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psicossocial da florestalidade
(ruralidade) amazônica
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Marcelo Gustavo Aguilar Calegare
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Rumo a uma abordagem psicossocial da florestalidade (ruralidade) amazônica
Compreendendo Rural-Urbano
Já descrevemos em outro momento (Calegare, 2015) que a di-
cotomia entre rural-urbano existe atualmente em nosso cotidiano
por alguns fatores imbricados entre si e só separados didaticamente,
que devem ser colocados em questão. Recuperaremos aqui alguns
desses fatores. O primeiro deles é decorrente de um entendimento
dicotômico/dicotomizante produzido na modernidade, que marca
nossa forma de pensamento e que fundamenta a cisão entre cor-
po/alma, sujeito/objeto, homem/natureza, teoria/prática, religioso/
profano, ciência/senso comum, civilizado/selvagem e muitas outras
dicotomias. Dentre essas separações figura também aquela entre ru-
ral/urbano.
Outro fator remete a uma dimensão histórica relacionada à mo-
dernidade e ao surgimento da sociedade industrial que estimulou o
crescimento das cidades a partir da migração cada vez mais intensa
de pessoas que viviam no campo, como lembram Froehlich e Mon-
teiro (2002) e Carneiro (2012). A vida nas cidades representava to-
das as promessas de bem-estar, conforto, lazer e segurança que uma
sociedade em vias de modernização podia proporcionar. Por outro
lado, projetava-se a imagem de antigo, atraso, carência, miséria, po-
breza e solidão à vida no campo. No século XIX, essa construção
do imaginário sobre a cidade e o campo foi acompanhada por uma
distribuição desigual do acesso a serviços, bens e direitos sociais.
Em suma, o atraso atribuído ao campo promoveu o desinteresse e
ocultamento da vida campestre, sua diversidade cultural, seus mo-
dos de vida e valores relacionados ao entorno físico-social. Assim, o
mundo urbano, com todos seus elementos, caracterizava a vida na
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uma configuração dos espaços e ao modo pelo qual esses são apro-
priados pelas pessoas.
Em suma, o imaginário social de rural-urbano sustentou políticas
públicas, programas governamentais e intervenções com desvanta-
gem para o rural. Como vimos, atualmente se tem questionado o
uso operatório dessas categorias, para pensá-las de modo analítico.
Isso tem levado ao questionamento das justificativas de levar desen-
volvimento às comunidades rurais, acreditando-se que nesses lugares
deveria haver progresso, geração de renda e inserção no sistema eco-
nômico a nível local, nacional e até global para saírem da condição
de atrasados. Por outro lado, para além da apreensão dicotômica
de rural-urbano, se vem ponderando que os processos de globali-
zação também constituem a base para a indagação sobre o modo
de vida rural. Tem-se questionado como no campo a lógica da (re)
produção socioeconômica, a reestruturação produtiva, as estratégias
de exploração dos recursos naturais e o modo de vida mais próximo
à natureza sofrem ou resistem às influências do sistema econômico
das sociedades envolventes.
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Conclusão
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Referências
Anjos, F. S. & Caldas, N. V. (2008). O rural brasileiro: velhas e novas questões.
Teoria & Pesquisa: revista de ciência política, 17(1), 49-66.
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Gonçalves, B. S., Landini, F., Leite, J., Calegare, M. G. A., & Monteiro, R. C.
(2016). Construyendo un abordaje psicosocial de la ruralidad desde América
Latina: contribuiciones desde el 2do Congreso Latinoamericano de Psicología
Rural [Editorial]. Revista de Educação Técnica e Tecnológica em Ciências Agrícolas,
7(12), 6-16.
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