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A ideia de que a poesia e a pintura são artes da imitação deriva de Platão, que
contrário de Platão, pensava que aprendemos com as imitações e que isso nos
sob a rubrica da imitação da natureza bela. Esta era uma ideia revolucionária
por juntar numa categoria ofícios como as dos escultores e dos pintores com os
dos mais instruídos poetas, e sugeria que todos os praticantes das belas artes
artes, foi possível procurar traços que todas tinham em comum, nascendo
Desde o início, a procura de uma definição tem sido posta em causa pela
imitavam a forma feminina bela nas suas pinturas da Virgem, mas não é óbvio
que as artes da música “pura” e da dança imitem seja o que for. Também a
XVIII das belas artes como artes da imitação da natureza bela, vemos uma
nova preocupação empirista com o juízo estético, o juízo de beleza, e por outro
aqui o começo de um conflito que ainda hoje persiste, grosso modo,o conflito
entre conceber as artes como algo que aspira à forma bela ou como algo que
A ideia de que todas as artes são artes de imitação tem parecido cada vez
abstracção é a regra nas artes visuais, e onde até a literatura tem chamado a
Talvez num qualquer sentido muito lato as artes sejam “acerca” do mundo, mas
mesmo isto tem sido negado por alguns defensores da “música absoluta” que a
representação, tem sido alvo de ataque. Muitas obras de arte, como pinturas,
pictórica repousa numa capacidade anterior que as pessoas têm para “ver em”
uma obra prescreve que imaginemos (Walton 1990). Quando, por exemplo,
actividade não apenas como uma imitação de uma realidade inerte mas como
seguinte de definir a Arte foi a teoria da arte como expressão. Kant tinha
regra” (Kant 2000: 187), i.e., que faz as suas próprias regras em vez de
inspirado pelos deuses, deu lugar à ideia do artista que usava a sua
emoções.
numa forma sensual. Assim, para Hegel a arte era um meio importante para o
1938, Dewey 1934). Como Hegel, pareciam pensar que a atitude emocional a
que um poema ou pintura dão corpo era única desse poema ou pintura:
Tal como a definição de arte como a imitação da realidade se adequa bem aos
dos edifícios não parecem exprimir as emoções pessoais e atitudes dos seus
criadores.
a sua massa, a sua solidez e talvez o seu estilo. De modo semelhante, uma
ideia de que a arte é expressão afasta-se bastante da noção de que a arte tem
um conjunto especial de propriedades estéticas denominadas
“propriedades expressivas.”
A ideia de que a arte tem propriedades expressivas não é uma revelação muito
adequa-se mal à maior parte das obras criadas antes do fim do séc. XVIII. E
jogada mais popular, contudo, tem sido procurar uma definição que não apele a
consideremos algo como arte se houver uma teoria artística por detrás dela
que conecte à história da arte (Danto 1964, 1981). Tal como a teoria da arte
como imitação tinha as suas origens no mundo clássico e a teoria da arte como
conceptual de finais do séc. XX, arte que não dácorpo necessariamente ao seu
significado, nem o exemplifica, mas que precisa de ser decifrada por quem
(Danto 1964: 580). Uma vez mais, a teoria é mais apropriada para obras de
arte “superior” que são feitas no seio das instituições contemporâneas da arte,
bem a esta definição, porque as culturas populares não têm muitas vezes um
George Dickie considera que o conceito de mundo da arte não refere um corpo
arte, o público dos museus — e argumentou que, grosso modo, algo é arte se
for o género de coisa que é concebida para ser apresentada aos membros do
modo, então uma vez mais a teoria não será de fácil aplicação em culturas
Ao insistir que as obras de arte exigem uma teoria artística que as justifique,
obra de arte; precisamos de apreender as ideias que estão por detrás delas,
ideias que podem nem se manifestar na superfície estética, pelo menos até o
que está por detrás, por exemplo, as histórias de Italo Calvino ou as obras
Mas o que é interpretar uma obra de arte? Em finais do séc. XX, desenvolveu-
não ter sido a do autor da obra. Tanto nas tradições analítica como continental,
2000) e que quanto mais sabemos sobre isso mais deleite estético teremos. A
que pela primeira vez cultivaram o interesse nos aspectos mais selvagens da
Ontologia
uma performance para que delas se possa ter experiência (Davies 2001). As
artes performativas como a dança e a música levantam questões adicionais
versão modificada da obra, ou de uma obra totalmente nova que tem alguma
mesmíssima sinfonia. Mas se levarmos a sério a ideia de que uma obra de arte
é em parte identificável pelo quando, onde e quem a criou, então parece que a
“Quinta” de Smith é uma obra diferente. Esta conclusão é confirmada pelo facto
semelhança do metro padrão, por outro. Seja uma obra de arte um indivíduo ou
um tipo, tem de ser identificada em parte por meio do contexto cultural que lhe
Nem toda a gente concorda, é claro. Mas quem pensa que se deve separar as
Arte e conhecimento
Se as obras de arte são símbolos que precisam de estudo atento para libertar
(Janko 1987).
foi. Os idealistas absolutos, por exemplo, faziam afirmações muito mais fortes:
sustentação idealista, esta ideia pode ser vista como uma variação de uma
ideia muito velha: que o artista é uma pessoa especial que tem uma intuição
verdades morais que pode ser expresso em termos proposicionais, tal como
nos valores morais (Nussbaum 1990, Robinson 2005). Por outro lado, se
tentarmos abstrair as verdades morais que uma grande obra de literatura nos
ensina, o melhor que muitas vezes nos ocorre é uma banalidade que pode até
nem ser verdadeira: o Rei Lear ensina-nos que o amor se mostra com feitos e
Arte e emoção
funcionam cognitivamente. Isto é uma ideia que se encontra pela primeira vez
moral.
comportam numa peça musical pode alertar-nos para a sua forma ou estrutura
emoções. Isto significa que uma obra de arte pode conter um ponto de vista ou
vagabundo, que se sente “só como uma nuvem,” mas fica feliz quando se
Sena, pintado depois da morte da sua mulher Camille, que Wollheim vê como
Arte e valor
de uma pessoa para outra (Tolstoi 1960). As teorias cognitivas da arte que
pessoas são sem dúvida também valores intrínsecos, mas não são exclusivos
contexto cultural ou das instituições que a rodeiam não parecem explicar por
Um problema que tem sido muito discutido conduz-nos de volta ao séc. XVIII e
rejeitaram a ideia de que o valor monetário tem qualquer relação com o valor
estético, distinguindo também a maior parte deles o valor estético de uma obra
e Olsen 1994, Gaut 1998). Quem pensa que as obras de arte são
1958, Iseminger 2004), tem maior probabilidade de pensar que o valor moral é
irrelevante para o valor estético. Mas para quem pensa que as artes são
emocionais (Goldman 1995), o valor moral será apenas uma fonte mais de
Jenefer Robinson