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FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA - UNIVEN

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO EMPRESARIAL

EDMUNDO DA SILVA BAÍA JÚNIOR

GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS DAS


ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESPÍRITO
SANTO

NOVA VENÉCIA-ES
2008
2

EDMUNDO DA SILVA BAÍA JÚNIOR

GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS DAS


ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESPÍRITO
SANTO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Gestão Empresarial da Faculdade
Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial
para a obtenção de título de especialista Lato Sensu.
Orientadora: Profª. Maria das Graças Santana
Fernandes.

NOVA VENÉCIA-ES
2008
3

EDMUNDO DA SILVA BAÍA JÚNIOR

GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS DAS


ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA AGRICULTURA FAMILIAR NO ESPÍRITO
SANTO

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão Empresarial da Faculdade


Capixaba de Nova Venécia, como requisito parcial para a obtenção de título de especialista Lato
Sensu.

Aprovada em 02 de Agosto de 2008.

_____________________________________________________
Profª. Maria das Graças Santana Fernandes
Faculdade Capixaba de Nova Venécia
Orientadora
4

Dedico este trabalho a todos e todas


responsáveis pela luta social de nossas
organizações. Que na prática da
solidariedade, do trabalho coletivo e muita
perseverança, tem o objetivo de tornar a
atual realidade, em uma comunidade sem
excluídos.
5

Agradeço ao Excelentíssimo Deus, pelo


amor infinito que nos dedica em todos os
momentos, dando a oportunidade de
nosso progresso espiritual.
A Univen pela oportunidade acadêmica e
formação profissional.
Aos Professores e em especial a minha
orientadora, pela atenção e sabedoria.
A minha amiga, companheira e grande
amor Hudcléia, por estar comigo em todos
os momentos.
A todos da minha família, pela educação e
orientação moral.
Por fim, não menos importante, meus
amigos e amigas que a cada dia, me
tornam uma pessoa melhor, socialmente
justa e solidária.
6

Desenvolvimento não pode ser imposto,


mas sim facilitado (VOLTOLINI. 2002).
7

RESUMO

O sistema social adotado pelos países desenvolvidos, no contexto da revolução


industrial, teve como principal conseqüência à expansão da industria e do comércio.
Paralelamente surgem as organizações responsáveis pela representação dos
trabalhadores, através do qual reivindicaram e consolidaram conquistas visando o
bem comum. Atualmente no Estado do Espírito Santo, o chamado capital social, está
presente nos diversos seguimentos, seja no campo ou na cidade. O
desenvolvimento sustentável tanto almejado, somente se efetivará quando a gestão
e o controle social das políticas públicas não mais excluírem a população. Nesta
ótica, o fortalecimento das organizações sociais deve ser prioridade para os entes
públicos. Este trabalho visa fortalecer, em curto prazo, a tomada de decisões e
planejamento das entidades representativas da agricultura família do Espírito Santo,
através da sistematização dos desafios e perspectivas destas organizações. Foram
coletados dados em campo, com a aplicação de perguntas semi-estruturadas e
observação dos processos internos de gestão.

PALAVRAS-CHAVE: Agricultura Familiar; Sustentabilidade; Participação Social.


8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 9
1.1 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 9
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA........................................................................... 11
1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA................................................................ 11
1.4 OBJETIVOS................................................................................................ 11
1.4.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 11
1.4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................................... 11
1.5 HIPÓTESE................................................................................................... 1
2
1.6 METODOLOGIA.......................................................................................... 1
2
1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO......... 1
3

2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................... 1
5
2.1 ORGANIZAÇÃO.......................................................................................... 1
5
2.2 ORGANIZAÇÃO SOCIAL............................................................................ 1
5
2.2.1 TERCEIRO SETOR........................................................................................... 1
6
2.3 GESTÃO...................................................................................................... 1
7
2.4 GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES 1
SOCIAIS................................................... 7
2.5 AGRICULTURA........................................................................................... 1
9
2.6 AGRICULTURA FAMILIAR.......................................................................... 1
9

3 ESTUDO DE 2

CASO................................................................................ 0
3.1 ORGANIZAÇÕES OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA......................... 2
0
3.1.1 ASSOCIAÇÃO DE PROGRAMAS EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS-APTA.......... 2
0
3.1.2 FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA DO ESPÍRITO SANTO-
FETAES....................................................................................................... 2
9

2
3.1.3 MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES-MPA......................................... 2
6
3.1.4 MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA-MST......................... 2
9
3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.............................................. 3
2
3.2.1 INFORMAÇÕES DA APTA................................................................................ 3
2
3.2.2 INFORMAÇÕES DA FETAES............................................................................ 3
4
3.2.3 INFORMAÇÕES DO MPA.................................................................................. 3
5
3.2.4 INFORMAÇÕES DO MST.................................................................................. 3
8

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO............................................. 4
0
4.1 CONCLUSÃO.............................................................................................. 4
0
4.2 RECOMENDAÇÕES................................................................................... 4
1

5 REFERÊNCIAS..................................................................................... 4
2

APÊNDICES
APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA................................. 4
4
10

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da industria na Europa, no século XIX, surgem duas novas classes
distintas. A burguesia industrial, detentora do capital, e os proletariados, pequenos
camponeses e artesões que viram seus trabalhos sendo supridos pela invenção das
máquinas movidas a vapor, e a possibilidade da produção em série, através das
linhas de montagem.

Pesquisadores e intelectuais acreditam que neste contexto surgem as primeiras


organizações sociais, voltados para objetivos comuns entre seus membros e
participantes.

Com o desenvolvimento do setor industrial, aglomerados foram surgindo, criando as


grandes cidades, onde o regime social passou a exigir maior direcionamento e
ordenamentos das atividades humanas, dando força ao surgimento de associações,
sindicatos e comitês. Paralelo claro, ao Estado.

A partir da década de 80, surgiram no Espírito Santo as principais organizações


representantes dos agricultores familiares. Surgem ainda, organizações não-
governamentais, com o objetivo de apoiar ações de fortalecimento do campo.
11

1. 1 JUSTIFICATIVA

A força do capital social do Estado do Espírito Santo representa uma conquista


efetiva do povo capixaba. É grande a variedade de organizações, e especificamente
dos trabalhadores na agricultura familiar, como associações, sindicatos,
cooperativas, conselhos e outros.

A reconhecida melhoria do desempenho, principalmente nos últimos 4 anos, do setor


público (Federal, Estadual e Municipal), trouxe desenvolvimento econômico a
maioria dos municípios do estado. No entanto, uma máquina pública burocrática
massacra grande parte da população.
Podemos citar diversos entraves, que dificultam a implantação de políticas públicas,
porém, para este momento, nos reservaremos, citando melhorias, principalmente
nos aspectos de planejamentos.

Então qual a perspectiva para o cenário estadual, para os próximos anos? Pois bem,
temos esse planejamento, uma iniciativa importante do governo do estado. De
acordo com Plano de Desenvolvimento – Espírito Santo 2025 (2006, p. 37):

O mapeamento e estudo das principais forças, fenômenos e fatores


inerciais que condicionarão o futuro do Espírito Santo nas próximas
décadas permitem que sejam levantadas as principais incertezas quanto à
evolução do Estado no horizonte 2006-2025.

Qual será o comportamento do ambiente externo ao Estado? Como


evoluirão a qualidade e a robustez das instituições públicas capixabas?
Qual será o perfil do sistema produtivo capixaba e de sua base de
informação e conhecimento? Como avançarão os padrões de qualidade
das redes de formação de capital humano? Como evoluirão os níveis de
pobreza e de desigualdade social?

As respostas a essas perguntas não devem ser estáticas, devem ter uma reflexão
aprofundada, sobre os papeis específicos de cada setor, instituição, etc.

No aspecto produtivo é inegável a importação da agricultura, principalmente a


praticada por pequenos agricultores, que tem a mão–de-obra própria, a familiar.
Quando este agricultor perde o apoio (crédito, assistência técnica, educação, saúde,
12

lazer), ele e sua família deixam a terra, e vão para cidade, e acabam por serem
marginalizados e aumentam os aglomerados sem estrutura básica.

Para Dadalto (2002, p.45):

O Espírito Santo tem cerca de 85 mil propriedades rurais dentre as quais


85% são constituídas de pequenas propriedades, caracterizadas pela
produção familiar. Esse extrato agrário possui uma função social muito
importante, porque, além de produzir alimentos, fibras, energia e outras
matérias-primas vitais para os consumidores, emprega grande parte da
mão-de-obra economicamente ativa, o que produz a pressão sobre os
centros urbanos, com reflexos positivo sobre o dispêndio em serviços
essenciais realizado pelo Estado, como saneamento básico, abastecimento
de água e urbanização.

Então, como podemos estabelecer diretrizes para planejamentos das entidades


representativas da agricultura familiar, se não temos sistematizado as influências
exercidas por este cenário na gestão das organizações.

Por fim, o presente projeto se justifica por notoriamente ser uma possibilidade em
curto prazo, de nortear de fato, aspectos da realidade administrativa em planos
futuros, fortalecendo as entidades.

1. 2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Este trabalho de pesquisa delimita-se regionalmente no Estado do Espírito Santo,


através da sistematização das perspectivas e desafios das entidades
representativas da agricultura familiar.

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

As reflexões frutos desta pesquisa visam estabelecer resposta a seguinte pergunta:


No aspecto da gestão, quais as perspectivas e desafios das entidades
representativas da agricultura familiar no Espírito Santo?
13

1.4 OBJETIVOS

1. 4.1 OBJETIVO GERAL

Identificar e descrever sistematicamente a forma de gestão, perspectivas, desafios e


dificuldades das entidades representativas da agricultura familiar no Espírito Santo.

1. 4. 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar a visão dos gestores quanto ao papel da entidade;


• Identificar a forma de gestão da entidade;
• Verificar na visão dos gestores, quais perspectivas para o cenário futuro da
entidade;
• Identificar desafios e dificuldades da entidade; e
• Identificar as estratégias utilizadas pelas entidades diante dos desafios e
dificuldades.

1. 5 HIPÓTESE DE ESTUDO

Diante do atual cenário do Espírito Santo, as entidades representativas da


agricultura familiar têm definidos de forma clara e objetiva as perspectivas e desafios
para gestão das organizações. Dentre eles estão a mobilização dos atores,
obtenção de recursos e a falta de políticas públicas que procurem a gestão e o
controle social, voltada a autonomia da sociedade civil organizada, estabelecendo-
os como atores principais para a decisão e implementação junto aos seus
beneficiários.

1.6 METODOLOGIA
14

A classificação desta pesquisa é exploratória. De âmbito estadual, sendo que as


entidades estudadas são representação regional, de entidades locais, em função de
suas atividades. Como exemplo, podemos citar a FETAES, que representa todos os
STR’s (Sindicatos de Trabalhadores Rurais) do Estado do Espírito Santo.

Para delimitar a pesquisa, serão levantados dados secundários, aplicando técnica


da Pesquisa Bibliografia, em fontes como: livros, jornais, revistas, documentos e
sites, e os dados primários serão obtidos através de pesquisa de campo, com
aplicação de entrevista semi-estrutura, utilizando roteiro especifico, com perguntas
abertas. Responderão as perguntas grupos de dirigentes ou coordenadores do
departamento administrativo e seus respectivos setores.

As informações colhidas serão analisadas e interpretadas de modo indutivo,


dedutivo, e dialético. Tal abordagem é necessária, dada as diversidades dos
elementos propostos.

O método dialético, ao contrário do indutivo e do dedutivo é contra a todo


tipo de conhecimento rígido. Ele defende que não existe nada acabado,
tudo está em constante mudança e transformação, pois enquanto existe
algo que nasce e se desenvolve, há algo que morre, desagrega e se
transforma (FERRÃO, 2008, p. 81).

Ressaltamos que o fruto desta pesquisa, não será uma ferramenta em sim, ao
contrário, estará longe de representar as reais necessidades, uma vez que o
contexto de atuação dessas organizações serão sempre norteadas pelas
adversidades, no contexto político, financeiro, pedagógico e etc.

A entrevista semi-estruturada representa o processamento da realidade do


entrevistado, e propicia uma análise qualitativa.

Para Verdejo (2007, p. 28):

Esta ferramenta facilita criar um ambiente aberto de diálogo e permite à


pessoa entrevistada se expressar livremente, sem as limitações criadas
pelo questionário. As entrevistas semi-estruturadas podem ser realizadas
com pessoas-chave ou com grupos.
15

Nesta pesquisa foram feitas entrevistas com grupos de pessoas, gestores das
entidades estudadas, em momentos diferentes.

Sua sistematização será feita utilizando gráficos, tabelas, fluxogramas e


organogramas, possibilitando fácil entendimento e exposição clara das variáveis.

Sabe-se que muito destas respostas, não são conhecimentos formais da entidade,
ou seja, muitas destas instituições não têm documentos sistematizados com essas
informações. Por outro lado, pode-se verificar boas práticas aplicadas sobre as
diretrizes da gestão.

1. 8 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES

O trabalho é apresentado em quatro capítulos que determinam as perspectivas e


desafios das entidades representativas da agricultura familiar no Espírito Santo.

O primeiro capítulo compreende a introdução, que prepara o leitor para entender o


conteúdo geral abordado, direcionando a proposta de trabalho a partir de objetivos,
delimitação do tema, justificativa do problema em estudo, hipótese e metodologia.

O segundo capítulo compreende o referencial teórico que é toda a base do trabalho,


por que é a parte que fundamenta a partir da ciência, com a finalidade de responder
os objetivos propostos.

O terceiro capítulo trata-se de um estudo de caso, abordando principalmente a


apresentação das entidades estudadas nesta pesquisa.

No quarto capítulo são apresentados os dados, coletados através do trabalho de


campo, bem como sua respectiva análise.

No quinto capitulo, são apresentadas as conclusões e a recomendação proposta


após a análise dos dados.
16

Por último, no capítulo quinto são apresentados às referências para aprofundamento


do tema.

2 REFERENCIAL TEORICO

Para a referida pesquisa encontrou-se vastas matérias, onde se buscou informação


tida como secundária, para a o devido embasamento das reflexões e propostas das
variáveis deste estudo.

2. 1 ORGANIZAÇÃO

Primeiramente, quando se fala de organização, vem em nossa mente, figuras de


pessoas executando tarefas e interagindo com grupos. Porém, este processo
representa apenas uma parte do realmente é uma organização.

Para Bordenave (2002, p. 15):

Organização é todo conjunto de artes ou elementos que de alguma maneira


se relacionam e se influenciam reciprocamente. Um relógio, uma célula,
uma árvore, um animal, um homem, uma empresa, uma cidade, são
organizações. Elas não poderiam existir se não houvesse um mecanismo de
influência recíproca entre suas partes.
17

Trata-se de reflexões e aspectos muitos mais complexos. Levantam-se diversas


questões acerca do modo que é estabelecida a idéia comum de organização.

Segundo Chiavenato (2000 p. 201), “organização significa qualquer empreendimento


humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos”.

Já Cury (2000, p. 115), destaca que uma organização é definida como “um tipo de
associação em que os indivíduos se dedicam a tarefas complexas e estão entre si
relacionadas por um consciente e sistemático, estabelecimento e consecução de
objetivos mutuamente aceita”.

2. 2 ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Ao reconhecer as complexidades relativas à definição comum de organização,


aponta-se para melhor entendimento, a proposta das linhas de ações, papeis e
objetivos das organizações. Neste contexto sega-se a diversos tipos de
organizações, entre elas tem-se as chamadas de organizações sociais.

2. 2.1 TERCEIRO SETOR

Quando se fala de organização social é imprescindível a colocação e exposição do


terceiro setor, que tem visão econômica das relações e dos poderes estabelecidos
em nossa sociedade.

Para Voltolini (2002, p. 29):

A resposta está na compreensão de outras duas denominações: Primeiro e


Segundo Setor.

São nomes que se dão às diferentes áreas de funcionamento da sociedade


organizada. É chamado de Primeiro Setor o setor público ou governamental,
que tem como objetivo estruturar a sociedade, assegurando, por meio de
políticas e do uso do dinheiro coletivo para o bem comum, direitos e deveres
iguais para todos. É chamado de Segundo Setor o setor econômico, que
tem como característica central fazer circular a produção de bens e finanças
através do funcionamento do mercado.
18

O Terceiro Setor é aquele que agrega as iniciativas organizadas da


sociedade civil, dirigidas à melhoria da vida das pessoas a partir do
investimento em serviços e da busca de soluções para problemas. O
Terceiro Setor surge como resposta a situações nas quais tem havido um
desempenho insatisfatório do Primeiro e do Segundo setores no
atendimento das necessidades sociais.

Ao terceiro setor estão reservadas tarefas árduas, em defesa dos direitos coletivos,
surgindo assim os seus desafios.

Para Freire (2004):

A percepção do surgimento de uma nova economia é fator relevante para


se compreender o atual cenário onde estão inseridas as organizações.
Trata-se de uma economia que tem como características principais à
mudança e a incerteza, circunstância em que, à medida que as
organizações desenvolvem habilidade para adquirir, interpretar e
disponibilizar informação, incrementam sua competitividade.

Nesta compreensão poderemos extrair as perspectivas das entidades pesquisadas,


em face aos fatores que restringem a falta de uma visão de longo prazo, nas ações
das organizações.

2. 3 GESTÃO

A globalização trouxe mudanças diversas no contexto das organizações, bem como,


no modo em que são estabelecidos instrumentos de tomada de decisão,
comunicação e planejamento.

A palavra gestão vem de gestor. Que tem sua função balizada pelo processo de gerir
grupos e situações.

Acquaviva (2001, p. 379) nos diz que:

O Gestor é aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão


de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo interesse e a vontade presumível de
seu dono, ficando responsável a este e as pessoas com quem tratar.

Fundamentalmente, a gestão é função necessária para o direcionamento adequado


das atividades das organizações, visando sempre alcançar seus objetivos.
19

2. 4 GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES SOCAIS

Apesar das diversas nomenclaturas adotadas para designar o processo de


administração das organizações da sociedade civil organizada, todas envolvem o
direcionamento capaz de definir a institucionalidade das entidades que representam
a força da população.

Segundo Voltolini (2002, p. 10):

A gestão de uma entidade social tem algumas características muito


peculiares:

• É uma atividade contínua. Assim como o tubarão, que nunca pode parar
de nadar, o gestor tem uma tarefa permanente. A entidade precisa de
alguém administrando o tempo todo, porque todos os dias há coisas
importantes a serem feitas. Não é mais possível para o gestor ficar dando
aulas ou mesmo ajudando a servir refeições para as crianças com a
freqüência de antes. Ele agora também precisa cuidar do pagamento de
contas, de contratar gente, telefonar para a secretaria, visitar doadores,
conversar com as cozinheiras, falar com o contador e resolver
desentendimentos.

• É uma função dinâmica. Difícil haver um dia igual ao outro. Num dia uma
criança “quebra cabeça” e tem que ser levada para o hospital; no outro
receber a visita do pessoal da Fundação; no outro, ainda, fazer relatórios;
depois prestar contas, reunir-se com os professores, atender aos
funcionários e decidir sobre o conserto do carro. E o pior: às vezes todas
essas atividades correm ao mesmo tempo! O pior ainda é quando o gestor
passa a pensar que ele não pode interferir nisso.

Através da proposta e direcionamento dos diferentes papéis nas organizações, cada


entidade possui uma estrutura de gestão com diferentes diretrizes.

Para Voltolini (2002, p. 10):

• É um papel diversificado. Todo gestor cuida de muitos assuntos diferentes.


Como já foi dito, ele tem que cuidar das pessoas, do prédio, das contas, dos
parceiros, da diretoria, das crianças e dos pais. Não pode fazer só um tipo
de atividade. Isso exige muitas competências.

• É complexa. Uma decisão interfere na outra. É um desafio permanente


manter “o todo” na consciência e cuidar dos detalhes. Se não houver
reunião com as professoras, os pais vão continuarreclamando. Se não for
ao encontro com os doadores, pode não vir o dinheiro de que se precisa.
20

• É difícil os outros entenderem. Tudo tem que ser muito bem explicado e
transparente.

Qualquer mal-entendido serve para as pessoas questionarem, ficarem


insatisfeitas, fazendo comentários ruins. E aí tem uma circunstância
importante que é preciso aceitar: qualquer erro sempre afeta alguém. Em
geral, um erro de gestão sempre tem conseqüência direta para alguma
pessoa ou grupo de pessoas dentro ou fora da entidade.Quem gerencia
está, portanto, numa posição crítica. E diante de um desafio dos piores. Não
é tarefa para qualquer um. Quem se propõe a ser gestor tem que
encararesse desafio. Ou então será um eterno infeliz e, para piorar,
cansado. À procura duma imagem que sintetizasse a complexidade desse
desafio, foi escolhida essa ao lado esquerdo, na medida em que ela
expressa todas as características mencionadas anteriormente:

Conclui-se que a gestão de uma organização social, não é apenas diferente, por
causa dos aspectos do lucro, como nas empresas (segundo setor). Mas sim, por se
tratar da gestão de bens e serviços para uso coletivo, que beneficiam os que não
são assistidos pelo estado.

2. 5 AGRICULTURA

Pode entender-se a agricultura, como o processo pelo qual são produzidos grãos e
vegetais, utilizando-se de lavouras e plantações na terra. Divide-se pelos menos em
dois grandes grupos. De um lado tem-se a agricultura industrial ou de agronegócios,
realizadas através de grandes plantações, com a utilização de empregados
assalariados e máquinas. No outro lado tem-se a chamada agricultura familiar, que
produz alimentos, em pequenas propriedades, para sub-existência e se utiliza de
mão de obra exclusivamente familiar.

2. 6 AGRICULTURA FAMILIAR

Recentes levantamentos realizados pela Secretaria de Agricultura Familiar, ligada ao


Ministério do Desenvolvimento Agrária, demonstram que a agricultura familiar é
responsável por 60% da produção de alimentos no Brasil. E representa 75% das
unidades produtivas. Entre suas principais características encontra-se:
21

• A gestão da unidade produtiva é realizada por indivíduos que tem entre si,
laços familiares;

• Os trabalhos na unidade produtiva, em sua maioria, são realizados pelos


próprios membros da família; e

• A propriedade da unidade produtiva é repassada de geração para geração,


dos pais para os filhos.

A lei que regulamenta a atividade agrícola estabelece outros aspectos, como por
exemplo, que o limite da unidade produtiva não pode ultrapassar a 4 módulos
fiscais, no caso do Espírito Santo, isto representa 80 hectares.

3 ESTUDO DE CASO

3.1 ORGANIZAÇÕES OBJETO DE ESTUDO DA PESQUISA

3.1.1 ASSOCIAÇÃO DE PROGRAMAS EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS-APTA

A ASSOCIACÃO DE PROGRAMAS EM TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS - APTA é


uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, apartidária, sem distinção de
nacionalidade, credo ou raça com atuação no Estado do Espírito Santo.

Desde a sua criação, a APTA atua em parceria com organizações de camponeses,


pastorais ecumênicas, sindicatos de trabalhadores rurais, movimentos sociais
populares (camponeses, indígenas, quilombolas, mulheres, outros), Escolas Família
Agrícola e entidades de assessoria, apoiando, sensibilizando e implantando
iniciativas que visem à melhoria das condições de vida da população do meio rural e
22

apontem para um desenvolvimento eqüitativo, em equilíbrio com o meio ambiente e


que promova a autodeterminação das pessoas e o exercício da cidadania para a
superação da pobreza no meio rural.

Tem como missão contribuir na construção de uma sociedade democrática, justa e


sustentável socialmente, economicamente, culturalmente e ambientalmente e
tomando como base os processos Agroecológicos que harmonizem a produção
agrícola e a necessária conservação da natureza e que tenha como base as famílias
camponesas.

A APTA tem em seu quadro societário associados/as de origens e formação distintas


como: agricultores/as (em maior número), professores, pesquisadores e técnicos e
se organiza nas seguintes instâncias:

• Assembléia Geral - que se reúne, ordinariamente uma vez por ano.


• Conselho Diretor - composto por cinco membros efetivos e dois suplentes,
escolhidos em Assembléia Geral e tem o papel de coordenar a entidade.
• Conselho Fiscal - composto por três membros efetivos e um suplente.
• Coordenação Executiva - composta por um membro do quadro de funcionários
da APTA, não associado, também eleito em Assembléia Geral encarregado de
coordenar a implementação das atividades técnicas, administrativas e financeiras
da APTA.
• Equipe Técnica - sediada nos municípios de São Mateus e Colatina é
responsável pela execução das atividades definidas a partir do planejamento
estratégico, aprovado em assembléia.

A APTA tem como objetivos:

• Promover e estimular intercâmbio entre indivíduos de comunidades rurais e


urbanas, entidades e instituições de caráter público ou privado, no país ou no
exterior, em torno de temas relacionados com os objetivos da entidade;
23

• Resgatar, validar e difundir experiências: em organização sócio-política,


técnicas, culturais, ambientais e econômicas desenvolvidas por pequenos
produtores rurais ou do interesse destes;

• Prestar serviços de assessoria e assistência técnica em bases agroecológicas


nas áreas de produção, comercialização e beneficiamento com base nos
princípios da Agroecologia, Economia Popular Solidária e Segurança
Alimentar e Nutricional e afins às Comunidades Rurais, Sindicatos e
Associações de Agricultores Familiares e demais organizações voltadas à
promoção e desenvolvimento de camadas pobres da população;

• Elaborar, promover e executar projetos e ações de formação e capacitação de


técnicos e agricultores/as familiares nas áreas consideradas essenciais para
os objetivos da entidade;

• Promover, apoiar e estimular pesquisas e experimentações as áreas das


tecnologias alternativas, dos sistemas de produção agroecológicos e/ou em
processos de transição e de realidade sócio-econômica;

• Realizar publicações e difundir resultados de estudos e pesquisas, promover


seminários, cursos e encontros sobre temas afins com os objetivos da
Entidade;

• Estimular e apoiar a luta de comunidades, organizações rurais e movimentos


sociais, pela preservação dos recursos naturais e inclusão social, e participar
das ações por elas desenvolvidas com este fim;

• Criar, aperfeiçoar e difundir metodologias e métodos que instrumentalize os


seus objetivos, promovendo, apoiando e estimulando ao mesmo tempo, junto
às parcelas da população com quem trabalha, comportamentos de
participação, organização e intercâmbio.

Para atingir seus objetivos a APTA poderá receber doações, firmar convênios,
24

prestar serviços e promover iniciativas conjuntas com organizações e entidades


públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, adquirir bens móveis e imóveis.

3.1.2 FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA DO ESPÍRITO SANTO-FETAES

A FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA DO ESTADO DO


ESPÍRITO SANTO - FETAES, é uma entidade sindical de 2º grau, sem fins
lucrativos, filiada à CONTAG e à CUT, com sede na cidade de Vitória e base
territorial em todo o Estado do Espírito Santo. É uma organização de coordenação,
proteção, representação e defesa dos direitos e interesses coletivos e individuais
dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do Estado do Espírito Santo.

Tem como missão coordenar e mobilizar a categoria dos trabalhadores e


trabalhadoras rurais a nível estadual, mediante as dificuldades existentes, buscando
ações para a construção de um modelo alternativo de desenvolvimento rural
sustentável, no que pese a organização e o crescimento da consciência da classe,
com o propósito maior de uma sociedade igualitária e justa.

Bandeiras de luta:

• Organização dos Agricultores Familiares desde a produção à


comercialização;
• Educação Rural Diferenciada;
• Formação de lideranças rurais;
• Negociação Coletiva;
• Reforma Agrária;
• Organização das Mulheres trabalhadoras rurais e da Juventude rural.

Objetivos da Entidade:
25

• Representação legal coletiva e individual dos interesses da categoria


profissional de trabalhadores rurais quanto à função exercida, perante as
autoridades públicas e privada de caráter administrativo e judiciário;

• Colaboração com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade


social e demais associações, no estudo e solução dos problemas
relacionados à categoria de trabalhadores rurais;

• Indicar os representantes da categoria profissional rural perante órgãos


colegiados públicos e privados;
• Manter serviços de consultoria técnica, orientar e auxiliar, criar e manter os
órgãos necessários à propaganda e à organização sindical;

• Celebrar convenções ou acordos coletivos de trabalho, promover congressos,


conferências e cursos de educação sindical, prestar assistência jurídica aos
filiados sobre assuntos coletivos e aos trabalhadores inorganizados, visando
à proteção dos interesses profissionais;

• Conciliar e dirimir questões sociais e internas suscitadas pelos filiados,


colaborando para a solução;

• Incentivar a sindicalização e a constituição de entidades sindicais,


enquadradas em seu âmbito representativo.

Secretarias:

Presidência – A Presidência tem a função de articular as ações das diversas


secretarias da FETAES, objetivando o trabalho integrado entre as mesmas, zelando
pelo bom andamento da administração, do relacionamento interno, da desenvoltura
das ações pela unidade nas lutas do movimento sindical no estado. É responsável
também pela apresentação e relacionamento externo da Federação.
26

Administração e Finanças - É responsável pela gestão administrativa, pela


coordenação das ações, de arrecadação, despesas e aplicações financeiras. O
objetivo principal da Secretaria é fomentar e coordenar o planejamento, execução,
avaliação e ações corretivas visando a auto-sustentação e a eficiência do MSTTR no
Estado.

Formação, Organização Sindical e Comissão da Terceira Idade - O objetivo desta


Secretaria consiste em implementar a organicidade do Movimento Sindical de
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, a fim de garantir uma melhor estrutura
política-administrativa do movimento, atuando em setores que conforme a
necessidade são priorizados: trabalho com a juventude, com terceira idade e com a
organização das mulheres, tudo para garantir a continuidade do processo de
organização da categoria. A secretaria é responsável em articular o conjunto de
processos formativos realizados pelo MSTTR/ES buscando garantir a aplicação dos
princípios norteadores do PADRS, ou seja, é um espaço de expressão e afirmação.

Política Agrícola e Meio Ambiente -Tem o papel de fomentar e coordenar as ações


do MSTR na elaboração de propostas, negociação e acompanhamento da execução
das políticas públicas destinadas aos agricultores(as) familiares, em relação à
produção rural e proteção do meio ambiente.
A Secretaria também coordena as iniciativas do MSTR, voltadas para a organização
da cadeia produtiva da Agricultura Familiar, associativismo rural e preservação
ambiental no âmbito estadual.

Promover a interação entre o MSTR e a sociedade, buscando ampliar parcerias que


possibilitem a realização de ações conjuntas que venham contribuir com o aumento
da renda e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares no Estado.

Política Agrária - A Secretaria de Política Agrária é responsável por ações que


garanta a democratização da terra, sendo este o elemento central do projeto de
construção de um modelo alternativo de desenvolvimento rural sustentável. A
reforma agrária não se restringe à distribuição de terras, sendo necessário que esta
venha acompanhada de um conjunto de elementos de política agrícola que viabilize
27

o setor e garanta qualidade e quantidade na produção agropecuária voltada


prioritariamente para o mercado local e regional.

A Secretaria de Política Agrária tem como tarefa o planejamento e a execução de


ações que possibilitem avançar na conquista da verdadeira reforma agrária. As
atividades implementadas envolvem os sindicatos, cabendo à Federação orientá-los
e assessorá-los na luta pela terra e no encaminhamento de reivindicações junto aos
órgãos públicos.

Além disso, faz um trabalho de acompanhamento dos sindicatos e representantes


de associações ou de grupos de trabalhadores que reivindicam a desapropriação de
terras, dando encaminhamento a pedidos de vistoria técnica de imóveis rurais para
verificar o cumprimento da função social dos mesmos, além do acompanhamento de
processos administrativos e judiciais, com vistas à desapropriação e realização de
assentamentos.

Políticas Sociais e Assalariados Rurais - A Secretaria tem como finalidade não só de


divulgar orientações sobre direitos previdenciários aos sindicatos e aos
trabalhadores rurais, mas sim, lutar pela efetivação e aplicação das garantias
estabelecidas na Constituição Federal no que se refere à Seguridade Social, além
de promover uma melhor capacitação dos dirigentes sindicais rurais no sentido de
que os mesmos possam ter uma participação efetiva e qualificada nos Conselhos
Municipais de Saúde e de Educação e em outros fóruns ou espaços de discussão
coletiva dessas matérias.

Neste sentido tem atuado também junto aos Órgãos Públicos das áreas de Saúde,
Educação, Previdência Social e outras relativas às questões sociais, para manter um
canal de diálogo, reivindicações e propostas, de modo que o Governo, ao formular
as políticas dessas áreas, tenha como referência e subsídio as necessidades,
sugestões e reivindicações das organizações de trabalhadores rurais.

Coordenação Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais - A Comissão Estadual de


Mulheres trabalhadoras rurais tem um papel de garantir dentro e fora das instâncias
sindicais a inclusão das mulheres trabalhadoras rurais. Fomentando a discussão
28

sobre gênero e oportunizando a participação das mulheres nos espaços de decisão


e poder.

Historicamente, as mulheres têm um papel decisivo na organização do Movimento


Sindical de Trabalhadores Rurais, a luta pela terra e a reforma agrária não podem
ser entendidas sem considerar a participação das mulheres. Não nota-se, porém
esta importância quando diagnosticamos a participação das mulheres nas instâncias
organizativas e decisivas do MSTTR. Este sem duvida é o espaço por excelência
que as mulheres devem ocupar através de sua organização. Por isso é prioridade da
Comissão os programas de formação de lideranças das mulheres.

Coordenação Estadual de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e


Comunicação - A Coordenação Estadual de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais do Espírito Santo (CEJTTR-ES) tem como principais objetivos coordenar,
organizar e mobilizar os jovens trabalhadores e trabalhadoras rurais, visando a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em conjunto com todo o
MSTTR (Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais).

3.1.3 MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES-MPA

Vamos lembrar que, historicamente, o território brasileiro não foi pensado para ser
dos camponeses. Foi pensado para ser controlado pelos grandes interesses, pelo
grande capital. E foi colocado exatamente a serviço das grandes empresas do
mundo e foi aqui que se criou essa grande empresa, como diz a Dora, para se
exportar tudo que ele tem e se exportar também o que a classe trabalhadora produz.
Se o território for pensado para ser ocupado pelas comunidades camponesas, fica
difícil que o campo fique à disposição dos grandes interesses corporativistas, dos
grandes interesses econômicos, dos grandes interesses do império, como agora.
Será necessário, então, não deixar que os camponeses tomem conta.

Na década de 90, o grande capital pensou no que fazer com o Brasil. Uma das
coisas colocadas foi acabar com o campesinato. Este país deveria ser o campo para
o agronegócio e não para as comunidades camponesas. No Brasil há uma grande
29

crise, há pelo menos uma década, enfrentada pelo campo, de expulsão de


comunidades camponesas de suas terras, falta de políticas de crédito voltadas para
a realidade dessas comunidades. É nesta hora de crise que nasce o Movimento dos
Pequenos Agricultores.

Este movimento surge diante do avanço das políticas voltadas para o agronegócio,
diante da situação do campesinato brasileiro, do qual até então não se tinha clareza.
A universidade brasileira, a academia brasileira, nunca buscou entender com
profundidade quem é o campesinato, os diferentes modos de vida que formam o
campesinato brasileiro. Nunca buscou entender porque também não houve
interesse, porque o grande capital pensou o campo a partir de outra lógica, portanto,
não havia interesse por tal conhecimento.

Nós, enquanto movimento, entendíamos, naquele momento, que era importante ter
uma clareza maior sobre o campesinato brasileiro, quem ele realmente é, como se
apresenta a este país. As teorias colocadas pelos estudiosos diziam: “está
acabando, não tem futuro, o que interessa é trabalhar com as famílias que buscam
responder à lógica do agronegócio, não adianta trabalhar com os ribeirinhos, com os
quilombolas, com os camponeses de fundo de pasto, com os extrativistas, não
adianta trabalhar com aqueles que não estão dentro da lógica do capital”.

No Brasil, a grande maioria do campesinato não tem documentação de posse da


terra, a grande maioria do campesinato brasileiro está vivendo da terra e não tem a
terra como propriedade, mas como meio para produzir comida, um meio para
produzir seu alimento. Quando pensamos nos pomeranos no estado do Espírito
Santo, alguns têm documento de terra, a grande maioria não tem e não quer ter a
documentação da terra, porque quer a terra como espaço para produzir comida, a
terra como espaço para garantir-lhes as suas vidas.

Nós procuramos estudar a sociedade e traduzir essa situação no chamado plano


camponês. E o que é o plano camponês para nós? Este plano camponês se traduz,
se afirma dentro do território brasileiro, como a nossa estratégia. Aonde nós
queremos chegar com isso? Que táticas nós vamos articular para fazer que o plano
camponês se efetive como uma ferramenta na construção do socialismo que nós
30

queremos? A partir daí, estabelecer ações bem concretas, ações que viabilizem a
construção do socialismo que nós temos como meta.

Não é apenas um plano para se pensar política de crédito, não é um plano para se
pensar somente política de moradia, mas é um plano para se pensar que campo nós
queremos, que sociedade nós queremos, que tipo de produção queremos, que tipo
de mercado nós queremos e qual compreensão de natureza e convivência com a
natureza nós queremos.

Se o campo está pensado como agronegócio e se o interesse do grande capital é


fazer com que as famílias camponesas, as comunidades camponesas, tenham o
mesmo sentimento da política do agronegócio, se conseguir isso, com certeza, nós
não vamos avançar. Vão tentar que rejeitemos o modelo de nossa forma de
trabalhar, principalmente a partir da formação dos grupos de base. Os grupos de
base são espaços onde os camponeses vêm para a reflexão, fazem ali o estudo e a
compreensão do campo que querem, da sociedade que querem.

É através das práticas concretas que se dá a negação do império. Não adianta uma
política de crédito para os agricultores irem ao banco pegar dinheiro e utilizar esse
dinheiro para comprar os insumos químicos, ficando assim na dependência do
grande mercado, sob controle das grandes multinacionais. Dessa forma, nós
estamos exatamente fortalecendo o império. Quando se organiza a luta por meio do
controle das sementes, por meio do controle da produção dos insumos, por meio da
organização das feiras aonde os agricultores vão diretamente vender sua produção,
se diminui a dependência das corporações internacionais que têm como objetivo
garantir o controle. Estamos fazendo exatamente o processo revolucionário.

3.1.4 MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA-MST

Para falar sobre a trajetória do MST é preciso falar da história da concentração


fundiária que marca o Brasil desde 1500. Por conta disso, aconteceram diversas
formas de resistência como os Quilombos, Canudos, as Ligas Camponesas, as lutas
de Trombas e Formoso, a Guerrilha do Araguaia, entre muitas outras.
31

Em 1961, com a renúncia do então presidente Jânio Quadros, João Goulart - o


Jango - assume o cargo com a proposta de mobilizar as massas trabalhadoras em
torno das reformas de base, que alterariam as relações econômicas e sociais no
país. Vive-se, então, um clima de efervescência, principalmente sobre a Reforma
Agrária.

Com o golpe militar de 1964, as lutas populares sofrem violenta repressão. Nesse
mesmo ano, o presidente-marechal Castelo Branco decretou a primeira Lei de
Reforma Agrária no Brasil: o Estatuto da Terra. Elaborado com uma visão
progressista com a proposta de mexer na estrutura fundiária do país, ele jamais foi
implantado e se configurou como um instrumento estratégico para controlar as lutas
sociais e desarticular os conflitos por terra. As poucas desapropriações serviram
apenas para diminuir os conflitos ou realizar projetos de colonização, principalmente
na região amazônica. De 1965 a 1981, foram realizadas 8 desapropriações em
média, por ano, apesar de terem ocorrido pelo menos 70 conflitos por terra
anualmente.

Nos anos da ditadura, apesar das organizações que representavam as


trabalhadoras e trabalhadores rurais serem perseguidas, a luta pela terra continuou
crescendo. Foi quando começaram a ser organizadas as primeiras ocupações de
terra, não como um movimento organizado, mas sob influência principal da ala
progressista da Igreja Católica, que resistia à ditadura. Foi esse o contexto que levou
ao surgimento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975.

Nesse período, o Brasil vivia uma conjuntura de extremas lutas pela abertura
política, pelo fim da ditadura e de mobilizações operárias nas cidades. Fruto desse
contexto, em janeiro de 1984, ocorre o primeiro encontro do MST em Cascavel, no
Paraná, onde se reafirmou a necessidade da ocupação como uma ferramenta
legítima das trabalhadoras e trabalhadores rurais. A partir daí, começou-se a pensar
um movimento com preocupação orgânica, com objetivos e linha política definidos.

Em 1985, em meio ao clima da campanha "Diretas Já", o MST realizou seu primeiro
Congresso Nacional, em Curitiba, no Paraná, cuja palavra de ordem era: "Ocupação
32

é a única solução". Neste mesmo ano, o governo de José Sarney aprova o Plano
Nacional de Reforma Agrária (PNRA), que tinha por objetivo dar aplicação rápida ao
Estatuto da Terra e viabilizar a Reforma Agrária até o fim do mandato do presidente,
assentando 1,4 milhão de famílias. Mais uma vez a proposta de Reforma Agrária
ficou apenas no papel. O governo Sarney, modificado com os interesses do
latifúndio, ao final de um mandato de 5 anos, assentou menos de 90 mil famílias
sem-terra. Ou seja, apenas 6% das metas estabelecidas no PNRA foi cumprida por
aquele governo.

Com a articulação para a Assembléia Constituinte, os ruralistas se organizam na


criação da União Democrática Ruralista (UDR) e atuam em três frentes: o braço
armado - incentivando a violência no campo -, a bancada ruralista no parlamento e a
mídia como aliada.

Os ruralistas conseguiram impor emendas na Constituição de 1988 ainda mais


conservadoras que o Estatuto da Terra.

Porém, nessa Constituição os movimentos sociais tiveram uma importante conquista


no que se refere ao direito à terra: os artigos 184 e 186. Eles fazem referência à
função social da terra e determinam que, quando ela for violada, a terra seja
desapropriada para fins de Reforma Agrária. Esse foi também um período em que o
MST reafirmou sua autonomia, definiu seus símbolos, bandeira, hino. Assim foram
se estruturaram os diversos setores dentro do Movimento.

A eleição de Fernando Collor de Melo para a presidência da República em 1989


representou um retrocesso na luta pela terra, já que ele era declaradamente contra a
Reforma Agrária e tinha ruralistas como seus aliados de governo. Foram tempos de
repressão contra os Sem Terra, despejos violentos, assassinatos e prisões
arbitrárias. Em 1990, ocorreu o II Congresso do MST, em Brasília, e que continuou
debatendo a organização interna, as ocupações e, principalmente, a expansão do
Movimento em nível nacional. A palavra de ordem era: "Ocupar, resistir, produzir".

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso vence as eleições com um projeto de


governo neoliberal, principalmente para o campo. É o momento em que se prioriza
33

novamente a agro-exportação. Ou seja, em vez de incentivar a produção de


alimentos, a política agrícola está voltada para atender os interesses do mercado
internacional e para gerar os dólares necessários para pagar os juros da dívida
externa.

No ano seguinte, o MST realizou seu III Congresso Nacional, em Brasília. Cresce a
consciência de que a Reforma Agrária é uma luta fundamental no campo, mas que
se não for disputada na cidade nunca terá uma vitória efetiva. Por isso, a palavra de
ordem foi "Reforma Agrária, uma luta de todos".

Já em 1997, o Movimento organizou a histórica "Marcha Nacional Por Emprego,


Justiça e Reforma Agrária" com destino a Brasília, com data de chegada em 17 abril,
um ano após o massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 Sem Terra foram
brutamente assassinados pela polícia no Pará.

Em agosto de 2000, o MST realiza seu IV Congresso Nacional, em Brasília, cuja


palavra de ordem foi "Por um Brasil sem latifúndio" e que orienta as ações do
movimento até hoje.

O Brasil sofreu 8 anos com o modelo econômico neoliberal implementado pelo


governo FHC, que provocou graves danos para quem vive no meio rural, fazendo
crescer a pobreza, a desigualdade, o êxodo, a falta de trabalho e de terra. A eleição
de Lula, em 2001, representou a vitória do povo brasileiro e a derrota das elites e de
seu projeto. Mas, mesmo essa vitória eleitoral não foi suficiente para gerar
mudanças significativas na estrutura fundiária e no modelo agrícola. Assim, é
necessário promover, cada vez mais, as lutas sociais para garantir a construção de
um modelo de agricultura que priorize a produção de alimentos e a distribuição de
renda.

Hoje, completando 24 anos de existência, o MST entende que seu papel como
movimento social é continuar organizando os pobres do campo, conscientizando-os
de seus direitos e mobilizando-os para que lutem por mudanças. Nos 23 estados em
que o Movimento atua, entre eles o Espírito Santo, luta não só pela Reforma Agrária,
34

mas pela construção de um projeto popular para o Brasil, baseado na justiça social e
na dignidade humana.

3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Após a aplicação do roteiro de perguntas semi-estruturas, obteve-se dados tidos


como qualitativos, através do qual foram realizadas as análises, de acordo com a
colocação dos entrevistados. O direcionamento as questões sempre visando
responder ao problema proposto, bem como, a obtenção de resposta para se atingir
os objetivos da pesquisa.

3.2.1 INFORMAÇÕES DA APTA

Os entrevistados representante da entidade, estabeleceram o papel da organização


como sendo de apoio aos agricultores familiares e suas organizações,
principalmente as que trabalham com agroecologia. Desde sua fundação este papel
não sofreu mudança, apenas se adaptou a nova realidade do campo capixaba.

A APTA tem uma estrutura administrativa baseada em associativismo, na qual é


constituída uma Assembléia, e deste grupo maior é retirada integrante para
formarem a Diretoria, sendo que os seus integrantes são agricultores e agricultoras
familiares. Subordinado a diretoria está a Coordenação Geral, o qual conta como
subordinados a Coordenação Administrativa-Financeira e Coordenação de
Execução de Projetos.

A relação institucional é papel da Coordenação Geral, que se necessário aciona as


demais coordenações. Entre os coordenadores a relação é dinâmica, e suas
atividades são articuladas através da realização de reuniões semanais.

As decisões são realizadas após análise do planejamento de atividades bimestrais e


do planejamento estratégico anual. Caso a decisão não se refira aos instrumentos
35

citados acima, é feita reunião com os diretores ou convocada assembléia, dependo


do grau governança da decisão.

As dificuldades são principalmente relacionados à obtenção de recursos financeiros


para subsidiar a realização das atividades. Também citaram a falta de políticas
públicas que viabilizem o desenvolvimento sustentável do campo. O governo impõe
programas assistenciais, e do outro lado financia investimentos de grande
empresas, para plantações extensas, principalmente de eucalipto, cana e mamão.
Isso ocasiona o êxodo rural, atingindo principalmente os pequenos agricultores.

Com capital exorbitante as empresas compram as propriedades, e sem assistência


técnica de qualidade e crédito viável, o agricultor é obrigado a vender sua unidade
produtiva. E aquela família que plantava alimentos como arroz, café, feijão, milho,
mandioca e frutas, vai para cidade, deixando sua terra, a qual vai se unir a outras
propriedades e receber plantações de monoculturas, que beneficiam principalmente
os grandes investidores estrangeiros, que não se importam com os impactos
ambientais.

Se a sociedade não se unir com as organizações do campo, que defendem a


agricultura familiar, o cenário futuro, tanto no Estado, como no Brasil será constituído
de políticas públicas cada vez mais direcionados para os grandes centros, pois o
meio rural deixará de existir e 100% da população residirá nas cidades, e no campo
apenas haverá grandes plantações.
Caso a união campo cidade aconteça, as organizações se fortalecerão. A elevação
da participação social nas políticas públicas irá direcionar as iniciativas, constituindo
instrumentos eficazes para o desenvolvimento sustentável de nosso Estado e País.

A atuação da APTA será sempre de apoiar as iniciativas sustentáveis, seja no campo


ou na cidade. Acreditando sempre na união dos atores e nas decisões coletiva. Com
certeza este papel fará como que o primeiro cenário citado acima esteja mais
distante de nós.

Para a APTA as principais estratégias diante dos desafios são:


36

• Capacitação em elaboração de projetos, bem como da forma de encaminhá-


los e quem são os entes públicos e privados que financiam os mesmos; e
• Ocupar os espaços de decisões coletivas e que influenciam as políticas
públicas, como por exemplo, conselhos e consórcios.

3.2.2 INFORMAÇÕES DA FETAES

Os gestores da entidade destacam que o principal papel é estabelecer a relação dos


diversos segmentos da agricultura familiar. Na sua fundação a organização
necessitava organizar os trabalhadores do campo e estabelecer formas de gestão,
então com o decorrer do tempo, as necessidades mudaram, e o papel também.

A FETAES é uma federação, quem tem como filiadas os Sindicatos de


Trabalhadores Rurais – STR’s. Sua Gestão é realizada por uma diretoria e
respectivas secretarias. Cada secretaria tem funções especificas dentro do contexto
em que a entidade atua.

As decisões são balizadas nos planejamentos, tanto geral, quanto nos setores,
visando sempre o fortalecimento das organizações filiadas.

A principal dificuldade e desafio da entidade é encontrar uma forma de ser


reconhecida pelo o governo estadual como uma organização capaz de ajudar a
viabilizar políticas públicas estruturantes para o meio rural capixaba.

O governo estadual não possui relação concreta com as organizações e movimentos


sociais, principalmente os do campo. Isso, leva a elaboração de políticas públicas
que não contam com a participação social dos beneficiários. Todas as ações são
estabelecidas de cima para baixo.

Com este tipo de postura o governo inviabiliza ações que poderiam fortalecer
estrategicamente a agricultura familiar, deixando o agricultor sem assistência técnica
de qualidade, crédito, educação, saúde e lazer.
37

Para a FETAES não acontecerão grandes mudanças neste contexto futuramente.


Tem projetado que a cada dia a sociedade brasileira reconhecerá a importância da
agricultura familiar e sustentabilidade do desenvolvimento.

A Federação continuará atuando no apoio a viabilização das propostas que tragam


benefícios ao homem, mulher, jovem e crianças do campo. Utilizará a estratégia de
debater com perseverança a viabilidade da agricultura familiar. Nortear as decisões
através de planejamento propositivo e participativo, nos seus diversos setores.

Certamente a coerência nas ações dita as proposta da federação. No entanto, não


se percebeu uma forma real de enfrentamento a dificuldade e desafio citados. De
maneira subjetiva foram colocadas interferências sem o grau de governança
necessário, principalmente quando se trata do campo político-institucional.

3.2.3 INFORMAÇÕES DO MPA

O Movimento dos Pequenos Agricultores estabelece uma forma de organização sem


jurisprudência, ou seja, não é uma organização constituída juridicamente, apenas
representa a união coletiva dos agricultores. Para tanto, desde sua concepção, o
reconhecimento de seu papel é exercer mobilizações organizadas, em prol da
organização de camponeses em associações e cooperativas, visando à obtenção de
assistência técnica, crédito e moradia.

Vale ressaltar que a gestão do MPA é realizada com seguindo os seguintes


princípios:

Nas comunidades são criados os chamados Grupo de Bases, que estão ligados a
outro grupo intitulado Coordenação Municipal que é constituído pelos coordenadores
dos Grupos de Bases. Um representante da Coordenação Municipal integra a
Coordenação Estadual que por sua vez tem um representante na Coordenação
Nacional.
38

Para viabilizar as decisões dentro dos grupos são realizadas reuniões periódicas, de
acordo com o grau de governança, balizadas através de um planejamento
semestral. A Coordenação Estadual faz parte da Via Campesina Estadual, que é um
grupo onde se reúnem todos os movimentos sociais do campo.

Os representantes do MPA apontam as seguintes dificuldades e desafios:

• Estabelecer junto aos governos municipais, estadual e federal políticas


públicas voltadas especificamente para os pequenos agricultores;

• Obtenção de recursos para ajudar na manutenção das organizações, bem


como na realização das atividades junto ao público-alvo;

• Falta de espaços públicos de debate, efetivamente voltado às discussões


relevante para os camponeses; e

• Dificuldade quanto à capacitação e organização de sistema de gestão das


entidades.

Todas as dificuldades têm suas causas na falta de especificidade das ações dos
entes públicos, uma vez que reveste seus investimentos às grande empresas e
organizações, sobrando apenas a miséria e a exclusão, para a maioria da população
brasileira.

Primeiramente temos como efeito a pobreza do meio rural, onde seus habitantes
não possuem saúde, educação, moradia e lazer próprios e apropriados. Os
pequenos agricultores não querem a educação no campo, onde seus filhos são
obrigados a embarcar num ônibus e ir para a cidade estudar, querem a educação do
campo, contextualizada para sua realidade.

Em segundo lugar, temos a perca ambiental, pois a não permanência do pequeno


agricultor no campo, se reveste no aumento das aglomerações urbanas, onde não
existe a estrutura necessária, como o saneamento básico. Já no campo aumenta a
39

expansão das monoculturas, que constitui um cenário único. Onde antes haviam
árvores e pequenas propriedades, que plantavam alimentos de modo diversificados,
surgem as grandes plantações de soja, cana, eucalipto, mamão, pastos, que se
estende ao infinito.

Aponta-se para este cenário como um alerta para toda a sociedade. O movimento
atuará na perspectiva de que essa proposta de reverta.

Diante das dificuldades e desafios relatados acima a organização pontua a proposta


das seguintes estratégias:

• Elaboração de estudo, contextualizado, sobre sistema de gestão que


potencializará as atividades de gestão da entidade;

• Diagnóstico sobre as políticas públicas atuais e os resultados alcançados;

• Constituição de Conselhos Gestores, integrados pelo poder público e a


sociedade civil; e

• Viabilização por parte do setor público e da iniciativa privada, de linhas


específicas de ações ao apoio ao desenvolvimento sustentável.

Segundo a visão do MPA, a conjuntura atual está em transformação. A proposta de


mobilizar a sociedade é a base para reverter às percas econômicas e ambientais.
Com base nestas informações conclui-se que além da entidade ser um movimento
de mobilização de massa devido ao modo em que se organizar, traz uma proposta
de intervenção da sociedade civil organizada nas políticas públicas.

3.2.4 INFORMAÇÕES DO MST


40

Levando-se em consideração a luta pela reforma agrária, o MST desde seu principio
tem como papel estabelecer alternativas à reforma agrária, através da mobilização
dos agricultores sem terras.

No aspecto da gestão, o movimento conta com formação de regionais, agregando os


diversos assentamentos e acampamentos. Possui uma Coordenação Estadual.

No Espírito Santo são cinco regionais. Responsáveis pela mobilização e


organização dos agricultores assentados, bem como o apoio aos que permanecem
em acampamentos.

Para as tomadas de decisões são realizadas reuniões das lideranças. Quando a


decisão se refere ao assentamento, reúnem-se os assentados.

A principal dificuldade e desafio do movimento é a luta pela reforma agrária e a


viabilização da infra-estrutura nos assentamentos.

A morosidade da máquina pública e o alto grau de burocracia dos processos


jurídicos para a constituição dos assentamentos, reflete negativamente, pois gera
uma instabilidade e conflitos.

Os assentamentos já instalados não possuem infra-estrutura adequada para receber


as famílias. Falta casa, água e saneamento básico, propiciando a proliferação de
doenças.

Em termos de perspectivas, o movimento estabelece uma predominância da alta


concentração de terra, principalmente no norte do estado.

Então, para atuar neste cenário o movimento estabelecerá cada vez mais ações de
formação de lideranças e organização dos assentados e acampados.

Para os entrevistados, as estratégias diante do cenário futuro deve ser:


41

• Mobilização dos assentados através da realização de manifestações com


objetivo de reivindicar urgência na análise e constituição de assentamentos,
além de infra-estrutura, assistência técnica e crédito;

• Ocupação de áreas devolutas, para pressionar os órgãos responsáveis pela


Reforma Agrária; e

• Formação de lideranças em Direito, formando núcleos jurídicos para viabilizar


os processos.

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

4. 1 CONCLUSÃO

Por meio dos dados levantados e analisados, conclui-se, que diante do contexto
apresentado pelas entidades, foi confirmada a hipótese de que a principal
42

dificuldade e desafio das entidades é a falta de políticas públicas participativas, bem


como, a falta de recursos financeiros para o desenvolvimento de suas atividades.

A pesquisa também atingiu seus objetivos. O processo de gestão das entidades


estudas são realizadas em suas maioria através do sistema associativista. Quando
falamos dos movimentos, apesar de não existir a constituição jurídica, suas ações
são coletivas.

Ainda, no item da apresentação e análise dos dados, temos a sistematização dos


desafios e perspectivas estabelecidas pelos entrevistados.

De forma clara, apresentaremos na tabela abaixo, um quadro síntese, para


prospecção dos leitores quanto às respostas obtidas, respondendo aos objetivos
desta pesquisa.

Tabela1: Síntese das perspectivas e desafios das entidades.


ENTIDADE PERSPECTIVA DESAFIOS
- Expansão da - Obtenção de recursos financeiros;
monucultura; - Falta de políticas públicas que viabilizem o
APTA
- Fortalecimento da desenvolvimento sustentável do campo.
agricultura familiar.
- não acontecerão grandes - Encontrar uma forma de ser reconhecida
FETAES mudanças neste contexto pelo o governo estadual.
futuramente.
- pobreza do meio rural; - Estabelecer junto aos governos políticas
- perca ambiental públicas voltadas especificamente para os
pequenos agricultores;
MPA
- Obtenção de recursos;
- Falta de espaços públicos de debate;
- Dificuldade quanto à capacitação.
- predominância da alta - luta pela reforma agrária e a viabilização
concentração de terra, da infra-estrutura nos assentamentos.
MST principalmente no norte do
estado.

4. 2 RECOMENDAÇÕES

Através dos dados obtidos recomenda-se a realização de estudos e pesquisas


futuras relacionadas à visão dos agricultores beneficiários das entidades
representativas da agricultura familiar no Espírito Santo.
43

Qual é o impacto da organização social na realidade dos agricultores? Que


necessidades são supridas?

Certamente, vimos a complementação desta atual pesquisa, através das respostas


às perguntas acima.

5 REFERÊNCIAS

1. ACQUAVIVA, Marcos Cláudio. Dicionário acadêmico de direito. 2. ed. São


Paulo: Edittora Juríddica Brasileira, 2001.
44

2. BORDENAVE, Juan E. Diaz. Além dos meios e mensagens: Introdução a


comunicação como processo, tecnologia, sistema e ciência. 10. ed. Petrópolis:
Vozes, 2002.

3. CANHOS, Dora Ann Lange. O CRIA e o terceiro setor. Disponível em:


<http:/www.cria.org.br> .Acesso em: 13 mai.08.

4. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. 6. ed. São Paulo:


Campus, 2000.

5. CURY, Anotonio. Organização & métodos – uma visão holística, 7. ed. rev. e
amp. São Paulo: Atlas, 2000.

6. ESPÍRITO SANTO 2025: Plano de desenvolvimento. SEEP, Vitória, ES, 2006.

7. FERRÃO, Romário Gava. Metodologia científica para iniciantes. 3. ed. Vitória,


ES: Incaper, 2008.

8. FREIRE, Patrícia. Terceiro Setor: mais um ambiente de aprendizagem.


Disponivelm:http://www.rits.org.br/gestao_teste/ge_testes/ge_mat01_adm_admtxt
pag0.cfm. Acessado em: 14 mai.08.

9. SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE ENGENHEROS AGRONOMOS.


Cenários do rural capixaba: Coletânea de artigos. Vitória, ES: SEEA/AEFES,
2002.

10. VERDEJO, Miguel Expósito. Diagnóstico rural participativo: guia prático DRP.
2 ed. MDA, Brasília-DF, 2007.

11. VOLTOLINI, Ricardo. Guia de Gestão: Para quem dirige entidades sociais. São
Paulo:Fundação Abrinq, 2002.
45

APÊNDICE
46

APÊNDICE 1 – ROTEIRO DA ENTREVISTA

1) No atual cenário do Estado, qual é o papel exercido pela entidade?

2) Uma vez reconhecido este papel, houve alguma mudança desde de sua
concepção?

3) Atualmente, como é realizado o processo de gestão da entidade, e de que forma


é feita à relação com os diversos setores?

4) Que instrumento baliza as tomadas de decisão dos gestores?

5) Diante da missão da entidade, e respectivamente dos objetivos a serem


alcançados, quais os principais dificuldades e desafios?

6) O que causa as dificuldades?

7) Que efeitos são ocasionados pelas dificuldades encontradas?

8) Como a entidade visualiza o cenário futuro para o setor em que atua?

9) Quais são as perspectivas da entidade quanto à atuação no cenário futuro?

10) Que estratégias a entidade propõem diante das dificuldades e desafios?

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