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Om sahanavavatu
sahanau bhunaktu
sahavíryam karva vahai
tejas vinava dhitamastu
ma vidvisha vahai
Om shánti shánti shántihi
Sejam Bem-Vindos!
A prática de uns poucos exercícios de yoga por dia pode lhe dar força,
saúde e agilidade, melhorar a circulação e a respiração e a aliviar a rigidez do
corpo, a dor e a depressão. As técnicas de respiração e meditação da yoga
podem diminuir a ansiedade, a insônia e o stress. Essa é apenas uma amostra
dos muitos benefícios que reconhecidamente advêm da prática da yoga.
Tudo isso representa o fruto preliminar da yoga e precisa ser sentido pa-
ra o aspirante perceber tudo que estava perdendo enquanto continuava imerso
em sua vida comum.
(Trecho extraído do livro “A yoga do coração”, Alice Christensen, Ed. Pensamento, São Paulo).
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Artigos Selecionados
A maioria dos yogins, como a maioria das pessoas em geral, não tem forte inclinação para as
coisas do intelecto. Mas os yogins, ao contrário das pessoas em geral, tiram proveito desse
fato e passam a cultivar a sabedoria e as experiências psíquicas e espirituais que a mente raci-
onal tende a negar e combater.
Não obstante, sempre houve praticantes de Yoga que também foram intelectuais brilhantes.
Shankara, por exemplo, que viveu no começo do século VIII d.C., não é lembrado somente
como o maior defensor da metafísica não-dualista hindu, o Advaita Vedánta, mas também co-
mo um grande adepto do Yoga.
O mestre budista Nágárjuna, do século II d.C., não foi somente um célebre taumaturgo (sid-
dha) e alquimista tântrico, mas também um gênio filosófico de primeira categoria. No século
XVI d.C., Vijnána Bhikshu escreveu profundos comentários sobre as seis grandes escolas filo-
sóficas.
Era um pensador notável que impressionou sobremaneira o pioneiro indólogo alemão Max Mul-
ler, criador da disciplina das mitologias comparadas. Mas, ao mesmo tempo, era um praticante
espiritual de primeira linha, adepto do Jñána Yoga vedântico.
Do mesmo modo, Pátañjali, autor ou compilador do Yoga Sútra, era sem dúvida alguma um
adepto do Yoga que nem por isso deixava de ser inteligentíssimo. Como escreveu Christopher
Chapple, pesquisador do Yoga:
Alguns afirmam que Pátañjali, ao apresentar a escola yogi, não deu nenhuma contribuição es-
pecífica à filosofia. Eu afirmo, muito pelo contrário, que ele deu uma contribuição magistral, e
o fez apresentando sem preconceito toda uma diversidade de práticas, numa metodologia pro-
fundamente arraigada na cultura e nas tradições da Índia. (1)
Existem muitos paralelos entre o Yoga de Pátañjali e o budismo, e não se sabe se eles se de-
vem simplesmente ao desenvolvimento simultâneo dos Yogas hindu e budista ou se decorrem
de um interesse particular de Pátañjali pelos ensinamentos budistas.
Se Pátañjali de fato viveu no século II d.C., como propomos aqui, é muito possível que ele
tenha sofrido uma influência considerável do Budismo, que era forte naquele período. Pode
ser, porém, que as duas explicações estejam corretas (2).
Infelizmente, o que sabemos sobre Pátañjali é quase nada. A tradição hindu identifica-o com o
famoso gramático de mesmo nome que viveu no século II a.C. e escreveu o Maha-Bhásya.
O consenso da opinião dos estudiosos, porém, é que isso é muito pouco provável. Tanto o con-
teúdo quanto a terminologia do Yoga Sútra aponta para o século II d.C. como data provável
para a existência de Pátañjali, quem quer que tenha sido (3).
A Índia conhece, além do gramático, vários outros Pátañjalis. O nome é mencionado como tí-
tulo do clã (gotra) do sacerdote vêdico Ásuráyana. O antigo Shata Patha Bráhmana mencio-
na um Patanchala Kápya, que o estudioso alemão Albrecht Weber, no século XIX, tentou erro-
neamente identificar com Pátañjali (4).
Houve depois um mestre do Sámkhya que tinha esse mesmo nome, cujas doutrinas são reca-
pituladas no Yukti Dípiká (fim do século VII ou começo do século VIII d.C.). Atribui-se talvez a
outro Pátañjali a autoria do Yoga Darpana (Espelho do Yoga), manuscrito de data desconhe-
cida.
Por fim, houve um mestre de Yoga chamado Pátañjali que fazia parte da tradição shaiva do sul
da Índia. É possível que seja a ele que se refira o título do Pátañjala Sútra de Umápati Shi-
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váchárya, do século XIV, que é uma obra sobre a liturgia do templo de Natarája em Cidamba-
ram.
Segundo a tradição hindu, Pátañjali foi uma encarnação de Ananta, ou Shesha, o rei milecéfalo
da raça das serpentes, que supostamente guarda os tesouros ocultos da terra. Diz-se que
Ananta tomou o nome Pátañjali porque queria ensinar o Yoga na Terra e caiu (pat) do Céu
sobre a palma (añjali) de uma mulher virtuosa chamada Goniká.
Na iconografia, Ananta é representado muitas vezes como a almofada sobre a qual reclina-se o
deus Vishnu. As muitas cabeças do senhor das serpentes simbolizam a infinitude ou a onipre-
sença.
Não é difícil descobrir qual a ligação que Ananta tem com o Yoga, uma vez que este é por ex-
celência o tesouro oculto, isto é, o conhecimento esotérico. Até hoje, muitos yogins prostram-
se perante Ananta antes de começar a rotina diária de exercícios yogis.
No versículo de benção que dá início ao Yoga Bháshya, comentário do Yoga Sútra, o Senhor
das Serpentes, Ahísha, é saudado da seguinte maneira:
Que Aquele que, deixando de lado a Sua forma original [não-manifesta], de diversas maneiras
exerce a Sua soberania para fazer bem ao mundo – Aquele que se enrola em bela forma, dono
de muitas bocas, dotado de venenos mortais mas eliminador de todo o exército das aflições
(klesha), fonte de toda a sabedoria (jñána), e cujo círculo de serpentes-servas gera um prazer
constante, o divino Senhor das Serpentes: que Ele, o qual nos concede generosamente o Yoga,
jungido no Yoga, proteja-vos com o Seu puro corpo branco.
Não há nada que possamos afirmar acerca de Pátañjali que não seja pura especulação. É razo-
ável supor que ele tenha sido uma grande autoridade em Yoga e muito provavelmente o chefe
de uma escola na qual o estudo (swádhyáya) era visto como um aspecto importante da prática
espiritual.
(1) C. Chapple e Yogi Ananda Viráj (E. P. Kelly Jr.), The Yoga Sútras of Pátañjali: An Analysis of the Sanskrit with
Accompanying English Translation (Delhi: Sri Satguru Publications, 1990), p. 15. (2) Cf. S. N. Tandon, A Re-Appraisal
of Pátañjali’s Yoga-Sutras in the Light of the Buddha’s Teachings (Igatpuri, Índia: Vipassana Research Institute,
1995).
(3) A relação entre Pátañjali, o adepto do Yoga, e Pátañjali, o gramático, é objeto de um debate erudito em
S. Dasgupta, A History of Indian Philosophy (Delhi: Motilal Banarsidass, 1975), vol. 1, pp. 230-233, Cf. também
J. H. Woods, The Yoga System of Pátañjali (Delhi: Motilal Banarsidass, 3ª ed., 1966), pp. xiii-xvii.
(4) Cf. A. Weber, The History of Indian Literature (Londres: Kegan Paul, Trench, Trübner & Co., 4ª ed., 1904), p.
233n.
Weber também diz que, segundo uma certa tradição, Pátañjali foi uma das encarnações anteriores do Buddha.
Extraído do livro A Tradição do Yoga, Editora Pensamento, São Paulo.
Copyright (c) 2001 Georg Feuerstein, Yoga Research and Education Center.
Visite o site de Georg Feuerstein em www.yrec.org
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O Yoga de Patañjali
Pedro Kupfer
Coloquemos a nossa lente zoom no Ashtánga Yoga, o sistema organizado pelo sábio Pátañjali.
Este sistema tem oito partes: yama, niyama, ásana, pránáyáma, pratyáhára, dháraná, dhyána
e samádhi. As duas primeiras partes, yama e niyama, são as prescrições e proscrições éticas.
Yama significa controle ou domínio. São o pontapé inicial.
Yama são as cinco proscrições: não usar nenhum tipo de violência (ahimsá); falar a verdade
(satya); não roubar (asteya); não desvirtuar a sexualidade (brahmacharya); e não apegar-se
(aparigraha). Esses refreamentos pretendem purificar o yogin, aniquilar a subjetividade advin-
da do egocentrismo e prepará-lo para os estágios seguintes. Desempenham o controle dos
impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas): bra-
ços, pernas, boca, órgãos sexuais e excretores.
Ásana, o terceiro estágio, são as posições físicas, firmes e confortáveis: “o ásana torna-se per-
feito quando desaparece o esforço por realizá-lo, de forma que não haja mais movimentos no
corpo.” O Yoga Sútra de Pátañjali não é para iniciantes. É para mestres. Daí a importância do
estilo dos sútras. Cada palavra é significativa. Por exemplo, a definição de ásana: sthira-
sukham. Ele não diz sukhamsthira. Porque primeiro, o corpo precisa ficar imóvel. Depois, vem
sukham, o conforto. Su significa prazer. Kha refere-se aos indriyas, órgãos dos sentidos. O que
significa que os sentidos ficarão automaticamente sob controle. A posição sentada correta
permite a prática de pránáyáma e pratyáhára, os próximos passos. Mas isso só é possível
quando há força, firmeza e flexibilidade no corpo. Para o yogi, o processo do ásana passa ne-
cessariamente pela construção de um corpo novo. Um corpo onde a energia não mais tem obs-
táculos para circular.
Embora ásana e pránáyáma possam ser praticados para melhorar a saúde, aumentar força e
flexibilidade, etc., a intenção original dessas técnicas é equilibrar o fluxo da energia no orga-
nismo, e prepará-lo para as técnicas que seguem. É impossível sentar para meditar se não
estivermos acostumados a manter uma posição por um certo tempo, sem sentir o mínimo des-
conforto, sem que apareça nenhuma dor, nenhum movimento inconsciente, nenhuma dificul-
dade para respirar. Estas técnicas fortalecem o sistema nervoso, regulam o metabolismo, me-
lhoram a respiração, e nos ajudam a manter sob controle as emoções, atitudes e pensamen-
tos.
Ásana, pránáyáma e pratyáhára não são fins em si mesmos: objetivam unicamente dar ao
praticante uma infra-estrutura física e mental firme para que possa suportar as transformações
decorrentes do despertar da energia potencial: kundaliní. Através destas técnicas preliminares,
úteis também para superar os obstáculos iniciais (dúvida, preguiça, angústia, dispersão, etc.),
o meditador se prepara para o Yoga em si, que começa com as técnicas de contemplação.
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O que acontece com o sistema nervoso durante a meditação? Francisco Varela, neurobiólogo e
diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica de França afirma que “com
enorme surpresa, temos visto que nos momentos de profunda introspeção não acontece nada
de raro ou diferente do habitual no cérebro. Só que esta capacidade dos grupos neuronais para
entrar em harmonia, torna-se mais eficaz e rápida. Isto é, que em lugar daquela melodia flu-
tuante e indefinida da experiência cotidiana, o ato da reflexão produz uma música potente.
Portanto, a capacidade que o homem tem de olhar para si próprio não é um desdobramento,
senão uma maneira de tornar um processo comum, algo mais forte e poderoso. Você aprofun-
da algo que já tinha.” E é exatamente isso o que o Yoga faz com a gente! Nos torna conscien-
tes do que já tínhamos: uma espiritualidade explorável usando a consciência. É tão simples
que não parece possível. Mas é. E está mais perto do que você imagina. Pátañjali disse que “o
samádhi está próximo para os que o anseiam com intensidade. Os frutos desse anseio serão
proporcionais à sua intensidade.” Yoga Sútra, I:21,22.
Não vemos a realidade como ela é, mas como somos nós mesmos. Mas o que é a realidade?
Ram Dass explica que “crescemos com um plano de existência que denominamos o real. Iden-
tificamo-nos por inteiro com essa realidade, tida por absoluta, e descartamos as experiências
não compatíveis com ela como sonhos, alucinações, insanidade ou fantasia. O que Einstein
demonstrou na física aplica-se também aos outros aspectos do cosmos: toda realidade é rela-
tiva. Cada realidade é verdadeira apenas dentro de certos limites; é apenas uma versão possí-
vel do modo de ser das coisas. Sempre há múltiplas versões da realidade. Despertar de uma
realidade relativa é reconhecer-lhe a natureza relativa. A meditação é um instrumento para
fazer precisamente isso.”
Os últimos três estágios do Yoga de Pátañjali, concentração, meditação e iluminação, constitu-
em a técnica tríplice chamada samyama e são conhecidos como antaranga, membros internos,
por oposição aos anteriores (bahiranga = externos), que regem a vida exterior. Isto, porque
no samyama não se precisa nenhuma técnica fisiológica nova. A partir daqui, tudo acontece da
pele para dentro.
E uma das coisas que acontece quando você medita, é a aparição dos poderes psíquicos, cha-
mados siddhis. Qualquer estado mais elevado de consciência desencadeia os siddhis. Os sid-
dhis vêm sozinhos com a prática, mas não são importantes. Importante é o seu desenvolvi-
mento. Se poderes específicos surgirem ao longo do caminho, tudo bem. Pátañjali adverte so-
bre o perigo que se esconde na tentação de usar os siddhis. Pois quando alguém os obtém e
começa a utilizá-los, esquece do objetivo do Yoga. É como se você pegasse uma chave de fen-
da para fazer algum conserto, mas, ao invés de trabalhar, ficasse olhando extasiado para o
reflexo do sol nela e esquecesse para que você a pegou. Pátañjali dedica um capítulo inteiro do
Yoga Sútra aos siddhis, porque você precisa saber o que é inútil também. Se ele não descre-
vesse os poderes, um a um, o praticante poderia se perder. Tudo o que você não entende lhe
dá medo. Mas se você souber exatamente o que é um siddhi, quando ele se manifestar, você
não entrará em pânico nem perderá o controle da situação.
Ashtanga Yoga
José Hermógenes
Ashtanga (ashta, oito; anga, membro) Yoga é o Yoga de oito componentes, mais conhecido
como Rája Yoga (Yoga Real). Foi codificado pelo sábio Pátañjali, baseando-se nos milenares
conhecimentos yogis que a tradição oral transmitia através das gerações, de Guru a discípulo.
Era um conhecimento esparso e assistemático, embora verdadeiro e profundo.
Pátañjali produziu um pequeno manual chamado Yoga Sútra, em quatro capítulos, ensinando
inclusive as oito etapas do caminho (marga) a ser percorrido pelo aspirante, culminando com a
realização de kaivalya ou libertação da Consciência (Purusha) de sua servidão e confinamento
na matéria (Prakriti). A libertação só acontece quando a mente atinge o estado de total quie-
tude, vazio, silêncio e abstração.
O método é uma ascese eficiente, que permite, passo a passo, a correção das imperfeições da
mente, bem como, por fim, sua perfeita quietude e lucidez. Cessado todo funcionamento da
mente objetiva, produz-se a libertação da Consciência ou Espírito. O Espírito, restituído à sua
plena liberdade, entra no gozo do Ser.
O que nos impede gozar a Suprema Bem-Aventurança (Ananda), segundo Pátañjali, é o febril
funcionamento da mente, assim como só se consegue ver a Lua em sua inteireza, quando re-
fletida no lago, se as ondulações deste se aquietarem totalmente.
Nossa mente, em seu estado normal, isto é, em sua condição de mediocridade, é impura, des-
concentrada, toldada e agitada. A prática do Ashtanga Yoga corrige todas essas condições, e
condiciona a mente para a experiência culminante de sua cessação.
Vejamo-los um a um.
Yama
Yama é o conjunto de cinco abstenções em nosso comportamento, visando a estabelecer um
relacionamento perfeito e eficiente com nossos semelhantes. É um comportamento moral per-
feito. As cinco abstinências são:
1. Ahimsá, que é objeto de estudo de todo o livro Convite à Não-violência (não ferir);
2. Satya, a veracidade, o oposto de hipocrisia (não mentir);
3. Asteya, o evitar a apropriação indébita (não furtar);
4. Brahmacharya, a vida casta, isto é, voltada para Deus (não explorar sexualmente);
5. Aparigraha, evitar a insatisfação (não cobiçar).
Não pode ser eficaz e verdadeira a meditação de alguém que está em dívida com seus seme-
lhantes, se há alguém a quem feriu, a quem enganou, a quem furtou, a quem explorou sexu-
almente, a quem deseja ou desejou arrebatar algo. As vítimas estarão vibrando contra o pre-
tenso meditante. À mente deste acorrerão lembranças e remorsos, que a inquietarão e frustra-
rão a pretensão de meditar. São Paulo insistiu: Fazei o possível para viver em paz com os ho-
mens... Rm, 12:18
Niyama
Niyama é o conjunto de cinco preceitos que, bem cumpridos, produz a paz no mundo interno.
Yama gera a paz com os outros. Niyama gera a paz conosco mesmos. Formam niyama:
1. Shauchan (pronuncia-se saucha) significa pureza interna, externa, física e mental (mante-
nha-se puro);
2. Santosha significa contentamento (contente-se com o que tem, com o que faz, com não
poder ter, com o que não pode fazer...);
3. Tapas é uma palavra que literalmente significa queimar. Queimar por quê? É o fogo que não
somente purifica, mas melhora a têmpera.
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Um aspirante é um asceta que, na ascese, aprimora a têmpera, se fortalecendo para vencer o
"caminho estreito". Tapas é disciplina, austeridade, resistência contra a fadiga, o desconforto e
a doença (seja um forte);
4. Swádhyáya significa procurar conhecer-se, não somente como personagem, mas como Ator,
isto é, como ego mortal e como o próprio Ser, que todos somos ("conhece-te a ti mesmo");
5. Íshvara pranidhána significa entregar-se a Íshvara (o Senhor). Sem a Graça Divina, o esfor-
ço do aspirante ao Yoga é impotente. Humildando-se enquanto se esforça no sádhana (disci-
plina espiritual), o aspirante se entrega total e incondicionalmente a Íshvara (Deus pessoal).
onseguimos o máximo quando permitimos que seja feita a vontade de Deus (entregue-se ir-
restritamente a Deus).
Puro, contente, resistente e bem curtido, conhecendo-se a si mesmo e entregue às mãos de
Deus, alcança-se a paz, a paz pessoal, aquele que "transcende a compreensão humana",
aquela que só o Cristo (Íshvara) nos pode dar. Não é a paz que compramos do mundo.
Ásana
Ásana é a postura do corpo, que deve ser confortável e estável, a tal ponto que nos permita
meditar por um bom tempo, sem sentir desconforto (dores, fadigas...) nem desafio ao equilí-
brio. Só assim podemos meditar com eficácia. O conforto e a estabilidade nos permitem atingir
um estado no qual o corpo é como se não existisse. Diríamos que então se goza paz no corpo.
Pránáyáma
Pránáyáma é o controle da bioenergia (prána), que mantém vivo o corpo e vivifica a mente. É
só quando o alento praticamente pára, estando não obstante todo o sistema abastecido de
energia, que os movimentos rebeldes da mente podem parar. Paz no sistema energético.
Pratyáhára
Pratyáhára é a suspensão das funções sensórias. Os órgãos dos sentidos são desligados. Suas
mensagens não atingem o cérebro. É a paz dos sentidos.
Dháraná
Dháraná é o estado de concentração da mente, com relativa minimização de seus movimentos
agitados.
Dhyána
Dhyána é o estado de meditação que sucede a uma concentração que se prolonga. O objeto
em que se medita está a maior parte do tempo ininterruptamente ocupando a atenção.
Samádhi
Samádhi acontece quando a meditação se prolonga e permite que a mente que contempla e o
objeto contemplado se unifiquem, e os movimentos (vrittis) conseqüentemente páram. É um
estado feliz. É quando se alcança o Yoga. É quando o Espírito (purusha) se liberta e se isola
em seu Reino de Bem-Aventurança e Plenitude.
O Ashtanga Yoga não comete o equívoco de pretender atingir a Meta suprema através de téc-
nicas (físicas, psíquicas, psicofísicas, sexuais, energéticas...) que "falsos profetas" nos dias
atuais andam propondo, e disto tirando grande proveito econômico para suas multinacionais
empresas de "meditação", "controles", "iluminações", "despertamentos de kundaliní", "poderes
paranormais"... e muitas outras mistificações.
A transformação ética é pré-requisito indispensável às práticas e a todo restante do sádha-
na. Enquanto reinar em nós um ego capaz de ferir, que gosta de mentir, que não vacila em
furtar, que se entrega a curtições eróticas selvagens, permanentemente descontente e reivin-
dicante, que não tem o mínimo de eqüanimidade e endurance (resistência nobre), que não
tem qualquer percepção sobre si mesmo (um alienado, portanto) e que desconhece Deus e
conseqüentemente muito menos se devota a Ele, é imprudente iniciar as práticas do Rája Yoga
e de outros Yogas igualmente austeros e arriscados como o Laya e o Kundaliní Yoga.
Técnicas sem ética, propõem os charlatães.
Extraído do livro Convite à Não-violência, Editora Nova Era. Visite o site do Professor Hermógenes em
www.profhermogenes.com.br
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Os resultados da prática da ética yogue
Alice Christensen
“... o benefício principal que advém da prática dessas dez disciplinas éticas é que assim
fica facilitada a união dos corpos físico e espiritual. Outro resultado é um fenômeno luminoso
que eu chamo de consciência periférica. A pessoa dotada dessa qualidade tem um processo de
pensamento maduro, que transcende a falação circular e viciosa que acontece na nossa cabeça
a maior parte do tempo. A atenção dela abrange um ambiente muito mais amplo. As pessoas
dotadas de consciência periférica conseguem se concentrar no que estão fazendo sem perder a
consciência de tudo o mais que está acontecendo ao redor. São capazes de lidar com uma
multidão de detalhes sem se sentirem tensas.
Além disso, os textos de yoga afirmam que a prática perfeita de cada princípio ético dá
um resultado específico, que é chamado de um ’poder’. O resultado da prática do Não-Roubar,
por exemplo, é que ‘toda a riqueza vem até você’. De acordo com essa idéia, a prática da éti-
ca pode ser considerada um empreendimento muito proveitoso.
As pessoas passam a maior parte da vida tentando atingir objetivos como esse, mas
erram ao pensar que esses objetivos estão fora delas. A yoga ensina que você deve buscar os
seus objetivos dentro de você. Tudo o que você pode querer está lá. Não se trata de uma
atividade narcisista de fechar-se em si mesmo. Muito pelo contrário, trata-se de uma prática
poderosa que não só faz bem a você como também, no fim, tem um efeito extremamente fa-
vorável sobre todas as pessoas e coisas que o rodeiam. Como diz a antiga canção de blues,
‘Deus abençoe o filho que se basta a si mesmo’. Você percebe que tudo o que você quer está
dentro de você.
Ao pensar sobre o resultado dessas práticas, procure mudar a sua atitude de ‘receber’
para a de ‘dar’. Certa vez quando um discípulo perguntou ao mestre: ‘O que eu faço para
ganhar mais devoção?’ A pergunta deveria ser ‘O que eu faço para dar mais devoção?’ Em
outras palavras, a devoção não é um ato egoísta. Ao praticar a ética yogue, a pessoa só dá, e
não exige nada –– não se trata, em absoluto, de um comércio. Com uma humildade simples,
você dá ao seu corpo espiritual a oportunidade de entrar no corpo físico a fim de poder traba-
lhar. Fazendo isso, você dá a si mesmo uma dádiva preciosíssima, que enriquece a sua vida a
um ponto que você não pode imaginar.
Rama costumava dizer: ‘Você dá um copo de leite e ganha em troca uma vaca’. Basta
um pouquinho de prática para que você goze dos benefícios dessas maravilhosas ferramentas
da yoga.”
Extraído do livro: A Yoga do coração – Alice Christensen – Ed. Pensamento – SP, 1998, págs. 54/55.
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Yoga tem suas raízes nos Vedas. Os Vedas são imemoriais. Hoje, pesqui-
sas concluem que foram cognizados por volta de 8.000 anos a.C. ou até antes, às
margens do Rio Saraswati (atualmente seco), na região Noroeste, na Índia.
Veda quer dizer conhecimento total, absoluto. Divide-se em: Rig, Yajur,
Sama e Atharvana Veda. Contém todo o conjunto das leis e dos princípios uni-
versais. Cada Veda tem três partes: Mantras ou hinos, Brahmanas e Upa-
nishads.
É chamado de apaurushaya porque não foi criado pelo homem. Ele fora
cognizado por aqueles mestres em profundo estado de meditação.
Nyaya
Vaisesika
Darshnas ou escolas Samkhya
de filosofia Yoga
Mimansa
Vedanta
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Samkhya e a Criação
Da mesma forma como a luz gerada por uma lâmpada é fruto da interação
das três cores básicas - amarelo, azul e vermelho - a Prakriti age na criação mani-
festando suas três gunas - as qualidades da natureza material: Sattwa, o princípio
do equilíbrio, da paz, da pureza; Rajas, o princípio do movimento, da atividade, da
paixão; e Tamas, o princípio da inércia, da escuridão e da ignorância. As gunas
vão interagir complexa e infinitamente dos níveis mais sutis aos mais densos da
criação, do mais espiritual ao mais abissal.
A Metáfora da Carruagem
Purusha
Ser
plano sutil
Prakrti
natureza
gunas
3 qualidades:
tamas, rajas,
sattva
Mahat
energia primeira
Buddhi
intelecto superior
Ahamkara tanmatras
manas ego 5 qualidades
pensamento sensíveis: sono-
ro, tangível,
visível, olfativo,
jñanaendriyas (rajásico) gustativo
5 sentidos:
audição, bhutas
olfato,
karmendriyas
5 faculdades de 5 elementos:
visão, tato, espaço, ar, fo-
paladar ação:
palavra, gozo, go, água, terra
preensão,
locomoção,
excreção
plano denso
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Mantra OM
11) Prana – (alento que vai para diante ) o ar exalado que penetra
todo o organismo da ponta do dedo grande do pé, passando
pelo umbigo e o coração até a ponta do nariz.
12) Apana – (alento oposto que vai para baixo) o ar inspirado que
prevalece na garganta, na região dorsal, intestinos, nos órgãos
sexuais e nas pernas.
13) Samana – (alento igualador) que digere e assimila, está centra-
lizado nos órgãos digestivos, no coração, no umbigo e em to-
das as articulações.
14) Udana – (alento ascendente) está no coração, na garganta, no
palato, no crânio e entre as sobrancelhas.
15) Vyana – (alento penetrante) que atua na circulação, na respira-
ção e na distribuição das seivas vitais e está disseminado em
todo organismo.
yama
Preceitos éticos, abstenções no comportamento moral, gera a paz
com os outros
niyama
Disciplinas, observâncias, gera a paz conosco mesmo
ásana
posturas, devem ser confortáveis e estáveis, paz no corpo
pránáyáma
Expansão da energia vital, paz no sistema enegético
pratyáhára
Abstração, introspecção, retração dos sentidos, suspensão das fun-
ções sensórias, paz dos sentidos
dháraná
Concentração
dhyána
Meditação, contemplação
samádhi
Supraconsciência, liberação, estado de iluminação
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Para que haja algum sentido, esses valores devem se tornar vivos e atu-
antes no dia-a-dia. Parar, voltar-se para dentro é uma jornada que deve ser
empreendida. Com a auto-investigação várias questões podem ser indagadas,
tomando-se consciência de ações, reações e sentimentos. Essa conscientização
traz a percepção de que algo pode ser modificado, abrindo-lhe uma nova pos-
sibilidade de escolha, sobressaindo um aprendizado e conseqüentemente um
crescimento interno rumo à expressão ilimitada do Ser.
“Não violência, veracidade, não roubo, celibato e não possessividade são os yamas, as
proscrições éticas” (Ahimsa-satya-asteya-brahmacharya-aparigraha yamah).
Profº Hermógenes
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OITO MEMBROS DO YOGA
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GAYATRI MANTRA
“Bhúr, bhuva e sváhá são os três planos da existência. Na teoria védica das
equivalências (bandhu), esta divisão tripartida do universo tem muitos níveis
de significados. Refere-se aos três mundos: o do infinitamente grande, o hu-
mano, e o do infinitamente pequeno; aos três gunas, as três qualidades da na-
tureza: inércia, ação e equilíbrio (tamas, rajas e sattwa); ou ainda, ao paralelo
que existe entre as estruturas da consciência e da Natureza. Ou seja, assim
como é acima, assim é embaixo; o macrocosmos reflete o microcosmos, etc.
Savitr, o Sol, é símbolo da consciência e ao mesmo tempo da kundaliní. O
Gáyatrí mantra se faz para celebrar a existência e harmonizar-nos com o poder
de transformação presente na natureza. Este mantra é um convite à contem-
plação da força que move o macrocosmos, o microcosmos e o homem.”
Swami Sivananda
Namastê!!!
Sejam Felizes!
23
Bibliografia
Ajaya, Swami. Vivendo com os mestres do Himalaia: Experiências Espirituais do Swami Ra-
ma. São Paulo, Editora Pensamento, 1990. 434p.
Acaria, Avadhutika Anandamitra: Meditação e os Segredos da Mente. Publicações Ananda
Marga.
Arora, Dr. Harbans Lal - Yoga e a Física Moderna - UFRN
Azevedo, Murillo Nunes: O pensamento do extremo Oriente. Ed. Pensamento.
Blay, Antonio - Hatha Yoga - Editora Loyola.
Blay, Antonio: Fundamento e técnica do Hatha Yoga, Loyola, São Paulo.
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