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A palavra “sucessão”, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa assume o
lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens. Aqui ocorre a
sucessão inter vivos, portanto, opera-se em diversos ramos, como, por exemplo, no
direito das coisas (cessão, tradição) e no direito de família (substituição do poder
familiar). No direito das sucessões, entretanto, o vocábulo é empregado em sentido
estrito, para designar tão somente a decorrente da morte de alguém, ou seja, a sucessão
causa mortis. O referido ramo do direito disciplina a transmissão do patrimônio, ou
seja, do ativo e do passivo do de cujus (aquele de cuja sucessão ou herança se trata) ou
autor da herança a seus sucessores.
Desta forma, sucessão em sentido amplo decorrerá de atos inter vivos e das diversas
áreas do direito. Em sentido restrito, tal conceito de limitará à transmissão patrimonial
do efeito morte.
Direito das sucessões é a parte especial do direito civil que regula a destinação do
patrimônio de uma pessoa depois de sua morte. Refere-se apenas às pessoas naturais.
Não alcança as pessoas jurídicas, uma vez que não têm a natureza de disposições de
última vontade os preceitos estatutários que regulam o destino do patrimônio social.
A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. A
herança é, na verdade, um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os
créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular
o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis. Compreende,
portanto, o ativo e o passivo. A herança, tanto quanto o patrimônio, é bem, classificada
entre as universalidades de direito. Não se confunde com o acervo hereditário
constituído pela massa dos bens deixados, porque pode compor-se apenas de dívidas,
tornando-se passiva. Constitui um núcleo unitário. Não é suscetível de divisão em partes
materiais enquanto permanece como tal.
A pessoa falecida se chama autor da herança/ inventariado/ de cujus, sendo que quem
recebe a herança é denominado herdeiro (que pode ser legítimo, testamentário ou
necessário) ou sucessor.
A herança pode ser denominada herança, acervo hereditário, monte mor ou espólio
(processual). Ao passo que, uma parcela da herança será denominada quinhão
hereditário ou quota hereditária. Observe que há uma sequência pela qual os herdeiros
recém a herança a qual fazem jus, sendo que a essa ordem recebe o nome de ordem de
vocação hereditária.
Integra o conteúdo da herança bens, dinheiro, aplicações, ações, quotas sociais, direito
possessório, financiamento e dívidas. Ainda, deve ser recolhido o ITCMD (em São
Paulo é 4%), o qual é obtido por um processo digital, pelo qual é emitida uma certidão
de regularidade.
Quando a herança positiva é realizada a meação. Consigna-se que, caso a herança seja
negativa, o herdeiro não responderá pelos encargos superiores às forças da herança.
Incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse,
demostrando o valor dos bens herdados.
Todos os bens sempre serão considerados (serão caracterizados) como bens imóveis,
não possuem personalidade e são representados pelo inventariante.
DA SUCESSÃO EM GERAL
A abertura da sucessão pode se dar com a morte real ou presumida, sendo que ela se
inicia no instante da morte por meio da devolução sucessória ou da delação hereditária.
Isto, pois, o direito das sucessões segue o princípio “droit de saisine” (ou seja, imediata
transmissão).
A morte simboliza a abertura da sucessão. Tal ocorrerá em seu aspecto real ou de forma
presumida (extremo risco de morte; campanha de guerra ou feito prisioneiro no prazo de
2 anos; decisão que decreta a sucessão definitiva do ausente).
Comoriência: é a morte simultânea de duas ou mais pessoas que integram uma relação
jurídica da sucessão. Ocorrendo a comoriência, deve-se respeitar a ordem de sucessão,
qual seja: descendentes, ascendentes, cônjuge, colaterais. Diante da comoriência
elimina-se a relação jurídica entre os sujeitos sem qualquer influência das regras
sucessórias. “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos”.
CLASSIFICAÇÃO
A sucessão pode ser a título universal (legítima ou testamentária): neste caso, herda-
se todo o patrimônio ou fração dele. Não se herda patrimônios individualizados, mas
sim parcelas determinadas dos bens ou a sua integralidade. Ainda, pode ser a título
singular (testamentária), hipótese em que se recebe bens individualizados e não parcelas
determinadas. Em suma, a sucessão poderá ser a título universal ou por fração; ou a
título singular, bem determinado.
A sucessão também pode ser contratual: neste caso, não se permite, em regra, a
sucessão contratual. Todavia, há uma exceção, que é o caso de o futuro autor da herança
realizar o negócio jurídico com seus sucessores. Aqui o impedimento se refere à
impossibilidade de os sucessores realizarem negócios jurídicos com terceiros, e não
entre o futuro autor da herança com seus sucessores. Sintetizando, admite-se a sucessão
contratual apenas entre o futuro autor da herança e seus sucessores.
Diante da morte decorrerá o efeito translativo e caracterização dos bens como unitários,
imóveis e indivisíveis. Com o início do processo os herdeiros serão constituídos em
condomínio até sentença final de partilha. Identificado o quinhão ou legado, passam a
incidir os direitos privados e consequente efeito retroativo.
Diante do evento morte, nada impede que o herdeiro realize a cessão dos seus direitos
hereditários, sendo-lhe permitido transferir a titularidade a terceiros do respectivo
quinhão ou legado.
O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se
outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. O co-herdeiro, a quem não se der
conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a
estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. Sendo vários os co-
herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na
proporção das respectivas quotas hereditárias. Isto, pois, não pode um condômino em
coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por
tanto.
A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Até a
partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será
indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Duas ideias
fundamentais do direito sucessório:
A da devolução unitária da herança aos herdeiros;
A noção de indivisibilidade do monte hereditário, no momento da abertura da
sucessão, até a partilha final.
O prazo para abertura da sucessão será de 2 meses e contado de forma corrida (prazo
processual). Por outro lado, o prazo superado em 60 dias irá gerar multa de 10% ou
20% se superados 180 dias. Tais prazos tributários serão contabilizados de forma
corrida em face da natureza de direito material.
Com a abertura do inventário, a qual poderá ser realizada por qualquer legitimado, será
nomeado inventariante. Este, por sua vez, exerce função cuja natureza é de múnus
público.
Instaurado o processo, segue o inventário até final partilha, não podendo ser extinto por
abandono ou inércia do inventariante. Nesse caso deve o juiz determinar o regular
prosseguimento do feito, se necessário com remoção do inventariante e sua substituição
por outro interessado na herança ou por inventariante dativo. Só se extingue o inventário
se ficar comprovada a inexistência de bens a inventariar, uma vez que nessa hipótese a
ação perderá seu objeto.
DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Em regra, todos os sujeitos possuem legitimação para herdar, salvo aqueles excluídos,
determinados expressamente por lei. Herdarão as pessoas nascidas ou já concebidas.
Trata-se da incidência do princípio da coexistência. A regra se aplica na sucessão
legítima e na testamentária. O nascituro passará por uma proteção de curador e diante
do seu nascimento com vida agregará em seu patrimônio os direitos sucessórios.
Animais não são herdeiros, mas poderão se beneficiar de encargos. Entidades
inanimadas não serão herdeiros. Os bens destinados passarão à sucessão legítima.
Não podem ser contemplados animais, salvo indiretamente, pela imposição ao herdeiro
testamentário do encargo de cuidar de um especificamente. Também estão excluídas as
coisas inanimadas e as entidades místicas. Somente as pessoas naturais e as jurídicas, de
direito público ou privado, ao tempo da abertura da sucessão podem ser beneficiadas.
Legitimação para suceder por testamento: filhos não concebidos herdarão por
testamento, desde que observado o prazo de 2 anos.
Inicialmente estão impedidos de herdar aquele que escreveu o testamento, o seu cônjuge
ou companheiro, os ascendentes e o irmão. Da mesma forma, as testemunhas do
testamento. Em regra, a concubina não herdará (tal vedação tem por finalidade a
proteção da família legítima e a coibição do adultério), salvo nas seguintes hipóteses:
Testador separado de fato há 5 anos e sem culpa sua;
Testador separado judicialmente ou divorciado;
Testador solteiro ou viúvo;
Testador que conviver em união estável com a concubina.
Diante da presença das pessoas excluídas junto ao texto do testamento, haverá imediata
caracterização de nulidade. Também será nula a cláusula simulada, que poderá ser
identificada por contratos onerosos ou pela presença de interposta pessoa (testa de ferro
ou laranja). Quanto à interposta pessoa haverá presunção absoluta de nulidade quando
identificados ascendentes, descendentes, irmãos ou cônjuges ou companheiros. Outras
pessoas, a presunção será relativa. Uma única exceção o sistema nos apresenta, que no
caso será o filho da concubina que também o for do testador.
DA ACEITAÇÃO DA HERANÇA
Conceito: trata-se de uma confirmação, uma vez que a aquisição dos direitos
sucessórios não depende da aceitação. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde
logo e por força de lei, ao patrimônio do herdeiro legítimo ou testamentário. A aceitação
revela, destarte, apenas a anuência do beneficiário em recebê-la, tendo em vista que,
perante o nosso ordenamento jurídico, só é herdeiro ou legatário quem deseja sê-lo.
Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da
sucessão. A aceitação tem, portanto, efeito retrooperante. Os direitos hereditários não
nascem com ela, mas retroagem, automaticamente e ex vi legis, à data do óbito do autor
da herança.
A aceitação, em sua essência, corresponde ao ato de confirmação, pois, com a abertura
da sucessão, a transmissão dos bens dar-se-á automaticamente. O real significado de tal
instituto identifica-se pela preservação do direito de renunciar
A aceitação pode, entretanto, ser anulada se, depois de manifestada, apurar-se que o
aceitante não é herdeiro, como na hipótese de ser chamado um ascendente e verificar-se
posteriormente a existência de um descendente vivo, ou quando se toma conhecimento
da existência de um testamento que absorva a totalidade da herança, não havendo
herdeiros necessários. Nesses casos, declarada a ineficácia da aceitação, devolve-se a
herança àquele que a ela tem direito, como se aceitação inexistisse. Mas, se o inventário
já houver sido encerrado e homologada a partilha, só por ação de petição de herança
poderá o interessado reivindicar o que lhe cabe.
Espécies de aceitação:
Quanto à forma
Expressa - quando é manifestada mediante declaração escrita, a qual
ocorrerá por instrumento público ou particular;
Tácita - quando resulta de conduta própria de herdeiro. É caracterizada
por comportamentos juridicamente robustos. Não exprimem aceitação de
herança os atos oficiosos, como o funeral do falido, os meramente
conservatórios, ou os de administração e guarda provisória;
Presumida – quando algum interessado em saber se o herdeiro aceita ou
não a herança, requer ao juiz, depois de passados 20 dias da abertura da
sucessão, que assinale ao herdeiro prazo razoável, não superior a 30 dias,
para, nele, se pronunciar, sob pena de se haver a herança por aceita. Se o
herdeiro permanece silente, depois de notificado, para que declare, em
prazo não superior a 30 dias, a pedido do interessado – geralmente o
credor – se aceita ou não a herança, o silêncio é interpretado como
manifestação de vontade, ou seja, como aceitação presumida ou ficta.
Enquanto não intimado a manifestar-se em prazo certo, o herdeiro tem a
faculdade de aceitar a herança a todo tempo, até que se consume a
prescrição ao cabo de 10 anos, após o qual se extingue a faculdade de
optar e a situação permanece inalterada, ou seja, a herança está adquirida,
sem possibilidade de alterar-se o status quo.
Quanto ao agente
Direta – quando praticada pelo próprio herdeiro. Falecendo o herdeiro
antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos
herdeiros. O herdeiro que falece antes de aceitar, morre na posse de um
direito. E este direito, que faz parte do seu patrimônio, é, como os demais
direitos, transmissível por sucessão hereditária.
Indireta – quando praticada por outras pessoas. Indiretamente aceitarão
os sucessores, desde que tenham confirmado a herança paterna;
procuradores, desde que conste na procuração poderes gerais para aceitar
e especiais para renunciar; tutores e curadores, em benefício dos
tutelados e curatelados; e, por fim, os credores do herdeiro.
Para a aceitação não será necessária a autorização conjugal (vênia conjugal), bem como
a aceitação poderá ser parcializada, isto é, aceitação individual.
DA RENÚNCIA
Espécies de renúncia:
Pura ou abdicativa – ocorre quando o herdeiro a manifesta sem ter praticado
qualquer ato que exprima aceitação, logo ao se iniciar o inventário ou mesmo
antes, e mais: quando é pura e simples, isto é, em benefício do monte, sem
indicação de qualquer favorecido. Na renúncia abdicativa, o único imposto
devido é o causa mortis.
Translativa ou cessão - o herdeiro que renuncia em favor de determinada
pessoa, citada nominalmente, está praticando dupla ação: aceitando tacitamente
a herança e, em seguida, doando-a. Aqui incidirá ITCMD.
Efeitos da renúncia:
Exclusão, da sucessão, do herdeiro renunciante, que será tratado como se jamais
houvesse sido chamado. Os seus efeitos retroagem, pois, à data da abertura da
sucessão, de modo que o sucessível, que adquire, recolhe direitos e responde por
obrigações ab initio.
Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe.
Assim, se o de cujus tinha vários filhos e um deles é premorto, a sua parte
passará aos seus filhos, netos do primeiro. Se não morreu, mas renunciou à
herança, a sua quota passará aos seus irmãos, em prejuízo de seus filhos, pois o
renunciante e sua estirpe são considerados como se nunca houvessem existido.
Sendo o renunciante o único da sua classe (a dos descendentes), devolve-se a
herança “aos da subsequente”. Se o de cujus tinha apenas um filho e este, não
tendo descendentes, renuncia a herança, esta é devolvida aos ascendentes do
falecido, em concorrência com o cônjuge deste.
Proibição da sucessão por direito de representação. Ocorre a sucessão por direito
próprio quando a herança é deferida ao herdeiro mais próximo. Dá-se a sucessão
por representação quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em
todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Nesta, portanto, o
contemplado é chamado a suceder em lugar de parente mais próximo do autor da
herança, porém premorto, ausente ou incapaz de suceder. Assim, se o de cujus
deixa descendentes, sucedem-lhe estes por direito próprio. Se, no entanto, um
dos filhos já é falecido, o seu lugar é ocupado pelos filhos que porventura tenha,
que herdam por representação ou estirpe. O destino da herança renunciada tem
de ser, com efeito, compatível com a ideia de que o renunciante desaparece da
sucessão. Por isso ninguém pode suceder, representando-o. Se um filho do
renunciante lhe tomasse o lugar na sucessão, representando-o, não teria ele, na
verdade, saído da herança, pois continuaria nela, representado por seu filho. A
parte do renunciante, portanto, somente passará aos seus filhos se for o único
legítimo de sua classe, ou se todos da mesma classe renunciarem. Todavia, os
filhos herdarão por direito próprio e por cabeça, ou seja, a herança será dividida
em partes iguais entre os netos, mesmo que o finado tenha deixado vários filhos,
todos renunciantes, cada qual com diversa quantidade de filhos.
Ineficácia da renúncia: dá-se a invalidade absoluta se não houver sido feita por
escritura pública ou termo judicial, ou quando manifestada por pessoa absolutamente
incapaz, não representada, e sem autorização judicial; e relativa, quando proveniente de
erro, dolo ou coação, a ensejar a anulação do ato por vício de consentimento, ou quando
realizada sem a anuência do cônjuge, se o renunciante for casado em regime que não
seja o da separação absoluta de bens.
DA INDIGNIDADE
Reabilitação: é ato exclusivo do de cujus, feito em vida, e solene, isto é, feito tanto no
testamento ou por ato autêntico (instrumento público ou particular, devendo ser
autenticado por escrivão). Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da
herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em
testamento, ou em outro ato autêntico. Tem se admitido o perdão tácito, se o de cujus
deixar, por testamento, bens em favor do indigno após o referido ato de indignidade.
Isto é, não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do
ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder
no limite da disposição testamentária.
DA HERANÇA JACENTE
A herança jacente corresponde à fase inicial de migração dos bens em favor dos órgãos
públicos. Ocorrerá diante da ausência de herdeiros ou prova de sua renúncia, e terá
caráter provisório. Possui natureza de ente despersonalizado, legitimação processual
ativa e passiva, e será representada por curador. Ela identifica-se pela ausência de
sucessores, já o espólio, pela presença viva dos mesmos. A arrecadação dos bens será
realizada pelo juiz do domicílio do falecido.
A herança vacante será decretada após o prazo de 1 ano da expedição do primeiro edital.
Em tal situação, a decisão transferirá os bens em favor da União, Municípios ou DF, a
depender da respectiva localização.
É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos
limites das forças da herança.
É uma ação especial que tem por objetivo conceder ao herdeiro sua parte da herança
após a respectiva partilha.
Partes legítimas:
- Polo ativo: herdeiro excluído, seja ele legítimo, testamentário, sucessor do herdeiro ou
cessionário.
- Polo passivo: possuidor dos bens
Efeitos da sentença:
1) Retificação do plano de partilha
2) O possuidor do bem, se estiver de boa-fé, não responderá pelos frutos perdidos, e terá
direito de ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias (com direito de retenção)
e poderá levar consigo as voluptuárias. Por outro lado, se estiver de má-fé, deverá
indenizar pelos frutos perdidos, e terá direito de ser indenizado tão somente pelas
benfeitorias necessárias.
3) O terceiro adquirente que adquiriu o bem a título gratuito deve devolver o bem, pois,
nesse caso, não haverá prejuízo. Já o terceiro que adquiriu o bem de modo oneroso, se
estava de boa-fé, não precisará devolver o bem. Contudo, se ficar comprovado a má-fé,
o terceiro que adquiriu o bem a título oneroso deverá sim devolver os bens.
Prescrição: súmula 149 do STF – A ação de petição de herança prescreve em 10 anos,
a contar da data da abertura da sucessão (morte).
SUCESSÃO LEGÍTIMA
Sujeitos favorecidos pela sucessão legítima: são os herdeiros legítimos, quais sejam,
os descendentes, ascendentes, cônjuge e colaterais até 4° grau, nesta ordem.
Modo de arrecadar:
1) Por cabeça: se tiver vários herdeiros na mesma classe, a herança é dividida por
cabeça.
2) Por estirpe: divide-se o que veio do tronco familiar. Exemplo: o pai morre e deixa 1
filho vivo e 1 morto. O filho morto tinha 2 filhos. A herança será dividida em 50% para
cada filho. Sendo que o filho vivo receberá 50% e os 2 netos (filhos do filho morto)
receberão 25% cada um.
Sucessão legítima: decorre de lei. A lei supera o problema de pessoas que vem a óbito
e não deixam testamento. Os descendentes herdam em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, bem como os ascendentes herdarão em concorrência com o cônjuge
sobrevivente. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
Aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança
não houver deixado bens particulares;
Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
Ao cônjuge sobrevivente;
Aos colaterais.
_____________________________27/09/2019________________________________
Atividade prática: José, casado com Maria, no regime da comunhão parcial de bens,
faleceu deixando 2 filhos comuns, Pedro e Pedrita. Durante a relação o casal adquiriu
patrimônio de 500 mil reais. José deixou a quantia de 300 mil reais a título de bem
particular.
Quanto de dinheiro fica com cada um?
Resposta:
Maria: 250 da meação + 100 da herança quanto aos bens particulares em concorrência
Pedro: 225 de herança
Maria: 225 de herança.
O falecido solteiro:
1) se não há prole, herdam os genitores do falecido em partes iguais.
2) Se apenas um ascendente estiver vivo, recebe ele a totalidade da herança, ainda que
estejam vivos os avós, pois não há direito de representação.
3) Se concorrerem à herança apenas os avós, em número de 4, divide-se a herança em
partes iguais. Se são 3 os avós vivos, reparte-se a herança entre as duas linhas meio a
meio, como se tivesse uma certa “representação”.
O falecido casado:
Em tal hipótese, não haverá qualquer influência do regime de bens. Assim, o viúvo terá
direito a:
1) 1/3 da herança se concorrer com os pais do falecido
2) ½ da herança se concorrer com um dos pais
3) ½ da herança se concorrer com avós ou ascendentes de maior grau
Dinâmica: José casado com Maria no regime da comunhão parcial de bens faleceu sem
deixar descendentes, apenas uma avó paterna. Durante a relação o casal adquiriu
patrimônio comum de 500 mil reais e José deixou a quantia de 300 mil a título de bens
particulares.
Total dos bens: 800 mil
Maria: 400 da meação + 200 de herança
Avó: 200 de herança
Direito de habitação:
Quando só há um imóvel
Pouco importa o regime de bens
O objetivo é preservar a dignidade da pessoa que pode não ter outro lugar para
morar
A locação de quartos de uma casa grande, por exemplo, é possível desde que os
rendimentos sejam revertidos para o bem
O direito de habitação é irrenunciável
O direito de habitação permanece mesmo diante de novo casamento do viúvo
Tal direito aplica-se tanto ao cônjuge quanto ao companheiro
Se havia um bem comprado em sociedade do falecido com um irmão ou um
terceiro, a viúva não terá direito de habitação, neste caso.
Conforme informativo 541, STJ, a esposa sobrevivente não poderá exercer o direito de
habitação se o imóvel deixado pertencia também ao irmão do falecido.
Colaterais
Estão na quarta posição na ordem de sucessão hereditária. São herdeiros
legítimos não necessários.
Colaterais não concorrem com o cônjuge.
A sucessão abrange os colaterais até 4º grau (tios, sobrinhos, primos).
Regras:
2) Se concorrerem à herança irmãos bilaterais (mesmo pai e mesma mãe) com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará a metade do que cada um daqueles herdaram. A dica
para acerta a divisão da herança é separar a herança por quotas, de forma que o irmão
bilateral sempre deverá ter 2 cotas, enquanto o irmão unilateral terá direito a penas 1
cota.
Ex: se o falecido deixou 4 irmãos, sendo 2 unilaterais e 2 bilaterais, e um patrimônio
estimado em 300 mil reais, os 2 bilaterais receberão, cada um, 100 mil reais, cabendo 50
mil a cada um dos unilaterais.
SUCESSÃO DO COMPANHEIRO
União estável: entidade familiar lícita e deve ser caracterizada por: duas pessoas, união
pública, contínua, com estabilidade, e objetivo de constituir família.
Art. 1.790, CC: STJ decidiu, em sede de RE com repercussão geral reconhecida, que
não mais se aplica a regra do 1.790 ao companheiro do falecido, devendo ser aplicada a
regra do 1.829, CC.
Fundamento: igualdade e dignidade