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Unidade III
5 GESTÃO DE COMPRAS
Comprar é uma das mais importantes atividades da organização. O gestor de recursos materiais e
patrimoniais pode desenvolver essa atividade diretamente ou possuir, em seu quadro de colaboradores,
um ou mais funcionários responsáveis pelas compras. De antemão é necessário refletir sobre alguns
pontos. Também é possível que, dentro da estrutura organizacional, dependendo do tamanho da
empresa, a estrutura de compras seja independente, com gerenciamento separado. De qualquer forma,
cabe ao gestor conhecer os princípios básicos dessa área. A atividade de compras:
• Está relacionada com a política da empresa e de seu posicionamento estratégico. Por exemplo,
em que parte da cadeia de suprimentos a empresa está inserida? Se for um pequeno varejista, as
compras devem ser suficientes para suprir os clientes pelo tempo previsto para a reposição (sem
esquecer, claro, do estoque de segurança). Já se for um atacadista ou distribuidor, o gestor deve
verificar quais as metas do período, inclusive possíveis promoções para aumentar o faturamento
e colocar no mercado mais produtos.
• É de extrema confiança do nível estratégico da organização. Tudo deve ser muito bem
documentado e todos os processos devidamente identificados como garantias adequadas do
gestor de materiais e patrimônio.
Segundo um autor clássico da área, Westing (1961, p. 10‑16 apud BALLOU, 2015, p. 62), as compras
envolvem certas atividades centrais, que são:
• Após as compras: verificar se o que foi entregue é o que foi comprado e checar outros itens,
como eventuais garantias.
Veja alguns pontos importantes da atividade de compras, conforme Westing (1961, p. 10‑16 apud
BALLOU, 2015, p. 62):
• Selecionar fontes de suprimentos: sobre esse item há uma seção com a qual serão tratados os
pontos para a seleção de fornecedores.
O ponto mais importante para o gestor de materiais e patrimônio é conhecer a relevância estratégica
que a área de compras adquiriu nos últimos anos. Antes, comprar era meramente uma atividade acessória.
Hoje, é de relevância para toda a organização.
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Unidade III
No mercado, há quem faça distinção entre as diversas áreas de compras. Observe a figura a seguir:
Máximo
PROCUREMENT
Compras estratégicas
STRATEGIC SOURCING
(a) Função de negócio
Perspectiva estratégica
Compras técnicas
ÁREA DE COMPRAS (b) Foco na geração de valor a partir
Compras táticas (a) Área de suporte do gasto
(b) Foco em custo (c) Estrtutura matricial (gestor de
(a) Área de suporte pacotes e entidades)
(c) Gestores da categoria
(b) Foco em preço (d) Gestão de fornecedores em
(d) Gestão de fornecedores
(c) Analistas de compras ambiente multicanal (Omnichannel)
(e) Planejadora
(d) Cadastro de fornecedores (e) Preditiva
(f) Avança na cadeia de suprimentos
(e) Atendimento por demanda (f) Integração total na cadeia de
suprimentos (end-to-end)
(f) Etapa de cadeia de suprimentos
No gráfico exposto observam‑se três possíveis esferas na atividade de compras, que variam segundo
a importância estratégica de cada uma delas. A primeira, que o autor chama de “compras táticas”, está
relacionada às atividades mais cotidianas. Já o segundo bloco, o das “compras técnicas”, está relacionado
às exigências que uma compra mais qualificada traz. O último bloco, o das “compras estratégicas”, está
relacionado às compras mais importantes sob o ponto de vista do negócio da organização, que busca
uma integração total da cadeia de suprimentos.
As compras técnicas muitas vezes são referenciadas, no mercado, pelo nome de strategic sourcing;
já as compras estratégicas, pelo termo procurement.
Lembrete
Talvez este pilar seja o que de fato diferencia uma função de Procurement
de excelência das demais funções tradicionais de compras. O desafio
de monitorar os principais indicadores de produção, estocagem,
distribuição e logística permite não somente planejar melhor as
aquisições da empresa, mas também contribuir com a melhora do
resultado desses indicadores. A otimização do consumo de insumos
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
Pelo texto, observa‑se o nível de excelência que a área de compras pode alcançar seguindo os
preceitos recomendados.
Saiba mais
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Unidade III
Pozo (2010, p. 136‑137) destaca alguns itens que se constituem nos objetivos da atividade de
compras. São eles:
• Permitir continuidade de suprimentos para o perfeito fluxo de produção: o gestor de materiais tem
sob a sua responsabilidade o fornecimento de insumos e demais materiais (para limpeza, manutenção etc.)
que permitem o funcionamento da área produtiva. A falta desses materiais pode ocasionar a interrupção
da atividade produtiva. O gestor responsável pela atividade de compras deve estar constantemente em
diálogo com o(s) responsável(is) pela produção, para fazer as devidas previsões da quantidade necessária
de materiais, levando em consideração aspectos como a sazonalidade, por exemplo.
• Comprar materiais e produtos aos mais baixos custos, dentro das especificações
predeterminadas em qualidade, prazos e preços: uma ampla cotação de preços é sempre
recomendada. Verificar, sempre, a possibilidade de comprar por preços mais vantajosos. Contudo,
não pode ser o único critério. Preço mais baixo não pode justificar uma baixa qualidade do
suprimento. Cabe ao responsável pelas compras resguardar os parâmetros de qualidade dos
materiais adquiridos. E, se for o caso, exigir as devidas garantias. Após constatar a preferência por
certos fornecedores, pode‑se desenvolver uma parceria estratégica com eles.
• Manter parceria com os fornecedores para crescer junto com a empresa: depois de
selecionado, o fornecedor pode se tornar um parceiro estratégico, desde que haja garantias de que
essa parceria preveja bons preços, preferência na entrega e agilidade em ocorrências excepcionais.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
Observação
Saiba mais
De uma forma geral, o gestor de materiais deve seguir um roteiro que pode ser expresso em alguns
passos. Observe a figura a seguir:
2
1 Gestão de
Áreas: materiais:
produção equacionamento
comercial das compras
3
Consulta 4
a possíveis Decisão de
fornecedores: compra
cotações
5
Recepção dos materiais.
Verificações de qualidade
Figura 13 – Compras
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Unidade III
No segundo estágio, o gestor fará o equacionamento das compras. Será o planejamento relativo à
demanda já estudada. Nessa fase, o gestor identificará possíveis fornecedores parceiros e poderá fazer
uma cotação ampla de suas necessidades no mercado.
Com a posse das informações do estágio anterior, o gestor decidirá pela escolha do fornecedor
ou fornecedores: é o quarto estágio, o da decisão. Nesse caso, fatores como prazo de entrega, formas
de pagamento, confiabilidade do fornecedor, entre outros, fazem parte da análise. Há gestores que
procuram garantias adicionais de quem fornece produtos e/ou serviços: por exemplo, comprar da
organização que possua uma certificação de qualidade pode ser um diferencial interessante. Inclusive,
no mercado há quem só adquira produtos da empresa que possua a ISO 9000 (certificação de qualidade)
ou a ISO 14000 (certificação ambiental).
Finalmente, no estágio 5, o gestor recepciona o material e faz checagens relativas ao que foi adquirido.
O gestor dessa área deve se preocupar, sempre, em se atualizar com a legislação pertinente de cada
área em que estiver atuando, além de alguns aspectos práticos que ajudam bastante. Por exemplo,
Hoinaski (2017) elenca três pontos importantes: qualidade, procedência e normas fiscais.
Análise da qualidade
Em relação à qualidade, vale o preceito de que um produto feito com insumos de qualidade terá
qualidade também. O gestor deve fiscalizar a qualidade do material adquirido e, como já foi observado
anteriormente, se for pertinente, adquirir de fornecedores certificados. O gestor precisa avaliar o que
efetivamente interessa no que se refere à qualidade do fornecedor.
A certificação ISO 9000 é um indício de boas práticas. Contudo, há normas específicas para algumas
áreas, como a IATF 16949:2016, que trata da qualidade para o segmento da indústria automotiva. Foi
criada pela International Automotive Task Force (IATF).
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
Outras certificações específicas também podem ser exigidas, de acordo com o segmento. O ideal é
que o gestor acompanhe de perto eventuais regras a respeito de boas práticas dos segmentos em que
está trabalhando.
E, lembre‑se sempre: regras e leis podem mudar. Sempre consulte fontes confiáveis sobre eventuais
mudanças que possam afetar o seu trabalho. Procure os sites das instituições que emitem o regramento
ou a certificação e, em relação às leis, utilize sempre sites oficiais.
Lembrete
Análise da procedência
A procedência está ligada também ao item anterior. Quanto mais se conhece do fornecedor, mais efetivo
é o trabalho bem estruturado. Conhecer a procedência do material utilizado pelo fornecedor é uma maneira
de trazer qualidade segura para dentro da organização. Podem ser realizadas visitas ao fornecedor, com
o objetivo de fazer verificações nesse sentido. Outro aspecto importante é não adquirir produtos que não
estejam dentro de uma faixa de preço aceitável no mercado. Adquirir produtos muito abaixo do preço real,
sem as devidas justificativas, pode ensejar aquisição de procedência duvidosa, o que pode colocar a empresa
em situações complicadas no mercado no que se refere a possíveis investigações policiais, processos judiciais
etc. Além disso, é absolutamente antiética tal prática, que deve ser repudiada pelo gestor.
Também sob o prisma legal e ético, o gestor deve estar atento às questões fiscais:
O fornecedor deve estar em dia com as normas fiscais, por exemplo, emissão
de nota, repasse e cobrança de impostos etc.
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Unidade III
Tenha em mente que a ideia de comprar o produto mais barato e vender com uma
margem de lucro maior nem sempre é a melhor estratégia (HOINASKI, 2017).
O gestor deve levar em conta que, principalmente nos últimos anos, a governança corporativa e o
compliance têm permeado as atuações da maioria das organizações sérias e bem reputadas no mercado.
Mais à frente, entre outros, tais conceitos serão explicados.
Quanto à transmissão eletrônica de dados (Electronic Data Interchange – EDI), ela propicia uma
forma rápida de comunicação entre empresas fornecedoras e compradoras.
Para quem não está familiarizado com o termo, EDI – Electronic Data
Interchange pode ser classificado como uma tecnologia de integração entre
empresas que facilita e agiliza a transmissão eletrônica de dados, reduzindo
a intervenção humana no processo, o que acaba eliminando as chances de
erros causados por essa intervenção (O EDI..., 2014).
Observe, portanto, que a EDI é prática importante, cada vez mais utilizada nas empresas.
Se o gestor estiver exercendo suas atividades na área pública, é importante lembrar que há princípios
que devem ser observados. Sem a observação desses princípios, o gestor pode ter problemas na execução
de suas atividades, além de ser responsabilizado em várias instâncias.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
Quadro 5 – Princípios
Em outras palavras, as compras na área pública exigem a observância aos princípios constitucionais,
relacionados na primeira parte do quadro. Esses princípios devem ser observados durante todo o
processo. Um exemplo é o princípio da legalidade: tudo que é feito deve estar consignado em lei. Aliás,
essa é uma diferença fundamental entre o gestor da área privada e da área pública: o gestor da área
privada pode fazer tudo o que não for ilegal e que não seja antiético. Já o gestor público só pode fazer
aquilo que está consignado na lei.
Em seguida há uma série de leis que tratam do assunto: a Lei nº 8.666/93, que trata dos aspectos
relacionados às licitações; a Lei nº 9.784/99, que trata de outros princípios da administração
pública importantes; e os decretos nº 3.555/2000 e nº 5.450/2005. Um detalhe importante: leis e
regramentos mudam constantemente. Os gestores precisam se informar constantemente a respeito
dessas mudanças.
A atividade licitatória observa todos esses princípios e regramentos e é definida da seguinte maneira:
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Unidade III
O vencedor será o licitante que apresentar a proposta com o menor preço entre os
Menor preço licitantes considerados qualificados. A classificação se dará pela ordem crescente
dos preços propostos.
Melhor técnica Serão avaliadas as características técnicas da contratação.
O vencedor será o licitante que apresentar a proposta ou o lance com maior preço
Maior lance ou oferta entre os licitantes qualificados. A classificação se dará pela ordem decrescente
dos preços propostos. Tipo de licitação utilizado nos casos de alienação de bens e
concessão de direito real de uso.
Além dos tipos, há as modalidades de licitação. A Lei nº 8.666 (BRASIL, 1993) estabelece as
seguintes modalidades de licitação: concorrência, tomada de preço, carta‑convite, leilão e concurso.
Já a Lei nº 10.520 (BRASIL, 2002) regulamentou outra modalidade, o pregão.
I — concorrência;
II — tomada de preços;
III — convite;
IV — concurso;
V — leilão.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
A Lei nº 10.520 (BRASIL, 2002) criou o chamado pregão, que é a sexta modalidade de licitação.
Brandão (2010) lembra que:
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Unidade III
Observação
Saiba mais
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
Por fim, há ainda outra modalidade de licitação, chamada de consulta. Essa modalidade foi criada
pela Lei nº 9.472/1997. É uma modalidade específica, utilizada pelas agências reguladoras, especialmente
para bens não comuns.
Todos esses regramentos devem e precisam ser observados, quando as vendas forem realizadas para
quaisquer organizações públicas.
Resumo
Exercícios
Questão 1. “Hoje, as empresas têm que lutar por um diferencial que as deixem mais sedutoras ao
mercado, competitivas em seus segmentos. Nesse contexto, há de se chamar à atenção um setor que
há alguns anos era visto como um departamento no qual as atividades eram burocráticas e repetitivas,
um verdadeiro centro de despesas e que, se começar a ser tratado como um setor estratégico, ajudará
as organizações nesse intento: o Setor de Compras” (FONTOLAN, 2011).
Neste sentido, observando o aumento do papel estratégico, além do aumento da tecnologia que o
setor dispõe, aponte a alternativa que descreve corretamente alguns elementos das compras técnicas:
C) Gestora de categoria, gestão de fornecedores, avança na cadeia de suprimentos e atende por demanda.
D) Foco em preço, cadastro de fornecedores, atende por demanda e etapa da cadeia de suprimentos.
E) Foco na geração de valor a partir do gasto, preditiva, integração total na cadeia de suprimentos
e função no negócio.
A) Alternativa correta.
Justificativa: a alternativa coloca corretamente alguns dos elementos da divisão do setor em técnico.
Neste modelo, que é intermediário no quesito de uso da tecnologia, o setor de compras deixa de ser
meramente acessório e passa a atuar de forma mais autônoma, trazendo mais soluções às demais áreas
da empresa.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa está incorreta apenas por um elemento, que é o foco em preço. O foco em
preço está atrelado ao setor quando ele quase não usa a tecnologia a seu favor e acaba por desempenhar‑se
à reboque dos demais setores.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: de forma até intuitiva é possível observar que o “atende por demanda” não é algo
característico de um setor que busca autonomia. Atender por demanda está ligado ao processo tático do
setor de compras, e o processo tático é aquele ligado aos estágios iniciais do desenvolvimento do setor.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: todos os elementos apontados na alternativa fazem parte, na verdade, das compras
táticas, estágio precedente ao estágio técnico.
E) Alternativa incorreta.
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RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS
Sobre as vantagens do uso do EDI no processo de compras junto ao fornecedor, é correto o que se
afirma em:
I – O EDI é importante pois permite, na troca de informações, ajustes de custo dos materiais
transacionados, aproximando o setor de compras de ações mais estratégicas;
II – O EDI é importante pois cria uma interface que permite ajustes pontuais de informações não
procedentes ou equivocadas;
III – O uso do EDI permite uma diminuição de custos em função da diminuição de pessoas envolvidas
no processo;
IV – O uso do EDI permite que os erros sejam minimizados e, além disso, permite que haja maior
eficiência na operação de recepção e tratamento dos pedidos de compra por parte dos clientes.
A) I, apenas.
B) I e II.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
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