Sei sulla pagina 1di 186

SEMED-AM

Professor Nível Superior - História

1. Processo de construção da história; 2. Fontes históricas; 3. Preservação do Patrimônio Histórico; 4.


Tempo histórico e tempo cronológico; ..................................................................................................... 1

5. Surgimento dos primeiros grupos humanos; 6. Surgimento das civilizações; .................................... 11

7. Formação do mundo feudal; 8. Povos e reinos africanos; 9. As cruzadas; 10. Renascimento; 11. Crise
do Feudalismo; ...................................................................................................................................... 28

12. Formação dos Estados nacionais; 13. Reforma e contra reforma; 14. O antigo Regime; ................ 40

16. Expansão Marítimo-Comercial Europeia; 17. Povos da América pré-colombiana; 18. Indígenas da
América portuguesa e Espanhola; ......................................................................................................... 51

19. Capitanias hereditárias na América portuguesa; 20. Dominação e exploração Colonial portuguesa; 21.
Escravidão indígena e africana na América portuguesa; ....................................................................... 66

22. A era das revoluções; 23. Expansão dos Ideais Revolucionários; 24. Expansão Napoleônica; ....... 84

25. Crises e revoltas na colônia portuguesa; ....................................................................................... 103

26. Independência do Brasil; 27. Crise do Império e proclamação da república brasileira; .................. 103

28. Primeira Guerra Mundial; 29. Regimes totalitários; 30. Segunda Guerra Mundial; ......................... 131

31. A era Vargas; 32. O Estado Novo; ................................................................................................. 147

33. Ditadura Civil-Militar no Brasil; 34. Redemocratização; 35. A nova república brasileira; ................ 155

36. Arqueologia Amazônica: Fase Paleoindígena, Arcaica e pré-história Tardia; 37. A conquista
portuguesa da Amazônia; 38. A Amazônia Pombalina e o Diretório dos Índios; 39. A província do Grão-
Pará; 40. Província do Amazonas; 41. Processo de abolição Negra no Amazonas; 43. Economia Gomífera
na Amazônia; 44. Belle époque Amazônica; 45. Crise da borracha na Amazônia.: .............................. 171

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 1
Candidatos ao Concurso Público,

O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas

relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom

desempenho na prova.

As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em

contato, informe:

- Apostila (concurso e cargo);

- Disciplina (matéria);

- Número da página onde se encontra a dúvida; e

- Qual a dúvida.

Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O

professor terá até cinco dias úteis para respondê-la.

Bons estudos!

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 2
1. Processo de construção da história;
2. Fontes históricas;
3. Preservação do Patrimônio Histórico;
4. Tempo histórico e tempo cronológico;

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br

Conceituando o Processo Histórico


Os acontecimentos que nos cercam em boa parte são fruto de ações ou omissões que
desempenhamos ao longo da vida. É o que podemos definir como causa e efeito. Nesse sentido, todo o
efeito provém de uma causa, um motivo.
Portanto, é imprescindível se fazer saber que o mundo não se transformou em mundo a partir do
momento que se nasce. Anteriormente a esse fato houve um conjunto de acontecimentos que foram
moldando o mundo, a sociedade, as pessoas, até que se resultasse no mundo do momento presente que,
inclusive, perpetua a sua dinamicidade. Porém, isso não significa afirmar que a História é modelada
linearmente como se os acontecimentos seguintes fossem possíveis de serem previstos ou como se
sucedessem mecanicamente.
A História segue seu percurso por meio de ações humanas interligadas no tempo e em cada espaço
específico, ou seja, ela é um processo em construção paralela. Segundo Bezerra (apud. KARNAL. 2008,
p. 43) “o passado humano não é uma agregação de ações separadas, mas um conjunto de
comportamentos intimamente interligados, que têm uma razão de ser, ainda que na maioria das vezes
imperceptível para nossos olhos”.
Aos acontecimentos do passado atribuímos o termo “fato histórico”. Sendo assim, o “processo
histórico” é constituído por vários fatos que dão vida à História. É como se comparássemos a História a
uma colcha de retalhos, onde cada retalho (fato histórico) interligado a outro dá forma à colcha (História).

O Sujeito Histórico
A educação é a apropriação da cultura, e através da história se torna a construtora do sujeito histórico,
pois deve enfatizar a aprendizagem na constituição do interesse do indivíduo. É através da educação que
nos fazemos humanos e históricos, como autores no modo de refletir sobre a realidade, sobre o mundo
e sobre nós mesmos (condição de sujeito). Nessa direção, a realização do indivíduo como sujeito histórico
distingui sua conexão com a coletividade e seu acordo com a mudança social.
Ao perceber a realidade, a capacidade de transformar e de inovar, percebe-se como ser inventivo
suplantando seus limites. Ao se estabelecer como sujeito da história passa a ser autor e senhor de sua
vontade, e situa-se como um ser social na convivência com outros. Quando a convivência é dialógica e
livre entre sujeitos históricos e sociais, dá-se então a relação expressa pela democracia na medida em
que é histórica e socialmente constituída. A esfera do social é considerada fundamentalmente na relação
com o outro. E é no contexto das relações sociais que a constituição do sujeito acontece, ocorrendo a
história das interações, das quais os sujeitos são componentes e participam e dos lugares sociais que ali
adquirirem.
Vigotski assume a tese central de que criando e recriando a cultura em suas relações sociais o humano
cria e recria a si próprio. Com essa afirmação, concluímos que subjetividade se traduz quando cada
pessoa vai assumindo o papel de sujeito de sua própria história e como ela se articula com a história
coletiva e global. A utilização dessa compreensão de sua subjetividade faz com que o indivíduo busque
sua liberdade na construção da cidadania.
Através da subjetividade, os sujeitos de suas ações se autoproduzem em processos coletivos de
natureza econômica, política e cultural na convivência livre com os demais sujeitos sociais. Este sujeito
histórico não é algo separado, que interage com a realidade, mas é parte integrante desse meio social e
histórico que atua. A educação cumpre esse papel ao contemplar os educandos com os instrumentos que
lhes são indispensáveis e pertinentes através do ensino/aprendizagem, possibilitando que todos os
sujeitos históricos se apropriem desses meios através da preparação para o trabalho, ingresso e
participação crítica na vida social e política identificada em seu movimento histórico, articulada às
vontades de todos os outros cidadãos reunidos no mesmo espaço e tempo social. O alicerce ético da

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 1
humanidade se ajusta no reconhecimento de si mesmo como sujeito (individualidade), na liberdade e na
autonomia e se constrói quando o ser humano incorpora estes valores.
A noção de individuo como sujeito histórico é uma construção recente, do início do século XX, com a
criação da Escola de Annales.
Durante muito tempo a noção de participação na história esteve reservada somente aos reis, heróis e
pessoas de destaque, deixando de lado o cidadão comum, o pescador, o ferreiro ou o padeiro. Por não
serem pessoas notáveis, no sentido de realização de grandes feitos memoráveis, essas pessoas não
poderiam ser enquadradas como sujeitos históricos.
A Escola de Annales ampliou, através dos novos métodos propostos para o entendimento da história,
o entendimento sobre quem são ou quais são os indivíduos que participam da história. Entre os mais
importantes estão Lucien Febvre, que inaugurou a moderna concepção de análise das estruturas na
histórica, relatando as relações entre o meio físico e a sociedade, tidos como elementos necessários para
estudar as macro-problemáticas, no período conhecido como primeira geração da Escola de Annales.

Tempo Histórico e as periodizações

O ano de 1453 é um dos marcos para o fim da Idade Média e passagem para a Idade Moderna, quando
a cidade de Constantinopla é conquistada pelos turcos, liderados pelo sultão Maomé II. A queda da cidade
e não significou a mudança total dos modos de vida e da organização social da Europa no ano seguinte.
A divisão da História em períodos pode gerar uma certa confusão, já que falar que houve a mudança da
mentalidade na transição entre os dois períodos não é um acontecimento uniforme, mas que ocorreu de
maneira diferenciada e em épocas diferenciadas.
Sendo a história uma ciência que estuda a experiência humana, é óbvio que compartimentar o
conhecimento simplifica fenômenos que são complexos.
No entanto, para refletir sobre o passado para tentar entender o presente e preparar para o futuro; é
fundamental dividir o tempo para sistematizar e organizar a análise.
Assim, embora nem sempre seja possível categorizar o objeto do estudo dentro do âmbito de um
tempo especifico, o historiador é sempre forçado a trabalhar com períodos para organizar seus estudos.
Por outro lado, está realidade complexa que precisa ser transformada em discurso para que possamos
discuti-la, sempre gera confusão na hora de delimitá-la em períodos.
O estudante brasileiro possui dificuldade em localizar cada era na linha do tempo, fica perdido nas
datas e fatos que simbolizam cada época.

A periodização na história
A cronologia é a ciência da contagem do tempo, permitiu elaborar os calendários e, por sua vez,
organizar o trabalho humano, possibilitando a evolução da espécie.
A divisão cronológica da história, tal como conhecemos hoje, foi desenvolvida a partir do século XIX.
Visava facilitar o estudo das ações do homem através dos tempos, sendo baseada então no calendário
cristão, uma vez que foi criada a partir da cultura europeia Ocidental greco-romana.
Obviamente, o tempo passou a ter como marco zero o nascimento de Cristo, ou ao menos o ano que
se supunha Jesus teria nascido.
É interessante ressaltar que outras culturas possuem diferentes marcos iniciais para o início de seu
calendário.
Os gregos antigos tinham como ponto de partida os primeiros jogos olímpicos, os romanos a mítica
fundação da cidade de Roma.
Os muçulmanos ainda contam o tempo a partir da data da fuga de Maomé da cidade de Meca para
Medina, o que aconteceu no ano 622 pelo nosso calendário, o que faz com que eles estejam muito atrás
do ano 2.000, seiscentos anos.
Igualmente, os chineses e judeus também contam o tempo diferente do mundo Ocidental.
De qualquer forma, o calendário cristão dividiu o tempo em séculos, períodos de cem anos.
O que serviu de base para que a cronologia dividisse o tempo em grandes períodos, com início e final
marcados por fatos significativos para a humanidade.

A pré-história.
Seria o período antes da História. Tem como como marco o surgimento do homem no planeta terra,
cerca de um milhão de anos a.C. até a invenção da escrita, por volta de 5.000 anos atrás.
Mas por que a escrita?

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 2
A divisão dos períodos históricos foi feita, como citado anteriormente durante o século XIX, na Europa.
Portanto, seus períodos foram estabelecidos de acordo com a noção de desenvolvimento da civilização
ocidental, com base na Europa.
Apesar da nomenclatura estar convencionada e a ser adotada cientificamente, este um conceito está
ultrapassado, pois muitas sociedades que não possuíram escrita, nem por isto não deixaram de ter
história.
Os indígenas da América do Sul, por exemplo, não conheciam a escrita, mas preservavam sua história
oralmente.
Os arqueólogos são responsáveis pela coleta de indícios matérias destas sociedades sem escrita,
recompondo sua história.
Entre os problemas para a determinação da escrita como ponto de mudança está a noção de que as
sociedades ágrafas (que não possuem escrita) ainda vivem na pré-história, já que não alcançaram o
elemento básico da escrita, determinado pelos europeus.

A Idade Antiga.
A antiguidade foi determinada após o fim desse período, ou seja, é claro que quando os gregos viveram
não se consideram antigos, na sua ótica eles eram contemporâneos.
Do período em que se desenvolveram as primeiras civilizações até o fim do império romano do ocidente
em 476, foi denominada a nomenclatura de Idade Antiga.
Em relação ao desenvolvimento das primeiras civilizações, é preciso entender o termo como a
formação de uma cultura mais complexa, com componentes sociais, políticos e econômicos; onde o
trabalho começou a ser organizado em benefício da humanidade, implicando na construção de cidades
e no entrelaçamento de redes comerciais e intercâmbios de várias ordens entre os povos.
Apesar das controvérsias entre o início e o fim desse período e do longo período de transição para
mudanças significativas, a antiguidade é cronologicamente dividida em três períodos:

- Antiguidade Oriental, até 400 anos a.C.


- Antiguidade Clássica, o período do predomínio da cultura grega e parte da romana, com delimitação
controversa, em geral fixada entre 400 anos a. C até o ano 300 d.C.
- Antiguidade Tardia, um período de transição que ultrapassa a Idade Antiga e entra na medieval, vai
do ano 300 até o início do século VI, note que 476, final do século V, é o marco do fim da antiguidade.

Idade Média
A ideia de uma idade média, ou seja, um separador no meio de dois períodos, foi criado para justificar
e para separar uma era de ouro, no caso a antiguidade, da retomada do crescimento do progresso
humano na modernidade.
Um erro teórico que não é mais aceito pelos historiadores, pois o período medieval foi tão ou mais rico
de realizações que a antiguidade, registrando importantes avanços técnicos e culturais.
As universidades, por exemplo, surgiram na Idade Média.
Em todo caso, a medievalidade está intimamente relacionada com a história da Europa, marcada pelo
feudalismo no Ocidente, ignorando outros povos que viveram em contextos distintos e com avanços mais
significativos.
A Idade Média tem como marco oficial o ano de 476, a queda de Roma, indo até 1453, quando caiu
Constantinopla, portanto, o fim do Império romano do Oriente, chamado de bizantino.
A Idade Média é comumente dividida em dois períodos cronológicos:

- Alta Idade Média, um período que vai de 476 até o ano 1.000, marcado pelo feudalismo em boa
parte da Europa.
- Baixa Idade Média, a qual marca o colapso do sistema feudal e a transição para a modernidade,
incluindo o Renascimento, termo que remete a uma retomada das práticas da antiguidade.

A Idade Moderna
A partir do renascimento, a Idade Moderna foi concebida como um período de resgate da antiguidade,
depois de um suposto período de trevas, no caso a Idade Média.
O termo modernidade remete a grandes mudanças que possibilitaram a aceleração do
desenvolvimento humano na Idade Contemporânea.
O início desta era é repleto de controvérsias quanto sua periodização, vários historiadores defendem
marcos diferentes para o começo e o fim do período.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 3
A corrente francesa, aquela que acabou cunhando a data tradicionalmente aceita para o início e final
da Idade Moderna, defende 1453, a queda de Constantinopla.
No entanto, datas mais significativas são defendidas como marco inicial por outras vertentes teóricas.
Entre elas 1415, a conquista de Ceuta pelos portugueses, uma cidade no norte da África inserida no
comercio de especiarias intermediadas do Oriente para a Europa.
Um marco que denota o começo da expansão ultramarina e o incremento do sistema capitalista
nascente, através do mercantilismo.
Também inserido no contexto das especiarias é o ano de 1497, data em que Vasco da Gama chegou
à Índia navegando pelo Atlântico, um feito que permitiu ampliar as fronteiras social, econômicas e culturais
da Europa.
Outra data é 1492, com a descoberta da América por Cristóvão Colombo, algo que alterou
profundamente o panorama do mundo conhecido.
Podemos notar que qualquer que seja o marco escolhido, a semelhança das outras periodizações, a
cronologia é eurocentrista.
A controvérsia também existe com relação à datação do final da Idade Moderna.
A corrente francesa delimita o fim da modernidade em 1789, ano da queda da Bastilha, prisão política
do poder absolutista, um tradicional marco tido como início da Revolução Francesa.
Porém, existem historiadores que defendem 1760 como uma data mais apropriada, pois é o ano que
tem começo a Revolução Industrial, alterando o ritmo da evolução tecnológica da humanidade.
Existem aqueles que preferem ainda 1776, quando foi assinada a declaração da independência dos
Estados Unidos da América, em quatro de julho na Virginia.
Destarte, apenas uma minoria, em geral historiadores norte-americanos, considera a data significativa
em termos globais.
Uma visão eurocêntrica tem como proposta 1814, data do Congresso de Viena, quando as fronteiras
políticas da Europa foram redefinidas, o que, a longo prazo, conduziria a primeira e segunda guerra
mundial.
O ponto de discórdia, com relação à Idade Moderna, não se limita a datação do início e final da
modernidade.
Existe uma corrente historiográfica inglesa que prefere trabalhar com o conceito de Tempos Modernos
ao invés de Idade Moderna, dividindo as sociedades em pré-industriais e indústrias.
Simultaneamente, a historiografia marxista tende a estender o conceito de Idade Média até as
revoluções liberais que terminaram com o poder absolutista dos reis, considerando o mercantilismo e o
comercio de especiarias como parte das cruzadas.
Os marxistas deslocam a Idade Moderna para o período chamado tradicionalmente de
Contemporâneo.
Devido a esta confusão, justifica-se iniciar o estudo da história moderna a partir da crise do sistema
feudal, enfatizando a formação do sistema capitalista, encerrando com os processos de independência
das colônias americanas e o Congresso de Viena.

A Idade Contemporânea
O período contemporâneo é aquele em que vivemos atualmente, daí o termo, sendo caracterizado
pelo capitalismo norteando as ações do Estado, com o liberalismo e o neoliberalismo em seu interior.
Obviamente começa com o final da Idade Moderna e segue até nossos dias, não tem uma data que
delimite seu fim, já que estamos ainda vivendo a contemporaneidade.
No entanto, existe uma discussão em volta da demarcação de seu fim, implicando em rediscutir a
tradicional cronologia que atualmente delimita os períodos históricos. Um exemplo é a grande influência
que a internet e a globalização exercem na vida das pessoas, e a grande mudança proporcionada por
elas.

O Eurocentrismo
É importante notar que a divisão dos períodos está pautada em uma visão Eurocêntrica. O
Eurocentrismo é a ideia de que no mundo como um todo, a Europa e seus elementos culturais são
referência e o ápice no contexto de composição da sociedade moderna.
Essa perspectiva é uma doutrina que toma a cultura europeia como a pioneira da história, dessa forma
se enquadra como uma referência mundial para todas as nações, como se apenas a cultura europeia
fosse útil e verdadeira.
Essa ideologia da centralidade cultural europeia foi tão difundida, que dentro e fora da Europa existe
a visão de que essa representa toda a cultura ocidental no mundo.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 4
Essa abordagem é negativa, já que não leva em consideração as inúmeras culturas de civilizações
que contribuem para a diversidade sociocultural do mundo, principalmente das nações que foram
colonizadas pelos europeus a partir do século XV.

História e suas fontes


História é a ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo. A História analisa
os processos históricos, personagens e fatos para poder compreender um determinado período histórico,
cultura ou civilização. Entender o passado também é importante para a compreensão do presente. O
grego Heródoto, que viveu no século V a.C é considerado o “pai da História” e primeiro historiador, pois
foi o pioneiro na investigação do passado para obter o conhecido histórico.
A palavra História tem origem no antigo termo grego "historie", que significa "conhecimento através da
investigação".
Fontes históricas são os instrumentos que o historiador utiliza para estudar a história. As fontes
históricas são categorizadas em: documentos escritos, fontes materiais, relatos orais, visuais e
audiovisuais.
Fontes ou documentos escritos: são as fontes históricas mais comumente utilizadas pelos
historiadores.
Trazem informações escritas em certidões, cartas, testamentos, jornais, letras de músicas, livros,
receituários, discursos, diários, autobiografias, revistas, textos de órgãos públicos, religiosos e de
empresas. Em geral, encontram-se guardados em arquivos universitários e governamentais, igrejas,
cartórios, centros de documentos de empresas ou em coleções particulares.
Fontes materiais: são os vestígios materiais, os objetos. Sinais que o homem deixa pelos lugares por
onde passa, que podem ser vistos em vários sítios arqueológicos abertos à visitação pública ou em
museus especializados. Exemplos: cerâmicas com elementos femininos, pedras talhadas e polidas,
sambaquis (grandes concheiros formados por restos de mariscos e que, às vezes, podem atingir vários
metros de altura; apresentam vestígios de enterramentos, mas também podem conter objetos de pedra
em forma de animais, os zoólitos), móveis, utensílios, indumentárias etc.
Fontes ou relatos orais: são os registros feitos a partir de entrevistas, que podem ser gravadas ou
escritas, com pessoas que participaram de acontecimentos do passado ou os testemunharam.
Fontes visuais ou iconográficas: são imagens, pinturas, fotografias, anúncios de publicidade e
outros, sempre importantes como fontes históricas informativas de épocas, pessoas e das sociedades
nas quais foram produzidos.
Fontes audiovisuais e musicais: nesta categoria, encontram-se o cinema, a televisão e os registros
sonoros em geral.

Cultura1

A cultura é um dos principais temas de estudo das ciências humanas, com a antropologia dedicando-
se quase de maneira integral para definir e entender esse conceito.
Desde o século XIX os antropólogos buscam definir os limites da antropologia através da definição do
que é cultura, o que ao longo de mais de um século de discussões gerou diversas linhas de pensamentos
e teses, que em muitos aspectos acabam por contrapor-se.
Entre as definições mais simples para o que seria a cultura, é possível entende-la como algo que
engloba todas as manifestações materiais e imateriais de um povo, como por exemplo, a fabricação de
artesanato e os rituais e festas. São todas as manifestações de criação e habilidade do ser humano
praticadas em sociedade, todos os comportamentos que não possuem origem biológica, segundo
antropólogo britânico Edward Tylor, que a definiu assim já no século XIX.
Nas primeiras décadas do século XX era muito comum a ideia vinculada aos estudos de Charles
Darwin, de que a cultura era uma manifestação hierarquizada entre os povos do planeta, passando todas
pelas mesmas etapas de desenvolvimento, indo das mais primitivas até as mais avançadas, o que abriu
espaço para a propagação do etnocentrismo que defendia que a cultura ocidental estava no mais
avançado estagio desse desenvolvimento.
Um dos grandes críticos das teorias hierarquizadas de manifestação cultural foi o antropólogo teuto-
americano Franz Boas, que defendia a ideia da particularidade de cada povo no que diz respeito à cultura,
e de que ela não deveria ser entendida como algo comparativo entre sociedades diferentes. Boas iniciou
a utilização da história como instrumento para compreensão da ideia de cultura dentro da antropologia, o

1
Dicionário de Conceitos Históricos - Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva – Ed.
Contexto – São Paulo; 2006

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 5
que pode ser exemplificado na obra de seu discípulo, Gilberto Freyre, ao produzir o clássico Casa-grande
e Senzala.
A antropologia busca estudar e entender essa grande diversidade que forma as diferentes culturas
humanas. Mesmo sem haver um consenso sobre a definição exata de cultura nas várias correntes
antropológicas, alguns aspectos possuem ampla concordância, como a afirmação de que a divisão do
trabalho com base no sexo ou na raça é uma manifestação cultural, e não uma característica natural.
O resultado do entendimento de tal afirmação é que o discurso de trabalho baseado em premissas
como “trabalho de homem” ou “trabalho de negro”, nada mais é do que uma justificativa criada para
sustentar a posição de grupos sociais dominantes, não possuindo nenhuma sustentação na biologia.
Além da antropologia, outras áreas como a linguística e a história buscam definir o que é cultura através
de outras abordagens. Alfredo Bosi buscou definir em sua obra Dialética da colonização, a cultura partindo
da linguística e da etimologia da palavra cultura, que assim como as palavras culto e colonização, são
originadas do verbo em latim colo, que significa eu ocupo a terra. Partindo dessa ideia de cultura, além
de estar relacionada com o trabalho e o cultivo do solo, também representa o cultivo dos costumes e das
tradições que serão passadas adiante.
A definição do historiador é de que cultura é o conjunto de práticas, de técnicas, de símbolos e de
valores que devem ser transmitidos às novas gerações para garantir a convivência social. A cultura
também está ligada à existência de uma consciência coletiva produzida pela vida cotidiana, como um
planejamento para o futuro de determinada sociedade, ou seja, pode ser entendida como o conjunto de
práticas passadas de um povo para seus descendentes com o intuito de sobrevivência.
Em todas as sociedades humanas existe cultura, em todas as suas manifestações. A cultura dessas
diferentes sociedades determina as regras de convívio social em cada uma delas, permitindo com que o
indivíduo adapte-se no meio social em que está inserido. As formas de comunicação na sociedade
também possuem relação com a herança cultural, não somente pela linguagem, pois a herança cultural
é capaz de revelar formas únicas de comportamento. O desentendimento também pode ser explicado
pela relação de cultura entre povos, no caso culturas diferenciadas, que possuem estruturas sociais
próprias e conflitantes entre si, o que gera a diferença e a exclusão.
É importante lembrar que apesar de definir a identidade de um povo, a cultura não é estática dentro
das sociedades. O contanto com culturas diferentes ou mesmo praticas internas sofrem alterações ao
longo do tempo, em todas as sociedades existentes.
Como elemento de caracterização do comportamento social, a cultura tem papel importante no estudo
da história, que passou a explorar essa relação com os trabalhos da chamada Nova História, já na
segunda metade do século XX, através de estudos interdisciplinares. Entre os grandes expoentes da
Nova Historia estão os franceses Georges Duby, Jacques Le Goff e Robert Darnton. No Brasil,
pesquisadores como Ronaldo Vainfas, Lilia Moritz Schwarcz e Luiz Mott, integram boa parte dos estudos
da área, trabalhando com a História do cotidiano, o imaginário, a micro-história e da História das
Mentalidades.

Cultura Material
A cultura material está sempre presente na vida humana. Nascemos, crescemos e morremos
interagindo com as mais diversas materialidades, criadas dentro de diferentes propósitos: são as
estruturas, objetos e modificações que compõem os nossos espaços de lazer, trabalho, moradia, entre
inúmeras outras possibilidades. A cultura material é tudo aquilo que é produzido ou modificado pelo ser
humano, ou seja, tudo aquilo que faz parte do cotidiano da humanidade, independentemente do tempo
ou mesmo do espaço.
Apesar de a cultura material ligar-se à própria história humana, seu conceito nasceu somente na
segunda metade do século XIX com os estudos da Pré-História.

Cultura Imaterial
A cultura imaterial pode ser definida como o conhecimento que não foi ensinado por meio de livros,
registros formais ou ensinamentos sistemáticos. A cultura imaterial pode ser entendida como o
conhecimento transmitido na prática, na forma oral ou por meio de gestos, de geração para geração.
Tradição e transmissão de conhecimento são fatores essenciais para a continuidade da cultura
intangível, também chamada de cultura imaterial, e para a construção da identidade um grupo, povo ou
nação. O patrimônio cultural de um povo não é composto apenas por elementos materiais, mas também
através de manifestações da cultura imaterial, ele é constituído de práticas, representações, técnicas,
objetos e lugares do mesmo.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 6
Patrimônio e diversidade cultural no Brasil2
No Brasil, as questões relativas ao patrimônio são regulamentadas pela Constituição Federal de 1988
e pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal vinculada ao
Ministério da Cultura que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan
proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua permanência e usufruto para as
gerações presentes e futuras.
O Iphan possui 27 Superintendências (uma em cada Unidade Federativa); 31 Escritórios Técnicos, a
maioria deles localizados em cidades que são conjuntos urbanos tombados, as chamadas Cidades
Históricas; e, ainda, quatro Unidades Especiais, sendo três delas no Rio de Janeiro: Sítio Roberto Burle
Marx, Paço Imperial e Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular; e, uma em Brasília, o Centro
Nacional de Arqueologia.
O Iphan também responde pela conservação, salvaguarda e monitoramento dos bens culturais
brasileiros inscritos na Lista do Patrimônio Mundial e na Lista o Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade, conforme convenções da Unesco, respectivamente, a Convenção do Patrimônio Mundial de
1972 e a Convenção do Patrimônio Cultural Imaterial de 2003.
Histórico - Desde a criação do Instituto, em 13 de janeiro de 1937, por meio da Lei nº 378, assinada
pelo então presidente Getúlio Vargas, os conceitos que orientam a atuação do Instituto têm evoluído,
mantendo sempre relação com os marcos legais. A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo
216, define o patrimônio cultural como formas de expressão, modos de criar, fazer e viver. Também são
assim reconhecidas as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e, ainda, os conjuntos
urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.
Nos artigos 215 e 216, a Constituição reconhece a existência de bens culturais de natureza material e
imaterial, além de estabelecer as formas de preservação desse patrimônio: o registro, o inventário e
o tombamento.

Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial


Em 4 de agosto de 2000 foi publicado o Decreto nº 3.551, que instituiu o Registro de Bens Culturais
de Natureza Imaterial e definiu um programa voltado especialmente para esses patrimônios. O registro
é um instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do patrimônio imaterial do Brasil,
composto por bens que contribuíram para a formação da sociedade brasileira.
Esse instrumento é aplicado àqueles bens que obedecem às categorias estabelecidas pelo Decreto:
celebrações, lugares, formas de expressão e saberes, ou seja, as práticas, representações, expressões,
lugares, conhecimentos e técnicas que os grupos sociais reconhecem como parte integrante do seu
patrimônio cultural. Ao serem registrados, os bens recebem o título de Patrimônio Cultural Brasileiro e
são inscritos em um dos quatro Livros de Registro, de acordo com a categoria correspondente. Os pedidos
de registro de bens culturais imateriais devem ser feitos de acordo com os artigos 2º a 4º da Resolução
Nº 001, de 3 de agosto de 2006.

Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC)


O Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) é uma metodologia de pesquisa desenvolvida
pelo Iphan para produzir conhecimento sobre os domínios da vida social aos quais são atribuídos sentidos
e valores e que, portanto, constituem marcos e referências de identidade para determinado grupo social.
Contempla, além das categorias estabelecidas no Registro, edificações associadas a certos usos, a
significações históricas e a imagens urbanas, independentemente de sua qualidade arquitetônica ou
artística.
A delimitação da área do Inventário ocorre em função das referências culturais presentes num
determinado território. Essas áreas podem ser reconhecidas em diferentes escalas, ou seja, podem
corresponder a uma vila, a um bairro, a uma zona ou mancha urbana, a uma região geográfica
culturalmente diferenciada ou a um conjunto de segmentos territoriais.

Tombamento
O tombamento é o instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio nacional mais tradicional e
foi instituído pelo Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. Sob a tutela do Iphan, os bens tombados
se subdividem em bens móveis e imóveis, sendo que entre esses estão incluídos equipamentos urbanos

2
Fonte: www.Iphan.com.br

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 7
e de infraestrutura, paisagens naturais, ruínas, jardins e parques históricos, terreiros e sítios
arqueológicos. A proteção é uma das ações mais importantes referentes ao patrimônio de natureza
material. Proteger um bem cultural significa impedir que ele desapareça, mantendo-o preservado para as
gerações futuras.
Este Decreto-Lei é o primeiro instrumento legal de proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro e nas
Américas e seus preceitos fundamentais se mantêm atuais e em uso até os nossos dias. Define
o Patrimônio Cultural Brasileiro como "conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja
conservação é de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil,
quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico".
A palavra tombo, significando registro, começou a ser empregada pelo Arquivo Nacional Português,
fundado por D. Fernando, em 1375, e originalmente instalado em uma das torres da muralha que protegia
a cidade de Lisboa. Com o passar do tempo, o local passou a ser chamado de Torre do Tombo. Ali eram
guardados os livros de registros especiais ou livros do tombo.
No Brasil, como uma deferência, o Decreto-Lei adotou tais expressões para que todo o bem material
passível de acautelamento, por meio do ato administrativo do tombamento, seja inscrito no Livro do
Tombo correspondente. A lista de bens culturais inscritos nos Livros do Tombo é a versão mais recente
sistematizada e publicada sobre os bens móveis e imóveis tombados pelo Iphan.

Patrimônio Cultural
A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio estabelecido
pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio Histórico e
Artístico, por Patrimônio Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito de referência cultural e
a definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter imaterial. A Constituição
estabelece ainda a parceria entre o poder público e as comunidades para a promoção e proteção do
Patrimônio Cultural Brasileiro, no entanto mantém a gestão do patrimônio e da documentação relativa aos
bens sob responsabilidade da administração pública.
Enquanto o Decreto de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis
existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos
memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico
ou artístico”, o Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos de criar,
fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações
e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
O Iphan zela pelo cumprimento dos marcos legais, efetivando a gestão do Patrimônio Cultural
Brasileiro e dos bens reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade. Pioneiro na preservação do patrimônio na América
Latina, o Instituto possui um vasto conhecimento acumulado ao longo de décadas e tornou-se referência
para instituições assemelhadas de países de passado colonial, mantendo ativa cooperação internacional.
Nesse contexto, o Iphan constrói em parceria com os governos estaduais o Sistema Nacional do
Patrimônio Cultural, com uma proposta de avanço disseminada de maneira contínua para os estados e
municípios em três eixos: coordenação (definição de instância(s) coordenadora(s) para garantir ações
articuladas e mais efetivas); regulação (conceituações comuns, princípios e regras gerais de ação); e
fomento (incentivos direcionados principalmente para o fortalecimento institucional, estruturação de
sistema de informação de âmbito nacional, fortalecer ações coordenadas em projetos específicos).
Trabalhando com esses conceitos e visando facilitar o acesso ao conhecimento dos bens nacionais, a
gestão do patrimônio é efetivada segundo as características de cada grupo: Patrimônio Material,
Patrimônio Imaterial, Patrimônio Arqueológico e Patrimônio da Humanidade.

Patrimônio Material
O patrimônio material protegido pelo Iphan é composto por um conjunto de bens culturais classificados
segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico;
histórico; belas artes; e das artes aplicadas. A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216,
ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material
e imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o Registro e o Inventário –
além do Tombamento, instituído pelo Decreto-Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937, que é adequado,
principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 8
Os bens tombados de natureza material podem ser imóveis como os cidades históricas, sítios
arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções arqueológicas, acervos
museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
A relação de patrimônios materiais tombados pelo Iphan podem ser acessados por meio do Arquivo
Noronha Santos ou pelo Arquivo Central do Iphan, que é o setor responsável pela abertura, guarda e
acesso aos processos de tombamento, de entorno e de saída de obras de artes do País. O Arquivo
também emite certidões para efeito de prova e faz a inscrição dos bens nos Livros do Tombo.

Patrimônio Imaterial
Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que
se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas,
plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas
culturais coletivas). A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de
patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial.
Nesses artigos da Constituição, reconhece-se a inclusão, no patrimônio a ser preservado pelo Estado
em parceria com a sociedade, dos bens culturais que sejam referências dos diferentes grupos formadores
da sociedade brasileira. O patrimônio imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente
recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de
sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito
à diversidade cultural e à criatividade humana.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) define como
patrimônio imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os
instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os
grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural."
Esta definição está de acordo com a Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial, ratificada pelo Brasil em março de 2006.
Para atender às determinações legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento e à
preservação desses bens imateriais, o Iphan coordenou os estudos que resultaram na edição do Decreto
nº. 3.551, de 4 de agosto de 2000 - que instituiu o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e
criou o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI) - e consolidou o Inventário Nacional de
Referências Culturais (INCR).
Em 2004, uma política de salvaguarda mais estruturada e sistemática começou a ser implementada
pelo Iphan a partir da criação do Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI). Em 2010 foi instituído
pelo Decreto nº. 7.387, de 9 de dezembro de 2010 o Inventário Nacional da Diversidade Linguística
(INDL), utilizado para reconhecimento e valorização das línguas portadoras de referência à
identidade, ação e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Diversidade Cultural no Brasil


A diversidade cultural reflete os diferentes costumes e práticas que compõem a sociedade brasileira.
O Brasil é um país de dimensões continentais, que passou por diversos processos de ocupação,
migração, imigração e emigração, incorporando os traços de diversos povos e sociedades para compor
uma cultura única e diversificada. Além disso, por conter um extenso território, apresenta diferenças
climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
Entre as principais fontes de contribuição para a formação da cultura brasileira, estão os diferentes
povos indígenas que habitaram e ainda habitam o território brasileiro, os africanos escravizados e os
colonizadores e imigrantes europeus.
Para facilitar o entendimento da diversidade cultural brasileira é possível dividi-la pelas cinco regiões,
lembrando porém que cada localidade possui características únicas, que muitas vezes não podem
simplesmente serem englobadas de maneira simples.

Nordeste
Na região Nordeste existem diversas festas e danças como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos,
carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A
religiosidade também é um fator importante para compreender a cultura nordestina, com manifestações
religiosas como a festa de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro
elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representado pelos trabalhos de rendas. Os pratos
típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu,
feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde,
pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 9
Norte
A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa. As duas maiores festas populares do Norte são
o Círio de Nazaré, em Belém (PA); e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá do
país, que ocorre em junho, no Amazonas. Outros elementos culturais da região Norte são: o carimbó, o
congo ou congada, a folia de reis e a festa do divino.
A influência indígena é fortíssima na culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes. Outros
alimentos típicos do povo nortista são: carne de sol, tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá (espécie
de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro.

Centro-Oeste
A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos
indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações culturais típicas da
região: a cavalhada e o fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
A culinária regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano,
Maria Isabel, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu,
dourado, entre outros.

Sudeste
Os principais elementos da cultura regional são: festa do divino, festejos da páscoa e dos santos
padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos,
batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó.
A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte influência do índio, do escravo e dos
diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam a moqueca capixaba, pão
de queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à
paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza, etc.

Sul
O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães
e italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a
cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de
Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara. Na culinária
estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de
carne em uma panela de barro), vinho.

Questões

01. (ENEM) A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do
processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo
do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O
que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.
MINAS GERAIS: Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público
Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira
ou o candomblé, deve considerar que elas
(A) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
(B) perderam a relação com o seu passado histórico.
(C) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
(D) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
(E) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.

02. (ENEM)

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 10
O artesanato traz as marcas de cada cultura e, desse modo, atesta a ligação do homem com o meio
social em que vive. Os artefatos são produzidos manualmente e costumam revelar uma integração entre
homem e meio ambiente, identificável no tipo de matéria-prima utilizada. Pela matéria-prima (o barro)
utilizada e pelos tipos humanos representados, em qual região do Brasil o artefato acima foi produzido?
(A) Sul.
(B) Norte.
(C) Sudeste.
(D) Nordeste.
(E) Centro-Oeste.

03. (ENEM) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial.
A palavra tropeiro vem de "tropa" que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava
gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de
mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em
Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes
contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de
alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto,
farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos
pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era
servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe
esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov. 2008.

A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à


(A) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.
(B) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
(C) atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.
(D) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.
(E) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.

Respostas

01. Resposta: C
A cultura brasileira deriva da interação das culturas e práticas europeias, africanas e indígenas. Ao
analisar movimentos como a capoeira e candomblé, deve-se levar em conta o sincretismo característico
da cultura brasileira, ou seja, sua interação histórica.

02. Resposta: D
Os três músicos utilizam chapeis de couro, tocam sanfona e triangulo, que são vestimentas e
instrumentos típicos do Nordeste brasileiro.

03. Resposta: C
O texto faz uma ligação entre a culinária regional representado pelo feijão tropeiro, com a atividade
econômica do transporte de gado e outras mercadorias, abrindo novas rotas e vilarejos que acabaram
por transformar-se em cidades posteriormente

5. Surgimento dos primeiros grupos humanos;


6. Surgimento das civilizações;

Antiguidade Oriental

O Crescente Fértil

O Crescente Fértil é considerada a região do planeta onde surgiram as primeiras civilizações,


englobando a Mesopotâmia, uma faixa de terra junto ao Mar Mediterrâneo e o nordeste da África. O nome
foi dado pois seu traçado forma um semicírculo que lembra a Lua no quarto crescente e também pela
presença de grandes rios, cujos vales apresentavam solos férteis propícios para a prática da agricultura.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 11
Na antiguidade, existiam na região várias áreas férteis, que propiciaram a fixação de povos nômades
e impulsionaram a agricultura baseada na irrigação, principalmente na região do Egito e da Mesopotâmia.
Foi nesses vales – o Crescente Fértil, junto aos rios Nilo, Tigre e Eufrates – que se desenvolveram as
grandes civilizações da Antiguidade Oriental: egípcia, babilônica, persa, fenícia, assíria, entre outras.

Fonte: www.infoescola.com

EGITO
O trabalho coletivo deixou de ser uma necessidade no Egito. A civilização egípcia desenvolveu-se no
nordeste da África, às margens do rio Nilo. Situado em meio a dois desertos (Líbia e Arábia), o Egito
aproveitou a fertilidade do Nilo e suas características geográficas peculiares, com a ocorrência de cheias
que irrigavam áreas que tornavam-se propicias ao plantio, principalmente de trigo.
A desagregação das comunidades primitivas ocorreu na medida em que a agricultura se desenvolveu
e os utensílios de cobre foram substituindo os de osso e pedra até então utilizados. A perda das
propriedades por muitas famílias fez com que aumentasse o número de camponeses dominados pelos
senhores poderosos. Surgiram, assim, pequenas unidades politicamente independentes, denominadas
nomos, cada uma delas governada por um nomarca.
Mesmo possuindo um líder, as terras dos nomos não possuíam um proprietário. Além disso, a riqueza
produzida nas terras era dividida coletivamente.
Os nomos não demoraram a entrar em choque uns com os outros. Os nomos menores desapareceram,
anexados pelos mais fortes. O represamento das águas obrigou muitas famílias a abandonar suas terras
e ir trabalhar em nomos vizinhos.
As lutas levaram a se agruparem e a constituir dois reinos, um ao sul e outro ao norte, conhecidos
como Alto e Baixo Egito. O reino do sul tinha como símbolo uma coroa branca e o reino do norte era
simbolizada por uma coroa vermelha. Por volta de 3200 a. C o rei do sul, Menés, venceu o norte e com
isso unificou o Egito, colocando em sua cabeça as coroas branca e vermelha. A capital do reino passou
a ser Tinis, e Menés tomou-se o primeiro faraó. Com ele, começam as grandes dinastias (famílias reais
que governaram o Egito por quase 3.000 anos).

http://portalpesquisa.com/wp-content/uploads/2015/02/Coroas-do-Fara%C3%B3-Unifica%C3%A7%C3%A0o-Egito-Pesquisador-Urandir.jpg

Podemos dividir a história do Egito em tres partes, para facilitar o entendimento:


- Antigo Império: de 3200 a.C. até 2200 a.C.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 12
- Médio Império: de 2200 a.C. a 1750 a.C.
- Novo Império: de 1580 a.C. a 1085 a.C.

O Antigo Império (3200 a 2200 a.C.)


Os sucessores de Menés continuaram a governar por mais de mil anos, e durante todo esse período
o Egito antigo viveu um isolamento quase completo. O faraó possuia poderes imensos, e era visto como
uma encarnação do deus do Sol, Rá. a quem eram atribuídas as enchentes do rio Nilo.
Foi durante o Antigo Império que os sacerdotes conquistaram poder, através da influencia e riqueza.
As grandes pirâmides de Gizé, consideradas maravilhas honorarias do mundo moderno, foram
construidas durante o Antigo Império, atribuídas aos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. Na nova
capital, Mênfis, havia grandes estoques de grãos arrecadados ao povo e rigorosamente vigiados pelos
escribas.

Uma nobreza privilegiada cooperava na administração e na exploração dos camponeses, angariando


grande poder. Esse fortalecimento levou-a a tentar assumir o controle direto do Estado.
Seguiu-se um período de anarquia em que praticamente cada nobre se julgava em condições de
ocupar o trono faraônico; o clero aproveitou-se para expandir seu poder político, apoiando ora este, ora
aquele pretendente ao título de faraó.

O Médio Império (2000 a 1750 a.C.)


O Médio Império caracterizou-se por uma nova dinastia e uma nova capital: Tebas. O Egito havia se
expandido em direção ao sul, aperfeiçoou a rede de canais de irrigação e estabeleceu colônias
mineradoras no Sinai. A ambição dos nobres e do clero fez com que o cobre fosse buscado fora da África,
tomando o Egito conhecido de outras populações do Oriente Médio.
Alguns povos procedentes da Ásia Menor desencadearam uma série de ataques em direção ao vale
do Nilo. Finalmente, os hicsos, povo semita que já conhecia o cavalo e o ferro, derrotaram as forças
faraônicas do Sinai e ocuparam a região do delta do Egito, onde se instalaram de 1750 a 1580 a.C. Foi
durante essa dominação estrangeira que os hebreus se estabeleceram no Egito.

O Novo Império (1580 a 1085 a.C.)


O faraó Amósis I expulsou os hicsos, dando início a uma fase militarista e expansionista da história
egípcia. Sob o reinado de Tutmés III, a Palestina e a Síria foram conquistadas, estendendo o domínio do
Egito até as nascentes do rio Eufrates.
Durante esse período de apogeu, o faraó Amenófis IV empreendeu uma revolução religiosa e política.
O soberano substituiu o politeísmo tradicional, cujo deus principal era Amon-Ra, por Aton, simbolizado
pelo disco solar. Essa medida tinha por finalidade eliminar a supremacia dos sacerdotes, que ameaçavam
sobrepujar o poder real. O faraó passou a denominar-se Akhnaton, atuando como supremo sacerdote
do novo deus. A revolução religiosa teve fim com o novo faraó Tutancaton, que restaurou o politeísmo e
mudou seu nome para Tutancâmon.
Com a instauração da capital em Tebas, os faraós da dinastia de Ramsés II (1320-1232 a.C.)
prosseguiram as conquistas. O esplendor do período foi demonstrado pela construção de grandes
templos, como os de Luxor e Karnak.
As dificuldades do período começaram a surgir com as constantes ameaças de invasão das fronteiras.
No ano 663 a.C., os assírios invadiram o Egito.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 13
O Renascimento Saíta (663 a 525 a.C.)
Os assírios foram expulsos do Egito pelo faraó Psamético I, que também mudou a capital,
transferindo-a para a cidade de Saís, no delta do rio Nilo. Após isso houve também uma ampliação do
comercio, incentivada pelos faraós que sucederam Psamético.
As lutas pela posse do trono levaram o Egito à ruína. Os camponeses se rebelaram e a nobreza
disputava o poder com o clero. Novas invasões aconteceram, fragmentando ainda mais o poder do Egito:
Os persas, em 525 a.C., na batalha de Pelusa;
O rei macedônio Alexandre Magno, em 332 a.C.;
Os romanos, em 30 a.C., pondo fim ao Egito como Estado independente.

Economia do Egito Antigo


A economia do Egito estava baseada principalmente na agricultura, com o cultivo de cereais como o
trigo e a cevada, e também o cultivo de linho e papiro. O pastoreio completava os trabalhos na terra, com
a criação de rebanhos de gado bovino e ovino
A agricultura foi amplamente favorecida pelo rio Nilo e seu regime de cheias. A cheia do Rio Nilo era
gerada por chuvas na África Oriental e pelo degelo nas terras altas etíopes. A cheia ocorria em junho, em
Assuã, e, como as águas não eram detidas por barragens ou diques, elas se dirigiam para o norte,
atingindo Mênfis cerca de três semanas depois. Entre agosto e setembro, todo o Vale do Nilo se
encontrava inundado, e, em outubro, o nível das águas baixava, deixando no solo uma enorme quantidade
de nutrientes importantes para sua fertilidade, como o húmus. A partir desse processo natural a sociedade
egípcia pôde desenvolver o cultivo.
A forma como a agricultura era praticada causava espanto e curiosidade nos estrangeiros. O
historiador grego Heródoto, em sua obra Histórias, escreveu: “O Egito é uma dádiva do Nilo”, associando
a formação do Egito à presença e utilização do rio.
Em sua obra, Heródoto também relata sobre a maneira como era feito o cultivo:
“Em todo o mundo, ninguém obtém os frutos da terra com tão pouco trabalho. Não se cansam de sulcar
a terra com arado e enxada, nem têm nenhum dos trabalhos que todos os homens têm para garantir as
colheitas. O rio sobe, irriga os campos e, depois de os ter irriga do, torna a baixar. Então, cada um semeia
o seu campo e nele introduz os porcos para que as sementes penetrem na terra; depois, só têm de
aguardar o período da colheita. Os porcos também lhe servem para debulhar o trigo, que é depois
transportado para o celeiro.”

Ao longo do Nilo estendiam-se essas plantações, cuidadas pelos felás (camponeses egípcios),
desenvolvendo-se rapidamente graças ao aperfeiçoamento das técnicas de plantio e semeadura. A
charrua, puxada pelos bois, e o emprego de metais propiciaram grandes colheitas. Teoricamente, as
terras pertenciam ao faraó, porém a nobreza detinha grande parte delas. Enormes armazéns guardavam
as colheitas, que eram administradas pelo Estado. Uma parte da produção chegava a ser exportada.
O comércio processava-se entre o Alto e o Baixo Egito por meio de embarcações que subiam e
desciam o rio abarrotado de cereais e produtos artesanais. A presença da tecelagem, da fiação e a
confecção de sandálias de folhas de papiro, bem como a ourivesaria, propiciaram um desenvolvimento
razoável do comércio interno, uma vez que poucas relações eram tidas com o exterior.
De um modo geral, a economia egípcia é enquadrada no modo de produção asiático, em que a
propriedade geral das terras pertencia ao Estado e as relações sociais de produção fundamentavam-se
no regime de servidão coletiva (não se pode, porém, falar em modo de produção servil, aplicável somente
ao sistema feudal). As comunidades camponesas, presas à terra que cultivavam, entregavam os
resultados da produção ao Estado, representado pela pessoa do rei. Este, às vezes, obrigava os
camponeses a trabalhar na construção de canais de irrigação e barragens, propiciando o
desenvolvimento da agricultura e o sustento precário dos aldeães.

A sociedade egípcia
O Egito é considerado uma Sociedade Hidráulica, cuja organização está relacionada com os períodos
de seca e cheia dos rios. Nessas “sociedades hidráulicas”, a distinção social começou a se fazer notar
quando a luta pela posse das áreas cultiváveis levou a se defrontarem os camponeses, na posição de
possuidores da força de trabalho, e os proprietários das terras, que delas se apoderaram e as mantinham
invocando a proteção dos deuses e dos sacerdotes.
O topo da pirâmide social era ocupado pela família do faraó; este, por se considerar um deus
encarnado, possuía benefícios singulares.
O grupo sacerdotal também ocupava uma posição invejável, juntamente com a nobreza detentora das
terras e do trabalho dos camponeses. Com o crescimento do comércio e do artesanato, durante o Médio

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 14
Império, surgiu uma classe média empreendedora, a qual chegou a conquistar uma certa posição social
e alguma influência no governo.
Os burocratas passaram a ocupar um lugar destacado na administração, principalmente no que tangia
ao recolhimento da produção dos camponeses. Havia toda uma hierarquia de escribas, cujo grau variava
de acordo com a confiança neles depositada pelo faraó e nobreza.
Os artesãos ocupavam uma posição inferiorizada, junto aos camponeses. Estes eram fiscalizados por
funcionários especiais.
Apesar de o governo manter escolas públicas, estas formavam, em sua maioria, escribas destinados
a trabalhar na administração do Estado Faraônico.

Religião
Uma enorme variedade de deuses, fórmulas religiosas e cultos são provenientes da região que
consideramos “oriente”, tendo inclusive influenciado nas grandes religiões monoteístas ocidentais.
A existência dos deuses satisfazia à ânsia do homem em ver atendidas suas aspirações e ao mesmo
tempo afastava seus temores íntimos. Protetores da água, da chuva, da colheita, das plantas, dos
pescadores, eram todos cultuados por formas que iam desde o incenso até ao sacrifício de animais e
homens, tudo com intenção de conseguir suas boas graças. Os próprios governantes se revestiam de
caracteres divinos a fim de serem mais respeitados. Paralelamente à instituição religiosa, estruturaram-
se os sacerdotes, uma camada fechada que cresceu em praticamente todas as civilizações antigas. O
clero ocupava uma posição social e econômica privilegiada, influenciando o governo e o povo.
No Egito antigo, como em quase toda a Antiguidade, a religião assumia a forma politeísta,
compreendendo uma enorme variedade de deuses e divindades menores.
Muitos animais possuíam de um culto todo especial, como era o caso do gato, do crocodilo, do íbis,
do escaravelho e do boi Apis; havia também divindades híbridas, com corpo humano e cabeça de animal:
Hator (a vaca), Anúbis (o chacal), Hórus (o falcão protetor do faraó). Havia ainda deuses antropomórficos
(forma humana), como Osíris e sua esposa Isis.
O Mito de Osíris ilustra bem a religiosidade dos egípcios, a ponto de terem se decidido a erigir túmulos
e templos em homenagem à morte e à vida futura.
O principal deus egípcio era Amon-Ra, combinação de duas divindades, e que era representado pelo
Sol; em torno dele girava o poder sacerdotal. A preocupação com a vida futura era grande e os cuidados
com os mortos eram contínuos, bastando lembrar as cerimônias fúnebres, nas quais se realizavam as
oferendas de alimentos e de incenso.
Acreditava-se em um julgamento após a morte, quando o deus Osíris iria colocar em uma balança o
coração do indivíduo, para julgar seus atos. Os justos e os bons teriam como recompensa a
reincorporação e depois iriam para uma espécie de Paraíso.
O trecho abaixo, extraído do Livro dos Mortos dos egípcios, descreve o júbilo daquele que foi absolvido
pelo tribunal de Osíris:
“Salve, Osíris, meu divino pai! Tal como tu, cuja vida é imperecível, os meus membros conhecerão a
vida eterna. Não apodrecerei. Não serei comido pelos vermes. Não perecerei. Não serei pasto dos bichos.
Viverei, viverei! As minhas entranhas não apodrecerão. Os meus olhos não se fecharão, a minha vista
permanecerá tal como hoje é. Os meus ouvidos não deixarão de ouvir.
A minha cabeça não se separará do meu pescoço. A minha língua não me será arrancada, Os meus
cabelos não me serão cortados. Não me serão raspadas as sobrancelhas. O meu corpo conservar-se-á
intacto, não se decomporá, não será destruído neste mundo.”

Por volta de 1360 a.C., O Egito passou por um período de monoteísmo, ou seja, o culto a um único
deus, no caso, o culto a Aton. Afirma-se que foi a primeira religião monoteísta da História, anterior até

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 15
mesmo à dos hebreus. Como citado anteriormente, os sacerdotes adquiriram poder na sociedade egípcia
e o politeísmo entravava o progresso egípcio, pois a camada sacerdotal era muito grande e sua
manutenção resultava onerosa para o Estado. Os sacerdotes interferiam constantemente nos assuntos
políticos e o próprio faraó, muitas vezes, não passava de um joguete do clero. Aproveitando-se da
religiosidade do povo, os sacerdotes alcançaram uma extraordinária ascendência, convertendo a
civilização egípcia como que em sua propriedade particular.
O perigo do poder clerical foi sentido por Amenófis III que, para se livrar da influência do clero, mudou
seu palácio para longe dos templos, e, contra a tradição politeísta levantou-se o faraó Amenófis IV, que
instituiu uma nova religião, com o culto dedicado a um deus único: Aton (o disco solar). O faraó esperava
com isso quebrar o poder da camada sacerdotal.
Foi organizado um novo clero e a capital foi transferida para a cidade de Amarna (akhenaton),
“horizonte de Aton” (atual Tell ElAmarna). Trocou seu nome para Akhnaton, “servidor de Aton”, e compôs
um Hino ao Sol. Essa tentativa monoteísta foi curta. Com a morte de Amenófis, as coisas voltaram ao
estágio anterior e o clero e a nobreza recuperaram sua influência.

Influências
Muitos edifícios construídos no Egito antigo chegaram até nós em bom estado de conservação.
Pirâmides, hipogeus, templos e palácios de dimensões gigantescas atestam a importância da arquitetura
egípcia.
Tendo-se voltado para a vida coletiva e religiosa, as construções egípcias são marcadas pela
grandiosidade dos templos e dos túmulos. Os templos de Karnac e Luxor nos dão mostras de como a
arte e a religião estavam interligadas. A solidez, a grandiosidade e os artifícios procurando exaltar o
volume são as características mais salientes dessas obras. Estátuas de deuses e faraós acompanham
essas dimensões, com decorações esculpidas e pintadas descrevendo episódios ligados às figuras
representadas.
A pintura egípcia prendeu-se principalmente a temas da Natureza e da vida cotidiana, sendo muitas
vezes acompanhada de hieróglifos explicativos.
A invenção da escrita propiciou o desenvolvimento da literatura. A escrita ideográfica, nascida no Egito,
evoluiu para o alfabeto fonético com os fenícios. Utilizando três formas de escrita (hieroglífica, hierática e
demótica), os egípcios deixaram-nos obras religiosas como o Livro dos Mortos e o Hino ao Sol, além da
literatura popular de contos e lendas.
A decifração da escrita egípcia foi feita por Jean-François Champollion que, observando e comparando
os diversos tipos de escrita encontrados em um achado arqueológico, estabeleceu um método de leitura
graças ao grego arcaico que também se encontrava no texto. Surgiu assim a ciência conhecida como
Egiptologia, a qual vem constantemente evoluindo com novas descobertas e restaurações.
As ciências exatas também tiveram oportunidade de expansão, uma vez que as necessidades de
ordem prática forçaram o desenvolvimento da Astronomia e da Matemática. A Geometria desenvolveu-
se pela necessidade de se redemarcarem as terras quando as águas do Nilo voltavam a seu leito. A
Medicina, por sua vez, está de certa forma ligada à própria prática da mumificação, o que a levou a um
desenvolvimento razoável; por outro lado, a farmacopeia egípcia notabilizou-se por sua variedade. Havia
instituições de sacerdotes-médicos e os papiros atestam o regular conhecimento de doenças e a própria
especialização da atividade médica.
A mumificação constituiu uma técnica de grande importância na civilização do Egito antigo. Os
métodos, até hoje pouco conhecidos, produziram resultados notáveis, que se podem ver em museus de
diversas partes do mundo.

MESOPOTÂMIA
A Mesopotâmia que significa “entre rios” (do grego, meso = no meio; pótamos = rio), é uma antiga
região do Oriente Médio, compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, e onde predominavam condições
semelhantes ao Egito, pois os dois rios forneciam facilidades para o transporte de mercadorias e as aves
ribeirinhas e os peixes eram abundantes.
O regime dos rios está preso ao derretimento da neve das grandes altitudes, onde se situam suas
cabeceiras, inundando as terras e propiciando a abertura de canais de irrigação e a construção de diques.
Apesar da presença das enchentes periódicas dos rios, a Mesopotâmia apresentou certas dificuldades
ao estabelecimento de populações ribeirinhas, pois, ao contrário do que acontecia no Egito com o rio Nilo,
essas cheias eram irregulares. Além disso, o clima mais seco e as doenças tropicais tornavam o trabalho
do solo mais difícil, apesar de sua fertilidade.
Sumérios, acádios, amoritas, cassitas, assírios, caldeus e mais um sem-número de povos lutaram
pela posse das terras aráveis. Os povos das planícies, agricultores, viviam assediados desde a época

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 16
dos primeiros estabelecimentos humanos na área pelos povos das montanhas, que viviam mais do saque
e do pastoreio.
As civilizações da Baixa Mesopotâmia puderam desenvolver-se mais, notabilizando-se por seus
aspectos econômicos e culturais. Surgiram, assim, importantes sociedades hidráulicas, com a instituição
de um Estado baseado na posse das terras e no controle das águas dos rios.
Estendendo-se da Mesopotâmia em direção ao vale do rio Indo, encontra-se o Planalto Iraniano.
Grande parte dele está acima de 2.000 metros: aqui e ali surgem bruscas elevações, cujos vales são
regados pelos rios que buscam o mar. A região toda é pouco irrigada e por isso grande parte dela é
desértica.
A partir do II milênio a.C., essa região foi ocupada por grupos de pastores de origem ariana, os quais
deram origem a dois remos distintos: ao norte, a Média; e ao sul, a Pérsia.

Fonte:amorim.pro.br

Os Sumérios Acadianos
Os sumérios fixaram-se na Caldéia por volta de 3500 a.C., fundando diversas cidades-estados, como
Ur, Uruk, Nipur e Lagash. Cada cidade-estado era governada por reis absolutos (com total poder em suas
mãos), chamados Patesi, que lutavam entre si pelo predomínio na Caldéia. Foram os sumérios os
criadores da escrita mesopotâmica, a escrita cuneiforme.

Fonte: http://www.labeduc.fe.usp.br/

Inicialmente a escrita era composta de marcas simples, depois de pictogramas, depois as formas
tornaram-se mais simples e abstratas. Os primeiros documentos eram gravados em tabuletas de argila,
em sequências verticais de escrita, e com um estilete feito de cana que gravava traços verticais,
horizontais e oblíquos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 17
Os sumérios utilizavam a argila para escrever, e quando queriam que seus registros fossem
permanentes, as tabuletas cuneiformes eram colocadas em um forno, ou poderiam ser reaproveitadas
quando seus registros não fossem tão importantes que precisariam ser lembrados sempre.
A escrita cuneiforme foi uma forma de se expressar muito difícil de ser decifrada, pois possuía mais
de 2000 sinais e seu uso era de uma dificuldade enorme. O seu principal uso foi na contabilidade e na
administração, pois facilitavam no registro de bens, marcas de propriedade, cálculos e transações
comerciais.
Por volta de 2300 a.C, os invasores acádios conquistaram a Mesopotâmia, dos quais se destacou o
rei Sargão I, o “soberano dos quatro cantos da terra”, o primeiro rei mesopotâmico.
Novas invasões estrangeiras arruinaram o Império Acádio, e em breve os sumérios ressurgiram, com
destaque para o governo de Dungui. Mas logo vieram outros invasores: desta vez os amoritas, que
fundariam o Primeiro Império da Mesopotâmia.

O Primeiro Império Mesopotâmico


Os amoritas submeteram os sumérios-acadianos e transformaram a sua cidade da Babilônia em capital
do Império. À força das conquistas, o comércio cresceu e a Babilônia transformou-se num dos principais
centros urbanos e políticos da Antiguidade, o Império Babilônico. O mais destacável imperador amorita
foi Hamurabi (1792-1750 a.C), que, além de estender as fronteiras do Império desde o Golfo Pérsico até
a Assíria, elaborou o primeiro código completo de leis. O “código de Hamurabi “. Considerado o maior
ordenamento jurídico da Antiguidade Oriental, era composto de 282 leis, muitas das quais compiladas do
direito sumeriano, e incluía a conhecida “lei de Talião” — “olho por olho, dente por dente…” Hoje, o Código
de Hamurabi, gravado num monumento de uma só pedra encontrado em 1901, está no museu do Louvre,
em Paris (França).

Detalhe da estela com o Código de Hamurabi, em exposição no museu do Louvre, em Paris. Fonte: http://www.sohistoria.com.br/

Após Hamurabi, o Império foi golpeado por várias invasões, como a dos hititas e a dos cassitas,
acabando por desaparecer.

O Império Assírio
Os assírios formavam um povo que antes de 2500 a.C. estabeleceu-se no norte da Mesopotâmia, na
região de Assur. Eram guerreiros, famosos pela crueldade com que tratavam os povos vencidos. Sob
governo de Sargão II, os assírios conquistaram o Reino de Israel; no governo de Tiglat-falasar, tomaram
a cidade da Babilônia. Dois outros importantes soberanos assírios foram Senaqueribe, que transferiu a
capital de Assur para Nínive, e Assurbanipal, construtor da famosa biblioteca de Nínive e conquistador do

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 18
Egito. Após sua morte, o Império entrou em lento declínio, com diversas revoltas internas. Finalmente,
Nabupolasar, comandando os caldeus e contando com a ajuda dos medos, destruiu o Império Assírio,
inaugurando o Segundo Império Babilônico (612 a.C).

O Segundo Império Babilônico


Derrotados os assírios, a Babilônia voltou a ser a capital da Mesopotâmia, agora sob o domínio dos
caldeus. O apogeu do Império Babilônico se deu com Nabucodonosor (604-561 a.C). Durante o seu
reinado, a Palestina foi conquistada e seu povo, o hebreu, transportado como escravo para a Babilônia;
foi o chamado “Cativeiro da Babilônia”. Nabucodonosor foi o responsável, também, pela construção dos
“Jardins Suspensos da Babilônia”, considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo. Após a morte
de Nabucodonosor, iniciou-se a decadência do Império Caldeu (ou Babilônico). Em 539 a.C, a Babilônia
foi conquistada pelos Persas, comandados pelo imperador Ciro I. Foi o fim da Mesopotâmia com
autonomia política, transformada em província persa.

A Economia Mesopotâmica
A atividade econômica principal era a agricultura, produzindo sobretudo trigo e cevada. O artesanato
e o comércio atingiram alto grau de desenvolvimento, transformando a Babilônia num dos grandes centros
comerciais da Antiguidade. A sociedade possuía uma estrutura piramidal, como a egípcia: no topo, o rei
e a elite econômico-militar que faziam parte do Estado; na base, os camponeses, servindo coletivamente
o governo, e também os escravos.
O governo era uma monarquia teocrática, absoluta, mas com uma religiosidade menos acentuada que
a do Egito. O rei absoluto, os funcionários públicos e os sacerdotes formavam uma aristocracia
controladora das melhores terras e de toda a produção. Compunham a elite social mesopotâmica,
subjugando a grande massa de camponeses e escravos.

Religião
A maior parte dos costumes dos povos mesopotâmicos descende dos sumérios, inclusive a religião.
Acreditavam em vários deuses (eram politeístas), representantes de vários astros. Os principais eram:
Marduk, o deus da Babilônia e do comércio; Shamash, o sol; Anu, o céu; Enlil, deus do ar; Ea, da água;
Ishtar, deusa do amor e da guerra; e Tamus, deus da vegetação.
Os mesopotâmicos criaram o mito de Marduk e a lenda do Dilúvio: acreditavam que o deus Marduk
fora o criador do céu e da terra, dos astros e do homem, e que ajudara Gilgamesh a sobreviver ao dilúvio
em uma arca com vários animais e membros de sua família.
Para os mesopotâmicos, a religião servia para obter recompensas terrenas imediatas; não acreditavam
na vida após a morte. Os rituais religiosos, comandados pelos sacerdotes, faziam dos templos (zigurates)
o eixo da religiosidade mesopotâmica. Esses templos às vezes compreendiam também celeiro, armazém
e oficinas, neles se definindo o estoque e a distribuição do excedente agrícola tomado dos camponeses.

Imagem representando o Zigurate de Ur, próximo da cidade de Tell el-Muqayyar, no atual Iraque. Fonte: http://www.ancient-origins.net/

Cultura
A ciência foi importante para o desenvolvimento das sociedades na mesopotâmia. Fosse para
conhecer o regime das cheias dos rios Tigre e Eufrates ou para calcular a movimentação dos astros, os
mesopotâmicos desenvolveram um conhecimento científico respeitável. Os sacerdotes, a partir das
observações feitas do alto dos zigurates, desenvolveram a astronomia, descobrindo cinco planetas, divi-
dindo o círculo em 360 graus, criando o processo aritmético da multiplicação e dividindo o dia em 12 horas
de 120 minutos cada uma. Como acreditavam na influência dos astros sobre o dia-a-dia das pessoas,

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 19
criaram a astrologia, o uso dos horóscopos, elaborando os 12 signos do zodíaco. Na matemática, além
da multiplicação, criaram também a raiz quadrada e a cúbica.
Na arquitetura, inovaram com a aplicação do sistema de arcos, abóbadas e cúpulas, e, na escultura,
com o uso do baixo-relevo em trabalhos de cerâmica, marfim e metais preciosos. Na literatura,
destacaram-se “O Mito da Criação” e a “Epopeia de Gilgamesh”. No Direito, o “Código de Hamurabi”
sobressai como a maior obra jurídica da região.
A escrita cuneiforme, criada pelos sumários, acabou sendo usada por vários povos vizinhos, sendo
decifrada em 1847 pelo inglês Rawlinson, que se utilizou de uma inscrição em babilônio e persa, no
rochedo de Behistur.

O IMPÉRIO PERSA
No leste da Mesopotâmia, região do Planalto iraniano, conviviam medos e persas, povos de origem
indo-europeia que desenvolveram uma intensa atividade pastoril.
No início, houve a dominação dos medos sobre os persas, quando Ciáxares construiu um poderoso
reino. Com o declínio da hegemonia medá, Ciro, rei dos persas, uniu os dois povos e fundou o Império
Persa, o maior até então organizado na Ásia Ocidental. Esse império desapareceu com a expansão
macedônica, comandada por Alexandre Magno.
Ciro foi responsável pela unificação política do Planalto Iraniano e a criação do Império Persa, após
anexar o Reino da Média (555 a.C.). Em seguida, Ciro derrotou Creso, rei da Lídia, e conquistou o
Segundo Império Babilônico, permitindo que os hebreus retomassem à Palestina.
Ciro buscou unificação econômica de seu império, além de garantir que os povos conquistados
mantivessem seus próprios costumes, língua e tradição. Foi visto pelos hebreus como um libertador do
jugo dos caldeus.

Fonte: www.scicast.com.br

Cambises, filho e sucessor de Ciro, conquistou o Egito na batalha de Pelusa (525 a.C.), vencendo o
faraó Psamético III. Morreu quando se preparava para voltar à Pérsia, a fim de sufocar uma revolta.
Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu. Seus domínios estendiam-
se desde a Trácia, na Europa, até a Ásia Central. Dario consolidou o despotismo real, dando à sua pessoa
um caráter semidivino. Dividiu o império em satrápias, cuja administração civil e militar era confiada aos
nobres escolhidos; não obstante, as satrápias eram vigiados por funcionários reais (os “olhos e ouvidos
do rei”), que percorriam as províncias fiscalizando a ação dos dirigentes. Houve estímulos ao comércio e
o florescimento de várias capitais (Susa, Persépolis e Pasárgada), pois a Corte persa se deslocava
periodicamente.
Dario envolveu-se em uma disputa pela hegemonia comercial nos mares Egeu e Negro e, apoiado por
seus aliados fenícios, deu início às Guerras Médicas, sendo derrotado pelos atenienses na batalha de
Maratona.
A queda do grande Império Persa teve início no reinado de Xerxes, que também foi derrotado pelos
gregos (batalha de Salamina); o fim de sua independência política veio com a derrota e morte de Dario III
perante a investida dos gregos e macedônios, comandados por Alexandre Magno.

A economia e a sociedade do Império persa


Durante o do reinado de Dario I, o império persa viveu um período de prosperidade econômica, através
do estímulo o comércio e a agricultura. Um dos fatores que contribuíram para o aumento da atividade
comercial foi a introdução do dárico, cunhado em ouro ou prata, de peso fixo e com a efígie do rei

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 20
(inovação trazida da Lídia), que instituiu um padrão monetário no reino. A construção de estradas, bem
como um eficiente policiamento efetuado por tropas reais, permitiram um tráfego maior de caravanas que
buscavam alcançar a Mesopotâmia, provenientes de partes distantes da Ásia. Os correios reais
facilitavam as comunicações e dizia-se que “na capital podia-se comer o peixe pescado no mar no mesmo
dia”.
O Império Persa nasceu do conflito entre as tribos pastoras e agricultoras. Quando o persa Ciro se
impôs pela força, a nobreza agrária e guerreira também se sobrepôs. O povo, constituído de artesãos,
agricultores e pastores, que podiam ser recrutados para a guerra, ocupava uma posição superior aos
escravos.
Entre os persas, o poder da camada sacerdotal era menor do que na maioria das civilizações da
Antiguidade Oriental.

Religião
A religião entre os persas caracterizou-se pela prática do Dualismo, que segundo a tradição, foi
proposta por Zaratustra (Também chamado Zoroastro), através dos escritos contidos no Zend-Avesta. O
dualismo espalhou-se pela Ásia, e com algumas alterações, é praticado até hoje.
O princípio do dualismo é a crença na existência dos princípios opostos: o bem, representado pelo
deus Aura-Mazda, e o mal, representado por Ahriman. A ideia é de que ambos viviam em constante luta
pelo controle das ações humanas. Os homens, agindo corretamente, estariam ajudando o bem a vencer
o mal. Zaratustra previa que no final dos tempos Aura-Mazda venceria e os que ficassem ao lado do mal
seriam destruídos.
O dualismo persa acabou por influenciar o Cristianismo, no que tange à dicotomia entre Céu e Inferno.
Previa a vinda de um Messias e se apresentava na condição de religião revelada. A religião persa sofreu
influência da Mesopotâmia, acabando por adotar fórmulas de horóscopos e a predição do futuro através
da posição dos astros. O culto de Mitra (auxiliar de Aura-Mazda) chegou a influenciar os próprios romanos,
que o representavam pelo Sol.

A cultura Persa
Os persas procuraram fora das suas fronteiras os elementos que marcaram suas construções.
Influências egípcias e mesopotâmicas fizeram-se sentir na arquitetura e a esculturas persas e os restos
de seus palácios evidenciam esse ecletismo cultural.
Os palácios do Império Persa possuíam alicerces de pedra, vastos terraplanos, paredes de tijolos,
colunas finas e elegantes, com capitéis esculpidos com cabeças de touro ou de cavalo. O teto era forrado
com madeira pintada. Muros recobertos de baixos-relevos ou ladrilhos esmaltados caracterizam as
principais construções existentes.

HEBREUS
Antepassados do povo judeu, os hebreus têm sua trajetória marcada por migrações e pelo
monoteísmo. O Antigo Testamento da bíblia cristã é uma das maiores fontes de informação sobre o
povo Hebreu, já que cria uma mitologia para a criação desse povo.

A Origem dos Hebreus


Os hebreus originam-se da região da Palestina, localizada entre o deserto da Arábia, Líbano e Síria.
Na proximidade do Mar Mediterrâneo e cruzada pelo rio Jordão, a região da Palestina era considerada
um dos mais importantes centros comerciais do mundo antigo. Era uma região de conflito, uma vez que
era habitada por diferentes povos que disputavam territórios, bens e poder, sendo palco da histórica briga
árabes e palestinos, que perdura até os dias de hoje.
Os hebreus são um povo com origem semita, que se diversificaram de outros povos contemporâneos
a eles por meio de uma crença religiosa monoteísta e por possuírem um líder religioso, Moisés.
A palavra hebreu significa: "povo do outro lado do rio”, como referência ao Rio Jordão, uma vez que a
base de seu povoado deu-se após realizarem a travessia do rio e se fixarem na chamada “terra de Canaã”.
Além dos hebreus, os árabes também são um povo de origem semita. A civilização hebraica foi uma das
que mais exerceu influência sobre a civilização presente, em todas as partes do mundo, uma vez que a
sua religião, o judaísmo, forneceu subsídios para a constituição do cristianismo e do islamismo.
A população hebraica era organizada em vários clãs patriarcais, que, na verdade, eram tribos
seminômades. Essas tribos familiares dedicavam-se à criação de gado em pastagem próximas a oásis
espalhados pelo deserto da Arábia. Através de suas crenças, os hebreus fundaram uma religião
monoteísta baseada no culto ao Deus Javé (yahweh). Os hebreus seguiam líderes “escolhidos” por Javé
e consideravam-se uma nação santa que deveria expandir a sua população pela terra. Desse modo, as

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 21
famílias eram muito numerosas em integrantes. As mulheres recebiam o papel de criar os filhos e manter
o lar, enquanto os homens tinham a função de administrar as tribos e obter o sustento da família.
É possível dividir a trajetória dos Hebreus em três períodos:

- Período dos Patriarcas;


- Período dos Juízes;
- Período dos Reis.

No período dos patriarcas, que foi a primeira parte da história política dos hebreus, a população esteve
sob o domínio de uma liderança, um membro de uma das tribos que possuía o poder jurídico, militar e
religioso. Com relação à atividade econômica os hebreus sustentavam-se por meio de trabalhos pastoris
de caráter nômade, ou seja, o povo deslocava-se constantemente para regiões mais férteis.
Conduzidos por Abraão, deixaram a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e se fixaram na Palestina (Canaã
a Terra Prometida), por volta de 2000 a.C.
A Palestina era uma pequena faixa de terra, que se estendia pelo vale do rio Jordão. Limitava-se ao
norte, com a Fenícia, ao sul com as terras de Judá, a leste com o deserto da Arábia e, a oeste com o mar
Mediterrâneo.
Governados por patriarcas, os hebreus viveram na palestina durante três séculos. Os principais
patriarcas hebreus, foram Abraão (o primeiro patriarca), Isaac, Jacó (também chamado Israel, daí o
nome israelita), Moisés e Josué.
Por volta de 1750 a.C. uma grande seca atingiu a Palestina. Os hebreus foram obrigados a deixar a
região e buscar melhores condições de sobrevivência no Egito. Permaneceram no Egito, cerca de 400
anos, até serem perseguidos e escravizados pelos faraós. Liderados pelo patriarca Moisés, os hebreus
abandonaram o Egito em 1250 a.C., retornando à Palestina. Essa saída em massa dos hebreus do Egito
é conhecida como Êxodo.
O período dos juízes tem início com a volta à Palestina. Sob a liderança de Josué, os hebreus tiveram
de lutar contra os cananeus e, posteriormente, contra os filisteus. Josué (sucessor de Moisés), distribuiu
as terras conquistadas entre as doze tribos de Israel. Nesse período os hebreus, passaram a se dedicar
à agricultura, a criação de animais e ao comércio, tornando-se, portanto, sedentários.
Nesse período de lutas pela conquista da Palestina, que durou quase dois séculos, os hebreus foram
governados pelos juízes. Os juízes eram chefes políticos, militares e religiosos. Embora comandassem
os hebreus de forma enérgica, não tinham uma estrutura administrativa permanente. Entre os mais
famosos juízes destaca-se Sansão, que ficou conhecido por sua grande força, conforme relata a Bíblia.
Outros juízes importantes foram Gedeão e Samuel.
Os conflitos e problemas sociais criaram a necessidade de um comando militar unificado, o que levou
os hebreus a adotarem a monarquia. O objetivo era centralizar o poder nas mãos de um rei e, assim, ter
mais força para enfrentar os povos inimigos, como os filisteus.
O primeiro rei dos hebreus foi Saul (1010 a.C.). Depois veio o rei Davi (1006-966 a.C.), conhecido por
ter vencido os filisteus. Com a conquista de toda a Palestina, a cidade de Jerusalém tornou-se a capital
política e religiosa dos hebreus.
O sucessor de Davi foi seu filho Salomão, que terminou a organização da monarquia hebraica e seu
reinado marcou o apogeu do reino hebraico. Durante o reinado de Salomão (966-926 a.C.), houve um
grande desenvolvimento comercial, e foram construídos palácios, fortificações, e o Templo de Jerusalém.
Além das construções, Salomão criou um poderoso exército, organizou a administração e o sistema de
impostos. Montou uma luxuosa corte, com muitos funcionários e grandes despesas.
Para poder sustentar uma corte tão luxuosa, Salomão obrigava o povo hebreu a pagar pesados
impostos. O preço dessa exploração foi o surgimento de revoltas sociais.
Com a morte de Salomão, essas revoltas provocaram a divisão religiosa e política das tribos e o fim
da monarquia unificada.
Formaram-se dois reinos:
Ao norte, dez tribos formaram o reino de Israel, com capital em Samaria;
Ao sul, as duas tribos restantes formaram o reino de Judá, com capital em Jerusalém.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 22
Fonte: http://gabinetedehistoria.blogspot.com.br/

Em 722 a.C., os reinos de Israel foram conquistados pelos assírios, comandados por Sargão II. Grande
parte dos hebreus foi escravizada e espalhada pelo Império Assírio.
Em 587 a.C., o reino de Judá foi conquistado pelos babilônios, comandados por Nabucodonosor. Os
babilônios destruíram Jerusalém e aprisionaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio
ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia.
Os hebreus permaneceram presos até 538 a.C., quando o rei persa Ciro II conquistou a Babilônia, e
puderam então à Palestina, que se tornara província do Império Persa e reconstruíram então o templo de
Jerusalém.
A partir dessa época, os hebreus conseguiram conquistar a autonomia política da Palestina, que se
tornou sucessivamente província dos impérios persa, macedônio e romano.
Durante o domínio romano na Palestina, o sentimento de unidade dos hebreus fortaleceu-se, levando-
os a se revoltar contra Roma. No ano 70 d.C. o imperador romano Tito, sufocou uma rebelião hebraica e
destruiu o segundo templo de Jerusalém. Os hebreus, então, dispersaram-se por várias regiões do
mundo. Esse episódio ficou conhecido como Diáspora (Dispersão).
No ano de 136, sofreram a Segunda Diáspora, no reinado de Adriano (imperador romano), em que os
judeus foram definitivamente expulsos da Palestina.
Dispersos pelo mundo, o povo israelita, organizou-se em pequenas comunidades. Unidos,
preservaram os elementos básicos de sua cultura, como a linguagem, a religião e alguns objetivos
comuns, entre eles voltar um dia à Palestina. Assim, os hebreus se mantiveram como nação, embora não
constituíssem um Estado.
Somente em 1948, os judeus puderam se reunir num Estado independente, com a determinação da
ONU (Organização das Nações Unidas), que criou o Estado de Israel. Decisão que criou sérios problemas
na região do Oriente Médio, pois com a saída dos judeus da Palestina, no século I, outros povos,
principalmente de origem árabe ocuparam e fixaram-se na região. A oposição dos árabes à existência do
Estado de Israel, tem resultado em contínuos conflitos na região.

Religião
A religião hebraica foi marcadamente monoteísta, vinculada também à ideia do messianismo.
Diferentemente da maioria dos povos da região, a religião hebraica era monoteísta (crença em um único
deus), e não politeísta (crença em vários deuses e divindades) como os egípcios, por exemplo. Além
disso, também possuíam a ideia do messianismo.
A ideia messiânica foi divulgada pelos profetas. Acreditavam na vinda de um messias, um enviado de
Deus para conduzir os homens à salvação eterna. Para os cristãos (católicos e protestantes) esse
messias é Jesus Cristo. Os judeus não consideram Jesus como messias, e sim como apenas um dos

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 23
muitos profetas e pregadores que existiram na época. Os judeus continuam aguardando a vinda do
messias.
A doutrina fundamental da religião hebraica (o Judaísmo) encontra-se no Pentateuco, contido no Velho
Testamento da Bíblia. O Pentateuco é composto pelos primeiros livros da bíblia: Gênesis, Êxodo,
Deuteronômio, Números e Levítico. Os hebreus chamam esse livro de Torá.
A religião hebraica prescreve uma conduta moral orientada pela justiça, a caridade e o amor ao
próximo. Entre as principais festas judaicas, destacam-se: a Páscoa, que comemora a saída dos hebreus
do Egito em busca da Terra Prometida; o Pentecostes, que recorda a entrega dos Dez Mandamentos a
Moisés; o Tabernáculo, que relembra a longa permanência dos hebreus no deserto, durante o Êxodo.
Na literatura, o melhor exemplo são os livros bíblicos do Velho Testamento, dentre os quais destacam-
se os Salmos, o Cântico dos Cânticos, o Livro de Jó e os Provérbios.

FENÍCIOS
A civilização fenícia desenvolveu-se na Fenícia, território do atual Líbano. Os fenícios foram povos de
origem semita, assim como os hebreus. Por volta de 3000 a.C., estabeleceram-se numa estreita faixa de
terra com cerca de 35 km de largura, situada entre as montanhas do Líbano e o mar Mediterrâneo. Com
200 km de extensão, corresponde a maior parte do litoral do atual Líbano e uma pequena parte da Síria.
Por habitarem uma região montanhosa e com poucas terras férteis, os fenícios dedicaram-se à pesca
e ao comércio marítimo.
Diferente de outros povos, os fenícios não chegaram a fundar um reino. A rivalidade entre as diversas
cidades-estados levou-as, no máximo, a constituir uma confederação.
A cidade de Biblos alcançou prestígio por volta de 2500 a.C., expandindo seu comércio e poderio por
uma grande área do Mediterrâneo. Sidon teve o seu período por volta de 1400 a.C., mantendo durante
séculos sua supremacia sobre todo o comércio realizado no mar. Finalmente, coube a Tiro alcançar a
hegemonia marítima, tendo acesso às rotas mais longínquas.
Mais tarde, os fenícios entraram em decadência, caindo sob o domínio dos assírios, babilônios e,
finalmente, dos persas. A colônia fenícia de Cartago, no norte da África, subsistiu até o século II a.C.,
quando foi destruída pelos romanos no final das Guerras Púnicas.

As atividades econômicas e a sociedade fenícia


Acredita-se que os fenícios foram povos originários da Caldéia, região no sul da mesopotâmia. As
condições do relevo na região em que habitavam foi essencial para seu expansionismo. Situados entre
os atuais Líbano e Síria, os fenícios dispunham de poucas terras férteis cultiváveis, o que contribuiu para
que desenvolvessem a prática da navegação.
A proximidade do Egito, com sua grande produção de cereais, a abundância de madeira de cedro e
um litoral extenso fizeram dos fenícios hábeis navegadores.
Os fenícios desenvolveram extraordinariamente o artesanato comercial, produzindo em série objetos
facilmente negociáveis no mundo antigo, tais como armas, vasos, adornos de bronze e cobre, tecidos e
até mesmo objetos de vidro, que alcançavam ótimos preços. Conheciam todas as rotas de navegação do
Mediterrâneo e, transpondo o Estreito de Gibraltar, alcançaram as Ilhas Britânicas. Chegaram mesmo a
fazer uma viagem de circunavegação da África, a soldo de um faraó egípcio.
O comércio de escravos propiciava grandes lucros; muitos, porém, eram trazidos para a Fenícia a fim
de trabalhar nas oficinas de artesanato. Os fenícios fundaram colônias nas margens do mar Mediterrâneo,
as quais funcionavam como entrepostos de comércio e abastecimento. As mais conhecidas colônias
fenícias foram as cidades de Cartago, no Norte da África, e Cádiz, na Espanha.
Os fenícios detiveram a hegemonia comercial do Mediterrâneo (talassocracia) e foram sérios
concorrentes dos gregos, etruscos e romanos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 24
A maior parte da população fenícia era constituída de marinheiros e artesãos pobres, os quais
trabalhavam em função de uma classe rica que vivia do comércio marítimo. Essa classe de mercadores
detinha não só o poder político das cidades-estados, mas também a riqueza e o controle das atividades
comerciais. Os escravos e mercenários eram facilmente conseguidos nas viagens pelo Mediterrâneo;
enquanto os primeiros trabalhavam como remadores ou artesãos, os segundos protegiam as naus e as
muralhas das grandes cidades-portos

A religião dos fenícios


A religião dos fenícios, assim como outros povos da região adquiriu caráter politeísta. Cada cidade
possuía um Baal (deus) protetor: Melcart, em Tiro; Adonis, em Biblos; e Eshum, em Sidon. Cartago tinha
como protetor Moloc. Os fenícios possuíam ainda divindades menores protetoras do comércio, das rotas,
dos navios etc. Entre os rituais religiosos estavam o sacrifício de animais e pessoas, como forma de
agradar as divindades.

O alfabeto
Os fenícios desenvolveram o alfabeto em função de suas atividades comerciais.
Além das técnicas de navegação e dos conhecimentos geográficos, provenientes da exploração das
rotas marítimas, os fenícios trouxeram um fator de inegável valor para o progresso da humanidade. A
partir dos ideogramas egípcios, desenvolveram um alfabeto fonético de 22 letras, que mais tarde foi
adaptado pelos gregos e romanos. Provavelmente fizeram isso buscando simplificar as operações
comerciais, uma vez que não deixaram no campo literário, ou em qualquer outra atividade artística, nada
que mereça ser lembrado.
Também foram as inestimáveis contribuições que os fenícios deram para a astronomia e a matemática,
que foram ciências largamente aperfeiçoadas por eles.

Questões

01. (UFPE) Entre os povos do oriente médio, os hebreus foram os que mais influenciaram a cultura da
civilização ocidental, uma vez que o cristianismo é considerado como uma continuação das tradições
religiosas hebraicas.
A partir do texto anterior, assinale a alternativa incorreta:
(A) Originários da Arábia, os hebreus constituíram dois reinos: o de Judá e o de Israel na Palestina.
(B) As guerras geraram a unidade política dos hebreus. Essa unidade se firmou primeiro em torno de
juízes e, depois, em volta dos reis.
(C) Os profetas surgiram na Palestina por volta dos séculos VIII e VII a.C., quando ocorreu uma onda
de protestos dos trabalhadores contra os comerciantes.
(D) A religião hebraica passou por diversas fases, evoluindo do politeísmo ao monoteísmo difundido
pelos profetas.
(E) Os hebreus organizaram-se social e economicamente com base na propriedade da terra, o que
deu início à Diáspora.

02. (UFRN) Entre os hebreus da Antiguidade, os profetas eram considerados mensageiros de Deus,
lembrando ao povo as demandas da justiça e da Lei dadas por Javé. Isaías, um dos profetas dessa época,
em nome de Javé proclamou:
Ai dos que decretam leis injustas; dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos
pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os
órfãos! (Isaías 10:1-2)
Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como
únicos moradores no meio da terra! (Isaías 5:8)
Esses pronunciamentos do profeta Isaías estão ligados a uma época da história hebraica em que
ocorreu:
(A) a saída dos hebreus do Egito, sob o comando de Moisés, e o estabelecimento em Canaã,
conquistando as terras dos povos que ali habitavam.
(B) a imigração para o Egito, quando os hebreus receberam terras férteis no delta do rio Nilo, por
influência de José, que exercia ali o cargo de governador.
(C) a formação de uma aristocracia, que enriquecera com o comércio e com a apropriação das terras
dos camponeses endividados.
(D) a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor, quando os judeus foram despojados de suas terras
e deportados para a Babilônia.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 25
(E) ao domínio persa, como Ciro, o Grande, que massacrou milhares de camponeses hebreus.

03. Sobre a religião no Egito Antigo é falso afirmar que:


(A) Os egípcios acreditavam na vida após a morte e, por isso, desenvolveram a técnica da
mumificação.
(B) Os egípcios não acreditavam na vida após a morte e seguiam uma religião monoteísta (crença na
existência de apenas um deus).
(C) Os egípcios acreditavam na existência de vários deuses (religião politeísta).
(D) Na religião egípcia muitos animais eram considerados sagrados, como, por exemplo, gato, jacaré,
água, serpente, etc.

04. (ENEM) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta,
desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as
pirâmides de Gizé, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O
que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois
(A) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes
contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
(B) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar
trabalho nos canteiros faraônicos.
(C) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos
deuses suas riquezas, construindo templos.
(D) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a
trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
(E) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada
em crenças e superstições.

05. (UFRS 2011) Na África, durante a Antiguidade, entre 3000 a.C. e 322 a.C., desenvolveu-se o
primeiro Império unificado historicamente conhecido, cuja longevidade e continuidade ainda despertam a
atenção de arqueólogos e historiadores. Esse império
(A) legou a humanidade códigos e compilações de leis.
(B) desenvolveu a escrita alfabética, dominada por amplos setores da sociedade.
(C) retinha parcela insignificante do excedente econômico disponível.
(D) sustentou a crença de que o caráter divino dos reis se transmitia exclusivamente pela via paterna.
(E) dependia das cheias do rio Nilo para a prática da agricultura.

06. (FGV-SP) Das alternativas abaixo, a que melhor caracteriza a sociedade fenícia é:
(A) a existência de um Estado centralizado e o monoteísmo;
(B) o monoteísmo e a agricultura;
(C) o comércio e o politeísmo;
(D) as cidades-Estados e o monoteísmo;
(E) a agricultura e a forma de Estado centralizado.

07. (UNESP) Na região onde atualmente se encontra o Líbano, instalou-se, no III milênio a. C., um
povo semita, que passou a ocupar a estrita faixa de terra, com cerca de 200 quilômetros de comprimento,
apertada entre o mar e as montanhas. Várias razões os levaram ao comércio marítimo, merecendo
destaque sua proximidade geográfica com o Egito; a costa, que oferecia lugares para bons portos; e os
cedros, principal riqueza, usados na construção de navios.
O contido nesse parágrafo refere-se ao povo:
(A) fenício.
(B) hebreu.
(C) sumério.
(D) hitita.
(E) assírio.

08. (UFRS) O soberano dividiu o seu império em províncias, chamadas satrápias, sendo a terra
considerada como propriedade real e trabalhada pelas comunidades.
Estas características identificam o:
(A) império dos persas durante o reinado de Dario.
(B) império babilônico durante o governo de Hamurabi.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 26
(C) antigo império egípcio durante a dinastia de Quéops.
(D) reino de Israel sob o comando de Davi.
(E) estado espartano durante a vigência das leis de Dracon.

09. (PUC-SP) Pode-se dizer que um dos elementos fundamentais da religião persa na Antiguidade,
após Zaratustra, é:
(A) o politeísmo caracterizado pela prática da adoração dos ídolos zoomórficos nos templos religiosos.
(B) o caráter local do culto, já que cada região possuía suas próprias divindades supremas.
(C) o dualismo representado pela oposição entre o princípio do bem e do mal.
(D) a estrita obediência por parte de toda a população dos preceitos religiosos contidos nos Vedas
(E) a descrença na imortalidade da alma e na ressureição.

10. (SEDUC-PI – Professor de História – NUCEPE) Dividida em províncias, que ficaram conhecidas
como satrápias, as terras eram consideradas como propriedades do império e cultivadas pelas
comunidades. Considerando as características destacadas, podemos afirmar que estas se referem
(A) ao Império Babilônico.
(B) à fase unificada do Império Egípcio.
(C) ao reino de Israel.
(D) às Cidades-estados gregas.
(E) ao Império Persa.

Respostas

01. Resposta: E
A diáspora hebraica não ocorreu em razão da organização social e econômica baseada na propriedade
de terras (inclusive, durante uma boa parte da constituição enquanto civilização, os hebreus eram
seminômades), mas por esse povo ter sido submetido ao domínio de outras civilizações, como a
babilônica e, posteriormente, a romana e a árabe.

02. Resposta: C
Os textos proféticos do Antigo Testamento, além de guardarem consigo, segundo a tradição judaico-
cristã, o anúncio da vinda do Messias, também revelam muitos aspectos do contexto histórico que
permeava a vida dos hebreus daquele período. O trecho em questão evidencia a crítica do profeta Isaías
àqueles que se enriqueceram às custas da população camponesa.

03. Resposta: B
No Egito antigo, como em quase toda a Antiguidade, a religião assumia a forma politeísta,
compreendendo uma enorme variedade de deuses e divindades menores.
O Mito de Osíris ilustra bem a religiosidade dos egípcios, a ponto de terem se decidido a erigir túmulos
e templos em homenagem à morte e à vida futura.

04. Resposta: A
As pirâmides, tumbas e templos na Antiguidade Oriental representavam também a autoridade e o
poder dos governantes, sempre associados a divindades.

05. Resposta: E
Esse enunciado refere-se ao Egito, Estado Teocrático organizado por volta de 3200 a.C., a partir de
comunidades de camponeses estabelecidas ao longo do rio Nilo.

06. Resposta: C
As condições do relevo na região em que habitavam foi essencial para seu expansionismo.
A proximidade do Egito, com sua grande produção de cereais, a abundância de madeira de cedro e
um litoral extenso fizeram dos fenícios hábeis navegadores.
A religião dos fenícios, assim como outros povos da região adquiriu caráter politeísta.

07. Resposta: A
O trecho refere-se aos fenícios, citando as condições geográficas, como o relevo e a proximidade com
o Egito, e o comércio marítimo.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 27
08. Resposta: A
Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu.

09. Resposta: C
O princípio do dualismo é a crença na existência dos princípios opostos: o bem, representado pelo
deus Aura-Mazda, e o mal, representado por Ahriman.

10. Resposta: E
Em 522, Dario I subiu ao poder; com ele, o Império Persa atingiu o apogeu. Seus domínios estendiam-
se desde a Trácia, na Europa, até a Ásia Central. Dario consolidou o despotismo real, dando à sua pessoa
um caráter semidivino. Dividiu o império em satrápias, cuja administração civil e militar era confiada aos
nobres escolhidos; não obstante, as satrápias eram vigiados por funcionários reais.

7. Formação do mundo feudal;


8. Povos e reinos africanos;
9. As cruzadas;
10. Renascimento;
11. Crise do Feudalismo;

África
No século XIX a África foi considerada como um continente atrasado e dominado pela barbárie. De
acordo com as ideias inspiradas no evolucionismo biológico de Charles Darwin, povos como os africanos
estariam num estágio cultural e histórico correspondente aos ancestrais da Humanidade. Como
argumento para tal afirmação, os europeus citavam a utilização do alfabeto, inexistente em muitas
culturas africanas.
A partir dessas concepções de atraso, por muito tempo a África foi pensada como um continente cuja
história e a cultura antes do contato europeu fosse inexistente (em várias situações o Egito é descrito
como algo separado da África)
A degeneração da imagem das sociedades africanas, de suas ciências, e de seus produtos é resultado
do projeto do neocolonialismo, que difundiu a ideia de que o continente africano é tórrido e cheio de tribos
perdidas na História e na Civilização. É resultado também do etnocentrismo das ciências europeias do
século XIX. É necessário, pois, ver de que História e de que Civilização se trata. E do ponto de vista
histórico-econômico, o imperialismo colonial na África é meio e produto do Capital, uma das grandes
invenções que vem desde a era dos Descobrimentos reforçada ainda mais pela consolidação do
Liberalismo.
Antes do contato pelo período das navegações, a Europa já conhecia o norte da África, na região do
mar Mediterrâneo. Nessa região foi fundada a cidade de Cartago, que durante muito tempo desafiou o
poder do Império Romano, fator que desencadeou as guerras púnicas.
Além do Egito, o reino de Aksum, na Etiópia também desenvolveu um expressivo poder. O reino surgiu
por volta do século V a.C e seus governantes declaravam-se descendentes da Rainha de Sabá e do Rei
Salomão de Israel. Além da expressividade no poder, Aksum foi o primeiro a cunhar moedas e criou
inclusive um alfabeto próprio durante o século III.
Para além da região norte da África, em direção ao sul do continente estendia-se o deserto do Saara,
que para os estrangeiros configurava-se em um grande obstáculo. Para os povos que já habitavam a
região, a travessia do deserto para alcançar a África subsaariana era uma questão de conhecimento das
rotas e dos oásis em meio ao deserto. Entre os principais conhecedores dessas rotas estavam os
berberes e os tuaregues.
Além dos caminhos por terra, havia também rotas marítimas pelo litoral da África Oriental, via Oceano
Índico, em direção à Índia e à China. As correntes marítimas facilitavam a navegação para os hábeis
navegadores africanos e seus parceiros que conheciam seus movimentos nas diferentes estações do ano
A costa oriental africana tinha ricas cidades-porto movimentadas pelo ir e vir de barcos, pessoas e
mercadorias. Havia nesse litoral comerciantes indianos e árabes, além de muitos africanos. Era ativa a
negociação com grupos do interior do continente, que traziam marfim, peles, cascos de tartaruga, chifres
de rinocerontes, plumas de avestruz, âmbar e ceras. Na costa recebiam tecidos e especiarias vindas da
Índia, porcelanas chinesas, sedas do Japão, entre tantos outros produtos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 28
Os reinos da África Ocidental
Na África, durante o período conhecido como Idade Média na história da Europa, houve grandes e
poderosos reinos, como os de Gana, Mali e Songai. Esses reinos, localizados na África Ocidental, ficaram
conhecidos pelo controle que tinham sobre as rotas de comércio e as minas de ouro na sua região.
Realizavam comércio com diferentes partes do mundo, incluindo a Europa e o Oriente, através das rotas
de caravanas que atravessavam o deserto de Saara e chegavam ao norte da África. No comércio de
longa distância se fazia ao mesmo tempo contatos e trocas de mercadorias, bem como intercâmbios de
tecnologias e conhecimentos.

Gana3
Na região entre os rios Senegal e Níger, os soninquês (povos de origem mandê), fundaram pequenas
cidades, que desde o século 4 foram se unificando, muito provavelmente para resistir às guerras com
povos nômades. No século 8, a região era conhecida como Império de Gana.
Os soninquês chamavam sua região de Wagadu, mas os berberes (povos do Magreb), que chegaram
ali no século 8, a chamavam de Ghana, pois era esse o título do rei da região (ghana: "rei guerreiro").
Por muito tempo, o deserto do Saara dificultou o acesso dos povos do norte da África ao interior do
continente. Uma viagem do Magreb (região africana banhada pelo mar Mediterrâneo, exceto o Egito) até
a bacia do rio Níger poderia durar até 4 meses em pleno deserto.
Dessa forma, enquanto o norte da África estava inserido no comércio entre diversos povos desde a
Antiguidade (gregos, romanos, fenícios, cartagineses, líbios, persas, egípcios, árabes), o reino de Gana,
na África Subsaariana (ou África Negra), pôde se desenvolver isoladamente.
Somente quando os árabes conquistaram o Magreb e introduziram o camelo como animal de
transporte foi possível a viagem através do deserto. A partir de então, os reinos e as grandes riquezas da
África Negra passaram a fazer parte do comércio internacional do Mediterrâneo.
Gana já era um reino rico antes da chegada dos comerciantes do norte, e são os documentos deixados
por esses comerciantes (árabes e berberes) que nos informam o que foi Gana, e relatam um império
extraordinário, também chamado de Terra do Ouro. Segundo Al-Bakri, comerciante árabe de Córdoba
(século 11), o rei de Gana usava túnicas bordadas a ouro, colares e pulseiras de ouro - e os arreios dos
cavalos e as coleiras dos cachorros do rei eram de ouro.
O império de Gana tinha como capital Kumbi-Saleh. Dessa cidade, o rei e seus nobres controlavam
povos vizinhos, obrigando-os a pagar impostos em troca de proteção. Além disso, Gana controlava o
comércio tanto das mercadorias que eram trazidas do norte (como sal e tecidos), quanto das que saíam
do interior da África (como ouro e escravos). Na capital, o comércio era intenso: os seus 20 mil habitantes
recebiam diariamente as caravanas que vinham de diversas regiões. Entre os séculos 9 e 10, Gana viveu
seu apogeu, sendo um dos mais ricos reinos do mundo, segundo Ibn Haukal, viajante árabe da época.
Com o processo de islamização dos povos africanos (os primeiros convertidos foram os berberes), o
Império de Gana (que se recusava a se converter ao Islã) foi perdendo força, até que em 1076 os
almorávidas (dinastia berbere) conquistaram e saquearam Kumbi-Saleh, transformando a cidade em um
reino tributário. A partir daí, todo império se fragmentou, o que possibilitou as incursões de vários povos
vizinhos, um deles os sossos, que passaram a controlar várias regiões do antigo império.

Fonte: Wikimedia.org/Mapa_ghana-pt.svg/286px

3
Adaptado de Turci

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 29
Mali
O Reino de Mali era, a princípio, uma região do Império de Gana habitada pelos mandingas. Era
composto por 12 reinos menores ligados entre si, e tinha como capital Kangaba. Os mandingas
chamavam seu território de Manden (= terra dos mandingas).
Após anos de guerras entre os soninquês de Gana e os almorávidas (século 11), e depois das guerras
com os sossos (século 12), Mali conseguiu sua independência e adotou o islamismo. E, apesar de passar
por um período de crise política e econômica, conseguiu se restabelecer e, em 1235, os mandingas de
Mali conquistaram o território do antigo Império de Gana, sob a liderança de Maghan Sundiata, que
recebeu o título de Mansa, que na língua mandinga significa "imperador".
O nome que os mandingas davam ao seu império era Manden Kurufa; o nome Mali era usado por seus
vizinhos, os fulas, para se referir ao grande império. Manden Kurufa significa Confederação de Manden.
A capital era Niani (atualmente uma aldeia na República da Guiné).
Ao contrário do Império de Gana, que somente se preocupava em manter os povos dominados, a fim
de controlar o comércio regional, o Império de Mali se impôs de forma centralista, estabelecendo fronteiras
bem definidas e formulando leis por meio de uma assembleia chamada Gbara, composta por diversos
povos do império. A aplicação da justiça era implacável, tanto que vários viajantes se referiam aos povos
negros como "os que mais odeiam as injustiças - e seu imperador não perdoa ninguém que seja acusado
de injusto". Acredita-se que o Império de Mali tivesse a extensão da Europa Ocidental.
O Império de Mali se tornou herdeiro do Império de Gana, pois passou a controlar todo o comércio
local. O ouro extraído por Mali sustentava grande parte do comércio no Mediterrâneo. Conta-se que, entre
1324 e 1325, Mansa Mussa, em peregrinação a Meca, parou para uma visita ao Cairo e teria presenteado
tantas pessoas com ouro, que o valor desse metal se desvalorizou por mais de 10 anos.
Também sob o reinado de Mussa, a cidade de Timbuktu (ou Tombuctu) se tornou uma das mais ricas
e importantes da região. Sua universidade era um dos maiores centros de cultura muçulmana da época,
e produziu várias traduções de textos gregos que ainda circulavam nos séculos XIV e XV. A grandiosidade
de Timbuktu atravessou os tempos e, no século XIX, exploradores europeus se embrenharam pelos
caminhos africanos, seguindo o rio Níger, em busca da lendária cidade.
O Império de Mali entrou em decadência a partir do final do século 14, em função das disputas políticas
internas e das incursões dos tuaregues (povo berbere), sendo conquistado, no século 15, pelos songais
(povo africano até então dominado por Mali). Foi nesse mesmo século que os portugueses, em pleno
processo de expansão marítima, conheceram o já decadente Mali.

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/

Cidades iorubás
A partir do século IX formaram-se as cidades da civilização iorubá, na região da atual Nigéria, já
habitada por esse povo desde o século 4.
Os iorubás nunca unificaram suas cidades, mas mantiveram a mesma cultura (língua, religião etc.). A
cidade iorubá mais importante era Ifé, considerada sagrada, por ser o berço dos iorubás, segundo a
crença local. Outra cidade importante foi Oyo, um centro militar que, no final do século 17, tinha se
expandido até Daomé (atual Benin).
Ifé foi um grande centro artesanal e artístico, e era governada por um rei sacerdote que tinha o título
de Oni, enquanto nas outras cidades os governantes recebiam o título de Oba.
Apesar do cristianismo e do islamismo terem chegado até os iorubás, a maioria desse povo sempre
se manteve fiel às antigas tradições politeístas locais, sendo os orixás os seus deuses.
Ao contrário do que se acredita, a crença nos orixás não se expandiu pela África, mantendo-se
exclusivamente iorubá. Mas como muitos iorubás (chamados de nagôs ou anagôs pelos portugueses)

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 30
foram transformados em escravos e trazidos à força para a América, o culto aos orixás se misturou ao
cristianismo imposto por portugueses e espanhóis, criando vários sincretismos religiosos que fazem parte
da cultura americana, como, por exemplo, o Candomblé e a Umbanda, no Brasil, e o Vodu no Haiti (apesar
de o Vodu também receber influências de outras culturas africanas).
A partir do século XV, as cidades iorubás iniciaram seu processo de declínio (apesar de Oio ter se
mantido até o século XIX). Muitos pesquisadores acreditam que a falta de unidade política foi uma das
causas desse declínio, já que os iorubás não tiveram condições de se fortalecer para enfrentar o processo
de escravização que lhes foi imposto.

A expansão Banto
Durante os últimos milênios, as sociedades africanas passaram por longos e diversos processos
migratórios e adaptativos em relação ás mudanças climáticas no interior do continente.
Esses movimentos migratórios levaram ao surgimento de diversas cidades e aldeias, além de criar
diferentes povos, com diferentes costumes.
O surgimento de novos polos de habitação e as migrações geraram diversos conflitos por territórios, o
que fez com que surgissem as primeiras fronteiras entre diferentes grupos.
Os grupos que compartilhavam uma história de migração comum e a conquista de um território, com
o tempo desenvolveram uma tradição e uma língua comuns. Muitas vezes seus vizinhos de região tinham
a mesma antiga origem. Mas, o momento em que partiram na sua migração, os caminhos que tomaram
e diferente maneira pela qual cada um dos grupos se apossou da terra, mudaram sua história. Mudando
a história, mudava também a sua tradição e a sua identidade. Tinham uma origem comum, mesmo que
distante no tempo, eram vizinhos, mas eram povos distintos. Assim, foram se formando as identidades
dos grupos, mais tarde chamadas de identidades étnicas.
Entre as principais origens dos povos africanos, está o tronco linguístico Banto. A palavra Banto é a
combinação de ‘ntu’ (ser humano) acrescido do prefixo ‘ba’, que designa plural. Ou seja, banto (em alguns
lugares é escrita como bantu) quer dizer: ‘seres humanos’ ou ‘gente’.
A ocupação dos povos de origem banto no continente africano, ao sul da linha do equador foi um
processo lento, que ocorreu ao longo de milhares de anos.
A primeira grande onda migratória teria se movimentado ainda no final do IIº milênio a.C., partindo da
região norte, entre o Camarões e a Nigéria. Estes grupos cruzaram a região onde fica hoje a República
Centro Africana, ocupando áreas dentro e fora da floresta equatorial, a oeste e a leste. Ao se
estabelecerem, de forma sedentária ou semi-sedentária, introduziram dois sistemas diferentes de
produção de alimentos, que se adaptaram respectivamente às florestas e à savana. Eram agricultores e
foram os primeiros nesta região a se organizar em aldeias e a agrupar estas aldeias em unidades mais
abrangentes, com cerca de 500 pessoas cada.
Uma segunda onda migratória ocorreu por volta do ano 900 a.C., quando terminava a longa expansão
inicial. A esta altura haviam dois grandes grupos, falando línguas semelhantes, porém diversas:
- Os bantos do oeste (norte da atual República Popular do Congo e leste do Gabão);
- Os bantos do leste (atual Uganda).

Os bantos do oeste desceram para a região que atualmente compreende o norte de Angola e
chegaram a uma terra mais seca. Outros permaneceram na fronteira entre a savana e a floresta, seguindo
os cursos de água. Enquanto isso, os bantos do leste moveram-se em direção ao Sul, para o sudeste do
Zaire e Zâmbia atuais.
Os processos de expansão banto não representaram invasões. Eles foram parte de um movimento
populacional lento e irregular. Os bantos acabaram por estabelecer contatos com outros povos, que
habitavam as regiões para onde migravam. As pesquisas linguísticas e arqueológicas demonstram que
algumas vezes os bantos mudaram seu modo de vida, tornaram-se pastores nômades, e chegaram em
alguns casos a transformar sua própria língua.
Novas ondas migratórias dos grupos banto do leste desceram em direção ao Sul, nos séculos iniciais
da era Cristã, e parecem ter levado junto consigo as importantes técnicas de metalurgia para estas áreas.
A esta altura seriam, além de agricultores, também ferreiros. O domínio desta técnica modificou
enormemente a vida destes povos. A partir deste momento - em torno do século V - e como resultado
desta verdadeira rede de movimentos de população, expandiram técnicas de produção de alimento e
metalurgia entre os povos da África subequatorial.
Com o domínio das técnicas agrícolas, a produção de alimentos ficou assegurada, levando estes
grupos ao sedentarismo. O sedentarismo foi importante na criação da noção de pertencimento à terra, da
ligação de determinados grupos a seus territórios.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 31
Os contatos entre os grupos foram aumentando com as trocas entre produtores de diferentes tipos de
alimentos, de acordo com a região. O inhame e o azeite de dendê, além da caça e pesca das áreas mais
próximas às florestas podiam ser trocados por cereais e outros produtos de áreas próximas.
Estas mudanças foram sendo acompanhadas por transformações nas organizações sociais destes
grupos. Surgiram novos modos de reconhecer e se relacionar interna e externamente. Em alguns casos,
apareceram divisões sociais mais profundas e em outros se criaram autoridades a partir da história de
liderança da ocupação da terra. E, em todos os casos, estas criações para o funcionamento da vida em
sociedade se basearam no mundo espiritual, parte inseparável do entendimento da vida para estas
populações.
Assim, e paralelamente a esta história de ocupação de grandes partes da África ao sul do equador,
foram surgindo grupos que, por uma história, língua, crenças e práticas em comum passaram a constituir
povos. Isto ocorreu longamente, entre o século V a.C e século V da nossa era. Foram surgindo novas
identidades de grupo.

A África Muçulmana
Atualmente o número de muçulmanos na África está estimado em mais de 300 milhões, ou seja, cerca
de 27% do total dos seguidores da religião no mundo
A expansão do Islã na África se deu no início mais pelo comércio e pela migração do que pelas
conquistas militares. A expansão do islã na África seguiu três direções:
- Do noroeste do continente (região do Magreb), ela avançou pelo Saara e alcançou a África Ocidental;
- Do baixo para o alto vale do Nilo, chegando ao nordeste da África (península da Somália e arredores);
- Comerciantes originários da porção sul-sudoeste da Península Arábica e imigrantes do subcontinente
indiano, criaram assentamentos no litoral do Índico e, dali, difundiram a presença muçulmana para o
interior.
O islamismo fez sua entrada no continente a partir da África do Norte, do Egito ao Marrocos, sendo
uma das primeiras regiões a ser conquistadas pela expansão inicial árabe-islâmica (séculos VII e VIII).
A partir do norte do Egito, os muçulmanos tentaram ir mais ao sul, mas esbarraram nos exércitos da
Núbia cristã. Derrotados, foram forçados a reconhecer a autonomia do reino cristão núbio. Mas, do Norte
conseguiram expandir-se para o Oeste (que, em árabe, quer dizer Magreb, nome pelo qual esta região
da África ficou conhecida). Foram pouco a pouco conseguindo dominar o Norte do continente africano,
durante a segunda metade do século VII. A partir dali, cruzaram o mar Mediterrâneo e conquistaram
partes do sul da Europa, incluindo a Península Ibérica (Espanha e Portugal).
Dos séculos X a XVI, mercadores muçulmanos contribuíram para o surgimento de importantes reinos
na África Ocidental, que floresceram graças ao comércio feito por caravanas que, atravessando o Saara,
punham em contato o mundo mediterrâneo ao das estepes e savanas do Sudão Ocidental e África centro-
ocidental. A conversão de certos monarcas africanos fez não só o islã avançar como criou uma florescente
cultura. Assim, cidade de Tumbuktu (no atual Máli) era, no século XIV, um núcleo urbano conhecido pelo
alto nível de suas escolas islâmicas, que atraíam muçulmanos de várias partes do mundo.
Na porção oriental do continente, comerciantes árabes conseguiram se fixar junto ao litoral do Índico,
levando a gradual conversão de grupos africanos que viviam em áreas da atual Eritréia e do leste da
Etiópia. Todavia, os reinos cristãos do alto vale do Nilo conseguiram bloquear por séculos o avanço
muçulmano, como foi o caso dos grupos etíopes, ocupantes dos altos planaltos da Etiópia. Nos séculos
seguintes, a cultura árabe-muçulmana influenciaria grupos bantos que estavam em processo de
expansão para a África oriental e meridional.
Paralelamente, comerciantes árabes cruzaram o Oceano Índico e criaram, do Chifre da África ao atual
Moçambique, um conjunto de importantes cidades-estados e fortalezas, junto ao litoral e nas ilhas, cujo
comércio de ouro se manteve até o início da presença portuguesa no século XVI. Às vésperas do início
da colonização europeia, o islã se constituía na principal presença "importada" no continente, presença
esta que já estava fortemente integrada às sociedades africanas.

O feudalismo

O Feudalismo, ou sistema feudal, corresponde ao modo de organização da vida durante a Idade Média
na Europa Ocidental. Suas origens remontam à crise do Império Romano a partir do século III.
A Idade Média abrange um longo período da história europeia, e é comum dividi-la em duas fases:
Alta Idade Média e Baixa Idade Média.
- A Alta Idade Média, é o período que vai do século V ao XI, corresponde à formação e consolidação
do sistema feudal;

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 32
- A Baixa Idade Média, é o período que vai século XI ao XV, caracteriza-se pela crise do feudalismo
e início da formação do sistema capitalista.

A formação do sistema feudal tem início com a crise do século III do Império Romano e acentua-se
no século V, com as invasões dos povos germânicos. A queda do escravismo, a formação do colonato e
a posterior implantação de um regime servil constituem o passo decisivo para a formação do sistema.
Por outro lado, os germanos que invadiram o Império Romano levaram consigo relações sociais
comunitárias de exploração coletiva das terras e subordinação aos grandes chefes militares (comitatus).
As invasões, além de despovoar as cidades, aumentando a população rural, dificultaram as comu-
nicações e provocaram o isolamento das localidades, forçando-as a adotar uma economia de subsistência
autossuficiente.
O feudalismo pode ser definido de vários modos. A melhor maneira, porém, é defini-lo conforme suas
relações sociais básicas: relações vassálicas (entre os senhores ou nobreza), relações comunitárias
(entre os servos) e relações servis (que ligavam o mundo dos senhores ao mundo dos servos).
Esta última ligação se processava por meio das obrigações, que resultavam das imposições feitas pelo
senhor aos servos, de realizar paga mentos em produtos ou serviços, e que constituem a própria essência
do feudalismo. Tais obrigações eram costumeiras e não contratuais, como ocorre no sistema capitalista.
Note-se que o servo era vinculado ao feudo, dele não podendo sair.

Os feudos

A posse de bens variava de acordo com as circunstâncias:


Propriedade privada, no manso senhorial (terra do senhor);
Propriedade coletiva, nos pastos e bosques (de uso comum para senhores e servos);
Propriedade dupla, isto é, copropriedade, no manso servil. (O senhor detinha a posse legal e o servo,
a posse útil da terra.)
Levando-se em consideração que a maior parte da produção obtida pelo servo não se conservava em
suas mãos, pois passava para o senhor feudal, seu interesse era mínimo. Associando-se a este fato o de
que os trabalhos agrícolas eram realizados coletivamente, tolhendo a iniciativa individual, eles resultavam
em baixo nível da técnica e pequena produtividade: para cada grão semeado, colhiam-se dois. Daí o
regime de divisão das terras cultiváveis em três campos, destinados alternadamente para o plantio de
cereais e de forragem, reservando-se o terceiro para o descanso (pousio). Realizava-se a rotação trienal
dos campos, com vistas a impedir o esgotamento do solo.

A sociedade feudal

De acordo com as bases materiais descritas não havia possibilidade de mobilidade social nos feudos:
a sociedade era, portanto, estamental. O princípio de estratificação era o nascimento, surgindo então
duas camadas básicas: senhores e servos. Existiam também categorias intermediárias, tais como os
vilões (camponeses livres) e os ministeriais (corpo de funcionários livres do senhor).

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 33
O número de escravos reduziu-se cada vez mais, pois não havia guerras de expansão para apresá-
los; além disso, a Igreja condenava a escravização de cristãos. Por outro lado, os vilões tendiam a se
tornar servos, pois de nada lhes adiantava a liberdade dentro da insegurança reinante: o fundamental era
a obtenção de proteção.
No topo da hierarquia social estavam os senhores feudais. Os senhores feudais viviam com suas
famílias em casas fortificadas. Nas regiões mais ricas, os nobres habitavam em castelos.
Na base da sociedade feudal estavam os servos, que representavam aproximadamente 98% da
população de um feudo. Os servos viviam nas terras do senhor e a ele deviam uma série de serviços
como a corveia, a talha e as banalidades.
Na corveia o servo ficava obrigado a trabalhar nas terras do nobre por alguns dias da semana;
Na talha, o camponês ficava obrigado a entregar ao senhor feudal parte de sua produção;
Nas banalidades o servo era obrigado a pagar pela utilização do moinho, do forno e demais utensílios
pertencentes ao senhor.
Mão-morta, uma espécie de taxa que o servo devia pagar ao senhor feudal para permanecer no feudo
quando o pai morria.
Tostão de Pedro (10% da produção), que o servo devia pagar à Igreja de sua região.

Outra classe social existente no feudo era o clero, os membros da Igreja. Os clérigos eram os
responsáveis pela transmissão religiosa e cultural. Também eram os responsáveis pelas leis, que nesta
época eram transmitidas pela interpretação religiosa. Isto tudo garantia ao clero a responsabilidade pelo
caráter moral da sociedade. E, não por acaso, que foi neste período que a Igreja Católica se transformou
na mais poderosa instituição da Idade Média. O domínio da Igreja foi garantido por ela ser a única com
acesso ao saber. Afinal, somente os membros do clero podiam ser instruídos de educação e,
consequentemente, eram os poucos que sabiam ler e escrever. O clero era sustentado pelos dízimos
entregues à Igreja.
A definição do bispo Adalberon de León para a sociedade medieval reflete muito bem o pensamento
da época, pois para o bispo “na sociedade feudal o papel de alguns é rezar, de outros é guerrear e de
outros trabalhar”. Para a Igreja medieval, cada indivíduo tinha um importante papel na sociedade, por
isso, deveria executar a sua função com zelo e gratidão como se estivesse trabalhando para o próprio
Deus. Com isso, a Igreja garantia a manutenção da sociedade tal e qual ela era.

As relações vassálicas

O poder político no sistema feudal era exercido pelos senhores feudais, daí seu caráter localista. Não
tendo autoridade efetiva, os reis apenas aparentavam poder, pois na prática existia uma descentralização
político-administrativa.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 34
Impossibilitados de defender o reino, os soberanos delegaram essa tarefa aos senhores feudais. Por
isso, e com vistas a se protegerem, os senhores procuravam relacionar-se diretamente por um
compromisso: o juramento de fidelidade. O senhor feudal que o prestasse tornar-se-ia vassalo e aquele
que o recebesse seria seu suserano. Na hierarquia feudal, suseranos e vassalos tinham obrigações
recíprocas, pois à homenagem prestada pelo vassalo correspondia o benefício concedido pelo suserano.
Essa relação definia-se em um rito denominado "cerimônia de investidura" ou "cerimônia de adubamento".

A Igreja Medieval

Em meio à desorganização administrativa, econômica e social produzida pelas invasões germânicas


e ao esfacelamento do Império Romano, a Igreja Católica, com sede em Roma, conseguiu manter-se
como instituição. Consolidando sua estrutura religiosa e difundindo o cristianismo entre os povos
bárbaros.
Valendo-se de sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em
diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmentação
política da sociedade feudal.

Os sacerdotes da Igreja era divididos em duas categorias:


Clero secular (aqueles que viviam no mundo fora dos mosteiros), hierarquizado em padres, bispos,
arcebispos etc.
Clero regular (aqueles que viviam nos mosteiros), que obedecia às regras de sua ordem religiosa:
beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.

No ponto mais alto da hierarquia eclesiástica estava o papa, bispo de Roma, considerado sucessor do
apóstolo Pedro. Nem sempre a autoridade do papa era aceitar por todos os membros da Igreja, mas em
fins do século VI ela acabou se firmando, devido, em grande parte, à atuação do papa Gregório Magno.
Além da autoridade religiosa, o papa contava também com o poder temporal da Igreja, isto é, o poder
advindo da riqueza que acumulara com as grandes doações de terras feitas pelos fiéis em troca da
salvação.
Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa
Ocidental.
O papa, desde 756, era o administrador político do Patrimônio de São Pedro, o Estado da Igreja,
constituído por um território italiano doado pelo rei Pepino, dos francos.
O poder temporal da Igreja levou o papa a envolver-se em diversos conflitos políticos com monarquias
medievais. Exemplo marcante desses conflitos é a Questão da Investiduras, no século XI, quando se
chocaram o papa Gregório VII e o imperador do Sacro Império Romano Germânico, Henrique IV.

A Questão das Investiduras e o Movimento Reformista


A Questão das Investiduras refere-se ao problema de a quem caberia o direito de nomear sacerdotes
para os cargos eclesiásticos, ao papa ou ao imperador.
As raízes desse conflito remontam a meados do século X, quando o imperador Oto I, do Sacro Império
Romano Germânico, iniciou um processo de intervenção política nos assuntos da Igreja a fim de fortalecer
seus poderes. Fundou bispados e abadias, nomeou seus titulares e, em troca da proteção que concedia
ao Estado da Igreja, passou a exercer total controle sobre as ações do papa.
Durante esse período, a Igreja foi contaminada por um clima crescente de corrupção, afastando-se de
sua missão religiosa e, com isso, perdendo sua autoridade espiritual. As investiduras (nomeações) feitas
pelo imperador só visavam os interesses locais. Os bispos e os padres nomeados colocavam o
compromisso assumindo com o soberano acima da fidelidade ao papa.
No século XI surgiu um movimento reformista, visando recuperar a autoridade moral da Igreja, liderado
pela Ordem Religiosa de Cluny. Os ideais dos monges de Cluny foram ganhando força dentro da Igreja,
culminando com a eleição, em 1073, do papa Gregório VII, antigo monge daquela ordem reformista.
Eleito papa, Gregório VII tomou uma série de medidas que julgou necessárias para recuperar a moral
da Igreja. Instituiu o celibato dos sacerdotes (proibição de casamento), em 1074, e proibiu que o imperador
investisse sacerdotes em cargos eclesiásticos, em 1075. Henrique IV, imperador do Sacro Império, reagiu
furiosamente à atitude do papa e considerou-o deposto. Gregório VII, em resposta, excomungou Henrique
IV. Desenvolveu-se, então, um conflito aberto entre o poder temporal do imperador e o poder espiritual
do papa.
Esse conflito foi resolvido somente em 1122, pela Concordata de Worms, assinada pelo papa Calixto
III e pelo imperador Henrique V. Adotou-se uma solução de meio termo: caberia ao papa a investidura

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 35
espiritual dos bispos (representada pelo báculo), isto é, antes de assumir a posse da terra de um bispado,
o bispo deveria jurar fidelidade ao imperador.

Inquisição
Nos países cristãos, nem sempre a fé popular manifestava-se nos termos exatos pretendidos pela
doutrina católica. Havia uma série de doutrinas, crenças e superstições, denominadas heresias, que se
chocavam com os dogmas da Igreja.
Para combater essas heresias, o papa Gregório IX criou, em 1231, os tribunais da Inquisição, cuja
missão era descobrir e julgar os heréticos. Os condenados pela inquisição eram entregues às autoridades
administrativas do Estado, que se encarregavam da execução das sentenças. As penas aplicadas a cada
caso iam desde a confiscação de bens até a morte em fogueiras.
O processo inquisitorial cumpria basicamente as seguintes etapas: o tempo de graça, o interrogatório
e a sentença.

A vida cultural
Quando se compara a produção cultural da Idade Média com a Antiguidade ou a Modernidade, ela é
considerada tradicionalmente um período de trevas. Ao longo do tempo, esse conceito tem sofrido
algumas revisões, graças à reabilitação da Idade Média por certos autores que nela encontram as raízes
culturais do Mundo Moderno e - num sentido mais imediato - do Renascimento.
Também é importante lembrar que a Igreja foi a grande mantenedora da cultura durante o Período
Feudal, apesar de o fazer de forma que justificasse suas ideias e dogmas. O privilégio da leitura e da
escrita também estava vinculado à Igreja.
Já na crise do feudalismo, com a expansão comercial e a criação das universidades, o pensamento
filosófico desenvolveu-se, surgindo, então, a escolástica ("filosofia da escola"), produzida por São Tomás
de Aquino, autor da Suma Teológica. O ideal tomista era conciliar o racionalismo aristotélico com o
espiritualismo cristão, harmonizando fé e razão.

A baixa Idade média e as mudanças na sociedade Feudal


Na Baixa Idade Média, ocorreu a transição para o sistema capitalista. Ao mesmo tempo, surgiram
novas classes sociais, principalmente a burguesia, que auxiliou a realeza no processo de centralização
política.
A questão fundamental para entender as mudanças durante a Baixa Idade Média é a crise do
feudalismo. A produção feudal era baseada no trabalho servil, sendo limitada e estática, o que, por sua
vez, representava o baixo nível de técnica do sistema feudal.
No século XI, cessaram as ondas invasoras, criando uma certa estabilidade na Europa, além de
condições de segurança para o aumento da circulação de mercadorias. Houve uma maior redistribuição
da produção, gerando um crescimento demográfico que não foi acompanhado pelo aumento da oferta de
empregos e alimentos.
Com o aumento da circulação de mercadorias e a introdução de novos artigos de luxo, os senhores
feudais passaram a ter necessidade de aumentar as suas rendas. Para obter mais recursos, eles eram
obrigados a aumentar as obrigações dos servos, que, pressionados, partiam para as cidades em busca
de uma vida melhor. A solução para a crise seria a substituição do regime de trabalho servil pelo trabalho
assalariado, porém essa mudança incentivou a evolução do modo de produção feudal para o capitalista,
o que não seria viável num curto período.
Dessa forma, a crise do feudalismo ocorreu pela incapacidade da antiga estrutura econômica de
sustentar as mudanças, o que foi gerando uma nova organização do modo de vida.
A crise do sistema feudal deu origem a um processo de marginalização social, quer pela fuga dos
servos, quer pelos deserdamentos ocorridos na camada senhorial. Essa marginalização trouxe como
consequência o aumento da belicosidade, marcada por assaltos e sequestros a ricos cavaleiros.
A Igreja Católica, para tentar conter a crise, propôs a "Paz de Deus" (proteção aos cultivadores,
viajantes e mulheres) e a "Trégua de Deus" (na qual os dias para realizar guerras ficavam limitados a 90
por ano). Porém, essa intervenção da Igreja não foi suficiente para conter a crise e a violência feudais.

As Cruzadas
Como as tentativas anteriores não obtiveram o resultado esperado, a Igreja propôs as Cruzadas, uma
contraofensiva da cristandade diante do avanço do Islã. A Europa, que, entre os séculos VIII e XI, não
teve condições de reagir contra os árabes, passava a reunir nesse momento as condições necessárias:
- Mão-de-obra militar marginalizada e ociosa;

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 36
- Controle espiritual e religioso que a Igreja exercia sobre o homem medieval, que o levou a crer na
necessidade de resgatar o Santo Sepulcro e combater o infiel muçulmano;
- Poder papal que se fortalecera quando Gregário VII impôs sua autoridade a Henrique IV, na Querela
das Investiduras:
-A Igreja do Ocidente pretendia a reunificação da cristandade, quebrada pelo Cisma de 1054;
- O desejo do imperador de Constantinopla em afastar o perigo que os muçulmanos representavam;
- Para Urbano II, o papa do exílio imposto pela Querela das Investiduras, convocar as Cruzadas
demonstrava prestígio e autoridade perante toda a Igreja.

Em 1095, durante Concílio de Clermont, Urbano II convocou a cristandade para uma guerra santa
contra o Islã. Foram realizadas oito Cruzadas, entre 1095 e 1270.
Apesar da mobilização realizada pelas Cruzadas, elas são consideradas um insucesso, que se deve
em primeiro lugar ao caráter superficial da ocupação. A presença cristã no Oriente Médio não criou raízes
entre as populações locais. Outra razão foi a anarquia feudal, que enfraquecia as colônias militares
estabelecidas em território inimigo. A luta fratricida foi uma constante entre as ordens religiosas e os
cruzados latinos.

Fonte: 10emtudo.com.br

Consequências das Cruzadas


As Cruzadas não se limitaram às expedições ao Oriente. Ao mesmo tempo, os reinos ibéricos de Leão,
Castela, Navarra e Aragão começavam a Reconquista da Península Ibérica contra os muçulmanos. A
ofensiva teve início com a tomada da cidade de Toledo, em 1036, e concluiu-se, em 1492, com a tomada
de Granada. A vitória dos italianos sobre os muçulmanos no Mar Tirreno e norte da África fez com que
as cidades italianas iniciassem o seu domínio sobre o Mediterrâneo, lançando as sementes do comércio
e do capitalismo. As relações entre Ocidente e Oriente foram redinamizadas depois de séculos de
bloqueio, e as mercadorias orientais se espalhavam pela Europa. O contato com o Oriente trouxe o
conhecimento de novas técnicas de produção, fabricação de tecidos e metalurgia.

O Renascimento do Comércio
As transformações econômicas e sócias entre os séculos XI e XIV na Europa foram imensos. A crise
do feudalismo acentuou-se, principalmente depois das cruzadas. Ao voltarem das batalhas em terras
orientais, os cruzados traziam consigo produtos de luxo, como tapetes persas, porcelanas chinesas,
tecidos finos ou especiarias (temperos como cravo, canela e pimenta), que atraíam a população europeia,
proporcionado o Renascimento do Comércio.
Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04
. 37
Por haverem estabelecido feitorias nessas regiões mais afastadas, os europeus abriram um novo eixo
comercial ligando o Ocidente ao Oriente. As principais rotas de comércio eram feitas pelo mar
Mediterrâneo e estavam sob o controle de cidades como Gênova, Veneza, Pisa, Constantinopla,
Barcelona e Marselha. No mar Báltico e no mar do Norte, o domínio ficava por conta de cidades como
Hamburgo, Bremen e pela região de Flandres (Países Baixos).

Burgos e burgueses
Com a retomada do comércio, muitos europeus deixaram o campo e foram viver dentro dos burgos -
vilas fortificadas com muralhas, construídas entre os séculos IX e X e posteriormente abandonadas -,
onde esperavam encontrar melhores condições de vida. Em pouco tempo, contudo, esses lugares
tomaram-se pequenos e as pessoas viram-se obrigadas a se instalar do lado de fora de suas muralhas.
Essa população, formada principalmente por artesãos, operários e comerciantes, acabou dando
origem a novos burgos em vários pontos da Europa. Seus habitantes, por oposição aos nobres que viviam
em castelos, ficaram conhecidos como burgueses.
O aumento do comércio e do volume de negociações gerou uma nova necessidade: a padronização
de unidades de valor. O uso de moedas tornou-se essencial, substituindo o escambo ou troca de
mercadorias. Com a criação das moedas, surgiram também primeiras casas bancárias, responsáveis
pelas operações de câmbio e empréstimos a juros. Toda essa dinâmica fez com que o dinheiro passasse
a ganhar importância e a terra e a produção agropecuária deixassem de ser a base da riqueza na Europa.
Com o aumento do comércio, e, consequentemente, dos lucros, os mercadores e banqueiros
conquistavam maior status social e passaram a ansiar pelo poder político. A burguesia ganhava prestígio
e espaço, aproximando-se dos reis e emprestando-lhes dinheiro em troca de medidas políticas favoráveis
ao comércio. Ao mesmo tempo, os senhores feudais viam-se envolvidos em dívidas, muitas delas
decorrentes das altas despesas com as Cruzadas.

Humanismo
Além dos empreendimentos comerciais, o maior contato entre os burgueses e os monarcas financiou
o surgimento de novas universidades. Com a expansão comercial surgiu a necessidade de formar
pessoas que entendessem de direito e comércio. Com a criação das universidades, a difusão do
conhecimento deixou de ser algo exclusivo da Igreja, e o ensino tomou-se laico, voltado cada vez mais
para questões mundanas.
As aulas voltaram-se para os textos clássicos, principalmente os dos gregos e romanos, e as atenções
dos estudiosos dirigiam-se a diversas áreas do saber e das artes. Iniciava-se o Humanismo, movimento
cultural que viria a influenciar a Europa por quase três séculos. Até então hegemônico, o pensamento da
Igreja passou a ser questionado por religiosos e filósofos leigos.

Guerra, fome e peste


O crescimento que a Europa obteve nos séculos anteriores sofreu um forte golpe no século XIV. As
mudanças climáticas geraram um grave colapso no abastecimento agrícola e, apesar dos diversos
avanços tecnológicos verificados no campo, como a invenção da charrua, da ferradura, a difusão dos
moinhos de vento, a produção não era suficiente para abastecer a população europeia, que duplicou
entre o ano 1000 e o ano 1300, levando boa parte da população a passar fome.
Entre 1346 e 1352, o continente foi assolado pela Peste Negra, uma epidemia decorrente das
péssimas condições de higiene das cidades, transmitida ao ser humano através das pulgas dos ratos-
pretos ou outros roedores, matando cerca de 30 milhões de pessoas, mais de um terço da população
europeia na época. A situação ficou ainda mais grave depois que a nobreza da França e Inglaterra deram
início à chamada Guerra dos Cem Anos, conflito que se estendeu de 1337 a 1453 provocando grande
número de mortos em ambos os países. Outras guerras ocorreram também na Península ibérica, na Itália
e na Alemanha.

Questões

01. (FGV) "A palavra 'servo' vem de 'servus' (latim), que significa 'escravo'. No período medieval, esse
termo adquiriu um novo sentido, passando a designar a categoria social dos homens não livres, ou seja,
dependentes de um senhor. (...) A condição servil era marcada por um conjunto de direitos senhoriais ou,
do ponto de vista dos servos, de obrigações servis". (Luiz Koshiba, "História: origens, estruturas e
processos")

Assinale a alternativa que caracterize corretamente uma dessas obrigações servis:

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 38
(A) Dízimo era um imposto pago por todos os servos para o senhor feudal custear as despesas de
proteção do feudo.
(B) Talha era a cobrança pelo uso da terra e dos equipamentos do feudo e não podia ser paga com
mercadorias e sim com moeda.
(C) Mão morta era um tributo anual e per capita, que recaía apenas sobre o baixo clero, os vilões e os
cavaleiros.
(D) Corveia foi um tributo aplicado apenas no período decadente do feudalismo e que recaía sobre os
servos mais velhos.
(E) Banalidades eram o pagamento de taxas pelo uso das instalações pertencentes ao senhor feudal,
como o moinho e o forno.

02. (Fatec-SP) Uma das características a ser reconhecida no feudalismo europeu é:


(A) A sociedade feudal era semelhante ao sistema de castas.
(B) Os ideais de honra e fidelidade vieram das instituições dos hunos.
(C) Vilões e servos estavam presos a várias obrigações, entre elas o pagamento anual de capitação,
talha e banalidades.
(D) A economia do feudo era dinâmica, estando voltada para o comércio dos feudos vizinhos.
(E) As relações de produção eram escravocratas.

03. (FUVEST) Politicamente, o feudalismo se caracterizava pela:

(A) atribuição apenas do Poder Executivo aos senhores de terras;


(B) relação direta entre posse dos feudos e soberania, fragmentando-se o poder central;
(C) relação entre a vassalagem e suserania entre mercadores e senhores feudais;
(D) absoluta descentralização administrativa, com subordinação dos bispos aos senhores feudais;
(E) existência de uma legislação específica a reger a vida de cada feudo.

04. (UNIP) O feudalismo:

(A) deve ser definido como um regime político centralizado;


(B) foi um sistema caracterizado pelo trabalho servil;
(C) surgiu como consequência da crise do modo de produção asiático;
(D) entrou em crise após o surgimento do comércio;
(E) apresentava uma considerável mobilidade social.

05. (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o ponto de vista político, foi o enfraquecimento
do Estado enquanto instituição, porque:

(A) a inexistência de um governo central forte contribuiu para a decadência e o empobrecimento da


nobreza;
(B) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os feudos, enfraquecendo o poder político dos
senhores;
(C) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal, tais como a fidelidade e a lealdade ao
suserano;
(D) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus súditos onerava-lhe as rendas;
(E) a competência política para centralizar o poder, reservada ao rei, advinha da origem divina da
monarquia.

Respostas

01. Resposta: E
Na corveia o servo ficava obrigado a trabalhar nas terras do nobre por alguns dias da semana;
Na talha, o camponês ficava obrigado a entregar ao senhor feudal parte de sua produção;
Nas banalidades o servo era obrigado a pagar pela utilização do moinho, do forno e demais utensílios
pertencentes ao senhor.
Mão-morta, uma espécie de taxa que o servo devia pagar ao senhor feudal para permanecer no feudo
quando o pai morria.
Tostão de Pedro (10% da produção), que o servo devia pagar à Igreja de sua região.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 39
02. Resposta: C
Apesar de não serem escravos, os servos estavam presos à terra do senhor feudal, através de diversas
obrigações e impostos que deveriam ser pagos para usufruir da terra e das benfeitorias do feudo.

03. Resposta: B
O feudalismo marcou a descentralização do poder, com cada feudo funcionando como uma unidade
autônoma, onde o senhor feudal, dono da terra, era o soberano.

04. Resposta: B
Na base da sociedade feudal estavam os servos, que representavam aproximadamente 98% da
população de um feudo. Os servos viviam nas terras do senhor e a ele deviam uma série de serviços
como a corveia, a talha e as banalidades.

05. Resposta: C
O poder político no sistema feudal era exercido pelos senhores feudais, daí seu caráter localista. Não
tendo autoridade efetiva, os reis apenas aparentavam poder, pois na prática existia uma descentralização
político-administrativa.

12. Formação dos Estados nacionais;


13. Reforma e contra reforma;
14. O antigo Regime;

Antigo Regime e Ilustração4


O Antigo Regime

Alexis de Tocqueville

O Antigo Regime, foi um termo criado pelo historiador francês Alexis de Tocqueville (1805-1859), para
se referir ao sistema político, econômico e social que se originou na França, e posteriormente se difundiu
ao longo dos séculos XVI ao XVIII pela Europa Ocidental, abrangido suas colônias nas Américas e no
restante do mundo. A estrutura do Antigo Regime é marcado pela forte centralização do Estado na mão
do rei, algo conhecido como monarquia absolutista, a qual teve como grande modelo o monarca Luís XIV
de França; na economia se nota a substituição da economia basicamente rural pela ascensão do
comércio, e junto a este o capitalismo. Nessa época chamado de mercantilismo. No âmbito social esse
período marcou um forte contraste de desigualdade social; poucos eram os ricos e muitos eram os pobres.
Países como Inglaterra, Portugal, Espanha, França e Holanda enriqueceram rapidamente as custas da
exploração da América. E por outro lado isso gerou uma forte miséria nos povos que ali viviam e na
própria Europa, devido ao fato de não se haver uma divisão digna dos bens.
Sendo assim, após essa breve introdução do que foi o Antigo Regime, partirei para explicar mais a
fundo alguns de seus principais aspectos, que marcaram o período da História Moderna. Para isso
devemos primeiro voltar um pouco antes na história, para entender o que ocorreu na transição do
feudalismo para o mercantilismo e da Idade Média para a Idade Moderna.
Basicamente ao longo do período medieval (476-1453) a economia fora basicamente agrícola e
pecuária, voltada para o sustento próprio. O comércio nessa época era muito escasso. Por outro lado, as
terras pertenciam ao rei, e este as dividia entre seus vassalos, os senhores feudais, os quais eram quase

4
http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2010/05/o-antigo-regime.html.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 40
como "reis" em suas terras. Sendo assim, o Estado medieval era marcado pela descentralização do poder,
o qual era repartido por vários governantes. Na questão social, grande parte da população vivia no campo,
sendo parte desta serva de um senhor, e a minoria sendo "livre". Entretanto, somente a nobreza e a
aristocracia era que tinha acesso aos lucros, ainda não existia uma burguesia propriamente dita. Outro
questão que contribuía para o não crescimento do comércio e da centralização das terras era a
intervenção da Igreja. A qual era proprietária de grande parte das terras nos reinos. E praticamente estas
terras eram submetidas quase que exclusivamente ao poder da Igreja e não dos reis. Quanto a questão
do comércio havia o crime da usura.
Entretanto por volta do século XIV e XV as cidades começaram a reflorescer, graças ao investimento
dos comerciantes. Estes locais passaram a se chamarem de burgos, os quais eram construídos ao lado
das antigas cidades feudais. A população que vivia nesses burgos, passou a ser chamada de burgueses.
Esses burgueses para darem continuidade em seu trabalho precisavam de apoio de alguém. As estradas
não eram seguras, eram cheias de ladrões. Nos mares rondavam piratas. A única solução que fora
encontrada para se cuidar destes problemas fora os comerciantes se unirem para formarem companhias,
guildas e ligas mercantis, para terem maiores chances de se enfrentar estes problemas. No entanto, outro
ponto interessante é que as cidades voltaram a florescer e começaram a novamente ser alvo de assaltos.
Por isso que os burgos eram fortificados, e para suprir a necessidade de defesa, os reis passaram a
fornecer soldados para as cidades em troca de pagamento.

Gravura de uma cidade e um burgo fora das muralhas desta.

"Os direitos que mercadores e cidades conquistaram refletem a importância crescente do comércio
como fonte de riqueza. E a posição dos mercadores na cidade reflete a importância crescente da riqueza
em capital em contraste com a riqueza em terras". (HUBERMAN, 1976, p. 44).
Sendo assim, nascia um novo contrato entre o rei e os burgueses. Os reis querendo retomar o controle
de suas terras, de enriquecer e ter mais poder, se aliaram aos burgueses para conseguir sua ascensão.
Em poucas palavras, os burgueses enriquecendo, dariam mais dinheiro ao rei para este poder manter a
ordem no reino, e consequentemente os reis se tornariam mais ricos. De fato isso contribuiu para o
fortalecimento do Estado real, e sua centralização nas mãos dos monarcas.
"O rei fora um aliado forte das cidades na luta contra os senhores. Tudo que reduzisse a força dos
barões fortalecia o poder real. Em recompensa pela ajuda, os cidadãos estavam prontos a auxiliá-lo com
empréstimos de dinheiro. Isso era importante, porque com o dinheiro o rei podia dispensar a ajuda militar
de seus vassalos. Podia contratar e pagar um exército pronto, sempre a seu serviço, sem depender da
lealdade de um senhor". (HUBERMAN, 1976, pp. 80-81).
Mas, não obstante, devo prosseguir de fato para explicar com maiores detalhes a organização da
estrutura do Antigo Regime, devo dizer aqui, para muitos historiadores, como o próprio Tocqueville afirma,
o Antigo Regime se iniciou na França, e depois se espalhou para os outros países. Entretanto, as
características que serão dadas a seguir muitas remetem ao Estado francês o qual de certa forma fora o
mais absolutista que houve nesse período.

Política e administração:
Se na Idade Média, o rei não tinha um total controle do seu reino, havendo vários problemas de se
manter a ordem e a paz entre seus vassalos, que constantemente lutavam hora com os bárbaros
invasores, ou lutavam entre si, guerras entre feudos. No século XVI em diante, isso acabaria.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 41
"As cidades têm constituições muito diversas. Seus magistrados têm nomes diferentes ou tiram seus
poderes de diversas fontes: aqui um prefeito, lá cônsules, alhures síndicos. Alguns são escolhidos pelo
rei, outros pelo antigo senhor ou príncipe apanagista; um são eleitos pelos concidadãos para um prazo
de um ano e outros que compraram o direito de governar permaneceram no poder ad aeternum. Estes
são os destroços dos antigos poderes [...]". (TOCQUEVILLE, 1997, p. 78).
Por mas que digam que a Idade Média era um período de "trevas", havia uma certa ordem no poder.
No entanto, como ficou claro na citação acima, todo mundo queria mandar ao mesmo tempo. E as vezes
não se sabia afinal que era que estava mandando. E para se resolver tal problema, fora restituído o antigo
Conselho do rei ou Conselho Real. Desde a antiguidade existia conselhos de reis. Porém com o tempo
isso fora perdendo espaço e força, principalmente no medievo. Agora restituído, o conselho seria o centro
político, administrativo e judiciário do Estado. Tudo seria levado para ser resolvido lá. Os governadores,
prefeitos, juízes, inspetores, fiscais, tabeliães, etc. Todos seriam eleitos pelo conselho. Se uma guerra
fosse ocorrer, teria que se ter a permissão do rei. Vários outros cargos administrativos como o controlador
geral, comissário, delegado, subdelegado, inspetor, censor, etc., passaram a ser mais regularizados e
terem uma maior eficiência em suas atividades. Nesse ponto, o governo de fato se tornou tão centralizado,
a ponto de se tornar opressor.
"Como o conselho do governo exerce, além do mais, sob o bel-prazer do rei, o poder legislativo,
discutindo e propondo a maioria das leis e também fixando e ordenando os impostos. Como conselho
superior de administração cabe-lhe estabelecer as regras gerais que devem orienta os agentes do
governo. Resolve todos os negócios importantes e controla os poderes secundários. [...]. É o rei e só o
rei quem decide, mesmo quando o conselho parece pronunciar-se". (TOCQUEVILLE, 1997, p. 78).
Entretanto, Tocqueville deixa um fato curioso em seu estudo. Ele diz que por mais que o conselho
cuide da questão judiciária, este atuaria mais como um fiscalizador do que a instância na qual exerce o
poder judicial. Isso cabe aos ministérios. Entretanto, os ministros estavam sob a vontade do rei.
''O governo central encarregava-se sozinho, com a ajuda de seus agentes, de manter a ordem pública
nas províncias. A polícia montada espalhava-se em toda a superfície do reino em pequenas brigadas,
dependendo sempre dos intendentes. E com a ajuda destes soldados e, quando necessário, do exército,
que o intendente enfrentava os perigos imprevistos, prendia os vagabundos, reprimia a mendicância e
reprimia as matins que o preço do grão provocava sem cessar". (TOCQUEVILLE, 1997, pp. 80-81).
Por mais que esta política parecesse ser promissora, de fato ela pôde colocar ordem no Estado. Porém
devo ressalvar que o Antigo Regime, fora um período bem conturbado na Europa, várias guerras
eclodiram. Muitas pessoas morreram, plantações foram arrasadas, o Estado gastou muito dinheiro nas
batalhas, e como forma de se recuperar o que havia sido gasto, passou cada vez mais a explorar o povo.
Constantemente o Estado expedia leis, literalmente obrigando um maior desempenho dos camponeses
e artesãos em seus ofícios. Inspetores eram responsáveis pela fiscalização e quem não cumprisse com
as normas era multado.
"A correspondência do intendente com os subdelegados demonstra que o governo intrometia-se
realmente em todos os negócios da cidade tanto pequenos como grandes. É consultado sobre tudo e
opina sobre tudo, chegando até a regulamentar festas". (TOCQUEVILLE, 1997, p. 85).
Por mas que digam que a política do Antigo Regime fosse centralizadora, ela não deixava de ser
autoritária em muitos aspectos. Mas, a contradição era que mesmo o povo se sentido oprimido pelas
cobranças do Estado, hora ou outra se revoltando com os impostos, a figura do rei, era algo essencial
nessa cultura. No livro A sociedade de Corte de Norbert Elias, ele demonstra até que ponto o papel da
figura do rei, era importante para se manter a organização da corte, da nobreza, e do Estado. Muitos dos
costumes daquela época que podem parecer fúteis para nós era algo que era necessário se fazer para
se manter a honra, se conseguir prestígio social etc. Devo lembrar que havia uma grande dicotomia entre
a sociedade nessa época. Por isso mais a frente abordarei esta desigualdade.
Se o rei era o centro do Estado, algo que ficou marcado na frase de Luís XIV "L'État c'est moi" (O
Estado sou eu). Não há razão para se discordar disso de certa forma. Como já pode ser visto
anteriormente. Porém a outros dois pontos que contribuem para a garantia do poder absolutista. Como
fora visto anteriormente na transição do medievo para a era moderna, os reis só conseguiram recobrar
seus poderes graças ao apoio da burguesia, que lhe deram dinheiro e armas para poder levar a cabo
seus planos. Não obstante, outro fundamento que reforçava esta questão do poder do rei, fora elaborado
pelo bispo e teólogo francês, Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704), o qual defendia o direito divino dos
reis governarem. Para ele a monarquia absolutista não seria um crime, mas sim um direito do governante
dado por Deus para se governar os homens. Fato este que se evidência no egocentrismo de Luís XIV de
se chamar de Rei-sol. A ideia de divinização dos reis não era algo que fora concebido na Idade Moderna,
desde à Antiguidade, entre diferentes povos como incas, egípcios, chineses, etc., seus reis eram vistos
como seres divinos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 42
Economia:
Como já foi visto, a economia fora paulatinamente deixando de ser principalmente rural, para ingressar
no mercantilismo capitalista. Essencialmente das diferentes formas de mercantilismo que surgiram:
metalismo, colbertismo, comercial, etc., cada um necessariamente visava o lucro máximo com a menor
despesa possível. Nesse ponto, as cidades foram as responsáveis por implantar essa nova prática
econômica. Se antes as terras eram os bens de maior valor no período medieval, nessa época, os
comerciantes procuravam por patrimônios móveis, ou seja, algo que eles pudessem vender facilmente
para poder lucrar, ou algo que pudessem transportar.
"O homem da cidade via a terra e a habitação sob um prisma diferente do senhor feudal. O homem da
cidade poderia, de repente, precisar de algum dinheiro para inverter em negócios, e gostava de pensar
que podia hipotecar ou vender sua propriedade para obtê-lo, sem pedir permissão para uma série de
proprietários". (HUBERMAN, 1976, p. 38).
"Nos primórdios do feudalismo, a terra, sozinha, constituía a medida da riqueza do homem. Com a
expansão do comércio, surgiu um novo tipo de riqueza - a riqueza em dinheiro. No início da era feudal, o
dinheiro era inativo, fixo, móvel; agora tornara-se ativo, vivo, fluido. No início da era feudal, os sacerdotes
e guerreiros, proprietários de terras, se achavam num dos extremos da escala social, vivendo do trabalho
dos servos, que se encontravam no outro extremo. Agora, um novo grupo surgia - a classe média, vivendo
de uma forma nova, da compra e da venda. No período feudal, a posse da terra, a única fonte de riqueza,
implicava o poder de governar para o clero e a nobreza. Agora, a posse do dinheiro, uma nova fonte de
riqueza, trouxera consigo a partilha no governo, para a nascente classe média”. (HUBERMAN, 1976, p.
44).
Com essa mudança de visão sobre o bem econômico, a Europa mergulhou em um período no qual ter
terras não era necessariamente ser um homem rico, mas saber como comercializar isso lhe traria grande
riqueza. A própria burguesia começou a se tornar um classe forte e influente a partir do século XVI até o
XVIII quando a nobreza barra sua ascensão. Mas, com a queda do Antigo Regime, a burguesia voltou a
crescer novamente.
Outro ponto que devo destacar a respeito dessa ideia de mercantilismo, é que com a descoberta das
Américas e posteriormente de ouro e prata na América Latina, uma verdadeira corrida aconteceu durante
dois séculos; espanhóis, portugueses, holandeses, franceses, ingleses, etc., correram para o Novo
Mundo atrás de um pedacinho se quer dessa riqueza. Como eu já havia dito anteriormente, o
mercantilismo metalista visava a acumulação de metais preciosos, ou seja, quanto mais ouro e prata um
país tivesse, mais rico esse seria. Já o colbertismo visava o emprego desses metais para se construir
manufaturas no reino, e poder comercializar esta com outros países e com suas próprias colônias. Tal
sistema econômico fora concebido por Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), primeiro-ministro de Luis XIV.
Outro fato que deve se destacar, que em meio a este novo mercado competitivo, para ver quem lucrava
mais nas Índias, na África e nas Américas, muitos mercadores não eram tão ricos a ponto de poderem
investir nessas longas viagens marítimas e para se resolver isso, as pequenas ligas mercantis se tornaram
grandes companhias marítimas. Dentre estas, duas foram de maior importância: a Companhia das Índias
Ocidentais e a Companhia das Índias Orientais (nesse caso, esta se refere as Américas). Tais
companhias não somente visavam patrocinar os pequenos mercadores, mas, essencialmente criar um
monopólio controlado por essas. De fato, foram criadas várias companhias das Índias Ocidentais e das
Índias Orientais em diferentes países. Como já fora dito, o capitalismo é essencialmente competitivo.

Bandeira da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Em holandês "Vereenigde Oost-Indische Compagnie".

O grande papel dessas companhias não só fora somente de empreender as viagens marítimas, mas
também de administrar a exploração das colônias conjuntamente com o Estado. Já que era o Estado que
cedia o direito de um monopólio particular. No livro As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano
conta de forma assombrosa como fora o processo de exploração feito nas colônias da Espanha na

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 43
América Latina. Como a ganância europeia levou a destruição de povos e de milhares de vidas, tudo pelo
lucro.

Sociedade:
A sociedade do Antigo Regime como hoje em dia, era bem desigual. Poucos eram os ricos e muitos
eram os pobres. E a diferença entre estes era assombrosa. Muitos historiadores costumam dividir a
sociedade do Antigo Regime em três grupos: o Primeiro Estado, composto pelo clero; o Segundo Estado,
formado pela nobreza; e o Terceiro Estado, formado pela burguesia, camponeses, e o restante da
população. O clero e a nobreza representavam a minoria da população, sendo estes isentos dos impostos.
Quanto ao Terceiro Estado representavam a maioria da população e os responsáveis por manter o
Estado, pagando os impostos, produzindo e comercializando. Algo que ainda hoje vemos. Porém mesmo
entre estes "três estados" havia diferenças internas. Havia o alto clero, formado pelos bispos, abades e
cônegos, sendo estes filhos de nobres. O baixo clero, era formado pelos vigários, curas e monges, sendo
estes vindos da burguesia e da classe baixa. Sendo assim, não possuíam tantos recursos como o alto
clero. Na nobreza havia a alta nobreza, advinda diretamente da família real, tendo sangue real, e a baixa
nobreza, composta pelos nobres que adquiriram seus títulos por nomeação. No Terceiro Estado havia
uma série de hierarquias.

Charge francesa retratando os Três Estados.

"No cimo da ordem estavam os financistas, os oficiais e os grandes negociantes; esta alta burguesia,
rica e culta, conseguiu um lugar prepoderante no Estado monárquico durante o reinado de Luís XIV, mas
viu sua ascensão entravada pela nobreza do séc. XVIII, justamente quando se tornava economicamente
mais importante". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, p. 337).
"Abaixo da elite burguesa situavam-se os profissionais liberais, os pequenos comerciantes, os artesãos
(pequena burguesia) e os trabalhadores. Abaixo da escala encontrava-se a plebe miserável, dependente
e analfabeta, trabalhadores braçais (operários e camponeses), que formavam a maioria da população,
privada pelo regime de toda a participação do poder político. Este regime era uma monarquia de três
faces: católica, feudal e absoluta". (Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1998, p. 337).
Enquanto a plebe formada pelos operários e camponeses eram o substrato mais baixo do Terceiro
Estado, a alta burguesia se sentia a ponto de se compararem a nobreza devido a seu dinheiro. A
burguesia da Idade Média, não estava preocupada com o luxo em si, mas, em se acumular bens e
enriquecer. Alguns autores mostram que as casas dos ricos burgueses não eram tão diferentes das casas
dos pequenos comerciantes ou da plebe. Entretanto, por volta do século XVI ao XVIII, a burguesia chegou
num ponto de ficar tão rica, que estes começaram a tentar agir como os nobres. Construindo grandes
casas, realizando grandes festas, usando roupas caras e luxuosas. Algo que alguns historiadores
chamam de "pseudonobres", ou seja, eles não eram nobres, devido a falta dos títulos nobiliárquicos, mas,
procuravam forjar uma imagem de nobreza através do luxo.
Outro ponto que devo destacar é a influência da Igreja nessa época. Por mais, que ela tenha perdido
muito de sua glória de outrora, esta ainda mantinha o prestigio e sua reputação como o estrato social
mais alto da sociedade. Devo ressalvar que a Igreja Católica era uma das instituições mais ricas do
mundo. Mas, se por esse lado a Igreja perdera grande parte de sua antiga influência, a nobreza tivera um
grande poder sobre o povo, algo que denota o absolutismo, e como já fora tratado anteriormente sobre a
questão da divinização dos monarcas. Porém quero abrir um espaço aqui para tratar rapidamente da
questão de como era a vida da corte nessa época, visando principalmente a corte francesa.
Durante o reinado de Luís XIV este mandou construir um novo palácio fora de Paris, mais exatamente
em Versalhes, onde tal palácio veio a ser a nova "capital" do Reino da França. De fato o Palácio de

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 44
Versalhes até 1790 fora o centro do poder da França. Luis XIV tinha como plano concentrar toda a corte
em um único lugar, onde esta pudesse ficar diretamente sob seus olhos para que eventuais traições não
viessem ocorrer. Essencialmente a sociedade de corte se desenvolvia neste palácio e posteriormente a
partir do reinado de Luis XV e de Luis XVI nos hótels (residência da aristocracia da corte) e em outros
pequenos palácios que se desenvolveram, já que o frágil governo destes dois reis gerou a dispersão da
nobreza. E outro ponto fundamental também fora o enriquecimento da burguesia, que fez a corte perder
sua influência social como diz Norbert Elias.
Mas, se por um lado a corte representou o centro social por longos anos, a rígida etiqueta de corte a
qual alcançara o auge no reinado de Luis XIV fora gradativamente caindo nos anos seguintes.
"Se todos cumpriam a etiqueta contrariados, não podiam romper com elas; e não só porque o rei exigia
a sua manutenção, mas porque a existência social dos indivíduos envolvidos estava ligada a ela. Quando
Maria Antonieta começou a mexer em certas regras tradicionais da etiqueta, foi a própria ata nobreza que
protestou, o que de fato é bastante compreensível. Pois, se até então era privilégio de uma duquesa ter
a permissão de sentar-se na presença da rainha, significava uma profunda ofensa para a duquesa ver
pessoas de níveis inferiores com o mesmo privilégio". (ELIAS, 2001, pp. 100-101).
"A ascensão ou a queda em tal hierarquia significava tanto para os cortesãos quanto o ganho ou a
perda do comerciante em seus negócios". (ELIAS, 2001, p. 111).
Para a nobreza a etiqueta, era uma forma de ascensão de prestigio social, status e honra. poder
participar de algumas atividades ao lado do rei e a rainha era algo fundamental para a hierarquia da corte.
E por outro lado isso legitimava sua dignidade como nobre, entre os próprios nobres. Para o nosso olhar
do presente, isso pode parecer futilidade, mas era algo de sua cultura e de seus costumes. Não podemos
julgar os costumes do passado sobre a óptica do presente se antes entender para que eles serviam. E
além do mais, o que pode parecer absurdo para nós hoje, era totalmente comum antigamente.

O fim do Antigo Regime:


Se o Antigo Regime se iniciou na França, também fora nesta que ele essencialmente acabou. Por mas
que outros países ainda mantiveram características do Antigo Regime, sua grande representação caiu de
vez com a Revolução Francesa em 1789. Alguns motivos que levaram ao seu desencadeamento:
Os meados do século XVIII marcou uma profunda transformação social na França. O fraco governo
de Luis XVI havia a muito perdido sua forte influência de outrora. A burguesia se tornava cada vez mais
rica e influente. A plebe estava cade vez mais pobre e mais revoltada contra o Estado, algo que
Tocqueville diz que no século XVIII a vida do camponês era mais difícil do que fora no século XIII. Muitos
impostos massacravam o Terceiro Estado, para o usufruto da nobreza. Além disso, a economia do Estado
sofreu duro golpes com várias batalhas travadas que acabaram gerando somente um maior prejuízo ao
país, além de também de perder algumas de suas colônias para a Inglaterra. Isso levou o Estado a
aumentar os impostos para recuperar as finanças do país. Fora o próprio problema gerado pelas guerras,
pela peste e pela fome, já que algumas vezes faltou pão para alimentar o povo.
Mas, por outro lado se no passado alguns filósofos defendiam o absolutismo, no século XVIII, o
chamado Século das Luzes, o Iluminismo entraria em confronto com este velho dogma. Filósofos como
Rousseau, Voltaire, Saint-Simon, Montesquieu, Locke, Kant, Hume, Diderot e d'Alembert e dentre tantos
outros, produziram vários trabalhos acerca do estudo do homem, e sobre as formas de governo. E nesse
caso, os iluministas eram contra a opressão do absolutismo e visavam um Estado republicano, livre e
igualitário. De fato o lema da Revolução Francesa era: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
"Os nobres muito desprezaram a administração propriamente dita, apesar de vez ou outra procurá-la.
Até no abandono do seu antigo poder guardavam algo do orgulho dos seus pais tão inimigos da servidão
quanto da regra. Pouco se preocupavam com a liberdade geral dos cidadãos e admitiam de bom grado o
peso da mão do poder em sua volta, mas não admitiam este peso neles próprios". (TOCQUEVILLE, 1997,
p. 124).
Com a Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, onde uma grande massa de camponeses, operários
e outros cidadãos invadiram a prisão que era a Bastilha e libertaram seus prisioneiros além de
incendiarem o local, este fora o estopim para a grande Revolução. Munidos de suas ferramentas agrícolas
pedaços de pau, e pedras, o povo invadiu as ruas e se pôs a confrontar o exército, e a nobreza. O próprio
Palácio de Versalhes fora sitiado e invadido. O rei Luis XVI, a rainha Maria Antonieta e seus filhos foram
feitos reféns e levados para Paris, onde ficaram em cárcere domiciliar até que o novo governo que se
formava decide-se o que seria feito com eles. A revolução havia começado e duraria pelos dez anos
seguintes.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 45
Pintura retratando a Queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, data que marcou o início da Revolução Francesa.

"O povo oprimido é como um leão acossado. Quando não há mais saída, este explode em cólera".
Leandro Vilar

O Estado moderno e o Absolutismo monárquico5

No final da Idade Média o feudalismo entrou em uma profunda crise. A guerra, a fome e a peste
desestruturaram a sociedade e a economia.
Nesse contexto, a burguesia, interessada no desenvolvimento do comércio (eliminação dos entraves
feudais, unificação da moeda e do sistema de pesos e medidas), apoiou o processo de centralização
monárquica financiando os exércitos nacionais.
No rastro das guerras surgiram Estados fortes nos quais surgiram soberanos absolutistas. Os
principais Estados Nacionais modernos foram França, Inglaterra, Portugal e Espanha.

Características do Estado Moderno

Centralização administrativa: o rei passou a controlar todas as decisões importantes do Estado.


Soberania: o rei é soberano nas atitudes relativas ao Estado que governa, substituindo o conceito
feudal de suserania.
Burocracia: o rei era auxiliado na administração do Estado por um amplo funcionalismo.
Exército nacional: veio substituir a cavalaria feudal para impor as vontades do rei e garantir a
integridade do território do Estado, assim como fazer guerras contra Estados vizinhos ou senhores
insubordinados.
Delimitação fronteiriça: o rei precisava saber até onde poderia exercer o seu poder.
Tributação: somente o Estado poderia cobrar impostos da população.
Exercício da violência: o Estado tomou para si o direito de fazer justiça, reprimindo as formas
tradicionais e pessoais de justiçamento (“fazer justiça com as próprias mãos”).
Uniformização do sistema de pesos e medidas: visava facilitar as trocas comerciais, favorecendo o
desenvolvimento econômico estatal.
Uniformização linguística: a língua nacional era necessária para que as pessoas se sentissem parte
de um todo coeso.

Teóricos do Absolutismo
Nicolau Maquiavel (1469-1527): Sua obra mais conhecida “O Príncipe”, foi escrita para a educação
de um futuro soberano. Nela argumentou que “os fins justificam os meios”; esse novo princípio ético
separou a condição de moral individual da condição de moral pública. Esse posicionamento lhe deu o
título de pai da ciência política moderna. Maquiavel foi conselheiro de muitos governantes poderosos de
seu tempo.
Thomas Hobbes (1588-1679): Tem fundamental importância no pensamento político contemporâneo.
Seu livro “Leviatã”, é um elogio ao absolutismo, onde o autor destaca o papel do Estado absoluto no
aprimoramento social, pois sem Estado “o homem é o lobo do homem”, eternamente dilacerando-se
em contendas sangrentas. Ao Estado Leviatã coube a tarefa de impor regras de conduta civilizadas aos
súditos, mesmo que para isso tenha de usar de violência (exército ou polícia).

5
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:7GmysO_qwr0J:www.santadoroteia-rs.com.br/wp-
content/uploads/2011/05/prof_vander_aula_absolutismo_mercantilismo.doc+&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 46
Jean Bodin (1530-1596): Este autor defendeu a tese da autoridade divina do rei na obra “A
República”. Assim, o poder real deveria ser total tanto sobre o Estado como sobre os súditos.
Jacques Bossuet (1627-1704): pregava que o Estado deveria se resumir a “um rei, uma lei, uma
fé”. Na obra “Política Segundo as Sagradas Escrituras”. Defendeu que o poder do rei (predestinado)
provém diretamente de Deus. Assim, somente Deus tem o direito de julgar os atos reais.
Hugo Grotius (1583-1645): é considerado o “pai do direito internacional”, pois articulou seu
pensamento em torno dos problemas envolvendo as relações entre os Estados absolutistas.

O Absolutismo Inglês
A Inglaterra foi derrotada na Guerra dos Cem Anos em 1453. Essa derrota alimentou as disputas
internas e apenas dois anos depois os principais representantes da nobreza inglesas iniciaram a Guerra
das Duas Rosas (1455-1485), entre as família aristocrática de York, cujo brasão trazia uma rosa branca
e a família nobre de Lancaster que tinha por símbolo heráldico uma rosa vermelha.
A longa e sangrenta guerra chegou a seu termo em 1485 e deixou como saldo um feudalismo
enfraquecido na Inglaterra. Esse fato desencadeou a centralização monárquica pelas mãos da dinastia
Tudor iniciada por Henrique VII (1485-1509).
Os governantes Tudor implementaram o absolutismo. Pacificaram a Inglaterra, o comércio da lã teve
um grande desenvolvimento e a indústria naval floresceu.
Henrique VIII governou a Inglaterra de 1509 a 1547, e teve um importante papel na consolidação do
absolutismo inglês. A partir de 1527 envolveu-se num grande litígio em torno do divórcio com sua primeira
esposa, a espanhola Catarina de Aragão.
A recusa do Papa em desfazer o casamento real foi o estopim do rompimento inglês com Roma pelo
Ato de Supremacia, em 1534.
Henrique VIII tornou-se a cabeça da Igreja anglicana e casou-se com a cortesã Ana Bolena, mãe de
Elizabeth.
Em 1547, o único filho de Henrique VIII, Eduardo VI tornou-se rei aos 10 anos para morrer aos 15 sem
governar. Em 1553 ascendeu ao trono a ultra-católica Maria Tudor que declarou guerra aos protestantes
e passou para a história como “a sanguinária”.
Elizabeth I governou no auge do absolutismo inglês entre 1558 e 1603. Incentivou a construção naval,
criou a Companhia das Índias Orientais e apoiou a pirataria. Interferiu na religião consolidando o
anglicanismo pela lei dos 39 pontos de 1563. Derrotou a invencível armada da Espanha em 1588. O
teatro floresceu com as peças de William Shakespeare.
Elizabeth I foi a última governante Tudor. Durante seu reinado a Inglaterra tornou-se a maior potência
mercantilista europeia. Foi sucedida por Jaime I, fundador da dinastia Stuart.

O Absolutismo Francês
O feudalismo francês sofreu um golpe de misericórdia com a Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
Esse fato favoreceu a centralização do poder na França, mas o absolutismo teve de esperar o fim das
guerras religiosas entre católicos e protestantes (huguenotes) que dividiram e abalaram profundamente
a França no século XVI.
A pacificação religiosa começou com a ascensão de um huguenote (calvinista) ao trono em 1594. O
novo rei era Henrique de Navarra que havia destronado a rei católico Henrique III.
Os católicos franceses opuseram-se violentamente a ter um protestante no governo. Diante de tal
resistência o novo rei converteu-se ao catolicismo (“Paris bem vale uma missa”). Henrique de Navarra
subiu ao trono como Henrique IV no ano de 1594.
O novo rei iniciou a dinastia Bourbon que levou a França a ser o país mais absolutista da Europa.
Em 1598, Henrique IV assinou o Édito de Nantes, pelo qual concedeu direito de livre culto aos
protestantes pondo fim às contendas religiosas na França.
Henrique IV foi morto por um católico inconformado em 1610. Seu filho e sucessor, Luís XIII (1610-
1643), contava apenas 9 anos e a regência ficou a cargo de Maria de Médicis.
Em 1624, Luís XIII convocou o Cardeal Richelieu como seu primeiro ministro. Esse empenhou-se em
impor controle aos protestantes, transformar a França numa potência mercantilista e a consolidar o poder
absoluto preparando o caminho para Luís XIV.
Luís XIV (1643-1715) entrou para a história como o “Rei Sol”, em seu extenso reinado, levou a França
ao apogeu do absolutismo.
Em 1685, revogou o Édito de Nantes, pois temia que os huguenotes se tronassem “um Estado dentro
do Estado”. Calcula-se que perto de 500.000 ricos burgueses huguenotes tenham deixado a França
provocando grandes problemas econômicos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 47
Em seus delírios de grandeza o rei sol dilapidou as finanças públicas em guerras e na construção do
Palácio de Versalhes, no qual viviam milhares de nobres ociosos parasitando os cofres públicos.
O brilho fulgurante da corte em Versalhes contrastava com a acelerada deterioração econômica do
país. Os impostos abusivos pesavam sobre o povo e as insatisfações contra o governo aumentavam sem
parar, nesse momento podemos já reconhecer os fundamentos do pensamento iluminista e da Revolução
Francesa.
Luís XV (1715-1774), herdou uma França em grave crise financeira. Não obstante continuou a política
belicista do pai travando entre 1756 e 1763 a guerra dos sete anos com a Inglaterra.
O último representante da dinastia Bourbon foi Luís XVI (1774-1792), que herdou do pai uma França
completamente falida com um povo que se agitava por mudanças drásticas. A Revolução Francesa de
1789 significou o fim do absolutismo na França e a execução do rei na guilhotina em 1793.

O MERCANTILISMO
O renascimento comercial da Baixa Idade Média favoreceu o desenvolvimento do capitalismo moderno
que ficou conhecido como Capitalismo Comercial ou Mercantil.
O mercantilismo significou a transição entre o modo de produção feudal e o modo de produção
capitalista.
A acumulação de capital provocada pelo mercantilismo na Europa favoreceu o desenvolvimento da
Revolução Industrial na Inglaterra a partir do século XVIII.

CARACTERÍSTICAS DO MERCANTILISMO
Metalismo ou Bulionismo: o mercantilismo foi muito influenciado pela ideia metalista de acumulação
de capital, ou seja, o Estado seria tão mais rico quanto mais metais moedáveis (ouro e prata) dispusesse.
Tendo amplos recursos minerais em suas colônia da América (Peru, Colômbia e México), a Espanha
adotou o bulionismo com maior ênfase.
Balança Comercial Favorável: exportar muito e importar o mínimo necessário foi um estratagema
utilizado por vários Estados para acumular capital através do superávit na balança comercial.
Protecionismo: tributar as importações e incentivar a produção manufatureira interna foi a forma de
evitar evasão de divisas (metais) encontrada por Estados pobres em recursos minerais. O protecionismo
favoreceu o desenvolvimento de uma maior organização do trabalho manufatureiro, o que repercutiu na
Revolução Industrial.
Intervenção Estatal: o Estado centralizado encontrou na economia mercantilista a forma de alicerçar
e fortalecer o absolutismo monárquico e dar respostas à greve crise que se enunciou em todos os setores
da sociedade europeia em fins da Idade Média e início da Era Moderna.
Industrialismo ou Colbertismo: essa política foi implementada na França por Colbert, ministro de
Luís XIV. Baseava-se no incentivo à produção de artigos de luxo que a França poderia exportar facilmente
obtendo superávit comercial.
Colonialismo: A adoção simultânea de medidas protecionistas por vários Estados europeus
neutralizou grande parte das trocas comerciais na Europa. Assim, o colonialismo surgiu como forma de
dinamizar o comércio e obter imensos lucros na exploração colonial da América, África e Ásia.

A Reforma religiosa
A reforma religiosa começou com Martinho Lutero em 1517, na Alemanha, quando ele protestou contra
a venda de indulgências e aproveitou para fazer outras críticas à estrutura eclesiástica.
Combatido pelo Papa, Lutero foi condenado pelo imperador Carlos V na Dieta (reunião ou assembleia
oficial) de Worms e somente escapou da execução porque se refugiou na Saxônia, com o duque
Frederico, o Sábio.
Uma nova Assembleia foi reunida em Spira, em 1529. O imperador Carlos V impôs o catolicismo
romano aos príncipes, que se rebelaram. Daí o nome "protestante". Em 1530, em Augsburgo, a doutrina
de Lutero foi exposta por Melanchton por meio da Confissão de Augsburgo, que se tornou a constituição
da nova Igreja. Os príncipes protestantes organizaram a Liga de Smalkalde contra o imperador.
Finalmente, em 1555, uma nova Dieta de Augsburgo colocava os príncipes protestantes em vantagem,
pois estabelecia a teoria de que cada príncipe deveria determinar a religião dos súditos. Terminava, assim,
a primeira guerra de religião na Alemanha.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 48
A doutrina luterana

Para o luteranismo, a salvação não se alcança pelas obras, e sim pela fé, pela confiança na bondade
de Deus, pelo sofrimento interior do fiel. O culto é muito simples: um contato "direto entre fiel e salvador";
somente salmos e leituras da Bíblia.
Lutero rejeitou a maior parte dos sacramentos; conservou apenas três, que foram depois reduzidos a
dois: batismo e eucaristia. Mesmo na eucaristia, a presença de Cristo existe no pão e no vinho, não há
transformação do corpo e sangue de Cristo em pão e vinho, ou seja, não há transubstanciação, e sim
consubstanciação.

A revolução de João Calvino


A Igreja na França sofria os mesmos males da Igreja em toda a Europa, agravados pela Concordata
de 1516, que transferia para o rei da França o direito de nomear bispos e abades.
Com essa reforma, o rei passou a distribuir as abadias e bispados como forma de recompensa por
serviços prestados, deixando em segundo plano as preocupações religiosas.
Por outro lado, as ideias de Erasmo haviam se difundido bastante na França, surgindo mesmo
humanistas admiráveis como Lefèvre d'Etaples, que propunha uma reforma interior e progressiva da
Igreja. Quando surgiu Calvino, portanto, as ideias de uma reforma humanista e mesmo luterana já haviam
feito numerosos adeptos na França.
Calvino estudou em Novon. Assimilou os ensinamentos luteranos e, por isso, foi obrigado a refugiar-
se em Estrasburgo, por volta de 1534. Retirou-se depois para Bale, onde publicou sua principal obra,
Instituição Cristã, que se tornou a constituição de sua reforma.
A ação de Zwinglio havia iniciado a Reforma na Suíça, mas esta falhara. Calvino instalou-se em Gene-
bra em 1536, a convite de Guilherme Farei, que pertencera ao grupo de Lefèvre d'Etaples, dando início à
Reforma naquela cidade.
A Reforma de Calvino foi bastante radical. Implantou uma censura rígida na cidade, dirigindo-a por
meio de ordenações eclesiásticas. A intolerância era total. A Igreja reformada compreendia os fiéis, os
pastores e o conselho dos anciões. Um consistório dirigia a política religiosa e moral de Genebra.
Essas ideias difundiram-se com rapidez. Theodoro de Beza levou-as para Gênova. Ele havia dirigido
a Academia que se ocupava dos problemas teológicos e da difusão da crença. Na França, os artesãos,
burgueses e mesmo grandes senhores converteram-se à fé de Calvino, que se instalou solidamente na
Holanda e também penetrou na região do Rio Reno. Na Escócia, João Knox e os nobres escoceses
impuseram a Reforma à rainha Maria Stuart (1557-1560). Dessa forma, a Igreja Calvinista, extremamente
igualitária, austera, dirigida por um conselho de pastores e dos anciãos, instalou-se firmemente na
Escócia.

A doutrina do Calvinismo
Mesmo em relação à doutrina luterana, a doutrina calvinista é bastante radical. Em relação ao
catolicismo, então, há enormes diferenças.
Para Calvino, a salvação é conseguida pela predestinação, que a condiciona totalmente à vontade
de Deus. O amor ao trabalho, o espírito de economia e eventualmente a riqueza material são indícios de
escolha divina para a salvação. Somente os sacramentos do batismo e da eucaristia foram conservados.
O culto é de absoluta simplicidade. Não há imagens nem paramentos, apenas uma Bíblia que deve ser
comentada.

A reforma na Inglaterra
Henrique VIII, rei da Inglaterra (1509-1547), era católico, inclusive opusera-se violentamente à Reforma
Luterana.
As divergências de Henrique VIII com a igreja católica começaram em 1527, quando o rei pretendeu
casar-se com uma dama da corte, Ana Bolena. O problema do desejo de matrimonio do rei é que ele já
possuía uma esposa, Catarina de Aragão.
Tendo o papa se negado a dissolver o seu casamento anterior com Catarina, o rei rompeu com a igreja
católica.
Em 1534, o Parlamento promulgou o Ato de Supremacia, pelo qual Henrique VIII se tornava o chefe
supremo da Igreja na Inglaterra. Assim, a Igreja Anglicana tornou-se uma Igreja nacional, separada de
Roma. Nenhuma reforma foi efetuada na doutrina ou no culto. Henrique VIII perseguiu tanto os católicos
quanto os calvinistas (os chamados puritanos).
Sob a influência do bispo Cramer, o calvinismo penetrou na Inglaterra durante o reinado de Eduardo
VI (1547-1553). Assim, a missa foi suprimida e o casamento dos padres, permitido. O poder passou em

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 49
seguida a uma rainha católica, Maria Tudor (1553-1558), que empreendeu profunda perseguição aos
calvinistas e anglicanos, restaurando o catolicismo.
Foi somente com Elizabeth (1558-1603) que se estabeleceu definitivamente a Reforma na Inglaterra.
Confirmou-se a superioridade do rei nos assuntos religiosos. Completou-se a separação de Roma. Foi
instituído um livro de orações comuns, e a hierarquia do clero, mantida.

Características da doutrina anglicana


Em termos da doutrina, a salvação pela predestinação, apoio das Sagradas Escrituras, supressão das
conexões com Roma, manutenção da hierarquia, conservação de dois sacramentos, presença espiritual
de Cristo na eucaristia, eliminação do sacrifício da missa e preservação da liturgia foram as modificações
introduzidas.

A Contrarreforma
A igreja católica passava por disputas internas entre o Papado e o Concílio, envolvidos numa luta pelo
controle da Igreja. Isso impediu a pronta ação contra o protestantismo, que teve uma expansão tão rápida,
tão fulminante que a Igreja Católica finalmente percebeu que poderia ser completamente destruída. Daí
a necessidade de uma reorganização interna.
O surgimento da Companhia de Jesus, destinada a apoiar o papa, permitiu a convocação do Concilio
de Trento (1545-1563), no qual se adotaram as principais medidas de defesa da Igreja Católica. O
Concílio conservou a doutrina tradicional, manteve a autoridade do papa e criou os seminários para
melhorar a formação do clero.
Confirmou-se o já existente Tribunal da Inquisição e foi criado o índice dos Livros Proibidos (Index
Librorum Prohibitorum). O Concílio realizou, pois, um trabalho de reestruturação da Igreja Católica, de
reforma interna da Igreja, condição básica para poder enfrentar os protestantes.

Consequências da Reforma
No plano econômico, a Reforma Calvinista trouxe consigo a ideia da predestinação (Deus elegia
previamente os fiéis para a salvação) e de que um dos sinais da escolha divina era o êxito profissional, a
riqueza. Tal concepção adaptava-se perfeitamente à ética capitalista, ao ideal da acumulação e do inves-
timento. Socialmente, a Reforma deu margem a convulsões sociais, pois em nome da religião os cam-
poneses e artesãos aproveitaram para fazer suas reivindicações específicas. Politicamente, os reis e os
príncipes transformaram a Reforma em instrumento de luta pelo poder, pois o rompimento com a Igreja
tornava-os mais fortes.

Questões

1. (IF-SC - Professor - História - IF-SC) As transformações no modo de agir e pensar típicos da


transição do medievo para a modernidade caracterizam um período histórico marcado por rupturas e
permanências.
No que diz respeito às Reformas Religiosas ocorridas na Europa, todas as alternativas abaixo estão
corretas, EXCETO UMA, assinale-a.
(A) A Reforma é consequência das teorias iluministas antieclesiásticas que se basearam nas ideias de
Hegel de que a fé é um elemento individual.
(B) O movimento reformista promoveu um abalo na estrutura do poder religioso do mundo europeu
ocidental.
(C) As transformações decorridas do movimento da reforma relacionam-se com aspectos relativos às
normas de conduta e concepções de valores.
(D) O movimento reformista, além de propiciar mudanças institucionais, também está relacionado com
a crise moral e religiosa pela qual a Europa passava naquele período.
(E) A crítica aos abusos cometidos pela Igreja Católica foram um ponto central para a ocorrência do
movimento reformista, entretanto, elementos relativos à economia devem ser considerados.

2. (SEDUC-RO - Professor – História – FUNCAB) Durante a reforma protestante, surge um


movimento em que a maioria dos convertidos era recrutada nas massas camponesas e nos trabalhadores
urbanos, cujas dificuldades materiais e inquietações religiosas não foram levadas em conta por outros
reformadores, identificados com as classes dominantes. Identifique a qual corrente do movimento
reformista o enunciado faz referência.
(A) Luteranismo.
(B) Zwinglianismo.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 50
(C) Anabatista.
(D) Calvinismo.
(E) Anglicanismo.

3. (IF-SC - Professor - História - IF-SC) De acordo com seus conhecimentos a respeito da Reforma
Protestante, ocorrida na Europa durante o século XVI, relacione a COLUNA A com a COLUNA B e, em
seguida, marque a alternativa correta, de cima para baixo.

COLUNA A
1 – Henrique VIII
2 – João Calvino
3 – Martinho Lutero

COLUNA B
( ) Criou uma igreja inicialmente sem grandes modificações em termos de doutrina e culto
comparativamente à católica, mas a idéia de igreja nacional e de catolicismo sem Roma teve em sua
ação maior expressão que nos demais países – tornou-se chefe supremo desta igreja através da
aprovação pelo Parlamento do “Ato de Supremacia” (1534).
( )Condenou a venda de indulgências (perdão dos pecados), pois acreditava que a salvação da alma
resultava da fé e que as boas obras em nada influíam para a salvação.
( ) Pregava o rigor da disciplina, a valorização moral do trabalho e da poupança, oferecendo aos
setores burgueses uma justificativa religiosa sólida a suas atividades.
( ) Negou o ato da transubstanciação (transformação do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo),
sugerindo que a mesma fosse vista apenas como a bênção sagrada do pão e do vinho, que ele chamou
de consubstanciação.
( ) Se mostrou favorável a livre interpretação da Bíblia, a uma igreja nacional livre da hierarquia
romana, o celibato dos padres desapareceria, haveria apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia.
a) 2, 3, 2, 1, 3
b) 2, 1, 3, 2, 1
c) 3, 2, 1, 1, 2
d) 1, 3, 2, 3, 3
e) 1, 3, 1,2 , 3
Reforma
01. Resposta: A
Questão que se resolve apenas pela datação. A Reforma protestante (século XVI) é um movimento
que antecede o iluminismo (séculos XVII e XVIII).

02. Resposta: D

Apesar de receber o nome com relação a Calvino, o calvinismo foi um movimento que recebeu diversas
influências. Foi conhecida como segunda fase reformista e também foi um sequência do movimento
luterano. Iniciou-se na Suíça e expandiu-se por vários pontos da Europa.

03. Resposta: D

16. Expansão Marítimo-Comercial Europeia;


17. Povos da América pré-colombiana;
18. Indígenas da América portuguesa e Espanhola;

Expansão Ultramarina

A Expansão Ultramarina europeia dos séculos XV e XVI foi liderada por Portugal e Espanha, que
conquistaram novas terras e rotas de comércio, como o continente americano e o caminho para as Índias
pelo sul da África.
Desde o Renascimento comercial, durante a Baixa Idade Média, até a expansão ultramarina, as
cidades italianas foram os principais polos de desenvolvimento econômico europeu. Elas detinham o

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 51
monopólio comercial do mar Mediterrâneo, abastecendo os mercados europeus com os produtos obtidos
no Oriente (especiarias), especialmente Constantinopla e Alexandria.
Durante a Idade Média, as mercadorias italianas eram levadas por terra para o norte da Europa,
especialmente para o norte da França e Países Baixos. Contudo, no século XIV, diante da Guerra dos
Cem Anos e da peste negra, a rota terrestre tornou-se inviável. A partir de então, começou a ser utilizada
uma nova rota, a rota marítima, ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediterrâneo e oceano Atlântico.
Esta rota transformou Portugal num importante entreposto de abastecimento dos navios italianos que
iam para o mar do Norte, estimulando o grupo mercantil luso a participar cada vez mais intensamente do
desenvolvimento comercial europeu. No início do século XV, Portugal partiu para as grandes navegações,
objetivando contornar a África e alcançar as Índias, para obter diretamente as lucrativas especiarias
orientais.
A expansão marítima portuguesa foi acompanhada, em seguida, pela espanhola e depois por vários
outros Estados europeus, integrando quase todo o mundo ao desenvolvimento comercial capitalista da
Europa.

Motivos para as expansões

Entre as principais razões para a expansão, estavam:


- O desejo de descobrir uma nova rota para o Oriente, com o objetivo de reduzir o custo dos produtos
comercializados na Europa, visto que as cidades italianas detinham o monopólio do mar Mediterrâneo;
- Obter acesso aos metais preciosos, que eram necessários para a cunhagem de moedas e para o
desenvolvimento econômico. Esses metais eram pouco encontrados na Europa;
- Aumento do poder da burguesia (mercadores), que ambicionavam expandir seus negócios;
- Aumento do poder real, fundamental para a organização das expedições marítimas;
- Desenvolvimento de novos instrumentos e técnicas de navegação, como o astrolábio, o quadrante,
e a bússola, além de melhorias na construção dos navios, permitindo viagens mais longas;
- Queda de Constantinopla, em 1453, que apesar de ter ocorrido após o início das primeiras expedições
marítimas, ajudou a acelerar o desejo europeu por novas rotas, já que a cidade era o principal entreposto
comercial entre Ocidente e Oriente.

Mitos e as Grandes Navegações

Uma das barreiras para concretizar as viagens no além mar eram os medos que os navegantes
possuíam em relação ao mar aberto, um lugar desconhecido, que na mente de muitos marinheiros era
povoado por seres extraordinários e criaturas fantásticas, mas também por monstros e horrores.
Esses medos eram originários do imaginário medieval e da falta de conhecimento sobre lugares ainda
não mapeados, em uma época de pouco ou nenhuma divulgação cultural ou científica. Vale lembrar que
os europeus, até o século XVI conheciam apenas o norte da África e a região que hoje chamamos de
Oriente Médio.

Fonte: Raisz, Erwin. Cartografia Geral, 1969

O mapa acima é uma reprodução de um tipo de mapa muito comum na Idade Média, conhecido como
Orbis Terrarum, ou mapa T no O, por sua forma. No mapa é possível perceber a representação do mundo
conhecido na Idade Média, em que haviam apenas três continentes, não sendo incorporados nem a
América, a Antártida ou Oceania. Apesar da forma arredondada, a terra era entendida como um disco
plano, cercada por mares que terminavam em um abismo profundo. Apesar das teorias de que o mundo

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 52
possuía um formato esférico existirem desde a antiguidade, ainda era comum aceitá-lo como uma tábula
cercada pelos astros celestes.

Outro fator importante a ser notado no mapa é a influência que a religião (cristianismo) exercia sobre
todos os aspectos da vida dos europeus. A orientação geográfica coloca a Ásia onde o norte está
localizado, lugar que em um mapa moderno seria ocupado pela Europa. Antes da utilização da bússola
de maneira definitiva na Europa, o norte não possuía a primazia da parte superior dos mapas e cartas. A
parte superior era reservada ao Oriente, a terra do Sol nascente, da luz, do paraíso, de onde haviam sido
expulsos Adão e Eva. Por essa razão, acreditava-se que o paraíso, descrito no livro bíblico de Gênesis,
estava localizado em algum lugar da Ásia, que não havia sido ainda reencontrado pelos cristãos.
Jerusalém, cidade de importante significado religioso e alvo de conquista das cruzadas é entendida como
o centro do mundo.

De acordo com outros mapas do período, a divisão dos continentes seria uma referência aos filhos de
Noé, como pode ser observado na passagem bíblica: “E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram
Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã; Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a
terra.” (Gênesis, 9: 18 e 19). Um exemplo pode ser observado na figura abaixo:

Fonte: PORTO-GONCALVES, DE ARAUJO QUENTAL, Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina.

Como as outras regiões do planeta eram praticamente desconhecidas até então, elas eram descritas
de maneira fantástica e misteriosa, habitadas por seres totalmente diferentes dos encontrados até então
na Europa.
Um dos exemplos pode ser encontrado na obra As viagens de Marco Polo, em que o veneziano
constrói sua fortuna no longínquo Catai, como era conhecida a região da China. O livro descreve a terra
distante como um lugar de imensas riquezas, onde inclusive certas habitações seriam feitas inteiramente
de ouro maciço.
Outras lendas comuns incluíam também o mito da Fonte da Juventude, que dizia que aqueles que
encontrassem tal fonte poderiam obter cura e vida eterna. O Reino de Preste João, recorrente,
principalmente em Portugal. Preste João era um pescador e teria desaparecido durante uma pescaria,
arrastado por peixes. Em uma terra distante, fundou um reino cristão perfeito. Cercado de mistério, o mito
alimentava a ideia de que um poderoso soberano viria da Ásia e atacaria o Islã. O mito começou a circular
à época da Primeira Cruzada, por volta do século XI.
A imagem abaixo mostra como eram imaginados alguns dos habitantes destas terras distantes,
dotados de características físicas totalmente diferentes, com pessoas que possuíam formas animalescas,
anões de duas cabeças, homens com pés tão grandes que eram capazes de fazerem sombra e serem
utilizados como abrigo do sol, ciclopes e criaturas com a cabeça no lugar do tronco.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 53
Fonte: Münster, S., Monstra humana. pp. 1080.

No mar também habitavam incertezas. Era comum a ideia de que existiam lugares onde os ventos
paravam de soprar, ficando os barcos presos em meio ao oceano, sem ter como prosseguir ou voltar. O
medo do abismo do fim do oceano, localizado após a linha do horizonte, era também uma constante.
Os monstros também têm seu papel de destaque. Krakens, Jörmungandr, Sereias, baleias gigantes,
navios assombrados, e muitos outros, eram recorrentes nas ilustrações sobre o mundo desconhecido.

Fonte: Typus Orbis Universalis - 1561 - Sebastian Munster

Expansão Ultramarina Portuguesa e a chegada ao Brasil


Portugal foi o primeiro país a investir na expansão marítima em virtude de uma série de fatores:
- Desenvolvimento comercial, que proporcionou o surgimento de uma burguesia dinâmica e
economicamente forte;
- Interesse do grupo mercantil em expandir suas transações comerciais; consolidação do poder real
por meio da Revolução de Avis (1383-85), promovida pela burguesia;
- Aperfeiçoamentos náuticos pela invenção da caravela, utilização da vela triangular ou “latina” e,
possivelmente, a existência de um centro de estudos náuticos em Sagres;
- Posição geográfica favorável em direção à costa africana.

Os empreendimentos marítimos portugueses são divididos em duas etapas distintas:


- Reconhecimento e exploração do litoral da África e procura de um novo caminho marítimo para
o Oriente (Índias). A primeira foi iniciada pela tomada de Ceuta em 1415, um entreposto mercantil norte-
africano até então controlado pelos mouros (árabes). Nessa fase, durante a qual foram fundadas várias
feitorias na costa africana para traficar escravos e produtos locais (ouro, marfim, pimenta-vermelha),
descobriram-se as ilhas atlânticas da Madeira, dos Açores e de Cabo Verde; as ilhas Canárias foram
descobertas em um período anterior.
- “Périplo africano” - Com a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453, os preços das
especiarias orientais elevaram-se repentinamente, incentivando ainda mais a busca de uma rota para as
Índias. Assim, com a morte do Infante D. Henrique (1460), que até então dirigira a expansão marítima
portuguesa, o Estado luso empenhou-se em completar o “périplo africano” (contorno do continente).
Nessa nova etapa, destacaram-se as viagens de Bartolomeu Dias (Cabo das Tormentas ou Boa
Esperança, em 1488) e de Vasco da Gama (chegada a Calicute, na Índia, em 1498). Pouco depois a
esquadra de Pedro Álvares Cabral, que chegou ao Brasil, em 1500.
Já no século XVI, sob o comando do almirante Francisco de Almeida, novas tentativas são
desenvolvidas, mas somente por volta de 1509 os portugueses vêm a conhecer suas vitórias mais
significativas. Entre esse ano e aproximadamente 1515, o comandante alm. D. Afonso de Albuquerque
— considerado o formador do Império português nas Índias — passou a ter sucessivas vitórias no Oriente,
conquistas que atingiram desde a região do Golfo Pérsico (Áden), adentraram a Índia (Calicute, Goa, Diu,

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 54
Damão), a ilha do Ceilão (Sri Lanka) e chegaram até à região da Indochina, onde foi conquistada a
importante Ilha de Java.

Conflito, dominação e resistência dos indígenas

Resistências à escravidão
O processo de interação e dominação entre indígenas e europeus começa com os primeiros contatos
nas ilhas da América Central em 1492. Lá foram implantados os “repartimentos” que consistiam na
distribuição de indígenas a alguns espanhóis, conhecidos como encomendeiros, que tinham a função de
cuidar e os catequizar na fé cristã, ganhando em troca a mão de obra indígena. Em 1500 a coroa
espanhola tornou os indígenas livres e não mais sujeitos a servitude. Ao mesmo tempo ainda era possível
dominar e escravizar indígenas através da chamada “Guerra Justa”, quando as ações dos espanhóis
pudessem ser consideradas morais.
Os espanhóis possuíam vantagem em relação aos povos americanos pela estranheza e admiração
que causavam. O cavalo era um animal nunca antes visto no continente e impressionava os indígenas.
Também a crença espanhola na superioridade cultural, moral, e principalmente religiosa ajudou no
processo de dominação, além dos equipamentos de combate, como armaduras e arcabuzes (primeiras
espingardas) contra lanças e flechas.
O impacto da escravidão das populações indígenas foi imenso. Poucos anos após a chegada de
Colombo em 1492 grande parte da população nativa da América havia sido dizimada por doenças e
conflitos com europeus. Em 1512, tentando regular o funcionamento das Encomiendas, surgiu a Lei de
Burgos (primeiro código de leis que deveria guiar o comportamento os espanhóis na América, entre suas
diretrizes, estava a proibição ao mal trato indígena). Porém, a lei pouco adiantou, pois a ação intensiva
dos encomendeiros e a falta de fiscalização sobre suas ações não acabaram com as práticas de morte e
trabalhos forçados
Além dos elementos bélicos, os espanhóis também se aproveitaram dos conflitos já existentes entre
grupos indígenas distintos para conquistar as populações da América. Diferentemente do caso brasileiro,
onde existiam diversas etnias diversificadas entre si, os espanhóis encontraram grandes impérios nos
casos Inca e Asteca, onde o poder ficava centralizado na figura de um único indivíduo, e a conquista e
dominação destes significava a desestruturação da sociedade que comandavam. Em casos como o
Asteca, os espanhóis utilizaram seus inimigos que foram dominados por um longo período. A derrubada
do império Asteca também significava para esses indivíduos o fim da opressão que vinham sofrendo de
seus dominadores. Apesar da vitória contra os Astecas e o auxílio aos espanhóis, essas populações
acabaram por ter o mesmo destino, que seus inimigos, indo de encontro também à escravidão
No caso Inca a geografia de seus territórios auxiliou para prolongar a resistência. Apesar da rápida
conquista que obtiveram, optaram por fundar uma nova capital para comandar a região, em Lima (atual
capital do Peru), deixando a antiga capital do império Inca em Cuzco na mão de subordinados do antigo
império. A distribuição desigual de riquezas entre os líderes Incas pelos espanhóis causou revoltas, como
as ocorridas entre 1536 e 1537, na tentativa de recuperar as terras que haviam sido dominadas. A
vantagem dos indígenas nesse caso foi a altitude dos Andes, que lhes rendeu vitórias em batalha por
algum tempo, já que os espanhóis não estavam acostumados com a falta de oxigênio causada pela
altitude das montanhas.
Apesar dos impérios americanos constituírem grande parte do território de ação dos espanhóis, alguns
grupos autônomos renderam aos espanhóis grandes preocupações e conflitos. Grupos como os
Araucanos e Mixtecas, que viviam nas fronteiras dos grandes impérios, não possuíam a mesma unidade
de Incas e Astecas, e tinham de ser conquistados um por um. A existência de grupos não pacificados ou
dominados gerava uma grande perda para a economia local, pois os gastos com a defesa desses lugares
eram muito grandes, além dos prejuízos gerados pelos ataques, como são os casos das Guerras de
Arauco na região do Chile e as rebeliões no norte do México causados por Mixtecas.

A escravidão no Brasil
O domínio da América portuguesa se deu de forma muito diferente da América espanhola. O território
brasileiro possuía uma grande variedade de povos indígenas, de diferentes culturas e costumes. É
importante destacar a heterogeneidade dos povos que aqui viviam. Há uma estimativa de que no
momento do contato com os europeus viviam aqui entre 2 e 4 milhões de pessoas, que estariam, segundo
alguns autores, divididos em mais de 1000 povos diferentes, que desapareceram por conta de epidemias,
conflitos armados e desorganização social e cultural.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 55
Entre os povos que habitaram o Brasil, podemos destacar o pertencimento a dois grandes troncos
linguísticos: Tupi-Guarani e Macro-Jê, além das famílias linguísticas Aruaque, Carariba, Cariri, Pano,
Tukano e Charrua, entre outros.

Entre os povos Jê, atualmente habitam o Brasil:

Xavantes: autodenominados Akwén, entraram em contato com mineradores na província de Goiás,


no início do século XVIII. Atualmente habitam o estado do Mato Grosso.

Apinayé: entram em contato com jesuítas no Tocantins em 1633, sendo contrários à ideia de
pacificação. Estiveram em conflito com portugueses e com o governo brasileiro ao longo de vários
séculos. Atualmente habitam o estado do Tocantins.

Kaingang: Os Kaingang são um dos grupos indígenas mais numerosos do Brasil, com uma população
estimada em aproximadamente 30 mil pessoas. Habitam os estados de São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Desde o século XVI possuem contato com europeus, quando eram
denominados Guaianazes. Eram também conhecidos por coroados, devido ao corte de cabelo que
utilizavam, semelhante a uma coroa. Sua relação com os colonizadores e funcionários do governo sempre
adquiriram caráter hostil, até que em meados do século XIX seus líderes resolveram aliar-se aos não
índios, e auxiliando na pacificação dos diversos grupos espalhados pelo interior dos estados que ainda
habitam.

Kayapó: habitantes da região da floresta amazônica. Atualmente vivem nos estados de Mato Grosso
e Pará.

Timbira: entram em contato com os não índios a partir do início do século XVIII, na capitania do Piauí.
Atualmente habitam os estados de Tocantins, Pará e Maranhão.

Xokleng: habitantes do sul do Brasil, os primeiros registros de contatos datam do século XVIII. Vivem
atualmente no estado de Santa Catarina.

Entre os povos Tupi podemos destacar:

Caetés: ficara conhecidos pelo episódio em que teriam supostamente feito um banquete com a
tripulação que naufragou juntamente com Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo português a chegar
no Brasil. Habitavam a região dos estados de Alagoas e Pernambuco.

Potiguaras: povo que tinha no caráter guerreiro seu valor fundamental. Praticavam a antropofagia (ato
de comer partes de um ser humano) ritual. Foram inimigos dos portugueses durante o processo de
conquista do território, formando alianças com franceses. Viviam do litoral do atual estado da Paraíba ao
estado do Ceará. Inimigos dos tabajaras

Tabajaras: viviam no litoral dos estados de Alagoas e Sergipe, migrando para a Paraíba, território de
domínio Potiguara, o que gerou grandes conflitos entre os povos. Os Tabajaras acabaram aliando-se aos
portugueses após os primeiros contatos.

Tamoios: eram praticantes também da antropofagia. Habitavam o litoral norte de São Paulo e o vale
do Paraíba, sendo inimigos dos portugueses.

Tupinambás: habitaram porções de terra no norte da Bahia e Sergipe, e também do litoral norte do
Rio de Janeiro até São Sebastião em São Paulo. Foram inimigos dos Tupiniquim e também dos
portugueses.

Tupiniquins: viviam na região do atual estado da Bahia e possuíam uma grande concentração de
pessoas no território do atual estado de São Paulo. Foram aliados dos portugueses.

Para os portugueses o desafio foi diferente do enfrentado pelos espanhóis. A mão de obra indígena
era indispensável para as intenções mercantilistas de Portugal, que pretendia iniciar a produção da cana-

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 56
de-açúcar para a produção do açúcar voltada para a exportação para o mercado europeu, gerava a
necessidade da existência de uma grande quantidade de mão de obra barata para gerar lucros.
Apesar de serem considerados súditos da coroa, e portanto, não poderem ser escravizados, a
legislação criada por Portugal permitia recursos legais para a prática da dominação das populações
nativas. Os grupos indígenas que sofreram o maior impacto da escravidão foram aqueles localizados no
nordeste do país, nas capitanias de Pernambuco e Bahia. Durante o período de 1540 a 1570 muitos
colonos que habitavam as citadas capitanias fizeram contato com indígenas da região e começaram a
estabelecer trocas. Pelo fato de existirem muitos grupos indígenas no Brasil, existiam também muitas
diferenças e as guerras entre eles eram algo constante. Muitos dos prisioneiros feitos nesses conflitos
eram trocados com os portugueses, que os utilizavam como escravos.
Muitos padres da Companhia de Jesus, conhecidos por Jesuítas condenavam as ações praticadas
pelos colonos portugueses em relação aos escravos indígenas, já que a rotina de trabalho nos canaviais
era árdua e durava longas horas diárias. Por pressão dos Jesuítas, a Coroa portuguesa estabeleceu que
os escravos fossem liberados de suas atividades durante os domingos para praticar a fé cristã e
frequentar a missa. Apesar da determinação real, a medida não era seguida por muitos senhores de
engenhos e quando era praticada, muitos indígenas acabavam usando o dia para descansar ou praticar
outras atividades que lhes rendessem uma alimentação complementar, deixando de lado as obrigações
religiosas.
Os Jesuítas criaram aldeamentos com o objetivo de batizar os índios na fé católica. Com a ideia de
que poderiam alcançar o paraíso e praticar a fé cristã, os índios eram catequizados. Para conseguir uma
aproximação e conquistar os interesses indígenas, os Jesuítas aprenderam sua linguagem e seus
costumes, para pouco a pouco incorporar elementos religiosos em sua cultura e finalmente torná-los
completamente cristãos.
O abandono das antigas crenças e aceitação da fé cristã, mesmo quando imposta, era considerada
pelos jesuítas, que acreditavam que a melhor maneira de conquistar os índios era através da fé, o que os
tornaria mais pacíficos e facilitariam a vida dos colonos pois, auxiliariam em guerras contra tribos
consideradas perigosas e hostis, além dos invasores franceses e holandeses que possuíam grande
interesse pelo território brasileiro. É importante notar o ponto de vista indígena, muitas vezes atraídos
para os aldeamentos com o objetivo de fugir da escravidão imposta pelos colonos e das guerras
praticadas por seus rivais.
Uma das formas de resistência indígena, consistia no isolamento, eles foram se deslocando para
regiões mais pobres, onde o homem branco ainda não havia chegado. Isso permitiu que houvesse a
preservação da herança biológica, social e cultural. Apesar de muitos índios terem se isolado, o número
de mortos foi ainda maior. Estima-se que viviam no Brasil cerca de cinco milhões de índios quando os
colonizadores chegaram, hoje em dia, segundo o IBGE, são cerca de 817 mil índios.
Ao passo em que não se mostra mais atrativa, a colonização indígena no Brasil, assim como na
América espanhola passa a ser considerada sob a pretensão da “Guerra Justa”.

Ocupar, dominar e colonizar o Brasil


O termo “Descobrimento do Brasil” traz uma visão pautada no eurocentrismo, que é a valorização da
cultura europeia em detrimento das outras, já que expõe a chegada (termo mais apropriado) dos
portugueses ao Brasil como o início da civilização e da presença humana no país, desconsiderando a
presença e a cultura indígena já presentes há milhares de anos neste território. Os portugueses chegam
ao Brasil em 22 de abril de 1500, com a esquadra de Pedro Alvares Cabral, iniciando o período conhecido
como Pré-Colonial.
Durante o período Pré-Colonial foi grande a exploração do pau-brasil, que alcançava um bom valor na
Europa, utilizado no tingimento de tecidos (daí vem o nome Brasil, pois a madeira soltava um pigmento
avermelhado, semelhante à cor de uma brasa). O corte e transporte das toras de pau-brasil eram feitas
pelos indígenas, a partir de trocas (escambo) com os portugueses. Os portugueses não encontraram de
imediato metais ou pedras preciosas no Brasil, e também não tiveram interesse em criar colônias no
território recém descoberto.
Durante os primeiros trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que
tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras
recém descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam e contrabandeavam o pau-
brasil. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasileiro para um outro país. Para tentar evitar
estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos
resultados.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 57
Os portugueses continuaram a exploração da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais
eram do que armazéns e postos de trocas com os indígenas.
No ano de 1530, o rei de Portugal, D. João III, organizou a primeira expedição com objetivos de
colonização, comandada por Martin Afonso de Souza, com a intenção de povoar o território brasileiro,
expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.

Culturas Indígenas: Mais, Astecas e Incas


Com a expansão marítima do século XV, um novo continente, até então nunca explorado pelo europeu,
surgia no mapa. No dia 12 de outubro de 1492, chega na América, a expedição comandada por Cristóvão
Colombo, que na verdade estava à procura de um novo caminho para as Índias quando encontrou a
América.
Quando os exploradores espanhóis chegam, encontram grandes civilizações, extremamente
organizadas. Dentre os povos encontrados, três ganham maior destaque, os Maias, os Astecas e os
Incas.

A civilização Maia
Segundo estudos, a civilização Maia teria começa a se desenvolver por volta de 2000 a.C. Eles
habitaram a região que corresponde atualmente ao México, Guatemala e Honduras. O auge de sua
prosperidade ocorreu entre os séculos III e X, muito antes da chegada dos espanhóis na América.
Os maias se destacaram na área da Astronomia, Matemática, Arquitetura e por terem desenvolvido
uma escrita complexa, feita através de símbolos – hieróglifos – que são considerados uma das formas de
escrita mais sofisticadas no mundo pré-colombiano.
Eles eram politeístas, ou seja, cultuavam vários deuses. Tais deuses estavam ligados ao nascimento,
a morte e a fenômenos naturais. Eles cultuavam os mortos e faziam sacrifícios humanos e de animais em
oferenda a divindade. Em homenagem a eles, os maias ergueram grandes templos, altares e santuários,
onde realizavam seus rituais e sacrifícios. Nesses templos ocorreram diversas celebrações que
marcavam deferentes datas no calendário. Os maias acreditavam na vida após a morte, pois os seus
mortos eram colocados em suas sepulturas com alimentos e utensílios pessoais que poderiam ajudar o
morto durante sua viagem.
Sua economia era baseada na agricultura, tendo o milho como principal alimento. As suas técnicas
de irrigação eram extremamente avançadas para a época. A civilização Maia também praticava o
comercio de mercadorias com povos vizinhos, o que favoreceu o surgimento de estradas de estradas e
o crescimento de cidades. O produto de maior valor era o cacau, que além de ser utilizado como alimento,
era também uma moeda de troca.
Uma das grandes realizações desse povo foi a observação dos astros, que permitiu a criação de dois
calendários, um religioso, de 260 dias e outro civil, de 365 dias. O conhecimento dos ciclos da lua, do Sol
e de Vênus, foi o que permitiu a sua eficiência na produção agrícola.
A sociedade Maia era organizada de forma descentralizada, ou seja, não chegaram a construir um
império que fosse unificado. Cada cidade tinha seu próprio governo, formando cidades-Estados, eram
unidades políticas independentes.
A estrutura social dessa civilização era bem rígida, a sua classe era determinada ao nascerem.
Existiam três camadas, a família real, militares e sacerdotes, comerciantes e funcionários do Estado e por
último camponeses.
O declínio da civilização Maia começa no século IX pode estar ligado a problemas ambientais, como
o desmatamento. Outro fato que pode ter acontecido é o número populacional ter aumentado a ponto que
houvesse falta de recursos. Guerras e conflitos internos também podem ter favorecido esse declínio. O
que se pode afirmar é que quando os espanhóis chegaram à América, a civilização Maia não existia mais.

Os Astecas
Até o século XII os Astecas viviam na região norte do atual México, aos pouco esse grupo foi migrando
para o sul à procura de terra mais férteis. Ao deslocar para essa região, encontraram alguns grupos que
já viviam por lá, como os tapanecas, que apesar de serem derrotas, influenciaram muito em suas práticas
culturais, políticas e religiosas. Os Astecas atingiram o auge do seu desenvolvimento na região conhecida
como Mesoamérica.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 58
Dentre os principais povos da América, os Astecas foram os que mais se desenvolveram. Eram
politeístas e assim como os Maias, realizavam sacrifícios. A capital do império era a cidade de
Tenochtitlán, onde também estava localizado o seu principal templo religioso.
O campo de maior destaque desta civilização, foi a agricultura. Apesar da pouca quantidade de terra
propícias para o plantio, os Astecas desenvolveram um sistema de irrigação muito avançado e
construíram ilhas artificiais, chamados de chinampas. Entre os principais cultivos estavam o feijão, o
cacau, a batata e fumo.

Editora ática

A sociedade era dividida hierarquicamente, e a administração era feita de forma centralizada em


torno de um governante. Eram organizados em classes, como nobres, soldados, comerciantes,
trabalhadores e por último os escravos e servos. O governo era uma monarquia, onde o conselho do

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 59
imperador elegia o sucessor, desde que este pertencesse a linhagem governante. O imperador contava
com o auxílio de um conselho e tinha por obrigação proteger o seu povo.
Desenvolveram um sistema complexo de escrita e um calendário de 365 dias, baseado no ano solar.
Seu conhecimento em astronomia era bem avançado, fato que impressiona até hoje.
No final do século XV, quando os espanhóis chegam na América e dão início ao reconhecimento do
novo continente, o império Asteca contava com uma população de cerca de cinco milhões de habitantes
e uma área de domínio de 200 mil quilômetros quadrados.

Os Incas
A partir do século XII, os Incas migrarão para a região do vale do Cuzco, no Peru. Já instalados na
região do Andes, conseguiram constituir um império que dominou grande parte das terras do território sul-
americano.
Assim como os Maias e os Astecas, os Incas eram politeístas, sua religiosidade era caracterizada
pela adoração de diversos elementos da natureza. Como os outros povos, eles também realizavam
sacríficos, com a intenção de demonstrar sua gratidão.
O Império Inca chegou a ter cerca de cem povos diferentes, seu Estado era centralizado e
extremamente militarizado. Havia um imperador, nomeado Inca – descendente do Sol – que estava no
topo da pirâmide social, ele detinha o controle das terras e das minas. Logo abaixo vinha a aristocracia,
que era formada por altos funcionários do governo, sacerdotes e antigos chefes das aldeias. Por último,
os artesão, militares e escravos ficavam na base da pirâmide social.
Apesar de não terem desenvolvido a escrita, criaram um sistema numérico, chamado de “quipos”,
esse sistema auxiliava na contagem e era usado no comércio. As cordas indicavam a centena, dezena e
milhar.
A maioria da população inca exerciam atividades pastoris e agrícolas, que formavam a base
econômica e de subsistência. Entre os seus principais cultivos, estava o milho, a batata-doce, a quinoa,
a batata e o amendoim. Também dominavam a metalurgia, e a cerâmica. Eles tinham grande experiência
com o trabalhado de metais preciosos, como o ouro e a prata.
Desenvolveram em suas cidades um sistema de esgoto e água encanada, além da técnica de
construção de casas, que dispensavam o uso de argamassa. Uma das obras arquitetônicas que ainda
sobreviveram aos dias de hoje é a cidade de Machu Picchu, construída no alto de uma montanha, no
atual Peru. É considerada o maior conjunto arquitetônico da América pré-colombiana. Para que houvesse
a ligação entre as cidades do império, estradas em pedra foram construídas.

A cidade de Machu Picchu foi construída por volta de 1450, nas proximidades de Cuzco, antiga capital do Império Inca

Quase um século antes da chegada dos espanhóis, o Império Inca promoveu uma grande expansão
territorial e cultural, chegando a atual divisa da Colômbia e Equador. Contudo já no século XVI, a
civilização sofreu com diversos conflitos internos, facilitando a dominação espanhola.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 60
América Espanhola6
Os espanhóis, logo após empreenderem um sangrento processo de dominação das populações
indígenas da América, efetivaram o seu projeto colonial nas terras a oeste do Tratado de Tordesilhas.
Para isso montaram um complexo sistema administrativo responsável por gerir os interesses da Coroa
espanhola em terras americanas. Todo esse esforço deu-se em um curto período de tempo. Isso porque
a ganância pelos metais preciosos motivava os espanhóis.
As regiões exploradas foram divididas em quatro grandes vice-reinados: Rio da Prata, Peru, Nova
Granada e Nova Espanha. Além dessas grandes regiões, havia outras quatro capitanias: Chile, Cuba,
Guatemala e Venezuela. Dentro de cada uma delas, havia um corpo administrativo comandado por um
vice-rei e um capitão-geral designados pela Coroa. No topo da administração colonial havia um órgão
dedicado somente às questões coloniais: o Conselho Real e Supremo das Índias.
Todos os colonos que transitavam entre a colônia e a metrópole deviam prestar contas à Casa de
Contratação, que recolhia os impostos sob toda riqueza produzida. Além disso, o sistema de porto único
também garantia maior controle sobre as embarcações que saiam e chegavam à Espanha e nas
Américas. Os únicos portos comerciais encontravam-se em Veracruz (México), Porto Belo (Panamá) e
Cartagena (Colômbia). Todas as embarcações que saíam dessas regiões colônias só podiam
desembarcar no porto de Cádiz, na região da Andaluzia.
Responsáveis pelo cumprimento dos interesses da Espanha no ambiente colonial, os chapetones eram
todos os espanhóis que compunham a elite colonial. Logo em seguida, estavam os criollos. Eles eram os
filhos de espanhóis nascidos na América e dedicavam-se a grande agricultura e o comércio colonial. Sua
esfera de poder político era limitada à atuação junto às câmaras municipais, mais conhecidas como
cabildos.
Na base da sociedade colonial espanhola, estavam os mestiços, índios e escravos. Os primeiros
realizavam atividades auxiliares na exploração colonial e, dependendo de sua condição social, exerciam
as mesmas tarefas que índios e escravos. Os escravos africanos eram minoria, concentrando-se nas
regiões centro-americanas. A população indígena foi responsável por grande parte da mão de obra
empregada nas colônias espanholas. Muito se diverge sobre a relação de trabalho estabelecida entre os
colonizadores e os índios.
Alguns pesquisadores apontam que a relação de trabalho na América Espanhola era escravista. Para
burlar a proibição eclesiástica a respeito da escravização do índio, os espanhóis adotavam a mita e a
encomienda. A mita consistia em um trabalho compulsório onde parcelas das populações indígenas eram
utilizadas para uma temporada de serviços prestados. Já a encomienda funcionava como uma “troca”
onde os índios recebiam em catequese e alimentos por sua mão-de-obra.
No final do século XVIII, com a disseminação do ideário iluminista e a crise da Coroa Espanhola (devido
às invasões napoleônicas) houve o processo de independência que daria fim ao pacto colonial, mas não
resolveria o problema das populações economicamente subordinadas do continente americano.

Processo de Independência7
O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações
experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, observamos a ascensão de um novo conjunto
de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O iluminismo
defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de
determinadas classes sociais.
Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A
grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América
desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol. Por
estarem politicamente excluídos, enxergavam no iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo
domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.
Ao mesmo tempo em que houve toda essa efervescência ideológica em torno do iluminismo e do fim
da colonização, a pesada rotina de trabalho dos índios, escravos e mestiços também contribuiu para o
processo de independência. As péssimas condições de trabalho e a situação de miséria já tinham, antes
do processo definitivo de independência, mobilizado setores populares das colônias hispânicas. Dois
claros exemplos dessa insatisfação puderam ser observados durante a Rebelião Tupac Amaru
(1780/Peru) e o Movimento Comunero (1781/Nova Granada).

6
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Colonização Espanhola"; Mundo Educação. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-america/colonizacao-
espanhola.htm>.
7
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Independência da América Espanhola"; Mundo Educação. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historia-
america/independencia-america-espanhola.htm>.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 61
No final do século XVIII, a ascensão de Napoleão frente ao Estado francês e a demanda britânica e
norte-americana pela expansão de seus mercados consumidores serão dois pontos cruciais para a
independência. A França, pelo descumprimento do Bloqueio Continental, invadiu a Espanha,
desestabilizando a autoridade do governo sob as colônias. Além disso, Estados Unidos e Inglaterra
tinham grandes interesses econômicos a serem alcançados com o fim do monopólio comercial espanhol
na região.
É nesse momento, no início do século XIX, que a mobilização ganha seus primeiros contornos. A
restauração da autoridade colonial espanhola seria o estopim do levante capitaneado pelos criollos.
Contando com o apoio financeiro anglo-americano, os criollos convocaram as populações coloniais a se
rebelarem contra a Espanha. Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simon Bolívar
e José de San Martin. Organizando exércitos pelas porções norte e sul da América, ambos sequenciaram
a proclamação de independência de vários países latino-americanos.
No ano de 1826, com toda América Latina independente, as novas nações reuniram-se no Congresso
do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendia um amplo projeto de solidariedade e integração político-
econômica entre as nações latino-americanas. No entanto, Estados Unidos e Inglaterra se opuseram a
esse projeto, que ameaçava seus interesses econômicos no continente. Com isso, a América Latina
acabou mantendo-se fragmentada.
O desfecho do processo de independência, no entanto, não significou a radical transformação da
situação socioeconômica vivida pelas populações latino-americanas. A dependência econômica em
relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais fizeram com que muitos
dos problemas da antiga América Hispânica permanecessem presentes ao longo da História latino-
americana

Questões.8
01. No final do Século XIV, o único Estado centralizado e livre de guerras, o que lhe permitiu ser o
pioneiro na expansão ultramarina, era o
(A) espanhol.
(B) inglês.
(C) francês.
(D) holandês.
(E) português

02. A aliança entre Rei e Burguesia no final da Idade Média e início da Idade Moderna não teve como
objetivo:
(A) o fortalecimento da centralização política contra o particularismo feudal vigente até então;
(B) a unificação de moedas, pesos e medidas, a fim de facilitar as transações comerciais;
(C) a definição de fronteiras e, ao mesmo tempo, de mercados internos e externos;
(D) descentralização administrativa do Estado. Consolidação da monarquia descentralizada
(E) a imposição de código único de leis para o país em lugar do direito consuetudinário feudal.

03. Ao final da Idade Média, a necessidade de novas rotas de comércio gerou a expansão mercantil e
marítima desenvolvida pelos países atlânticos. Até então, a principal via comercial europeia era o
Mediterrâneo, cujo monopólio estava concentrado nas mãos dos comerciantes:
(A) venezianos e pisanos
(B) espanhóis e muçulmanos
(C) venezianos e mouros
(D) italianos e árabes
(E) italianos e ibérico.

04. A expansão marítima e comercial empreendida pelos portugueses nos séculos XV e XVI está
ligada:
(A) aos interesses mercantis voltados para as "especiarias" do Oriente, responsáveis inclusive, pela
não exploração do ouro e do marfim africanos encontrados ainda no século XV;
(B) à tradição marítima lusitana, direcionada para o "mar Oceano" (Atlântico) em busca de ilhas
fabulosas e grandes tesouros;
(C) à existência de planos meticulosos traçados pelos sábios da Escola de Sagres, que previam poder
alcançar o Oriente navegando para o Ocidente;
8
SOUZA, G, RAINER. Exercícios sobre o período pré-colonial. Exercícios Brasil Escola.
http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-historia-do-brasil/exercicios-sobre-o--periodo-pre-colonial.htm#questao-1

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 62
(D) a diversas casualidades que, aliadas aos conhecimentos geográficos muçulmanos, permitiram
avançar sempre para o Sul e assim, atingir as Índias;
(E) ao caráter sistemático que assumiu a empresa mercantil, explorando o litoral africano, mas sempre
em busca da "passagem" que levaria às Índias

05. A partir dos estudos realizados pelo governo português, o pioneirismo na expansão ultramarina
estava em suas mãos, como grande marco do início da dominação portuguesa, responda qual foi o marco
que dá início a sua dominação.
(A) Colonização da Guiné
(B) Chegada dos portugueses ao Brasil
(C) Dominação de Ceuta
(D) Chegada as Índias
(E) Realização do chamado “périplo africano”

06. Uma forma de resistência indígena, consistia no isolamento, eles foram se deslocando para regiões
mais pobres, onde o homem branco ainda não havia chegado. Permitindo que houvesse a preservação
da herança biológica, social e cultural.
(A) Certo (B) Errado

07. (Cesgranrio) O início da colonização portuguesa no Brasil, no chamado período “pré-colonial”


(1500-1530), foi marcado pelo(a):
(A) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo do pau-brasil;
(B) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico africano.
(C) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa e militar já experimentada no Oriente;
(D) fixação de grupos missionários de várias ordens religiosas para catequizar os indígenas;
(E) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais holandeses.

08. (USS) Assinale a alternativa correta a respeito do período pré-colonial brasileiro:


(A) Os franceses não reconheciam o domínio português, tanto que chegaram a se estabelecer no Rio
de Janeiro e no Maranhão.
(B) O trabalho intenso de Anchieta e Nóbrega na catequese dos índios tinha o objetivo de impedir a
escravização do gentio.
(C) A ocupação temporária europeia, por meio de feitorias, deveu-se à inexistência de organização
social produtora de excedentes negociáveis.
(D) A cordialidade dos indígenas contrastava com a hostilidade europeia dos portugueses, cujo objetivo
metalista conduzia sempre à prática da violência.
(E) A cordialidade inicial entre europeus e índios deveu-se ao fato de que o objetivo catequético
superava os fins materiais da expansão marítima.

09. “De começo, e fosse qual fosse, após a exploração cabralina, a importância dos conhecimentos
geográficos sobre o Brasil, o interesse de D. Manuel pelos seus novos territórios da América foi, ao que
parece, mais de ordem estratégica que econômica.”

CORTESÃO, Jaime. Os descobrimentos portugueses, p. 1086,


citado em MORAES, Antonio Carlos Robert. Bases da formação territorial do Brasil.
São Paulo: HUCITEC, 2000, p. 174.

Segundo o historiador português, Jaime Cortesão, no início do século XVI, a importância econômica
dada à América pelo Estado português foi de ordem estratégica. Isto, porque:
(A) apesar de terem sido encontrados imediatamente metais preciosos no território, os portugueses
não tinham maior interesse neles;
(B) as comunidades indígenas do litoral sul da América eram hostis a qualquer contato com os
portugueses, o que impediu o desenvolvimento de atividades econômicas na região;
(C) a extensão do litoral e o clima tropical impediam o desenvolvimento de atividades econômicas que
permitissem a produção de bens valorizados na Europa;
(D) o interesse português estava voltado para o Oriente, e o controle do litoral sul da América deveria
garantir, fundamentalmente, o monopólio da navegação da rota do Cabo;
(E) a instalação de feitorias que estimulassem o plantio, pelas comunidades indígenas, do pau-brasil,
produto valorizado no mercado europeu e, por isso, gerador de lucros para o Estado português.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 63
10. (Fuvest) A colonização, apesar de toda violência e disrupção, não excluiu processos de reconstrução
e recriação cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista
representa, para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e distintividade cultural. A cultura
xinguana – que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática,
original e intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no
século X d.C. e continua até hoje.

Carlos Fausto. Os índios antes do Brasil.


Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

Com base no trecho acima, é correto afirmar que


(A) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até
mesmo valorizou várias culturas indígenas.
(B) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador
europeu, como a xinguana.
(C) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no
Brasil dos anos 1940.
(D) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador
europeu.
(E) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade
indígena e a perda de sua identidade cultural.

11. (Fuvest)

Victor Meireles. Moema,1866

Em seu contexto de origem, o quadro acima corresponde a uma;


(A) denúncia política das guerras entre as populações indígenas brasileiras.
(B) idealização romântica num contexto de construção da nacionalidade brasileira
(C) crítica republicana à versão da história do Brasil difundida pela monarquia.
(D) defesa da evangelização dos índios realizada pelas ordens religiosas no Brasil.
(E) concepção de inferioridade civilizacional dos nativos brasileiros em relação aos indígenas da América
Espanhola.

Respostas

01. Resposta E.
A reconquista das terras ocupadas pelos Mouros e a centralização do estado a partir do poder concentrado
na figura do rei permitiram a Portugal os recursos necessários para se lançar ao mar em busca de novas rotas
comerciais e novas terras para exploração.

02. Resposta D.
O objetivo da aproximação entre o poder real e a burguesia era justamente a unificação do poder para
garantir um governo forte e centralizado na mão do rei.

03. Resposta D.
A região do mar Mediterrâneo era controlada por italianos, e também por árabes. O monopólio das rotas
terrestres levou muitos europeus, em especial portugueses e espanhóis, que começavam a criar estados
unificados, a explorar a rota marítima.
04. Resposta E.
Apesar das viagens às índias garantirem muito dinheiro, o tempo gasto para fazer a rota poderia levar
longos meses. Um caminho mais curto garantiria uma maior obtenção de lucros.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 64
05. Resposta: C.
O fato que marca o início do processo de conquista português é a dominação da região de Ceuta (atual
Marrocos), logo após esta conquista os portugueses dão início a conquista do litoral africano.

06. Resposta: A.
A forma de resistência usada pelos indígenas, que consistia no isolamento em regiões mais pobres, garantiu
sua sobrevivência biologia, social e cultural.

07. Resposta: A.
Nos primeiros trinta anos da colonização, observamos que os portugueses limitaram-se a enviar expedições
de reconhecimento e proteção ao litoral brasileiro. Sob o ponto de vista econômico, a extração do pau-brasil
era realizada através da mão de obra voluntária dos índios, que recebiam pequenas mercadorias pelo serviço
prestado (escambo).

08. Resposta: A
Vista como uma das mais graves consequências do desinteresse português em relação às terras
brasileiras, a invasão dos franceses revelou o desenvolvimento de uma concorrência de outras nações
europeias no processo de colonização do continente americano. Sem reconhecer a validade do Tratado de
Tordesilhas, os franceses realizaram o contrabando do pau-brasil e tentaram consolidar algumas colônias no
litoral brasileiro.

09. Resposta: D
Apesar da imensidão do território conquistado, os portugueses pretendiam expandir suas fronteiras
econômicas comercializando com os povos do Oriente. Quando muito, os portugueses realizavam rápidas
expedições de exploração e reconhecimento do território brasileiro. Com o passar do tempo, o insucesso do
comércio oriental e as sucessivas tentativas de invasão motivaram a organização das primeiras ações de
natureza colonizadora.

10. Resposta: B
Durante muito tempo foi comum a ideia da Aculturação do indígena, ou seja, a perda de sua cultura e
inserção na cultura nacional, descaracterizando o indivíduo como indígena. Esse ponto de vista tem mudado
com o entendimento de que os povos indígenas brasileiros não “perderam” sua cultura, apenas tiveram de
adaptá-la para garantir a sobrevivência, tanto de seus praticantes como de seus costumes.

11. Resposta: B.
Inspirado no poema “Caramuru”, do Frei Santa Rita Durão, o quadro retrata a morte de Moema, índia
apaixonada por Caramuru que morre afogada ao tentar alcançar o barco no qual Caramuru retornava para
Portugal, ilustrando através de uma metáfora a dependência do Brasil de Portugal. A imagem foi pintada no
século XIX, quando temas da cultura nacional como o indianismo eram recorrentes nas artes como forma de
reafirmação nacional, que buscava explicar as origens do Brasil através da mistura entre portugueses e
indígenas, com a posterior adição do negro. Outra obra da época é o romance O Guarani, de José de Alencar,
publicado em 1857.

19. Capitanias hereditárias na América portuguesa;


20. Dominação e exploração Colonial portuguesa;
21. Escravidão indígena e africana na América portuguesa;

Brasil Colonial
Da organização da colônia ao Governo Geral

A organização colonial vista aqui é contada a partir de 1530, após o chamado período pré-colonial,
quando do envio da expedição de Martin Afonso de Souza com a intenção de policiar, ocupar e
explorar efetivamente o território brasileiro.

As Capitanias Hereditárias

A implantação do regime de capitanias hereditárias no Brasil, em 1534, está vinculada a incapacidade


econômica do Estado português em financiar diretamente a colonização, pois o monopólio do comercio

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 65
com as índias se tornara deficitário. Por essa razão, e considerando a urgência de se colonizar o Brasil,
D. João III decidiu dividi-lo em capitanias hereditárias, para que elas mesmas fossem colonizadas com
recursos particulares sem que a coroa tivesse que investir dinheiro.
O regime de capitanias já havia sido aplicado com êxito nas ilhas atlânticas (Madeira, Açores, Cabo
Verde e São Tomé). No próprio Brasil já existia a capitania de São João, correspondente ao atual
arquipélago de Fernando de Noronha.
O território brasileiro foi dividido em 14 capitanias (uma delas subdividida em dois lotes), doadas a
doze donatários. Os limites de cada território, definidos sempre por linhas paralelas iniciadas no litoral,
estavam especificados na Carta de Doação. Este documento estipulava também que a capitania seria
hereditária, indivisível e inalienável, podendo ser readquirida somente pela Coroa.
Um segundo documento era o Foral, que regulamentava minuciosamente os direitos do rei. Na
realidade, os donatários não recebiam a propriedade das capitanias, mas apenas sua posse. Ainda assim
possuíam amplos poderes administrativos, militares e judiciais, sendo responsáveis unicamente perante
o soberano. Tratava-se, portanto, de um regime administrativo descentralizado.
São Vicente e Pernambuco foram as únicas capitanias que prosperaram. O fracasso do projeto como
um todo decorreu de vários fatores: falta de coordenação entre as capitanias, grande distância da
metrópole, excessiva extensão territorial, ataques indígenas, desinteresse de vários donatários e, acima
de tudo, insuficiência de recursos.
A saída encontrada pelo rei foi uma mudança na forma de administrar a colônia, com a criação do
Governo-Geral.
As capitarias hereditárias não desapareceram com a criação do Governo-Geral: elas foram gradual-
mente readquiridas pela Coroa, até serem totalmente extintas, na segunda metade do século XVIII pelo
Marquês de Pombal.

Fonte: http://www.estudopratico.com.br/

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 66
A relação de propriedades e nomes dos donatários e suas capitanias já não é mais tão cobrada (é
mais pedida em vestibulares do que em concursos). De qualquer forma a lista segue abaixo. Sugiro
que foquem sua atenção mais nas características e motivos do fracasso do que na relação capitania-
donatário.

Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: São Vicente (Martim Afonso de Sousa),
Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa), Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),
Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge
Figueiredo Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho), Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António
Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da Cunha e Fernando
Álvares de Andrade).

Governo Geral
Reconhecendo o fracasso do regime de capitanias hereditárias, D. João III resolveu criar o Governo-
Geral. Por meio dessa medida o monarca visava centralizar a administração colonial, subordinando as
capitanias a um governador-geral que coordenasse e acelerasse o processo de colonização do Brasil.
Com esse objetivo elaborou-se em 1548 o Regimento do Governador-Geral no Brasil, que regulamentava
as funções do governador e de seus principais auxiliares — o ouvidor-mor (Justiça), o provedor-mor
(Fazenda) e o capitão-mor (Defesa).
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que fundou Salvador, primeira cidade e capital do
Brasil. Com ele vieram os primeiros jesuítas e foi criado o primeiro bispado em terras brasileiras.
A administração do segundo governador-geral, Duarte da Costa, apresentou sérios problemas:
revoltas dos índios na Bahia, conflito entre o governador e o bispo e principalmente, a invasão francesa
do Rio de Janeiro (criação da França Antártica). Em compensação, o terceiro governador-geral, Mem de
Sá, mostrou-se tão eficiente que a metrópole o manteve no cargo até sua morte; foi ele quem conseguiu
expulsar os invasores franceses, graças à atuação de seu sobrinho Estácio de Sá.
Depois de Mem de Sá, por duas vezes a colônia foi dividida temporariamente em dois governos-gerais:
a primeira teve como divisão a Repartição do Norte, com capital em Salvador, e a do Sul, com capital no
Rio de Janeiro.
A segunda divisão foi durante a União Ibérica9, onde o Brasil foi transformado em duas colônias
distintas: Estado do Brasil (cuja capital era Salvador e, depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão
(cuja capital era São Luís e, depois, Belém). A reunificação só seria concretizada pelo Marquês de
Pombal, em 1774.
Além das capitanias e do Governo-Geral, foram criadas as Câmaras Municipais nas vilas e nas cidades
do Brasil Colônia. O controle das Câmaras Municipais era exercido pelos grandes proprietários locais, os
"homens-bons", o que reforçava suas posições sociais de mando. Entre suas competências, destacavam-
se o ceder deliberativo sobre preços de mercadorias e a fixação dos valores de alguns tributos.
As eleições para as Câmaras Municipais eram realizadas entre os já citados "homens-bons". Elegiam-
se três vereadores, um procurador, um tesoureiro e um escrivão, sob a presidência de um juiz ordinário
(juiz de paz), mais tarde substituído pelo juiz de fora. Ao longo da colonização, os choques entre os
interesses da metrópole e os da colônia, isto é, entre o centralismo e o localismo, foram simbolizados,
respectivamente, pelo Governo-Geral e pelas Câmaras Municipais.

Sistema Colonial: sociedade, religião, cultura e educação

A sociedade no Brasil colonial

9
*A União Ibérica foi o período em que o império português e espanhol estiveram sob a mesma administração. Quando D. Sebastião – Rei de Portugal - desapareceu
durante conflitos contra os mouros na África sem deixar herdeiros diretos, o trono português foi ocupado provisoriamente por seu tio-avô. Após seu falecimento,
Felipe II, rei da Espanha e tio de D. Sebastião assume o trono português. Esse período durou 60 anos (1580 – 1640). Ele influenciou definitivamente as relações
entre Portugal e Espanha e alterou de forma marcante nosso território originalmente definido pelo Tratado de Tordesilhas.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 67
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/

A imagem acima é uma representação da organização social no Brasil colonial:


No topo da pirâmide estavam os senhores de engenho, além de grandes proprietários de terras e
escravos, dominavam a economia e a política, exercendo poder sobre sua família e sobre outras pessoas
que viviam em seus domínios sob sua proteção – os agregados -. Era a chamada família patriarcal.
Na camada intermediária estavam os homens livres, como religiosos, feitores, capatazes, militares,
comerciantes, artesãos e funcionários públicos. Alguns possuíam terras e escravos, porém não exerciam
grande influência individualmente, principalmente em relação à economia.
Na base estava a maior parte da população, que era composta de africanos e índios escravizados
(sendo os índios a primeira tentativa de escravidão). Os escravos não eram vistos como pessoas com
direito a igualdade. Eram considerados propriedade dos senhores e faziam praticamente todo o trabalho
na colônia. Os escravos nas zonas rurais não tinham nenhum direito na sociedade e começavam a
trabalhar desde crianças.
A sociedade colonial brasileira foi um reflexo da própria estrutura econômica, acompanhando suas
tendências e mudanças. Suas características básicas, entretanto, definiram-se logo no início da
colonização segundo padrões e valores do colonizador português. Assim, a sociedade do Nordeste
açucareiro do século XVI, essencialmente ruralizada, patriarcal, elitista, escravista e marcada
pela imobilidade social, é a matriz sobre a qual se assentarão as modificações dos séculos seguintes.
No século XVIII, a sociedade brasileira conheceu transformações expressivas. O crescimento
populacional, a intensificação da vida urbana e o desenvolvimento de outras atividades econômicas para
atender a essa nova realidade, resultaram indubitavelmente da mineração. Embora ainda conservasse o
seu caráter elitista, a sociedade do século XVIII era mais aberta, mais heterogênea e marcada por uma
relativa mobilidade social, portanto mais avançada em relação à sociedade rural e escravista dos séculos
XVI e XVII. Os folguedos e festas populares das camadas mais pobres conviviam com os saraus e outros
eventos sociais da camada dominante. Com relação a esta, o hábito de se locomover em cadeirinhas ou
redes transportadas por escravos, evidencia o aparecimento do escravo urbano, com destaque para os
chamados negros de ganho10.

Escravos e homens livres na Colônia


No Brasil colonial a mão de obra escrava foi utilizada amplamente. A escravidão está presente na
formação do país, desde os índios aos negros que chegavam em navios, a utilização do trabalho escravo
se deu pela intenção de maximizar lucros através da super exploração do trabalho e do trabalhador.
Apesar da ampla utilização do trabalho escravo, este não foi o único. Uma parte da sociedade era livre,
composta de trabalhadores livres, que no início eram portugueses condenados ao exílio na América como
punição.
Ser livre na colônia significava não ser escravo, já que mesmo sendo livres, os mais pobres eram
marginalizados e tinham poucas chances de ascensão sendo privados de exigir melhores situações
econômicas. No grupo de trabalhadores livres estavam os desgredados portugueses, escravos forros
(libertos), os mestiços e os pardos. Os homens livres formavam um grupo bastante variado em que a

10
Escravos que repassavam todos os ganhos de seu trabalho aos seus donos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 68
posição social e o serviço eram diversos e boa parte desses homens tinham condição semelhante à de
escravos.
O cultivo do açúcar e os engenhos motivaram essa variação de posição dos trabalhadores livres, em
que os senhores de engenhos consideravam estar no topo da sociedade. A divisão da terra através das
sesmarias11 beneficiava os mais abastados que se tornavam os grandes proprietários e arrendavam uma
parte para colonos que não possuíam condições para ter sua própria terra, denominando assim os
senhores de engenhos (produtores de açúcar) e os agricultores (produtores de cana). As relações entre
senhores de engenho e agricultores, unidos pelo interesse e pela dependência em relação ao mercado
internacional, formaram o setor açucareiro.
A ideia de colônia construída por duas categorias (senhores e escravos), priorizando as relações de
produção e forças produtivas, escondeu uma sociedade bem mais ampla, de um universo social
açucareiro, em que viviam trabalhadores do campo e semi-livres que exerciam trabalhos como
mercadores, roceiros, artesãos, oficiais e lavradores de roças. A partir do século XVIII a colônia tinha uma
população de libertos e libertas que originavam pequenos proprietários de terras de etnias diversas:
brancos pobres, negros libertos, mestiços, artesãos e trabalhadores livres.
O autor Stuart B. Schwartz detalha sobre os trabalhadores livres assalariados dos engenhos, voltando
seus estudos para o Engenho Sergipe, trabalhadores que recebiam a soldada por dia ou tarefa, que ao
longo do tempo sofreu declinações e diminuições dos salários.
Dentro desses engenhos exerciam trabalhos como: mestres de açúcar, feitores, banqueiro, caixeiro,
purgador, caldeireiro e médico (que também era dentista e farmacêutico), funções que tinham um
pagamento e que variava ao longo da colheita, do serviço e até mesmo do engenho em que se prestava
o serviço, o feitor-mor é quem recebia a soldada mais alta. Com a utilização da mão de obra escrava
muitos trabalhos deixaram de existir, como os barqueiros, vaqueiros e levadeiros, com a substituição dos
trabalhadores livres por escravos especializados. Os trabalhadores livres começaram a priorizar o
trabalho artesanal como carpinteiro, ferreiro, sapateiro, ourives e alfaiates.
Os trabalhadores livres não possuíram uma estrutura social configurada. Por conta da instabilidade,
pelo trabalho esporádico, incerto e aleatório, o vadio não possuía um trabalho fixo. Porém, a qualquer
hora poderia ser utilizado em alguma coisa, considerados como uma espécie de exército de reserva da
escravidão, uma mão-de-obra alternativa.

A resistência à escravidão
Onde quer que tenha existido escravidão, houve resistência escrava. No Brasil os escravizados
criaram diversas maneiras de resistência ao sistema escravista durante os quase quatro séculos em que
a escravidão existiu entre nós. A resistência poderia assumir diversos aspectos: fazendo “corpo mole” na
realização das tarefas, sabotagens, roubos, sarcasmos, suicídios, abortos, fugas e formação de
quilombos. Qualquer tipo de afronta à propriedade senhorial por parte do escravizado deve ser
considerada como uma forma de resistência ao sistema escravista.
Perdigão Malheiro, que foi um importante jurista do século XIX, entendia a fuga como parte essencial
do sistema escravista. Existe uma concordância geral entre os estudiosos da escravidão com a opinião
de Malheiro, de que a fuga foi um aspecto típico do escravismo. Onde quer que tenha existido escravidão,
foram comuns as fugas, os anúncios nos jornais buscando fugitivos e também a figura do capitão-do-
mato. Após a fuga, o escravizado poderia tentar se esconder nas matas, onde frequentemente formavam
quilombos, ou ainda tentar se misturar na densa população africana e afrodescendente que habitava os
núcleos urbanos, tentando se passar por livre ou por liberto. Tendo fugido um escravizado, o seu senhor
acionava toda uma rede de informantes para descobrir o seu paradeiro. Anunciava a fuga nos jornais
locais, oferecendo recompensas àquele que desse notícias precisas sobre o esconderijo ou localização
do fugitivo e, frequentemente, pagava um capitão-do-mato para trazer o escravizado de volta.
A fuga representou um modo significativo no processo de resistência ao cativeiro e de autoafirmação
da condição humana do escravizado em oposição ao sistema escravista. Em primeiro plano provocava
um abalo do ponto de vista econômico, tanto de posse quanto de produção por vários motivos: porque o
escravizado deixava de trabalhar enquanto estava fugido, deixando, portanto, de gerar lucro para o seu
senhor; também por não haver garantia de que o escravizado fosse ser apreendido e, caso não fosse, o
senhor perdia o capital nele investido; e, por último, porque pagar as diárias de um Capitão-do-Mato não
era barato. Em segundo plano, a fuga não era apenas um simples ato de rebeldia, significava a tentativa
de usufruir de um espaço de liberdade, ainda que, na maior parte das vezes fosse passageira. Sendo
uma afronta direta ao poder senhorial, os escravizados fugitivos, quando apreendidos, recebiam um

11
Sesmarias nada mais eram do que pedaços de terra doados a beneficiários para que estes a cultivassem. Assim como no exemplo das capitanias, a posse real
ainda era da Coroa e os beneficiários, deviam cumprir uma série de exigências para garantir sua posse. Diferentemente das capitanias, ela não podiam ser divididas
em novos lotes.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 69
castigo exemplar. As punições aos escravizados apreendidos após uma fuga eram extremamente
severas, podendo às vezes, o castigo exemplar recebido resultar em sua morte.
As motivações que levavam um escravizado a fugir eram variadas e nem todas as fugas tinham por
objetivo se livrar do domínio senhorial. Existiam as fugas reivindicatórias, como aquelas que fizeram os
escravos do engenho Santana de Ilhéus, nas quais os escravizados buscaram mudanças no exercício da
escravidão dentro do engenho, ou quando o escravizado fugia após ser vendido para um outro senhor.
Fazendo isto, o escravizado pressionava o seu comprador para devolvê-lo ao seu antigo senhor, pois
sabia que nenhum senhor gostaria de ter entre os seus escravizados um fugitivo contumaz. De forma
contrária, às vezes, o escravizado fugia à procura de um outro senhor que o comprasse; caso o seu
senhor não aceitasse a negociação, ele poderia continuar fugindo e, portanto, dando prejuízos e maus
exemplos, até que seu senhor resolvesse vendê-lo.
Existiam também as fugas temporárias. Era comum a fuga por alguns dias, quando em geral o
escravizado ficava nas imediações da moradia de seu senhor, às vezes para cumprir obrigações
religiosas, outras para visitar parentes separados pela venda, outras, ainda, para fazer algum “bico” e,
com o dinheiro, completar o valor da alforria.

Os Quilombos
Os quilombos ou mocambos existiram desde a época colonial até os últimos anos do sistema
escravista e, assim como as fugas, foram comuns em todos os lugares em que existiu escravidão. A
formação de quilombos pressupõe um tipo específico de fuga, a fuga rompimento, cujo objetivo maior era
a liberdade. Essa não era uma alternativa fácil a ser seguida, pois significava viver sendo perseguido não
apenas como um escravo fugido, mas como criminoso.
O quilombo mais conhecido no Brasil foi Palmares. Palmares foi um quilombo formado no século XVII,
na Serra da Barriga, região entre os estados de Alagoas e Pernambuco. Localizado numa área de difícil
acesso, os aquilombados conseguiram formar um Estado com estrutura política, militar, econômica e
sociocultural, que tinha por modelo a organização social de antigos reinos africanos. Calcula-se que
Palmares chegou a possuir uma população de 30 mil pessoas.
Depois da abolição definitiva da escravidão no Brasil, em 1888, as comunidades negras deram outro
sentido ao termo “Quilombo”, não sendo mais utilizado como forma de luta e resistência ao cativeiro, mas
sim como morada e sobrevivência da família negra em pequenas comunidades, onde seus valores
culturais eram preservados. Tais comunidades receberam diferentes nomeações: remanescentes de
quilombos, quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades negras rurais, ou ainda comunidades de
terreiro.

Educação
A história da educação no Brasil tem início com a vinda dos padres jesuítas no final da primeira metade
do século XVI, inaugurando a primeira, mais longa e a mais importante fase dessa história, observando
que a sua relevância encontra-se nas consequências resultantes para a cultura e civilização brasileiras.
Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Logo perceberam que não
seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra
jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570, vinte e um anos depois da sua chegada, já eram compostos
por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo
de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
A educação era privilégio das classes abastadas, pois as famílias tradicionais faziam questão de terem
um doutor (médico ou advogado) e um padre. Era usada como instrumento de legitimação da colonização,
inculcando na população ideias de obediência total ao Estado português. Os jesuítas impunham um
padrão educacional europeu, que desvalorizava completamente os aspectos culturais dos índios e dos
negros. Quanto às mulheres, mesmo das famílias mais abastadas, raramente recebiam instrução escolar,
e esta limitava-se às aulas de boas maneiras e de prendas domésticas. As crianças escravas, por sua
vez, estavam excluídas do processo educacional, não tendo acesso às escolas.

A religião no Brasil colônia


A origem do processo de ocupação territorial do Brasil, serviu também para as intenções da igreja
católica.
Os portugueses que vieram para o Brasil estavam inseridos no ideal de cruzada, adotando o
catolicismo como insígnia do poder da coroa.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 70
Diante desta ideia, todo o não católico era considerado um inimigo em potencial, a não aceitação da
fé em cristo era vista como contestação do poder do rei e afronta direta a todo português, uma motivação
que incentivou, dentre outros fatores, o extermínio dos indígenas, vistos como pagãos e infiéis.
Havia também o outro lado da moeda, em que o gentil era visto como potencialmente um servo da
coroa e de Deus, desde que tivesse a devida instrução. Essa ideia era defendida por muitos jesuítas,
como o padre Manuel da Nóbrega, conhecido por defender o direito de liberdade dos nativos
cristianizados.
Para ele, “se o gentio fosse senhorado ou despejado” de sua terra, “com pouco trabalho e gasto”, a
coroa portuguesa “teria grossas rendas nestas terras”; sendo necessário reduzir os índios a “vassalagem”.
Dentro deste contexto, a construção de igrejas passou a delimitar a conquista territorial, garantindo a
soberania do Estado.

A religiosidade africana
Vigiados de perto por seus senhores e fiscalizados pelos eclesiásticos católicos, na qualidade de
escravos, considerados utensílios de trabalho a semelhança de uma ferramenta, os africanos foram
obrigados a aceitar a fé em cristo como símbolo da submissão aos europeus e a coroa portuguesa.
No entanto, elementos das religiões africanas sobreviveram se ocultando em meio à simbologia cristã.
Associações de caráter locais, as irmandades negras contribuíram para forjar a polissemia e
sincretismo religioso brasileiro.
Impedidos de frequentar espaços que expressavam a religião católica dos brancos, as irmandades
representavam uma das poucas formas de associação permitidas aos negros no contexto colonial.
As irmandades negras surgiram como forma de conferir status e proteção aos seus membros, sendo
responsáveis pela construção de capelas, organização de festas religiosas e pela compra de alforrias de
seus irmãos, oficialmente auxiliando a ação da igreja e demonstrando a eficácia da cristianização da
população escravizada.
Entretanto, ao organizarem-se, geralmente em torno da devoção a um santo especifico a qual assumiu
múltiplos significados, incorporando ritos e cultos aos deuses africanos, permitiu o nascimento de religiões
afro-brasileiras como o acotundá, o candomblé e o calundu.
Muitos indivíduos que oficialmente cultuavam, por exemplo, São José, na capela erguida pela
irmandade negra, dentro do âmbito do acotundá, clandestinamente dançavam em frente a uma imagem
semelhante ao som do tambor em casas simples com paredes de barro cobertas de capim, utilizando
palavras extraídas de textos católicos, mescladas a um dialeto da Costa da Mina (atual Gana).
Um sincretismo que se tornaria típico do povo brasileiro, também presente no candomblé, onde o rito
do deus africano Coura e a devoção a Nossa Senhora do Rosário se fundiram, fornecendo um valioso
exemplo da simbiose religiosa no Brasil.

Os judeus
Perseguidos pelo Tribunal do Santo Oficio na Europa, os judeus sempre estiveram em situação de
perigo iminente, sendo obrigados a converterem-se ao cristianismo em Portugal.
Aos olhos do Estado os convertidos passaram a ser considerados cristãos-novos, vigiados de perto
pela Inquisição, sofrendo preconceitos e perseguições esporádicas.
O Brasil se transformou na terra prometida para os cristãos-novos portugueses, compelidos a
migrarem para novas terras em além-mar.
Foi uma saída viável à recusa da aceitação de sua fé no reino, tendo em vista o fato da Inquisição
nunca ter se instalado por aqui, embora tenham sido instituídas visitações do Santo Oficio em 1591, 1605,
1618, 1627, 1763 e 1769.
Alojados sobretudo na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba e no Maranhão; os cristãos-novos recém-
chegados integraram-se rapidamente, ocupando cargos nas Câmaras Municipais, em atividades
administrativas, burocráticas e comerciais, destacando-se também como senhores de engenho, algo
impensável em Portugal.
Sem a Inquisição em seus calcanhares, os cristãos-novos continuaram a exercer práticas judaicas no
interior de seus lares, mantendo vivos os laços familiares e comunitários clandestinamente, ao mesmo
tempo, adotando uma postura publica católica, respondendo a uma necessidade de adesão, participação
e identificação.

Cultura
As manifestações artístico-culturais foram até o século XVII, condicionadas às atividades
desenvolvidas aos centros de educação, no caso os colégios jesuíticos. No trato social alicerçavam-se
práticas, usos e costumes que seriam marcantes para a formação da sociedade brasileira. A partir do

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 71
século XVIII esse cenário mudou. Com a emergência da mineração, inúmeras manifestações tornaram-
se presentes, como a arte barroca (seja ela plástica ou literária), as manifestações árcades e parnasianas,
principalmente ligadas a uma referência mais letrada e influenciada pelos matizes europeus.
Devemos chamar a atenção que não tratamos aqui de cultura erudita ou popular. Procuramos marcar
as manifestações ligadas aos padrões representativos impostos pelos laços de ligação e influência com
o que era observado no continente europeu. As manifestações culturais do período são fundamentais
para a formação de identidade da sociedade brasileira.

Entre as principais obras:

- História do Brasil, do Frei Vicente do Salvador.


- História da Província de Santa Cruz e Tratado da Terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo.
- Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa.
- Cultura e Opulência das Terras do Brasil, do Padre Antonil.
- Viagens e Aventuras no Brasil, de Hans Staden.
- História de Uma Viagem Feita à Terra do Brasil, de Jean de Léry.

Barroco no Brasil:
Um artista de destaque no período colonial foi Gregório de Matos e Guerra, conhecido como Boca do
Inferno, que apesar de se inspirar nas regras do Barroco europeu, desenvolveu ideias próprias e retratou
a sociedade brasileira colonial, principalmente com seus poemas satíricos, como Os Epílogos.
O padre Antônio Vieira foi o maior orador religioso da língua portuguesa, com seus famosos Sermões
(Sermão da Sexagésima, Sermão dos Peixes, Sermão para o Bom Sucesso das Armas de Portugal contra
as de Holanda, etc.).
No século XVIII, destaca-se o Arcadismo Mineiro, com seu bucolismo e com sua linguagem mais
simples que a do Barroco. Seus autores usavam pseudônimos, imitando os europeus e quase todos
participaram da Inconfidência Mineira: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da
Gama, Frei José de Santa Rita Durão, Silva Alvarenga, etc.

Economia colonial: extrativismo, agricultura, pecuária, mineração e comercio

A primeira atividade extrativista lucrativa da colônia foi em torno da exploração do pau-brasil. É


considerado seu ápice ainda no período pré-colonial, anterior a 1530 com a chegada de Martin Afonso
e o empenho dos primeiros engenhos. Tratamos aqui a partir do cultivo de cana e produção do açúcar.

A cana-de-açúcar
Houveram muitos motivos para a escolha da cana como produto da colônia, entre eles a ocorrência
do solo de massapê, que é propício para o cultivo da cana-de-açúcar. Além disso, era um produto muito
bem cotado no comércio europeu. As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram no início da
ocupação efetiva do território brasileiro, trazidas por Martim Afonso de Souza e plantadas no primeiro
engenho, construído em São Vicente.
Os principais centros de produção açucareira do Brasil localizavam-se nos atuais estados de
Pernambuco, Bahia e São Paulo. A ocupação do Brasil no Século XVI esteve profundamente ligada à
indústria açucareira. A economia de plantation possui relação intensa com os interesses dos
proprietários de terras que lucravam enormemente com as culturas de exportação.
O latifúndio, isto é, a grande propriedade rural, formou-se nesse período, tendo consequências até os
dias de hoje. A produção da cana-de-açúcar também contribuiu para a vinculação dependente do país
em relação ao exterior, a monocultura de exportação e a escravidão e suas consequências. A colônia
portuguesa de exploração prosperou graças ao sucesso comercial da produção da cana-de-açúcar.
Veja abaixo uma imagem com a distribuição das principais atividades econômicas ainda no século
XVI:

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 72
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/Economia+no+século+XVI.jpg

Em 1630 os holandeses invadiram o nordeste da colônia, na região de Pernambuco, que era a maior
produtora na época. Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o conhecimento de
todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos criaram as
bases para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente, de produção de açúcar em
grande escala, na região do Caribe. A concorrência imposta pelos holandeses, que haviam sido expulsos
pelos portugueses, fez com o Brasil perdesse o monopólio que exercia mercado mundial do açúcar,
levando a produção a entrar em declínio.

Outras atividades econômicas


Na região Nordeste a atividade pastoril expandiu-se rapidamente, pois o capital necessário para a
montagem de uma fazenda de gado era bastante reduzido. As terras eram fartas e o criador precisava
somente requerer a doação de uma sesmaria ou simplesmente apossar-se da terra. Para adquirir os
animais também não era necessário grande investimento, já que era possível para os colonos trabalharem
por volta de 5 anos em fazendas de gado com pagamento feito através da participação no nascimento de
novos animais (geralmente o colono recebia uma cria em cada quatro), o que garantia que quando
terminasse o tempo de serviço, o colono teria adquirido um pequeno rebanho, garantindo a possibilidade
de conduzir seus negócios de forma independente.
As instalações das propriedades pastoris eram simples, com poucas casas e alguns currais feitos com
material encontrado nas localidades. O método de criação também era muito simples, feito de maneira
extensiva (O gado vivia solto no campo), o que dispensava mão-de-obra numerosa ou especializada. Em
uma fazenda de três léguas era comum a utilização de dez a doze homens para o serviço, que poderiam
ser negros forros, mestiços ou indígenas, que possuíam grande habilidade para a atividade.
Na região amazônica a geografia impedia a implantação de fazendas de cultivo ou a criação de
animais. Ao penetrarem os rios e selvas da região os portugueses notaram que os índios utilizavam uma
grande variedade de frutas, ervas, folhas e raízes para fins medicinais e alimentícios. Os produtos
utilizados, em especial cacau, baunilha, canela, urucum, guaraná, cravo e resinas aromáticas foram
chamados de drogas do sertão, e possuíam bom valor de comercio na Europa, podendo ser vendidas
como substitutas ou complementos das especiarias. Além das plantas, outras variedades de drogas do
sertão incluíam: gordura de peixe-boi, ovos de tartaruga, araras e papagaios, jacarés, lontras e felinos.
Abaixo temos o mesmo mapa que vimos anteriormente, porém com as atividades econômicas
desenvolvidas um século depois. Chama a atenção já uma maior diversidade:

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 73
O Ciclo do Ouro
Quando foi divulgada a notícia da descoberta de jazidas auríferas, muitas pessoas dirigiram-se para
as regiões onde foi encontrado o ouro, em especial para o atual território do estado de Minas Gerais.
Praticamente todas as pessoas que se deslocaram para a região o fizeram na intenção de dedicar-se
exclusivamente na exploração do metal, deixando de lado até mesmo atividades essenciais para a
sobrevivência, como a produção de alimentos.
Isso gerou uma profunda escassez de mercadorias nas Minas Gerais. Era comum entre os anos de
1700 e 1730 a ocorrência de crises de fome na região caso o acesso a outras regiões das quais os
produtos básicos eram adquiridos fossem interrompidas. A situação começa a mudar com a expansão de
novas atividades, e com a melhoria das vias de comunicação.

Impostos e a administração da coroa


Com as primeiras notícias de descobrimento das jazidas em Minas Gerais, a Coroa publicou o
Regimento dos Superintendentes, Guardas-Mores e Oficiais-Deputados para as minas de ouros, no ano
de 1702.
Para executar o regimento, cobrar impostos e superintender o serviço de mineração, foram criadas as
Intendências de Minas, uma para cada capitania em que houvesse a extração de ouro.
Quando uma nova jazida era descoberta, era obrigatória a comunicação para a Intendência. O Guarda-
mor, então, dirigia-se ao local, ordenando a demarcação do terreno a ser explorado. Este era dividido em
lotes, que eram chamados de datas.
As datas eram entregues através de sorteio. No dia da distribuição, comunicado com certa
antecedência, deviam comparecer todos aqueles que estivessem interessados em receber um lote; não
se admitiam procuradores ou representantes. O descobridor da jazida não só tinha o direito de escolher
uma data, mas também de receber um prêmio em dinheiro. A Intendência separava em seguida uma data
para si, vendendo-a depois em leilão público. As datas restantes eram sorteadas entre os presentes.
Encerrado o sorteio, se sobrassem terras auríferas, fazia-se uma distribuição suplementar. Se o número
de interessados era muito grande, o tamanho das datas era reduzido.
Normalmente as datas eram lotes com no máximo 50 metros de largura.
No início da atividade mineradora foi estabelecido um imposto para as pessoas que se dedicavam à
extração: o quinto. O quinto correspondia a 20% do ouro extraído, que deveria ser pago para a Coroa.
Como era difícil determinar se uma barra ou saca de ouro havia sido ou não quintada, a sonegação era
uma pratica fácil de ser realizada.
Com o objetivo de regularizar a cobrança foi criado um imposto adicional chamado finta12 que não
funcionou como planejado e foi extinto. Para resolver o problema o governo criou as Casas de Fundição,
das quais a mais famosa foi a de Minas Gerais, inaugurada em 1725.

12
30 arrobas de ouro cobradas anualmente.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 74
Nas casa de fundição o minerador entregava seu ouro em pó, que era fundido e transformado em
barras, das quais era descontado o quinto. Além das Casas de Fundição, também foi proibida a
comercialização e exportação de ouro em pó. É possivelmente dessa época o surgimento dos “Santos
do pau oco” que eram imagens de santos esculpidas por dentro e preenchidas com ouro em pó, para
fugir da fiscalização e da cobrança.
Em 1735 a Coroa começou a cobrar um novo imposto, a Capitação. A capitação era um imposto per
capita, pago em ouro pelas pessoas e estabelecimentos comerciais da área mineradora.
Em 1750 a capitação foi extinta, restando apenas o quinto. Apesar disso, era exigida uma arrecadação
mínima de 100 arrobas de ouro por ano. Se não fosse atingida a arrecadação era decretada a derrama:
cobrança do tanto que faltava para completar as 100 arrobas de arrecadação.
Conforme as jazidas foram esgotando, a produção de ouro caiu, assim como a arrecadação de
impostos. As suspeitas de sonegação de impostos e a violência da Intendência aumentaram juntamente,
gerando atritos e conflitos entre autoridades e mineradores, uma das causas da Inconfidência Mineira de
1789.
Para a extração do ouro foram organizados dois tipos de empreendimentos: lavras e faiscações.
As lavras eram unidades de produção relativamente grandes, podendo até possuir equipamento
especializado e o trabalho de mais de 100 escravos, o que exigia o investimento de alto capital, sendo
rentável apenas em jazidas de ouro de tamanho suficientemente grande.
Nas faiscações, que eram pequenas unidades produtoras, trabalhavam somente algumas pessoas
ou até mesmo eram compostas de trabalhadores individuais. Era comum a pratica do envio de escravos
por homens livres para faiscação, sendo o ouro encontrado dividido entre ambos.
Expansões geográficas: entradas e bandeiras, conquista e colonização do nordeste,
penetração na Amazônia, conquista do Sul, Tratados e limites.

Bandeiras e Bandeirantes
As bandeiras, tradicionalmente definidas como expedições particulares, em oposição às entradas, de
caráter oficial, contribuíram decisivamente para a expanção territorial do Brasil Colônia. A pobreza de São
Paulo, decorrente do fracasso da lavoura canavieira no século XVI, a possibilidade da existência de
metais preciosos no interior e, particularmente, a necessidade de mão-de-obra para o açúcar nordestino,
durante a União Ibérica, levaram os paulistas a organizar a caça ao índio, o bandeirismo de contrato e a
pesquisa mineral.

A caça ao Índio
Inicialmente a caça ao índio (Preação) foi uma forma de suprir a carência de mão-de-obra para a
prestação de serviços domésticas aos próprios paulistas. Logo, porém, transformou-se em atividade
lucrativa, destinada a complementar as necessidades de braços escravos, bem como para a triticultura
paulista. Na primeira metade do século XVII, os vicentinos realizaram incursões, principalmente contra as
reduções jesuíticas espanholas, resultando na destruição de várias missões, como as do Guairá, Itatim e
Tape, por Antônio Raposo Tavares. Nesse período, os holandeses, que haviam ocupado uma parte do
Nordeste açucareiro, também conquistaram feitorias de escravos negros na África, aumentando a
escassez de escravos africanos no Brasil.

O bandeirismo de contrato
A ação de bandeirantes paulistas contratados pelo governador-geral ou por senhores de engenho do
Nordeste, com o objetivo de combater índios inimigos e destruir quilombos, corresponde a uma fase do
bandeirismo na segunda metade do século XVII. O principal acontecimento desse ciclo de bandeiras foi
a destruição de um conjunto de quilombos situados no Nordeste açucareiro, conhecido genericamente
como Palmares.
A atuação do bandeirismo foi de fundamental importância para a ampliação do território português na
América. Num espaço muito curto, os bandeirantes devassaram o interior da colônia, explorando suas
riquezas e arrebatando grandes áreas do domínio espanhol, como é o caso das missões do Sul e Sudeste
do Brasil. Antônio Raposo Tavares, depois de destruí-las, foi até os limites com a Bolívia e Peru, atingindo
a foz do rio Amazonas, completando, assim, o famoso périplo brasileiro. Por outro lado, o bandeirantes
agiram de forma violenta na caça de indígenas e de escravos foragidos, contribuindo para a manutenção
do sistema escravocrata que vigorava no Brasil Colônia.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 75
*As entradas tinham uma origem diferente, porém com finalidade semelhante à dos bandeirantes.
Enquanto o movimento das bandeiras tratava-se de uma expedição particular (normalmente
financiada pelos próprios paulistas) com objetivo de obter lucros (encontrando metais preciosos,
preando índios ou comercializando as ervas do sertão), as entradas eram expedições financiadas pela
Coroa, normalmente composta por soldados portugueses e brasileiros. Embora o objetivo inicial fosse
mapear o território brasileiro e facilitar a colonização, as entradas também envolviam-se em conflitos
com os índios (principalmente aqueles que apresentavam resistência) e, como era de se esperar,
também lucravam com isso.

Conquistas e Tratados
Fato curioso na ação das bandeiras e entradas é que eles não tinha real noção do tamanho do nosso
território. Era comum pensarem que se adentrassem o suficiente, logo chegariam à colônias espanholas.
As necessidades econômicas (que já falamos acima) levaram os portugueses a adentrar muito mais do
que o combinado no Tratado de Tordesilhas e posteriormente obrigou os governos a reconhecerem novos
acordos.
No século XVII um evento ajudou que essa expansão ocorresse sem maiores problemas. Trata-se na
União Ibérica. Nós vamos falar dela logo abaixo.
Para a expansão territorial brasileira isso foi ótimo (A União Ibérica). Primeiro por estreitar as relações
entre colônias portuguesas e espanholas, depois por, quando dos portugueses adentrarem o território
além do estabelecido, não encontrarem nenhum problema, afinal os espanhóis entendiam que o seu povo
estava povoando a sua terra.
Os limites estabelecidos em Tordesilhas foram tão alterados e de forma tão definitiva (várias novas
colônias já haviam sido estabelecidas) que um novo acordo sobre os limites territoriais entre Portugal e
Espanha foi estabelecido: o Tratado de Madri (1750). Em resumo ele reconhecia que a maioria do território
desbravado pertencia a Portugal, baseado no princípio da posse por uso.

Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/e-assinado-o-tratado-de-madri/

No período colonial, que dura até o ano de 1815 quando o Brasil é elevado à categoria de Reino Unido
de Portugal e Algarves, ainda teremos o início dos conflitos da Cisplatina (1811 – 1828) – disputa entre
Portugal e Espanha em torno da fronteira do RS devido às pretensões espanholas de controlar o rio
da Prata -. Porém esse conteúdo é mais comumente pedido dentro do período imperial, talvez pelo
seu final ter sido após 1822. Sendo assim, trataremos sobre esses conflitos e acordos no sul do país
no período seguinte.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 76
União Ibérica
Em 1578, na luta contra os mouros marroquinos em Alcácer-Quibir, o rei D. Sebastião, de Portugal,
desapareceu. Com isso teve início uma crise sucessória do trono português, já que o rei não deixou
descendentes. O trono foi assumido por um curto período de tempo por seu tio-avô, o cardeal dom
Henrique, que morreu dois anos depois, sem deixar herdeiros.
Logo após, Filipe II da Espanha e neto do falecido rei português D. Manuel I, demonstrou o interesse
em assumir o trono português. Para alcançar o poder, além de se valer do fator parental, o monarca
hispânico chegou a ameaçar os portugueses com seus exércitos para que pudesse exercer tal direito.
Assim foi estabelecida a União Ibérica, que marca a centralização de Portugal e Espanha sob um mesmo
governo.
A vitória política de Filipe II abriu oportunidade para que as finanças de seu país pudessem se
recuperar após diversos gastos em conflitos militares. Para tanto, tinha interesse em estabelecer o
comércio de escravos com os portugueses, que controlavam a atividade na costa africana. Além disso, o
controle da maior parte das possessões do espaço colonial americano permitiria a ampliação dos lucros
obtidos através da arrecadação tributária.
Apesar das vantagens, o imperador espanhol manteve uma significativa parcela dos privilégios e
posições ocupadas por comerciantes e burocratas portugueses. No Tratado de Tomar, assinado em 1581,
Filipe II assegurou que os navios portugueses controlassem o comércio com a colônia, a manutenção das
autoridades lusitanas no espaço colonial brasileiro e o respeito das leis e costumes brasileiros.
Mesmo preservando aspectos fundamentais da colonização lusitana, a União Ibérica também foi
responsável por algumas mudanças. Com a junção das coroas, as nações inimigas da Espanha passam
a ver na invasão do espaço colonial lusitano uma forma de prejudicar o rei Filipe II. Desta maneira, no
tempo em que a União Ibérica foi vigente, ingleses, holandeses e franceses tentaram invadir o Brasil.
Entre todas essas tentativas, podemos destacar especialmente a invasão holandesa, que alcançou o
monopólio da atividade açucareira em praticamente todo o litoral nordestino. No ano de 1640 a
Restauração definiu a vitória portuguesa contra a dominação espanhola e a consequente extinção da
União Ibérica. Ao fim do conflito, a dinastia de Bragança, iniciada por dom João IV, passou a controlar
Portugal.

Invasões francesas
A França foi o primeiro reino europeu a contestar o Tratado de Tordesilhas, que dividiu as terras
descobertas na América entre Portugal e Espanha em 1494. Visitaram constantemente o litoral brasileiro
desde o período da extração do pau-brasil, mantendo relações amistosas com os povos indígenas locais.
Deste acordo surgiu a Confederação dos Tamoios (aliança entre diversos povos indígenas do litoral:
tupinambás, tupiniquins, goitacás, entre outros), que possuíam um objetivo em comum: derrotar os
colonizadores portugueses.
Em 1555 os franceses fundaram na baía de Guanabara a França Antártica, criando uma sociedade
de influências protestantes.
Através dos franceses, algumas partes do litoral brasileiro ganharam diversas feitorias e fortes.
Por aproximadamente cinco anos ocorreram conflitos entre os portugueses e a Confederação dos
Tamoios. Em 1567 os portugueses derrotaram a Confederação e expulsaram os franceses do litoral
brasileiro.
No século XVII (1612), fundaram a França Equinocial, correspondente à cidade de São Luís, capital
do estado do Maranhão.
Com a intenção de conter a expansão francesa, Portugal enviou uma expedição militar à região do
Maranhão. Essa expedição atacou os franceses tanto por terra quanto por mar. Em 1615, os franceses
foram derrotados e se retiraram do Maranhão, deslocando-se para a região das Guianas, onde fundaram
uma colônia, a chamada Guiana Francesa.
Após duas tentativas mal sucedidas de estabelecimento de uma civilização francesa, nos séculos XVI
e XVII no Brasil colonial (França Antártida e França Equinocial), os franceses passaram a saquear,
através de corsários (piratas), algumas cidades do litoral brasileiro no século XVIII. A principal delas foi a
cidade do Rio de Janeiro, de onde escoava todo ouro extraído da colônia rumo a Portugal. Uma primeira
tentativa de saque, em 1710, foi barrada pelos portugueses; entretanto, no ano de 1711, piratas franceses
tomaram a cidade do Rio de Janeiro e receberam dos portugueses um alto resgate para libertá-la: 600
mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois. Terminavam, então, as tentativas de invasões francesas
no Brasil.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 77
Invasões Inglesas
As incursões inglesas no Brasil ficaram restringidas a ataques de piratas e corsários.
William Hawkins foi o primeiro corsário inglês a aportar na colônia. Entre 1530 e 1532, percorreu alguns
pontos da costa e fez escambo de pau-brasil com os índios. Outro foi Thomas Cavendish, que atracou
em Santos, em 1591. Conhecido como “lobo-do-mar”, Cavendish estava a serviço da rainha inglesa
Elizabeth I.
O corso realizado pelos ingleses, entretanto, intensificou-se apenas na segunda metade do século
XVI, quando os conflitos entre católicos e protestantes tomaram-se intensos na Inglaterra e os
mercadores empolgaram-se com as possibilidades comerciais abertas pelas novas rotas marítimas.
A primeira incursão pirata dos ingleses ao litoral brasileiro foi em 1587. Em 1595, o inglês James
Lancaster conseguiu tomar o porto do Recife. Retirou grande volume de pau-brasil, que levou para a
Inglaterra depois de realizar saques na capitania durante mais de um mês.

Invasões Holandesas no Brasil


As invasões holandesas na primeira metade do século XVII estão relacionadas com a criação da União
Ibérica. Antes do domínio dos Habsburgos, as relações comerciais e financeiras entre Portugal e
Holanda eram intensas. Pouco antes de Felipe II tornar-se rei de Portugal, os Países Baixos iniciaram
uma guerra de independência, tentando libertar-se do domínio espanhol. Iniciada em 1568, essa guerra
de libertação culminou com a União de Utrecht, sob a chefia de Guilherme de Orange. Em 1581, nasciam
as Províncias Unidas dos Países Baixos, mas a guerra continuou.
Assim que Filipe II assumiu o trono luso, proibiu o comercio açucareiro luso-flamengo. O embargo de
navios holandeses em Lisboa provocou a criação de companhias privilegiadas de comércio. Entre 1609
e 1621, houve uma trégua, que permitiu a normatização temporária do comercio entre Brasil-Portugal e
Holanda. Em 1621, terminada a trégua, os holandeses fundaram a Companhia de Comercio das Índias
Ocidentais, cujo alvo era o Brasil. Começava a Guerra do Açúcar.
A primeira invasão foi na Bahia, realizada por três mil e trezentos soldados. Salvador foi ocupada sem
muita resistência. O governador Diogo de Mendonça Furtado foi preso e a cidade, saqueada. A
população fugiu para o interior, onde a resistência foi organizada pelo bispo D. Marcos Teixeira e por
Matias de Albuquerque. Os baianos também receberam a ajuda de uma esquadra luso-espanhola
(“Jornada dos Vassalos”) e, em maio de 1625, os holandeses foram expulsos.
A segunda invasão holandesa no Nordeste foi direcionada contra Pernambuco, uma capitania rica em
açúcar e pouco protegida. Olinda e Recife foram ocupadas e saqueadas. A resistência foi comandada por
Matias de Albuquerque, a partir do Arraial do Bom Jesus, e durante alguns anos impediu que os invasores
ampliassem sua área de dominação. Mas a “traição” de Domingos Calabar alterou a situação.
Entre 1637 e 1644, o Brasil holandês foi governado pelo conde Mauricio de Nassau-Siegen, que
expandiu o domínio holandês do Nordeste até o Maranhão e conquistou Angola (fornecedora de
escravos). Porém, em 1638, fracassou ao tentar conquistar a Bahia. Quando Portugal restaurou sua
independência e assinou a “Trégua dos Dez Anos” com a Holanda, Nassau continuou administrando o
Brasil holandês de forma exemplar. Urbanizou Recife, fundou um zoológico, um observatório astronômico
e uma biblioteca, construiu jardins e palácios e promoveu a vinda de artistas e cientistas para o Brasil.
Além disso, adotou a tolerância religiosa e dinamizou a economia canavieira. Sua política garantiu o
apoio da aristocracia local, mas entrou em choque com os objetivos da Companhia das índias Ocidentais.
Em 1644, Nassau demitiu-se. Enquanto isso, os próprios brasileiros organizaram a luta contra os
flamengos, com a Insurreição Pernambucana. Os líderes foram André Vidal de Negreiros, João
Fernandes Vieira, Henrique Dias (negro) e o índio Filipe Camarão.
Em 1648 e 1649, as duas batalhas de Guararapes foram vitorias dos nativos. Em 1652, o apoio oficial
de Portugal e as lutas dos holandeses na Europa contra os ingleses, em decorrência dos prejuízos
causados pelos Atos de Navegação de Oliver Cromwell, levaram os holandeses a Capitulação da
Campina do Taborda13.
Os holandeses foram desenvolver a produção de açúcar nas Antilhas, contribuindo para a crise do
complexo açucareiro nordestino. Mais tarde, Portugal e Holanda firmaram o Tratado de Paz de Haia
(1661), graças a mediação inglesa. Segundo tal tratado, a Holanda receberia uma indenização de 4
milhões de cruzados e a cessão pelos portugueses das ilhas Molucas e do Ceilão, recebendo ainda o
direito de comerciar com maior liberdade nas possessões portuguesas, em razão da perda do Brasil
holandês.

13
Acordo que estabelecia, entre tantas clausulas que o governo holandês abdicava de suas terras no Brasil

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 78
As rebeliões nativistas
A população colonial, já enraizada na terra e, portanto, com fortes sentimentos nativistas, manifestou
seu descontentamento frente às exigências metropolitanas. Em vista disto, surgiram os primeiros sinais
de rebeldia, denominados rebeliões nativistas.

Revolta de Beckman (1684)


Na segunda metade do século XVII, a situação da economia maranhense, que nunca fora boa, tendia
a piorar. A Coroa, pressionada pelos jesuítas, proibiu a escravização de indígenas, os quais eram a base
da mão-de-obra local, utilizados na coleta de “drogas do sertão” e na agricultura de subsistência.
Visando melhorar a situação da capitania, o governo português criou, em 1682, a Companhia de
Comércio do Maranhão, a qual recebia o monopólio do comércio maranhense e em troca deveria
promover o desenvolvimento da agricultura local.
A má administração da empresa gerou uma rebelião de colonos em 1684, sob a chefia dos irmãos
Manoel e Thomas Beckman. O objetivo dos rebeldes era o fechamento da Companhia e a expulsão dos
jesuítas. A revolta foi sufocada pela coroa, mas a Companhia encerrou suas atividades.

A Guerra dos Emboabas (1708-1709)


Apesar da fome que assolou as Minas em 1696-1698 ter sido terrível, uma crise de desabastecimento
ainda mais devastadora aconteceu na região em 1700. Três anos depois da descoberta das primeiras
jazidas, cerca de 6 mil pessoas haviam chegado às minas. Na virada do século XVIII, esse número
quintuplicara: 30 mil mineiros perambulavam pela área. Simplesmente não havia o que comer: qualquer
animal ou vegetal que pudesse ser consumido já o fora.
Pouco depois, surgiram os conflitos entre paulistas, que foram os descobridores das jazidas e primeiros
povoadores e os Emboabas, forasteiros, normalmente portugueses, pernambucanos e baianos.
Os dois grupos disputavam o direito de exploração das terras. Os paulistas argumentavam que
deveriam ter o direito de exploração, por serem os descobridores. Já os emboabas defendiam que por
serem cidadãos do Reino também possuíam o direito de exploração das riquezas. Entre 1707 e 1709,
ocorreram lutas violentas entre os dois grupos, com derrotas sucessivas por parte dos paulistas.
O governador Albuquerque Coelho e Carvalho promoveu a pacificação geral em 1709, quando foi
criada a capitania de São Paulo e Minas de Ouro, pertencente à coroa.

A Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710-1714)


Luta entre os proprietários rurais de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife, originada pela
expulsão dos holandeses no século XVII. Se a perda do monopólio brasileiro do fornecimento de açúcar
à Europa foi trágica para os produtores pernambucanos, não foi tanto assim para a burguesia lusitana de
Recife, que passou a financiar a produção olindense, com elevadas taxas e grandes hipotecas.
A superioridade econômico-financeira de Recife não tinha correspondente político, visto que seus
habitantes continuavam dependendo da Câmara Municipal de Olinda. Em 1710, Recife conseguiu sua
emancipação político-administrativa, transformando-se em município autônomo. Os olindenses,
comandados por Bernardo Vieira de Melo, invadiram Recife, provocando a reação dos Mascates,
chefiados por João da Mota.
A luta entre as duas cidades manteve-se até 1714, quando foi encerrada graças à mediação da Coroa.
O esforço da aristocracia fora inútil: Recife manteve sua autonomia.

Os Movimentos Emancipacionistas
As revoltas emancipacionistas foram movimentos sociais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados
pelo forte anseio de conquistar a independência do Brasil com relação a Portugal. Entre os principais
motivos para esses movimentos estavam a alta cobrança de impostos; limites estabelecidos pelo pacto
colonial, que obrigava o Brasil de comerciar com Portugal somente; a falta de autonomia e representação
na criação de leis e tributos, além da política, dominada por Portugal; Os ideais iluministas e separatistas
vindos da Europa e dos Estados Unidos.

A Inconfidência Mineira (1789)


Na segunda metade do século XVIII, a produção de ouro nas Minas Gerais vinha apresentando um
grande declínio, o que aumentou os choques e conflitos entre a população local e as autoridades
portuguesas. Quanto menos ouro era extraído, maiores eram os boatos e ameaças do acontecimento de
derrama, atitude que afetaria boa parte da elite local.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 79
Os grupos mais influenciados pelas ideias iluministas, que eram também os que mais teriam a perder
com as medidas do governo português, resolveram tomar uma atitude, dando início em 1789 ao
movimento que seria chamado pela metrópole de Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira.
Os inconfidentes tinham como objetivo a imediata separação da colônia, criando uma República
moldada pelo pensamento liberal-iluminista e pela Constituição dos Estados Unidos, que haviam
conquistado sua independência em 1776. Após conquistada a liberdade em relação à metrópole,
estabeleceriam São João del-Rei como capital, criariam a Universidade de Vila Rica e dariam estímulo à
abertura de manufaturas têxteis e de uma siderurgia para o novo Estado. Em relação à escravidão as
posições eram divergentes.
A revolta foi planejada em 1788 durante a derrama, mas foi suspensa quando participantes da
conspiração denunciaram o movimento ao governador. O coronel Joaquim Silvério dos Reis foi apontado
como principal delator. Endividado com a coroa, assim como outros inconfidentes, o coronel resolveu
separar-se do movimento e apresentar um depoimento formal para o governador da capitania, Visconde
de Barbacena. O governador suspendeu a cobrança e mandou prender os inconfidentes.
Após a confissão de Joaquim Silvério e a prisão dos suspeitos, foi instituída a devassa, uma
investigação levada a cabo pelas autoridades da época, constatando que envolveram-se no movimento
da Capitania das Minas grandes fazendeiros, criadores de gado, contratadores, exploradores de minas,
magistrados, militares, além de intelectuais luso-brasileiros.
Dentre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo, José de Oliveira Rolim e
Manuel Rodrigues da Costa, além do cônego Luís Vieira da Silva; o tenente-coronel Francisco de Paula
Freire de Andrade, comandante militar da capitania, os coronéis Domingos de Abreu Vieira, também
comerciante, e Joaquim Silvério dos Reis, rico negociante; e os letrados Cláudio Manuel da Costa, Inácio
José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi o único “conspirador” que não fazia parte da elite.
Conhecido como alferes (primeiro posto militar) e dentista prático, foi talvez por sua origem o mais
duramente castigado. A memória de Tiradentes passou a ser celebrada no Brasil com a proclamação da
República, quando foi considerado herói nacional pelo regime estabelecido em 15 de novembro de 1889.
Sua representação mais conhecida é muito semelhante à imagem de Cristo, reforçando a construção da
imagem de mártir.
Assinada em 19 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, a sentença de morte de Tiradentes cumpriu-se
dois dias depois: ele foi enforcado, decapitado e esquartejado. Os outros participantes foram condenados
ao desterro na África.

Conjuração Baiana (1798)


A conjuração Baiana, ou revolta dos alfaiates, assim como a Conjuração Mineira, foi influenciada
pelos ideais iluministas, em especial a Revolução Francesa. Ocorrida na Bahia em 1798, buscava a
emancipação e defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.
Entre as causas do movimento estava a insatisfação com Portugal pela transferência da capital para
o Rio de Janeiro, em 1763. Com tal mudança, Salvador (antiga capital) sofreu com a perda dos privilégios
e a redução dos recursos destinados à cidade. Somado a tal fator, o aumento dos impostos e exigências
à colônia vieram a piorar sensivelmente as condições de vida da população local. O preço dos alimentos
também gerou revolta na população. Além de caros, muitos produtos tornavam-se rapidamente escassos,
pelas restrições impostas sobre o comercio e as importações.
Os revoltosos defendiam a separação da região do restante da colônia, buscando independência de
Portugal e instalando um governo baseado nos princípios da Republica. Também defendiam a liberdade
de comércio (fim do pacto colonial estabelecido), o aumento dos soldos e a igualdade entre as pessoas,
resultando na abolição da escravidão.
A revolta ganhou o nome de revolta dos alfaiates pela grande adesão desses profissionais no
movimento, entre eles Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento. Outros setores
também aderiram ao movimento, como o militar, representado pelo soldado Luís Gonzaga das Virgens.
O movimento contou com a participação de pessoas pobres, letrados, padres, pequenos comerciantes,
escravos e ex-escravos.
A revolta foi impedida antes mesmo de começar. O ferreiro José da Veiga informou sobre os detalhes
do movimento ao governador, que pôde mobilizar tropas do exército para conter os revoltosos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 80
Questões

01. (TJ-SC - Analista Administrativo - TJ-SC) Sobre o Período Colonial Brasileiro, assinale a
alternativa INCORRETA:
(A) De 1500 a 1530 a economia brasileira gravitou em torno do pau-brasil. Após 1530, declinando o
comércio com as Índias, a coroa portuguesa decidiu-se pela colonização do Brasil.
(B) A extração do pau-brasil foi declarada estanco, ou seja, passou a ser um monopólio real, cabendo
ao rei conceder a permissão a alguém para explorar comercialmente a madeira. O primeiro arrendatário
a ser beneficiado com o estanco foi Fernando de Noronha, em 1502.
(C) A administração colonial foi efetuada inicialmente por meio do sistema de Capitanias Hereditárias.
Com seu fracasso foram instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as capitanias, mas para
centralizar sua administração.
(D) A administração colonial foi efetuada inicialmente por meio do sistema de Capitanias Hereditárias.
Com seu fracasso foram instituídos os Governos Gerais, não para acabar com as capitanias, mas para
centralizar sua administração.
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de São Vicente, fundada no litoral paulista em
1532.

02. (Prefeitura de Betim – MG - Professor PII – História - Prefeitura de Betim – MG) Sobre a
economia do Brasil colonial, assinale a alternativa CORRETA.
(A) Com a descoberta do ouro, foi introduzida a mão de obra escrava negra.
(B) O ciclo do açúcar foi irrelevante e pouco rentável.
(C) A colônia podia desenvolver-se livremente sem nenhuma interferência da metrópole.
(D) A economia da colônia foi controlada e limitada pelas práticas mercantilistas.

03. (TJ-SC - Assistente Social - TJ-SC) Sobre o Período Colonial brasileiro, assinale a única
alternativa que está INCORRETA:
(A) Portugal só deu início à colonização das terras conquistadas, que passaram a chamar-se Brasil,
devido à pressão que sofria com o declínio de seu comércio com o oriente e com a sistemática ameaça
estrangeira no território brasileiro.
(B) O sistema de Capitanias Hereditárias foi implantado por D. João III mas não teve o sucesso
esperado. Entre os fatores que contribuíram para o fracasso das capitanias podemos citar: falta de terras
férteis em algumas regiões, falta de interesse dos donatários, conflitos com os indígenas, falta de recursos
financeiros para o empreendimento por parte de quem recebia a capitania.
(C) Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral do Brasil e a sede do governo geral foi
estabelecida na Bahia.
(D) A estrutura econômica brasileira do período colonial tinha como principais características a
monocultura, o latifúndio, o trabalho escravo e a produção para o mercado externo.
(E) O primeiro núcleo de colonização do Brasil foi a Vila de Santos, fundada em 1532.

04. (PC-SC - Investigador de Polícia – ACAFE) Sobre a economia do período colonial do Brasil,
todas as alternativas estão corretas, exceto a:
(A) O ciclo do ouro contribuiu para a formação de núcleos urbanos no interior do Brasil e para a
transferência da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro.
(B) A propriedade agrícola no qual se baseava o sistema colonial tinha duas características básicas: a
monocultura e o trabalho escravo.
(C) O pau-brasil foi um dos primeiros produtos explorados no Brasil, sendo obtido pelos europeus
numa relação de escambo com os nativos.
(D) O ciclo da cana-de-açúcar foi fundamental para a criação de um mercado econômico interno,
realizando a ligação comercial entre o litoral e o interior da colônia.

05. (EsSA - Sargento – Exército) Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal
e Algarves. Na prática:
(A) foi a causa da Inconfidência Mineira.
(B) nada significou para o Brasil.
(C) provocou enorme satisfação em Portugal.
(D) o Brasil volta à condição de colônia.
(E) o Brasil adquiria autonomia administrativa.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 81
06. (Prefeitura de Padre Bernardo – GO - Contador – Itame) Entre 1708 e 1709 o estado de Minas
Gerais foi palco de um conflito marcado pela disputa pelo Ouro. Tal guerra se baseou no conflito entre
bandeirantes paulistas e forasteiros que buscavam a riqueza oriunda dos metais preciosos. Tal conflito
ficou conhecido como:
(A) Guerra das Emboabas.
(B) Inconfidência Mineira.
(C) Levante de Vila Rica.
(D) Guerra Mata Maroto.

07. Entre as causas da Criação das Capitanias Hereditárias no Brasil, podemos apontar
(A) a necessidade de apoio do governo português aos comerciantes de pau-brasil;
(B) a necessidade de organizar a exploração do ouro;
(C) o fracasso do governo geral;
(D) o interesse de Portugal no comércio de escravos indígenas;
(E) a falta de recursos do governo português que transferiu aos donatários a responsabilidade da
colonização.

08. O sertanismo (ou bandeirismo) de contrato, tinha por atividade:


(A) a exportação de drogas do sertão;
(B) a busca de metais preciosos para o governo português;
(C) o tráfico negreiro para a Inglaterra;
(D) a captura de índios para escravizá-los;
(E) combater revoltas de índios e negros e destruir os quilombos.

09. (PUC) “Nenhuma outra forma de exploração agrária no Brasil colonial resume tão bem as
características básicas da grande lavoura como o engenho de açúcar.”
Alice Canabrava, in Sérgio Buarque de Holanda (org.) História geral da civilização brasileira. Rio de
Janeiro: Difel, 1963, tomo I, vol. 2, p. 198-206.

A frase pode ser considerada correta, entre outros motivos, porque na produção açucareira:
(A) prevalecia o regime de trabalho escravo e a grande propriedade monocultora.
(B) havia emprego reduzido de mão de obra e prevalecia a agricultura de subsistência.
(C) prevalecia a atenção ao mercado consumidor interno e à distribuição das mercadorias nas grandes
cidades.
(D) havia disposição modernizadora do aparato produtivo e prevalecia a mão de obra assalariada.
(E) prevalecia a pequena propriedade familiar e a diversificação de culturas

10. (Vunesp) Leia o texto para responder à questão.


O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial resultante de uma aliança entre a
burguesia mercantil, a Coroa e a nobreza. Essa aliança refletiu-se numa política de terras que incorporou
concepções rurais tanto feudais como mercantis.
(Emília Viotti da Costa. Da Monarquia à República, 1987.)

A afirmação de que “O Brasil colonial foi organizado como uma empresa comercial resultante de uma
aliança entre a burguesia mercantil, a Coroa e a nobreza” indica que a colonização portuguesa do Brasil

(A) desenvolveu-se de forma semelhante às colonizações espanhola e britânica nas Américas, ao


evitar a exploração sistemática das novas terras e privilegiar os esforços de ocupação e povoamento.
(B) implicou um conjunto de articulações políticas e sociais, que derivavam, entre outros fatores, do
exercício do domínio político pela metrópole e de uma política de concessões de privilégios e vantagens
comerciais.
(C) alijou, do processo colonizador, os setores populares, que foram impedidos de se transferir para a
colônia e não puderam, por isso, aproveitar as novas oportunidades de emprego que se abriam.
(D) incorporou as diversas classes sociais existentes em Portugal, que mantiveram, nas terras
coloniais, os mesmos direitos políticos e trabalhistas de que desfrutavam na metrópole.
(E) alterou as relações políticas dentro de Portugal, pois provocou o aumento da participação dos
burgueses nos assuntos nacionais e eliminou a influência da aristocracia palaciana sobre o rei.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 82
11. (SEDUC-PI – História – NUCEPE) Nos primeiros séculos de colonização do Brasil, anterior à fase
do ouro, a cultura colonial foi fortemente marcada pela ação dos jesuítas. Aqueles que se dedicavam a
ofícios escritos, ou eram jesuítas, ou haviam sido influenciados por eles.

Considerando as manifestações culturais e a influência jesuítica no Brasil, durante o período colonial,


analise as assertivas a seguir:

I - Apesar de sua forte influência sobre a Colônia, esta vigorou apenas até 1580, quando a União
Ibérica foi implantada e os jesuítas foram expulsos do Brasil.
II - Por todo o período anterior à fase da mineração, não há que se falar de maneira ampla em “literatura
brasileira”, pois as obras eram escritas e editadas em Portugal e havia poucos consumidores na Colônia.
III - Destacaram-se minimamente os escritos dos autores chamados “viajantes”, muitos dos quais
jesuítas, que descreviam as regiões, a organização social e os costumes na Colônia.
IV - Na produção jesuítica, destacaram-se os sermões, usados para estimular o remorso e a devoção,
a regeneração dos infiéis e a conversão dos nativos.
V - O teatro foi um recurso utilizado pelos jesuítas, com a finalidade didática de converter nativos à fé
católica.

Assinale a alternativa CORRETA:


(A) Todas as assertivas são corretas.
(B) Apenas quatro assertivas são corretas.
(C) Apenas três assertivas são corretas.
(D) Apenas duas assertivas são corretas.
(E) Apenas uma assertiva é correta.

Respostas.

01. Resposta: D.
Na alternativa errado, houve uma inversão, pois Carta de Doação era um documento que cedia aos
Donatários a posse da terra, já o Foral era o direito e os deveres dos donatários.

02. Resposta: D.
A economia da colônia foi controlada e limitada pelas práticas mercantilistas. O Mercantilismo é a
prática econômica típica da Idade Moderna e é marcado, sobretudo, pela intervenção do Estado na
economia.

03. Resposta: E.
Martim Afonso de Souza fundou, em 1532, o primeiro núcleo populacional do Brasil: A Capitania de
São Vicente.

04. Resposta: D.
A produção de cana-de-açúcar era feita em grandes latifúndios, toda a produção feita na colônia era
voltada ao mercado externo, nessa época não havia produção destinada ao mercado interno, exceto os
gêneros alimentícios de subsistência.

05. Resposta: E.
Com a chegada da Corte Portuguesa no Brasil, a então colônia muda de status e recebe o nome de
Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. O Brasil se torna sede da Corte, deixando o pacto colonial
para trás e adquiri autonomia administrativa.

06. Resposta: A.
O enunciado da questão faz referência a Guerra dos Emboabas. Como havia sido um paulista a
descobrir ao ouro, eles achavam que tinham direitos especiais sobre a terra. Quando um dos líderes dos
emboabas enfrentou, junto com uma frente armada e conseguiu expulsar os paulistas da região de
Sabará, o ato foi entendido por eles como uma declaração de guerra. Esse conflito ficou conhecido como
Guerra dos Emboabas.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 83
07. Resposta E.
A falta de recursos e uma certa desconfiança do que poderia render de lucro a coroa portuguesa leva
a solução de garantir aos donatários a responsabilidade e o dever de garantir a exploração e
desenvolvimento da colônia.

08. Resposta E.
Os bandeirantes, utilizados e conhecidos como caçadores de índios e pedras preciosas no início da
colonização também atuaram na perseguição de escravos africanos que fugiam de seus senhores. Com
o tempo também atuaram na busca e destruição de quilombos ondes os escravos foragidos se
refugiavam.

09. Resposta: A
A produção do açúcar no Brasil foi a primeira grande atividade comercial estabelecida de forma efetiva
para a geração de lucros para a coroa portuguesa. Era caracterizada pela mão-de-obra escrava (indígena,
depois africana), a grande propriedade rural (Latifúndio) e a exportação para o mercado europeu.

10. Resposta: B
Durante o período colonial, a obtenção de terras estava vinculada à concessão do rei, que as cedia
para pessoas com capital disponível para a construção de engenhos ou investimentos na colônia.

11. Resposta: B
Das situações descritas pela questão, apenas a expulsão dos jesuítas está colocada de maneira
incorreta. Na verdade, os jesuítas não foram expulsos com a criação da União Ibérica em 1580, mas
durante a administração do Marquês de Pombal, em 1759.

22. A era das revoluções;


23. Expansão dos Ideais Revolucionários;
24. Expansão Napoleônica;

Revolução Industrial

A revolução industrial é um dos momentos de maior importância e influência sobre o modo de vida das
sociedades atuais. Ela marca a passagem e as transformações sociais ocorridas primeiramente na
Europa e que se espalharam pelo restante do mundo, principalmente a passagem da sociedade rural
para a sociedade urbana e a transformação do trabalho artesanal e manufatureiro para o trabalho
assalariado e a organização fabril.
A Revolução Industrial normalmente é dividida em três fases:

A Primeira Fase que vai de 1760 a 1850, predominantemente na Inglaterra, quando surgiram as
primeiras maquinas a vapor;
A Segunda Fase que vai de 1830 a 1900 e marca a difusão da revolução por países europeus como
Bélgica, França, Alemanha e Itália, além dos Estados Unidos e Japão. Durante esse período surgem
formas alternativas de energia, como a hidrelétrica e motores de combustão interna, movidos a gasolina
e diesel.
A Terceira Fase começa em 1900, caracterizada pela inovação nas comunicações e o aumento da
produção em massa.

O que é Industrialização?
A industrialização pode ser entendida como a transformação de matérias-primas para serem
consumidas e utilizadas pelo ser humano.
A transformação de matérias-primas em produtos através da utilização de maquinas é conhecida como
maquinofatura. A transformação manual é conhecida como manufatura e existe também o artesanato,
em que o processo de produção é efetuado por uma única pessoa do início ao fim. O processo artesanal
também pode ser conhecido como indústria doméstica.
A manufatura é um estágio mais avançado, em que numerosos trabalhadores dividem um mesmo
espaço, possuem funções definidas e são coordenados por um chefe que gerencia a produção.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 84
A maquinofatura e a manufatura possuem diferenças em relação às maquinas e ferramentas que são
utilizadas.

A imagem mostra crianças trabalhando um uma fábrica. O trabalho infantil era comum até o início do século XX e ainda existe em várias partes do mundo.

Um dos elementos marcantes da revolução industrial foi a passagem da indústria doméstica para a
manufatura. Mas como isso aconteceu?
Quando os artesões não conseguiam competir com o preço dos produtos no mercado, passava a
trabalhar para um grande comerciante, que normalmente é dono dos meios necessários para a produção,
como maquinas e ferramentas que aceleram a transformação de matéria prima em produtos. Ao trabalhar
para esse comerciante o artesão torna-se um empregado, que agora recebe um salário fixo por seus
serviços.

Como começou?
Para entender a revolução industrial é preciso entender as mudanças ocorridas na Inglaterra a partir
do século XVIII e o restante da Europa no século XIX.
Um dos fatores que colaborou com a Revolução Industrial é a melhoria de condições de higiene e
alimentação, garantindo uma maior longevidade, que aumentava o consumo de produtos e também
disponibilizava mão-de-obra para o trabalho na indústria.
As revoluções inglesas que ocorreram no século XVIII colocaram o poder político da Inglaterra nas
mãos da burguesia capitalista. Seu interesse no desenvolvimento econômico colaborou para a
organização do sistema de circulação de mercadorias através da abertura de canais, estradas, portos e
comercio exterior. Além disso os impostos foram organizados.
A subida da burguesia ao poder colaborou para o processo de cercamento de terras baldias e terras
de uso comum, o que extinguiu os yeomen, que formavam uma classe de pequenos proprietários e
trabalhadores rurais que sobreviviam do cultivo de terras arrendadas e da utilização de das áreas comuns.
Com as terras que eram utilizadas pelos yeomen confiscadas pelo governo, muitos trabalhadores rurais
acabaram migrando para as cidades em busca sobrevivência, onde acabavam tornando-se empregados
nas manufaturas.
A religião teve um importante papel para a mentalidade e economia na Inglaterra. O Puritanismo é
uma concepção da fé cristã que surgiu na Inglaterra, criada por grupos protestantes radicais após as
reformas que ocorreram no país. Inspirados pelo calvinismo, tinham a crença da acumulação, poupança
e enriquecimento, que eram vistos como demonstrativos da salvação.
Além disso, durante muito tempo, os ingleses desenvolveram sua maneira de fazer comercio e sua
agricultura. O comercio foi expandido em escala mundial, criando um grande mercado que pudesse
comprar seus produtos e absorver sua produção de produtos industrializados, em especial o algodão.
Antes do algodão, a lã foi o produto de investimento dos industriais ingleses. Percebendo sua
importância, o poder político da época buscou protegê-la através do regulamento de sua produção e
comercio com uma legislação rígida.
O algodão mostrou-se uma alternativa mais atraente para os comerciantes ingleses, devido à sua
abundancia de produção nas colônias britânicas no Oriente e nos Estados Unidos, que ainda pertenciam
à Inglaterra. Como não havia regulamentação sobre o comercio do algodão e a mão-de-obra disponível
juntamente com a matéria-prima era extremamente atraente do ponto de vista econômico, os esforços
empresariais concentraram-se nessa área.
Toda essa rede de comercio e produção garantiu para a Inglaterra o acumulo de capital, ou seja os
recursos necessários para investir e aumentar a produção industrial. Além do capital, outros fatores
ajudaram a Inglaterra a destacar-se como pioneira na revolução industrial como o aluguel de terras

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 85
produtivas, o lucro obtido na venda de matérias primas e a elevação constante de preços, que garantiam
uma grande margem de lucro para os comerciantes. Com uma grande quantidade de capital disponível
era possível fazer empréstimos que possuíam juros baixos, o que permitia fazer investimentos e
empréstimos a longo prazo, em produtos e maquinas que levavam um longo tempo para garantir retorno
e compensação financeiros.
A Inglaterra possuía além de fatores econômicos e sociais necessários para a criação de industrias,
elementos minerais que eram utilizados na construção das maquinas: Ferro e Carvão.
A existência de ferro e carvão no país colaboraram para as invenções que ajudaram a mudar a
indústria. A criação de mecanismos que aumentavam determinada etapa da produção obrigava outros
setores a buscar alternativas para acompanhar o ritmo de produção, transformando-se em um ciclo de
desenvolvimento industrial, gerados através da busca pela produção.

A industrialização e o trabalho
Para suprir a grande produção e atender o mercado consumidor, as fabricas precisavam de mão-de-
obra para operar a produção. Se antes os trabalhadores, principalmente artesãos, trabalhavam em suas
casas, agora o trabalho era concentrado no ambiente das fabricas. Para conseguir lucros as fabricas
precisavam produzir em larga escala, o que barateava a produção. Não fazia sentido a utilização de
recursos imensos como maquinas a vapor e represamento de rios para a utilização de energia hidráulica
para produzir pouco.
Outra grande mudança para os trabalhadores era a relação entre o tempo e o trabalho. Para produzir
com eficiência as fabricas precisavam organizar seus funcionários, seja em turnos ou escalas, que
garantam que a produção nunca pare ou caia, o que ajudava a maximizar os lucros e evitar prejuízos, é
ai que entra o conceito de tempo. Até o período anterior à revolução industrial era comum que pessoas
trabalhassem sem horários ou dias fixos, normalmente até obter o necessário para os gastos da semana
ou semelhante.
Com o trabalho concentrado nas fabricas e a necessidade de manter a produção, era agora essencial
que os trabalhadores cumprissem horários determinados de entrada e saída de seus postos de serviço.
O relógio popularizou-se, já que era necessário para garantir a rotina imposta pela fábrica.
Com a introdução da maquinofatura outro importante aspecto ganha forma: a separação entre
trabalhador e meio de produção. Como assim?
Antes da Revolução Industrial um artesão era capaz de produzir com suas próprias ferramentas. Com
o trabalho nas indústrias e o custo dos equipamentos, o trabalhador agora utilizava os meios de produção,
mas não os possuía. Se antes da Revolução industrial um fabricante de tecidos utilizava seus
equipamentos como a roca de fiar, agora ele dependia de equipamentos sofisticados para tornar seus
produtos competitivos. O preço desses equipamentos normalmente atingiam valores altos, que poucas
pessoas poderiam pagar.
Como não possuía os meios necessários para produzir de maneira competitiva, a pessoa acabava
tornando-se funcionário de uma empresa, e a partir daí utilizar os meios de produção. Com essa mudança
a sociedade divide-se em duas categorias: quem possuía os meio de produção, capital, matéria prima e
equipamentos – uma pequena minoria; e as pessoas que vendiam sua força e capacidade de trabalho
para o primeiro grupo em troca de um salário.
As mudanças que ocorriam no século XVIII não agradaram a todos. Muitos artesãos e trabalhadores
ficaram insatisfeitos com as rotinas de trabalho de impostas. Não era nada incomum existirem jornadas
de trabalho de 14 a 16 horas diárias em condições extremamente desfavoráveis e arriscadas como o
barulho incessante de maquinas e o trabalho repetitivo a que se sujeitavam para receber baixos salários.
A situação era ainda mais complicada no caso de mulheres e crianças, que recebiam uma quantia menor,
independentemente do nível de trabalho executado em relação aos homens.
O desemprego era algo que assombrava as pessoas. Com a grande leva de camponeses que
buscavam oportunidade nos centros industriais, a concorrência aumentava, com os donos de fabricas
dando preferência para a mão-de-obra barata e abundante que vinha do campo. Além disso muitos
perdiam empregos quando as fabricas atingiam excessos de produção, que paralisava as atividades.
A concentração em grandes centros também prejudicava aqueles com pouco poder aquisitivo. Nas
regiões industrializadas a população crescia em ritmo acelerado, chegando a cidade a possuir mais de 1
milhão de habitantes antes do século XIX. O crescimento da população nem sempre era acompanhado
pela oferta de moradia, o que gerava alugueis com altos preços e aglomeração de pessoas em pequenos
espaços, muitas vezes abrigando diversas famílias. Nessa época a Inglaterra dividia-se em dois
contextos: a Inglaterra Negra, que era dominada por industrias, instaladas principalmente onde havia
disponibilidade de carvão, em geral no norte e oeste do país, e a Inglaterra Verde no sul e sudeste, que
era responsável pela agricultura e pastoreio.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 86
Movimentos organizados
As dificuldades enfrentadas levaram à criação de movimentos organizados de trabalhadores que
reivindicavam melhores condições de remuneração e segurança no trabalho.
Entre os movimentos de reinvindicação que ocorreram no século XVIII, o Ludismo possui grande
importância.
Os ludistas eram contra a mecanização e a industrialização da produção e do trabalho. Ficaram
famosos por quebrarem maquinas em indústrias têxteis. Seus membros acreditavam que as maquinas
tiravam o trabalho das pessoas e que era necessário acabar com elas para garantir empregos para a
população. Apesar do movimento ludista ter durado pouco tempo (Entre 1811 e 1812) ele teve uma
grande repercussão e serviu de inspiração para movimentos posteriores. Entre os atos mais notáveis de
seus participantes está a invasão noturna na manufatura de William Cartwright que ficava no condado de
York, durante abril de 1812. 64 pessoas foram acusados de participar da invasão e julgadas um ano
depois. Dentre as penas sofridas, 13 pessoas foram condenadas à pena de morte, sob o crime de
atentado contra a manufatura de Cartwright e duas pessoas foram deportadas para as colônias britânicas.
O termo Ludismo ainda hoje é utilizado para referir-se a pessoas que são contra o desenvolvimento
tecnológico e industrial. Seu nome deriva do nome de um operário chamado Ned ludd, que supostamente
teria quebrado as maquinas de seu patrão. A história serviu de inspiração para que outras pessoas
aderissem a essa ideia.
O Cartismo foi outro movimento importante, que ocorreu nas décadas de 1830 e 1840 na Inglaterra.
Sua origem vem da carta escrita pelo radical William Lovett, que ficou conhecida como Carta do Povo,
documento que continha as reivindicações do grupo.

Suas exigências eram:

-voto universal;
-igualdade entre os distritos eleitorais;
-voto secreto por meio de cédula;
-eleição anual;
-pagamento aos membros do Parlamento;
-abolição da qualificação segundo as posses para a participação no Parlamento;

O movimento cartista buscava melhorias nas condições dos operários, que mesmo após quase cem
anos do início da Revolução Industrial ainda eram péssimas. Possuiu uma grande adesão da população
e é considerado o primeiro grande movimento tanto de classe como de caráter nacional que lutava contra
a condição social na Grã Bretanha. A intenção era de que a Carta do Povo fosse aprovada pelo
parlamento inglês, de maneira a garantir os direitos reivindicados. O parlamento não só rejeitou a carta
como perseguiu os líderes e simpatizantes do movimento, com a intenção de acabar com sua influência.
Apesar dos esforços do parlamento, o movimento exerceu grande influência no operariado, tanto inglês
como internacional e conseguiu convocar para 1848 uma grande mobilização que estimava reunir 500 mil
trabalhadores e pressionar o parlamento. Apesar do fracasso da mobilização por conta de uma grande
tempestade, diversas leis trabalhistas foram criadas para beneficiar os trabalhadores.

As Trade Unions
Como maneira de conseguir melhores condições de trabalho, muitos trabalhadores partiram para a
formação de associações e clubes para lutar por seus direitos. Entre as primeiras organizações desse
tipo surgiu o clube dos tecedores e artesãos na Inglaterra na primeira metade do século XVIII e que teve
uma curta duração, pois assim que seus membros atingiram os objetivos desejados foi dissolvido.
Em várias partes da Inglaterra, em especial nas cidades com grande concentração de indústrias como
Lancashire, Yorkshire e Manchester, diversas sociedades de trabalhadores (conhecidas como Trade
Unions) começam a aparecer com o objetivo de promover ajuda mútua entre os trabalhadores.
É claro que os patrões ficaram atentos ao movimento dos trabalhadores e também se organizaram
para conter as revoltas. Uma das formas de protesto mais prejudiciais para a indústria, até hoje, eram as
greves. Com trabalhadores paralisados em manifestações e protestos, as maquinas paravam e portanto
não produziam, o que afetava os lucros. De olho em formas de conter tanto greves como associações,
os empresários e patrões tiveram que recorrer à influência que possuíam no governo da Inglaterra. Em
1799 uma lei foi criada para proibir as associações de trabalhadores, que foi derrubada pela oposição
forte que eles conseguiram fazer. Além de leis também era utilizada a violência para conter o aumento de
associações de trabalhadores. Apesar da grande disputa entre os dois lados, em 1824 as leis que
proibiam as associações foram revogadas.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 87
Outros países na disputa
Durante mais de 50 anos, desde 1760 até 1930, a Revolução Industrial ocorreu praticamente na
Inglaterra, que fez o possível para manter as maquinas e técnicas de produção em seu território. Apesar
de toda a legislação e proibições, muitos fabricantes tinham interesse em expandir seus negócios.
Em 1807 William Cockrill criou fabricas para a produção de tecidos na Bélgica, que se desenvolveram
com bastante eficiência, já que além do interesse também haviam ferro e carvão disponíveis em
quantidades satisfatórias.
A França passava por um período turbulento na época, com o fim da Revolução Francesa. Além disso
havia uma tradição da pequena indústria no país juntamente com a produção de artigos de luxo. Somente
após 1848 a indústria começa a desenvolver-se timidamente e com uma política protecionista de
mercado, ou seja, com o impedimento de importações e o incentivo de exportação de produtos franceses.
Tanto Itália como Alemanha começam a desenvolver suas industrias após 1870, quando os países
terminam seus processos de unificação.
Fora da Europa os Estados Unidos foram o único país a desenvolver com êxito a Revolução Industrial,
com uma grande produção de artigos manufaturados no fim do século XIX

A segunda Revolução Industrial


No final do século XIX novas tecnologias propiciaram o que ficou conhecido como Segunda
Revolução Industrial ou Revolução Tecno-científica. A produção agora não estava restrita somente a
tecidos e produtos do gênero, com o investimento em pesquisa e produção em outras áreas e a
descoberta de novas fontes de energia e transporte.
No setor energético duas mudanças foram significativas: a utilização de produtos derivados do
petróleo e a energia elétrica. Edwin Drake perfurou o primeiro poço de petróleo em 1859, no estado da
Pensilvânia. A técnica utilizada por Drake foi desenvolvida a partir das técnicas de exploração das minas
de sal. A descoberta de uma maneira viável de extrair o petróleo ajudou a expandir sua utilização em
vários setores industriais.
O dínamo industrial também foi um passo muito importante e marcou a passagem da utilização do
carvão para a energia elétrica, que se mostrava mais barata e eficiente. O dínamo é um aparelho que
gera corrente contínua, convertendo energia mecânica em eléctrica, através de indução eletromagnética.
A descoberta de novas técnicas para a produção de aço, como o processo de Bessemer na Inglaterra
possibilitou a criação de maquinas mais resistentes. A indústria química também se desenvolveu e
possibilitou a criação de novos ramos de produção como tintas, corantes, fertilizantes e munições.
Os transportes se desenvolveram em grande escala com a invenção e aprimoramento de maquinas
a vapor, com destaque para a locomotiva criada na Inglaterra em 1814 e o navio a vapor em 1805 nos
Estados Unidos. A criação de meios de transporte mais rápidos e eficientes possibilitou uma melhor
movimentação no transporte de cargas e produtos, deixando de depender de condições climáticas e
naturais. Um exemplo são os trilhos da locomotiva que estavam sempre no mesmo lugar e evitavam que
ela atolasse ou tivesse que parar durante a viagem. Os navios também não dependiam mais da força dos
ventos para navegar.
Outras invenções que revolucionaram o setor de transportes foram o avião, no início do século XX e
motor de combustão interna, que popularizou a utilização do automóvel como meio de transporte.
As comunicações passaram por grandes mudanças durante o período e permitiram o contato entre
duas pessoas a uma longa distância através de mensagens em tempo real. Em 1837 Samuel Morse
inventou o telégrafo nos Estados Unidos e ao longo do século XIX a colocação de cabos submarinos
permitiram a ligação telegráfica entre os Estados Unidos e a Europa.
O trabalho também passou por diversas mudanças que buscavam aumentar a eficiência e os lucros
das empresas através da organização da produção. O fordismo e o taylorismo foram as duas principais
ideias adotadas.
O Fordismo tem como características: produção em série e a introdução de linhas de produção
mecanizadas. É famosa a frase de seu idealizador Henry Ford quando se referia ao seu famoso
automóvel, o Ford T: “Quanto ao meu automóvel, as pessoas podem tê-lo em qualquer cor, desde que
seja preta!”. Acontece que, para a Linha de Produção Fordista, a cor preta é o que secava mais rápido.
No Taylorismo existe o controle da produtividade dos operários através da análise técnica de seus
gestos e movimentos diante das maquinas.
As grandes inovações e novas invenções que surgiam quase diariamente tornavam cada vez mais
difícil os investimentos feitos por uma única pessoa. Nesse contexto os bancos ganham muito destaque,
lucrando através de empréstimos e de ações de empresas na bolsa de valores. Você sabe como funciona
a bolsa de valores?

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 88
A bolsa de valores é o mercado organizado onde se negociam ações de sociedades de capital aberto
(públicas ou privadas) e outros valores mobiliários, tais como as opções
Tudo começa quando uma empresa decide lançar ações ao público. Essa iniciativa é conhecida
como abrir o capital. Com o capital aberto, novos acionistas são atraídos e injetam dinheiro na empresa.
Em caso de lucro, todos ganham. Se houver prejuízo, as perdas também são divididas
proporcionalmente. Para participar das apostas na bolsa, a companhia precisa credenciar-se em uma
corretora de valores. Essas instituições estão por trás de todas as negociações, fazendo as transações
para quem quer investir em ações e mantendo a bolsa financeiramente.

Neste período as práticas monopolistas também se intensificaram. As consequências foram o


acumulo de capital nas mãos de poucos grupos ou pessoas. Assim surge o que ficou conhecido como
capitalismo financeiro ou monopolista.
O monopólio é a pratica de dominação do mercado através do controle de um determinado produto.
Além do monopólio outras práticas surgiram e se fortaleceram:
Cartel: O cartel é um acordo entre empresas independentes com a finalidade de criar uma ação
coordenada para o estabelecimento de preços. Atualmente no Brasil a prática de cartel é considerada
uma atividade criminosa, e como exemplo é possível citar os carteis em redes de postos de combustível.
Dumping: O dumping é a pratica da venda de produtos a um preço artificialmente baixo, para eliminar
a concorrência e voltar a praticar preços mais altos.
Holding: O holding é a pratica de uma empresa controlar as ações de diversas outras empresas.
Sociedades anônimas: são um tipo de sociedade em que o capital é dividido em ações que podem
ser livremente negociáveis.
Truste: É a fusão de empresas que visam obter controle sobre alguma atividade econômica.

A Terceira Revolução Industrial


A Terceira Revolução Industrial ocorre após o termino da Segunda Guerra Mundial, em meados de
1940. Sua principal característica é o uso de tecnologias avanças para a produção industrial e teve como
líder os Estados Unidos e ajudou o país a firmar-se como grande potência econômica.
As fontes de energia passam a ter importância maior ainda e começa a busca por fontes alternativas
como a energia nuclear e eólica.
A tecnologia tem papel fundamental na para a Terceira Revolução Industrial. Sua utilização vem sendo
cada vez mais explorada e comercializada.
Uma grande mudança proporcionada pela tecnologia é a disputa com a mão-de-obra humana. Linhas
de produção passaram a dispensar trabalhadores e substitui-los por maquinas que conseguem fazer o
serviço com mais rapidez e precisão e abrir o leque de industrias ainda mais, com destaque para a
Biotecnologia e a Nanotecnologia.
No cenário mundial surgem outras potências tecnológicas como a Alemanha, o Japão e a China. A
globalização é um fenômeno bem característico do período, com a produção de produtos com peças que
são fabricados em diversas partes do mundo.
Com o grande investimento e desenvolvimento da tecnologia, ela passa a ser cada vez mais acessível
para as pessoas, o que revolucionou novamente os meios de comunicação com a produção em massa e
de baixo custo de telefones celulares, computadores pessoais, notebooks, tablets e smartfones.

Questões
01. "As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam
a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos, muitos tecidos. Graças às
máquinas a vapor, a produção de mercadorias ficou muito maior."
(Schmidt, Mário. "Nova História Crítica". São Paulo: Nova Geração, 2002).

O texto citado refere-se:


(A) à Revolução Francesa
(B) à Revolução Industrial
(C) à Revolução Gloriosa
(D) ao Renascimento
(E) à Revolução Russa

02. "Um fato saliente chamou a atenção de Adam Smith, ao observar o panorama da Inglaterra: o
tremendo aumento da produtividade resultante da divisão minuciosa e da especialização de trabalho.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 89
Numa fábrica de alfinetes, um homem puxa o fio, outro o acerta, um terceiro o corta, um quarto faz-lhe a
ponta, um quinto prepara a extremidade para receber a cabeça, cujo preparo exige duas ou três
operações diferentes: colocá-la é uma ocupação peculiar; prateá-la é outro trabalho. Arrumar os alfinetes
no papel chega a ser uma tarefa especial; vi uma pequena fábrica desse gênero, com apenas dez
empregados, e onde consequentemente alguns executavam duas ou três dessas operações diferentes.
E embora fossem muito pobres, e portanto mal acomodados com a maquinaria necessária, podiam fazer
entre si 48.000 alfinetes num dia, mas se tivessem trabalhado isolada e independentemente, certamente
cada um não poderia fazer nem vinte, talvez nem um alfinete por dia."
FARIA, Ricardo de Moura et all. "História". Vol. 1. Belo Horizonte: Lê, 1993. [adapt.].

O documento sobre a Revolução Industrial, na Inglaterra,


(A) relaciona a divisão de trabalho com a alta produtividade, situação bem diferente da produção
artesanal característica da Idade Média.
(B) enfatiza o trabalho em série e as condições do trabalhador nas fábricas, reforçando a importância
das leis trabalhistas, no início da Idade Moderna.
(C) demonstra que a produtividade está diretamente relacionada ao número de empregados da fábrica,
ao contrário das Corporações de Ofício, em que a produção artesanal dependia do mestre.
(D) destaca a importância da especialização do trabalho para o aumento da produtividade, situação
semelhante à que ocorria nas Corporações de Ofício, de que participavam aprendizes, oficiais e mestre.
(E) evidencia as ideias fisiocráticas e mercantilistas, ao realçar a divisão do trabalho, características
marcantes da Revolução Comercial.

03. São razões para a ocorrência da Revolução Industrial, que teve como berço a Inglaterra:
(A) forte envolvimento britânico nas guerras continentais em consequência da sua localização.
(B) os "cercamentos" que ampliaram as áreas de cultivo agrícola.
(C) rede fluvial limitada.
(D) riqueza abundante do subsolo, com a presença de ferro, estanho, carvão dentre outros minerais.
(E) alta concentração de camponeses nas áreas rurais.

04. Leia os dois textos seguintes.


"No Ocidente Medieval, a unidade de trabalho é o dia [...] definido pela referência mutável ao tempo
natural, do levantar ao pôr-do-sol. [...] O tempo do trabalho é o tempo de uma economia ainda dominada
pelos ritmos agrários, sem pressas, sem preocupações de exatidão, sem inquietações de produtividade".
(Jacques Le Goff. "O tempo de trabalho na 'crise' do século XIV".)

"Na verdade não havia horas regulares: patrões e administradores faziam conosco o que queriam.
Normalmente os relógios das fábricas eram adiantados pela manhã e atrasados à tarde e em lugar de
serem instrumentos de medida do tempo eram utilizados para o engano e a opressão".
(Anônimo. "Capítulos na vida de um menino operário de Dundee", 1887.)

Entre as razões para as diferentes organizações do tempo do trabalho, pode-se citar:


(A) a predominância no campo de uma relação próxima entre empregadores e assalariados, uma vez
que as atividades agrárias eram regidas pelos ritmos da natureza.
(B) o impacto do aparecimento dos relógios mecânicos, que permitiram racionalizar o dia de trabalho,
que passa a ser calculado em horas no campo e na cidade.
(C) as mudanças trazidas pela organização industrial da produção, que originou uma nova disciplina e
percepção do tempo, regida pela lógica da produtividade.
(D) o conflito entre a Igreja Católica, que condenava os lucros obtidos a partir da exploração do
trabalhador, e os industriais, que aumentavam as jornadas.
(E) a luta entre a nobreza, que defendia os direitos dos camponeses sobre as terras, e a burguesia,
que defendia o êxodo rural e a industrialização.

05. A Revolução Industrial, iniciada na segunda metade do século XVIII, gerou profundas
transformações, econômicas e sociais.
Entre essas transformações, pode-se apontar
(A) a retração do mercado consumidor nos países industrializados.
(B) a superação do conflito capital-trabalho em face dos acordos sindicais.
(C) a dominação de todas as etapas da produção pelo trabalhador.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 90
(D) a proliferação do trabalho doméstico nas áreas mais mecanizadas.
(E) a redução dos preços ampliando o mercado consumidor.

Respostas

01. Resposta B.
O aprimoramento e a invenção de novas tecnologias de produção permitiram uma grande mudança
na maneira de produzir. Maquinas faziam em um tempo menor o trabalho dos homens, gerando menos
gastos e mais lucros. Esse conjunto de mudanças ficou conhecido como revolução industrial

02. Resposta A.
A divisão do trabalho foi um grande avanço para o aumento da produção. A partir da divisão era
possível aumentar consideravelmente a quantidade de produtos, mesmo com funcionários de baixa
instrução e conhecimento do ofício pois as operações tornavam-se simples e rápidas, de modo que
qualquer pessoa pudesse executá-las.

03. Resposta D.
Além do grande potencial mineral do subsolo da Inglaterra, o acumulo de capital garantido pelas
atividades de comercio marítimo e exploração colonial foram outro fator que garantiram aos país as
condições necessárias para iniciar o processo de industrialização.

04. Resposta C.
O modo de produção industrial estava ligado à quantidade de produtos que os funcionários pudessem
criar. A partir de agora o relógio domina a rotina e a vida das pessoas, tornando-se cada vez mais popular
e presente na sociedade.

05. Resposta E.
A partir da Revolução Industrial a produção passa a fazer parte importante do contexto das fábricas.
O aumento da produção significava a diminuição nos preços e consequentemente um alcance maior do
público consumidor de produtos. Durante o período as máquinas já faziam parte importante do processo
de produção e as condições de trabalho eram árduas, com jornadas que chegavam até 16 horas diárias,
havendo ainda uma diferenciação em relação ao pagamento de homens mulheres e crianças

Socialismo, Comunismo e Anarquismo

Socialismo: o ponto de vista político e econômico, o comunismo seria a etapa final de um sistema que
visa a igualdade social e a passagem do poder político e econômico para as mãos da classe trabalhadora.
Para atingir este estágio, dever-se-ia passar pelo socialismo, uma fase de transição onde o poder estaria
nas mãos de uma burocracia, que organizaria a sociedade rumo à igualdade plena, onde os trabalhadores
seriam os dirigentes e o Estado não existiria.

O comunismo: pode ser definido como uma doutrina ou ideologia (propostas sociais, políticas e
econômicas) que visa a criação de uma sociedade sem classes sociais. De acordo com esta ideologia,
os meios de produção (fábricas, fazendas, minas, etc.) deixariam de ser privados, tornando-se públicos.
No campo político, a ideologia comunista defende a ausência do Estado. As ideias do sistema comunista
estão presentes na obra "O Capital" de Karl Marx. Nesta, o filósofo alemão propõe a tomada de poder
pelos proletários (operários das fábricas) e a adoção de uma economia de forma planejada para acabar
com as desigualdades sociais, suprindo, desta forma, todas as necessidades das pessoas. Outra obra
importante, que apresenta esta ideologia, é "O Manifesto do Partido Comunista" de Marx e Engels. O
grande marco histórico do comunismo foi a Revolução Russa de 1917. Podemos citar também, neste
contexto, a Revolução Cubana que ocorreu em 1 de janeiro de 1959.Outros importantes teóricos do
comunismo foram: Rosa Luxemburgo, Antônio Gramsci e Vladimir Lênin.

Anarquismo: pode ser definido como uma doutrina (conjunto de princípios políticos, sociais e
culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação (política, econômica, social e
religiosa). Em resumo, os anarquistas defendem uma sociedade baseada na liberdade total, porém
responsável.O anarquismo é contrário a existência de governo, polícia, casamento, escola tradicional e
qualquer tipo de instituição que envolva relação de autoridade. Defendem também o fim do sistema
capitalista, da propriedade privada e do Estado.Os anarquistas defendem uma sociedade baseada na

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 91
liberdade dos indivíduos, solidariedade (apoio mútuo), coexistência harmoniosa, propriedade coletiva,
autodisciplina, responsabilidade (individual e coletiva) e forma de governo baseada na autogestão.O
movimento anarquista surgiu na metade do século XIX. Podemos dizer que um dos principais
idealizadores do anarquismo foi o teórico Pierre-Joseph Proudhon, que escreveu a obra "Que é a
propriedade?" (1840).

Socialdemocracia: é uma ideologia política surgida no fim do século XIX a partir de uma cisão interna
do socialismo. É difícil chegar a uma definição precisa do que é que defendem os sociais-democratas,
uma vez que as elaborações teóricas de grupos e indivíduos que se identificam com esse termo foram se
alterando através da história. Como essa ideologia sempre esteve ligada a ideia de necessidade de
representação partidária, a definição do que se entende como socialdemocrata acaba dependendo muito
da interpretação que tem o partido que adota esse termo.
Quando surgiu, dentro do movimento operário de caráter marxista, a socialdemocracia apontava para
a importância de conquista da democracia através da universalização do voto e da possibilidade de
participação política por meio de assembleias populares. Nesse período, os socialdemocratas também
defendiam a necessidade de ampliação da democracia para além da esfera política, apontando para a
emancipação da classe trabalhadora e a ruptura com o sistema de classes sociais (o que significaria
também a realização da democracia na esfera econômica). Aos poucos, esses partidos ganharam mais
adeptos, conquistando espaço nos parlamentos europeus, sobretudo na Alemanha. O crescimento e a
massificação desses partidos trouxe algumas consequências; como a necessidade de compor alianças
com outros setores (não só a classe operária) e o distanciamento entre a base dos partidos e os seus
dirigentes, estes último tornando-se cada vez mais alinhados aos interesses da burguesia.
Até meados da década de 1910 os partidos socialdemocratas ainda se reconheciam – e eram
reconhecidos – como partidos revolucionários. No entanto, o início da I Guerra Mundial – quando os
socialdemocratas apoiaram os dirigentes de seus respectivos países – e o sucesso da revolução
bolchevique na Rússia, mudam o cenário, provocando uma divisão dentro do socialismo. De um lado, os
comunistas, influenciados por Lenin e pela Revolução Russa, continuaram a defender a necessidade de
uma revolução que rompesse de forma radical com o modo de produção capitalista. De outro lado, os
socialdemocratas argumentaram que, através da via partidária, seria possível promover uma série de
reformas dentro do capitalismo, pequenas conquistas que poderiam se acumular até a vitória do
socialismo em si. Para esses últimos, o comunismo representava uma forma autoritária do socialismo,
enquanto a socialdemocracia seria sua face democrática. Entretanto, com o tempo, o foco nas pequenas
reformas e a constante preocupação de garantir a representatividade nos parlamentos, foram fazendo
com que o horizonte socialista fosse se afastando das perspectivas socialdemocratas. Ainda assim, deve-
se notar que elas foram responsáveis por muitos ganhos para a classe trabalhadora europeia.
Ao final da II Guerra Mundial, a socialdemocracia começa a ganhar outros sentidos, afastando-se
definitivamente da perspectiva de ruptura com o capitalismo. O dilema entre reforma e revolução deixa
de ser o centro do debate e os partidos socialdemocratas passam a se diferenciar dos declaradamente
liberais apenas pela sua defesa do Estado de bem-estar social. Nos dias de hoje, normalmente são
partidos que se localizam no centro do espectro político e se diferenciam da direita pela importância que
dão a necessidade de defesa do meio ambiente, dos setores mais vulneráveis da sociedade, dos direitos
trabalhistas e da regulamentação do mercado. Alguns países com ampla tradição socialdemocrata são a
Alemanha, Holanda, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Bélgica

Revolução Francesa

O ano de 1789 marca a divisão entre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Ao proporem a
divisão quadripartite da História (Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea), os
historiadores positivistas do século XIX elegeram a Revolução Francesa como um dos grandes marcos
divisórios da chamada “História Geral” – baseada na concepção eurocêntrica –, por ter representado uma
profunda mudança nos padrões de vida e da sociedade da época (sendo os outros divisores: a invenção
da escrita, a queda do Império Romano do Ocidente e a queda de Constantinopla).

Os antecedentes da revolução

Na França do século XVIII vigorava um sistema de governo conhecido como absolutismo monárquico.
O rei francês, que no período revolucionário era Luís XVI, personificava o Estado, reunindo em sua pessoa
os direitos de criar leis, julgar e governar, daí a referência ao poder absoluto.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 92
Dentro da França absolutista havia uma divisão de três grupos diferenciados, chamados de Estados
Gerais.
O primeiro estado era representado pelos bispos do Alto Clero; o segundo estado tinha como
representantes a nobreza, ou a aristocracia francesa – que desempenhava funções militares (nobreza
de espada) ou funções jurídicas (nobreza de toga); o terceiro estado, por sua vez, era representado pela
burguesia e pelos camponeses, totalizando cerca de 97% da população.
Apesar de representar a maioria esmagadora da população, o terceiro estado possuía direitos limitados
e estava subordinado aos interesses do primeiro e segundo estados. O Terceiro Estado era bastante
heterogêneo. Dele faziam parte:
Alta burguesia: banqueiros e grandes empresários;
Média burguesia: profissionais liberais;
Pequena burguesia: artesãos e lojistas;
Sans-culottes: trabalhadores, aprendizes e marginalizados urbanos, 20 milhões de camponeses, dos
quais, cerca de 4 milhões ainda viviam em estado de servidão feudal.
Era sobre o Terceiro Estado que pesava o ônus dos impostos e das contribuições para a manutenção
do Estado e da Corte. Mesmo sem ter uma unidade, os membros do Terceiro Estado, de uma maneira
geral, concordavam em reivindicações como o fim dos privilégios de nascimento e que se instaurasse a
igualdade civil.
Ao longo do século XVIII vários fatores contribuíram para a agitação política e a insatisfação popular
verificadas no instante da revolução. A Guerra dos Sete Anos (1756-1763), travada contra a Inglaterra,
contabilizou milhares de mortos, feridos e elevadíssimos gastos e prejuízos materiais para ambos os
países, além da derrota sofrida pela França. A derrota levou o país a financiar e instigar os colonos
britânicos da América a buscarem autonomia, o que resultou no processo de independência dos Estados
Unidos. Ao mesmo tempo, a Corte absolutista francesa, que possuía um alto custo de vida, era financiada
pelo Estado, que, por sua vez, já gastava bastante seu orçamento com a burocracia que o mantinha em
funcionamento. Aos fatores destacados ainda vale acrescentar a crise que afetou a produção agrícola
francesa nas décadas de 1770 e 1780, que resultou em péssimas colheitas e alta da inflação.
O resultado dos fatores acima destacados gerou uma crise financeira, ao passo em que o Estado
terminava por arrecadar uma quantidade inferior aos gastos anuais, com uma dívida pública que se
acumulava, sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de investimento no
setor industrial.
Outro fator que deve ser levado em conta é a ascensão da burguesia. Resultado do desenvolvimento
do capitalismo comercial, essa classe social apresentava duas tendências marcantes: ou procurava
ingressar na nobreza por meio da compra de títulos, ou tentava afirmar os seus valores, impondo critérios
econômicos de hierarquização social em substituição ao critério do nascimento e da tradição, típico da
sociedade estamental. Assim sendo, a ascensão da burguesia rompeu os quadros da sociedade do
Antigo Regime.
Em meio ao caos econômico vivido pela França, Luis XVI chega ao poder em 1774, enfrentando desde
o início, o problema de insuficiência na arrecadação de impostos. Turgot, primeiro de seus ministros de
finanças, no período de 1774 a 1776, tenta cobrar impostos de padres e nobres. Foi obrigado a renunciar.
Turgot foi substituído por Necker, que incentivou o apoio francês à independência dos Estados Unidos
como forma de revidar o resultado da Guerra dos Sete Anos. Necker permaneceu até 1781, quando
contraiu grandes empréstimos para cobrir os gastos com o financiamento da emacipação americana e
acabou por aumentar a dívida francesa. Calonne, seu sucessor, buscou cobrar impostos sobre as terras
da nobreza e acabou substituído por Brienne, que teve o mesmo destino. A saída de Brienne gerou uma
crise ministerial, resolvida com a volta de Necker.
Somente em 1789, durante o mandato de Necker, as autoridades reais abriram portas para o
movimento reformista. Em maio daquele ano, os Estados-gerais foram convocados para a formação de
uma assembleia que deveria mudar o conjunto de leis da França.
A Assembleia dos Estados Gerais (em francês États Généraux) era um órgão político de carácter
consultivo e deliberativo (servia para que o rei consultasse a opinião e poderia também tomar decisões,
se o rei assim permitisse), constituído por representantes dos três estados. Na contagem dos
representantes de cada estado, o primeiro estado contava com 291 membros, o segundo com 270 e o
terceiro estado dispunha de 578 membros votantes. Apesar da maioria absoluta, a forma de voto da
Assembleia dos Estados Gerais impedia a hegemonia dos interesses do terceiro estado. Conforme
previsto, os votos eram dados por estados, com isso a aliança de interesses entre o clero e a nobreza
impedia a aprovação de leis mais transformadoras que beneficiassem o terceiro estado.
Os Estados Gerais reuniram-se em Versalhes, em 5 de maio de 1789. O Terceiro Estado queria
votações individuais. Os notáveis insistiam em voto por Estado, tendo o apoio do rei.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 93
O Terceiro Estado, revoltado com a situação, reuniu-se separadamente na sala de jogo da péla (um
jogo de arremesso de bola), em 20 de junho, tendo jurado não se dispersar enquanto o rei não aceitasse
uma Constituição que limitasse seus poderes.
A partir do juramento do jogo da péla Luís XVI cedeu, mandando o clero e a nobreza juntarem-se ao
Terceiro Estado, surgindo assim a Assembleia Nacional Constituinte. O rei queria ganhar tempo, pois
pretendia juntar tropas para dispersar a Assembleia. Os produtos alimentícios começavam a faltar,
surgindo revoltas nas cidades e nos campos. Os rumores de composição aristocrática da realeza
cresciam. O medo do Terceiro Estado era muito grande em julho de 1789. A reunião de tropas, próximo
a Paris, e a demissão de Necker provocaram a insurreição.
Em 14 de julho de 1789 ocorre a queda da Bastilha.
A Bastilha foi construída em 1370, e era uma fortaleza utilizada pelo regime monárquico como prisão
de criminosos comuns. Na regência do Cardeal Richelieu, entre 1628 e 1642, o prédio foi transformado
em prisão de intelectuais e nobres, especialmente os opositores à monarquia, sua política ou mesmo à
religião católica, oficial no período monárquico. Apesar de ser uma prisão, na data de sua invasão a
Bastilha contava com apenas sete presos.
Para além do sentido físico de domínio do prédio, a tomada da Bastilha representou a derrota do Antigo
Regime para a revolta da população, sendo considerada a data de início da Revolução Francesa.
O rei já não tinha mais como controlar a fúria popular e tomou algumas precauções para acalmar o
povo que invadia, matava e tomava os bens da nobreza: o regime feudal sobre os camponeses foi abolido
e os privilégios tributários do clero e da nobreza acabaram.

Assembleia Nacional (1789-1791)


Após a invasão de Bastilha, a Assembleia Geral Nacional se transformou em Assembleia Constituinte,
onde os deputados elaboraram uma constituição que determinou o fim dos privilégios feudais e de
nascimento, a igualdade de todos perante a lei e a garantia de propriedade. Foi feito um juramento, que
deu origem ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration des Droits de l'Homme et du
Citoyen), proclamada em 26 de agosto de 1789 determinou o fim das estruturas restantes do Antigo
Regime. Ela proclama que todos os cidadãos devem ter garantidos os direitos de “liberdade, propriedade,
segurança, e resistência à opressão”. Isto argumenta que a necessidade da lei provém do facto que “…
o exercício dos direitos naturais de cada homem tem só aquelas fronteiras que asseguram a outros
membros da sociedade o desfrutar destes mesmos direitos”. Portanto, a Declaração vê a lei como “uma
expressão da vontade geral”, que tem a intenção de promover esta igualdade de direitos e proibir “só
acções prejudiciais para a sociedade”. Sobre ela, o historiador inglês Eric Hobsbawm escreveu:
"Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um
manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. Os homens nascem e vivem livres e iguais
perante as leis”, dizia seu primeiro artigo; mas ela também prevê a existência de distinções sociais, ainda
que “somente no terreno da utilidade comum”. A propriedade privada era um direito natural sagrado,
inalienável e inviolável.” 14

Segue abaixo a reprodução do texto da Declaração:


Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a
ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males
públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, inalienáveis
e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os membros do corpo
social, lhes lembre permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder
Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento comparados com a finalidade de toda
a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos,
doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da
Constituição e à felicidade geral.
Em razão disto, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser
Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:

Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem
fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis
do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.
14
Eric Hobsbawm, A ERA DAS REVOULUÇÕES

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 94
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação,
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício
dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros
membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela
lei.
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não
pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja
para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que
não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de
acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar
ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve
obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser
punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável
prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua
manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem.
Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos
desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é,
pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável
uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar
a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a
separação dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não
ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia
indenização.
Luís XVI, mesmo derrotado, se opunha aos decretos e recusava-se a ratificá-los. Tendo o rei se
recusado a sancionar estes últimos decretos, o povo de Paris, a comuna, marchou em direção ao Palácio
de Versalhes, trazendo o rei para a cidade, obrigando-o a assiná-los. Como consequência, a nobreza
francesa, sentindo-se ameaçada, fugiu para o Império Austríaco.
Em 1790, os bens do clero foram confiscados, servindo de lastro para a emissão dos assignats (papel
moeda), por intermédio da Constituição Civil do Clero.
A lei visava reorganizar em profundidade a Igreja da França, transformando os párocos em
"funcionários públicos eclesiásticos”, e serviu de base para a integração da Igreja Católica ao novo
sistema político em vigor a partir de 1789.
A Lei sobre a Constituição Civil do Clero se compunha de quatro partes, dedicadas aos cargos
eclesiásticos, o pagamento dos religiosos e outras questões práticas. As circunscrições das dioceses
foram adaptadas às novas unidades estatais dos départements, cada um destes correspondendo a um
bispado. A redistribuição reduziu o número de sedes episcopais de 139 para 83.

A Constituição francesa ficou pronta em setembro de 1791, modificando completamente a organização


social e administrativa da França. O documento concebeu uma forma de governo baseada no princípio
da separação dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), proposta por Montesquieu.
O poder executivo, responsável por gerir o Estado, foi confiado à monarquia, que agora deveria
obedecer os princípios determinados na constituição, ou seja, também estava sujeita à força da lei,
conforme deixavam bem claros os artigos 3 e 4 do capítulo II:

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 95
Artigo 3. Não existe na França autoridade superior à da Lei. O Rei reina por ela e não pode exigir a
obediência senão em nome da lei.
Artigo 4. O Rei, no ato de sua elevação ao trono, ou a partir do momento em que tiver atingido a
maioridade, prestará à Nação, na presença do Corpo legislativo, o juramento de ser fiel à Nação e à Lei,
de empregar todo poder que lhe foi delegado para, manter a Constituição decretada pela Assembleia
Nacional constituinte nos anos de 1789, 1791, e de fazer executar as leis.

O poder legislativo passava a ser formado por uma assembleia, que não poderia ser violada ou
dissolvida (evitando o abuso do poder real). Ela era eleita através do voto censitário, e tinha o poder de
fiscalizar os ministros, as finanças e a política estrangeira. O voto censitário era a concessão do direito
do voto apenas àqueles cidadãos que possuíam certos critérios que comprovassem uma situação
financeira satisfatória.
Na prática, a política continuava nas mãos da classe abastada, em geral dos grandes proprietários,
excluindo do processo mais de 20 milhões de franceses que não atendiam os critérios estabelecidos pelo
voto censitário.
A exclusão da maior parte da população do processo político logo tornou o novo governo impopular,
gerando também rupturas internas e a Assembleia dividiu-se em várias tendências:

Feuillants: Monarquistas constitucionais, liderados por La Fayette e Barnave


Jacobinos: Defensores da República democrática
Girondinos: Grupo de deputados convencionais, liderados por representantes da região da Gironda,
partidários da Revolução e da República, mas com posições bem mais moderadas do que os Jacobinos,
especialmente quanto ao papel das massas populares no movimento revolucionário.
Cordeliers: Clube político muito próximo das posições dos “sans-culottes”, representando a população
mais pobre.

A dificuldade para governar enfraqueceu a Assembleia, o que garantiu a Luis XVI a chance de tentar
escapar para o Império Austríaco, com o objetivo de organizar uma contrarrevolução. O rei foi
reconhecido próximo a região de Varennes, onde foi capturado e enviado para Paris. Após a tentativa
frustrada de fuga, a Assembleia suspendeu seu poder.

O êxito da Revolução na França deu novo estímulo aos revolucionários de outros países, onde, porém,
não surtiu efeito, corno nos Países Baixos, Bélgica, Suíça, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Áustria e Itália.
Ainda assim, simpatizantes com a Revolução na França organizaram demonstrações de apoio. Os
déspotas esclarecidos, alarmados, abandonaram seus programas de reformas e se aproximaram da
aristocracia contra as classes baixas.
Alguns escritores na Europa defenderam a contrarrevolução, ou seja, a retomada do poder na França
pela força das armas e restauração da Monarquia Absoluta.
Muitos franceses abandonaram o país. Nobres, clérigos e mesmo burgueses esperavam o auxílio das
potências europeias. Estas se mantiveram indiferentes, a princípio, mas, quando as ideias que resultaram
da Revolução ameaçavam abalar os soberanos absolutos da Europa, modificaram sua atitude.
Em 20 de abril de 1792, a perseguição dos emigrados pelos franceses provocou a guerra com a
Áustria, que continuaria com poucas interrupções até 1815. Os insucessos repetiram-se de abril a
setembro.
O avanço do exército prussiano rumo a Paris fez crescer o temor da contrarrevolução, arquitetada pelo
rei e pela aristocracia. Em 10 de agosto as tulherias foram ocupadas e o rei aprisionado no templo. No
início de setembro, a massa parisiense atacou as prisões e massacrou os nobres feitos prisioneiros. O
Exército passou a convocar voluntários para defender a Revolução. Em Valmy, as forças francesas
venceram os invasores (20 de setembro). No mesmo dia, uma nova Assembleia tomava posse: a
Convenção. A República foi proclamada. A segunda fase da guerra, de setembro de 1792 a abril de 1793,
é marcada pelas vitórias da França, que avançou em direção à Bélgica, região do Reno, Savoia e Nice.

A CONVENÇÃO NACIONAL

A ocupação dos franceses na Bélgica abalou a continuidade da revolução, e a Assembleia foi


substituída pela Convenção Nacional, dando início à República, em fins de 1792.
Os membros eleitos para a Convenção Nacional organizaram-se em três grandes partidos: Gironda,
Montanha e Planície.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 96
Gironda: Os Girondinos faziam parte um grupo político moderado durante o processo da Revolução
Francesa. Seus integrantes faziam parte da burguesia francesa. Entre seus líderes destacavam-se Brissot
e Vergniaud.
Montanha (ou Jacobinos): Os jacobinos faziam parte de uma organização política, criada em 1789
na França durante o processo da Revolução Francesa. No princípio tinham uma posição moderada sobre
os encaminhamentos revolucionários, porém, com a liderança de Robespierre, passaram a ter posições
radicais e esquerdistas. Pequenos comerciantes e profissionais liberais eram as principais camadas
sociais que compunham este grupo. Entre seus líderes destacavam-se Saint Just, Marat, Danton e
Robespierre.
Planície (ou Pântano): apesar de ser formada por membros da burguesia, era considerado um partido
de centro, fazendo acordos e estabelecendo relações com ambos os partidos.

A Convenção Girondina (1792-1793)

Após seu estabelecimento, a Convenção foi liderada pelos girondinos, sob forte oposição jacobina.
O rei foi julgado pela Convenção em 21 de janeiro de 1793 e, a despeito do esforço dos Girondinos,
foi condenado à morte como traidor, sendo guilhotinado.
A condenação do rei abalou as demais monarquias absolutistas europeias, que temiam sofrer
processos revolucionários parecidos em seus países. Assim, os impérios da Áustria, da Rússia e da
Prússia uniram-se militarmente com Inglaterra e Holanda, contestadoras da ocupação francesa sobre a
Bélgica, e formaram a I Coligação. A união de forças foi capaz de derrotar as tropas francesas, além de
incentivarem os contrarrevolucionários a influenciarem a revolta camponesa da Vendéia.
As derrotas sofridas pelas tropas, aliadas aos problemas internos, acentuaram os ânimos dos
extremistas montanheses. Os Jacobinos, núcleo mais radical da Montanha, eram apoiados pela Comuna
de Paris, composta por trabalhadores, artífices, pequenos proprietários e trabalhadores rurais.
O acirramento dos ânimos levou a exigência da criação de um tribunal revolucionário contra os
suspeitos e chefes girondinos, além da criação de um exército revolucionário para a defesa do país. As
reivindicações foram suficientes para reunir as camadas mais baixas e resultaram na queda dos
girondinos em junho de 1793.

A Convenção Montanhesa (1793-1794)


Os montanheses chegaram ao poder com o apoio dos sans-culottes, porém buscaram conter o
movimento popular para evitar extremos. Como parte das reformas introduzidas, no campo político
aboliram a escravidão nas colônias e confiscaram as terras dos nobres emigrados, transformando-as em
pequenas propriedades. Na política, introduziram uma constituição democrática, assegurando uma
participação mais ativa das camadas mais baixas.
As tensões internas e as vitórias da I Coligação criaram um clima de insegurança, que aumentou ainda
mais quando o líder montanhês Marat foi assassinado pela monarquista Charlotte Corday, o que revelou
a possibilidade do restabelecimento da monarquia. Esses fatores colaboraram para a instalação do Terror

O Terror
Colocado em prática em setembro de 1793, o Terror contou com amplo apoio dos sans-culottes.
Liderados por Robespierre, os montanheses criaram os Comitês da Salvação Pública e da Segurança
Geral com o objetivo de governar o país, e o Tribunal Revolucionário, para aplicar a justiça.
As prisões eram feitas com base na Lei dos Suspeitos, que permitia capturar e julgar todos aqueles
considerados suspeitos de traição contra a República. Milhares de pessoas foram enviadas para a
guilhotina, entre elas a rainha Maria Antonieta.
Com o mesmo argumento de proteção da Revolução, as igrejas também foram fechadas, sendo
instituído o “culto do Ser Supremo”, que na verdade tratava-se de uma devoção à razão.
No plano econômico foi instituída a lei do máximo Geral, ou seja, a fixação de um teto máximo para os
produtos de primeira necessidade.
O calendário também foi substituído, dando lugar ao Calendário Revolucionário (veja o box abaixo)
.
O novo calendário15

Além da formação da Convenção Nacional, os revolucionários propuseram a utilização de um novo


calendário, que deveria diferenciar-se do calendário gregoriano, símbolo do cristianismo e do Antigo

15
Adaptado de http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 97
Regime Monárquico que havia sido extinto. Ele foi adotado a partir de 1793, mas seu início marcaria a
data de 22 de setembro de 1792, dia em que foi instaurada a República.
O objetivo era iniciar a marcação de uma nova era de ruptura com as tradições cristãs e mais próxima
ao racionalismo burguês. O ano I, iniciado em 1792, era o ano da adoção da Constituição que havia
instituído o sufrágio universal, a democratização.
A elaboração do calendário foi obra do matemático Gilbert Romme, que manteve a divisão do ano
em 12 meses, mas com profundas alterações nas demais marcações. Os meses seriam compostos
por trinta dias, divididos em semanas de 10 dias, que foram chamadas de decêndios. Os dias eram
numerados de um a dez, recebendo os seguintes nomes: primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi,
septidi, octidi, nonidi e décadi. Posteriormente, cada dia receberia um nome específico, retirado de
elementos da natureza como plantas, animais, pedras etc. A quantidade de dias dentro desses meses
somava 360 dias. E havia ainda a defasagem entre o tempo do calendário e o tempo dos movimentos
da terra e dos demais astros celestes. Para isso instituiu-se cinco dias de feriados, os dias dos sans-
culottes, mantendo ainda a utilização do dia bissexto a cada quatro anos.
A marcação do tempo dentro de um dia também foi alterada com o estabelecimento do dia de 10
horas, contando cada hora com 100 minutos e cada minuto com 100 segundos. Pode-se perceber que
a base do cálculo era a numeração decimal.
Para a denominação dos meses, os revolucionários pediram que o poeta Fabre d’Eglantine criasse
uma nova denominação para cada um deles. Sua inspiração foi encontrada na referência às estações
do ano, ficando da seguinte forma o calendário:
Outono
Vindimiário (vendémiaire, remetendo à colheita da uva): 22 de setembro a 21 de outubro;
Brumário (brumaire, remetendo às brumas, aos nevoeiros): 22 de outubro a 20 de novembro;
Frimário (frimaire, remetendo às geadas): 21 de novembro a 20 de dezembro.
Inverno
Nivoso (nivôse, remetendo à neve): 21 de dezembro a 19 de janeiro;
Pluvioso (pluviôse, remetendo às chuvas): 20 de janeiro a 18 de fevereiro;
Ventoso (ventôse, remetendo aos ventos): 19 de fevereiro a 20 de março.
Primavera
Germinal (germinal, remetendo à germinação): 21 de março a 19 de abril;
Florial (floréal, remetendo às flores): 20 de abril a 19 de maio;
Prairial (prairial, remetendo aos prados): 20 de maio a 18 de junho.
Verão
Messidor (messidor, remetendo às colheitas): 19 de junho a 18 de julho;
Termidor (thermidor, remetendo ao calor): 19 de julho a 17 de agosto;
Frutidor (fructidor, remetendo ao fruto, à frutificação.): 18 de agosto a 20 de setembro.
Os dias dos sans-culottes seriam entre 17 de setembro e 21 de setembro.
Este calendário eliminou ainda os feriados religiosos, bem como os domingos utilizados pelos
cristãos como dia de adoração a Deus. O resultado foi a oposição da população ao calendário, já que
a sua maioria era cristã.

O terror gerou resultados, com a derrota da Vendéia e da Coligação. Superadas as dificuldades,


Robespierre acreditava que a ditadura era a única forma de manter a Revolução, e não hesitou em enviar
para a guilhotina todos aqueles que considerou inimigos.
Paris, durante esse período, passava por um momento de grande efervescência política, e grupos
distintos, com visões completamente diferente acabaram levando o mesmo fim, tendo as cabeças
separadas dos corpos. Os enragés (enraveicidos) propunham a taxação e a suspensão da especulação
monetária, tinham e muito prestígio perante os sans-culottes, porém foram guilhotinados.
Os indulgentes, liderados por Danton, acreditavam que as medidas eram enérgicas e autoritárias
demais, por outro lado, os hebertistas, liderados por Hébert, consideravam que elas ficavam aquém do
necessário para salvar a Revolução. Para Robespierre tanto um quanto outro, e qualquer outro tipo de
divergência eram uma ameaça, e ambos foram guilhotinados. Nem mesmo o cientista Lavoisier escapou
da condenação, pois era visto com maus olhos por possuir origem nobre e ser membro da Ferme
Générale, agência ligada ao governo e responsável pelo recolhimento de impostos, vista como corrupta.
O Terror não poupou nem mesmo seus dirigentes. As execuções em massa, a ditadura e a intervenção
na economia acabaram enfraquecendo o poder de Robespierre, que teve sua queda votada pela
Convenção em 27 de julho de 1794. Juntamente com dezenove partidários, o líder acabou enfrentando o
destino que muitos de seus tiveram: a própria guilhotina.
Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04
. 98
A Guilhotina

Criada pelo médico Joseph Ignace Guillotin, a guilhotina não apareceu como um método de
execução usado para amedrontar os inimigos da revolução. Criada com a finalidade de proporcionar
uma morte rápida e sem dor aos condenados à morte, o doutor Gillotin defendeu na Assembleia
Nacional que esse seria um método mais humanitário, eficaz e igualitário, pois os condenados teriam
a mesma pena e o executor não precisaria necessariamente sujar suas mãos com sangue.
Porém, com a Revolução Francesa todo e qualquer suspeito de se opor ao regime passou a ser
decapitado, dessa forma a guilhotina ficou marcada como símbolo de crueldade e opressão.
Mesmo com o fim da Revolução na França, a guilhotina continuou a funcionar como aparelho de
execução, com a última condenação registrada em 1977, quase duzentos anos após sua utilização em
massa.

A Convenção Termidoriana
Após a queda de Robespierre, um novo governo assumiu o poder, liderado pela Planície. O novo
governo buscou afastar-se da pequena burguesia e dos sans-culottes, e pouco a pouco retirou os poderes
do Comitê de Salvação Pública, além de revogar as leis dos Suspeitos e do Máximo. A Igreja e o novo
governo estabeleceram um acordo de separação.
O fim da Lei do Máximo provocou um aumento nos preços dos produtos, inflacionando os assignats.
O aumento nos preços gerou novas tensões populares, e a alta burguesia, com medo de perder seus
privilégios e seu poder, eliminou o governo de convenção e criou a Constituição do ano III que instituía
o Diretório, em 1795. A nova constituição buscou reafirmar o direito à propriedade e a liberdade
econômica, através do restabelecimento do voto censitário, o que excluiu novamente as camadas
populares do processo político.

O DIRETÓRIO (1795-1799)
O novo governo baseava-se na teoria da separação dos poderes. O poder legislativo dividia-se entre
o Conselho dos Quinhentos (em que os membros deveriam ter mais de 30 anos) e o conselho dos Anciãos
(que deveriam ter mais de 40 anos). O poder executivo era composto por um Diretório (junta de diretores)
que era eleito pelos conselhos.
A nova constituição não conseguiu estabilizar o país, e também não conseguiu afastar os opositores
(nobres emigrados e sans-culottes). Os nobres tentaram um golpe de retomada do poder, porém foram
impedidos pelo general Napoleão Bonaparte. Entre as camadas populares, o crítico da propriedade
privada, Graco Babeuf articulou uma conjuração, a Revolta dos Iguais, que buscava derrubar o
diretória, porém não obteve sucesso.
A corrupção no governo e a má administração enfraqueceram o regime. Juntamente com os problemas
internos, foi formada a II Coligação, através da união militar entre o Império Turco, a Rússia, a Inglaterra
e a Áustria, com o objetivo de retomar o poder na França.
Frente aos problemas enfrentados, alguns membros do Diretório defendiam a ideia de que a única
forma de manter o poder era o estabelecimento de uma nova monarquia. Preocupando-se em perder o
poder, parte da alta burguesia apoiou um golpe de Estado, contando com a popularidade de Napoleão,
que havia conquistado vitórias importantes no Egito e no norte da Itália. Apoiado por Roger Ducos e pelo
abade Sièys, ambos lideres burgueses, em 9 de novembro de 1799 Napoleão derrubou o Diretório e
estabeleceu um consulado provisório, composto pelo general e pelos dois líderes que ajudaram a
arquitetar o golpe.
A chegada de napoleão ao poder ficou conhecida como golpe de 18 Brumário, data que correspondia
aos meses de outubro e novembro no calendário revolucionário. Os apoiadores do golpe acreditavam
que através de um poder executivo autoritário poderiam conter os contrarrevolucionários. Contudo, ao
assumir o poder, Napoleão buscou satisfazer suas próprias ambições, e impôs um ditadura na França.

O PERÍODO NAPOLEÔNICO
Ao chegar ao poder, em 1799, a França apresentava um aspecto desolador: a indústria e o comércio
estavam arruinados, os caminhos e os portos, destruídos, o serviço público, desorganizado; todos os dias
mais e mais pessoas deixavam o país, fugindo da desordem e da ameaça de ver os seus bens
confiscados; os clérigos que se tinham negado a jurar fidelidade à nova Constituição eram perseguidos;
a guerra civil ameaçava estourar em numerosas províncias.
Napoleão buscou conciliar os diferentes grupos em conflitos, na tentativa de restabelecer a paz e a
segurança.
Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04
. 99
Em 1799 uma nova constituição foi submetida a um plebiscito, e com a aprovação por mais de 3
milhões de votos, Napoleão agora possuía poderes ilimitados, sob o disfarce do consulado. O voto voltou
a ser universal, e os candidatos eram escolhidos através de uma lista dos mais votados. O Poder
legislativo perdeu grande parte de sua importância, tornando-se basicamente um poder formal. Era
composto de quatro assembleias: o Conselho de Estado, que preparava as leis; o Tribunal, que as
discutia; o Corpo Legislativo, que as votava; o Senado, que velava pela sua execução.
O Poder Executivo, confiado a três cônsules nomeados pelo Senado por dez anos, era o mais forte de
todos. Quem detinha efetivamente o poder era o primeiro-cônsul, que propunha, mandava publicar as
leis e nomeava os ministros, os oficiais, os funcionários e os juízes. As guerras continuaram até 1802,
quando Napoleão assinou a Paz de Amiens, pondo fim ao conflito europeu iniciado em 1792. A
administração do Estado foi reorganizada e centralizada.
Importantes medidas financeiras, como a criação de um corpo de funcionários para arrecadar os
impostos e a fundação do Banco da França (que recebe o direito de emitir papel moeda), foram tornadas,
melhorando sensivelmente a situação econômica do pais.
Na educação, o ensino secundário foi organizado com o objetivo de instruir funcionários para o Estado.
Uma das maiores contribuições do de Napoleão foi a criação do Código Civil, inspirado no Direito
Romano, nas Ordenações Reais e no Direito Revolucionário; completado em 1804, continua, na essência,
em vigor até hoje na França.
As relações com a Igreja Católica foram retomadas, através de Concordata com o papa. O sumo-
pontífice aceitou o confisco dos bens eclesiásticos e o Estado ficou proibido de interferir no culto; os
bispos, indica dos pelo governo e investidos de funções religiosas pelo papa, prestariam juramento de
fidelidade ao governo; as bulas só entrariam em vigor de pois de aprovadas por Napoleão.
Os êxitos obtidos tanto internamente como externamente permitiram a Napoleão conquistar o direito
de nomear seu sucessor, garantido pelo senado, em 1802. Na prática, estabelecia-se uma Monarquia
hereditária.
Com o reinício dos conflitos externos, em 1803, o Consul aproveitou-se da situação de perigo nacional
para que fosse proclamado imperador da França. Já em 1804 uma nova Constituição legalizava a
instituição do Império e convocava um plebiscito para confirmá-la. Oficializada a proclamação através da
vontade popular, Napoleão foi sagrado imperador pelo papa, e tratou de formar uma nova corte, com
muitos membros da antiga nobreza francesa.
Além do Código Civil, que já vinha sendo elaborado, foram criados o Código Comercial e o Código
Penal. A economia sofreu um grande impulso, tanto pelo aumento da produção no campo – o que levou
os camponeses a apoiarem o imperador – quanto no incentivo pela industrialização do país. Os projetos
de reformas de pontes e estradas foram concluídos e novos portos e canais concluídos.
Ao mesmo tempo em que era verificada prosperidade em algumas áreas, em outras as coisas não
pareciam caminhar tão bem. Com o aumento da popularidade, Napoleão tornava-se cada vez mais
despótico, até mesmo para os padrões da monarquia francesa. As assembleias foram suprimidas, o poder
judiciário passou cada vez mais para as mãos do imperador e as liberdades individuais foram revogadas.
A imprensa também passou a ser censurada, e o ensino modelado para garantir a obediência ao
imperador, tanto que estendeu-se à educação superior: a Universidade imperial monopolizou o ensino r
e as disciplinas consideradas perigosas para o regime (História e Filosofia) tiveram seus programas
alterados.
No plano religioso, o catecismo orientava que os deveres existiam para com Deus e também com o
Imperador. As desavenças com poder papal, que não aceitou as imposições feitas pelo imperador,
resultaram no confinamento do pontífice em Savoia e na tomada de seus Estados. Os bispos que
buscaram apoiar a Igreja foram também perseguidos.
O resultado foi uma nova onda de crises e descontentamento: a burguesia opunha-se à perda de
liberdade e às perseguições policiais; as guerras arruinavam a economia e os portos; o restabelecimento
de antigos impostos irritava os contribuintes; os jovens procuravam fugir ao serviço militar obrigatório.

Conflitos externos
Apesar de Napoleão ter assinado com a Inglaterra a Paz de Amiens, em 1805, as ameaças francesas
promoveram a formação da primeira coligação antifrancesa, reunindo a Inglaterra, Rússia e Áustria.
Napoleão venceu em Ulm e Austerlitz, mas a esquadra franco-espanhola foi derrotada em Trafalgar pelo
almirante inglês lorde Nelson. Após a vitória contra a nova coligação, em 1806, Napoleão dissolveu o
Sacro Império Romano-Germânico, fundando a Confederação do Reno. No mesmo ano, formou-se ainda
outra aliança contra Napoleão: a Prússia, vencida em lena (Confederação do Reno), e a Rússia, em
Friedland (Prússia). Pela Paz de Tilsit, a Prússia foi desmembrada e a Rússia aliou-se à França. Após
derrotar a Prússia, decretou o Bloqueio Continental contra a Inglaterra. Em 21 de novembro de 1806, foi

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 100
decretado que os países que estavam sob o domínio do império francês estavam proibidos de fazer
comércio ou autorizar o acesso aos portos para navios ingleses. A medida visava enfraquecer o
concorrente, afim de poder dominá-lo.
Para que o bloqueio fosse efetivo, Napoleão necessitava que todas as nações sob sua influência
aderissem totalmente ao acordo, o que foi feito pela Rússia e Pela Áustria, mas não por Portugal.
Portugal era um pequeno reino na Península Ibérica, que dependia imensamente de suas colônias
para o sustento econômico. O principal parceiro econômico de Portugal era a Inglaterra, e desde 1703 os
dois países estavam sob um acordo conhecido como Tratado de Methuen, que recebeu o nome em
função do embaixador inglês que conduziu as negociações. O Tratado estabelecia o comércio de panos
ingleses e vinhos portugueses, o que a longo prazo provou-se desvantajoso para Portugal, pois o volume
panos que chegava era maior que o volume de vinhos que saía. Com o investimento na produção de
vinho, Portugal perdeu muitas das áreas de produção de alimentos, o que obrigou-o a importar parte dos
gêneros alimentícios. Além dos alimentos, Portugal deixou de investir em sua indústria, e importava uma
grande quantidade de produtos manufaturados da Inglaterra.
Por conta de todos os fatores citados, o Bloqueio Continental era desvantajoso para o pequeno país,
que optou por não aderir à estratégia de Napoleão. Sentindo-se prejudicado pela decisão portuguesa, e
vendo que seus esforços para impedir o comércio não estavam rendendo o esperado, em agosto de 1807
Napoleão envia um ultimato ao Príncipe Regente, D. João: ou Portugal rompia suas relações com a
Inglaterra, ou seria invadido.
Como Portugal manteve-se firme em sua decisão, a França assinou em conjunto com a Espanha o
Tratado de Fontainebleau, que dividia o território português entre os dois países e extinguia a dinastia
dos Bragança, à qual pertencia D. João.
Buscando manter suas relações comerciais, a Inglaterra, que possuía um poderoso poder naval,
pressionou Portugal, através de seu embaixador em Lisboa, lorde Strangford, a fugir para o Brasil.
Em novembro de 1807, o Príncipe Regente reuniu a família real e toda sua corte, totalizando cerca de
15 mil pessoas, e partiu para o Brasil, aportando em 22 de janeiro de 1808 na Bahia.
Aproveitando-se da luta de Napoleão na Espanha, a Áustria formou, em 1809, uma coligação, sendo,
porém, derrotada em Wagram, perdendo vastos territórios e transformando-se em potência secundária.
Nesse momento, o Império napoleônico encontrava-se em seu apogeu, com mais de 70 milhões de
habitantes, dos quais somente 27 milhões eram franceses. O exército francês parecia imbatível. Em 1812,
porém, a Rússia rompeu o bloqueio ao comércio inglês, sendo invadida por um poderoso exército. Apesar
da vitória na Batalha de Moscou, Napoleão foi obrigado a fazer uma retirada desastrosa, na qual morreram
milhares de homens.
Entusiasmados por este fracasso de Napoleão, Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia e Suécia formaram
uma coligação, derrotando os franceses na Batalha de Leipzig, em 1813. Napoleão foi então aprisionado
na ilha de Elba, de onde fugiu um ano depois, retornando à França e retomando o poder. Inicia-se o
governo dos Cem Dias. Durante esse governo, enfrentou a última coligação contra a França, sendo
derrotado pelos ingleses em Waterloo, na Bélgica, e novamente aprisionado e exilado na ilha de Santa
Helena, onde morreu em 1821.

Questões

01. A Revolução Francesa representou uma ruptura da ordem política (o Antigo Regime) e sua
proposta social desencadeou:
(A) a concentração do poder nas mãos da burguesia, que passou a zelar pelo bem-estar das novas
ordens sociais.
(B) a formação de uma sociedade fundada nas concepções de direitos dos homens, segundo as quais
todos nascem iguais e sem distinção perante a lei.
(C) a formação de uma sociedade igualitária regida pelas comunas, organizadas a partir do campo e
das periferias urbanas.
(D) convulsões sociais, que culminaram com as guerras napoleônicas e com a conquista das Américas.
(E) o surgimento da soberania popular, com eleição de representantes de todos segmentos sociais.

02. "Artigo 6 - A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja
protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a
todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que
as de suas virtudes e de seus talentos".
("Declaração dos direitos do homem e do cidadão", 26 de agosto de 1789.)

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 101
O artigo acima estava diretamente relacionado aos ideais
(A) socialistas que fizeram parte da Revolução Mexicana.
(B) capitalistas que fizeram parte da Independência dos EUA.
(C) comunistas que fizeram parte da Revolução Russa.
(D) iluministas que fizeram parte da Revolução Francesa.
(E) anarquistas que fizeram parte da Inconfidência Mineira.

03. A Revolução Francesa de 1789 foi diretamente influenciada pela Independência dos Estados
Unidos da América e pelo Iluminismo no combate ao Antigo Regime e à autoridade do clero e da nobreza
na França. Além do mais, a França passava por um período de crise econômica após a participação
francesa na guerra da independência norte-americana e os elevados custos da Corte de Luís XVI, que
tinham deixado as finanças do país em mau estado. Em 1791, os revolucionários promulgaram uma nova
Constituição, a partir dos princípios preconizados por Montesquieu, que consagrou, como fundamento do
novo regime:
(A) a subordinação do Judiciário ao Legislativo.
(B) a divisão do poder em três poderes.
(C) a supremacia do Judiciário sobre os outros poderes.
(D) o estabelecimento da soberania popular.
(E) o fortalecimento da monarquia absolutista.

04. De um modo geral, observa-se como numa sociedade a intervenção dos detentores do poder no
controle do tempo é um elemento essencial (...). Depositário dos acontecimentos, lugar das ocasiões
místicas, o quadro temporal adquire um interesse particular para quem quer que seja, deus, herói ou
chefe, que queira triunfar, reinar, fundar.
JACQUES LE GOFF
Adaptado de "Memória-História". Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1984.

Diversas experiências políticas contemporâneas alteraram as representações do tempo histórico, na


forma como são mencionadas no texto. Uma ação política que exemplifica essa intervenção no controle
do tempo, e que resultou na implantação de um novo calendário, ocorreu no contexto da revolução
denominada:
(A) Cubana
(B) Francesa
(C) Mexicana
(D) Americana

05. O início da Revolução Francesa tem como marco simbólico:


(A) a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789
(B) a instalação da Assembleia dos Estados Gerais, em maio de 1789
(C) a "Noite do Grande Medo"
(D) a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em agosto de 1789
(E) a execução do rei Luís XVI, em 1793

Respostas

01. Resposta B.
A partir da Revolução francesa é redigida a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que
pregava uma igualdade jurídica entre as pessoas. A revolução e a declaração porém não garantiram a
igualdade social da população.

02. Resposta D.
O iluminismo esteve presente de maneira enraizada nos ideais revolucionários, como pode ser
observado no lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, além de uma defesa pelos direitos dos cidadãos
presente na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

03. Resposta B.
Montesquieu foi um defensor da ideia de que o poder, se concentrado nas mãos de uma única pessoa,
seria mal utilizado. Para combater essa falha propõe que exista uma divisão de poderes entre Legislativo,

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 102
Executivo e Judiciário. Os princípios defendidos por Montesquieu iam de encontro as ideias iluministas,
inclusive sendo adotados ainda hoje na sociedade Brasileira.

04. Resposta B.
A revolução Francesa representou uma mudança muito grande na forma de entendimento de política
e organização de uma sociedade. Durante sua fase mais radical foi criado até mesmo um novo calendário
baseado nos ideais iluministas e rompendo com o calendário Gregoriano, de origem cristã.

05. Resposta A.
A Bastilha, que funcionava como uma prisão, representava também o símbolo da opressão do Antigo
Regime na sociedade francesa. Sua tomada e queda representam o domínio da população sobre o antigo
sistema e a dominação do rei.

25. Crises e revoltas na colônia portuguesa;

(As revoltas do período colonial foram tratadas junto dos tópicos 19, 20 e 21, que abordaram temas
relativos ao Brasil Colônia).

26. Independência do Brasil;


27. Crise do Império e proclamação da república brasileira;

Período Joanino e a Independência

Chegada dos portugueses no Brasil

Só passando para lembrar que quando tratamos sobre a chegada dos portugueses no Brasil a partir
do período joanino ou após o período colonial, estamos falando das CORTES portuguesas, uma vez
que a presença lusitana no nosso território é ininterrupta desde o descobrimento.

A presença da Corte portuguesa no Brasil; Realizações Político-sociais

As circunstâncias que fizeram com que as Cortes portuguesas se dirigissem ao Brasil passam
diretamente pela crise do sistema absolutista e a ascensão de Napoleão na França. Temos que ter isso
em mente para entender porque a família real portuguesa deixou seu país para viver em uma colônia que
só recebeu sua total atenção após a queda dos lucros em seus negócios com as Índias.
No final do século XVIII, as bases do sistema mercantilista começavam a demonstrar sinais de
fraqueza, provocadas pelas transformações na visão de economia e de Estado, que ocorreram na Europa,
a partir da segunda metade do século, com grande repercussão nas colônias.
A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial e as novas ideias iluministas e
liberais contribuíram para enfraquecer o absolutismo e garantir a ascensão da burguesia, como no caso
da Revolução Francesa em 1789. Nas colônias, a Revolução Americana de 1776, que inclusive
influenciou de certa forma a revolução na França; a Conjuração Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana
de 1798 mostraram a insatisfação de muitos setores da sociedade com o pacto colonial, caracterizado
pelas restrições comerciais.
Outro fator que enfraquece algumas monarquias absolutistas europeias é a expansão francesa.
Quando Napoleão começa sua campanha de expansão na Europa, depara-se com um inimigo poderoso:
a Inglaterra. Derrotado em algumas campanhas militares contra o reino inglês, Napoleão decide por fim
decretar restrições ao comércio com a ilha. Em 21 de novembro de 1806, foi decretado que os países
que estavam sob o domínio do império francês estavam proibidos de fazer comércio ou autorizar o acesso
aos portos para navios ingleses. A medida visava enfraquecer o concorrente, afim de poder dominá-lo.
Para que o bloqueio fosse efetivo, Napoleão necessitava que todas as nações sob sua influência
aderissem totalmente ao acordo, o que foi feito pela Rússia e Pela Áustria, mas não por Portugal.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 103
E por que Portugal foi contrário bloqueio?

Portugal era um pequeno reino na Península Ibérica, que dependia muitos de suas colônias para o
sustento econômico. O principal parceiro econômico de Portugal era a Inglaterra, e desde 1703 os dois
países estavam sob um acordo conhecido como Tratado de Methuen, que recebeu o nome em função
do embaixador inglês que conduziu as negociações. O Tratado estabelecia o comércio de panos ingleses
e vinhos portugueses, o que a longo prazo provou-se desvantajoso para Portugal, pois o volume panos
que chegava era maior que o volume de vinhos que saía. Com o investimento na produção de vinho,
Portugal perdeu muitas das áreas de produção de alimentos, o que obrigou-o a importar parte dos gêneros
alimentícios. Além dos alimentos, Portugal deixou de investir em sua indústria, e importava uma grande
quantidade de produtos manufaturados da Inglaterra.
Por conta dos fatores citados, o Bloqueio Continental era desvantajoso para o pequeno país, que optou
por não aderir à estratégia de Napoleão. Sentindo-se prejudicado pela decisão portuguesa, e vendo que
seus esforços para impedir o comércio não estavam rendendo o esperado, em agosto de 1807 Napoleão
envia um ultimato ao Príncipe Regente, D. João: ou Portugal rompia suas relações com a Inglaterra,
ou seria invadido.
Como Portugal manteve-se firme em sua decisão, a França assinou em conjunto com a Espanha o
Tratado de Fontainebleau, que dividia o território português entre os dois países e extinguia a dinastia
dos Bragança, à qual pertencia D. João.

A fuga para o Brasil

Buscando manter suas relações comerciais, a Inglaterra, que possuía um poderoso poder naval,
pressionou Portugal através de seu embaixador em Lisboa, lorde Strangford, a fugir para o Brasil.
Em novembro de 1807, o Príncipe Regente reuniu a família real e toda sua corte, totalizando cerca de
15 mil pessoas, e partiu para o Brasil, aportando em 22 de janeiro de 1808 na Bahia.
Ao chegar ao Brasil, D. João tratou de revidar o ataque francês em Portugal, ordenando a invasão e
conquista da Guiana Francesa em 1809, que permaneceu sob poder brasileiro até 1817, quando foi
devolvida.
A vinda da família real para o Brasil representava para a Inglaterra, além da manutenção de seus
negócios, a sua expansão. Assim que chegou ao Brasil, o príncipe regente assinou uma Carta Régia, que
abriu o comércio da colônia para as “nações amigas”. Segue abaixo um trecho do documento:

“Eu, o Príncipe Regente, [...] sou servido ordenar [...] o seguinte: primeiro, que sejam admissíveis nas
Alfândegas do Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas, e mercadorias transportadas, ou em navios
estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmonia com a minha Real Coroa, ou em navios
dos meus vassalos [...]. Segundo: que não só os meus vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros
possam exportar para os portos que bem lhes parecer a benefício do comércio, e agricultura, que tanto
desejo promover todos, e quaisquer gêneros, e produções coloniais, à exceção do pau-brasil [...] ficando
entretanto como em suspenso, e sem vigor todas as leis, cartas régias, ou outras ordens que até aqui
proibiam neste Estado do Brasil o recíproco comércio, e navegação entre os meus vassalos, e
estrangeiros. O que tudo assim fareis executar com o zelo, e atividade que de vós espero. Escrita na
Bahia aos vinte e oito de janeiro de mil oitocentos e oito. [...]”

O tratado foi muito benéfico para a Inglaterra, que poderia comercializar livremente com o Brasil, sem
intermédio português.
Ainda no ano de 1808, o Príncipe Regente extinguiu a lei que proibia a instalação de manufaturas no
Brasil.
Pouco depois de sua chegada, a família real e toda a corte portuguesa são transferidas para o Rio de
janeiro, chegando na cidade em 7 de março de 1808. A capital havia sido transferida de Salvador para o
Rio de Janeiro em 1763, para facilitar a fiscalização e por estar mais próxima da região produtora de
Ouro. Entre outros motivos, o Rio de janeiro era uma parada estratégica para navios que travessavam a
costa brasileira.
Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi recebida com festa: o povo aglomerou-se no
porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real em procissão até a Catedral, onde, após uma
missa em ação de graças, o rei concedeu o primeiro "beija-mão"16.

16
“Beija-mão” era uma prática desde os tempos medievais em que o soberano, em contato direto com seus súditos/vassalos recebia reverências (o ajoelhava-se e
beijava a mão do suserano) e as vezes, alguns pedidos.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 104
Ao chegar ao Rio, a primeira medida a ser cumprida era a de encontrar residências para todos os
membros que acompanhavam a família real. Aproximadamente 15 mil pessoas vieram para o Brasil em
quatorze navios trazendo suas riquezas, documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo que puderam
carregar.
A chegada repentina de milhares de portugueses representou um aumento substancial da população
do Rio de Janeiro, e exerceu impacto imediato nos moradores da cidade. Havia uma escassez crônica de
moradias, e foram necessárias medidas drásticas para instalar os portugueses. Antes mesmo da chegada
da frota, o vice-rei invocou uma lei que dava à coroa o direito de confiscar casas particulares com
pouquíssima formalidade. Funcionários do governo percorriam a cidade escolhendo arbitrariamente as
residências adequadas e escrevendo a giz em suas portas as iniciais “PR” que significavam Príncipe
Regente, o sinal indicava que os moradores deveriam desocupar prontamente suas casas. À medida que
as requisições prosseguiram, essas iniciais tornaram-se popularmente conhecidas pelos cariocas como
“Ponha-se na Rua”. Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, 10 mil casas foram pintadas com
as letras “PR”. O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu sua residência, O Palácio dos
Governadores, no Lago do Paço, que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua família.
A transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro provocou uma grande transformação na
cidade. D. João teve que organizar a estrutura administrativa do governo, já que a colônia era impedida
de possuir determinadas estruturas. Nomeou ministros de Estado, colocou em funcionamento diversas
secretarias públicas, instalou tribunais de justiça e criou o Banco do Brasil. Em abril de 1808, foi criado o
Arquivo Central, que reunia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de obras públicas.
Em maio, D. João criou a Imprensa Régia e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo
vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil
volumes trazidos de Lisboa. Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de Marinha (1808), a Aula de
Comércio e Academia Militar (1810) e a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência também ganhou
com a criação do Observatório Astronômico (1808), do Jardim Botânico (1810) e do Laboratório de
Química (1818). Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João Caetano). Em 1820, foi a vez da
Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura-civil.
Estruturalmente o Rio de Janeiro passou por uma grande mudança, expandiu-se, ganhou chafarizes
para que houvesse fornecimento de água, pontes e calçadas. Construíram-se ruas e estradas
pavimentadas, e a iluminação pública foi instalada.
Em 1816, a Missão Francesa, composta de pintores, escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao
Rio de Janeiro para criar a Imperial Academia e Escola de Belas-Artes. Entre os principais artistas da
Missão estava Jean-Baptiste Debret. Ele foi chamado de "a alma da Missão Francesa". Era desenhista,
aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição de
arte no Brasil (1829). Em 1818, trabalhou no projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para
os festejos da aclamação de dom João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarves.
Em "Viagem Pitoresca ao Brasil", coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações,
Debret retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas do
cotidiano.
A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólogos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos
outros que fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxe informações sobre o que acontecia
pelo mundo e também tornou este país conhecido, por meio dos livros e artigos em jornais e revistas em
que publicavam. Foi uma mudança profunda, mas que não alterou os costumes da grande maioria da
população carioca, composta de escravos e trabalhadores assalariados.
As mudanças promovidas por D. João provocaram o aumento da população na cidade do Rio de
Janeiro, que por volta de 1820, somava mais de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram
estrangeiros – portugueses, comerciantes ingleses, corpos diplomáticos – ou mesmo resultado do
deslocamento da população interna que procurava novas oportunidades na capital. Ainda assim,
aproximadamente metade da população da cidade era escrava, fator que manteve-se constante até o fim
do Império Brasileiro.
As construções passaram a seguir os padrões europeus. Novos elementos foram incorporados ao
mobiliário: espelhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros, instrumentos musicais, relógios de
parede.
A presença inglesa também faz notar-se cada vez mais. Com a Abertura dos Portos, promovida em
1808, o mercado brasileiro pôde ser penetrado pelos produtos ingleses, que acabaram por sufocar a
produção local, como no caso das manufaturas. Em 1808, o Alvará de Liberdade Industrial revogou uma
proibição de 1785 sobre a instalação de manufaturas do Brasil, que, porém, tiveram vida curta devido aos
acordos comerciais entre as nações.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 105
Munido das instruções de Londres, o plenipotenciário17 inglês no Rio de Janeiro, lorde Strangford, após
inúmeras conversações, conseguiu mais um êxito para o seu país, firmando com os portugueses os
Tratados de 1810, que foram três medidas que beneficiaram o comércio inglês: Tratado de Comércio e
Navegação, Tratado de Amizade e Aliança e o Tratado dos Paquetes (embarcações).
Por força do Tratado de Comércio e Navegação, as mercadorias importadas da Inglaterra, ao entrar
no Brasil, sofreriam uma taxação de 15% sobre seu valor, os produtos portugueses seriam tributados em
16% e os dos demais países, em 24%; também criava-se o direito de extraterritorialidade judicial para os
súditos ingleses (criação dos juízes conservadores) e declarava-se franco o porto de Santa Catarina.
O Tratado de Aliança e Amizade determinava a redução do tráfico negreiro para o Brasil, bem como o
compromisso de D. João de não permitir o estabelecimento do Santo Ofício (Inquisição) no nosso
território.

O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves


Com a derrota de Napoleão em 1815, foi realizada uma reunião entre os líderes das nações europeias,
conhecida como Congresso de Viena. No congresso ficou decidido que os reis de países invadidos pela
França deveriam voltar a ocupar seus tronos.
Com o objetivo de atrapalhar as relações entre Portugal e Inglaterra, Talleyrand, que representou a
França durante o congresso, sugeriu que D. João permanecesse no Brasil, unificando os reinos que já
dominava. A medida era importante para conter os avanços ingleses sobre a colônia, já que até então, a
família real ainda governava Portugal, e estava em situação de fuga, o que permitia que os ingleses
impusessem suas vontades. Com a elevação para reino, ficava confirmada a soberania portuguesa sobre
o Brasil.
D. João e sua corte não quiseram retornar ao empobrecido Portugal. Em 16 de dezembro de 1815, foi
assinada a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido ao de Portugal e Algarves (uma região ao sul
de Portugal), legitimando assim a permanência da casa dos Bragança em nosso país. D. João consagrou-
se, com essa medida, e foi intitulado pela Graça de Deus Príncipe-Regente de Portugal, Brasil e Algarves,
daquém e d’além-mar em África, senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia,
Arábia, Pérsia e Índia.
Essa medida feriu ainda mais a dignidade da população lusitana, que desde 1807, passava por uma
grave crise financeira e pela falta de gêneros de primeira necessidade.

Revolução Pernambucana
Embora D. João tenha tomado inúmeras medidas para transformar o Brasil na legítima sede da
monarquia lusitana, as mudanças atingiam diretamente a corte e o Rio de Janeiro. A situação
socioeconômica brasileira ainda era precária. Como resposta, houveram protestos, como a Revolução
Pernambucana de 1817.
Pesados impostos, descaso administrativo, arbitrária e opressiva administração militar, insatisfação
popular, como também os ideais de nativismo e da extinção do colonialismo, defendidos pela Maçonaria
e propagados em centros como o dissolvido Areópago de Itambé18 e o Seminário de Olinda, colocavam
Pernambuco em uma situação propícia a uma tomada de posição revolucionária e emancipacionista.
A revolta foi delatada, e em março de 1817 a prisão dos conspiradores foi ordenada, dando início à
revolução, que possuía características republicanas, separatistas e anti-lusitana.
Resistindo e lutando contra as tropas do governo, foi criado um “Governo Provisório” composto de
cinco representantes: um militar, um magistrado, um religioso, um comerciante e um fazendeiro. Apesar
de ter sido bem sucedida em seu início, contando inclusive com o apoio e a adesão da Paraíba e Rio
Grande do Norte, a revolução foi sufocada
Com a revolta sufocada, os principais líderes foram presos, alguns inclusive executados. As
investigações (devassa) permaneceram até 6 de fevereiro de 1818, quando D. João assumiu a posição
de rei de Portugal, Brasil e Algarves. Após a nomeação de D. João, alguns dos prisioneiros foram
libertados e outros foram mandados para prisões na Bahia, onde permaneceram até 1821, sendo
libertados após obterem o perdão real. Um dos membros mais expressivos da revolta foi o Frei Caneca.

O Retorno de D. João para Portugal


Enquanto a situação no Brasil mostrava-se favorável, com as mudanças no Rio de Janeiro e a relativa
tranquilidade com que D. João governava, em Portugal a situação tornava-se cada vez mais complicada.

17
Agente diplomático que tem plenos poderes
18
Primeira loja maçônica do Brasil, fundada em 1796.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 106
Após a fuga para o Brasil e a abertura dos portos para as nações aliadas, o comércio português que
dependia imensamente do mercado brasileiro, entrou em decadência, pois não conseguia competir com
os preços ingleses.
O sentimento de superioridade portuguesa também foram abalados após a transferência da corte para
o Brasil, juntamente com as reformas executadas no Rio de Janeiro para transformar a cidade em sede
do governo real. Lisboa, que antes era o coração do reino, abrigando a família real, a corte e todo o
aparelho administrativo do Estado, havia sido deixado em segundo plano.
Os portugueses também estavam descontentes com o governo. Após a expulsão dos franceses, D.
João não retornou ao país, que passou a ser administrado pelo general inglês Beresford.
A junção desses fatores gerou a Revolução Liberal do Porto em 24 de agosto de 1820. Os revoltosos
pretendiam anular o absolutismo e manter o Brasil em situação de colônia. Em dezembro do mesmo ano
o movimento saiu vitorioso, e foram eleitos os deputados às Cortes de Lisboa (Assembleia Constituinte),
que passaram a atuar como órgão governativo do Reino Unido; provisoriamente, adotou-se a Constituição
que a Espanha recém elaborara.
O movimento foi seguido por comerciantes portugueses e pela aristocracia rural, que passaram a exigir
de D. João e deu seu filho e herdeiro, D. Pedro, o juramento à constituição e o acatamento das decisões
das Cortes. Enquanto isso, as províncias passaram a ser governadas por juntas governativas provisórias.
Após intensa pressão, em 25 de abril de 1821, D. João retorna para Portugal levando o dinheiro e o
ouro existentes no Banco do Brasil.
Para garantir o domínio do território, D. Pedro fica no país, ocupando a função de Regente do Reino
do Brasil, o que se tornou um obstáculo aos planos de recolonização.

O dia do Fico e a Independência do Brasil


Após o regresso de D. João, a presença de D. Pedro incomodava as Cortes de Lisboa, que trataram
muito mal os deputados brasileiros enviados para Portugal. Além disso, buscavam tomar medidas cada
vez mais voltadas à recolonização, como a exigência do retorno imediato do regente para Portugal e a
supressão de Tribunais e Repartições aqui instalados.
Percebendo que as medidas tomadas implicariam em prejuízo, a aristocracia brasileira passou a apoiar
o movimento emancipatório. Após receber um abaixo-assinado com aproximadamente 8 mil assinaturas,
D. Pedro rompe suas relações com as Cortes no dia 9 de janeiro de 1822, em um episódio que ficou
conhecido como Dia do Fico, pois o regente reafirmava sua intenção de permanecer no Brasil, através
da frase: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".
Após o episódio, a tropa militar portuguesa aquartelada no Rio de Janeiro foi obrigada a sair da cidade,
rumando para Niterói e depois para a Europa.
Após algumas medidas, como a criação do Conselho dos Procuradores-Gerais das Províncias do
Brasil, com atribuições legislativas; o decreto do “Cumpra-se”, subordinando a execução das decisões
das Cortes à aprovação do regente; a aceitação por D. Pedro do título de Defensor Perpétuo do Brasil,
oferecido pela Maçonaria; a convocação de uma Assembleia Constituinte Brasileira e a proibição do
desembarque de tropas portuguesas no Brasil, todas durante o ano de 1822, em 7 de setembro é
declarada a Independência do Brasil.

O Reconhecimento da Independência
Todas as nações que declaram sua independência, principalmente no contexto da descolonização da
América no século XIX, precisam de um reconhecimento externo para não tornarem-se isoladas
econômica e politicamente. Ou seja, era indispensável este reconhecimento para que o Brasil pudesse
ter condições de estabelecer um Estado autônomo e soberano.
Um exemplo do encerramento das relações ocorreu quando o Haiti tornou-se independente. A ilha
localizada na América Central, foi o a primeira colônia na América a rebelar-se e conseguir a separação
da França, em 1804. Diferente do que ocorreu em outros lugares, como nos Estados Unidos em 1776, a
revolução no Haiti foi marcada pela imensa participação dos escravos, que inclusive tomaram o poder.
Como consequência, os países que mantinham relações comerciais com a ilha através da França, ficaram
com medo de que esse ato de rebelião se expandisse para as colônias americanas e acabaram fechando
todos os pactos comerciais selados.
As relações mantidas com a África, principalmente em relação ao comércio de escravos, prática que
já se arrastava por alguns séculos, garantiram ao Brasil o reconhecimento da independência através de
dois reis africanos — Obá Osemwede, do Benim, e Ologum Ajan, de Eko, Onim ou Lagos. Em 1824,
buscando cumprir sua política de aproximação com as outras nações americanas, os Estados Unidos
reconheceram o desenvolvimento da independência do Brasil.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 107
Apesar da importância do ato promovido pelos estadunidenses, era indispensável que Portugal, que
possuía diversas relações comerciais com o Brasil, também o fizesse.
Com interesse na emancipação brasileira, a Inglaterra intermediou os acordos com Portugal,
resultando na assinatura do Tratado de Paz e Aliança, em 29 de agosto de 1825. A aceitação de Portugal,
porém, não veio sem um preço: o Brasil deveria pagar uma indenização de dois milhões de libras
esterlinas para a antiga metrópole, e D. João, com a intenção de um dia promover a reunificação, exigiu
continuar a ostentar o título de Imperador do Brasil.
O pagamento da dívida com Portugal foi feito através de um empréstimo da Inglaterra, já que o Brasil
encontrava-se sem condições de arrecadar a quantia requisitada. Entre as exigências dos ingleses para
o reconhecimento da nova nação, estavam a manutenção das taxas alfandegárias e a abolição da
escravidão em um período de três anos, a partir de 1826.
Após o reconhecimento português, várias outras nações da Europa e da América foram impelidas a
realizarem o mesmo gesto político. Com isso, o Brasil poderia estabelecer negócio com outras nações do
mundo através da assinatura de acordos e o estabelecimento de tratados de comércio.

Primeiro Reinado e Regência: organização do Estado e lutas políticas

O Primeiro Reinado (1822-1831)


Apesar de ter sido considerado um movimento pacífico, a Independência do Brasil gerou algumas
desavenças e opiniões contrárias. Em alguns pontos do novo Império, mais precisamente na capital da
Bahia e nas províncias do Piauí, Maranhão, Pará e Cisplatina, as tropas portuguesas que ainda se
encontravam no país não quiseram aceitar a autoridade do novo governo de D. Pedro. A Bahia constituiu
o principal foco da resistência, com o brigadeiro Madeira de Melo no comando das forças portuguesas.
Antes de oficializar-se a separação entre Brasil e Portugal, alguns apoiadores da independência já
passavam por hostilizações, como foi o caso do Convento da Lapa, que fora assaltado e a superiora,
Joana Angélica, assassinada. As revoltas nas províncias foram contidas através do poder militar,
garantindo a unidade territorial.
Outro fator de destaque no movimento de independência foi a pouca participação popular, visto que
em alguns casos, as regiões mais afastadas levaram muito tempo para saber que o Brasil agora não era
mais uma colônia de Portugal.
Uma das principais figuras e articulador da ideia de um Império brasileiro, indo na contramão dos ideais
republicanos que caracterizaram as revoltas América Espanhola, foi o estadista José Bonifácio. Ele havia
estudado e lecionado na Europa.
Ao regressar ao Brasil, havia se tornado um dos principais articuladores da Independência. Após
consolidado o movimento, Bonifácio configurava-se na principal figura política do País.
Quando D. Pedro assumiu o posto de imperador, Bonifácio foi escolhido para ocupar a pasta do Reino
e dos Estrangeiros. Embora tivesse ideias liberais, logo divergiu dos brasileiros que também promoveram
a Independência. Eram discordâncias quanto à 'prática' que efetivaria o Estado Nacional.
Bonifácio desconfiava dos republicanos, pois achava que estes poderiam convulsionar o País e
possivelmente ameaçar a integridade e a estrutura brasileira. Era um exagero, pois se tratava de grupos
em disputa de projeção política, que agiam dentro de uma igual linha ideológica: essencialmente
conservadores. Mesmo assim, Bonifácio não se esquivava de seus objetivos, ele era partidário de um
poder altamente centralizado e forte. Na verdade, ao querer o regime monárquico rígido, pretendia, na
figura de ministro, participar do poder decisivamente.

A Primeira Constituição Brasileira


Antes mesmo da independência, D. Pedro já havia convocado uma Assembleia Constituinte, que foi
instalada em 3 de maio de 1823. Mesmo com a ideia de criação de uma constituição para, entre outros,
limitar os poderes do monarca, D. Pedro sempre mostrou-se autoritário, fazendo com que muitos
deputados constituintes se opusessem à sua conduta. Entre os que mais criticaram o imperador estavam
os irmãos Andrada, que passaram para a oposição.
O governo imperial era criticado principalmente pelas medidas que tomava, como a indicação pelo
imperador de portugueses para altos cargos, o que levava muitos brasileiros a acreditarem que D. Pedro
planejava devolver o Brasil ao domínio português
Na oposição, Antônio Carlos de Andrada elaborou um anteprojeto da Constituição baseado no modelo
português, limitando os poderes do imperador, assumindo um caráter nitidamente classista e
demonstrando uma xenofobia extremada. Esse anteprojeto de constituição ficou conhecido como
Constituição da Mandioca, pois segundo ela só poderiam ser eleitores ou candidatos aqueles que
tivessem certa renda, equivalente a 150 alqueires de farinha de mandioca. O critério utilizado demonstra

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 108
um predomínio da elite agrária sobre o campo da política, que além de defender a posse de terras para
poder exercer os direitos políticos, também mantinha a escravidão como forma de mão-de-obra.
A influência do modelo europeu adotado pode ser observada na forma como o anteprojeto de Andrada
dividia os poderes do Estado:

Poder Executivo: poder exercido pelo imperador, no caso D. Pedro I, e seus ministros de Estado.

Poder Legislativo: constituído pela Assembleia Geral, ou seja, pelos deputados e senadores, sendo
os primeiros eleitos de quatro em quatro anos, e os segundos com mandato vitalício.

Poder Judiciário: composto pelos juízes e pelos tribunais. Seu órgão máximo, como o é até hoje, era
o Supremo Tribunal de Justiça.

Constava no projeto da constituição, o predomínio do poder legislativo sobre o executivo, o que


contrariou profundamente D. Pedro I, que tinha ideais absolutistas e centralizadores.
O anteprojeto estava sendo discutido quando D. Pedro I ordenou o cerco ao prédio da Assembleia,
reunida em sessão permanente, em um episódio que ficou conhecido como Noite da Agonia, e
determinou a dissolução da Constituinte em 12 de novembro de 1823. Em seguida, o imperador nomeou
um Conselho de Estado, incumbindo-o de redigir uma Constituição para o País.
A Constituição foi outorgada em 15 de março de 1824, com um caráter unitário e centralizador,
dividindo o Estado em quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O último de
exclusividade do imperador, permitia a D. Pedro ter a decisão final sobre todos os assuntos que lhe
interessassem.
As eleições seriam censitárias e indiretas, e a Igreja ficaria subordinada ao Estado. Essa Constituição,
que vigorou até 1889, na realidade consagrava as aspirações da aristocracia rural, pois o Império ficava
estruturado à sua imagem: liberal na forma, mas conservador na prática.

A Confederação do Equador
Inconformados com o caráter elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador
por parte de D. Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste defendiam a federação e a
separação destas do Brasil.
Em Pernambuco, que já possuía um histórico de aversão aos portugueses e ao domínio imperial, com
a revolução de 1817, sentiram o peso do autoritarismo real quando D. Pedro I depôs o governador Manuel
de Carvalho Paes de Andrade, e indicou um substituto para o cargo. A troca do governo seria o último
episódio que antecedeu a formação do movimento que ficou conhecido como Confederação do
Equador.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 109
A Confederação teve início com a ação de lideranças populares pernambucanas, e logo ganhou força
e espalhou-se para outros estados do nordeste. Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba também se
juntaram ao movimento. Impassíveis às tentativas de negociação do Império, os revoltosos buscaram
criar uma constituição de caráter republicano e liberal. Além disso, o novo governo resolveu abolir a
escravidão e organizou forças contra as tropas imperiais.
Após as primeiras ações estabelecidas pela Confederação, alguns dos líderes decidiram radicalizar
alguns pontos do novo governo, como a ampliação dos direitos políticos e reformas sociais. O rumo
tomado por Frei Caneca e Cipriano Barata fez com que os apoiadores do movimento ligados diretamente
à elite regional o abandonassem, temendo perder privilégios políticos e sociais já existentes.
O governo imperial reagiu ferozmente ao movimento, utilizando inclusive a contratação de mercenários
ingleses para conter o levante. Os ataques do império e o enfraquecimento interno levaram ao fim da
revolta, que teve dezesseis condenados à morte, entre eles, Frei Caneca, que já havia participado da
Revolução Pernambucana de 1817.

A Cisplatina
Desde o período colonial, a coroa portuguesa possuía o desejo de expandir seu Império até as
margens do Rio da Prata, na porção sul do continente. Com a conquista de Napoleão sobre a Europa e
a deposição do rei espanhol Fernando VII em 1808, as colônias espanholas na América começaram a
rebelar-se ao longo da década seguinte, gerando vários movimentos de independência.
Percebendo a instabilidade política, em 1820, a Cisplatina foi invadida como parte das ações de Dom
João VI. Uma das justificativas para a invasão reside no fato de a mulher de D. João, Carlota Joaquina,
ser espanhola e irmã de Fernando VII, e desejava manter o domínio de um espanhol sobre a região.
Outro fator de destaque é que a Cisplatina era um ponto estratégico no domínio e soberania do reino
brasileiro, e conquistá-la poderia garantir que revoltas liberais não se espalhassem pelo território.
Durante o processo de independência brasileira, poucos anos após a anexação, a Cisplatina tornou-
se palco de revoltas que buscavam separá-la do domínio brasileiro e conquistar a independência. Apesar
das lutas e da resistência, as expedições militares conseguiram conter as revoltas, mantendo o controle
sobre o território.
Em 1825, o general Juan Antonio Lavalleja, com o apoio de lideranças políticas argentinas, organizou
um movimento de emancipação da Cisplatina, declarando sua anexação à República das Províncias do
Rio da Prata, que integrava o território argentino. A mudança não foi aceita por D. Pedro I, que declarou
guerra contra os revoltosos, algo que durante os próximos anos enfraqueceria tanto a economia brasileira,
por ter que arcar com os custos da guerra, quanto a imagem de D. Pedro I, pois muitos consideravam a
disputa como algo infundado, já que a Cisplatina não possuía muitos traços em comum com o restante
do país. Em 1828, após anos de tentativa infrutífera de recuperar a antiga província, o Brasil retira-se do
conflito, e os rebeldes vitoriosos proclamam a Republica Oriental do Uruguai.
Muitos jornalistas teciam duras críticas ao imperador. Outro fato que manchou ainda mais a imagem
de D. Pedro foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande opositor seu. Badaró
representava uma das figuras que criticava o autoritarismo de Dom Pedro I e seu governo imperial nos
periódicos de divulgação de ideias liberais: o "Farol Paulistano" e o "Observador Constitucional". O
jornalista foi misteriosamente assassinado, na cidade de São Paulo, em 1830.
No mesmo ano, as forças liberais brasileiras, espelhadas na Revolução Liberal de 1830, que eliminou
o absolutismo dos Bourbon na França, aumentaram as críticas à conduta política do Imperador. Com a
dissolução da Câmara dos Deputados e o assassinato de Líbero Badaró, aumentou ainda mais a
insatisfação dos políticos brasileiros, que passaram a articular a derrubada de D. Pedro I.
Em março de 1831, depois de uma desastrosa viagem a Minas Gerais, onde o Imperador sofreu a
hostilidade dos políticos locais, o Partido Português resolveu promover uma grande festa em apoio ao
governante, prontamente repelida pelo povo do Rio de Janeiro, manipulado pela elite dirigente. A luta
entre brasileiros e portugueses em treze de março, conhecida como Noite das Garrafadas, era o prelúdio
do fim.
Em 7 de abril de 1831, depois de sucessivas trocas ministeriais e incapaz de deter os distúrbios de
rua, promovidos por populares e que contavam agora com a adesão de tropas do governo, D. Pedro
abdicou do trono brasileiro, em favor de seu filho, o príncipe D. Pedro de Alcântara.
A abdicação de D. Pedro ocorreu tanto pela pressão política que o imperador sofria da elite e populares
brasileiros, quanto pela tentativa de assegurar os direitos de sua filha, Maria da Glória, pois com a morte
de D. João VI em Portugal, a Coroa iria, por direito, a D. Pedro I, que preferiu abdicar o trono português
em benefício da filha. Assim terminava o Primeiro Reinado.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 110
Período Regencial: lutas civis, atividades políticas e maioridade

O Período Regencial (1831-1840)


Com a volta de D. Pedro I para Portugal, o direito ao trono brasileiro foi transferido para seu filho, que,
entre outras coisas, ficou conhecido pelo extenso nome que possuía: Pedro de Alcântara João Carlos
Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de
Bragança e Bourbon. Apesar do grande nome, o menino Pedro tinha apenas cinco anos de idade quando
seu pai resolve regressar ao país de origem.
A pouca idade do futuro imperador era algo que preocupava os políticos brasileiros favoráveis à
manutenção do império, pois o menino não possuía idade para governar e uma possível revolução poderia
ocorrer se nada fosse feito. Para garantir a manutenção do sistema político, foi definido que o Brasil seria
governado por regentes até que o imperador completasse a idade de vinte e um anos, e estivesse enfim
apto a assumir o poder.
O periodo regencial foi marcado no Brasil pela instabilidade política e pelas revoltas, que foram
controladas após o imperador assumir o poder.
No meio político, formaram-se tres grupos distintos que lutavam pelo poder, formados basicamentes
pelos mesmos segmentos que já dominavam o país desde o periodo colonial. Dividiam-se entre
os restauradores, os liberais moderados e os liberais exaltados.

Restauradores: Também conhecidos por Caramurus, defendiam a continuação do governo de D.


Pedro I, com um histórico de apoio ao monarca e sua conduta absolutista. Quando o imperador abdicou
ao trono, defenderam sua volta, pois consideravam que o único meio de manter a tranquilidade política e
a unidade nacional era através da monarquia autoritária. Muitos deles também foram antigos beneficiados
do governo imperial, como José Bonifácio, que após saída de D. Pedro I, passou a ser tutor de D. Pedro
II. Estavam presentes no Senado e eram representados pelo Clube Militar. Após a morte de D. Pedro I
em 1834, defenderam o conservadorismo e estiveram presentes na aclamação precoce de D. Pedro II
em 1840.

Liberais Moderados: Também chamados de chimangos ou chapéus-redondos, eram entendidos


como a direita liberal, compostos de uma parcela da aristocracia rural, com uma tendência monarquista,
já que esta garantia a eles a proteção de seus privilégios. Defendiam uma monarquia constitucional, pois
eram contra o domínio total do imperador. Apesar do nome de liberais, a definição era mais um enfeite
do que uma orientação de pensamento. Na prática eram conservadores e contra qualquer tipo de abertura
política ou reforma social, defendendo a manutenção da ordem vigente. Uniam-se sob a égide da
Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, fundada por Evaristo da Veiga.
Empenharam-se no combate aos restauradores e exaltados federalistas, na defesa da ordem e da
centralização, fornecendo subsídios para a orientação governista.

Liberais Exaltados: Também chamados de Chapéus-de-palha, os liberais exaltados eram


representados não só por algumas parcelas da aristocracia rural, como também por outros segmentos
sociais. Apresentavam-se divididos em camadas sobrepostas, constituindo-se inicialmente por uma
camada de homens livres, destituídos de propriedades, ou pequenos proprietários. Variando de região
para região, desenvolviam atividades nos centros urbanos ou nos campos, oscilando numa relação de
dependência entre a classe dominante e a classe que fornecia o trabalho. Seguia-se o aglomerado urbano
e rural marginalizado de recursos: agregados, lavradores e citadinos, dedicados a pequenos expedientes
e biscates.
Os liberais exaltados defendiam interesses opostos aos moderados, ou seja, buscavam reformas
sociais e políticas que beneficiassem uma parcela maior da população, em especial seus representantes.
Buscavam uma maior autonomia para as províncias e mudanças na constituição de 1824, defendendo
inclusive o fim da monarquia e a substituição por uma Republica federalista. Organizavam-se em torno
da Sociedade Federal e de clubes federalistas espalhados pelas províncias.

A Regência Trina Provisória


No momento da abdicação, estando os deputados em férias, formou-se a Regência Trina Provisória,
que deveria governar até 17 de junho de 1831.
Instalada em 7 de abril de 1831, a regência trina era uma exigência da Constituição para o caso de
não haver parentes próximos do soberano com mais de 35 anos e em condições de assumir o poder.
Na composição da Regência Provisória assinalou-se, sobretudo, uma tentativa de equilíbrio político.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 111
Os seus componentes eram Campos Vergueiro, representante das tendências liberais; Carneiro de
Campos, representante do conservadorismo e Francisco de Lima e Silva, representante da força militar
no equilíbrio das tendências.
Essa regência manteve a Constituição de 1824, concedeu anistia aos presos políticos, reintegrou o
ministério demitido por D. Pedro e promulgou a Lei Regencial de abril de 1831, que limitava os poderes
dos regentes.

A Regência Trina Permanente


Eleita em junho de 1831, foi composta por Bráulio Muniz, Costa Carvalho e Francisco de Lima e Silva,
Com o padre Diogo Antônio Feijó no Ministério da Justiça.
Entre as principais realizações da Regência Trina Permanente está a criação da Guarda nacional,
com o propósito de defender a constituição, a integridade, a liberdade e a independência do Império
Brasileiro. Sua criação desorganiza o Exército, e começa a se constituir no país uma força armada
vinculada diretamente à aristocracia rural, com organização descentralizada, composta por membros da
elite agrária e seus agregados. Para compor os quadros da Guarda nacional era necessário possuir
amplos direitos políticos, ou seja, pelas determinações constitucionais, poderiam fazer parte dela apenas
aqueles que dispusessem de altos ganhos anuais.
Com a criação da Guarda e suas exigências para participação, surgiram os coronéis, que eram
grandes proprietários rurais que compravam suas patentes militares do Estado. Na prática, eles foram
responsáveis pela organização de milícias locais, responsáveis por manter a ordem pública e proteger os
interesses privados daqueles que as comandavam. O coronelismo esteve profundamente enraizado no
cenário político brasileiro do século XIX e início do século XX, tendo seu auge durante os anos da
República Velha.
No mesmo ano de 1831 foi promulgado a Lei Feijó, proibindo o tráfico e considerando livres todos os
africanos introduzidos no Brasil a partir desta data. A lei foi ignorada e chamada popularmente de “lei para
inglês ver”, devido ao acordo feito com a Inglaterra de abolição da escravidão como exigência para o
reconhecimento da independência brasileira.
Em 29 de novembro de 1832 é aprovado o Código do Processo Criminal, que altera a organização do
Poder Judiciário. Os juízes de paz, eleitos diretamente sob o controle dos senhores locais, passam a
acumular amplos poderes nas localidades sob sua jurisdição.

Ato Adicional de 1834


O Ato Adicional de 1834 foi uma revisão da Constituição de 1824. Promulgado em 12 de agosto,
possuía caráter descentralizador, instituindo a criação de assembleias legislativas nas províncias, a
supressão do Conselho de Estado e a Regência Una. O Rio de Janeiro foi considerado um território
neutro. Também foi reduzida a idade para o imperador ser coroado, de 21 para 18 anos.

Regência Una
Apesar de uma tentativa frustrada de assumir o poder em 1832, abandonando o cargo de Ministro da
Justiça logo em seguida, o padre Feijó obteve a maioria dos votos na eleição para Regente em 1835.
Empossado em 12 de outubro do mesmo ano para um mandato de quatro anos, padre Feijó não completa
dois anos no cargo. Seu governo é marcado por intensa oposição parlamentar e rebeliões provinciais,
como a Cabanagem, no Pará, e o início da Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. Com poucos
recursos para governar e isolado politicamente, renunciou em 19 de setembro de 1837.

Segunda regência Una


Com a renúncia de Feijó e o desgaste dos liberais, os conservadores obtêm maioria na Câmara dos
Deputados e elegem Pedro de Araújo Lima como novo regente único do Império, em 19 de setembro de
1837. A segunda regência una é marcada por uma reação conservadora, e várias conquistas liberais são
abolidas. A Lei de Interpretação do Ato Adicional, aprovada em 12 de maio de 1840, restringe o poder
provincial e fortalece o poder central do Império. Acuados, os liberais aproximam-se dos partidários de D.
Pedro. Juntos, articulam o chamado golpe da maioridade, em 23 de julho de 1840.

Revoltas no Período Regencial


Em muitas partes do império a insatisfação com o governo cresceu muito, levando alguns grupos a
apelarem para a luta armada e a revolta como forma de protesto.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 112
Cabanagem (1833-1840)
A Cabanagem foi uma revolta que ocorreu entre 1833 e 1839, na região do Grão-Pará, que
compreende os atuais estados de Amazonas e Pará. A revolta começou a partir de pequenos focos de
resistência que aumentaram conforme o governo tentava sufocar os protestos, impondo leis mais rígidas
e a obrigação de participação no exército daqueles que fossem considerados praticantes de atos
suspeitos. A cabanagem contou com grande participação da população pobre, principalmente os
Cabanos, pessoas que viviam em cabanas na beira dos rios. Os revoltosos tomaram a cidade de Belém,
porém foram derrotados pelas tropas imperiais.

Revolução Farroupilha (1835-1845)


A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi uma revolta promovida por grandes proprietários
de terras no Rio Grande do Sul, conhecidos como estancieiros. O objetivo de seus líderes era de separar-
se do restante do país.
A revolta começa pelo descontentamento de produtores do sul do país em relação à produtores
estrangeiros de charque, principalmente os platinos e argentinos que comercializavam e concorriam com
os estancieiros pelo mercado do produto no Brasil, utilizado principalmente na alimentação de escravos.
Em 1835, insatisfeitos com o governo, os estancieiros iniciam a revolta, tendo Bento Gonçalves como
principal chefe do movimento, comandando as tropas farroupilhas que dominaram Porto Alegre. Com as
vitórias obtidas foi proclamado um governo independente em 1836, conhecido como Republica do Piratini,
com Bento Gonçalves como presidente.
Em 1839, o movimento farroupilha conseguiu ampliar-se. Forças rebeldes, comandadas por Giuseppe
Garibaldi e Davi Canabarro, conquistaram Santa Catarina e proclamaram a República Juliana. A revolta
consegue ser contida somente após a coroação de D. Pedro II e os esforços do Barão de Caxias,
encerrando os conflitos em 1 de março de 1845.

Revolta dos Malês (1835)


Em Salvador, nas primeiras décadas do século XIX, os negros escravos ou libertos correspondiam a
cerca de metade da população. Pertenciam a vários grupos étnicos, culturais e religiosos, entre os quais
os muçulmanos – genericamente denominados malês -, que protagonizaram a Revolta dos Malês, em
1835.
O exército rebelde era formado, em sua maioria, por “negros de ganho”, escravos que vendiam
produtos de porta em porta e, ao fim do dia, dividiam os lucros com os senhores. Podiam circular mais
livremente pela cidade que os escravos das fazendas, o que facilitava a organização do movimento. Além
disso, alguns conseguiam economizar e comprar a liberdade. Os revoltosos lutavam contra a escravidão
e a imposição da religião católica, em detrimento da religião muçulmana.
A repressão oficial resultou no fim da Revolta dos Malês, que teve muitos mortos, presos e feridos.
Mais de quinhentos negros libertos foram degredados para a África.

Sabinada (1837-1838)
A Sabinada ocorreu na Bahia, com o objetivo de implantar uma república independente. Foi liderada
pelo médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, e por isso ficou conhecida como Sabinada. O
principal objetivo da revolta era instituir uma república baiana, mas só enquanto o herdeiro do trono
imperial não atingisse a maioridade legal. Diferentemente de outras revoltas ocorridas no período, a
sabinada não contou com o apoio das camadas populares e nem com os grandes proprietários rurais da
região, o que garantiu ao exército imperial uma vitória rápida.

Balaiada (1838-1841)
A Balaiada ocorreu no Maranhão, em 1838, e recebeu esse nome devido ao apelido de uma das
principais lideranças do movimento, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, o "Balaio", conhecido por ser
um vendedor do produto.
A Balaiada representou a luta da população pobre contra os grandes proprietários rurais da região. A
miséria, a fome, a escravidão e os maus tratos foram os principais fatores de descontentamento que
levaram a população a se revoltar.
A principal riqueza produzida na província, o algodão, sofria forte concorrência no mercado
internacional, e com isso o produto perdeu preço e compradores no exterior. Além da insatisfação popular,
a classe média maranhense também se encontrava descontente com o governo imperial e suas medidas
econômicas, encontrando na população oprimida uma forma de combatê-lo.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 113
Os revoltosos conseguiram tomar a cidade de Caxias em 1839 e estabelecer um governo provisório,
com medidas que causaram grande repercussão, como o fim da Guarda Nacional e a expulsão dos
portugueses que residiam na cidade.
Com a radicalização que a revolta tomou, como a adesão de escravos foragidos, a classe média que
apoiava as revoltas aliou-se ao exército imperial, o que enfraqueceu bastante o movimento e garantiu a
vitória 1841, com um saldo de mais de 12 mil sertanejos e escravos mortos em batalhas. Os revoltosos
que acabaram presos foram anistiados pelo imperador.

A Maioridade
Durante o período em que aguardava a maioridade, o jovem Pedro preparou-se para exercer sua
função, como demonstra uma carta19 enviada para a irmã, a rainha Maria da Glória, de Portugal:

“Querida e muito amada irmã. Aproveitamos a viagem a Paris que faz o Sr. Antônio Carlos d’Andrada,
irmão do nosso Tutor, para dar-lhe notícias. Há muito tempo estamos privados das suas, assim como das
de nossa querida Mamãe [...] Aqui esforçamo-nos em seguir o seu exemplo: Escrita, Aritmética,
Geografia, Desenho, Francês, Inglês, Música e Dança dividem os nossos momentos; fazemos constantes
esforços para adquirir conhecimento e somente a nossa aplicação pode trazer um pouco de lenitivo às
vivas saudades que nos faz experimentar a separação [...]”

Com todos os problemas e a instabilidade ocorridos durante o período regencial, desde 1835 já havia
um movimento que buscava antecipar a coroação de D. Pedro II, que pela constituição deveria acontecer
em 1843, quando o monarca fizesse dezoito anos.
Os liberais, ou progressistas, fora do poder desde a renúncia do Regente Feijó, apoiaram a ideia de
reduzir a idade para a coroação, esperando voltar ao governo. Os conservadores ou regressistas viam a
proposta de antecipação como forma de consolidar a Monarquia e de preservar a unidade do Império. No
Governo, desde a eleição de Pedro de Araújo Lima para o cargo de Regente Uno do Império, os
conservadores pareciam não estar seguros da continuidade do regime regencial, que se mostrara incapaz
no combate às várias revoltas e na manutenção da ordem política.
Em 1837, já com uma regência conservadora, propôs-se a revisão do Ato nesses termos, numa
discussão que se arrastou até 1840. Finalmente nesse ano os conservadores conseguiram passar essas
reformas, prontamente respondidas pelos liberais com a sugestão ao parlamento de adiantar a
maioridade de D. Pedro II, já naquele ano, sob a justificativa da necessidade da figura imperial para a
pacificação da nação.

Segundo Reinado: aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais


Em 1840, com apenas 14 anos, D. Pedro II tornou-se imperador do Brasil, posição que iria manter por
quase cinquenta anos. D. Pedro II realizou parcerias com a elite agrária do país, classe de grande
influência no século XIX. Tendo-os como aliados, os favores começaram a prevalecer. O Imperador dava
toda condição e estrutura para que essa Elite continuasse produzindo cada vez mais e em troca recebia
todo apoio político necessário para se consolidar no poder. Dessa maneira, em pouco tempo, o Segundo
Reinado conseguiu fazer do Brasil um País estável e próspero20.
Em relação à economia, o café se transformou e se consolidou como o principal produto brasileiro para
exportação, provocando um grande crescimento econômico. Inicialmente produzido no Vale do Paraíba,
entre São Paulo e a região Fluminense, se expandiu rapidamente, por se tornar um produto de grande
aceitação mundial.
Nasceu assim uma nova elite, agora concentrada no Sudeste, a Elite Cafeeira, que se tornara mais
rica que os antigos Senhores de Engenhos produtores de açúcar.

Liberais e Conservadores21
O grupo político dos liberais moderados dividiu-se por volta de 1837 nas alas regressista e
progressista, formando a partir de 1840, dois partidos políticos. O Partido Conservador, constituído pelos
regressistas e apelidado de Saquarema e o Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado
de Luzia.
Luzias e Saquaremas dominaram o cenário político do Segundo Reinado. Os conservadores
defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais lutavam por uma

19
Fonte: Schwarcz, Lilian. As Barbas do Imperador.
20
Adaptado de RODRIGUES, P. A. R.
21
Adaptado de MARTINS. U. (Segundo Reinado – 1840 – 1889)

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 114
descentralização, concedendo certa autonomia às províncias. No entanto, quando conquistavam o poder,
liberais e conservadores não apresentavam atitudes muito diferentes.

As Eleições do Cacete
Assim que D. Pedro II assumiu o poder, foi criado o Ministério da Maioridade, com o objetivo de auxiliar
o jovem imperador a governar o país. Esse Ministério, que era composto por uma maioria liberal, também
foi chamado de Ministério dos Irmãos, pois era formado, entre outros, pelos irmãos Antônio Carlos e
Martim Francisco de Andrada e os irmãos Cavalcanti, futuros Viscondes de Albuquerque e de Suassuna.
Na Câmara, ao contrário do Ministério, a maioria dos políticos era composta de conservadores,
dificultando as decisões ministeriais. Com o objetivo de resolver essa disputa de poderes, a câmara foi
dissolvida e novas eleições foram convocadas.
Em 13 de outubro de 1840, foram realizadas as eleições, que ficaram conhecidas pelo polêmico nome
de Eleições do Cacete, ganhando até um lema: “para os amigos pão, para os inimigos pau”, visto
que foram marcadas por inúmeras fraudes eleitorais e uso da violência física para garantir a vitória ao
Partido Liberal. Capangas contratados pelos liberais invadiram os locais de votação para coagir eleitores
e ameaçar de morte adversários políticos.
O governo alterou todo o processo eleitoral nomeando novos presidentes para as províncias e
substituindo chefes de polícia, juízes de direito e oficiais superiores da Guarda Nacional de orientação
conservadora.
A retomada do poder pelos liberais foi passageira, visto eu enfrentaram diversas questões de peso,
como o agravamento da Guerra dos Farrapos, a pressão inglesa pelo fim do tráfico negreiro e a
repercussão da vitória nas eleições com o uso da força bruta.
Para resolver essas questões, o imperador destituiu a câmara recém-eleita e formou um novo
ministério em março de 1841, abrigando membros de ambos os grupos políticos.
Com o retorno ao poder, os conservadores buscaram concluir as mudanças “regressistas” que foram
interrompidas com o Golpe da Maioridade. Entre as medidas destacam-se o restabelecimento do
Conselho de Estado, que havia sido extinto pelo Ato Adicional de 1834, e a reforma do Código de
Processo Criminal.
A disputa entre liberais e conservadores seria uma das características de todo o segundo reinado.
Apesar dos confrontos, ambos os partidos tinham origem na elite do império e possuíam mais
semelhanças que diferenças. Por conta das semelhanças, o político do período imperial Hollanda
Cavalcanti cunhou a emblemática frase: “Nada mais parecido com um saquarema [conservador] do que
um luzia [liberal] no poder”.

Revolução Praieira
A Revolução Praieira ocorreu em 1848, nascida de uma rivalidade entre os partidos Liberal e
Conservador na província de Pernambuco. Nessa época, o país se recuperava da crise econômica e,
enquanto as províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais prosperavam economicamente com

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 115
a produção e exportação do café, as províncias nordestinas estavam em decadência devido à crise
da produção do açúcar e do algodão.
Além da crise agrária, a província de Pernambuco possuía grandes problemas sociais, como o fato do
comércio e da política estarem nas mãos de portugueses que não admitiam trabalhadores brasileiros em
seus estabelecimentos, impunham os preços sem nenhuma forma de regulamento e possuíam total
controle político.
Com a criação do Partido da Praia em 1842, formado por um grupo de democratas e liberais
pernambucanos, liderados por Borges da Fonseca, Abreu Lima, Inácio Bento de Loiola, Nunes Machado
e Pedro Ivo, surge uma nova voz na política pernambucana, que acreditava que a luta armada seria a
forma de resolver os problemas locais.
Com eleição de um presidente conservador para a província em 1848, os membros do Partido da Praia
lançaram o chamado "Manifesto ao Mundo", documento em que exigiam o fim da monarquia e a
proclamação de uma república; o fim do voto censitário; a extinção do Senado Vitalício e do Poder
Moderador; o fim dos privilégios comerciais dos estrangeiros e a liberdade de imprensa.
Logo após, tomam a iniciativa de liderar uma revolta com a participação das camadas populares, que
ficou conhecida como revolução praieira, tendo início na cidade de Olinda com a derrubada do presidente
da província. Apesar da tentativa de tentar tomar controle de toda a província, os revoltosos foram
contidos em 1849 pelas tropas imperiais.

O Parlamentarismo às Avessas
O sistema parlamentarista é usado tanto em monarquias quanto em repúblicas. Nele, o chefe do
Estado, seja ele rei ou presidente, não é o chefe do governo e por isso não tem responsabilidades
políticas. Ao invés dele, o chefe de governo é o Primeiro Ministro, o qual é indicado pelo Parlamento. A
aprovação do Primeiro Ministro e do seu Conselho de ministros pela Câmara dos Deputados se faz pela
aprovação de um plano de governo a eles apresentado. A Câmara ficará encarregada de empenhar-se
pelo cumprimento desse plano perante o povo.
No Brasil, foi criado um sistema parlamentarista oposto ao modelo apresentado acima, que é
comumente conhecido como parlamentarismo inglês, visto que o sistema foi desenvolvido dessa forma
na Inglaterra.
Em 1847, D. Pedro II criou o sistema parlamentarista que ficou conhecido como Parlamentarismo às
Avessas, através da criação do cargo de presidente de Conselho de Ministros. Este, que era uma espécie
de primeiro-ministro, era escolhido por D. Pedro II, subordinando assim o Parlamento ao imperador.
Quando ocorria algum impasse entre o poder executivo e o legislativo, D. Pedro II tinha o poder de
dissolver a Câmara ou substituir o presidente do Conselho de Ministros.
Principais características do parlamentarismo “às avessas”:

- O primeiro-ministro era escolhido pelo imperador (executivo) e não pelo partido de maioria no
Parlamento (legislativo), como ocorre na Inglaterra.

- O Parlamento ficava subordinado ao imperador (D. Pedro II).

- Era centralizador (poder centralizado no imperador).

- Era oligárquico, pois o imperador quase sempre atendia somente aos interesses dos grandes e ricos
fazendeiros.

A Influência do Café
O café foi o principal produto de exportação durante o Segundo Reinado. As primeiras mudas e
sementes de café chegam ao Brasil no século XVIII, por volta de 1730, vindas da América Central e das
Guianas, mas é só a partir do começo do século XIX que a cafeicultura ganha o interesse dos grandes
proprietários. O café surgiu como salvação para o modelo de grande propriedade e monocultura de
exportação, vigente até então no Brasil.
O consumo de café pelos europeus começou a crescer durante o século XVIII, com fornecimento vindo
da Arábia. Com a popularização do consumo, a América passou a exportar também o produto.
Começando da região do Rio de Janeiro, centro do império, o café expandiu-se logo na primeira década
do século XIX para o interior fluminense e durante os anos de 1830 alcançou o Vale do Paraíba, e
posteriormente, a Zona da Mata em Minas Gerais.
O café esteve presente em praticamente todo o estado de São Paulo, expandindo-se rumo ao Oeste
Paulista, que apresentava condições favoráveis ao cultivo. Apesar da existência de diversos grupos

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 116
indígenas que habitavam o interior paulista, na segunda metade do século XIX os grupos de resistência
haviam sido exterminados ou transferidos para aldeamentos e o café consolidou-se pelo restante do
estado. Juntamente com o café, surgiram as estradas de ferro, utilizadas principalmente para transportar
o produto para o litoral até o porto de Santos.
Entre os fatores para o sucesso do Café, podem ser observados a estrutura de monocultura já
presente, a utilização da mão-de-obra escrava e a adaptação ao clima e ao solo brasileiros.
Com o crescimento da produção, a demanda por braços para a lavoura aumentou consideravelmente,
fazendo com que os proprietários buscassem importar mais escravos. A insistência inglesa na proibição
do tráfico de escravos contribuiu para a utilização de imigrantes europeus, trabalhando como assalariados
nas fazendas do sudeste.

Cultura
D. Pedro II foi um grande apreciador das ciências e das artes. Diferente do cenário político, onde
apresentava-se poucas vezes, geralmente no início e no fim dos trabalhos na câmara, o monarca teve
um influente papel na produção cultural e na fabricação da identidade brasileira.
D. Pedro II era frequentador assíduo das reuniões do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),
que tornou-se um centro produtor de literatura e outros trabalhos intelectuais, sob a proteção do
imperador. Já no ano de 1838, havia sido convidado a tornar-se “protetor” da instituição, e em 1839
ofereceu uma das salas do paço imperial para as reuniões do Instituto.
No campo literário, o romantismo predominou, com a exaltação da figura indígena, apontado como
elemento importante da cultura brasileira, porém descrito a partir de traços europeizados e
representações de passividade perante o domínio dos brancos. A obra O Guarani, publicada em 1857
por José de Alencar, é um exemplo dessa representação. O índio Peri é retratado como um herói, que
luta contra outras tribos indígenas rebeldes e antropófagas (praticantes de algumas formas de
canibalismo). Outros autores também produziram obras centradas na figura do indígena, como Gonçalves
Dias em I-Juca-Pirama, e Gonçalves de Magalhães em A Confederação dos Tamoios.
No campo artístico, as obras do pintor Victor Meireles buscavam também retratar um indígena passivo
em relação aos portugueses, porém heroico e símbolo de martírio. Dois exemplos dessa representação
estão nas obras abaixo:

A Primeira Missa no Brasil, 1861. Museu Nacional de Belas Artes.

A obra A Primeira Missa no Brasil demonstra os indígenas em situação de passividade, curiosos com
o povo estranho que acabara de chegar em seus territórios, executando um ritual religioso. Nenhum
indígena opõe-se à realização da missa, mesmo sendo totalmente diferente de suas crenças ou
costumes. A cruz aparece como elemento central na composição da imagem, com o objetivo de afirmar
a fé católica.

Moema, 1866. Museu de Arte de São Paulo

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 117
Apesar de ser índia, Moema, representada na obra de 1866, possui pele extremamente clara, quase
branca. O quadro é uma interpretação do conto Caramuru, do frei Santa Rita Durão, escrito em 1781.
Moema, apaixonada por Caramuru, resolve atirar-se ao mar quando o português está regressando para
a Europa. Incapaz de alcançar o barco, a índia acaba morrendo afogada, em uma inocente busca por seu
amor. O corpo de Moema, já sem vida na praia, está envolto por uma natureza mística e exuberante.
Ainda no campo das artes, em 1857 foi fundada a Imperial Academia de Música e a Ópera Nacional,
destinadas a formar músicos nacionais e difundir o canto lírico, sendo o imperador um grande admirador
das sinfonias do alemão Richard Wagner.
D. Pedro II também possuía muito interesse nas instituições de ensino do império, com constantes
visitas, principalmente ao colégio que levava seu nome, o Pedro II. Fundado em 2 de dezembro de 1837,
o Colégio Pedro II é uma das mais tradicionais instituições públicas de ensino básico do Brasil. Nele o
monarca fazia vistorias, acompanhava provas, fazia a seleção de professores e conferia medias.
Também no campo da medicina, foram vários os incentivos, como o financiamento de estudos e
investimento no hospício da corte.

O caso indígena
Durante o século XVIII houve um projeto civilizador voltado para a Colônia.
Na construção do processo civilizador, a barbárie desempenha parte importante do contexto. A
administração portuguesa estava convencida de que os povos que não estavam sob o poder real
forçosamente precisavam ser subjugados. Embora tenha sido desenvolvido na Metrópole, tal projeto foi,
em linhas gerais, absorvido pelas elites coloniais. O espaço no qual deveria delinear-se a intervenção
civilizadora deveria ser capaz de justificar, em função de suas culturas ou produtos naturais passíveis de
extração, a viabilidade de se alocar recursos nessa empreitada: “Este projeto civilizador foi executado em
regiões que poderiam propiciar algum tipo de retorno financeiro não só às próprias expedições que
partiam para o seu controle, como também às elites locais e à metrópole”.
Dentro do contexto apresentado, serve de exemplo a declaração de guerra por D. João VI contra os
índios insurgentes do Sertão do Leste de Minas Gerais– os Botocudos - imediatamente após sua chegada
ao Brasil. Ato contínuo às ações que levaram à abertura dos portos e à permissão oficial para o
estabelecimento de fábricas e manufaturas no Brasil, a Carta Régia que “manda fazer guerra aos índios
botocudos”, de 13 de maio de 1808 (que é anterior, inclusive, à declaração de guerra portuguesa aos
franceses) revela o firme propósito da Coroa em “civilizar” todos os indígenas ainda não pacificados nos
sertões do leste:

“(...) deveis considerar como principiada contra estes índios antropófagos uma guerra ofensiva que
continuareis sempre em todos os anos nas estações secas e que não terá fim, senão quando tiverdes a
felicidade de vos senhorear de suas habitações e de os capacitar da superioridade das minhas reais
armas de maneira tal que movidos do justo terror das mesmas, peçam a paz e sujeitando-se ao doce jugo
das Leis e prometendo viver em sociedade, possam vir a ser vassalos úteis, como já o são as imensas
variedades de índios que nestes meus vastos Estados do Brasil se acham aldeados e gozam da felicidade
que é consequência necessária do estado social (...) Que sejam considerados como prisioneiros de
guerra todos os índios Botocudos que se tomarem com as armas na mão em qualquer ataque; e que
sejam entregues para o serviço do respectivo Comandante por dez anos, e todo o mais tempo em que
durar sua ferocidade, podendo ele empregá-los em seu serviço particular durante esse tempo e conservá-
los com a devida segurança, mesmo em ferros, enquanto não derem provas do abandono de sua
atrocidade e antropofagia. (...) e me dará conta pela Secretaria de Estado de Guerra e Negócios
Estrangeiros, de tudo o que tiver acontecido e for concernente a este objeto, para que se consiga a
redução e civilização dos índios Botocudos, se possível for, e a das outras raças de índios que muito vos
recomendo”;

A questão agrária
A política agrária durante o período colonial brasileiro esteve baseada na concessão de sesmarias, um
regime de doações de terras utilizado pela coroa portuguesa, cujo objetivo seria estimular a ocupação do
território e estender o alcance da ação civilizatória. A historiografia registra que esse sistema de
ordenação territorial, que condicionava a efetiva ocupação e o tratamento produtivo do agraciado às terras
recebidas como condição necessária para a manutenção da propriedade, foi ao longo do tempo alvo de
inúmeras alterações em seus dispositivos legais, refletindo as diferentes realidades históricas que se
impunham aos gestores das políticas públicas.
D. João VI, tentando ordenar a distribuição das sesmarias e reconhecendo que suas ordens e
determinações anteriores sobre os limites das sesmarias concedidas estavam sendo desrespeitadas

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 118
amplamente, tornando-se foco de litígios entre os proprietários de terra, suspendeu em 1809 a emissão
de novas concessões até que as medições fossem regularizadas por funcionários a serem designados
para todas as vilas do país.
No mesmo alvará, o monarca ressaltava a importância estratégica do tema para a agenda Real: “(...)
para que se ajunte, tanto quanto se possa, o interesse do Bem Público no aumento da Agricultura, e
Povoação desse vastíssimo Estado, que muito Desejo promover, e adiantar, com a segurança, os
Sagrados Direitos da Propriedade, de cuja ofensa resultaria o despovoamento das terras, e a
despovoação”.
A sesmaria era o principal meio legal de apropriação das terras, em geral destinada a cidadãos com
influência junto à burocracia estatal. A menção de denúncias sobre abuso e ilegalidades ocorridas na
distribuição e manutenção das sesmarias não é rara na historiografia. No entanto, entre a obtenção de
uma sesmaria e sua efetiva ocupação, não era incomum a ocorrência de hiato temporal relativamente
longo, extrapolando inclusive a previsão legal. Como exemplo, sesmarias concedidas no início de 1800
na área do atual município de Leopoldina, que em poucas décadas se consolidaria como uma das
principais cidades da região da Zona da Mata Mineira, só começaram a ser efetivamente ocupadas
décadas depois, e mesmo assim por familiares dos titulares. Com a independência do Brasil, o sistema
de posses tornou-se o único no país até o advento da lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, que dispunha
sobre as terras devolutas do império, legitimando as sesmarias e posses anteriormente constituídas,
desde que cultivadas.
Como parte dos acordos firmados entre Brasil e Inglaterra depois que a antiga colônia de Portugal
adquiriu sua independência, estava a exigência da abolição do trabalho escravo, medida que beneficiava
largamente os interesses ingleses. Apesar do comprometimento brasileiro em acabar com a escravidão
em 5 anos (antes de 1830), a primeira medida expressiva do país nesse sentido concretizou-se apenas
em 4 de setembro de 1851, com a lei Nº 581, conhecida como Lei Eusébio de Queiroz.
A lei proibia o tráfico negreiro no Brasil, e criminalizava a prática como ato de pirataria para aqueles
que nela insistissem.
Como consequência da proibição do tráfico de escravos, que constituíam a quase totalidade da mão-
de-obra no país, os cafeicultores do sudeste tiveram de importar escravos de dentro do território,
especialmente da região Nordeste, que passava por um período de decadência.
Poucos dias depois da aprovação da lei Eusébio de Queiroz, foi aprovada outra lei, que ficou conhecida
como Lei de Terras.
Com o objetivo de garantir a posse de terras nas mãos dos grandes proprietários rurais, especialmente
os produtores de café, a lei Nº 601, de 18 de setembro de 1850 tinha a pretensão de regulamentar as
terras ditas devolutas, ou seja, terras desocupadas, na visão desses grandes proprietários (vale lembrar
que essas terras, apesar de declaradas desocupadas eram habitadas por indígenas, vistos como
selvagens e algo um pouco além de animais, e por posseiros que não possuíam títulos de posse
das terras).

Além disso, a criação da lei pretendia:

- Estabelecer a compra como única forma de obtenção de terras públicas. Desta forma, inviabilizou os
sistemas de posse ou doação para transformar uma terra em propriedade privada.
- O governo imperial pretendia arrecadar mais impostos e taxas com a criação da necessidade de
registro e demarcação de terras. Esses recursos tinham como destino o financiamento da imigração
estrangeira, voltada para a geração de mão-de-obra, principalmente, para as lavouras de café. Vale
lembrar que o tráfico de escravos já era uma realidade que diminuía cada vez mais a disponibilidade de
mão-de-obra escrava.
- Dificultar a compra ou posse de terras por pessoas pobres, favorecendo o uso destas para fins de
produção agrícola voltada para a exportação. Este objetivo foi alcançado pelo governo, pois esta lei
provocou o aumento significativo nos preços das terras no Brasil.
- Favorecer os grandes proprietários rurais, que passavam a ser os únicos detentores dos meios de
produção agrícola, principalmente a terra, no Brasil.
- Tornar as terras um bem comercial (fonte de lucro), tirando delas o caráter de status social derivado
da simples posse.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 119
Imigração22
No Brasil, o projeto de imigração fundava sua base na exclusão do trabalho escravo na agricultura,
sempre tendo em mente que o negro não era considerado benéfico para tal atividade. O trabalhador
escravo estava sendo substituído pelo trabalhador livre, em geral o europeu branco.
Os fatores que motivaram a imigração podem ser os religiosos (perseguições religiosas), políticos
(exílio político), a questão econômica, e o fator demográfico como expoente valorativo das taxas de
emigrações na Europa, principalmente porque durante o século XVIII, as taxas de natalidade subiram
cerca de 1% ao ano, número representativo para a Europa, que influenciou, também, o processo
imigratório.
Os enclosures (processo de passagem de terras livres ou comuns para o uso privado, com a
demarcação de áreas e seu cercamento), alteraram a relação entre a terra e os trabalhadores. Esses
cercamentos pressionavam os pequenos e grandes proprietários de terras a dividirem mais e mais sua
propriedade. Ao aumentar a taxa de natalidade, a divisão entre os herdeiros que dependiam da terra
crescia concomitantemente. Os olhos voltaram-se para a América por fatores que os atraíam e que não
podiam ser ignorados. O Brasil, ao contrário da Europa, dispunha de terra e carecia de mão-de-obra.
Entretanto, apesar da alta disponibilidade de terras no Brasil, a imigração europeia concentrou-se na
região Sul e Sudeste e representava um número pequeno em comparação com a população residente no
país.
Além da disponibilidade da terra na região sul do Brasil, ou Brasil Meridional, havia um objetivo
específico de quem deveria vir povoar esse território. A expressão mais apropriada para tal
empreendimento deveria ter sido “repovoar” ou “recolonizar”, uma vez que havia indígenas nesses
lugares.
As primeiras experiências para adotar o imigrante europeu como trabalhador nas lavouras de café
ocorreu em 1847, quando Nicolau de Campos Vergueiro, senador do império e regente provisório,
resolveu trazer imigrantes alemães e suíços para trabalhar em suas fazendas de café no Oeste Paulista,
através de um sistema conhecido como parceria: nele, os parceiros (no caso, os imigrantes) trabalhavam
no cultivo e na colheita do café, dividindo com o proprietário os lucros e os prejuízos resultantes do cultivo.
A experiência de Vergueiro foi de certa forma infrutífera, pois os imigrantes, apesar de saírem da Europa
em um contexto de fome e conflitos, eram submetidos a condições de tratamento extremamente rígidas,
como a proibição de enviar correspondências aos familiares na Europa. Somando-se a isso, havia a
mentalidade do trabalho escravo, ainda presente, o que dificultava a criação de novas formas de trabalho.
Após revoltas ocorridas na década de 1850, o sistema de parceria foi abandonado.
Apesar da proibição no tráfico de escravos em 1850, apenas na década de 1880 os imigrantes
começam a aparecer com força no cenário da produção de café em São Paulo. As péssimas condições
de trabalho e a propaganda enganosa sobre a aquisição de terras no Brasil contribuíram para o fracasso
nas tentativas de atração de imigrantes, tendo inclusive o governo italiano desaconselhado a imigração
para cá, em uma circular que descrevia São Paulo como região inóspita e insalubre.
Somente nos últimos anos do império, com a necessidade de mão-de-obra cada vez mais crescente,
e com a abolição da escravidão já apontando como realidade, os fazendeiros e também o governo
resolveram ampliar a proposta para os imigrantes, como o pagamento do transporte e do alojamento ao
chegarem ao Brasil. As condições sociais, principalmente na Itália, abatida pela fome, contribuíram
também para o movimento migratório para o Brasil.

A imigração no Sul: Desde a Independência do Brasil houve a intenção de ocupar as partes mais
afastadas do império, como a região do Rio Grande do Sul, cobiçado por nações vizinhas e, portanto,
motivo de preocupação, o governo imperial tomou medidas para incentivar a vinda de imigrantes para o
Brasil.
Essa preocupação com a fronteira Sul levou o imperador D. Pedro I a ordenar a vinda de colonos
alemães.
Em 1824 chegaram os primeiros colonos, recrutados pelo major Jorge Antonio Schaffer, que foram
enviados para a região do atual município de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Apesar das dificuldades
enfrentadas no início, a colônia conseguiu crescer, espalhando-se pela região do Vale do Rio dos Sinos.
Em Blumenau (atual região de Santa Catarina) surgiram colônias de caráter privado, ou seja, que não
foram sustentadas pelo governo.
A Colônia Nova Itália foi fundada em 1836 e correspondente ao atual município de São João Batista.
Criada pela empresa “Demaria e Schutel”, Os colonos eram originários, na sua maioria, da Ilha da

22
Adaptado: UNOPAREAD < http://www.unoparead.com.br/sites/museu/exposicao_sertoes2/Imigrantes-e-migracoes.pdf>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 120
Sardenha. Localizada às margens do rio Tijucas, a colônia teve maior desenvolvimento durante o período
em que esteve sob a direção do suíço Luc Montandon Boiteux.
A Colônia de Itajaí, fundada em 1835, foi criada pela lei Provincial n.º 11, que permitiu estabelecer
duas colônias compostas de elementos nacionais e estrangeiros no município de Porto Belo. Uma delas
seria localizada à margem do rio Itajaí-Açu, na localidade de “Pocinho” e outra ficaria próxima ao rio Itajaí-
Mirim, no lugar chamado “Tabuleiro”.
A Colônia de Vargem Grande foi fundada em 1837, às margens do rio dos Bugres e da estrada que
servia de ligação entre o planalto e o litoral. Foi constituída por colonos alemães que vinham da antiga
colônia de São Pedro de Alcântara, descontentes com a má administração e as brigas por falta de
pagamentos e desentendimentos sobre terras. Dela originou-se a localidade de Löffelscheidt, atualmente
município de Águas Mornas.
Durante o reinado de D. Pedro II houve um grande incentivo para a imigração e a criação de colônias
de imigrantes no império.
Em Santa Catarina destacaram-se a Colônia do Saí, fundada em 1840 pelo médico francês Dr. Joseph
Mure na península do Saí, próxima a São Francisco; e a Sociedade Belgo-Brasileira de Colonização,
criada por Charles Van Lede, para o transporte de colonos belgas à Província de Santa Catarina.
Em 1848 foi publicada a lei nº 514, que em seu artigo 16º determinava:

A cada huma das Provincias do lmperio ficão concedidas no mesmo, ou em diferentes lugares de seu
ter em quanto não estiverem effectivamente roteadas e aproveitadas, e reverterão ao dominio Provincial
se dentro de cinco annos os colonos respectivos não tiverem cumprido esta condição.

A criação da lei incentivou a política de imigração no país, em especial nas províncias de Santa
Catarina e São Paulo.
Em Santa Catarina a lei facilitou ainda mais a imigração de alemães, que vinham para o Brasil em
busca de riquezas míticas e também para fugir da situação em que viviam em seu país natal. Para auxiliar
no translado e adaptação dos imigrantes foi criada a Sociedade de Proteção aos Imigrantes Alemães, da
qual ficou encarregado Hermann Bruno Otto Blumenau. Sob a fiscalização de Blumenau foram criadas
várias colônias.
A Colônia de Blumenau foi criada em 1850, em uma associação entre Herman Blumenau e o
comerciante Fernando Hackdrat. O destaque da colônia foi a escolha de Blumenau pelos profissionais de
diversas áreas que a habitariam. A colônia cresceu rapidamente e foi elevada à categoria de município
em 1880.
A Colônia Dona Francisca foi criada em 1851, a partir da iniciativa da princesa Francisca, que era
filha de D. Pedro I e casada com o filho do rei da França, Luiz Felipe. O casal resolveu aproveitar as terras
que eram de posse da princesa para explorar a criação de uma colônia, que teve como organizador o
Senador Christiano Mathias Schroeder, dono da Sociedade Colonizadora de Hamburgo. A colônia
destacou-se pela diversidade de países a qual seus habitantes pertenciam: suíços, noruegueses,
alemães, dinamarqueses. Outros dados interessantes eram a liberdade de culto existente na colônia, a
naturalização daqueles que adquirissem terras na colônia e fossem residentes a mais de dois anos e a
regra da utilização somente de mão-de-obra livre, sendo proibida a utilização de escravos.
A Colônia Itajaí – Brusque teve início em 1860, com a chegada de colonos alemães. Apesar de ser
oficialmente nomeada Itajaí, o nome Brusque foi uma homenagem ao presidente da província de Santa
Catarina, Francisco Carlos de Araújo Brusque.
Além da colonização alemã, outros grupos destacaram-se, como italianos, poloneses, árabes e gregos.
Para as colônias Italianas é possível destacar as colônias do Vale do Itajaí-açu, do vale do Itajaí-
mirim e vale do Tijucas e no sul catarinense, principalmente na região do vale do Rio Tubarão.
Tanto alemães como italianos exerceram grande influência nos costumes e na cultura catarinenses.
Entre as principais influências estão os hábitos alimentares como carne defumada, linguiças e queijos
dos mais variados tipos.
Esse movimento de deslocamento transoceânico de populações já vinha ocorrendo em toda a Europa,
a partir de meados do século XIX, perdurando até o início da Primeira Guerra Mundial. A onda imigratória
foi impulsionada, de um lado, pelas transformações socioeconômicas que estavam ocorrendo em alguns
países do continente e, de outro, pela maior facilidade dos transportes, advinda da generalização da
navegação a vapor e do barateamento das passagens. A partir das primeiras levas, a imigração em
cadeia, ou seja, a atração exercida por pessoas estabelecidas nas novas terras, chamando familiares ou
amigos, desempenhou papel relevante. Segundo os dados da imigração, entre 1800 e 1955, os Estados
Unidos receberam aproximadamente 40 milhões de imigrantes, a Argentina recebeu 7 milhões, e o
Canadá recebeu 5,3 milhões.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 121
No caso brasileiro, os dados indicam que em torno de 4,5 milhões de pessoas imigraram para o país
entre 1882 e 193423. Destes, 2,3 milhões entraram no estado de São Paulo como passageiros de terceira
classe, pelo porto de Santos, não estando, pois, aí incluídas entradas sob outra condição. É necessário
ressalvar, porém, que, em certas épocas, foi grande o número de retornados. Em São Paulo, por exemplo,
no período de crise cafeeira, (1903-1904), a migração líquida chegou a ser negativa. Um dos traços
distintivos da imigração para São Paulo, até 1927, foi o fato de ter sido em muitos casos subsidiada,
sobretudo nos primeiros tempos, ao contrário do que sucedeu nos Estados Unidos e, até certo ponto, na
Argentina.
O subsídio consistiu no fornecimento de passagem marítima para o grupo familiar e transporte para as
fazendas e foi uma forma de atrair imigrantes pobres para um país cujo clima e condições sanitárias não
eram atraentes. A partir dos anos 30, a imigração em massa cedeu terreno. A política nacionalista de
alguns países europeus - caso típico da Itália após a ascensão de Mussolini - tendeu a colocar obstáculos
à imigração para a América Latina.

Tráfico negreiro, lutas abolicionistas e fim da escravidão24


Tentando atrair o capital do tráfico para a industrialização, a Inglaterra extinguiu o comércio de
escravos (1807) e passou a mover intensa campanha internacional contra o tráfico negreiro. Nas
negociações do reconhecimento da independência do Brasil, a Inglaterra condicionara o seu apoio à
extinção do tráfico e forçara Dom Pedro I a assinar, em 1826, um convênio no qual se comprometia a
extingui-lo em três anos. Cinco anos depois, a regência proibiu a importação de escravos (1831), mas a
oposição dos grandes proprietários rurais impediu que isso fosse levado à prática. Estimulado pela
crescente procura de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, o tráfico de escravos aumentou:
desembarcaram no Brasil 19.453 escravos em 1845, 60 mil em 1848 e 54 mil em 1849.
Os navios ingleses perseguiam os navios negreiros até dentro das águas e dos portos brasileiros, o
que deu origem a vários atritos diplomáticos entre o governo imperial e o britânico. Finalmente, em 4 de
setembro de 1850, foi promulgada a Lei da Extinção do Tráfico Negreiro, mais conhecida como Lei
Eusébio de Queirós. Em 1851, entraram 3.827 escravos no Brasil, e apenas 700 no ano seguinte.
O fim da importação de escravos estimulou o tráfico interprovincial: para saldar suas dívidas com
especuladores e traficantes, os senhores dos decadentes engenhos do Nordeste e do Recôncavo Baiano
passaram a vender, a preços elevados, suas peças (escravos) para as prósperas lavouras do vale do
Paraíba e outras zonas cafeeiras.
A extinção do tráfico negreiro liberou subitamente grande soma de capitais que afluíram para outras
atividades econômicas. Entre 1850 e 1860, foram fundadas 62 empresas industriais, 14 bancos, três
caixas econômicas, 20 companhias de navegação a vapor, 23 companhias de seguros e oito estradas de
ferro.
A cidade do Rio de Janeiro, o grande empório do comércio de café, modernizou-se rapidamente: suas
ruas foram calçadas, criaram-se serviços de limpeza pública e de transportes urbanos, e redes de esgoto
e de água. A geração de empresários capitalistas que surgiu nesse período teve em Irineu Evangelista
de Sousa, barão e depois visconde de Mauá, sua figura mais representativa. Em 1844, o ministro da
Fazenda, Manuel Alves Branco, contrariando os interesses dos comerciantes e industriais ingleses,
colocou em vigor novas tarifas alfandegárias que variavam em torno de 30%, o dobro, portanto, das
anteriores. Embora visasse a solucionar a carência de recursos financeiros do governo imperial, essa
medida teve efeitos protecionistas: ao tornar mais caros os produtos importados, favorecia a fabricação
de similares nacionais.

Processo abolicionista25
A memória da Abolição dentre nós é de uma concessão feita em 13 de maio de 1888 por uma princesa
branca que, em um ato de generosidade, livrou da escravidão milhares de brasileiros. Já a nossa memória
sobre o processo abolicionista é de que este começou nos finais da década de 1870, quando um grupo
de pessoas solidárias com o sofrimento dos escravizados ergueu como bandeira de luta o fim da
escravidão.

23
Adaptado de FAUSTO, B. <http://www.projetoimigrantes.com.br/>
24
Adaptado de FOGUEL, I. Brasil: Colônia, Império e República. <
https://books.google.com.br/books?id=OmAoDQAAQBAJ&pg=PA42&lpg=PA42&dq=Tentando+atrair+o+capital+do+tr%C3%A1fico+para+a+industrializa%C3%A7%
C3%A3o,+na+Inglaterra+extinguiu+o+com%C3%A9rcio+de+escravos+(1807)+e+passou+a+mover+intensa+campanha+internacional+contra+o+tr%C3%A1fico+ne
greiro.&source=bl&ots=LJBpo1w3k-&sig=C5ewCs4V6lBJbWd84NSo0uGaH9A&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjXtNSzy_zWAhXFGJAKHTZaARgQ6AEIPDAD#v=onepage&q=Tentando%20atrair%20o%20capital%20do%20tr%C3%A1fico%20para%2
0a%20industrializa%C3%A7%C3%A3o%2C%20na%20Inglaterra%20extinguiu%20o%20com%C3%A9rcio%20de%20escravos%20(1807)%20e%20passou%20a%
20mover%20intensa%20campanha%20internacional%20contra%20o%20tr%C3%A1fico%20negreiro.&f=false>
25
HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL. CEAO/UFBA.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 122
O crescimento da rebeldia escrava tem sido apontado como anterior ao movimento abolicionista e
mesmo como motivação para a aprovação da legislação emancipacionista. Diferentes explicações foram
dadas para o crescimento da resistência escrava, nas décadas de 1860 e 1870, perceptível pelos roubos,
aumento das fugas, das formações de quilombos cada vez mais próximos aos núcleos urbanos e pelos
assassinatos de senhores e prepostos. Boa parte das explicações para o aumento da criminalidade
escrava é relacionada ao final do tráfico de escravos, em 1850.
Gradativamente uma série de leis foram estabelecidas que aos poucos levaram o Brasil a caminhar
para o final da prática escravista:

Lei no 581 (Lei Eusébio de Queirós), de 4 de setembro de 1850


“Dom Pedro, por Graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos súditos que a Assembleia Geral decretou
e nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1o As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras encontradas nos
portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu bordo escravos, cuja
importação está proibida pela Lei de sete de novembro de mil oitocentos e trinta e um, ou havendo-os
desembarcado, serão apreendidas pelas autoridades, ou pelos navios de guerra brasileiros e
consideradas importadoras de escravos.
Aquelas que não tiverem escravos a bordo, porém que se encontrarem com os sinais de se
empregarem no tráfico de escravos, serão igualmente apreendidas, e consideradas em tentativa de
importação de escravos.”

Lei no 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871


A Lei do Ventre Livre foi decorrente da inquietação dos escravizados, num momento em que o
sentimento abolicionista ainda não havia se propagado entre a classe média urbana. Existem várias
hipóteses que tentam explicar o aumento da revolta escrava nas décadas de 1860 e 1870. Dentre elas:

-As motivações para esta inquietação seria a mudança estrutural pela qual passava a população
escrava, que naquele momento passava a se constituir de brasileiros em sua maioria, ao invés de
africanos recém-chegados;

-O tráfico interno, que deslocava os escravizados indisciplinados do Norte para a cafeicultura também
seria um elemento incentivador da revolta escrava, pois os escravizados vindos de outras regiões
chegavam às lavouras do Sudeste com suas próprias concepções de “cativeiro justo”. Ou seja, com
definições de quais as atividades deveriam desempenhar, de ritmo de trabalho e de disciplina, e
frequentemente entravam em choque com os novos costumes

“A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber
a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1o Os filhos da mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei serão considerados
de condição livre.
§1o Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais
terão obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a
esta idade, o senhor da mãe terá a opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de
utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. [...]”

Quando a Lei de 1871 foi criada, a sua intenção era atender algumas das reivindicações dos
escravizados e promover a emancipação através de um caminho pacífico e seguro - frente às revoltas
das décadas de 1850 e 1860 – que poderiam descambar numa revolução. Como já foi demonstrado pelos
vários estudiosos que estudaram as ações de liberdade ocorridas em diferentes e distantes localidades
do Brasil, os escravizados souberam manipular habilmente as brechas contidas na Lei do Ventre Livre
em favor da própria liberdade e da liberdade dos seus parentes. Neste sentido, os objetivos da lei - de
conter a revolta escrava facilitando o acesso à alforria e de submeter os libertos à tutela senhorial – foram
subvertidos, na medida em que o campo jurídico se transformou em arena de litígio entre escravizados e
senhores, tendo como consequência direta a dificuldade de se preservarem os laços de dependência,
lealdade e proteção entre senhores e ex-escravizados.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 123
Lei no 3.270 (Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembro de 1885
“D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos súditos que a Assembleia Geral Decretou
e Nós Queremos a Lei seguinte: [...]
Art. 3o [...]
§10o São libertos os escravos de 60 anos de idade, completos antes e depois da data em que entrar
em execução esta lei, ficando, porém, obrigados, a título de indenização pela sua alforria, a prestar
serviços a seus ex-senhores pelo espaço de três anos.
§11o Os que forem maiores de 60 e menores de 65 anos, logo que completarem esta idade, não serão
sujeitos aos aludidos serviços, qualquer que seja o tempo que os tenham prestado com relação ao prazo
acima declarado.”

Lei no 3.353 (Lei Áurea), de 13 de maio de 1888


“A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz
saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1o É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.”

A Questão Platina e a Guerra do Paraguai26


A Guerra Cisplatina que se estendeu de 1825 a 1828, foi o conflito entre Brasil e Argentina pela
supremacia no Rio da Prata, lembrando que o Uruguai era possessão luso-brasileira desde 1821.
Apoiando os uruguaios, a Argentina venceu as forças imperiais. A Argentina que já se fazia independente
da Espanha, desde 1810, recebia no porto de Buenos Aires navios europeus e experimentava na primeira
metade do século XIX um período de auge, chegando a se comparar com a França.
Em 1828, o Uruguai tornou-se independente, porém o fato não diminuiu o fluxo de brasileiros sul rio-
grandenses entrando no território do país. O deslocamento dessas pessoas para aquela banda, se
registrou muito intensamente no período da guerra dos farrapos, onde muitas famílias entre elas as dos
próprios revoltosos se voltaram para o Uruguai, criando gado e formando estâncias. Perto de encerrar a
revolução farroupilha, iniciou-se na Banda Oriental a chamada “Guerra Grande”, colocando em lados
opostos Blancos e Colorados.
A população de brasileiros no Uruguai era imensa, em 1863, segundo o Almirante Carbajal, 40.000
brasileiros compunham o país que tinha 180.000 habitantes. Além disso quase metade do território
uruguaio em 1862 pertencia a brasileiros, o que indignava certos parlamentares.

Blancos e Colorados
As lutas partidárias pelo poder entre Buenos Aires e Montevidéu fomentaram a oposição do Império
do Brasil, que interveio nos países do Prata. Havia nos dois países, dois partidos inimigos: o partido
federalista, ou colorado, e o unitário, ou blanco, que discutiam sobre a organização interna dos dois
países. A partir de 1828 o Uruguai tornou-se uma nação livre e organizava seu primeiro governo
regular a cargo de D. Frutuoso Rivera; o exército argentino volta a Buenos Aires, derruba o governo
e instaura a anarquia, que a seis de dezembro colocou no poder como ditador o caudilho D. Juan
Manuel de Rosas, chefe do partido federalista (colorado) que desejava conquistar o Uruguai e não viu
com bons olhos a eleição de Rivera. Para tanto, lança contra este, Lavalleja e D.Manuel de Oribe, que
promoveram numerosos levantes contra o governo oriental (uruguaio).
A guerra contra Oribe
As lutas internas pelo controle do Uruguai eram agravadas pela intervenção de brasileiros e argentinos
na política do país, com o Brasil apoiando os Colorados e a Argentina apoiando os Blancos.
Apoiando os colorados, o Brasil entrava em choque com a Argentina, controlada pelo presidente
Rosas, que auxiliava Oribe.
Em 1850, um fato modificou o equilíbrio político da Região do Prata: o General Urquiza, que era
governador da província argentina de Entre-Rios, manifestou claramente a sua intenção de revoltar-se
contra Rosas. A partir daí, as relações diplomáticas do império brasileiro teve que tomar uma rápida
medida, e em dezembro de 1850 Brasil e Paraguai assinaram um tratado de Aliança. Em maio de 1851
foi assinado um novo tratado entre Brasil, Colorado e as províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes,
decidindo pela expulsão de Oribe do Uruguai e de Rosas da Argentina.
A partir de julho, as tropas de Entre-Rios, comandadas pelo general Urquiza, e as brasileiras,
comandadas por Caxias, iniciaram a invasão do Uruguai, até que, em 12 de outubro de 1851, Oribe
26
Adaptado de: JARDIM, W. C. A Geopolítica no Tratado da Tríplice Aliança. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História - ANPUH

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 124
rendeu-se incondicionalmente. Neste mesmo dia, o Brasil e o Uruguai assinaram um tratado de comércio,
aliança e limites territoriais.

A guerra contra Rosas


As ações tomadas pelo governo brasileiro no Uruguai, o reconhecimento da independência do
Paraguai e a abertura da navegação internacional na bacia do rio da Prata intensificaram as desavenças
entre Brasil e Argentina.
Frente a todas as desavenças, o governo imperial concluiu que a convivência pacifica com o governo
de Buenos Aires tornava-se impossibilitada. Além disso, o governo imperial considerou que o governo de
Rosas era uma ameaça direta aos interesses brasileiros no rio da Prata e no Rio Grande do Sul.
A revolta do general Urquiza, de Entre-Rios, deu ao Brasil as condições militares para a derrubada de
Rosas. Restava um único obstáculo: a Inglaterra, que, embora não apoiasse Rosas diretamente, era
contrária que o Brasil o derrubasse.
Com a intenção de contornar a situação, a diplomacia brasileira agiu com habilidade: ao invés de atacar
Rosas, voltou sua atenção para Oribe no Uruguai, conseguindo a derrota em outubro de 1851. No mês
seguinte, Brasil, Uruguai e as províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes assinaram um convenio
pelo qual o império comprometia-se a ajudar o general Urquiza em sua Luta contra Rosas, de tal maneira
que não estava se colocando diretamente contra Rosas, apenas ajudando Urquiza.
O convenio foi assinado em 21 de novembro de 1851, imediatamente, Urquiza iniciou sua marcha em
direção a Buenos Aires, sendo a travessia do Rio Paraná feita a bordo de navios da esquadra brasileira.
Em 3 de novembro 1852, as tropas aliadas, cujo comandante geral era Urquiza, enquanto o Brigadeiro
Marques de Sousa comandava as tropas brasileiras, atacaram os rosistas em Monte Caseros.
Completamente derrotado, Rosas refugiou-se a bordo de um navio inglês e partiu para a Inglaterra.
Urquiza assumiu a presidência da Argentina.

A guerra contra Aguirre


Durante a década de 1850, o Uruguai viveu em permanente estado de agitação devido à luta entre
blancos e colorados, agravadas pelas intervenções políticas brasileiras e argentinas.
Em 1863, o general Venâncio Flores revoltou-se contra o governo de Montevidéu, presidido pelo
blanco Bernardo Berro. Mesmo sendo este substituído por Atanásio Aguirre, a revolta continuou.
Diante da rebelião de Flores, assim ficaram posicionados os países vizinhos ao Uruguai:

- O governo argentino, presidido pelo general Mitre, embora oficialmente neutro, na prática apoiava
abertamente os revoltosos, pois com Flores no poder esperava exercer grande influência sobre o governo
uruguaio;

- O Paraguai, presidido por Solano Lopez, assumiu uma posição bastante clara: embora se recusasse
a fazer uma aliança militar com Aguirre, considerava qualquer tentativa de incorporar o Uruguai ao Brasil
ou à Argentina uma ameaça direta ao seu país;

- O Brasil mantinha-se oficialmente neutro, provavelmente sem intenções de mudar de posição, exceto
se a independência uruguaia fosse ameaçada pela Argentina ou pelo Paraguai.

Portanto a situação parecia bastante equilibrada, havendo pouca possibilidade de que algum dos
países vizinhos intervisse militarmente no Uruguai, seja pelo receio de reações dos outros países da área,
seja pelo fato de a independência uruguaia estar garantida pela Inglaterra e França.
Os acontecimentos, porém, tomaram um rumo completamente diferente. A razão disso é que o Rio
Grande do Sul, contrariando os desejos do governo imperial, apoiava tão firmemente a revolta do general
Flores, que mais da metade de suas tropas era formada por rio-grandenses, e os estancieiros gaúchos
pressionaram para que o governo brasileiro intervisse diretamente no Uruguai.
D. Pedro II mais uma vez enfrentava um grave problema. Os fazendeiros rio-grandenses desejavam
controlar da maneira mais rígida possível o Uruguai, onde tinham grandes interesses econômicos. Por
isso, o Rio Grande somente seria solidário para com o império se este apoiasse devidamente os criadores
de gado, dando cobertura à atuação desses homens no território uruguaio. Caso o governo negasse esse
apoio, os gaúchos poderiam se separar do Império, como já ocorrera durante a Revolução Farroupilha.
Finalmente ainda se destaca o papel do governo argentino, cujo presidente, general Mitre, utilizou
todos os tipos de intrigas diplomáticas para levar o Brasil a invadir o Uruguai. O objetivo de Mitre era
derrubar Aguirre, utilizando para isso tropas brasileiras.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 125
Assim, no início de 1864, o império enviou a Montevidéu o conselheiro Jose Antônio Saraiva, o qual,
em maio do mesmo ano, exigiu de Aguirre indenização pelos prejuízos causados aos brasileiros na
fronteira do Rio Grande do Sul e punição dos responsáveis27. O governo uruguaio recusou. Em julho, uma
reunião realizada em Puntas del Rosário, da qual participaram o conselheiro Saraiva, o general Flores, o
ministro do exterior argentino, Rufino de Elizelde e o embaixador inglês na Argentina, Edward Thornton,
resultou em novas exigências a Aguirre, que recusou-as.
Saraiva, então, retirou-se para Buenos Aires, onde, em 4 de agosto de 1864, entregou um ultimato a
Aguirre: se não fossem atendidas todas as exigências brasileiras, as tropas e a marinha do Império
iniciariam represálias contra o Uruguai.
No dia 22 do mesmo mês, como Aguirre continuava negando-se a atende-lo, saraiva e o chanceler
argentino Elizelde assinaram um protocolo autorizando-se mutuamente a intervir no Uruguai, desde que
fosse mantida a sua independência.
A guerra começou em setembro. A esquadra, sob o comando do Almirante Tamandaré, bloqueou e
ocupou os portos fluviais uruguaios de Villa de Melo, Salto e Paissandu. Logo em seguida, o marechal
Mena Barreto, à frente de 10000 soldados, invadiu o Uruguai e reuniu-se com as forças de Venâncio
Flores, praticamente ocupando todo o país. Finalmente em 15 de fevereiro de 1865, Aguirre abandonou
o poder, assumido cinco dias depois pelo general Flores.

A Guerra do Paraguai
Entre novembro de 1864 e março de 1870, desenrolou-se a Guerra do Paraguai, a mais longa e
sangrenta guerra na América do Sul, com consequências que influenciaram decisivamente a história dos
países envolvidos. Até maio de 1865, enfrentaram-se apenas o Paraguai e o Brasil. A partir daí, com a
assinatura do tratado da Tríplice Aliança, os paraguaios passaram a lutar contra o Brasil, a Argentina e o
Uruguai.
Dentre aos razoes que desencadearam a guerra do Paraguai, destacam-se em primeiro lugar as
questões que dividiam os países do Prata.
O Paraguai, em meados do século XIX, era um país diferente dos demais da América latina. Desde a
sua independência em 1811, até a guerra, tivera apenas três governantes: Francia, Carlos Antônio Lopez
e seu filho Francisco Solano Lopez. O governo paraguaio não era democrático, como não era nenhum
dos outros governos latino-americanos.
Apesar disso, o governo paraguaio, mais do que qualquer outro do continente, realizava uma política
favorável às camadas populares. Desde os tempos de Francia, a elite agrária fora progressivamente
eliminada, e suas terras expropriadas pelo governo e entregues em usufruto aos trabalhadores rurais. O
mesmo acontecera com a exploração de madeira e erva-mate, produtos monopolizados pelo Estado.
Assim, em meados do século XIX, o padrão médio de vida do povo paraguaio superava o de qualquer
outro povo latino-americano: o analfabetismo fora quase erradicado e era garantido o emprego, a
moradia, alimentação e vestuário para a maioria das famílias. Embora pobre, o Paraguai não tinha dívida
externa, suas riquezas não eram exploradas por estrangeiros e estava começando a criar um parque
industrial próprio.

As causas da guerra
Em 1850, brasil e Paraguai assinaram um tratado comprometendo-se a defender a independência do
Uruguai. Pouco depois, Paraguai e Uruguai assinaram um novo tratado, estabelecendo que se qualquer
vizinho invadisse um desses países, o outro lhe prestaria imediato auxilio militar. Por isso, em agosto de
1864, quando o Brasil já ameaçava claramente invadir o Uruguai para derrubar o governo de Aguirre, o
presidente paraguaio, Solano Lopez, comunicou ao Império que consideraria a invasão atentatória ao
equilíbrio político do Prata e agiria conforme essa convicção.
Mesmo assim, em setembro de 1864, o governo imperial ordenou o ataque ao Uruguai. Com base nos
tratados anteriores e na certeza de que seriam as próximas vítimas, os paraguaios reagiram: em
novembro, aprisionaram o navio Brasileiro “Marquês de Olinda” em frente a Assunção, e logo em seguida,
Solano Lopez declarou guerra ao Brasil.
Entre novembro de 1864 e maio de 1865, a guerra envolveu apenas Brasil e Paraguai. A partir dessa
data, com a oficialização da Tríplice Aliança, o Paraguai passou a enfrentar Brasil, Argentina e Uruguai.
O balanço das forças, ao iniciar-se a guerra, era o seguinte: Brasil, 18000 soldados; Argentina, 8000;
Uruguai, 1500; Paraguai, 60000. Apesar da vantagem no tamanho das tropas, o Paraguai enfrentava um
grande número de desvantagens em relação aos inimigos.

27
Adaptado de COSSO, M. S. Política Exterior do Brasil para com o Uruguai no período de 1852 a 1854. < http://cascavel.ufsm.br/tede/tde_arquivos/27/TDE-2007-
04-23T132653Z-519/Publico/MARCOSCOSSO.pdf>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 126
Os aliados tinham 13 milhões de habitantes, contra 800 mil do Paraguai, a dimensão territorial dos
inimigos impedia que os paraguaios os ocupassem efetivamente. A única via de comunicação do
Paraguai com o resto do mundo era o rio da Prata, facilmente bloqueável pelos aliados, que também
contavam com superioridade naval: o Brasil possuía 42 navios, enquanto o Paraguai possuía apenas 14
e apenas 3 estavam preparados para a guerra. A última grande vantagem dos países inimigos era o apoio
financeiro constante da Inglaterra, enquanto o Paraguai lutava sozinho.
Sob o ponto de vista militar, a Guerra do Paraguai pode ser dividida em quatro grandes fases:

-Ofensiva paraguaia (dezembro de 1864 a dezembro de 1865); a iniciativa militar coube aos
paraguaios e a guerra desenrolou-se em território brasileiro e argentino;

-Invasão do Paraguai (de janeiro de 1866 a janeiro de 1868): a guerra já em território paraguaio, foi
comandada pelo aliado general Mitre;

-Comando de Caxias (de janeiro de 1868 a janeiro de 1869): Caxias assumiu o comando geral dos
Aliados;

-Campanha da Cordilheira (janeiro de 1869 a março de 1870): sob o comando de Conde D’Eu,
destruiu-se o remanescente do exército paraguaio.

As consequências da Guerra
A Guerra do Paraguai teve consequências dramáticas para ambos os lados.
O Paraguai ficou completamente destruído, e perdeu 150000 km² de territórios cedidos ao Brasil e à
Argentina. Durante a ocupação aliada (1870-1876), o nascente parque industrial paraguaio foi totalmente
destruído pelos aliados, sendo a fundição de Ibicuí completamente demolida. A ferrovia foi vendida a
preço de sucata para os ingleses e as reservas de mate e madeira vendidas para empresas estrangeiras.
As terras públicas que eram cultivadas pelos camponeses passaram para as mãos de banqueiros
ingleses, holandeses e estadunidenses, que passaram a aluga-las aos próprios paraguaios.
Além desses aspectos, a consequência mais trágica da guerra foi a dizimação da população paraguaia:
estima-se que 75% da população paraguaia tenha morrido em decorrência da guerra, com 90% da
população masculina dizimada.

A Crise do Império
A partir da década de 1870, o império entra em um declínio que resultará, 19 anos mais tarde, no seu
fim, com a Proclamação da República em 1889. Entre os principais motivos para o fim do império brasileiro
estão a organização do exército após a Guerra do Paraguai, a expansão do café, a questão religiosa e a
questão abolicionista.
Desde que o tráfico negreiro fora proibido, na década de 1850, acreditava-se que o império, sustentado
e mantenedor da mão-de-obra escrava, pouco a pouco iria enfraquecer. Como forma de garantir que
escravos libertos ou imigrantes adquirissem o direito de posse de terras, nos mesmo anos, como
estudamos acima, foi promulgada a lei de terras, beneficiando os interesses dos latifundiários.
Garantida a posse da terra, resta um problema. Quem produzirá, se não haverá mais escravos?
A resposta encontrada estava na imigração europeia, atendendo aos critérios do Darwinismo Social,
que pregava que o progresso do Europa em relação aos outros continentes estava relacionado ao fato
de seus habitantes, brancos, serem mais inteligentes e capazes que outros povos.
O principal setor a receber trabalhadores europeus foi o cafeeiro, que se destacava cada vez mais,
despontando como principal produto da exportação brasileira. Ao mesmo tempo em que o trabalho
escravo era substituído pelo trabalho assalariado, a sociedade modificava-se e novos grupos sociais
emergiam, exigindo modificações no plano político. A nova aristocracia cafeeira constituía uma classe
progressista e interessada em exercer o poder, sem as peias criadas pelo regime instituído em 1822 e
consolidado após 1840. Por outro lado, as camadas médias urbanas, ligadas ao setor terciário e ao
funcionalismo público, também aspiravam a mudanças políticas. A oligarquia paulista do café lançará em
1870 o Manifesto Republicano, e se lançará à Campanha Republicana, visando um Estado federativo
Outra força que se conjugará à luta contra o regime monárquico será o Exército. Este, havia se
organizado de forma absolutamente nova, moderna, para as condições brasileiras. A Guerra do Paraguai
(1865-1870) trouxera essa necessidade. A partir de agora o Exército tinha uma estrutura hierárquica
organizada, e com um destaque maior do que havia recebido desde a Proclamação da Independência
em 1822, com alguns setores do exército fazendo parte de movimentos contrários ao imperador. Com a

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 127
criação da Guarda nacional, durante a Regência, o exército tivera ainda menos importância, relegado ao
segundo plano, com as atenções voltadas para a Marinha.
O último fator que contribuiu para o desgaste do império foi a relação com a Igreja. Desde 1824, com
a promulgação da Constituição, o Brasil era oficialmente um país de religião Católica Apostólica Romana,
sendo a Igreja subordinada ao Estado, que arcava com o pagamento de padres e bispos, podendo
também interferir em algumas decisões tomadas.
Em 1860, o papa Pio IX publicou Bula Syllabus, que determinava que membros da maçonaria não
poderiam pertencer às irmandades católicas. A proibição não foi acatada pelo imperador, porém os bispos
D. Vital (de Olinda) e D. Macedo (de Belém), seguiram as ordens do pontífice e suspenderam as
irmandades que descumpriam a regra papal. Apesar de serem poucos os maçons nas irmandades, o
grupo possuía um grande poder político, e suas reclamações chegaram ao imperador, que mandou
prender os dois bispos, que foram condenados a quatro anos de trabalhos forçados. O atrito demonstrou
a necessidade da separação entre Estado e Igreja, e só foi resolvido com a anistia dos bispos e na
suspensão das proibições papais.
Com graves problemas de saúde, em meados da década de 1880, D. Pedro II parte para a Europa em
busca de tratamento. Em seu lugar fica a Princesa Isabel, que buscando acalmar a tensão e as
reclamações de alguns setores da sociedade, em 1888 resolve libertar definitivamente os escravos, o que
na verdade acabou piorando a situação da monarquia. A questão sucessória também era um problema.
Os herdeiros do trono, D. Afonso, e posteriormente D. Pedro Afonso, haviam morrido, ficando a sucessão
para a Princesa Isabel, casada com o Conde D’Eu, um francês que não era bem visto para alcançar o
poder. Em 15 de novembro de 1889, em um movimento sem lutas, e de participação quase exclusiva de
militares, acaba o império brasileiro e tem início a República.

Questões28

01. (Prefeitura de Monte Mor-SP – Agente de Transito – CONSESP) Historicamente, o primeiro


passo para o advento do Parlamentarismo no Brasil, ocorreu na época do Império com:
(A) A Constituição outorgada em 1824
(B) A criação da presidência do Conselho de Ministros por D. Pedro II
(C) A abdicação de D, Pedro I
(D) A declaração da maioridade

02. (SEE-AL – Professor-História – CESPE) No que diz respeito ao império brasileiro, julgue os
próximos itens.
O tráfico de escravos para o Brasil foi oficialmente proibido em 1831. Desde então, ocorreu um
rápido declínio da chegada de novos africanos escravizados ao Brasil.

(A) Certo
(B) Errado

03. (IF-AL – Professor-História – CEFET-AL) No processo crescente que levou à abolição dos
escravos (1888), o Brasil passou a instituir uma legislação que iria culminar com a abolição. Em 1850
foi sancionada a Lei Euzébio de Queiróz (proibição do tráfico de escravos). Em contrapartida o império
instituiu a Lei das Terras, que significou:
(A) Objetivando regularizar os quilombos que existiam no Brasil, foi criada a Lei das Terras, dessa
forma, os quilombolas poderiam permanecer nas terras ocupadas.
(B) O império objetivava com a criação da LEI DAS TERRAS facilitar a aquisição de terras pelos negros
libertos e dificultar para os imigrantes.
(C) A Lei das Terras tinha o objetivo de restringir terras para os novos libertos e facilitar para os
imigrantes.
(D) Pensando em proteger os negros libertos, a Lei das Terras seria um arcabouço jurídico que
protegeria todos os brasileiros.
(E) Visando a aumentar os valores das terras, a lei foi criada dificultando, assim, a compra por parte
dos libertos, favorecendo a permanência dos libertos como trabalhadores nas fazendas já existentes.

28
Referência: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 128
04. (IF-AL – Professor-História – CEFET-AL) O período monárquico atravessou um momento de
maior decadência a partir de 1870, contrastando com o apogeu do Império até 1850. Podemos afirmar
como fatores constitutivos da decadência imperial no período citado:
(A) Mudança de posição política dos militares após a Guerra do Paraguai, além do crescimento dos
movimentos abolicionistas e monarquistas.
(B) Forte pressão dos meios jornalísticos contra o nível de exploração dos trabalhadores no país, em
especial dos trabalhadores urbanos.
(C) Reformas políticas promovidas pelo imperador (D. Pedro II) e o crescimento do movimento
abolicionista.
(D) Grande fluxo emigratório e organizações dos trabalhadores urbanos.
(E) Descapitalização dos latifundiários em função das excessivas fugas de escravos e o crescimento
do movimento republicano.

05. (SEDUC-AM – Professor-História – FGV) A Constituição do Império do Brasil, outorgada por


D. Pedro I em 1824, inaugurou formalmente um sistema político-eleitoral que sofreu algumas
alterações ao longo do período monárquico (1822-1889).

Assinale a opção que caracteriza corretamente uma dessas alterações.


(A) 1834 – modificação da Constituição extinguiu o Poder Moderador, assegurando a independência
dos três poderes.
(B) 1840 – interpretação parcial da Reforma Constitucional de 1834, ampliando a autonomia dos
legislativos provinciais.
(C) 1847 – criação do cargo de Presidente do Conselho de Ministros, inaugurando o “parlamentarismo
às avessas”.
(D) 1855 – reforma eleitoral denominada “Lei dos Círculos”, extinguindo o voto distrital da Constituição
do Império.
(E) 1881 – nova reforma eleitoral conhecida como “Lei Saraiva”, estendendo o direito de voto aos
analfabetos.

06. O período monárquico no Brasil costuma ser dividido em três momentos distintos: Primeiro Reinado
(1822-1831); Regências (1831 1840) e Segundo Reinado (1840-1889). Sobre as principais questões que
marcaram esses momentos, assinale a alternativa incorreta.
(A) A Guerra do Paraguai marcou o Primeiro Reinado e foi a grande responsável pelo enfraquecimento
do poder de D. Pedro I, resultando na Independência do Brasil.
(B) A primeira etapa da monarquia brasileira teve dificuldades para se consolidar, o Primeiro Reinado
foi curto e marcado por tumultos e conflitos entre D. Pedro I - que era português com os brasileiros.
(C) A primeira Constituição Brasileira foi outorgada em 1824, por D. Pedro I.
(D) A segunda etapa da história do Brasil monárquico inicia-se em 1831, com a renúncia de D. Pedro
I em favor do filho Pedro de Alcântara, com apenas cinco anos de idade.
(E) O terceiro momento da monarquia no Brasil inicia-se com o reinado de Dom Pedro II, período
marcado pela centralização do poder de um lado e pelas disputas político-partidárias entre liberais e
conservadores, de outro.

07. O Período Regencial (1831-1840) foi marcado por uma série de revoltas em vários pontos do Brasil.
Sobre as revoltas ocorridas no Período Regencial, indique qual das alternativas abaixo está incorreta:
(A) Balaiada, no Maranhão.
(B) Sabinada, na Bahia.
(C) Inconfidência Mineira, em Minas Gerais.
(D) Revolta Farroupilha, no Sul do país.

08. (UEL-PR) “[...] explodiu na província do Grão-Pará o movimento armado mais popular do Brasil
[...]. Foi uma das rebeliões brasileiras em que as camadas inferiores ocuparam o poder.”
Ao texto podem-se associar:
(A) a Regência e a Cabanagem.
(B) o Primeiro Reinado e a Praieira.
(C) o Segundo Reinado e a Farroupilha.
(D) o Período Joanino e a Sabinada.
(E) a abdicação e a Noite das Garrafadas.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 129
09. A criação da Guarda Nacional, em 1831, durante o governo regencial, teve como um de seus
objetivos.
(A) Apoiar o governo de Pedro I na consolidação da independência.
(B) defender a integridade das fronteiras ameaçadas de invasão
(C) Conter as agitações e amotinações que ameaçavam a Nação
(D) Combater a influência da aristocracia rural na vida política.

10. (Fatec) Em 4 de setembro de 1850, foi sancionada no Brasil a Lei Eusébio de Queirós (ministro da
Justiça), que abolia o tráfico negreiro em nosso país. Em decorrência dessa lei, o governo imperial
brasileiro aprovou outra, "a Lei de Terras".
Dentre as alternativas a seguir, assinale a correta.
(A) A Lei de Terras facilitava a ocupação de propriedades pelos imigrantes que passaram a chegar ao
Brasil.
(B) A Lei de Terras dificultou a posse das terras pelos imigrantes, mas facilitou aos negros libertos o
acesso a elas.
(C) O governo imperial, temendo o controle das terras pelo coronéis, inspirou-se no "Act Homesteade"
americano, para realizar uma distribuição de terras aos camponeses mais pobres.
(D) A Lei de Terras visava a aumentar o valor das terras e obrigar os imigrantes a vender sua força de
trabalho para os cafeicultores.
(E) O objetivo do governo imperial, com esta lei, era proteger e regularizar a situação das dezenas de
quilombos que existiam no Brasil.

Respostas

01. Resposta B.
Como falamos, a primeira experiência com o parlamentarismo ocorreu da criação e prática do que
ficou conhecido como “Parlamentarismo às Avessas”, em que D. Pedro II criou um quarto poder, o
“moderador” onde a ele (o próprio D, Pedro II) caberia autoridade sobre todos os outros e a livre opção
de colocar ou retirar qualquer pessoa do cargo de Primeiro Ministro.

02. Reposta B.
Trata-se da Lei Feijó. Promulgada em 1831 ela ficou conhecida por “para inglês ver”, uma vez que o
governo brasileiro não fez questão de manter fiscalização sobre ela. Mais efetiva foi a Lei Eusébio de
Queiróz, de 1850 que sob pressão inglesa começou de fato a reduzir drasticamente o tráfico escravo
negro para o Brasil.

03. Resposta E.
Além da questão econômica (agora a terra não seria apenas um símbolo de status social, mas de
poder), a medida garantia que o preço elevado das terras mantivesse apenas quem tinha maior poder
aquisitivo com sua posse. Como quem detinha o poder financeiros eram comumente os próprios
proprietários de terras, acabou-se criando um ciclo onde aqueles que trabalhavam nela, teriam que
continuar trabalhando pela dificuldade em obtê-la.

04. Resposta E.
Uma das bases de apoio da monarquia era a antiga elite rural canavieira, extremamente dependente
da mão de obra escrava. As constantes fugas e o gradual caminho do governo para o término da abolição
fizeram com que esse grupo não defendesse a permanência de D. Pedro II. Por sua vez, a nova
aristocracia rural, proveniente do café, sentiu menos o impacto da ausência de escravos e por sua vez
ansiava por maior autonomia, algo que viria apenas com o sucesso do movimento republicano.

05. Resposta C.
Dentre todas as mudanças que a Constituição sofreu, como o senado vitalício, a criação do cargo de
Presidente do Conselho de Ministros foi a mais drástica, uma vez que em nenhuma outra experiência
parlamentarista havia um quarto poder acima dos outros. A alternativa “E” poderia causar alguma
confusão, mas note que ela não faz nenhuma referência a uma renda mínima, critério presente na
Constituição.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 130
06. Resposta A.
A Guerra do Paraguai ocorre somente durante o segundo reinado, quando D. Pedro II estava no trono.
A abdicação de D. Pedro I ocorre somente em 1831, ou seja, quase dez anos após a Proclamação da
Independência.

07. Resposta C.
A Inconfidência Mineira, ao contrário das outras revoltadas citadas, ocorre durante o Período Colonial,
e não o Regencial, como pede a questão

08. Resposta A.
O período Regencial foi marcado por inúmeras revoltas, na maioria descontentes com o governo
imperial, mas também com os grandes proprietários rurais. Assim como a Cabanagem, a Farroupilha
também ocorreu no mesmo período, porém no Rio Grande do Sul.

09. Resposta C.
A grande quantidade de revoltas e descontentamento com o governo obrigou-o a criar uma maneira
de conter os conflitos que se espalhavam pelo país.

10. Resposta D.
Com o fim do tráfico negreiro, era necessário encontrar uma nova mão-de-obra que pudesse substituir
a força de trabalho deixada pelo escravo. A regularização nas vendas, juntamente com aumento de
preços foi a solução encontrada para evitar a concorrência de imigrantes, que deveriam se submeter ao
trabalho assalariado para sobreviver, já que muitos não conseguiriam adquirir uma propriedade no
momento em que chegassem ao Brasil.

28. Primeira Guerra Mundial;


29. Regimes totalitários;
30. Segunda Guerra Mundial;

Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial ou Grande Guerra, como foi chamada na época, aconteceu entre os anos
de 1914 e 1918. Foi chamada assim por seus contemporâneos, pois nenhuma das guerras europeias
haviam atingido proporções globais.

I - Antecedentes
A Primeira Guerra Mundial, surgiu a partir de tensões formadas na segunda metade do século XIX. O
desenvolvimento do nacionalismo e do imperialismo – prática que consistiu no domínio de nações
poderosas sobre povos mais pobres – desencadeou a formação dos Estados nacionalistas. O capitalismo,
motivou o conflito entres as grandes potências europeias. O desejo de ampliar mercados, através do
imperialismo, aumenta ainda mais a tensão entre os países da Europa.
Um dos fatores que fez aumentar a insatisfação entre os países europeus, foi a má divisão da África e
Ásia, que ocorreu no final do século XIX. Como a Itália e a Alemanha haviam se unificado tardiamente,
fato que fez com que eles ficassem fora do processo neocolonial, enquanto a França e a Inglaterra
exploravam as novas colônias, ricas em matérias-primas, gerou descontentamento, e aumentou o
sentimento de rivalidade já existente entre a Alemanha e a França, já que os franceses haviam perdido
para a Alemanha a região da Alsácia-Lorena. As tensões crescem mais ainda quando a Alemanha, de
forma diplomática, exige o domínio de regiões afro-asiáticas, pertencentes a Inglaterra.
Apesar de ter se unificado tardiamente, a Alemanha conseguiu que seus produtos industrializados
ganhassem espaço. Os alemães conseguiram formar uma grande indústria que conseguiu superar a
tradicional potência britânica.
A partir do Imperialismo, um novo sentimento surge na paisagem pré Primeira Guerra. O nacionalismo,
aparece como uma fonte legitimadora da guerra. Esse sentimento aparece sob diversas formas, por
exemplo, na França o revanchismo aparece, provocado pela sua derrota na Guerra Franco-Prussiana.
Na Rússia, surge o pan-eslavismo, que se baseava na teoria de que todos os eslavos pertencentes a
Europa Oriental, deveriam constituir-se como uma família, e a Rússia como país mais poderoso dos
estados eslavos, deveria ser o líder e o protetor. Já na Alemanha, aparece uma forma de nacionalismo

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 131
que se manifesta na forma de pangermanismo, uma corrente ideologia que lutava para que todos os
povos germânicos se unissem sob a liderança alemã.
O grande sentimento nacionalista e a disputa imperialista, fazem com que as nações formem dois
blocos. O primeiro a surgir foi a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no
ano de 1882. Logo depois, surge a Tríplice Entente, aliança militar formada pela Inglaterra, França e
Rússia.
Dessa forma, as seis maiores potências europeias estavam prontas para a guerra, a Europa estava
dividida politicamente em dois blocos. A única coisa que faltava para iniciar um confronto era um pretexto,
e ele surge no dia 28 de junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro
do trono austríaco, na capital da Bósnia, Sarajevo, por um estudante sérvio.

II - A Guerra
Com a morte do arquiduque austríaco, a Áustria culpou a Sérvia e exigiu que providencias fossem
tomadas. Como a Sérvia não encontrou uma saída que agradece ambos, a Áustria declara guerra à
Sérvia. No dia 30 de julho a Rússia entra na guerra, mobilizando suas tropas para atacar a Áustria, em
resposta a Alemanha declara guerra aos russos. Logo em seguida, no dia 3 de agosto, a Alemanha
declara guerra à França e invade o território Belga, um país neutro. Devido a violação da neutralidade, a
Alemanha da motivo para a Inglaterra intervir e declarar guerra à Alemanha, no dia 4 de agosto.

II.a - Primeira Fase da Guerra: Guerra de movimento


A primeira fase da guerra, iniciada em agosto de 1914, contou com ataques a França, realizados pela
Alemanha. Os alemães planejavam derrotar a França de forma rápida, contudo o exército francês
conseguiu deter o ataque, esse conflito ficou conhecido como a primeira batalha de Marne. Essa batalha
inaugurou a chamada guerra de trincheiras (frentes estáticas escondidas em valas cavadas no chão). Os
franceses conseguiram deter a ofensiva alemã, a apenas 40 km de Paris, graças à ajuda dos britânicos,
esse avanço é contido, mas a capital do país passa a ser Bordeaux. A Rússia, em 15 de agosto de 1914,
invade a Alemanha e a Austro-Hungria.

II.b - Segunda Fase da Guerra: Guerra de Trincheiras ou Guerra de posições


A segunda fase da Primeira Guerra Mundial, foi a época em que ocorreu os avanços estratégicos. O
uso das trincheiras foram amplamente utilizados. O armamento despertou um surto industrial fazendo
com que novas armas aparecessem.

Em 1917, com o triunfo da revolução Russa, a Rússia assina um acordo com a Alemanha, que
oficializava a sua saída da guerra, o acordo levou o nome de Tratado de Brest-Litovsk.
No mesmo ano os Estados Unidos entram na Guerra após ter seus navios mercantes atacados em
águas internacionais, por submarinos alemães. Apesar de manterem uma política de não-intervenção nos
assuntos europeus, depois do ataque, o presidente declara guerra à Alemanha.
Com a intensificação da guerra, as alianças estavam desenhadas da seguinte forma: A Tríplice
Aliança, antes de iniciar a guerra, reunia a Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Com o início dos conflitos,
O império Turco-Otomano alia-se com a Alemanha, devido a sua rivalidade com a Rússia em 1914, a
Bulgária se une a eles em 1915. A Tríplice-Entente, antes formada pela Inglaterra, França e Rússia,
durante a guerra, mais 24 nações são incorporadas. Nações como o Japão (1915), Portugal e Romênia
(1916), Estados Unidos, Grécia e Brasil (1917). A Itália que antes pertencia a Tríplice Aliança, entra no
conflito em 1915 ao lado dos países da tríplice Entente.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 132
III - O Final da Guerra
Depois da saída da Rússia e com a entrada dos Estados Unidos no conflito, a situação da Aliança foi
ficando cada vez mais crítica. E março de 1918 os alemães iniciaram mais uma ofensiva na frente
ocidental, utilizando aviões, canhões e tanques, nessa investida, chegaram a 46 km de Paris. Nesse
momento, com a ajuda dos norte-americanos, os alemães forma obrigados a recuar. A partir de então,
eles começaram a perder aliados até o ponto da situação ficar insustentável.
Neste momento o povo alemão sofria com a fome, devido a um bloqueio naval, a escassez de
alimentos levou a população a fazer uma manifestação pedindo o a saída da guerra. A população de
Berlim, em novembro de 1918, conseguiu tirar do poder o imperador Guilherme II, implantou-se então um
governo provisório, sob a liderança do Partido Social-Democrata, que assinou um acordo de paz com os
Aliados, terminando assim, a Primeira Guerra Mundial

IV – Consequências
Com a rendição dos países que formavam a Tríplice Aliança, um acordo foi assinado, nas proximidades
de Paris, apenas os países vencedores participaram. Pelo acordo a Alsácia-Lorena, voltava a pertencer
a França, além de ter perdido território para outros países. Este tratado também impôs fortes punições, a
Alemanha foi obrigada a pagar uma indenização aos países, afim de pagar os prejuízos da guerra, outra
imposição foi a de que deveria ser entregue aos países vencedores uma parte de sua frota mercante,
suas locomotivas e suas reservas de ouro. Seu exército teve de ser reduzido, assim como sua indústria
bélica. Esse tratado, assinado em junho de 1919 levou o nome de Tratado de Versalhes, pois foi
assinado na sala dos Espelhos do palácio de Versalhes.

A Primeira Guerra Mundial, deixou um legado de aproximadamente 10 milhões de mortos, e quase o


triplo de feridos. Campos a indústria foram destruídos, além dos grandes prejuízos.
O conceito de guerra mudou a partir da Primeira Guerra Mundia, o modelo aristocrático que
caracterizou as guerras de Napoleão, não existia mais. O uso de novas armas, como bombas, tanques,
rifles de precisão e metralhadoras, transformou os exércitos em uma máquina mortífera. Esse motivo fez
com que a guerra durasse mais do que se esperava.
As Influências da Primeira Guerra Mundial no Cenário Brasileiro29
A primeira guerra representa para a industrialização brasileira um momento de desenvolvimento
acelerado. Por ser o Brasil geograficamente complexo, com suas unidades distantes e pobres,
representava um mercado interno incipiente. Somente através das medidas fiscais e protecionistas de
certos governos, pode-se localizar uma indústria caseira nos fins do século XIX e início do XX. Com a
Guerra dificultam-se as importações de produtos, incentivando-se o surgimento de novos ramos
industriais. Por ser este um processo de transformação das estruturas de certas zonas geográficas é um
processo lento. Esta expansão é liderada pelas regiões Sul e Leste, por serem ricas e variadas
climaticamente.
Os elementos da acumulação capitalista são a aplicação de pequeno capital e o baixo salário, que
acrescia, além dos lucros normais, pela inflação e pela aplicação de parte dos lucros do café, devido à
proibição de novos plantios em 1902.
Depois de 1914 surgem as grandes indústrias e uma concentração operária. Dá seus primeiros passos
a indústria pesada e vai ocupar parcialmente um mercado que demanda uma autossuficiência, somente
alcançada no período da Segunda Guerra, em Volta Redonda. Paradoxalmente, desenvolvem-se as
indústrias subsidiarias estrangeiras de petróleo e derivados, químicos e farmacêuticos, que
conjuntamente aos trustes estrangeiros, crescem acompanhando as necessidades do país.
As classes dominantes não apoiam esta expansão, por ser formada basicamente por proprietários de
terras. A indústria só superará a atividade agrária após a Segunda Guerra. Somente no governo de Afonso
Pena que se compreendeu a necessidade de um equilíbrio entre indústria e consumidor. No Governo de
Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás, tentava-se rever as taxas alfandegárias. A guerra precipita a
solução, onde, nota-se a necessidade de desenvolver os recursos industriais de energia e ferro próprios.
Devido à guerra, ocorrem grandes dificuldades fiscais, levando o país a uma inflação acelerada, onde
a moeda circulante ultrapassa a casa de um milhão de contos de réis de emissão do tesouro, sem contar
as emissões bancárias. O presidente Epitácio Pessoa (1919- 1922), adota uma política de baixa cambial.
Com esta situação, aumenta as reivindicações operárias e pequeno-burguesas com relação a custo de
vida e moradia. Este governo foi o último que tentou uma política antiindustrialista. Os governos
posteriores tiveram de reconhecer a necessidade da industrialização.

29
BRASIL ESCOLA. As influências da Primeira Guerra Mundial no cenário brasileiro. Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historiab/influencias-da-primeira-guerra-cenario-brasileiro.htm> Acesso em 10 de maio de 2017.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 133
Diferentemente da produção industrial, exclusivamente de consumo interno, a produção industrial,
exclusivamente de consumo interno, a produção agrícola é basicamente de exportação.
Esta produção primária aumenta progressivamente, acarretando em um saldo credor para o Brasil,
onde, se permitia cobrir compromissos externos e suprir algumas necessidades internas. Com a
concorrência das plantações africanas e asiáticas, onde ocorre aplicação de grandes capitais e uso de
técnica racional, com mão-de-obra mais barata e clima propício, fizeram com que certos produtos de
exportações brasileiras a partir da Primeira Guerra fossem declinando.
Por sua vez, o café, teve vários fatores a seu favor. O Brasil que possuía ¾ da produção mundial
expandia-se nas terras roxas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, principalmente. Aumenta
continuamente sua produção devido a interesses capitalistas estrangeiros, que participaram
principalmente de sua distribuição. Devido ao consumo ser menor que a produção, sente-se à
consequência da acumulação que se dá a partir da Crise de 1893.
Com estas ações protecionistas, que garantia a estabilidade, guerra, em um país como o Brasil, um
círculo vicioso entre bons preços e mais aplicações de capitais em novas lavouras, tendo como resultado
um acúmulo de estoque que tendia à crise, desenrolada e m 1929. (Esta crise de 1929 foi uma crise
mundial que assolou em especial os EUA com o Crack da bolsa de Nova York que depois da primeira
guerra viveram um fortalecimento da suas economias por tudo que produzirem ser exportado para a
Europa que ficou destruída com a Guerra neste período já estavam quase que recuperada e não
precisava mais nem dos empréstimos em dinheiro americano ou de produtos dos demais países os
excedentes de produção levaram muitos destes países à crise econômica). Em continuação aos
prósperos anos de guerra, as mercadorias agrícolas e industriais atingem um superávit, com relação às
importações. Passada a euforia econômica de 1919, segue uma paralisação e a crise de 1920, acelerada
devido à política titubeante e antiindustrialista do governo.

Questões

01. (CVM - Agente Executivo – ESAF) Atritos permanentes decorrentes de disputas imperialistas,
profundas rivalidades políticas assentadas em extremado nacionalismo e constituição de dois blocos
antagônicos de alianças entre países, a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, configuram, entre outros
aspectos, o quadro histórico que resultou na:
(A) Segunda Guerra Mundial.
(B) Guerra Franco-Prussiana
(C) Guerra dos Boxers
(D) Guerra Civil Americana
(E) Primeira Guerra Mundial

02. (PC-MG - Escrivão de Polícia Civil – FUMARC) São conjunturas que precedem à eclosão da
Primeira Guerra Mundial, EXCETO:
(A) A presença de várias potências europeias na Ásia e na África fez com que interesses imperialistas
se antagonizassem, sobretudo, no que se refere ao controle de territórios.
(B) A política de alianças produzirá um “efeito dominó”, lançando à guerra, uma após outra as nações
signatárias dos acordos.
(C) O nacionalismo adquire grande importância na eclosão da guerra, uma vez que as alianças entre
as nações europeias, no período que precede o conflito, nortearam-se fundamentalmente, por questões
étnicas.
(D) A escalada inflacionária, o desemprego e o ódio racial favoreceram a subida ao poder de partidos
totalitários como o Partido Nacional dos Trabalhadores Alemães. Antissemitismo e expansionismo
territorial faziam parte da política desses partidos, o que acabou determinando a guerra.

03. (CONFERE – Auditor - INSTITUTO CIDADES) Vários problemas atingiam as principais nações
europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países
estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX.
Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e
Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado
consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das
causas da:
(A) Guerra Fria
(B) Grande Guerra

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 134
(C) Segunda Guerra Mundial
(D) Revolução Socialista Marxista

04. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Acerca do processo histórico que desencadeou a I
Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens a seguir.
A expansão econômica da Alemanha levou-a a competir com a Inglaterra e com a França.
(A) Certo
(B) Errado
05. (SEE-AL - Professor – História – CESPE) No que se refere à Idade Contemporânea e ao período
que abrange as duas guerras mundiais e seus efeitos, julgue os itens a seguir.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Espanha, a Suíça e os Países Baixos mantiveram-se imparciais
e conseguiram permanecer relativamente distantes do conflito.
(A) Certo
(B) Errado

06. (Prefeitura de Betim – MG – Professor PII - História - Prefeitura de Betim – MG) É coerente
com as razões que levaram à 1ª Grande Guerra Mundial:
(A) Um dos fatos que contribuiu para o final do confronto foi a entrada da Rússia na Guerra, pois tinha
um exército grande e bem preparado, impondo aos alemães derrotas vexatórias.
(B) O processo de Imperialismo, promovido pelas grandes potências capitalistas da Europa,
principalmente França, Inglaterra e Alemanha, gerou conflitos e até confrontos pela disputa de territórios,
ao ponto de desencadear a 1ª Guerra.
(C) Temendo uma ofensiva alemã, Japão, Inglaterra e França formaram a Tríplice Aliança.
(D) O início da Guerra se deu quando as tropas alemãs invadiram a Polônia, apresentando ao mundo
a famosa Guerra Relâmpago, deixando marcas desastrosas para os poloneses.

07. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Acerca do processo histórico que desencadeou a I
Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens a seguir.
A ascensão econômica e política do Império Austro-Húngaro levou-o a confrontar os interesses
ingleses nos Bálcãs. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, permitiu que se
atribuísse ao imperialismo britânico a responsabilidade pelo clima de tensão regional, e constituiu o marco
inicial da guerra.
(A) Certo
(B) Errado

08. Os países envolvidos na I Guerra Mundial dividiram-se em duas coligações de nações que se
enfrentaram durante os anos da guerra, incialmente eram formados por seis países. Das alternativas
abaixo, qual está correta?
(A) Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão; e os Aliados, composto por França, Inglaterra e
Estados Unidos.
(B) Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão; e Tríplice Entente, formada pela França, Inglaterra e
Rússia.
(C) Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e a Tríplice Entente, formada
pela França, Inglaterra e Rússia
(D) Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e os Aliados, composto por
França, Inglaterra e Estados Unidos.

09. Após o início da guerra, os bloco antes formados por seis países, sofrem alterações, A Tríplice-
Entente, antes formada pela Inglaterra, França e Rússia, durante a guerra, mais 24 nações são
incorporadas. Nações como o Japão, Portugal e Romênia, Estados Unidos, Grécia e Brasil. Sobre a
formação da Tríplice Aliança, podemos afirmar que quais países compunham esse bloco?
(A) Alemanha, Império Turco-Otomano, Bulgária e Austro-Hungria.
(B) Alemanha, Rússia e Itália.
(C) Alemanha, Inglaterra e Rússia.
(D) Alemanha, Itália, Império Austro-húngaro

10. Qual foi o estopim para que acontece a Primeira Guerra Mundial?
(A) O não cumprimento do Tratado de Versalhes pela Alemanha.
(B) Assassinato do primeiro-ministro francês General De Gaulle.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 135
(C) Assassinato do príncipe herdeiro do trono austríaco Francisco Ferdinando.
(D) A Revolução Socialista em 1917 na URSS.

Respostas

01. Resposta: E.
Podemos afirmar que os antecedentes da Primeira Guerra Mundial surgiu a partir de tensões formadas
na segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento do nacionalismo e do imperialismo nos países
europeus. A partir dessas tensões dois blocos antagônicos se formas, a Tríplice Aliança, formada pela
Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no ano de 1882 e a Tríplice Entente, aliança militar formada pela
Inglaterra, França e Rússia.
02. Resposta: D.
A opção D é a única que não se refere ao período que antecede a Primeira Guerra Mundial, pois a
afirmativa da questão, refere-se aos motivos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. As opções A,
B e C estão corretas a respeito dos motivos que precederam o início da Grande Guerra.

03. Resposta: B.
A unificação tardia da Alemanha e da Itália, faz com que ambas as nação ficassem fora do processo
neocolonial, gerando um grande descontentamento. As tensões crescem mais ainda quando a Alemanha,
de forma diplomática, exige o domínio de regiões afro-asiáticas, pertencentes a Inglaterra.

04. Resposta: A.
Apesar de ter se unificado tardiamente, a Alemanha conseguiu que seus produtos industrializados
ganhassem espaço. Os alemães conseguiram formar uma grande indústria que conseguiu superar a
tradicional potência britânica.

05. Resposta: A.
A afirmativa da questão está correta, Espanha, a Suíça e os Países Baixos mantiveram-se imparciais
durante a Primeira Guerra, conseguindo manter uma certa distância dos conflitos acontecidos entre os
anos de 1914 a 1918.

06. Resposta: B.
O capitalismo, motivou o conflito entres as grandes potências europeias. O desejo de ampliar
mercados, através do imperialismo, aumentou ainda mais a tensão entre os países da Europa, pois como
a Alemanha e a Itália se unificaram tardiamente, ambas ficaram fora do processo neocolonial, o que gerou
grande descontentamento.

07. Resposta: B.
A Afirmativa da questão está errada. Primeiramente a responsabilidade pelo assassinado do
arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, foi dada a Sérvia. A Inglaterra só entra na guerra a partir
do ataque a Bélgica, pais neutro, pelo exército alemão.

08. Resposta: C
O grande sentimento nacionalista e a disputa imperialista, fazem com que as nações formem dois
blocos. O primeiro a surgir foi a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no ano
de 1882. Logo depois, surge a Tríplice Entente, aliança militar formada pela Inglaterra, França e Rússia.

09. Resposta: D
A Tríplice Aliança, antes de iniciar a guerra, reunia a Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Com o início
dos conflitos, O império Turco-Otomano alia-se com a Alemanha, devido a sua rivalidade com a Rússia
em 1914, a Bulgária se une a eles em 1915.

10. Resposta: C
Com a formação dos blocos formados, a única coisa que precisavam para iniciarem uma guerra era
um pretexto e ele surge no dia 28 de junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, na capital da Bósnia, Sarajevo, por um estudante sérvio.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 136
O Totalitarismo

O Totalitarismo é uma forma de governo em que uma ditadura controla o estado em todas as esferas
da sociedade. O controle sobre os meios de informação é muito forte e a repressão é utilizada como meio
de conter as revoltas da população e evitar novas ações. A educação vincula-se à propaganda como
meio de controle e promoção do regime, ressaltando suas realizações, obras, projetos e principalmente
a figura do líder do governo, que em muitos casos passa a ser venerado através da imposição. O modelo
totalitário ganhou força no século XX após a Primeira Guerra Mundial. Existem duas vertentes do
Totalitarismo: Esquerda e Direita
O Totalitarismo de Esquerda caracteriza-se pela abolição da propriedade privada, adoção das ideias
do socialismo, extinção da religião na esfera política e coletivização obrigatória de meios de produção
agrícolas e industriais.
No Totalitarismo de Direita as organizações sindicais estão sob olhar atento do Estado. A cultura,
religião e etnicidade são valorizados de maneira tradicionalista e a burguesia industrial é fortemente
apoiada.
Apesar das grandes diferenças, tanto o Totalitarismo de esquerda como o de direita possuem diversas
semelhanças, como a adoção de um único partido que comanda o pais e de onde partem as decisões
sobre os rumos que ele deve tomar. Ideias de supervalorização do sentimento de orgulho do
país(patriotismo), seu enaltecimento e elogios ao potencial energético, natural e humano (Ufanismo) e a
defesa ferrenha e muitas vezes irracional do país (chauvinismo) são incentivadas e impostas à população
como forma de aumentar e garantir seu domínio. O culto à personalidade do líder do partido é também
imposto como forma de dominação carismática. Alguns dos maiores exemplos de culto à personalidade
são os ditadores Adolf Hitler na Alemanha Nazista e Joseph Stalin na União Soviética. Na atualidade a
figura de Kim Il-Sung na Coréia do Norte é um exemplo de culto à personalidade.
Entre os regimes totalitários mais significativos estão o Nazifacismo presentes em países como Itália,
Alemanha, Portugal e Espanha, e o Stalinismo na União Soviética.

O Fascismo Italiano

O fascismo italiano teve início no começo da década de 20, resultado da insatisfação com os resultados
da Primeira Guerra Mundial. Os tratados assinados após a guerra não garantiram para a Itália alguns
territórios de interesse, como o caso de algumas colônias alemãs na África e a região da Dalmácia,
atribuída à Iugoslávia. Além dos territórios desejados não serem entregues ao país, o saldo de mortos
durante a guerra foi enorme. Em torno de 650 mil pessoas morreram, além da região de Veneza ter sido
devastada.
A situação econômica do pais entrou em um momento de grande caos e crise. A Itália já possuía um
problema de superpovoamento e atrasos de desenvolvimento, que foram agravados após a I Guerra com
a alta inflação provocada pela emissão de moedas e empréstimos exteriores para financiar seu exército.
Como resultado, a Lira, que era a moeda nacional da época, ficou extremamente desvalorizada.
Com a crise econômica afetando até mesmo as grandes indústrias do país, o desemprego cresceu,
juntamente com o número de greves de operários. Revoltas e pilhagens de lojas pela população tornaram-
se constantes. Por volta de 1920, mais de 600 mil metalúrgicos das regiões piemonteses e lombardos
tomaram controle de fábricas e tentaram dirigi-las, tentativa que falhou por conta da falta de credito
bancário. Além das fábricas e cidades, no campo várias terras foram ocupadas e muitos camponeses
exigiam reforma agraria.
Com medo do avanço dos movimentos sociais, do avanço das ideias comunistas e a incapacidade do
governo em conter as revoltas, grupos burgueses acabaram aliando-se a um grupo contrário ao
comunismo e ao socialismo: os Fascistas.
Os fascistas tinham como representante Benito Mussolini. Nascido em uma família pobre e
crescendo em um meio de influencias anarquistas, ingressou no Partido Socialista e refugiou-se durante
algum tempo na Suíça para fugir do serviço militar. Mussolini possuía ideais pacifistas, tendo inclusive
trabalhado como redator do jornal Avanti. Suas opiniões mudariam após o início da I Guerra Mundial,
quando fazia pedidos de intervenção militar da Itália em favor dos aliados em seu próprio jornal, Popolo
d’Itália.
Mussolini participou da guerra, de onde voltou gravemente ferido. Em seu jornal exigia atendimento
aos ex-combatentes que não conseguiam empregos, além de propor reformas sociais e criticar a
degradação e perda de poder do Estado, exigindo um regime de governo forte.
Os fascistas culpavam a democracia e o liberalismo. Vestiam-se de preto, daí o nome como foram
conhecidos, “camisas negras de Milão”. Formavam grupos paramilitares, os Squadres, ou “Fascio

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 137
de combatimiento” que combatiam as greves e os comunistas. Em 1922 estava marcada uma grande
greve geral em Roma, liderada pelos comunistas. Os fascistas impediram violentamente esta greve e
realizaram uma grande passeata, a “Marcha sobre Roma”. Após a marcha e a grande popularidade
alcançada pelos fascistas, o Imperador italiano indicou Mussolini para Primeiro Ministro. Mussolini foi
responsável por uma grande manobra diplomática com a Igreja Católica. Através do Tratado de Latrão
foi criado o Estado do Vaticano, que conquista o apoio e reconhecimento do Estado Italiano pela Igreja
(reconhecimento que não havia ocorrido desde a unificação Italiana em 1870)

Salazarismo e Franquismo

As consequências do fim da I Guerra Mundial e da Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque


causaram um efeito devastador na política e na economia de muitos países europeus. As crises
econômicas se alastravam, o desemprego aumentava junto com a insatisfação de operários de fabricas
que realizavam greves constantemente e muitos grupos políticos de esquerda chegavam ao poder. Com
medo de perder espaço e privilégios, os grandes empresários e a igreja católica aliaram-se e financiaram
a ascensão de grupos políticos de extrema-direita para conter as revoltas sociais e o avanço das ideias
socialistas que se espalhavam pelo continente. A década de 30 na Europa foi marcada pela ascensão do
nazifascismo. Esse modelo de governo surgido na Itália e Alemanha foi também praticado em Portugal
(Salazarismo) e Espanha (franquismo).
Em Portugal, assim como na Alemanha, a crise de 1929 colocou a extrema direita no poder, o que
possibilitou a ascensão de Antônio Oliveira Salazar que em 1930 instaurou a ditadura do “Estado Novo”
e outorgou uma constituição autoritária, nacionalista, com unipartidarismo e a proibição de greves. O
ditador permaneceu no poder até 1970, quando faleceu. O modelo ditatorial permaneceu em vigor até o
ano de 1974, quando acontece a “Revolução dos Cravos” que derruba o governo autoritário promove
novamente a democracia. A revolução também coloca fim na Guerra Colonial portuguesa, conflito entre
tropas portuguesas e grupos separatistas de Angola, Guiné e Moçambique. Os separatistas buscavam a
autonomia, ou seja a independência do domínio colonial de Portugal. Salazar foi contrário à ideia de
separação e enviou tropas para suas colônias na África a partir de 1961 para conter os rebeldes. Com a
saída de Salazar do poder, a partir de 1975 tem início uma rodada de negociações para discutir a
descolonização dos territórios conflituosos com o Tratado de Alvor.
Com a queda do governo monárquico em 1931, após a renúncia do rei Afonso XIII, é proclamada a
Segunda Republica. Nas eleições ocorridas em dezembro do mesmo ano a esquerda sai vitoriosa. Alcalá
Zamora é eleito presidente da República. Com as reformas propostas pelo governo, que não se
mostraram significativas para nenhum dos lados, a insatisfação aumenta.
Manuel Azaña ficara encarregado por Alcalá Zamora de organizar o governo, que não consegue
resolver as questões agrária e trabalhista. Na questão religiosa, a companhia de Jesus é dissolvida na
Espanha, e as demais ordens religiosas apesar de continuarem, são proibidas de dedicar-se ao ensino.
As reformas foram consideradas moderadas em relação ao espirito anticlerical presente no parlamento
espanhol, que era composto por uma maioria de esquerda. As medidas tomadas não agradaram nem a
direita e a igreja, que enxergavam de forma negativa a laicização do Estado (Separação entre Estado e
religião) e do ensino, nem a esquerda, que considerava as reformas promovidas como medidas
insignificantes.
A polarização política (como no resto da Europa) entre a extrema direita e a extrema esquerda levou
o pais à uma guerra civil em 1936. Enfrentaram-se o “Nacionalistas”, grupo formado pelo Exército, a
Igreja e os Latifundiários (grandes proprietários de terra) e os “Republicanos”, grupo formado pelos
sindicatos, partidos de esquerda e os partidários da democracia. A Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
teve apoio das tropas portuguesas da ditadura salazarista e também o apoio da Alemanha nazista. O
conflito serviu de laboratório para a nova nova tática de guerra nazista: a Blitzkrieg (termo alemão para
"guerra-relâmpago. A Blitzkrieg consistia em uma doutrina militar que consistia em utilizar forças móveis
em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de
organizar a defesa.Com o desequilíbrio das forças militares os nacionalistas venceram a guerra e subiu
ao poder o General Francisco Franco, que governou até 1975, ano de sua morte. Seu governo era
fundamentado no militarismo, anticomunismo e no catolicismo.
A Guerra Civil Espanhola deixou um saldo de mais de 500 mil vítimas, além de muitos prédios
destruídos, metade do gado do país morto e uma estagnação econômica que durou pelos próximos 30
anos. A guerra causou impacto também em vários artistas, que manifestaram sua visão através de obras
e textos criticando o conflito. Entre as produções mais expressivas está a pintura de Pablo Picasso,
Guernica.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 138
A obra, uma pintura a óleo em estilo cubista, retrata o bombardeio e a destruição da cidade basca de
Guernica, no norte da Espanha. O autor a produziu em 1937, enquanto o autor morava em Paris. Nela
estão retratados os sofrimentos e mutilações de pessoas e animais e a destruição edifícios atingidos pela
Luftwaffe (Força Aérea Alemã).

Picasso, Pablo. Guernica. Óleo sobre tela.


Fonte:http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/guernica2.jpg

Além de Picasso, outros artistas como o pintor surrealista Salvador Dali, o poeta Federico García Lorca
e o escritor estadunidense Ernest Hemingway.

O Nazismo Alemão

O Nazismo era a sigla em alemão para “partido nacional socialista dos trabalhadores alemães”
(National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei ou N.S.D.A.P) fundado em 1920. Em 1923 membros do
partido tentam um golpe de Estado que ficou conhecido como Putch de Munique. O golpe foi frustrado e
os nazistas foram presos, entre eles um soldado que combatera na Primeira Guerra Mundial, chamado
Adolf Hitler. Na cadeia Hitler escreve seu livro com os princípios fundamentais do nazismo o “Mein Kampf”
(minha luta) no qual ele expressou suas ideias antissemitas, racialistas e nacional-socialistas. Após serem
anistiados (anistia = perdão de crime político) os membros do partido começaram um intenso trabalho de
divulgação de suas ideias, recebendo o apoio de grandes industriais e banqueiros alemães. Com o apoio
recebido os nazistas chegam ao poder. Após a vitória parlamentar do partido nazista, Hitler é nomeado
chanceler (primeiro ministro) da Alemanha em 1933.
Com a chegada de Hitler ao poder, tem início a implantação da ditadura totalitária nazista. O
parlamento foi incendiado e a culpa foi jogada nos grupos comunistas. As greves e os partidos comunistas
foram proibidos, e teve início a perseguição realizada aos Judeus. Hitler desobedece ao tratado de
Versalhes e inicia a militarização do país, pregando a necessidade de “espaço vital” alemão, ou seja o
espaço necessário para a expansão territorial de um povo, e a conquista de territórios ocupados pela
população Germânica. Inicia-se também a recuperação econômica com base em um programa baseado
na militarização do país e criação de empregos (principalmente na indústria militar).

A expansão Nazista
Os nazistas deram início em 1936 uma expansão militar com a participação em conflitos, a invasão e
anexação de territórios. Hitler leva a Europa à guerra (desta vez sim, a culpa é da Alemanha). O início da
expansão militar ocorre com a participação alemã na “Guerra Civil Espanhola”, em 1936, depois em
1938 anexam a Áustria, e em 1938/39 invadem e anexam os Sudetos da Tchecoslováquia (região
montanhosa à sudoeste do país).

A Guerra civil espanhola e a Blitzkrieg: Para muitos historiadores a Guerra Civil Espanhola foi um
laboratório para os alemães testarem sua nova tática de guerra, a Blitzkrieg (Guerra relâmpago). Era um
ataque surpresa e simultâneo entre a aviação (Luftwaffe), divisão de tanques blindados (divisão Panzer)
e a infantaria de soldados.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 139
Questões

01. O fascismo se afirmou onde estava em curso uma crise econômica (inflação, desemprego, carestia
etc.), ou onde ela não tinha sido completamente superada, assim como estava em curso uma crise do
sistema parlamentar, o que reforçava a ideia de uma falta de alternativas válidas de governo.
(Renzo De Felice. O fascismo como problema interpretativo,
In. A Itália de Mussolini e a origem do fascismo. São Paulo: Ícone Editora, 1988, p 78-79. Adaptado)

Interpretando-se o texto, pode-se afirmar que os regimes fascistas, característicos de alguns países
europeus no período entre as duas guerras mundiais, foram estabelecidos em um quadro histórico de
(A) abolição das economias nacionais devido à fusão de indústrias e de empresas capitalistas em
escala global.
(B) criação de blocos econômicos internacionais com a participação dos países de economia socialista.
(C) dificuldades econômicas conjugadas com a descrença na capacidade de sua solução pelos meios
democráticos.
(D) independência das colônias africanas devido ao desequilíbrio provocado pelas revoluções
nacionalistas.
(E) enfraquecimento do Estado na maioria das nações devido ao controle da economia pelos
trabalhadores.

02. (VUNESP PMSP) Leia a notícia.


Um jovem preso por planejar um massacre contra alunos da Universidade de Brasília (UnB) é suspeito
de atuar como representante de grupos neonazistas no Distrito Federal. A Polícia Federal (PF) investiga
a ligação de Marcelo Valle Silveira Mello, 26 anos, com radicais da Região Sul que pregam o ódio a
negros, homossexuais e judeus.
(Http://www.correiobraziliense.com.br.
Acesso em 14.05.2012. Adaptado)

Prática como essa tem como modelo o regime nazista (1933-45), que defendia
(A) o pluripartidarismo e a expansão militar.
(B) a xenofobia e o internacionalismo.
(C) a democracia e o irracionalismo.
(D) o nacionalismo e a intolerância.
(E) a guerra e a diversidade cultural.

03. São características da ideologia Nazista:


(A) racismo, totalitarismo e marxismo;
(B) racismo, defesa do capitalismo e humanismo;
(C) unipartidarismo; marxismo e totalitarismo;
(D) sociedade militarista; antissemitismo e racismo;
(E) nacionalismo; bolchevismo e totalitarismo.

04. (Fgvrj) O período entre as duas grandes guerras mundiais, de 1918 a 1939, caracterizou-se por
uma intensa polarização ideológica e política. Assinale a alternativa que apresenta somente elementos
vinculados a esse período:
(A) New Deal; Globalização; Guerra do Vietnã.
(B) Guerra do Vietnã; Revolução Cubana; Muro de Berlim.
(C) Guerra Civil Espanhola; Nazifascismo; Quebra da Bolsa de Nova York.
(D) Nazifascismo; New Deal; Crise dos Mísseis.
(E) Doutrina Truman; República de Weimar; Revolução Sandinista.

05. (Upe) Leia atentamente o trecho que se segue, extraído do livro de memórias do cineasta espanhol
Luis Buñuel (1900-1983):

“Em julho de 1936, Franco desembarcava à frente de tropas marroquinas, com a intenção inabalável
de acabar com a República e de restabelecer ‘a ordem’ na Espanha. Minha mulher e meu filho acabavam
de retornar a Paris, fazia um mês. Eu estava sozinho em Madri. Em uma manhã, bem cedo, fui acordado
por uma explosão, seguida de várias outras. Um avião republicano bombardeava o quartel de La Montaña,
e ouvi também alguns disparos de canhão. [...]. Eu mal podia crer. [...]. A revolução violenta que sentíamos

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 140
germinar havia alguns anos, e que pessoalmente eu tanto almejara, passava sob a minha janela, diante
dos meus olhos. Ela me encontrava desorientado, descrente.”
(BUÑUEL, Luis. Meu último suspiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2009, p. 215. Adaptado.)

Baseando-se no texto acima e no fato histórico por ele mencionado, analise as afirmações seguintes:
I. Madri foi um dos palcos da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), que dividiu a Espanha entre radicais
conservadores de direita e republicanos de esquerda.
II. O general Franco tinha o apoio interno da Igreja, do exército e dos latifundiários, contando, ainda,
com o apoio internacional da Alemanha hitlerista.
III. A fuga para o exterior, como fez a esposa e o filho de Buñuel, foi uma prática comum entre os
cidadãos espanhóis, durante a guerra, a qual recebia apoio dos republicanos.
IV. Apoiados pela Igreja, os republicanos não aceitaram a participação de voluntários estrangeiros em
seu exército.
V. Os republicanos de esquerda foram influenciados pelo pensamento socialista e anarquista.

Estão corretas
(A) I, III e IV.
(B) I, IV e V.
(C) II, III e IV.
(D) II, IV e V.
(E) I, II e V.

06. (Unesp) Nas primeiras sequências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega
de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele
desce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das
nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.
(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986.)

O texto mostra algumas características centrais do nazismo:


(A) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa de princípios religiosos do catolicismo.
(B) a glorificação das principais lideranças políticas e a depreciação da natureza.
(C) o uso intenso do cinema como propaganda política e o culto da figura do líder.
(D) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à migração dos camponeses para as cidades.
(E) o apreço pelas conquistas tecnológicas e a identificação do líder como um homem comum.

Respostas
01. Resposta C.
As inúmeras crises em que entraram diversos países após o fim da Primeira Guerra Mundial levaram
ao surgimento de muitos estados de governos extremistas, que levaram até mesmo a população a
acreditar que a melhor forma de governo seria a de um estado forte que controlava a economia.

02. Resposta D.
O Nazismo deriva do nome do partido que comandou a Alemanha de 1933 a 1945, o partido Nacional-
Socialista. Entre as crenças dos defensores do partido estava a de que o povo alemão derivava de uma
raça superior e de que muitos outros povos não chegavam nem perto do desenvolvimento alemão ou
como no caso dos Judeus, foram culpados pela situação econômica instável que o pais alcançou após o
final da Primeira Guerra Mundial.

03. Resposta D.
Entre as ideias defendidas pelo nazismo estavam as que pregavam o ódio a judeus, negros, ciganos,
homossexuais e outras minorias da sociedade, enquanto o povo alemão era celebrado como raça
suprema da humanidade. O alistamento militar tornou-se obrigatório a partir de 1936, além da existência
da juventude hitlerista, grupo paramilitar que alistava crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos.

04. Resposta C.
Os elementos apresentados na resposta mostram situações em que a polarização entre grupos de
direita e de esquerda tornou-se extrema. Os eventos apresentados ocorrem durante o período
mencionado, com o movimento nazifascista surgindo e ganhando força após o fim da Primeira Guerra
Mundial. A Bolsa de Nova York enfrenta momentos de crise com sua quebra em 1929, causando efeitos

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 141
devastadores na economia dos Estados Unidos, além de outros países. A Guerra Civil Espanhola ocorreu
de 1936 a 1939, surgindo do conflito entre grupos de esquerda e de direita na Espanha. Entre os tópicos
citados nas demais alternativas, a globalização surgiu após a queda da URSS no início dos anos 1990.
O Muro de Berlim foi erguido somente em 1961, época em que ocorria a Guerra do Vietnã, que durou de
1955 a 1975. A revolução cubana ocorreu em 1959 e a Crise dos Misseis, envolvendo Cuba e Estados
Unidos aconteceu no ano de 1962.

05. Resposta E.
A Guerra Civil Espanhola teve conflitos por toda a Espanha, uma disputa entre radicais conservadores
de direita e republicanos de esquerda. O general Francisco Franco recebeu apoio de grupos
conservadores que apoiavam a ideia de uma Espanha livre do comunismo e do socialismo. Entre os
grupos que o apoiavam estavam a Igreja, o Exército e diversos latifundiários (grandes proprietários de
terras). Com a intenção de frear o avanço do comunismo na Europa, tropas nazistas auxiliaram o general
no confronto com grupos influenciados pelas ideias socialistas e anarquistas.

06. Resposta C.
O Totalitarismo que ganhou força após o fim da Primeira Guerra Mundial na Europa tinha como
característica o culto ao líder e sua figura. O trecho representa essa ideia ao relacionar a chegada do
Führer (Hitler) com a chegada de bons tempos, da calmaria. O cinema foi uma das formas de propaganda
mais utilizadas pelo regime Nazista para divulgar suas ideias para a população, seja para enaltecer e
celebrar a figura do líder, seja para culpar e hostilizar a figura do Judeu.

Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial, ocorreu entre 1939 e 1945. Assim como a Primeira Guerra, ela ganhou
esse nome por não ficar confinada apenas ao continente europeu. Foi a maior guerra vista na história da
humanidade, setenta e duas nações foram envolvidas. O número de mortes é estimado em cerca de
cinquenta milhões.

I - Antecedentes
Com o final da Primeira Guerra Mundial e com o Tratados de Versalhes, nações como a Alemanha
entraram em uma profunda crise social e econômica. Com a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, a
situação que estava começando a melhorar, piora novamente, gerando um grande descontentamento em
relação ao liberalismo americano.
Sob essa paisagem é que surge movimentos em diversos países da Europa, principalmente Alemanha
e Itália, governos totalitaristas. Em 1922, Benito Mussolini chega ao poder na Itália, iniciando uma
ditadura do Partido Fascista, e em 1932, na Alemanha, o Partido Nazista após vencer as eleições alcança
o poder e Adolf Hitler é nomeado chanceler alemão.
Com o objetivo de expandir e ter de volta as região que lhe foram tiradas pelo Tratado, o governo
Alemão, desafiando os acordos feitos pelo Tratado de Versalhes, volta a produzir armamentos e a
aumentar sua força militar. A região da Renânia, que fazia fronteira com a França, volta a se rearmar.
Através destas atitudes a Europa já começa a se alarmar e esperar uma outra guerra acontecer.
Em 1935, a Itália dá início ao seu processo de expansão, anexando a Etiópia e logo depois a Albânia.
Na Alemanha, esse processo começa em 1938 quando anexam a Áustria e a Tchecoslováquia. Itália e
Alemanha já haviam assinado um acordo de apoio mútuo, em 1936, chamado de Eixo Roma-Berlim. O
Japão entra nesse acordo apenas quatro anos depois.
As outras nações, como a França e a Inglaterra, só interviram nas ações desses países, quando em
1939, após ter assinado um pacto de não agressão com a União Soviética - Pacto Ribbentrop-Molotov -
ela invade a Polônia, que havia ficado dividida pelo acordo. A invasão à Polônia aconteceu no dia 1° de
Setembro de 1939, dois dias depois é declarado guerra à Alemanha.
A Segunda Guerra Mundial reuniu nações de grande parte do mundo, divididas em dois blocos, o Eixo,
liderado pela Alemanha, Itália e Japão, e os Aliados, liderados principalmente pelos Estados Unidos,
Inglaterra e União Soviética.

II- A Guerra

II.a - Invasão da França e URSS


Sob o comando do general Erich Von Manstein, a Alemanha inaugura uma nova forma de guerra.
Conhecida como Blitzkrieg - guerra relâmpago – consistia em destruir o inimigo através do ataque

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 142
surpresa. Usando essa tática, em abril de 1940, o exército alemão invade e ocupa a Dinamarca e a
Noruega. Um mês depois Luxemburgo, Holanda e Bélgica, países até então neutros foram invadidos.
O próximo destino dos alemão era atacar a fronteira da França, que pegados de surpresa não
conseguiram se defender, deixando o exército alemão se aproximar de mais de Paris. No dia 14 de
julho de 1940 a capital francesa é dominada, forçando o governo francês a se transferir para o interior
do país e apenas alguns dias depois o governo francês se rende.
No acordo de rendição, metade do território da França passava a pertencer a Alemanha, a outra
metade ficaria com eles, desde que as autoridades francesas colaborassem com os alemães. O
general francês Charles de Gaulle, não contente com a situação, fugiu para a Inglaterra, de onde
liderou resistências contra a presença dos nazistas no país.
Em 1941, sem nenhum aviso, o exército alemão, invade a URSS (União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas), atacando durante três meses, três regiões diferentes – Leningrado, Moscou
e Stalingrado). Sabendo da força do exército, a posição tomada pela URSS foi de recuar. Contudo,
Hitler, subestimando as forças soviéticas, ordenou um ataque a Moscou e Leningrado, onde assistiu
a sua tática de guerra falhar. Além dos soviéticos terem se defendido bem, os alemães se viram
enfrentando o rigoroso inverno Russo.
Quando finalmente conseguem chegar a Stalingrado, a batalha acontece na própria rua, onde com
apenas 285 mil soldados a Alemanha se vê cercada por forças soviéticas. Apenas em janeiro de
1943 é que, depois de vários meses de guerra, os sobrevivente alemães se rendem à força da URSS.
Esse fato marca o fim da fase próspera vivida pelo Eixo.

II.b Guerra no Pacífico e Entrada dos Estados Unidos na Guerra


Apesar do Japão estar aliado ao Eixo, ele permaneceu fora do conflito direto nos primeiros anos
da guerra. Até o ano de 1941, sua estratégia era pressionar os Estados Unidos, para que este
reconhecesse sua superioridade no continente Asiático. Quando perceberam que o governo
americano não atenderiam as suas exigências, o governo japonês ordenou um ataque surpresa à
base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí em dezembro de 1941. Após o ataque, o Governo
dos Estados Unidos entram na guerra, em favor aos Aliados.
Após o ataque, os japoneses conseguiram conquistar diversas regiões da Ásia, onde conseguiram
o domínio de matérias-primas importantes, como o petróleo, borracha e minério.
Em junho de 1942, os Estados Unidos conseguem vencer a força japonese no pacífico. Essa
batalha ganhou o nome de “Batalha de Midway”

II.c – Fim da Guerra


Após a derrota dos japoneses no pacífico, as forças inglesas e norte-americanas conseguiram
expulsar o exército alemão do norte da África. No ano seguinte, em 1943, os Aliados conseguiram
chegar no sul da Itália, enquanto isso, o exército soviético (Exército Vermelho) dava início a invasão
da Alemanha. Em 1944, na Itália, Mussolini é fuzilado por guerrilheiros Antifascistas.
No mesmo ano, no dia 6 de junho, que ficaria conhecido como o “Dia D”, as forças inglesas e norte
americanas, com mais de 3 milhões de homens, conseguem chegar no norte da França, região da
Normandia. Em agosto, os Aliados conseguem entrar em Paris. O fim da guerra para os alemães era
apenas uma questão de tempo.
No dia 30 de abril de 1945, Hitler, com sua mulher Eva Braun, se suicidam na capital da Alemanha,
Berlim. Após a sua morte, os soviéticos conseguem chegar a Berlim, onde finalmente o exército
alemão, junto com seus comandantes, assinam a rendição.
Apesar da guerra ter acabado na Europa, o Japão se recusou a se render. Para forçar sua saída,
no dia 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos ordena o lançamento de uma bomba atômica sobre
a cidade de Hiroshima, ode em questão de segundos mais de 80 mil pessoas foram mortas. Mesmo
após o ataque o Japão não concordou em assinar a rendição. Com isso três dias depois, outra bomba
atômica é lança, agora sobre a cidade de Nagasaki, matando mais de 40 mil pessoas. Depois do
segundo ataque, o governo japonês concorda em assinar a rendição.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 143
II.d – Participação do Brasil na Segunda Guerra
O Brasil, comandado na época pelo então presidente Getúlio Vargas, tentou manter no início da guerra
uma posição neutra frente aos acontecimentos. Contudo em 1942, algumas embarcações brasileiras são
destruídas no Oceano Atlântico, por tropas do Eixo. Após o ataque, o presente Getúlio Vargas, resolve
fazer um acordo com o presidente norte-americano Roosevelt, onde o país entraria na guerra ao lado dos
Aliados. O Brasil participou da guerra enviando tropas e mais de 25 mil militares da Força Expedicionária
Brasileira, foram enviados pilotos e homens de apoio da Força Aérea. O país também participou da guerra
enviando matérias-primas, principalmente a borracha, e cedendo seus portos aos Aliados, principalmente
aos norte-americanos, onde abasteciam seus aviões.

III – Consequências
Com o fim da guerra em 1945, líderes dos três principais países vencedores – URSS, Estados Unidos
e Inglaterra – se reuniram em na Conferência de Potsdam, onde ficou decidido que a Alemanha seria
dividida em quatro áreas de ocupação, que foram entregues a França, Inglaterra, Estados Unidos e União
Soviética. A capital, Berlim, também foi dívida. Já o Japão teria seu território dominado pelos Estados
Unidos por tempo indeterminado.
Após a guerra, os Estados Unidos e a URSS saíram como grandes potência mundiais. As ideias
antagônicas desses países acabaram por dividir o mundo. De um lado estava o capitalismo e do outro o
socialismo. A partir dessa divisão, um conflito entre essas grandes potências se instaurou, começou a
chamada Guerra Fria.

III.a – Criação da Organizações das Nações Unidas


Em fevereiro de 1945, após uma das conferências de paz, ficou decido a criação de um órgão que
tentaria unir as nações, estabelecendo relações amistosas entre os países. A Carta das Nações Unidas
foi incialmente assinada por cinquenta países, onde foram excluídos de participar os países que
participaram do Eixo. A criação da ONU foi a segunda tentativa de promover a paz, a primeira tentativa
que fracassou, foi a formação da Liga das Nações, criada após a Primeira guerra.

Questões

1. (TJ-PR - Titular de Serviços de Notas e de Registros – IBFC) Sobre a Segunda Guerra Mundial
(1939/1945), assinale a alternativa incorreta:
(A) Uma de suas causas foram as severas sanções pecuniárias impostas pelo Tratado de Versalhes
à Alemanha e seus aliados, comprometendo a sua economia, elevando a inflação a índices astronômicos
e gerando um arraigado sentimento de humilhação nos alemães e a exacerbação do nacionalismo,
possibilitando a ascensão de Hitler e do Partido Nazista ao poder.
(B) O evento que deflagrou o conflito foi o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, situadano
Oceano Pacífico.
(C) O conflito envolveu basicamente dois grupos: o Eixo (integrado por Alemanha, Itália e Japão) e os
Aliados (entre eles: Inglaterra, Estados Unidos, França e União Soviética).
(D) Com a vitória aliada, foi dissolvido o Terceiro Reich e dividida a Alemanha (Oriental e Ocidental),
criada a ONU-Organização das Nações Unidas e iniciada a Guerra Fria, diante do estabelecimento dos
Estados Unidos e da União Soviética como superpotências.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 144
2. (SEDU-ES - Professor B — Ensino Fundamental e Médio — História – CESPE) Um mundo
dividido ideologicamente, além das marcas da destruição causadas por vigorosas máquinas de guerra —
eis a realidade que emerge da Segunda Guerra Mundial, oficialmente encerrada em 1945. No que
concerne à história mundial após o encerramento do grande conflito, julgue o próximo item.
A Organização das Nações Unidas (ONU) é considerada uma das mais significativas consequências
da Segunda Guerra Mundial e nela coexistem órgãos de participação igualitária entre os estados-
membros, como a Assembleia Geral, e outros dominados por alguns poucos, como o Conselho de
Segurança.
(A) Certo
(B) Errado

3. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Na Segunda Guerra Mundial, o Japão aliou-se à
Alemanha, tal como já fizera na Primeira Guerra.
(A) Certo
(B) Errado

4. (SEDF - Estudantes Universitários – CESPE) As divergências econômicas entre França e


Alemanha foram o estopim do conflito de proporções mundiais conhecido como a Segunda Guerra
Mundial.
(A) Certo
(B) Errado

5. (SEE-AL - Professor – História – CESPE) Com relação à participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial, julgue os itens subsequentes.
A atuação da Força Expedicionária Brasileira não foi decisiva para a vitória dos Aliados na Segunda
Guerra Mundial, visto que o contingente militar brasileiro era relativamente pequeno e o envio de soldados
para o combate ocorreu tardiamente.
(A) Certo
(B) Errado

6. (SEDU-ES - Professor B — Ensino Fundamental e Médio — História – CESPE) Um mundo


dividido ideologicamente, além das marcas da destruição causadas por vigorosas máquinas de guerra —
eis a realidade que emerge da Segunda Guerra Mundial, oficialmente encerrada em 1945. No que
concerne à história mundial após o encerramento do grande conflito, julgue o próximo item.
A bipolaridade americano-soviético traduziu-se em um jogo de enfrentamento que se convencionou
chamar de Guerra Fria.
(A) Certo
(B) Errado

7. (MPE-SP - Auxiliar de Promotoria – VUNESP) Em relação à participação do Brasil na 2.ª Guerra


Mundial, é correto afirmar que o país
(A) manteve neutralidade política, não participando do conflito.
(B) enviou apenas um corpo médico para o conflito, e não soldados.
(C) lutou ao lado dos Aliados: Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética.
(D) lutou ao lado do Eixo: Itália, Alemanha e Japão.
(E) participou do conflito, do início ao fim da guerra (1939- 1945).

8. (SEDU-ES - Professor B — Ensino Fundamental e Médio — História – CESPE) O intervalo entre


as duas guerras mundiais do século XX não foi outra coisa senão uma trégua. Nesse sentido, a Grande
Guerra de 1914 nada mais fez do que preparar a Segunda Guerra Mundial. Revanchismo, orgulho
nacional ferido e problemas econômico-sociais figuraram entre os fatores que levaram à eclosão do
conflito em 1939, sem contar com a desorganização da economia mundial determinada pela Crise de
1929. Em relação a esse quadro, cujo epicentro foi a Segunda Guerra Mundial, julgue o item subsequente.
Causas distintas e diferentes protagonistas inviabilizam qualquer análise histórica que estabeleça
vínculos entre as guerras mundiais do século XX.
(A) Certo
(B) Errado

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 145
9. (SEPLAG-DF - Professor – História - CESPE) Em dezembro de 1941, os Estados Unidos da
América (EUA) uniram duas guerras paralelas, a da Ásia e a da Europa, em uma só.
(A) Certo
(B) Errado

10. (CONFERE - Auditor(a) VII - INSTITUTO CIDADES) No ano de 1939, em meio à atmosfera de
tensão política que desencadeou a sucessão de conflitos da Segunda Guerra Mundial, um acordo de não
agressão foi firmado entre a Alemanha e a União Soviética, o Pacto Germano-Soviético. Esse pacto
estabelecia que, se acaso a Alemanha entrasse em conflito com a Inglaterra ou a França em razão de
uma eventual investida da Alemanha contra a Polônia, a URSS, por sua vez, ficaria afastada, sem se
manifestar militarmente. Tal pacto também pode ser chamado de:
(A) Tratado de Moscou
(B) Tratado de Versalhes
(C) Pacto de Varsóvia
(D) Pacto Ribbentrop-Molotov

Respostas

1. Resposta: B.
A afirmativa “B” está errada pois o fato que desencadeou a guerra foi a quebra do pacto feito entre a
Alemanha e a União Soviética, quando o exército alemão invadiu a Polônia.

2. Resposta: A.
A criação da ONU, após a Segunda Guerra Mundial, pode ser considerada uma das principais
consequências da guerra. A Carta das Nações Unidas foi incialmente assinada por cinquenta países,
onde foram excluídos de participar os países que participaram do Eixo. A criação da ONU foi a segunda
tentativa de promover a paz.

3. Resposta: B.
A afirmativa da questão está errada, pois o Japão não se aliou a Alemanha na Primeira Guerra. O país
fez parte da Tríplice Entente.

4. Resposta: B.
O fato que serviu de estopim para a guerra foi a invasão da Polônia pela Alemanha, já que esta havia
feito um acordo com a União Soviética de não agressão e a região polonesa havia sido dividida. Após
esta invasão França e Inglaterra declararam guerra à Alemanha, iniciando assim a Segunda Guerra
Mundial.

5. Resposta: A.
Apesar da entrada do Brasil na guerra e do envio de soldados e pilotos, podemos considerar que a
sua participação do país não foi o fator decisivo para que os Aliados ganhassem a guerra. O país entrou
no conflito tardiamente, apenas em 1942

6. Resposta: A.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a URSS saíram como grandes potência
mundiais. As ideias antagônicas desses países acabaram por dividir o mundo entre o capitalismo e
socialismo, conflito que ganhou o nome de Guerra Fria.

7. Resposta: C.
Após receber ataques em suas embarcações, o presente Getúlio Vargas, resolve fazer um acordo com
o presidente norte-americano Roosevelt, onde o país entrou na guerra ao lado Aliados Inglaterra, França,
Estados Unidos e União Soviética.

8. Resposta: B.
Tanto a Primeira como a Segunda Guerra Mundial estão intimamente ligadas, uma é decorrência da
outra. As feridas abertas no primeiro conflito é que resultam no início do segundo conflito.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 146
9. Resposta: A.
Quando em 1941 o Japão ataca a base norte-americana no Havaí, eles já estavam em guerra na Ásia,
pelo domínio da região. Após o ataque, os Estados Unidos entram na guerra, que acontecia na Europa,
e continuava a lutar com o Japão no Pacífico.

10. Resposta: D.
O Pacto de não agressão assinado pela Alemanha e União Soviética em 1939 ganhou o nome de
Pacto Ribbentrop-Molotov.

31. A era Vargas;


32. O Estado Novo;

Era Vargas

A Nova Economia do Brasil

A política trabalhista foi taxada de “paternalista” por intelectuais de esquerda, que acusavam Getúlio
de tentar anular a influência desta sobre o proletariado, desejando transformar a classe operária num
setor sob seu controle nos moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini. Os defensores
de Getúlio Vargas diziam que em nenhum outro momento da história do Brasil houve avanços
comparáveis nos direitos dos trabalhadores. Os expoentes máximos dessa posição foram João Goulart
e Leonel Brizola, sendo Brizola considerado o último herdeiro político do “Getulismo”, ou da “Era Vargas”,
na linguagem dos brasileiros.
A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em longo prazo, as leis trabalhistas prejudicam os
trabalhadores porque aumentam o chamado “custo Brasil”, onerando muito as empresas e gerando a
inflação que corrói o valor real dos salários. Segundo esta versão, o Custo Brasil faz com que as empresas
brasileiras contratem menos trabalhadores, aumentem a informalidade e faz que as empresas
estrangeiras se tornem receosas de investirem no Brasil. Assim, segundo a crítica liberal, as leis
trabalhistas gerariam, além da inflação, mais desemprego e subemprego entre os trabalhadores.

As Forças de oposição ao Regime Oligárquico


No decorrer das três primeiras décadas do século XX houveram uma série de manifestações operárias,
insatisfação dos setores urbanos e movimentos de rebeldia no interior do Exército (Tenentismo). Eram
forças de oposição ao regime oligárquico, mas que ainda não representavam ameaça à sua estabilidade.
Esse quadro sofreu uma grande modificação quando, no biênio 1921-30, a crise econômica e o
rompimento da política do café-com-leite por Washington Luís colocaram na oposição uma fração
importante das elites agrárias e oligárquicas. Os acontecimentos que se seguiram (formação da Aliança
Liberal, o golpe de 30) e a consequente ascensão de Vargas ao poder podem ser entendidos como o
resultado desse complexo movimento político. Ele se apoiou em vários setores sociais liderados por
frações das oligarquias descontentes com o exclusivismo paulista sobre o poder republicano federal.

O Governo Provisório
Com Washingtom Luís deposto e exilado, Getúlio Vargas foi empossado como chefe do governo
provisório. As medidas do novo governo tinham como objetivo básico promover uma centralização política
e administrativa que garantisse ao governo sediado no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. Em
outras palavras, o federalismo da República Velha caía por terra. Para atingir esse objetivo, foram
nomeados interventores para governar os estados. Eram homens de confiança, normalmente oriundos
do Tenentismo, cuja tarefa era fazer cumprir, em cada estado, as determinações do governo provisório.
Esse fato e mais o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo à convocação de novas eleições
desencadearam reações de hostilidade ao seu governo, especialmente no estado de São Paulo. As
eleições dariam ao país uma nova constituição, um presidente eleito pela população e um governo com
legitimidade jurídica e política. Mas poderia também significar a volta ao poder dos derrotados na
Revolução de 30.

A Reação Paulista
A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu em 24 de outubro de 1930, mas não
admitia perder o controle do Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou com a não

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 147
aceitação do interventor indicado para São Paulo, o tenentista João Alberto. Às pressões pela indicação
de um interventor civil e paulista, começa a se somar a reivindicação de eleições para a Constituinte.
Essas teses foram ganhando rapidamente simpatia popular.
As manifestações de rua começaram a ocorrer com o apoio de todas as forças políticas do estado, até
por aquelas que tinham simpatizado com o movimento de 1930 (exemplo do Partido Democrático - PD).
Diante das pressões crescentes, Getúlio resolveu negociar com a oligarquia paulista, indicando um
interventor do próprio estado. Isso foi interpretado como um sinal de fraqueza. Acreditando que poderiam
derrubar o governo federal, os oligarcas articularam com outros estados uma ação nesse sentido.
Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. Numa delas, quatro jovens, Miragaia, Martins,
Dráusio e Camargo foram mortos e se transformaram em mártires da luta paulista em nome da legalidade
constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou outras “concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa
o voto secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto para a Constituição e marcou as eleições
para 1933.

A Revolução Constitucionalista de 1932


A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as “concessões” suficientes. Baseada no apoio
popular que conseguira obter e contando com a adesão de outros estados, desencadeou em 9 de julho
de 1932, a chamada Revolução Constitucionalista. Ela visava a derrubada do governo provisório e a
aprovação imediata das medidas que Getúlio protelava. Entretanto, o apoio esperado dos outros estados
não ocorreu e, depois de três meses, a revolta foi sufocada. Até hoje, o caráter e o significado da
Revolução Constitucionalista de 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é inegável que o movimento
teve duas dimensões. No plano mais aparente, predominaram as reivindicações para que o país
retornasse à normalidade política e jurídica, lastreadas numa expressiva participação popular. Nesse
sentido, alguns destacam que o movimento foi um marco na luta pelo fortalecimento da cidadania no
Brasil. Num plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava o rancor das elites paulistas, que viam
no movimento uma possibilidade de retomar o controle do poder político que lhe fora arrebatado em 1930.
Se admitirmos que existiu uma revolução em 1930, o que aconteceu em São Paulo, em 1932, foi a
tentativa de uma contra revolução, pois visava restaurar uma supremacia que, durante mais de 30 anos,
fez a nação orbitar em torno dos interesses da cafeicultura. Nesse sentido, o movimento era marcado por
um reacionarismo elitista, contrário ao limitado projeto modernizador de 1930.

As Leis Trabalhistas
Foi aprovado também um conjunto de leis que garantiam direitos aos trabalhadores, destacando-se
entre eles: salário mínimo, jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e infantil, descanso
remunerado (férias e finais de semana), indenização por demissão, assistência médica, previdência
social. A formalização dessa legislação trabalhista teve vários significados e implicações. Representou a
primeira modificação importante na maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as regras a
partir das quais o mercado de trabalho e as relações trabalhistas poderiam se organizar. Garantiu, assim,
uma certa estabilidade ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o apoio dos
assalariados urbanos à política getulista.
Essa legislação denota a grande habilidade política de Getúlio. Ele apenas formalizou um conjunto de
conquistas que, em boa parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros industriais.
Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Pobres” e benfeitor dos trabalhadores.

O Controle Sindical
A aprovação da legislação sindical representou um grande avanço nas relações de trabalho no Brasil,
pois pela primeira vez o trabalhador obtinha, individualmente, amparo nas leis para resistir aos excessos
da exploração capitalista. Por outro lado, paralelamente à sua implantação, o Estado definiu regras
extremamente rígidas para a organização dos sindicatos, entre as quais a que autorizava o seu
funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam os recursos da entidade e as que davam ao governo
direito de intervir nos sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário. Mantinha, assim, os
sindicatos sob um controle rigoroso.

Eleições Presidenciais de 1934


Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembleia Constituinte converteu-se em Congresso
Nacional e elegeu o presidente da República por via indireta: o próprio Getúlio. Começava o período
constitucional do governo Vargas.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 148
O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica
Durante esse período, simultaneamente à implantação do projeto político do governo, foram se
desenhando outros dois projetos para o país. Esse breve período constitucional foi marcado por lutas, às
vezes violentas, entre os defensores desses projetos, levando a uma verdadeira polarização ideológica.
O tom desse momento político do país foi marcado pelo confronto entre duas correntes: uma defendia
um nacionalismo conservador, a outra, um nacionalismo revolucionário.

Nacionalismo conservador
Esse movimento contava com o apoio de vários estratos das classes médias urbanas, Igreja e setores
do Exército. O projeto que seus apoiadores tinham em mente decorria de uma certa leitura que faziam da
história do país até aquele momento.
Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais profundamente a formação histórica do país
e do seu povo era a tradição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica, social e política
organizou-se em torno da agricultura. Todos os nossos valores morais, regras de convivência social,
costumes e tradições, enfim, a espinha dorsal da nossa cultura, fincavam suas raízes no modo de vida
rural. Dessa forma, tudo o que ameaçava essa “tradição agrícola” (isto é, estímulos a outros setores da
economia, crescimento da indústria, expansão da urbanização e suas consequências, como a
propagação de novos valores, hábitos e costumes tipicamente urbanos, bem como novas formas de
expressão artística e culturais) representava um atentado contra a integridade e o caráter nacional, uma
corrupção da nossa identidade como povo e nação. Por ser contrário a transformações e à medida que
as tendências modernizadoras tinham origem externa (induzidas pela industrialização, vanguardas
artísticas europeias etc.) é que o movimento caracterizava-se por ser nacionalista e conservador.
Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse mantida, os ideólogos do nacionalismo
conservador propunham o seguinte: os latifúndios deveriam ser divididos em pequenas parcelas de terras
a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao campo, tornando o Brasil uma grande comunidade
de pequenos e prósperos proprietários. Podemos concluir, a partir desse ideário, que eram
antilatifundiários, antiindustrialistas e, no limite, anticapitalistas. Na esfera política, defendiam um regime
autoritário de partido único.

O Integralismo
Esse movimento deu origem à Ação Integralista Brasileira, cujo lema era Deus, Pátria e Família, tendo
como seu principal líder e ideólogo Plínio Salgado. Tradicionalmente, a AIB tem sido interpretada como a
manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhança entre os aspectos aparentes do integralismo e
do nazifascismo. Uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz anticomunismo, tendências
ditatoriais e apelo à violência eram traços que aproximavam as duas ideologias. Um exame mais atento,
entretanto, mostra que eram projetos distintos. Enquanto o nazi fascismo era apoiado pelo grande capital
e buscava uma expansão econômico-industrial a qualquer custo, ao preço de uma guerra mundial se
necessário, os integralistas queriam voltar ao campo. Num certo sentido, o projeto nazifascista era mais
modernizante que o integralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam propostas e projetos
globais para a sociedade radicalmente distintos.

Nacionalismo Revolucionário
Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações de classe, profissionais liberais,
jornalistas e o Partido Comunista prestaram apoio a outro movimento político: o nacionalismo
revolucionário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que isso implicasse subordinação e
dependência em relação às potências estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos.
O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrária como forma de melhorar as condições
de vida do trabalhador urbano e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Considerava que a
única maneira de realizar esses objetivos seria a implantação de um governo popular no Brasil. Esse
movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora, cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes,
então membro do Partido Comunista.

As Eleições de 1938
Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu sem conflitos maiores até 1937. Nesse
ano, começaram a se desenhar as candidaturas para as eleições de 1938. Dentre as candidaturas,
começou a se destacar a de Armando Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados sua
eleição para presidente. Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam apoio e os militares herdeiros da
tradição tenentista não viam com bons olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao poder.
Mas, uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia inevitável.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 149
O Plano Cohen
Enquanto as articulações políticas visando as eleições se desenvolviam, veio à luz o famoso Plano
Cohen. Segundo as informações oficiais, forças de segurança do governo tinham descoberto um plano
de tomada do poder pelos comunistas. Muito bem elaborado, colocava em risco as instituições, caso
fosse deflagrado. O governo então, para evitar o perigo vermelho, solicitou do Congresso Nacional a
aprovação do estado de sítio, que suspendia as liberdades públicas e dava ao governo amplos poderes
para combater a subversão.

A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937


A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a medida, mas diante do clamor do Exército, das
classes médias e da Igreja, que temiam a escalada comunista, o Congresso autorizou a decretação do
estado de sítio. A seguir, com amplos poderes concentrados em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou
uma nova Constituição ao país, implantando, por meio desse golpe o Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945)30

A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945. Embora Vargas
agisse habilidosamente, com o intuito de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atuação que
gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos convergiam para sua criação:
- A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicultores, que dependiam dele para manter os preços
do café;
- Os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa dos cafeicultores, já que o crescimento das
industrias dependia da proteção estatal;
- As oligarquias e classe média urbana, que assustavam-se com a expansão da esquerda e julgavam
que para “salvar a democracia” era necessário um governo forte

Além disso Vargas tinha também o apoio dos militares, por alguns motivos:
- Por sua formação profissional, os militares possuíam uma visão hierarquizada do Estado, com
tendência a apoiar mais um regime autoritário do que um regime liberal;
- Os oficiais de tendência liberal haviam sido expurgados do exército por Vargas e pela dupla Góis
Monteiro-Gaspar Dutra;
- Entre os oficiais do exército estava se consolidando o pensamento de que se deveria substituir a
política no exército pela política do exército. E a política do exército naquele momento, visava o próprio
fortalecimento, resultado atingido mais facilmente em uma ditadura.
Com todos esses fatores a seu favor, não houveram dificuldades para Getúlio instalar e manter por
oito anos a ditadura no país. Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão
policial e política e a perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado.

Política econômica do Estado Novo


Por meio de interventores, o governo passou a controlar a política dos estados. Paralelamente aos
interventores, foi criado em cada um dos estados um Departamento Administrativo, que era
diretamente subordinado ao Ministério da Justiça, com membros nomeados pelo presidente da república.
Cada Departamento Administrativo estudava e aprovava as leis decretadas pelo interventor e fiscalizava
seus atos, orçamentos, empréstimos, entre outros. Dessa forma os programas estaduais ficavam
subordinados ao governo federal.
Na área federal foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Além de
centralizar a reforma administrativa, o Departamento tinha poderes para elaborar o orçamento dos órgãos
públicos e controlar a execução orçamentaria deles. Com a criação do DASP e do Conselho Nacional
de Economia, não só a atuação administrativa e econômica do governo passou a ser muito mais
eficiente, como também aumentou consideravelmente o poder do Estado e do presidente da república,
agora diretamente envolvido na solução dos principais problemas econômicos do país, inclusive com a
criação de órgãos especializados: o instituto do Açúcar e Álcool, o Instituto do Mate, Instituto do pinho,
etc.
Por meio dessas medidas, o governo conseguiu solucionar de maneira satisfatória os principais
problemas econômicos da época. A cafeicultura foi convenientemente defendida, a exportação agrícola
foi diversificada, a dívida externa foi congelada, a indústria cresceu rapidamente, a mineração de ferro e
carvão expandiu-se e a legislação trabalhista foi consolidada. Com essas medidas as elites enriqueceram,

30
Adaptado de MOURA, José Carlos Pires. História do Brasil.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 150
a classe média melhorou seu padrão de vida e o operariado ganhou a proteção que lutou por anos para
conseguir. Dessa forma Vargas atingiu altos níveis de popularidade, mesmo com a repressão e
perseguição política de seu regime.
No mesmo período de 1937 a 1940, a ação econômica do Estado objetivava racionalizar e incentivar
atividades econômicas já existentes no Brasil. Já a partir de 1940, com a instalação de grandes empresas
estatais, o Estado alterou seu papel, passando a ser um dos principais investidores do setor industrial,
principalmente na indústria pesada (responsável por transformar grandes quantidades de matéria-prima).
Os investimentos estatais concentravam-se na indústria pesada, principalmente a siderurgia, química,
mecânica pesada, metalurgia, mineração de ferro e geração de energia hidroelétrica. Esses eram setores
que exigiam grandes investimentos e garantiam retorno somente no longo prazo, o que não despertou o
interesse da burguesia brasileira. Como saída, existiam duas opções para sua implantação: o
investimento do capital estrangeiro ou o investimento estatal, sendo o segundo o escolhido. A iniciativa
teve êxito graças a um pequeno número de empresários e também do exército, que associava a indústria
de base com a produção de armamentos, entendendo-a como assunto de segurança nacional.
A maior participação do Estado na economia gerou a formação de novos órgãos oficiais de
coordenação e planejamento econômico, destacando-se:
CNP – Conselho Nacional do Petróleo (1938)
CNAEE – Conselho Nacional de Aguas e Energia Elétrica (1939)
CME – Coordenação da Mobilização Econômica (1942)
CNPIC – Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial (1944)
CPE – Comissão de Planejamento Econômico (1944)

As principais empresas estatais criadas no período foram:


CSN – Companhia Siderúrgica Nacional (1940)
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce (1942)
CNA – Companhia nacional de Álcalis (1943)
FNM – Fábrica Nacional de Motores (1943)
CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco (1945)

Desse modo, apesar da desaceleração do crescimento industrial ocasionado pela Segunda Guerra
Mundial, devido à dificuldade para importar equipamentos e matéria-prima, quando o Estado Novo se
encerrou em 1945, a indústria brasileira estava plenamente consolidada.

Características políticas do Estado Novo


Pode até parecer estranho, mas a ditadura estadonovista possuía uma constituição, que é uma
característica das ditaduras brasileiras, onde a constituição afirmava o poder absoluto do ditador.
A nova constituição foi apelidada de “Polaca”, elaborada por Francisco Campos, o mesmo responsável
por criar o AI-1 em 1964, que deu origem à ditadura militar no Brasil. A constituição “Polaca” era
extremamente autoritária e concedia poderes praticamente ilimitados ao governo.
Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcionou da seguinte maneira:
- O poder político concentrava-se todo nas mãos do presidente da república;
- O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas;
- O sistema judiciário ficou subordinado ao poder executivo;
- Os Estados eram governados por interventores nomeados por Vargas, os quais, por sua vez,
nomeavam os prefeitos municipais;
- A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais adquiriram total liberdade de ação, prendendo,
torturando e assassinando qualquer pessoa suspeita de se opor ao governo;
- A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi largamente usada pelo governo, por meio do
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Foram fechados os partidos políticos, até mesmo o Partido Integralista, que mudou seu nome para
Associação Brasileira de Cultura. Em 1938 os integralistas tentaram um golpe de governo que fracassou
em poucas horas, com seus principais líderes presos, inclusive Plinio Salgado, que foi exilado para
Portugal.
Nesse meio tempo, o DIP e a PE prosseguiam seu trabalho. Chefiado por Lourival Fontes, o DIP era
incansável tanto na censura quanto na propaganda, voltada para todos os setores da sociedade –
operários, estudantes, classe média, crianças, militares – e abrangendo assuntos tão diversos quanto
siderurgia, carnaval e futebol; procurava-se, assim, formar uma ideologia estadonovista que fosse aceita
pelas diversas camadas sociais e grupos profissionais e intelectuais. Cabia também ao DIP o preparo das
gigantescas manifestações operarias, particularmente no dia 1º de Maio, quando os trabalhadores, além

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 151
de comemorarem o Dia do Trabalho, prestavam uma homenagem a Vargas, apelidado de “o pai dos
pobres”.

Leis trabalhistas no governo de Getúlio Vargas


Getúlio Vargas garantiu diversas mudanças em relação ao trabalho e ao trabalhador durante seu
governo. Decretou a organização da jornada de trabalho, instituiu o Ministério do Trabalho, criou a Lei de
Sindicalização, o salário mínimo em 1940.
Apesar de muitas das conquistas trabalhistas terem sido aprovadas por Vargas, elas já eram
reinvindicações antigas de diversos movimentos de trabalhadores, principalmente operários e sindicatos
urbanos, desde a Primeira República
As concessões garantidas por Getúlio criavam a imagem do Estado disciplinando o mercado de
trabalho em benefício dos assalariados, porém também serviram para encobrir o caráter controlador do
Estado sobre os movimentos operários, e possuía clara inspiração nas ideias do Ditador italiano Benito
Mussolini.
O relacionamento entre Getúlio e os trabalhadores era muito interessante, temperado pelos famosos
discursos do ditador os quais sempre começavam pela frase “trabalhadores do Brasil...”. Utilizando um
modelo de política populista, Vargas, de um lado, eliminava qualquer liderança operaria que tentasse
um atuação autônoma em relação ao governo, acusando-a de “comunista”, enquanto por outro lado,
concedia frequentes benefícios trabalhistas ao operariado, incluindo a decretação do salário-mínimo e
da Consolidação das Leis do Trabalho(CLT). Desse modo, por meio de uma inteligente mistura de
propaganda, repressão e concessões, Getúlio obteve um amplo apoio das camadas populares.

A CLT entrou em vigor em 1943, durante a típica comemoração do 1º de maio. Entre seus principais
pontos estão:
Regulamentação da jornada de trabalho – 8 horas diárias.
Descanso de um dia semanal, remunerado.
Regulamentação do trabalho e salário de menores.
Obrigatoriedade de salário mínimo como base de salário.
Direito a férias anuais.
Obrigatoriedade de registro do contrato de trabalho na carteira do trabalhador.

As deliberações da CLT priorizaram, em 1943, as relações do trabalhador urbano, praticamente


ignorando o trabalhador rural, que ainda representava uma grande parcela da população. Segundo dados
do IBGE, em 1940 aproximadamente 70% da população brasileira estava na zona rural.
Essas pessoas não foram beneficiadas com medidas trabalhistas específicas, nem com políticas que
facilitassem o acesso à terra e à propriedade.
Porém, não houve legislação que protegesse o trabalhador rural ou lhe facilitasse o acesso à terra.
Mantiveram-se as relações de arrendamento e as diárias. Os poucos trabalhadores assalariados do
campo cumpriam funções especializadas.
Para organizar os trabalhadores rurais, desde a década de 50, surgiram movimentos sociais como as
Ligas Camponesas, as Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, até o mais estruturado
destes movimentos, o MST, nascido nos encontros da CPT- Comissão Pastoral da Terra, em 1985, no
Paraná.
Enquanto isso, a Polícia Especial (PE), sob o comando de Filinto Müller, continuava agindo: prendia
milhares e milhares de pessoas, sendo que a maioria jamais foi julgada, ficando apenas presas e sendo
torturadas durante anos a fio.
Após o fim do Estado Novo foi formada uma comissão para investigar as barbaridades cometidas pela
polícia durante o período de ditadura, chamada de “Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos
Delituosos da Ditadura”. Mas os levantamentos feitos pela comissão em 1946 e 1947, eram quase sempre
abafados, fazendo-se o possível para que caíssem no esquecimento, por duas razões:
- A maioria dos torturadores e assassinos permaneciam no polícia depois que a PE havia sido extinta,
sendo apenas transferidos para outros órgãos e funções;
- Muitos civis e militares envolvidos nas torturas e assassinatos fizeram mais tarde rápida carreira,
chegando a ocupar postos importantes na administração e na política.
O relatório concluído pela comissão revela os extremos da violência e banditismo organizado
alcançados durante o Estado Novo: prisões arbitrarias, intimidação, tortura. Muitas vezes os presos eram
pendurados em “paus-de-arara”, espancados com paus e pedaços de borracha e espetados com
alfinetes. Além disso as torturas também poderiam incluir a inserção de farpas de bambu sob as unhas,

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 152
retirada de pelos e dentes com alicate, queimaduras com cigarro ou maçarico em órgãos sexuais,
choques e a obrigação de beber óleo de rícino.
Para os torturadores não havia muita diferenciação entre homens, mulheres, crianças e velhos. Muitas
vezes os familiares próximos também eram presos e torturados para obrigar o preso a falar. Quando não
resistia aos ferimentos, o prisioneiro era desovado em um matagal ou atirado de um prédio alto para
simular suicídio.
Também era comum durante o período a espionagem, feita por militares e civis, que eram conhecidos
como “invisíveis”. Sua função poderia ser a de espiar alguém em específico ou fazer uma espionagem
generalizada em escolas, universidades, fábricas, estádios de futebol, transporte público, cinemas, locais
de lazer, unidades militares e repartições públicas. Formaram-se milhares de arquivos pessoais com
informações minuciosas sobre as pessoas, que seriam utilizadas novamente 19 anos após o fim do estado
Novo, na Ditadura Militar.

Fim do Estado Novo


Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, houveram muitas consequências. Permitiu ao
governo de Vargas neutralidade para negociar tanto com os Aliados como com o Eixo, conseguindo
financiamento dos Estados Unidos para a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda, a compra
de armamentos alemães e fornecimento de material bélico norte-americano.
Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o desenrolar do conflito para determinar apoio ao
provável vencedor, em seu governo haviam grupos divididos e definidos sobre quem apoiar: Oswaldo
Aranha, que era ministro das Relações Exteriores era favorável aos Estados Unidos, enquanto os
generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao nazismo. Com a entrada dos Estados Unidos
na guerra em 1941 e o torpedeamento de vários navios mercantes brasileiros, o país entra em guerra ao
lado dos aliados em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes (DIP) Fillinto Müller (PE) e Francisco
Campos (Ministério da Justiça) também colaboraram para a decisão.
Em 1944 foram mandados 25.000 soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália,
marcando a participação do Brasil no conflito.
Mais do que a vitória contra as forças do Eixo na Europa, a Segunda Guerra Mundial teve um efeito
na política brasileira. Muitos dos que lutavam contra o Fascismo na Europa não aceitavam voltar para
casa e viver em um regime autoritário. O sentimento de revolta cresceu na população e muitas
manifestações em prol da redemocratização foram realizadas, mesmo com forte repressão da polícia.
Pressionado pelas reivindicações, em 1945 Vargas assinou um Ato Adicional que marcava eleições para
o final daquele ano. Foram formados vários partidos: UDN (União Democrática nacional), PSD (Partido
Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi
legalizado, além de outros menores. Venceu a candidatura do General Dutra, que concorreu pela aliança
entre PTB e PSD. Além dele foram candidatos o brigadeiro Eduardo Gomes da UDN e Yedo Fiúza do
PCB.
Apesar dos protestos para o fim do Estado Novo, muitas pessoas queriam que a redemocratização
ocorresse com a continuação de Getúlio no poder. Daí vem o movimento conhecido como “Queremismo”,
que vem do slogan “Queremos Getúlio”.

Questões

01. (Enem) O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado
Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a independência
do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em
Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois Vargas teria providencial
intuição do bem e da verdade, além de ser um gênio político.
CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado).

Segundo as ideias de Francisco Campos,


(A) os eleitores, políticos e juízes seriam mal-intencionados.
(B) o governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório.
(C) Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de partidos.
(D) a Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura democracia liberal.
(E) Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo inteligente e correto.

02. (Fuvest) Em 10 de novembro de 1937, para justificar o golpe que instaurava o Estado Novo, Getúlio
Vargas discursava:

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 153
“Colocada entre as ameaças caudilhescas e o perigo das formações partidárias sistematicamente
agressivas, a Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo
decisivo e vigilante das Forças Armadas, não dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos quadros
legais, vendo-se obrigada a lançar mão das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco
iminente da soberania nacional e da agressão externa.”

Baseando-se no texto acima, pode-se entender que:

(A) Vargas fala em nome da Nação, considerando-se o intérprete de seus anseios e necessidades.
(B) a defesa da Nação está exclusivamente nas mãos do exército e do patriotismo dos brasileiros.
(C) Vargas delega às Forças Armadas o poder de lançar mão de medidas excepcionais.
(D) as medidas excepcionais tomadas estão na relação direta da falta de formações políticas atuantes.
(E) Vargas estabelece uma oposição entre o patriotismo dos brasileiros e a ação das Forças Armadas.

03. (Faap) "Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do princípio de autoridade,
que esta se respeite e faça respeitar-se. Defendemos a família, a instituição fundamental cujos direitos
mais sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo."
Este texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido escrito por:
(A) Jorge Amado
(B) Carlos Drummond de Andrade
(C) Mário de Andrade
(D) Oswald de Andrade
(E) Plínio Salgado

04. (Fei) O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até
29/10/1945) caracterizou-se:
(A) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção dos
partidos políticos;
(B) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-
administrativa;
(C) pelo apoio ao comunismo internacional;
(D) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento das
eleições diretas;
(E) pela formação de uma Assembleia Constituinte que votaria a Constituição de 1937, conhecida
como a mais liberal da República.

05. (Fuvest) Na história da República brasileira, a expressão "Estado Novo" identifica:


(A) o período de 1930 a 1945, em que Getúlio Vargas governou o país de forma ditatorial, só com o
apoio dos militares, sem a interferência de outros poderes.
(B) O período de 1950 a 1954, em que Getúlio Vargas governou com poderes ditatoriais, sem garantia
dos direitos constitucionais.
(C) o período de 1937 a 1945, em que Getúlio Vargas fechou o Poder Legislativo, suspendeu as
liberdades civis e governou por meio de decretos-leis.
(D) o período de 1945 a 1964, conhecido como o da redemocratização, quando foi restabelecida a
plenitude dos poderes da República e das liberdades civis.
(E) o período de 1930 a 1934, quando se afirmou o respeito aos princípios democráticos, graças à
Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Respostas

01. Resposta: E
O objetivo de Francisco Campos com seu livro e com a Constituição de 1937 era justificar e legitimar
legislativamente o poder autoritário de Vargas.

02. Resposta: A
Exercendo uma posição de liderança e com o objetivo de centralizar o poder em sua pessoa, Vargas,
no discurso, coloca-se como representante da nação, que é incapaz de enfrentar nos quadros legais os
supostos perigos que a ameaçam, cabendo ao Estado sob seu comando tomar essas medidas
excepcionais.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 154
03. Resposta: E
O movimento Integralista ganhou destaque no Brasil com um crescente número de seguidores. O
partido, influenciado pelo fascismo italiano, iniciou suas atividades durante o primeiro governo de Getúlio
Vargas combatendo os defensores de pensamentos de esquerda. Os integralistas acusavam os
comunistas de corromper a família com seus pensamentos que ameaçavam a formação religiosa das
pessoas.

04. Resposta: A
Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão policial e política e a
perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado. Por meio de interventores, o governo
passou a controlar a política dos estados.

05. Resposta: C
A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945.

33. Ditadura Civil-Militar no Brasil;


34. Redemocratização;
35. A nova república brasileira;

O Regime Militar
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar
(Ditadura militar com apoio civil). O argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”. Entre
1946 e 1964 o Brasil viveu um período democrático e muito rico culturalmente. Neste momento os
movimentos sociais e estudantis atuaram com bastante intensidade. Havia um movimento que lutava pela
reforma agrária (como o MST) chamado de “ligas camponesas”, a UNE (união nacional de estudantes),
teatros populares e sindicatos de várias categorias de trabalhadores. Muitas manifestações populares e
greves estavam ocorrendo naquele momento, sobretudo no início da década de 60. Nas eleições de 1959
foi eleito para presidente da república Jânio Quadros e como vice João Goulart (eram de partidos opostos
Goulart era PTB, partido de Vargas e Jânio era apoiado pela UDN. Jânio Quadros após pouco mais de
seis meses de mandato renunciou à presidência. O vice João Goulart estava em visita diplomática à
China. O congresso (deputados federais e senadores) brasileiro quis impedir a posse de João Goulart por
considerá-lo esquerdista comunista. Para tanto, enquanto ainda Jango estava no exterior o regime de
governo foi mudado de presidencialismo para parlamentarismo. Quando Jango retorna toma posse como
presidente, mas com poderes limitados.
No presidencialismo o presidente é ao mesmo tempo chefe de governo (quem governa realmente) e
chefe de Estado (representação diplomática)
No parlamentarismo o presidente é chefe de Estado (representação diplomática) e o chefe de governo
é o primeiro ministro (escolhido entre os deputados)
Jango passou seu governo tentando retomar o poder conseguiu um plebiscito para 1963 para a
população optar pelo presidencialismo ou pelo parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e Goulart
tenta a reeleição. Realizou alguns comícios em que anunciou as reformas de base: A reforma agrária
(redistribuição das terras improdutivas), tributária (reordenamento dos impostos) , política (mudanças na
lei eleitoral). Essas reformas eram consideradas muito esquerdistas e radicais para a época, o que
reforçava a imagem de comunista de Jango. Além disso, como a crise econômica e uma pesada inflação
estava rolando à anos, as greves se espalharam. Espalharam-se manifestações de apoio ao presidente
e de repúdio a ele, como a “marcha por Deus, pela Família e pela Liberdade”
Diante deste contexto de fortes agitações sociais que o exército dá o golpe sob o argumento de afastar
o risco comunista que rondava os pais.
Quando inicia o governo militar realizam uma grande perseguição política aos líderes de esquerda,
que são presos na calada da noite. Os deputados e políticos em geral que tinham mandatos de partidos
de esquerda foram cassados (expulsos). Para tanto foi criado o SNI (serviço nacional de informação). Era
o serviço secreto do Exército e havia agente em todos os lugares como jornais, sindicatos, escolas ...
Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso. Apesar das cassações de mandato o
congresso nacional foi mantido. Os militares passaram a governar através de Atos institucionais. Mesmo

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 155
após a constituição de 67, que institucionalizava o regime os militares continuaram governando através
de atos institucionais.

AI- 1: Ampliação dos poderes do presidente, eleição indireta e a cassação de parlamentares de


esquerda. (O início da instalação da Ditadura. Perseguem lideranças de oposição (lideres camponeses,
estudantis, sindicais, partidários e intelectuais) e são cassados mandados políticos e cargos públicos.
AI- 2: Instituiu bipartidarismo. Só podiam existir a ARENA e o MDB. Consolida as eleições indiretas.
Os voto dos congressistas para a presidência era aberto e declarado dito no microfone na assembleia.
Além disso, toda a oposição já teve seus mandatos cassados. Não havia oposição de fato. O congresso
aprovava tudo o que os presidentes militares mandavam.
AI- 3: Estabelecia eleições indiretas para governadores de estado. Votavam os deputados estaduais
por voto aberto e declarado.
AI- 4: convocação urgente da assembleia para a aprovação da constituição de 67
AI- 5: Concede poder excepcional ao presidente que pode cassar mandatos e cargos fechar o
congresso, estabelecer estado de sítio. Eliminou as garantias individuais.
Os presidentes eram escolhidos pelos próprios militares em colégio eleitoral, assim como os
governadores de estado e prefeitos de cidades com mais de 300 mil habitantes. O voto da população em
nível federal limita-se aos deputados e senadores que eram ou da ARENA (partido do sim) ou do MDB
(partido do sim senhor). Não havia oposição real e concreta no congresso. Somente a permitida pelos
militares.

Foram presidentes militares:


Castelo Branco (64-67)
Costa e Silva (67-69)
Garrastazu Médici (69-74)
Ernesto Geisel (74-79)
Figueiredo (79-85)

A ditadura entre 1964 e 1967 durante o governo do Marechal Castelo Brancos foi um período mais
brando dentro do contexto do regime. Os partidos foram extintos (ficou o bipartidarismo) e a censura
ocorria, mas ainda que pequeno, havia um espaço para os trabalhadores e estudantes se manifestares,
sobretudo os artistas. As manifestações proliferaram. Ocorreram grandes greves operárias em Contagem
(MG) e São Paulo. O último ato de Castelo Branco foi a imposição de LSN (lei de segurança nacional),
que estabelecia que certas ações de oposição ao regime seriam consideradas “atentatórias” à segurança
nacional e punidas com rigor. Após enfrentamentos entre os estudantes e militares em que ocorreram
mortes de jovens, contra a repressão ocorreu a passeata dos 100 mil. Em dezembro de 1968, sob o
governo do Marechal Costa e Silva foi instituído o AI-5 o mais duro e repressor dos atos institucionais
acabava com as garantias civis (de ser preso após julgamento por exemplo), enrijecia a censura e a
perseguição. Concedia uma autoridade excepcional para o poder executivo. O Presidente poderia fechar
o congresso nacional e cassar mandatos parlamentares, aposentar intelectuais, demitir juízes, suspender
garantias do judiciário e declarar estado de sítio.
Alguns grupos políticos contra a ditadura passaram à atuar na clandestinidade. Alguns deles, devido
ao AI-5 optaram por partir para a revolta armada. Surgiram focos de guerrilha urbana (principalmente são
Paulo) e guerrilha rural (na região do rio Araguaia). A guerrilha nunca representou um grande problema
de verdade pois eram pequenos e poucos grupos, mas forneceu o argumento que a ditadura precisava
para manter e aumentar a repressão, pois tínhamos inclusive um inimigo interno comunista. O risco não
havia passado (lembra-se que o pretexto do golpe era afastar o risco comunista?).

Milagre econômico e repressão


Durante o Governo do General Médici o país viveu a maior onda de repressões e torturas da ditadura.
O AI-5 era aplicado com toda a força e a censura era plena. Ao mesmo tempo o pais vivia um período de
propaganda ufanista (nacionalismo de enaltecimento do Brasil) e experimentava um grande crescimento
econômico e urbano em razão do “milagre econômico”. Foram contraídos empréstimos e concedidos
créditos ao consumido, mas ao mesmo temo os salários foram congelados. Esta política nos primeiros
anos de aplicação gerou um enorme consumo e consequentemente gerou empregos (cada vez menos
remunerados). Ao final da década de setenta o pais amargava uma grande inflação, salários cada vez
mais defasados e um aumento da desigualdade social. O período Médici foi o qual viveu maior
propaganda ufanista crescimento econômico conciliada com a maior repressão do período.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 156
Movimentos de resistência

O movimento estudantil
Entre os grupos que mais protestavam contra o governo de João Goulart para a implementação de
reformas sociais estavam os estudantes, mobilizados pela União Nacional dos Estudantes e União
Brasileira dos Estudantes secundaristas. Quando os militares chegaram ao poder em 1964, os estudantes
eram um dos setores mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das
formas de desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus agentes não
passassem de jovens irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição que se estabeleceu.
Em novembro de 64, Castelo Branco aprovou uma lei, conhecida como lei "Suplicy de Lacerda", nome
do ministro da Educação, reorganizando as entidades e proibindo-as de desenvolverem atividades
políticas.
Os estudantes reagiram, boicotando as novas entidades oficiais e realizando passeatas cada vez mais
frequentes. Ao mesmo tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a existência das suas
entidades legítimas, agora na clandestinidade.
Em 1968 o movimento estudantil cresceu em resposta, não só a repressão, mas também em virtude
da política educacional do governo, que já revelava a tendência que iria se acentuar cada vez mais, no
sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos até hoje.
A política de privatização tinha dois sentidos: um era o estabelecimento do ensino pago (principalmente
no nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das
necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas
diretrizes correspondiam à forte influência norte-americana exercida através de técnicos da Usaid
(agência americana que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvolvimento
educacional) que atuavam junto ao MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de
acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira.
As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a
subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estudantil
não parava de crescer, e com ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a
má qualidade do ensino, realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, foi
violentamente reprimida pela polícia, resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.
A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do jovem estudante transformou-se em um
dos maiores atos públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as
capitais do país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas.
Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade
de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.

Movimentos sindicais
As greves foram reprimidas duramente durante a ditadura. Os últimos movimentos operários ocorreram
em 1968, em Osasco e Contagem, sendo reavivadas somente no fim da década de 1970, com a greve
de 1.600 trabalhadores, no ABC paulista em 12 de maio de 1978, que marcou a volta do movimento
operário à cena política.
Em junho do mesmo ano, o movimento espalhou-se por São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de
julho registraram-se 166 acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando cerca de 280 mil
trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o país o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva.
No dia 29 de outubro de 1979 os metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interromperam o trabalho.
No dia seguinte o operário Santos Dias da Silva acabou morrendo em confronto com a polícia, durante
um piquete na frente uma fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam por todo
o país.
Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC
paulista e de mais 15 cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo
Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, prendendo
13 líderes sindicais dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja.

Ligas Camponesas
O movimento de resistência esteve presente também no campo. Além da sindicalização, formaram-se
Ligas Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, foram
importantes instrumentos de organização e de atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca
de 5 mil cortadores de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 157
salários e condições de trabalho. No dia seguinte invadiram as cidades de Guariba e Bebedouro. Um
canavial foi incendiado. O movimento foi reprimido por 300 soldados. Greves de trabalhadores se
espalharam por várias regiões do país, principalmente no Nordeste.

A luta armada
Militantes da Esquerda resolveram resistir ao regime militar através da luta armada, com a intenção de
iniciar um processo revolucionário. Entre os grupos mais notórios estão:
Ação Libertadora Nacional (ALN), em que se destaca Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro
do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 1969;
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que era comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos
Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971. Em 1969 funde-se com o Comando de
Libertação Nacional (COLINA), e muda o nome para Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR-Palmares), que teve participação também da atual presidente Dilma Rousseff;
A Ação Popular, que teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no
movimento estudantil;
Partido Comunista do Brasil (PC do B), que surge de um conflito interno dentro do PCB.

Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi
o sequestro do embaixador estadunidense Charles Ewbrick, em 1969. Em nenhum lugar do mundo um
embaixador dos EUA havia sido sequestrado. Essa façanha possibilitou aos guerrilheiros negociar a
libertação de quinze prisioneiros políticos. Outro embaixador sequestrado foi o alemão-ocidental Ehrefried
Von Hollebem, que resultou na soltura de quarenta presos.
A luta armada intensificou o argumento de aumento da repressão. As torturas aumentaram e a
perseguição aos opositores também. Carlos Marighella foi morto por forças policiais na cidade de São
Paulo. As informações sobre seu paradeiro foram conseguidas também através de torturas.
O VPR realizou ações no Vale do Ribeira, em São Paulo, mas teve que enfrentar a perseguição militar
na região. Lamarca conseguiu fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, em 1971.
O último foco de resistência a ser desmantelado foi a Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, militantes
do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) dirigiram-se para região do Bico do Papagaio, entre os rios
Araguaia e Tocantins, onde passaram a travar contato com os camponeses da região, ensinando a eles
cuidados médicos e auxiliando-os na lavoura.
As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros do Araguaia em 1972, quando descobriu a
ação do grupo. O desmantelamento ocorreria apenas em 1975, quando uma força especial de
paraquedistas foi enviada à região, acabando com a Guerrilha do Araguaia.
No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um amplo apoio da população, levando os grupos
a se isolarem, facilitando a ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas praticamente desapareceram, e os
corpos dos guerrilheiros do Araguaia também. À época, a ditadura civil-militar proibiu a divulgação de
informações sobre a guerrilha, e até o início da década de 2010 o exército não havia divulgado informação
sobre o paradeiro dos corpos.
Situação Econômica Pós 1964, Redemocratização do País e Diretas Já.
O General Geisel assume em 74. Foi o militar que deu início à abertura política, assinalando o fim da
ditadura. O fim do regime foi articulado pelos próprios militares que planejarem uma abertura “lenta,
segura e gradual”. Nas eleições parlamentares de 74 os militares imaginaram que teriam a vitória da
ARENA, mas o MDB teve esmagadora vitória. Em razão deste acontecimento a ditadura lança a lei falcão
e o pacote de abril. A lei falcão acabava com a propaganda eleitoral. Todos os candidatos apareceriam
o mesmo tempo na TV, segurando seu número enquanto uma voz narrava brevemente seu currículo.
Apesar de uma oposição consentida o MDB estava incomodando e o pacote de abril serviu para
garantir supremacia da ARENA. A constituição poderia ser mudada somente por 50% dos votos
(garante a vitória da ARENA). Um terço dos senadores seria “senador biônico”, ou seja, indicado pela
assembleia (sempre senadores da ARENA) e alterou o coeficiente eleitoral de forma que a região
nordeste (que ainda ocorria claramente o voto de “cabresto” e os eleitores votavam em peso na ARENA)
tivesse um maior número de deputados. Geisel pôs fim ao AI-5 em 1978.
Em 1979 assumiu a presidência o General Figueiredo, sob uma forte crise econômica resultado da
política econômica do milagre brasileiro. Em 79 foi aprovada a lei da anistia (perdão de crimes
políticos), que de acordo com o governo militar era uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. O que isso
queria dizer? Que todos os crimes cometidos na ditadura seriam perdoados, tanto o “crime” dos militantes
políticos, estudantes, intelectuais e artistas que se encontravam exilados (fora do pais por motivos de
perseguição política), e puderam voltar ao Brasil, como os torturadores do regime também foram.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 158
Em 1979 são liberadas para a próxima eleição de 1982 a voto direto aos governadores. Também foi
aprovada a “lei orgânica dos partidos” que punha fim ao bipartidarismo e foram fundados novos 5
partidos:

PDS (Partido democrático social)


PMDB (Partido do movimento democrático brasileiro)
PTB (Partido trabalhista brasileiro)
PDT (Partido trabalhista brasileiro)
PT (partido dos trabalhadores)
Obs.: A lei eleitoral obrigava a votar somente em candidatos do mesmo partido, de vereador à
governador. A oposição ao regime, na eleição para governador de 1982, obteve vitória esmagadora.
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney. Contudo Tancredo Neves passou mal
na véspera da posse e foi internado com infecção intestinal, não resistiu e morreu. Assumiria a presidência
da República em 1985 José Sarney.
O Governo de José Sarney foi um momento de enorme crise econômica, com hiperinflação, mas um
dos momentos mais fundamentais que coroaria a redemocratização, pois foi em seu governo que foi
aprovada a nova constituição. Foi reunida em 1987 uma assembleia nacional constituinte (assembleia
reunida para escrever e promulgar uma nova constituição).

A constituição de 1988
A nova constituição foi votada em meio a grandes debates políticos de diferentes visões políticas.
Havia muitos interesses em disputa. O voto secreto e direto para presidente foi restaurado, proibida a
censura, garantida a liberdade de expressão e igualdade de gênero, racismo tornou-se crime e o estado
estabeleceu constitucionalmente garantias sociais de acesso a saúde, educação, moradia e
aposentadoria.
Ao final de 1989 foi realizada a primeira eleição livre desde o golpe de 1964. Foi disputada em dois
turnos. O segundo foi concorrido entre o candidato Fernando Collor de Mello (PRN – partido da renovação
nacional), contra Luís Inácio Lula da Silva. Collor ganhou a eleição, com apoio dos meios de comunicação
e governou até 1992 após ser afastado por um processo de impeachment e ocorreram grandes
manifestações populares, sobretudo estudantis, conhecidas como o “movimento dos caras-pintadas”.

Questões

01. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O processo de abertura política
no Brasil, ao final do período de regime militar, foi marcado
(A) pela denominada “teoria dos dois demônios”, discurso oficial que culpava os grupos guerrilheiros
e o imperialismo soviético pelo endurecimento do autoritarismo no Brasil e nos países vizinhos.
(B) pelo chamado “entulho autoritário”, pois a Constituição outorgada em 1967 continuou vigente,
mantiveram-se os cargos “biônicos” e persistiu prática da decretação de Atos Institucionais durante a
década de 1980.
(C) pela lógica do “ajuste de contas”, pois, ainda que o governo encampasse uma abertura “lenta,
gradual e irrestrita”, os setores populares organizaram greves nacionais que culminaram na realização de
eleições diretas para presidente em 1985.
(D) pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que prevaleceram pressões por parte dos setores
afinados com o regime e concessões dos movimentos pela democratização, em um complexo jogo
político que se estendeu pelos anos 1980.
(E) pela busca da “conciliação nacional” ao se instituírem as Comissões da Verdade que conseguiram,
com o aval do primeiro governo civil pós-ditadura, atender as demandas por “verdade, justiça e reparação”
da sociedade brasileira.

02. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) A respeito dos Atos Institucionais
decretados durante o regime militar no Brasil,
(A) sucederam-se rapidamente totalizando cinco durante a ditadura, sendo o último, em 1968, o que
suspendeu a garantia do direito ao habeas corpus e instituiu a censura prévia.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 159
(B) refletiram a intenção dos militares em preservar a institucionalidade da democracia, uma vez que
todos os atos eram votados pelo Congresso.
(C) prestaram-se a substituir a falta de uma nova Constituição, chegando a 20 decretações que se
estenderam até o governo Geisel.
(D) foram mais de dez e entre os objetivos de sua promulgação destaca-se o reforço dos poderes
discricionários da Presidência da República.
(E) concentraram-se nos dois primeiros anos de governo militar e instituíram o estado de sítio e o
bipartidarismo.

03. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O golpe de 1964, que deu início
ao regime militar no Brasil e que foi chamado pelos militares de “revolução de 64”, teve, entre seus
objetivos
(A) refrear o avanço do comunismo apoiado pelo presidente Jango que, após ver concretizado seu
programa reformista, articulava-se para adaptar o Estado aos moldes socialistas, por meio do projeto de
uma nova constituição difundido e aplaudido no histórico Comício da Central do Brasil.
(B) reinstaurar o presidencialismo, uma vez que o regime parlamentarista pelo qual João Goulart
governava favorecia alianças entre partidos pequenos e grupos de esquerda liderados pelo PTB, que
tinha representação significativa na Câmara e no Senado.
(C) destituir o governo de João Goulart, contando com o apoio do governo dos Estados Unidos e de
parcelas da sociedade brasileira que apoiaram, dias antes, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade
organizada por setores conservadores da Igreja Católica.
(D) restaurar a ordem no país e garantir a recuperação do equilíbrio econômico, uma vez que greves
paralisavam a produção nacional e movimentos de apoio à reforma agrária se radicalizavam, caso das
Ligas Camponesas que haviam iniciado a guerrilha do Araguaia.
(E) iniciar um processo autoritário de transição política e econômica nos moldes do neoliberalismo, por
meio de uma estratégia defendida por entidades como o FMI, a ONU e a Cepal, com o aval do
empresariado brasileiro insatisfeito com o governo vigente.

04. (VUNESP) A partir dessa época, a tortura passou a ser amplamente empregada, especialmente
para obter informações de pessoas envolvidas com a luta armada. Contando com a “assessoria técnica”
de militares americanos que ensinavam a torturar, grupos policiais e militares começavam a agredir no
momento da prisão, invadindo casas ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias de polícia e
em quartéis, onde muitas vezes havia salas de interrogatório revestidas com material isolante para evitar
que os gritos dos presos fossem ouvidos.
(Roberto Navarro – http://mundoestranho.abril.com.br.)
Os aspectos citados no texto permitem identificar a época a que ele se refere como sendo a da
(A) repressão à Revolução Constitucionalista de 1932.
(B) Nova República, cujo primeiro presidente foi José Sarney.
(C) Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.
(D) democracia populista, que durou de 1946 a 1964.
(E) ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964.

05. (VUNESP) A imagem a seguir refere-se a um movimento da década de 1980 que contou com
grande participação popular em várias cidades do Brasil.

(Http://www.oabsp.org.br/portaldamemoria/historia-da-oab/ a-redemocratizacao-e-o-processo-constituinte)
Assinale a alternativa que indica corretamente o objetivo deste movimento.
(A) Devolver à população o direito de votar nos candidatos à presidência do país.
(B) Anistiar os presos políticos e permitir o retorno dos exilados ao Brasil.
(C) Reajustar o salário-mínimo de acordo com os índices reais de inflação.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 160
(D) Autorizar a justiça comum a punir políticos envolvidos em crimes de corrupção.
(E) Permitir que leis propostas pela população fossem discutidas no Congresso Nacional.

Respostas

01. Resposta: D
A ideia de uma abertura “Lenta, gradual e segura” foi utilizada pelo governo militar. No final da década
de 70 e início da década de 80 ocorreram sim muitas greves, principalmente na região do ABC paulista.
A primeira eleição direta para presidente após a abertura ocorreu em 15 de novembro de 1989.

02. Resposta: D
Os Atos Institucionais foram normas elaboradas no período de 1964 a 1969, durante o regime militar.
Foram editadas pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo
Presidente da República, com o respaldo do Conselho de Segurança Nacional. Foram 17 atos ao todo,
sendo o mais conhecido deles o AI-5, cuja descrição é: Suspende a garantia do habeas corpus para
determinados crimes; dispõe sobre os poderes do Presidente da República de decretar: estado de sítio,
nos casos previstos na Constituição Federal de 1967; intervenção federal, sem os limites constitucionais;
suspensão de direitos políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; cassação
de mandatos eletivos; recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de
Vereadores; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.

03. Resposta: C
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar (Ditadura militar com apoio civil). O
argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”.

04. Resposta: E
Citando a própria matéria referida na questão:
Uma pesquisa coordenada pela Igreja Católica com documentos produzidos pelos próprios militares
identificou mais de cem torturas usadas nos "anos de chumbo" (1964-1985). Esse baú de crueldades,
que incluía choques elétricos, afogamentos e muita pancadaria, foi aberto de vez em 1968, o início do
período mais duro do regime militar. Durante o governo militar, mais de 280 pessoas foram mortas -
muitas sob tortura. Mais de cem desapareceram, segundo números reconhecidos oficialmente. Mas
ninguém acusado de torturar presos políticos durante a ditadura militar chegou a ser punido.

05. Resposta: A
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney.

A Nova República
Chamamos Nova República a organização do Estado Brasileiro a partir da eleição indireta de Tancredo
Neves pelo Colégio eleitoral, após o movimento pelas diretas já, o qual foi um dos mais importantes
líderes. No dia da posse foi hospitalizado e faleceu. Então a cadeira presidencial foi ocupada por seu vice
José Sarney

Eleições Diretas
Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições diretas para governador. Realizadas as
eleições, as previsões do estrategista do regime se confirmaram. Apesar de a oposição (PMDB, PDT e
PT) ter recebido a maioria dos votos e eleito governadores de estados importantes (Montoro, em São
Paulo; Brizola, no Rio de Janeiro; Tancredo Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu obter maioria no
Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Eleitoral, que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 161
1984. Os militares conseguiam assim criar as condições que garantiam a continuidade da abertura nas
sequências e no ritmo que desejavam, bem como a transferência do poder aos civis de sua confiança.

A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo


Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar resistência da linha-dura às reformas
políticas que estavam em andamento. As primeiras manifestações dos grupos que estavam descontentes
com a abertura vieram em 1980. No final desse ano e no início de 1981, bombas começaram a explodir
em bancas de jornal que vendiam periódicos considerados de esquerda (Jornal Movimento, Pasquim,
Opinião etc.). Uma carta-bomba foi enviada à OAB e explodiu nas mãos de uma secretária, matando-a.
Havia desconfianças de que fora uma ação do DOI-Codi, mas nunca se conseguiu provar nada.

O Caso Riocentro
Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante a realização de um show de música
popular. Dele participavam inúmeros artistas considerados de esquerda pelo Regime. Quando as
primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproximaram do local da explosão, depararam com uma cena
dramática e constrangedora. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as portas
destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército
ligados ao DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro, estava morto, praticamente partido
ao meio. A bomba explodira na altura de sua cintura. O motorista, um capitão, estava vivo, mas
gravemente ferido e inconsciente. O Exército abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o caso e,
depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de depoimentos, concluiu que a bomba havia sido
colocada ali, dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos terroristas. Essa foi
a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi encerrado.

A campanha das Diretas-já


As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um clima de euforia na oposição, pois ela fora muito
bem votada, em especial o PMDB. Esse fortalecimento da oposição acabou motivando o deputado Dante
de Oliveira, do PMDB, a propor, em janeiro de 1983, uma emenda constitucional restaurando as eleições
para presidente da República em 1984. A iniciativa do deputado passou, a princípio, despercebida.
Entretanto, progressivamente, sua proposta foi ganhando adesões importantes. Em março, o jornal Folha
de S. Paulo resolveu, em editorial, apoiar a emenda para as diretas. Em junho, reuniram-se no Rio de
Janeiro os governadores Franco Montoro e Leonel Brizola, mais o líder do PT, Luís Inácio da Silva, para
discutir como os partidos políticos de oposição poderiam agir para aprovar a emenda das diretas. Vários
governadores do PMDB assinaram um manifesto de apoio. O PT e entidades da sociedade civil de São
Paulo convocaram uma manifestação de apoio à eleição direta. Ela reuniu cerca de 10.000 pessoas. A
campanha começava a ganhar as ruas. A seguir, ocorreram manifestações em Curitiba (40.000 pessoas),
Salvador (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), novamente em São Paulo (200.000 a 300.000
pessoas). Em fevereiro de 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) e Doutel de Andrade (PDT) saíram
em caravana pelo Brasil, fazendo comícios nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula
começava a se firmar como liderança nacional. A campanha ganhava força. Novas manifestações
ocorreram no Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No dia 10 de abril de 1984, foi
convocada uma manifestação no Rio de Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da
Candelária cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior manifestação pública realizada em toda a história
do país até aquela data. No dia 16 realizada no Anhangabaú, em São Paulo, uma manifestação que
quebrou o recorde do Rio. Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas. Não havia dúvida. O povo brasileiro
queria votar para presidente. O governo era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizendo que a
eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos
Transportes de Figueiredo), Paulo Maluf, José Sarney, todos do partido do governo, o PDS, faziam de
tudo para evitar que a campanha produzisse efeito no Congresso. Mário Andreazza, Paulo Maluf e Sarney
disputavam a indicação pelo PDS como candidatos a presidente no Colégio Eleitoral. As emissoras de
televisão, principalmente a Rede Globo, tentaram ignorar as manifestações públicas. Quem só se
informava pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a campanha das diretas surgiu do nada. Quando
as manifestações de rua superaram 1 milhão de pessoas, até a Globo teve de dar a notícia.
Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a votação da emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada.
Faltaram 22 votos para atingir os dois terços necessários. Da bancada do PDS, 112 deputados não
compareceram ao Congresso, contrariando a vontade popular, que se manifestara de forma cristalina nas
ruas. Um profundo sentimento de frustração e impotência tomou conta do país. O Congresso Nacional,
que deveria expressar a vontade da nação, na verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniências
políticas de uma elite minoritária, mas que dominava o país. O poder dessa elite advinha da força

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 162
econômica, do controle que mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos oportunistas e do comando que
detinha dos meios de comunicação, especialmente das emissoras de televisão.

As Articulações Políticas que Antecederam a Eleição Indireta de Janeiro de 1985


Derrotada a emenda das diretas, estava nas mãos do Colégio Eleitoral a escolha do novo presidente.
Ele era composto por senadores, deputados federais e delegados de cada estado. O PMDB iria lançar
um candidato. Desde meados de 1984, o nome estava praticamente escolhido. Era o governador de
Minas Gerais, Tancredo Neves. Político moderado, ligado aos banqueiros, era um homem de confiança
dos grupos conservadores, mas, ao mesmo tempo, respeitado pela oposição. Faltava, entretanto, definir
quem seria o vice-presidente na chapa de Tancredo. Do lado do PDS as coisas estavam cada vez mais
complicadas. Três grupos políticos debatiam-se para conseguir a indicação do partido. O primeiro era
liderado por Paulo Maluf; o segundo, por Mário Andreazza; e o terceiro, por um grupo de políticos do
Nordeste liderado por José Sarney e Marco Maciel. Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo
Maluf, com seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha grandes chances de conseguir a indicação.

O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já
se sentiam derrotados do PDS. Estavam também convencidos de que teriam pouca influência em um
possível governo malufista. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL (Partido da Frente
Liberal).

O Surgimento da Aliança Democrática


A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma frente política para derrotar Maluf no Colégio
Eleitoral. Surgiu a Aliança Democrática, que apoiou a chapa Tancredo Neves (presidente), pelo PMDB, e
José Sarney (vice-presidente), pela Frente Liberal. Enquanto Maluf representava uma fração de elite
econômica paulista, o leque de forças políticas que sustentavam a Aliança Democrática era muito maior.
Ela juntava o maior partido de oposição, o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais expressões
políticas conservadoras dos estados nordestinos. Além disso, tais lideranças, como José Sarney e
Antônio Carlos Magalhães, eram políticos da confiança de Roberto Marinho, proprietário da Rede Globo
de Televisão. Ou seja, o apoio desses políticos à candidatura Tancredo trouxe junto o apoio da Rede
Globo. Maluf estava derrotado. Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS, que formaram a Frente
Liberal, de traidores. Tiveram como resposta que traição era apoiar um corrupto como Maluf. Entre
xingamentos e agressões verbais, os meses finais de 1984 expiraram.

A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney


Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, primeiro presidente civil em 20
anos. Ele obteve 275 votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS (em 340 possíveis), que
correspondiam à dissidência da Frente Liberal, e mais 39 votos espalhados entre os outros partidos. No
total foram 480 contra 180 do candidato derrotado. O PT, por não concordar com as eleições indiretas,
não participou da votação. A posse do novo presidente estava marcada para 15 de março. Um dia antes,
entretanto, Tancredo Neves foi internado com diverticulite. Depois de várias operações, seu estado de
saúde se agravou, falecendo no dia 21 de abril de 1985. Com a morte do presidente eleito, assumiu o
vice, José Sarney. Figueiredo negou-se a lhe entregar a faixa presidencial, dando-a a Ulisses Guimarães,
presidente da Câmara, e este empossou Sarney.

O governo Sarney
José Sarney foi o primeiro presidente após o fim da ditadura militar. Durante seu governo foi
consolidado o processo de redemocratização do Estado brasileiro, garantido liberdade sindical e
participação popular na política, além da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte,
encarregada de elaborar uma nova constituição para o Brasil.
Entre os princípios incluídos na Constituição de 1988 também chamada Carta Magna, estão:
- garantia de direitos políticos e sociais;
- aumento de assistência aos trabalhadores;
- ampliação das atribuições do poder legislativo;
- limitação do poder executivo;
- igualdade perante a lei, sem qualquer tipo de distinção;
- estabelecimento do racismo como crime inafiançável

No plano econômico, o governo adotou inúmeras medidas para conter a inflação, como congelamento
de preços e salários e a criação de um novo plano econômico, o Plano Cruzado.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 163
No final de 1986, o plano começou a demonstrar sinais de fracasso, acentuado pela falta de
mercadorias e pressão por aumento de preços.
Além do Plano cruzado, outras tentativas de conter a inflação foram colocadas em prática durante o
governo Sarney, como o Plano Cruzado II, o Plano Bresser e o Plano de Verão. No último mês do
governo Sarney, março de 1990, a inflação alcançou o nível de 84%.

O governo Collor
No final de 1989, os candidatos Fernando Collor de Mello, do PRN (Partido da Renovação Nacional)
e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (Partido dos Trabalhadores) disputaram as primeiras eleições diretas
(com voto da população) para presidente após a redemocratização. Com forte apoio de setores
empresariais e principalmente da mídia, Collor vence as eleições.
Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como caçador de marajás, termo referente
aos corruptos que beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influência do
populismo, principalmente do Peronismo argentino, dizendo-se representante dos descamisados
(população mais pobre)
Seu governo ficou marcado pelos Planos Collor:

Plano Collor31

A inflação em um ano de março de 1989 a março de 1990 chegou a 4.853%, e no governo anterior
teve vários planos fracassados de conter a inflação. Depois de sua posse, Collor anuncia um pacote
econômico no dia 15 de março de 1990, o Plano Brasil Novo. Esse plano tinha como objetivo pôr fim à
crise, ajustar a economia e elevar o país, do terceiro para o Primeiro Mundo. O cruzado novo é substituído
pelo "cruzeiro", bloqueia-se por 18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e
demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços foram tabelados e depois liberados
gradualmente. Os salários foram pré-fixados e depois negociados entre patrões e empregados. Os
impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros tributos, foram suspensos os incentivos fiscais não
garantidos pela Constituição. Foi Anunciado corte nos gastos públicos, também se reduziu a máquina do
Estado com a demissão de funcionários e privatização de empresas estatais. O plano também prevê a
abertura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de importação. As empresas foram
surpreendidas com o plano econômico e sem liquidez pressionaram o governo. A ministra da economia
Zélia Cardoso de Mello, faz a liberação gradativa do dinheiro retido, denominado de "operação
torneirinha", para pagamento de taxas, impostos municipais e estaduais, folhas de pagamento e
contribuições previdenciárias. O governo liberou os investimentos dos grandes empresários, e deixou
retido somente o dinheiro dos poupadores individuais.

Recessão - No início do Plano Collor a inflação foi reduzida, pois o plano era ousado e radical, tirava
o dinheiro de circulação. Porém, com a redução da inflação, iniciava-se a maior recessão da história no
Brasil, houve aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas e a produção diminuiu
consideravelmente, com uma queda de 26% em abril de 1990, em relação a abril de 1989. As empresas
foram obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir funcionários. Só em
São Paulo nos primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho deixaram de existir, pior
resultado, desde a crise do início da década de 80. O Produto Interno Bruto diminuiu de US$ 453 bilhões
em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990.
Privatizações - Em 16 de agosto de 1990 o Programa Nacional de Desestatização que estava previsto
no Plano Collor foi regulamentado e a Usiminas a primeira estatal a ser privatizada, através de um leilão
em outubro de 1991. Depois mais 25 estatais foram privatizadas até o final de 1993, quando Itamar Franco
já estava à frente do governo brasileiro, com grandes transferências patrimoniais do setor público para o
setor privado, com o processo de privatização dos setores petroquímico e siderúrgico já praticamente
concluído. Então se inicia a negociação do setor de telecomunicações e elétrico, existindo uma tentativa
de limitar as privatizações à construção de grandes obras e à abertura do capital das estatais, mantendo
o controle acionário pelo Estado.

Plano Collor II
A inflação entra em cena novamente com um índice mensal de 19,39% em dezembro de 1990 e o
acumulado do ano chega a 1.198%, o governo se vê obrigado a tomar algumas medidas. É decretado o
Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991.

31
LENARDUZZI, Cristiano, Et al. PLANO COLLOR. Adaptado

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 164
Tinha como objetivo controlar a ciranda financeira, extinguiu as operações de overnight e criou o Fundo
de Aplicações Financeiras (FAF) onde centralizou todas as operações de curto prazo, acabando com o
Bônus do Tesouro Nacional fiscal (BTNf), que era usado pelo mercado para indexar preços, passa a
utilizar a Taxa Referencial Diária (TRD) com juros prefixados e aumenta o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF). Pratica uma política de juros altos, e faz um grande esforço para desindexar a
economia e tenta mais um congelamento de preços e salários. Um deflator é adotado para os contratos
com vencimento após 1º de fevereiro. O governo acreditava que aumentando a concorrência no setor
industrial conseguiria segurar a inflação, então se cria um cronograma de redução das tarifas de
importação, reduzindo a inflação de 1991 para 481%.

A queda de Collor
Após um curto sucesso nos primeiros meses de governo, a administração Collor passou por profundas
crises. Com a taxa de inflação superior a 20%, em 1992 a impopularidade do presidente cresceu. Em
maio do mesmo ano, o irmão do presidente, Pedro Collor, acusou Paulo Cesar Farias, que havia sido
caixa da campanha de Fernando Collor, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no governo e
ligações político financeiras com o presidente.
Em junho do mesmo ano, o Congresso Nacional instalou uma Comissão de Inquérito Parlamentar(cpi)
para que fossem apuradas as irregularidades apontadas. Em 29 de setembro a Câmara dos Deputados
aprovou a abertura do processo de Impeachment e em 3 de outubro o presidente foi afastado. Em
dezembro o processo foi concluído e Fernando Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos,
e o governo passou para as mãos de seu vice, Itamar Franco.

O governo Itamar Franco (1992-1994)


Durante seu período na presidência, Itamar Franco passou por um quadro de crescente dificuldade
econômica e alianças políticas instáveis, com inúmeras nomeações e demissões de ministros do
executivo.
Um plebiscito foi realizado em 1993 para definir a forma de governo, com uma vitória esmagadora da
Republica presidencialista. Outras opções incluíam a monarquia e o parlamentarismo.
No ano de 1993 a economia começava a dar sinais de melhora, com índice de crescimento de
aproximadamente 5%, que não ocorria desde 1986. Apesar do crescimento, houve um aumento na
população, deixando a renda per capita com menos de 3%.
Em 1994 a inflação continuou a subir, até que os efeitos do Plano Real começaram a surtir efeito.

Implantação do Plano Real32


O Plano de Fernando Henrique Cardoso, que era ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco,
consistia em três fases: o ajuste fiscal, o estabelecimento da URV (Unidade de Referência de Valor) e a
instituição de uma nova moeda, o Real. De acordo com os autores do plano, as reformas liberais do
Estado, que estavam em andamento naquele período seriam fundamentais para efetividade do plano.
A primeira fase, o “ajuste fiscal” procurava criar condições fiscais adequadas para diminuir o
desequilíbrio orçamentário do Estado, principalmente sua fragilidade com financiamento, que seria um
dos principais problemas relacionados à inflação. A criação do FSE (Fundo Social de Emergência), que
tinha por finalidade diminuir os custos sociais derivados da execução do plano e dos cortes de impostos,
foi uma das principais iniciativas do governo.
A URV, o embrião da nova moeda, que terminou quando o Real começou a funcionar em 1º de julho
de 1994, era um índice de inflação formado por outros três índices: O IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas,
o IPCA do IBGE e o IPC da FIPE/USP. O objetivo do governo era amarrar o URV ao dólar, preparando o
caminho para a “âncora cambial” da moeda e também evitar o caráter abrupto dos outros planos, com
esta ferramenta transitória. Dessa forma, ao contrário da proposta de “moeda indexada” e da criação de
duas moedas, apenas separaram-se duas funções da mesma moeda, pois o URV servia como uma
“unidade de conta”.
A terceira fase do plano consistiu na implementação da nova moeda, que substituiria o Cruzeiro de
acordo com a cotação da URV que, naquele momento, valia CR$ 2.750,00. O governo instituiu que este
valor corresponderia a R$ 1,00 que, por sua vez, foi fixada pelo Banco Central em US$ 1,00, com a
garantia das reservas em dólar acumuladas desde 1993.
No entanto, apesar de amarrar a moeda ao dólar, o Governo não garantiu a conversibilidade das duas
moedas, como ocorreu na Argentina. Dessa forma, o Real conseguiu corresponder de uma forma mais

32
Adaptado de Ipolito.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 165
adequada às turbulências desencadeadas pela crise do México, que começou a se intensificar no final de
1994.
A política de juros altos, que promoveu a entrada de capitais de curto prazo, e a abertura do país aos
produtos estrangeiros, com a queda do Imposto de Importação, foram fundamentais para complementar
a introdução da nova moeda e para combater a inflação e elevar os níveis de emprego.
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a vitória nas eleições de 1994 logo no primeiro
turno, contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

O primeiro governo Fernando Henrique


Em seu discurso de posse, o presidente destacou como prioridades a estabilização da nova moeda e
a reversão do quadro de exclusão social dos brasileiros.
Assim como outros países ao redor do mundo, o Brasil começava a dar início ao MERCOSUL.

MERCOSUL33
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram, em 26 de março de 1991, o Tratado de Assunção,
com vistas a criar o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial do Tratado de Assunção
é a integração dos Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do
estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da adoção de uma política comercial comum, da
coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas
pertinentes.
A configuração atual do MERCOSUL encontra seu marco institucional no Protocolo de Ouro Preto,
assinado em dezembro de 1994. O Protocolo reconhece a personalidade jurídica de direito internacional
do bloco, atribuindo-lhe, assim, competência para negociar, em nome próprio, acordos com terceiros
países, grupos de países e organismos internacionais. O MERCOSUL caracteriza-se, ademais, pelo
regionalismo aberto, ou seja, tem por objetivo não só o aumento do comércio intrazona, mas também o
estímulo ao intercâmbio com outros parceiros comerciais. São Estados Associados do MERCOSUL a
Bolívia (em processo de adesão ao MERCOSUL), o Chile (desde 1996), o Peru (desde 2003), a Colômbia
e o Equador (desde 2004). Guiana e Suriname tornaram-se Estados Associados em 2013. Com isso,
todos os países da América do Sul fazem parte do MERCOSUL, seja como Estados Parte, seja como
Associado.
O aperfeiçoamento da União Aduaneira é um dos objetivos basilares do MERCOSUL. Como passo
importante nessa direção, os Estados Partes concluíram, em 2010, as negociações para a conformação
do Código Aduaneiro do MERCOSUL.
Na última década, o MERCOSUL demonstrou particular capacidade de aprimoramento institucional.
Entre os inúmeros avanços, vale registrar a criação do Tribunal Permanente de Revisão (2002), do
Parlamento do MERCOSUL (2005), do Instituto Social do MERCOSUL (2007), do Instituto de Políticas
Públicas de Direitos Humanos (2009), bem como a aprovação do Plano Estratégico de Ação Social do
MERCOSUL (2010) e o estabelecimento do cargo de Alto Representante-Geral do MERCOSUL (2010).
Merece especial destaque a criação, em 2005, do Fundo para a Convergência Estrutural do
MERCOSUL, por meio do qual são financiados projetos de convergência estrutural e coesão social,
contribuindo para a mitigação das assimetrias entre os Estados Partes. Em operação desde 2007, o
FOCEM conta hoje com uma carteira de projetos de mais de US$ 1,5 bilhão, com particular benefício
para as economias menores do bloco (Paraguai e Uruguai). O fundo tem contribuído para a melhoria em
setores como habitação, transportes, incentivos à microempresa, biossegurança, capacitação tecnológica
e aspectos sanitários.
O Tratado de Assunção permite a adesão dos demais Países Membros da ALADI ao MERCOSUL. Em
2012, o bloco passou pela primeira ampliação desde sua criação, com o ingresso definitivo da Venezuela
como Estado Parte. No mesmo ano, foi assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia ao MERCOSUL, que,
uma vez ratificado pelos congressos dos Estados Partes, fará do país andino o sexto membro pleno do
bloco.
Com a incorporação da Venezuela, o MERCOSUL passou a contar com uma população de 285
milhões de habitantes (70% da população da América do Sul); PIB de US$ 3,2 trilhões (80% do PIB sul-
americano); e território de 12,7 milhões de km² (72% da área da América do Sul). O MERCOSUL passa
a ser, ainda, ator incontornável para o tratamento de duas questões centrais para o futuro da sociedade
global: segurança energética e segurança alimentar. Além da importante produção agrícola dos demais
Estados Partes, o MERCOSUL passa a ser o quarto produtor mundial de petróleo bruto, depois de Arábia
Saudita, Rússia e Estados Unidos.

33
Adaptado de: http://www.mercosul.gov.br/index.php/saiba-mais-sobre-o-mercosul

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 166
Em julho de 2013, a Venezuela recebeu do Uruguai a Presidência Pro Tempore do bloco. A Presidência
Pro Tempore venezuelana reveste-se de significado histórico: trata-se da primeira presidência a ser
desempenhada por Estado Parte não fundador do MERCOSUL.
Na Cúpula de Caracas, realizada em julho de 2014, destaca-se a criação da Reunião de Autoridades
sobre Privacidade e Segurança da Informação e Infraestrutura Tecnológica do MERCOSUL e da Reunião
de Autoridades de Povos Indígenas. Uma das prioridades da Presidência venezuelana, o foro indígena é
responsável por coordenar discussões, políticas e iniciativas em benefício desses povos. Foram também
adotadas, em Caracas, as Diretrizes da Política de Igualdade de Gênero do MERCOSUL, bem como o
Plano de Funcionamento do Sistema Integrado de Mobilidade do MERCOSUL (SIMERCOSUL). Criado
em 2012, durante a Presidência brasileira, o SIMERCOSUL tem como objetivo aperfeiçoar e ampliar as
iniciativas de mobilidade acadêmica no âmbito do Bloco.
No segundo semestre de 2014, a Argentina assumiu a Presidência Pro Tempore do MERCOSUL.
Entre os principais resultados da Cúpula de Paraná, Argentina, destacam-se: a assinatura de Memorando
de Entendimento de Comércio e Cooperação Econômica entre o MERCOSUL e o Líbano; a assinatura
de acordo-quadro de Comércio e Cooperação Econômica entre o MERCOSUL e a Tunísia; e a aprovação
do regulamento do Mecanismo de Fortalecimento Produtivo do bloco.
Em 17 de dezembro de 2014, o Brasil recebeu formalmente da Argentina a Presidência Pro Tempore
do MERCOSUL, que foi exercida no primeiro semestre de 2015. No dia 17 de julho de 2015 a Presidência
Pro Tempore foi passada ao Paraguai, que a exercerá por um período de seis meses.

O segundo governo Fernando Henrique

Em seu segundo mandato, vencido novamente através da disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva,
houveram dificuldades para manter o valor do Real em relação ao Dólar.
A partir de dezembro de 1994 eclodiu a crise cambial mexicana, e a saída de capital especulativo
relacionada à queda da cotação do dólar nos mercados internacionais começou a colocar em xeque a
estabilização da economia nacional e o Plano Real, que dependia em grande parte do capital estrangeiro.
A crise mostrou que a política de contenção da inflação com a valorização das moedas nacionais frente
ao dólar não poderia ser sustentável no longo prazo.
Negando sempre à similaridade entre o Brasil e o México e a Argentina, o governo passou a
desacelerar a atividade econômica e a frear a abertura internacional com a elevação da taxa de juros,
aumento das restrições às importações e com estímulos à exportação. Com a necessidade de opor a
situação econômica brasileira à mexicana, como um sinal ao capital especulativo, o governo quis mostrar
que corrigiria a trajetória de sua balança comercial, atingindo saldo positivo.
Após retomada do crescimento entre abril de 1996 e junho de 1997, a crise dos “Tigres Asiáticos”, que
começou com a desvalorização da moeda da Tailândia, se alastrou para Indonésia, Malásia, Filipinas e
Hong Kong e acabou por atingir Nova York e os mercados financeiros mundiais.
A crise obrigou o governo a elevar novamente as taxas de juros e decretar um novo ajuste fiscal.
Novamente a fuga de capitais voltou a assolar a economia brasileira e o Plano Real.
A consequência foi a demissão de 33 mil funcionários públicos não estáveis da União, suspensão do
reajuste salarial do funcionalismo público, redução em 15% dos gastos em atividades e corte de 6% no
valor dos projetos de investimento para 1998, o que resultou em uma diminuição de 0,12% do PIB naquele
ano.
A crise se intensificou em agosto com o aumento da instabilidade financeira na Rússia, com a
desvalorização do rublo e a decretação da moratória por parte do governo.
A resposta brasileira foi a mesma de sempre, a elevação da taxa de juros básica para até 49% e um
novo pacote fiscal para o período 1999/2001. No entanto, diferentemente das outras duas crises, o
governo recorreu ao FMI em dezembro de 1998, com quem obteve cerca de US$ 41,5 bilhões,
comprometendo-se a manter o mesmo regime cambial, desvalorizando gradativamente o Real, acelerar
as privatizações e as reformas liberais, realizar o pacote fiscal e assumir metas com relação ao superávit
primário.

O fim da âncora cambial


Nos primeiros dias do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, em janeiro de 1999, a
repercussão da crise cambial russa chegou ao seu limite no Brasil. As elevadas taxas de juros
começavam a perder força como ferramenta de manutenção do capital externo na economia brasileira e
um novo déficit recorde na conta de transações correntes obrigou o governo a mudar a banda cambial,
que foi ampliada para R$ 1,32.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 167
Logo no primeiro dia, o Real atingiu o limite máximo da banda, sendo desvalorizado em 8,2%, o que
influenciou na queda do valor dos títulos brasileiros no exterior e das bolsas de valores do mundo todo.
O Banco Central tentou defender o valor da moeda, vendendo dólares, mas a saída de capitais continuou
ameaçando se aproximar do limite de 20 bilhões, que foi acordado com o FMI no ano anterior. Nesse
momento, o governo não teve outra escolha senão deixar o câmbio flutuar livremente, alcançando a
cotação de R$ 1,98 em 13 dias.
Os índices de desemprego atingiram um alto nível, alcançando 7,6 milhões de pessoas em 1999,
número três vezes maior que os 2 milhões do final da década de 1980. Apenas a Federação Russa, com
9,1 milhões e a Índia com 40 milhões possuíam taxas de desemprego maiores que as do Brasil.
No plano político, foi aprovada em 2000 a Lei de Responsabilidade Fiscal, com o objetivo de controlar
os gastos do poder público e de restringir as dívidas deixadas por prefeitos e governadores a seus
sucessores.

O governo Lula
Pouco antes de encerrar seu primeiro mandato, Fernando Henrique aprovou uma emenda que alterou
a constituição, permitindo a reeleição por mais um mandato. Com o fim de seu segundo mandato em
2002, José Serra, que foi ministro da saúde e um dos fundadores do PSDB foi apoiado por Fernando
Henrique para a sucessão.
Do lado da oposição, Lula concorreu à presidência pela quarta vez, conseguindo levar a disputa para
o segundo turno com o candidato tucano, quando obteve 61% dos votos válidos.
A vitória de Lula foi atribuída ao desejo de mudança na distribuição de riquezas, entre diversos grupos
sociais.
Em seus dois mandatos, de 2003 a 2010, não foram adotadas medidas grandiosas, com o presidente
buscando ganhar progressivamente a confiança de agentes econômicos nacionais e internacionais. Foi
mantida a política econômica do governo FHC, com a busca pelo combate da inflação por meio de altas
taxas de juros e estímulos à exportação. Em 2005 foi saldada a dívida com o FMI.
Como resultado da política econômica, em julho de 2008 a dívida externa total do país era de US$ 205
bilhões, e o país possuía reservas internacionais acima dos US$ 200 bilhões.
As exportações bateram recordes sucessivos durante o governo Lula, com ampliação do saldo positivo
da balança comercial.
No plano social, o projeto de maior repercussão e sucesso foi o Bolsa-Família, baseado na
transferência direta de recursos para famílias de baixa ou nenhuma renda. Em janeiro de 2009 o programa
já contava com mais de 10 milhões de famílias atendidas, recebendo uma remuneração que variava de
R$ 20,00 a R$ 182,00. Para utilizar o programa, era exigência a frequência escolar e vacinação das
crianças. O programa teve como efeito a melhoria alimentar e nutricional das famílias mais pobres, além
de uma leve diminuição nas desigualdades sociais.
Em seu segundo mandato, destacou-se o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O Mensalão
Em 2005, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB – RJ) denunciou no jornal Folha de São Paulo o
esquema de compra de votos conhecido como Mensalão.
No Mensalão deputados da base aliada do PT recebiam uma “mesada” de R$ 30 mil para votarem de
acordo com os interesses do partido. Entre os parlamentares envolvidos no esquema estariam membros
do PL (Partido Liberal), PP (Partido Progressista), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro)
e do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
Entre os nomes mais citados do esquema estão José Dirceu, que na época era ministro da Casa Civil
e foi apontado como chefe do esquema. Delúbio Soares era Tesoureiro do PT e foi acusado de efetuar
os pagamentos aos membros do esquema. Marcos Valério, que era publicitário e foi acusado de arrecadar
o dinheiro para os pagamentos.
Outras figuras de destaque no governo e no PT também foram apontadas como participantes do
mensalão, tais como: José Genoíno (presidente do PT), Sílvio Pereira (Secretário do PT), João Paulo
Cunha (Presidente da Câmara dos Deputados), Ministro das Comunicações, Luiz Gushiken, Ministro dos
Transportes, Anderson Adauto, e até mesmo o Ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

PROCESSO DE IMPEACHMENT DE DILMA34


Às 13h34 desta quarta-feira (31/08/16), Dilma Rousseff (PT) sofreu impeachment e encerrou seu
mandato frente à Presidência da República. Em discurso após a votação no Senado, Dilma disse que

34
31/08/2016 – Fonte: http://especiais.g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/2016/impeachment-de-dilma/

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 168
sofreu um segundo golpe e prometeu uma oposição “firme e incansável”. Às 16h49, Michel Temer (PMDB)
deixou a vice-presidência oficialmente e foi empossado presidente. Mais tarde, na primeira reunião
ministerial, respondeu aos opositores, prometendo não levar “desaforo para casa”: “golpista é você”.
Após 73 horas, o julgamento do impeachment no Senado terminou com o veredicto de condenação de
Dilma por crime de responsabilidade, pelas "pedaladas fiscais" no Plano Safra e por ter editado decretos
de crédito suplementar sem autorização do Congresso Nacional. Foram 61 a favor e 20 contrários ao
impeachment, sem abstenções. Em uma segunda votação, os senadores decidiram manter a
possibilidade de Dilma disputar novas eleições e assumir cargos na administração pública.
Governistas surpresos com a segunda votação prometeram recorrer. Segundo o colunista Gerson
Camarotti, a divisão foi costurada entre PT e PMDB para aliviar Dilma. O senador Aloysio Nunes (PSDB-
SP) decidiu entregar o cargo, mas Temer não aceitou. O senador Fernando Collor, que sofreu
impeachment em 1992, criticou: "dois pesos, duas medidas”.

Discurso de Dilma
Em seu primeiro pronunciamento, a agora ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que a decisão é o
segundo golpe de estado que enfrenta na vida e que os senadores que votaram pelo seu afastamento
definitivo rasgaram a Constituição. Ao lado de aliados, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi
enfática: "Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos
lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode
sofrer.

Posse de temer
Três horas após o afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer foi empossado o novo presidente da
República. A cerimônia durou apenas 11 minutos. Ao apertar a mão de Temer, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a ele: "Estamos juntos".
Na primeira reunião ministerial do governo, Temer afirmou que agora a cobrança sobre o governo será
"muito maior" e rejeitou a acusação de que o impeachment foi um golpe. "Golpista é você, que está contra
a Constituição", afirmou dirigindo-se a Dilma.
O novo presidente embarca para a China, onde participa, nos dias 4 e 5, em Hangzhou, da Cúpula de
Líderes do G20, grupo das 20 principais economias do mundo. Temer afirmou que vai "revelar aos olhos
do mundo que temos estabilidade política e segurança jurídica." Durante a ausência, assume
provisoriamente a Presidência o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara.

Repercussão e manifestações
Após a votação final do impeachment, houve protestos a favor e contra Temer pelo país. Na Avenida
Paulista, um grupo protestava contra o impeachment, enquanto outro comemorava com bolo e
champagne.

Repercussão internacional
A rede norte-americana CNN deu grande destaque à notícia em seu site e afirmou que a decisão é
“um grande revés” para Dilma, mas "pode não ser o fim de sua carreira política". O argentino “Clarín”
afirma que o afastamento de Dilma marca “o fim de uma era no Brasil”. O “El País”, da Espanha, chamou
a atenção para a resistência da ex-presidente, que decidiu enfrentar o processo até o final, apesar das
previsões de que seu afastamento seria concretizado.

E como fica agora?35


O rito da destituição de Dilma foi consumado e o Partido dos Trabalhadores (PT), que a sustentava,
passa à oposição, depois de 13 anos no poder. Mas o Senado manteve os direitos políticos dela, o que
lhe permitirá se candidatar a cargos eletivos e exercer funções na administração pública.
A saída da presidenta era desejada, segundo as pesquisas, por 61% dos brasileiros, o que não impede
que tenha sido uma comoção nacional.
Atualmente o presidente Temer está afundado em denúncias e escândalos e também sofre grande
pressão para deixar o cargo.

35
31/08/2016 – Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/01/opinion/1472682823_081379.html

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 169
Questões

01. (IF-AL- Cefet) O Brasil, a partir do processo de redemocratização (1985), definiu-se por medidas
econômicas que foram significativamente adotadas. Podemos afirmar que entre as medidas citadas
consta:

(A) Processo de privatização em ramos da economia, como comunicação e mineração.


(B) Prioridade na ampliação do comércio internacional com os países africanos e asiáticos.
(C) Proteção da indústria nacional, por meio do aumento de tarifas alfandegárias de importações.
(D) Retirada da prioridade para exportações dos produtos agrícolas nacionais.
(E) Um intenso programa de reforma agrária no país, inclusive sem indenizações das terras
desapropriadas.

02. (CESGRANRIO) Nas cidades gregas da Antiguidade, a democracia limitava-se à minoria da


população. Os escravos e as mulheres não tinham direitos políticos. Além disso, só aqueles que nasciam
na cidade de Atenas podiam ser cidadãos.
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, quem NÃO pode votar no Brasil atualmente são os
(A) maiores de 70 anos.
(B) maiores de dezesseis anos.
(C) estrangeiros naturalizados.
(D) analfabetos.
(E) que estão cumprindo o serviço militar obrigatório.

03. (MPE-SP – VUNESP) Com o fim da ditadura e o restabelecimento da normalidade democrática, a


escolha do Presidente da República passou a ocorrer por meio do voto popular, exigindo que os
candidatos expusessem suas propostas e o histórico de sua atuação política. Nos anos 1980 e 1990,
respectivamente, o Brasil conheceu um candidato popularmente chamado de “O caçador de marajás” e
outro que, enquanto foi Ministro da Fazenda, ganhou notoriedade pela implantação do Plano Real,
responsável pela estabilização da economia nacional. Esses presidentes foram, respectivamente,

(A) Fernando Collor de Mello e Tancredo Neves.


(B) José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.
(C) Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
(D) Tancredo Neves e Itamar Franco.
(E) Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva.

Respostas

01. Resposta: A
Entre as medidas tomadas para garantir o funcionamento da economia brasileira estiveram os
programas de privatização de algumas empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, por exemplo.

02. Resposta: E
Os menores de 16 anos, os conscritos (o jovem prestando serviço militar obrigatório), e os presos com
sentença transitada em julgado que estejam cumprindo suas penas privativas de liberdade não podem
votar. A razão para isso é que todos eles seriam facilmente manipuláveis pelos pais, pelo comandante do
quartel ou pelo diretor do presídio.

03. Resposta: C
Collor, durante a campanha presidencial, apresentou-se como caçador de marajás, termo referente
aos corruptos que beneficiavam-se do dinheiro público. Seus discursos possuíam forte influência do
populismo, principalmente do Peronismo argentino, dizendo-se representante dos descamisados
(população mais pobre).
O sucesso do Plano Real garantiu a Fernando Henrique a vitória nas eleições de 1994 logo no primeiro
turno, contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 170
36. Arqueologia Amazônica: Fase Paleoindígena, Arcaica e pré-história Tardia;
37. A conquista portuguesa da Amazônia;
38. A Amazônia Pombalina e o Diretório dos Índios;
39. A província do Grão-Pará;
40. Província do Amazonas;
41. Processo de abolição Negra no Amazonas;
43. Economia Gomífera na Amazônia;
44. Belle époque Amazônica;
45. Crise da borracha na Amazônia.

Arqueologia Amazônica36
As civilizações complexas só surgiram na Amazônia, por volta do século X a.C. Era comum, ainda,
afirmar que, devido ao surgimento tardio das civilizações complexas na Amazônia, a sua ocupação pré-
histórica ocorreu do Oeste para o Leste Amazônico, e o desenvolvimento dos cacicados complexos teriam
sido originado nos Andes.

A ocupação pré-histórica da Amazônia Brasileira


Não existe um quadro consensual, entre os pesquisadores antropólogos e arqueólogos, Por isso, os
cientistas fizeram uma periodização provisória, assim organizada:

- Primeira fase: Paleoindígena.


- Segunda fase: Arcaica.
- Terceira fase: Pré-história Tardia.

AS FASES DA OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA

Paleoindígena
Foi o período em que a humanidade, na América do Norte, vivia imigrando em busca de alimentos,
coletando frutos nas árvores e caçando animais da chamada megafauna (mastrodontes, bisontentes,
cervídeos e camelídeos, antigos cavalos, elefantes, preguiças, tatus gigantes, antas, tigre-dente-de-
sabre, etc). Esse período teria ocorrido por volta de 11.000 a.C. a 8.500 a.C. Nessa fase, essa população
já estava altamente adaptada ao meio ambiente de clima temperado.
Hábitos culturais e econômicos – As populações paleoindígenas da América do Sul tinham hábitos
culturais e econômicos diferenciados dos povos da América do Norte, pois viviam quase exclusivamente
da coleta de moluscos, de plantas e da caça de pequenos animais da fauna Amazônica. Esses nômades
paleoindígenas habitavam grutas e cavernas.

Arcaica
Mil anos – Há um período de mil anos de transição da fase Paleoindígena para a Arcaica. A
Arqueologia mostra-nos que essa fase foi a de descoberta das técnicas de cultivo da agricultura,
principalmente na várzea amazônica.
Agricultura e sedenterização – Já no período Arcaico, as populações buscavam novos meios de
subsistência, e a caça não era considerada a principal fonte alimentar. Com a descoberta da agricultura,
ocorreu a sedentarização e, como consequência, surgiram diversificações no modo de produção dos
meios de sobrevivência, assim como foram elaboradas novas condições materiais de existência tais
como: organização política, religiosa, social e econômica.

Pré-história Tardia
É considerado o apogeu da cultura pré-histórica na Amazônia. Esse período teve início por volta de
1000 a.C. e se estendeu até 1000 d.C.
Cacicados complexos – Nesse período, desenvolveu-se uma civilização complexa, cuja produção de
cerâmica, organização política, religiosa e produção econômica foram significativas. Essa complexa
civilização ficou conhecida, pelos arqueólogos, como cacicados complexos.
Os cacicados complexos teriam surgido no delta amazônico e se estendendido por todo o rio
Amazonas, afluentes até chegar ao ocidente andino.

36
ARAÚJO, LARISSA. Pré-história na Amazônia brasileira. < http://amazoniaprehistorica.blogspot.com.br/2011/06/civilizacoes-complexas-so-surgiram-na.html>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 171
Sociedade complexa – As sociedades dos cacicados complexos viviam da produção agrícola em larga
escala, pois desenvolveram uma técnica de produção avançada tais como: terraplenagem, atividade
pesqueira, habitações, transportes e defesa. O processo de armazenamento da produção era feito em
grandes jarras.

Colonização da Amazônia 37
A longa história do povoamento humano na Amazônia começa praticamente junto com a formação da
floresta que conhecemos hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos da
presença humana na Amazônia durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do
presente) foi provavelmente neste período que os primeiros grupos humanos provenientes da Ásia
chegaram de sua longa migração até a América do Sul. Eram grupos nômades de caçadores-coletores
que perseguiam as grandes manadas de animais.

Primeiros Habitantes: A Amazônia era uma ampla extensão de savanas, com apenas algumas
manchas de floresta ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam grandes animais como o
mastodonte, a preguiça gigante, o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e diversos outros exemplares de
megafauna, os quais se supõe, serviam de base alimentar para os bandos de caçadores e cujos fósseis
podem ser encontrados nos barrancos de muitos dos rios amazônicos, especialmente no Acre.

A Cultura de Floresta Tropical: Mudanças climáticas e ambientais, ocorridas entre 7.000 e 6.000
anos, levaram ao aumento da temperatura e da umidade do planeta, fazendo com que as florestas se
expandissem. Começava então uma segunda fase do povoamento humano da Amazônia, na qual as
populações passaram a contar com recursos alimentares mais diversificados e novas formas de
organização social surgiram. Essas novas práticas socioculturais, por volta de 5.000 anos atrás, deram
origem à chamada Cultura de Floresta Tropical, caracterizada por grupos que praticavam uma agricultura
ainda incipiente, complementada pela caça, pesca e coleta de frutos e sementes da floresta. A partir
dessa nova organização social, os grupos pré-históricos amazônicos passaram também a fabricar
cerâmica e a ocupar alguns locais por períodos mais prolongados. Com isso, deixaram grandes sítios
arqueológicos que testemunham seu florescimento por toda a Amazônia. A partir do surgimento da
Cultura de Floresta Tropical, a ocupação humana da Amazônia alcançou o estágio de alta diversificação
que os europeus encontraram ao começar a exploração da grande floresta.

Chegada dos Europeus: primeiras explorações: A terceira fase da ocupação humana da Amazônia
corresponde ao povoamento europeu da região. O lendário e mítico, rico reino do Eldorado. Inicialmente,
as duas superpotências da época, Portugal e Espanha, obedeciam à divisão territorial estabelecida pelo
Tratado de Tordesilhas, com as bênçãos da Igreja Católica. Por esse acordo, grande parte do que hoje
conhecemos como Amazônia brasileira pertencia aos espanhóis. Somente no final da primeira metade
do século XVI, no entanto, os espanhóis deram início ao reconhecimento da região. A primeira expedição
europeia ao grande rio que corta a região foi realizada entre 1540 e 1542 pelo destemido navegador
espanhol Francisco de Orellana. O escrivão dessa expedição, Gaspar de Carvajal, fez os primeiros
registros escritos sobre a floresta amazônica e sua diversidade de ambientes e culturas. Apesar de seu
caráter pioneiro, a expedição de Orellana não deixou outros frutos que fossem duradouros. A região voltou
a pertencer exclusivamente aos cerca de 5 milhões de índios (segundo uma das estimativas existentes)
que ali habitavam e que também haviam sido motivo da admiração nos relatos de Carvajal, tal sua
quantidade e organização. Muitas décadas se passariam antes que novas investidas à região fossem
realizadas.

Colonização Portuguesa: Apesar de os espanhóis terem seus direitos garantidos pelo Tratado de
Tordesilhas, não se interessaram por povoar a Amazônia. Por sua vez, os portugueses não vacilaram em
tomar a iniciativa de seu efetivo controle. A Amazônia já começava a sofrer ameaças de invasão de
ingleses, franceses e holandeses. A expulsão dos franceses do Maranhão, que ali tentaram estabelecer
a França Equinocial alertou os portugueses para a importância da defesa da região. Assim, coube a
Francisco Caldeira Castelo Branco fundar, em 1616, na foz do rio Amazonas, o Forte do Presépio que,
além de proteger possíveis invasões estrangeiras por via fluvial, deu origem à atual cidade de Belém e
serviu como base para o povoamento da Amazônia. Era necessário alargar os domínios portugueses
para oeste, para assegurar a exploração das riquezas ocultas da floresta. Para tanto, foi organizada uma
grande expedição, decisiva para a conquista portuguesa da Amazônia. Coube ao capitão Pedro Teixeira,

37
Texto adaptado de “História da Ocupação da Amazônia”

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 172
em 1637, o comando da expedição composta por cerca de duas mil pessoas, sendo a grande maioria
índios. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela conseguiu estabelecer marcos de ocupação territorial
portuguesa ao longo do rio. Além da proteção contra outros europeus, os fortes também serviam para
estabelecer núcleos de povoamento a partir dos quais pudesse ser estabelecida a colonização. Na
Amazônia, os principais recursos explorados pelos portugueses foram a mão-de-obra indígena e as
drogas do sertão, especiarias de alto preço no mercado europeu.

Escravidão Indígena
De uma área com uma multiplicidade de povos ameríndios que seguiam seu desenvolvimento próprio,
a Amazônia havia se tornado, em menos de dois séculos, território anexo ao reino português. Além de
serem capturados pelos soldados portugueses, os índios amazônicos passaram a sofrer a ação dos
missionários de diversas ordens religiosas que se dedicavam a convertê-los à fé cristã – boa parte da
ação jesuítica dizia respeito à produção de riquezas com o emprego da mão-de-obra indígena. Os
diversos povos amazônicos resistiram o quanto puderam, mas a “avalanche” europeia trazia muitíssimas
armas desconhecidas. Os europeus trouxeram doenças contra as quais os índios não possuíam
resistência. Sarampo, gripe, tuberculose e outras enfermidades rapidamente se alastraram entre os
grupos indígenas da região, dizimando aldeias inteiras diante de pajés que não sabiam como curar
aquelas moléstias desconhecidas.
Logo de início ficou claro que nem mesmo toda a tecnologia europeia seria capaz de superar as
dificuldades apresentadas pelo povoamento da Amazônia. As enormes distâncias, a selva impenetrável,
perigos de diferentes naturezas perturbavam quem quer que tivesse coragem de ali entrar. As doenças
da selva ganhavam fama, as condições climáticas se revelavam extremas para os europeus e o imenso
esforço necessário para a extração das riquezas ocultas na floresta tornaram a Amazônia um lugar
indomável, indecifrável, impiedosamente selvagem no imaginário do colonizador. Um “inferno verde”.
Passou a predominar por toda a Amazônia o uso de uma língua geral, de origem Tupi, que auxiliava na
incorporação dos índios à empresa colonial. A mestiçagem foi estimulada dando origem à população
cabocla, tão marcante nas terras amazônicas. Calcula-se que, em 1740, havia cerca de 50 mil índios
vivendo em aldeias formadas por jesuítas e franciscanos. O inevitável resultado do processo de
escravidão, imposto pelo colonizador ou por meio da ação dos jesuítas, foi a redução maciça da
população indígena amazônica.

Os Africanos: Pela dificuldade de aprisionamento e pela vulnerabilidade às doenças, os índios não


se adaptavam a muitas atividades econômicas necessárias ao colonialismo. A partir da segunda metade
do século XVIII, assim como em outras regiões da colônia, a carência da mão-de-obra foi suprida, ou pelo
menos amenizada, com a chegada dos negros trazidos da África na condição de escravos. No Baixo
Amazonas, os negros foram empregados nas construções, cada vez mais numerosas, nas plantações de
cacau, na agricultura de subsistência e na pecuária. Mas também, como no Nordeste, o negro incorporou-
se ao ambiente das casas senhoriais e nas atividades domésticas. Poucos subiam o Amazonas. A
colonização portuguesa que os transportava ainda se concentrava nas proximidades da foz do rio. Assim,
a presença dos negros na população amazônica ficou concentrada no Pará e no Amapá. Os escravos
negros que conseguiam fugir se embrenhavam pela floresta e criavam pequenas comunidades
conhecidas como quilombos.

Amazônia Portuguesa
O estabelecimento do Tratado de Madri e o início da administração de Marquês de Pombal em
Portugal, ambos ocorridos em 1750, marcaram uma nova fase na qual a Amazônia brasileira foi, em linhas
gerais, definida. Vale lembrar que, nessa época, o conhecimento que se possuía do interior do continente
americano ainda era muito impreciso. O Mapa das Cortes, elaborado a pedido do rei de Portugal, serviu
de base para as negociações do Tratado de Madri e possuía forte distorção do curso dos rios que cortam
as terras a oeste do Brasil. Essas distorções eram propositais, puxando o traçado dos rios para leste,
diminuindo artificialmente a área pretendida pelos portugueses – e cumpriram perfeitamente o objetivo de
desorientar os negociadores espanhóis. Não menos importante do que o Tratado de Madri para a
inauguração de uma nova fase da história amazônica foi a administração empreendida pelo Marquês de
Pombal. Tão logo subiu ao poder, ainda em 1750, Pombal pretendia tirar Portugal da situação de atraso
que experimentava frente às demais potências europeias e da dependência da Inglaterra, país do qual
recebia proteção contra a França e a Espanha.
Pombal criou a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão que deveria oferecer preços
atraentes para as mercadorias ali produzidas a serem consumidas na Europa, tais como cacau, canela,
cravo, algodão e arroz. Começou também a introduzir na Amazônia a mão-de-obra escrava de origem

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 173
africana. Em 1759, Pombal determinou a expulsão dos jesuítas de Portugal e seus domínios, com o
confisco de todos os seus bens. Os missionários, e em especial a Companhia de Jesus, eram acusados
de tentar criar um estado próprio dentro do reino português. Pombal pretendia também consolidar o
domínio português nas fronteiras do Norte e do Sul do Brasil através da integração dos índios à civilização
portuguesa. Essa jogada política garantiria o aumento das terras portuguesas de acordo com o Tratado
de Madri. Por isso, proibiu a escravidão indígena, transformou aldeias amazônicas em vilas sob
administração civil e implantou uma legislação que estimulava o casamento entre brancos e índios.
Consolidava-se assim a presença portuguesa no imenso território que hoje constitui o Brasil.

Amazônia Brasileira
Na metade do século XIX, findo o período das “drogas do sertão” e iniciada uma ocupação mais
sistemática da Amazônia, temos uma nova base cultural estabelecida. A fronteira do território da
Amazônia brasileira permaneceria móvel até o início do século XX, quando os contornos políticos do
Brasil seriam definidos com a conquista dos territórios do Amapá e de Roraima, ao Norte, e do Acre, no
extremo Oeste. Estes extremos, especialmente as regiões dos altos rios, na parte mais ocidental da
floresta, permaneciam como área de refúgio dos primeiros habitantes, os povos indígenas mais arredios
que não foram incorporados aos empreendimentos colonialistas, nem de Portugal nem da Espanha. Esta
Amazônia profunda retinha suas riquezas em segredo e realimentava o mito do “inferno verde”.

O período Pombalino38
O Período Pombalino vai de 1760 a 1808 e leva esse nome devido as reformas realizadas na metrópole
e nas colônias portuguesa, pelo primeiro-ministro de Portugal, conde de Oeiras e Marquês de Pombal,
Sebastião José de Carvalho e Melo.
Escolhido pelo rei de Portugal D. José I para ocupar o cargo de primeiro-ministro, Pombal tinha
o objetivo de realizar reformas que recuperassem a economia portuguesa tendo como plano de fundo a
crise do Antigo Regime e a subida das ideias iluministas. Para colocar Portugal numa posição privilegiada
em relação aos demais países europeus, era preciso focar na colonia que tinha mais peso econômico,
Brasil.
Economicamente falando, com a crise que Portugal sofria, foram muitos os que vieram para o Brasil e
pela primeira vez viu-se mais pessoas livres do que escravos residindo por aqui. A principal atividade
econômica da época era a mineração, porém foram criadas outras complementares o que acabou
culminando na criação do comércio interno. Com isso, Portugal aumenta a exploração sobre a colonia,
realizando reformas administrativas e fiscais, que multiplicaram os impostos. Com o aumento da
população era preciso um plano de educação que já estava sendo realizado pelos jesuítas. Mas o
primeiro-ministro descontente com a falta de poder que a corte tinha sobre os jesuítas, os expulsa das
terras brasileiras e portuguesas.
As escolas foram fechadas e foi realizada uma verdadeira reforma na educação. Pombal queria que
os índios substituíssem o trabalho braçal da Amazônia, por isso criou a Vila Pombalina a fim de controlar
os indígenas economicamente e socialmente. Existiam duas escolas dentro da vila, uma para as meninas
e outra para os meninos e todos estavam proibidos de falar qualquer língua indígena. Além disso, ele
criou aulas régias de latim, grego e retórica, cada aula era dirigida por um único professor e nenhuma
tinha ligação com a outra. O problema era que Pombal queria educar para que estas pessoas
pudessem ajudar nos interesses do estado, mas ele não tinha a mínima ideia do que estava fazendo. Foi
aí que no ano de 1798, através da Carta Régia de D.Maria I, os índios passaram a serem integrados na
sociedade, suas aldeias foram transformadas em vilas e eles podiam casar-se com portugueses. Os
planos de Pombal foram por água abaixo.
Com a educação em crise, em 1772 foi instituído o Subsídio literário, que tinha como finalidade
estimular os professores aumentando o salário realizando a manutenção do ensino primário e médio
através de impostos cobrados sobre a carne, o vinho, o vinagre e a aguardente. O problema é que nunca
foi colocado em prática regularmente e os professores ficaram a ver navios.
Pombal também acabou com as capitanias hereditárias, trocou a capital que era Salvador pelo Rio de
Janeiro, criou duas companhias de comércio (Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão/Companhia
Geral de Pernambuco e Paraíba) e aumentou a cobrança de impostos sobre a exploração de ouro o que
culminou na Inconfidência Mineira.
Depois da morte de D.José I, foram várias as medidas do Marquês que foram anuladas. O período
Pombalino terminou de fato com a chegada da família real ao Brasil em 1808.

38
HB. Período Pombalino. História Brasileira. Disponível em: < http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/periodo-pombalino/>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 174
Criação das Províncias do Grão-Pará e Amazonas
A Lei n.° 582 de 5 de setembro de 1850 criou a Província do Amazonas, propiciando a sua
emancipação política com relação ao Pará. O território da Província seria o mesmo da antiga Capitania
de São José do Rio Negro, e a sede seria a Cidade da Barra. A província surgiu a partir da necessidade
da ocupação definitiva do Alto Amazonas e para impedir a expansão do Peru que, apoiado nos EUA,
desejava internacionalizar o Rio Amazonas, que se encontrava fechado às navegações internacionais
desde o tratado de Madri. Reivindicava-se a posse da margem esquerda do Rio Solimões entre Japurá,
Tabatinga e os territórios ao sul do Amazonas e Acre.
O Brasil conseguiu neutralizar essas pretensões em 23 de outubro de 1851, quando foi assinado um
tratado com o Peru, que cedia a região pretendida no Solimões e concordava em manter o rio Amazonas
fechado à navegação estrangeira. E, para reforçar as posições conseguidas no sentido de proteger o
nosso território, o Império apressou-se em instalar a Província do Amazonas, empossando como primeiro
presidente João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, que viajou para Manaus no Vapor Guapiaçu e
instalou a província, em 1 de janeiro de 1852. Economicamente, as atividades da província eram
inexpressivas. Dois anos após sua instalação, os principais produtos de exportação eram a piaçava, a
borracha, a salsaparrilha, o pirarucu, o café, o tabaco, a manteiga de ovos de tartaruga, o peixe-boi, o
cacau, etc.

Manaus, de vila a cidade39


A Assembleia Provincial do Pará editou a Lei n.°147, de 24 de outubro de 1848, elevando a Vila de
Manaus à categoria de Cidade da Barra de São José do Rio Negro, fazendo retornar a antiga
denominação do povoado que havia começado em 1669. Em 4 de setembro de 1856, a cidade receberia
a sua denominação definitiva de Manaus.

Pará40
O impulso militar que trouxe os portugueses ao Pará, em 1616, fez parte de um projeto político
ambicioso de conquista do vale amazônico associado a um projeto econômico, não menos ambicioso, de
exploração da biodiversidade local – as chamadas “drogas do sertão”, especiarias ocidentais de alto valor
no mercado europeu.
A fundação de Belém, a 16 de janeiro de 1616, foi o primeiro passo desse projeto de conquista
territorial. O processo foi contínuo e tenso e a ocupação do território se deu com base no massacre ou
escravização das populações indígenas e no confronto bélico com as outras potências européias que
possuíam feitorias na Amazônia. Aos poucos, através de expedições militares, novas regiões foram sendo
anexadas: os vales dos rios Guamá, Acará e Mojú, o baixo Tocantins, a costa dos Caetés (hoje costa do
Salgado), a região da “estrada do Maranhão”, que hoje chamamos de Bragantina, a Ilha Grande de
Joannes, atual Marajó, a penísula de Gurupá, o Cabo Norte, atual Amapá, o baixo Amazonas, os vales
do Xingu e Tapajós, o Alto Amazonas e o vale do Rio Negro.
Cada um desses territórios correspondia a novas rotas de exploração riquezas, fossem elas as drogas
do sertão, fossem terras, a acrescentar ao patrimônio dos principais colonos, ou fossem, enfim, as
populações indígenas escravizadas.
Esse padrão econômico, baseado na coleta extrativista, na navegação fluvial e na escravização dos
índios, juntamente com os aspectos geográficos da floresta equatorial, acabou diferenciando a nova
colônia do restante da América Portuguesa. Por isso, desde 1626, eram duas as colônias de Portugal na
América: O Brasil, que incluía o Nordeste e toda a parte meridional da colônia e o Grão-Pará e Maranhão,
que incluía toda a Amazônia, o Maranhão e, junto com este, o Piauí e parte do Ceará. O que diferenciava
essas duas colônias era, basicamente, o modo de produção: no Brasil, predominava a monocultura e, no
Grão-Pará, a atividade extrativa.
A igreja católica também fez parte dessa empresa colonizadora. Seu trabalho missionário, porém,
entrava muitas vezes em concorrência com os interesses mercantis dos colonos, haja vista que as
missões religiosas eram, ao mesmo tempo, grandes espaços de produção, com interesse na propriedade
de terra, no comércio das drogas do sertão e na manutenção das populações indígenas nesses espaços
de produção. O debate entre colonos e a igreja atravessou os séculos XVII e XVIII, até que, nesse
momento, a nova mentalidade política em vigor na metrópole iniciou um processo de expropriação de
seus bens e, também, de dinamização da economia local.
Tratava-se da política do marquês de Pombal, personagem emblemático do despotismo esclarecido
em Portugal. Carvalho e Mello, o famoso marquês, ministro de d. José I, passou a governar a nação com
mãos de ferro após a grande tragédia que foi a destruição de Lisboa por um terremoto, seguido por um
39
Criação da Privíncia do Amazonas. Portal do Vestibulando. < http://www.portaldovestibulando.com/2012/12/criacao-da-provincia-do-amazonas.html>
40
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. História. Disponível em: < http://www.pa.gov.br/O_Para/historia.asp>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 175
maremoto e por um imenso incêndio, em 1775. Seu projeto político privilegiava um novo padrão de
economia mercantilista, o tráfico negreiro como instrumento de elevação da produção e a valorização de
colônias portuguesas antes descentradas, como era o caso do Grão-Pará e Maranhão.
Com efeito, a política externa de Portugal para a América, a partir desse último quartel do século XVIII,
mudou nitidamente sua orientação, passando seu foco central da região do rio da Prata para o vale
amazônico. Pombal promoveu mudanças significativas na estrutura social e econômica do Grão-Pará.
Trouxe para a região centenas de especialistas, dentre cientistas, militares, engenheiros, naturalistas,
desenhistas, arquitetos e geógrafos. À pretexto de demarcar os limites entre Portugal e Espanha
promoveu um levantamento científico acurado da região, de sua hidrografia, fauna, flora e populações
humanas. O conhecimento acumulado nesse projeto foi fundamental para firmar o direito do Grão-Pará
sobre a parte mais extensa do território amazônico.
Além disso, preocupou-se em colonizar melhor a região: da antiga praça colonial portuguesa de
Mazagão, na África, trouxe 1.700 famílias, a grande maioria delas nobres e, do arquipélago dos Açores,
trouxe também milhares de habitantes. Destituindo os frades jesuítas e mercedários de seu patrimônio
material e expulsando-os do Grão-Pará, distribuiu suas posses entre militares fiéis. Nos antigos
assentamentos missionários, firmando a liberdade dos índios, criou mais de trinta vilas e cidades. E
também incrementou o comércio e o tráfico negreiro, criando para isso a Companhia Geral de Comércio
do Grão-Pará e Maranhão. O objetivo era dinamizar a economia, incentivando o surgimento de múltiplas
experiências, exitosas ou não, de atividades extrativistas ou monoculturas agrícolas, com o cacau, por
exemplo, que passou a constituir uma riqueza importante da região.
O interesse do marquês de Pombal no Grão-Pará era quase pessoal: nomeou seu próprio irmão como
governante da província, um sobrinho seu como bispo do Pará e vários outros parentes e amigos para
cargos de destaque na burocracia colonial que dizia respeito a esta colônia americana.
Também incentivou o embelezamento de Belém: a construção do Palácio dos Governadores (atual
Museu Histórico do Estado do Pará), a reconstrução das principais igrejas da cidade – como a Sé, Santo
Alexandre, Carmo, Sant’Anna e São Joãozinho e de outros prédios públicos ou residenciais. Nessa
atividade destacou-se o arquiteto bolonhês Antônio José Landi, que, como vários outros dos especialistas
trazidos por Pombal, acabou por fixar residência na colônia.
Porém, a destituição do marquês lançou o Grão-Pará e Maranhão num ciclo de decadência que
perdurou por quase um século, até por volta de 1870. Nesse período a colônia experimentou muitas
mudanças: a conturbada adesão à independência do Brasil, o surgimento da imprensa e de uma vida
intelectual ativa e, mais que tudo, a experiência da guerra civil, que foi a Cabanagem.
A Cabanagem, essa revolução popular tão mal compreendida pela história, foi um momento de
explosão social com impacto demográfico e cultural que marcaram para sempre o Pará. Alguns
historiados estimam que um terço da população morreu no conflito, que foi cheio de episódios trágicos.
O movimento foi liderado pelas camadas populares. Iniciado em 1835, tomou Belém e espalhou-se por
toda a Amazônia. Um governo do povo foi instalado e vigorou até 1838, quando a capital foi conquistada,
novamente, pelas forças legalistas. Porém, os conflitos duraram até por volta de 1840.
A partir de então o Pará começou a receber fortes punições pelo governo brasileiro. Colônia popular,
indianizada, subversiva, independentista e arrivista, aos olhos de muitos, passou a perder gradativamente
seu status. A língua geral, um misto de várias línguas indígenas amalgamadas com o latim, falada
correntemente por todos os comerciantes e populações caboclas do vale amazônico e, praticamente, a
língua do comércio no Ver-o-Peso e a língua da política, nos bairros populares de Belém, foi proibida. As
populações caboclas foram, muitas vezes, perseguidas e as grandes propriedades agrícolas ou
extrativistas deixaram de contar com a atenção e o apoio do governo central.
Essa situação foi superada com a descoberta dos processos de vulcanização da borracha, o que
permitia a sua utilização em indústrias diversificadas. Era a “Era da Borracha” que começava. Belém
converteu-se numa praça comercial febril, centro do comércio mundial da borracha. A prosperidade era
tão grande que esse período ficou conhecido como uma Belle Époque Amazônica. No imaginário burguês
do período, a capital do Pará era a “petite Paris”, ou a “Paris n’ América”. Grandes lojas e magazines
foram abertos, bem como bancos, casas seguradoras, empresas de crédito e firmas de toda sorte. Nesse
período, por exemplo, o centro da cidade foi intensamente arborizado por mangueiras trazidas da Índia.
Daí o apelido que até hoje estas árvores (já centenárias) dão à capital paraense.
O Pará enriqueceu rapidamente, e toda a base econômica anterior, essencialmente diversificada,
cedeu lugar, rapidamente, ao extrativismo “monocultor” do látex. A proclamação de República, em 1889,
não teve impacto maior sobre a formação das classes dominantes locais – como, de resto, em todo Brasil,
e os mesmos instrumentos de reprodução e controle social foram mantidos em sua essência, mesmo com
o fim da escravidão.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 176
A débâcle, ou melhor, a queda da economia seringueira, se deu repentinamente e, tal como na
sucessão do ciclo de desenvolvimento pombalino, gerou décadas de estagnação. O fato é que a maior
parte da riqueza gerada pela borracha não foi internalizada, ou seja, não foi transformada em capital de
investimento. Ainda que uma parte dela tenha dado origem a uma pequena, mas importante atividade
industrial, a maior parte foi usada em bens de consumo ou transferida para praças mais sólidas, como
Lisboa – com quem sempre Belém teve uma relação de proximidade intelectual e comercial – e Rio de
Janeiro, capital da república, para onde boa parte das elites paraenses se deslocaram com a crise da
borracha.
Com o declínio dos dois ciclos da borracha, veio uma angustiante estagnação, da qual o Pará só saiu
na década de 1960, com o desenvolvimento de atividades agrícolas no sul do Estado. A partir da década
de 1960, mas principalmente na década de 1970, o crescimento foi acelerando com a exploração de
minérios (principalmente na região sudeste do estado), como o ferro na Serra dos Carajás e do ouro em
Serra Pelada.

Escravidão negra no Amazonas41


Quando se fala sobre a presença negra na Amazônia é frequente ver o espanto das pessoas. Ainda
hoje, especialmente fora da região, é comum ouvir a pergunta: “Mas, afinal, existiu escravidão na
Amazônia?”
Em decorrência disso, hoje a presença negra na Amazônia é inegável, com enorme impacto na vida
da região, marcando sua história, suas formas de comer, vestir, amar, dançar, cantar, rezar, trabalhar,
juntamente com todas aquelas heranças intangíveis que as pessoas levam na pele, nos olhos e na alma.
São inúmeros os sinais dessa presença. Existem hoje 406 comunidades quilombolas nos estados do
Amapá, Amazonas, Maranhão e Pará. Os dados são da Fundação Cultural Palmares, entidade do
governo federal responsável pela certificação dessas comunidades, etapa necessária para o
reconhecimento de suas garantias constitucionais e, especialmente, o direito às terras em que vivem. Em
todo o Brasil, são cerca de 2 mil comunidades já certificadas.
Agora, pergunta-se: se a presença negra na Amazônia é tão relevante, por que sabemos tão pouco
sobre ela? Para começar, é preciso lembrar que, durante muito tempo, boa parte da historiografia partiu
do princípio de que a escravidão não teve grande importância na região, já que ali se costumava usar o
trabalho indígena em maior escala que o africano.
Inclusive, havia certo consenso de que estudar a presença africana no Brasil era relevante apenas nos
lugares onde existia grande número de escravos. Basicamente, isso significava falar das regiões Sudeste
e Nordeste do País.
Durante anos, esses argumentos foram usados para justificar a falta de aprofundamento da pesquisa
sobre a presença negra na Amazônia. O resultado disso repercutiu fundo na produção historiográfica
sobre o tema e alcançou os livros didáticos. Afinal, quanto menos se pesquisava sobre o assunto, mais
difícil era falar sobre ele.
Desde o fim da década de 1980, esse cenário vem sendo revertido em razão da notável expansão dos
estudos sobre a escravidão africana e as experiências de trabalhadores cativos e libertos, ancorados em
sólida pesquisa documental, novas temáticas e métodos.
O mergulho nesse universo vem revelando outras histórias sobre a vida dos africanos Brasil afora.
Tais resultados ajudam a fortalecer as lutas contemporâneas dos movimentos sociais de negritude porque
iluminam trajetórias de indivíduos e comunidades, colaboram nos processos de reconhecimento de terras
quilombolas e fundamentam reivindicações de políticas de ação afirmativa e combate ao racismo.
Hoje, as pesquisas revelam um Brasil muito mais diverso do ponto de vista étnico-racial do que se
pensava no passado. Os estudos fazem isso trazendo outros personagens para a cena, entre eles,
homens e mulheres de origem africana, escravizados ou não, que viveram na Amazônia.

Enegrecendo a floresta
Estudos recentes indicam que a Amazônia foi conectada às redes do tráfico atlântico ainda no fim do
século XVII e, até meados de 1750, estima-se a entrada de cerca de mil indivíduos na região,
provenientes, em especial, da Costa da Mina, área tradicional de comércio negreiro na África.
O tráfico era feito com forte comprometimento da coroa portuguesa e, considerando que o Grão-Pará
e o Maranhão não eram uma de suas rotas mais rentáveis, havia certa irregularidade nos desembarques
até a segunda metade do século XVIII, quando foi criada a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará
e Maranhão.

41
SAMPAIO, P. M. Afinal, existiu escravidão negra na Amazônia? Carta Capital. Disponível em: < http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/floresta-
%E2%80%A8negra/>

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 177
A partir daí, coube à nova empresa a tarefa de ampliar a oferta de escravos para os proprietários da
região, em especial porque a coroa portuguesa resolveu, no mesmo período, abolir a escravidão dos
índios (1755) que eram trazidos dos altos cursos dos rios amazônicos para servir nas propriedades no
Pará e no Maranhão.
Os índios eram trabalhadores indispensáveis e o fim de sua escravidão, somado à presença dos
escravos, não representou uma redução dessa importância. Eles continuaram a ser empregados em
diversas formas de trabalho compulsório e, inclusive, compartilharam muitas dessas experiências com os
escravos negros.
Enquanto a Companhia esteve em funcionamento (1755-1778), estima-se que tenha comercializado
perto de 25 mil escravos na imensa área que hoje conhecemos como Maranhão, Pará, Amazonas e Mato
Grosso. Até meados do século XIX, seguindo os novos fluxos do tráfico internacional, as populações
desembarcadas na Amazônia serão procedentes, em sua maioria, da África Central Atlântica.
Assim, no século XIX já era bastante evidente a presença da população escrava africana nas vastidões
amazônicas, trabalhando com os índios nas lavouras de café, tabaco, cana-de-açúcar, na coleta de
produtos da floresta, nas canoas do comércio e também nos diversos núcleos urbanos existentes floresta
adentro. Como disse o historiador Flávio dos Santos Gomes, há muito tempo a floresta já estava
enegrecida.
Que tipo de atividades realizavam os escravos? Circulando pelas ruas de Belém e Manaus estavam
carregadores africanos, vendedoras de açaí, mucamas e criados, forros negociando suas produções de
tabaco, artigos de latão e cobre, oferecendo seus serviços de sapateiro, carpinteiro e ourives, divertindo-
se nas festas do Espírito Santo, de Nossa Senhora de Nazaré ou, ainda, como membros da Irmandade
do Rosário.
Escravos foram empregados na construção de fortalezas, condução de embarcações para Mato
Grosso, nas fazendas de cana, arroz, tabaco, mandioca, milho, na criação de gado e de cavalos na Ilha
de Marajó. Também eram artesãos, tecelões de chapéus e redes de algodão, apanhadores de açaí,
pescadores, trabalhadores do porto, dos arsenais de guerra e da Marinha, das obras públicas, calafates,
carpinteiros, pedreiros, ferreiros, vendedores de tabaco, garapa e frutas. Também estavam nas casas
senhoriais servindo, ninando, zelando, cozinhando, lavando e costurando. Estavam em todos os lugares
dividindo espaços com os trabalhadores índios, o que tornava essas cidades diferentes das outras.
No século XIX, Manaus e Belém surpreendiam os viajantes estrangeiros que por ali passavam. Suas
belezas naturais eram atrativos inquestionáveis, mas a diversidade étnico-racial de suas populações era
o tema recorrente nos relatos. Os dados mostram que existia, ao lado de uma grande maioria de índios
vivendo nas cidades, dos escravos africanos e dos chamados brancos, uma grande variedade de tipos
mestiços que tornava a Amazônia um laboratório extraordinário para estudo dos efeitos das “misturas
raciais”.
Mas outros laços ligavam as histórias de índios e africanos relacionados com suas experiências de
solidariedade construídas a partir do duro cotidiano que muitas vezes compartilharam. As tentativas de
constituir novos espaços fora da escravidão levaram à formação de muitos quilombos/mocambos que,
eventualmente, reuniram índios e africanos no mesmo espaço. As fugas também foram frequentes e, em
vários casos, épicas, porque atravessavam amplos espaços do território amazônico.
Escravos lançaram mão de muitas estratégias para sobreviver em um mundo adverso e se esforçaram
para manter, no limite de suas possibilidades, o controle de suas vidas. Buscaram juntar dinheiro para
alcançar alforria, formaram comunidades independentes, guardaram segredos no fundo da alma e
transmitiram a seus descendentes.
Mas a presença negra não se reduziu à escravidão. Outros homens e mulheres viveram na região
sendo professores de música, chefes de polícia, capoeiras, gráficos, lavadeiras, oleiros, carpinteiros –
uma lista sem fim. Apesar de o silêncio sobre essas histórias notáveis ainda ser persistente, não há como
negar que está sendo revertido pela força inquebrantável de todas essas experiências históricas.

A abertura da navegação estrangeira no rio Amazonas


O rio Amazonas teve sua abertura para a navegação internacional em 1866. Antes de ser finalmente
decretado, houve um longo processo para garantir que fosse possível.
O rio Amazonas e sua rota de navegação no norte do Brasil sempre foram cobiçados por outros países,
que viam na região a possibilidade de altos lucros em suas florestas e terras férteis.
A questão sobre a permissão para navegação intensificou-se durante o século XIX. Países como
Estados Unidos, Argentina, França e Inglaterra demonstraram interesse e até mesmo lançaram
campanhas para mobilizar a opinião pública a respeito da necessidade e das vantagens em explorar o
território.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 178
Segundo Palm, nos Estados Unidos, cientes de que o impasse político em seu país teria breve
desfecho, os aristocratas escravagistas formularam, em suas famosas “Convenções Sulistas”, soluções
imaginosas que assegurassem a continuidade de seu sistema de vida, avultando desses encontros a
ideia de obtenção de novos espaços ao sul42
Entre esses espaços ao sul estava a região amazônica. Entre os mais interessados e que mais
investiram recursos para convencer o governo brasileiro a abrir a navegação no rio Amazonas estava
Matthew Fontaine Maury. Maury foi tenente da Marinha dos Estados Unidos, onde implantou diversas
melhorias. Apesar de ter o pedido de uma expedição pela região amazônica negado pelo governo imperial
brasileiro, Maury organizou uma expedição que foi atribuída a William Lewis Herndon (seu cunhado) e
Lardner Gibbon, que teve como objetivo declarado efetuar estudos de navegabilidade, vida econômica e
condições físicas da região amazônica.
Após a expedição ter sido realizada e relatada, Maury começou a publicar em jornais e expor em
palestras sua visão, justificando o lugar como um jardim do éden, e que após conquistado seria “uma
extensão natural do Mississipi”.
Os interesses estrangeiros preocupavam em muito o governo imperial brasileiro, pois a região norte
do império ainda era pouco povoada e pouco explorada, razão também do interesse internacional que
pretendia em maior ou menor grau, adentrar a densa floresta tropical e dela pilhar quaisquer riquezas
existentes em seu benefício.
Como a região amazônica era de difícil acesso, várias foram as tentativas do governo brasileiro de
garantir a segurança da área. Após diversas tentativas, em 1850 foi concedida à Irineu Evangelista de
Souza, o Visconde de Mauá o direito de explorar a navegação na área e colonizar a região.
Apesar do contrato de exclusividade de 30 anos de utilização da via fluvial e do auxílio pago pelo
governo no valor de 160 contos, a missão colonizadora não alcançou o sucesso esperado. Muitos colonos
eram afetados pelas doenças e também viam na extração de borracha, atividade que começa a se
manifestar, como algo mais interessante e lucrativo.
O sucesso do empresário e a diminuição das pressões internacionais – devida, em grande parte, à
Guerra de Secessão (1861-1865), que desviou a atenção dos Estados Unidos do “eldorado” amazônico
– contribuíram para uma mudança de mentalidade na década de 1860. Uma onda liberal invadira a
Câmara dos Deputados, que tinha passado a cobrar, principalmente por meio dos discursos inflamados
do deputado alagoano Aureliano Cândido Tavares Bastos (1839-1875), a abertura do Rio Amazonas a
todas as nações amigas.43 Os defensores dessa visão entendiam que não era justo o monopólio da
navegação do rio, que já estava no momento de seguir um modelo baseado no capitalismo, diversificando
a oferta para garantir a livre concorrência.

Crise da Economia Colonial


A adesão do Pará à independência do Brasil, em 1823, provocou forte frustração nacionalista da parte
da elite amazônica, que se ressentia de ter sido afastada das decisões políticas e econômicas do país. O
poder, no Império brasileiro, continuaria concentrado nas mãos dos conservadores que exploravam o
Pará desde o tempo da colônia. Em 1835, irrompia no Pará a Cabanagem, marcada por ataques e a
tomada de Belém, onde foi proclamada a independência do Pará em relação ao Brasil. A Cabanagem
não foi simplesmente uma revolta popular, era uma frente ampla que congregava burgueses nacionalistas
insatisfeitos, militares que desejavam alcançar mais altos postos, políticos que queriam maior fatia de
poder, escravos que ansiavam pela liberdade, índios e mestiços movidos por séculos de dominação e
opressão portuguesa.
As lutas prosseguiram até 1840. No final, o saldo foi de 30 mil mortos entre rebeldes e legalistas. Belém
foi quase totalmente destruída e sua economia devastada. A Amazônia brasileira permaneceria ainda por
muitos anos mergulhada em uma situação de grave decadência econômica e social. Somente com a
criação da Província do Amazonas, em 1850, por desmembramento do Grão-Pará, e os primeiros
movimentos de valorização da borracha extraída da seringueira, a região experimentaria um novo alento.
A vinda dos Nordestinos: A borracha estava na floresta, espalhada em longas distâncias habitadas
por índios. Era necessário colhê-la nas árvores, ainda líquida, defumá-la até ficar sólida, transportá-la até
as margens dos rios e daí para o comércio nas cidades, um trabalho penoso e perigoso, que só poderia
ser realizado por um exército de homens acostumados à vida mais rude. Esse exército veio do Nordeste
do Brasil, empurrado pela miséria e pelas grandes secas, como as de 1877 e 1878. Antes que o século
findasse, mais de 300 mil nordestinos, principalmente do sertão do Ceará, migraram para a Amazônia.
Nos seringais, esses homens valiam menos que os escravos. Na outra extremidade da sociedade
regional, os seringalistas e grandes comerciantes usufruíam da riqueza fácil proporcionada pela borracha.
42
Palm, Paulo Roberto. A abertura do rio Amazonas à navegação internacional e o parlamento brasileiro
43
Gregório, Vitor Marcos. Águas proibidas. Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/aguas-proibidas

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 179
Essa evidente contradição no quadro social do Ciclo da Borracha se devia a um perverso sistema de
exploração, que consumiu a vida de milhares de homens. O sistema de aviamento se constituía numa
rede de créditos e se espalhou nos imensos seringais que foram abertos em todos os vales amazônicos.

O Primeiro Ciclo da Borracha (1850-1912)44


A Hevea Bralisiensis (nome Científico da seringueira) já era conhecida e utilizada pelas civilizações da
América Pré-Colombiana, como forma de pagamento de tributos ao monarca reinante e para cerimônias
religiosas. Na Amazônia, os índios Omáguas e Cambebas utilizavam o látex para fazer bolas e outros
utensílios para o seu dia a dia. Coube a Charles Marie de La Condamine e François Fresneau chamar a
atenção dos cientistas e industriais para as potencialidades contidas na borracha. Dela, podia ser feito,
borrachas de apagar, bolas, sapatos, luvas cirúrgicas, etc.
Precisamente no ano de 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcanização que consistia
em misturar enxofre com borracha a uma temperatura elevada (140º /150º) durante certo número de
horas, Com esse processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes
comuns ou óleos, Thomas Hancock, foi o primeiro a executar com sucesso um projeto de manufatura de
borracha em larga escala. Em 1833 surgiu a primeira indústria americana de borracha, a Roxbury Índia
Rubber Factory, posteriormente outras fábricas se instalaram na Europa. Com o processo de
vulcanização, as primeiras fábricas de beneficiamento de borracha e com a indústria automobilística
surgindo nos Estados Unidos (Henry Ford- carros Ford T-20) possibilitou o crescimento da produção de
borracha nos seringais amazônicos. A região amazônica era uma área privilegiada por ter diversos
seringais.
Apesar desse surto econômico favorável para a Amazônia brasileira, havia um sério problema para a
extração do látex, a falta de mão-de-obra, o que foi solucionado com a chegada à região de nordestinos
(Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877 e, com o sonho de enriquecer e voltar para o nordeste. A
grande maioria cometeu um ledo engano, pois encontraram uma série de dificuldades como: Impaludismo
(Malária), índios e, sobretudo, a exploração dos seringalistas, o que impossibilitou a concretização deste
sonho. Em relação ao número de nordestinos que vieram para a Amazônia brasileira, há uma divergência
entre os diversos historiadores amazônicos. Alguns chegam a escrever que vieram 300.000 nordestinos
e outros, 150.000 nordestinos nesse ciclo.
A exploração dos seringalistas sobre o seringueiro é evidente neste período. Os seringalistas
compravam das Casas Aviadoras, sediadas em Belém do Pará e Manaus os mantimentos para os
seringais e, pagavam a essas casas, com a produção de borracha feita pelos seringueiros, que, por sua
vez, trabalhavam exaustivamente nos seringais para poder pagar sua dívida contraída nos barracões dos
seringais. Os seringueiros dificilmente tinham lucro, porque eram enganados pelo gerente ou pelo
seringalista, esse sim, obtinha lucro e gastava o dinheiro em Belém do Pará, Manaus ou Europa. Os
seringais amazônicos ficavam às margens de rios como: Madeira, Jaci-Paraná, Abunã, Juruá, Purus,
Tapajós, Mamoré, Guaporé, Jamary, etc.
Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou 70.000 sementes de seringueiras da região
situada entre os rios Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Mais
de 7.000 sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para
o Ceilão e Malásia. Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racional e passaram a
contar com um grande número de mão-de-obra, o que possibilitou uma produção expressiva, já no ano
de 1900. Gradativamente, a produção asiática vai superando a produção amazônica e, em 1912 há sinais
de crise, culminando em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira. Para a economia
brasileira, este ciclo teve suma importância nas exportações, pois em 1910, a produção de borracha
representou 40 % das exportações brasileiras. Para a Amazônia, o 1º Ciclo da Borracha foi importante
pela colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas grandes cidades amazônicas: Belém
do Pará e Manaus. Durante o seu apogeu, a produção de borracha foi responsável por aproximadamente
1/3 do PIB do Brasil. Isso gerou muita riqueza na região amazônica e trouxe tecnologias que outras
cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos, avenidas construídas
sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o Teatro Amazonas, o Palácio
do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus, e o Mercado de São
Brás, Mercado Francisco Bolonha, Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos, corredores de mangueiras e
diversos palacetes residenciais no caso de Belém.

44
Texto adaptado de Eduardo de Araújo Carneiro.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 180
Economia
- Por causa da crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século
XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém, fizeram
um grande recrutamento de nordestinos para a extração da borracha nos Vales do Juruá e Purus.
- De 1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que, devido às
primitivas técnicas de extração empregada, estava associado ao aumento do emprego de mão-de-obra.
- O Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União. A borracha chegou a representar
25% da exportação do Brasil.
- Como o emprego da mão-de-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros
agrícolas, que passaram a ser fornecidos pelas Casas Aviadoras.

Sistema de Aviamento
- Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a
Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR = fornecer
mercadoria a alguém em troca de outro produto.
- O Escambo era usual nas relações de troca - as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem
a intermediação do dinheiro.
- Era baseado no endividamento prévio e contínuo do seringueiro com o patrão, a começar pelo
fornecimento das passagens.
- Antes mesmo de produzir a borracha, o patrão lhe fornecia todo o material logístico necessários à
produção da borracha e à sobrevivência do seringueiro. Portanto, já começava a trabalhar endividado.
Nessas condições, era quase impossível o seringueiro se libertar do patrão.
"O sertanejo emigrante realiza ali, uma anomalia, sobre a qual nunca é demasiado insistir: é o homem
que trabalha para escravizar-se". Euclides da Cunha.

Sociedade (Seringalista X Seringueiro)

Seringal: unidade produtiva de borracha. Local onde se travavam as relações sociais de produção.

Barracão: sede administrativa e comercial do seringal. Era onde o seringalista morava.

Colocação: era a área do seringal onde a borracha era produzida. Nesta área, localizava a casa do
seringueiro e as "estradas" de seringa. Um seringal possuía várias colocações.

Varadouro: pequenas estradas que ligam o barracão às colocações; as colocações entre si; um
seringal a outro e os seringais às sedes municipais. Através desses trechos passavam os comboios que
deixavam mercadorias para os seringueiros e traziam pelas de borracha para o barracão.

Gaiola: navio que transportava nordestino de Belém ou de Manaus aos seringais acreanos.

Brabo: Novato no seringal que necessitava aprender as técnicas de corte e se aclimatar à vida
amazônica.

Seringalista (coronel de barranco): dono do seringal, recebiam financiamento das Casas Aviadoras.

Seringueiro: O produtor direto da borracha, quem extraia o látex da seringueira e formavam as pelas
de borracha.

Gerente: "braço-direito" do seringalista, inspecionava todas as atividades do seringal.

Guarda-livros: responsável por toda a escrituração no barracão, ou seja, registrava tudo o que entrava
e saía.

Caixeiro: Coordenava os armazéns de viveres e dos depósitos de borracha.

Comboieiros: responsáveis de levar as mercadorias para os seringueiros e trazer a borracha ao


seringalista.

Mateiro: identificava as áreas da floresta que continha o maior número de seringueiras.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 181
Toqueiro: Abriam as "estradas".

Caçadores: abastecia o seringalista com carne de caça.

Meeiro: seringueiro que trabalhava para outro seringueiro, não se vinculando ao seringalista.

Regatão: negociantes fluviais que vendiam mercadorias aos seringueiros a um preço mais baixo que
os do barracão.

Adjunto: Ajuda mútua entre os seringueiros no processo produtivo.

- Havia alta taxa de mortalidade no seringal: doenças, picadas de cobra e parca alimentação.

- Os seringueiros eram, em sua maioria, analfabetos;

- Predominância esmagadora do sexo masculino.

- A agricultura era proibida, o seringueiro não podia dispensar tempo em outra atividade que não fosse
o corte da seringa. Era obrigado a comprar do barracão.

Crise (1913)
- Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry
Wichham.

- As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia inglesa.

- A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas,


possibilitando um aumento produtivo com custos baixos.

- A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no
Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa.

- Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a produção amazônica


(39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha.

- Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários
produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho.

- Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a ser os produtos mais exportados da região.

- As normas rígidas do Barracão se tornaram mais flexíveis. O seringueiro passou a plantar e a


negociar livremente com o regatão.

- Vários seringais foram fechados e muitos seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste.

- Houve uma estagnação demográfica;

- Em muitos seringais, houve um regresso a economia de subsistência.

Consequências

- Povoamento da Amazônia.

- Genocídio indígena provocado pelas "correrias", ou seja, expedições com o objetivo de expulsar os
nativos de suas terras.

- Povoamento do Acre pelos nordestinos;

- Morte de centenas de nordestinos, vítimas dos males do "inferno verde".

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 182
- Revolução Acreana e a consequente anexação do Acre ao Brasil (1889-1903);

- Desenvolvimento econômico das cidades de Manaus e Belém;

- Desenvolvimento dos transportes fluviais na região amazônica;

O Segundo Ciclo da Borracha (1942 - 1945 2ª Guerra Mundial)


Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o Japão, aliado da Alemanha e da Itália (países do Eixo)
conquista e ocupa o Sudeste Asiático área que produzia borracha e, os aliados ficam sem esse importante
produto para a sua indústria. Os Estados Unidos que entraram na guerra em decorrência do ataque
japonês a base americana de Pearl Harbour no Havaí, necessitava da borracha para a sua indústria. O
presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt e o presidente do Brasil Getúlio Dorneles
Vargas, assinaram os Acordos de Washington (1942), pelo qual o Brasil comprometia-se a reativar os
seringais amazônicos, através de uma operação conjunta com os EUA. O Brasil entrou com os seringais,
mão-de-obra e 58% de capital para a criação do Banco de Crédito da Borracha. Os EUA entraram com
42% de capital para o Banco de Crédito da Borracha e, forneciam meios para a produção, transporte e
escoamento.
Inicialmente, os norte-americanos investiram 5 milhões de dólares para serem aplicados pelo Instituto
Agronômico do Norte, nas pesquisas científicas para a melhoria e fomento da produção e mais 5 milhões
de dólares para o saneamento a ser feito pela Fundação Rockfeller. Esses acordos proporcionaram à
região, a montagem de um esquema logístico institucional do qual participou ativamente o governo
brasileiro com o apoio norte-americano, abrindo-se muitas frentes operacionais e estratégicas na área.
Os objetivos no entanto, de um e de outro governo, eram em certo ponto conflitante, os norte-americanos
tinham seus interesses marcado pela urgência e pelo prazo curto, enquanto o governo brasileiro tinha o
interesse voltado para o permanente e o duradouro desejo de manter na Amazônia uma política de
desenvolvimento. Com o apoio financeiro dos EUA, o governo brasileiro montou uma infraestrutura que
possibilitou aos seringais uma expressiva produção. A infraestrutura criada foi a seguinte:

- SEMTA (Serviço de Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia) e CAETA (Comissão


Administrativa de Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia) com o objetivo de recrutar,
encaminhar e colocar trabalhadores, principalmente nordestinos, nos seringais, sob a supervisão do
Departamento Nacional de Imigração.

- SAVA (Superintendência de Abastecimento da Vale Amazônico) que fazia o abastecimento direto


dos seringais com gêneros de primeira necessidade.

- RRC (Rubber Reserve Company) que passou a posteriormente a denominar-se RDC (Rubber
Development Company) encarregada de transporte de passageiros e de suprimentos através da SAVA.

- SESP (Serviço Especial de Saúde Pública): foi criado para promover o melhoramento urbano, o
combate à Malária e o saneamento.

Banco da Borracha - 1942: Que realizava operações de crédito, fomento à produção e financiamento
aos seringalistas. O Banco exercia o monopólio da compra e venda da borracha.

Criação de Territórios: Território do Guaporé (hoje Rondônia), Rio Branco (hoje Roraima) e Amapá,
em 1943, iniciando-se assim o processo de reorganização do espaço político amazônico. O movimento
migratório da Batalha da Borracha, que se desenvolveu no decorrer dos anos de 1941 e início de 1943,
adquiriu um novo colorido com a chegada a partir de 1943 e durante os anos de 1944/1945, de novos
contingentes humanos, os nordestinos que ficaram sendo conhecidos como soldados da borracha. A
diferença entre essas duas correntes de migrantes era flagrante, enquanto a primeira se constituía na sua
maioria de cearenses que se deslocavam do interior. A partir de 1943 até 1945, provinha dos centros
urbanos, geralmente composta de homens solteiros ou desgarrados de sua parentela, muito deles
desempregados ou sem profissão definida, vinham para a Amazônia pelo simples sabor da aventura e
para fugir à convocação para a FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutava na Itália. Com o término
da Guerra em 1945, foram liberadas as plantações de borracha da região asiática, cessando o interesse
norte-americano pela borracha produzida na Amazônia, que passou a acumular em estoques crescentes,
já que o mercado interno não tinha capacidade de absorver toda a produção. A tentativa de produzir

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 183
borracha ainda permaneceu até os idos de 1960. A partir desta data, paulatinamente a produção de
borracha cai, ocasionando o fim desse ciclo.

Segundo Ciclo da Borracha- Numero de Migrantes Nordestinos

Ano Homens Mulheres Total


1941 13.910 8.267 22.177
1942 17.928 9.023 26.951
1943 24.399 9.419 33.818
1944 27.139 10.287 37.426
1945 21.807 9.959 31.766
Total 105.183 46.955 152.138
Fonte: Benchimol, Samuel.Amazônia: um pouco antes-além depois.

Apostila gerada especialmente para: jhonson keeneth xavier soares 765.028.722-04


. 184
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Potrebbero piacerti anche