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UNIDADE I

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E
DA FÍSICA
UNIDADE I
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G
RU Reitor
Prof. Me. Stefano Barra Gazzola

Pós-Graduação a Distância
Profa. Ma. Letícia Veiga Vasques

Arte
Isabella de Menezes
Diagramação
Elias Márcio Tavares

FÉLIX, Nidia Mirian Rocha.

Guia de estudo – História da Matemática e da Física, Nídia Mirian Rocha


Félix.

Revisão Técnica: 2020


Revisão Ortográfica: 2020
92 p.
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PROFESSORA MA.
NÍDIA
MIRIAN ROCHA FÉLIX

Doutoranda em Educação (UNIMEP/SP); mestre em Educação


(UNINCOR/MG); Graduada em matemática (UNIS/MG), Graduanda em
Filosofia (UFLA/MG); Especialista em Matemática, Supervisão Escolar,
Docência em EaD, Psicopedagogia. Professora Universitária: grupo UNIS/MG
- cursos de graduação em EaD: Matemática, Física, Ciências Biológicas,
Letras e Pedagogia; graduação presencial na área de gestão escolar no curso
de Educação Física e graduação em Sociologia nos cursos de Fisioterapia,
Ed. Física, Assistente Social, Pedagogia. Realiza assistência técnica na área
pedagógica em unidades de ensino, ministra cursos presenciais relacionados
a metodologias do ensino de matemática e educação infantil, políticas
públicas, avaliação, educação inclusiva e projetos pedagógicos. Professora
convidada nos cursos de Pós-Graduação nas seguintes IES: FUMEC (curso
de Psicopedagogia); UNIVÁS (Gestão Escolar); UFSJ (Matemática).
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"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."


Isaac Newton

Esta disciplina que ora se inicia tem como propósito discutir a evolução
científica nas áreas consideradas exatas, reconhecendo que o processo de
construção da Física se baseia na estrutura organizativa do conhecimento físico, e
que este pode ser mutável e inesperado. Assim sendo, é um grande prazer
compartilhar com vocês as ideias relacionadas à história da Matemática e Física e
a formação necessária para a condução docente em sala de aula, pois estudar a
evolução do pensamento, das leis aliadas às práticas do campo da
educação/formação das áreas cientificas significa compreender e analisar um
campo mais instigante das conquistas humanas. Nesse sentido, a disciplina que
apresentamos nesse contexto de formação possui como proposta a inserção de
discussões sobre uma sequência de procedimentos, podemos dizer didáticos, que
dará sustentabilidade para a formação docente concernente ao processo de
compreensão sobre o desenvolvimento da História da Matemática e Física, com
aporte de revisão das principais passagens evolucionárias destas áreas de
conhecimento.
É importante que você reconheça que as áreas de conhecimento aqui
problematizadas – Matemática e Física - são ciências que se constituíram ao longo
da história da humanidade, e ainda permanecem em processo de transformação.
É importante, também, reconhecer que identificar a história dessas ciências, traz
discussões que podemos evidenciar como sendo descobertas que ocorreram em
variados espaços geográficos, assim você irá identificar que tanto a história da
matemática, quanto a da física, foram constituídas paralelas à evolução da
humanidade, sofrendo-se assim, influências de cada momento social.
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É importante destacar, também que a disciplina História da Matemática e Física


faz parte do rol de conhecimento que integra o curso de Pós-Graduação sobre Ensino
da Matemática e Física do Grupo UNIS/MG, que possui como propósito a formação
de profissionais para trabalhar tais disciplinas com um viés de formação pedagógica.
Nesse sentido, o objetivo da disciplina é desenvolver as concepções sobre a
construção do conhecimento matemático e físico ao longo da História na tentativa de
fornecer instrumentos conceituais e metodológicos para a estruturação de uma
formação que promova o exercício de um olhar docente. E, que estes possam levar
para a sala de aula um conhecimento mais profícuo sobre o ensino da matemática e
física, e que estes têm muito a contribuir para a aprendizagem dessas ciências, tanto
como uma disciplina escolar, e mesmo como conhecimento científico a ser
sistematizado.
Assim, o que você vai encontrar ao longo deste guia de estudo são abordagens
que vão perpassar pela história da matemática e discussões sobre a abordagem de
sua utilização sob o foco de ser a matemática uma ciência em construção.
Perpassando pelo histórico antigo com abordagens que nos remetem ao que
vivenciamos atualmente como construção de conhecimentos que evoluíram, mas ao
mesmo tempo perduraram ao longo dos tempos, ou seja, para o considerar as
referências atuais como instrumento de avaliação das técnicas utilizadas em outro
momento histórico.
Para envolver o conhecimento físico, ao longo dos capítulos, serão
apresentadas as correlações entre essas duas áreas de conhecimento, assim você
encontrará ao longo das discussões os processos de elaboração e formalização de
alguns conceitos de fenômenos físicos com o objetivo de retratar a construção desta
ciência, o que oportunizará verificar que os fenômenos físicos são construídos e
fundamentam a formação discente no sentido de formalizar as generalizações de
alguns conceitos que, em variadas situações, são aceitas como prontas e indiscutíveis
sem querer imaginar o caminho percorrido, de estudo e pesquisa, até seu resultado
final.

Profa. Nidia Mirian Rocha Félix


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Física e Matemática na Antiguidade. Física e Matemática na Idade Média.


Galileu e a Nova Astronomia. A Matemática no Renascimento. Newton,
Leibniz e o Surgimento do Cálculo Diferencial e Integral. Física e
Matemática a partir do Século XX.
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BARONI. R. I. S. NOBRE, S. A. Pesquisa em história da matemática e suas


relações com a educação matemática. In. Bicudo. M.A.V. (org). Pesquisa
em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo. Ed.
da Unesp. 1999.

BOYER, C. B. História da Matemática. Rio de Janeiro: Blücher, 1996, 2ª


ed.

COSTA, G (organizador). Física: tendências e perspectivas. São Paulo:


Editora Livraria da Física, 2005.

COSTA, N. C. A.; Krause, D.; Bueno, O. Paraconsistent Logics and


Paraconsistency: Technical and Philosophical Developments. Vol. 4, n. 3,
2004.

D’AMBRÓSIO. U. Educação matemática: uma visão de estado da arte.


Proposições. São Paulo. V. 4, n. 1. Pág. 35-41. Mar. 1993.

EINSTEIN, A. A Teoria da Relatividade Especial e Geral. Rio de Janeiro:


Contraponto, 1999.

EINSTEIN, A; INFIELD, L. Evolução dos conceitos da Física. Ed. JZE,


2008.

FEYNMAN, R. P.; LENGHTON, R. B. The Lectures on Physics. Addison-


Wesley: 2005, 2ª ed.

KRAUSE, D. Lógica Paraconsistente. Scientific American Brasil, Nov.


2004.
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MAGALHÃES, D. A. Guia de estudo – Estrutura da Matéria. Varginha:


GEaD – UNIS/MG, 2009.

MARTINS, R. A. Como Não escrever sobre História da Física – Um


manifesto historiográfico. Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 23,
no. 1, Março, 2001.

PIRES, A. S. T. Evolução das Ideias da Física. São Paulo: Livraria da


Física, 2008.

PORTO, C.M. A física de Aristóteles: uma construção ingênua? Revista


Brasileira de Ensino de Física, v. 31, n. 4, 2009.

RIBILOTTA, M. R. O cinza, o branco e o preto da relevância da história


da ciência no ensino da física. Caderno Catarinense de ensino na Física.
Florianópolis, v. 5 p. 7-22, 1998.

VIANNA, C. R. Matemática e história: algumas relações e implicações


pedagógicas. Dissertação (mestrado em educação) – Faculdade de
Educação – USP, São Paulo, 1995.
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1 1 | Unidade I
Um trajeto sobre o processo histórico: a evolução
científica

2 1 | Unidade II
Reflexões sobre a importância das conduções
metodológicas da História da Matemática

28 | Unidade III
Reflexões sobre a importância das conduções
metodológicas da história da Física

34 | Unidade IV
Uma trajetória de constituição da história da
Matemática e Física

38 | ...................4.1. Antiguidade
38 | .....................4.1.1. Herança do Egito e Babilônia
40 | .....................4.1.2. Idade Helênica
41 | .....................4.1.3. Os jônicos
44 | .....................4.1.4. Os pitagóricos
47 | .....................4.1.5. Os eleáticos
48 | .....................4.1.6. A hipótese atômica
50 | .....................4.1.7. A tríplice coroa
50 | .....................4.1.8. Sócrates
51 | .....................4.1.9. Platão
52 | .....................4.1.10. Aristóteles
53 | .....................4.1.11. Idade Helenística ou Alexandrina
57 | ...................4.2. Idade Média
59 | .....................4.2.1. Escolástica
63 | ...................4.3. Idade Moderna
63 | .....................4.3.1. Matemática
67 | .....................4.3.2. Astronomia
69 | .....................4.3.3. Galileo Galilei
71 | .....................4.3.4. Sobre o discurso
73 | .....................4.3.5. Newton, Leibniz e o Cálculo
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76 | .....................4.4. Idade Contemporânea


79 | ........................4.4.1. Mecânica Quântica
86 | ........................4.4.2. Einstein
87 | ........................4.4.3. Segunda Grande Guerra e Guerra Fria
89 | ........................4.4.4. Lógica Paraconsistente
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UM TRAJETO SOBRE O PROCESSO


HISTÓRICO:
A EVOLUÇÃO CIENTÍFICA
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UNIDADE I
Um trajeto sobre o processo histórico: a
evolução científica

Figura 1
Disponível em: http://soporhoje2.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html.

Reconhecidamente a intitulada “Revolução Científica”, em


conjunto com variados fatores e mudanças que ocorreram
principalmente no século XVII, foram detonadores do que chamamos
hoje das ciências modernas.
Tais ações, levaram a humanidade como um todo a repensar
muitos dos conhecimentos até então existentes. Saiba que antes da
revolução, muitos acreditavam que o mundo fosse plano e o "centro do
universo”; isso ocorreu durante a revolução cientifica, à época. Essas
ideias foram contestadas e após a revolução, foram praticamente
esquecidas, pois foi reconhecido que o mundo era redondo e girava em
torno do sol.
Mas, é importante que você saiba que a Revolução Científica não
ficou apenas restrita a essa ideia, em verdade tais pensamentos e
concepções fizeram com que a humanidade repensasse:
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A astronomia; a matemática...

A física; a química...

A biologia; a medicina; anatomia.

E, mesmo em alguns casos as ciências que envolvem os aspectos


da:

Zoologia,...

Microbiologia;...

Fisiologia, e até a filosofia.

Enfim, a revolução cientifica ocorreu no que chamamos hoje de


ciências exatas e da natureza, nesse caso, a medicina estaria ligada ao
sentido de natureza.
Assim, muitos historiadores das ciências e alguns filósofos das
ciências concebem que foi nesse período que o "pensamento do mundo
moderno" iniciava uma característica diferenciada, ganhando-se assim
características próprias, momento este que:

O conhecimento...

visão de mundo...

cultura e a sociedade.
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Iniciaram, principalmente na região da Europa, berço dessa


revolução e posteriormente, a influência da mesma começou a ser
sentida de forma menor e variável pelas colônias europeias no
mundo. Assim, no contexto deste guia, o nosso objetivo é fazer um
histórico sobre como essa revolução surgiu, se desenvolveu, seus
principais pensadores e até onde ela chegou.
Assim, antes de avançarmos é importante que você saiba que:

O conceito Revolução Científica fora criado


em 1939 pelo proeminente físico, filósofo e
historiador das ciências russo Alexandre Koyré (1892-
1964), o qual concebeu tal conceito ou expressão
como forma de se referir aos eventos e mudanças
ocorridos principalmente ao longo do século XVII
que culminaram na formação da ciência moderna,
pois até então, considerava-se que os antigos
gregos, romanos, egípcios judeus, persas, árabes,
etc., já possuíam um certo conhecimento que fora
considerado "científico", assim, durante a Revolução,
a ciência moderna surgiu em si.

Mas, questões diversas são recomendadas pelos cientistas, em


tempos atuais, surgindo-se, assim variadas indagações, como:

O que é ciência?

Será que o conceito atual de ciência poderia ser aplicado no século


XVII, ou estaríamos cometendo um anacronismo?
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Para dar um indicativo de resposta para tais questões, podemos


recorrer ao que a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, apresenta
como conceitos vejam:

Conjunto organizado de conhecimentos


Ciência relativo a determinada área do saber,
caracterizado por metodologia especifica. -
2. Saber, conhecimento. -3. Conhecimento
quem se obtém através das leituras, de
estudos; instrução, erudição. - 4.
Conhecimento prático usado para uma dada
finalidade".

Grande Enciclopédia Larousse Cultural, v. 6, 1998, p.


1402).

Mas, para ampliar essa compreensão podemos enveredar


pelos conceitos apresentados por Marconi e Lakatos (2007), que
afirmam que:

•Como um pensamento racional, objetivo, lógico,


confiável, ter como particularidade o ser
sistemático, exato e falível, ou seja, não final e
definitivo, pois deve ser verificável, isto é,
submetido à experimentação para a comprovação
Ciência é de seus enunciados e hipóteses, procurando-se as
relações causais; destaca-se, também, a
importância da metodologia que, em última
análise, determinará a própria possibilidade de
experimentação". (MARCONI; LAKATOS, 2007, p.
23).

Com tais declarações, e já envolvendo nossas considerações


sobre o propósito de nosso estudo que é a compreensão por você, um
docente, um profissional que pretende se aprimorar sobre os conceitos
relativos a formação histórica da Matemática e Física, que algumas
conclusões sobre o assunto começam a se delinear, assim percebam
que...

Primeiro...
 o conceito de ciência é um tanto complicado de ser definido, pois
na definição dada há pouco, necessariamente não se incluem as
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chamadas ciências humanas e sociais, no entanto, nesse contexto


não seria um problema, pois a definição de ciências humanas e
sociais só surgiu no final do século XIX, logo, o que fora dito pode
ser aplicado ao sentido visto na Revolução, pois os estudiosos da
época, realmente realizaram observações, propuseram hipóteses,
teorias, desenvolveram pesquisas e experimentos.

Partindo dessas considerações, temos mais uma questão para a


sua reflexão:

Segundo...
 o termo ciência, que hoje usamos para referirmo-nos a vários tipos
de conhecimentos, sejam das áreas exatas, da natureza, médicas,
humanas, sociais, jurídicas, etc., no período moderno, não possuía
toda essa abrangência, e em geral era pouco utilizado, a não ser
com raras exceções, como fora o caso de Galileu, o qual disse que
estava redefinindo a "ciência do movimento".

No entanto, o que se pode concluir de tudo que estamos


comentando, é que na Idade Moderna, o processo de construção da
ciência, ou seja, do pensamento sobre as ações científicas foi elaborado
para se construir pensamentos sobre o que estava ao nosso redor, mas,
vejamos que em um sentido mais apurado e perceptivo do que
realmente foi estruturado na era do modernismo, e que podemos
identificar em tempos atuais é que em verdade o que estava sendo
realizado é um estudo da natureza, ou, até melhor, do conhecimento
natural, nesse sentido, os cientistas da época também não se intitulavam
"cientistas", pois essa terminologia só fora criada no século XIX, assim,
dizer que Galileu e Newton foram cientistas, sem fazer a devida ressalva,
é cometer um anacronismo1.

1
(Do grego ἀνά "contra" e χρόνος "tempo") é um erro em cronologia, expressada na falta de
alinhamento, consonância ou correspondência com uma época.
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• Os historiadores hoje apontam três


termos pelos quais os estudiosos
Mas, se o termo cientista dessa época se referiam aos seus
não existia naquela época, estudos e a sua profissão:
então como eles se • filosofia natural;
chamavam, se referiam? • nova filosofia, e
• filosofia mecânica.

E, perpassando por essas considerações históricas, vejam que os


cientistas, à época, se chamavam de:

Filósofos Filósofos da Filósofos


naturais natureza mecânicos

Mas, reconheça que nessa época o sentido de filosofia era bem


mais abrangente do que nós estamos habitualmente acostumados hoje
em dia. E, para que você possa ter um pouco mais da noção histórica,
sobre como chegamos a estruturar o pensamento matemático e físico
como conceitos de ciência, devemos perpassar pelas estruturas
históricas que constituíram a filosofia para os modernos, pois no século
XV durante o Renascimento, o ocorreu foi que o conceito de filosofia
abrangia naturalmente a própria filosofia em si, mas também a história,
geografia, matemática, física, química, astronomia, anatomia,
arquitetura, engenharia, alquimia, magia, e as artes. Assim, compreenda
que os filósofos do século XVII para especificar seu trabalho, adotaram
os termos "novo", "natural" e "mecânico".
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Reconheça que, a palavra "natureza" denominada


aqui, tinha como efeito a referência aos
conhecimentos que envolviam o estudo do mundo
e da natureza:

Astronomia, matemática, física, química, zoologia,


anatomia, história natural, geografia, etc.

E, para que você possa compreender, o termo "mecânico" tinha


como referência as ideias sobre o "movimento" e "estrutura". E, não o
que temos como concepção na atualidade, em que a palavra
“mecânico” nos remete ao profissional que concerta máquinas e
aparelhos. Assim, no século XVII, as máquinas ainda não existiam, as
mesmas só começaram a surgir no século XVIII com a Revolução
Industrial. Portanto, a palavra "mecânico" naquela época não se referia
a "conserto" ou "manutenção", como é idealizada por nós
contemporaneamente.

Levaram os filósofos
naturais a
compreenderem não
As órbitas dos só seus movimentos,
planetas, a mas suas estruturas,
propagação da luz, do algo que ficou bem
Veja que os fatos som e o movimento marcante nos estudos
naturais como: dos seres vivos... da botânica, zoologia,
fisiologia, anatomia e
da própria física e
astronomia. Daí,
alguns dizerem que
estudavam "filosofia
mecânica".

De acordo com Henry (1998):


O esforço de Galileu para reunir a cinemática e a filosofia
natural resultou no que ele chamou de a nova ciência do
movimento, que os historiadores ainda veem como um passo
decisivo para as teorias subsequentes. Da mesma maneira, a
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nova extremamente influente filosofia natural de René


Descartes (1596-1650), a filosofia mecânica, foi estabelecida a
partir de suas tentativas de fundar a filosofia natural sobre as
certezas do raciocino geométrico; e a nova filosofia natural de
Newton baseou-se, como mostrava o título de seu livro, em
princípios matemáticos. (HENRY, 1998, p. 16).

Agora, você precisa saber que:

A magia natural como


ficou conhecida incidiu
em várias áreas do O resultado dessa
conhecimento... combinação foi a descoberta
da Alquimia. Por muito
tempo a alquimia fora vista
como uma prática mais
voltada para a magia natural
do que a filosofia natural, no
entanto, a alquimia
contribuiu para o
desenvolvimento de
conhecimentos utilizados na
mesclando matemática com química, física, astronomia,
a numerologia, astronomia mineralogia, botânica,
com astrologia, a física com farmacêutica, medicina, etc.
a filosofia da Cabala,
farmacêutica com
curandeirismo, etc.

Mas, até aqui discutimos o processo de estruturação histórica da


constituição científica ocorrida em tempos passados, mas você pode
estar se perguntando, no que esse conhecimento contribui para o
desenvolvimento dos aspectos docentes na condução das disciplinas
de Matemática e Física?
Bom, para contextualizarmos uma argumentação para tanto,
vamos pensar que no processo de ensino e aprendizagem da
Matemática e da Física, normalmente são levantadas questões ligadas à
aproximação dos alunos com os conteúdos disciplinares e as vivências
iniciais de constituição do processo das ciências, assim a
intencionalidade do que discutimos até agora, tem como propósito
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demonstrar que ao longo dos tempos e em diferentes espaços


geográficos, a sociedade e a cultura humana foram sofrendo
transformações e se adaptando a este mundo, que reconhecidamente
se sabe em constante transformação. A ideia de se pensar o mundo,
como os filósofos fazem, faz uma diferença no aspecto formativo das
novas gerações, é no intuito das transições das ações do mundo que
nossos alunos vão construindo seus conceitos sobre a realidade e é
conhecendo a nossa história antiga que muitas ações se fazem
diferentes para o conhecimento mais profícuo dos assuntos referentes
às ações no mundo. Dessa forma, a cultura do homem se torna produto
de mudanças fazendo com que nossa história não seja definida e
estática. E, você, como um condutor de saberes, deverá
necessariamente compreender que é na ação de pensar o mundo em
conjunto com seus alunos que o processo de conhecimento da
matemática e física se fará compreender, essas ciências se encontram
no mundo natural, a matemática com características de mensuração
desta, e a Física com aspectos de explicação dos seus fenômenos.
Portanto, apoiados nessas questões, discutiremos e refletiremos
o próximo item que traz no seu bojo reflexivo evidências dessas ciências
em construção, trazendo contribuições para o processo de ensino e
aprendizagem. Assim, no próximo capítulo vamos compreender os
antecedentes da Revolução Científica, vamos lá?

Faça uma pesquisa sobre a importância de se


conhecer o processo cientifico como forma de
condução dos saberes escolares.
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REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA


DAS CONDUÇÕES METODOLÓGICAS
DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
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UNIDADE II
Reflexões sobre a importância das conduções
metodológicas da História da Matemática
Estudaremos nessa unidade, como o professor que ensina
matemática e física pode auxiliar, por intermédio da história dessas
ciências, a concepção do fato de que são ciências em construção,
lembrando que a Física tem seus aspectos fundamentados na
explicação das fenomenologias do mundo natural, e descobertas sobre
a sua estrutura. Este assunto será explorado na próxima unidade, assim
veja primeiro como são os efeitos ideais da condução do processo
metodológico da matemática e a sua funcionalidade, em muito nos
interessará como suporte para a prática docente.
Assim, muito mais do que uma mera ferramenta de quantificação
e linguagem de expressão científica, a Matemática e Física são hoje
ciências que dão sustentabilidade para a origem das diversas áreas de
pesquisa, o desenvolvimento e aplicações cotidianas estão ligadas aos
primórdios de origem dessas ciências.
Em particular a Matemática, em variados aspectos das práticas
cotidianas sustenta as primeiras noções que o homem possui a respeito
das coisas que permeiam sua existência, ou seja, os aspectos acerca de
tamanho, forma, ordem, contagem, conjunto e número. De fato, com o
passar dos séculos, a Matemática se faz cada vez mais presente na vida
de cada um de nós, seja num simples troco no supermercado ou ônibus,
na sua aplicação em setores econômicos das empresas, na engenharia
e em teorias físicas, por exemplo.
Concentremo-nos no que tange às origens da Matemática, pois ao
longo do tempo e em diferentes espaços geométricos, a sociedade e a
cultura humana sofreram transformações, adaptando-se a um mundo
que está sempre em transição. Dessa forma, a cultura do ser humano
torna-se resultado de mudanças, fazendo com que a história não seja
definida e estática.
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Assim, convidamos
você a refletir sobre um
movimento na nossa
história, veja:

Agora, pense sobre o


Reflita sobre o homem homem do século XIX,
da Idade da Pedra: que após a Revolução
Industrial, tornou-se
Caçador... Nômade operário e morador da
cidade.

Refletiu?
Pensou em quantas diferenças existem entre eles?
Veja que essas diferenças são resultadas de um longo período de
mudanças que transformaram a história da humanidade, sua cultura,
política, economia e sociedade!
Enfim, uma das maneiras de se pensar sobre a cultura humana em
seus diferentes aspectos é incluindo aqui o processo de EDUCAÇÃO –
e fazer um exercício de observá-la por seus registros históricos, assim
aliando os nossos objetivos de estudo com aquilo que já comentamos a
respeito das mudanças ocorridas ao longo da história da humanidade.
Convidamos você a compreender que a ideia de que a educação bem
como o estudo da evolução dos conhecimentos das ciências
matemáticas e Físicas faz parte dos movimentos de transformação da
sociedade ao longo do tempo, e é exatamente aqui que a Educação
entra, pois fomos educados, de certa maneira, por meio das ações
evolucionárias ocorridas na sistematização reflexiva do mundo que nos
cerca.
Vamos a partir de agora, fazer algumas considerações mais
voltadas para a formação dos conceitos matemáticos e a sua
importância de condução, por meio dos conhecimentos da história
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dessa área do conhecimento, assim vejamos que para corroborar com


tais declarações, temos as ideias de D’Ambrósio, que comenta que
As práticas educativas se fundam na cultura, em estilos de
aprendizagem e nas tradições, e a história compreende o
registro desses fundamentos. Portanto, é praticamente
impossível discutir a educação sem recorrer a esses registros e
à interpretação dos mesmos. Isso é igualmente verdade ao se
fazer o ensino das várias disciplinas. Em especial da Matemática
cujas raízes se confundem com a história da humanidade.
(D’AMBROSIO, 1993)

Partindo, pois, das considerações do autor acima, e concordando


com as suas declarações, percebemos que é preciso utilizar e
interpretar os registros históricos da matemática para discuti-la. E, é
nesse contexto que se dará, ao longo desta unidade, nossas discussões,
ou seja, a possibilidade de você conhecer a história da matemática e
física como apoio para o ensino dessas disciplinas.
Assim, como a matemática, a história dessa ciência é uma área de
estudo que, de acordo com Baroni e Nobre (1999), devem ser usadas
não como um instrumento meramente metodológico, mas sim como
uma área de conhecimento que tem seu lugar na formação do professor
de matemática, nesse sentido, é plausível dizer que tanto quanto o
conteúdo matemático, há a necessidade de o professor de Matemática
conhecer a sua história, ou seja: a história do Conteúdo Matemático.
Agora, é imprescindível, que você reconheça que as relações da
matemática com o desenvolvimento social e econômico e também com
as demais ciências, com a religião e com as artes é uma forma de obter
um plano de fundo que nos faça compreender conhecimentos
matemáticos tanto do passado quanto do presente. Com toda essa
contextualização é importante reconhecer as contribuições da história
da matemática para a formação do professor dessa disciplina em
questões relacionadas com os aspectos didáticos de sua prática e
também com as implicações na sala de aula.
Você reconhecerá ao longo do texto que segue, que o
nascimento, a evolução e os caminhos da matemática, como ciência,
dependeram e ainda dependem da cultura. Isso porque a matemática
não se desenvolveu, assim como o homem, de forma solitária e isolada.
Reconhecemos que a matemática, portanto, tem história, transformou-
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se ao longo do tempo e continua se transformando. Aquilo que se


conhecia de matemática há dois séculos é diferente do que se conhece
hoje.
Portanto, o que estamos construindo como argumento é que
existe uma realidade importante ao se conduzir o processo
metodológico da matemática, pois é necessário olhar para o passado
para estudar matemática, pois perceber as evoluções das ideias
matemáticas somente observando o estado atual dessa ciência não nos
dá toda a dimensão de mudança.
É importante que você, ao conduzir os conceitos matemáticos,
tome a metodologia da história da matemática não apenas como um
elemento motivador ao desenvolvimento do conteúdo matemático, mas
que se preocupe em apresentar a história dessa ciência como uma
forma de interligação entre o conteúdo e a prática pedagógica. Se o
professor de matemática tem o domínio da história do conteúdo que
trabalha em sala de aula, tal interligação será fortalecida. Vianna (1995),
um autor que pensa essas práticas mitológicas, considera que
Não apenas o estudo da História da Matemática pode contribuir
para uma melhor compreensão do conteúdo matemático, mas
também que o estudo da história e dos problemas teóricos e
metodológicos a ela associados pode lançar alguma luz sobre o
conhecimento deste conteúdo matemático.

Para que você possa ter uma compreensão melhor sobre os


aspectos que conduzem as atividades da história da matemática,
convido-o (a) pesquisar melhor sobre o item nos seguintes sites, que
farão parte das nossas investigações ao longo do desenvolvimento da
disciplina:
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http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/22007
/MariadasDoresCostaBrito.pdf

SOBRE A http://www.scielo.org.ve/scielo.php?pid=S1
HISTÓRIA DA 011-
MATEMÁTICA 22512005000200003&script=sci_arttext

http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe2/p
dfs/Tema2/0204.pdf

Outros documentos que serão explorados por nós são os


materiais de referência para o ensino da Matemática, as conduções
normativas para essa área pelos órgãos que conduzem as formações no
Brasil, vejam os endereços:

Em Minas Gerais: CBC - EF e Médio

Conduções
didáticas no PCN de matemática
Brasil

Referências curriculares de variados estados


sobre a formação em matemática
UNIDADE II
p á g i n a | 27

Para complementar o processo de conhecimento sobre as


conduções metodológicas, convido-o (a) compreender como se dá as
conduções dos conhecimentos Físicos, em relação as estruturas
históricas, vamos lá?

Conhecer as metodologias especificas para


condução dos saberes matemática deve ser o foco
da sua investigação, topa?
UNIDADE III
p á g i n a | 28

REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA


DAS CONDUÇÕES METODOLÓGICAS
DA HISTÓRIA DA FÍSICA
UNIDADE III
p á g i n a | 29

UNIDADE III
Reflexões sobre a importância das conduções
metodológicas da história da Física

Você viu que os tópicos relacionados à prática da matemática na


condução da história são de suma importância para a compreensão dos
afazeres do docente, e para complementar o tópico anterior, vamos
adentrar em considerações sobre as atividades. É importante que você
perceba que os assuntos se interlaçam, ou melhor dizendo, em que
ponto os limites da discussão de processos de ensino e aprendizagem
tanto de uma ou de outra ciência, no âmbito do conhecimento escolar,
confundem-se e aproximam-se por estarmos sempre tratando de
ciência. De uma ciência em movimento, de uma ciência em
transformação.
A intenção dessa parte do guia de estudo é apresentar alguns
pontos importantes sobre a metodologia de desenvolvimento da
história da física como suporte para o docente na condução dessa
disciplina no âmbito do processo de ensino e aprendizagem, assim você
verá que vamos apresentar de forma simples algumas estratégias
metodológicas de abordagem para a efetivação do conhecimento dessa
ciência.

A fisica Deparamo-nos
como Hoje é comum, com as
ciência em em nossos questões que
construção estudos e tratam da
Para melhor
leituras a
iniciarmos abordagem de
respeito do certos
vamos
processo de conteúdos em
refletir? uma
aproximação sala de aula e
construção com a
da ciência da aproximação
ciência... dos alunos com
humana
a ciência.
voltada
para a
natureza
UNIDADE III
p á g i n a | 30

Com essas considerações, o que mais se vê falar é em estratégias


didáticas, capazes de melhorar a prática do professor, no sentido de
abordar processos que possam melhorar o aspecto da aprendizagem
das ciências, principalmente as da Física. E, uma curiosidade que pode
instigar o professor de física, é:

Capaz de
transformar
as vidas dos
Em
alunos, e ao
conhecimento
mesmo tempo
didático...
prepará-los
para a
Como compreensão
tranformar o científica?
conhecimento
físico, natural...

Tais questões assombram os preparativos metodológicos de


variados docentes da área, assim o ideal é sempre refletir sobre as
questões que envolvem as recomendações sobre os currículos e
programas brasileiros que envolvem as considerações para a condução
didática do ensino da Física.
Bom, há diversas recomendações para que o currículo da
disciplina de física dê espaço para que se mostre ao aluno, em sala de
aula, a forma de construção do conhecimento científico. Uma das
possibilidades de se atingir esse objetivo, segundo Robilotta (1998), é a
utilização da história da Física:
Encarar a ciência como um produto acabado confere ao
conhecimento científico uma falsa simplicidade que se revela
cada vez mais como uma barreira a qualquer construção, uma
vez que contribui para a formação de uma atitude ingênua
UNIDADE III
p á g i n a | 31

frente à ciência. Ao encararmos os conteúdos da Ciência como


óbvios, as diversas redes de construção edificadas para dar
suporte a teorias sofisticadas apresentam-se como algo
natural, portanto, de compreensão imediata.

Assim, devemos compreender que a utilização dessa ciência pelo


homem, ou seja, a necessidade que o homem tem, ao longo da história,
de entender e explicar os fenômenos naturais e da matéria, deve-se
necessariamente à necessidade de entender o próprio mundo que o
cerca e, conhecendo da natureza, utilizá-los a seu favor. Assim, ao se
ensinar física o que você está fazendo é:

Transformar
uma ciência
de
fórmulas...
O que implica em não
só trabalhar com os
processos visíveis da
fisica, pois isso não é
suficiente para
proporcinar aos alunos
uam adequada visão
da construção do
conhecimento.
Em
apredizado
dos
fenômenos
naturais...

Os conhecimentos de Física são expressos nas legislações, que


trazem como aspecto de formação alguns dos conceitos, uma vez que
no desenvolvimento metodológico é importante destacar alguns
pontos, e principalmente seguindo o que está expresso como condução
das legalidades, como seu desenvolvimento, deve ser pensado e
executado tendo como base as finalidades do ensino médio expressas
na lei 9394/96 (LDBN), nos seguintes termos:
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com
duração mínima de três anos, terá como finalidades: I – a
UNIDADE III
p á g i n a | 32

consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos


adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento dos estudos;
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania de
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
se adaptar com flexibilidade de novas condições de ocupação
ou aperfeiçoamento posteriores;
III – o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico;
IV – a compreensão dos fundamentos científico - tecnológicos
dos processos produtivos, relacionados à teoria com a prática,
no ensino de cada disciplina. (LDBN, 1996).

Assim, é importante também destacar que os Parâmetros


Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino da Física trazem como
proposta a sugestão de um conjunto de competências a serem
alcançadas para a área da ciência. Como bem indica Santos (s/d).
Todas estão relacionadas às três grandes competências de
representação e comunicação, investigação e compreensão e
contextualização sociocultural, apontadas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio (PCNEM), em complemento às DCNEM,
fazem referências explícitas às disciplinas, vinculadas às três
áreas do conhecimento. Este documento propõe uma
abordagem integradora das disciplinas de modo a se
reconhecer a relação entre aquelas de uma mesma área e entre
as de áreas diversas. Apresenta também os objetivos
específicos de cada área do conhecimento reunidos em torno
de competências gerais.

Outros documentos que serão explorados por nós são os


materiais de referência para o ensino da Matemática, as conduções
normativas para essa área pelos órgãos que conduzem as formações no
Brasil, vejam os endereços:
UNIDADE III
p á g i n a | 33

Em Minas Gerais: CBC - EF e Médio

Conduções
didáticas no PCN de Física
Brasil

Referências curriculares de variados estados


sobre a formação em Física

Conhecer as metodologias especificas para


condução dos saberes físicos deve ser o foco da sua
investigação, o que acha de investigar melhor sobre
tais conduções?
UNIDADE IV
p á g i n a | 34

UMA TRAJETÓRIA DE
CONSTITUIÇÃO DA HISTÓRIA DA
MATEMÁTICA E FÍSICA
UNIDADE IV
p á g i n a | 35

UNIDADE IV
Uma trajetória de constituição da história
da Matemática e Física

Acreditamos que para você o estudo da história seja algo que se


constitui de divisões de tópicos em épocas ou eras, ou seja, os
chamados períodos históricos, assim o que normalmente percebemos
são as características e feitos da humanidade no que se refere aos
aspectos que caracterizam uma cultura. Usar este tipo de divisão em
tempos históricos, não significa que o fato foi ocorrido como contado,
mas é sempre um delineamento do que pode ter ocorrido, assim para
fins didáticos vamos usar o que é comum para o estudo dos fatos
matemáticos, pois faremos um recorte dos acontecimentos dentro de
um período marcado pelas transformações das eras históricas e com
recorte de determinados espaços geográficos. Assim, a divisão da
história da matemática é realizada, na maioria das vezes, seguindo os
períodos históricos: Antiguidade, Idade Média, Renascimento, Idade
Moderna e Contemporânea. Mas, esse tipo de divisão está ligado a
matemática ocidental, chamada de eurocêntrica, e é preciso ficar claro
que essa é apenas uma das formas de se estudar a história da
matemática.
No entanto, para compor esse tópico, vamos comentar em linhas
gerais sobre a trajetória de constituição da história da matemática ao
longo dos tempos. Assim, a noção intuitiva de contagem surge ao ver
que um grupo de homens é constituído por vários indivíduos
semelhantes, embora diferentes em alguns aspectos, o que torna cada
um deles único. Dessa forma, a unidade, ou mais precisamente a
unicidade, também nasce, tal que um grupo, ou conjunto, é estabelecido
por várias unidades com algum aspecto em comum. Entretanto, ainda
não havia um método sistemático de contagem, embora já houvesse
alguns milhares de anos atrás a associação de elementos de um
UNIDADE IV
p á g i n a | 36

conjunto com os dedos das mãos e pés. A associação entre elementos


de um conjunto e os dedos talvez servisse, por exemplo, para o controle
de um rebanho por parte de seu proprietário. Se a quantidade de dedos
fosse incompatível com a quantidade de cabeça do rebanho, fazia-se
necessário outro tipo de relação. As pedras, por seu tamanho e peso,
mostravam-se inviáveis para armazenamento e controle. Conforme
Boyer (1996) existem algumas e poucas provas de registros com marcas
em bastões ou ossos. Este, talvez, fosse o método mais viável para o
gerenciamento de um rebanho, por exemplo. Portanto, associações
com elementos e marcas em objetos e paredes representavam para os
pré-históricos quantidade, número. Há ainda, como consta em Boyer
(1996), uma grande dúvida quanto à origem do número ordinal e do
número cardinal.

Figura 1 - Registros de contagem utilizados na antiguidade.

Você deve estar se perguntando como podemos ter


certeza disso tudo.... Ou mesmo, quando o homem
começou a contar? Como e quando desenvolveu o
conceito de número?
UNIDADE IV
p á g i n a | 37

Bom, estas questões surgem quando a história da matemática


está em estudo, e na realidade não são perguntas fáceis de serem
respondidas, pois não tem como se precisar quando o homem
realmente começou a contar e desenvolveu o conceito de número.
Supõe-se que tenha sido desenvolvido de maneira a auxiliar o homem
no desempenho de atividades nas quais fosse necessária a aplicação do
senso numérico e do processo de contagem.
O que se sabe é que o registro da contagem foi se alterando ao
longo dos tempos, sendo feito de diferentes maneiras dentro de cada
cultura. Como dito acima, imagina-se que a maneira mais antiga de
contar tenha sido buscada em algum método de registro simples que
associava um determinado elemento usado para contar (pedras, ossos,
os dedos da mão) ao elemento que se queria contar.
Passado o tempo o homem começou a usar elementos, e
associava a eles um elemento concreto.

Na realidade, o número • como dois dedos da mão;


dois, por exemplo... • duas frutas, etc.

Hoje, na maioria das culturas, os números usados são concretos


e estão ligados à relação que o homem primitivo fazia (de contar
objetos concretos utilizando outros objetos concretos). A tudo isso,
chamamos de comunicação por sinais, que na verdade, precedeu a
comunicação oral e escrita; nossa capacidade de se comunicar e
sofisticar a maneira pela qual o fazemos, nos fez evoluir, fazendo-nos,
nestes aspectos, singulares frente às outras espécies de vida
conhecidas. Nesse sentido, esta parte da origem da Matemática é muito
vaga e o registro das informações é resgatado por meio da
antropologia: simplesmente, nos embasamos nela. Por assim ser, não
nos prolongaremos em pontos antecedentes da história; nos
concentraremos no palpável, isto é, na história que, de fato, foi
transmitida pelos séculos e chegou até nós.
Assim, convido-os (as) a percorrer os principais períodos
históricos, para que possam compreender como se deu os aspectos
constitutivos da história das ciências exatas, vamos ver?
UNIDADE IV
p á g i n a | 38

4.1. Antiguidade

4.1.1. Herança do Egito e Babilônia


As contribuições egípcia e babilônica centram-se para o
desenvolvimento da Astronomia e da Matemática. Elas se constituem
num cenário aplicado ao cotidiano da época. No Egito, tal cenário é
composto pela agricultura organizada e construção de grandes
edifícios; na Babilônia, pela agricultura e religiosidade, basicamente.
Falaremos um pouco do Egito e, depois, da Babilônia.
O interesse pela astronomia está ligado à inundação do rio Nilo
segundo um período, digamos, regular de tempo, diagnosticado pela
visualização da estrela do cão. Assim, inventaram o calendário,
dividindo o ano em 365 dias, o qual era constituído de doze meses de
trinta dias cada, com cinco dias adicionais de festa (BOYER, 1996).
No campo da agricultura, as contribuições egípcias restringem-se
às questões ligadas às inundações do Rio Nilo, as quais apagavam as
delimitações territoriais feitas antes da época de cheia. Houve notável
avanço à luz das comparações geométricas. Considerações acerca de
perímetros, áreas de quadrados, círculos e triângulos, estão entre as
primeiras conclusões confiáveis da Matemática, além do conhecimento
no cálculo do volume de alguns sólidos. Neste contexto, é apreciável o
valor atribuído a 𝜋 pelos egípcios, cerca de 3,17. .
Sobre a construção dos grandes edifícios, as pirâmides, surgiram
ideias acerca de trigonometria, ilustradas no fato da inclinação da
pirâmide se manter constante em sua extensão; talvez uma tentativa de
representar os raios do sol em ascensão ao céu. Isto os levou a introduzir
o conceito de cotangente:
UNIDADE IV
p á g i n a | 39

Figura 2 - Pirâmides do Egito, as quais foram construídas entre 2551 e 2495 a.C.

A palavra egípcia seqt significava o afastamento


horizontal de uma reta obliqua em ralação ao eixo
vertical para cada variação de unidade da altura. O
seqt correspondia assim, exceto quanto a unidades
de medida, ao termo usado hoje pelos arquitetos
para indicar a inclinação de uma parede. A unidade
de comprimento era o cúbito; mas para medir a
distância horizontal a unidade usada era a mão
medindo um sétimo de cúbito, segundo Boyer
(1996).

No Egito, tratando-se de Álgebra, a ocupação principal eram


equações lineares, do tipo 𝑥 + 𝑎𝑥 = 𝑏, por exemplo, sendo 𝑎 e 𝑏
conhecidos e 𝑥 a incógnita, a qual era chamada aha por este povo. Neste
ramo da Matemática, o Egito teve menos avanço do que a Mesopotâmia,
pois os problemas investigados pelos babilônicos eram bem mais
atrativos, tal como equações quadráticas e cúbicas.
Os babilônicos, ao contrário dos egípcios, tiveram a evolução de
sua astronomia baseada principalmente na religiosidade, ao invés da
agricultura. Este desenvolvimento é fruto das inúmeras observações
realizadas; apesar de não muito rigorosas, elas levaram a resultados
importantes por se ter um grande número delas. A constância desta
prática observacional está ligada ao fato dos babilônicos que
trabalhavam com astronomia o fazerem em templos religiosos. De
acordo com Pires (2008), a origem das constelações do zodíaco se deve
UNIDADE IV
p á g i n a | 40

a um mapa celeste de 500 a.C., com 12 segmentos de 30𝑜 , de onde


calcularam os movimentos da Lua e do Sol. Os babilônicos previam
eclipses, tanto lunares quanto solares. Outro dos teoremas que eram de
domínio deste povo é o famoso teorema de Pitágoras.
Em termos de contribuição, digamos acadêmica, sem sombra de
dúvida os babilônicos deixaram os egípcios para trás. É fato que os
problemas matemáticos discutidos no Egito tinham sua essência no
tecnicismo ao invés da própria compreensão do mundo; talvez por isso
os babilônicos tenham avançado mais, já que estavam motivados e
sustentados por repetidas medições, o que os levou, de certa forma, ao
desenvolvimento de técnicas de cálculo oriundas das observações.

4.1.2. Idade Helênica


A atividade pensante do Egito e Mesopotâmia define o que é
chamado na literatura de era pré-helênica, pois antecederam uma nova
e forte cultura que transferiu o berço intelectual das margens do rio Nilo,
Tigres e Eufrates para as margens do mar Mediterrâneo. Veja a figura
em para se localizar geograficamente.

Figura 3 - Rios Nilo, Tigre, Eufrates e mar Mediterrâneo. Mudança do berço cultural.
UNIDADE IV
p á g i n a | 41

As tradições primeiras dos helenos (os gregos ainda hoje se


chamam dessa forma) são embasadas em mitos. A mitologia se constrói
em termos de narrativas irreais, as quais fogem da realidade física; ela
construiu o berço da educação grega em termos de falsos deuses e
heróis. Visite a página indicada abaixo a fim de conhecer muitos deles.

http://www.brasilescola.com/mitologia/mitologia-
grega.htm

Por volta do século VI a.C., iniciou-se um movimento de


pensadores que se questionavam acerca do entendimento e realidade
do mundo físico, procurando por explicações para o mundo real, isto é,
o mundo físico, o que é feito de coisas reais. De maneira geral, este
grupo de pensadores desvinculava as coisas reais e os acontecimentos
naturais dos deuses. A grande importância disto tudo não são as
respostas que cada homem tinha para explicar a natureza e o universo,
as quais são certamente imprecisas e vagas, mas sim a tentativa de
separar as causas naturais das fantasias mentais. Nascia a época de
adeus aos deuses.
Nestas próximas subsecções, falaremos um pouco sobre os
filósofos jônicos e os pitagóricos, principalmente Tales de Mileto (624
a.C. – 548 a.C.) e Pitágoras de Samos (580 a.C. – 600 a.C.).
Além do fato dos gregos não se repudiarem em absorver
conhecimentos provenientes de outras culturas, o que os fez de fato
ultrapassar rapidamente o nível intelectual das culturas pré-helênicas.
Estes dois tinham localização geográfica favorável, que lhes foi
oportuno para visitas ao Egito e Mesopotâmia, onde adquiriram
conhecimentos acerca da Matemática e da Astronomia. Outro
apontamento importante é que muito pouco ou quase nada há de
documentação acerca destes homens Pires (2008) e, por isto, seremos
bastante breves aqui.

4.1.3. Os jônicos
A cidade de Mileto faz parte da Jônia, e lá nasceu Tales, conhecido
como Tales de Mileto. Ele foi o primeiro filósofo jônico e dele partiram
UNIDADE IV
p á g i n a | 42

as primeiras tentativas de racionalizar o pensamento, não mais


invocando nem deuses, tampouco heróis em suas teorias.

Figura 4 - Tales de Mileto, o primeiro filósofo jônico.

A linha de pensamento de Tales era baseada em esclarecimentos


da natureza. Por exemplo, a questão da origem do universo era
explicada dizendo-se que tudo se originou da água. Para ele, a Terra
flutuava sobre a água. Ainda, atribui-se a Tales o título de primeiro
matemático, visto que a tradição insiste em lhe atribuir métodos
demonstrativos em suas descobertas matemáticas (BOYER, 1996).
Anaximandro e Anaxímenes foram conterrâneos de Tales. O
primeiro, o qual foi mestre do segundo, dizia, dentre outras coisas, que
o trovão era causado pelo vento. Uma de suas contribuições mais
importantes foi atribuir um significado geométrico ao universo e, ao
invés da água, o universo estava contido numa substância chamada
apeiron. Porém, ao contrário da água, que era uma substância real, esta
era sem contestação e gerava tudo que existia. Ao invés de flutuar na
água, como Tales acreditava, “a Terra não caía porque estava à mesma
distância de todos os pontos da circunferência celeste” (PIRES, 2008).
UNIDADE IV
p á g i n a | 43

Figura 5 - Anaximandro foi um dos primeiros filósofos a fazer experimentações.

Um traço importante é que os pensadores jônicos eram incitados


a questionar os seus mestres, o que, naturalmente, alterava a forma da
Filosofia a cada geração subsequente (PIRES, 2008). Nesse sentido,
Anaxímenes acreditava que o ar era a substância a partir da qual todas
as outras nasciam; a água, por exemplo, passava a ser o ar condensado.
Talvez a principal herança de Anaxímenes tenha sido deixar um leve
sabor das leis de conservação, pois o ar era o princípio inicial e suas
transformações não mudavam sua essência original.

Figura 6 - Anaxímenes foi um grande observador.


UNIDADE IV
p á g i n a | 44

4.1.4. Os pitagóricos
Nascido em Samos, Pitágoras transferiu a linha de pensamento
jônica, a qual se concentrava na realidade do mundo físico, para
questionamentos acerca do sentido da verdade. Entretanto,
apresentavam muitos traços convergentes, visto que ambos tiveram
contato com a Astronomia e a Matemática egípcia e babilônica.
Pitágoras, também, foi contemporâneo de Buda e Lao-Tsé, os quais
foram primordiais para o desenvolvimento e estruturação da religião.

Figura 7 - Pitágoras: "Tudo é número".

Depois de ter visitado vários lugares e ter vivido várias culturas e


religiões diferentes, ao retornar para a Grécia, fundou a Escola
Pitagórica, cujas bases eram filosóficas e matemáticas, as quais
garantiam a base moral para a conduta. Para os pitagóricos, a
matemática representou o que jamais representara para outro grupo de
homens. Ora, os números, então, tomaram o lugar dos princípios
materiais defendidos pelos jônicos, isto é, a água, o apeiron e o ar foram
substituídos como origem de tudo por um princípio abstrato, ou seja,
não material.
UNIDADE IV
p á g i n a | 45

Figura 8 - Pitágoras com seus discípulos - pintura de Rafael Sânzio.

Talvez a primeira lei física tenha origem na Escola Pitagórica


(PIRES, 2008) ao terem sido feitas experiências com notas musicais
usando um monocórdio, instrumento musical da época, quando foram
descobertos os intervalos harmônicos: a oitava, numa razão de 2:1; a
quinta, numa razão de 3:2; a quarta, numa razão de 4:3; etc.

Figura 9 - Figura esquemática de um monocórdio.

A descoberta da escala harmônica levou à crença de que os


corpos celestes estavam espaçados em uma razão harmônica, os quais
ainda eram concêntricos. Daí surgiu a lenda da harmonia das esferas,
uma música cujo som era imperceptível pelos homens porque eles,
segundo os pitagóricos, já estavam acostumados com ele desde seus
nascimentos.
UNIDADE IV
p á g i n a | 46

Figura 10 - A música das esferas.

Uma ideia crucial deixada por Pitágoras e seus seguidores é a


conceituação de que o mundo nada mais é do que uma construção
geométrica, isto é, há uma estrutura matemática intrínseca a ele. Esta
herança se faz presente em toda a organização da Física. A grande
obsessão pelos números deste grupo de pensadores é algo que de certa
forma, ultrapassa as barreiras da racionalidade, visto que empregavam
divindade aos números, o que é diferente de acreditar que a natureza
possa ser descrita por leis matemáticas. Em última instância, todas as
medidas eram provenientes dos números inteiros e é nesta crença que
se baseia o atomismo; dois pontos atômicos são espaçados por “uma
quantidade inteira de números inteiros”. A descoberta de números
irracionais, em particular √2, foi algo terrível, pois jogaria por terra tudo
que foi construído até então. Isto deveria ser, portanto, um segredo.

Para os pitagóricos, o número um era o gerador dos


números e o número da razão; o dois, o da opinião;
o três, o da harmonia; o quatro, o da justiça; o cinco,
o do casamento; o seis, o da criação; o dez, o do
universo, tal que incluía a soma de todas as possíveis
dimensões geométricas.
Quais os significados atribuídos aos números, 7, 8 e
9?
UNIDADE IV
p á g i n a | 47

Filolau, um dos discípulos de Pitágoras, foi o primeiro a atribuir


movimento à Terra. Faça uma pesquisa sobre esta teoria de movimento.

4.1.5. Os eleáticos
Paralelamente, houve outro movimento filosófico, o qual foi
liderado por Parmênides. A escola eleática divergia radicalmente na
maneira de pensar o mundo e as coisas. Para Parmênides, as mudanças
eram impossíveis de acontecer, pois tudo sempre existiu e somente era
possível perceber a existência das coisas através do raciocínio, pois, do
contrário, tudo seria uma enganação dos próprios sentidos. Portanto,
enquanto a escola pitagórica defendia a transformação e os números
como ente primordial de toda existência, os eleáticos acreditavam na
continuidade e permanência das coisas e do ser.

Figura 11 - Parmênides de Eléia.

O seguidor de Parmênides que mais destaca-se na literatura


talvez seja Zenão. Este é considerado o pai da dialética, do raciocínio
dedutivo, e foi o primeiro filósofo a questionar o conceito do infinito,
cujos mistérios foram desvendados somente com o advento do cálculo
diferencial e integral e com os estudos de Cantor. Sua contribuição para
o desenvolvimento do rigor matemático foi crucial; isto se deu através
dos paradoxos propostos por ele, dentre os quais destacam-se:
UNIDADE IV
p á g i n a | 48

Dicotomia;

Aquiles;

Flecha;

Estádio.

Os dois primeiros, de maneira sutilmente diferente, discutem que


para percorrer uma parte, antes, é necessário percorrer a sua metade;
antes de percorrer esta metade, é necessário avançar sua metade, ou
seja, um quarto da distância total.

Faça uma pesquisa sobre a discussão de cada um


destes paradoxos, focando sua atenção na dialética
usada por ele.

4.1.6. A hipótese atômica


Richard P. Feynman foi um dos mais brilhantes físicos de todos os
tempos, seguramente. Sua maior contribuição foi o desenvolvimento da
eletrodinâmica quântica, a qual, em paralelo, também foi construída por
Schwinger e Tomonaga. Isto parece um tanto quanto “por fora” de
nossa evolução nos conceitos da Física, mas você perceberá por que
tocamos neste mito da Física.
UNIDADE IV
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Figura 12 - Richard Feynman.

Leucipo de Mileto e Demócrito de Abdera desenvolveram uma


maneira de enxergar o mundo. Nesta visão, tudo era constituído por
átomos, corpúsculos sólidos que não podiam ser vistos a olho nu. Eram
indivisíveis, indestrutíveis e se arranjavam de tal forma a compor tudo
que existia. Estes átomos se moviam aleatoriamente no espaço, tal que
toda mudança era fruto da alteração deste movimento. Uma vez que se
conhecesse o movimento futuro dos átomos, seria possível prever o
futuro em geral. Note que esta forma de pensar não é muito diferente
de como os jônicos entendiam o mundo.

Figura 13 - Leucipo de Mileto.


UNIDADE IV
p á g i n a | 50

Figura 14 - Demócrito de Abdera.

Faça uma pesquisa que trata da evolução do estudo


do átomo, desde Dalton até Bohr.

4.1.7. A tríplice coroa


Questionamentos aprofundados acerca dos fundamentos do
conhecimento do homem foram acontecer por volta do quanto século
a. C. Sócrates, Platão e Aristóteles são nomes que você certamente já
ouviu falar. Este, como veremos, é o berço da cultura ocidental.

4.1.8. Sócrates
“Só sei que nada sei”. Esta talvez seja sua frase mais famosa. E é
em torno dela que sua obra gira. Seu trabalho concentrou-se na ética e
não na ciência em si, tal que toda a sabedoria que alguém pudesse ter
seria limitada pela sua própria ignorância e os erros desta pessoa são
consequências inevitáveis da ignorância.
Adotando a dialética de Zenão, Sócrates definiu a arte da
argumentação. Em suma, ele não se propôs a resolver problemas, mas
UNIDADE IV
p á g i n a | 51

se concentrou, sim, em questionar e mostrar que tal ato leva a


contradições na argumentação.

Figura 15 - Sócrates.

4.1.9. Platão
Platão foi discípulo de Sócrates e viveu entre 427 a. C. e 348 a. C.
Ele fundou a Academia, primeiro centro considerado como instituto de
pesquisa científica – bem diferente, por exemplo, da escola pitagórica,
cuja visão do número era bastante mística e vaga.
Ele trata do dualismo entre os mundos real e aparente, o racional
e o empírico. Vivemos no mundo dos sentidos e das aparências, o qual
nada mais é do que uma cópia, digamos, imperfeita, da realidade
subjacente. Ele focou sua atenção em conhecer as verdades subjacentes
que determinam a realidade observada. Neste sentido, tentou conciliar
o imutável (razão) do mutável (sentidos) em sua sistemática. Assim, o
que é real, observado, é simplesmente uma cópia imperfeita do mundo
das ideias.
UNIDADE IV
p á g i n a | 52

Figura 16 - Platão.

Alguns filósofos apontam neste ponto de vista o surgimento do


conceito das leis da natureza (PIRES, 2008). Somente a observação não
era capaz de descrever a realidade por completo. Logo, as leis deveriam
fazer-se existir pela análise racional, tomando aspecto imutável.

Faça uma pesquisa acerca da influência de Platão


sobre a Aritmética e Geometria.

4.1.10. Aristóteles
Aristóteles (384 a.C. – 322 a. C.) foi discípulo de Platão. Sua obra
é notória e fundamental para o desenvolvimento da Matemática, Física,
Biologia, Política, Ética, etc. Ele foi um ícone da história da ciência e sua
morte, junto com a de Alexandre, o Grande, marcam o fim da Idade
Helênica.
Para ele, a Filosofia deveria ser construída a partir das
experiências sensoriais, de tal forma que as regras gerais aplicáveis ao
mundo partiriam destes dados. Portanto, nada pode ser conhecido se
não pela experiência.
O raciocínio dedutivo foi empregado pela primeira vez por
Aristóteles. Dadas duas preposições, a terceira segue imediatamente:
1. todos os homens são mortais;
2. Sócrates é um homem;
3. portanto, Sócrates é mortal.
UNIDADE IV
p á g i n a | 53

Notemos que não há discussão acerca da verdade. Se os


argumentos 1 e 2 são verdadeiros, a conclusão 3 não pode ser falsa.
Agora, indagar se 1 e 2 são verdadeiros é outra história, um outro
assunto.

.
Figura 17 - Aristóteles.

4.1.11. Idade Helenística ou Alexandrina


Após a morte de Alexandre, o Grande, e de Aristóteles, o Império
grego se desfez. A reconfiguração geográfica e a influência da cultura
de outros povos, fez com que se avançasse significativamente. Atenas
já não era mais o centro da cultura grega, mas sim Alexandria, no Egito.
Autor de “Os elementos”, Euclides de Alexandrina foi mais um
grande expositor, um difusor de ideias do que propriamente um
pesquisador (Boyer, 1996). Sua obra, tal como nenhuma anterior de
nenhum rival, foi amplamente divulgada e sobreviveu ao longo dos
anos. O material é dividido em treze livros e contém 5 postulados e 5
noções comuns, tidos como pressupostos. O conteúdo desta obra é
muito vasto, abrangendo: teoria dos números, álgebra geométrica,
números primos, incomensurabilidade, geometria espacial, dentro
outros pontos. Entretanto, lhe é atribuída grande importância por sua
sistematização da geometria.

Quais são estes 10 pressupostos encontrado em “Os


elementos”?
UNIDADE IV
p á g i n a | 54

Figura 18 - Euclides de Alexandrina.

Outro personagem importante desta época foi Arquimedes (287


a.C. – 212 a. C.). Arquimedes fundiu a geometria e os objetos físicos na
tentativa de explicar o mundo, ao contrário de Aristóteles, o qual você
já sabe que acreditava que o mundo era constituído de coisas que são
alheios à matemática.

Figura 19 - Arquimedes.

A astronomia foi altamente desenvolvida, devido à combinação


dos modelos astronômicos gregos com os cálculos da Babilônia.
Aristarco de Samos, foi o primeiro a propor um modelo heliocêntrico,
mas esta teoria foi rapidamente aniquilada pela forte concorrência
geocêntrica. Ele também foi o primeiro a ter noção correta da grandeza
do Universo. Em Alexandrina, Erastóstenes fez a primeira medida
quantitativa da circunferência da Terra, divergindo do valor hoje
conhecido em 20%. Em Alexandria, viveu, também, Hiparco de Nicéia, o
qual foi mestre de Ptolomeu e Apolônio de Parga.
Além de ter escrito sobre reflexão e refração da luz, Ptolomeu
completou um modelo astronômico iniciado por Apolônio e continuado
UNIDADE IV
p á g i n a | 55

por Hiparco. Muitos físicos não dão crédito a Ptolomeu porque sua
teoria estava errada, visto que tal modelo era geocêntrico.

Figura 20 - Modelo geocêntrico de Ptolomeu. Aristóteles também acreditava que a


Terra era o centro do Universo.

Figura 21 - Ptolomeu.
UNIDADE IV
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Entraremos, a seguir, em outra fase da história. Traços dos


pensamentos de Aristóteles poderão ser observados; entretanto, alguns
deles se mostrarão, ao longo do tempo, aparentemente incompatíveis
com a doutrina cristã. Frisemos também, conforme Martins (2001), que
as ideias de Aristóteles não foram as únicas que influenciaram a Igreja,
seja de maneira conciliadora ou contraditória, mas também o
platonismo e o neoplatonismo, conforme veremos.

A matemática é a ciência dos números e dos cálculos.


Assim, desde a antiguidade, o homem utiliza a matemática
para facilitar a vida e organizar a sociedade.

Em A matemática foi usada pelos egípcios nas construção de


conclusão pirâmides, diques, canais de irrigação e estudos de
pode-se astronomia. Os gregos antigos também desenvolveram
considerar vários conceitos matemáticos.
que ...

Atualmente, esta ciência está presente em várias áreas da


sociedade como, por exemplo, arquitetura, informática,
medicina, física, química etc. Podemos dizer, que em tudo
que olhamos existe a matemática.

Para resumirmos um trajeto simples da história de constituição do


processo matemático, veja que foi em:
Na Mesopotâmia, os sumérios desenvolvem um dos primeiros
4000 a.C.
sistemas numéricos, composto de 60 símbolos.
O matemático grego Eudoxo de Cnido define e explica os
520 a.C.
números irracionais.
Euclides desenvolve teoremas e sintetiza diversos
300 a.C. conhecimentos sobre geometria. É o início da Geometria
Euclidiana.
250 a.C. Diofante estuda e desenvolve diversos conceitos sobre álgebra.
500 a.C. Surte na Índia um símbolo para especificar o algarismo zero.
Na Itália, o matemático Leonardo Fibonacci começa a utilizar
1202
os algarismos arábicos.
Aparece o estudo da trigonometria, facilitando em
1551
pleno Renascimento científico, o estudo dos astros.
UNIDADE IV
p á g i n a | 57

O francês François Viète começa a representar as equações


1591
matemáticas, utilizando letras do alfabeto.
1614 O escocês John Napier publica a primeira tábua de algoritmos.
O filósofo, físico e matemático francês
1637 René Descartes desenvolve uma nova disciplina matemática: a
geometria analítica, com a mistura de álgebra e geometria.
Os matemáticos franceses Pierre de Fermat e Blaise Pascal
1654
desenvolvem estudos sobre o cálculo de probabilidade.
O físico e matemático inglês Isaac Newton desenvolve o cálculo
1669
diferencial e integral.
1685 O inglês John Wallis cria os números imaginários.
O suíço Leonard Euler desenvolve estudos sobre os números
1744
transcendentais.
A criação da geometria projetiva é desenvolvida pelo francês
1822
Jean Victor Poncelet.
O norueguês Niels Henrik Abel conclui que é impossível resolver
1824
as equações de quinto grau.
O matemático russo Nicolai Ivanovich Lobachevsky desenvolve
1826
a geometria não euclidiana.
Kurt Gödel, matemático alemão, comprova que em sistemas
1931 matemáticos existem teoremas que não podem ser provados
nem desmentidos.
O matemático norte-americano Robert Stetson Shaw faz
1977
estudos e desenvolve conhecimentos sobre A Teoria do Caos.
O matemático inglês Andrew Wiles consegue provar através de
1993
pesquisas e estudos o último teorema de Fermat.

4.2. Idade Média


Com a queda do Império grego, cinco civilizações marcaram a
época seguinte. São elas:
1. China
2. Índia
3. Arábia
UNIDADE IV
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4. Império Bizantino
5. Império Romano

Este período foi o mais improdutivo desde a era Helena e


Helenística. O desenvolvimento foi engessado pelo fato dos homens,
por interesse próprio ou forçados a isto, concentraram-se na busca pela
salvação de suas almas ao invés do entendimento racional do mundo.
Deixemos claro que neste material nos concentraremos nos
resultados do ocidente. Isto foi feito simplesmente por opção e não por
grau de importância de uma ou outra cultura, visto que o fato
importante é o pouquíssimo avanço conquistado durante este período
face ao que foi alcançado na Grécia Clássica.
Eruditos gregos migravam da Grécia para a Roma. Em geral, os
romanos não se interessavam para tudo que fora produzido até então,
mas somente para assuntos de seus interesses, tais como Medicina,
Matemática e Lógica, dentre outros de forte aplicação prática. Sendo
assim, limitaram-se a conhecer muito pouco da rica cultura grega. Já no
quarto século d. C., o cristianismo tornou-se a religião oficial. Foi aí que
os rumos mudaram drasticamente.
A figura mais importante deste início de época, para nós, é Santo
Agostinho (354 d. C. – 430 d. C.). Ele foi o responsável por fornecer uma
base teórica ao cristianismo e, além disso, como consta em Pires (2008),
vinculou esta base às heranças deixadas pela Grécia Antiga.

Figura 22 - Santo Agostinho.


UNIDADE IV
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A filosofia empregada por Agostinho era bastante clara: tudo que


era essencial estava ligado ao conhecimento de Deus e da alma e sua
salvação. Em outras palavras, qualquer outro tipo de informação e
pesquisa era irrelevante. Portanto, qualquer tipo de evolução estaria
atrelado à fé e, consequentemente, à Igreja. Influenciado por um dos
sucessores de Platão, Plotino (neoplatonismo), Agostinho desprezava
qualquer ramo da Ciência.
A Europa Ocidental teve seu período mais pobre em termos
intelectuais entre os anos 500 e 1000, aproximadamente, após o
Império Romano ter sido invadido pelos bárbaros. Nesta fase, as
academias foram, não em sentido restrito, substituídas por mosteiros,
onde a figura do filósofo natural foi substituída pelos clérigos,
direcionando toda e qualquer atividade intelectual para fins religiosos,
subsidiando os caminhos para a fé.
Quanto ao Império Bizantino, houve pouco mais atividade, mesmo
que não tão animadora. Durante os anos 800 e 1300, a língua dominante
fora a árabe, cujos intelectuais tiveram figura hegemônica nos maiores
e mais significativos avanços destes tempos. Em particular, inúmeras
contribuições dos árabes tiveram suas raízes também na cultura hindu;
a hindu, bem como o sistema numeral, são exemplos disso. Por isso,
hoje, dizemos que nosso sistema numeral é de fato indo-arábico. Neste
período, os trabalhos de Euclides, Ptolomeu e Arquimedes voltaram à
tona. Ao contrário do cristianismo, o islamismo não proibia estudos
científicos. Em contrapartida, não apoiava em nada. Era, simplesmente,
imparcial.

4.2.1. Escolástica
Até o séc. XIX, a evolução foi muito lenta. E foi, justamente ao
retomar o conteúdo das obras de Aristóteles que o sabor das mudanças
começaram a aparecer novamente. Como você bem sabe, Aristóteles
foi o primeiro a tentar dar uma explicação racional para o Universo.
Entretanto, suas respostas, muitas vezes, não eram coerentes com o que
a doutrina cristã apontava como verdade, sendo, em certa época, até
proibido de ser ensinado nas universidades, conforme afirma Martins
(2001). Em contrapartida, como o “pensamento pagão” ia ganhando
UNIDADE IV
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cada vez mais espaço, muitos de seus seguidores colocaram a ciência


aristotélica a serviço da fé. E é neste ponto que a doutrina escolástica
se baseia, tentando harmonizar a razão para a fé.
Tomás de Aquino (1225 – 1274), pupilo de Alberto Magno (1200 –
1280), criou o que se chamou de tomismo, tentando fazer justamente
esta conciliação. Argumentou que tudo tinha uma causa primeira com
Deus, cuja aceitação por toda a Igreja foi imediata, visto que agora havia
suporte intelectual aristotélico para sua doutrina.

Figura 23 - São Tomás de Aquino.

Quando falamos de Platão, falamos sobre a tendência de se usar


pela primeira vez o termo leis da Natureza. O primeiro que de fato o fez
foi Roger Bacon (1220 – 1292) no sentido de registrar que algo
permanece invariante, regular na natureza. Conforme Pires (2008),
Bacon fazia afirmações qualitativas ao invés de quantitativas acerca de
suas observações e, talvez por isso, deixou de ser considerado o pai da
Ciência Moderna.
UNIDADE IV
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Figura 24 - Roger Bacon.

O fim da escolástica é marcado por um período de conflitos e


divagação. A linha de discurso foi levada do pragmatismo da dialética
para o indefinido e incerto misticismo, donde veio a emergia o
movimento renascentista. Esta situação surgiu com a peste negra,
doença que assombrou a todos e exterminou grande parte da
população. Neste sentido, começaram a se questionar por que tanta ira,
se havia tanto pecado para um castigo desses.
No contexto da História da Ciência, o nome marcante da transição
foi Guilherme de Ockham (1285 – 1347). Este inglês separou
radicalmente a Filosofia da Teologia, afirmando que a segunda tinha
suas premissas na fé. Por isto, antes de terminar seu mestrado em
Teologia, foi expulso da universidade. Além disso, foi o primeiro que
distingui o estudo do movimento em si com o estudo do movimento e
suas causas, ou seja, ele distinguiu os termos cinemática e dinâmica. Ele
também deu passos importantes na formulação da lei da inércia, ao
dizer que o movimento existe independente de uma causa, isto é, se o
movimento existe, ele pode continuar para sempre.
UNIDADE IV
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Figura 25 - Guilherme de Ockham.

Faça uma pesquisa sobre a teoria do movimento na


Idade Média, diferenciando o ponto de vista
cinemático do dinâmico.

A fim de terminar este capítulo, vou recorreremos às palavras de


Pires (2008):
A questão do legado da ciência medieval para a ciência
moderna é um tema de discussão. Há os que consideram a
Idade Média como um período de estagnação científica e
outros que dão valor exagerado à sua contribuição. Lindberg
assume uma posição intermediária e aponta as que ele acredita
que são as contribuições medievais mais importantes. Primeiro,
ele diz que os estudiosos do período final da Idade Média
criaram uma tradição intelectual, na ausência da qual o
progresso ulterior na Filosofia natural seria impossível. Em
segundo lugar, diz ele, os filósofos europeus procuraram
entender o conteúdo do vasto conhecimento filosófico ganho
dos gregos e árabes. Em terceiro, aponta o apoio intelectual
das escolas e universidades que surgiram naquela época. Em
quarto lugar, menciona as discussões e críticas feitas sobre a
filosofia aristotélica e finalmente a revisão completa da teoria
do movimento de Aristóteles.

No próximo capítulo, veremos, num primeiro momento, as


influências das contribuições de Copérnico, Kepler e Galileu, dentre
outros. Já na segunda parte, entraremos numa época chamada na
UNIDADE IV
p á g i n a | 63

literatura de Revolução Científica, o salto intelectual alcançado por


mentes brilhantes, como Sir Isaac Newton.

4.3. Idade Moderna


A divisão do tempo em períodos é útil para a história, assim como
na Física: precisamos de um referencial para descrevermos o
movimento de uma partícula. Entretanto, tais divisões não são exatas,
visto que transições são processos contínuos.
Geralmente, o fim da Idade Média na Europa foi marcado pela
queda da Constantinopla, de acordo com alguns historiadores.
Entretanto, não rotularemos isto, visto que isto não atrapalha nosso
desenvolvimento.
De fato, a recuperação do golpe decorrente da peste negra foi
lenta. Nesta época de transição, muitos textos árabes foram traduzidos
para o latim devido a tomada da península ibérica pelos europeus. Em
contraste, com a invenção da impressão, obras eruditas foram se
tornando, em certo sentido, cada vez mais conhecidas.
Em linhas gerais, o principal ponto da época renascentista é o
humanismo. Ao estudarmos as contribuições das principais figuras
desta época de transição, veremos uma tentativa de compreensão do
mundo que faz uso da razão individual, da evidência empírica e,
também, da própria consulta a resultados antigos. Notemos que os
humanistas se diferenciavam dos escolásticos pela busca da evidência
empírica, algo praticamente inexistente na Idade Média. Entretanto, não
se deve acreditar que não havia nenhuma preocupação com tal nesta
última. Sucintamente, perceberemos uma mudança da figura divina
como o centro das discussões para a figura humana, atrelada ao
racionalismo, ao individualismo, ao otimismo, ao hedonismo, ao
neoplatonismo.

4.3.1. Matemática
Ao contrário das outras áreas do conhecimento, que tiveram o
desenvolvimento, em sua maioria, a partir da recuperação das obras
UNIDADE IV
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gregas antigas, o grande esforço da matemática concentrou-se no


estudo da álgebra, tradição que já vinha da Idade Média.
Neste período de transição, Johannes Müller von Königsberg
(1436 - 1476), ou Regiomontanus, como era conhecido, não foi um
humanista radical, pois, sendo um amante do conhecimento, ele não
ignorou a cultura e conhecimentos árabes tal como os escolásticos. Em
particular, ele conhecia as contribuições do oriente para com a
Astronomia e a incoerência dos dados astronômicos com os modelos
de Ptolomeu e Aristóteles (geocêntricos), acreditando que a nosso
planeta, a Terra, também se movia. Entretanto, não teve tempo de vida
hábil para colocar estas ideias em prática. O que ele conseguiu
sedimentar em sua curta vida, foi ser um elo entre a cultura herdada da
Constantinopla e a ocidental, além de ter terminado uma versão latina
da obra de Ptolomeu, onde ressaltou aspectos descritivos elementares,
e ter escrito uma obra que tratava basicamente de triângulos, a qual foi
derivada em grande parte das obras de Euclides Boyer (1996).

Figura 26 - Regiomontanus.

Um francês, Nicolas Chuquet2 publicou uma importantíssima obra,


a qual foi dividida em três partes. A primeira era acerca das operações
aritméticas racionais sobre os números; a segunda diz respeito às raízes
dos números; por fim, a terceira, era sobre álgebra.

2
Não se sabe ao certo suas datas de nascimento e morte; algo entre 1445 e 1498.
UNIDADE IV
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Figura 27 - Nicolas Chuquet.

A renascença matemática foi marcada por italianos e alemães, em


sua maioria. Assim, a obra de Chuquet foi publicada somente desta nos
depois na Itália. Entretanto, o frade Luca Pacioli (1445 – 1514) publicou
sua obra, a qual, de certa forma, ofuscou a importância da de Chuquet.
Tal fato se deve não à contribuição ao desenvolvimento da matemática
em si, mas pela maneira clara e pedagógica que adotou em seu trabalho.

Figura 28 - Luca Pacioli.

Pacioli foi amigo de Leonardo da Vinci (1452 – 1519), com o qual


estudou matemática durante a década de 1490. No contexto da História
da Matemática e da Física, Leonardo da Vinci não foi genial como foi
inventor e anatomista; ele mesmo confirma isto, com sua célebre frase
“uomo senza lettere”. Sua contribuição mais significativa talvez seja as
gravuras que preparou para a obra de Pacioli, dentre as quais se destaca
o “Homem Vitruviano”, um símbolo para a época renascentista.
UNIDADE IV
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Figura 29 - Leonardo da Vinci.

Figura 30 - Homem Vitruviano.

As equações cúbicas já tinham solução, tal como as quadráticas.


Das equações cúbicas irredutíveis, “nascem” os números complexos,
num engenhoso raciocínio de Rafael Bombelli (1526 – 1572) para
resolvê-las.

Figura 31 - Rafael Bombelli.


UNIDADE IV
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4.3.2. Astronomia
Muitos acreditam que Copérnico (1473 – 1543) foi um astrônomo
que revolucionou tudo o que já tinha sido feito nesta área. Entretanto,
isto não é uma verdade. O modelo geocêntrico de Ptolomeu e
Aristóteles, apesar de não ser unânime, foi praticamente inalterado.
Ptolomeu usou um epiciclo lunar num círculo excêntrico móvel, o que
gerou erros de paralaxes que ele não explicou. Copérnico resolveu o
problema substituindo o círculo excêntrico móvel por um epiciclo duplo.
Em sua obra, a qual acompanhava a de Ptolomeu, dedicou parte à
trigonometria, algo essencial para o entendimento do cosmo. No que
tange à Física, Copérnico acreditava que a gravidade era uma tendência
natural implementada por um “artesão universal”. Apesar de acreditar
que a Terra, a Lua e o Sol possuíam a gravidade, ele não chegou a
afirmar que eles se uniam por meio desta.

Figura 32 - Nicolau Copérnico.

Segundo Boyer (1996),


Copérnico não poderia ter feito melhor usando as
observações astronômicas que tinha à sua disposição. Elas
continham erros demais. Alguns dados eram imprecisos,
outros, originalmente precisos, foram transcritos numa forma
adulterada por escribas e tradutores. Para a Astronomia
avançar seria necessário fazer observações novas e confiáveis.
Foi então que entrou em cena Tycho Brahe.
UNIDADE IV
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A cartada de Tycho Brahe (1546 – 1601) para o sucesso foi devido


a observação de uma estrela fixa em relação à esfera celeste, algo que
ia diretamente contra à concepção aristotélica, a qual pregava que nada
ia além da lua. Com o prestígio conquistado, foi enviado para a ilha de
Huen, financiado pelo rei Frederico II, da Dinamarca, onde fez
observações precisas durante vinte anos. Deixando a ilha, foi para Praga,
só que agora custeado pelo imperador Rodolfo II. No total, Tycho
catalogou mais de 700 estrelas, dentre outros fatos. O impressionante
era a precisão obtida de seus dados. Por isso tudo, ele é considerado
um gênio, não da criação, mas da observação. Muitos instrumentos e
procedimentos de observação foram aperfeiçoados e desenvolvidos
por ele. Talvez sua principal, digamos, herança, foi ter observado que as
obras de Marte e do Sol se cruzam, sugerindo que as órbitas são
simplesmente construções geométricas. Isto inspirou Kepler e Newton,
conforme veremos.

Figura 33 - Tycho Brahe.

Johannes Kepler (1571 – 1630) é marcado por descobrir as três leis


da mecânica celeste. Por crer no heliocentrismo, ao contrário do
geocentrismo de Ptolomeu e Aristóteles, foi exilado e mandado para
Praga. Tendo em mãos os dados coletados por Tycho Brahe, ele iniciou
sua saga, as quais levaram Newton a construir a Teoria da Gravitação
Universal. Kepler concluiu que as órbitas dos planetas não eram círculos,
UNIDADE IV
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mas sim trajetórias elípticas, sendo esta sua primeira lei. Vejamos as três
leis:

O planeta em órbita em torno do Sol descreve uma


elipse em que o Sol ocupa um dos focos.

A linha que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em


tempos iguais.

Os quadrados dos períodos de revolução dos planetas


são proporcionais aos cubos dos eixos maiores de suas
órbitas.

Figura 34 - Heliocentrismo.

4.3.3. Galileu Galilei


A contribuição para o progresso da Ciência oriunda de Galileu
Galilei (1564–1642) é indiscutível. Aparentemente, se Galileu realizou
experimentos de fato, foi com o objetivo de confirmar suas ideias e
UNIDADE IV
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hipóteses que tinha sobre o comportamento da natureza. Em outras


palavras, ele não extraiu conclusões de experiências realizadas. Nesse
sentido, alguns historiadores o consideram um platônico, pois a verdade
não precisa ser verificada pela experiência. Outro ponto notório é a
importância dada aos aspectos conceituais inerentes ao fato observado.
Ele não se interessava por abstrações, mas na análise do fato real; por
exemplo, na análise do lançamento de projéteis próximos à superfície
da Terra, estudou influência da resistência do ar.
Notemos também a diferença existente entre a postura de
Aristóteles e a da Galileu perante um fato. Enquanto a perspectiva
aristotélica tinha uma postura passiva, Galileu questionava a Natureza.
Dito de outra maneira, Aristóteles era passivo na observação, no sentido
da experiência ser uma verificação da verdade, enquanto Galileu tinha
participação ativa no processo, visto que sua participação era
racionalmente controlada.
Galileu Galilei foi defensor da teoria heliocêntrica, apesar dela não
ser uma ideia nova já nesta altura; isto gerou problemas para ele. Como
sabemos Kepler foi o primeiro a expressar leis da Natureza segundo
equações matemáticas, enquanto o trabalho de Copérnico, de acordo
com, “continha a semente da revolução científica que alcançaria seu
ponto culminante com Newton”. Para Copérnico, considerar que os
planetas e a Terra giravam em torno do Sol era um artifício matemático
que simplificava seus cálculos, ao passo que para Galileu isto já
representava a descrição da realidade. E, por isso, o último foi
condenado pelo Tribunal da Inquisição, pois foi “desobediente”, contra
o que era defendido por parte da Igreja.
UNIDADE IV
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Figura 35 - Galileu Galilei.

As duas obras mais importante de Galileu são o “Diálogo” e o


“Discurso”. O segundo dos livros é o mais importante. Em ambos,
figuram três personagens: Salviati, que representa a fala do próprio
Galileu; Simplício, que se defronta com Salviati; Sagredo, que tem papel
neutro na obra. Os dois livros se diferenciam pelo fato de no segundo
serem lançados os fundamentos da Física Moderna; em geral, são
aprofundados os materiais utilizados no primeiro. Frisemos que na sua
época a Matemática era empregada para descrever medidas
experimentais enquanto a Física era responsável pelo estudo da
natureza em si. Cabe a Galileu o “casamento” que dura até hoje entre as
duas ciências.

4.3.4. Sobre o discurso


Em meados do século XVII, os questionamentos acerca do
método científico, isto é, de como fazer ciência, se afloraram mais
intensamente. Existiam dois movimentos. A defesa pelo método
indutivo foi liderada por Francis Bacon (1561-1626) e o método dedutivo
por René Descartes (1596-1650).
Francis Bacon acreditava fortemente que a observação e a
explicação deveriam caminhar juntas, ao passo que as construções da
nossa mente devem ser consequência da observação ativa. Assim,
sendo criticou Aristóteles, dizendo que este não realizara experimentos.
UNIDADE IV
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Os influenciados de Bacon acreditavam que a experiência era a parte


mais importante na Ciência Natural. De fato, isto é um traço do
pensamento aristotélico, o qual nos diz que a Matemática, sozinha, era
impotente para tocar os pontos fundamentais das Naturais.

Figura 36 - Francis Bacon.

Contra este princípio, Descartes, que foi educado por jesuítas, e


obviamente tem influências aristotélicas em sua formação, apresentou
uma visão tal que consistia fundamentalmente em princípios
matemáticos.

Figura 37 - René Descartes.

De acordo com Pires (2008):


Ele foi o criador da Geometria Analítica e o primeiro a enunciar
o princípio da inércia ao escrever que Deus havia criado uma
quantidade definida de movimento retilíneo em cada direção,
de modo que um corpo não podia alterar sua direção de
UNIDADE IV
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movimento, a não ser adquirindo ou perdendo movimento


através de outro corpo.

Estamos, nesta altura, frente ao nascimento da Ciência Moderna.


Finalizando esta seção, recorro novamente a Pires (2008):
Alguns escritores afirmam que para explicar o nascimento da
ciência moderna não devemos imaginar que isso possa ser feito
recorrendo-se apenas ao procedimento experimental. Chamam
a atenção, como já foi mencionado antes, que em um dos
diálogos de Galileu é Simplício, o porta voz dos aristotélicos,
quem defende o método experimental de Aristóteles contra o
que é descrito como o método matemático de Galileu. Em
relação ao estudo do movimento, dizem que o feito mais
importante foi uma mudança que ocorreu no modo de pensar.
No novo método, o movimento foi concebido, de início em sua
forma mais simples, ocorrendo no espaço geométrico (vazio e
isotrópico) onde nada interferia com ele. O movimento era, de
início, descrito matematicamente e depois os efeitos que
tinham sido deixados de lado, como a resistência do ar, eram
incluídos. As conclusões podiam, então, ser testadas por
experimentos reais: as experiências eram realizadas com um
propósito. Este novo método explica por que Bacon, apesar do
grande número de experimentos que realizou, não teve sucesso
como cientista. Tem sido afirmado que as mudanças surgem
não por novas observações ou evidências adicionais no
primeiro momento, mas por uma transformação que ocorre na
mente do cientista.

4.3.5. Newton, Leibniz e o Cálculo


A mecânica newtoniana é a primeira teoria a ter a posição de uma
ciência moderna, isto é, teórica e empírica ao mesmo tempo. Isaac
Newton (1643-1726), de fato, unificou numa só teoria os movimentos
terrestres e os celestes, criando, então, leis universais, gerais, que
descrevem o comportamento da natureza. Ele conseguiu isso
“misturando” o método empírico de Bacon e o racional de Descartes,
combinando deduções matemáticas com induções extraídas dos
resultados experimentais, como aponta Boyer (1996).
De fato, a mecânica newtoniana descreve com grande previsão,
até os dias de hoje, nossa realidade. A maior parte das Engenharias, por
UNIDADE IV
p á g i n a | 74

exemplo, tem esta teoria como base. Conforme discutiremos no


próximo capítulo, ela foi a “verdade absoluta” até o advento da
Mecânica Quântica e Relatividade Especial e Geral, tal que está contida
nelas em certos domínios de aproximação.

Figura 38 - Isaac Newton.

O conceito de velocidade instantânea como a razão de duas


quantidades que tendem a zero, isto é, do deslocamento pequeníssimo
num instante de tempo, foi introduzido por Newton. Ele também
trabalhou com óptica e demonstrou o teorema binomial. Vejamos.
Dentre suas obras há o “De analysi per aequationes número
terminorum infinitas” e o famoso “Philosophiae naturalis principia
mathematica” ou, simplesmente, “De analysi” e “Principia”.
O primeiro livro é muito importante por conter a primeira
exposição sistemática do cálculo diferencial e integral. O segundo livro,
considerada a mais fascinante obra científica de todos os tempos,
apresenta os fundamentos da Física. De acordo com Boyer (1996):
Na primeira edição dos “Principia” Newton reconheceu que
Leibniz estava de posse de um método semelhante, mas na
terceira edição em 1726, após amarga disputa entre aderentes
dos dois homens quanto à independência e prioridade da
descoberta do cálculo, Newton omitiu as referências ao cálculo
de Leibniz.

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), segundo Boyer (1996),


“tem a prioridade de publicação, pois imprimiu uma exposição de seu
cálculo em 1684 na ‘Acta Eruditorum’, espécie de período científico
mensal que fora fundado só dois anos antes”. Entretanto, a descoberta
UNIDADE IV
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de Newton antecede em dez anos a de Leibniz, mas também elas foram


independentes Boyer (1996). Destaquemos que a notação empregada
por ele, tais como dx e ∫ y dx.

Figura 39 - Leibniz.

Todos sabiam que Newton não era tão bom comunicador quanto
cientista. Neste ponto, Leibniz se destacava. Tinha discípulos dedicados,
dentre os quais estavam os irmãos Jacques e Jean I Bernoulli. Nenhuma
família na História da Matemática teve tantos matemáticos. Amigo dos
irmãos Nicolaus e Daniel, Leonhard Euler (1707-1783) foi o mais
importante matemático suíço de todos os tempos.
Não nos prolongaremos aqui nos trabalhos destes brilhantes
matemáticos. Fica sugerida a leitura da referência Boyer (1996).

Figura 40 - Euler.
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4.4. Idade Contemporânea


Alguns historiadores marcam o nascimento da Idade
Contemporânea com o término da Revolução Francesa, em 1789.
Naturalmente, influenciados pelo movimento iluminista, onde a busca
pela razão era o caminho, muitos desenvolvimentos foram alcançados.
O século XIX para a Matemática é marcada, principalmente por
Carl Friedrich Gauss (1777-1855) e Augustin Louis Cauchy (1789-1857).

Figura 41 - Gauss.

Figura 42 - Cauchy.

No final do século XIX e começo do século XX, temos outros


personagens ilustrem fazem parte desta época, tais como J. Henri
Poincare (1854-1912) e David Hilbert (1862-1943).
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Figura 43 – J. Henri Poincare.

Figura 44 – David Hilbert.

As contribuições de todos estes gigantes são várias e de extrema


importância. Poincare, por exemplo, ao estudar o problema de três
corpos, deu um pontapé inicial na dinâmica caótica, um ramo que hoje
está a todo vapor. Além da sua genialidade, ele se destaca por sua
versatilidade, sendo conhecido também pela conjectura de Poincare,
por seus trabalhos em teoria dos números, eletromagnetismo e
relatividade restrita, dentre vários outros de igual ou até maior
importância.

Faça uma pesquisa sobre os principais aspectos do


desenvolvimento da matemática referente a estes
importantes matemáticos.

Voltemos nossa atenção para a Física.


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Durante muitos séculos, os conceitos de temperatura e calor não


foram diferenciados. Nem mesmo as leis de Newton, no início, foram
capazes de tratar fenômenos que envolviam o calor. Acreditava-se que
o calor era uma substância que fluía do corpo quente para o frio,
chamada de “calórico”.
Uma das mais importantes figuras é Sadi Carnot (1796-1832), que
ao estudar a geração de movimento, isto é, trabalho, a partir do calor,
chegou à segunda lei da Termodinâmica Pires (2008) “É impossível
extrair trabalho do calor, sem ao mesmo tempo, descartar algum calor”.
De fato, a primeira lei, que nada mais é do que a reformulação da
conservação da energia que leva em conta o calor, foi “descoberta”
depois da segunda.

Figura 45 - Carnot.

A teoria eletromagnética teve o auge de seu desenvolvimento no


século XVIII, ao contrário da mecânica de Newton, no século XVII.
Questionamentos acerca da natureza da luz surgiram. Newton defendia
seu aspecto corpuscular, enquanto Huygens o aspecto ondulatório.
Adiante falaremos um pouco mais da dualidade onda-partícula,
entretanto no contexto quântico.
Para o desenvolvimento do Eletromagnetismo, destacarei aqui
dois personagens importantíssimos, dentre outros que serão omitidos:
Michael Faraday (1791-1867) e (1831-1879).
O primeiro deles é considerado um dos maiores físicos
experimentais de todos os tempos. Ele contribuiu com a lei da indução
de Farady e ao introduzir os conceitos de linhas de força, por exemplo.
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Esta ideia última é, de certa forma, decorrente da suposição antiga de


ação à distância.

Figura 46 - Michael Faraday.

Maxwell foi brilhante ao sintetizar todas as leis do


eletromagnetismo em quatro equações: as leis de Gauss para o campo
elétrico e magnético, a lei da indução de Faraday e a lei de Ampère.

Figura 47 - James Clerk Maxwell.

Para a História da Física os paradigmas antigos são quebrados,


isto é, a Física Clássica, com o advento da Mecânica Quântica, no início
do século XX. Vejamos.

4.4.1. Mecânica Quântica


Este trecho foi retirado integralmente da referência Magalhães
(2009).
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Na Física clássica, como você sabe, existem grandezas que são


contínuas e outras que são discretas. As discretas, como a
carga do elétron q (q = 1,602 x 10–19 C), são aquelas que
possuem um valor mínimo de medida tal que qualquer outro
valor é um múltiplo desse mínimo; em outras palavras, são
indivisíveis. Já as contínuas são infinitamente divisíveis, ou seja,
grandezas que não possuem um valor mínimo tais que qualquer
valor deve ser um múltiplo desse valor; por exemplo, o tempo.
[...] a energia não é uma grandeza contínua, como era aceito
até fim do século XIX, mas sim discreta. Esta descoberta foi
feita em 1900, pelo brilhante físico alemão Max Planck. Em
princípio, Planck buscava explicações para a radiação emitida
por corpos aquecidos. Apesar de resultados que batiam com a
experiência, seu trabalho não foi muito bem aceito pela
comunidade científica da época; até mesmo ele admitia não
possuir bases teóricas convincentes que justificasse seus
resultados.

O problema mencionado neste trecho é o da catástrofe do


ultravioleta. No início do século XIX, Rayleigh e Jeans obtiveram a
fórmula para a radiação de corpos negros. Entretanto, os dados
experimentais divergiam das previsões para frequências a partir da
ultravioleta. Como dito, este problema foi resolvido por Max Planck
quando, de acordo com Magalhães (2009)
... supôs que a energia distribuída para cada partícula que
compunha a rede cristalina de um sólido deveria ser dividida
em quantidades mínimas, os quanta de energia. Dessa forma,
foi necessário associar uma frequência f para os minúsculos
osciladores, as partículas em vibração, tal que essa energia
mínima fosse diretamente proporcional a f, de tal forma que sua
energia média total tendesse a zero quando a frequência
tendesse ao infinito e que também conservasse o resultado
clássico para baixas frequências.
A constante de proporcionalidade h, é a famosa constante de
Planck. Ela foi calculada em seguida, cujo valor obtido foi h =
6,63 x 10-34 Js. De acordo com sua suposição inicial, a energia
de vibração do elétron no sólido era hf, 2hf, 3hf, etc. Ou seja, a
energia total dos osciladores seria distribuída em quantidades
finitas hf. Logo, a diferença entre dois níveis consecutivos de
energia é sempre hf. Em suma, Planck obteve que os possíveis
estados de energia, os estados quânticos, são E=nhf, onde o
número inteiro n é chamado número quântico principal.
UNIDADE IV
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Isto é uma coisa fantástica! Nunca tínhamos visto nada do tipo


antes. A quantização da energia é diferente da quantização da
carga elétrica, a qual você já teve contato. A carga total de um
ente carregado eletricamente é um múltiplo inteiro de um único
valor: 1,6 x 10-19 C. Por outro lado, a quantização da energia é
intrínseca a cada sistema quântico, e não tem de ser múltipla
inteira de algum valor.

A fórmula obtida por Planck, evidentemente, recupera a de


Rayleigh e Jeans para o limite de baixas frequências, obviamente.

Figura 48 - Max Planck.

Continuemos, segundo Magalhães (2009).


Apesar de não vincular e nem basear sua pesquisa com a
hipótese que levou Planck à quantização da energia, Albert
Einstein e suas unidades indivisíveis de energia localizadas em
pontos do espaço se mostraram eficazes para explicar
fenômenos como o efeito fotoelétrico, a ionização de gases
pela radiação ultravioleta e o fato que o calor específico de
sólidos cai e se tornam praticamente nulos quando estes são
resfriados próximos à temperatura do zero absoluto; estes dois
últimos a posterior. Entretanto, nem tudo foram flores belas e
perfumadas...
A hipótese de Einstein não era capaz de esclarecer fenômenos
como a difração e a interferência. Foi absolutamente estranho
e um tanto indigesto admitir que a radiação eletromagnética
apresentara comportamento dual. Mas o pior, ou o melhor,
ainda estava por vir... Louis de Broglie foi além da imaginação
"normal" e colocou uma infinidade de pulgas atrás das orelhas
dos cientistas, postulando em sua tese, em 1924, que a
dualidade se aplicava não só à radiação, mas também à matéria.
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Figura 49 - Albert Einstein.

A Mecânica Quântica nada mais é do que um conjunto de axiomas


que descreve o comportamento microscópico da natureza. Entretanto,
é possível de abordá-la de outra maneira. Não faremos isto aqui, mas
mostrarei, em linhas gerais, utilizando mais uma vez a referência, como
“enxergar” a Mecânica Quântica em linhas gerais.
A década de 20 do século passado foi crucial para o
desenvolvimento da Teoria Quântica. Em 1926, Erwin
Schroedinger, tendo estudado a tese de Broglie, com uma
sequência de artigos publicados, chegou à famosa Equação de
onda de Schroedinger. Basicamente, ele modificou a ideia de
que os elétrons descreviam órbitas circulares bem definidas
propondo que estes não poderiam ser bem localizados,
ocupando todo o espaço em torno do núcleo em forma de uma
nuvem, um mar em 3D, algo semelhante às ondas sonoras em
um tubo. Com esta equação, Erwin recuperou os resultados de
Bohr para o átomo de hidrogênio e também resolveu (mas não
foi o único) o oscilador harmônico simples. O objeto que era
manipulado na equação de Schroedinger, a função de onda ,
possuía uma dificuldade natural na sua interpretação, pois ela
era dotada ao mesmo tempo de parte real e imaginária.
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Figura 50 - Erwin Schroedinger.

Em paralelo com mecânica ondulatória de Schroedinger, mas de


forma independente, outros grandes físicos desenvolviam outra
abordagem para a Teoria Quântica: a mecânica matricial. Werner
Heisenberg, Max Born e Pascual Jordan, se apoiavam na hipótese de
que a Física devesse trabalhar com grandezas observáveis e
mensuráveis. A construção desse formalismo nem sequer questionara
sobre a estrutura dos átomos, mas buscava por quantidades que
deveriam ser básicas na teoria.

Figura 51 - Werner Heisenberg.

Apesar de muito diferentes tanto nos aspectos conceituais


como no formalismo matemático, ambas as teorias levavam a
alguns resultados iguais, como o espectro do oscilador
harmônico simples. Portanto, surge uma pergunta chave:
ambas as descrições da natureza são compatíveis?
A resposta é sim: a Teoria Quântica é uma só, e ambas são
maneiras diferentes de se descrever a mesma coisa. A Teoria
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Quântica é sustentada e blindada por dois princípios


fundamentais...
Neste intrigante cenário em que os físicos mais se bagunçavam
do que organizavam e ligavam os fatos, Bohr teve papel de
retalhador. Vimos anteriormente que a radiação possui
propriedade de partícula quando em interação, pois podemos
associar a ela uma energia que viaja no espaço em forma de
pacotinhos concentrados, os fótons, os quais transferem toda
essa energia em uma colisão. Lembre-se que Einstein não
procurou por uma onda que regesse o movimento da radiação
no espaço, e sim explicou a emissão de elétrons devido à
incidência da luz sobre numa placa metálica, onde os elétrons
que estavam inicialmente tranquilos, sossegadinhos. Por outro
lado, a evidência de que os elétrons possuam uma forma de
onda que evidenciasse efeitos típicos de onda, como sua
difração observada por Thompson em 1927, constituía o outro
lado da moeda.
Assim sendo, onda e partícula são faces complementares e
excludentes da natureza. Logo, a totalidade da compreensão
de um ente físico só é possível quando levamos em conta esses
dois aspectos. De fato, como disse Niels Bohr, isso nos mostra
o quão limitada é nossa linguagem: ela só serve para descrever
coisas que estão ao nosso alcance, o que não ocorre com o
mundo microscópico. Nossa maneira de representar o mundo
em que vivemos é confinada por nossa incapacidade de
abordar descrições que aparentemente são contraditórias, mas
que na verdade são complementares e necessárias. Não há
paradoxo nenhum, como erroneamente alguns livros
introdutórios sobre o assunto mencionam; o que existe é um
comportamento dual de tudo o que existe na natureza: a
matéria e a radiação. É nesta interpretação a respeito da
dualidade que consiste o princípio da complementaridade.
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Figura 52 - Niels Bohr.

O que está por trás do princípio da incerteza de Heisenberg é


que todo fenômeno observado é essencialmente diferente do
não observado. A incerteza de uma medição é inevitável, é algo
intrínseco à própria medida. Por exemplo, quando examinamos
o movimento de uma partícula de poeira é necessária luz para
podermos enxergá-la. Então a incidência do fóton de luz
fatalmente altera sua posição, pois lhe será transferida energia.
Perceba o quão profundo conceitualmente ele é... [...]
Falamos brevemente sobre o formalismo ondulatório e o
matricial. Dissemos que eles se diferenciam em seus
fundamentos, mas que são coerentes e confirmam a mesma
realidade. Ora, os princípios da incerteza e da
complementaridade são comuns a qualquer tipo de descrição
desta teoria, ou seja, se aplicam tanto ao formalismo de
Schroedinger como ao de Heisenberg. Mas como interpretar a
teoria em si?
Apesar de estes princípios modularem a teoria, existem
distintos pontos de vista possíveis. Neste material, utilizaremos
a visão de Copenhague, a qual atribui uma interpretação
probabilística. Segundo ela, as partículas são representadas por
funções de onda que nos dizem, de certa forma, qual a
probabilidade ou encontrá-la em algum lugar do espaço ou de
possuir certa velocidade ou certa energia. Segundo essa
interpretação, a noção de trajetória, oriunda da Física clássica,
perde totalmente sentido. Agora, as partículas podem estar em
qualquer lugar do espaço a qualquer instante.
A título de ilustração, existe, além de outras, a visão realista:
basicamente, este outro ponto de vista diz que existem, sim,
partículas bem localizadas, as quais descrevem trajetórias bem
definidas, ao contrário da nuvem espalhada. Para esta
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interpretação realista, o princípio da complementaridade de


Bohr não perde significado ou importância, muito pelo
contrário: ele interpreta uma medição, o que é seu objetivo
exato.
Evidente que ocorreram inúmeras discussões. O principal
protagonista das batalhas intelectuais dos titãs da nova Física
foi Bohr. Ele, de um lado, liderava o crescente movimento à
adesão da interpretação de Copenhague. De outro, não havia
um movimento, mas um grupo de brilhantes físicos que eram
contrários à ideia da complementaridade.
Einstein não acreditava na descrição probabilística da natureza,
posição refletida com sua ilustre frase: "A Mecânica Quântica é
de fato imponente. Porém, uma voz dentro de mim diz que
ainda não é a verdadeira coisa. A teoria diz muito, mas não nos
leva mais perto do segredo do Velho. Eu, de qualquer forma,
estou convencido de que Ele não joga dados". Em
contrapartida, defensor da interpretação de Copenhague, Bohr
a rebateu: "Pare de dizer a Deus o que ele deve fazer!"
Talvez seja o mais significativo movimento científico com as
mentes mais fantásticas que o mundo já presenciou, como
Bohr, Schroedinger, de Broglie, Einstein, Heisenberg, Planck,
Dirac, Paul, dentre outros. Essa migração não foi só modinha da
época... essa trilha culminou em uma das mais fascinantes
teorias já formuladas: a Mecânica Quântica. E talvez, através
dela, a natureza, o Cara lá de cima nos mostra nossa pequeneza
perante o todo, o cosmos: não devemos nos preocupar nas
respostas que ela nos dará, mas em quais perguntam podemos
fazer.

4.4.2. Einstein
Você sabe que a Física Clássica estuda o movimento das
partículas cujas velocidades são pequenas quando comparadas com a
velocidade da luz. Assim sendo, ao considerarmos o movimento de
elétrons no interior dos átomos, não podemos utilizar tal descrição.
Você sabe que todas as leis dinâmicas derivam do princípio da
conservação da quantidade de movimento e do conceito de força e que,
segundo o princípio clássico da relatividade de Galileu, as leis da
dinâmica devem ser as mesmas para quaisquer observadores inerciais
que se movem com velocidade relativa constante.
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Einstein, porém, foi além, dizendo que todas as leis da natureza


devem ser as mesmas para qualquer observador inercial que se move
com velocidade relativa constante em relação a outro, inclusive as
eletromagnéticas. Ora, você sabe que uma carga em movimento além
de gerar um campo elétrico, cria também um magnético.
É fato que tais leis dependem da velocidade da luz,
aproximadamente 300.000.000 m/s, e que esta é a mesma para
qualquer observador inercial. Esta hipótese foi motivada pelas
experiências de Michelson e Morley, por volta de 1880, comprovando
que a velocidade da luz é independente do movimento do observador.
Então, para satisfazer a tal princípio, as transformações de Galileu não
são mais compatíveis, mas sim as de Lorentz.
Logo, constroem-se todas as leis da natureza tais que devem ser
as mesmas para quaisquer observadores inerciais. Ao considerarmos
observadores não inerciais, entramos no campo da relatividade geral, a
qual não abordaremos aqui.

Fica sugerida a leitura completa da referência


EINSTEIN (1999), a qual foi redigida integralmente
por Albert Einstein.

4.4.3. Segunda Grande Guerra e Guerra


Fria
A época da Segunda Guerra Mundial merece um pouco de
atenção. Tanto para a Matemática como para a Física, buscou-se por
coisas aplicadas. Segundo Boyer (1996) “cálculos de tabelas e a
metodologia da pesquisa operacional são só dois exemplos de áreas
que reorientaram a atenção de muitos matemáticos provindos de outras
áreas”.
Relaciono à Física, um dos fatos mais notórios é a criação da
bomba atômica. Apesar de ter chegado à sua famosa relação entre
energia e matéria, expressada pela equação E = m c², Einstein não foi o
criador da bomba atômica, como apontam alguns escritores
erroneamente. Este poderoso instrumento de destruição foi cruelmente
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utilizado pelos americanos avassalou Hiroshima e Nagasaki. Na primeira,


a bomba foi batizada de “Little boy”, enquanto na segunda, “Fat man”.

Figura 53 - Bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki, respectivamente.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, da qual a Alemanha saiu


derrotada, os Estados Unidos da América (EUA) e a União Soviética
(URSS) disputavam a hegemonia mundial. Um clima de tensão pós-
guerra foi gerado e qualquer outro movimento, digamos, considerado
perigoso pela outra parte, poderia criar uma nova Grande Guerra. Este
período é chamado de Guerra Fria.

Figura 54 - Sputnik 1.

Nesta disputa de controle, um passo crucial foi o lançamento do


satélite Sputnik pela URSS. Isto representava uma espécie de
supremacia científica e tecnológica sobre os EUA. Em termos do Ensino
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de Ciências, isto provocou um salto na forma dos americanos


repensarem como ensinar Física, Química, enfim, lançando o primeiro
projeto de Ensino de Física, o PSSC, “Physical Science Studie
Committee”.

4.4.4. Lógica Paraconsistente


O texto desta seção foi confeccionado com base nas referências
de Krause, D.(2204) e Costa (2005).
A inclusão desta seção no material tem uma forte justificativa, no
meu ponto de vista. O desenvolvimento da lógica paraconsistente teve
fundamental participação de um brasileiro, o renomado Professor
Newton da Costa. Atualmente, ele trabalha na UFSC.

Figura 55 - Newton da Costa.

A principal característica da lógica paraconsistente é a de admitir


contradições. Notemos que, em certo sentido, a lógica paraconsistente
está para a lógica clássica assim como a relatividade geral e a mecânica
quântica estão para a mecânica newtoniana.
De fato, se existem duas afirmações contraditórias quando se usa
a lógica clássica, uma delas é necessariamente falsa; o cenário muda
quando se utiliza a lógica paraconsistente, pois, mesmo que a
contradição exista, o sistema ainda continua válido. As aplicações são
inúmeras. Aparentemente, por exemplo, a estruturação axiomática da
relatividade geral e da mecânica quântica, duas teorias aparentemente
contraditórias, pode-se se dar através deste tipo de lógica.
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Aplicações em projetos de inteligência artificial, engenharia de


tráfego, computação e medicina já são possíveis. Fica sugerida a leitura
completa da referência KRAUSE, D. (2004).
Mas, a história da matemática e da Física não se resumem às
considerações aqui apresentadas, são bem mais amplas que estas
considerações resumidas, assim é nossa intenção que você amplie seus
conhecimentos, para tanto variados textos complementares serão
inseridos ao longo da condução da disciplina, para que você tenha uma
dimensão maior de tais conquista e evoluções.

Considerações Finais

Nossos estudos transitaram entre os estudos a respeito do papel


da matemática e física como um produto social em construção e as
reflexões sobre a inserção de episódios históricos. Muitos professores
de Física dizem que a Matemática, para um físico, é uma estrutura de
linguagem. Essa consideração não pode ser considerada errônea.
Todavia, devemos ter claro que, para os matemáticos, a Matemática é o
autossuficiente, no sentido de ser o objeto de estudo de interesse em si.
Conhecer a história dos conteúdos e apresentar essa história aos
alunos pode tanto diminuir a distância que normalmente eles têm da
matemática e da física quanto colocá-los nos processos de construção
das ciências, e é exatamente esse o objetivo expresso nos conceitos
trabalhados aqui neste guia de estudos, a nossa intenção foi além de
mostrar o trajeto da história dentro dos períodos históricos da
matemática e física, comentar sobre os procedimentos metodológicos
de formação das ciências.
Assim, percorremos uma parte da história da matemática e física,
outros textos complementares serão indicados, bem como vídeos que
podem auxiliar na compreensão desses trajetos que darão a você,
sujeito de conhecimento práticas reflexivas para conduzir com mais
propriedade a formação das novas gerações.
Enfim, vimos que em linhas gerais, temos um cenário um pouco
diferente a partir do século XX na Física e na Matemática. Enquanto a
Física foi, em certo sentido, reconstruída, com a Relatividade Especial e
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Geral e a Mecânica Quântica, a Matemática foi caracterizada por


desenvolvimentos já apontados no final do século XIX. Entretanto, o alto
grau de abstração formal introduzido é notório em várias áreas, tais
como na análise, na geometria, na topologia e a na álgebra.
Consequentemente temos um maior grau de abstração intrínseco às
teorias físicas. Vejamos o que diz Costa (2004):
Além dos conceitos físicos e de formalismo matemático, uma
teoria física envolve regras que os associam. Primeiro estas
regras são utilizadas na formulação matemática do problema
físico. Expressado de tal forma, o problema então é resolvido
através de artifícios meramente técnicos, os quais podem não
requerer nenhuma artimanha física em suas passagens.
Finalmente, a solução formal obtida retorna ao mundo físico
por meio das regras de correspondência. Tal mapeamento
entre os conceitos físicos e o formalismo matemático nem
sempre é evidente.

Tanto na Matemática como na Física, espera-se grande


desenvolvimento, principalmente em projetos que envolvem duas ou
mais áreas do conhecimento. O estudo de sistemas complexos tem
gerados muitas expectativas na interação entre Física e Biologia e Física
e Economia, tal como mercados financeiros em geral. Tudo que se refere
ao progresso sustentável também reserva bons frutos para a Física,
visto que energia e reaproveitamento são palavras bastante comuns
hoje em qualquer empresa.
Evidentemente, progressos específicos são aguardados; na Física,
por exemplo, com o término do acelerador LHC (“Large Hadron
Collider”) que fica no CERN, na Suíça, tem-se grandes expectativas e
esperanças.
Enfim, o nosso trabalho de leitura e discussão, tem início agora,
com as questões que vamos estabelecer na condução da disciplina ao
longo do seu período de vigência, e esperamos que você compreenda
que a forma como é inserida a história da matemática e física, tem todo
um diferencial na conquista dos saberes dessas ciências, nesse sentido,
convidamos você a enveredar por esses saberes.

Profa. Ma. Nidia Mirian Rocha Felix.


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