LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
Após a fissuração, a ruptura de uma viga sob torção pura pode ocorrer de alguns modos: escoamento
dos estribos, da armadura longitudinal, ou escoamento de ambas as armaduras. No caso de vigas
superarmadas à torção, o concreto comprimido compreendido entre as fissuras inclinadas pode esmagar pelo
efeito das tensões principais de compressão, antes do escoamento das armaduras. Outros modos de ruptura
podem também ocorrer, estando descritos a seguir.
A ruptura brusca também pode ocorrer por efeito de torção, após o surgimento das primeiras fissuras.
A ruptura brusca pode ser evitada pela colocação de uma armadura mínima, para resistir às tensões de tração
por torção.
Segundo LEONHARDT e MÖNNIG (1982) sendo as armaduras longitudinal e transversal
diferentes, a menor armadura determinará o tipo de ruptura. Uma pequena diferença nas armaduras, pode, no
entanto, ser compensada por uma redistribuição de esforços.
Ao contrário do esforço cortante, onde a inclinação do banzo comprimido pode diminuir a tração na
alma da viga, na torção essa diminuição não pode ocorrer, dado que na analogia de treliça espacial não existe
banzo comprimido inclinado.
Com armaduras colocadas longitudinalmente e transversalmente pode surgir forte empenamento das
faces laterais, ocasionando tensões adicionais ao longo das bielas comprimidas, podendo ocorrer o seu
esmagamento (Figura 30).
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Compressão Tração
Cd
T c
Rs
Rc
45°
tT
A mudança de direção das tensões de compressão nos cantos, como indicado na Figura 31, origina
uma força que pode levar ao rompimento dos cantos da viga. Os estribos e as barras longitudinais dos cantos
contribuem para evitar essa forma de ruptura. Vigas com tensões de cisalhamento da torção muito elevadas
devem ter o espaçamento dos estribos limitados a 10 cm para evitar essa forma de ruptura.
Engastamento à torção
U
U
U
Rc
Rc
Rc
Rc
T
Rompimento do canto
U
Estribo
Rc
Rc
Figura 31 – Possível ruptura do canto devida à mudança de direção das diagonais comprimidas.
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1982).
Esta forma de ruptura pode ocorrer por insuficiência da ancoragem do estribo, levando ao seu
“escorregamento”, e pelo deslizamento das barras longitudinais. O cuidado na ancoragem das armaduras
pode evitar essa forma de ruptura.
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Nas décadas de 60 e 70 a treliça clássica foi generalizada por LAMPERT, THÜRLIMANN e outros,
com a admissão de ângulos variáveis () para a inclinação das bielas (Figura 32). O modelo de treliça
generalizada é o atualmente adotado pelas principais normas internacionais, como ACI 318/11 e MC-90 do
CEB (1990).
A NBR 61181 também considera o modelo de treliça generalizada para o dimensionamento de vigas
de Concreto Armado à torção, em concordância com a treliça plana generalizada concebida para a análise da
força cortante.
estribo
B barras
longitudinais
A
bielas Y
comprimidas
D Z X
Nó A
R d C = inclinação
co
Rwd tg da biela
A
Cd
Cd
Rd Plano ABCD
Cd sen
Rwd
Cd sen Cd sen
TSd
y sen
y Cd
co
tg
c
otg
c
o tg
TSd
Cd Eq. 5
2 sen
1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. NBR
6118, ABNT, 2014, 238p.
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A força de compressão Cd nas diagonais atua sobre uma seção transversal de área:
Assim, substituindo a força Cd da Eq. 5 por cd y t = cd cos . t, a tensão de compressão na
diagonal (cd) assume o valor:
TSd TSd
cd cos . t cd
2 sen cos . t 2 sen
TSd
cd Eq. 7
t sen 2
2
TSd
cd Eq. 8
Ae t sen 2
A Eq. 3 pode ser escrita como: TSd = t 2 Ae t . Da Eq. 3 reescrita na Eq. 8 fica:
2 td
cd Eq. 9
sen 2
Conforme as forças indicadas no nó A da Figura 32, fazendo o equilíbrio de forças na direção x, tem-
se:
4 R d 4 Cd cos Eq. 10
com Rd = resultante em um banzo longitudinal. Como 4 R d As f ywd , substituindo na Eq. 10 fica:
As f ywd 4 Cd cos Eq. 11
TSd
As f ywd 4 cos
2 sen
2 TSd
As cot g Eq. 12
f ywd
Com o objetivo de evitar fissuração entre os vértices da seção vazada, a armadura deve ser
distribuída no perímetro ue = 4, de modo que a taxa de armadura longitudinal por comprimento do eixo
médio da seção vazada é:
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As TSd
cot g Eq. 13
ue 2 A e f ywd
ou
As TSd
Eq. 14
ue 2 A e f ywd tg
11.3 Estribos
onde Rwd representa a força nos montantes verticais e horizontais da treliça espacial.
TSd T
R wd sen Sd Eq. 16
2 sen 2
Sendo s o espaçamento dos estribos e . cotg o comprimento de influência das barras transversais
da treliça que representam os estribos (ver Figura 32), tem-se:
cot g
R wd As,90 f ywd Eq. 17
s
cot g T
As,90 f ywd Sd
s 2
Isolando a armadura transversal relativamente ao espaçamento s dos estribos:
As,90 TSd
s 2 cot g f ywd
As,90 TSd
tg Eq. 18
s 2 Ae f ywd
A NBR 6118 separa o estudo dos elementos lineares sujeitos à torção em “Torção Uniforme” (item
17.5.1) e “Torção em Perfis Abertos de Parede Fina” (17.5.2). No texto subsequente será considerado
apenas o dimensionamento à torção uniforme.
A norma pressupõe “um modelo resistente constituído por treliça espacial, definida a partir de um
elemento estrutural de seção vazada equivalente ao elemento estrutural a dimensionar. As diagonais de
compressão dessa treliça, formada por elementos de concreto, têm inclinação que pode ser arbitrada pelo
projeto no intervalo de 30 45.” Esse modelo é o da treliça espacial generalizada, descrito
anteriormente. O engenheiro projetista tem a liberdade de escolher o ângulo de inclinação das bielas de
compressão, que deve ser igual ao ângulo adotado no dimensionamento da viga à força cortante.
No caso de seções poligonais convexas cheias (NBR 6118, 17.5.1.4.1), a “seção vazada equivalente
se define a partir da seção cheia com espessura da parede equivalente he dada por:”
A
he Eq. 19
u
he 2 c1 Eq. 20
“Caso A/u resulte menor que 2c1 , pode-se adotar he = A/u ≤ bw – 2c1 e a superfície média da seção
celular equivalente Ae definida pelos eixos das armaduras do canto (respeitando o cobrimento exigido nos
estribos).”
No item 17.5.1.4 a norma também define como deve ser considerada a seção resistente de “Seção
Composta de Retângulos” e de “Seções Vazadas”, e no item 17.5.2 a “Torção em Perfis Abertos de Parede
Fina”.
No caso de torção de compatibilidade a NBR 6118 (17.5.1.2) diz que “é possível desprezá-la, desde
que o elemento estrutural tenha a capacidade adequada de adaptação plástica e que todos os outros
esforços sejam calculados sem considerar os efeitos por ela provocados. Em regiões onde o comprimento do
elemento sujeito à torção seja menor ou igual a 2h, para garantir um nível razoável de capacidade de
adaptação plástica, deve-se respeitar a armadura mínima de torção e limitar a força cortante, tal que:”
onde VSd é a força cortante atuante no elemento e VRd2 é a máxima força cortante admitida pela diagonal de
compressão.
“Sempre que a torção for necessária ao equilíbrio do elemento estrutural, deve existir armadura
destinada a resistir aos esforços de tração oriundos da torção. Essa armadura deve ser constituída por
estribos verticais periféricos normais ao eixo do elemento estrutural e barras longitudinais distribuídas ao
longo do perímetro da seção resistente [...]” (NBR 6118, 17.5.1.2).
Admite-se satisfeita a resistência de um elemento estrutural à torção pura quando se verificarem
simultaneamente as seguintes condições (17.5.1.3):
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TSd TRd,2
TSd TRd,3
TSd TRd,4
onde: TRd,2 = limite dado pela resistência das diagonais comprimidas de concreto;
TRd,3 = limite definido pela parcela resistida pelos estribos normais ao eixo do elemento estrutural;
TRd,4 = limite definido pela parcela resistida pelas barras longitudinais, paralelas ao eixo do elemento
estrutural.
A resistência proveniente das diagonais comprimidas de concreto deve ser obtida pela Eq. 8, fazendo
a tensão de compressão na diagonal de concreto ficar limitada ao valor máximo dado por 0,5v2 fcd . Assim,
o máximo momento de torção que uma seção pode resistir, sem que ocorra o esmagamento das diagonais
comprimidas é (17.5.1.5):
Segundo a NBR 6118 (17.5.1.6), a resistência decorrente dos estribos normais ao eixo do elemento
estrutural deve atender à expressão seguinte, semelhante à Eq. 18 já desenvolvida:
As,90 TSd
tg Eq. 24
s 2 Ae f ywd
onde: As,90 = área de um ramo do estribo, contido na área correspondente à parede equivalente;
fywd = resistência de cálculo de início de escoamento do aço da armadura passiva, limitada a 435
MPa.
Para o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas igual a 45 a Eq. 24 transforma-se em:
A s,90 TSd
Eq. 25
s 2 A e f ywd
Conforme a NBR 6118 (17.5.1.6), a resistência decorrente da armadura longitudinal deve atender à
expressão seguinte, já deduzida na Eq. 14:
A s TSd
Eq. 27
ue 2 A e f ywd tg
Para o ângulo de inclinação das diagonais comprimidas igual a 45 a Eq. 27 transforma-se em:
A s TSd
Eq. 28
ue 2 A e f ywd
Segundo a NBR 6118 (item 17.5.1.2), sempre que a torção for de equilíbrio deverá existir armadura
resistente aos esforços de tração, constituída por estribos verticais periféricos normais ao eixo do elemento e
barras longitudinais, distribuídas ao longo do perímetro da seção resistente (parede equivalente). A taxa
geométrica mínima de armadura, com o propósito de evitar a ruptura brusca por tração, é:
A s
s
h e u e f ct, m
0,2 , com fywk ≤ 500 MPa. Eq. 29
A f ywk
sw sw
b w s
A Eq. 29 prescrita pela NBR 6118 dá margem à dúvida porque a área de estribos Asw refere-se à
força cortante, onde Asw representa a área total dos ramos verticais (normais ao eixo do elemento) do estribo.
No caso da torção, onde geralmente os estribos têm apenas dois ramos, a área As,90 dada na Eq. 24 representa
a área de apenas um ramo vertical do estribo. Entendendo que a área de estribos mínima dada na Eq. 29
representa a área de apenas um ramo vertical do estribo, e por isso fazendo Asw = As,90mín , a Eq. 29 fica
escrita como:
20 f ct, m
A s, mín he Eq. 32
f ywk
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20 f ct, m
A s,90mín bw Eq. 33
f ywk
As solicitações combinadas com torção encontram-se descritas no item 17.7 da NBR 6118.
Conforme a NBR 6118 (17.7.1): “Nos elementos estruturais submetidos à torção e à flexão simples
ou composta, as verificações podem ser efetuadas separadamente para a torção e para as solicitações
normais,” devendo-se atender ainda:
- Armadura longitudinal: “Na zona tracionada pela flexão, a armadura de torção deve ser
acrescentada à armadura necessária para solicitações normais, considerando-se em cada seção
os esforços que agem concomitantemente.”
- Armadura longitudinal no banzo comprimido pela flexão: “No banzo comprimido pela flexão,
a armadura longitudinal de torção pode ser reduzida em função dos esforços de compressão que
atuam na espessura efetiva he no trecho de comprimento u correspondente à barra ou feixe de
barras consideradas.”
- Resistência do banzo comprimido: “Nas seções em que a torção atua simultaneamente com
solicitações normais intensas, que reduzem excessivamente a profundidade da linha neutra,
particularmente em vigas de seção celular, o valor de cálculo da tensão principal de compressão
não pode superar os valores estabelecidos na Seção 22. Essa tensão principal deve ser calculada
como em um estado plano de tensões, a partir da tensão normal média que age no banzo
comprimido de flexão e da tensão tangencial de torção calculada por:”
Td
T d Eq. 34
2A e h e
Conforme a NBR 6118 (17.7.2): “Na combinação de torção com força cortante, o projeto deve
prever ângulos de inclinação das bielas de concreto coincidentes para os dois esforços. Quando for
utilizado o modelo I (ver 17.4.2.2) para a força cortante, que subentende 45º, esse deve ser o valor
considerado também para a torção.
A resistência à compressão diagonal do concreto deve ser satisfeita atendendo à expressão:”
VSd T
Sd 1 Eq. 35
VRd 2 TRd 2
“A armadura transversal pode ser calculada pela soma das armaduras calculadas separadamente
para VSd e TSd .”
Nessa questão é importante salientar que: a área de armadura transversal calculada para a força
cortante refere-se à área total, contando todos os ramos verticais do estribo. Já no caso da torção a área de
armadura transversal calculada é apenas de um ramo vertical do estribo. Portanto, para cálculo da armadura
transversal total deve-se tomar o cuidado de somar as áreas de apenas um ramo vertical do estribo, para
ambos os esforços de força cortante e momento de torção.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 24
Conforme a NBR 6118 (17.6), na verificação do estado-limite de fissuração inclinada da alma por
solicitação combinada de força cortante com torção, “Usualmente, não é necessário verificar a fissuração
diagonal da alma de elementos estruturais de concreto. Em casos especiais, em que isso for considerado
importante, deve-se limitar o espaçamento da armadura transversal a 15 cm.”
As disposições construtivas para a torção em vigas constam no item 18.3.4 da NBR 6118.
“A armadura destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção deve ser constituída
por estribos normais ao eixo da viga, combinados com barras longitudinais paralelas ao mesmo eixo [...].”
Os estribos e as barras da armadura longitudinal devem estar contidos no interior da parede fictícia
da seção vazada equivalente. “Consideram-se efetivos na resistência os ramos dos estribos e as armaduras
longitudinais contidos no interior da parede fictícia da seção vazada equivalente (ver 17.5.1.4).
Para prevenir a ruptura dos cantos é necessário alojar quatro barras longitudinais nos vértices das
seções retangulares. Segundo LEONHARDT e MÖNNIG (1982), para seções de grandes dimensões é
necessário distribuir a armadura longitudinal ao longo do perímetro da seção, a fim de limitar a fissuração.
12.7.1 Estribos
Os estribos para torção devem ser fechados em todo o seu contorno, envolvendo as barras das
armaduras longitudinais de tração, e com as extremidades adequadamente ancoradas por meio de ganchos
em ângulo de 45°. As seções poligonais devem conter, em cada vértice dos estribos de torção, pelo menos
uma barra.” (NBR 6118, 18.3.4).
As prescrições da NBR 6118 (18.3.3.2) para o diâmetro e espaçamento dos estribos são as mesmas
do dimensionamento à força cortante. Para o diâmetro:
5 mm
b
w
t 10 Eq. 36
12 mm para barra lisa
4,2 mm para estribos formados por tela soldada
“A armadura longitudinal de torção, de área total As , pode ter arranjo distribuído ou concentrado,
mantendo-se obrigatoriamente constante a relação As /u , onde u é o trecho de perímetro, da seção
efetiva, correspondente a cada barra ou feixe de barras de área As . Nas seções poligonais, em cada
vértice dos estribos de torção, deve ser colocada pelo menos uma barra longitudinal.” (NBR 6118,
17.5.1.6).
“As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou concentrado ao
longo do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo em 350 mm. Deve-se respeitar a relação As
/ u, onde u é o trecho de perímetro da seção efetiva correspondente a cada barra ou feixe de barras de
área As , exigida pelo dimensionamento.” (NBR 6118, 18.3.4).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 25
O momento de inércia à torção (J) e o módulo de inércia à torção (Wt) de vigas com seção retangular
podem ser calculados com base nas equações:
J j b3 h Eq. 38
Wt w b 2 h Eq. 39
b
n
h
onde: j = parâmetro dependente da relação n entre as dimensões dos lados do retângulo, conforme a Tabela
2;
b = menor dimensão da seção retangular;
h = maior dimensão da seção retangular.
Tabela 2 – Valores de w e j.
n w j
0,0 0,333 0,333
0,1 0,312 0,312
0,2 0,291 0,291
0,3 0,273 0,270
h
0,4 0,258 0,249
0,5 0,246 0,229
b
0,6 0,237 0,209
0,7 0,229 0,189
b h
0,8 0,221 0,171
0,9 0,214 0,155
1,0 0,208 0,141
14.1 Exemplo 1
Uma viga em balanço, como mostrada na Figura 33 e Figura 34, suporta em sua extremidade livre
uma outra viga, nela engastada, com uma força vertical concentrada (F) de 50 kN. As distâncias e dimensões
das duas vigas (determinadas em um pré-dimensionamento) estão indicadas na planta de fôrma. As vigas têm
como carregamento somente a força F e o peso próprio. Outras ações, como do vento por exemplo, são
desprezadas.
São conhecidos: edificação em área urbana de cidade situada distante de região litorânea e livre de
outros meios agressivos, em classe II de agressividade ambiental (Tabela 6.1 da NBR 6118), o que leva ao
concreto C25 (fck = 25 MPa) no mínimo, relação a/c ≤ 0,60 (Tabela 7.1 da NBR 6118), cnom = 2,5 cm para c
= 5 mm (Tabela 7.2 da NBR 6118) ; aço CA-50 ; conc = 25 kN/m3 ; coeficientes de ponderação: c = f = 1,4
e s = 1,15.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 26
V1 (35 x 50)
P1
V2 (20 x 50)
35/60
V (20 x 50)
97,5
F
150
RESOLUÇÃO
A estrutura para sustentação da força F, composta pelas vigas V1 e V2 (Figura 34), é uma estrutura
em balanço. A viga V2 deve ser considerada engastada perfeitamente na viga V1, e esta, por sua vez, deve
ser engastada perfeitamente no pilar P1. A viga V1 tem momento de torção aplicado na extremidade livre,
proveniente da flexão da viga V2, e a torção é de equilíbrio, devendo ser obrigatoriamente considerada no
dimensionamento da viga V1, sob pena de ruína caso desprezada.
Todas as estruturas devem ser cuidadosamente analisadas e dimensionadas, mas estruturas em
balanço, como a deste exemplo, devem ser objeto de especial atenção por parte do engenheiro. Ainda, devem
ser bem executadas, sob risco de problemas graves conduzirem à ruína da estrutura.
Os esforços solicitantes serão calculados de dois modos, primeiro considerando-se a atuação
conjunta das vigas em um modelo de grelha, e segundo considerando-se as vigas individualmente, com o
cálculo manual. Para resolução da grelha será utilizado o programa GPLAN42, de CORRÊA et al. (1992).
t / 2 35 / 2 17,5 cm
a1 1 a1 = 15 cm , (a2 = 0)
0,3 h 0,3 50 15 cm
ef,V2 = o + a1 = 80 + 15 = 95 cm
2
O programa e o manual do GPLAN4 (ou GPLAN5 dependendo da versão do programa operacional) podem ser
obtidos em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
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t / 2 60 / 2 30 cm
a1 1 a1 = 15 cm , (a2 = 0)
0,3 h 0,3 50 15 cm
A Figura 35 mostra o esquema utilizado para a grelha, com a numeração dos nós e barras. Na barra
(2) correspondente à viga V1 deve ser considerado o momento de inércia à torção, pois a torção que ocorre
na viga V1 é de equilíbrio e não pode ser desprezada, ou seja, deve ser obrigatoriamente considerada no
projeto da viga. A viga V2 não tem torção, e por isso não há necessidade de considerar inércia à torção. 3 O
nó 2 deve ser obrigatoriamente considerado um engaste perfeito, e os nós 1 e 3 não têm restrições nodais
(são livres).
165
2
2 3
1 95
Supondo a viga trabalhando em serviço no estádio II (já fissurada), para o módulo de elasticidade do
concreto será considerado o valor secante. O módulo tangente na origem pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8)4:
Para o módulo de elasticidade transversal (G - NBR 6118, item 8.2.9) pode-se considerar a relação:
E 2415
G c cs 1006 ,3 kN/cm2
2,4 2,4
O momento de inércia à torção (J) foi calculado com a Eq. 38. Na Tabela 2, com n = 0,7 encontra-se
o valor de 0,189 para j e:
3
Foi considerado apenas um pequeno valor (100) para a inércia à torção, por necessidade do programa computacional
de grelha.
4
Também apresentado em: BASTOS, P.S.S. Materiais. Bauru, Universidade Estadual Paulista, Unesp, cap. 2, set/2014,
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Materiais.pdf
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 28
b 35
n 0,7
h 50
O arquivo de dados de entrada no programa, apresentado a seguir, foi feito conforme o manual de
utilização de CORRÊA et al. (1992, ver nota 2).
OPTE,2,2,2,2,2,
TORCAO
UNESP – DISC. CONCRETO II
TORÇÃO - EXEMPLO 1
NO
1,165,0,
2,0,95,
3,165,95,
RES
2,1,1,1,
BAR
1,1,3,1,1,
2,2,3,2,1,
PROP
1,1,1000,208333,100,50,
2,1,1750,364583,405169,50,
MATL
1,2415,1006.3,
FIMG
CARR1
CBR
1,1,-.025,1,
2,1,-.04375,1,
CNO
1,-50,
FIMC
FIME
Os resultados gerados pelo programa estão listados no Anexo B1. Os diagramas de esforços
solicitantes característicos estão indicados na Figura 36. A flecha máxima para a grelha resultou igual a 0,5
cm, no nó 1, aceitável em função dos valores-limites indicados pela NBR 6118.
59,6
9237
4863 52,4 - 4863
+
-
Tk Vk (kN) Mk
(kN.cm) (kN.cm)
50
A título de exemplo e comparação com os esforços gerados com o modelo de grelha, as vigas V1 e
V2 terão os esforços novamente calculados, agora considerando-as individualmente.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 29
A viga V2, engastada na viga V1, tem o esquema estático e carregamento indicados na Figura 37.
A NBR 6118 especifica que as vigas devem ter uma armadura de flexão mínima, calculada para um
momento fletor mínimo, a qual deve ser comparada a uma outra área de armadura mínima, calculada
segundo as taxas de armadura mínimas (mín) apresentadas pela norma. A maior armadura calculada deve ser
considerada como armadura mínima.
A armadura mínima de flexão, para o momento fletor mínimo, é:
3
fctk,sup 1,3 fct,m 1,3 . 0,3 3 fck 2 1,3 . 0,3 252 3,33 MPa
b h 3 20 . 503
I 208 .333 cm4
12 12
I 208333
W0 8.333 cm3 (no estádio I, y é tomado na meia altura da viga)
y 25
b w d 2 20 . 46 2
Kc = 19,1 da Tabela A-1 tem-se Ks = 0,023.
Md 2220
Md 2220
As K s = 0,023 1,11 cm2
d 46
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 30
Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,15 % Ac , portanto5:
As,mín = 0,0015 . 20 . 50 = 1,50 cm2 > 1,11 cm2 As,mín = 1,50 cm2
b w d 2 20 46 2
Kc 6,2
Md 6808
6808 a cg
As 0,024 3,55 cm2 As,mín = 1,50 cm2 (ok!)
46 ah
(2 16 mm 4,00 cm2 ou 3 12,5 3,75 cm2)
2,5
50
Se adotados 3 12,5 em uma mesma camada, a distância livre entre
as barras deve ser suficiente para a passagem da agulha do vibrador, para
adensamento do concreto. Considerando vibrador com ag = 25 mm e t 2,5
= 5 mm (diâmetro do estribo):
Como a viga não tem altura superior a 60 cm, a armadura de pele não é necessária, segundo a NBR
6118. Porém, a fim de evitar possíveis fissuras no concreto por efeito de retração, que podem surgir mesmo
em vigas com altura de 50 cm, será colocada uma armadura de pele, com área de 0,05 % Ac6 em cada face da
viga:
As,pele = 0,0005 . 20 . 50 = 0,50 cm2
4 4,2 mm (0,56 cm2) em cada face, distribuídos ao longo da altura (ver Figura 38).
A resolução da viga à força cortante será feita mediante as equações simplificadas desenvolvidas e
apresentadas em BASTOS (2015)7. Para a seção retangular da viga será considerado o Modelo de Cálculo II,
com ângulo 8 de 38 para a inclinação das diagonais de compressão, e o estribo será vertical.
5
Geralmente a armadura mínima resultante dos coeficientes da Tabela A-6 resulta maior que a armadura mínima
calculada com o momento fletor mínimo. Porém, deve ser feita a verificação da maior armadura mínima.
6
Esta área da armadura de pele era indicada pela NBR 6118 de 1980, e corresponde à metade da armadura de pelo
preconizada pela versão de 2014 da norma.
7
BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 – Estruturas de
Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), abr/2015, 74p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 31
Da Tabela A-5 anexa, para o concreto C25, determina-se a força cortante máxima a que a viga pode
ser submetida:
Da mesma Tabela A-5, para o concreto C25, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:
VSd,mín = 0,040 . b w . d . cot g Vc1
Com Vc0 :
3
0,3 25 2
Vc0 0,6 f ctd b w d 0,6 0,7 20 . 46 70,8 kN
10 . 1,4
Como VSd = 73,4 kN é maior que Vc0 , deve-se calcular Vc1 com a equação:
VSd 73,4 VSd , mín 117,3 kN portanto, deve-se dispor a armadura transversal mínima.
20 f ct, m 3
Asw , mín bw (cm2/m), com fct, m 0,3 3 fck 2 0,3 252 2,56 MPa
f ywk
20 . 0,256
Asw , mín 20 2,05 cm2/m
50
8
O Modelo de Cálculo II com = 38 conduz a uma armadura transversal muito próxima àquela resultante do Modelo
de Cálculo I, onde é fixo em 45°. O estudante deve fazer o cálculo aplicando o M. C. I, a fim de comparar os
resultados.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 32
A armadura negativa de flexão deve ser cuidadosamente ancorada na viga V1, pois o equilíbrio da
viga V2 depende do perfeito engastamento na V1. Uma ancoragem inadequada pode resultar em sérios riscos
de ruptura (ruína) da viga V2.
Conforme apresentado na apostila de BASTOS (2015)9, o comprimento de ancoragem básico deve
ser calculado. Na Tabela A-7 e na Tabela A-8, anexas nesta apostila, constam os comprimentos de
ancoragem dos aços CA-50 e CA-60.
Na Tabela A-7 (aço CA-50), para concreto C25, barra de diâmetro 12,5 mm em situação de má
aderência, o comprimento de ancoragem básico (coluna sem gancho) resulta 67 cm.
Considerando que a armadura negativa calculada foi 3,55 cm2 e que a armadura efetiva será
composta por 3 12,5 (3,75 cm2), o comprimento de ancoragem corrigido, que leva em conta a diferença de
áreas de armadura, é:
O comprimento de ancoragem efetivo da viga de apoio (V1) é a largura da viga menos a espessura
do cobrimento: b,ef = b – c = 35 – 2,5 = 32,5 cm.
Verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido é maior que o comprimento de ancoragem
efetivo: b,corr = 63,4 cm > b,ef = 32,5 cm. Não é possível fazer a ancoragem dessa forma na viga de apoio.
Uma solução para tentar resolver o problema é fazer o gancho na extremidade das barras. O comprimento de
ancoragem com gancho é:
0,7 b 0,7 67
As, corr As, anc = 3,55 5,12 cm2
b,ef 32,5
3 12,5 + 1 grampo 10 3,75 + (2 . 0,80) = 5,35 cm2
A Figura 38 mostra o detalhamento completo das armaduras da viga V2. O espaçamento dos estribos
foi diminuído de 19,5 cm para 15 cm, a favor da segurança, com pequeno acréscimo no consumo de aço. A
9
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 33
armadura de pele, embora não obrigatória neste caso, foi adotada. As barras longitudinais inferiores (N5),
porta-estribos construtivas, foram adotadas 8 mm.
Para garantir uma melhor vinculação (engastamento) da viga V2 na V1, as barras N2 foram
desenhadas na forma de um estribo fechado, para melhor ancoragem na viga V1. É importante que as barras
N2 fiquem posicionadas sobre as barras longitudinais superiores negativas da viga V1, de modo a “laçar”
essas barras.
V2 (20 x 50)
N1 - 6 c/15 3N2
2N3
4N4 4N4
110
N2* - 3 12,5
45
45
C = 275
2N5
30
14 15
N3 - 2 10 C = 228
(2° cam)
N4 - 2 x 4 4,2 C = 110 45
N5 - 2 8 C = 110
N1 - 6 5 mm C = 130
Figura 38 – Detalhamento final com as armaduras da viga V2.
A viga V1 deve estar obrigatoriamente engastada no pilar P1, como demonstrado no esquema
estático (Figura 39). O carregamento consiste no próprio peso e nas ações provenientes da viga V2 (força
vertical concentrada e momento torçor).
Força cortante:
Momento fletor:
4,375 1,652
Mk 52,4 1,65
2
59,6 52,4
Vk (kN)
9242 _
Mk (kN.cm)
4863 Tk (kN.cm)
A armadura mínima de flexão é calculada para o momento fletor mínimo, de acordo com:
Md,mín = 0,8 W0 fctk,sup , fctk,sup = 3,33 MPa (já calculado para a viga V2)
b h 3 35 . 503
I 364.583 cm4
12 12
I 364583
W0 14.583 cm3
y 25
no estádio I, para seção retangular y é tomado na meia altura da viga.
b w d 2 35 . 46 2
Kc = 19,1 da Tabela A-1 tem-se Ks = 0,023
Md 3885
Md 3885
As K s = 0,023 1,94 cm2
d 46
Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,15 % Ac , portanto:
As,mín = 0,0015 . 35 . 50 = 2,63 cm2 > 1,94 cm2 As,mín = 2,63 cm2
O momento fletor solicitante característico máximo na viga V1 é – 9.242 kN.cm. O momento fletor
de cálculo é:
Md = 1,4 . (– 9.242) = – 12.939 kN.cm
b w d 2 35 46 2
Kc 5,7
Md 12939
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 35
12939
As 0,025 7,03 cm2 As,mín = 2,63 cm2 (ok!)
46 ah
(5 12,5 + 1 10 7,05 cm2)
2,5
Supondo t = 10 mm, o espaçamento livre entre as barras é: 50
acg = 2,5 + 1,0 + 1,25/2 = 4,1 cm (foi adotado 4 cm para determinação da altura útil)
A armadura de pele não é necessária porque a viga não tem altura superior a 60 cm. A armadura para
a torção que será colocada nas faces laterais da viga poderá também contribuir para evitar fissuras por
retração do concreto.
Como já feito para a viga V2, no cálculo da armadura transversal será considerado o Modelo de
Cálculo II, com ângulo de 38, com aplicação de equações simplificadas para estribos verticais.
Vk = 59,6 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 59,6 = 83,4 kN
Da mesma Tabela A-5, para o concreto C25, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:
Com Vc0 :
0,3 25 2
3
Vc0 0,6 f ctd b w d 0,6 0,7 35 . 46 123,9 kN
10 . 1,4
como VSd = 83,4 kN < Vc0 = 123,9 kN tem-se que Vc1 = Vc0 = 123,9 kN
A armadura mínima é:
20 f ct, m 3
Asw , mín bw (cm2/m), com fct, m 0,3 3 fck 2 0,3 252 2,56 MPa
f ywk
20 . 0,256
Asw , mín 35 3,58 cm2/m = 0,0358 cm2/cm
50
A armadura longitudinal negativa calculada para a viga, de 7,03 cm2, é a armadura a ancorar no pilar,
que tem seção transversal 35/60. Para essa área, o arranjo de barras escolhido é composto de 5 12,5 + 1
10, com área de 7,05 cm2 (As,ef).
Conforme a Tabela A-7, para concreto C25, CA-50 (barra de alta aderência) e situação de má
aderência para a armadura negativa, o comprimento de ancoragem básico (coluna sem gancho) é 67 cm para
12,5 mm (coluna sem gancho).
Devido à diferença entre a área de armadura calculada e a efetiva, o comprimento de ancoragem
pode ser corrigido para:
As,anc 7,03
b,corr b 67 66,8 cm
As,ef 7,05
b,corr A s, ef
b,corr = 66,8 cm b, mín 10,0 cm ok! 66,8
50
O comprimento de ancoragem mínimo é o mesmo da viga V2 para 12,5 mm, b,mín = 10,0 cm.
Verifica-se que o comprimento de ancoragem corrigido, sem gancho, é superior ao comprimento de
ancoragem efetivo (b,corr = 66,8 cm > b,ef = 57,5 cm), que não possibilita fazer a ancoragem reta no pilar. A
primeira alternativa para resolver o problema é fazer gancho na extremidade das barras, reduzindo o
comprimento corrigido para:
Segundo a NBR 6118, quando o comprimento do elemento sujeito à torção é menor ou igual a 2h, a
força cortante atuante deve ser limitada, tal que VSd ≤ 0,7VRd2 . O comprimento da viga é o vão efetivo, de
165 cm, e a altura 50 cm. Verifica-se que: 165 > 2 .50 = 100 cm, de modo que não há necessidade de limitar
a força cortante ao valor-limite.
A 1750
he 10,3 cm e he 2 c1
u 170
c1
Supondo = 12,5 mm, t = 10 mm e com cnom = 2,5 cm tem-se: cnom
c1 = /2 + t + cnom = 1,25/2 + 1,0 + 2,5 = 4,125 cm
he 2 . 4,125 = 8,3 cm
he 10
A área efetiva e o perímetro do eixo da parede fina são:
he
10
O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 22, com ângulo (38) igual ao aplicado no
cálculo da viga à força cortante10 é:
TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2 = 0,5 (1 – 25/250) . (2,5/1,4) 1000 . 10 . sen 2 . 38 = 7.797 kN.cm
Para não ocorrer o esmagamento do concreto nas diagonais comprimidas de concreto, conforme a
Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
Sd 1
VRd 2 TRd 2
Como calculado no item c4.1, os valores de VRd2 e VSd são 679,5 kN e 83,4 kN, respectivamente.
Aplicando a Eq. 34 tem-se:
10
O ângulo deve ser igual ao utilizado no cálculo da armadura transversal para a força cortante.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 38
83,4 6808
1,0 1,0 ok!
679 ,5 7797
Como a equação foi satisfeita não ocorrerá o esmagamento do concreto nas bielas de compressão.
Caso resultasse valor superior à unidade, haveria a necessidade de se fazer alguma alteração. O aumento da
largura ou da altura da viga são soluções comumente utilizadas na prática, sendo que o aumento da largura
da viga é muito mais efetivo em aumentar a resistência à torção. Porém, há restrição no caso de viga
embutida em parede, pois a viga pode ficar aparente com uma largura maior que a da parede.
20 f ct, m 20 . 0,256
As, mín he 10 1,03 cm2/m
f ywk 50
20 f ct, m 20 . 0,256
A s,90mín bw 35 3,58 cm2/m
f ywk 50
3
com fct, m 0,3 3 fck 2 0,3 252 2,56 MPa (resistência média do concreto à tração direta).
A área de armadura longitudinal a ser distribuída ao longo do vão da viga pode ser obtida pela soma
das armaduras de flexão e de torção. Como se observa nos diagramas de momentos fletores e momentos
torçores (Figura 36 e Figura 39), por simplicidade pode ser analisada apenas a seção onde ocorrem
simultaneamente os momentos máximos (M e T), que é a seção de apoio (engaste da viga no pilar). A
armadura longitudinal total, determinada na seção de apoio, pode ser estendida ao longo de todo o vão, até a
extremidade livre, a favor da segurança, dado que o momento fletor diminui.
A armadura longitudinal total, considerando apenas a torção, é aquela relativa ao perímetro ue :
A s
0,1002 cm2/cm com ue = 130,0 cm: As,tot = 0,1002 . 130,0 = 13,03 cm2
ue
Esta área deve ser distribuída nas quatro faces da seção retangular da viga, proporcionalmente,
conforme a NBR 6118, e observe que relativamente a ue , que é o perímetro do eixo da parede fina, cuja
espessura neste caso é he .
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 39
Face superior:
- da flexão: As = 7,03 cm2
- da torção: As = (bw – he) As = (35 – 10) 0,1002 = 2,51 cm2
- As,total = 7,03 + 2,51 = 9,54 cm2 (8 12,5 10,00 cm2)
Face inferior:
- da flexão: As = 0,00 cm2
- da torção: As = (bw – he) As = (35 – 10) 0,1002 = 2,51 cm2
- As,total = 2,51 cm2 (4 10 mm 3,20 cm2)
Faces laterais:
- As,total = (h – he) As = (50 – 10) 0,1002 = 4,01 cm2 (5 10 mm 4,00 cm2)
É importante ressaltar que devem ser dispostos 5 10 mm em ambas as faces laterais da viga. Esta
armadura pode atuar também para restringir as fissuras no concreto por efeito de retração, não sendo
necessário acrescentar armadura de pele, embora neste caso a norma não a exija, porque a viga não tem
altura superior a 60 cm.
Para uma conferência da armadura longitudinal de torção, pode-se determinar a armadura total em
função da armadura calculada para as faces da viga:
As,tot = 2(2,51 + 4,01) = 13,04 cm2 ok!
A área total de estribos verticais é calculada pela soma das áreas relativas à força cortante e à torção.
A armadura para a força cortante resultou igual à armadura mínima, de 0,0358 cm2/cm. Considerando o
estribo composto por dois ramos verticais, e que a área mínima para a força cortante, para um ramo vertical,
é 0,0358/2 = 0,0179 cm/m2, a armadura transversal total é:
O diâmetro do estribo para a torção deve ser igual ou superior a 5 mm e inferior a b w/10 = 350/10 =
35 mm. Fazendo estribo fechado de dois ramos com diâmetro de 6,3 mm (1 6,3 mm 0,31 cm2) tem-se:
0,31
0,0791 s = 3,9 cm smáx = 27,6 cm ok!
s
O espaçamento resultou muito pequeno, pois deve ser suficiente para a passagem da agulha do
vibrador, com uma certa folga. A recomendação é de que seja pelo menos 7 ou 8 cm, para permitir a
penetração do concreto com facilidade.
Fazendo com diâmetro de 8 mm (1 8 mm 0,50 cm2) encontra-se:
0,50
0,0791 s = 6,3 cm smáx = 27,6 cm ok!
s
O espaçamento entre as barras longitudinais para torção não deve superar 35 cm, o que ser verifica
no detalhamento.
Como a viga V2 está apoiada na viga V1, convém posicionar as barras N2 da V2 sobre as barras N2
da V1, obedecendo ao cobrimento de concreto.
Os ganchos nas extremidades dos estribos da V1 devem ser inclinados a 45, como prescrito pela
NBR 6118, e com comprimento de 5 5 cm.
V1 (35 x 50)
6 N2
N1 - 15 c/10 1 N3 1 N3
5 N4 5 N4
P1
202 4 N5
N2 - 6 12,5 C = 282
40
40
30
N4 - 2 x 5 10 C = 202
N1 - 15 10 C = 160
N5 - 4 10 C = 202
14.2 Exemplo 2
Este exemplo refere-se ao projeto estrutural de uma laje em balanço (marquise) engastada na viga de
apoio. A marquise tem a função arquitetônica de proteger o hall de entrada de uma edificação. A Figura 41
mostra uma perspectiva da estrutura. A Figura 42 e a Figura 43 mostram a planta de fôrma da estrutura e o
pórtico do qual a marquise faz parte. Este exemplo toma como base aquele apresentado em GIONGO (1994).
Para a estrutura pede-se calcular e dimensionar as armaduras da viga V1.
As seguintes informações são conhecidas:
a) marquise (estrutura em balanço composta pela laje L3 e as vigas V2, V3 e V6) acessível a pessoas apenas
para serviços de construção e manutenção;
b) o coeficiente de ponderação das ações permanentes e variáveis (f) será tomado como 1,4 (Tabela 11.1 da
NBR 6118). O coeficiente de ponderação do concreto (c) será tomado como 1,4 e o do aço (s) como 1,15
(Tabela 12.1 da NBR 6118);
c) lajes e vigas da marquise em concreto aparente (sem revestimentos);
d) sobre toda extensão da viga V1 há uma parede de alvenaria de bloco cerâmico de oito furos, com
espessura final de 23 cm (2 cm de revestimento de argamassa de cada lado), altura de 2,60 m, com peso
específico (alv) de 3,2 kN/m2;
e) peso específico do concreto com armadura passiva: concr = 25 kN/m3;
f) espessura média de 3 cm para a camada de impermeabilização e regularização sobre a laje da marquise
(L3), com argamassa de peso específico arg,imp = 21 kN/m3;
g) vigas V2, V3 e V6 são consideradas sem função estrutural, como componentes da estética da marquise;
h) aço CA-50;
i) classe II de agressividade ambiental (Tabela 6.1 da NBR 6118), o que leva ao concreto C25 (fck = 25 MPa)
no mínimo, e relação a/c ≤ 0,60 (Tabela 7.1 da NBR 6118), cnom = 2,5 cm para c = 5 mm (Tabela 7.2 da
NBR 6118);
j) carga das lajes interna (L1 e L2) na viga V1: plaje = 5,0 kN/m.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 41
394 394
V4 (20 x 35)
V5 (20 x 35)
V7 (20 x 35)
Laje interna (L1) Laje interna (L2)
A
19
V1 (19 x 40)
P1 P2 P3
19/30 19/30 19/30
154,5
V6 (10 x 40)
V3 (10 x 40)
140
L3 (h = 10 cm)
V2 (10 x 40)
10
A
788
10 10
Planta de Fôrma
V1
V3
30
40
V2 V4
L3
10
P1
10 140 19
Corte A
11
A planta de fôrma da estrutura é desenhada com o observador posicionado no nível inferior à estrutura que se quer mostrar e
olhando para cima. Como as vigas V1, V3 e V6 são invertidas, os traços de uma das faces das vigas estão desenhados com linha
tracejada.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 42
V (19 x 40)
40
P1 P2 P3
300
19/30 260 19/30 19/30
V1 (19 x 40)
40
tramo 1 tramo 2
30 359 30 359 30
450
417,5
V (20 x 25)
25
RESOLUÇÃO
Como a laje (L3) da marquise em balanço está em um nível inferior ao das lajes internas (L1 e L2)
na edificação, não é possível considerar alguma vinculação entre as lajes, ou seja, a laje em balanço, não
tendo continuidade física com as lajes internas, não pode ser considerada engastada nas lajes internas. A
única alternativa neste caso é engastar a laje L3 na viga V1.
A flexão na laje em balanço age como momento de torção externo aplicado uniformemente
distribuído ao longo da viga V1, o que origina o esforço solicitante de momento de torção (T) na viga, o qual
deve ser obrigatoriamente considerado no projeto e dimensionamento da V1, ainda que as lajes internas L1 e
L2 restrinjam a torção aplicada na V1.
Os momentos de torção (T) na viga V1 tornam-se momentos fletores atuantes nos pilares P1, P2 e
P3, devendo ser computados no dimensionamento desses pilares.
No caso de se desejar evitar a torção na viga V1, uma solução possível seria prolongar as vigas V4,
V5 e V7 até a extremidade livre da laje L3 em balanço, que passariam a ser responsáveis pelo equilíbrio da
laje. A laje, por sua vez, subdividida em duas, passaria a atuar como duas lajes apoiadas nas vigas de borda,
sem engastamento na viga V1, e portanto, sem atuação de torção na viga. Outra solução seria o engastamento
da laje L3 nas lajes internas L1 e L2, possível apenas se as lajes estivessem com a face superior no mesmo
nível, o que também eliminaria a torção na viga V1.
Inicialmente será apresentado o dimensionamento da laje L3, e em seguida o dimensionamento da
viga V1.
a) Dimensionamento da laje L3
No contorno da laje L3 há a ação do peso próprio das vigas V2, V3 e V6, em concreto aparente:
- gpp,vigas = 25 . 0,10 . 0,30 = 0,75 kN/m
A laje L3 está engastada na viga V1, e como a laje é armada em uma direção ( = y / x = 798/153 =
5,2 > 2), os esforços solicitantes são calculados supondo-se a laje como viga de largura unitária (1 m), Figura
44.
0,75 kN
Com vão livre o de 150 cm, o vão efetivo da laje é: 3,63 kN/m
t1 / 2 19 / 2 9,5 cm
a1 a1 = 3 cm ,(a2 = 0)
0,3 h 0,3 10 3 cm 5
148
ef = o + a1 = 150 + 3 = 153 cm
536
A laje deve ser verificada quanto à necessidade ou não de armadura transversal. De modo geral as
lajes maciças com cargas totais baixas, como neste caso, não requerem armadura transversal, e por isso, o
cálculo não será apresentado.12
Considerando que a laje L3 terá uma argamassa de impermeabilização assentada na face superior,
para proteção da laje e principalmente da armadura negativa, o cobrimento será considerado 2,0 cm.
Supondo de 6,3 mm, a altura útil d é:
b w d 2 100 7,7 2
Kc 7,9 da Tabela A-1: x = 0,11 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e dom. 2.
Md 1,4 536
As K s
Md
0,024
1,4 536 2,34 cm2/m ( 6,3 c/13 2,42 cm2/m – ver Tabela A-11)
d 7 ,7
12
Na apostila BASTOS, P.S.S. Lajes de concreto. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), mar/2015, 115p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm) está apresentada a formulação da NBR 6118 para verificação de lajes
maciças à força cortante.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 44
A armadura negativa da laje, calculada como viga, considerando os valores contidos na Tabela A-6 e
na Tabela A-9, para concreto C25, deve ter o valor mínimo de:
0,15
As, mín 0,15 % b w h 100 10 1,50 cm2/m < As = 2,34 cm2/m
100
2h 2 10 20 cm
s smáx = 20 cm
20 cm
Na direção secundária (perpendicular à direção principal), a laje armada em uma direção deve ter
uma armadura de distribuição, de área:
O detalhamento esquemático das armaduras dimensionadas está na Figura 45. Deve-se observar que
a armadura principal da laje em balanço é posicionada junto à face superior, isto é, onde ocorrem as tensões
normais de tração. A armadura principal da laje deve ser cuidadosamente ancorada na viga V1, onde está
engastada.13 O detalhe em gancho das barras N1 no interior da viga V1 garante a necessária ancoragem.
A armadura inferior (barras N3) não é necessária ao equilíbrio da laje, podendo ser dispensada. No
entanto, nas lajes em balanço a sua colocação pode ser útil para aumentar a segurança da laje numa eventual
ruína, além de aumentar a ductilidade e diminuir a flecha da laje, que deve ser verificada no caso de um
projeto completo.14
N1 V1
N3
N2 - 9 4,2 c/ 15 CORR
36
166
6 N1 - 61 6,3 c/ 13 C = 230 6
16
N3 - 26 4,2 c/ 30 C = 165
13
A ancoragem da armadura principal da laje pode ser avaliada de modo semelhante às vigas.
14
A flecha da laje L3, por ser uma laje em balanço, deve ser cuidadosamente avaliada. Na apostila há a formulação e exemplos de
aplicação: BASTOS, P.S.S. Lajes de concreto. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), mar/2015, 115p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 45
b) Dimensionamento da viga V1
Sobre a viga V1 atuam ações provenientes do peso próprio, da parede de alvenaria existente, das
lajes internas L1 e L2 do edifício e da laje L3 em balanço (reação de apoio e momento fletor na seção de
engastamento da laje, que leva à torção da viga). Todas essas ações são uniformemente distribuídas ao longo
do comprimento da viga.
O modelo adotado para o esquema estrutural da viga, para a determinação dos momentos fletores e
torçores e forças cortantes, é aquele que considera a viga vinculada aos pilares extremos por meio de
engastes elásticos (molas). Para a avaliação dos momentos torçores há que se considerar os dois tramos da
viga engastados nos pilares P1, P2 e P3.
A viga V1 é simétrica em geometria e carregamento, de modo que os vãos livres e efetivos dos dois
tramos são iguais.
t / 2 30 / 2 15 cm
a1 1 a1 = 12 cm = a2
0,3 h 0,3 40 12 cm
O apoio intermediário da viga (pilar P2) pode ser considerado como um apoio simples, pois de
acordo com o esquema mostrado na Figura 43 tem-se que o comprimento de flambagem do lance inferior do
pilar é e = 450 cm e e/4 = 450/4 = 112,5 cm. Como a dimensão do pilar na direção da viga (bint = 30 cm) é
menor que e/4 (112,5 cm) pode considerar o pilar intermediário como um apoio simples. Caso bint resultasse
maior que e/4, os dois tramos da viga deveriam ser considerados engastados no pilar P2.
A Figura 46 mostra o esquema estático da viga, com os carregamentos atuantes, vãos efetivos,
numeração das barras e nós, etc. Para determinação dos esforços solicitantes na viga pode ser utilizado
algum programa computacional com essa finalidade. Para o exemplo foi aplicado o programa para cálculo de
pórtico plano, chamado PPLAN4, de CORRÊA et al. (1992).
y
21,52 kN/m
1 1 2 2 3 3 4 4
5
x
191,5 191,5 191,5 191,5
383 383
Figura 46 – Esquema estático, carregamento e numeração dos nós e barras da viga V1.
Considerando que os pilares extremos P1 e P3, nos quais a viga se encontra vinculada, estão
engastados na estrutura de fundação (bloco de duas estacas e vigas baldrames), o coeficiente de rigidez do
lance inferior do pilar será tomado como 4EI/e . Quando o pilar for considerado apoiado na estrutura de
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 46
fundação, o coeficiente de rigidez poderá ser tomado como 3EI/e . Pilares sobre blocos de uma estaca
devem ser considerados simplesmente apoiados (articulados).
A rigidez da mola que vincula a viga a esses pilares é avaliada por: Kmola = Kp,sup + Kp,inf
Supondo a viga trabalhando em serviço no estádio II (já fissurada), para o módulo de elasticidade do
concreto será considerado o valor secante. O módulo tangente na origem pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8):
b h 3 19 . 30 3
Ip,sup = Ip,inf = 42.750 cm4
12 12
Observe que a dimensão do pilar considerada ao cubo é aquela coincidente com a direção do eixo
longitudinal da viga. Os coeficientes de rigidez dos lances inferior e superior do pilar são:
A viga em questão tem simetria de geometria e carregamento no pilar intermediário (nó 3). A viga
pode, por simplicidade, ser calculada considerando-se apenas os nós 1, 2 e 3, e as barras 1 e 2. Para isso
deve-se fazer o nó 3 com restrição de rotação, além das restrições de apoio simples. Os resultados devem ser
idênticos àqueles para a viga completa.
O arquivo de dados de entrada no programa, considerando a simetria, tem o aspecto:
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP – DISC. CONCRETO II
EXEMPLO 2
V1 (19 x 40)
NOGL
1,3,1,0,0,383,0,
RES
1,1,1,2,0,0,5506200,
3,1,1,1,
BARG
1,2,1,1,1,2,1,1,1,
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 47
PROP
1,1,760,101333,40,
MATL
1,2898,
FIMG
CARR1
CBRG
1,2,1,1,-0.2152,1,
FIMC
FIME
5,36 3,83
Tk 10,26 kN.m = 1.026 kN.cm
2
P1 P2 P3
3,83 m 3,83 m
10,26 10,26
TK (kN.m)
10,26
10,26
44,9
37,5
VK (kN)
44,9
37,5
~ 172 3101
~ 52
1690 - 1690
+ MK (kN.cm)
~ 90
1582 1582
A flecha calculada pelo programa para o nó 2 (0,06 cm) não é a flecha máxima no vão, mas é
próxima a ela, de modo que serve como um indicativo da deslocabilidade da viga.15 A flecha de 0,06 cm é
muito pequena e desprezível, e muito inferior à flecha máxima permitida para a viga.
15
Um valor mais próximo da flecha máxima poderia ser obtido colocando-se outros nós à esquerda do nó 2 (ver Figura
46).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 48
Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C25, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,15 % Ac , portanto:
As,mín = 0,0015 . 19 . 40 = 1,14 cm2
A armadura de pele não é necessária, dado que a viga não tem altura superior a 60 cm. Para a viga
com largura de 19 cm e a altura de 40 cm não devem surgir fissuras por efeito de retração do concreto.
Mk = – 3.101 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 3.101) = – 4.341 kN.cm
Por simplicidade e porque o momento fletor negativo no apoio do pilar P2 é pequeno, não será feita
redução de M para δM. Para a altura da viga de 40 cm será adotada a altura útil de 36 cm. A laje em balanço
(L3) está comprimida pelo momento fletor negativo, de modo que pode contribuir com a viga e forma uma
viga de seção L. A largura colaborante proporcionada pela laje, conforme a NBR 6118, é:
b f d 2 42 . 36 2
Kc = 12,5
Md 4341
Da Tabela A-1: x = x/d = 0,07 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e
domínio 2.
Ainda resulta que 0,8x < hf = 10 cm, e o cálculo é de seção L como se fosse retangular bf . h.
Md 4341
As K s = 0,024 2,89 cm2 > As,mín = 1,14 cm2
d 36
4 10 mm 3,20 cm2 ou 2 12,5 + 1 8 3,00 cm2
No caso de se adotar 2 12,5 + 1 8 na primeira camada, a distância livre horizontal entre as barras
deve ser superior a 25 mm, a fim de permitir a passagem da agulha do vibrador. Supondo o diâmetro do
estribo igual a 6,3 mm, a distância livre resulta:
bf d 2 42 . 36 2 210
Kc = 23,0
Md 2366
Tabela A-1: x = x/d = 0,04 0,45 (ok!), Ks = 0,023, domínio 2,
e 0,8x < hf
Md 2366
As K s = 0,023 1,51 cm2 > As,mín = 1,14 cm2
d 36
2 10 mm 1,60 cm2
Mk = 1.582 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 1.582 = 2.215 kN.cm
Considerando que as lajes internas (L1 e L2) sejam também maciças de concreto, no
dimensionamento ao momento fletor positivo máximo pode-se considerar a contribuição da laje para formar
uma seção L, dado que a laje está comprimida:
bf d 2 42 . 36 2
Kc = 11,1
Md 2215
Tabela A-1: x = x/d = 0,08 0,45 (ok!), Ks = 0,024, domínio 2,
e 0,8x < hf
Md 2215
As K s = 0,024 1,48 cm2 > As,mín = 1,14 cm2
d 36 2 10
2 10 mm 1,60 cm2
A soma das armaduras de tração e de compressão (As + A’s) não deve ter valor maior que
4 % Ac , calculada na região fora da zona de emendas. Para a viga em questão, as áreas de armadura
longitudinais são pequenas e não superam a armadura máxima.
A resolução da viga à força cortante será feita mediante as equações simplificadas desenvolvidas em
BASTOS (2015). Será adotado o Modelo de Cálculo I ( = 45) para a inclinação da diagonais comprimidas.
Vk = 44,9 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 44,9 = 62,9 kN
Da mesma Tabela A-4, para o concreto C25, a equação para determinar a força cortante
correspondente à armadura mínima é:
VSd,mín = 0,117 bw d = 0,117 . 19 . 36 = 80,0 kN
VSd = 62,9 kN < VSd,mín = 80,0 kN portanto, deve-se dispor a armadura transversal mínima
A força cortante de cálculo nos pilares extremos (VSd = 52,5 kN) é também menor que a força
cortante mínima, o que significa que a armadura mínima deve se estender ao longo dos dois tramos da viga
V1.
Como a viga tem simetria de carregamento e geometria, a ancoragem nos pilares P1 e P3 é idêntica.
Valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a) segundo o Modelo de Cálculo I, para
estribos verticais:16
d VSd , máx
a d , com a 0,5d
2 (VSd , máx Vc )
36 52,5 52,5
a 18
2 (52,5 52,5) 0
resultou uma fração de valor indefinido, portanto, a = 18 cm, pois a 0,5d.
a VSd 18 52,5
A s,anc = 0,60 cm2
d f yd 36 50
1,15
16
Ver BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 51
1 M vão
3 A s, vão se M apoio 0 ou negativo de valor M apoio 2
A s, anc
1 A M vão
4 s, vão se M apoio negativo e de valor M apoio 2
As,anc = 0,60 cm2 ≥ 1/4 As,vão = 0,37 cm2 ok! portanto, ancorar 0,60 cm2
A armadura positiva do vão adjacente é composta por 2 10 mm (1,60 cm2), que deverão ser
obrigatoriamente estendidos até os apoios. Portanto, As,ef = 1,60 cm2 > As,anc = 0,60 cm2.
O comprimento de ancoragem mínimo no apoio (b,mín) é:
r
b, mín
6 cm
40
A s, ef 1,60 b,corr
14,3
A s, ef
O comprimento de ancoragem efetivo no apoio é:
b,ef = b – c = 30 – 2,5 = 27,5 cm
b
30
Estendendo 2 10 (1,60 cm2) da armadura longitudinal positiva até o pilar intermediário, esta
armadura deve ser superior à mínima, dada por:
17
A favor da segurança, para uma melhor ancoragem, o gancho pode ser feito na extremidade das barras.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 52
As duas barras de 10 mm devem se estender pelo menos 10 além da face do apoio.
A armadura negativa proveniente do engastamento elástico da viga nos pilares extremos deve
penetrar até próximo à face externa do pilar, respeitando-se a espessura do cobrimento, e possuir um gancho
direcionado para baixo, com comprimento de pelo menos 35. Para diâmetro de 10 mm, o diâmetro de
dobramento deve ser de 5, como indicado na Figura 48.
210
5
35 cm
35
40
30
A armadura transversal para a força cortante foi dimensionada segundo o Modelo de Cálculo I ( =
45°), ângulo que também deve ser considerado no dimensionamento da viga à torção.
A 760
he 6,4 cm e he 2c1
u 118
Portanto, os limites para he são: 7,9 cm he 6,4 cm, ou seja: he 6,4 cm e he 7,9 cm, de modo
que não é possível adotar um valor para he que atenda aos limites.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 53
Na torção, para resolver o problema, aumentar a largura da viga é a solução mais efetiva, embora
outras soluções sejam possíveis. Uma nova largura pode ser determinada fazendo he = A/u = 2c1 = 7,9 cm,
que é o valor máximo para he . Com A/u = 7,9 resulta a largura de 26 cm, e 7,9 cm he 7,9 cm, que resolve
o problema, com a seção 26 x 40. Resta verificar se o projeto arquitetônico permite a viga com esta largura.
No caso, por exemplo, de não ser permitido aumentar a largura de 19 cm, a altura necessária para
resolver o problema é de 94 cm, o que também resulta 7,9 cm he 7,9 cm. Conclui-se, portanto, que
aumentar a altura da viga não é uma solução eficiente.
Quando ocorre A/u < 2c1 e não se deseja fazer alterações na seção bw
transversal, a NBR 6118 permite adotar: 19
6,4
he
he = A/u ≤ bw – 2c1
c1
he = A/u = 6,4 cm ≤ bw – 2c1 =19 – 2 . 3,925 = 11,2 cm ok!
h = 40
he = 6,4 cm Ae
A área Ae é então definida pelos eixos das barras dos cantos ue
(respeitando-se o cobrimento exigido nos estribos):
c1
he
6,4
Neste caso, o perímetro da área equivalente Ae é:
O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 22, com ângulo = 45 (igual ao ângulo aplicado
no cálculo da viga à força cortante, no caso o Modelo de Cálculo I) é:
TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2 = 0,5 (1 – 25/250) . (2,5/1,4) 356,3 . 6,4 . sen 2 . 45 = 1.832,4 kN.cm
Para não ocorrer esmagamento das bielas comprimidas de concreto, conforme a Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
Sd 1
VRd 2 TRd 2
Como o momento de torção (T) tem valor máximo igual nos três apoios, a verificação das diagonais
de compressão será feita para a força cortante máxima atuante na viga (VSd,P2 = 62,9 kN no pilar P2). A força
cortante máxima calculada para a viga é VRd2 = 294,1 kN, e substituindo os valores encontra-se:
62,9 1436
0,9975 1,0 1,0 ok!
294 ,1 1832 ,4
Como a equação foi satisfeita, não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais de
compressão.
20 f ct, m 20 . 0,256
As, mín he 6,4 0,66 cm2/m
f ywk 50
20 f ct, m 20 . 0,256
A s,90mín bw 19 1,95 cm2/m
f ywk 50
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 54
3
com fct, m 0,3 3 fck 2 0,3 252 2,56 MPa (resistência média do concreto à tração direta).
A área de armadura longitudinal, em cada face da seção retangular da viga, é obtida pela soma das
armaduras longitudinais de flexão e de torção. Deve ser feita uma análise dos diagramas de momentos
fletores e de momentos torçores, de forma a que a armadura longitudinal final “cubra” tanto os momentos
fletores quanto os torçores, conforme suas variações ao longo dos tramos. Se analisados os diagramas
mostrados na Figura 47, observa-se que o momento de torção máximo (T) ocorre nos apoios, e diminui em
direção ao centro do tramo. Assim, por simplicidade, podem ser analisadas as seções correspondentes aos
apoios (pilares), combinando-se as armaduras longitudinais de flexão e de torção nessas seções.
Observe que a armadura longitudinal de torção foi calculada em função de ue , que neste caso não é o
perímetro do eixo da parede fina, e sim o perímetro da área equivalente Ae , delimitada pelos eixos das barras
longitudinais dos cantos da seção transversal. Portanto, Ae e ue foram calculados em função de c1 (distância
do centro da barra do canto à face da seção), e não em função de he .
Pilares P1 e P3:
Face superior:
- da flexão: As = 1,51 cm2
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 1,51 + 0,51 = 2,02 cm2 (3 10 = 2,40 cm2)
Face inferior:
- da flexão: As = 0,60 cm2 (As,anc)
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 0,60 + 0,51 = 1,11 cm2 (esta armadura será atendida pela armadura longitudinal positiva
do vão, que se estende até os apoios extremos - 2 10 mm
1,60 cm2)
Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) As = (40 – 7,9) 0,0463 = 1,49 cm2 (3 8 mm 1,50 cm2). Esta armadura
contribui também para evitar possíveis fissuras causadas pela retração do concreto.
As
0,0463 cm2/cm com ue = 86,4 cm: As, tot 0,0463 . 86,4 4,00 cm2
ue
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Para uma conferência, pode-se determinar a armadura total em função da armadura calculada para as
faces da viga:
As,tot = 2(0,51 + 1,49) = 4,00 cm2 ok!
Face superior:
- da flexão: As = 2,89 cm2
- da torção: As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 2,89 + 0,51 = 3,40 cm2 (3 12,5 3,75 cm2)
Face inferior:
- da flexão: As = 0,37 cm2 (As,anc)
- da torção: As = (19 – 7,9) 0,0463 = 0,51 cm2
- As,total = 0,37 + 0,51 = 0,88 cm2 (esta armadura será atendida pela armadura longitudinal positiva
do vão, que se estende até o apoio intermediário - 2 10 mm
1,60 cm2)
Faces laterais:
- As,total = (h – he) As = (40 – 7,9) 0,0463 = 1,49 cm2 (3 8 mm 1,50 cm2)
A área total de estribos verticais é calculada com a soma das áreas relativas à força cortante e à
torção. A armadura para a força cortante resultou igual à armadura mínima, de 0,0195 cm2/cm, ao longo de
toda a viga.
Considerando o estribo composto por dois ramos verticais, e que a área mínima relativa à força
cortante para um ramo é 0,0195/2 = 0,00975 cm/cm2, a armadura transversal total é:
O diâmetro do estribo deve ser superior a 5 mm e inferior a b w/10 = 190/10 = 19 mm. Supondo
estribo fechado de dois ramos com diâmetro de 5 mm (1 5 mm 0,20 cm2) tem-se:
0,20
0,0561
s
s = 3,7 cm < smáx = 21,6 cm (este espaçamento máximo é válido para a força cortante e para a
torção).
O espaçamento resultou muito pequeno. Considerando o estribo com diâmetro de 6,3 mm fica:
0,31
0,0561 s = 5,5 cm < smáx = 21,6 cm
s
Portanto, pode-se dispor estribos 8 mm c/9 cm em toda a extensão dos vãos livres dos dois tramos
da viga, a favor da segurança. A rigor, as regiões no centro dos tramos pode ter uma armadura transversal
menor, onde os esforços solicitantes V e T são menores.
A Figura 50 mostra o detalhamento final das armaduras da viga V1.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 56
A decalagem (a) do diagrama de momentos fletores de cálculo foi determinada como 18 cm (ver
item b5.1). O “cobrimento” do diagrama de momentos fletores deve ser feito apenas para a armadura
negativa no pilar P2, porque as armaduras positivas dos vãos têm apenas duas barras, que devem se estender
obrigatoriamente até os apoios. As armaduras longitudinais mostradas na Figura 49 consideram a flexão e a
torção, ou seja, as armaduras somadas.
Os comprimentos de ancoragem básicos (sem gancho) para barras 10 e 12,5 mm, em região de má
aderência, aço CA-50 e concreto C25, conforme a Tabela A-7, são respectivamente 54 e 67 cm.
A Figura 49 mostra o cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo. Como a viga é
simétrica o “cobrimento” foi feito sobre um tramo apenas.
120
b = 67
face externa
3 12,5
do pilar
A
85
10
b = 54 12,5
3 10
a
18 centro do
A
10 pilar P2
18 B a
a B
15
10
2 10 10 cm
A Figura 50 mostra o detalhamento final das armaduras da viga V1. As barras N5 foram estendidas
até as faces do pilar intermediário (P2) com o propósito de melhorar a ancoragem dessas barras, dado que
elas trabalham também à torção.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 57
V 1 (19 x 40)
3 N3
2 x 3 N4
A
P1 P2 P3
2 N5
40 40
14
120 120
N3 - 3 12,5 C = 240
35
35
N2 - 3 10 C = 356 N2 - 3 10 C = 356
35
N1 - 80 8 mm
N4 - 2 x 3 8 CORR C = 108
14.3 Exemplo 3
A Figura 51, Figura 52 e Figura 53 mostram a estrutura em três dimensões, a planta de fôrma e um
corte esquemático da estrutura de concreto de uma edificação com dois pavimentos. Essa estrutura já teve a
viga VS1 dimensionada (BASTOS, 2015)18. Agora, a viga VS1 tem seu traçado modificado com o objetivo
de introduzir esforços internos de torção, e para exemplificação e comparação, o concreto terá a resistência à
compressão alterada para 35 MPa, ou seja, do concreto C25 para o C35. O propósito do exemplo é
dimensionar e detalhar as armaduras das vigas VS1 e VS6, são conhecidos:
OBSERVAÇÕES:
a) há uma parede de vedação em toda a extensão das vigas VS1 e VS6, constituída por blocos cerâmicos de
oito furos (dimensões de 9 x 19 x 19 cm), espessura final de 23 cm e altura de 2,40 m, com carga por metro
quadrado de área de 3,20 kN/m2, valor esse que considera os diferentes pesos específicos do bloco cerâmico
e das argamassas de assentamento (1 cm) e de revestimento (1,5 cm)19;
b) a laje é do tipo pré-fabricada treliçada, com altura total de 16 cm e peso próprio de 2,33 kN/m2;
c) ação variável (carga acidental da NBR 6120 - q) nas lajes de 2,0 kN/m2;
d) revestimento (piso final) em porcelanato sobre a laje, com piso = 0,20 kN/m2;
e) espessura do revestimento inferior da laje = 1,5 cm; espessura do contrapiso = 3,0 cm;
f) a ação do vento e os esforços solicitantes decorrentes serão desprezados por se tratar de uma edificação de
baixa altura (apenas dois pavimentos), em região não sujeita a ventos de alta intensidade.
18
BASTOS, P.S.S. Vigas de concreto armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento
Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), jun/2015, 56p. Disponível em
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
19
Valores encontrados em GIONGO, J.S. Concreto armado: projeto estrutural de edifícios. São Carlos, Escola de
Engenharia de São Carlos, Usp, Dep. de Estruturas. 1994.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 58
RESOLUÇÃO
Todas as vigas do pavimento superior serão representadas segundo um modelo de grelha (Figura 55),
para a determinação dos esforços solicitantes e deslocamentos verticais (flechas). As vigas serão
consideradas vinculadas aos pilares extremos por meio de engastes elásticos.
Devido à mudança de direção que existe nos tramos finais das vigas VS1 e VS6, entre os pilares P3 e
P6, surgem esforços de torção nesses tramos.
45
16
284
L3 L4
VS4 (19 x 45)
P7 P8 19/30 P9 19/19
19/19
719 719
P1 P2 P3
19/19 19/30 19/30
300
240
19 700 19 305,5
a) Vãos efetivos
Por questão de simplicidade e porque o erro cometido será pequeno e a favor da segurança, na
discretização dos nós da grelha os apoios verticais (pilares) serão considerados no centro geométrico dos
pilares. Essa simplificação leva a vãos para as vigas um pouco maiores que aqueles que resultariam caso se
considerassem os vão efetivos exatos. O modelo de grelha está mostrado na Figura 55.
A largura das vigas foi adotada igual à dimensão do bloco cerâmico de oito furos, assentado na
posição “deitada”, ou seja, na dimensão de 19 cm. Para a estimativa da altura da viga VS1 foi aplicada a
seguinte equação, relativa ao tramo de maior vão:
ef 719
h 59,9 cm h = 60 cm
12 12
A viga VS6, embora não tenha as nervuras das lajes pré-fabricadas apoiadas sobre ela, terá a mesma
seção transversal da VS1, isto é, 19 x 60 cm, porque no trabalho conjunto das duas vigas no trecho onde
ocorre a mudança de direção, o tramo final da viga VS1 trabalhará de certa forma apoiando-se sobre o tramo
final da VS6, o que vai acarretar uma alta solicitação de flexão nessa viga na seção sobre o pilar P6.
Quanto à instabilidade lateral, como as vigas têm lajes apoiadas em toda a extensão dos vãos, a
estabilidade está garantida.
Como se pode observar na Figura 52, existe o carregamento das lajes L1 e L2 sobre a viga VS1, pois
as nervuras da laje nela se apoiam. Na viga VS6 as lajes L2 e L4 aplicam apenas uma pequena parcela de
carga, dado que as nervuras das lajes não se apoiam sobre a viga.
c1) Lajes
Para as lajes de piso do pavimento superior considerou-se a laje do tipo pré-fabricada treliçada, com
altura total de 16 cm e peso próprio de 2,33 kN/m2. A carga total por m2 de área da laje é:
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 60
Considerando a carga total na viga consistindo de uma parede apoiada sobre toda extensão
(composta por blocos cerâmicos de oito furos, espessura final de 23 cm e altura de 2,40 m, e peso específico
3,20 kN/m2), da laje pré-fabricada com carga total de 5,45 kN/m2 e comprimento de 5,325 m (distância entre
o centro da viga VS2 e a face externa da viga VS1), e o peso próprio da viga (com seção transversal de 19 x
60 cm), o carregamento total atuante nos tramos entre os pilares P1 e P3 é:
No tramo onde ocorre a mudança de direção, entre o pilar P3 e a viga VS6, com comprimento de 389
cm, a carga da laje na VS1 foi diminuída proporcionalmente à diminuição do comprimento das nervuras da
laje (Figura 54). O vão entre o pilar P3 e a viga VS6 foi dividido ao meio para separar dois trechos de carga,
com as nervuras da laje tendo os comprimentos médios de 474 cm e 341 cm. A carga da laje sobre a viga
VS1 foi calculada segundo esses comprimentos médios.
Relativamente ao comprimento de 474 cm foi considerada a carga de 23,72 kN/m, e de 20,09 kN/m
no comprimento de 341 cm.
474 389
194,5 194,5
97,3 97,3 97,3 97,3
P2 P3
19/30 19/30
direção das nervuras
523
474
341
284
P5 P6
19/30 19/30
Figura 54 – Comprimentos médios considerados para as nervuras da laje no tramo da viga VS1.
A carga da laje na viga foi calculada como sendo a correspondente à largura de uma lajota, com 30
cm. A carga atuante na viga VS6 é:
O comprimento de flambagem (e) dos pilares, considerados biarticulados (na base e no topo), é de
300 cm, e e/4 = 300/4 = 75 cm. Para a maior dimensão dos pilares na direção das vigas (bint) tem-se:
bint = 30 cm < e/4 = 75 cm
Portanto, os pilares intermediários podem ser considerados como apoios simples para as vigas.
A NBR 6118 considera que as vigas contínuas, quando calculadas individualmente e separadas do
restante da estrutura, tenham a vinculação obrigatoriamente considerada com os pilares extremos. Neste
exemplo, as vigas serão consideradas vinculadas aos pilares extremos por meio de engastamentos elásticos
(molas). O pilar P3 não será considerado como engaste elástico devido à continuidade da viga VS1 no pilar.
Para determinação dos esforços solicitantes segundo o modelo de grelha pode ser utilizado algum
programa computacional com essa finalidade. Para o exemplo foi aplicado o programa GLAN4, de
CORRÊA et al. (1992). Na Figura 55 mostra-se o modelo de grelha, representativo das vigas do pavimento
superior, com a numeração dos nós e das barras. Os números externos no desenho indicam as propriedades
das barras. No total são 16 nós e 19 barras. Alguns nós, posicionados no meio de algumas barras, foram
introduzidos apenas para fornecerem uma indicação das flechas nas vigas.
4 4
3
1
9 10 11
12 1
13 14 15 16
13
12
17 19 11 3
14
5 6 7 8
2
6 7 8 9 10
16 x 18 15
1 2 3 4 5
1
1
2 3 4
Figura 55 – Numeração dos nós, das barras, das propriedades das barras e indicação
dos engastes elásticos nos pilares extremos.
A rigidez da mola dos engastes elásticos pode ser avaliada pela equação: Kmola = Kp,sup + Kp,inf
Como os comprimentos de flambagem dos lances inferior e superior e a seção transversal dos pilares
extremos são idênticos, as rigidezes dos lances inferior e superior são iguais e valem:
4 EI
Kp,sup = Kp,inf =
e
8 EI
A rigidez da mola vale portanto: K mola
e
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 62
Supondo a viga trabalhando em serviço no estádio II (já fissurada), para o módulo de elasticidade do
concreto será considerado o valor secante. O módulo tangente na origem pode ser avaliado pela seguinte
expressão (NBR 6118, item 8.2.8):
Para o módulo de elasticidade transversal (G - NBR 6118, item 8.2.9) pode-se considerar a relação:
E 3528
G c cs 1.470 kN/cm2
2,4 2,4
O momento de inércia dos lances inferior e superior dos pilares P1, P7 e P9 (seção 19/19) é:
19 . 193
Ip,sup = Ip,inf = 10.860 cm4
12
Rigidez da mola:20
8 EI 8 . 3528 . 10860
K mola = 2.043 .418 kN.cm
e 300
2
O momento de inércia dos lances inferior e superior dos pilares P4 e P6 (seção 19/30), considerando
a direção da viga VS2, é:
30 . 193 8 EI 8 . 3528 . 17148
Ip,sup = Ip,inf = 17.148 cm4 K mola = 3.226 .568 kN.cm
12 e 300
2
O momento de inércia dos lances inferior e superior dos pilares P2 e P8 (seção 19/30), considerando
a direção da viga VS5, é:
19 . 303 8 EI 8 . 3528 . 42750
Ip,sup = Ip,inf = 42.750 cm4 K mola = 8.043 .840 kN.cm
12 e 300
2
d2) Arquivo de dados
20
Se as dimensões e comprimento de flambagem dos pilares forem diferentes nos lances inferior e superior, os valores
devem ser calculados individualmente para cada lance.
21
CORRÊA, M.R.S. ; RAMALHO, M.A. ; CEOTTO, L.H. Sistema PPLAN3/GPLAN3 – Manual de utilização. São
Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1992, 80p. Disponível
em http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 63
Nas barras com mudança de direção (12, 13 e 14) é necessário considerar o momento de inércia à
torção. Nas demais barras, onde a torção de compatibilidade, quando existir, pode ser desprezada, apenas um
pequeno valor foi adotado para não causar problema no processamento do programa (foi considerado 100).
Os momentos de inércia à torção (J) das barras 12, 13 e 14 foram calculados com a Eq. 38 e a Tabela
2, considerando a seção transversal 19 x 60 cm:
b 19
n 0,317
h 60
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP - BAURU. TORÇÃO EM VIGAS
EXEMPLO 3
GRELHA PAV.
NOGP
1,5,1,0,0,1438,0,
6,10,5,0,523,1438,523,
NOGL
11,12,1,1438,807,1243.5,926.5,
13,15,1,0,1046,719,1046,
NO
16,1049,1046,
RESG
1,5,4,1,2,2,0,2043418,2043418,
6,10,4,1,0,2,0,0,3226568,
3,15,12,1,2,0,0,8043840,
RES
13,1,2,2,0,2043418,2043418,
8,1,
16,1,
BARG
1,4,1,1,1,2,1,1,1,
5,8,1,6,1,7,1,2,1,
9,11,1,13,1,14,1,1,1,
12,13,1,16,-4,12,-1,3,1,
16,17,1,1,5,6,7,4,1,
18,19,1,3,5,8,7,4,1,
BAR
14,11,10,3,1,
15,10,5,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,100,60,
2,1,1330,543083,100,70,
3,1,1140,342000,109470,60,
4,1,855,144281,100,45,
MATL
1,3528,1470,
FIMG
CARR1
CBRG
1,4,1,1,-.2504,1,
5,8,1,1,-.4003,1,
9,11,1,1,-.2504,1,
14,15,1,1,-.1217,1,
16,17,1,1,-.1194,1,
18,19,1,1,-.1357,1,
CBR
12,1,-.2372,1,
13,1,-.2009,1,
FIMC
FIME
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 64
V k (kN)
barras 12 e 13
79,6 64,1 64,0
P1 P2 18,5 36,0
100,4 P3
10600
Mk
(kN.cm)
~325 barras 12 e 13
- 2632
3141
P1 P2 2800
~130 3088 +
+ P3
6031
9521
Tk
(kN.cm)
barras 12 e 13
P2 P3
1616
70,6
36,0 Vk (kN)
7,4
P9 56,2
P6 barra 14
12300
- barra 14
Mk
453 + 2842 (kN.cm)
P6
P9
~ 355 ~ 214
barra 14
P6 Tk
(kN.cm)
P9 1540 1540
Conforme a Tabela A-6, para seção retangular e concreto C35, a taxa mínima de armadura (mín)
deve ser de 0,164 % Ac , portanto:
As,mín = 0,00164 . 19 . 60 = 1,87 cm2
f) Armadura de pele
A armadura de pele não é necessária, dado que a viga não tem altura superior a 60 cm (NBR 6118).
No entanto, a fim de evitar fissuras de retração que possam surgir na viga, será colocada uma armadura de
pele com área de 0,05 % Ac (área da armadura de pele conforme a NBR 6118/80), em cada face da viga:
As,pele = 0,0005 . 19 . 60 = 0,57 cm2
4 4,2 mm 0,56 cm2 em cada face, distribuídos ao longo da altura (ver Figura 62).
Como o momento fletor negativo não é muito maior que o momento fletor máximo positivo no
tramo esquerdo, por simplicidade não será feita a redução de M para δM, como permitida pela NBR 6118.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 66
Mk = – 10.600 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 10600) = – 14.840 kN.cm
4 12,5
Para a altura da viga de 60 cm será adotada a altura útil de 56 cm:
b d 2 19 . 56 2
Kc w = 4,0 ah
Md 14840
Md 14840
As K s = 0,025 6,63 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 56
4 12,5 mm (5,00 cm2) + 2 10 mm (1,60 cm2) 6,60 cm2
Considerando que o vibrador de agulha que será aplicado no adensamento do concreto tenha agulha
com diâmetro de 25 mm, a distância livre horizontal entre as barras da primeira fiada deve superar 25 mm.
Supondo estribo com diâmetro de 6,3 mm e c = 2,5 cm, para o detalhamento mostrado a distância livre
resulta:
19 2 2,5 0,63 4 . 1,25
ah 2,6 cm = 26 mm
3
Neste pilar, devido aos esforços de torção e mudança na direção dos tramos, ocorrem dois diferentes
valores para o momento fletor negativo. O cálculo será feito para o maior valor, de – 3.088 kN.cm.
Md 4323
As K s = 0,023 1,78 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2 10 mm + 1 8 mm = 2,10 cm2
Mk = – 3.141 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 3141) = – 4.397 kN.cm
18 210
2 2
b w d 19 . 56
Kc = 13,6
Md 4397
Md 4397
As K s = 0,023 1,81 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2 10 mm + 1 8 mm = 2,10 cm2
Como a laje adjacente à viga é do tipo nervurada pré-fabricada, com capa de concreto de espessura 4
cm, normalmente não se considera a contribuição dessa capa de pequena espessura para formar a mesa da
seção T, de modo que a viga será calculada como seção retangular.
Mk = 9.521 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 9521 = 13.329 kN.cm
b w d 2 19 . 56 2
Kc = 4,5
Md 13329
Md 13329 5 12,5
As K s = 0,024 5,71 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 56
5 12,5 = 6,25 cm2
25,04 kN/m
1 1 2
P2 P3
330
Figura 58 – Esquema estático, carregamento e numeração dos nós e barra para obtenção do momento
fletor positivo considerando engaste no apoio interno P2 da viga VS1.
O arquivo de dados de entrada no programa PPLAN4 está apresentado a seguir. O relatório com os
resultados encontra-se no Anexo B4.
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP, BAURU/SP – DISC. CONCRETO II - TORÇÃO
MOMENTO POSITIVO ENTRE OS PILARES P2 E P3, COM ENGASTE NO PILAR P2
VS1 (19 x 60)
NOGL
1,2,1,0,0,330,0,
RES
1,1,1,1,
2,1,1,
BAR
1,1,2,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,3528,
FIMG
CARR1
CBR
1,1,-0.2504,1,
FIMC
FIME
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 68
O máximo momento fletor positivo para o esquema mostrado na Figura 58 resulta 1.909 kN.cm.
Esse momento deve ser considerado no dimensionamento da armadura longitudinal positiva do tramo.
b w d 2 19 . 56 2
Kc = 22,3
Md 2673
Md 2673 1 8 2 10
As K s = 0,023 1,10 cm2 < As,mín = 1,87 cm2
d 56
2 10 mm + 1 8 mm = 2,10 cm2
Mk = 6.031 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 6031 = 8.443 kN.cm
b w d 2 19 . 56 2
Kc = 7,1
Md 8443
Da Tabela A-1: x = x/d = 0,09 ≤ 0,45 (ok!), Ks = 0,024 e dom. 2.
Md 8443
As K s = 0,024 3,62 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 56 3 12,5
3 12,5 = 3,75 cm2
Vk = 100,4 kN.cm
VSd = f . Vk = 1,4 . 100,4 = 140,6 kN
Na Tabela A-4, para o concreto C35 a equação para determinar a força cortante correspondente à
armadura mínima é:
VSd,mín = 0,147 bw d = 0,147 . 19 . 56 = 156,4 kN
VSd 140,6 VSd , mín 156,4 kN portanto, deve-se dispor a armadura mínima transversal.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 69
Como todas as demais forças cortantes atuantes são menores que Vk de 100,4 kN, conclui-se que
todos os tramos devem ter a armadura transversal mínima.
A armadura mínima é calculada pela equação:
20 f ct, m
A sw , mín bw (cm2/m), com f ct, m 0,3 3 f ck 2 0,3 3 352 3,21 MPa
f ywk
20 . 0,321
Asw , mín 19 2,44 cm2/m
50
No tramo da viga VS1 do lado esquerdo do pilar P2 tem-se Asw = Asw,mín = 2,44 cm2/m = 0,0244
cm /cm. Considerando estribo vertical composto por dois ramos e diâmetro de 5 mm (1 5 mm 0,20 cm2),
2
tem-se:
Asw 0,40
0,0244 cm2/cm 0,0244 s = 16,4 cm smáx = 30 cm (ok!)
s s
Valor da decalagem do diagrama de momentos fletores (a) segundo o Modelo de Cálculo I, para
estribos verticais:22
d VSd , máx
a d , com a 0,5d
2 (VSd , máx Vc )
22
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 70
56 111,4
a 335,4 cm ≤ d = 56 cm portanto, a = 56 cm
2 (111,4 102,1)
a VSd 56 111,4
As,anc = 2,56 cm2
d f yd 56 50
1,15
1 M vão
3 A s, vão se M apoio 0 ou negativo de valor M apoio 2
A s, anc
1 A M vão
4 s , vão se M apoio negativo e de valor M apoio
2
Se resultar As,anc menor que o valor mínimo, deve-se seguir nos cálculos com As,anc igual ao valor
mínimo (1/3 ou 1/4 do As,vão).
A armadura positiva do vão adjacente ao pilar é composta por 5 12,5 mm, onde 2 12,5
posicionados nos vértices dos estribos devem ser obrigatoriamente estendidos até os apoios. Portanto, pode-
se considerar que 2 12,5 (2,50 cm2 = As,ef) atendem a área necessária a ancorar, de 2,56 cm2. A armadura a
ancorar deve penetrar no pilar no comprimento de ancoragem básico (b).
Verifica-se que mesmo com o gancho ainda não é possível fazer a ancoragem, pois o comprimento
de ancoragem resultou maior que o comprimento de ancoragem efetivo: (b,gancho = 27,2 cm > b,ef = 16,5 cm).
A próxima alternativa é aumentar a armadura longitudinal a ancorar no apoio, para As,corr :
0,7 b 0,7 38
A s, corr A s, anc = 2,56 4,13 cm2
b, ef 16,5
Para atender a armadura corrigida pode-se estender mais duas barras das cinco barras da armadura
positiva no vão, ou seja, As,ef = 5,00 cm2 (4 12,5), o que atende com folga à armadura corrigida. Como uma
alternativa a este arranjo, pode-se manter 2 12,5 (As,ef = 2,50 cm2) da armadura longitudinal e acrescentar
grampos complementares, com área de:
As,gr = As,corr – As,ef = 4,13 – 2,50 = 1,63 cm2 (1 grampo: 2 10 mm 1,60 cm2)
A armadura a ancorar fica com 2 12,5 + 2 10 4,10 cm2. O detalhe da ancoragem está
mostrado na Figura 59.
2,5
100 gr = 100 cm
2 cm
10
15,5
19 2 12,5
grampo
2 10
Estendendo 2 12,5 (dos vértices dos estribos) da armadura longitudinal positiva do vão até o pilar
intermediário P2 (As,anc = 2,50 cm2), esta armadura deve ser superior à armadura mínima a ancorar:
No caso do tramo à esquerda do pilar P3, como o vão é pequeno, não há necessidade de interromper
parte da armadura antes dos apoios, ou seja, pode-se estender até os apoios todas as barras da armadura
longitudinal positiva (2 10 + 1 8 2,10 cm2). Esta área deve ser superior à armadura mínima a ancorar,
de 1/4 As,vão = 1,10/4 = 0,28 cm2.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 72
Portanto, As,anc = 2,10 cm2 > 1/4 As,vão = 0,28 cm2 ok!
ancorando as duas barras dos vértices dos estribos: 2 12,5 mm 2,50 cm2, é atendida a área mínima de
1,21 cm2.
Para a força cortante Vk = 100,4 kN no tramo à esquerda do pilar P2, o valor da decalagem do
diagrama de momentos fletores (a), segundo o Modelo de Cálculo I, é:
d VSd , máx
a d , com a 0,5d
2 (VSd , máx Vc )
56 140,6
a 102,2 cm ≤ d = 56 cm portanto, a = 56 cm
2 (140,6 102,1)
este valor, que é o máximo possível, será adotado para os demais tramos.
A armadura negativa proveniente do engastamento elástico nos pilares extremos deve penetrar até
próximo à face externa do pilar, respeitando-se a espessura do cobrimento, e possuir um gancho direcionado
para baixo, com comprimento de pelo menos 35. O diâmetro de dobramento deve ser de 5 (para CA-50 e
< 20 mm), como indicado na Figura 60.
2 10 + 1 8
5
35 cm
35
O tramo à direita do pilar P3 está submetido ao momento de torção característico (Tk) de 1.616
kN.cm. O momento de cálculo é:
TSd = γf . Tk = 1,4 . 1.616 = 2.262 kN.cm
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 73
A 1140
he 7,2 cm e he 2c1
u 158
7,2
he
Neste caso, para resolver o problema, entre outras soluções, pode-
se aumentar as dimensões da seção transversal da viga. A solução que c1
melhor resolve o problema é aumentar a largura da viga.23
Quando ocorre A/u < 2c1 , e não se deseja fazer alterações na viga,
a NBR 6118 permite adotar: he = A/u ≤ bw – 2c1 :
h = 60
Ae
A área Ae deve ser definida pelos eixos das barras dos cantos
(respeitando-se o cobrimento exigido nos estribos): he
c1
7,2
Ae = (bw – 2c1) . (h – 2c1) = (19 – 7,85) . (60 – 7,85) = 581,5 cm2
O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 23, com ângulo (45) igual ao aplicado no
cálculo da viga à força cortante (Modelo de Cálculo I), é:
TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2 = 0,5 (1 – 35/250) . (3,5/1,4) 581,5 . 7,2 . sen 2 . 45 = 4.500,8 kN.cm
Para não ocorrer esmagamento do concreto nas bielas comprimidas, conforme a Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
Sd 1
VRd 2 TRd 2
Sendo VRd2 = 617,1 kN e VSd,máx = 89,6 kN (de Vk = 64,0 kN – do tramo direito no pilar P3),
aplicando os valores numéricos na Eq. 34 fica:
89,6 2262
0,65 1,0 ok!
617 ,1 4500 ,8
23
Ver o Exemplo 2.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 74
Como a equação foi satisfeita não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais de
compressão.
20 f ct, m 20 . 0,321
A s, mín he 7,2 0,92 cm2/m
f ywk 50
20 f ct, m 20 . 0,321
A s,90mín bw 19 2,44 cm2/m
f ywk 50
3
com f ct, m 0,3 3 f ck 2 0,3 352 3,21 MPa (resistência média do concreto à tração direta).
O diagrama de Tk na
Figura 56 mostra que as armaduras para torção devem ser mantidas obrigatoriamente constantes ao longo do
tramo.
A armadura longitudinal de torção pode ser combinada com a armadura longitudinal de flexão,
considerando as seções onde ocorreram os momentos fletores máximos, no pilar P3 e no vão. A análise deve
ser feita para cada uma das quatro faces da viga, mantendo-se a proporcionalidade de armadura.
Face superior:
- da flexão: As = 1,51 cm2 (armadura de flexão calculada para Mk = – 2.632 kN.cm)
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 1,51 + 0,50 = 2,01 cm2 (2 12,5 2,50 cm2)
Na região sob momento fletor negativo a resistência será proporcionada por 2 12,5, e no restante
do tramo (sob momento fletor positivo) serão colocados 2 8 mm, que atendem com folga a armadura
necessária para torção (0,50 cm2), e as barras trabalham também como porta-estribos.
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Face inferior:
- da flexão: As = 1,21 cm2 (armadura mínima a ancorar no pilar P3)
- da torção: As = (bw – 2c1) As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 1,21 + 0,50 = 1,71 cm2
Esta armadura será atendida pela armadura longitudinal positiva à direita do pilar P3, que será
estendida do vão e ancorada no pilar: 3 12,5 mm 3,75 cm2).
Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) As = (60 – 7,85) 0,0447 = 2,33 cm2 (3 10 mm 2,40 cm2). Esta armadura,
em cada face, deve estender-se do pilar P3 até a intersecção com a viga VS6; essa armadura contribui
também para evitar possíveis fissuras por retração do concreto.
Face superior:
- da flexão: As = 0,00 cm2
- da torção: As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 0,50 cm2 (2 8 1,00 cm2)
Face inferior:
- da flexão: As = 3,62 cm2
- da torção: As = (19 – 7,85) 0,0447 = 0,50 cm2
- As,total = 3,62 + 0,50 = 4,12 cm2 (3 12,5 + 1 8 4,25 cm2)
Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) As = (60 – 7,85) 0,0447 = 2,33 cm2 (3 10 mm 2,40 cm2)
Para uma conferência pode-se calcular a armadura longitudinal total, considerando apenas a torção,
relativa ao perímetro ue :
As
0,0447 cm2/cm com ue = 126,6 cm: As, tot 0,0447 . 126,6 5,66 cm2
ue
A área total de estribos verticais é calculada pela soma das áreas relativas à força cortante e à torção.
A armadura para a força cortante máxima entre o pilar P3 e a interseção com a viga VS6 resultou na
armadura mínima, de 0,0244 cm2/cm.
Considerando o estribo composto por dois ramos verticais, e que a área relativa à força cortante para
um ramo é 0,0244/2 = 0,0122 cm/m2, a armadura transversal total é:
O diâmetro mínimo para o estribo à torção é de 5 mm. Supondo estribo fechado de dois ramos
verticais com diâmetro de 6,3 mm (1 6,3 0,31 cm2) tem-se:
0,31
0,0569 s = 5,4 cm
s
que é um espaçamento muito pequeno. Alterando o diâmetro para 8 mm (1 8 0,50 cm2) tem-se:
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 76
0,50
0,0569 s = 8,8 cm smáx = 30 cm ok!
s
Portanto, pode-se escolher estribo 8 mm c/9 cm. Na Figura 62 encontra-se mostrado o
detalhamento final das armaduras da viga VS1.
196
142 258
100 121
43 43
2 10
54 A a a 54
10
107 2 12,5 10
110
43 B
54 a 54
12,5
2 10 + 1 8 12,5
56
2 12,5
A
10 12,5
12,5
P1 a a a a
a 56 B 56 56
P2
a
P3
B 2 12,5 B
face do pilar
a
a 3 12,5
10
10 8 8
12,5 12,5 1 8
A 2 12,5 A
26 10 105 346
12,5 120
117 1 12,5 10
12,5
b 214
38 b
38
VS 1 (19 x 60)
2N7
N1 - 44 c/16 N1 - 19 c/16 2N4
N2
-5 0 c/ 2N8
9
4N9 4N9
P1 P2 P3
1N11
40
195 50
120 2N15 2N12
N3 - 2 10 C = 606 N4 - 2 12,5 C = 660
35
VS6
110
145 260 N5
N6 - 1 8 C = 145
35
-2
8 C
N7 - 2 12,5 C = 405 = 43 2N5
0
100 120
50
N8 - 2 10 C = 230 (2° cam)
40 3N10 3N10
N9 - 2 x 4 4,2 C = 1056
N10
-2x
3
115 215 10
N11 - 1 12,5 C = 398 (2° cam) C= 3N17 1N14
530
25
40
120 100
N12 - 2 12,5 C = 583
N13 - 1 8 C = 340 14
N 14
-1
40 8 C
10
50
Figura 62 – Detalhamento final das armaduras da viga VS1.
Mk = – 12.300 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . (– 12.300) = – 17.220 kN.cm
b w d 2 19 . 55 2
Kc = 3,4
Md 17220
ah
2 10
Da Tabela A-1: x = x/d = 0,19 0,45 (ok!), Ks = 0,025 e dom. 2.
Md 17220
As K s = 0,025 7,83 cm2 > As,mín = 1,87 cm2
d 55
5 12,5 + 2 10 = 7,85 cm2
Supondo que o concreto será adensado com um vibrador com diâmetro de agulha de 25 mm, a
distância livre horizontal entre as barras longitudinais das camadas superiores deve ser superior a esse
diâmetro. Considerando estribo com diâmetro de 5 mm, para o detalhamento mostrado, a distância livre entre
as barras da primeira camada resulta:
distância suficiente para a passagem da agulha do vibrador. Supondo que o centro de gravidade da armadura
esteja posicionado 0,5 cm abaixo da face inferior das barras da primeira camada, a distância entre a face
tracionada e o CG é:
acg = 2,5 + 0,5 + 1,25 + 0,5 = 4,8 cm (valor compatível com a altura útil d = 55 cm)
Mk = 2.842 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 2842 = 3.979 kN.cm
Com d = 56 cm:
b w d 2 19 . 56 2
Kc = 15,0
Md 3979
Para verificação do momento fletor positivo máximo na viga VS6, entre os pilares P9 e P6, será
calculado o momento considerando o tramo engastado no pilar P6 e com engaste elástico no pilar P9 (Figura
63). A rigidez da mola relativa ao pilar P9, com seção 19/19 é de 2.043.418 kN.cm, valor já determinado.
12,17 kN/m
1 1 2 x
P9 523 P6
Figura 63 – Esquema estático, carregamento e numeração dos nós e barras para obtenção do
momento fletor positivo considerando engaste perfeito no apoio intermediário (P6) da viga VS6.
O arquivo de dados de entrada no programa PPLAN4 está apresentado a seguir. O relatório com os
resultados encontra-se no Anexo B5.
OPTE,2,2,2,2,2,
UNESP, BAURU/SP – DISC. CONCRETO II - TORÇÃO
MOMENTO POSITIVO ENTRE OS PILARES P9 E P6
VS6 (19 x 60)
NOGL
1,2,1,0,0,523,0,
RES
1,1,1,2,0,0,2043418,
2,1,1,1,
BAR
1,1,2,1,1,
PROP
1,1,1140,342000,60,
MATL
1,3528,
FIMG
CARR1
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 79
CBR
1,1,-0.1217,1,
FIMC
FIME
O máximo momento fletor positivo para o esquema mostrado na Figura 59 resulta 2.129 kN.cm,
muito superior ao valor de 453 kN.cm calculado segundo o modelo de grelha. Aliás, o tramo apresenta-se
sob momentos fletores negativos em quase toda a extensão (ver
Figura 57). No dimensionamento da armadura positiva do tramo deve ser considerado o maior valor,
conforme indicado na NBR 6118.
Mk = 2.129 kN.cm
Md = f . Mk = 1,4 . 2129 = 2.981 kN.cm
b w d 2 19 . 56 2
Kc = 20,0
Md 2981
Da Tabela A-1: x = x/d = 0,03 0,45 (ok!), Ks = 0,023 e dom. 2.
Md 2981
As K s = 0,023 1,22 cm2 < As,mín = 1,87 cm2 1 8 2 10
d 56
2 10 + 1 8 2,10 cm2
Na viga VS6 a força cortante máxima é Vk = 70,6 kN (VSd = 98,8 kN), valor menor que a força
cortante mínima calculada (VSd,mín = 156,4 kN), o que leva à armadura transversal mínima em toda extensão
da VS6 (Asw,mín = 2,44 cm2/m).
No pilar extremo P9 existe um pequeno momento fletor positivo (453 kN.cm), para o qual deve
existir uma armadura de flexão resistente. A armadura mínima de flexão do tramo adjacente (2 10 + 1 8)
pode ser estendida até o pilar e é mais do que suficiente para resistir a este momento fletor. Por simplicidade
e a favor da segurança pode-se estender as três barras até o pilar P9, fazendo-se o gancho na extremidade das
barras (ver Figura 65).
A armadura mínima a ancorar no pilar, tomando o tramo à direita que está sob momento fletor
positivo, é:
M d,apoio 17.220 kN.cm > Md,vão/2 = 3.979/2 = 1.990 kN.cm
Portanto, As,anc ≥ 1/4 As,vão = 1,63/4 = 0,41 cm2
As armaduras positivas de flexão dos dois tramos adjacentes ao pilar P6 (2 10 + 1 8 2,10 cm2)
atendem à armadura mínima a ancorar. As barras devem estender-se 10 além da face do pilar.
Para a força cortante máxima de Vk = 70,6 kN no pilar P6, o valor da decalagem do diagrama de
momentos fletores (a), segundo o Modelo de Cálculo I, é:
d VSd , máx
a d , com a 0,5d
2 (VSd , máx Vc )
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 80
Como VSd é menor que Vc0 , deve ser tomado a ≥ 0,5d = 0,5 . 56 = 28 cm, valor a ser adotado para
os dois tramos adjacentes ao pilar P6.
No tramo final da VS6 ocorre o momento de torção característico (Tk) de 1.540 kN.cm, constante ao
longo do tramo. O momento de cálculo é:
TSd = γf . Tk = 1,4 . 1540 = 2.156 kN.cm
Os valores de A e u são os mesmos já calculados para a viga VS1, pois a seção transversal é idêntica:
A = 1.140 cm2 e u = 158 cm. As Eq. 19 e 20 fornecem os limites para a espessura he da parede fina:
A 1140
he 7,2 cm e he 2c1
u 158
c1
Sendo c = 2,5 cm e supondo = 12,5 mm e t = 8 mm cnom
encontra-se:
c1 = /2 + t + cnom = 1,25/2 + 0,8 + 2,5 = 3,925 cm
he 2c1 = 2 . 3,925 = 7,85 cm
he = A/u ≤ bw – 2c1
h = 60
he = A/u = 7,2 cm ≤ bw – 2c1 = 19 – 7,85 = 11,15 cm ok! Ae
he = 7,2 cm ue
O momento torçor máximo, determinado pela Eq. 23, com ângulo (45) igual ao aplicado no
cálculo da viga à força cortante, considerando o Modelo de Cálculo I, é:
TRd,2 = 0,5 v2 fcd Ae he sen 2 = 0,5 (1 – 35/250) . (3,5/1,4) 581,5 . 7,2 . sen 2 . 45 = 4.500,8 kN.cm
Para não ocorrer esmagamento das bielas comprimidas de concreto, conforme a Eq. 34 deve-se ter:
VSd T
Sd 1
VRd 2 TRd 2
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 81
Sendo VRd2 = 617,1 kN e VSd,máx = 1,4 . 70,6 = 98,8 kN (força cortante máxima atuante no tramo com
torção), aplicando os valores numéricos na Eq. 34 fica:
98,8 2156
0,64 1,0 ok!
617 ,1 4500 ,8
Como a equação foi satisfeita não ocorrerá o esmagamento do concreto nas diagonais de
compressão.
Face superior:
- da flexão: As = 7,83 cm2
- da torção: As = (bw – 2c1) = (19 – 7,85) 0,0426 = 0,47 cm2
- As,total = 7,83 + 0,47 = 8,30 cm2 (5 12,5 + 3 10 8,65 cm2)
Face inferior:
- da flexão: As = 0,41 cm2 (armadura mínima a ancorar no pilar P6)
- da torção: As = (bw – 2c1) = (19 – 7,85) 0,0426 = 0,47 cm2
- As,total = 0,41 + 0,47 = 0,88 cm2
Esta armadura será atendida pela armadura mínima positiva que se estende até o pilar (2 10 + 1 8
2,10 cm2).
Faces laterais:
- As,total = (h – 2c1) = (60 – 7,85) 0,0426 = 2,22 cm2 (3 10 mm 2,40 cm2).
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 82
Esta armadura deverá se estender do pilar P6 até a intersecção com a viga VS1.
A área total de estribos verticais é calculada pela soma das áreas relativas à força cortante e à torção.
A armadura para a força cortante máxima entre o pilar P6 e a interseção com a viga VS1 resultou na
armadura mínima, de 0,0244 cm2/cm.
Considerando o estribo composto por dois ramos verticais, e que a área relativa à força cortante para
um ramo é 0,0244/2 = 0,0122 cm/m2, a armadura transversal total é:
Supondo estribo fechado de dois ramos com diâmetro de 8 mm (1 8 0,50 cm2) tem-se:
0,50
0,0548 s = 9,1 cm smáx = 30 cm ok!
s
Portanto, pode-se dispor estribo 8 mm c/9 cm. Na Figura 65 encontra-se mostrado o detalhamento
final das armaduras da viga VS6.
O valor da decalagem (a) para deslocamento do diagrama de momentos fletores de cálculo é 28 cm.
O comprimento de ancoragem básico para barras 12,5 mm, em situação de má aderência, aço CA-50 e
concreto C35, é 54 cm (coluna sem gancho).
A Figura 64 mostra o cobrimento do diagrama de momentos fletores de cálculo, feito para
determinação do comprimento das barras das armaduras longitudinais, positivas e negativas.
258 188
156 125
54 54
1 12,5 + 3 10
12,5 12,5
54 54
2 12,5
12,5 12,5
2 12,5
A Figura 65 apresenta o detalhamento final das armaduras da viga. Este desenho é feito normalmente
na escala 1:50. O desenho do corte da seção transversal e do estribo é feito normalmente na escala de 1:25 ou
1:20. Atenção máxima deve ser dispensada ao detalhamento final, pois comumente é apenas com ele que a
armação da viga será executada.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 83
VS 6 (19 x 60)
1N5 3N6
3N8 3N8
P9 P6 VS1
1N10
2N12
N3 - 2 12,5 C = 909 50
45
14
260 190
N4 - 2 12,5 C = 450
155 125 55
N5 - 1 12,5 C = 280 (2° cam)
155 125 N1 - 31 5 mm
N6 - 3 10 C = 280 (2° cam) C = 148
N2 - 30 8 mm
C = 148
N7 - 2 x 4 4,2 C = 535 N8 - 2 x 3 10 C = 349 40
10
N9 - 1 8 C = 545 50
N10 - 1 8 C = 359
10
15. QUESTIONÁRIO
1ª) Comente sobre os casos mais comuns de torção nas estruturas das edificações.
2ª) O que são torção de equilíbrio e torção de compatibilidade? Cite exemplos.
3ª) Qual o valor do momento de torção solicitante no caso de viga biengastada sob solicitação de torção
externa uniforme no tramo?
4ª) O que é torção de St. Venant?
5ª) Para uma seção circular, mostre numa figura como se configuram as tensões principais devidas à torção.
6ª) E como se configuram as tensões de cisalhamento devidas à torção?
7ª) Qual a equação que define a tensão de cisalhamento devida à torção para uma seção vazada?
8ª) Indique numa figura o que é a área Ae e o perímetro u.
9ª) Verifique a eficiência alcançada pela viga em função dos diferentes arranjos para a armadura.
10ª) Por que uma viga de Concreto Armado retangular pode ser analisada à torção como se fosse oca e com
espessura da casca constante?
11ª) Por que se pode fazer uma analogia da viga sob torção com uma treliça espacial?
12ª) Como se configura a treliça espacial generalizada?
13ª) Como se configuram as trajetórias das fissuras numa viga sob torção?
14ª) Explique resumidamente quais são as formas de ruptura de uma viga por torção.
15ª) Estude a dedução das equações desenvolvidas para a treliça espacial generalizada.
16ª) Como a norma define a espessura da casca da seção vazada?
17ª) Qual é a resistência proporcionada pelas diagonais comprimidas de concreto?
18ª) Como são as equações que definem as armaduras para a torção?
19ª) No caso de torção combinada com força cortante, como se verifica a biela comprimida de concreto?
20ª) Qual o objetivo de se dispor uma armadura mínima à torção?
21ª) Como é calculada a armadura mínima para a torção?
22ª) Qual o diâmetro mínimo e máximo para os estribos? Qual é o espaçamento máximo?
23ª) Por que os estribos para torção não podem ser abertos?
24ª) Como deve ser feita a distribuição da armadura longitudinal nas faces da viga?
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 84
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Building code requirements for structural concrete and
Commentary. ACI 318-11, 2011, 503p.
BASTOS, P.S.S. Flexão normal simples - Vigas. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP),
fev/2015, 78p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto1.htm).
BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 –
Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia -
Universidade Estadual Paulista (UNESP), abr/2015, 74p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II.
Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), maio/2015, 40p. (http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p.
(http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm).
CORRÊA, M.R.S. ; RAMALHO, M.A. ; CEOTTO, L.H. Sistema PPLAN4/GPLAN4 – Manual de utilização.
São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1992,
80p.
GIONGO, J.S. Concreto armado: Vigas submetidas a esforços de torção. São Carlos, Escola de Engenharia
de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, 1996, 40p.
GIONGO, J.S. Concreto armado: projeto estrutural de edifícios. São Carlos, Escola de Engenharia de São
Carlos, Usp, Dep. de Estruturas. 1994.
LIMA, J.S. ; GUARDA, M.C. ; PINHEIRO, L.M. Análise de torção em vigas de acordo com a nova NBR
6118. In: 42 CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, IBRACON. Fortaleza, ago/2000, CD-ROM,
16p.
MACGREGOR, J.G. ; WIGHT, J.K. Reinforced concrete – Mechanics and design. 4a ed., Upper Saddle
River, Ed. Prentice Hall, 2005, 1132p.
SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 1, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1985, 376p.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 85
NAWY, E.G. Reinforced concrete – A fundamental approach. Englewood Cliffs, Ed. Prentice Hall, 2005,
5a. ed., 824p.
ANEXO A - TABELAS
Tabela A-1 – Valores de Kc e Ks para o aço CA-50 (para concretos do Grupo I de resistência –
fck ≤ 50 MPa, c = 1,4, γs = 1,15).
FLEXÃO SIMPLES EM SEÇÃO RETANGULAR - ARMADURA SIMPLES
x Kc (cm2/kN) Ks (cm2/kN)
x Dom.
d C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 CA-50
0,01 137,8 103,4 82,7 68,9 59,1 51,7 45,9 41,3 0,023
0,02 69,2 51,9 41,5 34,6 29,6 25,9 23,1 20,8 0,023
0,03 46,3 34,7 27,8 23,2 19,8 17,4 15,4 13,9 0,023
0,04 34,9 26,2 20,9 17,4 14,9 13,1 11,6 10,5 0,023
0,05 28,0 21,0 16,8 14,0 12,0 10,5 9,3 8,4 0,023
0,06 23,4 17,6 14,1 11,7 10,0 8,8 7,8 7,0 0,024
0,07 20,2 15,1 12,1 10,1 8,6 7,6 6,7 6,1 0,024
0,08 17,7 13,3 10,6 8,9 7,6 6,6 5,9 5,3 0,024
0,09 15,8 11,9 9,5 7,9 6,8 5,9 5,3 4,7 0,024
0,10 14,3 10,7 8,6 7,1 6,1 5,4 4,8 4,3 0,024
0,11 13,1 9,8 7,8 6,5 5,6 4,9 4,4 3,9 0,024
0,12 12,0 9,0 7,2 6,0 5,1 4,5 4,0 3,6 0,024
0,13 11,1 8,4 6,7 5,6 4,8 4,2 3,7 3,3 0,024
0,14 10,4 7,8 6,2 5,2 4,5 3,9 3,5 3,1 0,024
2
0,15 9,7 7,3 5,8 4,9 4,2 3,7 3,2 2,9 0,024
0,16 9,2 6,9 5,5 4,6 3,9 3,4 3,1 2,7 0,025
0,17 8,7 6,5 5,2 4,3 3,7 3,2 2,9 2,6 0,025
0,18 8,2 6,2 4,9 4,1 3,5 3,1 2,7 2,5 0,025
0,19 7,8 5,9 4,7 3,9 3,4 2,9 2,6 2,3 0,025
0,20 7,5 5,6 4,5 3,7 3,2 2,8 2,5 2,2 0,025
0,21 7,1 5,4 4,3 3,6 3,1 2,7 2,4 2,1 0,025
0,22 6,8 5,1 4,1 3,4 2,9 2,6 2,3 2,1 0,025
0,23 6,6 4,9 3,9 3,3 2,8 2,5 2,2 2,0 0,025
0,24 6,3 4,7 3,8 3,2 2,7 2,4 2,1 1,9 0,025
0,25 6,1 4,6 3,7 3,1 2,6 2,3 2,0 1,8 0,026
0,26 5,9 4,4 3,5 2,9 2,5 2,2 2,0 1,8 0,026
0,27 5,7 4,3 3,4 2,8 2,4 2,1 1,9 1,7 0,026
0,28 5,5 4,1 3,3 2,8 2,4 2,1 1,8 1,7 0,026
0,29 5,4 4,0 3,2 2,7 2,3 2,0 1,8 1,6 0,026
0,30 5,2 3,9 3,1 2,6 2,2 1,9 1,7 1,6 0,026
0,31 5,1 3,8 3,0 2,5 2,2 1,9 1,7 1,5 0,026
0,32 4,9 3,7 3,0 2,5 2,1 1,8 1,6 1,5 0,026
0,33 4,8 3,6 2,9 2,4 2,1 1,8 1,6 1,4 0,026
0,34 4,7 3,5 2,8 2,3 2,0 1,8 1,6 1,4 0,027
0,35 4,6 3,4 2,7 2,3 2,0 1,7 1,5 1,4 0,027
0,36 4,5 3,3 2,7 2,2 1,9 1,7 1,5 1,3 0,027
0,37 4,4 3,3 2,6 2,2 1,9 1,6 1,5 1,3 0,027
0,38 4,3 3,2 2,6 2,1 1,8 1,6 1,4 1,3 0,027
0,40 4,1 3,1 2,5 2,0 1,8 1,5 1,4 1,2 0,027
0,42 3,9 2,9 2,4 2,0 1,7 1,5 1,3 1,2 0,028 3
0,44 3,8 2,8 2,3 1,9 1,6 1,4 1,3 1,1 0,028
0,45 3,7 2,8 2,2 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,46 3,7 2,7 2,2 1,8 1,6 1,4 1,2 1,1 0,028
0,48 3,5 2,7 2,1 1,8 1,5 1,3 1,2 1,1 0,028
0,50 3,4 2,6 2,1 1,7 1,5 1,3 1,1 1,0 0,029
0,52 3,3 2,5 2,0 1,7 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,54 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 1,0 0,029
0,56 3,2 2,4 1,9 1,6 1,4 1,2 1,1 0,9 0,030
0,58 3,1 2,3 1,8 1,5 1,3 1,2 1,0 0,9 0,030
0,60 3,0 2,3 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,030
0,62 2,9 2,2 1,8 1,5 1,3 1,1 1,0 0,9 0,031
0,63 2,9 2,2 1,7 1,5 1,2 1,1 1,0 0,9 0,031
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 87
Tabela A-2 – Área e massa linear de fios e barras de aço (NBR 7480).
Ø
Br. 1 = brita 1 (dmáx = 19 mm) ; Br. 2 = brita 2 (dmáx = 25 mm)
Valores adotados: t = 6,3 mm ; cnom = 2,0 cm
Para cnom 2,0 cm, aumentar bw,mín conforme: av
Tabela A-4 – Equações simplificadas segundo o Modelo de Cálculo I para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo I
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples).
Tabela A-5 – Equações simplificadas segundo Modelo de Cálculo II para concretos do Grupo I.
Modelo de Cálculo II
(estribo vertical, c = 1,4, s = 1,15, aços CA-50 e CA-60, flexão simples)
Tabela A-6 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas (Tabela 17.3 da NBR 6118).
Retan-
0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
gular
(a) Os valores de mín estabelecidos nesta Tabela pressupõem o uso de aço CA-50, d/h = 0,8, c = 1,4 e s = 1,15. Caso esses
fatores sejam diferentes, mín deve ser recalculado.
mín = As,mín/Ac
Concreto
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 91
Concreto
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
50 35 41 29 35 25 31 22 28 20 26 18 24 17 22 16
3,4
35 24 29 20 25 17 22 15 20 14 18 13 17 12 16 11
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
4,2
43 30 35 25 31 21 27 19 24 17 22 16 21 14 19 13
73 51 60 42 52 36 46 32 41 29 38 27 35 25 33 23
5
51 36 42 30 36 25 32 23 29 20 27 19 25 17 23 16
88 61 72 51 62 44 55 39 50 35 46 32 42 29 39 27
6
61 43 51 35 44 31 39 27 35 24 32 22 29 21 27 19
102 71 84 59 73 51 64 45 58 41 53 37 49 34 46 32
7
71 50 59 41 51 36 45 32 41 28 37 26 34 24 32 22
117 82 96 67 83 58 74 51 66 46 61 42 56 39 52 37
8
82 57 67 47 58 41 51 36 46 33 42 30 39 27 37 26
139 97 114 80 99 69 87 61 79 55 72 50 67 47 62 43
9,5
97 68 80 56 69 48 61 43 55 39 50 35 47 33 43 30
Valores de acordo com a NBR 6118.
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
Sem e Com indicam sem ou com gancho na extremidade da barra
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 92
Tabela A-9 – Valores mínimos para armaduras passivas aderentes em lajes (Tabela 19.1 da NBR 6118).
Elementos estruturais sem
Armadura
armaduras ativas
Armaduras negativas s mín
Armaduras negativas de bordas sem continuidade s 0,67mín
Armaduras positivas de lajes armadas nas duas
s 0,67mín
direções
Armadura positiva (principal) de lajes armadas em
s mín
uma direção
s/s 20 % da armadura principal
Armadura positiva (secundária) de lajes armadas
s/s 0,9 cm2/m
em uma direção
s 0,5 mín
s = As/(bw h)
Os valores de mín constam da Tabela A-6.
Tabela A-10 – Diâmetro dos pinos de dobramento (D) (Tabela 9.1 da NBR 6118).
Bitola Tipo de aço
(mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 4 5 6
20 5 8 -
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 93
PROJETO: TORCAO
CLIENTE: UNESP – DISC. CONCRETO II
============================
GRELHA: TORÇÃO - EXEMPLO 1
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
1 165.000 .000 0 0 0
2 .000 95.000 1 1 1
3 165.000 95.000 0 0 0
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
1 1 0 3 0 1 95.000 .0000
2 2 0 3 0 2 165.000 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS NODAIS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 96
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
============================
PORTICO: V1 (19 x 40)
============================
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 97
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
1 1 0 2 0 1 191.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 191.500 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
============================
GRELHA: GRELHA PAV.
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 100
1 1 0 2 0 1 359.500 1.0000
2 2 0 3 0 1 359.500 1.0000
3 3 0 4 0 1 359.500 1.0000
4 4 0 5 0 1 359.500 1.0000
5 6 0 7 0 2 359.500 1.0000
6 7 0 8 0 2 359.500 1.0000
7 8 0 9 0 2 359.500 1.0000
8 9 0 10 0 2 359.500 1.0000
9 13 0 14 0 1 359.500 1.0000
10 14 0 15 0 1 359.500 1.0000
11 15 0 16 0 1 330.000 1.0000
12 16 0 12 0 3 228.277 .8520
13 12 0 11 0 3 228.277 .8520
14 11 0 10 0 3 284.000 .0000
15 10 0 5 0 1 523.000 .0000
16 1 0 6 0 4 523.000 .0000
17 6 0 13 0 4 523.000 .0000
18 3 0 8 0 4 523.000 .0000
19 8 0 15 0 4 523.000 .0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( GRELHA: GRELHA PAV. )
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
============================
PORTICO: VS1 (19 x 60)
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
1 .000 .000 1 1 1
2 330.000 .000 1 1 0
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
1 1 0 2 0 1 330.000 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 109
============================
PORTICO: VS6 (19 x 60)
============================
===========================================================================
COORDENADAS E RESTRICOES NODAIS
===========================================================================
CARACTERISTICAS DAS BARRAS
1 1 0 2 0 1 523.000 1.0000
===========================================================================
PROPRIEDADES DAS BARRAS
UNESP, Bauru/SP - Torção em Vigas de Concreto Armado 110
===========================================================================
PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DO CARREGAMENTO: CARR1 ( PORTICO: VS6 (19 x 60) )
---------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------
GERACAO DE CARGAS EM BARRAS
---------------------------------------------------------------------------
ESTATISTICA DOS DADOS DO CARREGAMENTO
---------------------------------------------------------------------------
===========================================================================
CARREGAMENTO: CARR1 (PORTICO: VS6 (19 x 60) )
===========================================================================
===========================================================================
DESLOCAMENTOS NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS NAS EXTREMIDADES DAS BARRAS
===========================================================================
RESULTANTES NODAIS
===========================================================================
ESFORCOS AO LONGO DAS BARRAS
NOTAS DE AULA
Bauru/SP
Maio/2017
APRESENTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1
2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE .........................................................................................1
3 QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO...............................................................1
4 ESPESSURA DO COBRIMENTO DA ARMADURA ..............................................................2
5 CONCEITOS INICIAIS ..............................................................................................................4
5.1 Solicitações Normais ...........................................................................................................4
5.2 Flambagem ..........................................................................................................................4
5.3 Não-linearidade Física e Geométrica ..................................................................................5
5.4 Equação da Curvatura de Elementos Fletidos .....................................................................6
5.5 Compressão Axial ...............................................................................................................8
5.6 Pilar-Padrão .........................................................................................................................9
6 NOÇÕES DE CONTRAVENTAMENTO DE ESTRUTURAS ...............................................11
6.1 Estruturas de Nós Fixos e Móveis .....................................................................................12
6.2 Elementos Isolados ............................................................................................................14
7 ÍNDICE DE ESBELTEZ...........................................................................................................14
8 EXCENTRICIDADES ..............................................................................................................16
8.1 Excentricidade de 1a Ordem ..............................................................................................16
8.2 Excentricidade Acidental...................................................................................................16
8.3 Excentricidade de 2a Ordem ..............................................................................................17
8.4 Excentricidade Devida à Fluência .....................................................................................18
9 DETERMINAÇÃO DOS EFEITOS LOCAIS DE 2a ORDEM ................................................19
9.1 Método do Pilar-Padrão com Curvatura Aproximada .......................................................19
9.2 Método do Pilar-Padrão com Rigidez Aproximada .......................................................21
10 SITUAÇÕES BÁSICAS DE PROJETO ...............................................................................22
10.1 Pilar Intermediário .........................................................................................................22
10.2 Pilar de Extremidade .....................................................................................................23
10.3 Pilar de Canto ................................................................................................................24
11 DETERMINAÇÃO DA SEÇÃO SOB O MÁXIMO MOMENTO FLETOR ......................25
12 SITUAÇÕES DE PROJETO E DE CÁLCULO ...................................................................26
12.1 Pilar Intermediário .........................................................................................................27
12.2 Pilar de Extremidade .....................................................................................................27
12.3 Pilar de Canto ................................................................................................................28
13 CÁLCULO DA ARMADURA LONGITUDINAL COM AUXÍLIO DE ÁBACOS ...........29
13.1 Flexão Composta Normal ..............................................................................................29
13.2 Flexão Composta Oblíqua .............................................................................................30
14 RELAÇÃO ENTRE A DIMENSÃO MÍNIMA E O COEFICIENTE DE PONDERAÇÃO31
15 CÁLCULO DOS PILARES INTERMEDIÁRIOS ...............................................................32
15.1 Roteiro de Cálculo .........................................................................................................32
15.2 Exemplos Numéricos.....................................................................................................33
15.2.1 Exemplo 1 ..................................................................................................................33
15.2.2 Exemplo 2 ..................................................................................................................37
16 CÁLCULO DOS PILARES DE EXTREMIDADE ..............................................................40
16.1 Roteiro de Cálculo .........................................................................................................40
16.2 Exemplos Numéricos.....................................................................................................41
16.2.1 Exemplo 1 ..................................................................................................................41
16.2.2 Exemplo 2 ..................................................................................................................46
16.2.3 Exemplo 3 ..................................................................................................................51
16.2.4 Exemplo 4 ..................................................................................................................54
17 CÁLCULO DOS PILARES DE CANTO .............................................................................58
17.1 Roteiro de Cálculo .........................................................................................................58
17.2 Exemplos Numéricos.....................................................................................................58
17.2.1 Exemplo 1 ..................................................................................................................59
17.2.2 Exemplo 2 ..................................................................................................................62
17.2.3 Exemplo 3 ..................................................................................................................66
18 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS ......................................................................................70
18.1 Armadura Longitudinal de Pilares.................................................................................71
18.1.1 Diâmetro Mínimo ......................................................................................................71
18.1.2 Distribuição Transversal ............................................................................................71
18.1.3 Armadura Mínima e Máxima.....................................................................................71
18.1.4 Detalhamento da Armadura .......................................................................................72
18.1.5 Proteção contra Flambagem .......................................................................................72
18.2 Armadura Transversal de Pilares...................................................................................73
18.3 Pilares-Parede ................................................................................................................74
19 ESTIMATIVA DA CARGA VERTICAL NO PILAR POR ÁREA DE INFLUÊNCIA .....74
20 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO TRANSVERSAL DO PILAR .........................75
21 DIMENSIONAMENTO DE PILARES DE UMA EDIFICAÇÃO DE BAIXA ALTURA .76
21.1 Pilar Intermediário P8....................................................................................................78
21.2 Pilar de Extremidade P5 ................................................................................................83
21.3 Pilar de Extremidade P6 ................................................................................................89
21.4 Pilar de Canto P1 ...........................................................................................................94
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 1
1 INTRODUÇÃO
Pilares são “Elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças
normais de compressão são preponderantes.” (NBR 6118/20141, item 14.4.1.2).
Pilares-parede são “Elementos de superfície plana ou casca cilíndrica, usualmente dispostos na
vertical e submetidos preponderantemente à compressão. Podem ser compostos por uma ou mais
superfícies associadas. Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas superfícies a menor
dimensão deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na seção transversal do elemento
estrutural.” (item 14.4.2.4).
O dimensionamento dos pilares é feito em função dos esforços externos solicitantes de cálculo, que
compreendem as forças normais (Nd), os momentos fletores (Mdx e Mdy) e as forças cortantes (Vdx e Vdy) no
caso de ação horizontal.
A NBR 6118, na versão de 2003, fez modificações em algumas das metodologias de cálculo das
estruturas de Concreto Armado, como também em alguns parâmetros aplicados no dimensionamento e
verificação das estruturas. Especial atenção é dada à questão da durabilidade das peças de concreto.
Particularmente no caso dos pilares, a norma introduziu várias modificações, como no valor da
excentricidade acidental, um maior cobrimento de concreto, uma nova metodologia para o cálculo da
esbeltez limite relativa à consideração ou não dos momentos fletores de 2a ordem e, principalmente, com a
consideração de um momento fletor mínimo, que pode substituir o momento fletor devido à excentricidade
acidental. A versão de 2014 mantém essas prescrições, e introduziu que a verificação do momento fletor
mínimo pode ser feita comparando uma envoltória resistente, que englobe a envoltória mínima com 2ª
ordem.
No item 17.2.5 (“Processo aproximado para o dimensionamento à flexão composta oblíqua”) a
NBR 6118 apresenta um método simplificado para o projeto de pilares sob flexão composta normal e
oblíqua, que não será apresentado neste texto.
Os três itens seguintes (2,3 e 4) foram inseridos nesta apostila porque são muito importantes no
projeto de estruturas de concreto, especialmente o cobrimento da armadura pelo concreto.
2 AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE
Segundo a NBR 6118 (item 6.4.1), “A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações
físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas,
das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas.”
Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo
com o apresentado na Tabela 1 e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição
da estrutura ou de suas partes (item 6.4.2).
Conhecendo o ambiente em que a estrutura será construída, o projetista estrutural pode considerar
uma condição de agressividade maior que aquelas mostradas na Tabela 1.
Conforme a NBR 6118 (item 7.4), a “... durabilidade das estruturas é altamente dependente das
características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura.”
“Ensaios comprobatórios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e classe de
agressividade prevista em projeto devem estabelecer os parâmetros mínimos a serem atendidos. Na falta
destes e devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento e a resistência à
compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se que sejam adotados os requisitos mínimos
expressos” na Tabela 2.
O concreto utilizado deve cumprir com os requisitos contidos na NBR 12655 e diversas outras
normas (item 7.4.3). Para parâmetros relativos ao Concreto Protendido consultar a Tabela 7.1 da NBR
6118.
1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118.
ABNT, 2014, 238p.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 2
Cnom
Estribo
Cnom
A NBR 6118 (item 7.4.7.1) define o cobrimento mínimo da armadura como “o menor valor que
deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado.”
Para garantir o cobrimento mínimo (cmín), o projeto e a execução devem considerar o cobrimento
nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (c). As dimensões das
armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais.
Nas obras correntes o valor de c deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser reduzido
para 5 mm quando “houver um controle adequado de qualidade e limites rígidos de tolerância da
variabilidade das medidas durante a execução” das estruturas de concreto, informado nos desenhos de
projeto.
A Tabela 3 (NBR 6118, item 7.4.7.2) apresenta valores de cobrimento nominal com tolerância de
execução (c) de 10 mm, em função da classe de agressividade ambiental.
c nom barra
Eq. 2
c nom feixe n n
A dimensão máxima característica do agregado graúdo (dmáx) utilizado no concreto não pode
superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou seja:
2ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. NBR
9062, ABNT, 2001, 36p.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 4
5 CONCEITOS INICIAIS
Os pilares podem estar submetidos a forças normais e momentos fletores, gerando os seguintes
casos de solicitação:
a) Compressão Simples
Nd Nd
CG
Nd
b) Flexão Composta
Na flexão composta ocorre a atuação conjunta de força normal e momento fletor sobre o pilar. Há
dois casos:
- Flexão Composta Normal (ou Reta): existe a força normal e um momento fletor em uma direção,
tal que Mdx = e1x . Nd (Figura 3a);
- Flexão Composta Oblíqua: existe a força normal e dois momentos fletores, relativos às duas
direções principais do pilar, tal que M1d,x = e1x . Nd e M1d,y = e1y . Nd (Figura 3b).
y y
Nd
e
Nd e1y
x x
e1x e1x
a) normal; b) oblíqua.
5.2 Flambagem
Flambagem pode ser definida como o “deslocamento lateral na direção de maior esbeltez, com
força menor do que a de ruptura do material” ou como a “instabilidade de peças esbeltas comprimidas”. A
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 5
ruína por efeito de flambagem é repentina e violenta, mesmo que não ocorram acréscimos bruscos nas
ações aplicadas.
Uma barra comprimida feita por alguns tipos de materiais pode resistir a cargas substancialmente
superiores à carga crítica (Ncrít), o que significa que a flambagem não corresponde a um estado-limite
último. No entanto, para uma barra comprimida de Concreto Armado, a flambagem caracteriza um estado-
limite último.
a) não-linearidade física
Quando o material não obedece à Lei de Hooke, como materiais com diagramas x mostrados
na Figura 4b e Figura 4c. A Figura 4a e a Figura 4d mostram materiais onde há linearidade física.
O concreto simples apresenta comportamento elastoplástico em ensaios de compressão simples,
com um trecho inicial linear até aproximadamente 0,3fc .
DESCARGA
= E(HOOKE) RUPTURA
A
G
AR
C
(CONCRETO)
A RUPTURA
G
GA
AR
AR
C
SC
DE
b) não-linearidade geométrica
Ocorre quando as deformações provocam esforços adicionais que precisam ser considerados no
cálculo, gerando os chamados esforços de segunda ordem, como o momento fletor M = F . a (Figura 5).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 6
F a F
y
y
r
x
a) posição inicial b) posição final
dx
dx
dx
Eq. 4
dx E
M
Aplicando y na Eq. 4 fica:
I
dx M dx M
y dx
dx EI y EI
dx dx M
d dx Eq. 5
r y EI
3
Lance é a parte (comprimento) de um pilar relativa ao trecho entre dois pavimentos de uma edificação.
4
A equação da curvatura é geralmente estudada na disciplina Resistência dos Materiais.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 7
d 1 M
Eq. 6
dx r E I
dØ
x
2
r
y>0
1
dx
dx + dx
d2y
1
dx 2
r 2 3/ 2 Eq. 7
dy
1
dx
2
dy
Para pequenos deslocamentos (pequena inclinação) tem-se << 1, o que leva a:
dx
2
1 d y
Eq. 8
r dx 2
1 d2 y M
Eq. 9
r dx 2 E I
A relação existente entre a curvatura e as deformações nos materiais (concreto e aço) da barra,
considerando-se a lei de Navier ( = y . 1/r), como mostrado na Figura 7, é:
1 1 2
Eq. 10
r h
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 8
2 c
1/r
d
h
s
1
Figura 7 – Relação entre as deformações nos materiais e a curvatura.
1 s c
Eq. 11
r d
A NBR 6118 aplica esta equação no cálculo do momento fletor de 2a ordem (M2), com as
deformações s e c substituídas por valores numéricos (ver Eq. 19).
Este item apresenta a dedução da equação simplificada da curvatura de uma barra comprimida (Eq.
16), necessária ao dimensionamento de pilares.
Considere a barra comprimida como mostrada na Figura 8. Como definida na Eq. 8, a equação
simplificada da curvatura é:
1 d2y
r dx 2
a F
y
y
r
x
Figura 8 – Curvatura de uma barra comprimida engastada na base e livre no topo.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 9
d2y M
O momento fletor externo solicitante é Mext = F . y. Considerando a Eq. 9 ( ), com
dx 2 E I
material elástico linear, e fazendo o equilíbrio entre o momento fletor externo e o momento fletor interno
(Mext = Mint) tem-se:
d2 y F d2y
2
y k 2 y 2
k2y 0
dx EI dx
com k2 = F/EI.
a) para x = 0 y=0 C1 . 0 + C2 . 1 = 0 C2 = 0
y = C1 sen k x Eq. 13
dy
b) para x = 0
dx
dy
k C1 cos k x x k C1 cos k 0 Eq. 14
dx x
Para barra fletida, a constante C1 na Eq. 14 deve ser diferente de zero, o que leva a:
cos k = 0 k = /2 k = /2
y C1 sen x Eq. 15
2
Para x = , o deslocamento y é igual ao valor a (ver Figura 8). Portanto, aplicando a Eq. 15:
y C1 sen a , donde resulta que C1 = a.
2
x
y a sen Eq. 16
e
5.6 Pilar-Padrão
O pilar-padrão é uma simplificação do chamado “Método Geral”5, o qual “Consiste na análise não
linear de 2a ordem efetuada com discretização adequada da barra, consideração da relação momento-
curvatura real em cada seção e consideração da não linearidade geométrica de maneira não aproximada.
O método geral é obrigatório para λ > 140.” (NBR 6118, 15.8.3.2).
5
O Método Geral não é geralmente estudado em profundidade em curso de graduação.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 10
O pilar-padrão é uma barra engastada na base e livre no topo, com uma curvatura conhecida
(Figura 9). É importante salientar que o método do pilar-padrão é aplicável somente a pilares de seção
transversal constante e armadura constante em todo o comprimento do pilar.
“A verificação da segurança é feita arbitrando-se deformações c e s tais que não ocorra o estado
limite último de ruptura ou alongamento plástico excessivo na seção mais solicitada da peça.” (FUSCO,
1981).
Nd
e2
x
Figura 9 – Pilar-padrão.
Como simplificação a linha elástica pode ser tomada pela função senoidal definida na Eq. 16, onde
a é considerada igual a e2 (deformação de 2a ordem), conforme mostrado na Figura 9:
x
y e 2 sen
e
dy
e2 cos x
dx e e
2
d2y x 2
e2sen y
dx 2 e e e2
1 d2y
Considerando a Eq. 8 ( 2 ), da segunda derivada surge o valor para y em função da curvatura
r dx
1/r:
d 2 y 2 1 e2 1
2 y y
dx 2
e r 2 r
e2 1
e2
2 r
Com 2 10 e sendo 1/r relativo à seção crítica (base), o deslocamento no topo da barra é:
e2 1
e2 Eq. 17
10 r base
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 11
Tomando a Eq. 11, o aço CA-50, γs = 1,15 e εc = 3,5 ‰ = 0,0035, pode-se determinar o valor da
curvatura 1/r na base (seção crítica) do pilar-padrão:
f yd
0,0035 50 / 1,15 0,0035
1 s c Es 0,00207 0,0035 0,00557
= 21000
r d d d d d
A NBR 6118 (item 15.8.3.3.2) toma uma expressão aproximada para a curvatura na base, como:
1 0,005 0,005
r h 0,5 h
Eq. 19
Aplicando a Eq. 19 na Eq. 18 tem-se o máximo momento fletor de segunda ordem local, a ser
aplicado no dimensionamento de pilares pelo método do pilar-padrão com curvatura aproximada:
e2 0,005
M 2d N d Eq. 21
10 h 0,5
As lajes dos diversos pavimentos do edifício também podem participar da estabilidade horizontal,
ao atuarem como elementos de rigidez infinita no próprio plano (o que se chama diafragma rígido),
fazendo a ligação entre elementos de contraventamento formados por pórticos, por exemplo.
Segundo SÜSSEKIND (1984, p. 175), “Toda estrutura, independentemente do número de andares
e das dimensões em planta, deve ter seu sistema de contraventamento estudado e adequadamente
dimensionado.”
Pilares ou Elementos de
Contraventamentos
Pilares Contraventados
No item 15.4.2 a NBR 6118 define o que são, para efeito de cálculo, estruturas de nós fixos e de
nós móveis. A Figura 12 e a Figura 13 ilustram os tipos.
São aquelas “quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os
efeitos globais de 2a ordem são desprezíveis (inferiores a 10 % dos respectivos esforços de 1a ordem),
Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e localizados de 2a ordem.”
No item 15.4.1 a NBR 6118 apresenta definições de efeitos globais, locais e localizados de 2a
ordem: “Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente.
Os esforços de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados efeitos globais de 2a ordem. Nas
barras da estrutura, como um lance de pilar, os respectivos eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí
efeitos locais de 2a ordem que, em princípio, afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas.
Em pilares-parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não retilinidade
maior do que a do eixo do pilar como um todo. Nessas regiões surgem efeitos de 2 a ordem maiores,
chamados de efeitos de 2a ordem localizados (ver Figura 15.3). O efeito de 2a ordem localizado, além de
aumentar nessa região a flexão longitudinal, aumenta também a flexão transversal, havendo a necessidade
de aumentar a armadura transversal nessas regiões.” (ver Figura 11).
São “aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em decorrência, os efeitos
globais de 2a ordem são importantes (superiores a 10 % dos respectivos esforços de 1a ordem). Nessas
estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2a ordem globais como os locais e localizados.”
As subestruturas de contraventamento podem ser de nós fixos ou de nós móveis, de acordo com as
definições acima (Figura 12).
Para verificar se a estrutura está sujeita ou não a esforços globais de 2a ordem, ou seja, se a
estrutura pode ser considerada como de nós fixos, lança-se mão do cálculo do parâmetro de instabilidade
(NBR 6118, item 15.5.2) ou do coeficiente z (item 15.5.3). Esses coeficientes serão estudados na
disciplina Estruturas de Concreto IV.
Para mais informações sobre a estabilidade global dos edifícios devem ser consultados FUSCO
(2000) e SÜSSEKIND (1984).
A NBR 6118 (item 15.4.4) define que são “considerados elementos isolados os seguintes:
7 ÍNDICE DE ESBELTEZ
O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de giração, nas direções
a serem consideradas (NBR 6118, 15.8.2):
e
Eq. 22
i
I
com o raio de giração sendo: i
A
Para seção retangular o índice de esbeltez é:
3,46 e
Eq. 23
h
O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende das vinculações na base e no topo,
conforme os esquemas mostrados na Figura 14.
F F F
F
F
A. Simples B B B B
E. Móvel
A. Simples B Livre
E. Elástico
L
e = 0,7 L
e = 0,5 L A
e = L 0,5 L < e < L e = 2 L
Engaste
A A A A
Os pilares curtos e médios representam a grande maioria dos pilares das edificações. Os pilares
medianamente esbeltos e esbeltos são muito menos frequentes.
Em edifícios, a linha deformada dos pilares contraventados apresenta-se como mostrada na Figura
15a. Uma simplificação pode ser feita como indicada na Figura 15b.
n° TETO n° TETO
n e ) n
( n
2° TETO 2° TETO
2 e 2 2
1° TETO 1° TETO
e1 3 1
2
1
FUNDAÇÃO FUNDAÇÃO
“Nas estruturas de nós fixos, o cálculo pode ser realizado considerando cada elemento
comprimido isoladamente, como barra vinculada nas extremidades aos demais elementos estruturais que
ali concorrem, onde se aplicam os esforços obtidos pela análise da estrutura efetuada segundo a teoria de
1a ordem.” (NBR 6118, 15.6). Para casos de determinação do comprimento de flambagem mais complexos
recomenda-se a leitura de SÜSSEKIND (1984, v.2).
Assim, o comprimento equivalente (e), de flambagem, “do elemento comprimido (pilar), suposto
vinculado em ambas as extremidades, deve ser o menor dos seguintes valores: (Figura 16)
h h
e o Eq. 25 +h
Figura 16 – Valores de o e .
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 16
com: o = distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais, que
vinculam o pilar;
h = altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo;
= distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.”
8 EXCENTRICIDADES
Neste item são apresentadas outras excentricidades além da excentricidade de 2 a ordem, que
podem ocorrer no dimensionamento dos pilares: excentricidade de 1a ordem, excentricidade acidental e
excentricidade devida à fluência.
x N x M x M x
N N
a
a N
N suposta aplicada à
N suposta N suposta N suposta aplicada à
distância a do CG,
centrada e M = 0 centrada distância a do CG
M=0
M
e1 = 0 e1 = a e1 = M e1 = a + N
N
“No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, dever ser considerado o efeito
do desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar [...]. Admite-se que, nos casos usuais de
estruturas reticuladas, a consideração apenas da falta de retilinidade ao longo do lance de pilar seja
suficiente.” (NBR 6118, 11.3.3.4.2). A imperfeição geométrica pode ser avaliada pelo ângulo 1 :
1
1 Eq. 26
100 H
H
ea 1 Eq. 27
2
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pilar de pilar
contraventamento contraventado
1 ea ea
elemento de
travamento
Hi
1 1 Hi/2 1
“A análise global de 2a ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das barras, devendo
ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2a ordem ao longo dos eixos das barras comprimidas, de
acordo com o prescrito em 15.8. Os elementos isolados, para fins de verificação local, devem ser
formados pelas barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento e , de acordo com o
estabelecido em 15.6, porém aplicando-se às suas extremidades os esforços obtidos através da análise
global de 2a ordem.” (NBR 6118, item 15.7.4).
Conforme a NBR 6118 (15.8.2), “Os esforços locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser
desprezados quando o índice de esbeltez for menor que o valor-limite 1 [...]. O valor de 1 depende de
diversos fatores, mas os preponderantes são:
O valor-limite 1 é:
e1
25 12,5
1 h Eq. 28
b
com: 35 ≤ λ1 ≤ 90,
onde: e1 = excentricidade de 1a ordem (não inclui a excentricidade acidental ea);
e1 / h = excentricidade relativa de 1a ordem.
No item 15.8.1 da NBR 6118 encontra-se que o pilar deve ser do tipo isolado, e de seção e
armadura constantes ao longo do eixo longitudinal, submetidos à flexo-compressão. “Os pilares devem ter
índice de esbeltez menor ou igual a 200 (λ ≤ 200). Apenas no caso de elementos pouco comprimidos com
força normal menor que 0,10fcd Ac , o índice de esbeltez pode ser maior que 200. Para pilares com índice
de esbeltez superior a 140, na análise dos efeitos locais de 2a ordem, devem-se multiplicar os esforços
solicitantes finais de cálculo por um coeficiente adicional γn1 = 1 + [0,01(λ – 140)/1,4].”
O valor de b deve ser obtido conforme estabelecido a seguir (NBR 6118, 15.8.2):
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MB
b 0,6 0,4 0,4 Eq. 29
MA
b 1
MC
b 0,8 0,2 0,85 Eq. 30
MA
d) para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o momento mínimo estabelecido em
11.3.3.4.3:
b 1
O fator b consta do ACI 318 (1995) com a notação Cm (item 10.12.3.1). Porém, ao contrário da
NBR 6118, que também considera a excentricidade relativa e1/h, tanto o ACI como o Eurocode 2 (1992) e
o MC-90 (1990) do CEB, calculam a esbeltez limite em função da razão entre os momentos fletores ou
entre as excentricidades nas extremidades do pilar.
N sg
M sg e N sg
ecc
ea 2,718
N
1 Eq. 31
N sg
10 E ci Ic
Ne Eq. 32
e2
De acordo com a NBR 6118 (15.8.3), o cálculo dos efeitos locais de 2a ordem pode ser feito pelo
Método Geral ou por métodos aproximados. O Método Geral é obrigatório para elementos com > 140.
A norma apresenta diferentes métodos aproximados, sendo eles: método do pilar-padrão com
curvatura aproximada (item 15.8.3.3.2), método do pilar-padrão com rigidez aproximada (15.8.3.3.3),
método do pilar-padrão acoplado a diagramas M, N, 1/r (15.8.3.3.4) e método do pilar-padrão para
pilares de seção retangular submetidos à flexão composta oblíqua (15.8.3.3.5). Serão agora apresentados
os métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e com rigidez aproximada, que são simples de
serem aplicados no dimensionamento. O pilar-padrão foi apresentado no item 5.6.
Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.2), o método pode ser “empregado apenas no cálculo de pilares
com λ ≤ 90, com seção constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não
linearidade geométrica é considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja
senoidal. A não linearidade física é considerada através de uma expressão aproximada da curvatura na
seção crítica.”
A equação senoidal para a linha elástica foi definida na Eq. 16, que define os valores para a
deformação de 2a ordem (e2) ao longo da altura do pilar. A não linearidade física com a curvatura
aproximada foi apresentada na Eq. 11 e na Eq. 19.
O momento fletor total máximo no pilar deve ser calculado com a expressão:
e2 1
Md, tot b M1d, A Nd M1d, A Eq. 33
10 r
1 0,005 0,005
r h ( 0,5) h
Nd
A c . f cd
Embora o item 15.8.3.3.2 da versão de 2014 da NBR 6118, diferentemente da versão de 2003, não
apresente diretamente, pode-se também considerar que:
M1d,A M1d,mín
Md,tot M1d,mín
com: M1d,A = valor de cálculo de 1a ordem do momento MA , como definido no item 8.3;
M1d,mín = momento fletor mínimo como definido a seguir;
Ac = área da seção transversal do pilar;
fcd = resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd = fck /c);
h = dimensão da seção transversal na direção considerada.
Na versão de 2003, a NBR 6118 introduziu um parâmetro novo no cálculo dos pilares: o momento
fletor mínimo, o qual consta no código ACI 318 (1995) como equação 10-15 e: “a esbeltez é levada em
consideração aumentando-se os momentos fletores nos extremos do pilar. Se os momentos atuantes no
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pilar são muito pequenos ou zero, o projeto de pilares esbeltos deve se basear sobre uma excentricidade
mínima”, dada pelo momento fletor mínimo.
Na versão de 2014 da NBR 6118 (11.3.3.4.3), como na versão de 2003, consta que o “efeito das
imperfeições locais nos pilares e pilares-parede pode ser substituído, em estruturas reticuladas, pela
consideração do momento mínimo de 1a ordem dado a seguir” (item 11.3.3.4.3):
com h sendo a altura total da seção transversal na direção considerada, em metro (m).
“Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições locais esteja atendido
se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A este momento devem ser acrescidos os momentos
de 2a ordem definidos na Seção 15.” Portanto, ao se considerar o momento fletor mínimo pode-se
desconsiderar a excentricidade acidental (ea – ver Figura 18) ou o efeito das imperfeições locais.
O momento fletor total máximo deve ser calculado para cada direção principal do pilar. Ele leva
em conta que, numa seção intermediária onde ocorre a excentricidade máxima de 2a ordem, o momento
fletor máximo de 1a ordem seja corrigido pelo fator b . Isto é semelhante ao que se encontra no item 7.5.4
de FUSCO (1981), com a diferença de que novos parâmetros foram estabelecidos para b . Se o momento
fletor de 1a ordem for nulo ou menor que o mínimo, então o momento fletor mínimo, constante na altura do
pilar, deve ser somado ao momento fletor de 2a ordem.
Ainda no item 11.3.3.4.3 da NBR 6118: “Para pilares de seção retangular, pode-se definir uma
envoltória mínima de 1ª ordem, tomada a favor da segurança,” conforme mostrado na Figura 19.
2 2
M1d, mín, x M1d, mín, y
1 Eq. 35
M1d, mín, xx M1d, mín, yy
“Neste caso, a verificação do momento mínimo pode ser considerada atendida quando, no
dimensionamento adotado, obtém-se uma envoltória resistente que englobe a envoltória mínima de 1ª
ordem. Quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2ª ordem em alguma das direções do
pilar, a verificação do momento mínimo deve considerar ainda a envoltória mínima com 2ª ordem,
conforme 15.3.2.”
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No item 15.3.2 a norma reapresenta o diagrama da Figura 19, mas com a envoltória mínima
acrescida dos efeitos da 2a ordem, e mostrando também a envoltória resistente (Figura 20). “Para pilares
de seção retangular, quando houver a necessidade de calcular os efeitos locais de 2ª ordem, a verificação
do momento mínimo pode ser considerada atendida quando, no dimensionamento adotado, obtém-se uma
envoltória resistente que englobe a envoltória mínima com 2ª ordem, cujos momentos totais são calculados
a partir dos momentos mínimos de 1ª ordem e de acordo com item 15.8.3. A consideração desta envoltória
mínima pode ser realizada através de duas análises à flexão composta normal, calculadas de forma
isolada e com momentos fletores mínimos de 1ª ordem atuantes nos extremos do pilar, nas suas direções
principais.”
Conforme a NBR 6118 (15.8.3.3.3), o método pode ser “empregado apenas no cálculo de pilares
com λ ≤ 90, com seção retangular constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não
linearidade geométrica deve ser considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da
barra seja senoidal. A não linearidade física deve ser considerada através de uma expressão aproximada
da rigidez.
O momento total máximo no pilar deve ser calculado a partir da majoração do momento de 1a
ordem pela expressão: ”
b M1d , A
M Sd , tot M1d , A
2 Eq. 36
1
120 /
M
aprox 32 1 5 Rd , tot Eq. 37
h . Nd
a 5h
Nd e2
b h N d 5h b M1d , A
2
Eq. 39
320
c N d h 2 b M1d , A
b b 2 4ac
M Sd , tot Eq. 40
2a
O cálculo do momento fletor total pode ser feito aplicando as três equações acima (Eq. 38, Eq. 39 e
Eq. 40), ou também com a equação do segundo grau (com Md,tot ao invés de MSd):
19200 Md, tot2 (3840 h Nd 2 h Nd 19200 b M1d, A ) Md, tot 3840 b h Nd M1d, A 0 Eq. 41
Para efeito de projeto, os pilares dos edifícios podem ser classificados nos seguintes tipos: pilares
intermediários, pilares de extremidade e pilares de canto. A cada um desses tipos básicos corresponde uma
situação de projeto diferente.
Nos pilares intermediários (Figura 21) considera-se a compressão centrada na situação de projeto,
pois como as lajes e vigas são contínuas sobre o pilar, pode-se admitir que os momentos fletores
transmitidos ao pilar sejam pequenos e desprezíveis. Não existem, portanto, os momentos fletores MA e MB
de 1a ordem nas extremidades do pilar, como descritos no item 8.3.
PLANTA
x
Nd
SITUAÇÃO DE PROJETO
Os pilares de extremidade, de modo geral, encontram-se posicionados nas bordas das edificações,
sendo também chamados pilares laterais ou de borda. O termo “pilar de extremidade” advém do fato do
pilar ser extremo para uma viga, aquela que não tem continuidade sobre o pilar, como mostrado na Figura
22. Na situação de projeto ocorre a flexão composta normal, decorrente da não continuidade da viga.
Existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a ordem em uma direção do pilar, como descritos no
item 8.3.
O pilar de extremidade não ocorre necessariamente na borda da edificação, ou seja, pode ocorrer
na zona interior de uma edificação, desde que uma viga não apresente continuidade no pilar.
Nas seções de topo e base ocorrem excentricidades e1 de 1a ordem, na direção principal x ou y do
pilar:
M M
e1, A A e e1, B B Eq. 42
Nd Nd
PLANTA
e1
x
Nd
SITUAÇÃO DE PROJETO
Os momentos fletores MA e MB são devidos aos carregamentos verticais sobre as vigas, e obtidos
calculando-se os pilares em conjunto com as vigas, formando pórticos planos, ou, de uma maneira mais
simples e que pode ser feita manualmente, com a aplicação das equações já apresentadas em BASTOS
(2015).6 Conforme a Figura 23, os momentos fletores, nos lances inferior e superior do pilar, são:
rinf
M inf M eng Eq. 43
rinf rsup rviga
rsup
Msup M eng Eq. 44
rinf rsup rviga
com: Meng = momento fletor de engastamento perfeito na ligação entre a viga e o pilar;
6BASTOS, P.S.S. Vigas de Concreto Armado. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia
Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista, jun/2015, 56p.
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 24
Na determinação dos momentos fletores de 1a ordem que ocorrem nos pilares de edifícios de
pavimentos deve-se considerar a superposição dos efeitos das vigas dos diferentes níveis (Figura 23).
Considerando-se por exemplo o lance (tramo) do pilar compreendido entre os pavimentos i e i + 1, os
momentos fletores na base e no topo do lance são:
Msup,i = Minf,i+1
Eq. 46
Mbase = Mtopo = 1,5 Msup,i = 1,5 Minf,i+1
M viga M sup
M sup,i + 21 Minf,i+1 nível i
M inf
M inf,i + 21 M sup,i-1
tramo extremo
inf
De modo geral, os pilares de canto encontram-se posicionados nos cantos dos edifícios, vindo daí o
nome, como mostrado na Figura 24. Na situação de projeto ocorre a flexão composta oblíqua, decorrente
da não continuidade das vigas apoiadas no pilar. Existem, portanto, os momentos fletores MA e MB de 1a
ordem, nas suas duas direções do pilar, ou seja, e1x e e1y . Esses momentos podem ser calculados da mesma
forma como apresentado nos pilares de extremidade.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 25
PLANTA
e 1,y
Nd
e1,x
SITUAÇÃO DE PROJETO
Sendo constante a força normal (Nd) ao longo da altura do pilar, no dimensionamento deve ser
analisada qual seção do pilar, ao longo de sua altura, estará submetida ao maior momento fletor total,
segundo as direções principais do pilar. Normalmente basta verificar as seções de extremidade (topo e
base) e uma seção intermediária C, que é aquela correspondente ao máximo momento fletor de 2a ordem
(M2d).
A Figura 25 mostra alguns casos diferentes de atuação dos momentos fletores de 1a ordem (M1d,A e
M1d,B), e mostra também os momentos fletores mínimo e de 2a ordem. No caso de momento fletor de 1a
ordem variável ao longo da altura (lance) do pilar, o valor maior deve ser nomeado M1d,A , e considerado
positivo. O valor menor, na outra extremidade, será nomeado M1d,B , e considerado negativo se tracionar a
fibra oposta à de M1d,A . O momento fletor de 1a ordem existente deve ser comparado ao momento fletor
mínimo (M1d,mín), e adotado o maior.
OU OU OU OU
M 2,máx
-
B B
M 1d,B M 1d,B
base
(M1d,A > M1d,B )
Figura 25 – Momentos fletores de 1a ordem com o de 2a ordem nas seções do lance do pilar.
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Na determinação do máximo momento fletor total, da base ao topo do pilar, em cada direção, e
considerando as seções de extremidade e a seção intermediária C, tem-se:
M1d, A
M d, tot Eq. 47
M1d, mín
M1d,C M 2d
M d, tot Eq. 48
M1d, mín M 2d
A Eq. 49 tem os coeficientes 0,6 e 0,4 relativos à variável b , definida no item 8.3.
O cálculo dos pilares pode ser feito diretamente dos valores da força normal e do momento fletor
total máximo solicitante no pilar, sem se explicitar as excentricidades da força Nd . Por outro lado, o
cálculo também pode ser feito explicitando as excentricidades, que são funções dos momentos fletores.
No dimensionamento dos pilares, conforme a antiga NB 1/78, o cálculo era feito considerando-se
as excentricidades. Já a NBR 6118 de 2003 introduziu o momento fletor mínimo e a equação do momento
fletor total (Md,tot), direcionando de certa forma o cálculo via momentos fletores e não via as
excentricidades. Claro que o cálculo correto, em função dos momentos fletores ou das excentricidades,
conduz aos mesmos resultados. Nos itens seguintes procura-se ilustrar os dois modos de cálculo, deixando-
se ao estudante a escolha do modo a aplicar.
Nos itens seguintes estão mostradas as excentricidades que devem ser consideradas no
dimensionamento dos pilares, em função do tipo de pilar (intermediário, de extremidade ou de canto) e
para máx 90.
As excentricidades a serem consideradas são as seguintes:
a) Excentricidade de 1a ordem
M1d , A M1d, B
e1, A e1, B Eq. 50
Nd Nd
b) Excentricidade mínima
c) Excentricidade de 2a ordem
0,0005 e 2
e2 Eq. 52
0,5 h
com definido na Eq. 20.
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A Figura 26 mostra a situação de projeto (S.P.) e as situações de cálculo (s.c.) dos pilares
intermediários com máx 90. Na 1a s.c. estão indicadas as excentricidades que ocorrem na direção x, e na
2a s.c. as excentricidades na direção y.
Como não se considera a existência de momentos fletores de 1a ordem, a situação de projeto é de
Compressão Simples (ou Uniforme). Se o pilar tiver 1 nas duas direções, tem-se que e2x = 0 e e2y = 0,
e as excentricidades de 2a ordem mostradas na Figura 26 não existirão. Neste caso basta considerar a
excentricidade mínima em cada direção. Por outro lado, se > 1 em uma ou ambas as direções, a
excentricidade de 2a ordem deve ser somada à excentricidade mínima. A excentricidade mínima
corresponde ao momento fletor mínimo, apresentado no item 9.1 (Eq. 34).
e 1x,mín Nd
y
e 2x e 2y
ey
Nd e 1y,mín
Nd x
ex
Figura 26 – Situação de projeto e situações de cálculo de pilares intermediários com máx 90.
Para cada situação de cálculo deve ser determinada uma armadura longitudinal, considerando-se,
porém, o mesmo arranjo (posicionamento) das barras da armadura na seção transversal. Isso é importante
porque a armadura final deve atender às situações de cálculo existentes. A armadura final é a maior entre
as calculadas.
No pilar de extremidade ocorre a Flexão Composta Normal na situação de projeto, com existência
de excentricidade de 1a ordem em uma direção do pilar. As seções de extremidade (topo e base) devem
sempre ser analisadas (Figura 27). A seção intermediária C deve ser analisada somente na direção em que
ocorrer excentricidade de 2a ordem (Figura 28).
Na base e topo do pilar, devido aos apoios (vínculos), não ocorre deslocamento horizontal, de
modo que a excentricidade de 2a ordem é zero. Nas seções ao longo da altura do pilar ocorrem
excentricidades de 2a ordem, mas se 1 , as excentricidades são pequenas e podem ser desprezadas. Por
outro lado, se ocorrer > 1 , a máxima excentricidade de 2a ordem (e2x ou e2y na seção intermediária C)
deve ser considerada, e a excentricidade de 1a ordem deve ser alterada de e1x,A para e1x,C (ou de e1y,A para
e1y,C) na situação de projeto (Figura 28).
Do mesmo modo como no pilar intermediário, para cada situação de cálculo deve ser calculada
uma armadura, considerando-se o mesmo arranjo (posicionamento) das barras na seção transversal, e a
armadura final será a maior entre as calculadas.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 28
y
Nd
Nd Nd e 1y,mín
x
e 1x,A
e1x,A
{ e 1x,mín
Nd
ex e2y
ey
Nd Nd e 1y,mín
e 1x,C
e1x,C { e 1x,mín
e 2x
e 1x,A
y
e 1x,A
{ e 1x,mín
Nd Nd
e 1y,A
e1y,A { e 1y,mín
x
S.P. 1° s.c.
Figura 29 – Situação de projeto e de cálculo para as seções de extremidade dos pilares de canto.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 29
Nd
y
e 1x,C e 2y
Nd ey
Nd
e 1y,C e 1y,C
e1y,C
{ e 1y,mín
{e 1y,mín
x
e 2x
e 1x,C
{ e 1x,mín ex
e 1x,C
{
e 1x,mín
Figura 30 – Situação de projeto e situações de cálculo para a seção intermediária dos pilares de canto.
A Figura 31 mostra a notação aplicada na utilização dos ábacos de VENTURINI (1987) para a
Flexão Composta Normal (ou Reta). A distância d’ é paralela à excentricidade (e), entre a face da seção e o
centro da barra do canto. De modo geral tem-se d’ = c + t + /2, com c = cobrimento de concreto, t =
diâmetro do estribo e = diâmetro da barra longitudinal.
N
d
d´
e
h/2
h/2
b d´
7
VENTURINI, W.S. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solicitadas à flexão reta. São Carlos,
Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1987. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
8
PINHEIRO, L.M. ; BARALDI, L.T. ; POREM, M.E. Concreto Armado: Ábacos para flexão oblíqua. São Carlos, Departamento
de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1994. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 30
Nd
A c . f cd
M d , tot
, ou Eq. 54
h A c f cd
e
Eq. 55
h
Escolhida uma disposição construtiva para a armadura no pilar, determina-se o ábaco a ser
utilizado, em função do tipo de aço e do valor da relação d’/h. No ábaco, com o par e , obtém-se a taxa
mecânica . A armadura é calculada pela expressão:
A c f cd
As Eq. 56
f yd
A Figura 32 mostra a notação aplicada na utilização dos ábacos de PINHEIRO et al. (1994) para a
Clexão Composta Oblíqua. As distâncias d’x e d’y têm o mesmo significado de d’, porém, cada uma em
uma direção do pilar.
M xd d´x
d´y
Nd
hy
M yd
hx
Nd
A c . f cd
M d , tot, x ex
x Eq. 57
h x A c f cd hx
M d , tot, y ey
y Eq. 58
h y A c f cd hy
Escolhida uma disposição construtiva para a armadura no pilar, determina-se o ábaco a ser
utilizado, em função do tipo de aço e dos valores das relações d’x/hx e d’y/hy . No ábaco, com o trio (, x ,
y), obtém-se a taxa mecânica . A armadura é calculada com a Eq. 56:
A c f cd
As
f yd
Os pilares com seção transversal retangular são diferenciados dos pilares-parede em função da
relação entre os lados, conforme a regra (Figura 33):
h 5 b pilar
Eq. 59
h > 5 b pilar-parede
b
A NBR 6118 (item 13.2.3) impõe que “A seção transversal de pilares e pilares-parede maciços,
qualquer que seja a sua forma, não pode apresentar dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais,
permite-se a consideração de dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde que se multipliquem os esforços
solicitantes de cálculo a serem considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional n , de
acordo com o indicado na Tabela 13.1 e na Seção 11. Em qualquer caso, não se permite pilar com seção
transversal de área inferior a 360 cm2.”, o que representa a seção mínima de 14 x 25,7 cm. A Tabela 4
apresenta o coeficiente adicional. É importante salientar que o texto indica que todos os esforços
solicitantes atuantes no pilar devem ser majorados por γn , ou seja, a força normal e os momentos fletores
que existirem.
Tabela 4 – Coeficiente adicional n para pilares e pilares-parede (Tabela 13.1 da NBR 6118).
b 19 18 17 16 15 14
n 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25
Nota: O coeficiente n deve majorar os esforços solicitantes finais de
cálculo quando de seu dimensionamento.
n = 1,95 – 0,05 b
b = menor dimensão da seção transversal (cm).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 32
No pilar intermediário, devido à continuidade das vigas e lajes sobre o pilar, tem-se que os
momentos fletores de 1a ordem são nulos em ambas as direções do pilar (MA = MB = 0), portanto, e1 = 0.
a) Esforços solicitantes
Nd = n . f . Nk Eq. 60
e I 3,46 e
, i para seção retangular:
i A h
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
e) Momento de 2a ordem
M1d, A
2e 1
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
19200 Md, tot2 (3840 h Nd 2 h Nd 19200 b M1d, A ) Md, tot 3840 b h Nd M1d, A 0
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 33
15.2.1 Exemplo 1
Dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado na Figura 34, sendo conhecidos:
ey = 280 cm
ey = 280 cm
hy = 20 cm
x
Nd
h x = 50 cm
Figura 34 – Posição do pilar em relação às vigas, vínculos na base e no topo nas direções x e y,
dimensões da seção transversal e situação de projeto.
RESOLUÇÃO
Embora a armadura longitudinal resultará do cálculo segundo a direção de menor rigidez do pilar
(dir. y), a título de exemplo será demonstrado também o cálculo segundo a direção x.
a) Esforços solicitantes
O índice de esbeltez deve ser calculado para as direções x e y, conforme os eixos mostrados na
Figura 34. A fim de padronizar e simplificar a notação, aqui considera-se a direção, e não o eixo do pilar, o
que pode ser diferente de considerações adotadas em outras disciplinas.
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
Nos pilares intermediários não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, daí e1 =
0 e b = 1,0 (ver item 8.3). Assim:
Desse modo:
x = 19,4 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 48,4 > 1,y são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
2e 1
M1d, A
Md, tot b M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Nd 1100
Força normal adimensional (Eq. 20): 0,77
A c . f cd 1000 2,0
1,4
a
Curvatura na direção y sujeita aos momentos fletores de 2 ordem (Eq. 19):
e 2 1 280 2
e2 y 1,9685 . 10 4 1,54 cm
10 r 10
Com b = 1,0 e fazendo M1d,A = M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos fletores totais em
cada direção principal do pilar:
280 2
Dir. y: M d , tot, y 1,0 . 2310 1100 1,9685 . 10 4 4.008 kN.cm
10
Md,tot,y = 4.008 kN.cm M1d,mín,y = 2.310 kN.cm ok!
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y
+
M2d,máx,y
1.698
3.300 2.310
y
Nd
e 2y = 1,54
ey = 3,64
e 1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x,mín
3,00
A análise dos momentos fletores totais e das excentricidades permite observar que a direção crítica
do pilar é a direção y, dado que o maior momento fletor total (M d,tot,y de 4.008 kN.cm) é relativo à menor
dimensão do pilar (largura hy = 20 cm). A 2ª s.c., com a maior excentricidade total, na direção da largura
do pilar, também mostra o fato, comprovado pelo cálculo da armadura longitudinal. A armadura pode ser
calculada apenas para a direção crítica y, porém, com o objetivo de ilustrar os cuidados que devem ser
tomados, a armadura é calculada para as duas direções principais do pilar.
Com = 0,77 e utilizando os ábacos de VENTURINI (1987)9 para Flexão Reta, faz-se o cálculo de
(Eq. 54 ou Eq. 55) e d’/h, segundo as direções x e y:
Dir. x:
9
Os ábacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 36
Outros ábacos diferentes do A-25 podem ser utilizados, no entanto, este ábaco é interessante
porque não fixa o número de barras a serem dispostas na seção transversal, fixa apenas as faces do pilar
que devem alojar as barras. Neste caso, o ábaco A-25 proporciona que as barras sejam distribuídas no lado
maior do pilar.
Observe que o ábaco A-25 tem a armadura posicionada na direção paralela à excentricidade – e
(ver figura no ábaco) da força normal Nd , portanto, na direção horizontal paralela à excentricidade e1x,mín
da 1a s.c., coincidente com o lado maior do pilar.
Dir. y:
M d , tot, y 4008 ey 3,64
= = 0,14 ou 0,77 0,14
h y . Ac . f cd 20 . 1000 2,0 hy 20
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 com o Ábaco A-4: ω = 0,38
hy 20
Para a solicitação na direção y o ábaco A-4 é compatível com o ábaco A-25 da direção x, pois
proporciona o mesmo arranjo de barras do ábaco A-25 na seção transversal, ou seja, as barras distribuídas
ao longo do lado maior do pilar. Isso é mostrado na figura do ábaco A-4, onde a armadura é posicionada na
direção perpendicular à excentricidade da força normal Nd , portanto, na direção horizontal perpendicular à
excentricidade total da 2a s.c., e coincidente com o lado maior do pilar.
A maior armadura resulta do maior valor de , de 0,38 da 2a s.c., como esperado:
2,0
0,38 . 1000
A c f cd 1,4
As = = 12,49 cm2
f yd 50
1,15
19200 Md, tot2 (3840 h Nd 2 h Nd 19200 b M1d, A ) Md, tot 3840 b h Nd M1d, A 0
19200 Md, tot2 (3840 . 20 . 1100 48,42 . 20 . 1100 19200 . 1,0 . 2310 ) Md, tot 3840 . 1,0 . 20 . 1100 . 2310 0
M d , tot, y 3500
= = = 0,12
h y . Ac . f cd 2,0
20 . 1000
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 com o Ábaco A-4: ω = 0,30
hy 20
2,0
0,30 . 1000
A c f cd 1,4
As = = 9,86 cm2
f yd 50
1,15
15.2.2 Exemplo 2
Este segundo exemplo (Figura 37) é igual ao primeiro, com exceção da maior força normal de
compressão. São conhecidos:
y
Nk = 1.071 kN
seção transversal 20 x 50 (Ac = 1.000 cm2)
comprimento de flambagem:
hy = 20 cm
h x = 50 cm
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1071 = 1.500 kN, com γn da Tabela 4.
b) Índice de esbeltez
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
Desse modo:
x = 19,4 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 48,4 > 1,y são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
e) Momento de 2a ordem
O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e
do pilar-padrão com rigidez aproximada.
2e 1
M1d, A
Md, tot b M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Nd 1500
Força normal adimensional: 1,05
A c . f cd 1000 2,0
1,4
e 2 1 280 2
e2 y 1,6129 . 10 4 1,26 cm
10 r 10
280 2
Dir. y: M d, tot, y 1,0 . 3150 1500 1,6129 . 10 4 5.047 kN.cm
10
Os momentos fletores atuantes no pilar, nas direções x e y, estão indicados na Figura 38. A
situação de projeto e as situações de cálculo estão mostradas na Figura 39.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 39
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y
+
M2d,máx,y
1.897
4.500 3.150
e1x,mín = 3,00 e1y,mín = 2,10
y
Nd
e 2y = 1,26
ey = 3,36
e1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x,mín
3,00
Dir. x:
Md, tot, x 4500 e 3,00
= = 0,06 ou x 1,05 0,06
h x . Ac . f cd 2,0 hx 50
50 . 1000
1,4
d 'x 4,0
= = 0,08 0,10 Ábaco A-25: ω = 0,38
hx 50
Dir. y:
M d , tot, y 5047 ey 3,36
= = 0,18 ou 1,05 0,18
h y . Ac . f cd 20 . 1000 2,0 hy 20
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4: ω = 0,78
hy 20
10
Os ábacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 40
A comparação entre os ábacos A-4 e A-25 apresentada no exemplo anterior vale também para este
exemplo. A maior armadura resulta do maior valor encontrado para a taxa de armadura :
2,0
0,78 .1000
A c f cd 1,4
As = = 25,63 cm2
f yd 50
1,15
19200 Md, tot2 (3840 h Nd 2 h Nd 19200 b M1d, A ) Md, tot 3840 b h Nd M1d, A 0
19200 Md2, tot (3840 . 20 . 1500 48,42 . 20 . 1500 19200 . 1,0 . 3150 ) Md, tot
3840 . 1,0 . 20 . 1500 . 3150 0
M d , tot, y 4771
= = = 0,17
h y . Ac . f cd 2,0
20 . 1000
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4 (ω = 0,76)
hy 20
2,0
0,76 . 1000
A c f cd 1,4
As = = 24,97 cm2
f yd 50
1,15
Apresenta-se a seguir um roteiro de cálculo dos chamados pilares de extremidade, com a aplicação
do “Método do pilar-padrão com curvatura aproximada” e do “Método do pilar-padrão com rigidez
aproximada”. Em seguida são apresentados quatro exemplos numéricos de aplicação.
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo pode ser determinada como Nd = n . f . Nk
onde: Nk = força normal característica do pilar;
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 41
e I 3,46 e
; i para seção retangular:
i A h
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
e) Momento de 2a ordem
e1) Método do pilar-padrão com curvatura aproximada
Determina-se Md,tot com a Eq. 33:
2e 1
M1d, A
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
19200 Md, tot2 (3840 h Nd 2 h Nd 19200 b M1d, A ) Md, tot 3840 b h Nd M1d, A 0
16.2.1 Exemplo 1
Este exemplo é semelhante àquele encontrado em FUSCO (1981, p. 297), com a diferença da
alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 40). São
conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 42
Nk = 1.110 kN y
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.170 kN.cm M 1d,A,x
2170 kN.cm
seção 20 x 70 (Ac = 1.400 cm2)
ex = ey = 280 cm +
h y = 70 cm
Nd
e1x x
-
- 2170 kN.cm
hx = 20 cm M 1d,B,x
Figura 40 – Arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma, dimensões da seção transversal e momentos
fletores de cálculo de primeira ordem atuantes na direção x.
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1110 = 1.554 kN, com n = 1,0 na Tabela
4.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores nos extremos do pilar
(M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.170 kN.cm), que solicitam o pilar na direção x, em função de existir uma viga não
contínua sobre o pilar na direção x (Figura 41). Este momento fletor de cálculo já está majorado pelos
coeficientes f e n . A excentricidade inicial de 1ª ordem é:
2170
e1x 1,40 cm
1554
+ +
280
- -
2170 kN.cm 1,40 cm
- 2170 kN.cm - 1,40 cm
+ +
280
- -
- 2170 kN.cm - 1,40 cm
b) Índice de esbeltez
M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:
3263,4
Dir. x: M1d,mín,x = 1554 (1,5 + 0,03 . 20) = 3.263,4 kN.cm ; e1x,mín = 2,10 cm
1554
5594 ,4
Dir. y: M1d,mín,y = 1554 (1,5 + 0,03 . 70) = 5.594,4 kN.cm ; e1y,mín = 3,60 cm
1554
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
1,40
25 12,5
1, x 20 25,9 35 1,x = 35
1,0
Dir. y: Na direção y não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, portanto, e1y =
0 e b = 1,0. Assim:
0
25 12,5
1, y 70 25,0 35 1,y = 35
1,0
Desse modo:
x = 48,4 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 13,8 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
M1d, A
2e 1
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 44
Nd 1554
Força normal adimensional: 0,78
A c . f cd 1400 2,0
1,4
e 2 1 280 2
e2x 1,953 . 10 4 1,53 cm
10 r 10
Fazendo M1d,A M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total máximo:
Dir. x:
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 3263,4 + 1554 1,953 . 10 4 5.642,8 M1d,mín,x = 3.263,4 kN.cm ok!
10
Md,tot,x = 5.642,8 kN.cm
Dir. y:
Md,tot,y = M1d,mín,y = 5.594,4 kN.cm
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 42. As situações de projeto e de
cálculo, para as seções de extremidade e intermediária, estão mostradas na Figura 43 e na Figura 44. Como
as seções de extremidade de topo e base do pilar estão submetidas a momento fletor de 1 a ordem de igual
valor, a seção de extremidade mostrada na Figura 43 é representativa de ambas as extremidades do pilar.
No caso de momentos fletores na base e topo diferentes, deve-se considerar a seção de extremidade
submetida ao maior momento fletor (M1d,A). Nas seções de topo e base não ocorre deformação de 2a ordem
(e2 = 0), que deve ser considerada na seção intermediária C.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y
OU +
M2d,máx,x
2.379,4
y
Nd
e1y,mín = 3,60
Nd Nd
x
e 1x e 1x,mín
1,40 2,10
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1x), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1x , A 0,4 e1x , B 0,6 . 1,40 0,4 . (1,40) 0,28 cm
e1C e1x , C
0,4 e1A 0,4 e1x , A 0,4 . 1,40 0,56 cm
e1x,C = 0,56 cm
y
Nd
ex
3,63 e1y,mín = 3,60
Nd Nd
x
e 1x,C e 1x,mín e 2x
0,56 2,10 1,53
A direção de menor rigidez do pilar, aquela que é crítica, é a correspondente à menor dimensão, ou
seja, da largura no caso de pilar de seção transversal retangular (direção x). Das três situações de cálculo
observa-se que a 1ª s.c. da seção intermediária, que tem a maior excentricidade, e na direção crítica do
pilar, é a que resultará na maior armadura longitudinal. Em situações que existir dúvida, a armadura de
cada situação de cálculo deve ser determinada, sendo a armadura final a maior entre as calculadas. A título
de exemplo, o cálculo será feito para as duas situações de cálculo da seção intermediária.
Com = 0,78 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:
Dir. x:
Md, tot, x 5642 ,8 e 3,63
= = 0,14 ou x 0,78 0,14
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 1400
1,4
d 'x 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4: ω = 0,40
hx 20
Dir. y:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 46
A armadura final, como esperado, é resultante da 1a s.c., com a maior taxa de armadura:
2,0
0,40 . 1400
A c f cd 1,4
As = = 18,40 cm2
f yd 50
1,15
19200 Md2, tot (3840 . 20 . 1554 48,42 . 20 . 1554 19200 . 1,0 . 3263,4) Md, tot
3840 . 1,0 . 20 . 1554 . 3263,4 0
19200 Md2, tot 16116845 Md, tot 3894776524 80 0
Md2, tot 839,4 Md, tot 20285294 0
16.2.2 Exemplo 2
Este exemplo é também semelhante àquele encontrado em FUSCO (1981, p. 311), com a diferença
da alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 45). São
conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 47
N k = 1.110 kN M 1d,A,x
M1d,A,x = – M1d,B,x = 3.260 kN.cm
3.260 kN.cm
seção transversal 20 x 70 (Ac = 1.400 cm2)
comprimento equivalente ou de flambagem: +
ex = ey = 460 cm
coeficientes de ponderação:
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15
y
h = 70 cm
x
-
h y = 20 cm
Nd x
e 1,x - 3260 kN.cm
M 1d,B,x
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 1110 = 1.554 kN, com n da Tabela 4.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores nas extremidades (topo
e base) do pilar (M1d,A,x = – M1d,B,x = 3.260 kN.cm), que solicitam o pilar na direção x, em função de existir
uma viga não contínua sobre o pilar na direção x (Figura 46). Este momento fletor, ou seja, todas as ações
aplicadas no pilar, devem ser majoradas por n , igual a 1,0 neste caso.
b) Índice de esbeltez
M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção, é:
5594,4
Dir. x: M1d,mín,x = 1554 (1,5 + 0,03 . 70) = 5.594,4 kN.cm ; e1x,mín = 3,60 cm
1554
3263,4
Dir. y: M1d,mín,y = 1554 (1,5 + 0,03 . 20) = 3.263,4 kN.cm ; e1y,mín = 2,10 cm
1554
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 48
+ +
460
- -
3260 kN.cm 2,10 cm
- 3260 kN.cm - 2,10 cm
+ +
460
- -
- 3260 kN.cm - 2,10 cm
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
2,10
25 12,5
1, x 70 25,4 35 1,x = 35
1,0
Desse modo:
x = 22,7 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 79,6 > 1,y são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
e) Momento de 2a ordem
O momento de 2a ordem será avaliado pelos métodos do pilar-padrão com curvatura aproximada e
do pilar-padrão com rigidez aproximada.
M1d, A
2e 1
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 49
A força normal adimensional e a curvatura (na direção y, sujeita a momentos fletores de 2a ordem)
são os mesmos do exemplo anterior: = 0,78 e 1/r = 1,953 . 10-4 cm-1.
e 2 1 460 2
e2 y 1,953 . 10 4 4,13 cm
10 r 10
Fazendo M1d,A M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total máximo:
Dir. x:
Md,tot,x = 3.260,0 kN.cm M1d,mín,x = 5.594,4 kN.cm Md,tot,x = 5.594,4 kN.cm
Dir. y:
460 2
Md,tot,y = 1,0 . 3263,4 + 1554 1,953 . 10 4 9.685,4 M1d,mín,y = 3.263,4 kN.cm ok!
10
Md,tot,y = 9.685,4 kN.cm
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 47. As situações de projeto e de
cálculo estão mostradas na Figura 48 (seções de extremidade) e Figura 49 (seção intermediária C).
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y
OU +
M2d,máx,y
6.422
Nd
e1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x e 1x,mín
2,10 3,60
Figura 48 – Situação de projeto e situações de cálculo nas seções de extremidade (topo e base do pilar).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 50
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1x), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1x , A 0,4 e1x , B 0,6 . 2,10 0,4 . (2,10) 0,60 cm
e1C e1x ,C
0,4 e1A 0,4 e1x , A 0,4 . 2,10 0,84 cm
e1x,C = 0,84 cm
y
Nd
e 2y = 4,13
ey = 6,23
e1y,mín = 2,10
Nd Nd
x
e 1x,C e 1x,mín
0,84 3,60
Na análise das situações de cálculo fica claro que a 2a s.c. da seção intermediária C é que resultará
na maior armadura longitudinal do pilar, porque tem o maior valor de excentricidade, na direção de menor
rigidez do pilar. A título de exemplo são verificadas as duas situações da seção intermediária.
Com = 0,78 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta:
Dir. x:
Md, tot, x 5594 ,4 e 3,60
= = 0,04 ou x 0,78 0,04
h x . Ac . f cd 2,0 hx 70
70 . 1400
1,4
d 'x 4,0
= = 0,06 0,05 Ábaco A-24: ω = 0,08
hx 70
Dir. y:
M d , tot, y 9685 ,4 ey 6,23
= = 0,24 ou 0,78 0,24
h y . Ac . f cd 20 . 1400 2,0 hy 20
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4: ω = 0,79
hy 20
2,0
0,79 . 1400
A c f cd 1,4
As = = 36,34 cm2
f yd 50
1,15
M d , tot, y 9450 ,6
= = = 0,24
h y . Ac . f cd 2,0
20 . 1400
1,4
d'y 4,0
= = 0,20 Ábaco A-4 (ω = 0,79)
hy 20
2,0
0,79 . 1400
A c f cd 1,4
As = = 36,34 cm2
f yd 50
1,15
16.2.3 Exemplo 3
e1,y
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15
7.000 kN.cm
hx = 20 cm
M 1d,B,y
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 500 = 700 kN, (n na Tabela 4). Além da
força normal de compressão ocorrem também momentos fletores nas seções de topo e base do pilar (M1d,A,y
= M1d,B,y = 7.000 kN.cm), que solicitam o pilar na direção y (Figura 50).
b) Índice de esbeltez
M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. Assim, o momento mínimo, em cada direção é:
1470,0
Dir. x: M1d,mín,x = 700 (1,5 + 0,03 . 20) = 1.470,0 kN.cm ; e1x,mín = 2,10 cm
700
1890,0
Dir. y: M1d,mín,y = 700 (1,5 + 0,03 . 40) = 1.890,0 kN.cm ; e1y,mín = 2,70 cm
700
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 1 90
b
Dir. x: Nesta direção não ocorrem momentos e excentricidades de 1a ordem, portanto e1x = 0 e b =
1,0. Assim:
0
25 12,5
1, x 20 25,0 35 1,x = 35
1,0
Dir. y: A excentricidade de 1a ordem nesta direção (e1y) é 10,0 cm, e os momentos fletores de 1a
ordem são M1d,A,y = M1d,B,y = 7.000 kN.cm, maiores que o momento fletor mínimo nesta direção (M1d,mín,y =
1.890,0 kN.cm), o que leva ao cálculo de b e de 1,y :
MB 7000
b 0,6 0,4 0,6 0,4 1,0
MA 7000
10,0
25 12,5
1, y 40 28,1 35 1,y = 35
1,0
Desse modo:
x = 48,4 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 24,2 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
M1d, A
2e 1
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Nd 700
Força normal adimensional: 0,61
A c . f cd 800 2,0
1,4
Dir. x:
Curvatura na direção x sujeita a momentos fletores de 2a ordem:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 53
e 2 1 280 2
e2x 0,0002252 1,77 cm
10 r 10
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 1470,0 + 700 0,0002252 2.705,9 kN.cm M1d,mín,x = 1.470,0 kN.cm ok!
10
Md,tot,x = 2.705,9 kN.cm
Dir. y: Nesta direção o pilar deve ser dimensionado para o máximo momento fletor que ocorre nas
extremidades do topo e da base, sem se acrescentar o momento mínimo.
Md,tot,y = 7.000,0 kN.cm M1d,mín,y = 1.890,0 kN.cm ok!
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 51. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 52 e Figura 53.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU
+
M2d,máx,x
1.235,9
y y
Nd Nd
Nd
x x
e 1x,mín
2,10
Figura 52 – Situação de projeto e situações de cálculo da seção de extremidade (base e topo do pilar).
que pode resultar na armadura final. O cálculo das armaduras para a 1a e 2a s.c. é que vai indicar a
armadura maior, a ser aplicada no pilar.
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1y), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1y, A 0,4 e1y, B 0,6 . 10,00 0,4 . 10,00 10,00 cm
e1C e1y, C
0,4 e1A 0,4 e1y, A 0,4 . 10,00 4,00 cm
e1y,C = 10,00 cm
y
Nd Nd
ex
e1y,C = 10,00 3,87 ey = 10,00
Nd
x
e 1x,mín e 2x
2,10 1,77
Dir. x:
Md, tot, x 2705 ,9 e 3,87
= = 0,12 ou x 0,61 0,12
h x . Ac . f cd 2,0 hx 20
20 . 800
1,4
d 'x 4,0
= = 0,20 Ábaco A-29: ω = 0,20
hx 20
Dir. y:
M d , tot, y 7000 ,0 ey 10,00
= = 0,15 ou 0,61 0,15
h y . Ac . f cd 40 . 800 2,0 hy 40
1,4
d'y 4,0
= = 0,10 Ábaco A-27: ω = 0,28
hy 40
A armadura final resulta da maior taxa de armadura (ω = 0,28), relativa à 2a s.c., com
excentricidade na direção do comprimento do pilar.
2,0
0,28 . 800
A c f cd 1,4
As = = 7,36 cm2
f yd 50
1,15
16.2.4 Exemplo 4
Este exemplo é igual ao anterior, com a diferença do momento fletor que agora não é constante ao
longo da altura do pilar, como mostrado na Figura 54. São conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 55
y M 1d,A,y
7000 kN.cm
Nk = 500 kN 7.000 kN.cm
M1d,A,y = – M1d,B,y = 7.000 kN.cm
+
+
(e1y,A = – e1y,B = 10,0 cm) Nd
hy = 40 cm
e1,y
seção 20 x 40 (Ac = 800 cm2) x
ex = ey = 280 cm
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15
-
-
- 7.000 kN.cm
7000 kN.cm
M 1d,B,y
hx = 20 cm
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 500 = 700 kN, com n da Tabela 4.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e topo do pilar
(M1d,A,y = – M1d,B,y = 7.000 kN.cm), que solicitam o pilar na direção y (Figura 54).
b) Índice de esbeltez
1470,0
Dir. x: M1d,mín,x = 700 (1,5 + 0,03 . 20) = 1.470,0 kN.cm ; e1x,mín = 2,10 cm
700
1890,0
Dir. y: M1d,mín,y = 700 (1,5 + 0,03 . 40) = 1.890,0 kN.cm ; e1y,mín = 2,70 cm
700
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
Dir. x: Nesta direção não ocorrem momentos e excentricidades de 1a ordem, portanto e1x = 0 e b =
1,0. Assim:
0
25 12,5
1, x 20 25,0 35 1,x = 35
1,0
b 0,6 0,4
MB
0,6 0,4
7000 0,2 0,4 b = 0,4
MA 7000
10,0
25 12,5
1, y 40 70,3 35 1,y = 70,3
0,4
Desse modo:
x = 48,4 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 24,2 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
2e 1
M1d, A
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Como no exemplo anterior, a força normal adimensional é = 0,61 e a curvatura 1/r na direção x é
0,0002252 cm-1.
A excentricidade máxima de 2a ordem na direção x é:
e 2 1 280 2
e2x 0,0002252 1,77 cm
10 r 10
Dir. x:
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 1470,0 + 700 0,0002252 2.705,9 kN.cm M1d,mín,x = 1.470,0 kN.cm
10
ok!
Md,tot,x = 2.705,9 kN.cm
Dir. y: Nesta direção o pilar deve ser dimensionado para o máximo momento fletor que ocorre nas
extremidades do topo e da base, sem se acrescentar o momento fletor mínimo.
Md,tot,y = 7.000,0 kN.cm M1d,mín,y = 1.890,0 kN.cm ok!
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 55. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 56 e Figura 57.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU
+
M2d,máx,x
1.235,9
y y
Nd Nd
Nd
x x
e 1x,mín
2,10
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial (e1y), nas extremidades submetidas aos momentos fletores de 1a
ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1y, A 0,4 e1y, B 0,6 . 10,00 0,4 . 10,00 2,00 cm
e1C e1y,C
0,4 e1A 0,4 e1y, A 0,4 . 10,00 4,00 cm
e1y,C = 4,00 cm
y
Nd Nd
ex
e1y,C = 4,00 3,87 e y = 10,00
Nd
x
e 1x,mín e 2x
2,10 1,77
Dir. x:
Dir. y:
d'y 4,0
= = 0,10 Ábaco A-27: ω = 0,28
hy 40
2,0
0,28 . 800
A c f cd 1,4
As = = 7,36 cm2
f yd 50
1,15
Observa-se que a área de armadura longitudinal não se modificou em relação à calculada no
exemplo anterior, embora a alteração dos momentos fletores de 1a ordem.
Apresenta-se a seguir um roteiro de cálculo para os chamados pilares de canto, com a aplicação do
“Método do pilar-padrão com curvatura aproximada”. Outros métodos de cálculo constantes da norma
não são apresentados neste trabalho. Três exemplos numéricos de aplicação são apresentados.
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo pode ser determinada como Nd = n . f . Nk
M1d, A
2e 1
Md, tot b . M1d, A Nd , M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Os exemplos numéricos a seguir são de pilares de canto, biapoiados na base e no topo, de nós fixos
(contraventados) e sem forças transversais atuantes. Os seguintes dados são comuns em todos os exemplos:
concreto C20 ; aço CA-50 ; d’ = 4,0 cm ; coeficientes de ponderação: c = f =1,4 e s =1,15.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 59
17.2.1 Exemplo 1
Este exemplo é semelhante àquele encontrado em FUSCO (1981, p. 313), com a diferença da
alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 58). São
conhecidos:
Nk = 820 kN y
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.041 kN.cm (e1x,A = – e1x,B = 1,78 cm)
hy = 50 cm
x
Nd
e 1y
e1x
hx = 20 cm
Figura 58 – Arranjo estrutural do pilar na planta de fôrma, dimensões da seção transversal e posição do
ponto de aplicação da força normal Nd .
A Figura 59 mostra como ocorre a solicitação do pilar pelos momentos fletores de 1a ordem, e as
excentricidades correspondentes.
2041 1,78
e1x
y y
x x
26
50
17
1,
e1y
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 820 = 1.148 kN.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e no topo do
pilar, M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.041 kN.cm na direção x, e M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.726 kN.cm na direção y
(Figura 59), em função de existirem duas vigas não contínuas sobre o pilar, nas direções x e y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 60
b) Índice de esbeltez
2410,8
Dir. x: M1d,mín,x = 1148 (1,5 + 0,03 . 20) = 2.410,8 kN.cm ; e1x,mín = 2,10 cm
1148
3444 ,0
Dir. y: M1d,mín,y = 1148 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.444,0 kN.cm ; e1y,mín = 3,00 cm
1148
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
1,78
25 12,5
1, x 20 26,1 35 1,x = 35
1,0
Desse modo:
x = 48,4 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 19,4 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
2e 1
M1d, A
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Nd 1148
Força normal adimensional: 0,80
A c . f cd 1000 2,0
1,4
e 2 1 280 2
e2x 1,923 . 10 4 1,51 cm
10 r 10
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 60. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 61 e Figura 62.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU + OU
M2d,máx,x
1.730,8
Nd
Nd
e1y,mín= 3,00
e1y = 1,50
x
e 1x e 1x,mín
1,78 2,10
S.P. 1a s.c.
Figura 61 – Situações de projeto e de cálculo da seção de extremidade.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 62
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial em cada direção (e1), nas extremidades submetidas aos momentos
fletores de 1a ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1x , A 0,4 e1x , B 0,6 . 1,78 0,4 . 1,78 0,36 cm
e1C e1x , C
0,4 e1A 0,4 e1x , A 0,4 . 1,78 0,71 cm
e1x,C = 0,71 cm
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1y, A 0,4 e1y, B 0,6 . 1,50 0,4 . 1,50 0,30 cm
e1C e1y, C
0,4 e1A 0,4 e1y, A 0,4 . 1,50 0,60 cm
e1y,C = 0,60 cm
y ex
3,61
Nd Nd
Nd
e1y,mín= 3,00 e1y,mín= 3,00
e 1y,C= 0,60
x
e 1x,C e 1x,mín e 2x e 1x,mín
0,71 2,10 1,51 2,10
Nota-se que entre as três situações de cálculo, é a 1a s.c. da seção intermediária que resultará na
maior armadura. Os coeficientes adimensionais da Flexão Composta Oblíqua são:
Com = 0,80 e utilizando o ábaco A-50 de PINHEIRO (1994)11, a taxa de armadura resulta ω =
0,50, e:
2,0
0,50 . 1000
A c f cd 1,4
As = = 16,43 cm2
f yd 50
1,15
17.2.2 Exemplo 2
Este exemplo é semelhante aquele encontrado em FUSCO (1981, p. 321), com a diferença da
alteração do concreto, de C15 para C20, e da largura do pilar, de 25 cm para 20 cm (Figura 63). São
conhecidos:
11
Os ábacos podem ser encontrados em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 63
Nk = 820 kN y
M1d,A,x = – M1d,B,x = 1.423 kN.cm (e1x,A = – e1x,B = 1,24 cm)
hy = 50 cm
x
Nd
e 1y
e1x
hx = 20 cm
A Figura 64 mostra como ocorre a solicitação do pilar pelos momentos fletores de 1a ordem, e as
excentricidades correspondentes.
1423 1,24
e1x
y y
x x
09 31
15 1,
e1y
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 820 = 1.148 kN, com n na Tabela 4.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e topo do pilar,
M1d,A,x = – M1d,B,x = 1.423 kN.cm na direção x, e M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.509 kN.cm na direção y (Figura
64), em função de existirem duas vigas não contínuas sobre o pilar, nas direções x e y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 64
b) Índice de esbeltez
2410,8
Dir. x: M1d,mín,x = 1148 (1,5 + 0,03 . 20) = 2.410,8 kN.cm ; e1x,mín = 2,10 cm
1148
3444 ,0
Dir. y: M1d,mín,y = 1148 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.444,0 kN.cm ; e1y,mín = 3,00 cm
1148
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
1,24
25 12,5
1, x 20 25,8 35 1,x = 35
1,0
1,31
25 12,5
1, y 50 25,4 35 1,y = 35
1,0
Desse modo:
x = 79,6 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 31,8 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
2e 1
M1d, A
Md, tot b . M1d, A Nd , e M1d,A M1d,mín
10 r M1d, mín
Nd 1148
Força normal adimensional: 0,80
A c . f cd 1000 2,0
1,4
Curvatura segundo a direção x sujeita a esforços de 2a ordem:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 65
e 2 1 460 2
e2x 1,923 . 10 4 4,07 cm
10 r 10
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 65. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 66 e Figura 67.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU + OU
M2d,máx,x
4.671,3
Nd
Nd
e1y,mín= 3,00
e1y = 1,31
x
e 1x e 1x,mín
1,24 2,10
S.P. 1a s.c.
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial em cada direção (e1), nas extremidades submetidas aos momentos
fletores de 1a ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1x , A 0,4 e1x , B 0,6 . 1,24 0,4 . 1,24 0,25 cm
e1C e1x ,C
0,4 e1A 0,4 e1x , A 0,4 . 1,24 0,50 cm
e1x,C = 0,50 cm
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1y, A 0,4 e1y, B 0,6 . 1,31 0,4 . 1,31 0,26 cm
e1C e1y,C
0,4 e1A 0,4 e1y, A 0,4 . 1,31 0,52 cm
e1y,C = 0,52 cm
y ex
6,17
Nd Nd
Nd
e1y,mín= 3,00 e1y,mín= 3,00
e 1y,C= 0,52
x
e 1x,C e 1x,mín e 2x e 1x,mín
0,50 2,10 4,07 2,10
A análise das situações de cálculo mostra claramente que é a 1a s.c. da seção intermediária que
resultará na armadura final do pilar:
Com = 0,80 e utilizando o ábaco A-50 de PINHEIRO (1994) para Flexão Composta Oblíqua, a
taxa de armadura resulta ω = 0,91. A armadura é:
2,0
0,91 . 1000
A c f cd 1,4
As = = 29,90 cm2
f yd 50
1,15
17.2.3 Exemplo 3
Este exemplo tem momentos fletores de 1a ordem superiores aos momentos fletores mínimos
(Figura 68). São conhecidos:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 67
Nk = 360 kN
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.683 kN.cm
(e1x,A = – e1x,B = 5,32 cm)
y
M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.105 kN.cm
(e1y,A = – e1y,B = 2,19 cm)
Nd
hy = 20 cm
seção 20 x 30 (Ac = 600 cm2)
e1y
x
ex = ey = 280 cm
e1x
γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15
hx = 30 cm
A Figura 69 mostra como ocorre a solicitação do pilar pelos momentos fletores de 1a ordem, e as
excentricidades correspondentes.
2683 5,32
e1x
y y
x x
05
11 19
2,
e1y
RESOLUÇÃO
a) Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é: Nd = n . f . Nk = 1,0 . 1,4 . 360 = 504 kN, com n na Tabela 4.
Além da força normal de compressão ocorrem também momentos fletores na base e topo do pilar,
M1d,A,x = – M1d,B,x = 2.683 kN.cm na direção x, e M1d,A,y = – M1d,B,y = 1.105 kN.cm na direção y (Figura
69), em função de existirem duas vigas não contínuas sobre o pilar nas direções x e y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 68
b) Índice de esbeltez
1209,6
Dir. x: M1d,mín,x = 504 (1,5 + 0,03 . 30) = 1.209,6 kN.cm ; e1x,mín = 2,40 cm
504
1058,4
Dir. y: M1d,mín,y = 504 (1,5 + 0,03 . 20) = 1.058,4 kN.cm ; e1y,mín = 2,10 cm
504
d) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
MB
b 0,6 0,4 , com 0,4 ≤ b ≤ 1,0
MA
b 0,6 0,4
2683 0,2 b = 0,4
2683
5,32
25 12,5
1, x 30 68,0 35 1,x = 68,0
0,4
MB
b 0,6 0,4 , com 0,4 ≤ b ≤ 1,0
MA
b 0,6 0,4
1105 0,2 b = 0,4
1105
2,19
25 12,5
1, y 20 65,9 35 1,y = 65,9
0,4
Desse modo:
x = 32,3 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 48,4 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 69
Dir. x:
Md,tot,x = 2.683,0 kN.cm M1d,mín,x = 1.209,6 kN.cm ok!
Dir. y:
Md,tot,y = 1.105,0 kN.cm M1d,mín,y = 1.058,4 kN.cm ok!
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 70. A situação de projeto e as
situações de cálculo estão mostradas na Figura 71 e Figura 72.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU OU
y y
Nd Nd
e1y = 2,19 e1y = 2,19
x x
e 1x e 1x
5,32 5,32
S.P. 1a s.c.
A excentricidade inicial na seção intermediária C é calculada com a Eq. 53, que corresponde à Eq.
49, em função da excentricidade inicial em cada direção (e1), nas extremidades submetidas aos momentos
fletores de 1a ordem (M1d,A e M1d,B):
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1x , A 0,4 e1x , B 0,6 . 5,32 0,4 . 5,32 1,06 cm
e1C e1x , C
0,4 e1A 0,4 e1x , A 0,4 . 5,32 2,13 cm
e1x,C = 2,13 cm
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 70
0,6 e1A 0,4 e1B 0,6 e1y, A 0,4 e1y, B 0,6 . 2,19 0,4 . 2,19 0,44 cm
e1C e1y, C
0,4 e1A 0,4 e1y, A 0,4 . 2,19 0,88 cm
e1y,C = 0,88 cm
y
Nd
Nd
e1y,mín= 2,10
e 1y,C= 0,88
x
e 1x,C e 1x,mín
2,13 2,40
S.P. 1a s.c.
Figura 72 – Situações de projeto e de cálculo da seção intermediária.
Os diagramas de momentos fletores da Figura 70 mostram que nas seções de base e topo do pilar,
os momentos fletores maiores são os de 1a ordem, e na seção intermediária são os momentos fletores
mínimos.
Nd 504
Força normal adimensional: 0,59
A c . f cd 600 2,0
1,4
Com = 0,59 e utilizando o ábaco A-66 de PINHEIRO (1994) para Fexão Composta Oblíqua, a
taxa de armadura resulta ω = 0,20. A armadura é:
2,0
0,20 . 600
A c f cd 1,4
As = = 3,94 cm2
f yd 50
1,15
18 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS
Segundo a NBR 6118 (18.2.1), “O arranjo das armaduras deve atender não só à sua função
estrutural, como também às condições adequadas de execução, particularmente com relação ao
lançamento e ao adensamento do concreto. Os espaços devem ser projetados para a introdução do
vibrador e de modo a impedir a segregação dos agregados e a ocorrência de vazios no interior do
elemento estrutural.” Essas recomendações da norma são gerais, válidas para todos os elementos
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 71
estruturais. No caso dos pilares deve-se ter uma atenção especial à região de ligação com as vigas, onde
pode existir grande quantidade de barras (verticais nos pilares e horizontais nas vigas), além dos estribos.
As disposições relativas à armadura longitudinal dos pilares encontram-se no item 18.4.2 da NBR
6118.
10 mm
b Eq. 61
8
NBR 6118 (18.4.2.2): “As armaduras longitudinais devem ser dispostas na seção transversal, de
forma a garantir a resistência adequada do elemento estrutural. Em seções poligonais, deve existir pelo
menos uma barra em cada vértice; em seções circulares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo do
perímetro.
O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras longitudinais, medido no plano da seção
transversal, fora da região de emendas, deve ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores:”
2 cm
e mín, livre , feixe , luva Eq. 62
1,2d
máx. agreg
“Esses valores se aplicam também às regiões de emendas por traspasse das barras. Quando
estiver previsto no plano de concretagem o adensamento através de abertura lateral na face da forma, o
espaçamento das armaduras deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador.
O espaçamento máximo entre eixos das barras, ou de centros de feixes de barras, deve ser:
2 b
e máx, eixos Eq. 63
40 cm
Nd
A s, mín 0,15 0,004 A c Eq. 64
f yd
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 72
Um exemplo dos arranjos longitudinais típicos das armaduras dos pilares contraventados dos
edifícios está mostrado na Figura 73.
T12
4
4T12
T11
4° Andar T9
T10
2
2
2
2T9 2T11
1T10 1T10
3° Andar T8 T6
6
T7
3
3
3T6 3T7
T5
2° Andar
6
8
T4
8T4
1° Andar T2
2T3 1T2
4
8
3T2 3T2 T3
2T3 1T2
T1
12
Bloco de
Fundação
No item 18.2.4 da NBR 6118 encontra-se: “Sempre que houver possibilidade de flambagem das
barras da armadura, situadas junto à superfície do elemento estrutural, devem ser tomadas precauções
para evitá-la. Os estribos poligonais garantem contra a flambagem as barras longitudinais situadas em
seus cantos e as por eles abrangidas, situadas no máximo à distância 20t do canto, se nesse trecho de
comprimento 20t não houver mais de duas barras, não contando a de canto. Quando houver mais de duas
barras nesse trecho ou barra fora dele, deve haver estribos suplementares.
Se o estribo suplementar for constituído por uma barra reta, terminada em ganchos (90° a 180°),
ele deve atravessar a seção do elemento estrutural, e os seus ganchos devem envolver a barra
longitudinal.” (ver Figura 74 e Figura 75).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 73
20 t
20 t
“No caso de estribos curvilíneos cuja concavidade esteja voltada para o interior do concreto, não
há necessidade de estribos suplementares. Se as seções das barras longitudinais se situarem em uma curva
de concavidade voltada para fora do concreto, cada barra longitudinal deve ser ancorada pelo gancho de
um estribo reto ou pelo canto de um estribo poligonal.”
“A armadura transversal de pilares, constituída por estribos e, quando for o caso, por grampos
suplementares, deve ser colocada em toda a altura do pilar, sendo obrigatória sua colocação na região de
cruzamento com vigas e lajes.” (NBR 6118, 18.4.3). O diâmetro dos estribos em pilares deve obedecer a:
5 mm
t Eq. 66
/ 4 ou feixe / 4
“O espaçamento longitudinal entre estribos, medido na direção do eixo do pilar, para garantir o
posicionamento, impedir a flambagem das barras longitudinais e garantir a costura das emendas de
barras longitudinais nos pilares usuais, deve ser”:
20 cm
s máx b (menor dim ensão do pilar ) Eq. 67
24 para CA 25, 12 para CA 50
Pode ser adotado o valor t < /4 quando as armaduras forem constituídas do mesmo tipo de aço e
o espaçamento respeite também a limitação:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 74
2 1
s máx 90000 t , com fyk em MPa. Eq. 68
f yk
“Quando houver necessidade de armaduras transversais para forças cortantes e torção, esses
valores devem ser comparados com os mínimos especificados em 18.3 para vigas, adotando-se o menor
dos limites especificados.
Com vistas a garantir a dutilidade dos pilares, recomenda-se que os espaçamentos máximos entre
os estribos sejam reduzidos em 50 % para concretos de classe C55 a C90, com inclinação dos ganchos de
pelos menos 135°.”
18.3 Pilares-Parede
NBR 6118 (18.5): “No caso de pilares cuja maior dimensão da seção transversal exceda em cinco
vezes a menor dimensão, além das exigências constantes nesta subseção e na subseção 18.4, deve também
ser atendido o que estabelece a Seção 15, relativamente a esforços solicitantes na direção transversal
decorrentes de efeitos de 1a e 2a ordens, em especial dos efeitos de 2a ordem localizados.
A armadura transversal de pilares-parede deve respeitar a armadura mínima de flexão de placas,
se essa flexão e a armadura correspondente forem calculadas. Caso contrário, a armadura transversal
por metro de face deve respeitar o mínimo de 25 % da armadura longitudinal por metro da maior face da
lâmina considerada.”
P1 P2 P3 P4
0,45
5
0,65
P5 P6 P7 P8
0,64
4
0,44
a) Pilar Intermediário
Nd
Ac Eq. 69
0,5f ck 0,4
1,5 N d
Ac Eq. 70
0,5f ck 0,4
As equações podem ser refinadas para apresentarem resultados melhores, em função de algumas
variáveis, principalmente da largura de pilares retangulares.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 76
Cob.
280
2° Pav.
280
1° Pav.
280
Tér.
12
BASTOS, P.S.S. Fundamentos, Cap. 3. Disciplina 2117 – Estruturas de Concreto I. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil,
Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), set/2014, 29p. Disponível em (23/07/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Fundamentos.pdf
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 77
500 500
V 1 (19 x 50)
P1 P2 P3
19/ 19/ 19/
h = 12 cm
480
V 2 (14 x 60)
P4 P5 P6
19/ 19/
h = 12 cm h = 12 cm
550
V 3 (14 x 60)
P7 P8 P9
19/ 19/
h = 12 cm h = 12 cm
520
V7 (19 x 50)
V6 (14 x 60)
V5 (19 x 50)
V4 (19 x 50)
P 10 P 11 P 12
19/ 500 19/ 500 19/
d’ = c + t + /2
Dados : Nk = 700 kN
ex = ey = 280 cm (comprimento de flambagem nas direções x e y)
O pilar P8 é classificado como pilar intermediário porque as vigas V3 e V6 são contínuas sobre o
pilar, não originando flexão importante que deva ser considerada no cálculo do pilar.
a) Esforços solicitantes
A largura mínima de um pilar ou pilar-parede é 14 cm. Considerando que a largura do pilar seja de
14 cm, o coeficiente de majoração da carga (n , Tabela 4) é 1,25. Segundo a NBR 6118, todas as ações
atuantes no pilar devem ser majoradas por esse coeficiente. A força normal de cálculo é:
Nd 1225
Ac 645 cm2
0,5f ck 0,4 0,5 3,0 0,4
y
h y = 50
h x = 14
13
A notação aplicada refere-se às direções x ou y do pilar.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 79
momentos fletores que devem ser assumidos constantes ao longo da altura do lance do pilar.
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
Desse modo:
x = 69,2 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 19,4 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
e) Momentos fletores totais segundo o método do pilar-padrão com curvatura aproximada (Eq. 33)
2e 1
M1d, A
Md, tot b M1d, A Nd , M1d,A ≥ M1d,mín
10 r M1d, mín
Nd 1225
Força normal adimensional (Eq. 20): 0,82
A c . f cd 700 3,0
1,4
Fazendo M1d,A M1d,mín em cada direção, tem-se os momentos fletores totais máximos:
Dir. x:
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 2352 1225 2,7056 . 10 4 4.950 kN.cm M1d,mín,x = 2.352 kN.cm ok!
10
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 80
Os momentos fletores atuantes no pilar, da base ao topo, estão indicados na Figura 80, a qual
mostra que o máximo momento fletor solicitante, na direção x (de maior esbeltez) é a soma do momento
fletor mínimo com o máximo momento fletor de segunda ordem: 2.352 + 2.598 = 4.950 kN.cm. Este valor
também pode ser calculado com as excentricidades: 1.225 (1,92 + 2,12) 4.950 kN.cm. A armadura final
do pilar resulta deste momento fletor.
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y
+
M2d,máx,x
2.598
e 2x,máx= 2,12
2.352 3.675
e1x,mín = 1,92 e1y,mín = 3,00
Dir. x:
M d , tot, x 4950
= 0,24
h x . Ac . f cd 3,0
14 . 700
1,4
d 'x 3,6
= = 0,26 0,25 Ábaco A-5: = 0,95
hx 14
Dir. y:
M d , tot, y 3675
= = 0,05
h y . Ac . f cd 50 . 700 3,0
1,4
d'y 3,6
= = 0,07 0,05 Ábaco A-2415: = 0,12
hy 50
3,0
0,95 . 700
A c f cd 1,4
As = = 32,76 cm2
f yd 43,5
f) Detalhamento
14
A rigor, neste exemplo o cálculo da armadura pode ser feito apenas para a direção x, sob maior momento fletor e na direção de
menor rigidez do pilar. Os valores determinados para nas duas direções comprovam o fato.
15
Caso aproxime-se d’y / hy para 0,10, o ábaco a ser utilizado seria o A-25, o que resultaria em um um pouco superior, a favor da
segurança.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 81
Nd 1225
A s, mín 0,15 0,004 A c A s, mín 0,15 4,22 cm2
f yd 43,5
0,004Ac = 0,004 . 700 = 2,80 cm2 As,mín = 4,22 cm2 e As As,mín
As 32,00
s 100 100 4,6 % s = 4,6 % < máx = 8 %
Ac 700
Conforme a Eq. 65, a taxa máxima de armadura é 8 %. No entanto, considerando que as armaduras
dos diferentes lances do pilar sejam iguais, a taxa máxima deve ser reduzida à metade, pois na região de
emenda das barras a armadura será dobrada, o que leva então à taxa máxima de 4 % em cada lance.
Portanto, a taxa de armadura do pilar, de 4,6 %, supera o valor de 4 %.
Entre diversas soluções para resolver o problema, uma é escalonar as emendas das barras em
regiões diferentes ao longo da altura do pilar. No caso de se aumentar a seção transversal do pilar, o
aumento do comprimento pouco ajuda a diminuir a armadura, pois neste caso a direção crítica do pilar é a
direção relativa à largura, e não a do comprimento. O aumento da largura do pilar é que pode diminuir
significativamente a armadura longitudinal.
A título de exemplo, a largura do pilar será aumentada em apenas 1 cm, de 14 para 15 cm, e a
armadura será novamente dimensionada, a fim de ilustrar a grande diferença de resultados, embora com
aumento de apenas 1 cm na largura do pilar. Os cálculos serão feitos apenas para a direção x, que é a
crítica do pilar. Há que observar que o pilar ficará aparente na parede de alvenaria, a menos que se aumente
a espessura dos revestimentos de argamassa das paredes adjacentes ao pilar.
a) Esforços solicitantes e força normal para a nova seção transversal (Ac = 15 x 50 = 750 cm2), com n =
1,20 na Tabela 4
Desse modo:
x = 64,6 > 1,x são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
e) Momento fletor total segundo o método do pilar-padrão com curvatura aproximada (Eq. 33)
Nd 1176
Força normal adimensional (Eq. 20): 0,73
A c . f cd 750 3,0
1,4
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 82
280 2
Md,tot,x = 1,0 . 2293 1176 2,7100 . 10 4 4.791 kN.cm
10
Os momentos fletores atuantes no pilar, somente para a direção x, estão indicados na Figura 81.
Dir. x
M1d,mín,x
+
M2d,máx,x
2.498
2.293
Coeficiente admensional:
M d , tot, x 4791
= 0,20
h x . Ac . f cd 3,0
15 . 750
1,4
d 'x 3,6
= = 0,24 0,25 Ábaco A-5: = 0,69
hx 15
3,0
0,69 . 750
A c f cd 1,4
As = = 25,49 cm2 As,mín ok!
f yd 43,5
f) Detalhamento
O ábaco A-5 indica que o momento fletor resultante da força normal excêntrica é em torno do eixo
x, e que as barras devem ser distribuídas, simetricamente, nas duas faces paralelas ao mesmo eixo. Ou, de
outro modo, que as barras sejam alojadas nas faces perperndiculares à excentricidade (e) da força normal.
No caso em questão do pilar P8, de acordo com essas análises, as barras devem ficar distribuídas ao longo
das faces maiores do pilar, de comprimento 50 cm.
As 25,00
s 100 100 3,3 %
Ac 750
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 83
Portanto, o aumento da largura do pilar em apenas 1 cm, de 14 para 15 cm, fez a taxa de armadura
diminuir para um valor aceitável. A armadura diminuiu em 22 %, de 32,76 para 25,49 cm2 (de 16 16 mm
para 14 16 ou 20 12,5). Se a largura do pilar for de 16 cm, a armadura diminui em 41 %, para 19,31
cm2 (de 16 16 mm para 10 16 ou 16 12,5).
Com 20 12,5, o diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:
5 mm
t t = 5 mm
/ 4 12,5 / 4 3,1 mm
20 cm
s máx b 15 cm smáx = 15 cm
12 12 . 1,25 15 cm
O canto do estribo protege contra a flambagem as barras (até 6) que estiverem dentro da distância
20t . Existem quatro barras protegidas por cada canto, e as demais, pelo critério da NBR 6118, necessitam
de grampos suplementares (Figura 82). Uma alternativa, que resulta na diminuição de dois grampos, é
fazer dois estribos independentes. A solução melhor será aquela mais simples de executar e mais
econômica.
20 12,5
10,0
20 t
h y = 50
4,7
10,0
20 t
hx = 15
Dados: Nk = 650 kN
ex = ey = 280 cm
O pilar P5, embora seja um pilar interno à edificação, é classificado como pilar de extremidade,
porque tem a viga V6 não contínua sobre ele, o que origina momento fletor de 1a ordem na direção da
largura do pilar (dir. y - Figura 78).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 84
a) Esforços solicitantes
Tendo em vista o cálculo já feito do pilar P8, será adotada também a largura de 15 cm. O
coeficiente de majoração da carga (n - Tabela 4) é 1,20. A força normal de cálculo é:
Para o pré-dimensionamento com a Eq. 70 não é necessário majorar a força normal com o
coeficiente γn , apenas com o γf (1,4):
h x = 50
h y = 15
Figura 83 – Dimensões da seção transversal do pilar P5.
b) Índice de esbeltez
c) Excentricidade de 1a Ordem
M yd
e1y com Myd = momento fletor de ligação entre a viga V6 e o pilar P5, na direção y.
Nd
O momento fletor solicitante na base e no topo do pilar será avaliado com a Eq. 43 e Eq. 44, sendo:
rpilar
M k ,inf M k ,sup M k , eng
rp,sup rviga rp,inf
Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
50 153
I pilar
rpilar rp,sup rp,inf 12 100,4 cm3
ey 280
2
Rigidez da viga V6 com seção transversal 14 x 60 cm e vão efetivo de 525 cm (entre os pilares P5
e P8):
b w h 3 14 603
I viga 252 .000 cm4
12 12
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 85
I viga 252000
rviga 480,0 cm3
ef 525
Para o momento de engastamento perfeito da viga V6 no pilar P5 será adotada a carga total de 39
kN/m, conforme Figura 84.
39 kN/m
P8 P5
525 cm
q 2 39 5,25 2
M eng 89,58 kN.m = 8.958 kN.cm
12 12
100 ,4
M k ,inf M k , sup 8958 1.321 kN.cm
100 ,4 480 ,0 100 ,4
Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar16, conforme mostrado na Figura 85, os
momentos fletores totais, na base e no topo, são:
1321
M k , topo M k , base 1321 1.982 kN.cm
2
Transformando em momentos fletores de cálculo, com γf = 1,4 e γn = 1,20 (ver Tab. 4)17, que deve
ser considerado porque a largura do pilar é inferior a 19 cm:
Os momentos fletores atuantes na base e no topo do pilar estão indicados na Figura 85. A
excentricidade de 1a ordem na direção y é:
3330
e1y 3,05 cm
1092
M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:
Dir. x: M1d,mín,x = 1092 (1,5 + 0,03 . 50) = 3.276 kN.cm ; e1x,mín = 3,00 cm
Dir. y: M1d,mín,y = 1092 (1,5 + 0,03 . 15) = 2.129 kN.cm ; e1y,mín = 1,95 cm
16
Os momentos fletores de 1a ordem atuantes nos pilares devem ser estudados com cuidado, pois a propagação pode ser diferente
da indicada neste exemplo, ou pode não existir. Tome como exemplo o lance do pilar relativo ao pavimento térreo, ou o lance entre
o 2o pavimento e a cobertura.
17
Segundo a NBR 6118, os esforços solicitantes atuantes no pilar devem ser majorados por γ n (ver Tabela 4).
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 86
y
1/2 M k,sup
280
sup =
39 kN/m
M k,inf
1.321
x M k,sup Md,topo
V6
1.321 3.330 +
P8
= 280
inf
P5
-
1/2 M k,inf Md,base
ef = 525 cm 3.330
x
15
50
e) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
Dir. x: Na direção x não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, portanto, e1x =
0 e b = 1,0. Assim:
0
25 12,5
1, x 50 25 35 1,x = 35
1,0
b 0,6 0,4
MB
0,6 0,4
3330 0,2 0,4 b = 0,4
MA 3330
3,05
25 12,5
1, y 15 68,9 35 1,y = 68,9
0,4
Desse modo:
x = 19,4 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 64,6 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 87
Como não é necessário considerar a excentricidade de 2a ordem, o momento fletor total é igual ao
máximo momento fletor de 1a ordem, ou seja:
Dir. x:
Md,tot,x = M1d,mín,x = 3.276 kN.cm
Dir. y:
Md,tot,y = M1d,A = 3.330 kN.cm M1d,mín,y = 2.129 kN.cm ok!
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 86. A força normal adimensional
é (Eq. 20):
Nd 1092
0,68
A c . f cd 750 3,0
1,4
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU
Com = 0,68 e utilizando-se os ábacos de VENTURINI (1987) para Flexão Reta, considerando
apenas a direção relativa à largura do pilar (dir. y), que é a direção crítica:
g) Detalhamento
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 88
As 15,00
100 100 2,0 % < máx = 4 % ok!
Ac 750
O diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:
5 mm
t t = 5 mm
/ 4 12,5 / 4 3,1 mm
20 cm
s máx b 15 cm smáx = 15 cm
12 12 . 1,25 15 cm
O canto do estribo protege contra a flambagem as barras (até 6) que estiverem dentro da distância
20 t . Existem quatro barras protegidas por cada canto, de modo que as demais, pelo critério da NBR
6118, necessitam grampos suplementares (Figura 87). Uma alternativa, que resulta na eliminação dos
grampos, é fazer dois estribos independentes. A solução melhor será aquela mais simples de executar e
também mais econômica.
h y = 50
12 12,5
hx = 15
20 t 20 t
10,0 8,6 10,0
Dados: Nk = 300 kN
ex = ey = 280 cm
a) Esforços solicitantes
A área mínima de um pilar deve ser de 360 cm2, e pode-se adotar um pilar quadrado: Ac = 19 x 19
= 361 cm2 (Figura 88).
h y = 19
hx = 19
b) Índice de esbeltez
c) Excentricidade de 1a ordem
M xd
e1x , com Mxd = momento fletor de ligação entre a viga V2 e o pilar P6, na direção x.
Nd
O momento fletor solicitante na base e no topo do pilar será avaliado pelas Eq. 38 e 39, sendo:
rpilar
M k ,inf M k ,sup M k , eng
rp,sup rviga rp,inf
Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
19 19 3
I pilar
rpilar rp,sup rp,inf 12 77,6 cm3
ex 280
2
A rigidez da viga V2, com seção transversal 14 x 60 cm e vão efetivo de 493 cm, é:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 90
b w h 3 14 603
I viga 252 .000 cm4
12 12
I viga 252000
rviga 511,2 cm3
ef 493
Para o momento de engastamento perfeito da viga V2 no pilar P6 será adotada a carga total de 32
kN/m, conforme Figura 89.
32 kN/m
P5 P6
493 cm
q 2 32 4,932
M eng 64,81 kN.m = 6.481 kN.cm
12 12
77,6
M k ,inf M k ,sup 6481 755 kN.cm
77,6 511,2 77,6
Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar, conforme mostrado na Figura 90, os
momentos fletores de cálculo totais, na base e no topo, são:
755
Md, topo Md, base 1,4 755 1.586 kN.cm
2
Os momentos fletores atuantes na base e no topo do pilar estão indicados na Figura 90. A
excentricidade de 1a ordem na direção x é:
1586
e1x 3,78 cm
420
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 91
y
1/2 M k,sup
280
sup =
32 kN/m
M k,inf
x 755
V2 M k,sup Md,topo
P5 755 1.586 +
= 280
inf
P6
x
19
19
e) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
b 0,6 0,4
MB
0,6 0,4
1586 0,2 0,4 b = 0,4
MA 1586
3,78
25 12,5
1, x 19 68,7 35 1,x = 68,7
0,4
Dir. y: Na direção y não ocorrem momentos fletores e excentricidades de 1a ordem, portanto, e1y =
0 e b = 1,0. Assim:
0
25 12,5
1, y 19 25 35 1,y = 35
1,0
Desse modo:
x = 51,0 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 51,0 > 1,y são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 92
Nd 420
Força normal adimensional: 0,54
A c . f cd 361 3,0
1,4
Fazendo M1d,A M1d,mín em cada direção, tem-se o momento fletor total máximo:
Dir. x:
Md,tot,x = 1.586 kN.cm M1d,mín,x = 869,4 kN.cm ok!
Dir. y:
280 2
Md,tot,y = 1,0 . 869,4 + 420 2,5304 . 10 4 1.702,6 M1d,mín,y = 869,4 kN.cm ok!
10
Md,tot,y = 1.702,6 kN.cm
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y
OU +
M2d,máx,y
833,2
e 2y,máx= 1,98
Dir. x:
Md, tot, x 1586
= = 0,11
h x . Ac . f cd 3,0
19 . 361
1,4
d 'x 4,6
= = 0,24 0,25 Ábaco A-9: ω = 0,09
hx 19
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 93
Dir. y:
M d , tot, y 1702 ,6
= = 0,12
h y . Ac . f cd 19 . 361 3,0
1,4
d'y 4,6
= = 0,24 0,25 Ábaco A-5: ω = 0,1318
hy 19
3,0
0,13 . 361
A c f cd 1,4
As = = 2,31 cm2
f yd 43,5
g) Detalhamento
Armadura mínima (Eq. 58):
N 420
A s, mín 0,15 d 0,004 A c A s, mín 0,15 1,45 0,004 . 361 = 1,44 cm2
f yd 43,5
As = 2,31 cm2 > As,mín = 1,45 cm2 4 10 mm = 3,20 cm2 (ver Figura 92)
O diâmetro mínimo da barra longitudinal dos pilares deve ser de 10 mm (Eq. 61). A taxa de
armadura resulta:
As 3,20
100 100 0,89 % < máx = 4 %
Ac 361
O diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:
5 mm
t t = 5 mm
/ 4 10 / 4 2,5 mm
20 cm
s máx b 19 cm smáx = 12 cm
12 12 . 1,0 12 cm
4 10
h y = 19
hx = 19
18
O detalhamento da armadura do ábaco A-9 não se compara exatamente ao detalhamento do ábaco A-5, mas neste caso há
dificuldade porque faltam ábacos com d’/h = 0,25 na publicação de Venturini. Por outro lado, as diferenças nos detalhamentos não
são significativas, e o mais importante é que os posiocionamentos das armaduras no pilar foram mantidos para ambos os ábacos.
Outra questão é que o ábaco A-9 tem d’/h = 0,20, um valor muito próximo de 0,24, mas pelo valor menor resulta em uma
armadura um pouco inferior. Como a armadura do pilar resulta a mínima, essa análise tem importância reduzida.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 94
Dados: Nk = 130 kN
ex = ey = 280 cm
a) Esforços solicitantes
A área mínima de um pilar deve ser de 360 cm2, e neste caso pode-se adotar um pilar quadrado 19
x 19 (361 cm2). No entanto, para melhor exemplicar os cálculos necessários a um pilar de canto, a seção
será adotada com comprimentos diferentes para os lados, retangular 19 x 25 (475 cm2), Figura 93.
h y = 19
hx = 25
b) Índice de esbeltez
c) Excentricidades de 1a ordem
Direção x:
M
e1x xd , com Mxd = momento fletor de ligação entre a viga V1 e o pilar P1, na direção x.
Nd
O momento fletor solicitante na base e no topo do pilar será avaliado com a Eq. 43 e Eq. 44, sendo:
rpilar
M k ,inf M k ,sup M k , eng
rp,sup rviga rp,inf
Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 95
19 253
I pilar
rpilar rp,sup rp,inf 12 176 ,7 cm3
ex 280
2
Rigidez da viga V1, com seção transversal 19 x 50 cm e vão efetivo de 497 cm:
b w h 3 19 50 3
I viga 197 .917 cm4
12 12
I viga 197917
rviga 398,2 cm3
ef 497
Para o momento de engastamento perfeito da viga V1 no pilar P1 será adotada a carga total de 25
kN/m, conforme Figura 94.
25 kN/m
P1 P2
497 cm
q 2 25 4,97 2
M eng 51,46 kN.m = 5.146 kN.cm
12 12
176,7
M k ,inf M k ,sup 5146 1.210 kN.cm
176,7 398,2 176,7
Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar, os momentos fletores de cálculo totais,
na base e no topo, são:
1210
Md, topo Md, base 1,4 1210 2.541 kN.cm
2
2541
e1x 13,96 cm
182
Direção y:
M yd
e1y com Myd = momento fletor de ligação entre a viga V5 e o pilar P1, na direção y.
Nd
Supondo que a seção transversal do pilar não varia ao longo da sua altura, tem-se:
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 96
25 19 3
I pilar
rpilar rp,sup rp,inf 12 102,1 cm3
ey 280
2
Rigidez da viga V5, com seção transversal 19 x 50 cm e vão efetivo de 480 cm:
b w h 3 19 50 3
I viga 197 .917 cm4
12 12
I viga 197917
rviga 412,3 cm3
ef 480
Para o momento de engastamento perfeito da viga V5 no pilar P1 será adotada a carga total de 18
kN/m, conforme Figura 95.
18 kN/m
P4 P1
480 cm
q 2 18 4,82
M eng 34,56 kN.m = 3.456 kN.cm
12 12
102 ,1
M k ,inf M k ,sup 3456 572 ,4 kN.cm
102 ,1 412 ,3 102 ,1
Considerando a propagação dos momentos fletores no pilar, os momentos fletores de cálculo totais,
na base e no topo, são:
572,4
M d, topo M d, base 1,4 572,4 1.202 kN.cm
2
1202
eiy 6,60 cm
182
M1d,mín = Nd (1,5 + 0,03 h), com h em cm. O momento fletor mínimo, em cada direção é:
,y
A
1 d, 02
M .21
topo
x
M1d,A,x base
2.541
e) Esbeltez limite
e1
25 12,5
1 h , com 35 ≤ λ1 ≤ 90
b
b 0,6 0,4
MB
0,6 0,4
2541 0,2 0,4 b = 0,4
MA 2541
13,96
25 12,5
1, x 25 80,0 35 1,x = 80,0
0,4
b 0,6 0,4
MB
0,6 0,4
1202 0,2 0,4 b = 0,4
MA 1202
6,60
25 12,5
1, y 19 73,4 35 1,y = 73,4
0,4
Desse modo:
x = 38,9 < 1,x não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção x;
y = 51,0 < 1,y não são considerados os efeitos locais de 2ª ordem na direção y.
Como não existem excentricidades de 2a ordem o momento fletor total é igual ao máximo
momento de 1a ordem, ou seja:
Dir. x:
Md,tot,x = M1d,A,x = 2.541 kN.cm M1d,mín,x = 409,5 kN.cm ok!
Dir. y:
Md,tot,y = M1d,A,y = 1.202 kN.cm M1d,mín,y = 376,7 kN.cm ok!
Os momentos fletores atuantes no pilar estão indicados na Figura 97. A força normal adimensional
é (Eq. 20):
Nd 182
0,18
A c . f cd 475 3,0
1,4
Dir. x Dir. y
M1d,mín,x M1d,A,x M1d,mín,y M1d,A,y
OU OU
M d , tot, y 1202
y = = 0,06
h y . Ac . f cd 3,0
19 . 475
1,4
d'x 4,6 d'y 4,6
= = 0,18 0,20 e = = 0,24 0,25
hx 25 hy 19
Observa-se que na publicação de PINHEIRO (1994) para Flexão Composta Oblíqua não existe um
ábaco que atenda as relações calculadas para d’/h, de 0,20 e 0,25. No entanto, considerando o valor 0,18
como aproximadamente 0,15, pode-se escolher o ábaco A-67.19 Com = 0,18 e interpolando entre = 0,0
e = 0,2, a taxa de armadura resulta:
19
Utilizar um ábaco com relação d’/h menor implica calcular uma armadura um pouco menor que a necessária.
UNESP, Bauru/SP – Pilares de Concreto Armado 99
A armadura resulta:
3,0
0,19 . 475
A c f cd 1,4
As = = 4,45 cm2
f yd 43,5
g) Detalhamento
Nd 182
A s, mín 0,15 0,004 A c A s, mín 0,15 0,63 cm2 0,004 . 475 = 1,90 cm2
f yd 43,5
As = 4,45 cm2 > As,mín = 1,90 cm2 4 125 mm (5,00 cm2) , ver Figura 98.
As 5,00
100 100 1,05 % < máx = 4 % ok!
Ac 475
O diâmetro (t) e espaçamento máximo dos estribos (Eq. 66 e Eq. 67) são:
5 mm
t t = 5 mm
/ 4 12,5 / 4 3,1 mm
20 cm
s máx b 19 cm smáx = 15 cm
12 12 . 1,25 15 cm
4 12,5
h y = 19
hx = 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BASTOS, P.S.S. Dimensionamento de vigas de concreto armado à força cortante. Disciplina 2123 – Estruturas de
Concreto II. Bauru/SP, Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista
(UNESP), abr/2015, 74p. Disponível em (30/07/2015):
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BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP,
Departamento Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015,
40p. Disponível em (30/07/2015):
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON. CEB-FIP Model Code 1990: final draft. Bulletim D’Information,
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FUSCO, P.B. Estruturas de concreto - Solicitações normais. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Dois, 1981, 464p.
PINHEIRO, L.M. ; BARALDI, L.T. ; POREM, M.E. Concreto Armado: Ábacos para flexão oblíqua. São Carlos,
Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1994.
PINHEIRO, L.M. Instabilidade. Notas de Aula. São Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de
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SÜSSEKIND, J.C. Curso de concreto, v. 2, 4a ed., Porto Alegre, Ed. Globo, 1984, 280p.
VENTURINI, W.S. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solicitadas à flexão reta. São
Carlos, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 1987.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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Commentary, ACI committee 318, 2014, 520p. 26.
CARVALHO, R.C. ; PINHEIRO, L.M. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado, v. 2. São
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EUROPEAN COMMITTEE STANDARDIZATION. Eurocode 2 – Design of concrete structures, Part 1-1, Part 1-2.
2005.
FUSCO, P.B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Ed. Pini, 2000, 382p.