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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
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Estudo originalmente encartado neste texto monográfico: FROTA, Hidemberg Alves da. O direito à
intimidade como limite aos poderes de investigação das Comissões Parlamentares de Inquérito, à luz da
Constituição Federal de 1988. 264 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) — Curso de Direito, Centro
Universitário de Ensino Superior do Amazonas, Manaus, 2004. Revisado em 25 de dezembro de 2010.
2
Valor maior em torno do qual orbita a ordem constitucional de 1988, situa-se no centro do ordenamento
jurídico pátrio . Enquistado no art. 1º, inc. III, da CF/88, de lá se espraia para o resto do nosso sistema jurídico.
Cf. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 4. ed. São Paulo: Max
Limonad, 2000, p. 53. Nesse sentido: Id. A Constituição de 1988 e os tratados internacionais de proteção dos
direitos humanos. Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, São Paulo, n. 47/48, jan.-dez.
1997, p. 103; Id. A proteção dos direitos humanos no sistema constitucional brasileiro. Revista da
Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, São Paulo, n. 51/52, jan.-dez. 1999, p. 86; Id. O direito
internacional dos direitos humanos e a redefinição da cidadania no Brasil. Revista da Procuradoria Geral do
Estado de São Paulo, São Paulo, n. 45/46, jan.-dez. 1996, p. 46. Em sentido diverso, considerando o princípio
da dignidade da pessoa humana adstrito “à estrutura do ordenamento constitucional, portanto mais limitado do
que os princípios constitucionais gerais, que envolvem toda a ordenação jurídica”, mas, ao mesmo tempo,
postulado informador da ordem jurídica, política, social, econômica e cultural, cf. AFONSO DA SILVA, José.
Poder constituinte e poder popular. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 147.
3
A atual doutrina do Direito Constitucional evita a tradicional classificação cronológica estribada em gerações, a
fim de não transmitir “a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por outra” e não olvidar “o
processo cumulativo, de complementariedade, e não de alternância” do “reconhecimento progressivo de novos
direitos fundamentais”. Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4. ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 54. Lima vai além: “Todos os direitos fundamentais (civis, políticos,
sociais, econômicos, culturais, ambientais etc.) devem ser analisados em todas as dimensões, a saber: na
dimensão individual-liberal (primeira dimensão), na dimensão social (segunda dimensão), na dimensão de
solidariedade e fraternidade (terceira dimensão) e na dimensão democrática (quarta dimensão). Cada uma dessas
dimensões é capaz de fornecer uma nova forma de conceber um dado direito.” Cf. LIMA, George Marmelstein.
Críticas à teoria das gerações (ou mesmo dimensões) dos direitos fundamentais. Circulus: Revista da Justiça
Federal do Amazonas, Manaus, v. 2, n. 3, jan.-jun. 2004, p. 92.
4
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit., loc. cit.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
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Grifos do autor.
6
AFONSO DA SILVA, José. Curso de direito constitucional positivo. 21. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.
182-183, 190-191.
7
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 517.
8
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p.
15.
9
Grifos do autor.
10
AFONSO DA SILVA, José. Op. cit., p. 182-183.
11
BONAVIDES, Paulo. Op. cit., p. 518.
12
ALEXY, Robert. Die institutionalisierling der menschenrechte im demokratischen verfassungsstaat.
Philosophie der Menschenrechte, Frankfurt am Main, 1998, p. 277 et seq. Apud TAVARES, Juarez. Teoria do
injusto penal. Belo Horizonte: Del Rey, 2000, p. 121. Entende que a expressão direitos e garantias individuais
capitulada no Capítulo II, do Título IV, da Constituição brasileira de 1946, tem “o mesmo alcance e
conceituação de liberdades públicas e de direitos fundamentais”: MELLO, Celso Renato Duviver de
Albuquerque. Direitos humanos e conflitos armados. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p. 11.
13
BONAVIDES, Paulo. Op. cit., p. 517.
14
Ibid., loc. cit.
15
AFONSO DA SILVA, José. Curso de direito constitucional positivo. 21. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.
183.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
o qual reserva o direito à vida privada para a 1ª parte do inc. X (são invioláveis a
intimidade, a vida privada16, a honra e a imagem das pessoas).
Encravado no art. 5º, inc. X, 1ª parte, da CF/88, o direito à vida privada
na óptica do presente trabalho (estribado no magistério de Sarlet17) desfruta
daquilo que Afonso da Silva descreveria18 como “eficácia plena e aplicabilidade
direta, imediata e integral19”20, não apenas por força do § 1º do mesmo artigo
(as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata21), mas também por se enfileirar entre os direitos de resistência. Como
a maioria deles22, o direito à vida privada não reivindica do Poder Público
prestações: tão somente exige do Estado a omissão de “se abster de ingerir na
esfera da autonomia pessoal”23. Desde a promulgação do Texto Constitucional
de 1988, o direito à vida privada, prescrito pelo art 5º, inc. X, 1ª parte, traz em si
“todos os meios e elementos necessários à sua executoriedade” 24, daí “incidindo
direta e imediatamente sobre a matéria que lhes constitui objeto 25”26. Além da
“incidência imediata”27, ostenta “supereficácia paralisante28”29, a imunizá-lo
contra modificações ou limitações operadas via reforma constitucional ou
regulamentação infraconstitucional30.
Integrante do elenco de direitos civis, o direito à vida privada recebe da
Ciência do Direito Privado fecundas elucubrações, enfocando-o sob o ângulo
16
Grifos nossos.
17
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2004, p. 269-270.
18
Optou-se pelo futuro do pretérito, porquanto Afonso da Silva, em relação aos direitos fundamentais
individuais, diverge parcialmente de Sarlet: reconhece a aplicabilidade imediata, contudo, no lugar da eficácia
plena, vislumbra a eficácia contida. Cf. AFONSO DA SILVA, José. Aplicabilidade das normas
constitucionais. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 165.
19
Grifos nossos.
20
Ibid., p. 86.
21
Grifos nossos.
22
SARLET, Ingo Wolfgang. Op. cit., p. 269.
23
Ibid., loc. cit.
24
AFONSO DA SILVA, José. Op. cit., p. 102.
25
Grifos nossos.
26
Ibid., p. 82.
27
DINIZ, Maria Helena. Norma constitucional e seus efeitos. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 112.
28
Grifos nossos.
29
Ibid., p. 113.
30
Ibid., loc. cit.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
31
Grifos do autor.
32
JABUR, Gilberto Haddad. Liberdade de pensamento e direito à vida privada: conflitos entre direitos da
personalidade. São Paulo: RT, 2000, p. 30.
33
BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003, p.
3.
34
Sobre o embate entre liberdade de impresa e vida privada, cf. CALDAS, Pedro Frederico. Vida privada,
liberdade de imprensa e dano moral. São Paulo: Saraiva, 1997, passim.
35
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Campinas: Romana Jurídica, 2004, p. 24.
36
Direitos subjetivos são os direitos do sujeito, faculdades ou poderes de agir do indivíduo, reconhecidos pelo
Estado. Direitos objetivos são as normas de conduta do ser humano em sociedade, impostas pelo Estado. Cf.
SOUZA, Carlos Aurélio Mota de. Direitos humanos, urgente! São Paulo: Oliveira Mendes, 1998, p. 76-77.
37
Grifos nossos.
38
DE CUPIS, Adriano. Op. cit., loc. cit.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
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Na dogmática constitucionalista, cf. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4. ed.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 54. Na dogmática civilista, cf. DINIZ, Maria Helena. Curso de
direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, v. 1, p. 100.
40
JABUR, Gilberto Haddad. Liberdade de pensamento e direito à vida privada: conflitos entre direitos da
personalidade. São Paulo: RT, 2000, p. 81.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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41
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de personalidade e sua tutela. São Paulo: RT, 1993, p. 57-58.
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42
CASTRO, Mônica Neves Aguiar da Silva. Honra, imagem, vida privada e intimidade, em colisão com
outros direitos. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 60, 63.
43
ATALIBA, Geraldo. Prefácio. In: SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de direito público. 4. ed. São
Paulo: Malheiros, 2000. p. 7.
44
MAYÓN, Carlos Alberto. Relaciones entre el Derecho Constitucional y el Derecho Civil. Evolución. In: VI
CONGRESO MUNDIAL DE DERECHO CONSTITUCIONAL. Workshop 4: Derechos Humanos y Derecho
Privado. Disponível em: <http://www.iaclworldcongress.org>. Acesso em: 31 dez. 2004. A propósito, Mayón se
filia à corrente doutrinária que enxerga na constitucionalização do Direito Civil indicativo não apenas da
publicização do Direito Privado, mas também da privatização do Direito Público. A unificação do Direito seria
fruto desses movimentos simultâneos.
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45
NEVES, Allessandra Helena. Direitos fundamentais versus direitos da personalidade: contraposição,
coexistência ou complementaridade? Fórum Administrativo: direito público, Belo Horizonte, ano 3, n. 32, out.
2003, p. 2.947.
46
MAYÓN, Carlos Alberto. El Derecho Constitucional Civil: ¿Rama del Derecho Constitucional o del Derecho
Civil? In: VI CONGRESO MUNDIAL DE DERECHO CONSTITUCIONAL. Workshop 4: Derechos
Humanos y Derecho Privado. Disponível em: <http://www.iaclworldcongress.org>. Acesso em: 31 dez. 2004.
47
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de personalidade e sua tutela. São Paulo: RT, 1993, p. 56. Nesse sentido:
SAMPAIO, José Adércio Leite. Direito à intimidade e à vida privada: uma visão jurídica da sexualidade, da
família, da comunicação e informações pessoais, da vida e da morte. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 52.
48
SAMPAIO, José Adércio Leite. Op. cit., loc. cit.
49
Ibid., p. 51.
50
Ibid., p. 52.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
51
SZANIAWSKI, Elimar. Op. cit., p. 58.
52
Ibid., loc. cit.
53
JABUR, Gilberto Haddad. Liberdade de pensamento e direito à vida privada: conflitos entre direitos da
personalidade. São Paulo: RT, 2000, p. 81.
54
SOUZA, Carlos Aurélio Mota de. Violência e dignidade da pessoa humana. Revista Brasileira de Ciências
Criminais, São Paulo, ano 2, n. 7, jul.-set. 1994, p. 66.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
[...]
De acordo com a lição de Pérez Luño, “a dignidade da pessoa humana
constitui não apenas a garantia negativa de que a pessoa não será
objeto de ofensas ou humilhações, mas implica também, num sentido
positivo, o pleno desenvolvimento da personalidade de cada
indivíduo”. 58 (grifos nossos)
58
Ibid., p. 120.
59
BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003, p.
7.
60
Grifos nossos.
61
Ibid., loc. cit.
62
FREGADOLLI, Luciana. O direito à intimidade. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política,
São Paulo, ano 5, n. 19, abr.-jun. 1997, p. 197-198.
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direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
sendo apenas reconhecidos por ela, que lhe é posterior.”63 A propósito, a ordem
jurídica reserva os direitos do ser humano ainda por nascer — o nascituro —
para serem exercidos apenas quando o indivíduo adquirir personalidade civil,
mediante o nascimento com vida (art. 4º, do CCB/16; art. 2º, do CCB/02).
63
BENASSE, Paulo Roberto. A personalidade, os danos morais e sua liquidação de forma múltipla. Rio de
Janeiro: Forense, 2003, p. 3.
64
BRASIL. Código Civil de 1916. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 7 jul. 2004.
65
BRASIL. Código de Civil de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso
em: 7 jul. 2004.
66
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 2000, v. 1, p. 99.
67
Ibid., loc. cit.
68
Ibid., loc. cit.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
13
direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
69
Ibid., loc. cit.
70
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: parte geral. São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 151-157.
71
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: parte geral. São
Paulo: Saraiva, 2002, p. 152.
72
Ibid., p. 153.
73
Ibid., loc. cit.
74
Ibid., p. 154.
75
Ibid., p. 156.
76
Ibid., loc. cit.
O direito à vida privada: ponto de convergência entre os direitos fundamentais e os
14
direitos da personalidade (Hidemberg Alves da Frota)
77
Ibid., p. 156-157.
78
FRANÇA, R. Limongi. Manual de direito civil. 3. ed. São Paulo: RT, 1975, p. 411. Apud DINIZ, Maria
Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, v. 1, p.
100-101; GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: parte geral.
São Paulo: Saraiva, 2002, p. 157.
79
DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 101.