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7. Formação do mundo feudal; 8. Povos e reinos africanos; 9. As cruzadas; 10. Renascimento; 11. Crise
do Feudalismo; ...................................................................................................................................... 28
12. Formação dos Estados nacionais; 13. Reforma e contra reforma; 14. O antigo Regime; ................ 40
16. Expansão Marítimo-Comercial Europeia; 17. Povos da América pré-colombiana; 18. Indígenas da
América portuguesa e Espanhola; ......................................................................................................... 51
19. Capitanias hereditárias na América portuguesa; 20. Dominação e exploração Colonial portuguesa; 21.
Escravidão indígena e africana na América portuguesa; ....................................................................... 66
22. A era das revoluções; 23. Expansão dos Ideais Revolucionários; 24. Expansão Napoleônica; ....... 84
26. Independência do Brasil; 27. Crise do Império e proclamação da república brasileira; .................. 103
28. Primeira Guerra Mundial; 29. Regimes totalitários; 30. Segunda Guerra Mundial; ......................... 131
33. Ditadura Civil-Militar no Brasil; 34. Redemocratização; 35. A nova república brasileira; ................ 155
36. Arqueologia Amazônica: Fase Paleoindígena, Arcaica e pré-história Tardia; 37. A conquista
portuguesa da Amazônia; 38. A Amazônia Pombalina e o Diretório dos Índios; 39. A província do Grão-
Pará; 40. Província do Amazonas; 41. Processo de abolição Negra no Amazonas; 43. Economia Gomífera
na Amazônia; 44. Belle époque Amazônica; 45. Crise da borracha na Amazônia.: .............................. 171
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom
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O Sujeito Histórico
A educação é a apropriação da cultura, e através da história se torna a construtora do sujeito histórico,
pois deve enfatizar a aprendizagem na constituição do interesse do indivíduo. É através da educação que
nos fazemos humanos e históricos, como autores no modo de refletir sobre a realidade, sobre o mundo
e sobre nós mesmos (condição de sujeito). Nessa direção, a realização do indivíduo como sujeito histórico
distingui sua conexão com a coletividade e seu acordo com a mudança social.
Ao perceber a realidade, a capacidade de transformar e de inovar, percebe-se como ser inventivo
suplantando seus limites. Ao se estabelecer como sujeito da história passa a ser autor e senhor de sua
vontade, e situa-se como um ser social na convivência com outros. Quando a convivência é dialógica e
livre entre sujeitos históricos e sociais, dá-se então a relação expressa pela democracia na medida em
que é histórica e socialmente constituída. A esfera do social é considerada fundamentalmente na relação
com o outro. E é no contexto das relações sociais que a constituição do sujeito acontece, ocorrendo a
história das interações, das quais os sujeitos são componentes e participam e dos lugares sociais que ali
adquirirem.
Vigotski assume a tese central de que criando e recriando a cultura em suas relações sociais o humano
cria e recria a si próprio. Com essa afirmação, concluímos que subjetividade se traduz quando cada
pessoa vai assumindo o papel de sujeito de sua própria história e como ela se articula com a história
coletiva e global. A utilização dessa compreensão de sua subjetividade faz com que o indivíduo busque
sua liberdade na construção da cidadania.
Através da subjetividade, os sujeitos de suas ações se autoproduzem em processos coletivos de
natureza econômica, política e cultural na convivência livre com os demais sujeitos sociais. Este sujeito
histórico não é algo separado, que interage com a realidade, mas é parte integrante desse meio social e
histórico que atua. A educação cumpre esse papel ao contemplar os educandos com os instrumentos que
lhes são indispensáveis e pertinentes através do ensino/aprendizagem, possibilitando que todos os
sujeitos históricos se apropriem desses meios através da preparação para o trabalho, ingresso e
participação crítica na vida social e política identificada em seu movimento histórico, articulada às
vontades de todos os outros cidadãos reunidos no mesmo espaço e tempo social. O alicerce ético da
O ano de 1453 é um dos marcos para o fim da Idade Média e passagem para a Idade Moderna, quando
a cidade de Constantinopla é conquistada pelos turcos, liderados pelo sultão Maomé II. A queda da cidade
e não significou a mudança total dos modos de vida e da organização social da Europa no ano seguinte.
A divisão da História em períodos pode gerar uma certa confusão, já que falar que houve a mudança da
mentalidade na transição entre os dois períodos não é um acontecimento uniforme, mas que ocorreu de
maneira diferenciada e em épocas diferenciadas.
Sendo a história uma ciência que estuda a experiência humana, é óbvio que compartimentar o
conhecimento simplifica fenômenos que são complexos.
No entanto, para refletir sobre o passado para tentar entender o presente e preparar para o futuro; é
fundamental dividir o tempo para sistematizar e organizar a análise.
Assim, embora nem sempre seja possível categorizar o objeto do estudo dentro do âmbito de um
tempo especifico, o historiador é sempre forçado a trabalhar com períodos para organizar seus estudos.
Por outro lado, está realidade complexa que precisa ser transformada em discurso para que possamos
discuti-la, sempre gera confusão na hora de delimitá-la em períodos.
O estudante brasileiro possui dificuldade em localizar cada era na linha do tempo, fica perdido nas
datas e fatos que simbolizam cada época.
A periodização na história
A cronologia é a ciência da contagem do tempo, permitiu elaborar os calendários e, por sua vez,
organizar o trabalho humano, possibilitando a evolução da espécie.
A divisão cronológica da história, tal como conhecemos hoje, foi desenvolvida a partir do século XIX.
Visava facilitar o estudo das ações do homem através dos tempos, sendo baseada então no calendário
cristão, uma vez que foi criada a partir da cultura europeia Ocidental greco-romana.
Obviamente, o tempo passou a ter como marco zero o nascimento de Cristo, ou ao menos o ano que
se supunha Jesus teria nascido.
É interessante ressaltar que outras culturas possuem diferentes marcos iniciais para o início de seu
calendário.
Os gregos antigos tinham como ponto de partida os primeiros jogos olímpicos, os romanos a mítica
fundação da cidade de Roma.
Os muçulmanos ainda contam o tempo a partir da data da fuga de Maomé da cidade de Meca para
Medina, o que aconteceu no ano 622 pelo nosso calendário, o que faz com que eles estejam muito atrás
do ano 2.000, seiscentos anos.
Igualmente, os chineses e judeus também contam o tempo diferente do mundo Ocidental.
De qualquer forma, o calendário cristão dividiu o tempo em séculos, períodos de cem anos.
O que serviu de base para que a cronologia dividisse o tempo em grandes períodos, com início e final
marcados por fatos significativos para a humanidade.
A pré-história.
Seria o período antes da História. Tem como como marco o surgimento do homem no planeta terra,
cerca de um milhão de anos a.C. até a invenção da escrita, por volta de 5.000 anos atrás.
Mas por que a escrita?
A Idade Antiga.
A antiguidade foi determinada após o fim desse período, ou seja, é claro que quando os gregos viveram
não se consideram antigos, na sua ótica eles eram contemporâneos.
Do período em que se desenvolveram as primeiras civilizações até o fim do império romano do ocidente
em 476, foi denominada a nomenclatura de Idade Antiga.
Em relação ao desenvolvimento das primeiras civilizações, é preciso entender o termo como a
formação de uma cultura mais complexa, com componentes sociais, políticos e econômicos; onde o
trabalho começou a ser organizado em benefício da humanidade, implicando na construção de cidades
e no entrelaçamento de redes comerciais e intercâmbios de várias ordens entre os povos.
Apesar das controvérsias entre o início e o fim desse período e do longo período de transição para
mudanças significativas, a antiguidade é cronologicamente dividida em três períodos:
Idade Média
A ideia de uma idade média, ou seja, um separador no meio de dois períodos, foi criado para justificar
e para separar uma era de ouro, no caso a antiguidade, da retomada do crescimento do progresso
humano na modernidade.
Um erro teórico que não é mais aceito pelos historiadores, pois o período medieval foi tão ou mais rico
de realizações que a antiguidade, registrando importantes avanços técnicos e culturais.
As universidades, por exemplo, surgiram na Idade Média.
Em todo caso, a medievalidade está intimamente relacionada com a história da Europa, marcada pelo
feudalismo no Ocidente, ignorando outros povos que viveram em contextos distintos e com avanços mais
significativos.
A Idade Média tem como marco oficial o ano de 476, a queda de Roma, indo até 1453, quando caiu
Constantinopla, portanto, o fim do Império romano do Oriente, chamado de bizantino.
A Idade Média é comumente dividida em dois períodos cronológicos:
- Alta Idade Média, um período que vai de 476 até o ano 1.000, marcado pelo feudalismo em boa
parte da Europa.
- Baixa Idade Média, a qual marca o colapso do sistema feudal e a transição para a modernidade,
incluindo o Renascimento, termo que remete a uma retomada das práticas da antiguidade.
A Idade Moderna
A partir do renascimento, a Idade Moderna foi concebida como um período de resgate da antiguidade,
depois de um suposto período de trevas, no caso a Idade Média.
O termo modernidade remete a grandes mudanças que possibilitaram a aceleração do
desenvolvimento humano na Idade Contemporânea.
O início desta era é repleto de controvérsias quanto sua periodização, vários historiadores defendem
marcos diferentes para o começo e o fim do período.
A Idade Contemporânea
O período contemporâneo é aquele em que vivemos atualmente, daí o termo, sendo caracterizado
pelo capitalismo norteando as ações do Estado, com o liberalismo e o neoliberalismo em seu interior.
Obviamente começa com o final da Idade Moderna e segue até nossos dias, não tem uma data que
delimite seu fim, já que estamos ainda vivendo a contemporaneidade.
No entanto, existe uma discussão em volta da demarcação de seu fim, implicando em rediscutir a
tradicional cronologia que atualmente delimita os períodos históricos. Um exemplo é a grande influência
que a internet e a globalização exercem na vida das pessoas, e a grande mudança proporcionada por
elas.
O Eurocentrismo
É importante notar que a divisão dos períodos está pautada em uma visão Eurocêntrica. O
Eurocentrismo é a ideia de que no mundo como um todo, a Europa e seus elementos culturais são
referência e o ápice no contexto de composição da sociedade moderna.
Essa perspectiva é uma doutrina que toma a cultura europeia como a pioneira da história, dessa forma
se enquadra como uma referência mundial para todas as nações, como se apenas a cultura europeia
fosse útil e verdadeira.
Essa ideologia da centralidade cultural europeia foi tão difundida, que dentro e fora da Europa existe
a visão de que essa representa toda a cultura ocidental no mundo.
Cultura1
A cultura é um dos principais temas de estudo das ciências humanas, com a antropologia dedicando-
se quase de maneira integral para definir e entender esse conceito.
Desde o século XIX os antropólogos buscam definir os limites da antropologia através da definição do
que é cultura, o que ao longo de mais de um século de discussões gerou diversas linhas de pensamentos
e teses, que em muitos aspectos acabam por contrapor-se.
Entre as definições mais simples para o que seria a cultura, é possível entende-la como algo que
engloba todas as manifestações materiais e imateriais de um povo, como por exemplo, a fabricação de
artesanato e os rituais e festas. São todas as manifestações de criação e habilidade do ser humano
praticadas em sociedade, todos os comportamentos que não possuem origem biológica, segundo
antropólogo britânico Edward Tylor, que a definiu assim já no século XIX.
Nas primeiras décadas do século XX era muito comum a ideia vinculada aos estudos de Charles
Darwin, de que a cultura era uma manifestação hierarquizada entre os povos do planeta, passando todas
pelas mesmas etapas de desenvolvimento, indo das mais primitivas até as mais avançadas, o que abriu
espaço para a propagação do etnocentrismo que defendia que a cultura ocidental estava no mais
avançado estagio desse desenvolvimento.
Um dos grandes críticos das teorias hierarquizadas de manifestação cultural foi o antropólogo teuto-
americano Franz Boas, que defendia a ideia da particularidade de cada povo no que diz respeito à cultura,
e de que ela não deveria ser entendida como algo comparativo entre sociedades diferentes. Boas iniciou
a utilização da história como instrumento para compreensão da ideia de cultura dentro da antropologia, o
1
Dicionário de Conceitos Históricos - Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva – Ed.
Contexto – São Paulo; 2006
Cultura Material
A cultura material está sempre presente na vida humana. Nascemos, crescemos e morremos
interagindo com as mais diversas materialidades, criadas dentro de diferentes propósitos: são as
estruturas, objetos e modificações que compõem os nossos espaços de lazer, trabalho, moradia, entre
inúmeras outras possibilidades. A cultura material é tudo aquilo que é produzido ou modificado pelo ser
humano, ou seja, tudo aquilo que faz parte do cotidiano da humanidade, independentemente do tempo
ou mesmo do espaço.
Apesar de a cultura material ligar-se à própria história humana, seu conceito nasceu somente na
segunda metade do século XIX com os estudos da Pré-História.
Cultura Imaterial
A cultura imaterial pode ser definida como o conhecimento que não foi ensinado por meio de livros,
registros formais ou ensinamentos sistemáticos. A cultura imaterial pode ser entendida como o
conhecimento transmitido na prática, na forma oral ou por meio de gestos, de geração para geração.
Tradição e transmissão de conhecimento são fatores essenciais para a continuidade da cultura
intangível, também chamada de cultura imaterial, e para a construção da identidade um grupo, povo ou
nação. O patrimônio cultural de um povo não é composto apenas por elementos materiais, mas também
através de manifestações da cultura imaterial, ele é constituído de práticas, representações, técnicas,
objetos e lugares do mesmo.
Tombamento
O tombamento é o instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio nacional mais tradicional e
foi instituído pelo Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. Sob a tutela do Iphan, os bens tombados
se subdividem em bens móveis e imóveis, sendo que entre esses estão incluídos equipamentos urbanos
2
Fonte: www.Iphan.com.br
Patrimônio Cultural
A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio estabelecido
pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e
Artístico, por Patrimônio Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito de referência cultural e
a definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter imaterial. A Constituição
estabelece ainda a parceria entre o poder público e as comunidades para a promoção e proteção do
Patrimônio Cultural Brasileiro, no entanto mantém a gestão do patrimônio e da documentação relativa aos
bens sob responsabilidade da administração pública.
Enquanto o Decreto de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis
existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos
memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico
ou artístico”, o Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos de criar,
fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações
e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
O Iphan zela pelo cumprimento dos marcos legais, efetivando a gestão do Patrimônio Cultural
Brasileiro e dos bens reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade. Pioneiro na preservação do patrimônio na América
Latina, o Instituto possui um vasto conhecimento acumulado ao longo de décadas e tornou-se referência
para instituições assemelhadas de países de passado colonial, mantendo ativa cooperação internacional.
Nesse contexto, o Iphan constrói em parceria com os governos estaduais o Sistema Nacional do
Patrimônio Cultural, com uma proposta de avanço disseminada de maneira contínua para os estados e
municípios em três eixos: coordenação (definição de instância(s) coordenadora(s) para garantir ações
articuladas e mais efetivas); regulação (conceituações comuns, princípios e regras gerais de ação); e
fomento (incentivos direcionados principalmente para o fortalecimento institucional, estruturação de
sistema de informação de âmbito nacional, fortalecer ações coordenadas em projetos específicos).
Trabalhando com esses conceitos e visando facilitar o acesso ao conhecimento dos bens nacionais, a
gestão do patrimônio é efetivada segundo as características de cada grupo: Patrimônio Material,
Patrimônio Imaterial, Patrimônio Arqueológico e Patrimônio da Humanidade.
Patrimônio Material
O patrimônio material protegido pelo Iphan é composto por um conjunto de bens culturais classificados
segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico;
histórico; belas artes; e das artes aplicadas. A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216,
ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material
e imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o Registro e o Inventário –
além do Tombamento, instituído pelo Decreto-Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937, que é adequado,
principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos.
Patrimônio Imaterial
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que
se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas,
plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas
culturais coletivas). A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de
patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial.
Nesses artigos da Constituição, reconhece-se a inclusão, no patrimônio a ser preservado pelo Estado
em parceria com a sociedade, dos bens culturais que sejam referências dos diferentes grupos formadores
da sociedade brasileira. O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente
recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de
sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito
à diversidade cultural e à criatividade humana.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) define como
patrimônio imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os
instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os
grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."
Esta definição está de acordo com a Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial, ratificada pelo Brasil em março de 2006.
Para atender às determinações legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento e à
preservação desses bens imateriais, o Iphan coordenou os estudos que resultaram na edição do Decreto
nº. 3.551, de 4 de agosto de 2000 - que instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e
criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) - e consolidou o Inventário Nacional de
Referências Culturais (INCR).
Em 2004, uma política de salvaguarda mais estruturada e sistemática começou a ser implementada
pelo Iphan a partir da criação do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI). Em 2010 foi instituído
pelo Decreto nº. 7.387, de 9 de dezembro de 2010 o Inventário Nacional da Diversidade Linguística
(INDL), utilizado para reconhecimento e valorização das línguas portadoras de referência à
identidade, ação e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Nordeste
Na região Nordeste existem diversas festas e danças como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos,
carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A
religiosidade também é um fator importante para compreender a cultura nordestina, com manifestações
religiosas como a festa de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro
elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representado pelos trabalhos de rendas. Os pratos
típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu,
feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde,
pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.
Centro-Oeste
A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos
indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações culturais típicas da
região: a cavalhada e o fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A culinária regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano,
Maria Isabel, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu,
dourado, entre outros.
Sudeste
Os principais elementos da cultura regional são: festa do divino, festejos da páscoa e dos santos
padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos,
batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó.
A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte influência do índio, do escravo e dos
diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam a moqueca capixaba, pão
de queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à
paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza, etc.
Sul
O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães
e italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a
cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de
Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara. Na culinária
estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de
carne em uma panela de barro), vinho.
Questões
01. (ENEM) A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do
processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo
do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O
que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.
MINAS GERAIS: Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público
Mineiro, 1988.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira
ou o candomblé, deve considerar que elas
(A) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
(B) perderam a relação com o seu passado histórico.
(C) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
(D) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
(E) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.
02. (ENEM)
03. (ENEM) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial.
A palavra tropeiro vem de "tropa" que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava
gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de
mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em
Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes
contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de
alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto,
farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos
pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era
servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe
esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov. 2008.
Respostas
01. Resposta: C
A cultura brasileira deriva da interação das culturas e práticas europeias, africanas e indígenas. Ao
analisar movimentos como a capoeira e candomblé, deve-se levar em conta o sincretismo característico
da cultura brasileira, ou seja, sua interação histórica.
02. Resposta: D
Os três músicos utilizam chapeis de couro, tocam sanfona e triangulo, que são vestimentas e
instrumentos típicos do Nordeste brasileiro.
03. Resposta: C
O texto faz uma ligação entre a culinária regional representado pelo feijão tropeiro, com a atividade
econômica do transporte de gado e outras mercadorias, abrindo novas rotas e vilarejos que acabaram
por transformar-se em cidades posteriormente
Antiguidade Oriental
O Crescente Fértil
Fonte: www.infoescola.com
EGITO
O trabalho coletivo deixou de ser uma necessidade no Egito. A civilização egípcia desenvolveu-se no
nordeste da África, às margens do rio Nilo. Situado em meio a dois desertos (Líbia e Arábia), o Egito
aproveitou a fertilidade do Nilo e suas características geográficas peculiares, com a ocorrência de cheias
que irrigavam áreas que tornavam-se propicias ao plantio, principalmente de trigo.
A desagregação das comunidades primitivas ocorreu na medida em que a agricultura se desenvolveu
e os utensílios de cobre foram substituindo os de osso e pedra até então utilizados. A perda das
propriedades por muitas famílias fez com que aumentasse o número de camponeses dominados pelos
senhores poderosos. Surgiram, assim, pequenas unidades politicamente independentes, denominadas
nomos, cada uma delas governada por um nomarca.
Mesmo possuindo um líder, as terras dos nomos não possuíam um proprietário. Além disso, a riqueza
produzida nas terras era dividida coletivamente.
Os nomos não demoraram a entrar em choque uns com os outros. Os nomos menores desapareceram,
anexados pelos mais fortes. O represamento das águas obrigou muitas famílias a abandonar suas terras
e ir trabalhar em nomos vizinhos.
As lutas levaram a se agruparem e a constituir dois reinos, um ao sul e outro ao norte, conhecidos
como Alto e Baixo Egito. O reino do sul tinha como símbolo uma coroa branca e o reino do norte era
simbolizada por uma coroa vermelha. Por volta de 3200 a. C o rei do sul, Menés, venceu o norte e com
isso unificou o Egito, colocando em sua cabeça as coroas branca e vermelha. A capital do reino passou
a ser Tinis, e Menés tomou-se o primeiro faraó. Com ele, começam as grandes dinastias (famílias reais
que governaram o Egito por quase 3.000 anos).
http://portalpesquisa.com/wp-content/uploads/2015/02/Coroas-do-Fara%C3%B3-Unifica%C3%A7%C3%A0o-Egito-Pesquisador-Urandir.jpg
Ao longo do Nilo estendiam-se essas plantações, cuidadas pelos felás (camponeses egípcios),
desenvolvendo-se rapidamente graças ao aperfeiçoamento das técnicas de plantio e semeadura. A
charrua, puxada pelos bois, e o emprego de metais propiciaram grandes colheitas. Teoricamente, as
terras pertenciam ao faraó, porém a nobreza detinha grande parte delas. Enormes armazéns guardavam
as colheitas, que eram administradas pelo Estado. Uma parte da produção chegava a ser exportada.
O comércio processava-se entre o Alto e o Baixo Egito por meio de embarcações que subiam e
desciam o rio abarrotado de cereais e produtos artesanais. A presença da tecelagem, da fiação e a
confecção de sandálias de folhas de papiro, bem como a ourivesaria, propiciaram um desenvolvimento
razoável do comércio interno, uma vez que poucas relações eram tidas com o exterior.
De um modo geral, a economia egípcia é enquadrada no modo de produção asiático, em que a
propriedade geral das terras pertencia ao Estado e as relações sociais de produção fundamentavam-se
no regime de servidão coletiva (não se pode, porém, falar em modo de produção servil, aplicável somente
ao sistema feudal). As comunidades camponesas, presas à terra que cultivavam, entregavam os
resultados da produção ao Estado, representado pela pessoa do rei. Este, às vezes, obrigava os
camponeses a trabalhar na construção de canais de irrigação e barragens, propiciando o
desenvolvimento da agricultura e o sustento precário dos aldeães.
A sociedade egípcia
O Egito é considerado uma Sociedade Hidráulica, cuja organização está relacionada com os períodos
de seca e cheia dos rios. Nessas “sociedades hidráulicas”, a distinção social começou a se fazer notar
quando a luta pela posse das áreas cultiváveis levou a se defrontarem os camponeses, na posição de
possuidores da força de trabalho, e os proprietários das terras, que delas se apoderaram e as mantinham
invocando a proteção dos deuses e dos sacerdotes.
O topo da pirâmide social era ocupado pela família do faraó; este, por se considerar um deus
encarnado, possuía benefícios singulares.
O grupo sacerdotal também ocupava uma posição invejável, juntamente com a nobreza detentora das
terras e do trabalho dos camponeses. Com o crescimento do comércio e do artesanato, durante o Médio
Religião
Uma enorme variedade de deuses, fórmulas religiosas e cultos são provenientes da região que
consideramos “oriente”, tendo inclusive influenciado nas grandes religiões monoteístas ocidentais.
A existência dos deuses satisfazia à ânsia do homem em ver atendidas suas aspirações e ao mesmo
tempo afastava seus temores íntimos. Protetores da água, da chuva, da colheita, das plantas, dos
pescadores, eram todos cultuados por formas que iam desde o incenso até ao sacrifício de animais e
homens, tudo com intenção de conseguir suas boas graças. Os próprios governantes se revestiam de
caracteres divinos a fim de serem mais respeitados. Paralelamente à instituição religiosa, estruturaram-
se os sacerdotes, uma camada fechada que cresceu em praticamente todas as civilizações antigas. O
clero ocupava uma posição social e econômica privilegiada, influenciando o governo e o povo.
No Egito antigo, como em quase toda a Antiguidade, a religião assumia a forma politeísta,
compreendendo uma enorme variedade de deuses e divindades menores.
Muitos animais possuíam de um culto todo especial, como era o caso do gato, do crocodilo, do íbis,
do escaravelho e do boi Apis; havia também divindades híbridas, com corpo humano e cabeça de animal:
Hator (a vaca), Anúbis (o chacal), Hórus (o falcão protetor do faraó). Havia ainda deuses antropomórficos
(forma humana), como Osíris e sua esposa Isis.
O Mito de Osíris ilustra bem a religiosidade dos egípcios, a ponto de terem se decidido a erigir túmulos
e templos em homenagem à morte e à vida futura.
O principal deus egípcio era Amon-Ra, combinação de duas divindades, e que era representado pelo
Sol; em torno dele girava o poder sacerdotal. A preocupação com a vida futura era grande e os cuidados
com os mortos eram contínuos, bastando lembrar as cerimônias fúnebres, nas quais se realizavam as
oferendas de alimentos e de incenso.
Acreditava-se em um julgamento após a morte, quando o deus Osíris iria colocar em uma balança o
coração do indivíduo, para julgar seus atos. Os justos e os bons teriam como recompensa a
reincorporação e depois iriam para uma espécie de Paraíso.
O trecho abaixo, extraído do Livro dos Mortos dos egípcios, descreve o júbilo daquele que foi absolvido
pelo tribunal de Osíris:
“Salve, Osíris, meu divino pai! Tal como tu, cuja vida é imperecível, os meus membros conhecerão a
vida eterna. Não apodrecerei. Não serei comido pelos vermes. Não perecerei. Não serei pasto dos bichos.
Viverei, viverei! As minhas entranhas não apodrecerão. Os meus olhos não se fecharão, a minha vista
permanecerá tal como hoje é. Os meus ouvidos não deixarão de ouvir.
A minha cabeça não se separará do meu pescoço. A minha língua não me será arrancada, Os meus
cabelos não me serão cortados. Não me serão raspadas as sobrancelhas. O meu corpo conservar-se-á
intacto, não se decomporá, não será destruído neste mundo.”
Por volta de 1360 a.C., O Egito passou por um período de monoteísmo, ou seja, o culto a um único
deus, no caso, o culto a Aton. Afirma-se que foi a primeira religião monoteísta da História, anterior até
Influências
Muitos edifícios construídos no Egito antigo chegaram até nós em bom estado de conservação.
Pirâmides, hipogeus, templos e palácios de dimensões gigantescas atestam a importância da arquitetura
egípcia.
Tendo-se voltado para a vida coletiva e religiosa, as construções egípcias são marcadas pela
grandiosidade dos templos e dos túmulos. Os templos de Karnac e Luxor nos dão mostras de como a
arte e a religião estavam interligadas. A solidez, a grandiosidade e os artifícios procurando exaltar o
volume são as características mais salientes dessas obras. Estátuas de deuses e faraós acompanham
essas dimensões, com decorações esculpidas e pintadas descrevendo episódios ligados às figuras
representadas.
A pintura egípcia prendeu-se principalmente a temas da Natureza e da vida cotidiana, sendo muitas
vezes acompanhada de hieróglifos explicativos.
A invenção da escrita propiciou o desenvolvimento da literatura. A escrita ideográfica, nascida no Egito,
evoluiu para o alfabeto fonético com os fenícios. Utilizando três formas de escrita (hieroglífica, hierática e
demótica), os egípcios deixaram-nos obras religiosas como o Livro dos Mortos e o Hino ao Sol, além da
literatura popular de contos e lendas.
A decifração da escrita egípcia foi feita por Jean-François Champollion que, observando e comparando
os diversos tipos de escrita encontrados em um achado arqueológico, estabeleceu um método de leitura
graças ao grego arcaico que também se encontrava no texto. Surgiu assim a ciência conhecida como
Egiptologia, a qual vem constantemente evoluindo com novas descobertas e restaurações.
As ciências exatas também tiveram oportunidade de expansão, uma vez que as necessidades de
ordem prática forçaram o desenvolvimento da Astronomia e da Matemática. A Geometria desenvolveu-
se pela necessidade de se redemarcarem as terras quando as águas do Nilo voltavam a seu leito. A
Medicina, por sua vez, está de certa forma ligada à própria prática da mumificação, o que a levou a um
desenvolvimento razoável; por outro lado, a farmacopeia egípcia notabilizou-se por sua variedade. Havia
instituições de sacerdotes-médicos e os papiros atestam o regular conhecimento de doenças e a própria
especialização da atividade médica.
A mumificação constituiu uma técnica de grande importância na civilização do Egito antigo. Os
métodos, até hoje pouco conhecidos, produziram resultados notáveis, que se podem ver em museus de
diversas partes do mundo.
MESOPOTÂMIA
A Mesopotâmia que significa “entre rios” (do grego, meso = no meio; pótamos = rio), é uma antiga
região do Oriente Médio, compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, e onde predominavam condições
semelhantes ao Egito, pois os dois rios forneciam facilidades para o transporte de mercadorias e as aves
ribeirinhas e os peixes eram abundantes.
O regime dos rios está preso ao derretimento da neve das grandes altitudes, onde se situam suas
cabeceiras, inundando as terras e propiciando a abertura de canais de irrigação e a construção de diques.
Apesar da presença das enchentes periódicas dos rios, a Mesopotâmia apresentou certas dificuldades
ao estabelecimento de populações ribeirinhas, pois, ao contrário do que acontecia no Egito com o rio Nilo,
essas cheias eram irregulares. Além disso, o clima mais seco e as doenças tropicais tornavam o trabalho
do solo mais difícil, apesar de sua fertilidade.
Sumérios, acádios, amoritas, cassitas, assírios, caldeus e mais um sem-número de povos lutaram
pela posse das terras aráveis. Os povos das planícies, agricultores, viviam assediados desde a época
Fonte:amorim.pro.br
Os Sumérios Acadianos
Os sumérios fixaram-se na Caldéia por volta de 3500 a.C., fundando diversas cidades-estados, como
Ur, Uruk, Nipur e Lagash. Cada cidade-estado era governada por reis absolutos (com total poder em suas
mãos), chamados Patesi, que lutavam entre si pelo predomínio na Caldéia. Foram os sumérios os
criadores da escrita mesopotâmica, a escrita cuneiforme.
Fonte: http://www.labeduc.fe.usp.br/
Inicialmente a escrita era composta de marcas simples, depois de pictogramas, depois as formas
tornaram-se mais simples e abstratas. Os primeiros documentos eram gravados em tabuletas de argila,
em sequências verticais de escrita, e com um estilete feito de cana que gravava traços verticais,
horizontais e oblíquos.
Detalhe da estela com o Código de Hamurabi, em exposição no museu do Louvre, em Paris. Fonte: http://www.sohistoria.com.br/
Após Hamurabi, o Império foi golpeado por várias invasões, como a dos hititas e a dos cassitas,
acabando por desaparecer.
O Império Assírio
Os assírios formavam um povo que antes de 2500 a.C. estabeleceu-se no norte da Mesopotâmia, na
região de Assur. Eram guerreiros, famosos pela crueldade com que tratavam os povos vencidos. Sob
governo de Sargão II, os assírios conquistaram o Reino de Israel; no governo de Tiglat-falasar, tomaram
a cidade da Babilônia. Dois outros importantes soberanos assírios foram Senaqueribe, que transferiu a
capital de Assur para Nínive, e Assurbanipal, construtor da famosa biblioteca de Nínive e conquistador do
A Economia Mesopotâmica
A atividade econômica principal era a agricultura, produzindo sobretudo trigo e cevada. O artesanato
e o comércio atingiram alto grau de desenvolvimento, transformando a Babilônia num dos grandes centros
comerciais da Antiguidade. A sociedade possuía uma estrutura piramidal, como a egípcia: no topo, o rei
e a elite econômico-militar que faziam parte do Estado; na base, os camponeses, servindo coletivamente
o governo, e também os escravos.
O governo era uma monarquia teocrática, absoluta, mas com uma religiosidade menos acentuada que
a do Egito. O rei absoluto, os funcionários públicos e os sacerdotes formavam uma aristocracia
controladora das melhores terras e de toda a produção. Compunham a elite social mesopotâmica,
subjugando a grande massa de camponeses e escravos.
Religião
A maior parte dos costumes dos povos mesopotâmicos descende dos sumérios, inclusive a religião.
Acreditavam em vários deuses (eram politeístas), representantes de vários astros. Os principais eram:
Marduk, o deus da Babilônia e do comércio; Shamash, o sol; Anu, o céu; Enlil, deus do ar; Ea, da água;
Ishtar, deusa do amor e da guerra; e Tamus, deus da vegetação.
Os mesopotâmicos criaram o mito de Marduk e a lenda do Dilúvio: acreditavam que o deus Marduk
fora o criador do céu e da terra, dos astros e do homem, e que ajudara Gilgamesh a sobreviver ao dilúvio
em uma arca com vários animais e membros de sua família.
Para os mesopotâmicos, a religião servia para obter recompensas terrenas imediatas; não acreditavam
na vida após a morte. Os rituais religiosos, comandados pelos sacerdotes, faziam dos templos (zigurates)
o eixo da religiosidade mesopotâmica. Esses templos às vezes compreendiam também celeiro, armazém
e oficinas, neles se definindo o estoque e a distribuição do excedente agrícola tomado dos camponeses.
Imagem representando o Zigurate de Ur, próximo da cidade de Tell el-Muqayyar, no atual Iraque. Fonte: http://www.ancient-origins.net/
Cultura
A ciência foi importante para o desenvolvimento das sociedades na mesopotâmia. Fosse para
conhecer o regime das cheias dos rios Tigre e Eufrates ou para calcular a movimentação dos astros, os
mesopotâmicos desenvolveram um conhecimento científico respeitável. Os sacerdotes, a partir das
observações feitas do alto dos zigurates, desenvolveram a astronomia, descobrindo cinco planetas, divi-
dindo o círculo em 360 graus, criando o processo aritmético da multiplicação e dividindo o dia em 12 horas
de 120 minutos cada uma. Como acreditavam na influência dos astros sobre o dia-a-dia das pessoas,
O IMPÉRIO PERSA
No leste da Mesopotâmia, região do Planalto iraniano, conviviam medos e persas, povos de origem
indo-europeia que desenvolveram uma intensa atividade pastoril.
No início, houve a dominação dos medos sobre os persas, quando Ciáxares construiu um poderoso
reino. Com o declínio da hegemonia medá, Ciro, rei dos persas, uniu os dois povos e fundou o Império
Persa, o maior até então organizado na Ásia Ocidental. Esse império desapareceu com a expansão
macedônica, comandada por Alexandre Magno.
Ciro foi responsável pela unificação política do Planalto Iraniano e a criação do Império Persa, após
anexar o Reino da Média (555 a.C.). Em seguida, Ciro derrotou Creso, rei da Lídia, e conquistou o
Segundo Império Babilônico, permitindo que os hebreus retomassem à Palestina.
Ciro buscou unificação econômica de seu império, além de garantir que os povos conquistados
mantivessem seus próprios costumes, língua e tradição. Foi visto pelos hebreus como um libertador do
jugo dos caldeus.
Fonte: www.scicast.com.br
Cambises, filho e sucessor de Ciro, conquistou o Egito na batalha de Pelusa (525 a.C.), vencendo o
faraó Psamético III. Morreu quando se preparava para voltar à Pérsia, a fim de sufocar uma revolta.
Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu. Seus domínios estendiam-
se desde a Trácia, na Europa, até a Ásia Central. Dario consolidou o despotismo real, dando à sua pessoa
um caráter semidivino. Dividiu o império em satrápias, cuja administração civil e militar era confiada aos
nobres escolhidos; não obstante, as satrápias eram vigiados por funcionários reais (os “olhos e ouvidos
do rei”), que percorriam as províncias fiscalizando a ação dos dirigentes. Houve estímulos ao comércio e
o florescimento de várias capitais (Susa, Persépolis e Pasárgada), pois a Corte persa se deslocava
periodicamente.
Dario envolveu-se em uma disputa pela hegemonia comercial nos mares Egeu e Negro e, apoiado por
seus aliados fenícios, deu início às Guerras Médicas, sendo derrotado pelos atenienses na batalha de
Maratona.
A queda do grande Império Persa teve início no reinado de Xerxes, que também foi derrotado pelos
gregos (batalha de Salamina); o fim de sua independência política veio com a derrota e morte de Dario III
perante a investida dos gregos e macedônios, comandados por Alexandre Magno.
Religião
A religião entre os persas caracterizou-se pela prática do Dualismo, que segundo a tradição, foi
proposta por Zaratustra (Também chamado Zoroastro), através dos escritos contidos no Zend-Avesta. O
dualismo espalhou-se pela Ásia, e com algumas alterações, é praticado até hoje.
O princípio do dualismo é a crença na existência dos princípios opostos: o bem, representado pelo
deus Aura-Mazda, e o mal, representado por Ahriman. A ideia é de que ambos viviam em constante luta
pelo controle das ações humanas. Os homens, agindo corretamente, estariam ajudando o bem a vencer
o mal. Zaratustra previa que no final dos tempos Aura-Mazda venceria e os que ficassem ao lado do mal
seriam destruídos.
O dualismo persa acabou por influenciar o Cristianismo, no que tange à dicotomia entre Céu e Inferno.
Previa a vinda de um Messias e se apresentava na condição de religião revelada. A religião persa sofreu
influência da Mesopotâmia, acabando por adotar fórmulas de horóscopos e a predição do futuro através
da posição dos astros. O culto de Mitra (auxiliar de Aura-Mazda) chegou a influenciar os próprios romanos,
que o representavam pelo Sol.
A cultura Persa
Os persas procuraram fora das suas fronteiras os elementos que marcaram suas construções.
Influências egípcias e mesopotâmicas fizeram-se sentir na arquitetura e a esculturas persas e os restos
de seus palácios evidenciam esse ecletismo cultural.
Os palácios do Império Persa possuíam alicerces de pedra, vastos terraplanos, paredes de tijolos,
colunas finas e elegantes, com capitéis esculpidos com cabeças de touro ou de cavalo. O teto era forrado
com madeira pintada. Muros recobertos de baixos-relevos ou ladrilhos esmaltados caracterizam as
principais construções existentes.
HEBREUS
Antepassados do povo judeu, os hebreus têm sua trajetória marcada por migrações e pelo
monoteísmo. O Antigo Testamento da bíblia cristã é uma das maiores fontes de informação sobre o
povo Hebreu, já que cria uma mitologia para a criação desse povo.
No período dos patriarcas, que foi a primeira parte da história política dos hebreus, a população esteve
sob o domínio de uma liderança, um membro de uma das tribos que possuía o poder jurídico, militar e
religioso. Com relação à atividade econômica os hebreus sustentavam-se por meio de trabalhos pastoris
de caráter nômade, ou seja, o povo deslocava-se constantemente para regiões mais férteis.
Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã
a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.
A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao
norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar
Mediterrâneo.
Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais
patriarcas hebreus, foram Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o
nome israelita), Moisés e Josué.
Por volta de 1750 a.C. uma grande seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a
região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400
anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados pelo patriarca Moisés, os hebreus
abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito
é conhecida como Êxodo.
O período dos juízes tem início com a volta à Palestina. Sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram
de lutar contra os cananeus e, posteriormente, contra os filisteus. Josué (sucessor de Moisés), distribuiu
as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel. Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar
à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornando-se, portanto, sedentários.
Nesse período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram
governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem
os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais
famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia.
Outros juízes importantes foram Gedeão e Samuel.
Os conflitos e problemas sociais criaram a necessidade de um comando militar unificado, o que levou
os hebreus a adotarem a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter
mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.
O primeiro rei dos hebreus foi Saul (1010 a.C.). Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por
ter vencido os filisteus. Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital
política e religiosa dos hebreus.
O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu
reinado marcou o apogeu do reino hebraico. Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um
grande desenvolvimento comercial, e foram construídos palácios, fortificações, e o Templo de Jerusalém.
Além das construções, Salomão criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de
impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.
Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados
impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.
Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim
da monarquia unificada.
Formaram-se dois reinos:
Ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria;
Ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.
Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande
parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.
Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os
babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio
ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.
Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e
puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de
Jerusalém.
A partir dessa época, os hebreus conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se
tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.
Durante o domínio romano na Palestina, o sentimento de unidade dos hebreus fortaleceu-se, levando-
os a se revoltar contra Roma. No ano 70 d.C. o imperador romano Tito, sufocou uma rebelião hebraica e
destruiu o segundo templo de Jerusalém. Os hebreus, então, dispersaram-se por várias regiões do
mundo. Esse episódio ficou conhecido como Diáspora (Dispersão).
No ano de 136, sofreram a Segunda Diáspora, no reinado de Adriano (imperador romano), em que os
judeus foram definitivamente expulsos da Palestina.
Dispersos pelo mundo, o povo israelita, organizou-se em pequenas comunidades. Unidos,
preservaram os elementos básicos de sua cultura, como a linguagem, a religião e alguns objetivos
comuns, entre eles voltar um dia à Palestina. Assim, os hebreus se mantiveram como nação, embora não
constituíssem um Estado.
Somente em 1948, os judeus puderam se reunir num Estado independente, com a determinação da
ONU (Organização das Nações Unidas), que criou o Estado de Israel. Decisão que criou sérios problemas
na região do Oriente Médio, pois com a saída dos judeus da Palestina, no século I, outros povos,
principalmente de origem árabe ocuparam e fixaram-se na região. A oposição dos árabes à existência do
Estado de Israel, tem resultado em contínuos conflitos na região.
Religião
A religião hebraica foi marcadamente monoteísta, vinculada também à ideia do messianismo.
Diferentemente da maioria dos povos da região, a religião hebraica era monoteísta (crença em um único
deus), e não politeísta (crença em vários deuses e divindades) como os egípcios, por exemplo. Além
disso, também possuíam a ideia do messianismo.
A ideia messiânica foi divulgada pelos profetas. Acreditavam na vinda de um messias, um enviado de
Deus para conduzir os homens à salvação eterna. Para os cristãos (católicos e protestantes) esse
messias é Jesus Cristo. Os judeus não consideram Jesus como messias, e sim como apenas um dos
FENÍCIOS
A civilização fenícia desenvolveu-se na Fenícia, território do atual Líbano. Os fenícios foram povos de
origem semita, assim como os hebreus. Por volta de 3000 a.C., estabeleceram-se numa estreita faixa de
terra com cerca de 35 km de largura, situada entre as montanhas do Líbano e o mar Mediterrâneo. Com
200 km de extensão, corresponde a maior parte do litoral do atual Líbano e uma pequena parte da Síria.
Por habitarem uma região montanhosa e com poucas terras férteis, os fenícios dedicaram-se à pesca
e ao comércio marítimo.
Diferente de outros povos, os fenícios não chegaram a fundar um reino. A rivalidade entre as diversas
cidades-estados levou-as, no máximo, a constituir uma confederação.
A cidade de Biblos alcançou prestígio por volta de 2500 a.C., expandindo seu comércio e poderio por
uma grande área do Mediterrâneo. Sidon teve o seu período por volta de 1400 a.C., mantendo durante
séculos sua supremacia sobre todo o comércio realizado no mar. Finalmente, coube a Tiro alcançar a
hegemonia marítima, tendo acesso às rotas mais longínquas.
Mais tarde, os fenícios entraram em decadência, caindo sob o domínio dos assírios, babilônios e,
finalmente, dos persas. A colônia fenícia de Cartago, no norte da África, subsistiu até o século II a.C.,
quando foi destruída pelos romanos no final das Guerras Púnicas.
O alfabeto
Os fenícios desenvolveram o alfabeto em função de suas atividades comerciais.
Além das técnicas de navegação e dos conhecimentos geográficos, provenientes da exploração das
rotas marítimas, os fenícios trouxeram um fator de inegável valor para o progresso da humanidade. A
partir dos ideogramas egípcios, desenvolveram um alfabeto fonético de 22 letras, que mais tarde foi
adaptado pelos gregos e romanos. Provavelmente fizeram isso buscando simplificar as operações
comerciais, uma vez que não deixaram no campo literário, ou em qualquer outra atividade artística, nada
que mereça ser lembrado.
Também foram as inestimáveis contribuições que os fenícios deram para a astronomia e a matemática,
que foram ciências largamente aperfeiçoadas por eles.
Questões
01. (UFPE) Entre os povos do oriente médio, os hebreus foram os que mais influenciaram a cultura da
civilização ocidental, uma vez que o cristianismo é considerado como uma continuação das tradições
religiosas hebraicas.
A partir do texto anterior, assinale a alternativa incorreta:
(A) Originários da Arábia, os hebreus constituíram dois reinos: o de Judá e o de Israel na Palestina.
(B) As guerras geraram a unidade política dos hebreus. Essa unidade se firmou primeiro em torno de
juízes e, depois, em volta dos reis.
(C) Os profetas surgiram na Palestina por volta dos séculos VIII e VII a.C., quando ocorreu uma onda
de protestos dos trabalhadores contra os comerciantes.
(D) A religião hebraica passou por diversas fases, evoluindo do politeísmo ao monoteísmo difundido
pelos profetas.
(E) Os hebreus organizaram-se social e economicamente com base na propriedade da terra, o que
deu início à Diáspora.
02. (UFRN) Entre os hebreus da Antiguidade, os profetas eram considerados mensageiros de Deus,
lembrando ao povo as demandas da justiça e da Lei dadas por Javé. Isaías, um dos profetas dessa época,
em nome de Javé proclamou:
Ai dos que decretam leis injustas; dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos
pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os
órfãos! (Isaías 10:1-2)
Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como
únicos moradores no meio da terra! (Isaías 5:8)
Esses pronunciamentos do profeta Isaías estão ligados a uma época da história hebraica em que
ocorreu:
(A) a saída dos hebreus do Egito, sob o comando de Moisés, e o estabelecimento em Canaã,
conquistando as terras dos povos que ali habitavam.
(B) a imigração para o Egito, quando os hebreus receberam terras férteis no delta do rio Nilo, por
influência de José, que exercia ali o cargo de governador.
(C) a formação de uma aristocracia, que enriquecera com o comércio e com a apropriação das terras
dos camponeses endividados.
(D) a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor, quando os judeus foram despojados de suas terras
e deportados para a Babilônia.
04. (ENEM) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta,
desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as
pirâmides de Gizé, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O
que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois
(A) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes
contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
(B) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar
trabalho nos canteiros faraônicos.
(C) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos
deuses suas riquezas, construindo templos.
(D) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a
trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
(E) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada
em crenças e superstições.
05. (UFRS 2011) Na África, durante a Antiguidade, entre 3000 a.C. e 322 a.C., desenvolveu-se o
primeiro Império unificado historicamente conhecido, cuja longevidade e continuidade ainda despertam a
atenção de arqueólogos e historiadores. Esse império
(A) legou a humanidade códigos e compilações de leis.
(B) desenvolveu a escrita alfabética, dominada por amplos setores da sociedade.
(C) retinha parcela insignificante do excedente econômico disponível.
(D) sustentou a crença de que o caráter divino dos reis se transmitia exclusivamente pela via paterna.
(E) dependia das cheias do rio Nilo para a prática da agricultura.
06. (FGV-SP) Das alternativas abaixo, a que melhor caracteriza a sociedade fenícia é:
(A) a existência de um Estado centralizado e o monoteísmo;
(B) o monoteísmo e a agricultura;
(C) o comércio e o politeísmo;
(D) as cidades-Estados e o monoteísmo;
(E) a agricultura e a forma de Estado centralizado.
07. (UNESP) Na região onde atualmente se encontra o Líbano, instalou-se, no III milênio a. C., um
povo semita, que passou a ocupar a estrita faixa de terra, com cerca de 200 quilômetros de comprimento,
apertada entre o mar e as montanhas. Várias razões os levaram ao comércio marítimo, merecendo
destaque sua proximidade geográfica com o Egito; a costa, que oferecia lugares para bons portos; e os
cedros, principal riqueza, usados na construção de navios.
O contido nesse parágrafo refere-se ao povo:
(A) fenício.
(B) hebreu.
(C) sumério.
(D) hitita.
(E) assírio.
08. (UFRS) O soberano dividiu o seu império em províncias, chamadas satrápias, sendo a terra
considerada como propriedade real e trabalhada pelas comunidades.
Estas características identificam o:
(A) império dos persas durante o reinado de Dario.
(B) império babilônico durante o governo de Hamurabi.
09. (PUC-SP) Pode-se dizer que um dos elementos fundamentais da religião persa na Antiguidade,
após Zaratustra, é:
(A) o politeísmo caracterizado pela prática da adoração dos ídolos zoomórficos nos templos religiosos.
(B) o caráter local do culto, já que cada região possuía suas próprias divindades supremas.
(C) o dualismo representado pela oposição entre o princípio do bem e do mal.
(D) a estrita obediência por parte de toda a população dos preceitos religiosos contidos nos Vedas
(E) a descrença na imortalidade da alma e na ressureição.
10. (SEDUC-PI – Professor de História – NUCEPE) Dividida em províncias, que ficaram conhecidas
como satrápias, as terras eram consideradas como propriedades do império e cultivadas pelas
comunidades. Considerando as características destacadas, podemos afirmar que estas se referem
(A) ao Império Babilônico.
(B) à fase unificada do Império Egípcio.
(C) ao reino de Israel.
(D) às Cidades-estados gregas.
(E) ao Império Persa.
Respostas
01. Resposta: E
A diáspora hebraica não ocorreu em razão da organização social e econômica baseada na propriedade
de terras (inclusive, durante uma boa parte da constituição enquanto civilização, os hebreus eram
seminômades), mas por esse povo ter sido submetido ao domínio de outras civilizações, como a
babilônica e, posteriormente, a romana e a árabe.
02. Resposta: C
Os textos proféticos do Antigo Testamento, além de guardarem consigo, segundo a tradição judaico-
cristã, o anúncio da vinda do Messias, também revelam muitos aspectos do contexto histórico que
permeava a vida dos hebreus daquele período. O trecho em questão evidencia a crítica do profeta Isaías
àqueles que se enriqueceram às custas da população camponesa.
03. Resposta: B
No Egito antigo, como em quase toda a Antiguidade, a religião assumia a forma politeísta,
compreendendo uma enorme variedade de deuses e divindades menores.
O Mito de Osíris ilustra bem a religiosidade dos egípcios, a ponto de terem se decidido a erigir túmulos
e templos em homenagem à morte e à vida futura.
04. Resposta: A
As pirâmides, tumbas e templos na Antiguidade Oriental representavam também a autoridade e o
poder dos governantes, sempre associados a divindades.
05. Resposta: E
Esse enunciado refere-se ao Egito, Estado Teocrático organizado por volta de 3200 a.C., a partir de
comunidades de camponeses estabelecidas ao longo do rio Nilo.
06. Resposta: C
As condições do relevo na região em que habitavam foi essencial para seu expansionismo.
A proximidade do Egito, com sua grande produção de cereais, a abundância de madeira de cedro e
um litoral extenso fizeram dos fenícios hábeis navegadores.
A religião dos fenícios, assim como outros povos da região adquiriu caráter politeísta.
07. Resposta: A
O trecho refere-se aos fenícios, citando as condições geográficas, como o relevo e a proximidade com
o Egito, e o comércio marítimo.
09. Resposta: C
O princípio do dualismo é a crença na existência dos princípios opostos: o bem, representado pelo
deus Aura-Mazda, e o mal, representado por Ahriman.
10. Resposta: E
Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu. Seus domínios estendiam-
se desde a Trácia, na Europa, até a Ásia Central. Dario consolidou o despotismo real, dando à sua pessoa
um caráter semidivino. Dividiu o império em satrápias, cuja administração civil e militar era confiada aos
nobres escolhidos; não obstante, as satrápias eram vigiados por funcionários reais.
África
No século XIX a África foi considerada como um continente atrasado e dominado pela barbárie. De
acordo com as ideias inspiradas no evolucionismo biológico de Charles Darwin, povos como os africanos
estariam num estágio cultural e histórico correspondente aos ancestrais da Humanidade. Como
argumento para tal afirmação, os europeus citavam a utilização do alfabeto, inexistente em muitas
culturas africanas.
A partir dessas concepções de atraso, por muito tempo a África foi pensada como um continente cuja
história e a cultura antes do contato europeu fosse inexistente (em várias situações o Egito é descrito
como algo separado da África)
A degeneração da imagem das sociedades africanas, de suas ciências, e de seus produtos é resultado
do projeto do neocolonialismo, que difundiu a ideia de que o continente africano é tórrido e cheio de tribos
perdidas na História e na Civilização. É resultado também do etnocentrismo das ciências europeias do
século XIX. É necessário, pois, ver de que História e de que Civilização se trata. E do ponto de vista
histórico-econômico, o imperialismo colonial na África é meio e produto do Capital, uma das grandes
invenções que vem desde a era dos Descobrimentos reforçada ainda mais pela consolidação do
Liberalismo.
Antes do contato pelo período das navegações, a Europa já conhecia o norte da África, na região do
mar Mediterrâneo. Nessa região foi fundada a cidade de Cartago, que durante muito tempo desafiou o
poder do Império Romano, fator que desencadeou as guerras púnicas.
Além do Egito, o reino de Aksum, na Etiópia também desenvolveu um expressivo poder. O reino surgiu
por volta do século V a.C e seus governantes declaravam-se descendentes da Rainha de Sabá e do Rei
Salomão de Israel. Além da expressividade no poder, Aksum foi o primeiro a cunhar moedas e criou
inclusive um alfabeto próprio durante o século III.
Para além da região norte da África, em direção ao sul do continente estendia-se o deserto do Saara,
que para os estrangeiros configurava-se em um grande obstáculo. Para os povos que já habitavam a
região, a travessia do deserto para alcançar a África subsaariana era uma questão de conhecimento das
rotas e dos oásis em meio ao deserto. Entre os principais conhecedores dessas rotas estavam os
berberes e os tuaregues.
Além dos caminhos por terra, havia também rotas marítimas pelo litoral da África Oriental, via Oceano
Índico, em direção à Índia e à China. As correntes marítimas facilitavam a navegação para os hábeis
navegadores africanos e seus parceiros que conheciam seus movimentos nas diferentes estações do ano
A costa oriental africana tinha ricas cidades-porto movimentadas pelo ir e vir de barcos, pessoas e
mercadorias. Havia nesse litoral comerciantes indianos e árabes, além de muitos africanos. Era ativa a
negociação com grupos do interior do continente, que traziam marfim, peles, cascos de tartaruga, chifres
de rinocerontes, plumas de avestruz, âmbar e ceras. Na costa recebiam tecidos e especiarias vindas da
Índia, porcelanas chinesas, sedas do Japão, entre tantos outros produtos.
Gana3
Na região entre os rios Senegal e Níger, os soninquês (povos de origem mandê), fundaram pequenas
cidades, que desde o século 4 foram se unificando, muito provavelmente para resistir às guerras com
povos nômades. No século 8, a região era conhecida como Império de Gana.
Os soninquês chamavam sua região de Wagadu, mas os berberes (povos do Magreb), que chegaram
ali no século 8, a chamavam de Ghana, pois era esse o título do rei da região (ghana: "rei guerreiro").
Por muito tempo, o deserto do Saara dificultou o acesso dos povos do norte da África ao interior do
continente. Uma viagem do Magreb (região africana banhada pelo mar Mediterrâneo, exceto o Egito) até
a bacia do rio Níger poderia durar até 4 meses em pleno deserto.
Dessa forma, enquanto o norte da África estava inserido no comércio entre diversos povos desde a
Antiguidade (gregos, romanos, fenícios, cartagineses, líbios, persas, egípcios, árabes), o reino de Gana,
na África Subsaariana (ou África Negra), pôde se desenvolver isoladamente.
Somente quando os árabes conquistaram o Magreb e introduziram o camelo como animal de
transporte foi possível a viagem através do deserto. A partir de então, os reinos e as grandes riquezas da
África Negra passaram a fazer parte do comércio internacional do Mediterrâneo.
Gana já era um reino rico antes da chegada dos comerciantes do norte, e são os documentos deixados
por esses comerciantes (árabes e berberes) que nos informam o que foi Gana, e relatam um império
extraordinário, também chamado de Terra do Ouro. Segundo Al-Bakri, comerciante árabe de Córdoba
(século 11), o rei de Gana usava túnicas bordadas a ouro, colares e pulseiras de ouro - e os arreios dos
cavalos e as coleiras dos cachorros do rei eram de ouro.
O império de Gana tinha como capital Kumbi-Saleh. Dessa cidade, o rei e seus nobres controlavam
povos vizinhos, obrigando-os a pagar impostos em troca de proteção. Além disso, Gana controlava o
comércio tanto das mercadorias que eram trazidas do norte (como sal e tecidos), quanto das que saíam
do interior da África (como ouro e escravos). Na capital, o comércio era intenso: os seus 20 mil habitantes
recebiam diariamente as caravanas que vinham de diversas regiões. Entre os séculos 9 e 10, Gana viveu
seu apogeu, sendo um dos mais ricos reinos do mundo, segundo Ibn Haukal, viajante árabe da época.
Com o processo de islamização dos povos africanos (os primeiros convertidos foram os berberes), o
Império de Gana (que se recusava a se converter ao Islã) foi perdendo força, até que em 1076 os
almorávidas (dinastia berbere) conquistaram e saquearam Kumbi-Saleh, transformando a cidade em um
reino tributário. A partir daí, todo império se fragmentou, o que possibilitou as incursões de vários povos
vizinhos, um deles os sossos, que passaram a controlar várias regiões do antigo império.
Fonte: Wikimedia.org/Mapa_ghana-pt.svg/286px
3
Adaptado de Turci
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/
Cidades iorubás
A partir do século IX formaram-se as cidades da civilização iorubá, na região da atual Nigéria, já
habitada por esse povo desde o século 4.
Os iorubás nunca unificaram suas cidades, mas mantiveram a mesma cultura (língua, religião etc.). A
cidade iorubá mais importante era Ifé, considerada sagrada, por ser o berço dos iorubás, segundo a
crença local. Outra cidade importante foi Oyo, um centro militar que, no final do século 17, tinha se
expandido até Daomé (atual Benin).
Ifé foi um grande centro artesanal e artístico, e era governada por um rei sacerdote que tinha o título
de Oni, enquanto nas outras cidades os governantes recebiam o título de Oba.
Apesar do cristianismo e do islamismo terem chegado até os iorubás, a maioria desse povo sempre
se manteve fiel às antigas tradições politeístas locais, sendo os orixás os seus deuses.
Ao contrário do que se acredita, a crença nos orixás não se expandiu pela África, mantendo-se
exclusivamente iorubá. Mas como muitos iorubás (chamados de nagôs ou anagôs pelos portugueses)
A expansão Banto
Durante os últimos milênios, as sociedades africanas passaram por longos e diversos processos
migratórios e adaptativos em relação ás mudanças climáticas no interior do continente.
Esses movimentos migratórios levaram ao surgimento de diversas cidades e aldeias, além de criar
diferentes povos, com diferentes costumes.
O surgimento de novos polos de habitação e as migrações geraram diversos conflitos por territórios, o
que fez com que surgissem as primeiras fronteiras entre diferentes grupos.
Os grupos que compartilhavam uma história de migração comum e a conquista de um território, com
o tempo desenvolveram uma tradição e uma língua comuns. Muitas vezes seus vizinhos de região tinham
a mesma antiga origem. Mas, o momento em que partiram na sua migração, os caminhos que tomaram
e diferente maneira pela qual cada um dos grupos se apossou da terra, mudaram sua história. Mudando
a história, mudava também a sua tradição e a sua identidade. Tinham uma origem comum, mesmo que
distante no tempo, eram vizinhos, mas eram povos distintos. Assim, foram se formando as identidades
dos grupos, mais tarde chamadas de identidades étnicas.
Entre as principais origens dos povos africanos, está o tronco linguístico Banto. A palavra Banto é a
combinação de ‘ntu’ (ser humano) acrescido do prefixo ‘ba’, que designa plural. Ou seja, banto (em alguns
lugares é escrita como bantu) quer dizer: ‘seres humanos’ ou ‘gente’.
A ocupação dos povos de origem banto no continente africano, ao sul da linha do equador foi um
processo lento, que ocorreu ao longo de milhares de anos.
A primeira grande onda migratória teria se movimentado ainda no final do IIº milênio a.C., partindo da
região norte, entre o Camarões e a Nigéria. Estes grupos cruzaram a região onde fica hoje a República
Centro Africana, ocupando áreas dentro e fora da floresta equatorial, a oeste e a leste. Ao se
estabelecerem, de forma sedentária ou semi-sedentária, introduziram dois sistemas diferentes de
produção de alimentos, que se adaptaram respectivamente às florestas e à savana. Eram agricultores e
foram os primeiros nesta região a se organizar em aldeias e a agrupar estas aldeias em unidades mais
abrangentes, com cerca de 500 pessoas cada.
Uma segunda onda migratória ocorreu por volta do ano 900 a.C., quando terminava a longa expansão
inicial. A esta altura haviam dois grandes grupos, falando línguas semelhantes, porém diversas:
- Os bantos do oeste (norte da atual República Popular do Congo e leste do Gabão);
- Os bantos do leste (atual Uganda).
Os bantos do oeste desceram para a região que atualmente compreende o norte de Angola e
chegaram a uma terra mais seca. Outros permaneceram na fronteira entre a savana e a floresta, seguindo
os cursos de água. Enquanto isso, os bantos do leste moveram-se em direção ao Sul, para o sudeste do
Zaire e Zâmbia atuais.
Os processos de expansão banto não representaram invasões. Eles foram parte de um movimento
populacional lento e irregular. Os bantos acabaram por estabelecer contatos com outros povos, que
habitavam as regiões para onde migravam. As pesquisas linguísticas e arqueológicas demonstram que
algumas vezes os bantos mudaram seu modo de vida, tornaram-se pastores nômades, e chegaram em
alguns casos a transformar sua própria língua.
Novas ondas migratórias dos grupos banto do leste desceram em direção ao Sul, nos séculos iniciais
da era Cristã, e parecem ter levado junto consigo as importantes técnicas de metalurgia para estas áreas.
A esta altura seriam, além de agricultores, também ferreiros. O domínio desta técnica modificou
enormemente a vida destes povos. A partir deste momento - em torno do século V - e como resultado
desta verdadeira rede de movimentos de população, expandiram técnicas de produção de alimento e
metalurgia entre os povos da África subequatorial.
Com o domínio das técnicas agrícolas, a produção de alimentos ficou assegurada, levando estes
grupos ao sedentarismo. O sedentarismo foi importante na criação da noção de pertencimento à terra, da
ligação de determinados grupos a seus territórios.
A África Muçulmana
Atualmente o número de muçulmanos na África está estimado em mais de 300 milhões, ou seja, cerca
de 27% do total dos seguidores da religião no mundo
A expansão do Islã na África se deu no início mais pelo comércio e pela migração do que pelas
conquistas militares. A expansão do islã na África seguiu três direções:
- Do noroeste do continente (região do Magreb), ela avançou pelo Saara e alcançou a África Ocidental;
- Do baixo para o alto vale do Nilo, chegando ao nordeste da África (península da Somália e arredores);
- Comerciantes originários da porção sul-sudoeste da Península Arábica e imigrantes do subcontinente
indiano, criaram assentamentos no litoral do Índico e, dali, difundiram a presença muçulmana para o
interior.
O islamismo fez sua entrada no continente a partir da África do Norte, do Egito ao Marrocos, sendo
uma das primeiras regiões a ser conquistadas pela expansão inicial árabe-islâmica (séculos VII e VIII).
A partir do norte do Egito, os muçulmanos tentaram ir mais ao sul, mas esbarraram nos exércitos da
Núbia cristã. Derrotados, foram forçados a reconhecer a autonomia do reino cristão núbio. Mas, do Norte
conseguiram expandir-se para o Oeste (que, em árabe, quer dizer Magreb, nome pelo qual esta região
da África ficou conhecida). Foram pouco a pouco conseguindo dominar o Norte do continente africano,
durante a segunda metade do século VII. A partir dali, cruzaram o mar Mediterrâneo e conquistaram
partes do sul da Europa, incluindo a Península Ibérica (Espanha e Portugal).
Dos séculos X a XVI, mercadores muçulmanos contribuíram para o surgimento de importantes reinos
na África Ocidental, que floresceram graças ao comércio feito por caravanas que, atravessando o Saara,
punham em contato o mundo mediterrâneo ao das estepes e savanas do Sudão Ocidental e África centro-
ocidental. A conversão de certos monarcas africanos fez não só o islã avançar como criou uma florescente
cultura. Assim, cidade de Tumbuktu (no atual Máli) era, no século XIV, um núcleo urbano conhecido pelo
alto nível de suas escolas islâmicas, que atraíam muçulmanos de várias partes do mundo.
Na porção oriental do continente, comerciantes árabes conseguiram se fixar junto ao litoral do Índico,
levando a gradual conversão de grupos africanos que viviam em áreas da atual Eritréia e do leste da
Etiópia. Todavia, os reinos cristãos do alto vale do Nilo conseguiram bloquear por séculos o avanço
muçulmano, como foi o caso dos grupos etíopes, ocupantes dos altos planaltos da Etiópia. Nos séculos
seguintes, a cultura árabe-muçulmana influenciaria grupos bantos que estavam em processo de
expansão para a África oriental e meridional.
Paralelamente, comerciantes árabes cruzaram o Oceano Índico e criaram, do Chifre da África ao atual
Moçambique, um conjunto de importantes cidades-estados e fortalezas, junto ao litoral e nas ilhas, cujo
comércio de ouro se manteve até o início da presença portuguesa no século XVI. Às vésperas do início
da colonização europeia, o islã se constituía na principal presença "importada" no continente, presença
esta que já estava fortemente integrada às sociedades africanas.
O feudalismo
O Feudalismo, ou sistema feudal, corresponde ao modo de organização da vida durante a Idade Média
na Europa Ocidental. Suas origens remontam à crise do Império Romano a partir do século III.
A Idade Média abrange um longo período da história europeia, e é comum dividi-la em duas fases:
Alta Idade Média e Baixa Idade Média.
- A Alta Idade Média, é o período que vai do século V ao XI, corresponde à formação e consolidação
do sistema feudal;
A formação do sistema feudal tem início com a crise do século III do Império Romano e acentua-se
no século V, com as invasões dos povos germânicos. A queda do escravismo, a formação do colonato e
a posterior implantação de um regime servil constituem o passo decisivo para a formação do sistema.
Por outro lado, os germanos que invadiram o Império Romano levaram consigo relações sociais
comunitárias de exploração coletiva das terras e subordinação aos grandes chefes militares (comitatus).
As invasões, além de despovoar as cidades, aumentando a população rural, dificultaram as comu-
nicações e provocaram o isolamento das localidades, forçando-as a adotar uma economia de subsistência
autossuficiente.
O feudalismo pode ser definido de vários modos. A melhor maneira, porém, é defini-lo conforme suas
relações sociais básicas: relações vassálicas (entre os senhores ou nobreza), relações comunitárias
(entre os servos) e relações servis (que ligavam o mundo dos senhores ao mundo dos servos).
Esta última ligação se processava por meio das obrigações, que resultavam das imposições feitas pelo
senhor aos servos, de realizar paga mentos em produtos ou serviços, e que constituem a própria essência
do feudalismo. Tais obrigações eram costumeiras e não contratuais, como ocorre no sistema capitalista.
Note-se que o servo era vinculado ao feudo, dele não podendo sair.
Os feudos
A sociedade feudal
De acordo com as bases materiais descritas não havia possibilidade de mobilidade social nos feudos:
a sociedade era, portanto, estamental. O princípio de estratificação era o nascimento, surgindo então
duas camadas básicas: senhores e servos. Existiam também categorias intermediárias, tais como os
vilões (camponeses livres) e os ministeriais (corpo de funcionários livres do senhor).
Outra classe social existente no feudo era o clero, os membros da Igreja. Os clérigos eram os
responsáveis pela transmissão religiosa e cultural. Também eram os responsáveis pelas leis, que nesta
época eram transmitidas pela interpretação religiosa. Isto tudo garantia ao clero a responsabilidade pelo
caráter moral da sociedade. E, não por acaso, que foi neste período que a Igreja Católica se transformou
na mais poderosa instituição da Idade Média. O domínio da Igreja foi garantido por ela ser a única com
acesso ao saber. Afinal, somente os membros do clero podiam ser instruídos de educação e,
consequentemente, eram os poucos que sabiam ler e escrever. O clero era sustentado pelos dízimos
entregues à Igreja.
A definição do bispo Adalberon de León para a sociedade medieval reflete muito bem o pensamento
da época, pois para o bispo “na sociedade feudal o papel de alguns é rezar, de outros é guerrear e de
outros trabalhar”. Para a Igreja medieval, cada indivíduo tinha um importante papel na sociedade, por
isso, deveria executar a sua função com zelo e gratidão como se estivesse trabalhando para o próprio
Deus. Com isso, a Igreja garantia a manutenção da sociedade tal e qual ela era.
As relações vassálicas
O poder político no sistema feudal era exercido pelos senhores feudais, daí seu caráter localista. Não
tendo autoridade efetiva, os reis apenas aparentavam poder, pois na prática existia uma descentralização
político-administrativa.
A Igreja Medieval
No ponto mais alto da hierarquia eclesiástica estava o papa, bispo de Roma, considerado sucessor do
apóstolo Pedro. Nem sempre a autoridade do papa era aceitar por todos os membros da Igreja, mas em
fins do século VI ela acabou se firmando, devido, em grande parte, à atuação do papa Gregório Magno.
Além da autoridade religiosa, o papa contava também com o poder temporal da Igreja, isto é, o poder
advindo da riqueza que acumulara com as grandes doações de terras feitas pelos fiéis em troca da
salvação.
Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa
Ocidental.
O papa, desde 756, era o administrador político do Patrimônio de São Pedro, o Estado da Igreja,
constituído por um território italiano doado pelo rei Pepino, dos francos.
O poder temporal da Igreja levou o papa a envolver-se em diversos conflitos políticos com monarquias
medievais. Exemplo marcante desses conflitos é a Questão da Investiduras, no século XI, quando se
chocaram o papa Gregório VII e o imperador do Sacro Império Romano Germânico, Henrique IV.
Inquisição
Nos países cristãos, nem sempre a fé popular manifestava-se nos termos exatos pretendidos pela
doutrina católica. Havia uma série de doutrinas, crenças e superstições, denominadas heresias, que se
chocavam com os dogmas da Igreja.
Para combater essas heresias, o papa Gregório IX criou, em 1231, os tribunais da Inquisição, cuja
missão era descobrir e julgar os heréticos. Os condenados pela inquisição eram entregues às autoridades
administrativas do Estado, que se encarregavam da execução das sentenças. As penas aplicadas a cada
caso iam desde a confiscação de bens até a morte em fogueiras.
O processo inquisitorial cumpria basicamente as seguintes etapas: o tempo de graça, o interrogatório
e a sentença.
A vida cultural
Quando se compara a produção cultural da Idade Média com a Antiguidade ou a Modernidade, ela é
considerada tradicionalmente um período de trevas. Ao longo do tempo, esse conceito tem sofrido
algumas revisões, graças à reabilitação da Idade Média por certos autores que nela encontram as raízes
culturais do Mundo Moderno e - num sentido mais imediato - do Renascimento.
Também é importante lembrar que a Igreja foi a grande mantenedora da cultura durante o Período
Feudal, apesar de o fazer de forma que justificasse suas ideias e dogmas. O privilégio da leitura e da
escrita também estava vinculado à Igreja.
Já na crise do feudalismo, com a expansão comercial e a criação das universidades, o pensamento
filosófico desenvolveu-se, surgindo, então, a escolástica ("filosofia da escola"), produzida por São Tomás
de Aquino, autor da Suma Teológica. O ideal tomista era conciliar o racionalismo aristotélico com o
espiritualismo cristão, harmonizando fé e razão.
As Cruzadas
Como as tentativas anteriores não obtiveram o resultado esperado, a Igreja propôs as Cruzadas, uma
contraofensiva da cristandade diante do avanço do Islã. A Europa, que, entre os séculos VIII e XI, não
teve condições de reagir contra os árabes, passava a reunir nesse momento as condições necessárias:
- Mão-de-obra militar marginalizada e ociosa;
Em 1095, durante Concílio de Clermont, Urbano II convocou a cristandade para uma guerra santa
contra o Islã. Foram realizadas oito Cruzadas, entre 1095 e 1270.
Apesar da mobilização realizada pelas Cruzadas, elas são consideradas um insucesso, que se deve
em primeiro lugar ao caráter superficial da ocupação. A presença cristã no Oriente Médio não criou raízes
entre as populações locais. Outra razão foi a anarquia feudal, que enfraquecia as colônias militares
estabelecidas em território inimigo. A luta fratricida foi uma constante entre as ordens religiosas e os
cruzados latinos.
Fonte: 10emtudo.com.br
O Renascimento do Comércio
As transformações econômicas e sócias entre os séculos XI e XIV na Europa foram imensos. A crise
do feudalismo acentuou-se, principalmente depois das cruzadas. Ao voltarem das batalhas em terras
orientais, os cruzados traziam consigo produtos de luxo, como tapetes persas, porcelanas chinesas,
tecidos finos ou especiarias (temperos como cravo, canela e pimenta), que atraíam a população europeia,
proporcionado o Renascimento do Comércio.
Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04
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Por haverem estabelecido feitorias nessas regiões mais afastadas, os europeus abriram um novo eixo
comercial ligando o Ocidente ao Oriente. As principais rotas de comércio eram feitas pelo mar
Mediterrâneo e estavam sob o controle de cidades como Gênova, Veneza, Pisa, Constantinopla,
Barcelona e Marselha. No mar Báltico e no mar do Norte, o domínio ficava por conta de cidades como
Hamburgo, Bremen e pela região de Flandres (Países Baixos).
Burgos e burgueses
Com a retomada do comércio, muitos europeus deixaram o campo e foram viver dentro dos burgos -
vilas fortificadas com muralhas, construídas entre os séculos IX e X e posteriormente abandonadas -,
onde esperavam encontrar melhores condições de vida. Em pouco tempo, contudo, esses lugares
tomaram-se pequenos e as pessoas viram-se obrigadas a se instalar do lado de fora de suas muralhas.
Essa população, formada principalmente por artesãos, operários e comerciantes, acabou dando
origem a novos burgos em vários pontos da Europa. Seus habitantes, por oposição aos nobres que viviam
em castelos, ficaram conhecidos como burgueses.
O aumento do comércio e do volume de negociações gerou uma nova necessidade: a padronização
de unidades de valor. O uso de moedas tornou-se essencial, substituindo o escambo ou troca de
mercadorias. Com a criação das moedas, surgiram também primeiras casas bancárias, responsáveis
pelas operações de câmbio e empréstimos a juros. Toda essa dinâmica fez com que o dinheiro passasse
a ganhar importância e a terra e a produção agropecuária deixassem de ser a base da riqueza na Europa.
Com o aumento do comércio, e, consequentemente, dos lucros, os mercadores e banqueiros
conquistavam maior status social e passaram a ansiar pelo poder político. A burguesia ganhava prestígio
e espaço, aproximando-se dos reis e emprestando-lhes dinheiro em troca de medidas políticas favoráveis
ao comércio. Ao mesmo tempo, os senhores feudais viam-se envolvidos em dívidas, muitas delas
decorrentes das altas despesas com as Cruzadas.
Humanismo
Além dos empreendimentos comerciais, o maior contato entre os burgueses e os monarcas financiou
o surgimento de novas universidades. Com a expansão comercial surgiu a necessidade de formar
pessoas que entendessem de direito e comércio. Com a criação das universidades, a difusão do
conhecimento deixou de ser algo exclusivo da Igreja, e o ensino tomou-se laico, voltado cada vez mais
para questões mundanas.
As aulas voltaram-se para os textos clássicos, principalmente os dos gregos e romanos, e as atenções
dos estudiosos dirigiam-se a diversas áreas do saber e das artes. Iniciava-se o Humanismo, movimento
cultural que viria a influenciar a Europa por quase três séculos. Até então hegemônico, o pensamento da
Igreja passou a ser questionado por religiosos e filósofos leigos.
Questões
01. (FGV) "A palavra 'servo' vem de 'servus' (latim), que significa 'escravo'. No período medieval, esse
termo adquiriu um novo sentido, passando a designar a categoria social dos homens não livres, ou seja,
dependentes de um senhor. (...) A condição servil era marcada por um conjunto de direitos senhoriais ou,
do ponto de vista dos servos, de obrigações servis". (Luiz Koshiba, "História: origens, estruturas e
processos")
05. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o ponto de vista político, foi o enfraquecimento
do Estado enquanto instituição, porque:
Respostas
01. Resposta: E
Na corveia o servo ficava obrigado a trabalhar nas terras do nobre por alguns dias da semana;
Na talha, o camponês ficava obrigado a entregar ao senhor feudal parte de sua produção;
Nas banalidades o servo era obrigado a pagar pela utilização do moinho, do forno e demais utensílios
pertencentes ao senhor.
Mão-morta, uma espécie de taxa que o servo devia pagar ao senhor feudal para permanecer no feudo
quando o pai morria.
Tostão de Pedro (10% da produção), que o servo devia pagar à Igreja de sua região.
03. Resposta: B
O feudalismo marcou a descentralização do poder, com cada feudo funcionando como uma unidade
autônoma, onde o senhor feudal, dono da terra, era o soberano.
04. Resposta: B
Na base da sociedade feudal estavam os servos, que representavam aproximadamente 98% da
população de um feudo. Os servos viviam nas terras do senhor e a ele deviam uma série de serviços
como a corveia, a talha e as banalidades.
05. Resposta: C
O poder político no sistema feudal era exercido pelos senhores feudais, daí seu caráter localista. Não
tendo autoridade efetiva, os reis apenas aparentavam poder, pois na prática existia uma descentralização
político-administrativa.
Alexis de Tocqueville
O Antigo Regime, foi um termo criado pelo historiador francês Alexis de Tocqueville (1805-1859), para
se referir ao sistema político, econômico e social que se originou na França, e posteriormente se difundiu
ao longo dos séculos XVI ao XVIII pela Europa Ocidental, abrangido suas colônias nas Américas e no
restante do mundo. A estrutura do Antigo Regime é marcado pela forte centralização do Estado na mão
do rei, algo conhecido como monarquia absolutista, a qual teve como grande modelo o monarca Luís XIV
de França; na economia se nota a substituição da economia basicamente rural pela ascensão do
comércio, e junto a este o capitalismo. Nessa época chamado de mercantilismo. No âmbito social esse
período marcou um forte contraste de desigualdade social; poucos eram os ricos e muitos eram os pobres.
Países como Inglaterra, Portugal, Espanha, França e Holanda enriqueceram rapidamente as custas da
exploração da América. E por outro lado isso gerou uma forte miséria nos povos que ali viviam e na
própria Europa, devido ao fato de não se haver uma divisão digna dos bens.
Sendo assim, após essa breve introdução do que foi o Antigo Regime, partirei para explicar mais a
fundo alguns de seus principais aspectos, que marcaram o período da História Moderna. Para isso
devemos primeiro voltar um pouco antes na história, para entender o que ocorreu na transição do
feudalismo para o mercantilismo e da Idade Média para a Idade Moderna.
Basicamente ao longo do período medieval (476-1453) a economia fora basicamente agrícola e
pecuária, voltada para o sustento próprio. O comércio nessa época era muito escasso. Por outro lado, as
terras pertenciam ao rei, e este as dividia entre seus vassalos, os senhores feudais, os quais eram quase
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http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2010/05/o-antigo-regime.html.
"Os direitos que mercadores e cidades conquistaram refletem a importância crescente do comércio
como fonte de riqueza. E a posição dos mercadores na cidade reflete a importância crescente da riqueza
em capital em contraste com a riqueza em terras". (HUBERMAN, 1976, p. 44).
Sendo assim, nascia um novo contrato entre o rei e os burgueses. Os reis querendo retomar o controle
de suas terras, de enriquecer e ter mais poder, se aliaram aos burgueses para conseguir sua ascensão.
Em poucas palavras, os burgueses enriquecendo, dariam mais dinheiro ao rei para este poder manter a
ordem no reino, e consequentemente os reis se tornariam mais ricos. De fato isso contribuiu para o
fortalecimento do Estado real, e sua centralização nas mãos dos monarcas.
"O rei fora um aliado forte das cidades na luta contra os senhores. Tudo que reduzisse a força dos
barões fortalecia o poder real. Em recompensa pela ajuda, os cidadãos estavam prontos a auxiliá-lo com
empréstimos de dinheiro. Isso era importante, porque com o dinheiro o rei podia dispensar a ajuda militar
de seus vassalos. Podia contratar e pagar um exército pronto, sempre a seu serviço, sem depender da
lealdade de um senhor". (HUBERMAN, 1976, pp. 80-81).
Mas, não obstante, devo prosseguir de fato para explicar com maiores detalhes a organização da
estrutura do Antigo Regime, devo dizer aqui, para muitos historiadores, como o próprio Tocqueville afirma,
o Antigo Regime se iniciou na França, e depois se espalhou para os outros países. Entretanto, as
características que serão dadas a seguir muitas remetem ao Estado francês o qual de certa forma fora o
mais absolutista que houve nesse período.
Política e administração:
Se na Idade Média, o rei não tinha um total controle do seu reino, havendo vários problemas de se
manter a ordem e a paz entre seus vassalos, que constantemente lutavam hora com os bárbaros
invasores, ou lutavam entre si, guerras entre feudos. No século XVI em diante, isso acabaria.
Bandeira da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Em holandês "Vereenigde Oost-Indische Compagnie".
O grande papel dessas companhias não só fora somente de empreender as viagens marítimas, mas
também de administrar a exploração das colônias conjuntamente com o Estado. Já que era o Estado que
cedia o direito de um monopólio particular. No livro As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano
conta de forma assombrosa como fora o processo de exploração feito nas colônias da Espanha na
Sociedade:
A sociedade do Antigo Regime como hoje em dia, era bem desigual. Poucos eram os ricos e muitos
eram os pobres. E a diferença entre estes era assombrosa. Muitos historiadores costumam dividir a
sociedade do Antigo Regime em três grupos: o Primeiro Estado, composto pelo clero; o Segundo Estado,
formado pela nobreza; e o Terceiro Estado, formado pela burguesia, camponeses, e o restante da
população. O clero e a nobreza representavam a minoria da população, sendo estes isentos dos impostos.
Quanto ao Terceiro Estado representavam a maioria da população e os responsáveis por manter o
Estado, pagando os impostos, produzindo e comercializando. Algo que ainda hoje vemos. Porém mesmo
entre estes "três estados" havia diferenças internas. Havia o alto clero, formado pelos bispos, abades e
cônegos, sendo estes filhos de nobres. O baixo clero, era formado pelos vigários, curas e monges, sendo
estes vindos da burguesia e da classe baixa. Sendo assim, não possuíam tantos recursos como o alto
clero. Na nobreza havia a alta nobreza, advinda diretamente da família real, tendo sangue real, e a baixa
nobreza, composta pelos nobres que adquiriram seus títulos por nomeação. No Terceiro Estado havia
uma série de hierarquias.
"No cimo da ordem estavam os financistas, os oficiais e os grandes negociantes; esta alta burguesia,
rica e culta, conseguiu um lugar prepoderante no Estado monárquico durante o reinado de Luís XIV, mas
viu sua ascensão entravada pela nobreza do séc. XVIII, justamente quando se tornava economicamente
mais importante". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, p. 337).
"Abaixo da elite burguesa situavam-se os profissionais liberais, os pequenos comerciantes, os artesãos
(pequena burguesia) e os trabalhadores. Abaixo da escala encontrava-se a plebe miserável, dependente
e analfabeta, trabalhadores braçais (operários e camponeses), que formavam a maioria da população,
privada pelo regime de toda a participação do poder político. Este regime era uma monarquia de três
faces: católica, feudal e absoluta". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, p. 337).
Enquanto a plebe formada pelos operários e camponeses eram o substrato mais baixo do Terceiro
Estado, a alta burguesia se sentia a ponto de se compararem a nobreza devido a seu dinheiro. A
burguesia da Idade Média, não estava preocupada com o luxo em si, mas, em se acumular bens e
enriquecer. Alguns autores mostram que as casas dos ricos burgueses não eram tão diferentes das casas
dos pequenos comerciantes ou da plebe. Entretanto, por volta do século XVI ao XVIII, a burguesia chegou
num ponto de ficar tão rica, que estes começaram a tentar agir como os nobres. Construindo grandes
casas, realizando grandes festas, usando roupas caras e luxuosas. Algo que alguns historiadores
chamam de "pseudonobres", ou seja, eles não eram nobres, devido a falta dos títulos nobiliárquicos, mas,
procuravam forjar uma imagem de nobreza através do luxo.
Outro ponto que devo destacar é a influência da Igreja nessa época. Por mais, que ela tenha perdido
muito de sua glória de outrora, esta ainda mantinha o prestigio e sua reputação como o estrato social
mais alto da sociedade. Devo ressalvar que a Igreja Católica era uma das instituições mais ricas do
mundo. Mas, se por esse lado a Igreja perdera grande parte de sua antiga influência, a nobreza tivera um
grande poder sobre o povo, algo que denota o absolutismo, e como já fora tratado anteriormente sobre a
questão da divinização dos monarcas. Porém quero abrir um espaço aqui para tratar rapidamente da
questão de como era a vida da corte nessa época, visando principalmente a corte francesa.
Durante o reinado de Luís XIV este mandou construir um novo palácio fora de Paris, mais exatamente
em Versalhes, onde tal palácio veio a ser a nova "capital" do Reino da França. De fato o Palácio de
"O povo oprimido é como um leão acossado. Quando não há mais saída, este explode em cólera".
Leandro Vilar
No final da Idade Média o feudalismo entrou em uma profunda crise. A guerra, a fome e a peste
desestruturaram a sociedade e a economia.
Nesse contexto, a burguesia, interessada no desenvolvimento do comércio (eliminação dos entraves
feudais, unificação da moeda e do sistema de pesos e medidas), apoiou o processo de centralização
monárquica financiando os exércitos nacionais.
No rastro das guerras surgiram Estados fortes nos quais surgiram soberanos absolutistas. Os
principais Estados Nacionais modernos foram França, Inglaterra, Portugal e Espanha.
Teóricos do Absolutismo
Nicolau Maquiavel (1469-1527): Sua obra mais conhecida “O Príncipe”, foi escrita para a educação
de um futuro soberano. Nela argumentou que “os fins justificam os meios”; esse novo princípio ético
separou a condição de moral individual da condição de moral pública. Esse posicionamento lhe deu o
título de pai da ciência política moderna. Maquiavel foi conselheiro de muitos governantes poderosos de
seu tempo.
Thomas Hobbes (1588-1679): Tem fundamental importância no pensamento político contemporâneo.
Seu livro “Leviatã”, é um elogio ao absolutismo, onde o autor destaca o papel do Estado absoluto no
aprimoramento social, pois sem Estado “o homem é o lobo do homem”, eternamente dilacerando-se
em contendas sangrentas. Ao Estado Leviatã coube a tarefa de impor regras de conduta civilizadas aos
súditos, mesmo que para isso tenha de usar de violência (exército ou polícia).
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http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:7GmysO_qwr0J:www.santadoroteia-rs.com.br/wp-
content/uploads/2011/05/prof_vander_aula_absolutismo_mercantilismo.doc+&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br.
O Absolutismo Inglês
A Inglaterra foi derrotada na Guerra dos Cem Anos em 1453. Essa derrota alimentou as disputas
internas e apenas dois anos depois os principais representantes da nobreza inglesas iniciaram a Guerra
das Duas Rosas (1455-1485), entre as família aristocrática de York, cujo brasão trazia uma rosa branca
e a família nobre de Lancaster que tinha por símbolo heráldico uma rosa vermelha.
A longa e sangrenta guerra chegou a seu termo em 1485 e deixou como saldo um feudalismo
enfraquecido na Inglaterra. Esse fato desencadeou a centralização monárquica pelas mãos da dinastia
Tudor iniciada por Henrique VII (1485-1509).
Os governantes Tudor implementaram o absolutismo. Pacificaram a Inglaterra, o comércio da lã teve
um grande desenvolvimento e a indústria naval floresceu.
Henrique VIII governou a Inglaterra de 1509 a 1547, e teve um importante papel na consolidação do
absolutismo inglês. A partir de 1527 envolveu-se num grande litígio em torno do divórcio com sua primeira
esposa, a espanhola Catarina de Aragão.
A recusa do Papa em desfazer o casamento real foi o estopim do rompimento inglês com Roma pelo
Ato de Supremacia, em 1534.
Henrique VIII tornou-se a cabeça da Igreja anglicana e casou-se com a cortesã Ana Bolena, mãe de
Elizabeth.
Em 1547, o único filho de Henrique VIII, Eduardo VI tornou-se rei aos 10 anos para morrer aos 15 sem
governar. Em 1553 ascendeu ao trono a ultra-católica Maria Tudor que declarou guerra aos protestantes
e passou para a história como “a sanguinária”.
Elizabeth I governou no auge do absolutismo inglês entre 1558 e 1603. Incentivou a construção naval,
criou a Companhia das Índias Orientais e apoiou a pirataria. Interferiu na religião consolidando o
anglicanismo pela lei dos 39 pontos de 1563. Derrotou a invencível armada da Espanha em 1588. O
teatro floresceu com as peças de William Shakespeare.
Elizabeth I foi a última governante Tudor. Durante seu reinado a Inglaterra tornou-se a maior potência
mercantilista europeia. Foi sucedida por Jaime I, fundador da dinastia Stuart.
O Absolutismo Francês
O feudalismo francês sofreu um golpe de misericórdia com a Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
Esse fato favoreceu a centralização do poder na França, mas o absolutismo teve de esperar o fim das
guerras religiosas entre católicos e protestantes (huguenotes) que dividiram e abalaram profundamente
a França no século XVI.
A pacificação religiosa começou com a ascensão de um huguenote (calvinista) ao trono em 1594. O
novo rei era Henrique de Navarra que havia destronado a rei católico Henrique III.
Os católicos franceses opuseram-se violentamente a ter um protestante no governo. Diante de tal
resistência o novo rei converteu-se ao catolicismo (“Paris bem vale uma missa”). Henrique de Navarra
subiu ao trono como Henrique IV no ano de 1594.
O novo rei iniciou a dinastia Bourbon que levou a França a ser o país mais absolutista da Europa.
Em 1598, Henrique IV assinou o Édito de Nantes, pelo qual concedeu direito de livre culto aos
protestantes pondo fim às contendas religiosas na França.
Henrique IV foi morto por um católico inconformado em 1610. Seu filho e sucessor, Luís XIII (1610-
1643), contava apenas 9 anos e a regência ficou a cargo de Maria de Médicis.
Em 1624, Luís XIII convocou o Cardeal Richelieu como seu primeiro ministro. Esse empenhou-se em
impor controle aos protestantes, transformar a França numa potência mercantilista e a consolidar o poder
absoluto preparando o caminho para Luís XIV.
Luís XIV (1643-1715) entrou para a história como o “Rei Sol”, em seu extenso reinado, levou a França
ao apogeu do absolutismo.
Em 1685, revogou o Édito de Nantes, pois temia que os huguenotes se tronassem “um Estado dentro
do Estado”. Calcula-se que perto de 500.000 ricos burgueses huguenotes tenham deixado a França
provocando grandes problemas econômicos.
O MERCANTILISMO
O renascimento comercial da Baixa Idade Média favoreceu o desenvolvimento do capitalismo moderno
que ficou conhecido como Capitalismo Comercial ou Mercantil.
O mercantilismo significou a transição entre o modo de produção feudal e o modo de produção
capitalista.
A acumulação de capital provocada pelo mercantilismo na Europa favoreceu o desenvolvimento da
Revolução Industrial na Inglaterra a partir do século XVIII.
CARACTERÍSTICAS DO MERCANTILISMO
Metalismo ou Bulionismo: o mercantilismo foi muito influenciado pela ideia metalista de acumulação
de capital, ou seja, o Estado seria tão mais rico quanto mais metais moedáveis (ouro e prata) dispusesse.
Tendo amplos recursos minerais em suas colônia da América (Peru, Colômbia e México), a Espanha
adotou o bulionismo com maior ênfase.
Balança Comercial Favorável: exportar muito e importar o mínimo necessário foi um estratagema
utilizado por vários Estados para acumular capital através do superávit na balança comercial.
Protecionismo: tributar as importações e incentivar a produção manufatureira interna foi a forma de
evitar evasão de divisas (metais) encontrada por Estados pobres em recursos minerais. O protecionismo
favoreceu o desenvolvimento de uma maior organização do trabalho manufatureiro, o que repercutiu na
Revolução Industrial.
Intervenção Estatal: o Estado centralizado encontrou na economia mercantilista a forma de alicerçar
e fortalecer o absolutismo monárquico e dar respostas à greve crise que se enunciou em todos os setores
da sociedade europeia em fins da Idade Média e início da Era Moderna.
Industrialismo ou Colbertismo: essa política foi implementada na França por Colbert, ministro de
Luís XIV. Baseava-se no incentivo à produção de artigos de luxo que a França poderia exportar facilmente
obtendo superávit comercial.
Colonialismo: A adoção simultânea de medidas protecionistas por vários Estados europeus
neutralizou grande parte das trocas comerciais na Europa. Assim, o colonialismo surgiu como forma de
dinamizar o comércio e obter imensos lucros na exploração colonial da América, África e Ásia.
A Reforma religiosa
A reforma religiosa começou com Martinho Lutero em 1517, na Alemanha, quando ele protestou contra
a venda de indulgências e aproveitou para fazer outras críticas à estrutura eclesiástica.
Combatido pelo Papa, Lutero foi condenado pelo imperador Carlos V na Dieta (reunião ou assembleia
oficial) de Worms e somente escapou da execução porque se refugiou na Saxônia, com o duque
Frederico, o Sábio.
Uma nova Assembleia foi reunida em Spira, em 1529. O imperador Carlos V impôs o catolicismo
romano aos príncipes, que se rebelaram. Daí o nome "protestante". Em 1530, em Augsburgo, a doutrina
de Lutero foi exposta por Melanchton por meio da Confissão de Augsburgo, que se tornou a constituição
da nova Igreja. Os príncipes protestantes organizaram a Liga de Smalkalde contra o imperador.
Finalmente, em 1555, uma nova Dieta de Augsburgo colocava os príncipes protestantes em vantagem,
pois estabelecia a teoria de que cada príncipe deveria determinar a religião dos súditos. Terminava, assim,
a primeira guerra de religião na Alemanha.
Para o luteranismo, a salvação não se alcança pelas obras, e sim pela fé, pela confiança na bondade
de Deus, pelo sofrimento interior do fiel. O culto é muito simples: um contato "direto entre fiel e salvador";
somente salmos e leituras da Bíblia.
Lutero rejeitou a maior parte dos sacramentos; conservou apenas três, que foram depois reduzidos a
dois: batismo e eucaristia. Mesmo na eucaristia, a presença de Cristo existe no pão e no vinho, não há
transformação do corpo e sangue de Cristo em pão e vinho, ou seja, não há transubstanciação, e sim
consubstanciação.
A doutrina do Calvinismo
Mesmo em relação à doutrina luterana, a doutrina calvinista é bastante radical. Em relação ao
catolicismo, então, há enormes diferenças.
Para Calvino, a salvação é conseguida pela predestinação, que a condiciona totalmente à vontade
de Deus. O amor ao trabalho, o espírito de economia e eventualmente a riqueza material são indícios de
escolha divina para a salvação. Somente os sacramentos do batismo e da eucaristia foram conservados.
O culto é de absoluta simplicidade. Não há imagens nem paramentos, apenas uma Bíblia que deve ser
comentada.
A reforma na Inglaterra
Henrique VIII, rei da Inglaterra (1509-1547), era católico, inclusive opusera-se violentamente à Reforma
Luterana.
As divergências de Henrique VIII com a igreja católica começaram em 1527, quando o rei pretendeu
casar-se com uma dama da corte, Ana Bolena. O problema do desejo de matrimonio do rei é que ele já
possuía uma esposa, Catarina de Aragão.
Tendo o papa se negado a dissolver o seu casamento anterior com Catarina, o rei rompeu com a igreja
católica.
Em 1534, o Parlamento promulgou o Ato de Supremacia, pelo qual Henrique VIII se tornava o chefe
supremo da Igreja na Inglaterra. Assim, a Igreja Anglicana tornou-se uma Igreja nacional, separada de
Roma. Nenhuma reforma foi efetuada na doutrina ou no culto. Henrique VIII perseguiu tanto os católicos
quanto os calvinistas (os chamados puritanos).
Sob a influência do bispo Cramer, o calvinismo penetrou na Inglaterra durante o reinado de Eduardo
VI (1547-1553). Assim, a missa foi suprimida e o casamento dos padres, permitido. O poder passou em
A Contrarreforma
A igreja católica passava por disputas internas entre o Papado e o Concílio, envolvidos numa luta pelo
controle da Igreja. Isso impediu a pronta ação contra o protestantismo, que teve uma expansão tão rápida,
tão fulminante que a Igreja Católica finalmente percebeu que poderia ser completamente destruída. Daí
a necessidade de uma reorganização interna.
O surgimento da Companhia de Jesus, destinada a apoiar o papa, permitiu a convocação do Concilio
de Trento (1545-1563), no qual se adotaram as principais medidas de defesa da Igreja Católica. O
Concílio conservou a doutrina tradicional, manteve a autoridade do papa e criou os seminários para
melhorar a formação do clero.
Confirmou-se o já existente Tribunal da Inquisição e foi criado o índice dos Livros Proibidos (Index
Librorum Prohibitorum). O Concílio realizou, pois, um trabalho de reestruturação da Igreja Católica, de
reforma interna da Igreja, condição básica para poder enfrentar os protestantes.
Consequências da Reforma
No plano econômico, a Reforma Calvinista trouxe consigo a ideia da predestinação (Deus elegia
previamente os fiéis para a salvação) e de que um dos sinais da escolha divina era o êxito profissional, a
riqueza. Tal concepção adaptava-se perfeitamente à ética capitalista, ao ideal da acumulação e do inves-
timento. Socialmente, a Reforma deu margem a convulsões sociais, pois em nome da religião os cam-
poneses e artesãos aproveitaram para fazer suas reivindicações específicas. Politicamente, os reis e os
príncipes transformaram a Reforma em instrumento de luta pelo poder, pois o rompimento com a Igreja
tornava-os mais fortes.
Questões
3. (IF-SC - Professor - História - IF-SC) De acordo com seus conhecimentos a respeito da Reforma
Protestante, ocorrida na Europa durante o século XVI, relacione a COLUNA A com a COLUNA B e, em
seguida, marque a alternativa correta, de cima para baixo.
COLUNA A
1 – Henrique VIII
2 – João Calvino
3 – Martinho Lutero
COLUNA B
( ) Criou uma igreja inicialmente sem grandes modificações em termos de doutrina e culto
comparativamente à católica, mas a idéia de igreja nacional e de catolicismo sem Roma teve em sua
ação maior expressão que nos demais países – tornou-se chefe supremo desta igreja através da
aprovação pelo Parlamento do “Ato de Supremacia” (1534).
( )Condenou a venda de indulgências (perdão dos pecados), pois acreditava que a salvação da alma
resultava da fé e que as boas obras em nada influíam para a salvação.
( ) Pregava o rigor da disciplina, a valorização moral do trabalho e da poupança, oferecendo aos
setores burgueses uma justificativa religiosa sólida a suas atividades.
( ) Negou o ato da transubstanciação (transformação do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo),
sugerindo que a mesma fosse vista apenas como a bênção sagrada do pão e do vinho, que ele chamou
de consubstanciação.
( ) Se mostrou favorável a livre interpretação da Bíblia, a uma igreja nacional livre da hierarquia
romana, o celibato dos padres desapareceria, haveria apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia.
a) 2, 3, 2, 1, 3
b) 2, 1, 3, 2, 1
c) 3, 2, 1, 1, 2
d) 1, 3, 2, 3, 3
e) 1, 3, 1,2 , 3
Reforma
01. Resposta: A
Questão que se resolve apenas pela datação. A Reforma protestante (século XVI) é um movimento
que antecede o iluminismo (séculos XVII e XVIII).
02. Resposta: D
Apesar de receber o nome com relação a Calvino, o calvinismo foi um movimento que recebeu diversas
influências. Foi conhecida como segunda fase reformista e também foi um sequência do movimento
luterano. Iniciou-se na Suíça e expandiu-se por vários pontos da Europa.
03. Resposta: D
Expansão Ultramarina
A Expansão Ultramarina europeia dos séculos XV e XVI foi liderada por Portugal e Espanha, que
conquistaram novas terras e rotas de comércio, como o continente americano e o caminho para as Índias
pelo sul da África.
Desde o Renascimento comercial, durante a Baixa Idade Média, até a expansão ultramarina, as
cidades italianas foram os principais polos de desenvolvimento econômico europeu. Elas detinham o
Uma das barreiras para concretizar as viagens no além mar eram os medos que os navegantes
possuíam em relação ao mar aberto, um lugar desconhecido, que na mente de muitos marinheiros era
povoado por seres extraordinários e criaturas fantásticas, mas também por monstros e horrores.
Esses medos eram originários do imaginário medieval e da falta de conhecimento sobre lugares ainda
não mapeados, em uma época de pouco ou nenhuma divulgação cultural ou científica. Vale lembrar que
os europeus, até o século XVI conheciam apenas o norte da África e a região que hoje chamamos de
Oriente Médio.
O mapa acima é uma reprodução de um tipo de mapa muito comum na Idade Média, conhecido como
Orbis Terrarum, ou mapa T no O, por sua forma. No mapa é possível perceber a representação do mundo
conhecido na Idade Média, em que haviam apenas três continentes, não sendo incorporados nem a
América, a Antártida ou Oceania. Apesar da forma arredondada, a terra era entendida como um disco
plano, cercada por mares que terminavam em um abismo profundo. Apesar das teorias de que o mundo
Outro fator importante a ser notado no mapa é a influência que a religião (cristianismo) exercia sobre
todos os aspectos da vida dos europeus. A orientação geográfica coloca a Ásia onde o norte está
localizado, lugar que em um mapa moderno seria ocupado pela Europa. Antes da utilização da bússola
de maneira definitiva na Europa, o norte não possuía a primazia da parte superior dos mapas e cartas. A
parte superior era reservada ao Oriente, a terra do Sol nascente, da luz, do paraíso, de onde haviam sido
expulsos Adão e Eva. Por essa razão, acreditava-se que o paraíso, descrito no livro bíblico de Gênesis,
estava localizado em algum lugar da Ásia, que não havia sido ainda reencontrado pelos cristãos.
Jerusalém, cidade de importante significado religioso e alvo de conquista das cruzadas é entendida como
o centro do mundo.
De acordo com outros mapas do período, a divisão dos continentes seria uma referência aos filhos de
Noé, como pode ser observado na passagem bíblica: “E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram
Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã; Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a
terra.” (Gênesis, 9: 18 e 19). Um exemplo pode ser observado na figura abaixo:
Fonte: PORTO-GONCALVES, DE ARAUJO QUENTAL, Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina.
Como as outras regiões do planeta eram praticamente desconhecidas até então, elas eram descritas
de maneira fantástica e misteriosa, habitadas por seres totalmente diferentes dos encontrados até então
na Europa.
Um dos exemplos pode ser encontrado na obra As viagens de Marco Polo, em que o veneziano
constrói sua fortuna no longínquo Catai, como era conhecida a região da China. O livro descreve a terra
distante como um lugar de imensas riquezas, onde inclusive certas habitações seriam feitas inteiramente
de ouro maciço.
Outras lendas comuns incluíam também o mito da Fonte da Juventude, que dizia que aqueles que
encontrassem tal fonte poderiam obter cura e vida eterna. O Reino de Preste João, recorrente,
principalmente em Portugal. Preste João era um pescador e teria desaparecido durante uma pescaria,
arrastado por peixes. Em uma terra distante, fundou um reino cristão perfeito. Cercado de mistério, o mito
alimentava a ideia de que um poderoso soberano viria da Ásia e atacaria o Islã. O mito começou a circular
à época da Primeira Cruzada, por volta do século XI.
A imagem abaixo mostra como eram imaginados alguns dos habitantes destas terras distantes,
dotados de características físicas totalmente diferentes, com pessoas que possuíam formas animalescas,
anões de duas cabeças, homens com pés tão grandes que eram capazes de fazerem sombra e serem
utilizados como abrigo do sol, ciclopes e criaturas com a cabeça no lugar do tronco.
No mar também habitavam incertezas. Era comum a ideia de que existiam lugares onde os ventos
paravam de soprar, ficando os barcos presos em meio ao oceano, sem ter como prosseguir ou voltar. O
medo do abismo do fim do oceano, localizado após a linha do horizonte, era também uma constante.
Os monstros também têm seu papel de destaque. Krakens, Jörmungandr, Sereias, baleias gigantes,
navios assombrados, e muitos outros, eram recorrentes nas ilustrações sobre o mundo desconhecido.
Resistências à escravidão
O processo de interação e dominação entre indígenas e europeus começa com os primeiros contatos
nas ilhas da América Central em 1492. Lá foram implantados os “repartimentos” que consistiam na
distribuição de indígenas a alguns espanhóis, conhecidos como encomendeiros, que tinham a função de
cuidar e os catequizar na fé cristã, ganhando em troca a mão de obra indígena. Em 1500 a coroa
espanhola tornou os indígenas livres e não mais sujeitos a servitude. Ao mesmo tempo ainda era possível
dominar e escravizar indígenas através da chamada “Guerra Justa”, quando as ações dos espanhóis
pudessem ser consideradas morais.
Os espanhóis possuíam vantagem em relação aos povos americanos pela estranheza e admiração
que causavam. O cavalo era um animal nunca antes visto no continente e impressionava os indígenas.
Também a crença espanhola na superioridade cultural, moral, e principalmente religiosa ajudou no
processo de dominação, além dos equipamentos de combate, como armaduras e arcabuzes (primeiras
espingardas) contra lanças e flechas.
O impacto da escravidão das populações indígenas foi imenso. Poucos anos após a chegada de
Colombo em 1492 grande parte da população nativa da América havia sido dizimada por doenças e
conflitos com europeus. Em 1512, tentando regular o funcionamento das Encomiendas, surgiu a Lei de
Burgos (primeiro código de leis que deveria guiar o comportamento os espanhóis na América, entre suas
diretrizes, estava a proibição ao mal trato indígena). Porém, a lei pouco adiantou, pois a ação intensiva
dos encomendeiros e a falta de fiscalização sobre suas ações não acabaram com as práticas de morte e
trabalhos forçados
Além dos elementos bélicos, os espanhóis também se aproveitaram dos conflitos já existentes entre
grupos indígenas distintos para conquistar as populações da América. Diferentemente do caso brasileiro,
onde existiam diversas etnias diversificadas entre si, os espanhóis encontraram grandes impérios nos
casos Inca e Asteca, onde o poder ficava centralizado na figura de um único indivíduo, e a conquista e
dominação destes significava a desestruturação da sociedade que comandavam. Em casos como o
Asteca, os espanhóis utilizaram seus inimigos que foram dominados por um longo período. A derrubada
do império Asteca também significava para esses indivíduos o fim da opressão que vinham sofrendo de
seus dominadores. Apesar da vitória contra os Astecas e o auxílio aos espanhóis, essas populações
acabaram por ter o mesmo destino, que seus inimigos, indo de encontro também à escravidão
No caso Inca a geografia de seus territórios auxiliou para prolongar a resistência. Apesar da rápida
conquista que obtiveram, optaram por fundar uma nova capital para comandar a região, em Lima (atual
capital do Peru), deixando a antiga capital do império Inca em Cuzco na mão de subordinados do antigo
império. A distribuição desigual de riquezas entre os líderes Incas pelos espanhóis causou revoltas, como
as ocorridas entre 1536 e 1537, na tentativa de recuperar as terras que haviam sido dominadas. A
vantagem dos indígenas nesse caso foi a altitude dos Andes, que lhes rendeu vitórias em batalha por
algum tempo, já que os espanhóis não estavam acostumados com a falta de oxigênio causada pela
altitude das montanhas.
Apesar dos impérios americanos constituírem grande parte do território de ação dos espanhóis, alguns
grupos autônomos renderam aos espanhóis grandes preocupações e conflitos. Grupos como os
Araucanos e Mixtecas, que viviam nas fronteiras dos grandes impérios, não possuíam a mesma unidade
de Incas e Astecas, e tinham de ser conquistados um por um. A existência de grupos não pacificados ou
dominados gerava uma grande perda para a economia local, pois os gastos com a defesa desses lugares
eram muito grandes, além dos prejuízos gerados pelos ataques, como são os casos das Guerras de
Arauco na região do Chile e as rebeliões no norte do México causados por Mixtecas.
A escravidão no Brasil
O domínio da América portuguesa se deu de forma muito diferente da América espanhola. O território
brasileiro possuía uma grande variedade de povos indígenas, de diferentes culturas e costumes. É
importante destacar a heterogeneidade dos povos que aqui viviam. Há uma estimativa de que no
momento do contato com os europeus viviam aqui entre 2 e 4 milhões de pessoas, que estariam, segundo
alguns autores, divididos em mais de 1000 povos diferentes, que desapareceram por conta de epidemias,
conflitos armados e desorganização social e cultural.
Apinayé: entram em contato com jesuítas no Tocantins em 1633, sendo contrários à ideia de
pacificação. Estiveram em conflito com portugueses e com o governo brasileiro ao longo de vários
séculos. Atualmente habitam o estado do Tocantins.
Kaingang: Os Kaingang são um dos grupos indígenas mais numerosos do Brasil, com uma população
estimada em aproximadamente 30 mil pessoas. Habitam os estados de São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Desde o século XVI possuem contato com europeus, quando eram
denominados Guaianazes. Eram também conhecidos por coroados, devido ao corte de cabelo que
utilizavam, semelhante a uma coroa. Sua relação com os colonizadores e funcionários do governo sempre
adquiriram caráter hostil, até que em meados do século XIX seus líderes resolveram aliar-se aos não
índios, e auxiliando na pacificação dos diversos grupos espalhados pelo interior dos estados que ainda
habitam.
Kayapó: habitantes da região da floresta amazônica. Atualmente vivem nos estados de Mato Grosso
e Pará.
Timbira: entram em contato com os não índios a partir do início do século XVIII, na capitania do Piauí.
Atualmente habitam os estados de Tocantins, Pará e Maranhão.
Xokleng: habitantes do sul do Brasil, os primeiros registros de contatos datam do século XVIII. Vivem
atualmente no estado de Santa Catarina.
Caetés: ficara conhecidos pelo episódio em que teriam supostamente feito um banquete com a
tripulação que naufragou juntamente com Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo português a chegar
no Brasil. Habitavam a região dos estados de Alagoas e Pernambuco.
Potiguaras: povo que tinha no caráter guerreiro seu valor fundamental. Praticavam a antropofagia (ato
de comer partes de um ser humano) ritual. Foram inimigos dos portugueses durante o processo de
conquista do território, formando alianças com franceses. Viviam do litoral do atual estado da Paraíba ao
estado do Ceará. Inimigos dos tabajaras
Tabajaras: viviam no litoral dos estados de Alagoas e Sergipe, migrando para a Paraíba, território de
domínio Potiguara, o que gerou grandes conflitos entre os povos. Os Tabajaras acabaram aliando-se aos
portugueses após os primeiros contatos.
Tamoios: eram praticantes também da antropofagia. Habitavam o litoral norte de São Paulo e o vale
do Paraíba, sendo inimigos dos portugueses.
Tupinambás: habitaram porções de terra no norte da Bahia e Sergipe, e também do litoral norte do
Rio de Janeiro até São Sebastião em São Paulo. Foram inimigos dos Tupiniquim e também dos
portugueses.
Tupiniquins: viviam na região do atual estado da Bahia e possuíam uma grande concentração de
pessoas no território do atual estado de São Paulo. Foram aliados dos portugueses.
Para os portugueses o desafio foi diferente do enfrentado pelos espanhóis. A mão de obra indígena
era indispensável para as intenções mercantilistas de Portugal, que pretendia iniciar a produção da cana-
A civilização Maia
Segundo estudos, a civilização Maia teria começa a se desenvolver por volta de 2000 a.C. Eles
habitaram a região que corresponde atualmente ao México, Guatemala e Honduras. O auge de sua
prosperidade ocorreu entre os séculos III e X, muito antes da chegada dos espanhóis na América.
Os maias se destacaram na área da Astronomia, Matemática, Arquitetura e por terem desenvolvido
uma escrita complexa, feita através de símbolos – hieróglifos – que são considerados uma das formas de
escrita mais sofisticadas no mundo pré-colombiano.
Eles eram politeístas, ou seja, cultuavam vários deuses. Tais deuses estavam ligados ao nascimento,
a morte e a fenômenos naturais. Eles cultuavam os mortos e faziam sacrifícios humanos e de animais em
oferenda a divindade. Em homenagem a eles, os maias ergueram grandes templos, altares e santuários,
onde realizavam seus rituais e sacrifícios. Nesses templos ocorreram diversas celebrações que
marcavam deferentes datas no calendário. Os maias acreditavam na vida após a morte, pois os seus
mortos eram colocados em suas sepulturas com alimentos e utensílios pessoais que poderiam ajudar o
morto durante sua viagem.
Sua economia era baseada na agricultura, tendo o milho como principal alimento. As suas técnicas
de irrigação eram extremamente avançadas para a época. A civilização Maia também praticava o
comercio de mercadorias com povos vizinhos, o que favoreceu o surgimento de estradas de estradas e
o crescimento de cidades. O produto de maior valor era o cacau, que além de ser utilizado como alimento,
era também uma moeda de troca.
Uma das grandes realizações desse povo foi a observação dos astros, que permitiu a criação de dois
calendários, um religioso, de 260 dias e outro civil, de 365 dias. O conhecimento dos ciclos da lua, do Sol
e de Vênus, foi o que permitiu a sua eficiência na produção agrícola.
A sociedade Maia era organizada de forma descentralizada, ou seja, não chegaram a construir um
império que fosse unificado. Cada cidade tinha seu próprio governo, formando cidades-Estados, eram
unidades políticas independentes.
A estrutura social dessa civilização era bem rígida, a sua classe era determinada ao nascerem.
Existiam três camadas, a família real, militares e sacerdotes, comerciantes e funcionários do Estado e por
último camponeses.
O declínio da civilização Maia começa no século IX pode estar ligado a problemas ambientais, como
o desmatamento. Outro fato que pode ter acontecido é o número populacional ter aumentado a ponto que
houvesse falta de recursos. Guerras e conflitos internos também podem ter favorecido esse declínio. O
que se pode afirmar é que quando os espanhóis chegaram à América, a civilização Maia não existia mais.
Os Astecas
Até o século XII os Astecas viviam na região norte do atual México, aos pouco esse grupo foi migrando
para o sul à procura de terra mais férteis. Ao deslocar para essa região, encontraram alguns grupos que
já viviam por lá, como os tapanecas, que apesar de serem derrotas, influenciaram muito em suas práticas
culturais, políticas e religiosas. Os Astecas atingiram o auge do seu desenvolvimento na região conhecida
como Mesoamérica.
Editora ática
Os Incas
A partir do século XII, os Incas migrarão para a região do vale do Cuzco, no Peru. Já instalados na
região do Andes, conseguiram constituir um império que dominou grande parte das terras do território sul-
americano.
Assim como os Maias e os Astecas, os Incas eram politeístas, sua religiosidade era caracterizada
pela adoração de diversos elementos da natureza. Como os outros povos, eles também realizavam
sacríficos, com a intenção de demonstrar sua gratidão.
O Império Inca chegou a ter cerca de cem povos diferentes, seu Estado era centralizado e
extremamente militarizado. Havia um imperador, nomeado Inca – descendente do Sol – que estava no
topo da pirâmide social, ele detinha o controle das terras e das minas. Logo abaixo vinha a aristocracia,
que era formada por altos funcionários do governo, sacerdotes e antigos chefes das aldeias. Por último,
os artesão, militares e escravos ficavam na base da pirâmide social.
Apesar de não terem desenvolvido a escrita, criaram um sistema numérico, chamado de “quipos”,
esse sistema auxiliava na contagem e era usado no comércio. As cordas indicavam a centena, dezena e
milhar.
A maioria da população inca exerciam atividades pastoris e agrícolas, que formavam a base
econômica e de subsistência. Entre os seus principais cultivos, estava o milho, a batata-doce, a quinoa,
a batata e o amendoim. Também dominavam a metalurgia, e a cerâmica. Eles tinham grande experiência
com o trabalhado de metais preciosos, como o ouro e a prata.
Desenvolveram em suas cidades um sistema de esgoto e água encanada, além da técnica de
construção de casas, que dispensavam o uso de argamassa. Uma das obras arquitetônicas que ainda
sobreviveram aos dias de hoje é a cidade de Machu Picchu, construída no alto de uma montanha, no
atual Peru. É considerada o maior conjunto arquitetônico da América pré-colombiana. Para que houvesse
a ligação entre as cidades do império, estradas em pedra foram construídas.
A cidade de Machu Picchu foi construída por volta de 1450, nas proximidades de Cuzco, antiga capital do Império Inca
Quase um século antes da chegada dos espanhóis, o Império Inca promoveu uma grande expansão
territorial e cultural, chegando a atual divisa da Colômbia e Equador. Contudo já no século XVI, a
civilização sofreu com diversos conflitos internos, facilitando a dominação espanhola.
Processo de Independência7
O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações
experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, observamos a ascensão de um novo conjunto
de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo
defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de
determinadas classes sociais.
Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A
grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América
desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Por
estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo
domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.
Ao mesmo tempo em que houve toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e do fim
da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuiu para o
processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes
do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Dois
claros exemplos dessa insatisfação puderam ser observados durante a Rebelião Tupac Amaru
(1780/Peru) e o Movimento Comunero (1781/Nova Granada).
6
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Colonização Espanhola"; Mundo Educação. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-america/colonizacao-
espanhola.htm>.
7
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Independência da América Espanhola"; Mundo Educação. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-
america/independencia-america-espanhola.htm>.
Questões.8
01. No final do Século XIV, o único Estado centralizado e livre de guerras, o que lhe permitiu ser o
pioneiro na expansão ultramarina, era o
(A) espanhol.
(B) inglês.
(C) francês.
(D) holandês.
(E) português
02. A aliança entre Rei e Burguesia no final da Idade Média e início da Idade Moderna não teve como
objetivo:
(A) o fortalecimento da centralização política contra o particularismo feudal vigente até então;
(B) a unificação de moedas, pesos e medidas, a fim de facilitar as transações comerciais;
(C) a definição de fronteiras e, ao mesmo tempo, de mercados internos e externos;
(D) descentralização administrativa do Estado. Consolidação da monarquia descentralizada
(E) a imposição de código único de leis para o país em lugar do direito consuetudinário feudal.
03. Ao final da Idade Média, a necessidade de novas rotas de comércio gerou a expansão mercantil e
marítima desenvolvida pelos países atlânticos. Até então, a principal via comercial europeia era o
Mediterrâneo, cujo monopólio estava concentrado nas mãos dos comerciantes:
(A) venezianos e pisanos
(B) espanhóis e muçulmanos
(C) venezianos e mouros
(D) italianos e árabes
(E) italianos e ibérico.
04. A expansão marítima e comercial empreendida pelos portugueses nos séculos XV e XVI está
ligada:
(A) aos interesses mercantis voltados para as "especiarias" do Oriente, responsáveis inclusive, pela
não exploração do ouro e do marfim africanos encontrados ainda no século XV;
(B) à tradição marítima lusitana, direcionada para o "mar Oceano" (Atlântico) em busca de ilhas
fabulosas e grandes tesouros;
(C) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da Escola de Sagres, que previam poder
alcançar o Oriente navegando para o Ocidente;
8
SOUZA, G, RAINER. Exercícios sobre o período pré-colonial. Exercícios Brasil Escola.
http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-historia-do-brasil/exercicios-sobre-o--periodo-pre-colonial.htm#questao-1
05. A partir dos estudos realizados pelo governo português, o pioneirismo na expansão ultramarina
estava em suas mãos, como grande marco do início da dominação portuguesa, responda qual foi o marco
que dá início a sua dominação.
(A) Colonização da Guiné
(B) Chegada dos portugueses ao Brasil
(C) Dominação de Ceuta
(D) Chegada as Índias
(E) Realização do chamado “périplo africano”
06. Uma forma de resistência indígena, consistia no isolamento, eles foram se deslocando para regiões
mais pobres, onde o homem branco ainda não havia chegado. Permitindo que houvesse a preservação
da herança biológica, social e cultural.
(A) Certo (B) Errado
09. “De começo, e fosse qual fosse, após a exploração cabralina, a importância dos conhecimentos
geográficos sobre o Brasil, o interesse de D. Manuel pelos seus novos territórios da América foi, ao que
parece, mais de ordem estratégica que econômica.”
Segundo o historiador português, Jaime Cortesão, no início do século XVI, a importância econômica
dada à América pelo Estado português foi de ordem estratégica. Isto, porque:
(A) apesar de terem sido encontrados imediatamente metais preciosos no território, os portugueses
não tinham maior interesse neles;
(B) as comunidades indígenas do litoral sul da América eram hostis a qualquer contato com os
portugueses, o que impediu o desenvolvimento de atividades econômicas na região;
(C) a extensão do litoral e o clima tropical impediam o desenvolvimento de atividades econômicas que
permitissem a produção de bens valorizados na Europa;
(D) o interesse português estava voltado para o Oriente, e o controle do litoral sul da América deveria
garantir, fundamentalmente, o monopólio da navegação da rota do Cabo;
(E) a instalação de feitorias que estimulassem o plantio, pelas comunidades indígenas, do pau-brasil,
produto valorizado no mercado europeu e, por isso, gerador de lucros para o Estado português.
11. (Fuvest)
Respostas
01. Resposta E.
A reconquista das terras ocupadas pelos Mouros e a centralização do estado a partir do poder concentrado
na figura do rei permitiram a Portugal os recursos necessários para se lançar ao mar em busca de novas rotas
comerciais e novas terras para exploração.
02. Resposta D.
O objetivo da aproximação entre o poder real e a burguesia era justamente a unificação do poder para
garantir um governo forte e centralizado na mão do rei.
03. Resposta D.
A região do mar Mediterrâneo era controlada por italianos, e também por árabes. O monopólio das rotas
terrestres levou muitos europeus, em especial portugueses e espanhóis, que começavam a criar estados
unificados, a explorar a rota marítima.
04. Resposta E.
Apesar das viagens às índias garantirem muito dinheiro, o tempo gasto para fazer a rota poderia levar
longos meses. Um caminho mais curto garantiria uma maior obtenção de lucros.
06. Resposta: A.
A forma de resistência usada pelos indígenas, que consistia no isolamento em regiões mais pobres, garantiu
sua sobrevivência biologia, social e cultural.
07. Resposta: A.
Nos primeiros trinta anos da colonização, observamos que os portugueses limitaram-se a enviar expedições
de reconhecimento e proteção ao litoral brasileiro. Sob o ponto de vista econômico, a extração do pau-brasil
era realizada através da mão de obra voluntária dos índios, que recebiam pequenas mercadorias pelo serviço
prestado (escambo).
08. Resposta: A
Vista como uma das mais graves consequências do desinteresse português em relação às terras
brasileiras, a invasão dos franceses revelou o desenvolvimento de uma concorrência de outras nações
europeias no processo de colonização do continente americano. Sem reconhecer a validade do Tratado de
Tordesilhas, os franceses realizaram o contrabando do pau-brasil e tentaram consolidar algumas colônias no
litoral brasileiro.
09. Resposta: D
Apesar da imensidão do território conquistado, os portugueses pretendiam expandir suas fronteiras
econômicas comercializando com os povos do Oriente. Quando muito, os portugueses realizavam rápidas
expedições de exploração e reconhecimento do território brasileiro. Com o passar do tempo, o insucesso do
comércio oriental e as sucessivas tentativas de invasão motivaram a organização das primeiras ações de
natureza colonizadora.
10. Resposta: B
Durante muito tempo foi comum a ideia da Aculturação do indígena, ou seja, a perda de sua cultura e
inserção na cultura nacional, descaracterizando o indivíduo como indígena. Esse ponto de vista tem mudado
com o entendimento de que os povos indígenas brasileiros não “perderam” sua cultura, apenas tiveram de
adaptá-la para garantir a sobrevivência, tanto de seus praticantes como de seus costumes.
11. Resposta: B.
Inspirado no poema “Caramuru”, do Frei Santa Rita Durão, o quadro retrata a morte de Moema, índia
apaixonada por Caramuru que morre afogada ao tentar alcançar o barco no qual Caramuru retornava para
Portugal, ilustrando através de uma metáfora a dependência do Brasil de Portugal. A imagem foi pintada no
século XIX, quando temas da cultura nacional como o indianismo eram recorrentes nas artes como forma de
reafirmação nacional, que buscava explicar as origens do Brasil através da mistura entre portugueses e
indígenas, com a posterior adição do negro. Outra obra da época é o romance O Guarani, de José de Alencar,
publicado em 1857.
Brasil Colonial
Da organização da colônia ao Governo Geral
A organização colonial vista aqui é contada a partir de 1530, após o chamado período pré-colonial,
quando do envio da expedição de Martin Afonso de Souza com a intenção de policiar, ocupar e
explorar efetivamente o território brasileiro.
As Capitanias Hereditárias
Fonte: http://www.estudopratico.com.br/
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São Vicente (Martim Afonso de Sousa),
Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa), Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),
Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge
Figueiredo Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho), Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António
Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando
Álvares de Andrade).
Governo Geral
Reconhecendo o fracasso do regime de capitanias hereditárias, D. João III resolveu criar o Governo-
Geral. Por meio dessa medida o monarca visava centralizar a administração colonial, subordinando as
capitanias a um governador-geral que coordenasse e acelerasse o processo de colonização do Brasil.
Com esse objetivo elaborou-se em 1548 o Regimento do Governador-Geral no Brasil, que regulamentava
as funções do governador e de seus principais auxiliares — o ouvidor-mor (Justiça), o provedor-mor
(Fazenda) e o capitão-mor (Defesa).
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que fundou Salvador, primeira cidade e capital do
Brasil. Com ele vieram os primeiros jesuítas e foi criado o primeiro bispado em terras brasileiras.
A administração do segundo governador-geral, Duarte da Costa, apresentou sérios problemas:
revoltas dos índios na Bahia, conflito entre o governador e o bispo e principalmente, a invasão francesa
do Rio de Janeiro (criação da França Antártica). Em compensação, o terceiro governador-geral, Mem de
Sá, mostrou-se tão eficiente que a metrópole o manteve no cargo até sua morte; foi ele quem conseguiu
expulsar os invasores franceses, graças à atuação de seu sobrinho Estácio de Sá.
Depois de Mem de Sá, por duas vezes a colônia foi dividida temporariamente em dois governos-gerais:
a primeira teve como divisão a Repartição do Norte, com capital em Salvador, e a do Sul, com capital no
Rio de Janeiro.
A segunda divisão foi durante a União Ibérica9, onde o Brasil foi transformado em duas colônias
distintas: Estado do Brasil (cuja capital era Salvador e, depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão
(cuja capital era São Luís e, depois, Belém). A reunificação só seria concretizada pelo Marquês de
Pombal, em 1774.
Além das capitanias e do Governo-Geral, foram criadas as Câmaras Municipais nas vilas e nas cidades
do Brasil Colônia. O controle das Câmaras Municipais era exercido pelos grandes proprietários locais, os
"homens-bons", o que reforçava suas posições sociais de mando. Entre suas competências, destacavam-
se o ceder deliberativo sobre preços de mercadorias e a fixação dos valores de alguns tributos.
As eleições para as Câmaras Municipais eram realizadas entre os já citados "homens-bons". Elegiam-
se três vereadores, um procurador, um tesoureiro e um escrivão, sob a presidência de um juiz ordinário
(juiz de paz), mais tarde substituído pelo juiz de fora. Ao longo da colonização, os choques entre os
interesses da metrópole e os da colônia, isto é, entre o centralismo e o localismo, foram simbolizados,
respectivamente, pelo Governo-Geral e pelas Câmaras Municipais.
9
*A União Ibérica foi o período em que o império português e espanhol estiveram sob a mesma administração. Quando D. Sebastião – Rei de Portugal - desapareceu
durante conflitos contra os mouros na África sem deixar herdeiros diretos, o trono português foi ocupado provisoriamente por seu tio-avô. Após seu falecimento,
Felipe II, rei da Espanha e tio de D. Sebastião assume o trono português. Esse período durou 60 anos (1580 – 1640). Ele influenciou definitivamente as relações
entre Portugal e Espanha e alterou de forma marcante nosso território originalmente definido pelo Tratado de Tordesilhas.
10
Escravos que repassavam todos os ganhos de seu trabalho aos seus donos.
A resistência à escravidão
Onde quer que tenha existido escravidão, houve resistência escrava. No Brasil os escravizados
criaram diversas maneiras de resistência ao sistema escravista durante os quase quatro séculos em que
a escravidão existiu entre nós. A resistência poderia assumir diversos aspectos: fazendo “corpo mole” na
realização das tarefas, sabotagens, roubos, sarcasmos, suicídios, abortos, fugas e formação de
quilombos. Qualquer tipo de afronta à propriedade senhorial por parte do escravizado deve ser
considerada como uma forma de resistência ao sistema escravista.
Perdigão Malheiro, que foi um importante jurista do século XIX, entendia a fuga como parte essencial
do sistema escravista. Existe uma concordância geral entre os estudiosos da escravidão com a opinião
de Malheiro, de que a fuga foi um aspecto típico do escravismo. Onde quer que tenha existido escravidão,
foram comuns as fugas, os anúncios nos jornais buscando fugitivos e também a figura do capitão-do-
mato. Após a fuga, o escravizado poderia tentar se esconder nas matas, onde frequentemente formavam
quilombos, ou ainda tentar se misturar na densa população africana e afrodescendente que habitava os
núcleos urbanos, tentando se passar por livre ou por liberto. Tendo fugido um escravizado, o seu senhor
acionava toda uma rede de informantes para descobrir o seu paradeiro. Anunciava a fuga nos jornais
locais, oferecendo recompensas àquele que desse notícias precisas sobre o esconderijo ou localização
do fugitivo e, frequentemente, pagava um capitão-do-mato para trazer o escravizado de volta.
A fuga representou um modo significativo no processo de resistência ao cativeiro e de autoafirmação
da condição humana do escravizado em oposição ao sistema escravista. Em primeiro plano provocava
um abalo do ponto de vista econômico, tanto de posse quanto de produção por vários motivos: porque o
escravizado deixava de trabalhar enquanto estava fugido, deixando, portanto, de gerar lucro para o seu
senhor; também por não haver garantia de que o escravizado fosse ser apreendido e, caso não fosse, o
senhor perdia o capital nele investido; e, por último, porque pagar as diárias de um Capitão-do-Mato não
era barato. Em segundo plano, a fuga não era apenas um simples ato de rebeldia, significava a tentativa
de usufruir de um espaço de liberdade, ainda que, na maior parte das vezes fosse passageira. Sendo
uma afronta direta ao poder senhorial, os escravizados fugitivos, quando apreendidos, recebiam um
11
Sesmarias nada mais eram do que pedaços de terra doados a beneficiários para que estes a cultivassem. Assim como no exemplo das capitanias, a posse real
ainda era da Coroa e os beneficiários, deviam cumprir uma série de exigências para garantir sua posse. Diferentemente das capitanias, ela não podiam ser divididas
em novos lotes.
Os Quilombos
Os quilombos ou mocambos existiram desde a época colonial até os últimos anos do sistema
escravista e, assim como as fugas, foram comuns em todos os lugares em que existiu escravidão. A
formação de quilombos pressupõe um tipo específico de fuga, a fuga rompimento, cujo objetivo maior era
a liberdade. Essa não era uma alternativa fácil a ser seguida, pois significava viver sendo perseguido não
apenas como um escravo fugido, mas como criminoso.
O quilombo mais conhecido no Brasil foi Palmares. Palmares foi um quilombo formado no século XVII,
na Serra da Barriga, região entre os estados de Alagoas e Pernambuco. Localizado numa área de difícil
acesso, os aquilombados conseguiram formar um Estado com estrutura política, militar, econômica e
sociocultural, que tinha por modelo a organização social de antigos reinos africanos. Calcula-se que
Palmares chegou a possuir uma população de 30 mil pessoas.
Depois da abolição definitiva da escravidão no Brasil, em 1888, as comunidades negras deram outro
sentido ao termo “Quilombo”, não sendo mais utilizado como forma de luta e resistência ao cativeiro, mas
sim como morada e sobrevivência da família negra em pequenas comunidades, onde seus valores
culturais eram preservados. Tais comunidades receberam diferentes nomeações: remanescentes de
quilombos, quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades negras rurais, ou ainda comunidades de
terreiro.
Educação
A história da educação no Brasil tem início com a vinda dos padres jesuítas no final da primeira metade
do século XVI, inaugurando a primeira, mais longa e a mais importante fase dessa história, observando
que a sua relevância encontra-se nas consequências resultantes para a cultura e civilização brasileiras.
Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Logo perceberam que não
seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra
jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570, vinte e um anos depois da sua chegada, já eram compostos
por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo
de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
A educação era privilégio das classes abastadas, pois as famílias tradicionais faziam questão de terem
um doutor (médico ou advogado) e um padre. Era usada como instrumento de legitimação da colonização,
inculcando na população ideias de obediência total ao Estado português. Os jesuítas impunham um
padrão educacional europeu, que desvalorizava completamente os aspectos culturais dos índios e dos
negros. Quanto às mulheres, mesmo das famílias mais abastadas, raramente recebiam instrução escolar,
e esta limitava-se às aulas de boas maneiras e de prendas domésticas. As crianças escravas, por sua
vez, estavam excluídas do processo educacional, não tendo acesso às escolas.
A religiosidade africana
Vigiados de perto por seus senhores e fiscalizados pelos eclesiásticos católicos, na qualidade de
escravos, considerados utensílios de trabalho a semelhança de uma ferramenta, os africanos foram
obrigados a aceitar a fé em cristo como símbolo da submissão aos europeus e a coroa portuguesa.
No entanto, elementos das religiões africanas sobreviveram se ocultando em meio à simbologia cristã.
Associações de caráter locais, as irmandades negras contribuíram para forjar a polissemia e
sincretismo religioso brasileiro.
Impedidos de frequentar espaços que expressavam a religião católica dos brancos, as irmandades
representavam uma das poucas formas de associação permitidas aos negros no contexto colonial.
As irmandades negras surgiram como forma de conferir status e proteção aos seus membros, sendo
responsáveis pela construção de capelas, organização de festas religiosas e pela compra de alforrias de
seus irmãos, oficialmente auxiliando a ação da igreja e demonstrando a eficácia da cristianização da
população escravizada.
Entretanto, ao organizarem-se, geralmente em torno da devoção a um santo especifico a qual assumiu
múltiplos significados, incorporando ritos e cultos aos deuses africanos, permitiu o nascimento de religiões
afro-brasileiras como o acotundá, o candomblé e o calundu.
Muitos indivíduos que oficialmente cultuavam, por exemplo, São José, na capela erguida pela
irmandade negra, dentro do âmbito do acotundá, clandestinamente dançavam em frente a uma imagem
semelhante ao som do tambor em casas simples com paredes de barro cobertas de capim, utilizando
palavras extraídas de textos católicos, mescladas a um dialeto da Costa da Mina (atual Gana).
Um sincretismo que se tornaria típico do povo brasileiro, também presente no candomblé, onde o rito
do deus africano Coura e a devoção a Nossa Senhora do Rosário se fundiram, fornecendo um valioso
exemplo da simbiose religiosa no Brasil.
Os judeus
Perseguidos pelo Tribunal do Santo Oficio na Europa, os judeus sempre estiveram em situação de
perigo iminente, sendo obrigados a converterem-se ao cristianismo em Portugal.
Aos olhos do Estado os convertidos passaram a ser considerados cristãos-novos, vigiados de perto
pela Inquisição, sofrendo preconceitos e perseguições esporádicas.
O Brasil se transformou na terra prometida para os cristãos-novos portugueses, compelidos a
migrarem para novas terras em além-mar.
Foi uma saída viável à recusa da aceitação de sua fé no reino, tendo em vista o fato da Inquisição
nunca ter se instalado por aqui, embora tenham sido instituídas visitações do Santo Oficio em 1591, 1605,
1618, 1627, 1763 e 1769.
Alojados sobretudo na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba e no Maranhão; os cristãos-novos recém-
chegados integraram-se rapidamente, ocupando cargos nas Câmaras Municipais, em atividades
administrativas, burocráticas e comerciais, destacando-se também como senhores de engenho, algo
impensável em Portugal.
Sem a Inquisição em seus calcanhares, os cristãos-novos continuaram a exercer práticas judaicas no
interior de seus lares, mantendo vivos os laços familiares e comunitários clandestinamente, ao mesmo
tempo, adotando uma postura publica católica, respondendo a uma necessidade de adesão, participação
e identificação.
Cultura
As manifestações artístico-culturais foram até o século XVII, condicionadas às atividades
desenvolvidas aos centros de educação, no caso os colégios jesuíticos. No trato social alicerçavam-se
práticas, usos e costumes que seriam marcantes para a formação da sociedade brasileira. A partir do
Barroco no Brasil:
Um artista de destaque no período colonial foi Gregório de Matos e Guerra, conhecido como Boca do
Inferno, que apesar de se inspirar nas regras do Barroco europeu, desenvolveu ideias próprias e retratou
a sociedade brasileira colonial, principalmente com seus poemas satíricos, como Os Epílogos.
O padre Antônio Vieira foi o maior orador religioso da língua portuguesa, com seus famosos Sermões
(Sermão da Sexagésima, Sermão dos Peixes, Sermão para o Bom Sucesso das Armas de Portugal contra
as de Holanda, etc.).
No século XVIII, destaca-se o Arcadismo Mineiro, com seu bucolismo e com sua linguagem mais
simples que a do Barroco. Seus autores usavam pseudônimos, imitando os europeus e quase todos
participaram da Inconfidência Mineira: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da
Gama, Frei José de Santa Rita Durão, Silva Alvarenga, etc.
A cana-de-açúcar
Houveram muitos motivos para a escolha da cana como produto da colônia, entre eles a ocorrência
do solo de massapê, que é propício para o cultivo da cana-de-açúcar. Além disso, era um produto muito
bem cotado no comércio europeu. As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram no início da
ocupação efetiva do território brasileiro, trazidas por Martim Afonso de Souza e plantadas no primeiro
engenho, construído em São Vicente.
Os principais centros de produção açucareira do Brasil localizavam-se nos atuais estados de
Pernambuco, Bahia e São Paulo. A ocupação do Brasil no Século XVI esteve profundamente ligada à
indústria açucareira. A economia de plantation possui relação intensa com os interesses dos
proprietários de terras que lucravam enormemente com as culturas de exportação.
O latifúndio, isto é, a grande propriedade rural, formou-se nesse período, tendo consequências até os
dias de hoje. A produção da cana-de-açúcar também contribuiu para a vinculação dependente do país
em relação ao exterior, a monocultura de exportação e a escravidão e suas consequências. A colônia
portuguesa de exploração prosperou graças ao sucesso comercial da produção da cana-de-açúcar.
Veja abaixo uma imagem com a distribuição das principais atividades econômicas ainda no século
XVI:
Em 1630 os holandeses invadiram o nordeste da colônia, na região de Pernambuco, que era a maior
produtora na época. Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o conhecimento de
todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos criaram as
bases para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente, de produção de açúcar em
grande escala, na região do Caribe. A concorrência imposta pelos holandeses, que haviam sido expulsos
pelos portugueses, fez com o Brasil perdesse o monopólio que exercia mercado mundial do açúcar,
levando a produção a entrar em declínio.
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30 arrobas de ouro cobradas anualmente.
Bandeiras e Bandeirantes
As bandeiras, tradicionalmente definidas como expedições particulares, em oposição às entradas, de
caráter oficial, contribuíram decisivamente para a expanção territorial do Brasil Colônia. A pobreza de São
Paulo, decorrente do fracasso da lavoura canavieira no século XVI, a possibilidade da existência de
metais preciosos no interior e, particularmente, a necessidade de mão-de-obra para o açúcar nordestino,
durante a União Ibérica, levaram os paulistas a organizar a caça ao índio, o bandeirismo de contrato e a
pesquisa mineral.
A caça ao Índio
Inicialmente a caça ao índio (Preação) foi uma forma de suprir a carência de mão-de-obra para a
prestação de serviços domésticas aos próprios paulistas. Logo, porém, transformou-se em atividade
lucrativa, destinada a complementar as necessidades de braços escravos, bem como para a triticultura
paulista. Na primeira metade do século XVII, os vicentinos realizaram incursões, principalmente contra as
reduções jesuíticas espanholas, resultando na destruição de várias missões, como as do Guairá, Itatim e
Tape, por Antônio Raposo Tavares. Nesse período, os holandeses, que haviam ocupado uma parte do
Nordeste açucareiro, também conquistaram feitorias de escravos negros na África, aumentando a
escassez de escravos africanos no Brasil.
O bandeirismo de contrato
A ação de bandeirantes paulistas contratados pelo governador-geral ou por senhores de engenho do
Nordeste, com o objetivo de combater índios inimigos e destruir quilombos, corresponde a uma fase do
bandeirismo na segunda metade do século XVII. O principal acontecimento desse ciclo de bandeiras foi
a destruição de um conjunto de quilombos situados no Nordeste açucareiro, conhecido genericamente
como Palmares.
A atuação do bandeirismo foi de fundamental importância para a ampliação do território português na
América. Num espaço muito curto, os bandeirantes devassaram o interior da colônia, explorando suas
riquezas e arrebatando grandes áreas do domínio espanhol, como é o caso das missões do Sul e Sudeste
do Brasil. Antônio Raposo Tavares, depois de destruí-las, foi até os limites com a Bolívia e Peru, atingindo
a foz do rio Amazonas, completando, assim, o famoso périplo brasileiro. Por outro lado, o bandeirantes
agiram de forma violenta na caça de indígenas e de escravos foragidos, contribuindo para a manutenção
do sistema escravocrata que vigorava no Brasil Colônia.
Conquistas e Tratados
Fato curioso na ação das bandeiras e entradas é que eles não tinha real noção do tamanho do nosso
território. Era comum pensarem que se adentrassem o suficiente, logo chegariam à colônias espanholas.
As necessidades econômicas (que já falamos acima) levaram os portugueses a adentrar muito mais do
que o combinado no Tratado de Tordesilhas e posteriormente obrigou os governos a reconhecerem novos
acordos.
No século XVII um evento ajudou que essa expansão ocorresse sem maiores problemas. Trata-se na
União Ibérica. Nós vamos falar dela logo abaixo.
Para a expansão territorial brasileira isso foi ótimo (A União Ibérica). Primeiro por estreitar as relações
entre colônias portuguesas e espanholas, depois por, quando dos portugueses adentrarem o território
além do estabelecido, não encontrarem nenhum problema, afinal os espanhóis entendiam que o seu povo
estava povoando a sua terra.
Os limites estabelecidos em Tordesilhas foram tão alterados e de forma tão definitiva (várias novas
colônias já haviam sido estabelecidas) que um novo acordo sobre os limites territoriais entre Portugal e
Espanha foi estabelecido: o Tratado de Madri (1750). Em resumo ele reconhecia que a maioria do território
desbravado pertencia a Portugal, baseado no princípio da posse por uso.
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/e-assinado-o-tratado-de-madri/
No período colonial, que dura até o ano de 1815 quando o Brasil é elevado à categoria de Reino Unido
de Portugal e Algarves, ainda teremos o início dos conflitos da Cisplatina (1811 – 1828) – disputa entre
Portugal e Espanha em torno da fronteira do RS devido às pretensões espanholas de controlar o rio
da Prata -. Porém esse conteúdo é mais comumente pedido dentro do período imperial, talvez pelo
seu final ter sido após 1822. Sendo assim, trataremos sobre esses conflitos e acordos no sul do país
no período seguinte.
Invasões francesas
A França foi o primeiro reino europeu a contestar o Tratado de Tordesilhas, que dividiu as terras
descobertas na América entre Portugal e Espanha em 1494. Visitaram constantemente o litoral brasileiro
desde o período da extração do pau-brasil, mantendo relações amistosas com os povos indígenas locais.
Deste acordo surgiu a Confederação dos Tamoios (aliança entre diversos povos indígenas do litoral:
tupinambás, tupiniquins, goitacás, entre outros), que possuíam um objetivo em comum: derrotar os
colonizadores portugueses.
Em 1555 os franceses fundaram na baía de Guanabara a França Antártica, criando uma sociedade
de influências protestantes.
Através dos franceses, algumas partes do litoral brasileiro ganharam diversas feitorias e fortes.
Por aproximadamente cinco anos ocorreram conflitos entre os portugueses e a Confederação dos
Tamoios. Em 1567 os portugueses derrotaram a Confederação e expulsaram os franceses do litoral
brasileiro.
No século XVII (1612), fundaram a França Equinocial, correspondente à cidade de São Luís, capital
do estado do Maranhão.
Com a intenção de conter a expansão francesa, Portugal enviou uma expedição militar à região do
Maranhão. Essa expedição atacou os franceses tanto por terra quanto por mar. Em 1615, os franceses
foram derrotados e se retiraram do Maranhão, deslocando-se para a região das Guianas, onde fundaram
uma colônia, a chamada Guiana Francesa.
Após duas tentativas mal sucedidas de estabelecimento de uma civilização francesa, nos séculos XVI
e XVII no Brasil colonial (França Antártida e França Equinocial), os franceses passaram a saquear,
através de corsários (piratas), algumas cidades do litoral brasileiro no século XVIII. A principal delas foi a
cidade do Rio de Janeiro, de onde escoava todo ouro extraído da colônia rumo a Portugal. Uma primeira
tentativa de saque, em 1710, foi barrada pelos portugueses; entretanto, no ano de 1711, piratas franceses
tomaram a cidade do Rio de Janeiro e receberam dos portugueses um alto resgate para libertá-la: 600
mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois. Terminavam, então, as tentativas de invasões francesas
no Brasil.
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Acordo que estabelecia, entre tantas clausulas que o governo holandês abdicava de suas terras no Brasil
Os Movimentos Emancipacionistas
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados
pelo forte anseio de conquistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Entre os principais
motivos para esses movimentos estavam a alta cobrança de impostos; limites estabelecidos pelo pacto
colonial, que obrigava o Brasil de comerciar com Portugal somente; a falta de autonomia e representação
na criação de leis e tributos, além da política, dominada por Portugal; Os ideais iluministas e separatistas
vindos da Europa e dos Estados Unidos.
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi o único “conspirador” que não fazia parte da elite.
Conhecido como alferes (primeiro posto militar) e dentista prático, foi talvez por sua origem o mais
duramente castigado. A memória de Tiradentes passou a ser celebrada no Brasil com a proclamação da
República, quando foi considerado herói nacional pelo regime estabelecido em 15 de novembro de 1889.
Sua representação mais conhecida é muito semelhante à imagem de Cristo, reforçando a construção da
imagem de mártir.
Assinada em 19 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, a sentença de morte de Tiradentes cumpriu-se
dois dias depois: ele foi enforcado, decapitado e esquartejado. Os outros participantes foram condenados
ao desterro na África.
01. (TJ-SC - Analista Administrativo - TJ-SC) Sobre o Período Colonial Brasileiro, assinale a
alternativa INCORRETA:
(A) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno do pau-brasil. Após 1530, declinando o
comércio com as Índias, a coroa portuguesa decidiu-se pela colonização do Brasil.
(B) A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, passou a ser um monopólio real, cabendo
ao rei conceder a permissão a alguém para explorar comercialmente a madeira. O primeiro arrendatário
a ser beneficiado com o estanco foi Fernando de Noronha, em 1502.
(C) A administração colonial foi efetuada inicialmente por meio do sistema de Capitanias Hereditárias.
Com seu fracasso foram instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as capitanias, mas para
centralizar sua administração.
(D) A administração colonial foi efetuada inicialmente por meio do sistema de Capitanias Hereditárias.
Com seu fracasso foram instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as capitanias, mas para
centralizar sua administração.
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de São Vicente, fundada no litoral paulista em
1532.
02. (Prefeitura de Betim – MG - Professor PII – História - Prefeitura de Betim – MG) Sobre a
economia do Brasil colonial, assinale a alternativa CORRETA.
(A) Com a descoberta do ouro, foi introduzida a mão de obra escrava negra.
(B) O ciclo do açúcar foi irrelevante e pouco rentável.
(C) A colônia podia desenvolver-se livremente sem nenhuma interferência da metrópole.
(D) A economia da colônia foi controlada e limitada pelas práticas mercantilistas.
03. (TJ-SC - Assistente Social - TJ-SC) Sobre o Período Colonial brasileiro, assinale a única
alternativa que está INCORRETA:
(A) Portugal só deu início à colonização das terras conquistadas, que passaram a chamar-se Brasil,
devido à pressão que sofria com o declínio de seu comércio com o oriente e com a sistemática ameaça
estrangeira no território brasileiro.
(B) O sistema de Capitanias Hereditárias foi implantado por D. João III mas não teve o sucesso
esperado. Entre os fatores que contribuíram para o fracasso das capitanias podemos citar: falta de terras
férteis em algumas regiões, falta de interesse dos donatários, conflitos com os indígenas, falta de recursos
financeiros para o empreendimento por parte de quem recebia a capitania.
(C) Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral do Brasil e a sede do governo geral foi
estabelecida na Bahia.
(D) A estrutura econômica brasileira do período colonial tinha como principais características a
monocultura, o latifúndio, o trabalho escravo e a produção para o mercado externo.
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de Santos, fundada em 1532.
04. (PC-SC - Investigador de Polícia – ACAFE) Sobre a economia do período colonial do Brasil,
todas as alternativas estão corretas, exceto a:
(A) O ciclo do ouro contribuiu para a formação de núcleos urbanos no interior do Brasil e para a
transferência da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro.
(B) A propriedade agrícola no qual se baseava o sistema colonial tinha duas características básicas: a
monocultura e o trabalho escravo.
(C) O pau-brasil foi um dos primeiros produtos explorados no Brasil, sendo obtido pelos europeus
numa relação de escambo com os nativos.
(D) O ciclo da cana-de-açúcar foi fundamental para a criação de um mercado econômico interno,
realizando a ligação comercial entre o litoral e o interior da colônia.
05. (EsSA - Sargento – Exército) Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal
e Algarves. Na prática:
(A) foi a causa da Inconfidência Mineira.
(B) nada significou para o Brasil.
(C) provocou enorme satisfação em Portugal.
(D) o Brasil volta à condição de colônia.
(E) o Brasil adquiria autonomia administrativa.
07. Entre as causas da Criação das Capitanias Hereditárias no Brasil, podemos apontar
(A) a necessidade de apoio do governo português aos comerciantes de pau-brasil;
(B) a necessidade de organizar a exploração do ouro;
(C) o fracasso do governo geral;
(D) o interesse de Portugal no comércio de escravos indígenas;
(E) a falta de recursos do governo português que transferiu aos donatários a responsabilidade da
colonização.
09. (PUC) “Nenhuma outra forma de exploração agrária no Brasil colonial resume tão bem as
características básicas da grande lavoura como o engenho de açúcar.”
Alice Canabrava, in Sérgio Buarque de Holanda (org.) História geral da civilização brasileira. Rio de
Janeiro: Difel, 1963, tomo I, vol. 2, p. 198-206.
A frase pode ser considerada correta, entre outros motivos, porque na produção açucareira:
(A) prevalecia o regime de trabalho escravo e a grande propriedade monocultora.
(B) havia emprego reduzido de mão de obra e prevalecia a agricultura de subsistência.
(C) prevalecia a atenção ao mercado consumidor interno e à distribuição das mercadorias nas grandes
cidades.
(D) havia disposição modernizadora do aparato produtivo e prevalecia a mão de obra assalariada.
(E) prevalecia a pequena propriedade familiar e a diversificação de culturas
A afirmação de que “O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial resultante de uma
aliança entre a burguesia mercantil, a Coroa e a nobreza” indica que a colonização portuguesa do Brasil
I - Apesar de sua forte influência sobre a Colônia, esta vigorou apenas até 1580, quando a União
Ibérica foi implantada e os jesuítas foram expulsos do Brasil.
II - Por todo o período anterior à fase da mineração, não há que se falar de maneira ampla em “literatura
brasileira”, pois as obras eram escritas e editadas em Portugal e havia poucos consumidores na Colônia.
III - Destacaram-se minimamente os escritos dos autores chamados “viajantes”, muitos dos quais
jesuítas, que descreviam as regiões, a organização social e os costumes na Colônia.
IV - Na produção jesuítica, destacaram-se os sermões, usados para estimular o remorso e a devoção,
a regeneração dos infiéis e a conversão dos nativos.
V - O teatro foi um recurso utilizado pelos jesuítas, com a finalidade didática de converter nativos à fé
católica.
Respostas.
01. Resposta: D.
Na alternativa errado, houve uma inversão, pois Carta de Doação era um documento que cedia aos
Donatários a posse da terra, já o Foral era o direito e os deveres dos donatários.
02. Resposta: D.
A economia da colônia foi controlada e limitada pelas práticas mercantilistas. O Mercantilismo é a
prática econômica típica da Idade Moderna e é marcado, sobretudo, pela intervenção do Estado na
economia.
03. Resposta: E.
Martim Afonso de Souza fundou, em 1532, o primeiro núcleo populacional do Brasil: A Capitania de
São Vicente.
04. Resposta: D.
A produção de cana-de-açúcar era feita em grandes latifúndios, toda a produção feita na colônia era
voltada ao mercado externo, nessa época não havia produção destinada ao mercado interno, exceto os
gêneros alimentícios de subsistência.
05. Resposta: E.
Com a chegada da Corte Portuguesa no Brasil, a então colônia muda de status e recebe o nome de
Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. O Brasil se torna sede da Corte, deixando o pacto colonial
para trás e adquiri autonomia administrativa.
06. Resposta: A.
O enunciado da questão faz referência a Guerra dos Emboabas. Como havia sido um paulista a
descobrir ao ouro, eles achavam que tinham direitos especiais sobre a terra. Quando um dos líderes dos
emboabas enfrentou, junto com uma frente armada e conseguiu expulsar os paulistas da região de
Sabará, o ato foi entendido por eles como uma declaração de guerra. Esse conflito ficou conhecido como
Guerra dos Emboabas.
08. Resposta E.
Os bandeirantes, utilizados e conhecidos como caçadores de índios e pedras preciosas no início da
colonização também atuaram na perseguição de escravos africanos que fugiam de seus senhores. Com
o tempo também atuaram na busca e destruição de quilombos ondes os escravos foragidos se
refugiavam.
09. Resposta: A
A produção do açúcar no Brasil foi a primeira grande atividade comercial estabelecida de forma efetiva
para a geração de lucros para a coroa portuguesa. Era caracterizada pela mão-de-obra escrava (indígena,
depois africana), a grande propriedade rural (Latifúndio) e a exportação para o mercado europeu.
10. Resposta: B
Durante o período colonial, a obtenção de terras estava vinculada à concessão do rei, que as cedia
para pessoas com capital disponível para a construção de engenhos ou investimentos na colônia.
11. Resposta: B
Das situações descritas pela questão, apenas a expulsão dos jesuítas está colocada de maneira
incorreta. Na verdade, os jesuítas não foram expulsos com a criação da União Ibérica em 1580, mas
durante a administração do Marquês de Pombal, em 1759.
Revolução Industrial
A revolução industrial é um dos momentos de maior importância e influência sobre o modo de vida das
sociedades atuais. Ela marca a passagem e as transformações sociais ocorridas primeiramente na
Europa e que se espalharam pelo restante do mundo, principalmente a passagem da sociedade rural
para a sociedade urbana e a transformação do trabalho artesanal e manufatureiro para o trabalho
assalariado e a organização fabril.
A Revolução Industrial normalmente é dividida em três fases:
A Primeira Fase que vai de 1760 a 1850, predominantemente na Inglaterra, quando surgiram as
primeiras maquinas a vapor;
A Segunda Fase que vai de 1830 a 1900 e marca a difusão da revolução por países europeus como
Bélgica, França, Alemanha e Itália, além dos Estados Unidos e Japão. Durante esse período surgem
formas alternativas de energia, como a hidrelétrica e motores de combustão interna, movidos a gasolina
e diesel.
A Terceira Fase começa em 1900, caracterizada pela inovação nas comunicações e o aumento da
produção em massa.
O que é Industrialização?
A industrialização pode ser entendida como a transformação de matérias-primas para serem
consumidas e utilizadas pelo ser humano.
A transformação de matérias-primas em produtos através da utilização de maquinas é conhecida como
maquinofatura. A transformação manual é conhecida como manufatura e existe também o artesanato,
em que o processo de produção é efetuado por uma única pessoa do início ao fim. O processo artesanal
também pode ser conhecido como indústria doméstica.
A manufatura é um estágio mais avançado, em que numerosos trabalhadores dividem um mesmo
espaço, possuem funções definidas e são coordenados por um chefe que gerencia a produção.
A imagem mostra crianças trabalhando um uma fábrica. O trabalho infantil era comum até o início do século XX e ainda existe em várias partes do mundo.
Um dos elementos marcantes da revolução industrial foi a passagem da indústria doméstica para a
manufatura. Mas como isso aconteceu?
Quando os artesões não conseguiam competir com o preço dos produtos no mercado, passava a
trabalhar para um grande comerciante, que normalmente é dono dos meios necessários para a produção,
como maquinas e ferramentas que aceleram a transformação de matéria prima em produtos. Ao trabalhar
para esse comerciante o artesão torna-se um empregado, que agora recebe um salário fixo por seus
serviços.
Como começou?
Para entender a revolução industrial é preciso entender as mudanças ocorridas na Inglaterra a partir
do século XVIII e o restante da Europa no século XIX.
Um dos fatores que colaborou com a Revolução Industrial é a melhoria de condições de higiene e
alimentação, garantindo uma maior longevidade, que aumentava o consumo de produtos e também
disponibilizava mão-de-obra para o trabalho na indústria.
As revoluções inglesas que ocorreram no século XVIII colocaram o poder político da Inglaterra nas
mãos da burguesia capitalista. Seu interesse no desenvolvimento econômico colaborou para a
organização do sistema de circulação de mercadorias através da abertura de canais, estradas, portos e
comercio exterior. Além disso os impostos foram organizados.
A subida da burguesia ao poder colaborou para o processo de cercamento de terras baldias e terras
de uso comum, o que extinguiu os yeomen, que formavam uma classe de pequenos proprietários e
trabalhadores rurais que sobreviviam do cultivo de terras arrendadas e da utilização de das áreas comuns.
Com as terras que eram utilizadas pelos yeomen confiscadas pelo governo, muitos trabalhadores rurais
acabaram migrando para as cidades em busca sobrevivência, onde acabavam tornando-se empregados
nas manufaturas.
A religião teve um importante papel para a mentalidade e economia na Inglaterra. O Puritanismo é
uma concepção da fé cristã que surgiu na Inglaterra, criada por grupos protestantes radicais após as
reformas que ocorreram no país. Inspirados pelo calvinismo, tinham a crença da acumulação, poupança
e enriquecimento, que eram vistos como demonstrativos da salvação.
Além disso, durante muito tempo, os ingleses desenvolveram sua maneira de fazer comercio e sua
agricultura. O comercio foi expandido em escala mundial, criando um grande mercado que pudesse
comprar seus produtos e absorver sua produção de produtos industrializados, em especial o algodão.
Antes do algodão, a lã foi o produto de investimento dos industriais ingleses. Percebendo sua
importância, o poder político da época buscou protegê-la através do regulamento de sua produção e
comercio com uma legislação rígida.
O algodão mostrou-se uma alternativa mais atraente para os comerciantes ingleses, devido à sua
abundancia de produção nas colônias britânicas no Oriente e nos Estados Unidos, que ainda pertenciam
à Inglaterra. Como não havia regulamentação sobre o comercio do algodão e a mão-de-obra disponível
juntamente com a matéria-prima era extremamente atraente do ponto de vista econômico, os esforços
empresariais concentraram-se nessa área.
Toda essa rede de comercio e produção garantiu para a Inglaterra o acumulo de capital, ou seja os
recursos necessários para investir e aumentar a produção industrial. Além do capital, outros fatores
ajudaram a Inglaterra a destacar-se como pioneira na revolução industrial como o aluguel de terras
A industrialização e o trabalho
Para suprir a grande produção e atender o mercado consumidor, as fabricas precisavam de mão-de-
obra para operar a produção. Se antes os trabalhadores, principalmente artesãos, trabalhavam em suas
casas, agora o trabalho era concentrado no ambiente das fabricas. Para conseguir lucros as fabricas
precisavam produzir em larga escala, o que barateava a produção. Não fazia sentido a utilização de
recursos imensos como maquinas a vapor e represamento de rios para a utilização de energia hidráulica
para produzir pouco.
Outra grande mudança para os trabalhadores era a relação entre o tempo e o trabalho. Para produzir
com eficiência as fabricas precisavam organizar seus funcionários, seja em turnos ou escalas, que
garantam que a produção nunca pare ou caia, o que ajudava a maximizar os lucros e evitar prejuízos, é
ai que entra o conceito de tempo. Até o período anterior à revolução industrial era comum que pessoas
trabalhassem sem horários ou dias fixos, normalmente até obter o necessário para os gastos da semana
ou semelhante.
Com o trabalho concentrado nas fabricas e a necessidade de manter a produção, era agora essencial
que os trabalhadores cumprissem horários determinados de entrada e saída de seus postos de serviço.
O relógio popularizou-se, já que era necessário para garantir a rotina imposta pela fábrica.
Com a introdução da maquinofatura outro importante aspecto ganha forma: a separação entre
trabalhador e meio de produção. Como assim?
Antes da Revolução Industrial um artesão era capaz de produzir com suas próprias ferramentas. Com
o trabalho nas indústrias e o custo dos equipamentos, o trabalhador agora utilizava os meios de produção,
mas não os possuía. Se antes da Revolução industrial um fabricante de tecidos utilizava seus
equipamentos como a roca de fiar, agora ele dependia de equipamentos sofisticados para tornar seus
produtos competitivos. O preço desses equipamentos normalmente atingiam valores altos, que poucas
pessoas poderiam pagar.
Como não possuía os meios necessários para produzir de maneira competitiva, a pessoa acabava
tornando-se funcionário de uma empresa, e a partir daí utilizar os meios de produção. Com essa mudança
a sociedade divide-se em duas categorias: quem possuía os meio de produção, capital, matéria prima e
equipamentos – uma pequena minoria; e as pessoas que vendiam sua força e capacidade de trabalho
para o primeiro grupo em troca de um salário.
As mudanças que ocorriam no século XVIII não agradaram a todos. Muitos artesãos e trabalhadores
ficaram insatisfeitos com as rotinas de trabalho de impostas. Não era nada incomum existirem jornadas
de trabalho de 14 a 16 horas diárias em condições extremamente desfavoráveis e arriscadas como o
barulho incessante de maquinas e o trabalho repetitivo a que se sujeitavam para receber baixos salários.
A situação era ainda mais complicada no caso de mulheres e crianças, que recebiam uma quantia menor,
independentemente do nível de trabalho executado em relação aos homens.
O desemprego era algo que assombrava as pessoas. Com a grande leva de camponeses que
buscavam oportunidade nos centros industriais, a concorrência aumentava, com os donos de fabricas
dando preferência para a mão-de-obra barata e abundante que vinha do campo. Além disso muitos
perdiam empregos quando as fabricas atingiam excessos de produção, que paralisava as atividades.
A concentração em grandes centros também prejudicava aqueles com pouco poder aquisitivo. Nas
regiões industrializadas a população crescia em ritmo acelerado, chegando a cidade a possuir mais de 1
milhão de habitantes antes do século XIX. O crescimento da população nem sempre era acompanhado
pela oferta de moradia, o que gerava alugueis com altos preços e aglomeração de pessoas em pequenos
espaços, muitas vezes abrigando diversas famílias. Nessa época a Inglaterra dividia-se em dois
contextos: a Inglaterra Negra, que era dominada por industrias, instaladas principalmente onde havia
disponibilidade de carvão, em geral no norte e oeste do país, e a Inglaterra Verde no sul e sudeste, que
era responsável pela agricultura e pastoreio.
-voto universal;
-igualdade entre os distritos eleitorais;
-voto secreto por meio de cédula;
-eleição anual;
-pagamento aos membros do Parlamento;
-abolição da qualificação segundo as posses para a participação no Parlamento;
O movimento cartista buscava melhorias nas condições dos operários, que mesmo após quase cem
anos do início da Revolução Industrial ainda eram péssimas. Possuiu uma grande adesão da população
e é considerado o primeiro grande movimento tanto de classe como de caráter nacional que lutava contra
a condição social na Grã Bretanha. A intenção era de que a Carta do Povo fosse aprovada pelo
parlamento inglês, de maneira a garantir os direitos reivindicados. O parlamento não só rejeitou a carta
como perseguiu os líderes e simpatizantes do movimento, com a intenção de acabar com sua influência.
Apesar dos esforços do parlamento, o movimento exerceu grande influência no operariado, tanto inglês
como internacional e conseguiu convocar para 1848 uma grande mobilização que estimava reunir 500 mil
trabalhadores e pressionar o parlamento. Apesar do fracasso da mobilização por conta de uma grande
tempestade, diversas leis trabalhistas foram criadas para beneficiar os trabalhadores.
As Trade Unions
Como maneira de conseguir melhores condições de trabalho, muitos trabalhadores partiram para a
formação de associações e clubes para lutar por seus direitos. Entre as primeiras organizações desse
tipo surgiu o clube dos tecedores e artesãos na Inglaterra na primeira metade do século XVIII e que teve
uma curta duração, pois assim que seus membros atingiram os objetivos desejados foi dissolvido.
Em várias partes da Inglaterra, em especial nas cidades com grande concentração de indústrias como
Lancashire, Yorkshire e Manchester, diversas sociedades de trabalhadores (conhecidas como Trade
Unions) começam a aparecer com o objetivo de promover ajuda mútua entre os trabalhadores.
É claro que os patrões ficaram atentos ao movimento dos trabalhadores e também se organizaram
para conter as revoltas. Uma das formas de protesto mais prejudiciais para a indústria, até hoje, eram as
greves. Com trabalhadores paralisados em manifestações e protestos, as maquinas paravam e portanto
não produziam, o que afetava os lucros. De olho em formas de conter tanto greves como associações,
os empresários e patrões tiveram que recorrer à influência que possuíam no governo da Inglaterra. Em
1799 uma lei foi criada para proibir as associações de trabalhadores, que foi derrubada pela oposição
forte que eles conseguiram fazer. Além de leis também era utilizada a violência para conter o aumento de
associações de trabalhadores. Apesar da grande disputa entre os dois lados, em 1824 as leis que
proibiam as associações foram revogadas.
Questões
01. "As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam
a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos, muitos tecidos. Graças às
máquinas a vapor, a produção de mercadorias ficou muito maior."
(Schmidt, Mário. "Nova História Crítica". São Paulo: Nova Geração, 2002).
02. "Um fato saliente chamou a atenção de Adam Smith, ao observar o panorama da Inglaterra: o
tremendo aumento da produtividade resultante da divisão minuciosa e da especialização de trabalho.
03. São razões para a ocorrência da Revolução Industrial, que teve como berço a Inglaterra:
(A) forte envolvimento britânico nas guerras continentais em consequência da sua localização.
(B) os "cercamentos" que ampliaram as áreas de cultivo agrícola.
(C) rede fluvial limitada.
(D) riqueza abundante do subsolo, com a presença de ferro, estanho, carvão dentre outros minerais.
(E) alta concentração de camponeses nas áreas rurais.
"Na verdade não havia horas regulares: patrões e administradores faziam conosco o que queriam.
Normalmente os relógios das fábricas eram adiantados pela manhã e atrasados à tarde e em lugar de
serem instrumentos de medida do tempo eram utilizados para o engano e a opressão".
(Anônimo. "Capítulos na vida de um menino operário de Dundee", 1887.)
05. A Revolução Industrial, iniciada na segunda metade do século XVIII, gerou profundas
transformações, econômicas e sociais.
Entre essas transformações, pode-se apontar
(A) a retração do mercado consumidor nos países industrializados.
(B) a superação do conflito capital-trabalho em face dos acordos sindicais.
(C) a dominação de todas as etapas da produção pelo trabalhador.
Respostas
01. Resposta B.
O aprimoramento e a invenção de novas tecnologias de produção permitiram uma grande mudança
na maneira de produzir. Maquinas faziam em um tempo menor o trabalho dos homens, gerando menos
gastos e mais lucros. Esse conjunto de mudanças ficou conhecido como revolução industrial
02. Resposta A.
A divisão do trabalho foi um grande avanço para o aumento da produção. A partir da divisão era
possível aumentar consideravelmente a quantidade de produtos, mesmo com funcionários de baixa
instrução e conhecimento do ofício pois as operações tornavam-se simples e rápidas, de modo que
qualquer pessoa pudesse executá-las.
03. Resposta D.
Além do grande potencial mineral do subsolo da Inglaterra, o acumulo de capital garantido pelas
atividades de comercio marítimo e exploração colonial foram outro fator que garantiram aos país as
condições necessárias para iniciar o processo de industrialização.
04. Resposta C.
O modo de produção industrial estava ligado à quantidade de produtos que os funcionários pudessem
criar. A partir de agora o relógio domina a rotina e a vida das pessoas, tornando-se cada vez mais popular
e presente na sociedade.
05. Resposta E.
A partir da Revolução Industrial a produção passa a fazer parte importante do contexto das fábricas.
O aumento da produção significava a diminuição nos preços e consequentemente um alcance maior do
público consumidor de produtos. Durante o período as máquinas já faziam parte importante do processo
de produção e as condições de trabalho eram árduas, com jornadas que chegavam até 16 horas diárias,
havendo ainda uma diferenciação em relação ao pagamento de homens mulheres e crianças
Socialismo: o ponto de vista político e econômico, o comunismo seria a etapa final de um sistema que
visa a igualdade social e a passagem do poder político e econômico para as mãos da classe trabalhadora.
Para atingir este estágio, dever-se-ia passar pelo socialismo, uma fase de transição onde o poder estaria
nas mãos de uma burocracia, que organizaria a sociedade rumo à igualdade plena, onde os trabalhadores
seriam os dirigentes e o Estado não existiria.
O comunismo: pode ser definido como uma doutrina ou ideologia (propostas sociais, políticas e
econômicas) que visa a criação de uma sociedade sem classes sociais. De acordo com esta ideologia,
os meios de produção (fábricas, fazendas, minas, etc.) deixariam de ser privados, tornando-se públicos.
No campo político, a ideologia comunista defende a ausência do Estado. As ideias do sistema comunista
estão presentes na obra "O Capital" de Karl Marx. Nesta, o filósofo alemão propõe a tomada de poder
pelos proletários (operários das fábricas) e a adoção de uma economia de forma planejada para acabar
com as desigualdades sociais, suprindo, desta forma, todas as necessidades das pessoas. Outra obra
importante, que apresenta esta ideologia, é "O Manifesto do Partido Comunista" de Marx e Engels. O
grande marco histórico do comunismo foi a Revolução Russa de 1917. Podemos citar também, neste
contexto, a Revolução Cubana que ocorreu em 1 de janeiro de 1959.Outros importantes teóricos do
comunismo foram: Rosa Luxemburgo, Antônio Gramsci e Vladimir Lênin.
Anarquismo: pode ser definido como uma doutrina (conjunto de princípios políticos, sociais e
culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação (política, econômica, social e
religiosa). Em resumo, os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém
responsável.O anarquismo é contrário a existência de governo, polícia, casamento, escola tradicional e
qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade. Defendem também o fim do sistema
capitalista, da propriedade privada e do Estado.Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na
Socialdemocracia: é uma ideologia política surgida no fim do século XIX a partir de uma cisão interna
do socialismo. É difícil chegar a uma definição precisa do que é que defendem os sociais-democratas,
uma vez que as elaborações teóricas de grupos e indivíduos que se identificam com esse termo foram se
alterando através da história. Como essa ideologia sempre esteve ligada a ideia de necessidade de
representação partidária, a definição do que se entende como socialdemocrata acaba dependendo muito
da interpretação que tem o partido que adota esse termo.
Quando surgiu, dentro do movimento operário de caráter marxista, a socialdemocracia apontava para
a importância de conquista da democracia através da universalização do voto e da possibilidade de
participação política por meio de assembleias populares. Nesse período, os socialdemocratas também
defendiam a necessidade de ampliação da democracia para além da esfera política, apontando para a
emancipação da classe trabalhadora e a ruptura com o sistema de classes sociais (o que significaria
também a realização da democracia na esfera econômica). Aos poucos, esses partidos ganharam mais
adeptos, conquistando espaço nos parlamentos europeus, sobretudo na Alemanha. O crescimento e a
massificação desses partidos trouxe algumas consequências; como a necessidade de compor alianças
com outros setores (não só a classe operária) e o distanciamento entre a base dos partidos e os seus
dirigentes, estes último tornando-se cada vez mais alinhados aos interesses da burguesia.
Até meados da década de 1910 os partidos socialdemocratas ainda se reconheciam – e eram
reconhecidos – como partidos revolucionários. No entanto, o início da I Guerra Mundial – quando os
socialdemocratas apoiaram os dirigentes de seus respectivos países – e o sucesso da revolução
bolchevique na Rússia, mudam o cenário, provocando uma divisão dentro do socialismo. De um lado, os
comunistas, influenciados por Lenin e pela Revolução Russa, continuaram a defender a necessidade de
uma revolução que rompesse de forma radical com o modo de produção capitalista. De outro lado, os
socialdemocratas argumentaram que, através da via partidária, seria possível promover uma série de
reformas dentro do capitalismo, pequenas conquistas que poderiam se acumular até a vitória do
socialismo em si. Para esses últimos, o comunismo representava uma forma autoritária do socialismo,
enquanto a socialdemocracia seria sua face democrática. Entretanto, com o tempo, o foco nas pequenas
reformas e a constante preocupação de garantir a representatividade nos parlamentos, foram fazendo
com que o horizonte socialista fosse se afastando das perspectivas socialdemocratas. Ainda assim, deve-
se notar que elas foram responsáveis por muitos ganhos para a classe trabalhadora europeia.
Ao final da II Guerra Mundial, a socialdemocracia começa a ganhar outros sentidos, afastando-se
definitivamente da perspectiva de ruptura com o capitalismo. O dilema entre reforma e revolução deixa
de ser o centro do debate e os partidos socialdemocratas passam a se diferenciar dos declaradamente
liberais apenas pela sua defesa do Estado de bem-estar social. Nos dias de hoje, normalmente são
partidos que se localizam no centro do espectro político e se diferenciam da direita pela importância que
dão a necessidade de defesa do meio ambiente, dos setores mais vulneráveis da sociedade, dos direitos
trabalhistas e da regulamentação do mercado. Alguns países com ampla tradição socialdemocrata são a
Alemanha, Holanda, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Bélgica
Revolução Francesa
O ano de 1789 marca a divisão entre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Ao proporem a
divisão quadripartite da História (Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea), os
historiadores positivistas do século XIX elegeram a Revolução Francesa como um dos grandes marcos
divisórios da chamada “História Geral” – baseada na concepção eurocêntrica –, por ter representado uma
profunda mudança nos padrões de vida e da sociedade da época (sendo os outros divisores: a invenção
da escrita, a queda do Império Romano do Ocidente e a queda de Constantinopla).
Os antecedentes da revolução
Na França do século XVIII vigorava um sistema de governo conhecido como absolutismo monárquico.
O rei francês, que no período revolucionário era Luís XVI, personificava o Estado, reunindo em sua pessoa
os direitos de criar leis, julgar e governar, daí a referência ao poder absoluto.
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis
do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.
14
Eric Hobsbawm, A ERA DAS REVOULUÇÕES
O poder legislativo passava a ser formado por uma assembleia, que não poderia ser violada ou
dissolvida (evitando o abuso do poder real). Ela era eleita através do voto censitário, e tinha o poder de
fiscalizar os ministros, as finanças e a política estrangeira. O voto censitário era a concessão do direito
do voto apenas àqueles cidadãos que possuíam certos critérios que comprovassem uma situação
financeira satisfatória.
Na prática, a política continuava nas mãos da classe abastada, em geral dos grandes proprietários,
excluindo do processo mais de 20 milhões de franceses que não atendiam os critérios estabelecidos pelo
voto censitário.
A exclusão da maior parte da população do processo político logo tornou o novo governo impopular,
gerando também rupturas internas e a Assembleia dividiu-se em várias tendências:
A dificuldade para governar enfraqueceu a Assembleia, o que garantiu a Luis XVI a chance de tentar
escapar para o Império Austríaco, com o objetivo de organizar uma contrarrevolução. O rei foi
reconhecido próximo a região de Varennes, onde foi capturado e enviado para Paris. Após a tentativa
frustrada de fuga, a Assembleia suspendeu seu poder.
O êxito da Revolução na França deu novo estímulo aos revolucionários de outros países, onde, porém,
não surtiu efeito, corno nos Países Baixos, Bélgica, Suíça, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Áustria e Itália.
Ainda assim, simpatizantes com a Revolução na França organizaram demonstrações de apoio. Os
déspotas esclarecidos, alarmados, abandonaram seus programas de reformas e se aproximaram da
aristocracia contra as classes baixas.
Alguns escritores na Europa defenderam a contrarrevolução, ou seja, a retomada do poder na França
pela força das armas e restauração da Monarquia Absoluta.
Muitos franceses abandonaram o país. Nobres, clérigos e mesmo burgueses esperavam o auxílio das
potências europeias. Estas se mantiveram indiferentes, a princípio, mas, quando as ideias que resultaram
da Revolução ameaçavam abalar os soberanos absolutos da Europa, modificaram sua atitude.
Em 20 de abril de 1792, a perseguição dos emigrados pelos franceses provocou a guerra com a
Áustria, que continuaria com poucas interrupções até 1815. Os insucessos repetiram-se de abril a
setembro.
O avanço do exército prussiano rumo a Paris fez crescer o temor da contrarrevolução, arquitetada pelo
rei e pela aristocracia. Em 10 de agosto as tulherias foram ocupadas e o rei aprisionado no templo. No
início de setembro, a massa parisiense atacou as prisões e massacrou os nobres feitos prisioneiros. O
Exército passou a convocar voluntários para defender a Revolução. Em Valmy, as forças francesas
venceram os invasores (20 de setembro). No mesmo dia, uma nova Assembleia tomava posse: a
Convenção. A República foi proclamada. A segunda fase da guerra, de setembro de 1792 a abril de 1793,
é marcada pelas vitórias da França, que avançou em direção à Bélgica, região do Reno, Savoia e Nice.
A CONVENÇÃO NACIONAL
Após seu estabelecimento, a Convenção foi liderada pelos girondinos, sob forte oposição jacobina.
O rei foi julgado pela Convenção em 21 de janeiro de 1793 e, a despeito do esforço dos Girondinos,
foi condenado à morte como traidor, sendo guilhotinado.
A condenação do rei abalou as demais monarquias absolutistas europeias, que temiam sofrer
processos revolucionários parecidos em seus países. Assim, os impérios da Áustria, da Rússia e da
Prússia uniram-se militarmente com Inglaterra e Holanda, contestadoras da ocupação francesa sobre a
Bélgica, e formaram a I Coligação. A união de forças foi capaz de derrotar as tropas francesas, além de
incentivarem os contrarrevolucionários a influenciarem a revolta camponesa da Vendéia.
As derrotas sofridas pelas tropas, aliadas aos problemas internos, acentuaram os ânimos dos
extremistas montanheses. Os Jacobinos, núcleo mais radical da Montanha, eram apoiados pela Comuna
de Paris, composta por trabalhadores, artífices, pequenos proprietários e trabalhadores rurais.
O acirramento dos ânimos levou a exigência da criação de um tribunal revolucionário contra os
suspeitos e chefes girondinos, além da criação de um exército revolucionário para a defesa do país. As
reivindicações foram suficientes para reunir as camadas mais baixas e resultaram na queda dos
girondinos em junho de 1793.
O Terror
Colocado em prática em setembro de 1793, o Terror contou com amplo apoio dos sans-culottes.
Liderados por Robespierre, os montanheses criaram os Comitês da Salvação Pública e da Segurança
Geral com o objetivo de governar o país, e o Tribunal Revolucionário, para aplicar a justiça.
As prisões eram feitas com base na Lei dos Suspeitos, que permitia capturar e julgar todos aqueles
considerados suspeitos de traição contra a República. Milhares de pessoas foram enviadas para a
guilhotina, entre elas a rainha Maria Antonieta.
Com o mesmo argumento de proteção da Revolução, as igrejas também foram fechadas, sendo
instituído o “culto do Ser Supremo”, que na verdade tratava-se de uma devoção à razão.
No plano econômico foi instituída a lei do máximo Geral, ou seja, a fixação de um teto máximo para os
produtos de primeira necessidade.
O calendário também foi substituído, dando lugar ao Calendário Revolucionário (veja o box abaixo)
.
O novo calendário15
15
Adaptado de http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/
Criada pelo médico Joseph Ignace Guillotin, a guilhotina não apareceu como um método de
execução usado para amedrontar os inimigos da revolução. Criada com a finalidade de proporcionar
uma morte rápida e sem dor aos condenados à morte, o doutor Gillotin defendeu na Assembleia
Nacional que esse seria um método mais humanitário, eficaz e igualitário, pois os condenados teriam
a mesma pena e o executor não precisaria necessariamente sujar suas mãos com sangue.
Porém, com a Revolução Francesa todo e qualquer suspeito de se opor ao regime passou a ser
decapitado, dessa forma a guilhotina ficou marcada como símbolo de crueldade e opressão.
Mesmo com o fim da Revolução na França, a guilhotina continuou a funcionar como aparelho de
execução, com a última condenação registrada em 1977, quase duzentos anos após sua utilização em
massa.
A Convenção Termidoriana
Após a queda de Robespierre, um novo governo assumiu o poder, liderado pela Planície. O novo
governo buscou afastar-se da pequena burguesia e dos sans-culottes, e pouco a pouco retirou os poderes
do Comitê de Salvação Pública, além de revogar as leis dos Suspeitos e do Máximo. A Igreja e o novo
governo estabeleceram um acordo de separação.
O fim da Lei do Máximo provocou um aumento nos preços dos produtos, inflacionando os assignats.
O aumento nos preços gerou novas tensões populares, e a alta burguesia, com medo de perder seus
privilégios e seu poder, eliminou o governo de convenção e criou a Constituição do ano III que instituía
o Diretório, em 1795. A nova constituição buscou reafirmar o direito à propriedade e a liberdade
econômica, através do restabelecimento do voto censitário, o que excluiu novamente as camadas
populares do processo político.
O DIRETÓRIO (1795-1799)
O novo governo baseava-se na teoria da separação dos poderes. O poder legislativo dividia-se entre
o Conselho dos Quinhentos (em que os membros deveriam ter mais de 30 anos) e o conselho dos Anciãos
(que deveriam ter mais de 40 anos). O poder executivo era composto por um Diretório (junta de diretores)
que era eleito pelos conselhos.
A nova constituição não conseguiu estabilizar o país, e também não conseguiu afastar os opositores
(nobres emigrados e sans-culottes). Os nobres tentaram um golpe de retomada do poder, porém foram
impedidos pelo general Napoleão Bonaparte. Entre as camadas populares, o crítico da propriedade
privada, Graco Babeuf articulou uma conjuração, a Revolta dos Iguais, que buscava derrubar o
diretória, porém não obteve sucesso.
A corrupção no governo e a má administração enfraqueceram o regime. Juntamente com os problemas
internos, foi formada a II Coligação, através da união militar entre o Império Turco, a Rússia, a Inglaterra
e a Áustria, com o objetivo de retomar o poder na França.
Frente aos problemas enfrentados, alguns membros do Diretório defendiam a ideia de que a única
forma de manter o poder era o estabelecimento de uma nova monarquia. Preocupando-se em perder o
poder, parte da alta burguesia apoiou um golpe de Estado, contando com a popularidade de Napoleão,
que havia conquistado vitórias importantes no Egito e no norte da Itália. Apoiado por Roger Ducos e pelo
abade Sièys, ambos lideres burgueses, em 9 de novembro de 1799 Napoleão derrubou o Diretório e
estabeleceu um consulado provisório, composto pelo general e pelos dois líderes que ajudaram a
arquitetar o golpe.
A chegada de napoleão ao poder ficou conhecida como golpe de 18 Brumário, data que correspondia
aos meses de outubro e novembro no calendário revolucionário. Os apoiadores do golpe acreditavam
que através de um poder executivo autoritário poderiam conter os contrarrevolucionários. Contudo, ao
assumir o poder, Napoleão buscou satisfazer suas próprias ambições, e impôs um ditadura na França.
O PERÍODO NAPOLEÔNICO
Ao chegar ao poder, em 1799, a França apresentava um aspecto desolador: a indústria e o comércio
estavam arruinados, os caminhos e os portos, destruídos, o serviço público, desorganizado; todos os dias
mais e mais pessoas deixavam o país, fugindo da desordem e da ameaça de ver os seus bens
confiscados; os clérigos que se tinham negado a jurar fidelidade à nova Constituição eram perseguidos;
a guerra civil ameaçava estourar em numerosas províncias.
Napoleão buscou conciliar os diferentes grupos em conflitos, na tentativa de restabelecer a paz e a
segurança.
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. 99
Em 1799 uma nova constituição foi submetida a um plebiscito, e com a aprovação por mais de 3
milhões de votos, Napoleão agora possuía poderes ilimitados, sob o disfarce do consulado. O voto voltou
a ser universal, e os candidatos eram escolhidos através de uma lista dos mais votados. O Poder
legislativo perdeu grande parte de sua importância, tornando-se basicamente um poder formal. Era
composto de quatro assembleias: o Conselho de Estado, que preparava as leis; o Tribunal, que as
discutia; o Corpo Legislativo, que as votava; o Senado, que velava pela sua execução.
O Poder Executivo, confiado a três cônsules nomeados pelo Senado por dez anos, era o mais forte de
todos. Quem detinha efetivamente o poder era o primeiro-cônsul, que propunha, mandava publicar as
leis e nomeava os ministros, os oficiais, os funcionários e os juízes. As guerras continuaram até 1802,
quando Napoleão assinou a Paz de Amiens, pondo fim ao conflito europeu iniciado em 1792. A
administração do Estado foi reorganizada e centralizada.
Importantes medidas financeiras, como a criação de um corpo de funcionários para arrecadar os
impostos e a fundação do Banco da França (que recebe o direito de emitir papel moeda), foram tornadas,
melhorando sensivelmente a situação econômica do pais.
Na educação, o ensino secundário foi organizado com o objetivo de instruir funcionários para o Estado.
Uma das maiores contribuições do de Napoleão foi a criação do Código Civil, inspirado no Direito
Romano, nas Ordenações Reais e no Direito Revolucionário; completado em 1804, continua, na essência,
em vigor até hoje na França.
As relações com a Igreja Católica foram retomadas, através de Concordata com o papa. O sumo-
pontífice aceitou o confisco dos bens eclesiásticos e o Estado ficou proibido de interferir no culto; os
bispos, indica dos pelo governo e investidos de funções religiosas pelo papa, prestariam juramento de
fidelidade ao governo; as bulas só entrariam em vigor de pois de aprovadas por Napoleão.
Os êxitos obtidos tanto internamente como externamente permitiram a Napoleão conquistar o direito
de nomear seu sucessor, garantido pelo senado, em 1802. Na prática, estabelecia-se uma Monarquia
hereditária.
Com o reinício dos conflitos externos, em 1803, o Consul aproveitou-se da situação de perigo nacional
para que fosse proclamado imperador da França. Já em 1804 uma nova Constituição legalizava a
instituição do Império e convocava um plebiscito para confirmá-la. Oficializada a proclamação através da
vontade popular, Napoleão foi sagrado imperador pelo papa, e tratou de formar uma nova corte, com
muitos membros da antiga nobreza francesa.
Além do Código Civil, que já vinha sendo elaborado, foram criados o Código Comercial e o Código
Penal. A economia sofreu um grande impulso, tanto pelo aumento da produção no campo – o que levou
os camponeses a apoiarem o imperador – quanto no incentivo pela industrialização do país. Os projetos
de reformas de pontes e estradas foram concluídos e novos portos e canais concluídos.
Ao mesmo tempo em que era verificada prosperidade em algumas áreas, em outras as coisas não
pareciam caminhar tão bem. Com o aumento da popularidade, Napoleão tornava-se cada vez mais
despótico, até mesmo para os padrões da monarquia francesa. As assembleias foram suprimidas, o poder
judiciário passou cada vez mais para as mãos do imperador e as liberdades individuais foram revogadas.
A imprensa também passou a ser censurada, e o ensino modelado para garantir a obediência ao
imperador, tanto que estendeu-se à educação superior: a Universidade imperial monopolizou o ensino r
e as disciplinas consideradas perigosas para o regime (História e Filosofia) tiveram seus programas
alterados.
No plano religioso, o catecismo orientava que os deveres existiam para com Deus e também com o
Imperador. As desavenças com poder papal, que não aceitou as imposições feitas pelo imperador,
resultaram no confinamento do pontífice em Savoia e na tomada de seus Estados. Os bispos que
buscaram apoiar a Igreja foram também perseguidos.
O resultado foi uma nova onda de crises e descontentamento: a burguesia opunha-se à perda de
liberdade e às perseguições policiais; as guerras arruinavam a economia e os portos; o restabelecimento
de antigos impostos irritava os contribuintes; os jovens procuravam fugir ao serviço militar obrigatório.
Conflitos externos
Apesar de Napoleão ter assinado com a Inglaterra a Paz de Amiens, em 1805, as ameaças francesas
promoveram a formação da primeira coligação antifrancesa, reunindo a Inglaterra, Rússia e Áustria.
Napoleão venceu em Ulm e Austerlitz, mas a esquadra franco-espanhola foi derrotada em Trafalgar pelo
almirante inglês lorde Nelson. Após a vitória contra a nova coligação, em 1806, Napoleão dissolveu o
Sacro Império Romano-Germânico, fundando a Confederação do Reno. No mesmo ano, formou-se ainda
outra aliança contra Napoleão: a Prússia, vencida em lena (Confederação do Reno), e a Rússia, em
Friedland (Prússia). Pela Paz de Tilsit, a Prússia foi desmembrada e a Rússia aliou-se à França. Após
derrotar a Prússia, decretou o Bloqueio Continental contra a Inglaterra. Em 21 de novembro de 1806, foi
Questões
01. A Revolução Francesa representou uma ruptura da ordem política (o Antigo Regime) e sua
proposta social desencadeou:
(A) a concentração do poder nas mãos da burguesia, que passou a zelar pelo bem-estar das novas
ordens sociais.
(B) a formação de uma sociedade fundada nas concepções de direitos dos homens, segundo as quais
todos nascem iguais e sem distinção perante a lei.
(C) a formação de uma sociedade igualitária regida pelas comunas, organizadas a partir do campo e
das periferias urbanas.
(D) convulsões sociais, que culminaram com as guerras napoleônicas e com a conquista das Américas.
(E) o surgimento da soberania popular, com eleição de representantes de todos segmentos sociais.
02. "Artigo 6 - A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja
protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que
as de suas virtudes e de seus talentos".
("Declaração dos direitos do homem e do cidadão", 26 de agosto de 1789.)
03. A Revolução Francesa de 1789 foi diretamente influenciada pela Independência dos Estados
Unidos da América e pelo Iluminismo no combate ao Antigo Regime e à autoridade do clero e da nobreza
na França. Além do mais, a França passava por um período de crise econômica após a participação
francesa na guerra da independência norte-americana e os elevados custos da Corte de Luís XVI, que
tinham deixado as finanças do país em mau estado. Em 1791, os revolucionários promulgaram uma nova
Constituição, a partir dos princípios preconizados por Montesquieu, que consagrou, como fundamento do
novo regime:
(A) a subordinação do Judiciário ao Legislativo.
(B) a divisão do poder em três poderes.
(C) a supremacia do Judiciário sobre os outros poderes.
(D) o estabelecimento da soberania popular.
(E) o fortalecimento da monarquia absolutista.
04. De um modo geral, observa-se como numa sociedade a intervenção dos detentores do poder no
controle do tempo é um elemento essencial (...). Depositário dos acontecimentos, lugar das ocasiões
místicas, o quadro temporal adquire um interesse particular para quem quer que seja, deus, herói ou
chefe, que queira triunfar, reinar, fundar.
JACQUES LE GOFF
Adaptado de "Memória-História". Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1984.
Respostas
01. Resposta B.
A partir da Revolução francesa é redigida a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que
pregava uma igualdade jurídica entre as pessoas. A revolução e a declaração porém não garantiram a
igualdade social da população.
02. Resposta D.
O iluminismo esteve presente de maneira enraizada nos ideais revolucionários, como pode ser
observado no lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, além de uma defesa pelos direitos dos cidadãos
presente na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
03. Resposta B.
Montesquieu foi um defensor da ideia de que o poder, se concentrado nas mãos de uma única pessoa,
seria mal utilizado. Para combater essa falha propõe que exista uma divisão de poderes entre Legislativo,
04. Resposta B.
A revolução Francesa representou uma mudança muito grande na forma de entendimento de política
e organização de uma sociedade. Durante sua fase mais radical foi criado até mesmo um novo calendário
baseado nos ideais iluministas e rompendo com o calendário Gregoriano, de origem cristã.
05. Resposta A.
A Bastilha, que funcionava como uma prisão, representava também o símbolo da opressão do Antigo
Regime na sociedade francesa. Sua tomada e queda representam o domínio da população sobre o antigo
sistema e a dominação do rei.
(As revoltas do período colonial foram tratadas junto dos tópicos 19, 20 e 21, que abordaram temas
relativos ao Brasil Colônia).
Só passando para lembrar que quando tratamos sobre a chegada dos portugueses no Brasil a partir
do período joanino ou após o período colonial, estamos falando das CORTES portuguesas, uma vez
que a presença lusitana no nosso território é ininterrupta desde o descobrimento.
As circunstâncias que fizeram com que as Cortes portuguesas se dirigissem ao Brasil passam
diretamente pela crise do sistema absolutista e a ascensão de Napoleão na França. Temos que ter isso
em mente para entender porque a família real portuguesa deixou seu país para viver em uma colônia que
só recebeu sua total atenção após a queda dos lucros em seus negócios com as Índias.
No final do século XVIII, as bases do sistema mercantilista começavam a demonstrar sinais de
fraqueza, provocadas pelas transformações na visão de economia e de Estado, que ocorreram na Europa,
a partir da segunda metade do século, com grande repercussão nas colônias.
A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial e as novas ideias iluministas e
liberais contribuíram para enfraquecer o absolutismo e garantir a ascensão da burguesia, como no caso
da Revolução Francesa em 1789. Nas colônias, a Revolução Americana de 1776, que inclusive
influenciou de certa forma a revolução na França; a Conjuração Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana
de 1798 mostraram a insatisfação de muitos setores da sociedade com o pacto colonial, caracterizado
pelas restrições comerciais.
Outro fator que enfraquece algumas monarquias absolutistas europeias é a expansão francesa.
Quando Napoleão começa sua campanha de expansão na Europa, depara-se com um inimigo poderoso:
a Inglaterra. Derrotado em algumas campanhas militares contra o reino inglês, Napoleão decide por fim
decretar restrições ao comércio com a ilha. Em 21 de novembro de 1806, foi decretado que os países
que estavam sob o domínio do império francês estavam proibidos de fazer comércio ou autorizar o acesso
aos portos para navios ingleses. A medida visava enfraquecer o concorrente, afim de poder dominá-lo.
Para que o bloqueio fosse efetivo, Napoleão necessitava que todas as nações sob sua influência
aderissem totalmente ao acordo, o que foi feito pela Rússia e Pela Áustria, mas não por Portugal.
Portugal era um pequeno reino na Península Ibérica, que dependia muitos de suas colônias para o
sustento econômico. O principal parceiro econômico de Portugal era a Inglaterra, e desde 1703 os dois
países estavam sob um acordo conhecido como Tratado de Methuen, que recebeu o nome em função
do embaixador inglês que conduziu as negociações. O Tratado estabelecia o comércio de panos ingleses
e vinhos portugueses, o que a longo prazo provou-se desvantajoso para Portugal, pois o volume panos
que chegava era maior que o volume de vinhos que saía. Com o investimento na produção de vinho,
Portugal perdeu muitas das áreas de produção de alimentos, o que obrigou-o a importar parte dos gêneros
alimentícios. Além dos alimentos, Portugal deixou de investir em sua indústria, e importava uma grande
quantidade de produtos manufaturados da Inglaterra.
Por conta dos fatores citados, o Bloqueio Continental era desvantajoso para o pequeno país, que optou
por não aderir à estratégia de Napoleão. Sentindo-se prejudicado pela decisão portuguesa, e vendo que
seus esforços para impedir o comércio não estavam rendendo o esperado, em agosto de 1807 Napoleão
envia um ultimato ao Príncipe Regente, D. João: ou Portugal rompia suas relações com a Inglaterra,
ou seria invadido.
Como Portugal manteve-se firme em sua decisão, a França assinou em conjunto com a Espanha o
Tratado de Fontainebleau, que dividia o território português entre os dois países e extinguia a dinastia
dos Bragança, à qual pertencia D. João.
Buscando manter suas relações comerciais, a Inglaterra, que possuía um poderoso poder naval,
pressionou Portugal através de seu embaixador em Lisboa, lorde Strangford, a fugir para o Brasil.
Em novembro de 1807, o Príncipe Regente reuniu a família real e toda sua corte, totalizando cerca de
15 mil pessoas, e partiu para o Brasil, aportando em 22 de janeiro de 1808 na Bahia.
Ao chegar ao Brasil, D. João tratou de revidar o ataque francês em Portugal, ordenando a invasão e
conquista da Guiana Francesa em 1809, que permaneceu sob poder brasileiro até 1817, quando foi
devolvida.
A vinda da família real para o Brasil representava para a Inglaterra, além da manutenção de seus
negócios, a sua expansão. Assim que chegou ao Brasil, o príncipe regente assinou uma Carta Régia, que
abriu o comércio da colônia para as “nações amigas”. Segue abaixo um trecho do documento:
“Eu, o Príncipe Regente, [...] sou servido ordenar [...] o seguinte: primeiro, que sejam admissíveis nas
Alfândegas do Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas, e mercadorias transportadas, ou em navios
estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmonia com a minha Real Coroa, ou em navios
dos meus vassalos [...]. Segundo: que não só os meus vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros
possam exportar para os portos que bem lhes parecer a benefício do comércio, e agricultura, que tanto
desejo promover todos, e quaisquer gêneros, e produções coloniais, à exceção do pau-brasil [...] ficando
entretanto como em suspenso, e sem vigor todas as leis, cartas régias, ou outras ordens que até aqui
proibiam neste Estado do Brasil o recíproco comércio, e navegação entre os meus vassalos, e
estrangeiros. O que tudo assim fareis executar com o zelo, e atividade que de vós espero. Escrita na
Bahia aos vinte e oito de janeiro de mil oitocentos e oito. [...]”
O tratado foi muito benéfico para a Inglaterra, que poderia comercializar livremente com o Brasil, sem
intermédio português.
Ainda no ano de 1808, o Príncipe Regente extinguiu a lei que proibia a instalação de manufaturas no
Brasil.
Pouco depois de sua chegada, a família real e toda a corte portuguesa são transferidas para o Rio de
janeiro, chegando na cidade em 7 de março de 1808. A capital havia sido transferida de Salvador para o
Rio de Janeiro em 1763, para facilitar a fiscalização e por estar mais próxima da região produtora de
Ouro. Entre outros motivos, o Rio de janeiro era uma parada estratégica para navios que travessavam a
costa brasileira.
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi recebida com festa: o povo aglomerou-se no
porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a Catedral, onde, após uma
missa em ação de graças, o rei concedeu o primeiro "beija-mão"16.
16
“Beija-mão” era uma prática desde os tempos medievais em que o soberano, em contato direto com seus súditos/vassalos recebia reverências (o ajoelhava-se e
beijava a mão do suserano) e as vezes, alguns pedidos.
Revolução Pernambucana
Embora D. João tenha tomado inúmeras medidas para transformar o Brasil na legítima sede da
monarquia lusitana, as mudanças atingiam diretamente a corte e o Rio de Janeiro. A situação
socioeconômica brasileira ainda era precária. Como resposta, houveram protestos, como a Revolução
Pernambucana de 1817.
Pesados impostos, descaso administrativo, arbitrária e opressiva administração militar, insatisfação
popular, como também os ideais de nativismo e da extinção do colonialismo, defendidos pela Maçonaria
e propagados em centros como o dissolvido Areópago de Itambé18 e o Seminário de Olinda, colocavam
Pernambuco em uma situação propícia a uma tomada de posição revolucionária e emancipacionista.
A revolta foi delatada, e em março de 1817 a prisão dos conspiradores foi ordenada, dando início à
revolução, que possuía características republicanas, separatistas e anti-lusitana.
Resistindo e lutando contra as tropas do governo, foi criado um “Governo Provisório” composto de
cinco representantes: um militar, um magistrado, um religioso, um comerciante e um fazendeiro. Apesar
de ter sido bem sucedida em seu início, contando inclusive com o apoio e a adesão da Paraíba e Rio
Grande do Norte, a revolução foi sufocada
Com a revolta sufocada, os principais líderes foram presos, alguns inclusive executados. As
investigações (devassa) permaneceram até 6 de fevereiro de 1818, quando D. João assumiu a posição
de rei de Portugal, Brasil e Algarves. Após a nomeação de D. João, alguns dos prisioneiros foram
libertados e outros foram mandados para prisões na Bahia, onde permaneceram até 1821, sendo
libertados após obterem o perdão real. Um dos membros mais expressivos da revolta foi o Frei Caneca.
17
Agente diplomático que tem plenos poderes
18
Primeira loja maçônica do Brasil, fundada em 1796.
O Reconhecimento da Independência
Todas as nações que declaram sua independência, principalmente no contexto da descolonização da
América no século XIX, precisam de um reconhecimento externo para não tornarem-se isoladas
econômica e politicamente. Ou seja, era indispensável este reconhecimento para que o Brasil pudesse
ter condições de estabelecer um Estado autônomo e soberano.
Um exemplo do encerramento das relações ocorreu quando o Haiti tornou-se independente. A ilha
localizada na América Central, foi o a primeira colônia na América a rebelar-se e conseguir a separação
da França, em 1804. Diferente do que ocorreu em outros lugares, como nos Estados Unidos em 1776, a
revolução no Haiti foi marcada pela imensa participação dos escravos, que inclusive tomaram o poder.
Como consequência, os países que mantinham relações comerciais com a ilha através da França, ficaram
com medo de que esse ato de rebelião se expandisse para as colônias americanas e acabaram fechando
todos os pactos comerciais selados.
As relações mantidas com a África, principalmente em relação ao comércio de escravos, prática que
já se arrastava por alguns séculos, garantiram ao Brasil o reconhecimento da independência através de
dois reis africanos — Obá Osemwede, do Benim, e Ologum Ajan, de Eko, Onim ou Lagos. Em 1824,
buscando cumprir sua política de aproximação com as outras nações americanas, os Estados Unidos
reconheceram o desenvolvimento da independência do Brasil.
Poder Executivo: poder exercido pelo imperador, no caso D. Pedro I, e seus ministros de Estado.
Poder Legislativo: constituído pela Assembleia Geral, ou seja, pelos deputados e senadores, sendo
os primeiros eleitos de quatro em quatro anos, e os segundos com mandato vitalício.
Poder Judiciário: composto pelos juízes e pelos tribunais. Seu órgão máximo, como o é até hoje, era
o Supremo Tribunal de Justiça.
A Confederação do Equador
Inconformados com o caráter elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador
por parte de D. Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste defendiam a federação e a
separação destas do Brasil.
Em Pernambuco, que já possuía um histórico de aversão aos portugueses e ao domínio imperial, com
a revolução de 1817, sentiram o peso do autoritarismo real quando D. Pedro I depôs o governador Manuel
de Carvalho Paes de Andrade, e indicou um substituto para o cargo. A troca do governo seria o último
episódio que antecedeu a formação do movimento que ficou conhecido como Confederação do
Equador.
A Cisplatina
Desde o período colonial, a coroa portuguesa possuía o desejo de expandir seu Império até as
margens do Rio da Prata, na porção sul do continente. Com a conquista de Napoleão sobre a Europa e
a deposição do rei espanhol Fernando VII em 1808, as colônias espanholas na América começaram a
rebelar-se ao longo da década seguinte, gerando vários movimentos de independência.
Percebendo a instabilidade política, em 1820, a Cisplatina foi invadida como parte das ações de Dom
João VI. Uma das justificativas para a invasão reside no fato de a mulher de D. João, Carlota Joaquina,
ser espanhola e irmã de Fernando VII, e desejava manter o domínio de um espanhol sobre a região.
Outro fator de destaque é que a Cisplatina era um ponto estratégico no domínio e soberania do reino
brasileiro, e conquistá-la poderia garantir que revoltas liberais não se espalhassem pelo território.
Durante o processo de independência brasileira, poucos anos após a anexação, a Cisplatina tornou-
se palco de revoltas que buscavam separá-la do domínio brasileiro e conquistar a independência. Apesar
das lutas e da resistência, as expedições militares conseguiram conter as revoltas, mantendo o controle
sobre o território.
Em 1825, o general Juan Antonio Lavalleja, com o apoio de lideranças políticas argentinas, organizou
um movimento de emancipação da Cisplatina, declarando sua anexação à República das Províncias do
Rio da Prata, que integrava o território argentino. A mudança não foi aceita por D. Pedro I, que declarou
guerra contra os revoltosos, algo que durante os próximos anos enfraqueceria tanto a economia brasileira,
por ter que arcar com os custos da guerra, quanto a imagem de D. Pedro I, pois muitos consideravam a
disputa como algo infundado, já que a Cisplatina não possuía muitos traços em comum com o restante
do país. Em 1828, após anos de tentativa infrutífera de recuperar a antiga província, o Brasil retira-se do
conflito, e os rebeldes vitoriosos proclamam a Republica Oriental do Uruguai.
Muitos jornalistas teciam duras críticas ao imperador. Outro fato que manchou ainda mais a imagem
de D. Pedro foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande opositor seu. Badaró
representava uma das figuras que criticava o autoritarismo de Dom Pedro I e seu governo imperial nos
periódicos de divulgação de ideias liberais: o "Farol Paulistano" e o "Observador Constitucional". O
jornalista foi misteriosamente assassinado, na cidade de São Paulo, em 1830.
No mesmo ano, as forças liberais brasileiras, espelhadas na Revolução Liberal de 1830, que eliminou
o absolutismo dos Bourbon na França, aumentaram as críticas à conduta política do Imperador. Com a
dissolução da Câmara dos Deputados e o assassinato de Líbero Badaró, aumentou ainda mais a
insatisfação dos políticos brasileiros, que passaram a articular a derrubada de D. Pedro I.
Em março de 1831, depois de uma desastrosa viagem a Minas Gerais, onde o Imperador sofreu a
hostilidade dos políticos locais, o Partido Português resolveu promover uma grande festa em apoio ao
governante, prontamente repelida pelo povo do Rio de Janeiro, manipulado pela elite dirigente. A luta
entre brasileiros e portugueses em treze de março, conhecida como Noite das Garrafadas, era o prelúdio
do fim.
Em 7 de abril de 1831, depois de sucessivas trocas ministeriais e incapaz de deter os distúrbios de
rua, promovidos por populares e que contavam agora com a adesão de tropas do governo, D. Pedro
abdicou do trono brasileiro, em favor de seu filho, o príncipe D. Pedro de Alcântara.
A abdicação de D. Pedro ocorreu tanto pela pressão política que o imperador sofria da elite e populares
brasileiros, quanto pela tentativa de assegurar os direitos de sua filha, Maria da Glória, pois com a morte
de D. João VI em Portugal, a Coroa iria, por direito, a D. Pedro I, que preferiu abdicar o trono português
em benefício da filha. Assim terminava o Primeiro Reinado.
Regência Una
Apesar de uma tentativa frustrada de assumir o poder em 1832, abandonando o cargo de Ministro da
Justiça logo em seguida, o padre Feijó obteve a maioria dos votos na eleição para Regente em 1835.
Empossado em 12 de outubro do mesmo ano para um mandato de quatro anos, padre Feijó não completa
dois anos no cargo. Seu governo é marcado por intensa oposição parlamentar e rebeliões provinciais,
como a Cabanagem, no Pará, e o início da Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. Com poucos
recursos para governar e isolado politicamente, renunciou em 19 de setembro de 1837.
Sabinada (1837-1838)
A Sabinada ocorreu na Bahia, com o objetivo de implantar uma república independente. Foi liderada
pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, e por isso ficou conhecida como Sabinada. O
principal objetivo da revolta era instituir uma república baiana, mas só enquanto o herdeiro do trono
imperial não atingisse a maioridade legal. Diferentemente de outras revoltas ocorridas no período, a
sabinada não contou com o apoio das camadas populares e nem com os grandes proprietários rurais da
região, o que garantiu ao exército imperial uma vitória rápida.
Balaiada (1838-1841)
A Balaiada ocorreu no Maranhão, em 1838, e recebeu esse nome devido ao apelido de uma das
principais lideranças do movimento, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o "Balaio", conhecido por ser
um vendedor do produto.
A Balaiada representou a luta da população pobre contra os grandes proprietários rurais da região. A
miséria, a fome, a escravidão e os maus tratos foram os principais fatores de descontentamento que
levaram a população a se revoltar.
A principal riqueza produzida na província, o algodão, sofria forte concorrência no mercado
internacional, e com isso o produto perdeu preço e compradores no exterior. Além da insatisfação popular,
a classe média maranhense também se encontrava descontente com o governo imperial e suas medidas
econômicas, encontrando na população oprimida uma forma de combatê-lo.
A Maioridade
Durante o período em que aguardava a maioridade, o jovem Pedro preparou-se para exercer sua
função, como demonstra uma carta19 enviada para a irmã, a rainha Maria da Glória, de Portugal:
“Querida e muito amada irmã. Aproveitamos a viagem a Paris que faz o Sr. Antônio Carlos d’Andrada,
irmão do nosso Tutor, para dar-lhe notícias. Há muito tempo estamos privados das suas, assim como das
de nossa querida Mamãe [...] Aqui esforçamo-nos em seguir o seu exemplo: Escrita, Aritmética,
Geografia, Desenho, Francês, Inglês, Música e Dança dividem os nossos momentos; fazemos constantes
esforços para adquirir conhecimento e somente a nossa aplicação pode trazer um pouco de lenitivo às
vivas saudades que nos faz experimentar a separação [...]”
Com todos os problemas e a instabilidade ocorridos durante o período regencial, desde 1835 já havia
um movimento que buscava antecipar a coroação de D. Pedro II, que pela constituição deveria acontecer
em 1843, quando o monarca fizesse dezoito anos.
Os liberais, ou progressistas, fora do poder desde a renúncia do Regente Feijó, apoiaram a ideia de
reduzir a idade para a coroação, esperando voltar ao governo. Os conservadores ou regressistas viam a
proposta de antecipação como forma de consolidar a Monarquia e de preservar a unidade do Império. No
Governo, desde a eleição de Pedro de Araújo Lima para o cargo de Regente Uno do Império, os
conservadores pareciam não estar seguros da continuidade do regime regencial, que se mostrara incapaz
no combate às várias revoltas e na manutenção da ordem política.
Em 1837, já com uma regência conservadora, propôs-se a revisão do Ato nesses termos, numa
discussão que se arrastou até 1840. Finalmente nesse ano os conservadores conseguiram passar essas
reformas, prontamente respondidas pelos liberais com a sugestão ao parlamento de adiantar a
maioridade de D. Pedro II, já naquele ano, sob a justificativa da necessidade da figura imperial para a
pacificação da nação.
Liberais e Conservadores21
O grupo político dos liberais moderados dividiu-se por volta de 1837 nas alas regressista e
progressista, formando a partir de 1840, dois partidos políticos. O Partido Conservador, constituído pelos
regressistas e apelidado de Saquarema e o Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado
de Luzia.
Luzias e Saquaremas dominaram o cenário político do Segundo Reinado. Os conservadores
defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais lutavam por uma
19
Fonte: Schwarcz, Lilian. As Barbas do Imperador.
20
Adaptado de RODRIGUES, P. A. R.
21
Adaptado de MARTINS. U. (Segundo Reinado – 1840 – 1889)
As Eleições do Cacete
Assim que D. Pedro II assumiu o poder, foi criado o Ministério da Maioridade, com o objetivo de auxiliar
o jovem imperador a governar o país. Esse Ministério, que era composto por uma maioria liberal, também
foi chamado de Ministério dos Irmãos, pois era formado, entre outros, pelos irmãos Antônio Carlos e
Martim Francisco de Andrada e os irmãos Cavalcanti, futuros Viscondes de Albuquerque e de Suassuna.
Na Câmara, ao contrário do Ministério, a maioria dos políticos era composta de conservadores,
dificultando as decisões ministeriais. Com o objetivo de resolver essa disputa de poderes, a câmara foi
dissolvida e novas eleições foram convocadas.
Em 13 de outubro de 1840, foram realizadas as eleições, que ficaram conhecidas pelo polêmico nome
de Eleições do Cacete, ganhando até um lema: “para os amigos pão, para os inimigos pau”, visto
que foram marcadas por inúmeras fraudes eleitorais e uso da violência física para garantir a vitória ao
Partido Liberal. Capangas contratados pelos liberais invadiram os locais de votação para coagir eleitores
e ameaçar de morte adversários políticos.
O governo alterou todo o processo eleitoral nomeando novos presidentes para as províncias e
substituindo chefes de polícia, juízes de direito e oficiais superiores da Guarda Nacional de orientação
conservadora.
A retomada do poder pelos liberais foi passageira, visto eu enfrentaram diversas questões de peso,
como o agravamento da Guerra dos Farrapos, a pressão inglesa pelo fim do tráfico negreiro e a
repercussão da vitória nas eleições com o uso da força bruta.
Para resolver essas questões, o imperador destituiu a câmara recém-eleita e formou um novo
ministério em março de 1841, abrigando membros de ambos os grupos políticos.
Com o retorno ao poder, os conservadores buscaram concluir as mudanças “regressistas” que foram
interrompidas com o Golpe da Maioridade. Entre as medidas destacam-se o restabelecimento do
Conselho de Estado, que havia sido extinto pelo Ato Adicional de 1834, e a reforma do Código de
Processo Criminal.
A disputa entre liberais e conservadores seria uma das características de todo o segundo reinado.
Apesar dos confrontos, ambos os partidos tinham origem na elite do império e possuíam mais
semelhanças que diferenças. Por conta das semelhanças, o político do período imperial Hollanda
Cavalcanti cunhou a emblemática frase: “Nada mais parecido com um saquarema [conservador] do que
um luzia [liberal] no poder”.
Revolução Praieira
A Revolução Praieira ocorreu em 1848, nascida de uma rivalidade entre os partidos Liberal e
Conservador na província de Pernambuco. Nessa época, o país se recuperava da crise econômica e,
enquanto as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais prosperavam economicamente com
O Parlamentarismo às Avessas
O sistema parlamentarista é usado tanto em monarquias quanto em repúblicas. Nele, o chefe do
Estado, seja ele rei ou presidente, não é o chefe do governo e por isso não tem responsabilidades
políticas. Ao invés dele, o chefe de governo é o Primeiro Ministro, o qual é indicado pelo Parlamento. A
aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de ministros pela Câmara dos Deputados se faz pela
aprovação de um plano de governo a eles apresentado. A Câmara ficará encarregada de empenhar-se
pelo cumprimento desse plano perante o povo.
No Brasil, foi criado um sistema parlamentarista oposto ao modelo apresentado acima, que é
comumente conhecido como parlamentarismo inglês, visto que o sistema foi desenvolvido dessa forma
na Inglaterra.
Em 1847, D. Pedro II criou o sistema parlamentarista que ficou conhecido como Parlamentarismo às
Avessas, através da criação do cargo de presidente de Conselho de Ministros. Este, que era uma espécie
de primeiro-ministro, era escolhido por D. Pedro II, subordinando assim o Parlamento ao imperador.
Quando ocorria algum impasse entre o poder executivo e o legislativo, D. Pedro II tinha o poder de
dissolver a Câmara ou substituir o presidente do Conselho de Ministros.
Principais características do parlamentarismo “às avessas”:
- O primeiro-ministro era escolhido pelo imperador (executivo) e não pelo partido de maioria no
Parlamento (legislativo), como ocorre na Inglaterra.
- Era oligárquico, pois o imperador quase sempre atendia somente aos interesses dos grandes e ricos
fazendeiros.
A Influência do Café
O café foi o principal produto de exportação durante o Segundo Reinado. As primeiras mudas e
sementes de café chegam ao Brasil no século XVIII, por volta de 1730, vindas da América Central e das
Guianas, mas é só a partir do começo do século XIX que a cafeicultura ganha o interesse dos grandes
proprietários. O café surgiu como salvação para o modelo de grande propriedade e monocultura de
exportação, vigente até então no Brasil.
O consumo de café pelos europeus começou a crescer durante o século XVIII, com fornecimento vindo
da Arábia. Com a popularização do consumo, a América passou a exportar também o produto.
Começando da região do Rio de Janeiro, centro do império, o café expandiu-se logo na primeira década
do século XIX para o interior fluminense e durante os anos de 1830 alcançou o Vale do Paraíba, e
posteriormente, a Zona da Mata em Minas Gerais.
O café esteve presente em praticamente todo o estado de São Paulo, expandindo-se rumo ao Oeste
Paulista, que apresentava condições favoráveis ao cultivo. Apesar da existência de diversos grupos
Cultura
D. Pedro II foi um grande apreciador das ciências e das artes. Diferente do cenário político, onde
apresentava-se poucas vezes, geralmente no início e no fim dos trabalhos na câmara, o monarca teve
um influente papel na produção cultural e na fabricação da identidade brasileira.
D. Pedro II era frequentador assíduo das reuniões do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),
que tornou-se um centro produtor de literatura e outros trabalhos intelectuais, sob a proteção do
imperador. Já no ano de 1838, havia sido convidado a tornar-se “protetor” da instituição, e em 1839
ofereceu uma das salas do paço imperial para as reuniões do Instituto.
No campo literário, o romantismo predominou, com a exaltação da figura indígena, apontado como
elemento importante da cultura brasileira, porém descrito a partir de traços europeizados e
representações de passividade perante o domínio dos brancos. A obra O Guarani, publicada em 1857
por José de Alencar, é um exemplo dessa representação. O índio Peri é retratado como um herói, que
luta contra outras tribos indígenas rebeldes e antropófagas (praticantes de algumas formas de
canibalismo). Outros autores também produziram obras centradas na figura do indígena, como Gonçalves
Dias em I-Juca-Pirama, e Gonçalves de Magalhães em A Confederação dos Tamoios.
No campo artístico, as obras do pintor Victor Meireles buscavam também retratar um indígena passivo
em relação aos portugueses, porém heroico e símbolo de martírio. Dois exemplos dessa representação
estão nas obras abaixo:
A obra A Primeira Missa no Brasil demonstra os indígenas em situação de passividade, curiosos com
o povo estranho que acabara de chegar em seus territórios, executando um ritual religioso. Nenhum
indígena opõe-se à realização da missa, mesmo sendo totalmente diferente de suas crenças ou
costumes. A cruz aparece como elemento central na composição da imagem, com o objetivo de afirmar
a fé católica.
O caso indígena
Durante o século XVIII houve um projeto civilizador voltado para a Colônia.
Na construção do processo civilizador, a barbárie desempenha parte importante do contexto. A
administração portuguesa estava convencida de que os povos que não estavam sob o poder real
forçosamente precisavam ser subjugados. Embora tenha sido desenvolvido na Metrópole, tal projeto foi,
em linhas gerais, absorvido pelas elites coloniais. O espaço no qual deveria delinear-se a intervenção
civilizadora deveria ser capaz de justificar, em função de suas culturas ou produtos naturais passíveis de
extração, a viabilidade de se alocar recursos nessa empreitada: “Este projeto civilizador foi executado em
regiões que poderiam propiciar algum tipo de retorno financeiro não só às próprias expedições que
partiam para o seu controle, como também às elites locais e à metrópole”.
Dentro do contexto apresentado, serve de exemplo a declaração de guerra por D. João VI contra os
índios insurgentes do Sertão do Leste de Minas Gerais– os Botocudos - imediatamente após sua chegada
ao Brasil. Ato contínuo às ações que levaram à abertura dos portos e à permissão oficial para o
estabelecimento de fábricas e manufaturas no Brasil, a Carta Régia que “manda fazer guerra aos índios
botocudos”, de 13 de maio de 1808 (que é anterior, inclusive, à declaração de guerra portuguesa aos
franceses) revela o firme propósito da Coroa em “civilizar” todos os indígenas ainda não pacificados nos
sertões do leste:
“(...) deveis considerar como principiada contra estes índios antropófagos uma guerra ofensiva que
continuareis sempre em todos os anos nas estações secas e que não terá fim, senão quando tiverdes a
felicidade de vos senhorear de suas habitações e de os capacitar da superioridade das minhas reais
armas de maneira tal que movidos do justo terror das mesmas, peçam a paz e sujeitando-se ao doce jugo
das Leis e prometendo viver em sociedade, possam vir a ser vassalos úteis, como já o são as imensas
variedades de índios que nestes meus vastos Estados do Brasil se acham aldeados e gozam da felicidade
que é consequência necessária do estado social (...) Que sejam considerados como prisioneiros de
guerra todos os índios Botocudos que se tomarem com as armas na mão em qualquer ataque; e que
sejam entregues para o serviço do respectivo Comandante por dez anos, e todo o mais tempo em que
durar sua ferocidade, podendo ele empregá-los em seu serviço particular durante esse tempo e conservá-
los com a devida segurança, mesmo em ferros, enquanto não derem provas do abandono de sua
atrocidade e antropofagia. (...) e me dará conta pela Secretaria de Estado de Guerra e Negócios
Estrangeiros, de tudo o que tiver acontecido e for concernente a este objeto, para que se consiga a
redução e civilização dos índios Botocudos, se possível for, e a das outras raças de índios que muito vos
recomendo”;
A questão agrária
A política agrária durante o período colonial brasileiro esteve baseada na concessão de sesmarias, um
regime de doações de terras utilizado pela coroa portuguesa, cujo objetivo seria estimular a ocupação do
território e estender o alcance da ação civilizatória. A historiografia registra que esse sistema de
ordenação territorial, que condicionava a efetiva ocupação e o tratamento produtivo do agraciado às terras
recebidas como condição necessária para a manutenção da propriedade, foi ao longo do tempo alvo de
inúmeras alterações em seus dispositivos legais, refletindo as diferentes realidades históricas que se
impunham aos gestores das políticas públicas.
D. João VI, tentando ordenar a distribuição das sesmarias e reconhecendo que suas ordens e
determinações anteriores sobre os limites das sesmarias concedidas estavam sendo desrespeitadas
- Estabelecer a compra como única forma de obtenção de terras públicas. Desta forma, inviabilizou os
sistemas de posse ou doação para transformar uma terra em propriedade privada.
- O governo imperial pretendia arrecadar mais impostos e taxas com a criação da necessidade de
registro e demarcação de terras. Esses recursos tinham como destino o financiamento da imigração
estrangeira, voltada para a geração de mão-de-obra, principalmente, para as lavouras de café. Vale
lembrar que o tráfico de escravos já era uma realidade que diminuía cada vez mais a disponibilidade de
mão-de-obra escrava.
- Dificultar a compra ou posse de terras por pessoas pobres, favorecendo o uso destas para fins de
produção agrícola voltada para a exportação. Este objetivo foi alcançado pelo governo, pois esta lei
provocou o aumento significativo nos preços das terras no Brasil.
- Favorecer os grandes proprietários rurais, que passavam a ser os únicos detentores dos meios de
produção agrícola, principalmente a terra, no Brasil.
- Tornar as terras um bem comercial (fonte de lucro), tirando delas o caráter de status social derivado
da simples posse.
A imigração no Sul: Desde a Independência do Brasil houve a intenção de ocupar as partes mais
afastadas do império, como a região do Rio Grande do Sul, cobiçado por nações vizinhas e, portanto,
motivo de preocupação, o governo imperial tomou medidas para incentivar a vinda de imigrantes para o
Brasil.
Essa preocupação com a fronteira Sul levou o imperador D. Pedro I a ordenar a vinda de colonos
alemães.
Em 1824 chegaram os primeiros colonos, recrutados pelo major Jorge Antonio Schaffer, que foram
enviados para a região do atual município de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Apesar das dificuldades
enfrentadas no início, a colônia conseguiu crescer, espalhando-se pela região do Vale do Rio dos Sinos.
Em Blumenau (atual região de Santa Catarina) surgiram colônias de caráter privado, ou seja, que não
foram sustentadas pelo governo.
A Colônia Nova Itália foi fundada em 1836 e correspondente ao atual município de São João Batista.
Criada pela empresa “Demaria e Schutel”, Os colonos eram originários, na sua maioria, da Ilha da
22
Adaptado: UNOPAREAD < http://www.unoparead.com.br/sites/museu/exposicao_sertoes2/Imigrantes-e-migracoes.pdf>
A cada huma das Provincias do lmperio ficão concedidas no mesmo, ou em diferentes lugares de seu
ter em quanto não estiverem effectivamente roteadas e aproveitadas, e reverterão ao dominio Provincial
se dentro de cinco annos os colonos respectivos não tiverem cumprido esta condição.
A criação da lei incentivou a política de imigração no país, em especial nas províncias de Santa
Catarina e São Paulo.
Em Santa Catarina a lei facilitou ainda mais a imigração de alemães, que vinham para o Brasil em
busca de riquezas míticas e também para fugir da situação em que viviam em seu país natal. Para auxiliar
no translado e adaptação dos imigrantes foi criada a Sociedade de Proteção aos Imigrantes Alemães, da
qual ficou encarregado Hermann Bruno Otto Blumenau. Sob a fiscalização de Blumenau foram criadas
várias colônias.
A Colônia de Blumenau foi criada em 1850, em uma associação entre Herman Blumenau e o
comerciante Fernando Hackdrat. O destaque da colônia foi a escolha de Blumenau pelos profissionais de
diversas áreas que a habitariam. A colônia cresceu rapidamente e foi elevada à categoria de município
em 1880.
A Colônia Dona Francisca foi criada em 1851, a partir da iniciativa da princesa Francisca, que era
filha de D. Pedro I e casada com o filho do rei da França, Luiz Felipe. O casal resolveu aproveitar as terras
que eram de posse da princesa para explorar a criação de uma colônia, que teve como organizador o
Senador Christiano Mathias Schroeder, dono da Sociedade Colonizadora de Hamburgo. A colônia
destacou-se pela diversidade de países a qual seus habitantes pertenciam: suíços, noruegueses,
alemães, dinamarqueses. Outros dados interessantes eram a liberdade de culto existente na colônia, a
naturalização daqueles que adquirissem terras na colônia e fossem residentes a mais de dois anos e a
regra da utilização somente de mão-de-obra livre, sendo proibida a utilização de escravos.
A Colônia Itajaí – Brusque teve início em 1860, com a chegada de colonos alemães. Apesar de ser
oficialmente nomeada Itajaí, o nome Brusque foi uma homenagem ao presidente da província de Santa
Catarina, Francisco Carlos de Araújo Brusque.
Além da colonização alemã, outros grupos destacaram-se, como italianos, poloneses, árabes e gregos.
Para as colônias Italianas é possível destacar as colônias do Vale do Itajaí-açu, do vale do Itajaí-
mirim e vale do Tijucas e no sul catarinense, principalmente na região do vale do Rio Tubarão.
Tanto alemães como italianos exerceram grande influência nos costumes e na cultura catarinenses.
Entre as principais influências estão os hábitos alimentares como carne defumada, linguiças e queijos
dos mais variados tipos.
Esse movimento de deslocamento transoceânico de populações já vinha ocorrendo em toda a Europa,
a partir de meados do século XIX, perdurando até o início da Primeira Guerra Mundial. A onda imigratória
foi impulsionada, de um lado, pelas transformações socioeconômicas que estavam ocorrendo em alguns
países do continente e, de outro, pela maior facilidade dos transportes, advinda da generalização da
navegação a vapor e do barateamento das passagens. A partir das primeiras levas, a imigração em
cadeia, ou seja, a atração exercida por pessoas estabelecidas nas novas terras, chamando familiares ou
amigos, desempenhou papel relevante. Segundo os dados da imigração, entre 1800 e 1955, os Estados
Unidos receberam aproximadamente 40 milhões de imigrantes, a Argentina recebeu 7 milhões, e o
Canadá recebeu 5,3 milhões.
Processo abolicionista25
A memória da Abolição dentre nós é de uma concessão feita em 13 de maio de 1888 por uma princesa
branca que, em um ato de generosidade, livrou da escravidão milhares de brasileiros. Já a nossa memória
sobre o processo abolicionista é de que este começou nos finais da década de 1870, quando um grupo
de pessoas solidárias com o sofrimento dos escravizados ergueu como bandeira de luta o fim da
escravidão.
23
Adaptado de FAUSTO, B. <http://www.projetoimigrantes.com.br/>
24
Adaptado de FOGUEL, I. Brasil: Colônia, Império e República. <
https://books.google.com.br/books?id=OmAoDQAAQBAJ&pg=PA42&lpg=PA42&dq=Tentando+atrair+o+capital+do+tr%C3%A1fico+para+a+industrializa%C3%A7%
C3%A3o,+na+Inglaterra+extinguiu+o+com%C3%A9rcio+de+escravos+(1807)+e+passou+a+mover+intensa+campanha+internacional+contra+o+tr%C3%A1fico+ne
greiro.&source=bl&ots=LJBpo1w3k-&sig=C5ewCs4V6lBJbWd84NSo0uGaH9A&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjXtNSzy_zWAhXFGJAKHTZaARgQ6AEIPDAD#v=onepage&q=Tentando%20atrair%20o%20capital%20do%20tr%C3%A1fico%20para%2
0a%20industrializa%C3%A7%C3%A3o%2C%20na%20Inglaterra%20extinguiu%20o%20com%C3%A9rcio%20de%20escravos%20(1807)%20e%20passou%20a%
20mover%20intensa%20campanha%20internacional%20contra%20o%20tr%C3%A1fico%20negreiro.&f=false>
25
HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL. CEAO/UFBA.
-As motivações para esta inquietação seria a mudança estrutural pela qual passava a população
escrava, que naquele momento passava a se constituir de brasileiros em sua maioria, ao invés de
africanos recém-chegados;
-O tráfico interno, que deslocava os escravizados indisciplinados do Norte para a cafeicultura também
seria um elemento incentivador da revolta escrava, pois os escravizados vindos de outras regiões
chegavam às lavouras do Sudeste com suas próprias concepções de “cativeiro justo”. Ou seja, com
definições de quais as atividades deveriam desempenhar, de ritmo de trabalho e de disciplina, e
frequentemente entravam em choque com os novos costumes
“A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber
a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1o Os filhos da mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei serão considerados
de condição livre.
§1o Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais
terão obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a
esta idade, o senhor da mãe terá a opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de
utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. [...]”
Quando a Lei de 1871 foi criada, a sua intenção era atender algumas das reivindicações dos
escravizados e promover a emancipação através de um caminho pacífico e seguro - frente às revoltas
das décadas de 1850 e 1860 – que poderiam descambar numa revolução. Como já foi demonstrado pelos
vários estudiosos que estudaram as ações de liberdade ocorridas em diferentes e distantes localidades
do Brasil, os escravizados souberam manipular habilmente as brechas contidas na Lei do Ventre Livre
em favor da própria liberdade e da liberdade dos seus parentes. Neste sentido, os objetivos da lei - de
conter a revolta escrava facilitando o acesso à alforria e de submeter os libertos à tutela senhorial – foram
subvertidos, na medida em que o campo jurídico se transformou em arena de litígio entre escravizados e
senhores, tendo como consequência direta a dificuldade de se preservarem os laços de dependência,
lealdade e proteção entre senhores e ex-escravizados.
Blancos e Colorados
As lutas partidárias pelo poder entre Buenos Aires e Montevidéu fomentaram a oposição do Império
do Brasil, que interveio nos países do Prata. Havia nos dois países, dois partidos inimigos: o partido
federalista, ou colorado, e o unitário, ou blanco, que discutiam sobre a organização interna dos dois
países. A partir de 1828 o Uruguai tornou-se uma nação livre e organizava seu primeiro governo
regular a cargo de D. Frutuoso Rivera; o exército argentino volta a Buenos Aires, derruba o governo
e instaura a anarquia, que a seis de dezembro colocou no poder como ditador o caudilho D. Juan
Manuel de Rosas, chefe do partido federalista (colorado) que desejava conquistar o Uruguai e não viu
com bons olhos a eleição de Rivera. Para tanto, lança contra este, Lavalleja e D.Manuel de Oribe, que
promoveram numerosos levantes contra o governo oriental (uruguaio).
A guerra contra Oribe
As lutas internas pelo controle do Uruguai eram agravadas pela intervenção de brasileiros e argentinos
na política do país, com o Brasil apoiando os Colorados e a Argentina apoiando os Blancos.
Apoiando os colorados, o Brasil entrava em choque com a Argentina, controlada pelo presidente
Rosas, que auxiliava Oribe.
Em 1850, um fato modificou o equilíbrio político da Região do Prata: o General Urquiza, que era
governador da província argentina de Entre-Rios, manifestou claramente a sua intenção de revoltar-se
contra Rosas. A partir daí, as relações diplomáticas do império brasileiro teve que tomar uma rápida
medida, e em dezembro de 1850 Brasil e Paraguai assinaram um tratado de Aliança. Em maio de 1851
foi assinado um novo tratado entre Brasil, Colorado e as províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes,
decidindo pela expulsão de Oribe do Uruguai e de Rosas da Argentina.
A partir de julho, as tropas de Entre-Rios, comandadas pelo general Urquiza, e as brasileiras,
comandadas por Caxias, iniciaram a invasão do Uruguai, até que, em 12 de outubro de 1851, Oribe
26
Adaptado de: JARDIM, W. C. A Geopolítica no Tratado da Tríplice Aliança. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História - ANPUH
- O governo argentino, presidido pelo general Mitre, embora oficialmente neutro, na prática apoiava
abertamente os revoltosos, pois com Flores no poder esperava exercer grande influência sobre o governo
uruguaio;
- O Paraguai, presidido por Solano Lopez, assumiu uma posição bastante clara: embora se recusasse
a fazer uma aliança militar com Aguirre, considerava qualquer tentativa de incorporar o Uruguai ao Brasil
ou à Argentina uma ameaça direta ao seu país;
- O Brasil mantinha-se oficialmente neutro, provavelmente sem intenções de mudar de posição, exceto
se a independência uruguaia fosse ameaçada pela Argentina ou pelo Paraguai.
Portanto a situação parecia bastante equilibrada, havendo pouca possibilidade de que algum dos
países vizinhos intervisse militarmente no Uruguai, seja pelo receio de reações dos outros países da área,
seja pelo fato de a independência uruguaia estar garantida pela Inglaterra e França.
Os acontecimentos, porém, tomaram um rumo completamente diferente. A razão disso é que o Rio
Grande do Sul, contrariando os desejos do governo imperial, apoiava tão firmemente a revolta do general
Flores, que mais da metade de suas tropas era formada por rio-grandenses, e os estancieiros gaúchos
pressionaram para que o governo brasileiro intervisse diretamente no Uruguai.
D. Pedro II mais uma vez enfrentava um grave problema. Os fazendeiros rio-grandenses desejavam
controlar da maneira mais rígida possível o Uruguai, onde tinham grandes interesses econômicos. Por
isso, o Rio Grande somente seria solidário para com o império se este apoiasse devidamente os criadores
de gado, dando cobertura à atuação desses homens no território uruguaio. Caso o governo negasse esse
apoio, os gaúchos poderiam se separar do Império, como já ocorrera durante a Revolução Farroupilha.
Finalmente ainda se destaca o papel do governo argentino, cujo presidente, general Mitre, utilizou
todos os tipos de intrigas diplomáticas para levar o Brasil a invadir o Uruguai. O objetivo de Mitre era
derrubar Aguirre, utilizando para isso tropas brasileiras.
A Guerra do Paraguai
Entre novembro de 1864 e março de 1870, desenrolou-se a Guerra do Paraguai, a mais longa e
sangrenta guerra na América do Sul, com consequências que influenciaram decisivamente a história dos
países envolvidos. Até maio de 1865, enfrentaram-se apenas o Paraguai e o Brasil. A partir daí, com a
assinatura do tratado da Tríplice Aliança, os paraguaios passaram a lutar contra o Brasil, a Argentina e o
Uruguai.
Dentre aos razoes que desencadearam a guerra do Paraguai, destacam-se em primeiro lugar as
questões que dividiam os países do Prata.
O Paraguai, em meados do século XIX, era um país diferente dos demais da América latina. Desde a
sua independência em 1811, até a guerra, tivera apenas três governantes: Francia, Carlos Antônio Lopez
e seu filho Francisco Solano Lopez. O governo paraguaio não era democrático, como não era nenhum
dos outros governos latino-americanos.
Apesar disso, o governo paraguaio, mais do que qualquer outro do continente, realizava uma política
favorável às camadas populares. Desde os tempos de Francia, a elite agrária fora progressivamente
eliminada, e suas terras expropriadas pelo governo e entregues em usufruto aos trabalhadores rurais. O
mesmo acontecera com a exploração de madeira e erva-mate, produtos monopolizados pelo Estado.
Assim, em meados do século XIX, o padrão médio de vida do povo paraguaio superava o de qualquer
outro povo latino-americano: o analfabetismo fora quase erradicado e era garantido o emprego, a
moradia, alimentação e vestuário para a maioria das famílias. Embora pobre, o Paraguai não tinha dívida
externa, suas riquezas não eram exploradas por estrangeiros e estava começando a criar um parque
industrial próprio.
As causas da guerra
Em 1850, brasil e Paraguai assinaram um tratado comprometendo-se a defender a independência do
Uruguai. Pouco depois, Paraguai e Uruguai assinaram um novo tratado, estabelecendo que se qualquer
vizinho invadisse um desses países, o outro lhe prestaria imediato auxilio militar. Por isso, em agosto de
1864, quando o Brasil já ameaçava claramente invadir o Uruguai para derrubar o governo de Aguirre, o
presidente paraguaio, Solano Lopez, comunicou ao Império que consideraria a invasão atentatória ao
equilíbrio político do Prata e agiria conforme essa convicção.
Mesmo assim, em setembro de 1864, o governo imperial ordenou o ataque ao Uruguai. Com base nos
tratados anteriores e na certeza de que seriam as próximas vítimas, os paraguaios reagiram: em
novembro, aprisionaram o navio Brasileiro “Marquês de Olinda” em frente a Assunção, e logo em seguida,
Solano Lopez declarou guerra ao Brasil.
Entre novembro de 1864 e maio de 1865, a guerra envolveu apenas Brasil e Paraguai. A partir dessa
data, com a oficialização da Tríplice Aliança, o Paraguai passou a enfrentar Brasil, Argentina e Uruguai.
O balanço das forças, ao iniciar-se a guerra, era o seguinte: Brasil, 18000 soldados; Argentina, 8000;
Uruguai, 1500; Paraguai, 60000. Apesar da vantagem no tamanho das tropas, o Paraguai enfrentava um
grande número de desvantagens em relação aos inimigos.
27
Adaptado de COSSO, M. S. Política Exterior do Brasil para com o Uruguai no período de 1852 a 1854. < http://cascavel.ufsm.br/tede/tde_arquivos/27/TDE-2007-
04-23T132653Z-519/Publico/MARCOSCOSSO.pdf>
-Ofensiva paraguaia (dezembro de 1864 a dezembro de 1865); a iniciativa militar coube aos
paraguaios e a guerra desenrolou-se em território brasileiro e argentino;
-Invasão do Paraguai (de janeiro de 1866 a janeiro de 1868): a guerra já em território paraguaio, foi
comandada pelo aliado general Mitre;
-Comando de Caxias (de janeiro de 1868 a janeiro de 1869): Caxias assumiu o comando geral dos
Aliados;
-Campanha da Cordilheira (janeiro de 1869 a março de 1870): sob o comando de Conde D’Eu,
destruiu-se o remanescente do exército paraguaio.
As consequências da Guerra
A Guerra do Paraguai teve consequências dramáticas para ambos os lados.
O Paraguai ficou completamente destruído, e perdeu 150000 km² de territórios cedidos ao Brasil e à
Argentina. Durante a ocupação aliada (1870-1876), o nascente parque industrial paraguaio foi totalmente
destruído pelos aliados, sendo a fundição de Ibicuí completamente demolida. A ferrovia foi vendida a
preço de sucata para os ingleses e as reservas de mate e madeira vendidas para empresas estrangeiras.
As terras públicas que eram cultivadas pelos camponeses passaram para as mãos de banqueiros
ingleses, holandeses e estadunidenses, que passaram a aluga-las aos próprios paraguaios.
Além desses aspectos, a consequência mais trágica da guerra foi a dizimação da população paraguaia:
estima-se que 75% da população paraguaia tenha morrido em decorrência da guerra, com 90% da
população masculina dizimada.
A Crise do Império
A partir da década de 1870, o império entra em um declínio que resultará, 19 anos mais tarde, no seu
fim, com a Proclamação da República em 1889. Entre os principais motivos para o fim do império brasileiro
estão a organização do exército após a Guerra do Paraguai, a expansão do café, a questão religiosa e a
questão abolicionista.
Desde que o tráfico negreiro fora proibido, na década de 1850, acreditava-se que o império, sustentado
e mantenedor da mão-de-obra escrava, pouco a pouco iria enfraquecer. Como forma de garantir que
escravos libertos ou imigrantes adquirissem o direito de posse de terras, nos mesmo anos, como
estudamos acima, foi promulgada a lei de terras, beneficiando os interesses dos latifundiários.
Garantida a posse da terra, resta um problema. Quem produzirá, se não haverá mais escravos?
A resposta encontrada estava na imigração europeia, atendendo aos critérios do Darwinismo Social,
que pregava que o progresso do Europa em relação aos outros continentes estava relacionado ao fato
de seus habitantes, brancos, serem mais inteligentes e capazes que outros povos.
O principal setor a receber trabalhadores europeus foi o cafeeiro, que se destacava cada vez mais,
despontando como principal produto da exportação brasileira. Ao mesmo tempo em que o trabalho
escravo era substituído pelo trabalho assalariado, a sociedade modificava-se e novos grupos sociais
emergiam, exigindo modificações no plano político. A nova aristocracia cafeeira constituía uma classe
progressista e interessada em exercer o poder, sem as peias criadas pelo regime instituído em 1822 e
consolidado após 1840. Por outro lado, as camadas médias urbanas, ligadas ao setor terciário e ao
funcionalismo público, também aspiravam a mudanças políticas. A oligarquia paulista do café lançará em
1870 o Manifesto Republicano, e se lançará à Campanha Republicana, visando um Estado federativo
Outra força que se conjugará à luta contra o regime monárquico será o Exército. Este, havia se
organizado de forma absolutamente nova, moderna, para as condições brasileiras. A Guerra do Paraguai
(1865-1870) trouxera essa necessidade. A partir de agora o Exército tinha uma estrutura hierárquica
organizada, e com um destaque maior do que havia recebido desde a Proclamação da Independência
em 1822, com alguns setores do exército fazendo parte de movimentos contrários ao imperador. Com a
Questões28
02. (SEE-AL – Professor-História – CESPE) No que diz respeito ao império brasileiro, julgue os
próximos itens.
O tráfico de escravos para o Brasil foi oficialmente proibido em 1831. Desde então, ocorreu um
rápido declínio da chegada de novos africanos escravizados ao Brasil.
(A) Certo
(B) Errado
03. (IF-AL – Professor-História – CEFET-AL) No processo crescente que levou à abolição dos
escravos (1888), o Brasil passou a instituir uma legislação que iria culminar com a abolição. Em 1850
foi sancionada a Lei Euzébio de Queiróz (proibição do tráfico de escravos). Em contrapartida o império
instituiu a Lei das Terras, que significou:
(A) Objetivando regularizar os quilombos que existiam no Brasil, foi criada a Lei das Terras, dessa
forma, os quilombolas poderiam permanecer nas terras ocupadas.
(B) O império objetivava com a criação da LEI DAS TERRAS facilitar a aquisição de terras pelos negros
libertos e dificultar para os imigrantes.
(C) A Lei das Terras tinha o objetivo de restringir terras para os novos libertos e facilitar para os
imigrantes.
(D) Pensando em proteger os negros libertos, a Lei das Terras seria um arcabouço jurídico que
protegeria todos os brasileiros.
(E) Visando a aumentar os valores das terras, a lei foi criada dificultando, assim, a compra por parte
dos libertos, favorecendo a permanência dos libertos como trabalhadores nas fazendas já existentes.
28
Referência: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes>
06. O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em três momentos distintos: Primeiro Reinado
(1822-1831); Regências (1831 1840) e Segundo Reinado (1840-1889). Sobre as principais questões que
marcaram esses momentos, assinale a alternativa incorreta.
(A) A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a grande responsável pelo enfraquecimento
do poder de D. Pedro I, resultando na Independência do Brasil.
(B) A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades para se consolidar, o Primeiro Reinado
foi curto e marcado por tumultos e conflitos entre D. Pedro I - que era português com os brasileiros.
(C) A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824, por D. Pedro I.
(D) A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se em 1831, com a renúncia de D. Pedro
I em favor do filho Pedro de Alcântara, com apenas cinco anos de idade.
(E) O terceiro momento da monarquia no Brasil inicia-se com o reinado de Dom Pedro II, período
marcado pela centralização do poder de um lado e pelas disputas político-partidárias entre liberais e
conservadores, de outro.
07. O Período Regencial (1831-1840) foi marcado por uma série de revoltas em vários pontos do Brasil.
Sobre as revoltas ocorridas no Período Regencial, indique qual das alternativas abaixo está incorreta:
(A) Balaiada, no Maranhão.
(B) Sabinada, na Bahia.
(C) Inconfidência Mineira, em Minas Gerais.
(D) Revolta Farroupilha, no Sul do país.
08. (UEL-PR) “[...] explodiu na província do Grão-Pará o movimento armado mais popular do Brasil
[...]. Foi uma das rebeliões brasileiras em que as camadas inferiores ocuparam o poder.”
Ao texto podem-se associar:
(A) a Regência e a Cabanagem.
(B) o Primeiro Reinado e a Praieira.
(C) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
(D) o Período Joanino e a Sabinada.
(E) a abdicação e a Noite das Garrafadas.
10. (Fatec) Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada no Brasil a Lei Eusébio de Queirós (ministro da
Justiça), que abolia o tráfico negreiro em nosso país. Em decorrência dessa lei, o governo imperial
brasileiro aprovou outra, "a Lei de Terras".
Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta.
(A) A Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades pelos imigrantes que passaram a chegar ao
Brasil.
(B) A Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos imigrantes, mas facilitou aos negros libertos o
acesso a elas.
(C) O governo imperial, temendo o controle das terras pelo coronéis, inspirou-se no "Act Homesteade"
americano, para realizar uma distribuição de terras aos camponeses mais pobres.
(D) A Lei de Terras visava a aumentar o valor das terras e obrigar os imigrantes a vender sua força de
trabalho para os cafeicultores.
(E) O objetivo do governo imperial, com esta lei, era proteger e regularizar a situação das dezenas de
quilombos que existiam no Brasil.
Respostas
01. Resposta B.
Como falamos, a primeira experiência com o parlamentarismo ocorreu da criação e prática do que
ficou conhecido como “Parlamentarismo às Avessas”, em que D. Pedro II criou um quarto poder, o
“moderador” onde a ele (o próprio D, Pedro II) caberia autoridade sobre todos os outros e a livre opção
de colocar ou retirar qualquer pessoa do cargo de Primeiro Ministro.
02. Reposta B.
Trata-se da Lei Feijó. Promulgada em 1831 ela ficou conhecida por “para inglês ver”, uma vez que o
governo brasileiro não fez questão de manter fiscalização sobre ela. Mais efetiva foi a Lei Eusébio de
Queiróz, de 1850 que sob pressão inglesa começou de fato a reduzir drasticamente o tráfico escravo
negro para o Brasil.
03. Resposta E.
Além da questão econômica (agora a terra não seria apenas um símbolo de status social, mas de
poder), a medida garantia que o preço elevado das terras mantivesse apenas quem tinha maior poder
aquisitivo com sua posse. Como quem detinha o poder financeiros eram comumente os próprios
proprietários de terras, acabou-se criando um ciclo onde aqueles que trabalhavam nela, teriam que
continuar trabalhando pela dificuldade em obtê-la.
04. Resposta E.
Uma das bases de apoio da monarquia era a antiga elite rural canavieira, extremamente dependente
da mão de obra escrava. As constantes fugas e o gradual caminho do governo para o término da abolição
fizeram com que esse grupo não defendesse a permanência de D. Pedro II. Por sua vez, a nova
aristocracia rural, proveniente do café, sentiu menos o impacto da ausência de escravos e por sua vez
ansiava por maior autonomia, algo que viria apenas com o sucesso do movimento republicano.
05. Resposta C.
Dentre todas as mudanças que a Constituição sofreu, como o senado vitalício, a criação do cargo de
Presidente do Conselho de Ministros foi a mais drástica, uma vez que em nenhuma outra experiência
parlamentarista havia um quarto poder acima dos outros. A alternativa “E” poderia causar alguma
confusão, mas note que ela não faz nenhuma referência a uma renda mínima, critério presente na
Constituição.
07. Resposta C.
A Inconfidência Mineira, ao contrário das outras revoltadas citadas, ocorre durante o Período Colonial,
e não o Regencial, como pede a questão
08. Resposta A.
O período Regencial foi marcado por inúmeras revoltas, na maioria descontentes com o governo
imperial, mas também com os grandes proprietários rurais. Assim como a Cabanagem, a Farroupilha
também ocorreu no mesmo período, porém no Rio Grande do Sul.
09. Resposta C.
A grande quantidade de revoltas e descontentamento com o governo obrigou-o a criar uma maneira
de conter os conflitos que se espalhavam pelo país.
10. Resposta D.
Com o fim do tráfico negreiro, era necessário encontrar uma nova mão-de-obra que pudesse substituir
a força de trabalho deixada pelo escravo. A regularização nas vendas, juntamente com aumento de
preços foi a solução encontrada para evitar a concorrência de imigrantes, que deveriam se submeter ao
trabalho assalariado para sobreviver, já que muitos não conseguiriam adquirir uma propriedade no
momento em que chegassem ao Brasil.
A Primeira Guerra Mundial ou Grande Guerra, como foi chamada na época, aconteceu entre os anos
de 1914 e 1918. Foi chamada assim por seus contemporâneos, pois nenhuma das guerras europeias
haviam atingido proporções globais.
I - Antecedentes
A Primeira Guerra Mundial, surgiu a partir de tensões formadas na segunda metade do século XIX. O
desenvolvimento do nacionalismo e do imperialismo – prática que consistiu no domínio de nações
poderosas sobre povos mais pobres – desencadeou a formação dos Estados nacionalistas. O capitalismo,
motivou o conflito entres as grandes potências europeias. O desejo de ampliar mercados, através do
imperialismo, aumenta ainda mais a tensão entre os países da Europa.
Um dos fatores que fez aumentar a insatisfação entre os países europeus, foi a má divisão da África e
Ásia, que ocorreu no final do século XIX. Como a Itália e a Alemanha haviam se unificado tardiamente,
fato que fez com que eles ficassem fora do processo neocolonial, enquanto a França e a Inglaterra
exploravam as novas colônias, ricas em matérias-primas, gerou descontentamento, e aumentou o
sentimento de rivalidade já existente entre a Alemanha e a França, já que os franceses haviam perdido
para a Alemanha a região da Alsácia-Lorena. As tensões crescem mais ainda quando a Alemanha, de
forma diplomática, exige o domínio de regiões afro-asiáticas, pertencentes a Inglaterra.
Apesar de ter se unificado tardiamente, a Alemanha conseguiu que seus produtos industrializados
ganhassem espaço. Os alemães conseguiram formar uma grande indústria que conseguiu superar a
tradicional potência britânica.
A partir do Imperialismo, um novo sentimento surge na paisagem pré Primeira Guerra. O nacionalismo,
aparece como uma fonte legitimadora da guerra. Esse sentimento aparece sob diversas formas, por
exemplo, na França o revanchismo aparece, provocado pela sua derrota na Guerra Franco-Prussiana.
Na Rússia, surge o pan-eslavismo, que se baseava na teoria de que todos os eslavos pertencentes a
Europa Oriental, deveriam constituir-se como uma família, e a Rússia como país mais poderoso dos
estados eslavos, deveria ser o líder e o protetor. Já na Alemanha, aparece uma forma de nacionalismo
II - A Guerra
Com a morte do arquiduque austríaco, a Áustria culpou a Sérvia e exigiu que providencias fossem
tomadas. Como a Sérvia não encontrou uma saída que agradece ambos, a Áustria declara guerra à
Sérvia. No dia 30 de julho a Rússia entra na guerra, mobilizando suas tropas para atacar a Áustria, em
resposta a Alemanha declara guerra aos russos. Logo em seguida, no dia 3 de agosto, a Alemanha
declara guerra à França e invade o território Belga, um país neutro. Devido a violação da neutralidade, a
Alemanha da motivo para a Inglaterra intervir e declarar guerra à Alemanha, no dia 4 de agosto.
Em 1917, com o triunfo da revolução Russa, a Rússia assina um acordo com a Alemanha, que
oficializava a sua saída da guerra, o acordo levou o nome de Tratado de Brest-Litovsk.
No mesmo ano os Estados Unidos entram na Guerra após ter seus navios mercantes atacados em
águas internacionais, por submarinos alemães. Apesar de manterem uma política de não-intervenção nos
assuntos europeus, depois do ataque, o presidente declara guerra à Alemanha.
Com a intensificação da guerra, as alianças estavam desenhadas da seguinte forma: A Tríplice
Aliança, antes de iniciar a guerra, reunia a Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Com o início dos conflitos,
O império Turco-Otomano alia-se com a Alemanha, devido a sua rivalidade com a Rússia em 1914, a
Bulgária se une a eles em 1915. A Tríplice-Entente, antes formada pela Inglaterra, França e Rússia,
durante a guerra, mais 24 nações são incorporadas. Nações como o Japão (1915), Portugal e Romênia
(1916), Estados Unidos, Grécia e Brasil (1917). A Itália que antes pertencia a Tríplice Aliança, entra no
conflito em 1915 ao lado dos países da tríplice Entente.
IV – Consequências
Com a rendição dos países que formavam a Tríplice Aliança, um acordo foi assinado, nas proximidades
de Paris, apenas os países vencedores participaram. Pelo acordo a Alsácia-Lorena, voltava a pertencer
a França, além de ter perdido território para outros países. Este tratado também impôs fortes punições, a
Alemanha foi obrigada a pagar uma indenização aos países, afim de pagar os prejuízos da guerra, outra
imposição foi a de que deveria ser entregue aos países vencedores uma parte de sua frota mercante,
suas locomotivas e suas reservas de ouro. Seu exército teve de ser reduzido, assim como sua indústria
bélica. Esse tratado, assinado em junho de 1919 levou o nome de Tratado de Versalhes, pois foi
assinado na sala dos Espelhos do palácio de Versalhes.
29
BRASIL ESCOLA. As influências da Primeira Guerra Mundial no cenário brasileiro. Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historiab/influencias-da-primeira-guerra-cenario-brasileiro.htm> Acesso em 10 de maio de 2017.
Questões
01. (CVM - Agente Executivo – ESAF) Atritos permanentes decorrentes de disputas imperialistas,
profundas rivalidades políticas assentadas em extremado nacionalismo e constituição de dois blocos
antagônicos de alianças entre países, a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, configuram, entre outros
aspectos, o quadro histórico que resultou na:
(A) Segunda Guerra Mundial.
(B) Guerra Franco-Prussiana
(C) Guerra dos Boxers
(D) Guerra Civil Americana
(E) Primeira Guerra Mundial
02. (PC-MG - Escrivão de Polícia Civil – FUMARC) São conjunturas que precedem à eclosão da
Primeira Guerra Mundial, EXCETO:
(A) A presença de várias potências europeias na Ásia e na África fez com que interesses imperialistas
se antagonizassem, sobretudo, no que se refere ao controle de territórios.
(B) A política de alianças produzirá um “efeito dominó”, lançando à guerra, uma após outra as nações
signatárias dos acordos.
(C) O nacionalismo adquire grande importância na eclosão da guerra, uma vez que as alianças entre
as nações europeias, no período que precede o conflito, nortearam-se fundamentalmente, por questões
étnicas.
(D) A escalada inflacionária, o desemprego e o ódio racial favoreceram a subida ao poder de partidos
totalitários como o Partido Nacional dos Trabalhadores Alemães. Antissemitismo e expansionismo
territorial faziam parte da política desses partidos, o que acabou determinando a guerra.
03. (CONFERE – Auditor - INSTITUTO CIDADES) Vários problemas atingiam as principais nações
europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países
estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX.
Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e
Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado
consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das
causas da:
(A) Guerra Fria
(B) Grande Guerra
04. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Acerca do processo histórico que desencadeou a I
Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens a seguir.
A expansão econômica da Alemanha levou-a a competir com a Inglaterra e com a França.
(A) Certo
(B) Errado
05. (SEE-AL - Professor – História – CESPE) No que se refere à Idade Contemporânea e ao período
que abrange as duas guerras mundiais e seus efeitos, julgue os itens a seguir.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Espanha, a Suíça e os Países Baixos mantiveram-se imparciais
e conseguiram permanecer relativamente distantes do conflito.
(A) Certo
(B) Errado
06. (Prefeitura de Betim – MG – Professor PII - História - Prefeitura de Betim – MG) É coerente
com as razões que levaram à 1ª Grande Guerra Mundial:
(A) Um dos fatos que contribuiu para o final do confronto foi a entrada da Rússia na Guerra, pois tinha
um exército grande e bem preparado, impondo aos alemães derrotas vexatórias.
(B) O processo de Imperialismo, promovido pelas grandes potências capitalistas da Europa,
principalmente França, Inglaterra e Alemanha, gerou conflitos e até confrontos pela disputa de territórios,
ao ponto de desencadear a 1ª Guerra.
(C) Temendo uma ofensiva alemã, Japão, Inglaterra e França formaram a Tríplice Aliança.
(D) O início da Guerra se deu quando as tropas alemãs invadiram a Polônia, apresentando ao mundo
a famosa Guerra Relâmpago, deixando marcas desastrosas para os poloneses.
07. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Acerca do processo histórico que desencadeou a I
Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens a seguir.
A ascensão econômica e política do Império Austro-Húngaro levou-o a confrontar os interesses
ingleses nos Bálcãs. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, permitiu que se
atribuísse ao imperialismo britânico a responsabilidade pelo clima de tensão regional, e constituiu o marco
inicial da guerra.
(A) Certo
(B) Errado
08. Os países envolvidos na I Guerra Mundial dividiram-se em duas coligações de nações que se
enfrentaram durante os anos da guerra, incialmente eram formados por seis países. Das alternativas
abaixo, qual está correta?
(A) Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão; e os Aliados, composto por França, Inglaterra e
Estados Unidos.
(B) Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão; e Tríplice Entente, formada pela França, Inglaterra e
Rússia.
(C) Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e a Tríplice Entente, formada
pela França, Inglaterra e Rússia
(D) Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e os Aliados, composto por
França, Inglaterra e Estados Unidos.
09. Após o início da guerra, os bloco antes formados por seis países, sofrem alterações, A Tríplice-
Entente, antes formada pela Inglaterra, França e Rússia, durante a guerra, mais 24 nações são
incorporadas. Nações como o Japão, Portugal e Romênia, Estados Unidos, Grécia e Brasil. Sobre a
formação da Tríplice Aliança, podemos afirmar que quais países compunham esse bloco?
(A) Alemanha, Império Turco-Otomano, Bulgária e Austro-Hungria.
(B) Alemanha, Rússia e Itália.
(C) Alemanha, Inglaterra e Rússia.
(D) Alemanha, Itália, Império Austro-húngaro
10. Qual foi o estopim para que acontece a Primeira Guerra Mundial?
(A) O não cumprimento do Tratado de Versalhes pela Alemanha.
(B) Assassinato do primeiro-ministro francês General De Gaulle.
Respostas
01. Resposta: E.
Podemos afirmar que os antecedentes da Primeira Guerra Mundial surgiu a partir de tensões formadas
na segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento do nacionalismo e do imperialismo nos países
europeus. A partir dessas tensões dois blocos antagônicos se formas, a Tríplice Aliança, formada pela
Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no ano de 1882 e a Tríplice Entente, aliança militar formada pela
Inglaterra, França e Rússia.
02. Resposta: D.
A opção D é a única que não se refere ao período que antecede a Primeira Guerra Mundial, pois a
afirmativa da questão, refere-se aos motivos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. As opções A,
B e C estão corretas a respeito dos motivos que precederam o início da Grande Guerra.
03. Resposta: B.
A unificação tardia da Alemanha e da Itália, faz com que ambas as nação ficassem fora do processo
neocolonial, gerando um grande descontentamento. As tensões crescem mais ainda quando a Alemanha,
de forma diplomática, exige o domínio de regiões afro-asiáticas, pertencentes a Inglaterra.
04. Resposta: A.
Apesar de ter se unificado tardiamente, a Alemanha conseguiu que seus produtos industrializados
ganhassem espaço. Os alemães conseguiram formar uma grande indústria que conseguiu superar a
tradicional potência britânica.
05. Resposta: A.
A afirmativa da questão está correta, Espanha, a Suíça e os Países Baixos mantiveram-se imparciais
durante a Primeira Guerra, conseguindo manter uma certa distância dos conflitos acontecidos entre os
anos de 1914 a 1918.
06. Resposta: B.
O capitalismo, motivou o conflito entres as grandes potências europeias. O desejo de ampliar
mercados, através do imperialismo, aumentou ainda mais a tensão entre os países da Europa, pois como
a Alemanha e a Itália se unificaram tardiamente, ambas ficaram fora do processo neocolonial, o que gerou
grande descontentamento.
07. Resposta: B.
A Afirmativa da questão está errada. Primeiramente a responsabilidade pelo assassinado do
arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, foi dada a Sérvia. A Inglaterra só entra na guerra a partir
do ataque a Bélgica, pais neutro, pelo exército alemão.
08. Resposta: C
O grande sentimento nacionalista e a disputa imperialista, fazem com que as nações formem dois
blocos. O primeiro a surgir foi a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no ano
de 1882. Logo depois, surge a Tríplice Entente, aliança militar formada pela Inglaterra, França e Rússia.
09. Resposta: D
A Tríplice Aliança, antes de iniciar a guerra, reunia a Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Com o início
dos conflitos, O império Turco-Otomano alia-se com a Alemanha, devido a sua rivalidade com a Rússia
em 1914, a Bulgária se une a eles em 1915.
10. Resposta: C
Com a formação dos blocos formados, a única coisa que precisavam para iniciarem uma guerra era
um pretexto e ele surge no dia 28 de junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, na capital da Bósnia, Sarajevo, por um estudante sérvio.
O Totalitarismo é uma forma de governo em que uma ditadura controla o estado em todas as esferas
da sociedade. O controle sobre os meios de informação é muito forte e a repressão é utilizada como meio
de conter as revoltas da população e evitar novas ações. A educação vincula-se à propaganda como
meio de controle e promoção do regime, ressaltando suas realizações, obras, projetos e principalmente
a figura do líder do governo, que em muitos casos passa a ser venerado através da imposição. O modelo
totalitário ganhou força no século XX após a Primeira Guerra Mundial. Existem duas vertentes do
Totalitarismo: Esquerda e Direita
O Totalitarismo de Esquerda caracteriza-se pela abolição da propriedade privada, adoção das ideias
do socialismo, extinção da religião na esfera política e coletivização obrigatória de meios de produção
agrícolas e industriais.
No Totalitarismo de Direita as organizações sindicais estão sob olhar atento do Estado. A cultura,
religião e etnicidade são valorizados de maneira tradicionalista e a burguesia industrial é fortemente
apoiada.
Apesar das grandes diferenças, tanto o Totalitarismo de esquerda como o de direita possuem diversas
semelhanças, como a adoção de um único partido que comanda o pais e de onde partem as decisões
sobre os rumos que ele deve tomar. Ideias de supervalorização do sentimento de orgulho do
país(patriotismo), seu enaltecimento e elogios ao potencial energético, natural e humano (Ufanismo) e a
defesa ferrenha e muitas vezes irracional do país (chauvinismo) são incentivadas e impostas à população
como forma de aumentar e garantir seu domínio. O culto à personalidade do líder do partido é também
imposto como forma de dominação carismática. Alguns dos maiores exemplos de culto à personalidade
são os ditadores Adolf Hitler na Alemanha Nazista e Joseph Stalin na União Soviética. Na atualidade a
figura de Kim Il-Sung na Coréia do Norte é um exemplo de culto à personalidade.
Entre os regimes totalitários mais significativos estão o Nazifacismo presentes em países como Itália,
Alemanha, Portugal e Espanha, e o Stalinismo na União Soviética.
O Fascismo Italiano
O fascismo italiano teve início no começo da década de 20, resultado da insatisfação com os resultados
da Primeira Guerra Mundial. Os tratados assinados após a guerra não garantiram para a Itália alguns
territórios de interesse, como o caso de algumas colônias alemãs na África e a região da Dalmácia,
atribuída à Iugoslávia. Além dos territórios desejados não serem entregues ao país, o saldo de mortos
durante a guerra foi enorme. Em torno de 650 mil pessoas morreram, além da região de Veneza ter sido
devastada.
A situação econômica do pais entrou em um momento de grande caos e crise. A Itália já possuía um
problema de superpovoamento e atrasos de desenvolvimento, que foram agravados após a I Guerra com
a alta inflação provocada pela emissão de moedas e empréstimos exteriores para financiar seu exército.
Como resultado, a Lira, que era a moeda nacional da época, ficou extremamente desvalorizada.
Com a crise econômica afetando até mesmo as grandes indústrias do país, o desemprego cresceu,
juntamente com o número de greves de operários. Revoltas e pilhagens de lojas pela população tornaram-
se constantes. Por volta de 1920, mais de 600 mil metalúrgicos das regiões piemonteses e lombardos
tomaram controle de fábricas e tentaram dirigi-las, tentativa que falhou por conta da falta de credito
bancário. Além das fábricas e cidades, no campo várias terras foram ocupadas e muitos camponeses
exigiam reforma agraria.
Com medo do avanço dos movimentos sociais, do avanço das ideias comunistas e a incapacidade do
governo em conter as revoltas, grupos burgueses acabaram aliando-se a um grupo contrário ao
comunismo e ao socialismo: os Fascistas.
Os fascistas tinham como representante Benito Mussolini. Nascido em uma família pobre e
crescendo em um meio de influencias anarquistas, ingressou no Partido Socialista e refugiou-se durante
algum tempo na Suíça para fugir do serviço militar. Mussolini possuía ideais pacifistas, tendo inclusive
trabalhado como redator do jornal Avanti. Suas opiniões mudariam após o início da I Guerra Mundial,
quando fazia pedidos de intervenção militar da Itália em favor dos aliados em seu próprio jornal, Popolo
d’Itália.
Mussolini participou da guerra, de onde voltou gravemente ferido. Em seu jornal exigia atendimento
aos ex-combatentes que não conseguiam empregos, além de propor reformas sociais e criticar a
degradação e perda de poder do Estado, exigindo um regime de governo forte.
Os fascistas culpavam a democracia e o liberalismo. Vestiam-se de preto, daí o nome como foram
conhecidos, “camisas negras de Milão”. Formavam grupos paramilitares, os Squadres, ou “Fascio
Salazarismo e Franquismo
Além de Picasso, outros artistas como o pintor surrealista Salvador Dali, o poeta Federico García Lorca
e o escritor estadunidense Ernest Hemingway.
O Nazismo Alemão
O Nazismo era a sigla em alemão para “partido nacional socialista dos trabalhadores alemães”
(National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei ou N.S.D.A.P) fundado em 1920. Em 1923 membros do
partido tentam um golpe de Estado que ficou conhecido como Putch de Munique. O golpe foi frustrado e
os nazistas foram presos, entre eles um soldado que combatera na Primeira Guerra Mundial, chamado
Adolf Hitler. Na cadeia Hitler escreve seu livro com os princípios fundamentais do nazismo o “Mein Kampf”
(minha luta) no qual ele expressou suas ideias antissemitas, racialistas e nacional-socialistas. Após serem
anistiados (anistia = perdão de crime político) os membros do partido começaram um intenso trabalho de
divulgação de suas ideias, recebendo o apoio de grandes industriais e banqueiros alemães. Com o apoio
recebido os nazistas chegam ao poder. Após a vitória parlamentar do partido nazista, Hitler é nomeado
chanceler (primeiro ministro) da Alemanha em 1933.
Com a chegada de Hitler ao poder, tem início a implantação da ditadura totalitária nazista. O
parlamento foi incendiado e a culpa foi jogada nos grupos comunistas. As greves e os partidos comunistas
foram proibidos, e teve início a perseguição realizada aos Judeus. Hitler desobedece ao tratado de
Versalhes e inicia a militarização do país, pregando a necessidade de “espaço vital” alemão, ou seja o
espaço necessário para a expansão territorial de um povo, e a conquista de territórios ocupados pela
população Germânica. Inicia-se também a recuperação econômica com base em um programa baseado
na militarização do país e criação de empregos (principalmente na indústria militar).
A expansão Nazista
Os nazistas deram início em 1936 uma expansão militar com a participação em conflitos, a invasão e
anexação de territórios. Hitler leva a Europa à guerra (desta vez sim, a culpa é da Alemanha). O início da
expansão militar ocorre com a participação alemã na “Guerra Civil Espanhola”, em 1936, depois em
1938 anexam a Áustria, e em 1938/39 invadem e anexam os Sudetos da Tchecoslováquia (região
montanhosa à sudoeste do país).
A Guerra civil espanhola e a Blitzkrieg: Para muitos historiadores a Guerra Civil Espanhola foi um
laboratório para os alemães testarem sua nova tática de guerra, a Blitzkrieg (Guerra relâmpago). Era um
ataque surpresa e simultâneo entre a aviação (Luftwaffe), divisão de tanques blindados (divisão Panzer)
e a infantaria de soldados.
01. O fascismo se afirmou onde estava em curso uma crise econômica (inflação, desemprego, carestia
etc.), ou onde ela não tinha sido completamente superada, assim como estava em curso uma crise do
sistema parlamentar, o que reforçava a ideia de uma falta de alternativas válidas de governo.
(Renzo De Felice. O fascismo como problema interpretativo,
In. A Itália de Mussolini e a origem do fascismo. São Paulo: Ícone Editora, 1988, p 78-79. Adaptado)
Interpretando-se o texto, pode-se afirmar que os regimes fascistas, característicos de alguns países
europeus no período entre as duas guerras mundiais, foram estabelecidos em um quadro histórico de
(A) abolição das economias nacionais devido à fusão de indústrias e de empresas capitalistas em
escala global.
(B) criação de blocos econômicos internacionais com a participação dos países de economia socialista.
(C) dificuldades econômicas conjugadas com a descrença na capacidade de sua solução pelos meios
democráticos.
(D) independência das colônias africanas devido ao desequilíbrio provocado pelas revoluções
nacionalistas.
(E) enfraquecimento do Estado na maioria das nações devido ao controle da economia pelos
trabalhadores.
Prática como essa tem como modelo o regime nazista (1933-45), que defendia
(A) o pluripartidarismo e a expansão militar.
(B) a xenofobia e o internacionalismo.
(C) a democracia e o irracionalismo.
(D) o nacionalismo e a intolerância.
(E) a guerra e a diversidade cultural.
04. (Fgvrj) O período entre as duas grandes guerras mundiais, de 1918 a 1939, caracterizou-se por
uma intensa polarização ideológica e política. Assinale a alternativa que apresenta somente elementos
vinculados a esse período:
(A) New Deal; Globalização; Guerra do Vietnã.
(B) Guerra do Vietnã; Revolução Cubana; Muro de Berlim.
(C) Guerra Civil Espanhola; Nazifascismo; Quebra da Bolsa de Nova York.
(D) Nazifascismo; New Deal; Crise dos Mísseis.
(E) Doutrina Truman; República de Weimar; Revolução Sandinista.
05. (Upe) Leia atentamente o trecho que se segue, extraído do livro de memórias do cineasta espanhol
Luis Buñuel (1900-1983):
“Em julho de 1936, Franco desembarcava à frente de tropas marroquinas, com a intenção inabalável
de acabar com a República e de restabelecer ‘a ordem’ na Espanha. Minha mulher e meu filho acabavam
de retornar a Paris, fazia um mês. Eu estava sozinho em Madri. Em uma manhã, bem cedo, fui acordado
por uma explosão, seguida de várias outras. Um avião republicano bombardeava o quartel de La Montaña,
e ouvi também alguns disparos de canhão. [...]. Eu mal podia crer. [...]. A revolução violenta que sentíamos
Baseando-se no texto acima e no fato histórico por ele mencionado, analise as afirmações seguintes:
I. Madri foi um dos palcos da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), que dividiu a Espanha entre radicais
conservadores de direita e republicanos de esquerda.
II. O general Franco tinha o apoio interno da Igreja, do exército e dos latifundiários, contando, ainda,
com o apoio internacional da Alemanha hitlerista.
III. A fuga para o exterior, como fez a esposa e o filho de Buñuel, foi uma prática comum entre os
cidadãos espanhóis, durante a guerra, a qual recebia apoio dos republicanos.
IV. Apoiados pela Igreja, os republicanos não aceitaram a participação de voluntários estrangeiros em
seu exército.
V. Os republicanos de esquerda foram influenciados pelo pensamento socialista e anarquista.
Estão corretas
(A) I, III e IV.
(B) I, IV e V.
(C) II, III e IV.
(D) II, IV e V.
(E) I, II e V.
06. (Unesp) Nas primeiras sequências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega
de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele
desce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das
nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.
(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986.)
Respostas
01. Resposta C.
As inúmeras crises em que entraram diversos países após o fim da Primeira Guerra Mundial levaram
ao surgimento de muitos estados de governos extremistas, que levaram até mesmo a população a
acreditar que a melhor forma de governo seria a de um estado forte que controlava a economia.
02. Resposta D.
O Nazismo deriva do nome do partido que comandou a Alemanha de 1933 a 1945, o partido Nacional-
Socialista. Entre as crenças dos defensores do partido estava a de que o povo alemão derivava de uma
raça superior e de que muitos outros povos não chegavam nem perto do desenvolvimento alemão ou
como no caso dos Judeus, foram culpados pela situação econômica instável que o pais alcançou após o
final da Primeira Guerra Mundial.
03. Resposta D.
Entre as ideias defendidas pelo nazismo estavam as que pregavam o ódio a judeus, negros, ciganos,
homossexuais e outras minorias da sociedade, enquanto o povo alemão era celebrado como raça
suprema da humanidade. O alistamento militar tornou-se obrigatório a partir de 1936, além da existência
da juventude hitlerista, grupo paramilitar que alistava crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos.
04. Resposta C.
Os elementos apresentados na resposta mostram situações em que a polarização entre grupos de
direita e de esquerda tornou-se extrema. Os eventos apresentados ocorrem durante o período
mencionado, com o movimento nazifascista surgindo e ganhando força após o fim da Primeira Guerra
Mundial. A Bolsa de Nova York enfrenta momentos de crise com sua quebra em 1929, causando efeitos
05. Resposta E.
A Guerra Civil Espanhola teve conflitos por toda a Espanha, uma disputa entre radicais conservadores
de direita e republicanos de esquerda. O general Francisco Franco recebeu apoio de grupos
conservadores que apoiavam a ideia de uma Espanha livre do comunismo e do socialismo. Entre os
grupos que o apoiavam estavam a Igreja, o Exército e diversos latifundiários (grandes proprietários de
terras). Com a intenção de frear o avanço do comunismo na Europa, tropas nazistas auxiliaram o general
no confronto com grupos influenciados pelas ideias socialistas e anarquistas.
06. Resposta C.
O Totalitarismo que ganhou força após o fim da Primeira Guerra Mundial na Europa tinha como
característica o culto ao líder e sua figura. O trecho representa essa ideia ao relacionar a chegada do
Führer (Hitler) com a chegada de bons tempos, da calmaria. O cinema foi uma das formas de propaganda
mais utilizadas pelo regime Nazista para divulgar suas ideias para a população, seja para enaltecer e
celebrar a figura do líder, seja para culpar e hostilizar a figura do Judeu.
A Segunda Guerra Mundial, ocorreu entre 1939 e 1945. Assim como a Primeira Guerra, ela ganhou
esse nome por não ficar confinada apenas ao continente europeu. Foi a maior guerra vista na história da
humanidade, setenta e duas nações foram envolvidas. O número de mortes é estimado em cerca de
cinquenta milhões.
I - Antecedentes
Com o final da Primeira Guerra Mundial e com o Tratados de Versalhes, nações como a Alemanha
entraram em uma profunda crise social e econômica. Com a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, a
situação que estava começando a melhorar, piora novamente, gerando um grande descontentamento em
relação ao liberalismo americano.
Sob essa paisagem é que surge movimentos em diversos países da Europa, principalmente Alemanha
e Itália, governos totalitaristas. Em 1922, Benito Mussolini chega ao poder na Itália, iniciando uma
ditadura do Partido Fascista, e em 1932, na Alemanha, o Partido Nazista após vencer as eleições alcança
o poder e Adolf Hitler é nomeado chanceler alemão.
Com o objetivo de expandir e ter de volta as região que lhe foram tiradas pelo Tratado, o governo
Alemão, desafiando os acordos feitos pelo Tratado de Versalhes, volta a produzir armamentos e a
aumentar sua força militar. A região da Renânia, que fazia fronteira com a França, volta a se rearmar.
Através destas atitudes a Europa já começa a se alarmar e esperar uma outra guerra acontecer.
Em 1935, a Itália dá início ao seu processo de expansão, anexando a Etiópia e logo depois a Albânia.
Na Alemanha, esse processo começa em 1938 quando anexam a Áustria e a Tchecoslováquia. Itália e
Alemanha já haviam assinado um acordo de apoio mútuo, em 1936, chamado de Eixo Roma-Berlim. O
Japão entra nesse acordo apenas quatro anos depois.
As outras nações, como a França e a Inglaterra, só interviram nas ações desses países, quando em
1939, após ter assinado um pacto de não agressão com a União Soviética - Pacto Ribbentrop-Molotov -
ela invade a Polônia, que havia ficado dividida pelo acordo. A invasão à Polônia aconteceu no dia 1° de
Setembro de 1939, dois dias depois é declarado guerra à Alemanha.
A Segunda Guerra Mundial reuniu nações de grande parte do mundo, divididas em dois blocos, o Eixo,
liderado pela Alemanha, Itália e Japão, e os Aliados, liderados principalmente pelos Estados Unidos,
Inglaterra e União Soviética.
II- A Guerra
III – Consequências
Com o fim da guerra em 1945, líderes dos três principais países vencedores – URSS, Estados Unidos
e Inglaterra – se reuniram em na Conferência de Potsdam, onde ficou decidido que a Alemanha seria
dividida em quatro áreas de ocupação, que foram entregues a França, Inglaterra, Estados Unidos e União
Soviética. A capital, Berlim, também foi dívida. Já o Japão teria seu território dominado pelos Estados
Unidos por tempo indeterminado.
Após a guerra, os Estados Unidos e a URSS saíram como grandes potência mundiais. As ideias
antagônicas desses países acabaram por dividir o mundo. De um lado estava o capitalismo e do outro o
socialismo. A partir dessa divisão, um conflito entre essas grandes potências se instaurou, começou a
chamada Guerra Fria.
Questões
1. (TJ-PR - Titular de Serviços de Notas e de Registros – IBFC) Sobre a Segunda Guerra Mundial
(1939/1945), assinale a alternativa incorreta:
(A) Uma de suas causas foram as severas sanções pecuniárias impostas pelo Tratado de Versalhes
à Alemanha e seus aliados, comprometendo a sua economia, elevando a inflação a índices astronômicos
e gerando um arraigado sentimento de humilhação nos alemães e a exacerbação do nacionalismo,
possibilitando a ascensão de Hitler e do Partido Nazista ao poder.
(B) O evento que deflagrou o conflito foi o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, situadano
Oceano Pacífico.
(C) O conflito envolveu basicamente dois grupos: o Eixo (integrado por Alemanha, Itália e Japão) e os
Aliados (entre eles: Inglaterra, Estados Unidos, França e União Soviética).
(D) Com a vitória aliada, foi dissolvido o Terceiro Reich e dividida a Alemanha (Oriental e Ocidental),
criada a ONU-Organização das Nações Unidas e iniciada a Guerra Fria, diante do estabelecimento dos
Estados Unidos e da União Soviética como superpotências.
3. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Na Segunda Guerra Mundial, o Japão aliou-se à
Alemanha, tal como já fizera na Primeira Guerra.
(A) Certo
(B) Errado
5. (SEE-AL - Professor – História – CESPE) Com relação à participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial, julgue os itens subsequentes.
A atuação da Força Expedicionária Brasileira não foi decisiva para a vitória dos Aliados na Segunda
Guerra Mundial, visto que o contingente militar brasileiro era relativamente pequeno e o envio de soldados
para o combate ocorreu tardiamente.
(A) Certo
(B) Errado
10. (CONFERE - Auditor(a) VII - INSTITUTO CIDADES) No ano de 1939, em meio à atmosfera de
tensão política que desencadeou a sucessão de conflitos da Segunda Guerra Mundial, um acordo de não
agressão foi firmado entre a Alemanha e a União Soviética, o Pacto Germano-Soviético. Esse pacto
estabelecia que, se acaso a Alemanha entrasse em conflito com a Inglaterra ou a França em razão de
uma eventual investida da Alemanha contra a Polônia, a URSS, por sua vez, ficaria afastada, sem se
manifestar militarmente. Tal pacto também pode ser chamado de:
(A) Tratado de Moscou
(B) Tratado de Versalhes
(C) Pacto de Varsóvia
(D) Pacto Ribbentrop-Molotov
Respostas
1. Resposta: B.
A afirmativa “B” está errada pois o fato que desencadeou a guerra foi a quebra do pacto feito entre a
Alemanha e a União Soviética, quando o exército alemão invadiu a Polônia.
2. Resposta: A.
A criação da ONU, após a Segunda Guerra Mundial, pode ser considerada uma das principais
consequências da guerra. A Carta das Nações Unidas foi incialmente assinada por cinquenta países,
onde foram excluídos de participar os países que participaram do Eixo. A criação da ONU foi a segunda
tentativa de promover a paz.
3. Resposta: B.
A afirmativa da questão está errada, pois o Japão não se aliou a Alemanha na Primeira Guerra. O país
fez parte da Tríplice Entente.
4. Resposta: B.
O fato que serviu de estopim para a guerra foi a invasão da Polônia pela Alemanha, já que esta havia
feito um acordo com a União Soviética de não agressão e a região polonesa havia sido dividida. Após
esta invasão França e Inglaterra declararam guerra à Alemanha, iniciando assim a Segunda Guerra
Mundial.
5. Resposta: A.
Apesar da entrada do Brasil na guerra e do envio de soldados e pilotos, podemos considerar que a
sua participação do país não foi o fator decisivo para que os Aliados ganhassem a guerra. O país entrou
no conflito tardiamente, apenas em 1942
6. Resposta: A.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a URSS saíram como grandes potência
mundiais. As ideias antagônicas desses países acabaram por dividir o mundo entre o capitalismo e
socialismo, conflito que ganhou o nome de Guerra Fria.
7. Resposta: C.
Após receber ataques em suas embarcações, o presente Getúlio Vargas, resolve fazer um acordo com
o presidente norte-americano Roosevelt, onde o país entrou na guerra ao lado Aliados Inglaterra, França,
Estados Unidos e União Soviética.
8. Resposta: B.
Tanto a Primeira como a Segunda Guerra Mundial estão intimamente ligadas, uma é decorrência da
outra. As feridas abertas no primeiro conflito é que resultam no início do segundo conflito.
10. Resposta: D.
O Pacto de não agressão assinado pela Alemanha e União Soviética em 1939 ganhou o nome de
Pacto Ribbentrop-Molotov.
Era Vargas
A política trabalhista foi taxada de “paternalista” por intelectuais de esquerda, que acusavam Getúlio
de tentar anular a influência desta sobre o proletariado, desejando transformar a classe operária num
setor sob seu controle nos moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini. Os defensores
de Getúlio Vargas diziam que em nenhum outro momento da história do Brasil houve avanços
comparáveis nos direitos dos trabalhadores. Os expoentes máximos dessa posição foram João Goulart
e Leonel Brizola, sendo Brizola considerado o último herdeiro político do “Getulismo”, ou da “Era Vargas”,
na linguagem dos brasileiros.
A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em longo prazo, as leis trabalhistas prejudicam os
trabalhadores porque aumentam o chamado “custo Brasil”, onerando muito as empresas e gerando a
inflação que corrói o valor real dos salários. Segundo esta versão, o Custo Brasil faz com que as empresas
brasileiras contratem menos trabalhadores, aumentem a informalidade e faz que as empresas
estrangeiras se tornem receosas de investirem no Brasil. Assim, segundo a crítica liberal, as leis
trabalhistas gerariam, além da inflação, mais desemprego e subemprego entre os trabalhadores.
O Governo Provisório
Com Washingtom Luís deposto e exilado, Getúlio Vargas foi empossado como chefe do governo
provisório. As medidas do novo governo tinham como objetivo básico promover uma centralização política
e administrativa que garantisse ao governo sediado no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. Em
outras palavras, o federalismo da República Velha caía por terra. Para atingir esse objetivo, foram
nomeados interventores para governar os estados. Eram homens de confiança, normalmente oriundos
do Tenentismo, cuja tarefa era fazer cumprir, em cada estado, as determinações do governo provisório.
Esse fato e mais o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo à convocação de novas eleições
desencadearam reações de hostilidade ao seu governo, especialmente no estado de São Paulo. As
eleições dariam ao país uma nova constituição, um presidente eleito pela população e um governo com
legitimidade jurídica e política. Mas poderia também significar a volta ao poder dos derrotados na
Revolução de 30.
A Reação Paulista
A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu em 24 de outubro de 1930, mas não
admitia perder o controle do Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou com a não
As Leis Trabalhistas
Foi aprovado também um conjunto de leis que garantiam direitos aos trabalhadores, destacando-se
entre eles: salário mínimo, jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e infantil, descanso
remunerado (férias e finais de semana), indenização por demissão, assistência médica, previdência
social. A formalização dessa legislação trabalhista teve vários significados e implicações. Representou a
primeira modificação importante na maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as regras a
partir das quais o mercado de trabalho e as relações trabalhistas poderiam se organizar. Garantiu, assim,
uma certa estabilidade ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o apoio dos
assalariados urbanos à política getulista.
Essa legislação denota a grande habilidade política de Getúlio. Ele apenas formalizou um conjunto de
conquistas que, em boa parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros industriais.
Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Pobres” e benfeitor dos trabalhadores.
O Controle Sindical
A aprovação da legislação sindical representou um grande avanço nas relações de trabalho no Brasil,
pois pela primeira vez o trabalhador obtinha, individualmente, amparo nas leis para resistir aos excessos
da exploração capitalista. Por outro lado, paralelamente à sua implantação, o Estado definiu regras
extremamente rígidas para a organização dos sindicatos, entre as quais a que autorizava o seu
funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam os recursos da entidade e as que davam ao governo
direito de intervir nos sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário. Mantinha, assim, os
sindicatos sob um controle rigoroso.
Nacionalismo conservador
Esse movimento contava com o apoio de vários estratos das classes médias urbanas, Igreja e setores
do Exército. O projeto que seus apoiadores tinham em mente decorria de uma certa leitura que faziam da
história do país até aquele momento.
Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais profundamente a formação histórica do país
e do seu povo era a tradição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica, social e política
organizou-se em torno da agricultura. Todos os nossos valores morais, regras de convivência social,
costumes e tradições, enfim, a espinha dorsal da nossa cultura, fincavam suas raízes no modo de vida
rural. Dessa forma, tudo o que ameaçava essa “tradição agrícola” (isto é, estímulos a outros setores da
economia, crescimento da indústria, expansão da urbanização e suas consequências, como a
propagação de novos valores, hábitos e costumes tipicamente urbanos, bem como novas formas de
expressão artística e culturais) representava um atentado contra a integridade e o caráter nacional, uma
corrupção da nossa identidade como povo e nação. Por ser contrário a transformações e à medida que
as tendências modernizadoras tinham origem externa (induzidas pela industrialização, vanguardas
artísticas europeias etc.) é que o movimento caracterizava-se por ser nacionalista e conservador.
Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse mantida, os ideólogos do nacionalismo
conservador propunham o seguinte: os latifúndios deveriam ser divididos em pequenas parcelas de terras
a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao campo, tornando o Brasil uma grande comunidade
de pequenos e prósperos proprietários. Podemos concluir, a partir desse ideário, que eram
antilatifundiários, antiindustrialistas e, no limite, anticapitalistas. Na esfera política, defendiam um regime
autoritário de partido único.
O Integralismo
Esse movimento deu origem à Ação Integralista Brasileira, cujo lema era Deus, Pátria e Família, tendo
como seu principal líder e ideólogo Plínio Salgado. Tradicionalmente, a AIB tem sido interpretada como a
manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhança entre os aspectos aparentes do integralismo e
do nazifascismo. Uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz anticomunismo, tendências
ditatoriais e apelo à violência eram traços que aproximavam as duas ideologias. Um exame mais atento,
entretanto, mostra que eram projetos distintos. Enquanto o nazi fascismo era apoiado pelo grande capital
e buscava uma expansão econômico-industrial a qualquer custo, ao preço de uma guerra mundial se
necessário, os integralistas queriam voltar ao campo. Num certo sentido, o projeto nazifascista era mais
modernizante que o integralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam propostas e projetos
globais para a sociedade radicalmente distintos.
Nacionalismo Revolucionário
Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações de classe, profissionais liberais,
jornalistas e o Partido Comunista prestaram apoio a outro movimento político: o nacionalismo
revolucionário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que isso implicasse subordinação e
dependência em relação às potências estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos.
O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrária como forma de melhorar as condições
de vida do trabalhador urbano e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Considerava que a
única maneira de realizar esses objetivos seria a implantação de um governo popular no Brasil. Esse
movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora, cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes,
então membro do Partido Comunista.
As Eleições de 1938
Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu sem conflitos maiores até 1937. Nesse
ano, começaram a se desenhar as candidaturas para as eleições de 1938. Dentre as candidaturas,
começou a se destacar a de Armando Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados sua
eleição para presidente. Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam apoio e os militares herdeiros da
tradição tenentista não viam com bons olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao poder.
Mas, uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia inevitável.
A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945. Embora Vargas
agisse habilidosamente, com o intuito de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atuação que
gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos convergiam para sua criação:
- A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicultores, que dependiam dele para manter os preços
do café;
- Os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa dos cafeicultores, já que o crescimento das
industrias dependia da proteção estatal;
- As oligarquias e classe média urbana, que assustavam-se com a expansão da esquerda e julgavam
que para “salvar a democracia” era necessário um governo forte
Além disso Vargas tinha também o apoio dos militares, por alguns motivos:
- Por sua formação profissional, os militares possuíam uma visão hierarquizada do Estado, com
tendência a apoiar mais um regime autoritário do que um regime liberal;
- Os oficiais de tendência liberal haviam sido expurgados do exército por Vargas e pela dupla Góis
Monteiro-Gaspar Dutra;
- Entre os oficiais do exército estava se consolidando o pensamento de que se deveria substituir a
política no exército pela política do exército. E a política do exército naquele momento, visava o próprio
fortalecimento, resultado atingido mais facilmente em uma ditadura.
Com todos esses fatores a seu favor, não houveram dificuldades para Getúlio instalar e manter por
oito anos a ditadura no país. Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão
policial e política e a perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado.
30
Adaptado de MOURA, José Carlos Pires. História do Brasil.
Desse modo, apesar da desaceleração do crescimento industrial ocasionado pela Segunda Guerra
Mundial, devido à dificuldade para importar equipamentos e matéria-prima, quando o Estado Novo se
encerrou em 1945, a indústria brasileira estava plenamente consolidada.
A CLT entrou em vigor em 1943, durante a típica comemoração do 1º de maio. Entre seus principais
pontos estão:
Regulamentação da jornada de trabalho – 8 horas diárias.
Descanso de um dia semanal, remunerado.
Regulamentação do trabalho e salário de menores.
Obrigatoriedade de salário mínimo como base de salário.
Direito a férias anuais.
Obrigatoriedade de registro do contrato de trabalho na carteira do trabalhador.
Questões
01. (Enem) O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado
Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a independência
do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em
Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois Vargas teria providencial
intuição do bem e da verdade, além de ser um gênio político.
CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado).
02. (Fuvest) Em 10 de novembro de 1937, para justificar o golpe que instaurava o Estado Novo, Getúlio
Vargas discursava:
(A) Vargas fala em nome da Nação, considerando-se o intérprete de seus anseios e necessidades.
(B) a defesa da Nação está exclusivamente nas mãos do exército e do patriotismo dos brasileiros.
(C) Vargas delega às Forças Armadas o poder de lançar mão de medidas excepcionais.
(D) as medidas excepcionais tomadas estão na relação direta da falta de formações políticas atuantes.
(E) Vargas estabelece uma oposição entre o patriotismo dos brasileiros e a ação das Forças Armadas.
03. (Faap) "Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do princípio de autoridade,
que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição fundamental cujos direitos
mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo."
Este texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido escrito por:
(A) Jorge Amado
(B) Carlos Drummond de Andrade
(C) Mário de Andrade
(D) Oswald de Andrade
(E) Plínio Salgado
04. (Fei) O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até
29/10/1945) caracterizou-se:
(A) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção dos
partidos políticos;
(B) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-
administrativa;
(C) pelo apoio ao comunismo internacional;
(D) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento das
eleições diretas;
(E) pela formação de uma Assembleia Constituinte que votaria a Constituição de 1937, conhecida
como a mais liberal da República.
Respostas
01. Resposta: E
O objetivo de Francisco Campos com seu livro e com a Constituição de 1937 era justificar e legitimar
legislativamente o poder autoritário de Vargas.
02. Resposta: A
Exercendo uma posição de liderança e com o objetivo de centralizar o poder em sua pessoa, Vargas,
no discurso, coloca-se como representante da nação, que é incapaz de enfrentar nos quadros legais os
supostos perigos que a ameaçam, cabendo ao Estado sob seu comando tomar essas medidas
excepcionais.
04. Resposta: A
Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão policial e política e a
perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado. Por meio de interventores, o governo
passou a controlar a política dos estados.
05. Resposta: C
A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945.
O Regime Militar
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar
(Ditadura militar com apoio civil). O argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”. Entre
1946 e 1964 o Brasil viveu um período democrático e muito rico culturalmente. Neste momento os
movimentos sociais e estudantis atuaram com bastante intensidade. Havia um movimento que lutava pela
reforma agrária (como o MST) chamado de “ligas camponesas”, a UNE (união nacional de estudantes),
teatros populares e sindicatos de várias categorias de trabalhadores. Muitas manifestações populares e
greves estavam ocorrendo naquele momento, sobretudo no início da década de 60. Nas eleições de 1959
foi eleito para presidente da república Jânio Quadros e como vice João Goulart (eram de partidos opostos
Goulart era PTB, partido de Vargas e Jânio era apoiado pela UDN. Jânio Quadros após pouco mais de
seis meses de mandato renunciou à presidência. O vice João Goulart estava em visita diplomática à
China. O congresso (deputados federais e senadores) brasileiro quis impedir a posse de João Goulart por
considerá-lo esquerdista comunista. Para tanto, enquanto ainda Jango estava no exterior o regime de
governo foi mudado de presidencialismo para parlamentarismo. Quando Jango retorna toma posse como
presidente, mas com poderes limitados.
No presidencialismo o presidente é ao mesmo tempo chefe de governo (quem governa realmente) e
chefe de Estado (representação diplomática)
No parlamentarismo o presidente é chefe de Estado (representação diplomática) e o chefe de governo
é o primeiro ministro (escolhido entre os deputados)
Jango passou seu governo tentando retomar o poder conseguiu um plebiscito para 1963 para a
população optar pelo presidencialismo ou pelo parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e Goulart
tenta a reeleição. Realizou alguns comícios em que anunciou as reformas de base: A reforma agrária
(redistribuição das terras improdutivas), tributária (reordenamento dos impostos) , política (mudanças na
lei eleitoral). Essas reformas eram consideradas muito esquerdistas e radicais para a época, o que
reforçava a imagem de comunista de Jango. Além disso, como a crise econômica e uma pesada inflação
estava rolando à anos, as greves se espalharam. Espalharam-se manifestações de apoio ao presidente
e de repúdio a ele, como a “marcha por Deus, pela Família e pela Liberdade”
Diante deste contexto de fortes agitações sociais que o exército dá o golpe sob o argumento de afastar
o risco comunista que rondava os pais.
Quando inicia o governo militar realizam uma grande perseguição política aos líderes de esquerda,
que são presos na calada da noite. Os deputados e políticos em geral que tinham mandatos de partidos
de esquerda foram cassados (expulsos). Para tanto foi criado o SNI (serviço nacional de informação). Era
o serviço secreto do Exército e havia agente em todos os lugares como jornais, sindicatos, escolas ...
Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso. Apesar das cassações de mandato o
congresso nacional foi mantido. Os militares passaram a governar através de Atos institucionais. Mesmo
A ditadura entre 1964 e 1967 durante o governo do Marechal Castelo Brancos foi um período mais
brando dentro do contexto do regime. Os partidos foram extintos (ficou o bipartidarismo) e a censura
ocorria, mas ainda que pequeno, havia um espaço para os trabalhadores e estudantes se manifestares,
sobretudo os artistas. As manifestações proliferaram. Ocorreram grandes greves operárias em Contagem
(MG) e São Paulo. O último ato de Castelo Branco foi a imposição de LSN (lei de segurança nacional),
que estabelecia que certas ações de oposição ao regime seriam consideradas “atentatórias” à segurança
nacional e punidas com rigor. Após enfrentamentos entre os estudantes e militares em que ocorreram
mortes de jovens, contra a repressão ocorreu a passeata dos 100 mil. Em dezembro de 1968, sob o
governo do Marechal Costa e Silva foi instituído o AI-5 o mais duro e repressor dos atos institucionais
acabava com as garantias civis (de ser preso após julgamento por exemplo), enrijecia a censura e a
perseguição. Concedia uma autoridade excepcional para o poder executivo. O Presidente poderia fechar
o congresso nacional e cassar mandatos parlamentares, aposentar intelectuais, demitir juízes, suspender
garantias do judiciário e declarar estado de sítio.
Alguns grupos políticos contra a ditadura passaram à atuar na clandestinidade. Alguns deles, devido
ao AI-5 optaram por partir para a revolta armada. Surgiram focos de guerrilha urbana (principalmente são
Paulo) e guerrilha rural (na região do rio Araguaia). A guerrilha nunca representou um grande problema
de verdade pois eram pequenos e poucos grupos, mas forneceu o argumento que a ditadura precisava
para manter e aumentar a repressão, pois tínhamos inclusive um inimigo interno comunista. O risco não
havia passado (lembra-se que o pretexto do golpe era afastar o risco comunista?).
O movimento estudantil
Entre os grupos que mais protestavam contra o governo de João Goulart para a implementação de
reformas sociais estavam os estudantes, mobilizados pela União Nacional dos Estudantes e União
Brasileira dos Estudantes secundaristas. Quando os militares chegaram ao poder em 1964, os estudantes
eram um dos setores mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das
formas de desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus agentes não
passassem de jovens irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição que se estabeleceu.
Em novembro de 64, Castelo Branco aprovou uma lei, conhecida como lei "Suplicy de Lacerda", nome
do ministro da Educação, reorganizando as entidades e proibindo-as de desenvolverem atividades
políticas.
Os estudantes reagiram, boicotando as novas entidades oficiais e realizando passeatas cada vez mais
frequentes. Ao mesmo tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a existência das suas
entidades legítimas, agora na clandestinidade.
Em 1968 o movimento estudantil cresceu em resposta, não só a repressão, mas também em virtude
da política educacional do governo, que já revelava a tendência que iria se acentuar cada vez mais, no
sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos até hoje.
A política de privatização tinha dois sentidos: um era o estabelecimento do ensino pago (principalmente
no nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das
necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas
diretrizes correspondiam à forte influência norte-americana exercida através de técnicos da Usaid
(agência americana que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvolvimento
educacional) que atuavam junto ao MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de
acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira.
As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a
subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estudantil
não parava de crescer, e com ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a
má qualidade do ensino, realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, foi
violentamente reprimida pela polícia, resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.
A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do jovem estudante transformou-se em um
dos maiores atos públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as
capitais do país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas.
Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade
de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.
Movimentos sindicais
As greves foram reprimidas duramente durante a ditadura. Os últimos movimentos operários ocorreram
em 1968, em Osasco e Contagem, sendo reavivadas somente no fim da década de 1970, com a greve
de 1.600 trabalhadores, no ABC paulista em 12 de maio de 1978, que marcou a volta do movimento
operário à cena política.
Em junho do mesmo ano, o movimento espalhou-se por São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de
julho registraram-se 166 acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando cerca de 280 mil
trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o país o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva.
No dia 29 de outubro de 1979 os metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interromperam o trabalho.
No dia seguinte o operário Santos Dias da Silva acabou morrendo em confronto com a polícia, durante
um piquete na frente uma fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam por todo
o país.
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC
paulista e de mais 15 cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo
Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, prendendo
13 líderes sindicais dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja.
Ligas Camponesas
O movimento de resistência esteve presente também no campo. Além da sindicalização, formaram-se
Ligas Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, foram
importantes instrumentos de organização e de atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca
de 5 mil cortadores de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores
A luta armada
Militantes da Esquerda resolveram resistir ao regime militar através da luta armada, com a intenção de
iniciar um processo revolucionário. Entre os grupos mais notórios estão:
Ação Libertadora Nacional (ALN), em que se destaca Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro
do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 1969;
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que era comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos
Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971. Em 1969 funde-se com o Comando de
Libertação Nacional (COLINA), e muda o nome para Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR-Palmares), que teve participação também da atual presidente Dilma Rousseff;
A Ação Popular, que teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no
movimento estudantil;
Partido Comunista do Brasil (PC do B), que surge de um conflito interno dentro do PCB.
Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi
o sequestro do embaixador estadunidense Charles Ewbrick, em 1969. Em nenhum lugar do mundo um
embaixador dos EUA havia sido sequestrado. Essa façanha possibilitou aos guerrilheiros negociar a
libertação de quinze prisioneiros políticos. Outro embaixador sequestrado foi o alemão-ocidental Ehrefried
Von Hollebem, que resultou na soltura de quarenta presos.
A luta armada intensificou o argumento de aumento da repressão. As torturas aumentaram e a
perseguição aos opositores também. Carlos Marighella foi morto por forças policiais na cidade de São
Paulo. As informações sobre seu paradeiro foram conseguidas também através de torturas.
O VPR realizou ações no Vale do Ribeira, em São Paulo, mas teve que enfrentar a perseguição militar
na região. Lamarca conseguiu fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, em 1971.
O último foco de resistência a ser desmantelado foi a Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, militantes
do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) dirigiram-se para região do Bico do Papagaio, entre os rios
Araguaia e Tocantins, onde passaram a travar contato com os camponeses da região, ensinando a eles
cuidados médicos e auxiliando-os na lavoura.
As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros do Araguaia em 1972, quando descobriu a
ação do grupo. O desmantelamento ocorreria apenas em 1975, quando uma força especial de
paraquedistas foi enviada à região, acabando com a Guerrilha do Araguaia.
No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um amplo apoio da população, levando os grupos
a se isolarem, facilitando a ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas praticamente desapareceram, e os
corpos dos guerrilheiros do Araguaia também. À época, a ditadura civil-militar proibiu a divulgação de
informações sobre a guerrilha, e até o início da década de 2010 o exército não havia divulgado informação
sobre o paradeiro dos corpos.
Situação Econômica Pós 1964, Redemocratização do País e Diretas Já.
O General Geisel assume em 74. Foi o militar que deu início à abertura política, assinalando o fim da
ditadura. O fim do regime foi articulado pelos próprios militares que planejarem uma abertura “lenta,
segura e gradual”. Nas eleições parlamentares de 74 os militares imaginaram que teriam a vitória da
ARENA, mas o MDB teve esmagadora vitória. Em razão deste acontecimento a ditadura lança a lei falcão
e o pacote de abril. A lei falcão acabava com a propaganda eleitoral. Todos os candidatos apareceriam
o mesmo tempo na TV, segurando seu número enquanto uma voz narrava brevemente seu currículo.
Apesar de uma oposição consentida o MDB estava incomodando e o pacote de abril serviu para
garantir supremacia da ARENA. A constituição poderia ser mudada somente por 50% dos votos
(garante a vitória da ARENA). Um terço dos senadores seria “senador biônico”, ou seja, indicado pela
assembleia (sempre senadores da ARENA) e alterou o coeficiente eleitoral de forma que a região
nordeste (que ainda ocorria claramente o voto de “cabresto” e os eleitores votavam em peso na ARENA)
tivesse um maior número de deputados. Geisel pôs fim ao AI-5 em 1978.
Em 1979 assumiu a presidência o General Figueiredo, sob uma forte crise econômica resultado da
política econômica do milagre brasileiro. Em 79 foi aprovada a lei da anistia (perdão de crimes
políticos), que de acordo com o governo militar era uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. O que isso
queria dizer? Que todos os crimes cometidos na ditadura seriam perdoados, tanto o “crime” dos militantes
políticos, estudantes, intelectuais e artistas que se encontravam exilados (fora do pais por motivos de
perseguição política), e puderam voltar ao Brasil, como os torturadores do regime também foram.
A constituição de 1988
A nova constituição foi votada em meio a grandes debates políticos de diferentes visões políticas.
Havia muitos interesses em disputa. O voto secreto e direto para presidente foi restaurado, proibida a
censura, garantida a liberdade de expressão e igualdade de gênero, racismo tornou-se crime e o estado
estabeleceu constitucionalmente garantias sociais de acesso a saúde, educação, moradia e
aposentadoria.
Ao final de 1989 foi realizada a primeira eleição livre desde o golpe de 1964. Foi disputada em dois
turnos. O segundo foi concorrido entre o candidato Fernando Collor de Mello (PRN – partido da renovação
nacional), contra Luís Inácio Lula da Silva. Collor ganhou a eleição, com apoio dos meios de comunicação
e governou até 1992 após ser afastado por um processo de impeachment e ocorreram grandes
manifestações populares, sobretudo estudantis, conhecidas como o “movimento dos caras-pintadas”.
Questões
01. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O processo de abertura política
no Brasil, ao final do período de regime militar, foi marcado
(A) pela denominada “teoria dos dois demônios”, discurso oficial que culpava os grupos guerrilheiros
e o imperialismo soviético pelo endurecimento do autoritarismo no Brasil e nos países vizinhos.
(B) pelo chamado “entulho autoritário”, pois a Constituição outorgada em 1967 continuou vigente,
mantiveram-se os cargos “biônicos” e persistiu prática da decretação de Atos Institucionais durante a
década de 1980.
(C) pela lógica do “ajuste de contas”, pois, ainda que o governo encampasse uma abertura “lenta,
gradual e irrestrita”, os setores populares organizaram greves nacionais que culminaram na realização de
eleições diretas para presidente em 1985.
(D) pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que prevaleceram pressões por parte dos setores
afinados com o regime e concessões dos movimentos pela democratização, em um complexo jogo
político que se estendeu pelos anos 1980.
(E) pela busca da “conciliação nacional” ao se instituírem as Comissões da Verdade que conseguiram,
com o aval do primeiro governo civil pós-ditadura, atender as demandas por “verdade, justiça e reparação”
da sociedade brasileira.
02. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) A respeito dos Atos Institucionais
decretados durante o regime militar no Brasil,
(A) sucederam-se rapidamente totalizando cinco durante a ditadura, sendo o último, em 1968, o que
suspendeu a garantia do direito ao habeas corpus e instituiu a censura prévia.
03. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O golpe de 1964, que deu início
ao regime militar no Brasil e que foi chamado pelos militares de “revolução de 64”, teve, entre seus
objetivos
(A) refrear o avanço do comunismo apoiado pelo presidente Jango que, após ver concretizado seu
programa reformista, articulava-se para adaptar o Estado aos moldes socialistas, por meio do projeto de
uma nova constituição difundido e aplaudido no histórico Comício da Central do Brasil.
(B) reinstaurar o presidencialismo, uma vez que o regime parlamentarista pelo qual João Goulart
governava favorecia alianças entre partidos pequenos e grupos de esquerda liderados pelo PTB, que
tinha representação significativa na Câmara e no Senado.
(C) destituir o governo de João Goulart, contando com o apoio do governo dos Estados Unidos e de
parcelas da sociedade brasileira que apoiaram, dias antes, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade
organizada por setores conservadores da Igreja Católica.
(D) restaurar a ordem no país e garantir a recuperação do equilíbrio econômico, uma vez que greves
paralisavam a produção nacional e movimentos de apoio à reforma agrária se radicalizavam, caso das
Ligas Camponesas que haviam iniciado a guerrilha do Araguaia.
(E) iniciar um processo autoritário de transição política e econômica nos moldes do neoliberalismo, por
meio de uma estratégia defendida por entidades como o FMI, a ONU e a Cepal, com o aval do
empresariado brasileiro insatisfeito com o governo vigente.
04. (VUNESP) A partir dessa época, a tortura passou a ser amplamente empregada, especialmente
para obter informações de pessoas envolvidas com a luta armada. Contando com a “assessoria técnica”
de militares americanos que ensinavam a torturar, grupos policiais e militares começavam a agredir no
momento da prisão, invadindo casas ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias de polícia e
em quartéis, onde muitas vezes havia salas de interrogatório revestidas com material isolante para evitar
que os gritos dos presos fossem ouvidos.
(Roberto Navarro – http://mundoestranho.abril.com.br.)
Os aspectos citados no texto permitem identificar a época a que ele se refere como sendo a da
(A) repressão à Revolução Constitucionalista de 1932.
(B) Nova República, cujo primeiro presidente foi José Sarney.
(C) Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.
(D) democracia populista, que durou de 1946 a 1964.
(E) ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964.
05. (VUNESP) A imagem a seguir refere-se a um movimento da década de 1980 que contou com
grande participação popular em várias cidades do Brasil.
(Http://www.oabsp.org.br/portaldamemoria/historia-da-oab/ a-redemocratizacao-e-o-processo-constituinte)
Assinale a alternativa que indica corretamente o objetivo deste movimento.
(A) Devolver à população o direito de votar nos candidatos à presidência do país.
(B) Anistiar os presos políticos e permitir o retorno dos exilados ao Brasil.
(C) Reajustar o salário-mínimo de acordo com os índices reais de inflação.
Respostas
01. Resposta: D
A ideia de uma abertura “Lenta, gradual e segura” foi utilizada pelo governo militar. No final da década
de 70 e início da década de 80 ocorreram sim muitas greves, principalmente na região do ABC paulista.
A primeira eleição direta para presidente após a abertura ocorreu em 15 de novembro de 1989.
02. Resposta: D
Os Atos Institucionais foram normas elaboradas no período de 1964 a 1969, durante o regime militar.
Foram editadas pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo
Presidente da República, com o respaldo do Conselho de Segurança Nacional. Foram 17 atos ao todo,
sendo o mais conhecido deles o AI-5, cuja descrição é: Suspende a garantia do habeas corpus para
determinados crimes; dispõe sobre os poderes do Presidente da República de decretar: estado de sítio,
nos casos previstos na Constituição Federal de 1967; intervenção federal, sem os limites constitucionais;
suspensão de direitos políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; cassação
de mandatos eletivos; recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de
Vereadores; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.
03. Resposta: C
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar (Ditadura militar com apoio civil). O
argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”.
04. Resposta: E
Citando a própria matéria referida na questão:
Uma pesquisa coordenada pela Igreja Católica com documentos produzidos pelos próprios militares
identificou mais de cem torturas usadas nos "anos de chumbo" (1964-1985). Esse baú de crueldades,
que incluía choques elétricos, afogamentos e muita pancadaria, foi aberto de vez em 1968, o início do
período mais duro do regime militar. Durante o governo militar, mais de 280 pessoas foram mortas -
muitas sob tortura. Mais de cem desapareceram, segundo números reconhecidos oficialmente. Mas
ninguém acusado de torturar presos políticos durante a ditadura militar chegou a ser punido.
05. Resposta: A
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney.
A Nova República
Chamamos Nova República a organização do Estado Brasileiro a partir da eleição indireta de Tancredo
Neves pelo Colégio eleitoral, após o movimento pelas diretas já, o qual foi um dos mais importantes
líderes. No dia da posse foi hospitalizado e faleceu. Então a cadeira presidencial foi ocupada por seu vice
José Sarney
Eleições Diretas
Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições diretas para governador. Realizadas as
eleições, as previsões do estrategista do regime se confirmaram. Apesar de a oposição (PMDB, PDT e
PT) ter recebido a maioria dos votos e eleito governadores de estados importantes (Montoro, em São
Paulo; Brizola, no Rio de Janeiro; Tancredo Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu obter maioria no
Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Eleitoral, que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em
O Caso Riocentro
Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante a realização de um show de música
popular. Dele participavam inúmeros artistas considerados de esquerda pelo Regime. Quando as
primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproximaram do local da explosão, depararam com uma cena
dramática e constrangedora. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as portas
destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército
ligados ao DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro, estava morto, praticamente partido
ao meio. A bomba explodira na altura de sua cintura. O motorista, um capitão, estava vivo, mas
gravemente ferido e inconsciente. O Exército abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o caso e,
depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de depoimentos, concluiu que a bomba havia sido
colocada ali, dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos terroristas. Essa foi
a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi encerrado.
O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já
se sentiam derrotados do PDS. Estavam também convencidos de que teriam pouca influência em um
possível governo malufista. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL (Partido da Frente
Liberal).
O governo Sarney
José Sarney foi o primeiro presidente após o fim da ditadura militar. Durante seu governo foi
consolidado o processo de redemocratização do Estado brasileiro, garantido liberdade sindical e
participação popular na política, além da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte,
encarregada de elaborar uma nova constituição para o Brasil.
Entre os princípios incluídos na Constituição de 1988 também chamada Carta Magna, estão:
- garantia de direitos políticos e sociais;
- aumento de assistência aos trabalhadores;
- ampliação das atribuições do poder legislativo;
- limitação do poder executivo;
- igualdade perante a lei, sem qualquer tipo de distinção;
- estabelecimento do racismo como crime inafiançável
No plano econômico, o governo adotou inúmeras medidas para conter a inflação, como congelamento
de preços e salários e a criação de um novo plano econômico, o Plano Cruzado.
O governo Collor
No final de 1989, os candidatos Fernando Collor de Mello, do PRN (Partido da Renovação Nacional)
e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores) disputaram as primeiras eleições diretas
(com voto da população) para presidente após a redemocratização. Com forte apoio de setores
empresariais e principalmente da mídia, Collor vence as eleições.
Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como caçador de marajás, termo referente
aos corruptos que beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influência do
populismo, principalmente do Peronismo argentino, dizendo-se representante dos descamisados
(população mais pobre)
Seu governo ficou marcado pelos Planos Collor:
Plano Collor31
A inflação em um ano de março de 1989 a março de 1990 chegou a 4.853%, e no governo anterior
teve vários planos fracassados de conter a inflação. Depois de sua posse, Collor anuncia um pacote
econômico no dia 15 de março de 1990, o Plano Brasil Novo. Esse plano tinha como objetivo pôr fim à
crise, ajustar a economia e elevar o país, do terceiro para o Primeiro Mundo. O cruzado novo é substituído
pelo "cruzeiro", bloqueia-se por 18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e
demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços foram tabelados e depois liberados
gradualmente. Os salários foram pré-fixados e depois negociados entre patrões e empregados. Os
impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros tributos, foram suspensos os incentivos fiscais não
garantidos pela Constituição. Foi Anunciado corte nos gastos públicos, também se reduziu a máquina do
Estado com a demissão de funcionários e privatização de empresas estatais. O plano também prevê a
abertura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de importação. As empresas foram
surpreendidas com o plano econômico e sem liquidez pressionaram o governo. A ministra da economia
Zélia Cardoso de Mello, faz a liberação gradativa do dinheiro retido, denominado de "operação
torneirinha", para pagamento de taxas, impostos municipais e estaduais, folhas de pagamento e
contribuições previdenciárias. O governo liberou os investimentos dos grandes empresários, e deixou
retido somente o dinheiro dos poupadores individuais.
Recessão - No início do Plano Collor a inflação foi reduzida, pois o plano era ousado e radical, tirava
o dinheiro de circulação. Porém, com a redução da inflação, iniciava-se a maior recessão da história no
Brasil, houve aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas e a produção diminuiu
consideravelmente, com uma queda de 26% em abril de 1990, em relação a abril de 1989. As empresas
foram obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir funcionários. Só em
São Paulo nos primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho deixaram de existir, pior
resultado, desde a crise do início da década de 80. O Produto Interno Bruto diminuiu de US$ 453 bilhões
em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990.
Privatizações - Em 16 de agosto de 1990 o Programa Nacional de Desestatização que estava previsto
no Plano Collor foi regulamentado e a Usiminas a primeira estatal a ser privatizada, através de um leilão
em outubro de 1991. Depois mais 25 estatais foram privatizadas até o final de 1993, quando Itamar Franco
já estava à frente do governo brasileiro, com grandes transferências patrimoniais do setor público para o
setor privado, com o processo de privatização dos setores petroquímico e siderúrgico já praticamente
concluído. Então se inicia a negociação do setor de telecomunicações e elétrico, existindo uma tentativa
de limitar as privatizações à construção de grandes obras e à abertura do capital das estatais, mantendo
o controle acionário pelo Estado.
Plano Collor II
A inflação entra em cena novamente com um índice mensal de 19,39% em dezembro de 1990 e o
acumulado do ano chega a 1.198%, o governo se vê obrigado a tomar algumas medidas. É decretado o
Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991.
31
LENARDUZZI, Cristiano, Et al. PLANO COLLOR. Adaptado
A queda de Collor
Após um curto sucesso nos primeiros meses de governo, a administração Collor passou por profundas
crises. Com a taxa de inflação superior a 20%, em 1992 a impopularidade do presidente cresceu. Em
maio do mesmo ano, o irmão do presidente, Pedro Collor, acusou Paulo Cesar Farias, que havia sido
caixa da campanha de Fernando Collor, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no governo e
ligações político financeiras com o presidente.
Em junho do mesmo ano, o Congresso Nacional instalou uma Comissão de Inquérito Parlamentar(cpi)
para que fossem apuradas as irregularidades apontadas. Em 29 de setembro a Câmara dos Deputados
aprovou a abertura do processo de Impeachment e em 3 de outubro o presidente foi afastado. Em
dezembro o processo foi concluído e Fernando Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos,
e o governo passou para as mãos de seu vice, Itamar Franco.
32
Adaptado de Ipolito.
MERCOSUL33
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em 26 de março de 1991, o Tratado de Assunção,
com vistas a criar o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial do Tratado de Assunção
é a integração dos Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do
estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da adoção de uma política comercial comum, da
coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas
pertinentes.
A configuração atual do MERCOSUL encontra seu marco institucional no Protocolo de Ouro Preto,
assinado em dezembro de 1994. O Protocolo reconhece a personalidade jurídica de direito internacional
do bloco, atribuindo-lhe, assim, competência para negociar, em nome próprio, acordos com terceiros
países, grupos de países e organismos internacionais. O MERCOSUL caracteriza-se, ademais, pelo
regionalismo aberto, ou seja, tem por objetivo não só o aumento do comércio intrazona, mas também o
estímulo ao intercâmbio com outros parceiros comerciais. São Estados Associados do MERCOSUL a
Bolívia (em processo de adesão ao MERCOSUL), o Chile (desde 1996), o Peru (desde 2003), a Colômbia
e o Equador (desde 2004). Guiana e Suriname tornaram-se Estados Associados em 2013. Com isso,
todos os países da América do Sul fazem parte do MERCOSUL, seja como Estados Parte, seja como
Associado.
O aperfeiçoamento da União Aduaneira é um dos objetivos basilares do MERCOSUL. Como passo
importante nessa direção, os Estados Partes concluíram, em 2010, as negociações para a conformação
do Código Aduaneiro do MERCOSUL.
Na última década, o MERCOSUL demonstrou particular capacidade de aprimoramento institucional.
Entre os inúmeros avanços, vale registrar a criação do Tribunal Permanente de Revisão (2002), do
Parlamento do MERCOSUL (2005), do Instituto Social do MERCOSUL (2007), do Instituto de Políticas
Públicas de Direitos Humanos (2009), bem como a aprovação do Plano Estratégico de Ação Social do
MERCOSUL (2010) e o estabelecimento do cargo de Alto Representante-Geral do MERCOSUL (2010).
Merece especial destaque a criação, em 2005, do Fundo para a Convergência Estrutural do
MERCOSUL, por meio do qual são financiados projetos de convergência estrutural e coesão social,
contribuindo para a mitigação das assimetrias entre os Estados Partes. Em operação desde 2007, o
FOCEM conta hoje com uma carteira de projetos de mais de US$ 1,5 bilhão, com particular benefício
para as economias menores do bloco (Paraguai e Uruguai). O fundo tem contribuído para a melhoria em
setores como habitação, transportes, incentivos à microempresa, biossegurança, capacitação tecnológica
e aspectos sanitários.
O Tratado de Assunção permite a adesão dos demais Países Membros da ALADI ao MERCOSUL. Em
2012, o bloco passou pela primeira ampliação desde sua criação, com o ingresso definitivo da Venezuela
como Estado Parte. No mesmo ano, foi assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, que,
uma vez ratificado pelos congressos dos Estados Partes, fará do país andino o sexto membro pleno do
bloco.
Com a incorporação da Venezuela, o MERCOSUL passou a contar com uma população de 285
milhões de habitantes (70% da população da América do Sul); PIB de US$ 3,2 trilhões (80% do PIB sul-
americano); e território de 12,7 milhões de km² (72% da área da América do Sul). O MERCOSUL passa
a ser, ainda, ator incontornável para o tratamento de duas questões centrais para o futuro da sociedade
global: segurança energética e segurança alimentar. Além da importante produção agrícola dos demais
Estados Partes, o MERCOSUL passa a ser o quarto produtor mundial de petróleo bruto, depois de Arábia
Saudita, Rússia e Estados Unidos.
33
Adaptado de: http://www.mercosul.gov.br/index.php/saiba-mais-sobre-o-mercosul
Em seu segundo mandato, vencido novamente através da disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva,
houveram dificuldades para manter o valor do Real em relação ao Dólar.
A partir de dezembro de 1994 eclodiu a crise cambial mexicana, e a saída de capital especulativo
relacionada à queda da cotação do dólar nos mercados internacionais começou a colocar em xeque a
estabilização da economia nacional e o Plano Real, que dependia em grande parte do capital estrangeiro.
A crise mostrou que a política de contenção da inflação com a valorização das moedas nacionais frente
ao dólar não poderia ser sustentável no longo prazo.
Negando sempre à similaridade entre o Brasil e o México e a Argentina, o governo passou a
desacelerar a atividade econômica e a frear a abertura internacional com a elevação da taxa de juros,
aumento das restrições às importações e com estímulos à exportação. Com a necessidade de opor a
situação econômica brasileira à mexicana, como um sinal ao capital especulativo, o governo quis mostrar
que corrigiria a trajetória de sua balança comercial, atingindo saldo positivo.
Após retomada do crescimento entre abril de 1996 e junho de 1997, a crise dos “Tigres Asiáticos”, que
começou com a desvalorização da moeda da Tailândia, se alastrou para Indonésia, Malásia, Filipinas e
Hong Kong e acabou por atingir Nova York e os mercados financeiros mundiais.
A crise obrigou o governo a elevar novamente as taxas de juros e decretar um novo ajuste fiscal.
Novamente a fuga de capitais voltou a assolar a economia brasileira e o Plano Real.
A consequência foi a demissão de 33 mil funcionários públicos não estáveis da União, suspensão do
reajuste salarial do funcionalismo público, redução em 15% dos gastos em atividades e corte de 6% no
valor dos projetos de investimento para 1998, o que resultou em uma diminuição de 0,12% do PIB naquele
ano.
A crise se intensificou em agosto com o aumento da instabilidade financeira na Rússia, com a
desvalorização do rublo e a decretação da moratória por parte do governo.
A resposta brasileira foi a mesma de sempre, a elevação da taxa de juros básica para até 49% e um
novo pacote fiscal para o período 1999/2001. No entanto, diferentemente das outras duas crises, o
governo recorreu ao FMI em dezembro de 1998, com quem obteve cerca de US$ 41,5 bilhões,
comprometendo-se a manter o mesmo regime cambial, desvalorizando gradativamente o Real, acelerar
as privatizações e as reformas liberais, realizar o pacote fiscal e assumir metas com relação ao superávit
primário.
O governo Lula
Pouco antes de encerrar seu primeiro mandato, Fernando Henrique aprovou uma emenda que alterou
a constituição, permitindo a reeleição por mais um mandato. Com o fim de seu segundo mandato em
2002, José Serra, que foi ministro da saúde e um dos fundadores do PSDB foi apoiado por Fernando
Henrique para a sucessão.
Do lado da oposição, Lula concorreu à presidência pela quarta vez, conseguindo levar a disputa para
o segundo turno com o candidato tucano, quando obteve 61% dos votos válidos.
A vitória de Lula foi atribuída ao desejo de mudança na distribuição de riquezas, entre diversos grupos
sociais.
Em seus dois mandatos, de 2003 a 2010, não foram adotadas medidas grandiosas, com o presidente
buscando ganhar progressivamente a confiança de agentes econômicos nacionais e internacionais. Foi
mantida a política econômica do governo FHC, com a busca pelo combate da inflação por meio de altas
taxas de juros e estímulos à exportação. Em 2005 foi saldada a dívida com o FMI.
Como resultado da política econômica, em julho de 2008 a dívida externa total do país era de US$ 205
bilhões, e o país possuía reservas internacionais acima dos US$ 200 bilhões.
As exportações bateram recordes sucessivos durante o governo Lula, com ampliação do saldo positivo
da balança comercial.
No plano social, o projeto de maior repercussão e sucesso foi o Bolsa-Família, baseado na
transferência direta de recursos para famílias de baixa ou nenhuma renda. Em janeiro de 2009 o programa
já contava com mais de 10 milhões de famílias atendidas, recebendo uma remuneração que variava de
R$ 20,00 a R$ 182,00. Para utilizar o programa, era exigência a frequência escolar e vacinação das
crianças. O programa teve como efeito a melhoria alimentar e nutricional das famílias mais pobres, além
de uma leve diminuição nas desigualdades sociais.
Em seu segundo mandato, destacou-se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Mensalão
Em 2005, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB – RJ) denunciou no jornal Folha de São Paulo o
esquema de compra de votos conhecido como Mensalão.
No Mensalão deputados da base aliada do PT recebiam uma “mesada” de R$ 30 mil para votarem de
acordo com os interesses do partido. Entre os parlamentares envolvidos no esquema estariam membros
do PL (Partido Liberal), PP (Partido Progressista), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro)
e do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
Entre os nomes mais citados do esquema estão José Dirceu, que na época era ministro da Casa Civil
e foi apontado como chefe do esquema. Delúbio Soares era Tesoureiro do PT e foi acusado de efetuar
os pagamentos aos membros do esquema. Marcos Valério, que era publicitário e foi acusado de arrecadar
o dinheiro para os pagamentos.
Outras figuras de destaque no governo e no PT também foram apontadas como participantes do
mensalão, tais como: José Genoíno (presidente do PT), Sílvio Pereira (Secretário do PT), João Paulo
Cunha (Presidente da Câmara dos Deputados), Ministro das Comunicações, Luiz Gushiken, Ministro dos
Transportes, Anderson Adauto, e até mesmo o Ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
34
31/08/2016 – Fonte: http://especiais.g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/2016/impeachment-de-dilma/
Discurso de Dilma
Em seu primeiro pronunciamento, a agora ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que a decisão é o
segundo golpe de estado que enfrenta na vida e que os senadores que votaram pelo seu afastamento
definitivo rasgaram a Constituição. Ao lado de aliados, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi
enfática: "Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos
lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode
sofrer.
Posse de temer
Três horas após o afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer foi empossado o novo presidente da
República. A cerimônia durou apenas 11 minutos. Ao apertar a mão de Temer, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a ele: "Estamos juntos".
Na primeira reunião ministerial do governo, Temer afirmou que agora a cobrança sobre o governo será
"muito maior" e rejeitou a acusação de que o impeachment foi um golpe. "Golpista é você, que está contra
a Constituição", afirmou dirigindo-se a Dilma.
O novo presidente embarca para a China, onde participa, nos dias 4 e 5, em Hangzhou, da Cúpula de
Líderes do G20, grupo das 20 principais economias do mundo. Temer afirmou que vai "revelar aos olhos
do mundo que temos estabilidade política e segurança jurídica." Durante a ausência, assume
provisoriamente a Presidência o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara.
Repercussão e manifestações
Após a votação final do impeachment, houve protestos a favor e contra Temer pelo país. Na Avenida
Paulista, um grupo protestava contra o impeachment, enquanto outro comemorava com bolo e
champagne.
Repercussão internacional
A rede norte-americana CNN deu grande destaque à notícia em seu site e afirmou que a decisão é
“um grande revés” para Dilma, mas "pode não ser o fim de sua carreira política". O argentino “Clarín”
afirma que o afastamento de Dilma marca “o fim de uma era no Brasil”. O “El País”, da Espanha, chamou
a atenção para a resistência da ex-presidente, que decidiu enfrentar o processo até o final, apesar das
previsões de que seu afastamento seria concretizado.
35
31/08/2016 – Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/01/opinion/1472682823_081379.html
01. (IF-AL- Cefet) O Brasil, a partir do processo de redemocratização (1985), definiu-se por medidas
econômicas que foram significativamente adotadas. Podemos afirmar que entre as medidas citadas
consta:
Respostas
01. Resposta: A
Entre as medidas tomadas para garantir o funcionamento da economia brasileira estiveram os
programas de privatização de algumas empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, por exemplo.
02. Resposta: E
Os menores de 16 anos, os conscritos (o jovem prestando serviço militar obrigatório), e os presos com
sentença transitada em julgado que estejam cumprindo suas penas privativas de liberdade não podem
votar. A razão para isso é que todos eles seriam facilmente manipuláveis pelos pais, pelo comandante do
quartel ou pelo diretor do presídio.
03. Resposta: C
Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como caçador de marajás, termo referente
aos corruptos que beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influência do
populismo, principalmente do Peronismo argentino, dizendo-se representante dos descamisados
(população mais pobre).
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a vitória nas eleições de 1994 logo no primeiro
turno, contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Arqueologia Amazônica36
As civilizações complexas só surgiram na Amazônia, por volta do século X a.C. Era comum, ainda,
afirmar que, devido ao surgimento tardio das civilizações complexas na Amazônia, a sua ocupação pré-
histórica ocorreu do Oeste para o Leste Amazônico, e o desenvolvimento dos cacicados complexos teriam
sido originado nos Andes.
Paleoindígena
Foi o período em que a humanidade, na América do Norte, vivia imigrando em busca de alimentos,
coletando frutos nas árvores e caçando animais da chamada megafauna (mastrodontes, bisontentes,
cervídeos e camelídeos, antigos cavalos, elefantes, preguiças, tatus gigantes, antas, tigre-dente-de-
sabre, etc). Esse período teria ocorrido por volta de 11.000 a.C. a 8.500 a.C. Nessa fase, essa população
já estava altamente adaptada ao meio ambiente de clima temperado.
Hábitos culturais e econômicos – As populações paleoindígenas da América do Sul tinham hábitos
culturais e econômicos diferenciados dos povos da América do Norte, pois viviam quase exclusivamente
da coleta de moluscos, de plantas e da caça de pequenos animais da fauna Amazônica. Esses nômades
paleoindígenas habitavam grutas e cavernas.
Arcaica
Mil anos – Há um período de mil anos de transição da fase Paleoindígena para a Arcaica. A
Arqueologia mostra-nos que essa fase foi a de descoberta das técnicas de cultivo da agricultura,
principalmente na várzea amazônica.
Agricultura e sedenterização – Já no período Arcaico, as populações buscavam novos meios de
subsistência, e a caça não era considerada a principal fonte alimentar. Com a descoberta da agricultura,
ocorreu a sedentarização e, como consequência, surgiram diversificações no modo de produção dos
meios de sobrevivência, assim como foram elaboradas novas condições materiais de existência tais
como: organização política, religiosa, social e econômica.
Pré-história Tardia
É considerado o apogeu da cultura pré-histórica na Amazônia. Esse período teve início por volta de
1000 a.C. e se estendeu até 1000 d.C.
Cacicados complexos – Nesse período, desenvolveu-se uma civilização complexa, cuja produção de
cerâmica, organização política, religiosa e produção econômica foram significativas. Essa complexa
civilização ficou conhecida, pelos arqueólogos, como cacicados complexos.
Os cacicados complexos teriam surgido no delta amazônico e se estendendido por todo o rio
Amazonas, afluentes até chegar ao ocidente andino.
36
ARAÚJO, LARISSA. Pré-história na Amazônia brasileira. < http://amazoniaprehistorica.blogspot.com.br/2011/06/civilizacoes-complexas-so-surgiram-na.html>
Colonização da Amazônia 37
A longa história do povoamento humano na Amazônia começa praticamente junto com a formação da
floresta que conhecemos hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos da
presença humana na Amazônia durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do
presente) foi provavelmente neste período que os primeiros grupos humanos provenientes da Ásia
chegaram de sua longa migração até a América do Sul. Eram grupos nômades de caçadores-coletores
que perseguiam as grandes manadas de animais.
Primeiros Habitantes: A Amazônia era uma ampla extensão de savanas, com apenas algumas
manchas de floresta ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam grandes animais como o
mastodonte, a preguiça gigante, o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e diversos outros exemplares de
megafauna, os quais se supõe, serviam de base alimentar para os bandos de caçadores e cujos fósseis
podem ser encontrados nos barrancos de muitos dos rios amazônicos, especialmente no Acre.
A Cultura de Floresta Tropical: Mudanças climáticas e ambientais, ocorridas entre 7.000 e 6.000
anos, levaram ao aumento da temperatura e da umidade do planeta, fazendo com que as florestas se
expandissem. Começava então uma segunda fase do povoamento humano da Amazônia, na qual as
populações passaram a contar com recursos alimentares mais diversificados e novas formas de
organização social surgiram. Essas novas práticas socioculturais, por volta de 5.000 anos atrás, deram
origem à chamada Cultura de Floresta Tropical, caracterizada por grupos que praticavam uma agricultura
ainda incipiente, complementada pela caça, pesca e coleta de frutos e sementes da floresta. A partir
dessa nova organização social, os grupos pré-históricos amazônicos passaram também a fabricar
cerâmica e a ocupar alguns locais por períodos mais prolongados. Com isso, deixaram grandes sítios
arqueológicos que testemunham seu florescimento por toda a Amazônia. A partir do surgimento da
Cultura de Floresta Tropical, a ocupação humana da Amazônia alcançou o estágio de alta diversificação
que os europeus encontraram ao começar a exploração da grande floresta.
Chegada dos Europeus: primeiras explorações: A terceira fase da ocupação humana da Amazônia
corresponde ao povoamento europeu da região. O lendário e mítico, rico reino do Eldorado. Inicialmente,
as duas superpotências da época, Portugal e Espanha, obedeciam à divisão territorial estabelecida pelo
Tratado de Tordesilhas, com as bênçãos da Igreja Católica. Por esse acordo, grande parte do que hoje
conhecemos como Amazônia brasileira pertencia aos espanhóis. Somente no final da primeira metade
do século XVI, no entanto, os espanhóis deram início ao reconhecimento da região. A primeira expedição
europeia ao grande rio que corta a região foi realizada entre 1540 e 1542 pelo destemido navegador
espanhol Francisco de Orellana. O escrivão dessa expedição, Gaspar de Carvajal, fez os primeiros
registros escritos sobre a floresta amazônica e sua diversidade de ambientes e culturas. Apesar de seu
caráter pioneiro, a expedição de Orellana não deixou outros frutos que fossem duradouros. A região voltou
a pertencer exclusivamente aos cerca de 5 milhões de índios (segundo uma das estimativas existentes)
que ali habitavam e que também haviam sido motivo da admiração nos relatos de Carvajal, tal sua
quantidade e organização. Muitas décadas se passariam antes que novas investidas à região fossem
realizadas.
Colonização Portuguesa: Apesar de os espanhóis terem seus direitos garantidos pelo Tratado de
Tordesilhas, não se interessaram por povoar a Amazônia. Por sua vez, os portugueses não vacilaram em
tomar a iniciativa de seu efetivo controle. A Amazônia já começava a sofrer ameaças de invasão de
ingleses, franceses e holandeses. A expulsão dos franceses do Maranhão, que ali tentaram estabelecer
a França Equinocial alertou os portugueses para a importância da defesa da região. Assim, coube a
Francisco Caldeira Castelo Branco fundar, em 1616, na foz do rio Amazonas, o Forte do Presépio que,
além de proteger possíveis invasões estrangeiras por via fluvial, deu origem à atual cidade de Belém e
serviu como base para o povoamento da Amazônia. Era necessário alargar os domínios portugueses
para oeste, para assegurar a exploração das riquezas ocultas da floresta. Para tanto, foi organizada uma
grande expedição, decisiva para a conquista portuguesa da Amazônia. Coube ao capitão Pedro Teixeira,
37
Texto adaptado de “História da Ocupação da Amazônia”
Escravidão Indígena
De uma área com uma multiplicidade de povos ameríndios que seguiam seu desenvolvimento próprio,
a Amazônia havia se tornado, em menos de dois séculos, território anexo ao reino português. Além de
serem capturados pelos soldados portugueses, os índios amazônicos passaram a sofrer a ação dos
missionários de diversas ordens religiosas que se dedicavam a convertê-los à fé cristã – boa parte da
ação jesuítica dizia respeito à produção de riquezas com o emprego da mão-de-obra indígena. Os
diversos povos amazônicos resistiram o quanto puderam, mas a “avalanche” europeia trazia muitíssimas
armas desconhecidas. Os europeus trouxeram doenças contra as quais os índios não possuíam
resistência. Sarampo, gripe, tuberculose e outras enfermidades rapidamente se alastraram entre os
grupos indígenas da região, dizimando aldeias inteiras diante de pajés que não sabiam como curar
aquelas moléstias desconhecidas.
Logo de início ficou claro que nem mesmo toda a tecnologia europeia seria capaz de superar as
dificuldades apresentadas pelo povoamento da Amazônia. As enormes distâncias, a selva impenetrável,
perigos de diferentes naturezas perturbavam quem quer que tivesse coragem de ali entrar. As doenças
da selva ganhavam fama, as condições climáticas se revelavam extremas para os europeus e o imenso
esforço necessário para a extração das riquezas ocultas na floresta tornaram a Amazônia um lugar
indomável, indecifrável, impiedosamente selvagem no imaginário do colonizador. Um “inferno verde”.
Passou a predominar por toda a Amazônia o uso de uma língua geral, de origem Tupi, que auxiliava na
incorporação dos índios à empresa colonial. A mestiçagem foi estimulada dando origem à população
cabocla, tão marcante nas terras amazônicas. Calcula-se que, em 1740, havia cerca de 50 mil índios
vivendo em aldeias formadas por jesuítas e franciscanos. O inevitável resultado do processo de
escravidão, imposto pelo colonizador ou por meio da ação dos jesuítas, foi a redução maciça da
população indígena amazônica.
Amazônia Portuguesa
O estabelecimento do Tratado de Madri e o início da administração de Marquês de Pombal em
Portugal, ambos ocorridos em 1750, marcaram uma nova fase na qual a Amazônia brasileira foi, em linhas
gerais, definida. Vale lembrar que, nessa época, o conhecimento que se possuía do interior do continente
americano ainda era muito impreciso. O Mapa das Cortes, elaborado a pedido do rei de Portugal, serviu
de base para as negociações do Tratado de Madri e possuía forte distorção do curso dos rios que cortam
as terras a oeste do Brasil. Essas distorções eram propositais, puxando o traçado dos rios para leste,
diminuindo artificialmente a área pretendida pelos portugueses – e cumpriram perfeitamente o objetivo de
desorientar os negociadores espanhóis. Não menos importante do que o Tratado de Madri para a
inauguração de uma nova fase da história amazônica foi a administração empreendida pelo Marquês de
Pombal. Tão logo subiu ao poder, ainda em 1750, Pombal pretendia tirar Portugal da situação de atraso
que experimentava frente às demais potências europeias e da dependência da Inglaterra, país do qual
recebia proteção contra a França e a Espanha.
Pombal criou a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão que deveria oferecer preços
atraentes para as mercadorias ali produzidas a serem consumidas na Europa, tais como cacau, canela,
cravo, algodão e arroz. Começou também a introduzir na Amazônia a mão-de-obra escrava de origem
Amazônia Brasileira
Na metade do século XIX, findo o período das “drogas do sertão” e iniciada uma ocupação mais
sistemática da Amazônia, temos uma nova base cultural estabelecida. A fronteira do território da
Amazônia brasileira permaneceria móvel até o início do século XX, quando os contornos políticos do
Brasil seriam definidos com a conquista dos territórios do Amapá e de Roraima, ao Norte, e do Acre, no
extremo Oeste. Estes extremos, especialmente as regiões dos altos rios, na parte mais ocidental da
floresta, permaneciam como área de refúgio dos primeiros habitantes, os povos indígenas mais arredios
que não foram incorporados aos empreendimentos colonialistas, nem de Portugal nem da Espanha. Esta
Amazônia profunda retinha suas riquezas em segredo e realimentava o mito do “inferno verde”.
O período Pombalino38
O Período Pombalino vai de 1760 a 1808 e leva esse nome devido as reformas realizadas na metrópole
e nas colônias portuguesa, pelo primeiro-ministro de Portugal, conde de Oeiras e Marquês de Pombal,
Sebastião José de Carvalho e Melo.
Escolhido pelo rei de Portugal D. José I para ocupar o cargo de primeiro-ministro, Pombal tinha
o objetivo de realizar reformas que recuperassem a economia portuguesa tendo como plano de fundo a
crise do Antigo Regime e a subida das ideias iluministas. Para colocar Portugal numa posição privilegiada
em relação aos demais países europeus, era preciso focar na colonia que tinha mais peso econômico,
Brasil.
Economicamente falando, com a crise que Portugal sofria, foram muitos os que vieram para o Brasil e
pela primeira vez viu-se mais pessoas livres do que escravos residindo por aqui. A principal atividade
econômica da época era a mineração, porém foram criadas outras complementares o que acabou
culminando na criação do comércio interno. Com isso, Portugal aumenta a exploração sobre a colonia,
realizando reformas administrativas e fiscais, que multiplicaram os impostos. Com o aumento da
população era preciso um plano de educação que já estava sendo realizado pelos jesuítas. Mas o
primeiro-ministro descontente com a falta de poder que a corte tinha sobre os jesuítas, os expulsa das
terras brasileiras e portuguesas.
As escolas foram fechadas e foi realizada uma verdadeira reforma na educação. Pombal queria que
os índios substituíssem o trabalho braçal da Amazônia, por isso criou a Vila Pombalina a fim de controlar
os indígenas economicamente e socialmente. Existiam duas escolas dentro da vila, uma para as meninas
e outra para os meninos e todos estavam proibidos de falar qualquer língua indígena. Além disso, ele
criou aulas régias de latim, grego e retórica, cada aula era dirigida por um único professor e nenhuma
tinha ligação com a outra. O problema era que Pombal queria educar para que estas pessoas
pudessem ajudar nos interesses do estado, mas ele não tinha a mínima ideia do que estava fazendo. Foi
aí que no ano de 1798, através da Carta Régia de D.Maria I, os índios passaram a serem integrados na
sociedade, suas aldeias foram transformadas em vilas e eles podiam casar-se com portugueses. Os
planos de Pombal foram por água abaixo.
Com a educação em crise, em 1772 foi instituído o Subsídio literário, que tinha como finalidade
estimular os professores aumentando o salário realizando a manutenção do ensino primário e médio
através de impostos cobrados sobre a carne, o vinho, o vinagre e a aguardente. O problema é que nunca
foi colocado em prática regularmente e os professores ficaram a ver navios.
Pombal também acabou com as capitanias hereditárias, trocou a capital que era Salvador pelo Rio de
Janeiro, criou duas companhias de comércio (Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão/Companhia
Geral de Pernambuco e Paraíba) e aumentou a cobrança de impostos sobre a exploração de ouro o que
culminou na Inconfidência Mineira.
Depois da morte de D.José I, foram várias as medidas do Marquês que foram anuladas. O período
Pombalino terminou de fato com a chegada da família real ao Brasil em 1808.
38
HB. Período Pombalino. História Brasileira. Disponível em: < http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/periodo-pombalino/>
Pará40
O impulso militar que trouxe os portugueses ao Pará, em 1616, fez parte de um projeto político
ambicioso de conquista do vale amazônico associado a um projeto econômico, não menos ambicioso, de
exploração da biodiversidade local – as chamadas “drogas do sertão”, especiarias ocidentais de alto valor
no mercado europeu.
A fundação de Belém, a 16 de janeiro de 1616, foi o primeiro passo desse projeto de conquista
territorial. O processo foi contínuo e tenso e a ocupação do território se deu com base no massacre ou
escravização das populações indígenas e no confronto bélico com as outras potências européias que
possuíam feitorias na Amazônia. Aos poucos, através de expedições militares, novas regiões foram sendo
anexadas: os vales dos rios Guamá, Acará e Mojú, o baixo Tocantins, a costa dos Caetés (hoje costa do
Salgado), a região da “estrada do Maranhão”, que hoje chamamos de Bragantina, a Ilha Grande de
Joannes, atual Marajó, a penísula de Gurupá, o Cabo Norte, atual Amapá, o baixo Amazonas, os vales
do Xingu e Tapajós, o Alto Amazonas e o vale do Rio Negro.
Cada um desses territórios correspondia a novas rotas de exploração riquezas, fossem elas as drogas
do sertão, fossem terras, a acrescentar ao patrimônio dos principais colonos, ou fossem, enfim, as
populações indígenas escravizadas.
Esse padrão econômico, baseado na coleta extrativista, na navegação fluvial e na escravização dos
índios, juntamente com os aspectos geográficos da floresta equatorial, acabou diferenciando a nova
colônia do restante da América Portuguesa. Por isso, desde 1626, eram duas as colônias de Portugal na
América: O Brasil, que incluía o Nordeste e toda a parte meridional da colônia e o Grão-Pará e Maranhão,
que incluía toda a Amazônia, o Maranhão e, junto com este, o Piauí e parte do Ceará. O que diferenciava
essas duas colônias era, basicamente, o modo de produção: no Brasil, predominava a monocultura e, no
Grão-Pará, a atividade extrativa.
A igreja católica também fez parte dessa empresa colonizadora. Seu trabalho missionário, porém,
entrava muitas vezes em concorrência com os interesses mercantis dos colonos, haja vista que as
missões religiosas eram, ao mesmo tempo, grandes espaços de produção, com interesse na propriedade
de terra, no comércio das drogas do sertão e na manutenção das populações indígenas nesses espaços
de produção. O debate entre colonos e a igreja atravessou os séculos XVII e XVIII, até que, nesse
momento, a nova mentalidade política em vigor na metrópole iniciou um processo de expropriação de
seus bens e, também, de dinamização da economia local.
Tratava-se da política do marquês de Pombal, personagem emblemático do despotismo esclarecido
em Portugal. Carvalho e Mello, o famoso marquês, ministro de d. José I, passou a governar a nação com
mãos de ferro após a grande tragédia que foi a destruição de Lisboa por um terremoto, seguido por um
39
Criação da Privíncia do Amazonas. Portal do Vestibulando. < http://www.portaldovestibulando.com/2012/12/criacao-da-provincia-do-amazonas.html>
40
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. História. Disponível em: < http://www.pa.gov.br/O_Para/historia.asp>
Enegrecendo a floresta
Estudos recentes indicam que a Amazônia foi conectada às redes do tráfico atlântico ainda no fim do
século XVII e, até meados de 1750, estima-se a entrada de cerca de mil indivíduos na região,
provenientes, em especial, da Costa da Mina, área tradicional de comércio negreiro na África.
O tráfico era feito com forte comprometimento da coroa portuguesa e, considerando que o Grão-Pará
e o Maranhão não eram uma de suas rotas mais rentáveis, havia certa irregularidade nos desembarques
até a segunda metade do século XVIII, quando foi criada a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará
e Maranhão.
41
SAMPAIO, P. M. Afinal, existiu escravidão negra na Amazônia? Carta Capital. Disponível em: < http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/floresta-
%E2%80%A8negra/>
44
Texto adaptado de Eduardo de Araújo Carneiro.
Sistema de Aviamento
- Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a
Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR = fornecer
mercadoria a alguém em troca de outro produto.
- O Escambo era usual nas relações de troca - as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem
a intermediação do dinheiro.
- Era baseado no endividamento prévio e contínuo do seringueiro com o patrão, a começar pelo
fornecimento das passagens.
- Antes mesmo de produzir a borracha, o patrão lhe fornecia todo o material logístico necessários à
produção da borracha e à sobrevivência do seringueiro. Portanto, já começava a trabalhar endividado.
Nessas condições, era quase impossível o seringueiro se libertar do patrão.
"O sertanejo emigrante realiza ali, uma anomalia, sobre a qual nunca é demasiado insistir: é o homem
que trabalha para escravizar-se". Euclides da Cunha.
Seringal: unidade produtiva de borracha. Local onde se travavam as relações sociais de produção.
Colocação: era a área do seringal onde a borracha era produzida. Nesta área, localizava a casa do
seringueiro e as "estradas" de seringa. Um seringal possuía várias colocações.
Varadouro: pequenas estradas que ligam o barracão às colocações; as colocações entre si; um
seringal a outro e os seringais às sedes municipais. Através desses trechos passavam os comboios que
deixavam mercadorias para os seringueiros e traziam pelas de borracha para o barracão.
Gaiola: navio que transportava nordestino de Belém ou de Manaus aos seringais acreanos.
Brabo: Novato no seringal que necessitava aprender as técnicas de corte e se aclimatar à vida
amazônica.
Seringalista (coronel de barranco): dono do seringal, recebiam financiamento das Casas Aviadoras.
Seringueiro: O produtor direto da borracha, quem extraia o látex da seringueira e formavam as pelas
de borracha.
Guarda-livros: responsável por toda a escrituração no barracão, ou seja, registrava tudo o que entrava
e saía.
Meeiro: seringueiro que trabalhava para outro seringueiro, não se vinculando ao seringalista.
Regatão: negociantes fluviais que vendiam mercadorias aos seringueiros a um preço mais baixo que
os do barracão.
- Havia alta taxa de mortalidade no seringal: doenças, picadas de cobra e parca alimentação.
- A agricultura era proibida, o seringueiro não podia dispensar tempo em outra atividade que não fosse
o corte da seringa. Era obrigado a comprar do barracão.
Crise (1913)
- Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry
Wichham.
- A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no
Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa.
- Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários
produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho.
- Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a ser os produtos mais exportados da região.
- Vários seringais foram fechados e muitos seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste.
Consequências
- Povoamento da Amazônia.
- Genocídio indígena provocado pelas "correrias", ou seja, expedições com o objetivo de expulsar os
nativos de suas terras.
- RRC (Rubber Reserve Company) que passou a posteriormente a denominar-se RDC (Rubber
Development Company) encarregada de transporte de passageiros e de suprimentos através da SAVA.
- SESP (Serviço Especial de Saúde Pública): foi criado para promover o melhoramento urbano, o
combate à Malária e o saneamento.
Banco da Borracha - 1942: Que realizava operações de crédito, fomento à produção e financiamento
aos seringalistas. O Banco exercia o monopólio da compra e venda da borracha.
Criação de Territórios: Território do Guaporé (hoje Rondônia), Rio Branco (hoje Roraima) e Amapá,
em 1943, iniciando-se assim o processo de reorganização do espaço político amazônico. O movimento
migratório da Batalha da Borracha, que se desenvolveu no decorrer dos anos de 1941 e início de 1943,
adquiriu um novo colorido com a chegada a partir de 1943 e durante os anos de 1944/1945, de novos
contingentes humanos, os nordestinos que ficaram sendo conhecidos como soldados da borracha. A
diferença entre essas duas correntes de migrantes era flagrante, enquanto a primeira se constituía na sua
maioria de cearenses que se deslocavam do interior. A partir de 1943 até 1945, provinha dos centros
urbanos, geralmente composta de homens solteiros ou desgarrados de sua parentela, muito deles
desempregados ou sem profissão definida, vinham para a Amazônia pelo simples sabor da aventura e
para fugir à convocação para a FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutava na Itália. Com o término
da Guerra em 1945, foram liberadas as plantações de borracha da região asiática, cessando o interesse
norte-americano pela borracha produzida na Amazônia, que passou a acumular em estoques crescentes,
já que o mercado interno não tinha capacidade de absorver toda a produção. A tentativa de produzir