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INTRODUÇÃO
A zona semi-árida perfaz de 60 a 65% da área total do Nordeste (LIRA et al.,
observados na região.
Manejar corretamente pastagens é uma das tarefas mais árduas que os técnicos ou
os produtores encontram numa fazenda de pecuária. De uma maneira geral alguns
objetivos pretendidos pelos produtores são difíceis de serem atingidos simultaneamente.
Os objetivos principais do manejo de pastagens são: a) manter elevada a densidade
populacional das espécies mais palatáveis e aceitáveis pelos animais ao longo do tempo;
b) equilibrar o fator produção e qualidade do pasto dentro de uma faixa razoável para
ambos, uma vez que estes não podem ser maximizados simultaneamente; c) fornecer
nutrientes em quantidade suficiente para os animais desempenharem suas funções
produtivas como crescimento e produção de carne, lã e leite; d) tornar a produção das
pastagens sustentável ao longo dos anos e acima de tudo mantendo o equilíbrio do
ecossistema; e) manter relação harmônica entre solo, planta, animal e meio ambiente.
Na região semi-árida nordestina, com raras exceções, não se tem dado atenção ao
manejo das pastagens sejam elas cultivadas ou nativas. Normalmente são usadas taxas de
lotação elevadas, que provocam baixo desempenho animal e acelerada degradação do
solo. A cultura extrativista que caracterizou a exploração pecuária no nordeste, desde o
descobrimento de Brasil a quase 500 anos atrás, tem diminuído os índices produtivos,
degradado as áreas pastorís e consequentemente empobrecido o produtor de tal maneira
que nas últimas décadas tem havido constante abandono de áreas que outrora foram
produtivas.
É sabido pela maioria dos técnicos que o simples ajuste na pressão de pastejo das
pastagens poderia resolver boa parte dos problemas da pecuária nordestina. O simples
fato de educarmos o produtor para uma exploração sustentável, aumentará
consideravelmente a oferta de produtos animais na região.
O manejo efetivo das pastagens possibilita a maximização da produção animal por
forragem é função das características da espécie vegetal e do manejo, bem como das
período de pastejo. Estes fatores devem ser considerados ao se definir o manejo a ser
adotado, para que se possa proporcionar condições para níveis de consumo que
Inicialmente a maior parte dos trabalhos existentes na literatura que tratavam dos
fatores que afetam consumo voluntário foram com espécies temperadas. Na década de
estruturais do pasto, como altura, relação folha/caule e densidade afetam o consumo por
seca/ha, os animais, geralmente, não têm dificuldade de satisfazer suas necessidades, uma
vez que estes levam grande quantidade de forragem em cada bocado. Quando a produção
1989).
uma maneira geral,, pode se admitir que as espécies adaptadas à seca apresentam ciclos de
produção mais curtos e isto afeta diretamente a porcentagem de matéria seca verde das
senescência.
número de bocados por minuto (STOBBS, 1974). Para STOBBS (1973), a densidade do
Nesse aspecto, vale ressaltar que o capim-buffel que é uma das espécies mais
utilizadas no Nordeste do Brasil, apresenta baixa relação folha/caule e que essa relação
torna-se menor durante o período seco. Esse fato certamente pode comprometer o
Como pode ser visto a quantidade e a qualidade da forragem ingerida são sem
dúvida alguma os principais fatores afetando o desempenho dos animais. Conforme pode
ser visto na figura 2, a pressão de pastejo influência o ganho de peso por animal.
A produção por animal decresce à medida que a pressão de pastejo passa de uma
condição de subpastejo para uma condição de pressão de pastejo ótima, que apresenta
uma amplitude de variação em função das espécies, das condições edafo-climáticas e do
grau de pastejo seletivo.
A produção por hectare mostra um aumento muito rápido na medida em que a
pressão de pastejo aumenta de uma condição de subpastejo até uma faixa ótima.
É importante salientar que havendo disponibilidade de forragem, mesmo que esta
não apresente a qualidade ideal, o pastejo seletivo feito pelos animais, permite que os
mesmos consumam uma forragem de qualidade razoável. Imaginando um caso extremo
de ausência de forragem, não haverá consumo, não havendo consequentemente a
produção animal. Este fato é melhor entendido observando se a figura 3, onde fica
demonstrado claramente que só haverá produção animal a partir do ponto onde o
consumo de forragem supera as exigências de mantença.
Um dos principais aspectos que o produtor deve entender é o quanto de forragem
consumida pelo animal que é direcionada para suprir as exigências de mantença e aquela
que é dirigida para produção (leite, carne e lã). Para a exigência de mantença vai maior
parte do alimento consumido pelos animais e portanto devemos procurar otimizar a
produção pois quanto menor for a quantidade de forragem oferecida, acima do
atendimento de mantença, maior será o consumo de alimento para cada quilograma de
leite, carne ou lã produzidos.
No quadro 1, pode-se observar mais claramente este fato. Nota-se que para um
novilho ser recriado (de 150 a 450Kg de peso vivo) podem ser gastos 1903 Kg de matéria
seca e 224 Kg de proteina durante 273 dias se o animal estiver ganhando 1,10 Kg/dia ou
7320 Kg de matéria seca e 652 Kg de proteína durante 1200 dias, se o mesmo animal
estiver ganhando 0,25 Kg/dia.
Analisando este fato, alguns pontos devem ser destacados:
a- Se considerarmos o teor de matéria seca do capim como 20%, podemos concluir
que um animal ganhando 1,10Kg/dia precisa ingerir 31,7 Kg de forragem para ganhar
1,00 Kg de peso vivo, enquanto se o mesmo animal ganhando 0,25 Kg/dia precisa ingerir
122 Kg de forragem para ganhar 1,00 Kg de peso vivo. Como pode ser visto no exemplo
acima, ao contrário do que pensam alguns produtores, o que onera o produto animal, não
é manter animais em pastagens com alta disponibilidade de pasto e sim mantê-los com
taxas de ganho diário reduzidas e por período de tempo longo.
b- Se observarmos, o tempo gasto para o animal com ganho de 0,25 Kg/dia atingir
450Kg de peso vivo (1200 dias) e o tempo necessário para o animal ganhando 1,10
Kg/dia (273 dias) atingir o mesmo peso, notamos que numa condição prática, poderíamos
recriar 4,4 animais (1200 dias/273 dias=4,4) com taxa de ganho de 1,10 Kg enquanto se
engorda um único animal com taxa de ganho diário de 0,25 Kg/dia.
c- Devemos entender que a medida que se eleva o fornecimento de nutrientes
acima da exigência de mantença, a eficiência de conversão alimentar também aumenta.
Fica claro que sempre que se mantiver os animais em condições de baixa disponibilidade
de pasto a eficiência de conversão alimentar será diminuída.
d- Mantendo-se animais com maiores taxas de ganho de peso diário, a idade de
abate será diminuída, atendendo ao mercado consumidor, que exige carne de animais
mais jovens e obviamente de melhor qualidade.
QUADRO 1- Requerimentos de matéria seca e proteina por um novilho para recria, dos
150 aos 450 Kg de peso vivo.
GPD Tempo necessário Requerimento total
(dias) (dias)
Matéria seca (Kg) Proteína (Kg)
0,25 1200 7320 652
0,50 600 4460 434
0,75 400 3052 310
1,10 273 1903 224
Adaptado de BLASER e NOVAES (1990)
Embora todas essas colocações feitas acima sejam procedentes, o manejo correto
das pastagens envolve outros fatores que não podem ser esquecidos. Infelizmente, numa
região como a semi-árida nordestina, processo de produção intensivos a pasto nem
sempre são viáveis economicamente pois seria necessário suplementar os animais durante
boa parte do ano. Não podemos esquecer ainda que sistemas de pastejo intensivo nessa
região, se mal executado, levam invariavelmente à degradação do ecossistema, que é
bastante frágil.
5. AJUSTE DA PRESSÃO DE PASTEJO
Um dos maiores problemas para o manejo das pastagens é o ajuste da pressão de
passtejo exercida ao longo dos anos de utilização. Na região nordeste este fato torna-se
mais grave pois normalmente se utiliza mais de uma espécie animal nas pastagens, o que
dificulta o ajuste da pressão de pastejo.
O uso da equivalência de unidade animal (EUA) para ajustar a pressão de pastejo
numa determinada área é uma das ferramentas mais utilizadas no mundo e vem sendo
desenvolvida de forma que se possa considerar as categorias e espécies animais em
pastejo de forma mais comum e uniforme.
Vários fatores tem sido propostos como base para a equvalência de unidade
animal: peso vivo (PV), peso metabólico (PV0,75), exigência de energia, ingestão de
energia, exigência de matéria seca e ingestão de matéria seca. Destacamos entretanto que
qualquer um dos fatores utilizados podem apresentar falhas e as particularidades de cada
região, fazenda, tipo de pastagens e etc, podem tornar os fatores mais ou menos
eficientes.
O primeiro fator a ser utilizado para a equivalência de unidade animal foi o PV,
onde segundo STODART e SMITH (1955), uma vaca pesando 1000 libras (450 Kg)
corresponderia a 1 (uma) unidade animal (UA). Os referidos autores não levavam em
consideração o estado fisiológico e a categoria animal. A partir daí passou a se fazer
transformações diretas do peso vivo para UA, como por exemplo: 10 ovelhas de 45 Kg de
PV = 1 UA ou 1 garrote de 225 Kg = 0,5 UA. Essa transformação não leva em conta se o
animal está em lactação ou não, ganhando peso ou apenas se mantendo e o que é mais
grave, assume que a ingestão de matéria em relação ao peso vivo é constante para todas
as categorias e espécies animais.
Na região nordeste, pode se admitir que tais transformações, se sugeridas em
Universidades, Centros de Pesquisas e Agências Financiadoras de projetos agropecuários
poderão ser um importante fator de degradação de pastagens e mesmo da baixa
produtividade dos rebanhos.
Considerando as falhas supra citadas LEWIS et al (1956), propôs que a EUA
fosse feita a partir do peso metabólico, sugerindo a seguinte fórmula para transformação:
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
a) Para o sucesso da exploração pecuária no semi-árido nordestino, a ocorrência da
seca deve ser encarada como uma realidade e não como um evento de ocorrência
esporádica. Dentro deste contexto, um manejo racional das pastagens é de
extrema importancia, uma vez que a ocorrência da seca torna a pastagem mais
susceptível à degradação.
b) Um mellhor ajuste da pressão de pastejo nas regiões semi-áridas é a técnica mais
apropriada para que se obtenha bons índices produtivos de maneira sustentável.
É preciso que seja trabalhado a nível de produtor, novas idéias a cerca de
produção por unidade de área e se elimine conceitos já arraigados como número
total de animais. O produtor precisa de conceber a idéia de que um pequeno
número de animais bem alimentados, pode dar mais lucro do que um grande
número em estado de subnutrição.
c) Embora os produtores esperem que possa surgir um capim milagroso, que se
adapte à região semi-árida e dispense técnicas de manejo de pastagens, sabe-se
que tal fato jamais ocorrerá. No momento, o melhor caminho que se tem a seguir
é manejar bem as gramíneas já existentes, pois apenas com a utilização de
técnicas de manejo adequadas pode-se alcançar índices produtivos bastante
superiores ao obtidos no momento.
STOBBS, T.H. Automatic measurement of the grazing time by dary cows on tropical
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STOBBS, T.H. Rate of biting by Jersey cows as influenced by yield and maturity of
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STOBBS, T.H. The effect of plant structure on the intake of tropical pastures. III.
influence of fertilizer nitrogen of the size of bite harvested by jersey cows grazing
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STODART, L.A.; SMITH, A. D. Range management. McGraw-Hill, New York, 1955.
532p.
THOMAS, D.; ROCHA, C.M.C. Manejo de pasturas y evaluación de la produccion
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VALLENTINE, J.F. Grazing management. Academic Press, 1990. 533 p.